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Gestão de Recursos Humanos ·
Empreendedorismo
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Projeto Integrado I Gestão CSTs Projeto Integrado I Gestão CSTs PROJETO INTEGRADO I GESTÃO Projeto Integrado I Gestão CSTs Objetivos da Aprendizagem O Projeto Integrado é um procedimento metodológico de ensino aprendizagem que tem por objetivos Instigar os alunos apoiados nas informações presentes na BNCC sobre a área da linguagem como ferramenta norteadora para o planejamento de atividades diferenciadas Relacionar teoria e prática a fim de proporcionar embasamento para atuação em atividades extracurriculares Desenvolver os estudos independentes sistemáticos e o autoaprendizado Favorecer a aprendizagem Promover a aplicação da teoria e conceitos para a solução de problemas práticos relativos à profissão NORMAS PARA ELABORAÇÃO E ENTREGA DA PRODUÇÃO TEXTUAL 1 O trabalho será realizado individualmente 2 Importante Você deverá postar o trabalho finalizado no AVA o que deverá ser feito na pasta específica atividades interdisciplinares obedecendo ao prazo limite de postagem conforme disposto no AVA Não existe prorrogação para a postagem da atividade 3 Deve conter depois de pronto capa e folha de rosto padrão da Instituição sendo organizado no que tange à sua apresentação visual tipos e tamanhos de fontes alinhamento do texto espaçamentos adentramento de parágrafos apresentação correta de citações e referências entre outros elementos importantes conforme modelo disponível no AVA 4 A produção textual é um trabalho original e portanto não poderá haver trabalhos idênticos aos de outros alunos ou com reprodução de materiais extraídos da internet Os trabalhos plagiados serão invalidados sendo os alunos reprovados na atividade Lembrese de que a prática do plágio constitui crime com pena prevista em lei Lei nº 9610 e deve ser evitada no âmbito acadêmico 5 Importante O trabalho deve ser enviado em formato Word Não serão aceitos sob nenhuma hipótese trabalhos enviados em PDF A seguir apresentamos a você alguns dos critérios avaliativos que nortearão a análise do Tutor a Distância para atribuir o conceito à produção textual Normalização correta do trabalho com atendimento ao número de páginas solicitadas Apresentação de estrutura condizente com a proposta apresentada com introdução desenvolvimento e conclusão Projeto Integrado I Gestão CSTs Uso de linguagem acadêmica adequada com clareza e correção atendendo à norma padrão Atendimento à proposta contemplando todos os itens solicitados com objetividade criatividade originalidade e autenticidade Fundamentação teórica do trabalho com as devidas referências dos autores eventualmente citados Lembrese de que seu Tutor a Distância está à disposição para lhe atender em suas dúvidas e também para repassar orientações sempre que você precisar Aproveite esta oportunidade para realizar um trabalho com a qualidade acadêmica de nível universitário Bom trabalho Equipe de professores Projeto Integrado I Gestão CSTs Leitura proposta Para atingir os objetivos deste projeto integrado você deverá seguir as instruções voltadas à elaboração do trabalho disponibilizadas ao longo do semestre sob a orientação do Tutor a Distância SITUAÇÃO PROPOSTA Estudo de Caso Inovação Social na Indústria Têxtil A Têxtil Verde uma indústria de vestuário estabelecida em uma cidade de médio porte enfrenta o desafio de reinventar sua abordagem empresarial para crescer em um mercado altamente competitivo Ao realizar uma consultoria verificouse uma grande oportunidade em um nicho de mercado que busca produtos mais sustentáveis impulsionada pelo aumento de consumidores cada vez mais conscientes e exigentes Os diretores da empresa viram essa ideia muito oportuna e condizente com seus valores uma vez que já haviam empreendido um projeto anterior focado em desenvolver uma cadeia de suprimentos ética e sustentável reduzindo o impacto ambiental e promovendo condições de trabalho que gere respeito e satisfação no ambiente de trabalho O novo projeto envolve a criação de parcerias estratégicas com fazendas de algodão orgânico a implementação de práticas de produção ecoeficientes e a capacitação de comunidades locais em regiões de produção A gestão de projetos tornase crucial para coordenar as diferentes fases desde o design sustentável até a comercialização dos produtos O empreendedorismo da Têxtil Verde é evidente na abordagem inovadora para conquistar mercados que valorizam a produção ética Além disso a empresa comprometese com a transparência educando os consumidores sobre a procedência sustentável de seus produtos Em seu novo projeto a Têxtil Verde não apenas busca transformar operacionalmente a empresa mas também construir uma marca consciente que ressoe com as expectativas do consumidor moderno reforçando os benefícios tangíveis das práticas empresariais socialmente responsáveis e sustentáveis Projeto Integrado I Gestão CSTs ATIVIDADES ATIVIDADE 1 Estudante desenvolva um plano estratégico para a implementação bemsucedida do novo projeto da Têxtil Verde focado na criação de uma marca consciente e sustentável seguindo os seguintes passos Passo 1 Análise de Oportunidades e Desafios Realize uma análise SWOT Forças Fraquezas Oportunidades e Ameaças para identificar os elementos internos e externos que podem afetar o sucesso do projeto da Têxtil Verde a SWOT pode ser realizada com o formato de quadrantes ou em texto corrido Passo 2 Desenvolvimento da Marca Crie uma proposta de valor para a Têxtil Verde destacando os principais elementos que diferenciarão a marca no mercado Considere como a empresa pode comunicar de forma eficaz seus valores e práticas sustentáveis aos consumidores Passo 3 Estratégias de Marketing Elabore estratégias de marketing para posicionar a Têxtil Verde como líder no segmento de moda sustentável Inclua abordagens online e offline considerando a conscientização do consumidor sobre a importância de escolhas éticas REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE KURATKO Donald F Empreendedorismo processo prática São Paulo Cengage Learning Brasil 2018 Projeto Integrado I Gestão CSTs ATIVIDADE 2 A situação complexa pela qual a fábrica em questão está passando requer a elaboração de soluções efetivas no que tange às diferentes áreas da organização que serão impactadas em prol de tais mudanças Pensar e instrumentalizar soluções de problemas que aqui no caso é uma oportunidade não é tarefa fácil e envolve uma série de processos e práticas muito bem planejadas visto que os recursos financeiros e de tempo para prover tais soluções são limitados Neste sentido uma estratégia importante e bastante útil neste contexto a fim de viabilizar a implementação de soluções diz respeito ao gerenciamento de um projeto Você enquanto líder do projeto tem como primeiro passo determinar um objetivo em específico e destrinchálo em objetivos menores visto que a própria apresentação do contexto da empresa já nos deu vários insights sobre essa entrega macro e essas possíveis tais sub entregas Tendo definido então um objetivo sua missão nesta etapa consiste em a Elaborar uma Estrutura Analítica do Projeto EAP Em outras palavras através da EAP você fará a espinha dorsal do seu projeto pensando que tal ferramenta será utilizada para discutir com os gestores da empresa os possíveis encaminhamentos como por exemplo recursos disponíveis para operacionalização A EAP é a decomposição do trabalho necessário para a realização de um projeto em pacotes de trabalhos menores organizados de cima para baixo hierarquicamente não necessariamente na ordem exata mas na melhor possível Projeto Integrado I Gestão CSTs Figura 1 Exemplo da estrutura Fonte Elaborado pelos autores Na figura o primeiro nível diz respeito ao objetivo do projeto O segundo nível diz respeito às atividades necessárias para alcançar o objetivo geral O terceiro nível diz respeito às atividades necessárias para alcançar o objetivo específico do nível anterior e assim por diante Sua EAP deve conter pelo menos três níveis b Tendo elaborado a EAP dê continuidade a sua espinha dorsal agora trazendo os fundamentos da administração associando às funções Administrativas de Planejar Organizar Executar e Controlar Vamos pensar que a EAP ilustrou os elementos pensados na fase de planejamento Agora sua missão consiste em mapear alguns dos principais recursos necessários a serem organizados para viabilizar a execução um check list de tarefas a serem executadas associadas aos níveis da EAP bem como possíveis indicadores de controle para garantir atendimento ao objetivo Projeto Integrado I Gestão CSTs REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE CAMARGO Marta Gerenciamento de Projetos São Paulo Grupo GEN 2018 Minha Biblioteca CHIAVENATO Idalberto Administração nos Novos Tempos Os Novos Horizontes em Administração São Paulo Grupo GEN 2020 WYSOCKI Robert K MARQUES Arlete S Gestão eficaz de projetos vol 2 São Paulo Saraiva 2020 Minha Biblioteca Institute Project M Um guia de conhecimento em gerenciamento de projetos guia PMBOK Disponível em Minha Biblioteca 5th edição Editora Saraiva 2014 ATIVIDADE 3 Todo processo de mudança gera desafios esse cenário é enfrentado atualmente por essa industrial têxtil Pensando em facilitar esse processo é importante analisar os contextos no âmbito social ambiental e até de governança Diante disso a implantação do ESG pode trazer diversos benefícios para empresa Agora você deverá avançar na discussão dessa importante e atual temática visando auxiliar propor melhorias ou mitigar ações em empresa e corporações da área da saúde unidades de saúde particulares e públicas entre outros E para isso análise e discorra sobre os tópicos abordados abaixo 1 Defina o que é o ESG e sua importância para o segmento empresarial e de gestão da área da saúde 2 Crie um plano de ação para cada pilar do ESG governança social e o ambiental em algum seguimento da área da saúde clínicas hospital entre outros 3 Destaque quais as vantagens da implantação do ESG para empresas da área da saúde Projeto Integrado I Gestão CSTs REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE PEREIRA Adriana C DA SILVA Gibson Z EHRHARDT Maria E Sustentabilidade responsabilidade social e meio ambiente Editora Saraiva São Paulo 2011 SOLER Fabrício PALERMO Caroline ESG ambiental social e governança da teoria à prática São Paulo Expressa 2023 ATIVIDADE 4 Se ao longo do processo de formação e desenvolvimento das sociedades observamos a substituição gradual da atuação humana por máquinas não seria exagerado afirmar que atualmente esse fenômeno está se acelerando e alcançando níveis anteriormente inimagináveis Avanços significativos nas áreas de robótica automação e conectividade por exemplo estão ampliando as oportunidades para a aplicação da tecnologia na execução de diversas tarefas exigidas nas sociedades modernas Ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos nos auxiliam a encontrar algumas respostas para problemas cotidianos que atingem a humanidade formulando maiores certezas com maior agilidade em temas antes duvidosos temos de reconhecer também que as potencialidades oferecidas pelo desenvolvimento científico contemporâneo abrem novos campos de discussão envolvendo a ética Assim a ampliação das atividades que conseguimos fazer eleva proporcionalmente os questionamentos sobre o que efetivamente devemos fazer Pensando no estudo de caso Inovação Social na Indústria Têxtil considere que o novo projeto de transformação operacional da empresa compatíveis com os desafios da sociedade competitiva moderna tem a possibilidade de adquirir e implementar maquinários avançados e o desenvolvimento de novos equipamentos de inteligência artificial Diante disso disserte a partir das seguintes perguntas A performance elevada é critério suficiente para adotar a tecnologia para solucionar problemas de nossa realidade cotidiana Existem outros princípios da ação humana que diferenciam nosso funcionamento da programação típica da tecnologia Projeto Integrado I Gestão CSTs De que modo as mudanças para a preservação ambiental se articulam com os princípios da cidadania REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE CONTI Hugo Martarello de ALVES Patrícia Villen Meirelles Sociedade Brasileira e Cidadania Londrina Editora e Distribuidora Educacional SA 2019 CORREIA Carol Por uma tecnologia ética Inovação traz questionamentos e desafios que mostram a importância das Ciências Humanas na área In Conexão UFRJ online Publicado em 29 de abril de 2022 Disponível em httpsconexaoufrjbr202204porumatecnologiaetica Acesso 29 nov 2023 FREIRE Emerson BATISTA Sueli Soares Batista Sociedade e tecnologia na era digital 1ª ed São Paulo Editora Érica 2014 SANTOS JUNIOR Nei Jairo Fonseca dos Notas sobre ética na sociedade tecnológica In RELACult V 05 ed especial abr 2019 artigo nº 1195 Disponível em httpsperiodicosclaecorgindexphprelacultarticledownload11957074798 Acesso 29 novembro de 2023 CETEM 35 ANOS CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Centro de Tecnologia Mineral CETEM 35 ANOS CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff Presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia VicePresidente MINISTÉRIO DA CIÊNCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Marco Antonio Raupp Ministro Luiz Antonio Rodrigues Elias Secretário Executivo Arquimedes Diógenes Ciloni Subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa Carlos Oití Berbert Coordenador Geral das Unidades de Pesquisa Branquinho CLS Ed CETEM 35 Anos Criatividade e Inovação Centro de Tecnologia Mineral Rio de Janeiro 320 p il fevereiro2014 ISBN 9788582610121 CDD 6227 1 Inovação 2 Desenvolvimento Tecnológico 3 Tecnologias Limpas 4 Projetos de PDI 5 Pequenas Médias e Grandes Empresas 6 Comunidades Beneficiadas Depósito Legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10994 de 14 de dezembro de 2004 CETEM Centro de Tecnologia Mineral Av Pedro Calmon 900 Ilha da Cidade Universitária CEP 21941908 RJ Brasil CETEM CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL Fernando Antonio Freitas Lins Diretor Marisa Bezerra de Mello Monte Coordenadora de Planejamento Gestão e Inovação Claudio Luiz Schneider Coordenador de Processos Minerais Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenador de Processos Metalúrgicos e Ambientais Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenador de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa Arnaldo Alcover Neto Coordenador de Análises Minerais Cosme Antonio de Moraes Regly Coordenador de Administração CETEM 35 ANOS 1978 2013 CETEM 35 ANOS CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EditoraOrganizadora CARMEN LuCIA DA SILVEIRA BRANquINHO concepção pesquisa bibliográfica entrevistas e revisão técnica Apresentação O País avançou muito nos últimos anos nas iniciativas voltadas à inovação São exemplos re centes disso o lançamento no ano passado do Plano Inova Empresa e a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial e Inovação a Embrapii dentre outras iniciativas Há um esforço coordenado entre governo e indústria com uma crescente conscientização sobre a necessidade de se ter a inovação como instrumento estratégico para ganhos de compe titividade na economia global É nesse cenário que a tecnologia mineral se faz cada vez mais importante O setor mineral tem sido vital para o superávit da balança comercial brasileira e responde por cerca de 4 do PIB nacional O Brasil possui importantes reservas minerais e é protagonista mundial na produção de minério de ferro nióbio caulim bauxita grafita e rochas ornamentais entre outros Também apresenta potencial para assumir papel importante na produção de mi nerais estratégicos como as terras raras Há sete mil minas em operação no País mais de 200 consideradas de grande porte Embora os produtos minerais sejam geralmente commodities os processos para sua ob tenção são cada vez mais sofisticados Para aumentar a competitividade de seu setor mineral é indispensável ao País manterse atualizado com as tecnologias que incrementam a produtivi dade em sintonia com os princípios de sustentabilidade É a esses desafios permanentes que o CETEM única instituição de pesquisa brasileira com foco em tecnologia mineral se dedica desde sua fundação em 1978 Ao atingir 35 anos de existência o CETEM completa mais uma etapa de sua trajetória alinha do com as políticas governamentais Atualmente suas linhas programáticas estão em sintonia com a Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação ENCTI deste Ministério e harmonizadas com a política industrial do governo federal o Plano Brasil Maior e com os objetivos do Plano Nacional de Mineração 2030 do Ministério de Minas e Energia Assim é com satisfação que vejo o CETEM em plena evolução compromissado com os objetivos do País e procurando continua mente capacitarse nos mais diversificados segmentos da tecnologia mineral e ambiental Com isso cumpre seu papel no presente e preparase para os desafios que se apresentarão no futuro Nos seus 35 anos de operação o CETEM desenvolveu centenas de projetos que resultaram em várias aplicações tecnológicas Foram tecnologias originais ou adaptadas que proporciona ram avanços ou melhorias a diversos empreendimentos da mineração e da metalurgia Este livro com cerca de 60 resumos de projetos contém uma retrospectiva da contribuição do CETEM ao setor mineral Em uma cronologia organizada por décadas são apresentados os principais desenvolvimentos tecnológicos realçando sua utilização pelas empresas Foi realizado um substancial esforço na seleção edição e dentro do possível na simplificação da linguagem para que mesmo os não especialistas possam apreciar o valor da contribuição de cada trabalho Meus cumprimentos a todos que fizeram o CETEM e àqueles que levam adiante esta instituição Brasília fevereiro de 2014 Marco Antonio Raupp Ministro de Estado da Ciência Tecnologia e Inovação Apresentação Prefácio Prefácio O ano era 1978 em 18 de abril começava a história do CETEM Um grupo de funcionários foi transferido da sede da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM para as ins talações do Centro de Tecnologia Mineral CETEM1 A concepção do Centro ocorreu no início daquela década pelo Prof Antonio Dias Leite então Ministro das Minas e Energia com o obje tivo de desenvolver soluções tecnológicas para o setor mineral no contexto de uma política de substituição das importações de bens minerais Prevaleceu a decisão estratégica de situar o Centro no campus de uma universidade de grande porte e de reconhecida competência como a UFRJ na Cidade Universitária O CETEM iniciou suas atividades no âmbito do convênio operacional assinado entre a CPRM e o Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM Onze anos mais tarde em 1989 mudou de vinculação ministerial e foi inserido no sistema de gestão do MCTI pela Lei 7677 de outubro de 1988 passando a ser gerido como uma das unidades de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq No ano 2000 tornou se uma instituição integrante do MCTI sob a coordenação da Subsecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa SCUP Em 2013 depois de 35 anos de operação contínua o Centro segue contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da indústria mineral brasileira preparandose para as próximas décadas e desafios Inaugura este ano seu primeiro Núcleo Regional no Espírito Santo focado em rochas ornamentais Desde seu início o Centro operou com programações trienais para definir suas linhas de pesquisa prática que vigorou até 2001 A partir de 2002 o planejamento e a análise do de sempenho por indicadores técnicos e administrativos estão baseados no Termo de Compromisso de Gestão TCG anual pactuado pelo Ministro e pelo Diretor A partir de 2006 adotase um plano estratégico quinquenal o Plano Diretor da Unidade PDU O primeiro teve vigência no período 20062010 e está em curso o PDU 20112015 A prática de consultar o setor em presarial e especialistas externos sempre teve lugar na elaboração dos planejamentos trienais ou quinquenais Em 2013 houve orientação do MCTI para que suas unidades de pesquisa procurassem se alinhar com os programas das secretarias do ministério definidos na Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação ENCTI com vigência até 2015 O Centro também se alinha a outras políticas e iniciativas governamentais relacionadas a sua área de atuação como o Plano Brasil Maior nos comitês de mineração e de metalurgia e o Plano Nacional de Mineração 2030 PNM2030 lançado pelo MME em 2011 O PNM2030 ressalta que especial atenção deve ser dada à valorização e ao fortalecimento institucional do CETEM pois é a única instituição de ciência e tecnologia federal dedicada ao setor mineral com condições de contribuir para superar os grandes gargalos tecnológicos para o pleno aproveitamento dos bens minerais bra sileiros sobrepondo os interesses estratégicos nacionais aos de mercado 1 Vários depoimentos de pesquisadores do CETEM já foram bem registrados no livro comemorativo dos 30 anos de fundação intitulado CETEM 30 Anos A História Contada por Seus Fundadores publicado em 2008 e acessível no site do CETEM httpwwwcetemgovbrbibliotecapublicacoeslivros A inovação no setor mineral está normalmente relacionada à melhoria de processos para redução de custos onde inovações mais acontecem à melhoria da imagem da empresa em relação à preservação do meio ambiente ao atendimento às regulamentações de segurança e saúde ocupacional ou à criação de produtos com valor agregado A inovação se dá nas diversas atividades nesse setor que resumidamente incluem i a exploração e a extração dos recursos minerais ii o processamento e o gerenciamento de diferenciados processos de beneficia mento e transformação mineral intermediária iii a reciclagem de resíduos industriais e de sucatas iv o tratamento de efluentes v a restauração eou o fechamento de minas Esta publicação intitulada CETEM 35 Anos Criatividade e Inovação ora lançada com muito orgulho e satisfação apresenta uma seleção criteriosa de projetos de PDI realizados pela instituição ao longo de sua existência e que em sua maioria geraram inovações para pe quenas médias e grandes empresas do setor mineral Coube à Dra Carmen Lucia Branquinho editora científica desta obra a árdua tarefa de analisar e selecionar centenas de projetos desenvolvidos pelo CETEM ao longo dos seus 35 anos de existência A partir de uma laboriosa pesquisa bibliográfica em mais de 3000 documentos propostas de trabalho e relatórios técnicos depositados na biblioteca do CETEM os projetos foram préselecionados pela pesquisadoracolaboradora deste Centro à qual foi delegada a missão de editoração Após a préseleção a etapa seguinte consistiu de entrevistas individuais com os pesquisadores para a seleção final dos trabalhos que constam deste Livro comemorati vo A concepção da forma de apresentação dos resumos de cada projeto e a revisão técnica de seus conteúdos foram também realizadas pela editora Foi um trabalho que além de conheci mento exigiu dedicação e paciência especialmente porque muitos dos pesquisadoreslíderes de projetos estavam engajados em outras atividades profissionais consideradas prioritárias ou em alguns casos não mais estavam no CETEM Não obstante a competência e a perseverança da Dra Carmen Lucia Branquinho despertou o espírito de colaboração de todos contribuindo para a consecução desta publicação Os 57 projetos de PDI selecionados estão organizados cronologicamente em três par tes Década de 80 Década de 90 e Novo Milênio segundo as datas do início da realização dos projetos Os textos de seus resumos ilustram i os problemas apresentados pelas empresas por outros órgãos governamentais ou para atender às necessidades de pequenas comunidades ii os desafios enfrentados para solucionar os problemas iii as diversificadas estratégias aplicadas para o desenvolvimento dos projetos iv seus principais resultados e os benefícios gerados Os resumos permitem apreciar a variedade de tecnologias novas e incrementais desenvolvidas pelo corpo de pesquisadores do CETEM que com criatividade e inteligência sempre buscou atender às demandas e resolver de forma inovadora as dificuldades indus triais em geral relacionadas às etapas de processamento mineral e metalurgia extrativa e os anseios de comunidades em diferentes regiões de nosso território Poderseá ainda notar os esforços para a solução de problemas de gestão tecnológica e ambiental em Arranjos Produtivos Locais APLs de base mineral experiência que fundamenta um amplo programa nacional de assistência tecnológica gerencial e financeira às pequenas empresas e mineradores artesanais Os resumos dos projetos podem ser lidos isoladamente Recomendase no entanto que este Livro seja apreciado por inteiro pois no conjunto é que está a sua força na diversidade é que ele se revela surpreendente O rico mosaico de projetos mostra a multiplicidade de ca pacitações e competências necessárias bem como a importância do relacionamento interins titucional e das parcerias estabelecidas na geração de inovações tecnológicas Certamente evidenciam o desempenho do CETEM como uma instituição de excelência na área mineral Isso se deve muito à dedicação daqueles servidores e colaboradores que já passaram pela ins tituição e dos que hoje levam adiante a bandeira da tecnologia mineral Rendo a todos minhas sinceras homenagens e o meu reconhecimento Fernando Antonio Freitas Lins Diretor do CETEM Sumário 1 Introdução 9 Referências Projetos de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação PDI DÉCADA DE 80 14 Refino eletrolítico de ouro para a Casa da Moeda do Brasil 22 Flotação do minério sulfetado de zinco e chumbo de Paracatu MG 26 Produção de cobre eletrolítico de elevada pureza por via hidrometalúrgica 32 Concentração de diamantes através de Dynawhirlpool 36 Flotação do minério oxidado de zinco de Vazante MG 40 Estudo de viabilidade do aproveitamento energético do linhito do Alto Solimões 43 Tecnologia para aproveitamento de turfas 47 Beneficiamento de diatomitas da Bahia 51 Tratamento do matte da metalurgia do chumbo da Plumbum SA 57 Substituição de importação de insumos o caso do aditivo de neutralização de gás sulfídrico em lamas de perfuração 61 Tratamento de efluentes de plantas de lavagem de carvão com espessador de lamelas contracorrente LAMELACET 66 Beneficiamento de diatomitas de Punaú RN e Lagoa de Dentro CE Sumário DÉCADA DE 90 72 Processamento hidrometalúrgico de um concentrado de xenotima 77 Orientação técnica ao pequeno minerador de ouro amalgamação queima de mercúrio e descontaminação de rejeitos 84 RETORCET uma retorta desenvolvida e fabricada no CETEM 88 Imobilização de arsênio oriundo de rejeitos do processamento de ouro 96 Protótipo para operações ambiental e ocupacionalmente seguras em casas compradoras de ouro de regiões garimpeiras 102 Dessulfuração de finos de carvão por concentradores centrífugos 107 KIT ALLEGRA sistema alternativo para determinação de mercúrio em amostras ambientais e em pescado 111 Beneficiamento de talco de Ponta Grossa e Castro PR 117 Avaliação e otimização da produção das moedas da segunda família do Real 122 Aproveitamento de fosfato e terras raras no semiárido nordestino 126 Aproveitamento dos resíduos finos de rochas ornamentais de Santo Antônio de Pádua RJ na fabricação de argamassas 133 Processamento de caulins visando suas aplicações industriais 137 Biorreator para tratamento de solos contaminados por petróleo NOVO MILÊNIO 146 Recuperação ambiental de áreas mineradas tecnologia inovadora aplicada à indústria carbonífera 150 Preparação de betacetoésteres superiores por transesterificação com argilas naturais reutilizáveis como catalisadores e álcoois 153 Efeito da aplicação in situ de corretivos fosfatados na mobilidade e biodisponibilidade de metais pesados 161 Coprocessamento do resíduo da produção da liga ferronióbio pela CBMM 165 Aplicação de resíduos de rochas ornamentais na geração de pavimentos asfálticos 170 Especiação de nitrogênio em rocha reservatório de petróleo empregando ultrassom e cromatografia de íons 174 Minimização dos efeitos ambientais na produção de zinco eletrolítico 178 Otimização da cadeia produtiva do carvão para geração de energia elétrica e recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração 184 Utilização de cinzas da combustão de carvão mineral para o tratamento de efluentes líquidos 188 Ouro e sulfetos da Rio Paracatu Mineração otimização da flotação 193 Especiação de mercúrio em petróleo utilizando técnicas espectroscópicas 199 Ações tecnológicas sustentáveis para melhoria da gestão ambiental da PAIq 206 Tecnologias limpas para a arte em pedrasabão o caso de Mata dos Palmitos Ouro Preto MG 209 Produção no CETEM de materiais de referência certificados MRC desafios e soluções inovadoras 214 Produção de policloreto de alumínio a partir de bauxita para tratamento de águas 217 Aperfeiçoamento do processo de reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição RCD 225 Biolixiviação para extração de cobre de um concentrado de flotação da Mineração Caraíba 229 Prensas de rolos de alta pressão desenvolvimento de um modelo para precisão da granulação do produto de um processo de moagem emergente 233 Desenvolvimento tecnológico para otimizar as condições de ustulação de concentrados de zinco 238 Aproveitamento de chumbo contido em escória metalúrgica 241 Processo para enriquecimento em meio denso de minério de ferro granulado 244 Lixiviação de minério intemperizado incluindo eletrorrecuperação direta de cobre 248 Desempenho de coberturas secas no abatimento de drenagem ácida de mina 254 Beneficiamento de sedimentos dragados da Baía de Guanabara para encapsulamento em geobags 258 Melhorias no processo de produção de alumina o caso do TCA como auxiliar de filtração 262 Ácidos orgânicos em amostras hipersalinas 266 Tecnologia avançada para mineração de quartzitos 271 Utilização da lama vermelha como agente de remoção de poluentes 274 Rota de processamento para um melhor aproveitamento do minério de manganês de Carajás 278 Caracterização tecnológica das rochas de esteatito para restauração da estátua do Cristo Redentor 283 Biolixiviação de concentrado piritoso para produção de pigmento à base de ferro 287 Biolixiviação de minério de um novo jazimento da Mineração Caraíba 291 Siglas e Abreviaturas 294 Estrutura Organizacional do CETEM 295 Relação Atual de Servidores segundo a Estrutura Organizacional 302 Dirigentes do CETEM desde sua Fundação Introdução 1 A inovação conceituada como a exploração bem sucedida de novas idéias foi pioneiramente identificada em 1912 pelo economista Joseph Alois Schumpeter na Teoria do Desenvolvimento Econômico 1ª edição 1911 em alemão como sendo o fator crucial para o crescimento econô mico de um país O conceito de inovação como mola mestra da dinâmica capitalista e também parte integrante do processo concorrencial explica os grandes ciclos de expansão da economia capitalista Ciclos de Kondratiev 1935 Nesse contexto a inovação era considerada como um fenômeno amplo que envolvia a introdução de novos produtos novos processos novos mercados novas fontes de matériasprimas e o estabelecimento de uma nova organização dentro de uma indústria O conceito original foi criticado porque envolvia uma análise reducionista da realidade econômica muito apegada ao papel da indústria e porque era um referencial teórico pouco apli cável à realidade dos países em desenvolvimento dos pontos de vista político e empírico Posteriormente foi tomando corpo um conceito mais restrito de inovação tecnológica con sistindo na introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos ou significativamente aprimorados As inovações tecnológicas poderiam ser traduzidas em avanços ou em novas apli cações do conhecimento científico e tecnológico existente Outro aspecto fundamental dessa nova abordagem foi definir a inovação como um fenômeno de natureza empresarial Para isso há que diferenciar a descoberta científica algo já existente mas que não havia sido notado ou mensurado descobertas podem restringirse aos limites de um laboratório e demorar a render conseqüências fora do ambiente acadêmico da invenção criação de algo novo resultado da capacidade humana e da inovação quando o conhecimento é convertido em valor econômico e a novidade é introduzida no mercado gerando riqueza esta última de responsabilidade da empresa Assim a inovação não consiste apenas em uma nova tecnologia mas na habilidade que o empresário tem de criar um novo mercado para essa tecnologia A inovação tecnológica passou a ser um desafio que se traduz no desenvolvimento de produ tos concretos capazes de satisfazer necessidades emergentes dos consumidores ou que resulte na criação de novos processos de produção com potencial para expandir mercados seja através da redução de custos ou pela multiplicação da escala O objetivo da inovação é aumentar a competitividade e lucratividade das empresas seja pelo emprego de uma tecnologia que acabou O desafio de inovar e o poder da inovação Introdução 2 de ser desenvolvida e que demonstre melhor viabilidade econômica seja pela comercialização de um produto já consagrado mas cujo aperfeiçoamento o tornará mais acessível no mercado A mudança de enfoque com a identificação da inovação tecnológica como a causa da expansão das economias mostrou a necessidade de se dispor de estatísticas capazes de in terpretar a inovação A crescente importância que a inovação passou a ocupar na agenda de desenvolvimento das nações demandou a construção de indicadores capazes de apreender e mensurar os esforços e os resultados do processo inovativo assim como de entender os deter minantes que afetam as transformações que levam ao aumento de produtividade nas empresas Historicamente a primeira tentativa de estabelecer uma metodologia de levantamento de dados sobre atividades de PD resultou no Manual Frascati rascunhado em 1963 durante o encontro de especialistas da OECDOrganisation for Economic Cooperation and Development com o Grupo NESTINational Experts on Science and Technology Indicators na Villa Falconieri em Frascati Itália Após a criação desse Manual a OECD sentiu a necessidade de consolidar uma metodologia que fosse especificamente destinada para captar o fenômeno da inovação nas empresas e elaborou o Manual de Oslo cuja primeira edição foi publicada em 1992 e testada em 13 paísesmembros da OECD Alemanha Bélgica Dinamarca Espanha França Grécia Irlanda Itália Luxemburgo Noruega Países Baixos Portugal e Reino Unido As pesquisas de inovação construídas a partir dessa primeira edição do Manual de Oslo tratavam de mudan ças ocorridas ao nível individual de cada empresa estando apoiadas no conceito de inovação tecnológica subdividida entre inovação de produto implementaçãocomercialização de um produto com características de melhoria no seu desempenho que permitam a geração de no vos serviços ou de melhores serviços ao consumidor e inovação de processo implementação adoção de novos métodos de produção ou de métodos significativamente melhorados podendo envolver mudanças em equipamentos recursos humanos metodologias de trabalho ou uma combinação de todos esses fatores Essa primeira edição do Manual de Oslo entretanto não contemplava categorias de inovação como as já discutidas por Schumpeter abertura de novos mercados novas fontes de suprimento de matériasprimas ou produtos semimanufaturados ou ainda reorganização de uma indústria Na segunda edição desse Manual 1997 ampliouse o conceito de inovação tecnológica para o setor de serviços Também à raiz das discussões surgidas a partir das primeiras pes quisas de inovação na Europa buscouse diferenciar as inovações separando as geradas pela empresa daquelas que eram desenvolvidas por terceiros e as inovações novas para a empresa daquelas que eram novas para o país ou para o mundo Esse modelo foi seguido pela terceira rodada de pesquisa de inovação nos países da Comunidade Européia ocorrida no final da dé cada de 90 Tal pesquisa suscitou uma grande polêmica em função das dificuldades em dife renciar a inovação tecnológica de outras formas de inovação presentes no setor de serviços Por essa razão em sua última versão de 2005 o Manual de Oslo ampliou o conceito de inovação incluindo além da inovação tecnológica a organizacional e a mercadológica Notase portanto que os conceitos de inovação vêm evoluindo tanto na compreensão do que é inovar quanto nos personagens que podem fazer parte do processo De um lado deixa se de ver a inovação do ponto de vista essencialmente tecnológico para entendêla sob outros 3 prismas como a utilização do conhecimento acerca de novos modelos de produção e de co mercialização de bens e de serviços assim como a criação de novas maneiras de organizar as empresas O processo de inovação é um processo de aprendizado acúmulo de informação e de desenvol vimento de novos conhecimentos e de crescimento com o intuito de criar novidades de valor que se traduzam em resultados positivos para as empresas Está relacionado à capacidade dinâmica das empresas ou seja à seqüência de ações de mudanças criativas do conhecimento disponível e de suas aplicações correntes a partir dos sinais e informações continuamente percebidos A inovação pressupõe como que uma cronologia Independentemente do nível de comple xidade do processo de pesquisa e desenvolvimento com vistas à inovação todo ele é constan temente entremeado por três conceitos conhecimento informação e criatividade quase que num ciclo contínuo O conhecimento é uma forma de expressão humana que se apresenta de modo intangível idéias e tangível equipamentos máquinas software e outros dispositivos O conhecimento acumulado pode ser mais importante para o crescimento econômico do que o investimento em fábricas e máquinas O conhecimento da empresa por meio de seu estoque de diferentes formas tecnológicas é o alicerce que sustenta uma rotina homogênea de operações baseada em uma dada expectativa de desempenho e rentabilidade para a produção de bens e serviços A competitividade está cada vez mais assentada nos avanços organizacionais e na capacidade de adaptação a mudanças tecnológicas Está cada vez mais em sintonia com a capacidade das empresas de explorar as partes de maior valor das cadeias produtivas e de responder rapida mente às oportunidades e ameaças que surgem a todo instante no mercado Nesse contexto a capacidade de inovar ganha importância preponderante na definição de quem vai prosperar ou sucumbir Em havendo mudança nestas expectativas é necessário mudar a própria base de conhecimentos da empresa que requer em um primeiro momento novas informações A informação é o resultado do processamento manipulação e organização de diferen tes dados sinais muitas vezes emitidos pela própria estrutura organizacional da empresa eg comportamentos internos aprendizados situaçõesproblema mas principalmente sinais oriundos das relações transacionais Está cada vez mais claro que as empresas não inovam isoladamente mas que atuam dentro de sistemas com os quais interagem no processo de gestação e de difusão de novos produtos e processos Esses sistemas são constituídos por re des de relações diretas ou indiretas com outras empresas com a infraestrutura de pesquisa pública e privada com a economia com o sistema normativo nacional e internacional e mais um conjunto de outros relacionamentos Inovar é um processo em que a interação têm significado importante seja como fonte de informação seja de maneira mais formalizada por meio de contratos de cooperação Além do já mencionado essa interação pode ocorrer com outros agentes impulsionadores clientes consu midores e fornecedores empresas de consultoria ou consultores independentes fornecedores de bens e serviços instituições de testes ensaios e certificações instituições públicas de PD e universidades redes de informação informatizadas ou presenciais conferências encontros exposições feiras workshops publicações especializadas licenças e patentes centros de 4 formaçãocapacitação profissional e assistência técnica e até mesmo concorrentes Assim entendese a inovação como um processo sistêmico que envolve a participação de diversos agentes e é influenciada pelo ambiente organizacional institucional e econômico de cada país A informação é fundamental para a mudança e o fluxo de informações relevantes em um dado momento irá impactar o estoque de conhecimento O processamento interessado destas informações e sua adição ao pacote corrente de conhecimentos e tecnologias irão depender em última instância de quão criativa fôr a empresa para proceder a mudança Criatividade é resultado da percepção do insight da visão enfim da projeção de situações futuras a partir de eventos presentes A criatividade que interessa à empresa é aquela que pro positadamente busca manipular símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para ela ou seu meio Um produto ou uma resposta competitiva poderão vir a ser julgados como sendo criativos na extensão em que são novos e apropriados úteis ou de valor para a empresa Além desses três conceitoschave conhecimento informação e criatividade há outras dimensões nos processos inovativos e que geralmente são pouco percebidas Acreditase que a difusão das inovações pelos setores usuários é um processo pouco intensivo em conhecimento e tecnologia já que tem sido considerada apenas a relevância do inovador inicial produtor de produtos e processos novos No entanto o usuário não é um ator passivo e pode participar ativamente no processo de difusão tecnológica que requer recombinações de conhecimentos e tecnologias A difusão é quase tão importante quanto a inovação quando se considera que o retorno social da inovação pode ser muito maior que o retorno privado da empresa que introdu ziu a inovação no mercado A difusão pode promover um efeito em cascata cujos benefícios da inovação original se alastram para uma população muito mais ampla de usuários Uma outra dimensão invisível dos processos inovativos diz respeito à importância das ino vações incrementais É relativamente raro os setores industriais tradicionais como é o caso do setor mineral gerarem inovações radicais uma vez que seus regimes tecnológicos giram em função da redução de custos operacionais nas pequenas modificações em processos de beneficiamento e transformação mineral e em ações para melhoria da gestão ambiental via inovações incrementais Os pequenos aprimoramentos nas técnicas produtivas que ocorrem no dia a dia isto é não chão de fábrica são fontes importantes que explicam o aumento da produtividade e rentabilidade das indústrias Esses aprimoramentos inovações incrementais podem ser poucos significativos quando tomados individualmente entretanto vários pequenos melhoramentos produtivos quando somados provocam grande impacto econômico A partir de todos esses conceitos é razoável pensar que para se engajar no processo de inovação também haverá de existir uma estrutura concreta de coordenação na empresa O pa pel primordial da empresa antes mesmo da combinação operacional dos fatores de produção é o de empreendedoracoordenadora de novas e diferentes alternativas de valor As características das interações entre os diferentes agentes envolvidos nos processos de inovação e a identificação do perfil do esforço de coordenaçãoempreendimento das empresas em ações ao longo do tempo ou seja sua real intenção de inovar e seus projetos de inovação indicam a necessidade de se dispor de indicadores que possibilitem a avaliação dos impactos 5 das interações tanto em nível de capacidade inovativa das empresas como no que tange à eficácia dos investimentos públicos em PDI Os principais incentivos que influenciam o investimento em aptidões tecnológicas provêem do ambiente macroeconômico da política comercial e industrial do país e da demanda interna Muitas economias de industrialização recente transformaramse em poucas décadas de econo mias pobres e atrasadas tecnologicamente para economias afluentes e relativamente modernas ex Coréia do Sul Taiwan Cingapura e Hong Kong e isso foi conseguido através do desenvolvi mento industrial que constitui de fato um processo de obtenção de aptidões tecnológicas tra duzidas em produtos e processos inovadores no contexto de uma contínua mudança tecnológica Indicadores de PDI para serem úteis à formulação adoção e monitoramento de políticas governamentais industriais e tecnológicas que visem elevar qualitativa e quantitativamente o grau de inovatividade e em consequência a competitividade de uma região ou de um deter minado país devem ser capazes de medir o potencial de comercialização dos resultados das pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos ou preferencialmente o real uso pelas empresas desses resultados As empresas podem ter acesso aos resultados dos projetos de PD realiza dos por universidades e institutos de pesquisa governamentais de maneira formal a partir de contratos de consultorias de licenciamento ou de pesquisa conjunta ou informal por meio da informação científica aberta com o acesso às publicações à participação em congressos ou como resultado de contatos interpessoais informais A pesquisa de indicadores de inovação consolidada na Comunidade Européia CE pelo CISCommunity Innovation Survey encontrase em sua quinta edição Essa prática está disse minada na maioria dos países da OECD até nos que não pertencem à CE Austrália Canadá Coreia do Sul Japão México Polônia e Turquia Países como África do Sul Argentina Brasil Índia Indonésia e Rússia também têm realizado suas pesquisas de inovação Na América Latina até a metade dos anos 90 à exceção de uma experiência isolada e pioneira no Uruguai não se havia realizado quaisquer pesquisas de inovação Cinco anos mais tarde vários países iniciaram seus exercícios de pesquisa utilizando como referência o Manual de Oslo No entanto os resultados não eram comparáveis entre si e raramente respondiam aos quesitos estipulados pela OECD como indicadores internacionais Cada país sentia a neces sidade de levar em consideração suas próprias particularidades e as inquietudes motivaram a elaboração do Manual de Bogotá que surgiu no início do novo milênio e parece ser mais ade quado à interpretação da inovação na região latinoamericana No Brasil na última década um conjunto de estudos buscou adequar os indicadores de senvolvidos para empresas de economias industrializadas à realidade das empresas brasileiras Entre eles encontramse os trabalhos da Associação Nacional de Pesquisa Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras ANPEI da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABDI do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial IEDI do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA e de um esforço cooperativo entre algumas unidades da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Desses vários trabalhos destacase o do IBGE que concluiu em 2001 6 os resultados da primeira edição da PINTEC Pesquisa de Inovação Tecnológica em escala nacional tendo como referência o período de 19982000 Em dezembro de 2013 foram di vulgados os resultados da quinta edição período de referência 20092011 De modo geral constatase que no Brasil as experiências já existentes de interação entre as empresas e as instituições geradoras de conhecimento e de tecnologias inovadoras univer sidades e institutos de PD ficam ainda aquém do potencial demonstrado pela economia do País e pela infraestrutura de pesquisa instalada Investimentos significativos em CT têm sido feitos aumentando o número de cursos de pósgraduação e formando mais mestres e doutores que compõem o arcabouço de pesquisa Esse esforço no entanto não teve ainda o impacto esperado e desejado na produção de inovações Ao contrário dos sistemas de inovação mais amadurecidos nos quais a maioria dos pesquisadores trabalha diretamente no setor produtivo aumentando o potencial de geração de inovações 80 dos pesquisadores brasileiros traba lham em instituições públicas de PD Se a inovação é gerada na empresa os instrumentos de políticas públicas devem estar prioritariamente voltados para esse foco Por outro lado o setor empresarial precisa avançar mais no entendimento da importância da inovação para o aumento da sua produtividade e competitividade O setor mineral normalmente opera em ambientes de alto risco e de constantes mudanças estruturais Dentre os fatores que afetam a inovação estão alguns riscos associados como por exemplo o comportamento do mercado a exploração de depósitos de minérios o custo do de senvolvimento eou adaptação de maquinário para atender às diferentes condições das minas minérios de baixo teor com mineralogias cada vez mais complexas e minas mais profundas os locais remotos e a inadequação de infraestrutura transporte energia facilidades de comu nicação proximidade de cidades e portos as políticas governamentais leis e regulamentos cobrança de impostos barreiras tarifárias de exportação e disputas pelo espaço territorial com diversos grupos de interesse O Plano Nacional de Mineração 2030 PNM2030 lançado pelo MME em 2011 apon ta a necessidade de intensificação de mecanismos de estímulo às atividades de PDI As grandes empresas deverão ser incentivadas a investir em PDI seja por conta própria ou em consórcio com outras empresas em projetos précompetitivos ou ainda em articulação com as Instituições de Ciência e Tecnologia ICTs para os desenvolvimentos que em geral se caracterizam como inovações mais sofisticadas de processos de metodologias e de produtos Um panorama da inovação no setor mineral com base em uma retrospectiva da PINTEC no período 20002011 e dos resultados da Lei do Bem criada em 2005 entre 2006 e 2012 é mostrado nas duas tabelas a seguir1 1 É importante ressaltar que na PINTEC a indústria extrativa pode ser considerada uma proxy razoável da extrativa mineral ou seja da mineração uma vez que os dados da extração de petróleo e gás são adicionados à atividade econô mica de maior receita da empresa no caso a atividade de refino de petróleo seguindose a metodologia internacional 7 Informações da PINTEC e do uso da Lei do Bem na Mineração PINTEC 2000 2003 2005 2008 2011 NE Taxa de Inovação 297 172 415 220 427 231 491 237 458 189 NE Atividades Inovativas em R Milhões 226 189 325 385 330 681 354 496 366 768 NE PD interno em R Milhões 69 29 76 28 18 78 100 74 23 437 Receita Líquida de Vendas em R Bilhões 128 239 379 567 110 Intensidade Tecnológica 023 012 020 013 040 NE PD externo em R Milhões 39 67 65 56 14 12 18 13 14 25 LEI DO BEM 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 NE Renúncia Fiscal em R Milhões 2 2 1 01 1 1 4 06 7 9 13 12 18 32 Fontes PINTECIBGE e MCTI Informações da PINTEC e do uso da Lei do Bem na Metalurgia PINTEC 2000 2003 2005 2008 2011 NE Taxa de Inovação 395 314 473 338 676 460 661 395 786 412 NE Atividades Inovativas em R Milhões 343 2258 388 1165 387 1984 486 3709 587 4161 NE PD interno em R Milhões 126 145 96 168 90 178 58 297 106 589 Receita Líquida de Vendas em R Bilhões 359 691 977 141 132 Intensidade Tecnológica 040 024 018 021 045 NE PD externo em R Milhões 27 10 18 78 38 20 64 95 17 94 LEI DO BEM 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 NE Renúncia Fiscal em R Milhões 22 38 26 45 32 60 43 61 45 73 43 39 47 34 Fontes PINTECIBGE e MCTI Observações NE é o número de empresas inovadoras segundo discriminado em cada linha nas tabelas A taxa de inovação é definida como o percentual das empresas que declararam ter implementado inovações de processo eou de produto durante o triênio encerrado no ano de referência por exemplo em 2000 para dados coletados no período 19982000 enquanto as demais linhas das tabelas correspondem ao próprio ano referido As atividades inovativas incluem aquisição de máquinas e equipamentos aquisição de software PD interno PD contratado treinamento introdução de inovações tecnológicas no mercado e projeto industrial A intensidade tecnológica é medida pelo dispêndio interno em PD com relação à receita líquida de vendas que se aproxima no caso da Mineração do Valor da Produção Mineral 8 Verificase uma tendência nos últimos anos de maior investimento em atividades inovati vas incluindo PD interno e externo pelas empresas de mineração e metalurgia no País A taxa de inovação definida como o percentual de empresas que declararam implementar inovações tem apresentado na Mineração valores entre 17 e 24 Na Metalurgia que inclui a siderur gia e a metalurgia dos não ferrosos a taxa de inovação variou entre 31 e 41 no período A renúncia fiscal pela utilização da Lei do Bem aumentou nos últimos dois anos na Mineração e decresceu na Metalurgia Os resultados das tabelas merecem uma análise detalhada mas está fora do escopo desta Introdução Iniciativas governamentais do ano passado como o Plano Inova Empresa e a criação da Embrapii poderão contribuir para alavancar a inovação no setor mineral nos anos vindouros Embora se reconheça que grande parte das atividades inovativas não seja diretamente baseada em pesquisas científicas há muitas evidências de que as instituições públicas de PD têm papel chave no desenvolvimento de novas tecnologias e dessa maneira contribuem diretamente para as inovações de maior alcance É indubitável o impacto da colaboração entre universidades e instituições de PD com as indústrias como fator indutor da ação inovadora Assim é necessário estimular continuamente dentro das universidades e dos centros de pes quisa a lógica de que um de seus papéis é ajudar as empresas a produzir inovação No entanto PD é uma parte do processo de inovação que também envolve uma série de outras atividades Fatores sociais institucionais condições macroeconômicas satisfatórias e graus de heteroge neidade entre as estruturas produtivas também podem interferir no processo de inovação Não se deve esquecer que o conhecimento dos caminhos que levam ao saber útil revela se tão ou mais essencial que o saber em si Assim a informação é a chave de todo planeja mento previsão estratégia e decisão O fluxo e o intercâmbio de informações são indispensá veis para i melhorar a relação investimentosresultados inputsoutputs da PD bem como dos resultados empresariais outcomes advindos de relações cooperativas ii encorajar o estabelecimento de relações mais estreitas e profícuas entre empresas e instituições públicas de pesquisa aplicada e iii impulsionar a real transferência de conhecimentos do setor público para o privado Esperase que o lançamento deste livro com a exemplificação de uma gama de projetos tecnológicos geradores de inovações nas indústrias do setor mineral além de ser comemorativo dos 35 anos do CETEM sirva para reforçar sua atuação como uma instituição pública de CT e de PD e sobretudo disseminar o potencial e a competência técnica deste Centro na sua nobre missão de alavancagem de inovações tecnológicas em parceria com empresas e outras entidades do sistema de ciência e tecnologia no Brasil Carmen Lucia Branquinho Fernando Antonio Freitas Lins Jackson de Figueiredo Neto 9 ABDIAgência Brasileira de Desenvolvimento Industrial Sondagens de Inovação relatórios trimestrais disponíveis desde 2010 até o presente httpwwwabdicombrPaginassondagemaspx além dos relatórios das várias Sondagens realizadas estão dispo níveis no mesmo website Apresentação da Sondagem de Inovação com explicações sobre seus objetivos como é realizada a pesquisa o perfil das empresas entrevistadas Carta endereçada a CNI às Federações e Associações Empresariais Carta para as Empresas a serem entrevistadas Christian RAMMER Birgit ASCHHOFF Dirk CRASS Elisabeth BAIER Esther SCHRICKE Martin HUD Christian KÖHLER Bettina PETERS Paul HÜNERMUND T DOHERR Torben SCHUBERT Franz SCHWIEBACHER Innovationsverhalten der deutschen Wirtschaft Indikatorenbericht zur Innovationserhebung 20002012 ZEW Zentrum für Europäische Wirtschaftsforschung Mannheim Alemanha janeiro2013 httpwwwzewdedepublikationeninnovationserhebungenberichtephp3 Ariella Burali KOBAL José Carlos LÁZARO e Sandra Maria dos SANTOS O Perfil do Crescimento da Inovação Brasileira baseado em Indicadores segundo as Pesquisas Acadêmicas Revista Estudos do CEPE nº 36 p195 227 Santa Cruz do SulRS Brasil julhodezembro 2012 httpsonlineuniscbrseerindexphpcepearticleviewFile29542347 Thomas GSTRAUNTHALER and Liliana PROSKURYAKOV Enabling Innovation in Extractive Industries in Commodity Based Economies Innovation Management Policy Practice v 14 nº1 p1932 março2012 httpwwwreadperiodicalscom2012032701127131html Paulo MORCEIRO Lourenço FARIA Vinícius FORNARI e Rogério GOMES Por que Não Baixa Tecnologia In Anais do I Circuito de Debates Acadêmicos e II CODEConferência do Desenvolvimento realizada pelo IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Brasília D F Brasil 20 páginas novembro2011 httpwwwipeagovbrcode2011chamada2011pdfarea4area4artigo1pdf Claudio SCLIAR Fernando Antonio Freitas LINS Frederico Bedran OLIVEIRA et al coordenação Plano Nacional de Mineração 2030 MMEMinistério de Minas e Energia SGMSecretaria de Geologia Mineração e Transformação Mineral Brasília D F Brasil 170 páginas maio2011 httpwwwmmegovbrsgmgaleriasarquivosplanoduodecenalPlanoNacionaldeMineraxo2030 ConsultaPublica10NOVpdf André Tosi FURTADO Coordenador Inovação Tecnológica no Setor Empresarial Paulista uma Análise com Base nos Resultados da PINTEC In Indicadores de Ciência Tecnologia e Inovação em São Paulo 2010 FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Brasil ISBN 9788586956263 volume 2 capítulo 7 50 páginas janeiro2011 httpwwwfapespbr6479 CGEECentro de Gestão e Estudos Estratégicos Bases Conceituais em PD e Inovação Implicações para Políticas no Brasil supervisão de Antonio Carlos FILGUEIRA GALVÃO e Antonio Glauter TEÓFILO ROCHA com equipe de 8 consultores ISBN 9788560755271 Brasília DF Brasil 214 páginas 2010 httpwwwcgeeorgbrpublicacoesbasesconceituaisphp Guillermo ANLLÓ Diana SUÁREZ Jesica DE ANGELIS Indicadores de Innovación en América Latina Diez Años del Manual de Bogotá Notas Metodológicas capítulo 23 do relatório RICYT 51 páginas 2009 httpinnovacionricytorgfiles33Innovacionpdf REFERÊNCIAS 10 Gilberto Dias CALAES Consultor Análise Comparativa da Competitividade do Setor Mineral Nacional Relatório Técnico nº 06 da J Mendo Consultoria que integra o conjunto de Estudos para Elaboração do Plano Duodecenal 20102030 de Geologia Mineração e Transformação Mineral contratados pelo MMEMinistério de Minas e Energia 94 páginas junho2009 httpwwwmmegovbrsgmgaleriasarquivosplanoduodecenalestudoseconomiasetormineralP02RT06 AnxliseComparativadaCompetitividadedoSetorMineralNacionalpdf IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PINTECPesquisa de Inovação Tecnológica 2008 httpwwwpintecibgegovbr Paulo Antônio ZAWISLAK Contribuições para uma Medida Geral de Inovação trabalho apresentado no XXXII Encontro da ANPADAssociação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração Rio de Janeiro RJ Brasil 16 páginas setembro2008 httpwwwanpadorgbrdiversostrabalhosEnANPADenanpad2008GCT2008GCTBTC1pdf André Tosi FURTADO e Edilaine Venancio CAMILLLO A Contribuição do IBI para os Indicadores de Inovação em Empresas artigo publicado na ComCiênciaRevista Eletrônica de Jornalismo Científico março2008 httpwwwcomcienciabrcomcienciasection8id394printtrue IEDIInstituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial Indicadores de Ciência Tecnologia e Inovação 29 páginas São Paulo Brasil fevereiro2008 httpwwwiediorgbradminoripdf20080229ocdestipdf André Tosi FURTADO Ruy qUADROS Sabine RIGHETTI Edmundo INÁCIO JR Sílbia Angélica DOMINGUES e Edilaine Venancio CAMILLO IBIÍndice Brasil de Inovação Manual Informativo sobre o Procedimento de Adesão das Empresas resultado de um trabalho cooperativo entre o Instituto de Geociências o Departamento de Política Científica e Tecnológica e o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da UNICAMPUniversidade Estadual de Campinas 27 páginas outubro2007 httpwwwconhecimentoeinovacaocombribimanualibipdf OECDOrganization for Economic Cooperation and DevelopmentStatistics Extracts Standard Data and Metadata for OECD Countries and Selected NonMember Economies 19992007 httpstatsoecdorgIndexaspxDataSetCodeANBERDREV4 gastos em PD na indústria para 38 países Vladimir BRANDÃO Ada Cristina V GONÇALVES et al Carlos GANEM Diana JUNGMANN Eliane Menezes dos SANTOS e Marco Antonio Motta NUNES coordenação Brasil Inovador O Desafio Empreendedor 40 Histórias de Sucesso de Empresas que Investem em Inovação Livro comemorativo dos 40 Anos da FINEP ISBN 85 87257226 Brasília D F Brasil 164 páginas 2006 httpdownloadfinepgovbrdcombrasilinovadorpdf Garrett UPSTILL Peter HALL Changing Patterns of Innovation in the Minerals Industry An Australian Perspective on a Global Industry Resources Policy v 31 nº 3 p 137145 setembro2006 httpwwwciteulikeorgusermarkstickellsarticle9455494 somente resumo COCHILCOComisión Chilena del Cobre Desarrollo e Innovación Tecnológica Minera en América Latina Estudio de Casos relatório final de projeto financiado pelo IDRC Canadá 285 páginas abril2006 httpwebidrccauploadsuserS11514356691InformeCOCHILCOpdf Humberto Eduardo de PAULA MARTINS Rosângela Maria Ribeiro MUNIZ e Vitor Hugo Miro COUTO SILVA Indicadores de Ciência e Tecnologia e Projetos Regionais A Construção de um Banco de Dados no Triângulo Mineiro trabalho apresentado no XXIX Encontro da ANPADAssociação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração 14 páginas setembro2005 httpwwwanpadorgbrdiversostrabalhosEnANPADenanpad2005GCT2005GCTA1963pdf 11 CGEECentro de Gestão e Estudos Estratégicos Seminários Temáticos para a 3ª Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação Parceiras Estratégicas nº 20 p 9491156 junho2005 httpwwwcgeeorgbrarquivosp203pdf compilação de trabalhos Andrew SHARPE Olivier GUILBAUD Indicators of Innovation in Canadian Natural Resource Industries CSLS Centre for the Study of Living Standards Research Report nº 03 52 páginas maio2005 httpwwwcslscareportscsls200503pdf e o Anexo 1 em francês Annexe 1 Étude sélective de la documentation sur les indicateurs dinnovation 20 páginas em httpwwwcslscareportscsls200503fAppendix1pdf Rita de Cássia PINHEIROMACHADO Indicadores de Sucesso dos Investimentos em CT no Brasil Positivo ou Negativo tese de Doutorado no Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ Rio de Janeiro Brasil 2004 httpwwwdesenvolvimentogovbrarquivosdwnl1196789697ppt apresentação em Power Point com 69 slides ANPEIAssociação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras Estudos de Fundo A Indústria em Busca da Competitividade Global 2006 e Como Alavancar a Inovação Tecnológica nas Empresas 2004 São Paulo Brasil httpwwwanpeiorgbrpublicacoesestudos Sergio Luiz Monteiro SALLES FILHO e Solange Maria CORDER Reestruturação da Política de Ciência e Tecnologia e Mecanismos de Financiamento à Inovação Tecnológica no Brasil Cadernos de Estudos Avançados vol 1 p 3543 Rio de Janeiro Brasil 2003 Tirso W SÁENZ e Maria Carlota de SOUZA PAULA Considerações sobre Indicadores de Inovação para América Latina Interciencia v 27 nº 8 p 430437 Caracas Venezuela agosto2002 httpwwwscieloorgvescielophpscriptsciarttextpidS037818442002000800008lngesnrmiso Günter LANG Innovative Slowdown Productivity Reversal Estimating the Impact of RD on Technological Change Institut für Volkswirtschaftslehre Universität Augsburg Germany 23 páginas fevereiromarço2002 httpideasrepecorgpaugaugsbe0218html ou httpwebdocsubgwdgdeebookserienlmvwldiskussionsreihe218pdf Global Economics Ltd Mining Association of Canada Mining Innovation An Overview of Canadas Dynamic Technologically Advanced Mining Industry 58 páginas novembro2001 httpglobaleconomicscamininginnovationpdf Hernán Jaramillo SALAZAR Gustavo LUGONES y Mónica SALAZAR MANuAL DE BOGOTÁ Normalización de Indicadores de Innovación Tecnológica en América Latina y el Caribe elaborado como resultado de um projeto apoiado pela Organización de Estados Americanos OEA pela Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnología RICYT pelo Programa CYTED e pelo Departamento Administrativo de Ciencia Tecnología e Innovación de la República de Colombia COLCIENCIAS Colombia 102 páginas março2001 httpwwwmctgovbrupdblob002626035pdf Linsu KIM Richard R NELSON Technology Learning and Innovation Experiences of Newly Industrializing Economies Cambridge University Press USA ISBN 0521770033 14 páginas 2000 httpcatdirlocgovcatdirsamplescam03299040248pdf original em inglês e httpwwwinovacaounicampbrreportCIpreintropdf tradução para o português em 2005 OECDOrganisation for Economic CoOperation and Development European Commission EUROSTAT OSLO MANuAL The Measurement of Scientific and Technological Activities Proposed Guidelines for Collecting and Interpreting Technological Innovation Data 2nd edition Paris France 93 páginas 1997 httpwwwoecdorgscienceinno2367580pdf Brasil CMB Década de 80 14 Problema Desafio O Centro de Tecnologia Mineral CETEM foi inaugurado em abril de 1978 Logo após em junho do mesmo ano foi ini ciada uma das suas parcerias mais duradouras com a Casa da Moeda do Brasil CMB O presidente da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM Dr Ivan Barreto de Carvalho e o da Casa da Moeda do Brasil CMB Comte Nelson de Almeida Brum as sinaram em 06 de junho de 1978 um termo de cooperação vi sando a execução pelo CETEM do chamado Projeto Ouro Àquela época vivia o Brasil uma situação de inflação elevada Os empréstimos obtidos junto ao FMI eram garanti dos essencialmente por ouro que ficava depositado no ex terior Nessa mesma época a atividade extrativa de ouro pe las cooperativas de garimpeiros era significativa O governo brasileiro por meio da Caixa Econômica Federal passou a comprar ouro nas várias cooperativas tomando como base a cotação diária do metal na Bolsa de Metais de Londres LME London Metals Exchange para fazer as suas ofertas Essa me dida procurava evitar a evasão de divisas e o descaminho dos metais preciosos oriundos dessas fontes Assim ao tempo em que se passou a ter um controle maior sobre a produção de ouro dos garimpos foi aumentado o lastro garantidor dos empréstimos brasileiros tomados no exterior O acordo de cooperação firmado entre a CMB e o CETEM teve dois objetivos principais a saber i realizar um estudo de viabilidade técnica e econômica para implantar uma re finaria de metais preciosos em local a ser definido por esse Refino eletrolítico de ouro para a Casa da Moeda do Brasil junho1978 a dezembro1988 Pioneirismo no Brasil implantação de unidades industriais permitindo ao país o domínio das tecnologias de refino de ouro prata e metais do grupo da platina a Casa da Moeda foi acreditada com a chancela Good Delivery para seus produtos passando a competir no mercado internacional sem o deságio até então aplicado aos metais preciosos aqui produzidos 15 estudo ii realizar pesquisa e desenvolvimento de processos para dominar as tecnologias de refino de metais preciosos ouro prata e metais do grupo da platina Estratégia de Desenvolvimento Durante o primeiro ano do acordo de cooperação todas as ati vidades relativas ao estudo de viabilidade técnicaeconômica foram completadas Em agosto de 1979 foram iniciadas as atividades de desenvolvimento de processos em escala de bancada Essa etapa tinha como objetivo principal obter o do mínio tecnológico de todas as operações unitárias e processos inerentes ao refino dos metais preciosos O plano de trabalho previu que inicialmente fosse feito o estudo do refino eletrolítico de prata enquanto para o segundo ano estava prevista a realização da pesquisa e desenvolvimen to com foco no refino eletrolítico de ouro Em decorrência de decisões superiores do governo brasileiro a CMB solicitou ao CETEM que acelerasse as etapas do estudo de bancada Ainda em paralelo solicitou que fosse instalada no mais breve inter valo de tempo uma unidade de demonstração de refino eletrolí tico de prata nas suas instalações da Praça da República RJ A pesquisa e o desenvolvimento do refino eletrolítico de prata em escala de bancada foi realizada utilizando um planejamento estatístico de experimentos Nessa etapa foi avaliada a influência das principais variáveis do processo A partir dos resultados obtidos foi possível concluir sobre a influência dos parâmetros e limites do controle operacional das células de refino refletindo na qualidade do produto fi nal Foram definidos assim os parâmetros de refino a serem usados na unidade de demonstração Em novembro de 1979 após algumas adequações efetu adas em uma área de produção da CMB contígua à seção de fundição foi instalada a unidade de demonstração de refino eletrolítico de prata A escolha do local foi feita com base na avaliação das facilidades préexistentes nas áreas de produ ção Foi previsto ainda que o local escolhido pudesse abrigar uma unidade de demonstração de refino eletrolítico de ouro num futuro muito próximo A Figura 1 mostra a planta baixa esquemática da unida de de demonstração com destaque para as respectivas áreas nas quais se realizavam as operações unitárias vinculadas ao refino eletrolítico de prata e subsequentemente de ouro Responsáveis pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos e Luis Gonzaga S Sobral CETEM Roberto Ogando Barcia CMB EquIPE DO PROJETO CETEM Audemir Ferreira Pinto Jacinto Frangella Juliano Peres Barbosa in memoriam Luis Gonzaga Santos Sobral Marcus Granato Roberto Alfredo Paulo Roberto Cerrini Villas Bôas Supervisão Geral Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Casa da Moeda do Brasil Adir Dutra Delfim da Costa Laureano Luiz Rosa Sergio Grilo Telmo de Souza Teles Wilson Vinhas e vários técnicos fundidores e refinadores Alcimar Almir Alziro Antoniel Barbosa Deiginaldo Domingos Francisco Gerson João Carvalho Nilson Thomas e Umberto 16 A implantação da unidade de demons tração de refino de prata foi realizada com êxito A primeira célula de refino eletrolíti co de prata foi instalada em novembro de 1979 segundo um projeto do CETEM em acordo com o processo Moebius com capa cidade útil para conter 75 litros de eletró lito A produção dessa única célula entre novembro79 e janeiro80 correspondeu a 700 kg de prata de elevada pureza título 9999 ou 9999 Por decisão da CMB os produtos obti dos nessa fase na unidade de demonstração foram enviados para uma primeira avalia ção de conformidade pelos refinadores e fundidores credenciados na LMELondres e COMEXNova York Em razão dos bons resul tados obtidos nessa avaliação a CMB solici tou ao CETEM que a capacidade da unidade de demonstração fosse ampliada para atin gir a produção de 40 kgdia de bullions de prata eletrolítica de título 9999 A partir de fevereiro de 1980 entraram em operação duas outras células de refino da mesma forma resultantes de um novo projeto do CETEM com capacidade para 150 litros de eletrólito cada célula Nessa nova concepção ainda seguindo o processo Moebius foi modificada a configuração an terior Essa modificação aperfeiçoou a cir culação de eletrólito nas células e ainda a retirada dos depósitos de prata e da lama anódica resultante do refino normalmen te contendo ouro platina eou paládio A Figura 2 mostra de forma simplificada a sequência das operações unitárias pratica das na unidade de demonstração Após a ampliação da unidade de re fino de prata agora considerada como de capacidade préindustrial a CMB passou a produzir 2000 kgmês de prata eletrolítica título 9999 a partir dos estoques antigos mantidos nos cofres da CMB e no do Banco Central do Brasil BCB Uma vez tendo sido atendidas as ex pectativas da CMB no tocante ao refino eletrolítico da prata sendo os bons resul tados corroborados novamente pela LME eou COMEX foi acordado que a mesma me todologia de desenvolvimento seria adotada Figura 1 Planta baixa esquemática da unidade de demonstração de refino eletrolítico de prata e ouro da CMB 17 para o caso do refino de ouro A CMB de cidiu assim que essa era a oportunidade de se incluir o Brasil no mais curto espaço de tempo no seleto grupo de refinadores e fundidores de metais preciosos credencia dos pela LME eou pela COMEX Durante o ano de 1980 foram feitos em bancada os ensaios de refino eletrolítico de ouro também usando um planejamento estatístico de experimentos para avaliar a influência das variáveis do processo e es tabelecer os limites operacionais intrínse cos do refino Os resultados dos ensaios de bancada permitiram definir as condições operacionais do refino da unidade de de monstração Em seguida foram instaladas duas células de eletrólise cada qual com capacidade para 30 litros de eletrólito A capacidade do refino título 9999 foi pro jetada para 300 kg de ouromês a qual foi mantida até a instalação da refinaria da CMB no distrito industrial de Santa Cruz RJ A Figura 3 apresenta alguns dos resultados obtidos em escala de bancada ilustrando as condições de deposição que garantiriam a qualidade do produto final bullions ou lin gotes de título 9999 Figura 2 Diagrama de blocos simplificado das operações unitárias da unidade de refino eletrolítico de prata e ouro da CMB 1979 1982 18 Além disso foi mantida pelo CETEM assistência técnica constante à unidade de refino de prata na CMB Nessa mesma época entretanto foi dado início a uma busca no país de fornecedores habilitados a suprir al guns dos materiais e equipamentos que com poriam a unidade de demonstração de refino de ouro e a futura instalação industrial Em meados de 1980 as novas insta lações fabris da CMB no distrito industrial de Santa Cruz começaram a ser ocupadas Uma nova decisão foi tomada no sentido de que a unidade industrial de refino de metais preciosos seria lá instalada Em de corrência foi acordado que a unidade de demonstração da Praça da República ser viria de base para a preparação do projeto industrial Os técnicos do CETEM então prepararam o projeto conceitual básico da unidade industrial contemplando ainda a especificação de todos os equipamen tos e materiais assim como os protocolos dos métodos e procedimentos operacionais compatíveis com as melhores tecnologias de refino de metais preciosos Entre 1980 e 1982 foram desenvol vidos e otimizados todos os protocolos de procedimentos processos e técnicas perti nentes ao refino de metais preciosos sob a condução e participação efetiva dos técni cos do CETEM e da CMB Ao tempo em que se desenvolviam essas atividades os pro fissionais da CMB selecionados para fazer parte do Projeto Ouro eram treinados na re finaria industrial Em 1982 foi inaugurada a nova refi naria de metais preciosos com capacidade para refino eletrolítico de até 6000 kgano de ouro e 3000 kgano de prata As prin cipais áreas da nova planta industrial e as suas respectivas seções contemplavam Área de segurança recepção e identificação totalmente aparelhada para garantir a inte gridade operacional na planta e física dos operadores Área dos vestiários e área de troca de roupa a partir da qual se obrigavam todos a usar a paramentação eou os EPIs Equipamentos de Proteção Individual destinados à perma nência eou ingresso nas áreas operacionais Salas de refino eletrolítico de ouro dotada de células de prérefino e de refino ambas com capacidade para 30 litros de eletrólito processo Wohlwill de célula de preparo de solução eletrólito 30 litros de capacidade da área dos tanques de lavagem dos cato dos e de desplacamento dos depósitos de ouro área de recuperação de anodos e de eletrólito gasto Sala de refino eletrolítico de prata células de refino de prata processo Moebius com capacidade para 100 litros de eletrólito Figura 3 Fotos de depósitos obtidos em escala de bancada a típicos de ouro eletrodepositado no catodo após desplacamento e b conforme depositado no catodo 19 cada células e reatores de preparo de so lução eletrólito da área dos tanques de la vagem dos catodos e de desplacamento dos depósitos de prata área de recuperação de anodos e de eletrólito gasto Sala de limpeza e de montagem de barra mentos área com bancadas de trabalho dotadas de ferramental adequadas para a montagem dos skids com rodízio para transporte dos barramentos limpos para as células das salas de eletrorrefino de ouro e prata Sala de fundição dotada de fornos a óleo e de indução que foi subdividida em qua tro áreas a saber fundição de recebimento e reprocessamento fundição de moldagem de anodos fundição de produtos acabados barras bullions eou lingotes e fundição de recuperação de cadinhos e escórias Essas operações eram separadas e realizadas nas diferentes linhas de produção isto é uma linha para ouro outra para prata e a tercei ra para os metais do grupo da platina As subáreas continham ainda mesas de tra balho para marcação e amostragem de bar ras mesas de vazamento tanto de anodos como dos catodos que formariam as barras bullions e lingotes assim como balança de prato e de precisão para pesar as granalhas dos metais em acordo com as exigências para o peso das barrasbullions eou lingotes que seriam os produtos finais Sala de prérefino pirometalúrgico processo Miller área de produção destacada das de mais quanto às condições de segurança ambiental e ocupacional requeridas tendo em vista as condições agressivas durante as operações de prérefino por cloretação de ouro impuro Sala de recuperação de metais do grupo da platina MGPs dotada de um conjunto de reatores dispostos em cascata assim como de bancadas capelas e ainda sistemas de exaustão localizados e móveis destinados a garantir condições seguras durante a recu peração e refino das lamas anódicas resul tantes do refino de ouro e prata as quais contem os MGPs Sala cofre local dotado de cofre destinado a guardar todo o estoque de metal precioso em circulação ou em regime de processamento na unidade mediante a sua separação em locais compartimentados e identificados Sala de recepção de material área contígua à da sala cofre destinada à identificação catalogação e controle da movimentação dos materiais a serem processados assim como de produtos coprodutos e subprodutos re sultantes da produção Laboratório área totalmente dotada com instrumental para proceder ao controle ana lítico específico dos produtos coprodutos e subprodutos da unidade de refino Entre 1982 e 1985 a Casa da Moeda do Brasil ainda contando com a assessoria do CETEM se submeteu às auditorias for mais realizadas pela LME e pela COMEX para obter sua acreditação Como refinadora de metais preciosos a CMB deveria atender exigências entre as quais destacamse comprovar uma determinada capacidade anual de refino não necessariamente na sua totalidade constando de produtos com a qualidade Good Delivery GD ter refinado e ter demonstrado previamen te ao pedido formal de inclusão na lista de refinadoresfundidores a capacidade para 20 produzir barras bullions e lingotes compa tíveis com os produtos chancelados como Good Delivery GD ter um patrimônio líquido capaz de aten der às exigências da LMECOMEX Além desses itens que de certa forma avaliavam a estabilidade patrimonial da ins tituição pretendente ainda se fazia neces sário atender a alguns critérios de avaliação técnica quanto aos produtos refinados Essa avaliação técnica incluía as condições in trinsecamente relacionadas à aparência e acabamento das barrasbullions eou lin gotes bem como aquelas que diziam res peito às especificações das barrasbullions de ouro e prata relacionadas no quadro a seguir As operações de refino implantadas tanto na unidade de demonstração como na unidade industrial usaram os resultados obtidos na escala de bancada como refe rência Dessa forma foi possível reproduzir e otimizar alguns dos parâmetros opera cionais garantindo a reprodutibilidade da qualidade dos produtos tanto em termos de pureza quanto em aparência e acabamento das barras eou lingotes A Figura 4 mostra uma das propostas apresentada pelo CETEM à CMB para os modelos que resultaram na configuração fi nal dos bullions e lingotes de ouro refinados de modo a atender aos critérios de aceitação da LME eou COMEX Especificações de barrasbullions de ouro e prata para atendimento aos requisitos de produtos GD BARRA BuLLIONS OuRO BARRA BuLLIONS PRATA Peso Peso Mínimo 300 oz 109 kg Máximo 430 oz 134 kg Mínimo 750 oz 23 kg Máximo 1100 oz 34 kg Ideal 900 1050 oz 29 33 kg Dimensões Dimensões Comprimento 250 40 mm rebaixo Alívio Angulação 5 25o Comprimento 300 50 mm rebaixo Alívio Angulação 5 15o Largura 70 15 mm rebaixo Alívio Angulação 5 25o Largura 130 20 mm rebaixo Alívio Angulação 5 15o Altura 35 10 mm rebaixo Altura 80 20 mm rebaixo Pureza título 9950 99991000 Pureza título 9950 99991000 Marcas Número de série Selo da refinaria Ano de fabricação Marcas Número de série Selo da refinaria Ano de fabricação Pureza a ser indicada com 4 algarismos significativos Pureza a ser indicada com 4 algarismos significativos 21 Figura 4 Modelos ilustrativos de bullion de 400 onças troy 1134 kg e de lingote de 1000 g de ouro refinado elaborados pelo CETEM e submetidos à aprovação da CMB em acordo com a normatização da LME e da COMEX Resultados Com base nos estudos efetuados nas esca las de bancada e na unidade de demonstra ção foi possível definir e implantar em escala industrial uma unidade de refino de metais preciosos na CMB no distrito industrial de Santa Cruz RJ com capacidade para refinar eletroliticamente até 6000 kgano de ouro título 9999 assim como até 3000 kgano de prata título 9999 A unidade industrial contemplou ainda a instalação de uma seção de recuperação e refino químico de metais do grupo da pla tina título 9900 com capacidade de refi nar até 300 kgano Foi comprovada internacionalmente a ca pacitação técnica da CMB para refinar fundir e analisar metais preciosos mediante sua acre ditação como fornecedora de produtos Good Delivery em 1985 concedida pela COMEX Benefícios do Projeto A parceria de longo prazo entre o CETEM e a CMB não somente possibilitou a implanta ção das unidades industriais de refino de me tais preciosos mas principalmente permitiu ao Brasil dominar as tecnologias de refino desses metais qualificando pessoal insta lações e laboratórios ao nível internacional num cenário à época dominado por não mais que 15 países dos continentes euro peu norteamericano e asiático O fato de ter a CMB obtido a chancela de Good Delivery para seus produtos Ag Au e MGP eliminou a dependência de ter que submetêlos a novas etapas de reprocessa mento e reanálise evitando a aplicação de um deságio relativo à diferença entre a cota ção do metal e o valor creditado às reservas do Brasil e aos seus produtos 22 Problema Desafio A empresa Paulo Abib Engenharia já havia proposto rotas para processamento dos minérios sulfetados de chumbo e zinco provenientes do Município de Paracatu MG As alternativas de processo para enriquecimento do chumbo na galena PbS e do zinco na blenda ou esfalerita ZnS necessitavam ser rea valiadas para obtenção de melhores rendimentos dos metais Contratado pela Mineração Morro Agudo SA que na época era titular dos direitos para exploração dos minérios o CETEM conduziu estudos de remoagem das partículas mis tas de chumbo e zinco a fim de confirmar os parâmetros de um dos processos recomendados pela empresa Paulo Abib e caso necessário introduzir modificações para sua melhoria de modo a orientar a mineradora na elaboração definitiva do projeto industrial de aproveitamento do minério complexo de Paracatu a baixo custo e com rendimentos satisfatórios O principal desafio foi o desenvolvimento de um pro cesso de concentração desse minério sulfetado de chumbo e zinco através de flotação Estratégia de Desenvolvimento Inicialmente em escala de bancada o minério foi preparado operações de quarteamento britagem e moagem para sua caracterização tecnológica Várias técnicas foram empregadas na caracterização análise química seguida de determinação estequiométrica da composição mineralógica análise granu lométrica com estudo de liberação dos sulfetos difração de raiosX avaliação do gradiente de densidade espectrografia Flotação do minério sulfetado de zinco e chumbo de Paracatu MG janeiro1980 a janeiro1982 Modificação de rotas de processamento dos minérios permitiu recuperar chumbo no concentrado de galena e zinco no concentrado de blenda com rendimentos superiores ao esperado a unidade industrial da Mineração Morro Agudo hoje pertencente à Votorantim Metais continua em pleno funcionamento 23 de emissão e microscopia ótica Na sequência foram reali zados ensaios de lixiviação especificamente para avaliar a oxidação da blenda e alguns ensaios de flotação técnica muito empregada na separação diferencial de misturas de partículas minerais Em escala piloto o trabalho consistiu de testes de mo agem classificação remoagem e flotação No primeiro pro grama de experimentos para enriquecimento dos metais con seguiuse alcançar 80 de recuperação para o chumbo no circuito da galena e 47 para o zinco circuito da blenda Para melhoria do processo de flotação inicialmente propos to e com base nos estudos de liberação dos sulfetos e nas análises granulométricas do overflow do classificador e dos concentrados obtidos nas células recuperadoras scavenger verificouse que modificações deveriam ser feitas como por exemplo no circuito da galena i eliminação da remoagem dos mistos ii eliminação do segundo conjunto de células scavenger iii aumento do tempo de flotação no primeiro conjunto de células cleaner retornando o rejeito desse cleaner e o concentrado do scavenger para a célula rougher que recebe a carga de polpa do classificador para obtenção do concentrado primário iv caso isso não satisfizesse para aumentar o rendimento de recuperação de chumbo mais um conjunto de células de limpeza cleaner poderia ser intro duzido no processo no circuito da blenda primeiramente foi eliminado o circuito de células rougher na flotação mas após estudo de liberação no overflow do hidrociclone no concentrado scavenger e no rejeito do primeiro conjunto de células cleaner e ten do sido constatado que a blenda estava suficientemente li berada decidiuse reutilizar as células rougher e nelas re circular os produtos do concentrado scavenger e do rejeito cleaner Essas foram algumas dentre muitas outras alterações substanciais efetuadas Após otimização da flotação dife rencial em escala piloto foram realizados ensaios comple mentares para a obtenção dos parâmetros de espessamento filtragem e remoagem indispensáveis ao dimensionamento Responsáveis pelas Informações Francisco Wilson Hollanda Vidal Adão Benvindo da Luz EquIPE DO PROJETO CETEM Antônio Carlos Salgado Antônio Odilon da Silva Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Franz Xaver Horn Filho Geraldo Donizetti F Oliveira Hedda Vargas Figueira José Auri de Aquino José Roberto Codeço Marques Juan Carlos F Almeida Marcelo Mariz da Veiga Ney Hamilton Porphirio Ronaldo Moreira Horta 24 de equipamentos moinhos espessadores e filtros a serem empregados no circuito industrial Resultados Com base nos inúmeros testes e modifica ções em etapas de processamento piloto e partindose de um minério sulfetado com 21 Pb e 44 Zn foi possível obter i um concentrado de galena com 436 Pb e 83 Zn o que equivale a uma re cuperação total de 874 de Pb ii um concentrado de blenda com 440 Zn e 10 Pb com recuperação de 763 de Zn Posteriormente nos testes com um mi nério sulfetado da mesma jazida mas com diferente composição química 36 Pb e 57 Zn foi possível obter concentrados de até 53 Pb e 78 Zn chegandose à recuperação total de 891 de chumbo Esses resultados confirmaram a viabilidade técnica de se produzir por flotação concen trados de chumbo e zinco com rendimentos superiores ao esperado Foi elaborado o fluxograma Figura 1 incluindo os balanços de massa e metalúr gico das principais operações do processo Foram indicados todos os reagentes a serem usados no processo de flotação com todos os parâmetros vazão mássica e percenta gem de sólidos vazão mássica e vazão vo lumétrica de polpas teores de Pb e Zn e quantidade de água em cada etapa do pro cesso necessários ao dimensionamento de planta industrial Benefícios do Projeto A partir dos resultados apresentados pelo CETEM a mineradora Morro Agudo contra tou uma empresa de engenharia para ela boração do projeto de detalhamento para ampliação de escala implantando a se guir uma unidade industrial no município de Paracatu MG para produção de con centrado de Pb e Zn Essa unidade ainda encontrase em pleno funcionamento mes mo após a empresa Votorantim Metais ter assumido em 1988 o controle total da Mineração Morro Agudo SA 25 Figura 1 Fluxograma para concentração do minério sulfetado de chumbo e zinco da Mineração Morro Agudo 26 Problema Desafio No início da década de 80 o cobre metálico e seus concen trados sulfetados constituíram depois do petróleo o segundo ítem mais importante da nossa pauta de importações alcan çando cerca de 11 bilhão de dólares Face a essa situação de extrema dependência de fontes externas de abastecimento o CETEM iniciou estudos e um amplo programa de prospecção dos depósitos existentes visando o aproveitamento de ocorrên cias principalmente de minérios sulfetados Em 1978 foram levadas em consideração seis importantes regiões cupríferas localizadas nos estados do Pará São Paulo Goiás Ceará Rio Grande do Sul e Bahia Durante esse levanta mento foram descartadas as jazidas que apresentavam pesqui sa geológica incipiente desinteresse dos detentores e aquelas já em fase de pesquisa geológica e estudos de viabilidade em estágio avançado Alternativamente o CETEM dirigiu sua aten ção para os estados do Rio Grande do Sul e da Bahia e neste último principalmente a região cuprífera do Vale do Curaçá Nas atividades preliminares realizadas pelo CETEM em escala de bancada foram estudados os minérios ocorrentes nas reservas de Volta Grande e Cerro dos Martins ambas no Rio Grande do Sul No estado da Bahia os pequenos depósitos de minério sulfetado existentes no Vale do Curaçá e mais especificamente em Lagoa da Mina Cercado Velho Angico e Surubim todos de propriedade da Caraíba Metais não apresentavam na ocasião condições de exploração econômica em função da inexistência da infraestrutura necessária à implantação das instalações de Produção de cobre eletrolítico de elevada pureza por via hidrometalúrgica janeiro1981 a janeiro1983 Cobre de elevada pureza foi produzido para a Mineração Caraíba com redução da quantidade de resíduos do processo metalúrgico e com o uso da água de lavagem dos gases como agente lixiviante 27 beneficiamento mesmo considerandose o uso de uma unidade centralizada visando o atendimento desses depósitos Em busca de alternativa nessa região optouse por dar ênfase à melhoria da exploração dos recursos minerais exis tentes na mina da Caraíba Localizada no distrito de Pilar município de Jaguarari BA distando cerca de 600 km de Salvador essa mina representava uma importante reserva bra sileira de minério sulfetado de cobre e dispunha de instala ções completas para o beneficiamento do minério sulfetado e produção do concentrado de cobre destinado ao abastecimen to da usina metalúrgica de Camaçari A mina Caraíba além dessa reserva de sulfeto menciona da apresentava um capeamento contendo cerca de 120 mi lhões de toneladas do minério sulfetado de cobre de baixo teor minério marginal com teor entre 01 a 04 de Cu e de 4 milhões de toneladas do minério oxidado de cobre com 09 de Cu Era necessária a remoção desses materiais para permitir a exploração da mina principal Tendo em vista que esses materiais seriam obrigatoriamen te removidos do capeamento da mina sua manipulação não envolveria custos adicionais e o seu preparo granulométrico po deria ser realizado na mesma unidade de beneficiamento exis tente e capacitada para o atendimento dessa demanda O desafio estava na definição de rotas tecnológicas alter nativas voltadas ao aproveitamento do material decapeado e já removido constituído dos minérios oxidado de cobre e sulfeta do marginal com baixo teor de Cu Estratégia de Desenvolvimento Na primeira etapa do projeto o CETEM usou recursos próprios e iniciou pesquisas a nível de laboratório em duas frentes uma voltada ao aproveitamento do minério sulfetado de cobre de bai xo teor e outra para a recuperação do cobre contido no minério oxidado de cobre principalmente na matriz da malaquita Para o minério sulfetado de baixo teor minério marginal o CETEM desenvolveu já em 1982 um estudo biotecnológico bastante abrangente baseado em tecnologia de biolixiviação com emprego das bactérias thiobacillus ferroxidans em meio ácido As características morfológicas do minério principal mente baixa porosidade e elevada dureza conduziram a uma reduzida recuperação de cobre mesmo em ensaios de lixiviação com longo tempo de duração Responsáveis pelas Informações Ivan Ondino de Carvalho Masson Vicente Paulo de Souza EquIPE DO PROJETO em suas várias fases CETEM Ivan Ondino de Carvalho Masson Jorge Antonio Pinto de Moura José Augusto Simões de Araujo Juliano Peres Barbosa Coordenação Técnica in memoriam Luis Gonzaga Santos Sobral Marisa Nascimento Ney Hamilton Porphirio Paulo Sérgio Moreira Soares Roberto Cerrini Villas Boas Ronaldo Luiz Correa dos Santos Roosevelt de Almeida Ribeiro Vicente Paulo de Souza Mineração Caraíba Carlos Eduardo Pereira Supervisão Claudimiro Gonçalves Lima José Volnei Prudente Laerte Nascimento da Conceição Luis Daniel Moreira Reinaldo Malta 28 No caso do minério oxidado de cobre em compensação excelentes resultados foram obtidos nos estudos de definição da rota alternativa de recuperação O principal mineral portador do cobre era a malaquita suscetível ao emprego de rotas hidrometa lúrgicas de processamento diferentemente daquelas aplicadas aos minérios sulfetados Os primeiros experimentos em es cala de bancada indicaram a viabilidade do emprego de rota hidrometalúrgica inte grando operações de lixiviação de extração por solvente e de eletrólise compondo as sim um circuito praticamente fechado no qual os fluxos das saídas do circuito eram recirculados As diversas publicações téc nicas divulgando os resultados obtidos fo ram apresentadas em eventos permitindo a aproximação entre o CETEM e o setor produ tivo culminando por estabelecer um projeto de cooperação técnica entre o CETEM e a Mineração Caraíba detentora dos direitos de lavra da mina Caraíba No âmbito dessa cooperação reali zada com o aporte financeiro da Caraíba Mineração o CETEM propôs a implantação e operação de uma instalação hidrometalúr gica destinada ao processamento em meio sulfúrico do minério oxidado em escala pi loto e regime de operação contínua envol vendo as seguintes etapas lixiviação em pilhas para obtenção de li cor sulfúrico contendo cobre e impurezas extração por solventes para purificação e concentração do sulfato de cobre eletrodeposição para obtenção de cobre metálico com grau de pureza eletrolítica no próprio local da mineração Em busca de aprofundar o conheci mento operacional do funcionamento des se processo hidrometalúrgico considerado pioneiro para a mínerometalurgia brasilei ra devido à integração dos diversos equi líbrios químicometalúrgico envolvidos nas diferentes operações unitárias foi realizado um programa de visitas técnicas a diversos órgãos governamentais e privados bem como a instalações industriais nos dois prin cipais países produtores de cobre na América do Sul No Chile houve troca de experiên cias com equipes do Centro de Investigación Minera y Metalurgica CIMM da Comissão Chilena del Cobre CODELCO na sede e na Divisão de Chuquicamata da Cytec Chile Ltda pertencente à empresa americana Acorga Ltd da Empresa Minera de Mantos Blancos SA da Empresa Nacional de Minería ENAMI Las Ventanas da Henkel Corporation da Pontificia Universidad Catolica de Valparaiso e da Sociedad Minera Pudahuel Ltda No Peru foram visitadas a Mina de Cerro Verde hoje pertencente à empresa americana FreeportMcMoran Copper Gold e quatro unidades operacio nais Cerro de Pasco La Oroya Morococha e Toromocho da Empresa Minera del Centro del Peru SA CENTROMIN na época era estatal e hoje está privatizada O conhecimento operacional das técni cas empregadas principalmente de extra ção por solvente aplicada a licores contendo metais não ferrosos ainda desconhecida no Brasil à época da realização deste projeto foi de vital importância e confirmou ser pos sível a implantação do ambicionado proces so hidrometalúrgico integrado no próprio lo cal da mineração Para a execução dos trabalhos de pes quisa primeiramente promoveuse a im plantação do projeto no campo da minerado ra Selecionouse uma área próxima ao local em que se encontrava o britador primário a qual apresentava uma leve declividade que 29 facilitaria o fluxo do licor de lixiviação para os tanques de armazenamento Nessa área foi realizado um conjunto de obras civis que incluíram i a constru ção de um galpão para abrigar as unidades de extração por solvente e de eletrorrecupe ração ii a preparação especial de um pátio com 400 m2 para alocar a pilha de minério destinada à lixiviação Esse pátio foi inicial mente compactado depois impermeabiliza do com uma camada de asfalto e revestido com mantas plásticas dessa forma man tendose resistente à movimentação de pás carregadeiras durante a confecção da pilha Foram preparadas também duas áreas uma para colocação de doze colunas de lixi viação secundária com dimensões de 50 cm de diâmetro e 40 m de altura e outra para o assentamento do tanque com 200 litros de ácido sulfúrico concentrado ambas im permeabilizadas para suportar eventual va zamento de produtos ácidos A pilha de lixiviação continha 2000 to neladas de minério britado a 20 508 mm tendo sido erguida com o emprego de pá carregadeira e tomadas as devidas precau ções para se evitar compactação do leito da pilha Paralelamente à montagem dessa pi lha ergueuse uma pilha auxiliar destinada a suprir a alimentação dos testes de lixivia ção em colunas para previsão do compor tamento da pilha principal Durante os testes de lixiviação foram quantificadas as variações dos seguintes parâmetros taxa de empacotamento da pi lha permeabilidade do leito concentração inicial e taxa de aplicação de lixiviante re tenção de líquido no leito tempo de esgo tamento relação ácidominério e eficiência de recuperação do cobre Ainda nesse pátio construiuse três reservatórios de concreto revestidos com resina um reservatório para recolhimento do licor com capacidade nominal de 470 m3 e dois outros reservatórios cada qual com capacidade nominal de 250 m3 respectiva mente para recolhimento de solução esgo tada proveniente da extração por solvente rafinado e para homogeneização da solu ção de lixiviação destinada a alimentar o cir cuito de extração por solvente Os circuitos contínuos de extração por solvente montados no interior do galpão eram constituídos por duas linhas contendo cada uma quatro células de extração com pondo assim quatro estágios sendo dois de extração e dois de reextração Cada es tágio tinha a capacidade nominal total de 140 litros de solução As duas linhas ope ravam simultaneamente uma com o extra tante LIX 64N e a outra com o extratante ACORGA PT 5050 Diversos tipos de confi gurações de circuitos foram testados envol vendo principalmente a recirculação das fases aquosa e orgânica A operação do circuito permitiu avaliar o comportamento das configurações testa das quanto à eficiência de recuperação de cobre à estabilidade química dos extratan tes em relação às perdas por degradação à cinética de separação à tendência para formação de borras crud além de per mitir que se testasse o comportamento dos diversos materiais empregados na unidade piloto e principalmente que se forneces se treinamento técnico à equipe da Caraíba Mineração que estaria engajada nessa atividade Na etapa de eletrorrecuperação em escala piloto empregouse um circuito composto por 4 células de eletrólise das quais uma com capacidade de 250 litros de eletrólito e 20 catodos de aço inox 316 destinavase à fabricação das placas de 30 partida starting sheets e as outras três cada qual com capacidade de 150 litros e 21 anodos de chumbo fabricavam o catodo propriamente dito Foram avaliados vários parâmetros operacionais dentre os quais cabe destacar a eficiência de corrente a morfologia dos depósitos o efeito das im purezas contidas o efeito da variação de temperatura e a pureza do cobre metálico produzido Resultados O período dedicado ao desenvolvimento ex perimental piloto permitiu avaliar o empre go de diferentes concepções de circuitos e a variação dos parâmetros influentes sobre o desempenho do processo A busca contínua pela otimização des se processo propiciou a obtenção de valores excepcionais de recuperação de cobre até superiores àqueles praticados em instala ções operantes em outros países As recu perações obtidas nas etapas do processo de senvolvido pelo CETEM foram as seguintes Lixiviação em pilha 650 Extração por solvente 990 de recu peração por estágio Eletrólise 9998 de pureza do cobre Benefícios do Projeto As operações unitárias desenvolvidas em escala piloto e em regime contínuo resul taram num feito pioneiro e num processo hidrometalúrgico inovador para produção de cobre eletrolítico de elevada pureza pela primeira vez no Brasil Ao final deste pro jeto 1983 foram ainda levantados pelo CETEM os custos de produção do cobre metálico e os parâmetros essenciais para dimensionamento do processo industrial o qual encontrase implantado e produzindo cobre metálico na própria mineração até os dias de hoje Após atualização dos custos operacio nais a Mineração Caraíba decidiu investir 6 milhões de dólares para colocar em opera ção sua unidade industrial de processamen to do minério oxidado prevendo produção de 5 mil toneladasano de cobre catódico Essa unidade hoje em plena operação foi implantada em 2006 e teve sua operação iniciada em 2008 a um custo operacional bastante reduzido 1500 dólares por tone lada de cobre eletrolítico produzido que correspondeu à introdução somente das etapas de lixiviação extração por solvente e eletrodeposição Há de se registrar também que a ope ração dessa planta industrial tornouse eco nomicamente viável a partir dos estudos complementares realizados pelo CETEM no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006 na própria mineradora O proje to além de pioneiro introduziu mais uma inovação nunca antes utilizada em plantas semelhantes nesse setor o uso da água de lavagem dos gases da metalurgia do cobre como agente lixiviante Essa água é produ zida nas instalações da Caraíba Metais em Camaçari BA durante a lavagem dos gases gerados na fusão do concentrado de cobre 31 e encaminhada para a planta de ácido sul fúrico para abatimento do gás SO2 gerando um efluente contendo em média 12 de ácido sulfúrico livre Essa corrente antes da implantação do projeto do minério oxidado na Mineração Caraíba era enviada para uma planta de tratamento de efluentes e neutra lizada gerando uma enorme quantidade de resíduo a ser estocado e aumentando con sequentemente o custo de produção na me talurgia Com o processamento do minério oxidado essa corrente contendo ácido sul fúrico livre é concentrada a níveis de 42 de H2SO4 e transportada para a Mineração Caraíba em Jaguarari BA para uso como agente lixiviante na lixiviação em pilhas O desenvolvimento do projeto oxidado além de inovar com o uso da água ácida contribuiu para resolver o problema ambien tal ocasionado pela produção de resíduo e melhorar os custos de produção do cobre metálico tanto da Caraíba Metais como da Mineração Caraíba 32 Problema Desafio Esse projeto foi contratado pela Paulo Abib Andery SA vi sando a recuperação de diamante em cascalho diamantífero proveniente da empresa Camargo Corrêa localizada no esta do de Mato Grosso O processo desenvolvido no CETEM demonstrou sua via bilidade técnica para concentrar diamantes através de meio denso usando o separador denominado DWPDynawhirlpool único em escala piloto existente no país e instalado no CETEM à época de realização do projeto Estratégia de Desenvolvimento Foram enviadas ao CETEM pela Camargo Corrêa 2 duas toneladas de cascalho diamantífero Parte dessa amostra 83 era constituída de um cascalho mais argiloso averme lhado sendo o restante da amostra 17 representado por um cascalho menos argiloso amarelado O material recebido foi classificado a úmido em peneira com tela de 095 mm de abertura A fração abaixo desta granulometria foi descartada de forma a não contaminar o meio denso à base de ferro silício usado no DWP A fração acima de 095 mm mistura de cascalhos avermelhados e amarelados foi homogeneizada em pilha triangular e desta foram retiradas amostras para os ensaios com o DWP e para análise granulométrica Sabese que na pesquisa mineral para descoberta de depósitos de diamante usase como principal ferramenta a prospecção geoquímica dos seus minerais satélites ou in dicadores granada ilmenita cromita cromodiopsídio Concentração de diamantes através de Dynawhirlpool março1981 a agosto1981 Comprovada a viabilidade técnica de 100 na recuperação dos diamantes contidos no cascalho diamantífero da Mineração Morro Vermelho empresa do Grupo Camargo Corrêa em Mato Grosso 33 mediante a coleta sistemática em amostras de sedimento cor rente na rede de drenagem da área ou de solos em malha re gular estabelecida Como o diamante ocorre no minério quer seja aluvionar ou primário em concentrações muito baixas quilatestonelada era muito provável que não se encontras se diamante na amostra de 2 duas toneladas de cascalho diamantífero após seu processamento no DWP Figura 1 Responsável pelas Informações Adão Benvindo da Luz EquIPE DO PROJETO CETEM Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica Figura 1 Separador Dynawhirlpool DWP Um circuito típico de separação em meio denso utili zando o DWP é mostrado na Figura 2 Os produtos leves e pesados que deixam o equipamento de separação passam separadamente por peneiras curvas DSM A de drenagem do meio denso e peneiras horizontais divididas em duas partes onde a primeira B é ainda para drenagem do meio denso Cerca de 90 do meio denso é recuperado nessas duas par tes A e B e bombeado de volta ao circuito Na segunda parte da peneira horizontal C é onde se processa a lavagem dos produtos que é feita com água sob pressão spray para a retirada de partículas finas de meio denso e de minério que ficam aderidas nos produtos de separação Como estratégia para concentração do diamante foram desenvolvidas duas linhas de ensaio com o DWP i ensaios sem adição de diamantes industriais e ii ensaios com adição de diamantes industriais 34 grande ocorrência dos minerais satélites do diamante Na etapa seguinte foram realizados dois ensaios com adição de diamantes in dustriais de formas e tamanhos diferentes No primeiro ensaio 20 diamantes foram adicionados ao cascalho diamantífero sen do a densidade do meio de 245 gcm3 e a pressão de alimentação de 8 psi Após bate amento do afundado verificouse que todos os 20 diamantes estavam no concentrado produto afundado mas a massa de con centrado foi considerada ainda relativamen te alta 414 No segundo ensaio realiza do com a densidade do meio de 260 gcm3 e pressão de alimentação de 9 psi foram adicionados 31 diamantes industriais sen do que todos migraram para o afundado produto final Nessa operação a massa de Figura 2 Circuito de separação em meio denso com o DWP Os ensaios usando o cascalho diaman tífero sem adição de diamantes tiveram como objetivo ajustar as condições opera cionais do DWP densidade do meio den so pressão de alimentação e inclinação do DWP e o próprio circuito do DWP de forma a se obter uma massa de material afundado concentrado em torno de 2 em peso em relação à alimentação do equipamento Se esse concentrado obtido contives se grande parte dos minerais satélites de diamante contidos no cascalho seria uma forte indicação da provável ocorrência de diamantes no material afundado concentra do quando fossem adicionados diamantes ao cascalho Dentre os ensaios realizados ainda sem adição de diamantes naquele que apresentou uma recuperação em mas sa de 2 no concentrado constatouse uma 35 produto afundado 142 foi considerada excelente já que atendeu a meta prevista de até 2 Resultados Os testes realizados pelo CETEM em esca la piloto através de meio denso usando o DWP de 6 demonstraram a viabilidade téc nica de concentração do diamante contido no cascalho diamantífero de Mato Grosso para as seguintes condições de processo densidade do ferrosilício amostra tam bém fornecida pela Paulo Abib Andery SA 701 gcm3 análise química Fe 7660 e Si 1475 análise granulométrica do FeSi 100 65 9976 100 9884 150 e 9319 200 densidade do meio 26 gcm3 pressão de alimentação 9 psi inclinação do DWP 25 O rendimento do processo na recupe ração dos diamantes foi de 100 pois to dos os diamantes adicionados ao cascalho foram recuperados no concentrado produto afundado com descarte de massa no flu tuado cascalho sem diamante de 9858 Benefício do Projeto A partir dos resultados a Camargo Corrêa contratou a Paulo Abib Andery SA para elaboração de projeto básicodetalhamento implantando a seguir uma unidade indus trial em Mato Grosso através da Mineração Morro Vermelho para produzir diaman tes usando o processo desenvolvido pelo CETEM de concentração de diamantes em meio denso através do DynawhirlpoolDWP 36 Transferência de tecnologia à Cia Mineira de Metais Grupo Votorantim detentora de jazidas de zinco propiciou a implantação de uma usina para flotação de seus minérios calamínico e willemítico de difícil concentração com aproveitamento do rejeito tipo lama Problema Desafio Minérios oxidados de zinco de diferentes procedências Congo Espanha França Itália Marrocos Tunísia vinham sendo es tudados por pesquisadores de vários países desde 1957 Os processos utilizados em escala industrial envolviam concen tração gravítica e separação em meio denso com obtenção de concentrados que apresentavam baixas recuperações de zinco e altos teores de cálcio e magnésio os quais são prejudiciais na etapa posterior de extração do zinco por lixiviação e eletrólise No Brasil no entanto nenhum estudo havia sido conduzido Durante os três primeiros anos 1978 a 1980 após sua criação o CETEM realizou pesquisas com o minério oxidado de Vazante MG financiadas por agências governamentais de fomento Tendo tomado conhecimento de alguns resultados desses trabalhos a Cia Mineira de Metais CMM empresa do Grupo Votorantim detentora de jazidas no município de Vazante contratou o CETEM para avaliar a viabilidade e de senvolver se possível um processo para concentrar o minério oxidado de zinco por flotação Isso foi sem dúvida um desafio para o CETEM especialmente pelas características mineralógi cas do oxidado e por tratarse de um minério pouco conhecido a nível mundial Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento de um processo de flotação visando a concentração do zinco a partir de minérios oxidados foi con duzido em duas etapas i em escala de bancada ii em escala piloto Os minerais predominantes nos dois tipos de Flotação do minério oxidado de zinco de Vazante MG julho1982 a maio1983 37 Responsável pelas Informações Francisco Wilson Hollanda Vidal EquIPE DO PROJETO CETEM Antônio Carlos Salgado Antônio Odilon da Silva Carlos Adolpho de M Baltar Fernando Antonio Freitas Lins Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Geraldo Donizetti F de Oliveira Hedda Vargas Figueira José Ignácio de Andrade Gomes Leonardo Apparicio da Silva Tulio Carnevalle minérios de zinco encontrados na região de Vazante eram os carbonatos smithsonita e silicatos hemimorfita e willemita sendo este último com elevado teor de hematita como mi neral de ganga A flotação foi selecionada como processo alternativo quer para o tratamento isolado dos dois tipos de minérios quer conjugada com o meio denso visando diminuir os teo res de cálcio e magnésio do concentrado e recuperar o zinco contido nos rejeitos Primeira Etapa inicialmente em escala de bancada foram estudados dois minérios cedidos pela Mineração Areiense SA MASA localizada na região de Vazante MG o mi nério calamínico mais conhecido como minério oxidado constituído principalmente de hemimorfita e smithsonita com ganga dolomítica e o minério willemítico constituído de willemita principal mineral de zinco e hematita como mine ral de ganga Para o minério calamínico foram conduzidas as seguintes pesquisas flotação com xantato antecedida de etapas de sulfetação sulfeto de sódio e ativação sulfato de cobre flotação de ganga com sulfonato de petróleo flotação inversa com ácidos graxos para separação da dolomita flotação catiônica precedida de uma etapa de sulfetação Foram realizados 252 testes de flotação com o minério moído a 100 malhas Tyler e deslamado em peneiras de 400 malhas Tyler verificandose o comportamento das variáveis consideradas de maior importância temperatura da polpa quantidade de reagente e pH Desde a fase inicial houve uma intensa preocupação em se padronizar nos mínimos detalhes a metodologia empregada em cada teste de modo que a dife rença observada de um teste para outro refletisse tanto quan to possível o efeito da variável que estava sendo examinada Após a realização dos testes foi escolhida a flotação catiônica com prévia sulfetação como a mais promissora Foram então realizados novos testes com o objetivo de ve rificar os seguintes efeitos da dispersão e sulfetação da pol pa da concentração e do tempo de condicionamento dos reagentes da rotação e aeração da célula de flotação do tipo de água da temperatura da granulometria de alimentação e do tempo de flotação 38 Com a otimização ainda em escala de bancada das condições para a flotação ca tiônica a partir de uma alimentação do mi nério calamínico com 17 Zn foi possível obter um concentrado com 40 Zn e uma recuperação de 85 em relação à alimenta ção Os experimentos em escala piloto pos teriormente realizados para esse minério da MASA confirmaram os resultados obtidos em escala de bancada Para o minério willemítico cedido pela empresa MASA foi também testada a apli cabilidade do processo de flotação catiôni ca procedendose do mesmo modo anterior mente relatado para o minério calamínico Segunda Etapa testes posteriores em escala piloto para ambos os tipos de miné rios calamínico e willemítico foram reali zados para a Companhia Mineira de Metais CMM pertencente ao Grupo Votorantim que contratou o CETEM para avaliação téc nica do processo anteriormente desenvolvi do para a MASA O aproveitamento do minério calamíni co da empresa CMM com teor entre 10 e 12 Zn confirmou os resultados obtidos em bancada com relação à flotação catiôni ca tendo sido essenciais na determinação dos parâmetros para ampliação de escala Partindose de uma alimentação com 11 Zn e 17 da mistura CaO MgO foram obtidos concentrados com cerca de 40 Zn e 5 da mistura CaO MgO Essas condi ções demonstraram portanto a viabilidade do aproveitamento do minério nas usinas hidrometalúrgicas A recuperação total de zinco em relação à alimentação da usina foi de 60 O minério willemítico da empresa CMM com baixo teor de Zn 15 era até então beneficiado industrialmente em meio denso tambor e Dynawhirlpool DWP O CETEM fez uma avaliação comparativa entre os pro cessos de flotação global da alimentação e flotação em separado do concentrado em meio denso sink ou produto afundado do rejeito do meio denso float ou pro duto flutuado e do rejeito da deslamagem lama Com a alimentação da unidade de con centração por meio denso o concentrado sink produto afundado apresentou recu peração de zinco inferior quando compara da com a da média dos concentrados de flo tação dos três materiais lama afundado e flutuado A blendagem dos três produtos com flotação global permitiria a obtenção de concentrados com até 428 de zinco correspondente a uma recuperação de até 800 do zinco total contido no minério willemítico Resultados O processo mais indicado para os dois tipos de minérios lavrados pelas empresas CMM e MASA em Vazante foi a flotação catiônica com prévia sulfetação da polpa Tal proces so capaz de elevar o teor de zinco e baixar os teores de cálcio e magnésio a níveis com patíveis com os processos metalúrgicos uti lizados por ambas as empresas demonstrou ser de aplicabilidade ideal especialmente o minério calamínico de mais difícil concen tração conforme confirmado pelos resulta dos obtidos Para o minério willemítico obtevese diferentes teores de recuperação de zinco para o produto lama conseguiuse con centrados com 46 de Zn e 49 da mis tura CaO MgO assim a recuperação do zinco contido no concentrado em relação ao zinco contido na lama descartada foi de 61 39 para o produto afundado sink os con centrados atingiram 48 de Zn e 33 da mistura de óxidos de cálcio e magnésio isso significa que a recuperação do zinco contido no concentrado em relação ao zinco contido no afundado foi de 90 com redução de 77 para 26 nos teores de CaO e de 38 para 07 nos teores de MgO para o produto flutuado float obteve se um concentrado com 36 Zn e 121 de CaO MgO correspondendo a uma re cuperação total de 66 em peso a partir de uma alimentação com 68 Zn e 37 da mistura CaO MgO Exceção feita ao produto afundado sink do minério willemítico concentrado em meio denso todos os tipos de minérios estudados tiveram que ser deslamados pois os efeitos das lamas finas na flotação são prejudiciais provocando maior consumo de reagentes cobertura da superfície mineral que se deseja flotar redução na velocidade da flotação bloqueio da superfície das es pumas e contaminação do concentrado A deslamagem moagem e dispersão da polpa são operações que requereram cuidados es peciais no processo de flotação do minério oxidado de zinco Em resumo foram obtidos concentra dos apresentando recuperações de zinco em torno de 70 e com teores da mistu ra CaO MgO menores de 4 Os princi pais reagentes utilizados na flotação foram carboximetil celulose como dispersante sulfeto de sódio como agente sulfetante amina primária como coletor e um álcool como espumante Para cada estudo foram definidos to dos os parâmetros do processo e realizados os respectivos balanços de massa necessá rios para dimensionamento de uma planta industrial Benefícios do Projeto O trabalho realizado pelo CETEM possibili tou a transferência da tecnologia às empre sas MASA e CMM do processo de concentra ção por flotação de ambos os minérios da região de Vazante MG calamínico oxida do e willemítico Na mesma década a em presa CMM do Grupo Votorantim implan tou sua usina de flotação e vem também processando o material tipo lama rejeito da instalação de separação por meio denso 40 Problema Desafio Os primeiros registros da existência de linhito na região do Alto Solimões no estado do Amazonas datam de 1875 Em 1914 foi sugerido pela primeira vez o aproveitamento desse linhito devido à carência de carvão mineral no mercado na cional Desde então diversos estudos topográficos e geológi cos foram realizados embora em extensão limitada buscan do comprovar a quantidade existente desse combustível na região Em 1960 a PETROBRAS em busca de petróleo rea lizou diversas perfurações na região constatando a presença do linhito quando o interesse por outras fontes energéticas se intensificou devido à crise do petróleo a CPRM e o DNPM realizaram em 19751976 um vasto projeto nessa região com o objetivo de determinar o potencial linhítico por meio de furos de sondagem numa área de 320000 km2 Assim o CETEM propôs este projeto para caracterizar e pesquisar a viabilidade técnica e econômica do aprovei tamento industrial do linhito do Alto Solimões como fonte energética para sua utilização em pequenos núcleos populacionais dessa região substituição do óleo diesel utilizado nos grupos geradores de eletricidade por gás de linhito fornecimento do gás à população local e também às ativi dades míneroindustriais Estudo de viabilidade do aproveitamento energético do linhito do Alto Solimões agosto1982 a agosto1983 Amplamente debatido em pautas de diferentes gestões políticas no estado do Amazonas o mito do aproveitamento industrial da vultosa reserva de linhito no Alto Solimões como fonte energética foi contraposto pelos resultados dos estudos de viabilidade técnica e econômica conduzidos pelo CETEM 41 Estratégia de Desenvolvimento Com o acompanhamento da SETECMME do DNPM do Governo do estado do Amazonas e da CELETROAMAZON o projeto foi subdividido em etapas sendo de exclusiva responsabilidade do CETEM i o levantamento e revisão de estudos existentes ii as amostragens preliminar e definitiva iii os estudos de caracterização do linhito iv a avaliação de processos de con versão do linhito combustãogaseificaçãoliquefação v a se leção de um processo incluindo estudo de préviabilidade com projeção de planta em escala piloto Resultados Embora constatada com base na maioria dos furos de sonda realizados pela CPRM e pelo DNPM uma vultosa reserva de 364 bilhões de toneladas de linhito distribuídas numa área de 90062 km2 os resultados dos estudos conduzidos pelo CETEM mostraram que a mesma não tinha significado eco nômico face aos seguintes fatores a reduzida espessura das camadas de linhito em torno de 23 cm intercaladas por grandes camadas de estéreis os níveis mais espessos de linhito em torno de 130 m eram raros e estavam situados a maiores profundidades a descontinuidade dos veios linhíticos as ocorrências de linhito inclusive os afloramentos que fi cavam submersas durante seis meses por ano na época das inundações Somado a esses fatores críticos para uma lavra econômi ca o linhito do Alto Solimões demonstrou ter má qualidade com base nos resultados da caracterização e dos ensaios tec nológicos realizados em inúmeras amostras citados a seguir as amostras continham muitas impurezas eram heterogêne as friáveis ricas em argila e inclusões minerais o linhito apresentou baixo poder calorífico além de elevados teores de umidade e enxofre total do qual 50 era enxofre pirítico fortemente indicando que teria que ser processado para redução desses teores as impurezas minerais encontravamse disseminadas na matéria carbonosa orgânica o que iria dificultar e onerar esse processamento Responsável pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos EquIPE DO PROJETO CETEM Álvaro Naegli Figueira Coordenação Técnica Antonio Rodrigues de Campos Gehard Roebke Consultor Juan Carlo Figueiredo de Almeida Maria Dionísia Costa dos Santos 42 o material carbonáceo não era homogêneo e a composição das cinzas também não o alto teor de cinzas indicava que o linhi to não poderia ser purificado por liquefação direta os ensaios de beneficiamento utilizando jigue e ciclone em escala de bancada não deram bons resultados como era de se es perar indicando que em escala comercial não ocorreria uma boa seletividade devido à disseminação de argila no linhito a carbonização do linhito présecado 10 H2O reafirmou que o material não poderia ser usado como matéria prima para pirólise carbonização à baixa temperatura e posterior produção de óleo e gás combus tível devido ao alto teor de cinzas e à baixa produção de alcatrão e de gás Além do exposto outros problemas afloraram dentre os quais as constantes mudanças na condução da política do es tado do Amazonas sempre trazendo à tona a possibilidade de aproveitamento dos de pósitos linhíticos porém sem o devido res paldo tecnológico para as tomadas de deci sões as condições ambientais da região e os fatores logísticos grande distância entre as cidades e o local de lavra do linhito Benefícios do Projeto Apesar do projeto não poder ser caracteriza do stricto sensu como uma inovação ele foi indubitavelmente de extrema importân cia tecnológica e política para acabar de vez com o mito de aproveitamento des se linhito do Alto Solimões em pautas de diferentes gestões políticas no estado do Amazonas A defesa dos resultados apresentados pelo CETEM na Secretaria de Tecnologia do MME em Brasília na presença de vá rias autoridades inclusive do Secretário de Estado da Amazônia demonstrou que é sempre possível evitar alto dispêndio de recursos financeiros da União quando se conta com uma equipe técnica competen te na consecução de projetos Com gastos reduzidos e curta duração problemas téc nicos podem ser esclarecidos e auxiliar nas tomadas de decisão governamental 43 Tecnologia para aproveitamento de turfas dezembro1982 a fevereiro1984 Problema Desafio Face ao crescente desmatamento florestal à redução de dis ponibilidade de madeira e os conseqüentes problemas eco lógicoambientais o Departamento Nacional da Produção Mineral DNPM órgão da Secretaria de Tecnologia do Ministério das Minas e Energia SETECMME encontrou uma solução para substituição da madeira pela turfa como fonte alternativa de energia Inteirado com essa problemática o CETEM passou a estudar a utilização de turfas em substituição à madeira Contratado pelo DNPM foram feitas amostragens de turfei ras localizadas em várias regiões do Brasil para posterior ca racterização das propriedades eg análise de umidade teor de cinzas materiais voláteis poder calorífico dessas turfas Após a etapa de caracterização das turfas passouse ao desenvolvimento de um processo de extrudagem da turfa proveniente da turfeira de TavaresTanques para substituir a lenha utilizada na fornalha da caldeira da Companhia de Tecidos Rio Tinto PB Estratégia de Desenvolvimento Primeiramente foi desenvolvido um dispositivo manual para extrudagem da turfa em campo tendo em vista i a ine xistência de energia no local da turfeira II à restrição dos recursos financeiros disponíveis para aquisição e emprego de equipamentos já existentes no mercado iii à necessidade de se obter uma solução em curto espaço de tempo Utilização de turfa extrudada como fonte alternativa de energia em substituição à lenha comprovou que a turfeira de TavaresTanques PB poderia abastecer a Cia de Tecidos Rio Tinto por um período de 50 anos Os excelentes resultados também contribuíram para implantação do processo inovador no gaseificador industrial da CECRISA Cerâmica Criciúma SA SC 44 Responsável pelas Informações Regina Célia Monteiro Castelões EquIPE DO PROJETO CETEM João Felix dos Santos Julio Cesar Guedes Correia Leonardo Apparicio da Silva Regina Célia Monteiro Castelões Coordenação Técnica CECRISA Aldo Vanio in memoriam DNPM João F S de Moraes Foram realizados ensaios preliminares no CETEM para determinação da umidade ideal para extrudagem manual da turfa A turfa do tipo fibrosa com umidade ideal variando de 80 a 85 foi extrudada manualmente com um tubo de PVC com diâmetro de 10 cm dotada de pegadores de metal Com base nos resultados obtidos foi feita a extrudagem na superfície da turfeira de TavaresTanques assim como a secagem dos tarugos Em seguida foi testada a queima da referida turfa nas fornalhas da Companhia Rio Tinto PB para avaliar seu desempenho em relação à lenha Resultados Com uma produtividade média de turfa extrudada de 28 thomemdia foram produzidas 150 t de tarugos Esses após secos ao ar livre durante 7 dias apresentaram as seguin tes características umidade 23 teor de cinzas 116 poder calorífico superior 5328 kcalkg poder calorífico inferior 3889 kcalkg densidade aparente a 23 de umi dade 05gcm3 dimensões do tarugo 7 cm de diâmetro e 8 cm de comprimento Figura 1 Extrudagem manual na superfície da turfeira de TavaresTanques e secagem dos tarugos 45 Depois de transportados para a indús tria os tarugos foram submetidos ao teste de tamboramento com a velocidade de 80 rpm durante 10 minutos para avaliar por meio da produção de finos sua resistência à abra são durante o manuseio Os tarugos foram também submetidos a testes de queda a partir de uma altura de 2 m corresponden te ao dobro da altura da queda na fornalha verificandose formação média de 13 de finos inferior a 6 malhas Concluiuse que o processo de extrudagem manual proporcio nou a obtenção de tarugos de turfa com boa resistência mecânica à abrasão e à queda A queima da turfa em tarugos foi tes tada utilizando uma fornalha de uma cal deira do tipo ciclope com as seguintes ca racterísticas volume da fornalha 65 m3 superfície de aquecimento 150 m2 siste ma de combustão grelha fixa área da grelha 65 m2 pressão de trabalho 16 kgcm2 g A caldeira era composta de três câmaras de combustão de água e de vapor Foram realizados dois ensaios para ava liação do aproveitamento da turfa nas forna lhas industriais da Companhia de Tecidos Rio Figura 2 Tarugos de turfa transportados da turfeira para o pátio da Cia de Tecidos Rio Tinto PB aguardando para a queima nas fornalhas Tinto A queima dos tarugos ocorreu nas mes mas condições até então empregadas pela empresa para queima da lenha O préaque cimento da fornalha na etapa experimental foi feito utilizandose 100 kg de lenha por ser material disponível em abundância na in dústria e para poupar a quantidade de taru gos para os testes de queima da turfa Na ocasião dos testes a indústria tra balhava em regime de 17 horas consumin do 2727 kgh de vapor produzido pela queima da lenha em períodos de maior demanda para uma vazão média de ar para combustão de 52382 kgh No primeiro ensaio com os tarugos em escala industrial foi consumida a média de 750 kgh de turfa durante 15 horas na mes ma vazão de ar por baixo da grelha A cada 39 minutos as cinzas geradas na combus tão foram revolvidas para sua retirada final na parte inferior das grelhas Durante esse ensaio observouse que i a combustão foi completa pelo aspecto da chama e pela cor esbranquiçada da fumaça expelida pela cha miné ii a temperatura na boca da fornalha variou de 450 a 686 C variação devida à 46 abertura das portas da fornalha para alimen tação de água na caldeira e para alimentação da própria turfa iii a temperatura no interior da fornalha atingiu 1300 C face à presen ça de mullita nos aglomerados das cinzas o que foi avaliado por difração de raiosX iv a pressão de vapor variou de 54 a 75 atm No segundo ensaio quando todas as máquinas de fabricação de tecido da indús tria estavam em operação atingiuse um consumo máximo de 1175 kgh de turfa para uma média de 1000 kgh durante 5 horas Esse aumento no consumo foi de vido à necessidade de elevação da deman da de vapor pela indústria para equipara ção às condições operacionais de queima de 3000 kgh de lenha Cabem algumas obser vações relativas a esse ensaio i a pressão de vapor ficou na faixa de 75 a 102 atm variação operacional exigida pela indústria daí podese concluir que em temperaturas elevadas essa faixa de pressão de vapor é al cançada em menor período de tempo e com uma carga menor de turfa quando compa rada à queima da lenha ii os finos gerados pelo transporte e manuseio dos tarugos fo ram completamente queimados na fornalha não ocorrendo suspensão de partículas finas arrastadas pelos gases de combustão e con sequentemente não havendo depósitos de finos na tubulação da caldeira ii o revolvi mento periódico das cinzas além de facili tar sua retirada não ocorreu sinterização das cinzas sobre a grelha da fornalha favoreceu a entrada de ar e as condições de queima da carga posterior de turfa iii a análise da composição das cinzas revelou considerável percentual de sílica e alumina demonstran do que elas ainda poderiam ser aproveitadas por fábricas de cimento e refratários iv o material volátil produzido queimou espon taneamente junto com a turfa v análises de amostras do resíduo de combustão da tur fa permitiram verificar um excelente rendi mento médio do processo 947 Em complementação foram realizados testes que permitiram comparar as princi pais características de queima da turfa e da lenha Com base em estimativas de reserva e mantidas as condições de consumo à épo ca dos ensaios de processo verificouse que a turfeira de TavaresTanques PB poderia abastecer a Companhia de Tecidos Rio Tinto por um período de 54 anos Benefícios do Projeto Os resultados promissores de substituição da lenha pela turfa em fornos industriais foram disseminados por meio de uma publicação na revista Brasil Mineral em março de 1984 Com isso a empresa CECRISA Cerâmica Criciúma SA possuidora de uma reserva de turfa em Araranguá Santa Catarina solicitou ao CETEM que fosse implantado o mesmo pro cesso para substituir o carvão vegetal pela turfa no gaseificador industrial da referida empresa O gás produzido pela turfa apresentou qualidade superior ao carvão vegetal e a CECRISA passou a utilizar o processo após contratação da Outokumpu empresa finlan desa para o fornecimento dos equipamen tos para extrair extrudar e revolver a turfa na superfície da turfeira drenada implantando uma unidade industrial para produzir os ta rugos de turfa A inovação tecnológica do processo desen volvido pelo CETEM demonstrou ainda mais sua aplicabilidade quando houve em Santa Catarina um rompimento da tubulação do gás fornecido pela Colômbia e a CECRISA utilizou o gás gerado da turfa evitando a paralisação de suas atividades de produção industrial 47 Beneficiamento de diatomitas da Bahia Projeto I janeiro a maio1983 Projeto II janeiro a outubro2000 Problema Desafio A diatomita é uma matéria prima mineral de origem sedimen tar formada a partir do acúmulo de carapaças de algas dia tomáceas fossilizadas desde a era précambriana por meio da deposição de sílica sobre a sua estrutura Figura 1a A fixação dessa sílica pelas algas está relacionada com o ciclo geoquímico de decomposição das argilas servindo como par te do material de estrutura para as algas Devido à sua inércia química elevada porosidade e baixa densidade aparente a diatomita pode ser largamente utilizada como auxiliar de fil tração ou ainda como carga industrial No Brasil os estados da Bahia Ceará e Rio Grande do Norte são os maiores detentores de depósitos de diatomita Figura 1b em terrenos de formação lacustre A exploração in dustrial da diatomita do nordeste brasileiro ainda é rudimentar Em duas ocasiões nas décadas de 1980 e 2000 o CETEM desenvolveu projetos tecnológicos com o objetivo de caracterizar e aprimorar rotas de beneficiamento da diatomita da Bahia para agregação de valor aos seus produtos indus triais Os projetos realizados para a Glasurit do Nordeste SA empresa hoje pertencente à BASF Suvinil e para a empresa CIEMIL Comércio Indústria e Exportação de Minérios Ltda visaram aplicação do produto como carga de tintas e como auxiliar para filtração respectivamente Dependendo da aplicação industrial da diatomita algu mas especificações devem ser atendidas e estão relacionadas ao tipo de processamentobeneficiamento a ser adotado Por exemplo a coloração residual é um ponto importante para uso Caracterização tecnológica e beneficiamento comprovaram a viabilidade de processamento de diatomitas oriundas de jazidas na Bahia e antes consideradas de baixa qualidade favorecendo sua aplicação industrial como carga de tintas e como auxiliar para filtração pelas empresas Glasurit do Nordeste SA e CIEMIL respectivamente 48 Responsável pelas Informações Sílvia Cristina Alves França EquIPES DO PROJETOS Projeto I CETEM Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica Antonio Carlos Salgado Projeto II CETEM Adão Benvindo da Luz Antonio Odilon da Silva Sílvia Cristina Alves França Coordenação Técnica CEMIL Carlos Careli NATRONTEC João Batista Bruno in memoriam universidade de Luleå Suécia Theresa Millqvist na indústria de tintas limitando o uso de produtos que conte nham óxidos de ferro no caso da aplicação como auxiliar de filtração principalmente na indústria alimentícia é vetada a presença de compostos que possam comprometer as proprie dades organolépticas dos alimentos como ferro matéria orgâ nica e metais pesados Assim os processos de beneficiamento tiveram que ser direcionados à obtenção de produtos com tais especificações para o mercado de minerais industriais Estratégia de Desenvolvimento Na década de 80 o trabalho consistiu na caracterização e be neficiamento de 6 seis amostras de diatomita das jazidas Funis Encantada e do Córrego BA para obtenção de produ tos que fossem aplicados como carga de tintas A caracteriza ção das amostras foi obtida por meio de análises dos teores de SiO2 Fe2O3 Al2O3 ponto de fusão e umidade microscopia ótica para determinação das principais espécies de carapaças das algas e difração de raiosX detetandose a presença de caulinita quartzo e matéria amorfa Foram avaliados processos de beneficiamento a seco em escala de laboratório e a úmido em escala piloto O bene ficiamento a seco englobou operações de desaguamento e secagem desagregação e calcinação com agente fundente Na2CO3 o beneficiamento a úmido incluiu além das opera ções já citadas as de desagregação e diluição da polpa mine ral hidrociclonagem e sedimentação para remoção do quartzo e dos minerais argilosos respectivamente e calcinação com Figura 1 a Imagem de carapaças de algas diatomáceas da Bahia b localização dos depósitos de diatomita no Brasil 49 auxílio da barrilha Na2CO3 Embora o pro cessamento a úmido seja mais oneroso é mais eficiente na remoção dos minerais ar gilosos que geralmente são portadores de Fe2O3 e Al2O3 A calcinação em leito fixo permitiu a de finição das melhores condições experimen tais como tempo e temperatura de calcina ção e adição de fundente considerandose o consumo energético mínimo para o forno utilizado mufla Alguns problemas de com bustão da matéria orgânica pela dificulda de de percolação de gases no fundo do lei to reforçou a recomendação para o emprego de forno rotativo em escala industrial Foi ainda realizada outra operação a de sedi mentação em batelada para separação dos minerais argilosos contidos na diatomita A qualidade dos produtos obtidos avaliada por análises granulométricas e químicas a úmido difração de raiosX determinações de densi dade índice de brancura e perdas ao fogo foi sempre acompanhada com apoio técnico dos laboratórios da Glasurit Os resultados servi ram para prover as informações necessárias para implementação de ajustes operacionais no processo de beneficiamento da diatomita A otimização da calcinação correspon deu à parte mais laboriosa desse primeiro projeto pois teve que ser feita em várias eta pas para se alcançar uma redução dos cus tos operacionais associados à elevada tem peratura de calcinação acima de 800 oC sem entretanto prejudicar a qualidade do produto final no tocante às especificações de coloração e de granulometria requeridas pela Glasurit O segundo projeto desenvolvido para a CIEMIL nos anos 2000 contou com o apoio financeiro da FINEP e usufruiu de boa parte da experiência adquirida durante o primeiro projeto Seu objetivo foi o aprimoramento do processo para beneficiamento da dia tomita de Mucugê BA para obtenção de produtos mais competitivos e com menores custos operacionais a serem empregados especialmente como auxiliares de filtração Desenvolvido em escalas de bancada e pi loto o projeto concentrou o foco nas melhorias operacionais passíveis de serem implementa das no beneficiamento a úmido já praticado pela CIEMIL Foram cuidadosamente analisa das as várias operações unitárias envolvidas no processo sedimentação em batelada e hi droclassificação contínua desaguamento em filtros prensa secagem ao sol calcinação em forno mufla e forno rotativo piloto para obten ção de um fluxograma de beneficiamento mais adequado e com produção de diatomita cal cinada de melhor qualidade para o mercado Resultados O processo de beneficiamento desenvolvido na década de 1980 Projeto I possibilitou o uso de três das seis amostras de diatomita estudadas como carga industrial para tintas Para o projeto desenvolvido em 2000 foram recomendadas algumas modificações no processo da CIEMIL como i a implan tação de hidroclassificadores para a remo ção da fração argilosa ii a utilização de um filtro prensa para desaguamento do ma terial Além disso na etapa de calcinação foi feita a otimização das variáveis opera cionais como temperatura de calcinação e dosagem de agente fluxante barrilha vi sando a obtenção de produtos com granu lometrias variadas atendendo às diferentes necessidades do mercado consumidor 80 da produção são voltados para o mercado de auxiliares de filtragem e 20 são utilizados como carga industrial A sequência de fotos ilustra o processo in dustrial anteriormente em prática pela CIEMIL 50 delas provenientes tornouse possível a ge ração de produtos com especificações para o mercado de tintas no Brasil O Projeto II implementou melhorias no processo de beneficiamento da empresa CIEMIL que resultaram em melhor qualida de do produto final como auxiliar de filtração Somado a isso a introdução de inovações incre mentais como a otimização no uso do fundente Na2CO3 e a classificação do material calcina do peneiramento e pneumática permitiram o aumento na quantidade mássica de material superfino produzido possibilitando também sua utilização pela indústria de tintas Figura 2 coluna esquerda e o processo oti mizado pelo CETEM Figura 2 coluna direita especialmente nas operações que precedem a etapa de calcinação a caixas de sedimenta ção b desaguamento da polpa da diatomita ao sol c secagem dos torrões de diatomita d espessamento da polpa e desaguamento por filtração f tortas de filtração Benefícios dos Projetos O Projeto I comprovou a viabilidade de proces samento de minérios provenientes de jazidas de diatomita na Bahia que anteriormente eram consideradas de baixa qualidade via bilizando a operação de três dessas jazidas Com o beneficiamento das matériasprimas Figura 2 Comparação entre etapas de processamento da diatomita na coluna à esquerda as operações na mina como eram praticadas pela CIEMIL e na coluna à direita as etapas do processo desenvolvido pelo CETEM 51 A planta industrial projetada pela equipe de engenharia da Plumbum SA PR com base no processo de lixiviação contra corrente desenvolvido pelo CETEM operou até 1995 com capacidade para produzir 900 toneladasano de sulfato de cobre e recuperar os resíduos contendo chumbo prata e ouro Tratamento do matte da metalurgia do chumbo da Plumbum SA junho1983 a agosto1987 Problema Desafio Com o objetivo de elevar a eficiência do seu processo de produção de chumbo a empresa Plumbum SA contratou o CETEM para a realização de estudos visando a recuperação dos valores metálicos contidos em um subproduto do proces so metalúrgico Na ocasião da contratação esse subproduto um matte rico em chumbo e cobre era estocado e exportado Estratégia de Desenvolvimento Para tratamento do matte um resíduo sólido constituído de sulfetos de chumbo e cobre optouse em utilizar o ácido sulfúrico como agente sulfatante A diferença de solubili dade entre os sulfatos de cobre e chumbo permitiria a se paração dos referidos elementos metálicos A oxidação dos sulfetos transformandoos em sulfatos em meio aquoso resultaria na solubilização do sulfato de cobre e na precipi tação do sulfato de chumbo Desse modo a separação dos elementos metálicos chumbo e cobre poderia ser alcançada através de uma separação sólidolíquido filtração na qual o sulfato de chumbo retornaria ao processo metalúrgico de produção do chumbo metálico e o sulfato de cobre uma vez submetido às etapas de purificação e cristalização poderia ser comercializado Os estudos em escala de laboratório iniciados em 1983 objetivaram identificar o melhor agente oxidante para a ob tenção dos sulfatos de chumbo e cobre já que o contato do material somente com soluções de ácido sulfúrico não era 52 Responsável pelas Informações Jackson de Figueiredo Neto EquIPE DO PROJETO CETEM Heitor Luz Neto Jackson de Figueiredo Neto Coordenação Técnica bancada Jorge A P Moura Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica piloto Roosevelt Almeida Ribeiro Plumbum SA Humberto F Neto Omero B de Souza Rui Inacio Marchetto Wilson C D Gonçalves suficiente para que as reações de sulfatação ocorressem Para tal fezse necessária a presença de agentes oxidantes Foi realizado então um conjunto de testes com os seguintes agentes oxidantes dióxido de manganês ácido nítrico peró xido de hidrogênio ar O2 e oxigênio sobre pressão Outras variáveis estudadas foram tempo e temperatura da reação concentração e granulometria dos reagentes Nessa primeira etapa os resultados mostraramse pro missores especialmente os obtidos após o tratamento do matte com soluções de ácido sulfúrico e oxigênio sob pres são 1 a 2 atm O projeto evoluiu para uma nova etapa onde o tratamento selecionado foi testado em escala semipiloto para obtenção de dados experimentais mais compatíveis às reais condições de um processo industrial Assim foram con duzidas as operações de lixiviação precipitação do arsênio e cristalização Para a realização dos ensaios de lixiviação em escala semipiloto foi projetado e construído no CETEM um reator com 25 litros de capacidade em aço inoxidável com agi tação mecânica através de hélice do tipo turbina acionada por um motor elétrico de corrente contínua e velocidade va riável Esse reator era dotado de manômetro com escala de 0 a 2 atm e termopar ligado a um milivoltímetro para con trole da pressão e da temperatura respectivamente Nos testes iniciais de lixiviação em uma única etapa mesmo utilizandose o material sólido com granulometria mais fina e pressão de oxigênio mais elevada o rendimen to de extração do cobre 70 ficou abaixo do esperado Decidiuse então aplicar uma lixiviação em contracorrente em dois estágios A lixiviação em contracorrente permitiu alcançar va lores mais elevados de extração do cobre superiores a 90 e também a obtenção de licores finais com menores teores de acidez livre Isso refletiu positivamente na etapa poste rior de precipitação do arsênio em solução na qual a baixa acidez implicou em menor massa de precipitado facilitando a filtração e diminuindo o consumo de reagentes bem como as perdas de cobre no precipitado O matte possuía originalmente teores elevados de arsênio e ferro Por estarem solubilizados junto com o cobre na etapa de lixiviação sua remoção tornavase imprescindí vel para se obter como produto final do processo cristais de 53 sulfato de cobre com grau de pureza ade quado à comercialização A eliminação do Fe e do As foi alcançada pela elevação gra dual do pH da solução rica em cobre uti lizandose CaO como agente neutralizante Valores de pH não poderiam ser superiores a 3 para não ocasionar a indesejável pre cipitação do cobre Além do pH a relação FeAs em solução foi outro fator importante para a adequada precipitação do arsênio Não havendo quantidade suficiente de Fe3 em solução para que o arsênio precipitasse na forma de arseniato de ferro a quantida de insuficiente de ferro provocaria a preci pitação do arsênio sob a forma de arseniato de cobre também indesejável Obtida a solução purificada foi ne cessário transformar o sulfato de cobre em um produto sólido com as características requeridas para comercialização segundo as normas internacionais sulfato técnico cristalizado com um mínimo de 98 em CuSO45H2O com teores de matéria inso lúvel e de ferro inferiores a 01 e 02 respectivamente O processo de cristalização foi condu zido em duas etapas a primeira etapa para formação de pequenas partículas núcleos e a segunda para o crescimento desses nú cleos A cristalização é controlada pelo pro cesso de nucleação que determina o tama nho dos cristais Optouse pelo uso de um cristalizador do tipo WulffBock A solução rica em cobre é resfriada na medida em que percorre a calha do cristalizador oca sionando a formação contínua de cristais recolhidos na outra extremidade do equi pamento Após a separação dos cristais por filtração ou centrifugação a solução retorna à etapa de evaporação Foram rea lizadas análises químicas do sulfato de co bre assim cristalizado e de dois produtos comerciais um nacional e outro importa do constatandose que os teores de impu rezas eram semelhantes para os três produ tos analisados Os testes em escala semipiloto per mitiram concluir que a recuperação do co bre e do chumbo era tecnicamente viável evidenciando a possibilidade de se atingir extrações de cobre em torno de 90 e que o produto sólido resultante da etapa de lixi viação basicamente constituído de sulfato de chumbo poderia retornar ao processo pirometalúrgico da usina participando na carga de alimentação do sinterizador Nos testes de purificação da solução de cobre conseguiuse eliminar 98 do arsênio em solução O precipitado formado nessa eta pa pôde ser devidamente descartado sem grandes complicações já que o arseniato férrico é um produto estável em condições ambientais Com os bons resultados a empresa Plumbum SA aceitou a continuidade dos trabalhos em escala piloto os quais ocor reram em duas fases na primeira o proje to básico de engenharia e a fabricação dos equipamentos foram de responsabilidade da empresa cabendo ao CETEM na segun da fase a implantação a préoperação e a operação da planta piloto além do treina mento do pessoal técnico da empresa Os equipamentos acessórios e instru mentos de controle da unidade piloto foram i um reator cilíndrico projetado para ope rar sob pressão com tampa e fundo tories féricos confeccionado em aço inoxidável 316 com capacidade para 300 litros de so lução provido de sistemas de aquecimento elétrico de agitação de injeção de oxigênio e de segurança composto por válvula de alívio e por eletroválvula 54 ii dois filtros a vácuo confeccionados em aço inoxidável 304 com capacidade para reter cerca de 300 litros de solução e até 75 litros de sólidos na sua parte superior iii um reator de fundo cônico para preci pitação e concentração da solução confec cionado em aço inoxidável 304 com capa cidade para 300 litros provido de sistema de aquecimento elétrico controle de tem peratura sistema de agitação e visor de ní vel externo iv um reator de cristalização com capa cidade para receber 250 litros de solução confeccionado em aço inoxidável 304 pro vido de sistema de agitação e de camisa de resfriamento por circulação de água v duas bombas de transferência de solu ção resistentes a soluções ácidas com po tência de ¾ HP adaptadas a tubulações de sucção e de recalque de 15 polegadas de diâmetro As tubulações conexões e válvu las foram confeccionadas em polipropileno A implantação e a préoperação da planta piloto pelo CETEM englobaram vá rias atividades dentre as quais uma pré operação mecânica para os devidos ajus tes nos equipamentos a preparação e a caracterização do matte a ser tratado A operação propriamente dita foi conduzi da em duas etapas durante as quais fo ram modificados alguns parâmetros opera cionais definidos nos estudos anteriores e observados os efeitos dessas modificações nos diferentes estágios do processamento Na primeira rodada de testes em es cala piloto utilizouse 12 t de matte Os testes exploratórios serviram para observar o funcionamento da unidade piloto como um todo além de otimizar as operações unitárias do processamento Os testes sis temáticos realizados em seguida objetiva ram observar a recuperação do cobre em função da alteração de parâmetros opera cionais na etapa de lixiviação em contra corrente A recuperação global do cobre sob a forma de sulfato ficou em torno de 50 em relação ao teor do metal contido no matte As causas desse resultado in ferior a uma expectativa mínima de 75 de extração foram atribuídas ao controle inadequado da operação de lixiviação eou a não utilização das melhores condições de lixiviação conforme levantadas nos estudos anteriores bancada e semipiloto visto que nos ensaios em escala piloto o interesse foi direcionado à investigação da influência daqueles parâmetros que pudessem mais afetar o regime de produção industrial Apesar disso a rota hidrometalúrgica pro posta para o tratamento do matte da me talurgia do chumbo da empresa Plumbum SA mostrava ser tecnicamente viável ne cessitando ainda de otimização operacional e de uma avaliação econômica Na segunda rodada de testes em es cala piloto houve um controle mais rigoro so da temperatura e da pressão na etapa de lixiviação O controle de acidez livre nas soluções de lixívia era efetuado antes do matte ser carregado e também ao final de cada etapa de lixiviação As amostras líquidas para dosar a concentração de co bre tiveram seus valores determinados pelo método de eletrorrecuperação Na etapa de precipitação do arsênioferro a acidez livre foi medida antes da precipitação possibi litando a determinação da quantidade de leite de cal a ser adicionada para atingir o pH final de 25 55 As análises químicas das soluções aquosas e dos cristais de sulfato de cobre para os elementos Cu Ni Fe e Zn foram realizadas por espectrofotometria de absor ção atômica Para as análises de arsênio no licor de lixiviação ou nos precipitados de arseniato férrico foi necessário o desenvol vimento no CETEM de um método de aná lise baseado na técnica de fluorescência de raiosX A análise inicial do matte e as análises químicas dos resíduos sólidos pro venientes da lixiviação foram de responsa bilidade da empresa Plumbum SA Figura 1 Fluxograma simplificado da produção do chumbo incluindo o tratamento proposto para o matte Resultados Os resultados da segunda rodada de testes em escala piloto mostraram que o aumen to da concentração do oxidante auxiliar no caso o íon Fe2 sob a forma de sulfato fer roso elevou os níveis de extração de cobre e foi possível alcançar rendimentos de até 96 na etapa de lixiviação A análise dos cristais de sulfato de cobre confirmou que o produto final obti do tinha uma composição bem próxima ao produto comercial a menos das contamina ções de Ni Ca e Mg As contaminações de 56 Ca e Mg puderam ser contornadas através de um tratamento de eliminação de dure za das águas utilizadas no processo e o Ni pôde ser reduzido pela escolha de um mate rial mais resistente à corrosão na confecção dos reatores de precipitaçãoconcentração As condições operacionais propostas para atingir uma extração mínima de 75 do cobre do matte foram lixiviação em contracorrente tempo de reação 4 horas por estágio pressão de oxigênio 10 bar faixa de temperatura 80 90º C relação sólidolíquido 210 granulometria 90 150 mesh faixa de acidez livre total 150 172 gL em H2SO4 Benefícios do Projeto O processo desenvolvido pelo CETEM em parceria com a empresa contratante de monstrou a viabilidade técnica do aprovei tamento do cobre e do chumbo contidos no resíduo matte da metalurgia do chum bo Os produtos resultantes o sulfato de chumbo e o sulfato de cobre são economi camente aproveitáveis na medida em que o sulfato de chumbo pode retornar ao proces so convencional de produção de chumbo da empresa e o sulfato de cobre tem caracte rísticas similares ao produto comercial O Dr Rui Inacio Marchetto Diretor da Plumbum SA à época de realização deste pro jeto enviou um depoimento em maio2013 confirmando que foi projetada e implementa da na Seção de Metalurgia da Plumbum SA em Adrianópolis PR uma planta piloto para a lixiviação dos mattes a qual foi operada com o acompanhamento técnico do CETEM Os dados coletados nos testes realizados nessa plantapiloto de lixiviação serviram de base para o projeto de uma planta em escala industrial destinada à produção de sulfato de cobre e recuperação dos resíduos contendo chumbo prata e ouro A planta industrial projetada pela equipe de enge nharia da Plumbum SA com capacidade para produzir 900 toneladas por ano de sul fato de cobre operou de 1991 até 1995 ano em que a empresa encerrou suas ativi dades na metalurgia do chumbo 57 Novo produto para neutralizar emanações de gás sulfídrico em lamas de perfuração de poços de petróleo permitiu substituição de importações pela PETROBRAS e foi patenteado em vários países Substituição de importação de insumos o caso do aditivo de neutralização de gás sulfídrico em lamas de perfuração março1984 a dezembro1985 Problema Desafio A PETROBRAS promoveu em 198485 um programa de substituição de importação de insumos usados em várias de suas atividades industriais e de exploração de petróleo e gás Uma das atividades que admitiria o uso de insumos nacio nais era o de perfuração de poços cujo ritmo era crescente devido ao início de exploração da Bacia de Campos Havia vários produtos de origem mineral utilizados na formação das chamadas lamas de perfuração que poderiam ser produzidos no Brasil O CETEM procurado pelo CENPESPETROBRAS con cordou em pesquisar a substituição de dois produtos uma argila mineral atapulgita e o outro um sucedâneo para ma terial destinado a neutralizar emanações de gás sulfídrico que podem ocorrer durante a perfuração eou na produção de óleo e gás Foi feito um estudo preliminar sobre o Ironite Sponge H2S Scavenger nome comercial de um dos produtos im portados que deveria ser substituído Análises confirmaram tratarse de óxido de ferro particulado com característica magnética e alta superfície específica isso permitiria uma cinética rápida de reação com o gás sulfídrico H2S de for ma a impedilo de chegar à superfície em concentração ele vada Além de acelerar a corrosão nas partes metálicas de equipamentos e acessórios da coluna de perfuração o gás é extremamente tóxico e até mesmo letal oferecendo risco constante às equipes em terra ou embarcadas 58 Responsável pelas Informações Carlos Cesar Peiter EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Salgado Carlos Cesar Peiter Coordenação Técnica bancada Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica piloto Geraldo Magela Severino de Lima PETROBRAS CENPES e PETROFERTIL Hosam Ahmed Abdallah Abdelrehim Ielton Frederico da Ponte Jayr Borges João Tavares Neiva de Figueiredo Virgilio Amora Estratégia de Desenvolvimento O CETEM já vinha desenvolvendo trabalhos de cunho tec nológico em reatores de ustulação usados em processos de extração de cobre e zinco a partir de concentrados sulfetados conhecendo bem os produtos e subprodutos da reação de ustulação um deles resultante da oxidação da pirita a alta temperatura Por outro lado e coincidentemente a Indústria Carboquímica Catarinense ICC operava a unidade de pro dução de ácido fosfórico da PETROFERTIL subsidiária da PETROBRAS que foi posteriormente extinta Essa unidade industrial procedia à ustulação de concentrados de pirita car bonosa FeS2 obtidos a partir de rejeitos de lavadores de carvão de Criciúma sendo beneficiados em outra instalação de alto desempenho que contava com um novo tipo de jigue separador por diferença de densidade de partículas Além de reduzir o descarte de material contendo enxofre em bacias de rejeitos que provocavam acidificação de lençóis freáticos a fração carvão obtida nesse jigue era de alta qualidade e o concentrado piritoso também exibia alto teor de enxofre e ferro A ustulação do concentrado gerava o dióxido de enxo fre necessário para a produção de ácido sulfúrico Na planta química de contato o gás com alto teor de SO2 era catali sado a SO3 e este transformado em ácido sulfúrico para uso na lixiviação de concentrado de rocha fosfática e produção de ácido fosfórico pela ICC O material a ser fabricado no Brasil em substituição ao importado teria que apresentar as seguintes características ser composto preponderantemente por óxidos de ferro mag néticos magnetita eou wustita possuir elevada superfície específica próximo a 10 m²g e ter granulometria inferior a 0075 mm 200 malhas Tyler Visitas técnicas à instalação da ICC em Imbituba SC permitiram amostragens diretamente coletadas das descar gas dos reatores de ustulação o material particulado dessas amostras era predominantemente composto por óxidos de ferro com baixo conteúdo de sulfeto de ferro Esse material foi concentrado em laboratório permitindo a separação de frações uma mais magnética e outra menos magnética 60 e 40 em massa respectivamente A fração mais magnética foi testada pelo CENPES quanto à reação com gás sulfídrico e atendeu ao que era esperado em termos de 59 reatividade Era necessário então obter um concentrado de alto teor de magnetita a partir do material particulado e para tal o CETEM otimizou um processo de beneficia mento mineral com concentração magnéti ca de baixa intensidade e classificação por tamanho Esse processo não requereria co minuição porque o material já se encontrava particulado e com distribuição de tamanho que permitiria recuperação em massa de quantidade suficiente O passo seguinte foi a contratação pelo CENPES para que o CETEM produzis se 60 t de concentrado de óxidos de ferro na própria instalação da ICC em Imbituba Figura 1 Separador magnético via úmida com baixa intensidade de tambor rotativo usado pelo CETEM para separar a fração de óxidos com maior teor de magnetita e wustita Figura 2 Unidade composta por hidrociclones para classificação por tamanho do concentrado magnético após sua retirada do separador de tambor tendo sido construídas duas unidades pilo to de produção A segunda unidade dentro de galpão adequado tinha capacidade de produção de até de 400 kgh de concentra do e está parcialmente ilustrada nas fotos Figuras 1 a 3 O trabalho foi encerrado em 1985 após a produção de cerca de 40 t de concentrado seco o qual foi ensacado para uso nas uni dades de perfuração da PETROBRAS Todo o material foi encaminhado para utilização imediata em áreas de prospecção como a de Urucu no Amazonas onde a perfuração apresentava riscos às equipes devido aos te ores de gás sulfídrico presentes Figura 3 Produto final óxidos de ferro de alto teor de magnetita e wustita sendo filtrado em tambor a vácuo com capacidade de até 400 kg de produtohora 60 Resultados Além de ter atendido o que foi contratado pela PETROBRAS esse processo inovador de obtenção de concentrado de óxidos de ferro para uso em lamas de perfuração foi patenteado pela PETROBRAS no Brasil e no exterior gerando várias patentes citadas a seguir em ordem cronológica de concessão a de nº PI 83054049 Processo de obter concentrado de magnetita de grande área específica concedida no Brasil pelo INPI em 1985 a de nº GB 2147284 Process for ob taining a high surface area magnetite con centrate concedida em 1985 no Reino Unido a de nº PI 85003468 Processo de pre paração de aditivo para lamas de perfura ção e composição de lamas de perfuração concedida no Brasil pelo INPI em 1986 a de nº 198407667 Process to obtain high surface magnetite concentrate con cedida em 1986 na África do Sul a de nº 1985048571 Process for obtai ning a high surface area magnetite concen trate concedida em 1987 na Itália a de nº IT 1178007 Process for prepar ing a high surface area magnetite drilling mud additive concedida em 1988 na Austrália a de nº CA 1265665 Process for drill ing mud additive preparation and additive for drilling mud concedida em 1990 no Canadá Cabe explicar que o pedido de patente foi depositado nos vários países acima men cionados uma vez que eles já possuíam ins talações similares às da ICC e poderiam uti lizar os processos inovadores sem o devido mérito aos inventores e sem o consequente pagamento de royalties Benefícios do Projeto O projeto colaborativo realizado pelo CETEM e pelo CENPESPETROBRAS atingiu ple namente seu objetivo tecnológico propor cionando patentes de invenção de produto nacionalizando o produto e produzindoo a preço reduzido face ao emprego de maté riaprima óxidos de ferro que estava sendo descartada pela empresa ICC Alguns anos depois a produção na ICC foi descontinu ada porque a PETROBRAS fez um acordo comercial com a então Cia Vale do Rio Doce para que essa passasse a se encarregar do suprimento do produto em contrapartida à comercialização do produto no mercado ex terior pela PETROBRAS Posteriormente a VALE também de senvolveu um sucedâneo concorrente deste produto a pedido da própria PETROBRAS a partir de moagem de concentrado de mag netita natural cuja produção também foi encerrada com o fechamento da unidade de concentração de anatásio em Araxá MG 61 LAMELACET um equipamento projetado e desenvolvido pelo CETEM para tratamento de efluentes de plantas de lavagem de carvão teve sua utilidade comprovada por várias empresas carboníferas de Santa Catarina Tratamento de efluentes de plantas de lavagem de carvão com espessador de lamelas contracorrente LAMELACET junho1985 a abril1987 Problema Desafio Na região sul do país os efluentes de indústrias minerome talúrgicas eram normalmente descarregados em importantes bacias hidrográficas provocando problemas ambientais Nas regiões carboníferas a poluição hídrica era qualitativamente similar em todos os locais de mineração e principalmente gerada pelos efluentes de plantas de lavagem de carvão face à oxidação da pirita associada ao carvão que quando em contato com a água se oxida produzindo ácido sulfúrico e compostos de ferro Os poluentes despejados nos rios e cór regos são prejudiciais ao sistema lagunar que possui baixa capacidade de autodepuração devido à pouca circulação das águas A redução da produtividade agrícola e pesqueira já se fazia sentir há décadas Com o objetivo de controlar a poluição gerada por esses efluentes especialmente em Santa Catarina as empresas carboníferas vinham utilizando um robusto espessador cir cular convencional com raspadores rotativos que ocupava indesejável espaço nas plantas industriais face a seu exces sivo tamanho Por meio de um convênio com o DNPM e com apoio da FINEP o CETEM projetou desenvolveu e construiu um equipamento também baseado no princípio de separação por gravidade mas que além de ocupar menos espaço 10 do espaço ocupado pelo espessador convencional redu ziu o consumo energético e consequentemente os custos operacional e de manutenção para tratamento dos efluen tes das indústrias 62 Responsável pelas Informações Carmen Lucia Branquinho com base no relatório final do projeto depositado na Biblioteca do CETEM EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Odilon da Silva Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica Estratégia de Desenvolvimento O espessador de lamelas contracorrente doravante denomi nado LAMELACET Figura 1 foi projetado em escala piloto com uma área de sedimentação de 562 m2 para ser equiva lente a um espessador circular convencional de 27 m de diâ metro com capacidade média de 3 m3h Suas lamelas foram dispostas com inclinação de 50 distando 5 cm entre si O protótipo construído no CETEM em açocarbono e revestido internamente por tinta epóxi para evitar corrosão foi dotado de sistemas de coagulação e floculação O tanque de coagulação ou de mistura rápida com ca pacidade para 20 L dispunha de um agitador com velocidade variável de 0 a 1750 rpm com hélice tripla e motor de ¼ hp O tanque de floculação ou de mistura lenta com capacidade de 500 L construído segundo a norma E7401 da CETESB englobava um agitador de paletas contendo um raspador em sua base para evitar a formação de material sedimentado Para acionamento do sistema de floculação foi acoplado um motor de 15 hp interligado com um redutor possibilitando a variação de velocidades 10 20 e 30 rpm durante a flocu lação O sistema de lamelas continha um duplo pacote cada um com 12 lamelas espaçadas de 5 cm tendo cada lamela 35 cm de largura e 104 cm de comprimento Para facilitar o escoamento do underflow do LAMELACET foi criado um sistema de vibração com placas triangulares acopladas a um vibrador eletromagnético por meio de um eixo biapoiado em rolamentos especiais Todo o sistema foi submetido a uma frequência vibratória de 60 Hz com amplitude de 2 mm Dois sistemas de descarga foram utilizados i um para retirada do underflow flutuado inferior constituído por um vibrador eletromagnético caixa piramidal com palhe tas vibratórias e com dispositivo conjunto de boquilhas de borracha de controle da vazão ii outro para descarga do overflowflutuado superior basicamente composto por uma tubulação de 4 com orifícios de 15 cm de diâme tro para equalização das velocidades ascendentes do fluido entre lamelas Vigas de 2 e 6 em formato U e H respec tivamente foram empregadas para construção da estrutura que serviu de suporte ao LAMELACET a qual englobava uma escada e plataforma de acesso ao equipamento bem como uma grade de proteção 63 O circuito da usina piloto para trata mento dos efluentes de carvão implantada no Lavador Central de Capivari SC está esquematicamente representado na Figura 2 Sua alimentação foi feita através de um captador preso à calha do efluente e proje tado para descarregar cerca de 40 m3h de polpa 10 da vazão da calha O mistura dor e o tanque de alimentação objetivaram reduzir o volume de efluente retirado da ca lha após homogeneização A alimentação do LAMELACET foi por gravidade havendo um sistema de válvulas para controle da va zão Para dosagem do floculante foi utiliza da uma bomba dosadora com capacidade máxima de 50 Lh Figura 1 Esquema do LAMELACET projetado no CETEM Tomando por base a coleta de amos tras sucessivas em períodos de 4 horas perfazendo um tempo total de amostra gem de 16 horas procedeuse à caracte rização do efluente quanto à vazão média à concentração percentual de sólidos à distribuição granulométrica à composição química ao pH e à densidade dos sólidos Isso permitiu verificar se as características do efluente sofriam oscilações significativas no período normal de operação do Lavador limitado por paralizações programadas Constatouse que o Lavador Central de Capivari despejava 32 toneladash de finos de carvão em sua bacia de decanta ção gerando poluição do meio ambiente 64 Esse efluente com 9 de sólidos baixa densidade associada à fina granulometria 88 200 malhas e pH próximo à neu tralidade indicava a necessidade de apro fundar os estudos de floculação para seu tratamento por sedimentação Além disso análises químicas complementares possi bilitaram vislumbrar potenciais aplicações para os finos de carvão em usinas termoelé tricas eou em indústrias cimenteiras após o devido tratamento Foram então realizados ensaios de flo culaçãosedimentação em escala de ban cada para determinar os melhores floculan tes a serem empregados em escala piloto levandose em consideração as quantidades Figura 2 Esquema do circuito piloto implantado no Lavador de Capivari SC adicionadas e os custos envolvidos Os flo culantes teriam que promover a formação de flocos que gerassem a clarificação da água e atingissem velocidades de sedimen tação compatíveis com a taxa de alimenta ção do LAMELACET Por outro lado deveria ser alcançado um adensamento da polpa da ordem de 25 de sólidos a partir de um valor inicial de 9 Tal adensamento viabi lizaria a utilização do filtro tipo prensa su gerido para o processo para desaguamento do underflow do espessador Como o LAMELACET foi projetado e construído visando o tratamento de finos de carvão e também de outros bens mi nerais algumas variáveis operacionais eg 65 velocidade de sedimentação após flocula ção tiveram que ser adaptadas para o de sempenho ideal do equipamento Resultados Com base nos resultados em escala piloto foi possível concluir que o processo envolvendo o espessador de la melas contracorrente era viável para o trata mento de efluentes com finos de carvão ob tendose uma clarificação da água máximo de 022 g de sólidos suspensoslitro visando recirculação e adensamento do lodo na faixa operacional desejada para o filtro prensa atingiuse umidade final de 25 para a torta de finos de carvão as operações de espessamentoclarifica ção e filtração apresentaram baixos consu mos de agentes floculantes 92 a 346 gton de carvão no espessador e 250 gton de car vão na filtração a operação de floculação após os esforços da Cia Catarinense de Álcool CCA que cul minaram no desenvolvimento de floculantes específicos para finos de carvão também apresentou custo reduzido o processo possibilitou o aproveitamento de 300 m3h de água de recirculação no espessador e no filtro representando uma economia de 46 no bombeamento de água do rio Capivari em complementação os estudos eco nômicos realizados pela Hidroquímica Engenharia demonstraram que em cer ca de 8 oito meses o Lavador Central de Capivari poderia amortizar os gastos com a implementação do processo desenvolvido pelo CETEM mesmo se aumentasse sua capacidade de processamento de carvão de 800 para 1250 tonh Benefícios do Projeto Após a realização dos testes em escala pi loto e repasse dos resultados pelo CETEM foi implantada uma unidade industrial do LAMELACET com instalação de dutos para sua conexão ao Lavador Central de Capivari Essa unidade industrial foi financiada por mineradoras de carvão de Criciúma SC através de um consórcio entre as empresas ZETA IESA HIDROqUÍMICA e SATCLAEC possibilitando o tratamento dos efluentes dessas consorciadas 66 Beneficiamento hidráulico de diatomitas do Ceará e do Rio Grande do Norte com um floculante orgânico utilizado para clarificar cajuína favoreceu a remoção de impurezas dessas rochas calcáreas e permitiu sua aplicação como material filtrante na indústria de bebidas Beneficiamento de diatomitas de Punaú RN e Lagoa de Dentro CE março1989 a março1990 Problema Desafio Diatomita é uma rocha calcárea formada por carapaças e es queletos de algas diatomáceas as quais vivem em terra ou ro chedos úmidos bem como nas águas de mares quentes e frios de lagos rios e brejos Assim a estrutura física e a abundância da diatomita estão relacionadas às condições climáticas da região e à qualidade das águas No Brasil as principais jazi das de diatomita são encontradas no Ceará no Rio Grande do Norte na Bahia no Rio de Janeiro e em Santa Catarina A diatomita é comercializada ao natural ou calcinada Devido a suas propriedades alta área de superfície baixo peso específico elevado poder de absorção incombustibili dade inércia aos ácidos insignificante condutibilidade térmi ca e sonora resistência ao desenvolvimento de bactérias a diatomita tem sido empregada por exemplo como abrasivo absorvente de líquidos e gases auxiliar de filtração isolante térmico e acústico material de carga em grande variedade de produtos material de construção em misturas com argamas sa cimento ou concreto As aplicações da diatomita depen dem do tamanho e da estrutura das carapaças que variam conforme a região em que é extraída a rocha bem como do tratamento executado em seu processo de beneficiamento Diante de um aumento da importação da diatomita oca sionado pelos indesejáveis e elevados teores de Al2O3 e Fe2O3 nas minas da região do nordeste brasileiro aliado a um merca do mais exigente quanto à qualidade do produto o DNPM soli citou ao CETEM um estudo de caracterização com proposta para o beneficiamento das diatomitas dos estados do Ceará e 67 Responsável pelas Informações Regina Célia Monteiro Castelões EquIPE DO PROJETO CETEM João Félix dos Santos Ney Hamilton Porphírio Regina Célia Monteiro Castelões Coordenação Técnica do Rio Grande do Norte visando à obtenção de um produto com características para aplicações em filtrações industriais O processo de beneficiamento deveria ser eficaz para remover as principais impurezas argila caulinita óxido de ferro e quartzo normalmente associadas à diatomita Embora já fosse sabido que a matéria orgânica poderia ser removida por meio de calcinação e o quartzo através de clas sificação em ciclones a remoção da argila tratavase de uma operação bastante difícil O CETEM já havia anteriormen te realizado pesquisas de beneficiamento da diatomita de Canavieiras CE demonstrando ser possível obter um pro duto com qualidade filtrante que permitisse sua aplicação industrial em substituição aos produtos importados Estratégia de Desenvolvimento Para avaliar a qualidade das diatomitas de Punaú RN e Lagoa de Dentro CE as amostras recebidas dessas rochas calcá reas foram primeiramente expostas ao sol para serem desa gregadas e em seguida homogeneizadas e quarteadas Logo após foram retiradas amostras representativas para as análi ses granulométrica química e mineralógica para o conheci mento dos teores de Al2O3 Fe2O3 e outras impurezas argila caulinita e quartzo que geralmente são depositadas na estru tura das carapaças nas frações menores do que 0037 mm equivalente a 400 malhas Tyler reduzindo o poder filtrante das diatomitas Ensaios de alvura dispersão da argila e cal cinação foram também conduzidos em escala de bancada O equipamento utilizado para agitação das amostras consistiu de uma célula de flotação descontínua do tipo DENVER de subaeração com uma cuba de fundo côncavo com capacidade de 2 litros dotada de um agitador com ajuste velocidade de rotação Os ensaios de sedimentação para re moção da argila das amostras foram realizados com controle de pH e com adição ou não de dispersante eou de floculante Os ensaios de calcinação para queimar a matéria orgâ nica existente nas amostras foram feitos com os melhores produtos afundados obtidos nos ensaios de sedimentação sob as seguintes condições temperatura de 900oC tempo de 2 horas e adição ou não de fluxo de Na2CO3 quando as propriedades do produto não estavam adequadas devido ao alto teor de ferro e a não coloração branca adição de fluxo de Na2CO3 se fez necessária para aumentar a cristalização e reter 68 os íons de ferro na estrutura das carapaças da diatomita tornandoos inertes Após os ensaios de calcinação deter minouse a alvura de cada amostra por mé todo fotométrico utilizandose o óxido de magnésio como padrão alvura 100 Para os testes de beneficiamento foram empregados dois tipos de processos os pneu máticos e os hidráulicos Com os processos pneumáticos não foi possível obter um bom descarte de caulinita pois esta ficava retida em grande parte nos poros das carapaças Diante disso o CETEM optou por aperfeiçoar o processo de beneficiamento hidráulico Resultados As análises granulométrica e química das amostras mostraram que a sílica da diatomi ta o Fe2O3 e o Al2O3 eram encontrados em maiores teores nas frações mais finas abai xo de 400 malhas Tyler enquanto a sílica proveniente do quartzo estava mais concen trada nas frações mais grosseiras acima de 400 malhas Tyler A diatomita de Punaú continha 77 de Al2O3 04 de Fe2O3 e 774 de sílica da diatomita No primeiro teste separouse uma amostra e adicionouse o dispersante hexametafosfato de sódio que não contri buiu para a retirada da argila No segundo teste com outra amostra representativa adi cionouse 03kgt de um floculante orgânico natural cola de natureza proteica solúvel em água utilizada na floculação da cajuína a pH7 e tempo de decantação de 120 mi nutos Observouse um descarte de 741 de Al2O3 696 de Fe203 e uma recupera ção de 653 para a sílica da diatomita Isso mostrou que o produto obtido após o benefi ciamento continha reduzidos teores das im purezas indesejáveis 34 de Al2O3 e 02 de Fe203 propiciando melhor concentração para a sílica da diatomita 868 facilita da pelo descarte da argila no flutuado Para sedimentação da diatomita de Lagoa de Dentro verificouse que com adi ção de 4kgt de hexametafosfato de sódio pH7 e tempo de sedimentação de 60 mi nutos como dispersante foi possível obter um concentrado com 61 de Al2O3 066 de Fe203 779 de sílica de diatomita 69 de sílica de quartzo e um descarte de 534 de Al2O3 no flutuado As amostras beneficiadas no CETEM pelo processo de concentração por sedi mentação foram calcinadas com fluxo de Na2CO3 e após calcinação classificadas nas peneiras Tyler entre 28 e 200 malhas com o objetivo de verificar a influência da granulo metria durante a filtração Foram testadas na empresa Rio de Janeiro Refrescos S A amostras dos seguintes produtos Celite Hyflo Cel importado do México considerado como padrão GN300 fabricado no Brasil pela empre sa Serrana Punaú separada em duas frações uma abaixo de 28 malhas e outra abaixo de 200 malhas ambas beneficiadas no CETEM Lagoa de Dentro fração abaixo de 200 malhas beneficiada no CETEM Os parâmetros adotados para testar os mesmos produtos nos ensaios de filtração Tabela 1 foram o tempo de filtração e a cor do xarope que para ser aceitável industrialmen te deveria estar abaixo de 70 unidades Cabe explicar que o índice de cor de uma solução açucarada xarope é calculado a partir de parâ metros experimentais concentração da amos tra diluída transmitância da soluçãoamostra e comprimento da cela de absorção de de terminação espectrofotométrica e é expresso em unidades de acordo com o recomendado 69 pela ICUMSA International Commission for Uniform Methods of Sugar Analysis Na Tabela 2 constam as principais característi cas físicas e químicas dos produtos testados e considerados com melhor desempenho A análise da Tabela 1 revela que a dia tomita de Punaú correspondente à fração 28 malhas apresentou melhores resulta dos que a amostra padrão mexicana e que a diatomita nacional GN300 utilizadas na empresa Rio de Janeiro Refrescos S A en quanto as diatomitas de Lagoa de Dentro 200 e Punaú fração 200 malhas têm qualidades de filtração superiores à diatomi ta nacional quanto à cor do xarope ambas as diatomitas satisfizeram as exigências da indústria sendo que a de Lagoa de Dentro apresentou o melhor índice de todas Tabela 1 Resultados dos ensaios de filtração na indústria Agente de Filtração Tempo de Filtração segundos Índice de Cor do Xarope unidades CeliteHyfloCel 69 60 GN300 218 60 Diatomita de Punaú 28 malhas 67 50 Diatomita de Punaú 200 malhas 120 60 Diatomita de Lagoa de Dentro 200 malhas 110 30 Benefícios do Projeto Em substituição ao dispersante hexametafos fato de sódio o CETEM optou pelo emprego de um novo floculante orgânico uma cola natu ral utilizada no Nordeste para clarificação da cajuína Esse floculante foi eficaz na remoção das impurezas da diatomita de Punaú RN tornandoa um produto com qualidade supe rior ao padrão utilizado na indústria Os resultados foram considerados promissores pela empresa Rio de Janeiro Refrescos S A fabricante da CocaCola no estado do Rio de Janeiro quanto ao uso das diatomitas como materiais filtrantes na indústria de bebidas Tabela 2 Características físicas e químicas dos produtos testados na indústria Diatomita de Punaú Diatomita de Lagoa de Dentro GN300 Celite Hyflo Cel SiO2 total 9410 9280 9200 9460 Al2O3 320 470 600 310 Fe2O3 019 061 050 10 Perda ao Fogo 030 020 030 020 Alvura 86 78 74 84 Granulometria da diatomita de Punaú 96 28 malhas Granulometria da diatomita de Lagoa de Dentro 97 200 malhas Allegra Década de 90 72 Alternativa tecnológica para separação dos elementos presentes no minério xenotima abundante no Amazonas permitiu a obtenção de carbonatos e óxidos de terras raras com elevada pureza Processamento hidrometalúrgico de um concentrado de xenotima janeiro1993 a dezembro1993 Problema Desafio As Terras Raras são um grupo relativamente abundante de 17 elementos químicos todos metais sendo que 15 perten cem ao grupo dos lantanídeos de número atômico entre 57 e 71 a saber lantânio cério praseodímio neodímio pro mécio samário európio gadolínio térbio disprósio hólmio érbio túlio itérbio lutécio a eles se juntam o escândio e o ítrio de números atômicos 21 e 39 respectivamente que ocorrem nos mesmos minérios e apresentam propriedades fí sicoquímicas semelhantes aos lantanídeos O aproveitamento dos elementos das terras raras no iní cio da década de 1990 era objeto de grande interesse Os setores de eletroeletrônicos de comunicação de cerâmica avançada de sensores cerâmicos de catálise indústrias pe troquímica e automobilística assim como as de aviônica e de fotoluminescência eram alguns dos segmentos industriais que mais pressionavam a demanda por esses elementos Atento a essa tendência mundial o CETEM iniciou em 1989 um programa de pesquisa e desenvolvimento em Terras Raras instituindo nesse mesmo ano a Câmara Setorial das Terras Raras congregando os atores dos setores industrial acadêmico e de pesquisa Era objetivo da Câmara executar ações que pudessem apoiar a implantação de uma política governamental de incentivo ao setor das terras raras Devido ao dumping imposto pelos chineses inundando o mercado com produtos de terras raras a preços irrisórios di versos produtores internacionais encerraram suas atividades O mesmo ocorreu em 1992 com a NUCLEMON que era a 73 Responsáveis pelas Informações Ivan Ondino de Carvalho Masson Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Clélio Thaumaturgo Ferreira Ivan Ondino de Carvalho Masson Coordenação Técnica Jacinto Frangella Juliano Peres Barbosa in memoriam Reiner Neumann Ronaldo Luiz Correa dos Santos università degli Studi di Trento Itália Andrea Fuganti Andrea Romani Diego Colombo Franco Bazanella Ivan Bottura Luca Nodari Politecnico di Milano Itália Umberto Ducatti Technische universität München Alemanha Giulio Morteani única produtora nacional e beneficiadora de minerais pesados que produzia um concentrado de monazita e alguns produtos comerciais à base de terras raras Constatando a partir desses fatos o vazio tecnológico que se apresentava no Brasil o CETEM incluiu os elementos das terras raras em suas prioridades de PD no âmbito da programação trienal da instituição Estratégia de Desenvolvimento O objetivo principal das ações de pesquisa e desenvolvimen to iniciadas pelo CETEM com foco nos elementos das terras raras ETR foi redefinir rotas de processamento hidrometa lúrgico que fossem mais econômicas e menos impactantes Era esperado que pudessem ser úteis para apoiar a retomada da produção nacional amenizando assim os reflexos negati vos da dependência de um suprimento externo instável Uma das principais ações estratégicas levadas a cabo pela Direção do CETEM para acelerar a meta de domínio da tecnologia de processamento das terras raras foi estabelecer um acordo de cooperação técnica internacional para realizar um projeto com a Comunidade Econômica Européia CEE O acordo teve foco no desenvolvimento de pesquisa conjunta para o processamento das terras raras contidas na xenotima uma das principais fontes de fornecimento dos elementos da fração pesada O projeto resultante da cooperação técnica reuniu o CETEM as Universidades de Trento e de Milão Itália e a Universidade Técnica de Munique Alemanha Pelo lado brasileiro recebeu apoio financeiro do Programa RHAE Capacitação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas Pelo lado da Comunidade Européia CE o projeto recebeu recursos do Parlamento Europeu assim como de empresas como a Pirelli e a Fiat Os objetivos do projeto eram a caracterização completa do concentrado e o desenvolvimento dos processos de solubi lização assim como de separação e purificação de óxidos de terras raras a partir de um concentrado de xenotima O produ to de principal interesse era o óxido de ítrio de elevada pureza A amostra estudada foi proveniente da mina do Pitinga localizada em Presidente Figueiredo AM cedida pela Mineração Taboca do Grupo Paranapanema O projeto foi realizado contemplando as seguintes etapas 74 caracterização mineralógica que foi reali zada no CETEM e na Universidade Técnica de Munique lixiviação do concentrado em batelada com separação e purificação dos elementos de terras raras por extração por solvente em bancada que foram realizadas no CETEM e na Universidade de Trento lixiviação do concentrado em batelada com separação e purificação dos elementos de terras raras por extração por solvente em contínuo as quais foram realizadas na usi na préindustrial de Pérgine Itália A Figura 1 apresenta de forma simpli ficada o lay out da instalação projetada pelos técnicos do CETEM e das instituições parceiras que foi implantada em Pérgine Itália Nesse local no período compreendido entre junho e dezembro de 1993 foram de senvolvidas e otimizadas em escala amplia da as tecnologias de lixiviação separação e purificação de compostos de terras raras Figura 1 Esquema da instalação projetada pelos técnicos do CETEM e das instituições parceiras implantada em Pérgine Itália para lixiviação separação e purificação de compostos de terras raras O concentrado de xenotima tinha a se guinte composição mineralógica xenotima 901 zircão 97 quartzo 01 outros 01 e a seguinte composição química TR2O3 616 TR2O3 refere se a óxidos totais de terras raras Zr2O3 485 SiO2 505 ThO2 060 U3O8 007 P2O5 2760 e 023 de ou tros óxidos Fe2O3 Al2O3 Nb2O5 SnO2 Comparativamente às ocorrências de xe notima de outras localidades a proveniente da mina do Pitinga apresentava altíssimo teor de fração pesada das terras raras 996 sendo 447 de ítrio e um teor de tório re lativamente baixo correspondente a 06 O concentrado de xenotima foi subme tido inicialmente à lixiviação com ácido sulfúrico concentrado em temperaturas na faixa de 230oC por 8 horas A unidade pi loto de separação empregou a tecnologia de extração por solvente em função do objetivo de obtenção de ítrio de elevada pureza a partir de uma solução contendo mistura de elementos de terras raras na qual a fração pesada era predominante Foi estudado o 75 desempenho de dois circuitos pilotos con tínuos de extração Um primeiro empregan do um extratante aniônico que permitiu um corte entre os elementos érbio e túlio e a consequente obtenção de duas frações de concentrados A outra fração conside rada como a de maior interesse comercial contendo os elementos Y Tm Tb Yb e Lu foi submetida a uma segunda etapa de ex tração envolvendo um extratante carboxíli co Foi obtido ao final ítrio com pureza de 9999 Foi utilizado um processo contínuo de extração líquidolíquido empregando dis tintos extratantes A separação dos elemen tos da fração leve usou como extratante uma amina terciária de cadeia longa C1821 Por outro lado a extração e separação dos elementos da fração pesada utilizou como extratante um ácido carboxílico de cadeia linear média C8C11 O aumento da efi ciência de separação dos circuitos foi al cançado mediante a adição de composto salino na fase orgânica que atuou como tamponadorcondicionador Buscouse as sim explorar o efeito do íon comum nesse caso específico um ânion similar ao do áci do usado para a lavagem e reextração da fase orgânica carregada A Figura 2 mostra esquematicamente os circuitos utilizados para a obtenção de ítrio de elevada pureza Os circuitos de separação permitiram um corte entre os elementos érbio e túlio e a consequente obtenção de duas frações Figura 2 Esquema simplificado dos circuitos de separação e purificação de ítrio Significado das Siglas e Abreviações ETRLsolução de elementos de terras raras leves ETRP solução de elementos de terras raras pesadas SAL solução ácida de lavagem SAR solução ácida de regeneração SSC solução salina condicionadora do extratante ORG fase orgânica AQ fase aquosa Y solução purificada contendo ítrio 76 de concentrados uma delas a que foi con siderada como a de maior interesse comer cial contendo os elementos Y Tm Tb Yb e Lu Ao final foi obtido ítrio com pureza de 9999 Resultados Comprovouse a possibilidade de abertura do concentrado de xenotímio usando reator fechado embora sem sobrepressão resul tando em um licor que permitiu a separa ção de tório da solução por precipitação controlada Foram obtidos carbonatos e óxidos de ter ras raras pesadas de elevada pureza sendo que no caso do ítrio foi atingido o objeti vo principal resultando num óxido de teor 9999 O uso de dois circuitos sequenciais de separação utilizando respectivamente ex tratantes comerciais da classe aniônica e carboxílica mostrou ser eficiente para re cuperar Y Tb Tm com elevada pureza a partir de um concentrado de xenotima da mina do Pitinga Ficou assim comprovada a viabilidade técnica do aproveitamento do concentrado de xenotímio do Pitinga usando processos e técnicas em acordo com as melhores tec nologias disponíveis à época Benefícios do Projeto A rota de processamento desenvolvida mos trou ser uma alternativa tecnológica viável para a separação dos elementos presentes na xenotima da mina do Pitinga AM rica em ítrio e nos elementos pesados os quais pela pequena disponibilidade são alvo do interesse dos setores detentores da alta tecnologia A mina do Pitinga passou portanto a ter à disposição um acervo técnico que lhe permitiu projetar a explotação de terras ra ras para além da produção de concentrados agregando valor aos seus produtos O conhecimento obtido no desenvol vimento do projeto permitiu que os técni cos brasileiros pudessem adquirir expertise numa área até então carente de soluções tecnológicas abrindo perspectivas para o melhor aproveitamento desses recursos no país 77 Garimpos na região Amazônica foram beneficiados com o controle de processos e execução de operações em circuito fechado possibilitando melhor recuperação do ouro inclusive nos rejeitos evitando o desperdício e diminuindo o risco da poluição ambiental Orientação técnica ao pequeno minerador de ouro amalgamação queima de mercúrio e descontaminação de rejeitos janeiro1995 a janeiro1996 Problema Desafio Em áreas de garimpo o ouro encontrase disperso na forma de partículas de fina granulometria e o mercúrio metal líqui do à temperatura ambiente é utilizado como agente agluti nador dessas partículas de ouro O mercúrio no entanto é altamente tóxico para o homem especialmente quando inala do ou absorvido através da pele ou ainda bioacumulado por meio da cadeia alimentar A Região Amazônica tem as maiores bacias hidrográficas do país e os inúmeros garimpos de ouro lá existentes sem pre representaram um risco de contaminação dos rios e dos peixes da região Consciente dessa situação o DNPM lan çou o Programa de Orientação Técnica ao Pequeno Produtor de Ouro POT na busca de uma solução definitiva para o problema com ações que promovessem melhor capacitação técnica do pequeno minerador a harmonização entre o pro cesso produtivo e a proteção ao meio ambiente a introdução e utilização de técnicas e metodologias adequadas para ga rantir segurança à atividade garimpeira de ouro na Amazônia Brasileira Tal Programa compreendia quatro fases distintas e interdependentes 1 legalização 2 plano de extração mineral 3 amalgamação e queima de mercúrio 4 descon taminação de rejeitos As fases 1 e 2 seriam de total compe tência do DNPM cabendo ao CETEM a realização das fases 3 e 4 conforme o convênio específico entre as instituições A área piloto selecionada pelo DNPM foi a do Garimpo de Piririma situado à margem direita do rio do Rato ao norte da Reserva Garimpeira de Tapajós no estado do Pará A área 78 Responsáveis pelas Informações João Alves Sampaio Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Antônio Odilon da Silva Elisabeth Costa de Paiva Jacinto Frangella João Alves Sampaio Coordenação Técnica amalgamação e queima José Augusto F Junior Juliano Peres Barbosa Coordenação Geral in memoriam Marcelo Correia Andrade Maurílio Fonseca Menezes Paulo Fernando Almeida Braga Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica descontaminação de resíduos Roosevelt Almeida Ribeiro Sérgio Clemente da Silva Severino Ramos da Silva DNPM Francisco José Sadeck foi escolhida levando em consideração os seguintes fatores a infraestrutura existente pista de pouso com aproximada mente 800 metros estava sendo explotado um depósito secundário de ouro aluvião no local a distância relativamente pequena 140 km da cidade mais próxima ItaitubaPA significando apenas 45 minutos de vôo táxi aéreo monomotorbimotor a existência de cerca de 400000 m3 de rejeitos auríferos contaminados com teor médio estimado de 06 g Aum3 o teor médio estimado no depósito secundário lavrado 10 g Aum3 Conforme estabelecido no convênio o CETEM deveria montar unidades experimentais UE de demonstração das práticas e tecnologias de amalgamação e queima de mercúrio Aq e descontaminação de rejeitos DR Estratégia de Desenvolvimento Fase 3 Amalgamação e queima de Mercúrio essa fase compreendeu construção da unidade experimental UEAq em circuito fechado planejada para tratar até 60 kg de concentrado au rífero por ensaio com duração estimada de 3 h cada construção de uma piscina impermeabilizada com manta de PVC flexível capaz de estocar um volume de rejeitos corres pondente a 72 m3 8 x 6 x 15 m sendo dotada de canaletas de drenagem 05 x 05 m instalação de tambores rotativos para a etapa de amalgamação introdução de retorta para destilação e recuperação do mercúrio deposição dos rejeitos contaminados na piscina impermeável treinamento do pessoal envolvido e elaboração de um ma nual operacional A Figura 1 mostra a planta baixa esquemática do galpão das unidades experimentais UEAq e UEDR e seus princi pais equipamentos 79 Os concentrados auríferos provenientes da fase 2 assim como o mercúrio metálico uti lizado na amalgamação até 2 kgensaio fo ram fornecidos pelo garimpeiro titular da área Os testes em escala piloto para obten ção dos concentrados de ouro foram levados a efeito em uma caixa concentradora prin cipal Uma segunda caixa concentradora de leito único denominada de cobrinha foi utilizada em alguns testes para repassar o concentrado total obtido na caixa concen tradora principal Figura 3 Levandose em consideração os leitos da caixa principal em cada ensaio foram coletados até cinco concentrados assim denominados A1 concentrado da cobrinha obtido na caixa secundária tendo como alimentação o concentrado total da caixa concentradora principal Figura 2 A2 concentrado do páraquedas obti do no primeiro leito da caixa concentradora principal indicado na Figura 3 pela letra A A3 concentrado obtido no segundo leito da caixa concentradora principal indicado na Figura 3 pela letra B A4 concentrado obtido no terceiro leito da caixa concentradora indicado na Figura 3 pela letra C A5 concentrado obtido através da lavagem de toda a caixa concentradora principal após a retirada dos carpetes utilizados nos leitos da mesma As etapas de amalgamação e queima fo ram conduzidas com as amostras dos concen trados de ouro acima mencionados Utilizouse Figura 1 Planta baixa esquemática do galpão e das unidades experimentais UEAQ e UEDR 80 Figura 2 Fluxograma simplificado das operações de concentração de ouro no garimpo de Piririma usando caixas coletoras Figura 3 Calhas concentradoras de ouro usadas no garimpo de Piririma um tambor amalgamador rotativo Figura 4 no qual o concentrado aurífero e o mercúrio foram colocados em um sistema fechado reator re duzindo as perdas de mercúrio a valores insig nificantes Além da característica mineralógica da quantidade do teor e do grau de liberação do concentrado as principais variáveis operacio nais foram a velocidade de rotação do tambor o tempo de amalgamação e a percentagem de sólidos O processo de amalgamação apresenta melhor eficiência na recuperação das partículas de ouro superiores a 74 µm sendo que o fator tempo é fundamental na promoção do contato mercúrioouro Esse tambor amalgamador construído em chapa de aço carbono com um volume útil de 164 litros foi acionado por um mo tor elétrico trifásico de 3 hp e 860 rpm A velocidade de trabalho foi de 30 rpm equi valente a 49 da velocidade crítica Foram realizados dois diferentes estágios de traba lho amalgamação no tambor rotativo e des pescagem separação do amálgamarejeito na calha riflada Figura 4 Tambor rotativo de amalgamação na etapa de despescagem Ao tambor foram adicionados o con centrado de ouro o mercúrio a água e o hidróxido de sódio A quantidade de mer cúrio utilizada que variou entre 10 a 100 g de Hg foi baseada na quantidade estima da de ouro existente no concentrado rela ção HgAu de 21 A quantidade de água foi calculada em função da percentagem de sólidos previamente estabelecida em 40 A de hidróxido de sódio em função da quan tidade de concentrado adicionada ao tam bor considerou uma relação equivalente a 1 g de NaOH para 10 kg de concentrado O tempo de amalgamação variou de 10 a 81 30 min Após a amalgamação o material foi descarregado na calha coletora do sistema de amalgamação e em seguida foi reali zado o bateamento por meio do qual parte do mercúrio foi recuperada por filtragem e o restante foi recuperado na forma de amálga ma com o ouro Na etapa seguinte efetuouse a quei ma do amálgama em uma retorta fechada desenvolvida e fabricada no CETEM vide resumo do projeto RETORCET na página 84 obtendose a recuperação total do ouro e do mercúrio contidos no amálgama O mercúrio inicialmente adicionado ao tambor foi recuperado em duas frações a residual esponja de ouro e a destilada isto é obtida por destilação do mercúrio na retorta Fase 4 Descontaminação de Rejeitos essa fase compreendeu construção da unidade experimental UEDR em circuito fechado para pro cessamento e descontaminação de rejeitos oriundos da etapa de amalgamação do con centrado aurífero instalação de reatores eletrolíticos para tratamento dos rejeitos introdução de sistemas operacionais e de tratamento de soluções em circuito fechado levantamento desenvolvimento e seleção de procedimentos de monitoramento analí tico in situ do processo confinamento dos rejeitos em tanques piscinas impermeáveis treinamento do pessoal envolvido e ela boração de manual de operação da unidade A implantação do processo eletroquími co na UEDR usou como referência o pedido de privilégio de patente n PI94042691 intitulado Célula para o tratamento de re síduos sólidos contendo mercúrio elemen tar e processo de eletrolixiviação deste elemento com sua simultânea eletrorrecu peração e depositado pelo CETEM no INPI em 27101994 Esse processo foi empre gado na recuperação do mercúrio metálico e do ouro disperso nos rejeitos da UEAq Está baseado na ação dos íons hipoclorito ClO gerados durante a eletrólise de uma suspensão de resíduos numa solução aquo sa de cloreto de sódio NaCl O mercúrio é recuperado na forma de amálgama sendo depositado nos catodos e em seguida sub metido à pirólise em uma retorta gerando como produtos mercúrio e ouro com uma quantidade residual de mercúrio A fase piloto previa a instalação de dois circuitos que utilizaram a mesma concep ção teórica de processo diferindo somente a configuração dos reatores de eletrólise O tanque retangular de eletrólise TAREL ti nha capacidade volumétrica máxima de 50 L a qual foi suficiente para tratar até 90 kg de rejeito considerandose a densidade aparen te de 18 gcm3 do resíduo em regime de operação de 8 hdia em 300 diasano O tan que cilíndrico de eletrólise TACEL tinha ca pacidade volumétrica máxima total de 50 L e volume útil de 40 L Assim permitiu tratar até 20 kg de rejeitos por ensaio em 3 h de operação formando uma polpa contendo até 400 g de rejeitos por litro de solução com uma capacidade volumétrica útil de 40 L Essas características permitiriam o processa mento de até 40 kg de rejeito a cada 6 hdia durante 300 diasano 82 Resultados Fase 3 Amalgamação e queima de Mercúrio O cálculo da recuperação total do mercú rio foi feito considerando a soma dos pesos das duas frações de Hg filtrada e destila da A eficiência do processo de retortagem foi calculada em 97 O mercúrio residual contido na esponja de ouro não foi descarta do para o meio ambiente O peso da esponja de ouro foi considerado como sendo ouro recuperado no processo de amalgamação O tempo de queima ou destilação variou entre 10 e 30 min O rejeito obtido na amalgama ção foi estocado para posterior tratamento através da eletroxidação Ficou demonstrado ser possível obter recuperações elevadas do ouro recolhido das caixas recuperação acima de 95 i usando o tambor amalgamador e propor ções significativamente menores de mercú rio 1g Hg 1g Au do que as utilizadas pe las práticas locais ii com melhor controle nas operações de despescagem e recupera ção do amálgama usando o circuito fechado e uma caixa coletora de amalgamação me diante etapas sequenciais de despescagem e amalgamação Fase 4 Descontaminação de Rejeitos Os testes de eletrolixiviação dos resíduos de amalgamação de concentrados confir maram a viabilidade técnica do emprego do processo A remoção de mercúrio dos resí duos atingiu 99 O teor remanescente de mercúrio no resíduo após o tratamento foi sempre inferior ao limite estabelecido pela CETESB como referência para ações de in tervenção no solo 500 µgkg1 ou 500 ppb O processo demonstrou ser também efeti vo para a recuperação de ouro residual dos rejeitos ou seja aquela porção do metal que não foi recuperada nos processos graví ticos tampouco na etapa de amalgamação Foi demonstrada a possibilidade de re circular as soluções usadas no processo sem que tivesse havido diminuição signifi cativa dos percentuais de remoção de Hg Figura 5 Galpão com as unidades experimentais de amalgamação e queima de mercúrio UEAQ e descontaminação dos rejeitos de amalgamação UEDR e diagrama integrado de blocos dessas unidades 83 nos resíduos e de recuperação de ouro nos catodos Benefícios do Projeto A fase 3 do projeto amalgamação e queima de mercúrio demonstrou a possibilidade de reduzir a quantidade de mercúrio utilizado nas calhas dos garimpos evitando o desperdí cio e diminuindo o risco da poluição ambien tal mediante i o melhor controle da vazão e da percentagem de sólidos ii a execução de operações em circuito fechado utilizando tambor amalgamador despescagem e amal gamação nessa mesma caixa coletora com redução das quantidades de Hg no máximo 1 g Hg 1g Au iii a fusão do amálgama em retortas com coleta de Hg por condensação iv o reuso da água da piscina de rejeitos A fase 4 descontaminação de rejeitos confirmou além do já mencionado nos re sultados a possibilidade de recuperar ouro no mínimo 05 g de ourom3 de resíduo tratado até mesmo dos rejeitos e reuti lizar o mercúrio representando um ganho financeiro adicional ao pequeno