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1 INTRODUÇÃO O presente relatório de Estágio Específico I do curso de Psicologia no âmbito da Política Nacional de Assistência Social PNAS referese a descrição das atividades desenvolvidas no Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade IPESC instituição sem fins lucrativos localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida para atender a comunidade local que vivenciam contexto de vulnerabilidade social O Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade é uma instituição proposta sem fins lucrativos que atua como auxiliadora à indivíduos em situação de vulnerabilidade social objetivando promover cursos e atendimentos de forma gratuita oficinas ações sociais saúde e bemestar Além de contribuir para o direito à qualidade de vida estimular o cooperativismo e ações que produzam impactos positivos para os moradores locais Nesse cenário cabe destacar a relevância do papel do profissional da psicologia como agente promotor de saúde e bemestar dos sujeitos e grupos sociais auxiliando assim na construção da autonomia destes e assegurando a integração social dos mesmos na sociedade com equidade e reconhecimento Trindade Teixeira 1998 Ainda que a atuação do psicólogo no âmbito de políticas públicas e assistência social seja bastante recente induzida a partir de 2005 segundo o que consta na nota técnica para atuação no SUAS elaborada pelo CFP o psicólogo comunitário fazse um importante instrumento facilitador na construção da cidadania empoderamento comunitário e transformação social com a coparticipação da comunidade enquanto organizadora de demandas à serem resolvidas de maneira cooperativa De acordo com Freitas 1998 a inserção do psicólogo na comunidade pode ocorrer de duas maneiras Na primeira os objetivos trabalhados são definidos a priori antes de esse profissional conhecer a realidade em que irá atuar e no segundo os objetivos são definidos a posteriori no qual ocorre primeiro a entrada do profissional na comunidade e o levantamento das necessidades para depois se definir os objetivos Esta segunda maneira pode ocorrer de duas formas 1º após conhecer as necessidades da população o psicólogo sozinho decide o que fazer 2º após este levantamento o profissional juntamente com a participação da população decide o que irá trabalhar sendo esta última a visão adotada no desenvolvimento das atividades do estágio no Instituto Nesse sentido a psicologia social comunitária é em seu exercício prático de acolhimento do sujeito em toda sua subjetividade singularidade e questões de vulnerabilidade social e da análise coparticipativa dos recursos simbólicos e afetivos do sujeito como aparato à manutenção da formação da cidadania na luta por equidade como uma prática crítica e que considera o indivíduo no que tange aos seus aspectos psicossociais E como atividades desenvolvidas pela psicologia social enfatizase o exercício de escuta ativa às pessoas que tiveram violação dos seus direitos humanos à restauração e preservação da integridade física psicológica e social educação psicológica o fortalecimento dos vínculos familiares sociais e comunitários Além disso segundo Matos 2009 como fim último a oferta de subsídios e condições para o desenvolvimento saudável autonomia socialização e protagonismo dos sujeitos para que os mesmos possam se fortalecer e obter melhor qualidade de vida Sendo assim o presente relatório objetiva a compreensão da relevância da atuação do psicólogo a em espaços que promovam medidas socioassistenciais no que tange a Política Nacional de Assistência Social e a descrição das atividades desenvolvidas no Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade Logo as atividades desenvolvidas no Instituto foram consistiram sobretudo na elaboração de testes para ajustar o questionário para o programa MESA BRASIL remetendo assim ao compromisso do SUAS ao combate às questões de vulnerabilidades sociais e que é fundamental para a formação no que tange ao contato com a realidade profissional do psicólogo refletindo a relevância da psicologia como ciência e profissão Vale destacar outra fonte de experiência prática lançando luz desta vez sobre o atendimento psicossocial realizado nas ações promovidas dentro das atividades do Instituto O que enfatiza a relevância do olhar de viés psicológico mais humanizado e considerando os aspectos de subjetividade de cada sujeito Nesse sentido destacase o desenvolvimento da autonomia empoderamento social e o auxílio ao desenvolvimento de sujeitos ativos Portanto as atividades no campo de estágio embasaramse no auxílio às atividades ofertadas pelo instituto à comunidade com o empréstimo da visão da psicologia no âmbito do Instituto promovendo assim a autonomia e dignidade da comunidade local Por fim as atividades desenvolvidas buscaram alinhamento com o compromisso social da Instituição