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Psicologia Social

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Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 1 Siganos em facebookcompsicologiapt OS EFEITOS DO DIVÓRCIO NA CRIANÇA 2016 Isabella Thays Ortiz Silva Psicóloga graduada pela Faculdade da Amazônia campus VilhenaRO Brasil Charlisson Mendes Gonçalves Mestre em Psicologia pela PUC Minas Psicólogo graduado pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Professor na Faculdade da Amazônia campus VilhenaRO Brasil Email de contato isabellapsicologiahotmailcom RESUMO O número de divórcios tem crescido consideravelmente na atualidade e várias consequências são oriundas desse fenômeno Esse trabalho visa elucidar os efeitos vivenciados pelos filhos durante o divórcio Tratase de uma pesquisa de revisão bibliográfica fazendo um levantamento de referências teóricas publicadas por meios escritos e eletrônicos Nessa pesquisa observouse que durante as mudanças ambientais a criança poderá apresentar mudanças emocionais como exemplo o transtorno de ansiedade social ou transtorno de ansiedade de separação A criança ainda pode vir a demonstrar dificuldades nas atividades cotidianas desenvolvendo baixa autoestima e baixa qualidade de vida Estudar esses efeitos é um caminho para ampliar as intervenções com os envolvidos nas situações litigiosas de divórcio Palavraschave Divórcio efeitos do divórcio criança Copyright 2016 This work is licensed under the Creative Commons Attribution International License 40 httpscreativecommonsorglicensesbyncnd40 Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 2 Siganos em facebookcompsicologiapt INTRODUÇÃO Na atualidade há um elevado índice de divórcios em nossa sociedade gerando grandes mudanças na vida dos filhos mudanças psicológicas e ambientais como ansiedade depressão dificuldades na aprendizagem e também sofrimento decorrente da ausênciaperda de um dos genitores que poderá gerar inúmeros conflitos para essa criança TOLOI 2006 O infante poderá também desenvolver ansiedade advinda do divórcio do casal e sofrer por mudanças no núcleo familiar fatores inevitáveis para a mesma GRZYBOWSKI 2010 Na escola também poderão ser observadas algumas dificuldades implicando na alfabetização na concentração e na socialização da criança interferindo diretamente na qualidade de vida da mesma RAPOSO et al 2010 Sendo assim esse trabalho visa elucidar a influência emocional que as crianças sofrem após o divórcio dos pais A criança poderá elaborar a separação de forma natural podendo ou não desenvolver patologias de forma que alguns aspectos sejam inevitáveis para elas por exemplo a mudança de rotina de ambiente e até mesmo em relação à sua estrutura familiar BRITO 2007 Dessa forma a pesquisa busca ainda identificar como as crianças podem demonstrar emocionalmente as mudanças ambientais e estruturais experienciadas por elas durante o divórcio conjugal Segundo Souza 2000 os filhos têm sua saúde mental preservada através do bom relacionamento pré e pósseparação de seus genitores Logo entendese que tudo dependerá da qualidade do contato com a figura parental e de como as mudanças no núcleo familiar serão elaboradas pela criança Com o divórcio dos pais vem também o divórcio com os filhos pois grande parte dos casais também se separam dos filhos trazendo assim grandes prejuízos emocionais ao infante Esta pesquisa seguiu a metodologia de revisão bibliográfica pesquisando os temas relativos ao trabalho através de levantamento de referências teóricas publicadas em meio eletrônico e escrito encontrados em livros artigos e sites científicos sendo eles Scielo e Pepsic Durante a pesquisa abordase o desenvolvimento infantil colocando a influência do divórcio para o desenvolvimento da criança também sobre a importância que a família exerce no período posterior ao divórcio contribuindo para a qualidade de vida da criança Sendo assim observaramse indicativos de ansiedade nas crianças que sofrem com o divórcio conjugal dos pais podendo então desenvolver transtorno de ansiedade social que se caracterizam por medo ou desconforto perante a pessoas estranhas ou situações em que coloquem o individuo em exposição ou avaliação Explanouse ainda sobre o transtorno de ansiedade de separação com ênfase na separação conjugal DSM5 2014 Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 3 Siganos em facebookcompsicologiapt O estudo do tema permitirá aos pesquisadores e profissionais que atuam com crianças que vivenciam o divórcio ter uma visão mais ampla acerca desse processo e desenvolvam