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Serviço Social ·

Serviço Social 1

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Quais são as principais mudanças do Fordismo para o Toyotismo Quando Henry Ford instituiu em suas fábricas no início do século o dia de oito horas por cinco dólares ele acreditava que a produção em massa significa também consumo em massa Para tanto tornavase indispensável possibilitar renda aos trabalhadores e tempo de lazer suficientes para consumirem os produtos produzidos em grande escala pelas corporações que começaram a incorporar em suas unidades produtivas as inovações técnicas trazidas pela II Revolução Tecnológica Segundo Gorender 1997 com a introdução de novos métodos de trabalho baseados em princípios Tayloristas Ford suplantou a produção do tipo artesanal característica da indústria automobilística da época dando início a produção em massa Isso levou este ramo do setor produtivo a ser o de maior peso em volume de produtos e em valor adicionado nos Estados Unidos e posteriormente em nível mundial O fordismo se constituiu numa estratégia de organização da produção baseada na mecanização de máquinasferramentas especializadas na extrema divisão do trabalho cuja separação entre trabalho manual e trabalho intelectual fez surgir uma extensa hierarquia Essa divisão se constituía entre os diretores e gerentes cujas funções eram mais intelectuais e os trabalhadores do chão da fábrica que se concentravam nas tarefas manuais na esteira de montagem a qual permitia a circulação de peças e suas partes componentes dispensando o deslocamento dos trabalhadores e restringindoos a uma sequência rígida de movimentos numa repetição rotineira Apesar do considerável aumento de produtividade proporcionado pelo novo arranjo no interior do processo produtivo o fordismo sofreu resistência em sua disseminação não apenas na Europa mas até mesmo na própria sociedade norteamericana em face da resistência dos trabalhadores com relação ao sistema de produção baseado no trabalho rotinizado e fragmentado ou seja pela insegurança no emprego o que por sua vez provocou nos trabalhadores uma rejeição ao modelo HARVEY 1992 p 132 A ampla disseminação do fordismo só aconteceu após 1939 com o advento da II Guerra Mundial quando os Estados Unidos através de intervenções e financiamentos aos países envolvidos no conflito internacional introduziram o modelo no universo europeu Segundo Harvey 1992 o fordismo foi introduzido na Europa e no Japão através de dois modos primeiro através das políticas de ocupação do plano Marshall e do investimento norteamericano Gorender 1997 entretanto ressalta que além do Plano Marshall outro fator importante para a expansão fordista na Europa foi a adoção por completo da doutrina de Keynes pelos países capitalistas centrais O Plano Marshall consistiu numa estratégia norteamericana que através da ajuda financeira para a recuperação das economias dos países da Europa Ocidental possibilitou a criação de um mercado favorável ao escoamento da produção fordista de automóveis e de bens duráveis superando desta forma os limites do seu mercado consumidor A doutrina de Keynes afirmava que como forma de enfrentar a crise operada em 1929 quebra do mercado de ações e que se prolongou por toda a década de 1930 faziase necessário uma política voltada para o trabalho sob a tutela do Estado que se responsabilizaria em garantir as circunstâncias reais para promover a reprodução da força de trabalho que se fazia urgente Nestes termos surgiu o Estado providencial que em inglês diz WELFARE STATE que preencheria três principais exigências naquelas condições primeira expandir a demanda segunda elevar o padrão de vida dos trabalhadores e terceira afastar a ameaça de um golpe comunista em especial na Europa A necessidade da presença do Estado foi sentida pelas economias capitalistas quando sofreram os efeitos da Grande Depressão Tal fato despertou as sociedades capitalistas no sentido de criar um Estado regulador que salvaguardasse as condições essenciais para a reprodução do capital através de arranjos políticos institucionais e sociais Portanto tornavase indispensável o estabelecimento de uma nova relação na qual envolvesse os três atores principais das sociedades capitalistas Estado Trabalho e Capital o que só foi possível após a II Guerra Mundial De acordo com Harvey 1992 o Estado passou a assumir novos papéis procurando conciliar a propriedade privada dos meios de produção com uma gestão que consistia no controle dos ciclos econômicos combinados com políticas fiscais e monetárias destinadas aos investimentos públicos que garantissem condições sociais e infraestrutura para o escoamento da produção fordista Desta forma os governos passaram a investir em transporte telecomunicações energias educação saúde previdência social assistência social habitação etc além de exercerem direta ou indiretamente o poder sobre os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produção HARVEY 1992 p 129 Outro fator fundamental sobre a indispensabilidade do Estado regulador para a acumulação capitalista residiu na sua articulação com os sindicatos para a gestão da força de trabalho Quanto ao grande capital cuja característica de centralização foi desenvolvida ao longo da primeira metade do século e fez surgir práticas de planejamento e de preços monopolistas e oligopolistas Harvey 1992129 ele teve que se conter para garantir uma lucratividade segura Tratavase do crescimento econômico experimentado pelos países capitalistas centrais no pósguerra sob a hegemonia norteamericana impulsionado por um lado pelas tecnologias surgidas ainda na II Revolução Industrial e amadurecidas no período entre guerras por outro lado pela criação do Estado Keynesiano que favorecia o crescimento da demanda adequada ao mecanismo de produção em massa Embora no período entre guerras as condições tecnológicas respondessem satisfatoriamente às exigências da constituição do regime produtivo baseado numa economia de escala era preciso criar condições políticas econômicas institucionais e sociais para que ele emergisse como um padrão de desenvolvimento Ajustados no pósguerra os interesses divergentes dos atores sociais aos princípios coletivos do regime de acumulação por meio de um conjunto de normas implícitas e de regras institucionais concernentes à relação salarial ao padrão de vida dos trabalhadores e do exército industrial de reserva à concorrência entre capitais e ao surgimento de um novo modelo de regulação o fordismo se estabeleceu como um padrão de desenvolvimento que se estendeu por quase três décadas O período que vai do fim da II Guerra Mundial até meados da década de 1960 assistiu a um crescimento estável das economias dos países capitalistas centrais consubstanciados por ganhos de produtividade consideráveis Por isso este quase um quarto de século foi denominado de anos dourados Contudo no final da década de 1960 o padrão fordistakeynesiano de desenvolvimento fornecia indícios de incapacidade de conter as contradições inerentes ao capitalismo A impossibilidade de expansão deste novo padrão de desenvolvimento no período entre guerras foi abordada por Harvey 1992 sob dois aspectos Ele aponta a inadequação de um sistema de produção baseado numa longa jornada de trabalho e rotinizado bem como na intensiva divisão do trabalho Ainda pela crescente industrialização fordista que se prolongava sobre a Europa Ocidental bem como as políticas de substituição de importações e de industrialização nos países periféricos de forma que a competição internacional se intensificou abalando a hegemonia norteamericana que já vinha reduzindo a sua participação no comércio mundial No início dos anos 1970 os países