·
Cursos Gerais ·
Psicologia Social
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
4
Prova Unip
Psicologia Social
UMG
8
Campos M a Resenha como Gênero Acadêmico In Manual de Generos Academicos 2015
Psicologia Social
UMG
1
Deficiência Mental-Análise e Estudos Comparativos
Psicologia Social
UMG
15
Treinamento de Pais na Terapia Cognitivo-Comportamental Infantil - Revisão Bibliográfica
Psicologia Social
UMG
11
Fisher Realismo Capitalista - É Mais Fácil Imaginar o Fim do Mundo do que o Fim do Capitalismo
Psicologia Social
UMG
36
Psicologia e Trabalho - Apropriações e Significados - Coleção Debates em Administração
Psicologia Social
UMG
11
Terapia Cognitiva: Fundamentos, Modelos, Aplicações e Pesquisa - Revisão Detalhada
Psicologia Social
UMG
3
Analise de Bailando com o Senhor - Extase Transe e Possessao
Psicologia Social
UMG
1
Avaliacao II Psicologia do Desenvolvimento Infantil Resumo FATESA
Psicologia Social
UMG
1
ABNT NBR 1052002 - Citações Indiretas Normas e Exemplos
Psicologia Social
UMG
Preview text
Capítulo 3 ORIENTAÇÃO AVALIAÇÃO E TESTAGEM1 Maria Eduarda Duarte Marucia Patta Bardagi Marco Antonio Pereira Teixeira 31 Orientação Avaliação e Testagem no cenário internacional Introdução A Avaliação Psicológica constitui uma das ferramentas determinantes quer no domínio da Psicologia Fundamental quer no domínio da Psicologia Aplicada como é a Psicologia da Orientação ou utilizando a mais recente designação a Psicologia da Construção da Vida DUARTE 2006 SAVICKAS et al 2009 Neste capítulo alguns dos principais aspectos da Avaliação Psicológica no contexto da Orientação serão analisados e discutidos o conceito de Avaliação e a sua definição no âmbito da epistemologia e os critérios básicos associados Os processos e procedimentos merecem evidentemente também alguma atenção Numa sociedade cada vez mais baseada no conhecimento depois da era da sociedade baseada na informação os métodos de Avaliação e as práticas daí decorrentes deparamse com novos desafios sejam eles metodológicos sejam eles de natureza prática para responder a esses desafios tornase necessário estabelecer uma rede abrangente de articulações como saber detalhadamente sobre os contextos culturais sobre a amostragem de situações e a amostragem de funções como saber estabelecer um coerente design experimental e ainda como saber desenvolver uma adequada recolha de dados Os efeitos associados à concretização do processo de Avaliação servem como o ponto de partida para uma breve reflexão que se articula com os custos da avaliação De fato existe um conjunto vasto de argumentos que levam investigadores e técnicos a por vezes manifestaremse relutantes no que respeita à utilização de técnicas de Avaliação Realmente não se trata de tarefa fácil na medida em que exige uma formação teórica e metodológica intensa Para reforçar a importância e utilidade da Avaliação Psicológica em contexto de Orientação lançase o desafio para mais investigação e algumas pistas para sua concretização o desenvolvimento adequado de estudos interculturais a utilização de novas metodologias que colocam as especificidades culturais no núcleo central do desenvolvimento teórico Numa palavra a Orientação e a Avaliação imbuídas de abordagens interdisciplinares que evidenciem os aspectos contextuais e funcionais no domínio da Psicologia da Construção da Vida 311 Avaliação e testagem clarificar conceitos Ao abrir um qualquer livro ou folhear um artigo sobre Avaliação Psicológica ou sobre Testagem os conceitos estão claramente definidos desde que esse livro ou esse artigo esteja escrito em língua inglesa Na língua portuguesa tal não acontece a mesma palavra Avaliação é utilizada quer se aborde o conceito na sua vertente de evaluation quer na sua vertente de assessment ou seja a operacionalização de um construto psicológico para o estudo das diferenças individuais DUARTE 2005 A Testagem ou a utilização dos testes constitui um dos elementos da Avaliação e nos dias de hoje não pode ser entendida como uma atividade isolada que toma lugar fora da interação psicólogo cliente Quando na língua portuguesa se aborda o tema Avaliação pretendese então falar de quê Em primeiro lugar na definição conceptual evaluation e o contexto da sua operacionalização ou relação ecológica o que significa identificar conteúdos relevantes e contextualizados no conhecimento cultural entendase que os ingredientes do conhecimento significam uma profunda compreensão de como as culturas se expressam através de crenças de valores expressões comportamentais símbolos hábitos mas não se esgota neste conhecimento na medida em que os atributos vulgarmente chamados de bom senso têm e devem fazer a ponte entre o conhecimento de natureza cognitiva e a possibilidade de lidar com as variáveis culturais e subculturais É essa interligação entre esses dois aspectos que conduz naturalmente à solidez da validade de construto É claramente a necessidade de encontrar procedimentos de Avaliação que sejam integradores do conjunto de determinantes contextuais e das características pessoais que definem e sustentam a individualidade e a singularidade DUARTE 2008 Depois da definição conceptual e em segundo lugar é que se está perante a assumpção do paradigma diferencial assessment centrado no rationale das diferenças individuais para determinar o design experimental e as decisões sobre a adoção de procedimentos psicométricos a aplicar DUARTE 2005 E no que respeita à Testagem Os testes enquanto elementos de Avaliação Psicológica são desde a sua origem utilizados na intervenção em Orientação e ainda nos dias de hoje se ouve a expressão Responde ao teste e eles dizemte o que deves fazer eles que muitas vezes nem são os psicólogos Julgo que quase em todo o mundo se trata de uma expressão coloquial bem conhecida de todos Interessa agora refletir um pouco sobre essa frase Para muitas pessoas e também para muitos psicólogos a Avaliação e a Testagem ou como mais erradamente ainda hoje se diz de testes psicotécnicos são quase sinónimos Essa ligação atualmente muito controversa decorre da abordagem clássica da utilização dos testes para recolher informação para procurar a adequação indivíduoemprego No modelo de Avaliação traçofator também designado por modelo clássico de Avaliação a Testagem constituía a principal técnica utilizada mas depois das controvérsias dos finais dos anos 1960 e até meados dos anos 1970 em que surgiram as objeções aos testes que passaram a ser vistos como geradores de barreiras à igualdade de oportunidades ou como refletorespromotores de enviesamento cultural ou porque favorecedores de minorias ou porque rotuladores ou porque não se conheciam detalhadamente os seus objetivos a utilização dos testes começou a ser encarada com desconfiança aliás com toda a razão de ser Com o avanço da teoria psicológica e da teoria dos testes questões relacionadas com a validade e a precisão das medidas proporcionadas pelos resultados obtidos pelas provas psicológicas foram diminuindo as objeções para o que contribuíram uma mais cuidada análise das evidências empíricas uma maior preocupação com as práticas de utilização e um maior domínio da avaliação e que foram conduzindo a uma prática mais sólida e melhor enquadrada dos testes Atualmente a Testagem é tida como uma das fontes promotoras de autoconhecimento DUARTE 2008 Portanto quando se pretende discutir o tema da Testagem em contexto de Orientação e Aconselhamento de Carreira ou em contexto de ajuda na construção de um processo de vida quando se pretende discutir dizia como se de uma categoria ou até de uma disciplina se tratasse estáse no imediato a levantar uma barreira ou um obstáculo que impede a tentativa de compreender o que o outro está a querer dizer em resposta ao estímulo que lhe é apresentado o que é que no seu passado e na experiência singular leva o indivíduo a formular daquela maneira própria por outras palavras estáse a desvirtuar o objetivo fundamental da utilização dessa técnica de observação E esse objetivo é inequivocamente apoiar a intervenção e promover a mudança Testagem e Avaliação não são de forma alguma sinónimos enquanto definição um instrumento de Avaliação é a operacionalização de um construto psicológico que serve para estudar as diferenças individuais tal como já anteriormente referido E os testes são um dos possíveis instrumentos psicológicos que podem ser utilizados O termo Avaliação referese em termos gerais ao escrutínio formal e sistemático de uma intervenção planeada Portanto a Avaliação pode contemplar a utilização de testes psicológicos mas a Avaliação é mais do que isso pode ser também a entrevista a discussão de projetos de vida os efeitos associados à concretização de novas formas de estudar ou de trabalhar ou seja a Avaliação pode contemplar um conjunto diversificado de técnicas de observação Nessa perspectiva os objetivos mais o para quê da Avaliação e ainda o como da Avaliação pressupõem um exame cuidadoso e sistemático dos processos mentais evocados e do produto final da situação a aplicação de um ou mais métodos de Avaliação DUARTE 2007 Em termos práticos quer isso dizer que podem ser utilizadas diferentes práticas de Avaliação com o indivíduo o psicólogo como avaliador pode adotar um escopo mais vasto como por exemplo questões que emergem dos estudos interculturais Por exemplo Prediger e Swaney 1995 referem que os técnicos devem usar os resultados dos testes apenas como uma fonte de informação ao serviço da promoção do autoconhecimento do indivíduo enquadrar os resultados dos testes no conjunto de opções e permitir que o indivíduo os utilize como um estímulo para mais exploração Mas o técnico se utiliza os resultados dos testes como mais uma fonte de promoção do autoconhecimento terá que ser particularmente cuidadoso na prevenção de distorções relativas ao significado e à validade das medidas em especial a validade preditiva das técnicas diferenciais utilizadas um resultado elevado numa prova de aptidão espacial poderá ser um indicador de facilidade de aprendizagem de matérias relacionadas com a visualização a três dimensões e de provável sucesso numa atividade na qual a capacidade de visualizar no espaço a três dimensões seja fundamental mas não mais do que isso o resultado não prevê o sucesso como arquiteto ou como dentista só para dar o exemplo de duas profissões onde dificilmente poderá ser um bom profissional quem não tiver a capacidade de aprender nesta área em particular Até se dispor de dados específicos sobre até que ponto é importante terse um conjunto particular de capacidades para se ter sucesso numa determinada vida profissional o diálogo durante a discussão e análise de resultados obtidos com os testes deve ter um caráter geral Talvez o grande passo epistemológico seja o seguinte a Avaliação deve ser vista numa perspectiva cultural FOUAD WALKER 2005 Quer isso dizer que é preciso integrar a Avaliação na cultura ou subcultura específica em que essa mesma Avaliação se realiza GEISINGER 2003 Dito doutra maneira tratase de identificar a singularidade e ao mesmo tempo tratase de identificar os contextos nos quais o indivíduo se move e que igualmente contribuem para que ele funcione ou possa vir a funcionar como uma unidade na sociedade Como Blustein 2006 sugere seria muito desejável que fosse feito um esforço para o desenvolvimento de instrumentos de Avaliação que se baseassem em taxonomias imbuídas dos significados culturais e que fossem relevantes para cada grupo de clientes 313 Orientação e Testagem processos e procedimentos Quando se trabalha em Orientação e Testagem e muito em particular com testes importados um conjunto de questões vai se colocando ao longo do processo tradução definição do conceito adaptação a amostragem de situações e a amostragem de funções ou seja a preparação para utilizar o teste num país diferente com uma língua diferente numa outra cultura e o produto final que consiste na utilização experimental com grupos diferenciados Guilford 1942 há já mais de 50 anos chamava a atenção para esse tipo de problemas um teste pode ser altamente útil a questão da validade das medidas num contexto e ter um fracasso completo numa outra cultura O exemplo mais simples e que até pode ser caricato para um psicólogo habituado a avaliar indivíduos de grande diversidade cultural é aplicar a Escala de Weschler a uma criança que viva numa tribo da Amazónia e a outra que viva num grande centro urbano do Brasil e depois interpretar os resultados como se o contexto cultural em que essas crianças se desenvolvem fosse idêntico Provavelmente o que iria acontecer seria que a criança urbana teria uma pontuação de QI bastante mais elevada mas a grande incógnita permanece será que a sua inteligência daria para ela sobreviver com a tribo na Amazónia Nesse contexto com certeza que a criança da Amazónia é mais inteligente Até um extraterrestre entende da inviabilidade de avaliar e comparar a inteligência desse modo Por outras palavras é fundamental considerar a definição conceptual do que o psicólogo pretende avaliar e o contexto da sua operacionalização mais uma vez a relação ecológica DUARTE 2005 ou seja a maneira pela qual as coisas são colocadas umas em relação as outras é isso que significa ser apropriado ou adequado DUARTE ROSSIER 2008 Não se pense que esses problemas são novos eles existem desde o aparecimento dos testes de inteligência em 1905 quando Alfred Binet 18571911 publicou a primeira Escala Métrica de Inteligência o prestar contas sobre a utilização de testes importados tornouse e ainda é uma das mais importantes questões na teoria e na prática psicológica É importante neste ponto chamar a atenção para uma questão fundamental a prevalência de modelos americanos na investigação psicológica um pouco por todo o mundo e sobretudo desde os princípios do século XX é um fato que não vale a pena contrariar aqui se questiona se os modelos são verdadeiramente americanos ou não serão antes modelos multiculturais por causa da inerente diversidade que existe na sociedade americana nem no que respeita a questões teóricas nem no que respeita a modelos empíricos e ainda a teoria dos testes e os modelos estruturais que servem para estabelecer procedimentos de avaliação de dados E o impacto da utilização das medidas de desempenho máximo e desempenho típico CRONBACH 1990 em especial as de formato verbal assume contornos e consequências que podem ter fortes impactos negativos quer ao nível do desenvolvimento científico quer também impacto negativo junto das populações Pegar num teste previamente construído e desenvolvido noutra cultura e adaptálo não é tarefa fácil saber fazer uma avaliação sobre o conjunto de informações culturais e os contextos é muito mais complexo do que estabelecer padrões e criar princípios orientadores para se estabelecerem regras padronizadas para se efetuarem estudos interculturais A velha discussão sobre os testes culturalmente isentos CATTELL 1940 ou sobre os testes culturalmente justos CATTELL CATTELL 1963 ou sobre os testes culturalmente redutores JENSEN 1980 já não faz mais sentido A amostragem de situações ou seja estipular os aspectos relevantes e observáveis do construto e a amostragem de funções isto é o fraseamento dos itens em termos de operações e de escolhas de conteúdo são questões determinantes REUCHLIN 1998 desde que claramente associadas às variáveis diferenciais e ao conjunto de informação proveniente dos contextos que mais não são do que os padrões culturais Dito de uma outra maneira a validade ecológica é o conceitochave mas a predição continua a ser o maior e o mais importante objetivo Portanto fica já muito claro que a tradução de um teste e a adaptação de um teste são duas coisas distintas HAMBLETON 2005 O termo adaptação tem um significado mais abrangente e é na verdade aquilo que deveria acontecer sempre que se prepara um teste para ser utilizado noutra língua noutra cultura que não aquela para que foi construído e desenvolvido adaptar um teste nas palavras de Leong e Brown 1995 significa considerar um conjunto de tarefas que envolvem a decisão se o teste poderá medir o mesmo construto numa outra cultura e numa outra língua encontrar o conceito as palavras as expressões que sejam psicológica cultural e linguisticamente equivalentes é com certeza ir além da pura e dura tradução literal do fraseamento do teste Os estudos pilotos efetuados com testes traduzidos e adaptados envolvem mais do que a simples aplicação da nova versão e a análise dos dados empíricos e de estudos comparativos dos dados da versão original com a traduzida HAMBLETON 1993 OAKLAND 2004 A identificação de enviesamentos VAN DE VIJVER HAMBLETON 1996 constitui um dos aspectos mais relevantes para a continuação do processo de adaptação Os princípios orientadores formulados por Brislin 1986 e que procuram normalizar as regras de tradução estão longe de contemplar todos os aspectos relacionados com a amostragem de situações com a amostragem de funções e até com os contextos ecológicos a questão do desempenho em contexto levanta um conjunto de questões que dizem respeito à retradução dos resultados na dupla vertente da operacionalização e da sabedoria e do bom senso para entender esses resultados integrados e enquadrados pelas variáveis culturais e subculturais Uma outra questão fundamental tem a ver com a familiaridade que se tem com a literatura e com os estudos empíricos realizados sobre o construto operacionalizado essa familiaridade com a literatura referese à importância de saber mapear os componentes do construto no que respeita a comportamento interpretação do construto e significado das tarefas isso mais não é do que a ponte entre a compreensão do fraseamento dos itens em termos de operações e escolhas de conteúdo a amostragem de funções E uma terceira questão o reconhecimento das limitações dos métodos estatísticos Consideremse as limitações por exemplo nos testes de hipóteses estatística aplicada nas medidas de desempenho máximo e as restrições dos métodos de análise fatorial quer a exploratória quer a confirmatória na identificação de aptidões estatisticamente significativo significa diferenças nos resultados dos grupos definidos por estatuto socioeconómico ou pela etnicidade embora possa acontecer sobreposição das distribuições ainda o efeito da dimensão da amostra nos níveis da diferença estatística é muitas vezes esquecido ou escamoteado Estes bem estabelecidos conjuntos de fatos sugerem que a Testagem das aptidões por exemplo pode ser injusta culturalmente e consequentemente pode contribuir para restringir oportunidades de carreira de vários subgrupos demográficos da população para os quais foram derivadas normas a partir dos dados recolhidos em amostras supostamente representativas Esses mesmos princípios orientadores são fundamentais esclareçase mas não esgotam todos os procedimentos a considerar nem podem impor as regras de julgamento sustentadas no bom juízo e sabedoria de cada profissional que trabalha nessa área científica Assim a partir do momento em que se começou a dar mais importância ao estudo das diferenças interculturais e intraculturais para uma melhor compreensão de como o comportamento humano se ajusta às pressões e necessidades do contexto no qual está inserido um grupo de psicólogos criou em 1992 a Comissão Internacional de Testagem e que tem como principal objetivo estabelecer os princípios orientadores para a tradução e adaptação de testes psicológicos e educacionais Desde aí uma vasta produção tem vindo a ser publicada e destaco só alguns exemplos FernandezBallasteros Hambleton e ONeil 2001 Hambleton 1994 Hambleton 2001 Tanzer e Sim 1999 Van de Vijver e Hambleton 1996 Van de Vijver e Poortinga 1997 Um conjunto considerável de produção científica que se tem dedicado aos estudos interculturais tem contribuído para disseminar evidências mas também para abrir novos caminhos para encontrar uma abordagem mais global da medida em psicologia Interrogome se será um efeito colateral da globalização ou a antecipação das consequências da validação É minha convicção que ainda é cedo para encontrar uma resposta 314 Algumas questões metodológicas Se o objetivo é encontrar uma abordagem mais abrangente para a problemática da Testagem a fim de se conseguirem descrições mais completas em populações diversas então existe um conjunto de implicações metodológicas que se deve ter em conta Por exemplo procurar desenvolver em simultâneo numa variedade de culturas medidas que têm como suporte teórico o mesmo modelo e ir verificando se esse modelo possui as características de universalidade para ser aplicado num maior leque possível de culturas O construto de equivalência está intrinsecamente associado à Testagem e consequente operacionalização quando se pretende desenvolver estudos em contextos interculturais a fim de efetuarem estudos comparativos de resultados obtidos em diferentes culturas Van de Vijver e Leung 1997 distinguem três níveis de equivalência psicométrica a equivalência estrutural a equivalência da