minerador e maior sustentabilidade às atividades nos garimpos Outrossim as cooperativas de garimpeiros passaram a partir dessa expe riência a contar com uma referência para o tratamento adequado eficiente e seguro dos concentrados e dos rejeitos atendendo aos padrões e exigências ambientais As diversas ações do Programa POT certamente promoveram melhor capacita ção técnica do pequeno minerador e uma harmonização entre o processo produtivo a proteção ao meio ambiente e ao homem 84 RETORCET equipamento simples e de fácil portabilidade mas inovador e valioso especialmente para o pequeno minerador de ouro pois proporciona separação total do metal nobre e recuperação de 97 do mercúrio utilizado na amalgamação evitando sua emissão para a atmosfera e protegendo a saúde do garimpeiro RETORCET uma retorta desenvolvida e fabricada no CETEM março1996 a dezembro1996 Problema Desafio Durante o desenvolvimento pelo CETEM de projetos am bientais em Poconé MT Alta Floresta MT Itaituba PA e Peixoto de Azevedo MT que tinham por objetivo diag nosticar os impactos ambientais causados pelas emissões de metais pesados na atmosfera verificouse que a maioria dos casos de poluição mercurial era devida à falta de informação e à ausência de equipamentos retortas para destilação e re cuperação do mercúrio nas regiões de garimpo de ouro O amálgama liga sólida de ouro e mercúrio sendo o teor de ouro variável entre 30 a 50 era frequentemente quei mado em latas e cuias ocorrendo a vaporização do mercúrio ao ar livre caracterizando assim uma agressão à saúde do garimpeiro e ao meio ambiente A retortagem do amálgama ou pirólise do mercúrio sig nifica a ação comumente empregada para separar o ouro do mercúrio utilizandose uma retorta para tal fim com o con sequente reaproveitamento do mercúrio metálico O uso de retortas embora simples e de baixo custo estava longe de ser prática comum na Região Amazônica face à reduzida consciência ambiental do garimpeiro e à ignorância quanto à toxicidade do mercúrio De acordo com o estudo realizado pelo DNPM em 1987 foi constatado que nos processos de garimpagem as perdas de mercúrio eram de 87 para a atmosfera durante a quei ma do amálgama e de 13 para os rejeitos O CETEM vinha investigando o processo de retortagem desde 1983 quando colocou à disposição do mercado uma 85 Responsável pelas Informações Paulo Fernando Almeida Braga EquIPE DO PROJETO CETEM Ivo Alves Calado Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Ramon Veras V de Araújo in memoriam Roosevelt Almeida Ribeiro retorta designada Amalgamacet Esse equipamento tinha um bom sistema de vedação e boa eficiência na recuperação de mercúrio mas apresentava uma desvantagem Seu siste ma de fechamento em rosca dificultava a abertura da retorta após a etapa de queima do amálgama Com base nos problemas expostos o CETEM encontrava se diante do desafio de desenvolver um protótipo de retorta que além de não permitir vazamento de vapores de mer cúrio para o meio ambiente fosse mais versátil e pudesse atender às necessidades do pequeno minerador garimpei ro com baixo custo de manutenção eficiência operacional e confiabilidade Estratégia de Desenvolvimento Além da retorta Amalgamacet desenvolvida no CETEM na década de 80 vários equipamentos com o mesmo objetivo foram projetados por diferentes instituições O Instituto de Geociências da USP desenvolveu um projeto criativo que culminou na construção de uma retorta com os tubos e conexões de ferro fundido Outra retorta desenvolvida em 1991 pelo CDTN apresentou um bom desempenho segun do a avaliação realizada pelo CETEM tendo sido indicada pelo IBAMA para a comercialização Já a retorta desenvol vida pelo Instituto de Biofísica da UFRJ apesar de apre sentar boa eficiência na recuperação do mercúrio teve seu peso da ordem de 15 kg como principal inconveniente pois dificultava o transporte e o manuseio do equipamento A empresa Crystal química Ltda de Curitiba patenteou e colocou no mercado em 1993 a retorta Ouromil com boa praticidade mas apresentando um sistema de vedação com anel de amianto fixo nos flanges da tampa do cadinho e um sistema de fechamento por presilha de fixação que não oferecia boa vedação com base no corpo da retorta e com apoio na tampa Fundamentado nos prós e contras dessas retortas o CETEM partiu para o desenvolvimento da RETORCET cujo princípio operacional é ilustrado na Figura 1 A eficiência do processo de pirólise do mercúrio em amál gamas AuHg está diretamente associada à qualidade da re torta e isso inclui um bom sistema de vedação boa refrigera ção e um queimador intenso A intensidade da chama deve ser moderada no início do processo e intensa no final 86 Figura 1 Desenho esquemático da operação de retortagem com a RETORCET Resultados A RETORCET Figura 2 testada diversas ve zes em laboratório e nos garimpos de ouro apresentou uma alta eficiência 97 na re cuperação do mercúrio Pode ser acondicio nada como Kit em um estojomaleta de ma deira incluindo as seguintes peças retorta bico queimador recipiente coletor suporte braçadeiras mangueira e válvula de seguran ça Com exceção do queimador e do coletor todas as peças são em aço inox As principais características do equipamento são Capacidade de tratamento 200 g de amálgamaciclo 75 minutos Eficiência de destilação 956 amálga ma de prata e 970 amálgama de ouro Tempo de destilação 25 minutos Peso total 31 kg Figura 2 RETORCET uma retorta desenvolvida no CETEM 87 A montagem e o manuseio da RETORCET são operações simples bem como seu transporte e deslocamento devi do ao baixo peso do Kit e à fácil porta bilidade O botijão de gás não incluído no Kit deve ser providenciado pelo usuário final Os desenhos do projeto da RETORCET disponíveis na biblioteca do CETEM apre sentam todos os detalhes necessários à fa bricação da retorta Benefícios do Projeto A RETORCET desenvolvida no CETEM é um equipamento inovador e valioso não so mente para testes de laboratório mas espe cialmente para o pequeno minerador pois proporciona uma separação total do ouro e uma recuperação de 97 do mercúrio utili zado na amalgamação Dessa forma evita se a emissão do mercúrio volatilizado para a atmosfera e protegese a saúde do garim peiro ou do operador O DNPM em parceria com o CETEM implantaram uma unidade experimental de amalgamação e queima de mercúrio na Reserva Garimpeira Peixoto de Azevedo para orientação técnica das etapas de amalga mação e pirólise do mercúrio A RETORCET vem sendo utilizada pelos pequenos mine radores em vários garimpos no país 88 Método eficiente criativo e de baixo custo para remoção de arsênio um contaminante solúvel e perigoso favoreceu à Rio Paracatu Mineração no descarte seguro de seus rejeitos e efluentes industriais Imobilização de arsênio oriundo de rejeitos do processamento de ouro julho1996 a agosto1996 Problema Desafio O arsênio é um metalóide altamente tóxico e presente em muitos minérios e concentrados processados pela indústria mineral O ouro está frequentemente associado a minérios contendo arsênio ou dentro da própria estrutura de sulfetos de arsênio como é o caso da arsenopirita nos chamados minérios refratários Nos minérios onde o ouro ocorre livre e é portanto recuperado por métodos gravíticos flotação eou cianetação os rejeitos se constituem dos próprios minerais naturais de arsênio que ao serem descartados para o meio ambiente so frem ataques ácidos e ação de bactérias e podem se decompor liberando arsênio para os rios ou outros cursos dágua Esses rejeitos devem ser periodicamente monitorados para verificar se a quantidade de arsênio dissolvida está dentro dos limites aceitáveis pela legislação ambiental vigente Nos minérios refratários o problema com o arsênio é ainda maior visto que para recuperação do ouro é necessá rio destruir o sulfeto por processo pirometalúrgico ou hidro metalúrgico O processo pirometalúrgico emite arsênio na forma de trióxido que não pode ser lançado na atmosfera O processamento hidrometalúrgico produz efluentes com elevado teor de arsênio que devem ser tratados antes de re ciclados para o processo ou liberados para o meio ambiente A remoção do arsênio dessas soluções normalmente por técnicas de precipitação até níveis aceitáveis pelos órgãos de proteção ambiental e a estabilidade desses precipita dos em longo prazo são os maiores problemas enfrentados pelas indústrias 89 Responsáveis pelas Informações Reiner Neumann Ricardo Melamed EquIPE DO PROJETO CETEM Adauto José da Silva Clarissa Souto Monte Agudo Flavia Elias Trigueiro Gilberto Mendes de Queiroz José Costa Novaes Marcos Antonio de Oliveira Batista Oswaldo Joaquim Sandra Coelho Sandra Helena Ribeiro Severino Ramos Marques de Lima Reiner Neumann Ricardo Melamed Coordenação Técnica Themis Carageorgos A Rio Paracatu Mineração RPM que à época era pro prietária da mina Morro do Ouro na região noroeste do estado de Minas Gerais atualmente a RPM integra a empresa cana dense Kinross Gold Corporation sentindose responsável em produzir ouro gerando efluentes dentro dos padrões estabele cidos pelo órgão ambiental solicitou ao CETEM o desenvolvi mento de tecnologia ambientalmente limpa que contemplas se um descarte seguro de seus rejeitos e efluentes Estratégia de Desenvolvimento A estratégia desenvolvida no CETEM foi a utilização de argi las da região de Paracatu como revestimento do sítio de dis posição dos rejeitos para contenção do arsênio proveniente do processamento de ouro pela RPM Nesse contexto foram feitas avaliações do comportamento dos rejeitos e do poten cial de retenção de arsênio pelas argilas a serem utilizadas no revestimento Resultados A Tabela 1 fornece a composição mineralógica com base na identificação por difração de raiosX de afundados e flutu ados dos três rejeitos estudados e a Tabela 2 apresenta as análises químicas desses rejeitos Tabela 1 Mineralogia de afundados e flutuados dos 3 rejeitos da RPM Amostra Flutuado Afundado Rejeito CTB1 muscovita quartzo caolinita quartzo muscovita goethita caolinita siderita Rejeito Blendado muscovita quartzo caolinita quartzo muscovita pirita arsenopirita goethita scorodita siderita Rejeito B2 muscovita quartzo caolinita quartzo muscovita goethita pirita arsenopirita caolinita siderita 90 Os três rejeitos analisados CTB1 Blendado e B2 apresentaram uma fração pesada muito reduzida da ordem de 02 ou menos no caso do rejeito blendado Considerandose que o arsênio é um elemento pesado peso atômico 749 todo ele deve ria estar concentrado nas frações afundadas A composição mineralógica dos flutua dos foi a mesma para os três rejeitos musco vita quartzo e caolinita Nos afundados além desses três minerais foram ainda identifica dos goethita e siderita No rejeito B2 tam bém puderam ser detetados pirita e arseno pirita e no rejeito Blendado adicionalmente a todos os citados anteriormente a scorodita Foram identificados diversos minerais carreadores de arsênio Em termos de con teúdo de As o mais importante é a arse nopirita rara no rejeito Blendado e comum no B2 mas ausente no CTB1 No rejeito Blendado por outro lado foi identificada scorodita que provavelmente também ocor re no CTB1 e não no B2 É no entanto rara Adicionalmente foi identificado um grão de sulfeto de Fe com teores elevados de As no rejeito B2 As piritas sulfeto de Fe abundante no rejeito B2 e no Blendado não continham arsênio Em termos de quantidade os carreado res mais importantes eram os óxidoshidró xidos de Fe abundantes em todos os rejei tos O seu conteúdo em As variou muito de Tabela 2 Análise química dos rejeitos CTB1 Blendado e B2 Rejeito SiO2 S Fe Cu ppm As ppm CTB1 582 0052 261 23 1008 Blendado 596 0103 150 49 1629 B2 572 0185 160 33 2467 0 a 115 de maneira que não foi possí vel estabelecer uma estimativa significativa do teor de As Como não foram detectados óxidos de Fe nos difratogramas concluiu se que essa fase era a goethita ou a amor fa Considerandose que os picos relativos à goethita se mostraram muito reduzidos nas análises por difração de raios X apesar de sua abundância podese afirmar que a cris talinidade da goethita era muito baixa ou que esse mineral estava extremamente su bordinado à fase amorfa Em termos práti cos a diferença é nula e concluiuse que os principais carreadores de arsênio nos três rejeitos analisados eram óxidoshidróxidos de Fe amorfos A principal fonte primária de arsênio foi a arsenopirita uma vez que raramente encontrouse o metalóide na scorodita e no outro sulfeto de Fe O arsênio liberado pela oxidação da arsenopirita era aparentemente captado por óxidoshidróxidos de Fe durante a sua precipitação e a capacidade de reten ção de As dessas fases é elevada chegando a 115 Provavelmente existem diversas fontes para o ferro que precipita como óxi dohidróxido Podem ser citados sem preju ízo de outras o próprio Fe da arsenopirita a pirita e a siderita Num ambiente gerador de ácido pela oxidação de sulfetos a dis solução da siderita poderia causar rápida li beração de Fe no meio 91 A variação da concentração de arsê nio no sobrenadante dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C durante os testes de solubilidade é mostrada nas Figuras 1 2 e 3 para valores de pH 70 50 e 30 respectivamente A dissolução de arsênio dos rejeitos condicionados em pH7 teve um compor tamento variado Figura 1 Com exceção do rejeito INCO B todos os outros rejeitos apre sentaram uma dissolução de arsênio entre 05 e 12 ppm nos primeiros 4 dias de teste depois de 8 dias a concentração de arsê nio nos sobrenadantes desses rejeitos caiu para valores entre 001 e 010 ppm Isto foi explicado pela possível precipitação do arsênio na forma de arsenatos de ferro e ou cálcio os quais tornaram a liberar o ar sênio após mais 4 dias de contato Outra possibilidade aventada foi que o arsênio es tava adsorvido nos óxidos eou hidróxidos de ferro presentes nos rejeitos e foi desorvido e readsorvido ao longo do processo Os sólidos B2 BL e INCO C dissolveram 061 070 e 19 ppm de arsênio respectivamente de pois de 16 dias de contato O arsênio dissol vido dos sólidos INCO A e INCO B parece ter precipitado totalmente após os 16 dias de teste O rejeito B2 dissolveu 0024 de seu conteúdo inicial de arsênio e o BL liberou 0038 do arsênio contido Para ajustes diários a um valor de pH5 Figura 2 o rejeito INCO C foi o que libe rou mais arsênio para a solução totalizando 34 ppm seguido pelos rejeitos INCO A e INCO B ambos liberaram 30 ppm O re jeito B2 não liberou qualquer quantidade de arsênio e o rejeito BL apenas 0097 ppm Figura 1 Variação da concentração de As dos sobrenadantes dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C com ajustes diários para pH7 Figura 2 Variação da concentração de As dos sobrenadantes dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C com ajustes diários para pH5 92 que corresponde a 00052 do arsênio contido inicialmente após 16 dias de teste Aparentemente os rejeitos B2 e BL não se riam ameaça para o meio ambiente uma vez que dissolveriam menos do que 02 ppm de As que é o limite estabelecido pela legisla ção brasileira para descarga em rios e outros cursos dágua Em pH3 os rejeitos INCO A B e C apresentaram a maior dissolução de arsê nio numa faixa de 2025 ppm em 16 dias de contato Figura 3 Os rejeitos B2 e BL praticamente não liberaram arsênio para o sobrenadante nos 16 dias de contato pois nesse pH até mesmo os óxidos de ferro e arsênio apresentaram área de estabilidade de acordo com os diagramas EhpH Nos três valores de pH estudados o re jeito BL liberou uma percentagem maior de arsênio Por ser um rejeito blendado pro veniente da mistura dos rejeitos do minério B1 e do minério B2 o arsênio encontrava se associado aos óxidos eou hidróxidos de ferro ao invés de contido na arsenopirita conforme constatado pela caracterização mineralógica A arsenopirita FeAsS apre senta uma grande área de estabilidade na faixa de pH 37 de acordo com os diagra mas de Pourbaix EhpH sendo o principal carreador de As do minério B2 Figura 3 Variação da concentração dos sobrenadantes dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C com ajustes diários para pH3 Os resultados dos testes de solubilida de método EPA com os rejeitos B2 e B1 demonstraram que esses rejeitos não seriam problemas potenciais para o meio ambien te visto que liberaram menos que 02 ppm de As Os rejeitos INCO liberaram concentra ções de arsênio na faixa de 3035 ppm quando submetidos ao teste de solubili dade padrão EPA Em pH3 dissolveram até 25 ppm de As para a solução após 16 dias de contato representando portan to uma ameaça ao meio ambiente quando não devidamente tratados ou dispostos A composição mineralógica das três ar gilas estudadas da região de Paracatu era muito semelhante contendo basicamente muscovita quartzo caolinita e feldspato A fase ferruginosa predominante em todas as argilas era limonita amorfa A argila G1 continha hematita e as argilas G2 e G3 con tinham goethita A argila G1 demonstrou maior capa cidade de retenção de arsenato e o poten cial de adsorção das argilas era G1G2G3 Figura 4 Os dados de BET e a distribui ção granulométrica foram consonantes com esses resultados as superfícies específicas das argilas G1 G2 e G3 foram de 33 22 e 17 m2g respectivamente 93 A argila G1 foi a recomendada como revestimento do sítio de disposição de re jeitos pela maior capacidade de reten ção do As quando comparada às demais Possui um potencial de retenção máximo em 9000 mgkg de acordo com o méto do das 2 superfícies de Langmuir Figura 5 Esse potencial associado ao fato de que o acúmulo de As tende a funcionar no sentido de modificar a estrutura da argila conferindolhe impermeabilização indi cam a eficácia e o sucesso do revestimen to proposto pelo CETEM e implementado pela RPM Nenhuma argila liberou arsênio Figura 4 Potencial de adsorção de arsênio pelas argilas da região de Paracatu para solução em quantidades superiores a 20 ppb durante 16 dias de contato em ne nhum dos valores de pH estudados O efeito do pH na adsorção do arsenato à argila G1 Figura 6 indica que a adsorção de As é maior para valores de pH na faixa 3 a 35 do que na faixa de 6 a 65 A capaci dade de complexação à superfície da argila G1 é relativamente alta em valores de pH na faixa ácida e tende a decrescer à medida que o pH aumenta Para anions que podem ser protonados como é o caso do arsenato um aumento do pH produz um envelope de adsorção que reflete a competição entre o Figura 5 Capacidade de retenção máxima da argila G1 Figura 6 Efeito do pH na adsorção do arsenato à argila G1 94 sítio à superfície e o anion pela decrescen te presença do proton Um outro mecanismo que contribui para a redução da adsorção com o aumento do pH envolve a competição dos grupos OH pelo sítio contendo o anion em complexação Nesse sentido os grupos OH são íons competitivos além de serem determinantes do potencial de superfície Três fases associadas a mecanismos de retenção de arsenato podem ser inferidas As duas primeiras fases são descritas pelas seguintes reações MeOH2 H2AsO4 MeO4AsH2 H2O 1 MeOH H2AsO4 MeO4AsH2 OH 2 onde Me representa o átomo do metal em coordenação com os óxidos da superfície Considerandose um pH de equilíbrio inicial na faixa ácida a equação 1 repre senta a primeira fase da adsorção durante a qual o valor do pH de equilíbrio se man tem constante havendo troca de ligas de H2AsO4 com os grupos funcionais OH2 pre dominantes À medida que o arsenato co meça a saturar a superfície da argila ocorre o aumento do valor de pH indicando que o principal mecanismo de retenção do As numa segunda fase equação 2 é a tro ca entre H2AsO4 e grupos funcionais OH A troca com grupos OH é favorecida pela diminuição na concentração dos grupos funcionais OH2 e pelo decréscimo do pon to de carga zero PCZ da argila associado à complexação de esfera interna adsor ção específica com o arsenato Com essa troca de ligantes o pH da solução tende a aumentar À medida que o pH aumenta o pKa2 do ácido arsênico pH67 se apro xima aumentando assim a proporção em solução das espécies de arsenato divalente HAsO4 2 O aumento das espécies de arse nato divalente em solução combinadas ao decréscimo no potencial de superfície em decorrência da complexação do As resulta na diminuição progressiva da retenção do As Numa terceira fase ocorre a diminuição de troca de ligantes entre As e grupos fun cionais OH e sorção dominada por nucle ação de arsenatos de Fe e Al na superfície A Figura 7 mostra o efeito dos eletróli tos na retenção de arsenato e indica que as sim como o pH a composição da solução de equilíbrio pode ser importante na adsorção Figura 7 Efeito dos eletrólitos calcário30 kgton e rejeito CTB1 na adsorção do arsenato 95 específica do arsenato Há que se ressaltar especialmente a interação desses dois pa râmetros físicoquímicos Como pode ser observado os dados da Figura 7 mostram que a valores de pH 3 a 35 a adsorção do As foi ligeiramente mais elevada no sistema com o eletrólito rejeito CTB1 quando comparada ao eletrólito cal cário No entanto para valores de pH pró ximos da neutralidade pH 65 a adsorção do As é bem mais elevada quando utilizado o eletrólito calcário O efeito do Ca presente no eletrólito calcário poderia ter aumenta do a retenção de As na faixa alcalina do pH como consequência de precipitação do As à superfície ou mudanças na carga elétrica superficial associada à adsorção específica do Ca Benefícios do Projeto A inovação tecnológica empregada pelo CETEM para o caso da RPM se constitui num método eficiente e criativo para remo ção de um contaminante perigoso solúvel de efluentes industriais A metodologia é sim ples e de baixo custo aplicaramse argilas componentes dos solos prontamente dis poníveis na região A aplicação do revesti mento com argila foi feita em condições in situ assegurandose uma imobilização do arsênio durante anos na própria bacia de rejeitos Esta tecnologia pode ser emprega da para vários tipos de contaminantes po rém a eficiência da tecnologia é dependente do tipo de contaminante e sua formulação química e dos vários fatores físicoquímicos dos rejeitos argilas e meio aquoso ou eletro lítico requerendo estudos específicos para cada caso como foi o estudo desenvolvido para a Rio Paracatu Mineração 96 Sistema integrado de captação exaustão e lavagem de gases nas casas de compra venda de ouro em regiões garimpeiras de Mato Grosso além de recuperar Hg e Au volatilizados transforma a insalubridade em uma condição ocupacional segura e com menor risco de contaminação ambiental Protótipo para operações ambiental e ocupacionalmente seguras em casas compradoras de ouro de regiões garimpeiras outubro1996 a novembro1999 Problema Desafio A necessidade de apresentar alternativas tecnológicas susten táveis para os pequenos mineradores de ouro fez com que o DNPM idealizasse e coordenasse o Programa de Orientação Técnica ao Pequeno Minerador de Ouro POT selecionando como áreas para sua implantação as regiões da Amazônia Legal e do Pantanal A seleção foi feita com base na intensa atividade extrativa de ouro que acontecia à época nessas regiões Outros fatores decisivos para essa escolha foram as características do ecossistema local assim como os riscos decorrentes dessas atividades A partir de estudos anteriores conduzidos pelo CETEM e financiados pelo DNPM foram identificadas as principais fon tes de poluição resultantes da atividade garimpeira Dentre essas fontes foi constatado que uma das que mais impactava e representava riscos para o homem era a etapa final da co mercialização do ouro nas casas compradoras É nessa etapa que acontece a fusão do ouro esponja também chamado de azougado contendo teores residuais de mercúrio Com base nos resultados desses estudos o DNPM mais uma vez contratou o CETEM para conceber uma solução de engenharia a fim de minimizar os riscos ocupacionais e am bientais da etapa de comercialização do ouro Buscavase ainda que a solução permitisse recuperar ouro e mercúrio que são liberados durante a etapa de fundição 97 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Elisabeth Costa de Paiva Jacinto Frangella José Augusto F Junior Juliano Peres Barbosa in memoriam Ramon Veras V de Araújo in memoriam Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Roosevelt Almeida Ribeiro DNPM Francisco José Sadeck Coordenação do Programa POT Estratégia de Desenvolvimento Foram planejadas várias ações distribuídas em três fases i diagnóstico sobre as condições das operações nas casas compradoras no tocante aos equipamentos usados e as emis sões de mercúrio com proposta de soluções de melhoria eou correção de procedimentos ii implantação e monitoramento de uma solução de engenharia para diminuir os riscos de correntes das atividades de fusão nas casas compradoras e iii otimização da solução aplicada O projeto teve como áreaalvo a cidade de Peixoto de Azevedo localizada a 700 km de Cuiabá MT Na fase inicial foram visitadas outras casas compradoras na região da bacia do rio Tapajós no oeste do Pará e no norte de Mato Grosso As visitas objetivaram coletar dados sobre a infraestrutura pro cedimentos operacionais mas também determinar a concen tração de mercúrio no interior e no exterior das casas compra doras em decorrência das operações de fundição O número de casas compradoras na região de Peixoto de Azevedo era em torno de 40 Foram coletados dados e feitas amostragens do ar em 19 delas Após análise das amostras e cruzamento de informações com os dados coletados foi feito um diagnóstico da situação que se apresentava nas casas compradoras inte rior e exterior conforme resumido a seguir todas as amostras no entorno das casas compradoras assim como em seu interior mostraram que o teor de mercúrio no ar excedia os limites ocupacionais recomendados pela OMS assim como os limites ambientais estavam muito acima dos estabelecidos pela legislação em vigor a grande maioria das casas compradoras funcionava com capelas rústicas dotadas de sistemas de exaustão ineficien tes e precários em termos de concepção e instalação A qua se totalidade das casas visitadas estava localizada nas áreas urbanas próximas a residências e estabelecimentos comer ciais Algumas delas vide exemplo na Figura 1 funcionavam em residências nas quais em geral as salas eram adaptadas precariamente para funcionar como casas compradoras Com base nos resultados e nas observações de campo decidiuse pela adoção de um sistema integrado incluindo capela captação exaustão e lavagem de gases que seria projetado e testado na próxima etapa do projeto 98 A etapa seguinte do projeto buscou portanto uma solução protótipo de enge nharia capaz de assegurar condições ocu pacionais e ambientais compatíveis com os limites exigidos pela legislação O protóti po deveria ser capaz de reter e recuperar no mínimo 90 do mercúrio volatilizado sob a forma metálica por captação e con densação com água operando em circuito fechado A concepção básica do equipamen to foi desenvolvida a partir dos seguintes critérios i o protótipo deveria ser projetado de modo a evitar a contaminação atmosférica pelo mercúrio ocasionada durante a etapa de queima do ouro esponja tanto no interior da casa compradora quanto para o meio ambiente externo ii o protótipo por ser um sistema piloto deveria ser de fácil instalação e operação para permitir a alteração de sua configura ção básica durante a execução dos testes Figura 1 Interior de uma casa compradora de ouro iii o protótipo deveria conter obrigatoria mente um captador um sistema de dutos de prélavagem e uma torre de lavagem de gases iv o protótipo deveria ser centralizado ten do todas as tubulações executadas em poli propileno PP a fim de evitar o ataque de gases corrosivos v o protótipo deveria possuir um estágio de prélavagem visando aumentar o tempo de contato gáslíquido vi o índice de ruído não deveria ultrapassar o limite de 65 db medido à distância de 2 metros do equipamento vii a captação dos vapores gerados durante a etapa de queima do ouro esponja deve ria ser efetuada pelo fundo da capela viii o captador deveria ser confeccionado em chapa de polipropileno provido dos re forços necessários e fendas calibradas 99 ix o captador deveria ainda permitir a co leta eventual de mercúrio metálico conden sado no seu interior x o captador deveria possuir uma vál vula dumper para controle da vazão de exaustão xi a vazão máxima do protótipo deveria ser de 3060 m3h considerando que as cape las em geral tem uma área frontal de aber tura de 17 m2 1 x 17m xii a velocidade linear de exaustão do pro tótipo na abertura frontal da capela deve ria ser de no mínimo 05 ms xiii o lavador de gases deveria ser con feccionado com materiais termoplásticos de engenharia polipropileno e atuar pelo princípio do ejetor de alta pressão ou seja do tipo autoaspirante prescindindo do uso de exaustores xiv o lavador de gases deveria permitir a coleta e recuperação do mercúrio metálico condensado Após a escolha do fornecedor do equi pamentoprotótipo o conjunto foi instala do em uma casa compradora da cidade de Peixoto de Azevedo A seleção da casa com pradora foi feita pelo DNPM com base em alguns critérios a saber as perspectivas de continuidade no ramo o volume de comer cialização a receptividade para abrigar os testes com o protótipo as referências obti das no município e a existência de espaço físico para montagem do sistema Os resultados obtidos após a instala ção do protótipo foram marcantes De ime diato foi observada a melhoria da condição ocupacional Esses resultados foram obti dos mediante o monitoramento da concen tração de mercúrio no ar em dez pontos no interior da loja incluindo medições feitas na altura do peito dos fundidores Os valores que antes da implantação do protótipo atingiam 60 µgm3 de mercú rio passaram a variar entre 6 e 20 µgm3 de mercúrio para períodos de exposição de até 8 horasdia Entretanto no tocante à emis são ambiental foi observado que a retenção de mercúrio pelo sistema protótipo atingiu 70 As medidas contínuas da concentra ção de mercúrio na entrada do sistema par te frontal do captador e na saída tubula ção de exaustão permitiram calcular essa retenção considerando a perda de massa dos lingotes eou botões após a fundição Tendo em vista que a meta de abatimento da emissão ambiental mínimo 90 não foi alcançada foram feitas algumas modi ficações no protótipo as quais consistiram em instalar um tanque coletor de mercúrio na fase condensada na seção de prélava gem reduzir a faixa operacional de vazão de 3060 m3h para uma faixa variando entre 1000 1200 m3h Após essas modificações o sistema operou entre abril1997 e novembro1999 sendo monitorado por períodos consecuti vos de 3 meses a cada ano Durante esse período de avaliação os resultados mostra ram que não houve alteração significativa no tocante aos limites de segurança ocupa cional A faixa de concentração de mercúrio no interior da loja se manteve sempre na faixa entre 6 e 20 µgm3 Por outro lado no que toca à retenção e recuperação de mer cúrio pelo sistema os resultados foram sig nificativamente melhores tendo sido atin gido 92 de recuperação em relação ao mercúrio que entrou no sistema por conta 100 Figura 2 a Capelas com captadores e tubulação que leva à seção de prélavagem b Sistema de prélavagem conectado ao lavador c Vista do lavador e do tanque coletor de condensado da seção de prélavagem d Interior do tanque coletor durante operação de limpeza e recuperação do amálgama das operações de fusão de ouro azougado Esse valor foi calculado a partir da medida da concentração de mercúrio na entrada do captador e na saída do sistema consideran do ainda a perda de massa dos botõeslin gotes de ouro impuro antes e após a fusão No período entre janeiro e novem bro1999 foi observado que o sistema pro tótipo reteve uma polpa 15 litros que se acumulou no fundo do tanque coletor Esse material após filtração e secagem resultou em uma massa de amálgama de mercúrio e ouro pesando 235 kg As operações sub sequentes de retortagem dessa massa de amálgama resultaram na obtenção de cerca de 345 g de ouro e de cerca de 2 kg de mer cúrio metálico Nas fotos da Figura 2 estão ilustrados o equipamentoprotótipo desde a capela até o frasco lavador e o amálgama retido no fundo do tanque coletor 101 Resultados Os resultados obtidos nos testes com o pro tótipo permitiram concluir que o uso de um sistema integrado de capta ção exaustão e lavagem de gases nas casas compradoras trouxe melhorias significativas para garantir a segurança ocupacional dos operadores e clientes os limites de segurança ocupacional nas diferentes condições testadas foram sem pre inferiores mínimo de 6 e máximo de 26 µgm3 de mercúrio aos limites recomen dados pela OMS 50 µgm3 de mercúrio a adoção de um regime de fluxo laminar e a instalação de um captador lateral nas capelas garantiram que os operadoresfun didoresclientes estivessem em condições seguras sem risco de inalar vapor de mer cúrio acima dos limites da OMS conforme comprovaram as medições continuamente realizadas ao longo dos testes o protótipo atingiu o objetivo de permitir a retenção e facilitar a recuperação do amál gama que é volatilizado nas operações de fundição a implantação do sistema protótipo permi tiu o abaixamento da temperatura na casa compradora em até 2oC mediante o aumen to da renovação do ar no seu interior o funcionamento contínuo do sistema mostrou ser possível utilizar um regime de circulação em circuito fechado usando so mente água para abater a emissão de mer cúrio para o meio ambiente reduzindo em 90 a emissão anteriormente existente Benefícios do Projeto A possibilidade de recuperar mercúrio e ouro que são volatilizados nas operações de compravenda foi um fator incentivador para que outros proprietários se interessas sem em adquirir equipamentos similares portanto mais eficientes do que os ante riormente usados O maior benefício no entanto se tra duziu na transformação de uma condição ocupacional insalubre e de risco ambiental para uma condição ocupacional segura e de menor risco de contaminação ambiental após a implantação do protótipo 102 Quatro novas opções propostas às empresas carboníferas Cooperminas e Criciúma SC para beneficiamento dos finos de carvão favorecem mitigação do impacto ambiental na rede hídrica e contribuem para produção de coque de melhor qualidade Dessulfuração de finos de carvão por concentradores centrífugos março1997 a janeiro2001 Problema Desafio Os carvões brasileiros apresentam altos teores de cinzas e de enxofre em comparação com a maioria dos carvões europeus e americanos O alto teor de cinzas significa que grande quan tidade de matéria mineral inerte está ocupando o lugar da matéria carbonosa em uma partícula de carvão o que acarreta diminuição de produtividade e maior gasto de energia para fundir e escorificar esse material nas operações do alto forno nas usinas siderúrgicas Os altos teores de enxofre aceleram a corrosão dos equipamentos provocam chuvas ácidas e forte alteração no pH nas águas dos mananciais A utilização desse tipo de carvão além de causar sérios problemas ambientais nas etapas de seu beneficiamento e combustão pode preju dicar as propriedades do aço produzido nas siderúrgicas O enxofre contido nos carvões apresentase nas formas orgânica sulfática e pirítica proveniente do mineral pirita FeS2 nor malmente associado ao carvão mineral nas jazidas Os pro cessos de concentração só conseguem diminuir o teor de en xofre dos carvões por meio da remoção desse enxofre pirítico Os finos do carvão de Santa Catarina constituem a fração granulométrica abaixo de 06 mm gerada na etapa de brita gem dos circuitos de beneficiamento do carvão bruto ROM run of mine proveniente da mina Essa fração é separada do carvão grosso concentrado do jigue durante o seu desa guamento em peneiras vibratórias instaladas à frente desses jigues Os jigues são equipamentos de concentração muito utilizados na etapa de beneficiamento do carvão grosso entre 2 e 06 mm de Santa Catarina 103 Responsável pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Rodrigues de Campos Coordenação Técnica Carlos Alberto M Santos Luiz Fernando dos Santos Lima Ramos Marcelo Correa Andrade uSP Arthur Pinto Chaves Na época da realização deste projeto os finos de carvão eram principalmente usados na fabricação de coque de fundi ção em coquerias pertencentes às próprias empresas carboní feras ou eram vendidos a terceiros para a mesma aplicação Para isso os finos de carvão abaixo de 28 malhas 06 mm eram beneficiados por peneiramento processos gravíticos eou flotação Os processos gravíticos convencionais são efi cientes na separação piritacarvão quando esses componen tes estão em granulometria mais grossa perdendo eficiência quando a granulometria vai se tornando muito fina A flotação por sua vez não é um método de concentração muito seletivo para remoção da pirita enxofre porque a pirita e o carvão têm propriedades hidrofóbicas semelhantes Devido a isso os concentrados de finos de carvão obtidos no beneficiamento apresentavam normalmente altos teores de enxofre Conhecendo o problema ambiental causado pelos finos de carvão gerados nos lavadores de Santa Catarina foi de senvolvido um trabalho abrangente e detalhado que gerou inclusive uma tese de Doutorado para responder ao desafio de desenvolver e propor rotas adequadas de processos para remoção da pirita da fração com granulometria mais grossa entre 06 mm e 147 µm e especialmente da fração mais fina 147 µm Estratégia de Desenvolvimento Foram utilizadas amostras de finos de carvão não beneficiados finos naturais abaixo de 28 malhas ou 06 mm provenien tes da Carbonífera Cooperminas e de concentrado de flotação também abaixo de 28 malhas da Carbonífera Criciúma ambas no município de Forquilhinha SC O trabalho constou de inúmeras etapas i amostragem desses dois tipos de finos de carvão nos lavadores da Carbonífera Cooperminas finos naturais e na Carbonífera Criciúma concen trado de flotação ii levantamento bibliográfico sobre proces sos de beneficiamento aplicados aos finos de carvão sobretudo sobre aplicação de concentradores centrífugos iii preparação das amostras para análises químicas mineralógicas e para en saios de concentração iv análises químicas para determina ção de teores de cinzas enxofre total e enxofre pirítico nessas amostras v análises granuloquímicas das frações vi carac terização mineralógica inclusive analise de imagem por MEV microscopia eletrônica de varredura das amostras coletadas 104 tal e qual como recebidas das carboní feras e de suas frações granulométricas vii planejamento e realização de ensaios de laboratório em mesa Mozley mesa vibratória concentradores centrífugos tipos Knelson e MGS Multi Gravity Separator viii ensaios densimétricos ix análises químicas teores de cinzas enxofre pirítico e enxofre total nos produtos gerados nos ensaios realiza dos durante o desenvolvimento dos estudos x avaliação de resultados dos ensaios de la boratório xi indicação de circuitos alternati vos para o beneficiamento dos finos de carvão de Santa Catarina Ensaios densimétricos e na mesa Mozley foram realizados para avaliar as possibilidades de beneficiamento dos finos de carvão por processos gravíticos dando uma estimativa dos resultados que pode riam ser alcançados nos equipamentos a serem utilizados de acordo com a faixa granulométrica a ser ensaiada Os ensaios em mesa vibratória objeti varam a remoção da pirita de granulometria mais grossa existente nos finos de carvão provenientes da empresa Cooperminas O concentrado de carvão obtido nessa mesa Figura 1 Estrutura física do concentrador centrífugo MGS e sua forma de funcionamento vibratória era alimentado no concentrador centrífugo Knelson para a remoção da piri ta de granulometria mais fina Os concentradores centrífugos Knelson e MGS que ainda não haviam sido testa dos no beneficiamento de finos de carvão de Santa Catarina foram utilizados para veri ficar a possibilidade de redução do teor de enxofre nesses finos com a retirada da pi rita de granulometria muito fina o que não era viável pelos métodos convencionais Os ensaios no concentrador centrífugo Knelson foram realizados no CETEM e os ensaios no MGS Multi Gravity Separator foram reali zados no Departamento de Engenharia de Minas da USP Escola PolitécnicaEPUSP A Figura 1 ilustra a estrutura física do MGS e sua forma de funcionamento O pro duto leve representa o concentrado de carvão depiritizado baixo teor de enxofre o produto pesado representa o rejeito pirito so alto teor de enxofre O material contido no balde maior com agitador representa a alimentação dos finos de carvão no equi pamento que é feita por meio de bomba peristáltica 105 Resultados As amostras provenientes das carboníferas Cooperminas e Criciúma apresentaram te ores semelhantes de enxofre total 183 e 191 respectivamente considerados elevados para as aplicações a que se desti navam Cabe esclarecer que os finos do car vão da Cooperminas não eram beneficiados enquanto que os da carbonífera Criciúma já eram beneficiados por flotação A aparente incoerência dos finos de Criciúma já beneficiados apresentarem maior teor de enxofre é facilmente explicado com a redu ção da massa na obtenção do concentrado há uma elevação no teor de enxofre eviden ciando que a flotação não é um método mui to seletivo para redução do teor de enxofre As análises evidenciaram também que os finos de carvão de Santa Catarina continham altos teores de enxofre orgânico em torno de 50 do enxofre total Esse tipo de enxofre faz parte da estrutura da maté ria carbonosa do carvão não sendo possível a sua remoção pelos processos normais de concentração As análises de enxofre nas frações gra nulométricas das amostras confirmaram te ores de enxofre mais elevados nas frações de granulometria mais fina na faixa entre 100 e 325 malhas 147 e 44 µm Na amos tra da Cooperminas a variação foi de 28 a 30 enquanto na da Carbonífera Criciúma foi de 192 a 28 A caracterização mineralógica e as aná lises de imagem BSDMEV das amostras de cabeça e frações granulométricas dos finos de carvão oriundas de ambas as empresas mostraram que a pirita se apresenta fina mente disseminada nas partículas de carvão mesmo nas frações de granulometria fina o que dificulta a obtenção de concentrados de carvão com baixos teores de enxofre 1 Os ensaios densimétricos mostraram ser possível por concentração gravítica a obtenção de produtos na faixa de 12 a 13 de enxofre Nos ensaios na mesa Mozley concen tração gravítica obtevese um produto com 05 de enxofre pirítico equivalente a uma recuperação mássica da ordem de 80 Os ensaios em mesa vibratória que ti veram por finalidade a remoção da pirita de granulometria mais grossa apresentaram um percentual de redução de enxofre to tal da ordem de 20 passando de um teor de aproximadamente 2 na alimentação para um teor de 16 no produto concen trado com recuperação mássica da ordem de 90 Este concentrado obtido na mesa vibratória alimentava o concentrador centrí fugo Knelson para remoção da pirita fina Os ensaios no concentrador Knelson demonstraram a viabilidade de obtenção de produtos de carvão com recuperação em tor no de 90 e com teor de enxofre total ainda menor 13 no concentrado confirmando uma maior eficácia deste método de con centração em comparação à mesa vibratória Os ensaios no concentrador centrífugo MGS foram realizados utilizando concentra do de flotação proveniente da Carbonífera Criciúma produto mercadológico Obteve se um concentrado de finos de carvão com 11 de enxofre total com recuperação más sica em torno de 90 A redução mássica do enxofre pirítico foi de 50 e seu teor passou de 096 para 048 Foram propostas quatro rotas de pro cesso Figura 2 para o beneficiamento dos finos de carvão de Santa Catarina levan do em consideração a que a flotação é um processo de concentração eficiente para baixar o teor de cinzas dos finos de carvão de Santa Catarina b que o ciclone autógeno 106 Figura 2 Esquema de rotas de processo propostas para o beneficiamento de finos de carvão de Santa Catarina 1 Alimentação Finos 28 Mesa vibratória Flotação Centrífuga Conc carvão 2 Alimentação Finos Peneira 65 3 Alimentação Finos Ciclone Autógeno 4 Alimentação Finos Mesa vibratória Flotação Conc Carvão Peneira 100 Peneira 100 65 Mesa vibratória Flotação Conc Carvão grosso 65 Flotação Centrífuga Conc carvão fino Overflow Flotação Centrífuga Conc carvão fino Underflow Espirais Conc carvão grosso 100 Conc carvão grosso 100 Centrífuga Conc carvão fino é um método de préconcentração por den sidade que pode ser utilizado para separar pirita de granulometria mais grossa contida no carvão c os resultados alcançados nos ensaios de concentração realizados na mesa Mozley mesa vibratória e nos concentrado res centrífugos Knelson e MGS Em alguns lavadores de carvão de Santa Catarina foi sugerida pela equipe do CETEM a utilização de mesa vibratória para a remoção de parte da pirita grossa antes da etapa de flotação por ser a pirita um mineral bastante denso No caso da pirita de granulometria muito fina como não era possível sua remoção de forma satisfatória por nenhum dos métodos de concentração gravítica conhecidos e mencionados a pro posta do CETEM foi a inserção de concen tradores centrífugos na purificação dos con centrados de finos de carvão Benefícios do Projeto O trabalho com os finos de carvão em dois tipos de amostra finos naturais e concen trado de flotação forneceu opções às em presas carboníferas do estado de Santa Catarina quer as que já realizavam a flo tação dos finos quer as que ainda não os beneficiavam Como consequência as co querias espalhadas pela região poderiam receber finos de carvão de melhor qualida de permitindo produzir um coque também de melhor qualidade Além disso aplicando melhor tecno logia no beneficiamento dos finos de car vão haverá mitigação do impacto ambien tal principalmente a acidificação da água causado por esses finos na rede hídrica 107 Método e sistema analíticos alternativos de baixo custo com fácil operação e manutenção propiciam determinação de mercúrio em pescado e amostras ambientais com confiabilidade atendendo às recomendações da Organização Mundial de Saúde para aplicação em programas de vigilância ambiental e no controle de qualidade do pescado para consumo interno e exportação KIT ALLEGRA sistema alternativo para determinação de mercúrio em amostras ambientais e em pescado outubro1997 a dezembro2009 Problema Desafio A preocupação em relação aos efeitos do mercúrio e à into xicação por peixe contaminado vem crescendo a cada dia Nos Estados Unidos campanhas de esclarecimento e alerta vêm sendo exaustivamente realizadas sob a coordenação da Environmental Protection Agency EPA e da Food and Drug Administration FDA na tentativa de amenizar as controvér sias Especial atenção é dada aos grupos de risco como as mulheres grávidas os adolescentes e as crianças que devem estar mais atentos devido à sua elevada sensibilidade em re lação à intoxicação por mercúrio No Brasil a principal fonte de mercúrio antropogênico é a poluição provocada pelos resíduos de extração do ouro já que este metal é utilizado no processo artesanal como auxiliar na etapa de amalgamação Dependendo das condi ções ambientais como o pH e a concentração de matéria orgânica o mercúrio é oxidado e metilado incorporandose à cadeia trófica cadeia alimentar No entanto nem todos os peixes de regiões potencialmente afetadas apresentam o problema já que o teor de concentração do mercúrio depen de dos hábitos alimentares dos peixes herbívoros ou carní voros das correntezas da mobilidade da espécie dentre outros fatores Vários autores já relataram estudos de avaliação do risco de exposição das populações ribeirinhas da Bacia do Tapajós e do Rio Madeira na Amazônia demonstrando também que a população que tem dieta alimentar com predominância de consumo de peixe está mais vulnerável 108 Responsável pelas Informações Allegra Viviane Yallouz EquIPE DO PROJETO CETEM Allegra Viviane Yallouz Coordenação Técnica Debora Maia Marcelo Amaral Ricardo Cesar Tatiana Calixto INT Marcos Garam Para evitar que a população entre em pânico ou mesmo que uma região seja estigmatizada é recomendável uma ava liação contínua do teor de mercúrio nos peixes mais consumi dos pela população em geral de acordo com a sazonalidade e os hábitos alimentares Esta ação facilitaria a atuação mais objetiva das autoridades e das lideranças comunitárias permi tindo orientações relacionadas às espécies mais apropriadas para consumo principalmente aos grupos mais vulneráveis Estratégia de Desenvolvimento O método analítico mais usual para a determinação de mercú rio em amostras biológicas é a técnica de vapor frio acoplada a um espectrômetro de absorção atômica Apesar de simples necessita de técnicos qualificados e infraestrutura não compa tível com a realidade da maioria das localidades onde o mo nitoramento contínuo do teor de mercúrio nos peixes poderia garantir a qualidade do pescado para consumo humano além de prevenir futuros desastres ecológicos e de saúde pública Para superar essas dificuldades foi concebido um méto do alternativo de determinação de mercúrio em pescado e em amostras ambientais método Allegra base do sistema ino vador para determinação de mercúrio KIT Allegra Figura 1 Os critérios adotados desde o início para o desenvol vimento desse sistema foram deveria ser de baixo custo de fácil operação e manutenção mas atendendo às recomenda ções da Organização Mundial da Saúde OMS para o con sumo seguro além das exigências da legislação brasileira e internacional para a comercialização de pescado Figura 1 Kit Allegra um sistema inovador para análise de mercúrio em pescado e amostras ambientais 109 O método alternativo é constituído de 3 etapas prétratamento da amostra determi nação colorimétrica comparação visual das intensidades desenvolvidas pela solução de calibração e pela amostra desconhecida Para a determinação da concentração de mercúrio 10 g de amostra são solubiliza das por aquecimento com mistura ácido oxi dante constituída de partes iguais de ácido nítrico e sulfúrico contendo 01 de pen tóxido de vanádio em frasco de vidro er lenmeyer com um condensador tipo dedo frio em seguida transferese a solução para o frasco de determinação adicionase solu ção de cloreto estanoso em ácido clorídrico que atua como reagente redutor e o mercú rio formado é expulso por aeração O vapor de mercúrio é forçado a passar por um papel detetor recoberto com emulsão contendo io deto cuproso resultando num complexo de cor característica vide equação abaixo 2 Cu2I2 Hg0 Cu2 HgI4 2 Cu incolor cor de tijolo A intensidade da cor do complexo for mado é proporcional à concentração de mer cúrio na amostra original Figura 3 A análi se é realizada utilizando simultaneamente sistemas contendo soluções de calibração na faixa das concentrações de interesse e amostras desconhecidas Ao final da deter minação o operador compara as intensida des das cores obtidas nos respectivos siste mas padrão e amostra e os resultados são emitidos em faixas de concentração No caso da intensidade da cor observa da estar muito próxima à intensidade da cor do padrão de calibração o operador emite o resultado como sendo próximo àquela con centração A sensibilidade do método permi te analisar amostras com mais de 100 μgkg Figura 2 Esquema do sistema de determinação de mercúrio em pescado e amostras ambientais englobando recipiente de vidroerlenmeyer com solução analítica 1 tubo aerador em vidro 2 bomba de aeração 3 detetor 4 constituído de suporte para o papel 5 papel detetor 6 anéis de borracha 7 minicondensador 8 Figura 3 Ilustração das cores similares às desenvolvidas com amostras ambientais e de pescado mostrando a correlação dessas cores com as faixas de concentração de mercúrio partes por bilhão podendo ser feita a es colha dos pontos de calibração de acordo com o interesse do momento Em geral para trabalhos de triagem podem ser utilizados 3 pontos limítrofes 300 600 e 1000 μgkg o que permite classificar a amostra de acor do com as recomendações da OMS e as exi gências da legislação brasileira Tabela 1 110 A garantia da qualidade dos resultados obtidos a partir do método Allegra vem sendo monitorada desde a sua concepção por com paração com o método de absorção atômica com vapor frio e participação em exercícios interlaboratoriais Os resultados satisfatórios garantem a confiabilidade e permitem o seu uso em programas de segurança alimentar Resultados A difusão do método vem sendo feita por meio de palestras minicursos e implemen tação em Escolas Técnicas e Universidades localizadas em regiões com histórico de po luição como é o caso do estado do Pará e da região do Pantanal Destaque pode ser dado ao trabalho realizado em Itaituba onde uma equipe local com representantes da Prefeitura e da Escola Técnica receberam treinamento e aplicaram o conhecimento em estudos com amostras locais Na área privada as empresas ATUM do Brasil e Gomes da Costa que trabalham com exportação de pescado fresco e pro cessado adotaram e vêm utilizando o sis tema para o controle de qualidade dos seus produtos Vale citar que a Universidade de Strathclyde na Escócia também vem usan do o método desde abril de 2009 As experiências bem sucedidas de di fusão do novo método e a ampla utilização Tabela 1 Classificação das amostras de acordo com as recomendações da OMS e as exigências da Legislação Brasileira Classificação Teor de mercúrio µgkg ou ngg Próprio para consumo freqüente Menor que 300 Próprio para consumo eventual Entre 300 e 600 Permitido para comercialização Menor que 1000 do produto KIT ALLEGRA confirmam que esse sistema é uma alternativa inovadora para monitoramento contínuo da poluição eou contaminação por mercúrio em progra mas de vigilância ambiental para a saúde e no controle de qualidade do pescado para consumo interno e exportação Benefícios do Projeto O uso dessa nova metodologia por meio de sua aplicação no KIT ALLEGRA permite auxiliar no diagnóstico preliminar da si tuação de cada localidade potencialmente afetada pela poluição mercurial agilizar a tomada de decisão já que as aná lises podem ser gerenciadas em nível regio nal e as prioridades podem ser estabeleci das de acordo com a demanda do momento diminuir o custo operacional dos programas de monitoramento contínuo da poluição eou contaminação por mercúrio já que as análi ses utilizando o método alternativo apresen tam um custo no mínimo 10 vezes menor do que o método tradicionalmente utilizado agilizar a avaliação em grande escala da contaminação por mercúrio já que o pro duto KIT ALLEGRA é simples e pode ser utilizado por pessoal treinado ao nível de auxiliar de laboratório não requerendo pro fissionais com alta qualificação técnica reduzir também o custo de manutenção dos sistemas de análise uma vez que no KIT ALLEGRA esses sistemas podem ser facilmente restauradosrecuperados caso necessário por vidreiros regionais 111 Tecnologia de flotação do talco do Paraná mostra ser possível obter concentrados com teor de alvura superior a 85 podendo ser comercializados a um custo superior para aplicações mais nobres nas indústrias de borrachas e plásticos cosméticos fármacos papel têxtil e tintas permitindo ainda que o rejeito seja aproveitado na indústria cerâmica Beneficiamento de talco de Ponta Grossa e Castro PR Fase I janeiro1986 a outubro1986 Fase II agosto1988 a outubro1989 Problema Desafio O Brasil se encontra entre os principais produtores mundiais de talco As principais minas em operação estão localizadas no Paraná Os depósitos de talco da região de Ponta Grossa e Castro ocorrem na forma de bolsões na camada calcária da formação geológica denominada Itaiacoca Cerca de 82 da produção paranaense de talco a cargo de pequenos e médios mineradores que utilizavam processos rudimentares de lavra seletiva catação manual e limpeza primária era destinada às indústrias cerâmica pisos e azulejos e de inseticidas sem qualquer beneficiamento Apenas uma pequena parcela do material produzido era submetida às operações de secagem e moagem antes de ser comercializada para usos mais nobres nas indústrias de borrachas e plásticos cosméticos fárma cos papel têxtil e tintas Poucas tecnologias para beneficiamento de talco haviam sido geradas no Brasil e difundidas aos mineradores com o intuito de maximizar a produção melhorar a qualidade e agre gar valor ao produto final Conhecedor dessa problemática o CETEM conduziu um estudo preliminar Fase I para analisar a viabilidade técnicoeconômica de um projeto industrial de flotação de talco a partir de minérios provenientes das minas existentes na região de Ponta Grossa Alguns anos depois com o intuito de iniciar um estudo mais detalhado sobre rotas de beneficiamento por flotação Fase II o CETEM em parceria com a MINEROPAR Minerais do Paraná SA e alguns produtores de talco da região de Ponta Grossa e Castro PR associados ao SINDIMINERAIS Sindicato da Indústria de Extração de Minerais Não Metálicos 112 Responsáveis pelas Informações Francisco Wilson Hollanda Vidal Ivan Falcão Pontes EquIPE DO PROJETO CETEM Fase I Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Gilson Ezequiel Ferreira Fase II Adão Benvindo da Luz Fernando Antônio Freitas Lins Ivan Falcão Pontes Jacinto Frangella Luiz Fernando dos Santos L Ramos Mario Valente Possa Ney Hamilton Porphírio Regina Coeli C Carrisso Salvador Luiz Matos de Almeida Coordenação Técnica Severino Ramos Marques de Lima do Paraná se reuniram para estabelecer critérios de sele ção das áreas de amostragem Essas áreas teriam que ser representativas dos diferentes talcos da região e as amos tras deveriam ser promissoras para geração de um produ to com valor agregado significativo para usos mais nobres Foram selecionadas as seguintes minas i Flor localizada no Distrito de Socavão município de Castro concessão de lavra da mineração Lagoa Bonita ii Barra Moura situada no Distrito de Itaiacoca município de Ponta Grossa conces são de lavra da mineração Klabin iii Manoel localizada no Distrito de Abapã município de Castro concessão de lavra da mineração Costalco iv Pinheiro 3 situada no Distrito de Itaiacoca município de Ponta Grossa concessão de lavra da mineração Giraldi Estratégia de Desenvolvimento Fase I a partir de resultados preliminares em escala de banca da e piloto foram dimensionados os principais equipamentos de uma usina de beneficiamento por flotação desconsideran do entretanto o nível de detalhamento que seria necessário à engenharia básica para elaboração do projeto industrial Foi prevista uma explotação de minério suficiente para que após seu beneficiamento fossem produzidas 40320 tonano de concentrado com teores em torno de 90 de talco Foram estimados os custos de obras civis terraplena gem fundações construções barragem etc lavra custo do minério extraído e colocado no pátio da usina beneficia mento custo de aquisição de equipamentos atividades de apoio custos com laboratório de análises químicas e oficina eletromecânica para montagem de equipamentos e o capital de giro como investimentos iniciais Matériaprima mãode obra e insumos energia elétrica e combustível foram com putados nos custos operacionais Os cálculos simulados com preços constantes demonstraram a viabilidade técnicoeco nômica da usina de beneficiamento com uma rentabilidade real taxa de retorno sobre o capital total de 82 ao ano Foi alertado que antes da realização de um empreendimento em escala industrial seriam necessários estudos tecnológicos complementares e uma análise econômica detalhada para confirmação das condições de rentabilidade Fase II no estudo seqüencial e mais pormenorizado as quatro minas selecionadas utilizavam o método de lavra a céu 113 aberto e vendiam seus produtos às indústrias cerâmicas sem qualquer beneficiamento Três mineradoras Lagoa Bonita Klabin e Costalco produziam talco rosa e a mine radora Giraldi produzia um talco esverdea do Foram coletadas amostras de 250 kg de cada mina as quais foram acondicionadas em sacos plásticos e enviadas ao CETEM para caracterização química e mineralógica O estudo foi realizado em duas etapas suces sivas nas escalas de bancada e piloto Escala de Bancada nas análises foram usados fragmentos de rochas run of mine e cerca de 1kg abaixo de 10 malhas de cada uma das quatro amostras coletadas Foram efetuadas análises químicas via úmida para determinação da composição elementar Si Al Mg Ca Na e outros e análises espec trográficas para identificação dos elementos traços Ni Ga Cr Ti A composição mine ralógica e o grau de liberação do talco em relação aos minerais de ganga foram obtidos por microscopia ótica Os resultados eviden ciaram que os minérios eram constituídos essencialmente de talco quartzo e clorita seguido de tremolita argilominerais e às vezes carbonatos As análises granulométri cas mostraram que mais de 90 em peso das amostras ocorriam naturalmente abaixo de 325 malhas O talco se apresentava na forma de microgrãos diminutas quantidades de talco lamelar cerca de 2 em peso fo ram observadas somente na amostra da mina Manoel mineradora Costalco O talco é um mineral de flotabilidade natural quando se trata de talco foliado po dese realizar a flotação utilizando apenas espumante nos casos de talcos fibrosos fazse necessária a utilização de coletores aminas primárias xantato de potássio e ácidos graxos querosene e óleo de pinho é a combinação mais indicada para a flotação de talcos foliados para talcos fibrosos nor malmente são utilizadas aminas Após a caracterização química e mi neralógica foram conduzidos os ensaios de concentração por flotação para todas as amostras utilizandose a célula Denver D12 O processo foi controlado através da medição da alvura dos concentrados em um fotômetro Zeiss Além dos convencio nalmente empregados foram testados ou tros reagentes comerciais Flotigan e Amina Hoe 2835 da Hoechst e Aero 830 da Cyanamid como coletores Flotanol da Hoechst como espumante e o amido de Refinações de Milho do Brasil como de pressor de óxido de ferro Decidiuse usar querosene como coletor óleo de pinho ou flotanol como espumante silicato de sódio Na2Si03 como depressor e hidróxido de sódio Na0H como regulador de pH Foram estudadas as principais vari áveis do processo dosagem de reagentes ponto de adição tempo de condicionamen to tempo de flotação rotação da célula tempo de moagem e percentagem de só lidos na polpa Nas condições otimizadas foram realizadas análises quantitativas para dosar o teor de MgO e de impurezas prejudi ciais ao produto As principais impurezas do talco são serpentina dolomita magnesita calcário tremolita clorita e óxidos de ferro Amido quebracho e silicato de sódio são os principais depressores dessas impurezas A Tabela 1 apresenta os resultados em escala de bancada para três das quatro amostras submetidas à flotação Os melho res concentrados foram os das minas Barra Moura e Manoel mostrando a viabilidade de seu beneficiamento para posterior utilização nas indústrias de fármacos papel e plásti cos O concentrado do talco da mina Flor não atingiu o valor mínimo de 77 de alvura 114 exigido para aplicação na indústria de papel seu uso ficaria restrito à indústria de tintas Os resultados da flotação na amostra da mina Pinheiro 3 mineradora Giraldi ficaram muito aquém dos demais desaconselhando o pros seguimento dos estudos do talco dessa mina Outras técnicas separação magnética de alta intensidade via úmida lixiviação dos concentrados finais da flotação foram em pregadas na tentativa de melhor purificar os concentrados mas os resultados não foram satisfatórios A lixiviação dos concentrados de flotação para solubilizar as impurezas óxidos de ferro prejudiciais à alvura do concentrado mostrouse tecnicamente viável no entanto o consumo de ácido foi considerado elevado Escala Piloto com base nos resultados em escala de bancada oito amostras de miné rio de talco de seis empresas associadas ao SINDIMINERAIS Costalco Giraldi Klabin Paranaense Violani e Itaiacoca foram sele cionadas para serem estudadas em escala piloto visando à obtenção de concentrados de flotação Essa etapa do projeto contou com o apoio financeiro do CNPq dos em presários interessados através do Sindicato e da empresa estatal MINEROPAR O circuito compreendendo as opera ções de britagem empilhamento moagem classificação do minério deslamagem flo tação espessamento e filtragem é mostra do no fluxograma do processo Figura 1 A Figura 2 ilustra as principais as etapas de beneficiamento do talco realizadas na usi na piloto com capacidade de produção de 100 kgh de concentrado montada e ope rada pelo CETEM dentro das instalações da empresa Costalco Ponta Grossa PR O sistema de reagentes foi o mesmo uti lizado em escala de bancada Foram otimi zadas as condições operacionais necessárias adição dos reagentes concentração e pontos de adição tempos de residência condi cionamento e estágios de flotação recupe ração metalúrgica do concentrado alvura e recuperação em massa dos produtos Além de descritas as características dos produtos obtidos foi feita sua classificação segundo a mais adequada aplicação industrial A par tir daí foi definido o fluxograma completo do processo e realizado o balanço de massa para dimensionamento de plantas industriais Os melhores resultados em alvura e re cuperação em massa foram alcançados com o talco da Mina São José A caracterização mi neralógica da amostra ITA 3 evidenciou que além de talco 75 em peso o minério conti nha tremolita quartzo caulinita e clorita tra ços de grãos de pirita oxidada e óxido de ferro hidratado limonita Nessa amostra ITA3 o talco ocorre normalmente em granulometria abaixo de 400 malhas 0037mm Apesar do reduzido tamanho dos grãos foi possível inferir que o talco estava sob a forma lame lar constituindo micro agregados muitas ve zes com impregnações variadas de óxidos de Tabela 1 Resultados preliminares da flotação de amostras de talco em bancada Mina Mineradora Alvura do Alimentado Alvura do Concentrado Recuperação em Massa Flor Lagoa Bonita 615 715 200 Barra Moura Klabin 704 820 250 Manoel Costalco 643 816 436 Pinheiro 3 Giraldi 355 435 57 115 Figura 1 Fluxograma do processo de beneficiamento do talco por flotação Tabela 2 Resultados da flotação de oito minérios de talco em usina piloto Mina Mineradora Minério ROM Alimentado Concentrado Recuperação em Massa Alvura Teor de MgO Alvura Teor de MgO São José Paranaense talco creme 650 306 870 316 631 Manoel Costalco talco rosa 680 272 820 294 577 Mina 9 Giraldi talco rosa 635 282 827 304 306 Barra Moura Klabin talco creme 685 262 876 314 220 Barra Moura Klabin talco rosa 630 270 845 314 353 Ferradinho Violani talco cinza 670 294 814 310 296 Armando Itaiacoca ITA 2 talco rosa 676 198 790 284 367 Armando Itaiacoca ITA 3 talco creme 594 238 691 282 426 116 ferro hidratado resultando na coloração cre me acastanhada desse minério seja devido à presença do Fe iônico na rede cristalina do silicato magnesiano o Fe poderia estar subs tituindo o Mg na rede cristalina do talco seja pela impregnação em proporções variadas de óxido de ferro hidratado nas microlamelas do talco Os resultados aquém do desejado po dem ser atribuídos às características desse minério prejudiciais ao processo de flotação Tendo em vista que através de sepa ração magnética método físico e flotação método físicoquímico foram encontradas dificuldades para obtenção de concentrados de qualidade aceitável na indústria de tinta e papel foi necessária a realização de estudos complementares de alvejamento das amos tras A alternativa para remoção do ferro foi a lixiviação dos concentrados da flotação Para a purificação química os concentrados obti dos em usina piloto foram submetidos a en saios de alvejamento com ditionito de sódio nos laboratórios do CETEM Dessa forma con seguiuse obter melhor alvura chegando a va lores acima de 85 para algumas amostras A flotação foi sem dúvida o melhor pro cesso para beneficiamento e purificação dos diferentes tipos de talco das regiões de Ponta Figura 2 Usina piloto de flotação de talco montada e operada pelo CETEM dentro das instalações da empresa Costalco Ponta Grossa PR Grossa e Castro uma vez que agrega aos con centrados um valor estimado entre 4 a 10 vezes ao remunerado pela indústria cerâmica As recuperações em massa obtidas na flotação poderiam ser mais elevadas entretanto essas tiveram que ser sacrificadas para atender os requisitos de alvura dos concentrados A flo tação em coluna poderia apresentar um de sempenho superior ao obtido na flotação con vencional obtendose ainda melhores alvuras e recuperação em massa dos produtos no en tanto essa alternativa não foi testada em es cala piloto durante a execução deste projeto Benefícios do Projeto Os minérios de talco da região de Ponta Grossa e Castro PR eram lavrados de forma rudimentar e não eram posteriormente trata dos Sua comercialização a baixo custo era quase exclusiva às indústrias cerâmicas O processo de beneficiamento por flotação de senvolvido pelo CETEM mostrou que é pos sível obter concentrados de talco com teor de alvura superior a 85 a partir de minérios com baixa alvura Isso agrega valor aos con centrados desses minérios permitindo que sejam comercializados pelas mineradoras a um custo superior para aplicações mais no bres do que a até então vislumbrada Além disso o rejeito da flotação pode ser ainda aproveitado na indústria cerâmica como carga para produção de pisos e azule jos o que ficou de ser avaliado pelos empre sários associados ao SINDIMINERAIS A tecnologia de beneficiamento foi re passada às mineradorasparceiras deste projeto as quais decidirão se e quando im plantar plantas industriais que certamente contribuirão para a geração de empregos e renda aos trabalhadores 117 Consórcio inteligente entre instituições brasileiras capacita técnicos da Casa da Moeda favorece a produção das moedas com a mesma qualidade e menor custo permitindo auto suficiência e evitando a dependência da empresa canadense que originalmente transferiu a tecnologia ao Brasil Avaliação e otimização da produção das moedas da segunda família do Real julho1998 a janeiro2004 Problema Desafio As moedas da 2ª família do Real foram lançadas em 1998 pela Casa da Moeda do Brasil CMB Com esse fato deixavam de ser emitidas as anteriores em aço inoxidável As novas seriam fabri cadas por eletrodeposição de diferentes metais eou ligas sendo cunhadas sobre discos de aço carbono de baixo teor A CMB passou a contar com uma tecnologia inédita no país embora de domínio tecnológico no Canadá e no conti nente europeu Uma vez que o processo de transferência de tecnologia aconteceu no regime turnkey um pequeno grupo de profissionais da CMB foi treinado no Canadá para absorver a tecnologia O Departamento Técnico da CMB DETEC e a sua Divisão de Pesquisas DVPS entenderam entretanto ser necessário a melhor capacitar os profissionais que atuariam na nova unidade fabril e b executar atividades continuadas de controle de qualidade dos novos produtos A CMB em 1998 com a nova planta de fabricação de discos e moedas já instalada contratou o CETEM para realizar diversas atividades de consultoria com foco no treinamento de pessoal nos processos de eletrodeposição assim como para avaliar a qualidade das novas moedas no tocante à resistência à corrosão abrasão e consequente deterioração dessas novas moedas do Real Estratégia de Desenvolvimento O CETEM e a CMB conhecedores da competência e da in fraestrutura existente nos laboratórios de corrosão da COPPE UFRJ formaram um consórcio para enfrentar o desafio que se apresentava Dessa forma seriam aproveitadas ao máximo as 118 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Luis Gonzaga Santos Sobral Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Reiner Neumann COPPEuFRJ Fabrício Torres Fernando Peregrino João Marcos Alcoforado Rebello Lúcio Sathler Coordenação Técnica Casa da Moeda do Brasil DETECDVPS Jorge Jacoub José Caetano C Martinez Coordenação Técnica Roberto Ogando Barcia competências institucionais e profissionais evitando a sobre posição de tarefas Uma das constatações foi que para atender aos objetivos da CMB seria necessário utilizar as referências relativamente es cassas obtidas no âmbito internacional sobre o tema Por outro lado foi decidido que seria adotada uma metodologia específica de testes para aplicação neste projeto com base nas experiên cias das instituições partícipes do consórcio assim como nas resultantes da coleta e seleção de informações junto a empresas internacionais com experiência comprovada no tema Um dos procedimentos adotados usou a metodologia de avaliação de discos eou moedas eletrorrevestidas pratica da pela Deutsche Nickel AG referência carta FGZIgko da Petersen Matex Ltda à DITECCMB de 18121995 que é reconhecido internacionalmente como um procedimento pa drão de testes para esse tipo de produto Foram incorporados ao grupo de ensaios alguns dos procedimentos constantes do relatório técnico no 51742 da Texas Instruments Inc elabo rado por Robert Baboian com o título Environmental Test on Coinage Materials Serviu ainda como referência a metodo logia usada em testes anteriormente realizados pela COPPE UFRJ para a CMB no tocante à avaliação das moedas fabrica das com ligas maciças de diferentes materiais a saber ligas de aço inoxidável ligas de alumíniomagnésio e ligas de alpaca e latão Coube ao CETEM especificamente avaliar a conformida de das camadas eletrodepositadas e caracterizar os produtos de corrosão Nesse contexto foram analisadas ao microscópio eletrônico de varredura as amostras iniciais e finais de cada um dos testes visando observar o aspecto superficial e os eventu ais danos causados aos revestimentos pelos meios e condições agressivas bem como avaliar o possível comprometimento dos substratos Desse conjunto de testes e procedimentos resultou um protocolo de avaliação para moedas eletrodepositadas em substrato de aço carbono de baixo teor o qual está descrito a seguir sob forma resumida de ações indicando as instituições encarregadas de executálas i Teste de Escurecimento CETEM controle de qualidade uti lizado pela Westaim Corporation para verificar se os discosmo edas foram passivadas após sofrerem acabamento eletrolítico superficial 119 ii Teste de Exposição aos Vapores de Vinagre CETEM procedimento da Deutsche Nickel AG para avaliar a resistência à alteração da coloração da superfície eletrorrevestida O ensaio consistiu em expor as amostras a va pores de ácido acético concentrado em re cipiente hermeticamente fechado durante 24 horas iii Teste de Exposição aos Vapores de Água I CETEM igualmente proposto pela Deutsche Nickel AG consistiu em submeter as amostras aos vapores de água a 50oC durante 24 horas iv Teste de Exposição aos Vapores de Água II CETEM segundo o procedimento da Deutsche Nickel AG consistiu em expor as amostras aos vapores de água a 36oC du rante 48 horas As amostras se encontravam a uma distância de aproximadamente 2 cm acima da superfície da água v Ensaio de Abrasão CETEM as amostras foram submetidas a um processo de abrasão resultante do deslizamento de uns discos sobre os outros no interior de um tambor rotatório Este ensaio permitiu avaliar a per da de massa e de espessura dos discos e assim estimar a vida útil das moedas vi Ensaio em Câmara de Névoa Salina COPPEUFRJ visou simular condições de agressividade a que seriam expostas as mo edas em atmosfera úmida contendo clore to de sódio como meio corrosivo A névoa salina foi produzida pela passagem de ar comprimido por uma solução desse sal se gundo a norma ASTM 1311773 vii Ensaio de Imersão Total COPPEUFRJ consistiu na imersão dos discosmoedas em soluções que simulavam a exposição even tual das moedas em circulação atmosfera urbana industrial rural e suor sintético Os ensaios foram conduzidos à temperatura ambiente monitorando periodicamente a perda de massa o aspecto superficial e o potencial eletroquímico dos corpos de pro va para se avaliar as condições de corrosão viii Ensaio em Câmara de Umidade COPPEUFRJ avaliou o comportamento das moedas e discos eletrorrevestidos nas condições de umidade relativa de 100 à temperatura de 35oC ix Ensaio de CorrosãoAbrasão COPPE UFRJ utilizou um tambor rotatório no qual foram colocadas as amostras em contato com uma solução de suor sintético visando simular condições da ação simultânea des sa solução aliada ao desgaste mecânico x Ensaio de Abrasão em Tecido de Algodão CETEM as amostras foram colocadas num tambor rotatório em contato com tecido de algodão visando simular condições de abra são às quais as moedas seriam submetidas quando em circulação Este ensaio foi realiza do em duas condições distintas Na primeira foram utilizadas moedas novas sem contato prévio com qualquer meio agressivo ao passo que na segunda condição as moedas foram previamente submetidas a um processo oxi dativo visando simular condições simultâne as de corrosão e abrasão às quais as moedas estariam submetidas no uso corrente xi Ensaio de Exposição em Ambiente Interno CETEM avaliou o aspecto das moedas quando expostas ao ar em posição vertical e horizontal por tempo prolongado 720 h no tocante às alterações de coloração 120 xii Ensaio para Avaliação da Perda de Coloração CETEM consistiu em colocar algumas gotas de solução na superfície da amostra e esperar até que ocorresse a sua completa evaporação Em seguida a amostra foi lavada em água destilada e a superfície avaliada quanto à perda de coloração Foram utilizadas 7 sete soluções diferentes como água sanitária detergente e soluções alca linas eou ácidas de composições diversas xiii Ensaio de Exposição em Areia do Mar Úmida CETEM as amostras foram co locadas em contato com areia úmida em ambiente aberto procurando simular a si tuação de uso de moedas na praia xiv Ensaio de ImersãoEmersão COPPE UFRJ as amostras corpos de prova foram colocadas em ambientes contendo agentes típicos da poluição atmosférica seguido pela emersão por um período suficiente para que tais amostras secassem segundo o método tradicional CEBELCOR desenvolvido pelo Prof Marcel Pourbaix Este ensaio permitiu a verificação do comportamento das amostras quando expostas intermitentemente a meios aquosos agressivos ou não As amostras foram ainda submetidas por um período de 20 vin te dias ao contato com um meio isento de poluição amostra rural ao contato com um meio agressivo meio aquoso contendo íons cloreto ao contato com meio contendo íons HSO3 simulando uma atmosfera industrial e por último ao contato com suor sintético Resultados O conjunto de testes e ensaios realizados no período 19982004 comprovaram a conformidade da qualidade das moedas da segunda família do Real Ficou ainda de monstrado que os principais itens de custo de fabricação das moedas eram representados respecti vamente pelo custo da energia do disco de aço carbono mas também pelos anodos e reagentes que formavam as diferentes com posições dos banhos a diminuição da espessura da camada ele trodepositada das moedas de 35 µm para 25 µm mas também para 20 µm resulta ria respectivamente numa diminuição do custo de produção milheiro de moedas equivalente a 45 e 69 sendo mantido no entanto o tempo de vida útil de no mí nimo 15 anos que é considerado como re ferência de vida média de meios circulantes em todo o mundo as alterações de coloração ou formação de produtos após os vários testes de exposição a diferentes atmosferas eou contato com produtos químicos não afetaram o substra to tampouco acarretaram impedimentos à identificação e ao uso das moedas nas suas diferentes taxas as moedas apresentaram resistência ao desgaste e abrasão compatível com a dos padrões internacionais permitindo prever um tempo de vida útil superior a 15 anos para todas as suas taxas As perdas de mas sa após 250 horas de teste de desgaste das moedas em vários meios abrasivos variaram entre 1 e 26 A Figura 1 ilustra esses re sultados assim como a Figura 2 mostra a curva usada como referência para compa ração A Figura 3 mostra os corpos de prova antes e ao final do ensaio de desgaste 121 Benefícios do Projeto As ações continuadas de PD do consórcio formado pela CMB CETEM e COPPEUFRJ além de resultarem no aprimoramento do processo produtivo das moedas favorece ram a melhor capacitação dos técnicos da CMB Foi formada massa crítica de pessoal qualificado na fábrica de moedas da CMB que permitiu autosuficiência evitando a dependência de consultoria externa até então prestada pela empresa canadense detentora da tecnologia vendida ao Brasil Devese ainda destacar que ficou comprovada a possibilidade de pro duzir as moedas com a mesma qualidade a preços mais baixos do que os da planilha original da detentora da tecnologia a absorção e o aprimoramento da tecno logia permitiram à CMB ampliar suas pos sibilidades de mercado e sua competitivi dade comercial Passou assim a contar com um novo produto o qual era visto à época como solução de futuro para os mer cados emergentes embora já fosse de uso consagrado em alguns países da Europa do Oriente Médio e no Canadá sendo no entanto de domínio tecnológico restrito a duas empresas estrangeiras Figura 1 Variação da perda de massa com o tempo para moedas de R 001 R 005 R 010 R 025 R 050 e R 100 Figura 2 Variação da perda de massa com o tempo para moedas eletrorrevestidas segundo a Deutsche Nickel AGPetersen Matex Figura 3 Fotografia de corpos de prova antes e ao final do ensaio de desgaste 122 A motivação e determinação da empresa Galvani para atuar na região norte nordeste do país tornou real a implantação de sua Unidade de Mineração de Angico dos Dias BA que funciona desde 2005 com a tecnologia de concentração a seco desenvolvida pelo CETEM vencendo os obstáculos da escassez de água e da falta de infraestrutura local e incentivando outras ações para o desenvolvimento da região Aproveitamento de fosfato e terras raras no semiárido nordestino janeiro1999 a julho2001 Problema Desafio O avanço das fronteiras agropecuárias para oeste norte e nor deste do Brasil obrigou por razões geográficas e econômicas a viabilização de jazimentos nesses novos centros consumidores À época revestiase de grande importância a jazida apatítica de Angico dos Dias distrito de Campo Alegre de Lourdes BA fronteira entre os estados da Bahia e Piauí com reservas medi das de 164 toneladas métricas e teor médio de 163 de P2O5 A indústria Galvani proprietária da jazida de Angico dos Dias teria que enfrentar dois grandes desafios para aproveita mento do minério a escassez de água na região e a ausência de infraestrutura local A formalização da parceria entre o CETEM e a Galvani iniciouse em 1999 alavancada pela aprovação do projeto Caracterização tecnológica do minério de Angico dos Dias Caracol BAPI visando o aproveitamento de fosfato e terras raras pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico subprograma de Geociências e Tecnologia Mineral PADCTIIIGTM tendo a FINEP como agência financiadora A caracterização do minério fosfático pelo CETEM com provou que sua constituição mineralógica era simples e favorável a um processamento a seco Predominavam grãos quase mono minerálicos de apatita e quartzo e mistos de caolinita fosfatos de alumínio tipo crandallita e óxidoshidróxidos de ferro com inclusões de quartzo e apatita As determinações quantitativas por fluorescência de raiosX mostraram que o minério apatítico continha SiO2 2600 Al2O3 1000 Fe2O3 1210 TiO2 070 MnO 067 Na2O 015 CaO 2070 123 Responsáveis pelas Informações Marisa Bezerra de Mello Monte CETEM Michelle Ruiz e Rui Ferreira Hass Galvani EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Fernando Antônio Freitas Lins Coordenação Técnica Francisco Eduardo de Vries Lapido Loureiro in memoriam Gildo de Araújo S de Albuquerque in memoriam Marisa Bezerra de Mello Monte Reiner Neumann MgO 028 K2O 029 P2O5 1770 perda ao fogo 785 óxidos de terras raras de composição TR2O3 075 F 1150 ppm Sr 5000 ppm Ba 5000 ppm Th 5 ppm e U 10 ppm Os picos característicos da monazita no difratograma de raiosX não foram revelados o que indicava o baixo percentual deste mineral no minério 1 Com base nesses resultados a Galvani contratou o CETEM para desenvolver um processo de concentração a seco que per mitisse o máximo aproveitamento do minério fosfático apatí tico atendendo à escassez de água na região Posteriormente foram também avaliadas rotas alternativas de lixiviação ácida para obtenção do ácido fosfórico com recuperação de subpro dutos terras raras Estratégia de Desenvolvimento A documentação referente às pesquisas geológicas efetuadas na área e os testemunhos de sondagens estocados nas instala ções da empresa Galvani foram analisados pelo CETEM para definição da melhor amostra para o desenvolvimento do projeto Concluiuse que o minério denominado de apatítico nos rela tórios de prospecção geológica seria o mais apropriado por ser o mais comum e com teores de P2O5 entre 15 e 24 Ao caracterizar a amostra do minério apatítico por microsco pia eletrônica de varredura MEV acoplada ao sistema de energia dispersiva de raiosX foram encontradas partículas de apatita e quartzo liberadas principalmente nas granulometrias mais gros sas O principal carreador dos elementos de terras raras predo minantemente cério e lantânio era a monazita apesar deles te rem sido detectados também nas apatitas em teores de até 1 A monazita apresentavase em granulometria fina normalmente abaixo de 10 µm e frequentemente submicrométrica como in clusão na apatita ou nos agregados mistos de caolinita fosfato de alumínio e óxidoshidróxidos de ferro Figura 1 Foram analisadas cerca de 50 imagens para cada classe de tamanho de partículas o que representa por volta de 2000 partículas analisadas a cada fração As análises de imagens foram executadas com auxílio do software MMIA Mineral Metallurgical Image Analysis desenvolvido pelos pesquisado res Peter King in memoriam e Claudio Schneider à epoca na Universidade de Utah e atualmente pesquisador do CETEM Essas análises revelaram uma feição interessante do miné rio com 427 de apatita equivalendo a aproximadamente 124 1809 de P2O5 nele contido em concor dância com os teores analisados por via quí mica 177 P2O5 Outra característica do minério detectada por MMIA era a sua bimo dalidade com apatita mais grossa e melhor liberada 8090 de teor e apatita fina em aglomerados com matriz de caolinita fosfa tos de alumínio secundários e óxidoshidró xidos de ferro em menor teor Após a avaliação dos resultados da carac terização tecnológica e de liberação do minério apatítico a técnica de separação magnética foi testada Nos ensaios de separação magnética a seco realizados em baixa e média intensi dade de campo magnético concluiuse que o aumento da intensidade do campo magnético de 2000 para 7000 Gauss resultou em au mento da remoção de impurezas de ferro bem como em enriquecimento dos teores de P2O5 de 198 para 229 no concentrado não magné tico propiciando a obtenção de concentrados mais ricos em apatita A seguir a aplicação de alta intensidade de campo magnético separa dor magnético de rolos ímã permanente de terras raras resultou no aumento para 38 no Figura 1 Micrografia de seção polida do minério fosfático de Angico dos Dias a tonalidade mais escura preta ao fundo representa a resina de embutimento partículas lisas em cinza escuro representam quartzo as lisas em cinza claro são atribuídas à apatita os aglomerados de textura homogênea caracterizam o quartzo tonalidade cinza escuro e a apatita cinza claro os com textura heterogênea representam agregados mistos de caolinita fosfatos de alumínio óxidos hidróxidos de ferro e apatita teor de P2O5 no produto não magnético ou seja gerou um concentrado adequado à fabricação de ácido fosfórico para posterior utilização pela indústria de fertilizantes Resultados Um fluxograma conceitual do processo de beneficiamento foi apresentado à empresa Galvani tendo em vista todas as característi cas do minério apatítico Figura 2 Uma aná lise geral dos resultados revelou ainda que se o minério fosse classificado em 0074 mm cerca de 30 da massa seria descartada e 86 do fosfato seria concentrado em ape nas 70 da massa Para atender às especi ficações do produto para fabricação de ácido fosfórico seria obtida uma recuperação glo bal de 62 de P2O5 contido no minério ROM run of mine em 28 da massa original em um processo realizado totalmente a seco 125 Figura 2 Fluxograma conceitual proposto pelo CETEM para o processo de beneficiamento do minério fosfático de Angico dos Dias Benefícios do Projeto A motivação e determinação da empresa Gal vani para atuar na região nortenordeste do país tornou real a instalação e o início em 2005 das atividades de sua Unidade de Mineração de Angico dos DiasUMA Figura 3 que funciona com a tecnologia de concentra ção a seco desenvolvida pelo CETEM vencen do os obstáculos da escassez de água e da fal ta de infraestrutura local Com a instalação da UMA e por meio de parcerias públicoprivadas com os governos dos estados da Bahia e Piauí para viabilizar a chegada de energia elétrica a construção de estradas e a distribuição de água a empresa Galvani vem contribuindo para o desenvolvimento da região Figura 3 Unidade de Mineração instalada no povoado de Angico dos Dias rua Piauí snº Campo Alegre de Lourdes BA em pleno funcionamento 126 Instalação da primeira e supervisão de mais 42 Unidades de Tratamento de Efluentes em serrarias de rochas ornamentais em Santo Antônio de Pádua RJ solucionou grave problema ambiental nos rios e córregos da região pois além de propiciar a separação dos resíduos sólidos finos e a recirculação da água no processo gerou tecnologia para aproveitamento dos finos na fabricação industrial de argamassas para a construção civil Aproveitamento dos resíduos finos de rochas ornamentais de Santo Antônio de Pádua RJ na fabricação de argamassas abril1999 a março2004 Problema Desafio A concepção deste projeto surgiu de observações durante a execução pelo CETEM de outro projeto de assistência técni ca em desmonte de rochas em pedreiras da região de Santo Antônio de Pádua financiado pelo SEBRAERJ Naquela oca sião observouse que os efluentes mistura de pó de rocha água gerados pelas serrarias de rochas ornamentais estavam causando problemas ambientais pois eram descartados sem nenhum tratamento nos rios e córregos da região Figura 1 Essa forma de descarte provocava assoreamento dos manan ciais além de contaminar as águas que se tornavam turvas e de aparência leitosa causando problemas em relação ao seu uso principalmente nas zonas rurais Figura 1 A foto mostra como era o descarte dos efluentes das serrarias 127 Responsáveis pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos Eduardo Augusto de Carvalho EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Odilon da Silva Antonio Rodrigues de Campos Carlos César Peiter Coordenação Técnica Eduardo Augusto de Carvalho Leonardo Apparício da Silva Consultor SINDGNAISSES Antonio Brum Camacho João Batista Fernandes DRMRJ Flávio Erthal uENF Jean Marie Désir INT José Carlos da Rocha Tornavase então imprescindível a condução de estudos para o tratamento dos efluentes com o aproveitamento dos resíduos finos gerados e a recirculação da água nas serrarias de rochas ornamentais daquela região Estratégia de Desenvolvimento O aproveitamento dos resíduos finos foi alcançado median te a realização de várias atividades no âmbito do Arranjo Produtivo Local de Santo Antônio de Pádua RJ No iní cio e durante a realização do projeto houve várias reuni ões envolvendo os mineradores o Sindicato de Extração e Aparelhamento de Gnaisses no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro SINDGNAISSES e órgãos fiscalizadores estadu ais e municipais Os principais objetivos das reuniões foram i apresentar o projeto a fim de prestar esclarecimentos téc nicos e convencer os mineradores sobre a importância do projeto não somente para eles como também para a co munidade local ii realizar com os empresários avaliações e compatibilizações dos custos envolvidos na instalação de tanques de decantação A parte tecnológica foi desenvolvida essencialmente em duas grandes etapas Primeira Etapa objetivou o tratamento dos efluentes ge rados pelas serrarias mediante a técnica de separação água sólido com a recuperação dos sólidos finos e recircula ção da água no processo de serragem das rochas solucionan do assim o problema ambiental do descarte desses efluentes nos rios e córregos da região Podem ser destacadas como principais fases desta etapa as amostragens e medidas de vazão dos efluentes nas serrarias a caracterização dos efluentes com determinações de den sidade da polpa valor de pH percentagem de sólidos den sidade dos sólidos e distribuição granulométrica do material sólido contido no efluente a execução de estudos de sedimentação dos sólidos conti dos nos efluentes com utilização ou não de floculantes a elaboração de um protótipo em acrílico simples de rápida 128 construção e de baixo custo para demons tração do funcionamento de uma unidade de tratamento de efluentes Figura 2 a elaboração do projeto básico de en genharia para instalação de tanques de decantação a efetivação de visitas a algumas serra rias para decidir onde deveria ser priorita riamente implantada a primeira unidade de tratamento de efluentes na região Após as visitas às serrarias uma foi selecionada para instalação da primeira Unidade de Tratamento de Efluentes pois seu proprietário demonstrou grande inte resse prontificandose a dar total apoio ao projeto Foram instalados tanques de decantação nessa serraria Figura 3 que propiciaram além da separação da mistu ra água e sólidos finos pós de rochas a recuperação da água para reuso Figura 2 Protótipo em acrílico de uma unidade de tratamento de efluentes para demonstração do funcionamento de um tanque de decantação a empresários e autoridades de órgãos estaduais e municipais Segunda Etapa nasceu da necessidade de dar destino industrial aos sólidos finos que eram decantados nos tanques de decantação e deles posteriormente retirados A estoca gem desse material sólido estava se consti tuindo em um problema para a maioria dos proprietários de serrarias que não dispunham de área suficiente para disposição do mesmo A colaboração entre o CETEM e o INT com o apoio da FAPERJ permitiu o prossegui mento do trabalho visando encontrar a mais adequada aplicação industrial para o apro veitamento desses finos Foi inicialmente discutida a aplicabilidade dos finos na fabri cação de argamassas de cerâmica vermelha de borrachas e de plásticos Descartadas por vários motivos as duas últimas alternativas os esforços foram direcionados para as apli cações na fabricação de cerâmica vermelha e de argamassas As principais fases dessa etapa de desenvolvimento foram o levantamento bibliográfico sobre fabri cação de argamassas comum e colante a realização na Universidade Estadual do Norte Fluminense UENF de estudos tec nológicos com os finos que demonstraram que a cal poderia ser substituída na sua totalidade por esses finos na formulação de argamassas a condução de ensaios em olarias de Campos dos Goitacazes RJ mostrando que os finos também poderiam ser utiliza dos na mistura para fabricação de tijolos e telhas com melhoria das propriedades físi cas e da qualidade desses produtos a decisão de que a melhor opção seria o aproveitamento industrial dos finos na fa bricação de argamassas face a problemas 129 associados à distância entre a localização das olarias de Campos dos Goitacazes e as serrarias de Santo Antônio de Pádua o estudo de mercado para argamassa em um raio de 100 km de Santo Antônio de Pádua realização de visitas a fábricas de argamassa programação e concretização de en saios tecnológicos na fábrica de argamas sa RIOMIX município de Itaboraí RJ os quais confirmaram os resultados anterior mente obtidos pela UENF de que os finos poderiam substituir o calcário cal produ zindo argamassa de boa qualidade Isto re forçou o pedido de patente PI 02054817 Figura 3 Tanques de decantação instalados em uma serraria pelo processo desenvolvido de tratamento dos efluentes de serrarias e aplicação indus trial dos finos recuperados na fabricação de argamassa a elaboração do fluxograma de processo para aproveitamento dos finos com todas as operações unitárias envolvidas e balanço de massas para uma determinada tonelagem de alimentação da usina de fabricação de argamassa a seleção dos equipamentos para implan tação da unidade industrial a contratação pelo CETEM do estudo de viabilidade econômica com base no fluxo grama do processo desenvolvido incluindo balanço de massas 130 as negociações com a empresa ARGAMIL interessada no processo e na implantação de uma fábrica de argamassa contou com a participação importante da INVEST RIO agência de fomento no Estado do Rio de Janeiro Resultados O projeto desenvolvido pelo CETEM na pri meira etapa resultou na instalação e bom funcionamento da primeira Unidade de Tratamento de Efluentes na serraria de pro priedade do Sr Antonio Camacho Figura 4 Essa primeira instalação serviu de estí mulo para que outros tanques de decantação fossem instalados por outros mineradores da região de Santo Antônio de Pádua RJ em suas próprias serrarias Figura 5 O CETEM supervisionou as instala ções de mais 42 Unidades de Tratamento de Efluentes em outras serrarias no âmbito do projeto A implantação dessas Unidades possibilitou o tratamento dos efluentes das serrarias separando a água dos finos de rochas e evitando que os efluentes fossem lançados nos rios e córregos da região A instalação desses tanques de decan tação solucionou o problema ambiental do descarte dos efluentes das serrarias nos rios e córregos da região com recirculação da Figura 4 Descerramento da placa de inauguração dos primeiros tanques de decantação instalados na serraria do Sr Antonio Brum Camacho água nas serrarias e recuperação dos resídu os sólidos finos Os resíduos sólidos finos recuperados pelo tratamento dos efluentes das serrarias eram inicialmente estocados nas próprias empresas passando a ser um problema para aquelas que não dispunham de áreas para estocagem Os vários estudos realizados na segun da etapa por meio de cooperação entre o CETEM o INT e a UENF resultaram no de senvolvimento de um processo para apro veitamento dos resíduos finos de rochas de serrarias de Santo Antônio de Pádua RJ para fabricação de argamassas Em 23122002 foi feito o depó sito do pedido de Patente junto ao INPI PI02054817 para o Processo de sepa ração de sólidos finos e seu uso em arga massas para construção civil tendo como depositantes o CETEM e o INT e membros da equipe do projeto como autores da invenção As negociações articuladas pela INVEST RIO da qual participaram repre sentantes do CETEM do INT do DRMRJ e do SINDGNAISSES foram bem sucedidas e em junho de 2008 foi oficializada a trans ferência de tecnologia desse processo para a empresa ARGAMIL do Grupo MIL 131 Com a transferência de tecnologia para a ARGAMIL as instituições CETEM e INT e a equipe técnica diretamente envolvida no desenvolvimento da tecnologia foram con templados com as parcelas acordadas dos royalties Logo em seguida foi iniciado o pro jeto de instalação da fábrica de argamassa da ARGAMIL no Polo Industrial de Santo Antônio de Pádua RJ Os resultados alcançados por esses es tudos foram ainda contemplados com duas premiações ambas em 2005 o Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica Inovação Social Regional em Belo Horizonte e o Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica Menção Honrosa de âmbito nacional em Brasília Figura 6 Figura 5 Circuito de tratamento de efluentes com tanques de decantação e caixa de recirculação de água instalado em uma serraria sob a supervisão do CETEM Benefícios do Projeto As empresas e instituições beneficiadas com as inovações tecnológicas resultantes do projeto foram as dezenas de serrarias exis tentes na região de Santo Antônio de Pádua o SINDGNAISSES a fábrica de argamassas ARGAMIL a Prefeitura e a Comunidade de Santo Antônio de Pádua RJ Face aos problemas ambientais que causavam as serrarias da região eram sem pre ameaçadas pelos órgãos ambientais de serem fechadas A paralisação de suas ati vidades traria como consequência sérios riscos não somente à própria cadeia produ tiva com perdas econômicas para a região como também às comunidades locais pois os funcionários dessas serrarias perderiam seus empregos 132 Além de sanar os problemas ambien tais causados pelas serrarias as Unidades instaladas para tratamento dos efluentes dessas serrarias permitiu i a recuperação do material sólido gerado à época cerca de 720 tmês de finos ii o reaproveitamento de grande parte da água que atualmente retorna às serrarias para serragem das ro chas representando economia para as em presas Cabe realçar que o reaproveitamento da água foi também muito importante para as empresas de ro chas ornamentais tendo em vista que a re gião sofre frequentemente com os proble mas decorrentes de estiagens prolongadas além da economia com o custo da água a valiosa colaboração do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro DRMRJ e o emprego da tecnologia limpa desenvolvida pelo CETEM instalação de tanques de decantação nas serrarias fa voreceram o licenciamento ambiental para o funcionamento lícito das serrarias da re gião de Santo Antônio de Pádua benefi ciando aos empresários que as implantaram em suas empresas Figura 6 Na cerimônia de entrega do Prêmio FINEP a foto mostra da esquerda para a direita Flávio Erthal DRM João César de Freitas Pinheiro DNPM Carlos Peiter Eduardo Carvalho Antonio Campos 3 dos membros da equipe do projeto pelo CETEM José Carlos da Rocha da equipe do projeto pelo INT Avílio Franco FINEP Adão Benvindo da Luz então Diretor do CETEM e Carlos Oití Berbert MCTI A fábrica da ARGAMIL Figura 7 para o aproveitamento dos finos provenientes da serragem das rochas foi instalada no Polo Industrial de Santo Antônio de Pádua e pro duz atualmente 450 tdia de argamassa empregando cerca de 80 pessoas benefi ciando o município com a criação de em pregos renda e inclusão social Figura 7 Fábrica de argamassa da ARGAMIL instalada no Polo Industrial de Santo Antônio de Pádua RJ 133 A Rio Capim Caulim Grupo Mendes Júnior PA e a Mineração de Caulim Monte Pascoal BA com as rotas de processamento de seus minérios desenvolvidas pelo CETEM investiram em projetos industriais e estão produzindo caulins com características especiais para aplicação nas indústrias de papel e de catalisadores para refino de petróleo Processamento de caulins visando suas aplicações industriais abril1999 a março2004 Problema Desafio O caulim é uma argila normalmente de cor branca ou quase branca contendo um mineral de granulometria muito fina denominado caulinita Al4Si4O10OH8 Os caulins são silica tos de alumínio hidratado que englobam além da caulinita outras substâncias consideradas como impurezas tais como areia ferro e matérias orgânicas Uma aplicação muito im portante do caulim é na indústria de papel desempenhando a função de preenchimento dos espaços deixados pelas fibras de celulose função carga podendo também ser usado como pigmento no revestimento de papéis onde é um dos respon sáveis pelo brilho e alvura de papéis especiais empregados em revistas livros e embalagens de fino acabamento fun ção revestimento Para esta utilização industrial o caulim deve apresentar alto índice de alvura superior a 86 padrão ISO e granulometria bem fina com alto percentual acima de 80 de partículas abaixo de 2µm Até a década de 90 a indústria brasileira de papel estava limitada a um único produtor de caulim para revestimento de papel a CADAM Caulim da Amazônia SA Em função desse caulim ser extremamente fino acima de 96 2 µm e com partículas de forma peculiares lamelares e hexagonais a tin ta de revestimento das indústrias brasileiras de papel tinha que ser elaborada com base nessas características Considerando a capacitação técnica e a boa infraestrutu ra em termos de instalações laboratoriais com uma diversida de de equipamentos adequados à PD o CETEM foi contrata do por duas empresas detentoras de jazidas de caulim para o 134 Responsáveis pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos Eduardo Augusto de Carvalho EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Rodrigues de Campos Eduardo Augusto de Carvalho Coordenação Técnica Josias Paulo da Silva Mineração Monte Pascoal Alberto Norman Alhante Roberto Rocha Grupo Mendes Júnior Milton Costantin desenvolvimento de rotas de processamento de seus minérios visando a obtenção de produtos para as indústrias petrolífera e de papel Foram assim conduzidos trabalhos em escalas de laboratório e piloto com dois tipos diferentes de caulim i caulim sedimentar proveniente da região de Rio Capim PA do Grupo Mendes Júnior e ii caulim primário de Prado BA pertencente à empresa Mineração de Caulim Monte Pascoal Estratégia de Desenvolvimento Caulim da Região de Rio Capim PA Grupo Mendes Junior caulim do tipo sedimentar apresentando nível de alvura já bem elevado no entanto além do ajuste das suas propriedades al vura granulometria e viscosidade fezse mister estudar o me lhor aproveitamento da jazida para adequação do produto às necessidades da indústria nacional de papel para revestimento Primeiramente foi feita uma amostragem representativa da mina que permitisse conhecer as diferentes composições do caulim em diferentes pontos da jazida Foram então sele cionados o agente dispersor o valor de pH e a concentração de sólidos que proporcionassem uma melhor dispersão do caulim na polpa Para remoção de contaminantes como quartzo matéria orgânica e outros com granulometria superior a 44µm fo ram considerados dois agentes dispersores hexametafosfato de sódio e poliacrilato de sódio sendo verificado o efeito da dosagem desses em polpas de diferentes concentrações de sólidos e diferentes valores de pH visando melhor recupera ção do produto fino obtido na operação de peneiramento Na fração passante em 44µm foram realizados ensaios em centrífuga de alta intensidade rotacional tendo sido analisados os efeitos da vazão de alimentação e da concentração de sólidos na polpa de alimentação bem como da intensidade da centri fugação através da variação da velocidade de rotação do equi pamento na recuperação em massa do produto fino 2µm gerado na operação desse equipamento Essa fração fina foi sub metida à separação magnética de alta intensidade para remoção do ferro magnético presente no caulim tendo sido verificado o comportamento das variáveis vazão de alimentação no equipa mento e concentração de sólidos na alimentação em relação à alvura da fração não magnética obtida nessa separação Para remoção do ferro coloidal ainda presente no produ to não magnético optouse pelo processo de lixiviação ácida 135 utilizando hidrossulfito de sódio como agen te redutor do ferro em diferentes valores de pH da polpa e de concentração dos re agentes Para redução do pH da polpa foi utilizado ácido sulfúrico e sulfato de alumí nio esse também como agente floculante em diferentes concentrações A remoção do ferro dissolvido na polpa foi obtida por meio da filtragem em filtro prensa do produto lixiviado resultante da operação anterior O ferro solúvel foi removido juntamente com a água no filtrado gerado nessa operação e a torta produto sólido da filtragem depois de seca representava o produto acabado Caulim do Prado BA Mineração de Caulim Monte Pascoal o caulim de origem primária da região de Prado apresentava diferentes valores de alvura ao longo da ja zida além de aspecto e viscosidade diferen tes daqueles encontrados no caulim sedi mentar da jazida de Rio Capim PA Foram realizados ensaios tecnológicos de caracterização do material e testadas rotas de processamento desse caulim pri mário semelhantes às empregadas para o caulim sedimentar porém visando o apro veitamento do caulim em diferentes nichos de mercado das indústrias de papel e petro lífera eg para produção de catalisadores para o refino de petróleo Tendo em vista que a Mineração de Caulim Monte Pascoal dispunha de menor capacidade de investi mento se fez necessário avaliar processos de tratamento alternativos e mais simples capazes de gerar produtos que atingissem de forma técnica e econômica os interesses de mercado da empresa Resultados Caulim da Região de Rio Capim PA os melhores resultados de dispersão para esse caulim sedimentar foram obtidos com pol pas em pH em torno de 70 valor esse ob tido com o uso de carbonato de sódio uma vez que o caulim naturalmente se mostrou ácido O poliacrilato de sódio como agente dispersor foi capaz de proporcionar maior recuperação da fração passante em peneira de 44 µm O caulim desareado passante na pe neira de 44 µm foi centrifugado de modo a gerar de 75 a 85 de produtos com gra nulometria 2 µm destinados à indústria de papel Para reduzir o teor de ferro e assim melhorar a alvura do caulim o produto cen trifugado foi submetido à separação magné tica de alta intensidade O ferro livre rema nescente foi removido por lixiviação ácida com pH entre 30 e 40 obtido com o auxílio do uso de ácido sulfúrico sulfato de alumí nio e do agente redutor do ferro hidrossul fito de sódio O ferro solúvel em água foi removido do caulim durante a filtragem da polpa em filtros prensa pois o licor filtrado que passava pelas lonas do filtro carregava o ferro solúvel Essa operação proporcionou ganhos de alvura ISO entre 2 a 3 geran do produtos com alvuras finais entre 88 e 90 ISO Caulim da Região de Prado BA em função dos equipamentos disponíveis na empresa Monte Pascoal a melhor dispersão do cau lim bruto em polpa foi alcançada com o uso do dispersante hexametafosfato de só dio e de uma solução 50 de soda como agente regulador do pH Por ser um caulim primário a quantidade inicial de partículas 44 µm se mostrou bastante elevada De acordo com o local de lavra do caulim na 136 mina a fração passante foi classificada em ciclones de modo a gerar de 80 a 98 de produtos finos com granulometria 2 µm O produto mais fino 98 2µm não apresentou valores de alvura e viscosidade suficientes para uso na indústria de papel mesmo após diversas tentativas de sepa ração magnética delaminação e lixiviação ácida No entanto as características da for ma hexagonal e lamelar das suas partícu las permitiu que o produto proporcionasse uma excelente matériaprima para catalisa dores utilizados no refino de petróleo outra importante indústria consumidora de cau lim no Brasil Para os produtos mais grossos 8085 2 µm a separação magnética não propor cionou ganho significativo de alvura máxi mo de 1 ISO que justificasse o investi mento em equipamentos para esse tipo de processo A lixiviação ácida com ácido sul fúrico sulfato de alumínio e hidrossulfito de sódio gerou produtos com alvura entre 86 e 88 ISO e viscosidade adequados ao uso pela indústria de papel Benefícios do Projeto Os excelentes resultados obtidos pelo CETEM em escala piloto levaram ambas as empresas Grupo Mendes Júnior e Mineração de Caulim Monte Pascoal a investirem em seus projetos na escala industrial A Rio Capim Caulim empresa formada pelo Grupo Mendes Junior com outros inves tidores operava desde 1996 com mina em Ipixuna e usina de produção em Barcarena ambos no estado do Pará Os resultados da usina piloto do CETEM conduziram à ins talação de uma usina protótipo e poste riormente uma usina industrial localizada em Barcarena PA com uma capacidade instalada de 1 milhão de toneladasano O sucesso do empreendimento fez com que a empresa adquirisse em 2010 uma das suas concorrentes a Pará Pigmentos SA também em Barcarena aumentando sua capacidade anual de 1 para 2 milhões de toneladasano tornandose a maior empre sa de beneficiamento de caulim do mundo com 99 de sua produção destinada à in dústria de papéis especiais A Mineração de Caulim Monte Pascoal opera desde 1993 uma mina em Prado no extremo sul da Bahia Os trabalhos do CETEM foram iniciados por ocasião da ex ploração da jazida com orientação da amos tragem e posterior caracterização do caulim em amostras representativas da jazida Na sequência vieram os estudos para melhoria de processo em uma usina em Bicas MG para onde o caulim de Prado era transpor tado Por fim vieram os processos desen volvidos pelo CETEM na usina instalada na Bahia já em funcionamento em 1999 visando a obtenção de novos produtos ca talisadores e papel Podese dizer que essa empresa teve sua origem nos trabalhos do CETEM Seu principal produto é o caulim extrafino destinado à indústria de catali sadores para refino de petróleo mas tam bém na sua linha de produção apresenta produtos especiais utilizados na fabricação de borracha defensivos agrícolas e revesti mento de papel 137 Interesse da PETROBRAS em reduzir seus passivos ambientais catalisou colaboração interinstitucional para a remediação exsitu de solos tropicais contaminados por hidrocarbonetos de petróleo culminando com o desenvolvimento de um biorreator não convencional já testado na Refinaria Duque de Caxias RJ Biorreator para tratamento de solos contaminados por petróleo outubro1999 a março2011 Problema Desafio As atividades da indústria do petróleo envolvem considerá veis riscos de vazamentos e contaminação de solos águas subterrâneas e águas superficiais As diferentes tecnologias para a remediação de solos atualmente disponíveis no mer cado internacional são bastante limitadas em relação à sua aplicabilidade e eficiência nos casos de descontaminação de solos no Brasil Isso decorre das características tropicais dos solos do país solos intemperizados ricos em argilomi nerais pouco permeáveis e com alta capacidade de retenção de poluentes que dificultam a utilização de processos de tratamento convencionais O interesse específico da PETROBRAS em reduzir seus passivos ambientais catalisou a colaboração entre equipes de pesquisadores do CETEMMCTI do CENPESPETROBRAS e da EqUFRJ que vêm trabalhando no aperfeiçoamento da tecnologia para a remediação exsitu de solos tropicais con taminados por hidrocarbonetos de petróleo Tal tecnologia en volve a utilização de um biorreator piloto não convencional de fase sólida móvel e automatizado no interior do qual microrganismos originários do solo promovem reações de bio degradação em condições controladas que permitem o aba timento dos contaminantes e até mesmo a recuperação da qualidade do solo a ponto de tornar possível seu reuso 138 Responsável pelas Informações Andréa C de Lima Rizzo Equipe do Projeto CETEM Andréa C de Lima Rizzo Coordenação Técnica Ary Caldas Pinheiro Claudia Duarte da Cunha Danielle Reichwald Fabio Gonçalves dos Santos Grace Maria de Brito Jacinto Frangella Leonard Silva dos Santos Mario Cesar Pio Renata da Matta dos Santos Ronaldo Luiz Correa dos Santos PETROBRAS Adriana Ururahy Soriano Fernando Oliveira Frederico Lanza Monica Linhares Pedro Veltri Trindade EquFRJ Selma Gomes Ferreira Leite Estratégia de Desenvolvimento O trabalho tecnológico englobou 4 fases distintas de desenvol vimento i processo biológico de tratamento ii biorreator em escala de bancada 12 kg de capacidade iii redimen sionamento do biorreator para escala piloto 800 kg de capa cidade iv implantação do biorreator piloto para tratamento de solos contaminados na Unidade REDUC PETROBRAS Primeira Fase foi avaliada a viabilidade técnica do emprego de um processo biológico bem como foi realizada a caracteri zação de dois solos argilosos contaminados por hidrocarbone tos de petróleo de forma a indicar os graus de contaminação por compostos orgânicos e por metais Com vistas a avaliar a possibilidade de aplicação do tratamento biológico foram identificadas e quantificadas as populações microbianas bem como verificados os níveis de fertilidade dos solos e também as suas principais propriedades físicoquímicas granulome tria pH umidade e capacidade de campo Foram conduzi dos nessa mesma etapa testes preliminares de biotratabili dade a fim de se avaliar as respostas dos dois solos à técnica de bioestímulo Com base nessas respostas e nas propriedades físicoquímicas dos sistemas solocontaminante um dos solos foi selecionado para ser usado como solo modelo origem SP de modo a completar outra atividade do projeto buscan do o desenvolvimento e aplicação de um processo biológico Ainda nessa fase procedeuse ao isolamento e à identi ficação dos microrganismos originalmente presentes no solo modelo os quais apresentaram capacidade de degradar o óleo cru Adicionalmente novos testes de biotratabilidade foram conduzidos a fim de se identificar as condições que otimi zassem o tratamento antes que fosse iniciada a segunda fase do projeto a qual veio privilegiar o desenvolvimento de pro tótipos e a execução de experimentos de biorremediação em uma escala maior que a até então executada ensaios in vitro Segunda Fase foi feita a avaliação do desempenho em es cala de bancada de duas diferentes configurações de um biorreator não convencional A denominação não convencio nal foi proposta entendendo que não existiam até então no mercado nacional alternativas eficazes para o abatimento do passivo ambiental resultante da ocorrência de derrames de óleo e derivados em solos de natureza argilosa O resultado 139 Figura 1 Unidade de demonstração para biorremediação de solos principal dessa etapa consistiu na monta gem e operação de um protótipo de biorrea tor volume útil de 13 litros que demons trou a viabilidade do emprego de reatores de fase sólida para a remediação de solos con taminados com petróleo Adicionalmente foram estabelecidas as melhores faixas ope racionais das variáveis de processo capaci dade de carga taxa de aeração agitação teor de umidade pH relação CNP adição de surfatante adição de materiais estrutu rantes e ainda o emprego ou não de bioau mento as quais viabilizaram o tratamento do solo argiloso contaminado por óleo cru tanto em microcosmo quanto no protótipo de biorreator de bancada Os resultados obtidos nos ensaios realizados no protóti po indicaram reduções entre 13 e 61 nas concentrações iniciais de hidrocarbonetos totais de petróleo após 42 dias variando com a técnica adotada Terceira Fase referente à ampliação de es cala do biorreator os esforços foram focados no projeto e na construção de uma unidade de demonstração em escala piloto biorrea tor com volume útil de 800 litros Figura 1 para o tratamento de solos contaminados a fim de reduzir o consumo de insumos água nutrientes e energia e minimizar a geração 140 de efluentes eou de emissões atmosféri cas de modo a estar em perfeita consonân cia com os conceitos de sustentabilidade e ecoeficiência adotados pela PETROBRAS Destacamse dentre as principais etapas desenvolvidas ao longo dessa fase a avaliação do desempenho de configura ções alternativas para sistema eixoagitador com base no desenho desse mesmo sistema usado no primeiro protótipo de biorreator bem como a realização de ensaios comple mentares nesse primeiro protótipo empre gando ainda o solo modelo SP a seleção e coleta de uma amostra de outro solo contaminado SE com a consequente realização de ensaios de biodegradação ob jetivando confirmar a versatilidade do pro tótipo de biorreator desenvolvido foram constatadas reduções entre 11 a 14 nas concentrações iniciais de hidrocarbonetos totais de petróleo após 42 dias variando com a técnica adotada bioestímulo adição de material estruturante dentre outras o projeto a montagem a préoperação a operação e a avaliação de desempenho de uma unidade de demonstração em escala ampliada piloto Nessa etapa de ampliação de escala contouse com a experiência em prototipa gem da empresa Albrecht Equipamentos Industriais Ltda No primeiro teste realizado na unidade de demonstração com o solo de Sergipe e utilizandose a técnica de bioestí mulo associada à incorporação de material estruturante serragem foi verificada uma redução de 35 na concentração de hidro carbonetos totais de petróleo após 42 dias de processo quarta Fase englobou as etapas de pré operação e operação do sistema Figura 2 conduzidas na Refinaria Duque de Caxias REDUC respectivamente nos períodos de junho a setembro2009 e de abril2010 a março2011 Em março2011 a unidade de demonstração foi transferida da REDUC para o CETEM e o biorreator foi submetido a uma etapa de manutenção geral Nessa oca sião mais duas bateladas de ensaios foram conduzidos gerando dados complementa res para a validação da tecnologia propos ta Foram também realizados i um estudo de viabilidade técnica e econômica EVTE preliminar para confirmar a viabilidade ou não de implantação do biorreator em outras unidades operacionais da PETROBRAS e correlacionar a viabilidade com a escala do sistema em diferentes cenários regionais ii uma análise detalhada das potenciali dades e limitações da tecnologia proposta Tecnicamente vale destacar que o conjunto de resultados obtidos no total das 7 bateladas realizadas no biorreator piloto préoperação 1 operação 4 manuten ção 2 em condições distintas de opera ção tipo e grau de intemperização do con taminante e níveis variáveis de atividade microbiana permitiu estabelecer faixas de aplicação da tecnologia de tratamento bem como definir suas limitações Obtevese as sim um protocolo orientador simplificado e validado de tratamento de solos contamina dos no biorreator piloto A despeito da importância de se tratar solos devolvendo sua capacidade de supor te à vida ainda não há no país um nível de conscientização que estimule a prática do reuso como acontece por exemplo em pa íses como a Alemanha e Holanda nos quais essa prática se constitui em realidade lu crativa Assim tornase evidente que hoje 141 Figura 2 Implantação e operação do biorreator na REDUC no Brasil a recuperação de solos ainda não é sinônimo de receita realidade essa que impacta fortemente a viabilidade de aplica ção de tecnologias como a proposta neste projeto Considerandose o cenário atual em nosso país o tratamento de solos em bior reatores só se viabiliza economicamente em situações muito particulares nas quais a oferta de tecnologias é pequena e o merca do de tratamento de resíduos é pouco com petitivo ex estado do Amazonas Ainda há necessidade no entanto de realização de testes complementares no sistema de tratamento que aproximem a tecnologia proposta desse mercado para o qual sua aplicação se mostra mais viável Por esse motivo encontrase em andamento no pre sente momento uma análise do desempe nho do biorreator para diferentes cenários de contaminação contaminação recente ou antiga tipo de contaminante tipo de solo e de oferta tecnológica disponibilidade de tecnologias de tratamento distância do lo cal da contaminação dentre outras 142 Resultados Além do já mencionado cabe ressaltar como importantes resultados a validação da tecnologia de tratamento de solos contaminados em biorreator a implantação do equipamento pilo to móvel e automatizado em Unidade da PETROBRAS a disponibilização de tecnologia para a re dução dos resíduos acumulados indicador indispensável à obtenção da excelência na gestão de segurança meioambiente e saú de meta corporativa explicitada no Plano Estratégico da PETROBRAS 20072015 Este projeto gerou a patente PI 05020905A publicada em 2007 com o título Biorreator horizontal e processo de biorremediação de solos argilosos utilizando dito biorreator tendo a PETROBRAS como depositante e como inventores membros da equipe do projeto O trabalho foi também ganhador do Prêmio Inventor de 2006 concedido pela PETROBRAS O equipamento piloto especialmen te desenvolvido para o tratamento de solos tropicais comporta 800 kg de solo apre senta elevada eficiência de remoção de con taminantes quando comparado a outros sis temas biológicos de tratamento eficiência variável com o tipo de solo características e teor de contaminantes exige baixa incor poração de água 100 Lmês e reduzido consumo energético mensal 90 kWh Benefícios do Projeto O biorreator desenvolvido equipamento móvel e automatizado é um símbolo de inovação tecnológica pois representa uma alternativa tecnicamente adequada e eco nomicamente viável ao tratamento de solos tropicais contaminados por hidrocarbone tos de petróleo eou derivados resíduos de poluição Por suas características de fácil operação e mobilidade certamente poderá contribuir para a redução dos passivos am bientais da PETROBRAS O equipamento e a tecnologia poderão ser utilizados especialmente em áreas re motas em que a oferta de alternativas de remediação de solos é ainda mais limitada Destacase no entanto que a posterior uti lização do biorreator em escala industrial só poderá ser considerada mediante reali zação de estudo de viabilidade técnica e econômica EVTE seguida de processo de nova ampliação de escala Allegra Novo Milênio Novo Milênio 146 Parcerias entre órgãos governamentais e o setor privado viabilizaram o Plano Diretor para Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense com implantação dos sistemas de gestão ambiental em mineradoras de carvão e com treinamento de suas equipes técnicas não só induzindo modificações nos processos de beneficiamento mineral e disposição de resíduos mas ainda trazendo soluções inovadoras para a previsão prevenção e mitigação da geração de drenagem ácida de mina Recuperação ambiental de áreas mineradas tecnologia inovadora aplicada à indústria carbonífera janeiro2000 a dezembro2003 Problema Desafio A execução de projetos ambientais integrados para recupera ção de áreas mineradas é uma prática relativamente recente em todo o mundo Internacionalmente os projetos dessa natureza iniciaramse em maior escala na década de 60 Os primeiros trabalhos de recuperação no Brasil ocorreram em meados da década de 1970 Desde então e até final da década de 1980 a recuperação de áreas mineradas consistiu principalmente da recomposição paisagística e recuperação da cobertura vegetal A partir da década de 1990 ganhou expressão interna cional o conceito de que um projeto de recuperação ambien tal de áreas mineradas é uma tarefa multidisciplinar e deve incorporar necessariamente o aprimoramento dos métodos de planejamento de lavra beneficiamento mineral e disposi ção de rejeitos e estéreis muitas vezes implicando em uma mudança radical na maneira de planejar o empreendimento mineiro Apenas a partir do final dessa década foi definitiva mente reconhecida a importância de planejar implementar e revisar os projetos de recuperação de áreas mineradas ao longo de todo o ciclo de vida desde o planejamento até o fechamento do empreendimento mineiro No Brasil já foram dados os primeiros passos nesse sen tido mas há ainda um longo caminho a ser percorrido na im plantação de tecnologias para a mitigação das consequências ambientais das atividades da indústria mineral Entre essas consequências a drenagem ácida é uma das maiores enfren tadas pela indústria minerometalúrgica em diversas partes do mundo Ela ocorre em áreas nas quais o mineral a ser extraído 147 Responsáveis pelas Informações Paulo Sergio Moreira Soares CETEM Cleber José Baldoni Gomes SIECESC EquIPE DO PROJETO CETEM Flavia Maria de Fátima Nascimento Juliano Peres Barbosa in memoriam Laura de Simoni Borma Maria Dionísia Costa dos Santos Mario Valente Possa Paulo Sergio Moreira Soares Coordenação Técnica Roberto de Barros Emery Trindade Rose Mary Gondim Mendonça Vicente Paulo de Souza Zuleica Carmen Castilhos CPRM Antonio Silvio Jornada Krebs CANMET Errol van Huyssteen in memoriam SIECESC Cleber Jose Baldo Gomes Fernando Luiz Zancan Luiz Carlos Gomes Franca NASAuFRJ Gustavo Henrique de Sousa Araujo Josimar Ribeiro de Almeida Lais Alencar de Aguiar encontrase sob a forma de sulfetos ou quando sulfetos de fer ro estão presentes na rocha encaixante Os resíduos de minas estéreis e rejeitos provenientes do beneficiamento ricos em sulfetos de ferro ao ficarem expostos à penetração de água e ar oxidamse produzindo íons sulfato e acidez Dois aspectos assumem grande importância quando da avaliação dos impactos ambientais causados pela geração de drenagem ácida 1 o fato de que o impacto não fica restrito à área minerada influenciando através da contaminação dos cursos dágua superficiais e subterrâneos áreas circunvizi nhas ao empreendimento e 2 a reação química envolvida no processo é lenta o que implica que o fenômeno pode ocorrer durante anos mesmo depois de esgotado o depósito mineral Aliase a esses o fato de que a acidez e contaminação da água com metais dissolvidos inviabiliza seu uso para fins recreati vos agrícolas e de consumo A probabilidade de geração de drenagem ácida quando avaliada na fase de planejamento do empreendimento mi neiro permite melhor gerenciamento da disposição dos resí duos bem como a adoção de alternativas para a apropriada mitigação e controle Essas medidas além de minimizarem os impactos ambientais ao longo da vida útil da mina faci litam as operações de recuperação de áreas mineradas por ocasião do encerramento das atividades Mesmo após o início da geração de drenagem ácida é tecnicamente possível mini mizar seus efeitos e recuperar as áreas atingidas As soluções técnicas no entanto não são sempre de baixo custo ou de efeito imediato embora sejam possíveis se baseadas em um planejamento equilibrado que leve em conta o conhecimento técnicocientífico o estudo de experiências anteriores e as boas práticas de engenharia aliadas a um orçamento e cro nograma adequados Em resposta à demanda do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina SIECESC e em conjunto com o Canada Centre for Mineral and Energy Technology CANMET e o Núcleo de Análise de Sistemas Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro NASA UFRJ o CETEM desenvolveu trabalhos pioneiros no país que envolveram i elementos de diagnóstico ambiental ii pro posição de soluções de engenharia inovadoras e iii treina mento de equipes técnicas na recuperação ambiental de áreas mineradas onde ocorre a drenagem ácida de mina 148 Estratégia de Desenvolvimento O projeto foi conduzido em três fases a saber Fase 1 em parceria com o CANMET e a CPRM o CETEM desenvolveu o projeto conceitual para recuperação ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense que teve o caráter de um plano diretor As dez em presas de mineração então ativas no sul do estado de Santa Catarina operavam mais de vinte instalações de lavra e beneficia mento de carvão às margens dos rios das bacias do Araranguá Urussanga e Tubarão Como resultado foi elaborado um diagnóstico sobre o desempenho ambiental das instalações de mineração na região e apresentadas recomendações para melhorar esse desempenho Os documentos conten do informações e sugestões técnicas para a gestão das águas efluentes e rejeitos só lidos em cada uma das mineradoras foram produzidos ainda em 2000 Foram também realizadas sessões de treinamento técnico em Criciúma SC e no Rio de Janeiro RJ dirigidas aos profissio nais das empresas de mineração do DNPM e da CPRM com a presença de especialis tas canadenses e brasileiros Os temas tra tados foram entre outros a hidrogeologia para a mineração e a gestão ambiental em empreendimentos minerais Essa fase foi fundamental para as fases subsequentes da recuperação ambiental da região carbonífe ra sul catarinense Fase 2 iniciada em 2001 cada uma das dez empresas mineradoras escolheu uma de suas áreas para que fossem aprofunda dos os estudos de diagnóstico ambiental sugeridos na primeira fase Foram elabora dos pelo CETEM dez relatórios contendo recomendações técnicas específicas para cada empresa englobando além dos aspec tos ambientais sugestões para o aprimora mento do desempenho das instalações de beneficiamento de carvão Muitas dessas recomendações foram implantadas nas ins talações diagnosticadas Fase 3 o CETEM elaborou um projeto con ceitual para instalações envolvendo pro cessos convencionais e processos passivos de tratamento de efluentes da mineração e prestou assessoria às empresas minera doras de carvão da região no processo de implantação de sistemas de gestão ambien tal com base na norma ISO 14001 Como resultado todas as empresas carboníferas possuem atualmente certificação ambien tal que atende à norma ISO 14001 Resultados Foram estimuladas e exercitadas parcerias interinstitucionais entre órgãos governa mentais nacionais e internacionais e o setor privado Os trabalhos conjuntos além da implantação dos sistemas de gestão am biental com treinamento de equipes técni cas induziram transformações nas práticas dos processos de beneficiamento mineral e disposição de resíduos nas empresas da re gião carbonífera do sul catarinense Benefícios do Projeto Os trabalhos realizados pelo CETEM e insti tuições parceiras contribuíram para o aper feiçoamento do desempenho ambiental e de processos de beneficiamento mineral da indústria carbonífera nacional por meio da indicação e implantação de soluções técni cas inovadoras para a previsão prevenção e mitigação da geração de drenagem ácida de mina 149 A parceria com setor privado propi ciou ainda a transferência de tecnologia de ponta para recuperação ambiental de áre as mineradas e o treinamento de equipes técnicas de unidades mineiras influenciou positivamente nas práticas de gestão am biental e de processos da indústria mineral As atividades para recuperação am biental das áreas mineradas para carvão no estado de Santa Catarina já demonstra ram consequências positivas e certamen te trarão maiores frutos no futuro uma vez que está em curso a realização de um programa coordenado de ações conjuntas de maior envergadura envolvendo todas as partes interessadas É sem dúvida uma iniciativa multidimensional em que os as pectos técnicos e ambientais associamse fortemente aos econômicos e sociais A escolha das melhores alternativas técnicas deve levar em conta as necessi dades das empresas das agências ambien tais e reguladoras dos comitês gestores da Bacia Carbonífera e da comunidade cada qual com o papel que lhe cabe 150 Comunhão da síntese orgânica com a tecnologia mineral resultou na utilização de argilas naturais brasileiras como catalisadores eficazes e reutilizáveis em processos de transesterificação de derivados de carboidratos apresentando potencial aplicabilidade em reações com biodiesel Preparação de betacetoésteres superiores por transesterificação com argilas naturais reutilizáveis como catalisadores e álcoois setembro2000 a outubro2001 Problema Desafio A reação de transesterificação é um processo de transfor mação de um éster em outro éster catalisada por ácidos ou bases Vários catalisadores são relatados na literatura para esta reação como por exemplo dimetilaminopiridina trifla to de difenilamônio amberlist15 hexametilenotetramina Tendo em vista aspectos relativos à demanda ambiental atu al vários grupos iniciaram estudos com catalisadores sóli dos inorgânicos para reações orgânicas como por exemplo zeólitas óxidos metálicos e argilas Assim é grande o inte resse em muitas áreas da química orgânica por catalisadores eficientes de baixo custo não tóxicos utilizáveis em con dições reacionais brandas que sejam de fácil recuperação e reutilizáveis Estes catalisadores são ditos ambientalmen te recomendáveis como são por exemplo argilas modifica das como caolinitas montmorilonitas K10 alumina sílica e hidrocalcitas usadas como catalisadores em reações de transesterificação O desafio deste trabalho foi demonstrar que argilas naturais brasileiras podem ser utilizadas eficientemente para a reação de transesterificação de βcetoésteres com carboidratos Estratégia de Desenvolvimento Inicialmente preparouse os acetonídeos dos carboidratos 1 4 Fórmula Geral II Esquema 1 que foram obtidos di retamente a partir dos seus respectivos monossacarídeos por métodos já descritos na literatura 151 Responsável pelas Informações Fernando de Carvalho da Silva EquIPE DO PROJETO CETEM Roberto Cerrini Villas Bôas Coordenação Técnica Wilma de Carvalho Pereira uFF Fernando de Carvalho da Silva Renata de Souza Rianelli Vitor Francisco Ferreira Uma vez obtidos os alcoóis quirais derivados de carboi dratos 1 4 foram efetuadas as reações de transesterificação com os βcetoésteres etílicos Fórmula Geral I Esquema 1 Os acetonídeos foram dissolvidos em tolueno 20 mLg de acetonídeo e em seguida foram misturados com 15 equi valentes de βcetoésteres etílicos Fórmula Geral I Esquema 1 adicionandose ao meio a argila apropriada Esquema 2 Foram utilizados três tipos de argilas naturais das clas ses montmorilonita K10 esmectita atapulgita e vermiculita e o catalisador químico dimetilaminopiridina que se mos traram catalisadores eficientes e reutilizáveis em condições térmicas tolueno em refluxo Esquema 1 Obtenção dos carboidratos transesterificados Esquema 2 utilizado nas reações de transesterificação catalisadas por argilas 152 Tabela 1 Resultados obtidos nas reações de transesterificação Catalisador R5 1 R5 2 R5 3 R5 4 Esmectita R1CH3 76 R1Ph 89 R1CH3 93 98 95 R1Ph 91 R1CH3 73 R1Ph 72 R1CH3 50 R1Ph 78 Atapulgita R1CH3 86 R1Ph 82 R1CH3 99 98 99 R1Ph 87 R1CH3 93 R1Ph 75 R1CH3 50 R1Ph 80 Montmorilonita K10 R1CH3 86 R1CH3 50 R1CH3 36 DMAP R1CH3 86 R1Ph 89 R1CH3 99 R1Ph 30 R1CH3 62 R1Ph 47 R1CH3 81 R1Ph 22 Vermiculita R1CH3 98 R1Ph 82 R1CH3 93 98 94 R1Ph 98 R1CH3 93 R1Ph 76 R1CH3 51 R1Ph 82 O sistema foi aquecido por 48 horas e os rendimentos das reações variaram entre 22 e 98 Por fim após as reações foi efetuada filtração e o solvente foi evaporado sob pressão reduzida O óleo resultante foi purificado por cromatografia em coluna de silicagel do tipo flash eluindose com uma mistura de hexa noacetato de etila 91 como gradiente Cabe ressaltar que as argilas utilizadas neste trabalho têm sido alvo de diversas pesquisas tanto sob o ponto de vista das suas propriedades físico químicas como o de sua utilização como cata lisadores em reações de transferência de diazo Resultados Analisandose a Tabela 1 podese observar que a vermiculita e a atapulgita foram as ar gilas de melhor desempenho Em uma análi se geral podese dizer que a vermiculita foi a argila mais eficiente dentre as estudadas Isto pode ser explicado pela sua maior área superficial 11967 m2g em relação à es mectita com área superficial de 6888 m2g e à atapulgita com área superficial de 4930 m2g Adicionalmente as reações foram mais eficientes para álcoois primá rios do que secundários e seus rendimen tos químicos são dependentes da estrutu ra do carboidrato Devese ressaltar que as argilas foram reutilizadas nas diversas rea ções efetuadas mantendo sua eficiência Benefícios do Projeto A obtenção de βcetoésteres derivados de carboidratos via reações de transesterifica ção com álcoois derivados de acetonídeos de carboidratos promovidas por aquecimento convencional utilizandose argilas dos tipos esmectita atapulgita e vermiculita como ca talisadores mostrouse bastante eficiente e produziu os βcetoésteres em bons rendimen tos de até 98 Em outubro2001 foi deposi tado o pedido de patente junto ao INPI tendo sido concedida em 2013 a cartapatente PI 01103091 para o Processo de preparação de betacetoésteres superiores por transeste rificação com argilas naturais reusáveis como catalisadores e álcoois cujos inventores são os membros da equipe deste projeto Em continuidade o estudo dessas re ações com as argilas recuperadas e reuti lizáveis mostrouse bastante eficaz evi denciando que estes catalisadores são ambientalmente recomendáveis Tal meto dologia pode vir a ser interessante na transes terificação de biodiesel e triacilglicerídeos 153 Com custobenefício favorável foi testada e registrada pela primeira vez a imobilização de chumbo e outros metais pesados pela aplicação in situ de corretivos fosfatados em local altamente contaminado a noroeste da cidade de Jacksonville EUA Efeito da aplicação in situ de corretivos fosfatados na mobilidade e biodisponibilidade de metais pesados dezembro2000 a fevereiro2001 Problema Desafio A acumulação de metais pesados em solos e seu transporte através da matriz do solo resultando em contaminação da água subterrânea são ameaças potenciais à saúde humana Nesse âmbito biodisponibilidade e mobilidade constituemse em duas preocupações concorrentes porém distintas Dentre as tecnologias de remediação disponíveis para sítios conta minados a aplicação de corretivos fosfatados foi identificada como umas das técnicas potencialmente mais eficientes para remediação in situ por ter um custobenefício favorável Esses corretivos disponíveis em várias formas são am bientalmente amigáveis e simples de serem utilizados Os mecanismos envolvendo a imobilização de metais pesados pela aplicação de corretivos fosfatados são a complexação à superfície e a precipitação química decrescendo a lixiviação de metais pesados e a biodisponibilidade Estudos reporta dos na literatura demonstraram que a o Pb reage com o P em solução formando um mineral piromorfítico estável e por conseguinte a solubilidade do fosfato de rocha dita a sua pró pria eficiência em imobilizar o Pb inferindo um mecanismo de precipitação química b em adição a outras proprieda des físicoquímicas do sistema enquanto que a precipitação química depende de produtos de solubilidade a sorção de metais pesados envolve a adsorção que inclui complexação à superfície de esfera externa ou interna precipitação ou co precipitação à superfície e difusão intrapartícula ocorren do concorrentemente ou simultaneamente c no pH natural da rocha fosfática pH 87 a concentração de íons fosfato 154 Responsáveis pelas Informações e Equipe do Projeto CETEM Ricardo Melamed universidade da Flórida EuA Lena Q Ma em solução é baixa e a imobilização de Pb é relativamente lenta mas eficiente refletindo mecanismos de complexação à superfície e nucleação d em valores de pH baixos 37 a rocha fosfática dissolve e a imobilização de Pb é instantânea com formação de mineral piromorfítico e em valores de pH intermediário 57 a eficiência da rocha fosfática para imo bilizar Pb é relativamente mais baixa devido à transição entre precipitação química e complexação à superfície Embora já existisse bastante informação sobre os meca nismos e requisitos envolvidos na imobilização de metais pe sados utilizando corretivos fosfatados não se tinha registrada sua implementação in situ Financiado pelo Instituto de Pesquisa do Fosfato da Flórida EUA e conduzido em colaboração entre o CETEM e o Departamento de Ciência do Solo e ÁguaUniversidade da Flórida o trabalho teve como desafio avaliar a eficácia da apli cação de corretivos fosfatados in situ em sítio altamente contaminado com chumbo e outros metais pesados Estratégia de Desenvolvimento O sítio estudado com uma área de aproximadamente 4100 m2 localizavase a noroeste da cidade de Jacksonville num local topograficamente plano com um ligeiro escorrimento superficial de oeste para sudoeste Havia sido exposto à contaminação de Pb e outros metais pesados pela sua proximidade a um posto de gasolina nos anos 30 e por ter sido usado para reciclagem de baterias e descarte de óleo nos anos 40 Os níveis de Pb total eram elevados mas restritos à superfície enquanto que as análises da água subterrânea indicavam que o Pb não havia sido lixiviado O nível da água subterrânea variava entre 1 e 2 m abaixo da superfície devido a flutuações das chuvas e uma camada argilosa entre 2 e 4 m restringia o movimento vertical da água para o aquífero mais profundo O sítio era dominado por solo urbano sem estrutura Spodosolo arenoso silícico li geiramente alcalino com alta porcentagem de matéria orgânica e uma grande variabilidade na concentração de elementos na camada de 010 cm A caracterização mineralógica por difra ção de raios X revelou a presença de CaCO3 e PbCO3 cerussita na fração do solo mais grosseira 1000 µm o que se revelava consistente com sua alcalinidade A concentração total dos prin cipais poluentes excedia o nível 7500 mgkg regulamentado pela EPAEnvironmental Protection Agency EUA e os níveis 155 de TCLPPb Toxicity Characteristic Leaching Procedure que correspondem à biodisponi bilidade do chumbo estavam bem acima do nível máximo recomendado 5 mgL Os tratamentos foram estabelecidos nas zonas mais contaminadas do sítio em unidades circulares com aproximadamente 4 m2 de área Os corretivos fosfatados foram aplicados a cada unidade experimental a uma taxa solomassa de 15 PbP aproxi madamente 3000 mg Pkg solo para uma concentração média de 5080 mgkg solo com base em testes de laboratório Metade da quantidade de P foi aplicada na forma de H3PO4 a todas as unidades misturando o referido ácido a 25 L de água pulverizando a solução uniformemente na área e cobrindo com plástico para manutenção da umidade nas camadas superficiais Aproximadamente 37 dias após a primeira aplicação a se gunda metade do corretivo foi aplicada em 3 tratamentos na forma de H3PO4 em T1 na forma de CaH2PO4 em T2 e na forma de rocha fosfática a 5 misturada à profun didade de 20cm em T3 Poços de monitoramento MW1 MW2 e MW3 foram instalados no centro de cada unidade e outros poços MW 4 a MW 10 foram também instalados em pontos dife renciados no mesmo sítio Os poços con sistiam de tubos de PVC com 19 cm de di âmetro interno e 2 m de comprimento Dois poços já existiam no sítio desde 1998 As concentrações de Pb na superfície do solo quando da aplicação dos corretivos fosfatados são resumidas na Tabela 1 Tabela 1 Concentração de Pb na superfície do solo no local de controle e sob os poços de monitoramento Poços de Monitoramento Concentração de Chumbo mg de Pb kg de solo Controle T0 9635 MW1T1 4594 MW2T2 20628 MW3T3 5027 MW4 3314 MW5 3037 MW6 5483 MW7 6916 MW8 5842 Três amostras de solo foram coletadas com a utilização de uma sonda em 6 ca madas 010 1020 2030 3040 4060 e 6080 cm das 3 unidades tratadas e da unidade controle T0 Amostras de água subterrânea foram coletadas com uma bom ba de sucção de cada um dos 10 poços de monitoramento antes dia 0 a 7 15 30 37 120 210 330 dias após início da apli cação dos corretivos fosfatados A técnica de extração sequencial foi utilizada para ava liação do efeito dos corretivos fosfatados na distribuição de metais em várias fases tro cável carbonática óxidos de Fe orgânica e residual O fracionamento químico foi con duzido para compreensão dos mecanismos da aplicação dos corretivos e consequentes transformações no comportamento dos me tais pesados no solo O fracionamento ex trações em tubos centrífugos de 40 mL foi conduzido nas amostras coletadas de cada tratamento a 6 camadas aproximadamente 210 dias após aplicação dos corretivos 156 A TCLP estabelecida pela EPA em 1990 para determinar a mobilidade de fa ses orgânicas e inorgânicas de um dado me tal pesado em rejeitos multifásicos foi uti lizada para avaliar a eficiência do corretivo fosfatado na biodisponibilidade do chumbo Resultados As concentrações de chumbo após um ano à imposição dos tratamentos com fosfato eram mais elevadas na segunda camada de solo de 1020cm do que na primeira cama da e atingiram concentrações de 31 17 22 e 12 gkg de solo nos tratamentos T0 T1 T2 e T3 respectivamente Figura 1 Figura 1 Concentrações de Pb no perfil do solo no controle T0 e nos 3 tratamentos que receberam corretivos fosfatados T1 T2 e T3 tais como condições de oxiredução flutua ções na água subterrânea níveis mais baixos de CO3 em comparação à superfície e pos sivelmente os efeitos de sorçãodessorção de metais durante a lixiviação Os resultados do fracionamento quími co e dos testes de TCLPPb são mostrados nas Figuras 2 e 3 respectivamente A aplicação de corretivos fosfatados teve o impacto esperado no pH do solo arenoso com baixo poder tamponante Dentre todos os tratamentos T1 promoveu o maior decrés cimo no pH do solo à superfície enquanto o T3 promoveu o mínimo decréscimo A faixa de valores de pH à superfície do solo durante todo o período amostrado variou de 6570 em T0 a 4450 em T1 5055 em T2 e 55 57 em T3 Essas variações a camadas mais profundas foram atribuídas a vários fatores em adição às fontes de corretivos fosfatados Figura 2 Distribuição de Pb nos solos em diferentes profundidades Figura 3 TCLPPb nos solos em diferentes profundidades Os resultados indicaram que em T0 o chumbo estava principalmente associa do com a fração carbonato em todo o per fil do solo 5070 As imagens de MEV microscopia eletrônica de varredura e respectivos DEX dispersão de elétrons por raiosX de T0 na camada de 010 cm do 157 solo confirmaram a presença de cerussita À superfície todos os tratamentos com P foram capazes de modificar a partição de Pb da fase nãoresidualpotencialmente bio disponível para a fase residualindisponí vel Nesse âmbito a principal transforma ção foi o decréscimo do Pb associado com a fase carbonato até 40 enquanto que a fase residual foi acrescida de até 60 consistente com a estratégia planejada de dissolver a cerussita com ácido fosfórico permitindo assim a precipitação geoquími ca da piromorfita de acordo com as reações 1 e 2 já descritas na literatura PbCO3 H H2PO4 Pb2 H2PO4 HCO3 Equação 1 10 Pb2 6 H2PO4 HCO3 Pb10PO46CO3 13 H Equação 2 A microscopia e o mapeamento de ele mentos mostraram a presença de piromor fita e a associação de Pb e P na camada de 010 cm de solo em T3 A TCLPPb nessa camada ficou abaixo do nível regulamenta do pela EPA 5 mgL em todas as unidades experimentais tratadas com corretivos fos fatados Esses resultados foram de grande importância com respeito ao parâmetro bio disponibilidade pois a superfície do solo é a principal camada de contato com os ani mais e o homem O teor do chumbo associado aos óxidos de ferro e manganês foi reduzido em cerca de 10 na superfície com aplicação dos corre tivos fosfatados A redução de Pb nesta fase geoquímica pode ser atribuída à dessorção do metal da superfície oxidada como conse quência da redução no pH do sistema devido às adições de ácido fosfórico e devido à pre cipitação de P com o Pb solúvel equações 1 e 2 eou à formação direta de piromorfita via Pb adsorvido na superfície oxidada A eficiência dos corretivos na imobiliza ção de Pb decresceu à profundidade refleti do pela redução progressiva da fase residu al embora essa fase ficou ainda aumentada de até 20 à camada de 3040 cm em comparação com o controle Os níveis de Pb foram bastante superiores na camada de solo de 1020 cm em todos os tratamen tos Portanto o consumo de P à primeira camada parece ter suprimido a disponibi lidade de P para eficiência de imobilização continuada na segunda camada De fato os níveis de P eram mais altos à superfície do que na camada de 1020 cm Em con sonância com a distribuição de Pb no fra cionamento químico os níveis de TCLPPb aumentaram à camada de 1020 cm de solo das unidades tratadas No entanto o TCLP Pb das amostras coletadas em T2 permane ceram abaixo do nível regulamentar mesmo na segunda camada O Pb associado às fases trocável e óxi dos de FeMn aumentaram na camada mais profunda de solo Esse aumento correspon deu de 5 na superfície a 20 na última camada em todos os tratamentos O Pb as sociado aos óxidos de FeMn aumentaram de aproximadamente 15 na superfície a 30 na última camada enquanto que em T0 o Pb nessa fase na verdade foi aumen tado de aproximadamente 5 Em geral essas transformações poderiam ser resulta do do decréscimo do pH nas unidades tra tadas promovendo a lixiviação do Pb en quanto o P ficou retido pela complexação de esfera interna devido às diferenças de padrão de transporte entre Pb e P em baixo valor de pH e portanto baixa eficiência na imobilização de Pb em camadas inferiores Embora haja evidências para essa hipótese 158 a complexidade do sistema não permite comprovação definitiva da mesma basean dose nos dados de campo Os valores de pH da água subterrânea Tabela 2 indicam que o pH decresceu de 506 a 435 525 a 399 e de 477 a 434 no MW1 MW2 e MW3 respectivamente após 7 dias da aplicação do ácido fosfórico A importância do pH pode ser ilustrada pela distribuição de zinco no perfil de solo Figura 4 O Zn associado ao carbonato decresceu enquanto que o Zn trocável nas unidades tratadas aumentou T1T2T3 nas várias camadas de perfil do solo Este acréscimo no Zn trocável paralela a diminuição em pH na superfície do solo e de forma geral o pH da água subterrânea que também consubstancia o papel do decréscimo de pH na lixiviação de metais associado ao tratamento com ácido fosfórico Como resultado a análi se da água subterrânea mostra Tabela 3 Tabela 2 pH da água subterrânea nos 10 poços antes dia 0 e após aplicação dos fosfatos pH Poço Dias após tratamento 0 7 120 210 330 MW1T1 506 435 538 404 363 MW2T2 525 399 529 397 359 MW3T3 477 434 511 488 389 MW4 566 601 556 643 MW5 499 590 588 572 568 MW6 605 591 627 555 MW7 619 658 672 658 64 MW8 569 462 565 555 501 MW9 534 500 608 562 588 MW10 596 581 595 618 57 Figura 4 Distribuição de Zn nos solos tratados com rochas fosfáticas em diferentes profundidades concentrações de Zn e Cd mais elevadas em MW1T1 do que em MW2T2 e do que em MW3T3 enquanto que a concentração de metais nos outros poços são relativamente baixas exceto em MW8 e MW4 As flutua ções observadas na concentração de Cd Cu e Zn Tabela 3 e Pb Tabela 4 foram para lelas em geral às flutuações de pH A flutuação em metais pesados duran te o período amostrado foi também obser vada no poços MW4 e MW8 com altos níveis 159 Tabela 3 Concentrações de Cd Cu e Zn na água subterrânea nos poços de monitoramento Dia 0 aplicação de ácido fosfórico e Dia 37 aplicação dos outros fosfatos Poço Cd μgL Cu mgL Zn mgL Dias após aplicação 0 7 22 37 44 127 217 0 7 330 0 7 330 MW1T1 442 480 250 150 120 53 900 01 10 11 09 12 36 MW2T2 211 202 40 200 10 12 320 04 11 23 06 10 15 MW3T3 261 287 250 480 350 117 47 03 13 19 12 09 16 MW4 08 340 450 700 01 109 nd 00 01 nd 04 07 MW5 02 15 03 16 01 02 01 03 02 03 MW6 03 01 04 nd 00 00 nd 01 02 MW7 06 01 00 01 01 00 00 01 00 01 MW8 14 390 362 264 36 60 07 29 39 25 MW9 29 26 50 47 02 02 00 04 08 06 MW10 08 52 05 35 01 02 02 04 04 09 Tabela 4 Concentração de Pb na água subterrânea nos poços de monitoramento Dia 0 aplicação de ácido fosfórico e dia 37 aplicação dos outros fosfatos Poço Pb μgL Dias após aplicação 0 7 22 37 44 127 217 330 MW1T1 459 440 2300 100 300 116 354 111 MW2T2 441 576 1550 200 250 76 284 394 MW3T3 223 415 2500 1200 600 269 213 489 MW4 13 300 600 500 28 40 17 MW5 10 05 54 64 MW6 06 130 106 MW7 02 03 30 MW8 291 248 27 144 168 MW9 46 07 19 53 25 MW10 22 16 149 02 160 de Pb e de Cd Essa alta concentração de metais pesados nos poços que não recebe ram corretivos pode estar associada ao fluxo de água subterrânea pois esses poços es tão localizados numa declividade próxima às unidades tratadas ou à alta concentra ção de metais pesados nos solos onde esses poços estão localizados Portanto embora os dados acima sejam bastante sugestivos sobre a indução dos corretivos com P em lixiviar metais pesados dados de monitora mento por um período mais longo antes da aplicação dos corretivos seriam necessários para conclusões mais definitivas especial mente porque os tratamentos foram impos tos nas zonas mais contaminadas do sítio Benefícios do Projeto No sítio estudado altamente contaminado os corretivos fosfatados foram eficazes em transformar Pb biodisponível numa forma indisponível Embora o H3PO4 tenha sido necessário para catalisar a dissolução de cerussita que é semiestável tornando o Pb disponível para reações de imobilização com produção de piromorfita seu uso deve ser sempre racionalizado devido ao efeito no pH do solo e da água subterrânea e na lixiviação de metais pesados Uma mistura de H3PO4 e fosfato de cálcio ou rocha fosfá tica produziram ótimos resultados quanto à imobilização minimizando os decréscimos em pH A eficiência da aplicação in situ de corretivos fosfatados para imobilização de metais pesados depende primeiramente da natureza e extensão da contaminação e ao tipo de solo O tipo de corretivo fosfatado e a taxa de aplicação e o manejo apropria do de aplicação requerem uma escolha cui dadosa Estudos preliminares no laboratório são de suma importância para avaliação dos mecanismos envolvidos e para estabelecer a eficiência dos tratamentos Ressaltase aqui o favorável custobenefício da aplicação de tecnologias de imobilização in situ e a im portância de se distinguir biodisponibilida de de transporte A melhor tecnologia deve contemplar ambos 161 Viabilidade técnica e econômica de processo hidrometalúrgico com lixiviação sequencial comprovam agregação de valor ao resíduo industrial mediante o coprocessamento da escória obtenção de produtos de alta pureza e ainda recuperação de nióbio e redução do passivo ambiental Coprocessamento do resíduo da produção da liga ferronióbio pela CBMM janeiro2002 a fevereiro2003 Problema Desafio Desde a década de 1990 os preceitos de sustentabilidade es tão sendo cada vez mais aplicados pelas indústrias extrativas mineiras numa busca contínua de melhoria dos seus resul tados quanto à preservação da integridade das comunidades vizinhas e à minimização dos impactos ao meio ambiente Foi nessa sintonia que a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração CBMM contratou o CETEM para avaliar preliminarmente a viabilidade técnica e depois de senvolver em escala de bancada o reaproveitamento eou destinação alternativa de um resíduo industrial decorrente da produção da liga ferronióbio Dessa forma buscarseia reduzir o passivo ambiental diminuindo a demanda pela instalação de novos aterros in dustriais controlados identificando oportunidades para o re aproveitamento de alguns dos elementos que compunham esse resíduo industrial Estratégia de Desenvolvimento Uma vez fornecida pela empresa uma amostra do resíduo dita como representativa o material foi submetido a um con junto de ensaios exploratórios de britagem cominuição e li xiviação concomitantemente com uma etapa de caracteri zação físicoquímica Foi determinada a composição química global da amostra identificada como sendo uma alíquota da escória resultante do processo aluminotérmico da produção da liga ferronióbio Como compostos principais em termos de óxidos foi identificada a 162 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Byron Rosemberg Francisco LapidoLoureiro in memoriam Luis Gonzaga Santos Sobral Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica presença de cerca de 55 de Al2O3 10 de CaO e BaO mas também teores da ordem de 4 para TiO2 20 para Nb2O5 e ainda 45 de óxidos totais de terras raras OTR enquanto o teor de ThO2 e de U3O8 correspondia respectivamente a cerca de 26 e 014 Os resultados de análises instrumentais usan do as técnicas de MEVEDS e DRX realizadas em diferentes faixas granulométricas não mostraram diferenças significativas da composição química acima mencionada Em seguida à caracterização física e química da escória foram executados os testes exploratórios em duplicata de li xiviação isolada usando ácido clorídrico e hidróxido de sódio Foi testada uma rota de lixiviação sequencial empregando NaOH HCl e HNO3 como agentes de solubilização Os me lhores resultados de solubilização foram obtidos com a lixi viação sequencial alcalina NaOH ácida HCl A partir des ses resultados foi possível perceber que embora as amostras fossem homogêneas quanto à composição química do ponto de vista textural apresentavam algumas diferenças as quais foram relevantes para a continuidade da pesquisa A meto dologia utilizada para os ensaios sistemáticos de lixiviação sequencial está ilustrada no diagrama de blocos Figura 1 Figura 1 Diagrama de blocos para os ensaios sistemáticos de lixiviação sequencial Significado das Siglas MEV microscopia eletrônica de varredura DRX difração de raiosx AQ análise química por absorção atômica com plasma induzido acoplado 163 A amostra foi cominuída resultando numa distribuição de materiais particulados de tamanhos variando entre 149 e 38 µm A concentração alcalina de NaOH foi ajustada para 1 e 2 moldm3 A relação massa de escóriavolume de solução alcalina corres pondeu a 200 kgm3 enquanto o tempo de reação foi estipulado em 8 horas A veloci dade de agitação foi mantida constante em 200 rpm A temperatura dos ensaios corres pondeu à do ambiente 20 a 26oC Uma nova amostra foi enviada ao CETEM tendo sido submetida à outra eta pa de caracterização Foi constatado en tão que a nova amostra de escória usa da nos testes sistemáticos tinha um grau de cristalinidade significativamente menos acentuado do que a da amostra usada nos testes exploratórios Uma nova análise quí mica foi efetuada confirmando que a com posição ficou praticamente inalterada em relação à amostra inicialmente recebida As amostras dessa nova remessa foram mais friáveis facilitando as etapas de bri tagem e cominuição Essa diferença textu ral e de cristalinidade favoreceu da mesma forma as etapas de lixiviação sequencial aumentando portanto a solubilização do alumínio e demais componentes da escó ria Esses ganhos podem ser observados na Tabela abaixo quando fica evidente o au mento da extração do alumínio em termos de solubilização usando a amostra de me nor cristalinidade 164 Resultados Os testes sistemáticos permitiram concluir que o uso de um processo hidrometalúrgico baseado na lixiviação sequencial usando NaOH a 2 moldm3 e HCl a 6 moldm3 é capaz de solubilizar significativamente a escória do processo aluminotérmico sem que seja necessário usar fonte adicional de energia para que a reação se efetive desde que as partículas estejam preferencialmen te numa faixa entre 149 e 38 µm o processo permitiu a solubilização pre ferencial de alumínio entre 90 e 95 en quanto a solubilização dos demais elemen tos de interesse correspondeu a cerca de 80 para urânio tório e terras raras o alumínio que representa em torno de 55 de massa na escória pode ser recupe rado após a primeira etapa de lixiviação sob a forma de AlOH3 mediante ajuste de pH os demais elementos podem ser recupera dos após a segunda etapa de solubilização preferencialmente tório e urânio por meio de ajuste de pH enquanto as terras raras podem ser recuperadas por precipitação com ácido oxálico estudos preliminares de viabilidade eco nômica mostraram haver possibilidade de agregação de valor ao resíduo mediante o coprocessamento da escória possibilitando a obtenção de AlOH3 de pureza controla da min 95 assim como de uma mistura de oxalatos eou óxidos de terras raras de pureza acima de 90 e ainda a recupe ração de nióbio e da liga ferronióbio que podem retornar ao processo de redução foi confirmada a possibilidade de diminuir a massa e o volume dos resíduos estoca dos diminuindo os custos relacionados com a manutenção e construção dos depósitos controlados Benefícios do Projeto Foi demonstrada a viabilidade técnica e econômica de reaproveitamento do resíduo anteriormente disposto em aterro controla do da empresa havendo ainda um indica tivo de que seria possível agregarlhe valor mediante o seu coprocessamento 165 Problema Desafio Alguns países como o Brasil que dispõem de importantes recursos de rochas para fins ornamentais e de revestimento enfrentam sérios problemas com os resíduos provenientes da sua extração e do seu beneficiamento As Figuras 1 e 2 ilus tram o processo de corte de blocos de rochas ornamentais por meio de tear convencional e com multifios respectivamente Em ambos os casos há geração de resíduos finos da ordem de 30 a 40 em massa que podem contaminar diretamente cursos de água poluir visualmente o ambiente e acarretar do enças na população tornandose um desafio estudar métodos de aproveitamento desses resíduos Em alguns casos além dos finos de rocha moída essa lama contém cal e granalha adicionadas ao processo de corte dificultando ainda mais o aproveitamento dos resíduos No que tange especificamente à etapa de serragem de rochas ornamentais em Santo Antônio de Pádua RJ não se observou a utilização de cal nem de granalha uma vez que eram utilizados equipamentos de talhabloco com dis co diamantado o que facilitaria o estudo de aplicação dos resíduos finos Nas serrarias dessa localidade havia entre tanto uma quantidade significativa de resíduos grosseiros gerados pela quebra das peças durante o corte Figura 3 que se acumulam no entorno das serrarias e resíduos finos que apareciam na forma de lama durante o corte e o beneficia mento das rochas Essa lama após a evaporação da água resultava em um pó que se espalhava podendo contaminar o ar e os recursos hídricos sendo em alguns casos canalizada Aplicação de resíduos de rochas ornamentais na geração de pavimentos asfálticos janeiro2002 a dezembro2006 Solução ambiental inteligente com a utilização dos resíduos grossos e finos oriundos da lavra e do beneficiamento das rochas gnássicas da região de Santo Antônio de Pádua RJ como agregados minerais alternativos na geração de pavimentos asfálticos a estrada entre as cidades de Pádua e Pirapitinga foi asfaltada utilizando 100 dos resíduos de rochas da região 166 diretamente para os rios e lagos No entanto após inter venções do CETEM para instalação de tanques de decanta ção dimensionados durante o desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local daquela localidade os resíduos passaram a ser estocados nas serrarias e posteriormente encaminhados a aterros eou empresas que consomem tais resíduos ex para fabricação de argamassas e a água recircula no pro cesso A Figura 4 mostra que a quantidade de lama gerada durante o corte em uma serraria em poucos meses já ultra passava a altura do muro da casa ao fundo Responsável pelas Informações Roberto Carlos da Conceição Ribeiro EquIPE DO PROJETO CETEM Antonietta Middea Antonio Rodrigues de Campos Julio Cesar Guedes Correia Leonardo Ferreira Mendes Roberto Carlos da Conceição Ribeiro Coordenação Técnica CENPESPETROBRAS Leni Figueiredo Matias Leite EquFRJ Peter Rudolf Seidl Figura 2 Detalhamento do corte com multifio Figura 1 Corte em tear convencional 167 Não lançar os resíduos no meio am biente não significava o fim dos problemas pois os mesmos continuavam a se empilhar nas pedreiras serrarias e aterros tornando se necessária a realização de estudos para a sua aplicação Já era sabido que o setor de pavimentação consumia toneladas de agre gados minerais a cada quilômetro constru ído Nesse contexto o CETEM iniciou um detalhado estudo para verificação da possi bilidade de utilização dos resíduos grossos e finos como agregados minerais alternativos na confecção de um pavimento asfáltico Estratégia de Desenvolvimento O aproveitamento dos resíduos de rochas para aplicação em pavimentação foi dividi do em duas etapas Primeira Etapa foram visitadas várias ser rarias de Santo Antônio de Pádua RJ para coleta de amostras de resíduos Em sequên cia esses resíduos foram caracterizados por meio de ensaios preconizados pelo setor de pavimentação incluindo determinações de densidade absorção de água porosidade massa específica distribuição granulomé trica índice de forma e abrasão Los Angeles Figura 3 Descarte de resíduos grossos Figura 4 Descarte de lama abrasiva Segunda Etapa foram realizados estudos de interação físicoquímica entre o ligante as fáltico e o resíduo de rochas bem como todo o processo de engenharia para geração do pa vimento dentro das especificações estabele cidas pelo antigo Departamento de Estradas e Rodagem DEER Foi desenvolvida uma metodologia alternativa objeto de um pedi do de patente para avaliação precisa rápida e de baixo custo da interação entre o ligante asfáltico e cada mineral do agregado Podem ser destacadas como principais fases desta etapa as seguintes determinações do teor ótimo de resíduo a ser empregado no pavimento da quantidade de resíduo a ser usado nas camadas de leito e subleito da resistência mecânica do pavimento Para avaliar a resistência mecânica an tes do preparo de uma estrada experimental foram gerados 150 corpos de prova précon feccionados que foram divididos em 3 lotes O primeiro lote de 50 corpos de prova foi avaliado quanto à resistência à compressão diametral sem nenhum tipo de condiciona mento Os outros dois lotes com 50 corpos 168 de prova cada foram sujeitos a um processo de condicionamento especificado no méto do AASHTO T 28389 simulando a ação do intemperismo nos corpos de prova Para tal os corpos de prova imersos em água foram submetidos a uma pressão de vácuo de 254 cm a 66 cm de coluna de mercúrio por um período de cinco a dez minutos para aumento do grau de saturação O corpo de prova saturado foi revestido com filme plás tico e colocado em sacos plásticos contendo aproximadamente 10 mL de água As amostras foram resfriadas à tem peratura de 18 3ºC por 16 horas Em seguida foram retiradas da refrigeração sendo uma analisada imediatamente quan to à resistência à tração por compressão diametral A outra amostra após o perío do de congelamento foi imersa em banho à temperatura de 60 1ºC por 24 horas posteriormente foi removida para outro ba nho com temperatura de 25 05ºC por um período de 2 01 horas e então submetida ao ensaio de resistência à tração por com pressão diametral O resultado de cada ensaio de resis tência mecânica expresso em percentual corresponde à relação entre a média dos valores de resistência à tração dos corpos de prova submetidos previamente ao condi cionamento RC e a resistência dos corpos de prova sem condicionamento RSC con forme a equação Razão de Resistência RCRSC x 100 Valores maiores ou iguais a 80 são consi derados adequados para pavimentação Resultados A colaboração entre o CETEM a EqUFRJ e o CENPES permitiu o desenvolvimento do trabalho visando encontrar a melhor solu ção para aplicar o processo de pavimenta ção utilizando resíduos de rochas em uma estrada de grande circulação O gráfico Figura 5 expressa o processo de adsorção de cinco diferentes ligantes asfálticos oriun dos de refinarias brasileiras na superfície do resíduo de rocha de Santo Antônio de Pádua e mostra que o aumento da concentração do ligante gera um aumento de adsorção até se atingir um ponto de saturação da superfície mineral Utilizandose essa metodologia foi possível selecionar os ligantes A e C como os de melhor interação com o resíduo sen do os mais indicados para a pavimentação Figura 5 Adsorção de diferentes ligantes asfálticos na superfície do resíduo de rocha 169 Além disso observouse que a adsorção dos ligantes ocorria preferencialmente na super fície de feldspatos do que na de quartzos quando esse mesmo ensaio foi aplicado a esses minerais isolados do resíduo Foram obtidos os seguintes valores de resistência à tração do pavimento ge rado com o resíduo de rochas e cada um dos 5 ligantes A 11446 B 6949 C 10464 D 7454 E 7130 Esses dados comprovaram os resultados da adsorção indicando também os ligantes A e C como os de maior resistência mecânica Estava confirmada a potencialidade téc nica de aplicação dos resíduos oriundos da lavra e do beneficiamento das rochas gnás sicas da região de Santo Antônio de Pádua para pavimentação uma vez que o processo de interação entre os feldspatos presentes nos resíduos de rochas e os ligantes asfál ticos era eficaz e estava diretamente rela cionado com a elevada resistência mecânica do pavimento Foi selecionada como piloto a estrada que liga as cidades de Pádua e Pirapitinga a qual foi asfaltada utilizando 100 dos resíduos de rochas da região Benefícios do Projeto Houve a diminuição do impacto ambiental causado pelos resíduos de rochas e a ge ração de pavimentos asfálticos de elevada qualidade técnica contendo os resíduos como agregados e permitindo a melhoria das estradas e das condições de transporte na região de Santo Antônio de Pádua Em 03122003 foram depositados pelo CETEM dois pedidos de privilégio de in venção junto ao INPI tendo como autoresin ventores os membros da equipe deste projeto PI 03054578 cartapatente concedida em junho2013 Processo para avaliar a adsorção de asfaltenos maltenos e cimen tos asfálticos em superfícies minerais na formação do asfalto PI03054560 cartapatente concedida em fevereiro2013 Processo de utiliza ção de finos de granito na composição do asfalto Além disso o projeto gerou uma dis sertação de mestrado intitulada Estudo da interação asfaltobrita e uma tese de doutorado intitulada Relação da interação asfaltobrita e a resistência mecânica do pa vimento ambas com orientação em parce ria entre a Escola de química da UFRJ e o CETEM 170 Especiação de nitrogênio em rocha reservatório de petróleo empregando ultrassom e cromatografia de íons Fase I fevereiro2002 a agosto2004 Fase II fevereiro2006 a junho2008 Desenvolvimento de novos métodos analíticos mais rápidos sensíveis e precisos atenderam à demanda da PETROBRAS para quantificar nitrogênio total e suas espécies em rochas sedimentares e em solos visto que danos causados aos reservatórios nos processos de recuperação de petróleo por injeção de água do mar poderão ser evitados com a elucidação de mecanismos de reação entre os metabólitos produzidos pelas bactérias redutoras de sulfato e os nutrientes presentes na rocha Problema Desafio O nitrogênio é um elemento essencial para a vida e está presente em solos e rochas sob diferentes formas quais sejam NH3 NH4 NOx ou ligado quimicamente a moléculas orgânicas ou inorgâni cas As espécies envolvidas no equilíbrio dependem de inúmeros fatores que regulam o ciclo biológico do nitrogênio A determina ção dessas espécies presentes em solos é utilizada em estudos de fertilidade enquanto que em rochas tem muitas aplicações em estudos geoquímicos especialmente na indústria petrolífera Altas concentrações de amônio fixo NH4 fixo em rochas sedimentares podem ser indicadores de geração de óleo de vido à migração de NH4 dissolvido proveniente de reações com a matéria orgânica e sua incorporação nas estruturas dos mi nerais argilosos dos arenitos A determinação da concentração de nitrato NO3 em águas associadas aos petróleos água de formação é também importante para elucidar mecanis mos de reação entre os metabólitos produzidos pelas bacté rias redutoras de sulfato BRS e os componentes das rochas de reservatórios petrolíferos Os nitratos podem ser utilizados como aceptores de elétrons por algumas dessas bactérias O crescimento bacteriano descontrolado pode acarretar efeitos negativos tais como a produção de gás sulfídrico H2S gerado pela redução do sulfato SO4 2 presente na água de injeção em processos de recuperação de petróleo biocorrosão e en tupimento dos poros da rocha reservatório com consequente diminuição da produção de óleo eou gás Os métodos mais utilizados para a determinação de nitro gênio total Ntotal são Kjeldahl TKN uma técnica de oxidação 171 Responsável pelas Informações Maria Inês Couto Monteiro EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Lílian Irene Dias da Silva Manuel Castro Carneiro Maria Inês Couto Monteiro Coordenação Técnica IBqMuFRJ Delmo Santiago Vaitsman Fernanda Veronesi Marinho Pontes úmida e Dumas uma técnica de oxidação seca combustão O método TKN consiste de duas etapas i digestão da amos tra para converter Norgânico NO3 e NO2 a íon amônio NH4 e ii determinação de NH4 obtido em meio ácido após desti lação da amônia NH3 com arraste de vapor A amônia é obti da por alcalinização do digerido com KOH O método Kjeldahl é simples menos dispendioso e mais sensível que o método de Dumas entretanto ele é um método demorado Também quando a determinação de amônio NH4 é realizada por colori metria apresenta altos coeficientes de variação quando as con centrações de nitrogênio são 25 µg g1 O método de Dumas é adequado para a determinação de nitrogênio em solos somente em concentrações maiores que 200 µg g1 A determinação dos íons inorgânicos trocáveis de nitrogênio NH4 trocável NO3 NO2 geralmente é realizada em três etapas extração dos íons em fase aquosa seguida de destilação com arraste de vapor e fi nalmente determinação de NH4 Na destilação a conversão de todas as espécies trocáveis de nitrogênio em NH3 é realizada em presença de MgO liga de Devarda quando as espécies trocá veis são individualmente determinadas MgO e liga de Devarda são adicionados sequencialmente para a quantificação de NH4 e NO3 NO2 Os métodos mais utilizados para a determina ção de NH4 fixo baseiamse em um prétratamento da amostra com KOH e aquecimento seguido da extração de NH4 fixo com HF destilação e finalmente determinação do íon NH4 O método colorimétrico normalmente empregado para a determinação de traços de amônio é baseado na formação de um composto azul intenso de indofenol reação de Berthelot resultante da sua reação com um composto fenólico na pre sença de um agente oxidante e de um catalisador Entretanto esse método apresenta inúmeras desvantagens i o uso de um reagente carcinogênico fenol ii a precisão é raramente melhor que cerca de 10 em concentrações micromolares e iii as medidas do branco são tipicamente altas e apresen tam grandes variações devido à contaminação causada pelos vapores da capela de exaustão da ventilação do laboratório e também da água da torneira que alimenta a caldeira do sistema de destilação com arraste de vapor Com o objetivo de quantificar nitrogênio total e suas es pécies em rochas sedimentares arenitos utilizando métodos mais rápidos sensíveis e precisos a Fase I deste trabalho foi executada no âmbito do projeto intitulado Desenvolvimento e 172 implantação de metodologias para subsidiar projetos na área de ecologia de reservató rios no período de fevereiro2002 a agos to2004 aprovado pelo Fundo CTPETRO com o patrocínio da PETROBRAS e FINEP A Fase II foi desenvolvida como projeto de uma tese de Doutorado em parceria com o Instituto de química da UFRJ Estratégia de Desenvolvimento Na Fase I foram modificados vários parâme tros experimentais envolvidos nos procedi mentos de destilação com arraste de vapor colorimetriaindofenol e extração de nitrogê nio trocável utilizando agitação mecânica da amostra com um extrator A água da torneira que alimentava o banho termostatizado aco plado ao destilador foi substituída por água purificada para evitar contaminação na de terminação de NH4 Na determinação de NH4 fixo foi utilizado um tubo de destilação de polipropileno para evitar ataque do vidro pelos extratos de HF Nas destilações sequen ciais de NH4 e NO3 NO2 foi utilizado um tubo de destilação modificado de vidro com um volume maior 300 mL que o ori ginal 100 mL e com uma válvula especial para manter o sistema de destilação sempre fechado durante a adição da liga de Devarda Para a extração das espécies trocáveis de nitrogênio foram primeiramente testados três tempos de agitação mecânica t zero t 30 min e t 1 h utilizando uma solu ção 02 mol L1 de KCl Com uma agitação de 30 minutos foram otimizados os parâmetros concentração do extrator 02 e 04 mol L1 e tipo de extrator KCl ou NaCl na concentra ção de 04 mol L1 Na Fase II foram modificados vários procedimentos O método convencional de destilação foi substituído por um sistema de arraste imerso em um banho ultrassônico construído no CETEM para a determinação de nitrogênio total e NH4 fixo Além disso a extração das espécies trocáveis de nitrogê nio NH4 trocável NO3 NO2 utilizando agitação mecânica da amostra com solução de KCl foi substituída por uma extração assistida por ultrassom utilizando solução extratora de ácido acético pH 40 A de terminação colorimétrica método do indo fenol de NH4 foi substituída por um méto do de cromatografia de íons CI Resultados A Tabela 1 apresenta os resultados das con centrações das espécies de nitrogênio deter minadas pelos procedimentos estabelecidos na Fase II em um MRC material de refe rência certificado NCS DC 73321 de solo e em uma amostra de arenito de reservatório petrolífero Todos os resultados foram seme lhantes àqueles obtidos pelos procedimentos convencionais teste t de Student 95 de confiabilidade Apesar das concentrações de Ntotal no arenito e no MRC serem seme lhantes a concentração de NNH4 fixo e a re lação NNH4 fixoNtotal no arenito foram 34 a 36 vezes maiores que no MRC indicando que os processos geológicos envolvidos na formação destes materiais foram diferentes A análise de difração de raiosX da amostra de arenito Figura 1 demonstrou a presença de alguns minerais como muscovita illita e microclínio sugerindo que estas estruturas poderiam ser as responsáveis pela fixação de NH4 na matriz da rocha sedimentar através da troca catiônica com o K no processo de diagênese Os resultados obtidos e métodos pro postos na Fase I foram publicados no pe riódico Química Nova v 29 nº1 2006 p 4651 enquanto que aqueles obtidos na Fase II foram publicados em três periódicos 173 Tabela 1 Concentrações de nitrogênio total e de suas três espécies Amostras e Métodos Arenito MRC Concentrações em µg g1 Métodos Métodos Proposto Convencional Proposto Convencional Ntotal 624 11 647 13 663 34 626 21 Ntrocável total 321 19 294 16 242 04 238 39 NNH4 fixo 365 9 378 14 104 5 107 2 Norgânico 227 18 240 19 535 34 495 21 Relação NNH4 fixo Ntotal 58 58 16 17 MRC material de referência certificado NCS DC 73321 internacionais Analytica Chimica Acta v 632 2009 p 284288 Journal of the Brazilian Chemical Society v 21 nº6 2010 p 11261128 e Chemical Speciation and Bioavailability v 24 nº4 2012 p227233 Benefícios do Projeto Na Fase I as modificações dos parâmetros experimentais resultaram em um aumento na segurança do analista redução no tempo de análise diminuição de 73 no valor do branco e uma análise sem perda de NH3 Foi obtida uma boa precisão desvios pa drão relativos 8 n 3 e melhor limite de detecção 9 µg g1 NNH4 que aquele encontrado na literatura 25 µg g1 N Na Fase II os métodos propostos apre sentaram inúmeras vantagens quando com parados com os métodos convencionais utilização de massas menores de amostra e reagentes etapas menos laboriosas limites de detecção menores e ausência de reagen tes carcinogênicos O limite de detecção ob tido para a determinação de nitrogênio total foi de 9 μg g1 idêntico àquele obtido na Fase I do projeto Para as espécies de ni trogênio trocável NNO3 NNO2 NNH4 e nitrogênio fixo NNH4 fixo os limites de detecção foram de 006 008 13 e 34 µg g1 respectivamente Os novos métodos desenvolvidos pode rão ser utilizados para a especiação de ni trogênio tanto em rochas como em solos Na indústria petrolífera eles poderão ser empregados na exploração e produção de petróleo Os danos causados aos reservató rios nos processos de recuperação de pe tróleo por injeção de água do mar poderão ser evitados ou diminuídos com o auxílio da elucidação de mecanismos de reação entre os metabólitos produzidos pelas BRS bac térias redutoras de sulfato e os nutrientes presentes na rocha entre eles as espécies de nitrogênio A determinação de NH4 fixo poderá indicar também a presença de pe tróleo em rochas sedimentares Figura 1 Difratograma de raiosX da amostra de arenito 174 Minimização dos efeitos ambientais na produção de zinco eletrolítico setembro2002 a maio2004 Nanofiltração para remoção de sulfatos permitiu reciclagem de efluentes do processo de produção de zinco eletrolítico com minimização de resíduos sólidos contendo metais pesados e impulsionou a Votorantim Metais a continuar trilhando na busca de soluções inovadoras para redução no consumo de água e na geração de efluentes industriais Problema Desafio Na usina da Votorantim Metais localizada na cidade de Três Marias MG o processamento do zinco primário ocorre por uma rota hidrometalúrgica Se por um lado essa rota apre senta baixo custo baixo consumo de energia e etapas de processamento relativamente simples quando comparada aos processos pirometalúrgicos apresenta a desvantagem de gerar quantidades significativas de efluentes contendo metais pesados Na época da realização do projeto o tratamento do efluen te era realizado em duas etapas empregando a rota da precipi tação química Num primeiro estágio ocorria a elevação do pH do efluente para 70 através da adição de suspensão de cal visando a precipitação principalmente do zinco na forma de sulfato básico ZnSO43ZnOH24H2O O sólido gerado na pri meira etapa de neutralização rico em zinco era separado em espessadores sendo o underflow direcionado para a planta de processamento de zinco com a finalidade de atuar como agente neutralizante da suspensão lixiviada Essa operação permitia recuperar boa parte do zinco contido nos efluentes O overflow do espessador era enviado para uma etapa de tratamento final do efluente onde eram adicionados sulfe to de sódio Na2S e cal CaO com a finalidade de remover os metais remanescentes principalmente o cádmio O efluente era descartado no corpo receptor e a suspensão do under flow era estocada em bacia de contenção Apesar do tratamento descrito acima gerar um efluente que atendia às exigências do órgão de fiscalização ambiental 175 Responsável pelas Informações Ivan Ondino de Carvalho Masson EquIPE DO PROJETO CETEM Ana Lúcia Carielo Flávio de Almeida Lemos Ivan Ondino de Carvalho Masson Coordenação Técnica Jorge Antonio de Moura Juliano Peres Barbosa in memoriam Roosevelt Ribeiro a reutilização do efluente assim tratado se tornava inviável devida à elevada concentração de sulfatos Contatado pela Votorantim Metais o CETEM aceitou o desafio de propor rotas tecnológicas para o tratamento dos efluentes gerados na Unidade de Três Marias os quais con tinham elevadas concentrações de íons sulfatos SO4 2 pro venientes da unidade hidrometalúrgica de produção de zin co primário de forma que possibilitasse a reciclagem dos efluentes devidamente tratados no processo industrial Estratégia de Desenvolvimento Foram propostas rotas tecnológicas baseadas em técnicas de extração por solventes de tratamento biológico com bactérias redutoras de enxofre de troca iônica com resinas seletivas e de filtração através membranas de forma a propiciar a reci clagem do maior volume possível de efluente e a minimização de resíduos sólidos contendo metais pesados Numa primeira fase foi discutido o fluxograma do proces so e foram coletadas amostras de todos os fluxos dos efluen tes gerados na produção de zinco eletrolítico sendo analisa das as concentrações de cálcio magnésio zinco cádmio e sulfato Após análise dos resultados verificouse que alguns fluxos poderiam ser reciclados diretamente visto serem pro venientes da condensação da linha de vapor Os efluentes que apresentavam concentrações de zinco superiores a 10 gL foram submetidos ao processo de extra ção por solvente que permitia remover o magnésio do extrato além de concentrar o zinco a valores compatíveis com a so lução de sulfato de zinco que alimentava a eletrólise Nesses ensaios foi utilizada uma unidade patenteada pelo CETEM denominada SOLVENCET Para a etapa final de tratamento do efluente foram tes tados os processos de nanofiltração e resina de troca iônica de forma a obter um produto com composição química similar à da água alimentada no processo industrial de produção de zinco primário Para realização dos ensaios em escala piloto empregan do membranas filtrantes espirais foi montada uma unidade de precipitação química composta de tanques de processo espessador e filtro com a finalidade de remover parte do sul fato de magnésio O efluente gerado produzido nessa unida de era direcionado para uma unidade de nanofiltração com 176 capacidade de gerar 250 Lh de permea do Ao final deste processo obtevese um efluente com características físicoquímicas similares à água empregada no processo produtivo Resultados O estudo da geração de efluentes na uni dade de produção de zinco eletrolítico demonstrou que um melhor gerenciamento dos fluxos poderia reduzir o volume de efluente a ser tratado visto que alguns fluxos de conden sados gerados nas linhas de vapor poderiam ser reciclados diretamente ao processo que o volume de efluente a ser tratado po deria ser reduzido adotando a técnica de ex tração por solvente para os efluentes conten do concentrações de zinco acima de 10 gL quanto aos resultados das várias técni cas testadas para remoção dos íons sulfatos do efluente podese resumir que i a eficiência da extração por solvente ex tratante comercial D2EHPA foi superior a 90 com baixo arraste de magnésio e ou tros íons nocivos ao processo de produção de zinco eletrolítico Nessa rota foi obtida uma solução de sulfato de zinco que em função da elevada concentração do metal poderia ser adicionada diretamente ao cir cuito principal do processo de produção A precipitação dos metais contidos na solução proveniente do rafinado foi tratada com sus pensão de óxido de cálcio reduzindo signi ficativamente a geração de resíduos sólidos ii as informações fornecidas por empresas especializadas em fabricação de resinas de troca iônica somadas aos testes realizados em escala de bancada mostraram que a elevada concentração de sulfatos no efluen te acima de 9000 mgL inviabilizava o emprego das resinas iii no caso da precipitação química com óxido de cálcio a redução na concentração de sulfato só ocorreu em valores de pH aci ma de 12 acarretando elevado consumo de agente neutralizante e geração de volumes indesejáveis de lamas contendo teores sig nificativos de metais pesados iv o tratamento biológico apresentou um baixo rendimento face às altas concentra ções de sulfatos nos efluentes Um dos grandes desafios dessa rota tecnológica é encontrar a relação ideal carbonosulfato para o crescimento das bactérias redutoras de enxofre BRS além de não ter à dispo sição uma fonte de carbono de baixo custo próxima à região onde seria realizado o tra tamento do efluente v o emprego de membranas filtrantes na nofiltração mostrouse promissor atingin dose remoção de cerca de 95 do sulfa to possibilitando a reciclagem de 65 do efluente que poderia ser reutilizado junta mente com a água industrial Apesar de ser uma técnica já empregada no tratamento de águas residuais ainda não se conhecia sua utilização em usinas de zinco primário tal vez por ainda apresentar um custo elevado para implantação e não ser vital principal mente quando a indústria está localizada próxima a mananciais 177 Benefícios do Projeto O projeto demonstrou a viabilidade do em prego de outras rotas tecnológicas alterna tivas à precipitação química permitindo re ciclar volumes expressivos de efluente por meio da remoção dos íons sulfatos deleté rios na produção de zinco eletrolítico bem como reduzir os volumes de lamas contendo metais pesados Isso impulsionou a realiza ção de estudos posteriores pela Votorantim Metais que propiciaram reduções expres sivas tanto no consumo de água industrial como na geração de efluentes 178 Otimização da cadeia produtiva do carvão para geração de energia elétrica e recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração dezembro2002 a agosto2007 Suporte financeiro da FINEP e apoio empresarial além de favorecer otimização do processo de beneficiamento do carvão para obtenção de produto com menores teores de cinzas e de enxofre total permitiu construção de uma unidade piloto na Mina Verdinho da Carbonífera Criciúma CCSA para gestão de resíduos da mineração e abatimento da drenagem ácida Problema Desafio A mineração de carvão em Santa Catarina data do final do século XIX Até o término da Segunda Guerra Mundial a pro dução era destinada para fins energéticos particularmente para os setores ferroviário e de iluminação pública No pe ríodo de 1945 a 1990 e principalmente a partir de 1970 ocorreu um aumento do consumo de carvão não só da fração metalúrgica destinada à siderurgia mas também de carvão energético que passou a ter aplicações em substituição ao óleo combustível No entanto a partir de 1990 com a desre gulamentação promovida no governo Collor o setor carboní fero de Santa Catarina perdeu o mercado de carvão metalúr gico o que acarretou sérias dificuldades financeiras para as carboníferas Essas dificuldades começaram a diminuir com a conclusão da fase 4 da Usina Termelétrica Jorge Lacerda em 1997 pois o consumo de carvão energético foi gradati vamente aumentando Atualmente a produção de carvão co mercializável alcança cerca de 35 milhões de toneladasano A Bacia Carbonífera do Sul de Santa Catarina possui uma área aproximada de 1625 km² dos quais cerca de 490 km² estão diretamente impactados pela atividade carbonífera afe tando as bacias hidrográficas dos rios Araranguá Tubarão e Urussanga que perfazem uma área total de aproximadamente 10000 km2 Os rejeitos da mineração de carvão produzidos nessa bacia carbonífera catarinense em mais de 120 anos de ex tração causaram e ainda causam impactos ambientais em 24 municípios prejudicando uma população estimada em cerca 179 Responsável pelas Informações Mario Valente Possa EquIPE DO PROJETO CETEM Anderson Borghetti Soares Antônio Silvio Jornada Krebs Claudio Luiz Schneider Laura de Simone Borma Maria Dionisia Costa dos Santos Mariluce de Oliveira Ubaldo Mario Valente Possa Marise Costa de Mello Paulo Sergio Moreira Soares Coordenação Técnica Roberto de Barros Emery Trindade Rose Mary Gondim Mendonça Vicente Paulo de Souza CCSA Carlos Henrique Schneider Lisiane Beatriz Dalmina NASAuFRJ Gustavo Henrique de Araújo Josimar Ribeiro de Almeida Laís Alencar Aguiar uERJ Ana Valéria Bertolino de 650 mil pessoas O agravamento da questão do ponto de vista ambiental ocorreu na década de 70 com o aumen to significativo da produção do carvão na região conforme já mencionado Mais de dez empresas atuam no momento nessa bacia carbonífera Há também áreas inativas decorren tes da desativação de algumas companhias cujos rejeitos de carvão continuam até hoje a poluir o meio ambiente Em julho de 2000 o CETEM e o Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão de Santa Catarina SIECESC iniciaram atividades conjuntas que envolviam i a assistência técnica do CETEM ao SIECESC na produção de documentação técni ca para instrumentalizar as empresas carboníferas da região em suas ações de recuperação ambiental e ii o treinamento de pessoal especializado do Sindicato e das empresas filiadas No final de 2002 em consequência das atividades já realizadas e para atender à crescente demanda de trabalhos técnicos destinados à mitigação de impactos ambientais e otimização de processos o CETEM com apoio financeiro da FINEP e em parceria com a Carbonífera Criciúma CCSA ini ciou o desenvolvimento de um projeto para otimizar as ativi dades de mineração do carvão em prol da melhoria da cadeia de geração de energia elétrica e da recuperação ambiental das áreas degradadas Estratégia de Desenvolvimento Na busca do sucesso para os objetivos traçados o projeto prin cipal foi executado em quatro subprojetos a estudo geoló gicohidrogeológico da lavra subterrânea b otimização do processo produtivo da usina de beneficiamento c gestão de resíduos abatimento da drenagem ácida e d desenvolvimen to de um sistema de gestão ambiental As estratégias adotadas são apresentadas a seguir para cada um dos subprojetos Estudo geológicohidrogeológico da lavra subterrânea cons tituiuse em importante instrumento de gestão e de geren ciamento da lavra com ênfase no uso da água Para tanto foram elaborados mapas hidroquímicos dos dois aquíferos sob influência da Mina Verdinho foi feita a classificação das águas e verificada a possibilidade de utilização das águas desses aquíferos na irrigação Foram realizadas duas campanhas de amostragem nos dois aquíferos Leques Aluviais e Rio Bonito seguidas de 180 análises físicoquímicas O aquífero Rio Bonito foi amostrado em pontos na área de lavra subsolo e o aquífero Leques Aluviais na rede de 11 piezômetros existentes na época Com os resultados de análises quí micas nos pontos amostrados e utilizando o software qualigraf foram elaborados os diagramas de Piper classificação das águas quanto aos íons dominantes assinatura geoquímica os gráficos de Stiff classifica ção em detalhe os gráficos de risco de sali nidade dos solos determinados pela relação de adsorção em sódio RAS e os gráficos dos sólidos dissolvidos que classificam as águas em doces salobras e salgadas Otimização do processo produtivo na usina de beneficiamento na primeira fase foram executados ensaios no concentrador centrí fugo contínuo Knelson modelo KCCVD6 com o objetivo de avaliar seu desempenho na obtenção de um produto com meno res teores de cinzas e de enxofre total em amostras de concentrado de flotação fino passante na peneira 015 mm Na segun da fase do projeto foi realizada uma avalia ção preliminar do desempenho dos circuitos de grossos e de finos do lavador por meio de simulações empregando o programa de computador MODSIM Posteriormente fo ram apresentadas recomendações a partir de simulações visando a otimização do pro cesso de beneficiamento como um todo Gestão de resíduos e abatimento da drena gem ácida objetivou a construção de uma unidade piloto na Mina Verdinho da empre sa CCSA de modo a se poder avaliar por um longo prazo o desempenho de diferentes configurações de materiais na cobertura de rejeitos de carvão para com isso mitigar a geração de drenagem ácida A metodologia adotada compreendeu três fases i progra ma de amostragem ensaios de campo e em laboratório para obtenção de parâmetros dos materiais a serem empregados nos sistemas de cobertura ii modelagem numérica preli minar das coberturas utilizando os parâme tros dos materiais obtidos na fase anterior e os dados climáticos da região iii projeto e construção da unidade piloto Desenvolvimento de sistema de gestão am biental realizado pelo CETEM em parceria com o NASAUFRJ seu objetivo foi assesso rar a CCSA na implantação do Sistemas de Gestão Ambiental SGA de acordo com os requisitos requeridos pela NBR ISO 14001 Resultados Os resultados obtidos são também apresen tados para cada um dos subprojetos Estudo geológicohidrogeológico da lavra subterrânea Todas as águas que chegam ao subsolo da mina aquífero Rio Bonito são não áci das É por esse motivo muito importante haver um eficiente gerenciamento para evi tar que essas águas permaneçam no subsolo e gerem drenagem ácida Na classificação das águas dos aquíferos constatouse que no aquífero Rio Bonito 53 foram classificadas como cloretada sódica 20 como bicarbonatada sódica 13 como sulfatada cloretada sódica e 7 como bicarbonatada cálcica e sulfatada sódica quanto ao aquífero Leques Aluviais 64 como bicarbonatada cálcica 18 como sulfatada e 9 como cloretada sódica e cloretada cálcica 181 As análises visando à utilização das águas do aquífero Rio Bonito para irrigação de monstraram que somente as águas de três pontos amostrados apresentaram salinidade média e baixo teor de sódio O emprego das demais águas requereriam maiores precau ções Por outro lado praticamente todas as águas do aquífero Leques Aluviais poderiam ser utilizadas para irrigação quanto à classificação das águas pelos só lidos dissolvidos no aquífero Rio Bonito há uma maior quantidade de águas salgadas 47 e 27 correspondem a águas salo bras e doces No aquífero Leques Aluviais todas as águas são classificadas como águas doces que após tratamento simpli ficado ou convencional poderiam ser des tinadas ao consumo humano atendendo aos padrões de qualidade requeridos pela Portaria nº 518 do Ministério da Saúde e pela Resolução nº 357 do CONAMA Os teores elevados de sulfato sódio cál cio magnésio e cloretos observados nas águas do aquífero Rio Bonito podem ser atribuídos à sua origem marinha e não à contaminação por drenagem ácida gerada na superfície Esta hipótese foi reforçada pelo fato do aquífero Leques Aluviais situ ado mais próximo à superfície ter apresen tado águas de boa qualidade Otimização do processo produtivo na usina de beneficiamento O processo com o concentrador Knelson gerou resultados promissores tendo sido obtido um produto leve com teores de 158 de cinzas e 12 de enxofre total o qual carreou 275 de cinzas e 313 do enxofre quantidades originalmente existentes no material alimentado nesse concentrador Foi recomendada a realização de ensaios adicionais com o concentrador Knelson com a introdução de uma etapa para limpe za do produto leve Para otimizar a obtenção de um produto carvão com top size de 1 ¼ foi reco mendada a utilização de uma pilha pulmão na britagem primária e o fechamento do circuito de britagem secundária Com isso poderseia obter produtos com maior uni formidade de tamanhos haveria menor ge ração de finos e uma redução no consumo de energia de cerca de 40 para uma mes ma alimentação de ROM Para otimizar a operação de jigagem do circuito de grossos foram realizadas simu lações considerandose os índices típicos de desempenho de jigues tipo BATAC para pro dução de carvão metalúrgico Os resultados obtidos nas simulações mostraram recupe rações de até 173 de carvão metalúrgico com 22 de cinzas No circuito de finos os hidrociclones de cada conjunto de classificação operavam em série e com isso eram alimentados com pressões diferentes e polpas não uniformes Para otimizar a operação foi recomendado empregar baterias de ciclones do tipo ara nha para se obter polpas mais uniformes e pressões mais constantes na alimentação de cada ciclone Gestão de resíduos e abatimento da drena gem ácida Implantação na Mina Verdinho SC da Estação Experimental Juliano Peres 182 Barbosa inaugurada em outubro de 2007 A Estação ocupa uma área de 1700 m² e é constituída por quatro células experimen tais um poço de coleta de amostras um laboratório e uma estação meteorológica As células experimentais são quatro cavidades com volume aproximado de 110 m³ cada uma construídas dentro de um aterro nas quais foram instaladas diferentes tipos de coberturas Cada célula é dotada de um lisímetro no interior da cavidade projeta do para a coleta de efluentes As cavidades foram revestidas internamente com geo manta e posteriormente preenchidas com rejeito de carvão As células diferiram no tipo de cobertura aplicada na parte superior Na célula 1 constituída somente por rejeito grosso não há qualquer tipo de cobertura e os resultados obtidos servem como referen cial às demais Na célula 2 foi colocada so bre o rejeito grosso uma cobertura de 30 cm de rejeito misturado compactado rejeito grosso e rejeito fino Na célula 3 sobre a camada de rejeito misturado colocouse uma camada de 30 cm de argila compac tada e sobre esta uma camada de 30 cm de solo vegetal não compactado para pro teção à camada argilosa No sistema de co bertura da célula 4 foi colocada sobre a camada de rejeito misturado uma camada de 30 cm de cinzas compactadas uma ca mada de 30 cm de argila compactada mais outra camada de 30 cm de cinzas compac tadas e sobre esta última uma camada de 30 cm de solo vegetal Para determinar a variação ao longo do tempo da temperatura umidade e sucção dos materiais contidos nas células foram instalados 45 sensores eletrônicos 15 de temperatura 15 de umidade e 15 de suc ção no interior dos materiais de cobertura e do rejeito Os dados registrados por estes sensores são armazenados em uma unidade central e transferidos ao laboratório para serem interpretados A água da chuva que cai sobre as cé lulas é medida por pluviógrafos e um plu viômetro Parte da água a que não se in filtra e escoa superficialmente é coletada por um sistema de calhas e reservatórios e seu volume é medido A parte que infiltra é medida em reservatórios específicos para determinação do balanço hídrico Num poço de coleta central amostras do efluente de cada um dos lisímetros são coletadas para análises químicas e físicoquímicas No laboratório além das análises reali zadas são interpretados os dados recebidos da estação meteorológica os quais permi tem que se avalie a influência das condições climáticas sobre o desempenho dos diferen tes sistemas de cobertura A evaporação real é estimada a partir de modelos numéricos que utilizam os dados meteorológicos tam bém fornecidos pela estação meteorológica Desenvolvimento de sistema de gestão ambiental No planejamento foram identificados os aspectos e impactos ambientais associados às atividades produtos e serviços realiza dos pela CCSA posteriormente os impac tos ambientais foram avaliados levando em consideração critérios filtros e grau de significância Foi estabelecida a Política Ambiental da CCSA que assumiu princípios de forma a garantir o desenvolvimento sustentável na mineração de carvão 183 Benefícios do Projeto Os trabalhos realizados pelo CETEM com apoio da Carbonífera Criciúma SA propicia ram a disponibilização e a difusão da técnica de cobertura seca para a redução prevenção e remediação de impactos ambientais asso ciados à geração de drenagem ácida Foi recomendado pelo CETEM o efi ciente gerenciamento para evitar que as águas do aquífero Rio Bonito permaneces sem no subsolo gerando drenagem áci da Com o desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental foram disponibilizadas ferramentas para melhoria no desempenho ambiental da CCSA possibilitando melhor identificação dos aspectos e impactos para o devido gerenciamento Além disso o projeto tecnológico con tribuiu para um melhor aproveitamento do carvão mineral recurso não renovável dis ponibilizando à CCSA as informações técni cas necessárias para otimização do processo produtivo de sua usina de beneficiamento Serviu ainda de estímulo para que outras mineradoras da Bacia Carbonífera do Sul de Santa Catarina iniciassem a adoção da técnica para abatimento da drenagem áci da e seguissem as recomendações para um profícuo gerenciamento ambiental de suas atividades 184 utilização de cinzas da combustão de carvão mineral para o tratamento de efluentes líquidos