capitalistas ocidentais que até então conviviam com uma baixa taxa inflacionária começaram a assistir ao esgotamento do padrão de desenvolvimento fordistakeynesiano Suas economias entraram em declínio apresentando queda nas taxas de lucro oscilações na produtividade endividamento externo e altos índices de desemprego evidenciando cada vez mais a saturação do padrão de acumulação A partir de então as economias desses países passaram a ser caracterizadas por uma série de dificuldades insatisfações reações e críticas ao modo de produção e ao sistema de regulação Nas considerações de Harvey 1992 p 32 é possível identificar alguns pontos de estrangulamento do sistema e da crise social do fordismo quais sejam Desse modo as bases técnicas da produção fordista traziam em si os entraves da valorização do capital A partir dos anos 1960 configurouse uma crise estrutural resultante do esgotamento dos impulsos dinâmicos do padrão de industrialização do enfraquecimento da capacidade dinâmica do progresso técnico da maior saturação de mercados internacionalizados sobre investimento generalizado da crescente financeirização da riqueza produzida e do enfraquecimento da hegemonia norteamericana MATTOSO 1995 p 52 A política governamental de estabilização da economia através da monetização para conter o problema da superacumulação no início dos anos 1970 provocou uma onda inflacionária que por sua vez acarretou numa crise mundial dos mercados imobiliários e das instituições financeiras HARVEY 1992 p 171 Nesse meio tempo os Estados Unidos sufocados com os déficits na sua balança comercial foram compelidos a decretar em 1971 a inconversibilidade do dólar em relação ao ouro o que para Fernandes 1995 representou uma corrida especulativa que favoreceu a expansão do capital financeiro que consequentemente impulsionou a retomada do crescimento econômico no período de 1971 a 1973 através dos ajustes econômicos para sincronizar o ciclo industrial internacional Porém esse período de crescimento foi rompido pelo primeiro choque do petróleo em 1973 que provocou uma fissura nas políticas energéticas e de transportes em todo o mundo capitalista As empresas foram obrigadas a entrar num período de racionalização reestruturação e intensificação do controle do trabalho Para tanto elas desenvolveram um conjunto de estratégias de sobrevivência que compreendeu mudança tecnológica automação busca de novas linhas de produção e nichos de mercado dispersão geográfica para zonas de controle do trabalho mais fácil fusões e medidas para acelerar o tempo de giro do capital intensificando o processo de internacionalização do grande capital HARVEY 1992 p 37 Esse conjunto de medidas visou recompor o processo de acumulação global através do reestabelecimento do equilíbrio em seu núcleo central isto é no âmbito da produção e circulação de mercadorias Na esfera da produção tais medidas buscaram elevar a taxa de lucro por meio das transformações no interior dos processos produtivos as quais envolveram a implementação de novos padrões tecnológicos e de uma forma de organização e gestão da força de trabalho com vistas a potencializar a extração da maisvalia Embora enfocando aspectos específicos da dinâmica complexa de consolidação e crise do modo de produção fordista é fato consensual entre os autores acima citados e todos que se debruçam sobre o tema que a década de 1970 reuniu as condições estruturais necessárias que culminaram na redefinição de uma nova economia mundial cujos pilares se assentaram sobre o uso de tecnologias de base microeletrônica nos processos produtivos numa nova organização da força de trabalho e no surgimento de um novo conceito político e de Estado Quais são as dimensões da crise do trabalho As mudanças efetivadas no interior dos processos produtivos através da aplicação dos recursos tecnológicos de base microeletrônica permitiram a flexibilização tanto da produção quanto da organização e uso do trabalho como alternativas para superar a crise de superacumulação consubstanciandose num novo padrão de desenvolvimento industrial O esgotamento do modelo fordista devido à reação dos mercados em relação à padronização da produção ocasionou por parte das empresas uma busca de alternativas com o intuito de adequar a produção às novas demandas Como consequência do que se convencionou chamar de reestruturação produtiva Nessa reestruturação surgiram novas relações de trabalho e a exigência de um trabalhador compatível com a nova estrutura fabril A especialização flexível consistia no uso de máquinas programáveis produzindo bens heterogêneos destinados a atender a variação da demanda Essas máquinas eram operadas por trabalhadores altamente capacitados e responsáveis Para Harvey 1992 mais do que mudança na base técnica da produção verificouse mudanças organizacionais internas e externas nas empresas mudanças estas que alterariam significativamente as relações industriais O modo de acumulação fordista baseado no consumo de massa criou uma demanda crescente por produção o que provocou maiores investimentos em capital fixo Todavia os problemas inerentes à organização do processo de trabalho diminuíram a produtividade e consequentemente levou a uma queda na taxa de maisvalia o que por sua vez provocou a redução do salário Acesse os sites e estude mais sobre a reestruturação produtiva e a questão do trabalho Assista ao vídeo Roda Viva Ricardo Antunes 03092012 no qual o professor Ricardo Antunes explica questões relativas às mudanças do sistema de trabalho no Brasil Imperdível Para Teixeira 1996 a saída da crise da relação salarial fordista advinha das transformações na organização dos processos de trabalho e na forma de atuação do Estado transformações estas que embora implementadas no início da década de 1970 vislumbravam um novo modo de reprodução do capital o qual se denominou de pósfordismo Olhando para as mudanças sob uma ótica macroeconômica de transformações políticas e sociais Harvey 1992 indicou o surgimento de um novo regime de acumulação associado a um novo sistema de regulação política e social Ele denomina este novo regime de acumulação flexível que segundo sua análise apoiase na flexibilidade dos processos de trabalho dos mercados de trabalho dos produtos e padrões de consumo caracterizandose pela criação de novos setores de produção novos serviços financeiros novos mercados e principalmente pela crescente inovação comercial tecnológica e organizacional HARVEY 1992 174 Ainda a acumulação flexível envolve rápidas transformações geopolíticas e a compreensão de espaçotempo além de implicar em altos índices de desemprego estrutural em novas exigências de qualificação profissional na alteração da relação salarial e do retrocesso da organização sindical Tratase então de um processo de organização do trabalho fundado numa resposta imediata à demanda numa organização flexível do trabalho numa produção integrada e que supõe necessariamente o envolvimento do trabalho acarretando o estranhamento do trabalhador sua alienação que se torna menos despótico e mais manipulador Nesse sentido há necessidade de uma pessoa controlando diretamente o tempo e o envolvimento do trabalhador num controle hierárquico da produção conforme se configurou o sistema fabril por exemplo e que foi no toyotismo paulatinamente camuflado No método toyotista o trabalhador o tornase o seu próprio vigilante Assim nas palavras de Antunes 1996 p81 ele é o déspota de si próprio ele não se avilta com o chicote ele se avilta no plano do ideário a empresa é a sua empresa a produtividade é a produtividade da sua empresa Isso significa afirmar que esse sistema de flexibilização do trabalho supõe imposição do capital sobre o trabalho Ao dizer que se vivencia na