unidade de medida a métrica das escalas é idêntica e a equivalência entre escalas a origem da escala é também a mesma para os diferentes grupos A equivalência estrutural as correlações entre as variáveis são idênticas nos diferentes grupos implica que o mesmo construto se pode operacionalizar medir em diferentes culturas e é com certeza o primeiro e o mais importante nível de equivalência Essa equivalência está obviamente dependente do construto a ser operacionalizado bem como das características do instrumento de medida mas também das diferenças culturais entre os grupos estudados Esses três níveis de equivalência têm que ser considerados com bastante precaução de fato a equivalência estrutural pode não implicar que seja alcançada a equivalência entre escalas mas este tipo de equivalência como tem vindo a ser demonstrado é muito mais difícil de alcançar do que a equivalência estrutural DUARTE ROSSIER 2008 Uma outra implicação metodológica tem a ver com os três tipos de enviesamento o do construto ou definições incompletas ou incorretas dos aspectos relevantes do construto nas diferentes culturas o do método por exemplo diferenças ao nível da desejabilidade social ou nas diferenças de resposta aos estímulos ou até as características do instrumento e o enviesamento dos itens conteúdos inadequados fraseamento desajustado VAN DE VIJVER LEUNG 1997 Realmente ao considerar o impacto dos enviesamentos nenhuma equivalência pode ser obtida se houver enviesamento ao nível do construto VAN DE VIJVER 2000 Porém no caso do enviesamento do método ou dos itens a equivalência estrutural e até nalguns casos a equivalência da unidade de medida pode ser alcançada desde que o enviesamento afete todos os itens uniformemente VAN DE VIJVER LEUNG 1997 Por essa razão é muito importante identificar os efeitos desses enviesamentos quando se utiliza um instrumento psicológico num contexto internacional para uma descrição mais detalhada vide Duarte e Rossier 2008 Em síntese a escolha dos critérios de Avaliação numa Avaliação específica é um desafio no que diz respeito ao objetivo global da intervenção Se a intervenção tem como objetivo avaliar aspectos cognitivos ser diferente significa ser colocado num ou noutro nicho no conjunto da amplitude dos resultados isto é a distribuição dos resultados na população Mas um resultado baixo não pode ser linearmente transposto para um nível de predição de sucesso mas antes aponta para a necessidade de desenvolver mais esforço para ser bem sucedido Mas também pode significar que um resultado elevado não é garantia de adaptação integração no contexto ou adaptabilidade a capacidade individual para negociar transições A Avaliação deve também suportar e providenciar conhecimento e tornarse um elemento de auxílio no processo de tomada de decisão Mas acima de tudo deve suportar o investimento na aprendizagem O conjunto de benefícios para o indivíduo e para a sociedade é imenso quando bem documentado e bem comunicado as consequências da avaliação podem ser no seu conjunto muito úteis para implementação de procedimentos nos processos de tomada de decisão WATSON DUARTE GALVIN 2005 A Avaliação pode e deve estimular discussões sobre a implementação de novas práticas que vão para além dos atuais problemasalvo uma plataforma baseada na evidência para lançar novas melhorias para estimular a aprendizagem alarga oportunidades e realça a equidade Existe um conjunto de razões pelas quais muitos investigadores e técnicos não são entusiastas em utilizar e lidar com técnicas de Avaliação e por quê Os técnicos e os investigadores enfrentam problemas de natureza diferente primeiro a escassez de materiais na língua materna neste caso na língua portuguesa segundo têm que lidar com típicos e não comparáveis problemas metodológicos e práticos terceiro o problema do financiamento os orçamentos para investigação escasseiam muito em particular nas ciências sociais os projetos de investigação em avaliação são grandes consumidores de tempo e por isso mesmo dispendiosos em pessoal infraestruturas equipamento e materiais já para não abordar a questão de pagamento aos participantes 315 A utilidade da avaliação em contexto de Orientação Talvez ganhe o Prémio Nobel quem primeiro conseguir uma grelha universal para uma Avaliação eou Testagem não discriminativa nem discriminatória Como considerar as especificidades de cada cultura ou de cada grupo minoritário quando se utiliza o mesmo instrumento de medida Como não sou candidata a nenhum prémio arrisco alguns caminhos para como diz o poeta ir caminhando ao mesmo tempo nesses caminhos O caminho da deontologia o caminho da ética o caminho da competência o caminho da equidade O caminho da deontologia é o conhecimento daquilo que se deve fazer A deontologia trata dos deveres a cumprir numa determinada atividade e no caso da Avaliação e Testagem é saber utilizar instrumentos enquanto medidas objetivas de manifestação de processos psicológicos Se se espreitar os étimos ou origens das palavras verificase que ao contrário de outras palavras que se vão afastando em significado das suas origens até pela própria transformação que esta nossa aldeia global vai impondo a deontologia permanece fiel às suas origens desenhada a partir dos elementos gregos deón e lógos a palavra deontologia significa o estudo do que é conveniente o que é necessário o que é oportuno É a deontologia que enquadra a atuação do profissional de Psicologia sustenta apoia e baliza a intervenção que obedece a um conjunto de normas e de regras que por elas próprias controlam o comportamento do profissional de Psicologia e que são sustentadas no mais profundo fundamento da ciência psicológica o caráter demonstrativo apoiado em estudos empíricos e não em diletantismos teóricos A ética afastouse do seu significado original contrariamente ao que se supõe a palavra é de etimologia fácil mas de difícil semântica derivada de ethos significa o lugar onde se está e caráter aplicado à conduta humana designa a ciência normativa a moral Hoje o caminho da ética é a axiologia os valores a sua interiorização o imperativo individual Determina o comportamento profissional A ética é o caminho para o psicólogo saber como quando e em que situações deve utilizar as técnicas com o respeito pela dignidade da pessoa ou para a preservação e proteção dos direitos humanos tal como enunciado pala maior associação do sector APA ETHICAL PRINCIPLES OF PSYCHOLOGISTS AND CODE OF CONDUCT 1993 O caminho da competência é o domínio dos métodos e das técnicas As normas preconizadas pela Associação Internacional de Orientação Escolar e Profissional AIOSPIAEVG são muito claras concretamente quando se referem à obrigatoriedade dos seus membros fornecerem as explicações dos conteúdos objetivos e resultados dos testes numa linguagem que seja compreensível para os clientes Deverão utilizar critérios pertinentes de seleção aplicação e interpretação das técnicas de avaliação Reconhecem que devem informarse sobre técnicas recentes EDUCATIONAL AND VOCATIONAL GUIDANCE BULLETIN 58 1996 Escolher o instrumento de Avaliação fazer a Avaliação da informação e entender da decisão da adequabilidade significa preparação teórica significa dominar métodos e técnicas colocados à disposição de quem recorre aos serviços de um profissional de Psicologia O caminho da equidade é o reconhecimento da diversidade É o não cair na tentação de um etnocentrismo interpretado como a crença de que a cultura de cada um de nós é universalmente aplicada na Avaliação e julgamento dos comportamentos humanos BARUTH MANNING 1992 O caminho da equidade implica o reconhecimento da diversidade e os psicólogos conselheiros de carreira devem estar aptos a selecionar os instrumentos de medida que servem essa mesma diversidade O desafio para a equidade na Avaliação implica que a interpretação e a decisão não favoreçam ou desfavoreçam nenhum grupo ou indivíduo em particular é fundamental utilizar a técnica adequada que por sua vez depende do modelo teórico e de mais pesquisa para recolher mais informação as normas por grupos específicos podem constituir uma maisvalia para uma mais fiável interpretação dos resultados Conclusões Teoria e pesquisa caminhando lado a lado Julgo que no futuro terá que se desbravar esse terreno Como Estudando que variáveis e qual o seu o significado no desenvolvimento dos comportamentos vocacionais nos comportamentos que determinam o processo de construção da vida considerando a idiossincrasia a etnicidade e a cultura Renovar os caminhos da investigação significa produzir modelos abrangentes cuja leitura e interpretação e por conseguinte a interpretação dos resultados provenientes das diversas formas de Avaliação se possa ajustar às necessidades de cada um Tratase de entender a Avaliação no contexto da construção dos projetos de vida Num processo de Aconselhamento de Carreira não se aconselha nem se trabalha com o indivíduo unicamente sobre escolhas profissionais ajustadas tal como Parsons no início do século XX o idealizava atualmente saber escolher a dose ou a porção adequada de interpretativismo subjetivo dos resultados a relação ecológica e nunca a opinião pessoal obtidos com a avaliação e a porção necessária de análise objetiva desses resultados é sinónimo de saber contextualizar esses mesmos resultados A teoria de construção de carreira SAVICKAS 2004 fornecenos as bases teóricas para entender como o mundo da carreira é feito por meio do construtivismo pessoal e do construcionismo social ora parece evidente que cada um de nós é detentor da sua própria personalidade vocacional dos mecanismos singulares da adaptabilidade e dos temas de vida A carreira de um indivíduo deriva da maneira como o indivíduo capta a realidade e a ela se adapta sem atraiçoar a sua essência que mais não é do que os traços psicológicos e as linhas estruturantes da sua história pessoal Cada um de nós não é reprodutível por cópia Numa palavra a pesquisa nesse nosso quase já não novo século deve saber considerar e ajustarse à diversidade Com que ferramentas Paradigmas metodologias estudos de populações As abordagens multidisciplinares não podem ser postas de lado porque fornecem mais abrangência sobre os fenómenos do comportamento humano Sair do pequeno quintal de cada um dos nossos campos de pesquisa e de intervenção e saber olhar para outros contributos da ciência psicológica procurando assim eliminar os habitats referidos por Savickas 2005 é com certeza um dos grandes desafios para o futuro da designada Psicologia da Orientação reintegrar investigação e ação escolhas e ajustamentos orientação e seleção estudos diferenciais e desenvolvimentistas estudo do individuo e da organização estudo da educação e da indústria DUARTE 2006 Orientação Avaliação e Testagem no cenário internacional Para quê Em primeiro lugar para ajudar cada indivíduo a desenvolver competências para a vida Nos dias de hoje ganham terreno as abordagens construtivistas SAVICKAS 2004 SAVICKAS et al 2009 tal como na segunda metade do século passado foram as abordagens desenvolvimentistas que marcaram a Psicologia da Orientação e com elas a crescente importância de um conjunto de dimensões e de variáveis com forte componente subjetivo e os mecanismos que lhe estão subjacentes como por exemplo as definições idiográficas de sucesso de satisfação ou de bem estar por oposição a visões nomotéticas que perigosamente podem conduzir à mecanização de comportamentos Portanto Orientação e Testagem sustentada nas correlações com critérios externos com certeza que sim mas sem esquecer outras sustentações quem é o indivíduo qual a sua história em que tipo de contextos se foi desenvolvendo e vai ter que atuar que objetivos quer alcançar Ou seja os resultados decorrentes da utilização de técnicas de Avaliação devem ser analisados no contexto da sua recolha e lidos e interpretados nesse mesmo contexto Uma outra questão importante a Avaliação não deve servir unicamente o propósito da predição de sucesso na medida em que se anicharia numa posição redutora de ordenação de resultados mas servir para ajudar o indivíduo a contrabalançar forças e fraquezas a encontrar o caminho pelo qual deve andar na procura constante da sua singularidade Afinal tratase de encarar a Avaliação e Testagem de uma maneira mais abrangente não exclusivamente como a base da predição mas antes como mais uma das ferramentas de trabalho de que o psicólogo dispõe colocada ao serviço do indivíduo para lhe abrir caminhos de exploração de promoção de autoconhecimento de aprendizagem permanente nos contextos por onde se vai construindo a vida Estará a comunidade científica em condições de o fazer Cabe em primeiro lugar a cada um de nós encontrar a resposta 32 A avaliação da pessoa em Orientação Profissional no cenário brasileiro A avaliação da pessoa é parte integrante de qualquer processo de Orientação Profissional OP ainda que o papel da avaliação no processo possa variar de acordo com o modelo de intervenção adotado pelo orientador SPARTA 2003 SPARTA BARDAGI TEIXEIRA 2006 Seja a avaliação mais formal ou menos formal quer utilize instrumentos padronizados ou não ela é imprescindível para levantar informações acerca do cliente e do próprio processo de Orientação Dada essa importância da avaliação podese ter uma falsa ideia de que os objetivos as práticas e os principais instrumentos de avaliação em OP estejam bem descritos e sistematizados na literatura brasileira e seu uso padronizado pelos profissionais da área No entanto é justamente nesses pontos principais que ainda se necessita de maior clareza e consistência afinal para que serve a avaliação do indivíduo em um processo de OP Com que finalidade os pesquisadores estão desenvolvendo ou adaptando instrumentos Como os profissionais estão inserindo e utilizando a avaliação psicológica em seu trabalho como orientadores Estudos de revisão realizados com o objetivo de analisar os principais instrumentos conhecidos e utilizados na área NORONHA FREITAS OTTATI 2003 os conteúdos ensinados em cursos de graduação NUNES NORONHA AMBIEL 2007 a qualidade dos testes de interesses OTTATI NORONHA SALVIATI 2003 e a produção científica na área de OP NORONHA ANDRADE MIGUEL et al 2006 NORONHA AMBIEL 2006 TEIXEIRA LASSANCE SILVA BARDAGI 2007 têm apontado alguns problemas da avaliação psicológica nesse contexto Entre estes destacamse as deficiências psicométricas de alguns instrumentos muitos deles já sem condições de uso e sem evidências de validade e fidedignidade a pouca frequência com que estudos de avaliação de instrumentos e resultados têm sido conduzidos e publicados e ainda o pouco tempo dedicado ao ensino de avaliação psicológica e manejo de instrumentos dentro de processos de Orientação Profissional Noronha e Ambiel 2006 e Noronha et al 2006 indicam um aumento geral na produção científica na área desde os anos 1990 No entanto o primeiro estudo e também o de MELO SILVA BONFIM ESBROGEO SOARES 2003 apontou o grande predomínio de técnicas não padronizadas o que dificulta a replicação de estudos e a sistematização dos resultados No conjunto esses problemas mostram que a área de OP no Brasil ainda necessita avançar no que diz respeito à avaliação psicológica e colocam em questão o uso que vem sendo feito dos poucos instrumentos disponíveis nas intervenções Nesse sentido o objetivo desta seção é descrever os principais instrumentos de avaliação psicológica disponíveis na área de Orientação Profissional no Brasil tanto para uso em intervenções quanto instrumentos que estão em desenvolvimento ou têm seu uso voltado à pesquisa Ao final apresentase uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento da avaliação psicológica no campo da Orientação Profissional brasileira indicando a separação percebida entre o desenvolvimento de instrumentos as pesquisas realizadas sobre os principais construtos em uso e as intervenções oferecidas em Orientação Profissional Pretendese salientar a importância de uma avaliação eficaz que permita a construção de intervenções apropriadas e gere informações relevantes tanto ao próprio indivíduo quanto à área e ao profissional 321 Os focos de avaliação em Orientação Profissional Dentro do contexto da Orientação Profissional no Brasil as três grandes áreas que costumam abarcar a maioria dos esforços de avaliação são os interesses a personalidade e as condições para a escolha mais especificamente a maturidade para a escolha ou maturidade vocacional Essas áreas mostram afinidade com três das perspectivas teóricas que estão entre as mais frequentes em uso no país quais sejam a perspectiva tipológica ou de traçoefator que prioriza a avaliação dos interesses a perspectiva evolutiva que prioriza a avaliação das condições de escolha entre elas o nível de maturidade e a perspectiva clínica que enfatiza a avaliação da personalidade MELOSILVA et al 2003 SPARTA et al 2006 Nesse sentido optase por dar destaque aqui a esses construtos e aos instrumentos construídos para avaliálos É importante ressaltar no entanto que não se considera a possibilidade de avaliação apenas por meio dos instrumentos padronizados Técnicas como a entrevista NASCIMENTO 2007 os relatos escritos LEVENFUS 2002 MOURA SAMPAIO MENEZES RODRIGUES 2003 os jogos e as dinâmicas de grupo LASSANCE 1999 SOARES 1993 entre outras também têm sistematicamente servido a esse propósito no âmbito da OP 3211 A avaliação dos interesses A avaliação de interesses é a mais típica modalidade de avaliação centrada na pessoa no campo da Orientação Profissional Tradicionalmente entendese que os interesses por ocupações ou atividades ocupacionais ou mesmo de lazer indicam gostos e possivelmente aptidões pessoais sendo que a escolha profissional deveria resultar de uma combinação dos interesses com as ocupações Nessa perspectiva temse de um lado um conjunto de áreas de interesses que se considera pertinente serem avaliadas e de outro um enquadramento das diversas ocupações existentes de acordo com os interesses Assim podese comparar o perfil de interesses individual com o perfil médio de profissionais de diversas áreas de forma a verificar a quais deles o perfil individual mais se aproxima delimitando assim o campo de opções do orientando No Brasil historicamente os instrumentos de avaliação de interesses são os mais numerosos e populares na área de OP Entre os materiais comercializados atuais e antigos podem ser citados o Levantamento de Interesses Profissionais DEL NERO 1984 o Inventário de Interesses de Angelini e Thurstone THURSTONE ANGELINI ANGELINI 2002 o Questionário Vocacional de Interesses OLIVEIRA 1982 o Inventário Ilustrado de Interesses Geist NICK sd o Inventário de Interesses Kuder KUDER 2000 o Teste do Catálogo de Livros BessaTramer BESSA 1998 o Teste das Estruturas Vocacionais MINICUCCI 1983 o Teste Visual de Interesses MAROCCO TÉTREAU TRAHAN 1984 e o Teste das Dinâmicas Profissionais BRAGA ANDRADE 2006 Contudo em função de problemas de desatualização ausência de informações importantes sobre validade fidedignidade e padronização NORONHA et al 2003 apenas dois instrumentos de interesses estão aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia CFP levantamento feito em agosto de 2009 para uso em intervenção motivo pelo qual são os únicos descritos em maior detalhe São eles a Escala de Aconselhamento Profissional EAP NORONHA SANTOS SISTO 2007 e a Avaliação de Interesses Profissionais AIP LEVENFUS BANDEIRA 2009 A Escala de Aconselhamento Profissional NORONHA et al 2007 é um instrumento de medida de interesses que avalia sete grandes dimensões 1 Ciências Exatas 2 Artes e Comunicação 3 Ciências Biológicas e da Saúde 4 Ciências Agrárias e Ambientais 5 Atividades Burocráticas 6 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e 7 Entretenimento Ele é constituído por 61 itens que descrevem diversas atividades ocupacionais sendo que o orientando deve indicar em uma escala de cinco pontos o quanto gostaria de desenvolver cada uma das atividades apresentadas Conforme o manual o instrumento é destinado a jovens e adultos a partir de 17 anos A elaboração do conjunto de itens da EAP não seguiu nenhum modelo teórico prévio sendo que as sete dimensões que compõem o instrumento foram resultado de análises estatísticas realizadas com os itens análises fatoriais Os dados para essa análise foram obtidos com estudantes universitários de 12 diferentes áreas tendo a maioria dos participantes idades entre 18 e 22 anos Os índices de fidedignidade obtidos para as escalas foram elevados indicando boa precisão Comparações entre universitários de cursos distintos mostraram também que as escalas são capazes de discriminar diferentes perfis de interesses de estudantes pelo menos entre alguns cursos constituindose em uma evidência de validade do instrumento Em termos de uso da escala os autores sugerem comparar os perfis individuais nas sete dimensões com os perfis médios de cada curso priorizando assim o processo de tomada de decisão aquelas opções que mais se aproximam do perfil individual Em sua primeira