janeiro a dezembro2003 Processo que submete efluentes industriais aquosos ao contato com cinzas resíduos indesejáveis e resultantes da combustão do carvão mineral para geração de energia elétrica apresenta solução ambiental inovadora para remoção de manganês e outros metais e recebe cartapatente de invenção Problema Desafio Efluentes industriais como por exemplo a drenagem ácida de mina DAM ou o chorume gerado em aterros sanitários podem conter tipicamente de 5 a 10 ppm de manganês mas valores superiores a 50 ppm não são incomuns Os mé todos tradicionalmente empregados para remoção de metais de efluentes aquosos provenientes de atividades de minera ção ou não envolvem a neutralização seguida de hidrólise e precipitação com o uso de álcalis O manganês é um dos mais recalcitrantes elementos pre sentes em vários efluentes por ser termodinamicamente es tável em valores de pH superiores a 80 e em potenciais de 300 mV ou mais conforme o valor do pH A maior parte dos tratamentos baseiase na elevação do valor de pH do efluente para cerca de 95 100 para precipitar o manganês como óxido MnO2 ou hidróxido MnOH2 O descarte do efluente porém não pode ser feito se o valor do pH for superior a 9 Como auxiliares no tratamento de neutralização e precipita ção oxidantes são utilizados pois podem transformar o man ganês solúvel em óxidos insolúveis em valores de pH compatí veis com o estabelecido pelo CONAMA Outras possibilidades para eliminação ou diminuição da concentração de manganês incluem ainda o tratamento passivo biológico ou não a ad sorção em superfícies com sítios ativos e a flotação iônica O chorume líquido escuro contendo altos teores de ma téria orgânica e inorgânica é um efluente comum provindo de aterros sanitários em áreas urbanas Seu potencial de impac to ambiental está relacionado com a concentração de matéria 185 Responsável pelas Informações Paulo Sergio Moreira Soares EquIPE DO PROJETO CETEM Jorge Antonio Pinto de Moura Paulo Sergio Moreira Soares Coordenação Técnica Roberto de Barros Emery Trindade orgânica com sua reduzida biodegradabilidade e presença de metais pesados A decomposição dos resíduos sólidos depo sitados em aterros sanitários é um processo dinâmico cata lisado por microrganismos bactérias leveduras eou fungos filamentosos capazes de degradar a matéria orgânica presen te nesses resíduos A decomposição pode ocorrer tanto em condições aeróbias quanto em anaerobiose É muito comum a presença de cloretos e de magnésio ferro e manganês no chorume A concentração do manganês por exemplo pode ser superior a 100 ppm O valor do pH varia com a idade do aterro e pode situarse ente 45 e 10 Outro efluente causador de impacto ambiental é a drena gem ácida de minas DAM Tratase de uma solução ácida gerada quando minerais sulfetados presentes em resíduos de mineração rejeitos ou estéreis são oxidados em presença de água vide equação abaixo A solução age como um agen te lixiviante dos minerais presentes no resíduo produzindo um percolado rico em metais dissolvidos e em ácido sulfúri co Caso o percolado alcance corpos hídricos próximos pode ocorrer contaminação dessas águas tornandoas impróprias para uso por muito tempo mesmo após cessadas as ativida des de mineração água oxigênio sulfeto metálico metal solúvel sulfato H acidez Equação genérica ilustrativa da geração de drenagem ácida de minas DAM A geração da DAM ocorre mais comumente em opera ções de extração de carvão ouro cobre zinco e urânio Para a prevenção e minimização da DAM é fundamental evitar que rejeitos eou estéreis fiquem expostos às condições oxidantes em presença de água Além de ocorrerem em pilhas e depósi tos barragens de resíduos drenagens ácidas em instalações de mineração podem também se dar em galerias de minas subterrâneas em pilhas de lixiviação em pilhas de estoque de minério e em cavas de mina a céu aberto A matéria orgânica eventualmente presente nos estéreis e rejeitos de mineração tem também potencial para retardar a DAM Além de competir com os sulfetos pelo consumo de oxigênio a matéria orgânica ao se oxidar produz gás car bônico C02 que tende a expulsar o oxigênio dos poros do resíduo A reduzida precipitação pluviométrica é também um fator inibidor da DAM 186 Uma vez deflagrado o processo de ge ração da DAM os efluentes ácidos produzi dos podem ser tratados por métodos físico químicos tradicionais com o objetivo de diminuir o nível de poluentes no efluente Os chamados sistemas passivos são geral mente escolhidos como um tratamento fi nal complementar para garantir um efluen te final apto a ser descartado dentro das exigências legais Os sistemas passivos ca racterizamse pela reduzida necessidade de manutenção mínimo consumo de reagentes e de energia O tratamento dos efluentes citados per se justifica a busca de soluções mais efi cientes e definitivas As cinzas da combus tão de carvão mineral por outro lado são um resíduo sólido cujo único destino atual é a indústria cimenteira ou a disposição em aterros industriais O desafio tecnológico enfrentado pelo CETEM foi portanto desenvolver um pro cesso no qual o efluente é submetido ao con tato com cinzas resultantes da combustão do carvão mineral apresentando uma solu ção inovadora para o problema ambiental Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento de processos para apli cação em larga escala envolve necessaria mente a experimentação inicial em labora tório para identificar as variáveis influentes e estabelecer os níveis mais adequados dessas variáveis para alcançar o objetivo pretendido Foi então planejado e realizado um programa abrangente de ensaios em escala de laboratório para avaliar e quantificar as propriedades de adsorção de íons em fase aquosa provenientes das cinzas resultantes da combustão de carvão mineral Constatou se que as propriedades superficiais das cinzas conferem a elas um poder de adsor ção que facilita a retenção de manganês e outros metais presentes em concentrações de até 50 ppm mgL A adsorção demons trou ser eficiente em temperaturas acima de 20 ºC não havendo necessidade específica de controle desse parâmetro Isso conduziu aos testes subsequentes realizados com di ferentes amostras de efluentes industriais Amostras de efluentes contendo man ganês e outros metais residuais foram in troduzidas em recipientes contendo as cin zas e submetidas à agitação por um tempo prédeterminado ao fim do qual as cinzas foram separadas por filtração restando as soluções aquosas com pH entre 5 e 9 e bai xa concentração de metais que podem ser descartadas sem oferecer riscos ao meio ambiente Com os resultados obtidos nos ensaios realizados foi possível constatar a aplicabi lidade das cinzas como material sorvente de íons em solução e portanto como material candidato ao uso em instalações de trata mento de efluentes aquosos Resultados As cinzas provenientes da queima de carvão mineral para geração de energia elétrica po dem ser empregadas para o tratamento de efluentes aquosos sem nenhum tratamento prévio e a massa necessária não é superior a 5g para cada litro do efluente a ser trata do o que é suficiente para reduzir a con centração de metais em solução e permitir o descarte do efluente sem efeitos nocivos ao ambiente Foi concedida pelo INPI ao CETEM a Carta Patente de Invenção n 03060802 sob o título Processo para remoção de man ganês e outros metais presentes em baixas concentrações em efluentes industriais 187 Benefício do Projeto A aplicação do processo desenvolvido pelo CETEM pode levar a uma definitiva melhora na qualidade do efluente final em instala ções de tratamento de efluentes particu larmente nas últimas etapas do tratamento denominadas etapas de polimento quando a concentração de íons em solução é pe quena e a eficiência de remoção desses íons por meio de processos convencionais é reduzida 188 Ouro e sulfetos da Rio Paracatu Mineração otimização da flotação janeiro2003 a dezembro2006 Otimização na recuperação de pirita e arsenopirita e ajuste de parâmetros físicoquímicos e hidrodinâmicos durante o processo de concentração de novo minério aurífero levaram a Kinross Gold Corporation a investir em projeto de expansão elevando a capacidade de produção de 5 para 15 tonano de ouro ampliando em mais de 30 anos o tempo de vida útil da mina de Paracatu MG Problema Desafio A Rio Paracatu Mineração RPM então controlada pela Rio Tinto Corporation e a partir de 2005 pela multinacional ca nadense Kinross Gold Corporation decidiu ampliar o proje to de expansão da produção de ouro na mina situada em Paracatu no noroeste de Minas Gerais Com as expectativas de valorização do ouro pela sua alta no mercado a empresa resolveu rever os investimentos no local mesmo com a mina de Paracatu tendo um dos menores teores de ouro do mundo 04 gramas de ouro por tonelada de minério As recupera ções de ouro também não eram eficazes 412 515 face às perdas pela baixa recuperação dos sulfetos associados ao metal nobre Pesquisas geológicas constataram no entanto novas reservas de um tipo diferente de minério contendo ouro e sulfeto Com a possibilidade de maior aproveitamento das reservas pelo tratamento desse novo minério a mina pode ria continuar a operar por mais tempo Certamente o maior desafio residia na necessidade de processar anualmente 60 milhões de toneladas do novo minério para se chegar a 15 toneladas de ouro O novo minério aurífero sulfetado minério convencio nalmente usado pela RPM deveria alimentar a nova plan ta no projeto de expansão e em princípio seriam adotados processos de concentração gravítica e flotação para melhor recuperação do ouro A empresa utilizaria sua antiga planta para adquirir experiência no tratamento desse novo miné rio Era ainda esperada a oxidação indesejada dos sulfetos de ferro e arsênio pirita e arsenopirita a qual prejudicaria 189 Responsáveis pelas Informações Marisa B de Mello Monte CETEM Getúlio Junior Kinross Paracatu EquIPE DO PROJETO CETEM Marisa Bezerra de Mello Monte Coordenação Técnica AMIRA Stephen Grano Ian Wark Research Institute Austrália David Weedon Massimiliano Zanin Timothy Akroyd uSP Laurindo Leal Filho USP significativamente a flotação qualquer progresso na flota ção da arsenopirita representaria um aumento substancial na recuperação de ouro como consequência Esta foi a funda mentação adotada para a proposição e execução deste projeto pelo CETEM A RPM decidiu investir no projeto e no início de 2003 foi formalizada a parceria entre a RPM e o CETEM que teve como colaboradores a EPUSP o Ian Wark Research Institute UniSA Austrália e a AMIRA International Ltd uma associa ção independente de empresas de mineração para desenvol ver intermediar e facilitar projetos de pesquisa colaborativos Estratégia de Desenvolvimento Ao CETEM coube averiguar a possibilidade de otimizar a re cuperação da arsenopirita e da pirita pelo ajuste dos parâme tros físicoquímicos e hidrodinâmicos durante o processo de concentração do ouro Vários experimentos foram realizados na própria usina da RPM inclusive amostragens e testes com novos sistemas de reagentes no circuito de flotação da antiga planta Os objetivos de longo prazo eram i estabelecer uma base de referência para o comportamento típico da flota ção do novo minério no laboratório e no circuito industrial ii caracterizar o desempenho do circuito de flotação em termos dos parâmetros hidrodinâmicos e físicoquímicos iii aprimorar o desempenho da flotação iv sugerir modi ficações no circuito industrial para melhor recuperação total do ouro Inicialmente com base em amostragens no circuito in dustrial de flotação foram realizados estudos cujos resultados Figuras 1 e 2 auxiliaram o diagnóstico e a avaliação da recu peração do ouro e dos minerais de sulfeto por faixa de tamanho de partículas além do tempo de residência e da recuperação mássica As amostragens foram feitas a partir do overflow do hidrociclone que alimentava o circuito industrial de flota ção rougher de ouro As alíquotas representativas de cada ponto do circuito foram submetidas às determinações de pH Eh oxigênio dissolvido temperatura densidade teor de só lidos massa de sólidos e distribuição por faixa de tamanho Esta etapa serviu ainda para obtenção de subamostras da alimentação do circuito industrial de flotação rougher para a realização de estudos de desempenho de reagentes 190 As recuperações mássica e metalúr gica por faixa de tamanho de partículas revelaram que a fração 38 µm coletada no produto da etapa de limpeza da flota ção equivalia a 60 do ouro contido na alimentação enquanto a fração mais grossa representava apenas 10 do ouro que foi recuperado na etapa de limpeza da flota ção Observouse ainda que a recuperação de arsênio foi muito baixa 22 e a re cuperação do ouro era de apenas 43 Os potenciais de oxirredução indicaram que a Figura 1 Recuperação de ouro arsênio e enxofre do novo minério em função do tamanho da partícula Figura 2 Imagens obtidas por ToFSIMS das amostras de arsenopirita coletadas no circuito industrial da RPM polpa continha minerais de sulfetos oxida dos superficialmente A Figura 1 apresenta um gráfico sobre o comportamento de recu peração de três elementos ouro arsênio e enxofre total analisados durante a amos tragem no circuito rougher industrial da antiga planta com o sistema de reagentes adotados à época A Figura 2 mostra as imagens obti das no Instituto Australiano Ian Wark pela técnica de espectrometria de massa para análise da superfície das partículas 191 ToFSIMS TimeofFlight Secondary Ion Mass Spectrometry em amostras de arse nopirita coletadas no circuito industrial da RPM A eficiência de ionização é interpreta da pelo maior rendimento dos íons na forma oxidada Os fragmentos de AsO2 foram utilizados para melhor reconhecimento das espécies na superfície da arsenopirita uma vez que com essa técnica o mineral se transforma em uma espécie oxidada A adi ção de coletores convencionais amil xanta to de potássio e ditiofosfato de potássio não resultou no aumento esperado para os sinais ToFSIMS ou seja não foram capazes de minimizar o efeito da oxidação O diagnóstico realizado no antigo cir cuito industrial com a avaliação do seu desempenho frente ao novo minério foi de extrema importância para a otimização e adequação da nova planta a um eficaz pro cessamento do novo minério Tabela 1 Comparação da recuperação média de ouro enxofre e arsênio para os diferentes sistemas de reagentes avaliados nos ensaios em batelada e na antiga planta do circuito industrial Sistema de Reagentes Ouro Enxofre Arsênio Peso Sem aditivo 3434 2349 551 203 NaMBT 3782 9170 1342 474 PAX 4811 9103 3503 416 AP3473 5633 7169 2308 922 NaMBT Silicone 4939 9652 3581 336 PAXSilicone 3639 8378 3261 325 quando os experimentos foram conduzidos o mercaptobenzotiazol de sódio NaMBT era o reagente convencional utilizado na usina Resultados O desempenho de alguns dos novos reagen tes Tabela 1 e o possível efeito sinergético para aumentar a recuperação dos sulfetos associados ao ouro presentes no novo mi nério foi avaliado comparandose com co letores convencionais PAXamil xantato de potássio e NaMBTmercaptobenzotiazol de sódio e outros sintetizados pela empresa CYTEC dentre eles o AP3473 uma mistu ra de ditiocarbamatos alcoóis primários e ditiofosfatos Em alguns experimentos um reagente à base de um polímero de silicone foi combinado com os coletores convencio nais para teste Foram testados diversos sistemas de reagentes por meio de experimentos de flo tação em escala de laboratório e piloto Com base nesses ensaios de flotação o valor re comendado para o pH da polpa industrial foi de 65 192 O sistema de reagentes que apresentou o melhor desempenho AP3473 foi poste riormente avaliado no circuito industrial utilizandose apenas uma das linhas do cir cuito Os resultados do balanço global fo ram comparados com as outras linhas que Tabela 2 Recuperação global para o ouro enxofre e arsênio obtida durante uma avaliação no antigo circuito industrial de flotação e conduzida com o coletor AP3473 Balanço Global Concentrado Cleaner Balanço Global Concentrado Cleaner Au gt 3129 Au gt 2093 S 3541 S 3612 As gt 7558 As gt 4923 Au Recuperação 9500 Au Recuperação 3977 S Recuperação 4460 S Recuperação 7753 As Recuperação 8401 As Recuperação 4000 toneladas ao ano O investimento de US 570 milhões pela Kinross inclui uma nova estrutura de beneficiamento e de hidrometalurgia a re potenciação da antiga planta a construção de uma nova planta de flotação e de uma barra gem de rejeitos entre outras ações Figura 3 Contempla ainda o plano de fechamento de mina baseado nos princípios da sustentabili dade que norteiam as operações da empresa prevendo a devolução adequada da área para o município de Paracatu processavam o minério utilizando o sistema padrão Foram confirmadas as recuperações do ouro enxofre e arsênio Tabela 2 O refe rido coletor proporcionou maior recuperação dos sulfetos S e do ouro Benefícios do Projeto Pautada nos ajustes de parâmetros físicoquí micos no processo de flotação para melhor recuperação de ouro e de sulfetos propostos pelo CETEM e colaboradores a Kinross Gold Corporation consolidou em agosto de 2006 seu projeto de expansão para elevar a capa cidade de produção da mina de Paracatu de 5 para 15 toneladas anuais de ouro A efici ência da concentração do ouro associado ao novo minério ampliará em mais de 30 anos o tempo de vida da mina a mina que atingiria a exaustão em 2016 terá sua vida útil esten dida até 2040 Mais empregos mais impostos recolhidos aos cofres públicos novas perspec tivas para as gerações futuras são algumas das consequências deste trabalho Considerando o efeitorenda metodologia aplicada pelo BNDES o volume de empregos pode chegar a 10840 Além disso o projeto observa todos os cuidados ambientais necessários O volume de minério lavrado passa das atuais 172 milhões de toneladas por ano para uma capacidade nominal de 61 milhões de Figura 3 Circuito Industrial da RPM 193 Especiação de mercúrio em petróleo utilizando técnicas espectroscópicas janeiro2004 a maio2013 Metodologia de quantificação de espécies de mercúrio auxilia a PETROBRAS na tomada de decisões sobre os tratamentos adequados para sua remoção contribuindo para o controle da contaminação ambiental e o aumento da vida útil de equipamentos e catalisadores usados nos processos de produção e transporte do petróleo e do gás natural Problema Desafio O mercúrio pode ocorrer naturalmente em óleo cru e con densados gasosos em concentrações que variam entre 01 a 20000 ng g1 e 10 a 3000 ng g1 respectivamente depen dendo da localização geológica do petróleo bruto As formas químicas de mercúrio encontradas nessas matrizes são mer cúrio elementar dissolvido Hg0 mercúrio orgânico dissolvi do compostos iônicos de mercúrio complexos de mercúrio compostos de mercúrio em suspensão e mercúrio adsorvido em suspensão Sua presença nos hidrocarbonetos líquidos e gasosos pode causar vários problemas nas operações de refino e de petroquímica tais como danos aos catalisadores cor rosão das ligas de alumínio além dos impactos ambientais A especiação de mercúrio em hidrocarbonetos é impor tante porque fornece informações sobre a transformação das espécies nos processos de produção e transporte do óleo e gás natural subsídios para o controle da contaminação ambiental e aumento da vida útil dos equipamentos e catalisadores além de auxiliar na tomada de decisões sobre os tratamentos ade quados para a remoção das espécies Enquanto que os méto dos utilizados para a determinação de mercúrio total HgT em hidrocarbonetos líquidos e gasosos são bem estabelecidos os métodos para a especiação quantitativa dos diversos compos tos de mercúrio em hidrocarbonetos líquidos são mais recen tes e não suficientemente verificados Além disso não se tem conhecimento de serem rotineiramente utilizados no Brasil Os métodos de decomposição de amostras de hidrocarbo netos líquidos para a determinação de HgT incluem técnicas 194 Responsável pelas Informações Maria Inês Couto Monteiro EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Manuel Castro Carneiro Coordenação Técnica Maria Inês Couto Monteiro IquFRJ Delmo Santiago Vaitsman Fernanda Veronesi M Pontes de decomposição térmica pirólise sem a adição de ácidos ou procedimentos por via úmida Os procedimentos por via úmida envolvem sistemas fechados ou abertos Os sistemas abertos são mais suscetíveis à contaminação e perda de analito quando comparados à decomposição em sistemas fechados Por isso têm sido utilizados sistemas envolvendo a condensação das espécies voláteis tal como o sistema de dedo frio para evitar a perda do analito por vaporização durante a decomposição por via úmida Esse sistema apresenta vantagens tais como baixo custo e prétratamento simultâneo de muitas amostras Dentre as espécies de mercúrio Hg0 é tipicamente o com ponente presente em maior concentração em óleos crus É uma espécie volátil e reativa causando efeitos danosos na indústria petrolífera Os métodos aplicados para a determinação de Hg 0 em óleos crus e derivados têm sido baseados na espectrome tria de absorção atômica com vapor frio CVAAS na espec trometria de fluorescência atômica com vapor frio CVAFS ou na cromatografia a gás hifenada à espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado GCICPMS Antes da detecção por CVAAS ou CVAFS têm sido utilizadas armadi lhas com metais nobres tais como ouro ou ouroplatina para préconcentrar o mercúrio através da amalgamação Contudo pode ocorrer perda de mercúrio ou redução na eficiência da amalgamação devido a efeitos de memória e envenenamento da armadilha com espécies concomitantes presentes na amos tra Também podem ocorrer interferências espectrais causadas por emissão de carbono 247857 nm na linha de emissão do mercúrio 253652 nm O carbono é oriundo dos compostos orgânicos voláteis pex benzeno e tolueno que são deposita dos na armadilha quando as amostras analisadas contêm altas concentrações de hidrocarbonetos Um procedimento alternati vo para eliminar as interferências espectrais seria o uso de um corretor espectral baseado no efeito Zeeman que é capaz de corrigir valores de absorvância não específica até 2 entretanto essa aplicação não foi encontrada na literatura A cromatografia a gás GC acoplada a uma técnica de detecção específica de mercúrio como a espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado GCICPMS é a ferramenta mais promissora para a especiação deste elemen to em matrizes de hidrocarbonetos Apresenta como princi pal vantagem uma transferência quantitativa de analitos a partir da coluna cromatográfica para o detector evitando os 195 problemas de perda inerentes à nebulização da amostra e portanto aumentando a sensi bilidade do método Além disso ocorre uma redução notável do consumo em volume de solvente Para utilizar a técnica de GC as espé cies devem apresentar uma elevada volatili dade e estabilidade térmica Os compostos dialquilmercúrio podem ser separados dire tamente em colunas apolares enquanto que os compostos polares como Hg2 e MeHg devem ser convertidos previamente em es pécies apolares utilizando reações de deri vatização A derivatização também separa o analito da matriz conduzindo à diminuição ou até mesmo à eliminação das interferên cias no processo de atomização Os procedimentos de derivatização para a determinação de Hg2 e MeHg têm sido utilizados somente para condensados gasosos que apresentam matrizes menos complexas que aquelas dos óleos crus As reações de derivatização têm sido base adas na alquilação com um reagente de Grignard exemplo cloreto de butilmagné sio BuMgCl O tempo necessário para a completa reação das espécies de mercúrio com BuMgCl depende do volume do reagen te adicionado e dos constituintes da amos tra que consomem o reagente por exemplo umidade e validade do reagente de Grignard Além do tempo de reação a temperatura e a ordem de adição do diluente da amostra p ex tolueno relacionado com a reação de Grignard são parâmetros importantes que influenciam o rendimento da reação Com o objetivo de monitorar o mercúrio e suas espécies em petróleos e suas frações a PETROBRASCENPES firmou um contrato de cooperação com o CETEM para o desen volvimento de métodos analíticos sensíveis exatos e precisos Estratégia de Desenvolvimento Foram propostos métodos para a determina ção de HgT e das espécies de mercúrio utili zando diferentes técnicas espectroscópicas HgT foi determinado em óleo cru borra de pe tróleo diesel e condensado gasoso Frações dissolvida e particulada de amostras de óleo cru foram obtidas por filtração em membrana de nylon de 045 µm As espécies de mercú rio elementar Hg 0 divalente Hg2 iônico e complexado metil mercúrio MeHg e es pécies de dialquilmercúrio Me2Hg MeHgEt MeHgPr Et2Hg MeHgBu Pr2Hg Bu2Hg MeHgPh e Ph2Hg onde Memetil Etetil Bubutil e Phfenil foram determinadas na fração dissolvida Na fração particulada foram determinados HgT Hg 0 MeHg e es pécies de dialquilmercúrio Na fração volátil foram determinados Hg 0 e espécies de dial quilmercúrio Na Figura 1 o diagrama ilustra a complexidade da metodologia desenvolvida para a determinação das espécies de mercú rio nas frações de óleo cru Duas etapas foram necessárias para a determinação de HgT decomposição da amostra e detecção por CVAAS Foram tes tados três métodos de decomposição piró lise HPAS e sistema de dedo frio Devido à natureza volátil das amostras testadas foi estudada a influência do procedimento de sua pesagem na taxa de perda de massa da amostra A espécie inorgânica de Hg2 iônico e complexado foi extraída com uma solução de KCl e detectada por CVAAS Para a de terminação de Hg O foi desenvolvido um novo sistema de análise online com uma armadilha de ouro préaquecida acoplada à CVAAS contendo um corretor espectral baseado no efeito Zeeman Argônio foi utilizado como gás de transporte de Hg 0 da amostra até o detec tor do AAS Foi proposto um método inovador para a determinação de MeHg e também de 196 Figura 1 Diagrama da análise para determinação das espécies de mercúrio nas frações de óleo cru Significado das Siglas e Abreviações método A HPAS digestão da amostra a alta pressão método B sistema com dedofrio método C pirólise AO armadilha de ouro CVAAS espectrometria de absorção atômica com vapor frio GCICPMS cromatografia a gás hifenada à espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado HgT mercúrio total Hgic Hg2 iônico e complexado RHgR espécies de dialquilmercúrio como Me2Hg MeHgEt e outras diminuições de 38 a 61 das taxas de perda de massas das amostras Outras vantagens foram a redução do erro analítico na pesa gem e facilidade de limpeza das barquinhas de quartzo No sistema de dedo frio também foi in troduzida uma modificação como o frasco de decomposição era longo e pesado e a trans ferência da amostra para outro frasco impli caria em grande perda de voláteis a amostra foi pesada em uma cápsula de gel fechada e inserida no frasco de decomposição Após as modificações os três métodos de decomposição foram novamente compara dos e apresentaram resultados semelhantes Hg2 iônico complexado que consistiu na derivatização dessas espécies de mercúrio com um reagente de Grignard BuMgCl se guida de detecção por GCICPMS Três materiais de referência certifica dos MRCs NIST 2722 e NIST 2721 óleo cru e NIST 2724b óleo diesel contendo HgT nas concentrações de 129 13 ng kg1 417 57 ng kg1 e 34 26 ng kg1 res pectivamente foram fortificados com dife rentes formas de Hg para a validação dos métodos Foram analisadas três amostras de petróleo óleo cru 1 2 e 3 uma amostra de borra de óleo uma amostra de diesel e uma de condensado gasoso todas elas for necidas pela PETROBRAS Resultados A comparação dos resultados utilizando os três métodos de decomposição da amostra pirólise método HPA e sistema de dedo frio conduziu a melhorias nos procedimentos de pesagem das amostras que antecedem a determinação de HgT por CVAAS Na piró lise que apresentava a maior taxa de perda de massa foi introduzido um leito de alu mina à barquinha de quartzo que propiciou 197 Figura 2 Perfis de absorção de Hg0 em solução de tolueno saturada com Hg0 em diferentes temperaturas de amalgamação A120 C e B temperatura ambiente com recuperações repetibilidade e reprodu tibilidade satisfatórias Os limites de quantifi cação Lq foram de 40 29 e 11 ng g1 HgT para os métodos HPA sistema de dedo frio e pirólise respectivamente Embora o sistema de dedo frio permita um prétratamento si multâneo de muitas amostras e seja de baixo custo ele apresentou maior Lq maior tempo 2 h de decomposição e risco elevado de ex plosão devido à impossibilidade de controle dos parâmetros instrumentais A utilização de um corretor de background baseado no efeito Zeeman associado ao pré aquecimento da armadilha de ouro durante a amalgamação para a determinação de Hg0 em hidrocarbonetos resultou na eliminação das interferências descritas na literatura A Figura 2 apresenta os picos de absorção quando a armadilha de ouro durante a amalgamação de Hg0 estava à temperatura ambiente e pré aquecida a 120 C O préaquecimento evi tou a formação de perfis distorcidos obtidos quando a amalgamação de Hg0 foi realizada sem préaquecimento As altas recuperações 126 a 135 de Hg0 foram também corrigi das com o préaquecimento da armadilha re cuperações de 85108 O método proposto para a determinação de Hg 0 é simples rápido 45 min e adequado com limite de detecção de 006 µg L1 para a determinação deste ele mento em óleo cru e poderá ser utilizado em outras matrizes sólidas líquidas ou gasosas que contenham hidrocarbonetos voláteis Um método convencional e descrito na literatura para a especiação de mercúrio em amostras de condensados gasosos por GCICPMS foi adaptado para a determina ção de Hg2 e MeHg em amostras de óleo cru As novas condições otimizadas foram i modo de injeção split de 110 ii tempe ratura da linha de transferência e do injetor do plasma de 280 C iii volume de 10 mL de BuMgCl iv diluição da amostra com tolueno na proporção de 119 Na reação de MeHg com BuMgCl foi observado um processo de demetilação com a formação de Bu2Hg em uma larga faixa de tempo de 2 até 300 min Apesar disso foram obtidas recuperações de 83 a 90 de Hg2 como MeBuHg para a determinação de MeHg nas amostras estudadas indicando a exa tidão do método Os limites de detecção e quantificação encontrados foram de 003 e 009 µg L1 de Hg2 respectivamente Foram alcançadas recuperações acima de 90 de Hg2 como Me2Hg Et2Hg Pr2Hg Bu2Hg para a determinação de mercúrio inorgânico Hg2 para todas as amostras indicando que a reação de derivatização de mercúrio inorgânico pode ser realizada com diferentes reagentes de Grignard MeMgCl EtMgCl PrMgCl ou BuMgCl A Figura 3 apresenta o cromatograma de uma solução de tolueno contendo as nove espécies organomercuriais estudadas sob as seguintes condições experimentais 198 para a reação de derivatização 4 mL de 500 µg L1 de Hg2 como HgCl2 ou 500 µg L1 de Hg2 como MeHg em tolueno 05 mL do reagente de Grignard específico tempo de reação de 5 min e temperatura ambiente para a análise cromatográfica coluna apo lar HP5 modo de injeção Split 110 vo lume de injeção de 3 µL e temperatura de injeção de 150 C Como pode ser constatado essas con dições permitiram excelente separação das espécies A adaptação do método favore ceu a determinação das espécies Me2Hg MeEtHg Et2Hg Pr2Hg e MePrHg por inje ção direta no GCICPMS utilizando somen te calibração externa com soluções padrão de Bu2Hg evitando a utilização de curvas analíticas preparadas com diferentes espé cies de mercúrio conforme o procedimento até então disseminado na literatura A especiação operacional mostrou que cerca de 35 de HgT no óleo cru 1 é mer cúrio dissolvido e cerca de 70 do mercúrio é particulado provavelmente HgS Hg2 No óleo cru 2 100 de HgT é mercúrio parti culado No óleo cru 3 cerca de 48 de HgT é dissolvido e 51 particulado Foi observa do também que praticamente todo mercúrio dissolvido nos óleos crus 1 e 3 foi extraído com uma solução salina indicando que as espécies de mercúrio provavelmente estão presentes como Hg2 haletos de mercúrio e ou mercúrio complexado A espécie Hg0 es tava abaixo do limite de detecção do método provavelmente devido a perdas nos procedi mentos de coleta e estocagem das amostras Os resultados e os procedimentos de senvolvidos para a determinação Hg0 e HgT foram publicados no Journal of Analytical Atomic Spectrometry v27 2012 p1794 1798 e Fuel Processing Technology v 106 2013 p122126 ambos periódicos de reconhecimento internacional Benefícios do Projeto Podem ser destacados como principais be nefícios deste trabalho o desenvolvimento de novos procedimen tos analíticos para a especiação de mercúrio em hidrocarbonetos a capacitação de técnicos brasileiros em métodos de especiação utilizando reagentes de Grignard e a manipulação de agentes quí micos com insalubridade de grau máximo possibilitando a especiação de outros ele mentos em diferentes amostras ambientais a geração de uma tese de Doutorado em parceria com o Instituto de química da UFRJ a melhor compreensão da química do mer cúrio em sistemas petrolíferos com a fina lidade de reduzir ou evitar os prejuízos que esse elemento tem causado à indústria do petróleo e ao meio ambiente Figura 3 Cromatograma de uma solução de tolueno contendo as nove espécies organomercuriais estudadas 199 Ações tecnológicas sustentáveis para melhoria da gestão ambiental da PAIq janeiro2004 a fevereiro2010 Projetos tecnológicos complexos com participação do CETEM e instituições parceiras envolvem análise de risco e remediação da contaminação da água subterrânea e do solo proporcionam à Pan Americana Indústrias Químicas meios eficientes e seguros da gestão dos resíduos e efluentes gerados e diminuem a possibilidade de poluição do rio adjacente à empresa Problema Desafio A Pan Americana Indústrias químicas PAIq é a única pro dutora de cloro e álcalis do Rio de Janeiro Abastece todas as estações de tratamento de água do Estado com cloro mas também os mercados de potassa cáustica e de carbonato de potássio incluindo alguns países da América do Sul Instalou a sua unidade fabril em 1948 no então distrito industrial de Fazenda Botafogo Dentre os insumos que utiliza para pro duzir cloro e álcalis está o mercúrio na sua forma metálica Em razão dos riscos associados às suas atividades e ainda por conta do crescimento urbano desordenado no seu entorno iniciou a partir de 2004 ações proativas no sentido de avaliar e remediar os impactos decorrentes de suas atividades fabris Em 2004 contratou o CETEM para coordenar e planejar um projeto de avaliação de impactos ambientais naquela área O projeto previa ainda que ao final fossem implementadas ações de remediação e minimização dos riscos ao ambiente e à saúde humana Em face da multidisciplinaridade do tema o CETEM se consorciou com empresas especializadas e cre denciadas junto ao órgão ambiental para em acordo com os protocolos do Manual de Avaliação de Áreas Contaminadas da CETESB 2001 cumprir a tarefa que lhe foi solicitada Estratégia de Desenvolvimento O projeto contemplou três etapas Iniciou com uma avaliação preliminar das áreas do entorno da empresa possivelmente impactadas por mercúrio considerando a possibilidade de contaminação atmosférica do solo e da água subterrânea 200 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM José Ribeiro Aires Consultor Luiz Gonzaga Santos Sobral Luzia Alice Ferreira de Moraes Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica TERSETEC Projetos e Consultoria Ambiental Alexandre Nogueira Travesedo Carlos Antonio da Silva Carlos Wagner de Mattos Martins Gerson Caldas Soares João Vitor Martins de Souza Luis Sebastião da Silva Matheus Paulo César Ribeiro Bernardo Rafael Muniz de Azevedo Ricardo da Silva Pinto Tiago Affonso Pereira GEOMÉTRICA Consultoria Geológica Ltda Achiles Eduardo Gonçalves Glauco Correa Rômulo Gonçalves Luzio PAIq Pan Americana Indústrias químicas Carlos Augusto Castro Claudemir Almeida Macedo Jorge Monteiro Uma segunda etapa contemplou a partir dos resultados ob tidos nessa avaliação preliminar a execução de uma ação confirmatória Essa fase previu a realização de avaliações geológica hidrogeológica e geoquímica usando inclusive métodos geofísicos assim como ferramentas de geoprocessa mento e sistemas de informações geográficas SIG A terceira e última etapa consistiu na proposição e na implantação de ações de remediação da contaminação do solo e da água sub terrânea causada pelo mercúrio A primeira atividade consistiu na execução de oito furos de sondagem a trado nos quais se procedeu à descrição li tológica Em cada um dos furos a cada 050 m foi retirada uma alíquota do solo para determinação da concentração de mercúrio total Da mesma forma foi feita a amostragem da água subterrânea o levantamento topográfico do interior da área da empresa usando nível eletrônico a laser Após esse levantamento foi possível obter a caracteri zação do fluxo da água subterrânea no terreno Com base nas medições dos níveis estáticos e dinâmicos da água em cada um dos oito furos de trado assim como na topografia do terreno foi determinado o sentido preferencial da água subterrânea no interior da empresa Juntando esses dados àqueles obtidos a partir de uma ortofoto da área obtida no Instituto Pereira Passos RJ foi feito o recorte e a digitaliza ção das instalações Dessa forma a Figura 1 mostra o mapa potenciométrico que orientou a escolha das novas áreas de investigação da etapa seguinte A Figura 2 por outro lado mostra os perfis da sonda gem e da litologia do terreno nos quais se procedeu à pré avaliação indicando ainda os níveis da água subterrânea em cada um dos furos Uma vez tendo sido cumpridas as ações pertinentes à avaliação preliminar foi iniciada a avaliação confirmatória Essa fase contemplou da mesma forma o uso das ferra mentas de geoprocessamento para subsidiar respectivamen te as avaliações geológica hidrogeológica e geoambiental mediante a descrição das seções geológicas do terreno e a distribuição do mercúrio no solo e na água A avaliação hidrogeológica usou a mesma ortofoto e a digitalização das instalações e cercanias para determinar a condutividade hidráulica dos aquíferos Durante as etapas de coleta de amostras de solo e água foram realizados os ensaios 201 Figura 1 Mapa potenciométrico resultante da etapa preliminar de sondagem Figura 2 Litologia das sondagens à trado efetuadas para planejamento do estudo geoambiental 202 de permeabilidade Foram identificados e georeferenciados os pontos de sondagem de coleta de amostras e as áreas sob avalia ção O software de informações geográficas SPRING 41 foi usado permitindo a partir das concentrações de mercúrio no solo em diferentes níveis de profundidade delimitar as áreas contaminadas Para a localização dos pontos no campo foi utilizada uma tre na A vetorização dos galpões da indústria rios estradas e pontos sondados foi realiza da em tela de computador usando a ortofo to e a planta da área escaneada como base A classificação da ortofoto da área no entorno da indústria mostrou que a mesma é densamente ocupada por ações antrópicas Figura 3 A Planta digitalizada e georeferenciada a partir de ortofoto do Instituto Pereira Passos com altimetria do interior e entorno da PAIQ destacando os pontos de sondagem e B Modelo da distribuição da pluma da água subterrânea em função da concentração de mercúrio no solo A B As sondagens da avaliação confirma tória contemplaram 27 novos poços Os pontos de sondagem foram escolhidos em acordo com o órgão ambiental após apre sentação dos resultados da avaliação preli minar A operação de sondagem foi execu tada por empresa especializada da mesma forma que a avaliação geofísica e hidroge ológica A Figura 3 A mostra a altimetria no entorno e no interior da empresa assim como os pontos de sondagem A Figura 3 B mostra a contaminação da água subter rânea em função da contaminação do solo obtida a partir de modelamento usando o software ARCGIS 51 203 O material coletado foi preservado ain da no campo sendo enviado para labora tório químico credenciado As análises da água subterrânea incluíram a determina ção da concentração de mercúrio total e de mercúrio orgânico e inorgânico assim como a determinação do pH oxigênio dissolvido condutividade elétrica turbidez e potencial de oxiredução As análises de mercúrio no solo da indústria mostraram dois focos prin cipais com concentrações mais altas até as profundidades de 10 m A partir do modelo numérico de terreno MNT foram gerados mapas hipsométricos e tridimensionais mostrando as distribui ções e perfis de mercúrio e cálculos de áre as contaminadas A área da grade triangular amostrada foi calculada em 2112604 m2 representando 2821 da área da indústria Na profundidade de 05 m na camada de aterro observase três focos com maiores te ores de mercúrio enquanto que em 10 m observase valores e distribuições de mercú rio no solo mais altos nas áreas vizinhas à dos tanques de estocagem de efluentes tra tados Ao atingir 15 m os teores de mercúrio decaem permanecendo entre 0 e 35 ppm A partir de 25 m o número de amostras foi insuficiente para a aplicação do MNT Por outro lado dentre as 28 amostras coletadas de água subterrânea foi verifica do que somente uma delas esteve abaixo do limite de intervenção Portanto fezse ne cessário apressar um plano de remediação dessa contaminação A partir dos resultados da análise con firmatória foi feita a análise de risco à ex posição humana e ao ambiente Assim os projetos de remediação no solo e na água subterrânea buscaram diminuir efetiva mente os riscos identificados em decorrên cia das atividades fabris da empresa Projeto Conceitual de Remediação da Água Subterrânea O projeto trata da implantação de um siste ma de extração de águas subterrâneas em pontos estratégicos hot spots Utiliza uma rede tubular de bombeamento conti nuamente monitorado objetivando trans ferir o contaminante Hg mercúrio por uma rede hidráulica de transporte para a ETDI Estação de Tratamento de Despejos Industriais já existente na empresa O sistema consistiu da instalação de 09 nove poços de extração com bombeamen to contínuo e automático da água subterrâ nea contaminada de forma individual em cada poço A água subterrânea de cada poço de extração PE era transferida para duas elevatórias de recalque estrategicamente lo calizadas Cada elevatória transfere a água retida via pipe rack diretamente para o tan que de recepção da ETDI da empresa Considerando que vários poços estão situados em aquicludes e ou aquitardes ou seja em seções geológicas de baixa perme abilidade e baixa capacidade de transferên cia de água o projeto se baseou nas seguin tes premissas Bombeamento de Baixa Vazão considera mos o bombeamento de baixa vazão aplicá vel aos poços PE 01 PE 02 PE 03 PE 08 e PE 09 Nestes casos o bombeamento foi feito por fluxo pulsante com bomba pneu mática com tomada de captação inferior para fase dissolvida vazão ajustável em sis tema de ciclo e pulsos pneumáticos através de um painel controlador digital O siste ma foi composto por uma bomba tubular de Ø 39 mm Bombeamento de Maior Vazão consideran do as características apresentadas nos tes tes de bombeamento dos poços foi adotado 204 nos PEs 04 05 06 e 07 o bombeamento do fluido de forma contínua e autônoma com controle próprio de reposição de nível usando de uma boia préexistente no equi pamento A bomba pneumática foi alimen tada exclusivamente por ar comprimido dispensando o uso de painel controlador O sistema foi ajustado para operar na melhor vazão de segurança do poço tendo sido re gulado automaticamente ao atingir o nível dinâmico ND estável Projeto Conceitual de Remediação do Solo A remediação do solo contaminado foi feita em três frentes A primeira contemplou a demarcação de um polígono de solo con taminado no interior da empresa próximo à área de um antigo depósito de lamas de processo Em seguida foi feita a retirada de solo até a profundidade de 10 m Em sequência se fez a reposição de solo de em préstimo com laudo comprovando a quali dade do solo A segunda frente consistiu na retirada da camada de solo subsuperficial em área externa da empresa entre o muro e o rio Acari em uma extensão total de 1637 m A remoção dessa camada de solo cobriu duas faixas as quais estavam afastadas respecti vamente 030 m e 30 m do muro até uma profundidade de 050 m correspondendo à remoção de cerca de 350 m3 de solo conta minado Da mesma forma que no caso an terior foi feita a reposição usando solo de empréstimo para recompor a topografia A terceira frente consistiu no calça mento impermeabilização de toda a área interna da empresa compreendida entre a ETDI Estação de Tratamento de Despejos Industriais e a ETE Estação de Tratamento de Efluentes Estendeuse ao longo do muro da empresa na região norte e nordeste es tando localizada entre a área das cisternas e o filtro prensa FP3 O calçamento foi totalmente executado em concreto arma do contemplando ainda uma calha cole tora que direcionava a água da chuva para a ETDI As Figuras 4 e 5 mostram esquemati camente as intervenções realizadas no solo do interior da PAIq e na área alémmuros da empresa Figura 4 Vista geral da PAIQ com destaque para as áreas de intervenção interna calçamento e externa substituição de solo entre o muro da empresa e o rio Acari 205 Resultados Os resultados das análises preliminares e confirmatória permitiram mapear as áreas contaminadas no interior e entorno da em presa mediante a quantificação de mercú rio total no solo e na água subterrânea As análises de especiação de mercúrio na água subterrânea confirmaram que não houve efeito de metilação As áreas mais críticas de contaminação no solo e na água subterrânea foram identifi cadas tendo sido implementadas ações de remediação efetivas para a diminuição do risco ocupacional e ambiental Figura 5 Distribuição e localização dos pontos de amostragem de análise de mercúrio total na área de remediação dos antigos valos de lama para fins de delimitação da área de intervenção A remoção total de solo contaminado nas áreas internas da empresa totalizou 9451 toneladas tendo sido todo o material imobi lizado mediante mistura de cal e cimento sendo destinado posteriormente para ater ro industrial A remoção total de solo contaminado em área entre o muro da empresa e a margem esquerda do rio Acari totalizou o volume de 350 m3 o qual passou pelo mesmo proces so de imobilização e destinação tal como realizado nas áreas internas da empresa A instalação do sistema de tratamento da água subterrânea desde 2008 tratou e adequou aos níveis de descarte industrial 10 µglitro um volume da ordem de 1630 m3 de água conta minada até o mês de julho 2013 Benefícios do Projeto A execução de um projeto de longa duração com foco na melhoria da gestão ambiental pro porcionou à empresa meios eficientes e seguros da gestão dos resíduos e efluentes gerados A inclusão do estudo da análise de ris co antes e após a execução das ações de remediação foi suficiente para eliminar os riscos por conta da contaminação do solo e da água assim como para identificar as me tas que se deve atingir para diminuir o risco remanescente qual seja o de inalação nas áreas de eletrólise A remediação da contaminação do solo e da água na Pan Americana Indústrias químicas diminuiu significativamente a possibilidade de que seus resíduos fossem uma fonte de contaminação adicional do rio que corre junto a seus muros 206 Tecnologias limpas para a arte em pedrasabão o caso de Mata dos Palmitos Ouro Preto MG abril2004 a dezembro2011 Com apoio do Programa PETROBRAS para Cidadania ações multidisciplinares e interinstitucionais coordenadas com desenvolvimento de tecnologias sociais limpas conscientizam artesãos e modificam hábitos reduzindo os impactos da arte em pedrasabão danosos ao ambiente e à saúde do trabalhador sem descaracterizar a marca cultural que a atividade artesanal imprime à comunidade de Mata dos Palmitos e de outras localidades próximas Problema Desafio O nome pedrasabão foi conferido à rocha por artistas barrocos dos quais o mais conhecido é Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho que sem dúvida alguma contribuiu através de sua obra para o reconhecimento internacional de Ouro Preto culminando com a declaração em 1980 pela UNESCO de Patrimônio Histórico da Humanidade Isto fez com que houvesse uma grande expansão do artesanato nas décadas seguintes e pôs em destaque esta arte A pedrasabão ou esteatita abundante na região do quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais é composta de vá rios minerais dos quais destacamse o talco os anfibólios e o quartzo Os anfibólios formados de actinolita e tremolita for mam fibras potencialmente cancerígenas quando inaladas Todas as etapas de produção do artesanato em pedra sabão embora de caráter manual e rudimentar expõem os artesãos em sua maioria mulheres e o ambiente circundante a uma grande quantidade de poeira mineral É uma atividade secular realizada naquela região oriunda de cultura herdada dos índios do Vale do Itacolomi que já empregavam a pedra sabão na confecção de seus utensílios A comunidade de Mata dos Palmitos localizada a 40 km do centro de Ouro Preto possui cerca de 200 habitantes sendo que a grande maioria se dedica ao artesanato em pedrasabão produzido em suas próprias residências Uma parcela dessa população foi estudada por pesquisadores da Universidade de Ouro Preto UFOP e problemas dermatoló gicos e doenças pulmonares graves possivelmente associados 207 Responsáveis pelas Informações Patrícia Correia de Araujo Zuleica Carmen Castilhos EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Odilon da Silva Ary Caldas Jacinto Frangella Jéssica Leite Patrícia C de Araujo Zuleica Carmen Castilhos Coordenação Técnica DNPM Ivan Jorge Garcia IME Carlos Breno Otto Carlos Lippmann Prefeitura Ouro Preto Secretaria de Meio Ambiente Josefa Clara Lafuente Monteiro Ronald de Carvalho Guerra uFOP Benedito Matozinhos Devêza Fernando de Morais Paulo Assis unB Maria da Conceição Freitas à exposição contínua ao material particulado na atmosfera foram identificados Além disso o trabalho manual com a ro cha também envolve riscos físicos e ergonômicos Igualmente comprometida encontrase a saúde ambiental da localida de pois além dos rejeitos serem depositados nos leitos dos córregos causando assoreamento o transporte do material particulado via ação dos ventos ocasiona sua deposição no solo e nas copas das árvores causando um ciclo de con taminações e impactos ambientais para além das oficinas peridomiciliares Em observação a essas questões que não se limitam à problemática laboral e ambiental mas abrangem aspec tos socioeconômicos o CETEM desenvolveu uma série de ações multidisciplinares e interinstitucionais que interliga das tiveram por objetivo a supressão dos impactos danosos oriundos da atividade artesanal sem que contudo desca racterizassem a marca cultural que a atividade imprime à comunidade local O desafio de desenvolver uma rota alternativa tecnológi ca e ambientalmente limpa que viesse a substituir o processo utilizado para a fabricação de peças artesanais em pedra sabão pela comunidade artesã de Mata dos Palmitos surgiu no ano de 2004 por iniciativa do CETEM em parceria com outras instituições públicas DNPM Prefeitura Ouro Preto Secretaria de Meio Ambiente UnB UFOP e CEFETOP com financiamento de uma agência estrangeira de fomento International Development Research Center IDRC e do se tor privado brasileiro IBC Instituto Brasileiro do Crisotila SAMA Minerações Associadas e SAMARCO Mineração Estratégia de Desenvolvimento Com recursos recebidos do IDRC da SAMA e do IBC a pri meira e principal meta foi a aquisição e adaptação de 5 má quinas confeccionadas especialmente para atender a marcha produtiva do artesanato em pedrasabão modificando todo o processo antes realizado a seco para via úmida impedindo assim a dispersão ambiental da poeira mineral e de sua ina lação pelos artesãos A segunda etapa foi a construção de uma Unidade de Referência em Artesanato Mineral com Tecnologias Sociais Limpas URAM na localidade inaugurada em julho de 2010 e financiada com recursos da Prefeitura Municipal de Ouro 208 Preto A URAM foi concebida como um cen tro de difusão das novas tecnologias para um expressivo contingente de artesãos não apenas para os de Mata dos Palmitos mas também para os de outras comunidades que desenvolvem atividades congêneres O projeto arquitetônico com acessibilida de às pessoas com necessidades especiais bem como com tratamento e recirculação da água do processo possui além de uma área específica para os equipamentos duas salas uma para as mulheres desenvolverem o artesanato manual com exaustão adequa da e outra para treinamentos cursos en contros e reuniões dos artesãos A maior dificuldade encontrada por parte da equipe do CETEM foi vencer a re sistência dos artesãos à aceitação de que o processo de produção artesanal apresentava problemas ambientais e de saúde e à introdu ção da inovação uma vez que culturalmen te o ofício é repassado há muitas gerações A relação de confiança estabeleceuse pela aproximação da equipe técnica do CETEM à comunidade durante alguns anos Resultados Uma vez estabelecido o bom relacionamen to com a comunidade local o CETEM pro moveu a capacitação profissional dos arte sãos por meio de um curso distribuído em 3 módulos com conhecimentos teóricos e conceituais em linguagem adequada so bre saúde higiene segurança no trabalho uso de equipamentos de proteção individu al lesões por esforço repetitivo noções so bre arte e associativismo Também foi realizado o treinamento dos artesãos nos equipamentos instalados na URAM com apoio da SAMA e do SENAIGO visando seu uso correto e obedecendo os procedimentos técnicos e de segurança Mais de 40 artesãos receberam certifica do do Curso de Formação de Artesãos em Tecnologias Sociais Limpas para Artesanato em PedraSabão expedido pelo CETEM e pela Prefeitura de Ouro Preto O financia mento dessa fase foi obtido em projeto apro vado no Edital Social da SAMARCO O anseio da equipe envolvida neste pro jeto foi e continua sendo o de contribuir na manutenção da herança cultural que identifi ca a comunidade de Mata dos Palmitos com o desenvolvimento de tecnologias sociais lim pas para a arte em pedrasabão com vistas à melhoria ambiental de saúde e da qualidade de vida da população de Mata dos Palmitos Benefícios do Projeto A adesão da população à iniciativa foi ex pressiva e outros grupos de artesãos de lo calidades próximas manifestaram o desejo por melhorias em suas oficinas de trabalho seguindo os mesmos moldes implantados pelo CETEM em Mata dos Palmitos A partir do sucesso das ações realiza das pela equipe deste projeto de cunho so cial econômico e ambiental a comunidade recebeu vários benefícios paralelos como a reforma da igreja e da escola municipal a construção de um campo de futebol e a melhoria do acesso rodoviário à localidade No ano de 2011 o projeto foi con templado com recursos financeiros pelo Programa PETROBRAS para Cidadania e em 2012 foi fundada a Associação dos Agricultores Familiares e de Produtores de Artesanato em Pedra Sabão de Mata dos Palmitos com sede própria no sub distrito de Santa Rita Município de Mata dos Palmitos inscrita no CNPJMF sob o n 16628959000106 209 Produção no CETEM de materiais de referência certificados MRC desafios e soluções inovadoras julho2004 até o presente Programa permanente do CETEM Fruto de um trabalho inovador o CETEM é a única instituição brasileira acreditada a produzir materiais de referência para minérios e minerais tendo empresas de mineração e laboratórios comerciais no país e no exterior como principais beneficiários Problema Desafio Materiais de referência certificados MRC são aqueles su ficientemente homogêneos e estáveis em relação a uma ou mais propriedades especificadas quando caracterizados por procedimentos metrologicamente válidos São sempre acom panhados por um certificado que fornece o valor das pro priedades certificadas incluindo a incerteza associada e uma declaração de rastreabilidade metrológica ISO Guide 301992EAmd12008 Os MRC podem ser aplicados na validação de métodos e na calibração de equipamentos para i atribuir valores a outros materiais ii controlar a qualidade de processos de medição No âmbito normativo o seu uso é um requisito estabelecido em normas como a ABNT NBR ISOIEC 17025 e a ABNT NBR NM ISO 15189 sendo o Committee on Reference Materials da International Organization for Standardization ISO REMCO responsável por estabelecer diretrizes elaborar e revisar as diretrizes in ternacionais para as atividades de produção e uso de mate riais de referência Os MRC são peçaschave na constituição e manutenção de um sistema de medições universal e coerente uma vez que possibilitam a transferência de um valor atribuído a uma dada propriedade tornandose essenciais para o estabele cimento da cadeia de rastreabilidade em um processo de medição e em consequência assegurando a qualidade de produtos e serviços A rastreabilidade é uma das exigências tecnológicas fun damentais nas transações comerciais por estabelecer uma 210 Responsáveis pelas Informações Maria Alice Cabral de Goes CETEM Eduardo Marchiori Escobar Votorantim MetaisCia Bras Alumínio Luiz Gobbo Rio Tinto Desenv Minerais EquIPE DO PROJETO CETEM Claudio Marcio Andrade Jorge Andrade Perreira Lillian Maria Borges Domingos Lívia Gebara MS Cordeiro Maria Alice Cabral de Goes Coordenação Técnica Marta Brandão Tozzi relação entre os resultados de medições e os de padrões de valor metrológico claramente definidos dentro de critérios aceitos internacionalmente Para conseguir comparabilidade de resultados ao longo do tempo e em diferentes locais é essencial relacionar os resultados de medição bem como as etapas individuais a uma mesma referência estável ou uma medição padrão A produção de MRC com confiabilidade e rastreabili dade metrológica é realizada por Institutos Nacionais de Metrologia INM instituições designadas ou instituições acreditadas em conformidade com a norma ISO Guide 34 que estabelece os requisitos técnicos e de gestão para de monstração da competência necessária para o desenvolvi mento e a certificação de materiais de referência Para tan to o produtor necessita de uma infraestrutura dedicada ao processamento e armazenamento do material Destacamse como sendo os principais produtores mundiais de MRC NIST EUA LGC Reino Unido BAM Alemanha IRMM Bélgica União Européia NMIA Austrália e NRCan Canadá No Brasil observase uma crescente demanda por MRC de amostras minerais para atender à execução de serviços e projetos com foco em desenvolvimento de tecnologia mineral em função do aquecimento da economia nacional e mun dial A demanda porém é ainda reprimida face à escassez de disponibilidade desses materiais no Brasil e no exterior ocasionada principalmente pela diversificação de materiais matrizes componentes e concentrações Como agravante os MRC disponíveis no exterior nem sempre possuem as matri zes e níveis de concentração que atendam às necessidades do setor minerometalúrgico brasileiro Além disso há obstá culos a serem vencidos quanto à importação que por vezes é demorada e com custo elevado O CETEM em conformidade com seus Planos Diretores 20062010 e 20112015 assumiu o compromisso de ofe recer soluções que contribuam para atender à demanda por MRC na área mineral buscando estar entre os líderes nacio nais na produção com qualidade reconhecida de materiais de referência certificados para amostras minerais 211 Estratégia de Desenvolvimento O Programa Brasileiro de Metrologia em química PBMq constituiuse em um con junto de ações direcionadas a apoiar o país na consolidação de uma base metrológica em química Sua forma de gestão foi reali zada por meio do estabelecimento de uma rede formada a partir da identificação da capacitação laboratorial direcionada ao atendimento de segmentos industriais da saúde e ambientais Na Fase I do projeto PBMq 1998 a 2003 procedeuse à iden tificação preliminar das demandas na área metrológica em química e das capacitações existentes no país O CETEM foi uma das instituições selecionadas para ingressar na subrede de produtores de MRC uma vez que detinha conhecimento técnico e expe riência na área além de dispor da infraes trutura mínima necessária para o processa mento dos materiais Na Fase II 2004 a 2007 foi criada a subrede de produtores de MRC incorporando laboratórios das se guintes instituições CETEM INT IPEN e IPT Os MRC selecionados objetivaram aten der algumas necessidades específicas nas áreas de petróleo mineração alimentos e química A competência do CETEM na prepara ção de materiais de referência e no tratamen to estatístico de resultados de programas in terlaboratoriais foi consolidada por meio do treinamento de profissionais no Canadian Center for Mineral and Energy Technology CANMET Canadá outubro1986 a feverei ro1987 e no National Bureau of Standards NBS EUA março a junho1987 Esse esforço de capacitação deu sustentação à realização das primeiras atividades do CETEM relacionadas à produção de mate riais de referência as quais incluíram o pro cessamento de materiais e a coordenação de programas interlaboratoriais para a ca racterização de propriedades em amostras de carvão mineral Projeto CETEMDNPM 1984 a 1986 e de minério de ouro Projeto CETEMFINEP 1985 a 1987 com a par ticipação de 25 laboratórios pertencentes a instituições de pesquisa e ao setor em presarial brasileiro Esses projetos tiveram como principal objetivo o aperfeiçoamento dos processos de medição nos laboratórios participantes por meio do intercâmbio de informações para a solução de problemas relativos aos métodos analíticos adotados e à utilização dos materiais de referência pro duzidos como amostrascontrole Na década de 90 o aumento das pres sões comerciais e tecnológicas sobre as empresas de mineração e metalurgia re sultaram na busca pela melhoria do pro cesso analítico e consequente aumento da demanda por materiais de referência com matrizes semelhantes às amostras de roti na Durante esse período o CETEM desen volveu projetos de produção de materiais de referência para atender às necessidades es pecíficas das empresasclientes Nesses ca sos a caracterização das propriedades dos materiais foi realizada por laboratórios co merciais e das próprias empresas de mine ração cadinhos de grafite Casa da Moeda do Brasil 1993 minério de ouro VALE 1993 e 1998 minério de ouro São Bento Mineração 1994 Visando à institucionalização da pro dução de MRC em 2005 os aspectos técnicos e de apoio envolvidos no proces samento certificação e emissão dos mate riais de referência passaram a ser coordena dos pelo Programa Materiais de Referência Certificados PMRC Um laboratório dedi cado ao processamento de materiais de re ferência de amostras minerais foi construído 212 no CETEM Atualmente ocupando uma área de 140 m2 nele estão instalados equipa mentos de alta capacidade para processar grandes quantidades de material incluindo um sistema industrial de captação de pó com coletores móveis que evita a conta minação cruzada entre matrizes e níveis de concentração Em decorrência de uma abordagem estratégica foi implantado e implementa do um sistema de gestão no CETEM em conformidade com os requisitos da ABNT NBR ISO 9001 e ISO Guide 34 Como re sultados o CETEM obteve em 2008 a cer tificação ISO 9001 concedida pelo Bureau Veritas Certification e em 2011 a acredi tação como produtor de material de referên cia concedida pela Coordenação Geral de Acreditação Cgcre do Instituto Nacional de Metrologia qualidade e Tecnologia Inmetro Esta última demonstrada pelas avaliações realizadas é um reconhecimen to internacional da capacitação técnica da equipe do CETEM Resultados Atualmente o CETEM é a única institui ção brasileira acreditada como produtor de materiais de referência para minérios e minerais Esta é uma importante conquista que permite consolidar e ampliar a capa citação do CETEM para atuar no segmen to minerometalúrgico e cumprir de forma consistente e demonstrável a sua missão proporcionando o aumento da visibilidade institucional Os MRC produzidos pelo CETEM são fruto de um trabalho inovador no cenário nacional tanto pelas suas características intrínsecas quanto pela forma como são produzidos O valor agregado é resultado do planejamento da produção processamento da matériaprima avaliação da homogenei dade avaliação da estabilidade caracteri zação do lote atribuição de valores de pro priedades e certificação A caracterização do lote de material é realizada por meio de um programa de medição interlaboratorial com a participação de laboratórios localizados Figura 1 Várias composições de bauxita produzidas como MRC no CETEM 213 no Brasil e no exterior com reconhecida competência na área mineral Atualmente o CETEM possui 13 MRC disponíveis para comercialização sendo onze diferentes tipos de composições quí micas de bauxita Figura 1 um minério de sulfetos de cobre e um concentrado de sul fetos de cobre Os principais beneficiários são empresas de mineração e laboratórios comerciais como por exemplo Mineração Paragominas SA Yamana Gold Rio Tinto Desenvolvimentos Minerais Ltda Alcoa World Alumina Jamaica LA Teixeira Intertek Mineral Brammer Standard EUA Bureau of Analysed Samples Reino Unido PTGeoservices Indonésia O CETEM também desenvolve MRC customizados a partir de material forneci do pelo cliente para atender a uma neces sidade de aplicação específica como por exemplo o MRC de bauxita para a Rio Tinto Desenvolvimentos Minerais Ltda produzi do em 2012 Os procedimentos relativos à produção de materiais de referência estão implementados de forma a garantir a quali dade dos materiais e a proporcionar a satis fação dos clientes que os utilizam Benefícios do Programa O desenvolvimento de MRC de amostras mi nerais constituise em inovação tanto pelo seu processo de produção quanto pelo seu produto com características específicas e originais pois cada matriz é única A dis ponibilização de tais materiais possibilita a agregação de valor aos bens minerais do solo brasileiro ao incorporarem os valores certificados de suas propriedades incluindo suas incertezas Ainda existe carência de MRC nas áre as da exploração geológica da mineração do processamento de minérios e da transfor mação mineral ocasionada principalmente pela diversificação de materiaismatrizes componentes e concentrações Na medida em que os materiais de referência certifica dos com qualidade garantida continuarem a ser produzidos no país ampliando a diver sificação da oferta de diferentes matrizes o CETEM estará certamente contribuindo para a redução da vulnerabilidade externa marcada pelas dificuldades e altos custos de importação bem como pelo reduzido nú mero de MRC que atendam às característi cas específicas dos minerais brasileiros 214 Produção de policloreto de alumínio a partir de bauxita para tratamento de águas setembro2004 a janeiro2006 Policloreto de alumínio floculante usado no tratamento de água potável e de águas industriais tem processo patenteado para sua produção a partir de matériasprimas abundantes no Brasil como a bauxita com repasse da tecnologia ao Grupo Química Cataguases reconhecido fabricante de compostos de alumínio Problema Desafio O tratamento de águas residuais na indústria química é par ticularmente importante para evitar que efluentes provoquem danos ao ambiente Entre as técnicas de tratamento empre gadas destacamse os processos de floculaçãocoagulação Nos últimos anos os sais de alumínio têm sido emprega dos com sucesso como coagulantes no tratamento de água O sulfato de alumínio apesar de ser mais utilizado possui algumas desvantagens i o aumento indesejado dos níveis de alumínio nas águas tratadas ii a coagulação fica limitada a um pequeno intervalo de pH dependente principalmente da natureza do efluente iii a necessidade de adição de outros reagentes para um aumento de alcalinidade e melhoria da coagulação O policloreto de alumínio PAC na maioria dos casos revelase um coagulante de eficiência superior ao sulfato de alumínio Para a eliminação das substâncias coloidais sua eficácia é de 15 a 25 vezes superior à dos outros sais de alumínio em igualdade de dosagem de Al3 Em função de sua reconhecida basicidade o PAC libera durante a hidró lise uma quantidade de ácido consideravelmente menor do que o cloreto de alumínio e os coagulantes tradicionais como o sulfato de alumínio e o cloreto férrico Isso provoca uma menor variação do pH do meio tratado e um menor consumo de neutralizante para reconduzir o pH ao seu valor original O PAC pode ser produzido por adição de uma base a uma solução de cloreto de alumínio até que se alcance um com posto químico com fórmula empírica de AlOHnCl3n onde n 215 Responsável pelas Informações Marisa Nascimento EquIPE DO PROJETO CETEM Flávio de Almeida Lemos Ivan Ondino de Carvalho Masson Coordenação Técnica Marisa Nascimento Roberta Gaidzinski Grupo química Cataguases Luiz Sérgio Vieira Consultores Arthur Lakshevitz Junior Eduardo da Gama Câmara pode variar entre 1 e 25 Assim uma variedade de espécies poliméricas pode ser formada quando soluções de PAC são adicionadas à água O PAC é um polímero solúvel em água no entanto algumas formulações podem conter precipitados como os de hidróxido de alumínio que promovem uma cinéti ca diferenciada de floculação na remoção da turbidez e adsor ção de substâncias húmicas Seus precipitados insolúveis de polihidróxidos de alumínio absorvem poluentes em suspen são que podem ser removidos da água Assim o PAC é uti lizado como floculante ou coagulante no tratamento de água potável e no tratamento de águas industriais sem necessida de do constante ajuste do pH dentre outras vantagens Levando em consideração as vantagens citadas e em atendimento a uma solicitação do Grupo química Cataguases GqC empresa reconhecida nacionalmente pela produção de compostos de alumínio no estado de Minas Gerais o CETEM iniciou estudos de síntese do PAC e o desenvolvimento de uma rota de produção a partir de matérias primas abundantes no Brasil como é o caso da bauxita Estratégia de Desenvolvimento A primeira etapa do processo desenvolvida na empresa tra tou da reação em pressão atmosférica entre a bauxita ma tériaprima contendo alumínio e HCl meio ácido oxidante para obtenção de uma solução contendo cloretos de alumínio e ferro A solução foi então filtrada e preparada para purifica ção e síntese do PAC No CETEM investigouse uma rota de obtenção de PAC tendo como material de partida a solução obtida da lixiviação ácida da bauxita Os trabalhos foram conduzidos em duas eta pas a purificação do licor pela técnica de extração por solven tes para produção de solução purificada de cloreto de alumí nio b desenvolvimento de metodologia de produção de PAC através da hidrólise básica da solução de hidróxido de alumínio Na etapa de purificação a solução contendo Al e Fe passou por uma série de reatoresdecantadores em contato com um solvente orgânico capaz de extrair os dois íons Em seguida o solvente orgânico já carregado com os íons em questão foi então encaminhado para uma nova série de rea toresdecantadores para separação do Fe e do Al por contato com soluções de HCl em diferentes concentrações o que permitiu a separação seletiva dos dois íons 216 Na etapa da produção de PAC a so lução de cloreto de alumínio purificada foi enviada para um reator de polimerização onde foi parcialmente hidrolisada mediante adição controlada de um reagente alcalini zante ex NaOH Nessa etapa foi essencial o controle de variáveis como temperatura tempo pH e agitação para garantir a produ ção final do policloreto de alumínio Além disso a análise química quantita tiva do produto final por meio do método de Ferron colorimétrico teve que ser adapta da às condições do processamento do PAC O método de Ferron permite diferenciar es pécies solúveis de alumínio nos sistemas aquosos Baseado nas diferenças das ciné ticas de reação entre o alumínio nas di ferentes espécies e o reagente de Ferron ácido 7iodo8hidroxi quinolina sulfônico foi possível quantificar grupos de espécies de alumínio em solução As quantidades de espécies monoméricas poliméricas e sóli das de hidróxido de alumínio puderam ser medidas usando esta técnica de especiação colorimétrica indireta na qual a absorbân cia a um dado comprimento de onda está relacionada com a concentração de alumí nio reativo na solução analisada Resultados O processo inovador para produção de poli cloreto de alumínio a partir da bauxita de senvolvido pelo CETEM é capaz de produ zir produtos com excelentes características técnicas Teores para Al2O3 entre 10 e 20 Cl entre 10 e 20 ferro inferiores a 01 basicidade entre 6 e 90 e pH entre 15 e 45 são características comuns nos produ tos finais o que amplia bastante sua apli cabilidade no tratamento de águas O clo reto de ferro residual pode ser gerado como coproduto em níveis de pureza adequados para que possa ser utilizado por exemplo no tratamento de águas e esgotos ou na in dústria de papel Além disso as Indústrias químicas Cataguases Ltda depositaram em 2006 um pedido de privilégio junto ao INPI e em 2011 foi publicada a concessão da patente PI 06002323A tendo como inventores to dos os membros da equipe do projeto Benefício do Projeto O CETEM repassou a tecnologia para a fa bricação de PAC à empresa que a está utili zando industrialmente para atender o mer cado nacional de floculantescoagulantes para o tratamento de água 217 Aperfeiçoamento do processo de reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição RCD abril2005 a junho2009 Caracterização da fração mineral dos RCD procedimentos e ensaios tecnológicos de tratamento com manipulação de grandes volumes de material e aperfeiçoamento do processo de reciclagem fornecem subsídios para modelagem dinâmica da gestão desses resíduos e apresentam para três cidades brasileiras soluções de processamento dos entulhos médios e aproveitamento dos recursos minerais neles contidos como matéria prima para o mercado de agregados Problema Desafio A cadeia da construção civil é uma das maiores consumido ras de bens minerais principalmente os agregados naturais brita e areia No Brasil a grande parte dos resíduos de cons trução e demolição RCD não é transformada em agregados reciclados A principal dificuldade técnica no beneficiamento desses resíduos é a variabilidade das frações minerais neles presentes Para que esses produtos se tornem homogêneos é necessário utilizar uma série de operações unitárias da área de tratamento de minérios no fluxograma de processamento No Brasil a maioria dos resíduos é composta por uma mistura de concretos argamassa cerâmica branca e verme lha solo e materiais indesejáveis como gesso dificultando sua separação Os produtos da reciclagem são a bica corrida e o rachão ou seja materiais grosseiros de granulometria va riável usados como base e subbase de pavimentação A gestão dos RCD nas economias maduras EUA Japão e países da Europa disponibiliza para as usinas resíduos separados em fases distintas como concretos e cerâmicas facilitando a reciclagem e o reuso inclusive em concretos não estruturais Os agregados reciclados seja brita ou areia pro duzidos nesses países complementam uma parte da oferta total dos agregados para a cadeia da construção civil Os maiores desafios do projeto realizado pelo CETEM com o suporte financeiro da FINEP Edital Habitare foram i a amostragem da fração mineral dos RCD para a caracte rização e os circuitos de processamento do entulho médio de três cidades selecionadas ii a manipulação de grandes 218 Responsável pelas Informações Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima EquIPE DO PROJETO CETEM Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima Coordenação Técnica Lauro Norbert Costa Leonardo Silva Santos Marcelo Correa de Andrade Salvador Luiz Matos de Almeida uFAL Paulo Cesar Correa Gomes uSPDepto de Engenharia de Minas Arthur Pinto Chaves uSPDepto de Engenharia Civil Sérgio Cirelli Ângulo Vanderley M John volumes dos RCD e iii a realização de centenas de proce dimentos e ensaios de tratamento mineral em escala piloto Estratégia de Desenvolvimento Primeira Fase a composição dos RCD de uma cidade ou de uma região significativa de uma cidade brasileira era até então des conhecida Pela primeira vez no Brasil um projeto de PD reali zou de maneira extensiva e em detalhes com técnicas oriundas da indústria mineral um registro do ciclo de vida dos resíduos da construção civil no momento do descarte final Para este trabalho foram escolhidas as cidades de Macaé RJ Maceió AL e uma região de descarte na cidade de São Paulo SP Cálculos segundo a teoria de Pierre Gy permitiram determinar que a amostra mínima representativa fosse de 150 toneladas 115 m³ ou 23 caçambas de 5 m³ para cada cidade As amostras foram primeiramente colocadas em ca çambas e depois transferidas para sacos de polipropileno bigbags cada um contendo de 500 a 1000 kg de RCD Ao todo foram coletados 131 bigbags que foram trans portados para o CETEM e posteriormente processados em sua planta piloto Considerando o ciclo de vida aproximado de 40 anos para a construção civil a representatividade da amostragem de Macaé foi melhor que das outras cidades pois era constituída de 50 de entulho histórico aterros antigos localizados fora da cidade e 50 de entulho novo Segunda Fase procedimentos e ensaios experimentais foram realizados com os RCD das três cidades para determinar características desses RCD granulometria distribuição de densidade e balanço de massa dos materiais indesejáveis contaminações eficiências de descontaminação pelos procedimentos de catação testados qualidade do agregado obtido pelos tipos de britadores ava liados mandíbula ou impacto com base no critério de distri buição de densidade qualidade do agregado obtido pela separação em cone de meio denso com base no critério de massa específica apa rente e de absorção de água Terceira Fase englobou a modelagem dinâmica da gestão dos RCD nas três cidades consideradas tomando por base o conceito 219 de mineração urbana conjunto das ações e tecnologias utilizadas para recuperar os re cursos minerais contidos nos resíduos prove nientes da indústria da construção civil No Brasil a formação da mineração urbana está associada à mudança do tratamento dos RCD da esfera do saneamento básico para o âmbi to do aproveitamento dos RCD como matéria prima para o mercado de agregados recicla dos que se formou no marco regulatório da resolução CONAMA 307 de 2002 Os modelos estáticos de custobene fício e da viabilidade das plantas de reci clagem até então utilizados tornaramse obsoletos Foi necessário construir novos modelos dinâmicos para dar conta da com plexidade na gestão dos RCD Resultados O processamento dos 131 grandes volumes de RCD no CETEM permitiu extrair informa ções valiosas Com relação à caracterização granulométrica e ao balanço de massa dos materiais indesejáveis observouse que i 55 média mássica apresentava gra nulometria abaixo de 63 mm significando a viabilidade do emprego direto sem a neces sidade de um britador como material para Figura 1 Materiais indesejáveis e contaminantes no RCD de São Paulo e Macaé Sem contaminantes Gesso 1 Amianto 01 Orgânicos 3 42 46 58 54 15 4 MACAÉ SÃO PAULO 19 46 24 4 base e subbase de pavimentação ii 35 média mássica tinha granulometria abaixo de 254 mm justificando sistema de escal pe com o intuito de aumentar a capacidade de operação do britador Com base na caracterização da composi ção Figura 1 ficou evidenciado que i cerca de 50 da massa dos RCD pode conter teo res excessivos de materiais indesejáveis prin cipalmente a madeira e contaminantes gesso e cimento amianto como no caso das amos tragens em Macaé e São Paulo ii o RCD classificado visualmente como RCD mineral concreto argamassas cerâmicas etc pode atingir alto grau de pureza para os materiais in desejáveis mas não para contaminantes como o gesso tornando a operação de catação algo fundamental para se atingir um agregado reci clado de qualidade aceitável Os resíduos mistos são os mais impor tantes não só pela quantidade mas também porque inexistindo clientes com necessida des determinadas esses resíduos são em geral utilizados na base e subbase da pavi mentação Nas amostragens realizadas fo ram caracterizadas as qualidades dos RCD já que os níveis de porosidade dos agrega dos reciclados podem ser relacionados às 220 densidades dos mesmos por meio de en saios de sink and float Figura 2 Na fração mineral dos RCD foram es tabelecidos três níveis de qualidade corres pondendo a três intervalos de massa espe cífica ou densidade expressa em kgdm3 alta 22 média entre 19 e 22 e baixa qualidade 19 A fração com densida de acima de 22 kgdm³ está associada à presença de resíduos de peças de concreto armado vigas pilares ou lajes ou de ro chas naturais Classificar visualmente esse tipo de material é interessante quando se pretende produzir agregado reciclado com qualidade superior e para o emprego no con creto Sabese no entanto que o resíduo de melhor qualidade corresponde em média a apenas 23 da massa dos RCD Este teor é provavelmente influenciado pela presença de demolições de obras de grande porte in dustriais ou de infraestrutura e edificações de múltiplos pavimentos que implicam em peças de concreto armado mais resistentes e com maiores dimensões Na Figura 3 observase que no RCD de Macaé menos de um quarto de sua massa pode ser caracterizada como de alta qualida de e para a fabricação de concreto Em São Paulo como agregado para concreto temse 49 da massa Já o RCD de Maceió é muito pobre apresentando quantidade desprezível Figura 2 Operação do cone de meio denso sink and float na usina piloto do CETEM de material que pudesse ser aproveitado para essa finalidade Os percentuais podem se mo dificar no entanto com a operação de comi nuição que favorece o descarte da maior par te da fração porosa densidade19 gdm3 a qual tende a se concentrar nos superfinos enquanto que o material cimentício rocha concreto tende a se liberar Isso faz com que mesmo o RCD de Maceió que em seu estado natural grosseiro não sugere a presença de resíduo de alta qualidade após cominuído talvez possa apresentar percentual razoável da fase cimentícia Com relação à qualidade do agregado obtido pelos britadores foram testados os resíduos de alta qualidade das três cidades em relação a dois mecanismos diferentes Figura 3 Distribuição em massa específica das qualidades dos RCD das três cidades Alta Qualidade Média Baixa Qualidade MACAÉ SÃO PAULO MACEIÓ 221 de britagem mandíbulas e impacto Os re sultados evidenciaram uma notória redução da fração porosa d19 significando que o processo favorece a quebra de superfícies mais frágeis promovendo maior liberação da brita reciclada Adicionalmente verificou se que o mecanismo da britagem seja por mandíbulas ou por impacto não diferenciou a qualidade dos produtos gerados Os modelos dinâmicos para gerencia mento do RCD na cadeia da construção civil Figura 4 Ciclo de vida dos produtos da construção civil Figura 5 Modelo dinâmico para análise de custobenefício da reciclagem de RCD Significado das siglas Cu Custo Unitário em Rt Perc Percentual TD Taxa de Descarte em Rt TE Taxa de Entrada em Rt CT Custo Total em Rt Pu Preço Unitário em Rt foram construídos com o software Ithink considerandose um horizonte de 20 anos Os modelos foram o de custobenefício para as três cidades Figuras 5 e 6 e o de viabi lidade de plantas fixas e móveis para a ci dade de Macaé Figura 7 Foram conside rados os preços os custos totais os fluxos e as qualidades dos RCD segundo o esquema abaixo Figura 4 222 Figura 6 Relação custobenefício do gerenciamento do RCD para as três cidades 1Macaé 2São Paulo 3Maceió Figura 7 Modelo dinâmico específico para análise de viabilidade econômica de usinas fixas e móveis para reciclagem de RCD na cidade de Macaé A modelagem dinâmica propiciou a construção de vários cenários com propos tas de solução para viabilidade das plantas de reciclagem de RCD Constatouse que nas três cidades estudadas a existência das plantas e os esforços para estabelecer uma política de gerenciamento dos RCD trará a longo prazo mais benefícios do que cus to A cidade de Macaé é a primeira a apre sentar uma relação custobenefício positi va após cinco anos São Paulo apesar do elevado investimento inicial de 16 milhões 8 milhões de reais cada planta com capaci dade 50th e de só apresentar uma relação positiva após o sétimo ano é a cidade que trará maior custobenefício no longo prazo Para Maceió os investimentos são elevados a curto prazo e a relação custobenefício somente será positiva após 17 anos de fun cionamento da planta Foi construído um modelo de viabi lidade econômica tendo por base o Valor Presente Líquido VPL para gestão do RCD de Macaé que considerasse plantas fixas e 223 móveis para reciclagem Figura 7 O mode lo de gestão mostrouse inviável economica mente nas condições de mercado vigentes para produção de agregados reciclados Foram então simuladas e analisadas pos sibilidades para tornar a reciclagem viável na cidade de Macaé tendo sido considerados os seguintes subsídios redução da carga tribu tária para esse tipo de negócio que paga um total de 45 de imposto redução do valor do terreno adquirido considerado o maior com ponente dos custos iniciais incentivos que es timulem ou exijam o uso dos agregados reci clados em construções futuras aumentando o percentual reciclável e as receitas Dentre es sas medidas as referentes ao valor do terreno impostos e tipo de planta foram utilizadas na modelagem simulandose o impacto da dimi nuição do ICMS PIS e COFINS na viabilidade das plantas bem como a aquisição do terreno a 50 do valor original previsto proporcionan do um menor investimento inicial como mos trado nos seis cenários considerados na Tabela 1 e na Figura 8 O melhor desempenho financeiro foi para o cenário 3 Podese perceber que a viabilidade econômica é mais sensível i ao valor do terreno nas plantas fixas Tabela 1 Propostas de solução para a viabilidade das plantas de reciclagem de RCD em Macaé Cenário Tipo de Planta Impostos Valor do terreno em R Valor Presente LíquidoVPL em R Payback em anos 1 Fixa 15 3 milhões 65361735 2 Fixa 10 3 milhões 8736104 3 Fixa 5 3 milhões 47889527 174 4 Fixa 20 15 milhões 23010760 182 5 Móvel 15 38992875 6 Móvel 10 4987624 193 ii quando os impostos são reduzidos ao va lor de 5 para as plantas fixas e 10 para as plantas móveis Uma combinação desses elementos pode ser também considerada visto que alguns investidores podem não aceitar paybacks muito longos Com esses resultados fica evidente a importância dos subsídios para o setor de reciclagem em plantas fixas e móveis de ci dades com pouca geração de RCD e baixo estímulo à reciclagem O custo do terreno pode representar até 80 do investimento inicial principalmente neste momento de valorização imobiliária O comodato de ter renos públicos para empresas recicladoras assume um papel importante para a viabili dade destes empreendimentos Benefícios do Projeto Foram propostas soluções para viabilidade das plantas de reciclagem de RCD em Macaé Maceió e São Paulo e efetivamente implan tada uma unidade móvel de processamento de RCD sem britagem mostrada na Figura 9 em plena operação Esta planta móvel foi concebida pelo CETEM e pela USP para operar em pequenas cidades após a consta tação que para a utilização dos RCD como 224 base e subbase de pavimentação bastava uma catação dos resíduos abaixo de 50 mm Fundamentada nesta concepção a usina mó vel de reciclagem foi construída pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo IPT atendendo às solicitações de Prefeituras de pequeno porte do interior paulista Além disso o trabalho gerou uma tese de Doutorado intitulada A formação da mi neração urbana no Brasil reciclagem de resí duos de construção e demolição e a produção de agregados e venceu a primeira edição do Prêmio Celso Ferraz de Economia Mineral promovido pela revista Brasil Mineral Signus Editora com patrocínio da Cia Brasileira de Metalurgia e Mineração A premiação em se tembro de 2013 durante o 15º Congresso Brasileiro de Mineração foi concedida face a duas proposições inovadoras i modelos dinâmicos para o gerenciamento dos resíduos de construção e demolição RCD em nível municipal visando aumentar a sustentabi lidade da indústria mineral e da construção civil ii definição de conceitos para a indús tria recicladora emergente com a criação de um subsetor industrial distinto pertencente à cadeia da construção civil Figura 8 Resultado do VPL simulado com redução de imposto e terreno para as plantas fixas e móveis em Macaé Figura 9 A Caçamba transportadora de RCD B Unidade móvel de processamento de RCD A B 225 Biolixiviação para extração de cobre de um concentrado de flotação da Mineração Caraíba novembro2005 a novembro2006 Marco no início das atividades do CETEM em processos biohidrometalúrgicos o projeto comprova à Mineração Caraíba a viabilidade tecnológica de extração de cobre por biolixiviação com redução de custos operacionais de até 50 como alternativa ao processo pirometalúrgico adotado pela subsidiária Caraíba Metais Problema Desafio Naquela época a Mineração Caraíba SA já produzia e pro duz até os dias atuais um concentrado de flotação de sulfetos de cobre para posterior extração desse metal por processa mento pirometalúrgico flash smelt na unidade pirome talúrgica da subsidiária Caraíba Metais em Camaçari BA Diante da possibilidade de venda da planta de pirometalurgia para outra empresa a Mineração Caraíba iniciou uma busca por outras rotas tecnológicas de extração dos metais contidos nesse concentrado para que em médio prazo ela pudesse realizar a etapa de extração dentro de suas instalações O desafio proposto ao CETEM pela Mineração Caraíba foi o de analisar a viabilidade técnica da extração de cobre por biolixiviação a partir do concentrado de flotação conten do calcopirita CuFeS2 e bornita Cu5FeS4 provenientes de sua unidade de processamento mineral A biolixiviação ou lixiviação bioassistida é um processo natural de dissolução de sulfetos minerais resultante da ação de grupos de micro organismos que oxidam tais sulfetos disponibilizando os me tais presentes em suas formas iônicas solúveis Este projeto marcou o início das atividades do CETEM em pesquisa e desenvolvimento de processos biohidrometalúrgicos Estratégia de Desenvolvimento O que torna a técnica da biolixiviação uma alternativa mui to interessante na substituição dos processos convencio nais é a capacidade de certos microorganismos oxidantes 226 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Paulo Medeiros Mineração Caraíba EquIPE DO PROJETO CETEM Débora Monteiro Oliveira Diego Valentim Crescente Isaías Viana Junior Judith Liliana S Lemos Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Priscila Gonçalves Xavier Renata de Barros Lima Ronaldo Luiz Correa dos Santos Vânia Mori de ferro ou enxofre como os dos gêneros Acidithiobacillus e Leptospirillum crescerem em ambientes altamente ácidos e em presença de metais pesados As características que fazem com que um microorganismo seja atuante na lixiviaçãooxi dação de um mineral são a possibilidade de atuação numa faixa expandida de temperatura de 30 a 70 oC faixa de pH ácido 18 a 22 e alta relação dos íons Fe3Fe2 Além disso o processo de biolixiviação permite uma redução de custos operacionais de até 50 quando comparado ao processo pirometalúrgico convencional Durante o desenvolvimento do projeto a lixiviação foi avaliada i com relação à possibilidade da utilização da água ácida de mina como inóculo ii empregando cultura pura de Acidithiobacillus ferrooxidans na escala de labora tório in vitro iii em coluna empregando cultura pura de Acidithiobacillus ferrooxidans iv em distintas condições operacionais quantidade de concentrado de flotação de sul fetos de cobre tempo de biolixiviação e velocidade de agita ção orbital v pelo monitoramento de diferentes variáveis como pH potencial redox Eh concentração de íons ferrosos Fe2 e férricos Fe3 concentração de ferro total e concen tração de cobre Outros relevantes aspectos abordados foram a comparação do desempenho do processo bioextrativo com a utilização de diferentes inóculos a avaliação de recobrimento do minério oxidado de baixo teor em cobre com o concentrado de flotação para proceder a lixiviação em coluna a avaliação da utilização do fertilizante comercial como fon te de nutrientes NPK no cultivo de A ferrooxidans o cultivo de microrganismos termofílicos a avaliação da lixiviação do concentrado de flotação utili zando consórcio de microorganismos mesofílicos A ferroo xidans A thioxidans e L ferrooxidans bem como o consumo de ácido durante o processo O referido concentrado continha 35 de cobre nas ma trizes dos sulfetos constituintes sendo composto por 30 de 227 Figura 1 Operação de recobrimento do minério oxidado com o concentrado de flotação Figura 2 Unidade semipiloto para biolixiviação do concentrado de flotação bornita e 70 de calcopirita Primeiramente foram realizados experimentos em frascos agitados e posteriormente em escala se mipiloto tendo sido utilizadas colunas de polipropileno preenchidas com pelotas de argila expandida recobertas com uma polpa constituída por concentrado de flotação so lução ácida nutrientes e microorganismos A etapa semipiloto foi realizada em parceria com a empresa americana GeoBioticsLCC a qual forneceu para a Mineração Caraíba e para o grupo de pes quisa do CETEM as informações necessá rias para utilização da tecnologia GEOCOAT que se baseia na incorporação da amostra mineral concentrado de flotação a uma ro cha suporte support rock para poste rior utilização no processo bioextrativo A Figura 1 ilustra a operação de recobrimento do minério oxidado utilizado como rocha suporte com o concentrado de flotação de sulfetos de cobre A unidade semipiloto utilizada nos tes tes de biolixiviação do concentrado de flo tação de sulfetos de cobre é mostrada na Figura 2 Resultados Com a utilização do microorganismo Acidithiobacillus ferrooxidans foram alcan çadas elevadas extrações de cobre acima de 80 Resultados semelhantes foram alcançados com a utilização de drenagens ácidas da mina de cobre em estudo onde coexistem distintos microorganismos aci dófilos autotróficos Com a continuidade do processo bioextrativo observouse a neces sidade da utilização de temperaturas mais elevadas para dissolução da calcopirita sulfeto majoritário no referido concentra do Isso significa que a geração de calor na operação de uma pilha deve ocorrer como resultado da oxidação de sulfetos mais facil mente oxidados a exemplo da pirita e bor nita com elevação local da temperatura do corpo mineralizado atingindo com isso a temperatura de atuação dos microorganis mos termófilos moderados e termófilos ex tremos e consequentemente a dissolução da calcopirita 228 Benefício do Projeto O processo de biolixiviação para extração de cobre de minérios primários e secundários contendo sulfetos minerais de cobre e de outros metais de base mostrouse bastante atraente do ponto de vista operacional e pro cessual sendo uma alternativa custoefeti va aos processos extrativos convencionais ie ustulação seguida de lixiviação ácida extração por solvente e eletrorrecuperação lixiviação sob pressão extração por solvente e eletrorrecuperação Adicionalmente por ser possível a construção de pilhas com dimensões expan didas esse processo bioextrativo se con funde com um processo contínuo com gera ção de grandes volumes de lixívias na base horária e por extensos períodos operacio nais chegando em alguns casos a anos de geração de lixívias sendo igualmente libe radas de forma contínua para serem purifi cadas e concentradas pelo uso do processo de extração por solventes Essas soluções concentradas e purificadas são em seguida submetidas ao processo final de eletrorre cuperação para a produção do metal puro Os resultados experimentais obtidos na primeira etapa do projeto pela equipe do CETEM segundo depoimento do represen tante da Mineração Caraíba foram de vital importância para posterior ampliação de es cala Os testes de biolixiviação em escala piloto realizados posteriormente e também nas dependências do CETEM propiciaram a extração das informações complementa res necessárias para a construção de uma pilha de demonstração nas dependências da Mineração Caraíba para o bioprocessa mento de 1500 toneladas de concentrado de flotação de sulfetos minerais de cobre A Figura 3 mostra a pilha de demonstração construída nas dependências da Mineração Caraíba que operou satisfatoriamente por quase seis meses alcançando extrações da ordem de 80 do cobre contido Figura 3 Pilha de demonstração de biolixiviação de concentrado de flotação de sulfetos de cobre erguida na Caraíba Mineração 229 Prensas de rolos de alta pressão desenvolvimento de um modelo para precisão da granulação do produto de um processo de moagem emergente novembro2005 a setembro2008 O modelo inovador de escalonamento de prensas de rolos de alta pressão satisfez à demanda da VALE em obter alternativas de rotas de cominuição para seus novos projetos de mineração podendo atender às necessidades de quaisquer outras empresas do setor mineral Problema Desafio Prensas de rolos de alta pressão HPGRHigh Pressure Grinding Rolls foram desenvolvidas na Alemanha inicial mente com aplicações em processos de briquetagem Durante os anos 80 surgiram os primeiros estudos com aplicações na área de moagem e no início dos anos 90 as prensas de rolos de alta pressão apareceram na literatura como um processo de moagem até 40 mais eficaz que outras técnicas conven cionais Este ganho pode ser considerado um passo gigan tesco na direção de processos mais eficientes e sustentáveis As primeiras aplicações de prensas de rolos como moi nhos surgiram nas indústrias cimenteiras para moagem de clinquer de cimento e na produção de diamantes na África do Sul já que este tipo de processo tende a preservar a in tegridade das gemas maiores Em seguida surgiram outras aplicações como por exemplo a preparação de pellet feed inclusive com várias prensas de rolos adquiridas para fábricas brasileiras Durante vários anos estudouse a possibilidade de aplicar este processo na moagem de rochas na minera ção em lugar de britadores e moinhos autógenos porém as limitações tecnológicas especialmente com respeito à dura bilidade do revestimento dos rolos sempre impediram este tipo de aplicação Com o desenvolvimento de novos revestimentos e com a melhoria do projeto mecânico das prensas permitindo a tro ca de revestimentos em tempos adequados e com estudos de aplicação em larga escala surgiram as primeiras aplica ções de prensas de rolos de alta pressão na indústria mineral 230 Responsáveis pelas Informações Claudio Luiz Schneider CETEM Vladmir K Alves VALE EquIPE DO PROJETO CETEM Claudio Luiz Schneider Coordenação Técnica VALE Michelle Marques Vladmir K Alves como alternativa aos processos convencionais de moagem Finalmente em 2007 a primeira planta de cominuição de minério de cobre em Cerro Verde no Peru começou a produzir com prensas de rolos de alta pressão instaladas na etapa de britagem terciária com um ganho real de 20 de consumo de energia sobre a rota com moagem autógena rota normal mente empregada em grandes empreendimentos de proces samento de minérios de cobre Já em 2005 a empresa VALE estava ciente de que de veria considerar rotas de cominuição com prensas de rolos de alta pressão em seus novos projetos de mineração no entan to além de testes em escala piloto que somente poderiam ser realizados na Alemanha não existiam modelos capazes de prever a granulação no produto e portanto que poderiam ser utilizados em simuladores de plantas de processamento de minérios Assim a VALE em parceria com o CETEM decidiu realizar um estudo para desenvolver um modelo adequado para prensas de rolos juntamente com uma técnica de ca racterização que poderia ser empregada para os diversos tipos de minérios explorados pela empresa Estratégia de Desenvolvimento Os laboratórios da VALE em Vitória ES contavam com uma prensa de rolos de bancada LABWAL da empresa alemã Polysius Grupo ThyssenKrupp com alguma instrumentação e uma prensa de rolos semiindustrial da empresa alemã KHD Humboldt Wedag A estratégia delineada para o projeto incluiu várias eta pas i uma série de ensaios na prensa de laboratório ii o desenvolvimento de um modelo iii o desenvolvimento de um aplicativo para determinação de parâmetros de moagem iv a implantação de um modelo em um simulador de plantas de processamento o MODSIM v o desenvolvimento de uma técnica de escalonamento a partir de ensaios semiindustriais Cabe aqui explicar embora resumidamente que o MODSIM é a marca registrada de um software para simu lação de processos de propriedade da empresa americana Mineral Technologies Inc da qual o pesquisadorlíder deste projeto é um dos sóciosfundadores A simulação é iniciada com a definição de um fluxograma para o processo em estu do que aparece como um desenho na tela do computador gerado por um editor gráfico o qual contém uma vasta gama 231 de ícones gráficos representativos da maio ria das operações unitárias empregadas no processamento de minérios inclusive car vões facilitando a modificação do fluxogra ma sempre que desejada Figura 1 Como o programa é baseado em mo delos matemáticos tornase necessário alimentálo com os dados que melhor des crevam por exemplo as características do material a ser tratado o rendimento espera do para o processo e os detalhes dos equi pamentos utilizados em cada operação uni tária Existem vários modelos implantados no MODSIM para cada operação unitária e que podem ser facilmente comparados Cada modelo inclui um conjunto de parâ metros básicos default que podem ser alterados ou mesmo descartados para ali mentação de novos parâmetros Baseado no método estatístico de balanço popula cional o programa está estruturado para tratar e prever com precisão as plausíveis variações de parâmetros e propriedades Figura 1 Fluxograma simulado no MODSIM de um circuito onde a britagem terciária foi substituída por uma prensa de rolos de alta pressão HPGR em circuito fechado com uma peneira vibratória o modelo implementado escalona a prensa e prevê a granulação do produto dos minérios eg tamanho de partículas densidade composição elementar textura mineralógica suscetibilidade magnética conteúdo energético e muitas outras que podem ocorrer durante seu tratamento e ao serem submetidas ao vários equipamentos nas etapas de processamento A interface do software com o usuário é bastante ami gável pois as planilhas de alimentação de dados são relativamente fáceis de serem interpretadas e preenchidas Figura 2 Os dados obtidos como resultado da simulação podem ser apresentados no formato de grá fico tabela ou texto facilmente exportáveis para outros programas de computador Apesar de todas as facilidades descri tas o desenvolvimento de um novo modelo a ser implementado no MODSIM não é ta refa trivial já que depende de um bom pla nejamento e da realização de experimentos confiáveis que permitam levantar as infor mações e os dados das etapas do processo inovador cujo modelo será implantado 232 Figura 2 Exemplo de uma das planilhas de interface do MODSIM permitindo ao usuário a entrada de parâmetros do modelo da prensa de rolos de alta pressão HPGR Assim a programação das atividades planejadas para o projeto foi abrangente e de difícil execução já que todos os en saios deveriam ser necessariamente execu tados in situ em Vitória ES além do fato da equipe da VALE não ter conheci mento algum nem prévia experiência em li dar com prensas de rolos da alta pressão Concomitantemente com os primeiros en saios na prensa de bancada e um árduo pe ríodo de aprendizado somados a uma de talhada revisão da literatura disponível até então a equipe foi se especializando em prensas de rolos culminando com o desen volvimento do modelo requerido Resultados Ao cabo de três conjuntos de ensaios na prensa de bancada e dois na prensa semi industrial conduzidos ao longo dos três anos de projeto foram implementadas as primeiras rotinas de simulação que permi tiam prever a granulação da moagem indus trial para qualquer pressão de moagem A rotina de caracterização foi estabelecida e o modelo de escalonamento obtido a partir dos resultados concomitantes da prensa de bancada e da prensa industrial foi validado Benefícios do Projeto O modelo de escalonamento de prensas de rolos de alta pressão está implantado no si mulador de plantas MODSIM A rotina de caracterização para determinação de parâ metros foi publicada em anais de congres sos internacionais Além de disponível para o mundo a técnica desenvolvida é hoje uti lizada pelos engenheiros da VALE O CETEM com a recente aquisição e instalação de uma prensa de rolos de alta pressão LABWAL e com a experiência ad quirida no trabalho conjunto com a VALE está capacitado a caracterizar diversos mi nérios e desenvolver rotas de processamen to em escala de laboratório para qualquer tipo de minério Além de satisfazer a demanda da VALE o modelo inovador de escalonamento pode rá atender às necessidades de outras em presas do setor mineral 233 Desenvolvimento tecnológico para otimizar as condições de ustulação de concentrados de zinco março2006 a novembro2009 Definição de faixa granulométrica mais adequada para alimentação do forno e otimização das condições de fluidização ampliando as possibilidades de blendagem dos concentrados de zinco foram algumas das melhorias operacionais introduzidas para atingir as metas de produção da unidade de ustulação da Votorantim Metais e diminuir a reciclagem dos subprodutos resultantes Problema Desafio As operações unitárias em reator de leito fluidizado depen dem fundamentalmente das faixas de vazão de fluidização Da mesma forma é reconhecido que outros fatores associados às diferentes composições das cargas alimentadas ao forno assim como a distribuição de tamanhos de partículas na ali mentação influenciam o rendimento e a eficiência dessas operações especialmente em escala industrial Considerando a variabilidade da composição dos con centrados de zinco processados na unidade de ustulação de Três Marias MG a Gerência de Projetos da Votorantim Metais Zinco contratou o CETEM em 2006 para juntos de senvolverem um projeto buscando i determinar faixas de condições operacionais capazes de manter em equilíbrio essa operação em níveis tais que não comprometessem as metas de produção ii diminuir a reciclagem dos subprodutos re sultantes da etapa de ustulação proporcionando assim con dições operacionais mais estáveis Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento do projeto aconteceu em duas fases Na primeira fase o CETEM instalou uma unidade piloto de fluidi zação em Três Marias de modo que pudessem ser simuladas as operações praticadas no forno industrial Nessa etapa fo ram usados blends de alimentação e condições operacionais de fluidização idênticas às da escala industrial Buscando garantir a reprodutibilidade das condições no tocante às va zões de fluidização os testes em escala piloto utilizaram a 234 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Roosevelt Almeida Ribeiro VOTORANTIM MetaisZinco Adelson Dias de Souza Coordenação Técnica João Batista Victor Silva Warley Gomes variável espacial vazãounidade de área como referência Para observar o comportamento do leito fluidizado em função da granulometria e da vazão foi instalado um outro reator de leito transparente no qual foram reproduzidas as condições operacionais usadas na escala industrial Como critério de decisão foi definido que as melhores condições de fluidização seriam aquelas nas quais houvesse menos de 5 de arraste eou projeção de material para as pa redes do simulador Buscavase assim encontrar uma con dição mais equilibrada de fluidização qual seja com pouca pulsação apresentando pouca ou nenhuma sedimentação e ou ainda pouca ou nenhuma pulsação intermitente seguin do trajetórias erráticas A unidade piloto operou em regime de alimentação con tínua da carga pela parte superior do reator de fluidização A alimentação de ar foi feita pela parte inferior através de um distribuidor de bicos A unidade de fluidização além do rea tor propriamente dito incluía um forno de préaquecimento do ar câmara de expansão e ciclones para a coleta de finos arrastados câmara de descompressão coluna de lavagem de gases e ainda controladores de vazão de ar e de pressão Os resultados obtidos nessa escala mostraram que a va zão operacional é fortemente dependente da distribuição de tamanho das partículas de alimentação correspondendo no equipamento usado à faixa de 14 24 litrosminuto A partir desse dado a faixa da vazãofluxo na escala industrial pode ser projetada Assim ficou demonstrado que a variabilidade excessiva da distribuição do tamanho das partículas na ali mentação do forno exigia que fosse aplicada ao sistema uma ampla variação de fluxovazão de ar Reconhecendo que uma determinada faixa de tamanhos de partículas 100 2mm mostrava condições mais es táveis de fluidização foi decidido que seriam feitos testes de longa duração na escala industrial buscando a confirmação dos resultados obtidos na escala piloto Cada teste em escala industrial previa utilizar 200 to neladas de carga para alimentar o reator de leito fluidizado carga essa composta de material oriundo do forno em asso ciação com diferentes misturas de concentrado blends preparadas pela indústria Em virtude da exiguidade de espaço na planta e consi derando os resultados obtidos em escala piloto assim como 235 as características dos materiais que compu nham a alimentação foi utilizado um único equipamento um moinho de martelos com a finalidade principal de desagregar a carga alimentada Assim era esperado obter o es treitamento da distribuição de tamanhos de partículas na alimentação do forno A instalação do equipamento foi feita em local acima do silo alimentador Figura 1 estando imediatamente abaixo da correia transportadora Foi apoiado portanto sobre Figura 1 Layout do local de instalação do equipamento na linha de produção da unidade industrial vigas do piso superior do silo de alimenta ção Toda a estrutura foi montada sobre tri lhos de modo a permitir a movimentação por meio do acionamento de uma catraca sempre que necessário Os testes foram conduzidos com cargas constituídas por diferentes blends confor me resumido no quadro a seguir dentro das especificações de tamanhos de partículas de modo a permitir comparação dos resulta dos com aqueles anteriormente obtidos Lote Cargas típicas da alimentação dos testes 1 Alimentação 100 concentrado A com 5 adicional de S elementar 2 Blend composto por concentrado A variando entre 70 e 58 pelo concentrado B variando entre 18 e 23 e concentrado C variando entre 12 e 19 com 5 adicional de S elementar 3 Blend composto por concentrado A entre 60 a 58 pelo concentrado B variando entre 40 e 42 com 5 adicional de S elementar 4 Blend composto por concentrado A 78 e pelo concentrado B 22 variando entre 9 a 13 adicional de S elementar 236 Figura 2 Diagrama de blocos simplificado dos testes de adequação de granulometria de alimentação do forno em escala industrial Os parâmetros de avaliação foram idên ticos aos da operação industrial Os critérios para uma tomada de decisão se apoiariam na avaliação do rendimento operacional em relação à variação da granulometria e das diferentes composições da alimentação Essas variáveis apresentavam limitações tanto em termos de rendimento quanto em termos de controle operacional no tocan te à temperatura teor de SOx na saída do reator necessitando ainda paradas mais frequentes para manutenção dentre outras dificuldades A Figura 2 mostra o diagrama simplifi cado das operações unitárias com e sem o moinho na linha de produção Resultados Os resultados obtidos nos testes industriais foram comparados com os previstos na pla nilha de parâmetros de controle da Unidade Geral Básica de Processos UGB mostrando que os objetivos principais do desenvolvimen to foram alcançados Assim destacamos al guns que consideramos de maior relevância a instalação do moinho de martelos foi eficiente e eficaz no sentido de desagre gar os matacões que se juntavam a dife rentes misturas de concentrado blends na alimentação foi alcançado o objetivo de processar 200 toneladas de misturas quanto ao es treitamento da faixa granulométrica da ali mentação 100 2mm a comparação dos rendimentos e das con dições operacionais controle de pressão temperatura vazão de ar e ainda volume de material rejeito gerado mostrou que quando se obteve o estreitamento da faixa 237 granulométrica os resultados foram positi vos em termos de rendimento e de melhoria de controle do forno de ustulação os rendimentos calculados para a opera ção unitária de ustulação quando se uti lizou o moinho variaram entre 9973 e 9971 independentemente da composi ção da carga testada Esse fato representou uma vantagem significativa em relação às condições anteriormente usadas quando existiam severas limitações para compor a formulação da carga no forno em função da composição dos concentrados as curvas de controle mostraram que quan do se alimentou o forno com diferentes car gas porém com a distribuição prédefinida do tamanho das partículas 100 2mm a operação foi caracterizada como a de um regime steady state mediante a manuten ção da estabilidade do leito em suspensão e de pequenas variações de pressão e tem peratura ao longo do leito Benefícios do Projeto A definição da faixa granulométrica 100 2mm para alimentação do forno de us tulação ampliou as possibilidades de blen dagem e aumentou a flexibilidade operacio nal do forno Assim cargas consideradas inadequadas passaram a ser passíveis de ustulação Foram otimizadas as condições de flui dização para melhor estabilidade opera cional permitindo menor consumo de ar diminuição de carga de reciclo redução na frequência de manutenção e ganhos de tempo na retomada da operação do forno Foi confirmada a possibilidade de uso de alguns blends anteriormente não utili zados com aumento na capacidade e fle xibilidade de processamento de diferentes concentrados em virtude de um maior equi líbrio na operação de ustulação 238 Aproveitamento de chumbo contido em escória metalúrgica junho2006 a dezembro2007 Processos gravíticos e de flotação beneficiam a Acumuladores Moura SA o chumbo contido nas escórias oriundas da reciclagem de baterias automotivas antes descartado in natura pode ser recuperado e reaproveitado no processo metalúrgico com minimização dos impactos ambientais Problema Desafio No Brasil não existe produção primária de chumbo metáli co refinado e toda sua produção é baseada na reciclagem das baterias automotivas industriais e de telecomunicações A indústria de reciclagem de baterias produziu cerca de 115 toneladas métricas de chumbo metálico de origem se cundária no ano de 2010 e operou com uma eficiência de 90 que é a razão entre o número de baterias recicladas e o número de baterias novas produzidas A empresa Acumuladores Moura SA é a maior reci cladora e produtora de baterias no Brasil atendendo todo o Mercosul e parte do continente europeu Tem uma capa cidade de produção superior a sete milhões de baterias por ano O seu processo de reciclagem iniciase com a retirada das partes metálicas como conectores e parafusos em segui da ocorre a trituração da sucata de bateria e separação da carcaça plástica das grelhas e pastas de chumbo O chumbo é submetido à operações de separação fundição refino lin gotamento até a fabricação de novas baterias O plástico é recuperado e reutilizado na produção de caixas e tampas de novas baterias A solução ácida é neutralizada com cal hidra tada ou calcário Com a eficiência de 90 na reciclagem de baterias e o crescimento nos últimos anos no preço das commodities metálicas como o chumbo diversos estudos vinham sendo realizados para minimizar as perdas desse metal nos pro cessos industriais ou para uma recuperação adicional do mesmo contido nas escórias metalúrgicas Esses estudos são 239 Responsável pelas Informações Paulo Fernando Almeida Braga EquIPE DO PROJETO CETEM João Alves Sampaio Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Severino Ramos Marques de Lima Acumuladores Moura Arnolfo Menezes Coelho João Alberto F Nunes uFPE Carlos Adolpho M Baltar baseados em rotas piro ou hidrometalúrgicas como as tecno logias PLACID e PLINT patenteadas Na recuperação do chumbo de origem secundária onde são utilizados processos pirometalúrgicos a reação se dá em fornos tipo cuba ou rotativos e geram cerca de 25 de es cória Uma típica sucata de bateria automotiva contém apro ximadamente 32 Pb 3 PbO 17 PbO2 e 36 PbSO4 além de plásticos e componentes ácidos A empresa Acumuladores Moura solicitou ao CETEM estudar a viabilidade técnica e econômica da recuperação do chumbo contido nas escórias metalúrgicas provenientes do processo de reciclagem de suas baterias automotivas uti lizando o processo de flotação e técnicas de processamento mineral como os processos gravíticos Estratégia de Desenvolvimento A empresa forneceu ao CETEM 25 t de escória metalúrgica de chumbo As análises químicas da amostra global reali zadas pelo CETEM e pela empresa indicaram um teor de 1537 de Pb Tomando por base os estudos iniciais conduzidos pelo Departamento Engenharia de Minas da UFPE que definiram o sistema de reagentes e as condições operacionais em es cala de laboratório foram realizados ensaios de flotação na usina piloto do CETEM A amostra testada com granulometria entre 0105 e 0037 mm estava homogeneizada e deslamada Após ajus te do pH para 8 com ácido sulfúrico a polpa de escória de chumbo na vazão de 50 kgh foi condicionada em tan que com adição contínua do coletor amil xantato de potássio 150 gt e do espumante metil isobutil carbinol MIBC 50 gt Depois de condicionada durante 8 minutos a polpa mineral foi flotada em 2 duas células Denver nº 7 SubA com 25 L de capacidade cada Os ensaios de mesagem tiveram o objetivo de avaliar o método de concentração gravítica no processo de recupera ção de chumbo em escórias metalúrgicas Esses ensaios fo ram conduzidos em uma mesa vibratória típica constituída de uma plataforma de madeira revestida com uma camada de borracha riflada com ressaltos e inclinada com movimen tos assimétricos A mesa concentradora é considerada como o equipamento mais eficiente para o tratamento de materiais 240 com granulometria fina sendo bastante uti lizada na limpeza de concentrados primá rios Sua principal limitação no entanto é a baixa capacidade de processamento Resultados A análise química da escória metalúrgica esclareceu que era composta de 169 de PbO 298 de SO3 e 416 de Fe2O3 A análise por difração de raiosX mostrou que os principais minerais constituintes da escória eram magnetita Fe2O4 ha trurita Ca3SiO5 galena PbS jamesoni ta Pb4FeSb6S14 e cotunita PbCl2 além de uma grande quantidade de chumbo metálico O processo de flotação em escala piloto proporcionou concentrados com 488 de chumbo correspondendo a um enriqueci mento de 2 duas vezes em relação à ali mentação A recuperação metalúrgica da etapa de flotação foi de 80 No ensaio em mesa vibratória foi obti do um concentrado com teor ainda mais alto de chumbo 559 e portanto reafirman do um melhor enriquecimento da escória Benefícios do Projeto O emprego dos processos de flotação e me sagem beneficiou à empresa Acumuladores Moura SA permitindo a recuperação do chumbo presente na escória metalúrgica antes descartado in natura a obtenção de um concentrado final com alto teor de chumbo podendo ser reaprovei tado no processo metalúrgico com conse quente economia de divisas pois a empresa deixou de importar o concentrado a minimização dos impactos ambientais gerados pelo descarte da escória de chum bo com a limpeza das áreas onde a escória metalúrgica era armazenada a utilização de técnicas de processamen to mineral processos físicos e físicoquími cos na recuperação do chumbo contido nas escórias em substituição aos tradicionais processos piro e hidrometalúrgicos geral mente geradores de impactos ambientais 241 Processo para enriquecimento em meio denso de minério de ferro granulado agosto2006 a abril2007 Desenvolvimento e otimização de processo de separação em meio denso possibilitam a remoção de minerais contaminantes e a produção de um concentrado de minério de ferro com os requisitos exigidos pela indústria siderúrgica proporcionando melhor aproveitamento da jazida de hematita da empresa MMX de Corumbá Problema Desafio A mineração de minério de ferro enfrenta grandes desafios não obstante o alto preço do minério as reservas de alto teor do metal estão se exaurindo rapidamente e a disponibilidade do minério granulado tornase cada vez menor O estado de Mato Grosso do Sul detém 20 de toda re serva de minério de ferro do Brasil e o minério bruto apresenta um teor médio de 54 de ferro As mineradoras atuantes na região de Corumbá carecem de um processo de beneficia mento para obtenção de um produto final com alto teor de ferro comparável ao produto de Carajás que tem teores su periores a 64 A empresa MMX de Corumbá pertencente ao Grupo EBX com capacidade de produção de 21 milhões de tone ladas de minério de ferro ao ano estabeleceu contato com o CETEM para avaliar a potencialidade do processo de sepa ração em meio denso como método de enriquecimento au mento do teor de ferro de seu minério hematita eluvionar e coluvionar Estratégia de Desenvolvimento A separação em meio denso possibilita a remoção dos mine rais de ganga contaminantes produzindo um concentrado de minério de ferro com os requisitos exigidos pela indústria siderúrgica teor de Fe superior a 60 e teor de elementos contaminantes inferior a 10 Primeiramente foram feitos ensaios de separação em meio denso em escala piloto com o equipamento afundaflutua 242 Responsável pelas Informações Paulo Fernando Almeida Braga EquIPE DO PROJETO CETEM Márcio Correa Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Severino Ramos Marques de Lima MMX Antônio Lucas Roberto Emil Walter Cazzotto sink and float da Denver Laboratory Co utilizandose uma suspensão de ferrosilício com 15 de Si e densidade na faixa 28 a 32 como líquido denso Os resultados obtidos foram encorajadores já que a maioria dos minerais de ganga flutuava e o concentrado de ferro afundava Isso motivou a re alização de uma nova série de ensaios em escala semiindus trial com cerca de 1000 t de minério de ferro de Corumbá de propriedade da MMX Os ensaios para enriquecimento desse minério da MMX foram conduzidos com quatro lotes 250 t cada de diferen tes amostras de minério de ferro granulado a saber lotes 1 e 4 com amostras de hematita eluvionar lotes 2 e 3 com amostras de minério de ferro misto hematita eluvionar e coluvionar As amostras foram processadas em tambor de meio den so utilizandose uma suspensão de FeSi 14 16 Si de fabricação nacional Ao final dos testes foram feitos os ba lanços de massa e metalúrgico para avaliar o desempenho da operação como método de concentração para o minério ferro estudado O processo foi iniciado com a lavagem e peneiramento do minério de ferro com granulometria entre 7 e 32 mm em tambor lavador rotativo para retirada dos finos 7 mm os quais poderiam alterar a densidade do meio denso A seguir alimentouse o tambor separador com o minério e uma sus pensão de FeSi de densidade entre 29 e 31 No interior do tambor o concentrado material pesado afundava na suspen são de FeSi e o rejeito material leve flutuava promovendo assim a separação das frações leve e pesada e como conse quência o enriquecimento do minério de ferro As descargas do tambor compostas por duas frações leve e pesada foram coletadas separadamente Após a separação o minério de ferro concentrado fração pesada e os rejeitos fração leve basicamente composta por quartzo e argilominerais foram peneirados e lavados para recuperação e recirculação do meio denso suspensão de Fe Si A recuperação do meio denso foi feita em um circuito auxiliar composto por um reservatório uma bomba de polpa e um separador eletromagnético tipo tambor descarregando o material magnético FeSi em um densificador de espiral O meio denso proveniente da primeira peneira separadora foi enviado diretamente ao tambor separador com o auxílio 243 de uma bomba O meio denso diluído pro veniente da segunda peneira foi encami nhado para o separador eletromagnético O FeSi recuperado alimentava o densificador de espiral utilizado para correção da densi dade do meio Resultados Foram obtidos concentrados do minério com um teor acima de 63 de Fe e uma recu peração metalúrgica da ordem 80 com enriquecimento de 16 a 3 vezes para os lotes do minério granulado Ficou evidenciado que esse processo de separação em meio denso permitiria re cuperações metalúrgicas com valores ainda mais elevados acima de 85 Um ganho adicional no enriquecimento do minério po derá ser conseguido quando a suspensão de FeSi tiver uma granulometria mais ade quada O FeSi utilizado nos ensaios semi industriais era grosseiro 70 retido em 0075 mm sendo necessária adição de ar gila à suspensão do meio denso o que oca sionava um aumento na viscosidade pre judicando a separação das fases minerais Benefícios do Projeto Foi demonstrada a aplicabilidade do proces so desenvolvido e otimizado pelo CETEM no enriquecimento do minério de ferro da MMX Corumbá seja na granulometria de um produto sinterizado 6 mm ou granu lado 32 mm Os resultados obtidos na usina viabili zaram a consolidação do processo de enri quecimento do minério de ferro via sepa ração em meio denso proporcionando um melhor aproveitamento da jazida e um au mento nas reservas da empresa MMX Além disso foi elaborado um relató rio descritivo para facilitar o depósito do pedido de privilégio pela empresa para o Processo de enriquecimento de minério de ferro granulado jaspelito elúvio e colúvio da formação Jacadigo de Corumbá MS em tambor separador utilizandose suspensões de ferrosilício como meio denso 244 Lixiviação de minério intemperizado incluindo eletrorrecuperação direta de cobre janeiro2007 a janeiro2008 Lixívias do minério intemperizado da Mineração Caraíba SA com alto teor de argilominerais são submetidas a processo eletrolítico e cobre metálico com elevada pureza pôde ser recuperado evitando a etapa de extração por solventes o que reduzirá custos operacionais em escala industrial Problema Desafio A lixiviação convencional de minérios intemperizados oxida dos com a utilização de soluções sulfúricas ocorre pelo con tato dessas soluções com partículas dos minérios reduzidas a uma granulometria préestabelecida e empilhadas sobre uma superfície com formato troncopiramidal previamente imper meabilizada a qual permite a irrigação no topo da pilha e a drenagem da solução lixiviante na base dessa pilha Em condições normais essas soluções lixiviantes ácidas perco lam o leito mineral propiciando a dissolução de espécies minerais de cobre como óxido carbonato sulfato dentre outras solúveis nessas soluções gerando lixívias ácidas de sulfato de cobre Contratado pela Mineração Caraíba o CETEM aceitou o desafio de desenvolver um processo para eletrorrecuperação direta de cobre de soluções de lixiviação do minério intempe rizado com alto teor de argilominerais Estratégia de Desenvolvimento Constatouse que o minério intemperizado possuía alto teor de argilominerais gerando grande quantidade de finos quan do da etapa de processamento mineral ie britagem ne cessitando a utilização de um processo de aglomeração com solução concentrada de ácido sulfúrico A etapa de preparação do minério foi importante para produzir fragmentos suficientemente pequenos que permi tiriam um maior contato da solução com as espécies mine rais de interesse mas ao mesmo tempo garantiriam uma 245 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Paulo Medeiros Mineração Caraíba EquIPE DO PROJETO CETEM Carlos Eduardo Gomes de Souza Débora Monteiro Oliveira Gabriel Henrique C Peixoto Isaías Viana Junior Jorge Ramiro Sobral Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Renata de Barros Lima permeabilidade adequada da fase líquida lixiviante através de toda a pilha Em alguns casos o prétratamento do minério pode ser dispensável enquanto que em outros casos pode exigir operações de britagem eou aglomeração O coeficiente de permeabilidade em minérios com alta porcentagem de fi nos pode tornarse muito baixo resultando em longos interva los de tempo para o tratamento desse minério e baixas taxas de extração do metal de interesse Após a produção de pelotas desse corpo mineralizado essas foram colocadas em coluna piloto determinandose a altura máxima de leito mineral na operação de irrigação des se leito com solução sulfúrica sem que houvesse a compac tação do leito e posterior colmatação quando da operação de uma pilha industrial Foram variadas condições experimentais tais como al tura de leito em processo de irrigação com solução de ácido sulfúrico e vazão de irrigação Como resposta desse siste ma reacional foram avaliadas variáveis tempo de lixiviação aferição da compactação do leito com o tempo de lixiviação e consumo de ácido sulfúrico na extração de cobre Foram ainda realizados testes de eletrorrecuperação do cobre con tido em potencial controlado na escala de laboratório uti lizando catodos de aço inoxidável bidimensionais e anodos DSA Dimensionally Stable Anodes tela de titânio reves tida com óxido de irídio IrO2 Entretanto nos testes de ele trorrecuperação na escala piloto os catodos utilizados foram igualmente confeccionados em ácido inoxidável e os anodos confeccionados em uma liga chumboantimônio 95 em Pb e 5 em Sb O sistema eletrolítico foi dotado de recirculação de ele trólito com elevada vazão visando melhorar o transporte de espécies eletroativas Cu2 e H para a superfície catódica Com isso foi possível averiguar a possibilidade de eletrode positar o cobre de forma pura a partir das lixívias obtidas sem a necessidade de purificação dessas lixívias e elevação da concentração de cobre em solução práticas comuns ao processo de extração por solvente convencionalmente usado na indústria extrativa do cobre A Figura 1 mostra a célula ele trolítica utilizada nos testes de eletrorrecuperação do cobre das lixívias do processo de extração desse metal do minério intemperizado 246 No caso da lixiviação em pilha a téc nica de aglomeração consiste em umede cer o material até que se origine uma ten são superficial para que durante a colisão das partículas as finas sejam aderidas às grossas Nesse processo de aglomeração foi utilizada tão somente solução concentra da de ácido sulfúrico sendo o material mi neral contatado com essa solução em aglo meradores betoneiras da construção civil A Figura 2 mostra o sistema mecânico de produção de pelotas a partir do material intemperizado Figura 1 Célula utilizada na eletrorrecuperação das lixívias de cobre Figura 2 Aglomeradores usados nos testes piloto A e semipiloto B A B Uma vez produzidas tais pelotas foram colocadas em uma superfície impermeabi lizada com material plástico e repousadas por um dia Esse período de cura na ausên cia de luz solar visou a secagem do material aglomerado com retirada gradativa de água para se evitar a formação de fissuras e a pos sível desagregação dessas pelotas quando submetidas à operação de irrigação Após secagem do aglomerado a colu na piloto foi carregada com esse material dandose início à operação de irrigação com solução sulfúrica para se averiguar a integri dade física do material aglomerado com o tempo de irrigação 247 Resultados Analisando a concentração de cobre no PLS Pregnant Leach Solution do processo de lixiviação foi possível determinar a taxa de extração do referido metal de interesse com o tempo de lixiviação Os resultados de ex tração de cobre foram superiores a 80 em ambas as escalas e demonstraram um grau elevado de intemperismo do minério de co bre lixiviado sendo essa extração favorecida à medida que se aumentava a quantidade de finos no material aglomerado Os ensaios de eletrorrecuperação do cobre a partir das lixívias visaram definir as condições operacionais quando da uti lização direta do PLS evitandose a etapa de purificação via extração por solventes Guardados os devidos controles operacio nais no processo de eletrorrecuperação do cobre foi possível obter cobre metálico com alta pureza título de 99991000 Benefício do Projeto A tecnologia desenvolvida pelo CETEM e aplicada ao minério intemperizado com alto teor de argilominerais possibilitou a extração de cobre em pilha utilizando um processo de aglomeração de partículas finas com solução concentrada de ácido sulfúrico 50 vv e a construção de pilhas com até dois metros de altura com uma taxa de irri gação de até 8 Lm2h A Mineração Caraíba expressou sua satisfação com relação aos resultados ob tidos especialmente porque o novo proces so possibilita a eletrorrecuperação direta de cobre com elevada pureza evitando a etapa de extração por solventes o que certamen te reduzirá custos operacionais em escala industrial 248 Desempenho de coberturas secas no abatimento de drenagem ácida de mina setembro2007 a dezembro2012 Estação experimental construída na Carbonífera Criciúma SA com controle de dados meteorológicos e laboratório de análises expeditas de efluentes permite aplicação in situ de coberturas secas em área de mineração com avaliação e comprovação de seu desempenho no abatimento da drenagem ácida Problema Desafio Com o apoio financeiro da FINEP a conclusão do projeto PROGERA cujos objetivos foram a otimização da cadeia produtiva do carvão para geração de energia elétrica e a re cuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração resultou na experiência pioneira de implantação de uma uni dade piloto de monitoramento do desempenho de cobertu ras secas batizada de Estação Experimental Juliano Peres Barbosa EEJPB Essa estação piloto foi construída em uma área de mineração de carvão Mina Verdinho pertencente à Carbonífera Criciúma SA CCSA A operação da estação é o resultado de uma parceria entre o CETEM e a CCSA Conforme acordado entre as partes seria mantida a operação da unidade piloto a partir de janeiro de 2008 pelo período mínimo de quatro anos visando a realização de experimentos de avaliação do desempenho de coberturas secas para miti gação de drenagem ácida de mina DAM A estratégia básica para controle de DAM requer a ex clusão de um ou mais fatores que contribuem para a geração das águas ácidas especialmente mineral sulfetado oxigênio e água Naqueles locais em que as drenagens não pudessem ser eliminadas elas deveriam ser tratadas O maior desa fio para as instituições parceiras deste projeto se impunha numa estratégia que favorecesse i o trabalho coordenado para minimizar os riscos de geração de DAM e ii o gerencia mento mais efetivo em termos de custos para o problema da oxidação dos sulfetos com a integração dos controles hidro geológicos e de oxidação em todos os estágios da mineração 249 Responsável pelas Informações Vicente Paulo de Souza EquIPE DO PROJETO CETEM Anderson Borghetti Soares Jacinto Frangela Laura de Simone Borma Mario Valente Possa Paulo Sérgio Moreira Soares Coordenação Técnica Vicente Paulo de Souza CCSA Alzira Krebs Carlos Henrique Schneider Maiara da Conceição Gaspar Marcia Ronconi de Souza COPPEuFRJProg Eng Civil Área Geotecnia Andrea Balbuzano Pelizoni Márcio de Souza S de Almeida Mariluce Ubaldo Maria Claudia Barbosa Pedro Barros de Almeida e Silva Rose Mary Gondim Mendonça Yanneth Yrenne Canaza Machaca IRD Mariza Ramalho Franklin uERJDepto de Geografia Ana Valéria Freire A Bertolino ou seja desde o planejamento até o plano de fechamento da mina Estratégia de Desenvolvimento No fechamento de áreas mineradas que apresentam problemas de produção de acidez dois aspectos devem ser levados em conta primeiro o fato de que seus impactos não se restringem à área minerada podendo atingir corpos hídricos superficiais e subterrâneos distantes do empreendimento e segundo que as reações químicas envolvidas no processo ocorrem por mui tos anos mesmo depois de esgotado o depósito mineral Para estimar o risco que as drenagens ácidas produzem ao meio ambiente é necessário desenvolver estratégias de pre dição prevenção e remediação Muitas dessas estratégias es tão sendo executadas por instituições privadas e ao mesmo tempo pelos organismos governamentais os quais vêm traba lhando no estabelecimento de leis rigorosas capazes de con tribuir para a redução na emissão dos agentes contaminantes Para minimizar a geração de acidez nos amontoados de resíduos de mineração as alternativas normalmente utiliza das têm sido a cobertura úmida que consiste em cobrir a área do depósito com água e a cobertura seca em vez de água utilizase camadas de solo para recobrimento da área do depósito Em ambos os casos o objetivo é reduzir a en trada de oxigênio no material reativo minimizando assim o processo gerador de acidez No caso das coberturas secas elas têm também o objetivo de minimizar a entrada de água Seu desempenho depende fortemente dos materiais utiliza dos e das condições climáticas Um tipo de cobertura seca que vem sendo sugerido para climas úmidos é aquela que uti liza o princípio de barreira capilar A barreira capilar impede a passagem de oxigênio e água para o rejeito de mineração e ao mesmo tempo é capaz de manter um elevado grau de saturação no seu interior mesmo durante o período seco A instalação da EEJPB englobou programas de investiga ção com ensaios de campo e amostragens representativas dos materiais estudados para realização de ensaios em laborató rio Os resultados dos ensaios campo e laboratório fornece ram parâmetros geotécnicos físicoquímicos mineralógicos e bacteriológicos dos materiais estudados O passo seguinte foi a modelagem numérica utilizando programa SoilCover GeoAnalysis 2000 e considerando diferentes configurações 250 de materiais de cobertura Os dois modelos rejeitocobertura que tiveram os melhores de sempenhos nas modelagens numéricas foram selecionados e reproduzidos em uma escala piloto em campo na Estação Experimental Outros dois modelos contendo somente rejei tos serviram de referencial às demais condi ções As principais fases deste projeto foram Fase 1 programa de amostragem ensaios de campo e de laboratório para obtenção de parâmetros dos materiais onde foram estu dados dois rejeitos provenientes do proces so de beneficiamento da CCSA e cinco ma teriais a serem utilizados como cobertura Fase 2 modelagem numérica das cobertu ras para dimensionar os sistemas rejeito cobertura número de camadas tipos de materiais configuração das camadas e es pessuras mais eficientes em mitigar a ge ração de DAM A avaliação do desempenho das coberturas foi feita através da compara ção entre os volumes de água percolados no rejeito e a saturação da camada argilosa nos diversos casos simulados O SoilCover é um software unidimensional usado para a simu lação do movimento da água de um sistema rejeitocobertura o qual está sujeito a uma infiltração e evapotranspiração na superfície do solo O programa avalia o fluxo evaporativo em solos empregando um sistema de equa ções que descrevem o fluxo de vapor dágua água e calor O programa modela os transpor tes de calor água e oxigênio associados às condições atmosféricas e permite o cálculo da evaporação a partir da superfície de um solo Os efeitos da evapotranspiração e da vegetação também podem ser considerados Esta modelagem unidimensional utilizou os parâmetros de campo e laboratório obtidos na Fase 1 e os dados climáticos da região de 2000 a 2004 Foram definidos quatro tipos de modelos a serem estudados na unidade piloto três configurações de cobertura e uma situação referência rejeito descoberto Fase 3 projeto construção e operação de uma unidade piloto em campo para ava liar o desempenho de diferentes sistemas de cobertura seca A EEJPB projetada pelo CETEM foi construída na Unidade Mineira II Mina do Verdinho localizada no município de Forquilhinha Figura 1 Esta área faz parte da região carbonífera do sudeste do estado de Santa Catarina estendendose das proxi midades do Morro dos Conventos município de Araranguá no litoral sul até as cabecei ras do rio Hipólito ao norte No limite oeste atinge o município de Nova Veneza e a leste a linha natural de afloramento que vai até os municípios de Lauro Muller e Orleans A ba cia possui um comprimento de 95 km e uma largura média de 20 km A EEJPB Figura 2 possui basicamen te três componentes que são um aterro construído para abrigar cavida des preenchidas com rejeito grosso e os diferentes sistemas de cobertura estudados Doravante denominase de célula o conjun to cavidade com rejeito cobertura Foram projetadas quatro células três com diferentes coberturas e uma com rejeito sem cobertura uma estação meteorológica para obtenção de dados de temperatura ambiente pressão atmosférica umidade relativa do ar veloci dade e direção do vento e precipitação um laboratório para análises físicoquími cas expeditas dos efluentes coletados para obtenção de dados de pH condutividade elé trica CE e potencial de oxiredução Eh As 251 Figura 1 Vista aérea da região de mineração e da localização da unidade piloto EEJPB Estação Experimental Rejeitos grossos Rejeitos finos Administração Usina de Beneficiamento Figura 2 Estação Experimental Juliano Peres Barbosa EEJPB concentrações de espécies químicas dissolvi das dos efluentes Fetotal Mn SO4 etc foram determinadas em laboratórios da região Para reduzir a geração de DAM é im prescindível o controle dos seguintes parâmetros taxas de oxidação dos sulfetos e geração de ácido restringindo o acesso do oxigênio eou da água inibindo desta forma a atuação dos microorganismos catalisadores como as bactérias das espécies Acidithiobacillus thiooxidans e Acidithiobacillus ferrooxidans 252 Figura 3 Componentes do aterro e da célula experimental percolação da água através do material para inibir a migração ou transporte dos produtos de oxidação oriundos da superfí cie das partículas oxidadas balanço entre alcalinidade e acidez de forma que os produtos de oxidação e outros constituintes solúveis fossem precipitados e imobilizados dentro do material A Figura 3 mostra um corte transver sal com detalhes do aterro e de uma célula experimental célula 3 cuja configuração é a mesma para todas as células diferin do somente no tipo de cobertura aplicada Cada uma das quatro cavidades cavas em forma de tronco de pirâmide invertido foi preenchida com a mesma quantidade de rejeito grosso aproximadamente 108 m³ O rejeito grosso é composto por uma mistura dos três tipos de rejeitos R1R2 e R3 ge rados na Usina de Beneficiamento da Mina Verdinho pertencente à CCSA A porcenta gem dessas parcelas no rejeito grosso depo sitado nas cavas da unidade piloto foi R1 50 R2 44 e R3 6 As superfícies internas das cavas foram impermeabilizadas com uma geomanta e dentro da cavidade foi instalado um lisímetro cilíndrico com 2 m de altura e 2 m de diâmetro para coletar uma parcela da água percolada na cava Nas camadas de solo vegetal argila cinzas e rejeitos foram instalados um total de 45 sensores eletrônicos conectados a um sistema de aquisição de dados data logger para medir umidade TDR time domain reflectometry sucção GMS granular matriz soil e temperatura sonda de temperatura Os sensores foram posicionados em série um sensor de umidade um sensor de sucção e um sensor de temperatura no centro das células em planta e na metade da espessura de cada camada exceto para os sensores instalados no rejeito grosso que foram posicionados na cota imediatamente acima do topo do lisímetro A posição e o número de instrumentos podem ser vistos na Figura 4 juntamente com a configuração das células projetadas na EEJPB No caso das camadas de argila foram instaladas duas séries de sensores As camadas de cobertura argila e cinzas de fundo foram compactadas sendo feito um controle de compactação em campo 253 Resultados Os resultados de campo obtidos no monito ramento em um período de 4 anos indica ram um bom desempenho dos modelos ex perimentais projetados com coberturas que utilizaram materiais disponíveis na região A redução dos volumes anuais percolados nos rejeitos cobertos foi cerca de 100 para a célula 3 e entre 80 a 90 para a célula 4 No caso da célula 4 observouse a manu tenção de graus de saturação elevados nas camadas de cobertura na maior parte do período de monitoramento que minimiza a entrada de oxigênio no rejeito inibindo as reações da DAM Além da redução de volu me as lixívias desses dois modelos apresen taram valores de pH elevados e concentra ções de espécies químicas muito abaixo do máximo recomendado pela resolução 357 do CONAMA exceto para as concentrações de manganês e sulfato o que exime a ne cessidade de tratamento químico do efluen te com soda cáustica por exemplo O uso de coberturas secas quando adequadamente projetadas é um méto do muito eficaz na redução dos impactos ambientais gerados pela DAM acarretando numa redução dos custos de tratamento Ressaltase a necessidade de estudos pos teriores relacionados ao comportamento hídrico das coberturas secas aplicadas em depósitos de rejeitos bi e tridimensionais como também para melhor compreensão do mecanismo de fluxo de oxigênio para dentro do rejeito Benefícios do Projeto A aplicação do método de cobertura seca para material piritoso reativo quer seja em bacias de decantação como em pilhas de resíduos além de exterminar a poluição ambiental de corrente da drenagem ácida favoreceu a em presa CCSA com redução de custos pois não mais necessita utilizar reagentes alcalinos para o tratamento convencional das águas ácidas oriundas de pilhas de estéril piritoso sem qualquer tipo de cobertura O projeto conquistou o Prêmio de Excelência da Indústria MineroMetalúrgica Brasileira na categoria Processos confe rido pela Revista Minérios Minerales em 2013 ano de sua 15ª edição Figura 4 Tipo número e posição dos instrumentos nas células experimentais 254 Beneficiamento de sedimentos dragados da Baía de Guanabara para encapsulamento em geobags janeiro2008 a maio2008 Sedimentos dos Canais do Cunha e do Fundão após retirada do material considerado lixo são beneficiados a baixo custo operacional para encapsulamento e filtração evitando assoreamento dos fluxos de drenagem de água e possibilitando retorno da fase líquida adequadamente tratada à Baía de Guanabara Problema Desafio Em meados de 2007 a então Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro agora SEASecretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro divulgou à imprensa como par te do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara que os Canais do Cunha e do Fundão Figura 1 seriam dragados para retirada de 18 milhões m3 de lodo ao longo de 6 km a uma profundidade aproximada de 43 metros Informou que o material dragado deveria ser tratado e encapsulado em sa cos de material geotêxtil geobags e que a área onde esses bags fossem depositados se transformaria em área de lazer para a população da circunvizinhança dos dois canais Em atendimento à solicitação da Interdraga Consultoria e Serviços Ltda empresa contratada pela SEA o CETEM Figura 1 Mapa do campus da UFRJ e localização dos canais do Cunha e do Fundão 255 Responsável pelas Informações Sílvia Cristina Alves França EquIPE DO PROJETO CETEM Diego de Souza Silva Gilvan W Alves Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Sílvia Cristina Alves França Interdraga Arthemus A T Pugliese Thaís B Oliveira desenvolveu um projeto tecnológico para obtenção dos dados necessários à concepção do projeto básico de engenharia para despoluição desse trecho da Baía de Guanabara Estratégia de Desenvolvimento Cinco amostras de sedimentos dragados dos Canais do Cunha e do Fundão foram beneficiadas por meio de opera ções unitárias de empolpamento classificação coagulação e floculação espessamento e filtração simulando a deposição final em geobags As amostras de sedimento foram diluídas na proporção de 3 três bombonas de água salgada 25L cada para cada bombona de sedimentos Em seguida foi realizado um pe neiramento grosseiro peneira com abertura de 2 mm para retirada do material considerado lixo constituído de conchas plásticos garrafas PET linha de pesca resíduos de constru ção estopas latas tecidos sintéticos e outros Figura 2 Figura 2 Materiais retidos em peneira com 2mm de abertura Após a retirada do lixo foram tomadas alíquotas da polpa contendo o restante do material para determinação da percen tagem de sólidos e para realização dos ensaios de desaguamen to que consistiram em três operações distintas e subsequentes i Aglomeração das partículas quando as partículas não apresentam tamanho suficien te para sedimentar isoladamente devem ser aglomeradas por meio de forças que atuam nas cargas superficiais para formar unidades maiores que sedimentarão com maior velo cidade Os mecanismos utilizados para aumentar as velocida des de sedimentação livre e as taxas de sedimentação foram a coagulação e a floculação Foram testados em laboratório diversos agentes coagu lantes inorgânicos e floculantes para aglomeração das par tículas relacionados a seguir 256 Coagulantes sulfato de alumínio ativida de de polímeros em meio ácido hidróxido de sódio e hidróxido de cálcio atividade de polímeros em meio básico Floculantes Nalco 9788 Bozenfloc AP934 e Bozenfloc A61BT Clariant Magnafloc 120L e Zetag 7183 Ciba As soluções poliméricas foram utilizadas na concentração de 05 gL Floculantes 1011 FT25 FT27 8105 todos produzidos pela Ciba Esses rea gentes são mais adequados ao tratamento de águasefluentes contendo alta carga de matéria orgânica São muito aplicados em projetos de dragagem e foram testados pela equipe do CETEM com acompanhamento de um técnico da empresa Ciba atualmen te BASF que forneceu as amostras dos produtos químicos para teste ii Ensaios de sedimentação em batelada da polpa tratada floculada A sedimentação consiste em deixar que as partículas desloquemse livremente no seio de um líquido sob a ação da gra vidade Nesses ensaios foram avaliadas as velocidades de sedimentação a interação entre as partículas presentes na polpa a qualidade do líquido clarificado e a da pol pa concentrada iii Ensaios de filtração em escala de labo ratório do produto espessado lama Foi utilizado como meio filtrante uma amostra de geobag para avaliação da qua lidade do floco produzido relativo ao tama nho e resistência mecânica à filtração e do filtrado água que deveria retornar à Baía Resultados As operações utilizadas no beneficiamen to permitiram a remoção do material gros seiro lixo presente nos sedimentos draga dos dos Canais do Cunha e do Fundão Baía de Guanabara Embora havendo necessida de de adição de coagulantes e floculantes para o tratamento da polpa constituída por partículas de sedimento tevese o cuida do de escolher os reagentes que promoves sem um pH final dessa polpa em torno de 9 para atendimento à resolução 3572005 do CONAMA quando da devolução da água filtrada para a Baía O projeto do espessador foi baseado em ensaios realizados para polpas de uma amostra composta representativa das cin co amostras previamente coletadas A fun ção do espessador é a concentração do se dimento e consequentemente a melhoria na eficiência do processo de filtragem em geobags A vantagem dessa operação de espessamentodesaguamento é a sua capa cidade de absorver as flutuações de concen tração de sólidos na alimentação do proces so uma vez que a dragagem do sedimento ocorre em diferentes pontos da Baía Os sólidos presentes na polpa e pro venientes do overflow da etapa de clas sificação por hidrociclones tinham uma concentração média de 63 Após o proces samento por coagulaçãofloculação seguido de espessamento contínuo conseguiuse obter uma polpa com maior concentração de sólidos 20 para encapsulamento e filtração em geobags O aumento dessa carga sólida cerca de 3 vezes representou uma economia de processo face à redução de 30 na quantidade de geobags utili zados para encapsulamento do sedimento Os resultados finais levaram à con cepção de uma rota de beneficiamento do 257 sedimento e ao projeto de uma unidade de desaguamento espessamento para au xiliar na filtração do sedimento beneficia do nos geobags além do retorno da fase líquida devidamente tratada à Baía de Guanabara Benefícios do Projeto No processo inovador desenvolvido pelo CETEM para tratamento dos sedimentos dos Canais do Cunha e do Fundão as amos tras de sedimentos foram concentradas no espessador e posteriormente acondiciona das em geobags O uso de espessadores de baixo custo operacional elevou a concen tração de sólidos para a faixa de 20 em curto período de tempo devido às altas ve locidades de sedimentação possibilitando a redução na quantidade de geobags uti lizados e uma economia no processamento Outro fator relevante desse processo inova dor foi a introdução da etapa de aglomera ção das partículas coagulaçãofloculação na definição da velocidade de sedimentação dos flocos e especialmente na eficiência de filtração do material espessado também reduzindo custos operacionais Após o início das atividades de dra gagem notouse no entorno uma melhor condição de circulação de fluxo de água na Baía devido à redução dos níveis de assore amento dos canais e consequente elevação dos níveis de oxigenação da água resultan tes do tratamento do sedimento A Figura 3 a ilustra um geobag em operação de enchimento com a polpa de se dimentos e a Figura 3 b mostra as áreas de disposição dos geobags que serão trans formadas após projeto paisagístico em fu turas áreas de lazer Figura 3 a Exemplo de um dos geobags utilizados Figura 3 b Vista aérea ilustrando a condição atual 2013 da área de disposição dos geobags próxima ao Canal do Cunha 258 Melhorias no processo de produção de alumina o caso do TCA como auxiliar de filtração janeiro2009 a dezembro2010 Adequação da distribuição da morfologia e do tamanho das partículas do reagente auxiliar de filtração traz maior eficácia ao processo industrial de produção de alumina pela Alunorte Problema Desafio O tricálcio aluminato hexahidratado TCA de composição química Ca3Al3OH12 é um dos reagentes do processo Bayer utilizado na maioria das refinarias de alumina como auxiliar de filtração na purificação do licor rico em aluminato de só dio A morfologia e a distribuição de tamanho das partículas utilizadas como auxiliares de filtração têm grande importân cia na eficiência dessa operação quando tais partículas são formadas pelo resultado de reações químicas presentes no processo de obtenção da alumina tornase indispensável o conhecimento da influência de algumas variáveis de processo em tais reações A baixa eficiência na etapa de filtração do licor devido às características morfológicas do TCA reflete na menor qua lidade em termos de pureza química do hidrato de alumínio produzido e consequentemente da alumina que é o princi pal insumo para a produção do alumínio metálico Para aumentar o rendimento do processo de filtração in dustrial nas refinarias de alumina da ALUNORTE o desafio para o CETEM seria definir as melhores condições operacio nais para a produção do TCA e para tal foram estudadas todas as variáveis temperatura reagentes forma de adição e concentrações influência de impurezas presentes como ma téria orgânica CO3 2 velocidade de agitação e tempo de rea ção envolvidas no processo de formação dos cristais de TCA 259 Responsáveis pelas Informações Sílvia Cristina Alves França CETEM Jorge Aldi Dias Lima ALUNORTE EquIPE DO PROJETO CETEM Filipe Guedes Luiz Carlos Bertolino Paulo Fernando Almeida Braga Sílvia Cristina Alves França Coordenação Técnica Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento do projeto foi baseado no acompanhamen to do processo produtivo na ALUNORTE seguido de amostra gem e caracterização do produto da reação de formação do TCA Com essas informações partiuse para a reprodução das condições operacionais em escala de bancada investigando detalhadamente as reações químicas e variáveis envolvidas no processo para a produção do TCA com as características tecnológicas requeridas para a máxima eficiência do processo de filtração industrial Para produção do TCA em bancada diferentes fontes de cálcio óxido e hidróxido de cálcio foram utilizadas como matériasprimas e vários estudos foram conduzidos i ava liação do nível de contaminantes e reatividade das matérias primas ii otimização das proporções mássicas estequiomé tricas entre os insumos envolvidos na reação de formação do TCA iii otimização das temperaturas de reação iv deter minação de parâmetros cinéticos Um dos parâmetros importantes do estudo foi a avalia ção da qualidade morfológica do TCA produzido a partir de dois tipos de licores rico e pobre produzidos no processo Bayer A diferença primordial entre esses licores está na concentração de Al2O3 presente Tabela 1 que pode influen ciar a cinética de formação do TCA Tabela 1 Características dos licores produzidos no Processo Bayer Concentrações Licor pobre Licor rico NaOH gL 270290 270290 Al2O3 gL 100120 170200 Al2O3NaOH 03800550 07000730 A caracterização dos produtos tanto em bancada quanto em escala industrial foi realizada por meio de técnicas de difratometria de raiosX identificação das fases minerais microscopia eletrônica de varredura estudo da morfologia e tamanho das partículas difração a laser distribuição de tamanhos Os ensaios tecnológicos abrangeram ensaios de filtração em bancada para determinação das variáveis 260 operacionais desse processo bem como quantificação da sua eficiência Na medida em que a qualidade dos produtos obtidos em laboratório superava a dos produzidos na refinaria modificações operacionais eram implementadas na planta industrial para avaliação da resposta do pro cesso às mudanças de escala scale up Resultados No TCA produzido no CETEM com o licor pobre observouse uma morfologia pouco definida resultado que pode ser compara do com o obtido para as amostras de TCA produzidas nas diversas linhas de produção da ALUNORTE quanto à distribuição gra nulométrica obtevese um material com di âmetro médio de 10 µm próximo dos valo res médios de 15 µm obtidos na refinaria Figura 1 Imagem de cristais de TCA produzido com licor rico capturada por microscopia eletrônica de varredura Nos difratogramas de raiosX foi observada a presença de portlandita e TCA como princi pais fases minerais semelhante ao observa do para as amostras de TCA da ALUNORTE Na preparação do TCA com o licor rico foi observada uma evolução na forma das partículas que se apresentaram com crista lografia bipiramidal ou isométrica hexaoc taédrica Figura 1 promovendo um melhor empacotamento da torta de filtração e con sequentemente maior eficiência no proces so de filtração Com relação às fases minera lógicas presentes a redução na intensidade dos picos da portlandita hidróxido de cál cio foi devida ao aumento na proporção de aluminato na reação relação 31 Para o novo produto TCA com licor rico também foi obtida uma distribuição granulométrica monomodal com diâmetro 261 médio de 20 µm o que representa um acréscimo de 33 no valor do diâmetro médio do TCA com licor pobre produzido na refinaria Benefícios do Projeto O principal benefício para a empresa ALUNORTE foi o aprimoramento do pro cesso de produção do TCA em termos de adequação da distribuição do tamanho e da morfologia das partículas do auxiliar de fil tração que afetam diretamente a formação da torta de filtração e consequentemente a eficiência desse processo A produção de um licor filtrado com menos impurezas em forma de particulado sólido é extremamen te importante para a produção por cristali zação do hidrato de alumínio e posterior mente da alumina Além da qualidade do licor produzido devese também enfatizar que as melhorias nas características do TCA permitiram a re dução do tempo do ciclo de filtração au mentando o período de atividade do filtro 262 Ácidos orgânicos em amostras hipersalinas fevereiro2009 a fevereiro2011 Precisão etapas menos laboriosas e uso de pequena quantidade de amostra e reagentes são algumas vantagens do novo método para determinar ácidos orgânicos em amostras hipersalinas fornecendo subsídios técnicos à PETROBRAS para estudos exploratórios de combustíveis fósseis e para recuperação de petróleo com injeção de água Problema Desafio A água de formação é a que ocorre naturalmente nos poros de uma rocha sedimentar e é produzida junto com o petró leo passando a se chamar água produzida A maior parte do carbono orgânico total presente nessas águas produzidas consiste de uma mistura de ácidos carboxílicos de baixo peso molecular Esses ácidos voláteis representam entre 60 e 98 da matéria orgânica nessas águas e podem ser considerados como precursores de petróleo e gás uma vez que indicam a atividade microbiana no petróleo a maturidade e a proximi dade desse recurso natural Além disso a quantificação des ses ácidos é importante no processo de descarte das águas produzidas devido ao seu efeito corrosivo e nos estudos de recuperação de petróleo com injeção de água onde são utili zados para evitar a formação de incrustações Nas águas hi persalinas presentes na camada de présal as concentrações de NaCl podem chegar a 30 mv dificultando as análises químicas devido à ocorrência de interferências A técnica cromatográfica principalmente a cromatogra fia por exclusão de íons CEI tem sido muito utilizada para a determinação de ácidos orgânicos monocarboxílicos em ma trizes aquosas Para a eliminação de interferentes diferentes prétratamentos têm sido empregados quais sejam reações de derivatização destilação a vácuo filtração eou diluição e utilização de uma minicoluna contendo Ag2CO3 para a eli minação de Cl Somente em um trabalho citado na litera tura cálculos matemáticos foram utilizados para suprimir as interferências quando foi utilizada a minicoluna contendo 263 Responsável pelas Informações Maria Inês Couto Monteiro EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Manuel Castro Carneiro Coordenação Técnica Maria Inês Couto Monteiro IquFRJ Delmo S Vaitsman Fernanda N Ferreira Fernanda VM Pontes Lílian Irene Dias da Silva Ag2CO3 mais que 99de Cl foi eliminado Entretanto foi observado que cloreto de prata coloidal é deslocado da mini coluna necessitando de um tratamento para concentrálo e assim evitar seu descarte para o meio ambiente Com o objetivo de quantificar os ácidos orgânicos em amostras de água associada ao petróleo provenientes da camada présal e contendo alta salinidade a PETROBRAS CENPES firmou um contrato de cooperação com o CETEM para o desenvolvimento de um método analítico simples sensível rápido e adequado para as análises de rotina e livre de inter ferentes que poderiam afetar o desempenho cromatográfico Estratégia de Desenvolvimento Foi desenvolvido e testado um novo método para a deter minação dos ácidos fórmico acético propiônico e butírico em amostras hipersalinas contendo entre 19 e 30 mv de NaCl por CEI cromatografia por exclusão iônica empregan do um prétratamento alternativo da amostra que consistiu em uma destilação com arraste de vapor para a eliminação de interferentes A curva analítica foi preparada utilizando soluções de NaCl 30 mv e prédestiladas Todas as condi ções experimentais das técnicas de destilação e CEI foram otimizadas Resultados Os cromatogramas obtidos de soluções sintéticas contendo 30 mv de NaCl 500 mg L1 de Br 500 mg L1 de SO4 2 200 mg L1 de NO3 e uma mistura de 50 mg L1 de cada ânion formiato acetato propionato e butirato utilizando ou não uma prévia destilação com arraste de vapor Figura 1 mostram que a prévia destilação conduziu a um estreitamen to e diminuição da cauda do primeiro pico causado por in terferência salina A Tabela 1 apresenta os resultados para diferentes cur vas analíticas Todos os coeficientes de correlação foram superiores a 099 As sensibilidades das curvas analíticas preparadas com os destilados das soluções salinas 1 15 e 30 mv de NaCl e com água ultrapura com e sem pré destilação não apresentaram diferenças significativas tes tet para nível de confiança de 95 entre as concentrações dos ácidos propiônico e butírico indicando que grande par te da matriz foi eliminada na destilação e portanto ocorreu 264 pouca ou nenhuma interferência na sua de terminação Entretanto para os ácidos fór mico e acético apenas as curvas analíticas preparadas com 15 e 30 mv de NaCl apresentaram sensibilidades semelhantes e maiores que aquelas obtidas nos destilados de água e solução de 1 mv de NaCl in dicando que ocorreu o efeito salting out Como o objetivo principal era desenvolver um método para ser aplicado na análise de amostras hipersalinas contendo concentra ções de NaCl acima de 15 mv foi sele cionada a curva analítica contendo 30 mv de NaCl Os limites de detecção 3 sS onde s é o desviopadrão de 10 determinações do branco e S é a sensibilidade da curva analíti ca e os limites de quantificação 10 sS fo ram de 03 05 e 20 mg L1 e de 10 17 e 67 mg L1 para os ácidos fórmico acético e butírico respectivamente O limite de quan tificação para o ácido propiônico foi determi nado utilizando outro procedimento devido à interferência do carbonato na resolução do seu sinal em solução contendo 30 mv Figura 1 Cromatogramas de soluções sintéticas contendo uma mistura de cada ânion formiato 1 acetato 2 propionato 3 e butirato 4 sendo A não destilada e B destilada de NaCl Não houve repetitividade satisfató ria RSDs 38 quando as concentrações de ácido propiônico foram de 10 mg L1 enquanto que em maiores concentrações do ácido 25 mg L1 os resultados apre sentaram boa repetitividade RSDs 5 Também quando foi adicionado Na2CO3 025 mv à soluçãopadrão conten do 30 mg L1 de propionato os resultados apresentaram boa precisão RSDs 5 e boa exatidão recuperação de 98 na de terminação do ácido propiônico Sendo as sim o limite de quantificação 25 mg L1 para o ácido propiônico foi definido como a menor concentração que apresentou um des viopadrão relativo em altura de sinal 5 para n 3 Os resultados e procedimentos desen volvidos para a determinação dos ácidos fórmico acético propiônico e butírico em águas hipersalinas foram publicados no Journal of Chromatography Part A v1223 2012 p 7983 265 Tabela 1 Coeficientes de correlação faixas lineares e sensibilidades de curvas analíticas preparadas em água e em diferentes concentrações de NaCl utilizadas para a determinação dos ácidos fórmico acético propiônico e butírico desviopadrão entre parênteses Benefícios do Projeto Podem ser destacados como principais be nefícios deste trabalho o desenvolvimento de um novo método que permite a determinação dos ácidos fórmi co acético propiônico e butírico em amos tras hipersalinas contendo até 30 mv de NaCl com inúmeras vantagens quando comparado com os métodos anteriormente publicados tais como utilização de peque na quantidade de amostra e reagentes eta pas menos laboriosas boa precisão e limites de quantificação adequados especialmente para os ácidos acético fórmico e butírico a geração de uma tese de Mestrado em parceria com o Instituto de química da UFRJ o fornecimento de subsídios técnicos à PETROBRAS para estudos exploratórios de petróleo e gás para indícios de atividade microbiana no petróleo de maturidade e proximidade do petróleo bem como para o descarte de águas produzidas e de recupe ração de petróleo com injeção de água 266 Tecnologia avançada para mineração de quartzitos junho2009 a março2012 Tecnologia inovadora para preparação de lavra piloto de quartzito com melhoria nos métodos de extração da rocha capacitação de mineradores organização do parque industrial de Várzea PB instalação de usina piloto de argamassa aproveitando as aparas das serrarias de quartzitos redução de problemas ambientais e geração de empregos para a população local são alguns dos benefícios deste projeto Problema Desafio A mineração do quartzito na região do Seridó Paraibano ca recia muito de tecnologias apropriadas para um melhor apro veitamento da rocha em termos de produtividade diminui ção na geração de resíduos e aproveitamento dos resíduos gerados Os desafios do projeto foram i aperfeiçoar o método de extração do quartzito ii mitigar o impacto ambiental causa do pelos métodos de extração e pelas serrarias iii melhorar a qualidade dos produtos dessas serrarias iv melhorar o sistema de separação águasólido dos efluentes das serrarias para o reaproveitamento da água e a recuperação dos finos v desenvolver estudos para o aproveitamento dos resídu os sólidos gerados pela lavra e beneficiamento do quartzito vi realizar melhorias na segurança e saúde do trabalhador vii contribuir na legalização das áreas de lavra Estratégia de Desenvolvimento As atividades executadas no projeto estão inseridas em linhas de ação do eixo estratégico Ciência Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social constante do Plano Diretor 20112015 do CETEM que tratam i da gestão tecnológica de arranjos produtivos locais de base mineral APLs por meio da participação do Centro e vi sando a transferência de tecnologia para as micros pequenas e médias empresas ii da transferência de tecnologias limpas eg apro veitamento de resíduos de rochas ornamentais evitando seu 267 Responsáveis pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos Julio Cesar Guedes Correia João Bosco Marinho TECQUÍMICA EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Rodrigues de Campos Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Julio Cesar Guedes Correia Michelle Pereira Babiski Nuria Fernandez Castro uFCG Elbert Valdiviezo TECquÍMICA João Bosco Marinho uFPB Ranieri de Araujo Pereira descarte no meio ambiente para o desenvolvimento susten tável das micros pequenas e médias empresas O projeto foi executado pelo CETEM em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido INSAMCTI a Universidade Federal de Campina Grande UFCG a Associação Técnico Científica Ernesto Luiz de Oliveira Junior ATECEL a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba CDRM o Serviço Geológico do Brasil CPRM e a micro empresa TECqUÍMICA O planejamento e a execução da lavra englobaram a pes quisa e o levantamento geológico procurando reduzir os im pactos ambientais na extração do quartzito assim como a preparação de lavra piloto com tecnologia inovadora especi ficamente desenvolvida para o projeto Com o acompanhamento técnico do CETEM foi im plantada uma usina piloto para fabricação de argamassas a partir de resíduos das serrarias de quartzito da região de Várzea PB Ademais os empresários do parque industrial re ceberam orientação técnica para o adequado tratamento dos efluentes oriundos do processo de serragem da rocha com o aproveitamento da água e dos finos neles sedimentados Resultados O CETEM e seus parceiros obtiveram melhorias das opera ções nas frentes de lavra desenvolvendo uma mina piloto e capacitando os mineradores para a utilização de métodos e tecnologias mais adequadas inclusive para o uso de explosi vos e massa expansiva O projeto propiciou a organização do parque industrial na cidade de Várzea PB Houve aumento de produtividade e qualidade dos produtos finais da lavra e do beneficiamento melhorias nos métodos de extração do quartzito redução de impactos ambientais melhorias na segurança e saúde dos trabalhadores e geração de empregos e renda para a popula ção local Para o beneficiamento do quartzito nas serrarias novos equipamentos foram introduzidos prensa refilatriz e má quinas de corte que estão sendo utilizados possibilitando aperfeiçoar o processo de aproveitamento dos resíduos e sua transformação em novos produtos além de melhorar a qua lidade e a padronização da produção de ladrilhos mosaicos e listelos 268 Figura 1 Fluxograma do processo implantado na usina piloto da TECQUÍMICA Os resultados dos trabalhos realizados com os resíduos na usina piloto mostraram ser possível agregar valor aos mesmos com a fabricação de diferentes tipos de argamas sa e outros subprodutos Usina Piloto de Argamassa em parceria com a empresa TECqUÍMICA localizada em Várzea foi implantada uma usinapiloto para fabricação de argamassa e tijolos es truturais a partir dos resíduos de quartzitos gerados pelas serrarias A Figura 1 apresenta o fluxograma de processo dessa usina piloto que é constituído basicamente das seguin tes etapas cominuição das aparas das ser rarias em moinho de martelos classificação granulométrica do produto da cominuição em peneira rotativa trommel preparação de diferentes tipos de argamassa em mistu radores utilizando a fração mais fina do pe neiramento 35 malhas e adição de aditi vos à mesma e sistema de ensacamento das 269 argamassas produzidas nos misturadores Os resíduos mais grossos produzidos pelo trommel 10 e 35 malhas são utiliza dos para a fabricação de prémoldados Ao processo desenvolvido foi acoplado um sistema de coleta de pó composto de exaustor ciclone e filtro de manga O sis tema de coleta de pó evita emanação de poeira proveniente da usina protegendo os trabalhadores e a comunidade adjacente à mesma bem como evita problemas com ór gãos ambientais Além de evitar a emanação de pó da usina para o meio ambiente esse sistema de coleta de pó propicia ainda a recuperação de produtos finos e ultrafinos produzidos pelo ciclone e pelo filtro de man ga respectivamente que podem ser utiliza dos para a fabricação de outros subprodutos tais como massa corrida e tinta lavável Na Figura 2 estão quatro vistas parciais da montagem da usina piloto A primeira superior esquerda mostra as etapas de cominuição e classificação granulométrica com a saída da fração mais fina transpor tador de rosca cor amarela para os mis turadores onde é produzida a argamassa a Figura 2 Vistas parciais da usina piloto da TECQUÍMICA em Várzea PB 270 segunda superior direita mostra as mon tagens do ciclone em primeiro plano e do filtro de manga mais ao fundo Na parte in ferior a primeira foto à esquerda mostra os dois misturadores e a outra à direita mos tra o ensacamento da argamassa produzida Para a montagem dessa usina piloto vários equipamentos foram fabricados no âmbito do projeto moinhos de martelos peneiras rotativas misturadores ciclones filtros de manga e outros Este projeto alavancou a realização de outros estudos visando aplicações de resí duos finos na fabricação de novos produtos para as indústrias de vidro cerâmica tintas e massa corrida Como exemplo pode ser citada a utilização in natura dos resíduos das serrarias de quartzito para produção de vidros do tipo sodocálcicos contendo síli ca alumina cal e óxidos alcalinos Benefícios do Projeto O projeto desenvolvido no âmbito do Arranjo Produtivo Local APL Pegmatito quartzito PBRN serviu de estímulo para a criação de uma Cooperativa de Mineradores de Várzea COOPVARZEA sob a orienta ção do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Campina Grande UFCG A Cooperativa contribuiu fortemente com a legalização das áreas de lavra beneficiando os pequenos produtores integrantes da mesma A usina piloto de argamassa instalada na área das empresas de beneficiamento tem uma capacidade atual de produzir até 3 tdia de argamassa A primeira meta é aumentar a produção para 7 tdia e poderia ainda expan dila até 15 tdia de argamassa aproveitando assim maior quantidade de aparas oriundas das serrarias de quartzitos da região Além da agregação de valor aos resíduos o projeto proporcionou aumento na geração de empregos acréscimo de ren da ao município e solução para os proble mas ambientais com reflexos na melhoria da saúde da comunidade vizinha às serra rias quanto ao beneficiamento dos produ tos para fins ornamentais e de revestimento houve melhorias substanciais na qualidade dos produtos fabricados pela padronização de tamanhos e cores A capacitação de um conjunto de em presas terá efeito multiplicador na medida em que as tecnologias por elas absorvidas forem repassadas para outras empresas certamente garantindo o desenvolvimento sustentável da região 271 utilização da lama vermelha como agente de remoção de poluentes julho2009 a maio2011 Tecnologia limpa de utilização da lama vermelha resíduo cáustico gerado na produção de alumina tem potencial de reduzir passivo ambiental e contribuir para abatimento de efluentes gasosos dióxido de carbono e outros gases ácidos em plantas industriais da VALE Problema Desafio A lama vermelha é um resíduo cáustico gerado na produção de alumina pelo processo Bayer sendo obtida durante a di gestão da bauxita com soda cáustica NaOH A composição química da lama vermelha varia em decorrência da natureza da jazida da bauxita e das técnicas empregadas no processo Bayer Apesar das plantas industriais procederem a lavagem da lama vermelha para a recuperação máxima do NaOH e do alumínio solúvel a alcalinidade da lama a ser descartada ainda era elevada sendo relatados valores de pH na faixa de 10 13 Se por um lado a alta alcalinidade da lama ver melha implica numa dificuldade para sua disposição final pela necessidade de correção do pH por outro lado esta característica torna a lama vermelha um resíduo com grande potencial para absorção e neutralização de efluentes ácidos O acúmulo de lama vermelha representa um passivo am biental e um problema a ser superado pelas indústrias do alu mínio Algumas pesquisas vinham sendo desenvolvidas visan do o reaproveitamento desse resíduo em diversos processos mas a crescente pressão do governo e da sociedade por prá ticas sustentáveis de desenvolvimento certamente catalisou a busca de soluções economicamente viáveis para aplicação da lama vermelha em escala industrial Além disso estudos realizados pelo International Aluminium Institute IAI indicam que a produção mundial de alumínio é responsável pela emissão de cerca de 2 dos gases de efeito estufa entre os quais o dióxido de carbono 272 Responsável pelas Informações Flávio de Almeida Lemos EquIPE DO PROJETO CETEM Christine Rabello Nascimento Flávio de Almeida Lemos Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Ronaldo Luiz Correa dos Santos Silvia Cristina A França CO2 A média de emissões equivalentes às de CO2 no pro cesso de produção de alumínio primário nas indústrias bra sileiras está 61 abaixo da média mundial em decorrência da matriz elétrica brasileira estar baseada em fontes hídricas Contudo novas ações visando a redução da emissão de CO2 com captura e armazenamento de carbono se fazem perti nentes principalmente em indústrias onde a energia elétrica ainda provém de combustíveis fósseis O desafio deste trabalho contratado pela empresa VALE foi o de verificar a viabilidade do uso da lama vermelha ge rada na produção de alumina para abatimento do dióxido de carbono e outros gases ácidos Estratégia de Desenvolvimento Inicialmente foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica sobre o processo de absorção de óxidos ácidos CO2 SOx e NOx por resíduos alcalinos Apesar de terem sido encontra dos vários trabalhos sobre o emprego de soluções de aminas ou hidróxidos para a captura do CO2 contido nos efluentes de combustão os estudos empregando resíduos alcalinos ainda eram incipientes Em uma segunda etapa e sob diferentes condições ope racionais foi determinada a capacidade das suspensões de lama vermelha em absorverem CO2 o qual tinha sua concen tração medida continuamente por um analisador de gases Numa terceira etapa e com base nos resultados dos tes tes de bancada foram conduzidos experimentos em escala piloto empregando uma coluna de borbulhamento Para tal foi montado um aparato que constava de um tanque de esto cagem de polpa de lama vermelha e uma coluna de absorção de acrílico com seis metros de altura e duas polegadas de diâmetro A corrente gasosa sintética foi alimentada através de um distribuidor poroso montado na parte inferior da colu na a suspensão de lama vermelha era alimentada no topo com auxílio de uma bomba peristáltica As vazões da corrente gasosa e da suspensão de lama vermelha foram monitoradas por rotâmetros sendo realizados ajustes manuais quando necessário No topo da coluna de absorção foi instalado um dispositivo para coletar alíquota do efluente gasoso tratado visando a determinação contínua da concentração de CO2 273 Resultados A análise estatística dos dados obtidos nos ensaios em escala de bancada indicou um abatimento médio de CO2 de 638 consi derando um efluente gasoso contendo 15 de CO2 com o pH da suspensão de lama ver melha sendo reduzido de 12 para 10 uma tonelada de lama vermelha base seca seria capaz de absorver 168 kg de CO2 Já os ensaios de adsorção indicaram que a lama vermelha seca em função de suas características físicoquímicas apre senta uma baixa capacidade de adsorção de CO2 cerca de 16 kg para cada tonelada de lama demonstrando que o grande po tencial da remoção do CO2 está na umidade contida na torta gerada na etapa de filtra ção da lama vermelha O baixo valor obtido no processo de adsorção pode ser explicado pela pequena área superficial da lama ver melha 703 m2g cerca de cem vezes inferior aos valores apresentados por adsor ventes de alto desempenho Visando reproduzir a composição mé dia de gases de combustão nos ensaios em escala piloto foi utilizado um efluente sintético preparado por empresa de gases industriais White Martins Nesses testes foram abatidos em média 80 do CO2 do alimentado na coluna de borbulhamento com a neutralização parcial da suspensão de lama vermelha Benefícios do Projeto As pesquisas para reaproveitamento da lama vermelha até então realizadas e descritas na literatura mesmo as que se encontravam em maior estágio de desenvolvimento ain da não eram conclusivas quanto à utilização desse resíduo em larga escala industrial A maioria propunha a incorporação de gran des quantidades da lama na construção de pavimentos na remediação de solos ou na produção de cimento o que não traria uma solução definitiva do ponto de vista de uma tecnologia ambientalmente limpa uma vez que a maior parte da lama vermelha ainda continuaria sendo disposta em aterros em bacias de rejeitos ou no mar Dentre as rotas existentes para sepa ração gasosa a absorção química testada no CETEM foi considerada a mais adequa da ao emprego da lama vermelha e dentro dessa linha optouse por usar uma torre de lavagem de gases As torres ou colunas de lavagem além de serem equipamentos lar gamente empregados nos processos indus triais podem ser projetadas em desenhos variados de modo a proporcionar a maior área de contato possível entre o gás e o líquido O emprego da lama vermelha para o abatimento de CO2 gerado na indústria de alumínio demonstrou ser um processo pro missor considerando principalmente dois aspectos i a eliminação ou redução do consumo de reagentes químicos tais como aminas ou hidróxidos para neutralização dos gases de exaustão ii a redução da al calinidade da lama vermelha fato que tor naria mais fácil o gerenciamento da estoca gem desse resíduo nas bacias de contenção 274 Rota de processamento para um melhor aproveitamento do minério de manganês de Carajás agosto2009 a junho2010 Rota de moagem com escalonamento em diferentes tipos de moinho demonstra à VALE a viabilidade de utilização de minérios marginais para a produção de manganês em pelotas possibilitando melhor aproveitamento de suas reservas e oferta de um novo produto no mercado com maior valor agregado Problema Desafio A VALE detentora dos direitos da Mina do Azul em Carajás PA contemplava a possibilidade de oferecer um novo produ to no mercado de manganês com maior valor agregado Esse produto seria o manganês em pelotas Até então somente o sinter feed partículas na faixa de 8mm x 015mm produzi do a partir de manganês compacto era vendido como produto A produção de pelotas somente é possível a partir de um produto moído geralmente abaixo de 0075 mm cha mado pellet feed requerendo uma etapa de cominuição dos finos naturais do processo eou de minérios marginais que deveria ser energeticamente eficiente e adequada para a produção do pellet feed A VALE desejava conhecer a via bilidade de utilização de outros tipos de minérios que não produzem o sinter feed para a produção de pellet feed de manganês para um melhor aproveitamento de suas re servas Tendo esse projeto em sua pauta a VALE contratou o CETEM para o desenvolvimento da rota de moagem e para o escalonamento dos moinhos Estratégia de Desenvolvimento Diversas amostras de minérios de manganês foram envia das ao CETEM para caracterização Após essa etapa foram estudadas rotas de moagem a seco em moinhos de bolas porém esse tipo de moagem demonstrou ser inadequado pela excessiva geração de finos Em uma segunda etapa a moagem foi realizada em moi nho de barras produzindo menos finos em relação à moagem 275 Responsáveis pelas Informações Claudio Luiz Schneider CETEM Vladmir K Alves VALE CDM Helder Silva VALE Manganês EquIPE DO PROJETO CETEM Claudio Luiz Schneider Coordenação Técnica Jorge Andrade VALE Delciane Porfiro Helder Silva Souza Marcus Hemrich com bolas Apesar de existirem modelos de moagem com bar ras ainda não existia uma técnica de escalonamento basea da em balanço populacional que permite a inclusão de um modelo de operação unitária em simuladores de plantas de processamento de particulados Seria portanto necessário desenvolver uma técnica de caracterização para moagem com barras englobando sua implantação no simulador com cálcu lo de parâmetros de modelo e uma rotina de escalonamento Para a rotina de escalonamento duas técnicas foram testadas uma escalonando por potência muito utilizada em moinhos de bolas e outra escalonando por tempo de residên cia As rotinas de escalonamento foram auferidas utilizando se um moinho de barras contínuo mostrado na Figura 1 em escala piloto moendo em circuito aberto com várias taxas de alimentação Comparouse o tempo de residência calculado do moi nho piloto que se obtém a partir do volume interno disponí vel para transporte em conjunto com a taxa de alimentação do ensaio com o tempo de residência necessário para que o modelo baseado nos resultados dos diversos ensaios de la boratório produzisse a mesma distribuição granulométrica no produto do moinho piloto Isso é ilustrado na Figura 2 Figura 1 Moinho piloto do Centro de Tecnologia de Ferrosos da VALE em Belo Horizonte MG 276 Figura 2 Correlação entre o tempo de residência calculado pelas dimensões do moinho piloto e sua taxa de alimentação e o tempo de residência simulado que produz a distribuição granulométrica do produto do moinho piloto com parâmetros de modelo obtidos nos ensaios de laboratório Tabela 1 Parâmetros obtidos para simulação e escalonamento da moagem de barras com diversos tipos de minério de manganês Função Parâmetros de Escalonamento Pellito Rico I Pellito Rico II Pellito Rico III Pellito Tabular I Pellito Tabular II Detrítico I Detrítico II Seleção S1 min1 3053 3749 3516 7228 6164 3228 2753 α 1192 1241 1322 1410 1487 1440 0951 μ mm 7999 7703 8000 7999 4002 7999 3479 λ 6000 5999 59 5999 1503 6000 2639 Quebra γ 0416 0306 0206 0086 01765 0184 0296 β 19998 5366 5674 5932 2497 3422 19920 φ 0199 0196 0175 0223 0259 0234 0150 A Tabela 1 apresenta resultados de di versos ensaios de laboratório com amostras de minério de manganês Os parâmetros ob tidos em laboratório taxa de quebra S1 e alfa taxa de quebra na região anormal de quebra mu lambda função quebra gama beta phi que descrevem a distribui ção de tamanhos dos produtos dos eventos de quebra podem ser utilizados para o esca lonamento industrial de moinhos de barras 277 Resultados A técnica de escalonamento por potência não produziu parâmetros úteis para a simu lação da moagem em escala piloto se a taxa de moagem específica em potência não serviu para escalonar um moinho pilo to muito menos serviria para escalonar um moinho industrial Por outro lado a téc nica desenvolvida com base no tempo de residência que envolve o cálculo do volu me disponível para transporte do minério no moinho demonstrou ser precisa e efi caz Com isso um novo modelo de escalo namento de moinhos de barras que inclui uma nova caracterização desse processo em laboratório foi implantado no simulador de plantas MODSIM Esse novo modelo serviu para comparar a rota de processo que contemplava a moa gem industrial com moinhos de barras com a moagem industrial em circuito fecha do com moinhos de bolas convencionais Concluiuse que a rota com barras produzia superfície específica similar à da rota tradi cional com moagem em circuito fechado e com cylpebs como corpos moedores Foi demonstrado que a rota convencional em circuito fechado geraria um produto com qualidade satisfatória com menor custo operacional e menor investimento Benefícios do Projeto O maior benefício da inovação foi o desen volvimento da técnica de escalonamento de moinhos de barras já disponível em um software comercial e podendo ser utilizada em qualquer lugar do mundo Anteriormente moinhos de barras eram escalonados com uma técnica antiga proposta por Fred Bond em 1941 na qual a caracterização era fundamentada em um ensaio de simi laridade que possibilitava a determinação do Índice de Trabalho de Barras RWIRod Work Index Como o RWI é baseado em po tência específica a antiga técnica nunca foi aceita como um método de escalonamento eficiente A técnica inovadora desenvolvida pelo CETEM além de demonstrar de vez a ine ficiência do escalonamento por potência no caso de moinhos de barras tem a vanta gem de poder ser utilizada com segurança a partir de ensaios de laboratório para o dimensionamento em escala industrial de qualquer circuito que inclua moagem de barras 278 Caracterização tecnológica das rochas de esteatito para restauração da estátua do Cristo Redentor setembro2009 a setembro2010 Restauração mais eficiente e duradoura da estátua do Cristo Redentor é fruto de um trabalho tecnológico minucioso com determinação das causas da alterabilidade e degradação culminando com um tratamento de hidrofugação para proteção dos mosaicos em pedrasabão que recobrem o monumento Problema Desafio O restauro de monumentos arquitetônicos e artísticos surge da necessidade de preservação dos registros que marcam não só momentos da história de uma sociedade como também es tilos de épocas passadas crenças e rituais religiosos sendo portanto um trabalho de vital importância tanto no âmbito cultural quanto científico O monumento do Cristo Redentor símbolo da Cidade do Rio de Janeiro eleito como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno e um dos cartões postais internacional mente mais conhecidos está localizado no topo do Morro do Corcovado no bairro do Alto da Boa Vista A estátua tem 30 metros de altura e 8 metros de pedestal e a distância de uma mão à outra é de 28 metros O planejamento da obra começou no ano de 1921 pelo engenheiro Heitor da Silva Costa sendo inaugurada em 12 de outubro de 1931 Para a elaboração do modelo em gesso do monumento foi contratado o escultor Maximilien Paul Landowski A estrutura interna da estátua é toda em concreto armado Externamente é recoberta por tes selas peças de mosaico triangulares de pedrasabão Figura 1 aplicadas sobre argamassa A pedrasabão foi escolhida por suas características hi drofóbicas e de resistência a variações térmicas Esse reco brimento de pedrasabão da região de Carandaí em Minas Gerais protegeu o monumento durante 50 anos sem produzir infiltrações mas o passo do tempo fez com que se perdessem algumas peças e em 1990 foi realizada uma intervenção no monumento Foram repostas as peças perdidas com material 279 Responsável pelas Informações Roberto Carlos da Conceição Ribeiro EquIPE DO PROJETO CETEM Debora Monteiro de Oliveira Diego Valentin Cara Elton Souza dos Santos Eunice Freitas Lima Joedy Patrícia Cruz Queiróz Luis Gonzaga Santos Sobral Nuria Fernández Castro Roberto Carlos da Conceição Ribeiro Coordenação Técnica da mesma região de Carandaí e submetidas a jateamento de areia para homogeneizar a aparência do mosaico No ano de 2000 foi realizada uma nova intervenção para limpeza e re posição de peças perdidas tendo sido utilizadas tesselas de pedrasabão provenientes da região de Ouro Preto com dife renças de coloração em relação às anteriores para facilitar a identificação da área restaurada Figura 1 Aspecto geral das tesselas que recobrem o Cristo Redentor Apesar das diversas intervenções no monumento somen te a iniciada em 2009 teve adequado respaldo tecnológico pois visando um restauro mais eficiente e duradouro e antes mesmo de iniciar as obras a empresa CONE Engenharia co ordenadora da restauração contratou o CETEM para realizar um trabalho minucioso sobre as rochas que recobrem o mo numento do Cristo Redentor Os desafios para a equipe do CETEM eram identificar e caracterizar tecnologicamente as rochas de recobrimento pedrasabão verificar as condições físicas e químicas desse revestimento inclusive os potenciais agentes da deterioração investigar patologias inerentes e as causas de alterabilidade das rochas comparar o comportamento desse tipo de rocha em seu estado natural frente às condições de intemperismo e com aplicação de produtos de proteção propôr métodos para impedir ou pelo menos diminuir a velocidade de degradação da rocha e por consequência do monumento histórico 280 Estratégia de Desenvolvimento O trabalho com as tesselas de pedrasabão foi realizado em quatro etapas amostra gem caracterização tecnológica avaliação da alterabilidade e verificação do efeito de hidrofugação A seleção das tesselas removidas para o estudo foi realizada em conjunto pelos pesquisadores do CETEM por repre sentantes do IPHAN e da empresa CONE Engenharia Foram retiradas 9 nove tesse las originais mantidas desde a inauguração do monumento dos lados Norte Sul Leste e Oeste da estátua Figura 2 Figura 2 Ilustração dos locais de retirada das tesselas Sul Norte Leste Para a caracterização as tesselas fo ram submetidas a ensaios tecnológicos que incluíram determinação do padrão cromá tico composição química e mineralógica determinação dos valores de porosidade absorção de água e massa específica Nos ensaios de alterabilidade além das ava liações microbiológicas as tesselas foram submetidas à exposição em câmaras espe ciais à névoa salina à umidade aos raios ultravioleta e ao ataque de SO2 Em segui da realizouse a hidrofugação para prote ção das tesselas utilizandose o polímero silanosiloxano com radicais apolares em 281 sua matriz inorgânica responsáveis pela repelência da água Esse hidrofugante por apresentar uma tensão superficial inferior à da água tem características hidrofóbicas A água exerce uma importante influên cia na deterioração de monumentos pétreos reduzindo seu desempenho térmico pro vocando eflorescência e acelerando o cres cimento de microrganismos Sua afinidade com a superfície desses materiais devese à tensão superficial que varia de acordo com o meio de contato e por isso o uso do hidrofu gante faz com que essa tensão seja reduzida Para os ensaios utilizouse o polímero da mar ca WackerChemie durante 14 dias de cura Resultados Os resultados obtidos com o ensaio de co lorimetria mostraram que há tendência à coloração verdeamarelada clara devido aos valores médios encontrados de 011 verde 53 amarelo e 53 branco res pectivamente para os eixos a b e L do monumento Figura 3 permitindo que a aquisição de novas peças de reposição de pedrasabão respeitem essa característica As tesselas amostradas apresentaram aspecto maciço e com elevado grau de de gradação manchamentos descoloração pontos negros e perda de material causan do arredondamento nas bordas Ao micros cópio não apresentaram microfissuras o nível de alteração foi considerado médio e os minerais observados foram talco clorita calcita tremolita e actinolita Um dos pontos mais importantes foi a de terminação dos índices físicos da rocha poro sidade absorção de água e massa específica antes e após a utilização do hidrofugante Os resultados mostraram que antes do uso do hi drofugante os valores para porosidade e ab sorção eram muito elevados superiores a 5 Figura 3 Distribuição espacial das cores das tesselas nos eixos a b e L do monumento para os padrões normais da rocha sã que de vem ser inferiores a 1 indicando alto grau de alteração e que a grande quantidade de água absorvida para o interior do monumento poderia comprometer sua estrutura metálica Seria então necessário determinar as causas dessa alterabilidade Primeiramente investi gouse o comportamento da rocha frente à al terabilidade acelerada em câmaras de névoa salina SO2 umidade e raios ultravioleta No entanto após meses de ensaios as rochas es tavam fisicamente inalteradas apresentando apenas uma pequena variação colorimétrica O próximo passo foi a avaliação microbiológica por ensaios realizados com as tesselas Foram observados e coletados micror ganismos fungos líquens e outros que se proliferavam rapidamente na presença de água em vários pontos do monumento A avaliação microbiológica revelou a pre sença de Penicilliumm sp Fusarium sp Cladosporium e Aspergillus A ação do me tabolismo desses organismos resulta em áci dos como por exemplo ácido mevalônico produzido pelo Penicilliumm sp que combi nados com a atuação de chuvas ventos ma resia podem acelerar o processo de degrada ção das rochas em questão Recomendouse 282 a aplicação de biocidas capazes de impedir a proliferação dos microrganismos e impe dir a acelerada degradação da rocha No en tanto estando o monumento localizado em Mata Atlântica a aplicação de um biocida foi proibida pelo IBAMA Dessa forma de verseia confiar na aplicação do hidrofugan te para proteger a rocha A água escorreria pelas tesselas não mais seria absorvida pela pedrasabão e isso teria grande potencial de impedir a proliferação dos microrganismos O uso da resina hidrofugante mostrou que ela indubitavelmente reduziu os efeitos da porosidade Apesar de não ter sido estudado o mecanismo de atuação do hidrofugante pode se inferir que houve interação deste com a assembléia de minerais que constituem as tes selas originais eou ocorreu sua absorção cau sada pelo elevado grau de fraturamento das tesselas A predominância cromática verde amarelada não foi afetada significativamente após a aplicação do hidrofugante houve ape nas um leve escurecimento que desapareceu em pouco tempo após ação do sol Figura 4 Proliferação microbiológica nas tesselas de pedrasabão Benefícios do Projeto O estado de alteração das tesselas que reco brem a estátua do Cristo Redentor se deve a vários fatores especialmente à penetra ção de água A aplicação do hidrofugante foi importante como pôde ser comprovado pois reduziu a vulnerabilidade das rochas de recobrimento do monumento Além de demonstrar a pertinência da caracterização tecnológica das rochas como ferramenta fundamental para os estudos de restauro de quaisquer monumentos recober tos por esses materiais este trabalho foi res ponsável em consolidar o CETEM como um Centro de Referência para restauradores de rochas em bens tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN que passaram a envolver o CETEM para embasa mento tecnológico de suas atividades 283 Biolixiviação de concentrado piritoso para produção de pigmento à base de ferro dezembro2010 a dezembro 2011 Microrganismos digerem sulfetos no concentrado de pirita produzido no beneficiamento gravítico do carvão mineral da Carbonífera do Cambuí gerando licor rico em espécies de ferro matéria prima na produção de pigmentos e também na produção de agente floculante para tratamento de efluentes Problema Desafio O carvão é química e fisicamente um mineral heterogêneo Consiste basicamente de carbono com pequenas quantida des em massa de enxofre nitrogênio e hidrogênio Carvões provenientes das minas brasileiras possuem elevados teores de enxofre Consequentemente no processo de combustão do carvão para geração de energia elétrica há a liberação de óxidos de enxofre SOx Esses compostos químicos são reconhecidos como altamente poluentes e como indutores da formação das chuvas ácidas Por esta razão nas indústrias carboníferas são geradas grandes quantidades de rejeitos a partir do beneficiamento do carvão Tais rejeitos contêm ele vados teores de ferro oriundos majoritariamente da piri ta FeS2 que pode dar origem à drenagem ácida de minas DAM quando disponibilizado de forma inadequada Com o objetivo de minimizar o impacto ambiental nas regiões onde ocorre a exploração desse bem mineral algumas unidades carboníferas têm produzido concentrados piritosos a partir de rejeitos de carvão visando utilizálos na produção de insumos que contenham algum valor agregado Um desses insumos é o pigmento à base de óxido de ferro Este projeto surgiu do interesse da Carbonífera do Cambuí na cidade de Figueiras PR em estudar a biolixi viação do concentrado de pirita produzido a partir do bene ficiamento gravítico do carvão mineral visando a produção de pigmentos à base de óxido de ferro a exemplo da goetita FeOOH que tem múltiplas aplicações industriais ie in dústrias cerâmica de tintas de cosméticos e farmacêutica 284 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Nilo Schneider Carbonífera do Cambuí EquIPE DO PROJETO CETEM Carlos Eduardo Gomes de Souza Débora Monteiro de Oliveira Isaías Viana Junior Jorge Ramiro Sobral Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Diante desse cenário o desafio foi desenvolver rotas pro cessuais para promover a dissolução da pirita visando obter uma lixívia ácida contendo elevadas concentrações de es pécies iônicas de ferro para serem numa etapa posterior utilizadas na produção do pigmento supramencionado Uma alternativa tecnológica que se mostrou bastante atraente foi a rota biohidrometalúrgica e mais especificamente a biolixi viação mediante o emprego de microorganismos mesófilos e termófilos com potencial de se alcançar altos percentuais de extração do metal de interesse com baixo custo operacional A Carbonífera do Cambuí contratou o CETEM para tal desenvolvimento fornecendo uma amostra representativa de seu concentrado que foi utilizado na planta piloto do CETEM para se dar início ao processo de biolixiviação desse concen trado gravítico Estratégia de Desenvolvimento Os objetivos eram i tratar os rejeitos do beneficiamento do carvão mineral de modo a gerar um rejeito mineral isento de sulfetos minerais para que sua disposição posterior não causasse impactos ambientais pela geração continuada das drenagens ácidas ii utilizar microorganismos acidófilos e autotróficos para a digestão dos sulfetos minerais presentes no rejeito original para a geração de um licor rico em espécies de ferro Fe2 e Fe3 matéria prima na produção de pigmen tos à base de óxidos de ferro Foram realizados experimentos nas escalas de bancada semipiloto e piloto os quais definiram as melhores condi ções operacionais para o processo de oxidação da pirita as sim como outras formas de sulfetos eventualmente presentes naquele concentrado piritoso promovendo desta forma a geração de lixívia contendo elevadas concentrações de espé cies iônicas de ferro que poderão ser utilizadas na produção de pigmentos assim como na produção de agente floculante com aplicação no tratamento de efluentes A Figura 1 mostra a unidade piloto utilizada para a bio lixiviação do concentrado gravítico contendo como principal sulfeto mineral a pirita FeS2 285 Resultados A biolixiviação do concentrado piritoso se apresentou como uma rota tecnológica po tencialmente atraente na obtenção de lixí vias contendo elevadas concentrações de íons Fe2 e Fe3 O ensaio em escala semipiloto reali zado apenas com partículas de 3 a 6 mm apresentou uma extração de 6050 em 100 dias de ensaio Já a biolixiviação em escala piloto apresentou extração de ferro de 7581 a partir da análise das alíquo tas retiradas diretamente do PLS Pregnant Leach Solution e 6974 a partir da análise realizada no sólido remanescente ao final do ensaio O mais baixo percentual de extração obtido está associado à faixa granulométrica do concentrado piritoso 12 em massa é constituído por partículas de 3 a 6 mm e 88 por partículas de 6 a 25 mm utilizado no ensaio piloto A utilização de partículas de tamanho superior a 6 mm no ensaio em escala piloto foi em decorrên cia da quantidade limitada de concentrado piritoso na faixa granulométrica adequada Figura 1 Unidade piloto do CETEM utilizada na biolixiviação do concentrado piritoso O tamanho de partícula está diretamen te relacionado à cinética de extração pois o processo de biolixiviação é uma reação que ocorre do contato direto da solução lixivian te e dos microorganismos com a partícula mineral Entretanto a utilização de um ta manho excessivamente reduzido pode vir a comprometer a insuflação de ar na base da coluna bem como a percolação da solução lixiviante ao longo do leito mineral O controle de aquecimento do siste ma de biolixiviação por traço e resistência elétrica se mostrou eficiente abrangendo ao longo do ensaio piloto a faixa ótima de temperatura dos três consórcios microbia nos utilizados