intervenções mais eficazes para aplicar nesses casos DESENVOLVIMENTO INFANTIL Na infância ocorrem os seguintes processos de desenvolvimento da criança cognitivo físico e mental A primeira infância é o momento em que a criança aprende e se conceitua como um eu Newcombe 1999 define que com aproximadamente 18 meses a criança já se reconhece fazendo com que nos meses seguintes sua autopercepção e sentimentos sejam aprimorados A criança mais velha tende a se descrever a partir da forma como percebe seu corpo pois nomeia suas características observáveis e só mais tarde observa traços psicológicos Percebese nas literaturas a importância da autoestima da criança pois após formar um autoconceito ela atribui valores para si própria podendo ou não influenciar em sua autoestima NEWCOMBE 1999 Newcombe 1999 relata que o desenvolvimento dos filhos dependerá dos pais de como eles estão ou não saudáveis psicologicamente visto que os pais promovem a segurança emocional da criança a independência o sucesso intelectual e a competência social Nas casas de pais divorciados seria de grande importância se os excônjuges mantivessem uma relação solidária pois o autor traz a importância das relações pai e mãe para melhor adaptação da criança ao novo contexto familiar As crianças mais jovens sofrem mais com o divórcio até mesmo acreditando serem culpadas por tal acontecimento O divórcio vivenciado durante a infância poderá gerar efeitos negativos na vida da criança já que segundo Homem 2009 com a concretização do divórcio e a saída de um dos genitores de casa a criança fica quase que privada desse genitor Além do contato possivelmente se tornar menor a criança pode perceber uma perda da atenção da figura parental e do tempo disponível O divórcio gera no filho sentimento de insegurança em relação aos vínculos familiares influenciado diretamente pelo comportamento parental A longo prazo o desenvolvimento infantil exposto a esses fatores pode levar a dificuldades em sua autoestima Oaklander 1980 discorreu que o divórcio poderá ser o desencadeador da baixa autoestima na criança demonstrandose através de comportamentos como chorar com facilidade necessidade de vencer trapaças comportamentos antissociais críticas a si mesmo O divórcio pode ainda dificultar o desenvolvimento sadio da criança que se acompanhada de negligência por parte do genitor presente eleva o grau de sofrimento da criança Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 4 Siganos em facebookcompsicologiapt SAÚDE MENTAL DA CRIANÇA O conceito de saúde vem sendo discutido nas últimas décadas ampliando o foco da dualidade saúdedoença para uma dimensão a qual inclui aspectos biopsicossociais dos fenômenos humanos Nesse trabalho problematizase a definição de saúde como ausência de doença ou sintomas a partir das construções de Dalgalarrondo 2008 Sabese que em saúde mental é difícil caracterizar saúde e doença pois não se tem definições exatas para esses termos dificultando a interpretação de normal e patológico Para o autor a busca pela preservação da saúde mental das crianças ao decorrer do processo de divórcio pode ser de grande valia pois poderia prevenir dificuldades futuras Nas construções teóricas de Almeida 2011 saúde é definida como um bemestar físico mental e social compreendido como satisfação das necessidades humanas Entretanto esse conceito se reduz às necessidades básicas e por isso é ultrapassado Posteriormente o conceito de saúde fora discutido por diversos autores entre eles Dalgalarrondo 2008 que abordaram a impossibilidade de se atingir um completo bemestar físico mental e social defendendo que essa ideia se fundamenta na fantasia do perfeito bemestar A infância é a fase inicial do desenvolvimento psíquico e fisiológico logo o infante prejudicado nesta fase terá maior probabilidade de desenvolver algum tipo de patologia Isso se agrava pela ausência de um dos genitores no período de desenvolvimento podendo comprometer a saúde mental da criança Durante o divórcio a criança vivencia inúmeras situações novas e desagradáveis que a longo prazo podem se transformar em transtornos psicossociais FERRIOLLI 2007 Segundo Toloi 2006 nos conflitos interparentais lidar com o divórcio e com seus efeitos têm grande influência na saúde mental dos sujeitos envolvidos A autora percebeu que mudanças ocorridas de forma rápida são geradas de inúmeras transformações nas crianças as quais vivenciavam o divórcio dos pais causando impacto direto no funcionamento mental Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um relacionamento coparental saudável envolvendose em