versão publicada o manual traz perfis para 12 carreiras sendo uma delas bastante abrangente Engenharia Alguns estudos já estão sendo desenvolvidos utilizando a EAP com alunos de outros cursos superiores e também de ensino médio além de estudos de correlação dos interesses com outras variáveis para atestar sua validade Por exemplo Noronha Martins Gurgel e Ambiel 2009 avaliaram a relação entre interesses e vivências acadêmicas de estudantes universitários e os resultados apontam correlações moderadas entre algumas áreas de interesse e os contextos acadêmicos como o interesse atividades burocráticas e a dimensão acadêmica de estudo com correlação positiva de 031 ou o interesse ciências biológicas e saúde e a dimensão institucional com correlação negativa de 031 Já Sartori 2007 correlacionou as dimensões da EAP com a tipologia vocacional e de personalidade do SelfDirected Search de John Holland descrito a seguir encontrando correlações teoricamente coerentes entre os perfis de interesse e os tipos descritos pelo autor A Avaliação de Interesses Profissionais LEVENFUS BANDEIRA 2009 é outro instrumento de interesses brasileiro que está aprovado pelo CFP Ele possibilita a avaliação da preferência do indivíduo por dez campos CFM Campo FísicoMatemático CFQ Campo FísicoQuímico CCF Campo CálculosFinanças COA Campo OrganizacionalAdministrativo CJS Campo JurídicoSocial CCP Campo ComunicaçãoPersuasão CSL Campo SimbólicoLinguístico CMA Campo ManualArtístico CCE Campo ComportamentalEducacional CBS Campo BiológicoSaúde A escolha desses campos para compor a estrutura do instrumento foi feita a priori considerando áreas de interesses tipicamente presentes em instrumentos desse tipo e na literatura O instrumento é composto por 100 pares de atividades em que cada atividade se relaciona a um campo de interesse Ao responder o sujeito é requisitado a escolher uma alternativa de cada par A instrução oferece ainda a oportunidade de o orientando indicar se a escolha no par foi feita apenas por obrigação A análise das propriedades psicométricas da AIP foi realizada com uma amostra de 325 sujeitos estudantes de ensino médio e nível superior Os índices de consistência interna observados para as escalas de cada campo foram elevados sugerindo a fidedignidade das medidas O instrumento também foi capaz de diferenciar de acordo com o esperado estudantes de diferentes áreas profissionais em relação a alguns dos campos de interesse o que é uma evidência de validade da medida As normas do teste são apresentadas separadamente para cada sexo uma vez que a literatura aponta para a existência de diferenças de gênero nos interesses profissionais Este é um diferencial introduzido pela AIP em relação a outros instrumentos de interesses publicados previamente O manual indica também alguns cursos ou profissões que teriam uma relação mais direta com cada área mas destaca a importância de se considerar o perfil global de interesses do orientando no momento de interpretar os resultados Como é um instrumento novo não há outros estudos utilizando a AIP até o momento Cabe ressaltar ainda que se encontra em andamento no Brasil a adaptação do instrumento SelfDirected Search SDS ou Questionário de Busca Autodirigida em português baseado na teoria tipológica de Holland HOLLAND 1997 Esse instrumento avalia seis grandes dimensões de interesses que são de acordo com o autor expressões da personalidade Realista Investigativo Artístico Social Empreendedor e Convencional RIASEC2 Esse modelo teórico assim como o instrumento conta com expressivas evidências de validade e fidedignidade na literatura internacional sendo amplamente utilizados HOLLAND 1997 No Brasil algumas pesquisas que empregaram a versão adaptada do SDS já foram publicadas MANSÃO YOSHIDA 2006 NUNES NORONHA 2009 PRIMI et al 2004 PRIMI MOGGI CASELLATO 2004 SARTORI 2007 e o instrumento foi submetido à avaliação do CFP Outras versões parciais do SDS também foram utilizadas no país Magalhães 2008 avaliou a relação entre ordem de nascimento e interesses apontando que filhos únicos têm maior interesse em investigação científica do que filhos do meio e menor interesse empreendedor do que primogênitos além de que filhos do meio revelaram interesse social mais elevado do que filhos únicos e primogênitos Outros instrumentos que avaliam as dimensões do modelo de Holland são o Teste Visual de Interesses TVI instrumento canadense adaptado e validado no Brasil por Marocco et al 1984 o Inventário Tipológico de Interesses Profissionais ITIP BALBINOTTI 2003 o Inventário de Interesse Vocacional UNIACT GOUVEIA et al 2008 e as Escalas de Interesses Vocacionais TEIXEIRA CASTRO CAVALHEIRO 2008 Quanto ao TVI tratase de um teste com 102 fotos diapositivos que representam atividades profissionais relacionadas aos seis tipos propostos por Holland O indivíduo é solicitado a avaliar o seu interesse por cada uma das fotos em uma escala Likert O instrumento contudo não é produzido comercialmente não foi submetido à apreciação do CFP e vem sendo utilizado exclusivamente na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS no Rio Grande do Sul O ITIP Inventário Tipológico de Interesses Profissionais é um instrumento de 150 itens de autorrelato desenvolvido por Balbinotti apud BALBINOTTI VALENTINO CÂNDIDO 2006 As informações sobre suas propriedades psicométricas não estão publicadas em artigo embora Balbinotti Valentino e Cândido 2006 refiram a existência de algumas evidências de validade e fidedignidade O Inventário de Interesse Vocacional UNIACTfoi adaptado para o Brasil por Gouveia Gusmão Gouveia e Pessoa apud GOUVEIA et al 2008 tendose verificado que o instrumento apresenta validade de construto por análise fatorial confirmatória e bons índices de fidedignidade Por fim as Escalas de Interesses Vocacionais TEIXEIRA CASTRO CAVALHEIRO 2008 são um instrumento recente desenvolvido para pesquisa que avalia as seis dimensões do modelo RIASEC Tratase de uma escala de autorrelato com 48 itens voltados a estudantes de ensino médio e superior e que conta com evidências de validade fatorial e de critério assim como índices satisfatórios de fidedignidade Além dos estudos já citados há avaliações correlacionando interesses e estilos cognitivos MAGALHÃES MARTIMUZZI TEIXEIRA 2004 cujos resultados indicam que as pessoas mais independentes de campo tendem a se interessar por áreas profissionais que exigem competências analíticas com ênfase no abstrato e no teórico e baixo envolvimento interpessoal Godoy Noronha Ambiel e Nunes 2008 correlacionaram interesses e inteligência indicando que alguns tipos de raciocínio se associaram a interesse por áreas específicas como por exemplo raciocínio mecânico e ciências físicas Bueno Lemos e Tomé 2004 buscaram identificar interesses em alunos de um curso de Psicologia indicando que há perfis diferenciados de interesses coerentes com as possibilidades da profissão De forma geral com relação à pesquisa acerca dos interesses no Brasil esse construto não gerou tantos estudos quanto no âmbito internacional 3212 A avaliação da personalidade A avaliação da personalidade em OP não é um tópico saliente na literatura brasileira Ainda que existam diversos instrumentos de avaliação da personalidade disponíveis comercialmente eles são pouco utilizados nos processos de Orientação Existe apenas um teste específico no Brasil que avalia características globais da personalidade e relaciona essas características com inclinações profissionais o Teste de Fotos de Profissões BBTBr JAQUEMIN 2000 JAQUEMIN et al 2006 O BBT Berufsbilder Test em alemão é um teste de características projetivas e psicométricas que procura avaliar inclinações profissionais por meio de uma análise das motivações conscientes e inconscientes que determinam o interesse por certos tipos de atividades ACHTNICH 1991 Não se trata portanto de um teste de interesses propriamente dito pois ele avalia características mais globais do funcionamento psicológico podendo ser caracterizado como um instrumento de avaliação da personalidade O teste é baseado na teoria pulsional de Szondi apud JAQUEMIN et al 2006 e parte do pressuposto de que necessidades psicológicas específicas fazem o indivíduo se sentir atraído por determinados estímulos Assim o teste busca desvelar a estrutura motivacional ou pulsional do orientando de acordo com um modelo de oito fatores descritos a seguir Nessa perspectiva a atividade profissional de um indivíduo deve possibilitar a expressão das suas necessidades psicológicas sendo que a escolha profissional deveria ao menos idealmente ser condizente com a sua estrutura de inclinações ACHTNICH 1991 Os oito fatores do BBT são identificados por letras sendo que dois deles se subdividem o S e o O Os fatores são os seguintes W necessidades relacionadas a tocar exibir ternura calor humano atenção ao corpo K necessidades ligadas ao uso da força física e de materiais resistentes Sh necessidades de caráter social como ajudar e fazer o bem Se necessidades de movimentação dinamismo mudança e autonomia Z necessidades relacionadas com exibição mostrarse ou fazer algo que envolva senso estético V necessidades de uso da inteligência raciocínio conhecimentos G necessidades ligadas ao uso da imaginação da intuição das ideias M necessidades associadas com coisas concretas e com sua posse e controle On necessidades ligadas à oralidade e de contato com o outro por meio de cuidados relacionados à alimentação e nutrição do corpo e Or necessidades de comunicarse com os outros falar e ter contato interpessoal O teste passou por um extenso e cuidadoso processo de adaptação à realidade brasileira OKINO et al 2003 chamandose aqui de BBTBr e possui versões masculina e feminina JAQUEMIN 2000 JAQUEMIN et al 2006 O BBTBr é composto por 96 fotos que apresentam pessoas executando diferentes tipos de atividades sendo que o orientando é instruído a indicar se gosta não gosta ou é indiferente a cada uma das fotos Na análise das respostas são computados escores primários e secundários relacionados aos fatores e as normas permitem estabelecer comparações com grupos de referência A interpretação do resultado envolve a análise de uma série de indicadores não se resumindo ao mero cômputo de escores nos fatores Além disso é solicitado ao orientando que crie grupos com as imagens que considera que possuem algo em comum explorandose qualitativamente as associações feitas pelos clientes sendo possível ainda pedir que o cliente selecione as cinco fotos preferidas e crie uma história com elas Bem explorada a técnica pode auxiliar a visualizar áreas de conflito nas inclinações profissionais bem como identificar aspectos desejados e indesejados nos ambientes e objetos de trabalho representados nas fotos Tratase portanto de uma técnica de exploração da personalidade que emprega elementos projetivos e também quantificação tendo como estímulos para as respostas fotos de profissionais Como evidências de validade o manual apresenta comparações realizadas entre estudantes universitários de diferentes áreas profissionais tendose verificado diferenças na estrutura dos fatores entre os grupos estudados O BBT é um dos instrumentos que mais gerou pesquisa no Brasil ANTUNES VALDO MELOSILVA 2003 BERNARDES JACQUEMIN 2002 CAMPOS 2003 JARDIMMARAN 2004 MELOSILVA JACQUEMIN 2000 MELOSILVA NOCE 2004 NORONHA et al 2006 WELTER 2000a 2000b 2005 Como exemplos recentes podese citar o estudo de Welter 2007 que comparou os padrões de resposta de adolescentes e adultos ao BBT encontrando um número significativamente maior de escolhas positivas entre os adultos bem como diferenças marcadas de gênero na estrutura das inclinações profissionais Pasian e JardinMaran 2008 buscaram testar a adequação e estabilidade das normas do BBT em adolescentes encontrando evidências favoráveis à manutenção das normas para esta população 3213 A avaliação das condições para escolha a maturidade de carreira A maturidade de carreira pode ser entendida como a capacidade que um indivíduo possui para tomar decisões em relação à sua carreira em diversos momentos da vida SUPER SAVICKAS SUPER 1996 O conceito surgiu no contexto da teoria evolutiva de carreira de Donald Super3 1955 1957 que considera o desenvolvimento vocacional como um processo que se dá por meio de etapas ao longo do ciclo vital e parece apresentar uma validade transcultural BALBINOTTI 2003 A teoria postula que em cada fase da vida existem demandas específicas que exigem que o sujeito tome decisões e se engaje em certos comportamentos relacionados a seu desenvolvimento de carreira As atitudes e os comportamentos perante a carreira que levam o indivíduo a cumprir de modo satisfatório as tarefas vocacionais que lhe são demandadas caracterizam a maturidade de carreira Por ser um conceito amplo a avaliação da maturidade de carreira pode englobar diversas variáveis relacionadas ao desenvolvimento vocacional A Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP NEIVA 1999 é um instrumento que se propõe avaliar a maturidade para a escolha em jovens do ensino médio sendo o único instrumento comercializado no Brasil levantamento feito em agosto de 2009 que mede variáveis relacionadas ao processo de Orientação em vez de interesses ou inclinações profissionais A escala que se encontra aprovada pelo Conselho Federal de Psicologia foi elaborada tendo por base os modelos de maturidade de Super 1955 e Crites 1965 e especifica duas grandes dimensões de maturidade as atitudes e os conhecimentos As atitudes dividemse em três subdimensões a determinação para a escolha profissional o quanto o indivíduo está seguro de sua escolha a responsabilidade o quanto está comprometido com a escolha e sentese responsável ante a mesma e a independência o quanto a escolha é feita sem influências de outras pessoas Já os conhecimentos dividem se em duas subdimensões o autoconhecimento que avalia o quanto a pessoa sabe dos seus interesses valores habilidades entre outros aspectos e o conhecimento da realidade educativa e socioprofissional o quanto o indivíduo conhece sobre profissões cursos e mercado de trabalho A EMEP é composta por 45 afirmações elaboradas para dar conta do modelo teórico dimensional proposto às quais o orientando deve responder usando uma escala Likert de cinco pontos de nunca a sempre O instrumento apresenta evidências de validade por análise fatorial e também se mostrou capaz de discriminar estudantes de primeiro segundo e terceiro anos do ensino médio Os índices de consistência interna obtidos indicaram boa fidedignidade A EMEP pode ser útil para detectar alunos que necessitam de Orientação Profissional como instrumento diagnóstico para o planejamento da Orientação como instrumento de avaliação do processo de OP e também como instrumento de pesquisa NEIVA 1999 No que diz respeito à intervenção o instrumento possibilita identificar quais os aspectos de atitudes e conhecimentos relacionados à escolha profissional que necessitam de maior atenção no processo de Orientação Entre os estudos já realizados com a EMEP alguns deles utilizaram o instrumento como forma de avaliar a eficáciaeficiência de intervenções em OP MELOSILVA OLIVEIRA COELHO 2002 MOURA at al 2005 TEIXEIRA LASSANCE BARDAGI no prelo para comparar alunos das redes públicas e privadas NEIVA 2003 NEIVA et al 2005 para comparar os níveis de maturidade entre homens e mulheres NEIVA 2003 NEIVA et al 2005 e como ferramenta diagnóstica dentro de processos de OP BORDÃOALVES MELOSILVA 2008 Entre os principais resultados observase uma inconsistência nos achados quanto ao gênero com dados que ora apontam não haver diferenças nos totais de maturidade entre homens e mulheres NEIVA 2003 ora maior maturidade feminina NEIVA et al 2005 também há inconsistências nas diferenças de gênero em cada dimensão da maturidade Ainda o instrumento mostrouse sensível para captar as diferenças entre os níveis de maturidade de acordo com a série escolar apontando um crescimento progressivo da primeira para a terceira série do ensino médio Com relação ao tipo de escola os achados são consistentes em apontar maior maturidade em alunos da rede privada Como medida de eficiênciaeficácia de intervenções os estudos apontam que processos de OP tiveram impacto sobre os níveis totais e sobre dimensões específicas da maturidade Existem ainda outros instrumentos que avaliam variáveis relacionadas à maturidade de carreira mas que são voltados à pesquisa ou que ainda não apresentam condições de uso em intervenções É o caso por exemplo de duas versões brasileiras do Career Development Inventory CDI Inventário de Desenvolvimento de Carreira SUPER et al 1981 A primeira versão chamada Inventário Brasileiro de Desenvolvimento Profissional IBDP foi desenvolvida por Lobato 2001 com base na versão canadense do CDI LInventaire de Développement Professionnel DUPONT MARCEAU 1982 Esse instrumento foi traduzido e adaptado para uso com adolescentes mas não contou com estudos de validade O IBDP avalia quatro dimensões planejamento exploração tomada de decisão e informação Já a segunda adaptação do CDI foi realizada com estudantes universitários tendo sido denominada no Brasil de Escala Combinada de Atitudes e Maturidade de Carreira CDA OLIVEIRA 2007 Tratase de uma adaptação de apenas parte do CDI original referente às atitudes de carreira planejamento e exploração A escala de planejamento de carreira subdividese em duas escalas grau de engajamento em atividades de planejamento de carreira e nível de informações sobre as profissões Da mesma forma a escala de exploração de carreira também se divide em duas percepção sobre a utilidade de diversas fontes de informação e quantidade de informação útil obtida junto a essas fontes Análises fatoriais exploratórias sugeriram a validade do instrumento discriminando as dimensões e subdimensões e análises de consistência interna revelaram tratarse de escalas com boa fidedignidade 3214 A avaliação de outras variáveis relevantes do desenvolvimento vocacional Além dos interesses da personalidade e da maturidade há outras variáveis importantes em desenvolvimento vocacional para as quais existem alguns instrumentos brasileiros disponíveis São em geral instrumentos voltados para pesquisa ou que ainda estão em desenvolvimento não sendo recomendado seu uso para avaliações individuais com o objetivo de diagnóstico ou intervenção Eles são mencionados nesta seção a fim de ilustrar o crescimento do interesse pelo campo da avaliação na área de Orientação Profissional e Desenvolvimento de Carreira De certo modo muitas das variáveis avaliadas nesses instrumentos poderiam ser consideradas também componentes da maturidade vocacional ou para a escolha profissional Em relação ao construto de exploração vocacional existem duas versões nacionais do Career Exploration Survey CES Levantamento de Exploração Vocacional STUMPF COLLARELLI HARTMAN 1983 A CES em sua versão original avalia 16 dimensões de exploração vocacional exploração do ambiente exploração do self número de ocupações consideradas item único exploração intencionalsistemática frequência item único quantidade de informação foco satisfação com a informação estresse de exploração estresse de decisão perspectiva de emprego certeza dos resultados da exploração instrumentalidade para busca externa instrumentalidade para busca interna instrumentalidade de método e importância de obtenção da ocupação preferida A primeira adaptação da CES no Brasil foi feita por Frischenbruder 1999 e procurou tornar a escala aplicável a estudantes de ensino médio Não foram desenvolvidos estudos de validade com essa versão apenas de fidedignidade pois o foco principal da pesquisa não foi a adaptação do instrumento Nesse estudo três subescalas do instrumento original não apresentaram fidedignidade satisfatória A segunda versão da CES foi desenvolvida por Sparta 2003b e também incluiu adaptações de conteúdo que contemplassem a realidade brasileira de estudantes de ensino médio Análises fatoriais mostraram uma estrutura fatorial semelhante ao modelo teórico original sugerindo a validade do instrumento ainda que duas dimensões tenham se agrupado com outras De um modo geral os índices de consistência interna também foram bons exceto para duas subescalas Outras medidas de exploração vocacional são as Escalas de Exploração Vocacional com versões para universitários TEIXEIRA BARDAGI HUTZ 2007 e adolescentes TEIXEIRA DIAS 2008 Essas escalas medem duas dimensões do comportamento exploratório vocacional exploração do ambiente busca por conhecimentos acerca de cursos e profissões e exploração de si busca de autoconhecimento Essas duas dimensões foram criadas tendo por base as dimensões exploração do ambiente e exploração do self da CES Análises fatoriais indicaram como esperado a existência de duas dimensões relevantes nas escalas e os índices de consistência interna observados foram bons em ambas as versões Outro conjunto de instrumentos aborda variáveis relacionadas com a decisão vocacional A Escala de Indecisão Vocacional TEIXEIRA MAGALHÃES 2001 é um