mesófilos 30ºC termófilos moderados 50ºC e termófilos extremos 70ºC Esse controle de temperatura por fornecimento externo de calor fezse neces sário nessa escala devido à massa de sulfe to empregada ainda não ter sido suficiente para a geração de calor A respeito da ci nética de extração nas distintas faixas de temperatura não foram observadas grandes variações na extração de ferro 286 A diminuição do pH ao longo do ensaio em escala piloto como esperado foi devido à geração de ácido sulfúrico proveniente da reação de oxidação da pirita que frequente mente levou o pH a valores inferiores a 10 Por essa razão diluições na lixívia do siste ma reacional foram necessárias para evitar que condições de elevada salinidade fos sem atingidas bem como evitar que a alta concentração hidrogeniônica provocasse a diminuição da atividade dos microorganis mos atuantes nesse processo oxidativo O monitoramento da compactação do leito mineral foi importante para uma ava liação de possíveis obstruções do leito no que se refere à insuflação de ar na base da coluna e percolação da solução lixiviante ao longo do leito mineral Cabe ressaltar que não foi observada qualquer obstrução que comprometesse a percolação da solução li xiviante pelo leito mineral bem como a in suflação de ar na base desse leito A Figura 2 ilustra o andamento do pro cesso bioextrativo do ferro contido no con centrado gravítico produzido na unidade da Carbonífera do Cambuí bem como o perfil de temperatura utilizado para a atuação dos microorganismos mesófilos e termófilos Figura 2 Perfil de extração de ferro do concentrado gravítico em estudo e perfil de temperatura durante o processo bioextrativo Benefício do Projeto A tecnologia desenvolvida se mostrou bas tante adequada no tratamento do rejeito do beneficiamento do carvão mineral com produção de lixívias ricas em espécies de ferro se configurando como matéria prima na produção de pigmentos à base de óxidos de ferro a exemplo da goetita com múlti plas aplicações industriais Tal tecnologia poderá ser também aplicada a qualquer outro rejeito do beneficiamento de minérios primários e secundários de metais de base tais como cobre zinco níquel cobalto etc A Carbonífera do Cambuí expressou sua satisfação com relação aos resultados obtidos e informou que a utilização dessa tecnologia aguarda o resultado de aporte fi nanceiro para a devida ampliação para uma escala de produção 287 Biolixiviação de minério de um novo jazimento da Mineração Caraíba dezembro 2011 a dezembro2012 Desenvolvimento tecnológico de uma rota biohidrometalúrgica para extração de cobre e cobalto presentes no minério primário de novo jazimento da Mineração Caraíba acena para a efetividade de uma futura ampliação do processo bioextrativo à escala de produção Problema Desafio Diante da aquisição de um novo jazimento mineral o de Boa Esperança localizado no município de Tucumã região de Carajás sul do estado do Pará a Mineração Caraíba mais uma vez contratou o CETEM para um novo projeto de pes quisa e desenvolvimento tecnológico de uma rota biohidro metalúrgica para a extração de cobre e cobalto presentes no minério primário desse jazimento Estratégia de Desenvolvimento Foram definidas as condições experimentais para a biolixivia ção do minério do jazimento de Boa Esperança com o obje tivo de extrair o cobre contido na forma de sulfato de cobre e utilizando microorganismos acidófilos e autotróficos para a digestão dos sulfetos minerais presentes nesse minério para a geração de um licor rico em cobre ie CuSO4 matéria pri ma para a produção de cobre metálico após a purificação da lixívia por extração por solventes seguida da eletrorrecupe ração do cobre com produção de cobre metálico eletrolítico de elevada pureza com título de 99991000 Uma amostra oriunda de diferentes furos de sondagem e representativa do corpo mineralizado do jazimento de Boa Esperança foi britada na granulometria 100 inferior a ½ com top size em 38 e classificada na faixa de 3 a 9 mm Nessa operação de britagem ocorreu a geração de finos que foram incorporados por aglomeração às partículas mais grosseiras com a utilização de solução de ácido sulfúrico em pH2 solução 102 M e consórcio de microorganismos 288 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Walter Nieves Mineração Caraíba EquIPE DO PROJETO CETEM Carlos Eduardo Gomes de Souza Débora Monteiro de Oliveira Isaías Viana Junior Jorge Ramiro Sobral Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Mineração Caraíba Jair Paula de Souza Junior Paulo Medeiros Walter Nieves A faixa granulométrica predominante neste trabalho foi definida visando eliminar as operações e processos unitários na produção do concentrado de flotação que poderia ser bio lixiviado em pilha a partir de sua ancoragem mecânica em substrato mineral o mais inerte possível ao meio ácido utili zado no processo de biolixiviação A amostra mineral foi utilizada no preenchimento de uma coluna piloto com 4 m de altura e 045 m de diâme tro representando uma alíquota da pilha de produção para se proceder ao processo de biolixiviação A Figura 1 mostra a unidade piloto utilizada nesse processo bioextrativo O leito mineral foi irrigado com solução sulfúrica conten do em sua composição os nutrientes necessários ao meta bolismo dos microorganismos utilizados no processo e que faziam parte da composição da solução lixiviante Ao mes mo tempo esse leito mineral foi insuflado com ar em sua Figura 1 Unidade piloto utilizada na biolixiviação do minério primário de cobre 289 base para o suprimento de oxigênio e gás carbônico CO2 para proporcionar respec tivamente oxigênio para o metabolismo dos microorganismos aeróbios e fonte de carbo no inorgânico para a geração de biomassa ambos necessários à solubilização biológica e química dos sulfetos de cobre presentes na amostra mineral em estudo calcopirita CuFeS2 e cornita Cu5FeS4 Foram utilizados consórcios de micro organismos mesófilos termófilos modera dos e termófilos extremos em experimentos do tipo rampup para elevação gradual da temperatura e para atuação dos distintos consórcios microbianos de acordo com a evolução do processo bioextrativo Resultados A biolixiviação do minério em escala piloto propiciou uma extração de cobre próxima de 80 num período de nove meses de proces so considerando a faixa granulomérica ex pandida utilizada de 3 mm a 9 mm visto que o tamanho de partícula está diretamente Figura 2 Bioextração de cobre e cobalto contidos no minério de Boa Esperança relacionado à cinética de extração pois o processo de biolixiviação é uma reação que ocorre do contato direto da solução lixiviante e dos microorganismos com a partícula mi neral A Figura 2 mostra os dados de extração de cobre e cobalto do minério em estudo Ficou evidenciado com o andamento do teste em escala piloto que a extração de cobre e cobalto sofre decréscimo na cinéti ca de extração devido à diminuição do teor de enxofre no leito mineral necessitando um maior controle das operações de irrigação no topo da coluna e insuflação de ar na base da mesma para que se prolongue a geração de calor proveniente do processo biooxida tivo dos sulfetos minerais remanescentes Adicionalmente o ensaio de biolixiviação na escala piloto apresentou um consumo de 1139 kg de ácido sulfúrico por tonelada de minério considerado bastante adequado do ponto de vista da economicidade desse pro cesso bioextrativo evidenciando a baixa re atividade das espécies minerais componen tes da ganga do minério em estudo 290 Após o término do processo biológico foram feitos testes de determinação do índice de trabalho WIworking index das partícu las remanescentes do processo de biolixivia ção para comparação com o WI das partícu las antes do processo extrativo A avaliação desses dados foi importante para decisão de processamento desse material remanescente para a recuperação de cobre que porventu ra permanecesse nesse corpo mineralizado quer por continuação do processo biológico numa pilha secundária ripios quer para ser cominuído dependendo do teor de cobre e em seguida ser submetido ao processo de flotação para a produção de um novo concen trado de sulfetos minerais Benefício do Projeto O processo de biolixiviação aplicado ao mi nério do jazimento de Boa Esperança acena para a efetividade de uma futura ampliação desse processo bioextrativo à escala de pro dução A Mineração Caraíba empresa con tratante deste projeto demonstrou satisfa ção com os resultados obtidos afirmando que a utilização da tecnologia desenvolvida pelo CETEM depende do aporte de recursos financeiros para ampliação de escala e im plantação de uma unidade industrial 291 SIGLAS E ABREVIATuRAS Instituições Brasileiras ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ALuNORTE Alumina do Norte do Brasil SA agora chamada Norsk Hydro Brasil Ltda pertencente à empresa norueguesa Norsk Hydro ASA APLs Arranjos Produtivos Locais aglomerados de empresas ou organizações localizadas na mesma região geográfica que apresentam especialização produtiva e agem de modo a criar sinergia para atingir objetivos comuns formados por produtores fornecedores fabricantes de equipamentos prestadores de serviços os APLs mantêm vínculo de articulação interação cooperação e aprendizagem entre si e com outros agentes locais tais como entidades governamentais associações empresariais instituições financeiras instituições de ensinopesquisa e organizações sociais ATECEL Associação TécnicoCientífica Ernesto Luiz de Oliveira Junior BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CADAM Caulim da Amazônia SA CCA Companhia Catarinense de Álcool CCSA Carbonífera Criciúma SA CDRM Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba CDTN Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear subordinado à CNEN CECRISA Cerâmica Criciúma SA CEFETOP Instituto Federal de Minas GeraisCampus Ouro Preto CELETROAMAZON Centrais Elétricas do Amazonas SA CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello vinculado à PETROBRAS CETEM Centro de Tecnologia Mineral Unidade de Pesquisa do MCTI CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental atualmente chamada Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CIEMIL Comércio Indústria e Exportação de Minérios Ltda CMB Casa da Moeda do Brasil CMM Companhia Mineira de Metais CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear autarquia vinculada ao MCTI CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente órgão consultivo e deliberativo do MMA COOPERMINAS Sindicato dos Mineiros de Criciúma e Região COOPVARZEA Cooperativa de Mineradores de Várzea Paraíba COPPEuFRJ Coordenação dos Programas de Pós Graduação em EngenhariaUniversidade Federal do Rio de Janeiro CPRM Serviço Geológico do Brasil empresa pública anteriormente chamada Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DEER Departamento de Estradas e Rodagem atualmente chamado DERDepartamento de Estradas de Rodagem existentes em cada Estado esses órgãos são vinculados ao DNITDepartamento Nacional de Infraestrutura de Transportes autarquia do Ministério dos Transportes DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral autarquia vinculada ao MME DRMRJ Departamento de Recursos Minerais Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro autarquia vinculada à SEDEIS Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Energia Indústria e Serviços EPuSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 292 EquFRJ Escola de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro FAPERJ Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro FINEP Financiadora de Estudos e Projetos atualmente reconhecida como Agência Brasileira da Inovação empresa pública vinculada ao MCTI GqC Grupo química Cataguases IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis autarquia vinculada ao MMA IBC Instituto Brasileiro do Crisotila ICC Indústria Carboquímica Catarinense empresa estatal extinta IME Instituto Militar de Engenharia INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial autarquia vinculada ao MDIC INMETRO Instituto Nacional de Metrologia qualidade e Tecnologia autarquia vinculada ao MDIC INSA Instituto Nacional do Semiárido Unidade de Pesquisa do MCTI INT Instituto Nacional de Tecnologia Unidade de Pesquisa do MCTI INVEST RIO Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro atualmente chamada AGERIO IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares autarquia do Governo do Estado de São Paulo gerenciado técnica administrativa e financeiramente pela CNEN IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional autarquia vinculada ao Ministério da Cultura IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo IquFRJ Instituto de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro IRD Instituto de Radioproteção e Dosimetria vinculado à CNEN MASA Mineração Areiense SA MCTI Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação MDIC Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior MINEROPAR Minerais do Paraná SA MMA Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal MME Ministério de Minas e Energia MMX Mineração e Metálicos SA empresa de mineração do Grupo EBX NASAuFRJ Núcleo de Análise de Sistemas Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro NATRONTEC Empresa de Consultoria Estudos e Engenharia de Processos SC vinculada à NATRON Engenharia PAIq Pan Americana Indústrias químicas PETROBRAS Petróleo Brasileiro SA empresa de capital aberto cujo acionista majoritário é o Governo Federal PETROFERTIL Petrobras Fertilizantes RPM Rio Paracatu Mineração SEA Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SETECMME Secretaria de TecnologiaMinistério de Minas e Energia SIECESC Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina SINDGNAISSES Sindicato de Extração e Aparelhamento de Gnaisses no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 293 SINDIMINERAIS Sindicato da Indústria de Extração de Minerais Não Metálicos do Paraná uENF Universidade Estadual do Norte Fluminense uERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro uFAL Universidade Federal de Alagoas uFCG Universidade Federal de Campina Grande uFF Universidade Federal Fluminense uFOP Universidade Federal de Ouro Preto uFPB Universidade Federal da Paraíba uFPE Universidade Federal de Pernambuco uFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro unB Universidade de Brasília uSP Universidade de São Paulo VALE empresa mineradora com sede no Brasil e atuante em vários países anteriormente conhecida como Companhia Vale do Rio Doce Instituições Estrangeiras AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials EUA AMIRA Australian Mineral Industries Research Association sede na Austrália e escritórios na África do Sul Chile e EUA BAM historicamente a sigla significava Bataafse Aanneming Maatschappij Batavian Contractors Society e foi mantida para designar a fusão de duas instituições MüllerAltvatter Bauunternehmung GmbH Co KG e Wayss Freytag Schlüsselfertigbau AG Alemanha CANMET Canada Centre for Mineral and Energy Technology Canadá CE Comunidade Européia que antes do Tratado de Maastricht era chamada Comunidade Econômica Européia é um dos três pilares da União Européia com sede na Bélgica CENTROMIN Empresa Minera del Centro del Peru SA Peru CIMM Centro de Investigación Minera y Metalurgica Chile CODELCO Comissão Chilena del Cobre Chile ENAMI Empresa Nacional de Minería Chile EPA Environmental Protection Agengy EUA FDA Food and Drug Administration EUA IAI International Aluminium Institute Reino Unido ICuMSA International Commission for Uniform Methods of Sugar Analysis Reino Unido IDRC International Development Research Center Canadá IRMM Institute for Reference Materials and Measurements um dos sete institutos do JRCJoint Research Centre vinculados à Direção Geral da Comunidade Européia com sede na Bélgica ISO International Organization for Standardization Suíça LGC Laboratory of the Government Chemist Reino Unido NIST National Institute of Standards and Technology anteriormente chamado NBS National Bureau of Standards EUA NMIA National Measurement Institute of Australia Austrália NRCan Natural Resources Canada Ministério de Recursos Naturais Canadá OMS Organização Mundial da Saúde WHOWorld Health Organization com sede na Suíça e Oficinas Regionais em vários países uniSA University of South Australia Austrália 294 ESTRuTuRA ORGANIZACIONAL CETEM Centro de Tecnologia Mineral Diretoria DIR Conselho TécnicoCientífico CTC Serviço de Informação SEIN Coordenação de Planejamento Gestão e Inovação CPGI Núcleo de Inovação Tecnológica NIT Coordenação de Processos Minerais COPM Serviço de Tratamento de Minérios e Usina Piloto SETU Serviço de Desenvolvimento de Novos Produtos Minerais SDPM Coordenação de Processos Metalúrgicos e Ambientais CPMA Serviço de Tecnologias Limpas SETL Serviço de Processos Minerometalúrgicos e Biotecnológicos SPMB Coordenação de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa CATE Serviço Núcleo Regional do Espírito Santo SENRES Coordenação de Análises Minerais COAM Setor de Caracterização Tecnológica SCT Coordenação de Administração COAD Serviço de Orçamento Finanças e Contabilidade SEOF Serviço de Recursos Humanos SERH Serviço de Material Patrimônio e Infraestrutura SMPI DIR CTC CPMA CPGI SETL NIT SETu SEOF SENRES SCT SPMB SDPM SERH SMPI CATE COAM COPM COAD SEIN 295 DIRETORIA DIR Pessoal de Nível Superior Fernando Antônio Freitas Lins Diretor Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação tratamento de minérios métodos de concentração e enriquecimento de minérios físico química de superfícies Currículo Lattes httplattescnpqbr7069217583790118 Email fernandolinscetemgovbr Adão Benvindo da Luz Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação caracterização tecnológica de minérios métodos de concentração e enriquecimento de minérios processamento de minerais industriais rochas e minerais alternativos para agricultura agrominerais e agregados para a construção civil Currículo Lattes httplattescnpqbr8227973183586016 Email adaobluzcetemgovbr Carlos César Peiter Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação pirometalurgia extração e transformação de materiais economia da tecnologia tratamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr5232632841157982 Email cpeitercetemgovbr Carmen Lucia da Silveira Branquinho Cargo Tecnologista Senior aposentada pelo INT e Colaboradora do CETEM Áreas de Atuação físicoquímicaquímica nuclear e radioquímica engenharia nuclearreprocessamento de combustível nuclear ciência da informaçãotécnicas de recuperação de informação e processos de disseminação da informação organização industrial e estudos industriais Currículo Lattes httplattescnpqbr4258784376925244 Email branquinhocetemgovbr Monica Monnerat Tardin Bastos Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação engenharia de produção análise de sistemas gestão de tecnologia da informação Currículo Lattes httplattescnpqbr0558427838705167 Email monneratcetemgovbr Roberto Cerrini Villas Bôas Cargo Pesquisador Titular aposentado e Pesquisador Emérito Áreas de Atuação desenvolvimento sustentável da indústria mineral processos e produtos indicadores de desenvolvimento sustentável para a indústria extrativa mineral APELL e TransApell minerais e minérios nucleares U e Th soluções ambientalmente compatíveis com a extração mineral produção limpa de metais Currículo Lattes httplattescnpqbr2994587240896784 Email villasboascetemgovbr Pessoal de Nível Médio Assistentes Aureo Monteiro Tavares da Silva Tatiana Duarte Cardozo de Pina RELAÇÃO ATuAL DE SERVIDORES SEGuNDO A ESTRuTuRA ORGANIZACIONAL 296 COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO GESTÃO E INOVAÇÃO CPGI Pessoal de Nível Superior Marisa Bezerra de Mello Monte Coordenadora Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação caracterização e tratamento de minérios equipamentos de beneficiamento de minérios metalurgia extrativa tratamento e aproveitamento de rejeitos Currículo Lattes httplattescnpqbr0414406298670007 Email mmontecetemgovbr Jackson de Figueiredo Neto Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação ciência da computação sistemas de informação gestão de atividades de inovação tecnológica Currículo Lattes httplattescnpqbr9867062427536906 Email jacksoncetemgovbr Vera Lucia do Espírito Santo Souza Ribeiro Cargo Empregada Pública Áreas de Atuação desenho industrial Email veralesscetemgovbr Pessoal de Nível Médio Assistentes Bruno Montandon Noronha Barros Diego Rufino Nascimento Herywelton Antonio Vilela da Mata Thatyana Pimentel Rodrigo de Freitas COORDENAÇÃO DE PROCESSOS MINERAIS COPM Pessoal de Nível Superior Claudio Luiz Schneider Coordenador Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação tratamento de minérios e processamento de carvão métodos de concentração e enriquecimento de minérios equipamentos controle e instrumentação modelamento e simulação de plantas mineralogia de processos análise quantitativa de imagens estereologia desenvolvimento de aplicativos Currículo Lattes httplattescnpqbr2026794509845034 Email cschneidcetemgovbr Allegra Viviane Yallouz Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação análise de traços química ambiental contaminantes em alimentos determinação de mercúrio métodos convencionais e método inovador em amostras ambientais Currículo Lattes httplattescnpqbr0832340703091303 Email ayallouzcetemgovbr Elves Matiolo Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação tratamento de minérios métodos de concentração e enriquecimento flotação em coluna flotação de minérios de cobre fosfato e minérios de ferro flotação aplicada a tratamento de efluentes líquidos Currículo Lattes httplattescnpqbr4748139541200516 Email ematiolocetemgovbr Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação história da economia fontes alternativas de energia reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição RCD gestão deRCD mineração urbana Currículo Lattes httplattescnpqbr7765399588172193 Email flimacetemgovbr Francisco Rego Chaves Fernandes Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação territorialidade impactos socioeconômicos e ambientais da mineração estatística socioeconômica economia dos recursos naturais Currículo Lattes httplattescnpqbr6612750176498491 Email ffernandescetemgovbr Hudson Jean Bianquini Couto Cargo Tecnologista Pleno Áreas de Atuação tratamento de minérios e efluentes flotação processos de separação sólidolíquido Currículo Lattes httplattescnpqbr3070520203037882 Email hcoutocetemgovbr Ivan Falcão Pontes Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação métodos de concentração e enriquecimento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr9932851728541848 Email ifalcaocetemgovbr 297 João Alves Sampaio Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação métodos de concentração e enriquecimento de minérios equipamentos de beneficiamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr9654583466776897 Email jsampaiocetemgovbr Maria Alice Cabral de Goes Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação planejamento e gestão sistemas de gestão da qualidade ISO 9000 e ISO 17025 amostragem de minérios preparação e certificação de materiais de referência Currículo Lattes httplattescnpqbr8963449664041466 Email agoescetemgovbr Paulo Fernando Almeida Braga Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação minerais industriais métodos de concentração e enriquecimento de minérios equipamentos de beneficiamento de minérios flotação Currículo Lattes httplattescnpqbr5773162468356014 Email pbragacetemgovbr Regina Célia Monteiro Castelões Cargo Pesquisador Titular aposentada Áreas de Atuação metalurgia extrativa equipamentos beneficiamento de carvão concentração gravítica Currículo Lattes httplattescnpqbr4073267743007442 Email rmonteirocetemgovbr Salvador Luiz Matos de Almeida Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação minerais industriais beneficiamento de minérios reciclagem de resíduos sólidos agregados britaareia argamassa montagem e operação de usina piloto para tratamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr7059913838578434 Email salmeidacetemgovbr Silvia Cristina Alves França Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação tratamento de minérios química de superfície processos de separação sólidolíquido reologia de polpas minerais Currículo Lattes httplattescnpqbr9463680545957601 Email sfrancacetemgovbr Silvia Gonçalves Egler Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação ecologia aplicada ecotoxicologia terrestre e monitoramento ambiental ecotoxicologia aquática Currículo Lattes httplattescnpqbr6139466966758455 Email seglercetemgovbr Zuleica Carmen Castilhos Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação toxicologia ambiental geoquímica ambiental economia dos recursos naturais saúde ambiental análise de traços e química ambiental recursos aquáticos Currículo Lattes httplattescnpqbr4819448229037090 Email zcastilhoscetemgovbr Pessoal de Nível Médio Técnicos Antônio Odilon da Silva Carlos Eduardo Ribeiro Wandermuren Danielly de Paiva Magallhães Fábio de Oliveira Novaes Leonardo Cattabriga Freire Marcelo Corrêa de Andrade Patricia Correia de Araujo Paulo Ricardo Nucci Severino Ramos Marques de Lima COORDENAÇÃO DE PROCESSOS METALÚRGICOS E AMBIENTAIS CPMA Pessoal de Nível Superior Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenador Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação eletrometalurgia processos eletrolíticos e eletroquímica processos metalúrgicos extrativos e ambientais avaliação de impactos ambientais sistemas de captaçãoexaustão e lavagem de gases eletrolixiviação tecnologias de tratamento e reciclagem de resíduos e efluentes Currículo Lattes httplattescnpqbr9941392826784570 Email rsantoscetemgovbr 298 Andrea Camardella de Lima Rizzo Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação biorremediação tratamento de resíduos tratamento de efluentes tratamento de águas auditoria ambiental sistema de gestão ambiental Currículo Lattes httplattescnpqbr7986090118599527 Email arizzocetemgovbr Cláudia Duarte de Cunha Cargo Tecnologista Pleno Áreas de Atuação bioprocessos biotecnologia ambiental biorremediação biossorção tratamento de resíduos tratamento de efluentes biossolubilização de rochas e minerais Currículo Lattes httplattescnpqbr7358557068732556 Email ccunhacetemgovbr Ellen Cristine Giese Cargo Tecnologista Pleno Áreas de Atuação bioquímica de microrganismos enzimologia biolixiviação biorremediação Currículo Lattes httplattescnpqbr3707535147537449 Email egiesecetemgovbr Ivan Ondino de Carvalho Masson Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação metalurgia extrativa recuperação de metais não ferrosos desenvolvimento e otimização de processos hidrometalúrgicos processamento de minérios e resíduos tratamento de efluentes Currículo Lattes httplattescnpqbr7824347841825470 Email imassoncetemgovbr Luis Gonzaga Santos Sobral Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação metalurgia extrativa processos hidroeletrometalúrgicos e processos biotecnológicos para tratamento de efluentes Currículo Lattes httplattescnpqbr5206902383414887 Email lsobralcetemgovbr Mário Valente Possa Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação engenharia de minas e de meio ambiente processos de concentração e de classificação de minérios especialmente carvão otimização de processos metalúrgicos e recuperação ambiental Currículo Lattes httplattescnpqbr1668140747391438 Email mpossacetemgovbr Marisa Nascimento Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação análise termodinâmica de processos metalúrgicos e ambientais hidrometalurgia tratamento de efluentes aproveitamento de rejeitos industriais Currículo Lattes httplattescnpqbr9774625171574351 Email marisacetemgovbr Paulo Sérgio Moreira Soares Cargo Tecnologista Senior cedido ao MME Áreas de Atuação análise e projeto de processos minerometalúrgicos metalurgia extrativa hidrometalurgia recuperação de áreas mineradas e sistemas de gestão ambiental Currículo Lattes httplattescnpqbr2776877702270372 Email psoarescetemgovbr Regina Coeli Casseres Carrisso Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação tratamento de minérios carvão mineral minerais industriais rochas ornamentais ensaios físicomecânicos e químicos em rochas ornamentais simulação de processos tratamento de efluentes para aproveitamento de resíduos em setores da indústria tratamento de água para recirculação em processos de beneficiamento Currículo Lattes httplattescnpqbr5510162497796778 Email rcarrissocetemgovbr Vicente Paulo de Souza Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação geoquímica ambiental processos hidrometalúrgicos e biohidrometalúrgicos recuperação de áreas mineradas Currículo Lattes httplattescnpqbr6682474243785466 Email vpsouzacetemgovbr Ysrael Marrero Vera Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação hidrometalurgia eletrodos porosos e eletrodos compósito produção de oxidantes e tratamento de efluentes por via eletroquímica química ambiental remediação de aquíferos bioacumulação de mercúrio em peixes Currículo Lattes httplattescnpqbr2651710548891030 Email yveracetemgovbr 299 Pessoal de Nível Médio Técnicos e Assistente Alberto Batista Moura Junior Ana Lucia Cariello de Moraes Ary Caldas Pinheiro Fatima da Silva Caldeira Engel Assistente Grace Maria de Britto Isaías Viana Junior Jorge Antonio Pinto de Moura Luciano Borges de Souza Ronan de Santana Erbe Roosevelt Almeida Ribeiro COORDENAÇÃO DE APOIO TECNOlógICO à MICRO E PEquENA EMPRESA CATE Pessoal de Nível Superior Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenador Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação lavra e beneficiamento de rochas ornamentais e de minerais industriais caracterização tecnológica e tratamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr0612088543588949 Email fhollandacetemgovbr Antônio Rodrigues de Campos Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação beneficiamento de minérios caracterização e beneficiamento de carvões minerais tratamento e aproveitamento dos resíduos da extração e do beneficiamento das rochas ornamentais Currículo Lattes httplattescnpqbr6380782262090313 Email acamposcetemgovbr Gilson Ezequiel Ferreira Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação economia dos recursos naturais política legislação mineral meio ambiente e viabilidade econômica de projetos minerais Currículo Lattes httplattescnpqbr0578136038237616 Email gferreiracetemgovbr Júlio César Guedes Correia Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação tratamento de minérios rochas ornamentais asfalto e petróleo modelagem molecular Currículo Lattes httplattescnpqbr8232304691647043 Email jguedescetemgovbr Jurgen Schnellrath Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação gemologia mineralogia espectroscopia cristalografia Currículo Lattes httplattescnpqbr5103804386448460 Email jurgencetemgovbr Leonardo Luiz Lyrio da Silveira Cargo Tecnologista Pleno SENRES Áreas de Atuação mapeamento geotécnico processos industriais em rochas ornamentais Currículo Lattes httplattescnpqbr5020611563370937 Email leolysilcetemgovbr Mônica Castoldi Borlini Gadioli Cargo Pesquisador Adjunto SENRES Áreas de Atuação rochas ornamentais caracterização e aproveitamento de materiais e resíduos cerâmica argilosa propriedades físicas e mecânicas análise microestrutural Currículo Lattes httplattescnpqbr6480962927709296 Email mborlinicetemgovbr Nuria Fernández Castro Cargo Tecnologista Pleno SENRES Áreas de Atuação aplicações dos recursos minerais rochas ornamentais arranjos produtivos locais APL mineração desenvolvimento sustentável e educação Currículo Lattes httplattescnpqbr1783107702895552 Email ncastrocetemgovbr Roberto Carlos da Conceição Ribeiro Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação rochas ornamentais caracterização alterabilidade beneficiamento utilização dos rejeitos oriundos do corte da rochas ornamentais em vários setores agrogeologia e pavimentação indústrias de cerâmica papel cosméticos polímeros tintas e vidros Currículo Lattes httplattescnpqbr7684068941160219 Email rcarloscetemgovbr Roberto Rodrigues Coelho Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação química teórica físicoquímica inorgânica e mineral nanotecnologia química quântica aplicada ao petróleo Currículo Lattes httplattescnpqbr2058612618661026 Email coelhocetemgovbr 300 Pessoal de Nível Médio Técnicos e Assistente Carlos Alberto Melo Santos Elton Souza dos Santos SENRES Eymard de Farias Sardenberg SENRES Jefferson Luiz Camargo SENRES Millena Basílio da Silva SENRES Pedro Henrique de Souza Pontes Vale SENRES Regina Maria de Oliveira Martins Assistente COORDENAÇÃO DE ANÁLISES MINERAIS COAM Pessoal de Nível Superior Arnaldo Alcover Neto Coordenador Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação geoquímica e geotectônica intemperismo mineralogia caracterização química e tecnológica de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr9809048572199452 Email alcovercetemgovbr José Antonio Pires de Mello Cargo Empregado Público Áreas de Atuação química analítica via úmida e instrumental Email jmellocetemgovbr Luiz Carlos Bertolino Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação geologia caracterização mineralógica espectroscopia Mössbauer ressonância paramagnética eletrônica beneficiamento de minérios e minerais industriais Currículo Lattes httplattescnpqbr2264731136781838 Email lcbertolinocetemgovbr Manuel Castro Carneiro Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação química analítica via úmida e instrumental desenvolvimento e otimização de métodos cromatografia de íons ICPMS LAICPMS e GCICPMS para análise e especiação de amostras minerometalúrgicas petróleo e material particulado atmosférico Currículo Lattes httplattescnpqbr5658344054124432 Email mcarneirocetemgovbr Maria Inês Couto Monteiro Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação análise de traços e química ambiental métodos óticos de eletroanálise titimetria físicoquímica inorgânica Currículo Lattes httplattescnpqbr6086503995125298 Email mmonteirocetemgovbr Otávio da Fonseca Martins Gomes Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação análise de imagens e caracterização de minérios mineralogia de processo microscopia eletrônica ótica e digital e microtomografia Currículo Lattes httplattescnpqbr6645772503347843 Email ogomescetemgovbr Reiner Neumann Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação mineralogia aplicada e de processo instrumentação analítica e análise de imagens para mineralogia cristaloquímica e caracterização tecnológica de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr1230787582936458 Email rneumanncetemgovbr Pessoal de Nível Médio Técnicos Adauto José e Silva Andrey Linhares Bezerra de Oliveira Antonieta Middea Carlos Augusto Sodré Lima Junior Josimar Firmino de Lima Marcos Antonio de Oliveira Batista Sandra Helena Ribeiro COORDENAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO COAD Pessoal de Nível Superior Cosme Antonio de Moraes Regly Coordenador Cargo Analista de CT Pleno Email creglycetemgovbr Adriana de Moura Cargo Analista de CT Senior Email adrianacetemgovbr Aloisio Moura da Silva Cargo Empregado Público Email amouracetemgovbr 301 Jacinto Frangela Cargo Analista de CT Senior Email jfrangelacetemgovbr Pessoal de Nível Médio Assistentes Alessandra Butler de Souza Donadio Alexandre Campos da Cunha Aristóteles Rodrigues Germano Ary de Oliveira Pinto Bruno Medeiros Claudio da Rocha Santos Dailza de Oliveira Erika Cristina Trajano Soliva Francisco Antonio Bruno de Barros Francisco José Castro da Fonseca Francisco Pereira da Silva Jefferson Ricardo de Moura Lopes Joelcio Francisco Gomes Jonas Dias de Britto Filho Jorge Luiz Vieira de Souza José de Jesus Barros Nina Karla Simora da Silva Luana Christi Ferreira Messias Luciana de Menezes Reis Vargas Maria Alice da Cruz Maria de Fátima Borges de Mello Marusca Santana Custódio Nathalia Nascimento Pinheiro Paulo Ricardo Pereira Carlos Raulnecildo Marques Pereira Roberto da Silva Luiz Robson Araújo DÁvila Rodrigo Gaspar de Oliveira Viviane Ameixoeira Galdino Wilker Luiz Fernandes Pessoal de Nível Médio Técnicos Adauto Cassimiro da Silva Cesar Teixeira Durval Costa Reis Flávio Balduíno de Brito Sérgio Borges de Mello CETEM 35 Anos Criatividade e Inovação Projeto gráfico capa e diagramação Bigodes Luiz Henrique Sá e Bárbara Emanuel 302 DIRIGENTES DO CETEM DESDE SuA FuNDAÇÃO DIRETORES INTERINOS Vices Adjuntos e Substitutos 1978 1986 ROBERTO CERRINI VIllAS BÔAS José Farias de Oliveira 19841986 1986 1988 HEDDA VARgAS FIguEIRA Juliano Peres Barbosa 19861988 1989 1998 ROBERTO CERRINI VIllAS BÔAS Francisco Rego Chaves Fernandes 19891991 Peter Rudolf Seidl 19911994 Juliano Peres Barbosa 19951998 1998 2002 FERNANDO ANTONIO FREITAS lINS Juliano Peres Barbosa 19982000 Adão Benvindo da Luz 20012002 2002 2003 gIlDO DE ARAÚJO SÁ C AlBuquERquE Fernando Antonio Freitas Lins 20022003 2003 2004 FERNANDO ANTONIO FREITAS LINS Interino 2004 2009 ADÃO BENVINDO DA luZ João Alves Sampaio 20042009 2009 2011 JOSÉ FARIAS DE OlIVEIRA Ronaldo Luiz Correa dos Santos 20092011 2011 2012 RONALDO LUIZ CORREA DOS SANTOS Interino 2012 presente data FERNANDO ANTONIO FREITAS lINS Ronaldo Luiz Correa dos Santos 2012presente data Novo Milênio No text present in the image CETEM MINISTÉRIO DA Ciência Tecnologia e Inovação BRASIL PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA ISBN 9788582610121 KLS Empreendedorismo e Inovação how to create twitter video messages Empreendedorismo e Inovação Eder Gonçalves de Almeida Tayra Carolina Nascimento Aleixo 2020 por Editora e Distribuidora Educacional SA Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Editora e Distribuidora Educacional SA Imagens Adaptadas de Shutterstock Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores Sendo assim a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros Presidência Rodrigo Galindo VicePresidência de Produto Gestão e Expansão Julia Gonçalves VicePresidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional SA Avenida Paris 675 Parque Residencial João Piza CEP 86041100 Londrina PR email editoraeducacionalkrotoncombr Homepage httpwwwkrotoncombr Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Larissa Maria Palacio dos Santos Revisão Técnica Larissa Maria Palacio dos Santos Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Almeida Eder Gonçalves de A447e Empreendedorismo e inovação Eder Gonçalves de Almeida Tayra Carolina Nascimento Aleixo Londrina Editora e Distribuidora Educacional SA 2020 232 p ISBN 9788552216858 1 Análise Ambiental e de Mercado 2 Ferramentas de Marketing 3 Digital I Aleixo Tayra Carolina Nascimento II Título CDD 658 Thamiris Mantovani CRB89491 Sumário Unidade 1 Panorama do empreendedorismo e oportunidade empreendedora 7 Seção 1 Empreendedorismo conceitos e contexto no Brasil e no mundo 8 Seção 2 O panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI22 Seção 3 Reconhecendo e desenvolvendo oportunidades empreendedoras 36 Seção 4 Análise de mercado em busca da geração de vantagem competitiva 50 Unidade 2 Perspectiva lean plano de negócios e metodologias de gestão 67 Seção 1 Perspectiva lean no empreendedorismo 69 Seção 2 Plano de negócios planejamento e financiamento 80 Seção 3 Metodologias de gestão e pontos de apoio 93 Seção 4 Empreendedorismo e inovação desafios e alguns possíveis caminhos 107 Unidade 3 Fundamentos e aspectos iniciais da inovação e processos de inovação 119 Seção 1 Inovação e seus impactos no ambiente de negócios contemporâneo 121 Seção 2 Gestão da inovação benefícios e evolução organizacional 135 Seção 3 Da invenção à inovação criando novos produtos e serviços 150 Seção 4 Inovação na prática e a gestão do conhecimento 167 Unidade 4 Tópicos avançados em inovação e estratégia 187 Seção 1 Inovação se faz por meio de pessoas 188 Seção 2 Ecossistema de inovação 198 Seção 3 Aspectos legais fiscais e tributários de incentivo à inovação 207 Seção 4 Sistema de fomento ao empreendedorismo 218 Palavras do autor P rezado aluno seja muito bemvindo aos estudos sobre Empreendedorismo e Inovação É um imenso prazer iniciar essa jornada rumo ao conhecimento e aprendizagem desses assuntos que são tão importantes para o desenvolvimento econômico e humano não só do Brasil mas do mundo inteiro Tais temas são foco de diretrizes estratégicas e políticas norteadoras de governos órgãos internacionais como a ONU e Banco Mundial entidades e organismos não governamentais e principal mente da iniciativa privada Sem dúvida fatores como a evolução tecnológica e a internet os meios de comunicação e as inovações em serviços que estamos vivenciando no século XXI têm destruído as barreiras que dificultavam as negociações comerciais e mudado radicalmente as formas de se empreender Portanto é imperativo ao indivíduo moderno que queira estar antenado com as exigências do mundo atual compreender como o empreendedorismo e a inovação impactam a sua vida e a sociedade como um todo Desse modo o estudo do Empreendedorismo passará por dois prismas fundamentais 1 Panorama do Empreendedorismo e Oportunidade Empreendedora e 2 Perspectiva lean plano de negócios e metodologias de gestão Ressaltase que o diferencial desses assuntos é a forte ênfase dada na inovação de tais práticas buscando oferecer uma nova compreensão e aplicação completamente atualizada para esses contextos Já no que tange ao conteúdo de Inovação vamos trabalhar em dois módulos buscando tornar acessíveis os conteúdos e aplicações que muitas vezes equivocadamente parecem ser tão distantes do universo do aluno Assim primeiro trabalharemos os fundamentos e aspectos iniciais dos processos de inovação Em seguida serão estudados os tópicos avançados em inovação e estratégia passando pela gestão de pessoas voltada para a inovação até o fomento ao empreendedorismo Sendo assim o convite está feito vamos caminhar em prol de se tornar um profissional mais competente e conhecedor do mercado Creating Twitter Video Messages Duration 12 minutes File format mp4 Video 1920 x 1080 30fps Audio Audio AAC 48kHz Source English Currency USD Text English Delivery Unidade 1 Eder Gonçalves de Almeida Panorama do empreendedorismo e oportunidade empreendedora Convite ao estudo Olá aluno Sabe aquele seu amigo que possui uma loja Ele diz que sua profissão é ser empresário o que é mesmo do que ser um empreendedor correto Mas você sabe o que é ser empreendedor Sabe como se define o termo empreendedorismo Um pouco além questiono se você é capaz de identificar quais as características que são comuns aos seus conhecidos que são empreendedores O estudo sobre o empreendedorismo e inovação é de grande impor tância na formação dos profissionais modernos e que anseiam estar sempre atualizados no que tange às novas práticas e tendência que estão surgindo no mercado Para iniciar trabalharemos o tema Panorama do Empreendedorismo e Oportunidade Empreendedora apresentando os pressupostos básicos que fundamentam o ensino do empreendedorismo e sua relevância no cotidiano Entre as principais competências que se almeja com o conteúdo aqui exposto estão o conhecimento dos fundamentos processos e tendências do empreendedorismo vislumbrando a ampliação e melhor entendimento sobre a gestão de negócios aspectos imprescindíveis tanto aos profissio nais quanto aos empreendedores atuais Esperamos que ao final desta etapa você possa estar apto a compreender os principais conceitos importância e objetivos do empreendedorismo bem como fazer análises de mercado e definir adequadamente o seu públicoalvo Nesse sentido um elemento imprescindível para a formação e desenvol vimento do empreendedorismo é o aperfeiçoamento do perfil dos empre endedores ou seja um conjunto de características que potencializam as perspectivas de sucesso dos indivíduos que almejam empreender das mais variadas formas no mundo dos negócios Bons estudos 8 Seção 1 Empreendedorismo conceitos e contexto no Brasil e no mundo Diálogo aberto Prezado aluno há muitas situações que levam as pessoas a se aventurarem e abrirem o seu negócio Entre seus amigos e familiares há algum empre endedor Você sabe qual foi a motivação que os levou a empreender Você mesmo já deve ter visto vários tipos de motivações e explicações diferentesL de pessoas que montaram a sua própria empresa Mas poucas justificativas são tão comuns ou recorrentes como a perda do emprego ou a aposentadoria de indivíduos que ainda querem continuar ativos e trabalhando para aqueles que iniciam sua jornada no mundo do empreendedorismo Dessa forma veja a história de Toninho e seu filho Jorge Após mais de 35 anos de trabalho como padeiro o Sr Antônio conhe cido carinhosamente como Toninho estava prestes a se aposentar Já tinha apresentado os documentos junto ao INSS e já estava cumprindo o aviso prévio na padaria que trabalhou nos últimos 20 anos pois os donos do estabe lecimento entendiam que era hora de ele aproveitar mais a vida Entendiam que estavam premiando um grande colaborador Ele estava muito feliz com esse fato afinal era uma vida toda trabalhando com o ofício que amava e que tinha aprendido em sua mocidade Com esse trabalho tinha sustentado e criado toda a sua família Praticamente todos os seus amigos e seu círculo social era composto de companheiros de trabalho antigos atuais empregadores e até mesmo clientes de longa data Todavia nem tudo eram flores para Toninho Ele estava muito incomo dado com o fato de se sentir inútil com apenas 57 anos de vida Sabia que se recolocar no mercado de trabalho com a sua idade e com a crise que assolava o país seria muito complicado principalmente com o salário e as condições de trabalho que hoje dispunha Por mais que desejasse esse momento sentiase útil e produtivo podendo contribuir ainda com a sua força de trabalho Já o seu filho caçula Jorge vivia situação não muito diferente em relação à decepção e chateação Com 24 anos estava no último ano da faculdade de Administração já tinha passado por alguns estágios e atualmente encon travase desempregado há quase um ano após cortes na empresa em que trabalhava terem lhe atingido Estava muito frustrado pois entendia que já 9 era para estar em um patamar mais sólido profissionalmente mas sabia que por conta da crise econômica o cenário não era muito promissor para ele Porém naquela noite a situação começou a mudar Jorge voltou extre mamente empolgado da aula na faculdade e começou a bombardear o seu pai com uma série de informações sobre eles terem o seu próprio negócio Toninho mal conseguindo compreender do que se tratava pediu para seu filho se acalmar um pouco e que lhe explicar com mais calma a sua ideia Dessa forma e um pouco mais tranquilo Jorge tirou um caderno da bolsa e começou a mostrar algumas anotações e explicações ao seu pai Basicamente ele disse que tinha acabado de ter uma aula de empreendedorismo muito inspiradora e que estava convencido que tinha encontrado uma solução perfeita para a situação de ambos abrir o seu próprio negócio Juntos ambos poderiam abrir a sua própria padaria Ele continua explicando que a solução era perfeita ambos tinham recursos financeiros disponíveis seu pai tinha grande conhecimento da área ele tinha conhecimento em gestão financeira e estava aprendendo muitas coisas na faculdade que ajudaria Enfim foi difícil para Toninho conter a empolgação do seu filho Inicialmente ele gostou muito da ideia mas explicou ao filho que nunca havia pensado em ser dono do seu próprio negócio que os recursos guardados eram a segurança para uma aposentadoria relativamente tranquila que ele não nasceu com o dom para ser um empreendedor Em síntese explicou que estava com muito medo e que tudo aquilo que seu filho estava falando era completamente novo para ele e que precisava saber um pouco mais sobre o assunto mas que tinha duas questões que precisavam ser respondidas 1 Ele achava que as pessoas nasciam com um dom para ter seu negócio e empreender Por isso queria saber quais as características gerais ou básicas de um bom empreendedor 2 Moradores da grande BH em Minas Gerais Toninho queria saber se havia algum ou órgão que eles poderiam obter mais informações e ter orientações sobre como abrir o pequeno negócio Jorge explicou que não sabia responder a ele e entendeu de imediato o temor do seu pai Em hipótese alguma a sua intenção era colocar o seu pai em uma situação difícil ou ainda expor as reservas financeiras de ambos a grande risco Prometeu que iria atrás das informações no dia seguinte e que em breve voltariam a conversar sobre o assunto Agora é com você prezado aluno É possível ajudar o Jorge a tirar as dúvidas do seu pai para que então Toninho possa tomar uma decisão mais correta e respaldada 10 Você aprenderá aqui todas as informações pertinentes e necessá rias para que possamos auxiliar Jorge a responder as dúvidas do seu pai Vamos iniciar essa jornada de estudos e aquisição de conhecimento sobre empreendedorismo Bons estudos Não pode faltar Não restam dúvidas que o mundo tem passado por uma verdadeira revolução neste século em que basicamente todas as relações processos e situações cotidianas das nossas vidas têm sido extremamente impactados pela evolução natural do homem bem como pelos frutos do desenvolvi mento tecnológico Essas situações provocam profundas mudanças nos hábitos e modo de vida das pessoas das empresas dos governos e da socie dade como um todo Entre essas profundas transformações um personagem que ganha grande importância na sociedade e no contexto econômico mundial é o empreen dedor Afinal como o aluno poderá perceber o empreendedorismo é uma importante mola propulsora para a economia mundial para as famílias e pessoas em geral para as relações sociais e de trabalho para a política de cada em país entre outros aspectos Mas afinal o que é empreendedorismo Se você procurar definições para o vocábulo será comum encontrar atributo de quem é empreendedor qualidade de quem tem seu próprio negócio característica de quem toma iniciativa ou usa novos métodos etc Outros autores ainda discorrem sobre a palavra definindoa como a reali zação de coisas difíceis de ser feitas fora do comum feitos entre tantas outras possíveis Antes de conceituarmos empreendedorismo é fundamental que possamos compreender a evolução tanto do termo em si quanto do papel do empreendedor ao longo da história Apesar de alguns autores abordarem algumas figuras bíblicas como os primeiros empreendedores históricos Dornelas 2018 atribui o primeiro uso do termo empreendedor na condição de este ser aquele que assume riscos e começa algo novo a exemplo de Marco Polo e sua tentativa de conseguir estabelecer uma nova rota comercial para o Oriente Na idade média empreendedor era a pessoa designada a executar os grandes projetos e construções da época Todavia foi a partir do século XVIII com a expansão dos meios de produção fruto da revolução industrial que o termo empreendedor passou a ser utilizado mais próximo ao sentido atual aquele que assume 11 riscos em prol de objetivos e desafios maiores Desse modo foi o econo mista austríaco Joseph A Schumpeter em meados de 1940 que escreveu em seu livro dando ênfase à importância do empreendedor para o ambiente econômico explicando que esse era o indivíduo que introduzia inovações no mercado com o propósito de obter lucro Para o autor o empreendedor destruía os aspectos básicos de produtos e serviços vigentes inserindo e explorando novos produtos e serviços criando inclusive novas formas de organização Esse processo de destruir atributos e processos ultrapassados originando novos produtos e serviços foi definido como destruição criativa ou também inovação disruptiva DORNELAS 2018 Exemplificando O conceito de destruição criativa ou de inovação disruptiva pode parecer distante ou paradoxal Todavia ele é bem simples e comumente visto no mercado ou no cotidiano de qualquer pessoa Pense você já alugou um filme em uma locadora Em caso positivo quando foi a última vez que fez isso E quando foi que comprou um CD da sua banda favorita Tem revelado com frequência os filmes das suas fotos tirados com sua máquina fotográfica Está andando de táxi com frequência Essas perguntas provavelmente vão ser respondidas com um não É possível inclusive que talvez nunca tenha feito nada do que foi exempli ficado Isso se deve à revolução que esses produtos e serviços sofreram mudando radicalmente ou praticamente extinguindo o formato anterior existente de tal forma que as pessoas nem se lembram de como certas coisas eram feitas antes da maneira atual Hoje você assiste aos seus filmes e séries por meio dos serviços de streaming na Netflix Suas músicas prediletas são ouvidas no serviço de Spotify Suas fotos dificil mente são reveladas pois você as tira em seu celular e as compartilha em suas redes sociais Provavelmente você tem usado mais Uber do que táxi para fazer seus deslocamentos em sua cidade É nessa perspectiva de constante mutação que Longenecker et al 2018 vai introduzir outros dois elementos de suma importância ao conceito de empreendedor o reconhecimento de oportunidades no mercado e a proposta de entrega valor Em síntese é fundamental que o aluno saiba que há profunda relação entre os anseios de venda do empreendedor inovação e os desejos e necessidades dos consumidores Afinal os empreendedores estão em constante busca de oportunidades empreendedoras economica mente atrativas no intuito de criar um valor maior para os clientes e para os próprios empreendedores 12 Portanto é interessante constatar que o empreendedor sempre estará à frente de uma série de recursos sejam eles financeiros produtivos humanos e de ideias entre outros alavancandoos em prol de construir novos negócios e impulsionando a economia Com isso focando na proposta básica empre endedora que é criar novos negócios por meio do aproveitamento de oportu nidades preciosas no mercado Dornelas 2018 define o empreendedorismo como a junção de pessoas e processos que conjuntamente transformam ideias em oportunidades Conceituar o empreendedorismo não é uma tarefa assim tão simples havendo inúmeras abordagens perspectivas definições e conceitos Contudo podemos adotar a definição de empreendedorismo como sendo a ação dinâmica de indivíduos motivados em atender oportunidades de mercado transformando os recursos disponíveis em produtos e serviços em prol do sucesso do seu negócio por meio da entrega de valor superior aos clientes Figura 11 Empreendedorismo PRODUTOS E SERVIÇOS VALOR OPORTUNIDADES DE MERCADO EMPREENDEDORES MOTIVADOS Ação Fonte elaborada pelo autor Agora que você aprendeu sobre os conceitos fundamentais em relação ao empreendedorismo é de grande importância que compreenda sobre o contexto empreendedor no Brasil e no mundo Boa parte dos autores que tratam desse tema chamam o momento atual de era do empreende dorismo uma vez que ele tem sido fomentado no mundo todo tanto por iniciativas governamentais não governamentais e até mesmo por empresas privadas Outros fatores que são fundamentais para a evolução mundial do 13 empreendedorismo são a redução de barreiras comerciais entre os países a evolução tecnológica e a globalização como um todo Esses aspectos foram preponderantes para o encurtamento das distâncias trocas cultu rais mudanças de padrões de trabalho entre outros o que proporciona a evolução natural do empreendedorismo em nível mundial Vamos compre ender melhor esse contexto mundial Assimile Empreendedorismo é a ação dinâmica de indivíduos motivados em atender oportunidades de mercado transformando os recursos dispo níveis em produtos e serviços em prol do sucesso do seu negócio por meio da entrega de valor superior aos clientes É impossível pensar em empreendedorismo sem analisar as práticas e a proposta empreendedora americana As pesquisas mostram que os EUA é o país que desenvolve o maior número de iniciativas empreendedoras envol vendo Segundo Longenecker et al 2018 aproximadamente 12 milhões de pessoas estão procurando empreender de alguma forma Além disso as bases conceituais e noções instrutórias sobre o empreendedorismo são desenvol vidas e aplicadas no currículo escolar das crianças americanas o que fomenta consideravelmente as perspectivas dos adultos estadunidenses uma vez que se estima que a metade de todos os adultos americanos trabalharão com seus próprios negócios em algum momento de suas vidas Veja a seguir mais informações sobre o panorama empreendedor americano As pequenas empresas representam 997 de todas as empresas além disso são 97 dos exportadores Há 278 milhões de pequenas empresas nos EUA com menos de 500 funcionários 55 milhões de pessoas trabalham em pequenas empresas 49 de todos os funcionários e 42 de todos os salários pagos nos EUA As pequenas empresas contratam 43 de todos os colaboradores de alta tecnologia LONGENECKER et al 2018 p 3 Todavia o avanço e desenvolvimento empreendedor vão muito além do que ocorre nos EUA Eles têm sido objetivo de ações das Organizações das Nações Unidas ONU no intuito de reduzir a pobreza e a desigual dade social além de promover a sustentabilidade Além disso o empreen dedorismo é tema de debates e estudos recorrentes do Fórum Econômico 14 Mundial que patrocina a conferência anual de Davos na Suíça Mas um dos estudos de maior renome e relevância sobre o empreendedorismo mundial é conduzido conjuntamente pela Babson College nos EUA e pela London Business School na Inglaterra Conhecido por Relatório GEM Global Entrepreneurship Monitor ou seja em uma tradução literal Monitor Global de Empreendedorismo Esse estudo segundo Dornelas 2018 tem por objetivo principal mediar a atividade empreendedora dos países e observar se ela está correlacionada com o crescimento econômico deles O número de países que fornecem infor mações para o GEM tem crescido ano após ano e já são 20 anos de estudos com informações de mais de 112 países ganhando o apoio da própria ONU para desenvolvimento de ações empreendedoras específicas em algumas partes do mundo Os dados do último estudo do GEM são de 2008 e apresentam as taxas totais de atividade empreendedora TEA em estágio inicial entre adultos 18 a 64 anos em 48 economias em quatro regiões geográficas do mundo Eles mostram a importância de ações específicas da ONU e de alguns países no fomento do empreendedorismo principalmente em países da África América Latina e Caribe onde há maiores índices de desigualdade social na população e ações para avanço e desenvolvimento econômico Agora que você compreendeu o panorama geral das ações mundiais relacionadas ao empreendedorismo vamos nos ater às características aspectos gerais e ações no Brasil A taxa total de atividade empreendedora TEA no Brasil era de aproximadamente 18 Isso significa que a cada 100 brasileiros adultos 18 deles estavam realizando alguma atividade empreen dedora seja na criação desenvolvimento ou aperfeiçoamento do próprio negócio Ainda segundo dados do GEM 2018 quanto ao gênero há uma predominância ainda que sutil de empreendedores masculinos e que aproximadamente 60 dos empreendedores brasileiros tem idade entre 18 e 44 anos Por fim devese ressaltar que esse número caiu bastante por conta da crise enfrentada pelo país nos últimos anos quando inúmeros micro e pequenos negócios tiveram suas atividades encerradas Reflita Vamos refletir um pouco sobre quais as ações que podem ser consideradas como empreendedoras qualquer tipo de venda ou prática comercial realizada por um indivíduo pode ser considerada como uma ação empre endedora Veja o artigo O Empreendedor na Era do Trabalho Precário relações entre empreendedorismo e precarização laboral e analise essa importante e atual questão do empreendedorismo brasileiro 15 OLIVEIRA E N P MOITA D S AQUINO C A B O Empreendedor na Era do Trabalho Precário relações entre empreendedorismo e precarização laboral Psicologia Política v 13 n 36 maioago 2016 p 207226 Em síntese as ações empreendedoras no Brasil ganharam força a partir de 1990 com a criação do Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Antes desse período o movimento empreendedor no Brasil era praticamente inexistente ou nulo pois os conturbados ambientes políticos e econômicos brasileiros não contribuíam em absolutamente nada para o fomento do empreendedorismo no país Todavia com a criação do Sebrae a abertura do comércio internacional a implantação do Plano Real e a criação do SIMPLES Nacional que era um sistema de tributação simplifi cado essa realidade mudou completamente Para Dornelas 2018 o Sebrae é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro pois oferece todo tipo de suporte e consul toria entre outras ações para promover a profissionalização dos novos empreendedores além de resolver problemas pontuais no andamento dos micro e pequenos negócios que não em poucos os casos segundo dados do órgão levam muitas empresas ao óbito antes de completarem seu segundo ano de vida Por isso é preciso que você não se engane há muito trabalho ainda a ser feito É fundamental compreender o empreendedorismo no Brasil de modo macro melhorar o ambiente de negócios e desburocratizar as obrigações governamentais e sistema de tributação brasileiro Além disso profissio nalizar de modo constante os nossos empreendedores e todos aqueles que direta ou indiretamente envolvidos com o tema é algo que deve nortear as nossas condutas Veja a seguir a crítica do Souza Neto 2017 p168169 Agora falar de empreendedorismo no Brasil por exemplo para muitos basta pegar os resultados do GEM e daí se o resultado foi bom como no de 2000 o empre endedorismo no Brasil vai muito bem obrigado Somos os campeões mundiais Quando o resultado foi ruim como no último o empreendedorismo no Brasil vai mal O problema é cultural Falam de inovação como se isso fosse o máximo mas não especulam e não recebem as novas massas de fatos não analisados de braços abertos especialmente fatos estatísticos e sendo assim não praticam a destruição criativa em si mesmos e se 16 esquecem também de Schumpeter não ousam e não inovam no pensar Perfil empreendedor atitudes e habilidades empreendedoras O empreendedor tem algumas características de perfil comportamental em comum contudo embora há muito tempo se tenha acreditado que tais características eram traços natos dos indivíduos hoje sabemos que o empre endedorismo pode ser ensinado e desenvolvido Logo é possível desenvolver aprender trabalhar e melhorar atitudes habilidades e comportamentos que levem ao desenvolvimento de suas competências empreendedoras Sem entrar no mérito dos aspectos e carac terísticas específicas da origem de cada indivíduo os estudos e ensinamentos do empreendedorismo têm alcançado as pessoas cada vez mais cedo fazendo parte inclusive de programas de ensino préescolares Por mais que obvia mente existem pessoas com mais predisposição e características para atuar em determinadas áreas sempre é possível desenvolver ou aprimoras habili dades conhecimento e atitudes em prol da formação de competências Com o empreendedorismo não é diferente Chiavenato 2012 explica que o empreendedor mesmo em situações não muito claras ou óbvias usa sua sensibilidade intuição e experiência no mundo dos negócios para avaliar e aproveitar oportunidades que surgem e com isso faz as coisas acontecerem A tais características o autor acentua informando que é fundamental que o empreendedor tenha energia criativi dade imaginação perseverança traços de liderança aptidão para trabalhar com equipes e não apenas com indivíduos Dessa forma combinando esses elementos adequadamente chegase a um perfil empreendedor que o habilita a transformar uma ideia simples em algo que produza resultados concretos e bemsucedidos no mercado Esse rol de atributos o autor denomina como características do espírito empreendedor Por fim Dornelas 2018 reitera que se trata de um mito o fato de que empreendedores são natos e nascem para o sucesso Para o autor a realidade é que seus conhecimentos habilidades e atitudes vão se desenvolvendo e se aprimorando com o passar dos anos as experiências pelas quais ele passa busca por conhecimento rede de network entre outros conforme o passar dos anos 17 Dessa forma listamos a seguir uma série de atributos pessoais e caracte rísticas que levam os empreendedores ao sucesso no século XXI Autoconhecimento aliado à boa inteligência emocional Proatividade e criatividade para explorar as oportunidades Flexibilidade agilidade e dinamismo na tomada de decisão Alta capacidade de formação liderança e comunicação junto à equipe Grande conhecimento e paixão pelo negócio Organização racionalidade e independência o que faz a diferença em momentos adversos Caro aluno você deve ter compreendido que o empreendedorismo é algo fundamental em nosso modelo de sociedade atual não somente por sua clara importância econômica como também por sua relevância social na perspectiva de ser usada como ferramenta que oportuniza condições para redução da desigualdade social Até a próxima Sem medo de errar Caro aluno agora que estudou sobre o empreendedorismo seus conceitos e contexto no Brasil e no mundo vamos voltar à situação problema envol vendo a ideia de Jorge e as dúvidas do seu pai Toninho Antes de qualquer coisa que tal relembrarmos em linhas gerais o caso O Sr Antônio era um grande padeiro e trabalhou a vida toda nesse ofício Estava muito orgulhoso pois havia conseguido criar dignamente sua família feito suas economias e depois de mais de 35 anos de trabalho duro estava se desligando da padaria em que trabalhava pois era o momento de se aposentar Todavia seu Toninho como era carinhosamente conhecido não estava totalmente conformado com a aposentadoria pois entendia que ainda podia trabalhar mas os seus patrões não pensavam assim Já o Jorge seu filho era um estudante universitário que atualmente estava desempregado Com a forte crise econômica estava tendo grandes dificuldades para conseguir um novo emprego Porém em uma determinada aula de empreendedorismo na sua faculdade de Administração ele vislum brou uma hipótese que atenderia aos seus anseios e os dos seus pais ambos poderiam abrir o seu próprio negócio uma padaria 18 Juntando a experiência do seu pai com o seu conhecimento acadêmico poderiam tocar o próprio negócio tornandose empreendedores Apesar de Toninho ter achado a ideia interessante ele ficou bastante assustado em um primeiro momento e falou para o filho que para tomar uma decisão era fundamental ter mais informações sobre o empreendedorismo e ter suas dúvidas esclarecidas Jorge ficou responsável por conseguir as respostas e esclarecimentos Vamos ajudálo em sua tarefa Primeiramente seu Toninho achava que as pessoas nasciam com um dom para ter seu negócio e empreender Essa opinião na verdade é um dos maiores mitos em torno do empreendedorismo Como em qualquer outra área de conhecimento humano independentemente da maior ou menor dotação de um indivíduo em relação a ela as habilidades atitudes e os conhecimentos sobre empreendedorismo podem ser aprendidos e desenvolvidos pelos indivíduos e quando somadas formam a competência empreendedora Procurando sanar completamente as dúvidas do seu pai Jorge lhe mostrou as principais características de um bom empreendedor Autoconhecimento aliado à boa inteligência emocional Proatividade e criatividade para explorar as oportunidades Flexibilidade agilidade e dinamismo na tomada de decisão Alta capacidade de formação liderança e comunicação junto à equipe Grande conhecimento e paixão pelo negócio Organização racionalidade e independência o que faz a diferença em momentos adversos Já em relação à dúvida de seu Toninho se havia algum ou órgão que eles poderiam obter mais informações e ter orientações sobre como abrir o pequeno negócio Jorge lhe explicou que o Sebrae é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro pois oferece todo tipo de suporte consultoria e treinamento entre outras medidas para promover a profissionalização dos pequenos e novos empreendedores e ainda resolver pequenos problemas pontuais no andamento dos micro e pequenos negócios brasileiros que não em poucos os casos segundo dados do órgão levam muitas empresas a óbito antes de completarem seu segundo ano de vida 19 Faça valer a pena 1 No final do século XX era muito comum as pessoas e empresas realizarem suas pesquisas de fornecedores ou prestadoras de serviços utilizando os chamados guias telefônicos também conhecidos como páginas amarelas por causa da cor do papel em que o livro era impresso Tratavase de um enorme catálogo amarelo relativamente pesado no qual os mais variados tipos de empresas faziam seus anúncios expondo seus produtos e serviços Atual mente com os serviços de busca disponíveis na internet praticamente esse tipo de divulgação realizado pelas empresas acabou afinal quando alguém quer procurar um tipo de serviço ou fornecedor qualquer rapidamente ela busca na internet e escolhe dentre uma série de fornecedores e possibilidades que surgem imediatamente na tela do seu celular ou computador O trecho apresentado mostra como a tecnologia impactou os hábitos de compra das pessoas e empresas fazendo com que antigas formas de compra serviços e até mesmo grandes nichos de mercados sumissem por completo ou se tornassem irrelevantes Segundo Schumpeter esse processo pode ser chamado de a Desenvolvimento tecnológico b Inovação cultural c Destruição criativa d Evolução de mercado e Criação de serviços 2 Se antes o empreendedorismo era visto como uma espécie de dom ou talento natural que os indivíduos possuíam atualmente essa visão mudou radicalmente Os teóricos mostram que o perfil empreendedor composto por uma série de atributos características habilidades e atitudes de cada pessoa pode ir se desenvolvendo e se aprimorando com o passar dos anos pelas experiências pelas quais ele passa treinamento busca de aprendizado e conhecimento entre outros Dessa forma leia as afirmativas a seguir e análise as características e atributos que levam os empreendedores ao sucesso no século XXI I Desenvolvem autoconhecimento e boa inteligência emocional II Dominam todas as atividades organizacionais e são individualistas III Possuem grande conhecimento e paixão pelo negócio 20 IV São flexíveis ágeis e bastante dinâmicos na tomada de decisão É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 3 O empreendedorismo é a ação dinâmica de indivíduos motivados em atender oportunidades do mercado transformando os recursos disponí veis em produtos e serviços em prol do sucesso do seu negócio por meio da entrega de valor superior aos clientes Sendo assim o empreendedor sempre estará à frente de uma série de recursos sejam eles financeiros produtivos humanos e de ideias entre outros alavancandoos em prol de construir novos negócios transformando a sociedade que se conhece Dessa forma avalie as afirmativas a seguir sobre o panorama do empreende dorismo no Brasil e no mundo I O empreendedorismo tem sido muito utilizado por governos ONG organizações internacionais e até mesmo por empresas para fomentar a economia estimular a distribuição de renda e diminuir a desigualdade social II Nos EUA o empreendedorismo é amplamente disseminado pois além das pequenas empresas representarem o maior percentual absoluto do total de empresas ele faz parte do currículo escolar infantil nas escolas americanas III O Sebrae é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro pois oferece todo tipo de suporte consultoria e treina mento entre outras ações para promover a profissionalização dos novos empreendedores 21 Baseandose no texto é correto o que se afirma em a II e III apenas b I e III apenas c I apenas d II apenas e I II e III 22 Seção 2 O panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI Diálogo aberto Prezado aluno neste momento lhe convidamos a aprofundar um pouco mais os seus estudos sobre empreendedorismo no intuito de que possa compreender essa ferramenta em seu sentido mais amplo ou seja nas suas mais variadas formas Desse modo você já ouviu falar ou pensou em criar um empreendimento social Sabe a importância desse tipo de empreendedorismo para a sociedade em geral Para compreender o assunto e responder a tais questionamentos acompanhe a história da Marcela uma jovem com ideias incríveis para melhorar a comunidade em que foi criada mas com muitas dúvidas sobre o que fazer para transformar os seus sonhos em ações que possam mudar a realidade dos jovens locais Vamos iniciar a nossa jornada com a Marcela Marcela sempre foi uma pessoa formidável A jovem de 25 anos filha de uma diarista e de um caminhoneiro sempre foi muito estudiosa e bastante conhecida na comunidade em que foi criada uma região pobre da capital paulista com alto índice de criminalidade e pouquíssimas opções de lazer e educação para os jovens que almejavam um futuro melhor Todos que conheciam Marcela a definiam como inteligente sonhadora e idealista ao mesmo tempo era muito focada obstinada e perseguia com muita garra os seus objetivos Marcela era muito conhecida pois entre outros comportamentos exemplares estava sempre envolvida com ações que tinham por objetivo melhorar a vida das pessoas que estavam ao seu redor Aliás a jovem idealista é fruto de uma dessas escassas ações possibilidades e chances que apare ceram naquele lugar teve sua capacidade e seus esforços reconhecidos aproveitou os benefícios de uma bolsa de estudos integral que ganhou em uma renomada instituição educacional inglesa e se formou em Marketing Agora formada e de volta ao Brasil ela quer ajudar a fazer a diferença na vida dos jovens com os quais até pouco tempo atrás ela esteve quer proporcionar a eles possiblidades de acesso a empregos melhor qualificação profissional melhor nível educacional entre outras coisas Todavia não sabe como fazer Deve abrir uma empresa ou negócio para essa finalidade Que tipo de empreendimento seria o mais adequado Esse empreendimento pode 23 ter lucro Como sobreviver e ajudar seus pais trabalhando com filantropia Enfim muitas dúvidas Por isso caro aluno agora precisamos do seu apoio para orientar a Marcela a desenvolver a sua ideia tirando as dúvidas principais que ela levantou Para isso você terá todas as informações e o suporte teórico ao conhecer e aprender os conceitos de processo empreendedor e suas etapas as diferentes formas de empreender os empreendedorismos social e corpo rativo o empreendedorismo virtual e as melhores práticas de empreen dedorismo no Brasil e no mundo para responder aos questionamentos da Marcela e ajudála a conseguir realizar um projeto tão importante para a nossa sociedade Bons estudos Não pode faltar O empreendedorismo tem se mostrado uma das principais ferramentas econômicas sendo indispensável diante da conjectura e das perspectivas vislumbradas para o século XXI Obviamente isso se deve a uma série de motivos Em primeiro lugar ele tem sido considerado a mola propulsora para o fortalecimento da economia de diversos países uma vez que pode ser traduzido por uma série de estímulos ao surgimento de pequenos negócios que atualmente já representam uma parte significativa do PIB e fonte geradora de emprego em diversas nações Mas você já parou para pensar exatamente em que ponto se inicia o processo empreendedor Em linhas gerais um dos maiores equívocos proporcionados pelo senso comum é um indivíduo decidir empreender por acaso coincidência ou alguma fatalidade qualquer Diversos estudos mostram que há uma série de fatores ou elementos que levam uma determinada pessoa a ter uma ideia e então decidir abrir o seu próprio negócio A verdade é que muitos empreendedores não sabem definir exatamente o que os motivou a abrir a sua empresa Isso se deve ao fato de que todos nós estamos continuamente expostos e sofremos a ação de diversos estímulos de fatores ambientais externos que nos levam às mais diferentes ideias e tomadas de decisões ainda que não sejamos capazes de compreender E com os empreendedores não é diferente caro aluno Reflita Apesar dos negócios surgirem de grandes ideias ou do reconhecimento de oportunidades no mercado apenas esses aspectos são suficientes para que um novo empreendimento ou uma nova empresa tenha sucesso 24 Segundo Dornelas 2018 a decisão de empreender acontece como consequência de fatores que variam como interesses pessoais do indivíduo elementos ambientais ou sociais que influenciam o empreendedor oportu nidades que ele observou no mercado a sua atuação profissional ou ainda uma soma de dois ou mais desses elementos Enfim há infinitas variáveis impactantes desde a infância vivida por esse futuro empreendedor até o seu cotidiano profissional atual Essas infinitas percepções do ambiente geral podem ser o elemento motivador o gatilho para o surgimento de uma ideia empreendedora voltada à melhoria ou à criação de um novo produto serviço ou até mesmo de um novo negócio Logo fica evidente que o processo empreendedor se inicia quando há um evento gerador ou catalizador que acelera algumas variáveis como inovação realização profissional desafios de carreira entre outros que possibilitam o início de um novo negócio mas somente o fato de aproveitar uma boa oportunidade de mercado ou ainda ter uma grande ideia não é de forma alguma o suficiente para que o negócio alcance os resultados ou objetivos pretendidos segundo a forma e o tipo de empreendedorismo almejado Por isso imediatamente após o surgimento da ideia ou identificação da oportunidade o empreendedor deve em uma determinada perspectiva de tempo iniciar uma série de ações e decidir se dará ou não continuidade ao processo passando para a fase de coleta de informações de processamento e análises de junção de recursos e desenvolvimento do plano de negócios sendo esse último um elemento norteador para a gestão do empreendimento após o seu lançamento Desse momento em diante o empreendedor muda a sua condição passando a ser o gestor estratégico do seu negócio pois o seu foco no processo empreendedor será o sucesso do empreendimento a fim de que então possa colher os frutos as recompensas e os benefícios do emprego de seu talento seus esforços seus recursos e seu tempo Veja a figura a seguir 25 Figura 12 Empreendedorismo como processo algumas fases importantes Ideia ou reconhecimento de oportunidade Decisão inicial de prosseguir Plano de Negócios Lançamento do novo empreendimento Construção de um negócio de sucesso Colheita das recompensas Todas as fases são influenciadas por esses três níveis de variáveis Variáveis de nível individual Variáveis de nível grupal Variáveis de nível social Fonte Adaptado de Baron e Shane 2007 p16 26 É importante destacar que por mais que a figura expresse uma perspec tiva de sequenciamento de passos que devem ser realizados não há a neces sidade de que uma etapa se encerre para que outra se inicie Logo após o surgimento da ideia ou reconhecimento da oportunidade possivelmente o jovem empresário inicia a busca por informações de modo concomitante ao seu planejamento Assim com o avanço do processo o empreendedor vai realimentando o sistema de informações verificando os rumos traçados inicialmente Com isso verificamos que o planejamento será uma espécie de bússola norteadora para os indivíduos que empreendem Assimile Processo empreendedor é um conjunto estruturado de medidas que devem ser tomadas de modo ordenado pelo empreendedor logo após o surgimento da ideia ou reconhecimento da oportunidade de negócio proporcionando maior assertividade na tomada de decisão empreende dora aumentando consideravelmente as chances de sucesso do futuro empreendimento Portanto como vimos o processo é de grande importância para o futuro empreendedor ainda mais se pensarmos que há diversas formas de empre ender cada uma com suas particularidades ou finalidades específicas Desse modo o panorama do empreendedorismo se mostra extremamente interessante aberto e repleto de oportunidades e práticas empreendedoras no Brasil e por que não no mundo todo Afinal com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação TICs que resultaram maior interatividade e proximidade entre pessoas clientes fornecedores e outros parceiros de negócio verificase uma infinidade de meios e objetivos para o desenvolvi mento empreendedor com inúmeras perspectivas aos seus interessados O impacto é gigante e atinge até mesmo aqueles que não querem ou desejam ter o próprio negócio Desse modo passaremos a tratar das seguintes formas de empreendedorismo Intraempreendedorismo Empreendedorismo social Empreendedorismo virtual 27 Intraempreendedorismo Seja por motivos culturais familiares pessoais profissionais entre outros há inúmeros indivíduos que nem cogitam a hipótese de ter o próprio negócio Conscientes da alta carga de responsabilidade e sacrifício pessoal que envolve o cotidiano empreendedor ou ainda por conta do perfil mais conservador e do anseio de uma vida pessoal mais estável uma parcela bastante conside rável da população mundial prefere ou apenas cogita a hipótese de continuar trabalhando para terceiros sendo empregados junto às pessoas jurídicas as empresas ou pessoas físicas empregadores domésticos E é exatamente para os empregados que cresce cada vez mais uma forte corrente do empreendedorismo o intraempreendedorismo também chamado de empreendedorismo corporativo Essa prática consiste em ações empreendedoras desenvolvidas internamente nas empresas pelos seus próprios colaboradores Essa é uma característica cada vez mais disse minada treinada e desenvolvida pelos profissionais de RH juntamente aos empregados atuais das organizações ou desejada e buscada em candidatos nos processos seletivos O empreendedorismo corporativo é um meio de estimular e posteriormente de aproveitar os indivíduos em uma organização que acham que algo pode ser feito de um modo diferente e melhor A resistência à flexibili dade ao crescimento e à diversificação pode em parte ser superada ao desenvolver um espírito de empreende dorismo na organização existente chamado de empre endedorismo corporativo ou intraempreendedorismo HIRSCH PETERS SHEPHERD 2017 p 2930 A importância do intraempreendedorismo tem aumentado significativa mente diante da conjectura do mercado atual Afinal a competição entre as empresas tem se acirrado por conta do maior número de players no mercado exigências crescentes por inovação aumento da qualidade dos produtos índices de produtividade consumo sustentável redução dos custos entre outros fazendo com que a pressão por resultados dentro das empresas esteja num nível altíssimo Em todas essas variáveis descritas o fator humano se torna imperativo para o alcance de resultados satisfatórios uma vez que é o elemento que está direta e intrinsecamente relacionado com a inovação e o desenvolvimento do capital humano e intelectual das empresas que são considerados dois dos principais ativos das organizações no século XXI 28 Portanto não há dúvidas do interesse das empresas em colaboradores que apresentam competências ou perfil empreendedor pois esses indivíduos atuam como líderes naturais proativos e colaborativos em prol dos resultados e objetivos organizacionais Além disso esses empregados se comportam como donos do negócio e por isso estão constantemente fazendo análises do mercado e do ambiente organizacional interno propondo novas ideias e alternativas para os desafios encontrados pelas empresas DORNELAS 2017 Dica Ser intraempreendedor é uma competência cada vez mais desejada e cobrada pelos gestores de recursos humanos e headhunters caçadores de cabeças talentos em processos seletivos das organizações desde recrutamento de jovens talentos e trainees passando por vagas opera cionais cargos de gerência até ser impreterível para diretores e CEOs Mais do que ser proativo ou seja anteciparse aos problemas futuros ou aproveitar as oportunidades os gestores anseiam por colabora dores que possam produzir criar e desenvolver produtos e soluções gerando inovação e criação de valor para a própria empresa como para os seus clientes Empreendedorismo social Uma das modalidades empreendedoras mais trabalhadas no mundo sendo amplamente difundida e apoiada por diversos organismos interna cionais é o empreendedorismo social Todavia há um elemento que pode parecer paradoxal no fomento desse tipo de modalidade empreendedora o objetivo principal não é a geração de lucro É isso mesmo prezado aluno o empreendedorismo social não tem como objetivo a lucratividade e o retorno econômico financeiro para o empreendedor eou investidor Vamos compreender as suas características e importância Entre outras perspectivas o empreendedorismo também tem sido traba lhado sob uma ótica social no sentido do combate à pobreza redução da desigualdade social promoção da educação e uma série de outros problemas sociais que afligem a sociedade moderna no mundo todo A própria ONU e o Banco Mundial têm desenvolvido uma série de iniciativas de apoio aos mais variados tipos de projetos e iniciativas empreendedoras que combatem os problemas citados É a essas diferentes iniciativas de negócios empreende dores voltadas a quebras de paradigmas e mudanças de realidade social que damos o nome de empreendedorismo social 29 Segundo o Sebrae 2017 o conceito de empreendedorismo social é voltado à promoção de um conjunto de ações que podem mudar a realidade de um determinado ambiente por meio do estabelecimento de medidas e estratégias sustentáveis que proporcionam um impacto social positivo e o resgate de pessoas em algum tipo de necessidade ou vulnerabilidade social As ações empreendedoras geralmente são voltadas ao espectro social beneficiando a população menos favorecida e com renda mais baixa classifi cada como classe C D eou E Quadro 11 Comparação entre o empreendedorismo privado tradicional e social ASPECTO PERFIL PRIVADO TRADICIO NAL PERFIL SOCIAL Perspectiva É individual É coletivo Finalidade Produção de bens e serviços para o mercado Produção de bens e serviços para a comunidade Foco Oportunidades de mercado Soluções para problemas sociais Medida de desempenho Lucro Impacto Social Propósito Visa satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio Visa resgatar pessoas de situação de risco social e promovêlas Fonte adaptado de Melo Neto e Froes 2002 p 11 De acordo com Melo Neto e Froes 2002 não é qualquer pessoa que tem o perfil para ser empreendedor social Afinal o objetivo do empreendedo rismo social é atuar no combate de problemas sociais de uma determinada comunidade bairro ou região gerando benefícios sociais tangíveis e intan gíveis para eles Isso exige características pessoais do indivíduo interessado nessa modalidade empreendedora tais como desprendimento econômico pragmatismo responsável força de vontade intuição visão sensibilidade social entre outras Nesse tipo de empreendimento não há a busca por lucro ou distribuição de ganhos aos empreendedores em hipótese alguma Ao empreendedor social será pago apenas o seu salário segundo a função que o mesmo exercer de acordo com o estatuto social devidamente registrado no momento da consti tuição do negócio Todos os recursos disponíveis são voltados à produção de bens e serviços relacionados ao objetivo social do empreendimento que são destinados à manutenção do projeto gerando benefícios sociais muitas vezes imensuráveis para os grupos de pessoas que serão beneficiadas 30 Todavia cabe ressaltar que o empreendedor deve ter profunda responsa bilidade e zelo com a gestão financeira do negócio social Não há qualquer incompatibilidade de propósito entre as questões financeiras econômicas e sociais do empreendimento A boa gestão financeira dessa modalidade empreendedora sempre com a perspectiva de manutenção do caixa positivo e reinvestimentos das sobras de caixa é imprescindível para que o empreen dimento social seja ampliado e perpetuado podendo atender a um número cada vez maior de pessoas Empreendedorismo virtual Já falamos sobre o dinâmico processo de evolução tecnológica que viven ciamos principalmente a partir do final do século XX sendo impressionante o impacto provocado em todas as áreas de conhecimento de mercado da própria existência da humanidade em si e da sociedade atual que conhe cemos E com o empreendedorismo não é diferente É quase que infinito o número de oportunidades trazidas pela internet ou ainda de negócios que surgiram e partir do advento e desenvolvimento das TICs Para Dornelas 2018 p 72 a internet é um celeiro de oportunidades jamais visto na história da humanidade e isso se deve à intensa interação proximidade e relação de intimidade construída entre marcas empresas seus clientes e o mercado em geral É nesse cenário promissor que surge o empreendedorismo virtual O empreendedorismo virtual ou empreendedorismo digital pode ser definido como as ações empreendedoras para se criar e desenvolver empresas ou novos negócios que têm suas operações integral ou parcialmente estabe lecidas em plataformas na internet principalmente no que tange às funções relacionadas aos seus processos de marketing e vendas Esse processo de compras e vendas pela internet pode ser definido como ecommerce Desse modo o número crescente de dispositivos móveis conectados à rede bem como as novas aplicabilidades das redes sociais a comunicação interativa os preços mais acessíveis o aumento da segurança dos meios de pagamento entre outros fatores elevam cada vez mais o número de consu midores que passam a adquirir seus produtos e serviços por meio de compras na internet Atenção Ebusiness e ecommerce não são conceitos ou termos sinônimos como muitas vezes vemos equivocadamente sendo utilizados no dia a dia 31 Ebusiness todos os processos organizacionais das empresas que podem ser geridos por sistemas empresarias que estejam alicer çados na internet para consulta ou operações a qualquer hora momento ou lugar Ecommerce é uma parte do ebusiness que compreende basica mente a todas as transações processos e operações de marke ting e ações comerciais principalmente de compra e venda Todavia segundo Gomes 2003 a pessoa que se predispõe a se tornar um empreendedor virtual deve possuir alguns prérequisitos quase que obriga tórios visando o seu próprio sucesso deve saber identificar e aproveitar as tendências de mercado ser focada em inovação além de conhecer bem o seu segmento de atuação e as características do seu públicoalvo afinal se questões como o ponto de vendas passam a ser secundárias para o novo empreendedor questões como confiabilidade veracidade e disponibilidade de informações tempo de entrega comunicação assertiva segurança no pagamento e na gestão das informações dos clientes tornamse preocupações constantes para o eempreendedor Entre as principais vantagens para quem almeja o empreendedorismo virtual e o comércio eletrônico é possível citar maior visibilidade e exposição da marca e dos produtos diminuição dos custos funcionamento 24 horas maior relacionamento com os clientes aumento da carteira de clientes vendas para qualquer parte do mundo etc Já entre os pontos negativos que vão lhe exigir cuidados redobrados podemos citar ataques e invasões de hackers sites fraudulentos falta de suporte compras erradas atrasos e falhas no processo de entregas entre outros Todavia a balança ainda é muito favorável em prol dos aspectos positivos Finalizando essa etapa de aprendizado não podemos falar de empreen dedorismo virtual sem falar do modelo de negócio que se tornou a menina dos olhos de empreendedores e do mercado econômico financeiro em geral as startups Há muitas definições que envolvem o temo startup que vão desde empresas embrionárias que estão no seu início de vida até empresas que têm produtos inovadores que precisam de aporte financeiro para crescer e gerar lucros altos e sustentáveis Segundo o Sebrae 2014 sp uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável trabalhando em condições de extrema incerteza 32 Exemplificando A empresa de serviços financeiros e de solução em pagamentos PayPal foi fundada em 1998 nos EUA e hoje atua com mais de 277 milhões de pessoas que são correntistas ativos no Brasil e no mundo enviando e recebendo pagamentos digitais por meio de sua plataforma aberta conforme informa em seu site Entretanto quando começou há mais de 20 anos era apenas uma pequena startup que buscava inovar e crescer nesse concorrido segmento de mercado Para nós startup é um conceito de negócio ou uma empresa em início de atividades que conta com uma ideia promissora uma invenção ou um protó tipo de produtoserviço inovador geralmente atrelado à algum elemento ou fator tecnológico que carece de pesquisa ou necessita de ser aperfeiçoado podendo render lucros e retorno financeiro altamente satisfatórios para seus criadores e investidores Esse tipo de empreendimento tem ganhado cada vez mais atenção e inves timentos por parte da iniciativa pública e privada Segundo Dornelas 2018 incubadoras de empresas aceleradoras de negócio e fundos de investimentos têm proporcionado aporte financeiro e estrutura para que essa modalidade de empresa possa se desenvolver e alcançar os objetivos que pretende com ela Prezado aluno você aprendeu que os empreendedores devem desen volver um processo empreendedor no intuito de estruturarem suas ideias e aproveitarem adequadamente a oportunidade que está surgindo Por fim há inúmeras formas e propósitos para se empreender logo cada indivíduo interessado deve buscar o modelo que mais se adequa a sua ideia de negócio Bons estudos e até a próxima Sem medo de errar Prezado aluno você acaba de evoluir em seus estudos e aprendizado sobre o empreendedorismo Neste momento você aprendeu sobre o panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI bem como a impor tância do processo empreendedor e as diversas formas da aplicação dos conceitos empreendedores nos mais variados tipos de negócio Além disso aprendeu ainda sobre algumas formas de empreendedorismo tais como intraempreendedorismo empreendedorismo social e o empreendedorismo virtual Dessa forma que tal voltarmos ao projeto da Marcela exposto na situação problema Vamos auxiliála a montar o seu negócio que será tão 33 importante para os jovens que vivem onde ela cresceu Para isso vamos relembrar a situação Marcela é uma jovem muito especial e que venceu muitos desafios apesar da sua pouca idade Mesmo crescendo em uma região pobre com poucas possibilidades e alta criminalidade ela focou a educação para conseguir um futuro melhor Além disso ela era muito conhecida por todos na favela onde morava pois era muito inteligente e estava sempre disposta a ajudar a melhorar a vida de todos ao seu redor Essas características foram fundamentais para que ela conseguisse uma bolsa de estudos em uma renomada instituição fora do país Agora formada em Marketing e de volta ao país quer abrir um negócio que gere oportunidades ou chances melhores para os jovens da comunidade local oportunidades essas como a que ela teve de estudar conseguir uma profissão e melhorar a sua vida Ela tem muitas ideias apoiadores recursos porém está cheia de dúvidas lembrase Agora que relembrou vamos ajudála a empreender corretamente Diante do problema apresentado dos desejos das ideais e das perspec tivas de Marcela ela deve sim ter um negócio mas não um negócio comum voltado à obtenção de lucro Ela deve focar o empreendedorismo social estruturando um negócio social voltado a ajudar jovens a terem melhores possibilidades de estudo melhorando assim o seu desempenho acadêmico possibilitando o seu ingresso em faculdades públicas ou a obtenção de bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior Esse negócio não é voltado à obtenção de lucro Como todos os tipos de negócio social as receitas obtidas com o projeto devem ser voltadas à manutenção dele bem como à perpetuação do negócio para que ele possa atender um número cada vez maior de pessoas da comunidade em que está estruturado Na verdade o negócio social não é exatamente uma atividade filantrópica do ponto de vista do trabalho que Marcela executará Na condição de diretora do negócio devidamente formalizada em ata e estatuto social devidamente registrado ela receberá um salário de mercado para exercer as funções devidas em seu empreendimento Desse modo as despesas cotidianas de Marcela seriam de sua própria responsabilidade Já a remuneração mensal de Marcela por sua atuação profissional no negócio é uma despesa como qualquer outra a ser paga por seu negócio 34 Faça valer a pena 1 Há empreendimentos em que não há a busca por lucro ou distribuição de ganhos aos empreendedores em hipótese alguma mas sim na boa gestão financeira dessa modalidade empreendedora em que as sobras de caixa serão reinvestidas em prol da manutenção e ampliação do projeto empreendedor O seu objetivo principal está em aumentar e perpetuar os seus benefícios às pessoas que são atendidas por esse tipo de negócio O contexto apresentado no textobase se refere a que tipo ou modalidade de empreendedorismo a Empreendedorismo corporativo b Empreendedorismo social c Empreendedorismo pessoal d Empreendedorismo digital e Empreendedorismo interno 2 Seja por motivos culturais familiares pessoais profissionais entre outros há inúmeros indivíduos que nem cogitam a hipótese de ter o próprio negócio Conscientes da alta carga de responsabilidade e do sacrifício pessoal que envolve o cotidiano empreendedor ou por conta do perfil mais conser vador e do anseio de uma vida pessoal mais estável uma parcela bastante considerável da população mundial prefere ou apenas cogita a hipótese de continuar trabalhando para terceiros sendo empregados juntamente a pessoas jurídicas as empresas ou a pessoas físicas empregadores domés ticos E é exatamente para os empregados que cresce cada vez mais uma forte corrente do empreendedorismo o intraempreendedorismo também chamado de empreendedorismo corporativo Analise as afirmativas seguintes sobre o intraempreendedorismo I É voltado à promoção de um conjunto de ações que pedem mudar a realidade de um determinado ambiente bem como promover um impacto social positivo e o resgate de pessoas em vulnerabilidade II É uma característica cada vez mais disseminada treinada e desenvol vida pelos profissionais de RH juntamente aos empregados além de procurada em candidatos nos processos seletivos III O intraempreendedorismo é muito importante pois valoriza o fator humano que é imperativo para o alcance de resultados satisfatórios e um dos principais ativos empresariais 35 Com base no que foi exposto é correto o que se afirma em a II e III apenas b I e III apenas c I apenas d II apenas e I II e III 3 O empreendedorismo virtual ou empreendedorismo digital pode ser definido como as ações empreendedoras para se criar e desenvolver empresas ou novos negócios que têm suas operações integral ou parcialmente estabe lecidas em plataformas na internet principalmente no que tange às funções relacionadas aos seus processos de marketing e vendas Esse processo de compras e vendas pela internet pode ser definido como ecommerce Dessa forma leia as asserções a seguir sobre empreendedorismo virtual I O empreendedor virtual deve possuir alguns prérequisitos como saber identificar e aproveitar as tendências de mercado ser focado em inovação além de conhecer bem o seu segmento de atuação e as características do seu públicoalvo PORQUE II Questões como confiabilidade veracidade e disponibilidade de informações tempo de entrega comunicação assertiva segurança no pagamento e na gestão das informações dos clientes tornamse preocupações constantes para o eempreendedor A respeito dessas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 36 Seção 3 Reconhecendo e desenvolvendo oportunidades empreendedoras Diálogo aberto Caro aluno é hora de aprender um pouco mais sobre empreendedo rismo e compreender como essa ferramenta tão importante para a economia mundial surge ou se inicia na vida das pessoas que decidem empreender Embora a priori possa parecer algo muito simples a geração da ideia ou o reconhecimento e a avaliação de oportunidades de negócio são aspectos essenciais para o sucesso do novo empreendimento Mas de onde eu devo partir para iniciar o meu negócio Queria ter o meu próprio negócio mas não consigo ter uma boa ideia para abrir a minha empresa qual a melhor área Meu produto deve ser novo no mercado Como devo avaliar uma oportunidade e saber se é uma boa possibilidade de empre endimento Essas perguntas estão entre os questionamentos mais comuns que os especialistas em empreendorismo escutam de potenciais empreende dores que não conseguem tomar decisões e é exatamente essa a situação de Christine Vamos conhecer essa história Ter uma ideia descobrir algo totalmente novo ou reconhecer uma boa oportunidade no mercado não é algo muito fácil realmente e isso passou a deixar Christine realmente chateada pois pensava estar preparada para isso e agora começava a levantar dúvidas do seu futuro Christine está com 23 anos e tinha algumas coisas claramente traçadas em sua vida Sua família não é pobre está inserida na nova classe média que se configurou no início dos anos 2000 porém desde muito cedo ela sempre esteve envolvida em pequenos negócios que usava para ganhar alguma renda extra tendo em vista os anseios e desejos que a juventude despertava Ela se lembra com um sorriso no rosto quando aos 12 anos quis um brinquedo especial e seus pais lhe pediram para guardar parte da mesada em prol desse objetivo Christine não só guardou parte da mesada como vendeu suco na porta de igreja que frequentavam para conseguir mais facilmente seu brinquedo Quando queria uma roupa ou um tênis novo sempre vendia alguma peça que não usava mais para algum brechó ou para alguma amiga A viagem de formatura com toda a turma do colégio só foi possível graças à ideia da rifa de uma cesta de chocolates que produziu com sua mãe e vendeu para amigos e familiares 37 Hoje após ter trabalhado como jovem aprendiz e na área administrativa de uma grande empresa Christine conseguiu juntar uma boa quantia finan ceira para iniciar o projeto para o qual se preparou ser dona do seu próprio negócio No entanto é exatamente aí que os seus problemas começam pois não consegue decidir que tipo de empresa quer ter além disso achase uma vendedora nata porém acredita ter pouca criatividade e por isso não consegue ter uma ideia inovadora e encontrar uma boa oportunidade no mercado para investir e iniciar sua própria empresa O medo de tomar uma decisão errada e perder o que conseguiu lhe deixa paralisada o tempo está passando e ela não sabe o que deve fazer Diante disso vamos ajudar Christine a iniciar o processo empreendedor Na condição de um consultor em empreendedorismo quais as principais fontes de ideias que você pode indicar para ela Quais medidas poderiam ajudála a reconhecer uma boa oportunidade empreendedora Por fim quais ferramentas podem ajudála a avaliar mais adequadamente essa ideia ou oportunidade de negócio Agora é com você Foque os estudos desta etapa e ajude essa jovem a aumentar suas chances de se tornar uma empreendedora de sucesso Excelente estudo Não pode faltar O empreendedorismo pode ser considerado uma das estratégias mais interessantes para fortalecer a economia global Responsável pela maior parte do PIB de muitos países os micros e pequenos negócios ainda empregam a maior parcela da população motivo que por si só justifica a sua importância Além disso o empreendedorismo tem sido usado como uma das ferramentas fundamentais para a redução da desigualdade social e no combate à pobreza em muitas regiões no Brasil e no mundo Mas como iniciar um empreendimento Onde empreender Qual o ponto de partida para se criar um negócio Geralmente essas perguntas são respondidas quase sempre da mesma forma a partir do surgimento de uma ideia ou o reconhecimento de uma oportunidade no mercado Vamos iniciar esta etapa do nosso estudo pela primeira a geração de uma ideia A ideia é comumente definida como um conceito um elemento ou um espécie de imagem de um determinado objeto ou situação pertinente à repre sentação e criação mental de um indivíduo Cabe aqui destacar a importância da imagem pois tratase do aspecto chave para a definição de ideia sendo 38 até mesmo a raiz etimológica da palavra Essa imagem ou conceito que uma pessoa cria em torno de algo pode ser real ou abstrata Nesse sentido surge uma das primeiras dificuldades em relação à expli cação ou exposição de uma ideia para uma pessoa ou um grupo de pessoas por se tratar muitas vezes de algo completamente novo ou abstrato gera uma série de dificuldades aos indivíduos de compreensão daquilo que talvez esteja materializado apenas na mente de uma pessoa Expor situações concretas objetos tangíveis ou aspectos materializados é muito mais simples do que tentar expor algo que por enquanto é apenas um elemento intangível Afinal tornar real algo que por enquanto é apenas uma possiblidade uma sugestão um pensamento abstrato ou ainda a antecipação daquilo que está por vir é muitas vezes uma tarefa inglória Para Barbieri Álvares e Cajazeira 2009 a ideia nasce na mente da pessoa que logo após o seu surgimento fará sua comunicação para outras pessoas que poderão colocála em prática aprimorála ou simplesmente descartála Portanto ideias podem ser traba lhadas e manipuladas sendo a base do processo de invenção e inovação nas empresas Ideias são como bebês nascem pequenas imaturas sem forma São mais promessas do que realização Por isso o executivo da organização inovadora não diz Que ideia fantástica Ele pergunta O que é preciso fazer para transformar essa ideia em uma oportunidade O execu tivo da organização inovadora sabe que muitas ideias acabam mostrandose sem sentido e que é preciso correr riscos para converter uma pequena ideia em uma grande inovação DRUCKER apud MENDES 2017 p 58 Exemplificando Já parou para pensar que muitas vezes a ideia de um negócio surge quando menos se imagina Veja como exemplo esta história interes sante e curiosa O treinador esportivo Bill tomava café pela manhã e refletia sobre o que estava atrapalhando o rendimento de seus atletas Entre muitas variáveis possíveis que afetavam o desempenho dos corredores uma era certa os tênis que eles utilizavam não ajudavam em absolutamente nada pois eram pesados e desconfortáveis era preciso calçados mais flexíveis e leves 39 De repente ali mesmo na mesa do café Bill teve uma ideia para lá de inusitada após alguns minutos analisando um waffle que sua esposa tinha preparado O experiente treinador viu que o formato do alimento era ideal e exatamente o que desejava para os tênis dos atletas Não pensou duas vezes correu pegou um pedaço de borracha e colocou na máquina de waffle para o espanto da sua esposa que atônita o assistia Após alguns cortes e ajustes tinha encontrado a solução que tentou oferecer para inúmeras empresas do setor sem sucesso Porém ele não desistiu e fabricou 300 calçados com o apoio de um de seus atletas E como terminou a história Não terminouVocê acaba de saber como surgiu uma das maiores e mais valiosas marcas de materiais esportivos a Nike DOMINGOS 2018 Com o avanço da tecnologia e do processo constante de troca de informa ções entre as pessoas temos visto um farto e fértil terreno para o surgimento de ideias Basta um simples acesso à internet e temos acesso a uma infinidade de informações reportagens notícias inusitadas descobertas científicas no Brasil e no mundo que podem resultar em um insight uma espécie de estalo mental clareza discernimento ou construção de pensamentos e ideias que nos propiciam ver eou perceber coisas ou situações ocultas que outros talvez não tenham notado e que podem resultar em uma invenção ou inovação de mercado As próprias situações cotidianas do mundo em si diversidade de culturas costumes tradições religiões etc propiciam o aparecimento de ideias que quando bem trabalhadas podem dar início a ótimas possibili dades de negócio Obviamente que ideias essencialmente inovadoras que geram novos produtos mudanças de consumo e até mesmo novos mercados vão produzir maiores resultados e por consequência obter mais lucros e retorno econômico Há empreendedores e empresas que se caracterizam exata mente por estarem constantemente inovando ou revolucionando o mercado Entretanto ideias totalmente inovadoras são raras e quem põe o produto para venda no mercado nem sempre é o autor original da ideia Por isso é muito comum empreendedores obterem sucesso refinando e melhorando ideias ou conceitos que já tenham visto em outros lugares Segundo Dornelas 2018 a questão de a ideia ser única não tem nenhuma relevância para o processo de geração de novas ideias empreendedoras sendo um dos maiores mitos que já se criou em torno do empreendedorismo Utilizar uma ideia do próprio empreendedor ou de terceiros bem como somála a outros conhecimentos lapidandoa e melhorandoa até se trans formar em um produto ou serviço que represente uma boa oportunidade de 40 negócio no mercado é que será o fator de importância para quem de fato quer empreender com sucesso Portanto mais do que ter que uma ideia única é fundamental que a ideia seja aperfeiçoada a fim de oferecer maiores benefícios e valores aos consu midores do que aqueles proporcionados pelos concorrentes Logo é muito melhor uma ideia que foi desenvolvida aos poucos pela prática do cotidiano de mercado do que uma incrível nova ideia que talvez nunca surja Dica Não é preciso inventar a roda e criar algo totalmente novo é plena mente possível apenas melhorar uma ideia Um aspecto fundamental nas relações comerciais desde os primórdios das civilizações humanas é a confiança entre aqueles que estão reali zando uma transação Pierre Omidyar não foi o criador do comércio eletrônico utilizando a internet mas logo percebeu que esse impor tante fator social e humano seria um elemento fundamental para diferenciar o seu site eBay das outras empresas que também iniciavam sua jornada de vendas na internet em 1995 Por isso desenvolveu um sistema fundamentado nas avaliações mútuas tanto de vendedores quanto de compradores criando pesos e contrapesos por meio de notas dadas pelos envolvidos em transações Esse sistema é utilizado e aprimorado até hoje pela empresa proporcionando maior confiança e segurança nos processos de compra e venda que ocorrem no site fazendo com que ele seja um dos mais utilizados para o mercado C2C venda de consumidores para consumidores nos EUA e no mundo HISRICH PETERS SHEPHERD 2014 Dessa forma destacamos quatro fatores como os principais alicerces além de serem catalizadores que aumentam e potencializam os processos de geração de ideias Diversidade a multiplicidade de fatores como idade gênero credo raça etnia cultura conhecimentos profissões entre outros resultam em melhor compreensão dos anseios gerais da sociedade e do mercado consumidor Informação é a matériaprima para a criação de ideias assim é fundamental ao indivíduo que quer empreender estar atento a qualquer fonte de informação que pode ser o princípio para novas ideias e pilar para a identificação de novas oportunidades 41 Pessoas as pessoas são elementos fundamentais e a principal fonte para o surgimento de ideias Isso se deve pelo fator da criatividade que é intrínseco e fundamentalmente característico do ser humano Além disso no que tange aos aspectos sociais o ser humano é motivado pela busca constante do novo e da evolução Timing para considerar uma ideia como boa é fundamental que ela surja ou seja executada no tempo correto Quando se tratar de uma ideia de empreendimento na área tecnológica o timing será crucial para o sucesso do negócio e para a geração de vantagem competitiva em relação à concorrência Assimile Jovens empreendedores costumam achar que suas ideias ou produtos são únicos revolucionários sem concorrentes de mercado etc por isso não podem comentar falar ou discutir com outras pessoas a respeito disso para que suas ideias não sejam roubadas copiadas ou implantadas mais rapidamente por outros Por mais que possa ser verdade e que riscos possam existir Dornelas 2018 alerta para o perigo de tal visão sendo um erro muito comum entre novos empreendedores Raramente surgem grandes ideias ou produtos totalmente novos que revolucionam o mercado Por isso boas ideias que poderiam ser aprimoradas dando início a negócios promissores perdemse por puro preciosismo e cuidado excessivo do jovem empreendedor Sendo assim é fundamental que o empreendedor que esteja promo vendo ações promova a criação e o desenvolvimento de ideias que possam ser transformadas em negócios de sucesso Assim a criação de um banco de ideias é uma prática muito assertiva nesse sentido pois além de não deixar as ideias morrerem cuida para que outras que ainda não estejam devidamente maturadas ou seja factíveis de mercado desenvolvamse adequadamente sendo cultivadas melhoradas trabalhadas para serem analisadas futura mente em momento oportuno Atenção Você sabia que inovação é diferente de invenção Inovação evolução e desenvolvimento contínuo de produtos e serviços com o aproveitamento das oportunidades do ambiente externo para fins comerciais 42 Invenção criação de um novo produto serviço ou processo sem neces sariamente apresentar um propósito eou finalidade comercial Para Dornelas 2018 os empreendedores devem ser curiosos e levantar o tempo todo questionamentos para melhorias de seu próprio negócio possiblidades de novos empreendimentos ou ainda geração de novas ideias que sejam realizáveis para investimento no mercado Isso é de grande relevância para o sucesso no mundo dos negócios uma vez que o processo de concepção de ideias é extremamente relativo e variado fazendo com que a geração de insights de negócios promissores possa ocorrer de muitas formas Veja a figura a seguir com algumas das principais fontes geradores de ideias Figura 13 Fontes geradoras de Ideias Governos Publicações Especializadas Concorrentes Consultores Treinamentos Academia Feiras e Congressos Pessoas PD FONTES DE IDEIAS Fonte elaborada pelo autor Mesmo com tantas fontes geradoras de ideias alguns empreendedores têm dificuldades em definir a melhor ideia para montar o seu negócio Técnicas simples como caixa de sugestões e reclamações de clientes brainstorming tempestade de ideias brainwriting tempestade de ideias escritas ou até mesmo técnicas refinadas como o design thinking metodologia usada 43 para a busca de soluções e construção de ideias por meio da modelagem de modo colaborativo e integrado pelos interessados em prol de um conceito ou objetivo são de grande valia para obtenção desenvolvimento e validação de ideias empreendedoras Reflita Está claro que criatividade e inventividade são características impor tantes para o surgimento de ideias mas é possível treinar as pessoas para que possam aprimorar essas qualidades no intuito de criarem gerarem desenvolverem ou aprimorarem cada vez mais ideias inova doras e produtivas Inicialmente recomendase que o futuro empreendedor foque oportu nidades que estejam em seu raio de ação e experiência profissional ou pessoal pois será muito difícil e improvável que tenha alguma grande e inovadora ideia em uma área ou mercado que nunca tenha atuado profis sionalmente Outra excelente medida para buscar oportunidades empreen dedoras é verificar as tendências de mercado e de consumo principalmente em se tratando daquelas que sejam duradouras No Quadro 12 os autores Hisrich Peters e Shepherd 2014 destacam as principais tendências para a próxima década Quadro 12 Tendências da próxima década TENDÊN CIA DESCRIÇÃO Verde Com o aumento da consciência ambiental na sociedade há uma predisposi ção dos consumidores em pagar mais por produtos ecologicamente corretos Energia limpa Fontes de energia limpa como a solar eólica e geotérmica apresentam gran des perspectivas econômicas e financeiras para o século XXI Orientação orgânica Há uma forte e crescente tendência pelo consumo de produtos orgânicos pela população tais como carne leite frutas legumes laticínios entre outros inclusive no que tange ao vestuário e produtos de limpeza Econômica O ambiente de crises econômicas recessão salários menores e melhoria quanto à educação financeira tem provocado um maior cuidado com os gastos cotidiano Por isso as pessoas têm adotado hábitos costumes e rotinas mais simples Social A tendência social cresce fortemente nesse século com o avanço e pers pectivas de novos e promissores negócios advindos de redes sociais como Facebook Instagram Whatsapp Linkedin entre tantas outras que surgem Saúde A saúde tem sido uma das principais preocupações da atualidade princi palmente com a perspectiva de maior longevidade da população Mais que envelhecer as pessoas querem envelhecer com qualidade de vida resultando em novos produtos e serviços para a terceira idade 44 Web Essa tendência tem criado muitas novidades e perspectivas de negócios Realidade virtual impressora 3D meios de comunicação internet das coisas big data jogos e vídeos online aplicativos ferramentas e funcionali dades infinitas para smartphones tablets e PCs criam novidades quase que diariamente para novos negócios Fonte adaptado de Hisrich Peters e Shepherd 2014 Outra boa medida para se reconhecer oportunidades de negócio está na visualização de problemas que afligem a sociedade e as empresas afinal para cada problema existe uma ou mais soluções segundo Mendes 2017 Para encontrar a solução ideal você precisa dedicarse a pensar e fazer valer de sua experiência para analisar o mercado O foco principal não deve ser apenas o reconhecimento de um problema mas sim concentrarse em prover uma solução viável e economicamente atrativa Com a solução em mente as oportunidades se abrem pois empresas públicas e privadas ONGs cidades países inteiros e porque não o mundo está em busca de ideias inovadoras para solucionar todos os tipos de problemas São infinitas as técnicas e os métodos que possibilitam uma análise quali tativa e quantitativa que o empreendedor dispõe para reconhecer e avaliar as melhores oportunidades de negócio e ideias empreendedoras visando uma tomada de decisão mais assertiva e respaldada para iniciar um empre endimento de modo mais seguro evitando com isso a perda de recursos valiosos que possam não dar o retorno esperado ou agregar pouco valor à sua empresa ou ao seu negócio Segundo Dornelas 2018 uma avaliação adequada de oportunidade empreendedora devese levar em conta critérios como mercado análise econômica vantagens competitivas equipe gerencial e critérios pessoais Todavia não são regras específicas ou determinadas que podem definir se uma determinada oportunidade é boa ou ruim Portanto por melhor que seja a aplicação e o uso das técnicas de avaliação sempre haverá riscos quando falamos de ser empreendedor e montar o próprio negócio Dessa forma sem dúvidas é possível afirmar que existem muitas técnicas mencionadas pela literatura empreendedora para se avaliar se uma oportu nidade de negócio ou ideia de empreendimento pode ou não alcançar os resultados pretendidos e almejados desde técnicas mais simples com baixo custo e de fácil e imediata aplicação até àquelas mais refinadas e caras que são mais complexas e muitas vezes exigem um profissional da área para a devida aplicação No Quadro 13 destacamos as mais utilizadas no mercado 45 Quadro 13 Técnicas e ferramentas para análise de oportunidades de negócio TÉCNICA DESCRIÇÃO Análises e testes de mercado Consistem em verificações e análises de variáveis pertinentes ao mercado testes com clientes fornecedores concorrentes e parceiros de negócio Grupos de discussão Grupo de pessoas que terão acesso ao produto aos serviços ou às informações deles passando suas impressões e avaliações gerais de modo estruturado a um intermediador que conduzirá o debate e as discussões Consultoria especia lizada Contratação de profissional especializado no segmento de mercado do seu produto ou serviço que estará apto a dar um feedback claro e bastante específico sobre os prós e contras de sua ideia de negócio Funil de ideias Também utilizada para concepção de ideias essa técnica ajuda o indivíduo a analisar e validar uma ideia sob dois prismas 1º a vivência e a experiência do empreendedor 2º observações e visões de mercado Análise Swot Ferramenta muito conhecida e utilizada para análise ambiental que pode ser facilmente adaptada para ajudar o empreendedor a verificar pontos fortes e fracos da sua ideia bem como identificar oportunidades de mercado e ameaças quanto ao surgimento ou à implantação da ideia Análise 360º Bastante indicada para empreendedores inexperientes é voltada para a realização de reflexões gerais sobre as circunstâncias internas e externas do negócio guiandoo em prol de observar as melhores oportunidades Modelagem de negó cio canvas Estruturação básica do negócio em quatro grupos básicos de perguntas que ajuda o empreendedor a avaliar estruturar e unificar os diversos elementos necessários para implantação da sua ideia de negócio eou empreendimento Plano de negócios Documento escrito de modo minuciosamente detalhado que tem por objetivos testar a viabilidade de uma ideia ou conceito de negó cio bem como servir de planejamento estratégico e tático das ações de gestão futura do negócio para o empreendedor Fonte adaptado de Sebrae 2016 Caro aluno agora que você aprendeu a importância de geração de ideias reconhecimento e avaliação de oportunidades empreendedoras é funda mental que aprimore os seus estudos no intuito de compreender cada vez mais os estímulos e as técnicas que podem auxiliar os empreendedores nessa etapa fundamental para o sucesso de um empreendimento Até a próxima e um excelente estudo 46 Sem medo de errar Estimado aluno você teve contato com uma série de elementos que são fundamentais à compreensão da disciplina de Empreendedorismo afinal os aspectos iniciais do processo empreendedor ou seja da geração de uma boa ideia de reconhecimento de uma boa oportunidade de mercado ou ainda as suas respectivas avaliações diminuindo o risco de fracasso e mortalidade de novos negócios são fatores de grande importância na vida do novo empreen dedor Por isso vamos voltar e relembrar o caso de Christine para ajudála a decidir sobre o seu próprio negócio Christine foi e é uma jovem de classe média ela tem 23 anos é bastante decidida esforçada motivada e tem flertado com atividades empreende doras há muitos anos desde a sua infância praticamente por isso tem uma certeza para a vida futura ser dona do próprio negócio Após anos trabalhando em diversas organizações e juntando recursos financeiros para abrir a sua própria empresa ela se depara com uma situação estranha complicada e que está provocando grande angústia e desânimo fazendoa pensar em desistir dos seus objetivos uma vez que se vê sem criati vidade para conseguir uma ideia inovadora de negócio Além disso Christine sente muito medo de escolher uma oportunidade ruim no mercado e perder os recursos que arduamente guardou logo está paralisada precisando de ajuda para conseguir dar início ao processo empreendedor da sua futura empresa Na condição de um consultor em empreendedorismo inicialmente pode indicar à ela que o negócio pelo qual ela se decida esteja ligado à alguma atividade ou experiência profissional que já tenha vivido pois isso aumen tará muito as suas chances de sucesso uma vez que já conhece uma série de aspectos fundamentais do ramo de atividade Outras fontes de ideias interessantes que podem ser indicadas a Christine para geração e definição de ideias são feiras e congressos profissionais ações produtos e serviços da concorrência políticas e ações governamentais pessoas consumidores em geral consultorias e treinamentos pesquisas desenvolvimentos e publicações especializadas centros universitários seus projetos e incubadoras entre outros Além disso aconselhase sempre que o empreendedor observe as tendências de mercado e os problemas que a socie dade está enfrentando pois esses fatores costumam representar ótimas possi bilidades de investimento em futuros negócios aos futuros empreendedores Por fim o empreendedorismo não é uma atividade de aposta que pode ou não dar certo por meio do fator sorte O empreendedorismo apresenta riscos significativos mas que podem ser diminuídos substancialmente por meio 47 de ações e atitudes que avaliem adequadamente as possibilidades de sucesso do negócio Dessa forma existem ferramentas e técnicas para avaliação mais simples e baratas bem como ferramentas mais complexas e caras Especificamente no caso de Christine é possível indicar análises e testes de mercado consultoria especializada funil de ideias análise swot análise 360º modelagem de negócio Canvas e confecção do plano de negócios Faça valer a pena 1 Um empreendedor de sucesso marcou uma reunião com toda a equipe de trabalho composta por 25 colaboradores com o propósito de buscar ideias para novos produtos ou serviços que pudessem ser oferecidos para os clientes e que pudessem conter o avanço dos concorrentes em seu nicho de mercado Dessa forma ele distribuiu uma série de pequenos pedaços de papel para que toda e qualquer ideia que tivessem fosse escrita e colocada em uma urna Ressaltou ainda que não era hora de julgamentos quanto ao fato de serem boas ou não factíveis ou não mas que o maior número possível de ideias fosse dado para posterior análise e avaliação Após 30 minutos ele encerrou o tempo para a entrega de sugestões e ficou feliz com o número obtido e com a participação de todos os membros de trabalho de sua equipe O contexto apresentado no textobase mostra a utilização de uma técnica simples para obtenção de ideias por parte dos membros de uma equipe de trabalho Com base no que foi exposto assinale a alternativa que indica corretamente o nome da técnica que foi utilizada a Design thinking b Brainstorming c Matriz swot d Brainwriting e Caixa de sugestões 2 É de grande importância que os empreendedores estejam o tempo todo em alerta e buscando de modo incessante meios para melhorar o próprio negócio novidades de mercado novas formas de empreendimento ou ainda possibilidades de produtos inovadores que proporcionem uma vantagem competitiva ou diferenciação da concorrência Portanto a geração de novas ideias que sejam realizáveis e factíveis de investimento no mercado é funda mental para o sucesso do empreendedor 48 Leia e analise as afirmativas seguintes sobre fontes de ideias empreendedoras I As feiras e os congressos profissionais das mais variadas áreas são excelentes fontes geradoras de ideias II As ações os produtos e os serviços da concorrência são fontes geradoras de ideias para o empreendedor III As diversas políticas e ações do governo nas esferas municipal estadual e federal podem inspirar novas ideias aos empreendedores IV As pessoas sejam consumidores ou colaboradores são fontes poten ciais de novas ideias para novos negócios Com base no seu conhecimento sobre o tema é possível afirmar que estão corretos os itens a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 3 Existem muitas técnicas mencionadas pela literatura empreendedora para se avaliar se uma oportunidade de negócio ou ideia de empreendimento pode ou não alcançar os resultados pretendidos e almejados desde técnicas mais simples com baixo custo e de fácil e imediata aplicação até aquelas mais refinadas e caras que são mais complexas e muitas vezes exigem um profissional da área para a devida aplicação Com base nisso leia as asserções a seguir sobre duas dessas muitas técnicas para avaliação de ideias empreendedoras I A Modelagem Canvas e o Plano de Negócios são técnicas similares e possuem o mesmo propósito e a mesma finalidade no que tange à avaliação de ideias empreendedoras PORQUE II Ambas são voltadas ao detalhamento minucioso de todos os objetivos e todas as ações que serão tomadas para testar a viabilidade de uma ideia ou conceito de negócio servindo como planejamento estraté gico e tático ao empreendedor 49 Avaliando essas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 50 Seção 4 Análise de mercado em busca da geração de vantagem competitiva Diálogo aberto Caríssimo aluno com certeza em suas caminhadas pela vizinhança e pelos bairros da região onde mora ou trabalha você já deve ter se pergun tado ou constatado situações desse tipo mas a nova sorveteria já fechou as portas E aquela nova pizzaria não resistiu à concorrência Por que a lan house não foi para frente Puxa naquele lugar onde é um pet shop há pouco tempo funcionava um salão de beleza Enfim você já parou para pensar na quantidade de pequenos negócios nas suas imediações que não duraram nem um ano de vida Muitas podem ser as causas para o fechamento dessas empresas mas com certeza boa parte delas poderia ter sido evitada se os proprietários tivessem preparado uma análise de mercado Apesar de ser uma tarefa fundamental e não tão difícil de ser realizada muitos negócios no Brasil encerram suas atividades prematuramente ou não dão os resultados esperados porque os empreendedores não fizeram esse importante dever de casa A verdade é bem simples não tem como falar em empreender ou iniciar o próprio negócio sem antes fazer uma análise do mercado em que deseja ingressar Mas o que é exatamente análise de mercado É nessas circunstâncias que surge a história do chef Eduardo ou Dudu como carinhosamente é chamado Que tal compreender melhor os detalhes desse novo empreendedor Eduardo foi criado por sua avó que era uma doceira de mão cheia e sempre a acompanhou profissionalmente Dona Marli perdeu a filha muito jovem e criou o seu neto com o ofício que havia aprendido da sua mãe vender bolos e salgados que eram encomendados pela vizinhança Curiosamente ali nasceu a paixão de Dudu pela cozinha Após muitos anos auxiliando sua vó trabalhando como ajudante de cozinha em diversos tipos de estabele cimentos e restaurantes inclusive fora do país onde fez diversos cursos Eduardo estava convencido de que deveria dar o próximo passo ser dono do seu próprio restaurante Ele ficou tão empolgado que logo escolheu o local e até o nome Restaurante Comidinhas di Vó Eduardo hoje sente que está preparado para trabalhar duro cozinhar todos os dias e preparar refeições deliciosas e de ótima qualidade contudo 51 algo lhe incomoda profundamente ele tem dúvidas sobre o tipo de restau rante os aspectos e as características dos clientes os principais concorrentes as possibilidades de fornecedores os preços de mercado enfim ele tem muitos questionamentos e receios relacionados ao início do seu negócio aos aspectos gerais e ao posicionamento do seu restaurante junto ao mercado gastronômico na sua cidade A situação está muito clara o chef Eduardo conhece bem os processos da cozinha e dos produtos que pretende vender entretanto conhece muito pouco do mercado no qual pretende atuar Portanto agora é com você prezado aluno como podemos ajudar Eduardo a conhecer melhor o mercado gastronômico da sua região Quais os passos básicos para se fazer uma análise de mercado Como segmentar o mercado consumidor e definir o públicoalvo A partir disso vamos aprimorar os estudos do nosso material e retornar posteriormente para ajudar o chef Dudu nessa importante tarefa que pode determinar o sucesso do seu empreendimento Bom estudo Não pode faltar Quando falamos de empreendedorismo devemos deixar muito claro que iniciar o processo empreendedor de modo correto pode ser fundamental para o sucesso do novo negócio que se inicia afinal ter uma ideia inovadora que impacte o mercado ou ainda reconhecer uma boa oportunidade no mundo dos negócios pode ampliar consideravelmente as chances de retorno do investimento que foi feito pelo empreendedor mas é preciso destacar que só isso não será o suficiente para a garantia de sucesso do novo empre endimento pois é impreterível que haja estudo conhecimento e análise do mercado em que se pretende empreender Comumente na bibliografia relacionada ao assunto o mercado é um conceito que define um lugar ou espaço abstrato ou não onde ocorrem as trocas de marketing entre compradores e vendedores Em linhas gerais não difere muito da ideia simplista que você deve ter ou seja de um local onde as pessoas se dirigem para adquirir coisas objetos pertences alimentos serviços entre outros Para Kotler e Armstrong 2007 o mercado nada mais é do que o grupo real ou potencial de compradores que podem comprar um determinado produto ou serviço Entendemos que a partir da revolução das Tecnologias da informação e comunicação TICs ocorrida no século XXI que diminuiu as distâncias 52 e promoveu o desenvolvimento das relações comerciais entre os países e o avanço sem igual nas ações de marketing o conceito de mercado foi ampliado e atualizado por isso definimos mercado como um local físico ou virtual onde os seus stakeholders grupos de interesse como consumi dores fornecedores concorrentes prestadores de serviços e intermediários governo parceiros de negócio entre outros interagem constantemente em prol da realização de negócios parcerias comercias transações e relaciona mentos duradouros e mutuamente satisfatórios para as partes envolvidas Figura 14 O mercado seus integrantes e seus objetivos MERCADO Concorrentes Governo Parceiro de negócio Fornecedores Prestadores de serviço Consumidores Parcerias Comerciais Transações Comerciais Relacionamentos duradouros Negócios Fonte elaborada pelo autor Afinal se o objetivo de outrora era estar no mercado e apenas realizar vendas agora a situação mudou Atualmente vivemos a era do marketing de relacionamento Segundo Kotler e Armstrong 2007 o marketing de relacionamento tem por objetivo não somente construir mas manter relacio namentos longevos e lucrativos com os clientes Para isso é fundamental que os clientes permaneçam satisfeitos e que as empresas sempre estejam entre gando uma proposta de valor maior que a de seus concorrentes Entretanto para cumprir esse objetivo de relacionarse com o cliente satisfazendoo e entregando uma oferta de valor maior o empreendedor precisa saber de qual tipo de mercado o seu negócio faz parte mercado 53 organizacional e mercado consumidor Esses mercados apresentam diferenças significativas tanto no que tange aos participantes quanto em relação ao comportamento de compra dos clientes O mercado organizacional é caracterizado por empresas que realizam transações comerciais de produtos ou serviços com outras empresas No que tange às vendas na internet chamamos esse mercado de B2B business to business vendas de empresas para empresas Ele é composto por empresas do primeiro setor governo segundo setor empresas fábricas atacadistas e distribuidoras em geral e terceiro setor organizações sem fins lucrativos Entre os muitos produtos vendidos ou transacionados nesse tipo de mercado destacamse todas as commodities sejam elas agrícolas animais ou minerais matériasprimas em geral materiais de construção e prestação de serviços em comunicação financeiros de seguros de transportes entre tantos outros É comum nesse tipo de mercado o surgimento de cadeias produtivas que vão desde a extração de matériaprima base passando pelo seu processamento pela produção pelas redes de distribuição atacadistas até a distribuição ao consumidor final Esse elo total entre os integrantes de pontaaponta é chamado de cadeia de suprimentos Exemplificando Grandes empresas e marcas do mundo fazem parte do mercado organi zacional FedEx HP Intel SAP e Siemens etc Outro bom exemplo de empresa de sucesso que atua no mercado organizacional é a Oracle que atua no mercado de tecnologia empresarial vendendo de servidores a softwares empresariais Para expandir suas operações satisfazer seus clientes e aumentar a entrega de valor a empresa investiu bilhões de dólares comprando empresas menores e aprimorando seus produtos Resultado dobou o seu faturamento anual superando a marca de 20 bilhões de dólares KOTLER KELLER 2012 É fundamental que o empreendedor compreenda que empresas não compram por desejos mas sim por necessidades voltadas à manutenção das operações sempre com a perspectiva final de obterem retorno do investi mento realizado Assim nesse tipo de mercado algumas características ficam bem acentuadas o número de compradores é bem menor que no mercado consumidor entretanto o volume vendido e o valor das transações de vendas são muito superiores que no mercado consumidor Além disso os compra dores são extremamente técnicos e profundos conhecedores dos insumos que compram por isso possuem muitos contatos de vendedores e constroem fortes relacionamentos com eles 54 Não menos relevantes para esse mercado as questões de combate à corrupção organizacional e o endurecimento das normas de auditoria e compliance fazem do processo de compras um dos mais fiscalizados e auditados para fins de prestação de contas aos órgãos controladores Para Kotler e Armstrong 2007 cabe ainda destacar outras duas variáveis do mercado organizacional que possuem particularidades diferentes e que podem resultar em excelentes oportunidades de negócios Institucional composto por escolas hospitais casas de repouso presídios postos de saúdes etc Esse mercado caracterizase por vendas constantes e clientes fiéis mas as vendas sempre ocorrerão ao menor valor possível tendo em vista o carácter não lucrativo ou filantropo dessas entidades Para melhor atender esse mercado as empresas vendedoras costumam criar setores unidades e departa mentos específicos para tal finalidade Governamental formado pelos órgãos públicos diversos de adminis tração direta ou indireta geralmente o processo de compras nesse mercado é bem burocrático os contratos são amplamente negociados as compras são feitas em grandes quantidades e ocorrem por meio de licitações e pregões online As vendas nesse mercado costumam ser muito afetadas por aspectos de cunho político impactando signi ficativamente as perspectivas de compras dessas empresas e órgãos Ressaltase que as compras realizadas pelo Estado não costumam ter finalidade lucrativa mas apenas atender à população com os diversos serviços públicos prestados Já o mercado consumidor tem foco voltado às vendas que são realizadas para os consumidores finais pessoas ou famílias que adquirem produtos e serviços voltados ao próprio consumo Portanto o mercado consumidor tem como principal agente a população economicamente ativa que de um modo geral compra as mercadorias ou consome os serviços destinados à ela pelas empresas Uma das principais mudanças percebidas no mercado consumidor à partir dos anos 2000 foi o aumento da exigência das pessoas em relação à qualidade e à expectativa de valor dos produtos que elas estão comprando e consumindo no cotidiano É possível destacar ao menos seis motivos que explicam essa mudança de comportamento e que resultaram na maior autonomia de compra dos consumidores o grande aumento do número de vendedores a maior variedade de ofertas de produtos e serviços oferecidos a melhora do poder aquisitivo por parte dos consumidores e das famílias o aumento de informação sobre as características dos produtos e serviços 55 o acesso à internet e a adaptação digital aumentando os meios disponíveis para se interligar compradores e vendedores Para Kotler 2000 compreender o comportamento do consumidor não é algo simples entretanto é fundamental que o empreendedor analise e traduza corretamente as características comportamentais do mercado consu midor que ele pretende atender os estímulos específicos as necessidades os desejos as expectativas e a percepção de valor a satisfação os aspectos do processo decisório entre tantos Esses elementos são comumente conhecidos como a caixa preta do consumidor pois explicam uma série de fatores que levam um indivíduo e as famílias a efetuarem suas compras e consumir Em síntese de acordo com Kotler e Armstrong 2007 podemos agrupar os fatores que influenciam o comportamento do consumidor em quatro grupos Culturais os fatores culturais e classes sociais que exercem profunda influência Sociais grupos de referência família e papéis e status que exercem uma influência direta ou indireta sobre as atitudes ou o comportamento Pessoais característica pessoal idade e estágio no ciclo de vida ocupação situação financeira estilo de vida personalidade e autoi magem influenciam o comprador Psicológicos elementos como motivação percepção crenças entre outros sinais intangíveis de uma marca como forma cor nome etc podem estimular uma compra Assimile Entender o comportamento do consumidor e conhecer os clientes não são tarefas simples Os clientes podem dizer uma coisa e fazer outra As características do comprador e seus processos de decisão levam a certas decisões de compra A tarefa do profissional de marketing é entender o que acontece no consciente do comprador entre a chegada do estímulo externo e a decisão de compra KOTLER 2000 p 182 Além disso o produto ou serviço que a pessoa estará consumindo é funda mental em seu comportamento de compra Produtos de maior valor e com maior variedade entre as marcas disponíveis tornam o processo compra mais complexo e afetam a tomada de decisão dos indivíduos Entretanto produtos 56 baratos e com pouca variedade tornam a decisão bem mais simples e rápida de ser tomada Veja a figura a seguir que exemplifica e trata essa questão Figura 15 Quatro tipos de comportamentos de compra no mercado consumidor Comportamento de compra complexa Ex PC ou celular de última geração Comportamento de compra de quem busca variedade Ex Pacote de biscoitos Comportamento de compra com dissonância reduzida Ex sofá para sala Comportamento de compra habitual Ex 1 kg de sal Alto Envolvimento Baixo Envolvimento Diferenças significativas entre as marcas Pequenas diferenças entre as marcas Fonte adaptada de Kotler e Armstrong 2007 p 126 Independentemente da escolha feita fica claro que o empreendedor deve fazer uma análise minuciosa das várias características e dos players que parti cipam do mercado em que se pretende atuar por isso a pesquisa de mercado é uma das ferramentas mais importantes para prospecção dos aspectos básicos inerentes ao ambiente de negócios escolhido A pesquisa de mercado é um levantamento ordenado e sistematizado de informações das variáveis e dos elementos que compõem um mercado permitindo ao empreendedor conhecer melhor as opções para montar o seu negócio melhorar o planejamento estratégico empresarial e com isso reduzir os riscos e as possibilidades de tomadas de decisões equivocadas que podem causar prejuízos ou até mesmo levar à falência prematura a sua empresa Segundo Yanaze 2011 para uma empresa alcançar resultados mais satis fatórios em suas vendas ela deve encontrar meios para conhecer o mercado e levantar informações que identifiquem padrões de consumos individuais e de grupos que parecem entre si afinal pessoas que se parecem tendem a ter os mesmos padrões de compras e consumos Com isso a partir do conheci mento dos clientes será possível traçar estratégias mais assertivas para satis fazer reter e gerar relacionamentos longevos e satisfatórios com eles Reflita São muitas as motivações que levam as pessoas a fazerem suas compras Entretanto pessoas e famílias consomem produtos e serviços por que têm necessidades ou por que desejam adquirilos 57 Pesquisar e analisar o mercado são etapas fundamentais na constituição de um negócio É preciso identificar quem são os clientes concorrentes e conhecedores ou seja ter uma visão ampla de toda a cadeia de abasteci mento além de conseguir estabelecer quais serão os produtos ou serviços ofertados destinandoos especificamente ao públicoalvo do seu empreen dimento Para levantar tais informações podemos adotar meios próprios ou terceirizados utilizando questionários entrevistas ferramentas tecno lógicas bem como realizar análise da concorrência e estabelecer canais de diálogo com potenciais consumidores As informações coletadas vão traçar um retrato do mercado e indicar se os esforços estão concentrados na direção do que desejam os potenciais e futuros clientes alvos Para Dornelas 2018 o empreendedor deve ter atenção especial com a estrutura do mercado Características dos produtos e serviços disponíveis no mercado Aspectos de consumo e potencial dos consumidores Número política de preços e alcance dos canais de distribuição dos competidores Portanto é possível notar que as pesquisas de mercado não focam somente os clientes mas também a análise dos diversos competidores que buscam os mesmos objetivos e possuem os mesmos produtos similares parecidos ou substitutos àqueles que o empreendedor pretende oferecer no mercado O empreendedor pode e deve aprender lições e práticas importantes observando a atuação da concorrência e comparando seus próprios produtos processos campanhas de marketing canais de distribuição preços entre outros Pensando pelo prisma do aprendizado a empreendedor poderá colocar em prática o benchmarking cópia e aprimoramento das melhores práticas desenvolvendo naturalmente o seu empreendimento Com isso analisando e avaliando os pontos fortes e fracos dos seus concorrentes as empresas podem descobrir vantagens competitivas e então posicionarse e se diferenciar estrategicamente de modo adequado no mercado e na mente do seu públicoalvo Essa diferenciação competitiva é fundamental pois é extremamente complexo e difícil atender a todos os consumidores e públicos que participam de um mercado amplo diversificado e não homogêneo Portanto os empre endedores devem escolher mercados que possuam escalabilidade atrativi dade possibilidade de retorno de investimento perspectiva de crescimento entre outros fatores que resultam em maior potencial de sucesso no mercado 58 Entretanto existem oportunidades empreendedoras muitas vezes ocultas em mercados que são renegados ou desprezados pelas grandes empresas afinal não é possível atender a todos com um alto nível de excelência e encantamento além de não haver recursos suficientes para tal por isso essas empresas priorizam os mercados com maiores possibilidades de lucros É exatamente daí que chegamos ao importante conceito de nicho de mercado que é o setor composto de um segmento ou poucos segmentos de consumidores que deixaram de ser atendidos pelos concorrentes especial mente as grandes empresas Em síntese o empreendedor pode oferecer produtos e serviços a uma parcela de mercado que não tem suas demandas atendidas pelos grandes grupos empresariais Reconhecer essa oportuni dade que fica escondida em um determinado segmento de mercado pode representar um desafio para os empreendedores e uma ótima chance para a construção de um empreendimento de sucesso por isso é tão importante ao empreendedor segmentar o mercado corretamente pois além de priorizar os principais mercados que serão atendidos ainda poderá descobrir uma excelente oportunidade de mercado que ainda não foi atendido A segmentação de mercado é o ato de dividir o mercado em grupos menores de clientes com características bem definidas e parecidas em relação aos aspectos de comportamento e consumo portanto fazendo essa divisão de modo adequado o empreendedor poderá compreender melhor as diferentes necessidades e os desejos do seu públicoalvo Dessa forma é possível atendêlos de modo adequado aumentando as perspectivas de fidelização e a satisfação dos clientes bem como diminuir os esforços e gastos de marketing Veja o Quadro 14 a seguir Quadro 14 Principais formas de segmentação TIPO DESCRIÇÃO Geográfica Divisão do mercado em aspectos geográficos como países estados cidades bairros regiões clima tamanho populacional etc Demográfica O mercado é fracionado em variáveis como idade gênero tamanho e características familiares religião renda escolaridade ocupação raça classes sociais etc Psicográfica Os consumidores devem ser agrupados com base em aspectos como personalidade estilos de vida e perfis psicográficos mas ainda podem apresentar diferenças significativas Comportamental A divisão dos consumidores é realizada segundo aspectos relacionados ao conhecimento e comportamento dos consumidores como atitudes reações à utilização do produto ou serviço entre outros Fonte adaptado de Kotler e Keller 2012 p 231 ss 59 A partir da segmentação de mercado realizada corretamente a empresa terá mais subsídios para definir o públicoalvo pretendido que é o grupo de pessoas ou empresas que têm características parecidas sendo o objetivo e o foco de todas as ações produtos e serviços da empresa Com isso será possível definir a melhor estratégia para alcançálo entregando uma proposta de valor maior que a de seus concorrentes e com isso construindo uma vantagem competitiva no segmento de mercado pretendido Estimado aluno a análise de mercado é um aspecto de fundamental importância para o sucesso de qualquer empreendimento e negócio portanto é de grande valia que você continue estudando sobre o tema sempre buscando novas perspectivas e aplicações dessa ferramenta de gestão tão utilizada no ambiente de negócios Logo dominar essa técnica pode representar um grande diferencial em sua vida profissional Bom estudo e até a próxima Sem medo de errar Prezado aluno tenho certeza que compreendeu a importância da análise de mercado e dos processos de segmentação e definição do públicoalvo para o sucesso do processo empreendedor visando tanto a perpetuação e o desen volvimento do pequeno negócio quanto a melhora das estimativas de lucro e retorno financeiro ao empreendedor Por isso convido você a retomar o estudo de caso do chef Eduardo Vamos relembrar Eduardo era um rapaz apaixonado pela culinária Essa paixão começou na infância na cozinha de sua vó onde foi criado perto das panelas já que Dona Marli fazia bolos e salgados conforme encomendas dos vizinhos Com o passar do tempo Dudu cresceu e após trabalhar em restaurantes aqui no Brasil e no exterior fez cursos para aumentar o seu conhecimento na área sentindose pronto para o início de um grande desafio escolher um local e abrir o seu próprio restaurante o Comidinhas di Vó Apesar do conhecimento dos produtos que quer oferecer em seu estabe lecimento e de ter ciência que a vida de quem tem o próprio negócio é de muito trabalho e sacrifício está decidido a dar esse importe passo em sua vida profissional Entretanto Dudu não compreende muito as questões relacionadas ao mercado não conhece exatamente os consumidores não sabe quem são os seus principais concorrentes não pesquisou sobre forne cedores nem segmentou o mercado definindo públicoalvo entre outros Vamos ajudálo 60 Basicamente Eduardo pode realizar sua análise de mercado passando por três prismas básicos fornecedores concorrentes e consumidores Os clientes devem ser o ponto de partida da análise de Eduardo pois é a partir da definição do públicoalvo pretendido que uma série de outros elementos se definirá Em primeiro lugar é preciso ter em mente que não é possível atender a todos os clientes por questão de costume e hábito preferência alimentar preços características dos produtos entre outros por isso é fundamental segmentar o mercado para que possa compreender melhor as características do mercado alvo do restaurante A segmentação deve ser feita observandose as quatro bases elementares de uma boa segmentação geográfica demográfica psicográfica e compor tamental logo deverão ser observadas as características básicas dos consu midores como bairro ou região onde moram idade gênero características familiares ou dos grupos sociais religião renda escolaridade ocupação raça classe social etc Além disso o estilo de vida e a presença no restaurante para comemoração de datas especiais devem ser observados com carinho Pode e deve haver outros elementos a serem observados nos consumidores mas inicialmente a análise correta dos elementos acima já torna possível traçar com um bom nível de assertividade as características do públicoalvo do seu negócio Com isso será possível direcionar produtos ofertas promo ções e atendimento que vão diretamente ao encontro dos anseios dos seus clientes potenciais Em relação à concorrência ele deve fazer uma análise pensando nos concorrentes diretos e nos concorrentes indiretos em um determinado raio a partir do local do estabelecimento Os indiretos são aqueles que não vendem exatamente o mesmo tipo de refeição mas são os vendedores de produtos substitutos afinal dificilmente um cliente consumirá os produtos desse estabelecimento e em seguida ou em um curto intervalo de tempo consu mirá os seus produtos As lanchonetes pastelarias padarias e até mesmo food trucks e trailers de lanches precisam ser analisados como eventuais concor rentes que disputam com Eduardo as vendas de refeições Já os concorrentes diretos são os demais restaurantes que vendem refei ções no mesmo perfil que Dudu mesmo que em alguns casos sejam cozinhas diferentes como japonesa italiana árabe etc Esses devem ser analisados minuciosamente afinal são eles que disputaram a primazia no coração e na mente dos consumidores na hora de escolherem uma refeição Devese observar os pontos fortes e fracos desses restaurantes em seus mais variados aspectos produto preço localização marketing serviço atendimento tempo de espera promoções entre outros Não há absolutamente nada de errado em buscar as melhores práticas dos concorrentes aperfeiçoandoas e adaptandoas segundo as próprias necessidades 61 Por fim quanto aos fornecedores ele pode olhar além de redes ataca distas da sua região os chamados mercados populares e o CEASA que são importantes centros de distribuição para varejistas e empresas no segmento de restaurantes como o dele Outra ótima opção em sua área de atuação é a busca de parcerias estratégicas com pequenos produtores locais que forneceria produtos mais frescos inclusive orgânicos o que agrega valor ao produto final oferecido em seu estabelecimento Dessa forma de modo prático o prezado aluno alcançou o objetivo proposto e ofereceu uma consultoria sobre análise de mercado ao Eduardo mostrando não somente como ela é composta mas dando elementos nortea dores para que ele possa fazêla com excelência Faça valer a pena 1 Um jovem empreendedor estava iniciando o trabalho de coleta de infor mações e análise do mercado consumidor para iniciar o próprio negócio Nesse momento estava concentrado nas características comportamentais dos potenciais clientes e nos aspectos relacionados ao modo como eles decidiam efetuar ou não uma compra Para sua surpresa no nicho de mercado em que pretende atuar os consumidores são bastante influenciados pelas próprias famílias na hora de decidir comprar ou não produtos Sabendo que há grupos de fatores que influenciam o comportamento do consumidor baseandose no textobase qual é o grupo que mais influencia o comportamento dos consumidores no nicho de mercado em que o empre endedor pretende atuar a Pessoais b Sociais c Financeiros d Culturais e Psicológicos 62 2 O mercado organizacional apresenta inúmeras oportunidades de negócios para as pessoas que desejam ingressar no empreendedorismo principalmente para os empreendedores que almejam atender os mercados institucional e governamental Entretanto é fundamental que eles conheçam todos os detalhes do processo de compra e estejam em dia com suas obriga ções contábeis fiscais e jurídicas Dessa forma leia as asserções a seguir sobre características dos mercados organizacionais dos tipos institucional e governamental I Todo o processo de compra nos mercados institucional e governa mental costuma ser burocrático auditado e amplamente fiscalizado pelos órgãos controladores PORQUE II As prestações de contas dessas operações têm aumentado devido ao combate à corrupção organizacional aos desvios financeiros além do endurecimento das normas de auditoria e regras de compliance Analise essas asserções e assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 3 Os empreendedores devem compreender que não é possível atender a todos os clientes com excelência afinal os mercados são extremamente heterogêneos o que dificulta a compreensão das necessidades e dos desejos dos consumidores É fundamental segmentar o mercado para atender com eficácia o públicoalvo Dessa forma leia e analise as afirmativas a seguir sobre as principais variáveis da segmentação I Uma empresa fez uma segmentação psicográfica baseada na compo sição étnica das brasileiras e decidiu criar uma linha de cosméticos e produtos capilares voltada às mulheres negras 63 II Um empreendedor segmentou o mercado geograficamente e decidiu abrir o seu negócio na região Sul do Brasil tendo em vista as carac terísticas do seu públicoalvo III Após segmentação demográfica uma empresa de moda e artigos esportivos desenvolveu uma série de produtos voltados especifica mente para as mulheres IV Uma jovem empreendedora decidiu voltarse para os presentes em datas comemorativas após uma segmentação comportamental do mercado consumidor nessas ocasiões É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 64 Referências BARBALHO A UCHOA C do V Empreendedorismo social como campo em formação no Brasil o papel das instituições Ashoka Endeavor e Artemisia Revista Interações Campo Grande v 20 n 2 p 421433 abrjun 2019 Disponível em httpwwwscielobrpdfinter v20n215187012inter20020421pdf Acesso em 12 dez 2019 BARBIERI J C ÁLVARES A C T CAJAZEIRA J E R Geração de Ideias Para Inovações estudos de casos e novas abordagens Revista Gestão Industrial Ponta Grossa v 5 n 3 p 120 2009 Disponível em httpsperiodicosutfpredubrrevistagiarticleview418309 Acesso em 15 dez 2019 BARON R A SHANE S A Empreendedorismo uma visão do processo São Paulo Cengage Learning 2007 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr 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AQUINO C A B O Empreendedor na Era do Trabalho Precário relações entre empreendedorismo e precarização laboral Psicologia Política v 13 n 36 maioago 2016 p 207226 Disponível em httppepsicbvsaludorgpdfrppv16n36 v16n36a06pdf Acesso em 4 dez 2019 PAYPAL Who we are 2020 Disponível em httpswwwpaypalcombrwebappsmppabout Acesso em 20 dez 2019 SEBRAE 10 ferramentas para validar e executar novas ideias São Paulo 2016 Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebraeartigos10ferramentasparavalidareexecutar novasideiasc30d9594aaff6510VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em 13 dez 2014 SEBRAE Empreendedorismo social organizações que ajudam a transformar o país São Paulo 2017 Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebraeufsspcursoseventos empreendedorismosocialorganizacoesqueajudamatransformaropais4b8b4c64814fc 510VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em 13 dez 2019 SEBRAE O que é uma startup São Paulo 2014 Disponível em httpswwwsebrae combrsitesPortalSebraeartigosoqueeumastartup6979b2a178c83410VgnVCM 1000003b74010aRCRD Acesso em 13 dez 2014 66 SOUZA NETO B Contribuição e elementos para um metamodelo empreendedor brasileiro o empreendedorismo de necessidade do virador 2 ed São Paulo Blucher 2017 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788580391572cfi042100000 Acesso em 7 dez 2019 YANAZE M H Gestão de marketing e comunicação avanços e aplicações 2 ed São Paulo Saraiva 2011 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr books9788502125896cfi0 Acesso em 27 dez 2019 Unidade 2 Tayra Carolina Nascimento Aleixo Perspectiva lean plano de negócios e metodologias de gestão Convite ao estudo Olá como vai Nesta leitura você terá acesso ao conceito de empreen dedorismo sob a ótica da abordagem lean Isso quer dizer que você ao final terá habilidade suficiente para testar hipóteses de negócio para então seguir com decisões mais assertivas e redução de desperdícios de recursos com possibilidades que o mercado não quer ou não está preparado para absorver A volatilidade a incerteza a complexidade e a ambiguidade são carac terísticas do atual contexto de negócios em todo o mundo Para lidar com o cenário competitivo as empresas precisam incorporar estratégias diferentes métodos que as auxiliem na obtenção de melhores resultados Tal sobrevivência depende em especial da capacidade de inovar Os clientes ou usuários mudaram e continuam a mudar com o passar do tempo As exigências não são as mesmas de duas décadas atrás Hoje as pessoas estão conectadas com informações vindas de recomen dações mas também empoderadas pela possibilidade de comparar caracte rísticas do produto satisfação na prestação de serviços e parâmetros de preço Além disso os indivíduos têm tanto mais opções para escolher como também escolhem por atitudes e propósito Estão em busca de experiência e tudo o mais que as marcas puderem representar enquanto identidade pareada com as múltiplas identidades individuais Neste sentido adequar métodos de gestão tornouse uma máxima para os administradores E o empreendedorismo é uma forma de administrar que difere da tradicional A incerteza é ainda maior quando se está em busca de testar hipóteses de negócio em mercados por vezes inexistentes Esta unidade de ensino portanto busca incorporar no seu repertório estratégias ferramentas e métodos diferentes para atuação empreendedora Seja dentro de organizações ou por conta própria você será capaz de tomar decisões mais assertivas com base no elenco de assuntos discutidos ao longo de toda a unidade propriamente dita Venha então com a expectativa de ampliar o entendimento sobre gestão Há inúmeras oportunidades aguardando pessoas competentes formadas para capturar oportunidades e transformálas em negócios lucrativos Entender o valor do negócio é imperativo para engrenálo no mercado E por isso dedicamos as próximas páginas para os funda mentos processos e tendências do empreendedorismo com o que há de mais recente no cenário internacional 69 Seção 1 Perspectiva lean no empreendedorismo Diálogo aberto Olá como vai Você já pensou em produtos ou serviços que compraria mas não sabe se há fornecedores no mercado Chegou a questionar os amigos e familiares a respeito Pois bem testar hipóteses de negócio representa o primeiro passo para uma caminhada mais segura no empreendedorismo Conheça Lorena que passou três longos trimestres projetando o seu próprio empreendimento Após todo o tempo de preparação aplicação de pesquisa de mercado e outras ferramentas de pesquisa Lorena sentese preparada para injetar dinheiro em sua ideia O negócio da Lorena consiste basicamente em vender comida vegana congelada A ideia inicial é fornecer hambúrgueres veganos para hambur guerias da região Para tanto aplicou um questionário para transeuntes das principais ruas da cidade que reside Com o resultado quantitativo em mãos pode notar que as pessoas estão preocupadas sim com a ingestão de alimentos de origem animal e estariam dispostas a experimentar outras opções Pois bem Lorena investiu 5 mil reais na compra de matériaprima utensí lios e eletrodomésticos industriais para o início de sua fabricação artesanal Passados três meses Lorena deparase com um enorme estoque parado no freezer de sua casa frente à dificuldade de escoar a sua produção No primeiro momento Lorena chegou a temer não conseguir atender à demanda que havia encontrado Agora ela se pergunta O que fiz de errado Esta seção busca mostrar a você o erro recorrente dos empreendedores apostar em ideias preconcebidas com pouca experimentação e nenhum teste de hipótese Longos períodos de planejamento estratégico não ajudam empreendedores a moverse rapidamente em ciclos de iteração suficiente mente assertivos para mostrarlhes o caminho certo A intenção desta unidade portanto é que você seja capaz de entender uma abordagem de gestão chamada lean que prega justamente a agilidade e rapidez no ciclo construirmediraprender validando um aprendizado que possa guiar a tomada de decisão Além disso você também terá acesso a algumas estratégias de tração ou seja o passo seguinte à descoberta da hipótese de negócio que funcionará para o seu negócio É chegada a hora de crescer Vamos nessa 70 Não pode faltar Lean manufacturing ou em português produção enxuta é a forma de produzir com eficácia sem desperdício fazendo mais com menos Em seu berço a qualidade e a produtividade integram os pilares da filosofia lean além da ênfase na melhoria contínua kaizen Em outras palavras a erradicação de todo e qualquer desperdício é uma máxima no modelo Toyota de produção cujo fundamento conta com dois princípios fundamentais Jidoka e Just in time Enquanto o primeiro está ligado à automação pois prega a interrupção imediata da linha de produção ao ocorrer um problema o segundo diz respeito à produção enxuta propria mente dita pois baliza o ritmo de acordo com a necessidade demandada A título de aprofundamento falar de jidoka quer dizer enxertar a quali dade no próprio processo de produção em todas as suas etapas Desse modo o operador tem autonomia para interromper a produção ao identificar alguma falha algum erro de especificação do produto daquela determinada etapa Dessa forma os padrões de qualidade são garantidos e nenhum setor cliente interno tem prejuízo com peças sem conformidade MAXIMIANO 2015 Esse princípio portanto remete a três práticas específicas andon a detecção de erros é feita de forma visual e imediata genchi gengutsu a inves tigação da raiz do problema é feita in loco e pokayoke criação de métodos pilotados para evitar reincidência do defeito MAXIMIANO 2015 O princípio just in time JIT por sua vez consiste em produzir o neces sário dentro dos parâmetros de prazo e volume Com isso define o fluxo ideal de materiais frente a programação do processo produtivo o que também acaba diminuindo a necessidade de estoque Aqui as três principais práticas são heijunka busca nivelar a produção com processo cujo fluxo é contínuo a partir da média de produção esperada mas ao mesmo tempo capaz de ajustarse frente demandas inesperadas eliminação do desper dício busca eliminar atividades que não agregam valor sob a perspectiva do clienteusuário geralmente estão voltadas a operações desnecessárias ou atividades não vistas pelo cliente e task time diminuir o gap de tempo entre o pedido e o recebimento do produto ou serviço deve estar sincronizado tanto com a demanda como também com o nivelamento da produção a fim de reduzilo A JIT apresenta ainda uma ferramenta amplamente utilizada por empresas que usam métodos ágeis o kanban cuja finalidade é tornar a movimentação de suprimentos ou tarefas de um projeto visíveis a todos MAXIMIANO 2015 71 Feita a retrospectiva acerca da primeira concepção de lean na adminis tração vale ressaltar os desdobramentos dessa aplicação Hoje a utilização de métodos que reduzam desperdício e tempo de desenvolvimento é consi derada fator de sobrevivência no mercado frente à responsividade premente Para suportar essa mudança paradigmática com relação ao mercado especialmente por conta da tecnologia da informação e comunicação os métodos ágeis são cada vez mais utilizados em diferentes setores que não apenas o de desenvolvimento de software berço do uso e métodos ágeis É possível citar diversos métodos sob tal abordagem a saber Extreme Programming XP Scrum Kanban Lean Startup dentre outros Vale dizer que a maior parte das empresas mesclam diferentes métodos para adequação frente às necessidades de seu próprio negócio Tal necessidade de adequação é vigorosa quando cada contexto cada negócio é considerado em sua especificidade Atenção Vale destacar a postura necessariamente crítica e autônoma dos profissionais hoje Cada situação demandará uma solução diferente e por isso você deve desenvolver repertório suficiente para atender e solucionar cada caso em que puder atuar Aproveite todas as oportuni dades de desenvolver repertório empírico Dentre os benefícios de utilizar os métodos ágeis estão facilidade em re priorizar tarefas visibilidade para projetos e pessoas envolvidas nos projetos aproximação da área de tecnologia com a área de negócios aumento da moral da equipe diminuição do tempo de resposta ao mercado e por fim aumento na produtividade COLLABNET VERSIONONE 2019 Para os respondentes da pesquisa conduzida entre agosto e dezembro de 2018 organizada pela CollabNet VersionOne junto a pouco mais de 13 mil empresas em diversos continentes o sucesso na utilização de métodos ágeis é mensurado a partir de principalmente satisfação do clienteusuário entrega de valor ao negócio e prazo de entrega do projeto Para escalar o modelo de gestão muitas organizações têm usado o SAFe acrônimo para Scaled Agile Framework Outra informação interessante é o largo uso da ferramenta kanban para gerir projetos ágeis A visibilidade e disposição das informações do projeto em um único quadro facilita o followup das atividades nele envolvidas Veja a seguir uma ilustração de quadro kanban 72 Figura 21 Quadro kanban Fonte Shutterstock A visibilidade das atividades auxilia tanto na identificação de possíveis gargalos como também na melhor organização das tarefas concluídas e ativi dades prioritárias com potencial de reduzir os respectivos leads times Outro grande ganho é com relação à diminuição de desperdício em especial de tempo pois essa prática ajuda a entender melhor os diferentes processos e suas possíveis automações exemplo automação na gestão de contratos e outros documentos Reduzir desperdício também diz respeito a suprimir todos os processos que não agregam valor do ponto de vista do cliente ou do usuário Neste sentido caso uma equipe esteja investindo tempo e outros recursos em projetos acessórios e fora do campo de visão e percepção de valor do cliente usuário esses projetos devem ser interrompidos De outro modo é cada vez mais necessário que a empresa esteja de ouvidos abertos e bastante atento ao feedback do clienteusuário O feedback deve ser portanto contínuo e sustentar a tomada de decisão dentro das organizações O empreendedor Eric Ries autor do livro Lean Startup 2012 corro bora a ideia supracitada toda atividade que não contribui para se aprender a respeito dos clientes é desperdício Esta prática aplica conceitos relacionados à ideia de customer centricity 73 Customer centricity retoma a importância de colocar o clienteusuário no centro de todo e qualquer negócio Sem mercado não há produto não há serviço Imagine investir tempo e dinheiro em um negócio que será validado junto ao mercado somente após a sua execução Pois bem é justamente esta a conduta da maior parte das organizações Neste sentido o conceito de customer centricity é tornar o cliente a força motriz do negócio aumen tando a taxa de fidelização Todas as hipóteses são diretamente testadas junto ao mercado Exemplificando Um exemplo para ilustrar é exposto no livro Lean Startup de Eric Ries 2012 a empresa Zappo para testar a hipótese de que havia clientes ávidos por comprar sapatos online sugeriu uma parceria com uma fábrica local de modo que quando houvesse clientes comprando em seu site a Zappo compraria a preço de varejo para repassar ao consu midor final Caso a hipótese fosse refutada vários investimentos infra estrutura estoques logística etc não seriam desperdiçados percebe O empreendedor está para o negócio assim como o cientista está a teoria O empreendedor deve realizar experimentos antes de desenvolver o negócio Somente dessa forma é possível antecipar se a solução funcionará no mercado COOPER VLASKOVITS 2016 Neste sentido vale ressaltar uma frase do livro Empreendedorismo enxuto A premissa básica dos testes de viabilidade é que quanto mais rápido você puder identificar uma abordagem fracassada melhor COOPER VLASKOVITS 2016 p 140 De outro modo quanto menos tempo esforço e dinheiro forem investidos em ideias que não vingaram no mercado melhor para o negócio Essa velocidade no ciclo construirmediraprender é um dos pilares da administração enxuta proposta por Eric Ries voltada para o universo do empreendedorismo Quanto mais rápido girar esse ciclo mais subsídios o empreendedor terá para decidir sobre os próximos passos Na mesma esteira todo o aprendizado produzido é validado com seguidos testes de hipótese Uma estratégia para girar o ciclo supracitado mais rápido seria o lança mento de produtos minimamente viáveis Com essa experimentação os usuários podem experimentar de fato o produto ou serviço dando indícios das próximas ações a serem tomadas o que é diferente de perguntar o que eles querem e ver na prática o que funciona e o que não funciona 74 Reflita Para fazer você refletir veja uma frase de um dos maiores inventores de todos os tempos Thomas Alva Edison A medida real do sucesso é o número de testes que podem ser realizados em 24 horas O uso do chamado MVP em inglês minimum viable product portanto faz o ciclo de aprendizado construirmediraprender girar mais rapidamente Ao final de cada iteração os empreendedores precisam se perguntar vamos pivotar ou perseverar Caso a resposta seja pivotar há necessidade de gerar uma nova hipótese estratégica para trabalhar na próxima iteração Essa prática portanto traz eficácia de capital para as empresas O planejamento e a execução cega cedem lugar para a experimentação e a validação A partir disso é possível decidir entre perseverar no caminho em voga ou pivotar o negócio encontrando novos caminhos para maximização da entrega de valor ao mercado RIES 2012 Planejamentos estratégicos que visam ao longo prazo fazem sentido em negócios cujo histórico pode sustentar análises preditivas sobre o futuro Com outras palavras ambientes estáveis sustentam a estratégia de planos de longo prazo uma vez que a incerteza pode ser minimizada frente à operação vigente Mas vale dizer dentro do contexto VUCA acrônimo para volatility uncertainty complexity e ambiguity é difícil imaginar tal estabilidade Reflita Será que a abordagem lean no empreendedorismo representa o fim do planejamento estratégico para negócios embrionários E com relação às grandes empresas será que as semelhanças de cada segmento são capazes de sustentar a aplicação lean em contextos estabelecidos A essa altura vale destacar os pilares propostos no que se tornou um movimento intitulado Lean Startup manufatura enxuta design thinking customer development e desenvolvimento ágil Para desenvolver a argumen tação com relação à proposta de gestão do autor ele divide o livro em três seções visão direção e aceleração Com relação à primeira etapa intitulada Visão para pensar soluções para o mercado o empreendedor ou a empreendedora deve fomentar o seu reper tório Em outras palavras o processo de criatividade necessita incorporação contínua de novas referências e informações atualizadas para seguir o seu rumo inventivo além de ser assertivo SERTEK 2007 75 Assimile A observação é uma prática extremamente importante do processo de inovação Tanto que surgem ocupações profissionais dedicadas basica mente à observação de novas tendências É o exemplo do coolhunting que consiste em capturar e analisar tendências propriamente ditas Imagine um profissional sentado na beira da praia em busca de compor tamentos que possam sugerir novas oportunidades de negócios Pois bem este é um exemplo de atuação do cool hunter Perceba que não é mera aplicação de pesquisa de mercado mas sim um entendimento do que o cliente quer mesmo sem conscientemente saber Prosseguindo a etapa de direção depende do elenco de hipóteses validadas Há duas estratégias possíveis de atestar hipóteses análogo e antia nálogo Ambas consistem em basear estratégias em comparação com outras empresas ou atividades Para ilustrar a hipótese de que pessoas escutariam música em locais públicos já havia sido atestada pelo walkman produto análogo ao Ipod e com isso Steve Jobs não precisou testar essa primeira premissa Neste mesmo exemplo o Napster seria o antianálogo pois apesar das pessoas estarem dispostas a realizar o download de músicas talvez não queriam pagar por isso MULLINS KOMISAR 2009 Após validação de hipóteses e acúmulo de aprendizado validado é chegada a hora de acelerar ou seja tracionar o negócio que se formou Tração neste sentido é crescimento Segundo os autores Gabriel Wienberg e Justin Mares 2014 não basta ter clientesusuários dispostos a pagar por seu produto ou serviço é preciso dar tração a ele Por isso os autores supracitados de Traction a startup guide to getting customers entrevistaram 30 fundadores de startups para chegar a 19 diferentes estratégias de tração possíveis de serem aplicadas a diferentes segmentos de negócios Alguns deles você já deve ter ouvido falar quer ver Marketing viral relações públicas Search Engine Marketing SEM Search Engine Optimization SEO anúncios em redes sociais marketing de conteúdo e email marketing dentre outros Por fim análises acerca do tamanho do mercado marketshare dos players estabelecidos no mercado e penetração do negócio ajudam a balizar a taxa de crescimento potencial Neste momento com estratégias de tração corretas para cada negócio é possível vislumbrar resultados promissores dentro da realidade daquele segmento 76 Com isso encerramos esta primeira seção de estudos Esperamos que você tenha vários insights não somente com as ideias aqui expostas como também na leitura dos próximos capítulos Bons estudos Sem medo de errar Você se recorda da empreendedora Lorena Ela fez investimentos em eletrodomésticos industriais para iniciar uma pequena produção de hambúr gueres veganos com intuito de vendêlos às hamburguerias da sua cidade e região Além disso chegou a fazer uma pesquisa de campo quantitativa abordando pessoas na rua Mas hoje ela se depara com a seguinte situação congelou seu produto e agora não consegue escoar a produção O que a essa altura você poderia sugerir para que ela não perdesse as esperanças e retomasse testes empíricos com relação a sua hipótese de negócio Lembrese para tanto do ciclo construirmediraprender do conceito de MVP teste de hipótese e tração de mercado Visualize as macro etapas propostas por Eric Ries 2012 visão direção e aceleração Onde foi que Lorena errou quando consideramos as etapas preliminares e iterativas de um empreendimento Qual foi a negligência em termos de estratégia e execução cometida por ela Seguem algumas sugestões primeiro seria importante reformular a pergunta que ela tem feito ao mercado pois em vez de partir do pressu posto que hamburguerias comprariam o seu produto ela poderia observar o mercado em busca de tendências de consumo vegano Para tanto é possível acompanhar o movimento vegano a fim de identi ficar oportunidades de negócio entendendo os hábitos de consumo e expec tativas dessas pessoas Daí ela poderia tracionar o negócio com a estratégia de marketing de conteúdo capturando feedbacks de adeptos do veganismo a partir da publicação de conteúdo atinente ao tema Agora é com você Pense em outras possibilidades de teste de hipótese e tracionamento de negócio que poderiam auxiliar Lorena na tarefa de identi ficar a solução adequada ao timing do mercado O que o mercado espera O que o cliente ou usuário de fato quer Responda a essas perguntas com criati vidade e autonomia suficiente para traçar novos caminhos Bons estudos 77 Avançando na prática Aplicação do conceito de customer centricity em uma loja online de cosméticos masculinos Junior tem uma pequena loja online dedicada a produtos cosméticos masculinos Durante toda a jornada do consumidor Junior aprimorou técnicas de vendas pósvenda e relacionamento com o cliente sempre com intuito de aumentar a fidelização junto à loja Mas agora ele quer incorporar o conceito de customer centricity para solucionar a situação que você verá a seguir Após alguns meses de aumento gradativo no número de acessos únicos no ecommerce e conversão de 5 nos leads Junior percebe uma diminuição significativa nas vendas de clientes antes considerados assíduos e também no tráfego do site Ou seja além dos clientes recorrentes diminuírem o ticket médio por mês há uma baixa na possibilidade de prospectar novos clientes Isso definitivamente é um mau sinal Além disso com as constantes pesquisas de Net Promoter Score NPS Junior notou que alguns consumidores preferem comprar o produto em lojas físicas em vez de trocarem quando não os satisfaz mesmo com toda a atenção que Junior faz questão de dedicar no pósvenda Por outro lado com a aplicação de outra métrica chamada Lifetime Value LTV que mede o lucro por cada cliente os resultados corroboraram a percepção de Junior com relação à queda nas vendas de clientes recorrentes Bom com toda a bagagem que você acumulou até aqui analise a situação do ecommerce frente ao cenário supraapresentado considerando também a intenção de Junior em aplicar o conceito de customer centricity e proponha a conduta que Junior deve ter para não perder ainda mais clientes ou poten ciais clientes Resolução da situaçãoproblema Retomando o conceito de customer centricity consiste em tornar o clienteusuário a força motriz do negócio com intuito principal de elevar a fidelidade dele e com isso o aumento nas vendas Junior tem feito um exímio trabalho com relação à utilização de métricas e acompanhamento da jornada do cliente Mas por outro lado tem negli genciado a preferência do consumidor no que tange às suas preferências de 78 compra Em outras palavras se Junior quer aplicar o conceito de customer centricity não deve se apegar ao modelo de loja online Por isso talvez seja hora de o empresário considerar testar a hipótese de viabilizar um projeto nesse sentido De outro modo o foco precisa repousar sempre sobre a persona do negócio e não ser fiel ao planejamento inicial que focava apenas na loja em sua versão ecommerce De repente criar uma loja conceito pode ser a solução para aproximar o cliente do negócio e assim fidelizálo Isso porque após o uso do produto o cliente precisará apenas manter o seu estoque e eventualmente poderá testar novos produtos na loja física Tudo depende de testar hipóteses junto ao mercado Faça valer a pena 1 Esta abordagem prevê a máxima redução de desperdícios possível O desenvolvimento dessa abordagem propriamente dita aconteceu na fábrica Toyota no Japão De lá para cá vários desdobramentos foram acontecendo que inclusive acabaram adaptandose à nova gestão voltada para o empreendedorismo O trecho destacado aborda o conceito de a Startup b Kanban c Genchi Gembustu d Lean e Customer centricity 2 Júlia está começando um negócio Sua hipótese preliminar é de que as pessoas comprariam brigadeiros em frente ao seu prédio Por suas contas ela poderia extrair um lucro de 200 reais semanais neste primeiro momento Considerando a abordagem lean startup qual deve ser o próximo passo de Júlia Assinale a alternativa correta a Comprar maquinário suficiente para produção em escala b Ligar para o máximo de pessoas em seu bairro para oferecer o produto c Montar uma barraquinha com os produtos feitos de forma artesanal 79 d Patrocinar o próximo evento da cidade em que reside e Montar um site para o seu negócio 3 A transformação digital é imperativo hoje para mudança paradigmática das organizações em todo o mundo Não somente digitalizar documentos ou automatizar processos tal transformação atinge níveis culturais e comporta mentais dos colaboradores Considerando a jornada do cliente qual conceito pode ajudar na transfor mação digital dentro das organizações Assinale a alternativa correta a Customer centricity b Kanban c Estratégias de tração d Transformação digital e Lean startup 80 Seção 2 Plano de negócios planejamento e financiamento Diálogo aberto Você já teve o ímpeto de criar um negócio próprio Nesta leitura falaremos sobre como criar um plano para levar uma ideia adiante Pois bem após descobrir as contribuições da perspectiva lean e ter experimentado a aplicação dos conceitos na elaboração da situaçãopro blema agora é hora de pensar na expansão do negócio a partir da criação do instrumento chamado plano de negócios Depois de ter sua hipótese testada e agrupar um conjunto de aprendi zados validados capazes de servir como argumento na defesa do empreendi mento você deve estruturar todas essas informações e em especial eviden ciar sua viabilidade junto a possíveis fontes de financiamento Neste momento a escalabilidade pode ser um dos direcionadores estraté gicos do plano assim como o refinamento da tecnologia utilizada ou interna cionalização da atividade produtiva Isso quer dizer que o plano de negócios pode tanto apresentar um novo projeto ou empresa como também servir para embasar a atividade nos próximos anos Seja qual for o objetivo o plano de negócios irá apoiálo na etapa de defesa Imagine então a situação de Carolina estudante de administração que tem nas mãos a oportunidade de canalizar o sítio da família para plantação de eucalipto A intenção da empreendedora é vender para a indústria de papel e celulose que rodeia as terras propriamente ditas Agora parta do pressuposto que Carolina já testou a hipótese de negócio junto aos potenciais clientes e precisa neste momento estruturar o plano de negócio para apresentar ao seu avô cuja intenção é investir no projeto da neta Para desenrolar a confecção do plano Carolina pede a sua ajuda Para ajudála no entanto você deve primeiro aumentar o repertório com relação aos índices financeiros envolvidos no plano de negócios além de aprender a estruturar um plano atraente em termos de captação de investimentos Não obstante queira mostrar à Carolina que existem outras fontes de obtenção de capital para o seu negócio 81 Para tanto esta leitura auxiliará na incorporação de conhecimentos a respeito dos indicadores supracitados estrutura de um plano de negócios e outros pontos de destaque para que possa confeccionar a resolução da situa çãoproblema de Carolina e ainda aplicar em diversos outros contextos Bons estudos e mãos à obra Não pode faltar A prática empreendedora remete à autonomia e iniciativa de atuar em cenários incertos Dessa forma a empreendedora ou o empreendedor assume riscos traça metas e tende a lidar melhor com situações em que deve encarar a superação de obstáculos Mas talvez a habilidade mais importante seja saber traçar um caminho entre o cenário atual e o cenário desejado FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Vocabulário A palavra empreendedorismo tem a mesma raiz etimológica da palavra empreendedor que por sua vez vem do latim imprendere e significa decidir realizar uma tarefa difícil e laboriosa Desde o início a palavra empreendedorismo esteve vinculada à ideia de inovação ousadia e progresso econômico no sentido de reconhecer o empreendedor como agente de transformação econômica em cenários com baixa produtividade FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Por volta da década de 1980 Kenneth E Knight e Peter Drucker intro duzem o risco à equação do empreendedorismo corroborando com a ideia de ousadia supracitada Dessa forma o agente deve assumir riscos para inovar em algum segmento ou atuação profissional para ser reconhecido como empreendedor ou empreendedora FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Tal ousadia e cálculo constante de riscos podem ser mais bem balizados por meio de algumas ferramentas métodos e instrumentos Um desses artefatos de apoio chamase plano de negócio no qual o empreendedor tem a oportunidade de expressar todo o seu conhecimento sobre determinado mercado além de expor todas as variáveis que podem influenciar as metas e potenciais realizações do negócio propriamente dito Vale pontuar que a palavra negócio é utilizada em diversos contextos sugerindo tanto comércio ou transação comercial como também relações comerciais empresa caso ou qualquer objeto ou coisa Para efeito da 82 discussão que a seção destrinchará plano de negócio pode ser dedicado tanto a empresa em si nova ou existente como também para um projeto da empresa ambos entendidos como potenciais negócios NAKAGAWA 2011 O plano de negócio pode sustentar a argumentação realizada em um pitch de defesa acerca do empreendimento junto a potenciais investidores Pitch são apresentações rápidas e diretas direcionadas a potenciais investidores Costumam ser amplamente utilizadas por startups em todo o ecossistema de inovação hubs empresas de capital de risco etc O plano de negócio também pode ser utilizado no processo de obtenção de crédito ou financia mentos junto a instituições financeiras Com isso a instituição pode analisar a viabilidade do negócio fixando a taxa de juros adequada para cada caso Em linhas gerais portanto o plano de negócio abarca desde definições acerca do produtoserviço até a forma como a produçãoprestação de serviço será operacionalizada e colocada à disposição no mercado FERNANDEZ RIBEIRO 2012 O plano em si geralmente compreende um recorte de cinco anos no que tange ao futuro da empresa Neste sentido quanto mais infor mações tiver em mãos maior a qualidade das estimativas ali realizadas Dica Há softwares de apoio na confecção de planos de negócio Aqui vai alguns que você pode testar na internet Business Plan Pro BizPlan Builder MakeMoney e Software Plano de Negócio 30 Há ainda o portal do professor José Dornelas de nome Plano de negócios que contém dicas exemplos tutoriais e outros conteúdos voltados para empreendedorismo e plano de negócio propriamente dito Em linhas gerais há diversas versões do que seria a composição de um plano de negócio diferindo de instituição para instituição autor para autor Os pontos mais importantes e geralmente comuns nessas propostas são destacados a seguir 1 Capa onde constam as principais informações 2 Sumário executivo este item deve suscitar a curiosidade de quem começa a ler o documento No sumário executivo são apresentados os highlights do plano de negócio em si e por isso deve ser feito após conclusão da escrita de todo o plano 3 Descrição da empresa e do negócio descrição de todos os detalhes da forma como a empresa está organizada e do tipo de negócio que se pretende desenvolver e apresentar ao mercado Vale citar a proposta de valor da solução frente ao problema identificado 83 4 Localização e abrangência da empresa além de identificar a área de atuação é necessário situar geograficamente a empresa bem como a relação da localização com os objetivos estratégicos definidos Além disso devese registrar a abrangência pretendida de sua atuação se será local regional ou nacional 5 Análise estratégica e propósitos organizacionais visão missão e valores da empresa são descritos nesta etapa A coerência entre o propósito organizacional e todo o plano de negócio é crucial para tornar a estratégia sólida e direcional no que tange ao planejamento que se desdobrará ao longo do tempo 6 Análise de mercado este espaço é dedicado para demonstrar o quanto o empreendedor domina o mercado em que pretende atuar e conhece todos os players que nele estão Para tanto precisa indicar o máximo de informações e articular tais informações em termos estratégicos aprovando o potencial de mercado daquele determinado negócio Aqui vale citar as vantagens comparativas da empresaprojeto frente à concorrência direta de produtos substitutos ou similares 7 Plano operacional e de produção listar todas as atividades envol vidas na operacionalização da produção incluindo a tecnologia envolvida e potenciais de escalabilidade 8 Plano de recursos humanos identificar a cultura organizacional pretendida e que balizará os processos de seleção retenção e desen volvimento de pessoas 9 Plano de marketing envolve a explanação de questões relacionadas à praça preço promoção e produto Em outros termos como a empresa pretende expor o produto ou serviço no mercado bem como a maneira que irá promovêlo 10 Plano financeiro identificar a necessidade de recursos trabalhando a argumentação com relação à viabilidade e rentabilidade do negócio Também prevê o uso de instrumentos de controle acompanhamento e planejamento financeiro orçamentário 11 Anexos documentos importantes para embasamento da argumen tação realizada ao longo do plano de negócio bem como relató rios que possam ajudar o leitor a entender melhor a composição da estratégia Você notou o quão complexa é a construção do plano de negócio A confecção dele exige capacidade analítica mas também a habilidade de transformar informações em conhecimento Em outras palavras é necessário 84 que você pegue todo aquele repertório de referências e articule em prol do empreendimento que pretende tangibilizar Vale dizer que a apresentação de testes de hipótese e aprendizado validado valem muito na hora de convencer investidores instituições financeiras e a si mesmo com relação à dedicação a ser aplicada Não obstante definir o negócio depende do entendimento acerca do perfil de consumidor que pretende atender Nesta etapa é possível identificar se haverá produção ou prestação de serviços Essa informação é importante porque para cada caso há uma estrutura diferente de plano de negócios Outro ponto fundamental do plano de negócio é a definição do propó sito da organização missão visão e valores respectivamente razão de ser da empresa cenário futuro desejado e princípios seguidos e fomentados pela organização Essas informações guiarão todos que contribuem para o propósito da empresaprojeto além de enquadrar a forma como a empresa se portará frente ao mercado Exemplificando Imagine uma empresa que prega o valor da sustentabilidade Mas recen temente lançou resíduos sólidos no rio da cidade na qual está localizada A opinião pública poderá detratar a imagem da empresa ao identificar a situação e denunciála nos veículos de comunicação da cidade Perceba que essa falta de coerência pode custar caro para o negócio especial mente se a gestão não costuma prever situações contingenciais A segmentação de mercado por sua vez caminha em parceria com o âmbito do marketing Quanto mais clara for a mensagem mais o público alvo se identificará com o propósito de sua empresa De outro modo quanto mais assertiva for sua campanha publicitária menor o esforço dos clientes em entender qual problema você está tentando solucionar Tal clareza de propósito ajuda também o consumidor a identificar a sua empresa no mar de produtos e serviços existentes no mercado Lembra da proposta da Lorena da Seção 1 Quanto mais clara for a mensagem aos veganos mais estes se identificarão com a marca Não adianta por outro lado confundir o público vegano aglutinando prospects do universo fitness na tentativa de ampliar as possibilidades de venda sob o argumento de que se trata dos mesmos interesses comida leve interessa a ambos os públicos Essa hipótese não está atestada e talvez não compense o esforço do marketing em atrair a atenção de ambos os públicos nessa tentativa 85 A essa altura vale citar que a segmentação de mercado tanto pode ser geográfica recorte geográfico como também psicográfica foco no estilo de vida demográfica segmentação por faixa etária classe social sexo etc e comportamental foco em ocasiões festivas sazonalidade No exemplo de Lorena a segmentação de mercado é psicográfica percebe Agora retomando a situaçãoproblema Carolina optou pela segmentação geográfica pois prevê a venda dos eucaliptos à indústria de papel e celulose local Mas para que seu plano de negócio seja o mais assertivo possível no que diz respeito à descrição do mercado Carolina deve observar o ambiente externo macroambiente ou seja todas as variáveis que se relacionam com o segmento que pretende atuar a saber variáveis sociais legais tecnológicas políticas econômicas e ambiente geral Reflita Imagine que o governo federal lançou uma política que estimula a redução do consumo de papel e celulose Além dessa política você identifica que há comportamentos sociais cada vez mais sustentáveis surgindo no ambiente corporativo grande clientela do segmento Será que Carolina está olhando para o mercado certo Será que não há outro problema que o seu negócio possa resolver Entendeu porque é importante sempre observar as variáveis atinentes a determinado segmento Tais variáveis têm a capacidade de tracionar o seu negócio ou literalmente afundálo logo na primeira etapa de implantação uma vez que as empresas estabelecidas podem estar no mesmo tempo sendo reduzidas frente à retração da demanda Em contrapartida o ambiente interno microambiente também deve ser considerado ao construir um plano de negócio Esse ambiente referese aos fornecedores consumidores concorrentes e funcionários Nele há oportu nidades e fraquezas que precisam ser consideradas na projeção estratégica do negócio Assimile Um dos possíveis anexos do seu plano de negócio é a análise SWOT acrônimo do inglês para forças fraquezas oportunidades e ameaças Enquanto forças e fraquezas estão relacionadas ao ambiente interno as oportunidades e ameaças estão relacionadas com o ambiente externo Pratique 86 Após comentar alguns aspectos do plano de negócio vale um destaque para composição do capital da empresa que pode vir de capital próprio e ou capital de terceiros financiamentos ou empréstimos Para cada fonte há uma taxa de remuneração sobre o capital que pode variar bastante e influen ciar diretamente as decisões de investimento a título de exemplo se você tomar empréstimo em bancos de varejo a taxa de juros pode inviabilizar o negócio HASHIMOTO BORGES 2014 Essa etapa portanto prevê a divisão do aporte entre sócios e investidores no plano de investimento previsto para estruturar o negócio Na tabela a seguir é possível visualizar um exemplo dessa divisão Tabela 21 Composição do capital da empresa NOME DO SÓCIO VALOR R DO CAPITAL SÓCIO A R 3000000 22 SÓCIO B R 3500000 26 SÓCIO C R 4539200 34 SÓCIO D R 2480200 18 TOTAL R 13480200 100 Fonte adaptada de Fernandez e Ribeiro 2012 p 58 Outra etapa do plano financeiro é elencar todos os custos fixos e custos variáveis envolvidos no negócio Enquanto a primeira categoria diz respeito aos gastos e despesas para manutenção do negócio a segunda varia de acordo com o nível de produção impostos matériaprima mão de obra temporária etc Veja que para estimar os custos fixos é preciso calibrar as informações apresentadas na etapa plano operacional e de produção Veja a seguir um exemplo de previsão de custos fixos de uma empresa de eventos sociais Tabela 22 Previsão anual de custos de uma pequena empresa de cerimonial de festas Item Discriminação Valor unitário 1 Salários folha R 17817800 2 Retirada dos sócios R 400000 3 Encargos sociais R 312000 4 Aluguel R 300000 5 Honorários do contador R 50000 6 Luz R 35000 7 Telefone R 120000 8 Material de expediente R 20000 9 Despesas de manutenção do escritório R 100000 10 Material de limpeza R 25000 11 Seguros R 80000 12 Despesas administrativas R 75000 87 13 Despesas bancárias R 9000 14 Propaganda R 100000 15 Despesas com locomoção R 30000 16 Despesas com refeições R 25000 17 Custos variáveis R 1500000 Subtotal R 20998800 Provisão para imprevistos R 1049940 TOTAL R 22048740 Fonte adaptada de Fernandez e Ribeiro 2012 p 60 No início das operações falando da hipótese de um plano de negócio para uma empresa ainda não existente é importante além de considerar capital de giro e investimento inicial os gastos préoperacionais que surgirão como abertura da empresa registro de patentes eou marca pesquisa de mercado honorários diversos desenvolvimento do produto e capacitação do pessoal HASHIMOTO BORGES 2014 Em contrapartida seguindo a mesma sistemática de organização dos números é necessário realizar a previsão de receitas ou seja identificar os possíveis faturamentos mês a mês do negócio Para tanto devem ser consi derados fatores de sazonalidade e todos os produtos do portfólio da empresa Em linhas gerais para cada período verificado é preciso identificar as respectivas entradas e saídas Neste sentido podemos projetar um fluxo de caixa para o negócio e documentálo no plano de negócios Esse fluxo deve apresentar as entradas e saídas propriamente ditas o que pode ser compa rado com a conta corrente de uma pessoa física Seria portanto o extrato da empresa capaz de melhorar a gestão de promoções parcelamentos etc dos produtos em detrimento dos compromissos que a empresa tem junto a fornecedores folha de pagamento impostos credores entre outros Veja a seguir um exemplo de fluxo de caixa mensal Tabela 23 Fluxo de caixa mensal detalhado Fluxo de caixa Janeiro Fevereiro Março Saldo Inicial R 1500 R 1800 R 2730 Entradas R 75000 R 173000 0 11 Receita de vendas R 75000 R 150000 0 12 Outras receitas 0 0 0 Saídas R 45000 R 80000 0 21 Despesas com produtos 0 R 98000 0 22 Despesas admi nistrativas 0 0 0 88 23 Despesas com pessoal 0 0 0 24 Impostos 0 0 0 25 Outras despesas 0 0 0 Geração de caixa R 30000 R 93000 0 Disponibilidade R 180000 R 273000 R 273000 Fonte elaborada pela autora Para cada momento do ciclo de vida uma empresa precisa de diferentes métricas pois a receita tende a aumentar com o passar do tempo De outro modo no início de suas atividades uma empresa nascente está formando a sua carteira de clientes e portanto muito provavelmente não apresentará faturamento expressivo Por exemplo para negócios nascentes é primordial analisar o fluxo de caixa conforme foi exposto mas também é importante saber a taxa interna de retorno TIR EBITDA em português lucros antes dos juros impostos depreciação e amortização lucro líquido payback e valor presente líquido VPL Já para negócios maduros o cálculo tanto do EBITDA quanto do lucro líquido margem líquida valor agregado e valua tion são igualmente importantes NAKAGAWA 2011 Após levantadas todas as análises financeiras a respeito do negócio é possível elencar índices financeiros e outras técnicas que ajudarão na gestão do empreendimento e também na análise acerca da saúde do negócio por parte dos financiadores deste projeto bancos investidores etc Veja alguns índices técnicas de investimento e técnicas de análise de fluxo de caixa descontado Índices financeiros são calculados a partir do balanço patrimonial e demonstrações do resultado com intuito de entender a saúde da empresa com relação à liquidez capacidade de saldar as dívidas atividade giro de estoque endividamento grau de endividamento e lucratividade retorno bruto operacional e líquido Técnicas de análise de investimentos sinalizam a atratividade de determinado empreendimento por meio do Retorno Contábil sobre o Investimento geração de renda a partir do valor agregado Prazo de Payback prazo para recuperação do montante investido e Técnica do Fluxo de Caixa Descontado comparação entre o valor presente do benefício futuro versus outras oportunidades de investimento Técnicas de fluxo de caixa descontado trazem para o presente a geração de riqueza futura do negócio e comparam com o montante inicial a ser investido Medemse pelo Valor Presente Líquido VPL e Taxa Interna de Retorno TIR 89 Veja que com todas essas informações à mão o empreendedor pode levantar capital junto a diferentes fontes de recursos por exemplo investi dores independentes bancos cooperativas de crédito agência de fomento venture capital e seed capital entre outras Por fim vale ressaltar que o plano de negócio vai além de uma simples ferramenta de obtenção de recursos Ele serve também como ferramenta de gestão e como tal considerando todas as variáveis nele previstas deve ser continuamente revisitado e atualizado É sempre bom lembrar também que dinheiro é apenas um dos recursos necessários para colocar o negócio de pé Ou seja dinheiro é meio e não fim e não deve ser desculpa para interromper nenhuma boa e validada hipótese de negócio Sucesso Sem medo de errar Pois bem após acumular novos conhecimentos acerca da construção de um plano de negócios atraente chegou a hora de assessorar Carolina Lembrese de que ela está em busca do financiamento para o seu projeto e considera no primeiro momento obter recursos na família com o seu avô Logo de cara o que você poderia sugerir para Carolina caso não haja convencimento da primeira opção de financiamento Estudar outras fontes de financiamento e empréstimos seja junto a bancos como também agências de fomento incubadoras investidores anjo e concursos de plano de negócios entre outras Além disso vale a pena voltar a atenção para o conhecimento gerado a partir da confecção do plano de negócios e instigar a pergunta será que o caminho previamente traçado é o melhor a seguir Há possibilidade em diversificar o negócio da empresa Para responder a essa e outras perguntas é preciso começar a acumular informações que embasem a elaboração do plano de negócio em si Os próximos passos relacionamse exatamente à atividade supracitada 1 Pesquise dados quantitativos na internet sobre o mercado de eucalipto no Brasil 2 Organize os dados encontrados dentro de uma tabela no Excel 3 Faça projeções considerando os custos fixos e variáveis da futura empresa 4 Trabalhe nos índices financeiros a fim de exercitar o conheci mento adquirido 90 Bons estudos e uma ótima prática para você Lembrese de que quanto mais praticar maior a habilidade em replicar noutros cenários com variáveis e oportunidades diversas Avançando na prática Segmentação de mercado comunicação assertiva com alavancagem de vendas Para exercitar o processo de segmentação de mercado uma vez que essa definição atinge vários pontos do plano de negócio além de definir preli minarmente os possíveis testes de hipótese imagine um possível negócio no setor alimentício Agora para cada possível segmentação construa uma possibilidade de negócio para que a senhorita Aleixo