viabilizando acolhimento autonomia e fortalecimento de direitos Revelando assim o papel fundamental do psicólogo a nos âmbitos socioassistenciais como o Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade 2 REFERENCIAL TEÓRICO A formulação das políticas públicas de saúde e assistência social no Brasil é atravessada por tensões históricas e conceituais que incidem sobre os campos da cidadania da proteção social e das desigualdades estruturais Entre os conceitos centrais que orientam essas políticas destacase o de vulnerabilidade cuja polissemia e imprecisão longe de enfraquecer seu valor analítico ampliam sua potência ao permitir a abordagem dos múltiplos fatores que fragilizam os sujeitos no exercício pleno da cidadania Conforme destacam Carmo e Guizardi 2018 ainda que envolto em ambiguidades e frequentemente associado ao conceito de risco o termo vulnerabilidade tornouse uma ferramenta fundamental na orientação das ações de seguridade social não contributiva especialmente no contexto brasileiro pósConstituição de 1988 ao incorporar dimensões sociais relacionais e estruturais da exclusão A noção de vulnerabilidade nesse sentido vai além da mera ausência de renda e se articula com a fragilidade dos vínculos afetivos e relacionais com as barreiras ao acesso a bens e serviços públicos e com a precariedade da inserção social Ao adotarem esse conceito às políticas públicas estruturam suas ações de forma mais direcionada aos sujeitos em situação de maior desproteção Isso por um lado torna visíveis as necessidades reais de determinados segmentos sociais por outro pode reforçar uma lógica individualizante e seletiva de atenção sobretudo quando alinhada a discursos neoliberais de resiliência e responsabilização individual Na interface entre a psicologia e as políticas públicas o conceito de vulnerabilidade social tem adquirido importância crescente Segundo Scott et al 2018 a produção acadêmica brasileira em psicologia tem se voltado nos últimos anos à compreensão da vulnerabilidade como um fenômeno multidimensional que ultrapassa os limites da pobreza econômica englobando também a exclusão simbólica a ausência de pertencimento e a precarização dos direitos Entendese a vulnerabilidade como o resultado de uma defasagem entre os recursos materiais e simbólicos disponíveis aos indivíduos e as oportunidades estruturais oferecidas pelo Estado pelo mercado e pela sociedade Tratase portanto de uma condição relacional e historicamente produzida que compromete a mobilidade social e a autonomia dos sujeitos Essa condição manifestase de maneira contundente em comunidades periféricas e marcadas por carências múltiplas como aquelas atendidas pelo Instituto IPESC Transformando Vidas sediado em Marabá no estado do Pará Atuando em territórios de alta vulnerabilidade social como o bairro Nossa Senhora Aparecida popularmente conhecido como bairro CocaCola o IPESC promove ações concretas de enfrentamento à exclusão social Entre suas principais atividades estão a distribuição de alimentos a oferta de cursos profissionalizantes e a promoção de práticas de fortalecimento comunitário e bemestar como aulas de zumba e karatê Essas iniciativas atendem não apenas a demandas emergenciais como a insegurança alimentar mas também fomentam o desenvolvimento humano e a construção de vínculos sociais Como apontam Morais Raffaelli e Koller 2012 a vulnerabilidade social frequentemente está relacionada à escassez de recursos materiais e simbólicos o que compromete a saúde física mental e relacional dos indivíduos Nesse contexto o IPESC se destaca como um agente de proteção social não estatal promovendo pertencimento empoderamento e cidadania ativa nos territórios em que atua O fortalecimento de vínculos interpessoais nesse cenário configurase como uma estratégia fundamental para a superação das vulnerabilidades Como afirmam Rodrigues e Guareschi 2018 no âmbito da política de assistência social o vínculo não deve ser compreendido como um laço natural espontâneo ou estável mas como um objeto imaterial continuamente produzido e performado em redes de práticas Com base na Teoria AtorRede e nos Estudos de Ciência Tecnologia e Sociedade os autores propõem entender o vínculo como um efeito relacional cuja existência depende da sustentação de interações localizadas e historicamente situadas entre sujeitos instituições normativas e dispositivos técnicos Essa perspectiva permite visualizar três versões distintas do vínculo nas práticas socioassistenciais como dispositivo de poder de afeto e de ética cada uma orientando formas diversas de intervenção profissional e gerando experiências distintas para os usuários A centralidade do vínculo também é amplamente reconhecida na psicologia do desenvolvimento e nas teorias das relações humanas A partir da Teoria do Apego de John Bowlby conforme discutido por Carvalho Politano e Franco 2008 o vínculo