instrumento curto de sete itens que focaliza aspectos cognitivos e afetivos envolvidos na experiência de indecisão como ansiedade insegurança e ambivalência Nesse instrumento a indecisão é tratada como um construto unidimensional Evidências de validade e fidedignidade adequadas foram obtidas quando da construção da escala TEIXEIRA MAGALHÃES 2001 Já o Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais ICPP BALBINOTTI MAROCCO TRETEAU 2003 é um instrumento que avalia duas dimensões da decisão vocacional a clareza e a certeza A clareza referese à nitidez da percepção que um indivíduo tem sobre seus interesses profissionais e atributos pessoais relacionados a ocupações Por outro lado a certeza referese à confiança e segurança quanto à autopercepção e aos projetos profissionais O instrumento foi desenvolvido com estudantes universitários e possui evidência de validade fatorial e bons índices de consistência interna Cabe mencionar também uma referência a outro instrumento que avalia o nível de cristalização das preferências vocacionais a Escala de Avaliação Vocacional EAV BALBINOTTI 2000 MAROCCO 1991 A EAV é uma versão brasileira da Vocational Rating Scale de Barret 1976 Nessa versão a cristalização aparece como um construto unidimensional e pode ser entendida como uma medida global de decisão vocacional Em um estudo com alunos do ensino médio a escala apresentou boa fidedignidade BALBINOTTI WIETHAEUPER BARBOSA 2004 Outro instrumento relacionado com o construto decisão de carreira é o Inventário de Levantamento de Dificuldades de Decisão Profissional IDDP PRIMI et al 2000 O instrumento foi elaborado com dados obtidos com alunos de ensino fundamental e médio O inventário especifica 17 fatores primários que podem dificultar ou influir na escolha profissional Esses fatores foram agrupados por análise fatorial em quatro fatores secundários a percepção de falta de informação e insegurança ante a decisão b falta de preparo para a escolha c existência de conflitos externos d retorno econômico e prestígio como fatores motivacionais no processo de escolha Esses fatores secundários quando considerados como escalas apresentaram boa fidedignidade No estudo de elaboração do instrumento verificouse que de um modo geral os estudantes mais jovens apresentaram maiores níveis de dificuldades para a escolha profissional o que pode ser considerado um indício de validade do mesmo O Questionário de Educação à Carreira BALBINOTTI TRÉTEAU 2006a é um instrumento que busca avaliar necessidades relacionadas à educação de carreira de estudantes de ensino médio A versão brasileira é baseada no instrumento original canadense que propõe duas grandes dimensões da educação para a carreira uma voltada ao desenvolvimento da importância do trabalho na vida da pessoa dimensão Sentido e Importância do Trabalho e outra que trata da preparação do indivíduo para a vida profissional representada por duas subdimensões Planificação de Carreira e Exploração de Carreira A dimensão Sentido e Importância do Trabalho é representada por uma escala apenas no instrumento enquanto a dimensão Planificação de Carreira é composta por quatro escalas Passos Efetuados Fatores Considerados Profissão Preferida Pesquisa e Conservação de Emprego e a dimensão Exploração de Carreira por duas escalas Pessoas e Fontes Consultadas e Atividades Realizadas Análises fatoriais mostraram uma estrutura fatorial compatível com as versões canadense e espanhola do instrumento ainda que ligeiramente diferente do modelo teórico original Os índices de fidedignidade obtidos foram todos satisfatórios Outro estudo dos autores BALBINOTTI TÉTREAU 2006b utilizando esse instrumento com adolescentes apontou maior maturidade feminina maior maturidade entre alunos da escola pública e ausência de diferenças de idade resultados em parte semelhantes e em parte divergentes daqueles obtidos com a EMEP NEIVA 2003 NEIVA et al 2005 A autoeficácia4 é outro construto importante no desenvolvimento vocacional que recentemente foi objeto de estudo por meio da construção de um instrumento A autoeficácia referese à crença que um indivíduo tem na sua capacidade para desempenharse bem em uma determinada tarefa BANDURA 1997 No âmbito vocacional a autoeficácia pode ser avaliada em relação à tomada de decisão a práticas profissionais específicas ou mesmo a atividades não relacionadas diretamente a alguma ocupação No que diz respeito à escolha profissional a teoria propõe que as pessoas tendem a escolher áreas profissionais para as quais se percebem autoeficazes LENT BROWN HACKETT 1996 A Escala de Autoeficácia para Atividades Ocupacionais EAAOc NUNES 2007 NUNES NORONHA 2008 avalia tanto a autoeficácia quanto as fontes de autoeficácia para atividades ocupacionais O instrumento foi desenvolvido com adolescentes e análises fatoriais revelaram três dimensões de fontes de autoeficácia experiências pessoais diretas aprendizagem vicária e persuasão verbal A consistência interna das três escalas variou de fraca a muito boa O estudo de Nunes e Noronha 2009 indica que os homens obtiveram maior autoeficácia em atividades do tipo realista e as mulheres mais do tipo investigativo e social não havendo diferenças entre tipo de escola ou série escolar Quanto às fontes de autoeficácia os achados mostraram maior influência das experiências pessoais diretas e da persuasão verbal para os jovens de sexo feminino que as experiências diretas são vivenciadas com maior frequência pelos alunos da escola pública e que as médias de aprendizagem vicária foram crescentes entre as segundas primeiras e terceiras séries do ensino médio 322 Os usos da avaliação da pessoa em OP no contexto brasileiro O campo da avaliação psicológica em Orientação Profissional no Brasil vem tendo um crescimento significativo ao longo dos últimos anos Observouse uma ampliação dos tipos de construtos avaliados pelos instrumentos disponíveis comercializados e de pesquisa Os construtos revisados até aqui se assemelham aos aspectos citados na literatura internacional como os principais na avaliação da pessoa LEITÃO 2004 Até a década de 1970 o paradigma predominante em Orientação Profissional era o do traçofator no qual se buscava avaliar as características pessoais e combinálas com as profissões SPARTA 2003 SPARTA et al 2006 Essa modalidade de Orientação centrada no resultado da escolha o curso ou profissão escolhida privilegiava a avaliação dos interesses e aptidões daí o predomínio histórico dos testes de interesses na avaliação em Orientação Profissional Na década de 1980 porém o campo da Orientação Profissional brasileiro passou a ser influenciado pelas abordagens clínica e evolutiva com destaque para os autores Bohoslavsky 1977 e Super 1980 Essas abordagens entendem a Orientação de um modo menos diretivo que a abordagem traçofator e privilegiam os processos psicológicos que levam o indivíduo a realizar suas escolhas SPARTA 2003 SPARTA et al 2006 Assim não basta conhecer as características individuais do orientando é preciso entender de que modo o indivíduo conhece a si mesmo e o mundo profissional bem como os fatores que interferem nas suas decisões de carreira Mais do que isso como profissionais da Orientação é preciso identificar as relações entre os diferentes aspectos individuais avaliados e seu impacto nos diferentes aspectos das intervenções de carreira Nesse sentido cabe uma análise crítica do que tem sido produzido em termos de avaliação da pessoa em OP no Brasil tanto no que se refere ao desenvolvimento de instrumentos quanto às propostas de intervenção Assim voltase às perguntas do início do capítulo para que serve a avaliação do indivíduo em um processo de OP e com que finalidade os pesquisadores estão desenvolvendo ou adaptando instrumentos Podese afirmar que os instrumentos existentes estão a serviço dos processos de auxílio à escolha ou há um caminho inverso em que os processos de Orientação se adaptam aos instrumentos existentes A tentativa de responder a essas questões implica repensar os modelos de Orientação Profissional existentes seus temas centrais e a produção de conhecimento na área vocacional como um todo É preciso considerar que ao longo do tempo o escopo da Orientação Profissional ampliouse substancialmente já que os serviços nessa área não têm mais como foco quase que exclusivo a passagem da escola para o ensino superior ou técnico mas abrangem também os problemas de adaptação aos cursos escolhidos a transição para o mercado de trabalho a recolocação profissional a preparação para a aposentadoria e o planejamento geral de carreira Ante essas demandas cada vez mais diversificadas surge a necessidade de criar ou adaptar modelos de intervenção teoricamente consistentes e de especificar as variáveis relevantes de serem avaliadas na Orientação tanto para avaliar o processo quanto para auxiliar na própria intervenção É neste ponto conexão entre teoria intervenção e instrumentos de avaliação que se faz necessário ainda um avanço substancial na pesquisa e no desenvolvimento teórico Inicialmente é preciso retomar a ideia de que a avaliação psicológica não é uma prática em si mesma é preciso identificar os enquadres teóricos responsáveis pela definição do que deve ser avaliado de como deve ser avaliado e que uso deve ser feito dos resultados obtidos pela avaliação ANASTASI URBINA 2000 PASQUALI 1999 Aqui ao analisarmos a área de OP já se observa de forma geral uma discrepância entre os modelos teóricos que serviram de base à construção dos instrumentos e os modelos que orientam os processos de intervenção SPARTA et al 2006 Considerase que faltam modelos que especifiquem o lugar da avaliação nos processos de intervenção além de clareza de alguns profissionais sobre as relações epistêmicas entre um instrumento em particular e uma conceitualização de escolha transição ou desenvolvimento de carreira Não se pretende com essa afirmação engessar os processos de Orientação e condenar a integração conceitual mas indicar que para que essas relações entre diferentes perspectivas sejam possíveis e eficazes tanto profissionais quanto pesquisadores necessitam de formação teórica sólida e clareza de objetivos Do contrário correse o risco de criar processos de intervenção intrinsecamente incongruentes ou subtilizar as ferramentas de avaliação do indivíduo uma vez que elas produziriam resultados vazios sem ligação com a implementação de intervenções coerentes Ao considerar as três áreas de avaliação da pessoa interesses personalidade maturidade podese levantar questões específicas para reflexão e aprimoramento teóricoprático Inicialmente na avaliação dos interesses alguns pontos importantes merecem maior atenção de profissionais e pesquisadores existe uma definição clara do que são interesses profissionais Como traduzir em um instrumento a multiplicidade de possibilidades ocupacionais que se relacionam a interesses diversos e intercambiáveis A literatura vocacional não é suficientemente clara ao fazer a distinção entre interesses gerais e interesses profissionais LEITÃO 2004 o que por si só já abre um importante campo de investigação pouco explorado até agora Gostar de algo não significa necessariamente a intenção de que esse algo faça parte do trabalho e os instrumentos têm dificuldades em captar essa diferença Ainda com a ampliação do mercado de trabalho com a fluidez das fronteiras entre as ocupações com o surgimento sistemático de novas áreas e fazeres CANÁRIO CABRITO AIRES 2002 LASSANCE 1997 MEIJERS 2002 é ainda possível conceitualmente estabelecer perfis de interesses Essa discussão não se propõe a esgotarse aqui mas a indicar um caminho de reflexão principalmente aos profissionais que utilizam os instrumentos em seus processos de intervenção e aconselhamento Discutir com um orientando a preferência maior ou menor por 10 12 15 áreas não é restringir excessivamente o âmbito de ocupações possíveis Trabalhar com áreas que agregam ou podem agregar mais de 20 ou 30 diferentes profissões não é excessivamente global Parece pertinente apontar que a grande preocupação em relação aos testes e outras avaliações de interesse é a forma como os resultados serão inseridos na intervenção e interpretados com os clientes Os testes de interesse nas perspectivas clínica e evolutiva por exemplo deixam de ter um caráter prescritivo em termos de escolha e podem permanecer nos processos de avaliação e intervenção como ferramentas facilitadoras do autoconhecimento e de exploração de possibilidades educacionais ou ocupacionais Especialmente com clientes que apresentam pouco repertório verbal e baixa clareza de autoconceito esses instrumentos se tornam muito úteis para favorecer a autodescrição Mas esse uso precisa ser esclarecido para que não gere expectativas de resultados que não podem ser fornecidos quer dizer uma prescrição da escolha Com relação à maturidade e aos aspectos da personalidade um questionamento possível é a falta de uma melhor conexão entre estas avaliações do indivíduo e os processos de intervenção Como clientes com um certo perfil de inclinações de personalidade avaliado pelo BBTBr por exemplo ou características de funcionamento deve ser trabalhado em um processo de aconselhamento Que modelo de intervenção é mais benéfico para indivíduos com esta ou aquela dificuldade nos âmbitos de maturidade Essas reflexões valem para todos os aspectos do indivíduo que se pretenda avaliar Desde Parsons 1909 a estrutura básica de qualquer intervenção de carreira inclui um conhecimento acurado sobre o indivíduo o mundo ocupacional e a integração dessas informações numa síntese pessoal transformada em um projeto pessoalprofissional O papel do orientador é o de auxiliar nos processos de autoconhecimento e conhecimento do mundo ocupacional e na elaboração de metas e estratégias para sua obtenção Nesse sentido precisa saber qual a melhor forma de alcançar essas informações sobre o sujeito e o mundo do trabalho e qual a melhor estratégia de trabalho com um indivíduo ou grupo em particular dadas suas características pessoais e condições para escolha Essas informações poderão ser obtidas por exemplo à medida que pesquisadores sistematizem e testem os modelos de intervenção disponíveis A avaliação do indivíduo e a avaliação do processo andam juntas no sentido de que se necessita de avaliações de processo que não sejam apenas prépós mas de aspectos micro da intervenção e uso dos resultados da avaliação que permita a estruturação de intervençõestécnicas específicas HEPPNER HEPPNER 2003 Entre as várias diretrizes de pesquisa propostas por Heppner e Heppner 2003 para os estudos de intervenção algumas indicam a importância da avaliação do indivíduo por exemplo análise do impacto da aliança de trabalho e técnicas específicas investigar diferenças nas intervenções e resultados em função dos atributos dos clientes investigar diferenças nas intervenções e resultados em função dos atributos dos orientadores conceituar a OP como uma experiência de aprendizagem e investigar os processos que levam à aprendizagem efetiva análise de eventos marcantes das sessões investigar as mudanças longitudinalmente avaliar os processos cognitivos que podem mediar o processo de OP Como se pode observar o campo da avaliação da pessoa em OP ainda tem muito a avançar especialmente no contexto brasileiro em que são escassos os instrumentos disponíveis para pesquisa e intervenção 323 Considerações finais sobre a avaliação da pessoa no contexto brasileiro Apesar dessa crítica à situação da avaliação da pessoa em Orientação Profissional o momento parece oportuno para o crescimento e amadurecimento da área Como se verifica novos testes têm sido desenvolvidos voltados às intervenções testes estes que contam com evidências de validade e fidedignidade adequadas Do mesmo modo escalas experimentais estão sendo construídas e já constituem um arsenal de ferramentas para a pesquisa sobre intervenção Resta aos orientadores e pesquisadores da área de OP sofisticarem os modelos teóricos que dão sustentação às suas intervenções especificando melhor as variáveis relevantes de serem avaliadas a fim de que novos instrumentos possam ser propostos e a pertinência da sua avaliação possa ser testada empiricamente A maioria dos instrumentos citados neste capítulo por exemplo sejam eles comercializados ou de pesquisa não chega a esclarecer como eles podem ser integrados dentro de um processo mais amplo de Orientação Profissional Os fundamentos teóricos e psicométricos dos instrumentos são em geral adequados mas não se explicita muitas vezes o modelo de Orientação Profissional dentro do qual o instrumento pode ser empregado e como seus resultados podem ser trabalhados com os clientes na Orientação Dessa forma alguns instrumentos podem ser facilmente entendidos por orientadores com pouca experiência ou formação deficiente em Orientação Profissional como testes que indicam respostas para os clientes fazendo a Orientação Profissional se confundir com os próprios testes Os testes de interesse e de personalidade parecem ser especialmente vulneráveis a esse tipo de uso Nesse sentido mais pesquisas são necessárias mostrando não apenas as qualidades psicométricas dos instrumentos mas principalmente os efeitos que eles produzem nos clientes e no processo da própria Orientação Nesse sentido voltase também à discussão sempre presente no âmbito internacional e que há algum tempo tem sido colocada em questão no Brasil da certificação de competências do orientador profissional LASSANCE MELOSILVA BARDAGI PARADISO 2007 SOARES 1999 TALAVERA et al 2004 Assegurar a área da OP como um contexto de trabalho específico que exige formação e atualização constantes e recomendar que os profissionais tenham domínio dos escopos teóricos das ferramentas de avaliação no caso dos psicólogos dos testes padronizados e que desenvolvam competências de aconselhamento entre outros aspectos pode aumentar a qualificação geral dos serviços prestados à comunidade assegurando maior consistência nas intervenções e maior eficácia nos resultados Um profissional bem preparado terá melhores condições de interpretar uma demanda de atendimento fazer uso dos instrumentos à disposição e estruturar processos que venham ao encontro das necessidades de clientes específicos Como se sabe que essas questões não costumam fazer parte dos conteúdos ensinado em disciplinas de OP nas universidades NUNES et al 2007 é necessário um aprimoramento dos processos de formação de orientadores em geral tanto dentro quanto fora dos círculos acadêmicos Referências ACHTNICH M O BBT Teste de Fotos de Profissões método projetivo para a clarificação da inclinação profissional São Paulo CETEPP 1991 ANASTASI A URBINA S Testagem psicológica Porto Alegre Artes Médicas Sul 2000 ANTUNES J B Valdo M E MeloSilva L L Uma experiência de orientação profssional em grupo In MeloSilva L L Santos M A Simões J T Avi M C Orgs Arquitetura de uma ocupação São Paulo Vetor 2003 p 343362 BALBINOTTI M A A Vers un modèle explicatif de la cristallisation des préférences professionnelles durant ladolescence 2000 Tese Doutorado Université de Montreal Montreal 2000 A noção transcultural de maturidade vocacional na teoria de Donald Super Psicologia Reflexão e Crítica v 16 n 3 p 461473 2003 MAROCCO A TÉTREAU B Verificação de propriedades psicométricas do Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais Revista Brasileira de Orientação Profissional v 4 p 7186 2003 TÉTREAU B Questionário de educação à carreira propriedades psicométricas da versão brasileira e comparação transcultural Revista Brasileira de Orientação Profissional v 7 n 2 p 4967 2006a TÉTREAU B Níveis de maturidade vocacional de alunos de 14 a 18 anos do Rio Grande do Sul Psicologia em Estudo v 11 n 3 p 551560 2006b BALBINOTTI M A Wiethaeuper D Barbosa M L L Níveis de cristalização de preferências profissionais em alunos de ensino médio Revista Brasileira de Orientação Profissional v 5 n 1 p 1528 2004 BANDURA A Selfefficacy the exercise of control New York W H Freeman 1997 BARRETT T C Vocational selfconcept crystallization as a factor in vocational indecision 1976 Tese Doutorado Southern Illinois University Edwardsville 1976 BARUTH L G Manning M L Multicultural education and children and adolescents Needham Heights MA Allyn Bacon 1992 BERNARDES E M Jacquemin A O Teste de Fotos de Profissões BBT de Achtnich um estudo longitudinal com adolescentes São Paulo Vetor 2002 BESSA P P Teste do Catálogo de Livros BessaTramer manual Rio de Janeiro CEPA 1998 BLUSTEIN D The psychology of working Mahwah Lawrence Erlbaum Associates 2006 BOHOSLAVSKY R Orientação vocacional a estratégia clínica São Paulo Martins Fontes 1977 BORDÃOALVES D P MeloSilva L L Maturidade ou imaturidade na escolha da carreira uma abordagem psicodinâmica Avaliação Psicológica v 7 n 1 p 2334 2008 BRAGA G L ANDRADE A M F Teste das Dinâmicas Profissionais TDP São Paulo Vetor 2006 BRISLIN R The wording and translation of research instruments In Lorner W Berry J Orgs Field methods in crosscultural research Newbury Park Sage 1986 p 137164
