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CASACCHIT, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Candiota. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\nIndicadores de sustentabilidade em instituições de Ensino Superior (IES) - um estudo de caso PUC-Rio\n\nMelissa Casacchi\nmelascacchi@hotmail.com\nEngenharia civil, mestrando no curso de Engenharia Urbana e Ambiental, atua nas áreas do Campus Sustentável no NIMA PUCRio.\n\nPedro Henrique Candiota Bevilacqua\npedrocbh@aluno.puc-rio.br\nGraduando em Engenharia Sanitária e Ambiental e estagiário do NIMA, atua na área de educação ambiental e hortas orgânicas.\n\nResumo\nO presente artigo discute o papel dos indicadores de sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES). Apresenta um panorama do desenvolvimento sustentável, discute a inserção das IES nesse debate e como podem ser implantados sistemas para melhorar a gestão ambiental destas. Vários modelos e ferramentas são apresentados para avaliar a evolução das IES e um estudo de caso da PUC-Rio.\n\nPalavras-chave: Universidade Sustentável, Instituição de Ensino Superior - IES, Laudato Si, Indicadores de Sustentabilidade, Sistema de Gestão Ambiental- SGA\n\nAbstract\nThis paper discusses the role of sustainability indicators in Higher Education Institutions (HEIs). It presents a panorama of sustainable development, discusses the insertion of HEIs in this debate and how systems can be implemented to improve the environmental management of universities. Several models and tools are presented to evaluate the evolution of HEIs, as well as a case study of PUC-Rio.\n\nKeywords: Sustainable University, Higher Education Institute - HEI, Laudato Si, Sustainable indicators, Environment Management System\n\nDIGNIDADE RE-VISTA | ISSN2252-698X | 2018 | V. 3 | N. 5 | Olhares Universitários sobre a Laudato Si' Pastoral Universitária Anchueta PUC-RIO.\n112 CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Candiota. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\nIntrodução\nA forma como o homem tem se relacionado com a natureza ameaça a disponibilidade de recursos naturais e submete algumas populações a situações de vulnerabilidade econômica e social. As Instituições de Ensino Superior, por sua função de formar profissionais e influenciar seu meio social, exercem papel central na transformação deste comportamento humano através da educação e do exemplo. Universidades que adotam práticas sustentáveis se referenciam em ensino e influenciam a construção de novas formas de comprometimento social e ambiental. Uma das formas de demonstrar este comprometimento é através de modelos e ferramentas de gestão ambiental que, por sua vez, necessitam de uma avaliação do nível de comprometimento da organização. Essa avaliação pode ser feita através de indicadores específicos de resultado, que podem quantificar o avanço de uma Universidade nas propostas sustentáveis. A PUCRio tem se mostrado pioneira através de ações como a criação da Agenda Socioambiental, que diretrizes e metas voltadas para melhorar o desempenho ambiental da Universidade e torná-la exemplo de gestão para a sociedade. O NIMA PUC-Rio, criado em 1999, vem trabalhando em parceria com empresas, associações e instituições internacionais para cumprir metas estabelecidas pela Agenda.\n\nLaudato Si'\nA carta encíclica papal Laudato Si' chama a atenção de todos os seres humanos para o cuidado com a casa comum - nosso planeta. É um reconhecimento que somos negligentes com o meio ambiente e responsáveis pela crise ambiental atual. Além de tudo, é um chamado para refletirmos sobre nossas atitudes e atuarmos em conjunto para um mundo mais sustentável. \"O desvio urgente de proteger a nossa casa comum incluiu unir nossa família humana para juntos buscarmos um desenvolvimento sustentável e integral, assim sabemos que as coisas podem mudar\" (LS n.13).\n\nA carta ainda acrescenta que os jovens demandam mudanças e atentam para uma crescente preocupação desses jovens com a questão ambiental. Para muitos e muitos anos ignoramos o bem-estar da nossa casa comum, nos preocupando apenas em retirar recursos para consumo imediato, visando o lucro sem precedentes e causando poluição e degradação.\n\nFrancisco reconhece que o aquecimento global é o nosso principal desafio, com grandes implicações não só ambientais, como também econômicas e sociais. Países em\n\nDIGNIDADE RE-VISTA | ISSN2252-698X | 2018 | V. 3 | N. 5 | Olhares Universitários sobre a Laudato Si' Pastoral Universitária Anchueta PUC-RIO.