afetivo entre cuidador e criança é uma necessidade humana fundamental comparável à fome ou à sede essencial para a proteção o desenvolvimento e a constituição da subjetividade Embora universal em sua base biológica esse vínculo assume formas diversas moduladas por contextos culturais sociais e históricos Ao mesmo tempo a teoria do apego ressalta a importância da convivência e da proximidade como mediadoras do desenvolvimento humano princípio que dialoga diretamente com a diretriz da assistência social de fomentar espaços de convivência como estratégia de fortalecimento de vínculos Refletir sobre a relação entre vulnerabilidade e vínculo evidencia que a ausência ou fragilidade de laços sociais e comunitários está diretamente implicada na perpetuação das situações de desproteção Assim políticas públicas comprometidas com a superação da vulnerabilidade social devem considerar a promoção de vínculos como elemento constitutivo e indissociável da garantia de direitos A convivência nesse sentido não é apenas um meio mas também um fim em si mesma constituindo a base da proteção social como experiência viva de cidadania pertencimento e reconhecimento Nesse contexto o papel do psicólogo tornase estratégico e indispensável especialmente em territórios marcados por extrema vulnerabilidade como a ausência de renda a insegurança alimentar e a pobreza estrutural Longe de se restringir ao atendimento individualizado o profissional da psicologia especialmente quando inserido em políticas públicas organizações sociais ou projetos comunitários deve atuar como agente de transformação social promovendo o fortalecimento de vínculos a escuta qualificada a valorização das trajetórias de vida e o enfrentamento de práticas naturalizadas de exclusão Em comunidades como as atendidas pelo IPESC o psicólogo pode colaborar com ações integradas que envolvam acolhimento psíquico mediação de conflitos rodas de conversa oficinas coletivas e intervenções que reforcem a autonomia subjetiva e comunitária Além disso é dever ético do psicólogo denunciar e visibilizar os efeitos psíquicos da fome da escassez de recursos e do abandono institucional construindo junto aos demais profissionais da rede estratégias intersetoriais de cuidado e políticas públicas que não apenas tratam os sintomas da exclusão mas incidam diretamente sobre suas causas Em contextos de profunda precariedade a escuta psicológica deve abrir espaço para o reconhecimento do sofrimento social e das potências resilientes operando na interseção entre o cuidado clínico e a luta por direitos sem perder de vista a historicidade e a complexidade que atravessam o cotidiano dos sujeitos em situação de vulnerabilidade 3 METODOLOGIA PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS 31 População alvo As atividades práticas do Estágio Específico I tiveram como público alvo os moradores da comunidade Nossa Senhora de Aparecida um bairro do município de Marabá no estado do Pará anteriormente conhecida como CocaCola Tratase de um bairro periférico localizado às margens da Estrada de Ferro Carajás caracterizado como uma área de ocupação irregular uma vez que sua formação ocorreu em terrenos de propriedade privada Nesse contexto a comunidade é marcada por constantes tensões e conflitos relacionados à luta pelo direito à terra além de enfrentar sérias dificuldades no acesso à água potável ao saneamento básico e aos demais direitos sociais Dessa forma a AMBNSA e a EMEF Marilene Cirqueira Rodrigues constituiramse como o espaço de atuação e desenvolvimento dos projetos realizados os quais tiveram como objetivo promover transformações sociais na comunidade por meio das ações desenvolvidas durante o Estágio Específico I 32 Instrumentos utilizados Para a realização das atividades práticas do Estágio Específico I na Associação dos Moradores do Bairro Nossa Senhora Aparecida AMBNSA foram utilizados como instrumentos de diagnose primária a observação participante e o roteiro denominado Caracterização Institucional e Diagnóstico de Necessidades Psicossociais elaborado por Neiva 2010 p 3134 com o objetivo de subsidiar o diagnóstico institucional Na Escola Municipal de Ensino Fundamental EMEF Marilene Cirqueira Rodrigues aplicouse uma entrevista semiestruturada composta por cinco questões Apêndice A visando à coleta de informações relativas a uma demanda apresentada pela gestão escolar à AMBNSA Nos projetos específicos do estágio Programa Mesa Brasil e Projeto de Avaliação Neuropsicológica foram empregados questionários e fichas elaborados majoritariamente pelas estagiárias em conjunto com os docentes orientadores No Programa Mesa Brasil os instrumentos aplicados foram Questionário de Cadastro Familiar Apêndice B protocolo de Medidas Antropométricas Apêndice C e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA Anexo A No Projeto de Avaliação Neuropsicológica foram elaborados os seguintes