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
4
Prova Unip
Psicologia Social
UMG
8
Campos M a Resenha como Gênero Acadêmico In Manual de Generos Academicos 2015
Psicologia Social
UMG
1
Deficiência Mental-Análise e Estudos Comparativos
Psicologia Social
UMG
15
Treinamento de Pais na Terapia Cognitivo-Comportamental Infantil - Revisão Bibliográfica
Psicologia Social
UMG
11
Fisher Realismo Capitalista - É Mais Fácil Imaginar o Fim do Mundo do que o Fim do Capitalismo
Psicologia Social
UMG
36
Psicologia e Trabalho - Apropriações e Significados - Coleção Debates em Administração
Psicologia Social
UMG
11
Terapia Cognitiva: Fundamentos, Modelos, Aplicações e Pesquisa - Revisão Detalhada
Psicologia Social
UMG
3
Analise de Bailando com o Senhor - Extase Transe e Possessao
Psicologia Social
UMG
1
Avaliacao II Psicologia do Desenvolvimento Infantil Resumo FATESA
Psicologia Social
UMG
1
ABNT NBR 1052002 - Citações Indiretas Normas e Exemplos
Psicologia Social
UMG
Preview text
Capítulo 3 ORIENTAÇÃO AVALIAÇÃO E TESTAGEM1 Maria Eduarda Duarte Marucia Patta Bardagi Marco Antonio Pereira Teixeira 31 Orientação Avaliação e Testagem no cenário internacional Introdução A Avaliação Psicológica constitui uma das ferramentas determinantes quer no domínio da Psicologia Fundamental quer no domínio da Psicologia Aplicada como é a Psicologia da Orientação ou utilizando a mais recente designação a Psicologia da Construção da Vida DUARTE 2006 SAVICKAS et al 2009 Neste capítulo alguns dos principais aspectos da Avaliação Psicológica no contexto da Orientação serão analisados e discutidos o conceito de Avaliação e a sua definição no âmbito da epistemologia e os critérios básicos associados Os processos e procedimentos merecem evidentemente também alguma atenção Numa sociedade cada vez mais baseada no conhecimento depois da era da sociedade baseada na informação os métodos de Avaliação e as práticas daí decorrentes deparamse com novos desafios sejam eles metodológicos sejam eles de natureza prática para responder a esses desafios tornase necessário estabelecer uma rede abrangente de articulações como saber detalhadamente sobre os contextos culturais sobre a amostragem de situações e a amostragem de funções como saber estabelecer um coerente design experimental e ainda como saber desenvolver uma adequada recolha de dados Os efeitos associados à concretização do processo de Avaliação servem como o ponto de partida para uma breve reflexão que se articula com os custos da avaliação De fato existe um conjunto vasto de argumentos que levam investigadores e técnicos a por vezes manifestaremse relutantes no que respeita à utilização de técnicas de Avaliação Realmente não se trata de tarefa fácil na medida em que exige uma formação teórica e metodológica intensa Para reforçar a importância e utilidade da Avaliação Psicológica em contexto de Orientação lançase o desafio para mais investigação e algumas pistas para sua concretização o desenvolvimento adequado de estudos interculturais a utilização de novas metodologias que colocam as especificidades culturais no núcleo central do desenvolvimento teórico Numa palavra a Orientação e a Avaliação imbuídas de abordagens interdisciplinares que evidenciem os aspectos contextuais e funcionais no domínio da Psicologia da Construção da Vida 311 Avaliação e testagem clarificar conceitos Ao abrir um qualquer livro ou folhear um artigo sobre Avaliação Psicológica ou sobre Testagem os conceitos estão claramente definidos desde que esse livro ou esse artigo esteja escrito em língua inglesa Na língua portuguesa tal não acontece a mesma palavra Avaliação é utilizada quer se aborde o conceito na sua vertente de evaluation quer na sua vertente de assessment ou seja a operacionalização de um construto psicológico para o estudo das diferenças individuais DUARTE 2005 A Testagem ou a utilização dos testes constitui um dos elementos da Avaliação e nos dias de hoje não pode ser entendida como uma atividade isolada que toma lugar fora da interação psicólogo cliente Quando na língua portuguesa se aborda o tema Avaliação pretendese então falar de quê Em primeiro lugar na definição conceptual evaluation e o contexto da sua operacionalização ou relação ecológica o que significa identificar conteúdos relevantes e contextualizados no conhecimento cultural entendase que os ingredientes do conhecimento significam uma profunda compreensão de como as culturas se expressam através de crenças de valores expressões comportamentais símbolos hábitos mas não se esgota neste conhecimento na medida em que os atributos vulgarmente chamados de bom senso têm e devem fazer a ponte entre o conhecimento de natureza cognitiva e a possibilidade de lidar com as variáveis culturais e subculturais É essa interligação entre esses dois aspectos que conduz naturalmente à solidez da validade de construto É claramente a necessidade de encontrar procedimentos de Avaliação que sejam integradores do conjunto de determinantes contextuais e das características pessoais que definem e sustentam a individualidade e a singularidade DUARTE 2008 Depois da definição conceptual e em segundo lugar é que se está perante a assumpção do paradigma diferencial assessment centrado no rationale das diferenças individuais para determinar o design experimental e as decisões sobre a adoção de procedimentos psicométricos a aplicar DUARTE 2005 E no que respeita à Testagem Os testes enquanto elementos de Avaliação Psicológica são desde a sua origem utilizados na intervenção em Orientação e ainda nos dias de hoje se ouve a expressão Responde ao teste e eles dizemte o que deves fazer eles que muitas vezes nem são os psicólogos Julgo que quase em todo o mundo se trata de uma expressão coloquial bem conhecida de todos Interessa agora refletir um pouco sobre essa frase Para muitas pessoas e também para muitos psicólogos a Avaliação e a Testagem ou como mais erradamente ainda hoje se diz de testes psicotécnicos são quase sinónimos Essa ligação atualmente muito controversa decorre da abordagem clássica da utilização dos testes para recolher informação para procurar a adequação indivíduoemprego No modelo de Avaliação traçofator também designado por modelo clássico de Avaliação a Testagem constituía a principal técnica utilizada mas depois das controvérsias dos finais dos anos 1960 e até meados dos anos 1970 em que surgiram as objeções aos testes que passaram a ser vistos como geradores de barreiras à igualdade de oportunidades ou como refletorespromotores de enviesamento cultural ou porque favorecedores de minorias ou porque rotuladores ou porque não se conheciam detalhadamente os seus objetivos a utilização dos testes começou a ser encarada com desconfiança aliás com toda a razão de ser Com o avanço da teoria psicológica e da teoria dos testes questões relacionadas com a validade e a precisão das medidas proporcionadas pelos resultados obtidos pelas provas psicológicas foram diminuindo as objeções para o que contribuíram uma mais cuidada análise das evidências empíricas uma maior preocupação com as práticas de utilização e um maior domínio da avaliação e que foram conduzindo a uma prática mais sólida e melhor enquadrada dos testes Atualmente a Testagem é tida como uma das fontes promotoras de autoconhecimento DUARTE 2008 Portanto quando se pretende discutir o tema da Testagem em contexto de Orientação e Aconselhamento de Carreira ou em contexto de ajuda na construção de um processo de vida quando se pretende discutir dizia como se de uma categoria ou até de uma disciplina se tratasse estáse no imediato a levantar uma barreira ou um obstáculo que impede a tentativa de compreender o que o outro está a querer dizer em resposta ao estímulo que lhe é apresentado o que é que no seu passado e na experiência singular leva o indivíduo a formular daquela maneira própria por outras palavras estáse a desvirtuar o objetivo fundamental da utilização dessa técnica de observação E esse objetivo é inequivocamente apoiar a intervenção e promover a mudança Testagem e Avaliação não são de forma alguma sinónimos enquanto definição um instrumento de Avaliação é a operacionalização de um construto psicológico que serve para estudar as diferenças individuais tal como já anteriormente referido E os testes são um dos possíveis instrumentos psicológicos que podem ser utilizados O termo Avaliação referese em termos gerais ao escrutínio formal e sistemático de uma intervenção planeada Portanto a Avaliação pode contemplar a utilização de testes psicológicos mas a Avaliação é mais do que isso pode ser também a entrevista a discussão de projetos de vida os efeitos associados à concretização de novas formas de estudar ou de trabalhar ou seja a Avaliação pode contemplar um conjunto diversificado de técnicas de observação Nessa perspectiva os objetivos mais o para quê da Avaliação e ainda o como da Avaliação pressupõem um exame cuidadoso e sistemático dos processos mentais evocados e do produto final da situação a aplicação de um ou mais métodos de Avaliação DUARTE 2007 Em termos práticos quer isso dizer que podem ser utilizadas diferentes práticas de Avaliação com o indivíduo o psicólogo como avaliador pode adotar um escopo mais vasto como por exemplo questões que emergem dos estudos interculturais Por exemplo Prediger e Swaney 1995 referem que os técnicos devem usar os resultados dos testes apenas como uma fonte de informação ao serviço da promoção do autoconhecimento do indivíduo enquadrar os resultados dos testes no conjunto de opções e permitir que o indivíduo os utilize como um estímulo para mais exploração Mas o técnico se utiliza os resultados dos testes como mais uma fonte de promoção do autoconhecimento terá que ser particularmente cuidadoso na prevenção de distorções relativas ao significado e à validade das medidas em especial a validade preditiva das técnicas diferenciais utilizadas um resultado elevado numa prova de aptidão espacial poderá ser um indicador de facilidade de aprendizagem de matérias relacionadas com a visualização a três dimensões e de provável sucesso numa atividade na qual a capacidade de visualizar no espaço a três dimensões seja fundamental mas não mais do que isso o resultado não prevê o sucesso como arquiteto ou como dentista só para dar o exemplo de duas profissões onde dificilmente poderá ser um bom profissional quem não tiver a capacidade de aprender nesta área em particular Até se dispor de dados específicos sobre até que ponto é importante terse um conjunto particular de capacidades para se ter sucesso numa determinada vida profissional o diálogo durante a discussão e análise de resultados obtidos com os testes deve ter um caráter geral Talvez o grande passo epistemológico seja o seguinte a Avaliação deve ser vista numa perspectiva cultural FOUAD WALKER 2005 Quer isso dizer que é preciso integrar a Avaliação na cultura ou subcultura específica em que essa mesma Avaliação se realiza GEISINGER 2003 Dito doutra maneira tratase de identificar a singularidade e ao mesmo tempo tratase de identificar os contextos nos quais o indivíduo se move e que igualmente contribuem para que ele funcione ou possa vir a funcionar como uma unidade na sociedade Como Blustein 2006 sugere seria muito desejável que fosse feito um esforço para o desenvolvimento de instrumentos de Avaliação que se baseassem em taxonomias imbuídas dos significados culturais e que fossem relevantes para cada grupo de clientes 313 Orientação e Testagem processos e procedimentos Quando se trabalha em Orientação e Testagem e muito em particular com testes importados um conjunto de questões vai se colocando ao longo do processo tradução definição do conceito adaptação a amostragem de situações e a amostragem de funções ou seja a preparação para utilizar o teste num país diferente com uma língua diferente numa outra cultura e o produto final que consiste na utilização experimental com grupos diferenciados Guilford 1942 há já mais de 50 anos chamava a atenção para esse tipo de problemas um teste pode ser altamente útil a questão da validade das medidas num contexto e ter um fracasso completo numa outra cultura O exemplo mais simples e que até pode ser caricato para um psicólogo habituado a avaliar indivíduos de grande diversidade cultural é aplicar a Escala de Weschler a uma criança que viva numa tribo da Amazónia e a outra que viva num grande centro urbano do Brasil e depois interpretar os resultados como se o contexto cultural em que essas crianças se desenvolvem fosse idêntico Provavelmente o que iria acontecer seria que a criança urbana teria uma pontuação de QI bastante mais elevada mas a grande incógnita permanece será que a sua inteligência daria para ela sobreviver com a tribo na Amazónia Nesse contexto com certeza que a criança da Amazónia é mais inteligente Até um extraterrestre entende da inviabilidade de avaliar e comparar a inteligência desse modo Por outras palavras é fundamental considerar a definição conceptual do que o psicólogo pretende avaliar e o contexto da sua operacionalização mais uma vez a relação ecológica DUARTE 2005 ou seja a maneira pela qual as coisas são colocadas umas em relação as outras é isso que significa ser apropriado ou adequado DUARTE ROSSIER 2008 Não se pense que esses problemas são novos eles existem desde o aparecimento dos testes de inteligência em 1905 quando Alfred Binet 18571911 publicou a primeira Escala Métrica de Inteligência o prestar contas sobre a utilização de testes importados tornouse e ainda é uma das mais importantes questões na teoria e na prática psicológica É importante neste ponto chamar a atenção para uma questão fundamental a prevalência de modelos americanos na investigação psicológica um pouco por todo o mundo e sobretudo desde os princípios do século XX é um fato que não vale a pena contrariar aqui se questiona se os modelos são verdadeiramente americanos ou não serão antes modelos multiculturais por causa da inerente diversidade que existe na sociedade americana nem no que respeita a questões teóricas nem no que respeita a modelos empíricos e ainda a teoria dos testes e os modelos estruturais que servem para estabelecer procedimentos de avaliação de dados E o impacto da utilização das medidas de desempenho máximo e desempenho típico CRONBACH 1990 em especial as de formato verbal assume contornos e consequências que podem ter fortes impactos negativos quer ao nível do desenvolvimento científico quer também impacto negativo junto das populações Pegar num teste previamente construído e desenvolvido noutra cultura e adaptálo não é tarefa fácil saber fazer uma avaliação sobre o conjunto de informações culturais e os contextos é muito mais complexo do que estabelecer padrões e criar princípios orientadores para se estabelecerem regras padronizadas para se efetuarem estudos interculturais A velha discussão sobre os testes culturalmente isentos CATTELL 1940 ou sobre os testes culturalmente justos CATTELL CATTELL 1963 ou sobre os testes culturalmente redutores JENSEN 1980 já não faz mais sentido A amostragem de situações ou seja estipular os aspectos relevantes e observáveis do construto e a amostragem de funções isto é o fraseamento dos itens em termos de operações e de escolhas de conteúdo são questões determinantes REUCHLIN 1998 desde que claramente associadas às variáveis diferenciais e ao conjunto de informação proveniente dos contextos que mais não são do que os padrões culturais Dito de uma outra maneira a validade ecológica é o conceitochave mas a predição continua a ser o maior e o mais importante objetivo Portanto fica já muito claro que a tradução de um teste e a adaptação de um teste são duas coisas distintas HAMBLETON 2005 O termo adaptação tem um significado mais abrangente e é na verdade aquilo que deveria acontecer sempre que se prepara um teste para ser utilizado noutra língua noutra cultura que não aquela para que foi construído e desenvolvido adaptar um teste nas palavras de Leong e Brown 1995 significa considerar um conjunto de tarefas que envolvem a decisão se o teste poderá medir o mesmo construto numa outra cultura e numa outra língua encontrar o conceito as palavras as expressões que sejam psicológica cultural e linguisticamente equivalentes é com certeza ir além da pura e dura tradução literal do fraseamento do teste Os estudos pilotos efetuados com testes traduzidos e adaptados envolvem mais do que a simples aplicação da nova versão e a análise dos dados empíricos e de estudos comparativos dos dados da versão original com a traduzida HAMBLETON 1993 OAKLAND 2004 A identificação de enviesamentos VAN DE VIJVER HAMBLETON 1996 constitui um dos aspectos mais relevantes para a continuação do processo de adaptação Os princípios orientadores formulados por Brislin 1986 e que procuram normalizar as regras de tradução estão longe de contemplar todos os aspectos relacionados com a amostragem de situações com a amostragem de funções e até com os contextos ecológicos a questão do desempenho em contexto levanta um conjunto de questões que dizem respeito à retradução dos resultados na dupla vertente da operacionalização e da sabedoria e do bom senso para entender esses resultados integrados e enquadrados pelas variáveis culturais e subculturais Uma outra questão fundamental tem a ver com a familiaridade que se tem com a literatura e com os estudos empíricos realizados sobre o construto operacionalizado essa familiaridade com a literatura referese à importância de saber mapear os componentes do construto no que respeita a comportamento interpretação do construto e significado das tarefas isso mais não é do que a ponte entre a compreensão do fraseamento dos itens em termos de operações e escolhas de conteúdo a amostragem de funções E uma terceira questão o reconhecimento das limitações dos métodos estatísticos Consideremse as limitações por exemplo nos testes de hipóteses estatística aplicada nas medidas de desempenho máximo e as restrições dos métodos de análise fatorial quer a exploratória quer a confirmatória na identificação de aptidões estatisticamente significativo significa diferenças nos resultados dos grupos definidos por estatuto socioeconómico ou pela etnicidade embora possa acontecer sobreposição das distribuições ainda o efeito da dimensão da amostra nos níveis da diferença estatística é muitas vezes esquecido ou escamoteado Estes bem estabelecidos conjuntos de fatos sugerem que a Testagem das aptidões por exemplo pode ser injusta culturalmente e consequentemente pode contribuir para restringir oportunidades de carreira de vários subgrupos demográficos da população para os quais foram derivadas normas a partir dos dados recolhidos em amostras supostamente representativas Esses mesmos princípios orientadores são fundamentais esclareçase mas não esgotam todos os procedimentos a considerar nem podem impor as regras de julgamento sustentadas no bom juízo e sabedoria de cada profissional que trabalha nessa área científica Assim a partir do momento em que se começou a dar mais importância ao estudo das diferenças interculturais e intraculturais para uma melhor compreensão de como o comportamento humano se ajusta às pressões e necessidades do contexto no qual está inserido um grupo de psicólogos criou em 1992 a Comissão Internacional de Testagem e que tem como principal objetivo estabelecer os princípios orientadores para a tradução e adaptação de testes psicológicos e educacionais Desde aí uma vasta produção tem vindo a ser publicada e destaco só alguns exemplos FernandezBallasteros Hambleton e ONeil 2001 Hambleton 1994 Hambleton 2001 Tanzer e Sim 1999 Van de Vijver e Hambleton 1996 Van de Vijver e Poortinga 1997 Um conjunto considerável de produção científica que se tem dedicado aos estudos interculturais tem contribuído para disseminar evidências mas também para abrir novos caminhos para encontrar uma abordagem mais global da medida em psicologia Interrogome se será um efeito colateral da globalização ou a antecipação das consequências da validação É minha convicção que ainda é cedo para encontrar uma resposta 314 Algumas questões metodológicas Se o objetivo é encontrar uma abordagem mais abrangente para a problemática da Testagem a fim de se conseguirem descrições mais completas em populações diversas então existe um conjunto de implicações metodológicas que se deve ter em conta Por exemplo procurar desenvolver em simultâneo numa variedade de culturas medidas que têm como suporte teórico o mesmo modelo e ir verificando se esse modelo possui as características de universalidade para ser aplicado num maior leque possível de culturas O construto de equivalência está intrinsecamente associado à Testagem e consequente operacionalização quando se pretende desenvolver estudos em contextos interculturais a fim de efetuarem estudos comparativos de resultados obtidos em diferentes culturas Van de Vijver e Leung 1997 distinguem três níveis de equivalência psicométrica a equivalência estrutural a equivalência da unidade de medida a