\n113 CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Candiota. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\nO papel das Universidades Jesuítas na construção de uma consciência ética socioambiental\nDentro da América Latina, as Universidades Jesuítas exercem uma grande influência na sociedade, pelo expressivo número de alunos e pelo contexto histórico - sempre formando organizações respeitadas e formadoras de opinião. A Laudato Si' veio para chamar a atenção dessas organizações sobre o papel delas na formação de seus grupos e na construção de uma consciência ética socioambiental. Segundo Andrea Costa \"IES são órgãos privilegiados de propagação de conhecimento, por meio de suas atividades de ensino e pesquisa, formando e orientando grande parte das pessoas de cargos relevantes na sociedade\" (2012, p.11).\n\nA Laudato Si' atenta para o cuidado comunitário da casa comum e para a reflexão acerca de temas contemporâneos como: utilização de recursos e disposição resíduos; energias renováveis; utilização da água; e destruição da biodiversidade. As Universidades devem também incentivar seus alunos a pensar e debater sobre esses temas, além de desenvolverem\n\nDIGNIDADE RE-VISTA | ISSN2252-698X | 2018 | V. 3 | N. 5 | Olhares Universitários sobre a Laudato Si' Pastoral Universitária Anchueta PUC-RIO.\n114 CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Cançado. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\npesquisas científicas que possam contribuir com soluções para os problemas ambientais, em diálogo com a sociedade.\n\nIniciativas como a Associação de Universidades Jesuitas da América Latina- AUSJAL1, ao criar uma rede de sustentabilidade, que inclui a PUC-Rio, são muito importantes. Em 2018, professores e pesquisadores dessas Universidades se reuniram para debater meios de cooperação entre elas e fomentar pesquisas na região Pan-Amazônica. Essa e outras iniciativas são necessárias para discutir a sustentabilidade em rede, à luz da encíclica Laudato Si’, e diminuir os entraves do desenvolvimento sustentável.\n\nDesenvolvimento sustentável\n\nDurante a história recente da humanidade, o principal parâmetro de desenvolvimento das nações foi o econômico. Desde a revolução industrial, o homem vem utilizando recursos naturais para impulsionar esse desenvolvimento, através da construção de trens, trilhos, estradas, carros, navios, aviões, barcos etc. Tudo isso devido ao modelo de exploração dos recursos que promovemos no último século. Porém, muitos dos recursos da natureza utilizados para estes fins são finitos, ou seja, apresentam potencial de esgotamento. Além do queima que libera gases que contribuem para o efeito estufa, o consumo supérfluo e de alta sua demanda só será suficiente para nos atender, com o consumo atual, por mais 153 anos e depois deixará de existir nessa forma (BRITISH PETROLEUM, 2017).\n\nO petróleo, que veio substituir grande parte da utilização do carvão, por sua vez, ainda uma demanda energética muito maior. Grande parte dessa alta demanda vem da produção de meios de transporte que utilizam gasolina e óleo diesel para a combustão. Assim como o carvão, o petróleo é um recurso finito pois, apesar de sua formação durar milhões de anos, somos capazes de esgotar uma jazida em alguns anos. Segundo relatório da British Petroleum (2017), as reservas de petróleo atuais são estimadas em 17 bilhões de barris, que seriam capazes de atender uma demanda energética, no ritmo atual, por pouco mais de 50 anos.\n\nBaseado nestas convicções, o homem vem buscando novas matrizes energéticas para impulsionar o seu desenvolvimento sem degradar ainda mais o planeta. Algumas soluções vêm CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Cançado. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\natravés de matrizes que utilizam recursos renováveis, como a água, ou que não se esgotam, como o vento e as marés.\n\nAlém da substituição de matrizes energéticas, o desenvolvimento sustentável se baseia na reutilização de matérias-primas. Muitas empresas já têm utilizado este sistema como uma das ações de logística reversa3, onde o material, antes descartado, pode se encaixar dentro da cadeia produtiva de outra empresa. Essas e outras iniciativas impulsionam a economia para uma nova era, na qual o desenvolvimento não é sinônimo de crescimento desenfreado, mas de utilização eficiente dos recursos disponíveis, sem deixar de gerar lucro.