contemporaneidade um sistema de produção flexível leiase eliminação dos direitos conquistados ao longo de décadas O capital precisou modificar a gestão do trabalho o que nos termos de Antunes 1996 p 81 é sub trabalho uma sub proletarização dos trabalhadores de modo que flexibilizar é dar efetividade a um modo de produção que é essencialmente destrutivo e que também destrói a mercadoria força de trabalho A terceirização do sistema de transporte e de alimentos dentro da fábrica hoje atinge praticamente todo o processo fabril e até muitas vezes partes essenciais da fábrica são transferidas para terceiros diminuindo consequentemente o nível de operários no interior da fábrica Esses terceiros em geral não têm sindicatos nem direitos e são menos remunerados do que aqueles que eram da fábrica gerando um processo de enorme fragmentação Se a classe trabalhadora já é fragmentada isto é um desafio para uma proposta anticapitalista que tem de caminhar no sentido de incorporar e dar mais coesão a tantas fragmentações infelizmente vistas nas últimas décadas Segundo Antunes 1996 p 81 as transformações engendradas penetram na medula do operariado industrial fabril e metamorfoseiam o antigo trabalhador de fábrica num novo operariado cujas mutações atingiram seu modo de ser Diante de todas essas informações podese afirmar que as transformações realizadas no interior dos processos produtivos não só tendem a contribuir para a implantação do mercado informal precarizado e terceirizado como também resulta num crescente desemprego que vem sendo bastante expressivo ao longo dos anos Logo tanto o aumento da produtividade quanto a alteração na estrutura do mercado de trabalho se devem a busca das empresas por flexibilização do setor produtivo Esta tendência crescente ao enxugamento da produção reduzindo o quadro funcional e transferindo atividades para outras empresas envolve segundo os estudos da Central Única dos Trabalhadores CUT 1998 mudanças organizacionais que consistem na concentração por parte das empresas nas atividades fins reduzindo custos e simplificando o processo produtivo Estes movimentos promovem à conformação de unidades produtivas menores mais especializadas voltadas a resultados econômicos e mais facilmente gerenciáveis SALERNO apud LEITE 1994574 De outro lado mais não contraditório a terceirização é por sua vez uma consequência da focalização que envolve a contratação de outras firmas De acordo com a CUT existem três tipos distintos de terceirização Terceirização de serviços de apoio faxina manutenção segurança eou aqueles diretamente ligados ao processo produtivo manutenção ferramentaria Terceirização na qual há uma desativação de setores da empresa transferindoos para um mercadoempresa que ofereça o produto e melhores condições Terceirização de uma empresa que faz a seleção e o treinamento do pessoal ou contratação temporária de trabalhadores via agências de emprego Em seu conjunto as mudanças instauradas no interior das relações produtivas a partir do início dos anos 1970 objetivaram redução dos custos diversificação e especialização da produçãoserviços redução do tempo de lançamento de produtosserviços redução dos tempos de projeto e fabricação dos estoques e dos custos de produção e gerenciamento retomada do controle gerencial e a constituição de processos mais integrados e com adequada flexibilidade em prol do aumento dos padrões da acumulação de capital CUT 1998 O processo de modernização das indústrias ao longo das últimas décadas envolveu alguns elementos básicos introdução de tecnologias de base microeletrônica na automação da produção mudanças nas relações entre empresas assumindo destaque a terceirização fornecimento externo de componentes ou insumos e sua compra em qualquer parte do mundo e parceria entre produtor final e fornecedor envolvendo o desenvolvimento conjunto de componentes ou serviços do suprimento justintime Somese a tudo isso as mudanças na organização dos processos de produçãoserviços inspiradas em técnicas e método japoneses que introduziram transformações nas formas de organização e uso da mão de obra caminhando para esquemas de trabalho polivalentes bem como engendradas mudanças na gestão do trabalho e na gestão empresarial assumindo destaque no processo de desverticalização da estrutura do poder na empresa e o esforço no treinamento comportamental visando a adequação do trabalhador à nova fábrica flexível O processo de reestruturação do capitalismo mundial com vistas a retomada do crescimento das taxas de lucro envolveu uma série de estratégias que podem ser resumidas numa única palavra flexibilidade E de fato isso foi possível a partir da desverticalização e transferência entre empresas de parte do processo produtivo da contratação de mão de obra em tempo parcial e da flexibilidade da gestão do trabalho Estratégias implementadas por meio da introdução de novas tecnologias e novos métodos organizacionais do trabalho da fragmentação sindical e desmonte dos contratos coletivos de trabalho por meio daquilo que se adotou denominar de Reestruturação Produtiva Q uais são as características da reestruturação produtiva no Brasil Enquanto as economias dos países capitalistas centrais se depararam a partir da década de 1970 com a crise de acumulação rebatendo no esgotamento do padrão de produção fordista e na emergência de um novo modelo produtivo que garantisse o restabelecimento da taxa de lucro o Brasil após décadas de atraso consolida seu parque industrial tendo como base do processo produtivo a utilização de tecnologias oriundas da Segunda Revolução Industrial O processo de industrialização nacional iniciado em meados dos anos 1950 e fortalecido mas especificamente entre as décadas de 1960 e 1970 foi influenciado em grande medida pelo padrão de industrialização norteamericano e pelas subsidiárias das multinacionais aqui instaladas pelo movimento de internacionalização com vistas à expansão dos mercados consumidores Para tanto a tecnologia da indústria norteamericana não foi o único ponto incorporado ao padrão de desenvolvimento brasileiro como também a estrutura produtiva e a organização do trabalho fordista e taylorista MATTOSO 1995 Entretanto a adoção do padrão de desenvolvimento fordistataylorista se processou sem se considerar o patamar de desenvolvimento social brasileiro modificando as estruturas das relações de trabalho Além do mais contrariamente ao modo como o padrão norteamericano se generalizou na Europa articulando relações salariais e de consumo bem como garantindo uma distribuição de renda benefícios e direitos coletivos através da formulação do Estado de Bemestar social aqui o padrão de desenvolvimento se consolidou com baixos salários mercado consumidor restrito e forte concentração de renda MATTOSO 1995 Quais são as principais mudanças do Fordismo para o Toyotismo As principais mudanças da produção do fordismo para o toyotismo são definidas a partir dos seguintes pressupostos no fordismotaylorismo a produção capitalista de mercadorias se estruturava numa produção verticalizada devendo a empresa dominar todas as áreas de sua atividade econômica além de que no modo de organização do trabalho o trabalhador desempenhava uma única tarefa de forma repetitiva e especializada e se pagava o mesmo salário entre os trabalhadores de uma mesma função e empresa bem como o setor de qualidade era um departamento diferente da produção A produção toyotista adotava uma produção flexível que mais tarde acrescido do avanço das tecnologias de computação e da robótica possibilitou uma verdadeira revolução e uma reestruturação nas formas de gestão do trabalho A produção de mercadorias passou a se organizar de forma horizontal isto é a produção não é mais padronizada mas