consiga melhor visua lizar as hipóteses que podem ser testadas Considere a intenção da empreen dedora trabalhar com confeitaria Resolução da situaçãoproblema Para resolver a situaçãoproblema aqui exposta vale relembrar os diferentes tipos de segmentação geográfica recorte geográfico psicográfica foco no estilo de vida demográfica segmentação por faixa etária classe social sexo etc e comportamental foco em ocasiões festivas sazonalidade Geográfica construção de uma confeitaria no centro atingindo o público de transeuntes da principal avenida da cidade Psicográfica vender doces congelados para consumidores veganos via aplicativo de celular Demográfica atender sob encomenda a high society da cidade Comportamental vender bolos de aniversário para festas de debutante casamentos e confraternizações de final de ano Percebeu como um mesmo negócio pode ser dedicado a diversos segmentos de mercado Pratique mais e use sua criatividade para empreender 91 Faça valer a pena 1 Um instrumento utilizado tanto para obtenção de crédito para financia mento de atividades produtivas início de novos negócios e projetos como também para apoiar a gestão ao longo de cinco anos O trecho em destaque diz respeito ao seguinte termo a Teste de hipótese b Empreendedorismo c Sebrae d Plano de negócios e Investidor anjo 2 Leila presta consultoria para o público de várias ONG do interior de São Paulo dedicadas ao apoio e suporte de animais abandonados Sua ativi dade reside especificamente na consultoria administrativa e de marketing apoiando as instituições do terceiro setor no que diz respeito à visibilidade junto a doadores e empresas financiadoras da causa animal Qual é a segmentação de mercado atendida por Leila a Geográfica b Psicográfica c Por propósito d Demográfica e Comportamental 3 O ponto de intersecção entre o teste de hipótese e a confecção do plano de negócio deve ser conhecido pelos empreendedores de modo a tomar asser tividade nas decisões com relação à alocação de recursos em cada negócio Nesse sentido o se trata de um instrumento a ser utilizado após análises empíricas acerca da Isso quer dizer que antes de dedicar tempo e esforço na confecção e detalhamento de um plano vale junto ao mercado validando a viabilidade do negócio propriamente dito 92 Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas a teste de hipótese confecção do plano de negócios testar hipóteses b plano de negócio hipótese de negócio testar hipóteses c investidor anjo viabilidade do negócio argumentar d plano de negócio hipótese de negócio convencer os consumidores e teste de hipótese confecção do plano de negócios onvencer investidores 93 Seção 3 Metodologias de gestão e pontos de apoio Diálogo aberto Olá como vai Você conhece ou pelo menos segue algum digital influencer Já considerou a hipótese de tornarse um produtor de conteúdo na internet posicionandose como autoridade em algum assunto Pois bem esta leitura mostrará que mesmo pequenas prestações de serviço incluindo as digitais requerem organização e controle de processos Conheça agora a história de Aline Aline é uma empreendedora exemplar bastante dedicada Para o ano que vem pretende lançar dois produtos digitais uma vez que já coleciona centenas de milhares de seguidores em seu perfil do Instagram o que mostra inclusive o engajamento em sua geração de valor para o mercado até então Hoje Aline atua como hipnoterapeuta e escreve artigos para blogues diversos todos relacionando assuntos variados à sua prática profissional Recentemente lançou um programa de emagrecimento apoiado nas técnicas de hipnose que aprendeu nos cursos que não para de realizar No entanto o desafio agora é ampliar o alcance desse programa para pessoas em todo o país tendo em vista que grande parte da população brasileira vem sofrendo com sobrepeso Para isso precisa tanto pensar nos processos de escrita revisão edição masterização e diagramação do material audiovisual e ebook como também no suporte prestado a distância para fatia conectada de seus pacientes Veja há diversos processos que precisam ser pensados e organizados e também acomodados com processos que já existem Perceba que Aline nada mais está fazendo do que testando hipóteses e incorporando gradati vamente produtos que gerem valor para sua clientela e também potenciais futuros clientes Você na qualidade de mentor ou mentora da Aline proponha os próximos passos capazes de não somente suportar a expansão das operações como também impulsionar os ganhos e a exponencialidade das recomen dações do negócio na rede A ideia é atingir o maior número de pessoas no menor período de tempo possível acumulando feedbacks rápidos e precisos para aprimoramento dos produtos digitais 94 Para tanto esta leitura trará recursos suficientes para ajudálo nessa empreitada São recursos tantos relacionados com ferramentas e tecnologias de gestão como também a respeito de estratégias de vendas e analytics sem deixar a parte burocrática de fora questões jurídicas contábeis etc É importante ressaltar que a sabedoria do profissional reside na adaptação do elenco de ferramentas adequadas a cada caso Esse exercício deve ser uma máxima constante na rotina de todo e qualquer profissional Lembrese de que a prática é aliada da competência quanto mais praticar mais habilidade terá acumulado para aplicar em diferentes contextos Não pode faltar Todo e qualquer negócio tem em sua rotina diversos processos que acontecem simultaneamente Há ainda atividades processuais que apresentam codependência ou seja possuem sequencialidade que impede de seguir uma próxima etapa antes de concluir a anterior Essa sequencialidade pode inclusive desembocar em um gargalo para a empresa ou projeto Por exemplo imagine uma construção civil de um prédio O aval da prefeitura ou o recebimento dos tijolos impedem o início das obras percebe Essa demora pode representar grande perda de dinheiro Esta leitura não tem a pretensão de esgotar o assunto sobre gerenciamento de processos A intenção reside na explanação do conceito para que você em suas empreitadas profissionais possa destrinchar com maior habilidade o mapeamento de atividades que ajudam a clarear as situações de desafio em empresas e projetos Bom a estrutura básica do processo está ilustrada a seguir Basicamente processos são conjuntos de atividades coordenadas e organizadas para atender a uma finalidade Veja que há entradas processamento e saídas o que significa que um processo tem poder de transformar algo seja uma matéria prima informação ou mesmo uma pessoa por exemplo em processos de capacitação e treinamento 95 Figura 22 Estrutura básica de processo Fonte Shutterstock Assimile Organizações são conjuntos de pessoas e processos e ambos são susten tados por diferentes ferramentas métodos e instrumentos Joseph Schumpeter em 1950 esclarece que não somente pela capacidade de inovação como também pela habilidade em aprimorar processos ferra mentas e métodos os empreendedores usam a destruição criativa a favor dos propósitos empreendedores FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Exemplificando Você vai levar alguém especial para comer em uma pastelaria no domingo de manhã Note com olhar crítico que só excelentes profis sionais têm os processos compreendidos no tempo entre o seu pedido até a entrega do pastel com o caldo de cana que pediu Veja que para o pastel ser frito mais rapidamente ele já estava pronto e congelado Mas antes de estar pronto para fritura como aconteceu todo o processo de compra e armazenamento desses produtos Qual é o fornecedor do catupiry Será que é o mesmo do tomate do pastel de pizza E a louça que sujou será que a mesma pessoa que manipula os pastéis também lava todos os copos Esse é um exemplo simples do verdadeiro emara nhado de processos que uma pequena empresa pode ter 96 Para organizar os tempos recursos e insumos de cada processo os líderes precisam ter em mãos informações suficientes para seguir com o equilíbrio das atividades e suprimento no tempo adequado de cada processo Para ajudar a gestão nesta tarefa muitas ferramentas apresentamse como candi datas desde uma planilha Excel até a adoção de um ERP acrônimo para Enterprise Resource Planning que quer dizer sistema integrado de gestão empresarial o mercado dispõe de inúmeras soluções de gerenciamento de recursos que permite inclusive ganhos de escala A escolha das ferramentas adequadas depende da estratégia de negócio Por estratégia de negócio entendese todos os planos traçados para atingir resultados superiores no longo prazo com relação ao investimento aportado levando em consideração o cenário competitivo STAIR REYNOLDS 2012 No caso do ecommerce as estratégias de negócio se aproximam de negócios tradicionais uma vez que estes podem inclusive articular processos de distinção e personalização por exemplo em serviço de pósvenda diferen ciado no ambiente conectado da internet STEFANO ZATTAR 2016 Seja para negócios na internet ou negócios tradicionais o plano de negócios deve abrigar um modelo de negócios Este por sua vez referese a um conjunto de atividades planejadas por vezes referidas como processos de negócios e concebidas para resultar lucro em um mercado STEFANO ZATTAR 2016 p 90 No que diz respeito ao modelo de negócio seja na fase inicial ou de pivotagem do empreendimento a ferramenta Canvas ou Business Model Canvas é fundamental pois ela permite a visualização do modelo de negócio a ser adotado bem como traz à tona a geração de valor que será entregue ao mercado A imagem que segue ilustra o que o Canvas representa para os negócios em cada uma das dimensões consideradas 97 Figura 23 Canvas O QUÊ Proposta de valor Qual é o seu pacote de produtos e serviços e o valor que ele possui para os clientes Segmento de clientes Quem são os clientes que você pretende atender Eles têm um perfil específico Como eles estão agrupados Onde estão localizados PARA QUEM Canais Como sua empresa se comunica e alcança seus clientes para entregar a proposta de valor Relacionamento com clientes Tipos de relação que uma empresa estabelece com clientes para conquistálos e mantêlos Recursos principais Recursos mais importantes exigidos para fazer o modelo de negócios funcionar COMO Atividades Principais Ações importantes que sua empresa deve realizar para fazer seu modelo de negócios funcionar Relacionamento com clientes Tipos de relação que uma empresa estabelece com clientes para conquistálos e mantêlos QUANTO Estruturas de custos Todos os custos envolvidos na operação do seu modelo de negócios Receitas Dinheiro que a empresa gera Quanto e como você vai receber dos clientes Fonte httpsasidbrasilorgbrwpcontentuploads201905ModelodeNegC3B3ciogif Acesso em 6 dez 2019 98 A ferramenta foi criada no ano de 2000 enquanto tese de doutorado de Alex Osterwalder Ter clareza com relação aos itens elencados no Canvas ajuda toda a equipe a entender para qual direção está indo o negócio Isso auxilia inclusive os gestores a tomar decisões de forma mais alinhada o que acaba sustentando uma maior autonomia para estes agentes OSTERWALDER PIGNEUR 2011 Agora você consegue imaginar o número de processos que precisam ser pensados e desenhados após criação do Canvas Saber repensar processos é algo extremamente valorizado dentro das organizações pois a maioria dos gestores simplesmente tombam processos para moldes automatizados sem antes redesenhar todo o fluxo de tarefas envolvido desperdiçando recursos ao não suprimir etapas que poderiam ser descartadas no novo formato Ainda no arcabouço de ferramentas de gestão há os métodos ágeis Falamos anteriormente sobre Scrum SAFe XP Programming e outras metodologias que imprimem agilidade e eficácia aos processos Isso acontece por que tais ferramentas sustentam a visibilidade das informações Isso também é verdade quando falamos de analytics Neste ponto perceba que dependendo das habilidades que você possui há uma geração enorme de valor para a sua empresa Imagine prever cenários futuros e tomar decisões assertivas no momento certo reduzindo o desper dício de recursos antes mesmo das circunstâncias forçarem uma mudança mais radical É exatamente este o potencial da ferramenta analytics Analytics ou inteligência analítica utiliza técnicas oriundas das áreas matemática estatística e machine learning para munir os gestores de insights a partir do cruzamento e articulação de dados Além disso a técnica pode utilizar modelagem preditiva com o uso de machine learning para prever cenários futuros Reflita Uma empresa de planos de saúde utiliza o algoritmo para aprovar ou recusar novas adesões aos produtos de seu portfólio Para isso usa o histórico de compras em farmácias a fim de conhecer se aquele cliente será caro ou não para as suas operações Com isso além de acumular clientes lucrativos a empresa ainda encaminha os clientes custosos para a concorrência Há ganhos por toda a parte Na sua opinião enquanto profissional que preza pela ética qual deve ser o limite de cruzamento de dados em prol do aumento do lucro Ao fazer essa reflexão coloquese em diversas posições inclusive a do cliente custoso 99 A título de ilustração utilizado em conjunto com o Google Adsense o Google Analytics pode trazer diversos insights para os empreendedores Endereçar anúncios pagos para localidades específicas é muito mais assertivo do que realizar uma campanha nacional inviável frente à falta de recursos de um empreendimento em fase inicial Em outras palavras essas duas ferramentas permitem identificar os recortes geográficos que têm buscado palavraschaves relacionadas com aquele determinado segmento de mercado para então direcionar esforços exatamente para aquele recorte Essa tecnologia permite conhecer as tendências de vendas de cada região geográfica cada segmento de produto ou cliente Imagine uma loja online que detém essa inteligência nas mãos O esforço de venda seria muito mais assertivo pois a gestão do negócio poderia canalizar anúncios exatamente para residentes de locais que tem buscado aqueles termos na internet Outro exemplo imagine uma loja online internacional de vestuário de inverno canalizando anúncios para residentes do Nordeste brasileiro No portfólio há produtos de ski dentre outras vestimentas para prática de esportes no gelo Algo definitivamente está errado concorda O exemplo utilizado é extremo mas imagine a quantidade de decisões que são tomadas sem levar em consideração as peculiaridades de cada lugar Em todo o caso há diversas entidades que ajudam o empreendedor a entender qual é o melhor caminho a seguir Lembrese o públicoalvo de um plano de negócio vai além da obtenção de financiamento e crédito no banco de varejo Os principais públicosalvo de um plano de negócio são mantenedores de incubadoras parceiros bancos investidores fornecedores a própria empresa comunicação interna clientes e sócios DORNELAS 2008 Agora atenção para as incubadoras e parceiros Há uma rede de apoio ao empreendedor aqui no Brasil Desde o primeiro passo que consiste na abertura de um negócio há auxílio para saber como e onde consultar as respectivas legislações munici pais estaduais e federais acerca do setor que se pretende atuar Outra consulta importante a ser citada e realizada é na Junta Comercial e no Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI para patentear ou registrar um novo produto FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Tendo introduzido o negócio no mercado no entanto há diversas decisões que precisam ser encaminhadas Os processos por exemplo precisam ser engrenados as pessoas precisam de orientação e organização suficientes para saber o que e como executar Perceba que sobre cada um desses âmbitos há inúmeras decisões de acordo com a realidade e necessidade de cada empresa 100 Em termos de metodologia diferentes empresas pedem diferentes arcabouços ferramentais e instrumentais O segredo reside na capacidade de adaptar eficazmente Nesse sentido Rosemary Stewart 1982 aproxima o trabalho do administrador ao trabalho do empreendedor nos seguintes aspectos demandas restrições e alternativas O primeiro diz respeito ao que deve ser entregue enquanto o segundo é atinente aos fatores internos e externos que limitam a ação do agente e por fim as alternativas referemse ao que e como fazer ou seja as opções que o agente tem em mãos Para manipular as variáveis supracitadas o empreendedor deve dispor de ferramentas que o auxiliem e pessoas que o ajudem a transmitir a proposta de valor eleita para o negócio Tendo em vista o fator desempenho pessoas são para Peter Drucker 2003 a ferramenta de execução dos parâmetros de excelência de toda e qualquer empresa Nesse sentido as metas devem tanto ser operacionais como também constituir um programa de desempenho unificado garantindo o mesmo parâmetro de medição para todos os envol vidos e daí resultam também as características a serem identificadas nos possíveis colaboradores candidatos aos cargos anunciados Ainda sobre pessoas segundo José Carlos Dornelas 2008 ao sintetizar informações de diversos estudiosos da área os empreendedores são grandes líderes possuem amplo networking e sabem contratar e inspirar colabora dores Entendem que para obter sucesso precisam ser rodeados de profissio nais competentes Para além dos parceiros imediatos colaboradores internos há uma rede de apoio aos empreendedores e empreendedoras que se arriscam no mercado Especialmente para aqueles que buscam profissionalizar a sua prática É o caso do Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas O Sebrae é a principal entidade de apoio ao empreendedor brasileiro com agências atuantes em diversas cidades de todo o país Foi criado em 1990 para atender aos anseios do empresariado e do Estado sob as leis 8029 e 8154 e regulamentado pelo decreto nº 99570 DORNELAS 2008 Assimile O Sebrae além de ensinar sobre qualidade finanças marketing etc auxilia os empreendedores a entenderem e implantarem diversas ferramentas de gestão É o caso do site a seguir no que tange à utili zação da ferramenta de gerenciamento estratégico Canvas SEBRAE SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Crie novos modelos de negócios com o Sebrae Canvas sd 101 Mas além das instituições de fomento há incubadoras de empresas capazes de suportar as operações iniciais a custos mais baixos Dispondo de telefone internet espaço físico etc as incubadoras geralmente são finan ciadas por universidades grupos comunitários entidades governamentais e outros Vale dizer que a incubação de empresas tende a diminuir o risco de mortalidade das empresas nascentes Também são fundamentais as assessorias contábil e jurídica no que tange desde à constituição da empresa até ao registro de patentes e conformidades ambientais da atividade produtiva Veja que para cada caso há necessidade de assessoramento diferente Em outras palavras uma empresa de base tecno lógica provavelmente requer cuidados que diferem de empresas de cunho industrial Características de uma no entanto não são excludentes frente à outra Outro assessor importante para conectar indústria a empreendedores mesmo se tratando de aplicação de pesquisas e testes são as empresas juniores Ligadas às universidades apoiam empreendimentos na resolução de diferentes problemas em diferentes setores DORNELAS 2008 O Instituto Empreender Endeavor é uma entidade internacional sem fins lucrativos dedicada a prestar suporte a empreendedores em países em desenvolvimento A organização foi concebida no ano de 1997 nos Estados Unidos por um grupo de egressos de Harvard Vale a pena visitar o site da Endeavororgbr e vasculhar os materiais ali disponíveis No modelo de franquias há o suporte da franchising que apresenta uma alternativa de modelo de negócio aos empreendedores Neste modelo a sistemática de franquia dita o tom da estratégia de distribuição e comercia lização de produtos Em se tratando de marcas conhecidas e rede de apoio ao franqueado a etapa de promoção da marca acaba sendo amplamente reduzida uma vez que já integra o modelo de negócio propriamente dito No Brasil o modelo é representado pela Associação Brasileira de Franchising ABF DORNELAS 2008 Para atuação empreendedora dentro de grandes empresas uma vez reconhecida a descentralização da tomada de decisão e articulação do conhe cimento DRUCKER 2003 gestores do alto escalão devem fomentar um ambiente propício para inovação que inclusive aceita riscos e estimula o erro Programas de reconhecimento e canais de comunicação dedicados a essa finalidade são bons exemplos de assessoria assim como a incorporação deste discurso na sala dos gestores e gestoras Ainda sobre o fomento da inovação há espaços de coworking que permitem o intercâmbio de conhecimento entre várias empresas sustentadas 102 por uma rede de contatos estabelecida no ecossistema de inovação O conceito repousa em linhas gerais no compartilhamento de espaço físico e recursos entre várias empresas barateando os custos fixos do negócio Há ainda o aluguel periódico de salas de reunião para pequenos empreendedores que não dispõem de escritório na localidade São exemplos de coworking a empresa brasileira WeFlow e a norteamericana WeWork É comum nos espaços de coworking o fomento de meetups Meetups são encontros informais dedicados a temáticas específicas geralmente ligadas a assuntos que agrupam oportunidades transversais para negócios diversos como exemplo o assunto da tecnologia blockchain para aplicações em fintechs instituições de ensino entidades governamentais etc Por fim vale citar um outro conceito chamado hubs de inovação Hubs em sua simples tradução são nós que ligam ou seja são organizações que conectam diferentes agentes da inovação empresas startups incubadoras etc do universo empreendedor De outro modo são espaços que fomentam o empreendedorismo conectando startups a empresas e investidores mas também a prestadores de serviço universidades e instituições de fomento Um grande hub de inovação no Brasil é o Cubo do Itaú Há diversos segmentos atendidos e organizados em cada andar do prédio localizado na Vila Olímpia em São Paulo Lá grandes empresas visitam startups de educação finanças saúde etc em busca de contratar serviços investir ou mesmo adquirir a startup propriamente dita Veja que nesses termos um espaço coworking acaba sendo um hub e todo esse ecossistema presta suporte aos empreendedores A leitura apresentada ocupouse em trazer ferramentas para gestão asser tiva de novos negócios e empreendimentos que precisam ser pivotados Além disso endereçou diversas instituições de apoio ao empreendedorismo brasileiro bem como tratou de exemplificar pontos estratégicos para atuação tracionado dos empreendedores Faça bom proveito Sem medo de errar Na qualidade de mentor de Aline quais os pontos que podemos elencar como próximos passos Lembrese que Aline quer lançar ao menos dois produtos digitais no próximo ano visando ampliar o alcance de seu programa de emagrecimento baseado em técnicas de hipnoterapia Tendo em vista a expansão das atividades Aline precisa antes de mais nada entender quais são os entraves jurídicos do negócio Para tanto pode contar com a ajuda especializada de advogados que dedicam tempo às entidades focados nos empreendedores 103 Sanado este primeiro ponto agora Aline precisa redesenhar o fluxo de atividades do processo de hipnoterapia na internet não somente testando as técnicas a distância como também estruturando as oportunidades de capturar feedbacks dos clientes Dessa forma Aline conseguirá aprimorar constantemente os produtos digitais que lançar O suporte a ser prestado para a clientela online também deve ser articu lado no sentido de organização de atividades e principalmente no aporte de recursos humanos tecnológicos financeiros e operacionais Em outras palavras quem ficará responsável por atender às interações online em cada plataforma de contato quem fará a curadoria de postagens para manter a constância nas redes sociais quanto será necessário investir em design das peças publicitárias dedicadas aos novos produtos e por fim quanto será investido em anúncios pagos nos buscadores da internet A esta altura vale introduzir o conceito de analytics orientando Aline a implementar ferramentas capazes de articular dados que servirão como apoio na tomada de decisão em especial com relação ao direcionamento dos anúncios supracitados Amarrando todos os aspectos aqui elencados proponha a confecção de um Canvas para melhor traçar as estratégias de marketing e operação dos produtos digitais a serem lançados Para tanto Aline deverá escrever quais as parceriaschave do negócio possíveis parceiros na internet para promover os produtos digitais ou mesmo lojas voltadas para o mesmo público que Aline quer atingir além de assessores do universo empreendedor atividadeschave app stories atendimento pré e pósvenda etapas da confecção do material e outras atividades que sustentarão toda a estratégia dedicado aos novos produtos proposta de valor o que Aline quer entregar Emagrecimento ou autoestima Boa forma ou boa saúde Essas respostas guiarão o discurso a ser empregado nas peças publicitárias recursoschave o principal recurso de Aline é sem dúvida tempo e o próprio acesso à internet além de autônomos como designers contadores etc relacionamento como se dará o relacionamento com o cliente canais os canais de promoção e entrega do produto email correios etc segmento de clientes pessoas que já estão em academias grupos específicos de pessoas na internet etc ou seja onde está o público para que seja possível despertar a sua atenção estrutura de custo a partir dos recursos elencados quais serão os custos envolvidos em toda a operação e sustentação do negócio e por fim fonte de receita pagamento efetuado para adesão do programa de emagrecimento na internet Sugiro que você faça um board do Canvas e vá pregando postits para que a atividade fique ainda mais divertida e visual Replique esta ferramenta para 104 outros negócios com intuito de testar as suas habilidades e criatividade na resolução dos pontos elencados na modelagem de negócios Canvas Veja durante toda a leitura que diversos artefatos foram disponibili zados para que você tenha plena capacidade de realizar a aplicação supraci tada Desde ferramentas de gestão até o uso de analytics e da rede de apoio ao empreendedorismo podem servir de pontapé inicial para esse exercício profissional Boa sorte Avançando na prática Emagrecendo com Scrum Com intuito de ampliar a sua imaginação no que diz respeito à aplicação de ferramentas em contextos diversos imagine usar o método ágil Scrum para enveredar a perda de peso Erick seu primo pediu que você o ajudasse nessa tarefa e você muito afeito a Erick decidiu ajudálo com muita criativi dade O que você proporia a ele Resolução da situaçãoproblema A cada início de mês juntamente com o apoio de uma nutricionista e uma coach do cross training Erick pode planejar todas as atividades que reali zaria até o início do próximo mês incluindo todo o cardápio que comerá e todo o plano de treino que vai cumprir Todos os dias Erick deve enviar uma prova de que seguiu o seu plano do dia no grupo criado entre você Erick nutricionista e coach além de postar no seu Instagram o checkin no local do treino cada vez que for realizar a sua hora de atividade diária Na interação diária também devem ser descritas todas as atividades que Erick realizou no dia anterior todas os desafios enfrentados no momento e o que pretende fazer ao longo das próximas 24h Essa é uma maneira não só de motivar Erick como também aumentar o seu comprometimento com as metas estipuladas Concluído um mês desde o planejamento deverá ser realizada uma nova reunião de revisão verificando se as metas traçadas foram atingidas e o que mais precisa ser ajustado para o plano ficar cada vez mais confortável e adequado à realidade de Erick 105 Faça valer a pena 1 Ferramenta de gerenciamento estratégico composta pelas dimensões parceriaschave do negócio atividadeschave proposta de valor recursos chave relacionamento canais segmento de clientes estrutura de custo e por fim fonte de receita Assinale a alternativa que contenha a ferramenta descrita a Business Model Canvas b Analytics c Business Process Management d Ecommerce e Tração de negócio 2 Priscila é gerente de uma grande empresa de educação Atualmente tem confrontado diferentes projetos com uma nova diretriz dada pela alta adminis tração a ampliação do portfólio de produtos voltados para tecnologia da informação e comunicação disponibilizada ao mercado frente ao aumento da capacidade do time de tecnologia em entregar novas ferramentas para a área No momento o foco paira na solução de fluxo de produção Simultaneamente Mariana sem saber da diretriz pesquisou bastante e trouxe uma proposta de compra de um novo software dedicado ao fluxo de produção Nessa situação Priscila deve a Comprar o software indicado por Mariana b Pedir à Mariana que busque novos fornecedores c Alertar Mariana que a solução poderá ser confeccionada internamente d Ela mesma buscar novos fornecedores e Guardar todas as informações para ela 3 Alice acaba de confeccionar o plano de negócios da sua confeitaria que já funciona há dois anos A sua equipe apesar de bastante enxuta segue rigoro samente as suas diretrizes de atendimento atenção e comprometimento no fornecimento dos produtos além de sorriso no rosto e amizade no trato com o cliente O seu slogan é alegria que cabe na palma da mão 106 Qual das dimensões do Canvas está representada no texto a Parceriaschave b Canais c Fonte de receita d Recursos chave e Proposta de valor 107 Seção 4 Empreendedorismo e inovação desafios e alguns possíveis caminhos Diálogo aberto Olá como vai Você já observou a quantidade de pessoas que vivem reclamando do trabalho Em contrapartida já reparou que grandes líderes e empresários nunca aparecem na mídia reclamando mas muito pelo contrário apresentam argumentos precisos sobre a importância do que fazem e entregam de valor para a sociedade Pois é nem todo mundo entendeu que o propósito de vida de cada pessoa passa invariavelmente pelas atividades profissionais Faça as contas são 8 horas de trabalho mais 1 hora de almoço e pelo menos 1 hora de trajeto ida e volta todos os dias Isso já soma 10 horas por dia de dedicação diária à atividade profissional E isso só é verdade se você trabalha como CLT dentro de um regime de 40 horas semanais Quando o cenário supracitado recai no empreendedorismo autônomo o tempo de dedicação pode muito bem saltar de 40 horas para 80 horas semanais Então imagine se aquilo com o que você trabalha todos os dias não guarda relação com aquilo que você valoriza Haverá sem dúvida um esforço muito maior e um ímpeto de execução muito menor É o que pode acontecer com o Luiz que sempre dedicou a sua vida para a atividade comercial no setor de alimentos Dentre suas habilidades estão falar em público ter relacionamento interpessoal dedicarse ao estudo da composição dos alimentos Atualmente no entanto movido a evidências do mercado quer criar um blog de programação de computador Algumas informações importantes Luiz se arriscou somente com linguagem html para programar alguns sites no período da adolescência Não conhece a fundo nenhuma linguagem de programação para construir aplicações mobile softwares ou qualquer outro produto desse universo tampouco tem certificação ou experiência na área para falar com proprie dade e tornarse autoridade no assunto 108 Bom você foi convidado para um evento e conheceu a história de vida do Luiz e as atuais intenções do empreendedor conforme explicamos Na condição de mentor quais as sugestões que daria a ele Pense em termos de 1 Propósito de vida do empreendedor Luiz 2 Habilidades acumuladas ao longo da carreira profissional 3 Esforço a ser aplicado na proposta inicial em detrimento de outras possibilidades adjacentes ao conjunto de habilidades que já possui A presente leitura vai ajudar você a compreender a relação entre propó sito e carreira profissional bem como as possibilidades do empreendedo rismo com vistas às habilidades acumuladas ao longo da trajetória indivi dual Além disso abordaremos outros assuntos tais como escalabilidade inovação e cultura organizacional Bons estudos e uma ótima mentoria Não pode faltar Você já pensou na proporção de tempo que passa criando e desenvol vendo novas ideias Você enquanto principal responsável por sua vida tem criado novos caminhos novas conexões que beneficiem sua carreira Pois bem essa leitura tem a intenção de despertar a sua curiosidade e ímpeto de ser cada vez melhor para si mesmo e para a sociedade Para iniciar essa conversa precisamos falar de um conceito extremamente complexo e que deve ser cuidadosa e criteriosamente avaliado a cultura Podemos analisar a cultura de uma única empresa ou ainda vislumbrar o potencial cultural de imbricações em fusões e aquisições empresariais Essa sinergia de perfis é estratégica e deve ser considerada em qualquer contexto Pensando na realidade de empreendedores autônomos desde a cultura nacional até a cultura dos grupos sociais que frequenta podem influenciar o desenvolvimento ou mesmo vontade de criar e desenvolver novos negócios Já percebeu quão inovadora é a cultura coreana E a cultura indiana com seu viés fortemente espiritual Já reparou o número de indianos que estão à frente de grandes empresas hoje Nada absolutamente nada é ao acaso quando se trata de intersecções culturais e organizacionais O maior desafio da inovação neste sentido é propriamente a mescla cultural pois nela reside aspectos que podem servir como força propulsora ou resistência dentro do cenário globalizado que hoje atuamos A cultura por sua vez é o todo complexo que inclui conhecimento crença arte moral 109 direito costumes e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade TYLOR apud SOUZA 2014 p 19 Dito de outra maneira a cultura influencia não somente as ações indivi duais na vida em sociedade como também dita regras para o contexto organizacional SOUZA 2014 Além disso tratase de uma construção coletiva que é a todo tempo reafirmada nas práticas sociais diárias Dessa forma quando há uma crença ou costume que precisa ser quebrado a trans formação é gradual construída dia a dia O interesse da comunidade científica em investigar culturas organi zacionais particulares se deve à ascensão pós segunda grande guerra das empresas japonesas em detrimento às norteamericanas Você se recorda do berço dos postulados da abordagem enxuta lean manufacturing Pois bem tal sucesso se deve em grande parte à cultura do Japão altamente coesa ética e disciplinada SOUZA 2014 A cultura organizacional por sua vez é um sistema constituído do resultado enraizado de um padrão de comportamento específico atinente aos ganhos de sinergia daquele grupo de pessoas combinado aos processos instaurados em um determinado contexto A cultura organizacional se manifesta por artefatos estruturas e processos visíveis tais como vesti mentas layout etc valores assumidos estratégias objetivos e filosofias adotadas e por fim pressupostos subjacentes crença percepções coletivas sentimentos e valores compartilhados SCHEIN 2009 Reflita Considere a explicação dada sobre cultura organizacional e a possibi lidade de a cultura organizacional ser alterada Após faça a seguinte reflexão faz sentido manter cadeiras diferenciadas para pessoas em cargo de comado se a intenção da empresa é caminhar para uma configuração horizontal cujo compartilhamento de decisões é visto como fator estratégico na implantação de uma cultura voltada para a inovação e empreendedorismo Não obstante cada cultura acaba elevando ou ao menos preparando o terreno para diferentes configurações de empresa Veja a China e sua incrível habilidade em escalar negócios Hoje a China é referência em volume de vendas que consegue escoar para todo o mundo Competências em logística competitividade em preço e knowhow industrial trouxeram essa possibilidade 110 Essa configuração de empresa possível muito por conta da internet e do tráfego autônomo dos consumidores hoje globais acabou sufocando grande parte dos intermediários dessas transações Empresas que traziam produtos da China hoje não têm mais razão de existir Por outro lado diversos outros modelos de negócios puderam ganhar tração com a chegada da interconexão a nível global Neste sentido a tomada de decisão foi acelerada Como ilustração veja quão imediatista ficou o noticiário se antes havia tempo para curadoria de informações e dados suficientes para delinear uma reportagem ou documentário hoje qualquer pessoa com uma câmera pode noticiar um grande evento antes mesmo de uma grande emissora mundial MORAES RAMONER SERRANO 2013 Perceba portanto que no contexto empresarial as camadas que antes eram vistas estritamente como operacionais agora ganham autonomia para tomar decisões que estejam alinhadas com o mapa estratégico da empresa Por exemplo se a empresa preza acima de qualquer coisa a experiência do usuário então é a partir dessa premissa que todos os colaboradores precisam pautar as suas decisões Neste sentido houve um achatamento da hierarquia Ritos como o SAFe citado em seções anteriores demonstram a proximidade física das pessoas com a alta administração O CEO do Facebook Mark Zuckerberg tem reuniões com os estagiários via web conferência e esse é apenas mais um exemplo E qual é o entendimento aqui É exatamente multiplicar a capacidade de executar e decidir das grandes mentes que acabam se reservando à atividade de guiar o negócio Isso se chama escalabilidade e é atingido pela canali zação inteligente de recursos sejam eles tangíveis máquinas modais de transporte etc intangíveis conhecimento métodos ferramentas técnicas etc ou de pessoas Mas essa prática social na cultura organizacional deve ser suportada por um clima favorável caso contrário a cultura da inovação pode ser sufocada Assimile Há algumas categorias de características que formam a essência da cultura organizacional Tais características tanto influenciam o comportamento e a tomada de decisão das pessoas como também embasam o mapa estraté gico Veja alguns exemplos grau de inovação e tolerância a risco acuidade analítica orientação para resultados orientação para pessoas ou equipes nível de competitividade e estabilidade ROBBINS 2005 111 Dito de outra maneira e a título de exemplo em vez de fazer os choco lates ele mesmo como no início de sua carreira quando vendia chocolates em um Fusca o chocolatier Alê Costa fundador da empresa Cacau Show montou uma operação com pessoas formadas tecnicamente para multiplicar os produtos que vendia e ampliar o portfólio Hoje o CEO promove a marca com aparições na grande mídia além de inspirar todos os colaboradores de sua organização FERREIRA 2012 Dentro de um recorte temporal de apenas oito anos Alê Costa saiu da condição de vendedor de porta em porta e foi estudar na Bélgica para aprimorar a sua técnica enquanto manipulador de chocolates Em 2001 a primeira loja foi aberta para atender à necessidade de estoque de um distribuidor e pouco tempo depois já entrava para a franchising FERREIRA 2012 De fato como você viu a carreira empreendedora acumula diversos desafios O primeiro deles é com relação ao âmbito financeiro Trocar a comodidade de ser assalariado ou servidor público não é para todos especial mente quando colocamos na balança o montante de boletos que devem ser pagos todos os meses De outro prisma arriscarse em fazer diferente nas organizações também não é tarefa fácil uma vez que pode encarar situa ções desagradáveis frente à cultura engessada ou mesmo sabotagem de pares ou gestores Ainda com relação ao empreendedorismo quando se está criando um novo mercado ou produto o nível de incerteza é muito alto o que pode fazer com que o novo negócio acabe esbarrando em obstáculos de resistência crenças ultrapassadas e infraestrutura É o exemplo da venda online no fim do último século muitas pessoas ainda hoje não confiam na compra online pois consideram a hipótese de não receber em conformidade Ou ainda para ilustrar quão frágeis são as barreiras em negócios digitais a imitação de soluções tecnológicas é bastante comum vide exemplo do Skype seguido por FaceTime Viber Google Hangouts etc e Evernote seguido por Microsoft OneNote Apples Notes Google Keep Simplenote etc Como articulado em leituras anteriores há um arcabouço de novas técnicas que tendem a diminuir a incerteza e aumentar a possibilidade de sucesso de um negócio tais como o lean startup e outros métodos ágeis Essas abordagens são especialmente importantes no atual contexto porque as empresas têm sobrevivido cada vez menos tempo e apresentando maior necessidade de inovação em um espaço de tempo cada vez mais suprimido De toda sorte há uma decisão anterior que precisa ser tomada a indivi dualmente antes de arriscar qualquer negócio no mercado Essa decisão paira sobre o propósito de vida da pessoa que ao encontrarse em alinho com o propósito organizacional ou projeto empreendedor gera grandes resultados 112 Nessa busca é possível eleger mentores processo de mentoring que podem auxiliar ao longo da jornada Tais mentores são em geral mais experientes e estão prontos para guiar o caminho de pessoas iniciantes Essa prática é bastante comum no ecossistema de inovação e empreendedorismo Tal prática é vista inclusive pelo olhar científico em comunidades japonesas e ligase diretamente à expectativa de vida mais elevada e à qualidade de vida propriamente dita A título de exemplo os japoneses de Okinawa praticam o Ikigai que prega a busca constante e dedicação com alta performance ao propósito de vida Para entender melhor há uma mandala que representa as intersecções entre paixão missão de vida profissão e vocação Veja a seguir Figura 24 Ikigai Fonte Shutterstock As dimensões do propósito ou Ikigai residem no que você ama fazer no que você é bom em fazer no que o mundo precisa e também naquilo em que você pode fazer dinheiro A cada imbricação há uma diferente vertente paixão missão profissão e vocação como falamos Mas o ponto de encontro de todas essas vertentes revela enfim o propósito de vida de cada um Perceba que essa ao lado da Janela de Johari Roda da vida e outros é uma ferramenta capaz de tornar a sua prática profissional ainda mais valorosa e impregnada de sentido Aumentando o senso de valor há maior ímpeto e boa vontade para fazer as atividades elencadas no dia a dia 113 Na mesma esteira do autoconhecimento há a prática do coaching Coach em inglês significa treinador instrutor ou ainda treinar e ensinar Com o posfixo ing ganha o sentido de prática ou atividade constante ou seja o coaching propriamente dito agrupa ferramentas de desenvolvimento pessoal e profissional capazes de elevar a performance individual ou em grupo Você inclusive pode ser seu próprio coach e ampliar as habilidades de seu perfil uma vez que segundo John Whitmore 2012 os fatos e a resposta para todos os questionamentos estão dentro de si mesmo Neste sentido você pode trabalhar o coaching e desbloquear o potencial para maximizar seu próprio desempenho WHITMORE 2012 p 17 Exemplificando Há diversos casos de autocoaching inclusive nos esportes A aplicação do conceito nesse âmbito data de 1831 enquanto que o ambiente de negócios começa a incorporálo apenas em 1950 IBC 2018 Juntamente com a programação neurolinguística Michael Phelps desenvolveu alta performance e atingiu diversas conquistas por meio da autossugestão ou seja da concessão de pensamentos positivos e engrandecedores antes de cada prova Dica Faça o teste use o mundo como um grande laboratório e divirtase diga para uma pessoa de idade de preferência o seu avô ou avó com ar de cansaço E aí aquela dor passou Agora noutra oportunidade com bastante energia e um sorriso pergunte sobre algo que a pessoa gosta ou peça um conselho a ela e verá uma reação completamente oposta Esse é o imenso poder da programação neurolinguística apenas para que comece a mergulhar nesse conhecimento sobre autosugestão O processo de coaching leva em consideração os valores e crenças dos indivíduos Vale ressaltar que valores diz respeito a tudo aquilo que é impor tante enquanto crenças são as verdades que balizam o comportamento e a expectativa de comportamento dos outros As crenças em especial podem ser conscientes ou inconscientes e ainda limitantes ou impulsionadoras LOTZ GRAMMS 2014 Dessa forma a transformação reside em conhecer o modelo mental e provocálo a fazer mudanças Mas para isso é preciso reconhecer que a reali dade vista dos olhos de uma pessoa não é a mesma vista por outra De outro modo capturamos a realidade através dos cinco sentidos mas esses nem sempre interpretam a realidade de forma objetiva LOTZ GRAMMS 2014 114 Uma analogia utilizada tanto na área do coaching como na programação neurolinguística é mapa não é território O mapa de uma cidade não representa a cidade em si apenas tratase de uma representação dela Ou seja a realidade percebida por nós é apenas mapa e não território e neste sentido jamais será inteiramente precisa ou fiel à realidade objetiva LOTZ GRAMMS 2014 Veja essa analogia também ajuda a entender os benefícios do mentoring pois alguns mapas são melhores do que outros Dentro das organizações o mentoring pode ajudar na transmissão de conhecimento e geração de benefí cios no tocante à gestão de talentos LOTZ GRAMMS 2014 No ecossistema de inovação hubs incubadoras ou instituições de apoio ao empreendedor como o próprio Sebrae dispõem de programas de mentoria com vistas a impulsionar os resultados do empreendimento e em especial o crescimento do próprio agente de transformação Dito sobre carreira propósito ferramentas de coach e autocoaching faça a seguinte reflexão no encontro de suas habilidades atividades que alegram e oportunidade de negócio além de aplicadas todas técnicas de testagem de hipóteses o que poderia dar errado Veja que há diferentes composições de habilidades que podem suportar uma empresa ou projeto e exatamente por isso a educação contínua deve ser uma máxima em sua carreira certo Ao incorporar cada vez mais conhecimento você poderá desenrolar negócios ainda mais promissores Muito sucesso a você e a seus empreendimentos Sem medo de errar Lembra de Luiz Ele quer canalizar a sua energia a outro ramo de ativi dade totalmente diferente da atuação profissional que exerce hoje Mas não há habilidade propósito contatos ou sequer experiência informal com a nova proposta de atuação A primeira coisa que precisa ser feita é esclarecer a Luiz que nem tudo que é hobbie deve ser levado como possibilidade de negócio assim como as tendências de mercado não devem balizar necessariamente as escolhas profissionais para o futuro Retomando as reflexões que propusemos no início e na condição de mentor de Luiz quais as sugestões que você daria a ele 1 Propósito de vida do empreendedor Luiz proponha uma conversa no sentido de tirar respostas de si mesmo Perguntas quando bem colocadas geram insights valiosos para tomada de decisão 115 2 Habilidades acumuladas ao longo da carreira profissional falar em público ter relacionamento interpessoal e knowhow em composição dos alimentos em nada ajudará Luiz no blog Pelo contrário Luiz deve ser provocado no sentido de elencar as possibilidades que pedem tais habilidades que já possui e desenvolveu ao longo de anos 3 Esforço a ser aplicado na proposta inicial em detrimento de outras possibilidades adjacentes ao conjunto de habilidades que já tem aqui por fim vale o exercício do Ikigai para chegar na proposta de valor que menos dispenderá esforços e mais provocará ímpeto em realizar pois estará diretamente ligado ao propósito de vida do Luiz Caso tenha incorporado os ensinamentos da presente leitura saberá que falta algum elemento dos pontos supradestacados Perceba pois que não é somente criar atalhos para desenvolver novos empreendimentos com base nas habilidades já aprendidas mas sim relacionálos com aquilo que valori zamos em nosso íntimo de forma individualizada Verá no entanto que muitos outros indivíduos valorizam as mesmas coisas que você A beleza disso tudo reside na equanimidade em desenvolver projetos cheios de valor pois o propósito de vida apesar de não ser único apresenta a qualidade da constância e da invariabilidade na linha do tempo Além disso é pautado nos valores arraigados em cada ser ou conjunto de seres Exemplos movimento do veganismo educadores de finanças pessoais personalidades do universo fitness etc A mensagem que deve ficar é viva a beleza de ser único e poder entregar valor para si mesmo e para sociedade Conheça a ti mesmo para realizar grandes feitos Boa jornada Faça valer a pena 1 A cultura organizacional se manifesta a partir de três níveis Qual dos níveis trata da composição dos móveis vestimentas comumente utilizadas pelos colaboradores linguagem normas e valores Assinale a alternativa correta a Pressupostos adjacentes b Pressupostos tangíveis c Nível dos artefatos d Valores assumidos e Valores presumidos 116 2 Tainá se dedica à atividade de coaching ajudando pessoas a encontrar o propósito de suas vidas no âmbito do trabalho Há alguns meses Tainá começou a estudar a cultura japonesa e descobriu uma ferramenta que localiza missão profissão vocação e paixão A que ferramenta o trecho apresentado se refere Assinale a alternativa correta a PDCA b Lean c Coaching d Ikigai e Kaizen 3 O fator humano é uma das principais engrenagens de toda e qualquer estrutura organizacional Por isso a sinergia e outros aspectos da combinação de vínculos sociais são promovidos na discussão do alcance de resultados A por sua vez é um sistema constituído do resultado enrai zado de um padrão de comportamento específico atinente aos ganhos de daquele grupo de pessoas combinado aos processos instau rados em um determinado Qual alternativa completa adequadamente as lacunas a cultura organizacional sinergia contexto b cultura nacional contexto empreendimento c cultura nacional moral contexto d cultura nacional ética país e cultura organizacional contexto sinergia 117 Referências COLLABNET VERSIONONE 13th Annual State of Agile Report Sl 2019 Disponível em httpsexploreversiononecomstateofagile13thannualstateofagilereport Acesso em 19 nov 2019 COOPER B VLASKOVITS P Empreendedorismo enxuto como visionários criam produtos inovam com empreendimentos e revolucionam mercados 1 ed São Paulo Empreende Atlas 2016 DI NIZO R Reinventando a liderança por uma ética de valores São Paulo Summus Editorial 2013 DORNELAS J C A Empreendedorismo transformando ideias em negócios 3 ed Rio de Janeiro Elsevier 2008 Disponível em httpsintegradaminhabiblioteca combrbooks9788597005257epubcfi62vndvstidrefcover424vstimage button43695000581 Acesso em 2 dez 2019 DRUCKER P Administrando para obter resultados São Paulo Pioneira Thomson Learning 2003 FERNANDEZ C F B RIBEIRO E O empreendedor plano de negócios do empreendedor São Paulo Pearson Education do Brasil 2012 FERREIRA A Dono da Cacau Show começou vendendo chocolates em Fusca Economia UOL 24 set 2012 Disponível em httpseconomiauolcombrnoticiasredacao20120924 donodacacaushowcomecouvendendochocolatesemfuscahtm Acesso em 18 dez 2019 FLEURY M T L Estórias mitos heróis cultura organizacional e relações do trabalho Revista de Administração de Empresas v 27 n 4 p 718 dez1987 Disponível em httpwwwscielo brscielophpscriptsciarttextpidS003475901987000400003 Acesso em 10 dez 2019 HASHIMOTO M BORGES C Empreendedorismo plano de negócios em 40 lições São Paulo Saraiva 2014 IBC INSTITUTO BRASILEIRO DE COACHING Coaching conceito e significado IBC Goiânia 14 jul 2018 Disponível em 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A startup enxuta como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bemsucedidas São Paulo Lua de Papel 2012 ROBBINS S P Comportamento organizacional 11 ed São Paulo Pearson Prentice Hall 2005 SCHEIN E H Organizational Culture and Leadership 6 ed San Francisco JoseyBass 2009 SEBRAE SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Crie novos modelos de negócios com o Sebrae Canvas Sl sd Disponível em httpswww sebraecanvascom Acesso em 10 dez 2019 SEBRAE SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Portal Sebrae Sl sd Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebrae Acesso em 6 dez 2019 SERTEK P Empreendedorismo 4 ed rev e atual Curitiba Ibpex 2007 SOUZA C P S Cultura e clima organizacional compreendendo a essência das organizações Curitiba Intersaberes 2014 STAIR R M REYNOLDS G W Fundamentals of Information Systems 6 ed Boston Cengage Learning 2012 STEFANO N ZATTAR I C Ecommerce conceitos implementação e gestão Curitiba 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meio de serviços de streaming como Netflix Você tem efetuado ligações normais pelo serviço da sua operadora ou usado o serviço de ligações e vídeo chamadas do WhatsApp É bem possível que já tenha usado um Uber ou pedido uma refeição pelo app do iFood certo O fato concreto é que a tecnologia tem mudado a nossa vida e é muito provável que você já tenha consumido ao menos um dos exemplos acima de produtos e serviços que foram radicalmente mudados por conta da inovação Por isso pergunto a você você sabe qual o tamanho da importância da inovação no ambiente de empresarial Como inovar Para que uma empresa inove ela precisa sempre inventar coisas novas E como posso avaliar ou medir se uma empresa está de fato inovando Frente a isso convido você a mergulhar nesse fantástico contexto da inovação em que estudaremos os fundamentos e os aspectos iniciais da inovação e seus devidos processos a fim de que seja capaz de responder às questões acima aplicar os principais termos aplicados à inovação e reconhe cêla como um processo imprescindível para a evolução organizacional Vamos estudar diversos elementos do universo inovativo e os seus impactos no ambiente de negócios contemporâneo mas para isso precisamos compreender os principais benefícios da gestão da inovação nas empresas em prol da sua evolução bem como analisar o caminho da invenção de algo até de fato ela se transformar em inovação criando novos produtos e serviços Por fim vamos verificar alguns aspectos da inovação na prática e como as organizações têm realizado a sua gestão do conhecimento Dessa forma espero que assimile e aprenda esses conhecimentos tão importantes para se qualificar e adquirir uma competência profissional tão requerida nos dias atuais ser inovador Excelente estudo 121 Seção 1 Inovação e seus impactos no ambiente de negócios contemporâneo Diálogo aberto Prezado aluno pensando no mercado de trabalho e no ambiente de negócios poucos os fatores têm sido tão relevantes para o sucesso de um negócio ou para o desenvolvimento de um bom perfil profissional quanto a inovação afinal alcançála tem se mostrado um excelente diferencial compe titivo resultando em vantagem estratégica no mercado Mas o que devemos fazer para criar uma ideia ou inventar alguma coisa Só podemos falar em inovação quando fazemos altos investimentos em tecnologia Como saber se o nosso investimento está dando retorno no que tange à inovação Essas e outras tantas perguntas perambulavam pela mente de Fábio e Giovanna nos últimos dias Vamos conhecer a história deles Fábio e Giovanna são irmãos e descendentes de italianos que chegaram ao Brasil depois da Segunda Guerra Mundial Fábio Baresi como irmão mais velho estava vivendo um momento delicado com a morte do seu velho e amado pai há dois meses tentava compreender as mudanças que estavam acontecendo em sua vida Entre outras questões cabia a ele na condição de filho mais velho e inventariante e a Giovanna a caçula darem continuidade ao negócio que seu pai tinha fundado no século passado e por meio do qual tinha conseguido sustentar toda a família O babbo Baresi como era chamado seu pai abriu a gráfica Palestra na região da Mooca na capital paulistana e no auge do negócio teve uma ótima e diversificada carteira de clientes que sempre realizavam suas impres sões e serviços gráficos na empresa reconhecida por todos como uma das melhores de toda a região metropolitana de São Paulo Fábio cresceu naquela gráfica ajudava seu pai em todas as tarefas produtivas e de gestão do negócio Giovanna também cresceu lá e trabalhava na parte administrativa auxiliando no controle de pessoas nas questões contábeis e financeiras nas vendas etc Todavia com o passar dos anos e a evolução digital o tradicional mercado gráfico sofreu muitas transformações e a gráfica da família não é mais nem sombra do que foi outrora Fábio e Giovanna conseguem perceber isso clara mente a gráfica parou no tempo e para continuarem neste ramo de ativi dade a inovação é fundamental Mas as dúvidas pairam no ar como fazer isso Quais estratégias podem adotar Como eles inventariam algo novo no 122 mercado Quais as formas e possibilidades para inovar a gráfica Como criar e implantar uma cultura inovadora na empresa Fábio e Giovanna têm muitas dúvidas sobre questões correlacionadas à inovação e precisam do seu auxílio para inovarem e dar novos rumos à gráfica Palestra que é o negócio da família Baresi Para alcançar esse objetivo será fundamental que você foque os estudos sobre inovação nesta etapa compre endendo seus principais conceitos seus elementos e suas possibilidades no intuito de gerar vantagem competitiva Bons Estudos Não pode faltar No final do século XX os seres humanos passaram a experimentar uma escalada evolutiva e de desenvolvimento em todas as áreas de conhecimento da sociedade moderna e numa velocidade muito maior que em qualquer outro período da história A partir da evolução dos meios tecnológicos a sociedade se deparou com um salto evolutivo que impactou os produtos os meios de produção as comunicações os hábitos e costumes os estilos de vida etc Esses progressos não só se consolidaram no século XXI como estão evoluindo em velocidade crescente O fato concreto é que as TICs estão revolucionando a vida e o mundo contemporâneo como conhecemos Afinal nunca antes havia sido possível converter e compartilhar ao mesmo tempo tantos dados e informações das mais diversas fontes e lugares do mundo em novos e valiosos conhecimentos proporcionando uma espiral contínua de evolução educacional econômica social e tecnológica É esse cenário repleto de transformações revolucionárias que nos desafia diariamente à mudar e evoluir e é nele que encontramos um conjunto fértil de ingredientes e condições favoráveis para um ambiente voltado à inovação Além disso podese afirmar que foi exatamente esse ambiente que provocou uma mudança de hábitos de consumo na própria sociedade que passou a exigir das organizações novidades constantes e melhorias nos produtos e serviços que adquire Mas o que seria exatamente inovação A princípio inovação sugere a criação de algo novo novidade um elemento que traga uma nova ação entre outras definições básicas plausíveis É possível perceber nos livros sobre o tema que esse conceito está intimamente ligado ao contexto da aplicabili dade do termo Do ponto de vista organizacional e econômico a inovação é comumente traduzida como uma ação voltada à criação de produtos e 123 serviços voltados ao mercado Myers e Marquis apud Trott 2012 trazem uma definição interessante explicando que inovação é o processo integrado que envolve ações relacionadas à concepção de ideias novas dispositivos novos e desenvolvimento de novos mercados é por isso que a inovação tem sido um dos elementos mais estudados no ambiente acadêmico e ambicio nado pelas empresas afinal ela é tida como fator primordial para o fomento da economia no mundo Reflita Você já parou para pensar como o mercado evoluiu neste século Trott 2012 nos mostra algumas empresas que eram líderes de inovação e de mercado em 2007 A Nokia era líder no mercado de telefonia celular por conta dos aparelhos inovadores com design e novas características O eBay e a Google revolucionaram a vida e os hábitos das pessoas desenvolvendo produtos e serviços inovadores por meio da internet E hoje elas ainda podem ser consideradas como expoentes em inovação Atualmente continuam líderes de mercado Historicamente é possível dizer que Schumpeter foi um dos precursores do estudo da importância da inovação no contexto do desenvolvimento econômico capitalista Para ele a criação de novos produtos praticamente eliminava os seus antecessores processo que chama de destruição criativa sendo um estímulo fundamental para a economia pois acirrava a concor rência entre as empresas Para o economista as inovações eram novos produtos ou aspectos novos naqueles existentes desenvolvimento de novos mercados novos meios de produção utilização de novas matériasprimas e fontes de fornecimento criação de novas empresas entre outras possibili dades de variações BALESTRIN VERSCHOORE 2016 Nessa perspectiva conceitual e histórica Chesbrough Vanhaverbeke e West 2018 trazem uma nova abordagem para a inovação que é muito debatida e aplicada atualmente Anteriormente acreditavase que o processo de inovação era fechado somente de dentro para fora das empresas pois toda criação e disponibilização de novos produtos se davam pelos seus setores de Pesquisa e desenvolvimento PD e aos poucos eram assimilados e aceitos pelos clientes Hoje essa premissa já é totalmente ultrapassada pois o conceito de inovação aberta criado em 2003 por Henry Chesbrough se mostra muito 124 mais coerente à realidade deste século Nele a visão é de que a inovação ocorre tanto de dentro para fora como de fora para dentro nas empresas afinal elas utilizam uma série de recursos externos à organização para desen volver ou aprimorar seus próprios produtos existentes criar novos produtos serviços processos técnicas inovadoras ou até novos mercados sempre com a perspectiva norteadora voltada para a exploração comercial A seguir seguem o conceito e a figura que explicitam o modelo de inovação aberta um processo de inovação distribuída com base nos fluxos intencionais de conhecimento gerenciados por toda a fronteira organizacional utilizando mecanismos pecuniários e não pecuniários alinhados com o modelo de negócios da organização Esses fluxos de conhecimentos podem envolver o fluxo de entrada de conhecimento na organização em foco aproveitando fontes externas de conhecimento por meio de processos internos a saída de conhecimento da organização em foco aproveitando o conhecimento interno a partir de processos de comercia lização externa ou ambos acoplando as fontes externas de conhecimento e as atividades de comercialização CHESBROUGH VANHAVERBEKE WEST 2018 p 42 Figura 31 Modelo de inovação aberta Base de conhecimento e tecnologia externa A montante A jusante Mercado de Outras Empresas Implementação e incorporação de tecnologia externas De dentro Para fora De fora para dentro Acoplado Novo Mercado Fronteira da empresa Base de conhecimento e tecnologia interna PD Cola boradores Pesquisa Desenvolvimento Manufatura Marketing Fonte adaptada de Chesbrough Vanhaverbeke e West 2018 125 Assimile Inovação é a combinação de conhecimentos tecnologias e esforços humanos que são traduzidos em novos produtos serviços processos e tipos de negócios desenvolvidos com o intuito de obter sucesso em seus fins comerciais e de aceitação pelo mercado Aqui cabe uma importante distinção entre dois conceitos comumente tratados como sinônimos pelo senso comum mas que são bem diferentes inovação e invenção Essa última está apenas atrelada à descoberta de algo novo ou a uma forma nova de se fazer algo É por isso que geralmente as invenções são devidamente registradas e patenteadas para que no futuro possam ser exploradas comercialmente gerando ganhos financeiros ao inventor Já a inovação como visto está totalmente atrelada ao uso e à exploração comercial da invenção Só é possível dizer que uma invenção se tornou uma inovação a partir de sua comercialização e absorção pelo mercado Trott 2012 resume explicando que a soma da concepção teórica de uma nova ideia quando materializada ou posta em prática tornase uma invenção técnica que ao ser devidamente explorada comercialmente transformase de fato em inovação Exemplificando A internet revolucionou o mundo mas você sabe como ela surgiu No final da década 1960 os EUA viviam o auge da Guerra Fria com a extinta União Soviética e buscavam um meio para que a comunicação entre uma rede de computadores separados independentemente da sua localização pudesse continuar transmitindo informações com os militares mesmo em caso de bombardeio soviético Com isso foi criada a Arpanet a ideia embrionária que originou a internet e que rapida mente se difundiu no meio acadêmico e militar Porém foi a partir de 1980 que a internet se expandiu concretamente para o resto do mundo e somente foi liberada para fins comerciais nos EUA no final da década No Brasil a internet só foi explorada comercial mente em 1995 Portanto podemos dizer que a internet foi inventada em meados de 1960 mas só se tornou uma inovação de fato a partir do final da década de 1980 126 Compreendidos os conceitos básicos relacionados à inovação é preciso entender os seus tipos e as diferenças fundamentais entre eles Afinal outro pensamento equivocado que povoa o imaginário das pessoas é de que a inovação só existe quando criamos algo que não existia o que não é uma verdade Por isso precisamos aprender sobre inovação incremental e radical Quando falamos de inovação incremental o foco é o desenvolvimento e a melhoria contínua dos produtos serviços processos etc Em síntese o objetivo desse tipo de inovação é aperfeiçoar coisas e aspectos que já existem e quando falamos de produtos e serviços proporcionar a eles pequenos progressos e modificações mas sem modificálos de modo mais extremo causando o estranhamento do públicoalvo Essas modificações podem ser frutos de pesquisas observações dos colaboradores sugestões ou reclama ções de clientes etc Cabe ressaltar que em linhas gerais a inovação incremental é mais acessível e realizável pelas pequenas empresas pois não requer tantos inves timentos em PD Por conta disso geralmente não costuma causar tantos impactos e revoluções no mercado e nem representa aumentos extraordiná rios das margens de lucros ou de retornos financeiros Diametralmente no espectro oposto temos a inovação radical que é caracterizada por produtos serviços processos negócios e até mesmo segmentos de mercado totalmente inéditos Nesse tipo de inovação o que temos é uma quebra de paradigmas e padrões a disrupção total do status quo vigente por meio de uma mudança drástica causada por elementos inova dores As principais fontes para a inovação radical são os centros de pesquisas acadêmicos os departamentos de PD nas empresas os treinamentos de abstração voltados para o aprimoramento da criatividade dos colaboradores além de outras fontes menos relevantes As inovações radicais são comumente realizadas por grandes empresas por causa dos altos custos envolvidos em pesquisas patentes e invenções Elas costumam provocar mudanças profundas no ambiente geral gerando novos hábitos e comportamentos por parte das pessoas e empresas costumam dar um novo know how e status de mercado para as marcas e empresas que as criam representando ativos poderosos com alta perspectiva de retorno econômico e financeiro maior que aqueles praticados pelo setor de inovação 127 Figura 32 Tipos de inovação Inovação não linear Radical Inovação de conceitos de negócios Melhoria de processos de negócios Melhoria contínua Incremental Componente Sistêmico Fonte adaptada de Balestrin e Verschoore 2016 Na Figura 32 podemos perceber a inclusão de outros dois elementos na tipologia da inovação propostos por Hamel apud Balestrin e Verschoore 2016 Ele distingue as inovações radical e incremental e agrega as dimen sões componente e sistêmico a elas Assim quando a inovação ocorrer em produtos e serviços estará relacionada à dimensão componente e quando o fato inovador estiver relacionado à gestão e aos negócios estará ligado à dimensão sistêmica Dessa forma é possível verificar quatro modos de inovação melhoria contínua melhoria contínua de processos de negócios inovação não linear e Inovação de conceitos de negócio Seja incremental ou radical principalmente uma boa alternativa como fonte de inovação para as empresas é a análise constante de oportunidades que surgem relacionadas ao uso de tecnologias exponenciais aplicadas em aprimoramento ou criação de produtos e serviços Essas tecnologias repre sentam recursos e soluções inovadoras que podem causar grandes saltos evolutivos e revolucionar os hábitos e costumes dos consumidores Entre os principais exemplos de tecnologias exponenciais que têm acelerado o processo de inovação é possível citar a nanotecnologia a neurotecnologia a biotecnologia a internet das coisas as redes sociais a inteligência artificial a robótica as fontes energéticas renováveis a tecnologia espacial entre outras Independentemente do tipo ou fonte de inovação o fato é que ela se tornou o elemento norteador de muitas organizações em seu planejamento 128 estratégico com foco em suas perspectivas de evolução no mercado constando até mesmo como um dos fundamentos centrais em suas missões e visões voltadas aos clientes Dessa forma essas empresas têm usado todos os seus recursos principalmente humanos financeiros e tecnológicos para alcançar vantagens competitivas sustentáveis a médio e longo prazo baseadas em inovação contínua e criação de valor superior em relação aos demais concorrentes sempre em observância aos fatores críticos de sucesso de uma inovação como vemos na figura a seguir Figura 33 Fatores críticos de sucesso para a sua inovação Fatores relativos à empresa Herança orga nizacional Experiência Equipe de PD Fatores relativos ao produto Preço relativo Qualidade relativa Diferencial Avanço tecnológico Fatores relativos ao mercado Concentração de mercadoalvo Entrada oportuna no mercado Pressão competitiva Maketing Fatores relativos ao projeto Complementa riedade Estilo de gestão Apoio da alta Administração Produto de Comercialização bemsucedida Viabilidade tecnológica Viabilidade comercial Fonte Trott 2012 p 85 Portanto as empresas têm estabelecido como objetivo organizacional e estratégico a criação de uma cultura da inovação que fortaleça um contexto multifatorial voltado ao desenvolvimento de um ambiente inovativo no intuito de se manterem em posição diferenciada de liderança mesmo que por um pequeno período fazendo com que a concorrência apenas imite seus lançamentos inovadores e fique em posição inferiorizada no mercado Para isso elas vão adotar estratégias em sua cultura organizacional que foquem a inovação interna por aquisições ou por alianças estratégicas e cooperação É comum ainda que a empresa estabeleça estratégias que possam misturar as formas e possibilidades conforme Quadro 31 129 Quadro 31 Formas estratégicas de inovação e suas possibilidades Inovação Interna Alianças e Cooperação Inovação por aqui sições PD Desenvolvimento de colabo radores Disponibilização de tempo para projetos pessoais Programas de Trainee para jovens talentos Cooperação interdeparta mental Gestão do conhecimento Licenciamento Relações de fornecimento Terceirização Joint Venture Colaboração sem con trato Consórcios de PD Clusters industriais Redes de inovação Empresa virtual Transferência de tecno logias Patentes Conceitos e estudos Propriedade inte lectual Pesquisas Protótipos Projetos Empresas Fonte adaptado de Trott 2012 Além dos aspectos e das vantagens econômicas e competitivas já retratadas para as empresas e países para Monteiro 2019 a inovação pode resultar em benefícios vantagens e soluções de problemas que afligem a sociedade como saneamento e saúde além de aspectos relacionados ao emprego e à renda das pessoas Nessa perspectiva social diversas ações colaborativas relacionadas à economia social e solidária têm se mostrado como excelentes fontes e possi blidades férteis para o desenvolvimento da inovação Assimile É inovação social toda a iniciativa empreendida por parte de atores sociais num determinado contexto social com o objetivo de propor cionar respostas inéditas a um certo número de problemas sociais exclusão social pobreza abandono escolar etc ASSOGBA 2007 apud MONTEIRO 2019 p12 Em se tratando de um aspecto estratégico da organização a inovação deve ser devidamente mensurada e medida para que seja possível o seu gerencia mento em todos os seus elementos Nesse sentido as métricas de inovação são medidas em dados brutos que mostram tendências básicas resultados 130 e comportamentos de modo qualitativo e quantitativo possibilitando a compreensão de modo efetivo dos fatores e das ações que são praticadas em relação à inovação no ambiente organizacional sendo muito adequado o seu uso para fins gerenciais e diretivos quanto à autoavaliação de competências e capacidades tecnológicas Para Figueiredo 2005 a partir da mensuração da capacidade tecnoló gica bem como das suas fontes e dos processos de aprendizagem é possível traçar e identificar nuances e detalhes altamente importantes sobre o perfil inovador organizacional permitindo uma visão e uma análise mais assertiva da velocidade em anos para obtenção e acúmulo de qualificação tecnoló gica que permitirá produzir inovação Além disso permite uma análise mais racional para fins de necessidade e retorno dos investimentos em tecnologia As métricas de um modo geral podem ser mais simples ou sofisticadas dependendo da necessidade e do objetivo com que os indicadores serão utilizados Contudo mensurar e comparar os resultados e indicadores da inovação tornouse fundamental no cenário de grande proximidade e concor rência entre as empresas Rosa et al 2018 explica que as métricas estão geralmente relacionadas por medidas e indicadores de capital humano do cliente estrutural e intelectual O Quadro 32 apresenta métricas específicas de inovação Quadro 32 Possiblidades de métricas de inovação Investimento em PD Patentes Inovações significativas Pesquisa de inovação Divulgação de produtos Colaboradores empenhados para a inovação Avaliação de peritos Investimento em atividades inovadoras PD projeto e engenharia investimen tos em ativos fixos investimentos em marketing Processo da inovação Instalações de PD Número de inovações adotadas Relação entre despesas compras internas e compras externas Receitas com licenciamento despesas e receitas com licenciamento de patentes e outros licenciamentos Ênfase na variedade de novas linhas de produtos Ênfase na velocidade de introdução de novos produtos Cooperações e networking externo Porcentagem de receitas obtidas de novos produtos Fonte adaptado de Rosa et al 2018 p 6 Prezado aluno como você estudou a inovação é um elemento de grande importância para as organizações que desejam alcançar vantagem 131 competitiva e diferenciarse da concorrência por meio de produtos com uma proposta de valor superior Importante destacar que a inovação pode ser tanto a criação de algo inédito quanto o aprimoramento ou o desenvolvi mento de uma melhoria em um produto ou serviço que já exista Até a próxima Sem medo de errar Estimado aluno você acabou de compreender os principais conceitos relacionados à inovação Além disso aprendeu uma série de variáveis e aspectos sobre as formas como as empresas e organizações lidam com esse tema tornando possível analisar e desenvolver estratégias e formas de atuação no mercado visando diferenciarse da concorrência e alcançar a tão almejada vantagem competitiva Frente a isso é hora de novamente nos atentarmos à situação problema e ajudar os integrantes da família Baresi a dar um novo rumo à gráfica de sua família Mas vamos relembrar em linhas gerais a situação Fábio e Giovanna Baresi são descendentes de uma família italiana que chegou ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial Eles residiam na cidade de São Paulo e sempre estiveram envolvidos e trabalharam no negócio de família que foi fundado e desenvolvido pelo seu pai o babbo Baresi A gráfica Palestra é uma empresa que já teve grande clientela e realizava os mais diversos tipos de serviços gráficos e de impressão sendo reconhecida pela grande qualidade dos serviços que prestava Todavia o tempo passou e agora enfrenta uma série de graves problemas organizacionais 1º o pai deles que era o grande conhecedor do negócio faleceu há pouco tempo e suceder o pai e fundador da empresa e conti nuar a sua obra é um enorme desafio para ambos 2º os filhos entendem que a empresa está parada no tempo e não tem se atualizado para atender às crescentes exigências dos clientes e do novo mercado digital 3º Apesar de saberem que é preciso mudar eles não sabem exatamente o que fazer e como agir em um mercado altamente competitivo em que a inovação se mostra como um grande diferencial de mercado Como consultores vamos ajudálos Inicialmente a primeira dúvida deles é como inovar e inventar algo novo no mercado Em um primeiro instante Fábio e Giovanna não precisam inventar nada para reposicionarem a gráfica Palestra no mercado mas sim praticar a inovação incremental ou seja aperfeiçoar melhorar desenvolver ou aprimorar práticas ações processos e gestão da empresa em prol de melhor servir os clientes oferecendo produtos e serviços que atendam às necessidades e aos desejos do seu públicoalvo Para isso é preciso uma boa 132 análise de mercado verificar os aspectos e as características de clientes consu midores concorrentes e fornecedores bem como fazer um benchmarking de mercado ou seja aprimorar as melhores práticas hoje existentes Em relação às estratégias e ao desenvolvimento de uma cultura inova dora formas e possibilidades para desenvolverem a inovação na gráfica eles podem adotar três frentes diferentes com maior ou menor custo Realizar ações de inovação interna melhorar os processos de pesquisa de desenvolvimento interno e o treinamento dos colabo radores realizar uma maior cooperação entre os departamentos e contratar novos talentos Essas ações são fundamentais para a criação de uma cultura inovadora na empresa Desenvolver alianças estratégicas e acordos de cooperação ações desenvolvidas em parcerias com clientes fornecedores e até mesmo concorrentes para a realização de terceirizações e redes de inovação licenciamento de produtos relações de fornecimento etc Aquisições é o processo de inovação mais caro e de maior comple xidade pois envolve relações comerciais de compras vendas e desco bertas o que é difícil de ser realizado Dessa forma após as orientações iniciais os irmãos Baresi realizaram algumas análises no mercado e verificaram uma série de possibilidades para inovar a gráfica e diversificar o seu portfólio de serviços oferecidos ao mercado Sendo assim fizeram alguns investimentos e passaram a vender serviços de web design desenvolvimento e projetos de arte impressão de objetos em impressoras 3D desenvolvimento de desenhos digitais impressão em grandes formatos entre outros Com isso acreditamos que novos e promissores tempos começam a soprar a favor da gráfica Palestra Muito bem você alcançou com excelência os objetivos propostos e compreendeu de modo adequado os conceitos introdutórios relacionados à inovação e sua importância para o desenvolvimento de uma estratégia em prol de diferenciação e obtenção de vantagem competitiva Até a próxima Faça valer a pena 1 A princípio inovação sugere a criação de algo novo novidade um elemento que traga uma nova ação entre outras definições básicas plausíveis É possível perceber nos livros sobre o tema que esse conceito está intima 133 mente ligado ao contexto da aplicabilidade do termo Do ponto de vista organizacional e econômico inovação é comumente traduzida como uma ação voltada à criação de produtos e serviços voltados ao mercado Leia e analise as afirmativas a seguir sobre inovação I A criação de um produto totalmente novo ou seja inédito no mercado é chamada de inovação incremental II Quando a inovação ocorrer em produtos e serviços estará relacio nada à dimensão componente III A dimensão sistêmica é assim chamada quando o fato inovador estiver relacionado à gestão e aos negócios A inovação radical é chamada assim pelo fato das empresas promoverem melhorias radicais em produtos existentes É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 2 A inovação pode resultar em benefícios vantagens e soluções de problemas que afligem a sociedade como saneamento e saúde além de impactar em aspectos relacionados ao emprego e a renda das pessoas Dessa forma leia as asserções a seguir sobre o conceito de inovação social I É inovação social toda a iniciativa empreendida por parte de atores sociais num determinado contexto social e condições específicas PORQUE II Devem ter o objetivo de proporcionar respostas inéditas a certo número de problemas sociais A respeito dessas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira 134 c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 3 As empresas têm estabelecido como objetivo organizacional e estratégico a criação de uma cultura da inovação que fortaleça um contexto multifato rial voltado ao desenvolvimento de um ambiente inovativo no intuito de se manterem em posição diferenciada de liderança mesmo que por pequenos períodos fazendo com que a concorrência apenas imite seus lançamentos inovadores e fiquem em posição inferiorizada no mercado Leia e analise as afirmativas abaixo sobre formas estratégicas de inovação e suas possiblidades I A inovação interna nas organizações pode ocorrer por meio de fatores como PD gestão do conhecimento colaboração interde partamental entre outros II Uma forma muito comum e cada vez mais utilizada pelas empresas é a formação de alianças estratégicas criandose por exemplo joint ventures e redes de inovação III Algumas empresas podem optar por um modelo estratégico de inovação por meio de aquisições de patentes pesquisa propriedade intelectual etc É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas d I apenas e I II e III 135 Seção 2 Gestão da inovação benefícios e evolução organizacional Diálogo aberto Prezado aluno que a inovação é um elemento de extrema importância para as organizações é um fato concreto e não mais se discute Aliás é exata mente por isso que esse ativo intangível organizacional de grande valor no mercado deve ser devidamente gerenciado de modo estratégico pelos proprietários de empresas Entretanto algumas perguntas ficam no ar como gerenciar algo tão intangível e abstrato nas empresas como a inovação De que forma uma empresa pode atuar de modo estratégico no mercado a fim de desenvolver processos de inovação continuamente Essas entre outras tantas perguntas surgem quando falamos de inovação por isso vamos conhecer a história da Transportadora Estrela do Norte e da Ingrid Andrade sua atual diretora Em meados de 1970 após muitos anos trabalhando como caminhoneiro e dirigindo pelo Brasil inteiro o avô de Ingrid Antônio Andrade comprou o seu primeiro caminhão e fundou a Transportadora Estrela do Norte Muito sério pontual responsável com as cargas e os prazos de entrega assumidos ele rapidamente formou uma ótima e fiel clientela e aos poucos a empresa foi se consolidando no mercado Hoje quase meio século depois a empresa está maior e aumentou muito a sua frota trabalhando com muitos tipos de transporte Não é possível afirmar que se trata de uma grande transportadora mas tranquilamente podemos dizer que a Estrela do Norte é uma empresa de médio porte Atualmente a neta do fundador da empresa Ingrid Andrade assume a direção da transportadora e sabe que a empresa precisa passar por trans formações se quiser continuar crescendo no mercado Frente a isso após contratar uma empresa de consultoria e gestão estratégica passou a ter um objetivo claro em sua cabeça a Transportadora Estrela precisa inovar para se diferenciar e criar vantagem competitiva no mercado Entretanto como foi explicado pelos consultores não se trata de um simples processo de modernização mas sim de implantação de um modelo de gestão de inovação na empresa 136 Mas o que é uma gestão da inovação Como inovar em um segmento de mercado que parece tão tradicional Como a empresa se beneficia por gerir adequadamente a inovação Quais as estratégias que ela pode adotar Agora meu caro aluno é com você Aprofunde os seus estudos sobre gestão da inovação possibilidades e formas estratégicas de inovação para atuação de mercado e ajude a diretora da empresa na gestão da transporta dora da família Ótimos estudos Não pode faltar Quando pensamos em inovação temos de ter clara a sua finalidade de exploração comercial e obtenção de lucros Por isso o foco da inovação é a criação e o desenvolvimento de novos produtos e negócios que possibilitam a criação de valor e obtenção de vantagem competitiva pelas empresas em seus mercados competitivos cada vez mais acirrados Assim para alcançar os seus propósitos as organizações têm trabalhado em prol da melhoria de seus processos de inovação de modo contínuo para que não sejam atos ou situações isoladas frutos de sorte ou mero casuísmo O objetivo é tornar a inovação algo natural intrínseco e resultante final de todas as ações das pessoas envolvidas na empresa Nesse sentido Dosi apud Figueiredo 2015 mostra que a inovação pode se dar em diversos graus e a partir de diversas possibilidades como imitação busca experimentos criação e produção de produtos serviços configura ções empresariais e novos mercados Portanto no contexto organizacional atual a leitura binária e superficial para identificar se uma organização é ou não inovadora é limitada e totalmente descontextualizada da realidade atual O que realmente importa é o grau de sofisticação e a excelência do processo inovador praticado conforme a Figura 34 137 Figura 34 Espectro de atividades inovadoras inovação como um processo Nível baixo de novidade e complexidade Nível alto de novidade e complexidade Imitação duplicativa Imitação criativa Adaptações e movi mentações robustas via engenharia E Design é de senvolvimento não originais para o mundi via E e PD Descoberta de conhe cimentos radicalmente novos para suportar novas atividade de design e desenvolvi mento via sofisticados esforços de PD Adaptações e modificações de pequeno e médio porte Design e desen volvimento não originais para o país via E e PD Design e desen volvimento não originais para o mundo via E e PD abertos Fonte Figueiredo 2015 p 24 Desse modo como se pode perceber o nível de complexidade e a novidade inovativa estão intimamente ligados ao modelo de processo estra tégico fundamentado em inovação que a empresa irá escolher baseandose na disponibilidade de recursos tecnológicos financeiros humanos e produ tivos bem como em seus objetivos estratégicos Não há um consenso na literatura de formatos exatos nem em julgamentos técnicos sobre o melhor ou pior modelo afinal cada um parece ser muito adequado ao seu momento e aos seus recursos então disponíveis evoluindo com o passar do tempo e a aquisição de conhecimento Assim cada autor preconiza a adoção de critérios que estejam de acordo com sua linha de pensamentos ou campo de estudo Exemplificando O conceito sobre nível de novidade e complexidade inovativa pode ser facilmente compreendido por meio desses casos 1 A Apple revolu cionou o mercado de smartphones ao apresentar o iPhone caracte rizando uma inovação com alto nível de complexidade e novidade no mercado 2 O Bigmac do McDonalds é um dos sanduíches mais famosos e consumidos do mundo sendo utilizado como indicador econômico para medir o poder de compra de uma população e há muitos anos amplamente copiado pelos concorrentes com imitações duplicativas ou pouco criativas 138 Todavia há relativa concordância em relação à perspectiva de que a inovação tem se alterado de modo contínuo em sintonia com as modifica ções de conhecimento e de natureza tecnológica no ambiente geral inter ferindo diretamente no processo de inovação no mundo empresarial Para melhor compreendêlas é comum encontrarmos na literatura os estudos de Rothwell 1994 que agrupou essa evolução e o desenvolvimento dos modelos de inovação por processos em grupos geracionais baseandose nas suas diversas características conforme a Quadro 33 Quadro 33 Gerações e modelos de inovação Período Geração Modelo Característica Até 1960 1ª Linear Modelo de tecnologia e inovação empurrada 19601970 2ª Linear Reverso Modelo de tecnologia e inovação puxada 19751985 3ª Coupling de PD e MKT interativo Combinação e interação entre PD e marketing 19851990 4ª Interações em cadeia Pesquisas integradas e envolvimen to dos setores e fornecedores para redução do tempo de PD 1995 5ª Sistêmico e Inte grado Criação ampliação e integração das redes de cooperação pesquisa e de senvolvimento surgimento da ideia de inovação aberta Fonte adaptado de Rothwell 1994 1ª Geração Modelo Linear O modelo linear de inovação foi comum até a década de 1960 quando os avanços científicos muitas vezes para fins bélicos eram traduzidos e adaptados gerando novos produtos que rapidamente eram colocados no mercado Nesse período vivíamos o período pósguerra havendo forte carência de produtos industrializados e serviços especializados Por isso o ambiente econômico e social estava em franco desenvolvimento criando grande expectativa e demanda por inovação o que exigia altos investimentos empresariais e governamentais em PD Com isso a ênfase desse modelo inovador estava exatamente na pesquisa e no desenvolvimento das empresas sem exatamente se preocupar com os anseios dos consumidores pois a lógica empresarial era simples mais pesquisa leva ao desenvolvimento de mais produtos e consequentemente de mais vendas 139 2ª Geração Modelo Linear Reverso Esse modelo representa exatamente o inverso da geração anterior As mudanças do mercado geral provocaram alterações nas dinâmicas organi zacionais de inovação Isso porque entre os anos 1960 e 1970 o mercado passou a ser composto por um número maior de empresas e uma maior diversidade de produtos aspecto que por si só aumentou significativamente a concorrência Não bastava mais produzir para vender mas sim conhecer as necessidades e os desejos dos consumidores Assim temos as bases do modelo de inovação puxado ou seja a partir da análise da percepção e dos anseios do mercado é que as empresas direcionavam suas ações processos e investimentos em PD e produção buscando aumentar suas vendas Na Figura 35 vemos as diferenças entre os modelos da 1ª e 2ª geração Figura 35 Comparação entre a 1ª e a 2ª geração de inovação Ciência Básica Desenho de Engenharia Industrialização Marketing Vendas Vendas Desenvolvimento Industrialização Necessidade de Mercado VERSUS 1ª GERAÇÃO Modelo Linear 2ª GERAÇÃO Modelo Linear Reverso Fonte adaptada de Rothwell 1994 3ª Geração Modelo Coupling de PD e Marketing Equilíbrio entre investimento e retorno racionalização de processos maior controle e redução de custos e ênfase na melhora da comunicação Essas são algumas das características do terceiro modelo geracional de inovação por processos também chamado de modelo interativo marcado principalmente pelo equilíbrio entre tecnologia e inovação com as necessi dades e os desejos dos consumidores ou do mercado 140 Figura 36 Modelo de Coupling Necessidades da sociedade e do mercado Nova necessidade Pesquisa e desenvolvimento Criação de protótipo Produção Marketing e vendas Geração de ideias Mercado Nova tecnologia Estado da arte na tecnologia e produção Fonte adaptada de Rothwell 1994 É possível ver na Figura 36 que as organizações procuraram alinhar e combinar aspectos de PD com suas funções de marketing Em síntese Rothwell 1994 explica que esse modelo é resultado da combinação dos fatores expostos nas duas gerações anteriores criando uma conjunção de processos seriados e interdependentes que se retroalimentavam e sofriam forte influência de variáveis internas e externas nas empresas criando uma complexa conexão entre empresas academia governo e mercado fomen tando o processo inovador 4ª Geração Modelo de interações em cadeia Também chamado de Modelo de processos de negócios integrados foi predominante em meados de 1980 e 1990 em que a gestão da inovação se tornou muito mais desafiadora e complexa pois segundo Figueiredo 2015 o fluxo de informações as diversas fontes potenciais de inovação o geren ciamento de tarefas de reorganização a integração tecnológica entre setores e departamentos por meio de intranets e o surgimento comercial da internet tornaram a administração do processo inovador extremamente difícil Além disso os processos e as estratégias de inovação estavam forte mente fundamentados no tempo pois o ciclo de vida dos produtos estava diminuindo continuamente fazendo com que a velocidade da inovação se tornasse um importante diferencial competitivo portanto todos esses fatores 141 convergiram para uma maior aproximação e interação entre os setores da empresa e fornecedores de suprimentos com um único intuito reduzir o tempo entre a PD e a produção até a disponibilização comercial do produto Reflita Trott 2012 nos convida a pensar se todas as inovações partem de uma ideia e resultam em um produto isso não tornaria todos os modelos de inovação processos lineares 5ª Geração Modelo sistêmico e integração de redes Nesse modelo os progressos anteriores foram mantidos e evoluíram sendo ampliados e integrados às perspectivas de redes de inovação visando aumentar a eficiência e a eficácia das estratégias organizacionais que tinham a inovação como norte competitivo Em meados de 1990 empresas líderes tomaram medidas voltadas para o desenvolvimento contínuo em inovação como integração dos SI internos e externos uso comercial da internet aumento dos controles de qualidade extensão das redes de pesquisas colabo rativas flexibilização e horizontalização das estruturas organizacionais para melhor adaptação às mudanças melhorias na segurança da informação etc Frente a isso a TI se transformou no elemento imperativo e prérequisito básico ao se pensar em processos de inovação No panorama atual com a evolução dos estudos dos modelos inovativos fica bem evidente que a inovação como fator competitivo não pode ser mais compreendida por uma visão linear eou posição isolacionista de mercado É por isso que Rothwell 1994 destaca a importância do modelo de sistemas integrados em rede com agentes internos e externos das organizações para se aumentar a velocidade do processo de inovação preconizando cooperações e marketing colaborativo pois desse modo parcerias estratégicas podem ser criadas pelo prisma da inovação aberta bem como o desenvolvimento de vínculos duradouros e as relações mutuamente satisfatórias em vários tipos e formatos como alianças joint ventures consórcios clusters entre outros Assimile Os modelos atuais de inovação passam pelo prisma de um sistema complexo e aberto composto por variáveis de marketing e tecnologia somados a processos de interatividade aprendizagem e feedbacks constantes entre os players internos e externos da organização além de estímulos interfe rências e influências diversas oriundas do ambiente geral 142 Destacamos que Trott 2012 ressalta que mais recentemente foi apresen tado o modelo cíclico de inovação de Berkhout Nesse modelo são enfati zados os aspectos da natureza cíclica do processo de inovação que estão relacionadas às mudanças à criação e ao desenvolvimento de conhecimento em prol de se aproveitar oportunidades de negócios que surgem no mercado Assim a inovação é uma conexão cíclica entre ciência negócios e tecnologia com o mercado Sendo assim conscientes de que a definição de um modelo de inovação perfeito nos parece improvável diante de um ambiente em profunda ebulição e em constante transformação por fatores sociais naturais científicos e tecnológicos característico da inovação aberta parecenos muito adequado o design de um modelo de inovação por processos proposto por Zizlavsky 2013 conforme a Figura 37 Figura 37 Design de um modelo de inovação por processos Monito ramento e tomada de decisão PD Experimen tos Fases de pré produção e produção Colocação no mercado e manutenção Uso do produto após a vida útil Aprendendo Buscando oportuni dades Geração de ideias e busca por percursos Execução Produção e Marketing Comercialização e criação de valor Reciclando Transferência de tecnologia INVENÇÃO INOVAÇÃO Fonte adaptada de Zizlavsky 2013 Apesar da complexidade de seus fatores e da multivariedade de elementos em qualquer modelo inovativo em questão é consenso no contexto organi zacional moderno que a inovação é essencial para toda e qualquer empresa afinal empresas que não inovam ou não têm perspectivas para implantação de processos inovadores fracassam morrem ou estão fadadas ao ostracismo de mercado Por isso é fundamental a criação de uma estrutura de inovação avançada que seja possível de ser gerenciada e voltada ao alto desempenho organizacional 143 Figura 38 Estrutura da inovação de geração mais avançada e de alto desempenho Reflexão Mudança Contínua Recursos Estratégia Processo Recursos Aprendizado Inovação no âmbito da empresa Inovação sustentável Inovação no contínua Plataformas Projetos Parceiros Ideação Desenvolvimento Comerciali zação Humanos Liderança Financeiros Intelectuais Colaboração Aliança Fonte adaptada de Mazzola 2015 Scherer e Carlomagno 2016 nos mostram que as inovações ao contrário das invenções não são frutos do acaso ou surgem em vácuos empresariais nascem em terrenos férteis onde as ideias frutificam Empresas inovadoras trabalham em diversas frentes interligando os seus recursos processos a organização em si e a sua estratégia em prol de mudanças contínuas e apren dizado que respondam rapidamente às demandas dos consumidores Para isso devem gerir modelos de inovação que sejam sustentáveis e duradouros Assim a gestão da inovação é um conjunto de ações permanentes voltadas a administrar os diversos fatores e recursos organizacionais internos diante das condições ambientais externas a fim de intensificar e perpetuar processos que estimulem a inovação na organização Logo a gestão inovativa 144 nas empresas se inicia desde o reconhecimento de boas ideias ou oportuni dades no ambiente até o desenvolvimento de produtos e processos Assimile A cultura de inovação tem sido definida como um contexto multidimensional que inclui a intenção de ser inovativo a infraestrutura que dá suporte à inovação comportamento de nível operacional necessários a influenciar o mercado e a orientação de valor e o ambiente para implementar a inovação DOBNI 2008 apud FARIA FONSECA 2014 p 377 O Manual de Oslo da OCDE 2005 destaca que há diferentes visões econômicas sobre os benefícios dos investimentos em tecnologia e inovação por causa de sua difícil mensuração e tangibilidade já que têm um caráter mais estratégico de potencial de mercado mas recorrendo à literatura é possível destacar alguns dos seus principais benefícios maior lucratividade e produ tividade redução de custos e otimização de processos internos aumento da criatividade das pessoas melhora da competitividade no mercado tornarse referência para o público etc A importância da gestão da inovação se dá pelo fato de que ela requer mudanças contínuas de natureza complexa e de difícil compreensão que devem ser devidamente gerenciadas a fim de que os recursos sejam adminis trados corretamente em prol da inovação e sob a ótica de um processo contínuo estruturado e gerenciável Por isso segundo Scherer e Carlomagno 2016 a gestão da inovação deve se atentar as oito dimensões comuns às organizações que fomentam o potencial inovador chamadas de octógono da inovação estratégia liderança relacionamento funding fundos e financia mentos processos estrutura pessoas e cultura É importante ressaltar que não podemos falar em gestão da inovação sem abordar a relevância da variável estratégica A estratégia inovadora é o processo inicial de decisões que norteará as ações que serão desenvolvidas por todos na empresa no intuito de otimizar os resultados Entre os principais desafios estratégicos em inovação de uma organização é possível citarmos o aumento da tolerância e exposição aos riscos o desenvolvimento constante da criatividade a melhoria da gestão de pessoas e a quebra de paradigmas das ações conservadoras 145 Dica É muito raro uma empresa utilizar somente um modelo ou tipo estra tégico o tempo todo De acordo com sua posição no mercado e a estratégia organizacional adotada ela costuma transitar entre os tipos conforme sua conveniência e postura tática em relação à concorrência Por isso é fundamental que a estratégia de inovação e o desenvolvimento de capacidades tecnológicas estejam devidamente alinhadas com a estratégia de negócios organizacionais afinal Reis 2008 ressalta que a tecnologia é o principal catalizador da inovação e fator de diferenciação em aspectos críticos da empresa como produtividade qualidade e preço além de influen ciar diretamente no seu mix de marketing Assim desenvolver uma estra tégia inovadora tecnológica eficiente e eficaz é uma necessidade vital para as empresas No Quadro 34 temos algumas das principais estratégias de inovação tecnológica praticadas Quadro 34 Estratégias de inovação tecnológica TIPO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Ofensiva É usada por poucas empresas geralmente por aquelas com um excelente departamento de PD e que procuram a posição de primazia e liderança de mercado por meio da inovação contínua frente à concorrência Defensiva Comum em oligopólios as empresas que adotam esse tipo estratégico não costumam trazer inovações radicais mas não ficam defasadas em aspectos tecnológicos e estão sempre se aproveitando das falhas das pioneiras Pos suem fortes setores de PD mas apresentam inovações em ritmo mais lento Imitadora Normalmente com menor poder aquisitivo forte capacidade produtiva e com estratégia organizacional voltada a custos baixos essas empresas não disputam a liderança de mercado limitandose apenas a seguir os líderes a certa distância adquirindo patentes secundárias e apresentando produtos similares Dependente Muito conservadoras e subcontratadas pelas líderes de mercado orga nizações que adotam esse tipo estratégico são geralmente voltadas ao atendimento das necessidades e interesses das empresas de maior porte contratante Tradicional Com mercados geralmente pequenos e produtos bem tradicionais não costumam seguir tendências e não são influenciadas por consumidores e concorrentes Oportunista Após vislumbrar oportunidades atrativas no ambiente as empresas desse tipo sobrevivem em espaços de mercado muito específicos permanecendo neles por curtos períodos de tempo até encontrarem um nova oportunidade Fonte adaptado de Reis 2008 146 Caro aluno a gestão da inovação seus benefícios e evolução é um dos elementos estratégicos mais importantes da dinâmica organizacional da atualidade por isso continue desenvolvendo seus estudos a fim de estar cada vez mais preparado para os desafios que se apresentam no mercado empre sarial e profissional Até a próxima e um ótimo estudo Sem medo de errar Prezado aluno você acabou de estudar e compreender como a Gestão da Inovação é extremamente importante para as organizações no contexto organizacional do século XXI É impensável que uma empresa queira crescer e se perpetuar no mercado sem adotar um modelo estratégico voltado ao desenvolvimento contínuo de inovação Dessa forma vamos voltar à análise da situação problema e ajudar a diretora Ingrid com as novidades de gestão e estratégia que ela deseja implantar na Transportadora Estrela Vamos relem brar em linhas gerais o contexto do caso em questão A Transportadora Estrela do Norte foi fundada há mais de 50 anos por um caminhoneiro que era excelente naquilo que se propunha a fazer Inicialmente com apenas um caminhão o senhor Antônio trabalhou ardua mente e em pouco tempo conquistou uma boa e fiel carteira de clientes consolidandose nesse ramo de mercado A empresa cresceu bastante e aumentou a sua frota além de diversificar os serviços de transporte prestados posicionandose como uma transportadora de médio porte Agora a neta do fundador tem assumido a empresa e deseja mudar os rumos estratégicos da organização buscando a expansão da transportadora e o seu reposicionamento de mercado diferenciandoa da concorrência por meio de uma estratégia de inovação Todavia Ingrid a nova diretora tem muitas dúvidas sobre como proceder para colocar em prática os seus anseios então por isso vamos auxiliála Em primeiro lugar ela tem dúvidas quanto à gestão da inovação por isso devemos esclarecer que ela se refere ao conjunto de ações permanentes voltadas à administração dos diversos fatores e recursos organizacionais internos diante das condições ambientais externas em prol da intensificação e perpetuação dos processos que estimulam a inovação na organização Portanto a gestão inovativa nas empresas se inicia desde o reconhecimento de boas ideias ou oportunidades no ambiente até o desenvolvimento de produtos e processos Assim mesmo as empresas em ramos muito tradicio nais podem buscar meios para inovar as suas atividades constantemente 147 Apesar de muitas vezes não ser tão simples de mensurar empresas que fazem a gestão adequada da inovação costumam apresentar benefícios bem tangíveis e identificáveis tais como maior lucratividade e produtividade redução de custos e otimização de processos internos aumento da criati vidade das pessoas melhora da competitividade no mercado tornarse referência para o público entre outros Sobre as estratégias que ela poderia adotar para a transportadora ela foi orientada quanto a seis possíveis formas estratégicas diferentes de inovação e atuação no mercado ofensiva defensiva imitadora dependente tradicional e oportunista De posse dessas informações e convencida da sua importância Ingrid decide que é hora de a Transportes Estrela iniciar os estudos para implantar um modelo de gestão de inovação por processos Inicialmente ela decidiu que iria realizar essa implantação com ações em perspectivas de curto médio e longo prazo Curto prazo utilizar as possibilidades da forma tradicional além de transitar pelo modelo oportunista no intuito de encontrar nichos de mercado que não estão sendo atendidos Médio prazo verificar as melhores práticas das grandes empresas que são referências no mercado para verificar as possiblidades para se adotar o formato de imitação quanto às estratégias de inovação Longo prazo implantar um setor de PD na transportadora para que futuramente a empresa possa atuar de forma ofensiva por meio de inovações que a diferencie e posicione no mercado numa situação de disputa de liderança Ingrid além de estar muito satisfeita com os novos posicionamentos que tomou tem muitos planos para a transportadora e pensa Quem sabe para os próximos 50 anos teremos veículos mais eficientes caminhões autônomos e entregas realizadas por drones Até o nosso próximo estudo Faça valer a pena 1 A gestão da inovação é um conjunto de ações permanentes voltadas à administração dos diversos fatores e recursos organizacionais internos diante das condições ambientais externas em prol da intensificação e perpe tuação de processos que estimulem a inovação na organização Logo a gestão 148 inovativa nas empresas se inicia desde o reconhecimento de boas ideias ou oportunidades no ambiente até o desenvolvimento de produtos e processos A gestão da inovação pode gerar muitos benefícios às organizações Qual alternativa apresenta apenas benefícios concretos dessa gestão a Maior lucratividade diminuição do consumo de matériaprima aumento da produtividade b Redução dos custos tornarse referência para os consumidores redução da carga tributária c Produção independente melhora da competitividade otimização de processos internos d Diminuição do consumo de matériaprima redução da carga tribu tária produção autônoma e Maior lucratividade e produtividade melhora da competitividade redução dos custos 2 Os modelos de inovação baseados em processos têm evoluído Afinal a perspectiva de inovação nas organizações tem se alterado de modo contínuo em sintonia com as modificações de conhecimento e natureza tecnológica no ambiente geral interferindo diretamente no processo de inovação do mundo empresarial Dessa forma leia e analise as afirmativas abaixo baseadas nessa evolução e no desenvolvimento dos modelos de inovação por processos I Os modelos de inovação da primeira e segunda geração são comple mentares e apenas representam uma evolução natural do processo inovativo II O modelo de Coupling de PD e MKT representa a 3ª geração dos modelos em que as pesquisas são integradas e envolvem empresa e fornecedores para reduzir o tempo de PD III A 5ª geração de modelos de inovação é a sistêmica que cria amplia e integra as redes de cooperação pesquisa e desenvolvimento compactuando com a ideia de inovação aberta É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas 149 d I apenas e I II e III 3 A estratégia inovadora é o processo inicial de decisões que norteará as ações que serão desenvolvidas por todos na empresa no intuito de otimizar os resultados Entre os principais desafios estratégicos em inovação de uma organização podemos citar o aumento da tolerância e exposição aos riscos o desenvolvimento constante da criatividade a melhora da gestão de pessoas e a quebra de paradigmas das ações conservadoras Dessa forma leias as afirmativas a seguir sobre as estratégias de inovação I A estratégia ofensiva é usada por poucas empresas que lideram o mercado têm excelentes setores de PD e buscam a inovação contínua frente à concorrência II Usada pelos oligopólios na estratégia defensiva não é comum a apresentação de inovações radicais pois são apresentadas em ritmos mais lentos III As empresas que utilizam a estratégia dependente possuem forte relação com as empresas líderes de mercado pois dependem da inovação delas para replicarem seus produtos IV Na estratégia oportunista as empresas vislumbram oportunidades atrativas no ambiente e sobrevivem em espaços de mercado muito específicos É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c I III e IV apenas d I II e IV apenas e I II III e IV 150 Seção 3 Da invenção à inovação criando novos produtos e serviços Diálogo aberto Prezado aluno Inventar as coisas é uma tarefa fácil E inovar Mas afinal são coisas diferentes Você acha que para inovar de modo constante basta apenas ter criatividade Essas são algumas das perguntas que só podem ser respondidas por meio do estudo do processo da inovação a partir do qual você poderá compreender claramente o caminho entre a invenção e a inovação além da importância dele para o desenvolvimento de novos produtos e serviços Porém antes de iniciarmos especificamente essa etapa de aprendizado convidolhe a conhecer a história de Raquel e Marine Vamos começar Nascidas no final dos anos 1990 as jovens amigas Raquel e Marine são nativas digitais jovens nascidos a partir de 1980 por isso possuem habili dades para navegar com tranquilidade nas diferentes ferramentas da web e mídias sociais Há aproximadamente cinco anos elas criaram um blog e um canal no YouTube que estavam fazendo sucesso Além disso possuíam milhares de seguidores em suas redes sociais como Instagram Twitter e Facebook Diante do alcance já atingido agora as amigas desejavam transformar isso em profissão para tanto tinham que aumentar as oportunidades de negócios e rentabilizar a atividade Por isso após concluírem o primeiro ano da facul dade decidiram montar uma pequena empresa nesse ramo para aproveitar o que elas já tinham construído e alçar novos voos com os conhecimentos acadêmicos recémadquiridos Entretanto não demorou muito para que os primeiros problemas surgissem Logo elas perceberam que uma coisa era a criatividade que elas possuíam outra bem diferente era ter uma equipe criativa e inovadora de modo constante em um mercado tão concorrido e dinâmico como esse Além disso acreditavam que estavam precisando Dar um jeito para aumentar e acelerar a geração de ideias e criativi dade da pequena equipe que tinham montado Criar critérios mais técnicos e bem definidos que ajudassem na escolha das melhores ideias 151 Melhorar a colocação e o desenvolvimento dos novos produtos no mercado Entretanto a perguntachave era como conseguir essas coisas e melhorar a empresa que tinham acabado de criar Diante da inexperiência delas no ramo você foi contratado como consultor Diante disso inicie agora mesmo seus estudos e auxilie as jovens empreendedoras a melhorarem a gestão da inovação da empresa com a nossa consultoria Excelente estudo Não pode faltar Já não há mais dúvidas de que a inovação proporciona muitos benefí cios para as empresas que fazem a sua gestão de modo adequado Porém da criação de um conceito geração de uma ideia ou invenção de algo até a sua disponibilização e consolidação no mercado como inovação há um árduo caminho que deve ser devidamente percorrido pelas organizações Esse percurso estruturado é conhecido como processo de inovação e pode ter muitas formas de ser realizado Vamos iniciar relembrando o conceito de inovação Para a OCDE 2005 p 55 em seu Manual da Inovação uma inovação é a implementação de um produto bem ou serviço novo ou significativamente melhorado Cabe destacar que o documento explica que a inovação pode ser dividida em quatro grandes segmentos produtos processos marketing e organização e ressalta que para ser assim considerada obrigatoriamente deverá ser implementada nas práticas de negócios das empresas ou do mercado Mais que somente criar a empresa deverá saber onde e como inovar Por isso na Figura 39 temos as 12 dimensões da inovação 152 Figura 39 Radar da inovação as 12 dimensões de inovação MARCA RELACIONAMENTOS PRESENÇA onde CADEIA DE FORNECIMENTO ORGANIZAÇÃO PROCESSO como PLATAFORMA SOLUÇÕES CLIENTES quem EXPERIÊNCIAS CONSUMIDOR CAPTURA DE VALOR OFERTA o que Inovação Radical Inovação Incremental Melhoria Fonte adaptada de Scherer e Carlomagno 2016 p 124 Assim diante das muitas possiblidades há grande dificuldade para definir ou parametrizar o processo de inovação e as suas variações nas empresas Porém em síntese podemos dizer que se trata de um rol de atividades organizacionais que dão todo o suporte necessário para que uma inovação seja devidamente implementada de acordo o seu propósito independente mente do seu nível de novidade ou grau de complexidade Essas atividades vão desde os pressupostos básicos operacionais PD até o suporte finan ceiro ou de marketing estratégico das empresas Exemplificando Nem sempre a inovação será algo totalmente novo ou revolucionário inovação radical por exemplo a criação de um novo medicamento Muitas vezes ela estará representada na forma de uma melhoria um aperfeiçoamento ou uma adaptação de um produto serviço ou 153 processo inovação incremental Ex desenvolvimento de novas embalagens sustentáveis para os produtos Para Scherer e Carlomagno 2016 apesar de uma ideia ao acaso ou um evento fortuito poder significar o ponto de partida para a criação de um produto inédito ou salto evolutivo de uma empresa esta não pode ficar refém de uma inspiração esporádica ou completamente aleatória Dessa forma como vimos anteriormente a inovação como diferencial competitivo não costuma tratarse de um golpe de sorte mas sim de processos sistemati zados resultantes de horas de trabalho e esforços em prol da produção de insights contínuos que alcançaram seu objetivo final chegar ao mercado e gerar lucro e retornos para as organizações inventoras Por isso como veremos na Figura 310 um processo de inovação organizacional iniciase no momento da geração de ideias passa pela fase de refinamento e avaliação conceitual segue para ser devidamente experi mentado e diminuir possíveis dúvidas quanto à sua funcionalidade até estar devidamente pronto e ser implementado e concretizado como inovações no mercado Figura 310 O processo de inovação Prototipagem Redução de incertezas Refinamento final Alocação de recursos Planejamento mais profundo Avaliação de potencial Aprimoramento dos conceitos Acompanhamento e definição Polinização cruzada Geração de novas ideias Oportunidades e negócios Insight de clientes Análise de tendências Reutilização de velhas ideias Aceleração das Iniciativas Escala dos projeto Avaliação pósimplementação Idealização Conceituação Experimentação Implementação Fonte adaptada de Scherer e Carlomagno 2016 p 126 154 Em síntese o processo de inovação é composto por uma série de tarefas que são devidamente ordenadas em prol do seu melhor gerenciamento Na literatura essas tarefas são comumente agrupadas em três grupos principais busca e levantamento seleção e implementação Busca procurando fontes de oportunidades e usando a cria tividade para inovar A busca se refere a um grupo de tarefas e procedimentos realizados no início do processo inovador que são voltados à prospecção à ideação e à análise de mercado ao levantamento de informações diversas ao desenvol vimento criativo à busca por sugestões à realização de brainstormings etc O foco nessa etapa está na procura de fontes de ideias e oportunidades que fomentem o processo criativo na empresa como um todo desde os colabo radores operacionais até a alta diretoria Essas técnicas de pesquisas suges tões ou ideação constantes ajudam no melhor entendimento dos anseios de mercado propiciando o surgimento de conceitos mais assertivos que serão futuramente descartados ou refinados Figura 311 O processo de inovação Inspiração Representação Pesquisa Refinamento Definição do problema Geração de ideias Avaliação da ideia Pesquisa Refinamento Representação Inspiração Ideação Implementação Avaliação Fonte adaptada de Ellwanger Silva e Rocha 2018 p 661 Muitas podem ser as fontes geradoras de ideias ou que impulsionem a descoberta de oportunidades de mercado Apesar de constatarem que as ideias 155 podem vir de qualquer lugar ou fonte um estudo da Federação Nacional de Empresas Independentes NFIB dos EUA apresentado por Longenecker et al 2018 sobre as fontes de ideias que propiciam o surgimento de startups no mercado americano verificouse que 45 dessas empresas de pequenos negócios surgiam da experiência profissional prévia dos proprietários 16 de interesses pessoas e hobbies 11 de descobertas acidentais ou acaso 7 de sugestões em geral 6 de cursos ou atividades de educação nas empresas ou famílias 5 de origem familiar e 4 de outras fontes diversas menos significativas Já a tabela a seguir mostra a realidade do ambiente gerador de ideias e o panorama brasileiro Quadro 35 Principais fontes de geração de ideias inovadoras para pequenas empresas Novos produtos serviços 28 das empresas Novos processosmétodos 22 das empresas Novos mercados 15 das empresas 11 sugestões de clientes 9 desenvolvimento próprio 4 buscou apoio em outras instituições Vendedor passou oferecendo Fornecedor insumo máquina Franquia Congresso Outros fabricantes Mídia 2 inspiração em produto Nacional 1 inspiração em produto Importado 8 desenvolvimento próprio 6 sugestões de clientes 6 buscou apoio em outras instituições Em fornecedores Em empresa de informática Via SenaiSenacSebrae Via internet Via mídia Via órgãos governamentais Via vigilância sanitária Via assistência técnica 1 contratação de empresa de Consultoria 1 inspiração em processo Nacional 1 inspiração em proces so no exterior 3 sugestões de clientes 3 visitaparticipação em feiras 2 adaptação de mercado já existente 1 contratou consultor 1 buscou apoio em outras instituições Representante de marca Reconhecida Empresa de consultoria 5 outras fontes Indicação de fornece dores Anúncio em lista Via congressos InternetLicitações Minha filha se formou na área Fonte adaptado de SebraeSP apud Scherer e Carlomagno 2016 p 55 Apesar de todas as fontes possibilidades e oportunidades de mercado para inovar a criatividade humana sempre terá papel de destaque e relevância quando falamos de inovação organizacional principalmente em se tratando de inovação radical Afinal apesar de toda a evolução tecnológica que estamos vivendo os chamados insights criativos e as características que 156 levam à criação ainda são competências e atributos quase que totalmente humanos Dessa forma é possível afirmar que toda pessoa possui criatividade e que esta pode ser estimulada ou incentivada Por isso para incentivar a criativi dade nos colaboradores além de ações recompensas diversas e programas de qualidade de vida no trabalho QVT muitas empresas têm adotado medidas pouco ortodoxas do ponto de vista dos objetivos organizacionais diretos Assim as empresas referências de mercado em inovação têm ofere cido treinamento em abstração artes pintura música poesia etc com o intuito de aflorar a sensibilidade criativa dos funcionários Além disso têm disponibilizado parte da jornada de trabalho para possam desenvolver ou tocar projetos pessoais os quais podem inclusive ser compartilhados ou adquiridos pela empresa Além disso diante da necessidade de inovação constante dos muitos problemas e desafios complexos que surgem diariamente as organizações estão buscando novos métodos para a busca de soluções criativas e inova doras Entre tantas possiblidades existentes aqui citaremos duas técnicas o design thinking e o storytelling Para Brown 2008 expoente mundial no assunto o design thinking é uma técnica moderna e atualíssima que busca usar a sensibilidade das pessoas somada às ferramentas de design colaborativo com o objetivo de atender dentro de uma realidade factível os anseios das partes envolvidas com aquilo que é concretamente possível de ser executado criando soluções e inovações muito mais assertivas e rápidas do que em processos geridos de modo convencional Assimile O design thinking é uma abordagem que catalisa a colaboração a inovação e a busca por soluções mediante a observação e a cocriação a partir do conceito de prototipagem rápida e da análise de diferentes realidades CAVALCANTI FILATRO 2016 p 20 Dessa forma conciliando aspectos humanos desejáveis empatia pensa mento integrativo otimismo experimentalismo e colaboração alto grau de criatividade e participação dos funcionários aos atributos tecnológicos disponíveis as empresas que adotam essa ferramenta canalizam todos esses fatores em prol de uma solução prática que seja viável excedendo os objetivos inicialmente pretendidos Assim elas têm obtido grande êxito em suas criações gerando um número cada vez maior de soluções inovativas e extremamente criativas Com isso conseguem aumentar exponencialmente a 157 eficiência e eficácia dos seus processos criativos gerando alto valor agregado nos produtos serviços e processos que foram desenvolvidos As três fases que compõem o design thinking são a inspiração o processo de descoberta e a expectativa de alcançar o sucesso centrados nas pessoas motivação para busca de soluções de problemas ou oportunidades b ideação realizar atividades que estimulem a geração o desenvolvimento e o teste de ideias técnicas como brainstorming e brainwriting são muito utilizadas e adequadas nessa fase e c implementação mapeamento de um caminho para que as ideias soluções e inovações possam chegar ao mercado o foco está na execução da visão projetando e tornando a experiência em algo tangível BROWN 2008 Reflita Você acha que uma ideia totalmente inovadora é prontamente assimi lada compreendida e aceita pelas pessoas pelas organizações ou pelo mercado Além do design thinking outra técnica cada vez mais utilizada no contexto organizacional é o storytelling Mas antes de explicála é preciso que compre endamos algo muito importante sobre novas ideias coisas inéditas conceitos que nunca existiram eles provocam medo e geralmente as pessoas tendem a ter certa resistência a eles afinal a manutenção do status quo ou seja do padrão vigente é algo muito forte e extremamente confortável para as pessoas e organizações Muitas vezes as organizações e seus colaboradores possuem ideias brilhantes porém não conseguem transmitilas adequadamente O resul tado disso é a morte prematura de possibilidades incríveis antes mesmo de um melhor refinamento do conceito É aqui que surge a importância do storytelling ou seja a arte de contar histórias que de fato transmitam uma mensagem ou expliquem algo de modo impactante e inesquecível Segundo Magalhães 2014 p 98 o storytelling é a narração de histórias repaginada com uma nova linguagem para atender as demandas dos negócios comunicacionais das organizações privadas e públicas Em linhas gerais é uma nova forma de se narrar as histórias das empresas e dos seus produtos usando fatores específicos de uma comunicação personagem ambiente conflito e mensagem por intermédio de uma técnica criativa e inovadora As empresas já perceberam que diante do ambiente tecnológico mais frio e distante das mídias e redes sociais é de grande importância buscar formas mais eficientes para interagir com seus diversos stakeholders 158 buscando o estabelecimento de conexões por meio de suas mensagens no nível emocional Afinal sendo a comunicação algo vital para as organizações no século XXI nada mais lógico que estas também se comuniquem de modo inovador Seleção a escolha das melhores oportunidades Se o objetivo até aqui era a geração de ideias a busca e o reconhecimento de oportunidades no mercado agora o foco está em selecionar as melhores e que representam maior potencial de negócios Na fase de seleção é realizado o crivo a análise e a avaliação das ideias e informações que foram geradas até então além de testes e investigações para realizar as melhores escolhas de acordo com o modelo estratégico inovativo e os propósitos da empresa Para selecionar e avaliar corretamente as melhores ideias é necessário que tenhamos critérios bem definidos sejam de cunho quantitativo ou qualitativo com foco na possibilidade real de implantação no mercado de acordo com os objetivos da empresa Assim questões como a demanda dos possíveis clientes investimentos necessários grau de complexidade nível de inovação entre outros são fatores que devem ser levados em consideração no momento da escolha O propósito fundamental é separar as boas ideias das mais fracas rapidamente Uma técnica muito interessante para fazer a seleção e avaliação de ideias e oportunidades antes do processo de implementação é classificálas segundo sua complexidade e nível de clareza ou desenvolvimento Nesse sentido o modelo de classificação e estabelecimento de momentos de avaliação parcial permitirá à empresa dar prosseguimento ao processo de inovação de modo controlado técnico e acertado SCHERER CARLOMAGNO 2016 Usando essa ferramenta a empresa classificará a ideia em quatro possi bilidades estrela osso maçã e bola conforme veremos na Figura 312 Após essa classificação e reconhecendo que os recursos organizacionais são finitos e escassos será possível que a empresa os realoque no momento correto e nas melhores ideias segundo o modelo estratégico de inovação adotado 159 Figura 312 Modelo de classificação de ideias Estrela Ideias nitidamente valiosas que devem ser adotas prontamente Bola Ideias valiosas que precisam ser jogadas de lá para cá por um tempo para ver se são práticas Osso Ideias que apresentam pouca substância devendo ser descartadas para futura avaliação Maçã Boas deias para avanços incre mentais que devem ser colocadas em prática rapidamente Fonte Scherer e Carlomagno 2016 p 57 Além disso como já dito anteriormente o tempo é fator primordial nas decisões sobre inovação Por isso Kotler e Keller 2012 explicam que as ideias de novos produtos e serviços devem ser avaliadas pela ótica da duração do seu ciclo de vida ou seja o tempo de vida após virar um produto que vai desde seu desenvolvimento passando por sua introdução no mercado tendo seu período de crescimento de vendas e maturidade até chegar ao declínio quando as vendas diminuem e o produto deve ser repensado reinventado ou até mesmo deixar de ser produzido Essa avaliação é fundamental para tomar uma decisão e selecionar uma ideia afinal existem produtos que representam oportunidades momen tâneas apenas para atender à moda ou ao modismo de um breve período Todavia se a empresa estiver preparada representa ótima chance de vendas altas geração de caixa e retorno imediato Já outros produtos estão relacio nados a estilos e por isso têm ciclos mais estáveis e longevos com maior possibilidade de vendas no longo prazo porém com concorrentes de maior porte e estrutura no mercado De qualquer forma o ponto fundamental é ter uma boa ideia e reconhecêla no momento certo para que haja a possibli dade concreta de implementála no mercado e realizar vendas satisfatórias com ótimas margens de lucro E se a ideia representar produtos duradouros no mercado que simbolizem muitos ganhos melhor ainda 160 Implementação e desenvolvimento de produtos Selecionadas as melhores ideias chegou o momento de implementálas Essa etapa é responsável por colocar em prática as ideias escolhidas e para isso é muito importante a definição e mobilização dos recursos organizacio nais adequados para introduzir os produtos serviços e processos inovadores da forma correta e assim obter maior aceitação do públicoalvo Além disso nessa fase são realizados os processos pilotos a prototipagem e os testes de mercado quando será possível perceber possíveis falhas de concepção fazer ajustes corrigir erros ou até mesmo abortar produtos equivocados antes de falharem no mercado Além disso a retroalimentação do processo detalhando as falhas e os erros permitirá as correções ágeis e estabelecerá uma importante fonte de aprendizagem por meio do refinamento e desen volvimento do conhecimento organizacional Logo será possível melhorar o processo inovador por meio da reinovação ou seja novos estímulos de aprendizagem que foram revisados melhorados e aprimorados por meio de inovações que foram um sucesso ou até mesmo um fracasso Outro aspecto a ser trabalhado nesse momento é a gestão de portfólio de inovação que tem o objetivo realizar a gestão e coordenação estratégica de todos os projetos de inovação na empresa sejam eles de produtos serviços ou processos Com isso será possível alcançar o equilíbrio das iniciativas inova tivas o desenvolvimento de benchmarking melhor alocação de recursos a celeridade no compartilhamento das melhores práticas a redução dos riscos e dos custos a melhora do timing inovador entre outros benefícios que agregam valor à organização Todas as ações e técnicas de gestão de processos de inovação descritas até aqui têm como objetivo final a potencialização de fatores que fomentem o desenvolvimento de novos produtos de modo contínuo e permanente pela organização O foco deve estar na transformação de ideias inovadoras e oportunidades de negócios em produtos e serviços concretos que de prefe rência possuam alto valor agregado TROTT 2012 Por fim a Figura 313 mostra um modelo de desenvolvimento de novos produtos DNP como uma proposta resultante da conexão cíclica de todas as atividades vistas no processo de inovação na qual podemos destacar a importância da geração de aprendizagem e a formação do conhe cimento organizacional em prol da melhoria dele e da organização sendo um ativo intangível extremamente valioso e poderoso para as organizações do século XXI 161 Figura 313 O processo de DNP como uma série de atividades conectadas Geração de oportunidades de negócio Desenvolvimento do conceito do produto Desenvolvimento de protótipos de produto Testes técnicos e de mercado Introdução no mercado Desenvolvimentos sociais e de mercado conduzem a necessidade Desenvolvimentos científicos e tecnológicos Construção de conhecimento Planejamento Estratégico PD Pesquisa de mercado Seleção e avaliação não são atividades que ocorrem em um único momento tratase de um processo contínuo que ocorre em todos os estágios Fonte adaptada de Trott 2012 p 556 Prezado aluno agora que você aprendeu mais sobre processo inovador é importante que comece a exercitar as diversas técnicas aprendidas em seu ambiente profissional e pessoal para que possa lapidálas e ficar cada vez mais qualificado Ótimos estudos e até a próxima Sem medo de errar Estimado aluno Neste momento você deve ter acabado de concluir seu estudo sobre o processo inovador Com isso compreendeu que as empresas devem percorrer um árduo e complexo caminho entre a invenção e a inovação ou seja colocar esse produto no mercado visando à sua exploração comer cial Além disso acreditamos que tenha aprendido sobre a importância de a empresa estruturar um processo inovador com o propósito de gerar um fluxo contínuo de inovação e desenvolvimento de novos produtos Por isso 162 você está totalmente apto a voltar à situaçãoproblema e dar uma consultoria para a Raquel e Marine Vamos relembrar a situação As jovens Raquel e Marine amavam o mundo virtual eram criativas tinham milhares de seguidores nas redes sociais e tanto o seu blog como o seu canal de vídeos no YouTube estavam fazendo muito sucesso Decidiram então que era hora de fazer disso um negóciouma profissão Todavia logo elas perceberam que havia um abismo entre o hobby criativo que tinham e a gestão de uma empresa especialmente pelo fato de que se tratava de uma área extremamente competitiva que são as agências Agora apenas a criatividade delas já não era mais suficiente então elas preci savam incutir seu DNA criativo e inovador na equipe com que trabalhavam A situação exigia o suporte de um profissional da área de inovação e por isso vamos auxiliálas Para desenvolver uma equipe criativa e inovadora de modo constante é fundamental que a empresa crie um processo e uma cultura inovadora na organização Esse processo consistirá em uma série de tarefas ordenadas no intuito de formando um ambiente criativo e extremamente propício ao surgimento e aproveitamento de ideias de modo que estas possam em sua maioria ser devidamente implantadas no mercado Para isso para o seu melhor gerenciamento os processos inovação são agrupados em três grupos básicos de tarefas busca e levantamento seleção e implementação As coloca ções e dúvidas delas estavam intimamente ligadas aos três grupos de tarefas Para aumentar e acelerar a geração de ideias e a criatividade da pequena equipe com quem trabalhavam as jovens empresárias precisam melhorar o processo de busca e geração de ideias Assim além de buscar as melhores possi blidades e fontes de ideia que existem no ambiente elas poderiam promover diversas ações em gestão de pessoas que fomentam a criatividade dos colabo radores tais como atividades de qualidade de vida no trabalho oferecer treinamentos em abstração artes pintura música poesia etc disponibilizar parte da jornada de trabalho para desenvolvimento de projetos pessoais entre outros Além disso diante da necessidade de inovação constante do mercado publicitário técnicas como o design thinking voltada à busca de soluções inovadoras construídas de modo colaborativo por meio de design e o storytelling explicar situações ideias e produtos comunicandoos por meio de histórias incríveis impactantes e que criem conexões se mostram funda mentais e com muitas possibilidades de êxito em seus propósitos Já para criar critérios mais técnicos e bem definidos que ajudem na escolha das melhores ideias a empresa deve desenvolver o segundo grupo do processo inovador que está relacionado à seleção e adoção de mecanismos qualitativos e quantitativos para fazer escolhas mais assertivas Nesse sentido 163 e tendo em vista a alta volatilidade das mudanças dos produtos da área em que a empresa atua é sempre muito importante atentarse ao ciclo de vida dos produtos bem como aos aspectos relacionados à moda ao modismo e aos estilos dos consumidores Por fim para melhorar a colocação e o desenvolvimento dos novos produtos no mercado as empresárias devem trabalhar a terceira e última fase que é a implementação Aqui entre outros elas podem adotar processos de gestão de portfólio que dará maior suporte para o processo de aprendi zado e geração de conhecimento contínuo Auxiliamos as jovens blogueiras a estruturar e organizar mais adequada mente os processos de inovação na empresa recémcriada por elas Continue refinando e aprimorando seus estudos sempre em prol da inovação constante Saiba mais Você já assistiu ao filme O Jogo da Imitação ou já ouviu falar na máquina de Turing Bem então cuidado pois esse breve texto contém spoilers O filme conta a incrível história do matemático e criptoanalista britânico Alan Turing 19121954 e da sua invenção fantástica Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas usavam uma máquina alemã chamada Enigma para criptografar suas comunicações e mensa gens de alvos de ataque e bombardeio Apesar de interceptálas o exército inglês não conseguia decodificálas o que resultava em um número cada vez maior de baixas e perdas para os Aliados Após longos esforços um grupo de especialistas capitaneados por Turing conseguem desenvolver uma ideia conceitual dele de que uma máquina pudesse pensar Assim criaram uma máquina gigante a qual enfim conseguiu quebrar o código e decifrar as mensagens da Enigma auxiliando na tomada de decisão estratégica dos combates e rumos da guerra sendo decisiva para a vitória dos Aliados contra os nazistas reduzindo o número de mortes tempo de guerra e gastos de recursos Entre outros os estudos de Alan Turing sobre algoritmos e obviamente da sua máquina foram fundamentais para aquela que é considerada por muitos a maior invenção de todos os tempos sendo imprescindível para a sociedade do século XXI o computador Por isso é comumente conhecido como o pai da computação Apesar das muitas licenças poéticas e de algumas imprecisões do ponto de vista histórico estamos falando de um grande filme que foi muito premiado no mundo inteiro Portanto prepare a pipoca e não deixe de assistilo 164 Pesquise mais Na sociedade atual é de grande importância adquirir conhecimentos para a realização de trabalhos em equipe que desenvolvam ideias e soluções criativas inovadoras de modo colaborativo e em curtos espaços de tempo Nessa perspectiva indico o artigo a seguir que trata do uso e da aplicação do design thinking uma ferramenta extre mamente moderna e dinâmica quanto à sua perspectiva de quando falamos de inovação MARTINS Amilton Rodrigo de Quadros et al Uso de Design Thinking como Experiência de Prototipação de Ideias no Ensino Superior Future Journal São Paulo v 8 n 1 p 208224 janabr 2016 Disponível em httpswwwresearchgatenetpublication312400675Usode DesignThinkingcomoExperienciadePrototipacaodeIdeiasno EnsinoSuperior Acesso em 12 jan 2020 Até a próxima Faça valer a pena 1 Na fase inicial de geração de ideias inéditas é de grande importância a utilização de instrumentos que expliquem de modo criativo e inovador ideias ditas que nunca foram utilizadas usando fatores específicos de uma comuni cação personagem ambiente conflito e mensagem para a demonstração e aprovação delas antes que morram sem ao menos serem testadas por não serem compreendidas pelos tomadores de decisão Baseandose no contexto descrito é possível afirmar que ele trata da técnica conhecida como a Design thinking b Ciclo de vida dos produtos c Prototipagem d Storytelling e Gestão de portfólio 165 2 O design thinking é uma técnica moderna e atualíssima que busca usar a sensibilidade das pessoas somada às ferramentas de design colaborativo com o objetivo de atender dentro de uma realidade factível aos anseios das partes envolvidas com aquilo que é concretamente possível de ser executado criando soluções e inovações muito mais assertivas e rápidas do que em processos geridos de modo convencional Dessa forma analise as afirmativas a seguir sobre essa técnica I A inspiração é o processo de realizar atividades que estimulem a geração o desenvolvimento e o teste de ideias técnicas como brains torming e brainwriting são muito utilizadas e adequadas nessa fase II Já na ideação o objetivo principal dessa fase está na descoberta e na expetativa de alcançar o sucesso centradas nas pessoas motivação para busca de soluções de problemas ou oportunidades III Implementação mapeamento de um caminho para que as ideias as soluções e as inovações possam chegar ao mercado o foco está na execução da visão projetando e tornando a experiência em algo tangível É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas d I apenas e I II e III 3 O processo de inovação é composto por uma série de tarefas as quais são devidamente ordenadas em prol do seu melhor gerenciamento Na literatura essas tarefas são comumente agrupadas em três grupos principais busca e levantamento seleção e implementação Dessa forma avalie as afirmativas a seguir sobre o referido processo I Criação de projetos pilotos prototipagem e testes de mercado são comuns para se corrigir falhas antes da introdução do produto no mercado e ocorrem na fase de implementação II Técnicas como o design thinking e o storytelling são usadas para estimular a criatividade dos membros de uma organização na fase de busca de soluções e geração de ideias 166 III Na fase de seleção o grande objetivo é escolher de modo técnico e criterioso as melhores ideias e oportunidades que serão mandadas para a fase seguinte de implementação É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas d I apenas e I II e III 167 Seção 4 Inovação na prática e a gestão do conhecimento Diálogo aberto Prezado aluno o conhecimento e a aprendizagem organizacional são fundamentais para que a gestão da inovação aconteça de modo prático nas organizações Muitas vezes as empresas usam o discurso da inovação no marketing mas na prática essa ainda é uma realidade distante do cotidiano organizacional Por isso é fundamental que as empresas adotem modelos de gestão do conhecimento que proporcionem a inovação contínua nas empresas Mas o que é gestão do conhecimento Como converter os conhecimentos pessoais e expertises dos colaboradores em conhecimento organizacional que poderá ser compartilhado para outros colaboradores Essas entre outras questões serão respondidas com os estudos desta unidade Antes de nos aprofundarmos na área vamos conhecer a história de Erick um empreen dedor na área de desenvolvimento de games Nascido no final dos anos 1980 o jovem empreendedor Erick Gonçalves desde pequeno era completamente apaixonado por videogames assim como tantos outros meninos que nasceram naquela época Praticamente deve ter jogado todos os consoles mais famosos finalizando uma infinidade de jogos diferentes Além disso era muito bom com computação e por isso cursou a faculdade na área de desenvolvimento de sistemas especializandose na programação de games Não demorou muito e fundou uma startup promis sora na área de criação e desenvolvimento de jogos a games Apesar do ótimo desempenho e evolução da empresa desde a fundação até aquele momento Erick sabia que para continuar crescendo nessa área a inovação era mais que importante era vital Por isso estava profundamente incomodado com algumas situações que estavam ocorrendo na sua empresa 1 Alguns colaboradores como seu game designer tester e designer de personagens e cenários não compartilhavam suas expertises e experi ências o que bloqueava a geração e evolução do conhecimento organi zacional Um exemplo disso ocorreu há dois meses quando a Celeste sua profissional de level design desligouse da empresa e somente naquele momento descobriu que ninguém havia sido treinado junta mente com ela para realizar algumas tarefas em caso da sua ausência 168 2 Não havia um modelo de gestão do conhecimento alinhado à estra tégia organizacional que fomentasse a aprendizagem organizacional 3 Entendia que era importante criar mecanismos que incentivassem a inovação continuamente na empresa Como podemos ajudálo Por isso prezado estudante agora é com você Aprimore seus conhecimentos sobre a aprendizagem e gestão do conhecimento nas empresas para ajudarmos o Erick com soluções para os seus problemas Bons estudos Não pode faltar O estudo da inovação só se faz importante tanto no contexto acadêmico quanto organizacional por conta do seu propósito fundamental fazer com que as invenções cheguem ao mercado sendo exploradas comercialmente para atender aos interesses necessidades e desejos dos consumidores das empresas e dos governos Em síntese graças à inovação é que a nossa quali dade de vida aumenta a eficiência e eficácia produtiva das organizações evoluem e a economia dos países se desenvolve Não é à toa que a inovação ganhou tanta importância para as organiza ções Em ambientes cada vez mais competitivos por causa da quantidade de concorrentes e proximidade entre os seus produtos a compreensão dos elementos básicos de inovação é imprescindível pois para muitos expoentes no assunto a inovação se constitui na principal fonte para obtenção de vantagem competitiva sustentável para as empresas no mercado Reflita Ainda é possível uma empresa conseguir obter vantagem competitiva estratégica duradoura e sustentável em um ambiente mundial globa lizado caracterizado pela alta competição igualdade de recursos e capacidade de imitação por parte das outras empresas Por isso a inovação é fundamental tanto do ponto de vista tático anali sando suas etapas processos e ações na prática cotidiana como estra tégico avaliando a sua gestão como norteador organizacional como um todo não apenas para que as empresas criem novidades mas para que aumentem a percepção de valor dessas para os clientes Para isso como já vimos anteriormente o processo de inovação se inicia pela busca de ideias 169 ou reconhecimento de oportunidades tanto interna quanto externamente no ambiente geral No Quadro 36 vamos ver na prática como algumas empresas usaram as 12 dimensões da inovação para aprender e analisar os aspectos do seu negócio encontrando ideias e soluções inovadoras Quadro 36 As 12 dimensões da inovação empresarial DIMENSÃO DEFINIÇÃO EXEMPLOS Ofertas O QUÊ Desenvolver novos produtos ou serviços inovadores Lâmina de barbear Gillette Mach Turbo Razor Tocador de música iPod e geren ciador de músicas iTunes da Apple Plataforma Usar componentes ou alicerces comuns para criar ofertas derivadas Plataforma telemática OnStar da GM Filmes de animação da Disney Soluções Criar ofertas integradas e personalizadas que solucionam problemas do cliente de ponta a ponta Soluções logísticas da Supply Chain da UPS Building Innovations da DuPont para o setor da construção Clientes QUEM Descobrir necessidades não satisfeitas dos clientes ou iden tificar segmentos mal atendidos de clientes Foco da RentaCar em locatários de veículos de reposição Foco da Green Mountain na força verde Experiência do cliente Redesenhar interações com o cliente em todos os pontos de contato e em todos os momen tos de contato Conceito de banco de varejo do Washington Mutual Occasio Conceito de loja como experiên cia de entretenimento da Cabelas Captura de valor Redefinir como a empresa é paga ou criar novos fluxos inovadores de receita Busca paga do Google Divisão da receita de campeões de bilheteria com as distribuidoras de filmes Processos COMO Redesenhar os processos opera cionais para melhorar eficiência e eficácia Sistema Toyota de Produção e Operações Projeto Seis Sigma da General Electric DFSS Organização Alterar forma função ou escopo de atividade da empresa Organização virtual em rede e centrada no parceiro da Cisco Organização híbrida frontback da Procter Gamble para foco no cliente Cadeia de suprimentos Pensar de modo diferente sobre terceirização e todas as etapas de execução ProjectNet da Moen para design colaborativo com fornecedores O Celta da General Motors e o uso de suprimento integrado e vendas online 170 DIMENSÃO DEFINIÇÃO EXEMPLOS Presença ONDE Criar novos canais de distribui ção ou pontos de venda inova dores incluindo locais em que ofertas podem ser compradas ou utilizadas pelos clientes Vendas de CDs de música nas lojas da Starbucks RemoteTeller System da Diebold para bancos Redes Criar ofertas inteligentes e inte gradas centradas em redes Serviço de monitoramento remoto de elevadores da Otis Guerra centrada em redes do Dep De Defesa Marca Explorar uma marca em novos domínios Capital de risco de marca do Virgin Group Yahoo Como marca de estilo de vida Fonte Kotler e Keller 2012 p 4748 Independentemente da dimensão em questão os clientes exercem um papel central na inovação Portanto o processo inovador só é possível por meio do desenvolvimento de um ciclo constante de aprendizagem conheci mento e aprimoramento do relacionamento com o cliente o que representa muitos desafios Para Nambisan citado por Trott 2012 o aperfeiçoamento desses processos está atrelado às fases de desenvolvimento de novos produtos DNP sendo que em cada fase o cliente exercerá um papel diferente clientes como recursos como cocriadores e como usuários Clientes como recursos na fase de concepção o cliente exerce a condição de recurso pois ele é tido como uma fonte de inovação As empresas necessitarão de incentivos e meios para selecionálos corretamente de acordo os seus objetivos além de infraestrutura para capturar o seu conhecimento Clientes como cocriadores esse papel ocorre no momento das fases de design e desenvolvimento de produtos e serviços os clientes participam e têm voz ativa nas mais variadas tarefas do DNP principalmente em produtos destinados ao mercado organi zacional Os processos se tornam mais complexos e desafiantes para as empresas porém tendem a ser mais assertivos e mais bem recebidos pelo mercado Clientes como usuários exercendo o seu papel de usuário final que testa os protótipos dos produtos nas fases iniciais ou após a sua colocação no mercado para dar suporte contínuo visando à implantação de melhorias e feedback no que tange à satisfação deles 171 Nesse papel quanto mais clientes fizerem os testes ou ofereçam suas opiniões vvem SAC mais propositivos e susceptíveis ao sucesso tende a ser produto no mercado Apesar do seu papel preponderante na prática inovativa não bastam apenas as contribuições e participação dos clientes para que o processo de inovação e desenvolvimento de novos produtos aconteça Apesar de valiosas essas informações precisam ser trabalhadas de modo concomitante com outras fontes externas para que seja criada uma rede de DNP Dessa forma para Alvarenga Neto 2008 agregam valor superior às organizações de várias formas diferentes tais como orientando a estratégia iniciando novas linhas de negócio solucionando problemas com rapidez transferindo as melhores práticas desenvolvendo habilidades profissionais e ajudando no recrutamento e retenção de talentos Essa interação entre ambiente externo e interno é fundamental para a aprendizagem empresarial pois essa não advém apenas das informações dos clientes mas sim de uma complexa simbiose oriunda das mais diversas fontes de informações inovadoras que podem se transformar em algo maior como a construção estruturada de um conhecimento coletivo Figura 314 Um modelo de rede DNP Insumos externos Necessidades sociais Concorrentes Parcerias com fornecedores Distribuidores Clientes Alianças estratégicas Insumos Externos Concorrentes Fornecedores Distribuidores Clientes Insumos Externos Concorrentes Fornecedores Distribuidores Clientes Pesquisa Acadêmica Insumos Externos Desenvolvimen tos científicos e tecnológicos Concorrentes Fornecedores Clientes Pesquisa Acadêmica Marketing e Vendas Financeiro Engenharia de produção e fabricação Pesquisa e desenvolvimento Acumulação de conhecimento com o passar do tempo Fonte Trott 2012 p 439 172 Nesse contexto em que os insumos das diversas fontes externas propi ciam o conhecimento e este se torna o principal ativo intangível das organiza ções é importante falarmos das organizações que aprendem ou possibilitam o aprendizado constante de seus colaboradores em prol de transformações e evoluções Esse conceito foi definido por Peter Senge como learning organi zation que quer dizer organização que aprende eou promove o aprendizado Assim dispondo de um rol amplo e qualificado de informações em vários níveis da organização organizacionais essas empresas inovam no intuito de acertar sempre mas se porventura errarem elas aprendem rápido com os erros e fazem os devidos ajustes táticos e estratégicos Por isso antes de avançarmos sobre os modelos de organização e gestão do conhecimento precisamos compreender os pressupostos básicos centrais do conceito central de conhecimento Em síntese há duas dimensões do conhecimento a ontológica atrelada aos níveis de aglomeração e difusão do conhecimento do individual ao grupal até o interorganizacional e a episte mológica ligada aos tipos de conhecimento explícitos e tácitos Os explícitos são mais fáceis de serem aprendidos transmitidos e disse minados pois eles já estão devidamente estruturados sistematizados e ou formalizados como os livros os manuais os recursos audiovisuais etc Já o conhecimento tácito não é tão simples de ser observado ou aprendido pois tratase do conhecimento pessoal ainda não formalizado Portanto ele está embasado nas intuições palpites comportamentos crenças e valores de cada indivíduo Logo muitas vezes esse tipo de conhecimento é difícil de ser obtido a nível grupal sendo muito complexa e desafiadora a sua disseminação De modo sequenciado segundo Takeuchi e Nonaka 2008 a combinação dos conhecimentos tácitos e explícitos individual ou coletivo ficou ampla mente conhecida no mundo como modelo SECI que explica como ocorre a amplificação e tratamento das informações até a construção e geração de conhecimento no que tange à qualidade e quantidade resultando em quatro modelos de conversões básicos conforme Quadro 37 173 Quadro 37 O modelo de conversão do conhecimento SECI 1 SOCIALIZAÇÃO É um modelo de conversão de conheci mentos de tácito para tácito ocorrendo somente entre os indivíduos com o compartilhamento e criação desses tipos de conhecimentos por meio de experiências diretas cotidianamente divididas entre eles e captadas pelo raciocínio sem especifica mente o uso de linguagem 2 EXTERNALIZAÇÃO De tácito para explícito é o modelo de conversão do conhecimento que ocorre do indivíduo para o grupo Aqui há a articu lação de conhecimentos tácitos mediante o diálogo e reflexão coletiva formulando conceitos hipóteses ou modelos que serão empregados de modo grupal 3 COMBINAÇÃO É um processo de sistematização de conceitos por intermédio de diversas combinações de conhecimentos explícitos gerando outros desse mesmo tipo partindo do grupo para organização Sistemati zando reconfigurando e aplicando os conhecimentos explícitos e as informações grupais será possível obter o conhecimento organizacional 4 INTERNALIZAÇÃO Nesse modelo de conversão o conhe cimento vai de explícito para tácito da organização para o indivíduo Portanto caberá ao indivíduo aprender e adquirir novos conhecimentos tácitos na prática ou seja aprender fazendo Dessa forma os manuais e documentos explícitos serão a matériaprima que ajudará os colabora dores a inconscientemente incorporarem suas experiências e acumularem novos conhecimentos tácitos Fonte adaptado de Reis 2008 Takeuchi e Nonaka 2008 Podemos notar que a produção de novos conhecimentos é cíclica e dinâmica motivos que justificam a sua gestão nas organizações Além disso dois enormes desafios se apresentam às empresas inovadoras repassar o conhecimento existente aos colaboradores de tudo aquilo que importa aos objetivos organizacionais fomentando a possiblidade de seus insights criativos obter ou capturar dos colaboradores suas habilidades informais e knowhow que são de difícil detecção e geralmente adquiridos como frutos de anos da experiência em suas funções e com isso transformando conheci mento tácito em explícito Portanto a criação do conhecimento organizacional é necessariamente espiralada de modo coletivo e cooperativo ou seja na forma de uma espiral contínua e fluida entre tácito e explícito iniciando no nível individual e subindo para os grupais intra e entre as divisões organizacionais 174 Figura 315 Espiral da criação do conhecimento organizacional Dimensão Epistemológica Dimensão Conhecimento explícito Conhecimento tático Socialização Internalização Combinação Indivíduo Grupo Organização Interorganização Externalização Nível de conhecimento Fonte Takeuchi e Nonaka 2008 p 70 Assimile O papel da organização no processo de criação do conhe cimento organizacional é promover o contexto apropriado para facilitar as atividades de grupo assim como a criação e o acúmulo de conhecimento em nível individual As cinco condições exigidas no nível organizacional para promover a espiral de conhecimento são interação autonomia flutuação e caos criativo redundância requi sito variedade TAKEUCHI NONAKA 2008 p 71 Desse modo fica claro que pensando em inovação como essência de estra tégia empresarial esta só é possível de ser alcançada por organizações que não somente tenham alta capacidade de aprender mas também de implantar processos essenciais em prol da implantação de um modelo de gestão do conhecimento Assim a capacidade de gerir adequadamente o conhecimento caminha por ações organizacionais estruturadas previamente estipuladas e 175 parametrizadas pela alta direção que devem que ser avaliadas e elevadas continuamente no intuito de explorar o conhecimento de modo contínuo Figura 316 Elementos construtivos da gestão do conhecimento Metas do conhecimento Avaliação do conhecimento Retenção do conhecimento Identificação do conhecimento Aquisição do conhecimento Retenção do conhecimento Partilha e distribuição do conhecimento Desenvolvimento do conhecimento Fonte adaptada de Probst Raub e Romhardt 2002 p 36 Para a construção de um modelo robusto de gestão do conhecimento dois aspectos se mostram críticos logo estratégicos e devem ser analisados A visão sobre o conhecimento a ser desenvolvido Quais investimentos em TI serão realizados pois segundo Takeuchi e Nonaka 2008 p 271 a chave para obter e sustentar a vantagem competitiva através da TI é o profundo entendimento de seu impacto nos negócios e na estratégia da empresa Entre outros benefícios após a implantação da gestão do conhecimento é possível afirmar que as organizações terão seus ativos intangíveis capitais intelectuais inteligência empresarial marcas e patentes etc potencialmente valorizados tendo em vista o aumento da percepção de valor agregados destes Entretanto tais vantagens só serão alcançadas impactando de modo significativo nos rumos das empresas inovativas caso a gestão do conheci mento esteja devidamente integrada a sua estratégia organizacional saindo de uma retórica teórica que é muitas vezes apenas objeto de marketing insti tucional para de fato ser o elemento alicerçante das práticas e táticas execu tadas no cotidiano organizacional 176 Partindo dessa premissa e de que a essência da gestão do conhecimento está no constante compartilhamento das experiências e entendimento do que as pessoas sabem tornase vital para as organizações criar modelos que propiciem a reprodução do contexto de seus conhecimentos Por isso de acordo com Takeuchi e Nonaka 2008 a gestão do conhecimento deve centrarse em três aspectos principais Foco nos ativos intangíveis Conversão dessa gestão em algo explícito e factível incentivando a participação de todos Criação de formas de facilitação e compartilhamento de aprendi zados saberes e experiências Há uma infinidade de modelos descritos na literatura mas há consenso na maior parte deles de que a gestão do conhecimento nas organizações se dá pela estruturação de um sistema de profunda interação do ambiente interno e externo da organização captando continuamente os saberes desenvolvidos pelas pessoas Por isso escolhemos dois modelos que entendemos sintetizar e traduzir de modo prático e simplificado as ações necessárias das empresas em prol de práticas de inovação na chamada Sociedade do Conhecimento Primeiro vamos apresentar o modelo de Capitais do Conhecimento Figura 317 proposto por Cavalcanti e Gomes 2001 em que os quatro capitais de uma empresa estrutural intelectual ambiental e de relaciona mento são gerenciados de modo constante e efetivo para que haja a gestão do conhecimento organizacional Em tese um capital não é mais impor tante ou relevante que outro mas pode variar conforme as características e potencial de cada empresa Nesse modelo o aspecto preponderante para o crescimento organizacional é a sinergia entre os capitais Quanto mais harmônica e simbiótica for a interação entre esses capitais maior será o potencial de geração de conhecimento inovação e inteligência empresarial da organização 177 Figura 317 Os capitais do conhecimento Capital Intelectual Conhecimen tos tácito e explícito Habilidades e experiência Aptidões dos indivíduos Talento e expertise Know how Capital de Relacionamentos Colaboradores Clientes Fornecedores Concorrentes Outros stakeholders Capital Estruutural Sistemas administrativos Gestão e processos Cultura organizacional Marcas e patentes Instalações equipamentos TICs e SI Produtos e serviços Capital Ambiental Aspetos socioeconômicas Aspectos legais Aspectos éticos e culturais Aspectos governamentais Aspectos financeiros Capital Intelectual Capital de Relacionamentos Capital Estrutural Capital Ambiental Fonte adaptada de Cavalcanti e Gomes 2001 p 12 Exemplificando Imagine uma equipe da Fórmula 1 que tenha um excelente carro capital estrutural grande poder financeiro e cumpra aspectos e ações sociais responsáveis capital ambiental tenha bons mecânicos e um piloto talentoso capital intelectual mas que receba pneus que não estejam atendendo plenamente suas necessidades Você acredita que ela possa desenvolver o modelo de Capitais do Conhecimento na prática Possi velmente não pois faltará capital de relacionamento com fornece dores que é imprescindível para haja forte interação sinérgica entre todos capitais O outro modelo de organização do conhecimento que apresentamos é proposto por Angeloni 2008 Inicialmente a autora explica que os saberes individuais ou socialmente compartilhados entre os grupos são extremamente 178 valiosos para suprir as demandas e problemas que se apresentam na socie dade Dessa forma as organizações do conhecimento são aquelas que fazem a gestão desse ativo de modo cíclico em três dimensões principais tecnologia pessoas e infraestrutura organizacional e suas respectivas faces secundárias Como podemos ver na Figura 318 o modelo é apresentado em formato atômico para salientar que as dimensões e suas variáveis interagem dinami camente entre si bem como estão expostas aos estímulos daquelas que se inserem no ambiente externo O objetivo é simples e evidente facilitar disse minar e fomentar o conhecimento organizacional por todos na empresa Figura 318 Modelo de organizações do conhecimento TECNOLOGIA INFRAESTRUTURA ORGANIZACIONAL ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO Ambiente Externo PESSOAS Redes Datawarehouse Datamining Groupware Visão holística Intuição Modelos mentais Criatividade e inovação Compartilhamento Aprendizagem Cultura Estrutura Estilo gerencial GEDEED Workflow Fonte adaptada de Angeloni 2008 Por fim quando pensamos em inovação na prática após a realização de todo o trabalho de administração do conhecimento e a aprendizagem organizacional é chegado o momento de as empresas colocarem em prática e executar todos esses saberes que foram obtidos traduzindoos na forma de produtos e serviços que serão ofertados aos mercados consumidores Aqui nessa etapa é fundamental que as empresas façam um trabalho de marketing minucioso afinal não basta oferecer produtos no mercado 179 de qualquer forma e vender apenas uma vez O objetivo é que a partir do aumento conhecimento dos clientes e dos anseios de mercado as organi zações diminuam seus custos e gastos com esforços de vendas Portanto o foco do conhecimento organizacional é gerar soluções de mercado atender satisfatoriamente aos consumidores além de desenvolver relacionamentos mutuamente satisfatórios com eles Para isso aspectos fundamentais como o timing em que esse produto deve ser lançado e o local de lançamento são medidas fundamentais para o sucesso dos novos produtos Preparar o públicoalvo de modo correto para o lançamento de um novo produto ou serviço é fundamental Nesse momento todo o aprendizado e conhecimento organizacional é colocado à prova afinal pouco adianta saber muito mas não emplacar e sustentar suas inovações no mercado Além disso não podemos perder no horizonte o investimento realizado até o momento Há produtos geralmente de maior valor agregado que tiveram alto gastos realizados em PD e não podem simplesmente ser abortados por conta dos prejuízos evidentes Contudo para Trott 2012 a maior parte dos produtos terão fortes gastos em publicidade e propaganda exatamente no momento do seu lançamento e introdução no mercado Por isso é fundamental que as organizações trabalhem ativamente aspectos de marketing em relação à promoção de vendas que atraiam e fidelizem os clientes ou ainda promovam parcerias com fornecedores distri buidores parceiros comerciais e até mesmo com concorrentes em prol de tornar longevas as inovações recémlançadas Agora prezado aluno você pode afirmar que aprendeu sobre inovação em toda a sua amplitude desde os conceitos introdutórios sobre inovação passando pela gestão do conhecimento organizacional até o lançamento e inserção dos produtos no mercado Agora é o momento de praticar os conhe cimentos recémadquiridos Sem medo de errar Caro aluno você deve ter aprendido que mais que um conceito teórico a aprendizagem e o conhecimento organizacional podem ser considerados como os elementos essenciais que impulsionam a inovação nas empresas de modo prático Por isso vamos voltar à situação problema e ajudar o dono da startup games Erick Gonçalves na solução dos seus problemas Recapitulando em linhas gerais a situação o empreendedor desde muito jovem nutria grande paixão pelo mundo dos games e jogou uma infinidade de jogos em diversos tipos de consoles O tempo passou e o menino cresceu estudou computação e sistemas especializandose no desenvolvimento 180 e produção de games e jogos eletrônicos Após algum tempo criou a sua própria startup na área de criação e desenvolvimento de jogos a games Todavia apesar do ótimo desempenho e evolução da empresa desde a sua fundação ele sabia que a empresa precisaria continuar inovando e sendo criativa Porém algumas situações não corroboravam para isso criando problemas e impactando a criatividade e inovação Por isso vamos auxiliálo e propor soluções para a sua empresa Um dos maiores desafios organizacionais que existem no que tange ao compartilhamento de conhecimento está na transformação do conheci mento tácito em explícito ou seja fazer com que seus colabores dividam experiências expertise e knowhow individual para que seja assimilado pela empresa podendo gerar manuais e instruções de boas práticas O modelo de conversão do conhecimento SECI explica e detalha essa situação Por isso a implantação de um modelo de gestão do conhecimento na games será tão importante pois de modo estruturado oferecerá uma série de medidas que incentivem e promovam naturalmente esse compartilhamento entre as pessoas em prol da evolução de todos e obviamente da própria empresa Outra questão que deve ser rapidamente alterada pelo empreendedor é atrelar de modo prático e não apenas em teoria um modelo de gestão do conhecimento alinhado à estratégia organizacional que fomentasse a aprendizagem organizacional Como estudamos há inúmeros exemplos de modelos na literatura Todavia cabe à própria diretoria escolher o melhor modelo segundo as suas características e necessidades para que obtenha os melhores resultados Por fim entre os mecanismos que poderiam ser criados em um primeiro momento para incentivar a inovação de modo contínuo sugerese investi mentos constantes em três frentes Aprendizagem é por esse importante fator que novas descobertas e invenções são realizadas sendo essas a matériaprima fundamental da inovação Assim será possível encontrar novos usos novas formas de fazer novas habilidades e competências novos produtos e serviços nichos mercado etc Clientes tornar esse stakeholder partícipe do processo de aprendi zagem e conhecimento é fundamental para melhor conhecer seus anseios e com isso produzir produtos mais assertivos em relação às suas necessidades e desejos O cliente é um recurso valioso desde a fase inicial de concepção até a realização de testes de mercado 181 Colaboradores em suma são os principais agentes inovadores nas organizações pois devem trabalhar cotidianamente voltados a essa perspectiva Por isso é fundamental que a empresa adote medidas que incentivem os colaboradores a continuamente estarem inovando e compartilhando novos saberes e conhecimentos com a empresa Uma boa medida adotada comumente em empresas inovadoras é a flexibi lização da jornada de trabalho para o que os colaboradores possam desenvolver ou trabalhar em projetos pessoais diversos que podem ser inclusive futuramente adquiridos pela própria empresa Portanto prezado aluno agora que propomos algumas intervenções pertinentes na games é importante que você possa continuar estudando e aperfeiçoando os seus conhecimentos na área de inovação Além de conhecer e aplicar os principais termos aplicados à inovação reconhecendoa como um processo de desenvolvimento organizacional de extrema importância você está apto a elaborar diagramas e gráficos do fluxo de processos e ideias nas organizações em prol da construção da aprendizagem conhe cimento invenção e descobertas até o resultado final desejado que seja a inovação contínua Parabéns e até a próxima Faça valer a pena 1 O processo inovador só é possível por meio do desenvolvimento de um ciclo constante de aprendizagem conhecimento e aprimoramento do relacio namento com o cliente o que representa muitos desafios O aperfeiçoamento desses processos está atrelado às fases de desenvolvimento de novos produtos DNP sendo que em cada fase o cliente exercerá um papel diferente Dessa forma leia as asserções a seguir sobre o papel do cliente I No desenvolvimento de novos produtos o cliente pode ser usado como recurso na fase de design e desenvolvimento PORQUE II As empresas principalmente as de pequeno porte não têm incen tivos governamentais para inovar e depende do suporte dos clientes para tal objetivo 182 A respeito dessas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 2 A interação entre ambiente externo e interno é fundamental para a aprendizagem empresarial pois essa não advém apenas das informações dos clientes mas sim de uma complexa simbiose oriunda das mais diversas fontes de informações inovadoras que podem se transformar em algo maior como a construção estruturada de um conhecimento coletivo Por isso é tão importante a espiral do conhecimento organizacional A interação constante entre colaboradores empresas e clientes é fundamental para a geração do conhecimento Mas o que significa espiral do conheci mento a É o movimento circular do conhecimento que vai de quem ensina para o aprendiz retornando a sua fonte original b É o modelo de conhecimento que salienta as dimensões circulares sendo apresentado em formato atômico c São os quatro capitais de uma empresa estrutural intelectual ambiental e de relacionamento que espiralam de modo constante d É o movimento de retorno do conhecimento às universidades e centro de pesquisas após passar pelos consumidores e empresas e Tratase da criação do conhecimento organizacional que ocorre de modo cooperativo coletivo e contínuo entre tácitos e explícitos 3 O modelo de Capitais do Conhecimento ocorre pelo gerenciamento de modo constante e efetivo dos quatro capitais de uma empresa estrutural intelectual ambiental e de relacionamento para que haja a gestão do conhe cimento organizacional Em tese um capital não é mais importante ou relevante que outro mas pode variar conforme as características e potencial de cada empresa Nesse modelo o aspecto preponderante para o crescimento organizacional é a sinergia entre os capitais Quanto mais harmônica e simbi 183 ótica for a interação entre esses capitais maior será o potencial de geração de conhecimento inovação e inteligência empresarial da organização Dessa forma avalie a utilização dos exemplos e tipos de capitais a seguir I Aspectos socioeconômicos legais éticos e culturais financeiros e governamentais são exemplos de capital ambiental II O capital estrutural é formado pelo conhecimento tácito e explícito além do talento expertise e knowhow estrutural III Os sistemas administrativos a cultura organizacional e as tecnolo gias de comunicação e informação TIC formam o capital intelec tual IV O capital de relacionamentos é representado pelas interações da empresa com clientes colaboradores e fornecedores entre outros É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV Referências ALVARENGA NETO R C D Gestão do conhecimento em organizações proposta de mapea mento conceitual integrativo São Paulo SP Saraiva 2008 Disponível em httpsintegrada minhabibliotecacombrbooks9788502117211cfi0 Acesso em 12 jan 2020 ANGELONI M T Organizações do conhecimento infraestrutura pessoas e tecnologias 2 ed São Paulo Saraiva 2008 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr books9788502125094cfi044000115 Acesso em 13 jan 2020 BALESTRIN A VERSCHOORE J Redes de cooperação empresarial estratégias de gestão na nova economia 2 ed Porto Alegre Bookman 2016 Disponível em httpsintegradaminhabi bliotecacombrbooks9788582603987cfi624200 Acesso em 29 dez 2019 BROWN T Design thinking Harvard Business Review p 110 jun 2008 Disponível em httpsreadingsdesignPDFTim20Brown20Design20Thinkingpdf Acesso em 10 jan 2020 CAVALCANTI C C FILATRO A C Design thinking na educação presencial a distância e corporativa São Paulo Saraiva 2016 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ANPAD Rio de Janeiro v 18 n 4 p 372396 julago 2014 Disponível em httpwww scielobrpdfracv18n414156555rac180400372pdf Acesso em 6 jan 2020 FIGUEIREDO P N Gestão da inovação conceitos métricas e experiências de empresas no Brasil 2 ed Rio de Janeiro LTC 2015 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacom brbooks9788521629207cfi624220000 Acesso em 30 dez 2019 GUNDLING E The 3M Way to Innovation balancing people and profit Tradução O caminho da 3M para a inovação equilibrando pessoas e lucros New York Kodansha America 2000 HELMANN C L NATUME R Y CARVALHO H G A relação entre Gestão do Conhecimento e Inovação Tecnológica nas Organizações Revista Espacios v 36 n 7 p 10 2015 Disponível em httpswwwrevistaespacioscoma15v36n0715360710html Acesso em 15 jan 2020 KOTLER P KELLER K L Administração de marketing 14 ed São Paulo Pearson Prentice Hall 2012 Disponível em httpsbv4digitalpagescombrtermkotlersearchpage1fil trotodosfrombuscalegacy3323 Acesso em 8 jan 2020 LONGENECKER J G et al Administração de 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MONTEIRO A O que é a Inovação Social maleabilidade conceitual e implicações práticas DADOS Revista de Ciências Sociais Rio de Janeiro v 62 n 3 p 134 set 2019 Disponível em httpwwwscielobrpdfdadosv62n300115258dados623e20170009pdf Acesso em 30 dez 2019 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Manual de Oslo diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação 3 ed Paris OCDE 2005 Disponível em httpswwwmcticgovbrmcticexportsitesinstitucionalindicadores detalheManuaisOCDEManualdeOslo3edicaoemportuguespdf Acesso em 5 jan 2020 PROBST G RAUB S ROMHARDT K Gestão do conhecimento os elementos construtivos do sucesso Porto Alegre Bookman 2002 REIS D R Gestão da inovação tecnológica 2 ed Barueri SP Manole 2008 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788520452141cfi042100000 Acesso em 7 jan 2020 ROSA A C M et al Métricas e Indicadores de Inovação proposta de desenvolvimento de sistema de medição de desempenho da OI em EBTS de pequeno porte In SIMPÓSIO DE 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da gestão de pessoas e suas aplicações potencializando a composição de equipes para o seu negócio fortalecendo a sua capacidade de liderança Não obstante conhecer e prever os aspectos relacionados à elaboração de projetos de inovação é propriamente a competência a ser desenvolvida nesta unidade de ensino A intenção é evidenciar os pontos críticos de sucesso dos projetos e de empreendimentos diversos com atenção especial ao fator humano como crítico na composição de vantagens competitivas sustentá veis ao longo do tempo e às possibilidades financeiras de redução de custo e alavancagem de resultados a partir do potencial empreendedor e da inovação nos negócios Além disso temas como inovação ecossistema de inovação aspectos de incentivo e fomento da inovação serão desenrolados com o intuito de ampliar a sua capacidade autônoma e crítica frente às possibilidades de negócios no mercado Com isso a unidade gerará o seguinte resultado de aprendizagem a capacidade de elaboração de um projeto de inovação tecnológica e de mapas contextuais estratégicos havendo a partir disso ganhos de eficiência e asser tividade de gestão no âmbito da inovação e do empreendedorismo Bons estudos 188 Seção 1 Inovação se faz por meio de pessoas Diálogo aberto Você já refletiu sobre o processo de inovação em termos práticos Já analisou alguma cadeia de inovação na qual pudesse identificar pontos fortes ou pontos a melhorar de alguma empresa Esta leitura o ajudará na tarefa de diagnosticar cadeias de valor de inovação a partir da perspectiva de dois autores Hansen e Birkinshaw 2007 Segundo eles tal cadeia passa essencialmente por três etapas geração conversão e difusão de ideias Para aplicar em uma primeira oportunidade o diagnóstico por meio da cadeia proposta por Hasen e Birkinshaw 2007 veja o caso de Camila Camila é gerente de uma unidade de negócios em que as ideias não param de surgir Advindas de visitas a clientes participação em congressos brains tormings com outras equipes etc as ideias são a todo momento atualizadas e apresentadas pela equipe de Camila Mas a situação é a seguinte apesar do volume considerável de ideias Camila não consegue implementar nenhuma delas Algumas informações importantes que precisam ser extraídas giram em torno da cultura organizacional na qual Camila e sua equipe se encon tram bem como do contexto socioeconômico do setor de atuação No primeiro caso a organização não dispõe de orçamento flexível para aceitar maiores riscos configurando um posicionamento conservador em relação ao âmbito da inovação Exatamente por isso Camila assim como os demais líderes não possui autonomia para decidir sobre a perenidade ou mesmo o início de novos projetos Agora com relação ao contexto socioeconômico os estímulos governa mentais cessaram e o setor encontrase em decadência Somente os players que conseguem inovar com maior rapidez têm sustentado o marketshare de antes Vale destacar que para diminuir a insatisfação da equipe Camila começou a criar fóruns para discutir novas ideias convidando pessoas de outras áreas e profissionais externos para ajudar no processo de seleção das ideias propriamente ditas Com todas as informações destacadas acima e na posição de consultor de Camila proponha a abordagem mais assertiva para fomentar a inovação 189 na empresa em questão Além disso faça um diagnóstico de qual das etapas da cadeia de inovação encontrase o gargalo enfrentado pela equipe liderada por Camila e qual foi seu principal erro em todo o processo Mãos à obra Não pode faltar Você já parou para pensar como acontece o processo de inovação dentro das organizações Quer dizer já imaginou as etapas pelas quais os novos produtos passam antes de chegar nas mãos do cliente final ou ainda como acontece o processo de inovação nas práticas empresariais e nos processos internos Tudo começa pela concepção de uma ideia seja ela voltada para melhoria de um processo criação de um novo produto serviço ou ainda implemen tação de uma nova prática Em um segundo momento após aprovada a ideia é preciso sistematizar os próximos passos planejando e elencando parâme tros de mensuração que servirão para medir o impacto da mudança em termos de economia ou obtenção de recursos Por fim após implementada a ideia deve ser espalhada mesmo que não tenha obtido sucesso isso porque as lições aprendidas com projetos inexitosos são tão valiosas quanto as de projetos que obtiveram sucesso dentro das organizações pois impedem que outras áreas cometam os mesmos erros ou por outro lado sugerem um novo caminho a ser percorrido No mercado há muitas empresas com grandes oportunidades de inovação mas empacam na etapa de conversão das ideias em projetos assim como há empreendimentos que capturam excelentes ideias convertemnas em projetos mas na hora de replicar as lições aprendidas e o conhecimento gerado também não obtêm êxito Dessa forma é preciso diagnosticar qual parte geração conversão ou difusão de ideias do negócio não tem fluído com necessária eficácia Antes de abarcar projetos em inovação portanto os gestores precisam ter em mente a estrutura vigente de inovação dentro da organização em que atua De outra perspectiva o agente empreendedor deve ter clareza das etapas que serão adaptadas e que por outro lado devem ser aprimoradas para atender às necessidades de inovação do negócio especificamente Para ajudar as empresas na compreensão do desempenho em inovação Hansen e Birkinshaw 2007 propõe o conceito de cadeia de valor da inovação No modelo há três grandes fases a saber geração conversão e difusão Em paralelo há atividades que são empenhadas e perpassam as fases anterior mente citadas são no geral atividades relacionadas à busca e organização 190 de ideias à seleção e análise de viabilidade técnica e econômica bem como à disseminação do conhecimento gerado para outras áreas internas e para o mercado Quando identificada uma debilidade há a necessidade de sua calibração para retomar ou manter a fluidez do processo de inovação dentro de uma organização ou empreendimento Essa debilidade pode estar relacionada a qualquer das atividades e consequentemente etapas supracitadas De outra forma tendo em vista todas as atividades envolvidas no macroprocesso de inovação a gestão pode identificar os gargalos ou seja as atividades que precisam ser melhoradas para atender às necessidades de inovação do negócio sejam elas incrementais ou disruptivas Essa consci ência permite até mesmo a contratação mais assertiva de colaboradores pois pode compensar as debilidades da estrutura de inovação com as habili dades e competências das pessoas vide proposta de gestão por competências mais a frente Reflita Não basta replicar boas práticas de cases de sucesso do mercado mas sim fazer a gestão refletir e diagnosticar o desempenho da cadeia de valor da inovação de maneira personalizada ad hoc com vistas à cultura organizacional ao mapa estratégico do negócio e à visão de futuro que a empresa propõe do contrário pode incentivar uma etapa que já apresenta fluidez e negligenciar a outra impactando negativa mente a cadeia de valor de inovação da empresa Quando uma empresa falha em uma inovação será que o problema foi a implementação ou o fato de que a ideia proposta não era interes sante e viável Exemplificando Uma empresa com alto volume de ideias geradas todos os meses começou a promover sessões de brainstorming para fomentar a geração de conhecimento e sinergia entre equipes mas o que aconteceu foi justamente o aumento no número de novas propostas Devido à negligência da alta administração em reconhecer o gargalo na etapa de convergência de ideias e promover a já operante etapa de geração de ideias acabou frustrando os colaboradores que começaram a esbarrar em falta de orçamento e alta competição interna 191 O cenário exposto acima é verídico e aconteceu na empresa Sony na década de 1990 vide artigo de James Surowiecki 2005 para a revista The New Yorker A abordagem tradicional da cadeia de valor por outro lado elege o desenvolvimento de produtos e atividades em pesquisa e desenvolvimento Mesmo assim conforme evidências apresentadas por Demonel e Marx 2013 o modelo pode ser aplicado a empresas low tech e startups Nos casos analisados pelos autores empresas industriais de grande porte tecem estraté gias objetivos e recursos de modo bastante semelhante às empresas high tech mesmo o setor não apresentando orientação à inovação Não obstante ao aproximar o método lean startup da cadeia de valor da inovação é possível verificar etapas de validação de ideias e desenvolvimento de ciclos de iteração dos produtos e serviços Para efeito de uma empresa nascente a etapa de geração de ideias pode ser representada pela confecção do plano de negócio ou testagem e validação junto ao mercado enquanto o desenvolvimento pode ser atividade exclusiva do negócio nos primeiros anos de vida e representar por sua vez a etapa de conversão de ideias Por fim a difusão pode ser executada por meio do compartilhamento de lições aprendidas junto a parceiros e rede de apoio formada no entorno do empre endimento ADES et al 2010 Perceba que o modo de inovar pode variar de setor para setor ou mesmo de empresa para empresa A cadeia de valor nesse sentido está acoplada ao modelo de negócio Há empresas que inovam por meio de fornecedores gestão do conhecimento interno ou mesmo criando uma rede de colabo ração mundial É o caso de softwares opensource do inglês código aberto que permite aos usuários implementar melhorias e replicar novas versões vide navegador Firefox e o manipulador de imagens Gimp Seja na criação de ideias pontuais em times áreas específicas e com colaboração externa seja na análise de viabilidade técnica e econômica todas as ideias devem resultar em movimentos de difusão dentro da organização ou do projeto como um todo pois as lições aprendidas e a sinergia criada podem gerar resultados ainda mais atrativos HANSEN BIRKINSHAW 2007 Em linhas gerais portanto a inovação é um processo integrado que perpassa a geração de valor até a difusão da inovação por toda a organização Em outras palavras todo processo de inovação gera conhecimento que deve por sua vez ser compartilhado A gestão de conhecimento nesse sentido é um ativo estratégico na gestão da tecnologia Apesar de não carac terizar parâmetro exclusivo de inovação a tecnologia por sua vez representa grandes oportunidades de inovação propriamente dita 192 As fontes de novas ideias são variadas podem vir tanto do mercado clientes usuários como do processo de benchmarking de dados secundá rios relatórios especializados congressos ou mesmo da literatura de áreas correlatas ao negócio Tais ideias passam por análise de viabilidade como comentado anteriormente e tal atribuição varia de empresa para empresa Por exemplo em uma empresa de ativos digitais a área que valida a ideia pode ser inteligência planejamento e time técnico já dentro de uma estrutura industrial essa validação pode passar pelas áreas de engenharia produção marketing e PD Perceba que mais importante do que ter claro quais são os objetivos estra tégicos de um negócio é saber tudo aquilo que não o é De outra forma a empresa pode facilmente perder o foco e fomentar a própria evasão de clientes ou usuários É comum ver esse movimento em empresas de softwares pois como o cliente é da área de negócios muitas vezes e não entende do universo de tecnologia pode pedir várias soluções dentro de uma só e na ânsia por atender a empresa pode acoplar diversas funcionalidades que fogem do propósito inicial daí pouco tempo depois podem surgir problemas de posicionamento do produto no mercado Propostas de incorporação de funcionalidades como a exposta acima podem ser barradas logo na etapa de convergência de ideias Para Hansen e Birkinshaw 2007 essa etapa equivale ao processo de desenvolvimento de produto dentro das organizações Nesse momento no geral a área de marke ting é acionada para validar a hipótese de negócio no mercado Somente após isso haverá a definição sobre quais projetos serão priorizados e lançados para desenvolvimento Cada empresa portanto gerencia esse fluxo de atividades de uma forma adaptando diferentes métodos e recursos de acordo com a realidade pontual do negócio como exposto parágrafos acima Vale destacar que para que sejam aprovados projetos de tecnologia é preciso levar em consideração não somente os objetivos organizacionais como também parâmetros de valoração de projetos que permitam riscos fluxo de caixa descontado ROI etc Tais aspectos de priorização de projetos compõem a segunda etapa da cadeia de inovação no caso a conversão de ideias Nesse ínterim é preciso criar um programa de captura e seleção de ideias que fomente uma rede de inovação dentro da organização mesmo em empresas low tech Implementadas as ideias na etapa de difusão são realizadas ações para pulverizar a prática o processo o produto no mercado ou ainda dividir esse conhecimento seja interna ou externamente à empresa As formas de difusão são variadas e dependem da intenção É possível criar campanhas publicitárias dedicadas à divulgação de novos produtos ou serviços ou de 193 outro lado publicar as experiências em revistas científicas e em formato de postagem anúncios sobre as mesmas experiências no site ou rede intranet da organização Ainda sobre a etapa de difusão é possível criar novos modelos de negócio a partir das lições aprendidas em determinado processo de inovação Nesse sentido as inovações tecnológicas podem compor novos modelos de negócio É o caso das grandes empresas digitais iFood Uber Airbnb Mas como tornar a organização assertiva no que diz respeito à geração conversão e difusão de ideias para novas práticas processos serviços e produtos Uma empresa precisa formar uma rede com elos de qualidade que fomentarão a inovação orientada a resultados As redes podem ser externas capturando soluções em todo o ecossistema que integra como também internas fomentando a troca de conhecimentos e ganhos de sinergia por meio da multidisciplinaridade Existem basicamente duas modalidades de redes externas de soluções e de descobertas Em ambos os casos a gestão deve preferir diversidade no lugar de volume de contatos reunindo profissionais e entidades que agreguem conhecimentos e informações únicas ou pelo menos as mais diferentes possíveis HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL 2011 Por outro lado há as redes internas de inovação Essas devem priorizar a interdisciplinaridade e os vínculos sociais Dessa forma não adianta promover brainstormings pontuais mas sim promover as relações entre pessoas de diferentes departamentos É o exemplo da PG no desenvolvi mento de um produto para higiene e limpeza da pele com o produto Olay Daily Facials agruparam profissionais de outras divisões pele lenços de papel papel higiênico amaciantes e sabão em pó para combinarem conhe cimentos diversos na proposição do novo produto HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL 2011 Há diversos exemplos de empresas que promovem a inovação por meio de redes de colaboração inclusive internacional Duas ações comuns a essas iniciativas são a descrição do problema de negócio e a captura de propostas de resolução diversas Geralmente a contrapartida é remuneratória e pode vir de colaboradores internos ou externos à organização HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL 2011 A essa altura você já reparou o quão importante é o fator humano na cadeia de valor da inovação O fator humano é tão importante quanto a cultura que interfere nas decisões dentro das organizações Moore 2008 reconhece essa premissa ao identificar que a fase de amadurecimento da ideia e da canalização para financiamento é a mais desafiadora por encarar 194 barreiras culturais estruturais relacionadas à burocracia envolvida no processo de aprovação alocação e de recursos para o seu desenvolvimento A título de ilustração a aproximação de colaboradores de diferentes áreas facilita a triagem de ideias pois o veto pode acontecer muito depois de serem investidos recursos de tempo e pessoas em determinado projeto que não poderia ser levado adiante Isso acontece ao mesmo tempo que o processo de triagem é revestido de credibilidade por abarcar pessoas de diversas áreas afetadas Nesse sentido o resultado dessa tática tange aos seguintes recursos tempo custo e qualidade CROSS 2007 Para diminuir a resistência frente à inovação a gestão também pode orquestrar a troca de conhecimento e as atitudes de colaboração e boa vontade fomentando o ambiente criativo e disruptivo A troca de ideias e a interação social são extremamente importantes no processo e para facilitar essa interação uma das possíveis estratégias recai na gestão por competên cias CROSS 2007 Em termos de organização das equipes com foco na inovação uma das abordagens mais eficazes e aplicadas hoje nas organizações é exatamente a gestão por competências Convergindo a perspectiva francesa com a norte americana competências seriam conhecimentos habilidades e atitudes aplicadas no contexto organizacional e medidas por meio do desempenho CARBONE et al 2009 Em termos de inovação portanto o fator humano é mais crítico pois somente ele pode sustentar vantagens competitivas na linha do tempo De outro modo como a obsolescência das vantagens competitivas é uma reali dade quando levadas em consideração as variáveis do macroambiente então somente a sinergia criada na composição de diferentes competências poderá encorpar o conhecimento necessário para manutenção ou renovação das vantagens competitivas para o negócio CARBONE et al 2009 Assimile São exemplos de vantagens competitivas o uso de fonte de matéria prima exclusiva localização geográfica privilegiada redução de custos logísticos ou proximidade com cadeia de fornecedores estratégica proteções legais barreiras alfandegárias patentes etc No entanto a vantagem competitiva pode ficar obsoleta conforme alterações nas variáveis macroambientais a saber econômicas sociais culturais demográficas políticas tecnológicas legais e ecológica De outro modo uma forma de alinhar a gestão de pessoas à estratégia organizacional é propriamente a abordagem por competências Para elucidar 195 a possibilidade veja o elenco de atividades que podem servir para melhor acomodar as competências individuais às demandas estratégicas da organi zação educação corporativa identificação e alocação de talentos orientação profissional orientação de carreira remuneração benefícios e por último comunicação interna CARBONE et al 2009 No que diz respeito ao papel da gestão nas palavras de Carbone et al 2009 p 77 gerenciar competências significa planejar captar desenvolver e avaliar nos diferentes níveis da organização as competências necessárias à consecução de seus objetivos À medida que a equipe ganha sinergia no somatório de competências individuais e autonomia para implementar melhorias na cadeia de valor da inovação há terreno propício para desenvolvimento da capacidade de autogerenciamento Essa configuração de equipes é essencial para empresas que buscam escalabilidade seja em produtos serviços processos práticas ou projetos Seja o líder ou a líder que fará diferença no contexto organizacional Há espaço para todos os bons profissionais que buscam elencar soluções asser tivas na resolução dos problemas de negócio Para isso pratique a postura crítica e autônoma e nunca deixe de atualizar os seus conhecimentos Essa deve ser uma atividade constante Sem medo de errar Você se lembra da gestora Camila e a sua saga por fomentar a inovação A etapa de geração de ideias é operante na estrutura organizacional em que ela atua no entanto a sua gestão deparase com falta de autonomia e ainda desafios em relação à realidade socioeconômica do setor Frente a perda de marketshare dos players do setor Camila começou a promover sessões de debates dedicadas a novas ideias afim de promover a inovação e continuar com a sua fatia de clientes No entanto no lugar de diminuir a insatisfação em relação às ideias não selecionadas ampliou o sentimento de frustração dos colaboradores pois eles começaram a aplicar ainda mais esforços em ideias que não poderiam sequer chegar na etapa de conversão Então o primeiro erro identificado é em relação ao gargalo conversão versus promoção da etapa já operante da cadeia de valor da inovação Ou seja em vez de identificar a etapa de conversão como gargalo e trabalhar para melhorar o seu desempenho Camila fomentou a etapa da geração de ideias já operante Por fim vale sugerir a Camila que ela volte os olhos para o seu time e desenvolva a etapa de seleção de ideias por parte de pessoas que detêm 196 essa competência analítica e o conhecimento do mapa estratégico e dos objetivos organizacionais da empresa Dessa forma ela diminui a frustração com a aplicação de parâmetros claros dentro de um programa de inovação preestabelecido Uma possível abordagem para apresentar os itens acima a Camila é elaborar um projeto de inovação tecnológica baseado na cadeia de valor da inovação e de mapas contextuais estratégicos que possam sustentar a argumentação anterior É possível replicar a aplicação da proposta de Hansen e Birkinshaw 2007 noutros contextos Faça o teste e divirtase aprendendo Faça valer a pena 1 O conceito da cadeia de valor da inovação sugerido por Hansen Birkinshaw 2007 propõe uma visão ampla e integrada do processo de inovação na empresa não restrito ao processo de desenvolvimento de produto considerando a inovação dentro de uma lógica não linear e sistêmica de cadeia envolvendo três distintos e interligados elos DEMONEL MARX 2015 p 990 Para identificar as debilidades da cadeia de valor da inovação Hansen e Birkinshaw 2007 propuseram a avaliação de três etapas a saber a Concepção conversão e difusão b Geração convergência e difusão c Geração conversão e compartilhamento d Geração conversão e difusão e Desenvolvimento convergência e pulverização 2 Jéssica possui uma equipe com bastante diversidade seja em ao perfil individual ou às funções que gerencia Atualmente tem enfrentado a seguinte situação pessoas com muito tempo de casa cansadas de executar as mesmas tarefas Qual é a melhor abordagem de gestão de pessoas caso Jéssica queira ganhar sinergia e restaurar a motivação do time a Gestão de pessoas b Gestão por competências 197 c Gestão por conhecimento d Gestão por tecnologias e Gestão da cadeia de conhecimento 3 A proposta de Hansen e Birkinshaw 2007 busca analisar a inovação como um processo integrado desde a geração do conceito até a difusão da inovação entre as outras áreas da organização Para isso os autores dividem a cadeia de inovação em três elos principais geração conversão e difusão de ideias e seis tarefas conectivas colaboração interna externa e entre unidades seleção e desenvolvimento e difusão de ideias selecionadas Esses três elos devem ser gerenciados com foco nos elos mais fracos de forma a incrementar a gestão da cadeia de valor da inovação na empresa JUNIOR SALERNO MIGUEL 2014 p 3 Complete as lacunas do trecho que segue Opode ser incorporado na etapa dedentro da cadeia de valor da inovação Ou seja por meio dano mercado produtos e serviços ou na realidade da equipe processos e práticas é possível identi ficar quais ideias deverão seguir para implementação e quais deverão ser interrompidas Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas acima a reconhecimento facial conversão de ideias aprovação de hipóteses b método lean startup difusão de ideias testagem de hipóteses c método lean startup geração de ideias aprovação de tecnologias d método inovador geração de ideias testagem de hipóteses e método lean startup conversão de ideias testagem de hipóteses 198 Seção 2 Ecossistema de inovação Diálogo aberto Você já notou o quão rica é a cultura de cada lugar Já reparou que alguns costumes por mais cotidianos e comuns que possam parecer são capazes de sustentar diversos negócios É o caso do consumo de arroz e feijão nas refeições de todo brasileiro Ou ainda como a utilização de repelentes locais pode combater com maior eficácia os insetos daquele determinado local Aspectos como os supracitados são importantes na hora de formatar um modelo de negócio E para todas as hipóteses há testes de viabilidade que precisam ser executados bem como conhecimentos e dados primários que precisam ser coletados para garantir o sucesso do empreendimento Para pensar sobre o assunto apresentamoslhe a Cirila Cirila acaba de começar uma confecção própria dedicada à cultura local de seu povo A intenção da empreendedora é divulgar o artesanato da população local a partir da venda online de camisetas com signos que representam a cultura propriamente dita Ela mora na região centrooeste do Brasil e quer reafirmar o orgulho das pessoas da região Para isso pensou em capitalizar aspectos culturais locais para então formar uma rede de negócios sustentável Você como mentor da aceleradora de startups regional foi selecio nado para ajudar Cirila em seu projeto Aqui vale destacar que é necessário levantar pontos como 1 Existência de apoiadores ou potenciais apoiadores 2 Identificar quais os canais de comunicação e distribuição Cirila tem pensado em utilizar 3 Entender a percepção da população local com relação ao projeto Após levantadas todas as informações iniciais é hora de propor uma estratégia para acelerar o negócio de Cirila A leitura a seguir o ajudará nesta tarefa agregando conhecimentos sobre economia criativa padrão de especialização acordos comerciais e fluxo internacional de bens e serviços Busque compreender a profundidade do trabalho criativo local no cenário global Para tanto reflita sobre a visibilidade de cada país e nos benefícios de trazer fluxos turísticos para o mesmo 199 Não pode faltar Você se lembra dos desafios enfrentados pelos empreendimentos em fase seminal ou seja no começo do ciclo de vida do negócio Além da rede de apoio que já estudou há outra forma de ajudar a alavancar toda a criatividade impressa nos negócios a aceleradora A aceleradora nada mais faz do que tracionar o negócio a partir das técnicas anteriormente estudadas Por exemplo é possível alavancar a visibi lidade de um produto digital através das plataformas existentes redes sociais blogues etc Ou seja a aceleradora ajuda a startup a atravessar pontos críticos da fase inicial do negócio com mentorias networking e até mesmo aportes financeiros Atenção Você pode estar se perguntando se a aceleradora cumpre a mesma função que a incubadora não é mesmo Para entender a diferença entre aceleradora e incubadora leia o artigo de Yuri Gitahy no Portal Sebrae GITAHY Yuri Incubadora e aceleradora qual a diferença entre elas Economia criativa Sebrae 2019 Pensando em termos de tecnologia no entanto há alguns desafios extras O primeiro deles é com relação à educação do cliente que muitas vezes não sabe para que a solução tecnológica serve Mas o maior desafio do empreendedor que atua no setor tecnológico é o timing Não adianta ficar anos construindo uma solução que o mercado não valoriza no momento de seu lançamento A título de ilustração há indícios de que o Ipod havia sido criado há bastante tempo antes do seu lançamento justamente pelo feeling de Steve Jobs em entender o tempo certo de o lançar no mercado Outra história é a do software de Eric Ries escritos do livro A startup enxuta 2012 O autor demorou anos para lançar uma solução no mercado e somente quando o fez descobriu que o segmento não via valor nela As lições aprendidas na ocasião no entanto fizeram com que Eric concebesse a metodologia lean startup com intuito de afastar desperdício de recursos e identificar viabilidade mercadológica de hipóteses 200 Esta inclusive é uma atitude que precisa ser incorporada enquanto nos construímos como empreendedores encarar os fracassos como lições apren didas e rumar sempre para novos desafios Ainda falando de oportunidades na intersecção entre capital intelectual cultural e criatividade encontrase um potencial econômico identificado pelo conceito de economia criativa No terreno da economia criativa a tecno logia também aparece como uma das mais promissoras responsável por empregar 371 dos profissionais do segmento criativo brasileiro FIRJAN 2019 Aliar criatividade com soluções tecnológicas portanto também diz respeito à economia criativa Em termos práticos a economia criativa surgiu na Austrália na tenta tiva de gerar novas fontes de receita para o país O empreendimento do governo australiano deu tão certo que acabou ganhando o apoio da ONU e chamando a atenção dos países ao redor do mundo AMADO 2019 A ideia de economia criativa foi cunhada pelo autor inglês John Howkins ao publicar o livro The Creative Economy how people make money from ideas em 2001 Para o autor o conceito paira nas atividades nas quais a criatividade e o capital intelectual são a base para a concepção produção e distribuição de produtos e serviços AMADO 2019 De outro modo a economia criativa pode ser entendida como um setor da economia que prima pela indústria sustentável através de caminhos nãoconvencionais Não há no entanto um consenso acerca das atividades englobadas na economia criativa Diferindo de país para país considerando os interesses e potencial econô mico os nichos criativos podem ser artes cênicas música artes visuais literatura