\n\nInstituições de Ensino Superior e desenvolvimento sustentável\n\n“Considera-se a Conferência do Rio de Janeiro, realizada em 1992, como um marco para o início dos debates sobre o desenvolvimento sustentável das IES” (COSTA, 2012, p.11). Segundo Fouto (2012), as próprias IES devem ser modelos de sustentabilidade para a sociedade. Um campus universitário possui fluxos comparáveis a um município e tamanho médio (CARETO E VENDEIRINHO, 2003) e os modelos de sustentabilidade adotados pelas IES poderão ser adotados pelos gestores de uma cidade. Estes aspectos evidentes que os IES devem continuar de impulsionar ações ambientais gerados para o atendimento do cumprimento da legislação, saindo do campo teórico para a prática” (TAUCHEN E BRANDLI, 2006, p. 505). Como podemos observar na Fig.1, água, energia, coleta de resíduos e transporte, são alguns dos pontos que as IES devem gerar.\n\nFig.1 . Fluxos comparativos de um município de tamanho médio. Fonte: CARETO e VENDEIRINHO, 2003, p.9. CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Cançado. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\nO modelo de Fouto (2012) aponta quatro níveis de intervenção para as IES:\n\na) Educação dos tomadores de decisão para um futuro sustentável;\n\nb) Investigação de soluções, paradigmas e valores que sirvam a uma sociedade sustentável;\n\nc) Operação dos campi como modelos e exemplos práticos de sustentabilidade à escala local;\n\nd) Coordenação e comunicação entre os níveis anteriores e entre este e a sociedade.\n\nUma IES deverá formar os futuros tomadores de decisão da sociedade, sendo muito importante o desenvolvimento de uma consciência ética ambiental tanto para alunos, quanto para professores e funcionários. No âmbito acadêmico, principalmente na pesquisa, a IES deve ir a fundo nas questões que envolvem o desenvolvimento sustentável e, como citado anteriormente, o campus deve ser um modelo de sustentabilidade em escala local-municipal.\n\nIndicadores de Sustentabilidade como mecanismo de avaliação das Universidades\n\nFica claro que as IES possuem um papel relevante no contexto do desenvolvimento sustentável atual. Porém, existe a necessidade de elaboração de modelos e ferramentas que contenham indicadores específicos para avaliar e quantificar o compromisso sustentável da Universidade.\n\nSegundo Costa (2012, p.13), “a avaliação de sustentabilidade nas referidas IES vem sendo conduzida com o suporte de diversas ferramentas baseadas em indicadores específicos, gerados com base em estruturas conceituais consistentes, como, por exemplo\n\na) Global Reporting Initiative,\nb) The College Sustainability Report Card, edição 2011,\nc) UI Green Metric World University Ranking 2011.”\n\nAlgumas ferramentas foram adaptadas de modelos feitos por outras organizações como o Global Reporting Initiative (GRI, 2011), cujos indicadores específicos para IES foram adaptados por Lozano (2006). Lozano propôs um modelo baseado em indicadores principais e complementares, que não precisam ser, necessariamente, iguais para todas as universidades. Segundo o próprio autor, a grande quantidade de indicadores dificulta a comparação entre as universidades. Para facilitar, ele propôs uma ferramenta de análise gráfica: CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Cançado. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\nA Avaliação Gráfica de Sustentabilidade em Universidades funciona a partir de uma folha de cálculo, na qual o usuário tem a oportunidade de classificar todos os indicadores com notas \"0 a 4\" referentes a cada uma das dimensões. Essa classificação está relacionada com a informação que se tem do indicador. Assim, atribui-se \"0\", quando há uma total falta de informação para o indicador ou há informação de que os requisitos não são atendidos. Atribui-se \"4\", quando a informação satisfaz totalmente o que é pedido pelo indicador. (COSTA, 2012, p.45)\n\nEm outros casos foram desenvolvidos modelos voltados apenas para IES, como o Campus Sustainability Assessment Framework; desenvolvido por Cole (2013) na sua dissertação de mestrado, envolve 170 indicadores com 10 categorias principais, levando ao cálculo final de um índice de sustentabilidade agregada do campus. Outro modelo desenvolvido especialmente para a avaliação de instituições de ensino foi o The college Sustainability Report Card.