métrica das escalas é idêntica e a equivalência entre escalas a origem da escala é também a mesma para os diferentes grupos A equivalência estrutural as correlações entre as variáveis são idênticas nos diferentes grupos implica que o mesmo construto se pode operacionalizar medir em diferentes culturas e é com certeza o primeiro e o mais importante nível de equivalência Essa equivalência está obviamente dependente do construto a ser operacionalizado bem como das características do instrumento de medida mas também das diferenças culturais entre os grupos estudados Esses três níveis de equivalência têm que ser considerados com bastante precaução de fato a equivalência estrutural pode não implicar que seja alcançada a equivalência entre escalas mas este tipo de equivalência como tem vindo a ser demonstrado é muito mais difícil de alcançar do que a equivalência estrutural DUARTE ROSSIER 2008 Uma outra implicação metodológica tem a ver com os três tipos de enviesamento o do construto ou definições incompletas ou incorretas dos aspectos relevantes do construto nas diferentes culturas o do método por exemplo diferenças ao nível da desejabilidade social ou nas diferenças de resposta aos estímulos ou até as características do instrumento e o enviesamento dos itens conteúdos inadequados fraseamento desajustado VAN DE VIJVER LEUNG 1997 Realmente ao considerar o impacto dos enviesamentos nenhuma equivalência pode ser obtida se houver enviesamento ao nível do construto VAN DE VIJVER 2000 Porém no caso do enviesamento do método ou dos itens a equivalência estrutural e até nalguns casos a equivalência da unidade de medida pode ser alcançada desde que o enviesamento afete todos os itens uniformemente VAN DE VIJVER LEUNG 1997 Por essa razão é muito importante identificar os efeitos desses enviesamentos quando se utiliza um instrumento psicológico num contexto internacional para uma descrição mais detalhada vide Duarte e Rossier 2008 Em síntese a escolha dos critérios de Avaliação numa Avaliação específica é um desafio no que diz respeito ao objetivo global da intervenção Se a intervenção tem como objetivo avaliar aspectos cognitivos ser diferente significa ser colocado num ou noutro nicho no conjunto da amplitude dos resultados isto é a distribuição dos resultados na população Mas um resultado baixo não pode ser linearmente transposto para um nível de predição de sucesso mas antes aponta para a necessidade de desenvolver mais esforço para ser bem sucedido Mas também pode significar que um resultado elevado não é garantia de adaptação integração no contexto ou adaptabilidade a capacidade individual para negociar transições A Avaliação deve também suportar e providenciar conhecimento e tornarse um elemento de auxílio no processo de tomada de decisão Mas acima de tudo deve suportar o investimento na aprendizagem O conjunto de benefícios para o indivíduo e para a sociedade é imenso quando bem documentado e bem comunicado as consequências da avaliação podem ser no seu conjunto muito úteis para implementação de procedimentos nos processos de tomada de decisão WATSON DUARTE GALVIN 2005 A Avaliação pode e deve estimular discussões sobre a implementação de novas práticas que vão para além dos atuais problemasalvo uma plataforma baseada na evidência para lançar novas melhorias para estimular a aprendizagem alarga oportunidades e realça a equidade Existe um conjunto de razões pelas quais muitos investigadores e técnicos não são entusiastas em utilizar e lidar com técnicas de Avaliação e por quê Os técnicos e os investigadores enfrentam problemas de natureza diferente primeiro a escassez de materiais na língua materna neste caso na língua portuguesa segundo têm que lidar com típicos e não comparáveis problemas metodológicos e práticos terceiro o problema do financiamento os orçamentos para investigação escasseiam muito em particular nas ciências sociais os projetos de investigação em avaliação são grandes consumidores de tempo e por isso mesmo dispendiosos em pessoal infraestruturas equipamento e materiais já para não abordar a questão de pagamento aos participantes 315 A utilidade da avaliação em contexto de Orientação Talvez ganhe o Prémio Nobel quem primeiro conseguir uma grelha universal para uma Avaliação eou Testagem não discriminativa nem discriminatória Como considerar as especificidades de cada cultura ou de cada grupo minoritário quando se utiliza o mesmo instrumento de medida Como não sou candidata a nenhum prémio arrisco alguns caminhos para como diz o poeta ir caminhando ao mesmo tempo nesses caminhos O caminho da deontologia o caminho da ética o caminho da competência o caminho da equidade O caminho da deontologia é o conhecimento daquilo que se deve fazer A deontologia trata dos deveres a cumprir numa determinada atividade e no caso da Avaliação e Testagem é saber utilizar instrumentos enquanto medidas objetivas de manifestação de processos psicológicos Se se espreitar os étimos ou origens das palavras verificase que ao contrário de outras palavras que se vão afastando em significado das suas origens até pela própria transformação que esta nossa aldeia global vai impondo a deontologia permanece fiel às suas origens desenhada a partir dos elementos gregos deón e lógos a palavra deontologia significa o estudo do que é conveniente o que é necessário o que é oportuno É a deontologia que enquadra a atuação do profissional de Psicologia sustenta apoia e baliza a intervenção que obedece a um conjunto de normas e de regras que por elas próprias controlam o comportamento do profissional de Psicologia e que são sustentadas no mais profundo fundamento da ciência psicológica o caráter demonstrativo apoiado em estudos empíricos e não em diletantismos teóricos A ética afastouse do seu significado original contrariamente ao que se supõe a palavra é de etimologia fácil mas de difícil semântica derivada de ethos significa o lugar onde se está e caráter aplicado à conduta humana designa a ciência normativa a moral Hoje o caminho da ética é a axiologia os valores a sua interiorização o imperativo individual Determina o comportamento profissional A ética é o caminho para o psicólogo saber como quando e em que situações deve utilizar as técnicas com o respeito pela dignidade da pessoa ou para a preservação e proteção dos direitos humanos tal como enunciado pala maior associação do sector APA ETHICAL PRINCIPLES OF PSYCHOLOGISTS AND CODE OF CONDUCT 1993 O caminho da competência é o domínio dos métodos e das técnicas As normas preconizadas pela Associação Internacional de Orientação Escolar e Profissional AIOSPIAEVG são muito claras concretamente quando se referem à obrigatoriedade dos seus membros fornecerem as explicações dos conteúdos objetivos e resultados dos testes numa linguagem que seja compreensível para os clientes Deverão utilizar critérios pertinentes de seleção aplicação e interpretação das técnicas de avaliação Reconhecem que devem informarse sobre técnicas recentes EDUCATIONAL AND VOCATIONAL GUIDANCE BULLETIN 58 1996 Escolher o instrumento de Avaliação fazer a Avaliação da informação e entender da decisão da adequabilidade significa preparação teórica significa dominar métodos e técnicas colocados à disposição de quem recorre aos serviços de um profissional de Psicologia O caminho da equidade é o reconhecimento da diversidade É o não cair na tentação de um etnocentrismo interpretado como a crença de que a cultura de cada um de nós é universalmente aplicada na Avaliação e julgamento dos comportamentos humanos BARUTH MANNING 1992 O caminho da equidade implica o reconhecimento da diversidade e os psicólogos conselheiros de carreira devem estar aptos a selecionar os instrumentos de medida que servem essa mesma diversidade O desafio para a equidade na Avaliação implica que a interpretação e a decisão não favoreçam ou desfavoreçam nenhum grupo ou indivíduo em particular é fundamental utilizar a técnica adequada que por sua vez depende do modelo teórico e de mais pesquisa para recolher mais informação as normas por grupos específicos podem constituir uma maisvalia para uma mais fiável interpretação dos resultados Conclusões Teoria e pesquisa caminhando lado a lado Julgo que no futuro terá que se desbravar esse terreno Como Estudando que variáveis e qual o seu o significado no desenvolvimento dos comportamentos vocacionais nos comportamentos que determinam o processo de construção da vida considerando a idiossincrasia a etnicidade e a cultura Renovar os caminhos da investigação significa produzir modelos abrangentes cuja leitura e interpretação e por conseguinte a interpretação dos resultados provenientes das diversas formas de Avaliação se possa ajustar às necessidades de cada um Tratase de entender a Avaliação no contexto da construção dos projetos de vida Num processo de Aconselhamento de Carreira não se aconselha nem se trabalha com o indivíduo unicamente sobre escolhas profissionais ajustadas tal como Parsons no início do século XX o idealizava atualmente saber escolher a dose ou a porção adequada de interpretativismo subjetivo dos resultados a relação ecológica e nunca a opinião pessoal obtidos com a avaliação e a porção necessária de análise objetiva desses resultados é sinónimo de saber contextualizar esses mesmos resultados A teoria de construção de carreira SAVICKAS 2004 fornecenos as bases teóricas para entender como o mundo da carreira é feito por meio do construtivismo pessoal e do construcionismo social ora parece evidente que cada um de nós é detentor da sua própria personalidade vocacional dos mecanismos singulares da adaptabilidade e dos temas de vida A carreira de um indivíduo deriva da maneira como o indivíduo capta a realidade e a ela se adapta sem atraiçoar a sua essência que mais não é do que os traços psicológicos e as linhas estruturantes da sua história pessoal Cada um de nós não é reprodutível por cópia Numa palavra a pesquisa nesse nosso quase já não novo século deve saber considerar e ajustarse à diversidade Com que ferramentas Paradigmas metodologias estudos de populações As abordagens multidisciplinares não podem ser postas de lado porque fornecem mais abrangência sobre os fenómenos do comportamento humano Sair do pequeno quintal de cada um dos nossos campos de pesquisa e de intervenção e saber olhar para outros contributos da ciência psicológica procurando assim eliminar os habitats referidos por Savickas 2005 é com certeza um dos grandes desafios para o futuro da designada Psicologia da Orientação reintegrar investigação e ação escolhas e ajustamentos orientação e seleção estudos diferenciais e desenvolvimentistas estudo do individuo e da organização estudo da educação e da indústria DUARTE 2006 Orientação Avaliação e Testagem no cenário internacional Para quê Em primeiro lugar para ajudar cada indivíduo a desenvolver competências para a vida Nos dias de hoje ganham terreno as abordagens construtivistas SAVICKAS 2004 SAVICKAS et al 2009 tal como na segunda metade do século passado foram as abordagens desenvolvimentistas que marcaram a Psicologia da Orientação e com elas a crescente importância de um conjunto de dimensões e de variáveis com forte componente subjetivo e os mecanismos que lhe estão subjacentes como por exemplo as definições idiográficas de sucesso de satisfação ou de bem estar por oposição a visões nomotéticas que perigosamente podem conduzir à mecanização de comportamentos Portanto Orientação e Testagem sustentada nas correlações com critérios externos com certeza que sim mas sem esquecer outras sustentações quem é o indivíduo qual a sua história em que tipo de contextos se foi desenvolvendo e vai ter que atuar que objetivos quer alcançar Ou seja os resultados decorrentes da utilização de técnicas de Avaliação devem ser analisados no contexto da sua recolha e lidos e interpretados nesse mesmo contexto Uma outra questão importante a Avaliação não deve servir unicamente o propósito da predição de sucesso na medida em que se anicharia numa posição redutora de ordenação de resultados mas servir para ajudar o indivíduo a contrabalançar forças e fraquezas a encontrar o caminho pelo qual deve andar na procura constante da sua singularidade Afinal tratase de encarar a Avaliação e Testagem de uma maneira mais abrangente não exclusivamente como a base da predição mas antes como mais uma das ferramentas de trabalho de que o psicólogo dispõe colocada ao serviço do indivíduo para lhe abrir caminhos de exploração de promoção de autoconhecimento de aprendizagem permanente nos contextos por onde se vai construindo a vida Estará a comunidade científica em condições de o fazer Cabe em primeiro lugar a cada um de nós encontrar a resposta 32 A avaliação da pessoa em Orientação Profissional no cenário brasileiro A avaliação da pessoa é parte integrante de qualquer processo de Orientação Profissional OP ainda que o papel da avaliação no processo possa variar de acordo com o modelo de intervenção adotado pelo orientador SPARTA 2003 SPARTA BARDAGI TEIXEIRA 2006 Seja a avaliação mais formal ou menos formal quer utilize instrumentos padronizados ou não ela é imprescindível para levantar informações acerca do cliente e do próprio processo de Orientação Dada essa importância da avaliação podese ter uma falsa ideia de que os objetivos as práticas e os principais instrumentos de avaliação em OP estejam bem descritos e sistematizados na literatura brasileira e seu uso padronizado pelos profissionais da área No entanto é justamente nesses pontos principais que ainda se necessita de maior clareza e consistência afinal para que serve a avaliação do indivíduo em um processo de OP Com que finalidade os pesquisadores estão desenvolvendo ou adaptando instrumentos Como os profissionais estão inserindo e utilizando a avaliação psicológica em seu trabalho como orientadores Estudos de revisão realizados com o objetivo de analisar os principais instrumentos conhecidos e utilizados na área NORONHA FREITAS OTTATI 2003 os conteúdos ensinados em cursos de graduação NUNES NORONHA AMBIEL 2007 a qualidade dos testes de interesses OTTATI NORONHA SALVIATI 2003 e a produção científica na área de OP NORONHA ANDRADE MIGUEL et al 2006 NORONHA AMBIEL 2006 TEIXEIRA LASSANCE SILVA BARDAGI 2007 têm apontado alguns problemas da avaliação psicológica nesse contexto Entre estes destacamse as deficiências psicométricas de alguns instrumentos muitos deles já sem condições de uso e sem evidências de validade e fidedignidade a pouca frequência com que estudos de avaliação de instrumentos e resultados têm sido conduzidos e publicados e ainda o pouco tempo dedicado ao ensino de avaliação psicológica e manejo de instrumentos dentro de processos de Orientação Profissional Noronha e Ambiel 2006 e Noronha et al 2006 indicam um aumento geral na produção científica na área desde os anos 1990 No entanto o primeiro estudo e também o de MELO SILVA BONFIM ESBROGEO SOARES 2003 apontou o grande predomínio de técnicas não padronizadas o que dificulta a replicação de estudos e a sistematização dos resultados No conjunto esses problemas mostram que a área de OP no Brasil ainda necessita avançar no que diz respeito à avaliação psicológica e colocam em questão o uso que vem sendo feito dos poucos instrumentos disponíveis nas intervenções Nesse sentido o objetivo desta seção é descrever os principais instrumentos de avaliação psicológica disponíveis na área de Orientação Profissional no Brasil tanto para uso em intervenções quanto instrumentos que estão em desenvolvimento ou têm seu uso voltado à pesquisa Ao final apresentase uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento da avaliação psicológica no campo da Orientação Profissional brasileira indicando a separação percebida entre o desenvolvimento de instrumentos as pesquisas realizadas sobre os principais construtos em uso e as intervenções oferecidas em Orientação Profissional Pretendese salientar a importância de uma avaliação eficaz que permita a construção de intervenções apropriadas e gere informações relevantes tanto ao próprio indivíduo quanto à área e ao profissional 321 Os focos de avaliação em Orientação Profissional Dentro do contexto da Orientação Profissional no Brasil as três grandes áreas que costumam abarcar a maioria dos esforços de avaliação são os interesses a personalidade e as condições para a escolha mais especificamente a maturidade para a escolha ou maturidade vocacional Essas áreas mostram afinidade com três das perspectivas teóricas que estão entre as mais frequentes em uso no país quais sejam a perspectiva tipológica ou de traçoefator que prioriza a avaliação dos interesses a perspectiva evolutiva que prioriza a avaliação das condições de escolha entre elas o nível de maturidade e a perspectiva clínica que enfatiza a avaliação da personalidade MELOSILVA et al 2003 SPARTA et al 2006 Nesse sentido optase por dar destaque aqui a esses construtos e aos instrumentos construídos para avaliálos É importante ressaltar no entanto que não se considera a possibilidade de avaliação apenas por meio dos instrumentos padronizados Técnicas como a entrevista NASCIMENTO 2007 os relatos escritos LEVENFUS 2002 MOURA SAMPAIO MENEZES RODRIGUES 2003 os jogos e as dinâmicas de grupo LASSANCE 1999 SOARES 1993 entre outras também têm sistematicamente servido a esse propósito no âmbito da OP 3211 A avaliação dos interesses A avaliação de interesses é a mais típica modalidade de avaliação centrada na pessoa no campo da Orientação Profissional Tradicionalmente entendese que os interesses por ocupações ou atividades ocupacionais ou mesmo de lazer indicam gostos e possivelmente aptidões pessoais sendo que a escolha profissional deveria resultar de uma combinação dos interesses com as ocupações Nessa perspectiva temse de um lado um conjunto de áreas de interesses que se considera pertinente serem avaliadas e de outro um enquadramento das diversas ocupações existentes de acordo com os interesses Assim podese comparar o perfil de interesses individual com o perfil médio de profissionais de diversas áreas de forma a verificar a quais deles o perfil individual mais se aproxima delimitando assim o campo de opções do orientando No Brasil historicamente os instrumentos de avaliação de interesses são os mais numerosos e populares na área de OP Entre os materiais comercializados atuais e antigos podem ser citados o Levantamento de Interesses Profissionais DEL NERO 1984 o Inventário de Interesses de Angelini e Thurstone THURSTONE ANGELINI ANGELINI 2002 o Questionário Vocacional de Interesses OLIVEIRA 1982 o Inventário Ilustrado de Interesses Geist NICK sd o Inventário de Interesses Kuder KUDER 2000 o Teste do Catálogo de Livros BessaTramer BESSA 1998 o Teste das Estruturas Vocacionais MINICUCCI 1983 o Teste Visual de Interesses MAROCCO TÉTREAU TRAHAN 1984 e o Teste das Dinâmicas Profissionais BRAGA ANDRADE 2006 Contudo em função de problemas de desatualização ausência de informações importantes sobre validade fidedignidade e padronização NORONHA et al 2003 apenas dois instrumentos de interesses estão aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia CFP levantamento feito em agosto de 2009 para uso em intervenção motivo pelo qual são os únicos descritos em maior detalhe São eles a Escala de Aconselhamento Profissional EAP NORONHA SANTOS SISTO 2007 e a Avaliação de Interesses Profissionais AIP LEVENFUS BANDEIRA 2009 A Escala de Aconselhamento Profissional NORONHA et al 2007 é um instrumento de medida de interesses que avalia sete grandes dimensões 1 Ciências Exatas 2 Artes e Comunicação 3 Ciências Biológicas e da Saúde 4 Ciências Agrárias e Ambientais 5 Atividades Burocráticas 6 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e 7 Entretenimento Ele é constituído por 61 itens que descrevem diversas atividades ocupacionais sendo que o orientando deve indicar em uma escala de cinco pontos o quanto gostaria de desenvolver cada uma das atividades apresentadas Conforme o manual o instrumento é destinado a jovens e adultos a partir de 17 anos A elaboração do conjunto de itens da EAP não seguiu nenhum modelo teórico prévio sendo que as sete dimensões que compõem o instrumento foram resultado de análises estatísticas realizadas com os itens análises fatoriais Os dados para essa análise foram obtidos com estudantes universitários de 12 diferentes áreas tendo a maioria dos participantes idades entre 18 e 22 anos Os índices de fidedignidade obtidos para as escalas foram elevados indicando boa precisão Comparações entre universitários de cursos distintos mostraram também que as escalas são capazes de discriminar diferentes perfis de interesses de estudantes pelo menos entre alguns cursos constituindose em uma evidência de validade do instrumento Em termos de uso da escala os autores sugerem comparar os perfis individuais nas sete dimensões com os perfis médios de cada curso priorizando assim o processo de tomada de decisão aquelas opções que mais se aproximam do perfil individual Em sua primeira versão publicada o