sim produzida em pequenos lotes e com grande variedade de produtos não há grandes estoques Just in time Quais são as dimensões da crise do trabalho Podemos citar algumas das várias dimensões visíveis e invisíveis a serem descobertas por olhares mais críticos e atentos Mas é possível sintetizar dizendo que no modo de organização do trabalho é a polivalência do trabalhador somado ao fato do esmagamento dos valores dos salários e o recebimento de forma pessoal por um sistema detalhado de bonificações e prêmios por produção deixando para o relacionamento entre os trabalhadores a competição e o individualismo acirrado Além das subcontratações e terceirização de atividade que não visam a garantia de certos direitos previstos nas legislações específicas sobre trabalho Atualmente é requisitado do trabalhador o perfil capaz de assumir competências que lhe habilitem resolver problemas institucionais e de adaptarse às normas da empresa A versatilidade é um grande valor no trabalho contemporâneo Pontuase no entanto que a diminuição e superação de alguns postos de trabalho fazem crescer o número de desempregados e excluídos da vida e riqueza social Quais são as características da reestruturação produtiva no Brasil Sumariamente é possível dizer que as características que marcam a reestruturação produtiva no Brasil são as privatizações e a abertura indiscriminada para o mercado internacional resultante no aumento do desemprego estrutural Aliado a isso tem o mercado informal sendo exemplo disso as pessoas que trabalham por conta própria como os camelôs ou vendedores ambulantes Nesse sentido tem sido muito intenso as campanhas para que as pessoas possam ser criativas para montar seu próprio negócio Outro aspecto é a terceirização e o desmonte dos direitos trabalhistas Por fim podemos afirmar que a concentração de renda tem gerado altos números de brasileiros miseráveis apesar da lucratividade gerada pelo toyotismo ter aumentado à riqueza do país Qual o contexto de enfrentamento da questão social na contemporaneidade As dimensões contidas no tema proposto tratam genericamente das transformações que afetam o conjunto das sociedades contemporâneas e que determinam novasantigas manifestações da chamada questão social Qualificar histórica e teoricamente os termos deste debate é tratar o que parece familiar como algo desconhecido Por isso analisaremos inicialmente o que é questão social Ela pode ser considerada como a expressão politizada da desigualdade social inerente à constituição da sociedade burguesa Sua emergência e visibilidade estão organicamente vinculadas à constituição da classe trabalhadora na medida em que como sujeitopolítico coletivo ela publiciza a pobreza expondo a contradição que marca a relação capitaltrabalho presente no antagonismo entre as condições em que ambas as classes se inserem no processo de produção e usufruto da riqueza socialmente produzida MOTA 2000 O grande capital como parte da construção da sua hegemonia requer e demanda ao Serviço Social um conjunto de intervenções sócio comunitárias que ampliando para toda sociedade a hegemonia nascida na fábrica procura dar conta desta novíssima exclusão integradora necessária à construção de um trabalhador patrão de si da sua família e se possível de outros trabalhadores desempregados MOTA p 60 Ano I Nº 1 Jan jun 1997 Isto é expõe as exigências históricas que marcaram a reprodução da desigualdade de condições e inserções das classes sociais no processo de produção da riqueza material e cultural de uma dada sociedade MOTA 2000 Assim qualificar a questão social significa situála historicamente e datar a relação entre as condições de vida dos trabalhadores o modo como produzem seus meios de vida como usufruem a riqueza socialmente produzida e o tratamento que a burguesia a estes dispensa historicamente Portanto segundo Mota 2000 utilizar a expressão questão social é tão somente fazer uso de uma definição estratégica que no conjunto do nosso universo temático designa um conjunto de questões reveladoras das condições sociais econômicas e culturais em que vivem as classes trabalhadoras na sociedade capitalista burguesa Contudo tratase da pauperização e das suas manifestações ou seja de não mais tratar o pobre como quem tem fome porém das condições sob as quais ele está incluído nesta sociedade Nesse sentido estamos falando de pauperização relativa como um processo imanente e constitutivo do processo de acumulação capitalista e da desigualdade que marca a relação entre as classes fundamentais Assim fazse necessário compreender que a referência que hoje percorre o nosso cotidiano remonta ao século XIX ocasião em que o movimento operário revolucionário através de seu protagonismo implementou ações no sentido de reduzir a pauperização na perspectiva de superar a ordem burguesa Logo a sociedade capitalista é apenas o terreno da reprodução contínua e ampliada da questão social já que inexistente sem desigualdade social Contudo a materialização da questão social enquanto ambiente político da intervenção das classes e do Estado é originária do capitalismo monopolista em função da constituição da sociedade urbanoindustrial e da consolidação da intervenção do Estado que rompe com as propostas liberais clássicas MOTA 2000 Ao se tratar do enfretamento da questão social podese falar apenas de duas direções sua administração na ordem burguesa marcada pela implementação de reformas sociais e morais ou a sua superação como uma prática que transforma não a questão social em si mas a ordem social que lhe determina Estas opções implicam em escolhas éticopolíticas requerendo não apenas análise e consciência da realidade objetiva o conhecimento das manifestações contemporâneas da questão social mas o delineamento das estratégias políticas de luta balizadas pelas possibilidades contidas nas condições objetivas Numa conjuntura de crise a reestruturação da produção e a reorganização dos mercados são exigências inerentes ao estabelecimento de um novo equilíbrio que tem como exigência básica a reorganização do papel das forças produtivas na recomposição do ciclo de reprodução do capital afetando assim tanto a esfera da produção quanto a das relações sociais MOTA p 53 Ano I Nº 1 JanJun 1997 Teoricamente e historicamente não há uma nova questão social nem tampouco uma nova desigualdade gerada pelo que chamam de exclusão social No ponto as manifestações da questão social dependem do estágio de desenvolvimento das forças produtivas da composição e dinâmica das classes sociais e da complexificação das relações entre Estado e sociedade MOTA 2000 Desse modo precisamos reafirmar que são as mudanças nas estratégias de acumulação e reprodução da ordem capitalista mediadas pela ação das classes e do Estado que estão imprimindo configurações que ora reproduzem ora atualizam as manifestações da velha e imanente questão social O contrário nos arrastaria para uma concepção conservadora empirista e positivista seja por pensar o estrutural como episódico seja por tronar o que é estrutural em conjuntural ou até mesmo natural MOTA 2000 Logo a relação entre Serviço Social e questão social não é nova não existindo uma relação direta e imediata entre a ação do Serviço Social e a gênese da questão social nos termos que a conceituamos anteriormente A relação mais direta é a de determinação da profissão em face à ação do Estado sobre a questão social Paradoxalmente sua vinculação se dá através das formas de enfrentamento que pode ser mediada por estratégias de superação da desigualdade seja pela atuação do Estado seja pela sociedade civil Na primeira hipótese caracterizase a ação do Estado através das políticas sociais razão maior das contradições que também lhe são próprias Na segunda