e mercado editorial audiovisual animação games softwares aplicados à economia criativa publicidade rádio TV moda arquitetura design gastronomia cultura popular artesanato entretenimento eventos e turismo cultural AMADO 2019 Assimile Segundo pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvol vimento se a economia criativa fosse um país teria o quatro maior PIB do mundo com 43 bilhões de dólares e somaria 144 milhões de trabalhadores 201 Reflita Para trazer um contraponto você acredita que a criatividade é um aspecto exclusivo de um determinado segmento econômico Os autores Justin OConnor e Gaëtan Tremblay criticam a perspectiva da economia criatividade justamente por isso pois acreditam que a criati vidade perpassa todos os segmentos e não apenas aqueles ligados aos aspectos culturais de um país Especificamente no Brasil os segmentos criativos envolvidos no conceito acima são divididos em quatro grandes grupos a saber consumo design arquitetura moda e publicidade mídias editorial e audiovisual cultura patrimônio e artes música artes cênicas e expressões culturais e tecnologia PD biotecnologia e TIC SEBRAE sd O Sebrae mesmo busca fomentar a economia criativa em diversas vertentes incluindo a criação de novos modelos de negócios exportação de produtos culturais e fortalecimento de redes de empreendedores que atuam nos segmentos criativos supracitados SEBRAE sd Além do Sebrae há outras instituições internacionais que apoiam inicia tivas voltadas para a economia criativa propriamente dita Veja na sequência a lista de organizações que empreendem ações de fomento dedicadas aos segmentos criativos seja por reconhecerem o âmbito de direitos autorais patrimoniais e o potencial econômico dos setores criativos Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura UNESCO Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento UNCTAD Organização Mundial da Propriedade Intelectual OMPI Departamento de Cultura Meios e Esportes do Reino Unido DCMS Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CEPAL Da perspectiva nacional há um interesse do governo em desenvolver a indústria criativa Primeiro porque há ganhos em relação ao turismo ao divulgar produtos culturais nacionais além de conseguir popularidade nacional no cenário global ao indicar o fomento interno dos aspectos culturais 202 Dica Para ficar por dentro das ações de incentivo à economia criativa por parte do governo federal acesse o site do respectivo ministério e conheça as instituições envolvidas e atividades em curso em todo o território nacional httpwwwculturagovbr Em se tratando de intercâmbios internacionais de bens e serviços existe a possibilidade de acordos bilaterais entre dois países e multilaterais entre três ou mais países capazes de promover o comércio imigração e segurança entre países bem como o compartilhamento de tecnologia O Mercosul e BRICS são exemplos de acordos multilaterais nos quais o Brasil faz parte juntamente com outros países No geral os acordos internacionais buscam redução nos impostos de importação bem como o fomento da indústria local com vistas à expor tação aos países membros do acordo Neste sentido cada país apresenta um potencial diferente do outro e ao diagnosticar déficits em diferentes países uma possível parceria na qual ambos os lados ganham pode ser desenvol vida Tais acordos são cruciais para a sobrevivência econômica dos países no cenário internacional A inovação e a tecnologia são fontes de vantagem competitiva basilares no contexto global É importante que as fontes locais de tecnologia sejam desenvolvidas e fomentadas pelo governo e comuni dade empresarial local Para elucidar a relação entre tecnologia e inovação podemos pensar que a tecnologia é uma das principais fontes de inovação produtividade e conse quentemente escalabilidade para empresas em todo o mundo A inovação por sua vez pode ser identificada como inovações de produto inovações de processo inovações organizacionais e inovações de marketing OECD 2005 Neste sentido o Manual de Oslo é a principal referência quando falamos de inovação Nele há definições métodos de análise de desempenho classi ficações e outros procedimentos dedicados às atividades de inovação que garantem o padrão de especialização necessário para fins de comparação em diferentes cenários Desse modo para negócios que pretendem performar no cenário interna cional o primeiro passo é dominar o Manual de Oslo As definições e metodo logias dedicadas à inovação tecnológica colocarão a empresa no nível interna cional de competição Como o próprio manual em sua versão traduzida diz Este Manual oferece diretrizes para a coleta e a interpretação de dados sobre inovação de maneira internacionalmente comparável OECD 2005 p 12 Não obstante em se tratando de cadeias globais de valor CGV é possível notar que um produto desde sua concepção até a distribuição pode passar por diversos países Ou seja cada etapa produtiva pode ser realizada em um 203 país diferente em função dos custos de produção e da capacidade tecnoló gica de cada país HERMIDA 2017 Neste sentido a China por exemplo se beneficiou do comércio internacional no que diz respeito ao CGV e a sua especialização comercial frente aos demais países do mundo O Brasil bem como outros países subdesenvolvidos tem no CGV uma oportuni dade de melhorar o desempenho econômico e exportador no cenário global HERMIDA 2017 O conhecimento neste cenário é fundamental para elevar o país de patamar no que diz respeito ao padrão de especialização no cenário inter nacional Foi o que aconteceu nos países asiáticos como comentado acima houve um movimento de aprendizagem tecnológica com transferência de conhecimento e absorção de novas tecnologias que permitiu a essas nações avançarem a posição no CGV HERMIDA 2017 Exemplificando Parques tecnológicos são estratégicos na hora de compartilhar conhe cimentos técnicos e fomentar a inovação São espaços geográficos que agrupam desde empresas incubadoras e universidades até laboratórios e centros de pesquisa A Universidade de São Paulo por exemplo sedia dois diferentes parques tecnológicos o Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto Supera Parque e o Centro de Inovação Empreendedo rismo e Tecnologia Cietec Ambos os empreendimentos visam promover novas tecnologias o processo de inovação em si e novos negócios associados a projetos da universidade propriamente dita Explicando de outra maneira a depender da posição do país na cadeia global de valor os ganhos são maiores As etapas portanto não apresentam potencial econômico semelhante quando o processo de produção é fragmen tado em várias partes Para elucidar a questão do valor nas etapas nas quais o valor agregado é maior há mais ganhos para a nação independentemente de a matériaprima ter sido extraída ou o produto final ter sido comercializado em outro país HERMIDA 2017 A título de exemplo fases de montagem de peças não possuem tanto valor agregado na CGV quanto ativos de conhecimento gerados no setor de pesquisa e desenvolvimento ou ainda no trabalho de branding gestão de marca da matriz situada muitas vezes em outro país HERMIDA 2017 geralmente nos países desenvolvidos Sob um panorama geral os países desenvolvidos acabam acumulando etapas com maior valor agregado tecno logia e conhecimento enquanto os países em desenvolvimento atuam em etapas voltadas para extração de matériaprima e também com mãode obra não especializada HERMIDA 2017 204 O desenvolvimento econômico de um país pode no entanto beneficiarse da CGV independentemente da posição que ocupa na cadeia produtiva inter nacional HERMIDA 2017 Vale dizer que o desenvolvimento econômico leva em consideração aspectos quantitativos renda per capita por exemplo como também qualitativos qualidade de vida da população do país Nas palavras de Luiz Carlos BresserPereira 2008 p 1 desenvolvimento econômico é o processo de sistemá tica acumulação de capital e de incorporação do progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento sustentado da produtividade ou da renda por habitante e em consequência dos salários e dos padrões de bemestar de uma determinada sociedade Fazendo um paralelo com a discussão acima portanto a depender das etapas que o país integra na cadeia global de valor maior a riqueza gerada e consequentemente maior a qualidade de vida da população em questão Vale destacar que quanto maior e melhor for o ecossistema de inovação maiores as chances de galgar posições inclusive na cadeia global de valor Para compor o ecossistema não somente empresas institutos e universi dades precisam trabalhar em prol da inovação com constante atualização do arcabouço de técnicas e conhecimentos mas também precisamos especia lizar e formar nossa população de maneira geral Há um encadeamento de fatores que influenciam desde a composição tecnológica do país até chegar na casa dos habitantes que nele firmaram residência Seja em oportunidades seja no apoio com relação ao ecossistema de inovação o governo possui uma parcela de responsabilidade quando falamos de desenvolvimento econômico e social Por outro lado note que o processo de inovação está diretamente relacio nado à capacidade empreendedora de uma população influenciando os resultados de um país inteiro quando colocado na perspectiva global Por isso conforme o tempo passa é importante que você incorpore novos conhe cimentos em seu repertório pois somente dessa forma poderá entender a profundidade que o empreendedorismo e a inovação podem alcançar Como você escolhe entregar valor no ecossistema de inovação do seu país Pense sobre isso 205 Sem medo de errar Lembrase de Cirila Você tem ajudado a empreendedora a galgar etapas com maior rapidez através da aceleradora da qual faz parte No primeiro momento levantou as seguintes informações 1 Existência de apoiadores ou potenciais apoiadores 2 Identificar quais os canais de comunicação e distribuição Cirila tem pensado em utilizar 3 Entender a percepção da população local com relação ao projeto Vamos começar pelo item 1 Caso Cirila tenha apoiadores a primeira missão é articular melhores ganhos de tração para o negócio Por exemplo caso haja alguma fábrica de tecidos neste rol vale pleitear preços mais baixos para a confecção Do mesmo modo se Cirila conta com o apoio de algum político deve solicitar compartilhamento de informações do projeto na rede para angariar visibilidade Há ainda a possibilidade de pleitear subsídios da prefeitura para confluir interesses comerciais aos de turismo da cidade e região Ambos os lados só têm a ganhar Com relação ao segundo item é preciso criar estratégias de comunicação e distribuição que sejam coerentes com os objetivos do negócio Além disso Cirila precisa desenvolver autoridade em alguma rede específica multipli cando a taxa de visualização de conteúdos para daí então apresentar os produtos do local Por fim é muito importante que a própria população local seja o motor propulsor de visibilidade e apoio criando condições para que o negócio alavanque a partir da lógica exponencial de compartilhamento na rede e também na própria comunidade A título de exemplo da estratégia supracitada pessoas que trabalharam no artesanato podem pulverizar a distribuição em lojas locais Do contrário comerciantes locais podem buscar disponibilizar tais produtos em suas lojas apenas sabendo do propósito do projeto Agora proponho que você busque negócios criativos em sua cidade e aplique a resolução adaptandoa para a realidade local Você está pronto ou pronta para atuar como empreendedor criativo ou mesmo mentor de outros empreendedores Faça a diferença 206 Faça valer a pena 1 Ajudam startups nas fases iniciais do ciclo de vida a tracionar os negócios através de mentoria networking e aporte financeiro Estamos falando a Do ecossistema de inovação b Das aceleradoras c Das incubadoras d Do padrão de especialização e Da economia criativa 2 Sheila atua com produção de filmes de curtametragem sobre a cultura local Recentemente recebeu uma proposta da prefeitura para firmar uma parceria dedicada ao turismo da região a partir da visibilidade dos seus vídeos na internet O caso supracitado é típico a Da economia criativa b Do padrão de especialização dos países c Do desenvolvimento econômico d Do setor de negócios domésticos e Da mídia local 3 Os Estados Unidos detêm a matriz da empresa Apple Independentemente da montagem das peças do iPhone por exemplo ser na China e em outros países do hemisfério sul o maior valor agregado é representado através do montante de impostos recolhidos nos EUA em detrimento dos outros países O cenário descrito acima ilustra um conceito de economia estudado na presente leitura De qual conceito estamos falando Assinale a alternativa correta a Economia criativa b Cadeia global de celulares CGC c Nicho criativo d Cadeia global de valor CGV e Padrão de especialização regional 207 Seção 3 Aspectos legais fiscais e tributários de incentivo à inovação Diálogo aberto Você já aprendeu que há uma rede de apoio ao empreendedorismo certo Além disso soube que há interesse de diferentes agentes governo consumi dores e empresas sobre o emprego da tecnologia nos processos nos projetos nas atividades e nos produtosserviços Agora chegou a hora de entender um pouco melhor as possibilidades de financiamento voltadas para a inovação tecnológica Você descobrirá por exemplo como são formatados e incorporados os programas de incentivo à inovação dentro das organizações também como programas externos e outros incentivos são interessantes na hora de construir uma estratégia voltada para a cultura de inovação tecnológica No exercício profissional seja de qual setor for há algumas perguntas interessantes de serem feitas acerca do contexto tecnológico da empresa em que atua 1 Há recursos oriundos de financiamentos subsidiados reembolsável que possam ser adotados em diferentes projetos no setor em que atuo 2 Existem incentivos fiscais à inovação tecnológica que possam benefi ciar a empresa em que trabalho 3 Existem programas com recursos a fundo perdido não reembolsável para que o meu empreendimento possa se beneficiar A título de exemplo com uma nova lei que afeta diretamente a sua atividade na empresa Mauro quer propor um novo produto que poderá agregar na receita do setor em que atua Para isso tem buscado responder às perguntas listadas anteriormente mas tem encontrado muita dificuldade e não sabe por onde começar Após a leitura você será capaz de assessorar Mauro na sua busca Saberá como e onde encontrar as informações necessárias para ajudálo além de ser capaz de destrinchar estratégias de abordagem para que Mauro obtenha êxito ao apresentar a sua nova hipótese de negócio Bons estudos e não perca de vista a postura autônoma e crítica que deve ter ao buscar informações 208 Não pode faltar Nesta leitura falaremos de diferentes caminhos que as organizações podem percorrer para fomentar a cultura de inovação tecnológica inclusive se beneficiando com incentivos diversos subsidiados pelo governo Veremos também diferentes possibilidades de financiar empreen dimentos voltados à pesquisa ao desenvolvimento e à inovação e como o governo pode interferir positivamente também nesta equação ampliando a cultura de inovação nos negócios atinentes à economia brasileira A título de explicação prévia tenha em mente que diferentes agentes se beneficiam da inovação tecnológica consumidores empresas e governos e por isso há uma série de aspectos legais fiscais e tributários de incentivo à inovação Tais aspectos podem compor programas de inovação dentro das organizações e quando mesclados com estratégias que podem ser pensadas e incorporadas nas próprias empresas suportam atividades específicas de pesquisa e desenvolvimento além de afastar riscos e incertezas do negócio em face da inovação Tais programas têm o potencial de encorajar atitudes dos próprios colabo radores em atuar com inovação em seus processos e projetos Como vimos na leitura anterior há uma infinidade de combinações que fomentam a ativi dade de inovação nas organizações tanto interna quanto externamente com parceiros universidades ou mesmo público em geral O grupo Cogna por exemplo além de financiar um andar inteiro de edtechs em um dos maiores hubs de inovação do mundo e o maior da América Latina o Cubo ainda conta com um comitê de venture capital para incentivar a inovação tecnológica Outro exemplo é a Samsung com a aceleradora de startups chamada Samsung Creative Startups A iniciativa conta com o apoio da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores Anprotec e do Centro Coreano de Economia Criativa e Inovação CCEI O programa visa encontrar soluções para as áreas de interesse da empresa Outras informações podem ser extraídas no próprio site de notícias da organização SAMSUNG NEWSROOM BRASIL 2019 Exemplificando Um dos métodos mais adotados para ranquear as empresas com relação à inovação tecnológica é o montante investido em pesquisa e desen volvimento PD A Samsung por exemplo investiu 1344 bilhões de euros ou 574 bilhões de reais em PD no ano de 2018 garantindo o primeiro lugar no ranking EU RD Scorecard Esse relatório considera 209 25 mil empresas em 46 países diferentes O critério é propriamente o dinheiro investido em PD HERNÁNDEZ et al 2018 Esses exemplos mostram como diferentes iniciativas podem acelerar a inovação tecnológica nas organizações Mas além das iniciativas internas e dos programas próprios de inovação há vários incentivos subsidiados pelo governo que ajudam empresas de pequeno médio e grande portes a incor porarem e acelerarem o processo de pesquisa e desenvolvimento com vistas à criação de novas tecnologias É o caso das iniciativas e políticas públicas destrinchadas nos próximos parágrafos Em primeiro lugar é importante citar a relação do financiamento com os projetos em inovação tecnológica que está atrelada à fase em que o projeto se encontra Em outras palavras quanto mais voltado para a pesquisa fase inicial focada no acúmulo de conhecimento científico mais a fundo perdido está o financiamento Agora quanto mais próximo da fase de comerciali zação da solução tecnológica fase mais avançada do empreendimento mais a juros subsidiados comporá a configuração do financiamento PEZZONI 2013 Essa informação é primordial para iniciar os estudos a seguir Com essa primeira distinção em mãos é possível guiar os próximos passos da captura de recursos no mercado em especial com subsídio do governo para inovação e tecnologia Retomando essa relação entre financiamento e etapa do empreendi mento acontece porque quanto maior o risco menor a probabilidade do retorno sobre o dinheiro investido Por outro lado quanto mais próximo da fase de comercialização o que sugere já ter validado hipóteses de negócio maior a probabilidade de consumir a ideia ou seja de dar certo e por isso são cobrados juros sobre o montante investido Assimile Tomar empréstimo seja ele em prol de um financiamento ou mesmo com a utilização do cheque especial incorre juros Esses juros possuem diferentes preços no mercado No cheque especial por exemplo há cobranças exorbi tantes que podem colocar o indivíduo em situação de dificuldade finan ceira caso não consiga controlar a variável tempo e recebimentos Perceba que independentemente da atuação do governo você toma o dinheiro de um agente e depois de um certo tempo deve pagálo com incidência de juros Isso é verdadeiro para todas as opções de financiamento com exceção do financiamento a fundo perdido o qual veremos a seguir 210 Financiamento a fundo perdido é uma estratégia de financiamento utili zada pelo governo federal para promover a inovação tecnológica no país Também chamada de subvenção o fundo perdido como o próprio nome sugere não precisa ser devolvido mas há a obrigação de investir o montante no desenvolvimento de novas tecnologias Dica Mediante a necessidade de aporte em pesquisa desenvolvimento e inovação no país por meio da Lei nº 10973 de 2 de dezembro de 2004 o governo começou a fomentar incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica ambas voltadas para o ambiente produtivo Nele constam providências sobre o recurso de subvenção Veja o que fala o art 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo com vistas à capacitação tecnológica ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvi mento do sistema produtivo nacional e regional do País BRASIL 2004 sp Veja a intenção deste material é guiálo neste primeiro momento a aprender como pesquisar e atualizar o próprio repertório de informa ções Mas é extremamente importante que sempre recorra à atuali zação de informações para tomada de decisão assertiva Não obstante o Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações publicou o Guia Prático da Lei do Bem Lei nº 11196 de 21 de novembro de 2005 Na mesma esteira das iniciativas até então citadas tal lei busca incentivar as empresas a inovarem tecnologicamente Enquanto subsídio fiscal de incentivo permite que as empresas abatam parte dos inves timentos feitos em PD no imposto de renda BRASIL 2019 sp Assimile De acordo com o Guia Prático da Lei do Bem 2019 inovação tecnoló gica é a concepção de novo produto ou processo de fabri cação bem como a agregação de novas funcionali dades ou características ao produto ou processo que 211 implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade resultando maior compe titividade no mercado BRASIL 2019 p 11 Além do imposto de renda há redução de até 50 no Imposto sobre Produtos Industrializados IPI ao comprar máquinas e equipamentos desti nados à PD E ainda a lei prevê outras deduções relacionadas a outros gastos com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de novas tecnologias além de também contribuir com depreciação de maquinário e amortização acelerada em ocasiões de compra dele BRASIL 2019 Não obstante vale citar o marco legal de ciência tecnologia e inovação que consta na Lei nº 13243 de 11 janeiro de 2016 O intuito dela é criar um ambiente cada vez mais propício à inovação por meio de pesquisa e desen volvimento tanto em universidades como em institutos públicos e empresas Há alguns princípios promovidos no marco legal supracitado que alteram a dinâmica de inovação pesquisa e desenvolvimento no país a saber promoção de atividades científicas como provedoras de tecnologia e consequente desenvolvimento econômico e social fomento de parcerias entre instituições públicas e privadas e as empresas estímulo da inovação de maneira geral simplificação dos procedimentos ligados à gestão de projetos em ciência tecnologia e inovação por fim adoção de administração por resultados O marco legal da inovação também criou uma nova figura para o ecossistema de inovação nacional a Instituição Científica Tecnológica e de Inovação ICT privada Até então o governo reconhecia apenas as institui ções públicas com mesmo caráter voltado à pesquisa dedicada à criação de novas tecnologias Hoje é possível que empresas encomendem pesquisas das ICTs e usem o valor investido como benefícios fiscais A esta altura vale citar outras fontes de incentivo à inovação tecnoló gica que incluem opões de financiamento com juros subsidiados Os finan ciamentos a juros subsidiados por sua vez são opções que ao contrário da subvenção e independentemente de o empreendimento ter obtido sucesso ou não devem pagar o montante tomado do financiador mais o valor dos juros e estes no entanto com subsídio Para ficar mais claro veja o exemplo a seguir Imagine que a startup Inova possui três linhas de financiamento ao seu dispor O banco A ofereceu o montante de 100 mil com juros de 10 aa enquanto que o banco B ofereceu o mesmo montante com juros de 65 aa e por sua vez a agência financiadora na opção de juros subsidiados ofereceu uma opção de 725 212 aa mas com subsídio de 2 aa Apenas a terceira alternativa tratase de uma opção com juros subsidiados Acompanhe na tabela o montante a ser devolvido no final de cinco anos Tabela 41 Opções de financiamento da Inova Financiador Montante Juros Juros Subsidiados Montante a ser devolvido Banco A 100 mil 10 aa Não se aplica R 161051 Banco B 100 mil 65 aa Não se aplica R 137008 Banco C 100 mil 725 aa 2 aa R 129154 Fonte elaborada pela autora Perceba o quão importante é saber fazer os cálculos apresentados na tabela Decisões equivocadas acerca de investimentos e financiamentos podem levar o negócio à falência independentemente do tamanho da organização Ainda sobre o exemplo acima a melhor opção é a terceira financiamento a juros subsidiados porque parte dos juros é coberta pelo governo Vale dizer que o montante final considera os juros compostos juros sobre juros bem como a ausência ou existência dos juros subsidiados No Brasil em termos de volume o crédito subsidiado é o segundo maior instrumento de fomento à inovação O primeiro instrumento mais utilizado é a isenção fiscal DE NEGRI RAUEN SQUEFF 2018 Reflita Apesar de diminuir o montante a ser devolvido há contrapontos com relação à interferência do governo na dinâmica de financiamento e crédito voltado às empresas A leitura do artigo Impacto dos créditos subsidiados sobre o investimento ótimo das firmas brasileiras no período póscrise econômica 2018 pode esclarecer essa questão e ajudar você a raciocinar sobre o aporte de recursos em PD por parte das empresas brasileiras Em outras palavras reflita será que os programas de incen tivo apenas substituem o recurso utilizado por opção mais barata ou aumentam de fato os aportes em PD Referência completa ALVES Patrick Franco SILVA Ludmilla Mattos MORAIS Rafael Lima de Impacto dos créditos subsidiados sobre o investimento ótimo das firmas 213 brasileiras no período póscrise econômica In NEGRI João Alberto de ARAÚJO Bruno César BACELETTE Ricardo orgs Financiamento do desenvolvimento no Brasil Brasília DF IPEA 2018 O CNpq FINEP BNDS e Fapesp são as quatro grandes entidades finan ciadoras de projetos em inovação tecnológica no Brasil com diferentes programas de financiamento para tal propósito Cada setor da economia possui uma especificidade com relação à inovação tecnológica Exatamente por isso os esforços em pesquisa e desenvolvimento estão cada vez mais baseados nas necessidades específicas e vale estudar cada linha de crédito disponível no mercado considerando a necessidade específica do projeto e escolher a melhor e mais adequada para a realidade em que atua Lembrese a inovação é a força motriz da sociedade capitalista Assim como no início no século XX o século XXI ainda reconhece a inovação como principal fonte de qualidade de vida para a população residente em economias capitalistas SCHUMPETER 1982 Por isso profissionais que conseguem capitalizar empreendimentos a menores custos possuem maior valorchance no mercado Neste sentido como o processo de inovação tecnológica carrega a faceta da incerteza além de ser caro o governo precisa diluir tanto o custo quanto a incerteza dos empresários e empreendedores com relação à importância desse processo estimulandoo Nas palavras dos autores Rauen Saavedra e Hamatsu 2018 p 260 na medida em que existe uma falha de mercado associada ao investimento privado em PD é necessário algum nível de estímulo governamental Para se ter uma ideia do montante investido a favor de vários setores econômicos ao longo dos anos compreendidos entre 2005 e 2014 por meio do Programa Inova Empresa fruto da parceria entre BNDES e Finep para concessão de crédito o governo disponibilizou 329 bilhões de reais para inovação RAUEN SAAVEDRA HAMATSU 2018 O crédito do Finep pode ser repassado para empresas de duas formas direta ou indiretamente De forma direta tratase da modalidade em que a seleção o desembolso e o acompanhamento são feitos pela própria insti tuição ao passo que o crédito indireto perpassa por agentes regionais de fomento à inovação no caso do Finep via programa Inovacred De maneira geral as empresas de médio e grande portes costumam tomar crédito de forma direta enquanto as pequenas empresas de base tecnológica RAUEN SAAVEDRA HAMATSU 2018 214 Em cada modalidade de financiamento há etapas que precisam ser assistidas pelas empresas Para maiores informações sobre o processo de seleção dos projetos acesse a respectiva página da agência financiadora para entender qual é a melhor solução financeira para o seu caso Por fim há dois pontos que precisamos refletir Primeiro há a necessi dade de destacar a volatilidade da tecnologia Houve um aumento no ritmo de obsolescência das inovações tecnológicas o que quer dizer que a variável tempo é ainda mais crítica quando falamos de financiamento e desenvolvi mento de projetos Inúmeras tecnologias que compunham a nossa rotina há pouco tempo atrás já não mais existem ao passo que algumas tecnologias que utilizamos hoje podem ser extintas amanhã A título de exemplo já se fala em desaparecimento do smartphone assim como aconteceu com o discman Segundo ponto aliados ao bemestar das pessoas e ao interesse lucra tivo das empresas os programas de inovação precisam promover o caráter sustentável de seus empreendimentos Há uma página da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo Fiesp que demonstra exemplos de inicia tivas sustentáveis por parte das organizações Outro exemplo que engloba tanto empresas quanto instituições e órgãos públicos são os projetos das smart cities As discussões sobre cidades inteli gentes apresentam o esforço de conectar tecnologia sustentabilidade e bemestar das pessoas Por isso há inúmeras iniciativas também realizadas por parte das prefeituras que devem ser estudadas e replicadas para toda a extensão territorial nacional além de servir como inspiração para projetos noutros setores Acompanhe as inovações e mantenhase atualizado Já caminhando para o final perceba que a corrida pela inovação tecno lógica além de acelerada é extremamente incerta e requer resiliência dos colaboradores que encontra no caminho Não se frustre com projetos inter rompidos ou negados Tomeos como lições aprendidas e refine o seu faro para reconhecer oportunidades de negócio A presente leitura não tem a mínima intenção de esgotar o assunto Reforçamos a importância de ser autônomo e crítico nas pesquisas e na aplicação do conhecimento na prática profissional Cada um é responsável por construir e atualizar o próprio repertório de conhecimento e práticas Tenha muito sucesso em sua jornada profissional Sem medo de errar Você se lembra do Mauro seu empreendimento e o seu importante papel em assessorálo Após ter estudado diferentes fontes de financiamento e 215 modalidades adequadas para cada caso monte uma estratégia de busca de informações na qual Mauro possa se guiar e então construir a sua apresen tação para gestores da empresa A título de recordação as perguntas que buscamos responder são 1 Há recursos oriundos de financiamentos subsidiados reembolsáveis que possam ser adotados em diferentes projetos no setor em que atuo 2 Existem incentivos fiscais à inovação tecnológica que possam benefi ciar a empresa em que trabalho 3 Existem programas com recursos a fundo perdido não reembolsá veis para que o meu empreendimento possa se beneficiar O primeiro ponto depende do tamanho da organização Caso seja uma pequena empresa vale a pena buscar um programa de incentivo à inovação local para entender as etapas do processo de seleção Por outro lado caso a empresa seja de médio ou grande porte compensa primeiro recorrer à área interna responsável pela inovação Caso não haja converse com gestores a fim de entender as possibilidades da captação de recurso e o interesse da própria organização com vistas ao mapa estratégico atual e os objetivos organizacionais de longo prazo Ainda com relação ao primeiro ponto como se trata de uma ideia inicial ou seja uma hipótese a ser testada Mauro deve recorrer a financiamentos a fundo perdido Recorde que quanto mais próximo da fase seminal maior a relação com tal modalidade de financiamento Com relação ao segundo ponto há uma infinidade de conteúdo disponível na internet inclusive de grandes consultorias como PricewaterhouseCoopers PwC ErnestYoung entre outras ou mesmo do governo como o Guia Prático da Lei do Bem que disponibiliza dicas e guias práticos de como achar a melhor estratégia para cada empreendimento Caso a empresa esteja por exemplo adquirindo maquinário para expansão das atividades em PD é importante observar as possibilidades existentes em dedução do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Há ainda outras formas de obter redução no pagamento de impostos bem como captação de recursos no mercado Sugira aqui o Guia Prático da Lei do Bem do Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações Por fim ainda sobre captação de recursos para financiamento de projetos de inovação tecnológica aconselhe a busca de alternativas de financiamentos a fundo perdido Explique que nesta modalidade não há a necessidade de a empresa devolver o valor emprestado e sim a obrigação de investilo em atividades de pesquisa e desenvolvimento 216 Aproveite para citar a possibilidade de testar a hipótese de negócio por meio de uma parceria com alguma Instituição Científica Tecnológica e de Inovação ICT privada Não deixe de alertar Mauro sobre a importância de validar a hipótese antes de seguir para a captura de recursos Além disso diga a ele que o maior argumento para parceria com a ICT é o de usar o valor transferido para tal finalidade para benefícios fiscais Ajudandoo a montar uma apresentação que demonstre a profundidade de Mauro acerca dos assuntos aqui discutidos tenha certeza que a sua missão de assessorálo foi concluída com sucesso Faça valer a pena 1 Do ponto de vista de financiamento há diversos programas em níveis federal estadual e municipal que beneficiam as MPMEs como o Cartão BNDES que é uma linha de crédito repassado por bancos comerciais para compra de produtos e serviços Outro exemplo é a Finep Inova Brasil que é um programa de financiamento da Finep com encargos reduzidos para a realização de projetos de pesquisa desenvolvimento e inovação nas empresas SARFATI 2013 p 33 Complete as lacunas do trecho que segue A relação entreedo empreendimento acontece porque quantoo riscoa probabilidade de o retorno sobre o dinheiro investido ser recuperado Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas a financiamento etapa maior menor b financiamento etapa menor menor c financiamento etapa maior maior d crédito hipótese maior menor e crédito hipótese menor maior 217 2Amanda possui uma startup já madura e atuante no mercado firmada como empresa de médio porte Por sinal seu negócio é líder do segmento e agora a empreendedora quer perpetuar seu método para outras unidades de negócio Para isso busca uma opção de financiamento com juros subsi diados Qual é o melhor caminho para Amanda obter um financiamento com juros subsidiados pelo governo a Junto a programas de inovação regional b Junto a programas de inovação da cidade c Junto ao governo d Junto à agência de fomento do estado e Junto ao Tesouro 3 Por ser caro e altamente incerto o processo de inovação acaba sendo negligenciado por grande parte das organizações no Brasil em especial as pequenas e médias Por isso o governo entra na equação diluindo os custos da inovação tecnológica por meio de incentivos fiscais tributários e legais No Brasil em termos de volume o crédito subsidiado é o segundo maior instrumento de fomento à inovação O primeiro instrumento mais utilizado é a Isenção fiscal b Inércia trabalhista c Obsolescência programada d Financiamento a fundo perdido e Financiamento com juros subsidiados 218 Seção 4 Sistema de fomento ao empreendedorismo Diálogo aberto Vamos propor agora um exercício de imaginação que envolve reflexão sobre o seu próprio propósito de vida Imagine que um casal de tios muito ricos deixou uma herança que vai lhe render 100 mil reais ao mês O dinheiro será transferido indefinidamente ao longo de toda a sua vida Mas não demora muito para que após receber algumas das instruções você pense que algo mais estaria por vir com a notícia Tomando conheci mento da carta que os tios deixaram você descobre um detalhe desafiador e ao mesmo tempo bastante confuso dado que o dinheiro não seria mais um problema em sua vida Por ter convivido muito com os respectivos tios você já os conhecia bem o suficiente para saber que seria surpreendido Sabendo o quão exigentes eram a sua intuição realmente não falhou Pois bem é chegada a hora de saber mais sobre o elemento surpresa como condição para o saque mensal os tios estipularam que você trabalhasse com uma atividade profissional específica em horário comercial Essa ativi dade se trata da atuação com investimentos em negócios atrelados à inovação e tecnologia Esta situação pode fazêlo pensar no que realmente gostaria de fazer caso o dinheiro não fosse um problema e a atividade não fosse especificada Mas a intenção é fazêlo refletir enquanto investidor com aptidão para negócios na área de tecnologia e inovação Na condição de investidor abastado reflita sobre os seguintes quesitos 1 Suponha que você ainda não saiba do que se trata a atividade especi ficada pelos tios busque saber o que é venture capital 2 Como encontrar oportunidades de investimentos que envolvam negócios promissores 3 Há opções de investimento com maior atuação do investidor ou fundo na gestão de uma startup 4 Por fim caso opte por investir como pessoa física existe um caminho alternativo para investimento em venture capital 219 Frente aos questionamentos acima a leitura a seguir o munirá de infor mações suficientes para ajudálo a aportar adequadamente o seu capital na ocasião do recebimento da herança Por isso mãos à obra Não pode faltar Você conhece a dinâmica do mercado financeiro quando se trata de aportes de capital em empresas não listadas na bolsa de valores Saiba que há duas formas de investir em empresas que não possuem capital aberto Em outras palavras caso você acredite em um negócio promissor e tem capital para apostar você pode fazêlo Mais à frente há informações detalhadas sobre essa possibilidade pois este é um dos assuntos a serem abordados nesta leitura Assimile O IPO acrônimo para initial public offering também chamado de oferta pública de ações tratase do momento em que uma empresa passa da fase de aportes em venture capital ou capital empreendedor para capital negociado abertamente no mercado através da bolsa de valores No caso do Brasil essas ações são negociadas através da B3 Além de financeiramente promissor é fundamental que as empresas de base tecnológica recebam aportes em capital de risco para desenvolvimento de novas tecnologias Como você já sabe a inovação é a base do desenvolvi mento em setores que dependam em especial do contínuo desenvolvimento tecnológico propriamente dito Mas antes de adentrar ao assunto perceba que há uma contradição em termos de risco e retornos financeiros No terreno das finanças quanto maior o risco maior o ganho E esta relação risco e ganho tem a ver com o grau de incerteza de determinada aposta em detrimento de outras oportunidades disponíveis que sejam mais conservadoras Em outras palavras aportar capital em negócios com alto grau de incerteza pode resultar tanto em elevado retorno como prêmio pelo aporte realizado quanto em grande perda Ainda sobre a relação entre risco e retorno a inovação tecnológica em especial a disruptiva depende significativamente da tolerância a risco e incerteza dos investimentos e fundos de investimentos no geral As empresas neste sentido precisam elevar a cultura de tolerância a erro e exercitar perdas financeiras significativas se quiserem ser pioneiras no mercado 220 A título de ilustração já vimos diversas tecnologias fracassarem no mercado devido a erros de timing no lançamento falta de a empresa consi derar o ponto de vista do cliente ou também falta de aportes de capital para manutenção do negócio Para todos os casos há necessidade tanto de validar a hipótese de negócio no mercado como também conhecer os caminhos de captura de recursos no mercado Neste sentido muitos empreendedores brasileiros não conhecem os programas de fomento e financiamento de projetos em inovação E para você entender um pouco mais sobre o assunto falaremos de capital de risco e a sua importância para o desenvolvimento tecnológico de empresas e conse quentemente das nações Em primeiro lugar vale a pena definirmos o termo capital de risco Capital de risco tratase de aportes de capital realizados de maneira privada em empresas que não estão listadas na Bolsa de Valores ou seja ainda não realizaram oferta pública de ações como comentamos no início do texto Para investir nessas empresas há dois caminhos através de investimento direto ou através de fundos de investimentos proprietários ou mútuos No Brasil há algumas instituições como é o caso do BNDES que agrupam tais oportunidades numa carteira também chamada de fundo capturando dinheiro no mercado cotistas e administrando a canalização dos recursos por meio de gestão profissional A remuneração do gestor do fundo por sua vez se dá por meio de taxa de administração e taxa de desempenho O seu papel é além de atrair inves tidores para subscrição de capital e agregar valor aos ativos que compõem a carteira aumentando a atratividade e retorno frente ao mercado No que tange os precedentes históricos apesar do mercado de capital de risco existir desde a década de 1940 nos Estados Unidos chegou na América Latina apenas em meados da década de 1990 Entre os anos de 2002 e 2012 cresceu em média 20 aa no Brasil SILVA BIAGINI 2015 Exemplificando Para entender a dimensão do capital de risco no Brasil vale citar as diferentes modalidades existentes no mercado doméstico fundos mútuos de investimento fundos imobiliários fundos proprietários e outras participações diretas em empresas fechadas Ainda com relação ao capital de risco há três tipos diferentes de investi mentos que se relacionam com o momento em que a empresa se encontra 221 seed capital venture capital e private equity O seed capital ou capital semente é dedicado a pequenas empresas muitas vezes em fase experi mental préoperacional No geral essas empresas estão ligadas a parques tecnológicos incubadoras ou aceleradoras O venture capital ou capital empreendedor pode ser destinado a micro pequenas ou médias empresas que já se encontram na fase operacional mas com grande potencial de crescimento Aqui a principal ideia do aporte de capital é expandir o negócio e acelerar os resultados Por fim o private equity referese a aportes em grandes empresas já consolidadas em operação há algum tempo e com resultados significativos No geral vale citar que os fundos que canalizam recursos para a modalidade private equity o fazem por meio de fusões e aquisições o que inclui e confi gura participação societária Atenção Podemos citar mais três tipos de investimento realizados em negócios que não possuem capital aberto O primeiro é o chamado angel capital ou investimento anjo que além de ser destinado a empresas nascentes e ao mesmo tempo inovadoras geralmente são patrocinados por pessoas físicas ou um grupo de pessoas físicas em prol das atividades de marketing e desenvolvimento de produto que os negócios requerem na fase inicial Outro tipo de investimento é o peer to peer landing ou empréstimo coletivo que em outras palavras é empréstimo de pessoa física para empresas através de uma plataforma Não deixa de ser uma forma de capitalizar o negócio certo Tal modalidade atua de acordo com as regras da CVM e não há bancos na intermediação Exemplos no Brasil fintechs Biva Kavod e Nexoos Por fim operando de forma similar ao private equity os fundos de growth capital constituem uma modalidade de venture capital também dedicada a negócios engrenados que buscam capital especificamente para acelerar o crescimento das operações Por fim operando de forma similar ao private equity os fundos de growth capital constituem uma modalidade de venture capital também dedicada a negócios engrenados que buscam capital especificamente para acelerar o crescimento das operações 222 Já falamos de algumas possibilidades de investimento que financiam novos negócios Agora vamos falar dos terrenos que comumente propi ciam o surgimento de negócios tecnologicamente promissores Longe de esgotar o assunto vale pontuar que o surgimento de novos negócios pode se dar de diversas maneiras Uma delas é a partir de pesquisas científicas em empresas universidades ou centros de pesquisa privados ou públicos Este fenômeno é chamado de spinoff ou em uma denominação do português derivagem ou cisão de empresas Tais empresas nascentes buscam apresentar novos produtos ou serviços de alta tecnologia ao mercado No caso do espaço universitário em especial fomentam ainda o espírito empreendedor de estudantes desde a fase da graduação universitária Vale reforçar que o apoio de incubadoras aceleradoras hubs etc é primordial nos primeiros passos do negócio Como você já viu uma incuba dora por exemplo ajuda com infraestrutura mentoria e outros fatores que ampliam as chances de sucesso do empreendimento propriamente dito E serve ainda como uma espécie de vitrine para investidores anjo e outros que buscam negócios promissores para aportar capital Não obstante vale destacar a importância de centros tecnológicos para desenvolvimento de pesquisa e novas tecnologias que inclusive empregam grande parte dos pesquisadores mestres e doutores em todo o mundo ABRANTES 2016 Essas instituições podem tanto ser financiadas pela iniciativa privada quanto pela sociedade civil ou esfera governamental Exemplos de centros de pesquisa financiados por grandes empresas e com unidades residentes no Brasil são DuPont IBM Whirlpool Vale Motorola e GE ABRANTES 2016 Agora em se tratando de canalização de recursos por parte do governo federal o Brasil conta com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES Através de programas fundos e produtos do referido banco o governo investe em diversos setores da economia inclusive incentivando a inovação em micro e pequenas empresas posicionandose como líder quando se trata de aportes em seed capital e venture capital em empresas brasileiras O Criatec por exemplo é um conjunto de fundos de investimentos dedicado a micro pequenas e médias empresas inovadoras A principal investidora é a BNDESPAR sociedade por ações A Criatec já impulsionou mais de 70 empresas além de viabilizar aproximadamente 60 patentes e 1000 novos produtos 223 Neste momento é importante conhecer o conceito de patente Patente é um título de propriedade cedida pelo Estado aos inventores do conteúdo de modo que fiquem protegidos contra a concorrência Mediante as patentes os inventores têm direito exclusivo sobre o uso econômico feito da descoberta em si Em contrapartida os inventores precisam revelar o conteúdo técnico da patente para que a comunidade científica possa seguir evoluindo em termos de desenvolvimento tecnológico Desse modo a patente é um importante meio de divulgação para a comunidade científica mundial Dica Há diversos materiais que podem atualizar você com relação às regras e normativas vigentes acerca dos direitos e obrigações relativos à proprie dade industrial em cada período Com relação ao assunto especifica mente de patentes vale uma visita ao site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI Mas novamente apesar da elevada importância para o desenvolvimento econômico e geração de vantagem competitiva para as nações os investi mentos em inovação tecnológica representam maior risco quando compa rados a outras oportunidades no mercado Isso acontece porque além dos riscos atrelados ao mercado e o seu timing há ainda a necessidade técnica de realizar novos processos e produtos CHRISTENSEN 1992 Pensando na realidade especificamente do Brasil o ecossistema carece tanto de incentivos ao capital de risco frente aos investidores como também da aproximação de universidades e centros de pesquisa com os empreende dores propriamente ditos SILVA BIAGINI 2015 Isso porque estimase que para um dólar gasto em inovação no terreno empreendedor financiado através do capital de risco equivale a três dólares se a mesma tecnologia fosse desenvolvida na área de pesquisa e desenvolvi mento tradicional de uma grande empresa LERNER 2010 Em contrapartida o investimento em negócios seminais revela maior incerteza quando se trata de aporte de capital Por isso os investimentos em venture capital são preteridos pelos investidores Desta forma iniciativas como a Criatec são muito importantes para fomento do ecossistema de inovação como um todo no país 224 Reflita A taxa de aprovação em fundos do Criatec e iniciativas como essa em outros países é de apenas 2 O processo prevê a submissão de um plano de negócios e com base nas diretrizes e parâmetros da política de investimentos do programa ou fundo a instituição decide entre as melhores propostas Isso quer dizer que é preciso se destacar dos demais e isso não somente em oportunidades como a supracitada É necessário estudar continua damente e ser crítico na formulação da proposta a ser apresentada eou seguida Saiba fazer as perguntas certas para chegar nas respostas neces sárias ao desenvolvimento de seu empreendimento seja ele qual for Ainda sobre fundos de investimento existem os Fundos de Investimento em Participações FIP que se referem a um produto financeiro disponibili zado pela bolsa de valores brasileira B3 Através da captação de recursos por meio da venda de cotas os administradores desses fundos canalizam o capital para companhias tanto de capital aberto quanto fechado ou socie dades limitadas O produto FIP configura investimento em renda variável cuja liquidação se dá apenas ao término de sua duração ou por meio de assembleia Ou seja o resgate do dinheiro aplicado por parte do acionista não possui liquidez imediata Em contrapartida garante participação no processo decisório da empresa beneficiária além de influenciar diretamente a profissionalização do negócio bem como sua governança e estratégia Não é raro os fundos indicarem por exemplo executivos para atuarem nas empresas Assimile O conceito de liquidez referese ao grau de conversão do ativo em dinheiro ou caixa Ou seja tratase de quão fácil é reverter um ativo em dinheiro novamente Por exemplo uma casa possui menos liquidez do que cédulas de dinheiro pois para obter dinheirocaixa deve existir uma transação comercial mais complexa que no caso é a venda do imóvel propriamente dito Não obstante o FIP pode ser classificado de acordo com a composição das empresas em sua carteira variando de capital semente empresas emergentes infraestrutura produção intensiva em pesquisa desenvolvimento e inovação e por fim multiestratégia Para saber mais sobre este produto financeiro acesse o portal da B3 225 Vale dizer que a primeira iniciativa voltada para criação de fundos de investimento em participações ocorreu através da instrução 209 da Comissão de Valores Imobiliários CVM no ano de 1994 Os chamados Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes FMIEE Mas a sua constituição era e ainda é mais restritiva com relação às possibilidades de abarcar empresas em sua carteira do que os fundos FIP Foi apenas em 2003 que a CVM regulamentou os fundos FIP através da instrução 391 permitindo a flexibilização na canalização dos recursos e sem limitar o porte ou características das empresas beneficiárias Podemos dizer que FIP e FMIEE são instrumentos de investimento em empresas inovadoras como a própria página do ministério vigente propõe Enquanto a FIP configura um fundo de venture capital a FMIEE diz respeito a fundo de private equity Para saber mais sobre as regras que atualmente vigoram com relação a fundos de investimento em participações acesse o site da CVM cvmgovbr A presente leitura buscou localizar os principais tópicos com relação ao capital de risco frente a empresas de base tecnológica especialmente aquelas em estágio inicial Além disso elencou as oportunidades existentes no tocante a alocação de recursos e conhecimento para inovação tecnológica através de universidades e centros de pesquisa Para continuar a enriquecer o seu repertório de informações e estratégias não deixe de estudar Informese leia sempre corra atrás das pessoas que farão diferença em sua rotina Não tema qualquer empecilho Ouse mais Muito sucesso para você em sua jornada profissional Sem medo de errar Lembrase da herança que recebeu dos generosos tios Pois bem é chegada a hora de responder aos questionamentos elencados na situação problema a saber 1 Suponha que você ainda não saiba do que se trata a atividade especi ficada pelos tios busque saber o que é venture capital 2 Como encontrar oportunidades de investimentos que envolvam negócios promissores 3 Há opções de investimento com maior atuação do investidorfundo na gestão de uma startup 226 4 Por fim caso opte por investir como pessoa física existe um caminho alternativo para investimento em venture capital Com relação ao primeiro ponto capital de risco tratase de aportes de capital realizados de maneira privada em empresas que não estão listadas na Bolsa de Valores ou seja ainda não realizaram oferta pública de ações como comentamos no início do texto Para investir nessas empresas há dois caminhos através de investimento direto ou através de fundos de investi mentos proprietários ou mútuos Agora para encontrar empreendimentos promissores na área da inovação tecnológica vale a visita a congressos hubs de inovação incubadoras e acele radoras O leque de possibilidades é interessante e o ecossistema de inovação brasileiro tem evoluído com bastante rapidez Com relação à possibilidade de participar mais ativamente da gestão de negócios pesquisar sobre os Fundos de Investimento em Participações FIP Este produto financeiro listado na bolsa de valores referese à captação de recursos por meio da venda de cotas Diferente das FMIEE os administra dores desses fundos canalizam o capital para companhias tanto de capital aberto quanto fechado ou sociedades limitadas e podem atuar mais ativa mente na gestão estratégica do negócio inclusive indicando executivos Por fim sobre a possibilidade de investir como pessoa física há dois caminhos Primeiro através de angel capital ou investimento anjo que além de ser destinado a empresas nascentes e ao mesmo tempo inovadoras geral mente financiam atividades de marketing e desenvolvimento de produto que os negócios requerem na fase inicial Outro tipo de investimento é chamado de peer to peer landing ou empréstimo coletivo que nada mais é do que empréstimo de pessoa física para empresas através de uma plataforma Exemplos no Brasil fintechs Biva Kavod e Nexoos Faça valer a pena 1 FIP e FMIEE são instrumentos de investimento em empresas inovadoras Enquanto a FIP configura um fundo de venture capital a FMIEE diz respeito a fundo de Assinale a alternativa que completa adequadamente a frase acima a Private equity b Produção alimentícia c Seed capital 227 d Hub capital e Angel capital 2 Lucas é empreendedor e após oito anos de esforços e muita pesquisa descobriu uma solução em nanotecnologia que pode revolucionar o setor de telecomunicações do país Lucas deve antes de publicar a sua descoberta registrar a INPI b Propriedade processual c Segredo industrial d Patente e Certidão de inovação 3 O surgimento de novos negócios pode se dar de diversas maneiras inclu sive a partir de pesquisas científicas em empresas universidades ou centros de pesquisa privados ou públicos Este fenômeno é chamado a Hub b Spinin c Spinoff d Logout e Login Referências ABRANTES T 6 centros de pesquisa para trabalhar no Brasil Portal Exame Publicado em 18 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httpswwwfinepgovbrimagesapoioefi nanciamentomanualoslopdf Acesso em 26 dez 2019 PEZZONI C Acesso a capital fontes alternativas Portal Endeavor Brasil 23 maio 2013 Disponível em httpsendeavororgbrdinheiroestasobrandodinheiro Acesso em 2 jan 2019 RAUEN A T SAAVEDRA C A P B HAMATSU N K Crédito para inovação no Brasil impactos da atuação da financiadora de estudos e projetos no esforço de PD das firmas benefici árias In NEGRI J A de ARAÚJO B C BACELETTE R orgs Financiamento do desenvol vimento no Brasil Brasília DF IPEA 2018 RIES E A startup enxuta como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bemsucedidas São Paulo Lua de Papel 2012 SAMSUNG NEWSROOM BRASIL Samsung Creative Startups prorroga inscrições para o Batch 5 Samsung 19 dez 2019 Disponível em httpsnewssamsungcombrsamsungcreativestar tupsprorrogainscricoesparaobatch5 Acesso em 2 jan 2019 SARFATI Gilberto Estágios de desenvolvimento econômico e políticas públicas de empreende dorismo e de micro pequenas e médias empresas MPMEs em perspectiva comparada os casos do Brasil do Canadá do Chile da Irlanda e da Itália Revista de Administração Pública RAP v 47 n 1 p 33 2013 SCHUMPETER J A A teoria do desenvolvimento econômico São Paulo Abril Cultural 1982 SEBRAE Economia Criativa sd Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebrae segmentoseconomiacriativacomoosebraeatuanosegmentodeeconomiacriati va47e0523726a3c510VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em 26 dez 2019 SEU DINHEIRO Investimento a partir de R 1000 promete pagar 50 ao ano Vale a pena Portal Exame Publicado em 18 mai 2018 Disponível em httpsexameabrilcombrseudi nheiroinvestimentoapartirder1000prometepagar50aoanovaleapena Acesso em 4 jan 2020 SILVA Filipe Borsato da BIAGINI Fabio Luiz Capital de risco e o desenvolvimento de empresas de base tecnológica no Brasil a experiência dos fundos Criatec e perspectivas BNDES Setorial 42 p 101130 2015 SUROWIECKI J All together now The New Yorker Nova Ioque 3 abr 2005 Disponível em httpswwwnewyorkercommagazine20050411alltogethernow3 Acesso em 22 dez 2019 Twitter video message TVM 12 mins mp4 1920 x 1080 30fps AAC 48kHz English USD English 12 days duration format video audio source currency text delivery ISBN 9788552216858 9 788552 216858 NOME DA INSTITUIÇÃO NOME DO CURSO NOME DO ALUNO TITULO DO TRABALHO Cidade 2024 NOME DO ALUNO TÍTULO DO TRABALHO NOME DO CURSO Trabalho apresentado à NOME DA UNIVERSIDADE como parte das exigências para obtenção do título de bacharel em NOME DO CURTO Orientador Cidade 2024 Sumário 1 Introdução4 2 Desenvolvimento4 Atividade 14 Atividade 25 Atividade 36 Atividade 46 3 Conclusão7 1 Introdução Este trabalho busca aplicar os conhecimentos adquiridos no curso realizando o Projeto Integrado I Gestão ao se analisar a empresa Têxtil Verde Ferramentas de gestão e conhecimentos sobre tecnologia inovação e ética foram aplicados a fim de se propor soluções para a empresa fictícia 2 Desenvolvimento Atividade 1 A análise SWOT também conhecida como análise FOFA da empresa conta com os pontos fortes e fracos além de oportunidades e ameaças considerando o contexto que a empresa está inserida tal como é mostrado na Figura abaixo Como parte do desenvolvimento da marca sugerese que seja focada no desenvolvimento contínuo sempre gerando a inovação de práticas sustentáveis e tendo em vista a ecoeficiência Nas estratégias de marketing sugerese que sejam feitos conteúdos educacionais sobre moda sustentável a fim de divulgar a marca Já no meio offline sugerese palestras em escolas e faculdades com o intuito de criar uma base sólida de conscientização e divulgação da marca além dos métodos tradicionais de marketing Atividade 2 A EAP do projeto é mostrada a seguir Para a atividade de desenho da atividade logística são necessários especialistas em logística e softwares de otimização especializados como recursos Implementar um sistema de monitoramento Estabelecer um cronograma detalhado Designar papéis e responsabilidades para os membros Treinamento dos envolvidos sobre práticas sustentáveis Seleção de modais verdes Desenhar a rede logística Projeto Têxtil Verde As sub atividades são análise da rede logística atual identificação de rotas escolha de rotas otimização de rotas e manuseio e armazenagem de estoque Os indicadores como Emissão de CO2 e gasto médio de combustível podem ser utilizados para medir a eficiência desta atividade Atividade 3 O ESG possui 3 pilares o Ambiental Environmental que mede o impacto no meio ambiente Social que verifica as relações interpessoais dentro e fora da empresa e com a comunidade e seus stakeholders e a Governança que mede a ética da empresa Na aplicação em um Hospital a Governança pode ser tratada ao se criar um comitê para monitorar o atendimento das legislações vigentes o Social pode ser tratado como a inclusão de pessoas com deficiência no quadro de funcionários de liderança e o ambiental pode ser adotar o uso de materiais recicláveis e biodegradáveis nos processos sempre que possível Uma das vantagens do ESG no âmbito hospitalar é trazer grandes talentos para o quadro de funcionários pois grandes nomes da medicina irão buscar fazer parte de um hospital que seja referência neste quesito Atividade 4 A performance elevada é critério suficiente para adotar a tecnologia para solucionar problemas de nossa realidade cotidiana Por mais que uma tecnologia possa ter mais velocidade e precisão por exemplo elas não são dotadas de aspecto cultural único que cada ser humano possui além da pegada de carbono que cada máquina inevitavelmente possui Por isso não basta uma performance elevada o fator cultural deve ser levado em consideração Existem outros princípios da ação humana que diferenciam nosso funcionamento da programação típica da tecnologia Sim os humanos possuem empatia e conseguem analisar os sentimentos dos homens como amor felicidade e tristeza além de terem criatividade de pensarem em várias combinações diferentes para cada solução tendo em vista sua cultura oque nos difere das máquinas De que modo as mudanças para a preservação ambiental se articulam com os princípios da cidadania Cuidar do meio ambiente é cuidar do ser humano que nele reside A partir do momento que uma árvore é preservada toda a comunidade que faz parte dela é beneficiada aplicando os conceitos de cidadania 3 Conclusão A Têxtil Verde deve se orientar pelas informações dispostas neste trabalho a fim de se tornar competitiva no mercado sustentável e ter êxito no novo projeto tendo em vistas os pilares da sustentabilidade e ESG tal como as ferramentas de gestão que se utilizadas de modo correto garantem o sucesso da empresa no futuro
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Projeto Integrado I Gestão CSTs Projeto Integrado I Gestão CSTs PROJETO INTEGRADO I GESTÃO Projeto Integrado I Gestão CSTs Objetivos da Aprendizagem O Projeto Integrado é um procedimento metodológico de ensino aprendizagem que tem por objetivos Instigar os alunos apoiados nas informações presentes na BNCC sobre a área da linguagem como ferramenta norteadora para o planejamento de atividades diferenciadas Relacionar teoria e prática a fim de proporcionar embasamento para atuação em atividades extracurriculares Desenvolver os estudos independentes sistemáticos e o autoaprendizado Favorecer a aprendizagem Promover a aplicação da teoria e conceitos para a solução de problemas práticos relativos à profissão NORMAS PARA ELABORAÇÃO E ENTREGA DA PRODUÇÃO TEXTUAL 1 O trabalho será realizado individualmente 2 Importante Você deverá postar o trabalho finalizado no AVA o que deverá ser feito na pasta específica atividades interdisciplinares obedecendo ao prazo limite de postagem conforme disposto no AVA Não existe prorrogação para a postagem da atividade 3 Deve conter depois de pronto capa e folha de rosto padrão da Instituição sendo organizado no que tange à sua apresentação visual tipos e tamanhos de fontes alinhamento do texto espaçamentos adentramento de parágrafos apresentação correta de citações e referências entre outros elementos importantes conforme modelo disponível no AVA 4 A produção textual é um trabalho original e portanto não poderá haver trabalhos idênticos aos de outros alunos ou com reprodução de materiais extraídos da internet Os trabalhos plagiados serão invalidados sendo os alunos reprovados na atividade Lembrese de que a prática do plágio constitui crime com pena prevista em lei Lei nº 9610 e deve ser evitada no âmbito acadêmico 5 Importante O trabalho deve ser enviado em formato Word Não serão aceitos sob nenhuma hipótese trabalhos enviados em PDF A seguir apresentamos a você alguns dos critérios avaliativos que nortearão a análise do Tutor a Distância para atribuir o conceito à produção textual Normalização correta do trabalho com atendimento ao número de páginas solicitadas Apresentação de estrutura condizente com a proposta apresentada com introdução desenvolvimento e conclusão Projeto Integrado I Gestão CSTs Uso de linguagem acadêmica adequada com clareza e correção atendendo à norma padrão Atendimento à proposta contemplando todos os itens solicitados com objetividade criatividade originalidade e autenticidade Fundamentação teórica do trabalho com as devidas referências dos autores eventualmente citados Lembrese de que seu Tutor a Distância está à disposição para lhe atender em suas dúvidas e também para repassar orientações sempre que você precisar Aproveite esta oportunidade para realizar um trabalho com a qualidade acadêmica de nível universitário Bom trabalho Equipe de professores Projeto Integrado I Gestão CSTs Leitura proposta Para atingir os objetivos deste projeto integrado você deverá seguir as instruções voltadas à elaboração do trabalho disponibilizadas ao longo do semestre sob a orientação do Tutor a Distância SITUAÇÃO PROPOSTA Estudo de Caso Inovação Social na Indústria Têxtil A Têxtil Verde uma indústria de vestuário estabelecida em uma cidade de médio porte enfrenta o desafio de reinventar sua abordagem empresarial para crescer em um mercado altamente competitivo Ao realizar uma consultoria verificouse uma grande oportunidade em um nicho de mercado que busca produtos mais sustentáveis impulsionada pelo aumento de consumidores cada vez mais conscientes e exigentes Os diretores da empresa viram essa ideia muito oportuna e condizente com seus valores uma vez que já haviam empreendido um projeto anterior focado em desenvolver uma cadeia de suprimentos ética e sustentável reduzindo o impacto ambiental e promovendo condições de trabalho que gere respeito e satisfação no ambiente de trabalho O novo projeto envolve a criação de parcerias estratégicas com fazendas de algodão orgânico a implementação de práticas de produção ecoeficientes e a capacitação de comunidades locais em regiões de produção A gestão de projetos tornase crucial para coordenar as diferentes fases desde o design sustentável até a comercialização dos produtos O empreendedorismo da Têxtil Verde é evidente na abordagem inovadora para conquistar mercados que valorizam a produção ética Além disso a empresa comprometese com a transparência educando os consumidores sobre a procedência sustentável de seus produtos Em seu novo projeto a Têxtil Verde não apenas busca transformar operacionalmente a empresa mas também construir uma marca consciente que ressoe com as expectativas do consumidor moderno reforçando os benefícios tangíveis das práticas empresariais socialmente responsáveis e sustentáveis Projeto Integrado I Gestão CSTs ATIVIDADES ATIVIDADE 1 Estudante desenvolva um plano estratégico para a implementação bemsucedida do novo projeto da Têxtil Verde focado na criação de uma marca consciente e sustentável seguindo os seguintes passos Passo 1 Análise de Oportunidades e Desafios Realize uma análise SWOT Forças Fraquezas Oportunidades e Ameaças para identificar os elementos internos e externos que podem afetar o sucesso do projeto da Têxtil Verde a SWOT pode ser realizada com o formato de quadrantes ou em texto corrido Passo 2 Desenvolvimento da Marca Crie uma proposta de valor para a Têxtil Verde destacando os principais elementos que diferenciarão a marca no mercado Considere como a empresa pode comunicar de forma eficaz seus valores e práticas sustentáveis aos consumidores Passo 3 Estratégias de Marketing Elabore estratégias de marketing para posicionar a Têxtil Verde como líder no segmento de moda sustentável Inclua abordagens online e offline considerando a conscientização do consumidor sobre a importância de escolhas éticas REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE KURATKO Donald F Empreendedorismo processo prática São Paulo Cengage Learning Brasil 2018 Projeto Integrado I Gestão CSTs ATIVIDADE 2 A situação complexa pela qual a fábrica em questão está passando requer a elaboração de soluções efetivas no que tange às diferentes áreas da organização que serão impactadas em prol de tais mudanças Pensar e instrumentalizar soluções de problemas que aqui no caso é uma oportunidade não é tarefa fácil e envolve uma série de processos e práticas muito bem planejadas visto que os recursos financeiros e de tempo para prover tais soluções são limitados Neste sentido uma estratégia importante e bastante útil neste contexto a fim de viabilizar a implementação de soluções diz respeito ao gerenciamento de um projeto Você enquanto líder do projeto tem como primeiro passo determinar um objetivo em específico e destrinchálo em objetivos menores visto que a própria apresentação do contexto da empresa já nos deu vários insights sobre essa entrega macro e essas possíveis tais sub entregas Tendo definido então um objetivo sua missão nesta etapa consiste em a Elaborar uma Estrutura Analítica do Projeto EAP Em outras palavras através da EAP você fará a espinha dorsal do seu projeto pensando que tal ferramenta será utilizada para discutir com os gestores da empresa os possíveis encaminhamentos como por exemplo recursos disponíveis para operacionalização A EAP é a decomposição do trabalho necessário para a realização de um projeto em pacotes de trabalhos menores organizados de cima para baixo hierarquicamente não necessariamente na ordem exata mas na melhor possível Projeto Integrado I Gestão CSTs Figura 1 Exemplo da estrutura Fonte Elaborado pelos autores Na figura o primeiro nível diz respeito ao objetivo do projeto O segundo nível diz respeito às atividades necessárias para alcançar o objetivo geral O terceiro nível diz respeito às atividades necessárias para alcançar o objetivo específico do nível anterior e assim por diante Sua EAP deve conter pelo menos três níveis b Tendo elaborado a EAP dê continuidade a sua espinha dorsal agora trazendo os fundamentos da administração associando às funções Administrativas de Planejar Organizar Executar e Controlar Vamos pensar que a EAP ilustrou os elementos pensados na fase de planejamento Agora sua missão consiste em mapear alguns dos principais recursos necessários a serem organizados para viabilizar a execução um check list de tarefas a serem executadas associadas aos níveis da EAP bem como possíveis indicadores de controle para garantir atendimento ao objetivo Projeto Integrado I Gestão CSTs REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE CAMARGO Marta Gerenciamento de Projetos São Paulo Grupo GEN 2018 Minha Biblioteca CHIAVENATO Idalberto Administração nos Novos Tempos Os Novos Horizontes em Administração São Paulo Grupo GEN 2020 WYSOCKI Robert K MARQUES Arlete S Gestão eficaz de projetos vol 2 São Paulo Saraiva 2020 Minha Biblioteca Institute Project M Um guia de conhecimento em gerenciamento de projetos guia PMBOK Disponível em Minha Biblioteca 5th edição Editora Saraiva 2014 ATIVIDADE 3 Todo processo de mudança gera desafios esse cenário é enfrentado atualmente por essa industrial têxtil Pensando em facilitar esse processo é importante analisar os contextos no âmbito social ambiental e até de governança Diante disso a implantação do ESG pode trazer diversos benefícios para empresa Agora você deverá avançar na discussão dessa importante e atual temática visando auxiliar propor melhorias ou mitigar ações em empresa e corporações da área da saúde unidades de saúde particulares e públicas entre outros E para isso análise e discorra sobre os tópicos abordados abaixo 1 Defina o que é o ESG e sua importância para o segmento empresarial e de gestão da área da saúde 2 Crie um plano de ação para cada pilar do ESG governança social e o ambiental em algum seguimento da área da saúde clínicas hospital entre outros 3 Destaque quais as vantagens da implantação do ESG para empresas da área da saúde Projeto Integrado I Gestão CSTs REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE PEREIRA Adriana C DA SILVA Gibson Z EHRHARDT Maria E Sustentabilidade responsabilidade social e meio ambiente Editora Saraiva São Paulo 2011 SOLER Fabrício PALERMO Caroline ESG ambiental social e governança da teoria à prática São Paulo Expressa 2023 ATIVIDADE 4 Se ao longo do processo de formação e desenvolvimento das sociedades observamos a substituição gradual da atuação humana por máquinas não seria exagerado afirmar que atualmente esse fenômeno está se acelerando e alcançando níveis anteriormente inimagináveis Avanços significativos nas áreas de robótica automação e conectividade por exemplo estão ampliando as oportunidades para a aplicação da tecnologia na execução de diversas tarefas exigidas nas sociedades modernas Ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos nos auxiliam a encontrar algumas respostas para problemas cotidianos que atingem a humanidade formulando maiores certezas com maior agilidade em temas antes duvidosos temos de reconhecer também que as potencialidades oferecidas pelo desenvolvimento científico contemporâneo abrem novos campos de discussão envolvendo a ética Assim a ampliação das atividades que conseguimos fazer eleva proporcionalmente os questionamentos sobre o que efetivamente devemos fazer Pensando no estudo de caso Inovação Social na Indústria Têxtil considere que o novo projeto de transformação operacional da empresa compatíveis com os desafios da sociedade competitiva moderna tem a possibilidade de adquirir e implementar maquinários avançados e o desenvolvimento de novos equipamentos de inteligência artificial Diante disso disserte a partir das seguintes perguntas A performance elevada é critério suficiente para adotar a tecnologia para solucionar problemas de nossa realidade cotidiana Existem outros princípios da ação humana que diferenciam nosso funcionamento da programação típica da tecnologia Projeto Integrado I Gestão CSTs De que modo as mudanças para a preservação ambiental se articulam com os princípios da cidadania REFERÊNCIAS PARA ATIVIDADE CONTI Hugo Martarello de ALVES Patrícia Villen Meirelles Sociedade Brasileira e Cidadania Londrina Editora e Distribuidora Educacional SA 2019 CORREIA Carol Por uma tecnologia ética Inovação traz questionamentos e desafios que mostram a importância das Ciências Humanas na área In Conexão UFRJ online Publicado em 29 de abril de 2022 Disponível em httpsconexaoufrjbr202204porumatecnologiaetica Acesso 29 nov 2023 FREIRE Emerson BATISTA Sueli Soares Batista Sociedade e tecnologia na era digital 1ª ed São Paulo Editora Érica 2014 SANTOS JUNIOR Nei Jairo Fonseca dos Notas sobre ética na sociedade tecnológica In RELACult V 05 ed especial abr 2019 artigo nº 1195 Disponível em httpsperiodicosclaecorgindexphprelacultarticledownload11957074798 Acesso 29 novembro de 2023 CETEM 35 ANOS CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Centro de Tecnologia Mineral CETEM 35 ANOS CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff Presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia VicePresidente MINISTÉRIO DA CIÊNCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Marco Antonio Raupp Ministro Luiz Antonio Rodrigues Elias Secretário Executivo Arquimedes Diógenes Ciloni Subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa Carlos Oití Berbert Coordenador Geral das Unidades de Pesquisa Branquinho CLS Ed CETEM 35 Anos Criatividade e Inovação Centro de Tecnologia Mineral Rio de Janeiro 320 p il fevereiro2014 ISBN 9788582610121 CDD 6227 1 Inovação 2 Desenvolvimento Tecnológico 3 Tecnologias Limpas 4 Projetos de PDI 5 Pequenas Médias e Grandes Empresas 6 Comunidades Beneficiadas Depósito Legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10994 de 14 de dezembro de 2004 CETEM Centro de Tecnologia Mineral Av Pedro Calmon 900 Ilha da Cidade Universitária CEP 21941908 RJ Brasil CETEM CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL Fernando Antonio Freitas Lins Diretor Marisa Bezerra de Mello Monte Coordenadora de Planejamento Gestão e Inovação Claudio Luiz Schneider Coordenador de Processos Minerais Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenador de Processos Metalúrgicos e Ambientais Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenador de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa Arnaldo Alcover Neto Coordenador de Análises Minerais Cosme Antonio de Moraes Regly Coordenador de Administração CETEM 35 ANOS 1978 2013 CETEM 35 ANOS CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO EditoraOrganizadora CARMEN LuCIA DA SILVEIRA BRANquINHO concepção pesquisa bibliográfica entrevistas e revisão técnica Apresentação O País avançou muito nos últimos anos nas iniciativas voltadas à inovação São exemplos re centes disso o lançamento no ano passado do Plano Inova Empresa e a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial e Inovação a Embrapii dentre outras iniciativas Há um esforço coordenado entre governo e indústria com uma crescente conscientização sobre a necessidade de se ter a inovação como instrumento estratégico para ganhos de compe titividade na economia global É nesse cenário que a tecnologia mineral se faz cada vez mais importante O setor mineral tem sido vital para o superávit da balança comercial brasileira e responde por cerca de 4 do PIB nacional O Brasil possui importantes reservas minerais e é protagonista mundial na produção de minério de ferro nióbio caulim bauxita grafita e rochas ornamentais entre outros Também apresenta potencial para assumir papel importante na produção de mi nerais estratégicos como as terras raras Há sete mil minas em operação no País mais de 200 consideradas de grande porte Embora os produtos minerais sejam geralmente commodities os processos para sua ob tenção são cada vez mais sofisticados Para aumentar a competitividade de seu setor mineral é indispensável ao País manterse atualizado com as tecnologias que incrementam a produtivi dade em sintonia com os princípios de sustentabilidade É a esses desafios permanentes que o CETEM única instituição de pesquisa brasileira com foco em tecnologia mineral se dedica desde sua fundação em 1978 Ao atingir 35 anos de existência o CETEM completa mais uma etapa de sua trajetória alinha do com as políticas governamentais Atualmente suas linhas programáticas estão em sintonia com a Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação ENCTI deste Ministério e harmonizadas com a política industrial do governo federal o Plano Brasil Maior e com os objetivos do Plano Nacional de Mineração 2030 do Ministério de Minas e Energia Assim é com satisfação que vejo o CETEM em plena evolução compromissado com os objetivos do País e procurando continua mente capacitarse nos mais diversificados segmentos da tecnologia mineral e ambiental Com isso cumpre seu papel no presente e preparase para os desafios que se apresentarão no futuro Nos seus 35 anos de operação o CETEM desenvolveu centenas de projetos que resultaram em várias aplicações tecnológicas Foram tecnologias originais ou adaptadas que proporciona ram avanços ou melhorias a diversos empreendimentos da mineração e da metalurgia Este livro com cerca de 60 resumos de projetos contém uma retrospectiva da contribuição do CETEM ao setor mineral Em uma cronologia organizada por décadas são apresentados os principais desenvolvimentos tecnológicos realçando sua utilização pelas empresas Foi realizado um substancial esforço na seleção edição e dentro do possível na simplificação da linguagem para que mesmo os não especialistas possam apreciar o valor da contribuição de cada trabalho Meus cumprimentos a todos que fizeram o CETEM e àqueles que levam adiante esta instituição Brasília fevereiro de 2014 Marco Antonio Raupp Ministro de Estado da Ciência Tecnologia e Inovação Apresentação Prefácio Prefácio O ano era 1978 em 18 de abril começava a história do CETEM Um grupo de funcionários foi transferido da sede da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM para as ins talações do Centro de Tecnologia Mineral CETEM1 A concepção do Centro ocorreu no início daquela década pelo Prof Antonio Dias Leite então Ministro das Minas e Energia com o obje tivo de desenvolver soluções tecnológicas para o setor mineral no contexto de uma política de substituição das importações de bens minerais Prevaleceu a decisão estratégica de situar o Centro no campus de uma universidade de grande porte e de reconhecida competência como a UFRJ na Cidade Universitária O CETEM iniciou suas atividades no âmbito do convênio operacional assinado entre a CPRM e o Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM Onze anos mais tarde em 1989 mudou de vinculação ministerial e foi inserido no sistema de gestão do MCTI pela Lei 7677 de outubro de 1988 passando a ser gerido como uma das unidades de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq No ano 2000 tornou se uma instituição integrante do MCTI sob a coordenação da Subsecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa SCUP Em 2013 depois de 35 anos de operação contínua o Centro segue contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da indústria mineral brasileira preparandose para as próximas décadas e desafios Inaugura este ano seu primeiro Núcleo Regional no Espírito Santo focado em rochas ornamentais Desde seu início o Centro operou com programações trienais para definir suas linhas de pesquisa prática que vigorou até 2001 A partir de 2002 o planejamento e a análise do de sempenho por indicadores técnicos e administrativos estão baseados no Termo de Compromisso de Gestão TCG anual pactuado pelo Ministro e pelo Diretor A partir de 2006 adotase um plano estratégico quinquenal o Plano Diretor da Unidade PDU O primeiro teve vigência no período 20062010 e está em curso o PDU 20112015 A prática de consultar o setor em presarial e especialistas externos sempre teve lugar na elaboração dos planejamentos trienais ou quinquenais Em 2013 houve orientação do MCTI para que suas unidades de pesquisa procurassem se alinhar com os programas das secretarias do ministério definidos na Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação ENCTI com vigência até 2015 O Centro também se alinha a outras políticas e iniciativas governamentais relacionadas a sua área de atuação como o Plano Brasil Maior nos comitês de mineração e de metalurgia e o Plano Nacional de Mineração 2030 PNM2030 lançado pelo MME em 2011 O PNM2030 ressalta que especial atenção deve ser dada à valorização e ao fortalecimento institucional do CETEM pois é a única instituição de ciência e tecnologia federal dedicada ao setor mineral com condições de contribuir para superar os grandes gargalos tecnológicos para o pleno aproveitamento dos bens minerais bra sileiros sobrepondo os interesses estratégicos nacionais aos de mercado 1 Vários depoimentos de pesquisadores do CETEM já foram bem registrados no livro comemorativo dos 30 anos de fundação intitulado CETEM 30 Anos A História Contada por Seus Fundadores publicado em 2008 e acessível no site do CETEM httpwwwcetemgovbrbibliotecapublicacoeslivros A inovação no setor mineral está normalmente relacionada à melhoria de processos para redução de custos onde inovações mais acontecem à melhoria da imagem da empresa em relação à preservação do meio ambiente ao atendimento às regulamentações de segurança e saúde ocupacional ou à criação de produtos com valor agregado A inovação se dá nas diversas atividades nesse setor que resumidamente incluem i a exploração e a extração dos recursos minerais ii o processamento e o gerenciamento de diferenciados processos de beneficia mento e transformação mineral intermediária iii a reciclagem de resíduos industriais e de sucatas iv o tratamento de efluentes v a restauração eou o fechamento de minas Esta publicação intitulada CETEM 35 Anos Criatividade e Inovação ora lançada com muito orgulho e satisfação apresenta uma seleção criteriosa de projetos de PDI realizados pela instituição ao longo de sua existência e que em sua maioria geraram inovações para pe quenas médias e grandes empresas do setor mineral Coube à Dra Carmen Lucia Branquinho editora científica desta obra a árdua tarefa de analisar e selecionar centenas de projetos desenvolvidos pelo CETEM ao longo dos seus 35 anos de existência A partir de uma laboriosa pesquisa bibliográfica em mais de 3000 documentos propostas de trabalho e relatórios técnicos depositados na biblioteca do CETEM os projetos foram préselecionados pela pesquisadoracolaboradora deste Centro à qual foi delegada a missão de editoração Após a préseleção a etapa seguinte consistiu de entrevistas individuais com os pesquisadores para a seleção final dos trabalhos que constam deste Livro comemorati vo A concepção da forma de apresentação dos resumos de cada projeto e a revisão técnica de seus conteúdos foram também realizadas pela editora Foi um trabalho que além de conheci mento exigiu dedicação e paciência especialmente porque muitos dos pesquisadoreslíderes de projetos estavam engajados em outras atividades profissionais consideradas prioritárias ou em alguns casos não mais estavam no CETEM Não obstante a competência e a perseverança da Dra Carmen Lucia Branquinho despertou o espírito de colaboração de todos contribuindo para a consecução desta publicação Os 57 projetos de PDI selecionados estão organizados cronologicamente em três par tes Década de 80 Década de 90 e Novo Milênio segundo as datas do início da realização dos projetos Os textos de seus resumos ilustram i os problemas apresentados pelas empresas por outros órgãos governamentais ou para atender às necessidades de pequenas comunidades ii os desafios enfrentados para solucionar os problemas iii as diversificadas estratégias aplicadas para o desenvolvimento dos projetos iv seus principais resultados e os benefícios gerados Os resumos permitem apreciar a variedade de tecnologias novas e incrementais desenvolvidas pelo corpo de pesquisadores do CETEM que com criatividade e inteligência sempre buscou atender às demandas e resolver de forma inovadora as dificuldades indus triais em geral relacionadas às etapas de processamento mineral e metalurgia extrativa e os anseios de comunidades em diferentes regiões de nosso território Poderseá ainda notar os esforços para a solução de problemas de gestão tecnológica e ambiental em Arranjos Produtivos Locais APLs de base mineral experiência que fundamenta um amplo programa nacional de assistência tecnológica gerencial e financeira às pequenas empresas e mineradores artesanais Os resumos dos projetos podem ser lidos isoladamente Recomendase no entanto que este Livro seja apreciado por inteiro pois no conjunto é que está a sua força na diversidade é que ele se revela surpreendente O rico mosaico de projetos mostra a multiplicidade de ca pacitações e competências necessárias bem como a importância do relacionamento interins titucional e das parcerias estabelecidas na geração de inovações tecnológicas Certamente evidenciam o desempenho do CETEM como uma instituição de excelência na área mineral Isso se deve muito à dedicação daqueles servidores e colaboradores que já passaram pela ins tituição e dos que hoje levam adiante a bandeira da tecnologia mineral Rendo a todos minhas sinceras homenagens e o meu reconhecimento Fernando Antonio Freitas Lins Diretor do CETEM Sumário 1 Introdução 9 Referências Projetos de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação PDI DÉCADA DE 80 14 Refino eletrolítico de ouro para a Casa da Moeda do Brasil 22 Flotação do minério sulfetado de zinco e chumbo de Paracatu MG 26 Produção de cobre eletrolítico de elevada pureza por via hidrometalúrgica 32 Concentração de diamantes através de Dynawhirlpool 36 Flotação do minério oxidado de zinco de Vazante MG 40 Estudo de viabilidade do aproveitamento energético do linhito do Alto Solimões 43 Tecnologia para aproveitamento de turfas 47 Beneficiamento de diatomitas da Bahia 51 Tratamento do matte da metalurgia do chumbo da Plumbum SA 57 Substituição de importação de insumos o caso do aditivo de neutralização de gás sulfídrico em lamas de perfuração 61 Tratamento de efluentes de plantas de lavagem de carvão com espessador de lamelas contracorrente LAMELACET 66 Beneficiamento de diatomitas de Punaú RN e Lagoa de Dentro CE Sumário DÉCADA DE 90 72 Processamento hidrometalúrgico de um concentrado de xenotima 77 Orientação técnica ao pequeno minerador de ouro amalgamação queima de mercúrio e descontaminação de rejeitos 84 RETORCET uma retorta desenvolvida e fabricada no CETEM 88 Imobilização de arsênio oriundo de rejeitos do processamento de ouro 96 Protótipo para operações ambiental e ocupacionalmente seguras em casas compradoras de ouro de regiões garimpeiras 102 Dessulfuração de finos de carvão por concentradores centrífugos 107 KIT ALLEGRA sistema alternativo para determinação de mercúrio em amostras ambientais e em pescado 111 Beneficiamento de talco de Ponta Grossa e Castro PR 117 Avaliação e otimização da produção das moedas da segunda família do Real 122 Aproveitamento de fosfato e terras raras no semiárido nordestino 126 Aproveitamento dos resíduos finos de rochas ornamentais de Santo Antônio de Pádua RJ na fabricação de argamassas 133 Processamento de caulins visando suas aplicações industriais 137 Biorreator para tratamento de solos contaminados por petróleo NOVO MILÊNIO 146 Recuperação ambiental de áreas mineradas tecnologia inovadora aplicada à indústria carbonífera 150 Preparação de betacetoésteres superiores por transesterificação com argilas naturais reutilizáveis como catalisadores e álcoois 153 Efeito da aplicação in situ de corretivos fosfatados na mobilidade e biodisponibilidade de metais pesados 161 Coprocessamento do resíduo da produção da liga ferronióbio pela CBMM 165 Aplicação de resíduos de rochas ornamentais na geração de pavimentos asfálticos 170 Especiação de nitrogênio em rocha reservatório de petróleo empregando ultrassom e cromatografia de íons 174 Minimização dos efeitos ambientais na produção de zinco eletrolítico 178 Otimização da cadeia produtiva do carvão para geração de energia elétrica e recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração 184 Utilização de cinzas da combustão de carvão mineral para o tratamento de efluentes líquidos 188 Ouro e sulfetos da Rio Paracatu Mineração otimização da flotação 193 Especiação de mercúrio em petróleo utilizando técnicas espectroscópicas 199 Ações tecnológicas sustentáveis para melhoria da gestão ambiental da PAIq 206 Tecnologias limpas para a arte em pedrasabão o caso de Mata dos Palmitos Ouro Preto MG 209 Produção no CETEM de materiais de referência certificados MRC desafios e soluções inovadoras 214 Produção de policloreto de alumínio a partir de bauxita para tratamento de águas 217 Aperfeiçoamento do processo de reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição RCD 225 Biolixiviação para extração de cobre de um concentrado de flotação da Mineração Caraíba 229 Prensas de rolos de alta pressão desenvolvimento de um modelo para precisão da granulação do produto de um processo de moagem emergente 233 Desenvolvimento tecnológico para otimizar as condições de ustulação de concentrados de zinco 238 Aproveitamento de chumbo contido em escória metalúrgica 241 Processo para enriquecimento em meio denso de minério de ferro granulado 244 Lixiviação de minério intemperizado incluindo eletrorrecuperação direta de cobre 248 Desempenho de coberturas secas no abatimento de drenagem ácida de mina 254 Beneficiamento de sedimentos dragados da Baía de Guanabara para encapsulamento em geobags 258 Melhorias no processo de produção de alumina o caso do TCA como auxiliar de filtração 262 Ácidos orgânicos em amostras hipersalinas 266 Tecnologia avançada para mineração de quartzitos 271 Utilização da lama vermelha como agente de remoção de poluentes 274 Rota de processamento para um melhor aproveitamento do minério de manganês de Carajás 278 Caracterização tecnológica das rochas de esteatito para restauração da estátua do Cristo Redentor 283 Biolixiviação de concentrado piritoso para produção de pigmento à base de ferro 287 Biolixiviação de minério de um novo jazimento da Mineração Caraíba 291 Siglas e Abreviaturas 294 Estrutura Organizacional do CETEM 295 Relação Atual de Servidores segundo a Estrutura Organizacional 302 Dirigentes do CETEM desde sua Fundação Introdução 1 A inovação conceituada como a exploração bem sucedida de novas idéias foi pioneiramente identificada em 1912 pelo economista Joseph Alois Schumpeter na Teoria do Desenvolvimento Econômico 1ª edição 1911 em alemão como sendo o fator crucial para o crescimento econô mico de um país O conceito de inovação como mola mestra da dinâmica capitalista e também parte integrante do processo concorrencial explica os grandes ciclos de expansão da economia capitalista Ciclos de Kondratiev 1935 Nesse contexto a inovação era considerada como um fenômeno amplo que envolvia a introdução de novos produtos novos processos novos mercados novas fontes de matériasprimas e o estabelecimento de uma nova organização dentro de uma indústria O conceito original foi criticado porque envolvia uma análise reducionista da realidade econômica muito apegada ao papel da indústria e porque era um referencial teórico pouco apli cável à realidade dos países em desenvolvimento dos pontos de vista político e empírico Posteriormente foi tomando corpo um conceito mais restrito de inovação tecnológica con sistindo na introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos ou significativamente aprimorados As inovações tecnológicas poderiam ser traduzidas em avanços ou em novas apli cações do conhecimento científico e tecnológico existente Outro aspecto fundamental dessa nova abordagem foi definir a inovação como um fenômeno de natureza empresarial Para isso há que diferenciar a descoberta científica algo já existente mas que não havia sido notado ou mensurado descobertas podem restringirse aos limites de um laboratório e demorar a render conseqüências fora do ambiente acadêmico da invenção criação de algo novo resultado da capacidade humana e da inovação quando o conhecimento é convertido em valor econômico e a novidade é introduzida no mercado gerando riqueza esta última de responsabilidade da empresa Assim a inovação não consiste apenas em uma nova tecnologia mas na habilidade que o empresário tem de criar um novo mercado para essa tecnologia A inovação tecnológica passou a ser um desafio que se traduz no desenvolvimento de produ tos concretos capazes de satisfazer necessidades emergentes dos consumidores ou que resulte na criação de novos processos de produção com potencial para expandir mercados seja através da redução de custos ou pela multiplicação da escala O objetivo da inovação é aumentar a competitividade e lucratividade das empresas seja pelo emprego de uma tecnologia que acabou O desafio de inovar e o poder da inovação Introdução 2 de ser desenvolvida e que demonstre melhor viabilidade econômica seja pela comercialização de um produto já consagrado mas cujo aperfeiçoamento o tornará mais acessível no mercado A mudança de enfoque com a identificação da inovação tecnológica como a causa da expansão das economias mostrou a necessidade de se dispor de estatísticas capazes de in terpretar a inovação A crescente importância que a inovação passou a ocupar na agenda de desenvolvimento das nações demandou a construção de indicadores capazes de apreender e mensurar os esforços e os resultados do processo inovativo assim como de entender os deter minantes que afetam as transformações que levam ao aumento de produtividade nas empresas Historicamente a primeira tentativa de estabelecer uma metodologia de levantamento de dados sobre atividades de PD resultou no Manual Frascati rascunhado em 1963 durante o encontro de especialistas da OECDOrganisation for Economic Cooperation and Development com o Grupo NESTINational Experts on Science and Technology Indicators na Villa Falconieri em Frascati Itália Após a criação desse Manual a OECD sentiu a necessidade de consolidar uma metodologia que fosse especificamente destinada para captar o fenômeno da inovação nas empresas e elaborou o Manual de Oslo cuja primeira edição foi publicada em 1992 e testada em 13 paísesmembros da OECD Alemanha Bélgica Dinamarca Espanha França Grécia Irlanda Itália Luxemburgo Noruega Países Baixos Portugal e Reino Unido As pesquisas de inovação construídas a partir dessa primeira edição do Manual de Oslo tratavam de mudan ças ocorridas ao nível individual de cada empresa estando apoiadas no conceito de inovação tecnológica subdividida entre inovação de produto implementaçãocomercialização de um produto com características de melhoria no seu desempenho que permitam a geração de no vos serviços ou de melhores serviços ao consumidor e inovação de processo implementação adoção de novos métodos de produção ou de métodos significativamente melhorados podendo envolver mudanças em equipamentos recursos humanos metodologias de trabalho ou uma combinação de todos esses fatores Essa primeira edição do Manual de Oslo entretanto não contemplava categorias de inovação como as já discutidas por Schumpeter abertura de novos mercados novas fontes de suprimento de matériasprimas ou produtos semimanufaturados ou ainda reorganização de uma indústria Na segunda edição desse Manual 1997 ampliouse o conceito de inovação tecnológica para o setor de serviços Também à raiz das discussões surgidas a partir das primeiras pes quisas de inovação na Europa buscouse diferenciar as inovações separando as geradas pela empresa daquelas que eram desenvolvidas por terceiros e as inovações novas para a empresa daquelas que eram novas para o país ou para o mundo Esse modelo foi seguido pela terceira rodada de pesquisa de inovação nos países da Comunidade Européia ocorrida no final da dé cada de 90 Tal pesquisa suscitou uma grande polêmica em função das dificuldades em dife renciar a inovação tecnológica de outras formas de inovação presentes no setor de serviços Por essa razão em sua última versão de 2005 o Manual de Oslo ampliou o conceito de inovação incluindo além da inovação tecnológica a organizacional e a mercadológica Notase portanto que os conceitos de inovação vêm evoluindo tanto na compreensão do que é inovar quanto nos personagens que podem fazer parte do processo De um lado deixa se de ver a inovação do ponto de vista essencialmente tecnológico para entendêla sob outros 3 prismas como a utilização do conhecimento acerca de novos modelos de produção e de co mercialização de bens e de serviços assim como a criação de novas maneiras de organizar as empresas O processo de inovação é um processo de aprendizado acúmulo de informação e de desenvol vimento de novos conhecimentos e de crescimento com o intuito de criar novidades de valor que se traduzam em resultados positivos para as empresas Está relacionado à capacidade dinâmica das empresas ou seja à seqüência de ações de mudanças criativas do conhecimento disponível e de suas aplicações correntes a partir dos sinais e informações continuamente percebidos A inovação pressupõe como que uma cronologia Independentemente do nível de comple xidade do processo de pesquisa e desenvolvimento com vistas à inovação todo ele é constan temente entremeado por três conceitos conhecimento informação e criatividade quase que num ciclo contínuo O conhecimento é uma forma de expressão humana que se apresenta de modo intangível idéias e tangível equipamentos máquinas software e outros dispositivos O conhecimento acumulado pode ser mais importante para o crescimento econômico do que o investimento em fábricas e máquinas O conhecimento da empresa por meio de seu estoque de diferentes formas tecnológicas é o alicerce que sustenta uma rotina homogênea de operações baseada em uma dada expectativa de desempenho e rentabilidade para a produção de bens e serviços A competitividade está cada vez mais assentada nos avanços organizacionais e na capacidade de adaptação a mudanças tecnológicas Está cada vez mais em sintonia com a capacidade das empresas de explorar as partes de maior valor das cadeias produtivas e de responder rapida mente às oportunidades e ameaças que surgem a todo instante no mercado Nesse contexto a capacidade de inovar ganha importância preponderante na definição de quem vai prosperar ou sucumbir Em havendo mudança nestas expectativas é necessário mudar a própria base de conhecimentos da empresa que requer em um primeiro momento novas informações A informação é o resultado do processamento manipulação e organização de diferen tes dados sinais muitas vezes emitidos pela própria estrutura organizacional da empresa eg comportamentos internos aprendizados situaçõesproblema mas principalmente sinais oriundos das relações transacionais Está cada vez mais claro que as empresas não inovam isoladamente mas que atuam dentro de sistemas com os quais interagem no processo de gestação e de difusão de novos produtos e processos Esses sistemas são constituídos por re des de relações diretas ou indiretas com outras empresas com a infraestrutura de pesquisa pública e privada com a economia com o sistema normativo nacional e internacional e mais um conjunto de outros relacionamentos Inovar é um processo em que a interação têm significado importante seja como fonte de informação seja de maneira mais formalizada por meio de contratos de cooperação Além do já mencionado essa interação pode ocorrer com outros agentes impulsionadores clientes consu midores e fornecedores empresas de consultoria ou consultores independentes fornecedores de bens e serviços instituições de testes ensaios e certificações instituições públicas de PD e universidades redes de informação informatizadas ou presenciais conferências encontros exposições feiras workshops publicações especializadas licenças e patentes centros de 4 formaçãocapacitação profissional e assistência técnica e até mesmo concorrentes Assim entendese a inovação como um processo sistêmico que envolve a participação de diversos agentes e é influenciada pelo ambiente organizacional institucional e econômico de cada país A informação é fundamental para a mudança e o fluxo de informações relevantes em um dado momento irá impactar o estoque de conhecimento O processamento interessado destas informações e sua adição ao pacote corrente de conhecimentos e tecnologias irão depender em última instância de quão criativa fôr a empresa para proceder a mudança Criatividade é resultado da percepção do insight da visão enfim da projeção de situações futuras a partir de eventos presentes A criatividade que interessa à empresa é aquela que pro positadamente busca manipular símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para ela ou seu meio Um produto ou uma resposta competitiva poderão vir a ser julgados como sendo criativos na extensão em que são novos e apropriados úteis ou de valor para a empresa Além desses três conceitoschave conhecimento informação e criatividade há outras dimensões nos processos inovativos e que geralmente são pouco percebidas Acreditase que a difusão das inovações pelos setores usuários é um processo pouco intensivo em conhecimento e tecnologia já que tem sido considerada apenas a relevância do inovador inicial produtor de produtos e processos novos No entanto o usuário não é um ator passivo e pode participar ativamente no processo de difusão tecnológica que requer recombinações de conhecimentos e tecnologias A difusão é quase tão importante quanto a inovação quando se considera que o retorno social da inovação pode ser muito maior que o retorno privado da empresa que introdu ziu a inovação no mercado A difusão pode promover um efeito em cascata cujos benefícios da inovação original se alastram para uma população muito mais ampla de usuários Uma outra dimensão invisível dos processos inovativos diz respeito à importância das ino vações incrementais É relativamente raro os setores industriais tradicionais como é o caso do setor mineral gerarem inovações radicais uma vez que seus regimes tecnológicos giram em função da redução de custos operacionais nas pequenas modificações em processos de beneficiamento e transformação mineral e em ações para melhoria da gestão ambiental via inovações incrementais Os pequenos aprimoramentos nas técnicas produtivas que ocorrem no dia a dia isto é não chão de fábrica são fontes importantes que explicam o aumento da produtividade e rentabilidade das indústrias Esses aprimoramentos inovações incrementais podem ser poucos significativos quando tomados individualmente entretanto vários pequenos melhoramentos produtivos quando somados provocam grande impacto econômico A partir de todos esses conceitos é razoável pensar que para se engajar no processo de inovação também haverá de existir uma estrutura concreta de coordenação na empresa O pa pel primordial da empresa antes mesmo da combinação operacional dos fatores de produção é o de empreendedoracoordenadora de novas e diferentes alternativas de valor As características das interações entre os diferentes agentes envolvidos nos processos de inovação e a identificação do perfil do esforço de coordenaçãoempreendimento das empresas em ações ao longo do tempo ou seja sua real intenção de inovar e seus projetos de inovação indicam a necessidade de se dispor de indicadores que possibilitem a avaliação dos impactos 5 das interações tanto em nível de capacidade inovativa das empresas como no que tange à eficácia dos investimentos públicos em PDI Os principais incentivos que influenciam o investimento em aptidões tecnológicas provêem do ambiente macroeconômico da política comercial e industrial do país e da demanda interna Muitas economias de industrialização recente transformaramse em poucas décadas de econo mias pobres e atrasadas tecnologicamente para economias afluentes e relativamente modernas ex Coréia do Sul Taiwan Cingapura e Hong Kong e isso foi conseguido através do desenvolvi mento industrial que constitui de fato um processo de obtenção de aptidões tecnológicas tra duzidas em produtos e processos inovadores no contexto de uma contínua mudança tecnológica Indicadores de PDI para serem úteis à formulação adoção e monitoramento de políticas governamentais industriais e tecnológicas que visem elevar qualitativa e quantitativamente o grau de inovatividade e em consequência a competitividade de uma região ou de um deter minado país devem ser capazes de medir o potencial de comercialização dos resultados das pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos ou preferencialmente o real uso pelas empresas desses resultados As empresas podem ter acesso aos resultados dos projetos de PD realiza dos por universidades e institutos de pesquisa governamentais de maneira formal a partir de contratos de consultorias de licenciamento ou de pesquisa conjunta ou informal por meio da informação científica aberta com o acesso às publicações à participação em congressos ou como resultado de contatos interpessoais informais A pesquisa de indicadores de inovação consolidada na Comunidade Européia CE pelo CISCommunity Innovation Survey encontrase em sua quinta edição Essa prática está disse minada na maioria dos países da OECD até nos que não pertencem à CE Austrália Canadá Coreia do Sul Japão México Polônia e Turquia Países como África do Sul Argentina Brasil Índia Indonésia e Rússia também têm realizado suas pesquisas de inovação Na América Latina até a metade dos anos 90 à exceção de uma experiência isolada e pioneira no Uruguai não se havia realizado quaisquer pesquisas de inovação Cinco anos mais tarde vários países iniciaram seus exercícios de pesquisa utilizando como referência o Manual de Oslo No entanto os resultados não eram comparáveis entre si e raramente respondiam aos quesitos estipulados pela OECD como indicadores internacionais Cada país sentia a neces sidade de levar em consideração suas próprias particularidades e as inquietudes motivaram a elaboração do Manual de Bogotá que surgiu no início do novo milênio e parece ser mais ade quado à interpretação da inovação na região latinoamericana No Brasil na última década um conjunto de estudos buscou adequar os indicadores de senvolvidos para empresas de economias industrializadas à realidade das empresas brasileiras Entre eles encontramse os trabalhos da Associação Nacional de Pesquisa Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras ANPEI da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABDI do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial IEDI do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA e de um esforço cooperativo entre algumas unidades da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Desses vários trabalhos destacase o do IBGE que concluiu em 2001 6 os resultados da primeira edição da PINTEC Pesquisa de Inovação Tecnológica em escala nacional tendo como referência o período de 19982000 Em dezembro de 2013 foram di vulgados os resultados da quinta edição período de referência 20092011 De modo geral constatase que no Brasil as experiências já existentes de interação entre as empresas e as instituições geradoras de conhecimento e de tecnologias inovadoras univer sidades e institutos de PD ficam ainda aquém do potencial demonstrado pela economia do País e pela infraestrutura de pesquisa instalada Investimentos significativos em CT têm sido feitos aumentando o número de cursos de pósgraduação e formando mais mestres e doutores que compõem o arcabouço de pesquisa Esse esforço no entanto não teve ainda o impacto esperado e desejado na produção de inovações Ao contrário dos sistemas de inovação mais amadurecidos nos quais a maioria dos pesquisadores trabalha diretamente no setor produtivo aumentando o potencial de geração de inovações 80 dos pesquisadores brasileiros traba lham em instituições públicas de PD Se a inovação é gerada na empresa os instrumentos de políticas públicas devem estar prioritariamente voltados para esse foco Por outro lado o setor empresarial precisa avançar mais no entendimento da importância da inovação para o aumento da sua produtividade e competitividade O setor mineral normalmente opera em ambientes de alto risco e de constantes mudanças estruturais Dentre os fatores que afetam a inovação estão alguns riscos associados como por exemplo o comportamento do mercado a exploração de depósitos de minérios o custo do de senvolvimento eou adaptação de maquinário para atender às diferentes condições das minas minérios de baixo teor com mineralogias cada vez mais complexas e minas mais profundas os locais remotos e a inadequação de infraestrutura transporte energia facilidades de comu nicação proximidade de cidades e portos as políticas governamentais leis e regulamentos cobrança de impostos barreiras tarifárias de exportação e disputas pelo espaço territorial com diversos grupos de interesse O Plano Nacional de Mineração 2030 PNM2030 lançado pelo MME em 2011 apon ta a necessidade de intensificação de mecanismos de estímulo às atividades de PDI As grandes empresas deverão ser incentivadas a investir em PDI seja por conta própria ou em consórcio com outras empresas em projetos précompetitivos ou ainda em articulação com as Instituições de Ciência e Tecnologia ICTs para os desenvolvimentos que em geral se caracterizam como inovações mais sofisticadas de processos de metodologias e de produtos Um panorama da inovação no setor mineral com base em uma retrospectiva da PINTEC no período 20002011 e dos resultados da Lei do Bem criada em 2005 entre 2006 e 2012 é mostrado nas duas tabelas a seguir1 1 É importante ressaltar que na PINTEC a indústria extrativa pode ser considerada uma proxy razoável da extrativa mineral ou seja da mineração uma vez que os dados da extração de petróleo e gás são adicionados à atividade econô mica de maior receita da empresa no caso a atividade de refino de petróleo seguindose a metodologia internacional 7 Informações da PINTEC e do uso da Lei do Bem na Mineração PINTEC 2000 2003 2005 2008 2011 NE Taxa de Inovação 297 172 415 220 427 231 491 237 458 189 NE Atividades Inovativas em R Milhões 226 189 325 385 330 681 354 496 366 768 NE PD interno em R Milhões 69 29 76 28 18 78 100 74 23 437 Receita Líquida de Vendas em R Bilhões 128 239 379 567 110 Intensidade Tecnológica 023 012 020 013 040 NE PD externo em R Milhões 39 67 65 56 14 12 18 13 14 25 LEI DO BEM 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 NE Renúncia Fiscal em R Milhões 2 2 1 01 1 1 4 06 7 9 13 12 18 32 Fontes PINTECIBGE e MCTI Informações da PINTEC e do uso da Lei do Bem na Metalurgia PINTEC 2000 2003 2005 2008 2011 NE Taxa de Inovação 395 314 473 338 676 460 661 395 786 412 NE Atividades Inovativas em R Milhões 343 2258 388 1165 387 1984 486 3709 587 4161 NE PD interno em R Milhões 126 145 96 168 90 178 58 297 106 589 Receita Líquida de Vendas em R Bilhões 359 691 977 141 132 Intensidade Tecnológica 040 024 018 021 045 NE PD externo em R Milhões 27 10 18 78 38 20 64 95 17 94 LEI DO BEM 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 NE Renúncia Fiscal em R Milhões 22 38 26 45 32 60 43 61 45 73 43 39 47 34 Fontes PINTECIBGE e MCTI Observações NE é o número de empresas inovadoras segundo discriminado em cada linha nas tabelas A taxa de inovação é definida como o percentual das empresas que declararam ter implementado inovações de processo eou de produto durante o triênio encerrado no ano de referência por exemplo em 2000 para dados coletados no período 19982000 enquanto as demais linhas das tabelas correspondem ao próprio ano referido As atividades inovativas incluem aquisição de máquinas e equipamentos aquisição de software PD interno PD contratado treinamento introdução de inovações tecnológicas no mercado e projeto industrial A intensidade tecnológica é medida pelo dispêndio interno em PD com relação à receita líquida de vendas que se aproxima no caso da Mineração do Valor da Produção Mineral 8 Verificase uma tendência nos últimos anos de maior investimento em atividades inovati vas incluindo PD interno e externo pelas empresas de mineração e metalurgia no País A taxa de inovação definida como o percentual de empresas que declararam implementar inovações tem apresentado na Mineração valores entre 17 e 24 Na Metalurgia que inclui a siderur gia e a metalurgia dos não ferrosos a taxa de inovação variou entre 31 e 41 no período A renúncia fiscal pela utilização da Lei do Bem aumentou nos últimos dois anos na Mineração e decresceu na Metalurgia Os resultados das tabelas merecem uma análise detalhada mas está fora do escopo desta Introdução Iniciativas governamentais do ano passado como o Plano Inova Empresa e a criação da Embrapii poderão contribuir para alavancar a inovação no setor mineral nos anos vindouros Embora se reconheça que grande parte das atividades inovativas não seja diretamente baseada em pesquisas científicas há muitas evidências de que as instituições públicas de PD têm papel chave no desenvolvimento de novas tecnologias e dessa maneira contribuem diretamente para as inovações de maior alcance É indubitável o impacto da colaboração entre universidades e instituições de PD com as indústrias como fator indutor da ação inovadora Assim é necessário estimular continuamente dentro das universidades e dos centros de pes quisa a lógica de que um de seus papéis é ajudar as empresas a produzir inovação No entanto PD é uma parte do processo de inovação que também envolve uma série de outras atividades Fatores sociais institucionais condições macroeconômicas satisfatórias e graus de heteroge neidade entre as estruturas produtivas também podem interferir no processo de inovação Não se deve esquecer que o conhecimento dos caminhos que levam ao saber útil revela se tão ou mais essencial que o saber em si Assim a informação é a chave de todo planeja mento previsão estratégia e decisão O fluxo e o intercâmbio de informações são indispensá veis para i melhorar a relação investimentosresultados inputsoutputs da PD bem como dos resultados empresariais outcomes advindos de relações cooperativas ii encorajar o estabelecimento de relações mais estreitas e profícuas entre empresas e instituições públicas de pesquisa aplicada e iii impulsionar a real transferência de conhecimentos do setor público para o privado Esperase que o lançamento deste livro com a exemplificação de uma gama de projetos tecnológicos geradores de inovações nas indústrias do setor mineral além de ser comemorativo dos 35 anos do CETEM sirva para reforçar sua atuação como uma instituição pública de CT e de PD e sobretudo disseminar o potencial e a competência técnica deste Centro na sua nobre missão de alavancagem de inovações tecnológicas em parceria com empresas e outras entidades do sistema de ciência e tecnologia no Brasil Carmen Lucia Branquinho Fernando Antonio Freitas Lins Jackson de Figueiredo Neto 9 ABDIAgência Brasileira de Desenvolvimento Industrial Sondagens de Inovação relatórios trimestrais disponíveis desde 2010 até o presente httpwwwabdicombrPaginassondagemaspx além dos relatórios das várias Sondagens realizadas estão dispo níveis no mesmo website Apresentação da Sondagem de Inovação com explicações sobre seus objetivos como é realizada a pesquisa o perfil das empresas entrevistadas Carta endereçada a CNI às Federações e Associações Empresariais Carta para as Empresas a serem entrevistadas Christian RAMMER Birgit ASCHHOFF Dirk CRASS Elisabeth BAIER Esther SCHRICKE Martin HUD Christian KÖHLER Bettina PETERS Paul HÜNERMUND T DOHERR Torben SCHUBERT Franz SCHWIEBACHER Innovationsverhalten der deutschen Wirtschaft Indikatorenbericht zur Innovationserhebung 20002012 ZEW Zentrum für Europäische Wirtschaftsforschung Mannheim Alemanha janeiro2013 httpwwwzewdedepublikationeninnovationserhebungenberichtephp3 Ariella Burali KOBAL José Carlos LÁZARO e Sandra Maria dos SANTOS O Perfil do Crescimento da Inovação Brasileira baseado em Indicadores segundo as Pesquisas Acadêmicas Revista Estudos do CEPE nº 36 p195 227 Santa Cruz do SulRS Brasil julhodezembro 2012 httpsonlineuniscbrseerindexphpcepearticleviewFile29542347 Thomas GSTRAUNTHALER and Liliana PROSKURYAKOV Enabling Innovation in Extractive Industries in Commodity Based Economies Innovation Management Policy Practice v 14 nº1 p1932 março2012 httpwwwreadperiodicalscom2012032701127131html Paulo MORCEIRO Lourenço FARIA Vinícius FORNARI e Rogério GOMES Por que Não Baixa Tecnologia In Anais do I Circuito de Debates Acadêmicos e II CODEConferência do Desenvolvimento realizada pelo IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Brasília D F Brasil 20 páginas novembro2011 httpwwwipeagovbrcode2011chamada2011pdfarea4area4artigo1pdf Claudio SCLIAR Fernando Antonio Freitas LINS Frederico Bedran OLIVEIRA et al coordenação Plano Nacional de Mineração 2030 MMEMinistério de Minas e Energia SGMSecretaria de Geologia Mineração e Transformação Mineral Brasília D F Brasil 170 páginas maio2011 httpwwwmmegovbrsgmgaleriasarquivosplanoduodecenalPlanoNacionaldeMineraxo2030 ConsultaPublica10NOVpdf André Tosi FURTADO Coordenador Inovação Tecnológica no Setor Empresarial Paulista uma Análise com Base nos Resultados da PINTEC In Indicadores de Ciência Tecnologia e Inovação em São Paulo 2010 FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Brasil ISBN 9788586956263 volume 2 capítulo 7 50 páginas janeiro2011 httpwwwfapespbr6479 CGEECentro de Gestão e Estudos Estratégicos Bases Conceituais em PD e Inovação Implicações para Políticas no Brasil supervisão de Antonio Carlos FILGUEIRA GALVÃO e Antonio Glauter TEÓFILO ROCHA com equipe de 8 consultores ISBN 9788560755271 Brasília DF Brasil 214 páginas 2010 httpwwwcgeeorgbrpublicacoesbasesconceituaisphp Guillermo ANLLÓ Diana SUÁREZ Jesica DE ANGELIS Indicadores de Innovación en América Latina Diez Años del Manual de Bogotá Notas Metodológicas capítulo 23 do relatório RICYT 51 páginas 2009 httpinnovacionricytorgfiles33Innovacionpdf REFERÊNCIAS 10 Gilberto Dias CALAES Consultor Análise Comparativa da Competitividade do Setor Mineral Nacional Relatório Técnico nº 06 da J Mendo Consultoria que integra o conjunto de Estudos para Elaboração do Plano Duodecenal 20102030 de Geologia Mineração e Transformação Mineral contratados pelo MMEMinistério de Minas e Energia 94 páginas junho2009 httpwwwmmegovbrsgmgaleriasarquivosplanoduodecenalestudoseconomiasetormineralP02RT06 AnxliseComparativadaCompetitividadedoSetorMineralNacionalpdf IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PINTECPesquisa de Inovação Tecnológica 2008 httpwwwpintecibgegovbr Paulo Antônio ZAWISLAK Contribuições para uma Medida Geral de Inovação trabalho apresentado no XXXII Encontro da ANPADAssociação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração Rio de Janeiro RJ Brasil 16 páginas setembro2008 httpwwwanpadorgbrdiversostrabalhosEnANPADenanpad2008GCT2008GCTBTC1pdf André Tosi FURTADO e Edilaine Venancio CAMILLLO A Contribuição do IBI para os Indicadores de Inovação em Empresas artigo publicado na ComCiênciaRevista Eletrônica de Jornalismo Científico março2008 httpwwwcomcienciabrcomcienciasection8id394printtrue IEDIInstituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial Indicadores de Ciência Tecnologia e Inovação 29 páginas São Paulo Brasil fevereiro2008 httpwwwiediorgbradminoripdf20080229ocdestipdf André Tosi FURTADO Ruy qUADROS Sabine RIGHETTI Edmundo INÁCIO JR Sílbia Angélica DOMINGUES e Edilaine Venancio CAMILLO IBIÍndice Brasil de Inovação Manual Informativo sobre o Procedimento de Adesão das Empresas resultado de um trabalho cooperativo entre o Instituto de Geociências o Departamento de Política Científica e Tecnológica e o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da UNICAMPUniversidade Estadual de Campinas 27 páginas outubro2007 httpwwwconhecimentoeinovacaocombribimanualibipdf OECDOrganization for Economic Cooperation and DevelopmentStatistics Extracts Standard Data and Metadata for OECD Countries and Selected NonMember Economies 19992007 httpstatsoecdorgIndexaspxDataSetCodeANBERDREV4 gastos em PD na indústria para 38 países Vladimir BRANDÃO Ada Cristina V GONÇALVES et al Carlos GANEM Diana JUNGMANN Eliane Menezes dos SANTOS e Marco Antonio Motta NUNES coordenação Brasil Inovador O Desafio Empreendedor 40 Histórias de Sucesso de Empresas que Investem em Inovação Livro comemorativo dos 40 Anos da FINEP ISBN 85 87257226 Brasília D F Brasil 164 páginas 2006 httpdownloadfinepgovbrdcombrasilinovadorpdf Garrett UPSTILL Peter HALL Changing Patterns of Innovation in the Minerals Industry An Australian Perspective on a Global Industry Resources Policy v 31 nº 3 p 137145 setembro2006 httpwwwciteulikeorgusermarkstickellsarticle9455494 somente resumo COCHILCOComisión Chilena del Cobre Desarrollo e Innovación Tecnológica Minera en América Latina Estudio de Casos relatório final de projeto financiado pelo IDRC Canadá 285 páginas abril2006 httpwebidrccauploadsuserS11514356691InformeCOCHILCOpdf Humberto Eduardo de PAULA MARTINS Rosângela Maria Ribeiro MUNIZ e Vitor Hugo Miro COUTO SILVA Indicadores de Ciência e Tecnologia e Projetos Regionais A Construção de um Banco de Dados no Triângulo Mineiro trabalho apresentado no XXIX Encontro da ANPADAssociação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração 14 páginas setembro2005 httpwwwanpadorgbrdiversostrabalhosEnANPADenanpad2005GCT2005GCTA1963pdf 11 CGEECentro de Gestão e Estudos Estratégicos Seminários Temáticos para a 3ª Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação Parceiras Estratégicas nº 20 p 9491156 junho2005 httpwwwcgeeorgbrarquivosp203pdf compilação de trabalhos Andrew SHARPE Olivier GUILBAUD Indicators of Innovation in Canadian Natural Resource Industries CSLS Centre for the Study of Living Standards Research Report nº 03 52 páginas maio2005 httpwwwcslscareportscsls200503pdf e o Anexo 1 em francês Annexe 1 Étude sélective de la documentation sur les indicateurs dinnovation 20 páginas em httpwwwcslscareportscsls200503fAppendix1pdf Rita de Cássia PINHEIROMACHADO Indicadores de Sucesso dos Investimentos em CT no Brasil Positivo ou Negativo tese de Doutorado no Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ Rio de Janeiro Brasil 2004 httpwwwdesenvolvimentogovbrarquivosdwnl1196789697ppt apresentação em Power Point com 69 slides ANPEIAssociação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras Estudos de Fundo A Indústria em Busca da Competitividade Global 2006 e Como Alavancar a Inovação Tecnológica nas Empresas 2004 São Paulo Brasil httpwwwanpeiorgbrpublicacoesestudos Sergio Luiz Monteiro SALLES FILHO e Solange Maria CORDER Reestruturação da Política de Ciência e Tecnologia e Mecanismos de Financiamento à Inovação Tecnológica no Brasil Cadernos de Estudos Avançados vol 1 p 3543 Rio de Janeiro Brasil 2003 Tirso W SÁENZ e Maria Carlota de SOUZA PAULA Considerações sobre Indicadores de Inovação para América Latina Interciencia v 27 nº 8 p 430437 Caracas Venezuela agosto2002 httpwwwscieloorgvescielophpscriptsciarttextpidS037818442002000800008lngesnrmiso Günter LANG Innovative Slowdown Productivity Reversal Estimating the Impact of RD on Technological Change Institut für Volkswirtschaftslehre Universität Augsburg Germany 23 páginas fevereiromarço2002 httpideasrepecorgpaugaugsbe0218html ou httpwebdocsubgwdgdeebookserienlmvwldiskussionsreihe218pdf Global Economics Ltd Mining Association of Canada Mining Innovation An Overview of Canadas Dynamic Technologically Advanced Mining Industry 58 páginas novembro2001 httpglobaleconomicscamininginnovationpdf Hernán Jaramillo SALAZAR Gustavo LUGONES y Mónica SALAZAR MANuAL DE BOGOTÁ Normalización de Indicadores de Innovación Tecnológica en América Latina y el Caribe elaborado como resultado de um projeto apoiado pela Organización de Estados Americanos OEA pela Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnología RICYT pelo Programa CYTED e pelo Departamento Administrativo de Ciencia Tecnología e Innovación de la República de Colombia COLCIENCIAS Colombia 102 páginas março2001 httpwwwmctgovbrupdblob002626035pdf Linsu KIM Richard R NELSON Technology Learning and Innovation Experiences of Newly Industrializing Economies Cambridge University Press USA ISBN 0521770033 14 páginas 2000 httpcatdirlocgovcatdirsamplescam03299040248pdf original em inglês e httpwwwinovacaounicampbrreportCIpreintropdf tradução para o português em 2005 OECDOrganisation for Economic CoOperation and Development European Commission EUROSTAT OSLO MANuAL The Measurement of Scientific and Technological Activities Proposed Guidelines for Collecting and Interpreting Technological Innovation Data 2nd edition Paris France 93 páginas 1997 httpwwwoecdorgscienceinno2367580pdf Brasil CMB Década de 80 14 Problema Desafio O Centro de Tecnologia Mineral CETEM foi inaugurado em abril de 1978 Logo após em junho do mesmo ano foi ini ciada uma das suas parcerias mais duradouras com a Casa da Moeda do Brasil CMB O presidente da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM Dr Ivan Barreto de Carvalho e o da Casa da Moeda do Brasil CMB Comte Nelson de Almeida Brum as sinaram em 06 de junho de 1978 um termo de cooperação vi sando a execução pelo CETEM do chamado Projeto Ouro Àquela época vivia o Brasil uma situação de inflação elevada Os empréstimos obtidos junto ao FMI eram garanti dos essencialmente por ouro que ficava depositado no ex terior Nessa mesma época a atividade extrativa de ouro pe las cooperativas de garimpeiros era significativa O governo brasileiro por meio da Caixa Econômica Federal passou a comprar ouro nas várias cooperativas tomando como base a cotação diária do metal na Bolsa de Metais de Londres LME London Metals Exchange para fazer as suas ofertas Essa me dida procurava evitar a evasão de divisas e o descaminho dos metais preciosos oriundos dessas fontes Assim ao tempo em que se passou a ter um controle maior sobre a produção de ouro dos garimpos foi aumentado o lastro garantidor dos empréstimos brasileiros tomados no exterior O acordo de cooperação firmado entre a CMB e o CETEM teve dois objetivos principais a saber i realizar um estudo de viabilidade técnica e econômica para implantar uma re finaria de metais preciosos em local a ser definido por esse Refino eletrolítico de ouro para a Casa da Moeda do Brasil junho1978 a dezembro1988 Pioneirismo no Brasil implantação de unidades industriais permitindo ao país o domínio das tecnologias de refino de ouro prata e metais do grupo da platina a Casa da Moeda foi acreditada com a chancela Good Delivery para seus produtos passando a competir no mercado internacional sem o deságio até então aplicado aos metais preciosos aqui produzidos 15 estudo ii realizar pesquisa e desenvolvimento de processos para dominar as tecnologias de refino de metais preciosos ouro prata e metais do grupo da platina Estratégia de Desenvolvimento Durante o primeiro ano do acordo de cooperação todas as ati vidades relativas ao estudo de viabilidade técnicaeconômica foram completadas Em agosto de 1979 foram iniciadas as atividades de desenvolvimento de processos em escala de bancada Essa etapa tinha como objetivo principal obter o do mínio tecnológico de todas as operações unitárias e processos inerentes ao refino dos metais preciosos O plano de trabalho previu que inicialmente fosse feito o estudo do refino eletrolítico de prata enquanto para o segundo ano estava prevista a realização da pesquisa e desenvolvimen to com foco no refino eletrolítico de ouro Em decorrência de decisões superiores do governo brasileiro a CMB solicitou ao CETEM que acelerasse as etapas do estudo de bancada Ainda em paralelo solicitou que fosse instalada no mais breve inter valo de tempo uma unidade de demonstração de refino eletrolí tico de prata nas suas instalações da Praça da República RJ A pesquisa e o desenvolvimento do refino eletrolítico de prata em escala de bancada foi realizada utilizando um planejamento estatístico de experimentos Nessa etapa foi avaliada a influência das principais variáveis do processo A partir dos resultados obtidos foi possível concluir sobre a influência dos parâmetros e limites do controle operacional das células de refino refletindo na qualidade do produto fi nal Foram definidos assim os parâmetros de refino a serem usados na unidade de demonstração Em novembro de 1979 após algumas adequações efetu adas em uma área de produção da CMB contígua à seção de fundição foi instalada a unidade de demonstração de refino eletrolítico de prata A escolha do local foi feita com base na avaliação das facilidades préexistentes nas áreas de produ ção Foi previsto ainda que o local escolhido pudesse abrigar uma unidade de demonstração de refino eletrolítico de ouro num futuro muito próximo A Figura 1 mostra a planta baixa esquemática da unida de de demonstração com destaque para as respectivas áreas nas quais se realizavam as operações unitárias vinculadas ao refino eletrolítico de prata e subsequentemente de ouro Responsáveis pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos e Luis Gonzaga S Sobral CETEM Roberto Ogando Barcia CMB EquIPE DO PROJETO CETEM Audemir Ferreira Pinto Jacinto Frangella Juliano Peres Barbosa in memoriam Luis Gonzaga Santos Sobral Marcus Granato Roberto Alfredo Paulo Roberto Cerrini Villas Bôas Supervisão Geral Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Casa da Moeda do Brasil Adir Dutra Delfim da Costa Laureano Luiz Rosa Sergio Grilo Telmo de Souza Teles Wilson Vinhas e vários técnicos fundidores e refinadores Alcimar Almir Alziro Antoniel Barbosa Deiginaldo Domingos Francisco Gerson João Carvalho Nilson Thomas e Umberto 16 A implantação da unidade de demons tração de refino de prata foi realizada com êxito A primeira célula de refino eletrolíti co de prata foi instalada em novembro de 1979 segundo um projeto do CETEM em acordo com o processo Moebius com capa cidade útil para conter 75 litros de eletró lito A produção dessa única célula entre novembro79 e janeiro80 correspondeu a 700 kg de prata de elevada pureza título 9999 ou 9999 Por decisão da CMB os produtos obti dos nessa fase na unidade de demonstração foram enviados para uma primeira avalia ção de conformidade pelos refinadores e fundidores credenciados na LMELondres e COMEXNova York Em razão dos bons resul tados obtidos nessa avaliação a CMB solici tou ao CETEM que a capacidade da unidade de demonstração fosse ampliada para atin gir a produção de 40 kgdia de bullions de prata eletrolítica de título 9999 A partir de fevereiro de 1980 entraram em operação duas outras células de refino da mesma forma resultantes de um novo projeto do CETEM com capacidade para 150 litros de eletrólito cada célula Nessa nova concepção ainda seguindo o processo Moebius foi modificada a configuração an terior Essa modificação aperfeiçoou a cir culação de eletrólito nas células e ainda a retirada dos depósitos de prata e da lama anódica resultante do refino normalmen te contendo ouro platina eou paládio A Figura 2 mostra de forma simplificada a sequência das operações unitárias pratica das na unidade de demonstração Após a ampliação da unidade de re fino de prata agora considerada como de capacidade préindustrial a CMB passou a produzir 2000 kgmês de prata eletrolítica título 9999 a partir dos estoques antigos mantidos nos cofres da CMB e no do Banco Central do Brasil BCB Uma vez tendo sido atendidas as ex pectativas da CMB no tocante ao refino eletrolítico da prata sendo os bons resul tados corroborados novamente pela LME eou COMEX foi acordado que a mesma me todologia de desenvolvimento seria adotada Figura 1 Planta baixa esquemática da unidade de demonstração de refino eletrolítico de prata e ouro da CMB 17 para o caso do refino de ouro A CMB de cidiu assim que essa era a oportunidade de se incluir o Brasil no mais curto espaço de tempo no seleto grupo de refinadores e fundidores de metais preciosos credencia dos pela LME eou pela COMEX Durante o ano de 1980 foram feitos em bancada os ensaios de refino eletrolítico de ouro também usando um planejamento estatístico de experimentos para avaliar a influência das variáveis do processo e es tabelecer os limites operacionais intrínse cos do refino Os resultados dos ensaios de bancada permitiram definir as condições operacionais do refino da unidade de de monstração Em seguida foram instaladas duas células de eletrólise cada qual com capacidade para 30 litros de eletrólito A capacidade do refino título 9999 foi pro jetada para 300 kg de ouromês a qual foi mantida até a instalação da refinaria da CMB no distrito industrial de Santa Cruz RJ A Figura 3 apresenta alguns dos resultados obtidos em escala de bancada ilustrando as condições de deposição que garantiriam a qualidade do produto final bullions ou lin gotes de título 9999 Figura 2 Diagrama de blocos simplificado das operações unitárias da unidade de refino eletrolítico de prata e ouro da CMB 1979 1982 18 Além disso foi mantida pelo CETEM assistência técnica constante à unidade de refino de prata na CMB Nessa mesma época entretanto foi dado início a uma busca no país de fornecedores habilitados a suprir al guns dos materiais e equipamentos que com poriam a unidade de demonstração de refino de ouro e a futura instalação industrial Em meados de 1980 as novas insta lações fabris da CMB no distrito industrial de Santa Cruz começaram a ser ocupadas Uma nova decisão foi tomada no sentido de que a unidade industrial de refino de metais preciosos seria lá instalada Em de corrência foi acordado que a unidade de demonstração da Praça da República ser viria de base para a preparação do projeto industrial Os técnicos do CETEM então prepararam o projeto conceitual básico da unidade industrial contemplando ainda a especificação de todos os equipamen tos e materiais assim como os protocolos dos métodos e procedimentos operacionais compatíveis com as melhores tecnologias de refino de metais preciosos Entre 1980 e 1982 foram desenvol vidos e otimizados todos os protocolos de procedimentos processos e técnicas perti nentes ao refino de metais preciosos sob a condução e participação efetiva dos técni cos do CETEM e da CMB Ao tempo em que se desenvolviam essas atividades os pro fissionais da CMB selecionados para fazer parte do Projeto Ouro eram treinados na re finaria industrial Em 1982 foi inaugurada a nova refi naria de metais preciosos com capacidade para refino eletrolítico de até 6000 kgano de ouro e 3000 kgano de prata As prin cipais áreas da nova planta industrial e as suas respectivas seções contemplavam Área de segurança recepção e identificação totalmente aparelhada para garantir a inte gridade operacional na planta e física dos operadores Área dos vestiários e área de troca de roupa a partir da qual se obrigavam todos a usar a paramentação eou os EPIs Equipamentos de Proteção Individual destinados à perma nência eou ingresso nas áreas operacionais Salas de refino eletrolítico de ouro dotada de células de prérefino e de refino ambas com capacidade para 30 litros de eletrólito processo Wohlwill de célula de preparo de solução eletrólito 30 litros de capacidade da área dos tanques de lavagem dos cato dos e de desplacamento dos depósitos de ouro área de recuperação de anodos e de eletrólito gasto Sala de refino eletrolítico de prata células de refino de prata processo Moebius com capacidade para 100 litros de eletrólito Figura 3 Fotos de depósitos obtidos em escala de bancada a típicos de ouro eletrodepositado no catodo após desplacamento e b conforme depositado no catodo 19 cada células e reatores de preparo de so lução eletrólito da área dos tanques de la vagem dos catodos e de desplacamento dos depósitos de prata área de recuperação de anodos e de eletrólito gasto Sala de limpeza e de montagem de barra mentos área com bancadas de trabalho dotadas de ferramental adequadas para a montagem dos skids com rodízio para transporte dos barramentos limpos para as células das salas de eletrorrefino de ouro e prata Sala de fundição dotada de fornos a óleo e de indução que foi subdividida em qua tro áreas a saber fundição de recebimento e reprocessamento fundição de moldagem de anodos fundição de produtos acabados barras bullions eou lingotes e fundição de recuperação de cadinhos e escórias Essas operações eram separadas e realizadas nas diferentes linhas de produção isto é uma linha para ouro outra para prata e a tercei ra para os metais do grupo da platina As subáreas continham ainda mesas de tra balho para marcação e amostragem de bar ras mesas de vazamento tanto de anodos como dos catodos que formariam as barras bullions e lingotes assim como balança de prato e de precisão para pesar as granalhas dos metais em acordo com as exigências para o peso das barrasbullions eou lingotes que seriam os produtos finais Sala de prérefino pirometalúrgico processo Miller área de produção destacada das de mais quanto às condições de segurança ambiental e ocupacional requeridas tendo em vista as condições agressivas durante as operações de prérefino por cloretação de ouro impuro Sala de recuperação de metais do grupo da platina MGPs dotada de um conjunto de reatores dispostos em cascata assim como de bancadas capelas e ainda sistemas de exaustão localizados e móveis destinados a garantir condições seguras durante a recu peração e refino das lamas anódicas resul tantes do refino de ouro e prata as quais contem os MGPs Sala cofre local dotado de cofre destinado a guardar todo o estoque de metal precioso em circulação ou em regime de processamento na unidade mediante a sua separação em locais compartimentados e identificados Sala de recepção de material área contígua à da sala cofre destinada à identificação catalogação e controle da movimentação dos materiais a serem processados assim como de produtos coprodutos e subprodutos re sultantes da produção Laboratório área totalmente dotada com instrumental para proceder ao controle ana lítico específico dos produtos coprodutos e subprodutos da unidade de refino Entre 1982 e 1985 a Casa da Moeda do Brasil ainda contando com a assessoria do CETEM se submeteu às auditorias for mais realizadas pela LME e pela COMEX para obter sua acreditação Como refinadora de metais preciosos a CMB deveria atender exigências entre as quais destacamse comprovar uma determinada capacidade anual de refino não necessariamente na sua totalidade constando de produtos com a qualidade Good Delivery GD ter refinado e ter demonstrado previamen te ao pedido formal de inclusão na lista de refinadoresfundidores a capacidade para 20 produzir barras bullions e lingotes compa tíveis com os produtos chancelados como Good Delivery GD ter um patrimônio líquido capaz de aten der às exigências da LMECOMEX Além desses itens que de certa forma avaliavam a estabilidade patrimonial da ins tituição pretendente ainda se fazia neces sário atender a alguns critérios de avaliação técnica quanto aos produtos refinados Essa avaliação técnica incluía as condições in trinsecamente relacionadas à aparência e acabamento das barrasbullions eou lin gotes bem como aquelas que diziam res peito às especificações das barrasbullions de ouro e prata relacionadas no quadro a seguir As operações de refino implantadas tanto na unidade de demonstração como na unidade industrial usaram os resultados obtidos na escala de bancada como refe rência Dessa forma foi possível reproduzir e otimizar alguns dos parâmetros opera cionais garantindo a reprodutibilidade da qualidade dos produtos tanto em termos de pureza quanto em aparência e acabamento das barras eou lingotes A Figura 4 mostra uma das propostas apresentada pelo CETEM à CMB para os modelos que resultaram na configuração fi nal dos bullions e lingotes de ouro refinados de modo a atender aos critérios de aceitação da LME eou COMEX Especificações de barrasbullions de ouro e prata para atendimento aos requisitos de produtos GD BARRA BuLLIONS OuRO BARRA BuLLIONS PRATA Peso Peso Mínimo 300 oz 109 kg Máximo 430 oz 134 kg Mínimo 750 oz 23 kg Máximo 1100 oz 34 kg Ideal 900 1050 oz 29 33 kg Dimensões Dimensões Comprimento 250 40 mm rebaixo Alívio Angulação 5 25o Comprimento 300 50 mm rebaixo Alívio Angulação 5 15o Largura 70 15 mm rebaixo Alívio Angulação 5 25o Largura 130 20 mm rebaixo Alívio Angulação 5 15o Altura 35 10 mm rebaixo Altura 80 20 mm rebaixo Pureza título 9950 99991000 Pureza título 9950 99991000 Marcas Número de série Selo da refinaria Ano de fabricação Marcas Número de série Selo da refinaria Ano de fabricação Pureza a ser indicada com 4 algarismos significativos Pureza a ser indicada com 4 algarismos significativos 21 Figura 4 Modelos ilustrativos de bullion de 400 onças troy 1134 kg e de lingote de 1000 g de ouro refinado elaborados pelo CETEM e submetidos à aprovação da CMB em acordo com a normatização da LME e da COMEX Resultados Com base nos estudos efetuados nas esca las de bancada e na unidade de demonstra ção foi possível definir e implantar em escala industrial uma unidade de refino de metais preciosos na CMB no distrito industrial de Santa Cruz RJ com capacidade para refinar eletroliticamente até 6000 kgano de ouro título 9999 assim como até 3000 kgano de prata título 9999 A unidade industrial contemplou ainda a instalação de uma seção de recuperação e refino químico de metais do grupo da pla tina título 9900 com capacidade de refi nar até 300 kgano Foi comprovada internacionalmente a ca pacitação técnica da CMB para refinar fundir e analisar metais preciosos mediante sua acre ditação como fornecedora de produtos Good Delivery em 1985 concedida pela COMEX Benefícios do Projeto A parceria de longo prazo entre o CETEM e a CMB não somente possibilitou a implanta ção das unidades industriais de refino de me tais preciosos mas principalmente permitiu ao Brasil dominar as tecnologias de refino desses metais qualificando pessoal insta lações e laboratórios ao nível internacional num cenário à época dominado por não mais que 15 países dos continentes euro peu norteamericano e asiático O fato de ter a CMB obtido a chancela de Good Delivery para seus produtos Ag Au e MGP eliminou a dependência de ter que submetêlos a novas etapas de reprocessa mento e reanálise evitando a aplicação de um deságio relativo à diferença entre a cota ção do metal e o valor creditado às reservas do Brasil e aos seus produtos 22 Problema Desafio A empresa Paulo Abib Engenharia já havia proposto rotas para processamento dos minérios sulfetados de chumbo e zinco provenientes do Município de Paracatu MG As alternativas de processo para enriquecimento do chumbo na galena PbS e do zinco na blenda ou esfalerita ZnS necessitavam ser rea valiadas para obtenção de melhores rendimentos dos metais Contratado pela Mineração Morro Agudo SA que na época era titular dos direitos para exploração dos minérios o CETEM conduziu estudos de remoagem das partículas mis tas de chumbo e zinco a fim de confirmar os parâmetros de um dos processos recomendados pela empresa Paulo Abib e caso necessário introduzir modificações para sua melhoria de modo a orientar a mineradora na elaboração definitiva do projeto industrial de aproveitamento do minério complexo de Paracatu a baixo custo e com rendimentos satisfatórios O principal desafio foi o desenvolvimento de um pro cesso de concentração desse minério sulfetado de chumbo e zinco através de flotação Estratégia de Desenvolvimento Inicialmente em escala de bancada o minério foi preparado operações de quarteamento britagem e moagem para sua caracterização tecnológica Várias técnicas foram empregadas na caracterização análise química seguida de determinação estequiométrica da composição mineralógica análise granu lométrica com estudo de liberação dos sulfetos difração de raiosX avaliação do gradiente de densidade espectrografia Flotação do minério sulfetado de zinco e chumbo de Paracatu MG janeiro1980 a janeiro1982 Modificação de rotas de processamento dos minérios permitiu recuperar chumbo no concentrado de galena e zinco no concentrado de blenda com rendimentos superiores ao esperado a unidade industrial da Mineração Morro Agudo hoje pertencente à Votorantim Metais continua em pleno funcionamento 23 de emissão e microscopia ótica Na sequência foram reali zados ensaios de lixiviação especificamente para avaliar a oxidação da blenda e alguns ensaios de flotação técnica muito empregada na separação diferencial de misturas de partículas minerais Em escala piloto o trabalho consistiu de testes de mo agem classificação remoagem e flotação No primeiro pro grama de experimentos para enriquecimento dos metais con seguiuse alcançar 80 de recuperação para o chumbo no circuito da galena e 47 para o zinco circuito da blenda Para melhoria do processo de flotação inicialmente propos to e com base nos estudos de liberação dos sulfetos e nas análises granulométricas do overflow do classificador e dos concentrados obtidos nas células recuperadoras scavenger verificouse que modificações deveriam ser feitas como por exemplo no circuito da galena i eliminação da remoagem dos mistos ii eliminação do segundo conjunto de células scavenger iii aumento do tempo de flotação no primeiro conjunto de células cleaner retornando o rejeito desse cleaner e o concentrado do scavenger para a célula rougher que recebe a carga de polpa do classificador para obtenção do concentrado primário iv caso isso não satisfizesse para aumentar o rendimento de recuperação de chumbo mais um conjunto de células de limpeza cleaner poderia ser intro duzido no processo no circuito da blenda primeiramente foi eliminado o circuito de células rougher na flotação mas após estudo de liberação no overflow do hidrociclone no concentrado scavenger e no rejeito do primeiro conjunto de células cleaner e ten do sido constatado que a blenda estava suficientemente li berada decidiuse reutilizar as células rougher e nelas re circular os produtos do concentrado scavenger e do rejeito cleaner Essas foram algumas dentre muitas outras alterações substanciais efetuadas Após otimização da flotação dife rencial em escala piloto foram realizados ensaios comple mentares para a obtenção dos parâmetros de espessamento filtragem e remoagem indispensáveis ao dimensionamento Responsáveis pelas Informações Francisco Wilson Hollanda Vidal Adão Benvindo da Luz EquIPE DO PROJETO CETEM Antônio Carlos Salgado Antônio Odilon da Silva Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Franz Xaver Horn Filho Geraldo Donizetti F Oliveira Hedda Vargas Figueira José Auri de Aquino José Roberto Codeço Marques Juan Carlos F Almeida Marcelo Mariz da Veiga Ney Hamilton Porphirio Ronaldo Moreira Horta 24 de equipamentos moinhos espessadores e filtros a serem empregados no circuito industrial Resultados Com base nos inúmeros testes e modifica ções em etapas de processamento piloto e partindose de um minério sulfetado com 21 Pb e 44 Zn foi possível obter i um concentrado de galena com 436 Pb e 83 Zn o que equivale a uma re cuperação total de 874 de Pb ii um concentrado de blenda com 440 Zn e 10 Pb com recuperação de 763 de Zn Posteriormente nos testes com um mi nério sulfetado da mesma jazida mas com diferente composição química 36 Pb e 57 Zn foi possível obter concentrados de até 53 Pb e 78 Zn chegandose à recuperação total de 891 de chumbo Esses resultados confirmaram a viabilidade técnica de se produzir por flotação concen trados de chumbo e zinco com rendimentos superiores ao esperado Foi elaborado o fluxograma Figura 1 incluindo os balanços de massa e metalúr gico das principais operações do processo Foram indicados todos os reagentes a serem usados no processo de flotação com todos os parâmetros vazão mássica e percenta gem de sólidos vazão mássica e vazão vo lumétrica de polpas teores de Pb e Zn e quantidade de água em cada etapa do pro cesso necessários ao dimensionamento de planta industrial Benefícios do Projeto A partir dos resultados apresentados pelo CETEM a mineradora Morro Agudo contra tou uma empresa de engenharia para ela boração do projeto de detalhamento para ampliação de escala implantando a se guir uma unidade industrial no município de Paracatu MG para produção de con centrado de Pb e Zn Essa unidade ainda encontrase em pleno funcionamento mes mo após a empresa Votorantim Metais ter assumido em 1988 o controle total da Mineração Morro Agudo SA 25 Figura 1 Fluxograma para concentração do minério sulfetado de chumbo e zinco da Mineração Morro Agudo 26 Problema Desafio No início da década de 80 o cobre metálico e seus concen trados sulfetados constituíram depois do petróleo o segundo ítem mais importante da nossa pauta de importações alcan çando cerca de 11 bilhão de dólares Face a essa situação de extrema dependência de fontes externas de abastecimento o CETEM iniciou estudos e um amplo programa de prospecção dos depósitos existentes visando o aproveitamento de ocorrên cias principalmente de minérios sulfetados Em 1978 foram levadas em consideração seis importantes regiões cupríferas localizadas nos estados do Pará São Paulo Goiás Ceará Rio Grande do Sul e Bahia Durante esse levanta mento foram descartadas as jazidas que apresentavam pesqui sa geológica incipiente desinteresse dos detentores e aquelas já em fase de pesquisa geológica e estudos de viabilidade em estágio avançado Alternativamente o CETEM dirigiu sua aten ção para os estados do Rio Grande do Sul e da Bahia e neste último principalmente a região cuprífera do Vale do Curaçá Nas atividades preliminares realizadas pelo CETEM em escala de bancada foram estudados os minérios ocorrentes nas reservas de Volta Grande e Cerro dos Martins ambas no Rio Grande do Sul No estado da Bahia os pequenos depósitos de minério sulfetado existentes no Vale do Curaçá e mais especificamente em Lagoa da Mina Cercado Velho Angico e Surubim todos de propriedade da Caraíba Metais não apresentavam na ocasião condições de exploração econômica em função da inexistência da infraestrutura necessária à implantação das instalações de Produção de cobre eletrolítico de elevada pureza por via hidrometalúrgica janeiro1981 a janeiro1983 Cobre de elevada pureza foi produzido para a Mineração Caraíba com redução da quantidade de resíduos do processo metalúrgico e com o uso da água de lavagem dos gases como agente lixiviante 27 beneficiamento mesmo considerandose o uso de uma unidade centralizada visando o atendimento desses depósitos Em busca de alternativa nessa região optouse por dar ênfase à melhoria da exploração dos recursos minerais exis tentes na mina da Caraíba Localizada no distrito de Pilar município de Jaguarari BA distando cerca de 600 km de Salvador essa mina representava uma importante reserva bra sileira de minério sulfetado de cobre e dispunha de instala ções completas para o beneficiamento do minério sulfetado e produção do concentrado de cobre destinado ao abastecimen to da usina metalúrgica de Camaçari A mina Caraíba além dessa reserva de sulfeto menciona da apresentava um capeamento contendo cerca de 120 mi lhões de toneladas do minério sulfetado de cobre de baixo teor minério marginal com teor entre 01 a 04 de Cu e de 4 milhões de toneladas do minério oxidado de cobre com 09 de Cu Era necessária a remoção desses materiais para permitir a exploração da mina principal Tendo em vista que esses materiais seriam obrigatoriamen te removidos do capeamento da mina sua manipulação não envolveria custos adicionais e o seu preparo granulométrico po deria ser realizado na mesma unidade de beneficiamento exis tente e capacitada para o atendimento dessa demanda O desafio estava na definição de rotas tecnológicas alter nativas voltadas ao aproveitamento do material decapeado e já removido constituído dos minérios oxidado de cobre e sulfeta do marginal com baixo teor de Cu Estratégia de Desenvolvimento Na primeira etapa do projeto o CETEM usou recursos próprios e iniciou pesquisas a nível de laboratório em duas frentes uma voltada ao aproveitamento do minério sulfetado de cobre de bai xo teor e outra para a recuperação do cobre contido no minério oxidado de cobre principalmente na matriz da malaquita Para o minério sulfetado de baixo teor minério marginal o CETEM desenvolveu já em 1982 um estudo biotecnológico bastante abrangente baseado em tecnologia de biolixiviação com emprego das bactérias thiobacillus ferroxidans em meio ácido As características morfológicas do minério principal mente baixa porosidade e elevada dureza conduziram a uma reduzida recuperação de cobre mesmo em ensaios de lixiviação com longo tempo de duração Responsáveis pelas Informações Ivan Ondino de Carvalho Masson Vicente Paulo de Souza EquIPE DO PROJETO em suas várias fases CETEM Ivan Ondino de Carvalho Masson Jorge Antonio Pinto de Moura José Augusto Simões de Araujo Juliano Peres Barbosa Coordenação Técnica in memoriam Luis Gonzaga Santos Sobral Marisa Nascimento Ney Hamilton Porphirio Paulo Sérgio Moreira Soares Roberto Cerrini Villas Boas Ronaldo Luiz Correa dos Santos Roosevelt de Almeida Ribeiro Vicente Paulo de Souza Mineração Caraíba Carlos Eduardo Pereira Supervisão Claudimiro Gonçalves Lima José Volnei Prudente Laerte Nascimento da Conceição Luis Daniel Moreira Reinaldo Malta 28 No caso do minério oxidado de cobre em compensação excelentes resultados foram obtidos nos estudos de definição da rota alternativa de recuperação O principal mineral portador do cobre era a malaquita suscetível ao emprego de rotas hidrometa lúrgicas de processamento diferentemente daquelas aplicadas aos minérios sulfetados Os primeiros experimentos em es cala de bancada indicaram a viabilidade do emprego de rota hidrometalúrgica inte grando operações de lixiviação de extração por solvente e de eletrólise compondo as sim um circuito praticamente fechado no qual os fluxos das saídas do circuito eram recirculados As diversas publicações téc nicas divulgando os resultados obtidos fo ram apresentadas em eventos permitindo a aproximação entre o CETEM e o setor produ tivo culminando por estabelecer um projeto de cooperação técnica entre o CETEM e a Mineração Caraíba detentora dos direitos de lavra da mina Caraíba No âmbito dessa cooperação reali zada com o aporte financeiro da Caraíba Mineração o CETEM propôs a implantação e operação de uma instalação hidrometalúr gica destinada ao processamento em meio sulfúrico do minério oxidado em escala pi loto e regime de operação contínua envol vendo as seguintes etapas lixiviação em pilhas para obtenção de li cor sulfúrico contendo cobre e impurezas extração por solventes para purificação e concentração do sulfato de cobre eletrodeposição para obtenção de cobre metálico com grau de pureza eletrolítica no próprio local da mineração Em busca de aprofundar o conheci mento operacional do funcionamento des se processo hidrometalúrgico considerado pioneiro para a mínerometalurgia brasilei ra devido à integração dos diversos equi líbrios químicometalúrgico envolvidos nas diferentes operações unitárias foi realizado um programa de visitas técnicas a diversos órgãos governamentais e privados bem como a instalações industriais nos dois prin cipais países produtores de cobre na América do Sul No Chile houve troca de experiên cias com equipes do Centro de Investigación Minera y Metalurgica CIMM da Comissão Chilena del Cobre CODELCO na sede e na Divisão de Chuquicamata da Cytec Chile Ltda pertencente à empresa americana Acorga Ltd da Empresa Minera de Mantos Blancos SA da Empresa Nacional de Minería ENAMI Las Ventanas da Henkel Corporation da Pontificia Universidad Catolica de Valparaiso e da Sociedad Minera Pudahuel Ltda No Peru foram visitadas a Mina de Cerro Verde hoje pertencente à empresa americana FreeportMcMoran Copper Gold e quatro unidades operacio nais Cerro de Pasco La Oroya Morococha e Toromocho da Empresa Minera del Centro del Peru SA CENTROMIN na época era estatal e hoje está privatizada O conhecimento operacional das técni cas empregadas principalmente de extra ção por solvente aplicada a licores contendo metais não ferrosos ainda desconhecida no Brasil à época da realização deste projeto foi de vital importância e confirmou ser pos sível a implantação do ambicionado proces so hidrometalúrgico integrado no próprio lo cal da mineração Para a execução dos trabalhos de pes quisa primeiramente promoveuse a im plantação do projeto no campo da minerado ra Selecionouse uma área próxima ao local em que se encontrava o britador primário a qual apresentava uma leve declividade que 29 facilitaria o fluxo do licor de lixiviação para os tanques de armazenamento Nessa área foi realizado um conjunto de obras civis que incluíram i a constru ção de um galpão para abrigar as unidades de extração por solvente e de eletrorrecupe ração ii a preparação especial de um pátio com 400 m2 para alocar a pilha de minério destinada à lixiviação Esse pátio foi inicial mente compactado depois impermeabiliza do com uma camada de asfalto e revestido com mantas plásticas dessa forma man tendose resistente à movimentação de pás carregadeiras durante a confecção da pilha Foram preparadas também duas áreas uma para colocação de doze colunas de lixi viação secundária com dimensões de 50 cm de diâmetro e 40 m de altura e outra para o assentamento do tanque com 200 litros de ácido sulfúrico concentrado ambas im permeabilizadas para suportar eventual va zamento de produtos ácidos A pilha de lixiviação continha 2000 to neladas de minério britado a 20 508 mm tendo sido erguida com o emprego de pá carregadeira e tomadas as devidas precau ções para se evitar compactação do leito da pilha Paralelamente à montagem dessa pi lha ergueuse uma pilha auxiliar destinada a suprir a alimentação dos testes de lixivia ção em colunas para previsão do compor tamento da pilha principal Durante os testes de lixiviação foram quantificadas as variações dos seguintes parâmetros taxa de empacotamento da pi lha permeabilidade do leito concentração inicial e taxa de aplicação de lixiviante re tenção de líquido no leito tempo de esgo tamento relação ácidominério e eficiência de recuperação do cobre Ainda nesse pátio construiuse três reservatórios de concreto revestidos com resina um reservatório para recolhimento do licor com capacidade nominal de 470 m3 e dois outros reservatórios cada qual com capacidade nominal de 250 m3 respectiva mente para recolhimento de solução esgo tada proveniente da extração por solvente rafinado e para homogeneização da solu ção de lixiviação destinada a alimentar o cir cuito de extração por solvente Os circuitos contínuos de extração por solvente montados no interior do galpão eram constituídos por duas linhas contendo cada uma quatro células de extração com pondo assim quatro estágios sendo dois de extração e dois de reextração Cada es tágio tinha a capacidade nominal total de 140 litros de solução As duas linhas ope ravam simultaneamente uma com o extra tante LIX 64N e a outra com o extratante ACORGA PT 5050 Diversos tipos de confi gurações de circuitos foram testados envol vendo principalmente a recirculação das fases aquosa e orgânica A operação do circuito permitiu avaliar o comportamento das configurações testa das quanto à eficiência de recuperação de cobre à estabilidade química dos extratan tes em relação às perdas por degradação à cinética de separação à tendência para formação de borras crud além de per mitir que se testasse o comportamento dos diversos materiais empregados na unidade piloto e principalmente que se forneces se treinamento técnico à equipe da Caraíba Mineração que estaria engajada nessa atividade Na etapa de eletrorrecuperação em escala piloto empregouse um circuito composto por 4 células de eletrólise das quais uma com capacidade de 250 litros de eletrólito e 20 catodos de aço inox 316 destinavase à fabricação das placas de 30 partida starting sheets e as outras três cada qual com capacidade de 150 litros e 21 anodos de chumbo fabricavam o catodo propriamente dito Foram avaliados vários parâmetros operacionais dentre os quais cabe destacar a eficiência de corrente a morfologia dos depósitos o efeito das im purezas contidas o efeito da variação de temperatura e a pureza do cobre metálico produzido Resultados O período dedicado ao desenvolvimento ex perimental piloto permitiu avaliar o empre go de diferentes concepções de circuitos e a variação dos parâmetros influentes sobre o desempenho do processo A busca contínua pela otimização des se processo propiciou a obtenção de valores excepcionais de recuperação de cobre até superiores àqueles praticados em instala ções operantes em outros países As recu perações obtidas nas etapas do processo de senvolvido pelo CETEM foram as seguintes Lixiviação em pilha 650 Extração por solvente 990 de recu peração por estágio Eletrólise 9998 de pureza do cobre Benefícios do Projeto As operações unitárias desenvolvidas em escala piloto e em regime contínuo resul taram num feito pioneiro e num processo hidrometalúrgico inovador para produção de cobre eletrolítico de elevada pureza pela primeira vez no Brasil Ao final deste pro jeto 1983 foram ainda levantados pelo CETEM os custos de produção do cobre metálico e os parâmetros essenciais para dimensionamento do processo industrial o qual encontrase implantado e produzindo cobre metálico na própria mineração até os dias de hoje Após atualização dos custos operacio nais a Mineração Caraíba decidiu investir 6 milhões de dólares para colocar em opera ção sua unidade industrial de processamen to do minério oxidado prevendo produção de 5 mil toneladasano de cobre catódico Essa unidade hoje em plena operação foi implantada em 2006 e teve sua operação iniciada em 2008 a um custo operacional bastante reduzido 1500 dólares por tone lada de cobre eletrolítico produzido que correspondeu à introdução somente das etapas de lixiviação extração por solvente e eletrodeposição Há de se registrar também que a ope ração dessa planta industrial tornouse eco nomicamente viável a partir dos estudos complementares realizados pelo CETEM no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006 na própria mineradora O proje to além de pioneiro introduziu mais uma inovação nunca antes utilizada em plantas semelhantes nesse setor o uso da água de lavagem dos gases da metalurgia do cobre como agente lixiviante Essa água é produ zida nas instalações da Caraíba Metais em Camaçari BA durante a lavagem dos gases gerados na fusão do concentrado de cobre 31 e encaminhada para a planta de ácido sul fúrico para abatimento do gás SO2 gerando um efluente contendo em média 12 de ácido sulfúrico livre Essa corrente antes da implantação do projeto do minério oxidado na Mineração Caraíba era enviada para uma planta de tratamento de efluentes e neutra lizada gerando uma enorme quantidade de resíduo a ser estocado e aumentando con sequentemente o custo de produção na me talurgia Com o processamento do minério oxidado essa corrente contendo ácido sul fúrico livre é concentrada a níveis de 42 de H2SO4 e transportada para a Mineração Caraíba em Jaguarari BA para uso como agente lixiviante na lixiviação em pilhas O desenvolvimento do projeto oxidado além de inovar com o uso da água ácida contribuiu para resolver o problema ambien tal ocasionado pela produção de resíduo e melhorar os custos de produção do cobre metálico tanto da Caraíba Metais como da Mineração Caraíba 32 Problema Desafio Esse projeto foi contratado pela Paulo Abib Andery SA vi sando a recuperação de diamante em cascalho diamantífero proveniente da empresa Camargo Corrêa localizada no esta do de Mato Grosso O processo desenvolvido no CETEM demonstrou sua via bilidade técnica para concentrar diamantes através de meio denso usando o separador denominado DWPDynawhirlpool único em escala piloto existente no país e instalado no CETEM à época de realização do projeto Estratégia de Desenvolvimento Foram enviadas ao CETEM pela Camargo Corrêa 2 duas toneladas de cascalho diamantífero Parte dessa amostra 83 era constituída de um cascalho mais argiloso averme lhado sendo o restante da amostra 17 representado por um cascalho menos argiloso amarelado O material recebido foi classificado a úmido em peneira com tela de 095 mm de abertura A fração abaixo desta granulometria foi descartada de forma a não contaminar o meio denso à base de ferro silício usado no DWP A fração acima de 095 mm mistura de cascalhos avermelhados e amarelados foi homogeneizada em pilha triangular e desta foram retiradas amostras para os ensaios com o DWP e para análise granulométrica Sabese que na pesquisa mineral para descoberta de depósitos de diamante usase como principal ferramenta a prospecção geoquímica dos seus minerais satélites ou in dicadores granada ilmenita cromita cromodiopsídio Concentração de diamantes através de Dynawhirlpool março1981 a agosto1981 Comprovada a viabilidade técnica de 100 na recuperação dos diamantes contidos no cascalho diamantífero da Mineração Morro Vermelho empresa do Grupo Camargo Corrêa em Mato Grosso 33 mediante a coleta sistemática em amostras de sedimento cor rente na rede de drenagem da área ou de solos em malha re gular estabelecida Como o diamante ocorre no minério quer seja aluvionar ou primário em concentrações muito baixas quilatestonelada era muito provável que não se encontras se diamante na amostra de 2 duas toneladas de cascalho diamantífero após seu processamento no DWP Figura 1 Responsável pelas Informações Adão Benvindo da Luz EquIPE DO PROJETO CETEM Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica Figura 1 Separador Dynawhirlpool DWP Um circuito típico de separação em meio denso utili zando o DWP é mostrado na Figura 2 Os produtos leves e pesados que deixam o equipamento de separação passam separadamente por peneiras curvas DSM A de drenagem do meio denso e peneiras horizontais divididas em duas partes onde a primeira B é ainda para drenagem do meio denso Cerca de 90 do meio denso é recuperado nessas duas par tes A e B e bombeado de volta ao circuito Na segunda parte da peneira horizontal C é onde se processa a lavagem dos produtos que é feita com água sob pressão spray para a retirada de partículas finas de meio denso e de minério que ficam aderidas nos produtos de separação Como estratégia para concentração do diamante foram desenvolvidas duas linhas de ensaio com o DWP i ensaios sem adição de diamantes industriais e ii ensaios com adição de diamantes industriais 34 grande ocorrência dos minerais satélites do diamante Na etapa seguinte foram realizados dois ensaios com adição de diamantes in dustriais de formas e tamanhos diferentes No primeiro ensaio 20 diamantes foram adicionados ao cascalho diamantífero sen do a densidade do meio de 245 gcm3 e a pressão de alimentação de 8 psi Após bate amento do afundado verificouse que todos os 20 diamantes estavam no concentrado produto afundado mas a massa de con centrado foi considerada ainda relativamen te alta 414 No segundo ensaio realiza do com a densidade do meio de 260 gcm3 e pressão de alimentação de 9 psi foram adicionados 31 diamantes industriais sen do que todos migraram para o afundado produto final Nessa operação a massa de Figura 2 Circuito de separação em meio denso com o DWP Os ensaios usando o cascalho diaman tífero sem adição de diamantes tiveram como objetivo ajustar as condições opera cionais do DWP densidade do meio den so pressão de alimentação e inclinação do DWP e o próprio circuito do DWP de forma a se obter uma massa de material afundado concentrado em torno de 2 em peso em relação à alimentação do equipamento Se esse concentrado obtido contives se grande parte dos minerais satélites de diamante contidos no cascalho seria uma forte indicação da provável ocorrência de diamantes no material afundado concentra do quando fossem adicionados diamantes ao cascalho Dentre os ensaios realizados ainda sem adição de diamantes naquele que apresentou uma recuperação em mas sa de 2 no concentrado constatouse uma 35 produto afundado 142 foi considerada excelente já que atendeu a meta prevista de até 2 Resultados Os testes realizados pelo CETEM em esca la piloto através de meio denso usando o DWP de 6 demonstraram a viabilidade téc nica de concentração do diamante contido no cascalho diamantífero de Mato Grosso para as seguintes condições de processo densidade do ferrosilício amostra tam bém fornecida pela Paulo Abib Andery SA 701 gcm3 análise química Fe 7660 e Si 1475 análise granulométrica do FeSi 100 65 9976 100 9884 150 e 9319 200 densidade do meio 26 gcm3 pressão de alimentação 9 psi inclinação do DWP 25 O rendimento do processo na recupe ração dos diamantes foi de 100 pois to dos os diamantes adicionados ao cascalho foram recuperados no concentrado produto afundado com descarte de massa no flu tuado cascalho sem diamante de 9858 Benefício do Projeto A partir dos resultados a Camargo Corrêa contratou a Paulo Abib Andery SA para elaboração de projeto básicodetalhamento implantando a seguir uma unidade indus trial em Mato Grosso através da Mineração Morro Vermelho para produzir diaman tes usando o processo desenvolvido pelo CETEM de concentração de diamantes em meio denso através do DynawhirlpoolDWP 36 Transferência de tecnologia à Cia Mineira de Metais Grupo Votorantim detentora de jazidas de zinco propiciou a implantação de uma usina para flotação de seus minérios calamínico e willemítico de difícil concentração com aproveitamento do rejeito tipo lama Problema Desafio Minérios oxidados de zinco de diferentes procedências Congo Espanha França Itália Marrocos Tunísia vinham sendo es tudados por pesquisadores de vários países desde 1957 Os processos utilizados em escala industrial envolviam concen tração gravítica e separação em meio denso com obtenção de concentrados que apresentavam baixas recuperações de zinco e altos teores de cálcio e magnésio os quais são prejudiciais na etapa posterior de extração do zinco por lixiviação e eletrólise No Brasil no entanto nenhum estudo havia sido conduzido Durante os três primeiros anos 1978 a 1980 após sua criação o CETEM realizou pesquisas com o minério oxidado de Vazante MG financiadas por agências governamentais de fomento Tendo tomado conhecimento de alguns resultados desses trabalhos a Cia Mineira de Metais CMM empresa do Grupo Votorantim detentora de jazidas no município de Vazante contratou o CETEM para avaliar a viabilidade e de senvolver se possível um processo para concentrar o minério oxidado de zinco por flotação Isso foi sem dúvida um desafio para o CETEM especialmente pelas características mineralógi cas do oxidado e por tratarse de um minério pouco conhecido a nível mundial Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento de um processo de flotação visando a concentração do zinco a partir de minérios oxidados foi con duzido em duas etapas i em escala de bancada ii em escala piloto Os minerais predominantes nos dois tipos de Flotação do minério oxidado de zinco de Vazante MG julho1982 a maio1983 37 Responsável pelas Informações Francisco Wilson Hollanda Vidal EquIPE DO PROJETO CETEM Antônio Carlos Salgado Antônio Odilon da Silva Carlos Adolpho de M Baltar Fernando Antonio Freitas Lins Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Geraldo Donizetti F de Oliveira Hedda Vargas Figueira José Ignácio de Andrade Gomes Leonardo Apparicio da Silva Tulio Carnevalle minérios de zinco encontrados na região de Vazante eram os carbonatos smithsonita e silicatos hemimorfita e willemita sendo este último com elevado teor de hematita como mi neral de ganga A flotação foi selecionada como processo alternativo quer para o tratamento isolado dos dois tipos de minérios quer conjugada com o meio denso visando diminuir os teo res de cálcio e magnésio do concentrado e recuperar o zinco contido nos rejeitos Primeira Etapa inicialmente em escala de bancada foram estudados dois minérios cedidos pela Mineração Areiense SA MASA localizada na região de Vazante MG o mi nério calamínico mais conhecido como minério oxidado constituído principalmente de hemimorfita e smithsonita com ganga dolomítica e o minério willemítico constituído de willemita principal mineral de zinco e hematita como mine ral de ganga Para o minério calamínico foram conduzidas as seguintes pesquisas flotação com xantato antecedida de etapas de sulfetação sulfeto de sódio e ativação sulfato de cobre flotação de ganga com sulfonato de petróleo flotação inversa com ácidos graxos para separação da dolomita flotação catiônica precedida de uma etapa de sulfetação Foram realizados 252 testes de flotação com o minério moído a 100 malhas Tyler e deslamado em peneiras de 400 malhas Tyler verificandose o comportamento das variáveis consideradas de maior importância temperatura da polpa quantidade de reagente e pH Desde a fase inicial houve uma intensa preocupação em se padronizar nos mínimos detalhes a metodologia empregada em cada teste de modo que a dife rença observada de um teste para outro refletisse tanto quan to possível o efeito da variável que estava sendo examinada Após a realização dos testes foi escolhida a flotação catiônica com prévia sulfetação como a mais promissora Foram então realizados novos testes com o objetivo de ve rificar os seguintes efeitos da dispersão e sulfetação da pol pa da concentração e do tempo de condicionamento dos reagentes da rotação e aeração da célula de flotação do tipo de água da temperatura da granulometria de alimentação e do tempo de flotação 38 Com a otimização ainda em escala de bancada das condições para a flotação ca tiônica a partir de uma alimentação do mi nério calamínico com 17 Zn foi possível obter um concentrado com 40 Zn e uma recuperação de 85 em relação à alimenta ção Os experimentos em escala piloto pos teriormente realizados para esse minério da MASA confirmaram os resultados obtidos em escala de bancada Para o minério willemítico cedido pela empresa MASA foi também testada a apli cabilidade do processo de flotação catiôni ca procedendose do mesmo modo anterior mente relatado para o minério calamínico Segunda Etapa testes posteriores em escala piloto para ambos os tipos de miné rios calamínico e willemítico foram reali zados para a Companhia Mineira de Metais CMM pertencente ao Grupo Votorantim que contratou o CETEM para avaliação téc nica do processo anteriormente desenvolvi do para a MASA O aproveitamento do minério calamíni co da empresa CMM com teor entre 10 e 12 Zn confirmou os resultados obtidos em bancada com relação à flotação catiôni ca tendo sido essenciais na determinação dos parâmetros para ampliação de escala Partindose de uma alimentação com 11 Zn e 17 da mistura CaO MgO foram obtidos concentrados com cerca de 40 Zn e 5 da mistura CaO MgO Essas condi ções demonstraram portanto a viabilidade do aproveitamento do minério nas usinas hidrometalúrgicas A recuperação total de zinco em relação à alimentação da usina foi de 60 O minério willemítico da empresa CMM com baixo teor de Zn 15 era até então beneficiado industrialmente em meio denso tambor e Dynawhirlpool DWP O CETEM fez uma avaliação comparativa entre os pro cessos de flotação global da alimentação e flotação em separado do concentrado em meio denso sink ou produto afundado do rejeito do meio denso float ou pro duto flutuado e do rejeito da deslamagem lama Com a alimentação da unidade de con centração por meio denso o concentrado sink produto afundado apresentou recu peração de zinco inferior quando compara da com a da média dos concentrados de flo tação dos três materiais lama afundado e flutuado A blendagem dos três produtos com flotação global permitiria a obtenção de concentrados com até 428 de zinco correspondente a uma recuperação de até 800 do zinco total contido no minério willemítico Resultados O processo mais indicado para os dois tipos de minérios lavrados pelas empresas CMM e MASA em Vazante foi a flotação catiônica com prévia sulfetação da polpa Tal proces so capaz de elevar o teor de zinco e baixar os teores de cálcio e magnésio a níveis com patíveis com os processos metalúrgicos uti lizados por ambas as empresas demonstrou ser de aplicabilidade ideal especialmente o minério calamínico de mais difícil concen tração conforme confirmado pelos resulta dos obtidos Para o minério willemítico obtevese diferentes teores de recuperação de zinco para o produto lama conseguiuse con centrados com 46 de Zn e 49 da mis tura CaO MgO assim a recuperação do zinco contido no concentrado em relação ao zinco contido na lama descartada foi de 61 39 para o produto afundado sink os con centrados atingiram 48 de Zn e 33 da mistura de óxidos de cálcio e magnésio isso significa que a recuperação do zinco contido no concentrado em relação ao zinco contido no afundado foi de 90 com redução de 77 para 26 nos teores de CaO e de 38 para 07 nos teores de MgO para o produto flutuado float obteve se um concentrado com 36 Zn e 121 de CaO MgO correspondendo a uma re cuperação total de 66 em peso a partir de uma alimentação com 68 Zn e 37 da mistura CaO MgO Exceção feita ao produto afundado sink do minério willemítico concentrado em meio denso todos os tipos de minérios estudados tiveram que ser deslamados pois os efeitos das lamas finas na flotação são prejudiciais provocando maior consumo de reagentes cobertura da superfície mineral que se deseja flotar redução na velocidade da flotação bloqueio da superfície das es pumas e contaminação do concentrado A deslamagem moagem e dispersão da polpa são operações que requereram cuidados es peciais no processo de flotação do minério oxidado de zinco Em resumo foram obtidos concentra dos apresentando recuperações de zinco em torno de 70 e com teores da mistu ra CaO MgO menores de 4 Os princi pais reagentes utilizados na flotação foram carboximetil celulose como dispersante sulfeto de sódio como agente sulfetante amina primária como coletor e um álcool como espumante Para cada estudo foram definidos to dos os parâmetros do processo e realizados os respectivos balanços de massa necessá rios para dimensionamento de uma planta industrial Benefícios do Projeto O trabalho realizado pelo CETEM possibili tou a transferência da tecnologia às empre sas MASA e CMM do processo de concentra ção por flotação de ambos os minérios da região de Vazante MG calamínico oxida do e willemítico Na mesma década a em presa CMM do Grupo Votorantim implan tou sua usina de flotação e vem também processando o material tipo lama rejeito da instalação de separação por meio denso 40 Problema Desafio Os primeiros registros da existência de linhito na região do Alto Solimões no estado do Amazonas datam de 1875 Em 1914 foi sugerido pela primeira vez o aproveitamento desse linhito devido à carência de carvão mineral no mercado na cional Desde então diversos estudos topográficos e geológi cos foram realizados embora em extensão limitada buscan do comprovar a quantidade existente desse combustível na região Em 1960 a PETROBRAS em busca de petróleo rea lizou diversas perfurações na região constatando a presença do linhito quando o interesse por outras fontes energéticas se intensificou devido à crise do petróleo a CPRM e o DNPM realizaram em 19751976 um vasto projeto nessa região com o objetivo de determinar o potencial linhítico por meio de furos de sondagem numa área de 320000 km2 Assim o CETEM propôs este projeto para caracterizar e pesquisar a viabilidade técnica e econômica do aprovei tamento industrial do linhito do Alto Solimões como fonte energética para sua utilização em pequenos núcleos populacionais dessa região substituição do óleo diesel utilizado nos grupos geradores de eletricidade por gás de linhito fornecimento do gás à população local e também às ativi dades míneroindustriais Estudo de viabilidade do aproveitamento energético do linhito do Alto Solimões agosto1982 a agosto1983 Amplamente debatido em pautas de diferentes gestões políticas no estado do Amazonas o mito do aproveitamento industrial da vultosa reserva de linhito no Alto Solimões como fonte energética foi contraposto pelos resultados dos estudos de viabilidade técnica e econômica conduzidos pelo CETEM 41 Estratégia de Desenvolvimento Com o acompanhamento da SETECMME do DNPM do Governo do estado do Amazonas e da CELETROAMAZON o projeto foi subdividido em etapas sendo de exclusiva responsabilidade do CETEM i o levantamento e revisão de estudos existentes ii as amostragens preliminar e definitiva iii os estudos de caracterização do linhito iv a avaliação de processos de con versão do linhito combustãogaseificaçãoliquefação v a se leção de um processo incluindo estudo de préviabilidade com projeção de planta em escala piloto Resultados Embora constatada com base na maioria dos furos de sonda realizados pela CPRM e pelo DNPM uma vultosa reserva de 364 bilhões de toneladas de linhito distribuídas numa área de 90062 km2 os resultados dos estudos conduzidos pelo CETEM mostraram que a mesma não tinha significado eco nômico face aos seguintes fatores a reduzida espessura das camadas de linhito em torno de 23 cm intercaladas por grandes camadas de estéreis os níveis mais espessos de linhito em torno de 130 m eram raros e estavam situados a maiores profundidades a descontinuidade dos veios linhíticos as ocorrências de linhito inclusive os afloramentos que fi cavam submersas durante seis meses por ano na época das inundações Somado a esses fatores críticos para uma lavra econômi ca o linhito do Alto Solimões demonstrou ter má qualidade com base nos resultados da caracterização e dos ensaios tec nológicos realizados em inúmeras amostras citados a seguir as amostras continham muitas impurezas eram heterogêne as friáveis ricas em argila e inclusões minerais o linhito apresentou baixo poder calorífico além de elevados teores de umidade e enxofre total do qual 50 era enxofre pirítico fortemente indicando que teria que ser processado para redução desses teores as impurezas minerais encontravamse disseminadas na matéria carbonosa orgânica o que iria dificultar e onerar esse processamento Responsável pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos EquIPE DO PROJETO CETEM Álvaro Naegli Figueira Coordenação Técnica Antonio Rodrigues de Campos Gehard Roebke Consultor Juan Carlo Figueiredo de Almeida Maria Dionísia Costa dos Santos 42 o material carbonáceo não era homogêneo e a composição das cinzas também não o alto teor de cinzas indicava que o linhi to não poderia ser purificado por liquefação direta os ensaios de beneficiamento utilizando jigue e ciclone em escala de bancada não deram bons resultados como era de se es perar indicando que em escala comercial não ocorreria uma boa seletividade devido à disseminação de argila no linhito a carbonização do linhito présecado 10 H2O reafirmou que o material não poderia ser usado como matéria prima para pirólise carbonização à baixa temperatura e posterior produção de óleo e gás combus tível devido ao alto teor de cinzas e à baixa produção de alcatrão e de gás Além do exposto outros problemas afloraram dentre os quais as constantes mudanças na condução da política do es tado do Amazonas sempre trazendo à tona a possibilidade de aproveitamento dos de pósitos linhíticos porém sem o devido res paldo tecnológico para as tomadas de deci sões as condições ambientais da região e os fatores logísticos grande distância entre as cidades e o local de lavra do linhito Benefícios do Projeto Apesar do projeto não poder ser caracteriza do stricto sensu como uma inovação ele foi indubitavelmente de extrema importân cia tecnológica e política para acabar de vez com o mito de aproveitamento des se linhito do Alto Solimões em pautas de diferentes gestões políticas no estado do Amazonas A defesa dos resultados apresentados pelo CETEM na Secretaria de Tecnologia do MME em Brasília na presença de vá rias autoridades inclusive do Secretário de Estado da Amazônia demonstrou que é sempre possível evitar alto dispêndio de recursos financeiros da União quando se conta com uma equipe técnica competen te na consecução de projetos Com gastos reduzidos e curta duração problemas téc nicos podem ser esclarecidos e auxiliar nas tomadas de decisão governamental 43 Tecnologia para aproveitamento de turfas dezembro1982 a fevereiro1984 Problema Desafio Face ao crescente desmatamento florestal à redução de dis ponibilidade de madeira e os conseqüentes problemas eco lógicoambientais o Departamento Nacional da Produção Mineral DNPM órgão da Secretaria de Tecnologia do Ministério das Minas e Energia SETECMME encontrou uma solução para substituição da madeira pela turfa como fonte alternativa de energia Inteirado com essa problemática o CETEM passou a estudar a utilização de turfas em substituição à madeira Contratado pelo DNPM foram feitas amostragens de turfei ras localizadas em várias regiões do Brasil para posterior ca racterização das propriedades eg análise de umidade teor de cinzas materiais voláteis poder calorífico dessas turfas Após a etapa de caracterização das turfas passouse ao desenvolvimento de um processo de extrudagem da turfa proveniente da turfeira de TavaresTanques para substituir a lenha utilizada na fornalha da caldeira da Companhia de Tecidos Rio Tinto PB Estratégia de Desenvolvimento Primeiramente foi desenvolvido um dispositivo manual para extrudagem da turfa em campo tendo em vista i a ine xistência de energia no local da turfeira II à restrição dos recursos financeiros disponíveis para aquisição e emprego de equipamentos já existentes no mercado iii à necessidade de se obter uma solução em curto espaço de tempo Utilização de turfa extrudada como fonte alternativa de energia em substituição à lenha comprovou que a turfeira de TavaresTanques PB poderia abastecer a Cia de Tecidos Rio Tinto por um período de 50 anos Os excelentes resultados também contribuíram para implantação do processo inovador no gaseificador industrial da CECRISA Cerâmica Criciúma SA SC 44 Responsável pelas Informações Regina Célia Monteiro Castelões EquIPE DO PROJETO CETEM João Felix dos Santos Julio Cesar Guedes Correia Leonardo Apparicio da Silva Regina Célia Monteiro Castelões Coordenação Técnica CECRISA Aldo Vanio in memoriam DNPM João F S de Moraes Foram realizados ensaios preliminares no CETEM para determinação da umidade ideal para extrudagem manual da turfa A turfa do tipo fibrosa com umidade ideal variando de 80 a 85 foi extrudada manualmente com um tubo de PVC com diâmetro de 10 cm dotada de pegadores de metal Com base nos resultados obtidos foi feita a extrudagem na superfície da turfeira de TavaresTanques assim como a secagem dos tarugos Em seguida foi testada a queima da referida turfa nas fornalhas da Companhia Rio Tinto PB para avaliar seu desempenho em relação à lenha Resultados Com uma produtividade média de turfa extrudada de 28 thomemdia foram produzidas 150 t de tarugos Esses após secos ao ar livre durante 7 dias apresentaram as seguin tes características umidade 23 teor de cinzas 116 poder calorífico superior 5328 kcalkg poder calorífico inferior 3889 kcalkg densidade aparente a 23 de umi dade 05gcm3 dimensões do tarugo 7 cm de diâmetro e 8 cm de comprimento Figura 1 Extrudagem manual na superfície da turfeira de TavaresTanques e secagem dos tarugos 45 Depois de transportados para a indús tria os tarugos foram submetidos ao teste de tamboramento com a velocidade de 80 rpm durante 10 minutos para avaliar por meio da produção de finos sua resistência à abra são durante o manuseio Os tarugos foram também submetidos a testes de queda a partir de uma altura de 2 m corresponden te ao dobro da altura da queda na fornalha verificandose formação média de 13 de finos inferior a 6 malhas Concluiuse que o processo de extrudagem manual proporcio nou a obtenção de tarugos de turfa com boa resistência mecânica à abrasão e à queda A queima da turfa em tarugos foi tes tada utilizando uma fornalha de uma cal deira do tipo ciclope com as seguintes ca racterísticas volume da fornalha 65 m3 superfície de aquecimento 150 m2 siste ma de combustão grelha fixa área da grelha 65 m2 pressão de trabalho 16 kgcm2 g A caldeira era composta de três câmaras de combustão de água e de vapor Foram realizados dois ensaios para ava liação do aproveitamento da turfa nas forna lhas industriais da Companhia de Tecidos Rio Figura 2 Tarugos de turfa transportados da turfeira para o pátio da Cia de Tecidos Rio Tinto PB aguardando para a queima nas fornalhas Tinto A queima dos tarugos ocorreu nas mes mas condições até então empregadas pela empresa para queima da lenha O préaque cimento da fornalha na etapa experimental foi feito utilizandose 100 kg de lenha por ser material disponível em abundância na in dústria e para poupar a quantidade de taru gos para os testes de queima da turfa Na ocasião dos testes a indústria tra balhava em regime de 17 horas consumin do 2727 kgh de vapor produzido pela queima da lenha em períodos de maior demanda para uma vazão média de ar para combustão de 52382 kgh No primeiro ensaio com os tarugos em escala industrial foi consumida a média de 750 kgh de turfa durante 15 horas na mes ma vazão de ar por baixo da grelha A cada 39 minutos as cinzas geradas na combus tão foram revolvidas para sua retirada final na parte inferior das grelhas Durante esse ensaio observouse que i a combustão foi completa pelo aspecto da chama e pela cor esbranquiçada da fumaça expelida pela cha miné ii a temperatura na boca da fornalha variou de 450 a 686 C variação devida à 46 abertura das portas da fornalha para alimen tação de água na caldeira e para alimentação da própria turfa iii a temperatura no interior da fornalha atingiu 1300 C face à presen ça de mullita nos aglomerados das cinzas o que foi avaliado por difração de raiosX iv a pressão de vapor variou de 54 a 75 atm No segundo ensaio quando todas as máquinas de fabricação de tecido da indús tria estavam em operação atingiuse um consumo máximo de 1175 kgh de turfa para uma média de 1000 kgh durante 5 horas Esse aumento no consumo foi de vido à necessidade de elevação da deman da de vapor pela indústria para equipara ção às condições operacionais de queima de 3000 kgh de lenha Cabem algumas obser vações relativas a esse ensaio i a pressão de vapor ficou na faixa de 75 a 102 atm variação operacional exigida pela indústria daí podese concluir que em temperaturas elevadas essa faixa de pressão de vapor é al cançada em menor período de tempo e com uma carga menor de turfa quando compa rada à queima da lenha ii os finos gerados pelo transporte e manuseio dos tarugos fo ram completamente queimados na fornalha não ocorrendo suspensão de partículas finas arrastadas pelos gases de combustão e con sequentemente não havendo depósitos de finos na tubulação da caldeira ii o revolvi mento periódico das cinzas além de facili tar sua retirada não ocorreu sinterização das cinzas sobre a grelha da fornalha favoreceu a entrada de ar e as condições de queima da carga posterior de turfa iii a análise da composição das cinzas revelou considerável percentual de sílica e alumina demonstran do que elas ainda poderiam ser aproveitadas por fábricas de cimento e refratários iv o material volátil produzido queimou espon taneamente junto com a turfa v análises de amostras do resíduo de combustão da tur fa permitiram verificar um excelente rendi mento médio do processo 947 Em complementação foram realizados testes que permitiram comparar as princi pais características de queima da turfa e da lenha Com base em estimativas de reserva e mantidas as condições de consumo à épo ca dos ensaios de processo verificouse que a turfeira de TavaresTanques PB poderia abastecer a Companhia de Tecidos Rio Tinto por um período de 54 anos Benefícios do Projeto Os resultados promissores de substituição da lenha pela turfa em fornos industriais foram disseminados por meio de uma publicação na revista Brasil Mineral em março de 1984 Com isso a empresa CECRISA Cerâmica Criciúma SA possuidora de uma reserva de turfa em Araranguá Santa Catarina solicitou ao CETEM que fosse implantado o mesmo pro cesso para substituir o carvão vegetal pela turfa no gaseificador industrial da referida empresa O gás produzido pela turfa apresentou qualidade superior ao carvão vegetal e a CECRISA passou a utilizar o processo após contratação da Outokumpu empresa finlan desa para o fornecimento dos equipamen tos para extrair extrudar e revolver a turfa na superfície da turfeira drenada implantando uma unidade industrial para produzir os ta rugos de turfa A inovação tecnológica do processo desen volvido pelo CETEM demonstrou ainda mais sua aplicabilidade quando houve em Santa Catarina um rompimento da tubulação do gás fornecido pela Colômbia e a CECRISA utilizou o gás gerado da turfa evitando a paralisação de suas atividades de produção industrial 47 Beneficiamento de diatomitas da Bahia Projeto I janeiro a maio1983 Projeto II janeiro a outubro2000 Problema Desafio A diatomita é uma matéria prima mineral de origem sedimen tar formada a partir do acúmulo de carapaças de algas dia tomáceas fossilizadas desde a era précambriana por meio da deposição de sílica sobre a sua estrutura Figura 1a A fixação dessa sílica pelas algas está relacionada com o ciclo geoquímico de decomposição das argilas servindo como par te do material de estrutura para as algas Devido à sua inércia química elevada porosidade e baixa densidade aparente a diatomita pode ser largamente utilizada como auxiliar de fil tração ou ainda como carga industrial No Brasil os estados da Bahia Ceará e Rio Grande do Norte são os maiores detentores de depósitos de diatomita Figura 1b em terrenos de formação lacustre A exploração in dustrial da diatomita do nordeste brasileiro ainda é rudimentar Em duas ocasiões nas décadas de 1980 e 2000 o CETEM desenvolveu projetos tecnológicos com o objetivo de caracterizar e aprimorar rotas de beneficiamento da diatomita da Bahia para agregação de valor aos seus produtos indus triais Os projetos realizados para a Glasurit do Nordeste SA empresa hoje pertencente à BASF Suvinil e para a empresa CIEMIL Comércio Indústria e Exportação de Minérios Ltda visaram aplicação do produto como carga de tintas e como auxiliar para filtração respectivamente Dependendo da aplicação industrial da diatomita algu mas especificações devem ser atendidas e estão relacionadas ao tipo de processamentobeneficiamento a ser adotado Por exemplo a coloração residual é um ponto importante para uso Caracterização tecnológica e beneficiamento comprovaram a viabilidade de processamento de diatomitas oriundas de jazidas na Bahia e antes consideradas de baixa qualidade favorecendo sua aplicação industrial como carga de tintas e como auxiliar para filtração pelas empresas Glasurit do Nordeste SA e CIEMIL respectivamente 48 Responsável pelas Informações Sílvia Cristina Alves França EquIPES DO PROJETOS Projeto I CETEM Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica Antonio Carlos Salgado Projeto II CETEM Adão Benvindo da Luz Antonio Odilon da Silva Sílvia Cristina Alves França Coordenação Técnica CEMIL Carlos Careli NATRONTEC João Batista Bruno in memoriam universidade de Luleå Suécia Theresa Millqvist na indústria de tintas limitando o uso de produtos que conte nham óxidos de ferro no caso da aplicação como auxiliar de filtração principalmente na indústria alimentícia é vetada a presença de compostos que possam comprometer as proprie dades organolépticas dos alimentos como ferro matéria orgâ nica e metais pesados Assim os processos de beneficiamento tiveram que ser direcionados à obtenção de produtos com tais especificações para o mercado de minerais industriais Estratégia de Desenvolvimento Na década de 80 o trabalho consistiu na caracterização e be neficiamento de 6 seis amostras de diatomita das jazidas Funis Encantada e do Córrego BA para obtenção de produ tos que fossem aplicados como carga de tintas A caracteriza ção das amostras foi obtida por meio de análises dos teores de SiO2 Fe2O3 Al2O3 ponto de fusão e umidade microscopia ótica para determinação das principais espécies de carapaças das algas e difração de raiosX detetandose a presença de caulinita quartzo e matéria amorfa Foram avaliados processos de beneficiamento a seco em escala de laboratório e a úmido em escala piloto O bene ficiamento a seco englobou operações de desaguamento e secagem desagregação e calcinação com agente fundente Na2CO3 o beneficiamento a úmido incluiu além das opera ções já citadas as de desagregação e diluição da polpa mine ral hidrociclonagem e sedimentação para remoção do quartzo e dos minerais argilosos respectivamente e calcinação com Figura 1 a Imagem de carapaças de algas diatomáceas da Bahia b localização dos depósitos de diatomita no Brasil 49 auxílio da barrilha Na2CO3 Embora o pro cessamento a úmido seja mais oneroso é mais eficiente na remoção dos minerais ar gilosos que geralmente são portadores de Fe2O3 e Al2O3 A calcinação em leito fixo permitiu a de finição das melhores condições experimen tais como tempo e temperatura de calcina ção e adição de fundente considerandose o consumo energético mínimo para o forno utilizado mufla Alguns problemas de com bustão da matéria orgânica pela dificulda de de percolação de gases no fundo do lei to reforçou a recomendação para o emprego de forno rotativo em escala industrial Foi ainda realizada outra operação a de sedi mentação em batelada para separação dos minerais argilosos contidos na diatomita A qualidade dos produtos obtidos avaliada por análises granulométricas e químicas a úmido difração de raiosX determinações de densi dade índice de brancura e perdas ao fogo foi sempre acompanhada com apoio técnico dos laboratórios da Glasurit Os resultados servi ram para prover as informações necessárias para implementação de ajustes operacionais no processo de beneficiamento da diatomita A otimização da calcinação correspon deu à parte mais laboriosa desse primeiro projeto pois teve que ser feita em várias eta pas para se alcançar uma redução dos cus tos operacionais associados à elevada tem peratura de calcinação acima de 800 oC sem entretanto prejudicar a qualidade do produto final no tocante às especificações de coloração e de granulometria requeridas pela Glasurit O segundo projeto desenvolvido para a CIEMIL nos anos 2000 contou com o apoio financeiro da FINEP e usufruiu de boa parte da experiência adquirida durante o primeiro projeto Seu objetivo foi o aprimoramento do processo para beneficiamento da dia tomita de Mucugê BA para obtenção de produtos mais competitivos e com menores custos operacionais a serem empregados especialmente como auxiliares de filtração Desenvolvido em escalas de bancada e pi loto o projeto concentrou o foco nas melhorias operacionais passíveis de serem implementa das no beneficiamento a úmido já praticado pela CIEMIL Foram cuidadosamente analisa das as várias operações unitárias envolvidas no processo sedimentação em batelada e hi droclassificação contínua desaguamento em filtros prensa secagem ao sol calcinação em forno mufla e forno rotativo piloto para obten ção de um fluxograma de beneficiamento mais adequado e com produção de diatomita cal cinada de melhor qualidade para o mercado Resultados O processo de beneficiamento desenvolvido na década de 1980 Projeto I possibilitou o uso de três das seis amostras de diatomita estudadas como carga industrial para tintas Para o projeto desenvolvido em 2000 foram recomendadas algumas modificações no processo da CIEMIL como i a implan tação de hidroclassificadores para a remo ção da fração argilosa ii a utilização de um filtro prensa para desaguamento do ma terial Além disso na etapa de calcinação foi feita a otimização das variáveis opera cionais como temperatura de calcinação e dosagem de agente fluxante barrilha vi sando a obtenção de produtos com granu lometrias variadas atendendo às diferentes necessidades do mercado consumidor 80 da produção são voltados para o mercado de auxiliares de filtragem e 20 são utilizados como carga industrial A sequência de fotos ilustra o processo in dustrial anteriormente em prática pela CIEMIL 50 delas provenientes tornouse possível a ge ração de produtos com especificações para o mercado de tintas no Brasil O Projeto II implementou melhorias no processo de beneficiamento da empresa CIEMIL que resultaram em melhor qualida de do produto final como auxiliar de filtração Somado a isso a introdução de inovações incre mentais como a otimização no uso do fundente Na2CO3 e a classificação do material calcina do peneiramento e pneumática permitiram o aumento na quantidade mássica de material superfino produzido possibilitando também sua utilização pela indústria de tintas Figura 2 coluna esquerda e o processo oti mizado pelo CETEM Figura 2 coluna direita especialmente nas operações que precedem a etapa de calcinação a caixas de sedimenta ção b desaguamento da polpa da diatomita ao sol c secagem dos torrões de diatomita d espessamento da polpa e desaguamento por filtração f tortas de filtração Benefícios dos Projetos O Projeto I comprovou a viabilidade de proces samento de minérios provenientes de jazidas de diatomita na Bahia que anteriormente eram consideradas de baixa qualidade via bilizando a operação de três dessas jazidas Com o beneficiamento das matériasprimas Figura 2 Comparação entre etapas de processamento da diatomita na coluna à esquerda as operações na mina como eram praticadas pela CIEMIL e na coluna à direita as etapas do processo desenvolvido pelo CETEM 51 A planta industrial projetada pela equipe de engenharia da Plumbum SA PR com base no processo de lixiviação contra corrente desenvolvido pelo CETEM operou até 1995 com capacidade para produzir 900 toneladasano de sulfato de cobre e recuperar os resíduos contendo chumbo prata e ouro Tratamento do matte da metalurgia do chumbo da Plumbum SA junho1983 a agosto1987 Problema Desafio Com o objetivo de elevar a eficiência do seu processo de produção de chumbo a empresa Plumbum SA contratou o CETEM para a realização de estudos visando a recuperação dos valores metálicos contidos em um subproduto do proces so metalúrgico Na ocasião da contratação esse subproduto um matte rico em chumbo e cobre era estocado e exportado Estratégia de Desenvolvimento Para tratamento do matte um resíduo sólido constituído de sulfetos de chumbo e cobre optouse em utilizar o ácido sulfúrico como agente sulfatante A diferença de solubili dade entre os sulfatos de cobre e chumbo permitiria a se paração dos referidos elementos metálicos A oxidação dos sulfetos transformandoos em sulfatos em meio aquoso resultaria na solubilização do sulfato de cobre e na precipi tação do sulfato de chumbo Desse modo a separação dos elementos metálicos chumbo e cobre poderia ser alcançada