\n\no foco da avaliação centra-se nas políticas e práticas de novas categorias principais: administração; alterações climáticas e energia; transparência de doações; alimentos e reciclagem; edifícios verdes; propriedade de investimentos; participação de acionistas; envolvimento de estudantes; e mobilidade sustentável. (COSTA 2012, p.61)\n\nCada categoria conta com inúmeras subcategorias mais específicas, contabilizando 52 itens avaliados. É estabelecido um número de créditos máximos para cada categoria, como se dá na administração, onde a escala final (GPA) atinge 4.0 pontos. Esse modelo foi suspendido em 2012.\n\nPor último, o Green Metrics World Universities Ranking, criado pela Universitas Indonesia em 2010 - o mais utilizado para avaliar o compromisso das Universidades com o meio ambiente - exige que as Universidades forneçam informações sobre uma série de indicadores de sustentabilidade, classificados em 5 categorias: estatísticas verdes; energia e mudanças climáticas; gestão de resíduos; uso da água; transporte. (UL, 2011). A adesão das Universidades a essa ferramenta de avaliação tem crescido, em 2011 contava com 178 Universidades de diversos países e na última avaliação, em 2017, 619 instituições participaram.\n\nAinda podemos discutir a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) por um órgão universitário. A Norma ABNT NBR ISO 14001 estabelece que um SGA é utilizado por instituições, normalmente corporativas, que desejam se adequar ao mercado ou se auto declarar portadoras desse título. O SGA estabelece uma política ambiental para organizações que desejam estabelecer objetivos e processos para melhorar seu desempenho e demonstrar a conformidade com os requisitos dessa norma.\n\nDIGNIDADE RE-VISTA | ISSN2525-689X | 2018 | V. 3 | N. 5 | Olhares Universitários sobre a Laudato Si' Pastoral Universitária Anicheta PUC-RIO. 118 CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Cançado. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\n\"As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de elementos de um sistema de gestão ambiental eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos\" (ISO 14001, 2004, p.v). Ela é baseada na metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act (Planejar-Executar-Verificar-Agir).\n\nA adoção de um SGA implica mais na mudança da forma de gestão da Universidade e não necessariamente na utilização de indicadores específicos para avaliar o atual comprometimento da mesma com a sustentabilidade.\n\nEstudo de caso - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio\n\nA PUC-Rio é uma instituição comunitária de educação superior, filantrópica e sem fins lucrativos, que visa produzir e propagar o saber a partir das atividades de ensino, pesquisa e extensão, objetivando a reflexão, o crescimento e o desenvolvimento. O Campus, de 104 mil metros quadrados, conta com uma enorme área verde que possibilita a integração de cursos, alunos e projetos interdisciplinares. (PUC-Rio, 2012)\n\nEm 1999, foi criado o NIMA - Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio, pelo atual Reitor, Pe. Josafá Carlos de Siqueira SJ. O NIMA foi concebido com o objetivo de abrigar discussões interdisciplinares sobre pautas socioambientais dentro da universidade. Esta organização conta atualmente com um quadro de 14 professores de diversos departamentos, que formam o conselho consultivo e orientam alunos em pesquisas relacionadas aos eixos temáticos da antiga Agenda Socioambiental, estabelecida em 2009. (NIMA, 2017)\n\nA Agenda Socioambiental, coordenada pelo NIMA, foi elaborada por um conjunto multidisciplinar de professores e alunos e reúne diretrizes e metas para promover a sustentabilidade no Campus. O documento está estruturado em sete eixos temáticos, que são: (i) Biodiversidade; (ii) Água; (iii) Energia; (iv) Atmosfera; (v) Materiais; (vi) Resíduos; (vii) Educação Ambiental. Cada um desses eixos se divide em 3 partes: a introdução, que situa o compromisso ético ambiental; a diretriz, com as linhas norteadoras a serem seguidas; e as metas, que visam realizar as diretrizes estabelecidas. As metas podem ser divididas em curto, médio e longo prazo.\n\nA Agenda Ambiental é um instrumento que visa oferecer subsídios de gestão para a administração do Campus da PUC-Rio, promovendo a criação de uma estrutura em um espaço físico.\n\nDIGNIDADE RE-VISTA | ISSN2525-689X | 2018 | V. 3 | N. 5 | Olhares Universitários sobre a Laudato Si' Pastoral Universitária Anicheta PUC-RIO. 119 CASACCHITE, Melissa. BEVILAQUA, Pedro Henrique Cançado. Indicadores de Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior (IES) - Um estudo de caso PUC-Rio. Dignidade Re-Vista, v.3, n.5, julho 2018.