configurase o movimento político público e reivindicatório das classes subalternas para superar a sua condição de classe excluída e explorada As classes subalternas lutam para atender as suas necessidades de classe sejam sociais ou históricas transformando tais necessidades em objeto de luta política pelo mesmo caminho o capital dá respostas que são consoantes com o seu projeto Dependendo das condições objetivas existentes estes vetores de luta podem ser qualificados ou indiferenciados MOTA 2000 Por exemplo o Movimento dos Semterra MST luta por reforma agrária ou luta pela propriedade da terra O Estado media o acesso à propriedade qualificando este processo de reforma agrária na medida em que não é qualquer terra que será objeto da propriedade dos trabalhadores A questão social então não é reforma agrária e sim o conflito entre proprietários e não proprietários de classes mediado pela ação do Estado MOTA 2000 Dada a imanência da questão social às novas formas de acumulação as principais inflexões das transformações societárias parecem afetar mais diretamente os meios de enfrentamento da questão social do que propriamente o conjunto de situações que historicamente a moldaram O que está posto no horizonte é uma nova reforma social e moral produzida pela burguesia para se tornar hegemônica Examinemos agora as argumentações constantes nas propostas de tratamento teóricopositivo da questão social e que mesmo sem a marca do Serviço Social vêm sendo ou podem ser por ele incorporadas segundo Mota 2000 A conceituação da questão social como exclusão exemplificando através de mapa geográfico e quantificação da pobreza desqualifica a questão social e aproximaa da ideia despolitizada de excluídos mobilizando ações compensatórias ou outras modalidades de inclusão A qualificação da questão social como objeto da política social A discussão se desenvolve em face da crise do Estado e da necessidade de mobilização da sociedade civil Defesa da des responsabilização pública e estatal para a responsabilização da sociedade civil desorganizada e organizada para as agências não governamentais ou para a responsabilização individual A qualificação da questão social via identificação da ausência de cidadania e direitos sociais como único mecanismo político possível de regulação e inserção social aliás a adequação das classes à genérica sociedade cidadã tendo a cidadania como ideário social Questão social como desemprego e a defesa da obtenção de renda de sobrevivência como alternativa ao usufruto da riqueza socialmente produzida o direito ao trabalho e aos seus frutos Tendências presentes na ideia das políticas de emprego e rendas eventuais circunstanciais e demagógicas Todas essas tematizações e suas proposições afastam a compreensão da questão social como expressão das contradições fundantes das relações sociais no capitalismo Entendase que a questão social não se reduz às manifestações das diversas questões sociais cujas resoluções estejam depositadas na efetividade das políticas sociais Pelo contrário a questão social significa a expressão objetiva da natureza da sociedade capitalista e objeto da definição de um projeto político que a supere desde uma perspectiva emancipatória MOTA 2000 As tendências ao tratamento da questão social estão subjacentes às respostas presentes no conjunto dos programas e iniciativas vigentes na atual conjuntura brasileira conferindo corpo e substância à reforma social e moral levada a efeito pela burguesia Assim são exemplos dessas iniciativas neo solidariedade re filantropização política dos mínimos sociais projetos de emprego e renda estímulo ao empreendedorismo privatizaçãoassistencialismo da seguridade social A partir de agora firmadas essas premissas analisaremos o conflito em que se inscreve a relação entre questão social serviço social e projeto ético político é dizer destacaremos as dificuldades e tensões que perpassam uma intervenção sociopolítica pelas mãos de uma prática profissional visto que na divisão social do trabalho media a relação do Serviço Social com os meios e formas de enfrentamento e superação da questão social MOTA 2000 Embora não possamos restringir a questão éticopolítica ao código de ética profissional entendemos que ele tem a representação na categoria profissional de um poderoso instrumento de fazer política pelas mãos da atividade profissional Contudo estamos falando do projeto éticopolítico como um ideário que transcende o código dada a sua natureza coletiva Desse modo o código de ética traduz no campo éticonormativo os princípios e valores éticos políticos coletivos que foram assumidos e incorporados pela profissão MOTA 2000 Nesse sentido o código de ética indica um vínculo entre o projeto éticopolítico profissional e projetos societários cuja intenção comporta a ideia de emancipação de uma sociedade que viabilize aos trabalhadores pleno desenvolvimento para a invenção e vivência de novos valores refletindo a erradicação de todos os processos de exploração opressão e alienação do trabalho Contudo o código de ética designa uma síntese profissional bem como de ideologias dos seus intelectuais apresentando por isso tensões internas Ademais o código assinala os princípios de liberdade e justiça social além do campo de mediações possíveis a um projeto profissional isto é a realização dos direitos sociais de forma democrática responsável e competente BARROCO 1999 Logo as mediações profissionais visam realizar a finalidade prevista no projeto éticopolítico profissional concretizandose então por meio de estratégias que objetivam o amplo desenvolvimento da cidadania e direitos sociais No que tange à profissão de Serviço Social essas estratégias estão vinculadas a um processo de conquistas sociais aliadas aos interesses da classe trabalhadora possível de ser alcançado pela intervenção das forças sociais de oposição ao projeto burguês Esta tensão entre intervenções políticas e horizonte éticopolítico se reflete na cultura profissional e aponta para a necessidade de fortalecermos o núcleo teórico estratégico e político da nossa profissão Ademais em função da natureza da ação profissional o Serviço Social deve ser instado a fazer recorrências e propostas que tensionem os mecanismos de reprodução das desigualdades sociais materializadas estas últimas nas manifestações contemporâneas da questão social e no desmonte a que a sociedade brasileira vem sendo submetida em matéria de mudança no padrão das políticas públicas defendidas na constituição de 1988 por exemplo MOTA 2000 Nesse sentido há duas tendências vigentes no exercício profissional a saber passivização da ordem vigente está se desenvol v e ndo pela incorporação do discurso e das práticas que intensificam publicamente o combate ao processo de pauperização e tratamento crítico e qualificado das exigências da modernidade consubstanciado por um conjunto de princípios éticos e políticos presentes no ideário da construção de uma nova sociedade MOTA 2000 Esta segunda tendência demanda dos profissionais a capacidade de compreender e conhecer a realidade sendo criativos em relação a novos modos e meios de intervenção que estejam organicamente articulados ao processo societário Percebese que a atual realidade apresenta contradições desafios e dificuldades decorrentes do que Mota 2000 considera mistificação pública do tratamento dispensado às desigualdades sociais no Brasil base da construção de uma reforma social e moral que a burguesia vem pretendendo realizar Essa reforma expressa as novas formas de domínio do capital sobre o trabalho pelas quais se objetiva à construção de outra racionalidade política e ética compatível com a sociabilidade requerida pelo presente projeto do capital onde se inclui a