brigas discussões e até mesmo agressões As crianças que assistem esses tipos de agressões recebem um impacto direto em sua saúde mental A separação pode ser entendida como uma relação parental fracassada porém quando existem filhos tratase de uma relação de pais separados e de filhos que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar As mudanças em tal núcleo geram conflitos emocionais cabendo aos ex cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova configuração da relação e da realidade familiar beneficiando o filho que continua existindo para ambos GRZYBOWSKI 2010 Diante de um sistema familiar existem inúmeras relações possíveis sendo a criança contribuinte ativa nas interações Cada membro da família exerce um papel de importância e de Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 5 Siganos em facebookcompsicologiapt influência A influência da criança na relação com seus genitores é de vital importância para seu desenvolvimento saudável O surgimento de determinada mudança repentina na base familiar pode influenciar diretamente em seu desenvolvimento Dentre as principais mudanças citase crescimento físico desenvolvimento da linguagem concepção do eu desenvolvimento cognitivo e autonomia RODRIGUES2010 Martins 2010 relata que devido à grande incidência de divórcios na atualidade os efeitos para as crianças estão sendo potencializados desestabilizando vínculos familiares e criando um novo modelo de família a família monoparental Entendese que a separação vem afetando todas as partes envolvidas no divórcio então com o objetivo de diminuição dos danos a psicologia nesses casos procura trabalhar as possibilidades de vínculo favorecer a preservação da saúde mental dos envolvidos principalmente da criança em desenvolvimento A elaboração do divórcio para a criança dependerá de como ele se deu de forma conflituosa ou não de como serão estabelecidos os vínculos no período posterior ao divórcio da frequência das visitas do relacionamento entre os pais Para Dantas 2004 é de suma importância que se fortaleçam os vínculos com os filhos após a separação A construção da personalidade da criança para a autora se relaciona com o momento no qual se reconhece em seus pais Ela levanta a importância paternal e maternal para o desenvolvimento sadio da criança já que sem relação com os pais a criança não consegue construir sua própria identidade Os momentos de ser reconhecido e se reconhecer precisam acontecer na relação entre pais e filhos Quem se separa é o par amoroso o casal conjugal O casal parental continuará para sempre com as funções de cuidar de proteger e de prover as necessidades materiais e afetivas dos filhos Costumo afirmar que o pior conflito que os filhos podem vivenciar na situação da separação dos pais é o conflito de lealdade exclusiva quando exigida por um ou por ambos os pais FéresCarneiro1998 p387 Segundo Bolsoni 2009 as crianças de famílias divorciadas estão mais vulneráveis a uma série de dificuldades tanto a curto como a longo prazo Essas estão mais prédispostas a desenvolver depressão ansiedade dificuldade de aprendizagem e agressividade Entre as dificuldades enfrentadas pelos pais ressaltase a de diferenciar o papel de paie mãe com o de maridoemulher Se a situação litigiosa se estende isso pode causar na criança uma preferência entre um dos pais privando a mesma do vínculo com o outro genitor podendo causar conflitos internos e elevando assim o grau de estresse e ansiedade do infante COSTA 2011 Segundo Fonseca 2006 o divórcio pode levar a muitas dificuldades para todas as partes dentre eles a alienação parental Essa segundo o autor seria a crítica inverdades falsas Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 6 Siganos em facebookcompsicologiapt memórias que um genitor profere em relação ao outro sempre com o objetivo de extinguir o vínculo entre a outra parte e o filho A alienação parental ocorre com maior incidência nas crianças mais jovens pois quando a criança adquire certo grau de independência já percebe a alienação Em decorrência da alienação parental surge a Síndrome da Alienação Parental que gera sequelas emocionais e comportamentais na criança Essa síndrome pode levar o filho a romper completamente o contato com um dos genitores por efeito da alienação realizada pelo genitor alienante Os pais que praticam a alienação parental têm como objetivo privar totalmente o excompanheiro da vida do filho TRANSTORNO DA ANSIEDADE SOCIAL O Transtorno de Ansiedade Social pode ser desencadeado de diferentes formas uma delas é através do divórcio Esse é o transtorno que