instrumentos Formulário de Dados da Escola Apêndice D Formulário de Dados dos Profissionais da Escola Apêndice E Ficha de Alunos com Deficiência ou Diagnóstico de Transtornos de Aprendizagem eou Neuropsicológicos Apêndice F e Ficha de Alunos com Suspeita de Transtorno de Aprendizagem eou Neuropsicológico Apêndice G Ressaltase que os formulários de dados da escola e dos profissionais foram adaptados de Alencar 2018 33 Procedimentos No que se refere aos procedimentos de levantamento de dados realizouse um período de 31 dias de observação participante com o objetivo de estabelecer vínculo com os funcionários da AMBNSA e com os membros da comunidade que participavam dos cursos e atividades da associação Após esse período foi realizado pelas estagiárias o preenchimento do roteiro denominado Caracterização Institucional e Diagnóstico de Necessidades Psicossociais respondido com base nas informações obtidas durante a fase de observação Esse material foi posteriormente entregue ao professor orientador com a finalidade de avaliação do processo de observação e da compreensão institucional construída até aquele momento Paralelamente no dia 16 de abril realizouse uma reunião na EMEF Marilene Cirqueira Rodrigues entre a equipe gestora da escola e as estagiárias em atendimento a uma demanda de intervenção para o evento Dia D da Escola e Família Na ocasião foi conduzida uma entrevista semiestruturada orientada por cinco perguntas norteadoras Apêndice A elaboradas previamente para direcionar a coleta de informações Ao término da reunião todas as informações necessárias foram obtidas e definiuse em comum acordo a realização de uma palestra com o tema A importância do papel da família no acompanhamento escolar das crianças a ser desenvolvida durante o evento no dia 14 de maio 3 METODOLOGIA UTILIZADA NAS INTERVENÇÕES 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO REFERÊNCIAS Trindade I teixeira J a C 1998 Intervenção psicológica em centros de saúde o psicólogo nos cuidados de saúde primários Análise Psicológica 216 217229 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA Resolução CFP nº 0092005 Dispõe sobre a atuação do psicólogo em políticas públicas Brasília 2005 Considerações Finais Minha trajetória no instituto em questão foi de suma importância à construção de uma base sólida à minha formação profissional pertinente à um olhar mais humanizado e crítico social à situação de vulnerabilidade social dos indivíduos periféricos A bagagem teórica facultada pela vivência oferecida pelo instituto é sem sombras de dúvidas um diferencial em minha formação acadêmica no que tange à compreensão da realidade social da massa brasileira que vive à margem dos direitos voltado ao exercício cidadão e na atuação como profissional de psicologia frente à cenários de fragilidade socioeconômica Segundo o texto TODA A PSICOLOGIA É SOCIAL de Silvia Lane 1984 o desenvolvimento infantil psicopatologias e técnicas de intervenção próprias do profissional de psicologia devem ser analisadas criticamente à luz desta concepção de um ser humano que não se desenvolve em um vácuo social sendo intimamente atravessado pela cultura história e relações sociais Portanto a imersão nesse espaço existencial do outro se faz essencial à compreensão deste e ao estabelecimento de práticas voltadas à mudanças sociais fortalecimento de vínculos e manutenção da saúde mental aos menos desfavorecidos porém não se tratando apenas de uma atividade assistencialista mas um compromisso de centralizar esses indivíduos como agentes responsáveis pela mudança para que essa ocorra de forma efetiva Por fim refletindo sobre o sofrimentoético político observado por Sawaia 2009 destacase o quanto o processo de exclusão social adoece o indivíduo na medida em que o transforma em um sujeito subalterno humilhado e carente de valoração e que para a compreensão dessa dimensão psicossocial reitero a veemente relevância da vivência profissional enquanto imersão no âmbito comunitário para respaldo de atuações adequadas relativas à psicologia social uma vez sendo como supracitado o social como caráter íntimo da ciência psicológica COMIDA Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de quê Você tem fome de quê A gente não quer só comida A gente quer comida diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida diversão balé A gente não quer só comida A gente quer a vida como a vida quer Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de quê Você tem fome de quê A gente não quer só comer A gente quer comer e quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer pra aliviar a dor A gente não quer só dinheiro A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer só dinheiro A gente quer inteiro e não pela metade Arnaldo Antunes Marcelo Fromer Sérgio Britto Comida In Titãs Jesus não tem dentes no país dos banguelas LP São Paulo BMG Ariola 6704033 pg 147
