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Gestão do Agronegócio ·

Ciências do Ambiente

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Associativismo e Gestão de Cooperativas Elizabeth Lima Pereira Mateus de Carvalho Reis Neves Carolina Belei Saldanha Associativismo e Gestão de Cooperativas 2018 por Editora e Distribuidora Educacional SA Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Editora e Distribuidora Educacional SA 2018 Editora e Distribuidora Educacional SA Avenida Paris 675 Parque Residencial João Piza CEP 86041100 Londrina PR email editoraeducacionalkrotoncombr Homepage httpwwwkrotoncombr Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Pereira Elizabeth Lima ISBN 9788552210856 1 Cooperativas 2 Gestão 3 Organização I Pereira Elizabeth Lima II Neves Mateus de Carvalho Reis III Saldanha Carolina Belei IV Título CDD 360 Pereira Mateus de Carvalho Reis Neves Carolina Belei Saldanha Londrina Editora e Distribuidora Educacional SA 2018 224 p P436a Associativismo e gestão de cooperativas Elizabeth Lima Presidente Rodrigo Galindo VicePresidente Acadêmico de Graduação e de Educação Básica Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Danielly Nunes Andrade Noé Grasiele Aparecida Lourenço Isabel Cristina Chagas Barbin Lidiane Cristina Vivaldini Olo Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Mauro Stopatto Isabella Alice Gotti Editorial Camila Cardoso Rotella Diretora Lidiane Cristina Vivaldini Olo Gerente Elmir Carvalho da Silva Coordenador Letícia Bento Pieroni Coordenadora Renata Jéssica Galdino Coordenadora Thamiris Mantovani CRB89491 Unidade 1 Unidade 3 Unidade 2 Unidade 4 Seção 11 Seção 31 Seção 21 Seção 41 Seção 12 Seção 32 Seção 22 Seção 42 Seção 13 Seção 33 Seção 23 Seção 43 Sumário Conceitos introdutórios sobre cooperativas 7 Introdução ao associativismo e ao cooperativismo 9 Tipologia de organizações sociais 24 Tipologia de cooperativismo 40 Gestão aplicada às cooperativas 55 Constituição de associações e cooperativas 57 Organização cooperativa 74 Governança corporativa cooperativa 91 Economia do cooperativismo 113 Integração aos mercados e políticas públicas 115 Fatores econômicos das cooperativas 130 Fatores institucionais das cooperativas 145 Tendências nos negócios cooperativos 165 Nova geração das cooperativas 167 Intercooperação 183 Estratégias aplicadas às cooperativas 198 Vamos nos preparar para entender as possibilidades e os desafios que envolvem o processo de constituição e gestão de Associações e Cooperativas Sem abandonar o rigor teórico vamos contextualizar situações nas quais você poderá perceber e orientarse sobre as potencialidades destas organizações Apesar de estarem presentes em praticamente todos os países do mundo e serem vistas como uma alternativa viável para a melhoria da qualidade de vida da população rural e urbana você já deve ter percebido que pouco se sabe sobre as características das associações e cooperativas Não é difícil inclusive encontrar membros de associações e cooperativas que não possuem um bom entendimento sobre as organizações das quais fazem parte Nos defrontamos a todo momento com demandas por esclarecimentos sobre o contexto em que surgiram e o que são exatamente estas organizações Mas não aprenderemos apenas o necessário para satisfazer a curiosidade dos leigos A matéria introduzida neste curso lhe será exigida no mercado de trabalho por pessoas que depositarão em você esperança por novos e melhores rumos em suas atividades econômicas Portanto é imprescindível que você compreenda as formas como podem ser constituídas associações e cooperativas e como elas funcionam com suas peculiaridades que as distinguem das demais empresas Em toda essa jornada estaremos juntos desenvolvendo tais assuntos em quatro unidades cada uma com três seções Na primeira unidade Conceitos introdutórios sobre cooperativismo vamos ao passado compreender o porquê do surgimento deste movimento econômico e social no Brasil e no mundo logo voltando ao presente para estudar a tipologia destas organizações e o seu papel fundamental no agronegócio Na segunda unidade Gestão aplicada às cooperativas iremos da constituição às peculiaridades relacionadas ao diaadia da direção e controle destas organizações Na terceira Unidade Economia do cooperativismo analisaremos algumas políticas públicas voltadas às cooperativas e entenderemos Palavras do autor virtudes e desafios econômicos destes empreendimentos Por fim as Tendências nos negócios cooperativos serão abordados na quarta unidade na qual aprenderemos e avaliaremos a aplicação de estratégias de desenvolvimento dos negócios cooperativos Todos estes pontos foram pensados para que você seja capaz de perceber que as cooperativas devem ser geridas de modo a atender aos anseios de seus cooperados ao mesmo tempo em que são eficientes no atendimento às demandas do mercado E não se preocupe com dedicação e comprometimento você irá passar por este novo desafio Cumpra com suas tarefas e busque nas bibliografias indicadas mais informações Conhecimento nunca é demais Afinal a aprendizagem paradoxalmente sempre nos gera novos questionamentos Esta é a beleza do conhecimento é infinito Os primeiros passos logo serão dados e depois será a hora de se aprofundar e se preparar para os novos desafios Sucesso Unidade 1 Caro aluno Em momentos de desaceleração da atividade econômica nos deparamos com períodos de crise seja pessoalmente ou na experiência de nossos familiares e amigos que passam por dificuldades econômicas Mas é também nestas ocasiões de desemprego nas cidades de menores preços pagos ao produtor rural e de aperto na renda que as pessoas buscam alternativas São as associações e cooperativas formas organizacionais capazes quando bem entendidas e geridas de melhorar a situação social e econômica que em países destacadamente desiguais como o nosso estão sempre em voga e atualmente são mais válidas do que nunca Para aqueles que conhecem essas alternativas não é surpreendente saber que quase a metade de toda a produção agropecuária brasileira está ligada às cooperativas Percebam então que é preponderante ao profissional de agronegócios compreender especificidades e características gerais destas organizações Mormente no meio rural onde são tão presentes Veja agora o contexto desta Unidade 1 que foi elaborada para que você compreenda os pontoschave do cooperativismo e do associativismo ao longo das próximas três seções Você é um gestor de agronegócios e em uma de suas viagens prestando consultorias pelo país conheceu João Como você já sabe João é um jovem recémformado em um curso técnico em agropecuária Filho de agricultores nasceu e Convite ao estudo Conceitos introdutórios sobre cooperativas foi criado na bucólica cidade de Nova Felicidade Desde novo João acompanhava seus pais na lida da pequena propriedade rural e foi tomando gosto pela atividade Seus pais há muito aguardavam por seu regresso após sair ainda tão novo para os anos de estudo longe de casa Agora formado João poderia ajudálos a produzir mais e melhor elevando a renda da família e garantindo uma melhor qualidade de vida a seus pais Entretanto conforme o tempo passava João foi percebendo que não seria tão simples atingir seu objetivo de melhorar as condições de produção e de vida de seus pais Em conversas com seus pais e com vizinhos de porteira João notou que sempre se queixavam das dificuldades em adquirir os insumos agropecuários e de como se sentiam explorados pelos comerciantes destes produtos Ao mesmo tempo todo o esforço na melhoria da produção de milho e leite da sua propriedade não se traduzia em preços mais atrativos na hora da venda Desde a falência da antiga fábrica de laticínios de Nova Felicidade a venda da produção era feita de forma errática aos poucos compradores e atravessadores que apareciam na região os quais compravam a produção pagando preços muito baixos aproveitandose da condição vulnerável dos produtores locais Uma alternativa a venda de portaemporta na cidade era desgastante e gerava resultados igualmente incertos E aí gestor Vamos ajudar seu amigo João a se manter firme no sonho de elevar a renda de seus pais e de auxiliar seus vizinhos É o que vamos começar a fazer a partir de agora quando iremos também perceber que a história de João seus pais e dos produtores rurais de Nova Felicidade ébem similar ao contexto do surgimento do cooperativismo moderno U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 9 Caro aluno Talvez você já tenha ouvido falar de organizações sociais como associações ou cooperativas que eram pujantes no passado e que hoje não existem mais Ou já tenham ouvido falar de pessoas que se queixam da pouca efetividade de sua participação nestas organizações Nos dois casos é bem possível que um ponto em comum seja o desconhecimento sobre os conceitos as bases históricas e as possibilidades destes empreendimentos O contrário também pode lhe ser familiar produtores rurais se queixando por falta de oportunidades porém alheios a alternativas que passem pela organização coletiva Novamente podemos concluir o mesmo falta de conhecimento que nos é imprescindível para apresentarlhes mais esta possibilidade É este o contexto em que você será colocado tendo em vista auxiliar o jovem João na resolução de alguns de seus problemas e de seus vizinhos Afinal você é um gestor de agronegócios e em uma de suas viagens prestando consultorias pelo país conheceu João Como você já sabe João é um jovem recémformado em um curso técnico em agropecuária de forma que agora João poderia ajudálos a produzir mais e melhor elevando a renda da família e garantindo uma melhor qualidade de vida a seus pais Entretanto conforme o tempo passava João foi percebendo que não seria tão simples atingir seu objetivo de melhorar as condições de produção e de vida de seus pais Em conversas com seus pais e com vizinhos de porteira João notou que sempre se queixavam das dificuldades em adquirir os insumos agropecuários e de como se sentiam explorados pelos comerciantes destes produtos Ao mesmo tempo todo o esforço na melhoria da produção de milho e leite da sua propriedade não se traduzia em preços mais atrativos na hora da venda Desde a falência da antiga fábrica de laticínios de Nova Felicidade a venda da produção era feita de forma errática Seção 11 Diálogo aberto Introdução ao associativismo e ao cooperativismo U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 10 aos poucos compradores e atravessadores que apareciam na região e que compravam a produção pagando preços muito baixos aproveitandose da condição vulnerável dos produtores locais Uma alternativa a venda de portaemporta na cidade era desgastante e gerava resultados igualmente incertos Diante da situação desafiadora dos produtores rurais de Nova Felicidade incluindo seus próprios pais João recordouse de uma conversa rápida que vocês dois tiveram sobre as possibilidades decorrentes da união de produtores rurais em cooperativas Porém nesta ocasião o assunto não foi aprofundado Assim apesar de recordar o que você lhe falou João pouco compreende do que se trata uma cooperativa epor isso contatoulhe E agora como ajudar João a organizar melhor suas ideias Para auxiliálo você deve discutir com ele algumas questões qual o conceito de organização cooperativa Qual a finalidade de uma cooperativa Em que contexto surgiu o cooperativismo moderno E quais os princípios cooperativistas Não pode faltar Você já deve ter percebido que o termo Cooperação tem sido muito utilizado na atualidade não é mesmo Costuma ser mencionada a necessidade de cooperação entre os países entre as instituições de ensino entre as empresas entre todos os tipos de organizações enfim entre as pessoas O que motiva este discurso é a crença de que a ação em grupo potencializa o alcance de melhores resultados quando comparados à ação individual Apesar de seu apelo contemporâneo a cooperação e a associação entre pessoas em suas diferentes formas remontam aos primórdios da humanidade Sabemos da existência de formas primitivas de cooperação desde a PréHistória da civilização Segundo Gayotto 1976 na Babilônia haviam sistemas de exploração coletiva de terras alugadas No Egito ainda na Antiguidade escravos e trabalhadores agrícolas organizavamse em espécies de grêmios Algumas queijarias cooperativas nas montanhas francesas surgirama partir de formas organizadas primitivas cuja existência remonta ao século XIII Também podemos citar exemplos de cooperação nas Américas no México o uso coletivo de terras chamadas ejidosfoi organizado pelos U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 11 indígenas e algumas dessas terras se transformaramatualmenteem cooperativas de produção agrícolaJá entre os Astecas as terras eram cultivadas coletivamente Apesar destas terem sido formas associativas relevantes e em seu tempo terem ajudado na sobrevivência e desenvolvimento de povos inteiros não podemos negligenciar que as dificuldades das condições de trabalho a partir do século XIX formaram terreno fértil no qual o Cooperativismo Moderno surgiu e teve seu maior impulso A Revolução Industrial eclode na Europa entre o final do século XVIII e início do século XIX sob a égide do liberalismo econômico A escola do liberalismo econômico tem como um de seus principais autores o inglês Adam Smith Em suas obras defende três pilares básicos dessa escola i divisão do trabalho especialização dos trabalhadores para realização de tarefas específicas em linhas de montagemii livre concorrência com as leis da oferta e demanda definindo os preços dos bens e serviços e iii defesa da propriedade privada com o Estado pouco intervindo na economia Reflita O 5 princípio de Rochdale estabeleceneutralidade política e religiosa Como você relaciona este princípio com os fundamentos e a organização das cooperativas Sabemos que o cooperativismo moderno emergiu dos trabalhadores e que seu surgimento se relaciona à busca por condições econômicas e sociais mais favoráveis Entretanto a origem popular do cooperativismo não significa afirmar que tal movimento se desenvolveu isolado de pensamentos e influências externos inclusive de sociólogos e economistas da época Percebemos que em meio a todas essas dificuldades vivenciadas pela classe trabalhadora surgiam ideias que se opunham às bases do sistema de produção econômico tais como a cada um segundo a sua capacidade a cada um segundo suas necessidades Tais pensamentos surgiam de um grupo específico como o do francês Charles Fourier 17721837 e do inglês Robert Owen 1771 1858 De acordo com Bialoskorski Neto 2012 estes pensadores U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 12 opunhamseàs injustiças sociais que ocorriam na Europa durante a Revolução Industrial Hugon 1995 afirma que esses pensadores contribuíram de maneira decisiva quanto à concepção do que seriam as modernas cooperativas e seus princípios básicos de organização e de funcionamento Encontramos nestas ideias noções que constituem o entendimento e a política das cooperativas atuais Apesar de notarmos diferenças quanto aos pontos de vista referentes a aspectos teóricos da cooperação podemos salientar as diversas questões em comum em seus conceitoscapazesde transmitir ao movimento cooperativo tanto seu caráter social quanto de sistema econômico Podemos elencar algumas características preponderantes do movimento cooperativo moderno existentes também na obra destes autores e bastante difundidas atualmente I A noção de associação por meio da cooperaçãoobjetivase a associação das forças econômicas individuais na busca deum objetivo comum II A organização do trabalho e a ação de autonomia da mãode obra se faz por iniciativa própria Tratase de ação de autoajuda visando a defesa dos interesses econômicos de seus membros Distinto das ações filantrópicas e aquelas vindas de baixo para cimado poder público O Estado eventualmente somente coordena esta ação III O capital não é omais importante mas é um meio para aconsecução dos fins da cooperativa A cooperação busca por trabalho e mercado para os associados Assim na associação livre e universal apregoada pelos citados autores a propriedade se tornaria societária e não mais individual Haveria deste modo uma modificação na organização produtiva com uma transformação da propriedade individual das empresas para uma situação de cooperação em que todos os membros associados seriam donos Exemplificando A propriedade coletiva do patrimônio das organizações é o que observamos nas cooperativas atuais Assim todo o cooperado de uma cooperativa de produtores de leite por exemplo não é apenas mero U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 13 fornecedor do leite é também dono desta cooperativa incluindo sua estrutura física como os prédios e o maquinário Sob a influência decisiva destas ideias um grupo de trabalhadores do distrito de Rochdale na Inglaterra fundaram em 1844 a primeira organização cooperativa moderna Após uma greve frustrada por melhores salários um grupo de operários tecelões buscava superar as péssimas condições de vida a escassez de alimentos e insumos básicos e o desemprego Em novembro de 1843 o grupo começou a discutir fórmulas para combater seu estado social e financeiro desfavorável Optaram pela criação de uma sociedade de consumo popular baseada nas ideias cooperativistas Em reunião no dia 21 de dezembro de 1844 28 tecelões com um capital de 28 libras economizados com muito sacrifício ao longo de um ano fundaram um armazém comunitário a Sociedade dos Justos Pioneiros de Rochdale Administrada por seus próprios fundadores foi desacreditada pelos comerciantes tradicionais mas logo atraiu a atenção da classe trabalhadora devido à prosperidade alcançada em pouco tempo de funcionamento A fundação desta Sociedade em Rochdale foi o marco inicial do movimento cooperativista moderno em todo o mundo Seu modelo organizacional com algumas adaptações passou a ser copiado no mundo todo A base doutrinária dos estatutos destes pioneiros norteará as cooperativas surgidas ao redor do mundo Seus princípios são até hoje propagados pela Aliança Cooperativa Internacional sendo conhecidos como os Princípios Cooperativistas PINHO 1991 A Aliança Cooperativa Internacional ACI wwwicacoop órgão de representação das cooperativas do mundo inteiro foi fundada em 1895 Tomando como base aqueles princípios cooperativos estabelecidos por ocasião da criação da Sociedade de Rochdale a ACI por ocasião do Congresso ACI de Viena em 1966 estabeleceu a redação dos Princípios Cooperativistas que apesar de algumas modificações ao longo dos anos se manteve como a base fundamental para a caracterização de uma cooperativa U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 14 Quadro 11 Princípios Cooperativistas 1º Adesão voluntária e livre Podem se associar às cooperativas todos aqueles que apresentem condições para oferecer seus serviços e que queiram aceitar as responsabilidades de associado sem discriminação de gênero raça condição social preferência política ou credo religioso 2º Gestão democrática pelos membros Participação ativa e direta de mulheres e homens associados quer no estabelecimento de diretrizes políticas quer na tomada de decisões Este princípio pode ser traduzido na expressão um membro um voto 3º Participação econômica dos membros Igual contribuição ao capital sendo que uma parte do capital social constitui propriedade comum da cooperativa A assembleia geral poderá fixar uma limitada compensação ao capital subscrito como condição ao membro que se associa à cooperativa quotaspartes bem como benefícios aos cooperados na proporção de suas transações com a cooperativa 4º Autonomia e independência Derivam da compreensão de que uma cooperativa é uma associação de ajuda mútua de pessoas que se unem voluntariamente para atender suas necessidades nas áreas econômica social e cultural controlando elas mesmas o funcionamento de sua organização U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 15 5º Educação formação e informação Direcionados aos associados representantes eleitos e funcionários da cooperativa de modo que possam efetivamente participar do desenvolvimento A formação em cooperativismo também deve ser disseminada ao público em geral em especial aos jovens e líderes da comunidade 6º Intercooperação O fortalecimento do movimento cooperativista passa pelo trabalho conjunto e ou a interação das cooperativas em nível local regional e internacional 7º Interesse pela comunidade Os membros das cooperativas devem aprovar políticas especiais com o objetivo fundamental de contribuir para o desenvolvimento sustentável de suas respectivas comunidades Fonte Bialoskorski Neto 2012 p 1213 Nestes princípios percebemos muito do que era perseguido pelas classes trabalhadoras na época do surgimento das primeiras cooperativas a fraternidade a igualdade a liberdade e a solidariedade Assimile Apesar de buscar ser uma alternativa econômica para aqueles que se encontram por algum motivo fora da economia de mercado devemos lembrar que as cooperativas não estão em contradição com a economia competitiva Elas estão inseridas no mercado e devem tirar proveito de suas vantagens para serem competitivas perante as demais empresas U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 16 Com base nos princípios cooperativistas muitas definições e conceitos relativos ao que seria uma cooperativa já foram cunhados Verdade é que são estes princípios que distinguem a cooperativa dos outros tipos de empreendimentos econômicos O conceito de cooperativa é bastante diverso apesar de manter algumas características comuns Podemos citar dois autores cujas definições do que seria uma cooperativa são bem aceitas e difundidas A cooperativa é uma entidade formada por um certo número de firmas ou unidades domésticas os membros da cooperativa que tem por objetivo atuar como uma empresa de propriedade dos seus membros conduzindo atividades econômicas e prestando serviços diretamente às atividades dos associados da forma mais vantajosa para todos Kaarlehto 1956 p 269 Assimile Juridicamente as cooperativas são definidas no Brasil pelo caput do art 4º da Lei 5764 de 16 de dezembro de 1971 a Lei do Cooperativismo Brasileiro Art 4 As cooperativas são sociedades de pessoas com forma e natureza jurídica próprias de natureza civil não sujeitas a falência constituídas para prestar serviços aos associados distinguindose das demais sociedades pelas seguintes características I adesão voluntária com número ilimitado de associados salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços E também de acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas sociais e culturais comuns por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida OCB 2014 s p U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 17 II variabilidade do capital social representado por quotaspartes III limitação do número de quotaspartes do capital para cada associado facultado porém o estabelecimento de critérios de proporcionalidade se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais IV inacessibilidade das quotaspartes do capital a terceiros estranhos à sociedade V singularidade de voto podendo as cooperativas centrais federações e confederações de cooperativas com exceção das que exerçam atividade de crédito optar pelo critério da proporcionalidade VI quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no número de associados e não no capital VII retorno das sobras líquidas do exercício proporcionalmente às operações realizadas pelo associado salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral VIII indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social IX neutralidade política e indiscriminação religiosa racial e social X prestação de assistência aos associados e quando previsto nos estatutos aos empregados da cooperativa XI área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião controle operações e prestação de serviços Podemos notar que os conceitos apresentados mesmo aquele colocado na Lei 576471 são impregnados pelos princípios que perduram desde o surgimento das primeiras cooperativas Isto nos demonstra a importância basilar daquelas ideias pioneiras A compreensão destes princípios e de sua prática fazem com que a conceituação do termo cooperativa não se transforme em mera formalidade Afinal a prática do cooperativismo é a melhor forma de compreender seu significado U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 18 Assimile Além do conceito de cooperativa vamos analisar alguns conceitos chave que continuaremos a utilizar a partir das próximas seções do nosso livro Cooperar ação de trabalhar coletivamente junto a outras pessoas buscando um objetivo comum A palavra cooperar provém do latim cooperari formada por cum com e operari trabalhar Cooperativismo é um movimento filosofia de vida e modelo socioeconômico que visa congregar bemestar social e desenvolvimento econômico Cooperado membro que se associa e participa de um dos segmentos cooperativos sendo um trabalhador rural ou urbano profissional de qualquer atividade econômica Para tanto assume responsabilidades direitos e deveres Verdade é que desde o início do século XX temos percebido a universalização e disseminação deste modelo cooperativo Como constata Bialoskorski Neto 2012 há cooperativas na grande maioria dos países do mundo independentemente de seu regime político religiões costumes etc Isto já é prova indelével de sua relevância que permanece crescente nos dias atuais Pesquise mais É muito importante compreendermos o contexto histórico no qual organizações opcionais como o cooperativismo moderno por que não surgem Seu melhor entendimento nos permite entender também por que ainda hoje o movimento cooperativo cresce e se desenvolve pelo mundo Afinal será que os problemas surgidos com a Revolução Industrial foram todos resolvidos Não é o que parece não é mesmo É por isso que associativismo e cooperativismo ainda são temas tão recorrentes Vamos estudar mais sobre a Revolução Industrial e seu impacto social e econômico por meio de textos de grandes pensadores econômicos do Século XX Leiam o Capítulo II a partir da seção 12 A Revolução Industrial e o século XIX U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 19 MARQUES A M BERUTTI F FARIA R História contemporânea através dos textos São Paulo Contexto 2012 Para já irmos compreendendo o potencial transformador do cooperativismo quando levado a sério e bem compreendido pela comunidade vamos assistir a este vídeo do movimento SOMOS COOP realizado pela Organização das Cooperativas Brasileiras OCB Nele podemos ver o papel relevante do cooperativismo na transformação da realidade da cidade de São Roque de Minas na região da Serra da Canastra em Minas Gerais SISTEMA OCB Websérie SomosCoop Episódio 1 Apontando para o Futuro 2017 Disponível em httpsyoutubejK28xC2ek Acesso em 23 mar 2018 Sem medo de errar No início desta unidade lhe foi mostrado o caso do jovem João e de seus vizinhos que apesar de se dedicarem diariamente a suas propriedades rurais estavam tendo dificuldades para vender sua produção Diante da situação desafiadora dos produtores rurais de Nova Felicidade incluindo seus próprios pais João recordouse de uma conversa rápida que vocês dois tiveram sobre as possibilidades decorrentes da união de produtores rurais em cooperativas Porém nesta ocasião o assunto não foi aprofundado Assim apesar de recordar vagamente o que você lhe falou João pouco compreende do que se trata uma cooperativa e por isso contatoulhe E aí como ajudar João a organizar melhor suas ideias Para auxiliálo você deve discutir com ele algumas questões qual o conceito de organização cooperativa Qual a finalidade de uma cooperativa Em que contexto surgiu o cooperativismo moderno E quais os princípios cooperativistas É sempre importante considerar o contexto em que estamos para que possamos oferecer informações úteis Por mais básica que pareça a dúvida de João quanto às cooperativas será a partir de nossa explicação que ele poderá considerar esta como uma alternativa viável para atingir seus objetivos e de seus vizinhos U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 20 Em suas orientações iniciais pode ser útil fazer um paralelo entre a situação de João e seus vizinhos e aquela enfrentada pelos primeiros cooperativistas no período da Revolução Industrial Não lhe parece haver pontos em comum O caráter democrático e livre do processo de cooperação estampado nos princípios cooperativistas deve sempre ser realçado afinal uma cooperativa não possui dono Estes relevantes esclarecimentos serão de grande valia para que João comece a formular um conceito do que seria uma cooperativa Auxilieo nesta formulação até que reste claro o caráter social e econômico que há em um empreendimento cooperativo De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas sociais e culturais comuns por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida As cooperativas têm por finalidade a busca por trabalho e mercado para os associados Ressaltamos que o capitalismo moderno surgiu no contexto da Revolução Industrial Sendo a cooperativa uma alternativa de organização de produção e trabalho voltada para o interesse de seus participantes os cooperados A primeira cooperativa moderna surgiu a partir de um grupo de trabalhadores do distrito de Rochdale na Inglaterra que fundaram em 1844 a primeira organização cooperativa moderna Após uma greve um grupo de operários tecelões buscava melhores condições de vida Em novembro de 1843 o grupo começou a discutir fórmulas para melhorar suas condições de vida eoptaram pela criação de uma sociedade de consumo baseada nas ideias cooperativistas Em reunião no dia 21 de dezembro de 1844 28 tecelões com um capital de 28 libras economizado com muito sacrifício ao longo de um ano fundaram um armazém comunitário a Sociedade dos Justos Pioneiros de Rochdale O cooperativismo tem como princípios 1º Adesão voluntária e livre 2º Gestão democrática pelos membros 3º Participação econômica dos membros 4º Autonomia e independência 5º Educação formação e informação U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 21 6º Intercooperação 7º Interesse pela comunidade Note que neste caso você conhece João e sabe de suas boas intenções mas fique atento isto não é o que costuma acontecer Avançando na prática Cooperativismo e o consenso do grupo Descrição da situaçãoproblema José é précandidato a vereador em sua cidade a pequena EsperaLonga José não conhece muito bem as realidades da zona rural de EsperaLonga já que foi criado na zona urbana Mas sabe que a zona rural é extensa e que possui importante número de eleitores Apesar do pouco conhecimento José ouve falar das dificuldades dos agricultores de sua cidade relacionadas à dificuldade de acesso ao mercado Ele então toma a iniciativa e vai até você Gestor de Agronegócios solicitando maiores explicações sobre o que seria essa tal de cooperativa Contando melhor os motivos pelos quais lhe procurou José comenta que veio por iniciativa própria sem o conhecimento ou consentimento do grupo de agricultores que ele supostamente disse representar Diante deste cenário e sabendo que a princípio José está buscando informações básicas sobre o cooperativismo como devemos proceder em nossas orientações Resolução da situaçãoproblema Novamente devemos estar atentos ao contexto em que estamos para que possamos exercer de maneira mais útil à nossa atividade Obviamente o fato de José ser précandidato a vereador pode tê lo influenciado a tomar a iniciativa na busca por soluções para os produtores rurais de EsperaLonga Não é nosso papel a princípio julgar as intenções daqueles que nos buscam por orientações técnicas Entretanto é nosso papel enfatizar pontos relevantes a cada caso Neste em específico podemos notar a falta de consentimento dos demais agricultores em serem representados por José Devemos enfatizar em nossas orientações sobre o caráter coletivo e aberto do empreendimento cooperativo Obviamente um U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 22 líder pode ser importante em ações coletivas como cooperativas e associações Entretanto ao esclarecer as bases sobre as quais foi fundado o cooperativismo moderno podemos destacar a importância deste tipo de organização enquanto alternativa às classes menos abastadas mas também a necessidade da união dos membros em torno do objetivo comum para que haja sucesso na empreitada Outras questões que estudaremos mais à frente como a maior facilidade de congregar pessoas que já estão interessadas no processo de cooperação também podem ser ressaltadas 1 Um grupo de produtores rurais decidiu constituir uma cooperativa visando possibilitar o processamento do leite produzido em suas propriedades Para tanto obtiveram informações relevantes quanto ao processo de constituição mas não deram muita importância a algumas questões relevantes como os princípios doutrinários do cooperativismo os quaisinspiraram as características que determinam o que é uma cooperativa de acordo com a Lei 576471 a Lei do Cooperativismo Brasileiro Assim durante o processo de formação da cooperativa entenderam que poderiam estabelecer critérios para determinar características que os potenciais novos cooperados deveriam cumprir ser produtor de leite morar dentro do município no qual se encontrará a sede da cooperativa professar determinada fé e ser filiado a um partido político Você foi consultado pelo grupo que pretende constituir a nova cooperativa sendolhe solicitado que revise os documentos necessários à constituição do empreendimento Imediatamente chamam a sua atenção no Estatuto Social da nova cooperativa os critérios estabelecidos para a adesão de novos cooperados professar determinada fé e ser filiado a um partido político Você deverá afirmar ao grupo que ambos os critérios deveriam ser retirados do Estatuto Social da nova cooperativa Dentre os princípios cooperativistas abaixo qual está sendo violado a Participação econômica dos membros b Intercooperação c Adesão voluntária e livre d Educação formação e informação e Interesse pela comunidade Faça valer a pena U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 23 2 Em países ou regiões onde as instituições privadas e cooperativas não são bem consolidadas e possuem capacidade de atuar em prol do desenvolvimento local é comum notar a ação estatal Desta forma o Estado busca compensar a pouca ação da iniciativa privada com atuação por meio de políticas públicas que normalmente são definidas de cima para baixo não considerando a realidade local e podendo ser intervencionistas Você foi chamado para atuar como consultor do Governo Federal em uma política de auxílio à criação de cooperativas no meio rural de regiões pobres do Brasil Sua primeira ação é defender que o Governo não defina de antemão quem serão os dirigentes das futuras cooperativas pois isso irá contra os Princípios CooperativistasQual princípio será violado se neste caso os dirigentes forem nomeados pelo governo a Participação econômica dos membros e intercooperação b Gestão democrática pelos membros e autonomia e independência c Intercooperação d Adesão voluntária e livre e educação formação e informação e Educação formação e informação e interesse pela comunidade 3 Uma pequena cidade congrega pequenosprodutores rurais dos mais diversos produtos café leite soja e milho por exemplo Cada um deles passa por dificuldades das mais variadas em suas propriedades alguns não possuem acesso a insumos apropriados como sementes e fertilizantes Outros têm dificuldade em encontrar compradores para seus produtos outros vendem tudo o que produzem porém por preços muito baixos e ainda existem aqueles que necessitam de assistência técnica para sua atividade Eles se juntaram e decidiram que querem constituir uma cooperativa para juntos resolverem seus problemas por mais diversos que sejam Como consultor contratado por este grupo você deve salientar aos produtores rurais que para que a cooperativa tenha maior chance de sucesso é necessário que ela seja capaz de a Ser um empreendimento de propriedade de um sócio majoritário b Buscar ajuda do governo c Ser gerida de forma centralizada d Ter ausência de autonomia e Satisfazer as aspirações comuns de seus membros U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 24 Caro aluno Como vimos na seção anterior o cooperativismo moderno surgiu do anseio de trabalhadores em melhorar suas condições de vida Inspirados também pelas ideias dos pensadores da época perceberam na união de esforços a possibilidade de alcançarem seus objetivos comuns Por terem como doutrina basilar o conceito do associativismo não é incomum que haja alguma confusão sobre uma ou outra forma de ação coletiva Cooperativas fundações e associações são organizações que mesmo identificadas com o Terceiro Setor da Economia possuem suas peculiaridades e finalidades distintas Devemos nos familiarizar com elas para que saibamos indicar aquelas que melhor respondem aos anseios de cada grupo É exatamente este o motivo do novo contato de seu amigo João aquele que você conheceu enquanto estava prestando consultorias Ele já havia lhe procurado aflito contando que mesmo com o trabalho árduo no campo ele e seus vizinhos ainda enfrentavam dificuldades para vender sua produção e para comprar insumos Após compreender com sua ajuda o surgimento do movimento cooperativo e seus princípios João se propôs a apresentar esta organização a seus pais como uma possibilidade de iniciar a melhoria de vida que todos na cidade de Nova Felicidade tanto ansiavam Entretanto durante a explicação aos pais sobre o que seria uma cooperativa João foi indagado por sua mãe sobre outras formas organizacionais das quais ouviu falar em uma conversa com amigos a associação e o sindicato O pai de João emendando a fala da mãe afirmou que ambas as organizações além das cooperativas são no fundo a mesma coisa Depois dessa história toda João está confuso sobre qual tipo de organização é a melhor opção para seus pais e vizinhos Ele então novamente lhe procura para que você possa realizar uma pequena Seção 12 Diálogo aberto Tipologia de organizações sociais U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 25 palestra sobre o tema na comunidade Alguns questionamentos que você deve abordar são Quais as finalidades das diferentes organizações do terceiro setor Quais os limites legais de atuação destas organizações quanto à comercialização de produtos E em que estas organizações diferem e se assemelham às cooperativas Nessa seção você conhecerá o que são entidades do terceiro setor como fundações sindicatos e associações sendo capaz de responder as perguntas para a comunidade e orientar sobre cada uma das opções Nos últimos anos temos ouvido com crescente frequência o termo Terceiro Setor o qual corresponde às associações fundações e organizações religiosas por exemplo Como vamos aprender nas próximas seções as cooperativas são um caso à parte mas não podemos negar que também estão relacionadas ao Terceiro Setor Mas afinal do que estamos falando quando nos referimos ao Terceiro Setor Essa terminologia surge como resposta à dicotomia formada nas sociedades avançadas caraterizada pelo setor Público composto por agentes políticos atuando para fins públicos em oposição ao setor Privado composto por agentes privados atuando para fins privados Esta classificação no entanto é criticada por não abranger adequadamente todas as possibilidades de organizações privadas As organizações do Terceiro Setor como afirma Slomski et al 2012 são uma combinação do primeiro e do segundo setor pois possuem algumas características tanto de entidades estatais quanto do mercado Podemos então dividir a tipologia organizacional em três grandes setores principais Figura 11 O Primeiro Setor formado pelo Estado com sua estrutura de governo que visa atender às demandas públicas O Segundo Setor composto pelo Mercado que reúne as organizações privadas como empresas prestadoras de serviço e indústrias fabricantes de bens que via de regra exercem suas atividades com fins ao lucro Não pode faltar U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 26 O Terceiro Setor congrega organizações sem fins lucrativos e de finalidade pública De acordo com Paes 2018 podemos conceituar o Terceiro Setor como o conjunto de organismos sem fins lucrativos que possuem autonomia e administração própria apresentando função e objetivo principais de atuar de forma voluntária no aperfeiçoamento da sociedade civil Segundo Santos 2001 compõem o Terceiro Setor as organizações sociais que mesmo sendo privadas não visam lucro e mesmo possuindo objetivos públicos não pertencem ao Estado Até bem pouco tempo falar em Terceiro Setor era falar de filantropia e caridade Verdade é que atualmente as organizações que compõe este setor têm deixado a passividade e se tornado protagonistas nos processos de transformação das localidades em que estão inseridas Podemos creditar a crescente relevância atribuída às entidades do Terceiro Setor à constatação de que o Estado dia após dia demonstra sua incapacidade de arcar sozinho com o financiamento e a execução de ações que tragam benefícios à população Por vezes inclusive o Estado tem fomentado a Figura 11 O modelo trissetorial Fonte adaptado de Slomski et al 2012 U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 27 criação e manutenção destas organizações por meio de auxílios financeiros cessão de imóveis dentre outras formas de apoio Como já mencionado as fundações fazem parte das organizações sociais pertencentes ao Terceiro Setor e de acordo com Paes 2018 podemos definilas como um complexo de bens propostos à consecução de fins sociais e determinados finalidade que depende da vontade do instituidor Tratase de instrumento que se bem gerido possibilita a prestação de serviços de utilidade pública transmitindo à sociedade enquanto perdura os ideais e convicções de seus fundadores sejam pessoas ou empresas Enquanto as associações são juridicamente tidas como a união de pessoas com objetivos não econômicos BRASIL 2002 art 53 as fundações são pessoas jurídicas criadas a partir do desejo pessoal de alguém que destina bens por testamento ou escritura para aplicação em finalidade religiosa moral cultural ou de assistência BRASIL 2002 art 62 A validação de sua constituição é feita pelo Ministério Público Federal Portanto enquanto as associações possuem caráter coletivo as fundações podem nascer do interesse de apenas uma pessoa desde que ela reúna condições para criar e manter tal entidade Assim sem querer esgotar a análise das diferenças entre fundações e associações podemos afirmar conforme acenado por Paes 2018 que nas fundações o patrimônio é o motivo de sua existência sendo as pessoas reunidas para usufruir deste na consecução dos objetivos propostos enquanto que as associações são constituídas por iniciativa das pessoas e o patrimônio é o elemento secundário existente apenas para a consecução dos objetivos definidos no estatuto social Quanto às organizações com características coletivas a Constituição Brasileira de 1988 instituiu nos incisos de XVII a XXI do art 5o os meios para o exercício desse direito fundamental o direito de associação BRASIL 1988 Tratase de um direito público que garante a união voluntária de algumas ou de várias pessoas por tempo indeterminado com o fim de alcançar objetivos lícitos e sociais Assim a liberdade de associação é um direito individual de índole coletiva pois é dada ao indivíduo a liberdade de se associar o que ocorre de fato por meio do exercício coletivo PAES 2018 Vale destacar que como já mencionamos as organizações do Terceiro U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 28 Setor perseguem objetivos públicos mas não são o Estado Isto fica claro ao lermos o inciso XVIII do art 5o que estabelece a criação de associações e na forma da lei a de cooperativas independem de autorização sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento BRASIL 1988 art 5º Assimile Você conhece a legislação para cada tipo de organização Veja Quadro 12 Amparo legal de cada tipo de organização coletiva Fundações art 62 Lei nº 1040602 Associações art 53 Lei nº 1040602 Sindicatos Lei nº 638676 e art 513 Lei nº 545243 Cooperativas Lei nº 576471 e art 1093 Lei nº 1040602 Fonte elaborado pelo autor Assim podemos perceber as Associações como as típicas organizações coletivas criadas a partir de necessidades comuns que dificilmente seriam supridas por meio da ação individual As associações têm a capacidade de levar transformação social política e econômica a seus membros Afinal ao compartilharem objetivos ao buscarem por soluções assumirem responsabilidades e vivenciarem o alcance de resultados o senso de comunidade e a confiança são elevados O produtor rural passa a perceber que a atuação coletiva significa a conquista de mais poder para influir e para se transformar em conjunto com os demais membros em ator político relevante Além disso ao se unirem os agricultores também anseiam por aumentos na renda na capacidade de adquirir maquinários insumos obter assistência técnica e melhorar as benfeitorias de sua propriedade já que estas organizações podem ajudar na intermediação das relações comerciais e políticas dos associados Ou seja a venda da produção ou a compra de insumos pode ser mais vantajosa caso a negociação seja feita conjuntamente com a associação defendendo os interesses de seus integrantes U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 29 A associação também pode auxiliar os associados a melhorar sua eficiência produtiva por meio de assistência técnica incentivo ao uso de novas técnicas produtivas e aprimorando a gestão econômica do empreendimento rural Porém é preciso ter atenção quanto ao envolvimento das associações em atividades de comercialização Devemos recordar que de acordo com o art 53 do Código Civil de 2002 as associações constituemse de pessoas que se organizam com fins não econômicos não podendo realizar transações de compra e venda em nome da associação Assim as ações das associações devem se resumir a negociação coletiva e à organização da compra ou venda de produtos em nome de cada um de seus associados As operações financeiras cabíveis a uma associação se resumem à movimentação de recursos advindos de mensalidades doações anuidades taxas ou subvenções Exemplificando Uma associação pode auxiliar seus associados na venda dos produtos organizando uma feira ou expondo os produtos de seus associados em sua sede Em ambos os casos cada produtor realiza suas próprias vendas emitindo notas fiscais individualmente De outra forma a associação pode também realizar a venda de produtos rurais advindos de atividade de treinamento de seus associados como aqueles advindos de uma horta experimental por exemplo Neste caso todo o resultado obtido com a venda das hortaliças será revertido a associação Caso o grupo de agricultores queira constituir uma organização com plenas condições de comercializar tanto comprando insumos quanto vendendo produtos lançando mão inclusive de marca própria deve então pensar em uma cooperativa As cooperativas são organizações com fins econômicos e portanto podem exercer atividades econômicas de compra e venda em seu nome Todas as receitas que ultrapassem as despesas nas eventuais operações das cooperativas são denominadas sobras e podem ser distribuídas aos cooperados uma vez que as cooperativas não possuem fins lucrativos ou seja não retém lucro para ser revertido aos acionistas ou donos Na verdade donos são todos os cooperados Deste modo apesar de empreendimentos coletivos e de serem igualmente U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 30 populares no meio rural brasileiro é preciso estarmos atentos às diferenças primordiais entre associações e cooperativas Assimile Para que fique mais fácil de comparar associações e cooperativas veja no quadro 13 as principais diferenças entre elas lembrando que nos aprofundaremos nas cooperativas na próxima seção Quadro 13 Principais diferenças entre associações e cooperativas Características Associação Cooperativas Definição legal Sociedade civil sem fins econômicos e lucrativos Sociedade civil comercial sem fins lucrativos Objetivos Promover o interesse dos associados Estimular melhoria técnica cultural e profissional dos associados Viabilizar o desenvolvimento de atividades econômicas dos cooperados Processartransformar bens Comercializar bens e serviços Ofercer assistência técnica e educacional aos associados No mínimo de pessoas para constituição Duas pessoas 20 pessoas sete pessoas no caso de cooperativas de trabalho Formação do Patrimônio Não possui capital social O patrimônio é formado por doações fundos e reservas Possui capita social O capital social é constituído por aportes dos associados quotas partes U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 31 Atividades Mercantis Pode comercializar apesar de certas restrições Tem como finalidade a realização de atividades comerciais Remuneração dos Dirigentes Os dirigentes não são remunerados pelo exercício de suas funções recebendo apenas reembolso de suas despesas realizadas no desempenho de seu cargo Os dirigentes são remunerados através de retiradas mensais prolabore definidas pela Assembleia Destino dos resultados financeiros Os superávits financeiros da associação devem ser aplicados em suas finalidades Há rateio das sobras que decorram do exercício financeiro após a destinação de parte aos fundos de Reserva e Educacional As demais sobras podem ser entregues diretamente aos cooperados de acordo com a quantidade de operações que cada um deles teve com a cooperativa Tributação Não paga imposto de renda recolhe IR na fonte devendo fazer a declaração de isenção todo o ano Não está imune podendo ser isentada dos demais impostos e taxas Não paga imposto de renda sobre as suas operações com os cooperados No entanto deve recolher sempre que couber imposto de renda na fonte e o imposto de renda sobre operações com terceiros U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 32 Está teoricamente imune não deveria pagar ICMS nas operações com os associados ato cooperativo mas os Estados têm cobrado o imposto Paga as demais taxas e impostos Fonte adaptado de Cardoso 2014 Antes de continuarmos vamos fazer um rápido adendo No contexto dos estudos sobre as organizações do Terceiro Setor onde se enquadram as organizações não governamentais ONGs Pois estas organizações são sob a ótica jurídica nada além de associações e fundações A expressão ONG começou a ser mais utilizada a partir da década de 1980 e está relacionada a fundações e associações oriundas de movimentos sociais de defesa dos direitos humanos e de mobilização social Atualmente as ONGs têm foco de atuação nos mais diversos temas sendo destaque aqueles relacionados a educação saúde cultura comunidade apoio à criança e ao adolescente voluntariado meio ambiente apoio a portadores de deficiências e parcerias com o governo TACHIZAWA 2014 Por se tratar de nada mais do que associações ou fundações as ONGs assim como as demais organizações do Terceiro Setor possuem foco de atuação em muitas das áreas nas quais o Estado já demonstrou sua incapacidade ou dificuldade de ação Reflita As organizações do Terceiro Setor devem tão ser bem geridas quanto aquelas do Primeiro e Segundo Setores