será abordado nesse subtítulo Os primeiros relatos de ansiedade infantil foram do século XX segundo Freud 1909 que descreveu o caso do pequeno Hans um garoto de cinco anos de idade que sofria de neurose fóbica Nas concepções mais contemporâneas acerca da ansiedade infantil Vianna 2009 apresenta o transtorno de ansiedade social na infância Esse transtorno pode ser entendido como uma angústia um medo anormal de estranhos É preciso destacar que até dois anos e meio de idade é esperado que a criança sinta desconforto em meio a estranhos e esse é um comportamento aceito como normal no seu desenvolvimento Porém é considerado patológico se for estendido por um longo período de tempo e interferir na vida social da criança Esse transtorno também causa alterações físicas como palpitação tremores sudorese tensão muscular VIANNA 2009 O DSM5 2014 caracteriza o Transtorno de Ansiedade Social TAS como medo ou ansiedade acentuada frente a uma ou mais situações sociais nas quais esse indivíduo é exposto à avaliação de outras pessoas como exemplo ser observado ou encontrar pessoas desconhecidas Em crianças os sintomas de ansiedade são expressos com ataques de raiva comportamento de agarrarse choro intenso Quando a criança se depara com essas circunstâncias apresenta medo e ansiedade Para um possível diagnóstico é preciso constatar a existência dos sintomas há pelo menos seis meses O transtorno de ansiedade social pode ter início na infância oriundo de uma experiência estressante ou humilhante ou pode ter início insidioso se desenvolvendo lentamente Os fatores de risco para desenvolvimento desse transtorno são maus tratos e adversidades na infância que compreendem cerca de 75 dos casos início entre 8 e 15 anos ou até mesmo no princípio da infância Para Isolan 2007 o Transtorno de Ansiedade Social TAS ou Fobia Social é um transtorno social caracterizado por medo acentuado e persistente de algumas situações sociais Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 7 Siganos em facebookcompsicologiapt Em tais situações o sujeito é exposto a pessoas estranhas ou a situações as quais lhe coloquem a prova Outro transtorno que pode ser desencadeado pelo divórcio será trabalhado no subtítulo que se segue TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO Segundo o DSM5 2014 o transtorno de ansiedade de separação é caracterizado por medo ou ansiedade excessiva envolvendo a separação da criança dos indivíduos as quais já é apegada Essa separação gera sofrimento excessivo preocupação em relação a uma possível perda recusa de sair ou afastarse de casa impedimento à realização de atividades rotineiras como ir à escola ou sair para momentos de lazer O temor da separação toma uma dimensão muito significativa e impede o desenvolvimento de diversas atividades que geravam satisfação O diagnóstico nas crianças é feito a partir da manifestação dos sintomas por pelo menos quatro semanas A ansiedade de separação em relação às figuras de apego faz parte do início do desenvolvimento normal pois indicam o estabelecimento das relações de apego seguro O transtorno de ansiedade de separação pode ocorrer na idade préescolar ou mesmo em qualquer período da infância se desenvolvendo a partir de um estresse ou perda O divórcio tema central desta pesquisa se apresenta como um dos fatores de risco para desenvolvimento desse transtorno A IMPORTÂNCIA FAMILIAR PARA A REESTRUTURAÇÃO DA CRIANÇA APÓS A SEPARAÇÃO Segundo Almeida 2011 a família é o primeiro grupo ao qual a criança pertence e é a partir dele que surgem inúmeros tipos de vínculo que poderão interferir na formação da identidade do sujeito e também na sua modalidade de aprendizagem cuja formação se dará de acordo com seus primeiros contatos no âmbito familiar Nesse sentido a família em um primeiro momento comporta toda a referência da criança e é a responsável pela sua formação A família como sistema tem a função psicossocial de proteger cuidar e zelar por seus membros A sua estrutura é formada pelas normas transacionais que se repetem e assim criam sua identidade compartilhando e repassando histórias e vivências passadas Com a separação a divisão da família ocorre sua estrutura é prejudicada e os vínculos familiares empobrecidos ALMEIDA 2011 Para Santos 2013 família é um grupo de pessoas que moram junto e desenvolvem laços afetivos eou sanguíneos Também a descreve como base do sujeito já que ao nascer é inserido Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 8 Siganos em facebookcompsicologiapt em grupos familiares garantindo sua sobrevivência e aprendendo determinados valores Nos