manual traz perfis para 12 carreiras sendo uma delas bastante abrangente Engenharia Alguns estudos já estão sendo desenvolvidos utilizando a EAP com alunos de outros cursos superiores e também de ensino médio além de estudos de correlação dos interesses com outras variáveis para atestar sua validade Por exemplo Noronha Martins Gurgel e Ambiel 2009 avaliaram a relação entre interesses e vivências acadêmicas de estudantes universitários e os resultados apontam correlações moderadas entre algumas áreas de interesse e os contextos acadêmicos como o interesse atividades burocráticas e a dimensão acadêmica de estudo com correlação positiva de 031 ou o interesse ciências biológicas e saúde e a dimensão institucional com correlação negativa de 031 Já Sartori 2007 correlacionou as dimensões da EAP com a tipologia vocacional e de personalidade do SelfDirected Search de John Holland descrito a seguir encontrando correlações teoricamente coerentes entre os perfis de interesse e os tipos descritos pelo autor A Avaliação de Interesses Profissionais LEVENFUS BANDEIRA 2009 é outro instrumento de interesses brasileiro que está aprovado pelo CFP Ele possibilita a avaliação da preferência do indivíduo por dez campos CFM Campo FísicoMatemático CFQ Campo FísicoQuímico CCF Campo CálculosFinanças COA Campo OrganizacionalAdministrativo CJS Campo JurídicoSocial CCP Campo ComunicaçãoPersuasão CSL Campo SimbólicoLinguístico CMA Campo ManualArtístico CCE Campo ComportamentalEducacional CBS Campo BiológicoSaúde A escolha desses campos para compor a estrutura do instrumento foi feita a priori considerando áreas de interesses tipicamente presentes em instrumentos desse tipo e na literatura O instrumento é composto por 100 pares de atividades em que cada atividade se relaciona a um campo de interesse Ao responder o sujeito é requisitado a escolher uma alternativa de cada par A instrução oferece ainda a oportunidade de o orientando indicar se a escolha no par foi feita apenas por obrigação A análise das propriedades psicométricas da AIP foi realizada com uma amostra de 325 sujeitos estudantes de ensino médio e nível superior Os índices de consistência interna observados para as escalas de cada campo foram elevados sugerindo a fidedignidade das medidas O instrumento também foi capaz de diferenciar de acordo com o esperado estudantes de diferentes áreas profissionais em relação a alguns dos campos de interesse o que é uma evidência de validade da medida As normas do teste são apresentadas separadamente para cada sexo uma vez que a literatura aponta para a existência de diferenças de gênero nos interesses profissionais Este é um diferencial introduzido pela AIP em relação a outros instrumentos de interesses publicados previamente O manual indica também alguns cursos ou profissões que teriam uma relação mais direta com cada área mas destaca a importância de se considerar o perfil global de interesses do orientando no momento de interpretar os resultados Como é um instrumento novo não há outros estudos utilizando a AIP até o momento Cabe ressaltar ainda que se encontra em andamento no Brasil a adaptação do instrumento SelfDirected Search SDS ou Questionário de Busca Autodirigida em português baseado na teoria tipológica de Holland HOLLAND 1997 Esse instrumento avalia seis grandes dimensões de interesses que são de acordo com o autor expressões da personalidade Realista Investigativo Artístico Social Empreendedor e Convencional RIASEC2 Esse modelo teórico assim como o instrumento conta com expressivas evidências de validade e fidedignidade na literatura internacional sendo amplamente utilizados HOLLAND 1997 No Brasil algumas pesquisas que empregaram a versão adaptada do SDS já foram publicadas MANSÃO YOSHIDA 2006 NUNES NORONHA 2009 PRIMI et al 2004 PRIMI MOGGI CASELLATO 2004 SARTORI 2007 e o instrumento foi submetido à avaliação do CFP Outras versões parciais do SDS também foram utilizadas no país Magalhães 2008 avaliou a relação entre ordem de nascimento e interesses apontando que filhos únicos têm maior interesse em investigação científica do que filhos do meio e menor interesse empreendedor do que primogênitos além de que filhos do meio revelaram interesse social mais elevado do que filhos únicos e primogênitos Outros instrumentos que avaliam as dimensões do modelo de Holland são o Teste Visual de Interesses TVI instrumento canadense adaptado e validado no Brasil por Marocco et al 1984 o Inventário Tipológico de Interesses Profissionais ITIP BALBINOTTI 2003 o Inventário de Interesse Vocacional UNIACT GOUVEIA et al 2008 e as Escalas de Interesses Vocacionais TEIXEIRA CASTRO CAVALHEIRO 2008 Quanto ao TVI tratase de um teste com 102 fotos diapositivos que representam atividades profissionais relacionadas aos seis tipos propostos por Holland O indivíduo é solicitado a avaliar o seu interesse por cada uma das fotos em uma escala Likert O instrumento contudo não é produzido comercialmente não foi submetido à apreciação do CFP e vem sendo utilizado exclusivamente na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS no Rio Grande do Sul O ITIP Inventário Tipológico de Interesses Profissionais é um instrumento de 150 itens de autorrelato desenvolvido por Balbinotti apud BALBINOTTI VALENTINO CÂNDIDO 2006 As informações sobre suas propriedades psicométricas não estão publicadas em artigo embora Balbinotti Valentino e Cândido 2006 refiram a existência de algumas evidências de validade e fidedignidade O Inventário de Interesse Vocacional UNIACTfoi adaptado para o Brasil por Gouveia Gusmão Gouveia e Pessoa apud GOUVEIA et al 2008 tendose verificado que o instrumento apresenta validade de construto por análise fatorial confirmatória e bons índices de fidedignidade Por fim as Escalas de Interesses Vocacionais TEIXEIRA CASTRO CAVALHEIRO 2008 são um instrumento recente desenvolvido para pesquisa que avalia as seis dimensões do modelo RIASEC Tratase de uma escala de autorrelato com 48 itens voltados a estudantes de ensino médio e superior e que conta com evidências de validade fatorial e de critério assim como índices satisfatórios de fidedignidade Além dos estudos já citados há avaliações correlacionando interesses e estilos cognitivos MAGALHÃES MARTIMUZZI TEIXEIRA 2004 cujos resultados indicam que as pessoas mais independentes de campo tendem a se interessar por áreas profissionais que exigem competências analíticas com ênfase no abstrato e no teórico e baixo envolvimento interpessoal Godoy Noronha Ambiel e Nunes 2008 correlacionaram interesses e inteligência indicando que alguns tipos de raciocínio se associaram a interesse por áreas específicas como por exemplo raciocínio mecânico e ciências físicas Bueno Lemos e Tomé 2004 buscaram identificar interesses em alunos de um curso de Psicologia indicando que há perfis diferenciados de interesses coerentes com as possibilidades da profissão De forma geral com relação à pesquisa acerca dos interesses no Brasil esse construto não gerou tantos estudos quanto no âmbito internacional 3212 A avaliação da personalidade A avaliação da personalidade em OP não é um tópico saliente na literatura brasileira Ainda que existam diversos instrumentos de avaliação da personalidade disponíveis comercialmente eles são pouco utilizados nos processos de Orientação Existe apenas um teste específico no Brasil que avalia características globais da personalidade e relaciona essas características com inclinações profissionais o Teste de Fotos de Profissões BBTBr JAQUEMIN 2000 JAQUEMIN et al 2006 O BBT Berufsbilder Test em alemão é um teste de características projetivas e psicométricas que procura avaliar inclinações profissionais por meio de uma análise das motivações conscientes e inconscientes que determinam o interesse por certos tipos de atividades ACHTNICH 1991 Não se trata portanto de um teste de interesses propriamente dito pois ele avalia características mais globais do funcionamento psicológico podendo ser caracterizado como um instrumento de avaliação da personalidade O teste é baseado na teoria pulsional de Szondi apud JAQUEMIN et al 2006 e parte do pressuposto de que necessidades psicológicas específicas fazem o indivíduo se sentir atraído por determinados estímulos Assim o teste busca desvelar a estrutura motivacional ou pulsional do orientando de acordo com um modelo de oito fatores descritos a seguir Nessa perspectiva a atividade profissional de um indivíduo deve possibilitar a expressão das suas necessidades psicológicas sendo que a escolha profissional deveria ao menos idealmente ser condizente com a sua estrutura de inclinações ACHTNICH 1991 Os oito fatores do BBT são identificados por letras sendo que dois deles se subdividem o S e o O Os fatores são os seguintes W necessidades relacionadas a tocar exibir ternura calor humano atenção ao corpo K necessidades ligadas ao uso da força física e de materiais resistentes Sh necessidades de caráter social como ajudar e fazer o bem Se necessidades de movimentação dinamismo mudança e autonomia Z necessidades relacionadas com exibição mostrarse ou fazer algo que envolva senso estético V necessidades de uso da inteligência raciocínio conhecimentos G necessidades ligadas ao uso da imaginação da intuição das ideias M necessidades associadas com coisas concretas e com sua posse e controle On necessidades ligadas à oralidade e de contato com o outro por meio de cuidados relacionados à alimentação e nutrição do corpo e Or necessidades de comunicarse com os outros falar e ter contato interpessoal O teste passou por um extenso e cuidadoso processo de adaptação à realidade brasileira OKINO et al 2003 chamandose aqui de BBTBr e possui versões masculina e feminina JAQUEMIN 2000 JAQUEMIN et al 2006 O BBTBr é composto por 96 fotos que apresentam pessoas executando diferentes tipos de atividades sendo que o orientando é instruído a indicar se gosta não gosta ou é indiferente a cada uma das fotos Na análise das respostas são computados escores primários e secundários relacionados aos fatores e as normas permitem estabelecer comparações com grupos de referência A interpretação do resultado envolve a análise de uma série de indicadores não se resumindo ao mero cômputo de escores nos fatores Além disso é solicitado ao orientando que crie grupos com as imagens que considera que possuem algo em comum explorandose qualitativamente as associações feitas pelos clientes sendo possível ainda pedir que o cliente selecione as cinco fotos preferidas e crie uma história com elas Bem explorada a técnica pode auxiliar a visualizar áreas de conflito nas inclinações profissionais bem como identificar aspectos desejados e indesejados nos ambientes e objetos de trabalho representados nas fotos Tratase portanto de uma técnica de exploração da personalidade que emprega elementos projetivos e também quantificação tendo como estímulos para as respostas fotos de profissionais Como evidências de validade o manual apresenta comparações realizadas entre estudantes universitários de diferentes áreas profissionais tendose verificado diferenças na estrutura dos fatores entre os grupos estudados O BBT é um dos instrumentos que mais gerou pesquisa no Brasil ANTUNES VALDO MELOSILVA 2003 BERNARDES JACQUEMIN 2002 CAMPOS 2003 JARDIMMARAN 2004 MELOSILVA JACQUEMIN 2000 MELOSILVA NOCE 2004 NORONHA et al 2006 WELTER 2000a 2000b 2005 Como exemplos recentes podese citar o estudo de Welter 2007 que comparou os padrões de resposta de adolescentes e adultos ao BBT encontrando um número significativamente maior de escolhas positivas entre os adultos bem como diferenças marcadas de gênero na estrutura das inclinações profissionais Pasian e JardinMaran 2008 buscaram testar a adequação e estabilidade das normas do BBT em adolescentes encontrando evidências favoráveis à manutenção das normas para esta população 3213 A avaliação das condições para escolha a maturidade de carreira A maturidade de carreira pode ser entendida como a capacidade que um indivíduo possui para tomar decisões em relação à sua carreira em diversos momentos da vida SUPER SAVICKAS SUPER 1996 O conceito surgiu no contexto da teoria evolutiva de carreira de Donald Super3 1955 1957 que considera o desenvolvimento vocacional como um processo que se dá por meio de etapas ao longo do ciclo vital e parece apresentar uma validade transcultural BALBINOTTI 2003 A teoria postula que em cada fase da vida existem demandas específicas que exigem que o sujeito tome decisões e se engaje em certos comportamentos relacionados a seu desenvolvimento de carreira As atitudes e os comportamentos perante a carreira que levam o indivíduo a cumprir de modo satisfatório as tarefas vocacionais que lhe são demandadas caracterizam a maturidade de carreira Por ser um conceito amplo a avaliação da maturidade de carreira pode englobar diversas variáveis relacionadas ao desenvolvimento vocacional A Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP NEIVA 1999 é um instrumento que se propõe avaliar a maturidade para a escolha em jovens do ensino médio sendo o único instrumento comercializado no Brasil levantamento feito em agosto de 2009 que mede variáveis relacionadas ao processo de Orientação em vez de interesses ou inclinações profissionais A escala que se encontra aprovada pelo Conselho Federal de Psicologia foi elaborada tendo por base os modelos de maturidade de Super 1955 e Crites 1965 e especifica duas grandes dimensões de maturidade as atitudes e os conhecimentos As atitudes dividemse em três subdimensões a determinação para a escolha profissional o quanto o indivíduo está seguro de sua escolha a responsabilidade o quanto está comprometido com a escolha e sentese responsável ante a mesma e a independência o quanto a escolha é feita sem influências de outras pessoas Já os conhecimentos dividem se em duas subdimensões o autoconhecimento que avalia o quanto a pessoa sabe dos seus interesses valores habilidades entre outros aspectos e o conhecimento da realidade educativa e socioprofissional o quanto o indivíduo conhece sobre profissões cursos e mercado de trabalho A EMEP é composta por 45 afirmações elaboradas para dar conta do modelo teórico dimensional proposto às quais o orientando deve responder usando uma escala Likert de cinco pontos de nunca a sempre O instrumento apresenta evidências de validade por análise fatorial e também se mostrou capaz de discriminar estudantes de primeiro segundo e terceiro anos do ensino médio Os índices de consistência interna obtidos indicaram boa fidedignidade A EMEP pode ser útil para detectar alunos que necessitam de Orientação Profissional como instrumento diagnóstico para o planejamento da Orientação como instrumento de avaliação do processo de OP e também como instrumento de pesquisa NEIVA 1999 No que diz respeito à intervenção o instrumento possibilita identificar quais os aspectos de atitudes e conhecimentos relacionados à escolha profissional que necessitam de maior atenção no processo de Orientação Entre os estudos já realizados com a EMEP alguns deles utilizaram o instrumento como forma de avaliar a eficáciaeficiência de intervenções em OP MELOSILVA OLIVEIRA COELHO 2002 MOURA at al 2005 TEIXEIRA LASSANCE BARDAGI no prelo para comparar alunos das redes públicas e privadas NEIVA 2003 NEIVA et al 2005 para comparar os níveis de maturidade entre homens e mulheres NEIVA 2003 NEIVA et al 2005 e como ferramenta diagnóstica dentro de processos de OP BORDÃOALVES MELOSILVA 2008 Entre os principais resultados observase uma inconsistência nos achados quanto ao gênero com dados que ora apontam não haver diferenças nos totais de maturidade entre homens e mulheres NEIVA 2003 ora maior maturidade feminina NEIVA et al 2005 também há inconsistências nas diferenças de gênero em cada dimensão da maturidade Ainda o instrumento mostrouse sensível para captar as diferenças entre os níveis de maturidade de acordo com a série escolar apontando um crescimento progressivo da primeira para a terceira série do ensino médio Com relação ao tipo de escola os achados são consistentes em apontar maior maturidade em alunos da rede privada Como medida de eficiênciaeficácia de intervenções os estudos apontam que processos de OP tiveram impacto sobre os níveis totais e sobre dimensões específicas da maturidade Existem ainda outros instrumentos que avaliam variáveis relacionadas à maturidade de carreira mas que são voltados à pesquisa ou que ainda não apresentam condições de uso em intervenções É o caso por exemplo de duas versões brasileiras do Career Development Inventory CDI Inventário de Desenvolvimento de Carreira SUPER et al 1981 A primeira versão chamada Inventário Brasileiro de Desenvolvimento Profissional IBDP foi desenvolvida por Lobato 2001 com base na versão canadense do CDI LInventaire de Développement Professionnel DUPONT MARCEAU 1982 Esse instrumento foi traduzido e adaptado para uso com adolescentes mas não contou com estudos de validade O IBDP avalia quatro dimensões planejamento exploração tomada de decisão e informação Já a segunda adaptação do CDI foi realizada com estudantes universitários tendo sido denominada no Brasil de Escala Combinada de Atitudes e Maturidade de Carreira CDA OLIVEIRA 2007 Tratase de uma adaptação de apenas parte do CDI original referente às atitudes de carreira planejamento e exploração A escala de planejamento de carreira subdividese em duas escalas grau de engajamento em atividades de planejamento de carreira e nível de informações sobre as profissões Da mesma forma a escala de exploração de carreira também se divide em duas percepção sobre a utilidade de diversas fontes de informação e quantidade de informação útil obtida junto a essas fontes Análises fatoriais exploratórias sugeriram a validade do instrumento discriminando as dimensões e subdimensões e análises de consistência interna revelaram tratarse de escalas com boa fidedignidade 3214 A avaliação de outras variáveis relevantes do desenvolvimento vocacional Além dos interesses da personalidade e da maturidade há outras variáveis importantes em desenvolvimento vocacional para as quais existem alguns instrumentos brasileiros disponíveis São em geral instrumentos voltados para pesquisa ou que ainda estão em desenvolvimento não sendo recomendado seu uso para avaliações individuais com o objetivo de diagnóstico ou intervenção Eles são mencionados nesta seção a fim de ilustrar o crescimento do interesse pelo campo da avaliação na área de Orientação Profissional e Desenvolvimento de Carreira De certo modo muitas das variáveis avaliadas nesses instrumentos poderiam ser consideradas também componentes da maturidade vocacional ou para a escolha profissional Em relação ao construto de exploração vocacional existem duas versões nacionais do Career Exploration Survey CES Levantamento de Exploração Vocacional STUMPF COLLARELLI HARTMAN 1983 A CES em sua versão original avalia 16 dimensões de exploração vocacional exploração do ambiente exploração do self número de ocupações consideradas item único exploração intencionalsistemática frequência item único quantidade de informação foco satisfação com a informação estresse de exploração estresse de decisão perspectiva de emprego certeza dos resultados da exploração instrumentalidade para busca externa instrumentalidade para busca interna instrumentalidade de método e importância de obtenção da ocupação preferida A primeira adaptação da CES no Brasil foi feita por Frischenbruder 1999 e procurou tornar a escala aplicável a estudantes de ensino médio Não foram desenvolvidos estudos de validade com essa versão apenas de fidedignidade pois o foco principal da pesquisa não foi a adaptação do instrumento Nesse estudo três subescalas do instrumento original não apresentaram fidedignidade satisfatória A segunda versão da CES foi desenvolvida por Sparta 2003b e também incluiu adaptações de conteúdo que contemplassem a realidade brasileira de estudantes de ensino médio Análises fatoriais mostraram uma estrutura fatorial semelhante ao modelo teórico original sugerindo a validade do instrumento ainda que duas dimensões tenham se agrupado com outras De um modo geral os índices de consistência interna também foram bons exceto para duas subescalas Outras medidas de exploração vocacional são as Escalas de Exploração Vocacional com versões para universitários TEIXEIRA BARDAGI HUTZ 2007 e adolescentes TEIXEIRA DIAS 2008 Essas escalas medem duas dimensões do comportamento exploratório vocacional exploração do ambiente busca por conhecimentos acerca de cursos e profissões e exploração de si busca de autoconhecimento Essas duas dimensões foram criadas tendo por base as dimensões exploração do ambiente e exploração do self da CES Análises fatoriais indicaram como esperado a existência de duas dimensões relevantes nas escalas e os índices de consistência interna observados foram bons em ambas as versões Outro conjunto de instrumentos aborda variáveis relacionadas com a decisão vocacional A Escala de Indecisão Vocacional TEIXEIRA MAGALHÃES 2001 é um instrumento curto