administração da desigualdade social por ele produzido Quais as perspectivas éticopolítica do serviço social para a questão social As formas de reestruturação produtiva do capital requerem intervenções institucionais e a regulação das relações de trabalho as quais refletem diretamente nas bases materiais de produção e reprodução da sociedade Esses efeitos fomentam demandas para o Serviço Social o qual através de suas intervenções busca mediar as relações sociais regidas pela lógica capitalista A atual reestruturação do sistema capitalista se deu em resposta à crise estrutural do capital ocorrida no início dos anos 70 Essa crise está caracterizada economicamente pelo esgotamento do modelo de produção parcelada e em série tayloristafordista que acarretou uma crescente diminuição das taxas de lucro e uma consequente instabilidade financeira CARNEIRO RAFAEL 2003 Ressaltase que essa crise abrange além do econômico aspectos políticos sociais e ideológicos dados à intensificação das lutas de classe e a crise do Welfare State na referida década ou seja a crise se constituiu através da influência mútua entre a baixa lucratividade e a insatisfação da classe trabalhadora abalando a crescente lucratividade do sistema capitalista Com efeito buscando superála o sistema capitalista por meio do processo de reestruturação produtiva reorganizou os alicerces de sua reprodução com o objetivo de retomar a crescente da maximização dos lucros Assim o capital utilizou estratégias que transformaram o processo desde a produção à circulação de mercadorias utilizandose de mecanismos ideológicos e institucionais imprescindíveis à reprodução da sociedade A produção se constituiu de forma globalizada onde a fabricação de mercadorias se encontrava fragmentada e distribuída pelos vários setores indústrias localizados em espaços que se apresentavam lucrativos para o mercado CARNEIRO RAFAEL 2003 Essa mundialização do mercado ocasionou um acirramento concorrencial na circulação impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico permitindo em detrimento do trabalho vivo uma nova forma de gerir o trabalho Esse movimento incide de forma direta na dominação do capital sobre a força de trabalho na qual as formas de extração de maisvalia se diversificam sob a anuência do Estado A necessidade da reestruturação produtiva capitalista exige novas formas de intervenção do Estado na sociedade regida pela lógica neoliberal a qual por sua vez preconiza a minimização das ações estatais Essas intervenções estatais pressupõem a organização dos serviços sociais liberdade econômica e privatização ou seja a atuação do Estado voltada para a flexibilização do mercado No Brasil essa conjuntura se caracteriza na denominada contrarreforma do Estado que segundo Behring 2003 p58 tratase de uma contrarreforma já que existe uma forte evocação do passado no pensamento neoliberal influenciando a construção da referida reforma no Estado brasileiro A contrarreforma teve como justificativa a crise fiscal que de acordo com o Ministério de Administração da Reforma de Estado o senhor Bresser Pereira se caracteriza pelo déficit público poupanças públicas negativas ou muito baixas dívida interna e externa excessiva falta de crédito do Estado e pouca credibilidade do governo BEHRING 2003 p174175 Logo sob o discurso da crise fiscal foi produzido uma forte investida na contrarreforma do Estado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso sendo implantada a reformulação do aparelho estatal brasileiro com o objetivo de dinamizar a eficiência do Estado e promover o devido ajuste fiscal ocasionado e desestruturado pela incisiva intervenção do Estado na economia e no mercado Para tanto foi desenvolvido o Plano Diretor da Reforma do Estado PDRE por meio do Ministério da Administração da Reforma do Estado MARE comandado pelo então ministro de Estado Bresser Pereira O modelo adotado pelo Ministro para o PDRE foi o paradigma social liberal no qual preconiza tanto o mercado através do incremento industrial voltado para exportação e o equilíbrio fiscal quanto à redistribuição de renda e garantia de direitos que seria concretizada a partir de ações voltadas para área social mas não como investidas exclusivas do Estado pois se pretendia a expansão dos espaços públicos não estatais Assim conforme os termos de Bresser apud BEHREING 2003 p175 ao Estado caberia um papel de coordenador suplementar isto é no que diz respeito à intervenção estatal na economia e no social o Estado se configuraria apenas como interlocutor entre essas duas esferas Tais argumentos são passíveis de inúmeras críticas A mais contundente delas diz respeito à informação do governo da época que o Estado atravessava uma grave crise que dificultava a eficácia na alocação de recursos Essa visão não permitiu a percepção de que a crise contemporânea do sistema capitalista implicou diretamente numa reformulação pública institucional em favor das novas formas de organização das bases materiais de sustentação do capital CARNEIRO RAFAEL 2003 Outro questionamento está relacionado aos argumentos referentes à redistribuição de renda e garantias de direitos Contudo o ajuste fiscal difundido pela contrarreforma do Estado brasileiro proporcionou às políticas de proteção social cortes orçamentários que descaracterizam as políticas sociais as quais estão sendo implementadas de forma pontual fragmentada e compensatória Dessa maneira o Estado contraditoriamente desconsidera os preceitos da Constituição de 1988 nos quais discorre sobre os direitos universais ao priorizar as necessidades do capital O desenvolvimento industrial enfatizado pela contrarreforma e conhecida por reestruturação produtiva subsidiado pelas inovações tecnológicas e pela acirrada concorrência do mercado acarretou o esvaziamento do chão de fábrica e a consequente diversificação das formas de exploração do trabalho que a partir de então se flexibilizaram diante do crescente desemprego CARNEIRO RAFAEL 2003 Essa dinâmica se intensificou quando as instituições tanto públicas estatais ou não estatais quanto privadas passaram a contratar empresas especializadas na prestação de serviços as quais não firmam um vínculo duradouro com os seus empregados ao passo que esse movimento diminuiu os custos das instituições com encargos contratuais trabalhistas aumentaram às margens de lucro e precarizaram as relações de trabalho Os serviços adquiriram o status de mercadoria apesar de não serem constituídos de trabalho objetivado seus efeitos úteis são agora mercantilizados não para produzir maisvalia mas para contribuir para o processo de acumulação de capital CARNEIRO RAFAEL 2003 Para Braverman 1987 p303304 quando o trabalhador não oferece seu trabalho diretamente ao usuário de seus efeitos mas ao invés vendeo ao capitalista que revende no mercado de bens temos então o modo de produção capitalista no setor dos serviços Esse universo das terceirizações proporcionou ao mundo do trabalho retrocessos no que diz respeito à garantia de direitos às condições de trabalho e ao processo de organização política da classe pois com o processo de desindustrialização as formas de trabalho não se encontram concentradas no interior da fábrica estas se flexibilizam e podem se materializar nas empresas prestadoras de serviços ou no âmbito particular do trabalhador Nesse sentido a terceirização se torna uma importante expressão do capitalismo que ideologicamente convence o trabalhador da sua importância como parceiro de seu empregador e de sua autonomia para trabalhar onde e quando quiser Esses argumentos versam sobre a falsa liberdade da classe trabalhadora e podem ser criticados sob a ótica da totalidade a qual permite o compreender que essas novas formas de apropriação