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1 INTRODUÇÃO O presente relatório de Estágio Específico I do curso de Psicologia no âmbito da Política Nacional de Assistência Social PNAS referese a descrição das atividades desenvolvidas no Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade IPESC instituição sem fins lucrativos localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida para atender a comunidade local que vivenciam contexto de vulnerabilidade social O Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade é uma instituição proposta sem fins lucrativos que atua como auxiliadora à indivíduos em situação de vulnerabilidade social objetivando promover cursos e atendimentos de forma gratuita oficinas ações sociais saúde e bemestar Além de contribuir para o direito à qualidade de vida estimular o cooperativismo e ações que produzam impactos positivos para os moradores locais Nesse cenário cabe destacar a relevância do papel do profissional da psicologia como agente promotor de saúde e bemestar dos sujeitos e grupos sociais auxiliando assim na construção da autonomia destes e assegurando a integração social dos mesmos na sociedade com equidade e reconhecimento Trindade Teixeira 1998 Ainda que a atuação do psicólogo no âmbito de políticas públicas e assistência social seja bastante recente induzida a partir de 2005 segundo o que consta na nota técnica para atuação no SUAS elaborada pelo CFP o psicólogo comunitário fazse um importante instrumento facilitador na construção da cidadania empoderamento comunitário e transformação social com a coparticipação da comunidade enquanto organizadora de demandas à serem resolvidas de maneira cooperativa De acordo com Freitas 1998 a inserção do psicólogo na comunidade pode ocorrer de duas maneiras Na primeira os objetivos trabalhados são definidos a priori antes de esse profissional conhecer a realidade em que irá atuar e no segundo os objetivos são definidos a posteriori no qual ocorre primeiro a entrada do profissional na comunidade e o levantamento das necessidades para depois se definir os objetivos Esta segunda maneira pode ocorrer de duas formas 1º após conhecer as necessidades da população o psicólogo sozinho decide o que fazer 2º após este levantamento o profissional juntamente com a participação da população decide o que irá trabalhar sendo esta última a visão adotada no desenvolvimento das atividades do estágio no Instituto Nesse sentido a psicologia social comunitária é em seu exercício prático de acolhimento do sujeito em toda sua subjetividade singularidade e questões de vulnerabilidade social e da análise coparticipativa dos recursos simbólicos e afetivos do sujeito como aparato à manutenção da formação da cidadania na luta por equidade como uma prática crítica e que considera o indivíduo no que tange aos seus aspectos psicossociais E como atividades desenvolvidas pela psicologia social enfatizase o exercício de escuta ativa às pessoas que tiveram violação dos seus direitos humanos à restauração e preservação da integridade física psicológica e social educação psicológica o fortalecimento dos vínculos familiares sociais e comunitários Além disso segundo Matos 2009 como fim último a oferta de subsídios e condições para o desenvolvimento saudável autonomia socialização e protagonismo dos sujeitos para que os mesmos possam se fortalecer e obter melhor qualidade de vida Sendo assim o presente relatório objetiva a compreensão da relevância da atuação do psicólogo a em espaços que promovam medidas socioassistenciais no que tange a Política Nacional de Assistência Social e a descrição das atividades desenvolvidas no Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade Logo as atividades desenvolvidas no Instituto foram consistiram sobretudo na elaboração de testes para ajustar o questionário para o programa MESA BRASIL remetendo assim ao compromisso do SUAS ao combate às questões de vulnerabilidades sociais e que é fundamental para a formação no que tange ao contato com a realidade profissional do psicólogo refletindo a relevância da psicologia como ciência e profissão Vale destacar outra fonte de experiência prática lançando luz desta vez sobre o atendimento psicossocial realizado nas ações promovidas dentro das atividades do Instituto O que enfatiza a relevância do olhar de viés psicológico mais humanizado e considerando os aspectos de subjetividade de cada sujeito Nesse sentido destacase o desenvolvimento da autonomia empoderamento social e o auxílio ao desenvolvimento de sujeitos ativos Portanto as atividades no campo de estágio embasaramse no auxílio às atividades ofertadas pelo instituto à comunidade com o empréstimo da visão da psicologia no âmbito do Instituto promovendo assim a autonomia e dignidade da comunidade local Por fim as atividades desenvolvidas buscaram alinhamento com o compromisso social da Instituição