E mais são passíveis de problemas como os outros tipos de organização O website abaixo pode ajudarlhe nesta reflexão U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 33 PALHANO André Cresce cobrança por transparência de ONGs Folha de S Paulo São Paulo Disponível em httpwww1folhauolcombr folhaempreendedorsocialult10130u863140shtml Acesso em 29 mar 2018 Os Sindicatos são o último tipo de organização social de que trataremos nesta seção De acordo com Paes 2018 os sindicatos eram estreitamente vinculados entre eles estando como mais um órgão de controle nos regimes ditatoriais Entretanto nos sistemas democráticos o sindicato é uma pessoa jurídica de direito privado resultado do direito de livre associação mantendo razoável distância da influência do Estado Assim no Brasil podemos caracterizar estas organizações como associações civis de direito privado compostas por pessoas de uma mesma categoria profissional e econômica que buscam representar defender e coordenar os interesses e direitos de seus membros relacionados ao exercício de suas atividades Assim os sindicatos têm como função primordial congregar os integrantes de uma mesma categoria sejam empregadores empregados trabalhadores autônomos e profissionais liberais que exerçam as mesmas atividades ou profissões similares e conexas Neste sentido os sindicatos se propõem a reunir os membros da respectiva categoria defender seus interesses de maneira solidária e organizada em prol do desenvolvimento socioeconômico de seus membros fomentando a agropecuária em seus municípios Exemplificando O sistema sindical rural brasileiro possui em sua base os sindicatos rurais municipais que em conjunto formam as federações estaduais As federações se aglutinam nas Confederações No Brasil coexistem duas Confederações principais a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CONTAG httpwwwcnabrasilorg br que possui maior identificação com as causas dos trabalhadores rurais e a Confederação Nacional da Agricultura CNA httpwww contagorgbr mais voltada à representação dos interesses da classe patronal ou seja do empresário ou empregador rural U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 34 Pesquise mais As organizações pertencentes ao Terceiro Setor são diversas e como vimos podem ser muito importantes no auxílio à promoção do desenvolvimento e do bemestar atuando muitas vezes em complementação à ação do Estado Além daquelas que foram apresentadas nesta seção podem assumir as denominações de Organizações da Sociedade Civil OSCs Organizações Sociais OSs Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público Oscips Você pode obter mais informações sobre tais organizações do Terceiro Setor nos livros SLOMSKI Valmor et al Contabilidade do terceiro setor uma abordagem operacional aplicável às associações fundações partidos políticos e organizações religiosas São Paulo Atlas 2012 PAES José Eduardo Sabo Fundações associações e entidades de interesse social aspectos jurídicos administrativos contábeis trabalhistas e tributários 9 ed Rio de Janeiro Forense 2018 Neste último também podem ser consultadas no Capítulo XVI questões relativas ao regime tributário das organizações apresentadas nesta seção Sem medo de errar Você se lembra do seu amigo João aquele que conheceu prestando consultorias Apesar do trabalho árduo no campo ele e seus vizinhos enfrentavam dificuldades para vender sua produção e para comprar os insumos necessários Após compreender com sua ajuda o histórico do movimento cooperativo e seu conceito central João se propôs a apresentar esta organização a seus pais como uma possibilidade de iniciar a melhoria de vida pela qual todos em Nova Felicidade tanto ansiavam Entretanto durante a explicação aos pais sobre o que seria uma cooperativa João foi indagado por sua mãe sobre outras formas organizacionais das quais ouviu falar em uma conversa com amigos a associação e o sindicato Agora para ajudar João e sua comunidade você deve discutir as seguintes questões Quais as finalidades das diferentes organizações do terceiro setor Quais os limites legais de atuação U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 35 destas organizações quanto à comercialização de produtos E em que estas organizações diferem e se assemelham às cooperativas João lhe contatou pois espera que você seja capaz de realizar orientações sobre os diferentes tipos de organização existentes no terceiro setor Para ajudar a resolver este problema vamos refletir sobre as características das associações perceba que tais organizações que buscam ordenação e aumento no poder de negociação dos associados já exerceriam um papel positivo no caso da comunidade rural de Nova Esperança Quanto aos sindicatos estes são capazes de ampliar a representação política dos produtores rurais e de atuar na defesa de seus interesses profissionais Assim não é um equívoco afirmar que tais organizações poderiam de fato ajudar João e seus vizinhos a melhorarem sua condição de vida Porém temos que esclarecer outro ponto os sindicatos não possuem por finalidade a comercialização de produtos de seus membros As associações apesar de poderem auxiliar na organização da venda dos produtos de seus associados não podem vendêlos diretamente Ou seja para além da representação política e organização social dos produtores de Nova Esperança é preciso deixar claro que associações e sindicatos possuem esta importante limitação que é a impossibilidade de comercializar afinal são organizações que não possuem fins econômicos Esta é a principal diferença existente entre cooperativas e associações a capacidade de comercializar As cooperativas possuem administração mais complexa justamente devido ao fato de possuírem fins econômicos estando aptas a praticar atividades comerciais Estes pontos devem estar claros pois é a partir deles que João fornecerá a seus pais e vizinhos indicações valiosas que lhes permitirão compreender quais os tipos de organizações são as mais adequadas para suprir seus anseios U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 36 Avançando na prática A melhor organização para a área comercial Descrição da situaçãoproblema Um grupo de agricultores possui um problema em comum produzem e não conseguem acessar mercado para venda de sua produção A região em que se encontram não possui muitas alternativas a não ser a venda de porta em porta que atinge diretamente o consumidor final ou a entrega da produção a atravessadores O problema é que a primeira alternativa é trabalhosa custa um precioso tempo dos produtores e às vezes as vendas não pagam nem a gasolina A segunda opção é igualmente problemática devido ao baixo preço pago pelos atravessadores que querem ter uma boa margem de lucro às custas dos agricultores O grupo procura uma alternativa e pretende se unir em torno de uma alternativa que facilite a venda de seus produtos Eles lhe procuram em busca de assessoria quanto à melhor opção e deixam claro que inicialmente possuem pouca disponibilidade financeira e não estão aptos a gerir empreendimentos mais complexos Diante deste contexto qual a forma organizacional que melhor se adequa aos agricultores em questão Resolução da situaçãoproblema Baseandose nas informações obtidas por meio dos relatos dos produtores rurais foi identificado um problema principal a dificuldade de venda dos produtos Sendo este problema capaz de unir os agricultores em torno de um empreendimento comum poderia ser sugerida a criação de uma cooperativa empreendimento que possibilitaria a realização da comercialização dos produtos de seus cooperados Entretanto tal empreendimento demanda a formação de capital social capaz de manter uma estrutura básica de funcionamento Além disso este empreendimento possui uma gestão tão ou mais complexa do que empresas convencionais Estes dois pontos foram identificados como limitações dos produtores rurais baixa capitalização e dificuldades em gerir no momento um empreendimento mais complexo Assim uma opção mais viável seria U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 37 a associação Este empreendimento possui gestão sensivelmente mais simples e tratase de exercício associativo válido para o grupo de produtores além de demandar uma menor quantidade de capital para sua constituição Apesar de não poderem exercer atividade comercial plena venda de produtos com sua marca podem ter como objetivo legítimo a organização da produção e venda de seus associados Logo uma associação de produtores rurais pode ser instituída visando a organização dos produtores rurais em torno da coordenação e operacionalização de uma feira semanal para venda de seus produtos Buscando em conjunto apoio da prefeitura local os associados possuem maior poder de sensibilização dos políticos locais para que autorizem e apoiem a realização da feira que reunirá em um só lugar compradores e vendedores 1 Carlos possui vasta experiência na administração pública tendo assessorado várias prefeituras por todo o país Convidado para a realização de uma palestra para os alunos do curso de Agronegócios ele comenta sobre o efeito perverso da corrupção no Brasil Para Carlos há grande dificuldade entre os políticos e homens públicos em compreender a divisão entre público e privado Ele afirma que podem haver quatro combinações resultantes da conjunção entre público e privado e que a corrupção ocorre quando agentes públicos agem para fins privados As outras três combinações possíveis seriam conforme as assertivas abaixo I Agentes privados agindo para fins públicos II Agentes privados atuando para fins privados III Agentes públicos agindo para finalidades públicas Ao mencionar estas três combinações Carlos estava se referindo respectivamente a quais setores do modelo trissetorial a I Primeiro Setor II Segundo Setor III Terceiro Setor b I Segundo Setor II Primeiro Setor III Terceiro Setor c I Terceiro Setor II Primeiro Setor III Segundo Setor d I Terceiro Setor II Segundo Setor III Primeiro Setor e I Segundo Setor II Terceiro Setor III Primeiro Setor 2 A associação de produtores rurais de Venda Antiga APROVA possui uma sede muito bem localizada na avenida mais movimentada da Faça valer a pena U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 38 A advertência dada por José Justo ao presidente da APROVA foi correta Por quê motivo a Sim pois uma associação não possui fins lucrativos não podendo comercializar e emitir notas fiscais em seu nome b Não porque uma associação deve representar seus associados fazendo o que for preciso para ajudálos a melhorar seu bemestar c Sim pois já que a associação não possui fins econômicos ela não deve emitir notas fiscais em seu nome intermediando os associados em atividades comerciais d Não uma vez que as associações podem emitir notas fiscais normalmente e Não tendo em vista que a associação possui todos os documentos para funcionar 3 Dona Benita é uma mulher bondosa muito rica e influente Observando a baixa produtividade dos criadores de gado leiteiro de sua cidade conversa com alguns produtores e observa que lhes falta conhecimento técnico para o adequado manejo dos animais Com isso em mente percebe que pode auxiliar tais criadores de gado por meio da promoção de formação técnica contínua realizando cursos palestras e disponibilizando assistência técnica aos produtores rurais Dona Benita sabe bem que a condição dos produtores rurais de sua cidade não é nada boa e que eles não dispõem de muitos recursos para criação de quaisquer empreendimentos coletivos Assim Dona Benita decide individualmente doar parte de suas riquezas para a criação de uma organização capaz congregar funcionários habilitados a gerar e disseminar o conhecimento necessário para a melhoria na produção de leite dos criadores de sua cidade pequena cidade Com amplo espaço em seu prédio o presidente eleito da associação viu a oportunidade de utilizar o espaço para a exposição e venda de produtos cultivados pelos agricultores associados Assim logo a sede da associação possuía gôndolas e prateleiras cheias de hortaliças legumes e grãos frescos vindos direto da roça Todas as vendas eram feitas mediante emissão de Nota Fiscal em nome da associação que posteriormente repassava a cada associado o valor que lhes cabia pela venda dos produtos A Associação possuía todos os documentos e certidões corretos para funcionar mas mesmo assim seu presidente foi advertido pelo associado José Justo de que haveria problemas com a emissão de tais Notas Fiscais U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 39 Dona Benita deve optar pela criação de qual tipo organização do Terceiro Setor para auxiliar os produtores rurais a Fundação b Sindicato c Cooperativa d Associação e Instituição religiosa U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 40 Olá aluno Chegamos à última seção da Unidade 1 que abordou conteúdos relacionados aos tipos de organizações sociais principalmente o associativismo e o cooperativismo Este último será o foco desta seção para que você seja capaz de identificar os diferentes tipos de cooperativismo e sua atuação Para colocar em prática os seus conhecimentos analise a seguinte problemática Você gestor de agronegócios está contribuindo com o João para que juntos consigam buscar uma solução viável que contemple os produtores rurais de Nova Felicidade Vocês conseguiram na primeira etapa esclarecer importantes conceitos relacionados à organização de uma cooperativa qual sua base seus princípios e sua finalidade Além disso ainda explicaram como surgiu o cooperativismo moderno o que foi de grande relevância para que os produtores pudessem entender a finalidade dessa organização Já na segunda etapa do trabalho que vocês estão desenvolvendo você realizou uma palestra aprofundandose sobre o assunto e apresentando outras formas de organizações como associações e sindicatos Essa etapa foi relevante para que os produtores pudessem entender que cada uma das organizações possui uma finalidade e uma atuação de modo que pudessem também entender o porquê cada organização agir diferentemente de outra Agora que você e João conseguiram expor importantes conceitos sobre as diferentes organizações aos produtores eles indagaram a vocês afinal de acordo com nossas necessidades e anseios qual a melhor organização para criarmos Como poderemos iniciar essa organização E ainda quais critérios deveremos seguir para uma adequada implantação Dessa forma para que vocês finalizem esse trabalho em conjunto com os produtores será preciso elaborar uma orientação sobre o tipo de organização que os produtores irão criar Seção 13 Diálogo aberto Tipologia de cooperativismo U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 41 Para conseguir esclarecer esses e outros questionamentos que podem ter surgido estude esta seção e os materiais complementares para se aprofundar nos tópicos relevantes da seção Bons estudos Olá aluno Você já estudou brevemente nas seções anteriores que uma cooperativa é uma sociedade civil com no mínimo 20 pessoas regida democraticamente e de forma participativa por seus membros É importante que você saiba também que uma cooperativa é uma empresa cujos objetivos devem estar convergidos para atender seus cooperados da melhor forma possível contribuindo por exemplo para que a produção ou o serviço prestado tenham uma maior competitividade mercadológica Todas as cooperativas possuem um caráter econômico que é uma característica que a diferencia de outras organizações Além disso de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE 2017 o cooperativismo tem as seguintes premissas identidade de propósitos e interesses as ações são voluntárias em conjunto e buscam uma coordenação de contribuição e de serviços e a conquista de resultados que sejam igualitários e úteis a todos os cooperados Já o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo SESCOOP s d expõe sete princípios para o cooperativismo que são adesão voluntária e livre gestão de forma democrática Não pode faltar Reflita Você conheceu diferentes organizações sociais durante esta unidade de ensino não é mesmo Conhecendo o campo de atuação e critérios a serem seguidos por cada uma é possível por exemplo que você possa orientar corretamente clientes com relação à organização para a criação de uma cooperativa E o mais importante se os anseios dos seus clientes são condizentes com os direitos e deveres que esta implica Mas sabendo que existem vários segmentos de atuação para uma cooperativa o que diferencia uma de outra U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 42 participação econômica dos membros autonomia educação intercooperação e ainda interesse pela comunidade São ressaltados também os valores humanos os quais são exigidos para que uma cooperativa seja realmente caracterizada como tal como por exemplo cooperação transformação e equilíbrio E além dos princípios e valores humanos destacados devese saber também que as cooperativas são divididas em níveis e que variam de acordo com a dimensão e os objetivos da organização Conheça as formas de classificação a seguir 1º grau singular Uma cooperativa para pessoas Tem o objetivo de prestar serviços diretos aos associados É formada por no mínimo 20 cooperados na regra geral sendo permitida a admissão de pessoas jurídicas desde que não operem no mesmo campo econômico da cooperativa 2º grau central ou federação Uma cooperativa para cooperativas Seu objetivo é organizar em comum e em maior escala os serviços das filiadas facilitando a utilização dos mesmos É constituída por no mínimo três cooperativas singulares 3º grau confederação Uma cooperativa para federações Assim como as cooperativas de 2º grau esta tem o objetivo de organizar em comum e em maior escala os serviços das filiadas A diferença é que as confederações são formadas por no mínimo três cooperativas centrais ou federações de qualquer ramo Apesar de apresentarem os mesmos princípios cada cooperativa possui particularidades que estão alinhadas aos objetivos pretendidos por seus cooperados Nesta seção vamos focar em conhecer mais sobre as cooperativas e suas 13 modalidades que abarcam diversos segmentos 1 Cooperativas agropecuárias Vamos iniciar nosso estudo sobre as modalidades pelas cooperativas agropecuárias Estas são um dos tipos de cooperativas mais tradicionais no país agrupam produtores rurais ou agropastoris e os de pesca que trabalham em conjunto e para a realização das diversas etapas da cadeia produtiva SEBRAE 2017 U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 43 De acordo com Gonçalves s d as primeiras cooperativas agropecuárias surgiram quando produtores rurais brasileiros e imigrantes italianos e alemães idealizaram a criação de cooperativas com o objetivo de unir o trabalho associativo com as experiências familiares comuns A expansão das cooperativas foi dada de forma autônoma para suprir as necessidades de seus membros livrando os da dependência de especuladores Atualmente o cooperativismo agropecuário apresenta uma grande relevância de participação na economia do Brasil sendo ele responsável por aproximadamente 50 do Produto Interno Bruto PIB agrícola e envolvendo mais de 1 milhão de pessoas MAPA 2016 Isso reflete em como o atual cenário brasileiro do agronegócio está baseado nas cooperativas que juntas conseguem fomentar o desenvolvimento de diversas etapas da produção agrícola Dentre todos os ramos de atuação do cooperativismo brasileiro o agropecuário tem papel de destaque com 1597 instituições e 1801 mil produtores cooperados MAPA 2016 Estes dados reafirmam o quanto as cooperativas deste setor contribuem para a organização desde a cadeia de produção até as etapas finais como a comercialização As cooperativas agropecuárias contribuem para que os produtores rurais e suas famílias permaneçam no campo isso por meio de incentivos na comercialização dos produtos e nos serviços ofertados pelos cooperados para os próprios membros das cooperativas Entre esses benefícios destacamse segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA 2016 Inclusão de produtores sem restrição ao tipo tamanho ou sistema de produção Assimile Você sabia que no Brasil existem mais de 7 mil cooperativas registradas na Organização das Cooperativista do Brasil OBC Isso reflete em 53 milhões de cooperados e 30 da produção nacional de alimentos e também em aproximadamente 48 das exportações feitas no agronegócio Sendo que as cooperativas agropecuárias tiveram um faturamento de mais de 25 bilhões de reaisano SEBRAE 2017 U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 44 Coordenação organização da cadeia de produção horizontalmente Igualdade na geração e distribuição de renda Acesso e implantação de tecnologias ao cooperados Prestação de serviços Diminuição de custos em decorrência da venda e compra em escala ou seja melhores preços podem ser obtidos por meio de compras feitas coletivamente e não de forma individual Acesso a mercados Produtos e serviços ganham agregação de valor Na prática os produtores observam as vantagens de serem cooperados principalmente por terem melhores preços nos insumos necessários para a produção agropecuária e na venda de suas produções que são mais valorizadas e podem ser ofertadas a diversos compradores Nas cooperativas seus membros também têm melhores condições na distribuição da produção contando ainda com redução de custos em etapas como a de armazenagem e a de produção O MAPA 2016 s p ainda destaca um importante papel que o cooperativismo agropecuário exerce Apesar dos benefícios ressaltados as cooperativas agropecuárias enfrentam desafios como consolidar e fortalecer sua atuação além de fomentar a educação cooperativista para que cada vez mais os seus membros compreendam seus direitos e deveres assim como os O cooperativismo se apresenta como uma opção de correlação entre as definições dos capitais humano social e empresarial fatores fundamentais para a promoção do desenvolvimento sustentável regional e local para poder competir em um mercado global Nessa perspectiva o surgimento dessa forma de cooperação significa a busca pela melhoria da qualidade de vida do produtor e um meio alternativo concreto de desenvolvimento sustentável local por apresentar afinidade com o conceito de capital empresarial Em sua essência caracterizase por uma forma de produção e distribuição de riquezas baseada em princípios como ajuda mútua igualdade democracia e equidade U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 45 princípios que devem ser respeitados para que a cooperativa atinja seus objetivos de forma útil e no tempo esperado 2 Cooperativa sociais ou especiais As cooperativas sociais objetivam por meio do trabalho inserir no mercado de trabalho pessoas que necessitam de tutela e estão em uma situação desfavorável ou desvantajosa 3 Cooperativa de trabalho Essas cooperativas surgiram quando trabalhadores autônomos se juntaram em busca de melhores condições profissionais São formadas por profissionais que atuam em mesmo ramo e assim conseguem direcionar os seus propósitos para melhorias comuns 4 Cooperativas educacionais As cooperativas educacionais surgiram pela deficiência existente no ensino público e a incapacidade financeira de muitas famílias de sustentarem seus filhos em escolas particulares Essas cooperativas são formadas por docentes que prestam serviços educacionais e também por pais de estudantes que buscam melhorias por exemplo em relação à administração de escolas e contratação de professores Nessas cooperativas os pais e professores conseguem administrar escolas cooperativas promovendo o ensino democrático e baseado na cidadania e desenvolvimento da comunidade O objetivo dessas cooperativas é unir o ensino de qualidade com um valor justo sendo um dos seus diferenciais o fato de que os professores e pais de alunos têm maior autonomia e participação na instituição de ensino 5 Cooperativa de transporte Essas cooperativas estão relacionadas à prestação de serviços no segmento de transportes de passageiros e de cargas Devido à especificação do trabalho exercido não está inserida dentro das cooperativas de trabalho 6 Cooperativa de consumo São cooperativas que objetivam abastecer seus cooperados por U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 46 meio de compras comuns uma vez que dessa forma o preço dos produtos fica melhor do que se fossem comprados individualmente 7 Cooperativa de saúde Essas cooperativas atendem médicos enfermeiros e outros profissionais da área da saúde que buscam dentre várias coisas alternativas aos planos de saúde existentes 8 Cooperativa de crédito As cooperativas de crédito atuam na prestação de serviços relacionadas ao setor de crédito como financiamentos empréstimos e administração de poupanças 9 Cooperativa habitacionais Nessas cooperativas os membros contribuem mensalmente com um valor estabelecidos e possuem acesso a determinado imóvel cuja aquisição já foi previamente acordada 10 Cooperativa de produção Nas cooperativas de produção os seus membros trabalham em função de uma produção de produtos ou bens de forma comum A propriedade em que os trabalhos são desenvolvidos deve ser de todos e nenhum cooperadoproprietário deverá deixar de trabalhar nela Pesquise mais Vamos conhecer mais sobre as cooperativas de crédito O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae expõe no material indicado a seguir os 8 tipos de cooperativas de créditos como a de livre admissão de associados ou cooperativas abertas a mista a de empresários de qualquer porte entre outras Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae Conheça os tipos de cooperativas de crédito Disponível em http wwwsebraecombrsitesPortalSebraeartigosconhecaostiposde cooperativasdecreditof8ee438af1c92410VgnVCM100000b272010a RCRD Acesso em 19 jun 2018 U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 47 11 Cooperativa de infraestrutura São as cooperativas que prestam serviços básicos aos seus cooperados de forma coletiva como serviços de energia telefonia segurança saneamento básico limpeza pública dentre muitos outros 12 Cooperativa mineral São cooperativas para os trabalhadores que são mineradores São constituídas para viabilizar a extração industrialização e comercialização dos produtos minerais 13 Cooperativa de turismo e lazer São as cooperativas que trabalham no setor do turismo e também de lazer que anseiam organizar as comunidades para que atinjam seu potencial turístico da melhor forma possível oferecendo serviços aos turistas e fomentando as comunidades receptoras Segundo o Sebrae 2017 s p estas cooperativas que têm por finalidade prestar serviços eou atender direta e prioritariamente o seu quadro social com serviços turísticos lazer entretenimento esportes artísticos eventos e de hotelaria Pesquise mais As cooperativas minerais representam um setor de grande importância para o Brasil e para o mundo Estados como o Pará no qual a atividade mineradora é exercida fortemente há sempre discussões sobre como aumentar a efetividade nas atividades desempenhadas Para saber mais sobre os desafios e possíveis soluções para isto acesse o link a seguir Sistema OCB Cooperativas buscam efetividade na extração de minérios 2017 Disponível em httpsomoscooperativismocoop brnoticia20780cooperativasbuscamefetividadenaextracaode minerios Acesso em 01 mai 2018 Exemplificando A Cooperativa Paranaense de Turismo CoopTur é uma cooperativa do setor de turismo que atua no estado do Paraná com participação de oito cidades Alguns dos serviços ofertados são o curso de capacitação U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 48 em turismo rural cooperativo que contribuiu para potencialidades das cidades como hotelaria grupos culturais artesanatos museus e até mesmo agroindustriais assim como a elaboração de um plano de desenvolvimento turístico Quer conhecer mais sobre a CoopTur Acesse Cooperativa Paranaense de Turismo CoopTur Disponível em http wwwcoopturcoopbr Acesso em 3 maio 2018 Nesta unidade você estudou sobre as diferentes organizações sociais existentes Nesta seção nos aprofundamos em conhecer sobre as modalidades de cooperativas em especial as cooperativas agropecuárias que apresentam um relevante papel para a economia brasileira Agora que você já estudou mais sobre a tipologia das cooperativas e sabe como cada uma delas atua vamos relembrar a problemática apresentada no início da seção e posteriormente propor soluções viáveis para solucionála Agora que você e João conseguiram expor importantes conceitos sobre as diferentes organizações aos produtores eles indagaram a vocês afinal de acordo com nossas necessidades e anseios qual a melhor organização para criarmos Como poderemos iniciar essa organização E ainda quais critérios deveremos seguir para uma adequada implantação Dessa forma para que vocês finalizem essa orientação em conjunto com os produtores será preciso elaborar uma diretriz sobre o tipo de organização que os produtores irão criar De acordo com o que foi exposto acerca das atividades praticadas pelos produtores a modalidade de cooperativa mais adequada a ser criada é a cooperativa agropecuária Por meio desta os produtores podem conseguir alinhar seus principais objetivos comuns para que todos sejam beneficiados tanto na venda de seus produtos como na compra de insumos agrícolas Além disso com a cooperativa eles conseguirão uma melhor colocação no mercado e assim não precisarão de terceiros para poderem vender seus produtos Sem medo de errar U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 49 Para iniciar uma cooperativa é preciso primeiramente saber se os possíveis cooperados estão cientes dos direitos e dos deveres em uma cooperativa Dessa forma você deve orientálos sobre todos os benefícios mas também sobre as responsabilidades com as quais devem se comprometer em cumprir para que seja uma organização democrática que beneficie a comunidade e em que todos seus cooperados tenham os mesmos ganhos Dessa forma o primeiro passo consiste em determinar os objetivos e em escolher uma comissão que coordenará os trabalhos Depois você precisará explicar que são necessários pelo menos 20 cooperados para iniciar a cooperativa Além disso é preciso também criar um estatuto para explicar o seu funcionamento o qual será o contrato que os cooperados farão entre si entrar com o capital social para fomentar instalações serviços e equipamentos documentações para a junta comercial e para a receita federal e cumprir alguns procedimentos importantes como Reuniões com os futuros cooperados para determinar os objetivos missão e próximos passos a serem seguidos Verificar a viabilidade econômicofinanceira da criação da cooperativa É importante questionar a todos os cooperados se a criação dessa organização os atenderá se estão de acordo com os objetivos e se estão dispostos a cooperar Elaborar o estatuto através de comissão o qual deverá ser lido e discutido por todos os cooperados para que estejam de comum acordo Para a fundação da cooperativa devese convocar uma Assembleia Geral de Constituição com no mínimo 20 cooperados presentes Pesquise mais Para criar uma cooperativa é preciso que sejam atendidos vários requisitos como ter estatuto e capital social documentações executar certos procedimentos e pagar algumas taxas Para saber mais sobre cada um desses itens acesse o material a seguir Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE Como criar uma cooperativa 2017b Disponível em httpwww sebraecombrsitesPortalSebraeartigoscomocriarumacooperativ af3d5438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Acesso em 03 mai 2018 U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 50 Ao final das orientações de como João deverá direcionar seus pais e os outros produtores você deverá reunir em um único documento orientações sobre os diferentes tipos de organizações sociais e cooperativas existentes e principalmente sobre a criação de uma cooperativa agropecuária Desafios de uma cooperativa Descrição da situaçãoproblema Você profissional que trabalha a vários anos com gestão de cooperativas foi contratado por uma cooperativa para que pudesse analisar alguns problemas que estavam ocorrendo entre os cooperados Ao chegar na cooperativa você decidiu convocar uma assembleia para que os cooperados pudessem expor suas opiniões e pudessem saber mais sobre os problemas pelos quais estavam passando Durante a assembleia um dos cooperados expôs que não estava mais valendo a pena se manter na cooperativa pois não havia vantagens e que não havia incentivo para comprar mercadorias a um preço mais atrativo Outro cooperado expôs que não conseguia vender seus produtos por um preço melhor na cooperativa do que vende individualmente Após ouvir os cooperados quais possíveis orientações você poderia dar a eles para que possam conseguir ter seus objetivos atingidos satisfatoriamente Resolução da situaçãoproblema Para resolver o problema da cooperativa que o contratou você terá que aplicar os conhecimentos sobre o que é preciso para que uma cooperativa esteja funcionando adequadamente como por exemplo o fato de que os objetivos de todos os cooperados devem estar alinhados para que juntos busquem atender às necessidades comuns o que não está sendo alcançado já que os cooperados apontaram que suas necessidades não estão sendo supridas seja a de melhor valor de compra de produtos seja a do valor de venda da produção Dessa forma você pode orientar que os objetivos e ações da cooperativa sejam revistas em uma assembleia na qual todos os Avançando na prática U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 51 cooperados devem estar presentes para que sejam definidos os objetivos e quais serão as próximas medidas que a cooperativa tomará para atender a todos É importante também que você diga aos cooperados que as vontades comuns e não individuais devem ser prezadas Por isso todos devem participar ativamente das decisões de forma democrática 1 Leia o trecho a seguir Uma cooperativa de objetiva entre outras coisas atender aos profissionais que se encontram em desvantagens no mercado de trabalho ou que por algum outro motivo precisem ser tutelados pela cooperativa elaborado pelo autor Qual alternativa a seguir completa corretamente a lacuna do textobase a Cooperativa de saúde b Cooperativa de trabalho c Cooperativa financeira d Cooperativa social e Cooperativa de consumo 2 Analise as afirmativas a seguir I Na cooperativa social os membros contribuem mensalmente com um valor estabelecido e possuem acesso a determinado imóvel cuja aquisição já foi previamente acordada II A cooperativa de infraestrutura presta serviços básicos aos seus cooperados de forma coletiva como serviços de energia telefonia segurança saneamento básico limpeza pública dentre muitos outros III A cooperativa de trabalho objetiva abastecer seus cooperados por meio de compras comuns uma vez que dessa forma o preço dos produtos fica melhor do que se fossem comprados individualmente Quais as afirmativas apresentadas no textobase são verdadeiras a Apenas a afirmativa I b Apenas as afirmativas I e III c Apenas a afirmativa II d Apenas as afirmativas I e II e Apenas a afirmativa III Faça valer a pena U1 Conceitos introdutórios sobre cooperativas 52 3 Leia e analise as afirmações a seguir Para que uma cooperativa seja criada é preciso que alguns princípios valores e procedimentos sejam contemplados PORQUE Só é possível que uma cooperativa desempenhe suas funções se houver uma pequena comissão para fazer as principais decisões Qual alternativa contempla a correta informação sobre as asserções a A afirmação I está correta e a afirmação II incorreta b Ambas as afirmativas estão corretas porém a afirmativa II não é justificativa da I c Ambas as afirmativas estão incorretas d Ambas as afirmativas estão corretas e a afirmativa II é justificativa da I e A afirmação I está incorreta e a afirmação II correta BIALOSKORSKI NETO Sigismundo Economia e gestão de organizações cooperativas 2ed São Paulo Atlas 2012 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03constituicaoconstituicaohtm Acesso em 16 abr 2018 Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências Disponível em httpwwwplanaltogovbrCCivil03leisL5764 htm Acesso em 16 abr 2018 Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Código Civil Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leis2002l10406htm Acesso em 16 abr 2018 CARDOSO Univaldo Coelho COOPERATIVA Série Empreendimentos Coletivos Brasília Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE 2014 GAYOTTO Adelaide Maria Formas primitivas de cooperação e precursores 8 ed São Paulo Departamento de Assistência ao Cooperativismo 1976 GLOBO Saiba mais sobre a importância das cooperativas Bom dia Alagoas Rio de Janeiro 09 mar 2017 Disponível em httpg1globocomalalagoasbom diaalagoasvideosvsaibamaissobreaimportanciadascooperativas5710738 Acesso em 01 mai 2018 GONÇALVES Jackson Eduardo Histórico do movimento cooperativista brasileiro um enfoque sobre o cooperativismo agropecuário Disponível em httpwww soberorgbrpalestra2955pdf Acesso em 07 jun 2018 HUGON Paul História das doutrinas econômicas 14 ed São Paulo Atlas 1995 KAARLEHTO Paavo On the economic nature of cooperation Acta Agriculturae Scandinavica v 6 n 3 p 244352 1956 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO MAPA Cooperativismo no Brasil 01 dez 2016 Disponível em httpwwwagricultura govbrassuntoscooperativismoassociativismocooperativismobrasil Acesso em 03 mai 2018 ORGANIZAÇÃO das Cooperativas Brasileiras OCB O que é cooperativismo Disponível em httpwwwocborgbroqueecooperativismo Acesso em 26 mar 2018 PINHO Diva Benevides O pensamento cooperativo e o cooperativismo brasileiro 3 ed CNPq 1991 Referências SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE Como criar uma cooperativa 2017b Disponível em httpwwwsebraecombr sitesPortalSebraeartigoscomocriarumacooperativaf3d5438af1c92410VgnVCM1 00000b272010aRCRD Acesso em 03 mai 2018 SISTEMA OCB O que é cooperativismo Disponível em httpwww somoscooperativismocoopbroqueecooperativismo Acesso em 04 mai 2018 SMITH Adam A Riqueza das Nações investigação sobre sua natureza e suas causas Coleção Os Economistas 1 ed São Paulo Nova Cultural 1996 v I PAES José Eduardo Sabo Fundações associações e entidades de interesse social aspectos jurídicos administrativos contábeis trabalhistas e tributários 9 ed Rio de Janeiro Forense 2018 SANTOS Boaventura de Souza A reinvenção solidária e participativa do Estado In PEREIRA Luis Carlos Bresser Org Sociedade e Estado em Transformação São Paulo Unesp 2001 SLOMSKI Valmor et al Contabilidade do terceiro setor uma abordagem operacional aplicável às associações fundações partidos políticos e organizações religiosas São Paulo Atlas 2012 TACHIZAWA Takeshy Organizações não Governamentais e Terceiro Setor Criação de ONGs e Estratégias de Atuação 6 ed São Paulo Atlas 2014 VANINI Eduardo Empreendedores unem esforços em cooperativas solução ajuda a amenizar custos do negócio e ampliar o alcance de vendas O Globo 17 set 2017 Disponível em httpsogloboglobocomeconomiaempregoempreendedores unemesforcosemcooperativas21828460 Acesso em 01 maio 2018 Unidade 2 Caro aluno no cotidiano tomamos decisões a todo o momento sendo algumas delas automatizadas pelo hábito Em maior ou menor medida essas decisões são fundamentais para que as atividades que exerçamos obtenham sucesso sejam elas atividades profissionais ou pessoais como um conjunto de orientações técnicas para funcionários ou na compra de suprimentos para sua residência Tudo envolve a necessidade de gestão Mas quando falamos das organizações como as associações e cooperativas mais acertadas devem ser as tomadas de decisão E como um profissional de agronegócios você deverá compreender como a gestão ou melhor como uma gestão correta e adequada destas organizações é fundamental para melhor desenvolver as atividades Neste sentido a Unidade 2 foi elaborada para que você compreenda como estas organizações são geridas e quais modelos de gestão são utilizados Mas antes de compreender como é de fato a gestão de uma cooperativa em funcionamento você verá durante esse processo de aprendizagem quais são os passos burocráticos que devem ser seguidos para que se constitua uma sociedade cooperativa Entendendo esses passos você será capaz de captar se uma cooperativa atenderá uma demanda observada ou se outro modelo de organização pode se adequar melhor à certa necessidade Você é um gestor de agronegócios e foi contratado há certo tempo por um amigo do senhor Antônio para uma consultoria O senhor Antônio desenvolve atividades no Convite ao estudo Gestão aplicada às cooperativas ramo da bovinocultura leiteira Na região sul na cidade de Pádua herdou a propriedade rural do pai e hoje reside com a família mas tem enfrentado dificuldades na atividade Neste momento ele se lembrou de que você prestou consultoria ao amigo dele e que depois desta esse outro produtor pôde se instrumentalizar e melhor organizar as atividades que realizava de modo que elevou tanto a qualidade dos produtos que produzia quanto a qualidade de vida da família Assim o senhor Antônio entrou em contato com você pois percebeu que sozinho não conseguiria atingir seus anseios de ser competitivo na atividade leiteira que desenvolve na propriedade Em uma reunião conversou com os vizinhos e eles decidiram que queriam criar uma associação para poderem comercializar conjuntamente já que não existe nenhuma associação do tipo na região Então contrataramno para uma consultoria Todos realizam a comercialização do produto individualmente para o laticínio da cidade de Pádua e estão todos descontentes com a remuneração que recebem pelo produto leite Neste contexto o senhor Antônio e outros produtores têm considerado deixar a atividade E então gestor vamos ajudar o senhor Antônio e seus vizinhos a permanecerem nas atividades rurais que são tradição de suas famílias A partir de agora você deverá orientálos na implantação de uma associação e sobre as especificidades da gestão adotada por estas organizações Ao final dessa unidade você deve preparar um relatório de consultoria apresentando todo o histórico do seu trabalho com eles bem como seus resultados Para isso vamos compreender quais são as características e como são constituídas as associações e cooperativas Além disso vamos observar se essas organizações compreendem modelos capazes de atender aos anseios do senhor Antônio e dos demais produtores da comunidade Pádua U2 Gestão aplicada às cooperativas 57 Caro aluno é possível que você já tenha presenciado um diálogo no qual as partes destacam as dificuldades para constituir uma organização formalizada nos critérios da lei Mas por que isso ocorre afinal De certo modo é a falta de informações O desconhecimento dos trâmites legais faz com que parte da população não chegue a se propor a constituir organizações cooperativas Embora muitos possam ter interesse por estarem próximos geograficamente de uma destas organizações ou por conhecerem alguém que é associado ou ainda por terem acesso via mídia às diversas cooperativas operantes no país nem sempre as pessoas sabem a quem recorrer para constituir uma organização desse tipo Assim por partirem do princípio que essas organizações são extremamente complexas e inacessíveis muitas delas não seguem adiante embora reconheçam as possibilidades que essas instituições representam Neste contexto em que você como gestor em agronegócio será colocado embora haja modelos conhecidos pela população por falta de informação alguns não chegam nem a tentar o início de uma organização No caso o senhor Antônio é um proprietário que você conheceu em uma das consultorias prestadas a um dos amigos dele de outro município Ele e seus vizinhos atuantes na atividade de bovinocultura leiteira vendem individualmente seus produtos ao laticínio da cidade de Pádua Por efeito eles estão desestimulados por receberem uma remuneração muito baixa pelo leite comercializado Por esse motivo alguns produtores estão considerando deixar a atividade da pecuária leiteira Como gestor você deve compreender que a inovação é algo importante e necessário mas antes de deixar as atividades o ideal é que o senhor Antônio explore mais opções visto que a pecuária bovina leiteira é uma atividade que ele tem paixão por realizar Alguns de seus vizinhos que estão em situação semelhante já têm Seção 21 Diálogo aberto Constituição de associações e cooperativas U2 Gestão aplicada às cooperativas 58 deixado à atividade Pelo resultado do seu trabalho na consultoria que prestou ao amigo do senhor Antônio você foi indicado por ele para seus vizinhos Juntos eles resolveram fazer contato pois a região onde o município de Pádua está localizado não conta com uma associação de produtores de leite Assim o senhor Antônio e os demais produtores pensaram que essa seria uma possibilidade de conseguir melhor remuneração pelos produtos pois perceberam que individualmente não conseguiriam atingir esse objetivo O problema é que eles não sabem se essa é a melhor possibilidade para atuarem conjuntamente para atingirem o principal objetivo que é o aumento na remuneração do produto e eles também desconhecem como formar uma associação E então gestor como ajudar o senhor Antônio e seus vizinhos Para conseguir auxiliálos você deve saber qual o primeiro passo de sua orientação porque é importante que eles conheçam a diferença entre associações e cooperativas no caso em pauta qual a melhor opção associação ou cooperativa e qual seria a finalidade dessa união entre os produtores Não pode faltar A sociedade como um todo é repleta de conjuntos de regras as quais podem ser objetivas ou não As leis são responsáveis por controlar ações e limitar os comportamentos dos indivíduos E quando falamos de sociedades cooperativas no Brasil temos uma diversidade de leis decretos e normativas que as orientam regulamentam e possibilitam sua instituição perante o Estado Brasileiro Você deve ter observado que as formas associativas têm crescido ano após ano atingindo os mais diversos segmentos e que para atender às demandas deste crescimento a legislação nacional tem se aperfeiçoado O cooperativismo por exemplo tem respaldo legal na Constituição Federal de 1988 no Código Civil Brasileiro e em leis específicas Na Constituição Federal em seu Título II Capítulo I em que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos traz no art 5º inciso XVIII que a criação de associações na forma da lei e de cooperativas independem de autorização sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento BRASIL 1988 Também no art 146 está U2 Gestão aplicada às cooperativas 59 determinado que cabe à Lei Complementar no inciso III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária trazendo na alínea C adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas BRASIL 1988 O papel do Estado é no âmbito destas organizações exercer as funções de fiscalização incentivo e planejamento tendo no caso do setor público posição determinante e no setor privado posição indicativa BRASIL 1988 art 174 No parágrafo 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo Ainda no art 187 ao tratar da política agrícola inclui no inciso VI o cooperativismo BRASIL 1988 Como dito o Código Civil brasileiro que é instituído pela Lei nº 104062002 também trata das cooperativas mais especificamente nos arts De 1093 a 1096 Estes esclarecem o que são sociedades cooperativas quais suas características e as responsabilidades dos sócios cooperados O art 1096 do Código faz referência às leis específicas sobre o tema Neste sentido temse a Lei das Sociedades Cooperativistas Lei nº 576471 Mas por que essa lei é considera a lei do cooperativismo uma vez que você aprendeu que muitas são as leis que tratam do tema Porque essa é a que define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime das sociedades cooperativas no país e que versa sobre a natureza das sociedades cooperativas Ela determina que podem celebrar contrato de sociedade cooperativa pessoas que queiram contribuir com bens ou serviços para exercício de atividades econômicas que sejam de proveito comum sem objetivo de lucro BRASIL 1971 art 3º Polônio 2004 lista quatro importantes atributos das cooperativas trazidos no corpo desta lei 1 É uma sociedade de pessoas 2 É de natureza jurídica própria 3 É de natureza civil 4 Visa a prestação de serviços aos associados Mas o que nos dizem esses atributos Em sociedade de pessoas o elemento principal é a pessoa de seus sócios contrapondose às sociedades de capital sendo que segundo o autor pouco importa a qualidade das pessoas que se associam Na sociedade de pessoas U2 Gestão aplicada às cooperativas 60 colocase em primeiro plano a capacidade administrativa eou operacional dos sócios bem como seu interesse nas operações da sociedade POLÔNIO 2004 p39 Por se tratar de natureza jurídica própria e de natureza civil é imposto às cooperativas duas naturezas distintas ou seja ao passo que é jurídica própria também é de natureza civil Assim sendo a cooperativa é a única sociedade no Brasil com duas naturezas Mas sendo ela de característica tão diferenciada também é uma das poucas sociedades constituídas pelos associados os quais prestam serviços a si mesmos não ficando impedidos de prestar serviços também a não associados Outro diferencial das cooperativas é que elas não estão sujeitas à falência e como razão de Constituição têm que prestar serviços aos associados como dispõe o art 4º da Lei nº 576471 Assim a função de existir de uma cooperativa é prestar serviços a seus associados possibilitando o exercício de atividade comum Esse tipo de atributo servir aos seus associados as diferencia dos demais tipos societários e quando distribui ações de bens e serviços ao mercado o faz em nome de seus associados Exemplificando Quando uma cooperativa faz uma comercialização de trigo milho e soja recebidos de por exemplo um ou diferentes associados embora a cooperativa venha a fazer a comercialização em seu nome de fato ela estará comercializando realizando determinado negócio em nome de seus associados Ou seja ela está prestando um serviço diretamente aos seus associados Quanto às características das sociedades cooperativas como citamos anteriormente a legislação brasileira tem se aperfeiçoado quanto ao tema assim ao fazer uma leitura e atingir o entendimento da Lei das Sociedades Cooperativistas Lei 576471 é preciso também realizar a leitura do novo Código Civil Lei nº 104062002 sobre o tema No art 4º da Lei das Sociedades Cooperativistas são XI os incisos com as características destas sociedades já no caso do Código Civil apresentamse apenas VIII incisos sendo as características mais importantes normatizadas e aperfeiçoadas U2 Gestão aplicada às cooperativas 61 As primeiras observações trazidas pelo novo Código Civil são sobre a ausência dos incisos I IX X e XI O I trata da adesão voluntária e do número ilimitado de associados que uma cooperativa pode ter desde que esta tenha capacidade técnica para atendêlos A adesão voluntária no sentido de que não há obrigação para se associar a uma sociedade cooperativa não diferencia as cooperativas das demais sociedades visto que a adesão deverá ser em todas sempre voluntária O inciso IX trata da neutralidade política e da indiscriminação religiosa racial e social A Constituição Federal também é clara em seu art 5º ao tratar nos incisos VIII