através de uma separação sólidolíquido filtração na qual o sulfato de chumbo retornaria ao processo metalúrgico de produção do chumbo metálico e o sulfato de cobre uma vez submetido às etapas de purificação e cristalização poderia ser comercializado Os estudos em escala de laboratório iniciados em 1983 objetivaram identificar o melhor agente oxidante para a ob tenção dos sulfatos de chumbo e cobre já que o contato do material somente com soluções de ácido sulfúrico não era 52 Responsável pelas Informações Jackson de Figueiredo Neto EquIPE DO PROJETO CETEM Heitor Luz Neto Jackson de Figueiredo Neto Coordenação Técnica bancada Jorge A P Moura Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica piloto Roosevelt Almeida Ribeiro Plumbum SA Humberto F Neto Omero B de Souza Rui Inacio Marchetto Wilson C D Gonçalves suficiente para que as reações de sulfatação ocorressem Para tal fezse necessária a presença de agentes oxidantes Foi realizado então um conjunto de testes com os seguintes agentes oxidantes dióxido de manganês ácido nítrico peró xido de hidrogênio ar O2 e oxigênio sobre pressão Outras variáveis estudadas foram tempo e temperatura da reação concentração e granulometria dos reagentes Nessa primeira etapa os resultados mostraramse pro missores especialmente os obtidos após o tratamento do matte com soluções de ácido sulfúrico e oxigênio sob pres são 1 a 2 atm O projeto evoluiu para uma nova etapa onde o tratamento selecionado foi testado em escala semipiloto para obtenção de dados experimentais mais compatíveis às reais condições de um processo industrial Assim foram con duzidas as operações de lixiviação precipitação do arsênio e cristalização Para a realização dos ensaios de lixiviação em escala semipiloto foi projetado e construído no CETEM um reator com 25 litros de capacidade em aço inoxidável com agi tação mecânica através de hélice do tipo turbina acionada por um motor elétrico de corrente contínua e velocidade va riável Esse reator era dotado de manômetro com escala de 0 a 2 atm e termopar ligado a um milivoltímetro para con trole da pressão e da temperatura respectivamente Nos testes iniciais de lixiviação em uma única etapa mesmo utilizandose o material sólido com granulometria mais fina e pressão de oxigênio mais elevada o rendimen to de extração do cobre 70 ficou abaixo do esperado Decidiuse então aplicar uma lixiviação em contracorrente em dois estágios A lixiviação em contracorrente permitiu alcançar va lores mais elevados de extração do cobre superiores a 90 e também a obtenção de licores finais com menores teores de acidez livre Isso refletiu positivamente na etapa poste rior de precipitação do arsênio em solução na qual a baixa acidez implicou em menor massa de precipitado facilitando a filtração e diminuindo o consumo de reagentes bem como as perdas de cobre no precipitado O matte possuía originalmente teores elevados de arsênio e ferro Por estarem solubilizados junto com o cobre na etapa de lixiviação sua remoção tornavase imprescindí vel para se obter como produto final do processo cristais de 53 sulfato de cobre com grau de pureza ade quado à comercialização A eliminação do Fe e do As foi alcançada pela elevação gra dual do pH da solução rica em cobre uti lizandose CaO como agente neutralizante Valores de pH não poderiam ser superiores a 3 para não ocasionar a indesejável pre cipitação do cobre Além do pH a relação FeAs em solução foi outro fator importante para a adequada precipitação do arsênio Não havendo quantidade suficiente de Fe3 em solução para que o arsênio precipitasse na forma de arseniato de ferro a quantida de insuficiente de ferro provocaria a preci pitação do arsênio sob a forma de arseniato de cobre também indesejável Obtida a solução purificada foi ne cessário transformar o sulfato de cobre em um produto sólido com as características requeridas para comercialização segundo as normas internacionais sulfato técnico cristalizado com um mínimo de 98 em CuSO45H2O com teores de matéria inso lúvel e de ferro inferiores a 01 e 02 respectivamente O processo de cristalização foi condu zido em duas etapas a primeira etapa para formação de pequenas partículas núcleos e a segunda para o crescimento desses nú cleos A cristalização é controlada pelo pro cesso de nucleação que determina o tama nho dos cristais Optouse pelo uso de um cristalizador do tipo WulffBock A solução rica em cobre é resfriada na medida em que percorre a calha do cristalizador oca sionando a formação contínua de cristais recolhidos na outra extremidade do equi pamento Após a separação dos cristais por filtração ou centrifugação a solução retorna à etapa de evaporação Foram rea lizadas análises químicas do sulfato de co bre assim cristalizado e de dois produtos comerciais um nacional e outro importa do constatandose que os teores de impu rezas eram semelhantes para os três produ tos analisados Os testes em escala semipiloto per mitiram concluir que a recuperação do co bre e do chumbo era tecnicamente viável evidenciando a possibilidade de se atingir extrações de cobre em torno de 90 e que o produto sólido resultante da etapa de lixi viação basicamente constituído de sulfato de chumbo poderia retornar ao processo pirometalúrgico da usina participando na carga de alimentação do sinterizador Nos testes de purificação da solução de cobre conseguiuse eliminar 98 do arsênio em solução O precipitado formado nessa eta pa pôde ser devidamente descartado sem grandes complicações já que o arseniato férrico é um produto estável em condições ambientais Com os bons resultados a empresa Plumbum SA aceitou a continuidade dos trabalhos em escala piloto os quais ocor reram em duas fases na primeira o proje to básico de engenharia e a fabricação dos equipamentos foram de responsabilidade da empresa cabendo ao CETEM na segun da fase a implantação a préoperação e a operação da planta piloto além do treina mento do pessoal técnico da empresa Os equipamentos acessórios e instru mentos de controle da unidade piloto foram i um reator cilíndrico projetado para ope rar sob pressão com tampa e fundo tories féricos confeccionado em aço inoxidável 316 com capacidade para 300 litros de so lução provido de sistemas de aquecimento elétrico de agitação de injeção de oxigênio e de segurança composto por válvula de alívio e por eletroválvula 54 ii dois filtros a vácuo confeccionados em aço inoxidável 304 com capacidade para reter cerca de 300 litros de solução e até 75 litros de sólidos na sua parte superior iii um reator de fundo cônico para preci pitação e concentração da solução confec cionado em aço inoxidável 304 com capa cidade para 300 litros provido de sistema de aquecimento elétrico controle de tem peratura sistema de agitação e visor de ní vel externo iv um reator de cristalização com capa cidade para receber 250 litros de solução confeccionado em aço inoxidável 304 pro vido de sistema de agitação e de camisa de resfriamento por circulação de água v duas bombas de transferência de solu ção resistentes a soluções ácidas com po tência de ¾ HP adaptadas a tubulações de sucção e de recalque de 15 polegadas de diâmetro As tubulações conexões e válvu las foram confeccionadas em polipropileno A implantação e a préoperação da planta piloto pelo CETEM englobaram vá rias atividades dentre as quais uma pré operação mecânica para os devidos ajus tes nos equipamentos a preparação e a caracterização do matte a ser tratado A operação propriamente dita foi conduzi da em duas etapas durante as quais fo ram modificados alguns parâmetros opera cionais definidos nos estudos anteriores e observados os efeitos dessas modificações nos diferentes estágios do processamento Na primeira rodada de testes em es cala piloto utilizouse 12 t de matte Os testes exploratórios serviram para observar o funcionamento da unidade piloto como um todo além de otimizar as operações unitárias do processamento Os testes sis temáticos realizados em seguida objetiva ram observar a recuperação do cobre em função da alteração de parâmetros opera cionais na etapa de lixiviação em contra corrente A recuperação global do cobre sob a forma de sulfato ficou em torno de 50 em relação ao teor do metal contido no matte As causas desse resultado in ferior a uma expectativa mínima de 75 de extração foram atribuídas ao controle inadequado da operação de lixiviação eou a não utilização das melhores condições de lixiviação conforme levantadas nos estudos anteriores bancada e semipiloto visto que nos ensaios em escala piloto o interesse foi direcionado à investigação da influência daqueles parâmetros que pudessem mais afetar o regime de produção industrial Apesar disso a rota hidrometalúrgica pro posta para o tratamento do matte da me talurgia do chumbo da empresa Plumbum SA mostrava ser tecnicamente viável ne cessitando ainda de otimização operacional e de uma avaliação econômica Na segunda rodada de testes em es cala piloto houve um controle mais rigoro so da temperatura e da pressão na etapa de lixiviação O controle de acidez livre nas soluções de lixívia era efetuado antes do matte ser carregado e também ao final de cada etapa de lixiviação As amostras líquidas para dosar a concentração de co bre tiveram seus valores determinados pelo método de eletrorrecuperação Na etapa de precipitação do arsênioferro a acidez livre foi medida antes da precipitação possibi litando a determinação da quantidade de leite de cal a ser adicionada para atingir o pH final de 25 55 As análises químicas das soluções aquosas e dos cristais de sulfato de cobre para os elementos Cu Ni Fe e Zn foram realizadas por espectrofotometria de absor ção atômica Para as análises de arsênio no licor de lixiviação ou nos precipitados de arseniato férrico foi necessário o desenvol vimento no CETEM de um método de aná lise baseado na técnica de fluorescência de raiosX A análise inicial do matte e as análises químicas dos resíduos sólidos pro venientes da lixiviação foram de responsa bilidade da empresa Plumbum SA Figura 1 Fluxograma simplificado da produção do chumbo incluindo o tratamento proposto para o matte Resultados Os resultados da segunda rodada de testes em escala piloto mostraram que o aumen to da concentração do oxidante auxiliar no caso o íon Fe2 sob a forma de sulfato fer roso elevou os níveis de extração de cobre e foi possível alcançar rendimentos de até 96 na etapa de lixiviação A análise dos cristais de sulfato de cobre confirmou que o produto final obti do tinha uma composição bem próxima ao produto comercial a menos das contamina ções de Ni Ca e Mg As contaminações de 56 Ca e Mg puderam ser contornadas através de um tratamento de eliminação de dure za das águas utilizadas no processo e o Ni pôde ser reduzido pela escolha de um mate rial mais resistente à corrosão na confecção dos reatores de precipitaçãoconcentração As condições operacionais propostas para atingir uma extração mínima de 75 do cobre do matte foram lixiviação em contracorrente tempo de reação 4 horas por estágio pressão de oxigênio 10 bar faixa de temperatura 80 90º C relação sólidolíquido 210 granulometria 90 150 mesh faixa de acidez livre total 150 172 gL em H2SO4 Benefícios do Projeto O processo desenvolvido pelo CETEM em parceria com a empresa contratante de monstrou a viabilidade técnica do aprovei tamento do cobre e do chumbo contidos no resíduo matte da metalurgia do chum bo Os produtos resultantes o sulfato de chumbo e o sulfato de cobre são economi camente aproveitáveis na medida em que o sulfato de chumbo pode retornar ao proces so convencional de produção de chumbo da empresa e o sulfato de cobre tem caracte rísticas similares ao produto comercial O Dr Rui Inacio Marchetto Diretor da Plumbum SA à época de realização deste pro jeto enviou um depoimento em maio2013 confirmando que foi projetada e implementa da na Seção de Metalurgia da Plumbum SA em Adrianópolis PR uma planta piloto para a lixiviação dos mattes a qual foi operada com o acompanhamento técnico do CETEM Os dados coletados nos testes realizados nessa plantapiloto de lixiviação serviram de base para o projeto de uma planta em escala industrial destinada à produção de sulfato de cobre e recuperação dos resíduos contendo chumbo prata e ouro A planta industrial projetada pela equipe de enge nharia da Plumbum SA com capacidade para produzir 900 toneladas por ano de sul fato de cobre operou de 1991 até 1995 ano em que a empresa encerrou suas ativi dades na metalurgia do chumbo 57 Novo produto para neutralizar emanações de gás sulfídrico em lamas de perfuração de poços de petróleo permitiu substituição de importações pela PETROBRAS e foi patenteado em vários países Substituição de importação de insumos o caso do aditivo de neutralização de gás sulfídrico em lamas de perfuração março1984 a dezembro1985 Problema Desafio A PETROBRAS promoveu em 198485 um programa de substituição de importação de insumos usados em várias de suas atividades industriais e de exploração de petróleo e gás Uma das atividades que admitiria o uso de insumos nacio nais era o de perfuração de poços cujo ritmo era crescente devido ao início de exploração da Bacia de Campos Havia vários produtos de origem mineral utilizados na formação das chamadas lamas de perfuração que poderiam ser produzidos no Brasil O CETEM procurado pelo CENPESPETROBRAS con cordou em pesquisar a substituição de dois produtos uma argila mineral atapulgita e o outro um sucedâneo para ma terial destinado a neutralizar emanações de gás sulfídrico que podem ocorrer durante a perfuração eou na produção de óleo e gás Foi feito um estudo preliminar sobre o Ironite Sponge H2S Scavenger nome comercial de um dos produtos im portados que deveria ser substituído Análises confirmaram tratarse de óxido de ferro particulado com característica magnética e alta superfície específica isso permitiria uma cinética rápida de reação com o gás sulfídrico H2S de for ma a impedilo de chegar à superfície em concentração ele vada Além de acelerar a corrosão nas partes metálicas de equipamentos e acessórios da coluna de perfuração o gás é extremamente tóxico e até mesmo letal oferecendo risco constante às equipes em terra ou embarcadas 58 Responsável pelas Informações Carlos Cesar Peiter EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Salgado Carlos Cesar Peiter Coordenação Técnica bancada Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica piloto Geraldo Magela Severino de Lima PETROBRAS CENPES e PETROFERTIL Hosam Ahmed Abdallah Abdelrehim Ielton Frederico da Ponte Jayr Borges João Tavares Neiva de Figueiredo Virgilio Amora Estratégia de Desenvolvimento O CETEM já vinha desenvolvendo trabalhos de cunho tec nológico em reatores de ustulação usados em processos de extração de cobre e zinco a partir de concentrados sulfetados conhecendo bem os produtos e subprodutos da reação de ustulação um deles resultante da oxidação da pirita a alta temperatura Por outro lado e coincidentemente a Indústria Carboquímica Catarinense ICC operava a unidade de pro dução de ácido fosfórico da PETROFERTIL subsidiária da PETROBRAS que foi posteriormente extinta Essa unidade industrial procedia à ustulação de concentrados de pirita car bonosa FeS2 obtidos a partir de rejeitos de lavadores de carvão de Criciúma sendo beneficiados em outra instalação de alto desempenho que contava com um novo tipo de jigue separador por diferença de densidade de partículas Além de reduzir o descarte de material contendo enxofre em bacias de rejeitos que provocavam acidificação de lençóis freáticos a fração carvão obtida nesse jigue era de alta qualidade e o concentrado piritoso também exibia alto teor de enxofre e ferro A ustulação do concentrado gerava o dióxido de enxo fre necessário para a produção de ácido sulfúrico Na planta química de contato o gás com alto teor de SO2 era catali sado a SO3 e este transformado em ácido sulfúrico para uso na lixiviação de concentrado de rocha fosfática e produção de ácido fosfórico pela ICC O material a ser fabricado no Brasil em substituição ao importado teria que apresentar as seguintes características ser composto preponderantemente por óxidos de ferro mag néticos magnetita eou wustita possuir elevada superfície específica próximo a 10 m²g e ter granulometria inferior a 0075 mm 200 malhas Tyler Visitas técnicas à instalação da ICC em Imbituba SC permitiram amostragens diretamente coletadas das descar gas dos reatores de ustulação o material particulado dessas amostras era predominantemente composto por óxidos de ferro com baixo conteúdo de sulfeto de ferro Esse material foi concentrado em laboratório permitindo a separação de frações uma mais magnética e outra menos magnética 60 e 40 em massa respectivamente A fração mais magnética foi testada pelo CENPES quanto à reação com gás sulfídrico e atendeu ao que era esperado em termos de 59 reatividade Era necessário então obter um concentrado de alto teor de magnetita a partir do material particulado e para tal o CETEM otimizou um processo de beneficia mento mineral com concentração magnéti ca de baixa intensidade e classificação por tamanho Esse processo não requereria co minuição porque o material já se encontrava particulado e com distribuição de tamanho que permitiria recuperação em massa de quantidade suficiente O passo seguinte foi a contratação pelo CENPES para que o CETEM produzis se 60 t de concentrado de óxidos de ferro na própria instalação da ICC em Imbituba Figura 1 Separador magnético via úmida com baixa intensidade de tambor rotativo usado pelo CETEM para separar a fração de óxidos com maior teor de magnetita e wustita Figura 2 Unidade composta por hidrociclones para classificação por tamanho do concentrado magnético após sua retirada do separador de tambor tendo sido construídas duas unidades pilo to de produção A segunda unidade dentro de galpão adequado tinha capacidade de produção de até de 400 kgh de concentra do e está parcialmente ilustrada nas fotos Figuras 1 a 3 O trabalho foi encerrado em 1985 após a produção de cerca de 40 t de concentrado seco o qual foi ensacado para uso nas uni dades de perfuração da PETROBRAS Todo o material foi encaminhado para utilização imediata em áreas de prospecção como a de Urucu no Amazonas onde a perfuração apresentava riscos às equipes devido aos te ores de gás sulfídrico presentes Figura 3 Produto final óxidos de ferro de alto teor de magnetita e wustita sendo filtrado em tambor a vácuo com capacidade de até 400 kg de produtohora 60 Resultados Além de ter atendido o que foi contratado pela PETROBRAS esse processo inovador de obtenção de concentrado de óxidos de ferro para uso em lamas de perfuração foi patenteado pela PETROBRAS no Brasil e no exterior gerando várias patentes citadas a seguir em ordem cronológica de concessão a de nº PI 83054049 Processo de obter concentrado de magnetita de grande área específica concedida no Brasil pelo INPI em 1985 a de nº GB 2147284 Process for ob taining a high surface area magnetite con centrate concedida em 1985 no Reino Unido a de nº PI 85003468 Processo de pre paração de aditivo para lamas de perfura ção e composição de lamas de perfuração concedida no Brasil pelo INPI em 1986 a de nº 198407667 Process to obtain high surface magnetite concentrate con cedida em 1986 na África do Sul a de nº 1985048571 Process for obtai ning a high surface area magnetite concen trate concedida em 1987 na Itália a de nº IT 1178007 Process for prepar ing a high surface area magnetite drilling mud additive concedida em 1988 na Austrália a de nº CA 1265665 Process for drill ing mud additive preparation and additive for drilling mud concedida em 1990 no Canadá Cabe explicar que o pedido de patente foi depositado nos vários países acima men cionados uma vez que eles já possuíam ins talações similares às da ICC e poderiam uti lizar os processos inovadores sem o devido mérito aos inventores e sem o consequente pagamento de royalties Benefícios do Projeto O projeto colaborativo realizado pelo CETEM e pelo CENPESPETROBRAS atingiu ple namente seu objetivo tecnológico propor cionando patentes de invenção de produto nacionalizando o produto e produzindoo a preço reduzido face ao emprego de maté riaprima óxidos de ferro que estava sendo descartada pela empresa ICC Alguns anos depois a produção na ICC foi descontinu ada porque a PETROBRAS fez um acordo comercial com a então Cia Vale do Rio Doce para que essa passasse a se encarregar do suprimento do produto em contrapartida à comercialização do produto no mercado ex terior pela PETROBRAS Posteriormente a VALE também de senvolveu um sucedâneo concorrente deste produto a pedido da própria PETROBRAS a partir de moagem de concentrado de mag netita natural cuja produção também foi encerrada com o fechamento da unidade de concentração de anatásio em Araxá MG 61 LAMELACET um equipamento projetado e desenvolvido pelo CETEM para tratamento de efluentes de plantas de lavagem de carvão teve sua utilidade comprovada por várias empresas carboníferas de Santa Catarina Tratamento de efluentes de plantas de lavagem de carvão com espessador de lamelas contracorrente LAMELACET junho1985 a abril1987 Problema Desafio Na região sul do país os efluentes de indústrias minerome talúrgicas eram normalmente descarregados em importantes bacias hidrográficas provocando problemas ambientais Nas regiões carboníferas a poluição hídrica era qualitativamente similar em todos os locais de mineração e principalmente gerada pelos efluentes de plantas de lavagem de carvão face à oxidação da pirita associada ao carvão que quando em contato com a água se oxida produzindo ácido sulfúrico e compostos de ferro Os poluentes despejados nos rios e cór regos são prejudiciais ao sistema lagunar que possui baixa capacidade de autodepuração devido à pouca circulação das águas A redução da produtividade agrícola e pesqueira já se fazia sentir há décadas Com o objetivo de controlar a poluição gerada por esses efluentes especialmente em Santa Catarina as empresas carboníferas vinham utilizando um robusto espessador cir cular convencional com raspadores rotativos que ocupava indesejável espaço nas plantas industriais face a seu exces sivo tamanho Por meio de um convênio com o DNPM e com apoio da FINEP o CETEM projetou desenvolveu e construiu um equipamento também baseado no princípio de separação por gravidade mas que além de ocupar menos espaço 10 do espaço ocupado pelo espessador convencional redu ziu o consumo energético e consequentemente os custos operacional e de manutenção para tratamento dos efluen tes das indústrias 62 Responsável pelas Informações Carmen Lucia Branquinho com base no relatório final do projeto depositado na Biblioteca do CETEM EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Odilon da Silva Franz Xaver Horn Filho Coordenação Técnica Estratégia de Desenvolvimento O espessador de lamelas contracorrente doravante denomi nado LAMELACET Figura 1 foi projetado em escala piloto com uma área de sedimentação de 562 m2 para ser equiva lente a um espessador circular convencional de 27 m de diâ metro com capacidade média de 3 m3h Suas lamelas foram dispostas com inclinação de 50 distando 5 cm entre si O protótipo construído no CETEM em açocarbono e revestido internamente por tinta epóxi para evitar corrosão foi dotado de sistemas de coagulação e floculação O tanque de coagulação ou de mistura rápida com ca pacidade para 20 L dispunha de um agitador com velocidade variável de 0 a 1750 rpm com hélice tripla e motor de ¼ hp O tanque de floculação ou de mistura lenta com capacidade de 500 L construído segundo a norma E7401 da CETESB englobava um agitador de paletas contendo um raspador em sua base para evitar a formação de material sedimentado Para acionamento do sistema de floculação foi acoplado um motor de 15 hp interligado com um redutor possibilitando a variação de velocidades 10 20 e 30 rpm durante a flocu lação O sistema de lamelas continha um duplo pacote cada um com 12 lamelas espaçadas de 5 cm tendo cada lamela 35 cm de largura e 104 cm de comprimento Para facilitar o escoamento do underflow do LAMELACET foi criado um sistema de vibração com placas triangulares acopladas a um vibrador eletromagnético por meio de um eixo biapoiado em rolamentos especiais Todo o sistema foi submetido a uma frequência vibratória de 60 Hz com amplitude de 2 mm Dois sistemas de descarga foram utilizados i um para retirada do underflow flutuado inferior constituído por um vibrador eletromagnético caixa piramidal com palhe tas vibratórias e com dispositivo conjunto de boquilhas de borracha de controle da vazão ii outro para descarga do overflowflutuado superior basicamente composto por uma tubulação de 4 com orifícios de 15 cm de diâme tro para equalização das velocidades ascendentes do fluido entre lamelas Vigas de 2 e 6 em formato U e H respec tivamente foram empregadas para construção da estrutura que serviu de suporte ao LAMELACET a qual englobava uma escada e plataforma de acesso ao equipamento bem como uma grade de proteção 63 O circuito da usina piloto para trata mento dos efluentes de carvão implantada no Lavador Central de Capivari SC está esquematicamente representado na Figura 2 Sua alimentação foi feita através de um captador preso à calha do efluente e proje tado para descarregar cerca de 40 m3h de polpa 10 da vazão da calha O mistura dor e o tanque de alimentação objetivaram reduzir o volume de efluente retirado da ca lha após homogeneização A alimentação do LAMELACET foi por gravidade havendo um sistema de válvulas para controle da va zão Para dosagem do floculante foi utiliza da uma bomba dosadora com capacidade máxima de 50 Lh Figura 1 Esquema do LAMELACET projetado no CETEM Tomando por base a coleta de amos tras sucessivas em períodos de 4 horas perfazendo um tempo total de amostra gem de 16 horas procedeuse à caracte rização do efluente quanto à vazão média à concentração percentual de sólidos à distribuição granulométrica à composição química ao pH e à densidade dos sólidos Isso permitiu verificar se as características do efluente sofriam oscilações significativas no período normal de operação do Lavador limitado por paralizações programadas Constatouse que o Lavador Central de Capivari despejava 32 toneladash de finos de carvão em sua bacia de decanta ção gerando poluição do meio ambiente 64 Esse efluente com 9 de sólidos baixa densidade associada à fina granulometria 88 200 malhas e pH próximo à neu tralidade indicava a necessidade de apro fundar os estudos de floculação para seu tratamento por sedimentação Além disso análises químicas complementares possi bilitaram vislumbrar potenciais aplicações para os finos de carvão em usinas termoelé tricas eou em indústrias cimenteiras após o devido tratamento Foram então realizados ensaios de flo culaçãosedimentação em escala de ban cada para determinar os melhores floculan tes a serem empregados em escala piloto levandose em consideração as quantidades Figura 2 Esquema do circuito piloto implantado no Lavador de Capivari SC adicionadas e os custos envolvidos Os flo culantes teriam que promover a formação de flocos que gerassem a clarificação da água e atingissem velocidades de sedimen tação compatíveis com a taxa de alimenta ção do LAMELACET Por outro lado deveria ser alcançado um adensamento da polpa da ordem de 25 de sólidos a partir de um valor inicial de 9 Tal adensamento viabi lizaria a utilização do filtro tipo prensa su gerido para o processo para desaguamento do underflow do espessador Como o LAMELACET foi projetado e construído visando o tratamento de finos de carvão e também de outros bens mi nerais algumas variáveis operacionais eg 65 velocidade de sedimentação após flocula ção tiveram que ser adaptadas para o de sempenho ideal do equipamento Resultados Com base nos resultados em escala piloto foi possível concluir que o processo envolvendo o espessador de la melas contracorrente era viável para o trata mento de efluentes com finos de carvão ob tendose uma clarificação da água máximo de 022 g de sólidos suspensoslitro visando recirculação e adensamento do lodo na faixa operacional desejada para o filtro prensa atingiuse umidade final de 25 para a torta de finos de carvão as operações de espessamentoclarifica ção e filtração apresentaram baixos consu mos de agentes floculantes 92 a 346 gton de carvão no espessador e 250 gton de car vão na filtração a operação de floculação após os esforços da Cia Catarinense de Álcool CCA que cul minaram no desenvolvimento de floculantes específicos para finos de carvão também apresentou custo reduzido o processo possibilitou o aproveitamento de 300 m3h de água de recirculação no espessador e no filtro representando uma economia de 46 no bombeamento de água do rio Capivari em complementação os estudos eco nômicos realizados pela Hidroquímica Engenharia demonstraram que em cer ca de 8 oito meses o Lavador Central de Capivari poderia amortizar os gastos com a implementação do processo desenvolvido pelo CETEM mesmo se aumentasse sua capacidade de processamento de carvão de 800 para 1250 tonh Benefícios do Projeto Após a realização dos testes em escala pi loto e repasse dos resultados pelo CETEM foi implantada uma unidade industrial do LAMELACET com instalação de dutos para sua conexão ao Lavador Central de Capivari Essa unidade industrial foi financiada por mineradoras de carvão de Criciúma SC através de um consórcio entre as empresas ZETA IESA HIDROqUÍMICA e SATCLAEC possibilitando o tratamento dos efluentes dessas consorciadas 66 Beneficiamento hidráulico de diatomitas do Ceará e do Rio Grande do Norte com um floculante orgânico utilizado para clarificar cajuína favoreceu a remoção de impurezas dessas rochas calcáreas e permitiu sua aplicação como material filtrante na indústria de bebidas Beneficiamento de diatomitas de Punaú RN e Lagoa de Dentro CE março1989 a março1990 Problema Desafio Diatomita é uma rocha calcárea formada por carapaças e es queletos de algas diatomáceas as quais vivem em terra ou ro chedos úmidos bem como nas águas de mares quentes e frios de lagos rios e brejos Assim a estrutura física e a abundância da diatomita estão relacionadas às condições climáticas da região e à qualidade das águas No Brasil as principais jazi das de diatomita são encontradas no Ceará no Rio Grande do Norte na Bahia no Rio de Janeiro e em Santa Catarina A diatomita é comercializada ao natural ou calcinada Devido a suas propriedades alta área de superfície baixo peso específico elevado poder de absorção incombustibili dade inércia aos ácidos insignificante condutibilidade térmi ca e sonora resistência ao desenvolvimento de bactérias a diatomita tem sido empregada por exemplo como abrasivo absorvente de líquidos e gases auxiliar de filtração isolante térmico e acústico material de carga em grande variedade de produtos material de construção em misturas com argamas sa cimento ou concreto As aplicações da diatomita depen dem do tamanho e da estrutura das carapaças que variam conforme a região em que é extraída a rocha bem como do tratamento executado em seu processo de beneficiamento Diante de um aumento da importação da diatomita oca sionado pelos indesejáveis e elevados teores de Al2O3 e Fe2O3 nas minas da região do nordeste brasileiro aliado a um merca do mais exigente quanto à qualidade do produto o DNPM soli citou ao CETEM um estudo de caracterização com proposta para o beneficiamento das diatomitas dos estados do Ceará e 67 Responsável pelas Informações Regina Célia Monteiro Castelões EquIPE DO PROJETO CETEM João Félix dos Santos Ney Hamilton Porphírio Regina Célia Monteiro Castelões Coordenação Técnica do Rio Grande do Norte visando à obtenção de um produto com características para aplicações em filtrações industriais O processo de beneficiamento deveria ser eficaz para remover as principais impurezas argila caulinita óxido de ferro e quartzo normalmente associadas à diatomita Embora já fosse sabido que a matéria orgânica poderia ser removida por meio de calcinação e o quartzo através de clas sificação em ciclones a remoção da argila tratavase de uma operação bastante difícil O CETEM já havia anteriormen te realizado pesquisas de beneficiamento da diatomita de Canavieiras CE demonstrando ser possível obter um pro duto com qualidade filtrante que permitisse sua aplicação industrial em substituição aos produtos importados Estratégia de Desenvolvimento Para avaliar a qualidade das diatomitas de Punaú RN e Lagoa de Dentro CE as amostras recebidas dessas rochas calcá reas foram primeiramente expostas ao sol para serem desa gregadas e em seguida homogeneizadas e quarteadas Logo após foram retiradas amostras representativas para as análi ses granulométrica química e mineralógica para o conheci mento dos teores de Al2O3 Fe2O3 e outras impurezas argila caulinita e quartzo que geralmente são depositadas na estru tura das carapaças nas frações menores do que 0037 mm equivalente a 400 malhas Tyler reduzindo o poder filtrante das diatomitas Ensaios de alvura dispersão da argila e cal cinação foram também conduzidos em escala de bancada O equipamento utilizado para agitação das amostras consistiu de uma célula de flotação descontínua do tipo DENVER de subaeração com uma cuba de fundo côncavo com capacidade de 2 litros dotada de um agitador com ajuste velocidade de rotação Os ensaios de sedimentação para re moção da argila das amostras foram realizados com controle de pH e com adição ou não de dispersante eou de floculante Os ensaios de calcinação para queimar a matéria orgâ nica existente nas amostras foram feitos com os melhores produtos afundados obtidos nos ensaios de sedimentação sob as seguintes condições temperatura de 900oC tempo de 2 horas e adição ou não de fluxo de Na2CO3 quando as propriedades do produto não estavam adequadas devido ao alto teor de ferro e a não coloração branca adição de fluxo de Na2CO3 se fez necessária para aumentar a cristalização e reter 68 os íons de ferro na estrutura das carapaças da diatomita tornandoos inertes Após os ensaios de calcinação deter minouse a alvura de cada amostra por mé todo fotométrico utilizandose o óxido de magnésio como padrão alvura 100 Para os testes de beneficiamento foram empregados dois tipos de processos os pneu máticos e os hidráulicos Com os processos pneumáticos não foi possível obter um bom descarte de caulinita pois esta ficava retida em grande parte nos poros das carapaças Diante disso o CETEM optou por aperfeiçoar o processo de beneficiamento hidráulico Resultados As análises granulométrica e química das amostras mostraram que a sílica da diatomi ta o Fe2O3 e o Al2O3 eram encontrados em maiores teores nas frações mais finas abai xo de 400 malhas Tyler enquanto a sílica proveniente do quartzo estava mais concen trada nas frações mais grosseiras acima de 400 malhas Tyler A diatomita de Punaú continha 77 de Al2O3 04 de Fe2O3 e 774 de sílica da diatomita No primeiro teste separouse uma amostra e adicionouse o dispersante hexametafosfato de sódio que não contri buiu para a retirada da argila No segundo teste com outra amostra representativa adi cionouse 03kgt de um floculante orgânico natural cola de natureza proteica solúvel em água utilizada na floculação da cajuína a pH7 e tempo de decantação de 120 mi nutos Observouse um descarte de 741 de Al2O3 696 de Fe203 e uma recupera ção de 653 para a sílica da diatomita Isso mostrou que o produto obtido após o benefi ciamento continha reduzidos teores das im purezas indesejáveis 34 de Al2O3 e 02 de Fe203 propiciando melhor concentração para a sílica da diatomita 868 facilita da pelo descarte da argila no flutuado Para sedimentação da diatomita de Lagoa de Dentro verificouse que com adi ção de 4kgt de hexametafosfato de sódio pH7 e tempo de sedimentação de 60 mi nutos como dispersante foi possível obter um concentrado com 61 de Al2O3 066 de Fe203 779 de sílica de diatomita 69 de sílica de quartzo e um descarte de 534 de Al2O3 no flutuado As amostras beneficiadas no CETEM pelo processo de concentração por sedi mentação foram calcinadas com fluxo de Na2CO3 e após calcinação classificadas nas peneiras Tyler entre 28 e 200 malhas com o objetivo de verificar a influência da granulo metria durante a filtração Foram testadas na empresa Rio de Janeiro Refrescos S A amostras dos seguintes produtos Celite Hyflo Cel importado do México considerado como padrão GN300 fabricado no Brasil pela empre sa Serrana Punaú separada em duas frações uma abaixo de 28 malhas e outra abaixo de 200 malhas ambas beneficiadas no CETEM Lagoa de Dentro fração abaixo de 200 malhas beneficiada no CETEM Os parâmetros adotados para testar os mesmos produtos nos ensaios de filtração Tabela 1 foram o tempo de filtração e a cor do xarope que para ser aceitável industrialmen te deveria estar abaixo de 70 unidades Cabe explicar que o índice de cor de uma solução açucarada xarope é calculado a partir de parâ metros experimentais concentração da amos tra diluída transmitância da soluçãoamostra e comprimento da cela de absorção de de terminação espectrofotométrica e é expresso em unidades de acordo com o recomendado 69 pela ICUMSA International Commission for Uniform Methods of Sugar Analysis Na Tabela 2 constam as principais característi cas físicas e químicas dos produtos testados e considerados com melhor desempenho A análise da Tabela 1 revela que a dia tomita de Punaú correspondente à fração 28 malhas apresentou melhores resulta dos que a amostra padrão mexicana e que a diatomita nacional GN300 utilizadas na empresa Rio de Janeiro Refrescos S A en quanto as diatomitas de Lagoa de Dentro 200 e Punaú fração 200 malhas têm qualidades de filtração superiores à diatomi ta nacional quanto à cor do xarope ambas as diatomitas satisfizeram as exigências da indústria sendo que a de Lagoa de Dentro apresentou o melhor índice de todas Tabela 1 Resultados dos ensaios de filtração na indústria Agente de Filtração Tempo de Filtração segundos Índice de Cor do Xarope unidades CeliteHyfloCel 69 60 GN300 218 60 Diatomita de Punaú 28 malhas 67 50 Diatomita de Punaú 200 malhas 120 60 Diatomita de Lagoa de Dentro 200 malhas 110 30 Benefícios do Projeto Em substituição ao dispersante hexametafos fato de sódio o CETEM optou pelo emprego de um novo floculante orgânico uma cola natu ral utilizada no Nordeste para clarificação da cajuína Esse floculante foi eficaz na remoção das impurezas da diatomita de Punaú RN tornandoa um produto com qualidade supe rior ao padrão utilizado na indústria Os resultados foram considerados promissores pela empresa Rio de Janeiro Refrescos S A fabricante da CocaCola no estado do Rio de Janeiro quanto ao uso das diatomitas como materiais filtrantes na indústria de bebidas Tabela 2 Características físicas e químicas dos produtos testados na indústria Diatomita de Punaú Diatomita de Lagoa de Dentro GN300 Celite Hyflo Cel SiO2 total 9410 9280 9200 9460 Al2O3 320 470 600 310 Fe2O3 019 061 050 10 Perda ao Fogo 030 020 030 020 Alvura 86 78 74 84 Granulometria da diatomita de Punaú 96 28 malhas Granulometria da diatomita de Lagoa de Dentro 97 200 malhas Allegra Década de 90 72 Alternativa tecnológica para separação dos elementos presentes no minério xenotima abundante no Amazonas permitiu a obtenção de carbonatos e óxidos de terras raras com elevada pureza Processamento hidrometalúrgico de um concentrado de xenotima janeiro1993 a dezembro1993 Problema Desafio As Terras Raras são um grupo relativamente abundante de 17 elementos químicos todos metais sendo que 15 perten cem ao grupo dos lantanídeos de número atômico entre 57 e 71 a saber lantânio cério praseodímio neodímio pro mécio samário európio gadolínio térbio disprósio hólmio érbio túlio itérbio lutécio a eles se juntam o escândio e o ítrio de números atômicos 21 e 39 respectivamente que ocorrem nos mesmos minérios e apresentam propriedades fí sicoquímicas semelhantes aos lantanídeos O aproveitamento dos elementos das terras raras no iní cio da década de 1990 era objeto de grande interesse Os setores de eletroeletrônicos de comunicação de cerâmica avançada de sensores cerâmicos de catálise indústrias pe troquímica e automobilística assim como as de aviônica e de fotoluminescência eram alguns dos segmentos industriais que mais pressionavam a demanda por esses elementos Atento a essa tendência mundial o CETEM iniciou em 1989 um programa de pesquisa e desenvolvimento em Terras Raras instituindo nesse mesmo ano a Câmara Setorial das Terras Raras congregando os atores dos setores industrial acadêmico e de pesquisa Era objetivo da Câmara executar ações que pudessem apoiar a implantação de uma política governamental de incentivo ao setor das terras raras Devido ao dumping imposto pelos chineses inundando o mercado com produtos de terras raras a preços irrisórios di versos produtores internacionais encerraram suas atividades O mesmo ocorreu em 1992 com a NUCLEMON que era a 73 Responsáveis pelas Informações Ivan Ondino de Carvalho Masson Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Clélio Thaumaturgo Ferreira Ivan Ondino de Carvalho Masson Coordenação Técnica Jacinto Frangella Juliano Peres Barbosa in memoriam Reiner Neumann Ronaldo Luiz Correa dos Santos università degli Studi di Trento Itália Andrea Fuganti Andrea Romani Diego Colombo Franco Bazanella Ivan Bottura Luca Nodari Politecnico di Milano Itália Umberto Ducatti Technische universität München Alemanha Giulio Morteani única produtora nacional e beneficiadora de minerais pesados que produzia um concentrado de monazita e alguns produtos comerciais à base de terras raras Constatando a partir desses fatos o vazio tecnológico que se apresentava no Brasil o CETEM incluiu os elementos das terras raras em suas prioridades de PD no âmbito da programação trienal da instituição Estratégia de Desenvolvimento O objetivo principal das ações de pesquisa e desenvolvimen to iniciadas pelo CETEM com foco nos elementos das terras raras ETR foi redefinir rotas de processamento hidrometa lúrgico que fossem mais econômicas e menos impactantes Era esperado que pudessem ser úteis para apoiar a retomada da produção nacional amenizando assim os reflexos negati vos da dependência de um suprimento externo instável Uma das principais ações estratégicas levadas a cabo pela Direção do CETEM para acelerar a meta de domínio da tecnologia de processamento das terras raras foi estabelecer um acordo de cooperação técnica internacional para realizar um projeto com a Comunidade Econômica Européia CEE O acordo teve foco no desenvolvimento de pesquisa conjunta para o processamento das terras raras contidas na xenotima uma das principais fontes de fornecimento dos elementos da fração pesada O projeto resultante da cooperação técnica reuniu o CETEM as Universidades de Trento e de Milão Itália e a Universidade Técnica de Munique Alemanha Pelo lado brasileiro recebeu apoio financeiro do Programa RHAE Capacitação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas Pelo lado da Comunidade Européia CE o projeto recebeu recursos do Parlamento Europeu assim como de empresas como a Pirelli e a Fiat Os objetivos do projeto eram a caracterização completa do concentrado e o desenvolvimento dos processos de solubi lização assim como de separação e purificação de óxidos de terras raras a partir de um concentrado de xenotima O produ to de principal interesse era o óxido de ítrio de elevada pureza A amostra estudada foi proveniente da mina do Pitinga localizada em Presidente Figueiredo AM cedida pela Mineração Taboca do Grupo Paranapanema O projeto foi realizado contemplando as seguintes etapas 74 caracterização mineralógica que foi reali zada no CETEM e na Universidade Técnica de Munique lixiviação do concentrado em batelada com separação e purificação dos elementos de terras raras por extração por solvente em bancada que foram realizadas no CETEM e na Universidade de Trento lixiviação do concentrado em batelada com separação e purificação dos elementos de terras raras por extração por solvente em contínuo as quais foram realizadas na usi na préindustrial de Pérgine Itália A Figura 1 apresenta de forma simpli ficada o lay out da instalação projetada pelos técnicos do CETEM e das instituições parceiras que foi implantada em Pérgine Itália Nesse local no período compreendido entre junho e dezembro de 1993 foram de senvolvidas e otimizadas em escala amplia da as tecnologias de lixiviação separação e purificação de compostos de terras raras Figura 1 Esquema da instalação projetada pelos técnicos do CETEM e das instituições parceiras implantada em Pérgine Itália para lixiviação separação e purificação de compostos de terras raras O concentrado de xenotima tinha a se guinte composição mineralógica xenotima 901 zircão 97 quartzo 01 outros 01 e a seguinte composição química TR2O3 616 TR2O3 refere se a óxidos totais de terras raras Zr2O3 485 SiO2 505 ThO2 060 U3O8 007 P2O5 2760 e 023 de ou tros óxidos Fe2O3 Al2O3 Nb2O5 SnO2 Comparativamente às ocorrências de xe notima de outras localidades a proveniente da mina do Pitinga apresentava altíssimo teor de fração pesada das terras raras 996 sendo 447 de ítrio e um teor de tório re lativamente baixo correspondente a 06 O concentrado de xenotima foi subme tido inicialmente à lixiviação com ácido sulfúrico concentrado em temperaturas na faixa de 230oC por 8 horas A unidade pi loto de separação empregou a tecnologia de extração por solvente em função do objetivo de obtenção de ítrio de elevada pureza a partir de uma solução contendo mistura de elementos de terras raras na qual a fração pesada era predominante Foi estudado o 75 desempenho de dois circuitos pilotos con tínuos de extração Um primeiro empregan do um extratante aniônico que permitiu um corte entre os elementos érbio e túlio e a consequente obtenção de duas frações de concentrados A outra fração conside rada como a de maior interesse comercial contendo os elementos Y Tm Tb Yb e Lu foi submetida a uma segunda etapa de ex tração envolvendo um extratante carboxíli co Foi obtido ao final ítrio com pureza de 9999 Foi utilizado um processo contínuo de extração líquidolíquido empregando dis tintos extratantes A separação dos elemen tos da fração leve usou como extratante uma amina terciária de cadeia longa C1821 Por outro lado a extração e separação dos elementos da fração pesada utilizou como extratante um ácido carboxílico de cadeia linear média C8C11 O aumento da efi ciência de separação dos circuitos foi al cançado mediante a adição de composto salino na fase orgânica que atuou como tamponadorcondicionador Buscouse as sim explorar o efeito do íon comum nesse caso específico um ânion similar ao do áci do usado para a lavagem e reextração da fase orgânica carregada A Figura 2 mostra esquematicamente os circuitos utilizados para a obtenção de ítrio de elevada pureza Os circuitos de separação permitiram um corte entre os elementos érbio e túlio e a consequente obtenção de duas frações Figura 2 Esquema simplificado dos circuitos de separação e purificação de ítrio Significado das Siglas e Abreviações ETRLsolução de elementos de terras raras leves ETRP solução de elementos de terras raras pesadas SAL solução ácida de lavagem SAR solução ácida de regeneração SSC solução salina condicionadora do extratante ORG fase orgânica AQ fase aquosa Y solução purificada contendo ítrio 76 de concentrados uma delas a que foi con siderada como a de maior interesse comer cial contendo os elementos Y Tm Tb Yb e Lu Ao final foi obtido ítrio com pureza de 9999 Resultados Comprovouse a possibilidade de abertura do concentrado de xenotímio usando reator fechado embora sem sobrepressão resul tando em um licor que permitiu a separa ção de tório da solução por precipitação controlada Foram obtidos carbonatos e óxidos de ter ras raras pesadas de elevada pureza sendo que no caso do ítrio foi atingido o objeti vo principal resultando num óxido de teor 9999 O uso de dois circuitos sequenciais de separação utilizando respectivamente ex tratantes comerciais da classe aniônica e carboxílica mostrou ser eficiente para re cuperar Y Tb Tm com elevada pureza a partir de um concentrado de xenotima da mina do Pitinga Ficou assim comprovada a viabilidade técnica do aproveitamento do concentrado de xenotímio do Pitinga usando processos e técnicas em acordo com as melhores tec nologias disponíveis à época Benefícios do Projeto A rota de processamento desenvolvida mos trou ser uma alternativa tecnológica viável para a separação dos elementos presentes na xenotima da mina do Pitinga AM rica em ítrio e nos elementos pesados os quais pela pequena disponibilidade são alvo do interesse dos setores detentores da alta tecnologia A mina do Pitinga passou portanto a ter à disposição um acervo técnico que lhe permitiu projetar a explotação de terras ra ras para além da produção de concentrados agregando valor aos seus produtos O conhecimento obtido no desenvol vimento do projeto permitiu que os técni cos brasileiros pudessem adquirir expertise numa área até então carente de soluções tecnológicas abrindo perspectivas para o melhor aproveitamento desses recursos no país 77 Garimpos na região Amazônica foram beneficiados com o controle de processos e execução de operações em circuito fechado possibilitando melhor recuperação do ouro inclusive nos rejeitos evitando o desperdício e diminuindo o risco da poluição ambiental Orientação técnica ao pequeno minerador de ouro amalgamação queima de mercúrio e descontaminação de rejeitos janeiro1995 a janeiro1996 Problema Desafio Em áreas de garimpo o ouro encontrase disperso na forma de partículas de fina granulometria e o mercúrio metal líqui do à temperatura ambiente é utilizado como agente agluti nador dessas partículas de ouro O mercúrio no entanto é altamente tóxico para o homem especialmente quando inala do ou absorvido através da pele ou ainda bioacumulado por meio da cadeia alimentar A Região Amazônica tem as maiores bacias hidrográficas do país e os inúmeros garimpos de ouro lá existentes sem pre representaram um risco de contaminação dos rios e dos peixes da região Consciente dessa situação o DNPM lan çou o Programa de Orientação Técnica ao Pequeno Produtor de Ouro POT na busca de uma solução definitiva para o problema com ações que promovessem melhor capacitação técnica do pequeno minerador a harmonização entre o pro cesso produtivo e a proteção ao meio ambiente a introdução e utilização de técnicas e metodologias adequadas para ga rantir segurança à atividade garimpeira de ouro na Amazônia Brasileira Tal Programa compreendia quatro fases distintas e interdependentes 1 legalização 2 plano de extração mineral 3 amalgamação e queima de mercúrio 4 descon taminação de rejeitos As fases 1 e 2 seriam de total compe tência do DNPM cabendo ao CETEM a realização das fases 3 e 4 conforme o convênio específico entre as instituições A área piloto selecionada pelo DNPM foi a do Garimpo de Piririma situado à margem direita do rio do Rato ao norte da Reserva Garimpeira de Tapajós no estado do Pará A área 78 Responsáveis pelas Informações João Alves Sampaio Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Antônio Odilon da Silva Elisabeth Costa de Paiva Jacinto Frangella João Alves Sampaio Coordenação Técnica amalgamação e queima José Augusto F Junior Juliano Peres Barbosa Coordenação Geral in memoriam Marcelo Correia Andrade Maurílio Fonseca Menezes Paulo Fernando Almeida Braga Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica descontaminação de resíduos Roosevelt Almeida Ribeiro Sérgio Clemente da Silva Severino Ramos da Silva DNPM Francisco José Sadeck foi escolhida levando em consideração os seguintes fatores a infraestrutura existente pista de pouso com aproximada mente 800 metros estava sendo explotado um depósito secundário de ouro aluvião no local a distância relativamente pequena 140 km da cidade mais próxima ItaitubaPA significando apenas 45 minutos de vôo táxi aéreo monomotorbimotor a existência de cerca de 400000 m3 de rejeitos auríferos contaminados com teor médio estimado de 06 g Aum3 o teor médio estimado no depósito secundário lavrado 10 g Aum3 Conforme estabelecido no convênio o CETEM deveria montar unidades experimentais UE de demonstração das práticas e tecnologias de amalgamação e queima de mercúrio Aq e descontaminação de rejeitos DR Estratégia de Desenvolvimento Fase 3 Amalgamação e queima de Mercúrio essa fase compreendeu construção da unidade experimental UEAq em circuito fechado planejada para tratar até 60 kg de concentrado au rífero por ensaio com duração estimada de 3 h cada construção de uma piscina impermeabilizada com manta de PVC flexível capaz de estocar um volume de rejeitos corres pondente a 72 m3 8 x 6 x 15 m sendo dotada de canaletas de drenagem 05 x 05 m instalação de tambores rotativos para a etapa de amalgamação introdução de retorta para destilação e recuperação do mercúrio deposição dos rejeitos contaminados na piscina impermeável treinamento do pessoal envolvido e elaboração de um ma nual operacional A Figura 1 mostra a planta baixa esquemática do galpão das unidades experimentais UEAq e UEDR e seus princi pais equipamentos 79 Os concentrados auríferos provenientes da fase 2 assim como o mercúrio metálico uti lizado na amalgamação até 2 kgensaio fo ram fornecidos pelo garimpeiro titular da área Os testes em escala piloto para obten ção dos concentrados de ouro foram levados a efeito em uma caixa concentradora prin cipal Uma segunda caixa concentradora de leito único denominada de cobrinha foi utilizada em alguns testes para repassar o concentrado total obtido na caixa concen tradora principal Figura 3 Levandose em consideração os leitos da caixa principal em cada ensaio foram coletados até cinco concentrados assim denominados A1 concentrado da cobrinha obtido na caixa secundária tendo como alimentação o concentrado total da caixa concentradora principal Figura 2 A2 concentrado do páraquedas obti do no primeiro leito da caixa concentradora principal indicado na Figura 3 pela letra A A3 concentrado obtido no segundo leito da caixa concentradora principal indicado na Figura 3 pela letra B A4 concentrado obtido no terceiro leito da caixa concentradora indicado na Figura 3 pela letra C A5 concentrado obtido através da lavagem de toda a caixa concentradora principal após a retirada dos carpetes utilizados nos leitos da mesma As etapas de amalgamação e queima fo ram conduzidas com as amostras dos concen trados de ouro acima mencionados Utilizouse Figura 1 Planta baixa esquemática do galpão e das unidades experimentais UEAQ e UEDR 80 Figura 2 Fluxograma simplificado das operações de concentração de ouro no garimpo de Piririma usando caixas coletoras Figura 3 Calhas concentradoras de ouro usadas no garimpo de Piririma um tambor amalgamador rotativo Figura 4 no qual o concentrado aurífero e o mercúrio foram colocados em um sistema fechado reator re duzindo as perdas de mercúrio a valores insig nificantes Além da característica mineralógica da quantidade do teor e do grau de liberação do concentrado as principais variáveis operacio nais foram a velocidade de rotação do tambor o tempo de amalgamação e a percentagem de sólidos O processo de amalgamação apresenta melhor eficiência na recuperação das partículas de ouro superiores a 74 µm sendo que o fator tempo é fundamental na promoção do contato mercúrioouro Esse tambor amalgamador construído em chapa de aço carbono com um volume útil de 164 litros foi acionado por um mo tor elétrico trifásico de 3 hp e 860 rpm A velocidade de trabalho foi de 30 rpm equi valente a 49 da velocidade crítica Foram realizados dois diferentes estágios de traba lho amalgamação no tambor rotativo e des pescagem separação do amálgamarejeito na calha riflada Figura 4 Tambor rotativo de amalgamação na etapa de despescagem Ao tambor foram adicionados o con centrado de ouro o mercúrio a água e o hidróxido de sódio A quantidade de mer cúrio utilizada que variou entre 10 a 100 g de Hg foi baseada na quantidade estima da de ouro existente no concentrado rela ção HgAu de 21 A quantidade de água foi calculada em função da percentagem de sólidos previamente estabelecida em 40 A de hidróxido de sódio em função da quan tidade de concentrado adicionada ao tam bor considerou uma relação equivalente a 1 g de NaOH para 10 kg de concentrado O tempo de amalgamação variou de 10 a 81 30 min Após a amalgamação o material foi descarregado na calha coletora do sistema de amalgamação e em seguida foi reali zado o bateamento por meio do qual parte do mercúrio foi recuperada por filtragem e o restante foi recuperado na forma de amálga ma com o ouro Na etapa seguinte efetuouse a quei ma do amálgama em uma retorta fechada desenvolvida e fabricada no CETEM vide resumo do projeto RETORCET na página 84 obtendose a recuperação total do ouro e do mercúrio contidos no amálgama O mercúrio inicialmente adicionado ao tambor foi recuperado em duas frações a residual esponja de ouro e a destilada isto é obtida por destilação do mercúrio na retorta Fase 4 Descontaminação de Rejeitos essa fase compreendeu construção da unidade experimental UEDR em circuito fechado para pro cessamento e descontaminação de rejeitos oriundos da etapa de amalgamação do con centrado aurífero instalação de reatores eletrolíticos para tratamento dos rejeitos introdução de sistemas operacionais e de tratamento de soluções em circuito fechado levantamento desenvolvimento e seleção de procedimentos de monitoramento analí tico in situ do processo confinamento dos rejeitos em tanques piscinas impermeáveis treinamento do pessoal envolvido e ela boração de manual de operação da unidade A implantação do processo eletroquími co na UEDR usou como referência o pedido de privilégio de patente n PI94042691 intitulado Célula para o tratamento de re síduos sólidos contendo mercúrio elemen tar e processo de eletrolixiviação deste elemento com sua simultânea eletrorrecu peração e depositado pelo CETEM no INPI em 27101994 Esse processo foi empre gado na recuperação do mercúrio metálico e do ouro disperso nos rejeitos da UEAq Está baseado na ação dos íons hipoclorito ClO gerados durante a eletrólise de uma suspensão de resíduos numa solução aquo sa de cloreto de sódio NaCl O mercúrio é recuperado na forma de amálgama sendo depositado nos catodos e em seguida sub metido à pirólise em uma retorta gerando como produtos mercúrio e ouro com uma quantidade residual de mercúrio A fase piloto previa a instalação de dois circuitos que utilizaram a mesma concep ção teórica de processo diferindo somente a configuração dos reatores de eletrólise O tanque retangular de eletrólise TAREL ti nha capacidade volumétrica máxima de 50 L a qual foi suficiente para tratar até 90 kg de rejeito considerandose a densidade aparen te de 18 gcm3 do resíduo em regime de operação de 8 hdia em 300 diasano O tan que cilíndrico de eletrólise TACEL tinha ca pacidade volumétrica máxima total de 50 L e volume útil de 40 L Assim permitiu tratar até 20 kg de rejeitos por ensaio em 3 h de operação formando uma polpa contendo até 400 g de rejeitos por litro de solução com uma capacidade volumétrica útil de 40 L Essas características permitiriam o processa mento de até 40 kg de rejeito a cada 6 hdia durante 300 diasano 82 Resultados Fase 3 Amalgamação e queima de Mercúrio O cálculo da recuperação total do mercú rio foi feito considerando a soma dos pesos das duas frações de Hg filtrada e destila da A eficiência do processo de retortagem foi calculada em 97 O mercúrio residual contido na esponja de ouro não foi descarta do para o meio ambiente O peso da esponja de ouro foi considerado como sendo ouro recuperado no processo de amalgamação O tempo de queima ou destilação variou entre 10 e 30 min O rejeito obtido na amalgama ção foi estocado para posterior tratamento através da eletroxidação Ficou demonstrado ser possível obter recuperações elevadas do ouro recolhido das caixas recuperação acima de 95 i usando o tambor amalgamador e propor ções significativamente menores de mercú rio 1g Hg 1g Au do que as utilizadas pe las práticas locais ii com melhor controle nas operações de despescagem e recupera ção do amálgama usando o circuito fechado e uma caixa coletora de amalgamação me diante etapas sequenciais de despescagem e amalgamação Fase 4 Descontaminação de Rejeitos Os testes de eletrolixiviação dos resíduos de amalgamação de concentrados confir maram a viabilidade técnica do emprego do processo A remoção de mercúrio dos resí duos atingiu 99 O teor remanescente de mercúrio no resíduo após o tratamento foi sempre inferior ao limite estabelecido pela CETESB como referência para ações de in tervenção no solo 500 µgkg1 ou 500 ppb O processo demonstrou ser também efeti vo para a recuperação de ouro residual dos rejeitos ou seja aquela porção do metal que não foi recuperada nos processos graví ticos tampouco na etapa de amalgamação Foi demonstrada a possibilidade de re circular as soluções usadas no processo sem que tivesse havido diminuição signifi cativa dos percentuais de remoção de Hg Figura 5 Galpão com as unidades experimentais de amalgamação e queima de mercúrio UEAQ e descontaminação dos rejeitos de amalgamação UEDR e diagrama integrado de blocos dessas unidades 83 nos resíduos e de recuperação de ouro nos catodos Benefícios do Projeto A fase 3 do projeto amalgamação e queima de mercúrio demonstrou a possibilidade de reduzir a quantidade de mercúrio utilizado nas calhas dos garimpos evitando o desperdí cio e diminuindo o risco da poluição ambien tal mediante i o melhor controle da vazão e da percentagem de sólidos ii a execução de operações em circuito fechado utilizando tambor amalgamador despescagem e amal gamação nessa mesma caixa coletora com redução das quantidades de Hg no máximo 1 g Hg 1g Au iii a fusão do amálgama em retortas com coleta de Hg por condensação iv o reuso da água da piscina de rejeitos A fase 4 descontaminação de rejeitos confirmou além do já mencionado nos re sultados a possibilidade de recuperar ouro no mínimo 05 g de ourom3 de resíduo tratado até mesmo dos rejeitos e reuti lizar o mercúrio representando um ganho financeiro adicional ao pequeno minerador e maior sustentabilidade às atividades nos garimpos Outrossim as cooperativas de garimpeiros passaram a partir dessa expe riência a contar com uma referência para o tratamento adequado eficiente e seguro dos concentrados e dos rejeitos atendendo aos padrões e exigências ambientais As diversas ações do Programa POT certamente promoveram melhor capacita ção técnica do pequeno minerador e uma harmonização entre o processo produtivo a proteção ao meio ambiente e ao homem 84 RETORCET equipamento simples e de fácil portabilidade mas inovador e valioso especialmente para o pequeno minerador de ouro pois proporciona separação total do metal nobre e recuperação de 97 do mercúrio utilizado na amalgamação evitando sua emissão para a atmosfera e protegendo a saúde do garimpeiro RETORCET uma retorta desenvolvida e fabricada no CETEM março1996 a dezembro1996 Problema Desafio Durante o desenvolvimento pelo CETEM de projetos am bientais em Poconé MT Alta Floresta MT Itaituba PA e Peixoto de Azevedo MT que tinham por objetivo diag nosticar os impactos ambientais causados pelas emissões de metais pesados na atmosfera verificouse que a maioria dos casos de poluição mercurial era devida à falta de informação e à ausência de equipamentos retortas para destilação e re cuperação do mercúrio nas regiões de garimpo de ouro O amálgama liga sólida de ouro e mercúrio sendo o teor de ouro variável entre 30 a 50 era frequentemente quei mado em latas e cuias ocorrendo a vaporização do mercúrio ao ar livre caracterizando assim uma agressão à saúde do garimpeiro e ao meio ambiente A retortagem do amálgama ou pirólise do mercúrio sig nifica a ação comumente empregada para separar o ouro do mercúrio utilizandose uma retorta para tal fim com o con sequente reaproveitamento do mercúrio metálico O uso de retortas embora simples e de baixo custo estava longe de ser prática comum na Região Amazônica face à reduzida consciência ambiental do garimpeiro e à ignorância quanto à toxicidade do mercúrio De acordo com o estudo realizado pelo DNPM em 1987 foi constatado que nos processos de garimpagem as perdas de mercúrio eram de 87 para a atmosfera durante a quei ma do amálgama e de 13 para os rejeitos O CETEM vinha investigando o processo de retortagem desde 1983 quando colocou à disposição do mercado uma 85 Responsável pelas Informações Paulo Fernando Almeida Braga EquIPE DO PROJETO CETEM Ivo Alves Calado Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Ramon Veras V de Araújo in memoriam Roosevelt Almeida Ribeiro retorta designada Amalgamacet Esse equipamento tinha um bom sistema de vedação e boa eficiência na recuperação de mercúrio mas apresentava uma desvantagem Seu siste ma de fechamento em rosca dificultava a abertura da retorta após a etapa de queima do amálgama Com base nos problemas expostos o CETEM encontrava se diante do desafio de desenvolver um protótipo de retorta que além de não permitir vazamento de vapores de mer cúrio para o meio ambiente fosse mais versátil e pudesse atender às necessidades do pequeno minerador garimpei ro com baixo custo de manutenção eficiência operacional e confiabilidade Estratégia de Desenvolvimento Além da retorta Amalgamacet desenvolvida no CETEM na década de 80 vários equipamentos com o mesmo objetivo foram projetados por diferentes instituições O Instituto de Geociências da USP desenvolveu um projeto criativo que culminou na construção de uma retorta com os tubos e conexões de ferro fundido Outra retorta desenvolvida em 1991 pelo CDTN apresentou um bom desempenho segun do a avaliação realizada pelo CETEM tendo sido indicada pelo IBAMA para a comercialização Já a retorta desenvol vida pelo Instituto de Biofísica da UFRJ apesar de apre sentar boa eficiência na recuperação do mercúrio teve seu peso da ordem de 15 kg como principal inconveniente pois dificultava o transporte e o manuseio do equipamento A empresa Crystal química Ltda de Curitiba patenteou e colocou no mercado em 1993 a retorta Ouromil com boa praticidade mas apresentando um sistema de vedação com anel de amianto fixo nos flanges da tampa do cadinho e um sistema de fechamento por presilha de fixação que não oferecia boa vedação com base no corpo da retorta e com apoio na tampa Fundamentado nos prós e contras dessas retortas o CETEM partiu para o desenvolvimento da RETORCET cujo princípio operacional é ilustrado na Figura 1 A eficiência do processo de pirólise do mercúrio em amál gamas AuHg está diretamente associada à qualidade da re torta e isso inclui um bom sistema de vedação boa refrigera ção e um queimador intenso A intensidade da chama deve ser moderada no início do processo e intensa no final 86 Figura 1 Desenho esquemático da operação de retortagem com a RETORCET Resultados A RETORCET Figura 2 testada diversas ve zes em laboratório e nos garimpos de ouro apresentou uma alta eficiência 97 na re cuperação do mercúrio Pode ser acondicio nada como Kit em um estojomaleta de ma deira incluindo as seguintes peças retorta bico queimador recipiente coletor suporte braçadeiras mangueira e válvula de seguran ça Com exceção do queimador e do coletor todas as peças são em aço inox As principais características do equipamento são Capacidade de tratamento 200 g de amálgamaciclo 75 minutos Eficiência de destilação 956 amálga ma de prata e 970 amálgama de ouro Tempo de destilação 25 minutos Peso total 31 kg Figura 2 RETORCET uma retorta desenvolvida no CETEM 87 A montagem e o manuseio da RETORCET são operações simples bem como seu transporte e deslocamento devi do ao baixo peso do Kit e à fácil porta bilidade O botijão de gás não incluído no Kit deve ser providenciado pelo usuário final Os desenhos do projeto da RETORCET disponíveis na biblioteca do CETEM apre sentam todos os detalhes necessários à fa bricação da retorta Benefícios do Projeto A RETORCET desenvolvida no CETEM é um equipamento inovador e valioso não so mente para testes de laboratório mas espe cialmente para o pequeno minerador pois proporciona uma separação total do ouro e uma recuperação de 97 do mercúrio utili zado na amalgamação Dessa forma evita se a emissão do mercúrio volatilizado para a atmosfera e protegese a saúde do garim peiro ou do operador O DNPM em parceria com o CETEM implantaram uma unidade experimental de amalgamação e queima de mercúrio na Reserva Garimpeira Peixoto de Azevedo para orientação técnica das etapas de amalga mação e pirólise do mercúrio A RETORCET vem sendo utilizada pelos pequenos mine radores em vários garimpos no país 88 Método eficiente criativo e de baixo custo para remoção de arsênio um contaminante solúvel e perigoso favoreceu à Rio Paracatu Mineração no descarte seguro de seus rejeitos e efluentes industriais Imobilização de arsênio oriundo de rejeitos do processamento de ouro julho1996 a agosto1996 Problema Desafio O arsênio é um metalóide altamente tóxico e presente em muitos minérios e concentrados processados pela indústria mineral O ouro está frequentemente associado a minérios contendo arsênio ou dentro da própria estrutura de sulfetos de arsênio como é o caso da arsenopirita nos chamados minérios refratários Nos minérios onde o ouro ocorre livre e é portanto recuperado por métodos gravíticos flotação eou cianetação os rejeitos se constituem dos próprios minerais naturais de arsênio que ao serem descartados para o meio ambiente so frem ataques ácidos e ação de bactérias e podem se decompor liberando arsênio para os rios ou outros cursos dágua Esses rejeitos devem ser periodicamente monitorados para verificar se a quantidade de arsênio dissolvida está dentro dos limites aceitáveis pela legislação ambiental vigente Nos minérios refratários o problema com o arsênio é ainda maior visto que para recuperação do ouro é necessá rio destruir o sulfeto por processo pirometalúrgico ou hidro metalúrgico O processo pirometalúrgico emite arsênio na forma de trióxido que não pode ser lançado na atmosfera O processamento hidrometalúrgico produz efluentes com elevado teor de arsênio que devem ser tratados antes de re ciclados para o processo ou liberados para o meio ambiente A remoção do arsênio dessas soluções normalmente por técnicas de precipitação até níveis aceitáveis pelos órgãos de proteção ambiental e a estabilidade desses precipita dos em longo prazo são os maiores problemas enfrentados pelas indústrias 89 Responsáveis pelas Informações Reiner Neumann Ricardo Melamed EquIPE DO PROJETO CETEM Adauto José da Silva Clarissa Souto Monte Agudo Flavia Elias Trigueiro Gilberto Mendes de Queiroz José Costa Novaes Marcos Antonio de Oliveira Batista Oswaldo Joaquim Sandra Coelho Sandra Helena Ribeiro Severino Ramos Marques de Lima Reiner Neumann Ricardo Melamed Coordenação Técnica Themis Carageorgos A Rio Paracatu Mineração RPM que à época era pro prietária da mina Morro do Ouro na região noroeste do estado de Minas Gerais atualmente a RPM integra a empresa cana dense Kinross Gold Corporation sentindose responsável em produzir ouro gerando efluentes dentro dos padrões estabele cidos pelo órgão ambiental solicitou ao CETEM o desenvolvi mento de tecnologia ambientalmente limpa que contemplas se um descarte seguro de seus rejeitos e efluentes Estratégia de Desenvolvimento A estratégia desenvolvida no CETEM foi a utilização de argi las da região de Paracatu como revestimento do sítio de dis posição dos rejeitos para contenção do arsênio proveniente do processamento de ouro pela RPM Nesse contexto foram feitas avaliações do comportamento dos rejeitos e do poten cial de retenção de arsênio pelas argilas a serem utilizadas no revestimento Resultados A Tabela 1 fornece a composição mineralógica com base na identificação por difração de raiosX de afundados e flutu ados dos três rejeitos estudados e a Tabela 2 apresenta as análises químicas desses rejeitos Tabela 1 Mineralogia de afundados e flutuados dos 3 rejeitos da RPM Amostra Flutuado Afundado Rejeito CTB1 muscovita quartzo caolinita quartzo muscovita goethita caolinita siderita Rejeito Blendado muscovita quartzo caolinita quartzo muscovita pirita arsenopirita goethita scorodita siderita Rejeito B2 muscovita quartzo caolinita quartzo muscovita goethita pirita arsenopirita caolinita siderita 90 Os três rejeitos analisados CTB1 Blendado e B2 apresentaram uma fração pesada muito reduzida da ordem de 02 ou menos no caso do rejeito blendado Considerandose que o arsênio é um elemento pesado peso atômico 749 todo ele deve ria estar concentrado nas frações afundadas A composição mineralógica dos flutua dos foi a mesma para os três rejeitos musco vita quartzo e caolinita Nos afundados além desses três minerais foram ainda identifica dos goethita e siderita No rejeito B2 tam bém puderam ser detetados pirita e arseno pirita e no rejeito Blendado adicionalmente a todos os citados anteriormente a scorodita Foram identificados diversos minerais carreadores de arsênio Em termos de con teúdo de As o mais importante é a arse nopirita rara no rejeito Blendado e comum no B2 mas ausente no CTB1 No rejeito Blendado por outro lado foi identificada scorodita que provavelmente também ocor re no CTB1 e não no B2 É no entanto rara Adicionalmente foi identificado um grão de sulfeto de Fe com teores elevados de As no rejeito B2 As piritas sulfeto de Fe abundante no rejeito B2 e no Blendado não continham arsênio Em termos de quantidade os carreado res mais importantes eram os óxidoshidró xidos de Fe abundantes em todos os rejei tos O seu conteúdo em As variou muito de Tabela 2 Análise química dos rejeitos CTB1 Blendado e B2 Rejeito SiO2 S Fe Cu ppm As ppm CTB1 582 0052 261 23 1008 Blendado 596 0103 150 49 1629 B2 572 0185 160 33 2467 0 a 115 de maneira que não foi possí vel estabelecer uma estimativa significativa do teor de As Como não foram detectados óxidos de Fe nos difratogramas concluiu se que essa fase era a goethita ou a amor fa Considerandose que os picos relativos à goethita se mostraram muito reduzidos nas análises por difração de raios X apesar de sua abundância podese afirmar que a cris talinidade da goethita era muito baixa ou que esse mineral estava extremamente su bordinado à fase amorfa Em termos práti cos a diferença é nula e concluiuse que os principais carreadores de arsênio nos três rejeitos analisados eram óxidoshidróxidos de Fe amorfos A principal fonte primária de arsênio foi a arsenopirita uma vez que raramente encontrouse o metalóide na scorodita e no outro sulfeto de Fe O arsênio liberado pela oxidação da arsenopirita era aparentemente captado por óxidoshidróxidos de Fe durante a sua precipitação e a capacidade de reten ção de As dessas fases é elevada chegando a 115 Provavelmente existem diversas fontes para o ferro que precipita como óxi dohidróxido Podem ser citados sem preju ízo de outras o próprio Fe da arsenopirita a pirita e a siderita Num ambiente gerador de ácido pela oxidação de sulfetos a dis solução da siderita poderia causar rápida li beração de Fe no meio 91 A variação da concentração de arsê nio no sobrenadante dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C durante os testes de solubilidade é mostrada nas Figuras 1 2 e 3 para valores de pH 70 50 e 30 respectivamente A dissolução de arsênio dos rejeitos condicionados em pH7 teve um compor tamento variado Figura 1 Com exceção do rejeito INCO B todos os outros rejeitos apre sentaram uma dissolução de arsênio entre 05 e 12 ppm nos primeiros 4 dias de teste depois de 8 dias a concentração de arsê nio nos sobrenadantes desses rejeitos caiu para valores entre 001 e 010 ppm Isto foi explicado pela possível precipitação do arsênio na forma de arsenatos de ferro e ou cálcio os quais tornaram a liberar o ar sênio após mais 4 dias de contato Outra possibilidade aventada foi que o arsênio es tava adsorvido nos óxidos eou hidróxidos de ferro presentes nos rejeitos e foi desorvido e readsorvido ao longo do processo Os sólidos B2 BL e INCO C dissolveram 061 070 e 19 ppm de arsênio respectivamente de pois de 16 dias de contato O arsênio dissol vido dos sólidos INCO A e INCO B parece ter precipitado totalmente após os 16 dias de teste O rejeito B2 dissolveu 0024 de seu conteúdo inicial de arsênio e o BL liberou 0038 do arsênio contido Para ajustes diários a um valor de pH5 Figura 2 o rejeito INCO C foi o que libe rou mais arsênio para a solução totalizando 34 ppm seguido pelos rejeitos INCO A e INCO B ambos liberaram 30 ppm O re jeito B2 não liberou qualquer quantidade de arsênio e o rejeito BL apenas 0097 ppm Figura 1 Variação da concentração de As dos sobrenadantes dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C com ajustes diários para pH7 Figura 2 Variação da concentração de As dos sobrenadantes dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C com ajustes diários para pH5 92 que corresponde a 00052 do arsênio contido inicialmente após 16 dias de teste Aparentemente os rejeitos B2 e BL não se riam ameaça para o meio ambiente uma vez que dissolveriam menos do que 02 ppm de As que é o limite estabelecido pela legisla ção brasileira para descarga em rios e outros cursos dágua Em pH3 os rejeitos INCO A B e C apresentaram a maior dissolução de arsê nio numa faixa de 2025 ppm em 16 dias de contato Figura 3 Os rejeitos B2 e BL praticamente não liberaram arsênio para o sobrenadante nos 16 dias de contato pois nesse pH até mesmo os óxidos de ferro e arsênio apresentaram área de estabilidade de acordo com os diagramas EhpH Nos três valores de pH estudados o re jeito BL liberou uma percentagem maior de arsênio Por ser um rejeito blendado pro veniente da mistura dos rejeitos do minério B1 e do minério B2 o arsênio encontrava se associado aos óxidos eou hidróxidos de ferro ao invés de contido na arsenopirita conforme constatado pela caracterização mineralógica A arsenopirita FeAsS apre senta uma grande área de estabilidade na faixa de pH 37 de acordo com os diagra mas de Pourbaix EhpH sendo o principal carreador de As do minério B2 Figura 3 Variação da concentração dos sobrenadantes dos rejeitos B2 BL INCO A INCO B e INCO C com ajustes diários para pH3 Os resultados dos testes de solubilida de método EPA com os rejeitos B2 e B1 demonstraram que esses rejeitos não seriam problemas potenciais para o meio ambien te visto que liberaram menos que 02 ppm de As Os rejeitos INCO liberaram concentra ções de arsênio na faixa de 3035 ppm quando submetidos ao teste de solubili dade padrão EPA Em pH3 dissolveram até 25 ppm de As para a solução após 16 dias de contato representando portan to uma ameaça ao meio ambiente quando não devidamente tratados ou dispostos A composição mineralógica das três ar gilas estudadas da região de Paracatu era muito semelhante contendo basicamente muscovita quartzo caolinita e feldspato A fase ferruginosa predominante em todas as argilas era limonita amorfa A argila G1 continha hematita e as argilas G2 e G3 con tinham goethita A argila G1 demonstrou maior capa cidade de retenção de arsenato e o poten cial de adsorção das argilas era G1G2G3 Figura 4 Os dados de BET e a distribui ção granulométrica foram consonantes com esses resultados as superfícies específicas das argilas G1 G2 e G3 foram de 33 22 e 17 m2g respectivamente 93 A argila G1 foi a recomendada como revestimento do sítio de disposição de re jeitos pela maior capacidade de reten ção do As quando comparada às demais Possui um potencial de retenção máximo em 9000 mgkg de acordo com o méto do das 2 superfícies de Langmuir Figura 5 Esse potencial associado ao fato de que o acúmulo de As tende a funcionar no sentido de modificar a estrutura da argila conferindolhe impermeabilização indi cam a eficácia e o sucesso do revestimen to proposto pelo CETEM e implementado pela RPM Nenhuma argila liberou arsênio Figura 4 Potencial de adsorção de arsênio pelas argilas da região de Paracatu para solução em quantidades superiores a 20 ppb durante 16 dias de contato em ne nhum dos valores de pH estudados O efeito do pH na adsorção do arsenato à argila G1 Figura 6 indica que a adsorção de As é maior para valores de pH na faixa 3 a 35 do que na faixa de 6 a 65 A capaci dade de complexação à superfície da argila G1 é relativamente alta em valores de pH na faixa ácida e tende a decrescer à medida que o pH aumenta Para anions que podem ser protonados como é o caso do arsenato um aumento do pH produz um envelope de adsorção que reflete a competição entre o Figura 5 Capacidade de retenção máxima da argila G1 Figura 6 Efeito do pH na adsorção do arsenato à argila G1 94 sítio à superfície e o anion pela decrescen te presença do proton Um outro mecanismo que contribui para a redução da adsorção com o aumento do pH envolve a competição dos grupos OH pelo sítio contendo o anion em complexação Nesse sentido os grupos OH são íons competitivos além de serem determinantes do potencial de superfície Três fases associadas a mecanismos de retenção de arsenato podem ser inferidas As duas primeiras fases são descritas pelas seguintes reações MeOH2 H2AsO4 MeO4AsH2 H2O 1 MeOH H2AsO4 MeO4AsH2 OH 2 onde Me representa o átomo do metal em coordenação com os óxidos da superfície Considerandose um pH de equilíbrio inicial na faixa ácida a equação 1 repre senta a primeira fase da adsorção durante a qual o valor do pH de equilíbrio se man tem constante havendo troca de ligas de H2AsO4 com os grupos funcionais OH2 pre dominantes À medida que o arsenato co meça a saturar a superfície da argila ocorre o aumento do valor de pH indicando que o principal mecanismo de retenção do As numa segunda fase equação 2 é a tro ca entre H2AsO4 e grupos funcionais OH A troca com grupos OH é favorecida pela diminuição na concentração dos grupos funcionais OH2 e pelo decréscimo do pon to de carga zero PCZ da argila associado à complexação de esfera interna adsor ção específica com o arsenato Com essa troca de ligantes o pH da solução tende a aumentar À medida que o pH aumenta o pKa2 do ácido arsênico pH67 se apro xima aumentando assim a proporção em solução das espécies de arsenato divalente HAsO4 2 O aumento das espécies de arse nato divalente em solução combinadas ao decréscimo no potencial de superfície em decorrência da complexação do As resulta na diminuição progressiva da retenção do As Numa terceira fase ocorre a diminuição de troca de ligantes entre As e grupos fun cionais OH e sorção dominada por nucle ação de arsenatos de Fe e Al na superfície A Figura 7 mostra o efeito dos eletróli tos na retenção de arsenato e indica que as sim como o pH a composição da solução de equilíbrio pode ser importante na adsorção Figura 7 Efeito dos eletrólitos calcário30 kgton e rejeito CTB1 na adsorção do arsenato 95 específica do arsenato Há que se ressaltar especialmente a interação desses dois pa râmetros físicoquímicos Como pode ser observado os dados da Figura 7 mostram que a valores de pH 3 a 35 a adsorção do As foi ligeiramente mais elevada no sistema com o eletrólito rejeito CTB1 quando comparada ao eletrólito cal cário No entanto para valores de pH pró ximos da neutralidade pH 65 a adsorção do As é bem mais elevada quando utilizado o eletrólito calcário O efeito do Ca presente no eletrólito calcário poderia ter aumenta do a retenção de As na faixa alcalina do pH como consequência de precipitação do As à superfície ou mudanças na carga elétrica superficial associada à adsorção específica do Ca Benefícios do Projeto A inovação tecnológica empregada pelo CETEM para o caso da RPM se constitui num método eficiente e criativo para remo ção de um contaminante perigoso solúvel de efluentes industriais A metodologia é sim ples e de baixo custo aplicaramse argilas componentes dos solos prontamente dis poníveis na região A aplicação do revesti mento com argila foi feita em condições in situ assegurandose uma imobilização do arsênio durante anos na própria bacia de rejeitos Esta tecnologia pode ser emprega da para vários tipos de contaminantes po rém a eficiência da tecnologia é dependente do tipo de contaminante e sua formulação química e dos vários fatores físicoquímicos dos rejeitos argilas e meio aquoso ou eletro lítico requerendo estudos específicos para cada caso como foi o estudo desenvolvido para a Rio Paracatu Mineração 96 Sistema integrado de captação exaustão e lavagem de gases nas casas de compra venda de ouro em regiões garimpeiras de Mato Grosso além de recuperar Hg e Au volatilizados transforma a insalubridade em uma condição ocupacional segura e com menor risco de contaminação ambiental Protótipo para operações ambiental e ocupacionalmente seguras em casas compradoras de ouro de regiões garimpeiras outubro1996 a novembro1999 Problema Desafio A necessidade de apresentar alternativas tecnológicas susten táveis para os pequenos mineradores de ouro fez com que o DNPM idealizasse e coordenasse o Programa de Orientação Técnica ao Pequeno Minerador de Ouro POT selecionando como áreas para sua implantação as regiões da Amazônia Legal e do Pantanal A seleção foi feita com base na intensa atividade extrativa de ouro que acontecia à época nessas regiões Outros fatores decisivos para essa escolha foram as características do ecossistema local assim como os riscos decorrentes dessas atividades A partir de estudos anteriores conduzidos pelo CETEM e financiados pelo DNPM foram identificadas as principais fon tes de poluição resultantes da atividade garimpeira Dentre essas fontes foi constatado que uma das que mais impactava e representava riscos para o homem era a etapa final da co mercialização do ouro nas casas compradoras É nessa etapa que acontece a fusão do ouro esponja também chamado de azougado contendo teores residuais de mercúrio Com base nos resultados desses estudos o DNPM mais uma vez contratou o CETEM para conceber uma solução de engenharia a fim de minimizar os riscos ocupacionais e am bientais da etapa de comercialização do ouro Buscavase ainda que a solução permitisse recuperar ouro e mercúrio que são liberados durante a etapa de fundição 97 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Elisabeth Costa de Paiva Jacinto Frangella José Augusto F Junior Juliano Peres Barbosa in memoriam Ramon Veras V de Araújo in memoriam Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Roosevelt Almeida Ribeiro DNPM Francisco José Sadeck Coordenação do Programa POT Estratégia de Desenvolvimento Foram planejadas várias ações distribuídas em três fases i diagnóstico sobre as condições das operações nas casas compradoras no tocante aos equipamentos usados e as emis sões de mercúrio com proposta de soluções de melhoria eou correção de procedimentos ii implantação e monitoramento de uma solução de engenharia para diminuir os riscos de correntes das atividades de fusão nas casas compradoras e iii otimização da solução aplicada O projeto teve como áreaalvo a cidade de Peixoto de Azevedo localizada a 700 km de Cuiabá MT Na fase inicial foram visitadas outras casas compradoras na região da bacia do rio Tapajós no oeste do Pará e no norte de Mato Grosso As visitas objetivaram coletar dados sobre a infraestrutura pro cedimentos operacionais mas também determinar a concen tração de mercúrio no interior e no exterior das casas compra doras em decorrência das operações de fundição O número de casas compradoras na região de Peixoto de Azevedo era em torno de 40 Foram coletados dados e feitas amostragens do ar em 19 delas Após análise das amostras e cruzamento de informações com os dados coletados foi feito um diagnóstico da situação que se apresentava nas casas compradoras inte rior e exterior conforme resumido a seguir todas as amostras no entorno das casas compradoras assim como em seu interior mostraram que o teor de mercúrio no ar excedia os limites ocupacionais recomendados pela OMS assim como os limites ambientais estavam muito acima dos estabelecidos pela legislação em vigor a grande maioria das casas compradoras funcionava com capelas rústicas dotadas de sistemas de exaustão ineficien tes e precários em termos de concepção e instalação A qua se totalidade das casas visitadas estava localizada nas áreas urbanas próximas a residências e estabelecimentos comer ciais Algumas delas vide exemplo na Figura 1 funcionavam em residências nas quais em geral as salas eram adaptadas precariamente para funcionar como casas compradoras Com base nos resultados e nas observações de campo decidiuse pela adoção de um sistema integrado incluindo capela captação exaustão e lavagem de gases que seria projetado e testado na próxima etapa do projeto 98 A etapa seguinte do projeto buscou portanto uma solução protótipo de enge nharia capaz de assegurar condições ocu pacionais e ambientais compatíveis com os limites exigidos pela legislação O protóti po deveria ser capaz de reter e recuperar no mínimo 90 do mercúrio volatilizado sob a forma metálica por captação e con densação com água operando em circuito fechado A concepção básica do equipamen to foi desenvolvida a partir dos seguintes critérios i o protótipo deveria ser projetado de modo a evitar a contaminação atmosférica pelo mercúrio ocasionada durante a etapa de queima do ouro esponja tanto no interior da casa compradora quanto para o meio ambiente externo ii o protótipo por ser um sistema piloto deveria ser de fácil instalação e operação para permitir a alteração de sua configura ção básica durante a execução dos testes Figura 1 Interior de uma casa compradora de ouro iii o protótipo deveria conter obrigatoria mente um captador um sistema de dutos de prélavagem e uma torre de lavagem de gases iv o protótipo deveria ser centralizado ten do todas as tubulações executadas em poli propileno PP a fim de evitar o ataque de gases corrosivos v o protótipo deveria possuir um estágio de prélavagem visando aumentar o tempo de contato gáslíquido vi o índice de ruído não deveria ultrapassar o limite de 65 db medido à distância de 2 metros do equipamento vii a captação dos vapores gerados durante a etapa de queima do ouro esponja deve ria ser efetuada pelo fundo da capela viii o captador deveria ser confeccionado em chapa de polipropileno provido dos re forços necessários e fendas calibradas 99 ix o captador deveria ainda permitir a co leta eventual de mercúrio metálico conden sado no seu interior x o captador deveria possuir uma vál vula dumper para controle da vazão de exaustão xi a vazão máxima do protótipo deveria ser de 3060 m3h considerando que as cape las em geral tem uma área frontal de aber tura de 17 m2 1 x 17m xii a velocidade linear de exaustão do pro tótipo na abertura frontal da capela deve ria ser de no mínimo 05 ms xiii o lavador de gases deveria ser con feccionado com materiais termoplásticos de engenharia polipropileno e atuar pelo princípio do ejetor de alta pressão ou seja do tipo autoaspirante prescindindo do uso de exaustores xiv o lavador de gases deveria permitir a coleta e recuperação do mercúrio metálico condensado Após a escolha do fornecedor do equi pamentoprotótipo o conjunto foi instala do em uma casa compradora da cidade de Peixoto de Azevedo A seleção da casa com pradora foi feita pelo DNPM com base em alguns critérios a saber as perspectivas de continuidade no ramo o volume de comer cialização a receptividade para abrigar os testes com o protótipo as referências obti das no município e a existência de espaço físico para montagem do sistema Os resultados obtidos após a instala ção do protótipo foram marcantes De ime diato foi observada a melhoria da condição ocupacional Esses resultados foram obti dos mediante o monitoramento da concen tração de mercúrio no ar em dez pontos no interior da loja incluindo medições feitas na altura do peito dos fundidores Os valores que antes da implantação do protótipo atingiam 60 µgm3 de mercú rio passaram a variar entre 6 e 20 µgm3 de mercúrio para períodos de exposição de até 8 horasdia Entretanto no tocante à emis são ambiental foi observado que a retenção de mercúrio pelo sistema protótipo atingiu 70 As medidas contínuas da concentra ção de mercúrio na entrada do sistema par te frontal do captador e na saída tubula ção de exaustão permitiram calcular essa retenção considerando a perda de massa dos lingotes eou botões após a fundição Tendo em vista que a meta de abatimento da emissão ambiental mínimo 90 não foi alcançada foram feitas algumas modi ficações no protótipo as quais consistiram em instalar um tanque coletor de mercúrio na fase condensada na seção de prélava gem reduzir a faixa operacional de vazão de 3060 m3h para uma faixa variando entre 1000 1200 m3h Após essas modificações o sistema operou entre abril1997 e novembro1999 sendo monitorado por períodos consecuti vos de 3 meses a cada ano Durante esse período de avaliação os resultados mostra ram que não houve alteração significativa no tocante aos limites de segurança ocupa cional A faixa de concentração de mercúrio no interior da loja se manteve sempre na faixa entre 6 e 20 µgm3 Por outro lado no que toca à retenção e recuperação de mer cúrio pelo sistema os resultados foram sig nificativamente melhores tendo sido atin gido 92 de recuperação em relação ao mercúrio que entrou no sistema por conta 100 Figura 2 a Capelas com captadores e tubulação que leva à seção de prélavagem b Sistema de prélavagem conectado ao lavador c Vista do lavador e do tanque coletor de condensado da seção de prélavagem d Interior do tanque coletor durante operação de limpeza e recuperação do amálgama das operações de fusão de ouro azougado Esse valor foi calculado a partir da medida da concentração de mercúrio na entrada do captador e na saída do sistema consideran do ainda a perda de massa dos botõeslin gotes de ouro impuro antes e após a fusão No período entre janeiro e novem bro1999 foi observado que o sistema pro tótipo reteve uma polpa 15 litros que se acumulou no fundo do tanque coletor Esse material após filtração e secagem resultou em uma massa de amálgama de mercúrio e ouro pesando 235 kg As operações sub sequentes de retortagem dessa massa de amálgama resultaram na obtenção de cerca de 345 g de ouro e de cerca de 2 kg de mer cúrio metálico Nas fotos da Figura 2 estão ilustrados o equipamentoprotótipo desde a capela até o frasco lavador e o amálgama retido no fundo do tanque coletor 101 Resultados Os resultados obtidos nos testes com o pro tótipo permitiram concluir que o uso de um sistema integrado de capta ção exaustão e lavagem de gases nas casas compradoras trouxe melhorias significativas para garantir a segurança ocupacional dos operadores e clientes os limites de segurança ocupacional nas diferentes condições testadas foram sem pre inferiores mínimo de 6 e máximo de 26 µgm3 de mercúrio aos limites recomen dados pela OMS 50 µgm3 de mercúrio a adoção de um regime de fluxo laminar e a instalação de um captador lateral nas capelas garantiram que os operadoresfun didoresclientes estivessem em condições seguras sem risco de inalar vapor de mer cúrio acima dos limites da OMS conforme comprovaram as medições continuamente realizadas ao longo dos testes o protótipo atingiu o objetivo de permitir a retenção e facilitar a recuperação do amál gama que é volatilizado nas operações de fundição a implantação do sistema protótipo permi tiu o abaixamento da temperatura na casa compradora em até 2oC mediante o aumen to da renovação do ar no seu interior o funcionamento contínuo do sistema mostrou ser possível utilizar um regime de circulação em circuito fechado usando so mente água para abater a emissão de mer cúrio para o meio ambiente reduzindo em 90 a emissão anteriormente existente Benefícios do Projeto A possibilidade de recuperar mercúrio e ouro que são volatilizados nas operações de compravenda foi um fator incentivador para que outros proprietários se interessas sem em adquirir equipamentos similares portanto mais eficientes do que os ante riormente usados O maior benefício no entanto se tra duziu na transformação de uma condição ocupacional insalubre e de risco ambiental para uma condição ocupacional segura e de menor risco de contaminação ambiental após a implantação do protótipo 102 Quatro novas opções propostas às empresas carboníferas Cooperminas e Criciúma SC para beneficiamento dos finos de carvão favorecem mitigação do impacto ambiental na rede hídrica e contribuem para produção de coque de melhor qualidade Dessulfuração de finos de carvão por concentradores centrífugos março1997 a janeiro2001 Problema Desafio Os carvões brasileiros apresentam altos teores de cinzas e de enxofre em comparação com a maioria dos carvões europeus e americanos O alto teor de cinzas significa que grande quan tidade de matéria mineral inerte está ocupando o lugar da matéria carbonosa em uma partícula de carvão o que acarreta diminuição de produtividade e maior gasto de energia para fundir e escorificar esse material nas operações do alto forno nas usinas siderúrgicas Os altos teores de enxofre aceleram a corrosão dos equipamentos provocam chuvas ácidas e forte alteração no pH nas águas dos mananciais A utilização desse tipo de carvão além de causar sérios problemas ambientais nas etapas de seu beneficiamento e combustão pode preju dicar as propriedades do aço produzido nas siderúrgicas O enxofre contido nos carvões apresentase nas formas orgânica sulfática e pirítica proveniente do mineral pirita FeS2 nor malmente associado ao carvão mineral nas jazidas Os pro cessos de concentração só conseguem diminuir o teor de en xofre dos carvões por meio da remoção desse enxofre pirítico Os finos do carvão de Santa Catarina constituem a fração granulométrica abaixo de 06 mm gerada na etapa de brita gem dos circuitos de beneficiamento do carvão bruto ROM run of mine proveniente da mina Essa fração é separada do carvão grosso concentrado do jigue durante o seu desa guamento em peneiras vibratórias instaladas à frente desses jigues Os jigues são equipamentos de concentração muito utilizados na etapa de beneficiamento do carvão grosso entre 2 e 06 mm de Santa Catarina 103 Responsável pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Rodrigues de Campos Coordenação Técnica Carlos Alberto M Santos Luiz Fernando dos Santos Lima Ramos Marcelo Correa Andrade uSP Arthur Pinto Chaves Na época da realização deste projeto os finos de carvão eram principalmente usados na fabricação de coque de fundi ção em coquerias pertencentes às próprias empresas carboní feras ou eram vendidos a terceiros para a mesma aplicação Para isso os finos de carvão abaixo de 28 malhas 06 mm eram beneficiados por peneiramento processos gravíticos eou flotação Os processos gravíticos convencionais são efi cientes na separação piritacarvão quando esses componen tes estão em granulometria mais grossa perdendo eficiência quando a granulometria vai se tornando muito fina A flotação por sua vez não é um método de concentração muito seletivo para remoção da pirita enxofre porque a pirita e o carvão têm propriedades hidrofóbicas semelhantes Devido a isso os concentrados de finos de carvão obtidos no beneficiamento apresentavam normalmente altos teores de enxofre Conhecendo o problema ambiental causado pelos finos de carvão gerados nos lavadores de Santa Catarina foi de senvolvido um trabalho abrangente e detalhado que gerou inclusive uma tese de Doutorado para responder ao desafio de desenvolver e propor rotas adequadas de processos para remoção da pirita da fração com granulometria mais grossa entre 06 mm e 147 µm e especialmente da fração mais fina 147 µm Estratégia de Desenvolvimento Foram utilizadas amostras de finos de carvão não beneficiados finos naturais abaixo de 28 malhas ou 06 mm provenien tes da Carbonífera Cooperminas e de concentrado de flotação também abaixo de 28 malhas da Carbonífera Criciúma ambas no município de Forquilhinha SC O trabalho constou de inúmeras etapas i amostragem desses dois tipos de finos de carvão nos lavadores da Carbonífera Cooperminas finos naturais e na Carbonífera Criciúma concen trado de flotação ii levantamento bibliográfico sobre proces sos de beneficiamento aplicados aos finos de carvão sobretudo sobre aplicação de concentradores centrífugos iii preparação das amostras para análises químicas mineralógicas e para en saios de concentração iv análises químicas para determina ção de teores de cinzas enxofre total e enxofre pirítico nessas amostras v análises granuloquímicas das frações vi carac terização mineralógica inclusive analise de imagem por MEV microscopia eletrônica de varredura das amostras coletadas 104 tal e qual como recebidas das carboní feras e de suas frações granulométricas vii planejamento e realização de ensaios de laboratório em mesa Mozley mesa vibratória concentradores centrífugos tipos Knelson e MGS Multi Gravity Separator viii ensaios densimétricos ix análises químicas teores de cinzas enxofre pirítico e enxofre total nos produtos gerados nos ensaios realiza dos durante o desenvolvimento dos estudos x avaliação de resultados dos ensaios de la boratório xi indicação de circuitos alternati vos para o beneficiamento dos finos de carvão de Santa Catarina Ensaios densimétricos e na mesa Mozley foram realizados para avaliar as possibilidades de beneficiamento dos finos de carvão por processos gravíticos dando uma estimativa dos resultados que pode riam ser alcançados nos equipamentos a serem utilizados de acordo com a faixa granulométrica a ser ensaiada Os ensaios em mesa vibratória objeti varam a remoção da pirita de granulometria mais grossa existente nos finos de carvão provenientes da empresa Cooperminas O concentrado de carvão obtido nessa mesa Figura 1 Estrutura física do concentrador centrífugo MGS e sua forma de funcionamento vibratória era alimentado no concentrador centrífugo Knelson para a remoção da piri ta de granulometria mais fina Os concentradores centrífugos Knelson e MGS que ainda não haviam sido testa dos no beneficiamento de finos de carvão de Santa Catarina foram utilizados para veri ficar a possibilidade de redução do teor de enxofre nesses finos com a retirada da pi rita de granulometria muito fina o que não era viável pelos métodos convencionais Os ensaios no concentrador centrífugo Knelson foram realizados no CETEM e os ensaios no MGS Multi Gravity Separator foram reali zados no Departamento de Engenharia de Minas da USP Escola PolitécnicaEPUSP A Figura 1 ilustra a estrutura física do MGS e sua forma de funcionamento O pro duto leve representa o concentrado de carvão depiritizado baixo teor de enxofre o produto pesado representa o rejeito pirito so alto teor de enxofre O material contido no balde maior com agitador representa a alimentação dos finos de carvão no equi pamento que é feita por meio de bomba peristáltica 105 Resultados As amostras provenientes das carboníferas Cooperminas e Criciúma apresentaram te ores semelhantes de enxofre total 183 e 191 respectivamente considerados elevados para as aplicações a que se desti navam Cabe esclarecer que os finos do car vão da Cooperminas não eram beneficiados enquanto que os da carbonífera Criciúma já eram beneficiados por flotação A aparente incoerência dos finos de Criciúma já beneficiados apresentarem maior teor de enxofre é facilmente explicado com a redu ção da massa na obtenção do concentrado há uma elevação no teor de enxofre eviden ciando que a flotação não é um método mui to seletivo para redução do teor de enxofre As análises evidenciaram também que os finos de carvão de Santa Catarina continham altos teores de enxofre orgânico em torno de 50 do enxofre total Esse tipo de enxofre faz parte da estrutura da maté ria carbonosa do carvão não sendo possível a sua remoção pelos processos normais de concentração As análises de enxofre nas frações gra nulométricas das amostras confirmaram te ores de enxofre mais elevados nas frações de granulometria mais fina na faixa entre 100 e 325 malhas 147 e 44 µm Na amos tra da Cooperminas a variação foi de 28 a 30 enquanto na da Carbonífera Criciúma foi de 192 a 28 A caracterização mineralógica e as aná lises de imagem BSDMEV das amostras de cabeça e frações granulométricas dos finos de carvão oriundas de ambas as empresas mostraram que a pirita se apresenta fina mente disseminada nas partículas de carvão mesmo nas frações de granulometria fina o que dificulta a obtenção de concentrados de carvão com baixos teores de enxofre 1 Os ensaios densimétricos mostraram ser possível por concentração gravítica a obtenção de produtos na faixa de 12 a 13 de enxofre Nos ensaios na mesa Mozley concen tração gravítica obtevese um produto com 05 de enxofre pirítico equivalente a uma recuperação mássica da ordem de 80 Os ensaios em mesa vibratória que ti veram por finalidade a remoção da pirita de granulometria mais grossa apresentaram um percentual de redução de enxofre to tal da ordem de 20 passando de um teor de aproximadamente 2 na alimentação para um teor de 16 no produto concen trado com recuperação mássica da ordem de 90 Este concentrado obtido na mesa vibratória alimentava o concentrador centrí fugo Knelson para remoção da pirita fina Os ensaios no concentrador Knelson demonstraram a viabilidade de obtenção de produtos de carvão com recuperação em tor no de 90 e com teor de enxofre total ainda menor 13 no concentrado confirmando uma maior eficácia deste método de con centração em comparação à mesa vibratória Os ensaios no concentrador centrífugo MGS foram realizados utilizando concentra do de flotação proveniente da Carbonífera Criciúma produto mercadológico Obteve se um concentrado de finos de carvão com 11 de enxofre total com recuperação más sica em torno de 90 A redução mássica do enxofre pirítico foi de 50 e seu teor passou de 096 para 048 Foram propostas quatro rotas de pro cesso Figura 2 para o beneficiamento dos finos de carvão de Santa Catarina levan do em consideração a que a flotação é um processo de concentração eficiente para baixar o teor de cinzas dos finos de carvão de Santa Catarina b que o ciclone autógeno 106 Figura 2 Esquema de rotas de processo propostas para o beneficiamento de finos de carvão de Santa Catarina 1 Alimentação Finos 28 Mesa vibratória Flotação Centrífuga Conc carvão 2 Alimentação Finos Peneira 65 3 Alimentação Finos Ciclone Autógeno 4 Alimentação Finos Mesa vibratória Flotação Conc Carvão Peneira 100 Peneira 100 65 Mesa vibratória Flotação Conc Carvão grosso 65 Flotação Centrífuga Conc carvão fino Overflow Flotação Centrífuga Conc carvão fino Underflow Espirais Conc carvão grosso 100 Conc carvão grosso 100 Centrífuga Conc carvão fino é um método de préconcentração por den sidade que pode ser utilizado para separar pirita de granulometria mais grossa contida no carvão c os resultados alcançados nos ensaios de concentração realizados na mesa Mozley mesa vibratória e nos concentrado res centrífugos Knelson e MGS Em alguns lavadores de carvão de Santa Catarina foi sugerida pela equipe do CETEM a utilização de mesa vibratória para a remoção de parte da pirita grossa antes da etapa de flotação por ser a pirita um mineral bastante denso No caso da pirita de granulometria muito fina como não era possível sua remoção de forma satisfatória por nenhum dos métodos de concentração gravítica conhecidos e mencionados a pro posta do CETEM foi a inserção de concen tradores centrífugos na purificação dos con centrados de finos de carvão Benefícios do Projeto O trabalho com os finos de carvão em dois tipos de amostra finos naturais e concen trado de flotação forneceu opções às em presas carboníferas do estado de Santa Catarina quer as que já realizavam a flo tação dos finos quer as que ainda não os beneficiavam Como consequência as co querias espalhadas pela região poderiam receber finos de carvão de melhor qualida de permitindo produzir um coque também de melhor qualidade Além disso aplicando melhor tecno logia no beneficiamento dos finos de car vão haverá mitigação do impacto ambien tal principalmente a acidificação da água causado por esses finos na rede hídrica 107 Método e sistema analíticos alternativos de baixo custo com fácil operação e manutenção propiciam determinação de mercúrio em pescado e amostras ambientais com confiabilidade atendendo às recomendações da Organização Mundial de Saúde para aplicação em programas de vigilância ambiental e no controle de qualidade do pescado para consumo interno e exportação KIT ALLEGRA sistema alternativo para determinação de mercúrio em amostras ambientais e em pescado outubro1997 a dezembro2009 Problema Desafio A preocupação em relação aos efeitos do mercúrio e à into xicação por peixe contaminado vem crescendo a cada dia Nos Estados Unidos campanhas de esclarecimento e alerta vêm sendo exaustivamente realizadas sob a coordenação da Environmental Protection Agency EPA e da Food and Drug Administration FDA na tentativa de amenizar as controvér sias Especial atenção é dada aos grupos de risco como as mulheres grávidas os adolescentes e as crianças que devem estar mais atentos devido à sua elevada sensibilidade em re lação à intoxicação por mercúrio No Brasil a principal fonte de mercúrio antropogênico é a poluição provocada pelos resíduos de extração do ouro já que este metal é utilizado no processo artesanal como auxiliar na etapa de amalgamação Dependendo das condi ções ambientais como o pH e a concentração de matéria orgânica o mercúrio é oxidado e metilado incorporandose à cadeia trófica cadeia alimentar No entanto nem todos os peixes de regiões potencialmente afetadas apresentam o problema já que o teor de concentração do mercúrio depen de dos hábitos alimentares dos peixes herbívoros ou carní voros das correntezas da mobilidade da espécie dentre outros fatores Vários autores já relataram estudos de avaliação do risco de exposição das populações ribeirinhas da Bacia do Tapajós e do Rio Madeira na Amazônia demonstrando também que a população que tem dieta alimentar com predominância de consumo de peixe está mais vulnerável 108 Responsável pelas Informações Allegra Viviane Yallouz EquIPE DO PROJETO CETEM Allegra Viviane Yallouz Coordenação Técnica Debora Maia Marcelo Amaral Ricardo Cesar Tatiana Calixto INT Marcos Garam Para evitar que a população entre em pânico ou mesmo que uma região seja estigmatizada é recomendável uma ava liação contínua do teor de mercúrio nos peixes mais consumi dos pela população em geral de acordo com a sazonalidade e os hábitos alimentares Esta ação facilitaria a atuação mais objetiva das autoridades e das lideranças comunitárias permi tindo orientações relacionadas às espécies mais apropriadas para consumo principalmente aos grupos mais vulneráveis Estratégia de Desenvolvimento O método analítico mais usual para a determinação de mercú rio em amostras biológicas é a técnica de vapor frio acoplada a um espectrômetro de absorção atômica Apesar de simples necessita de técnicos qualificados e infraestrutura não compa tível com a realidade da maioria das localidades onde o mo nitoramento contínuo do teor de mercúrio nos peixes poderia garantir a qualidade do pescado para consumo humano além de prevenir futuros desastres ecológicos e de saúde pública Para superar essas dificuldades foi concebido um méto do alternativo de determinação de mercúrio em pescado e em amostras ambientais método Allegra base do sistema ino vador para determinação de mercúrio KIT Allegra Figura 1 Os critérios adotados desde o início para o desenvol vimento desse sistema foram deveria ser de baixo custo de fácil operação e manutenção mas atendendo às recomenda ções da Organização Mundial da Saúde OMS para o con sumo seguro além das exigências da legislação brasileira e internacional para a comercialização de pescado Figura 1 Kit Allegra um sistema inovador para análise de mercúrio em pescado e amostras ambientais 109 O método alternativo é constituído de 3 etapas prétratamento da amostra determi nação colorimétrica comparação visual das intensidades desenvolvidas pela solução de calibração e pela amostra desconhecida Para a determinação da concentração de mercúrio 10 g de amostra são solubiliza das por aquecimento com mistura ácido oxi dante constituída de partes iguais de ácido nítrico e sulfúrico contendo 01 de pen tóxido de vanádio em frasco de vidro er lenmeyer com um condensador tipo dedo frio em seguida transferese a solução para o frasco de determinação adicionase solu ção de cloreto estanoso em ácido clorídrico que atua como reagente redutor e o mercú rio formado é expulso por aeração O vapor de mercúrio é forçado a passar por um papel detetor recoberto com emulsão contendo io deto cuproso resultando num complexo de cor característica vide equação abaixo 2 Cu2I2 Hg0 Cu2 HgI4 2 Cu incolor cor de tijolo A intensidade da cor do complexo for mado é proporcional à concentração de mer cúrio na amostra original Figura 3 A análi se é realizada utilizando simultaneamente sistemas contendo soluções de calibração na faixa das concentrações de interesse e amostras desconhecidas Ao final da deter minação o operador compara as intensida des das cores obtidas nos respectivos siste mas padrão e amostra e os resultados são emitidos em faixas de concentração No caso da intensidade da cor observa da estar muito próxima à intensidade da cor do padrão de calibração o operador emite o resultado como sendo próximo àquela con centração A sensibilidade do método permi te analisar amostras com mais de 100 μgkg Figura 2 Esquema do sistema de determinação de mercúrio em pescado e amostras ambientais englobando recipiente de vidroerlenmeyer com solução analítica 1 tubo aerador em vidro 2 bomba de aeração 3 detetor 4 constituído de suporte para o papel 5 papel detetor 6 anéis de borracha 7 minicondensador 8 Figura 3 Ilustração das cores similares às desenvolvidas com amostras ambientais e de pescado mostrando a correlação dessas cores com as faixas de concentração de mercúrio partes por bilhão podendo ser feita a es colha dos pontos de calibração de acordo com o interesse do momento Em geral para trabalhos de triagem podem ser utilizados 3 pontos limítrofes 300 600 e 1000 μgkg o que permite classificar a amostra de acor do com as recomendações da OMS e as exi gências da legislação brasileira Tabela 1 110 A garantia da qualidade dos resultados obtidos a partir do método Allegra vem sendo monitorada desde a sua concepção por com paração com o método de absorção atômica com vapor frio e participação em exercícios interlaboratoriais Os resultados satisfatórios garantem a confiabilidade e permitem o seu uso em programas de segurança alimentar Resultados A difusão do método vem sendo feita por meio de palestras minicursos e implemen tação em Escolas Técnicas e Universidades localizadas em regiões com histórico de po luição como é o caso do estado do Pará e da região do Pantanal Destaque pode ser dado ao trabalho realizado em Itaituba onde uma equipe local com representantes da Prefeitura e da Escola Técnica receberam treinamento e aplicaram o conhecimento em estudos com amostras locais Na área privada as empresas ATUM do Brasil e Gomes da Costa que trabalham com exportação de pescado fresco e pro cessado adotaram e vêm utilizando o sis tema para o controle de qualidade dos seus produtos Vale citar que a Universidade de Strathclyde na Escócia também vem usan do o método desde abril de 2009 As experiências bem sucedidas de di fusão do novo método e a ampla utilização Tabela 1 Classificação das amostras de acordo com as recomendações da OMS e as exigências da Legislação Brasileira Classificação Teor de mercúrio µgkg ou ngg Próprio para consumo freqüente Menor que 300 Próprio para consumo eventual Entre 300 e 600 Permitido para comercialização Menor que 1000 do produto KIT ALLEGRA confirmam que esse sistema é uma alternativa inovadora para monitoramento contínuo da poluição eou contaminação por mercúrio em progra mas de vigilância ambiental para a saúde e no controle de qualidade do pescado para consumo interno e exportação Benefícios do Projeto O uso dessa nova metodologia por meio de sua aplicação no KIT ALLEGRA permite auxiliar no diagnóstico preliminar da si tuação de cada localidade potencialmente afetada pela poluição mercurial agilizar a tomada de decisão já que as aná lises podem ser gerenciadas em nível regio nal e as prioridades podem ser estabeleci das de acordo com a demanda do momento diminuir o custo operacional dos programas de monitoramento contínuo da poluição eou contaminação por mercúrio já que as análi ses utilizando o método alternativo apresen tam um custo no mínimo 10 vezes menor do que o método tradicionalmente utilizado agilizar a avaliação em grande escala da contaminação por mercúrio já que o pro duto KIT ALLEGRA é simples e pode ser utilizado por pessoal treinado ao nível de auxiliar de laboratório não requerendo pro fissionais com alta qualificação técnica reduzir também o custo de manutenção dos sistemas de análise uma vez que no KIT ALLEGRA esses sistemas podem ser facilmente restauradosrecuperados caso necessário por vidreiros regionais 111 Tecnologia de flotação do talco do Paraná mostra ser possível obter concentrados com teor de alvura superior a 85 podendo ser comercializados a um custo superior para aplicações mais nobres nas indústrias de borrachas e plásticos cosméticos fármacos papel têxtil e tintas permitindo ainda que o rejeito seja aproveitado na indústria cerâmica Beneficiamento de talco de Ponta Grossa e Castro PR Fase I janeiro1986 a outubro1986 Fase II agosto1988 a outubro1989 Problema Desafio O Brasil se encontra entre os principais produtores mundiais de talco As principais minas em operação estão localizadas no Paraná Os depósitos de talco da região de Ponta Grossa e Castro ocorrem na forma de bolsões na camada calcária da formação geológica denominada Itaiacoca Cerca de 82 da produção paranaense de talco a cargo de pequenos e médios mineradores que utilizavam processos rudimentares de lavra seletiva catação manual e limpeza primária era destinada às indústrias cerâmica pisos e azulejos e de inseticidas sem qualquer beneficiamento Apenas uma pequena parcela do material produzido era submetida às operações de secagem e moagem antes de ser comercializada para usos mais nobres nas indústrias de borrachas e plásticos cosméticos fárma cos papel têxtil e tintas Poucas tecnologias para beneficiamento de talco haviam sido geradas no Brasil e difundidas aos mineradores com o intuito de maximizar a produção melhorar a qualidade e agre gar valor ao produto final Conhecedor dessa problemática o CETEM conduziu um estudo preliminar Fase I para analisar a viabilidade técnicoeconômica de um projeto industrial de flotação de talco a partir de minérios provenientes das minas existentes na região de Ponta Grossa Alguns anos depois com o intuito de iniciar um estudo mais detalhado sobre rotas de beneficiamento por flotação Fase II o CETEM em parceria com a MINEROPAR Minerais do Paraná SA e alguns produtores de talco da região de Ponta Grossa e Castro PR associados ao SINDIMINERAIS Sindicato da Indústria de Extração de Minerais Não Metálicos 112 Responsáveis pelas Informações Francisco Wilson Hollanda Vidal Ivan Falcão Pontes EquIPE DO PROJETO CETEM Fase I Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Gilson Ezequiel Ferreira Fase II Adão Benvindo da Luz Fernando Antônio Freitas Lins Ivan Falcão Pontes Jacinto Frangella Luiz Fernando dos Santos L Ramos Mario Valente Possa Ney Hamilton Porphírio Regina Coeli C Carrisso Salvador Luiz Matos de Almeida Coordenação Técnica Severino Ramos Marques de Lima do Paraná se reuniram para estabelecer critérios de sele ção das áreas de amostragem Essas áreas teriam que ser representativas dos diferentes talcos da região e as amos tras deveriam ser promissoras para geração de um produ to com valor agregado significativo para usos mais nobres Foram selecionadas as seguintes minas i Flor localizada no Distrito de Socavão município de Castro concessão de lavra da mineração Lagoa Bonita ii Barra Moura situada no Distrito de Itaiacoca município de Ponta Grossa conces são de lavra da mineração Klabin iii Manoel localizada no Distrito de Abapã município de Castro concessão de lavra da mineração Costalco iv Pinheiro 3 situada no Distrito de Itaiacoca município de Ponta Grossa concessão de lavra da mineração Giraldi Estratégia de Desenvolvimento Fase I a partir de resultados preliminares em escala de banca da e piloto foram dimensionados os principais equipamentos de uma usina de beneficiamento por flotação desconsideran do entretanto o nível de detalhamento que seria necessário à engenharia básica para elaboração do projeto industrial Foi prevista uma explotação de minério suficiente para que após seu beneficiamento fossem produzidas 40320 tonano de concentrado com teores em torno de 90 de talco Foram estimados os custos de obras civis terraplena gem fundações construções barragem etc lavra custo do minério extraído e colocado no pátio da usina beneficia mento custo de aquisição de equipamentos atividades de apoio custos com laboratório de análises químicas e oficina eletromecânica para montagem de equipamentos e o capital de giro como investimentos iniciais Matériaprima mãode obra e insumos energia elétrica e combustível foram com putados nos custos operacionais Os cálculos simulados com preços constantes demonstraram a viabilidade técnicoeco nômica da usina de beneficiamento com uma rentabilidade real taxa de retorno sobre o capital total de 82 ao ano Foi alertado que antes da realização de um empreendimento em escala industrial seriam necessários estudos tecnológicos complementares e uma análise econômica detalhada para confirmação das condições de rentabilidade Fase II no estudo seqüencial e mais pormenorizado as quatro minas selecionadas utilizavam o método de lavra a céu 113 aberto e vendiam seus produtos às indústrias cerâmicas sem qualquer beneficiamento Três mineradoras Lagoa Bonita Klabin e Costalco produziam talco rosa e a mine radora Giraldi produzia um talco esverdea do Foram coletadas amostras de 250 kg de cada mina as quais foram acondicionadas em sacos plásticos e enviadas ao CETEM para caracterização química e mineralógica O estudo foi realizado em duas etapas suces sivas nas escalas de bancada e piloto Escala de Bancada nas análises foram usados fragmentos de rochas run of mine e cerca de 1kg abaixo de 10 malhas de cada uma das quatro amostras coletadas Foram efetuadas análises químicas via úmida para determinação da composição elementar Si Al Mg Ca Na e outros e análises espec trográficas para identificação dos elementos traços Ni Ga Cr Ti A composição mine ralógica e o grau de liberação do talco em relação aos minerais de ganga foram obtidos por microscopia ótica Os resultados eviden ciaram que os minérios eram constituídos essencialmente de talco quartzo e clorita seguido de tremolita argilominerais e às vezes carbonatos As análises granulométri cas mostraram que mais de 90 em peso das amostras ocorriam naturalmente abaixo de 325 malhas O talco se apresentava na forma de microgrãos diminutas quantidades de talco lamelar cerca de 2 em peso fo ram observadas somente na amostra da mina Manoel mineradora Costalco O talco é um mineral de flotabilidade natural quando se trata de talco foliado po dese realizar a flotação utilizando apenas espumante nos casos de talcos fibrosos fazse necessária a utilização de coletores aminas primárias xantato de potássio e ácidos graxos querosene e óleo de pinho é a combinação mais indicada para a flotação de talcos foliados para talcos fibrosos nor malmente são utilizadas aminas Após a caracterização química e mi neralógica foram conduzidos os ensaios de concentração por flotação para todas as amostras utilizandose a célula Denver D12 O processo foi controlado através da medição da alvura dos concentrados em um fotômetro Zeiss Além dos convencio nalmente empregados foram testados ou tros reagentes comerciais Flotigan e Amina Hoe 2835 da Hoechst e Aero 830 da Cyanamid como coletores Flotanol da Hoechst como espumante e o amido de Refinações de Milho do Brasil como de pressor de óxido de ferro Decidiuse usar querosene como coletor óleo de pinho ou flotanol como espumante silicato de sódio Na2Si03 como depressor e hidróxido de sódio Na0H como regulador de pH Foram estudadas as principais vari áveis do processo dosagem de reagentes ponto de adição tempo de condicionamen to tempo de flotação rotação da célula tempo de moagem e percentagem de só lidos na polpa Nas condições otimizadas foram realizadas análises quantitativas para dosar o teor de MgO e de impurezas prejudi ciais ao produto As principais impurezas do talco são serpentina dolomita magnesita calcário tremolita clorita e óxidos de ferro Amido quebracho e silicato de sódio são os principais depressores dessas impurezas A Tabela 1 apresenta os resultados em escala de bancada para três das quatro amostras submetidas à flotação Os melho res concentrados foram os das minas Barra Moura e Manoel mostrando a viabilidade de seu beneficiamento para posterior utilização nas indústrias de fármacos papel e plásti cos O concentrado do talco da mina Flor não atingiu o valor mínimo de 77 de alvura 114 exigido para aplicação na indústria de papel seu uso ficaria restrito à indústria de tintas Os resultados da flotação na amostra da mina Pinheiro 3 mineradora Giraldi ficaram muito aquém dos demais desaconselhando o pros seguimento dos estudos do talco dessa mina Outras técnicas separação magnética de alta intensidade via úmida lixiviação dos concentrados finais da flotação foram em pregadas na tentativa de melhor purificar os concentrados mas os resultados não foram satisfatórios A lixiviação dos concentrados de flotação para solubilizar as impurezas óxidos de ferro prejudiciais à alvura do concentrado mostrouse tecnicamente viável no entanto o consumo de ácido foi considerado elevado Escala Piloto com base nos resultados em escala de bancada oito amostras de miné rio de talco de seis empresas associadas ao SINDIMINERAIS Costalco Giraldi Klabin Paranaense Violani e Itaiacoca foram sele cionadas para serem estudadas em escala piloto visando à obtenção de concentrados de flotação Essa etapa do projeto contou com o apoio financeiro do CNPq dos em presários interessados através do Sindicato e da empresa estatal MINEROPAR O circuito compreendendo as opera ções de britagem empilhamento moagem classificação do minério deslamagem flo tação espessamento e filtragem é mostra do no fluxograma do processo Figura 1 A Figura 2 ilustra as principais as etapas de beneficiamento do talco realizadas na usi na piloto com capacidade de produção de 100 kgh de concentrado montada e ope rada pelo CETEM dentro das instalações da empresa Costalco Ponta Grossa PR O sistema de reagentes foi o mesmo uti lizado em escala de bancada Foram otimi zadas as condições operacionais necessárias adição dos reagentes concentração e pontos de adição tempos de residência condi cionamento e estágios de flotação recupe ração metalúrgica do concentrado alvura e recuperação em massa dos produtos Além de descritas as características dos produtos obtidos foi feita sua classificação segundo a mais adequada aplicação industrial A par tir daí foi definido o fluxograma completo do processo e realizado o balanço de massa para dimensionamento de plantas industriais Os melhores resultados em alvura e re cuperação em massa foram alcançados com o talco da Mina São José A caracterização mi neralógica da amostra ITA 3 evidenciou que além de talco 75 em peso o minério conti nha tremolita quartzo caulinita e clorita tra ços de grãos de pirita oxidada e óxido de ferro hidratado limonita Nessa amostra ITA3 o talco ocorre normalmente em granulometria abaixo de 400 malhas 0037mm Apesar do reduzido tamanho dos grãos foi possível inferir que o talco estava sob a forma lame lar constituindo micro agregados muitas ve zes com impregnações variadas de óxidos de Tabela 1 Resultados preliminares da flotação de amostras de talco em bancada Mina Mineradora Alvura do Alimentado Alvura do Concentrado Recuperação em Massa Flor Lagoa Bonita 615 715 200 Barra Moura Klabin 704 820 250 Manoel Costalco 643 816 436 Pinheiro 3 Giraldi 355 435 57 115 Figura 1 Fluxograma do processo de beneficiamento do talco por flotação Tabela 2 Resultados da flotação de oito minérios de talco em usina piloto Mina Mineradora Minério ROM Alimentado Concentrado Recuperação em Massa Alvura Teor de MgO Alvura Teor de MgO São José Paranaense talco creme 650 306 870 316 631 Manoel Costalco talco rosa 680 272 820 294 577 Mina 9 Giraldi talco rosa 635 282 827 304 306 Barra Moura Klabin talco creme 685 262 876 314 220 Barra Moura Klabin talco rosa 630 270 845 314 353 Ferradinho Violani talco cinza 670 294 814 310 296 Armando Itaiacoca ITA 2 talco rosa 676 198 790 284 367 Armando Itaiacoca ITA 3 talco creme 594 238 691 282 426 116 ferro hidratado resultando na coloração cre me acastanhada desse minério seja devido à presença do Fe iônico na rede cristalina do silicato magnesiano o Fe poderia estar subs tituindo o Mg na rede cristalina do talco seja pela impregnação em proporções variadas de óxido de ferro hidratado nas microlamelas do talco Os resultados aquém do desejado po dem ser atribuídos às características desse minério prejudiciais ao processo de flotação Tendo em vista que através de sepa ração magnética método físico e flotação método físicoquímico foram encontradas dificuldades para obtenção de concentrados de qualidade aceitável na indústria de tinta e papel foi necessária a realização de estudos complementares de alvejamento das amos tras A alternativa para remoção do ferro foi a lixiviação dos concentrados da flotação Para a purificação química os concentrados obti dos em usina piloto foram submetidos a en saios de alvejamento com ditionito de sódio nos laboratórios do CETEM Dessa forma con seguiuse obter melhor alvura chegando a va lores acima de 85 para algumas amostras A flotação foi sem dúvida o melhor pro cesso para beneficiamento e purificação dos diferentes tipos de talco das regiões de Ponta Figura 2 Usina piloto de flotação de talco montada e operada pelo CETEM dentro das instalações da empresa Costalco Ponta Grossa PR Grossa e Castro uma vez que agrega aos con centrados um valor estimado entre 4 a 10 vezes ao remunerado pela indústria cerâmica As recuperações em massa obtidas na flotação poderiam ser mais elevadas entretanto essas tiveram que ser sacrificadas para atender os requisitos de alvura dos concentrados A flo tação em coluna poderia apresentar um de sempenho superior ao obtido na flotação con vencional obtendose ainda melhores alvuras e recuperação em massa dos produtos no en tanto essa alternativa não foi testada em es cala piloto durante a execução deste projeto Benefícios do Projeto Os minérios de talco da região de Ponta Grossa e Castro PR eram lavrados de forma rudimentar e não eram posteriormente trata dos Sua comercialização a baixo custo era quase exclusiva às indústrias cerâmicas O processo de beneficiamento por flotação de senvolvido pelo CETEM mostrou que é pos sível obter concentrados de talco com teor de alvura superior a 85 a partir de minérios com baixa alvura Isso agrega valor aos con centrados desses minérios permitindo que sejam comercializados pelas mineradoras a um custo superior para aplicações mais no bres do que a até então vislumbrada Além disso o rejeito da flotação pode ser ainda aproveitado na indústria cerâmica como carga para produção de pisos e azule jos o que ficou de ser avaliado pelos empre sários associados ao SINDIMINERAIS A tecnologia de beneficiamento foi re passada às mineradorasparceiras deste projeto as quais decidirão se e quando im plantar plantas industriais que certamente contribuirão para a geração de empregos e renda aos trabalhadores 117 Consórcio inteligente entre instituições brasileiras capacita técnicos da Casa da Moeda favorece a produção das moedas com a mesma qualidade e menor custo permitindo auto suficiência e evitando a dependência da empresa canadense que originalmente transferiu a tecnologia ao Brasil Avaliação e otimização da produção das moedas da segunda família do Real julho1998 a janeiro2004 Problema Desafio As moedas da 2ª família do Real foram lançadas em 1998 pela Casa da Moeda do Brasil CMB Com esse fato deixavam de ser emitidas as anteriores em aço inoxidável As novas seriam fabri cadas por eletrodeposição de diferentes metais eou ligas sendo cunhadas sobre discos de aço carbono de baixo teor A CMB passou a contar com uma tecnologia inédita no país embora de domínio tecnológico no Canadá e no conti nente europeu Uma vez que o processo de transferência de tecnologia aconteceu no regime turnkey um pequeno grupo de profissionais da CMB foi treinado no Canadá para absorver a tecnologia O Departamento Técnico da CMB DETEC e a sua Divisão de Pesquisas DVPS entenderam entretanto ser necessário a melhor capacitar os profissionais que atuariam na nova unidade fabril e b executar atividades continuadas de controle de qualidade dos novos produtos A CMB em 1998 com a nova planta de fabricação de discos e moedas já instalada contratou o CETEM para realizar diversas atividades de consultoria com foco no treinamento de pessoal nos processos de eletrodeposição assim como para avaliar a qualidade das novas moedas no tocante à resistência à corrosão abrasão e consequente deterioração dessas novas moedas do Real Estratégia de Desenvolvimento O CETEM e a CMB conhecedores da competência e da in fraestrutura existente nos laboratórios de corrosão da COPPE UFRJ formaram um consórcio para enfrentar o desafio que se apresentava Dessa forma seriam aproveitadas ao máximo as 118 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Luis Gonzaga Santos Sobral Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Reiner Neumann COPPEuFRJ Fabrício Torres Fernando Peregrino João Marcos Alcoforado Rebello Lúcio Sathler Coordenação Técnica Casa da Moeda do Brasil DETECDVPS Jorge Jacoub José Caetano C Martinez Coordenação Técnica Roberto Ogando Barcia competências institucionais e profissionais evitando a sobre posição de tarefas Uma das constatações foi que para atender aos objetivos da CMB seria necessário utilizar as referências relativamente es cassas obtidas no âmbito internacional sobre o tema Por outro lado foi decidido que seria adotada uma metodologia específica de testes para aplicação neste projeto com base nas experiên cias das instituições partícipes do consórcio assim como nas resultantes da coleta e seleção de informações junto a empresas internacionais com experiência comprovada no tema Um dos procedimentos adotados usou a metodologia de avaliação de discos eou moedas eletrorrevestidas pratica da pela Deutsche Nickel AG referência carta FGZIgko da Petersen Matex Ltda à DITECCMB de 18121995 que é reconhecido internacionalmente como um procedimento pa drão de testes para esse tipo de produto Foram incorporados ao grupo de ensaios alguns dos procedimentos constantes do relatório técnico no 51742 da Texas Instruments Inc elabo rado por Robert Baboian com o título Environmental Test on Coinage Materials Serviu ainda como referência a metodo logia usada em testes anteriormente realizados pela COPPE UFRJ para a CMB no tocante à avaliação das moedas fabrica das com ligas maciças de diferentes materiais a saber ligas de aço inoxidável ligas de alumíniomagnésio e ligas de alpaca e latão Coube ao CETEM especificamente avaliar a conformida de das camadas eletrodepositadas e caracterizar os produtos de corrosão Nesse contexto foram analisadas ao microscópio eletrônico de varredura as amostras iniciais e finais de cada um dos testes visando observar o aspecto superficial e os eventu ais danos causados aos revestimentos pelos meios e condições agressivas bem como avaliar o possível comprometimento dos substratos Desse conjunto de testes e procedimentos resultou um protocolo de avaliação para moedas eletrodepositadas em substrato de aço carbono de baixo teor o qual está descrito a seguir sob forma resumida de ações indicando as instituições encarregadas de executálas i Teste de Escurecimento CETEM controle de qualidade uti lizado pela Westaim Corporation para verificar se os discosmo edas foram passivadas após sofrerem acabamento eletrolítico superficial 119 ii Teste de Exposição aos Vapores de Vinagre CETEM procedimento da Deutsche Nickel AG para avaliar a resistência à alteração da coloração da superfície eletrorrevestida O ensaio consistiu em expor as amostras a va pores de ácido acético concentrado em re cipiente hermeticamente fechado durante 24 horas iii Teste de Exposição aos Vapores de Água I CETEM igualmente proposto pela Deutsche Nickel AG consistiu em submeter as amostras aos vapores de água a 50oC durante 24 horas iv Teste de Exposição aos Vapores de Água II CETEM segundo o procedimento da Deutsche Nickel AG consistiu em expor as amostras aos vapores de água a 36oC du rante 48 horas As amostras se encontravam a uma distância de aproximadamente 2 cm acima da superfície da água v Ensaio de Abrasão CETEM as amostras foram submetidas a um processo de abrasão resultante do deslizamento de uns discos sobre os outros no interior de um tambor rotatório Este ensaio permitiu avaliar a per da de massa e de espessura dos discos e assim estimar a vida útil das moedas vi Ensaio em Câmara de Névoa Salina COPPEUFRJ visou simular condições de agressividade a que seriam expostas as mo edas em atmosfera úmida contendo clore to de sódio como meio corrosivo A névoa salina foi produzida pela passagem de ar comprimido por uma solução desse sal se gundo a norma ASTM 1311773 vii Ensaio de Imersão Total COPPEUFRJ consistiu na imersão dos discosmoedas em soluções que simulavam a exposição even tual das moedas em circulação atmosfera urbana industrial rural e suor sintético Os ensaios foram conduzidos à temperatura ambiente monitorando periodicamente a perda de massa o aspecto superficial e o potencial eletroquímico dos corpos de pro va para se avaliar as condições de corrosão viii Ensaio em Câmara de Umidade COPPEUFRJ avaliou o comportamento das moedas e discos eletrorrevestidos nas condições de umidade relativa de 100 à temperatura de 35oC ix Ensaio de CorrosãoAbrasão COPPE UFRJ utilizou um tambor rotatório no qual foram colocadas as amostras em contato com uma solução de suor sintético visando simular condições da ação simultânea des sa solução aliada ao desgaste mecânico x Ensaio de Abrasão em Tecido de Algodão CETEM as amostras foram colocadas num tambor rotatório em contato com tecido de algodão visando simular condições de abra são às quais as moedas seriam submetidas quando em circulação Este ensaio foi realiza do em duas condições distintas Na primeira foram utilizadas moedas novas sem contato prévio com qualquer meio agressivo ao passo que na segunda condição as moedas foram previamente submetidas a um processo oxi dativo visando simular condições simultâne as de corrosão e abrasão às quais as moedas estariam submetidas no uso corrente xi Ensaio de Exposição em Ambiente Interno CETEM avaliou o aspecto das moedas quando expostas ao ar em posição vertical e horizontal por tempo prolongado 720 h no tocante às alterações de coloração 120 xii Ensaio para Avaliação da Perda de Coloração CETEM consistiu em colocar algumas gotas de solução na superfície da amostra e esperar até que ocorresse a sua completa evaporação Em seguida a amostra foi lavada em água destilada e a superfície avaliada quanto à perda de coloração Foram utilizadas 7 sete soluções diferentes como água sanitária detergente e soluções alca linas eou ácidas de composições diversas xiii Ensaio de Exposição em Areia do Mar Úmida CETEM as amostras foram co locadas em contato com areia úmida em ambiente aberto procurando simular a si tuação de uso de moedas na praia xiv Ensaio de ImersãoEmersão COPPE UFRJ as amostras corpos de prova foram colocadas em ambientes contendo agentes típicos da poluição atmosférica seguido pela emersão por um período suficiente para que tais amostras secassem segundo o método tradicional CEBELCOR desenvolvido pelo Prof Marcel Pourbaix Este ensaio permitiu a verificação do comportamento das amostras quando expostas intermitentemente a meios aquosos agressivos ou não As amostras foram ainda submetidas por um período de 20 vin te dias ao contato com um meio isento de poluição amostra rural ao contato com um meio agressivo meio aquoso contendo íons cloreto ao contato com meio contendo íons HSO3 simulando uma atmosfera industrial e por último ao contato com suor sintético Resultados O conjunto de testes e ensaios realizados no período 19982004 comprovaram a conformidade da qualidade das moedas da segunda família do Real Ficou ainda de monstrado que os principais itens de custo de fabricação das moedas eram representados respecti vamente pelo custo da energia do disco de aço carbono mas também pelos anodos e reagentes que formavam as diferentes com posições dos banhos a diminuição da espessura da camada ele trodepositada das moedas de 35 µm para 25 µm mas também para 20 µm resulta ria respectivamente numa diminuição do custo de produção milheiro de moedas equivalente a 45 e 69 sendo mantido no entanto o tempo de vida útil de no mí nimo 15 anos que é considerado como re ferência de vida média de meios circulantes em todo o mundo as alterações de coloração ou formação de produtos após os vários testes de exposição a diferentes atmosferas eou contato com produtos químicos não afetaram o substra to tampouco acarretaram impedimentos à identificação e ao uso das moedas nas suas diferentes taxas as moedas apresentaram resistência ao desgaste e abrasão compatível com a dos padrões internacionais permitindo prever um tempo de vida útil superior a 15 anos para todas as suas taxas As perdas de mas sa após 250 horas de teste de desgaste das moedas em vários meios abrasivos variaram entre 1 e 26 A Figura 1 ilustra esses re sultados assim como a Figura 2 mostra a curva usada como referência para compa ração A Figura 3 mostra os corpos de prova antes e ao final do ensaio de desgaste 121 Benefícios do Projeto As ações continuadas de PD do consórcio formado pela CMB CETEM e COPPEUFRJ além de resultarem no aprimoramento do processo produtivo das moedas favorece ram a melhor capacitação dos técnicos da CMB Foi formada massa crítica de pessoal qualificado na fábrica de moedas da CMB que permitiu autosuficiência evitando a dependência de consultoria externa até então prestada pela empresa canadense detentora da tecnologia vendida ao Brasil Devese ainda destacar que ficou comprovada a possibilidade de pro duzir as moedas com a mesma qualidade a preços mais baixos do que os da planilha original da detentora da tecnologia a absorção e o aprimoramento da tecno logia permitiram à CMB ampliar suas pos sibilidades de mercado e sua competitivi dade comercial Passou assim a contar com um novo produto o qual era visto à época como solução de futuro para os mer cados emergentes embora já fosse de uso consagrado em alguns países da Europa do Oriente Médio e no Canadá sendo no entanto de domínio tecnológico restrito a duas empresas estrangeiras Figura 1 Variação da perda de massa com o tempo para moedas de R 001 R 005 R 010 R 025 R 050 e R 100 Figura 2 Variação da perda de massa com o tempo para moedas eletrorrevestidas segundo a Deutsche Nickel AGPetersen Matex Figura 3 Fotografia de corpos de prova antes e ao final do ensaio de desgaste 122 A motivação e determinação da empresa Galvani para atuar na região norte nordeste do país tornou real a implantação de sua Unidade de Mineração de Angico dos Dias BA que funciona desde 2005 com a tecnologia de concentração a seco desenvolvida pelo CETEM vencendo os obstáculos da escassez de água e da falta de infraestrutura local e incentivando outras ações para o desenvolvimento da região Aproveitamento de fosfato e terras raras no semiárido nordestino janeiro1999 a julho2001 Problema Desafio O avanço das fronteiras agropecuárias para oeste norte e nor deste do Brasil obrigou por razões geográficas e econômicas a viabilização de jazimentos nesses novos centros consumidores À época revestiase de grande importância a jazida apatítica de Angico dos Dias distrito de Campo Alegre de Lourdes BA fronteira entre os estados da Bahia e Piauí com reservas medi das de 164 toneladas métricas e teor médio de 163 de P2O5 A indústria Galvani proprietária da jazida de Angico dos Dias teria que enfrentar dois grandes desafios para aproveita mento do minério a escassez de água na região e a ausência de infraestrutura local A formalização da parceria entre o CETEM e a Galvani iniciouse em 1999 alavancada pela aprovação do projeto Caracterização tecnológica do minério de Angico dos Dias Caracol BAPI visando o aproveitamento de fosfato e terras raras pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico subprograma de Geociências e Tecnologia Mineral PADCTIIIGTM tendo a FINEP como agência financiadora A caracterização do minério fosfático pelo CETEM com provou que sua constituição mineralógica era simples e favorável a um processamento a seco Predominavam grãos quase mono minerálicos de apatita e quartzo e mistos de caolinita fosfatos de alumínio tipo crandallita e óxidoshidróxidos de ferro com inclusões de quartzo e apatita As determinações quantitativas por fluorescência de raiosX mostraram que o minério apatítico continha SiO2 2600 Al2O3 1000 Fe2O3 1210 TiO2 070 MnO 067 Na2O 015 CaO 2070 123 Responsáveis pelas Informações Marisa Bezerra de Mello Monte CETEM Michelle Ruiz e Rui Ferreira Hass Galvani EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Fernando Antônio Freitas Lins Coordenação Técnica Francisco Eduardo de Vries Lapido Loureiro in memoriam Gildo de Araújo S de Albuquerque in memoriam Marisa Bezerra de Mello Monte Reiner Neumann MgO 028 K2O 029 P2O5 1770 perda ao fogo 785 óxidos de terras raras de composição TR2O3 075 F 1150 ppm Sr 5000 ppm Ba 5000 ppm Th 5 ppm e U 10 ppm Os picos característicos da monazita no difratograma de raiosX não foram revelados o que indicava o baixo percentual deste mineral no minério 1 Com base nesses resultados a Galvani contratou o CETEM para desenvolver um processo de concentração a seco que per mitisse o máximo aproveitamento do minério fosfático apatí tico atendendo à escassez de água na região Posteriormente foram também avaliadas rotas alternativas de lixiviação ácida para obtenção do ácido fosfórico com recuperação de subpro dutos terras raras Estratégia de Desenvolvimento A documentação referente às pesquisas geológicas efetuadas na área e os testemunhos de sondagens estocados nas instala ções da empresa Galvani foram analisados pelo CETEM para definição da melhor amostra para o desenvolvimento do projeto Concluiuse que o minério denominado de apatítico nos rela tórios de prospecção geológica seria o mais apropriado por ser o mais comum e com teores de P2O5 entre 15 e 24 Ao caracterizar a amostra do minério apatítico por microsco pia eletrônica de varredura MEV acoplada ao sistema de energia dispersiva de raiosX foram encontradas partículas de apatita e quartzo liberadas principalmente nas granulometrias mais gros sas O principal carreador dos elementos de terras raras predo minantemente cério e lantânio era a monazita apesar deles te rem sido detectados também nas apatitas em teores de até 1 A monazita apresentavase em granulometria fina normalmente abaixo de 10 µm e frequentemente submicrométrica como in clusão na apatita ou nos agregados mistos de caolinita fosfato de alumínio e óxidoshidróxidos de ferro Figura 1 Foram analisadas cerca de 50 imagens para cada classe de tamanho de partículas o que representa por volta de 2000 partículas analisadas a cada fração As análises de imagens foram executadas com auxílio do software MMIA Mineral Metallurgical Image Analysis desenvolvido pelos pesquisado res Peter King in memoriam e Claudio Schneider à epoca na Universidade de Utah e atualmente pesquisador do CETEM Essas análises revelaram uma feição interessante do miné rio com 427 de apatita equivalendo a aproximadamente 124 1809 de P2O5 nele contido em concor dância com os teores analisados por via quí mica 177 P2O5 Outra característica do minério detectada por MMIA era a sua bimo dalidade com apatita mais grossa e melhor liberada 8090 de teor e apatita fina em aglomerados com matriz de caolinita fosfa tos de alumínio secundários e óxidoshidró xidos de ferro em menor teor Após a avaliação dos resultados da carac terização tecnológica e de liberação do minério apatítico a técnica de separação magnética foi testada Nos ensaios de separação magnética a seco realizados em baixa e média intensi dade de campo magnético concluiuse que o aumento da intensidade do campo magnético de 2000 para 7000 Gauss resultou em au mento da remoção de impurezas de ferro bem como em enriquecimento dos teores de P2O5 de 198 para 229 no concentrado não magné tico propiciando a obtenção de concentrados mais ricos em apatita A seguir a aplicação de alta intensidade de campo magnético separa dor magnético de rolos ímã permanente de terras raras resultou no aumento para 38 no Figura 1 Micrografia de seção polida do minério fosfático de Angico dos Dias a tonalidade mais escura preta ao fundo representa a resina de embutimento partículas lisas em cinza escuro representam quartzo as lisas em cinza claro são atribuídas à apatita os aglomerados de textura homogênea caracterizam o quartzo tonalidade cinza escuro e a apatita cinza claro os com textura heterogênea representam agregados mistos de caolinita fosfatos de alumínio óxidos hidróxidos de ferro e apatita teor de P2O5 no produto não magnético ou seja gerou um concentrado adequado à fabricação de ácido fosfórico para posterior utilização pela indústria de fertilizantes Resultados Um fluxograma conceitual do processo de beneficiamento foi apresentado à empresa Galvani tendo em vista todas as característi cas do minério apatítico Figura 2 Uma aná lise geral dos resultados revelou ainda que se o minério fosse classificado em 0074 mm cerca de 30 da massa seria descartada e 86 do fosfato seria concentrado em ape nas 70 da massa Para atender às especi ficações do produto para fabricação de ácido fosfórico seria obtida uma recuperação glo bal de 62 de P2O5 contido no minério ROM run of mine em 28 da massa original em um processo realizado totalmente a seco 125 Figura 2 Fluxograma conceitual proposto pelo CETEM para o processo de beneficiamento do minério fosfático de Angico dos Dias Benefícios do Projeto A motivação e determinação da empresa Gal vani para atuar na região nortenordeste do país tornou real a instalação e o início em 2005 das atividades de sua Unidade de Mineração de Angico dos DiasUMA Figura 3 que funciona com a tecnologia de concentra ção a seco desenvolvida pelo CETEM vencen do os obstáculos da escassez de água e da fal ta de infraestrutura local Com a instalação da UMA e por meio de parcerias públicoprivadas com os governos dos estados da Bahia e Piauí para viabilizar a chegada de energia elétrica a construção de estradas e a distribuição de água a empresa Galvani vem contribuindo para o desenvolvimento da região Figura 3 Unidade de Mineração instalada no povoado de Angico dos Dias rua Piauí snº Campo Alegre de Lourdes BA em pleno funcionamento 126 Instalação da primeira e supervisão de mais 42 Unidades de Tratamento de Efluentes em serrarias de rochas ornamentais em Santo Antônio de Pádua RJ solucionou grave problema ambiental nos rios e córregos da região pois além de propiciar a separação dos resíduos sólidos finos e a recirculação da água no processo gerou tecnologia para aproveitamento dos finos na fabricação industrial de argamassas para a construção civil Aproveitamento dos resíduos finos de rochas ornamentais de Santo Antônio de Pádua RJ na fabricação de argamassas abril1999 a março2004 Problema Desafio A concepção deste projeto surgiu de observações durante a execução pelo CETEM de outro projeto de assistência técni ca em desmonte de rochas em pedreiras da região de Santo Antônio de Pádua financiado pelo SEBRAERJ Naquela oca sião observouse que os efluentes mistura de pó de rocha água gerados pelas serrarias de rochas ornamentais estavam causando problemas ambientais pois eram descartados sem nenhum tratamento nos rios e córregos da região Figura 1 Essa forma de descarte provocava assoreamento dos manan ciais além de contaminar as águas que se tornavam turvas e de aparência leitosa causando problemas em relação ao seu uso principalmente nas zonas rurais Figura 1 A foto mostra como era o descarte dos efluentes das serrarias 127 Responsáveis pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos Eduardo Augusto de Carvalho EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Odilon da Silva Antonio Rodrigues de Campos Carlos César Peiter Coordenação Técnica Eduardo Augusto de Carvalho Leonardo Apparício da Silva Consultor SINDGNAISSES Antonio Brum Camacho João Batista Fernandes DRMRJ Flávio Erthal uENF Jean Marie Désir INT José Carlos da Rocha Tornavase então imprescindível a condução de estudos para o tratamento dos efluentes com o aproveitamento dos resíduos finos gerados e a recirculação da água nas serrarias de rochas ornamentais daquela região Estratégia de Desenvolvimento O aproveitamento dos resíduos finos foi alcançado median te a realização de várias atividades no âmbito do Arranjo Produtivo Local de Santo Antônio de Pádua RJ No iní cio e durante a realização do projeto houve várias reuni ões envolvendo os mineradores o Sindicato de Extração e Aparelhamento de Gnaisses no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro SINDGNAISSES e órgãos fiscalizadores estadu ais e municipais Os principais objetivos das reuniões foram i apresentar o projeto a fim de prestar esclarecimentos téc nicos e convencer os mineradores sobre a importância do projeto não somente para eles como também para a co munidade local ii realizar com os empresários avaliações e compatibilizações dos custos envolvidos na instalação de tanques de decantação A parte tecnológica foi desenvolvida essencialmente em duas grandes etapas Primeira Etapa objetivou o tratamento dos efluentes ge rados pelas serrarias mediante a técnica de separação água sólido com a recuperação dos sólidos finos e recircula ção da água no processo de serragem das rochas solucionan do assim o problema ambiental do descarte desses efluentes nos rios e córregos da região Podem ser destacadas como principais fases desta etapa as amostragens e medidas de vazão dos efluentes nas serrarias a caracterização dos efluentes com determinações de den sidade da polpa valor de pH percentagem de sólidos den sidade dos sólidos e distribuição granulométrica do material sólido contido no efluente a execução de estudos de sedimentação dos sólidos conti dos nos efluentes com utilização ou não de floculantes a elaboração de um protótipo em acrílico simples de rápida 128 construção e de baixo custo para demons tração do funcionamento de uma unidade de tratamento de efluentes Figura 2 a elaboração do projeto básico de en genharia para instalação de tanques de decantação a efetivação de visitas a algumas serra rias para decidir onde deveria ser priorita riamente implantada a primeira unidade de tratamento de efluentes na região Após as visitas às serrarias uma foi selecionada para instalação da primeira Unidade de Tratamento de Efluentes pois seu proprietário demonstrou grande inte resse prontificandose a dar total apoio ao projeto Foram instalados tanques de decantação nessa serraria Figura 3 que propiciaram além da separação da mistu ra água e sólidos finos pós de rochas a recuperação da água para reuso Figura 2 Protótipo em acrílico de uma unidade de tratamento de efluentes para demonstração do funcionamento de um tanque de decantação a empresários e autoridades de órgãos estaduais e municipais Segunda Etapa nasceu da necessidade de dar destino industrial aos sólidos finos que eram decantados nos tanques de decantação e deles posteriormente retirados A estoca gem desse material sólido estava se consti tuindo em um problema para a maioria dos proprietários de serrarias que não dispunham de área suficiente para disposição do mesmo A colaboração entre o CETEM e o INT com o apoio da FAPERJ permitiu o prossegui mento do trabalho visando encontrar a mais adequada aplicação industrial para o apro veitamento desses finos Foi inicialmente discutida a aplicabilidade dos finos na fabri cação de argamassas de cerâmica vermelha de borrachas e de plásticos Descartadas por vários motivos as duas últimas alternativas os esforços foram direcionados para as apli cações na fabricação de cerâmica vermelha e de argamassas As principais fases dessa etapa de desenvolvimento foram o levantamento bibliográfico sobre fabri cação de argamassas comum e colante a realização na Universidade Estadual do Norte Fluminense UENF de estudos tec nológicos com os finos que demonstraram que a cal poderia ser substituída na sua totalidade por esses finos na formulação de argamassas a condução de ensaios em olarias de Campos dos Goitacazes RJ mostrando que os finos também poderiam ser utiliza dos na mistura para fabricação de tijolos e telhas com melhoria das propriedades físi cas e da qualidade desses produtos a decisão de que a melhor opção seria o aproveitamento industrial dos finos na fa bricação de argamassas face a problemas 129 associados à distância entre a localização das olarias de Campos dos Goitacazes e as serrarias de Santo Antônio de Pádua o estudo de mercado para argamassa em um raio de 100 km de Santo Antônio de Pádua realização de visitas a fábricas de argamassa programação e concretização de en saios tecnológicos na fábrica de argamas sa RIOMIX município de Itaboraí RJ os quais confirmaram os resultados anterior mente obtidos pela UENF de que os finos poderiam substituir o calcário cal produ zindo argamassa de boa qualidade Isto re forçou o pedido de patente PI 02054817 Figura 3 Tanques de decantação instalados em uma serraria pelo processo desenvolvido de tratamento dos efluentes de serrarias e aplicação indus trial dos finos recuperados na fabricação de argamassa a elaboração do fluxograma de processo para aproveitamento dos finos com todas as operações unitárias envolvidas e balanço de massas para uma determinada tonelagem de alimentação da usina de fabricação de argamassa a seleção dos equipamentos para implan tação da unidade industrial a contratação pelo CETEM do estudo de viabilidade econômica com base no fluxo grama do processo desenvolvido incluindo balanço de massas 130 as negociações com a empresa ARGAMIL interessada no processo e na implantação de uma fábrica de argamassa contou com a participação importante da INVEST RIO agência de fomento no Estado do Rio de Janeiro Resultados O projeto desenvolvido pelo CETEM na pri meira etapa resultou na instalação e bom funcionamento da primeira Unidade de Tratamento de Efluentes na serraria de pro priedade do Sr Antonio Camacho Figura 4 Essa primeira instalação serviu de estí mulo para que outros tanques de decantação fossem instalados por outros mineradores da região de Santo Antônio de Pádua RJ em suas próprias serrarias Figura 5 O CETEM supervisionou as instala ções de mais 42 Unidades de Tratamento de Efluentes em outras serrarias no âmbito do projeto A implantação dessas Unidades possibilitou o tratamento dos efluentes das serrarias separando a água dos finos de rochas e evitando que os efluentes fossem lançados nos rios e córregos da região A instalação desses tanques de decan tação solucionou o problema ambiental do descarte dos efluentes das serrarias nos rios e córregos da região com recirculação da Figura 4 Descerramento da placa de inauguração dos primeiros tanques de decantação instalados na serraria do Sr Antonio Brum Camacho água nas serrarias e recuperação dos resídu os sólidos finos Os resíduos sólidos finos recuperados pelo tratamento dos efluentes das serrarias eram inicialmente estocados nas próprias empresas passando a ser um problema para aquelas que não dispunham de áreas para estocagem Os vários estudos realizados na segun da etapa por meio de cooperação entre o CETEM o INT e a UENF resultaram no de senvolvimento de um processo para apro veitamento dos resíduos finos de rochas de serrarias de Santo Antônio de Pádua RJ para fabricação de argamassas Em 23122002 foi feito o depó sito do pedido de Patente junto ao INPI PI02054817 para o Processo de sepa ração de sólidos finos e seu uso em arga massas para construção civil tendo como depositantes o CETEM e o INT e membros da equipe do projeto como autores da invenção As negociações articuladas pela INVEST RIO da qual participaram repre sentantes do CETEM do INT do DRMRJ e do SINDGNAISSES foram bem sucedidas e em junho de 2008 foi oficializada a trans ferência de tecnologia desse processo para a empresa ARGAMIL do Grupo MIL 131 Com a transferência de tecnologia para a ARGAMIL as instituições CETEM e INT e a equipe técnica diretamente envolvida no desenvolvimento da tecnologia foram con templados com as parcelas acordadas dos royalties Logo em seguida foi iniciado o pro jeto de instalação da fábrica de argamassa da ARGAMIL no Polo Industrial de Santo Antônio de Pádua RJ Os resultados alcançados por esses es tudos foram ainda contemplados com duas premiações ambas em 2005 o Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica Inovação Social Regional em Belo Horizonte e o Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica Menção Honrosa de âmbito nacional em Brasília Figura 6 Figura 5 Circuito de tratamento de efluentes com tanques de decantação e caixa de recirculação de água instalado em uma serraria sob a supervisão do CETEM Benefícios do Projeto As empresas e instituições beneficiadas com as inovações tecnológicas resultantes do projeto foram as dezenas de serrarias exis tentes na região de Santo Antônio de Pádua o SINDGNAISSES a fábrica de argamassas ARGAMIL a Prefeitura e a Comunidade de Santo Antônio de Pádua RJ Face aos problemas ambientais que causavam as serrarias da região eram sem pre ameaçadas pelos órgãos ambientais de serem fechadas A paralisação de suas ati vidades traria como consequência sérios riscos não somente à própria cadeia produ tiva com perdas econômicas para a região como também às comunidades locais pois os funcionários dessas serrarias perderiam seus empregos 132 Além de sanar os problemas ambien tais causados pelas serrarias as Unidades instaladas para tratamento dos efluentes dessas serrarias permitiu i a recuperação do material sólido gerado à época cerca de 720 tmês de finos ii o reaproveitamento de grande parte da água que atualmente retorna às serrarias para serragem das ro chas representando economia para as em presas Cabe realçar que o reaproveitamento da água foi também muito importante para as empresas de ro chas ornamentais tendo em vista que a re gião sofre frequentemente com os proble mas decorrentes de estiagens prolongadas além da economia com o custo da água a valiosa colaboração do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro DRMRJ e o emprego da tecnologia limpa desenvolvida pelo CETEM instalação de tanques de decantação nas serrarias fa voreceram o licenciamento ambiental para o funcionamento lícito das serrarias da re gião de Santo Antônio de Pádua benefi ciando aos empresários que as implantaram em suas empresas Figura 6 Na cerimônia de entrega do Prêmio FINEP a foto mostra da esquerda para a direita Flávio Erthal DRM João César de Freitas Pinheiro DNPM Carlos Peiter Eduardo Carvalho Antonio Campos 3 dos membros da equipe do projeto pelo CETEM José Carlos da Rocha da equipe do projeto pelo INT Avílio Franco FINEP Adão Benvindo da Luz então Diretor do CETEM e Carlos Oití Berbert MCTI A fábrica da ARGAMIL Figura 7 para o aproveitamento dos finos provenientes da serragem das rochas foi instalada no Polo Industrial de Santo Antônio de Pádua e pro duz atualmente 450 tdia de argamassa empregando cerca de 80 pessoas benefi ciando o município com a criação de em pregos renda e inclusão social Figura 7 Fábrica de argamassa da ARGAMIL instalada no Polo Industrial de Santo Antônio de Pádua RJ 133 A Rio Capim Caulim Grupo Mendes Júnior PA e a Mineração de Caulim Monte Pascoal BA com as rotas de processamento de seus minérios desenvolvidas pelo CETEM investiram em projetos industriais e estão produzindo caulins com características especiais para aplicação nas indústrias de papel e de catalisadores para refino de petróleo Processamento de caulins visando suas aplicações industriais abril1999 a março2004 Problema Desafio O caulim é uma argila normalmente de cor branca ou quase branca contendo um mineral de granulometria muito fina denominado caulinita Al4Si4O10OH8 Os caulins são silica tos de alumínio hidratado que englobam além da caulinita outras substâncias consideradas como impurezas tais como areia ferro e matérias orgânicas Uma aplicação muito im portante do caulim é na indústria de papel desempenhando a função de preenchimento dos espaços deixados pelas fibras de celulose função carga podendo também ser usado como pigmento no revestimento de papéis onde é um dos respon sáveis pelo brilho e alvura de papéis especiais empregados em revistas livros e embalagens de fino acabamento fun ção revestimento Para esta utilização industrial o caulim deve apresentar alto índice de alvura superior a 86 padrão ISO e granulometria bem fina com alto percentual acima de 80 de partículas abaixo de 2µm Até a década de 90 a indústria brasileira de papel estava limitada a um único produtor de caulim para revestimento de papel a CADAM Caulim da Amazônia SA Em função desse caulim ser extremamente fino acima de 96 2 µm e com partículas de forma peculiares lamelares e hexagonais a tin ta de revestimento das indústrias brasileiras de papel tinha que ser elaborada com base nessas características Considerando a capacitação técnica e a boa infraestrutu ra em termos de instalações laboratoriais com uma diversida de de equipamentos adequados à PD o CETEM foi contrata do por duas empresas detentoras de jazidas de caulim para o 134 Responsáveis pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos Eduardo Augusto de Carvalho EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Rodrigues de Campos Eduardo Augusto de Carvalho Coordenação Técnica Josias Paulo da Silva Mineração Monte Pascoal Alberto Norman Alhante Roberto Rocha Grupo Mendes Júnior Milton Costantin desenvolvimento de rotas de processamento de seus minérios visando a obtenção de produtos para as indústrias petrolífera e de papel Foram assim conduzidos trabalhos em escalas de laboratório e piloto com dois tipos diferentes de caulim i caulim sedimentar proveniente da região de Rio Capim PA do Grupo Mendes Júnior e ii caulim primário de Prado BA pertencente à empresa Mineração de Caulim Monte Pascoal Estratégia de Desenvolvimento Caulim da Região de Rio Capim PA Grupo Mendes Junior caulim do tipo sedimentar apresentando nível de alvura já bem elevado no entanto além do ajuste das suas propriedades al vura granulometria e viscosidade fezse mister estudar o me lhor aproveitamento da jazida para adequação do produto às necessidades da indústria nacional de papel para revestimento Primeiramente foi feita uma amostragem representativa da mina que permitisse conhecer as diferentes composições do caulim em diferentes pontos da jazida Foram então sele cionados o agente dispersor o valor de pH e a concentração de sólidos que proporcionassem uma melhor dispersão do caulim na polpa Para remoção de contaminantes como quartzo matéria orgânica e outros com granulometria superior a 44µm fo ram considerados dois agentes dispersores hexametafosfato de sódio e poliacrilato de sódio sendo verificado o efeito da dosagem desses em polpas de diferentes concentrações de sólidos e diferentes valores de pH visando melhor recupera ção do produto fino obtido na operação de peneiramento Na fração passante em 44µm foram realizados ensaios em centrífuga de alta intensidade rotacional tendo sido analisados os efeitos da vazão de alimentação e da concentração de sólidos na polpa de alimentação bem como da intensidade da centri fugação através da variação da velocidade de rotação do equi pamento na recuperação em massa do produto fino 2µm gerado na operação desse equipamento Essa fração fina foi sub metida à separação magnética de alta intensidade para remoção do ferro magnético presente no caulim tendo sido verificado o comportamento das variáveis vazão de alimentação no equipa mento e concentração de sólidos na alimentação em relação à alvura da fração não magnética obtida nessa separação Para remoção do ferro coloidal ainda presente no produ to não magnético optouse pelo processo de lixiviação ácida 135 utilizando hidrossulfito de sódio como agen te redutor do ferro em diferentes valores de pH da polpa e de concentração dos re agentes Para redução do pH da polpa foi utilizado ácido sulfúrico e sulfato de alumí nio esse também como agente floculante em diferentes concentrações A remoção do ferro dissolvido na polpa foi obtida por meio da filtragem em filtro prensa do produto lixiviado resultante da operação anterior O ferro solúvel foi removido juntamente com a água no filtrado gerado nessa operação e a torta produto sólido da filtragem depois de seca representava o produto acabado Caulim do Prado BA Mineração de Caulim Monte Pascoal o caulim de origem primária da região de Prado apresentava diferentes valores de alvura ao longo da ja zida além de aspecto e viscosidade diferen tes daqueles encontrados no caulim sedi mentar da jazida de Rio Capim PA Foram realizados ensaios tecnológicos de caracterização do material e testadas rotas de processamento desse caulim pri mário semelhantes às empregadas para o caulim sedimentar porém visando o apro veitamento do caulim em diferentes nichos de mercado das indústrias de papel e petro lífera eg para produção de catalisadores para o refino de petróleo Tendo em vista que a Mineração de Caulim Monte Pascoal dispunha de menor capacidade de investi mento se fez necessário avaliar processos de tratamento alternativos e mais simples capazes de gerar produtos que atingissem de forma técnica e econômica os interesses de mercado da empresa Resultados Caulim da Região de Rio Capim PA os melhores resultados de dispersão para esse caulim sedimentar foram obtidos com pol pas em pH em torno de 70 valor esse ob tido com o uso de carbonato de sódio uma vez que o caulim naturalmente se mostrou ácido O poliacrilato de sódio como agente dispersor foi capaz de proporcionar maior recuperação da fração passante em peneira de 44 µm O caulim desareado passante na pe neira de 44 µm foi centrifugado de modo a gerar de 75 a 85 de produtos com gra nulometria 2 µm destinados à indústria de papel Para reduzir o teor de ferro e assim melhorar a alvura do caulim o produto cen trifugado foi submetido à separação magné tica de alta intensidade O ferro livre rema nescente foi removido por lixiviação ácida com pH entre 30 e 40 obtido com o auxílio do uso de ácido sulfúrico sulfato de alumí nio e do agente redutor do ferro hidrossul fito de sódio O ferro solúvel em água foi removido do caulim durante a filtragem da polpa em filtros prensa pois o licor filtrado que passava pelas lonas do filtro carregava o ferro solúvel Essa operação proporcionou ganhos de alvura ISO entre 2 a 3 geran do produtos com alvuras finais entre 88 e 90 ISO Caulim da Região de Prado BA em função dos equipamentos disponíveis na empresa Monte Pascoal a melhor dispersão do cau lim bruto em polpa foi alcançada com o uso do dispersante hexametafosfato de só dio e de uma solução 50 de soda como agente regulador do pH Por ser um caulim primário a quantidade inicial de partículas 44 µm se mostrou bastante elevada De acordo com o local de lavra do caulim na 136 mina a fração passante foi classificada em ciclones de modo a gerar de 80 a 98 de produtos finos com granulometria 2 µm O produto mais fino 98 2µm não apresentou valores de alvura e viscosidade suficientes para uso na indústria de papel mesmo após diversas tentativas de sepa ração magnética delaminação e lixiviação ácida No entanto as características da for ma hexagonal e lamelar das suas partícu las permitiu que o produto proporcionasse uma excelente matériaprima para catalisa dores utilizados no refino de petróleo outra importante indústria consumidora de cau lim no Brasil Para os produtos mais grossos 8085 2 µm a separação magnética não propor cionou ganho significativo de alvura máxi mo de 1 ISO que justificasse o investi mento em equipamentos para esse tipo de processo A lixiviação ácida com ácido sul fúrico sulfato de alumínio e hidrossulfito de sódio gerou produtos com alvura entre 86 e 88 ISO e viscosidade adequados ao uso pela indústria de papel Benefícios do Projeto Os excelentes resultados obtidos pelo CETEM em escala piloto levaram ambas as empresas Grupo Mendes Júnior e Mineração de Caulim Monte Pascoal a investirem em seus projetos na escala industrial A Rio Capim Caulim empresa formada pelo Grupo Mendes Junior com outros inves tidores operava desde 1996 com mina em Ipixuna e usina de produção em Barcarena ambos no estado do Pará Os resultados da usina piloto do CETEM conduziram à ins talação de uma usina protótipo e poste riormente uma usina industrial localizada em Barcarena PA com uma capacidade instalada de 1 milhão de toneladasano O sucesso do empreendimento fez com que a empresa adquirisse em 2010 uma das suas concorrentes a Pará Pigmentos SA também em Barcarena aumentando sua capacidade anual de 1 para 2 milhões de toneladasano tornandose a maior empre sa de beneficiamento de caulim do mundo com 99 de sua produção destinada à in dústria de papéis especiais A Mineração de Caulim Monte Pascoal opera desde 1993 uma mina em Prado no extremo sul da Bahia Os trabalhos do CETEM foram iniciados por ocasião da ex ploração da jazida com orientação da amos tragem e posterior caracterização do caulim em amostras representativas da jazida Na sequência vieram os estudos para melhoria de processo em uma usina em Bicas MG para onde o caulim de Prado era transpor tado Por fim vieram os processos desen volvidos pelo CETEM na usina instalada na Bahia já em funcionamento em 1999 visando a obtenção de novos produtos ca talisadores e papel Podese dizer que essa empresa teve sua origem nos trabalhos do CETEM Seu principal produto é o caulim extrafino destinado à indústria de catali sadores para refino de petróleo mas tam bém na sua linha de produção apresenta produtos especiais utilizados na fabricação de borracha defensivos agrícolas e revesti mento de papel 137 Interesse da PETROBRAS em reduzir seus passivos ambientais catalisou colaboração interinstitucional para a remediação exsitu de solos tropicais contaminados por hidrocarbonetos de petróleo culminando com o desenvolvimento de um biorreator não convencional já testado na Refinaria Duque de Caxias RJ Biorreator para tratamento de solos contaminados por petróleo outubro1999 a março2011 Problema Desafio As atividades da indústria do petróleo envolvem considerá veis riscos de vazamentos e contaminação de solos águas subterrâneas e águas superficiais As diferentes tecnologias para a remediação de solos atualmente disponíveis no mer cado internacional são bastante limitadas em relação à sua aplicabilidade e eficiência nos casos de descontaminação de solos no Brasil Isso decorre das características tropicais dos solos do país solos intemperizados ricos em argilomi nerais pouco permeáveis e com alta capacidade de retenção de poluentes que dificultam a utilização de processos de tratamento convencionais O interesse específico da PETROBRAS em reduzir seus passivos ambientais catalisou a colaboração entre equipes de pesquisadores do CETEMMCTI do CENPESPETROBRAS e da EqUFRJ que vêm trabalhando no aperfeiçoamento da tecnologia para a remediação exsitu de solos tropicais con taminados por hidrocarbonetos de petróleo Tal tecnologia en volve a utilização de um biorreator piloto não convencional de fase sólida móvel e automatizado no interior do qual microrganismos originários do solo promovem reações de bio degradação em condições controladas que permitem o aba timento dos contaminantes e até mesmo a recuperação da qualidade do solo a ponto de tornar possível seu reuso 138 Responsável pelas Informações Andréa C de Lima Rizzo Equipe do Projeto CETEM Andréa C de Lima Rizzo Coordenação Técnica Ary Caldas Pinheiro Claudia Duarte da Cunha Danielle Reichwald Fabio Gonçalves dos Santos Grace Maria de Brito Jacinto Frangella Leonard Silva dos Santos Mario Cesar Pio Renata da Matta dos Santos Ronaldo Luiz Correa dos Santos PETROBRAS Adriana Ururahy Soriano Fernando Oliveira Frederico Lanza Monica Linhares Pedro Veltri Trindade EquFRJ Selma Gomes Ferreira Leite Estratégia de Desenvolvimento O trabalho tecnológico englobou 4 fases distintas de desenvol vimento i processo biológico de tratamento ii biorreator em escala de bancada 12 kg de capacidade iii redimen sionamento do biorreator para escala piloto 800 kg de capa cidade iv implantação do biorreator piloto para tratamento de solos contaminados na Unidade REDUC PETROBRAS Primeira Fase foi avaliada a viabilidade técnica do emprego de um processo biológico bem como foi realizada a caracteri zação de dois solos argilosos contaminados por hidrocarbone tos de petróleo de forma a indicar os graus de contaminação por compostos orgânicos e por metais Com vistas a avaliar a possibilidade de aplicação do tratamento biológico foram identificadas e quantificadas as populações microbianas bem como verificados os níveis de fertilidade dos solos e também as suas principais propriedades físicoquímicas granulome tria pH umidade e capacidade de campo Foram conduzi dos nessa mesma etapa testes preliminares de biotratabili dade a fim de se avaliar as respostas dos dois solos à técnica de bioestímulo Com base nessas respostas e nas propriedades físicoquímicas dos sistemas solocontaminante um dos solos foi selecionado para ser usado como solo modelo origem SP de modo a completar outra atividade do projeto buscan do o desenvolvimento e aplicação de um processo biológico Ainda nessa fase procedeuse ao isolamento e à identi ficação dos microrganismos originalmente presentes no solo modelo os quais apresentaram capacidade de degradar o óleo cru Adicionalmente novos testes de biotratabilidade foram conduzidos a fim de se identificar as condições que otimi zassem o tratamento antes que fosse iniciada a segunda fase do projeto a qual veio privilegiar o desenvolvimento de pro tótipos e a execução de experimentos de biorremediação em uma escala maior que a até então executada ensaios in vitro Segunda Fase foi feita a avaliação do desempenho em es cala de bancada de duas diferentes configurações de um biorreator não convencional A denominação não convencio nal foi proposta entendendo que não existiam até então no mercado nacional alternativas eficazes para o abatimento do passivo ambiental resultante da ocorrência de derrames de óleo e derivados em solos de natureza argilosa O resultado 139 Figura 1 Unidade de demonstração para biorremediação de solos principal dessa etapa consistiu na monta gem e operação de um protótipo de biorrea tor volume útil de 13 litros que demons trou a viabilidade do emprego de reatores de fase sólida para a remediação de solos con taminados com petróleo Adicionalmente foram estabelecidas as melhores faixas ope racionais das variáveis de processo capaci dade de carga taxa de aeração agitação teor de umidade pH relação CNP adição de surfatante adição de materiais estrutu rantes e ainda o emprego ou não de bioau mento as quais viabilizaram o tratamento do solo argiloso contaminado por óleo cru tanto em microcosmo quanto no protótipo de biorreator de bancada Os resultados obtidos nos ensaios realizados no protóti po indicaram reduções entre 13 e 61 nas concentrações iniciais de hidrocarbonetos totais de petróleo após 42 dias variando com a técnica adotada Terceira Fase referente à ampliação de es cala do biorreator os esforços foram focados no projeto e na construção de uma unidade de demonstração em escala piloto biorrea tor com volume útil de 800 litros Figura 1 para o tratamento de solos contaminados a fim de reduzir o consumo de insumos água nutrientes e energia e minimizar a geração 140 de efluentes eou de emissões atmosféri cas de modo a estar em perfeita consonân cia com os conceitos de sustentabilidade e ecoeficiência adotados pela PETROBRAS Destacamse dentre as principais etapas desenvolvidas ao longo dessa fase a avaliação do desempenho de configura ções alternativas para sistema eixoagitador com base no desenho desse mesmo sistema usado no primeiro protótipo de biorreator bem como a realização de ensaios comple mentares nesse primeiro protótipo empre gando ainda o solo modelo SP a seleção e coleta de uma amostra de outro solo contaminado SE com a consequente realização de ensaios de biodegradação ob jetivando confirmar a versatilidade do pro tótipo de biorreator desenvolvido foram constatadas reduções entre 11 a 14 nas concentrações iniciais de hidrocarbonetos totais de petróleo após 42 dias variando com a técnica adotada bioestímulo adição de material estruturante dentre outras o projeto a montagem a préoperação a operação e a avaliação de desempenho de uma unidade de demonstração em escala ampliada piloto Nessa etapa de ampliação de escala contouse com a experiência em prototipa gem da empresa Albrecht Equipamentos Industriais Ltda No primeiro teste realizado na unidade de demonstração com o solo de Sergipe e utilizandose a técnica de bioestí mulo associada à incorporação de material estruturante serragem foi verificada uma redução de 35 na concentração de hidro carbonetos totais de petróleo após 42 dias de processo quarta Fase englobou as etapas de pré operação e operação do sistema Figura 2 conduzidas na Refinaria Duque de Caxias REDUC respectivamente nos períodos de junho a setembro2009 e de abril2010 a março2011 Em março2011 a unidade de demonstração foi transferida da REDUC para o CETEM e o biorreator foi submetido a uma etapa de manutenção geral Nessa oca sião mais duas bateladas de ensaios foram conduzidos gerando dados complementa res para a validação da tecnologia propos ta Foram também realizados i um estudo de viabilidade técnica e econômica EVTE preliminar para confirmar a viabilidade ou não de implantação do biorreator em outras unidades operacionais da PETROBRAS e correlacionar a viabilidade com a escala do sistema em diferentes cenários regionais ii uma análise detalhada das potenciali dades e limitações da tecnologia proposta Tecnicamente vale destacar que o conjunto de resultados obtidos no total das 7 bateladas realizadas no biorreator piloto préoperação 1 operação 4 manuten ção 2 em condições distintas de opera ção tipo e grau de intemperização do con taminante e níveis variáveis de atividade microbiana permitiu estabelecer faixas de aplicação da tecnologia de tratamento bem como definir suas limitações Obtevese as sim um protocolo orientador simplificado e validado de tratamento de solos contamina dos no biorreator piloto A despeito da importância de se tratar solos devolvendo sua capacidade de supor te à vida ainda não há no país um nível de conscientização que estimule a prática do reuso como acontece por exemplo em pa íses como a Alemanha e Holanda nos quais essa prática se constitui em realidade lu crativa Assim tornase evidente que hoje 141 Figura 2 Implantação e operação do biorreator na REDUC no Brasil a recuperação de solos ainda não é sinônimo de receita realidade essa que impacta fortemente a viabilidade de aplica ção de tecnologias como a proposta neste projeto Considerandose o cenário atual em nosso país o tratamento de solos em bior reatores só se viabiliza economicamente em situações muito particulares nas quais a oferta de tecnologias é pequena e o merca do de tratamento de resíduos é pouco com petitivo ex estado do Amazonas Ainda há necessidade no entanto de realização de testes complementares no sistema de tratamento que aproximem a tecnologia proposta desse mercado para o qual sua aplicação se mostra mais viável Por esse motivo encontrase em andamento no pre sente momento uma análise do desempe nho do biorreator para diferentes cenários de contaminação contaminação recente ou antiga tipo de contaminante tipo de solo e de oferta tecnológica disponibilidade de tecnologias de tratamento distância do lo cal da contaminação dentre outras 142 Resultados Além do já mencionado cabe ressaltar como importantes resultados a validação da tecnologia de tratamento de solos contaminados em biorreator a implantação do equipamento pilo to móvel e automatizado em Unidade da PETROBRAS a disponibilização de tecnologia para a re dução dos resíduos acumulados indicador indispensável à obtenção da excelência na gestão de segurança meioambiente e saú de meta corporativa explicitada no Plano Estratégico da PETROBRAS 20072015 Este projeto gerou a patente PI 05020905A publicada em 2007 com o título Biorreator horizontal e processo de biorremediação de solos argilosos utilizando dito biorreator tendo a PETROBRAS como depositante e como inventores membros da equipe do projeto O trabalho foi também ganhador do Prêmio Inventor de 2006 concedido pela PETROBRAS O equipamento piloto especialmen te desenvolvido para o tratamento de solos tropicais comporta 800 kg de solo apre senta elevada eficiência de remoção de con taminantes quando comparado a outros sis temas biológicos de tratamento eficiência variável com o tipo de solo características e teor de contaminantes exige baixa incor poração de água 100 Lmês e reduzido consumo energético mensal 90 kWh Benefícios do Projeto O biorreator desenvolvido equipamento móvel e automatizado é um símbolo de inovação tecnológica pois representa uma alternativa tecnicamente adequada e eco nomicamente viável ao tratamento de solos tropicais contaminados por hidrocarbone tos de petróleo eou derivados resíduos de poluição Por suas características de fácil operação e mobilidade certamente poderá contribuir para a redução dos passivos am bientais da PETROBRAS O equipamento e a tecnologia poderão ser utilizados especialmente em áreas re motas em que a oferta de alternativas de remediação de solos é ainda mais limitada Destacase no entanto que a posterior uti lização do biorreator em escala industrial só poderá ser considerada mediante reali zação de estudo de viabilidade técnica e econômica EVTE seguida de processo de nova ampliação de escala Allegra Novo Milênio Novo Milênio 146 Parcerias entre órgãos governamentais e o setor privado viabilizaram o Plano Diretor para Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense com implantação dos sistemas de gestão ambiental em mineradoras de carvão e com treinamento de suas equipes técnicas não só induzindo modificações nos processos de beneficiamento mineral e disposição de resíduos mas ainda trazendo soluções inovadoras para a previsão prevenção e mitigação da geração de drenagem ácida de mina Recuperação ambiental de áreas mineradas tecnologia inovadora aplicada à indústria carbonífera janeiro2000 a dezembro2003 Problema Desafio A execução de projetos ambientais integrados para recupera ção de áreas mineradas é uma prática relativamente recente em todo o mundo Internacionalmente os projetos dessa natureza iniciaramse em maior escala na década de 60 Os primeiros trabalhos de recuperação no Brasil ocorreram em meados da década de 1970 Desde então e até final da década de 1980 a recuperação de áreas mineradas consistiu principalmente da recomposição paisagística e recuperação da cobertura vegetal A partir da década de 1990 ganhou expressão interna cional o conceito de que um projeto de recuperação ambien tal de áreas mineradas é uma tarefa multidisciplinar e deve incorporar necessariamente o aprimoramento dos métodos de planejamento de lavra beneficiamento mineral e disposi ção de rejeitos e estéreis muitas vezes implicando em uma mudança radical na maneira de planejar o empreendimento mineiro Apenas a partir do final dessa década foi definitiva mente reconhecida a importância de planejar implementar e revisar os projetos de recuperação de áreas mineradas ao longo de todo o ciclo de vida desde o planejamento até o fechamento do empreendimento mineiro No Brasil já foram dados os primeiros passos nesse sen tido mas há ainda um longo caminho a ser percorrido na im plantação de tecnologias para a mitigação das consequências ambientais das atividades da indústria mineral Entre essas consequências a drenagem ácida é uma das maiores enfren tadas pela indústria minerometalúrgica em diversas partes do mundo Ela ocorre em áreas nas quais o mineral a ser extraído 147 Responsáveis pelas Informações Paulo Sergio Moreira Soares CETEM Cleber José Baldoni Gomes SIECESC EquIPE DO PROJETO CETEM Flavia Maria de Fátima Nascimento Juliano Peres Barbosa in memoriam Laura de Simoni Borma Maria Dionísia Costa dos Santos Mario Valente Possa Paulo Sergio Moreira Soares Coordenação Técnica Roberto de Barros Emery Trindade Rose Mary Gondim Mendonça Vicente Paulo de Souza Zuleica Carmen Castilhos CPRM Antonio Silvio Jornada Krebs CANMET Errol van Huyssteen in memoriam SIECESC Cleber Jose Baldo Gomes Fernando Luiz Zancan Luiz Carlos Gomes Franca NASAuFRJ Gustavo Henrique de Sousa Araujo Josimar Ribeiro de Almeida Lais Alencar de Aguiar encontrase sob a forma de sulfetos ou quando sulfetos de fer ro estão presentes na rocha encaixante Os resíduos de minas estéreis e rejeitos provenientes do beneficiamento ricos em sulfetos de ferro ao ficarem expostos à penetração de água e ar oxidamse produzindo íons sulfato e acidez Dois aspectos assumem grande importância quando da avaliação dos impactos ambientais causados pela geração de drenagem ácida 1 o fato de que o impacto não fica restrito à área minerada influenciando através da contaminação dos cursos dágua superficiais e subterrâneos áreas circunvizi nhas ao empreendimento e 2 a reação química envolvida no processo é lenta o que implica que o fenômeno pode ocorrer durante anos mesmo depois de esgotado o depósito mineral Aliase a esses o fato de que a acidez e contaminação da água com metais dissolvidos inviabiliza seu uso para fins recreati vos agrícolas e de consumo A probabilidade de geração de drenagem ácida quando avaliada na fase de planejamento do empreendimento mi neiro permite melhor gerenciamento da disposição dos resí duos bem como a adoção de alternativas para a apropriada mitigação e controle Essas medidas além de minimizarem os impactos ambientais ao longo da vida útil da mina faci litam as operações de recuperação de áreas mineradas por ocasião do encerramento das atividades Mesmo após o início da geração de drenagem ácida é tecnicamente possível mini mizar seus efeitos e recuperar as áreas atingidas As soluções técnicas no entanto não são sempre de baixo custo ou de efeito imediato embora sejam possíveis se baseadas em um planejamento equilibrado que leve em conta o conhecimento técnicocientífico o estudo de experiências anteriores e as boas práticas de engenharia aliadas a um orçamento e cro nograma adequados Em resposta à demanda do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina SIECESC e em conjunto com o Canada Centre for Mineral and Energy Technology CANMET e o Núcleo de Análise de Sistemas Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro NASA UFRJ o CETEM desenvolveu trabalhos pioneiros no país que envolveram i elementos de diagnóstico ambiental ii pro posição de soluções de engenharia inovadoras e iii treina mento de equipes técnicas na recuperação ambiental de áreas mineradas onde ocorre a drenagem ácida de mina 148 Estratégia de Desenvolvimento O projeto foi conduzido em três fases a saber Fase 1 em parceria com o CANMET e a CPRM o CETEM desenvolveu o projeto conceitual para recuperação ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense que teve o caráter de um plano diretor As dez em presas de mineração então ativas no sul do estado de Santa Catarina operavam mais de vinte instalações de lavra e beneficia mento de carvão às margens dos rios das bacias do Araranguá Urussanga e Tubarão Como resultado foi elaborado um diagnóstico sobre o desempenho ambiental das instalações de mineração na região e apresentadas recomendações para melhorar esse desempenho Os documentos conten do informações e sugestões técnicas para a gestão das águas efluentes e rejeitos só lidos em cada uma das mineradoras foram produzidos ainda em 2000 Foram também realizadas sessões de treinamento técnico em Criciúma SC e no Rio de Janeiro RJ dirigidas aos profissio nais das empresas de mineração do DNPM e da CPRM com a presença de especialis tas canadenses e brasileiros Os temas tra tados foram entre outros a hidrogeologia para a mineração e a gestão ambiental em empreendimentos minerais Essa fase foi fundamental para as fases subsequentes da recuperação ambiental da região carbonífe ra sul catarinense Fase 2 iniciada em 2001 cada uma das dez empresas mineradoras escolheu uma de suas áreas para que fossem aprofunda dos os estudos de diagnóstico ambiental sugeridos na primeira fase Foram elabora dos pelo CETEM dez relatórios contendo recomendações técnicas específicas para cada empresa englobando além dos aspec tos ambientais sugestões para o aprimora mento do desempenho das instalações de beneficiamento de carvão Muitas dessas recomendações foram implantadas nas ins talações diagnosticadas Fase 3 o CETEM elaborou um projeto con ceitual para instalações envolvendo pro cessos convencionais e processos passivos de tratamento de efluentes da mineração e prestou assessoria às empresas minera doras de carvão da região no processo de implantação de sistemas de gestão ambien tal com base na norma ISO 14001 Como resultado todas as empresas carboníferas possuem atualmente certificação ambien tal que atende à norma ISO 14001 Resultados Foram estimuladas e exercitadas parcerias interinstitucionais entre órgãos governa mentais nacionais e internacionais e o setor privado Os trabalhos conjuntos além da implantação dos sistemas de gestão am biental com treinamento de equipes técni cas induziram transformações nas práticas dos processos de beneficiamento mineral e disposição de resíduos nas empresas da re gião carbonífera do sul catarinense Benefícios do Projeto Os trabalhos realizados pelo CETEM e insti tuições parceiras contribuíram para o aper feiçoamento do desempenho ambiental e de processos de beneficiamento mineral da indústria carbonífera nacional por meio da indicação e implantação de soluções técni cas inovadoras para a previsão prevenção e mitigação da geração de drenagem ácida de mina 149 A parceria com setor privado propi ciou ainda a transferência de tecnologia de ponta para recuperação ambiental de áre as mineradas e o treinamento de equipes técnicas de unidades mineiras influenciou positivamente nas práticas de gestão am biental e de processos da indústria mineral As atividades para recuperação am biental das áreas mineradas para carvão no estado de Santa Catarina já demonstra ram consequências positivas e certamen te trarão maiores frutos no futuro uma vez que está em curso a realização de um programa coordenado de ações conjuntas de maior envergadura envolvendo todas as partes interessadas É sem dúvida uma iniciativa multidimensional em que os as pectos técnicos e ambientais associamse fortemente aos econômicos e sociais A escolha das melhores alternativas técnicas deve levar em conta as necessi dades das empresas das agências ambien tais e reguladoras dos comitês gestores da Bacia Carbonífera e da comunidade cada qual com o papel que lhe cabe 150 Comunhão da síntese orgânica com a tecnologia mineral resultou na utilização de argilas naturais brasileiras como catalisadores eficazes e reutilizáveis em processos de transesterificação de derivados de carboidratos apresentando potencial aplicabilidade em reações com biodiesel Preparação de betacetoésteres superiores por transesterificação com argilas naturais reutilizáveis como catalisadores e álcoois setembro2000 a outubro2001 Problema Desafio A reação de transesterificação é um processo de transfor mação de um éster em outro éster catalisada por ácidos ou bases Vários catalisadores são relatados na literatura para esta reação como por exemplo dimetilaminopiridina trifla to de difenilamônio amberlist15 hexametilenotetramina Tendo em vista aspectos relativos à demanda ambiental atu al vários grupos iniciaram estudos com catalisadores sóli dos inorgânicos para reações orgânicas como por exemplo zeólitas óxidos metálicos e argilas Assim é grande o inte resse em muitas áreas da química orgânica por catalisadores eficientes de baixo custo não tóxicos utilizáveis em con dições reacionais brandas que sejam de fácil recuperação e reutilizáveis Estes catalisadores são ditos ambientalmen te recomendáveis como são por exemplo argilas modifica das como caolinitas montmorilonitas K10 alumina sílica e hidrocalcitas usadas como catalisadores em reações de transesterificação O desafio deste trabalho foi demonstrar que argilas naturais brasileiras podem ser utilizadas eficientemente para a reação de transesterificação de βcetoésteres com carboidratos Estratégia de Desenvolvimento Inicialmente preparouse os acetonídeos dos carboidratos 1 4 Fórmula Geral II Esquema 1 que foram obtidos di retamente a partir dos seus respectivos monossacarídeos por métodos já descritos na literatura 151 Responsável pelas Informações Fernando de Carvalho da Silva EquIPE DO PROJETO CETEM Roberto Cerrini Villas Bôas Coordenação Técnica Wilma de Carvalho Pereira uFF Fernando de Carvalho da Silva Renata de Souza Rianelli Vitor Francisco Ferreira Uma vez obtidos os alcoóis quirais derivados de carboi dratos 1 4 foram efetuadas as reações de transesterificação com os βcetoésteres etílicos Fórmula Geral I Esquema 1 Os acetonídeos foram dissolvidos em tolueno 20 mLg de acetonídeo e em seguida foram misturados com 15 equi valentes de βcetoésteres etílicos Fórmula Geral I Esquema 1 adicionandose ao meio a argila apropriada Esquema 2 Foram utilizados três tipos de argilas naturais das clas ses montmorilonita K10 esmectita atapulgita e vermiculita e o catalisador químico dimetilaminopiridina que se mos traram catalisadores eficientes e reutilizáveis em condições térmicas tolueno em refluxo Esquema 1 Obtenção dos carboidratos transesterificados Esquema 2 utilizado nas reações de transesterificação catalisadas por argilas 152 Tabela 1 Resultados obtidos nas reações de transesterificação Catalisador R5 1 R5 2 R5 3 R5 4 Esmectita R1CH3 76 R1Ph 89 R1CH3 93 98 95 R1Ph 91 R1CH3 73 R1Ph 72 R1CH3 50 R1Ph 78 Atapulgita R1CH3 86 R1Ph 82 R1CH3 99 98 99 R1Ph 87 R1CH3 93 R1Ph 75 R1CH3 50 R1Ph 80 Montmorilonita K10 R1CH3 86 R1CH3 50 R1CH3 36 DMAP R1CH3 86 R1Ph 89 R1CH3 99 R1Ph 30 R1CH3 62 R1Ph 47 R1CH3 81 R1Ph 22 Vermiculita R1CH3 98 R1Ph 82 R1CH3 93 98 94 R1Ph 98 R1CH3 93 R1Ph 76 R1CH3 51 R1Ph 82 O sistema foi aquecido por 48 horas e os rendimentos das reações variaram entre 22 e 98 Por fim após as reações foi efetuada filtração e o solvente foi evaporado sob pressão reduzida O óleo resultante foi purificado por cromatografia em coluna de silicagel do tipo flash eluindose com uma mistura de hexa noacetato de etila 91 como gradiente Cabe ressaltar que as argilas utilizadas neste trabalho têm sido alvo de diversas pesquisas tanto sob o ponto de vista das suas propriedades físico químicas como o de sua utilização como cata lisadores em reações de transferência de diazo Resultados Analisandose a Tabela 1 podese observar que a vermiculita e a atapulgita foram as ar gilas de melhor desempenho Em uma análi se geral podese dizer que a vermiculita foi a argila mais eficiente dentre as estudadas Isto pode ser explicado pela sua maior área superficial 11967 m2g em relação à es mectita com área superficial de 6888 m2g e à atapulgita com área superficial de 4930 m2g Adicionalmente as reações foram mais eficientes para álcoois primá rios do que secundários e seus rendimen tos químicos são dependentes da estrutu ra do carboidrato Devese ressaltar que as argilas foram reutilizadas nas diversas rea ções efetuadas mantendo sua eficiência Benefícios do Projeto A obtenção de βcetoésteres derivados de carboidratos via reações de transesterifica ção com álcoois derivados de acetonídeos de carboidratos promovidas por aquecimento convencional utilizandose argilas dos tipos esmectita atapulgita e vermiculita como ca talisadores mostrouse bastante eficiente e produziu os βcetoésteres em bons rendimen tos de até 98 Em outubro2001 foi deposi tado o pedido de patente junto ao INPI tendo sido concedida em 2013 a cartapatente PI 01103091 para o Processo de preparação de betacetoésteres superiores por transeste rificação com argilas naturais reusáveis como catalisadores e álcoois cujos inventores são os membros da equipe deste projeto Em continuidade o estudo dessas re ações com as argilas recuperadas e reuti lizáveis mostrouse bastante eficaz evi denciando que estes catalisadores são ambientalmente recomendáveis Tal meto dologia pode vir a ser interessante na transes terificação de biodiesel e triacilglicerídeos 153 Com custobenefício favorável foi testada e registrada pela primeira vez a imobilização de chumbo e outros metais pesados pela aplicação in situ de corretivos fosfatados em local altamente contaminado a noroeste da cidade de Jacksonville EUA Efeito da aplicação in situ de corretivos fosfatados na mobilidade e biodisponibilidade de metais pesados dezembro2000 a fevereiro2001 Problema Desafio A acumulação de metais pesados em solos e seu transporte através da matriz do solo resultando em contaminação da água subterrânea são ameaças potenciais à saúde humana Nesse âmbito biodisponibilidade e mobilidade constituemse em duas preocupações concorrentes porém distintas Dentre as tecnologias de remediação disponíveis para sítios conta minados a aplicação de corretivos fosfatados foi identificada como umas das técnicas potencialmente mais eficientes para remediação in situ por ter um custobenefício favorável Esses corretivos disponíveis em várias formas são am bientalmente amigáveis e simples de serem utilizados Os mecanismos envolvendo a imobilização de metais pesados pela aplicação de corretivos fosfatados são a complexação à superfície e a precipitação química decrescendo a lixiviação de metais pesados e a biodisponibilidade Estudos reporta dos na literatura demonstraram que a o Pb reage com o P em solução formando um mineral piromorfítico estável e por conseguinte a solubilidade do fosfato de rocha dita a sua pró pria eficiência em imobilizar o Pb inferindo um mecanismo de precipitação química b em adição a outras proprieda des físicoquímicas do sistema enquanto que a precipitação química depende de produtos de solubilidade a sorção de metais pesados envolve a adsorção que inclui complexação à superfície de esfera externa ou interna precipitação ou co precipitação à superfície e difusão intrapartícula ocorren do concorrentemente ou simultaneamente c no pH natural da rocha fosfática pH 87 a concentração de íons fosfato 154 Responsáveis pelas Informações e Equipe do Projeto CETEM Ricardo Melamed universidade da Flórida EuA Lena Q Ma em solução é baixa e a imobilização de Pb é relativamente lenta mas eficiente refletindo mecanismos de complexação à superfície e nucleação d em valores de pH baixos 37 a rocha fosfática dissolve e a imobilização de Pb é instantânea com formação de mineral piromorfítico e em valores de pH intermediário 57 a eficiência da rocha fosfática para imo bilizar Pb é relativamente mais baixa devido à transição entre precipitação química e complexação à superfície Embora já existisse bastante informação sobre os meca nismos e requisitos envolvidos na imobilização de metais pe sados utilizando corretivos fosfatados não se tinha registrada sua implementação in situ Financiado pelo Instituto de Pesquisa do Fosfato da Flórida EUA e conduzido em colaboração entre o CETEM e o Departamento de Ciência do Solo e ÁguaUniversidade da Flórida o trabalho teve como desafio avaliar a eficácia da apli cação de corretivos fosfatados in situ em sítio altamente contaminado com chumbo e outros metais pesados Estratégia de Desenvolvimento O sítio estudado com uma área de aproximadamente 4100 m2 localizavase a noroeste da cidade de Jacksonville num local topograficamente plano com um ligeiro escorrimento superficial de oeste para sudoeste Havia sido exposto à contaminação de Pb e outros metais pesados pela sua proximidade a um posto de gasolina nos anos 30 e por ter sido usado para reciclagem de baterias e descarte de óleo nos anos 40 Os níveis de Pb total eram elevados mas restritos à superfície enquanto que