viabilizando acolhimento autonomia e fortalecimento de direitos Revelando assim o papel fundamental do psicólogo a nos âmbitos socioassistenciais como o Instituto Plantando Esperança e Colhendo Dignidade 2 REFERENCIAL TEÓRICO A formulação das políticas públicas de saúde e assistência social no Brasil é atravessada por tensões históricas e conceituais que incidem sobre os campos da cidadania da proteção social e das desigualdades estruturais Entre os conceitos centrais que orientam essas políticas destacase o de vulnerabilidade cuja polissemia e imprecisão longe de enfraquecer seu valor analítico ampliam sua potência ao permitir a abordagem dos múltiplos fatores que fragilizam os sujeitos no exercício pleno da cidadania Conforme destacam Carmo e Guizardi 2018 ainda que envolto em ambiguidades e frequentemente associado ao conceito de risco o termo vulnerabilidade tornouse uma ferramenta fundamental na orientação das ações de seguridade social não contributiva especialmente no contexto brasileiro pósConstituição de 1988 ao incorporar dimensões sociais relacionais e estruturais da exclusão A noção de vulnerabilidade nesse sentido vai além da mera ausência de renda e se articula com a fragilidade dos vínculos afetivos e relacionais com as barreiras ao acesso a bens e serviços públicos e com a precariedade da inserção social Ao adotarem esse conceito às políticas públicas estruturam suas ações de forma mais direcionada aos sujeitos em situação de maior desproteção Isso por um lado torna visíveis as necessidades reais de determinados segmentos sociais por outro pode reforçar uma lógica individualizante e seletiva de atenção sobretudo quando alinhada a discursos neoliberais de resiliência e responsabilização individual Na interface entre a psicologia e as políticas públicas o conceito de vulnerabilidade social tem adquirido importância crescente Segundo Scott et al 2018 a produção acadêmica brasileira em psicologia tem se voltado nos últimos anos à compreensão da vulnerabilidade como um fenômeno multidimensional que ultrapassa os limites da pobreza econômica englobando também a exclusão simbólica a ausência de pertencimento e a precarização dos direitos Entendese a vulnerabilidade como o resultado de uma defasagem entre os recursos materiais e simbólicos disponíveis aos indivíduos e as oportunidades estruturais oferecidas pelo Estado pelo mercado e pela sociedade Tratase portanto de uma condição relacional e historicamente produzida que compromete a mobilidade social e a autonomia dos sujeitos Essa condição manifestase de maneira contundente em comunidades periféricas e marcadas por carências múltiplas como aquelas atendidas pelo Instituto IPESC Transformando Vidas sediado em Marabá no estado do Pará Atuando em territórios de alta vulnerabilidade social como o bairro Nossa Senhora Aparecida popularmente conhecido como bairro CocaCola o IPESC promove ações concretas de enfrentamento à exclusão social Entre suas principais atividades estão a distribuição de alimentos a oferta de cursos profissionalizantes e a promoção de práticas de fortalecimento comunitário e bemestar como aulas de zumba e karatê Essas iniciativas atendem não apenas a demandas emergenciais como a insegurança alimentar mas também fomentam o desenvolvimento humano e a construção de vínculos sociais Como apontam Morais Raffaelli e Koller 2012 a vulnerabilidade social frequentemente está relacionada à escassez de recursos materiais e simbólicos o que compromete a saúde física mental e relacional dos indivíduos Nesse contexto o IPESC se destaca como um agente de proteção social não estatal promovendo pertencimento empoderamento e cidadania ativa nos territórios em que atua O fortalecimento de vínculos interpessoais nesse cenário configurase como uma estratégia fundamental para a superação das vulnerabilidades Como afirmam Rodrigues e Guareschi 2018 no âmbito da política de assistência social o vínculo não deve ser compreendido como um laço natural espontâneo ou estável mas como um objeto imaterial continuamente produzido e performado em redes de práticas Com base na Teoria AtorRede e nos Estudos de Ciência Tecnologia e Sociedade os autores propõem entender o vínculo como um efeito relacional cuja existência depende da sustentação de interações localizadas e historicamente situadas entre sujeitos instituições normativas e dispositivos técnicos Essa perspectiva permite visualizar três versões distintas do vínculo nas práticas socioassistenciais como dispositivo de poder de afeto e de ética cada uma orientando formas diversas de intervenção profissional e gerando experiências distintas para os usuários A centralidade do vínculo também é amplamente reconhecida na psicologia do desenvolvimento e nas teorias das relações humanas A partir da Teoria do Apego de John Bowlby conforme discutido por Carvalho Politano e Franco 2008 o vínculo afetivo