e XLII respectivamente que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política e a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível sujeito a pena de reclusão nos termos da lei Já o inciso X revogado dispunha sobre a prestação de serviços aos associados e quando previsto em estatuto aos empregados da cooperativa amparado por porcentagem que era de contribuição de cada associado mas perde efeito com alteração do inciso VIII pois quando os fundos de assistência técnica educacional e social passou a ser distribuível sendo apenas opção sua constituição ou seja as cooperativas não mais puderam garantir essas atividades visto que não tinham garantia de financiamento Por fim o inciso XI que trata da limitação da área de admissão de associados às possibilidades de reunião controle operações e prestação de serviços neste caso de fato a operacionalização das cooperativas poderiam ser mais eficientes quando os associados estivessem em determinada região geográfica No entanto com a ampliação do acesso e as diversas tecnologias disponíveis para comunicação na era presente é perfeitamente possível a uma cooperativa ter associados em diferentes estados e regiões por exemplo justificando assim sua revogação Das características da Lei das Sociedades Cooperativas pelo novo Código Civil com algumas alterações foram mantidas as características variabilidade ou dispensa do capital social número de sócios mínimo necessário para compor a administração da sociedade sem número máximo é limitado o valor de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar as quotas do capital U2 Gestão aplicada às cooperativas 62 são intransferíveis a terceiros estranhos à sociedade ainda que em caso de herança a assembleia geral deverá ter quórum para funcionar e deliberar quórum este que é fundado no número de sócios presentes e não no capital representado cada sócio independente do capital que tenha ou valor da sua participação tem direito a apenas um voto na distribuição dos resultados o valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade será proporcional podendo ser atribuído valor fixo ao capital realizado o fundo de reserva entre os sócios ainda que a sociedade seja dissolvida será indivisível BRASIL 2002 art1094 Vocabulário Quórum é o número indispensável para o funcionamento de uma assembleia ou reunião para que a deliberação tenha valor legal QUORUM 2018 Cabe destacar também que a Lei das Sociedades Cooperativas ao tratar no seu art 29 do ingresso dos associados na cooperativa estabelece que não poderão ingressar no quadro das cooperativas os agentes de comércio e empresários que operem no mesmo campo econômico da sociedade BRASIL 1971 Dessa forma foi possível observar como em apenas quatro incisos a legislação se adequa à nova tecnologia e aperfeiçoa os mecanismos legais para que o funcionamento de sociedades cooperativas seja cada vez mais dinâmico Além da legislação aqui citada temos leis que podem ser especialmente citadas como é o caso da Lei nº 126902012 que dispõe sobre a organização e funcionamento das Cooperativas de Trabalho e da Lei Complementar nº 1302009 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo Existem ainda as legislações estaduais como a Lei nº 122262006 que institui a Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo no Estado de São Paulo Depois de tudo que aprendemos de fato como se forma uma sociedade cooperativa afinal Próximo a você pode haver algumas cooperativas de sucesso e talvez você tenha a compreensão que do ponto de vista jurídico a constituição de cooperativas é um processo muito complexo U2 Gestão aplicada às cooperativas 63 Mas você verá que ao seguir alguns passos básicos a constituição destas organizações é mais simples do que pode parecer Como compreendemos até aqui uma cooperativa é um empreendimento coletivo e para tanto a legislação determina para sua constituição um número mínimo de 20 pessoas ou número suficiente para uma gestão satisfatória Além disso devese ter claro o objetivo de formação da cooperativa sendo este normalmente o de gerar renda ou aumentar a renda do grupo Mas esse trabalho coletivo que é fundamental para que as cooperativas tenham sucesso também constitui um dos principais desafios visto que nem todo o membro do grupo que tem pretensão de constituir sociedade cooperativa está familiarizado com trabalho coletivo tendo experiências apenas de trabalhado individual O primeiro passo no roteiro de constituição de uma cooperativa é o que Cardoso 2014a denomina como fase de sensibilização Nesta fase que é de préconstituição da cooperativa é importante que o grupo que visa fundar uma cooperativa tenha o máximo de informação sobre o tema como a legislação o funcionamento bem como os direitos e deveres de um associado além dos limites e as possibilidades de uma cooperativa Por que esse conhecimento é necessário E de qual forma podese disponibilizar as informações para o grupo Embora a tecnologia hoje possibilite diversas formas de comunicação uma forma eficiente de trazer as informações é a realização de palestras sobre o tema a disponibilização de espaços de discussão onde dúvidas podem ser sanadas e onde se deve dar ênfase sobretudo aos aspectos relativos à responsabilidade de cada pessoa no processo e a necessidade de se imprimir um caráter empresarial e transparente na gestão da cooperativa CARDOSO 2014a p 51 Podese também apresentar exemplos de cooperativas do ramo escolhido que já estão consolidadas e como foi seu processo inicial Após esse momento de melhor compreensão do tema os membros do grupo terão elementos suficientes para decidirem se seguirão ou não o processo que leva à constituição da cooperativa Sempre se deve considerar que uma cooperativa tem base na atividade econômica de seus associados assim sendo esta conta basicamente com os recursos dos próprios associados os quais U2 Gestão aplicada às cooperativas 64 devem dispor de recursos para seu capital inicial E podese daí distribuir algumas tarefas importantes como a realização de uma análise de viabilidade econômica mesmo não tendo por fim o lucro devem às cooperativas ser viáveis qual a necessidade de infraestrutura e de recursos financeiros para viabilizála e informações sobre a legalização da cooperativa em si Mas no caminho durante esses processos de reflexões o grupo citado se deparou com a possibilidade de atuar por meio de outro tipo de organização as associações que são essencialmente organizações diferentes das cooperativas Um diferencial entre elas é que se de um lado as associações têm por finalidade a promoção de assistência social educacional cultural representação política defesa de interesses de classe filantropia Cardoso 2014c p 21 as cooperativas têm finalidade essencialmente econômica sendo seu principal objetivo viabilizar o negócio produtivo dos associados junto ao mercado Nas cooperativas os associados são donos do patrimônio e se beneficiam dos ganhos que o processo gerará como é o caso das sobras que podem ser distribuídas entre associados Nas associações os associados não podem ser considerados donos e por vezes os associados não são os beneficiários da ação do trabalho da associação Exemplificando Um grupo de moradores resolveu constituir uma associação de bairro e passaram a realizar atividades esportivas e culturais em todo o município Assim embora em parte se beneficiem estes moradores não são os beneficiários das ações da associação Compreender essas diferenças é essencial para que se escolha o modelo mais adequado à necessidade do grupo Assim se o objetivo é levar adiante atividade comercial uma cooperativa é mais adequada mas sendo o objetivo o desenvolvimento de atividades sociais a melhor opção é a constituição de uma associação U2 Gestão aplicada às cooperativas 65 Reflita Se as cooperativas têm a atividade comercial como central e as associações as atividades sociais neste caso as associações não poderiam comercializar SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Associações Rurais práticas associativas características e formalização Brasília SENAR 2011 Disponível em httpwwwsenarorgbrsitesdefault files153associacoesrurais0pdf Acesso em 04 maio 2018 Neste contexto vamos agora de fato saber como se constituem os dois tipos de organizações visto que como gestor você pode se deparar com situações que requeiram a instituição de uma ou outra organização Até o momento vimos que as cooperativas têm todo um aparato legal e no caso das associações não é diferente Além do art 5º da Constituição Federal o novo Código Civil Brasileiro também trata das associações especificamente no Capítulo II art 53 a 61 As associações conforme o Código Civil se constituem pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos BRASIL 2002 art 53 As associações são regidas por estatuto Social Assim após a formação de grupo de interessados e de definição dos objetivos deste grupo eles devem conjuntamente elaborar uma minuta de estatuto ou seja uma primeira redação deste O estatuto é o instrumento de constituição de uma associação o qual conterá as regras que regerão a associação Desta forma diante de sua importância ele deverá trazer regras específicas notadamente acerca de suas finalidades organização dos órgãos constitutivos e respectivas competências bem como atribuições de responsabilidades CARDOSO 2014c p 30 Portanto a minuta segundo Paes 2018 p126 deverá ser discutida pelos interessados e submetida à deliberação e aprovação em Assembleia Geral precedendo a convocação dos associados ou sócios fundadores para participar da AssembleiaGeral de Constituição em cuja convocação deverá constar como pauta a constituição da sociedade e aprovação do estatuto U2 Gestão aplicada às cooperativas 66 Neste momento devese também eleger os membros que irão compor o primeiro mandato nos órgãos internos como conselho deliberativo conselho fiscal e diretoria Após a reunião uma ata será lavrada em pelo menos duas vias assinada por todos os sócios fundadores com seus Cadastros de Pessoa Física CPF e deverá conter os membros eleitos para os órgãos internos e a localização da sede provisória da sociedade PAES 2018 O estatuto também deve ter duas vias e ser assinado mas no caso apenas pelo presidente da associação e com o visto de um advogado com registo na Ordem dos Advogados do Brasil OAB Uma associação é pessoa jurídica e portanto deverá realizar alguns procedimentos para se constituir legalmente O próximo passo é elaborar um requerimento ao oficial de um Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da circunscrição e fazer a solicitação do registro dos atos constitutivos da associação O ofício que deverá estar assinado pelo presidente da associação deve ser acompanhado pelos documentos citados anteriormente em duas vias estatuto da sociedade ata de constituição além da relação de todos os sócios fundadores com identificação da nacionalidade profissão número de carteira de identidade CPF e endereço residencial Com esta documentação em ordem o cartório lançará certidão de registro e devolverá uma das vias assim o registro inicial está feito O próximo passo possibilita à associação realizar transações financeiras contratos convênios e contratação de empregados o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ A inscrição do cadastro pode ser feita por meio do site da Receita Federal do Brasil ou em uma das delegacias desta O CNPJ além de requisito para formalização da pessoa jurídica permite as associações se inscreverem nos cadastros estaduais e municipais na Caixa Econômica Feral para fins de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS e na Previdência Social no Instituto Nacional do Seguro Social INSS podendo assim realizar atos necessário à atividade Por fim as associações devem providenciar alvará de funcionamento com a prefeitura e ainda junto à prefeitura deverá em caso de associação de prestação de serviços inscreverse no Cadastro de Contribuintes Mobiliário CCM e quando houver empregados devese adquirir livro de registro de U2 Gestão aplicada às cooperativas 67 empregados e o registro na Delegacia Regional do Trabalho em prazo de 30 dias após contratação CARDOSO 2014b Após essas etapas a associação estará legalmente constituída e pronta para iniciar seu funcionamento Assimile Nas cidades maiores é possível que se tenha um cartório específico para registro civil de pessoas jurídicas no entanto nas menores este é feito em cartório de registro geral Já compreendemos que as cooperativas e associações são em parte diferentes mas muitas coisas são muito similares como veremos Para sua instituição diferentemente das associações as cooperativas requerem salvo no caso das cooperativas de crédito o número mínimo de 20 associados BRASIL 1971 art 6 Mas igualmente às associações constituemse por meio de assembleia geral dos fundadores na qual leem e aprovam o estatuto social que regerá a vida da sociedade bem como de seus associados POLÔNIO 2004 Neste momento são integralizadas e subscritas as quotaspartes do capital social dos associados é promovida a eleição dos órgãos internos de fiscalização e administração e é dada a posse aos eleitos conforme dispõe o próprio estatuto da organização PAES 2018 Agora voltemos às cooperativas as quais de posse de estatuto social da ata da assembleia geral e da lista nominativa dos associados fundadores devem solicitar registro no Cartório de Título e Documentos no Ministério da Fazenda e na Junta Comercial CRÚZIO 2005 Até então todos os procedimentos são os mesmos para se registar uma associação não é Mas antes de requerer à junta comercial o registro por meio de formulário único devese encaminhar para o setor jurídico da Organização das Cooperativas do Brasil OCB do estado em que se está para que o estatuto e a ata de constituição sejam analisados e possíveis sugestões sejam oferecidas CARDOSO 2014a 2014c O registro no OCB estadual também tem caráter obrigatório como estabelecido pelo art 107 da Lei nº 576471 O parágrafo único traz que no ato de registro a cooperativa caso tenha U2 Gestão aplicada às cooperativas 68 integralizado até 250 salários mínimos deverá pagar 10 do maior salário mínimo vigente mas caso o montante seja maior que 250 salários deverão pagar 50 de um salário mínimo É necessária também a Ficha Cadastral da Cooperativa que pode ser obtida em papelarias ou via internet através do Programa Junta Comercial sendo FCN1 Cooperativa e FCN2 Cooperado Deve se cadastrar no site da Receita Federal e solicitar cadastro de CNPJ Inscrição Estadual e Prefeitura Municipal uma ficha de inscrição de estabelecimentosede em três vias acompanhada de fotocópia do CPF do responsável legal ante o CNPJ Por fim comprovante de pagamento do Documento de Arrecadação Estadual DAE emitido no site da Junta Comercial em quatro vias CARDOSO 2014c p41 Esses são os procedimentos gerais para a constituição de uma cooperativa mas é importante de todo modo checar com a junta comercial do estado em que se está visto que se pode ter orientações diferentes entre os estados É determinado que as cooperativas deverão manter os seguintes livros I de Matrícula II de Atas das Assembleias Gerais III de Atas dos Órgãos de Administração IV de Atas do Conselho Fiscal V de presença dos Associados nas Assembleias Gerais VI outros fiscais e contábeis obrigatórios Pesquise mais Sendo os empreendimentos coletivos baseadas em autogestão como é o caso das sociedades cooperativas debater ideias é fomentar um ambiente saudável de crescimento e chegar a consensos é uma habilidade que deve ser desenvolvida por todos os associados Neste sentido compreenda como espaços de diálogo funcionam como um espaço para aprendizado mas também como exercício para desenvolvimento desta habilidade Leia Cultura da Cooperação capítulos 2 3 5 e 6 para melhor compreender cooperação no ambiente cooperativo principais obstáculos e possibilidades de superação CARDOSO Univaldo Coelho Cultura da cooperação Brasília Sebrae 2014b Disponível em httpbissebrae combrbisconteudoPublicacaozhtmlid5196 Acesso em 2 maio 2018 U2 Gestão aplicada às cooperativas 69 Leia também Sociologia das Organizações de Reinaldo Dias para compreender a atuação em conjunto DIAS Reinaldo O ser humano e a vida em grupo In Sociologia das organizações São Paulo Atlas 2008 Sem medo de errar No início desta unidade você conheceu a situação do senhor Antônio e de seus vizinhos Proprietários rurais que embora tenham tradição ao desenvolver a bovinocultura leiteira têm enfrentado dificuldades em elevar o preço pago pelo seu principal produto o leite E diante dessa situação o senhor Antônio que o conheceu quando você atuava em uma consultoria para um conhecido dele lhe chamou para prestar uma consultoria a fim de conhecer novas possibilidades para melhorar a remuneração da produção Mas ele e seus vizinhos não têm o conhecimento técnico de quais as formas organizativas mais adequadas para a situação deles para atuar em conjunto tendo eles pensado em uma associação a princípio Agora eles necessitam dos seus conhecimentos como gestor para saber se essa realmente é a melhor opção Mas como ajudar o senhor Antônio e seus vizinhos Como apresentado no conteúdo desta seção primeiro os interessados devem passar por uma fase de sensibilização ou seja você deverá discutir com o senhor Antônio e seus vizinhos sobre o conhecimento e as experiências que eles têm acumulado sobre como trabalhar em conjunto e sobre os tipos de organização onde pessoas trabalham de forma coletiva Ainda que no primeiro momento você tenha compreendido que os produtores querem se associar para comercializar seus produtos por preços mais atrativos não se pode inferir se estes têm a ciência de que podem fazer isso por meio de associações e cooperativas Portanto você deverá investigar se embora atuando em conjunto eles pretendem continuar comercializando de fato sozinhos Pois existem diferenças salientes entre associações e cooperativas Nas cooperativas os associados são donos do patrimônio e se beneficiam dos ganhos que o processo gerará pela comercialização U2 Gestão aplicada às cooperativas 70 por ela efetuada ou da distribuição das sobras por exemplo Nas associações os associados não podem ser considerados donos e inclusive podem até não serem os beneficiários diretos das ações da associação Se o senhor Antônio e os outros compreenderem essas diferenças poderão escolher qual modelo melhor se adequa a atender seus anseios Aprendemos desse modo que uma das formas de ficar ainda mais claro é uma palestra uma conversa com todos eles sobre esses diferenciais E se depois desse debate e compreensão de diferenças basilares eles identificarem que querem uma organização para realizar primordialmente a comercialização o melhor modelo é a constituição de uma cooperativa As cooperativas têm por objetivo servir aos seus sócios e embora não possa gerar lucro exerce atividade comercial Se fossem constituir uma associação essa poderia atuar no assessoramento desta comercialização mas seria de fato realizada pelo associado Os doces do Rio Salgado Descrição da situaçãoproblema Na região do Rio Salgado a fruticultura é a principal atividade desenvolvida na área rural o que em parte está refletido nas praças da cidade com ornamentação de frutíferas Diante do destaque do município nesta atividade de cultivo de frutas os órgãos municipais fizeram algumas parcerias e ofereceram alguns cursos de produção de gelarias licores e doces como modo de estimular a agregação de valor às frutas já produzidas mas quase sempre comercializadas in natura O curso rendeu os resultados esperados quanto à fabricação destes produtos mas quando começaram a ser comercializados rapidamente a grande oferta não foi absorvida pelo pequeno município Ou seja os agricultores não conseguem escoar os produtos fabricados Neste sentido Dona Natália uma das agricultoras que fabrica doces de frutas o procurou para uma assessoria a fim Avançando na prática U2 Gestão aplicada às cooperativas 71 compreender os trâmites legais para a criação de uma associação entre os produtores de doces a exemplo dela de licores e geleias no município Após ouvir de Dona Natália quais são os motivos dela e dos demais agricultores para formar uma associação você compreendeu quais os anseios deles para a criação de uma associação Diante do contexto exposto por Dona Natália você acredita que a associação é a melhor forma organizacional de se comercializar os produtos citados Resolução da situaçãoproblema Pelas informações que recebeu de Dona Natália você percebeu que uma associação embora atenda algumas das demandas dos agricultores com relação à comercialização principal anseio deles ela não é a forma organizativa mais adequada pois a associação como está prevista no Código Civil Brasileiro art 53 constituise pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos ou seja não atende à demanda apresentada Diante disso a forma organizativa mais indicada no caso dos agricultores de Rio Salgado é a formação de uma cooperativa pois embora não vise lucro as cooperativas têm finalidade essencialmente econômica e como eles pretendem comercializar esse é o formato de organização mais indicado Como gestor você deverá apresentar a esses agricultores essa alternativa bem como discriminar as principais diferenças entre essas duas organizações Assim eles melhor compreenderão por que a formação de uma associação não atenderia a demanda que apresentaram de forma eficiente Deve ficar claro também para os agricultores que cooperativas são organizações mais complexas e que será necessário caso decidam por essa opção a realização da capacitação dos interessados em ingressarem como associados E após a escolha destes por uma ou outra forma organizativa você poderá mostrarlhes o passo a passo bem como os documentos necessários para a constituição de cada organização U2 Gestão aplicada às cooperativas 72 1 No município de Calisto a principal atividade econômica agrícola é a bovinocultura de corte mas devido à sua abundância em acesso a águas visto que o município se localiza no encontro dos rios brilhante e escuro tem grande número de pescadores Estes têm até o momento comercializado seus produtos para intermediários que atuam na região Diante disso os preços recebidos pelo pescado não são atrativos e os pescadores tiveram a ideia de se unir para que pudessem além de receber preços mais justos ampliar a área de atuação Neste sentido querem formar uma cooperativa para comercializar seus produtos diretamente sem intermediários No texto acima verificamos que os pescadores do município de Calisto estão na fase précooperativa ou seja estão a poucos passos de constituir uma cooperativa Neste ponto não são todos os envolvidos e requerentes da constituição da cooperativa que compreendem o que isso implica que possuem informações sobre como uma cooperativa funciona ou que tenham experiência em trabalhar coletivamente Assim no roteiro de constituição da cooperativa como se denomina o primeiro passo É correto afirmar que essa fase é a de a Compreensão b Comunicação c Articulação d Sensibilização e Constituição 2 Na comunidade da Onça Pintada no município da Mata Grande uns grupos de extrativistas obtiveram informação sobre as diferentes formas associativas como associações e cooperativas para fins de realizar atividades culturais e educacionais na comunidade Para tanto perceberão que uma associação é a forma mais adequada para atender a demanda do grupo de forma que reunirão um conjunto de documentos para dar entrada ao processo de registro da associação Dentre muitos documentos que devem ser reunidos para a constituição de uma associação é correto afirmar que ela deva ter posse dos seguintes documentos para realizar o registro na Junta Comercial a Estatuto Social ata da Assembleia Geral de Constituição lista nominativa dos fundadores e requerimento ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas Faça valer a pena U2 Gestão aplicada às cooperativas 73 b Estatuto Social ata da Assembleia Geral de Constituição lista nominativa os órgãos internos da associação lista nominativa dos fundadores e requerimento ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas c Estatuto Social ata da Assembleia Geral de Constituição comprovação do registro na Organização das Cooperativas do Brasil OCB requerimento ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas d Estatuto Social ata da Assembleia Geral de Constituição lista nominativa dos órgãos internos da associação e requerimento ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas e Estatuto Social ata da Assembleia Geral de Constituição e Requerimento ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas 3 A Cooperativa Flor do Campo Plano realiza há mais de 25 anos a comercialização de flores para todo o país tendo atuado em todos os estados brasileiros Sua atuação possibilitou aos associados a melhoria nas condições de trabalho produção e qualidade Esse foi um trabalho muito árduo e contou com a participação assídua de seus membros Um dos membros de maior destaque dentro da cooperativa senhor Francisco Franco em decorrência de idade avançada acabou por sair da cooperativa Seu filho Carlos dono de uma empresa que comercializa materiais de jardinagem bem como flores em si tentou assumir seu lugar como sócio mas não lhe foi permitido Caso a admissão do filho do senhor Francisco para ocupar seu lugar fosse aceita é correto afirmar que o Capítulo VII do Código Civil Brasileiro não estaria sendo respeitado quanto às características das sociedades cooperativas determinadas nos incisos do art 1094 Qual inciso seria ferido por essa admissão a Os incisos I e II b O inciso IV c Os incisos VIII e III d O inciso II e Os incisos V e VII U2 Gestão aplicada às cooperativas 74 Caro aluno Vimos na seção anterior a legislação que diz respeito às sociedades cooperativas mas também como é o processo précooperativa ou seja antes da criação propriamente dita E compreendemos também quais os passos básicos para se legalizar uma cooperativa e uma associação Pois bem após o processo de criação para um perfeito e duradouro funcionamento alcançando seus objetivos e atendendo seus cooperados as cooperativas ao serem vistas como um agrupamento social deverão se valer de instrumentos para organizar seus recursos Uma metodologia para isso é a estrutura organizacional É para tratar desta questão que o senhor Antônio com o qual você teve contato anteriormente ao ser contratado para prestar consultoria para ele e seus vizinhos que estavam insatisfeitos com os preços recebidos pela comercialização do leite muito abaixo dos ansiados novamente fez contato Se antes a dúvida era sobre o tipo de organização que mais se adequava à realidade deles agora que eles constituíram uma cooperativa a Cooperativa dos Campos Gerais CCG eles têm enfrentando dificuldades para organizar de maneira eficiente seus recursos humanos financeiros e materiais Por esse motivo muitos associados já deixaram a cooperativa mesmo sendo ela uma das melhores possiblidades de colocarem seus produtos no mercado regional Durante os dois anos de ação da CCG a cooperativa conseguiu aderência de mais de 150 cooperados em três diferentes municípios Mas conforme o número de cooperados crescia mais dificuldades ela passou a ter com a organização sobretudo do ponto de vista tecnológico e logístico Assim a cooperativa perdeu competitividade frente a organizações de outras regiões e seus cooperados sentiramse desestimulados a continuar na atividade Seção 22 Diálogo aberto Organização cooperativa U2 Gestão aplicada às cooperativas 75 Se a cooperativa tem como principal foco a satisfação de seus cooperados ela não tem conseguido cumprir nem a sua função básica para com os seus membros Como gestor você deverá compreender como a cooperativa tem funcionado Ela tem um plano de atuação no tempo Como está articulada sua estrutura organizacional Ou seja quais as atividades e recursos à gestão da cooperativa tem à disposição e como estão ordenados Como o ato cooperativo possibilita às cooperativas vantagens tributárias E quanto à questão tecnológica queixa principal da CCG como você poderá dar especial atenção à compreensão do que tem ocorrido Nesta seção você vai compreender peculiaridades das organizações cooperativas como o ato cooperativo e sua dupla personalidade Mas também poderá orientar a CCG em como resolver seus problemas na área tecnológica e logística a partir de uma adequada estrutura organizacional Não pode faltar As cooperativas são organizações de pessoas cujos donos são um conjunto de cooperados sendo destes que decorrem decisões Neste sentido administrar uma cooperativa é tarefa delicada em comparação à administração de empresas meramente mercantis Por que no caso das cooperativas devemos considerar que esse princípio de organização de pessoas não seja deixado de lado durante o processo administrativo o que reflete em como deverá ser estabelecida a estrutura organizacional Oliveira 2015 p 154 salienta que a estrutura organizacional representa a segunda parte do modelo simplificado de gestão das cooperativas os outros elementos do modelo de gestão correspondem ao planejamento à avaliação e aos processos diretivo e decisório como demonstra a Figura 21 U2 Gestão aplicada às cooperativas 76 Figura 21 Modelo de gestão simplificado das cooperativas Planejamento Estrutura Organizacional Avaliação Processo diretivo e decisório Fonte Oliveira 2015 p 60 E então vamos compreender como as cooperativas estabelecem sua estrutura organizacional Mas antes vejamos o que é a estrutura organizacional Nos primeiros passos para se instituir uma organização temse os procedimentos operacionais os recursos humanos financeiros materiais e tecnológicos bem como uma linha de autoridade estabelecida como aponta Carreira 2009 A organização é um agrupamento social constituído por pessoas que possuem cargos e são agrupadas ou reagrupadas por meio da departamentalização e relações de autoridade Essa departamentalização permite a combinação de recursos humanos financeiros matérias e tecnológicos criando um órgão A estrutura organizacional é a sobreposição destes órgãos CARREIRA 2009 p 258 Oliveira 2015 p156 descreve a estrutura organizacional como um instrumento administrativo que é resultado da identificação análise ordenação e agrupamento das atividades e recursos o que incluí o estabelecimento de níveis de alçada e dos processos decisórios visando ao alcance dos objetivos estabelecidos pelos planejamentos Ou ainda a estrutura organizacional é o delineamento interativo das responsabilidades autoridades comunicações e decisões dos executivos e profissionais em cada unidade organizacional com suas funções e a relação de cada parte para com as demais e para com a cooperativa inteira Ou seja a estrutura organizacional é um instrumento administrativo que possibilita os objetivos da organização serem alcançados mais facilmente U2 Gestão aplicada às cooperativas 77 Pesquise mais O estudo da estrutura organizacional teve em muito contribuição das teorias da administração para sua evolução no tempo Neste sentido é importante que você compreenda melhor o contexto das origens e o processo da aplicação das estruturas organizacionais nas empresas Para tanto sugiro a leitura de Oliveira 2014 que se encontra na sua biblioteca virtual OLIVEIRA Djalma de Pinho Rebouças de Origens dos estudos da estrutura organizacional In Estrutura Organizacional Uma abordagem para resultados e competitividade 3 ed São Paulo Atlas 2014 p 35 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacom brbooks9788522485888cfi444000000 Acesso em 03 maio 2018 A estrutura organizacional das cooperativas como dinâmica está sujeita à influência de diversos fatores Esses fatores devem ser devidamente compreendidos e identificados pois só assim é possível ter uma visão sistêmica e global do processo e da qualidade organizacional da cooperativa o que por sua vez é fundamental para se estabelecer o mais adequado modelo de gestão OLIVEIRA 2015 Para Oliveira 2015 cinco são os fatores de influência I Objetivos estratégias e políticas quando estes estão bem definidos sabese o que esperar de cada executivo e profissional que compõe a cooperativa II Interação dos negócios da cooperativa dos mercados de atuação e do nível de concorrência a cooperativa deve estar delineada para proporcionar situação de equilíbrio entre negócios da cooperativa como produtos e serviços que oferece aos associados e ao mercado bem como os segmentos do mercado que atende tendo suas expectativas e necessidades satisfeitas e o nível de concorrência no qual vantagens competitivas da cooperativa sejam reais e duradouras em relação aos concorrentes III Níveis de conhecimento capacitação e estilo de atuação dos executivos e profissionais todo executivo deverá trabalhar com pessoas e por meio delas que por sua vez devem realizar os trabalhos que as possibilitem alcançar os objetivos estabelecidos U2 Gestão aplicada às cooperativas 78 IV Intensidade e velocidade da evolução tecnológica e nível de tecnologia aplicada na cooperativa a evolução tecnológica representa a velocidade e a forma como novos conhecimentos vão surgindo e são absorvidos e a tecnologia o conjunto de conhecimentos que são utilizados nas atividades da cooperativa V Atuação dos fatores externos ou não controláveis pela cooperativa todos os fatores diretos ou indiretos devem ser analisados na interação da cooperativa com seu ambiente Um exemplo de fator externo é o Governo Federal Observados esses fatores podemse estabelecer melhor os componentes da estrutura organizacional de uma cooperativa uma vez que já temos o conhecimento dos fatores que podem interferir em maior ou menor medida no alcance dos objetivos da organização Os componentes da estrutura organizacional são quatro segundo Vasconcellos 1972 citado por Oliveira 2015 p 160 responsabilidade autoridades comunicações e decisões O sistema de responsabilidade corresponde à obrigação de cada pessoa ou unidade organizacional com as outras pessoas ou unidades e para com toda a cooperativa mas também os cooperados Ou seja a responsabilidade é uma obrigação do indivíduo Neste sistema aspectos básicos são a departamentalização que são várias maneiras de agrupar recursos b o equilíbrio entre as atividadesfim e as atividadesmeio através das quais a unidade fim atende aos cooperados e ao mercado geral ao passo que as unidades meio atendem a unidades fim da cooperativa c atribuições das unidades organizacionais pelas quais deverão se consolidar o processo decorrente do modelo de gestão conforme funções do executivo como planejamento organização direção e avaliação Reflita As cooperativas se estabelecem pela união de pessoas para servir outras pessoas Como as unidades fim puxam a estruturação organizacional das cooperativas Já o sistema de autoridade é o resultado da distribuição do poder dentro das diversas unidades organizacionais da cooperativa Aqui U2 Gestão aplicada às cooperativas 79 autoridade é o poder de decidir dar ordens requerer obediência ou de fazer determinado trabalho para o qual foi designado Os aspectos básicos no sistema de autoridade são a delegação que nada mais é do que a transferência de determinada tarefa de um nível de autoridade para nível subordinado a esse b descentralização e centralização seja em maior ou menor concentração do poder decisório c amplitude de controle que representa o número de subordinados que um chefe pode supervisionar efetivamente e adequadamente d níveis hierárquicos ou seja conjunto de cargos com um mesmo nível de autoridade na cooperativa Quando falamos do sistema de comunicação falamos do resultado das interações entre as diversas unidades organizacionais que compõem a cooperativa Neste sistema é preciso considerar o que deve ser comunicado quando deve ser comunicado de quem deve vir à informação e para quem ela deve ir mas também por que deve ser comunicado quanto se deve comunicar e como essa comunicação deve ser feita Os esquemas fluxo e custos de comunicação devem ser analisados e considerados pelo executivo na cooperativa OLIVERIA 2015 Por fim dos componentes da estrutura organizacional temse o sistema de decisões que é o resultado da ação sobre as informações da cooperativa Neste sentido devese considerar alguns itens como demonstra Oliveira 2015 citando Drucker 1962 de que espécie são as decisões a serem tomadas quais são as decisões necessárias para realização dos objetivos em quais níveis da cooperativa as decisões devem ser tomadas que atividades as decisões afetam ou acarretam e se os chefes devem ser informados ou participarem das decisões Esses são alguns exemplos de questões que permeiam o sistema de decisões A formatação ou melhor as formas básicas da estrutura organizacional podem ser duas formal ou informal OLIVEIRA 2014 Sempre a melhor forma de visualizar a estrutura organizacional da cooperativa será por meio de um organograma que nada mais é que a representação gráfica dos aspectos da estrutura organizacional Assim a formatação básica formal é focada principalmente nos estudos da organização e de seus aspectos sendo que nela as autoridades e as responsabilidades estão alocadas na organização Já a informal é resultante de relações pessoais e sociais que não U2 Gestão aplicada às cooperativas 80 deverão aparecer nos organogramas Sua abordagem está nas pessoas OLIVEIRA 2014 Compreendemos até então os fatores que influenciam a estrutura organizacional das cooperativas como também os componentes ou sistemas da estrutura organizacional Além de que a estrutura possui elementos de formatação básicos formais e informais mas como ter uma estrutura organizacional adequada em uma cooperativa Oliveira 2015 deixa claro que para cada situação para cada cooperativa uma proposta adequada deverá ser sugerida mas existem orientações gerais que devem ser respeitadas deverá existir uma metodologia interação com os objetivos estabelecidos no plano estratégico níveis de participação adequado comprometimento e envolvimento um sistema de avaliação otimizado ausência de interesses pessoais uma interligação da estrutura com todos os outros instrumentos administrativos da cooperativa e a existência de qualidade total Esquematicamente Oliveira 2014 estabelece fases para que isso aconteça nas organizações a saber Fase 1 estabelecimento do plano estratégico que é a metodologia administrativa estabelecer a visão missão e valores que são respectivamente o que a cooperativa quer ser a razão de ser da cooperativa e o conjunto de princípios e crenças da cooperativa estruturação da interação produtos e serviços ofertados com o segmento de mercado análise da evolução tecnológica e tecnologia aplicada análise das vantagens competitivas dos concorrentes dos planejamentos dos objetivos estratégias e das políticas da cooperativa Fase 2 análise e estabelecimento das partes integrantes da estrutura organizacional o estabelecimento da melhor departamentalização das interações das atividades fim e de apoio meio estabelecer um equilíbrio otimizado dos níveis de descentralização e centralização da situação ideal dos níveis hierárquicos e de controle estabelecimento das fichas de funções das unidades organizacionais níveis de autoridades estrutura de comunicação entre unidades estrutura do processo decisório ou caminhos que poderão levar a determinado resultado estruturação U2 Gestão aplicada às cooperativas 81 de relatórios gerenciais ou documentos com informações organizadas para o tomador de decisões Fase 3 análise da capacitação profissional que é a habilidade de identificar adquirir e aplicar conhecimentos nos processos e atividades de cada área de atuação Fase 4 elaboração do manual de organização que corresponde a como a cooperativa aloca as atribuições níveis de alçada e processo decisório e integração entre as unidades organizacionais Fase 5 Plano de implementação da estrutura organizacional Fase 6 Interligação da estrutura organizacional com outros instrumentos administrativos como orçamento planejamento estratégico etc Assim esses são os passos para que a cooperativa estabeleça uma estrutura organizacional mais adequada possível Assimile A departamentalização é antes de tudo uma metodologia CARREIRA 2009 que se utiliza de critérios técnicos para agrupar os recursos sejam humanos financeiros materiais e tecnológicos para atingir os objetivos como vimos Mas a departamentalização se estabelece por diferentes critérios podendo ser Quadro 21 Diferentes tipos de departamentalização e suas características Departamentalização Características Por atividades É a reunião dos recursos humanos financeiros materiais e tecnológicos pelo critério de conhecimento da atividade a ser exercida Por processos Conhecida como linha de montagem agrupa recursos conforme execução dos processos operacionais Por clientes Reúne os recursos por tipos de clientes U2 Gestão aplicada às cooperativas 82 Por linha de produtos Os recursos são reunidos pelos critérios de produtos fabricados ou serviços prestados Por divisão geográfica Agrupamento de recursos por regiões onde a empresa está instalada Mista ou combinada Reúne na mesma estrutura diversas formas de agrupamento de recursos Fonte adaptado de Carreira 2009 Oliveira 2015 também denomina a departamentalização por atividades como departamentalização funcional sendo esse o tipo mais presente nas organizações Chiavenato 2014 considera a departamentalização funcional mas denominaa por funções Definida a estrutura organizacional outras questões devem ser consideradas dentro da organização cooperativa como o ato cooperativo a dupla natureza das sociedades cooperativas e se pode ou não uma cooperativa ser considerada uma empresa As cooperativas apresentam natureza dúplice sendo sociedade de pessoas constituídas para prestar serviços aos associados não tendo por objetivo lucro BRASIL 1971 arts 3 e 4 De tal forma as operações que as sociedades cooperativas realizam com seus associados não se tratam de operações mercantis mas apenas de realização de transferência de mercadorias e recursos entre estes cooperativa e cooperados visando fomentar as atividades em benefício destes ou de transferência dos resultados da atividade buscando sempre os interesses dos associados POLÔNIO 2004 Essa operação entre cooperativa e cooperados a Lei das Sociedades Cooperativas tratou de chamar de atos cooperativos como no art 79 desta U2 Gestão aplicada às cooperativas 83 Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados para a consecução dos objetivos sociais E em seu parágrafo único detalha que o ato cooperativo não implica operação de mercado nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria BRASIL 1971 O ato cooperativo é em especial importante pois a Constituição Federal de 1988 deu ao cooperativismo tratamento privilegiado e estímulo PAES 2018 quando o art 146 traz que cabe à lei complementar III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária especialmente sobre c adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas BRASIL 1988 Mas o que isso significa na prática Esse tratamento adequado significa dizer que sobre atos cooperativos não incide a cobrança do Programa de Integração Social PIS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSSL e do Imposto de Renda de Pessoal Jurídica IRPJ SEBRAE 2018 Cooperativas de crédito e de transporte de cargas rodoviárias são isentas do PIS e da COFINS conforme art 30 da Lei nº 11051 de 29 de dezembro de 2004 Ou seja havendo ato cooperativo há casos em que não se tem incidência de impostos Mas para as operações praticadas com não associados ainda que como as demais operações atendam aos objetivos sociais da cooperativa está prevista tributação Assim apenas para os atos cooperativos praticados na forma do art 79 não se deve ocorrer a tributação PAES 2018 Exemplificando Quando a cooperativa adquire insumos e revende e quando a revenda ocorre para seus cooperados é caracterizado como ato cooperativo No entanto quando ela comercializa com não cooperados venda para terceiros o produto de venda é ato não cooperativo portanto sujeito a tributação U2 Gestão aplicada às cooperativas 84 Apresentar esse diferencial sobre a tributação que distingue ato cooperativo de não cooperativo é medida importante pois ato cooperativo é uma espécie de ato jurídico Mas um ato jurídico só pode ser qualificado como cooperativo quando é realizado por um associado em conformidade com a finalidade e objeto social da cooperativa sendo com objetivo de auxilio mútuo entre os cooperados e sem intenção de lucro PEREIRA 2011 Por fim para que se caracterize um ato cooperativo deve se observar qual a finalidade da sociedade cooperativa E neste sentido compreender seu negóciofim e negóciomeio sendo o negóciofim aquele realizado entre cooperativa e cooperado e negóciomeio entre cooperativa e mercado POLÔNIO 2004 Uma cooperativa de produtores ao receber os produtos tem seu negóciofim mas quando coloca esse produto no mercado tem seu negóciomeio Vimos que uma sociedade cooperativa presta serviços e está organizada para produção ou circulação de bens nesta relação com associados e não associados mas isso é o suficiente para elas serem enquadradas como empresas Primeiramente o que é uma empresa Antes de respondermos estas questões relembremos que na seção anterior citamos brevemente a dupla natureza das cooperativas Como estabelecido no art 4º da Lei nº 576471 As cooperativas são sociedades de pessoas com forma e natureza jurídica própria de natureza civil ou seja dupla natureza BRASIL 1971 O que isso implica para uma cooperativa por qual motivo assim determinou a lei A natureza jurídica própria permite o entendimento segundo Polônio 2004 de que a sociedade cooperativa tem característica ímpar já que é uma das poucas sociedades constituídas pelos associados para prestar serviços a eles mesmos ainda que não sejam impedidas de prestar serviços a não associados ato não cooperativo A duplicidade da natureza jurídica das cooperativas foi criticada por estudiosos do cooperativismo como Waldirio Bulgarelli citado por Polônio 2004 que destaca que no Brasil a única sociedade com duas naturezas diferentes é a sociedade cooperativa Por caracterizaremse segundo sua finalidade sendo elas claramente sociedade de pessoas possuem um regime jurídico próprio no U2 Gestão aplicada às cooperativas 85 qual não se aplicam todas as normas do Direito Societário e no qual prevalecem sempre regras estatutárias e eventualmente e subsidiariamente as normas do Direito Civil PAES 2018 Agora que relembramos que as sociedades cooperativas têm natureza dupla avançaremos na questão pode ou não ser considerada a sociedade cooperativa uma empresa Ora antes do novo Código Civil Brasileiro CCB instituído pela Lei nº 104062002 as sociedades poderiam ser classificadas em razão da natureza em civil ou comercial e já vimos que as cooperativas têm natureza jurídica e civil Segundo Polônio 2004 p 35 a classificação se dava conforme objetivo social da sociedade se sob égide da legislação comercial ou da civil Com o novo CCB foram as sociedades classificadas em empresárias e simples de modo que considerase empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e simples as demais sendo que independente de seu objeto considerase empresária a sociedade por ações e simples a cooperativa de acordo com o parágrafo único BRASIL 2002 art 982 Ambas sociedades simples ou empresárias deverão adquirir personalidade jurídica As sociedades simples são de finalidade civil e que visam o fim econômico que é repartido entre seus sócios Já sociedades empresárias são aquelas que visam o lucro seja por meio da atividade empresarial ou comercial PAES 2018 Então sabemos que as cooperativas são segundo o CCB sociedades simples mas Polônio 2004 p 35 destaca que como uma sociedade peculiar as sociedades cooperativas podem ter como objeto social a atividade de mercancia e portanto de natureza genuinamente comercial e constituída para prestar serviços aos associados Assim não poderá ser uma sociedade cooperativa classificada como empresa pois uma empresa é organização econômica destinada à produção ou circulação de bens ou serviços atividade econômica organizada ALMEIDA 2016 ou como pontua Polônio 2004 exerce atividade econômica organizada para produzir bens e serviços para o mercado Ainda que as cooperativas também exerçam atividade econômica organizada não é constituída para produzir bens e serviços para o mercado U2 Gestão aplicada às cooperativas 86 Assimile Temse diferentes ramos do cooperativismo como se viu na unidade anterior tais como produção consumo agropecuário crédito habitacional transporte etc E conforme cada ramo de atuação podese compreender a sua prestação de serviços e distribuir bens de diferentes formas Neste sentido uma sociedade cooperativa de produção presta serviços aos cooperados o que faz parte da sua própria natureza e distribui bens ao mercado por exemplo produtos agrícolas o que do ponto de vista econômico poderia essa ser conceituada como empresa De outro lado as sociedades cooperativas de produção por exemplo não distribui bens ao mercado ela os adquire para posteriormente fornecêlos aos seus associados assim não poderia essa ser conceituada como empresa segundo Polônio 2004 Sem medo de errar Você se lembra da Cooperativa dos Campos Gerias CCG recémconstituída da qual fazem parte o senhor Antônio e seus vizinhos Eles não estão conseguindo organizar seus recursos humanos financeiros e materiais de maneira adequada e estavam enfrentando dificuldades sobretudo do ponto de vista tecnológico e logístico Isso estava em último efeito causando nos cooperados o sentimento de insatisfação já a cooperativa passou a perder competitividade frente a organizações de outras regiões Assim alguns cooperados já estavam deixando a organização Sendo a cooperativa uma organização de dupla natureza atua como pessoa jurídica e é organização de pessoas deverá fazer essa condição particular lhe favorecer Ao ser novamente chamado como gestor para uma consultoria a estes agricultores você analisou como tem funcionado a cooperativa que não possui uma estrutura organizacional objetiva ou seja que não tem os recursos e materiais da cooperativa bem definidos E para organizar essa estrutura você pode sugerir para cooperativa seguir alguns passos que serão capazes de recolocar a cooperativa de forma competitiva no mercado E embora as prioridades sejam os setores tecnológico e logístico o problema U2 Gestão aplicada às cooperativas 87 poderá decorrer do arranjo de maneira mais ampla dos recursos da cooperativa como um todo Na investigação inicial você já verificou que a cooperativa não acompanhou de forma adequada os avanços tecnológicos pois quando ela se expandiu e passou a atuar em três municípios o fluxo de informações perdeu eficiência por não se utilizar de tecnologia equivalente De certa forma a cooperativa não deu devida atenção a um dos fatores de influência que podem comprometer a gestão da cooperativa que é a intensidade e a velocidade da evolução tecnológica pois a tecnologia aplicada na cooperativa não está equivalente ao seu espaço de atuação E embora não seja considerada uma empresa assim como as empresas a cooperativa deverá assimilar novos conhecimentos e tecnologias nas suas atividades em especial