\n\nA Agenda apresenta subsídios para a implantação de um SGA, semelhante à NORMA NBR ISO 14001. Estabelece uma Política Ambiental interna com ferramentas para alcançar seus objetivos e melhorar o desempenho ambiental e econômico. Assim como a ISO 14001, que trabalha com o método \"Planejar-Implantar-Checar-Agir\", a Agenda apresenta instrumentos para o planejamento através dos eixos temáticos, e os grupos de trabalho orientados por professores. A implementação desses eixos temáticos, o processo de diagnóstico, foi feita desde a implantação da Agenda, nos primeiros anos, com ações sustentáveis realizadas pelo NIMA, entre as quais podemos citar o treinamento de funcionários para a coleta seletiva, feito pelo grupo de trabalho de energia e resíduos, e o processo de avaliação da periodicidade, pela Revisão da Agenda.\n\nA Agenda Ambiental pode ser ainda atualizado para a Agenda Socioambiental justamente para abrigar causas sociais que não podem ser dissociadas das ambientais. Desde 2016, essa Agenda passa por um processo de revisão de seus objetivos e avaliação do que está sendo efetivamente implantado, numa tentativa de aperfeiçoar e corrigir possíveis erros.\n\nComo parte da avaliação das metas propostas pela Agenda, não existe, atualmente, nenhuma ferramenta capaz de quantificar a evolução sustentável da Universidade. Sabe-se que o projeto NIMA melhorou a gestão dos resíduos sólidos no campus, porém, quanto lixo vem sendo corretamente encaminhado para as cooperativas? Houve aumento da conscientização dos alunos? Essas e outras perguntas podem ser respondidas através da implantação de questionários e de indicadores específicos de resultados.\n\nA autora Andrea Costa, em sua dissertação de mestrado, avaliou as diretrizes e parâmetros estabelecidos na Agenda e verificou a necessidade de implementação de indicadores de sustentabilidade específicos para a universidade. Ela propôs um modelo conceitual para ser aplicado na IE, que foi endereçado para o NIMA para ser avaliado.\n\nApós um processo de avaliação interna, que incluiu duas entrevistas com o diretor do NIMA, a autora chegou a 43 indicadores \"candidatos\", possíveis indicadores de resultado para serem aplicados a cada eixo temático. Após um processo de validação empírica, estes\n\nDIGNIDADE RE-VISTA | ISSN2525-689X | 2018 | V. 3 | N. 5 | Olhares Universitários sobre a Laudato Si' Pastoral Universitária Anicheta PUC-RIO. 120 candidatos\" poderiam vir a ser efetivamente aplicados. Aqui apresentam-se alguns dos indicadores propostos na dissertação, com suas respectivas métricas de medição:\na) Biodiversidade: ampliação da área verde do campus, com introdução de espécies nativas da Mata Atlântica e de outros biomas (métrica: m² ano de área verde/ área total; n° de espécies introduzidas/ano; % de espécies introduzidas em relação ao total de espécies/ano).\nb) Água: consumo total de água por fonte ( métrica: m³ por fonte).\nc) Energia: consumo direto de energia, discriminado por fonte de energia primária (métrica: MWh/ano).\nd) Atmosfera: emissões totais diretas e indiretas de poluentes (métrica: t/ano).\ne) Materiais: materiais utilizados pela Universidade (métrica: kg/ano e m²/ano).\nf) Resíduos: quantidade total de resíduos, por tipo e método de eliminação (métrica: kg/ano ou m³/ano).\ng) Educação Ambiental: programas contínuos e específicos de educação ambiental para alunos, funcionários, professores, moradores do entorno (n° de programas/ano).\n\nApós o estabelecimento destas possíveis indicadores, foram discutidos, em reunião com alunos e outros atores especialistas, dentro de integrantes do Grupo de Pesquisa Sustentável da PUC-Rio, para analisar quais indicadores seriam realmente relevantes para o objeto de estudo.\n\nVale ressaltar que a PUC já participa de uma avaliação de sustentabilidade baseada em indicadores específicos, o Green Metrics. Em 2011, a PUC foi classificada como a universidade brasileira mais sustentável de acordo com o ranking criado pela Universitas Indonesia (UI, 2011), para avaliar o compromisso ético com a sustentabilidade de universidades ao redor do mundo. O resultado foi considerado muito bom pelo aumento de instituições participantes a cada ano, e o modelo de classificação foi bem recebido. A metodologia exige que as universidades respondam um questionário com rastreabilidade sobre indicadores de sustentabilidade que são divididos em cinco eixos, entre eles: \"Estatísticas Verdes\", \"Energia e mudanças climáticas\", \"Gestão de resíduos\" e \"Uso da água transportes\".