entre cuidador e criança é uma necessidade humana fundamental comparável à fome ou à sede essencial para a proteção o desenvolvimento e a constituição da subjetividade Embora universal em sua base biológica esse vínculo assume formas diversas moduladas por contextos culturais sociais e históricos Ao mesmo tempo a teoria do apego ressalta a importância da convivência e da proximidade como mediadoras do desenvolvimento humano princípio que dialoga diretamente com a diretriz da assistência social de fomentar espaços de convivência como estratégia de fortalecimento de vínculos Refletir sobre a relação entre vulnerabilidade e vínculo evidencia que a ausência ou fragilidade de laços sociais e comunitários está diretamente implicada na perpetuação das situações de desproteção Assim políticas públicas comprometidas com a superação da vulnerabilidade social devem considerar a promoção de vínculos como elemento constitutivo e indissociável da garantia de direitos A convivência nesse sentido não é apenas um meio mas também um fim em si mesma constituindo a base da proteção social como experiência viva de cidadania pertencimento e reconhecimento Nesse contexto o papel do psicólogo tornase estratégico e indispensável especialmente em territórios marcados por extrema vulnerabilidade como a ausência de renda a insegurança alimentar e a pobreza estrutural Longe de se restringir ao atendimento individualizado o profissional da psicologia especialmente quando inserido em políticas públicas organizações sociais ou projetos comunitários deve atuar como agente de transformação social promovendo o fortalecimento de vínculos a escuta qualificada a valorização das trajetórias de vida e o enfrentamento de práticas naturalizadas de exclusão Em comunidades como as atendidas pelo IPESC o psicólogo pode colaborar com ações integradas que envolvam acolhimento psíquico mediação de conflitos rodas de conversa oficinas coletivas e intervenções que reforcem a autonomia subjetiva e comunitária Além disso é dever ético do psicólogo denunciar e visibilizar os efeitos psíquicos da fome da escassez de recursos e do abandono institucional construindo junto aos demais profissionais da rede estratégias intersetoriais de cuidado e políticas públicas que não apenas tratam os sintomas da exclusão mas incidam diretamente sobre suas causas Em contextos de profunda precariedade a escuta psicológica deve abrir espaço para o reconhecimento do sofrimento social e das potências resilientes operando na interseção entre o cuidado clínico e a luta por direitos sem perder de vista a historicidade e a complexidade que atravessam o cotidiano dos sujeitos em situação de vulnerabilidade 3 METODOLOGIA PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS 31 População alvo As atividades práticas do Estágio Específico I tiveram como público alvo os moradores da comunidade Nossa Senhora de Aparecida um bairro do município de Marabá no estado do Pará anteriormente conhecida como CocaCola Tratase de um bairro periférico localizado às margens da Estrada de Ferro Carajás caracterizado como uma área de ocupação irregular uma vez que sua formação ocorreu em terrenos de propriedade privada Nesse contexto a comunidade é marcada por constantes tensões e conflitos relacionados à luta pelo direito à terra além de enfrentar sérias dificuldades no acesso à água potável ao saneamento básico e aos demais direitos sociais Dessa forma a AMBNSA e a EMEF Marilene Cirqueira Rodrigues constituiramse como o espaço de atuação e desenvolvimento dos projetos realizados os quais tiveram como objetivo promover transformações sociais na comunidade por meio das ações desenvolvidas durante o Estágio Específico I 32 Instrumentos utilizados Para a realização das atividades práticas do Estágio Específico I na Associação dos Moradores do Bairro Nossa Senhora Aparecida AMBNSA foram utilizados como instrumentos de diagnose primária a observação participante e o roteiro denominado Caracterização Institucional e Diagnóstico de Necessidades Psicossociais elaborado por Neiva 2010 p 3134 com o objetivo de subsidiar o diagnóstico institucional Na Escola Municipal de Ensino Fundamental EMEF Marilene Cirqueira Rodrigues aplicouse uma entrevista semiestruturada composta por cinco questões Apêndice A visando à coleta de informações relativas a uma demanda apresentada pela gestão escolar à AMBNSA Nos projetos específicos do estágio Programa Mesa Brasil e Projeto de Avaliação Neuropsicológica foram empregados questionários e fichas elaborados majoritariamente pelas estagiárias em conjunto com os docentes orientadores No Programa Mesa Brasil os instrumentos aplicados foram Questionário de Cadastro Familiar Apêndice B protocolo de Medidas Antropométricas Apêndice C e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA Anexo A No Projeto de Avaliação Neuropsicológica foram elaborados os seguintes