dias atuais com a sua reestruturação pode haver famílias com só um dos genitores ou genitores do mesmo sexo uma família adotiva entre outras dependendo da nova organização feita Sendo assim no período posterior ao divórcio a família passa também pela mudança no seu núcleo Santos 2013 fez a seguinte construção em relação às fases que ocorrem após o divórcio Fase aguda a fase prédivórcio na qual ocorrem as brigas discussões insatisfação com o outro e evidente frustração na maioria das vezes é vivenciada também pela criança Fase transitória o divórcio já foi consolidado e agora ocorrem as reorganizações de papéis as novas normas e regras entre pais e filhos Fase do ajuste aceitação do divórcio fase em que ocorre a restauração tanto de pais quanto de filhos consolidando novas visões e podendo ser inserido novo integrante ao âmbito familiar Para o autor com a separação dos pais é possível que ocorra um distanciamento desses em relação aos filhos Após o divórcio pode ainda ocorrer a briga pela guarda da criança colocando ainda mais distanciamento à vinculação familiar pósdivórcio Neste contexto a criança precisa reconstruir as figuras paterna e materna após a separação ressignificando as vivências e experiências passadas Após a mudança grandiosa que é a saída de uma das figuras parentais de casa é preciso se adaptar a uma moradia onde as coisas serão diferentes É de grande importância para a estruturação da criança que esses ambientes sejam em alguma medida parecidos compartilhando das mesmas regras deveres e rotina GRZYBOWSKI 2010 As crianças mais jovens de acordo com Santos 2013 têm maiores dificuldades de entender e simbolizar a separação estas estão mais propensas a se culparem e sentirem abandonados pelos pais Segundo Ramires 2010 junto com a mudança estrutural familiar existem as externas como mudança de casa nível econômico social perda do contato com a outra parte Na separação o ideal seria que a família se subdividisse em busca de um relacionamento saudável principalmente para melhor relação com os filhos A alteração do núcleo familiar coloca essa criança diante de fatores estressantes dificultando seu ajuste ao divórcio dos pais aumentando os níveis de ansiedade e depressão na criança É ainda de muita importância o relacionamento estável entre os pais pois com isso é possível um melhor ajustamento da criança ao divórcio A qualidade da relação dos pais é de suma importância para o bemestar do filho RAPOSO et al 2010 Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 9 Siganos em facebookcompsicologiapt Após o divórcio ocorre a readaptação da criança à nova configuração familiar em que ela irá internalizar que o divórcio ocorreu de forma conjugal e não parental Embora o casal tenha se separado eles continuarão sendo pais da criança Sabese que após o divórcio é possível ocorrer uma diminuição da qualidade da parentalidade com a criança acontecendo um maior afastamento em relação aos filhos A problemática maior seria quando o filho também se torna exfilho gerando sofrimento emocional RAMIRES 2010 Dantas 2004 relata a importância da figura paterna que na maioria das separações é quem sai de casa e acaba se ausentando da vida da criança O autor coloca na figura do pai o primeiro papel de separar a criança de sua mãe rompendo a simbiose e colocandolhe limite O segundo papel paterno seria ajudar a confirmar a identidade de seu filho a também investindo segurança e autoestima O terceiro papel seria de transmitirlhe afetos para possibilitar melhor a vinculação entre ambos Segundo Bolsoni 2009 a família pode contribuir de diversas formas para que as crianças não sofram com o divórcio o autor coloca a importância do diálogo e orientação realizada por um profissional durante tal processo com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da separação A manutenção do diálogo entre os pais pode ajudar a criança a lidar com as dificuldades na transição da estrutura familiar Se encontrada uma fonte de apoio nos pais o filho pode até mesmo compartilhar seus medos e receios ajudando a suportálos A parte que fica com a guarda da criança na maioria dos casos é a mãe Durante a separação a mãe geralmente passa por um período de stress e sobrecarga pois em meio a dor da separação do excompanheiro ainda precisa fornecer suporte ao filho BOLSONI 2009 A família é constituída em um campo dinâmico no qual fatores conscientes e inconscientes influenciam nessa constituição A criança sofre desde seu nascimento a influência dessa família como também é um agente de mudança dentro do grupo familiar Nesse grupo familiar esta