programar nas suas unidades um sistema eficiente de comunicação que integre as três frentes nos diferentes municípios que atua Neste sentido a cooperativa poderá se utilizar de um sistema informatizado que integre informações das três unidades com alimentação e atualização em tempo real Se todas as unidades tiverem a capacidade de acompanhar o que acontece na outra o processo de tomada de decisão será mais rápido e será mais eficiente Ainda neste caminho um dos sistemas da estrutura organizacional é o de comunicação lembrase dele Então ele deverá ser fortalecido e no caso de não existir deverá ser criado pois um sistema informatizado adequado por si não direciona a informação para quem deve recebêla no tempo certo que a informação deve ser entregue e para quem onde a decisão será tomada assim a cooperativa deverá investir em profissionais capacitados no órgão comunicação Com um sistema de comunicação operante e eficiente o efeito será observado na cooperativa como um todo mas a logística outro ponto deficitário analisado na CCG será um dos primeiros órgãos a receber impacto pois com a comunicação fluindo por uso de tecnologia compatível a cooperativa saberá o que cada unidade nos três municípios onde atua carece de materiais de insumos mas também o que cada uma terá de produto Todo o processo de recebimento e despacho da cooperativa por ter essas informações integradas pode ser executado nas datas que mais beneficie a cooperativa por exemplo U2 Gestão aplicada às cooperativas 88 Até aqui fica evidente que na estrutura organizacional da CCG a componente comunicação e fatores de influência como evolução tecnológica não receberam atenção devida A CCG deve considerar também que frente a empresas enquanto cooperativa ela pratica o ato cooperativo e diante deste impostos como CSSL e IRPJ não são incidentes o que garante algumas vantagens tributárias para a cooperativa No caso do CSSL quando o resultado positivo da cooperativa for sobre atos praticados entre a cooperativa e cooperados esses não estarão na base de cálculo O IRPJ as sobras do encerramento do balanço não serão tributadas o que por si é uma vantagem financeira mas também um incentivo para os cooperados Avançando na prática O que queremos alcançar no futuro como cooperativa Descrição da situaçãoproblema A Cooperativa de Produtores de Pêssego de Cardoso CPCAR agrega produtores de pêssego da região dos vales sendo 80 produtores participantes na cooperativa há pouco mais de 3 anos As atividades continuaram a avançar com aumento da produção que era comercializada pela cooperativa para grandes indústrias mas alguns cooperados sentiram a necessidade de a cooperativa avançar para além da realização desta atividade Inicialmente a cooperativa ao estabelecer sua estrutura organizacional em uma das fases estabeleceu no primeiro planejamento estratégico que deveria ter como objetivo a comercialização dos pêssegos o que ocorreu Agora a cooperativa quer avançar e ir além deste ponto Como gestor diante deste contexto quais medidas você indicaria para a cooperativa avançar na ampliação da sua atuação Como a cooperativa poderá adicionar mudanças à estrutura organizacional para que isso aconteça Resolução da situaçãoproblema Você verificou o plano estratégico estabelecido para auxiliar na estrutura da organização e sabendo que um plano estratégico U2 Gestão aplicada às cooperativas 89 traz a razão de ser da cooperativa missão que no caso era comercializar os produtos pêssegos e não só sendo nele também onde se estabelecem os valores da organização de maneira clara e principalmente o que a cooperativa quer ser visão verificouse que o plano estabelecido está obsoleto ou seja já foi alcançado Então como gestor você compreende que a estrutura organizacional da cooperativa tem fases e no momento uma das fases a ser observada que é o plano estratégico deverá ser atualizado Assim você sugere que os executivos reúnam os cooperados para melhor definir quais os caminhos que a cooperativa gostaria de trilhar para onde ela gostaria de ir para assim superar esse ponto de estagnação pois a cooperativa vai estabelecer os novos objetivos estratégias e suas políticas para seguir e ir além de comercializar os pêssegos Para tanto a cooperativa deverá estabelecer um plano o qual deverá estar delimitado às possibilidades Neste sentido com uma organização ciente dos seus recursos materiais financeiros e humanos a cooperativa vai propor uma agroindustrialização de seus produtos por meio do fermentar de ideias no bojo da organização possibilitando um produto especial no mercado como queijos gourmet ou iogurtes especiais E sabendose que as cooperativas por natureza são organizações diferenciadas obtém vantagens frente aos concorrentes por terrem tributação diferenciada mas também por terem o apelo de sociedade de pessoas devendo assim explorar essas possibilidades 1 A estrutura organizacional das cooperativas ao ser estabelecida deve observar fatores que podem lhes causar interferências assim como os componentes ou sistemas da própria estrutura Neste sentido você foi chamado para realizar uma palestra na Cooperativa Norte Verde sobre estrutura organizacional Diante da importância dos sistemas da estrutura você deu especial atenção à temática Destacou que são quatro os sistemas básicos O primeiro deles é a responsabilidade que é a obrigação de cada pessoa ou unidade organizacional com as demais pessoas ou unidades Das alternativas abaixo qual corresponde à correta em apresentar os demais sistemas da estrutura organizacional Faça valer a pena U2 Gestão aplicada às cooperativas 90 a Autoridade comunicação e decisão b Autoridade comunicação e autonomia c Comunicação decisão e autonomia d Comunicação decisão e visão de futuro e Autoridade autonomia e visão de futuro 2 Para atingir os objetivos as cooperativas podem se valer de diferentes formas de arranjar a estrutura organizacional Uma delas é a análise e o estabelecimento das partes que integram a estrutura Neste sentido uma das formas de se estabelecer essas partes é por meio da utilização de critérios técnicos para agrupar os recursos sejam eles humanos tecnológicos materiais financeiros etc Qual alternativa corresponde a esse meio técnico de critérios a Departamentalização b Estruturação c Subdivisão d Unidade organizativa e Agrupamento 3 A cooperativa Natureza está organizada para prestar serviços aos seus cooperados que são atuantes no ramo de produtos orgânicos A cooperativa organiza a produção destes produtos que são frutas e geleias e comercializa em diversos pontos de venda de quatro pequenas cidades e uma cidade de grande porte que é a principal área de atuação da organização Como os serviços prestados pela sociedade cooperativa aos seus cooperados são enquadrados como circulação de bens e serviços mas não pode ser considerada uma empresa Assinale abaixo a afirmativa correta que justifica que mesmo sendo prestadora de serviços e circulando bens para sociedade as cooperativas não são empresas a Sociedades cooperativas são sociedades simples b Sociedades cooperativas são pessoas jurídicas c Sociedades cooperativas são pessoas civis d Sociedades cooperativas não visam lucro e Sociedades cooperativas são de natureza dupla U2 Gestão aplicada às cooperativas 91 Caro aluno Na seção anterior compreendemos o porquê as cooperativas não podem ser consideradas empresas ainda que atuem na circulação de bens e serviços aos cooperados e ao mercado além compreendermos o que são atos cooperativos e a dupla natureza das cooperativas Em especial compreendemos a importância da estrutura organizacional das cooperativas e compreendemos que elas correspondem a uma das partes que compõe os instrumentos administrativos para um sistema de gestão adequado à cooperativa Mas mais do que isso compreendemos que as formas de organizar um modelo de gestão adequado a uma cooperativa significam querer dar atenção especial a alguns aspectos da organização além de atenção aos processos diretivos e mecanismos de controle e da integração de todas as partes interessadas na cooperativa para que de fato a implantação de um modelo de gestão seja eficiente Neste sentido lembrese do senhor Antônio e seus vizinhos que o procuraram inicialmente com o desejo de atuar conjuntamente mas sem saber qual a melhor forma institucional para tanto Após sua orientação perceberam que uma cooperativa era a alternativa mais adequada Posteriormente seus conhecimentos foram requeridos mais uma vez pois agora a cooperativa já havia sido formada e estava atuante Porém a Cooperativa dos Campos Gerais CCG apresentava problemas para organizar sua estrutura organizacional situação que foi superada após sua consultoria Atualmente para além da estrutura organizacional novamente a cooperativa necessita de seus conhecimentos como gestor para implantar um modelo de gestão adequado à realidade que tem vivenciado A CCG atua em três municípios possuindo mais de 150 cooperados E se inicialmente a cooperativa atuava no mercado Seção 23 Diálogo aberto Governança corporativa cooperativa U2 Gestão aplicada às cooperativas 92 com o produto principal sendo o leite inclusive produto pelo qual teve estímulo a criação da cooperativa ela diversificou e há mais de dois anos atua no mercado ofertando erva mate também produto principal no momento Mas por não contar com um processo de gestão estruturado a CCG tem apresentando dificuldades principalmente no quesito diretivo Assim a operacionalização das suas atividades não atende a níveis competitivos prejudicando o crescimento e o desenvolvimento da cooperativa Para ajudar a Cooperativa dos Campos Gerais você deverá compreender alguns conceitos como quais são os componentes que compõem um modelo de gestão de uma cooperativa Por que utilizar um modelo de gestão estruturado na cooperativa O que está compreendido no componente diretivo das cooperativas Quais problemas podem estar relacionados aos aspectos diretivos nas cooperativas Quais são os princípios de governança corporativa e como sua aplicação na gestão das cooperativas pode beneficiá la E então gestor vamos ajudar a CCG Após ajudar a cooperativa a implantar seu processo de gestão é hora de consolidar todo o seu trabalho executado até aqui elaborando o relatório de sua consultoria para a CCG Assim você poderá mostrar ao senhor Antônio e seus vizinhos a evolução em todo o processo de implantação da cooperativa Não pode faltar Modernos instrumentos administrativos são utilizados por empresas e certamente por cooperativas para desenvolverem modelos de gestão mais modernos e adequados às novas realidades da economia e do mercado Mas o que são modelos de gestão Basicamente um modelo de gestão é o processo estruturado interativo e consolidado de desenvolver e operacionalizar as atividades de planejamento organização direção e avaliação dos resultados objetivando assim crescimento e desenvolvimento OLIVEIRA 2015a p 42 Pagliuso Cardoso e Spiegel 2010 p47 definem modelos de referência à gestão como modelos padronizados e genéricos que desempenham um papel de referência para os tomadores de decisão a respeito de práticas a serem empregadas nas operações e processos organizacionais U2 Gestão aplicada às cooperativas 93 O modelo de gestão em cooperativas deverá compreender diversos componentes partes E cada cooperativa terá que buscar o modelo mais adequado à sua realidade além de ter de ajustálo até que represente o modelo de gestão que realmente funciona para cooperativa Oliveira 2015a propõe um modelo mestre que podemos compreender como o modelo de referência Segundo o autor o modelo deverá ser extrapolado para atender a diferentes realidades Neste modelo o autor agrupa sete componentes que trabalham interligados e interativamente sendo eles componentes estratégicos estruturais diretivos tecnológicos comportamentais mudanças e avaliação Esses componentes podem ser também considerados de acordo com as funções da administração que são planejamento organização direção e avaliação Os sete componentes do modelo de gestão citados são consagrados como instrumentos administrativos das empresas em geral e influem e ou recebem influência de maneira direta ou indireta do desenvolvimento e operacionalização do modelo Oliveira 2015a p 44 Entre os componentes estratégicos podese considerar o planejamento estratégico o qual compreende o processo administrativo que visa otimização e maior grau de interação com os fatores externos ou fatores não controláveis pela cooperativa Além da qualidade total e marketing total que respectivamente compreendem a capacidade de um produto ou dos serviços em satisfazer as necessidades as expectativas dos cooperados e do mercado e o processo interativo de todas as atividades e unidades da organização com essas necessidades e expectativas Quando falamos dos componentes estruturais podemos citar a estrutura organizacional e o sistema de informações gerenciais A primeira tratada na seção anterior compreende o delineamento interativo das responsabilidades autoridades comunicações e decisões dos executivos e profissionais em cada unidade organizacional com suas funções e a relação de cada parte para com as demais e a cooperativa inteira OLIVEIRA 2015a p156 O segundo nada mais é que o processo de transformação dos dados disponíveis em informação para serem utilizadas nos processos decisórios da cooperativa Os componentes diretivos envolvem liderança comunicação supervisão coordenação decisão e ação U2 Gestão aplicada às cooperativas 94 A liderança corresponde à capacidade individual de atender expectativas e entender necessidades não apenas dos cooperados mas de profissionais da cooperativa e ao exprimilas eficientemente obter o engajamento de todos na implementação de trabalhos e desenvolvimento destes para atingir determinado objetivo A comunicação compreende processo de entendimento de assimilação e operacionalização de uma mensagem visando objetivo específico na cooperativa Supervisão diz respeito à orientação de pessoas seja direta ou indiretamente subordinada direcionada aos objetivos e metas da cooperativa Coordenação integra os diversos conhecimentos atividades e pessoas no processo de desenvolvimento de projeto ou sistema visando um objetivo Decisão é propriamente a escolha entre os vários caminhos possíveis para se alcançar determinado resultado Já a ação é a capacidade de tomar as decisões necessárias para dar solução ao que foi diagnosticado sempre buscando otimização dos recursos disponíveis para alcançar os resultados previstos Os componentes tecnológicos foram definidos por Oliveira 2015a como produto ou serviço oferecido que é a razão de ser da cooperativa considerada a interação com os cooperados e o mercado Mas também processo e conhecimento são componentes tecnológicos sendo o processo o conjunto de atividades sequencias com relação lógica entre si com a finalidade de atender e preferencialmente suplantar as necessidades e expectativas dos clientes externos e internos Oliveira 2015a p 48 Sendo o conhecimento o entendimento do conceito e da estrutura de um assunto assim como a aplicação efetiva deste em uma situação da cooperativa O quinto componente é o comportamental o qual considera capacitação desempenho potencial comportamento e comprometimento Capacitação corresponde à aprendizagem gradativa acumulativa e sustentada ao longo do tempo como habilidade de identificar adquirir e aplicar os conhecimentos em atividades e processos da área em que se atua na cooperativa U2 Gestão aplicada às cooperativas 95 O desempenho já é o resultado propriamente dito de um profissional frente às atividades de uma função ou cargo em período determinado frente ao resultado estabelecido e negociado O potencial compreende os conhecimentos de um profissional em desempenhar outras atividades sejam elas relacionadas ou não ao cargo e função que atua no momento Quando se fala do conjunto de atitudes que uma pessoa apresenta frente aos diversos fatores e ao ambiente no qual atua estáse referindo ao comportamento Já o processo interativo em que se consolida a responsabilidade seja isolada ou solidária em relação aos resultados que se espera para cooperados ou cooperativa chamamos de comprometimento Os componentes de mudança são a administração de resistências postura para resultados e trabalho em equipe O processo de identificação do conjunto de crenças valores e expectativas dos profissionais de uma cooperativa é a administração de resistências e a busca por reversão de reações contrárias aos processos evolutivos de mudança ou seja por meio de orientações treinamentos e capacitações buscase o entendimento da validade dos resultados esperados Já a capacidade de orientarse mas também de direcionar recursos disponíveis para alcançar e melhorar os resultados já estabelecidos é a postura para resultados O trabalho em equipe é a forma estruturada para se realizar serviços multidisciplinares além de consolidar os treinamentos e aprendizados interativos tendo por consequência o conhecimento de todos que participam e um aperfeiçoamento da qualidade final da cooperativa Por fim e tão importante quanto os demais temos o componente avaliação Este diz respeito a indicadores de desempenho acompanhamento controle e aprimoramento Os indicadores de desempenho nada mais são que parâmetros e critérios de avaliação estabelecidos anteriormente e por meio dos quais é possível a verificação da realização das atividades e dos processos na cooperativa O acompanhamento é em tempo real a verificação da evolução e da realização das atividades e dos processos U2 Gestão aplicada às cooperativas 96 Já o controle do qual falaremos de forma mais detalhada mais adiante é função do processo administrativo da cooperativa Aqui por meio de comparação com padrões estabelecidos vaise medir controlar e avaliar o desempenho e resultados das estratégias ações e projetos que buscam realimentar os tomadores de decisões Assim estes podem corrigir ou reforçar o desempenho ou ainda interferir em diversas outras funções do processo administrativo da cooperativa visando assegurar resultados às metas e objetivos O aprimoramento busca a melhoria continuada do modelo de gestão e dos resultados da cooperativa e como processo evolutivo desenvolve de forma gradativa acumulativa e sustentada Na Figura 22 podemos ver esses sete componentes articulados em volta do modelo de gestão das cooperativas conforme estabeleceu Oliveira 2015a Figura 22 Modelo de Gestão das cooperativas e seus componentes Fonte Oliveira 2015a p 42 U2 Gestão aplicada às cooperativas 97 Cabe destacar que para que uma cooperativa consiga ser bemsucedida em operacionalizar seu modelo de gestão ela deverá certamente desenvolver uma forte cultura organizacional Bem assim que um grupo se constitui determinadas formas de pensamento se manifestam e o valor resultante da experiência compartilhada por tal grupo se faz presente pois que a cultura surge a partir dos valores individuais já na base dessa formação Sendo as organizações sistemas humanos de cooperação e coordenação que buscam alcançar determinados propósitos determinados objetivos e têm razão de existir compreendese cultura como um conjunto de valores crenças ideologias hábitos costumes e normas que compartilham os indivíduos na organização e que surgem da interação social Estes geram padrões de comportamento coletivos que estabelecem uma identidade entre seus membros identificandoos com a organização a qual pertencem e os diferenciando de outras DIAS 2013 p 69 Assim a cultura organizacional será o conjunto de valores crenças e os entendimentos dos integrantes de uma organização entendimentos que estes têm de incomum Todos esses valores crenças e entendimentos deverão ser representados nas decisões da cooperativa Bem até o momento compreendemos elementos que são imprescindíveis e que devem ser observados para que a cooperativa tenha adequado modelo de gestão a fim de atingir seus objetivos e melhor servir a seus cooperados e ao mercado No entanto para que esse modelo seja bemsucedido deve se levar em conta a direção e o controle nas cooperativas mas também e principalmente a sua governança Sabese que nas cooperativas decisões são tomadas em todas as camadas hierárquicas assim a decisão representa o foco do processo diretivo nas cooperativas que deverão adotar uma forma colegiada Na prática as decisões deverão envolver o Conselho Diretor ou de Administração da cooperativa Conselho Fiscal Conselho de Ética Conselho Consultivo além de executivos e funcionários Sendo que executivos e profissionais poderão atuar conjuntamente com o colegiado de administração como aponta Oliveira 2015a O colegiado de administração da cooperativa poderá ser formado a partir de quatro comitês específicos sendo cada comitê formado pelos conselhos citados além de executivos e funcionários podendo ainda se incluir um quinto comitê formado U2 Gestão aplicada às cooperativas 98 por associados e conselheiros decorrente ou não da assembleia geral de cooperados Esse quinto comitê deverá ser denominado governança corporativa e na prática engloba os demais comitês Um comitê nas cooperativas tem participação de diversos profissionais representativos quanto aos interesses destas embora não atuem no dia a dia da gestão dos negócios e atividades da cooperativa Um comitê funciona como órgão coordenador da direçãogeral da cooperativa O executivo é desempenhado pela diretoria da cooperativa Assimile A atuação do colegiado de administração tem foco em alguns aspectos dos quais podemos citar o que coloca Oliveira 2015a p 258259 grupo de debate de propostas de decisões e de consenso e busca de resultados comuns para a cooperativa treinamento na tarefa e em tempo real de todos os participantes interação de atividades multidisciplinares consolidando forte capacidade profissional estabelecendo de objetivos metas estratégias e políticas consolidação de compromissos para com os resultados compartilhados debate de propostas e ideias estruturadas apresentação e debate de projetos e atividades de responsabilidade dos principais executivos e profissionais da cooperativa e participação efetiva com base no conhecimento antecipado Temse que um dos valores a ser destacado nas sociedades cooperativas é o princípio do controle democrático pelos sócios ou seja partese do princípio de que as cooperativas são organizações democráticas e controladas por seus sócios ou associados por meio da participação destes de maneira assídua a fim de estabelecer objetivos estratégias e políticas da organização Ao considerar todos os indicadores de desempenho e de avaliação dos resultados o modelo de gestão das cooperativas representam as expectativas de controle U2 Gestão aplicada às cooperativas 99 pelos sócios cooperados OLIVEIRA 2015a p89 Como citamos brevemente o controle é item do componente de avaliação dentro do modelo de gestão da cooperativa e é função do processo administrativo da cooperativa que mediante a comparação com padrões previamente estabelecidos procura medir controlar e avaliar o desempenho e o resultado das estratégias projetos e ações com a finalidade de realimentar os tomadores de decisões Oliveira 2015a p 282 Assim além do controle dos associados propriamente dito quando falamos de controle nas cooperativas devemos levar em consideração o controle exercido pelos executivos para que a cooperativa atinja o que preconiza seus associados Aqui além do controle dos cooperados assembleia geral devemos citar a diretoria da cooperativa que exerce função de gestão da organização e faz com que a organização cumpra seu objetivo e sua função social Além do controle que reside na avaliação constante do modelo de gestão por parte dos executivos diretoria e conselhos temse a governança corporativa sendo esta um conjunto de práticas e relacionamentos entre associados conselho de administração diretoria auditoria independente e conselho fiscal que visa aperfeiçoar o desempenho da cooperativa ZDANOWICZ 2014 p 204 ou sendo o conjunto de práticas administrativas para aperfeiçoar o desempenho das empresas com seus negócios produtos e serviços ao proteger de maneira equitativa todas as partes interessadas acionistas clientes fornecedores credores funcionários governos e por meio da facilitação do acesso a informações básicas da organização pode melhorar o modelo de gestão OLIVERA 2015b p 16 Basicamente a governança corporativa é um sistema pelo qual as empresas são geridas monitoradas e incentivadas e que envolve os relacionamentos entre as diferentes partes que compõe a Reflita Sendo as cooperativas organizações de pessoas que atuam para atender seus associados na hipótese de baixa participação destes do controle da cooperativa fica descaracterizado o controle democrático U2 Gestão aplicada às cooperativas 100 organização ou seja os cooperados o conselho de administração a diretoria da cooperativa os órgãos de fiscalização e controle além das demais partes interessadas Ou seja ele engloba todas as partes da cooperativa A governança corporativa quando implantada proporciona alguns benefícios às organizações Oliveira 2015b destaca que ela contribui para a ampliação da equipe administrativa uma vez que com a consolidação de novos conhecimentos pode ocorrer atuação de todos os órgãos da alta administração da organização de uma forma plenamente integrada ou seja havendo interação entre os profissionais atuantes na alta administração da organização e nos diferentes órgãos deste nível Além disso a governança está pautada por princípios básicos como transparência equidade prestação de contas e responsabilidade corporativa devendo todos estarem presentes IBGC 2016 Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC a transparência diz respeito ao desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos Já a equidade consiste em tratamento isonômico e justo para com todos os sócios e demais partes interessadas considerando direitos deveres necessidades interesses e expectativas A prestação de contas leva em conta que todos os envolvidos na governança Pesquise mais A governança corporativa hoje é uma realidade em organizações com gestão robusta e moderna neste sentido é importante compreender quais as origens da governança corporativa Assim sugiro leitura da seção 41 p 1216 do livro Origens da Governança Corporativa que se encontra na sua biblioteca virtual OLIVEIRA Djalma de Pinho Rebouças de Governança Corporativa na Prática integrando acionistas conselhos de administração e diretoria executiva na geração de resultados 3 ed São Paulo Atlas 2015b Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr books9788522494569cfi042100000 Acesso em 5 jun 2018 U2 Gestão aplicada às cooperativas 101 deverão prestar contas de sua atuação de modo claro e conciso A responsabilidade corporativa representa o dever dos envolvidos na governança de zelar pela viabilidade econômicofinanceira da organização reduzindo as externalidades negativas dos negócios e operações buscando então aumentar as externalidades positivas IBGC 2016 p 2021 Mas como cada parte da cooperativa atua na governança corporativa Os associados deliberam por meio de assembleias gerais fazendo uso do seu direito e participação o conselho de administração ao ter a missão de proteger agregar valor ao patrimônio da cooperativa e aprovar código de ética e responsabilidade deve manter relacionamentos com os conselheiros internos e externos à organização bem como exercer a função de evitar que conflitos sejam gerados entre executivos e comitês da cooperativa a diretoria da cooperativa atua como executivo que busca realizar as metas fixadas pelo conselho de administração a auditoria faz a autenticação das informações contábeis da cooperativa o conselho fiscal é complementar ao conselho de administração no sentido de avaliar e controlar a gestão da cooperativa embora atue de forma independente por fim a ética deverá monitorar as ações dos dirigentes da cooperativa com os objetivos e metas da organização IBGC 2015 Na Figura 23 observamos uma estrutura do sistema de governança Exemplificando Quando uma cooperativa está praticando o princípio da transparência por exemplo um cooperado terá pleno e ágil acesso a todos os fatos e negócios realizados pela cooperativa tendo também disponibilizadas informações para potenciais cooperados ou seja aqueles que podem vir a compor a cooperativa Mas cabe lembrar que a organização deverá cumprir todos os princípios básicos pois caso não o faça não terá de fato governança U2 Gestão aplicada às cooperativas 102 Figura 23 Estrutura do sistema de governança Fonte adaptada de IBGC 2015 Vimos que a Cooperativa dos Campos Gerais CCG embora tenha três unidades representando os anseios de 150 cooperados tem apresentado dificuldade de se manter competitiva frente a seus concorrentes uma vez que não possui um modelo de gestão caracterizado na organização sobretudo no quesito direto Assim a organização lhe procurou para buscar um modelo de gestão mais adequado à sua realidade E embora a cooperativa destaque a carência no quesito diretivo e seja tal motivo o principal por ela percebido a impactar sua competitividade um modelo de gestão deverá levar em consideração muito mais que componentes diretivos para que obtenha sucesso nas atividades que desempenha sobretudo em longo prazo Assim como gestor você deverá auxiliar a cooperativa a observar todos os componentes de um modelo de gestão adequado iniciando pelo diretivo de fato Os componentes diretivos envolvem liderança comunicação supervisão coordenação decisão e ação Para resolver o problema neste componente a CCG deverá observar entre seu quadro de profissionais quais são capazes de exercer liderança sobre Sem medo de errar U2 Gestão aplicada às cooperativas 103 os demais quais são seguidos dentro da organização Havendo esses profissionais ou cooperados a cooperativa deverá se utilizar desta desenvoltura para que levem os demais profissionais a se engajarem em participar da organização Caso não haja destaques entre os profissionais e cooperados por meio de ciclos de formação como palestras sobre a organização e da importância do papel exercido por cada profissional e o do comprometimento com a cooperativa poderá estimular lideranças estimular para que vistam a camisa da organização No componente diretivo também temos a comunicação e neste sentido os profissionais da CCG devem executar uma linguagem clara e se algo é comunicado deverá ser assimilado do outro lado como foi comunicado e o estabelecimento de documentos ou procedimentos base detalhados configurase como uma forma de uniformizar ou detalhar o que deverá ser comunicado A supervisão não poderá ser deixada de lado e a CCG a cada etapa da tomada de decisão deverá ser supervisionada pois na cooperativa a todo o tempo pessoas subordinadas ou não são guiadas em direção às metas Neste ponto a cooperativa deverá ter um planejamento do que pretende já traçado e a supervisão nos diferentes níveis deverá garantir que cada etapa do planejamento seja realizada A CCG no seu conjunto de profissionais deverá ter capacidade de coordenar os diversos conhecimentos atividades e pessoas e uma das formas de isso acontecer é colocar esses profissionais para dialogar em ciclos de reuniões mas levando em conta que cada projeto da cooperativa deverá ser observado em particular e depois juntamente com todos os projetos que ela engloba Aqui por exemplo a cooperativa atua hoje com dois diferentes produtos mas cada um sob um setor específico No entanto ambos fazem parte de um projeto maior que é colocar esses produtos no mercado logo os dois setores devem atuar coordenadamente pois ambos são parte do objetivo da cooperativa As decisões e a ação são os componentes mais prejudicados em caso de os outros elementos não terem sido organizados anteriormente Assim as lideranças se estabelecem ou são valorizadas a comunicação é clara e objetiva cada parte do processo é devidamente supervisionado e coordenado o que U2 Gestão aplicada às cooperativas 104 gerará informações em documentos pois tudo deverá ser registrado que indicam caminhos para atingir os objetivos do planejamento para a tomada de decisão E por fim a ação será escolher um dos caminhos Você identificou que os componentes diretivos deixavam a CCG menos competitiva o que pode ter ocorrido por falta de comprometimento de vestir a camisa da organização por parte dos que a compõem ou pode ser um fator de comunicação que por não estar objetiva e clara tinha as informações passadas de maneira não exata provocando talvez atrasos e erros na tomada de decisão gerando uma ação não tão frutífera como se esperava inicialmente Diante disso tudo você pode observar que não havendo um componente diretivo bem executado nos seus mais diferentes elementos a consequência é uma organização à deriva ou tomadas de decisão que não têm todo o efeito esperado o que pode trazer um ciclo de desestímulo aos cooperados e aos profissionais Você também deverá apresentar para a cooperativa a necessidade de governança corporativa pois ao levar em consideração todas as partes da cooperativa atuando em processo sincrônico e articulado a governança poderá contribuir com a consolidação de novos conhecimentos na organização visto que os órgãos administrativos atuam integrados Para implantála você deve sugerir a criação de uma secretaria de governança onde estarão representados todos os órgãos da cooperativa de modo que será possível gerir a CCG a partir deste núcleo que é parte mas tem representado todos os departamentos A governança corporativa e sua aplicação na gestão da cooperativa podem beneficiála no sentido de ampliar a equipe administrativa pois que a interação entre as diferentes partes também integrantes do todo traz novos conhecimentos para a organização A alta gestão estará integrada e comunicandose Isso ocorre pois os princípios da governança corporativa como aprendemos trazem a transparência de informações às diferentes partes interessadas a equidade possibilita que todos sejam tratados iguais além de que na governança todos da organização deverão prestar conta da própria atuação de forma clara Já por fim a governança na CCG trará a responsabilidade de todos os envolvidos por zelar com a viabilidade econômica e financeira da organização U2 Gestão aplicada às cooperativas 105 Após o trabalho que realizou ao orientar o senhor Antônio e seus vizinhos desde o primeiro contato com o grupo até o momento é hora de consolidar todo trabalho prestado elaborando um relatório de sua consultoria para a CCG Desta forma você conseguirá expor para o senhor Antônio e seus vizinhos hoje cooperados da CCG a evolução de todo o processo desde a orientação sobre qual o tipo de organização mais se adequava a realidade deles até uma cooperativa com um modelo de gestão operante e eficiente As frutas do vale Descrição da situaçãoproblema Uma Cooperativa está desenvolvendo comercialização de frutas há quase um ano e meio e tem como associados produtores familiares de frutas cítricas como laranja limão e tangerina São cerca de 60 associados participando atualmente da cooperativa e na última assembleia geral eles chegaram ao entendimento de que a cooperativa precisa ampliar a capacidade de comercialização dos produtos pois sendo frutas a incapacidade de dar vasão aos produtos está ocasionando muitas perdas para os produtores Desse modo a ampliação dos mercados de atuação da cooperativa é um caminho que foi apontado pela maioria dos cooperados enquanto outros sugeriram a agroindustrialização dos produtos como alternativa Embora levantem ideias eles não têm conhecimento técnico para apontar uma solução adequada a fim de atingir esses novos mercados pois já no último semestre tentaram delimitar um modelo de gestão que levaria a cooperativa a ter uma gestão mais robusta com processo decisório articulado mas tal processo não surtiu efeito e não atingiu o resultado esperado que era a diminuição da perda de produto A princípio os cooperados não têm clareza de como cada membro da cooperativa conselho ou comitê deverá atuar para que a cooperativa seja mais competitiva visto que tudo ainda é muito inicial e que não tem havido muita participação dos cooperados na cooperativa Avançando na prática U2 Gestão aplicada às cooperativas 106 Neste sentido você foi contratado como gestor para auxiliar a cooperativa a fim de que ela supere os obstáculos postos Para tanto você deverá questionar os associados sobre os conselhos e comitês que a cooperativa dispõe se o planejamento da cooperativa prevê ampliação dos mercados de atuação se a cooperativa se utiliza de governança corporativa e se o mercado de atuação está de fato saturado Resolução da situaçãoproblema No caso apresentado o principal problema são os produtos que não estão sendo comercializados a tempo e que por isso são perdidos Neste sentido os cooperados já apontaram para você que eles desejam ou ampliar o mercado ou agroindustrializar os produtos mas não sabem qual medida seria a melhor para resolver seus problemas Como gestor você deverá detalhar que se no planejamento da cooperativa não estão previstas essas duas coisas elas deverão ser inseridas Essa inserção deverá contar com delimitação bem clara de quanto a cooperativa quer ampliar sua atuação nos mercados em quais mercados quer entrar se está disposta a arcar com novos custos decorrentes destas operações além de acrescentar a estimativa de tempo desejada para que a cooperativa esteja atuando em novos mercados Se a cooperativa quer atuar de imediato você deverá orientála a denominar o departamento que realizará contato e negociação com novos mercados e deverá auxiliála a implantar a prática de governança corporativa criando uma secretaria de governança pois além da transparência e equidade ela trará a organização à situação de que todos deverão prestar conta de suas ações e ter responsabilidade com a cooperativa para que ela alcance seu objetivo Neste ponto as falhas decorrentes da atuação dos membros da cooperativa serão corrigidas e os cooperados que estão pouco engajados poderão passar a atuar com mais qualidade Você deverá estimular a cooperativa a promover reuniões para debater as opções e os custos de atuar em novos mercados para que uma decisão munida de informações seja tomada Se a cooperativa tem a agroindustrialização como uma forma de diminuir a perda dos produtos você como gestor deverá U2 Gestão aplicada às cooperativas 107 apontar que a mudança é um componente importante dentro das organizações mas que exige o engajamento de todos pois embora um novo mercado traga um novo potencial por oferecer novos produtos a cooperativa deverá com a mudança lidar também com a adaptação dos participantes Assim podese promover capacitação aos cooperados para que os produtos sejam processados mas a cooperativa também deverá prever isso no seu planejamento Veja que tanto buscar novos mercados como agroindustrializar o que envolve buscar novos mercados posteriormente envolve todas as partes da cooperativa sendo realmente muito importante implantar a secretaria de governança pois essa secretaria pode estabelecer uma agenda de trabalho para verificar se essas alternativas são as mais viáveis à cooperativa E isso deve ser feito de forma representativa visto que este modelo é composto por associados pelo conselho de administração pelo conselho fiscal pelos executivos e pela diretoria da cooperativa bem como pelos funcionários Caberá a você também propor uma rodada de palestras na cooperativa para que os cooperados compreendam a importância de ter participação assídua incidindo sobre a baixa participação dos associados na cooperativa pois um dos princípios dessas organizações é o controle democrático pelos sócios que deverão participar assiduamente da cooperativa visto que essa os representa e age em prol deles Sendo o controle um componente de avaliação no processo de gestão quanto mais controle houver mais erros pontos fracos gargalos serão detectados e o mais rapidamente solucionados Pois se a cooperativa não teve superproduções registradas ou problemas nos preços do mercado ela estará sendo ineficiente em distribuir seus produtos e terá esse departamento que ser analisado 1 No modelo de gestão da cooperativa existe um conjunto de componentes que são articulados para uma melhor gestão da organização a administração das resistências postura para resultados e trabalho em equipe dentro da organização que compreende a identificação de crenças valores e expectativas dos profissionais da cooperativa bem como a busca pela reversão de reações contrárias aos processos evolutivos na cooperativa que faz parte de um destes componentes Faça valer a pena U2 Gestão aplicada às cooperativas 108 Do conjunto de componentes presentes no modelo de gestão das cooperativas é correto afirmar que o componente de que trata o texto base é a Componente avaliação b Componente comportamental c Componente mudança d Componente tecnológico e Componente diretivo 2 A governança corporativa é um sistema pelo qual as empresas são geridas monitoradas e incentivas sendo que este sistema envolve os relacionamentos entre as diferentes partes que compõem a cooperativa como os cooperados conselho de administração diretoria órgão fiscal além de demais partes interessadas É um conjunto de práticas administrativas para aperfeiçoar o desempenho da cooperativa protegendo o interesse de todas as partes envolvidas A governança corporativa está pautada em quatro princípios básicos Das alternativas qual traz esses princípios a Equidade prestação de contas responsabilidade corporativa e comprometimento b Comprometimento equidade prestação de contas e transparência c Prestação de contas responsabilidade corporativa transparência e comprometimento d Transparência equidade prestação de contas e responsabilidade corporativa e Responsabilidade corporativa equidade transparência e comprometimento 3 As decisões nas cooperativas devem envolver o conselho de administração da cooperativa o conselho fiscal o conselho de ética o conselho consultivo os executivos e funcionários da cooperativa Estes poderão formar comitês ou seja comitê fiscal comitê administrativo etc além do comitê de associados que poderá ser ou não decorrente da assembleia geral sendo este último denominado também de governança corporativa Todos os comitês poderão juntos formar o colegiado de administração da cooperativa Todos esses comitês juntos poderão formar uma estrutura na cooperativa que tem como alguns focos de atuação o debate de proposta e ideias U2 Gestão aplicada às cooperativas 109 estruturadas participação efetiva com base no conhecimento antecipado consolidação de compromissos para com os resultados compartilhados entre outros Como se denomina a estrutura formada a partir do colegiado destes comitês a Colegiado cooperativo b Colegiado de administração c Colegiado de gestão d Colegiado de comitês e Colegiado de direção ALMEIDA Amador Paes de Manual das sociedades comerciais direito de empresa 21 ed Atual São Paulo Saraira 2016 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03constituicaoconstituicaohtm Acesso em 3 maio 2018 Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisl5764htm Acesso em 3 maio 2018 Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Código Civil Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leis2002l10406htm Acesso em 3 maio 2018 Lei nº 12690 de 19 de julho de 2012 Dispõe sobre a organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho PRONACOOP Disponível em httpwwwplanalto govbrccivil03ato201120142012leiL12690htm Acesso em 2 maio 2018 Lei Complementar nº 130 de 17 de abril de 2009 Dispõe sobre o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo e revoga dispositivos das Leis nº 4595 de 31 de dezembro de 1964 e 5764 de 16 de dezembro de 1971 Disponível em http wwwplanaltogovbrccivil03leislcplcp130htm Acesso em 2 maio 2018 CARDOSO Univaldo Coelho Associação série Empreendimentos Coletivos Brasília SEBRAE 2014c Disponível em httpwwwsebraecombrsitesPortalSebraebis associacaoserieempreendimentoscoletivos3b0a15bfd0b17410VgnVCM1000003b 74010aRCRD Acesso em 2 maio 2018 Cooperativa Série Empreendimentos Coletivos Brasília SEBRAE 2014a Disponível em httpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS CHRONUSbdsbdsnsf65f0176ca446f4668643bc4e4c5d6addFile5193pdf Acesso em 2 maio 2018 CARREIRA Dorival Organização sistemas e métodos ferramentas para racionalizar as rotinas de trabalho e a estrutura organizacional da empresa 2 ed rev e ampl São Paulo Saraiva 2009 CHIAVENATO Idalberto Comportamento organizacional a dinâmica do sucesso das organizações 3 ed Barueri SP Manole 2014 CRÚZIO Helnon de Oliveira Como organizar e administrar uma cooperativa uma alternativa para o desemprego 4 ed Rio de Janeiro Editora FGV 2005 DIAS Reinaldo Cultura Organizacional construção consolidação e mudanças São Paulo Atlas 2013 IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa Código das melhores práticas de governança corporativa 5 ed São Paulo IBGC 2015 Referências OLIVEIRA Djalma de Pinho Rebouças de Estrutura Organizacional Uma abordagem para resultados e competitividade 3 ed São Paulo Atlas 2014 Manual de gestão das cooperativas uma abordagem prática 7 ed São Paulo Atlas 2015a Governança Corporativa na Prática integrando acionistas conselhos de administração e diretoria executiva na geração de resultados 3 ed São Paulo Atlas 2015b PAES José Eduardo Sabo Fundações associações e entidades de interesse social aspectos jurídicos administrativos contábeis trabalhistas e tributários 9 ed Rio de Janeiro Forense 2018 PAGLIUSO Antônio Tadeu CARDOSO Rodolfo SPIEGEL Thaís Modelos de Referência In Org Instituto Chiavenato Gestão Organizacional o desafio da construção do modelo de gestão São Paulo Atlas 2010 PEREIRA Nerylton Thiago Lopes Tributação sobre as aplicações financeiras das cooperativas de crédito ato cooperativo In PAES José Eduardo Sabo CHIELE Marinez Coords Terceiro Setor e Tributação Rio de Janeiro Forense 2011 4 v POLÔNIO Wilson Alves Manual das Sociedades Cooperativas 4 ed São Paulo Atlas 2004 QUORUM Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Disponível em httpmichaelisuolcombrmodernoportuguesbuscaportuguesbrasileiro quorum Acesso em 20 de maio 2018 SÃO PAULO Lei Estadual nº 12226 de 11 de novembro de 2006 Institui a Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo Disponível em httpswwwalspgovbr normaid59915 Acesso em 2 maio 2018 SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Vantagens e Tributos de uma Cooperativa 2018 Disponível em httpwwwsebraecombr sitesPortalSebraeartigosvantagensetributosdeumacooperativa25be438af1c92 410VgnVCM100000b272010aRCRD Acesso em 3 maio 2018 ZDANOWICZ José Eduardo Gestão Financeira para Cooperativas enfoques contábil e gerencial São Paulo Atlas 2014 Unidade 3 Caro aluno Em tempos de individualismo as diferentes formas de atuação coletiva ganham força e neste sentido se vê a ampliação do número de organizações como cooperativas Ainda que estes arranjos apresentem resultados positivos alguns entraves são observados na atuação e avanços destas organizações mas também há caminhos para superação dos mesmos Como profissional de agronegócios é fundamental que você compreenda como essas organizações interagem no marcado algumas estratégias para que elas se fortaleçam mais e o que já está à disposição como ferramenta para superação destes obstáculos O contexto da Unidade 3 foi elaborado para que você compreenda um dos pontos mais importantes na atuação das cooperativas no âmbito econômico visto que em unidades anteriores foram estudados além do surgimento do cooperativismo seu aparato legal como leis e decretos aspectos internos de gestão e sobretudo como as cooperativas são formadas por pessoas Agora a ênfase se dá na atuação no mercado as políticas públicas e os fatores econômicos das cooperativas e também os fatores institucionais das mesmas Na sua atuação como gestor em agronegócios você tem atuado assessorando cooperativas de diferentes ramos pelo país e em sua última viagem de assessoria visitou o Vale do Castelo onde atendeu a Cooperativa do Vale Menor COOPERVALE e acompanhou as dificuldades de implementação de um modelo de gestão eficiente para a realidade da cooperativa que atuava na comercialização de arroz orgânico Embora a Convite ao estudo Economia do cooperativismo cooperativa apresente ao mercado um produto diferenciado e que representa um modelo de consumo que ganhou destaque nos últimos anos visto que tem status de alimento mais saudável e sustentável a cooperativa enfrenta problemas para escoar a produção no mercado regional Esta cooperativa tem a intenção de ser eficiente não apenas na comercialização de seus produtos mas também em conquistar um objetivo não econômico que é ofertar um produto sustentável para a sociedade de maneira mais ampla a preços acessíveis e ainda assim não gerar um ambiente que prejudique outras cooperativas atuantes na comercialização de arroz orgânico Para tanto seus gestores perceberam que se a cooperativa não estiver devidamente integrada ao mercado com estratégias adequadas a sua realidade de produção seus produtos e outras cooperativas não conseguirão alcançar o que desejam e assim não estarão nem atendendo seu principal objetivo nem atendendo aos seus cooperados Nesse sentido como consultor você deverá propor soluções aos desafios que envolvem a integração aos mercados os fatores econômicos das cooperativas e os fatores institucionais das cooperativas focando em estratégias competitivas adequadas a sua realidade de produção E aí gestor vamos ajudar a COOPERVALE a ampliar o acesso aos produtos por ela ofertados à sociedade A partir de agora vamos compreender que já existem maneiras consolidadas de as cooperativas se integrarem aos mercados e entre si ampliando sua área de atuação sem prejudicar outras organizações U3 Economia do cooperativismo 115 Caro aluno Para que uma ação seja realizada coletivamente partese do princípio de que os realizadores da ação estão em colaboração para que ela aconteça No caso de organizações como as cooperativas elas se formam a partir dos anseios de determinado grupo em alcançar objetivos estabelecidos que de alguma forma serão alcançados mais rápidos se coletivamente Assim estará estabelecida a cooperação Desta forma não é apenas entre os cooperados que há cooperação mas também entre cooperativas Porém quando as organizações estão atuando no mercado nem sempre ocorre a cooperação entre elas seja quando visam adquirir produtos ou comercializalos podendo estabelecer uma competição No entanto quando isso se estabelece entre cooperativas essa competição não é adequada pelos próprios princípios destas organizações e assim sendo é mais adequado que interajam no sentido de cooperarem buscando integrarse a novos mercados Você foi procurado pela direção da Cooperativa do Vale Menor COOPERVALE pois ela não tem conseguido realizar alguns de seus objetivos econômicos e não econômicos A COOPERVALE atua há dois anos na região do Vale do Castelo como grande produtora de arroz orgânico e possui quadro de cooperados de 55 agricultores familiares Entre os produtos a cooperativa oferta arroz orgânico polido integral e parboilizado Mesmo oferecendo produtos que fazem parte de um grupo que recebe atualmente um status de sustentável e saudável a