\n\nCom base nestes resultados, a PUC-Rio pode ser considerada uma universidade pioneira em sustentabilidade. O vasto campus verde localizado no bairro da Gávea abriga fauna e flora muito ricas, com diversas espécies exóticas e nativas e serve de abrigo para iniciativas multidisciplinares. O NIMA organiza a Semana do Meio Ambiente, que visa debater a sustentabilidade com alunos e professores e que, desde 2016, renova o processo de revisão da academicamente seus egressos se torna um dever.\n\nO SGA, além de estabelecer uma Política Ambiental dentro das Universidades, deve contar com métodos de constante avaliação dos resultados obtidos. Com isso, os indicadores específicos aqui discutidos servem como parâmetro de avaliação da evolução sustentável da IES e cada indicador deve ser lapidado para melhor avaliar cada tipo de instituição. Por fim, entende-se que os indicadores são ferramentas para avaliar o progresso do desenvolvimento sustentável nas universidades. Porém, mais do que isso, é necessário a formação de uma consciência ambiental conjunta de todos os professores, alunos e funcionários das instituições. Agenda. A PUC foi a primeira Universidade da América Latina a redigir um termo de compromisso com diretrizes específicas para melhoria do desempenho ambiental e, além disso, parte da Rede de Sustentabilidade criada pelas Universidades Jesuitas da América Latina - AUSJAL.\n\nConclusão\n\nAinda temos um longo caminho para percorrer na construção de uma sociedade menos destrutiva e voltada para as questões ecológicas e socioambientais. Nossos modelos e costumes antigos encontram-se arraigados na natureza do nosso ser. Somos seres autoconhecedores, capazes de muitas faculdades tecnológicas. Somos capazes de extrair óleo a muitos quilômetros de profundidade, enviar espaçonaves para o espaço sideral e construir prédios monumentais, porém, nossa relação com o meio ambiente encerra-se muito deturpada; não somos capazes de reconhecer nossa dependência e participação no ciclo ecológico.\n\nDentro desses sistema, a educação se torna a ferramenta mais importante de propagação de conhecimento e conscientização, principalmente, para os mais jovens. IES são ambientes propícios para a formação de uma consciência crítica ambiental e para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental que podem servir de modelo para a execução. O ambiente acadêmico forma grande parte das pessoas relevantes para a sociedade, e educar ambientalmente seus egressos se torna um dever.\n\nO SGA, além de estabelecer uma Política Ambiental dentro das Universidades, deve contar com métodos de constante avaliação dos resultados obtidos. Com isso, os indicadores específicos aqui discutidos servem como parâmetro de avaliação da evolução sustentável da IES e cada indicador deve ser lapidado para melhor avaliar cada tipo de instituição. Por fim, entende-se que os indicadores são ferramentas para avaliar o progresso do desenvolvimento sustentável nas universidades. Porém, mais do que isso, é necessário a formação de uma consciência ambiental conjunta de todos os professores, alunos e funcionários das instituições. COSTA, Andrea Viviane de Oliveira, Indicadores de Sustentabilidade para instituições de ensino superior: contribuições para a Agenda Ambiental PUC-Rio. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Centro Técnico Científico, 2012.\n\nASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001. Sistemas de gestão ambiental – especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.\n\nBRITISH PETROLEUM. Bp Statistical Review of World Energy, junho de 2017, Disponível em: <https://www.bp.com/content/dam/bp/en/corporate/pdf/energy-economics/statistical-review-2017/bp-statistical-review-of-world-energy-2017-full-report.pdf>, Acesso em: 30 mai 2018.\n\nCARETO, H.; VENDRINERO, R. Sistemas de gestão ambiental em universidades: caso do Instituto Superior Técnico de Portugal. Relatório Final de Curso, 2003. Disponível em: <http://meteo.ist.utl.pt>. Acesso em: 4 mai 2018.\n\nCOLE, L. Assessing sustainability on Canadian university campuses: development of a campus sustainability assessment framework. Dissertation. (M.A. Environment and Management), Royal Roads University, Victoria, 2003.\n\nFOUTO, A. R. F. O papel das universidades rumo ao desenvolvimento sustentável: das relações internacionais às práticas locais. Dissertação. Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais Relações Internacionais da Administração, 2002.\n\nFRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si’. 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