do trabalho se realizam perante uma exacerbada exploração da classe trabalhadora realizada de forma dissimulada O discurso de parceria e de colaboração engendrados pelo capital aliena a classe trabalhadora que por sua vez não reconhece a sua condição de explorada assumindo as necessidades do capital Essa parceria entre trabalhador e burguesia oculta à luta das classes e desarticula a classe trabalhadora culminando na sua despolitização e no enfraquecimento do movimento sindical Todas estas transformações societárias se converteram em novas eou tradicionais demandas para o Serviço Social localizando como mediador das relações sociais conflituosas resultantes das estratégias do capital para atingir a crescente lucratividade sob a exacerbada exploração do trabalho Isso pode ser identificado nas práticas exercidas tanto nas instituições públicas nas Organizações NãoGovernamentais ONGs ou nas empresas privadas Verificase que estas esferas demandam um profissional que funcionalize as necessidades do trabalho às exigências do capital seja por pressões oriundas de organismos internacionais FMI financiadores de organizações Banco Mundial remetidas aos empregadores seja para atender as demandas do Estado as quais se configuram a partir da lógica mercadológica dos serviços Nesse sentido os serviços sociais se modificam diante das formas variadas de apropriação do trabalho imprimindo aos assistentes sociais novos objetivos profissionais que adequem a viabilização de benefícios à lógica do processo produtivo do capital Ao Assistente Social cabe na atual conjuntura intervenções subsidiadas por uma gama de conhecimentos e de atribuições voltadas para a administração institucional gestão de programas e projetos atrelados às tradicionais formas de atuação pautadas nas ações tradicionais de caráter educativo e orientador A referida requalificação desse profissional ao passo que indica novas modalidades nas competências do profissional revela a intensificação e consequente precarização de seu trabalho já que este se insere na divisão social e técnica como trabalhador assalariado presente no processo de reestruturação produtiva do capital A mundialização da economia traduziu um rearranjo das funções do Estado perante as políticas de proteção social e um compromisso com as demais instituições impostas pela ordem capitalista Tais transformações imprimiram sérias limitações à atuação do Serviço Social no tocante ao seu projeto éticopolítico já que esse pressupõe ao Assistente Social um compromisso ético com a classe trabalhadora e outro político com uma ordem societária pautada na emancipação da humanidade Diante dessa tensão percebese o caráter contraditório da profissão na qual o Assistente Social se encontra pressionado a atender às novas demandas resultantes do processo de exploração da força de trabalho pelo capital em detrimento do seu compromisso éticopolítico Apesar da tendência capitalista influenciar as práticas do Serviço Social é possível através de uma problematização da realidade na totalidade da dinâmica social a superação das condições objetivas impostas pelo empregador em face das reais necessidades do trabalho Esse movimento se caracteriza como novo desafio para o profissional de Serviço Social que a partir de ações criativas e compromissadas busca assegurar a legitimidade profissional e participar da construção do projeto éticopolítico da profissão Quais são as práticas profissionais requisitadas ao Assistente Social na divisão socialtécnica do trabalho na contemporaneidade Correlacionar a prática profissional à articulação de forças do Serviço Social na contemporaneidade significa identificar a alocação da profissão do Assistente Social diante das estratégias do capital para o controle da força de trabalho Porém a primeira marca da divisão social e técnica do trabalho é a s relações de gênero uma vez que historicamente as mulheres são as maiores representantes dessa profissão bem como podemos dizer que se trata de mulheres provenientes de segmentos médios pauperizados Depois consignamos que por ser uma profissão predominantemente feminina no mercado assume a face da discriminação operando diferenciações de salários impondo baixos salários bem como exercícios de funções menos qualificados significados resultantes do preconceito construído em torno do gênero feminino Nesse sentido a condição de assalariado do Assistente Social subordinao assim como aos demais trabalhadores em geral os revezes do mercado de trabalho e aos ditames de uma sociedade de classes e de gênero SILVA 1991 p 152 Assim percebese que o Assistente Social se insere na divisão técnica do trabalho como trabalhador assalariado com atribuições institucionalizadas estando portanto sujeito às alterações na sua prática profissional desencadeada pela reestruturação nos processos de trabalho segundo Silva 1998 p 50 Ademais conforme Mota 1998 p 25 os desafios a serem enfrentados pela profissão passam inegavelmente pela configuração do atual mercado de trabalho dos assistentes sociais estes sofrem e compartilham as mesmas dificuldades e angústias vivenciadas pelos demais trabalhadores Logo consideramse nesse contexto as exigências de novas competências abrangendo novos conhecimentos instrumentos e técnicas direcionadas a uma outra funcionalidade da profissão na reprodução do capital conforme o paradigma da flexibilidade Assim para apreender as alterações na prática profissional do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho fazse necessário identificar o conjunto das mudanças processadas no interior das relações de trabalho desencadeadas pela reestruturação produtiva No mercado de trabalho há uma nova forma de controle consumo e reprodução da força de trabalho O consumo desta força está relacionado à introdução da polivalência e da multifuncionalidade decorrente da introdução de recursos tecnológicos de base microeletrônica automação e informatização que alterou significativamente a divisão social e técnica no ambiente de trabalho SILVA 1998 p 52 Diante dessa nova conformação do mercado de trabalho é inegável que o Assistente Social também vem sofrendo os efeitos das mudanças do modo produtivo de acumulação do capital As alterações na prática profissional do Serviço Social se relacionam estreitamente com as novas estratégias de consumo e controle da força de trabalho Se a princípio o Assistente Social tinha como âmbito de atuação a solução de problemas que decorriam das próprias relações de trabalho e a intervenção em aspectos sociais relacionados com a vida privada e familiar do trabalhador atualmente descortinase novas atribuições à profissão inserida nas instituições dentre as quais assume destaque a assessoria bem como avaliação e elaboração de programasorçamentos SILVA 1998 p 52 Segundo Silva 1998 p 56 para Cesar in MOTA 1998 as mudanças efetivadas no processo de produção e na gestão do trabalho vem imprimindo uma nova forma de inserção do Assistente Social nas instituições privadas que segundo a autora relacionase aos aspectos do redimensionamento do uso da informação do desenvolvimento de outra racionalidade técnica subordinada aos princípios de eficácia e eficiência que significa o modo pelo qual se opera o modelo de produção flexível Ainda conforme Silva 1998 p 58 estas novas atribuições ao Serviço Social exigem significativas mudanças na sua forma de atuar as quais implicam na conformação de um novo ser e fazer no trabalho No que diz respeito ao ser no trabalho há a requisição por um profissional competente que reflita uma imagem positiva na empresa que contribua eficientemente com sua equipe de trabalho que seja flexível multifuncional e polivalente que desenvolva novas habilidades e possua um conhecimento