cooperativa não tem conseguido avançar uma comercialização eficiente pois no Vale do Castelo estão presentes outras quatro cooperativas de produtores do arroz orgânico saturando o mercado regional A COOPERVALE também não tem alcançado um dos seus principais objetivos que foi um dos estímulos para criação da cooperativa levar à sociedade de maneira mais ampla produtos mais sustentáveis como os orgânicos e também a preços acessíveis Seção 31 Diálogo aberto Integração aos mercados e políticas públicas U3 Economia do cooperativismo 116 Diante deste contexto a COOPERVALE necessita dos seus conhecimentos como gestor sobre as possibilidades para alcançarem seus objetivos econômicos quais seja a comercialização dos produtos a preços justos para a cooperativa mas acessíveis para os consumidores e também em como realizar sua inserção em novos mercados sem prejudicar as outras cooperativas atuantes na comercialização do arroz orgânico Assim agora precisam compreender melhor sobre mercados Para auxiliar a COOPERVALE deverão ser discutidas com direção e cooperados algumas questões como quais as formas de integração econômica possíveis Quais os mercados de atuação da cooperativa atual Já foi feita alguma parceria de cooperação com as demais cooperativas da região A cooperativa compreende e tem atuado em mercados institucionais Das políticas públicas que visam de algum modo auxiliar as cooperativas mas sobretudo as que possibilitam acesso à mercados a cooperativa conhece ou já tem acessado alguma Desde a virada do século XX para o XXI as informações começam a circular de maneira mais ágil o acesso às notícias e informações seja pela televisão ou pela internet passou a ser em tempo real Após a década de 1980 e principalmente na década de 1990 as economias nacionais tornamse cada vez mais interdependentes Da Silva 2014 e as empresas os indivíduos os movimentos sociais e os governos nacionais e locais estão atualmente conectados a uma extensão rede de informações Barbosa 2010 p9 o que implicou em impactos econômicos culturais e políticos na sociedade como um todo É o fenômeno da globalização O termo está nos noticiários nas reuniões de trabalho ou familiares mas o que ele significa Barbosa 2010 p1213 caracteriza globalização pela expansão dos fluxos de informações e atingem todos os países afetando empresas indivíduos e movimentos sociais pela aceleração das transações econômicas envolvendo mercadorias capitais e aplicações financeiras que ultrapassam as fronteiras nacionais e também pela difusão de valores políticos e morais em escala universal Neste sentido no mundo globalizado as distâncias temporais e Não pode faltar U3 Economia do cooperativismo 117 geográficas tornamse menores A globalização econômica possui quatro esferas sendo comercial produtiva financeira e tecnológica Barbosa 2010 E embora os mercados estejam cada dia mais abertos globalizados a globalização tem seus limites e nestes limites observamse um tipo próprio de integração econômica Para compreendemos como se dá a economia da integração a integração aos mercados e como se colocam as cooperativas precisamos antes compreender os diferentes níveis de integração Coelho 2003 destaca que são três os níveis sendo a integração nacional que diz respeito a que ocorre dentro das fronteiras nacionais entre as regiões de um país a integração internacional que integra economias de diversos países ultrapassando fronteiras nacionais e a integração universal que diz respeito à integração em espaço econômico único de todas as nações Não há o que podemos chamar de integração universal que compreenderia a perfeita globalização pois existem entre os países barreiras comerciais taxações sobre as importações e ainda impedimentos legais que barram a participação de empresas estrangeiras em determinados segmentos por exemplo O que nos resta é a integração econômica internacional e nacional Na integração internacional ocorre assumindo diferentes formas ou etapas que são zona preferencial de comercio zona de livre comércio união aduaneira mercado comum união econômica e união política A zona preferencial de comércio é o nível mais básico em que dois ou mais países assinam acordo de tratamento preferencial com vistas a aumentar o potencial de comércio entre eles Nesta etapa são três características principais como limitado o número de produtos e margens preferenciais de imposto de importação e além do interesse comercial o acordo traz componente político uma vez que sinaliza preferência dada a determinado país não é necessária proximidade geográfica entre os países e a terceira característica é que acordos preferenciais não pressupõem ações paralelas de coordenação de políticas entre os países participantes NEVES 2013 p4 A área de livrecomércio próxima etapa corresponde a um nível mais avançado de preferências comerciais e ocorre quando os países membros eliminam as tarifas aduaneiras nas transações entre U3 Economia do cooperativismo 118 si mesmo mantendo independência das transações com terceiros ou seja são eliminadas as barreiras tarifárias de importação ou exportação apenas entre membros Mendes 2012 Nesta etapa os objetivos básicos são centrados na facilitação de negócios entre países membros e para evitar que um país do acordo importe de um terceiro algo e se beneficie ao exportar esse produto para um país do acordo sem taxas é fixada uma regra de origem A regra estabelece que deverá ser na ordem de 60 a parte do valor adicionado do produto que deverá ocorrer em um dos países membros e será considerado como produzido na área aquele produto em relação ao qual for comprovado que um percentual elevado do seu processo produtivo teve lugar em um dos países participantes NEVES 2013 p5 Outra etapa é a União aduaneira em que os paísesmembros eliminam as tarifas aduaneiras quando realizam transações entre si como também ocorre na área de livrecomércio mas aqui os países membros estabelecem uma política comum quando tratam com países não membros como a tarifa externa comum MENDES 2012 p 138 Com a política comum a regra de origem citada anteriormente deixa de fazer sentido pois a entrada de produtos externos em qualquer dos países participantes pagará o mesmo nível de impostos NEVES 2013 p 7 Reflita Um acordo de preferência comercial como dito não requer proximidade geográfica Mas e quando falamos da formação de uma área de livrecomércio ou união aduaneira Faz mais sentido que ocorram entre países vizinhos Cada etapa além de reproduzir o que há na anterior acrescenta algo novo dá um passo à diante Assim a próxima etapa o mercado comum apresenta o que temos na união aduaneira mas dá um passo à frente Pois além de livre circulação de mercadoria tarifa externa comum e políticas cambial fiscal e monetária haverá também plena mobilidade de fatores de produção entre os países Neves 2013 p8 Neste sentido procurase eliminar os entraves do fluxo de fatores produtivos em especial a circulação U3 Economia do cooperativismo 119 Exemplificando Supondo que um profissional do país A vá exercer sua profissão no país B ambos os países componentes de um mesmo bloco econômico será necessário normas e condições para que o profissional tenha assegurado seus direitos individuais como trabalhador assim os países do bloco terão de ter legislações trabalhistas mais homogeneizadas como normas previdenciárias e procedimentos de justiça Desta forma o trabalhador terá seus direitos garantidos A união econômica ou união monetária etapa seguinte além de eliminar as restrições aos fluxos de mercadorias e fatores de produção os países participantes do bloco procuram harmonizar as políticas econômicas nacionais MENDES 2012 p138 diminuindo assim as disparidades entre as políticas macroeconômicas de cada país Neves 2013 p910 destaca que um elemento importante a ser considerado no comércio regional são os custos de transações no comércio pois ao se converter na moeda do país uma moeda de curso internacional e depois na moeda do outro país parceiro pode implicar em risco cambial o que dificulta a participação mais intensa de empresas de menor porte Neste sentido a existência de uma moeda comunitária seria melhor do que a soma das moedas de cada país pois teriam mais peso no cenário internacional Mas adotar uma moeda comum faz com que os países participantes tenham menor margem de liberdade nas políticas macroeconômicas e justamente por isso diminuam disparidades entre essas políticas O último estágio de integração econômica entre países portanto mais avançado é a integração econômica completa ou união política Aqui ocorre uma unificação completa das políticas econômicas entre os paísesmembros Mendes 2012 e portanto só é possível se os países consolidaram as diversas etapas anteriores de integração Neste nível de integração completa deixam de existir estadosnação individuais e passa a haver a fusão das diversas unidades em um mesmo ente federado NEVES 2013 p9 de capital e mão de obra Mendes 2012 p 138 Tais alterações vão requerer dos países ajustes de legislações além de aparato institucional comunitário U3 Economia do cooperativismo 120 Assimile São muitos os blocos econômicos que praticam em alguns dos níveis a integração econômica Alguns exemplos de blocos são Acordo de Livrecomércio da América do Norte NAFTA que engloba os países do México Canadá e Estados Unidos NEVES 2013 e também a área de Livrecomércio é a Associação das Nações do Sudoeste Asiático SEAN formada pelos países de Brunei Camboja Cingapura Filipinas Indonésia Laos Malásia Mianmar Tailândia e Vietnã e também associação de LivreComércio Europeia EFTA do qual fazem parte Islândia Liechtenstein Noruega e Suíça MYAZAKI et al 2013 Embora seja o Mercado Comum do Sul MERCOSUL o MERCOSUL pode ser considerado um bloco na etapa de união aduaneira Ele é composto por Brasil Argentina Paraguai e Uruguai além de países associados como Chile Colômbia Bolívia Equador Peru e Venezuela MYAZAKI et al 2013 União Europeia EU é bloco mais evoluído nas etapas de integração econômica e atualmente está entre as etapas de união econômica e união política Este grupo é formado por Alemanha Bélgica França Itália Luxemburgo Países Baixos Reino Unido Dinamarca Irlanda Grécia Espanha Portugal Áustria Finlândia Eslovênia Estônia Hungria Letônia Lituânia Malta Polônia República Tcheca Bulgária e Romênia MYAZAKI et al 2013 Chipre Croácia Luxemburgo UNIÃO EUROPEIA 2018 Até aqui compreendemos as principais formas de integração econômica internacional no âmbito da integração econômica internacional No âmbito nacional ela pode ocorrer entre estados e municípios por exemplo Mas como as cooperativas se inserem na integração econômica O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA atua com um conjunto de políticas no campo brasileiro e podemos citar algumas ações que abarcam em especial as cooperativas o cooperativismo O ministério firma convênios com organismos internacionais e nacionais assim como com instituições públicas e privadas mas também organizações não governamentais para que se gere agregação de valor capacitação de profissionais envolvidos no campo objetivando a redução das desigualdades Neste sentido existem duas frentes que se enquadram as ações U3 Economia do cooperativismo 121 para cooperativas intercooperação para acesso aos mercados e internacionalização de cooperativas A intercooperação é um dos princípios do cooperativismo que compreendemos na primeira unidade Este princípio como o próprio nome sugere referese à cooperação entre as cooperativas objetivando um trabalho conjunto entre elas sejam por estruturas internacionais nacionais ou locais KOZEN OLIVEIRA 2015 A intercooperação pode ocorrer por redes de intercooperação com integração horizontal ou vertical No primeiro caso integração horizontal iniciase pela base que corresponde à atuação tanto de cooperativas do mesmo ramo ou de ramos diferentes Neste sentido podemse citar as cooperativas agropecuárias em que seus cooperados podem também serem cooperados de cooperativas de crédito Quando do mesmo ramo a intercooperação pode ocorrer entre duas cooperativas singulares de determinado ramo Lembrando que cooperativas singulares são aquelas de primeiro piso e conforme a Lei das Sociedades Cooperativas é constituída por número mínimo de 20 vinte pessoas físicas sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas Quando a intercooperação é integração vertical ocorre com cooperativas de segundo e terceiro piso sendo essas as cooperativas centrais e federações de cooperativas e confederações que conforme a mesma lei são centrais ou federações as constituídas de no mínimo 3 três singulares e são confederações de cooperativas as constituídas pelo menos de 3 três federações de cooperativas ou cooperativas centrais da mesma ou de diferentes modalidades BRASIL 1971 art 6º Estas duas formas de intercooperação horizontal ou vertical são de fato feitas dentro da perspectiva de redes Em nível de integração em redes de centrais por exemplo uma das vantagens é o fim da concorrência e inadimplência visto que a comercialização ficará concentrada na central objetivando ganho de escala e redução de custos Konzen Oliveira 2015 Mas embora venha com essas vantagens ocorrem também dificuldades como interesses diferentes entre cooperativas a remuneração ou não pelo uso do direito da marca das associadas temor por parte dos associados do desaparecimento da sua cooperativa mas também de dirigentes com a diminuição dos cargos KONZEN OLIVEIRA 2015 p 49 U3 Economia do cooperativismo 122 Apenas por meio de intercooperação de redes de centrais as cooperativas já avançam no acesso a novos mercados porém podese fazer isso também por redes de consórcios Nas redes de consórcios ocorre uma integração por meio de união contratual entre cooperativas sendo a finalidade de ação conjunta comercialização aquisição de insumos redução dos custos competitividade e distribuição de produtos MDIC 2015 Ainda neste sentido um processo que faz com que as cooperativas acessem novos mercados é a internacionalização como é o caso das cooperativas do agronegócio atuantes na produção de commodities para exportação Para que a internacionalização ocorra e para que as cooperativas brasileiras venham a acessar mercados internacionais ou até mesmo se implantarem em outros países o princípio da intercooperação é indispensável No Brasil o acesso aos mercados internacionais pelas cooperativas do agronegócio que exporta basicamente commodities terá escala para reduzir os custos assim como para obter preços competitivos e viabilizar contratos que exigem volumes mínimos que fez a intercooperação uma necessidade Se os produtos comercializados pelas cooperativas forem de especialidade ou seja de comércio justo e orgânico por exemplo a intercooperação será necessária para que viabilizem os custos de certificação MDCI 2018 Assim se uma cooperativa singular visa à comercialização de commodities para o exterior se integrando a novos mercados ela poderá se juntar a outras cooperativas formando uma central de cooperativas potencializando seu poder de comercialização Isso corre principalmente com as cooperativas ligadas ao agronegócio pois são elas que atuam quase que totalmente no setor de commodities em especial com soja milho carnes de suínos e aves Pesquise mais Um dos blocos econômicos situado nas américas é o Mercado Comum do Sul MERCOSUL e por meio deste bloco de integração econômica também existem propostas para avançar em cooperativas do bloco Neste sentido essa se configura como uma das formas de internacionalização assim como gestor conhecer mais sobre essas possibilidades se configura como uma formação mais completa U3 Economia do cooperativismo 123 Diante disso para saber mais sobre as cooperativas do MERCOSUL recomendamos a leitura do texto Estatuto de Cooperativas do MERCOSUL aprovado pelo Parlamento disponível em httpsbit ly2v5F4xc Acesso em 25 jul 2018 Além do MERCOSUL que tem influência nas cooperativas sugerimos a leitura do texto Cooperativas de crédito integração macrorregional e ameaças sistêmicas diante da crise financeira internacional p 612 disponível em httpsbitly2uLcUrZ Acesso em 25 jul 2018 Outra forma de ampliar o acesso a novos mercados para as cooperativas é por meio do acesso de mercados institucionais As políticas públicas são uma forma de promover mercados institucionais sobretudo para o acesso de cooperativas da agricultura familiar Neste sentido de mercados institucionais promovidos por políticas públicas se destacam dois programas em especial que trouxeram oportunidades de acesso aos mercados para as cooperativas da agricultura familiar como é o caso Programa de Aquisição de Alimentos PAA e do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE Se partimos da base de que uma política pública leva em consideração enfrentar um problema público ela visa estabelecer um cenário que existe uma situação atual não desejada e caminha na direção a uma situação ideal possível Secchi 2010 Assim esses programas vieram para realmente atender o público de agricultores principalmente por meio da oferta de novos mercados O PAA foi instituído pelo art 19 da Lei nº 1069603 e tem entre suas finalidades incentivar a agricultura familiar promovendo o acesso a alimentação adequada às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional mas pautado na inclusão social e econômica BRASIL 2003 BRASIL 2012 O programa que é operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento Conab é acessado pelos agricultores familiares individual ou coletivamente porém o programa tem estimulado o acesso por meio das associações e cooperativas e assim incentivando a formação de novas organizações mas também o fortalecimento das existentes O programa funciona basicamente na compra dos produtos agropecuários dos agricultores familiares que U3 Economia do cooperativismo 124 posteriormente são distribuídos para pessoas em situação de insegurança alimentar ou para formar estoques estratégicos de alimentos mantidos pela Conab MATTEI 2007 Essa política é considerada inovadora pois ela traz no âmbito nacional diversas mudanças como a desburocratização do processo de aquisição de produtos da agricultura familiar para atender programas públicos com a dispensa das regras de licitação dispostas na Lei 866693 MATTEI 2007 que permite que os produtos adquiridos tomem como base os preços de referência ou seja leva em conta diferenças regionais adequado portanto a realidade da agricultura familiar SCHMITT GUIMARÃES 2008 e compra produtos orgânicos com acréscimo de 30 dos preços frente aos produtos não orgânicos TRICHES SCHMITT 2015 Ou seja quando uma associação ou cooperativa acessa o programa e os produtos a serem comercializados são orgânicos a organização receberá pelos produtos um valor diferenciado em que os produtos receberam acréscimo de 30 do valor em relação a um produto que não seja orgânico O PAA possibilita que as cooperativas formem seus estoques realizando a comercialização em conjunturas de mercados mais favoráveis assim obtendo pelos produtos preços adequados também SCHMITT GUIMARÃES 2008 A outra opção de mercado institucional que também é destinado a estimular as cooperativas da agricultura familiar é o Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE que foi criado em 1981 e embora seja uma das políticas mais antigas do país quando a segurança alimentar é apenas a partir da Lei nº 1194709 que a política ganha amplidão A partir da lei se institui que no mínimo 30 dos recursos repassados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE sejam adquiridos da agricultura familiar em que essa compra pode ser de organizações da agricultura familiar como as cooperativas BRASIL 2009 O programa se utiliza dos repasses do governo federal aos estados municípios e escolas federais para cobrir a alimentação por 200 dias letivos de todos os alunos matriculados na rede ensino sendo a fiscalização feita por meio do FNDE dos Conselhos de Alimentação Escolar CAE e pelo Tribunal de Contas da União TCU além da Controladoria Geral da União CGU e do Ministério Público São atendidos com os alimentos creches préescolas escolas indígenas U3 Economia do cooperativismo 125 e quilombolas ensino fundamental e médio educação de jovens e adultos e ensino integral A aquisição dos produtos poderá ocorrer por meio de chamada pública não sendo necessário processo licitatório visando facilitar o processo e buscando o atendimento da alimentação escolar com alimentação saudável e adequada por meio de alimentos variados FNDE 2018 E visto que todos os municípios do país deverão comprar os 30 desses produtores esta política abre para as cooperativas da agricultura familiar a oportunidade de acessar um grande mercado institucional Outra política é o Programa Nacional de Fortalecimento do Cooperativismo e Associativismo Solidário da Agricultura Familiar e Reforma Agrária COOPERAF que levando em conta que a organização dos produtores é fundamental para que estes acessem mercados bem como os mercados institucionais e de compras públicas ofertou qualificação em gestão para cooperativas Neste sentido as organizações foram capacitadas para acesso dos mercados do PAA e PNAE SAMBUICHI et al 2017 Sem medo de errar A ampliação da atuação no mercado ampliando a comercialização se apresenta como um ponto de estagnação para algumas organizações cooperativas No início desta unidade foi lhe apresentada a situação da Cooperativa do Vale Menor COOPERVALE que tem apresentado dificuldades neste sentido e diante disso a diretoria da cooperativa lhe procurou para uma consultoria A COOPERVALE atua na região do Vale do Castelo que conta com outras quatro cooperativas de produtores de arroz orgânico produto principal da cooperativa Neste sentido por ter no mercado regional uma oferta significativa do produto seja ele arroz orgânico polido integral ou parboilizado a COOPERVALE não tem conseguido comercializar seus produtos devido à saturação do mercado Diante deste contexto a COOPERVALE buscou por seus conhecimentos pois desejava orientação para alcançar seus objetivos econômicos quais seja a comercialização dos produtos a preços justos para a cooperativa mas acessíveis para os consumidores e inserindo em novos marcados sem prejudicar as outras cooperativas atuantes na comercialização de arroz orgânico U3 Economia do cooperativismo 126 Diante do aprendizado desta seção você compreendeu diferentes formas de integração de mercado acesso aos mercados e também mercados institucionais e políticas públicas que favorecem ou potencializam a expansão e acesso a mercados das cooperativas Neste sentido no caso da COOPERVALE esses aprendizados podem ajudar no seu auxilio na situação que ela vem enfrentando Ao compreender as principais formas de integração econômica você compreendeu que quando esta é internacional as cooperativas podem ser beneficiadas pelos blocos econômicos entre países porque podem ampliar sua atuação para estes novos mercados porém no caso da COOPERVALE seria mais adequada a integração nacional visto que até o momento tem atuado sozinha não realizando cooperação nem com as cooperativas da região que está Desta forma ela pode optar pela integração por redes de intercooperação A intercooperação sendo o princípio do cooperativismo que estabelece que as cooperativas cooperem entre si já mostra um caminho a ser seguido pela COOPERVALE Assim a COOPERVALE tem como opção para ampliar sua atuação no mercado e também conseguir avançar eficiência na oferta de produtos a preços acessíveis aos consumidores intercooperar com as outras cooperativas Neste sentido elas não irão competir entre si mas sim cooperarem e por consequência terão uma possibilidade de se fortalecerem Portanto deverá haver um esforço de comunicação e integração entes as cooperativas do Vale do Castelo mesmo porque é possível que as outras cooperativas estejam passando pelos mesmos problemas da COOPERVALE A formação de uma rede traz às cooperativas do vale ganho de escala de integração entre as diferentes tecnologias utilizadas pelas diferentes cooperativas até o momento mas sobretudo o fim da concorrência entre essas cooperativas e da inadimplência Uma alternativa para a COOPERVALE acessar novos mercados conforme aprendemos no conteúdo abordado é o acesso a mercados institucionais como os criados por políticas públicas como é o caso da Política Nacional de Alimentação Escolar PNAE e do Programa de Aquisição de Alimentos PAA Nestas políticas as cooperativas têm seu caráter coletivo valorizado além de no caso da COOPERVALE os produtos por serem orgânicos recebem ainda incentivos financeiros pois os produtos são remunerados por valores mais atrativos U3 Economia do cooperativismo 127 Mercado local a fruticultura na merenda Descrição da situaçãoproblema O enriquecimento da alimentação da população é de preocupação dos governos em suas diferentes esferas federal estadual e municipal mas também de organismos ligados à saúde visto que existe relação comprovada entre alimentação adequada e saúde Neste sentido um dos grupos de alimentos importantes do qual muito se fala mas nem sempre é alcançado o consumo mínimo é o de frutas Na região do Porto Central alguns produtores incentivados pelo exemplo do produtor Carlos Peixoto que buscando diversificar sua produção ampliou o pomar existente na propriedade começaram a produzir frutas como manga abacaxi maracujá banana abacate caju goiaba uva laranja e jabuticaba há pouco mais de quatro anos e diante da proximidade entre os produtores formaram a Cooperativa do Porto Central COOPOTRAL Na região de atuação da COOPORTRAL que correspondia a três municípios ela já havia se estabelecido como uma das principais fornecedoras de frutas mas agora a cooperativa almeja acessar outros mercados mas na mesma região O senhor Peixoto sempre atendo à novas informações e possibilidades ficou sabendo que as cooperativas podem vender seus produtos para o Estado por meio de alguns programas podendo assim ampliar as vendas atuais Mas ele não sabe exatamente como a COOPOTRAL pode comercializar para esses mercados Desta forma ele entrou em contato com você para apresentar essa e talvez outras possibilidades de novos mercados para a atuação da cooperativa Como a COOPOTRAL pode comercializar por meio de mercados institucionais Resolução da situaçãoproblema Como gestor você deverá avaliar se realmente o mercado de atuação nos três municípios de atuação da COOPERTRAL já está saturado mas se isso for de fato uma realidade ou não você deverá apresentar as possibilidades de mercados institucionais para a cooperativa Os produtos por eles ofertados as frutas tem potencial ainda maior quando se fala de mercados institucionais como é o caso Avançando na prática U3 Economia do cooperativismo 128 do Programa de Aquisição de Alimentos PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE assim você pode sugerir estes dois programas em especial o PNAE pois todas as prefeituras deverão adquirir ao menos 30 de agricultores familiares de preferência de agricultores locais e como o PNAE é produtos adquiridos para a merenda escolar as frutas apresentam peso ainda maior visto que as escolas devem ter cardápio diversificado para alimentação dos alunos atendidos Assim a COOPERTRAL deverá estar atenta aos editais de chama pública das prefeituras na sua área de atuação para concorrer a entrega de produtos ao programa desta forma ao serem contemplados a cooperativa terá a sua disposição uma nova possibilidade de mercado para escoamento de seus produtos como consequência atuando na oferta de produtos no âmbito local mas também na geração de renda para seus cooperados Caso as prefeituras da região pretendida pela COOPERTRAL não abrirem chamadas públicas para aquisição dos 30 dos produtos da agricultura familiar como determina a lei a cooperativa poderá acionar o Conselhos de Alimentação Escolar CAE que é responsável pelo controle social do programa questionando paralelamente o poder público local sobre a abertura da chamada pública Os órgãos superiores responsáveis pela fiscalização do programa são Ministério Público e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE e podem ser acionados a qualquer tempo para que se verifiquem irregularidades na execução do programa 1 Atualmente com o fenômeno da globalização a ocorrência da integração econômica entre países é grande Entretanto essa integração pode ocorrer a partir de diferentes etapas embora cada etapa simbolize um passo a diante em relação à etapa anterior Neste sentido uma das etapas da integração econômica compreende a eliminação das tarifas aduaneiras determinação de uma preferência comercial mas também o estabelecimento de políticas que se aplicam a todos os paísesmembros Das etapas listadas a seguir qual corresponde a correta a Área de livre comércio b União política Faça valer a pena U3 Economia do cooperativismo 129 c União aduaneira d Mercado comum e Zona preferencial de comércio 2 O acesso de mercados internacionais pelas cooperativas que é uma parte da chamada internacionalização das cooperativas pode ocorrer com cooperativas singulares mas também com cooperativas centrais ou federações de cooperativas No entanto no caso das centrais um dos princípios do cooperativismo tem destaque tornandose indispensável Qual das alternativas a seguir corresponde ao princípio do cooperativismo indispensável do qual fala o texto base a Gestão democrática b Participação econômica c Autonomia e independência d Intercooperação e Interesse pela comunidade 3 A Cooperativa de Produtores da Mariana COOPERMARI é formada por agricultores familiares produtores de cenoura e nabos orgânicos e além de abastecer os mercados do município na qual tem sede a cooperativa também atende aos municípios vizinhos O produtor Jeferson ouviu falar que é possível acessar mercados onde seus produtos são adquiridos diretamente pelo governo por meio da Companhia Nacional de Abastecimento CONAB Em conversas na secretaria da agricultura do município foi informado que sendo os produtos orgânicos ao acessar essa política os agricultores poderiam receber 30 a mais pelo produto Na situação hipotética descrita a prefeitura informou ao agricultor que de fato há uma política pública em que produtos orgânicos poderão receber 30 a mais em relação aos não orgânicos Qual das alternativas a seguir corresponde à política correta a Programa de Aquisição de Alimentos b Política Nacional de Alimentação Escolar c Programa de Alimentação nas Escolas d Programa Nacional de Garantia de Preço Mínimo e Programa Nacional de Fortalecimento do Cooperativismo e Associativismo Solidário da Agricultura Familiar e Reforma Agrária U3 Economia do cooperativismo 130 Caro aluno Diante de um ambiente competitivo as cooperativas se mostram organizações capazes de eficientemente organizarem seus recursos estabelecer diferencial frente as outras organizações por serem organizações de pessoas baseada principalmente na cooperação e por não visar lucro No entanto não estão essas organizações excluídas da necessidade de constituir capital ou de estarem sujeitas a extinção no tempo Neste sentido uma cooperativa deverá organizar seus recursos e estabelecer estratégias para que seu capital seja adequado à realização da prestação de serviços aos cooperados o que de fato configura aspecto basilar em uma cooperativa A correta capitalização de sociedade cooperativa poderá também influenciar na sua capacidade de permanecer atuante bem como não adequadamente tratado o tema capital poderá ser o fim de uma cooperativa Na sua atuação como gestor você prestou consultoria a Cooperativa do Vale Menor COOPERVALE que não estava conseguindo realizar seus objetivos econômicos e não econômicos uma vez que seus cooperados estão insatisfeitos com a atuação da cooperativa Neste sentido você propôs que a cooperativa buscasse outros mercados por meio do acesso de políticas públicas mas também passasse a cooperar com outras cooperativas fazendo valer o princípio cooperativo da intercooperação Neste momento novamente a COOPERVALE necessita dos seus conhecimentos Como você deve recordar a cooperativa atua representando produtores de arroz orgânico polido integral e parboilizado e possui atualmente 70 produtores cooperados No entanto a cooperativa pretende fazer investimentos em tecnologia na área de industrialização para passar a produzir farinha de arroz além de fornecer ao mercado produtos com melhor qualidade mas sobretudo a cooperativa busca melhor atender aos seus Seção 32 Diálogo aberto Fatores econômicos das cooperativas U3 Economia do cooperativismo 131 cooperados ou seja a cooperativa pretende avançar no seu ciclo de vida Porém para fazer os investimentos necessários a cooperativa deverá se capitalizar e até o momento a direção da organização não vê opções para conseguir essa capitalização e é neste sentido que mais necessitam de seu trabalho E aí gestor vamos auxiliar a COOPERVALE a se capitalizar para conseguir realizar os investimentos que pretende Para tanto algumas questões devem ser levadas em consideração Qual a estrutura do capital da cooperativa Em qual ciclo de vida a cooperativa se encontra A cooperativa deverá investir no fortalecimento da cooperação para atingir a capitalização Não pode faltar Sendo o cooperativismo uma forma de somar forças somar capacidades dentro de um mundo de concorrência iniciativas cooperativistas comumente surgem em momentos de dificuldade Mas superando dificuldades as cooperativas têm desenvolvido um papel coordenador na sociedade imprimindo sua marca e apresentando resultados econômicos e sociais cada vez mais expressivos E para compreender esse papel coordenador que representam pode se destacar como bem colocou Polônio 2004 p 50 que essas organizações não visam somente à maximização das receitas eliminando intermediários na cadeia produtiva e distributiva de bens e serviços ao mercado mas substancialmente buscam a redução dos recursos aplicados pelos cooperados quando comparados com os recursos que seriam necessários para que operassem isoladamente Neste contexto a ajuda mutua é que viabiliza a cooperativa está no seu cerne e justamente é por tal fator que tem avançado como modelo de inovação e liderança mas também é por meio deste que se justifica economicamente E na era da tecnologia conhecimento e informação sob pena de não sobreviverem as sociedades cooperativas necessitam também apresentar resultados econômicos para por fim cumprir sua função social qual seja ela com eficácia SALES 2010 e atender aos seus cooperados Para Sales 2010 a prática do cooperativismo é um contraponto entre os extremos do socialismo e do capitalismo pois cria uma forma de emancipação e resgate da cidadania social e econômica MEINEM DOMINGUES DOMINGUES 2002 p13 U3 Economia do cooperativismo 132 têm pensamentos que se assemelham pois para os autores as sociedades cooperativas respeitam ainda de um lado as diretrizes básicas do capitalismo porquanto para obterem seu espaço têm de competir com qualidade e eficiência com as empresas convencionais mas também propiciam agregação de renda aos titulares dos empreendimentos através delas Assim em um mundo em que somos direcionados a competir e não cooperar as sociedades cooperativas são um tipo de organização alternativa Em um mundo globalizado uma nova forma de ação como é a das cooperativas desponta e demonstra ser uma alternativa plausível para o desenvolvimento socioeconômico da sociedade Neste sentido organismos internacionais que congregam diferentes nações têm atuado para ampliar o alcance do cooperativismo como é o caso da Organização das Nações Unidas ONU Em 2012 a assembleia geral das Nações Unidas declarou o Ano Internacional das Cooperativas das Nações Unidas que é um marco do papel coordenador das cooperativas Naquele momento após cinco anos de turbulência financeira em que economias desenvolvidas permaneciam em estado de crise as cooperativas por oferecem uma esperança e clareza de orientação aos cidadãos era um único modelo capaz de fornecer recursos econômicos sob controle democrático MILLS DAVIES 2013 Neste sentido o modelo cooperativista é comercialmente mais eficiente e uma eficaz forma de fazer negócios que cobrem um largo espetro das necessidades humanas dos horizontes temporais e dos valores subjacentes à tomada de decisões Mills Davies 2013 p 2 e por essa razão se justifica no campo econômico Como já se tinha a pretensão o ano internacional das cooperativas visava dar visibilidade às cooperativas dar visibilidade ao setor até 2020 e o documento base da assembleia geral das Nações Unidades marcou o início de uma campanha Era base do documento aprovado que a forma cooperativa de negócio se tornasse líder reconhecido em sustentabilidade econômica social e ambiental além do modelo ser preferido pelas pessoas e ser o tipo de empresa de mais rápido crescimento MILLS DAVIES 2013 p3 Mas por que as cooperativas se configuram de fato como organizações melhores No documento norteador Plano de Ação para uma Década Cooperativa são traçadas algumas estratégias U3 Economia do cooperativismo 133 para que até 2020 o cooperativismo se estabeleça ainda mais no mundo Esse documento demonstra por meio de cinco elementos participação sustentabilidade identidade quadros legais e capital as organizações cooperativas que se destacam como organizações melhores no sentido de serem mais capazes de atuar em espaços de crise e oferecer alternativas viáveis para esses momentos A delimitação destes aspectos que fazem essas organizações despontarem entre as demais como as cooperativas que oferecem aos indivíduos participação em função da propriedade tornando os inerentemente mais empenhados mais produtivas e ao mesmo tempo mais uteis e relevantes no mundo contemporâneo MILLS DAVIES 2013 p 4 mas também porque oferecem um modelo negocial criador de maior sustentabilidade econômica social e ambiental O modelo negocial que propõe colocar as pessoas no cerne do processo decisório traz à economia um jogo mais limpo objetivando desenvolver uma identidade externa sendo a identidade definida pelos valores fundamentais e princípios cooperativos A diante temse um quadro legal pois todas as cooperativas se inserem num sistema jurídico que dispõe de um quadro legal que irá desempenhar um papel determinante na viabilidade e existência das cooperativas e ter quadros que garantam o crescimento do cooperativismo é portanto fundamental Por fim estas organizações devem garantir capital para criarse crescer e prosperar mas sobretudo aqui é capital cooperativo para que o controle permaneça com os membros MILLS DAVIES 2013 Reflita Sendo os indivíduos direcionados a atuarem em competição o cooperativismo e seus princípios serão capazes de gerar uma mudança profunda no ambiente social a ponto destas organizações serem maioria no cenário econômico e social Uma vez que o cooperativismo é reconhecido como forma democrática para superação de problemas socioeconômicos ele se expande cada vez mais rápido No Brasil as cooperativas têm sua atuação por meio de treze ramos diferentes a saber agropecuário consumo crédito educacional especial habitacional infraestrutura U3 Economia do cooperativismo 134 mineral produção saúde trabalho transporte e turismo e lazer No ramo agropecuário as cooperativas são responsáveis por quase 50 do Produto Interno Bruto PIB agrícola no país envolvendo mais de um milhão de pessoas MAPA 2017 Mas além do agropecuário os demais ramos do cooperativismo no Brasil têm expressividade como se pode observar na Tabela 31 Tabela 31 Cooperativas cooperados e empregados no cooperativismo brasileiro Ramos Cooperativas Cooperados Empregados Agropecuário 1555 1016606 188777 Consumo 147 2990020 14056 Crédito 976 7476308 50268 Educacional 279 50847 3966 Especial 8 315 9 Habitacional 293 114567 886 Infraestrutura 125 955387 6154 Mineral 79 57204 187 Produção 257 12494 3458 Saúde 813 225191 96230 Trabalho 895 193773 1580 Transporte 1205 136425 11209 Turismo e Lazer 23 1823 15 Fonte adaptada de OCB 2018 Sendo as cooperativas organizações tão significantes do ponto de vista de gerar desenvolvimento socioeconômico devemos compreender aspectos de como se estabelece o capital dessas organizações A estrutura de capital das cooperativas para ser compreendida deve levar em conta que essas são organizações são autogestionárias U3 Economia do cooperativismo 135 ou seja são seus próprios cooperados e dirigentes que assumem a gestão da cooperativa não havendo necessidade de intervenções neste sentido como a intervenção estatal Para a formação do capital da cooperativa devese considerar as quotas parte de capital capital social e que essas organizações não visam lucro Consideradas essas duas particularidades das cooperativas avançamos destacando que a estrutura de capital considera o índice de endividamento que relaciona duas fontes de recursos da cooperativa se é capital próprio ou se é de terceiros o índice indica se a empresa utiliza mais recursos de terceiros ou mais recursos próprios SCHMITK et al 2011 Mas antes devemos levar em consideração alguns aspectos como o que destaca a Lei das Sociedades Cooperativas Lei nº 576471 ao definir as cooperativas como organizações de pessoas e não de capital e determina variabilidade do capital social representado por quotaspartes bem como que o estatuto da sociedade deve indicar o capital mínimo o valor da quotaparte o mínimo de quotaspartes a ser subscrito pelo associado o modo integralização das quotaspartes bem como as condições de sua retirada pelo associado BRASIL 1971 art4 e 21 No entanto o novo Código Civil Brasileiro traz variabilidade ou dispensa do capital social além de manter limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar BRASIL 2002 art 1094 Neste sentido passa a ser admitido que uma sociedade cooperativa seja constituída sem capital social Polônio 2004 o que não quer dizer que necessariamente será mas existe a possibilidade Do ponto de vista econômico Polônio 2004 destaca que embora o capital social não seja o elemento de maior relevância nas sociedades cooperativas como é nas sociedades de capital e ainda que sociedades cooperativas não visem lucro é difícil admitir que opere sem capital pois incorrem custos e despesas iniciais na constituição da sociedade e não havendo capital social as cooperativas dependerão de ajuda externa ou filantropia Para o autor é como se um dispositivo legal pudesse modificar a ordem natural dos acontecimentos do mundo porque para o ele a ajuda mútua dos associados aportando recursos para viabilizar a cooperativa é própria do espírito cooperativista POLÔNIO 2004 p 45 O estatuto será responsável por determinar conforme a Lei das Sociedades Cooperativas Lei nº 576471 o capital social U3 Economia do cooperativismo 136 que será subdividido em quotaspartes cujo valor unitário não poderá ser superior ao maior salário mínimo vigente no país além de que nenhum cooperado poderá subscrever mais de 13 do total das quotaspartes BRASIL 1971 art 24 As quotaspartes serão integralizadas pelo cooperado no momento da sua entrada na sociedade Se assim o for determinado no estatuto e esses serão os recursos mínimos para garantir o início das operações da organização ou no caso de organização já constituída os recursos arcam com custos e gastos das operações realizadas pela cooperativa ao servir os cooperados Assimile A Lei das Sociedades Cooperativas traz algumas ressalvas no caso da integralização de quotaspartes sendo a determinação de 13 do total das quotas não aplicável no caso das sociedades que a subscrição for diretamente proporcional ao movimento financeiro do cooperado ou ao quantitativo de produto comercializado beneficiado ou transformado Outra ressalva é que as pessoas jurídicas de direito público que participem das cooperativas de eletrificação irrigação e telecomunicações não estarão sujeitas ao limite de 13 do total das quotaspartes também Além de que é vedado as cooperativas qualquer espécie de benefício às quotaspartes do capital bem como estabelecer vantagens ou privilégios financeiros ou não seja para favorecer cooperados ou terceiros exceto os juros de até 12 ao ano sobre o capital integralizado BRASIL 1971 art 24 Mas ainda assim o capital social aos cooperados é pouco atrativo pois nem o direito de voto está atrelado ao capital integralizado Sim a única vantagem segundo Polônio 2004 é a distribuição de até 12 ao ano dos juros sobre o capital mesmo que não corrigido monetariamente Quanto às cooperativas de crédito a Lei Complementar nº 13009 dispõe em seu art 7º que É vedado distribuir qualquer espécie de benefício às quotasparte do capital excetuandose remuneração anual limitada ao valor da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Selic para títulos federais ou seja estará o valor da taxa limitado à Selic BRASIL 2009 art 7 U3 Economia do cooperativismo 137 Exemplificando Quando se destaca que o capital tem baixa atratividade sendo que nem o voto a ele está atrelado diz respeito ao fato de que independente do capital integralizado por determinado cooperado ele sempre terá poder de um voto assim se um cooperado detiver capital de 1x e outro cooperado capital de 6x eles terão peso igual na hora de votar Então até o momento compreendemos que as quotaspartes correspondem parte do capital próprio Podem compor também o capital da cooperativa os fundos por ela estabelecidos como Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social FATES entre outros ainda que não sejam mais obrigatórios BRASIL 2002 Mas existem outras formas de capitalização na cooperativa como por meio de resultados financeiros positivos em que a cooperativa gera sobras e estas comporão o capital da sociedade também No entanto como a distribuição de sobras é diretamente sentida pelos cooperados e a ampliação delas decorrerá provavelmente da diminuição de benefícios aos cooperados não é de fácil implementação Outra forma de capitalização para as cooperativas é de os cooperados capitalizarem a cooperativa diretamente que também é de difícil implementação pois não há incentivos para que o cooperado o faça e se ocorrer provavelmente será em momentos de resultados não positivos da cooperativa o que afetará os cooperados e portanto pode estimular a capitalização direta Por fim uma estratégia é recorrer ao mercado Assimile O capital da cooperativa além das quotaspartes é formado pelo Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social FATES No entanto o fundo que é formado com a aplicação do percentual de 5 das sobras líquidas da cooperativa bem como dos resultados dos atos não cooperativos Lei nº 576471 passa a não ter mais obrigatoriedade de constituição a partir do novo Código Civil Brasileiro podendo assim o fundo não ser constituído e se constituído poderá ser distribuído a qualquer tempo BRASIL 1971 2002 U3 Economia do cooperativismo 138 financeiro em especial aos bancos como Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDS em busca de recursos e taxas de juros favorecidos Porém a busca por recursos no mercado financeiro ocorrerá apenas quando os recursos próprios da cooperativa estão esgotados por falta de rentabilidade ou excesso de investimentos e não é possível alterar as margens de preços ou ainda a qualidade dos serviços oferecidos aos associados em decorrência respectivamente da concorrência de mercado e das exigências dos associados BIALOSKORSKI NETO CHADDAD 2005 p45 Mas ainda que as cooperativas tenham apresentado resultados positivos elas seguem o que podemos denominar ciclo de vida das cooperativas As cooperativas durante sua existência passam por ciclos de vida e os ciclos estarão intrinsicamente relacionados à saúde econômica e social da cooperativa No estudo dos ciclos de vida das cooperativas podemos citar Michael Cook pioneiro ao pesquisar cooperativas em diferentes países BOESCHE SANTOS 2014 PIVOTO et al 2015 SOUZA 2017 Cook acreditava que com a industrialização as cooperativas teriam fim e a industrialização agrícola seria agente de integração para produtores rurais Mas ele observou que as cooperativas exerciam um papel econômico importante e neste sentido identificou cinco fases ciclos diferentes Os ciclos de vida das cooperativas como estabelecidos por Cook podem ser visualizados na Figura 31 Sendo F1 justificativa econômica F2 desenho organizacional ou design organizacional F3 crescimento glória e heterogeneidade F4 reconhecimento e introspecção e F5 escolha BOESCHE SANTOS 2014 Figura 31 Ciclo de vida da cooperativa Fonte Boesche e Santos 2014 U3 Economia do cooperativismo 139 O primeiro ciclo F1 de justificativa econômica compreende as razões que levam à criação da cooperativa É propriamente quando a cooperativa é criada e essa criação dependerá de uma justificativa econômica Entender essa fase é vital pois nela se determina a cultura da organização e auxilia na política e no funcionamento da instituição BOESCHE SANTOS 2014 Nesta fase Cook sugere que os cooperados criem a cooperativa para atender aos seus interesses em especial para reduzir os problemas originados pelas falhas do mercado PIVOTO et al 2015 O segundo ciclo desenho organizacional corresponde a uma fase mais técnica Nesta fase se escrevem estatuto discutese a melhor forma de controlar a organização o modelo de gestão o organograma sobre as sobras da cooperativa como serão os contratos entre outros SOUZA 2017 Esta fase é muito importante embora pouco valorizada pelos cooperados BOESCHE SANTOS 2014 sendo que se as cooperativas que não conseguem se estruturar nesta fase deixam o mercado PIVOTO et al 2015 O terceiro ciclo crescimento glória e heterogeneidade corresponde às cooperativas que conseguem se estruturar expandindo suas atividades área de atuação para atender mais cooperados bem como realizar investimentos em estrutura administrativa e de processamento sendo também nesta fase que a cooperativa apresenta problemas de governança PIVOTO et al 2015 Os conflitos são intensificados em especial sobre as sobras e o controle das decisões pela necessidade de investimentos e aqui as cooperativas podem possuir mais complexidade em sua estrutura organizacional SOUZA 2017 Pode ocorrer também afastamento natural dos cooperados e uma forma diferente de enxergar a cooperativa segundo Boesche e Santos 2014 Na fase de reconhecimento e introspecção os cooperados analisam as quase rendas que mais aparecem caso deixem a cooperativa e são colocados na balança os custos e benefícios da existência da cooperativa SOUZA 2017 Portanto é a hora de decisão de introspecção redirecionamento planejamento e mudança de rumo BOESCHE SANTOS 2014 Aqui a cooperativa deverá identificar novos mecanismos de incentivo ao investimento sobre o controle da organização uma vez que se expandiu e tem três escolhas basicamente pode optar por sair do mercado continuar U3 Economia do cooperativismo 140 com a estrutura de governança que tem ou modificar a estrutura de propriedade ou seja sobras e ao controle PIVOTO et al 2015 No quinto e último ciclo que corresponde à escolha é onde a cooperativa deverá fazer novas escolhas para se manter viva sendo que ela deverá remendar reinventarse procriar ou sair da atividade BOESCHE SANTOS 2014 Se optar por continuar no mercado deverá rever sua governança revendo também sua estrutura de capital a fim de se manter competitiva no mercado PIVOTO et al 2015 A