instrumentos Formulário de Dados da Escola Apêndice D Formulário de Dados dos Profissionais da Escola Apêndice E Ficha de Alunos com Deficiência ou Diagnóstico de Transtornos de Aprendizagem eou Neuropsicológicos Apêndice F e Ficha de Alunos com Suspeita de Transtorno de Aprendizagem eou Neuropsicológico Apêndice G Ressaltase que os formulários de dados da escola e dos profissionais foram adaptados de Alencar 2018 33 Procedimentos No que se refere aos procedimentos de levantamento de dados realizouse um período de 31 dias de observação participante com o objetivo de estabelecer vínculo com os funcionários da AMBNSA e com os membros da comunidade que participavam dos cursos e atividades da associação Após esse período foi realizado pelas estagiárias o preenchimento do roteiro denominado Caracterização Institucional e Diagnóstico de Necessidades Psicossociais respondido com base nas informações obtidas durante a fase de observação Esse material foi posteriormente entregue ao professor orientador com a finalidade de avaliação do processo de observação e da compreensão institucional construída até aquele momento Paralelamente no dia 16 de abril realizouse uma reunião na EMEF Marilene Cirqueira Rodrigues entre a equipe gestora da escola e as estagiárias em atendimento a uma demanda de intervenção para o evento Dia D da Escola e Família Na ocasião foi conduzida uma entrevista semiestruturada orientada por cinco perguntas norteadoras Apêndice A elaboradas previamente para direcionar a coleta de informações Ao término da reunião todas as informações necessárias foram obtidas e definiuse em comum acordo a realização de uma palestra com o tema A importância do papel da família no acompanhamento escolar das crianças a ser desenvolvida durante o evento no dia 14 de maio 3 METODOLOGIA UTILIZADA NAS INTERVENÇÕES 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO REFERÊNCIAS Trindade I teixeira J a C 1998 Intervenção psicológica em centros de saúde o psicólogo nos cuidados de saúde primários Análise Psicológica 216 217229 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA Resolução CFP nº 0092005 Dispõe sobre a atuação do psicólogo em políticas públicas Brasília 2005 Considerações Finais Minha trajetória no instituto em questão foi de suma importância à construção de uma base sólida à minha formação profissional pertinente à um olhar mais humanizado e crítico social à situação de vulnerabilidade social dos indivíduos periféricos A bagagem teórica facultada pela vivência oferecida pelo instituto é sem sombras de dúvidas um diferencial em minha formação acadêmica no que tange à compreensão da realidade social da massa brasileira que vive à margem dos direitos voltado ao exercício cidadão e na atuação como profissional de psicologia frente à cenários de fragilidade socioeconômica Segundo o texto TODA A PSICOLOGIA É SOCIAL de Silvia Lane 1984 o desenvolvimento infantil psicopatologias e técnicas de intervenção próprias do profissional de psicologia devem ser analisadas criticamente à luz desta concepção de um ser humano que não se desenvolve em um vácuo social sendo intimamente atravessado pela cultura história e relações sociais Portanto a imersão nesse espaço existencial do outro se faz essencial à compreensão deste e ao estabelecimento de práticas voltadas à mudanças sociais fortalecimento de vínculos e manutenção da saúde mental aos menos desfavorecidos porém não se tratando apenas de uma atividade assistencialista mas um compromisso de centralizar esses indivíduos como agentes responsáveis pela mudança para que essa ocorra de forma efetiva Por fim refletindo sobre o sofrimentoético político observado por Sawaia 2009 destacase o quanto o processo de exclusão social adoece o indivíduo na medida em que o transforma em um sujeito subalterno humilhado e carente de valoração e que para a compreensão dessa dimensão psicossocial reitero a veemente relevância da vivência profissional enquanto imersão no âmbito comunitário para respaldo de atuações adequadas relativas à psicologia social uma vez sendo como supracitado o social como caráter íntimo da ciência psicológica COMIDA Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de quê Você tem fome de quê A gente não quer só comida A gente quer comida diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida diversão balé A gente não quer só comida A gente quer a vida como a vida quer Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de quê Você tem fome de quê A gente não quer só comer A gente quer comer e quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer pra aliviar a dor A gente não quer só dinheiro A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer só dinheiro A gente quer inteiro e não pela metade Arnaldo Antunes Marcelo Fromer Sérgio Britto Comida In Titãs Jesus não tem dentes no país dos banguelas LP São Paulo BMG Ariola 6704033 pg 147