amplo sistêmico da organização empresarial A atividade operativa do Assistente Social mediante as mudanças ocorridas se reporta às condições nas quais está se processando as mudanças na estrutura produtiva e nas formas de gestão e organização do trabalho A multifuncionalidade não é o único aspecto incorporado às atribuições da profissão sendo necessária também a qualificação de atividades na área de gestão de pessoal com efeito tratase da desprofissionalização mediante a missão e objetivos institucionais Essa desprofissionalização consiste numa requalificação profissional para atender às exigências produtivas do capital e das instituições isto é o profissional deixa de ser reconhecido institucionalmente como Assistente Social e passa a ser requisitado em outras atividades que se conformam com as atribuições da polivalência profissional Contudo não se pode esquecer que as profissões são meios de ganhar a vida o que explica a adequação do Serviço Social à nova ordem do capital ou seja a prática do Assistente Social é predominante uma própria que se dá dentro dos contornos de determinada instituição sob o vínculo empregatício e em regime de assalariamento SILVA 1991 P 151 Logo por exemplo as organizações não governamentais têm sido outra área de atuação dos Assistentes Sociais em face da política neoliberal de minimizar o papel do Estado como principal prestador de serviços públicos Constatase que o processo de reestruturação produtiva está afetando consideravelmente o mercado de trabalho do profissional de Serviço Social não apenas quanto ao reposicionamento de suas funções bem como em relação à sua demanda nos postos de trabalho Diante do contexto do mercado de trabalho de competitividade e desemprego é compreensível que para assegurar a sua empregabilidade na instituição o Assistente Social assuma o perfil polivalente multifuncional e atenda a exigência de se especializar em áreas diversas em face da requalificação que de certo modo pode significar uma nova tendência do seu exercício profissional Neste sentido percebese que para o enfrentamento das pressões do capital na prática profissional do Serviço Social através das exigências por maiores qualificações multifuncionalidade etc é de fundamental importância conforme consigna Faleiros 1997 p 09 saber analisar as correlações de forças em cada conjuntura institucional e nelas inscrever estrategicamente a atuação profissional do Serviço Social Ainda conforme o próprio autor analisar e inscrever um saber profissional são processos dialéticos fundamentais para superar as atividades burocráticas e funcionais enfim para resistir ao tecnocratismo e tecnicismo institucional A construção de uma análise institucional implica a articulação do saber profissional com o fazer profissional que não deve ser estéreo e desarticulado da teoria Porém e ss a articulação é dinâmica e se processa no interior dos mecanismos de enfrentamentos das forças que constituem o poder das propostas institucionais O que está posto para o profissional de Serviço Social na divisão social e técnica do trabalho para além da condição de se amoldar aos ditames da flexibilidade fruto do atual paradigma de produção do capitalismo no qual se insere todas as profissões inclusive o Serviço Social é o de especialmente atuar de maneira interdisciplinar buscando a interação entre os saberes e poderes profissionais e institucionais consolidando os espaços de atuação do Assistente Social no mercado de trabalho Nesse sentido precisase assinalar uma última assertiva qual seja que o espaço da negociação se abre de acordo com a correlação de forças em presença Com efeito o fazer e o saber dos profissionais do Serviço Social se entrelaçam no tensionamento da realidade e das suas condições objetivas considerandose espaços de negociação e de realização de interesses profissionais e da classe trabalhadora Por fim colocase o desafio de ousar e de registar a marca profissional nos limites do seu projeto éticopolítico nas instituições públicas e privadas na divisão social e técnica do trabalho Esse processo condiciona o âmbito de atuação do Serviço Social exigindo novas respostas dos profissionais o que implica em significativas buscas por novos campos de inserção profissional aliada a um contínuo processo de ensino e a pesquisa Qual o contexto de enfrentamento da questão social na contemporaneidade O contexto de enfrentamento da questão social na contemporaneidade diz respeito às expressões da questão social provenientes de um contexto histórico social e econômico marcados na contemporaneidade pela face de um mundo fina n ceirizado e em nosso caso específico de um Brasil com inserção subalterna nessa política e economia globalizada Isso significa que a política econômica e a política social não podem ser compreendidas numa análise interna da sociedade brasileira apenas mas deve ser observada nos limites da conjuntura internacional também Dessa forma pensar nas expressões da questão social no Brasil é ter em conta a injunção da Reforma do Estado com a política neoliberal e a reestruturação produtiva internacional engendrada no contexto brasileiro Portanto a forma pela qual as classes e especialmente o serviço social enfrenta estas manifestações da questão social na contemporaneidade passa pelas respostas ofertadas pelo Estado e pelo setor privado que historicamente incorporam essas reivindicações Tratase de mecanismos institucionais que agenciam as demandas históricas e que são propulsores da organização do mercado de trabalho do Assistente Social profissional que vem essencialmente executando as políticas sociais Quais as perspectivas éticopolítica do serviço social para a questão social Essas perspectivas perpassam pelo reconhecimento das competências profissionais do Serviço Social que vincula às perspectivas éticopolíticas e código de ética profissional do serviço social para resistir a questão social que no contexto atual se materializa pelas características do neoliberalismo e da reestruturação produtiva Logo o projeto éticopolítico sintetiza as experiências acumuladas ao longo do exercício e do saber profissional que de certa forma particularizou as competências reconhecidas ao Serviço Social Podemos dizer que as competências profissionais vão se formando de acordo com a experiência e a tradição profissional somados ao processo de formação do ensino profissional Porém em função das mudanças da regulação das atividades profissionais pelo Estado e em razão da fragilidade dos movimentos organizativos das diversas áreas profissionais cresce o individualismo e a competição entre profissionais inclusive entre os assistentes sociais Quais são as práticas profissionais requisitadas ao Assistente Social na divisão socialtécnica do trabalho na contemporaneidade As práticas profissionais requisitadas ao Assistente Social na contemporaneidade vivenciam uma reorganização no que tange a esfera do mercado do trabalho e a divisão social e técnica do trabalho de sua atividade profissional além de um debate teóricometodológico da profissão em face das exigências do mercado precarizado e super explorador Sumariamente podemos aferir que esses requisitos consistem na resposta ao desafio de atuar interdisciplinarmente pelo qual deverá haver uma interação de saberes e de poderes provocando uma postura criativa e ética Isso se torna necessário para a construção da autonomia do assistente social por meio da consolidação de uma competência sustentada por uma formação profissional de tradição marxista que visa um processo de continuação do ensino e pesquisa dada a complexidade dos problemas sociais a fim de se tornar um profissional crítico e propositivo e obviamente lançando mão do código éticopolítico