de sete itens que focaliza aspectos cognitivos e afetivos envolvidos na experiência de indecisão como ansiedade insegurança e ambivalência Nesse instrumento a indecisão é tratada como um construto unidimensional Evidências de validade e fidedignidade adequadas foram obtidas quando da construção da escala TEIXEIRA MAGALHÃES 2001 Já o Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais ICPP BALBINOTTI MAROCCO TRETEAU 2003 é um instrumento que avalia duas dimensões da decisão vocacional a clareza e a certeza A clareza referese à nitidez da percepção que um indivíduo tem sobre seus interesses profissionais e atributos pessoais relacionados a ocupações Por outro lado a certeza referese à confiança e segurança quanto à autopercepção e aos projetos profissionais O instrumento foi desenvolvido com estudantes universitários e possui evidência de validade fatorial e bons índices de consistência interna Cabe mencionar também uma referência a outro instrumento que avalia o nível de cristalização das preferências vocacionais a Escala de Avaliação Vocacional EAV BALBINOTTI 2000 MAROCCO 1991 A EAV é uma versão brasileira da Vocational Rating Scale de Barret 1976 Nessa versão a cristalização aparece como um construto unidimensional e pode ser entendida como uma medida global de decisão vocacional Em um estudo com alunos do ensino médio a escala apresentou boa fidedignidade BALBINOTTI WIETHAEUPER BARBOSA 2004 Outro instrumento relacionado com o construto decisão de carreira é o Inventário de Levantamento de Dificuldades de Decisão Profissional IDDP PRIMI et al 2000 O instrumento foi elaborado com dados obtidos com alunos de ensino fundamental e médio O inventário especifica 17 fatores primários que podem dificultar ou influir na escolha profissional Esses fatores foram agrupados por análise fatorial em quatro fatores secundários a percepção de falta de informação e insegurança ante a decisão b falta de preparo para a escolha c existência de conflitos externos d retorno econômico e prestígio como fatores motivacionais no processo de escolha Esses fatores secundários quando considerados como escalas apresentaram boa fidedignidade No estudo de elaboração do instrumento verificouse que de um modo geral os estudantes mais jovens apresentaram maiores níveis de dificuldades para a escolha profissional o que pode ser considerado um indício de validade do mesmo O Questionário de Educação à Carreira BALBINOTTI TRÉTEAU 2006a é um instrumento que busca avaliar necessidades relacionadas à educação de carreira de estudantes de ensino médio A versão brasileira é baseada no instrumento original canadense que propõe duas grandes dimensões da educação para a carreira uma voltada ao desenvolvimento da importância do trabalho na vida da pessoa dimensão Sentido e Importância do Trabalho e outra que trata da preparação do indivíduo para a vida profissional representada por duas subdimensões Planificação de Carreira e Exploração de Carreira A dimensão Sentido e Importância do Trabalho é representada por uma escala apenas no instrumento enquanto a dimensão Planificação de Carreira é composta por quatro escalas Passos Efetuados Fatores Considerados Profissão Preferida Pesquisa e Conservação de Emprego e a dimensão Exploração de Carreira por duas escalas Pessoas e Fontes Consultadas e Atividades Realizadas Análises fatoriais mostraram uma estrutura fatorial compatível com as versões canadense e espanhola do instrumento ainda que ligeiramente diferente do modelo teórico original Os índices de fidedignidade obtidos foram todos satisfatórios Outro estudo dos autores BALBINOTTI TÉTREAU 2006b utilizando esse instrumento com adolescentes apontou maior maturidade feminina maior maturidade entre alunos da escola pública e ausência de diferenças de idade resultados em parte semelhantes e em parte divergentes daqueles obtidos com a EMEP NEIVA 2003 NEIVA et al 2005 A autoeficácia4 é outro construto importante no desenvolvimento vocacional que recentemente foi objeto de estudo por meio da construção de um instrumento A autoeficácia referese à crença que um indivíduo tem na sua capacidade para desempenharse bem em uma determinada tarefa BANDURA 1997 No âmbito vocacional a autoeficácia pode ser avaliada em relação à tomada de decisão a práticas profissionais específicas ou mesmo a atividades não relacionadas diretamente a alguma ocupação No que diz respeito à escolha profissional a teoria propõe que as pessoas tendem a escolher áreas profissionais para as quais se percebem autoeficazes LENT BROWN HACKETT 1996 A Escala de Autoeficácia para Atividades Ocupacionais EAAOc NUNES 2007 NUNES NORONHA 2008 avalia tanto a autoeficácia quanto as fontes de autoeficácia para atividades ocupacionais O instrumento foi desenvolvido com adolescentes e análises fatoriais revelaram três dimensões de fontes de autoeficácia experiências pessoais diretas aprendizagem vicária e persuasão verbal A consistência interna das três escalas variou de fraca a muito boa O estudo de Nunes e Noronha 2009 indica que os homens obtiveram maior autoeficácia em atividades do tipo realista e as mulheres mais do tipo investigativo e social não havendo diferenças entre tipo de escola ou série escolar Quanto às fontes de autoeficácia os achados mostraram maior influência das experiências pessoais diretas e da persuasão verbal para os jovens de sexo feminino que as experiências diretas são vivenciadas com maior frequência pelos alunos da escola pública e que as médias de aprendizagem vicária foram crescentes entre as segundas primeiras e terceiras séries do ensino médio 322 Os usos da avaliação da pessoa em OP no contexto brasileiro O campo da avaliação psicológica em Orientação Profissional no Brasil vem tendo um crescimento significativo ao longo dos últimos anos Observouse uma ampliação dos tipos de construtos avaliados pelos instrumentos disponíveis comercializados e de pesquisa Os construtos revisados até aqui se assemelham aos aspectos citados na literatura internacional como os principais na avaliação da pessoa LEITÃO 2004 Até a década de 1970 o paradigma predominante em Orientação Profissional era o do traçofator no qual se buscava avaliar as características pessoais e combinálas com as profissões SPARTA 2003 SPARTA et al 2006 Essa modalidade de Orientação centrada no resultado da escolha o curso ou profissão escolhida privilegiava a avaliação dos interesses e aptidões daí o predomínio histórico dos testes de interesses na avaliação em Orientação Profissional Na década de 1980 porém o campo da Orientação Profissional brasileiro passou a ser influenciado pelas abordagens clínica e evolutiva com destaque para os autores Bohoslavsky 1977 e Super 1980 Essas abordagens entendem a Orientação de um modo menos diretivo que a abordagem traçofator e privilegiam os processos psicológicos que levam o indivíduo a realizar suas escolhas SPARTA 2003 SPARTA et al 2006 Assim não basta conhecer as características individuais do orientando é preciso entender de que modo o indivíduo conhece a si mesmo e o mundo profissional bem como os fatores que interferem nas suas decisões de carreira Mais do que isso como profissionais da Orientação é preciso identificar as relações entre os diferentes aspectos individuais avaliados e seu impacto nos diferentes aspectos das intervenções de carreira Nesse sentido cabe uma análise crítica do que tem sido produzido em termos de avaliação da pessoa em OP no Brasil tanto no que se refere ao desenvolvimento de instrumentos quanto às propostas de intervenção Assim voltase às perguntas do início do capítulo para que serve a avaliação do indivíduo em um processo de OP e com que finalidade os pesquisadores estão desenvolvendo ou adaptando instrumentos Podese afirmar que os instrumentos existentes estão a serviço dos processos de auxílio à escolha ou há um caminho inverso em que os processos de Orientação se adaptam aos instrumentos existentes A tentativa de responder a essas questões implica repensar os modelos de Orientação Profissional existentes seus temas centrais e a produção de conhecimento na área vocacional como um todo É preciso considerar que ao longo do tempo o escopo da Orientação Profissional ampliouse substancialmente já que os serviços nessa área não têm mais como foco quase que exclusivo a passagem da escola para o ensino superior ou técnico mas abrangem também os problemas de adaptação aos cursos escolhidos a transição para o mercado de trabalho a recolocação profissional a preparação para a aposentadoria e o planejamento geral de carreira Ante essas demandas cada vez mais diversificadas surge a necessidade de criar ou adaptar modelos de intervenção teoricamente consistentes e de especificar as variáveis relevantes de serem avaliadas na Orientação tanto para avaliar o processo quanto para auxiliar na própria intervenção É neste ponto conexão entre teoria intervenção e instrumentos de avaliação que se faz necessário ainda um avanço substancial na pesquisa e no desenvolvimento teórico Inicialmente é preciso retomar a ideia de que a avaliação psicológica não é uma prática em si mesma é preciso identificar os enquadres teóricos responsáveis pela definição do que deve ser avaliado de como deve ser avaliado e que uso deve ser feito dos resultados obtidos pela avaliação ANASTASI URBINA 2000 PASQUALI 1999 Aqui ao analisarmos a área de OP já se observa de forma geral uma discrepância entre os modelos teóricos que serviram de base à construção dos instrumentos e os modelos que orientam os processos de intervenção SPARTA et al 2006 Considerase que faltam modelos que especifiquem o lugar da avaliação nos processos de intervenção além de clareza de alguns profissionais sobre as relações epistêmicas entre um instrumento em particular e uma conceitualização de escolha transição ou desenvolvimento de carreira Não se pretende com essa afirmação engessar os processos de Orientação e condenar a integração conceitual mas indicar que para que essas relações entre diferentes perspectivas sejam possíveis e eficazes tanto profissionais quanto pesquisadores necessitam de formação teórica sólida e clareza de objetivos Do contrário correse o risco de criar processos de intervenção intrinsecamente incongruentes ou subtilizar as ferramentas de avaliação do indivíduo uma vez que elas produziriam resultados vazios sem ligação com a implementação de intervenções coerentes Ao considerar as três áreas de avaliação da pessoa interesses personalidade maturidade podese levantar questões específicas para reflexão e aprimoramento teóricoprático Inicialmente na avaliação dos interesses alguns pontos importantes merecem maior atenção de profissionais e pesquisadores existe uma definição clara do que são interesses profissionais Como traduzir em um instrumento a multiplicidade de possibilidades ocupacionais que se relacionam a interesses diversos e intercambiáveis A literatura vocacional não é suficientemente clara ao fazer a distinção entre interesses gerais e interesses profissionais LEITÃO 2004 o que por si só já abre um importante campo de investigação pouco explorado até agora Gostar de algo não significa necessariamente a intenção de que esse algo faça parte do trabalho e os instrumentos têm dificuldades em captar essa diferença Ainda com a ampliação do mercado de trabalho com a fluidez das fronteiras entre as ocupações com o surgimento sistemático de novas áreas e fazeres CANÁRIO CABRITO AIRES 2002 LASSANCE 1997 MEIJERS 2002 é ainda possível conceitualmente estabelecer perfis de interesses Essa discussão não se propõe a esgotarse aqui mas a indicar um caminho de reflexão principalmente aos profissionais que utilizam os instrumentos em seus processos de intervenção e aconselhamento Discutir com um orientando a preferência maior ou menor por 10 12 15 áreas não é restringir excessivamente o âmbito de ocupações possíveis Trabalhar com áreas que agregam ou podem agregar mais de 20 ou 30 diferentes profissões não é excessivamente global Parece pertinente apontar que a grande preocupação em relação aos testes e outras avaliações de interesse é a forma como os resultados serão inseridos na intervenção e interpretados com os clientes Os testes de interesse nas perspectivas clínica e evolutiva por exemplo deixam de ter um caráter prescritivo em termos de escolha e podem permanecer nos processos de avaliação e intervenção como ferramentas facilitadoras do autoconhecimento e de exploração de possibilidades educacionais ou ocupacionais Especialmente com clientes que apresentam pouco repertório verbal e baixa clareza de autoconceito esses instrumentos se tornam muito úteis para favorecer a autodescrição Mas esse uso precisa ser esclarecido para que não gere expectativas de resultados que não podem ser fornecidos quer dizer uma prescrição da escolha Com relação à maturidade e aos aspectos da personalidade um questionamento possível é a falta de uma melhor conexão entre estas avaliações do indivíduo e os processos de intervenção Como clientes com um certo perfil de inclinações de personalidade avaliado pelo BBTBr por exemplo ou características de funcionamento deve ser trabalhado em um processo de aconselhamento Que modelo de intervenção é mais benéfico para indivíduos com esta ou aquela dificuldade nos âmbitos de maturidade Essas reflexões valem para todos os aspectos do indivíduo que se pretenda avaliar Desde Parsons 1909 a estrutura básica de qualquer intervenção de carreira inclui um conhecimento acurado sobre o indivíduo o mundo ocupacional e a integração dessas informações numa síntese pessoal transformada em um projeto pessoalprofissional O papel do orientador é o de auxiliar nos processos de autoconhecimento e conhecimento do mundo ocupacional e na elaboração de metas e estratégias para sua obtenção Nesse sentido precisa saber qual a melhor forma de alcançar essas informações sobre o sujeito e o mundo do trabalho e qual a melhor estratégia de trabalho com um indivíduo ou grupo em particular dadas suas características pessoais e condições para escolha Essas informações poderão ser obtidas por exemplo à medida que pesquisadores sistematizem e testem os modelos de intervenção disponíveis A avaliação do indivíduo e a avaliação do processo andam juntas no sentido de que se necessita de avaliações de processo que não sejam apenas prépós mas de aspectos micro da intervenção e uso dos resultados da avaliação que permita a estruturação de intervençõestécnicas específicas HEPPNER HEPPNER 2003 Entre as várias diretrizes de pesquisa propostas por Heppner e Heppner 2003 para os estudos de intervenção algumas indicam a importância da avaliação do indivíduo por exemplo análise do impacto da aliança de trabalho e técnicas específicas investigar diferenças nas intervenções e resultados em função dos atributos dos clientes investigar diferenças nas intervenções e resultados em função dos atributos dos orientadores conceituar a OP como uma experiência de aprendizagem e investigar os processos que levam à aprendizagem efetiva análise de eventos marcantes das sessões investigar as mudanças longitudinalmente avaliar os processos cognitivos que podem mediar o processo de OP Como se pode observar o campo da avaliação da pessoa em OP ainda tem muito a avançar especialmente no contexto brasileiro em que são escassos os instrumentos disponíveis para pesquisa e intervenção 323 Considerações finais sobre a avaliação da pessoa no contexto brasileiro Apesar dessa crítica à situação da avaliação da pessoa em Orientação Profissional o momento parece oportuno para o crescimento e amadurecimento da área Como se verifica novos testes têm sido desenvolvidos voltados às intervenções testes estes que contam com evidências de validade e fidedignidade adequadas Do mesmo modo escalas experimentais estão sendo construídas e já constituem um arsenal de ferramentas para a pesquisa sobre intervenção Resta aos orientadores e pesquisadores da área de OP sofisticarem os modelos teóricos que dão sustentação às suas intervenções especificando melhor as variáveis relevantes de serem avaliadas a fim de que novos instrumentos possam ser propostos e a pertinência da sua avaliação possa ser testada empiricamente A maioria dos instrumentos citados neste capítulo por exemplo sejam eles comercializados ou de pesquisa não chega a esclarecer como eles podem ser integrados dentro de um processo mais amplo de Orientação Profissional Os fundamentos teóricos e psicométricos dos instrumentos são em geral adequados mas não se explicita muitas vezes o modelo de Orientação Profissional dentro do qual o instrumento pode ser empregado e como seus resultados podem ser trabalhados com os clientes na Orientação Dessa forma alguns instrumentos podem ser facilmente entendidos por orientadores com pouca experiência ou formação deficiente em Orientação Profissional como testes que indicam respostas para os clientes fazendo a Orientação Profissional se confundir com os próprios testes Os testes de interesse e de personalidade parecem ser especialmente vulneráveis a esse tipo de uso Nesse sentido mais pesquisas são necessárias mostrando não apenas as qualidades psicométricas dos instrumentos mas principalmente os efeitos que eles produzem nos clientes e no processo da própria Orientação Nesse sentido voltase também à discussão sempre presente no âmbito internacional e que há algum tempo tem sido colocada em questão no Brasil da certificação de competências do orientador profissional LASSANCE MELOSILVA BARDAGI PARADISO 2007 SOARES 1999 TALAVERA et al 2004 Assegurar a área da OP como um contexto de trabalho específico que exige formação e atualização constantes e recomendar que os profissionais tenham domínio dos escopos teóricos das ferramentas de avaliação no caso dos psicólogos dos testes padronizados e que desenvolvam competências de aconselhamento entre outros aspectos pode aumentar a qualificação geral dos serviços prestados à comunidade assegurando maior consistência nas intervenções e maior eficácia nos resultados Um profissional bem preparado terá melhores condições de interpretar uma demanda de atendimento fazer uso dos instrumentos à disposição e estruturar processos que venham ao encontro das necessidades de clientes específicos Como se sabe que essas questões não costumam fazer parte dos conteúdos ensinado em disciplinas de OP nas universidades NUNES et al 2007 é necessário um aprimoramento dos processos de formação de orientadores em geral tanto dentro quanto fora dos círculos acadêmicos Referências ACHTNICH M O BBT Teste de Fotos de Profissões método projetivo para a clarificação da inclinação profissional São Paulo CETEPP 1991 ANASTASI A URBINA S Testagem psicológica Porto Alegre Artes Médicas Sul 2000 ANTUNES J B Valdo M E MeloSilva L L Uma experiência de orientação profssional em grupo In MeloSilva L L Santos M A Simões J T Avi M C Orgs Arquitetura de uma ocupação São Paulo Vetor 2003 p 343362 BALBINOTTI M A A Vers un modèle explicatif de la cristallisation des préférences professionnelles durant ladolescence 2000 Tese Doutorado Université de Montreal Montreal 2000 A noção transcultural de maturidade vocacional na teoria de Donald Super Psicologia Reflexão e Crítica v 16 n 3 p 461473 2003 MAROCCO A TÉTREAU B Verificação de propriedades psicométricas do Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais Revista Brasileira de Orientação Profissional v 4 p 7186 2003 TÉTREAU B Questionário de educação à carreira propriedades psicométricas da versão brasileira e comparação transcultural Revista Brasileira de Orientação Profissional v 7 n 2 p 4967 2006a TÉTREAU B Níveis de maturidade vocacional de alunos de 14 a 18 anos do Rio Grande do Sul Psicologia em Estudo v 11 n 3 p 551560 2006b BALBINOTTI M A Wiethaeuper D Barbosa M L L Níveis de cristalização de preferências profissionais em alunos de ensino médio Revista Brasileira de Orientação Profissional v 5 n 1 p 1528 2004 BANDURA A Selfefficacy the exercise of control New York W H Freeman 1997 BARRETT T C Vocational selfconcept crystallization as a factor in vocational indecision 1976 Tese Doutorado Southern Illinois University Edwardsville 1976 BARUTH L G Manning M L Multicultural education and children and adolescents Needham Heights MA Allyn Bacon 1992 BERNARDES E M Jacquemin A O Teste de Fotos de Profissões BBT de Achtnich um estudo longitudinal com adolescentes São Paulo Vetor 2002 BESSA P P Teste do Catálogo de Livros BessaTramer manual Rio de Janeiro CEPA 1998 BLUSTEIN D The psychology of working Mahwah Lawrence Erlbaum Associates 2006 BOHOSLAVSKY R Orientação vocacional a estratégia clínica São Paulo Martins Fontes 1977 BORDÃOALVES D P MeloSilva L L Maturidade ou imaturidade na escolha da carreira uma abordagem psicodinâmica Avaliação Psicológica v 7 n 1 p 2334 2008 BRAGA G L ANDRADE A M F Teste das Dinâmicas Profissionais TDP São Paulo Vetor 2006 BRISLIN R The wording and translation of research instruments In Lorner W Berry J Orgs Field methods in crosscultural research Newbury Park Sage 1986 p 137164