cooperativa deverá repensar seus mecanismos de constituição e operação a fim de se adaptar às necessidades dos cooperados no momento e podem os cooperados também ter a opção de iniciar um novo negócio à parte da cooperativa quase sempre sem deixala empreendimentos de natureza industrial integrando verticalmente o negócio dos produtores sócios SOUZA 2017 Assim durante o ciclo de vida das cooperativas é possível observar como destacam Boesche e Santos 2014 p66 Pesquise mais O ciclo de vidas das organizações pode ser analisado a partir da perspectiva de outras abordagens além da de Cook Neste sentido sugerimos a leitura da subseção 23 Ciclo de vida organizacional uma abordagem do modelo de Dickinson páginas 2530 TINELLI Jéssica Rocha Análise dos Estágios de Ciclo de Vida das Cooperativas de crédito no Brasil um estudo com base em variáveis de eficiência 2017 Trabalho de Conclusão de Curso Bacharel em Ciências Econômicas Universidade Federal da Fronteira Sul Laranjeiras do Sul 2017 Disponível em httpsbitly2Oo2Z3Q Acesso em 3 jun 2018 a cooperativa nasce de um grande apelo social tão forte são os laços que unem os associados para depois ir se desenvolvendo economicamente Aos poucos vai se profissionalizando encontrando o seu espaço porém não pode perder o foco que é o desenvolvimento econômico e social dos seus cooperados U3 Economia do cooperativismo 141 Sem medo de errar A Cooperativa do Vale Menor COOPERVALE deseja fazer investimentos para aumentar a tecnologia empregada no setor de industrialização da cooperativa possibilitando além de atender melhor seus cooperados fornecer ao mercado produtos de melhor qualidade Para tanto a cooperativa deverá se capitalizar para conseguir realizar os investimentos Para se capitalizar a cooperativa deverá analisar como está sua estrutura de capital Considerando a situação e a disposição dos cooperados poderá aderir à determinada estratégia Uma das possibilidades de capitalização é a cooperativa apresentar resultados positivos que corresponderiam às sobras a serem distribuídas e não sendo essas distribuídas poderia ser investido na cooperativa Porém essa opção pode não ser considerada atrativa aos cooperados Outra forma que não diz respeito ao recurso que deixa de ser repassado para os cooperados são novos recursos requeridos chamados de capitalização direta Na capitalização direta os cooperados investem diretamente na cooperativa por meio de integralização de mais quotaspartes Essa possibilidade implicaria nos cooperados terem esse dinheiro para investir o que pode não ser o caso Podese também ampliar o número de cooperados da sociedade o que se determinado no estatuto que ele ao se associar deverá integralizar quotaspartes a cooperativa contará com mais recursos também Aqui cabe lembrar que a legislação permite que sociedades cooperativas sejam formadas sem a necessidade de capital social portanto esse deverá estar determinado no estatuto da organização A cooperativa poderá também optar por alterar as margens de preços ou a qualidade dos serviços prestados aos cooperados muito embora essa opção não seja bem recebida no sentido de que poderá fragilizar mais os cooperados A última forma que a cooperativa terá para se capitalizar é recorrer ao mercado financeiro neste caso a organização poderá buscar recursos junto a banco públicos como o Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDS com taxas de juros favorecidos Porém essa alternativa apenas será uma opção se a cooperativa já estivesse realizado excessivos U3 Economia do cooperativismo 142 investimentos ou apresentasse falta de rentabilidade Assim o ideal é que como a cooperativa parece já haver atingido o ciclo de vida no estágio três de crescimento deverá ela aqui também se valer da cooperação e utilizarse de elemento fundamental A melhor forma é mobilizar os cooperados a investirem na cooperativa dentro da possiblidade nas quotaspartes mesmo que a integralização de quotas não traga ao cooperado o aumento da capacidade de decisão pois continuará a ter poder de um voto essa medida fortalecerá a cooperativa E ainda evitará recorrer ao mercado financeiro antes mesmo de explorar melhor as opções Os recursos do investimento Descrição da situaçãoproblema A Cooperativa Agropecuária do Oeste COOPERAGRO atua na região oeste do município de Carta Branca tem atendido produtores rurais há quinze anos e conta com 300 cooperados ao seu quadro de membros Na sua maioria os produtores atendidos pela COOPERAGRO são produtores de soja e milho A cooperativa tem realizado a comercialização dos produtos basicamente na sua forma in natura sem que haja nenhuma forma de beneficiamento No entanto em uma assembleia geral os cooperados deliberaram que a cooperativa investiria na industrialização da soja e milho e diante disso a cooperativa realizou um grande investimento em infraestrutura No entanto como resultado imediato a cooperativa se viu sem capital por ter realizado excesso de investimentos para sua realidade Ao ser contratado pela cooperativa foi essa a situação que você se deparou De imediato é necessário que a cooperativa amplie seu capital Quais alternativas a cooperativa têm à disposição para ampliar seu capital Resolução da situaçãoproblema Diante da situação da COOPERAGRO observada por você ao ser contratado pela cooperativa como uma agente capaz de apresentar Avançando na prática U3 Economia do cooperativismo 143 estratégias para que essa solucione seu atual estado de capital você como gestor poderá apresentar três possibilidades As estratégias que uma cooperativa poderão se utilizar na situação para ampliar seu capital são três mas no caso da COOPERAGRO uma das possibilidades não se aplica As estratégias são resultados positivos em nível que gerem sobras ampliando o capital mas como a cooperativa fez excessivo investimento não dispõe no momento de sobras Mas ela poderá se valer ainda de outras estratégias viáveis ao caso Pela capitalização direta dos cooperados onde os cooperados injetam dinheiro diretamente na cooperativa ampliando as suas quotaspartes ou ainda a busca de recursos no mercado financeiro Na primeira como os cooperados estão diretamente interessados em que a cooperativa retorne com resultados financeiros positivos podem eles optar por investir nela Mas pode também a cooperativa buscar recursos junto a bancos o que pode ser até a melhor opção caso os cooperados não disponham de recursos para capitalizar diretamente a cooperativa e os bancos como públicos existem a possibilidade de taxas e preços favorecidos para sociedades cooperativas 1 A Cooperativa de Produtores de Santa Tereza realizou alguns investimentos necessários para manterse competitiva no mercado e posteriormente necessitava de capitalização mas não podendo alterar as margens de preços que oferece aos cooperados tampouco alterar a qualidade dos serviços que são oferecidos para capitalizarse a cooperativa recorreu ao mercado financeiro buscando recursos juntos aos bancos Se a cooperativa buscou o mercado financeiro e não tem possibilidade de alterar os preços e serviços ofertados em qual situação ocorrerá a capitalização por meio do mercado financeiro em detrimento de outras formas a Impossibilidade de capitalização direta e excesso de investimento b Falta de rentabilidade e impossibilidade de capitalização direta c Excesso de investimento d Falta de rentabilidade ou excesso de investimentos e Capitalização direta e falta de rentabilidade Faça valer a pena U3 Economia do cooperativismo 144 2 As sociedades cooperativas podem ser observadas tomando como base sua trajetória no tempo Esta trajetória por sua vez pode ser delimitada por algumas fases Um dos pioneiros no estudo de cooperativas Michael Cook delimitou essas fases em um conjunto de ciclos o chamado ciclo de vida das cooperativas Os ciclos de vida das cooperativas estabelecidos por Cook são a Justificativa econômica crescimento glória e heterogeneidade reconhecimento e introspecção b Pensamento cooperativo justificativa econômica desenho organizacional crescimento reconhecimento e introspecção e escolha c Pensamento cooperativo justificativa econômica desenho organizacional crescimento glória e heterogeneidade introspecção e escolha d Justificativa econômica desenho organizacional crescimento glória e heterogeneidade reconhecimento e introspecção e escolha e Justificativa econômica desenho organizacional crescimento reconhecimento e introspecção e escolha 3 Organismos internacionais como é o caso da Organização das Nações Unidas ONU estabelece em 2012 o Ano Internacional das Cooperativas das Nações Unidas Neste momento se estabelecia uma estratégia um plano de ação para que o cooperativismo se expandisse para além do espaço que já havia conquistado O documento base Plano de Ação para uma Década Cooperativa traz cinco elementos do cooperativismo e conferem a ele características diferenciadas frente às demais formas de atuação no mercado e na sociedade em si Dos elementos apontados pelo documento qual corresponde ao que tornaria os indivíduos mais empenhados e produtivos mas também mais úteis e relevantes no mundo contemporâneo a Participação b Sustentabilidade c Identidade d Quadro Geral e Capital U3 Economia do cooperativismo 145 Caro aluno No cotidiano é possível que você já tenha observado transações e situações diversas em que nem sempre uma relação ganhaganha é estabelecida e neste sentido temse que uma das partes pode apresentar comportamento de vantagem frente às demais Porém no caso das cooperativas esse comportamento por parte dos cooperados e da cooperativa não corresponde à estrutura que uma cooperativa visa apresentar pois são todos para todos Na evolução das teorias econômicas algumas se dedicaram a estudar como as instituições se organizam e quais os fatores que limitam sua atuação Neste sentido existem alguns mecanismos que podem colaborar para que os agentes possam atuar de maneira mais correta em que os interesses dos diferentes atores sejam alcançados mesmo porque manobras nas transações sejam de cooperativas ou não acarretam custos para a organização além de tornarem estas menos eficientes frente aos outros agentes atuantes no mercado Lembrase da Cooperativa do Vale Menor COOPVALE para a qual você foi chamado para uma consultoria Pois bem novamente essa organização precisa de seus conhecimentos Como deve se lembrar a COOPVALE atua representando produtores de arroz orgânico e se antes ela buscava se integrar ao mercado e ampliar sua área de atuação e tecnologia agora ela apresenta uma crise de confiança dos cooperados À medida que a cooperativa cresceu muitos cooperados passaram a fazer parte da cooperativa mesmo porque a cooperativa estava buscando fazer investimentos e a forma que optou para tanto é a busca por novos associados A sua gestão também se profissionalizou no entanto os cooperados embora satisfeitos com alguns resultados não confiam na nova gestão da cooperativa pois acreditam que os riscos assumidos pela nova gestão não correspondem aos que os cooperados estão dispostos Além disso grupos dentro da organização tem se formado em que forças Seção 33 Diálogo aberto Fatores institucionais das cooperativas U3 Economia do cooperativismo 146 distintas têm levado as votações da cooperativa a favorecem mais determinados grupos organizados internamente do que a cooperativa como um todo demonstrando comportamento oportunista Além do que alguns cooperados não têm honrado com o que se estabelece a maioria justamente por estarem atentos a essa movimentação interna se sentindo alguns portanto menos favorecidos diante dos demais Como gestor você pode utilizar seus conhecimentos para que a COOPVALE retorne aos trilhos atuando realmente como uma organização cooperativa e não sendo mirrada por grupos minoritários E aí vamos ajudar a COOPERVALE Diante da situação da COOPERVALE para que você auxilie a organização deverá compreender algumas questões qual a natureza institucional das cooperativas Qual a origem dos custos de transação nas cooperativas segundo a economia dos custos de transação A partir da economia dos custos de transação quais mecanismos estão disponíveis para os custos Na teoria da agência no âmbito das cooperativas como se demonstra o problema de agência e por que ele ocorre Não pode faltar No pensamento econômico do final do século XIX a economia institucional ganha lugar sobre tudo a partir dos escritos de Veblen mas também posteriormente por Commons e Mitchell autores da chamada Velha Economia Institucional VEI e décadas após na chamada Nova Economia Institucional NEI de autores como Coase North e Williamson Cavalcante 2014 Veblen defendia uma ciência econômica que reconhecesse o processo evolutivo das instituições opondose a teoria ortodoxa econômica propondo explicações envolvendo uma cadeia de causa e efeito sugerindo uma teoria dos instintos no entanto mais importante que os instintos seriam as instituições que ganhariam autonomia em relação aos instintos moldandoos entendendose assim instituições como hábitos mentais Cavalcante 2014 Commons 1931 apud Cavalcante 2014 tinha que as instituições são mecanismos por meio dos quais o controle coletivo é exercido e neste sentido desempenham função de resolução de conflitos com base em regras e punições quando há o descumprimento assim as instituições teriam papel instrumental de resolver conflitos sem recursos à força física e U3 Economia do cooperativismo 147 provendo a regulação das relações sociais conflito dependência e ordem implícitas nas transações Neste sentido Commons identifica a transação como relação de propriedade entendendo como um acordo coletivo e inicial entre indivíduos que possibilitaria um sistema econômico capaz de produzir distribuir e trocar mercadorias assim a transação é uma unidade básica de análise Cavalcante 2014 p 379 Por esse caminho vem à Nova Economia Institucional a partir da proposição do conceito de custos de transação de Coase North apud Cavalcante 2014 Ao questionar a teoria posta a NEI considerará que apenas os mecanismos de preços não serão suficientes para explicar as ações dos agentes no mercado Zylbersztajn 1995 ou seja o seu comportamento Essa nova postura que a teoria trouxe privilegia a atitude racional nas escolhas dos indivíduos atribuindo à cooperação e à coordenação as origens das instituições ainda que a cooperação venha ser alcançada apenas para prevenção de conflitos MENDES FIGUEIREDO MICHELS 2008 Assim antes de tudo cabe denominar o que são instituições As instituições podem ser descritas como as regras do jogo em uma sociedade ou mais formalmente são as restrições elaboradas pelos homens que dão forma à interação humana e em consequência elas estruturam incentivos no intercâmbio entre homens quer seja ele político social ou econômico North 1990 p 3 apud Fiani 2011 No âmbito das cooperativas são instituições que se baseiam nos princípios cooperativistas na postura voltada para cooperação e não para competição em que todos são iguais perante a organização e no interior das cooperativas estão Assimile O instinto sugerido por Veblen além da ideia de um processo evolutivo considera três instintos instinto de artesanato que diz respeito à tendência de implementação de incrementos tecnológicos instinto familiar que inclinaria o sujeito a buscar a melhora de bem estar da família e da sociedade e o instinto de curiosidade que levaria o sujeito a produzir explicações coerentes do mundo RUTHERFORD 1984 apud CAVALCANTE 2014 p 377 U3 Economia do cooperativismo 148 determinadas regras que determinam o que os membros poderão ou não fazer bem como regras implícitas da convivência dos cooperados regras não escritas E é neste sentido que North diz que as instituições são regras importantes pois são como restrições relativas ao que as pessoas podem fazer em seus relacionamentos em sociedade FIANI 2011 p3 Ou seja o que é permitido nas relações entre cooperados bem como entre eles e a cooperativa Azevedo 2000 p 35 também abordou o papel das instituições sobre o ponto de vista do ambiente institucional ou as macroinstituições que são aquelas que estabelecem as bases para as interações entre os seres humanos e as estruturas de governanças que são aquelas que regulam uma transação específica O autor destaca então que no nível micro institucional estará a economia dos custos de transação e em nível macro esse ambiente onde atuam as instituições Pensando nas cooperativas elas atuarão no mercado interagindo com outras instituições mas conforme as regras desse determinado ambiente de atuação Fiani 2011 já coloca que no sistema econômico as instituições são as organizadoras do sistema bem como são elas que promovem o desenvolvimento em nível geral no sistema As instituições como regras podem ser formais mas também informais nesse ambiente institucional sendo que são informais as regras consolidadas pelo convívio social que se cristalizam no hábito respeitadas sem que os indivíduos se deem conta disso ou ainda pela pressão de um grupo social sobre os seus membros discriminando ou mesmo punindo quem quebra as regras sem que haja a interferência do Estado Fiani 2011 p 5 Por formais entendem as que impõem obediência por meio da lei Neste ambiente os agentes envolvidos farão uso de mecanismos para regular essas transações ou estruturas de governança WILLIAMSON 1985 apud AZEVEDO 2000 para reduzir os custos de transação dos quais falaremos mais adiante Exemplificando Os custos de transações são os custos de elaboração e negociação dos contratos custos de mensuração e fiscalização de direitos de propriedade custos de monitoramento do desempenho custos de organização de atividades e custos de problemas de adaptação AZEVEDO 2000 U3 Economia do cooperativismo 149 Exemplo de estruturas de governança são contratos de suprimento regular contratos de longo prazo com cláusulas de monitoramento etc sendo que nenhuma estrutura de governança é superior às demais Neste sentido a eficiência que se apoia na adequação da estrutura de governança em que a eficiência de um determinado sistema produtivo não depende apenas da identificação de quão bem cada um de seus segmentos equaciona seus problemas de produção mas quando mais coordenado por os componentes do sistema menores serão os custos de cada um deles mais rápida será a adaptação às modificações de ambiente e menores custosos serão os conflitos inerentes às relações entre cliente e fornecedor AZEVEDO 2000 p35 A proposição de que o funcionamento dos mercados tem um custo adicionou elementos à compreensão dos mercados e das organizações permitindo também melhor compreensão das relações contratuais formais ou informais entre as firmas em que a firma é um conjunto de contratos entre agentes especializados tendo o gerenciamento um custo Zylbersztajn 2002 As organizações podem atuar de modos diferentes e se organizarem de forma diferente Uma das teorias da economia que fornece uma explicação da escolha do modo específico desta organização é a teoria da Economia dos Custos de Transação ECT que além de fornecer ferramentas para explorar as diferentes características desses modos de organização trará a existência de modalidades alternativas de organização para suportar transações Menard Nunes Silva 2014 p 25 A ECT moldada por Williamson considerou duas hipóteses comportamentais dos agentes primeiro que há limites em sua capacidade cognitiva racionalidade limitada para processar a informação disponível segundo assumese que os indivíduos são oportunistas Azevedo 2000 Essas duas hipóteses em um ambiente complexo e imprevisível é a razão dos custos de transação Mendes Figueiredo Michels 2008 e estes custos dependem dos tributos das transações como frequência especificidade do ativo e incertezas A racionalidade limitada não implica que os indivíduos sejam irracionais apenas sugere que estes possuem limitações computacionais e informações incompletas para realizar suas escolhas assim no mundo econômico não podem existir os resultados ótimos diante dessa incapacidade computacional U3 Economia do cooperativismo 150 Cavalcante 2014 p 380 Assim como os agentes não conseguem capturar o sistema econômico em sua completude suas decisões necessitam de apoios de regras existentes fora da mente dos indivíduos e ao menos relativamente independente deles o que significa que o processo de decisão de indivíduos apoiase em instituições pois são limitados cognitivamente CAVALCANTE 2014 p 380 Assim a racionalidade limitada vai considerar que os contratos são frequentemente incompletos pois os agentes não são capazes de antecipar todos os eventos que podem suscitar a necessidade de correções nas condutas das partes e a coordenação das atividades econômicas não pode ser realizada ex ante a partir de algum mecanismo de planejamento Pondé 2007 p 11 ou seja antes que as atividades aconteçam Quanto ao oportunismo dirá respeito às ações dos indivíduos na busca do seu autointeresse assim o oportunismo partirá do princípio de um jogo não cooperativo pois um agente ao deter informações sobre a realidade que não são acessíveis a outro agente pode permitir que este não desfrutasse de algum benefício Zylbersztajn 1995 Nas cooperativas o comportamento oportunista pode levar os cooperados a buscarem apenas o seu bem individual frente ao benefício do coletivo da cooperativa e levado pela racionalidade limitada pode ter esse comportamento por não deter todas as informações à disposição Assim o comportamento oportunista está associado à falta ou a incompletude das informações que configura a procura por autointeresse de maneira benigna ao contrário de informações distorcidas de maneira maligna SCHUBERT WAQUIL 2014 Cabe destacar que as cooperativas são muito sensíveis ao comportamento oportunista dos cooperados pois os cooperados estão a utilizar benefícios gerados pela cooperativa mas não necessariamente dão contrapartida ou seja tem comportamento oportunista Além do mais é necessário que haja transparência nas informações para com os cooperados pois essa medida irá diminuir a assimetria informacional e aumentar a confiança entre os cooperados e a cooperativa assim é preciso intensificar a troca e o compartilhamento de informações FERREIRA 2014 U3 Economia do cooperativismo 151 Quanto aos atributos da transação a frequência dirá respeito à recorrência ou regularidade e é importante pois a partir desta é possível construir a reputação dos atores envolvidos nas transações sendo portanto possível estabelecer informações suficientes sobre o outro lado que com quem se estabelece um contrato Schubert Waquil 2014 A incerteza é a variância desconhecimento ou ainda assimetria no aspecto informacional gerando também limites de racionalidade entre agentes Peroni 2009 pois em determinado ambiente sempre haverá maior ou menor grau de incerteza uma vez que o comportamento dos atores não é dado pela capacidade plena em mapear todas as opções e calcular todos os resultados o que propicia a incerteza forte relação com a racionalidade limitada e com o oportunismo Schubert Waquil 2014 p 437 A interação da cooperativa não apenas com seus cooperados mas também com outros atores que se relaciona poderá gerar menos custos diante da regularidade de transações Incertezas entre os cooperados e as cooperativas podem ser atenuadas com contratos que minimizem ou visam eliminar a possibilidade de riscos que os cooperados não estejam dispostos a correr No entanto a especificidade dos ativos é dentro da ECT a de maior destaque uma vez que envolve a relação mais próxima com a estrutura da firma ou seja o capital que está investido e que acaba envolvendo custos diretos sobre o estudo dos contratos o conhecimento do quão reutilizável é um ativo e Pesquise mais Schubert e Waquil 2014 aplicaram um modelo de análise dos custos de transação as cooperativas de leite Para os autores a variável confiança é de fundamental importância Neste sentido para compreender melhor como essa variável não presente no modelo analítico padrão pode ser interessante ao analisar a Economia dos Custos de Transação sugerimos a leitura da Seção 3 A confiança como variável relevante páginas 440441 do material a seguir SCHUBERT Maycon Noremberg WAQUIL Paulo Dabdab Análise dos Custos de Transação nas Cooperativas na Cadeia Produtiva do Leite no Oeste de Santa Catarina Organizações Rurais Agroindustriais vol 16 n 4 dez pp 435449 2014 Disponível em httpsbit ly2LKE0Kd Acesso em 3 jun 2018 U3 Economia do cooperativismo 152 qual nível de dificuldade de se realizar ajustes é de suma importância Schubert Waquil 2014 p 438 Os ativos são um indutor da forma de governança uma vez que ativos mais específicos estão associados à forma de dependência bilateral que irá implicar na estruturação de formas organizacionais apropriadas Zylbersztajn 1995 p 24 assim as especificidades dos ativos designa a perda de valores dos investimentos no caso de quebras oportunísticas dos contratos WILLIAMSON 1996 apud ZYLBERSZTAJN 2002 p 131 Um ativo específico podemos citar o local que ocorre por exemplo quando a exploração da cooperativa requer outra exploração complementar quanto a matéria prima que esteja localizada próximo física que ocorre quando determinado produto exige um dado padrão de matéria prima que será necessário à produção Williamson 1996 apud Ferreira 2014 Mas com o custo de oportunidade muito menor para usos alternativos se uma transação terminar prematuramente as partes valorizam a continuidade da transação surgindo assim salvaguardas contratuais de apoio às referidas transações Porém na existência de confiança reputação e baixo ou insignificante oportunismo os custos de transação são baixos e apontam um cenário onde os contratos formalizados se tornam cada vez menos necessários FERREIRA 2014 p 105 Mendes Figueiredo e Michels 2008 destacam que são as diferentes combinações destes comportamentos e atributos que conduzem as diferentes formas de governança que poderão ser de mercado formas híbridas ou hierárquicas e os agentes econômicos cientes dos custos de transação bem como das limitações que estes trazem para o desempenho escolheram a estrutura de governança mais capaz de minimizálos Assim ECT delimita que as estruturas de monitoramento e controle deverão ser desenhadas para que os agentes lidem com os riscos potenciais de rompimento de contratos desenhos de estruturas especializadas para governar as transações a partir do tipo Reflita Por meio de uma sincronização e equidade de informações o ambiente poderá ser mais estável ocasionando minimização das incertezas dos agentes U3 Economia do cooperativismo 153 de especificidade de ativos Zylbersztajn 2002 p 132 E sendo as instituições que fornecem as regras pelas quais os recursos econômicos se organizam aos serem organizados pelas instituições geram bens e serviços que aumentam o bemestar da sociedade mas também as instituições que possibilitam o favorecimento da cooperação reduzindo os interesses que ameaçariam limitar ou inviabilizar as transações necessárias para que esses fatores sejam combinados FIANI 2011 No caso das cooperativas os custos de transação advêm dos contratos pois os investimentos das cooperativas estão ligados ao cumprimento contratual dos cooperados assim se os cooperados agirem oportunistamente os custos de transação se elevam É interessante que a cooperativa invista em ações de educação para reduzir comportamentos oportunistas também Uma alternativa para que os contratos sejam cumpridos é se estabelecer a possibilidade de transferência da responsabilidade do contrato entre os sócios assim haverá mais flexibilidade ao cooperado mas também mais garantia de recebimento por parte da cooperativa FERREIRA 2014 p 108 Sobre a quebra dos contratos com o aumento do fluxo de informações e as novas tecnologias trouxeram aos cooperados informações sobre a cotação dos produtos em bolsas internacionais por exemplo e se antes a cooperativa que tinha o papel de aproximação entre o produtor e o mercado com o aumento das possibilidades a fidelidade foi afetada Diante disso das informações que os agentes têm à disposição a racionalidade limitada dos cooperados se reduziu e seus benefícios e as vantagens de o cooperado investir em um relacionamento de longo prazo com a cooperativa é mais claro para os membros assim é importante que a cooperativa tenha realmente o que oferecer FERREIRA 2014 p 96 Assimile As diferentes estruturas de governança que podem ser de mercado hierarquias e híbridas são discutidas por Williamson 1991 apud Pondé 2007 em suas particularidades Onde os mercados coordenam as atividades dos agentes por meio de um mecanismo que combina uma pressão advinda da rivalidade a que os agentes estão submetidos e assim consistem em mecanismos pelos quais um agente pode se apropriar de um fluxo de renda por exemplo Já as hierarquias como características U3 Economia do cooperativismo 154 Além da ECT também a Teoria da Agência ajuda a compreender a economia das organizações Bialoskorski Neto 1998 Com raízes na economia da informação a teoria tem se desenvolvido ao longo de duas linhas positivista e principalagente Jensen 1983 apud Eisenhardt 2015 embora as duas correntes compartilhem unidade de análise qual seja o contrato entre principal e agente Lançada por Jensen e Meckling a teoria tem como premissa que todos os indivíduos possuem um comportamento maximizador da utilidade econômica e tem base da premissa que o mercado é regido por um conjunto de contratos bilaterais entre agentes econômicos como empresas governos e pessoas físicas CARNEIRO CHEROBIM 2011 p3 E na concepção de Jensen e Meckling o conflito de agência surge a partir da separação entre propriedade principal e a gestão empresarial agente FERREIRA 2014 Nas firmas tradicionais existe a separação entre propriedade e controle que é realizada por meio desses contratos bilaterais entre solicitante e contratante ou principal e se delegará autoridade ao tomador de decisões para que em nome do principal ele decida Mas nas cooperativas embora os contratos nestas características também existam nas cooperativas o conflito de agência tem complexidade maior pois os cooperados ao mesmo tempo em que os são os proprietários que autorizam os gestores da cooperativa a tomar as decisões são os fornecedores de produtos ou trabalho na organização e ainda clientes por adquirirem insumos e serviços da cooperativa CARNEIRO CHEROBIM 2011 p 1 A teoria da agência está preocupada em resolver o problema de agência que surge quando os desejos ou objetivos do principal e agente se conflitam e é difícil ou caro para o principal verificar o que o centrais têm a submissão dos comportamentos dos agentes a relações de autoridade e a introdução de adaptações nas interações a partir de sistemas administrativos de monitoramento incentivo e controle sendo a esses associados onde esse sistema irá atenuar manifestações de oportunismo As formas hibridas vão consistir em contratos de longo prazo apoiados em salvaguardas adicionais e um aparato para disponibilizar informações e resolver disputas muitas vezes recorrendo à arbitragem até mesmo de terceiros PONDÉ 2007 pp 1718 U3 Economia do cooperativismo 155 agente está realmente fazendo neste contexto o principal não pode verificar se o agente está se comportando de forma adequada e o problema do compartilhamento do risco que surge quando principal e o agente tem diferentes atitudes em relação ao risco onde o problema está no fato do principal e o agente poderem preferir ações diferentes que podem ocorrer por causa de preferências de risco diferentes Eisenhardt 2015 p5 Quando falamos das cooperativas o principal são os cooperados e o agente os gestores das cooperativas ao considerarmos que a cooperativa não estará sendo gerida pelos cooperados mas por uma gestão especializada O contrato de agencia é a formalização de um vínculo especifico sem dependência com o objetivo de representar o empresário ou a empresa na execução de tarefa que exige habilidade e competências que não estão no alcance do proponente contratante DA SILVA 2017 p60 Ou seja é a forma como os cooperados delegam aos gestores a gestão da cooperativa E para a Teoria da Agência a mera possibilidade de um comportamento estratégico com base em informação assimétrica leva à necessidade de estabelecimento de mecanismos de monitoramento e controle pois isso pode induzir as partes a cumprir o que inicialmente foi acordado SCHNAIDER RAYNAUD SAES 2014 pp 4041 O contrato estabelecerá ou ao menos tentará minimizar a possibilidades de o agente agir em interesse próprio negligente ou de má fé No caso das cooperativas de maior porte há sistemas de funcionamento semelhante aos das sociedades mercantis em que a gestão é centralizada em um grupo de pessoas uma diretoria embora isso se distancie do princípio da gestão democrática nas cooperativas CARNEIRO CHEROBIM 2014 Mas devese destacar que a teoria visa analisar os conflitos e custos resultantes da separação entre propriedade e o controle de capital o que origina as assimetrias informacionais os riscos e outros problemas JENSEN MECKLING 1976 apud FERREIRA 2014 p 37 Porém pelo caso das cooperativas não haver separação entre propriedade e controle e ao mesmo tempo em que é usuário o cooperado é proprietário da cooperativa o que pode levar essa a situação de ineficiência FERREIRA 2014 e em determinado momento o cooperado poderá votar não a favor do grupo de cooperados mas tão exclusivamente para sua própria satisfação Treter e Kelm 2004 citados por Ferreira 2014 apontam que ocorrem momentos que os gestores optam por investir em outras atividades frente U3 Economia do cooperativismo 156 à de compra e venda de produtos dos cooperados por exemplo no entanto isso poderá ser feito para aproveitar oportunidades de negócios mas também poderá ser para se promoverem à custa dos recursos dos cooperados o que acarretará neste último caso custos de agência Outra questão colocada é que se devem existir mecanismos no contrato por exemplo que estimule o cooperado a operar integralmente com a cooperativa mesmo quando outras possibilidades estejam economicamente mais atrativas no caso de comercialização direta via mercado A Cooperativa do Vale menor ao te procurar apresentou problemas de grupos internos que estão utilizando a estrutura da cooperativa em prol de seu favorecimento desestimulando parte dos cooperados a não cumprir com seus acordos com a cooperativa a deixando em situação de fragilidade frente a outras organizações que atuam no mesmo mercado além da desconfiança que os cooperados têm apresentado a respeito da nova gestão da cooperativa Neste sentido como gestor você ao analisar a cooperativa a partir economia dos custos de transação verificou que ela está tendo dificuldade bem explorada pela teoria pois os agentes estão tendo comportamento oportunista A luz dessa teoria também pode propor mecanismos que minimizam esses problemas assim como a racionalidade limitada dos agentes que aparentemente tem contribuído para que estes tenham comportamento oportunista mesmo fazendo parte de uma organização direcionada para a cooperação Na cooperativa como você observou que se admitiram novos cooperados no passado recente os quais podem não estar menos informados de como a cooperativas funciona até mesmo sobre os princípios cooperativistas assim cabe como medida imediata para a cooperativa investir em formação para os cooperados fortalecendo o pertencimento ao grupo e de práticas de cooperação Além disso a desconfiança dos cooperados para com a gestão e os riscos que ela aparentemente está correndo contra a vontade dos cooperados mas apenas em benefício próprio poderá ser minimizado e o que tem ocorrido é que os agentes por não terem Sem medo de errar U3 Economia do cooperativismo 157 todas as informações desconfiam ou discordam dos benefícios que essas ações têm gerando novamente mais custos de transação Assim uma das possibilidades que pode garantir que os cooperados tenham mais confiança no que a gestão da cooperativa tem realizado é a estrutura de governança de a cooperativa estar adequada a um controle por parte dos cooperados Se os cooperados têm a sua disposição informações de como os agentes gestores têm tomado suas decisões quais os critérios se realmente isso tem cumprido com o que a maioria tem estabelecido e os gestores estarão inibidos a tomar decisões a favorecer alguns pois deverão mostrar seus passos para o conjunto de cooperados Isso possibilita a ampliação da confiança que é fundamental pois em um cenário de desconfiança a cooperativa fica mais vulnerável pois se ela necessitar realizar investimentos novamente para sua ampliação pode ocorrer de diversos cooperados não cumprirem acordos firmados fazendo com que a cooperativa fique em situação de insegurança até financeira A principal medida que a cooperativa poderá adotar é a confecção de contratos que busquem prever ao máximo o que irá acontecer no momento do cumprimento do acordo como o que entrega da produção por exemplo Esses contratos devem ser estimulantes aos cooperados e demonstrar que além da remuneração pelos produtos entregues os cooperados têm na cooperativa um gama de serviços e produtos que pode usufruir A quebra de contratos deve igualmente penalizar os cooperados pois não se pode permitir que os cooperados se utilizassem dos benefícios que ela traz e não respeitem os acordos que firmam com ela Os contratos podem minimizar os custos de transação e o problema da agência na cooperativa pois as partes se sentirão estimuladas à participação e além de terem conseguido garantias claras têm segurança que estas serão cumpridas E com as informações à disposição mais transparência dos gestores os cooperados saberão como as decisões são tomadas e porque e assim se sentiram mais participantes do processo também Para a cooperativa você poderá redigir um relatório sobre essas possibilidades que a partir das informações que você disponibilizará poderá tomar decisões que mais se adequem a sua realidade U3 Economia do cooperativismo 158 A coletividade compensa Descrição da situaçãoproblema A Cooperativa do Norte COOPERNORTE atua no mercado de comercialização de frutas e verduras no entanto esses produtos estão sujeitos a forte oscilação de preço de mercado E embora a cooperativa tenha se comprometido a comercializar com determinadas empresas nem sempre ela consegue honrar seus contratos pois os cooperados apenas utilizam a cooperativa para comercialização quando lhe é conveniente ou seja quando os preços de mercado estão abaixo dos que a cooperativa propõe e firma nos contratos Neste sentido o que ocorre na prática é um comportamento oportunista dos cooperados que fugindo ao que se estabelece no cooperativismo cooperado pouco e sim agindo no individualismo aletoriamente Se esse comportamento por um lado pode render aos produtores alguns ganhos a mais no período que o mercado é favorável por outro causa o enfraquecimento da cooperativa como organização pois além da perda de credibilidade no mercado por não honrar seus contratos a cooperativa não realizará quem sabe investimentos fundamentais para que a cooperativa se estruture para melhor prestar serviços aos seus cooperados Quais medidas que a cooperativa poderá tomar para eliminar ou minimizar o comportamento oportunista dentro da organização Por que os cooperados têm tido esse comportamento oportunista Como a economia dos custos de transação pode ajudar a COOPERNORTE a resolver o problema enfrentado Resolução da situaçãoproblema Os custos decorrentes do controle que a cooperativa deverá realizar sobre a atuação de seus cooperados além de estabelecer um quadro de desgaste são custos adicionais já que se estabelecerá monitoramento de seus cooperados no cumprimento dos acordos A economia dos custos de transação traz que o estabelecimento de contratos é uma das formas de inibir o comportamento oportunista dos agentes pois ela busca prever o ambiente no momento em que o contrato for finalizado buscando por benefícios das partes Avançando na prática U3 Economia do cooperativismo 159 Medidas como o estabelecimento de contratos com os cooperados sobre as entregas prazos e volumes a serem entregues é uma maneira de se estabelecer formalmente um compromisso de para com a cooperativa E caso os cooperados descumpram o que estabeleceram estes podem ser também penalizados conforme regras estabelecidas no referido contrato Mas o contrato deverá levar em conta que os produtos comercializados pelo cooperado apresentam valores oscilantes e embora não totalmente controláveis esses valores a serem pagos aos cooperados podem se ajustar às oscilações do mercado Desta forma os cooperados não vão se vir em desvantagens bem como se sentiram mais estimulados a cumprir os contratos Outra frente que deverá ser trabalhada fortemente no âmbito da organização é a cooperação e a importância da cooperativa como representante dos cooperados e buscar por meio da educação sobre cooperativismo como ao não cumprir os contratos os cooperados estarão se prejudicando em longo prazo bem como a todos os demais membros da sociedade A cooperativa deverá informar constantemente os cooperados do que tem feito sempre prezando pela transparência de informações minimizando a insegurança dos cooperados com a cooperativa Cabe demonstrar por meio de estatísticas em reuniões e assembleias como a cooperativa tem trazido aos cooperados vantagens em momentos que o mercado lhe é desfavorável como pagando melhores preços ou oferecendo produtos aos cooperados por preços menores 1 Os agentes cooperados em sua atuação no ambiente econômico estão sujeitos à falta de informações como ocorre em cooperativas que não têm sistemas de comunicação eficientes em que os cooperados podem não receber todas as informações necessárias ocasionando um comportamento não cooperativo ou ainda parte pode estar melhor informada e se utilizar dessas informações não cooperativamente Em decorrência desse comportamento atitudes não cooperativas os agentes podem vir a desfrutar de benefícios por deter determinadas informações atuando apenas em interesse próprio e não do coletivo Segundo a Economia dos Custos de Transação qual das alternativas a seguir corresponde à correta quanto à explicação do comportamento dos cooperados Faça valer a pena U3 Economia do cooperativismo 160 a Oportunismo e racionalidade limitada b Incertezas e oportunismo c Especificidades dos ativos e incertezas d Racionalidade limitada e frequência e Frequência e especificidades dos ativos 2 Nas cooperativas diferentes das empresas de capitais não são claras a separação entre propriedade e controle pois ao mesmo tempo em que os cooperados são proprietários são também clientes por adquirirem produtos e serviços e ainda são os fornecedores de produtos Assim ao passarem a gestão da organização para gestores que tomaram as decisões pelos cooperados surgem conflitos pois os gestores e os cooperados podem apresentar objetivos conflitantes e ainda disposição a correrem riscos em níveis distintos No texto verificamos que estão dispostos os dois problemas apresentados na teoria da agência no âmbito das cooperativas Nas alternativas a seguir qual corresponde corretamente a esses problemas a Problema de agência e contratos falhos b Falta de comprometimento dos gestores e contratos falhos c Problema de agência e de compartilhamento de riscos d Compartilhamento de riscos e contratos falhos e Incerteza e oportunismo do agente contratado 3 Além da Teoria da Economia dos Custos de Transação também a Teoria da Agência visa compreender a economia das organizações Nestas teorias algumas declarações são básicas I Os agentes agiram de maneira oportunista II O principal e o agente têm diferentes atitudes em relação a correr riscos III Todos os indivíduos possuem comportamento maximizador da utilidade econômica IV Ocorre um problema quando o principal e o agente conflitam em seus objetivos V Os agentes possuem racionalidade limitada Quais das cinco afirmações citadas correspondem a Teoria da Agência a I e IV b II IV e V c I III e V d II III e IV e III e V AZEVEDO Paulo Furquim de Nova economia institucional referencial geral e aplicações para a agricultura Agricultura em São Paulo São Paulo v 47 n 1 p 3352 2000 BARBOSA Alexandre de Freitas O mundo globalizado 5 ed São Paulo Contexto 2010 BIALOSKORSKI NETO Sigismundo CHADDAD Fabio Ribas Estrutura de Propriedade e Finanças em Cooperativas Agropecuárias um ensaio comparativo sobre a influência do ambiente institucional no Brasil e nos Estados Unidos In XLIII CONGRESSO DA SOBER Instituições Eficiência Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial Ribeirão Preto 2005 Disponível em httpsbitly2KmOMRk Acesso em 03 jun 2018 BOESCHE Leonardo SANTOS Antônio Raimundo dos Influência da maturidade organizacional no modelo de governança de cooperativas agropecuárias Paraná Cooperativo Curitiba OCEPAR v 10 n 114 p 5668 edição especial ago 2014 BRASIL Lei Complementar nº 130 de 17 de abril de 2009 Dispõe sobre o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo e revoga dispositivos das Leis nos 4595 de 31 de dezembro de 1964 e 5764 de 16 de dezembro de 1971 Disponível em httpsbit ly2AwLJq2 Acesso em 03 jun 2018 Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências Disponível em httpsbitly2vvTkzw Acesso em 03 maio 2018 Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Código Civil Disponível em httpsbitly1drzx5j Acesso em 03 maio 2018 Decreto nº 7775 de 4 de julho de 2012 Art4 Regulamenta o art 19 da Lei no 10696 de 2 de julho de 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agronegócios é basilar que você compreenda como as organizações têm buscado alternativas para se manterem e se ampliarem Para tanto o contexto da Unidade 4 foi elaborado para que você compreenda as possibilidades de incentivos dos quais as cooperativas poderão usufruir como incentivos contratuais bem como sobre os novos formatos de cooperativas e como esses formatos revolucionam o ambiente cooperativo e social Mas também como a intercooperação a formação de redes e a expansão das cooperativas têm ocorrido e quais os desafios nesse caminho quais os processos desencadeados para que se os empreendimentos cooperativos atuem no mercado com eficiência empresarial e como as fusões e incorporações além da internacionalização têm surgido como estratégias Neste sentido ao atuar como gestor em agronegócio você se depara com diferentes formatos de sociedades cooperativas muitas com anseios de se projetarem mais rapidamente no mercado Foi assim que foi constituída a Cooperativa de Suinocultores do Moinho Chato COOPERSUINO no município do Moinho Chato O município detém grande área geográfica e tem como principal característica a produção Convite ao estudo Tendências nos negócios cooperativos de soja e milho favorecidos pela topografia favorável à mecanização E devido à forte presença de produtores de grãos também favoreceu a atividade de suinocultura que tem avançado a cada ano São em sua maioria cooperados que detém elevada capacidade de investimento detentores de volumosas produções além de que também em sua maioria atuam como produtores de grãos O avanço em crescimento se deu de fato sobretudo após a criação da cooperativa há cinco anos atingindo no último ano a marca de 675 membros Tais membros não têm atuado em prol da coletividade na cooperativa uma vez que estão preocupados somente em atender interesses próprios ao utilizarem dos serviços e produtos da cooperativa ofertados sem apresentar demonstração de interesse em investimentos na organização sendo que investimentos na organização no ponto de atuação presente seriam fundamentais em alguns setores da cooperativa avançar em qualidade e agilidade Neste sentido a cooperativa não tem alcançado seus ambiciosos planos de atingir níveis de eficiência elevados e de ser considerada a cooperativa com melhores índices de qualidade de produtos em toda sua região A situação da COOPERSUINO é desafiadora pois é uma organização que cresceu rápido e apresenta um potencial de que isso continue a acontecer em ritmo contínuo mas para tanto a cooperativa deverá retornar aos seus níveis de eficiência de antes E aí gestor vamos contribuir para que mais uma organização cooperativa retome o caminho que deseja alcançar Você precisará analisar novas tendências no mundo cooperativo e elaborar estratégias para os negócios da COOPERSUINO em médio e longo prazo Os novos formatos de cooperativas em atuação podem oferecer exemplos para a COOPERSUINO se espelhar no retorno a esse caminho Vamos descobrir juntos U4 Tendências nos negócios cooperativos 167 Caro aluno Nesta seção compreenderemos como as cooperativas tradicionais têm apresentado alguns limites ao passo que novos formatos de cooperativas têm se apresentado como é o caso da nova geração de cooperativas e as cooperativas virtuais e como esses formatos podem apresentar possibilidade de inclusão de agricultores à margem na ilegalidade mas também tornar mais eficientes organizações em atuação não deixando de lado os princípios cooperativistas No caso da COOPERSUINO a cooperativa lhe contratou recentemente visando retomar seu caminho de crescimento uma vez que atingiu o ponto de estagnação Quando formada o núcleo fundador tinha como meta ofertar produtos de qualidade ao mercado além do suporte na comercialização dos cooperados porém no último ano os índices de crescimento não são os desejados pela organização causando frustações nos produtores O alto número de membros 675 representa o momento de sucesso recente com a atração de muitos cooperados Além disso a cooperativa não tem quadro de associados limitado ou seja qualquer pessoa que queira se associar tem essa possibilidade Dentre os cooperados da COOPERSUINO não são todos que estão atuando para o crescimento da cooperativa como um todo e uma vez que estes cooperados têm as necessidades atendidas como acesso a serviços e produtos não retornam para a cooperativa com investimentos como seria ideal Quando os cooperados não investem a cooperativa fica limitada em realizar as transformações necessárias para a sua ampliação no momento tão necessário para retomar seu crescimento como é o caso do aperfeiçoamento do sistema de comunicação da cooperativa Além do não investimento tem ocorrido quebras de contrato uma Seção 41 Diálogo aberto Nova geração das cooperativas U4 Tendências nos negócios cooperativos 168 vez que os cooperados não possuem obrigatoriedade de entrega dos produtos para a cooperativa podendo assim em momentos de preços mais favoráveis em outras empresas ou cooperativas direcionar sua produção para lá A gestão da cooperativa não é o que se pode chamar de gestão profissionalizada pois embora tenha médiogrande porte são os próprios cooperados que são responsáveis pela gestão E as assembleias gerais acabam por serem espaços de pouca interação e atratividade aos cooperados uma vez que na gestão da organização pouco se consegue influenciar Na intersecção destas situações a cooperativa apresenta dificuldade de atingir a eficiência desejada bem como os padrões de qualidade que almeja Assim no quadro atual a COOPERSUINO tem ficado para trás de outras cooperativas mas sobretudo das empresas Neste contexto com a sua consultoria a cooperativa pretende alcançar alternativas para transformar a situação atual e para que possa ajudala você deve se fazer alguns