introjetado o conceito de família para cada genitor influenciado pelo modo como viveram com suas famílias A família não é estática pois está sempre em movimento e transformação Cada grupo familiar está sempre desejando tendo relações objetais lidando com suas necessidades ansiedades e por esse motivo está sempre em movimento ZIMERMAN 1999 Segundo Santos 2013 toda separação causará danos ou perdas para a criança já que estava acostumada ao convívio familiar Dessa forma os pais estão expondo mais cedo a criança ao sofrimento por não ter mais a família devido ao aumento do número de divórcios O desgaste decorrente da separação dos pais que as crianças vivenciam as fere por diversos fatores Mesmo nos casos em que os casais não se difamam ou se agridem na frente de seu filho a o sofrimento se faz presente Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 10 Siganos em facebookcompsicologiapt CONCLUSÃO A partir da pesquisa foi possível estudar diversos efeitos do divórcio na saúde mental das crianças Fora observado ainda a importância da estrutura familiar durante o divórcio conjugal O trabalho foi voltado para a infância sabendo que nessa fase ocorrem os processos de desenvolvimento da criança tais quais cognitivo físico e mental e também é o momento no qual a criança aprende e se conceitua como um eu e também estabelece seus primeiros vínculos afetivos Nesse contexto é de grande importância que se mantenham ou até mesmo fortaleçam os vínculos entre pais e filhos após a separação Contudo o divórcio provoca mudanças no núcleo familiar podendo contribuir para possíveis quadros de ansiedade baixa autoestima levando a uma baixa qualidade de vida Sabese que a família é o primeiro grupo ao qual a criança pertence e onde estabelecem suas primeiras relações A família contribui para o desenvolvimento saudável sendo importante após a separação que continue presente para a criança participando de sua rotina e de suas atividades diárias A saúde mental da criança depende da forma como ela vive do contexto em que está inserida da relação com o ambiente a família pode contribuir de diversas formas para que as crianças sejam protegidas em seu período de desenvolvimento Contudo observouse a pouca produção de pesquisas cientificas nessa área que ainda tem tantos conteúdos a serem abordados como exemplo as patologias transtornos ou síndromes que podem ser desenvolvidos nos filhos durante a cisão que se dá no divorcio e que é de grande importância na atualidade onde o índice de divórcio é elevado O trabalho aborda as influências para a criança no pósdivórcio fase de grande valia às pesquisas relacionadas à percepção infantil frente à separação e a nova estruturação familiar Sendo assim visualizouse o benéfico para a sociedade a partir do tema abordado e explanado principalmente para a criança que está em pleno desenvolvimento Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 11 Siganos em facebookcompsicologiapt REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA Decnop Ana Paula Quando o vinculo é doença A influencia da dinâmica familiar na modalidade de aprendizagem do sujeito 2011 Disponível em httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS0103 84862011000200011lngptnrmiso Acessos em 08 outubro 2016 BOLSONI Turini Alessandra VILAS BOAS V Barral Ana Carolina A relação ex cônjuge e entre pais e filhos após a separação conjugal 2009 Disponível em httpbooksscieloorgidkrj5ppdfvalle978859860599909pdf Acesso em 26 de fevereiro BRITO Torraca M Leila Família pósdivórcio Visão dos filhos 2007 Disponível em httpwwwscielobrscielophppidS141498932007000100004scriptsciabstracttlngpt Acesso em 16 de março de 2016 COSTA Fortunato Liana JURAS Martins Mariana O divórcio destrutivo na perspectiva de filhos com menos de 12 anos 2011 Disponível em httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS1415 71282011000100013lngptnrmiso acessos em 08 out 2016 DALGALARRONDO Paulo Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2º ed Porto Alegre Artmed 2008 DANTAS Cristina JABLONSKI Bernardo FERESCARNEIRO Terezinha Paternidade considerações sobre a relação paisfilhos após a separação conjugal Ribeirão Preto v 14 n 29 p 347357 Dec 2004 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0103 863X2004000300010lngennrmiso Acesso em 25 de agosto 2016 DSM5 Manual diagnostico e estatístico de transtornos mentais 5 Ed Porto Alegre Artmed 2014 Psicologiapt ISSN 16466977 Documento publicado em 17122016 Isabella Thays Ortiz Silva Charlisson Mendes Gonçalves 12 Siganos em 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