questionamentos importantes A COOPERSUINO se configura na nova geração de cooperativas ou nos moldes das cooperativas tradicionais Como os contratos podem atuar como incentivadores no crescimento da cooperativa e na participação dos cooperados Quais os benefícios de estabelecer a proporcionalidade de uso nas cooperativas Não pode faltar As cooperativas são sociedade de pessoas com forma e natureza jurídica próprias de natureza civil constituídas para prestar serviços aos associados BRASIL 1971 art 4 Assim se distinguem das demais sociedades como é o caso da sociedade de capital ainda que sejam as cooperativas organizações entre as economias particulares dos cooperados de um lado e o mercado de outro aparecendo como estruturas intermediárias formadas em comum assim elas têm como missão ser intermediárias entre o mercado e as economias dos cooperados Bialoskorski Neto 2014 p 711 Neste sentido são organizações que recebem pressão para que sejam mais eficientes Anteriormente vimos na teoria da agência bem como na economia dos custos de transação como são importantes nas cooperativas U4 Tendências nos negócios cooperativos 169 os contratos e agora vamos compreender melhor os incentivos contratuais ou a falta deles nas cooperativas Antes devemse considerar alguns elementos Quando os cooperados integralizam quotaspartes na cooperativa ganham também o direito ao uso dos serviços por ela prestados mas ainda assim a cooperativa continuará a ser do conjunto de cooperados além de ter uma divisão entre propriedade e controle não clara Feita essas considerações cabe destacar que apesar das sociedades cooperativas adotarem estratégias de negócios similares às empresas Bialoskorski Neto 2015 p 186 salienta que as cooperativas apresentam um desempenho diferente uma vez que têm uma arquitetura organizacional diferente inclusive na distribuição dos direitos de propriedade Para este autor o problema de desempenho das cooperativas vai decorrer da não divisão da propriedade e do controle da organização além do fato de em muitos casos a gestão ser realizada por gestores inexperientes E após a abertura da economia brasileira situação que embora tenha trazido oportunidades trouxe ameaças o empreendimento cooperativo tem de ser eficiente economicamente para subsistir no mercado e poder trazer benefícios para os seus associados BIALOSKORSKI NETO 2015 p 188 Assimile O direito de propriedade dos cooperados é o direito a poder ou não investir na organização cooperativa ou seja de se ter porcentagem ou quotaspartes de propriedade da organização Não podendo deixarse de evidenciar que as cooperativas na sua forma tradicional apresentam problemas de incentivos contratuais pois o cooperado é agente e principal no mesmo instrumento contratual ou seja ao mesmo tempo em que ele é um fornecedor da cooperativa ele é cliente e proprietário Assim as cooperativas têm passado por uma fase de reflexões e crises devido à própria evolução das relações comerciais como uma crise de credibilidade uma reflexão gerencial em virtude da necessidade de se manter a rentabilidade na economia capitalista e uma crise ideológica pois há tendência de prevalecerem os valores capitalistas sobre os U4 Tendências nos negócios cooperativos 170 valores da cooperação Bialoskorski Neto 2014 p 716 Sem deixar a doutrina cooperativista as cooperativas tendem a estar abertas às tendências de mercado e estratégias de ação mas se as cooperativas implantarem modelos gerenciais que enfatizam o mercado estará também se assemelhando à empresas CASAGRANDE MUNDO NETO 2012 As cooperativas devem ser eficientes e dois detalhes merecem destaque quanto à eficiência deverá ser social que diz respeito a capacidade da cooperativa em assegurar os objetivos econômicos dos associados e a eficiência financeira da cooperativa A primeira pode ser analisada por meio da participação dos cooperados das suas atividades com a cooperativa e do crescimento de sua renda particular e a segunda podese utilizar instrumentos tradicionais de análise como os demonstrativos financeiros e índices de eficiência BIALOSKORSKI NETO 2014 Buscando equalizar no mundo o problema nos direitos de propriedades surgiu a Nova Geração de Cooperativas NGCs O surgimento de nova geração decorre de situação pela qual o estado norteamericano de Dakota do Norte passou na década de 1980 com a queda dos preços de produtos agrícolas quadro de seca queda da renda redução das oportunidades de emprego e diminuição da população pelo êxodo que na busca por uma solução criouse um pacote de programas fundos e iniciativas para apoiar o desenvolvimento rural STEFANSON FULTON HARRIS 1995 apud KINPARA 2005 Reunidos governo cooperativas e instituições financeiras o pacote visava reduzir o êxodo aumentar a população dobrar os postos de trabalho em indústrias aumentar a média de renda per capita dos produtores residentes buscar equiparálos a média nacional e ainda diversificar a agricultura e parar o declínio no número de fazendas Neste sentido o programa constituiu cooperativas dentro das características de uma cooperativa de nova geração KINPARA 2005 que correspondiam a altos investimentos iniciais para cooperados diretos de entregas limitados por contrato uma alta remuneração do capital investido e alta restrição à admissão de novos cooperados Mas para conceituar o que de fatos são as NGC estas podem ser definidas como U4 Tendências nos negócios cooperativos 171 uma forma de arquitetura do empreendimento cooperativo que mantém os princípios doutriná rios do cooperativismo como a cada associado sendo destinado um único voto igualitarismo e a participação nos resultados de acordo com as atividades de cada um com sua empresa pro rata mas que traz modificações nos direitos de propriedade para induzir a organização cooperativa a um nível maior de eficiência econômica BIALOSKORSKI NETO 2014 p 726 Ou seja busca adequar a doutrina cooperativista à realidade dos negócios CASAGRANDE MUNDO NETO 2012 Diferentes das cooperativas comuns a nova geração é segundo Bialoskorski Neto 2014 formada por agricultores selecionados e objetivam estabelecer uma planta de processamento para agregação de valor sendo que são cooperativas orientadas para o mercado e não para os produtores Estes cooperados selecionados são capitalizados Essas NGC são representadas por organizações dinâmicas além de características empresariais evoluídas mas também por investir de forma continuada na formação de tomadores de decisões buscando uma mentalidade empresarial avançada CASAGRANDE MUNDO NETO 2012 Para melhor compreendermos a NCG cabe retomar as cooperativas tradicionais CT salientando algumas de suas características e diferenças com a nova geração Coltrain Barton e Boland 2000 citados por Kinpara 2005 sugerem quatro grandes categorias de diferenças entre as cooperativas tradicionais e NGC A primeira diz respeito às transações comerciais com os clientes em que contém direito de entrega obrigação de entrega qualidade aceita identidade preservada e pagamento inicial O direito de entrega ou o quanto o cooperado poderá entregar a cooperativa é ilimitado e variável nas CT e nas NGC é limitado ao comprado pelo cliente contrato Na obrigação de entrega ou seja a cota de entrega que terá obrigatoriedade de entrega será nas CT de nenhuma obrigação ao passo que na NGC é necessária obrigação Quanto à qualidade ao passo que nas CT ela será variável na NGC deverá ser específica A identidade preservada ou a rastreabilidade U4 Tendências nos negócios cooperativos 172 do produto que identificará quem o produziu a CT normalmente não é preservada e na NGC normalmente é preservada ou seja o que mais acontece O pagamento inicial ou como se determina o preço pago será o preço do mercado no caso das tradicionais e o preço de contrato nas de nova geração A segunda categoria é sobre a distribuição do lucro da cooperativa que contém a taxa do caixa ou o valor percentual sobre a distribuição anual dos lucros da cooperativa e dos benefícios gerados por ela entre os cooperados e respectivamente temos CT e NGC que serão baixa e alta Essa categoria contém ainda investimentos ou a retenção de lucros que se trata do fato dos lucros serem repassados aos cooperados ou retidos para investimentos no caso das CT é alta a ocorrência ao passo que nas NGC é baixa Já a distribuição dos dividendos é rara nas CT e comum na NGC A terceira categoria de diferenças é a obrigação de investimentos dos proprietários e contém investimento inicial proporcionalidade de uso liquidez ou transferibilidade valor de troca obrigação de redimir e investimentos para expansão do negócio Em detalhe o investimento inicial nada mais é que o investimento que será necessário para ser membro da cooperativa e se ele é muito baixo nas tradicionais na nova geração ele é muito alto Quando se fala em proporcionalidade de uso é sobre a proporção entre o que o cooperado fez de negócios com a cooperativa uso e o valor que deve investir na cooperativa Nas CT essa proporcionalidade será de baixa para alta e na NGC será muito alta A liquidez ou transferibilidade que corresponde à possibilidade de transferir o direito de propriedade entre os cooperados é baixa na tradicional e alta na nova geração O valor que se obtém durante a transferência por venda ou permuta da participação na cooperativa ou valor de troca é fixado em paridade nas CT e variável conforme o mercado nas NGC Obrigação de redimir que dirá respeito à política de cumprimento de obrigações quanto à participação na organização nas tradicionais é sobre a capacidade para pagar e na nova geração nenhuma Os investimentos para expansão do negócio não terão obrigação dos cooperados no caso das tradicionais mas no caso das de nova geração será alta a obrigação e conforme direito de entrega na primeira categoria U4 Tendências nos negócios cooperativos 173 Exemplificando Quanto à proporcionalidade de uso se um cooperado realizou 15 dos negócios da cooperativa ele deverá investir nela este percentual também A quarta e última categoria de diferença vai considerar o controle de membro votante e dirá sobre as restrições de elegibilidade e poder de voto Quando as restrições de elegibilidade dizem respeito ao conjunto de regras que definirá a elegibilidade dos membros a cargos da administração ou a participação nas decisões da cooperativa é baixa no caso da cooperativa tradicional e alta na de nova geração O grau de representatividade do cooperado ou o poder de voto usualmente nas tradicionais será de um voto ou seja um cooperado um voto mas no caso das de nova geração esse número é variável COLTRAIN BARTON BOLAND 2000 apud KINPARA 2005 Reflita A gestão democrática um dos princípios cooperativistas diz respeito ao fato dos cooperados democraticamente controlarem a cooperativa no entanto retirandose o princípio um homem um voto as votações poderão ser consideradas democráticas Podese considerar que cada cooperado vai conseguir colocar seus anseios de forma justa De forma muito similar para Bialoskorski Neto e Chaddad 2005 a nova geração de cooperativas se estruturam a partir de cinco princípios organizacionais o quadro de associados é limitado assim a cooperativa define sua escala de produção de acordo com estudo de mercado e emite a partir disso direito de uso aos cooperados para conseguir o volume necessário de matéria prima há proporcionalidade na contribuição de capital ou seja a cooperativa demandará investimentos dos cooperados em proporção ao volume de entrega de produtos o que poderá evitar o problema de cooperados carona internos que apenas utilizam os serviços da cooperativa sem contribuir na subscrição de capital as ações são transferíveis e apreciáveis ou seja títulos de entrega poderão ser transferidos entre os cooperados ao valor U4 Tendências nos negócios cooperativos 174 do dia e a cooperativa controla a entrada de novos cooperados contrato de comercialização em que ao tornarse cooperado e investir em direitos de entrega o cooperado assinará um contrato se comprometendo a entregar quantidade prédeterminada de produtos em data e qualidade determinadas pela organização e controle proporcional ao investimento em que os votos poderão estar atrelados ao número de ações títulos de entrega que os cooperados detêm No entanto essas estruturas só poderiam ser possíveis em sua totalidade em outros países pois a legislação brasileira não permite algumas estruturas citadas como é o caso do que traz o Código Civil Brasileiro CCB sobre intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade ainda que por herança e ainda quanto a distribuição dos resultados proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado BRASIL 2002 art 1094 Essas são as principais e não poucas diferenças entre as cooperativas tradicionais e a nova geração de cooperativas Mas retomando a nova geração de cooperativas mesmo estas mantendo a estrutura doutrinária do cooperativismo vão estabelecer padrão diferenciado de empresa porém cuidarseá para aproveitar as vantagens do empreendimento cooperativado e a redução de suas desvantagens Para tanto considerase três pilares importantes separação ente propriedade e o controle por meio da profissionalização da gestão cooperativa uma nova distribuição de direitos de propriedade e monitoramento por meio de auditorias independentes BIALOSKORSKI NETO 2015 p 198 O arranjo da cooperativa é de tal maneira que é possível trabalhar o associado cooperativado de duas formas a Através da educação cooperativa onde ele é formado para a questão da recuperação reduzindose os oportunismos individualistas que depreciam a sociedade como um todo b Possibilitar a participação ativa dos cooperantes nas esferas de decisão de sua empresa de modo rápido e ágil transformando a assembleiageral da sociedade em um verdadeiro fórum de planejamento estratégico de médio e longo prazos BIALOSKORSKI NETO 2015 p 199 U4 Tendências nos negócios cooperativos 175 Para tanto com esses elementos da arquitetura da cooperativa surgem necessidades de propor um crescimento da organização usandose por exemplo de uma estrutura de capital que lhe permita eficiência financeira seja por meio da emissão de títulos da abertura de capital de alianças estratégias de negócios bem como fundos de investimentos ligados ao sistema financeiro cooperativo Para além Bialoskorki Neto 2015 p 199 declara que a cooperativa precisará ainda se instalar nos mercados onde o cooperado espera que sua empresa seja capaz de integrar a sua economia isolada em uma economia maior em mercados especializados em uma situação de agregação de valor aos serviços ou a suas commodities Além de que as estratégias da cooperativa deverão considerar a atuação no mercado oferecendo o melhor produto possível ao consumidor de acordo com seus anseios mas também satisfazendo a seus associados sem colocar em risco o sucesso de todo o negócio coletivo BIALOSKORKI NETO 2014 724 Têmse ainda no ambiente institucional brasileiro as chamadas cooperativas não patrimoniais ou virtuais Essas cooperativas têm suas primeiras iniciativas de implantação desenvolvida como uma nova forma de organização sendo desenvolvidas inicialmente nos anos 2000 por técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EMATER do Estado do Paraná que surgem com intuito de organizar os pequenos produtores rurais descapitalizados oferecendolhes proteção e condição de desenvolver sua produção em conformidade com as exigências legais ESTEVAM et al 2011 ou seja surgem como uma alternativa para legalização Essas cooperativas surgem em um ambiente onde historicamente se realizarão investimentos em plantas processadoras de soja objetivando produção de óleo de soja no café quanto a armazenamento e estrutura de beneficiamento bem como secagem e exportação nos grãos também quanto ao armazenamento mais transbordo e transporte da produção além das cooperativas de leite com estruturas para resfriamento e produção de produtos láteos Mas devido aos altos custos de gestão dessas estruturas há a formação de cooperativas que não apresentem ativos imobilizados e estrutura de processamento e distribuição próprias Bialoskorki Neto 2015 Este autor salienta que são chamadas de cooperativas virtuais por não possuírem uma sede U4 Tendências nos negócios cooperativos 176 ou ainda parque industrial fixo além de iniciarem um processo de informatização das atividades objetivando tornar virtual o contato entre cooperados clientes compradores e fornecedores Essas cooperativas representam a quebra de paradigmas culturais organizacionais econômicos e produtivos como coloca Guimarães Júnior 2002 apud Estevam et al 2011 pois fogem da ideia majoritária sobretudo no setor agropecuário que para a constituição de uma cooperativa são necessárias grandes instalações o que de fato não ocorre nas cooperativas virtuais Outra característica dessas cooperativas é que a produção ocorre de forma descentralizada nas unidades familiares de produção assim como a forma que se fará a gestão da unidade produtiva o que respeitará as diferenças entre os cooperados assim cada um fará os investimentos ao seu ritmo além de determinar a forma de gerenciamento do seu empreendimento Estevam et al 2011 São organizações formadas por pequenos números de cooperados entre 20 e 30 produtores no caso de cooperativas agropecuárias que movimentam pequena quantidade de commodities agropecuárias embora com altos e diferenciados padrões de qualidade ainda orientados para nichos internos de mercado Bialoskorki Neto 2015 p 727 Uma vantagem que se destaca além da legalização dos produtores para a comercialização é um dos principais fatores determinantes na inserção dos produtores no mercado que é a possibilidade do produtor inserir seus produtos no mercado mais facilmente eliminando a intermediação entre produtor e consumidor o que traz aos produtores maiores retornos visto que a fatia do valor final não ficará com o intermediário Além de ainda neste sentido possibilitar a prática de preços acessíveis aos consumidores já que não há embutido no prelo final os valores que seriam sobrepostos pelos intermediários No entanto Bialoskorki Neto 2015 p 728 salienta a situação da estruturação financeira dessas novas organizações pois deve se considerar que obedecem a uma nova lógica de engenharia financeira Segundo o autor uma vez que não se considera o imobilizado e que poderão ou não estar no mercado transacionado isto é dependem apenas do estímulo de preços se os preços e resultados não compensam a atividade apenas cessa e voltará a ocorrer negócio somente em melhores condições de mercado U4 Tendências nos negócios cooperativos 177 Pesquise mais Além das cooperativas tradicionais de nova geração e virtuais destacamse as chamadas cooperativas de economia solidária Estas são organizações que salientam o princípio de que se deve ter autogestão entre outras características em uma cooperativa Para saber mais sugerimos a leitura da Seção 3 do artigo indicado a seguir A economia solidária e o cooperativismo páginas 7477 MORAES E E et al Propriedades coletivas cooperativismo e economia solidária no Brasil Serviço Social Sociedade São Paulo n 105 p 6788 janmar 2011 Disponível em httpbitly2MjwUb2 Acesso em 3 jun 2018 Mas tanto no caso das cooperativas virtuais como na nova geração de cooperativas é preciso considerar os desafios destas novas formas de se gerir o cooperativismo Nas cooperativas de nova geração devese focar sim nos melhores desempenhos financeiros das organizações buscar maior competitividade no mercado porém organizações cooperativas trazem na sua origem valores como cooperação e solidariedade assim não cabem a elas apenas buscar ao mercado sendo que muitos podem e serão excluídos nesse processo Assim as cooperativas deverão buscar o referido equilíbrio entre o econômico e o social Já as cooperativas virtuais se mostram alternativas de legalização para produtores na informalidade e que não dispõem de tantos recursos para capitalizar uma cooperativa nos moldes tradicionais E neste sentido podem se configurar como organizações capazes de trazer benefícios aos seus cooperados mas devem estar atentas para não ocuparem apenas os chamados nichos de mercado e muito menos atuarem apenas oportunamente em momentos de mercado favorável mas deverão saber se colocar e fazer valer suas vantagens de diversidade de cooperados mas também a não imobilização de grandes valores em infraestruturas Sem medo de errar A eficiência das organizações é algo sempre desejável desde que seus princípios norteadores não sejam feridos A COOPERSUINO cooperativa que vem apresentando dificuldades de atingir níveis de U4 Tendências nos negócios cooperativos 178 eficiências adequados as suas metas de atuação além da qualidade que se propõe a atingir tem deixado os cooperados frustrados Analisando o cenário da COOPERSUINO podese afirmar que a cooperativa deixou de ser um modelo de sucesso que era outrora e se mostra ineficiente frente as suas concorrentes Não realizou uma modernização da gestão não realizou transformações como a modernização do sistema de comunicação tem diante de si parte dos cooperados pouco interessados em cumprir acordos com a cooperativa como de entrega de produtos além de apenas usufruírem dos serviços e produtos ofertados sem retornar para a organização com investimentos No período recente visto que o quadro é aberto muitos cooperados se filiaram atingindo a cooperativa um porte médiogrande deixando a organização ainda mais complexa Ao ser contratado você observa esses fatores e percebe que a cooperativa deve ser observada do ponto de vista do modelo que desenvolve e suas características apontam para uma cooperativa nos moldes tradicionais a gestão não profissionalizada é uma dessas características como é o caso da possibilidade da adesão ser aberta podendo a qualquer tempo se associar a organização pelos anseios que a cooperativa tem de atingir qualidade agilidade e eficiência a ponto de retomar sua posição no mercado além de fazer cumprir com o básico como servir aos cooperados O quadro da COOPERSUINO mostra que atuar no modelo tradicional não é suficiente para seu nível de complexidade Assim uma possibilidade é a cooperativa migrar para atuação nos moldes das cooperativas de nova geração Para tanto deverá antes de tudo realizar formação contínua dos cooperados em práticas cooperativistas deixando fortalecido o princípio de cooperação e a busca por fortalecimento da organização como um todo Como a gestão não é profissionalizada e os espaços de assembleias gerais se mostraram não convidativos aos cooperados é possível que grupos estejam atuando na centralização da tomada de decisões Neste sentido as assembleias gerais devem ser encaradas como espaços para gerar novas estratégias para a organização e o investimento em um sistema eficiente de comunicação levará os cooperados a estarem informados a ponto de conseguirem se expressar bem como da gestão comunicar o que pretende aos cooperados U4 Tendências nos negócios cooperativos 179 Quanto à gestão quanto mais complexidade a organização passa a ter mais necessária é que esta seja realizada de maneira mais profissional possível e como os cooperados são donos clientes e fornecedores das cooperativas nem sempre é fácil realizar a tomada de decisão de maneira ideal assim é necessário que a cooperativa tenha uma gestão profissionalizada O uso dos serviços da cooperativa deverá estar atrelado a proporcionalidades de obrigação de investimentos na organização para que essa continue a fornecer serviços e produtos cada vez melhores aos cooperados Também se deve estabelecer em contrato além disso que os cooperados serão penalizados no descumprimento de acordos firmados com a cooperativa assim a chance da cooperativa ter que lidar com quebras de acordos diminuirá permitindo que atue com mais segurança nas medidas em médio e longo prazo Tal acordo também deverá deter mecanismos de preços para ambas as partes não terem surpresas O contrato pode e é ideal que traga além das quantidades o padrão de qualidade que a cooperativa requer pois assim poderá ofertar aos consumidores produtos de qualidade padronizada e mais alta No entanto é importante lembrar que a organização deverá manter o princípio de um homem um voto o grau de representatividade bem como não serão passíveis de transferência o capital do cooperado visto que a legislação brasileira não possibilita Avançando na prática A tecnologia e a legalização de agricultores Descrição da situaçãoproblema O Parque do Pitu é uma unidade de conservação que foi instituída a mais de quatro décadas e ao seu redor os agricultores têm nos últimos anos demonstrado interesse na prática de agricultura direcionado à produção orgânica Os pequenos agricultores têm produzido canadeaçúcar orgânica soja e milho orgânicos como principais produtos no entanto a reserva se estende por diversos U4 Tendências nos negócios cooperativos 180 municípios fazendo com que além das particularidades de cada propriedade e na condução destes empreendimentos eles estejam pulverizados na região Essa condição de distribuição geográfica não tem possibilitado aos agricultores individualmente avançarem na certificação orgânica de fato embora por outro lado eles alimentem a vontade de atuarem em conjunto e neste sistema Assim em conversas informais alguns agricultores têm pesquisado sobre as possibilidades de se montar uma cooperativa para representálos visto que além de ainda não terem obtido a certificação orgânica atuam na total informalidade na comercialização dos seus produtos No entanto os custos para a manutenção de uma cooperativa com as características da região mas também pela autonomia que os agricultores desejam não tem trazido esperanças desse modelo frutificar na região do Pitu Neste contexto um dos agricultores o senhor Jeferson teve seus serviços indicados por um amigo O senhor Jeferson é um dos primeiros agricultores da região que partiu na atuação de agricultora orgânica embora ainda em sistema de monocultivos Os custos de implantação de uma cooperativa inviabilizariam a continuidade dos produtores no vale Dentro dos modelos de atuação do cooperativismo no país qual modelo atende a todas as necessidades dos produtores do Vale do Pitu Resolução da situaçãoproblema No caso dos agricultores do Vale do Pitu que o objetivo é manter autonomia mas ao mesmo tempo conseguir realizar a comercialização de forma legalizada além de não deterem de valores elevados para instituir uma organização que os represente como uma cooperativa tradicional você pode sugerir a formação de uma cooperativa virtual Os agricultores do Vale estão muito distribuídos assim umas cooperativas nos moldes tradicionais além de elevar custos de manutenção ofertarão uma infraestrutura que poderá ser subutilizada se constituída tornandoa desnecessária também pela distância entre os agricultores fazendo com que apenas uma parte deles acesse a esse espaço realmente E uma cooperativa de nova geração necessita ainda de mais investimento U4 Tendências nos negócios cooperativos 181 além da perda a autonomia por necessidade de padronização em diversos processos de gestão e produção A cooperativa virtual vai possibilitar a legalização destes agricultores trazendo a eles a possibilidade de comercialização como em uma cooperativa tradicional sem deter custos elevados para tanto pois um número mínimo é necessário para que a cooperativa funcione ainda que tenha que realizar todo o processo de inscrição da organização Outra vantagem desse formato é a eliminação de intermediários pois o agricultor via cooperativa comercializa diretamente com consumidores finais podendo ainda oferecer produtos com valores mais competitivos visto que não tem embutido margens de intermediários Além de possibilitar que os investimentos em infraestrutura sejam realizados nas unidades produtivas no ritmo e de acordo com a necessidade do cooperado bem como a gestão Faça valer a pena 1 As Cooperativas Tradicionais em muito se deferem da Nova Geração de Cooperativas Para alguns autores essas diferenças podem ser agrupadas em quatro grandes categorias Uma destas categorias irá se dedicar sobre as restrições de elegibilidade e o poder de voto na organização Das alternativas qual corresponde a grande categoria de diferença que fala o textobase a Transações Comerciais com o Cliente b Obrigações de Investimento do Proprietário e Controle de membro votante c Obrigações de Investimento do Proprietário d Controle de membro votante e Distribuição do Lucro da Cooperativa e Transações Comerciais com o Cliente 2 No ambiente institucional brasileiro além das cooperativas tradicionais também estão presentes as cooperativas não patrimoniais ou virtuais que surgem como um novo modelo de cooperativa com fins de trazer legalidade aos produtores antes atuando fora da legislação Sobre essas cooperativas analise as afirmativas I Quebram paradigmas culturais organizacionais econômicos e produtivos U4 Tendências nos negócios cooperativos 182 II São altamente integradas ao mercado tendo como características o capital aberto III São formadas por pequenos grupos de produtores entre 20 e 30 IV Possui grande infraestrutura de processamento coletiva V Possui descentralização da produção com gestão de propriedade e investimentos no ritmo do cooperado VI Caracterizase por ter uma gestão altamente profissionalizada e de pessoal externo a cooperativa Assinale a alternativa onde todas as afirmativas são verdadeiras a I II e V b I IV V e IV c IV V e VI d III IV e V e I III e V 3 As cooperativas de nova geração se estruturam a partir de cinco princípios organizacionais Um destes princípios da conta de eliminar um problema significativo dentro das cooperativas o dos caronas internos que irão utilizar os serviços da cooperativa sem contribuir equivalentemente na subscrição de capital Das alternativas abaixo qual corresponde ao princípio organizacional que evitará o problema dos caronas a Proporcionalidade na contribuição de capital b Contrato de comercialização c Quadro de associados limitado d Controle proporcional ao investimento e Ações transferíveis e apreciáveis U4 Tendências nos negócios cooperativos 183 Caro aluno No cotidiano somos levados a atitudes de cooperação como em atividades realizadas em grupos nas universidades no ambiente de trabalho e também no âmbito doméstico Nas sociedades cooperativas não é diferente até porque a cooperação é uma das características intrínsecas destas organizações E é sobre essa questão que você foi novamente chamado na Cooperativa de Suinocultores do Moinho Chato COOPERSUINO a qual você prestou assessoria quando ela apresentava problemas para retomar os níveis de eficiência que atingiu outrora Relembremos que a COOPERSUINO era formada por um grande número de cooperados e que atualmente se ampliou atingindo 950 cooperados atuando na atividade da suinocultura A cooperativa ampliou sua eficiência após a última assessoria quando mudou o modelo de atuação como cooperativa antes tradicional agora como uma cooperativa de nova geração com gestão profissional direitos e obrigações bem definidos junto aos cooperados firmando contratos para garantir mais segurança no cumprimento dos acordos entre cooperados e cooperativas Essas transformações possibilitaram à cooperativa uma ampliação do seu mercado de atuação podendo novamente ampliar seus rendimentos No entanto no mercado no qual atua de carnes existem outras duas cooperativas que trabalham na comercialização de aves e bovinos sendo concorrentes diretos dos seus produtos Um diferencial destas outras organizações é a tecnologia empregada nos processos produtivos além de parques industriais modernos e adequados a todos os padrões que demandam o mercado não apenas nacional mas também internacional Ao passo que a COOPERSUINO não dispõe de tanta tecnologia como essas ela possui uma marca forte no mercado e é reconhecida como uma Seção 42 Diálogo aberto Intercooperação U4 Tendências nos negócios cooperativos 184 cooperativa com produtos de alta qualidade Entretanto as outras marcas têm ofertado os produtos que comercializam por valores acessíveis caindo no gosto dos consumidores que cada vez mais tem deixado de lado a tradição atribuída a COOPERSUINO e optando por essas outras opções Neste sentido a cooperativa vem perdendo mercado para essas concorrentes além do que já disputava com empresas de capital e a gestão da cooperativa teme que a longo prazo as vantagens que ela apresenta agora deixem de ser vantagens conforme as outras cooperativas passem a ser mais conhecidas Assim você foi consultado para que a gestão da cooperativa tenha a sua disposição alternativas frente às concorrentes Para tanto é importante compreender sobre é possível que a COOPERSUÍNO continue a atuar no atual mercado sem que haja concorrência com as demais cooperativas atuantes nele Podendo haver cooperação entre essas cooperativas como ela se seria O processo de internacionalização de cooperativas é uma alternativa a ser explorada pela COOPERSUÍNO Existem vantagens em internacionalizar uma cooperativa Não pode faltar Nos negócios cooperativos não diferente das empresas como um todo enfrentamse muitos desafios muito embora apresentem características diferentes As cooperativas agrícolas em especial passam por adequações em suas posturas diante de um mercado competitivo por exemplo uma vez que foram criadas e cresceram em períodos em que era predominante a agricultura tradicional e frente à nova realidade buscam se profissionalizar e os cooperados se adaptam às novas regras do mercado Assim hoje a cooperativa é vista como uma ferramenta de desenvolvimento do setor SIMIONI et al 2009 Então a profissionalização é um dos principais desafios que as cooperativas devem superar sobretudo com a complexidade atingida em grandes cooperativas Outros problemas que essas organizações enfrentam e que são desafios a serem superados são falta de competitividade concorrência acirrada dificuldade de acesso a novos mercados ineficiência e baixa qualidade de produtos e processos deslealdade dos integrantes da gestão e cooperados problemas financeiros e dificuldades de atingir escala U4 Tendências nos negócios cooperativos 185 de produção e volume de comercialização E embora possa causar estranhamento um dos desafios a serem superados pelas cooperativas diz respeito ao desconhecimento da sociedade sobre o que de fato são cooperativas problema que ocorre também entre os funcionários de cooperativas que desconhecem as diferenças destas para empresas de capital ou ainda os cooperados que por vezes podem desconhecer até os princípios básicos do cooperativismo que regem as sociedades cooperativas Uma das formas das cooperativas superarem ou minimizarem esses desafios é se utilizar de uma das suas características intrínsecas a cooperação No entanto no cooperativismo a cooperação pode ocorrer no estágio classificado como básico ou primário que corresponde ao relacionamento que ocorre entre cooperados em uma cooperativa Mas ainda que a cooperação básica seja importante e necessária os desafios citados para serem superados necessitam que as cooperativas cooperem como organizações ou seja estabeleçam relações de intercooperação que são a expressão mais avançada do cooperativismo BRAGA 2012 A intercooperação é um dos princípios básicos do cooperativismo sendo definido pela da Aliança Internacional Cooperativista ACI no congresso de 1995 realizado em Manchester CANÇADO GONTIJO 2005 O termo referese à cooperação entre unidades cooperativas em que essas podem atuar em conjunto por meio de estruturas locais regionais nacionais e internacionais KOZEN OLIVEIRA 2015 Neste sentido as cooperativas têm mais possibilidades de defenderem seus interesses comuns sendo que ocorrerá intercooperação não apenas quando houver vendas ou compras mas o simples fato de trocar informações e experiências quando entre cooperativas caracteriza a prática BRAGA 2010 Mas para que haja intercooperação é fundamental que se estabeleça confiança entre as organizações em parceria sobretudo no caso de cooperativas por suas características próprias como organização assim tem a confiança papel fundamental Assimile A confiança elemento tão basilar nas organizações pode ser dividida em três tipos conforme Jerônimo 2005 citado por Braga 2010 a U4 Tendências nos negócios cooperativos 186 confiança fraca que é possível por não haver vulnerabilidade e emerge por existir limitadas oportunidades de oportunismo e estará presente em mercados competitivos quando tanto a qualidade dos serviços e bens forem transacionados a baixo custo a confiança semiforte que será possível em organizações que usam mecanismos de governança que impõem custos ao comportamento oportunista mas ainda haverá confiança e podem evitar custos maiores por meio da utilização de governança social e a confiança forte que ocorre em ambientes que embora tenham vulnerabilidades não serão exploradas pelos parceiros onde a confiança emerge de princípios individuais ao passo que o oportunismo viola valores e princípios Porém a forma forte dependerá de que todos se comportem de modo confiável e agentes em ambientes assim de alta confiabilidade terão vantagem de custos sobre contexto de confiabilidade menor Na prática empresas nãocooperativas estão integrando o conceito de intercooperação de forma mais rápida e efetiva em suas estratégias de negócios do que as organizações cooperativas SCHNEIDER 2003 apud BOHRER 2017 Essas empresas compreendem que no geral as organizações não detêm todas as competências necessárias para o desenvolvimento das suas atividades estratégicas cooperar mesmo com concorrentes pode facilitar acesso a novos mercados e o desenvolvimento de novos produtos e serviços KOZEN OLIVEIRA 2015 p 46 Porém da mesma forma que há fatores que impulsionam a intercooperação há também fatores restritivos Mendina et al 2016 destacam ao analisarem uma rede de cooperativas como esses fatores ocorreram dentro de cinco variáveis Na variável vantagem competitiva o que impulsiona é a presença de uma marca própria e forte o aprendizado organizacional o poder de barganha que terá com fornecedores bem como dedução de custos e economia de escala mas por outro lado são restritivos o poder de barganha dos fornecedores e a ausência de uma marca ou a presença de uma marca fraca A segunda variável diz respeito à governançagestão que terá como impulsionador da cooperação a tomada de decisão colegiada mas como restritivo tem se a informalidade da governança na rede ausência de mecanismos formais de governança gestão desqualificada e gestão deficitária das cooperativas associadas A reputaçãocomportamento terceira variável a imagem positiva no mercado foi fator impulsionador e o favorecimento U4 Tendências nos negócios cooperativos 187 ilícito a compradores restritivo A quarta variável evoluçãodesempenho impulsiona a intercooperação com o aumento da competitividade entre os cooperados embora de outro lado tenhase como restritivo uma execução ineficaz das estratégias estabelecidas postura de resistência às mudanças falta de vontade política de cooperar falta de adesão à marca e jogos de poder Já quanto a última variável estratégias de cooperação foram impulsionadores o fortalecimento da marca com padronização do merchandising dos pontos de venda e uma central de compras como fatores restritivos há a resistência à inovação e a falta de visão de mercado dos dirigentes das cooperativas Práticas de intercooperação podem ocorrer por meio da formação de redes centrais ou ainda redes de consórcios e a estrutura pode ser com integração horizontal ou vertical Quando falamos de integração horizontal quer dizer que ela se inicia da base e se formará por cooperativas do mesmo ramo de atuação ou de diferentes mas de cooperativas de primeiro piso ou singulares E ainda incorporações e fusões entre cooperativas Quando a integração é vertical está ocorrerá por meio de cooperativas chamadas de segundo e terceiro piso como é o caso das centrais e federações e confederações de cooperativas Relembrando o que determinada a Lei das Sociedades Cooperativas em seu art 6º são singulares as cooperativas únicas aquelas constituídas de no mínimo 20 pessoas físicas embora excepcionalmente admitam pessoas jurídicas desde que com o objeto correlato de atividade econômica cooperativas centrais ou federações de cooperativas serão constituídas de no mínimo três cooperativas singulares podendo excepcionalmente admitir associados individuais já as confederações de cooperativas são aquelas formadas por pelo menos três cooperativas centrais ou federações da mesma ou de diferentes modalidades BRASIL 1971 art 6º e será a intercooperação tanto horizontal como vertical realizadas dentro da perspectiva de redes Exemplificando Imagine uma cooperativa agropecuária que necessita escoar sua produção e para tanto será necessária a contratação de transporte para a safra Uma opção pela qual a cooperativa agropecuária poderá optar é realizar esses serviços de transporte por meio da contratação de uma cooperativa de transporte Assim haverá entre essas cooperativas U4 Tendências nos negócios cooperativos 188 uma relação de intercooperação Outra possibilidade é no caso das cooperativas de consumo que ao adquirirem seus produtos optarem por comercializar produtos de cooperativas de produção ou agropecuárias Também neste caso caracterizase intercooperação A concepção de rede conforme Balestrin e Verschoore 2016 são uns conjuntos de relações de troca entre os agentes econômicos sendo que redes são como organizações compostas por um grupo formalmente relacionadas com objetivos comuns prazo de existência ilimitado e escopo de atuação múltiplo Os autores destacam que cada membro da rede mantém sua individualidade legal participando das decisões diretamente e simetricamente dos benefícios e ganhos a serem alcançado pelos esforços coletivos As redes poderão ser de centrais ou ainda de consórcio como os modelos representados na Figura 41 O modelo mais comum de intercooperação ocorre por meio de centrais de cooperativas Lembrase dos desafios que as cooperativas têm a superar Então a formação destas redes é um modelo apropriado para que isso ocorra Por meio das centrais é possível reduzir os custos das cooperativas filiadas obter ganho de escala uma vez que atuando em conjunto podem somar suas produções alcançam rendimentos mais elevados além de a capacidade de ingressarem em fases tecnológicas e gerenciais mais sofisticadas obtevese também diminuição dos custos operacionais e administrativos redução da inadimplência uma vez que a central se encarregará de avaliar clientes e distribuidores ocorre também o fim da competição entre cooperativas possibilitou a reforma do parque industrial custeado pelas filiais conjuntamente houve também mais agilidade nas decisões empresariais GALERANI 2003 No caso do fim da competição entre as cooperativas eliminase a queda dos preços dos produtos no mercado consumidor que ocorre devido à competição Jerônimo et al 2005 observaram que a ampliação de mercados compra de matériaprima e insumos com melhor qualidade e a preços mais acessíveis que os do mercado bem como a troca de informações entre clientes fornecedores e mercado além da partilha de conhecimentos como técnicas e processos de produção foram incentivos importantes para a rede U4 Tendências nos negócios cooperativos 189 Os autores destacam as vantagens de um sistema de informações como fator integrador para administrar as interdependências dentro e entre as organizações pois esse mecanismo torna o processo de comunicação e decisão mais rápido barato e menos burocrático Oliveira e Palma 2009 citados por Kozen e Oliveira 2015 analisando outra central de cooperativas aponta que a central ao agregar os produtos das filiadas tinha lotes maiores e tinha opção de buscar por melhores preços para os produtos bem como realizavam desde os projetos de capacitação planejamento estratégico e controles contábeis de forma integrada Consórcio Cooperativas Confederação de Cooperativas Federação ou Central de Cooperativas Cooperativas Singulares Figura 41 Modelos de organização de redes de cooperativas Fonte adaptado de Barbosa 2007 Um dos fatores no âmbito das redes que deve ser observado é a marca pois os membros da rede conforme decisões das filiais podem usar marcas próprias à comercialização dos produtos em rede e individualmente JERÔNIMO et al 2005 p 14 bem como poderá haver uma unificação de uma marca existente ou ainda a criação de uma marca nova Outro fator é quem exercerá a centralização ou a unidade coordenadora Galerani 2003 ao analisar cooperativas de leite observou que a qualidade de tecnologia de produção a localização da cooperativa bem como sua credibilidade perante os clientes fornecedores e agentes financeiros foram os elementos considerados nesta escolha Jerônimo et al 2005 analisando outra rede de cooperativas observou que embora uma unidade tenha sido designada a coordenação há rodízio desta liderança Assim essa é outra opção que pode se valer às filiadas estabelecer uma coordenação rotativa U4 Tendências nos negócios cooperativos 190 Reflita A cooperação em redes embora tenha seus benefícios poderá resultar na desestruturação de um conjunto de cooperativas caso uma das partes esteja menos comprometida com o projeto de intercooperação A intercooperação em redes por meio de consórcios ocorre de maneira similar às centrais quanto aos objetivos a serem alcançados mas estruturalmente é diferente Figura 41 Os consórcios são grupo constituído para assumir um empreendimento acima dos recursos de qualquer um de seus membros e possuem fim prédeterminado Balestrin Verschoore 2016 p 73 A primeira diferença é que os consórcios não podem constituir personalidade jurídica própria assim cada cooperativa consorciada deverá responder por suas responsabilidades de acordo com o que se estabeleceu BIALOSKORSKI NETO GOMES 2010 e as centrais constituem pessoa jurídica Também os consórcios demandam uma formalização da unidade coordenadora ao passo que as centrais não necessitam necessariamente da formalização da coordenação via contrato para existir JERÔNIMO et al 2005 e essa formalização faz com que a confiança nessas redes exerça um papel pouco relevante que em demais formas de cooperação Os membros dos consórcios como redes horizontais guardam sua independência embora tenham optado por coordenar certas atividades de maneira conjunta e por estarem formalizadas por meio de contrato cada um saberá as regras de conduta a ser adotada bem como a gestão será realizada por meio de regras claras com cláusulas explícitas sobre direito e deveres no referido contrato DUTRA 2010 De alguns benefícios dos consórcios destacase a superação de obstáculos ou oportunizar novos negócios aos membros Procedimentos e normas préestabelecidas possibilitam a garantia de sistemas de controle e monitoramento da performance do negócio além da divisão do trabalho entre os envolvidos BALESTRIN VERSCHOORE 2016 Pesquise mais Um dos exemplos de intercooperação mais expressivos é a rede Corporação Cooperativa Mondragón que além de ser formada por um complexo de cooperativas de produção industrial e serviços comerciais com um banco cooperativo possui uma cooperativa de U4 Tendências nos negócios cooperativos 191 seguro social uma universidade e diversas cooperativas que buscam desenvolvimento de tecnologia Diante destes aspectos esse é um exemplo que pode ampliar seus conhecimentos sobre redes de cooperativas ainda mais Para tanto sugerimos a leitura de Barbora 2007 Seção 5 A experiência Cooperação Cooperativa Mondragón MCC páginas 34 BARBOSA L C B Cooperativas articuladas em rede e o mercado o sucesso das estratégias da cooperação Cooperativa Mondragón Revista Espaço Acadêmico ano 6 nº 70 mar 2007 Disponível em httpbitly2p8yDHf Acesso em 11 jul 2018 Nas redes de centrais como em consórcios não há apenas pontos positivos mas também desafios a serem superados Na articulação para formação de uma central Galerani 2003 observou as principais dificuldades que podem ocorrer como diferenças de especialização das cooperativas envolvidas a aprovação da centralização ou unidade central pelo quadro dos associados a remuneração ou não da concessão de uso das marcas de cooperativas filiadas concordância sobre como remunerar a matéria prima recebida das filiadas o temor de cooperados do desaparecimento de suas cooperativas e a resistência dos dirigentes de perda de poder e da extinção de cargos como consequência a perda de remuneração ou ainda decisão sobre o fechamento de indústrias próprias No caso dos consórcios deverão cuidar para que não ocorra formalização excessiva por meio dos contratos a dificuldade de se dividir as riquezas produzidas de forma mais equânime entre os membros também mas em especial são necessárias estratégias para o consórcio como um todo e não apenas para membros BALESTRIN VERSCHOORE 2016 A intercooperação por meio da formação de redes como vimos tem potencial para que as cooperativas minimizem ou eliminem diversos obstáculos profissionalização dos membros mas sobretudo podem trazer um crescimento das cooperativas e para cooperativas que consequentemente é uma forma destas se expandirem e até ou para se internacionalizarem A internacionalização corresponde desde a exportação de produtos e serviços até a produção direta destes no mercado externo e de um crescente comprometimento U4 Tendências nos negócios cooperativos 192 com esse mercado BRASILEIRO 2009 Assim existem organizações que se limitam apenas a exportar seus produtos e serviços As razões para que haja a internacionalização de cooperativas é igual as que ocorrem em empresas ou seja oportunidade do aumento dos lucros a redução da dependência a mercados domésticos busca pelo crescimento em mercados internacionais os interesses dos gestores em relação às atividades internacionais e ainda as crenças gerenciais sobre a importância da internacionalização HONÓRIO RODRIGUES 2006 apud RISSOTA 2012 E em um ambiente competitivo e globalizado a internacionalização se configura como uma alternativa SOUZA et al 2017 Com a expansão geográfica das cooperativas e o aumento da sua produtividade com suas áreas cultivas gerase uma demanda pelo escoamento do adicional de produção o que incita as cooperativas a rumarem para o comércio internacional RISSOTA 2012 Assim um dos principais motivos que levam as cooperativas brasileiras a internacionalizaremse é esse acesso a novos mercados como fazem as cooperativas do agronegócio ao buscarem escoar a produção de commodities agrícolas como as de soja e milho Para Brasileiro 2009 p 20 o processo de internacionalização de uma organização pode ocorrer por meio da utilização de seis mecanismos embora destaque que não haja um roteiro são eles visitas a feiras internacionais contratação de serviços de assessoria econômica comercial e técnica no exterior utilização de agentes comerciais ou compradores internacionais locais no mercado alvo interação com o cliente externo estabelecimento de um escritório de inteligência comercial no exterior no mercadoalvo e compra de empresas no exterior É necessário se ter um plano de exportação que consiga atingir mercados externos devendo constar a buscar por assessoria procurando por empresas que já atuam na área e observar como se deu o processo de entrada delas devese avaliar a capacidade exportadora além de identificar os pontos fortes e fracos do mercado a criação de um banco de dados como base para as decisões da cooperativa selecionar quais os produtos serão exportado e entre esses identificando os produtos mais competitivos estabelecer objetivos como volumes produtos preços qualidade prazos embalagens e parceiros determinar fontes confiáveis de informações selecionar mercados U4 Tendências nos negócios cooperativos 193 que possibilitem inserção com o menor esforço para a organização analisar a capacidade de empresa quanto à comunicação logística bem como normas e a concorrência definir um plano de comunicação para divulgação da marca definir um plano de capacitação de recursos humanos além de sistema de avaliação periódica MINERVINI 2001 apud BRASILEIRO 2009 Sem medo de errar A COOPERSUINO cooperativa que atua na comercialização de carne suína oferece produtos de alta qualidade e por esse motivo que é conhecida no mercado porém com a entrada de outras duas cooperativas na comercialização de carnes bovina e aves tem diminuído o mercado antes ocupado pela cooperativa que já disputava espaço com empresas de capital Ao ser consultado para uma assessoria você pode identificar se a cooperativa tem compreensão que nem sempre sua atuação no mercado é de competição de concorrência sobretudo frente a outras cooperativas A COOPERSUINO pode explorar a possibilidade de uma parceria com essas cooperativas buscando até considerar um dos princípios do cooperativismo que é a intercooperação Ou seja Cooperativas que atuam com outras cooperativas em relacionamento de cooperação e não competição Você identificou que embora as outras cooperativas tenham uma tecnologia nos processos mais moderna bem como seu parque industrial não possuem uma marca forte ou reconhecida pelos consumidores e apenas preços acessíveis podem não ser uma vantagem tão significativa frente à tradição da COOPERSUINO Assim você pode propor para a cooperativa a possibilidade de se internacionalizar mas também a opção da intercooperação para conjuntamente atuar com as demais cooperativas no mercado A internacionalização embora uma opção não é a mais adequada à situação em questão pois a cooperativa ao se voltar ao mercado externo pode perder o mercado que já tem sob seu domínio e no momento tem de lidar com o fato de ter novas organizações atuando no mesmo mercado Desta forma a intercooperação por meio da formação de redes é a alternativa mais adequada Mas visto que as redes de cooperação poderão ser formadas por meio U4 Tendências nos negócios cooperativos 194 de consórcios e centrais as duas opções devem ser apresentadas como opções Porém a formação de uma central pode trazer às cooperativas mais força pois podem atuar como uma defendendo ainda seus interesses como organizações cooperativas A central necessita de no mínimo três cooperativas singulares para ser formada e é de fato o que se têm A formação de uma central potencializará o que as cooperativas têm de mais valioso seja a tecnologia de um lado a tradição e uma marca forte e conhecida de outro Além dos ganhos por reduzir os custos o ganho de escala ao oferecer os produtos embora atuem na comercialização de carnes diferentes atuam no mercado de carnes podendo constituirse como uma referência no fornecimento de carnes de alta qualidade proporcionando rendimentos mais elevados a redução dos custos administrativos e operacionais E neste relacionamento de cooperação os preços praticados não precisam ser tão baixos para atender ao consumidor visto que as empresas ofereceram os produtos em conjunto Os gastos com publicidade são outra vantagem que as cooperativas também ganhariam visto que agora vão apresentar estratégia de divulgação apenas para uma marca As cooperativas poderão após as alterações desfrutar destas vantagens assim como da troca de informações sobre clientes fornecedores e até outros mercados além dos que atuavam individualmente antes Avançando na prática Flores pelo mundo Descrição da situaçãoproblema A Cooperativa de Floricultores do Oeste COOPFLOR é uma central de cooperativas que representa 17 cooperativas de floricultores Atuante no mercado nacional há 13 anos a central possui infraestrutura para recebimento de grande produção e consegue processar volumes significativos em todas as estações no ano Embora trabalhe com a produção e comercialização de mais de 50 diferentes tipos de flores as principais são as rosas e os U4 Tendências nos negócios cooperativos 195 lírios No passado a central realizou parcerias com cooperativas de transporte para deixar a logística por conta de outras cooperativas mas atualmente atua apenas com as de produção de flores Hoje devido à alta capacidade que a central alcançou além dos ganhos que teve em competitividade ela também esbarrou no problema de saturação de mercado Pois se de um lado a central possibilitou agregar qualidade aos processos administrativos e operacionais bem como proporcionou ganho de escala e de produtividade devido o aperfeiçoamento da tecnologia toda essa produção vem sendo diminuída como uma estratégia de evitar as perdas de produto Quais as alternativas para que a cooperativa permaneça no mercado sem a necessidade de diminuição da sua produção A internacionalização é uma alternativa viável O número de cooperativas contidas na central sendo ampliado para outros ramos do cooperativismo é uma alternativa Resolução da situaçãoproblema Uma alternativa inicial para escoamento da produção e para interromper o processo de diminuição da produção das cooperativas filiadas é a central agregar outras cooperativas não de produção mas de consumo ou ainda de turismo e lazer Estas outras cooperativas podem absorver parte ou até totalmente do excedente que tem produzido a central no momento Uma alternativa mais ampla é a realização da internacionalização da cooperativa central ou seja buscar mercados internacionais que não estejam saturados na comercialização de flores A internacionalização poderá ocorrer por meio de parcerias com cooperativas internacionais ou basicamente da exportação de flores para países que apresentem capacidade de absorção da produção Faça valer a pena 1 Em relação à intercooperação por meio de redes de cooperação quando correm por meio de centrais referese à formação de uma cooperativa de cooperativas na qual é necessário ao menos o número U4 Tendências nos negócios cooperativos 196 mínimo de três cooperativas singulares Nas redes de consórcios o número de organizações é variável e será determinado pelos integrantes da rede Mas o que essas redes têm em incomum é a necessidade de uma unidade centralizadora No caso dos consórcios é correto afirmar que quanto à unidade centralizadora a Nos consórcios é necessária a formalização da unidade centralizadora via contrato b A unidade constituirseá sem a necessidade de constituição de pessoa jurídica própria c Havendo a constituição de jurídica própria já estará instituída a unidade centralizadora d Nos consórcios não é necessário à formalização da unidade centralizadora via contrato e A formalização da unidade centralizadora poderá ou não ser via contrato 2 As cooperativas assim como as empresas podem e buscam expandir seus negócios para além das fronteiras do seu país de origem neste sentido se internacionalizam E esse processo poderá acontecer e ser caracterizado por diferentes fatos Neste sentido sobre a internacionalização analise as afirmativas I Ocorre internacionalização apenas pelo fato das cooperativas exportem seus produtos e serviços II Apenas ocorre quando a cooperativas além de praticar exportação mas também há produção direta no exterior de serviços e produtos III As cooperativas internacionalizamse como oportunidade de aumentar seus lucros IV Um dos mecanismos para no processo de internacionalização de uma organização é a compra de empresas no exterior V Diante de um ambiente globalizado e competitivo a internacionalização é uma alternativa VI Apenas cooperativas agropecuários podem se internacionalizar Qual alternativa corresponde a todas as afirmativas corretas quando a internacionalização a II IV e VI b I II e III c I III IV e V d II III e V e I IV e VI U4 Tendências nos negócios cooperativos 197 3 As organizações compreendem que não dispõe de todas as competências necessárias para o desenvolvimento de atividades estratégias e cooperar com indivíduos que antes eram considerados concorrentes pode possibilitar o acesso a novos mercados bem como o desenvolvimento de novos serviços e produtos E neste sentido há fatores que impulsionam a intercooperação e fatores restritivos Das alternativas qual corresponde apenas a fatores que impulsionam a Tomada de decisão colegiada e resistência à mudança b Competitividade dos cooperados e tomada de decisão colegiada c Poder de barganha dos fornecedores e poder de barganha com fornecedores d Resistência à mudança e competitividade dos cooperados e Falta de vontade política de cooperar e jogos de poder U4 Tendências nos negócios cooperativos 198 Diante da competitividade dos mercados não é mais possível que as organizações não sejam dinâmicas assim as empresas buscam cada vez mais estarem atualizadas atentas às novas práticas gerenciais e prontas para alterar suas estratégias de atuação para continuarem no mercado Com as cooperativas embora sejam sociedades de pessoas e não visem lucro não é diferente a busca por possibilidades de se fortalecerem e permanecerem no mercado na melhor forma possível e preferencialmente em processo de ampliação No período recente você assessorou a Cooperativa de Suinocultores do Moinho Chato COOPERSUINO que no momento buscava retomar os níveis de eficiência do passado além de reconquistar a confiança dos cooperados na cooperativa bem como na eliminação do problema de não comprometimento dos cooperados com a organização em por fim lidar com outras cooperativas que atuavam na comercialização de carnes que haviam começado a atuar naquela área No momento anterior a melhor opção para a cooperativa era a formação de uma central que agregasse as duas concorrentes e a COOPERSUINO possibilitando a comercialização de carnes conjuntamente Porém novamente você foi chamado pela cooperativa para realizar uma assessoria No momento embora a central tenha possibilitado avanços no quadro antes existente agora a cooperativa está diante de um novo problema o enfrentamento da entrada de uma multinacional em sua área de atuação E embora na central a cooperativa não tem conseguido competir com essa concorrente No momento a cooperativa continua com um portfólio reduzido a central que as agrega opera apenas a comercialização de carnes suína bovina e de aves ou seja não há diversificação nos produtos ofertados deixando ainda a cooperativa em situação vulnerável frente às oscilações dos preços de mercado A área de atuação de antes não Seção 43 Diálogo aberto Estratégias aplicadas às cooperativas U4 Tendências nos negócios cooperativos 199 foi ampliada também assim o ambiente de atuação se caracteriza como limitado e o pouco que se investiu em tecnologia e houve melhora embora pouco significativa dos serviços prestados pela cooperativa trouxeram maior produtividade visto que qualidade a organização já era representada como de referência Assim de um lado se tem um mercado estagnado e com uma nova concorrente à vista além das dificuldades da cooperativa em ampliar sua área de atuação E mesmo diante desse quadro os cooperados não sabem como de fato a cooperativa poderá se expandir ainda mais agora que uma das cooperativas singulares a produtora de carne de aves tem apresentado problemas financeiros diante de acontecimentos diversos como a dificuldade de se adequar à estrutura da central correndo risco até de extinção O ambiente interno e externo da COOPERSUINO parece difícil mas existem possibilidades para que a organização retorne o avanço como referência em oferta de produtos de qualidade e em competitividade também Como assessor você precisa analisar a situação da cooperativa a fim de contribuir para sua retomada de espaço e desenvoltura Neste sentido quais estratégias a cooperativa COOPERSUINO tem ao seu dispor para transformar sua forma de atuação Como se dá o processo de planejamento nas sociedades cooperativas Quais as características e vantagens das práticas de fusões e incorporações em cooperativas Seria a fusão eou incorporação uma estratégia válida no caso da COOPERSUINO Neste contexto da COOPERSUINO você deverá elaborar um plano de ação a ser entregue para a cooperativa contendo um compilado de estratégias de negócios para médio e longo prazo Não pode faltar Olá aluno iniciaremos agora nossa última seção seja bemvindo novamente para encerrarmos nesta obra nossa jornada rumo ao conhecimento no mundo cooperativista A fase de planejamento nas cooperativas representa a primeira parte do modelo simplificado de gestão que as organizações adotam e destacamse os planejamentos estratégico tático e operacional O estratégico é o processo administrativo que U4 Tendências nos negócios cooperativos 200 proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida buscando otimizado grau de integração com os fatores não controláveis externos assim dirá respeito desde a formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos de ações estratégias que serão seguidas já o tático tem por finalidade otimizar determinada área de resultados e não a organização como um todo assim trabalha com a decomposição dos objetivos estratégias e políticas estabelecidas já o operacional é a formalização por meio de documentos escritos das metodologias desenvolvidas e implementação de resultados específicos para que sejam alcançados pelas áreas funcionais OLIVEIRA 2015b p 18 Assim o planejamento estratégico considerará a cooperativa como um todo o tático otimizará determinada área da cooperativa como produção por exemplo e o planejamento operacional será a formalização das metodologias de desenvolvimento e implementação de resultados nesta área de produção Mas cabe compreender que todos os três níveis de planejamento estão interligados em um planejamento global da cooperativa sendo que o estratégico no contexto do cooperativismo é mais importante ainda visto que a propriedade é compartilhada OLIVEIRA 2015b Na Figura 42 observase o modelo básico de planejamento estratégico em cooperativas sabendose que este norteará as estratégias de atuação da organização bem como será determinante na eficiência empresarial da organização Figura 42 Modelo básico do processo de planejamento estratégico das cooperativas Direcionamento estratégico Análise estratégica Posicionamento estratégico Corporativonegócios Corporativonegócios Diretriz estratégicas Instrumentos estratégicos Negócios Megatendências Visão Valores Missão Diagnóstico estratégico Cenários Análise prospectiva Fatores estratégicos Objetivos Metas Estratégias Politicas Programas Projetos Atividades Planos de ação Definição dos negócios Vantagens competitivas Prioridades básicas Postura estratégica U4 Tendências nos negócios cooperativos 201 Planejamentos táticos e operacionais Marketing Atividadesfins Atividadesmeios Operações Recursos humanos Finanças Tecnologia Apoio administrativo Fonte Oliveira 2015a p81 No modelo apresentado os módulos de direcionamento estratégico e análise estratégica considera cada negócio atual e potencial da cooperativa como destaca Oliveira 2015a O primeiro que dirá sobre as megatendências trata do que é mais representativo no ambiente no qual a cooperativa realiza seus negócios Pode ser que a tendência no ambiente de atuação seja o comprometimento com eficiência econômica ou negócios sustentáveis do ponto de vista ambiental A visão dirá sobre o que a cooperativa aspira para seu futuro o que ela pretende ser Como a cooperativa será referência no mercado quanto a qualidade de produtos alimentícios Os valores representam as atitudes e comportamentos que sustentaram as principais decisões estratégicas organizacionais e de atuação da cooperativa além de serem sustentados pelos princípios e valores universais do cooperativismo Já a missão da cooperativa é sua finalidade de existência é a definição do que a cooperativa atende das expectativas e necessidades tanto de cooperados quanto do mercado em geral Aqui a cooperativa pode ter como missão por exemplo promover a comercialização de alimentos de qualidade para atender às necessidades de cooperados funcionários fornecedores e clientes O módulo da análise estratégica representa a situação na qual a cooperativa se encontra atual além dos fatores não controláveis externos e controláveis internos de influência estratégica na cooperativa Ela será composta pelo diagnóstico estratégico que irá identificar e avaliar os fatores citados ou seja verificar onde a cooperativa está Os cenários que dirão respeito aos fatores não controláveis como aspectos sociais demográficos econômicos políticoslegais e ecológicos que serão considerados possibilidades de ocorrências no futuro e as influências na cooperativa Temse ainda a análise prospectiva que se encarrega de estudo de fatores internos e externos com interação com cenários formulados além da identificação nessa interação de U4 Tendências nos negócios cooperativos 202 oportunidades e ameaças no futuro E por fim traz os fatores estratégicos que são identificados no diagnóstico estratégico e por meio da análise prospectiva são considerados essenciais para o futuro do negócio Nas cooperativas que atuam na exportação de commodities e movimentam grandes quantidades de produtos em longas distâncias o sistema de logística deverá ser adequado e neste sentido a logística será um fator estratégico O posicionamento estratégico ou terceiro módulo apresentado primeiro traz a definição dos negócios da cooperativa ou a identificação dos negócios atuais e futuros considerando abrangência e aplicação nos mercados atuais e futuros Além da identificação das vantagens competitivas da cooperativa seja pelos produtos ou serviços e segmentos de mercado em que está ou pela diferenciação que detém frente aos concorrentes possui acesso à tecnologia inovadora e tem boa imagem institucional Outro elemento são as prioridades básicas da cooperativa que poderão ser identificadas a partir da aplicação de critérios e parâmetros de seleção e as prioridades podem se referir a otimização dos recursos humanos tecnológicos físico financeiros e a melhoria na gestão como a profissionalização Já a postura estratégica corresponde à maneira adequada da cooperativa consolidar o estabelecido na missão respeitando o diagnóstico estratégico direcionando a sua visão Oliveira 2015a é a maneira como a cooperativa se posiciona diante do seu ambiente OLIVEIRA 2015b Pesquise mais Uma metodologia que poderá ser utilizada na determinação das prioridades básicas da cooperativa é a técnica GUT gravidade urgência e tendência Para saber mais sugerimos a leitura do livro Planejamento Estratégico conceitos metodologias e práticas que se encontra na sua biblioteca virtual páginas 129130 OLIVEIRA D de P R de Planejamento estratégico conceitos metodologia e práticas 33 ed São Paulo Atlas 2015b Disponível em httpbitly2x88TyX Acesso em 20 jul 2018 Lembrase de que destacamos que o planejamento estratégico é fundamental nas determinações das estratégias de atuação da U4 Tendências nos negócios cooperativos 203 cooperativa Os módulos diretrizes estratégicas e instrumentos estratégicos representam orientações para operacionalização do que a cooperativa fará As diretrizes estratégicas possuem como primeiro componente os objetivos que dizem respeito ao alvo da cooperativa ou uma situação que a cooperativa pretende alcançar e estes devem ser perseguidos e quantificáveis além de seus responsáveis identificados e prazos estabelecidos Traz as metas que são etapas quantificadas com responsáveis e prazos definidos para se cumprir os objetivos estabelecidos Posteriormente têmse as estratégias que representam o caminho mais adequado a ser seguido para alcançar a situação desejada pelos objetivos Já as políticas são parâmetros ou orientações para a tomada de decisão e representam as definições dos níveis de delegação as faixas de valores ou quantidades limites e ainda a abrangência das estratégias estabelecidas para atingir metas e objetivos da cooperativa OLIVEIRA 2015a Pensando nas principais cooperativas do agronegócio algumas estratégias de atuação podem ser destacas como é o caso da estratégia de diferenciação de serviços e produtos em que pode se ofertar aos clientes produtos diferenciados como é o caso da soja não transgênica suco de laranja pura fruta ou ainda leite sem lactose Pensando nos objetivos nestes contextos poderseia por exemplo atingir 30 do mercado na oferta de leite sem lactose 10 do óleo de soja não transgênico e 45 do mercado de suco de laranja pura fruta todas as etapas com responsável identificado Quanto às metas a cooperativa pode determinar que no mercado do leite por exemplo seu prazo de expansão será de 5 no primeiro semestre 15 no primeiro ano e com um ano e meio pretendese alcançar os 305 do mercado Os prazos também deverão ser determinados igualmente no caso do suco de laranja e óleo de soja O quinto e último módulo apresentado na Figura 42 diz respeito aos instrumentos estratégicos que são programas projetos atividades e planos de ação Os programas são conjunto de projetos homogêneos quanto ao objetivo maior Os projetos são trabalhos a serem executados determinado o responsável pela execução o resultado que se espera quantificável em benefícios e prazos de execução sempre considerando os recursos disponíveis humanos financeiros tecnológicos materiais e equipamentos e as áreas da U4 Tendências nos negócios cooperativos 204 organização envolvidas e necessárias ao desenvolvimento do projeto As atividades dizem respeito às partes específicas de um projeto e também devem conter responsáveis resultados esperados prazos de início e fim e recursos necessários Os planos de ação servem para interligar os projetos resultantes das estratégias com áreas funcionais da cooperativa pois correspondem ao conjunto das partes comuns dos diversos projetos quanto a determinado assunto tratado como recursos humanos tecnologias etc OLIVEIRA 2015a OLIVEIRA 2015b Após compreendermos os elementos que compõem o planejamento das cooperativas vamos melhor compreender as estratégias de atuação para estas se ampliarem ou manterem se no mercado No entanto cabe destacar que as estratégias de atuação da cooperativa deverão estar atreladas a sua estrutura pois caso contrário a cooperativa não atingirá seus objetivos como destaca Van Bekkum 2001 citado por Chaddad 2006 O autor elaborou uma tipologia de modelos estratégicos tendose cooperativas locais que possuem pequena escala de produção e atuam localmente e têm custos de produção baixos e grau de diferenciação de produtos baixo cooperativa de commodity que atuam segundo estratégia competitiva de custos alta escala de produção com gastos de pesquisa e desenvolvimento marketing e quadro gerencial minimizado cooperativa de nicho que são aquelas que operam em pequena escala mas focadas em determinados segmentos de mercado e cooperativas de adição de valor em que a estratégia de diferenciação é por meio de produtos de alto valor agregado bem como direcionamento ao consumidor final com marca própria o que requer investimentos em desenvolvimento de novos produtos marcas e marketing além de eficiência no processamento e logística Retomemos a já citada estratégia de diferenciação que representa a introdução de produtos ou serviços exclusivos da organização ou por ela representados majoritariamente ou seja embora tenham outros que ofertem produtos ou serviços são sinônimos Estratégias de diferenciação atuais é a introdução no mercado de produtos da linha natural light livre de glúten ou lactose que além de representar tendências são uma oportunidade imediata das cooperativas saírem na frente e são produtos facilmente U4 Tendências nos negócios cooperativos 205 atrelados às características coletivas e de bemestar coletivo que o cooperativismo expressa Essa diferenciação pode ser a oferta de serviço ágil de boa qualidade e focado na valorização dos clientes sendo a cooperativa conhecida por prestar serviço de atendimento Atrelada à estratégia da diferenciação temse a segmentação de mercado Esta consiste em separar os consumidores em grupos por critérios além do direcionamento se são consumidores individuais e organizacionais respectivamente Assim podem ser segmentados por critérios geográficos tratam de diferenças culturais e de hábito de consumo demográficos considera gênero idade classe socioeconômica grau de instrução situação familiar e tamanho da família ou tamanho da organização natureza posição no mercado setor nacionalidade psicográficos considera estilo de vida e personalidade ou estilo de gestão e personalidade do dirigente comportamentais como local de uso frequência de uso processo de compra ou aplicações do produto frequência de uso tamanho do pedido e do produto tipo de produto grau de padronização ROCHA FERREIRA DA SILVA 2012 Uma oportunidade para as cooperativas é a diversificação dos negócios No caso das cooperativas agropecuárias podese destacar a estratégia como especialmente vantajosa visto que ao lidarem com produtos agrícolas pode incorrer em quebras ao se dedicarem a produtos especializados como também podem se deparar com saturação de mercados e ainda problemas climáticos que afetem determinados produtos como a perda por geadas alagamentos ou longas secas A diversificação traz ainda para as cooperativas oportunidades de investir em setores e produtos correlatos aos quais já tem atuação o que pode ampliar seu faturamento visto que pode operar produtos com maior valor agregado e em mercados menos competitivos Há ainda as estratégias de desenvolvimento que podem ocorrer por meio do desenvolvimento de produtos e serviços em que a empresa busca investir em produtos e serviços de melhor qualidade para os mercados atuais e o desenvolvimento pode ocorrer por meio de novas características dos produtos da variação da qualidade de modelos e tamanhos Outra forma de estratégia de desenvolvimento é a de mercado onde se procura consolidar novos campos de atuação de seus produtos e serviços OLIVEIRA 2014 U4 Tendências nos negócios cooperativos 206 Além destas podese citar como estratégia o reordenamento societário Sabese que as sociedades cooperativas devem sempre e por princípio buscar o melhor meio de desenvolver e prosperar os negócios de seus associados não diferente das demais sociedades que visam auferir lucro aos seus sócios A possibilidade de aglutinação ou desmembramentos de sociedade pode significar o caminho para a busca da qualidade produtividade e sobretudo da alavancagem das suas operações com o fortalecimento do seu poder de barganha em especial diante do processo de globalização das economias POLÔNIO 2004 p 170 Neste sentido figuram as fusões incorporações e cisões Essas possibilidades são tratadas pela Lei das Sociedades Cooperativas em que as fusões ocorrem quando duas ou mais cooperativas formam nova sociedade e no processo há extinção das sociedades que se unem para formar a nova sociedade que lhe sucederá nos direitos e obrigações BRASIL 1971 art 5758 Já as incorporações ocorrem quando determinada sociedade cooperativa absorve o patrimônio recebe os associados assume as obrigações e se investe nos direitos de outra ou outras cooperativas BRASIL 1971 art 59 Ainda quanto a incorporação a cooperativa incorporada deixa de existir ou seja é extinta ao passo que a incorporadora se mantém ativa No caso da cisão ou desmembramento diz respeito ao processo no qual poderão desmembrarse em tantas quantas forem necessárias para atender aos interesses dos seus associados além de estar previsto que uma das sociedades das novas entidades poderá ser constituída como cooperativa central ou federação de cooperativas BRASIL 1971 art 60 sendo as partes transferidas para sociedades já constituídas ou constituídas para tal fim Assimile Embora permitido que as sociedades cooperativas se reorganizem societariamente por meio de fusões incorporações e cisão pelo fato de deterem natureza jurídica que não se confunde com as demais sociedades caso haja alteração da natureza jurídica com a reorganização societária haverá a dissolução da sociedade cooperativa POLÔNIO 2004 U4 Tendências nos negócios cooperativos 207 As motivações para as sociedades cooperativas utilizarem essas estratégias são a expansão dos negócios ou solucionar problemas financeiros Chaddad 2006 destaca que quatro fatores motivam a formação de alianças estratégias como a globalização em que as organizações não ficam mais restritas às fronteiras nacionais diante do processo de integração de mercados os avanços tecnológicos que com ritmo de desenvolvimento bem como a introdução de novas tecnologias e produtos está cada vez mais acelerado as alianças objetivam alavancar recursos complementares de desenvolvimento e pesquisa eficiência visto que as alianças podem minimizar custos de produção por meio da economia de escala e motivos estratégicos como a alavancagem da marca e aquisição de capital Fusões incorporações e cisão são medidas que reorganizam capitais visando à concentração das participações das empresas no mercado BAUTISTA MIRANDA 2009 Além de permitir melhor posição na concorrência já que são estratégias que alteram a estrutura dos mercados TSCHA FAVERO 2005 Além disso consolidam a criação de cooperativas de grande escala permitindo que detenham grande participação no mercado e compitam diretamente com grandes corporações multinacionais CHADDAD 2006 As vantagens das fusões e incorporações foram sistematizadas com base em diversos autores por Amaral 2012 p9 que como vantagens temse a expansão da área de atuação expansão das operações e das receitas diversificação do risco redução de custos decorrentes de economias de escalas além de maior possibilidades de diversificar portfólio de produtos e serviços maior sustentabilidade financeira redução do custo das operações serviços e produtos ofertados pela cooperativa bem como agregação de valor e credibilidade ao cooperativismo de crédito visto que a autora analisou essas cooperativas mas são vantagens que se aplicam a diferentes tipos de cooperativas No entanto não há apenas pontos positivos também são observadas algumas desvantagens no processo de funções incorporações e cisão como a diminuição inicialmente de empregos visto que as estruturas estarão mais enxutas sobretudo pela possibilidade de desestruturação de plantas locais operandose por meio de plantas centralizadas Outra possibilidade é a perda das características U4 Tendências nos negócios cooperativos 208 locais e regionais das cooperativas Além da perda de benefícios não econômicos mas intangíveis afastamento dos associados do convívio com a cooperativa e mudanças nas relações sociais e de influência AMARAL 2012 Reflita As fusões ou incorporações são formas de as cooperativas ampliarem sua atuação no mercado e por não impedirem a concorrência obrigam os concorrentes a investir em tecnologia e qualidade reduzindo os preços No entanto conforme magnitude da fusão ou incorporação há possibilidade de monopolização do mercado E elevação dos preços Mas quais os procedimentos para que se realize a fusão incorporação ou desmembramento das sociedades cooperativas cisão Estes processos são também tratados na Lei das Sociedades Cooperativas que descreve procedimentos e formalidades para sua concretização No caso das fusões as cooperativas interessadas em realizála deverão indicar nomes para compor uma comissão mista essa comissão terá função de proceder estudos necessários à constituição da nova sociedade como o levantamento patrimonial o balanço geral o plano de distribuição de quotaspartes os destinos dos fundos de reserva e outros fundos além do projeto de estatuto culminando em um relatório por parte da comissão Tal relatório deverá ser aprovado e depois se constituíra uma nova sociedade em assembleia geral conjunta em que os documentos deverão ser arquivados para fins de aquisição de personalidade jurídica em junta comercial competente e após arquivamento ser encaminhadas ao órgão executivo de controle Assimile Quando as fusões envolverem cooperativas de crédito após a aprovação dos relatórios da comissão mista e constituída a nova cooperativa em assembleia geral conjunta a organização ainda dependerá da autorização para funcionar e o registro de prévia anuência do Banco Central do Brasil BRASIL 1971 art 57 U4 Tendências nos negócios cooperativos 209 Não diferente do que ocorre no caso das fusões igualmente são os procedimentos nas incorporações de cooperativas embora limitadas as avaliações ao patrimônio da ou das sociedades incorporadas BRASIL 1971 art 59 Quanto aos desmembramentos ou cisão também deverseá constituir uma comissão para estudar as providências necessárias para a efetivação da medida e elaboração de relatório acompanhado este de projeto do estatuto das novas cooperativas assim como do plano de rateio entre as novas do ativo e passivo da desmembrada Polônio 2004 O rateio irá atribuir a cada nova organização parte do capital da desmembrada em correspondência à participação dos associados que passam a integrála É livre cada cooperado a não continuar na sociedade assim poderá pedir desligamento mas as obrigações assumidas perante terceiros pela sociedade perdurarão para os demitidos eliminados ou excluídos até o momento de aprovação das contas do exercício em que houve o desligamento BAUTISTA MIRANDA 2009 p 10 Exemplificando A cooperativa XZ se desmembrará em cooperativa X e Z e o capital da organização deverá ser rateado para cada organização de acordo com a participação dos associados que passaram a integrar cada uma Assim se 20 dos cooperados integrarem a cooperativa X e detiverem 25 do capital da cooperativa XZ este capital se destinará a cooperativa X Como citado muitas são as possibilidades de atuação no campo das estratégias para cooperativas Embora parte delas implicitamente alterem a maneira de conduzir a organização não necessariamente torna as sociedades cooperativas mais eficientes Neste sentido pode se citar um dos componentes mais significativos quanto a eficiência da organização a governança cooperativa a separação entre propriedade e gestão ou seja os proprietários da cooperativa não participando diretamente da gestão da organização mas por meio de mecanismos de representação em que representantes eleitos formam o conselho de administração da organização O conselho por sua vez delineia a missão o plano estratégico recruta a avalia o gerente geral da cooperativa mas embora participe de todas as decisões estratégicas não administra o dia a dia da cooperativa Chaddad 2006 Desta forma se profissionaliza U4 Tendências nos negócios cooperativos 210 a gestão da gerência da cooperativa Este é um dos elementos fundamentais para que haja eficiência possibilidade favorecida na Lei das Sociedades Cooperativas ao declarar que os órgãos de administração podem contratar gerentes técnicos ou comerciais que não pertencem ao quadro de associados fixandolhes as atribuições e salários BRASIL 1971 art 48 Sem medo de errar Você foi contratado pela COOPERSUINO pois a organização que atua na área de comercialização de carnes estava atuando por meio de uma cooperativa central já que se juntou a duas cooperativas singulares Mas apresenta portfólio reduzido oferecendo produtos embora de alta qualidade apenas carne suína ao mercado e as outras duas cooperativas carne de aves e bovina Houve por parte da cooperativa melhoria no nível de tecnologia adotada na produção assim ocorreu um aumento da produção e por outro lado também teve entrada de uma empresa multinacional concorrente no mercado de atuação Assim a cooperativa tem maior estoque para comercializar e menos espaço no mercado Além disso uma das cooperativas que compõe a central tem apresentado dificuldades financeiras o que pode agravar ainda mais a situação da COOPERSUINO mas sobretudo do acordo de cooperação entre as cooperativas Inicialmente como uma das cooperativas tem apresentado dificuldades financeiras para ela poderá ser estabelecido um diagnóstico estratégico a fim de apurar o que tem levado a organização ao estado em que se se encontra e após identificar a raiz do problema realizar um planejamento estratégico para que a cooperativa não retorne ao ponto crítico No entanto existe a possiblidade de fusão entre as cooperativas pois hoje atua em uma central o que se configura diferente das possiblidades proporcionadas por uma central Caso haja a fusão a cooperativa com dificuldades financeiras deixará de existir assim como as demais formando uma única e nova cooperativa A formação de uma nova cooperativa possibilitará uma eficiência maior e um planejamento mais prático visto que será apenas uma organização Neste sentido a cooperativa poderá se valer de estratégias como o investimento em diferenciação que possibilita a ela ofertar aos mercados produtos diferenciados como é o caso de embalagens menores visto que as U4 Tendências nos negócios cooperativos 211 famílias são menores ou ofertar porções diversificadas com diferentes tipos de carnes em uma embalagem única A cooperativa nova também deverá buscar novos mercados já que conseguirá ainda mais economia de escala com a fusão tendo a possibilidade de ampliar a área de atuação em médio prazo Outra estratégia que a cooperativa nova deverá implementar é a de diversificação dos negócios ou seja investir em outros segmentos que não sejam apenas a oferta de carnes mas poderá investir na criação de novos produtos como comidas congelada para preparo rápido com baixo teor de sódio e gorduras indo de encontro com estratégias de diferenciação podendo assim abarcar uma fatia do mercado que não lhe pertence Você como assessor deverá apresentar para a cooperativa um relatório com a compilação destas estratégias direcionandoas com recorte temporal em estratégias de médio prazo e longo prazo Sendo que o diagnóstico estratégico deverá anteceder essas estratégias visto que é de imediata necessidade sua execução De médio prazo podese classificar o caso da fusão que deverá ser apresentada com detalhamento no que será necessário para que ela ocorra como os procedimentos legais os prazos para que cada cooperativa esteja pronta para o processo por exemplo Um novo planejamento naturalmente deverá ser feito visto que existirá uma nova organização e ele deverá estabelecer as metas da cooperativa para 3 anos por exemplo quanto do mercado a organização almeja alcançar assim como em 5 anos de atuação da nova cooperativa A estratégia da diferenciação poderá ser na oferta de produtos em embalagens menores a médio prazo e produtos novos como os com baixos teores de gorduras a longo prazo Avançando na prática Novas estruturas familiares novos hábitos de consumo Descrição da situaçãoproblema A Cooperativa de Fruticultores Cooperfruti iniciou as atividades há 10 anos com pouco mais de 35 agricultores Com a ampliação U4 Tendências nos negócios cooperativos 212 do número de cooperados que hoje são 122 e com bom desempenho no mercado a cooperativa se expandiu oferecendo frutas para todos os municípios da região onde está presente No entanto os seus produtos além de estarem sujeitos a fatores climáticos possuem no mercado baixo valor agregado uma vez que a organização realiza apenas a comercialização in natura Os cooperados anseiam por terem uma cooperativa que possibilite a oferta de um mix de produtos maior no entanto a cooperativa não dispõe de infraestrutura ou capital para constituíla para tal fim O cooperado José Carlos soube que a Cooperativa de Fruticultores de Campos Coopercampos sediada em um município próximo tem apresentado uma situação diferente da Cooperfruti onde dispõem de infraestrutura de processamento mas nos últimos anos a cooperativa vem apresentando problemas por não dispor de matériaprima necessária para movimentar sua planta de processamento pois muitos cooperados deixaram as atividades seja pelo envelhecimento ou pelo encontro de atividades que mais os atraía A cooperativa ainda passa por uma fase de dificuldades financeira acumulando dívidas Neste sentido você foi chamado para analisar a situação da Cooperfruti e apresentar possibilidades frente à situação que está a cooperativa além das possibilidades de cooperação com a Coopercampos No caso em questão a prática de intercooperação entre as cooperativas é uma possibilidade viável Como a reorganização societária por meio de fusão incorporação e cisão podem ajudar ambas cooperativas Existem outras estratégias de atuação que as cooperativas podem se utilizar para transformarem o quadro presente Resolução da situaçãoproblema A Cooperfruti e a Coopercampos apresentam situações muito distintas embora praticamente complementares pois uma dispõe das constrições de produção e oferta da matériaprima além de gozar de boa situação financeira ao passo que outra por alterações no seu ambiente de atuação perdeu com o tempo parte do quadro de cooperados ficando com infraestrutura ociosa U4 Tendências nos negócios cooperativos 213 Existe no caso dessas organizações a possibilidade de cooperação simplesmente embora não dê para realizar a formação de uma cooperativa central visto que são apenas duas cooperativas Mas como traz a legislação cooperativa é permitido que elas optassem pela reordenação societária seja por fusão incorporação ou cisão A cisão ou desmembramento não deixaria a Coopercampos em situação favorável caso a Cooperfruti visasse se apropriar apenas da sua infraestrutura de processamento No entanto há a possibilidade de fusão das organizações em que ocorreria a extinção de ambas e dariam lugar a uma nova cooperativa Porém há ainda a possibilidade de incorporação por parte da Cooperfruti da Coopercampos assim esta última seria incorporada à primeira Em ambos os casos as cooperativas deverão assumir as obrigações e assumir os associados da outra A fusão ou incorporação ocorrerá apenas após a constituição de uma comissão mista indicada pelos cooperados que deverá realizar estudos e o estatuto da nova organização além de relatório Este deverá ser aprovado por assembleia geral conjunta que votará a favor ou contra o reordenamento societário e sendo aprovado deverseá realizar procedimento de registro em junta comercial competente Faça valer a pena 1 O planejamento é medida essencial das sociedades cooperativas este pode ser dividido entre estratégico tático e operacional O primeiro considera a cooperativa como um todo o segundo otimizará determinada área da organização ao passo que o terceiro será a formalização das metodologias de desenvolvimento e implementação de resultados na área específica No processo de planejamento estratégico existem módulos básicos sendo a Direcionamento estratégico análise estratégica posicionamento estratégico e diretrizes estratégicas b Análise de negócios análise estratégica posicionamento estratégico diretrizes estratégicas e instrumentos estratégicos c Análise de negócios direcionamento estratégico posicionamento estratégico diretrizes estratégicas e instrumentos estratégicos U4 Tendências nos negócios cooperativos 214 d Direcionamento estratégico análise estratégica posicionamento estratégico diretrizes estratégicas e instrumentos estratégicos e Análise de negócios posicionamento estratégico diretrizes estratégicas e instrumentos estratégicos 2 No ambiente de atuação das cooperativas diversas são as possibilidades de estratégias a serem adotadas Dentre elas está a estratégia de segmentação de mercado Neste sentido analise as afirmativas I Os consumidores são separados por grupos II São estipulados critérios de organização dos consumidores III As estratégias devem estar adequadas à estrutura das organizações IV Por meio do desenvolvimento procura buscar novos campos de atuação V Os consumidores podem ser segmentados por critérios geográficos demográficos psicográfico comportamentais e do produto VI Os consumidores podem ser segmentados por critérios geográficos demográficos comportamentais apenas As afirmativas que correspondem verdadeiramente a segmentação de mercado são a II III e VI b III IV e V c I II III e V d I II e IV e II III e IV 3 A Lei das Sociedades Cooperativas ao compreender que estas deverão buscar o melhor meio de desenvolver e prosperar os negócios de seus sócios possibilita que ocorram reordenamento societário das sociedades cooperativas O reordenamento societário pode se dar de três formas sendo a Fusão incorporação e desmembramento b Fusão desmembramento e cooperação c Aglutinação fusão e incorporação d Incorporação desmembramento e aglutinação e Aglutinação cooperação e fusão AMARAL I de C Fusões e incorporações e o desempenho das cooperativas de crédito brasileiras 2012 Dissertação Magister Scientiae Economia Aplicada Universidade Federal de Viçosa Viçosa 2012 BALESTRIN A VERSCHOORE J Redes de cooperação empresarial estratégias de gestão na nova economia 2 ed Porto Alegre Bookman 2016 BARBOSA L C B Cooperativas articuladas em rede e o mercado o sucesso das estratégias da cooperação Cooperativa Mondragón Revista Espaço Acadêmico ano 6 nº 70 mar 2007 Disponível em httpbitly2p8yDHf Acesso em 11 jul 2018 BAUTISTA Felipe Bezerra MIRANDA Maria Bernadete Incorporação fusão e cisão de sociedades 2009 Disponível em httpbitly2p4nPJS Acesso em 19 jul 2018 BIALOSKORSKI NETO S Agribusiness Cooperativo In ZYLBERSZTAJN Décio NEVES Marcos Fava CALEMAN Silvia M de Queiroz Org Gestão de Sistemas de Agronegócios São Paulo Atlas 2015 Cap 9 p 184201 Agronegócio cooperativo In BATALHA Mário Otávio Org Gestão agroindustrial 3 ed 8 reimp São Paulo Atlas 2014 Cap 12 p 711734 BIALOSKORSKI NETO S CHADDAD F R Estrutura de Propriedade e Finanças em Cooperativas Agropecuárias um ensaio comparativo sobre a influência do ambiente institucional no Brasil e nos Estados Unidos In XLIII CONGRESSO DA SOBER Instituições Eficiência Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial Ribeirão Preto 2005 Disponível em httpbitly2MpTvCQ Acesso em 03 jun 2018 BOHRER L F C et al O Processo de Inclusão da Intercooperação no Hábito das Cooperativas Uma Análise nas Cooperativas Agropecuárias In Congresso Internacional de Administração Conhecimento a alavanca do desenvolvimento Ponta Grossa Paraná 2017 Disponível em httpbitly2CSw45K Acesso em 10 jul 2018 BRAGA Marcelo José Redes alianças estratégicas e intercooperação o caso da cadeia produtiva de carne bovina Revista Brasileira de Zootecnia v 39 p1116 2010 Supl Especial BRASIL Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Código Civil Disponível em httpbitly2N9cGpV Acesso em 02 jun 2018 Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências Disponível em httpbitly2Qshft9 Acesso em 20 jul 2018 Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências Disponível em httpbitly2Qshft9 Acesso em 02 jun 2018 Referências Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de Cooperativismo institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências Disponível em httpsbitly2vvTkzw Acesso em 03 mai 2018 BRASILEIRO J A A utilização de estratégias organizacionais no processo de internacionalização no setor de cooperativismo no estado do Paraná estudo de caso da cooperativa agroindustrial CM do interior do estado do Paraná 2009 Dissertação Mestrado em Administração de Empresas Fundação Getúlio Vargas RJ Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas Rio de Janeiro 2009 Disponível em httpsbit ly2p60842 Acesso em 11 jul 2018 CANÇADO A C GONJITO M C H Princípios cooperativistas origem evolução e influência na legislação brasileira Disponível em httpsbitly2xc4Hxg Acesso em 11 jul 2018 CASAGRANDE D J MUNDO NETO M Administração em Cooperativas Agroindustriais uma análise das ferramentas organizacionais da Copersucar e da Coamo Revista Espaço de Diálogo e Desconexão Araraquara v 4 n 2 janjul 2012 CHADDAD F R Cooperativas no agronegócio do leite tendências internacionais In XLIV Congresso da SOBER Questões agrárias educação no campo e desenvolvimento 2006 Disponível em httpageconsearchumnedubitstream1450662196pdf Acesso em 20 jul 2018 DUTRA J C N A intercooperação como instrumento de desenvolvimento um caso de cooperativas articuladas em rede 2010 Dissertação de Mestrado Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 2010 ESTEVAM D O et al Cooperativismo Virtual O caso da cooperativa de produção agroindustrial familiar de nova Veneza COOFANOVE em Santa Catarina Cadernos de Ciência Tecnologia Brasília v 28 n 2 p 485507 maioago 2011 GALERANI J Formação Estruturação e Implementação de Aliança Estratégica entre Empresas Cooperativas Revista de Administração de Empresas v 2 n 1 janjun 2003 JERÔNIMO F B et al Redes de cooperação e mecanismos de coordenação a experiência da rede formada por sete sociedades cooperativas no Rio Grande do Sul In XLIII Congresso SOBER Instituições Eficiência Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial Ribeirão Preto 2005 Disponível em httpcdnfeetchebrjornadas2E1307pdf Acesso em 12 jul 2018 KINPARA D I Cooperativas de nova geração e a agroenergia no Brasil Planaltina DF Embrapa Cerrados 2005 KOZEN R R P OLIVEIRA C A Intercooperação entre Cooperativas barreiras e desafios a serem superados Revista de Gestão e Organizações Cooperativas v 2 n 4 juldez 2015 MENDINA H J C et al Fatores impulsionadores e restritivos à intercooperação em redes de cooperativas agroalimentares estudo de caso malsucedido de rede do RS In 2º Fórum Internacional Conecta PPGA Santa Maria Rio Grande de Sul 2016 Disponível em httpseven3azureedgenetanais62380pdf Acesso em 11 jul 2018 NETO S B GOMES A C B Um Ensaio Sobre os Desafios da Intercooperação entre Cooperativas Agropecuárias no Brasil In I Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo EBPC Brasília 2010 Disponível em httpwwwfearpusp brcooperativismo40pdf Acesso em 11 jul 2018 OLIVEIRA D de P R de Planejamento estratégico conceitos metodologia e práticas 33 ed São Paulo Atlas 2015b Disponível em httpbitly2x88TyX Acesso em 20 jul 2018 Estratégia empresarial e vantagem competitiva como estabelecer implementar e avaliar 9 ed São Paulo Atlas 2014 Manual de gestão das cooperativas uma abordagem prática 7 ed São Paulo Atlas 2015a Planejamento estratégico conceitos metodologia e práticas 33 ed São Paulo Atlas 2015b POLÔNIO W A Manual das Sociedades Cooperativas 4 ed São Paulo Atlas 2004 RISSOTA C M Cooperativas Agropecuárias um quadro de referência para análise e descrição do envolvimento das cooperativas agropecuárias brasileiras com mercados internacionais 2012 Tese de Doutorado Universidade Federal do Paraná 2012 ROCHA Â FERREIRA J B DA SILVA J F Administração de marketing conceitos estratégias aplicações São Paulo Atlas 2012 SIMIONI F J et al Lealdade e oportunismo nas cooperativas desafios e mudanças na gestão Revista de Economia e Sociologia Rural v 47 n 3 p 739765 julset 2009 SOUZA H R dos S et al Internacionalização de cooperativas por meio da intercooperação Revista Estudo Debate v 24 n 2 p192210 2017 TSCHÁ E R FAVERO L A Estratégias de crescimento um estudo de caso na agroindústria Bonsuco In 5º Congresso 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