as análises da água subterrânea indicavam que o Pb não havia sido lixiviado O nível da água subterrânea variava entre 1 e 2 m abaixo da superfície devido a flutuações das chuvas e uma camada argilosa entre 2 e 4 m restringia o movimento vertical da água para o aquífero mais profundo O sítio era dominado por solo urbano sem estrutura Spodosolo arenoso silícico li geiramente alcalino com alta porcentagem de matéria orgânica e uma grande variabilidade na concentração de elementos na camada de 010 cm A caracterização mineralógica por difra ção de raios X revelou a presença de CaCO3 e PbCO3 cerussita na fração do solo mais grosseira 1000 µm o que se revelava consistente com sua alcalinidade A concentração total dos prin cipais poluentes excedia o nível 7500 mgkg regulamentado pela EPAEnvironmental Protection Agency EUA e os níveis 155 de TCLPPb Toxicity Characteristic Leaching Procedure que correspondem à biodisponi bilidade do chumbo estavam bem acima do nível máximo recomendado 5 mgL Os tratamentos foram estabelecidos nas zonas mais contaminadas do sítio em unidades circulares com aproximadamente 4 m2 de área Os corretivos fosfatados foram aplicados a cada unidade experimental a uma taxa solomassa de 15 PbP aproxi madamente 3000 mg Pkg solo para uma concentração média de 5080 mgkg solo com base em testes de laboratório Metade da quantidade de P foi aplicada na forma de H3PO4 a todas as unidades misturando o referido ácido a 25 L de água pulverizando a solução uniformemente na área e cobrindo com plástico para manutenção da umidade nas camadas superficiais Aproximadamente 37 dias após a primeira aplicação a se gunda metade do corretivo foi aplicada em 3 tratamentos na forma de H3PO4 em T1 na forma de CaH2PO4 em T2 e na forma de rocha fosfática a 5 misturada à profun didade de 20cm em T3 Poços de monitoramento MW1 MW2 e MW3 foram instalados no centro de cada unidade e outros poços MW 4 a MW 10 foram também instalados em pontos dife renciados no mesmo sítio Os poços con sistiam de tubos de PVC com 19 cm de di âmetro interno e 2 m de comprimento Dois poços já existiam no sítio desde 1998 As concentrações de Pb na superfície do solo quando da aplicação dos corretivos fosfatados são resumidas na Tabela 1 Tabela 1 Concentração de Pb na superfície do solo no local de controle e sob os poços de monitoramento Poços de Monitoramento Concentração de Chumbo mg de Pb kg de solo Controle T0 9635 MW1T1 4594 MW2T2 20628 MW3T3 5027 MW4 3314 MW5 3037 MW6 5483 MW7 6916 MW8 5842 Três amostras de solo foram coletadas com a utilização de uma sonda em 6 ca madas 010 1020 2030 3040 4060 e 6080 cm das 3 unidades tratadas e da unidade controle T0 Amostras de água subterrânea foram coletadas com uma bom ba de sucção de cada um dos 10 poços de monitoramento antes dia 0 a 7 15 30 37 120 210 330 dias após início da apli cação dos corretivos fosfatados A técnica de extração sequencial foi utilizada para ava liação do efeito dos corretivos fosfatados na distribuição de metais em várias fases tro cável carbonática óxidos de Fe orgânica e residual O fracionamento químico foi con duzido para compreensão dos mecanismos da aplicação dos corretivos e consequentes transformações no comportamento dos me tais pesados no solo O fracionamento ex trações em tubos centrífugos de 40 mL foi conduzido nas amostras coletadas de cada tratamento a 6 camadas aproximadamente 210 dias após aplicação dos corretivos 156 A TCLP estabelecida pela EPA em 1990 para determinar a mobilidade de fa ses orgânicas e inorgânicas de um dado me tal pesado em rejeitos multifásicos foi uti lizada para avaliar a eficiência do corretivo fosfatado na biodisponibilidade do chumbo Resultados As concentrações de chumbo após um ano à imposição dos tratamentos com fosfato eram mais elevadas na segunda camada de solo de 1020cm do que na primeira cama da e atingiram concentrações de 31 17 22 e 12 gkg de solo nos tratamentos T0 T1 T2 e T3 respectivamente Figura 1 Figura 1 Concentrações de Pb no perfil do solo no controle T0 e nos 3 tratamentos que receberam corretivos fosfatados T1 T2 e T3 tais como condições de oxiredução flutua ções na água subterrânea níveis mais baixos de CO3 em comparação à superfície e pos sivelmente os efeitos de sorçãodessorção de metais durante a lixiviação Os resultados do fracionamento quími co e dos testes de TCLPPb são mostrados nas Figuras 2 e 3 respectivamente A aplicação de corretivos fosfatados teve o impacto esperado no pH do solo arenoso com baixo poder tamponante Dentre todos os tratamentos T1 promoveu o maior decrés cimo no pH do solo à superfície enquanto o T3 promoveu o mínimo decréscimo A faixa de valores de pH à superfície do solo durante todo o período amostrado variou de 6570 em T0 a 4450 em T1 5055 em T2 e 55 57 em T3 Essas variações a camadas mais profundas foram atribuídas a vários fatores em adição às fontes de corretivos fosfatados Figura 2 Distribuição de Pb nos solos em diferentes profundidades Figura 3 TCLPPb nos solos em diferentes profundidades Os resultados indicaram que em T0 o chumbo estava principalmente associa do com a fração carbonato em todo o per fil do solo 5070 As imagens de MEV microscopia eletrônica de varredura e respectivos DEX dispersão de elétrons por raiosX de T0 na camada de 010 cm do 157 solo confirmaram a presença de cerussita À superfície todos os tratamentos com P foram capazes de modificar a partição de Pb da fase nãoresidualpotencialmente bio disponível para a fase residualindisponí vel Nesse âmbito a principal transforma ção foi o decréscimo do Pb associado com a fase carbonato até 40 enquanto que a fase residual foi acrescida de até 60 consistente com a estratégia planejada de dissolver a cerussita com ácido fosfórico permitindo assim a precipitação geoquími ca da piromorfita de acordo com as reações 1 e 2 já descritas na literatura PbCO3 H H2PO4 Pb2 H2PO4 HCO3 Equação 1 10 Pb2 6 H2PO4 HCO3 Pb10PO46CO3 13 H Equação 2 A microscopia e o mapeamento de ele mentos mostraram a presença de piromor fita e a associação de Pb e P na camada de 010 cm de solo em T3 A TCLPPb nessa camada ficou abaixo do nível regulamenta do pela EPA 5 mgL em todas as unidades experimentais tratadas com corretivos fos fatados Esses resultados foram de grande importância com respeito ao parâmetro bio disponibilidade pois a superfície do solo é a principal camada de contato com os ani mais e o homem O teor do chumbo associado aos óxidos de ferro e manganês foi reduzido em cerca de 10 na superfície com aplicação dos corre tivos fosfatados A redução de Pb nesta fase geoquímica pode ser atribuída à dessorção do metal da superfície oxidada como conse quência da redução no pH do sistema devido às adições de ácido fosfórico e devido à pre cipitação de P com o Pb solúvel equações 1 e 2 eou à formação direta de piromorfita via Pb adsorvido na superfície oxidada A eficiência dos corretivos na imobiliza ção de Pb decresceu à profundidade refleti do pela redução progressiva da fase residu al embora essa fase ficou ainda aumentada de até 20 à camada de 3040 cm em comparação com o controle Os níveis de Pb foram bastante superiores na camada de solo de 1020 cm em todos os tratamen tos Portanto o consumo de P à primeira camada parece ter suprimido a disponibi lidade de P para eficiência de imobilização continuada na segunda camada De fato os níveis de P eram mais altos à superfície do que na camada de 1020 cm Em con sonância com a distribuição de Pb no fra cionamento químico os níveis de TCLPPb aumentaram à camada de 1020 cm de solo das unidades tratadas No entanto o TCLP Pb das amostras coletadas em T2 permane ceram abaixo do nível regulamentar mesmo na segunda camada O Pb associado às fases trocável e óxi dos de FeMn aumentaram na camada mais profunda de solo Esse aumento correspon deu de 5 na superfície a 20 na última camada em todos os tratamentos O Pb as sociado aos óxidos de FeMn aumentaram de aproximadamente 15 na superfície a 30 na última camada enquanto que em T0 o Pb nessa fase na verdade foi aumen tado de aproximadamente 5 Em geral essas transformações poderiam ser resulta do do decréscimo do pH nas unidades tra tadas promovendo a lixiviação do Pb en quanto o P ficou retido pela complexação de esfera interna devido às diferenças de padrão de transporte entre Pb e P em baixo valor de pH e portanto baixa eficiência na imobilização de Pb em camadas inferiores Embora haja evidências para essa hipótese 158 a complexidade do sistema não permite comprovação definitiva da mesma basean dose nos dados de campo Os valores de pH da água subterrânea Tabela 2 indicam que o pH decresceu de 506 a 435 525 a 399 e de 477 a 434 no MW1 MW2 e MW3 respectivamente após 7 dias da aplicação do ácido fosfórico A importância do pH pode ser ilustrada pela distribuição de zinco no perfil de solo Figura 4 O Zn associado ao carbonato decresceu enquanto que o Zn trocável nas unidades tratadas aumentou T1T2T3 nas várias camadas de perfil do solo Este acréscimo no Zn trocável paralela a diminuição em pH na superfície do solo e de forma geral o pH da água subterrânea que também consubstancia o papel do decréscimo de pH na lixiviação de metais associado ao tratamento com ácido fosfórico Como resultado a análi se da água subterrânea mostra Tabela 3 Tabela 2 pH da água subterrânea nos 10 poços antes dia 0 e após aplicação dos fosfatos pH Poço Dias após tratamento 0 7 120 210 330 MW1T1 506 435 538 404 363 MW2T2 525 399 529 397 359 MW3T3 477 434 511 488 389 MW4 566 601 556 643 MW5 499 590 588 572 568 MW6 605 591 627 555 MW7 619 658 672 658 64 MW8 569 462 565 555 501 MW9 534 500 608 562 588 MW10 596 581 595 618 57 Figura 4 Distribuição de Zn nos solos tratados com rochas fosfáticas em diferentes profundidades concentrações de Zn e Cd mais elevadas em MW1T1 do que em MW2T2 e do que em MW3T3 enquanto que a concentração de metais nos outros poços são relativamente baixas exceto em MW8 e MW4 As flutua ções observadas na concentração de Cd Cu e Zn Tabela 3 e Pb Tabela 4 foram para lelas em geral às flutuações de pH A flutuação em metais pesados duran te o período amostrado foi também obser vada no poços MW4 e MW8 com altos níveis 159 Tabela 3 Concentrações de Cd Cu e Zn na água subterrânea nos poços de monitoramento Dia 0 aplicação de ácido fosfórico e Dia 37 aplicação dos outros fosfatos Poço Cd μgL Cu mgL Zn mgL Dias após aplicação 0 7 22 37 44 127 217 0 7 330 0 7 330 MW1T1 442 480 250 150 120 53 900 01 10 11 09 12 36 MW2T2 211 202 40 200 10 12 320 04 11 23 06 10 15 MW3T3 261 287 250 480 350 117 47 03 13 19 12 09 16 MW4 08 340 450 700 01 109 nd 00 01 nd 04 07 MW5 02 15 03 16 01 02 01 03 02 03 MW6 03 01 04 nd 00 00 nd 01 02 MW7 06 01 00 01 01 00 00 01 00 01 MW8 14 390 362 264 36 60 07 29 39 25 MW9 29 26 50 47 02 02 00 04 08 06 MW10 08 52 05 35 01 02 02 04 04 09 Tabela 4 Concentração de Pb na água subterrânea nos poços de monitoramento Dia 0 aplicação de ácido fosfórico e dia 37 aplicação dos outros fosfatos Poço Pb μgL Dias após aplicação 0 7 22 37 44 127 217 330 MW1T1 459 440 2300 100 300 116 354 111 MW2T2 441 576 1550 200 250 76 284 394 MW3T3 223 415 2500 1200 600 269 213 489 MW4 13 300 600 500 28 40 17 MW5 10 05 54 64 MW6 06 130 106 MW7 02 03 30 MW8 291 248 27 144 168 MW9 46 07 19 53 25 MW10 22 16 149 02 160 de Pb e de Cd Essa alta concentração de metais pesados nos poços que não recebe ram corretivos pode estar associada ao fluxo de água subterrânea pois esses poços es tão localizados numa declividade próxima às unidades tratadas ou à alta concentra ção de metais pesados nos solos onde esses poços estão localizados Portanto embora os dados acima sejam bastante sugestivos sobre a indução dos corretivos com P em lixiviar metais pesados dados de monitora mento por um período mais longo antes da aplicação dos corretivos seriam necessários para conclusões mais definitivas especial mente porque os tratamentos foram impos tos nas zonas mais contaminadas do sítio Benefícios do Projeto No sítio estudado altamente contaminado os corretivos fosfatados foram eficazes em transformar Pb biodisponível numa forma indisponível Embora o H3PO4 tenha sido necessário para catalisar a dissolução de cerussita que é semiestável tornando o Pb disponível para reações de imobilização com produção de piromorfita seu uso deve ser sempre racionalizado devido ao efeito no pH do solo e da água subterrânea e na lixiviação de metais pesados Uma mistura de H3PO4 e fosfato de cálcio ou rocha fosfá tica produziram ótimos resultados quanto à imobilização minimizando os decréscimos em pH A eficiência da aplicação in situ de corretivos fosfatados para imobilização de metais pesados depende primeiramente da natureza e extensão da contaminação e ao tipo de solo O tipo de corretivo fosfatado e a taxa de aplicação e o manejo apropria do de aplicação requerem uma escolha cui dadosa Estudos preliminares no laboratório são de suma importância para avaliação dos mecanismos envolvidos e para estabelecer a eficiência dos tratamentos Ressaltase aqui o favorável custobenefício da aplicação de tecnologias de imobilização in situ e a im portância de se distinguir biodisponibilida de de transporte A melhor tecnologia deve contemplar ambos 161 Viabilidade técnica e econômica de processo hidrometalúrgico com lixiviação sequencial comprovam agregação de valor ao resíduo industrial mediante o coprocessamento da escória obtenção de produtos de alta pureza e ainda recuperação de nióbio e redução do passivo ambiental Coprocessamento do resíduo da produção da liga ferronióbio pela CBMM janeiro2002 a fevereiro2003 Problema Desafio Desde a década de 1990 os preceitos de sustentabilidade es tão sendo cada vez mais aplicados pelas indústrias extrativas mineiras numa busca contínua de melhoria dos seus resul tados quanto à preservação da integridade das comunidades vizinhas e à minimização dos impactos ao meio ambiente Foi nessa sintonia que a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração CBMM contratou o CETEM para avaliar preliminarmente a viabilidade técnica e depois de senvolver em escala de bancada o reaproveitamento eou destinação alternativa de um resíduo industrial decorrente da produção da liga ferronióbio Dessa forma buscarseia reduzir o passivo ambiental diminuindo a demanda pela instalação de novos aterros in dustriais controlados identificando oportunidades para o re aproveitamento de alguns dos elementos que compunham esse resíduo industrial Estratégia de Desenvolvimento Uma vez fornecida pela empresa uma amostra do resíduo dita como representativa o material foi submetido a um con junto de ensaios exploratórios de britagem cominuição e li xiviação concomitantemente com uma etapa de caracteri zação físicoquímica Foi determinada a composição química global da amostra identificada como sendo uma alíquota da escória resultante do processo aluminotérmico da produção da liga ferronióbio Como compostos principais em termos de óxidos foi identificada a 162 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Byron Rosemberg Francisco LapidoLoureiro in memoriam Luis Gonzaga Santos Sobral Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica presença de cerca de 55 de Al2O3 10 de CaO e BaO mas também teores da ordem de 4 para TiO2 20 para Nb2O5 e ainda 45 de óxidos totais de terras raras OTR enquanto o teor de ThO2 e de U3O8 correspondia respectivamente a cerca de 26 e 014 Os resultados de análises instrumentais usan do as técnicas de MEVEDS e DRX realizadas em diferentes faixas granulométricas não mostraram diferenças significativas da composição química acima mencionada Em seguida à caracterização física e química da escória foram executados os testes exploratórios em duplicata de li xiviação isolada usando ácido clorídrico e hidróxido de sódio Foi testada uma rota de lixiviação sequencial empregando NaOH HCl e HNO3 como agentes de solubilização Os me lhores resultados de solubilização foram obtidos com a lixi viação sequencial alcalina NaOH ácida HCl A partir des ses resultados foi possível perceber que embora as amostras fossem homogêneas quanto à composição química do ponto de vista textural apresentavam algumas diferenças as quais foram relevantes para a continuidade da pesquisa A meto dologia utilizada para os ensaios sistemáticos de lixiviação sequencial está ilustrada no diagrama de blocos Figura 1 Figura 1 Diagrama de blocos para os ensaios sistemáticos de lixiviação sequencial Significado das Siglas MEV microscopia eletrônica de varredura DRX difração de raiosx AQ análise química por absorção atômica com plasma induzido acoplado 163 A amostra foi cominuída resultando numa distribuição de materiais particulados de tamanhos variando entre 149 e 38 µm A concentração alcalina de NaOH foi ajustada para 1 e 2 moldm3 A relação massa de escóriavolume de solução alcalina corres pondeu a 200 kgm3 enquanto o tempo de reação foi estipulado em 8 horas A veloci dade de agitação foi mantida constante em 200 rpm A temperatura dos ensaios corres pondeu à do ambiente 20 a 26oC Uma nova amostra foi enviada ao CETEM tendo sido submetida à outra eta pa de caracterização Foi constatado en tão que a nova amostra de escória usa da nos testes sistemáticos tinha um grau de cristalinidade significativamente menos acentuado do que a da amostra usada nos testes exploratórios Uma nova análise quí mica foi efetuada confirmando que a com posição ficou praticamente inalterada em relação à amostra inicialmente recebida As amostras dessa nova remessa foram mais friáveis facilitando as etapas de bri tagem e cominuição Essa diferença textu ral e de cristalinidade favoreceu da mesma forma as etapas de lixiviação sequencial aumentando portanto a solubilização do alumínio e demais componentes da escó ria Esses ganhos podem ser observados na Tabela abaixo quando fica evidente o au mento da extração do alumínio em termos de solubilização usando a amostra de me nor cristalinidade 164 Resultados Os testes sistemáticos permitiram concluir que o uso de um processo hidrometalúrgico baseado na lixiviação sequencial usando NaOH a 2 moldm3 e HCl a 6 moldm3 é capaz de solubilizar significativamente a escória do processo aluminotérmico sem que seja necessário usar fonte adicional de energia para que a reação se efetive desde que as partículas estejam preferencialmen te numa faixa entre 149 e 38 µm o processo permitiu a solubilização pre ferencial de alumínio entre 90 e 95 en quanto a solubilização dos demais elemen tos de interesse correspondeu a cerca de 80 para urânio tório e terras raras o alumínio que representa em torno de 55 de massa na escória pode ser recupe rado após a primeira etapa de lixiviação sob a forma de AlOH3 mediante ajuste de pH os demais elementos podem ser recupera dos após a segunda etapa de solubilização preferencialmente tório e urânio por meio de ajuste de pH enquanto as terras raras podem ser recuperadas por precipitação com ácido oxálico estudos preliminares de viabilidade eco nômica mostraram haver possibilidade de agregação de valor ao resíduo mediante o coprocessamento da escória possibilitando a obtenção de AlOH3 de pureza controla da min 95 assim como de uma mistura de oxalatos eou óxidos de terras raras de pureza acima de 90 e ainda a recupe ração de nióbio e da liga ferronióbio que podem retornar ao processo de redução foi confirmada a possibilidade de diminuir a massa e o volume dos resíduos estoca dos diminuindo os custos relacionados com a manutenção e construção dos depósitos controlados Benefícios do Projeto Foi demonstrada a viabilidade técnica e econômica de reaproveitamento do resíduo anteriormente disposto em aterro controla do da empresa havendo ainda um indica tivo de que seria possível agregarlhe valor mediante o seu coprocessamento 165 Problema Desafio Alguns países como o Brasil que dispõem de importantes recursos de rochas para fins ornamentais e de revestimento enfrentam sérios problemas com os resíduos provenientes da sua extração e do seu beneficiamento As Figuras 1 e 2 ilus tram o processo de corte de blocos de rochas ornamentais por meio de tear convencional e com multifios respectivamente Em ambos os casos há geração de resíduos finos da ordem de 30 a 40 em massa que podem contaminar diretamente cursos de água poluir visualmente o ambiente e acarretar do enças na população tornandose um desafio estudar métodos de aproveitamento desses resíduos Em alguns casos além dos finos de rocha moída essa lama contém cal e granalha adicionadas ao processo de corte dificultando ainda mais o aproveitamento dos resíduos No que tange especificamente à etapa de serragem de rochas ornamentais em Santo Antônio de Pádua RJ não se observou a utilização de cal nem de granalha uma vez que eram utilizados equipamentos de talhabloco com dis co diamantado o que facilitaria o estudo de aplicação dos resíduos finos Nas serrarias dessa localidade havia entre tanto uma quantidade significativa de resíduos grosseiros gerados pela quebra das peças durante o corte Figura 3 que se acumulam no entorno das serrarias e resíduos finos que apareciam na forma de lama durante o corte e o beneficia mento das rochas Essa lama após a evaporação da água resultava em um pó que se espalhava podendo contaminar o ar e os recursos hídricos sendo em alguns casos canalizada Aplicação de resíduos de rochas ornamentais na geração de pavimentos asfálticos janeiro2002 a dezembro2006 Solução ambiental inteligente com a utilização dos resíduos grossos e finos oriundos da lavra e do beneficiamento das rochas gnássicas da região de Santo Antônio de Pádua RJ como agregados minerais alternativos na geração de pavimentos asfálticos a estrada entre as cidades de Pádua e Pirapitinga foi asfaltada utilizando 100 dos resíduos de rochas da região 166 diretamente para os rios e lagos No entanto após inter venções do CETEM para instalação de tanques de decanta ção dimensionados durante o desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local daquela localidade os resíduos passaram a ser estocados nas serrarias e posteriormente encaminhados a aterros eou empresas que consomem tais resíduos ex para fabricação de argamassas e a água recircula no pro cesso A Figura 4 mostra que a quantidade de lama gerada durante o corte em uma serraria em poucos meses já ultra passava a altura do muro da casa ao fundo Responsável pelas Informações Roberto Carlos da Conceição Ribeiro EquIPE DO PROJETO CETEM Antonietta Middea Antonio Rodrigues de Campos Julio Cesar Guedes Correia Leonardo Ferreira Mendes Roberto Carlos da Conceição Ribeiro Coordenação Técnica CENPESPETROBRAS Leni Figueiredo Matias Leite EquFRJ Peter Rudolf Seidl Figura 2 Detalhamento do corte com multifio Figura 1 Corte em tear convencional 167 Não lançar os resíduos no meio am biente não significava o fim dos problemas pois os mesmos continuavam a se empilhar nas pedreiras serrarias e aterros tornando se necessária a realização de estudos para a sua aplicação Já era sabido que o setor de pavimentação consumia toneladas de agre gados minerais a cada quilômetro constru ído Nesse contexto o CETEM iniciou um detalhado estudo para verificação da possi bilidade de utilização dos resíduos grossos e finos como agregados minerais alternativos na confecção de um pavimento asfáltico Estratégia de Desenvolvimento O aproveitamento dos resíduos de rochas para aplicação em pavimentação foi dividi do em duas etapas Primeira Etapa foram visitadas várias ser rarias de Santo Antônio de Pádua RJ para coleta de amostras de resíduos Em sequên cia esses resíduos foram caracterizados por meio de ensaios preconizados pelo setor de pavimentação incluindo determinações de densidade absorção de água porosidade massa específica distribuição granulomé trica índice de forma e abrasão Los Angeles Figura 3 Descarte de resíduos grossos Figura 4 Descarte de lama abrasiva Segunda Etapa foram realizados estudos de interação físicoquímica entre o ligante as fáltico e o resíduo de rochas bem como todo o processo de engenharia para geração do pa vimento dentro das especificações estabele cidas pelo antigo Departamento de Estradas e Rodagem DEER Foi desenvolvida uma metodologia alternativa objeto de um pedi do de patente para avaliação precisa rápida e de baixo custo da interação entre o ligante asfáltico e cada mineral do agregado Podem ser destacadas como principais fases desta etapa as seguintes determinações do teor ótimo de resíduo a ser empregado no pavimento da quantidade de resíduo a ser usado nas camadas de leito e subleito da resistência mecânica do pavimento Para avaliar a resistência mecânica an tes do preparo de uma estrada experimental foram gerados 150 corpos de prova précon feccionados que foram divididos em 3 lotes O primeiro lote de 50 corpos de prova foi avaliado quanto à resistência à compressão diametral sem nenhum tipo de condiciona mento Os outros dois lotes com 50 corpos 168 de prova cada foram sujeitos a um processo de condicionamento especificado no méto do AASHTO T 28389 simulando a ação do intemperismo nos corpos de prova Para tal os corpos de prova imersos em água foram submetidos a uma pressão de vácuo de 254 cm a 66 cm de coluna de mercúrio por um período de cinco a dez minutos para aumento do grau de saturação O corpo de prova saturado foi revestido com filme plás tico e colocado em sacos plásticos contendo aproximadamente 10 mL de água As amostras foram resfriadas à tem peratura de 18 3ºC por 16 horas Em seguida foram retiradas da refrigeração sendo uma analisada imediatamente quan to à resistência à tração por compressão diametral A outra amostra após o perío do de congelamento foi imersa em banho à temperatura de 60 1ºC por 24 horas posteriormente foi removida para outro ba nho com temperatura de 25 05ºC por um período de 2 01 horas e então submetida ao ensaio de resistência à tração por com pressão diametral O resultado de cada ensaio de resis tência mecânica expresso em percentual corresponde à relação entre a média dos valores de resistência à tração dos corpos de prova submetidos previamente ao condi cionamento RC e a resistência dos corpos de prova sem condicionamento RSC con forme a equação Razão de Resistência RCRSC x 100 Valores maiores ou iguais a 80 são consi derados adequados para pavimentação Resultados A colaboração entre o CETEM a EqUFRJ e o CENPES permitiu o desenvolvimento do trabalho visando encontrar a melhor solu ção para aplicar o processo de pavimenta ção utilizando resíduos de rochas em uma estrada de grande circulação O gráfico Figura 5 expressa o processo de adsorção de cinco diferentes ligantes asfálticos oriun dos de refinarias brasileiras na superfície do resíduo de rocha de Santo Antônio de Pádua e mostra que o aumento da concentração do ligante gera um aumento de adsorção até se atingir um ponto de saturação da superfície mineral Utilizandose essa metodologia foi possível selecionar os ligantes A e C como os de melhor interação com o resíduo sen do os mais indicados para a pavimentação Figura 5 Adsorção de diferentes ligantes asfálticos na superfície do resíduo de rocha 169 Além disso observouse que a adsorção dos ligantes ocorria preferencialmente na super fície de feldspatos do que na de quartzos quando esse mesmo ensaio foi aplicado a esses minerais isolados do resíduo Foram obtidos os seguintes valores de resistência à tração do pavimento ge rado com o resíduo de rochas e cada um dos 5 ligantes A 11446 B 6949 C 10464 D 7454 E 7130 Esses dados comprovaram os resultados da adsorção indicando também os ligantes A e C como os de maior resistência mecânica Estava confirmada a potencialidade téc nica de aplicação dos resíduos oriundos da lavra e do beneficiamento das rochas gnás sicas da região de Santo Antônio de Pádua para pavimentação uma vez que o processo de interação entre os feldspatos presentes nos resíduos de rochas e os ligantes asfál ticos era eficaz e estava diretamente rela cionado com a elevada resistência mecânica do pavimento Foi selecionada como piloto a estrada que liga as cidades de Pádua e Pirapitinga a qual foi asfaltada utilizando 100 dos resíduos de rochas da região Benefícios do Projeto Houve a diminuição do impacto ambiental causado pelos resíduos de rochas e a ge ração de pavimentos asfálticos de elevada qualidade técnica contendo os resíduos como agregados e permitindo a melhoria das estradas e das condições de transporte na região de Santo Antônio de Pádua Em 03122003 foram depositados pelo CETEM dois pedidos de privilégio de in venção junto ao INPI tendo como autoresin ventores os membros da equipe deste projeto PI 03054578 cartapatente concedida em junho2013 Processo para avaliar a adsorção de asfaltenos maltenos e cimen tos asfálticos em superfícies minerais na formação do asfalto PI03054560 cartapatente concedida em fevereiro2013 Processo de utiliza ção de finos de granito na composição do asfalto Além disso o projeto gerou uma dis sertação de mestrado intitulada Estudo da interação asfaltobrita e uma tese de doutorado intitulada Relação da interação asfaltobrita e a resistência mecânica do pa vimento ambas com orientação em parce ria entre a Escola de química da UFRJ e o CETEM 170 Especiação de nitrogênio em rocha reservatório de petróleo empregando ultrassom e cromatografia de íons Fase I fevereiro2002 a agosto2004 Fase II fevereiro2006 a junho2008 Desenvolvimento de novos métodos analíticos mais rápidos sensíveis e precisos atenderam à demanda da PETROBRAS para quantificar nitrogênio total e suas espécies em rochas sedimentares e em solos visto que danos causados aos reservatórios nos processos de recuperação de petróleo por injeção de água do mar poderão ser evitados com a elucidação de mecanismos de reação entre os metabólitos produzidos pelas bactérias redutoras de sulfato e os nutrientes presentes na rocha Problema Desafio O nitrogênio é um elemento essencial para a vida e está presente em solos e rochas sob diferentes formas quais sejam NH3 NH4 NOx ou ligado quimicamente a moléculas orgânicas ou inorgâni cas As espécies envolvidas no equilíbrio dependem de inúmeros fatores que regulam o ciclo biológico do nitrogênio A determina ção dessas espécies presentes em solos é utilizada em estudos de fertilidade enquanto que em rochas tem muitas aplicações em estudos geoquímicos especialmente na indústria petrolífera Altas concentrações de amônio fixo NH4 fixo em rochas sedimentares podem ser indicadores de geração de óleo de vido à migração de NH4 dissolvido proveniente de reações com a matéria orgânica e sua incorporação nas estruturas dos mi nerais argilosos dos arenitos A determinação da concentração de nitrato NO3 em águas associadas aos petróleos água de formação é também importante para elucidar mecanis mos de reação entre os metabólitos produzidos pelas bacté rias redutoras de sulfato BRS e os componentes das rochas de reservatórios petrolíferos Os nitratos podem ser utilizados como aceptores de elétrons por algumas dessas bactérias O crescimento bacteriano descontrolado pode acarretar efeitos negativos tais como a produção de gás sulfídrico H2S gerado pela redução do sulfato SO4 2 presente na água de injeção em processos de recuperação de petróleo biocorrosão e en tupimento dos poros da rocha reservatório com consequente diminuição da produção de óleo eou gás Os métodos mais utilizados para a determinação de nitro gênio total Ntotal são Kjeldahl TKN uma técnica de oxidação 171 Responsável pelas Informações Maria Inês Couto Monteiro EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Lílian Irene Dias da Silva Manuel Castro Carneiro Maria Inês Couto Monteiro Coordenação Técnica IBqMuFRJ Delmo Santiago Vaitsman Fernanda Veronesi Marinho Pontes úmida e Dumas uma técnica de oxidação seca combustão O método TKN consiste de duas etapas i digestão da amos tra para converter Norgânico NO3 e NO2 a íon amônio NH4 e ii determinação de NH4 obtido em meio ácido após desti lação da amônia NH3 com arraste de vapor A amônia é obti da por alcalinização do digerido com KOH O método Kjeldahl é simples menos dispendioso e mais sensível que o método de Dumas entretanto ele é um método demorado Também quando a determinação de amônio NH4 é realizada por colori metria apresenta altos coeficientes de variação quando as con centrações de nitrogênio são 25 µg g1 O método de Dumas é adequado para a determinação de nitrogênio em solos somente em concentrações maiores que 200 µg g1 A determinação dos íons inorgânicos trocáveis de nitrogênio NH4 trocável NO3 NO2 geralmente é realizada em três etapas extração dos íons em fase aquosa seguida de destilação com arraste de vapor e fi nalmente determinação de NH4 Na destilação a conversão de todas as espécies trocáveis de nitrogênio em NH3 é realizada em presença de MgO liga de Devarda quando as espécies trocá veis são individualmente determinadas MgO e liga de Devarda são adicionados sequencialmente para a quantificação de NH4 e NO3 NO2 Os métodos mais utilizados para a determina ção de NH4 fixo baseiamse em um prétratamento da amostra com KOH e aquecimento seguido da extração de NH4 fixo com HF destilação e finalmente determinação do íon NH4 O método colorimétrico normalmente empregado para a determinação de traços de amônio é baseado na formação de um composto azul intenso de indofenol reação de Berthelot resultante da sua reação com um composto fenólico na pre sença de um agente oxidante e de um catalisador Entretanto esse método apresenta inúmeras desvantagens i o uso de um reagente carcinogênico fenol ii a precisão é raramente melhor que cerca de 10 em concentrações micromolares e iii as medidas do branco são tipicamente altas e apresen tam grandes variações devido à contaminação causada pelos vapores da capela de exaustão da ventilação do laboratório e também da água da torneira que alimenta a caldeira do sistema de destilação com arraste de vapor Com o objetivo de quantificar nitrogênio total e suas es pécies em rochas sedimentares arenitos utilizando métodos mais rápidos sensíveis e precisos a Fase I deste trabalho foi executada no âmbito do projeto intitulado Desenvolvimento e 172 implantação de metodologias para subsidiar projetos na área de ecologia de reservató rios no período de fevereiro2002 a agos to2004 aprovado pelo Fundo CTPETRO com o patrocínio da PETROBRAS e FINEP A Fase II foi desenvolvida como projeto de uma tese de Doutorado em parceria com o Instituto de química da UFRJ Estratégia de Desenvolvimento Na Fase I foram modificados vários parâme tros experimentais envolvidos nos procedi mentos de destilação com arraste de vapor colorimetriaindofenol e extração de nitrogê nio trocável utilizando agitação mecânica da amostra com um extrator A água da torneira que alimentava o banho termostatizado aco plado ao destilador foi substituída por água purificada para evitar contaminação na de terminação de NH4 Na determinação de NH4 fixo foi utilizado um tubo de destilação de polipropileno para evitar ataque do vidro pelos extratos de HF Nas destilações sequen ciais de NH4 e NO3 NO2 foi utilizado um tubo de destilação modificado de vidro com um volume maior 300 mL que o ori ginal 100 mL e com uma válvula especial para manter o sistema de destilação sempre fechado durante a adição da liga de Devarda Para a extração das espécies trocáveis de nitrogênio foram primeiramente testados três tempos de agitação mecânica t zero t 30 min e t 1 h utilizando uma solu ção 02 mol L1 de KCl Com uma agitação de 30 minutos foram otimizados os parâmetros concentração do extrator 02 e 04 mol L1 e tipo de extrator KCl ou NaCl na concentra ção de 04 mol L1 Na Fase II foram modificados vários procedimentos O método convencional de destilação foi substituído por um sistema de arraste imerso em um banho ultrassônico construído no CETEM para a determinação de nitrogênio total e NH4 fixo Além disso a extração das espécies trocáveis de nitrogê nio NH4 trocável NO3 NO2 utilizando agitação mecânica da amostra com solução de KCl foi substituída por uma extração assistida por ultrassom utilizando solução extratora de ácido acético pH 40 A de terminação colorimétrica método do indo fenol de NH4 foi substituída por um méto do de cromatografia de íons CI Resultados A Tabela 1 apresenta os resultados das con centrações das espécies de nitrogênio deter minadas pelos procedimentos estabelecidos na Fase II em um MRC material de refe rência certificado NCS DC 73321 de solo e em uma amostra de arenito de reservatório petrolífero Todos os resultados foram seme lhantes àqueles obtidos pelos procedimentos convencionais teste t de Student 95 de confiabilidade Apesar das concentrações de Ntotal no arenito e no MRC serem seme lhantes a concentração de NNH4 fixo e a re lação NNH4 fixoNtotal no arenito foram 34 a 36 vezes maiores que no MRC indicando que os processos geológicos envolvidos na formação destes materiais foram diferentes A análise de difração de raiosX da amostra de arenito Figura 1 demonstrou a presença de alguns minerais como muscovita illita e microclínio sugerindo que estas estruturas poderiam ser as responsáveis pela fixação de NH4 na matriz da rocha sedimentar através da troca catiônica com o K no processo de diagênese Os resultados obtidos e métodos pro postos na Fase I foram publicados no pe riódico Química Nova v 29 nº1 2006 p 4651 enquanto que aqueles obtidos na Fase II foram publicados em três periódicos 173 Tabela 1 Concentrações de nitrogênio total e de suas três espécies Amostras e Métodos Arenito MRC Concentrações em µg g1 Métodos Métodos Proposto Convencional Proposto Convencional Ntotal 624 11 647 13 663 34 626 21 Ntrocável total 321 19 294 16 242 04 238 39 NNH4 fixo 365 9 378 14 104 5 107 2 Norgânico 227 18 240 19 535 34 495 21 Relação NNH4 fixo Ntotal 58 58 16 17 MRC material de referência certificado NCS DC 73321 internacionais Analytica Chimica Acta v 632 2009 p 284288 Journal of the Brazilian Chemical Society v 21 nº6 2010 p 11261128 e Chemical Speciation and Bioavailability v 24 nº4 2012 p227233 Benefícios do Projeto Na Fase I as modificações dos parâmetros experimentais resultaram em um aumento na segurança do analista redução no tempo de análise diminuição de 73 no valor do branco e uma análise sem perda de NH3 Foi obtida uma boa precisão desvios pa drão relativos 8 n 3 e melhor limite de detecção 9 µg g1 NNH4 que aquele encontrado na literatura 25 µg g1 N Na Fase II os métodos propostos apre sentaram inúmeras vantagens quando com parados com os métodos convencionais utilização de massas menores de amostra e reagentes etapas menos laboriosas limites de detecção menores e ausência de reagen tes carcinogênicos O limite de detecção ob tido para a determinação de nitrogênio total foi de 9 μg g1 idêntico àquele obtido na Fase I do projeto Para as espécies de ni trogênio trocável NNO3 NNO2 NNH4 e nitrogênio fixo NNH4 fixo os limites de detecção foram de 006 008 13 e 34 µg g1 respectivamente Os novos métodos desenvolvidos pode rão ser utilizados para a especiação de ni trogênio tanto em rochas como em solos Na indústria petrolífera eles poderão ser empregados na exploração e produção de petróleo Os danos causados aos reservató rios nos processos de recuperação de pe tróleo por injeção de água do mar poderão ser evitados ou diminuídos com o auxílio da elucidação de mecanismos de reação entre os metabólitos produzidos pelas BRS bac térias redutoras de sulfato e os nutrientes presentes na rocha entre eles as espécies de nitrogênio A determinação de NH4 fixo poderá indicar também a presença de pe tróleo em rochas sedimentares Figura 1 Difratograma de raiosX da amostra de arenito 174 Minimização dos efeitos ambientais na produção de zinco eletrolítico setembro2002 a maio2004 Nanofiltração para remoção de sulfatos permitiu reciclagem de efluentes do processo de produção de zinco eletrolítico com minimização de resíduos sólidos contendo metais pesados e impulsionou a Votorantim Metais a continuar trilhando na busca de soluções inovadoras para redução no consumo de água e na geração de efluentes industriais Problema Desafio Na usina da Votorantim Metais localizada na cidade de Três Marias MG o processamento do zinco primário ocorre por uma rota hidrometalúrgica Se por um lado essa rota apre senta baixo custo baixo consumo de energia e etapas de processamento relativamente simples quando comparada aos processos pirometalúrgicos apresenta a desvantagem de gerar quantidades significativas de efluentes contendo metais pesados Na época da realização do projeto o tratamento do efluen te era realizado em duas etapas empregando a rota da precipi tação química Num primeiro estágio ocorria a elevação do pH do efluente para 70 através da adição de suspensão de cal visando a precipitação principalmente do zinco na forma de sulfato básico ZnSO43ZnOH24H2O O sólido gerado na pri meira etapa de neutralização rico em zinco era separado em espessadores sendo o underflow direcionado para a planta de processamento de zinco com a finalidade de atuar como agente neutralizante da suspensão lixiviada Essa operação permitia recuperar boa parte do zinco contido nos efluentes O overflow do espessador era enviado para uma etapa de tratamento final do efluente onde eram adicionados sulfe to de sódio Na2S e cal CaO com a finalidade de remover os metais remanescentes principalmente o cádmio O efluente era descartado no corpo receptor e a suspensão do under flow era estocada em bacia de contenção Apesar do tratamento descrito acima gerar um efluente que atendia às exigências do órgão de fiscalização ambiental 175 Responsável pelas Informações Ivan Ondino de Carvalho Masson EquIPE DO PROJETO CETEM Ana Lúcia Carielo Flávio de Almeida Lemos Ivan Ondino de Carvalho Masson Coordenação Técnica Jorge Antonio de Moura Juliano Peres Barbosa in memoriam Roosevelt Ribeiro a reutilização do efluente assim tratado se tornava inviável devida à elevada concentração de sulfatos Contatado pela Votorantim Metais o CETEM aceitou o desafio de propor rotas tecnológicas para o tratamento dos efluentes gerados na Unidade de Três Marias os quais con tinham elevadas concentrações de íons sulfatos SO4 2 pro venientes da unidade hidrometalúrgica de produção de zin co primário de forma que possibilitasse a reciclagem dos efluentes devidamente tratados no processo industrial Estratégia de Desenvolvimento Foram propostas rotas tecnológicas baseadas em técnicas de extração por solventes de tratamento biológico com bactérias redutoras de enxofre de troca iônica com resinas seletivas e de filtração através membranas de forma a propiciar a reci clagem do maior volume possível de efluente e a minimização de resíduos sólidos contendo metais pesados Numa primeira fase foi discutido o fluxograma do proces so e foram coletadas amostras de todos os fluxos dos efluen tes gerados na produção de zinco eletrolítico sendo analisa das as concentrações de cálcio magnésio zinco cádmio e sulfato Após análise dos resultados verificouse que alguns fluxos poderiam ser reciclados diretamente visto serem pro venientes da condensação da linha de vapor Os efluentes que apresentavam concentrações de zinco superiores a 10 gL foram submetidos ao processo de extra ção por solvente que permitia remover o magnésio do extrato além de concentrar o zinco a valores compatíveis com a so lução de sulfato de zinco que alimentava a eletrólise Nesses ensaios foi utilizada uma unidade patenteada pelo CETEM denominada SOLVENCET Para a etapa final de tratamento do efluente foram tes tados os processos de nanofiltração e resina de troca iônica de forma a obter um produto com composição química similar à da água alimentada no processo industrial de produção de zinco primário Para realização dos ensaios em escala piloto empregan do membranas filtrantes espirais foi montada uma unidade de precipitação química composta de tanques de processo espessador e filtro com a finalidade de remover parte do sul fato de magnésio O efluente gerado produzido nessa unida de era direcionado para uma unidade de nanofiltração com 176 capacidade de gerar 250 Lh de permea do Ao final deste processo obtevese um efluente com características físicoquímicas similares à água empregada no processo produtivo Resultados O estudo da geração de efluentes na uni dade de produção de zinco eletrolítico demonstrou que um melhor gerenciamento dos fluxos poderia reduzir o volume de efluente a ser tratado visto que alguns fluxos de conden sados gerados nas linhas de vapor poderiam ser reciclados diretamente ao processo que o volume de efluente a ser tratado po deria ser reduzido adotando a técnica de ex tração por solvente para os efluentes conten do concentrações de zinco acima de 10 gL quanto aos resultados das várias técni cas testadas para remoção dos íons sulfatos do efluente podese resumir que i a eficiência da extração por solvente ex tratante comercial D2EHPA foi superior a 90 com baixo arraste de magnésio e ou tros íons nocivos ao processo de produção de zinco eletrolítico Nessa rota foi obtida uma solução de sulfato de zinco que em função da elevada concentração do metal poderia ser adicionada diretamente ao cir cuito principal do processo de produção A precipitação dos metais contidos na solução proveniente do rafinado foi tratada com sus pensão de óxido de cálcio reduzindo signi ficativamente a geração de resíduos sólidos ii as informações fornecidas por empresas especializadas em fabricação de resinas de troca iônica somadas aos testes realizados em escala de bancada mostraram que a elevada concentração de sulfatos no efluen te acima de 9000 mgL inviabilizava o emprego das resinas iii no caso da precipitação química com óxido de cálcio a redução na concentração de sulfato só ocorreu em valores de pH aci ma de 12 acarretando elevado consumo de agente neutralizante e geração de volumes indesejáveis de lamas contendo teores sig nificativos de metais pesados iv o tratamento biológico apresentou um baixo rendimento face às altas concentra ções de sulfatos nos efluentes Um dos grandes desafios dessa rota tecnológica é encontrar a relação ideal carbonosulfato para o crescimento das bactérias redutoras de enxofre BRS além de não ter à dispo sição uma fonte de carbono de baixo custo próxima à região onde seria realizado o tra tamento do efluente v o emprego de membranas filtrantes na nofiltração mostrouse promissor atingin dose remoção de cerca de 95 do sulfa to possibilitando a reciclagem de 65 do efluente que poderia ser reutilizado junta mente com a água industrial Apesar de ser uma técnica já empregada no tratamento de águas residuais ainda não se conhecia sua utilização em usinas de zinco primário tal vez por ainda apresentar um custo elevado para implantação e não ser vital principal mente quando a indústria está localizada próxima a mananciais 177 Benefícios do Projeto O projeto demonstrou a viabilidade do em prego de outras rotas tecnológicas alterna tivas à precipitação química permitindo re ciclar volumes expressivos de efluente por meio da remoção dos íons sulfatos deleté rios na produção de zinco eletrolítico bem como reduzir os volumes de lamas contendo metais pesados Isso impulsionou a realiza ção de estudos posteriores pela Votorantim Metais que propiciaram reduções expres sivas tanto no consumo de água industrial como na geração de efluentes 178 Otimização da cadeia produtiva do carvão para geração de energia elétrica e recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração dezembro2002 a agosto2007 Suporte financeiro da FINEP e apoio empresarial além de favorecer otimização do processo de beneficiamento do carvão para obtenção de produto com menores teores de cinzas e de enxofre total permitiu construção de uma unidade piloto na Mina Verdinho da Carbonífera Criciúma CCSA para gestão de resíduos da mineração e abatimento da drenagem ácida Problema Desafio A mineração de carvão em Santa Catarina data do final do século XIX Até o término da Segunda Guerra Mundial a pro dução era destinada para fins energéticos particularmente para os setores ferroviário e de iluminação pública No pe ríodo de 1945 a 1990 e principalmente a partir de 1970 ocorreu um aumento do consumo de carvão não só da fração metalúrgica destinada à siderurgia mas também de carvão energético que passou a ter aplicações em substituição ao óleo combustível No entanto a partir de 1990 com a desre gulamentação promovida no governo Collor o setor carboní fero de Santa Catarina perdeu o mercado de carvão metalúr gico o que acarretou sérias dificuldades financeiras para as carboníferas Essas dificuldades começaram a diminuir com a conclusão da fase 4 da Usina Termelétrica Jorge Lacerda em 1997 pois o consumo de carvão energético foi gradati vamente aumentando Atualmente a produção de carvão co mercializável alcança cerca de 35 milhões de toneladasano A Bacia Carbonífera do Sul de Santa Catarina possui uma área aproximada de 1625 km² dos quais cerca de 490 km² estão diretamente impactados pela atividade carbonífera afe tando as bacias hidrográficas dos rios Araranguá Tubarão e Urussanga que perfazem uma área total de aproximadamente 10000 km2 Os rejeitos da mineração de carvão produzidos nessa bacia carbonífera catarinense em mais de 120 anos de ex tração causaram e ainda causam impactos ambientais em 24 municípios prejudicando uma população estimada em cerca 179 Responsável pelas Informações Mario Valente Possa EquIPE DO PROJETO CETEM Anderson Borghetti Soares Antônio Silvio Jornada Krebs Claudio Luiz Schneider Laura de Simone Borma Maria Dionisia Costa dos Santos Mariluce de Oliveira Ubaldo Mario Valente Possa Marise Costa de Mello Paulo Sergio Moreira Soares Coordenação Técnica Roberto de Barros Emery Trindade Rose Mary Gondim Mendonça Vicente Paulo de Souza CCSA Carlos Henrique Schneider Lisiane Beatriz Dalmina NASAuFRJ Gustavo Henrique de Araújo Josimar Ribeiro de Almeida Laís Alencar Aguiar uERJ Ana Valéria Bertolino de 650 mil pessoas O agravamento da questão do ponto de vista ambiental ocorreu na década de 70 com o aumen to significativo da produção do carvão na região conforme já mencionado Mais de dez empresas atuam no momento nessa bacia carbonífera Há também áreas inativas decorren tes da desativação de algumas companhias cujos rejeitos de carvão continuam até hoje a poluir o meio ambiente Em julho de 2000 o CETEM e o Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão de Santa Catarina SIECESC iniciaram atividades conjuntas que envolviam i a assistência técnica do CETEM ao SIECESC na produção de documentação técni ca para instrumentalizar as empresas carboníferas da região em suas ações de recuperação ambiental e ii o treinamento de pessoal especializado do Sindicato e das empresas filiadas No final de 2002 em consequência das atividades já realizadas e para atender à crescente demanda de trabalhos técnicos destinados à mitigação de impactos ambientais e otimização de processos o CETEM com apoio financeiro da FINEP e em parceria com a Carbonífera Criciúma CCSA ini ciou o desenvolvimento de um projeto para otimizar as ativi dades de mineração do carvão em prol da melhoria da cadeia de geração de energia elétrica e da recuperação ambiental das áreas degradadas Estratégia de Desenvolvimento Na busca do sucesso para os objetivos traçados o projeto prin cipal foi executado em quatro subprojetos a estudo geoló gicohidrogeológico da lavra subterrânea b otimização do processo produtivo da usina de beneficiamento c gestão de resíduos abatimento da drenagem ácida e d desenvolvimen to de um sistema de gestão ambiental As estratégias adotadas são apresentadas a seguir para cada um dos subprojetos Estudo geológicohidrogeológico da lavra subterrânea cons tituiuse em importante instrumento de gestão e de geren ciamento da lavra com ênfase no uso da água Para tanto foram elaborados mapas hidroquímicos dos dois aquíferos sob influência da Mina Verdinho foi feita a classificação das águas e verificada a possibilidade de utilização das águas desses aquíferos na irrigação Foram realizadas duas campanhas de amostragem nos dois aquíferos Leques Aluviais e Rio Bonito seguidas de 180 análises físicoquímicas O aquífero Rio Bonito foi amostrado em pontos na área de lavra subsolo e o aquífero Leques Aluviais na rede de 11 piezômetros existentes na época Com os resultados de análises quí micas nos pontos amostrados e utilizando o software qualigraf foram elaborados os diagramas de Piper classificação das águas quanto aos íons dominantes assinatura geoquímica os gráficos de Stiff classifica ção em detalhe os gráficos de risco de sali nidade dos solos determinados pela relação de adsorção em sódio RAS e os gráficos dos sólidos dissolvidos que classificam as águas em doces salobras e salgadas Otimização do processo produtivo na usina de beneficiamento na primeira fase foram executados ensaios no concentrador centrí fugo contínuo Knelson modelo KCCVD6 com o objetivo de avaliar seu desempenho na obtenção de um produto com meno res teores de cinzas e de enxofre total em amostras de concentrado de flotação fino passante na peneira 015 mm Na segun da fase do projeto foi realizada uma avalia ção preliminar do desempenho dos circuitos de grossos e de finos do lavador por meio de simulações empregando o programa de computador MODSIM Posteriormente fo ram apresentadas recomendações a partir de simulações visando a otimização do pro cesso de beneficiamento como um todo Gestão de resíduos e abatimento da drena gem ácida objetivou a construção de uma unidade piloto na Mina Verdinho da empre sa CCSA de modo a se poder avaliar por um longo prazo o desempenho de diferentes configurações de materiais na cobertura de rejeitos de carvão para com isso mitigar a geração de drenagem ácida A metodologia adotada compreendeu três fases i progra ma de amostragem ensaios de campo e em laboratório para obtenção de parâmetros dos materiais a serem empregados nos sistemas de cobertura ii modelagem numérica preli minar das coberturas utilizando os parâme tros dos materiais obtidos na fase anterior e os dados climáticos da região iii projeto e construção da unidade piloto Desenvolvimento de sistema de gestão am biental realizado pelo CETEM em parceria com o NASAUFRJ seu objetivo foi assesso rar a CCSA na implantação do Sistemas de Gestão Ambiental SGA de acordo com os requisitos requeridos pela NBR ISO 14001 Resultados Os resultados obtidos são também apresen tados para cada um dos subprojetos Estudo geológicohidrogeológico da lavra subterrânea Todas as águas que chegam ao subsolo da mina aquífero Rio Bonito são não áci das É por esse motivo muito importante haver um eficiente gerenciamento para evi tar que essas águas permaneçam no subsolo e gerem drenagem ácida Na classificação das águas dos aquíferos constatouse que no aquífero Rio Bonito 53 foram classificadas como cloretada sódica 20 como bicarbonatada sódica 13 como sulfatada cloretada sódica e 7 como bicarbonatada cálcica e sulfatada sódica quanto ao aquífero Leques Aluviais 64 como bicarbonatada cálcica 18 como sulfatada e 9 como cloretada sódica e cloretada cálcica 181 As análises visando à utilização das águas do aquífero Rio Bonito para irrigação de monstraram que somente as águas de três pontos amostrados apresentaram salinidade média e baixo teor de sódio O emprego das demais águas requereriam maiores precau ções Por outro lado praticamente todas as águas do aquífero Leques Aluviais poderiam ser utilizadas para irrigação quanto à classificação das águas pelos só lidos dissolvidos no aquífero Rio Bonito há uma maior quantidade de águas salgadas 47 e 27 correspondem a águas salo bras e doces No aquífero Leques Aluviais todas as águas são classificadas como águas doces que após tratamento simpli ficado ou convencional poderiam ser des tinadas ao consumo humano atendendo aos padrões de qualidade requeridos pela Portaria nº 518 do Ministério da Saúde e pela Resolução nº 357 do CONAMA Os teores elevados de sulfato sódio cál cio magnésio e cloretos observados nas águas do aquífero Rio Bonito podem ser atribuídos à sua origem marinha e não à contaminação por drenagem ácida gerada na superfície Esta hipótese foi reforçada pelo fato do aquífero Leques Aluviais situ ado mais próximo à superfície ter apresen tado águas de boa qualidade Otimização do processo produtivo na usina de beneficiamento O processo com o concentrador Knelson gerou resultados promissores tendo sido obtido um produto leve com teores de 158 de cinzas e 12 de enxofre total o qual carreou 275 de cinzas e 313 do enxofre quantidades originalmente existentes no material alimentado nesse concentrador Foi recomendada a realização de ensaios adicionais com o concentrador Knelson com a introdução de uma etapa para limpe za do produto leve Para otimizar a obtenção de um produto carvão com top size de 1 ¼ foi reco mendada a utilização de uma pilha pulmão na britagem primária e o fechamento do circuito de britagem secundária Com isso poderseia obter produtos com maior uni formidade de tamanhos haveria menor ge ração de finos e uma redução no consumo de energia de cerca de 40 para uma mes ma alimentação de ROM Para otimizar a operação de jigagem do circuito de grossos foram realizadas simu lações considerandose os índices típicos de desempenho de jigues tipo BATAC para pro dução de carvão metalúrgico Os resultados obtidos nas simulações mostraram recupe rações de até 173 de carvão metalúrgico com 22 de cinzas No circuito de finos os hidrociclones de cada conjunto de classificação operavam em série e com isso eram alimentados com pressões diferentes e polpas não uniformes Para otimizar a operação foi recomendado empregar baterias de ciclones do tipo ara nha para se obter polpas mais uniformes e pressões mais constantes na alimentação de cada ciclone Gestão de resíduos e abatimento da drena gem ácida Implantação na Mina Verdinho SC da Estação Experimental Juliano Peres 182 Barbosa inaugurada em outubro de 2007 A Estação ocupa uma área de 1700 m² e é constituída por quatro células experimen tais um poço de coleta de amostras um laboratório e uma estação meteorológica As células experimentais são quatro cavidades com volume aproximado de 110 m³ cada uma construídas dentro de um aterro nas quais foram instaladas diferentes tipos de coberturas Cada célula é dotada de um lisímetro no interior da cavidade projeta do para a coleta de efluentes As cavidades foram revestidas internamente com geo manta e posteriormente preenchidas com rejeito de carvão As células diferiram no tipo de cobertura aplicada na parte superior Na célula 1 constituída somente por rejeito grosso não há qualquer tipo de cobertura e os resultados obtidos servem como referen cial às demais Na célula 2 foi colocada so bre o rejeito grosso uma cobertura de 30 cm de rejeito misturado compactado rejeito grosso e rejeito fino Na célula 3 sobre a camada de rejeito misturado colocouse uma camada de 30 cm de argila compac tada e sobre esta uma camada de 30 cm de solo vegetal não compactado para pro teção à camada argilosa No sistema de co bertura da célula 4 foi colocada sobre a camada de rejeito misturado uma camada de 30 cm de cinzas compactadas uma ca mada de 30 cm de argila compactada mais outra camada de 30 cm de cinzas compac tadas e sobre esta última uma camada de 30 cm de solo vegetal Para determinar a variação ao longo do tempo da temperatura umidade e sucção dos materiais contidos nas células foram instalados 45 sensores eletrônicos 15 de temperatura 15 de umidade e 15 de suc ção no interior dos materiais de cobertura e do rejeito Os dados registrados por estes sensores são armazenados em uma unidade central e transferidos ao laboratório para serem interpretados A água da chuva que cai sobre as cé lulas é medida por pluviógrafos e um plu viômetro Parte da água a que não se in filtra e escoa superficialmente é coletada por um sistema de calhas e reservatórios e seu volume é medido A parte que infiltra é medida em reservatórios específicos para determinação do balanço hídrico Num poço de coleta central amostras do efluente de cada um dos lisímetros são coletadas para análises químicas e físicoquímicas No laboratório além das análises reali zadas são interpretados os dados recebidos da estação meteorológica os quais permi tem que se avalie a influência das condições climáticas sobre o desempenho dos diferen tes sistemas de cobertura A evaporação real é estimada a partir de modelos numéricos que utilizam os dados meteorológicos tam bém fornecidos pela estação meteorológica Desenvolvimento de sistema de gestão ambiental No planejamento foram identificados os aspectos e impactos ambientais associados às atividades produtos e serviços realiza dos pela CCSA posteriormente os impac tos ambientais foram avaliados levando em consideração critérios filtros e grau de significância Foi estabelecida a Política Ambiental da CCSA que assumiu princípios de forma a garantir o desenvolvimento sustentável na mineração de carvão 183 Benefícios do Projeto Os trabalhos realizados pelo CETEM com apoio da Carbonífera Criciúma SA propicia ram a disponibilização e a difusão da técnica de cobertura seca para a redução prevenção e remediação de impactos ambientais asso ciados à geração de drenagem ácida Foi recomendado pelo CETEM o efi ciente gerenciamento para evitar que as águas do aquífero Rio Bonito permaneces sem no subsolo gerando drenagem áci da Com o desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental foram disponibilizadas ferramentas para melhoria no desempenho ambiental da CCSA possibilitando melhor identificação dos aspectos e impactos para o devido gerenciamento Além disso o projeto tecnológico con tribuiu para um melhor aproveitamento do carvão mineral recurso não renovável dis ponibilizando à CCSA as informações técni cas necessárias para otimização do processo produtivo de sua usina de beneficiamento Serviu ainda de estímulo para que outras mineradoras da Bacia Carbonífera do Sul de Santa Catarina iniciassem a adoção da técnica para abatimento da drenagem áci da e seguissem as recomendações para um profícuo gerenciamento ambiental de suas atividades 184 utilização de cinzas da combustão de carvão mineral para o tratamento de efluentes líquidos janeiro a dezembro2003 Processo que submete efluentes industriais aquosos ao contato com cinzas resíduos indesejáveis e resultantes da combustão do carvão mineral para geração de energia elétrica apresenta solução ambiental inovadora para remoção de manganês e outros metais e recebe cartapatente de invenção Problema Desafio Efluentes industriais como por exemplo a drenagem ácida de mina DAM ou o chorume gerado em aterros sanitários podem conter tipicamente de 5 a 10 ppm de manganês mas valores superiores a 50 ppm não são incomuns Os mé todos tradicionalmente empregados para remoção de metais de efluentes aquosos provenientes de atividades de minera ção ou não envolvem a neutralização seguida de hidrólise e precipitação com o uso de álcalis O manganês é um dos mais recalcitrantes elementos pre sentes em vários efluentes por ser termodinamicamente es tável em valores de pH superiores a 80 e em potenciais de 300 mV ou mais conforme o valor do pH A maior parte dos tratamentos baseiase na elevação do valor de pH do efluente para cerca de 95 100 para precipitar o manganês como óxido MnO2 ou hidróxido MnOH2 O descarte do efluente porém não pode ser feito se o valor do pH for superior a 9 Como auxiliares no tratamento de neutralização e precipita ção oxidantes são utilizados pois podem transformar o man ganês solúvel em óxidos insolúveis em valores de pH compatí veis com o estabelecido pelo CONAMA Outras possibilidades para eliminação ou diminuição da concentração de manganês incluem ainda o tratamento passivo biológico ou não a ad sorção em superfícies com sítios ativos e a flotação iônica O chorume líquido escuro contendo altos teores de ma téria orgânica e inorgânica é um efluente comum provindo de aterros sanitários em áreas urbanas Seu potencial de impac to ambiental está relacionado com a concentração de matéria 185 Responsável pelas Informações Paulo Sergio Moreira Soares EquIPE DO PROJETO CETEM Jorge Antonio Pinto de Moura Paulo Sergio Moreira Soares Coordenação Técnica Roberto de Barros Emery Trindade orgânica com sua reduzida biodegradabilidade e presença de metais pesados A decomposição dos resíduos sólidos depo sitados em aterros sanitários é um processo dinâmico cata lisado por microrganismos bactérias leveduras eou fungos filamentosos capazes de degradar a matéria orgânica presen te nesses resíduos A decomposição pode ocorrer tanto em condições aeróbias quanto em anaerobiose É muito comum a presença de cloretos e de magnésio ferro e manganês no chorume A concentração do manganês por exemplo pode ser superior a 100 ppm O valor do pH varia com a idade do aterro e pode situarse ente 45 e 10 Outro efluente causador de impacto ambiental é a drena gem ácida de minas DAM Tratase de uma solução ácida gerada quando minerais sulfetados presentes em resíduos de mineração rejeitos ou estéreis são oxidados em presença de água vide equação abaixo A solução age como um agen te lixiviante dos minerais presentes no resíduo produzindo um percolado rico em metais dissolvidos e em ácido sulfúri co Caso o percolado alcance corpos hídricos próximos pode ocorrer contaminação dessas águas tornandoas impróprias para uso por muito tempo mesmo após cessadas as ativida des de mineração água oxigênio sulfeto metálico metal solúvel sulfato H acidez Equação genérica ilustrativa da geração de drenagem ácida de minas DAM A geração da DAM ocorre mais comumente em opera ções de extração de carvão ouro cobre zinco e urânio Para a prevenção e minimização da DAM é fundamental evitar que rejeitos eou estéreis fiquem expostos às condições oxidantes em presença de água Além de ocorrerem em pilhas e depósi tos barragens de resíduos drenagens ácidas em instalações de mineração podem também se dar em galerias de minas subterrâneas em pilhas de lixiviação em pilhas de estoque de minério e em cavas de mina a céu aberto A matéria orgânica eventualmente presente nos estéreis e rejeitos de mineração tem também potencial para retardar a DAM Além de competir com os sulfetos pelo consumo de oxigênio a matéria orgânica ao se oxidar produz gás car bônico C02 que tende a expulsar o oxigênio dos poros do resíduo A reduzida precipitação pluviométrica é também um fator inibidor da DAM 186 Uma vez deflagrado o processo de ge ração da DAM os efluentes ácidos produzi dos podem ser tratados por métodos físico químicos tradicionais com o objetivo de diminuir o nível de poluentes no efluente Os chamados sistemas passivos são geral mente escolhidos como um tratamento fi nal complementar para garantir um efluen te final apto a ser descartado dentro das exigências legais Os sistemas passivos ca racterizamse pela reduzida necessidade de manutenção mínimo consumo de reagentes e de energia O tratamento dos efluentes citados per se justifica a busca de soluções mais efi cientes e definitivas As cinzas da combus tão de carvão mineral por outro lado são um resíduo sólido cujo único destino atual é a indústria cimenteira ou a disposição em aterros industriais O desafio tecnológico enfrentado pelo CETEM foi portanto desenvolver um pro cesso no qual o efluente é submetido ao con tato com cinzas resultantes da combustão do carvão mineral apresentando uma solu ção inovadora para o problema ambiental Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento de processos para apli cação em larga escala envolve necessaria mente a experimentação inicial em labora tório para identificar as variáveis influentes e estabelecer os níveis mais adequados dessas variáveis para alcançar o objetivo pretendido Foi então planejado e realizado um programa abrangente de ensaios em escala de laboratório para avaliar e quantificar as propriedades de adsorção de íons em fase aquosa provenientes das cinzas resultantes da combustão de carvão mineral Constatou se que as propriedades superficiais das cinzas conferem a elas um poder de adsor ção que facilita a retenção de manganês e outros metais presentes em concentrações de até 50 ppm mgL A adsorção demons trou ser eficiente em temperaturas acima de 20 ºC não havendo necessidade específica de controle desse parâmetro Isso conduziu aos testes subsequentes realizados com di ferentes amostras de efluentes industriais Amostras de efluentes contendo man ganês e outros metais residuais foram in troduzidas em recipientes contendo as cin zas e submetidas à agitação por um tempo prédeterminado ao fim do qual as cinzas foram separadas por filtração restando as soluções aquosas com pH entre 5 e 9 e bai xa concentração de metais que podem ser descartadas sem oferecer riscos ao meio ambiente Com os resultados obtidos nos ensaios realizados foi possível constatar a aplicabi lidade das cinzas como material sorvente de íons em solução e portanto como material candidato ao uso em instalações de trata mento de efluentes aquosos Resultados As cinzas provenientes da queima de carvão mineral para geração de energia elétrica po dem ser empregadas para o tratamento de efluentes aquosos sem nenhum tratamento prévio e a massa necessária não é superior a 5g para cada litro do efluente a ser trata do o que é suficiente para reduzir a con centração de metais em solução e permitir o descarte do efluente sem efeitos nocivos ao ambiente Foi concedida pelo INPI ao CETEM a Carta Patente de Invenção n 03060802 sob o título Processo para remoção de man ganês e outros metais presentes em baixas concentrações em efluentes industriais 187 Benefício do Projeto A aplicação do processo desenvolvido pelo CETEM pode levar a uma definitiva melhora na qualidade do efluente final em instala ções de tratamento de efluentes particu larmente nas últimas etapas do tratamento denominadas etapas de polimento quando a concentração de íons em solução é pe quena e a eficiência de remoção desses íons por meio de processos convencionais é reduzida 188 Ouro e sulfetos da Rio Paracatu Mineração otimização da flotação janeiro2003 a dezembro2006 Otimização na recuperação de pirita e arsenopirita e ajuste de parâmetros físicoquímicos e hidrodinâmicos durante o processo de concentração de novo minério aurífero levaram a Kinross Gold Corporation a investir em projeto de expansão elevando a capacidade de produção de 5 para 15 tonano de ouro ampliando em mais de 30 anos o tempo de vida útil da mina de Paracatu MG Problema Desafio A Rio Paracatu Mineração RPM então controlada pela Rio Tinto Corporation e a partir de 2005 pela multinacional ca nadense Kinross Gold Corporation decidiu ampliar o proje to de expansão da produção de ouro na mina situada em Paracatu no noroeste de Minas Gerais Com as expectativas de valorização do ouro pela sua alta no mercado a empresa resolveu rever os investimentos no local mesmo com a mina de Paracatu tendo um dos menores teores de ouro do mundo 04 gramas de ouro por tonelada de minério As recupera ções de ouro também não eram eficazes 412 515 face às perdas pela baixa recuperação dos sulfetos associados ao metal nobre Pesquisas geológicas constataram no entanto novas reservas de um tipo diferente de minério contendo ouro e sulfeto Com a possibilidade de maior aproveitamento das reservas pelo tratamento desse novo minério a mina pode ria continuar a operar por mais tempo Certamente o maior desafio residia na necessidade de processar anualmente 60 milhões de toneladas do novo minério para se chegar a 15 toneladas de ouro O novo minério aurífero sulfetado minério convencio nalmente usado pela RPM deveria alimentar a nova plan ta no projeto de expansão e em princípio seriam adotados processos de concentração gravítica e flotação para melhor recuperação do ouro A empresa utilizaria sua antiga planta para adquirir experiência no tratamento desse novo miné rio Era ainda esperada a oxidação indesejada dos sulfetos de ferro e arsênio pirita e arsenopirita a qual prejudicaria 189 Responsáveis pelas Informações Marisa B de Mello Monte CETEM Getúlio Junior Kinross Paracatu EquIPE DO PROJETO CETEM Marisa Bezerra de Mello Monte Coordenação Técnica AMIRA Stephen Grano Ian Wark Research Institute Austrália David Weedon Massimiliano Zanin Timothy Akroyd uSP Laurindo Leal Filho USP significativamente a flotação qualquer progresso na flota ção da arsenopirita representaria um aumento substancial na recuperação de ouro como consequência Esta foi a funda mentação adotada para a proposição e execução deste projeto pelo CETEM A RPM decidiu investir no projeto e no início de 2003 foi formalizada a parceria entre a RPM e o CETEM que teve como colaboradores a EPUSP o Ian Wark Research Institute UniSA Austrália e a AMIRA International Ltd uma associa ção independente de empresas de mineração para desenvol ver intermediar e facilitar projetos de pesquisa colaborativos Estratégia de Desenvolvimento Ao CETEM coube averiguar a possibilidade de otimizar a re cuperação da arsenopirita e da pirita pelo ajuste dos parâme tros físicoquímicos e hidrodinâmicos durante o processo de concentração do ouro Vários experimentos foram realizados na própria usina da RPM inclusive amostragens e testes com novos sistemas de reagentes no circuito de flotação da antiga planta Os objetivos de longo prazo eram i estabelecer uma base de referência para o comportamento típico da flota ção do novo minério no laboratório e no circuito industrial ii caracterizar o desempenho do circuito de flotação em termos dos parâmetros hidrodinâmicos e físicoquímicos iii aprimorar o desempenho da flotação iv sugerir modi ficações no circuito industrial para melhor recuperação total do ouro Inicialmente com base em amostragens no circuito in dustrial de flotação foram realizados estudos cujos resultados Figuras 1 e 2 auxiliaram o diagnóstico e a avaliação da recu peração do ouro e dos minerais de sulfeto por faixa de tamanho de partículas além do tempo de residência e da recuperação mássica As amostragens foram feitas a partir do overflow do hidrociclone que alimentava o circuito industrial de flota ção rougher de ouro As alíquotas representativas de cada ponto do circuito foram submetidas às determinações de pH Eh oxigênio dissolvido temperatura densidade teor de só lidos massa de sólidos e distribuição por faixa de tamanho Esta etapa serviu ainda para obtenção de subamostras da alimentação do circuito industrial de flotação rougher para a realização de estudos de desempenho de reagentes 190 As recuperações mássica e metalúr gica por faixa de tamanho de partículas revelaram que a fração 38 µm coletada no produto da etapa de limpeza da flota ção equivalia a 60 do ouro contido na alimentação enquanto a fração mais grossa representava apenas 10 do ouro que foi recuperado na etapa de limpeza da flota ção Observouse ainda que a recuperação de arsênio foi muito baixa 22 e a re cuperação do ouro era de apenas 43 Os potenciais de oxirredução indicaram que a Figura 1 Recuperação de ouro arsênio e enxofre do novo minério em função do tamanho da partícula Figura 2 Imagens obtidas por ToFSIMS das amostras de arsenopirita coletadas no circuito industrial da RPM polpa continha minerais de sulfetos oxida dos superficialmente A Figura 1 apresenta um gráfico sobre o comportamento de recu peração de três elementos ouro arsênio e enxofre total analisados durante a amos tragem no circuito rougher industrial da antiga planta com o sistema de reagentes adotados à época A Figura 2 mostra as imagens obti das no Instituto Australiano Ian Wark pela técnica de espectrometria de massa para análise da superfície das partículas 191 ToFSIMS TimeofFlight Secondary Ion Mass Spectrometry em amostras de arse nopirita coletadas no circuito industrial da RPM A eficiência de ionização é interpreta da pelo maior rendimento dos íons na forma oxidada Os fragmentos de AsO2 foram utilizados para melhor reconhecimento das espécies na superfície da arsenopirita uma vez que com essa técnica o mineral se transforma em uma espécie oxidada A adi ção de coletores convencionais amil xanta to de potássio e ditiofosfato de potássio não resultou no aumento esperado para os sinais ToFSIMS ou seja não foram capazes de minimizar o efeito da oxidação O diagnóstico realizado no antigo cir cuito industrial com a avaliação do seu desempenho frente ao novo minério foi de extrema importância para a otimização e adequação da nova planta a um eficaz pro cessamento do novo minério Tabela 1 Comparação da recuperação média de ouro enxofre e arsênio para os diferentes sistemas de reagentes avaliados nos ensaios em batelada e na antiga planta do circuito industrial Sistema de Reagentes Ouro Enxofre Arsênio Peso Sem aditivo 3434 2349 551 203 NaMBT 3782 9170 1342 474 PAX 4811 9103 3503 416 AP3473 5633 7169 2308 922 NaMBT Silicone 4939 9652 3581 336 PAXSilicone 3639 8378 3261 325 quando os experimentos foram conduzidos o mercaptobenzotiazol de sódio NaMBT era o reagente convencional utilizado na usina Resultados O desempenho de alguns dos novos reagen tes Tabela 1 e o possível efeito sinergético para aumentar a recuperação dos sulfetos associados ao ouro presentes no novo mi nério foi avaliado comparandose com co letores convencionais PAXamil xantato de potássio e NaMBTmercaptobenzotiazol de sódio e outros sintetizados pela empresa CYTEC dentre eles o AP3473 uma mistu ra de ditiocarbamatos alcoóis primários e ditiofosfatos Em alguns experimentos um reagente à base de um polímero de silicone foi combinado com os coletores convencio nais para teste Foram testados diversos sistemas de reagentes por meio de experimentos de flo tação em escala de laboratório e piloto Com base nesses ensaios de flotação o valor re comendado para o pH da polpa industrial foi de 65 192 O sistema de reagentes que apresentou o melhor desempenho AP3473 foi poste riormente avaliado no circuito industrial utilizandose apenas uma das linhas do cir cuito Os resultados do balanço global fo ram comparados com as outras linhas que Tabela 2 Recuperação global para o ouro enxofre e arsênio obtida durante uma avaliação no antigo circuito industrial de flotação e conduzida com o coletor AP3473 Balanço Global Concentrado Cleaner Balanço Global Concentrado Cleaner Au gt 3129 Au gt 2093 S 3541 S 3612 As gt 7558 As gt 4923 Au Recuperação 9500 Au Recuperação 3977 S Recuperação 4460 S Recuperação 7753 As Recuperação 8401 As Recuperação 4000 toneladas ao ano O investimento de US 570 milhões pela Kinross inclui uma nova estrutura de beneficiamento e de hidrometalurgia a re potenciação da antiga planta a construção de uma nova planta de flotação e de uma barra gem de rejeitos entre outras ações Figura 3 Contempla ainda o plano de fechamento de mina baseado nos princípios da sustentabili dade que norteiam as operações da empresa prevendo a devolução adequada da área para o município de Paracatu processavam o minério utilizando o sistema padrão Foram confirmadas as recuperações do ouro enxofre e arsênio Tabela 2 O refe rido coletor proporcionou maior recuperação dos sulfetos S e do ouro Benefícios do Projeto Pautada nos ajustes de parâmetros físicoquí micos no processo de flotação para melhor recuperação de ouro e de sulfetos propostos pelo CETEM e colaboradores a Kinross Gold Corporation consolidou em agosto de 2006 seu projeto de expansão para elevar a capa cidade de produção da mina de Paracatu de 5 para 15 toneladas anuais de ouro A efici ência da concentração do ouro associado ao novo minério ampliará em mais de 30 anos o tempo de vida da mina a mina que atingiria a exaustão em 2016 terá sua vida útil esten dida até 2040 Mais empregos mais impostos recolhidos aos cofres públicos novas perspec tivas para as gerações futuras são algumas das consequências deste trabalho Considerando o efeitorenda metodologia aplicada pelo BNDES o volume de empregos pode chegar a 10840 Além disso o projeto observa todos os cuidados ambientais necessários O volume de minério lavrado passa das atuais 172 milhões de toneladas por ano para uma capacidade nominal de 61 milhões de Figura 3 Circuito Industrial da RPM 193 Especiação de mercúrio em petróleo utilizando técnicas espectroscópicas janeiro2004 a maio2013 Metodologia de quantificação de espécies de mercúrio auxilia a PETROBRAS na tomada de decisões sobre os tratamentos adequados para sua remoção contribuindo para o controle da contaminação ambiental e o aumento da vida útil de equipamentos e catalisadores usados nos processos de produção e transporte do petróleo e do gás natural Problema Desafio O mercúrio pode ocorrer naturalmente em óleo cru e con densados gasosos em concentrações que variam entre 01 a 20000 ng g1 e 10 a 3000 ng g1 respectivamente depen dendo da localização geológica do petróleo bruto As formas químicas de mercúrio encontradas nessas matrizes são mer cúrio elementar dissolvido Hg0 mercúrio orgânico dissolvi do compostos iônicos de mercúrio complexos de mercúrio compostos de mercúrio em suspensão e mercúrio adsorvido em suspensão Sua presença nos hidrocarbonetos líquidos e gasosos pode causar vários problemas nas operações de refino e de petroquímica tais como danos aos catalisadores cor rosão das ligas de alumínio além dos impactos ambientais A especiação de mercúrio em hidrocarbonetos é impor tante porque fornece informações sobre a transformação das espécies nos processos de produção e transporte do óleo e gás natural subsídios para o controle da contaminação ambiental e aumento da vida útil dos equipamentos e catalisadores além de auxiliar na tomada de decisões sobre os tratamentos ade quados para a remoção das espécies Enquanto que os méto dos utilizados para a determinação de mercúrio total HgT em hidrocarbonetos líquidos e gasosos são bem estabelecidos os métodos para a especiação quantitativa dos diversos compos tos de mercúrio em hidrocarbonetos líquidos são mais recen tes e não suficientemente verificados Além disso não se tem conhecimento de serem rotineiramente utilizados no Brasil Os métodos de decomposição de amostras de hidrocarbo netos líquidos para a determinação de HgT incluem técnicas 194 Responsável pelas Informações Maria Inês Couto Monteiro EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Manuel Castro Carneiro Coordenação Técnica Maria Inês Couto Monteiro IquFRJ Delmo Santiago Vaitsman Fernanda Veronesi M Pontes de decomposição térmica pirólise sem a adição de ácidos ou procedimentos por via úmida Os procedimentos por via úmida envolvem sistemas fechados ou abertos Os sistemas abertos são mais suscetíveis à contaminação e perda de analito quando comparados à decomposição em sistemas fechados Por isso têm sido utilizados sistemas envolvendo a condensação das espécies voláteis tal como o sistema de dedo frio para evitar a perda do analito por vaporização durante a decomposição por via úmida Esse sistema apresenta vantagens tais como baixo custo e prétratamento simultâneo de muitas amostras Dentre as espécies de mercúrio Hg0 é tipicamente o com ponente presente em maior concentração em óleos crus É uma espécie volátil e reativa causando efeitos danosos na indústria petrolífera Os métodos aplicados para a determinação de Hg 0 em óleos crus e derivados têm sido baseados na espectrome tria de absorção atômica com vapor frio CVAAS na espec trometria de fluorescência atômica com vapor frio CVAFS ou na cromatografia a gás hifenada à espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado GCICPMS Antes da detecção por CVAAS ou CVAFS têm sido utilizadas armadi lhas com metais nobres tais como ouro ou ouroplatina para préconcentrar o mercúrio através da amalgamação Contudo pode ocorrer perda de mercúrio ou redução na eficiência da amalgamação devido a efeitos de memória e envenenamento da armadilha com espécies concomitantes presentes na amos tra Também podem ocorrer interferências espectrais causadas por emissão de carbono 247857 nm na linha de emissão do mercúrio 253652 nm O carbono é oriundo dos compostos orgânicos voláteis pex benzeno e tolueno que são deposita dos na armadilha quando as amostras analisadas contêm altas concentrações de hidrocarbonetos Um procedimento alternati vo para eliminar as interferências espectrais seria o uso de um corretor espectral baseado no efeito Zeeman que é capaz de corrigir valores de absorvância não específica até 2 entretanto essa aplicação não foi encontrada na literatura A cromatografia a gás GC acoplada a uma técnica de detecção específica de mercúrio como a espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado GCICPMS é a ferramenta mais promissora para a especiação deste elemen to em matrizes de hidrocarbonetos Apresenta como princi pal vantagem uma transferência quantitativa de analitos a partir da coluna cromatográfica para o detector evitando os 195 problemas de perda inerentes à nebulização da amostra e portanto aumentando a sensi bilidade do método Além disso ocorre uma redução notável do consumo em volume de solvente Para utilizar a técnica de GC as espé cies devem apresentar uma elevada volatili dade e estabilidade térmica Os compostos dialquilmercúrio podem ser separados dire tamente em colunas apolares enquanto que os compostos polares como Hg2 e MeHg devem ser convertidos previamente em es pécies apolares utilizando reações de deri vatização A derivatização também separa o analito da matriz conduzindo à diminuição ou até mesmo à eliminação das interferên cias no processo de atomização Os procedimentos de derivatização para a determinação de Hg2 e MeHg têm sido utilizados somente para condensados gasosos que apresentam matrizes menos complexas que aquelas dos óleos crus As reações de derivatização têm sido base adas na alquilação com um reagente de Grignard exemplo cloreto de butilmagné sio BuMgCl O tempo necessário para a completa reação das espécies de mercúrio com BuMgCl depende do volume do reagen te adicionado e dos constituintes da amos tra que consomem o reagente por exemplo umidade e validade do reagente de Grignard Além do tempo de reação a temperatura e a ordem de adição do diluente da amostra p ex tolueno relacionado com a reação de Grignard são parâmetros importantes que influenciam o rendimento da reação Com o objetivo de monitorar o mercúrio e suas espécies em petróleos e suas frações a PETROBRASCENPES firmou um contrato de cooperação com o CETEM para o desen volvimento de métodos analíticos sensíveis exatos e precisos Estratégia de Desenvolvimento Foram propostos métodos para a determina ção de HgT e das espécies de mercúrio utili zando diferentes técnicas espectroscópicas HgT foi determinado em óleo cru borra de pe tróleo diesel e condensado gasoso Frações dissolvida e particulada de amostras de óleo cru foram obtidas por filtração em membrana de nylon de 045 µm As espécies de mercú rio elementar Hg 0 divalente Hg2 iônico e complexado metil mercúrio MeHg e es pécies de dialquilmercúrio Me2Hg MeHgEt MeHgPr Et2Hg MeHgBu Pr2Hg Bu2Hg MeHgPh e Ph2Hg onde Memetil Etetil Bubutil e Phfenil foram determinadas na fração dissolvida Na fração particulada foram determinados HgT Hg 0 MeHg e es pécies de dialquilmercúrio Na fração volátil foram determinados Hg 0 e espécies de dial quilmercúrio Na Figura 1 o diagrama ilustra a complexidade da metodologia desenvolvida para a determinação das espécies de mercú rio nas frações de óleo cru Duas etapas foram necessárias para a determinação de HgT decomposição da amostra e detecção por CVAAS Foram tes tados três métodos de decomposição piró lise HPAS e sistema de dedo frio Devido à natureza volátil das amostras testadas foi estudada a influência do procedimento de sua pesagem na taxa de perda de massa da amostra A espécie inorgânica de Hg2 iônico e complexado foi extraída com uma solução de KCl e detectada por CVAAS Para a de terminação de Hg O foi desenvolvido um novo sistema de análise online com uma armadilha de ouro préaquecida acoplada à CVAAS contendo um corretor espectral baseado no efeito Zeeman Argônio foi utilizado como gás de transporte de Hg 0 da amostra até o detec tor do AAS Foi proposto um método inovador para a determinação de MeHg e também de 196 Figura 1 Diagrama da análise para determinação das espécies de mercúrio nas frações de óleo cru Significado das Siglas e Abreviações método A HPAS digestão da amostra a alta pressão método B sistema com dedofrio método C pirólise AO armadilha de ouro CVAAS espectrometria de absorção atômica com vapor frio GCICPMS cromatografia a gás hifenada à espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado HgT mercúrio total Hgic Hg2 iônico e complexado RHgR espécies de dialquilmercúrio como Me2Hg MeHgEt e outras diminuições de 38 a 61 das taxas de perda de massas das amostras Outras vantagens foram a redução do erro analítico na pesa gem e facilidade de limpeza das barquinhas de quartzo No sistema de dedo frio também foi in troduzida uma modificação como o frasco de decomposição era longo e pesado e a trans ferência da amostra para outro frasco impli caria em grande perda de voláteis a amostra foi pesada em uma cápsula de gel fechada e inserida no frasco de decomposição Após as modificações os três métodos de decomposição foram novamente compara dos e apresentaram resultados semelhantes Hg2 iônico complexado que consistiu na derivatização dessas espécies de mercúrio com um reagente de Grignard BuMgCl se guida de detecção por GCICPMS Três materiais de referência certifica dos MRCs NIST 2722 e NIST 2721 óleo cru e NIST 2724b óleo diesel contendo HgT nas concentrações de 129 13 ng kg1 417 57 ng kg1 e 34 26 ng kg1 res pectivamente foram fortificados com dife rentes formas de Hg para a validação dos métodos Foram analisadas três amostras de petróleo óleo cru 1 2 e 3 uma amostra de borra de óleo uma amostra de diesel e uma de condensado gasoso todas elas for necidas pela PETROBRAS Resultados A comparação dos resultados utilizando os três métodos de decomposição da amostra pirólise método HPA e sistema de dedo frio conduziu a melhorias nos procedimentos de pesagem das amostras que antecedem a determinação de HgT por CVAAS Na piró lise que apresentava a maior taxa de perda de massa foi introduzido um leito de alu mina à barquinha de quartzo que propiciou 197 Figura 2 Perfis de absorção de Hg0 em solução de tolueno saturada com Hg0 em diferentes temperaturas de amalgamação A120 C e B temperatura ambiente com recuperações repetibilidade e reprodu tibilidade satisfatórias Os limites de quantifi cação Lq foram de 40 29 e 11 ng g1 HgT para os métodos HPA sistema de dedo frio e pirólise respectivamente Embora o sistema de dedo frio permita um prétratamento si multâneo de muitas amostras e seja de baixo custo ele apresentou maior Lq maior tempo 2 h de decomposição e risco elevado de ex plosão devido à impossibilidade de controle dos parâmetros instrumentais A utilização de um corretor de background baseado no efeito Zeeman associado ao pré aquecimento da armadilha de ouro durante a amalgamação para a determinação de Hg0 em hidrocarbonetos resultou na eliminação das interferências descritas na literatura A Figura 2 apresenta os picos de absorção quando a armadilha de ouro durante a amalgamação de Hg0 estava à temperatura ambiente e pré aquecida a 120 C O préaquecimento evi tou a formação de perfis distorcidos obtidos quando a amalgamação de Hg0 foi realizada sem préaquecimento As altas recuperações 126 a 135 de Hg0 foram também corrigi das com o préaquecimento da armadilha re cuperações de 85108 O método proposto para a determinação de Hg 0 é simples rápido 45 min e adequado com limite de detecção de 006 µg L1 para a determinação deste ele mento em óleo cru e poderá ser utilizado em outras matrizes sólidas líquidas ou gasosas que contenham hidrocarbonetos voláteis Um método convencional e descrito na literatura para a especiação de mercúrio em amostras de condensados gasosos por GCICPMS foi adaptado para a determina ção de Hg2 e MeHg em amostras de óleo cru As novas condições otimizadas foram i modo de injeção split de 110 ii tempe ratura da linha de transferência e do injetor do plasma de 280 C iii volume de 10 mL de BuMgCl iv diluição da amostra com tolueno na proporção de 119 Na reação de MeHg com BuMgCl foi observado um processo de demetilação com a formação de Bu2Hg em uma larga faixa de tempo de 2 até 300 min Apesar disso foram obtidas recuperações de 83 a 90 de Hg2 como MeBuHg para a determinação de MeHg nas amostras estudadas indicando a exa tidão do método Os limites de detecção e quantificação encontrados foram de 003 e 009 µg L1 de Hg2 respectivamente Foram alcançadas recuperações acima de 90 de Hg2 como Me2Hg Et2Hg Pr2Hg Bu2Hg para a determinação de mercúrio inorgânico Hg2 para todas as amostras indicando que a reação de derivatização de mercúrio inorgânico pode ser realizada com diferentes reagentes de Grignard MeMgCl EtMgCl PrMgCl ou BuMgCl A Figura 3 apresenta o cromatograma de uma solução de tolueno contendo as nove espécies organomercuriais estudadas sob as seguintes condições experimentais 198 para a reação de derivatização 4 mL de 500 µg L1 de Hg2 como HgCl2 ou 500 µg L1 de Hg2 como MeHg em tolueno 05 mL do reagente de Grignard específico tempo de reação de 5 min e temperatura ambiente para a análise cromatográfica coluna apo lar HP5 modo de injeção Split 110 vo lume de injeção de 3 µL e temperatura de injeção de 150 C Como pode ser constatado essas con dições permitiram excelente separação das espécies A adaptação do método favore ceu a determinação das espécies Me2Hg MeEtHg Et2Hg Pr2Hg e MePrHg por inje ção direta no GCICPMS utilizando somen te calibração externa com soluções padrão de Bu2Hg evitando a utilização de curvas analíticas preparadas com diferentes espé cies de mercúrio conforme o procedimento até então disseminado na literatura A especiação operacional mostrou que cerca de 35 de HgT no óleo cru 1 é mer cúrio dissolvido e cerca de 70 do mercúrio é particulado provavelmente HgS Hg2 No óleo cru 2 100 de HgT é mercúrio parti culado No óleo cru 3 cerca de 48 de HgT é dissolvido e 51 particulado Foi observa do também que praticamente todo mercúrio dissolvido nos óleos crus 1 e 3 foi extraído com uma solução salina indicando que as espécies de mercúrio provavelmente estão presentes como Hg2 haletos de mercúrio e ou mercúrio complexado A espécie Hg0 es tava abaixo do limite de detecção do método provavelmente devido a perdas nos procedi mentos de coleta e estocagem das amostras Os resultados e os procedimentos de senvolvidos para a determinação Hg0 e HgT foram publicados no Journal of Analytical Atomic Spectrometry v27 2012 p1794 1798 e Fuel Processing Technology v 106 2013 p122126 ambos periódicos de reconhecimento internacional Benefícios do Projeto Podem ser destacados como principais be nefícios deste trabalho o desenvolvimento de novos procedimen tos analíticos para a especiação de mercúrio em hidrocarbonetos a capacitação de técnicos brasileiros em métodos de especiação utilizando reagentes de Grignard e a manipulação de agentes quí micos com insalubridade de grau máximo possibilitando a especiação de outros ele mentos em diferentes amostras ambientais a geração de uma tese de Doutorado em parceria com o Instituto de química da UFRJ a melhor compreensão da química do mer cúrio em sistemas petrolíferos com a fina lidade de reduzir ou evitar os prejuízos que esse elemento tem causado à indústria do petróleo e ao meio ambiente Figura 3 Cromatograma de uma solução de tolueno contendo as nove espécies organomercuriais estudadas 199 Ações tecnológicas sustentáveis para melhoria da gestão ambiental da PAIq janeiro2004 a fevereiro2010 Projetos tecnológicos complexos com participação do CETEM e instituições parceiras envolvem análise de risco e remediação da contaminação da água subterrânea e do solo proporcionam à Pan Americana Indústrias Químicas meios eficientes e seguros da gestão dos resíduos e efluentes gerados e diminuem a possibilidade de poluição do rio adjacente à empresa Problema Desafio A Pan Americana Indústrias químicas PAIq é a única pro dutora de cloro e álcalis do Rio de Janeiro Abastece todas as estações de tratamento de água do Estado com cloro mas também os mercados de potassa cáustica e de carbonato de potássio incluindo alguns países da América do Sul Instalou a sua unidade fabril em 1948 no então distrito industrial de Fazenda Botafogo Dentre os insumos que utiliza para pro duzir cloro e álcalis está o mercúrio na sua forma metálica Em razão dos riscos associados às suas atividades e ainda por conta do crescimento urbano desordenado no seu entorno iniciou a partir de 2004 ações proativas no sentido de avaliar e remediar os impactos decorrentes de suas atividades fabris Em 2004 contratou o CETEM para coordenar e planejar um projeto de avaliação de impactos ambientais naquela área O projeto previa ainda que ao final fossem implementadas ações de remediação e minimização dos riscos ao ambiente e à saúde humana Em face da multidisciplinaridade do tema o CETEM se consorciou com empresas especializadas e cre denciadas junto ao órgão ambiental para em acordo com os protocolos do Manual de Avaliação de Áreas Contaminadas da CETESB 2001 cumprir a tarefa que lhe foi solicitada Estratégia de Desenvolvimento O projeto contemplou três etapas Iniciou com uma avaliação preliminar das áreas do entorno da empresa possivelmente impactadas por mercúrio considerando a possibilidade de contaminação atmosférica do solo e da água subterrânea 200 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM José Ribeiro Aires Consultor Luiz Gonzaga Santos Sobral Luzia Alice Ferreira de Moraes Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica TERSETEC Projetos e Consultoria Ambiental Alexandre Nogueira Travesedo Carlos Antonio da Silva Carlos Wagner de Mattos Martins Gerson Caldas Soares João Vitor Martins de Souza Luis Sebastião da Silva Matheus Paulo César Ribeiro Bernardo Rafael Muniz de Azevedo Ricardo da Silva Pinto Tiago Affonso Pereira GEOMÉTRICA Consultoria Geológica Ltda Achiles Eduardo Gonçalves Glauco Correa Rômulo Gonçalves Luzio PAIq Pan Americana Indústrias químicas Carlos Augusto Castro Claudemir Almeida Macedo Jorge Monteiro Uma segunda etapa contemplou a partir dos resultados ob tidos nessa avaliação preliminar a execução de uma ação confirmatória Essa fase previu a realização de avaliações geológica hidrogeológica e geoquímica usando inclusive métodos geofísicos assim como ferramentas de geoprocessa mento e sistemas de informações geográficas SIG A terceira e última etapa consistiu na proposição e na implantação de ações de remediação da contaminação do solo e da água sub terrânea causada pelo mercúrio A primeira atividade consistiu na execução de oito furos de sondagem a trado nos quais se procedeu à descrição li tológica Em cada um dos furos a cada 050 m foi retirada uma alíquota do solo para determinação da concentração de mercúrio total Da mesma forma foi feita a amostragem da água subterrânea o levantamento topográfico do interior da área da empresa usando nível eletrônico a laser Após esse levantamento foi possível obter a caracteri zação do fluxo da água subterrânea no terreno Com base nas medições dos níveis estáticos e dinâmicos da água em cada um dos oito furos de trado assim como na topografia do terreno foi determinado o sentido preferencial da água subterrânea no interior da empresa Juntando esses dados àqueles obtidos a partir de uma ortofoto da área obtida no Instituto Pereira Passos RJ foi feito o recorte e a digitaliza ção das instalações Dessa forma a Figura 1 mostra o mapa potenciométrico que orientou a escolha das novas áreas de investigação da etapa seguinte A Figura 2 por outro lado mostra os perfis da sonda gem e da litologia do terreno nos quais se procedeu à pré avaliação indicando ainda os níveis da água subterrânea em cada um dos furos Uma vez tendo sido cumpridas as ações pertinentes à avaliação preliminar foi iniciada a avaliação confirmatória Essa fase contemplou da mesma forma o uso das ferra mentas de geoprocessamento para subsidiar respectivamen te as avaliações geológica hidrogeológica e geoambiental mediante a descrição das seções geológicas do terreno e a distribuição do mercúrio no solo e na água A avaliação hidrogeológica usou a mesma ortofoto e a digitalização das instalações e cercanias para determinar a condutividade hidráulica dos aquíferos Durante as etapas de coleta de amostras de solo e água foram realizados os ensaios 201 Figura 1 Mapa potenciométrico resultante da etapa preliminar de sondagem Figura 2 Litologia das sondagens à trado efetuadas para planejamento do estudo geoambiental 202 de permeabilidade Foram identificados e georeferenciados os pontos de sondagem de coleta de amostras e as áreas sob avalia ção O software de informações geográficas SPRING 41 foi usado permitindo a partir das concentrações de mercúrio no solo em diferentes níveis de profundidade delimitar as áreas contaminadas Para a localização dos pontos no campo foi utilizada uma tre na A vetorização dos galpões da indústria rios estradas e pontos sondados foi realiza da em tela de computador usando a ortofo to e a planta da área escaneada como base A classificação da ortofoto da área no entorno da indústria mostrou que a mesma é densamente ocupada por ações antrópicas Figura 3 A Planta digitalizada e georeferenciada a partir de ortofoto do Instituto Pereira Passos com altimetria do interior e entorno da PAIQ destacando os pontos de sondagem e B Modelo da distribuição da pluma da água subterrânea em função da concentração de mercúrio no solo A B As sondagens da avaliação confirma tória contemplaram 27 novos poços Os pontos de sondagem foram escolhidos em acordo com o órgão ambiental após apre sentação dos resultados da avaliação preli minar A operação de sondagem foi execu tada por empresa especializada da mesma forma que a avaliação geofísica e hidroge ológica A Figura 3 A mostra a altimetria no entorno e no interior da empresa assim como os pontos de sondagem A Figura 3 B mostra a contaminação da água subter rânea em função da contaminação do solo obtida a partir de modelamento usando o software ARCGIS 51 203 O material coletado foi preservado ain da no campo sendo enviado para labora tório químico credenciado As análises da água subterrânea incluíram a determina ção da concentração de mercúrio total e de mercúrio orgânico e inorgânico assim como a determinação do pH oxigênio dissolvido condutividade elétrica turbidez e potencial de oxiredução As análises de mercúrio no solo da indústria mostraram dois focos prin cipais com concentrações mais altas até as profundidades de 10 m A partir do modelo numérico de terreno MNT foram gerados mapas hipsométricos e tridimensionais mostrando as distribui ções e perfis de mercúrio e cálculos de áre as contaminadas A área da grade triangular amostrada foi calculada em 2112604 m2 representando 2821 da área da indústria Na profundidade de 05 m na camada de aterro observase três focos com maiores te ores de mercúrio enquanto que em 10 m observase valores e distribuições de mercú rio no solo mais altos nas áreas vizinhas à dos tanques de estocagem de efluentes tra tados Ao atingir 15 m os teores de mercúrio decaem permanecendo entre 0 e 35 ppm A partir de 25 m o número de amostras foi insuficiente para a aplicação do MNT Por outro lado dentre as 28 amostras coletadas de água subterrânea foi verifica do que somente uma delas esteve abaixo do limite de intervenção Portanto fezse ne cessário apressar um plano de remediação dessa contaminação A partir dos resultados da análise con firmatória foi feita a análise de risco à ex posição humana e ao ambiente Assim os projetos de remediação no solo e na água subterrânea buscaram diminuir efetiva mente os riscos identificados em decorrên cia das atividades fabris da empresa Projeto Conceitual de Remediação da Água Subterrânea O projeto trata da implantação de um siste ma de extração de águas subterrâneas em pontos estratégicos hot spots Utiliza uma rede tubular de bombeamento conti nuamente monitorado objetivando trans ferir o contaminante Hg mercúrio por uma rede hidráulica de transporte para a ETDI Estação de Tratamento de Despejos Industriais já existente na empresa O sistema consistiu da instalação de 09 nove poços de extração com bombeamen to contínuo e automático da água subterrâ nea contaminada de forma individual em cada poço A água subterrânea de cada poço de extração PE era transferida para duas elevatórias de recalque estrategicamente lo calizadas Cada elevatória transfere a água retida via pipe rack diretamente para o tan que de recepção da ETDI da empresa Considerando que vários poços estão situados em aquicludes e ou aquitardes ou seja em seções geológicas de baixa perme abilidade e baixa capacidade de transferên cia de água o projeto se baseou nas seguin tes premissas Bombeamento de Baixa Vazão considera mos o bombeamento de baixa vazão aplicá vel aos poços PE 01 PE 02 PE 03 PE 08 e PE 09 Nestes casos o bombeamento foi feito por fluxo pulsante com bomba pneu mática com tomada de captação inferior para fase dissolvida vazão ajustável em sis tema de ciclo e pulsos pneumáticos através de um painel controlador digital O siste ma foi composto por uma bomba tubular de Ø 39 mm Bombeamento de Maior Vazão consideran do as características apresentadas nos tes tes de bombeamento dos poços foi adotado 204 nos PEs 04 05 06 e 07 o bombeamento do fluido de forma contínua e autônoma com controle próprio de reposição de nível usando de uma boia préexistente no equi pamento A bomba pneumática foi alimen tada exclusivamente por ar comprimido dispensando o uso de painel controlador O sistema foi ajustado para operar na melhor vazão de segurança do poço tendo sido re gulado automaticamente ao atingir o nível dinâmico ND estável Projeto Conceitual de Remediação do Solo A remediação do solo contaminado foi feita em três frentes A primeira contemplou a demarcação de um polígono de solo con taminado no interior da empresa próximo à área de um antigo depósito de lamas de processo Em seguida foi feita a retirada de solo até a profundidade de 10 m Em sequência se fez a reposição de solo de em préstimo com laudo comprovando a quali dade do solo A segunda frente consistiu na retirada da camada de solo subsuperficial em área externa da empresa entre o muro e o rio Acari em uma extensão total de 1637 m A remoção dessa camada de solo cobriu duas faixas as quais estavam afastadas respecti vamente 030 m e 30 m do muro até uma profundidade de 050 m correspondendo à remoção de cerca de 350 m3 de solo conta minado Da mesma forma que no caso an terior foi feita a reposição usando solo de empréstimo para recompor a topografia A terceira frente consistiu no calça mento impermeabilização de toda a área interna da empresa compreendida entre a ETDI Estação de Tratamento de Despejos Industriais e a ETE Estação de Tratamento de Efluentes Estendeuse ao longo do muro da empresa na região norte e nordeste es tando localizada entre a área das cisternas e o filtro prensa FP3 O calçamento foi totalmente executado em concreto arma do contemplando ainda uma calha cole tora que direcionava a água da chuva para a ETDI As Figuras 4 e 5 mostram esquemati camente as intervenções realizadas no solo do interior da PAIq e na área alémmuros da empresa Figura 4 Vista geral da PAIQ com destaque para as áreas de intervenção interna calçamento e externa substituição de solo entre o muro da empresa e o rio Acari 205 Resultados Os resultados das análises preliminares e confirmatória permitiram mapear as áreas contaminadas no interior e entorno da em presa mediante a quantificação de mercú rio total no solo e na água subterrânea As análises de especiação de mercúrio na água subterrânea confirmaram que não houve efeito de metilação As áreas mais críticas de contaminação no solo e na água subterrânea foram identifi cadas tendo sido implementadas ações de remediação efetivas para a diminuição do risco ocupacional e ambiental Figura 5 Distribuição e localização dos pontos de amostragem de análise de mercúrio total na área de remediação dos antigos valos de lama para fins de delimitação da área de intervenção A remoção total de solo contaminado nas áreas internas da empresa totalizou 9451 toneladas tendo sido todo o material imobi lizado mediante mistura de cal e cimento sendo destinado posteriormente para ater ro industrial A remoção total de solo contaminado em área entre o muro da empresa e a margem esquerda do rio Acari totalizou o volume de 350 m3 o qual passou pelo mesmo proces so de imobilização e destinação tal como realizado nas áreas internas da empresa A instalação do sistema de tratamento da água subterrânea desde 2008 tratou e adequou aos níveis de descarte industrial 10 µglitro um volume da ordem de 1630 m3 de água conta minada até o mês de julho 2013 Benefícios do Projeto A execução de um projeto de longa duração com foco na melhoria da gestão ambiental pro porcionou à empresa meios eficientes e seguros da gestão dos resíduos e efluentes gerados A inclusão do estudo da análise de ris co antes e após a execução das ações de remediação foi suficiente para eliminar os riscos por conta da contaminação do solo e da água assim como para identificar as me tas que se deve atingir para diminuir o risco remanescente qual seja o de inalação nas áreas de eletrólise A remediação da contaminação do solo e da água na Pan Americana Indústrias químicas diminuiu significativamente a possibilidade de que seus resíduos fossem uma fonte de contaminação adicional do rio que corre junto a seus muros 206 Tecnologias limpas para a arte em pedrasabão o caso de Mata dos Palmitos Ouro Preto MG abril2004 a dezembro2011 Com apoio do Programa PETROBRAS para Cidadania ações multidisciplinares e interinstitucionais coordenadas com desenvolvimento de tecnologias sociais limpas conscientizam artesãos e modificam hábitos reduzindo os impactos da arte em pedrasabão danosos ao ambiente e à saúde do trabalhador sem descaracterizar a marca cultural que a atividade artesanal imprime à comunidade de Mata dos Palmitos e de outras localidades próximas Problema Desafio O nome pedrasabão foi conferido à rocha por artistas barrocos dos quais o mais conhecido é Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho que sem dúvida alguma contribuiu através de sua obra para o reconhecimento internacional de Ouro Preto culminando com a declaração em 1980 pela UNESCO de Patrimônio Histórico da Humanidade Isto fez com que houvesse uma grande expansão do artesanato nas décadas seguintes e pôs em destaque esta arte A pedrasabão ou esteatita abundante na região do quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais é composta de vá rios minerais dos quais destacamse o talco os anfibólios e o quartzo Os anfibólios formados de actinolita e tremolita for mam fibras potencialmente cancerígenas quando inaladas Todas as etapas de produção do artesanato em pedra sabão embora de caráter manual e rudimentar expõem os artesãos em sua maioria mulheres e o ambiente circundante a uma grande quantidade de poeira mineral É uma atividade secular realizada naquela região oriunda de cultura herdada dos índios do Vale do Itacolomi que já empregavam a pedra sabão na confecção de seus utensílios A comunidade de Mata dos Palmitos localizada a 40 km do centro de Ouro Preto possui cerca de 200 habitantes sendo que a grande maioria se dedica ao artesanato em pedrasabão produzido em suas próprias residências Uma parcela dessa população foi estudada por pesquisadores da Universidade de Ouro Preto UFOP e problemas dermatoló gicos e doenças pulmonares graves possivelmente associados 207 Responsáveis pelas Informações Patrícia Correia de Araujo Zuleica Carmen Castilhos EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Odilon da Silva Ary Caldas Jacinto Frangella Jéssica Leite Patrícia C de Araujo Zuleica Carmen Castilhos Coordenação Técnica DNPM Ivan Jorge Garcia IME Carlos Breno Otto Carlos Lippmann Prefeitura Ouro Preto Secretaria de Meio Ambiente Josefa Clara Lafuente Monteiro Ronald de Carvalho Guerra uFOP Benedito Matozinhos Devêza Fernando de Morais Paulo Assis unB Maria da Conceição Freitas à exposição contínua ao material particulado na atmosfera foram identificados Além disso o trabalho manual com a ro cha também envolve riscos físicos e ergonômicos Igualmente comprometida encontrase a saúde ambiental da localida de pois além dos rejeitos serem depositados nos leitos dos córregos causando assoreamento o transporte do material particulado via ação dos ventos ocasiona sua deposição no solo e nas copas das árvores causando um ciclo de con taminações e impactos ambientais para além das oficinas peridomiciliares Em observação a essas questões que não se limitam à problemática laboral e ambiental mas abrangem aspec tos socioeconômicos o CETEM desenvolveu uma série de ações multidisciplinares e interinstitucionais que interliga das tiveram por objetivo a supressão dos impactos danosos oriundos da atividade artesanal sem que contudo desca racterizassem a marca cultural que a atividade imprime à comunidade local O desafio de desenvolver uma rota alternativa tecnológi ca e ambientalmente limpa que viesse a substituir o processo utilizado para a fabricação de peças artesanais em pedra sabão pela comunidade artesã de Mata dos Palmitos surgiu no ano de 2004 por iniciativa do CETEM em parceria com outras instituições públicas DNPM Prefeitura Ouro Preto Secretaria de Meio Ambiente UnB UFOP e CEFETOP com financiamento de uma agência estrangeira de fomento International Development Research Center IDRC e do se tor privado brasileiro IBC Instituto Brasileiro do Crisotila SAMA Minerações Associadas e SAMARCO Mineração Estratégia de Desenvolvimento Com recursos recebidos do IDRC da SAMA e do IBC a pri meira e principal meta foi a aquisição e adaptação de 5 má quinas confeccionadas especialmente para atender a marcha produtiva do artesanato em pedrasabão modificando todo o processo antes realizado a seco para via úmida impedindo assim a dispersão ambiental da poeira mineral e de sua ina lação pelos artesãos A segunda etapa foi a construção de uma Unidade de Referência em Artesanato Mineral com Tecnologias Sociais Limpas URAM na localidade inaugurada em julho de 2010 e financiada com recursos da Prefeitura Municipal de Ouro 208 Preto A URAM foi concebida como um cen tro de difusão das novas tecnologias para um expressivo contingente de artesãos não apenas para os de Mata dos Palmitos mas também para os de outras comunidades que desenvolvem atividades congêneres O projeto arquitetônico com acessibilida de às pessoas com necessidades especiais bem como com tratamento e recirculação da água do processo possui além de uma área específica para os equipamentos duas salas uma para as mulheres desenvolverem o artesanato manual com exaustão adequa da e outra para treinamentos cursos en contros e reuniões dos artesãos A maior dificuldade encontrada por parte da equipe do CETEM foi vencer a re sistência dos artesãos à aceitação de que o processo de produção artesanal apresentava problemas ambientais e de saúde e à introdu ção da inovação uma vez que culturalmen te o ofício é repassado há muitas gerações A relação de confiança estabeleceuse pela aproximação da equipe técnica do CETEM à comunidade durante alguns anos Resultados Uma vez estabelecido o bom relacionamen to com a comunidade local o CETEM pro moveu a capacitação profissional dos arte sãos por meio de um curso distribuído em 3 módulos com conhecimentos teóricos e conceituais em linguagem adequada so bre saúde higiene segurança no trabalho uso de equipamentos de proteção individu al lesões por esforço repetitivo noções so bre arte e associativismo Também foi realizado o treinamento dos artesãos nos equipamentos instalados na URAM com apoio da SAMA e do SENAIGO visando seu uso correto e obedecendo os procedimentos técnicos e de segurança Mais de 40 artesãos receberam certifica do do Curso de Formação de Artesãos em Tecnologias Sociais Limpas para Artesanato em PedraSabão expedido pelo CETEM e pela Prefeitura de Ouro Preto O financia mento dessa fase foi obtido em projeto apro vado no Edital Social da SAMARCO O anseio da equipe envolvida neste pro jeto foi e continua sendo o de contribuir na manutenção da herança cultural que identifi ca a comunidade de Mata dos Palmitos com o desenvolvimento de tecnologias sociais lim pas para a arte em pedrasabão com vistas à melhoria ambiental de saúde e da qualidade de vida da população de Mata dos Palmitos Benefícios do Projeto A adesão da população à iniciativa foi ex pressiva e outros grupos de artesãos de lo calidades próximas manifestaram o desejo por melhorias em suas oficinas de trabalho seguindo os mesmos moldes implantados pelo CETEM em Mata dos Palmitos A partir do sucesso das ações realiza das pela equipe deste projeto de cunho so cial econômico e ambiental a comunidade recebeu vários benefícios paralelos como a reforma da igreja e da escola municipal a construção de um campo de futebol e a melhoria do acesso rodoviário à localidade No ano de 2011 o projeto foi con templado com recursos financeiros pelo Programa PETROBRAS para Cidadania e em 2012 foi fundada a Associação dos Agricultores Familiares e de Produtores de Artesanato em Pedra Sabão de Mata dos Palmitos com sede própria no sub distrito de Santa Rita Município de Mata dos Palmitos inscrita no CNPJMF sob o n 16628959000106 209 Produção no CETEM de materiais de referência certificados MRC desafios e soluções inovadoras julho2004 até o presente Programa permanente do CETEM Fruto de um trabalho inovador o CETEM é a única instituição brasileira acreditada a produzir materiais de referência para minérios e minerais tendo empresas de mineração e laboratórios comerciais no país e no exterior como principais beneficiários Problema Desafio Materiais de referência certificados MRC são aqueles su ficientemente homogêneos e estáveis em relação a uma ou mais propriedades especificadas quando caracterizados por procedimentos metrologicamente válidos São sempre acom panhados por um certificado que fornece o valor das pro priedades certificadas incluindo a incerteza associada e uma declaração de rastreabilidade metrológica ISO Guide 301992EAmd12008 Os MRC podem ser aplicados na validação de métodos e na calibração de equipamentos para i atribuir valores a outros materiais ii controlar a qualidade de processos de medição No âmbito normativo o seu uso é um requisito estabelecido em normas como a ABNT NBR ISOIEC 17025 e a ABNT NBR NM ISO 15189 sendo o Committee on Reference Materials da International Organization for Standardization ISO REMCO responsável por estabelecer diretrizes elaborar e revisar as diretrizes in ternacionais para as atividades de produção e uso de mate riais de referência Os MRC são peçaschave na constituição e manutenção de um sistema de medições universal e coerente uma vez que possibilitam a transferência de um valor atribuído a uma dada propriedade tornandose essenciais para o estabele cimento da cadeia de rastreabilidade em um processo de medição e em consequência assegurando a qualidade de produtos e serviços A rastreabilidade é uma das exigências tecnológicas fun damentais nas transações comerciais por estabelecer uma 210 Responsáveis pelas Informações Maria Alice Cabral de Goes CETEM Eduardo Marchiori Escobar Votorantim MetaisCia Bras Alumínio Luiz Gobbo Rio Tinto Desenv Minerais EquIPE DO PROJETO CETEM Claudio Marcio Andrade Jorge Andrade Perreira Lillian Maria Borges Domingos Lívia Gebara MS Cordeiro Maria Alice Cabral de Goes Coordenação Técnica Marta Brandão Tozzi relação entre os resultados de medições e os de padrões de valor metrológico claramente definidos dentro de critérios aceitos internacionalmente Para conseguir comparabilidade de resultados ao longo do tempo e em diferentes locais é essencial relacionar os resultados de medição bem como as etapas individuais a uma mesma referência estável ou uma medição padrão A produção de MRC com confiabilidade e rastreabili dade metrológica é realizada por Institutos Nacionais de Metrologia INM instituições designadas ou instituições acreditadas em conformidade com a norma ISO Guide 34 que estabelece os requisitos técnicos e de gestão para de monstração da competência necessária para o desenvolvi mento e a certificação de materiais de referência Para tan to o produtor necessita de uma infraestrutura dedicada ao processamento e armazenamento do material Destacamse como sendo os principais produtores mundiais de MRC NIST EUA LGC Reino Unido BAM Alemanha IRMM Bélgica União Européia NMIA Austrália e NRCan Canadá No Brasil observase uma crescente demanda por MRC de amostras minerais para atender à execução de serviços e projetos com foco em desenvolvimento de tecnologia mineral em função do aquecimento da economia nacional e mun dial A demanda porém é ainda reprimida face à escassez de disponibilidade desses materiais no Brasil e no exterior ocasionada principalmente pela diversificação de materiais matrizes componentes e concentrações Como agravante os MRC disponíveis no exterior nem sempre possuem as matri zes e níveis de concentração que atendam às necessidades do setor minerometalúrgico brasileiro Além disso há obstá culos a serem vencidos quanto à importação que por vezes é demorada e com custo elevado O CETEM em conformidade com seus Planos Diretores 20062010 e 20112015 assumiu o compromisso de ofe recer soluções que contribuam para atender à demanda por MRC na área mineral buscando estar entre os líderes nacio nais na produção com qualidade reconhecida de materiais de referência certificados para amostras minerais 211 Estratégia de Desenvolvimento O Programa Brasileiro de Metrologia em química PBMq constituiuse em um con junto de ações direcionadas a apoiar o país na consolidação de uma base metrológica em química Sua forma de gestão foi reali zada por meio do estabelecimento de uma rede formada a partir da identificação da capacitação laboratorial direcionada ao atendimento de segmentos industriais da saúde e ambientais Na Fase I do projeto PBMq 1998 a 2003 procedeuse à iden tificação preliminar das demandas na área metrológica em química e das capacitações existentes no país O CETEM foi uma das instituições selecionadas para ingressar na subrede de produtores de MRC uma vez que detinha conhecimento técnico e expe riência na área além de dispor da infraes trutura mínima necessária para o processa mento dos materiais Na Fase II 2004 a 2007 foi criada a subrede de produtores de MRC incorporando laboratórios das se guintes instituições CETEM INT IPEN e IPT Os MRC selecionados objetivaram aten der algumas necessidades específicas nas áreas de petróleo mineração alimentos e química A competência do CETEM na prepara ção de materiais de referência e no tratamen to estatístico de resultados de programas in terlaboratoriais foi consolidada por meio do treinamento de profissionais no Canadian Center for Mineral and Energy Technology CANMET Canadá outubro1986 a feverei ro1987 e no National Bureau of Standards NBS EUA março a junho1987 Esse esforço de capacitação deu sustentação à realização das primeiras atividades do CETEM relacionadas à produção de mate riais de referência as quais incluíram o pro cessamento de materiais e a coordenação de programas interlaboratoriais para a ca racterização de propriedades em amostras de carvão mineral Projeto CETEMDNPM 1984 a 1986 e de minério de ouro Projeto CETEMFINEP 1985 a 1987 com a par ticipação de 25 laboratórios pertencentes a instituições de pesquisa e ao setor em presarial brasileiro Esses projetos tiveram como principal objetivo o aperfeiçoamento dos processos de medição nos laboratórios participantes por meio do intercâmbio de informações para a solução de problemas relativos aos métodos analíticos adotados e à utilização dos materiais de referência pro duzidos como amostrascontrole Na década de 90 o aumento das pres sões comerciais e tecnológicas sobre as empresas de mineração e metalurgia re sultaram na busca pela melhoria do pro cesso analítico e consequente aumento da demanda por materiais de referência com matrizes semelhantes às amostras de roti na Durante esse período o CETEM desen volveu projetos de produção de materiais de referência para atender às necessidades es pecíficas das empresasclientes Nesses ca sos a caracterização das propriedades dos materiais foi realizada por laboratórios co merciais e das próprias empresas de mine ração cadinhos de grafite Casa da Moeda do Brasil 1993 minério de ouro VALE 1993 e 1998 minério de ouro São Bento Mineração 1994 Visando à institucionalização da pro dução de MRC em 2005 os aspectos técnicos e de apoio envolvidos no proces samento certificação e emissão dos mate riais de referência passaram a ser coordena dos pelo Programa Materiais de Referência Certificados PMRC Um laboratório dedi cado ao processamento de materiais de re ferência de amostras minerais foi construído 212 no CETEM Atualmente ocupando uma área de 140 m2 nele estão instalados equipa mentos de alta capacidade para processar grandes quantidades de material incluindo um sistema industrial de captação de pó com coletores móveis que evita a conta minação cruzada entre matrizes e níveis de concentração Em decorrência de uma abordagem estratégica foi implantado e implementa do um sistema de gestão no CETEM em conformidade com os requisitos da ABNT NBR ISO 9001 e ISO Guide 34 Como re sultados o CETEM obteve em 2008 a cer tificação ISO 9001 concedida pelo Bureau Veritas Certification e em 2011 a acredi tação como produtor de material de referên cia concedida pela Coordenação Geral de Acreditação Cgcre do Instituto Nacional de Metrologia qualidade e Tecnologia Inmetro Esta última demonstrada pelas avaliações realizadas é um reconhecimen to internacional da capacitação técnica da equipe do CETEM Resultados Atualmente o CETEM é a única institui ção brasileira acreditada como produtor de materiais de referência para minérios e minerais Esta é uma importante conquista que permite consolidar e ampliar a capa citação do CETEM para atuar no segmen to minerometalúrgico e cumprir de forma consistente e demonstrável a sua missão proporcionando o aumento da visibilidade institucional Os MRC produzidos pelo CETEM são fruto de um trabalho inovador no cenário nacional tanto pelas suas características intrínsecas quanto pela forma como são produzidos O valor agregado é resultado do planejamento da produção processamento da matériaprima avaliação da homogenei dade avaliação da estabilidade caracteri zação do lote atribuição de valores de pro priedades e certificação A caracterização do lote de material é realizada por meio de um programa de medição interlaboratorial com a participação de laboratórios localizados Figura 1 Várias composições de bauxita produzidas como MRC no CETEM 213 no Brasil e no exterior com reconhecida competência na área mineral Atualmente o CETEM possui 13 MRC disponíveis para comercialização sendo onze diferentes tipos de composições quí micas de bauxita Figura 1 um minério de sulfetos de cobre e um concentrado de sul fetos de cobre Os principais beneficiários são empresas de mineração e laboratórios comerciais como por exemplo Mineração Paragominas SA Yamana Gold Rio Tinto Desenvolvimentos Minerais Ltda Alcoa World Alumina Jamaica LA Teixeira Intertek Mineral Brammer Standard EUA Bureau of Analysed Samples Reino Unido PTGeoservices Indonésia O CETEM também desenvolve MRC customizados a partir de material forneci do pelo cliente para atender a uma neces sidade de aplicação específica como por exemplo o MRC de bauxita para a Rio Tinto Desenvolvimentos Minerais Ltda produzi do em 2012 Os procedimentos relativos à produção de materiais de referência estão implementados de forma a garantir a quali dade dos materiais e a proporcionar a satis fação dos clientes que os utilizam Benefícios do Programa O desenvolvimento de MRC de amostras mi nerais constituise em inovação tanto pelo seu processo de produção quanto pelo seu produto com características específicas e originais pois cada matriz é única A dis ponibilização de tais materiais possibilita a agregação de valor aos bens minerais do solo brasileiro ao incorporarem os valores certificados de suas propriedades incluindo suas incertezas Ainda existe carência de MRC nas áre as da exploração geológica da mineração do processamento de minérios e da transfor mação mineral ocasionada principalmente pela diversificação de materiaismatrizes componentes e concentrações Na medida em que os materiais de referência certifica dos com qualidade garantida continuarem a ser produzidos no país ampliando a diver sificação da oferta de diferentes matrizes o CETEM estará certamente contribuindo para a redução da vulnerabilidade externa marcada pelas dificuldades e altos custos de importação bem como pelo reduzido nú mero de MRC que atendam às característi cas específicas dos minerais brasileiros 214 Produção de policloreto de alumínio a partir de bauxita para tratamento de águas setembro2004 a janeiro2006 Policloreto de alumínio floculante usado no tratamento de água potável e de águas industriais tem processo patenteado para sua produção a partir de matériasprimas abundantes no Brasil como a bauxita com repasse da tecnologia ao Grupo Química Cataguases reconhecido fabricante de compostos de alumínio Problema Desafio O tratamento de águas residuais na indústria química é par ticularmente importante para evitar que efluentes provoquem danos ao ambiente Entre as técnicas de tratamento empre gadas destacamse os processos de floculaçãocoagulação Nos últimos anos os sais de alumínio têm sido emprega dos com sucesso como coagulantes no tratamento de água O sulfato de alumínio apesar de ser mais utilizado possui algumas desvantagens i o aumento indesejado dos níveis de alumínio nas águas tratadas ii a coagulação fica limitada a um pequeno intervalo de pH dependente principalmente da natureza do efluente iii a necessidade de adição de outros reagentes para um aumento de alcalinidade e melhoria da coagulação O policloreto de alumínio PAC na maioria dos casos revelase um coagulante de eficiência superior ao sulfato de alumínio Para a eliminação das substâncias coloidais sua eficácia é de 15 a 25 vezes superior à dos outros sais de alumínio em igualdade de dosagem de Al3 Em função de sua reconhecida basicidade o PAC libera durante a hidró lise uma quantidade de ácido consideravelmente menor do que o cloreto de alumínio e os coagulantes tradicionais como o sulfato de alumínio e o cloreto férrico Isso provoca uma menor variação do pH do meio tratado e um menor consumo de neutralizante para reconduzir o pH ao seu valor original O PAC pode ser produzido por adição de uma base a uma solução de cloreto de alumínio até que se alcance um com posto químico com fórmula empírica de AlOHnCl3n onde n 215 Responsável pelas Informações Marisa Nascimento EquIPE DO PROJETO CETEM Flávio de Almeida Lemos Ivan Ondino de Carvalho Masson Coordenação Técnica Marisa Nascimento Roberta Gaidzinski Grupo química Cataguases Luiz Sérgio Vieira Consultores Arthur Lakshevitz Junior Eduardo da Gama Câmara pode variar entre 1 e 25 Assim uma variedade de espécies poliméricas pode ser formada quando soluções de PAC são adicionadas à água O PAC é um polímero solúvel em água no entanto algumas formulações podem conter precipitados como os de hidróxido de alumínio que promovem uma cinéti ca diferenciada de floculação na remoção da turbidez e adsor ção de substâncias húmicas Seus precipitados insolúveis de polihidróxidos de alumínio absorvem poluentes em suspen são que podem ser removidos da água Assim o PAC é uti lizado como floculante ou coagulante no tratamento de água potável e no tratamento de águas industriais sem necessida de do constante ajuste do pH dentre outras vantagens Levando em consideração as vantagens citadas e em atendimento a uma solicitação do Grupo química Cataguases GqC empresa reconhecida nacionalmente pela produção de compostos de alumínio no estado de Minas Gerais o CETEM iniciou estudos de síntese do PAC e o desenvolvimento de uma rota de produção a partir de matérias primas abundantes no Brasil como é o caso da bauxita Estratégia de Desenvolvimento A primeira etapa do processo desenvolvida na empresa tra tou da reação em pressão atmosférica entre a bauxita ma tériaprima contendo alumínio e HCl meio ácido oxidante para obtenção de uma solução contendo cloretos de alumínio e ferro A solução foi então filtrada e preparada para purifica ção e síntese do PAC No CETEM investigouse uma rota de obtenção de PAC tendo como material de partida a solução obtida da lixiviação ácida da bauxita Os trabalhos foram conduzidos em duas eta pas a purificação do licor pela técnica de extração por solven tes para produção de solução purificada de cloreto de alumí nio b desenvolvimento de metodologia de produção de PAC através da hidrólise básica da solução de hidróxido de alumínio Na etapa de purificação a solução contendo Al e Fe passou por uma série de reatoresdecantadores em contato com um solvente orgânico capaz de extrair os dois íons Em seguida o solvente orgânico já carregado com os íons em questão foi então encaminhado para uma nova série de rea toresdecantadores para separação do Fe e do Al por contato com soluções de HCl em diferentes concentrações o que permitiu a separação seletiva dos dois íons 216 Na etapa da produção de PAC a so lução de cloreto de alumínio purificada foi enviada para um reator de polimerização onde foi parcialmente hidrolisada mediante adição controlada de um reagente alcalini zante ex NaOH Nessa etapa foi essencial o controle de variáveis como temperatura tempo pH e agitação para garantir a produ ção final do policloreto de alumínio Além disso a análise química quantita tiva do produto final por meio do método de Ferron colorimétrico teve que ser adapta da às condições do processamento do PAC O método de Ferron permite diferenciar es pécies solúveis de alumínio nos sistemas aquosos Baseado nas diferenças das ciné ticas de reação entre o alumínio nas di ferentes espécies e o reagente de Ferron ácido 7iodo8hidroxi quinolina sulfônico foi possível quantificar grupos de espécies de alumínio em solução As quantidades de espécies monoméricas poliméricas e sóli das de hidróxido de alumínio puderam ser medidas usando esta técnica de especiação colorimétrica indireta na qual a absorbân cia a um dado comprimento de onda está relacionada com a concentração de alumí nio reativo na solução analisada Resultados O processo inovador para produção de poli cloreto de alumínio a partir da bauxita de senvolvido pelo CETEM é capaz de produ zir produtos com excelentes características técnicas Teores para Al2O3 entre 10 e 20 Cl entre 10 e 20 ferro inferiores a 01 basicidade entre 6 e 90 e pH entre 15 e 45 são características comuns nos produ tos finais o que amplia bastante sua apli cabilidade no tratamento de águas O clo reto de ferro residual pode ser gerado como coproduto em níveis de pureza adequados para que possa ser utilizado por exemplo no tratamento de águas e esgotos ou na in dústria de papel Além disso as Indústrias químicas Cataguases Ltda depositaram em 2006 um pedido de privilégio junto ao INPI e em 2011 foi publicada a concessão da patente PI 06002323A tendo como inventores to dos os membros da equipe do projeto Benefício do Projeto O CETEM repassou a tecnologia para a fa bricação de PAC à empresa que a está utili zando industrialmente para atender o mer cado nacional de floculantescoagulantes para o tratamento de água 217 Aperfeiçoamento do processo de reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição RCD abril2005 a junho2009 Caracterização da fração mineral dos RCD procedimentos e ensaios tecnológicos de tratamento com manipulação de grandes volumes de material e aperfeiçoamento do processo de reciclagem fornecem subsídios para modelagem dinâmica da gestão desses resíduos e apresentam para três cidades brasileiras soluções de processamento dos entulhos médios e aproveitamento dos recursos minerais neles contidos como matéria prima para o mercado de agregados Problema Desafio A cadeia da construção civil é uma das maiores consumido ras de bens minerais principalmente os agregados naturais brita e areia No Brasil a grande parte dos resíduos de cons trução e demolição RCD não é transformada em agregados reciclados A principal dificuldade técnica no beneficiamento desses resíduos é a variabilidade das frações minerais neles presentes Para que esses produtos se tornem homogêneos é necessário utilizar uma série de operações unitárias da área de tratamento de minérios no fluxograma de processamento No Brasil a maioria dos resíduos é composta por uma mistura de concretos argamassa cerâmica branca e verme lha solo e materiais indesejáveis como gesso dificultando sua separação Os produtos da reciclagem são a bica corrida e o rachão ou seja materiais grosseiros de granulometria va riável usados como base e subbase de pavimentação A gestão dos RCD nas economias maduras EUA Japão e países da Europa disponibiliza para as usinas resíduos separados em fases distintas como concretos e cerâmicas facilitando a reciclagem e o reuso inclusive em concretos não estruturais Os agregados reciclados seja brita ou areia pro duzidos nesses países complementam uma parte da oferta total dos agregados para a cadeia da construção civil Os maiores desafios do projeto realizado pelo CETEM com o suporte financeiro da FINEP Edital Habitare foram i a amostragem da fração mineral dos RCD para a caracte rização e os circuitos de processamento do entulho médio de três cidades selecionadas ii a manipulação de grandes 218 Responsável pelas Informações Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima EquIPE DO PROJETO CETEM Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima Coordenação Técnica Lauro Norbert Costa Leonardo Silva Santos Marcelo Correa de Andrade Salvador Luiz Matos de Almeida uFAL Paulo Cesar Correa Gomes uSPDepto de Engenharia de Minas Arthur Pinto Chaves uSPDepto de Engenharia Civil Sérgio Cirelli Ângulo Vanderley M John volumes dos RCD e iii a realização de centenas de proce dimentos e ensaios de tratamento mineral em escala piloto Estratégia de Desenvolvimento Primeira Fase a composição dos RCD de uma cidade ou de uma região significativa de uma cidade brasileira era até então des conhecida Pela primeira vez no Brasil um projeto de PD reali zou de maneira extensiva e em detalhes com técnicas oriundas da indústria mineral um registro do ciclo de vida dos resíduos da construção civil no momento do descarte final Para este trabalho foram escolhidas as cidades de Macaé RJ Maceió AL e uma região de descarte na cidade de São Paulo SP Cálculos segundo a teoria de Pierre Gy permitiram determinar que a amostra mínima representativa fosse de 150 toneladas 115 m³ ou 23 caçambas de 5 m³ para cada cidade As amostras foram primeiramente colocadas em ca çambas e depois transferidas para sacos de polipropileno bigbags cada um contendo de 500 a 1000 kg de RCD Ao todo foram coletados 131 bigbags que foram trans portados para o CETEM e posteriormente processados em sua planta piloto Considerando o ciclo de vida aproximado de 40 anos para a construção civil a representatividade da amostragem de Macaé foi melhor que das outras cidades pois era constituída de 50 de entulho histórico aterros antigos localizados fora da cidade e 50 de entulho novo Segunda Fase procedimentos e ensaios experimentais foram realizados com os RCD das três cidades para determinar características desses RCD granulometria distribuição de densidade e balanço de massa dos materiais indesejáveis contaminações eficiências de descontaminação pelos procedimentos de catação testados qualidade do agregado obtido pelos tipos de britadores ava liados mandíbula ou impacto com base no critério de distri buição de densidade qualidade do agregado obtido pela separação em cone de meio denso com base no critério de massa específica apa rente e de absorção de água Terceira Fase englobou a modelagem dinâmica da gestão dos RCD nas três cidades consideradas tomando por base o conceito 219 de mineração urbana conjunto das ações e tecnologias utilizadas para recuperar os re cursos minerais contidos nos resíduos prove nientes da indústria da construção civil No Brasil a formação da mineração urbana está associada à mudança do tratamento dos RCD da esfera do saneamento básico para o âmbi to do aproveitamento dos RCD como matéria prima para o mercado de agregados recicla dos que se formou no marco regulatório da resolução CONAMA 307 de 2002 Os modelos estáticos de custobene fício e da viabilidade das plantas de reci clagem até então utilizados tornaramse obsoletos Foi necessário construir novos modelos dinâmicos para dar conta da com plexidade na gestão dos RCD Resultados O processamento dos 131 grandes volumes de RCD no CETEM permitiu extrair informa ções valiosas Com relação à caracterização granulométrica e ao balanço de massa dos materiais indesejáveis observouse que i 55 média mássica apresentava gra nulometria abaixo de 63 mm significando a viabilidade do emprego direto sem a neces sidade de um britador como material para Figura 1 Materiais indesejáveis e contaminantes no RCD de São Paulo e Macaé Sem contaminantes Gesso 1 Amianto 01 Orgânicos 3 42 46 58 54 15 4 MACAÉ SÃO PAULO 19 46 24 4 base e subbase de pavimentação ii 35 média mássica tinha granulometria abaixo de 254 mm justificando sistema de escal pe com o intuito de aumentar a capacidade de operação do britador Com base na caracterização da composi ção Figura 1 ficou evidenciado que i cerca de 50 da massa dos RCD pode conter teo res excessivos de materiais indesejáveis prin cipalmente a madeira e contaminantes gesso e cimento amianto como no caso das amos tragens em Macaé e São Paulo ii o RCD classificado visualmente como RCD mineral concreto argamassas cerâmicas etc pode atingir alto grau de pureza para os materiais in desejáveis mas não para contaminantes como o gesso tornando a operação de catação algo fundamental para se atingir um agregado reci clado de qualidade aceitável Os resíduos mistos são os mais impor tantes não só pela quantidade mas também porque inexistindo clientes com necessida des determinadas esses resíduos são em geral utilizados na base e subbase da pavi mentação Nas amostragens realizadas fo ram caracterizadas as qualidades dos RCD já que os níveis de porosidade dos agrega dos reciclados podem ser relacionados às 220 densidades dos mesmos por meio de en saios de sink and float Figura 2 Na fração mineral dos RCD foram es tabelecidos três níveis de qualidade corres pondendo a três intervalos de massa espe cífica ou densidade expressa em kgdm3 alta 22 média entre 19 e 22 e baixa qualidade 19 A fração com densida de acima de 22 kgdm³ está associada à presença de resíduos de peças de concreto armado vigas pilares ou lajes ou de ro chas naturais Classificar visualmente esse tipo de material é interessante quando se pretende produzir agregado reciclado com qualidade superior e para o emprego no con creto Sabese no entanto que o resíduo de melhor qualidade corresponde em média a apenas 23 da massa dos RCD Este teor é provavelmente influenciado pela presença de demolições de obras de grande porte in dustriais ou de infraestrutura e edificações de múltiplos pavimentos que implicam em peças de concreto armado mais resistentes e com maiores dimensões Na Figura 3 observase que no RCD de Macaé menos de um quarto de sua massa pode ser caracterizada como de alta qualida de e para a fabricação de concreto Em São Paulo como agregado para concreto temse 49 da massa Já o RCD de Maceió é muito pobre apresentando quantidade desprezível Figura 2 Operação do cone de meio denso sink and float na usina piloto do CETEM de material que pudesse ser aproveitado para essa finalidade Os percentuais podem se mo dificar no entanto com a operação de comi nuição que favorece o descarte da maior par te da fração porosa densidade19 gdm3 a qual tende a se concentrar nos superfinos enquanto que o material cimentício rocha concreto tende a se liberar Isso faz com que mesmo o RCD de Maceió que em seu estado natural grosseiro não sugere a presença de resíduo de alta qualidade após cominuído talvez possa apresentar percentual razoável da fase cimentícia Com relação à qualidade do agregado obtido pelos britadores foram testados os resíduos de alta qualidade das três cidades em relação a dois mecanismos diferentes Figura 3 Distribuição em massa específica das qualidades dos RCD das três cidades Alta Qualidade Média Baixa Qualidade MACAÉ SÃO PAULO MACEIÓ 221 de britagem mandíbulas e impacto Os re sultados evidenciaram uma notória redução da fração porosa d19 significando que o processo favorece a quebra de superfícies mais frágeis promovendo maior liberação da brita reciclada Adicionalmente verificou se que o mecanismo da britagem seja por mandíbulas ou por impacto não diferenciou a qualidade dos produtos gerados Os modelos dinâmicos para gerencia mento do RCD na cadeia da construção civil Figura 4 Ciclo de vida dos produtos da construção civil Figura 5 Modelo dinâmico para análise de custobenefício da reciclagem de RCD Significado das siglas Cu Custo Unitário em Rt Perc Percentual TD Taxa de Descarte em Rt TE Taxa de Entrada em Rt CT Custo Total em Rt Pu Preço Unitário em Rt foram construídos com o software Ithink considerandose um horizonte de 20 anos Os modelos foram o de custobenefício para as três cidades Figuras 5 e 6 e o de viabi lidade de plantas fixas e móveis para a ci dade de Macaé Figura 7 Foram conside rados os preços os custos totais os fluxos e as qualidades dos RCD segundo o esquema abaixo Figura 4 222 Figura 6 Relação custobenefício do gerenciamento do RCD para as três cidades 1Macaé 2São Paulo 3Maceió Figura 7 Modelo dinâmico específico para análise de viabilidade econômica de usinas fixas e móveis para reciclagem de RCD na cidade de Macaé A modelagem dinâmica propiciou a construção de vários cenários com propos tas de solução para viabilidade das plantas de reciclagem de RCD Constatouse que nas três cidades estudadas a existência das plantas e os esforços para estabelecer uma política de gerenciamento dos RCD trará a longo prazo mais benefícios do que cus to A cidade de Macaé é a primeira a apre sentar uma relação custobenefício positi va após cinco anos São Paulo apesar do elevado investimento inicial de 16 milhões 8 milhões de reais cada planta com capaci dade 50th e de só apresentar uma relação positiva após o sétimo ano é a cidade que trará maior custobenefício no longo prazo Para Maceió os investimentos são elevados a curto prazo e a relação custobenefício somente será positiva após 17 anos de fun cionamento da planta Foi construído um modelo de viabi lidade econômica tendo por base o Valor Presente Líquido VPL para gestão do RCD de Macaé que considerasse plantas fixas e 223 móveis para reciclagem Figura 7 O mode lo de gestão mostrouse inviável economica mente nas condições de mercado vigentes para produção de agregados reciclados Foram então simuladas e analisadas pos sibilidades para tornar a reciclagem viável na cidade de Macaé tendo sido considerados os seguintes subsídios redução da carga tribu tária para esse tipo de negócio que paga um total de 45 de imposto redução do valor do terreno adquirido considerado o maior com ponente dos custos iniciais incentivos que es timulem ou exijam o uso dos agregados reci clados em construções futuras aumentando o percentual reciclável e as receitas Dentre es sas medidas as referentes ao valor do terreno impostos e tipo de planta foram utilizadas na modelagem simulandose o impacto da dimi nuição do ICMS PIS e COFINS na viabilidade das plantas bem como a aquisição do terreno a 50 do valor original previsto proporcionan do um menor investimento inicial como mos trado nos seis cenários considerados na Tabela 1 e na Figura 8 O melhor desempenho financeiro foi para o cenário 3 Podese perceber que a viabilidade econômica é mais sensível i ao valor do terreno nas plantas fixas Tabela 1 Propostas de solução para a viabilidade das plantas de reciclagem de RCD em Macaé Cenário Tipo de Planta Impostos Valor do terreno em R Valor Presente LíquidoVPL em R Payback em anos 1 Fixa 15 3 milhões 65361735 2 Fixa 10 3 milhões 8736104 3 Fixa 5 3 milhões 47889527 174 4 Fixa 20 15 milhões 23010760 182 5 Móvel 15 38992875 6 Móvel 10 4987624 193 ii quando os impostos são reduzidos ao va lor de 5 para as plantas fixas e 10 para as plantas móveis Uma combinação desses elementos pode ser também considerada visto que alguns investidores podem não aceitar paybacks muito longos Com esses resultados fica evidente a importância dos subsídios para o setor de reciclagem em plantas fixas e móveis de ci dades com pouca geração de RCD e baixo estímulo à reciclagem O custo do terreno pode representar até 80 do investimento inicial principalmente neste momento de valorização imobiliária O comodato de ter renos públicos para empresas recicladoras assume um papel importante para a viabili dade destes empreendimentos Benefícios do Projeto Foram propostas soluções para viabilidade das plantas de reciclagem de RCD em Macaé Maceió e São Paulo e efetivamente implan tada uma unidade móvel de processamento de RCD sem britagem mostrada na Figura 9 em plena operação Esta planta móvel foi concebida pelo CETEM e pela USP para operar em pequenas cidades após a consta tação que para a utilização dos RCD como 224 base e subbase de pavimentação bastava uma catação dos resíduos abaixo de 50 mm Fundamentada nesta concepção a usina mó vel de reciclagem foi construída pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo IPT atendendo às solicitações de Prefeituras de pequeno porte do interior paulista Além disso o trabalho gerou uma tese de Doutorado intitulada A formação da mi neração urbana no Brasil reciclagem de resí duos de construção e demolição e a produção de agregados e venceu a primeira edição do Prêmio Celso Ferraz de Economia Mineral promovido pela revista Brasil Mineral Signus Editora com patrocínio da Cia Brasileira de Metalurgia e Mineração A premiação em se tembro de 2013 durante o 15º Congresso Brasileiro de Mineração foi concedida face a duas proposições inovadoras i modelos dinâmicos para o gerenciamento dos resíduos de construção e demolição RCD em nível municipal visando aumentar a sustentabi lidade da indústria mineral e da construção civil ii definição de conceitos para a indús tria recicladora emergente com a criação de um subsetor industrial distinto pertencente à cadeia da construção civil Figura 8 Resultado do VPL simulado com redução de imposto e terreno para as plantas fixas e móveis em Macaé Figura 9 A Caçamba transportadora de RCD B Unidade móvel de processamento de RCD A B 225 Biolixiviação para extração de cobre de um concentrado de flotação da Mineração Caraíba novembro2005 a novembro2006 Marco no início das atividades do CETEM em processos biohidrometalúrgicos o projeto comprova à Mineração Caraíba a viabilidade tecnológica de extração de cobre por biolixiviação com redução de custos operacionais de até 50 como alternativa ao processo pirometalúrgico adotado pela subsidiária Caraíba Metais Problema Desafio Naquela época a Mineração Caraíba SA já produzia e pro duz até os dias atuais um concentrado de flotação de sulfetos de cobre para posterior extração desse metal por processa mento pirometalúrgico flash smelt na unidade pirome talúrgica da subsidiária Caraíba Metais em Camaçari BA Diante da possibilidade de venda da planta de pirometalurgia para outra empresa a Mineração Caraíba iniciou uma busca por outras rotas tecnológicas de extração dos metais contidos nesse concentrado para que em médio prazo ela pudesse realizar a etapa de extração dentro de suas instalações O desafio proposto ao CETEM pela Mineração Caraíba foi o de analisar a viabilidade técnica da extração de cobre por biolixiviação a partir do concentrado de flotação conten do calcopirita CuFeS2 e bornita Cu5FeS4 provenientes de sua unidade de processamento mineral A biolixiviação ou lixiviação bioassistida é um processo natural de dissolução de sulfetos minerais resultante da ação de grupos de micro organismos que oxidam tais sulfetos disponibilizando os me tais presentes em suas formas iônicas solúveis Este projeto marcou o início das atividades do CETEM em pesquisa e desenvolvimento de processos biohidrometalúrgicos Estratégia de Desenvolvimento O que torna a técnica da biolixiviação uma alternativa mui to interessante na substituição dos processos convencio nais é a capacidade de certos microorganismos oxidantes 226 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Paulo Medeiros Mineração Caraíba EquIPE DO PROJETO CETEM Débora Monteiro Oliveira Diego Valentim Crescente Isaías Viana Junior Judith Liliana S Lemos Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Priscila Gonçalves Xavier Renata de Barros Lima Ronaldo Luiz Correa dos Santos Vânia Mori de ferro ou enxofre como os dos gêneros Acidithiobacillus e Leptospirillum crescerem em ambientes altamente ácidos e em presença de metais pesados As características que fazem com que um microorganismo seja atuante na lixiviaçãooxi dação de um mineral são a possibilidade de atuação numa faixa expandida de temperatura de 30 a 70 oC faixa de pH ácido 18 a 22 e alta relação dos íons Fe3Fe2 Além disso o processo de biolixiviação permite uma redução de custos operacionais de até 50 quando comparado ao processo pirometalúrgico convencional Durante o desenvolvimento do projeto a lixiviação foi avaliada i com relação à possibilidade da utilização da água ácida de mina como inóculo ii empregando cultura pura de Acidithiobacillus ferrooxidans na escala de labora tório in vitro iii em coluna empregando cultura pura de Acidithiobacillus ferrooxidans iv em distintas condições operacionais quantidade de concentrado de flotação de sul fetos de cobre tempo de biolixiviação e velocidade de agita ção orbital v pelo monitoramento de diferentes variáveis como pH potencial redox Eh concentração de íons ferrosos Fe2 e férricos Fe3 concentração de ferro total e concen tração de cobre Outros relevantes aspectos abordados foram a comparação do desempenho do processo bioextrativo com a utilização de diferentes inóculos a avaliação de recobrimento do minério oxidado de baixo teor em cobre com o concentrado de flotação para proceder a lixiviação em coluna a avaliação da utilização do fertilizante comercial como fon te de nutrientes NPK no cultivo de A ferrooxidans o cultivo de microrganismos termofílicos a avaliação da lixiviação do concentrado de flotação utili zando consórcio de microorganismos mesofílicos A ferroo xidans A thioxidans e L ferrooxidans bem como o consumo de ácido durante o processo O referido concentrado continha 35 de cobre nas ma trizes dos sulfetos constituintes sendo composto por 30 de 227 Figura 1 Operação de recobrimento do minério oxidado com o concentrado de flotação Figura 2 Unidade semipiloto para biolixiviação do concentrado de flotação bornita e 70 de calcopirita Primeiramente foram realizados experimentos em frascos agitados e posteriormente em escala se mipiloto tendo sido utilizadas colunas de polipropileno preenchidas com pelotas de argila expandida recobertas com uma polpa constituída por concentrado de flotação so lução ácida nutrientes e microorganismos A etapa semipiloto foi realizada em parceria com a empresa americana GeoBioticsLCC a qual forneceu para a Mineração Caraíba e para o grupo de pes quisa do CETEM as informações necessá rias para utilização da tecnologia GEOCOAT que se baseia na incorporação da amostra mineral concentrado de flotação a uma ro cha suporte support rock para poste rior utilização no processo bioextrativo A Figura 1 ilustra a operação de recobrimento do minério oxidado utilizado como rocha suporte com o concentrado de flotação de sulfetos de cobre A unidade semipiloto utilizada nos tes tes de biolixiviação do concentrado de flo tação de sulfetos de cobre é mostrada na Figura 2 Resultados Com a utilização do microorganismo Acidithiobacillus ferrooxidans foram alcan çadas elevadas extrações de cobre acima de 80 Resultados semelhantes foram alcançados com a utilização de drenagens ácidas da mina de cobre em estudo onde coexistem distintos microorganismos aci dófilos autotróficos Com a continuidade do processo bioextrativo observouse a neces sidade da utilização de temperaturas mais elevadas para dissolução da calcopirita sulfeto majoritário no referido concentra do Isso significa que a geração de calor na operação de uma pilha deve ocorrer como resultado da oxidação de sulfetos mais facil mente oxidados a exemplo da pirita e bor nita com elevação local da temperatura do corpo mineralizado atingindo com isso a temperatura de atuação dos microorganis mos termófilos moderados e termófilos ex tremos e consequentemente a dissolução da calcopirita 228 Benefício do Projeto O processo de biolixiviação para extração de cobre de minérios primários e secundários contendo sulfetos minerais de cobre e de outros metais de base mostrouse bastante atraente do ponto de vista operacional e pro cessual sendo uma alternativa custoefeti va aos processos extrativos convencionais ie ustulação seguida de lixiviação ácida extração por solvente e eletrorrecuperação lixiviação sob pressão extração por solvente e eletrorrecuperação Adicionalmente por ser possível a construção de pilhas com dimensões expan didas esse processo bioextrativo se con funde com um processo contínuo com gera ção de grandes volumes de lixívias na base horária e por extensos períodos operacio nais chegando em alguns casos a anos de geração de lixívias sendo igualmente libe radas de forma contínua para serem purifi cadas e concentradas pelo uso do processo de extração por solventes Essas soluções concentradas e purificadas são em seguida submetidas ao processo final de eletrorre cuperação para a produção do metal puro Os resultados experimentais obtidos na primeira etapa do projeto pela equipe do CETEM segundo depoimento do represen tante da Mineração Caraíba foram de vital importância para posterior ampliação de es cala Os testes de biolixiviação em escala piloto realizados posteriormente e também nas dependências do CETEM propiciaram a extração das informações complementa res necessárias para a construção de uma pilha de demonstração nas dependências da Mineração Caraíba para o bioprocessa mento de 1500 toneladas de concentrado de flotação de sulfetos minerais de cobre A Figura 3 mostra a pilha de demonstração construída nas dependências da Mineração Caraíba que operou satisfatoriamente por quase seis meses alcançando extrações da ordem de 80 do cobre contido Figura 3 Pilha de demonstração de biolixiviação de concentrado de flotação de sulfetos de cobre erguida na Caraíba Mineração 229 Prensas de rolos de alta pressão desenvolvimento de um modelo para precisão da granulação do produto de um processo de moagem emergente novembro2005 a setembro2008 O modelo inovador de escalonamento de prensas de rolos de alta pressão satisfez à demanda da VALE em obter alternativas de rotas de cominuição para seus novos projetos de mineração podendo atender às necessidades de quaisquer outras empresas do setor mineral Problema Desafio Prensas de rolos de alta pressão HPGRHigh Pressure Grinding Rolls foram desenvolvidas na Alemanha inicial mente com aplicações em processos de briquetagem Durante os anos 80 surgiram os primeiros estudos com aplicações na área de moagem e no início dos anos 90 as prensas de rolos de alta pressão apareceram na literatura como um processo de moagem até 40 mais eficaz que outras técnicas conven cionais Este ganho pode ser considerado um passo gigan tesco na direção de processos mais eficientes e sustentáveis As primeiras aplicações de prensas de rolos como moi nhos surgiram nas indústrias cimenteiras para moagem de clinquer de cimento e na produção de diamantes na África do Sul já que este tipo de processo tende a preservar a in tegridade das gemas maiores Em seguida surgiram outras aplicações como por exemplo a preparação de pellet feed inclusive com várias prensas de rolos adquiridas para fábricas brasileiras Durante vários anos estudouse a possibilidade de aplicar este processo na moagem de rochas na minera ção em lugar de britadores e moinhos autógenos porém as limitações tecnológicas especialmente com respeito à dura bilidade do revestimento dos rolos sempre impediram este tipo de aplicação Com o desenvolvimento de novos revestimentos e com a melhoria do projeto mecânico das prensas permitindo a tro ca de revestimentos em tempos adequados e com estudos de aplicação em larga escala surgiram as primeiras aplica ções de prensas de rolos de alta pressão na indústria mineral 230 Responsáveis pelas Informações Claudio Luiz Schneider CETEM Vladmir K Alves VALE EquIPE DO PROJETO CETEM Claudio Luiz Schneider Coordenação Técnica VALE Michelle Marques Vladmir K Alves como alternativa aos processos convencionais de moagem Finalmente em 2007 a primeira planta de cominuição de minério de cobre em Cerro Verde no Peru começou a produzir com prensas de rolos de alta pressão instaladas na etapa de britagem terciária com um ganho real de 20 de consumo de energia sobre a rota com moagem autógena rota normal mente empregada em grandes empreendimentos de proces samento de minérios de cobre Já em 2005 a empresa VALE estava ciente de que de veria considerar rotas de cominuição com prensas de rolos de alta pressão em seus novos projetos de mineração no entan to além de testes em escala piloto que somente poderiam ser realizados na Alemanha não existiam modelos capazes de prever a granulação no produto e portanto que poderiam ser utilizados em simuladores de plantas de processamento de minérios Assim a VALE em parceria com o CETEM decidiu realizar um estudo para desenvolver um modelo adequado para prensas de rolos juntamente com uma técnica de ca racterização que poderia ser empregada para os diversos tipos de minérios explorados pela empresa Estratégia de Desenvolvimento Os laboratórios da VALE em Vitória ES contavam com uma prensa de rolos de bancada LABWAL da empresa alemã Polysius Grupo ThyssenKrupp com alguma instrumentação e uma prensa de rolos semiindustrial da empresa alemã KHD Humboldt Wedag A estratégia delineada para o projeto incluiu várias eta pas i uma série de ensaios na prensa de laboratório ii o desenvolvimento de um modelo iii o desenvolvimento de um aplicativo para determinação de parâmetros de moagem iv a implantação de um modelo em um simulador de plantas de processamento o MODSIM v o desenvolvimento de uma técnica de escalonamento a partir de ensaios semiindustriais Cabe aqui explicar embora resumidamente que o MODSIM é a marca registrada de um software para simu lação de processos de propriedade da empresa americana Mineral Technologies Inc da qual o pesquisadorlíder deste projeto é um dos sóciosfundadores A simulação é iniciada com a definição de um fluxograma para o processo em estu do que aparece como um desenho na tela do computador gerado por um editor gráfico o qual contém uma vasta gama 231 de ícones gráficos representativos da maio ria das operações unitárias empregadas no processamento de minérios inclusive car vões facilitando a modificação do fluxogra ma sempre que desejada Figura 1 Como o programa é baseado em mo delos matemáticos tornase necessário alimentálo com os dados que melhor des crevam por exemplo as características do material a ser tratado o rendimento espera do para o processo e os detalhes dos equi pamentos utilizados em cada operação uni tária Existem vários modelos implantados no MODSIM para cada operação unitária e que podem ser facilmente comparados Cada modelo inclui um conjunto de parâ metros básicos default que podem ser alterados ou mesmo descartados para ali mentação de novos parâmetros Baseado no método estatístico de balanço popula cional o programa está estruturado para tratar e prever com precisão as plausíveis variações de parâmetros e propriedades Figura 1 Fluxograma simulado no MODSIM de um circuito onde a britagem terciária foi substituída por uma prensa de rolos de alta pressão HPGR em circuito fechado com uma peneira vibratória o modelo implementado escalona a prensa e prevê a granulação do produto dos minérios eg tamanho de partículas densidade composição elementar textura mineralógica suscetibilidade magnética conteúdo energético e muitas outras que podem ocorrer durante seu tratamento e ao serem submetidas ao vários equipamentos nas etapas de processamento A interface do software com o usuário é bastante ami gável pois as planilhas de alimentação de dados são relativamente fáceis de serem interpretadas e preenchidas Figura 2 Os dados obtidos como resultado da simulação podem ser apresentados no formato de grá fico tabela ou texto facilmente exportáveis para outros programas de computador Apesar de todas as facilidades descri tas o desenvolvimento de um novo modelo a ser implementado no MODSIM não é ta refa trivial já que depende de um bom pla nejamento e da realização de experimentos confiáveis que permitam levantar as infor mações e os dados das etapas do processo inovador cujo modelo será implantado 232 Figura 2 Exemplo de uma das planilhas de interface do MODSIM permitindo ao usuário a entrada de parâmetros do modelo da prensa de rolos de alta pressão HPGR Assim a programação das atividades planejadas para o projeto foi abrangente e de difícil execução já que todos os en saios deveriam ser necessariamente execu tados in situ em Vitória ES além do fato da equipe da VALE não ter conheci mento algum nem prévia experiência em li dar com prensas de rolos da alta pressão Concomitantemente com os primeiros en saios na prensa de bancada e um árduo pe ríodo de aprendizado somados a uma de talhada revisão da literatura disponível até então a equipe foi se especializando em prensas de rolos culminando com o desen volvimento do modelo requerido Resultados Ao cabo de três conjuntos de ensaios na prensa de bancada e dois na prensa semi industrial conduzidos ao longo dos três anos de projeto foram implementadas as primeiras rotinas de simulação que permi tiam prever a granulação da moagem indus trial para qualquer pressão de moagem A rotina de caracterização foi estabelecida e o modelo de escalonamento obtido a partir dos resultados concomitantes da prensa de bancada e da prensa industrial foi validado Benefícios do Projeto O modelo de escalonamento de prensas de rolos de alta pressão está implantado no si mulador de plantas MODSIM A rotina de caracterização para determinação de parâ metros foi publicada em anais de congres sos internacionais Além de disponível para o mundo a técnica desenvolvida é hoje uti lizada pelos engenheiros da VALE O CETEM com a recente aquisição e instalação de uma prensa de rolos de alta pressão LABWAL e com a experiência ad quirida no trabalho conjunto com a VALE está capacitado a caracterizar diversos mi nérios e desenvolver rotas de processamen to em escala de laboratório para qualquer tipo de minério Além de satisfazer a demanda da VALE o modelo inovador de escalonamento pode rá atender às necessidades de outras em presas do setor mineral 233 Desenvolvimento tecnológico para otimizar as condições de ustulação de concentrados de zinco março2006 a novembro2009 Definição de faixa granulométrica mais adequada para alimentação do forno e otimização das condições de fluidização ampliando as possibilidades de blendagem dos concentrados de zinco foram algumas das melhorias operacionais introduzidas para atingir as metas de produção da unidade de ustulação da Votorantim Metais e diminuir a reciclagem dos subprodutos resultantes Problema Desafio As operações unitárias em reator de leito fluidizado depen dem fundamentalmente das faixas de vazão de fluidização Da mesma forma é reconhecido que outros fatores associados às diferentes composições das cargas alimentadas ao forno assim como a distribuição de tamanhos de partículas na ali mentação influenciam o rendimento e a eficiência dessas operações especialmente em escala industrial Considerando a variabilidade da composição dos con centrados de zinco processados na unidade de ustulação de Três Marias MG a Gerência de Projetos da Votorantim Metais Zinco contratou o CETEM em 2006 para juntos de senvolverem um projeto buscando i determinar faixas de condições operacionais capazes de manter em equilíbrio essa operação em níveis tais que não comprometessem as metas de produção ii diminuir a reciclagem dos subprodutos re sultantes da etapa de ustulação proporcionando assim con dições operacionais mais estáveis Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento do projeto aconteceu em duas fases Na primeira fase o CETEM instalou uma unidade piloto de fluidi zação em Três Marias de modo que pudessem ser simuladas as operações praticadas no forno industrial Nessa etapa fo ram usados blends de alimentação e condições operacionais de fluidização idênticas às da escala industrial Buscando garantir a reprodutibilidade das condições no tocante às va zões de fluidização os testes em escala piloto utilizaram a 234 Responsável pelas Informações Ronaldo Luiz Correa dos Santos EquIPE DO PROJETO CETEM Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenação Técnica Roosevelt Almeida Ribeiro VOTORANTIM MetaisZinco Adelson Dias de Souza Coordenação Técnica João Batista Victor Silva Warley Gomes variável espacial vazãounidade de área como referência Para observar o comportamento do leito fluidizado em função da granulometria e da vazão foi instalado um outro reator de leito transparente no qual foram reproduzidas as condições operacionais usadas na escala industrial Como critério de decisão foi definido que as melhores condições de fluidização seriam aquelas nas quais houvesse menos de 5 de arraste eou projeção de material para as pa redes do simulador Buscavase assim encontrar uma con dição mais equilibrada de fluidização qual seja com pouca pulsação apresentando pouca ou nenhuma sedimentação e ou ainda pouca ou nenhuma pulsação intermitente seguin do trajetórias erráticas A unidade piloto operou em regime de alimentação con tínua da carga pela parte superior do reator de fluidização A alimentação de ar foi feita pela parte inferior através de um distribuidor de bicos A unidade de fluidização além do rea tor propriamente dito incluía um forno de préaquecimento do ar câmara de expansão e ciclones para a coleta de finos arrastados câmara de descompressão coluna de lavagem de gases e ainda controladores de vazão de ar e de pressão Os resultados obtidos nessa escala mostraram que a va zão operacional é fortemente dependente da distribuição de tamanho das partículas de alimentação correspondendo no equipamento usado à faixa de 14 24 litrosminuto A partir desse dado a faixa da vazãofluxo na escala industrial pode ser projetada Assim ficou demonstrado que a variabilidade excessiva da distribuição do tamanho das partículas na ali mentação do forno exigia que fosse aplicada ao sistema uma ampla variação de fluxovazão de ar Reconhecendo que uma determinada faixa de tamanhos de partículas 100 2mm mostrava condições mais es táveis de fluidização foi decidido que seriam feitos testes de longa duração na escala industrial buscando a confirmação dos resultados obtidos na escala piloto Cada teste em escala industrial previa utilizar 200 to neladas de carga para alimentar o reator de leito fluidizado carga essa composta de material oriundo do forno em asso ciação com diferentes misturas de concentrado blends preparadas pela indústria Em virtude da exiguidade de espaço na planta e consi derando os resultados obtidos em escala piloto assim como 235 as características dos materiais que compu nham a alimentação foi utilizado um único equipamento um moinho de martelos com a finalidade principal de desagregar a carga alimentada Assim era esperado obter o es treitamento da distribuição de tamanhos de partículas na alimentação do forno A instalação do equipamento foi feita em local acima do silo alimentador Figura 1 estando imediatamente abaixo da correia transportadora Foi apoiado portanto sobre Figura 1 Layout do local de instalação do equipamento na linha de produção da unidade industrial vigas do piso superior do silo de alimenta ção Toda a estrutura foi montada sobre tri lhos de modo a permitir a movimentação por meio do acionamento de uma catraca sempre que necessário Os testes foram conduzidos com cargas constituídas por diferentes blends confor me resumido no quadro a seguir dentro das especificações de tamanhos de partículas de modo a permitir comparação dos resulta dos com aqueles anteriormente obtidos Lote Cargas típicas da alimentação dos testes 1 Alimentação 100 concentrado A com 5 adicional de S elementar 2 Blend composto por concentrado A variando entre 70 e 58 pelo concentrado B variando entre 18 e 23 e concentrado C variando entre 12 e 19 com 5 adicional de S elementar 3 Blend composto por concentrado A entre 60 a 58 pelo concentrado B variando entre 40 e 42 com 5 adicional de S elementar 4 Blend composto por concentrado A 78 e pelo concentrado B 22 variando entre 9 a 13 adicional de S elementar 236 Figura 2 Diagrama de blocos simplificado dos testes de adequação de granulometria de alimentação do forno em escala industrial Os parâmetros de avaliação foram idên ticos aos da operação industrial Os critérios para uma tomada de decisão se apoiariam na avaliação do rendimento operacional em relação à variação da granulometria e das diferentes composições da alimentação Essas variáveis apresentavam limitações tanto em termos de rendimento quanto em termos de controle operacional no tocan te à temperatura teor de SOx na saída do reator necessitando ainda paradas mais frequentes para manutenção dentre outras dificuldades A Figura 2 mostra o diagrama simplifi cado das operações unitárias com e sem o moinho na linha de produção Resultados Os resultados obtidos nos testes industriais foram comparados com os previstos na pla nilha de parâmetros de controle da Unidade Geral Básica de Processos UGB mostrando que os objetivos principais do desenvolvimen to foram alcançados Assim destacamos al guns que consideramos de maior relevância a instalação do moinho de martelos foi eficiente e eficaz no sentido de desagre gar os matacões que se juntavam a dife rentes misturas de concentrado blends na alimentação foi alcançado o objetivo de processar 200 toneladas de misturas quanto ao es treitamento da faixa granulométrica da ali mentação 100 2mm a comparação dos rendimentos e das con dições operacionais controle de pressão temperatura vazão de ar e ainda volume de material rejeito gerado mostrou que quando se obteve o estreitamento da faixa 237 granulométrica os resultados foram positi vos em termos de rendimento e de melhoria de controle do forno de ustulação os rendimentos calculados para a opera ção unitária de ustulação quando se uti lizou o moinho variaram entre 9973 e 9971 independentemente da composi ção da carga testada Esse fato representou uma vantagem significativa em relação às condições anteriormente usadas quando existiam severas limitações para compor a formulação da carga no forno em função da composição dos concentrados as curvas de controle mostraram que quan do se alimentou o forno com diferentes car gas porém com a distribuição prédefinida do tamanho das partículas 100 2mm a operação foi caracterizada como a de um regime steady state mediante a manuten ção da estabilidade do leito em suspensão e de pequenas variações de pressão e tem peratura ao longo do leito Benefícios do Projeto A definição da faixa granulométrica 100 2mm para alimentação do forno de us tulação ampliou as possibilidades de blen dagem e aumentou a flexibilidade operacio nal do forno Assim cargas consideradas inadequadas passaram a ser passíveis de ustulação Foram otimizadas as condições de flui dização para melhor estabilidade opera cional permitindo menor consumo de ar diminuição de carga de reciclo redução na frequência de manutenção e ganhos de tempo na retomada da operação do forno Foi confirmada a possibilidade de uso de alguns blends anteriormente não utili zados com aumento na capacidade e fle xibilidade de processamento de diferentes concentrados em virtude de um maior equi líbrio na operação de ustulação 238 Aproveitamento de chumbo contido em escória metalúrgica junho2006 a dezembro2007 Processos gravíticos e de flotação beneficiam a Acumuladores Moura SA o chumbo contido nas escórias oriundas da reciclagem de baterias automotivas antes descartado in natura pode ser recuperado e reaproveitado no processo metalúrgico com minimização dos impactos ambientais Problema Desafio No Brasil não existe produção primária de chumbo metáli co refinado e toda sua produção é baseada na reciclagem das baterias automotivas industriais e de telecomunicações A indústria de reciclagem de baterias produziu cerca de 115 toneladas métricas de chumbo metálico de origem se cundária no ano de 2010 e operou com uma eficiência de 90 que é a razão entre o número de baterias recicladas e o número de baterias novas produzidas A empresa Acumuladores Moura SA é a maior reci cladora e produtora de baterias no Brasil atendendo todo o Mercosul e parte do continente europeu Tem uma capa cidade de produção superior a sete milhões de baterias por ano O seu processo de reciclagem iniciase com a retirada das partes metálicas como conectores e parafusos em segui da ocorre a trituração da sucata de bateria e separação da carcaça plástica das grelhas e pastas de chumbo O chumbo é submetido à operações de separação fundição refino lin gotamento até a fabricação de novas baterias O plástico é recuperado e reutilizado na produção de caixas e tampas de novas baterias A solução ácida é neutralizada com cal hidra tada ou calcário Com a eficiência de 90 na reciclagem de baterias e o crescimento nos últimos anos no preço das commodities metálicas como o chumbo diversos estudos vinham sendo realizados para minimizar as perdas desse metal nos pro cessos industriais ou para uma recuperação adicional do mesmo contido nas escórias metalúrgicas Esses estudos são 239 Responsável pelas Informações Paulo Fernando Almeida Braga EquIPE DO PROJETO CETEM João Alves Sampaio Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Severino Ramos Marques de Lima Acumuladores Moura Arnolfo Menezes Coelho João Alberto F Nunes uFPE Carlos Adolpho M Baltar baseados em rotas piro ou hidrometalúrgicas como as tecno logias PLACID e PLINT patenteadas Na recuperação do chumbo de origem secundária onde são utilizados processos pirometalúrgicos a reação se dá em fornos tipo cuba ou rotativos e geram cerca de 25 de es cória Uma típica sucata de bateria automotiva contém apro ximadamente 32 Pb 3 PbO 17 PbO2 e 36 PbSO4 além de plásticos e componentes ácidos A empresa Acumuladores Moura solicitou ao CETEM estudar a viabilidade técnica e econômica da recuperação do chumbo contido nas escórias metalúrgicas provenientes do processo de reciclagem de suas baterias automotivas uti lizando o processo de flotação e técnicas de processamento mineral como os processos gravíticos Estratégia de Desenvolvimento A empresa forneceu ao CETEM 25 t de escória metalúrgica de chumbo As análises químicas da amostra global reali zadas pelo CETEM e pela empresa indicaram um teor de 1537 de Pb Tomando por base os estudos iniciais conduzidos pelo Departamento Engenharia de Minas da UFPE que definiram o sistema de reagentes e as condições operacionais em es cala de laboratório foram realizados ensaios de flotação na usina piloto do CETEM A amostra testada com granulometria entre 0105 e 0037 mm estava homogeneizada e deslamada Após ajus te do pH para 8 com ácido sulfúrico a polpa de escória de chumbo na vazão de 50 kgh foi condicionada em tan que com adição contínua do coletor amil xantato de potássio 150 gt e do espumante metil isobutil carbinol MIBC 50 gt Depois de condicionada durante 8 minutos a polpa mineral foi flotada em 2 duas células Denver nº 7 SubA com 25 L de capacidade cada Os ensaios de mesagem tiveram o objetivo de avaliar o método de concentração gravítica no processo de recupera ção de chumbo em escórias metalúrgicas Esses ensaios fo ram conduzidos em uma mesa vibratória típica constituída de uma plataforma de madeira revestida com uma camada de borracha riflada com ressaltos e inclinada com movimen tos assimétricos A mesa concentradora é considerada como o equipamento mais eficiente para o tratamento de materiais 240 com granulometria fina sendo bastante uti lizada na limpeza de concentrados primá rios Sua principal limitação no entanto é a baixa capacidade de processamento Resultados A análise química da escória metalúrgica esclareceu que era composta de 169 de PbO 298 de SO3 e 416 de Fe2O3 A análise por difração de raiosX mostrou que os principais minerais constituintes da escória eram magnetita Fe2O4 ha trurita Ca3SiO5 galena PbS jamesoni ta Pb4FeSb6S14 e cotunita PbCl2 além de uma grande quantidade de chumbo metálico O processo de flotação em escala piloto proporcionou concentrados com 488 de chumbo correspondendo a um enriqueci mento de 2 duas vezes em relação à ali mentação A recuperação metalúrgica da etapa de flotação foi de 80 No ensaio em mesa vibratória foi obti do um concentrado com teor ainda mais alto de chumbo 559 e portanto reafirman do um melhor enriquecimento da escória Benefícios do Projeto O emprego dos processos de flotação e me sagem beneficiou à empresa Acumuladores Moura SA permitindo a recuperação do chumbo presente na escória metalúrgica antes descartado in natura a obtenção de um concentrado final com alto teor de chumbo podendo ser reaprovei tado no processo metalúrgico com conse quente economia de divisas pois a empresa deixou de importar o concentrado a minimização dos impactos ambientais gerados pelo descarte da escória de chum bo com a limpeza das áreas onde a escória metalúrgica era armazenada a utilização de técnicas de processamen to mineral processos físicos e físicoquími cos na recuperação do chumbo contido nas escórias em substituição aos tradicionais processos piro e hidrometalúrgicos geral mente geradores de impactos ambientais 241 Processo para enriquecimento em meio denso de minério de ferro granulado agosto2006 a abril2007 Desenvolvimento e otimização de processo de separação em meio denso possibilitam a remoção de minerais contaminantes e a produção de um concentrado de minério de ferro com os requisitos exigidos pela indústria siderúrgica proporcionando melhor aproveitamento da jazida de hematita da empresa MMX de Corumbá Problema Desafio A mineração de minério de ferro enfrenta grandes desafios não obstante o alto preço do minério as reservas de alto teor do metal estão se exaurindo rapidamente e a disponibilidade do minério granulado tornase cada vez menor O estado de Mato Grosso do Sul detém 20 de toda re serva de minério de ferro do Brasil e o minério bruto apresenta um teor médio de 54 de ferro As mineradoras atuantes na região de Corumbá carecem de um processo de beneficia mento para obtenção de um produto final com alto teor de ferro comparável ao produto de Carajás que tem teores su periores a 64 A empresa MMX de Corumbá pertencente ao Grupo EBX com capacidade de produção de 21 milhões de tone ladas de minério de ferro ao ano estabeleceu contato com o CETEM para avaliar a potencialidade do processo de sepa ração em meio denso como método de enriquecimento au mento do teor de ferro de seu minério hematita eluvionar e coluvionar Estratégia de Desenvolvimento A separação em meio denso possibilita a remoção dos mine rais de ganga contaminantes produzindo um concentrado de minério de ferro com os requisitos exigidos pela indústria siderúrgica teor de Fe superior a 60 e teor de elementos contaminantes inferior a 10 Primeiramente foram feitos ensaios de separação em meio denso em escala piloto com o equipamento afundaflutua 242 Responsável pelas Informações Paulo Fernando Almeida Braga EquIPE DO PROJETO CETEM Márcio Correa Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Severino Ramos Marques de Lima MMX Antônio Lucas Roberto Emil Walter Cazzotto sink and float da Denver Laboratory Co utilizandose uma suspensão de ferrosilício com 15 de Si e densidade na faixa 28 a 32 como líquido denso Os resultados obtidos foram encorajadores já que a maioria dos minerais de ganga flutuava e o concentrado de ferro afundava Isso motivou a re alização de uma nova série de ensaios em escala semiindus trial com cerca de 1000 t de minério de ferro de Corumbá de propriedade da MMX Os ensaios para enriquecimento desse minério da MMX foram conduzidos com quatro lotes 250 t cada de diferen tes amostras de minério de ferro granulado a saber lotes 1 e 4 com amostras de hematita eluvionar lotes 2 e 3 com amostras de minério de ferro misto hematita eluvionar e coluvionar As amostras foram processadas em tambor de meio den so utilizandose uma suspensão de FeSi 14 16 Si de fabricação nacional Ao final dos testes foram feitos os ba lanços de massa e metalúrgico para avaliar o desempenho da operação como método de concentração para o minério ferro estudado O processo foi iniciado com a lavagem e peneiramento do minério de ferro com granulometria entre 7 e 32 mm em tambor lavador rotativo para retirada dos finos 7 mm os quais poderiam alterar a densidade do meio denso A seguir alimentouse o tambor separador com o minério e uma sus pensão de FeSi de densidade entre 29 e 31 No interior do tambor o concentrado material pesado afundava na suspen são de FeSi e o rejeito material leve flutuava promovendo assim a separação das frações leve e pesada e como conse quência o enriquecimento do minério de ferro As descargas do tambor compostas por duas frações leve e pesada foram coletadas separadamente Após a separação o minério de ferro concentrado fração pesada e os rejeitos fração leve basicamente composta por quartzo e argilominerais foram peneirados e lavados para recuperação e recirculação do meio denso suspensão de Fe Si A recuperação do meio denso foi feita em um circuito auxiliar composto por um reservatório uma bomba de polpa e um separador eletromagnético tipo tambor descarregando o material magnético FeSi em um densificador de espiral O meio denso proveniente da primeira peneira separadora foi enviado diretamente ao tambor separador com o auxílio 243 de uma bomba O meio denso diluído pro veniente da segunda peneira foi encami nhado para o separador eletromagnético O FeSi recuperado alimentava o densificador de espiral utilizado para correção da densi dade do meio Resultados Foram obtidos concentrados do minério com um teor acima de 63 de Fe e uma recu peração metalúrgica da ordem 80 com enriquecimento de 16 a 3 vezes para os lotes do minério granulado Ficou evidenciado que esse processo de separação em meio denso permitiria re cuperações metalúrgicas com valores ainda mais elevados acima de 85 Um ganho adicional no enriquecimento do minério po derá ser conseguido quando a suspensão de FeSi tiver uma granulometria mais ade quada O FeSi utilizado nos ensaios semi industriais era grosseiro 70 retido em 0075 mm sendo necessária adição de ar gila à suspensão do meio denso o que oca sionava um aumento na viscosidade pre judicando a separação das fases minerais Benefícios do Projeto Foi demonstrada a aplicabilidade do proces so desenvolvido e otimizado pelo CETEM no enriquecimento do minério de ferro da MMX Corumbá seja na granulometria de um produto sinterizado 6 mm ou granu lado 32 mm Os resultados obtidos na usina viabili zaram a consolidação do processo de enri quecimento do minério de ferro via sepa ração em meio denso proporcionando um melhor aproveitamento da jazida e um au mento nas reservas da empresa MMX Além disso foi elaborado um relató rio descritivo para facilitar o depósito do pedido de privilégio pela empresa para o Processo de enriquecimento de minério de ferro granulado jaspelito elúvio e colúvio da formação Jacadigo de Corumbá MS em tambor separador utilizandose suspensões de ferrosilício como meio denso 244 Lixiviação de minério intemperizado incluindo eletrorrecuperação direta de cobre janeiro2007 a janeiro2008 Lixívias do minério intemperizado da Mineração Caraíba SA com alto teor de argilominerais são submetidas a processo eletrolítico e cobre metálico com elevada pureza pôde ser recuperado evitando a etapa de extração por solventes o que reduzirá custos operacionais em escala industrial Problema Desafio A lixiviação convencional de minérios intemperizados oxida dos com a utilização de soluções sulfúricas ocorre pelo con tato dessas soluções com partículas dos minérios reduzidas a uma granulometria préestabelecida e empilhadas sobre uma superfície com formato troncopiramidal previamente imper meabilizada a qual permite a irrigação no topo da pilha e a drenagem da solução lixiviante na base dessa pilha Em condições normais essas soluções lixiviantes ácidas perco lam o leito mineral propiciando a dissolução de espécies minerais de cobre como óxido carbonato sulfato dentre outras solúveis nessas soluções gerando lixívias ácidas de sulfato de cobre Contratado pela Mineração Caraíba o CETEM aceitou o desafio de desenvolver um processo para eletrorrecuperação direta de cobre de soluções de lixiviação do minério intempe rizado com alto teor de argilominerais Estratégia de Desenvolvimento Constatouse que o minério intemperizado possuía alto teor de argilominerais gerando grande quantidade de finos quan do da etapa de processamento mineral ie britagem ne cessitando a utilização de um processo de aglomeração com solução concentrada de ácido sulfúrico A etapa de preparação do minério foi importante para produzir fragmentos suficientemente pequenos que permi tiriam um maior contato da solução com as espécies mine rais de interesse mas ao mesmo tempo garantiriam uma 245 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Paulo Medeiros Mineração Caraíba EquIPE DO PROJETO CETEM Carlos Eduardo Gomes de Souza Débora Monteiro Oliveira Gabriel Henrique C Peixoto Isaías Viana Junior Jorge Ramiro Sobral Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Renata de Barros Lima permeabilidade adequada da fase líquida lixiviante através de toda a pilha Em alguns casos o prétratamento do minério pode ser dispensável enquanto que em outros casos pode exigir operações de britagem eou aglomeração O coeficiente de permeabilidade em minérios com alta porcentagem de fi nos pode tornarse muito baixo resultando em longos interva los de tempo para o tratamento desse minério e baixas taxas de extração do metal de interesse Após a produção de pelotas desse corpo mineralizado essas foram colocadas em coluna piloto determinandose a altura máxima de leito mineral na operação de irrigação des se leito com solução sulfúrica sem que houvesse a compac tação do leito e posterior colmatação quando da operação de uma pilha industrial Foram variadas condições experimentais tais como al tura de leito em processo de irrigação com solução de ácido sulfúrico e vazão de irrigação Como resposta desse siste ma reacional foram avaliadas variáveis tempo de lixiviação aferição da compactação do leito com o tempo de lixiviação e consumo de ácido sulfúrico na extração de cobre Foram ainda realizados testes de eletrorrecuperação do cobre con tido em potencial controlado na escala de laboratório uti lizando catodos de aço inoxidável bidimensionais e anodos DSA Dimensionally Stable Anodes tela de titânio reves tida com óxido de irídio IrO2 Entretanto nos testes de ele trorrecuperação na escala piloto os catodos utilizados foram igualmente confeccionados em ácido inoxidável e os anodos confeccionados em uma liga chumboantimônio 95 em Pb e 5 em Sb O sistema eletrolítico foi dotado de recirculação de ele trólito com elevada vazão visando melhorar o transporte de espécies eletroativas Cu2 e H para a superfície catódica Com isso foi possível averiguar a possibilidade de eletrode positar o cobre de forma pura a partir das lixívias obtidas sem a necessidade de purificação dessas lixívias e elevação da concentração de cobre em solução práticas comuns ao processo de extração por solvente convencionalmente usado na indústria extrativa do cobre A Figura 1 mostra a célula ele trolítica utilizada nos testes de eletrorrecuperação do cobre das lixívias do processo de extração desse metal do minério intemperizado 246 No caso da lixiviação em pilha a téc nica de aglomeração consiste em umede cer o material até que se origine uma ten são superficial para que durante a colisão das partículas as finas sejam aderidas às grossas Nesse processo de aglomeração foi utilizada tão somente solução concentra da de ácido sulfúrico sendo o material mi neral contatado com essa solução em aglo meradores betoneiras da construção civil A Figura 2 mostra o sistema mecânico de produção de pelotas a partir do material intemperizado Figura 1 Célula utilizada na eletrorrecuperação das lixívias de cobre Figura 2 Aglomeradores usados nos testes piloto A e semipiloto B A B Uma vez produzidas tais pelotas foram colocadas em uma superfície impermeabi lizada com material plástico e repousadas por um dia Esse período de cura na ausên cia de luz solar visou a secagem do material aglomerado com retirada gradativa de água para se evitar a formação de fissuras e a pos sível desagregação dessas pelotas quando submetidas à operação de irrigação Após secagem do aglomerado a colu na piloto foi carregada com esse material dandose início à operação de irrigação com solução sulfúrica para se averiguar a integri dade física do material aglomerado com o tempo de irrigação 247 Resultados Analisando a concentração de cobre no PLS Pregnant Leach Solution do processo de lixiviação foi possível determinar a taxa de extração do referido metal de interesse com o tempo de lixiviação Os resultados de ex tração de cobre foram superiores a 80 em ambas as escalas e demonstraram um grau elevado de intemperismo do minério de co bre lixiviado sendo essa extração favorecida à medida que se aumentava a quantidade de finos no material aglomerado Os ensaios de eletrorrecuperação do cobre a partir das lixívias visaram definir as condições operacionais quando da uti lização direta do PLS evitandose a etapa de purificação via extração por solventes Guardados os devidos controles operacio nais no processo de eletrorrecuperação do cobre foi possível obter cobre metálico com alta pureza título de 99991000 Benefício do Projeto A tecnologia desenvolvida pelo CETEM e aplicada ao minério intemperizado com alto teor de argilominerais possibilitou a extração de cobre em pilha utilizando um processo de aglomeração de partículas finas com solução concentrada de ácido sulfúrico 50 vv e a construção de pilhas com até dois metros de altura com uma taxa de irri gação de até 8 Lm2h A Mineração Caraíba expressou sua satisfação com relação aos resultados ob tidos especialmente porque o novo proces so possibilita a eletrorrecuperação direta de cobre com elevada pureza evitando a etapa de extração por solventes o que certamen te reduzirá custos operacionais em escala industrial 248 Desempenho de coberturas secas no abatimento de drenagem ácida de mina setembro2007 a dezembro2012 Estação experimental construída na Carbonífera Criciúma SA com controle de dados meteorológicos e laboratório de análises expeditas de efluentes permite aplicação in situ de coberturas secas em área de mineração com avaliação e comprovação de seu desempenho no abatimento da drenagem ácida Problema Desafio Com o apoio financeiro da FINEP a conclusão do projeto PROGERA cujos objetivos foram a otimização da cadeia produtiva do carvão para geração de energia elétrica e a re cuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração resultou na experiência pioneira de implantação de uma uni dade piloto de monitoramento do desempenho de cobertu ras secas batizada de Estação Experimental Juliano Peres Barbosa EEJPB Essa estação piloto foi construída em uma área de mineração de carvão Mina Verdinho pertencente à Carbonífera Criciúma SA CCSA A operação da estação é o resultado de uma parceria entre o CETEM e a CCSA Conforme acordado entre as partes seria mantida a operação da unidade piloto a partir de janeiro de 2008 pelo período mínimo de quatro anos visando a realização de experimentos de avaliação do desempenho de coberturas secas para miti gação de drenagem ácida de mina DAM A estratégia básica para controle de DAM requer a ex clusão de um ou mais fatores que contribuem para a geração das águas ácidas especialmente mineral sulfetado oxigênio e água Naqueles locais em que as drenagens não pudessem ser eliminadas elas deveriam ser tratadas O maior desa fio para as instituições parceiras deste projeto se impunha numa estratégia que favorecesse i o trabalho coordenado para minimizar os riscos de geração de DAM e ii o gerencia mento mais efetivo em termos de custos para o problema da oxidação dos sulfetos com a integração dos controles hidro geológicos e de oxidação em todos os estágios da mineração 249 Responsável pelas Informações Vicente Paulo de Souza EquIPE DO PROJETO CETEM Anderson Borghetti Soares Jacinto Frangela Laura de Simone Borma Mario Valente Possa Paulo Sérgio Moreira Soares Coordenação Técnica Vicente Paulo de Souza CCSA Alzira Krebs Carlos Henrique Schneider Maiara da Conceição Gaspar Marcia Ronconi de Souza COPPEuFRJProg Eng Civil Área Geotecnia Andrea Balbuzano Pelizoni Márcio de Souza S de Almeida Mariluce Ubaldo Maria Claudia Barbosa Pedro Barros de Almeida e Silva Rose Mary Gondim Mendonça Yanneth Yrenne Canaza Machaca IRD Mariza Ramalho Franklin uERJDepto de Geografia Ana Valéria Freire A Bertolino ou seja desde o planejamento até o plano de fechamento da mina Estratégia de Desenvolvimento No fechamento de áreas mineradas que apresentam problemas de produção de acidez dois aspectos devem ser levados em conta primeiro o fato de que seus impactos não se restringem à área minerada podendo atingir corpos hídricos superficiais e subterrâneos distantes do empreendimento e segundo que as reações químicas envolvidas no processo ocorrem por mui tos anos mesmo depois de esgotado o depósito mineral Para estimar o risco que as drenagens ácidas produzem ao meio ambiente é necessário desenvolver estratégias de pre dição prevenção e remediação Muitas dessas estratégias es tão sendo executadas por instituições privadas e ao mesmo tempo pelos organismos governamentais os quais vêm traba lhando no estabelecimento de leis rigorosas capazes de con tribuir para a redução na emissão dos agentes contaminantes Para minimizar a geração de acidez nos amontoados de resíduos de mineração as alternativas normalmente utiliza das têm sido a cobertura úmida que consiste em cobrir a área do depósito com água e a cobertura seca em vez de água utilizase camadas de solo para recobrimento da área do depósito Em ambos os casos o objetivo é reduzir a en trada de oxigênio no material reativo minimizando assim o processo gerador de acidez No caso das coberturas secas elas têm também o objetivo de minimizar a entrada de água Seu desempenho depende fortemente dos materiais utiliza dos e das condições climáticas Um tipo de cobertura seca que vem sendo sugerido para climas úmidos é aquela que uti liza o princípio de barreira capilar A barreira capilar impede a passagem de oxigênio e água para o rejeito de mineração e ao mesmo tempo é capaz de manter um elevado grau de saturação no seu interior mesmo durante o período seco A instalação da EEJPB englobou programas de investiga ção com ensaios de campo e amostragens representativas dos materiais estudados para realização de ensaios em laborató rio Os resultados dos ensaios campo e laboratório fornece ram parâmetros geotécnicos físicoquímicos mineralógicos e bacteriológicos dos materiais estudados O passo seguinte foi a modelagem numérica utilizando programa SoilCover GeoAnalysis 2000 e considerando diferentes configurações 250 de materiais de cobertura Os dois modelos rejeitocobertura que tiveram os melhores de sempenhos nas modelagens numéricas foram selecionados e reproduzidos em uma escala piloto em campo na Estação Experimental Outros dois modelos contendo somente rejei tos serviram de referencial às demais condi ções As principais fases deste projeto foram Fase 1 programa de amostragem ensaios de campo e de laboratório para obtenção de parâmetros dos materiais onde foram estu dados dois rejeitos provenientes do proces so de beneficiamento da CCSA e cinco ma teriais a serem utilizados como cobertura Fase 2 modelagem numérica das cobertu ras para dimensionar os sistemas rejeito cobertura número de camadas tipos de materiais configuração das camadas e es pessuras mais eficientes em mitigar a ge ração de DAM A avaliação do desempenho das coberturas foi feita através da compara ção entre os volumes de água percolados no rejeito e a saturação da camada argilosa nos diversos casos simulados O SoilCover é um software unidimensional usado para a simu lação do movimento da água de um sistema rejeitocobertura o qual está sujeito a uma infiltração e evapotranspiração na superfície do solo O programa avalia o fluxo evaporativo em solos empregando um sistema de equa ções que descrevem o fluxo de vapor dágua água e calor O programa modela os transpor tes de calor água e oxigênio associados às condições atmosféricas e permite o cálculo da evaporação a partir da superfície de um solo Os efeitos da evapotranspiração e da vegetação também podem ser considerados Esta modelagem unidimensional utilizou os parâmetros de campo e laboratório obtidos na Fase 1 e os dados climáticos da região de 2000 a 2004 Foram definidos quatro tipos de modelos a serem estudados na unidade piloto três configurações de cobertura e uma situação referência rejeito descoberto Fase 3 projeto construção e operação de uma unidade piloto em campo para ava liar o desempenho de diferentes sistemas de cobertura seca A EEJPB projetada pelo CETEM foi construída na Unidade Mineira II Mina do Verdinho localizada no município de Forquilhinha Figura 1 Esta área faz parte da região carbonífera do sudeste do estado de Santa Catarina estendendose das proxi midades do Morro dos Conventos município de Araranguá no litoral sul até as cabecei ras do rio Hipólito ao norte No limite oeste atinge o município de Nova Veneza e a leste a linha natural de afloramento que vai até os municípios de Lauro Muller e Orleans A ba cia possui um comprimento de 95 km e uma largura média de 20 km A EEJPB Figura 2 possui basicamen te três componentes que são um aterro construído para abrigar cavida des preenchidas com rejeito grosso e os diferentes sistemas de cobertura estudados Doravante denominase de célula o conjun to cavidade com rejeito cobertura Foram projetadas quatro células três com diferentes coberturas e uma com rejeito sem cobertura uma estação meteorológica para obtenção de dados de temperatura ambiente pressão atmosférica umidade relativa do ar veloci dade e direção do vento e precipitação um laboratório para análises físicoquími cas expeditas dos efluentes coletados para obtenção de dados de pH condutividade elé trica CE e potencial de oxiredução Eh As 251 Figura 1 Vista aérea da região de mineração e da localização da unidade piloto EEJPB Estação Experimental Rejeitos grossos Rejeitos finos Administração Usina de Beneficiamento Figura 2 Estação Experimental Juliano Peres Barbosa EEJPB concentrações de espécies químicas dissolvi das dos efluentes Fetotal Mn SO4 etc foram determinadas em laboratórios da região Para reduzir a geração de DAM é im prescindível o controle dos seguintes parâmetros taxas de oxidação dos sulfetos e geração de ácido restringindo o acesso do oxigênio eou da água inibindo desta forma a atuação dos microorganismos catalisadores como as bactérias das espécies Acidithiobacillus thiooxidans e Acidithiobacillus ferrooxidans 252 Figura 3 Componentes do aterro e da célula experimental percolação da água através do material para inibir a migração ou transporte dos produtos de oxidação oriundos da superfí cie das partículas oxidadas balanço entre alcalinidade e acidez de forma que os produtos de oxidação e outros constituintes solúveis fossem precipitados e imobilizados dentro do material A Figura 3 mostra um corte transver sal com detalhes do aterro e de uma célula experimental célula 3 cuja configuração é a mesma para todas as células diferin do somente no tipo de cobertura aplicada Cada uma das quatro cavidades cavas em forma de tronco de pirâmide invertido foi preenchida com a mesma quantidade de rejeito grosso aproximadamente 108 m³ O rejeito grosso é composto por uma mistura dos três tipos de rejeitos R1R2 e R3 ge rados na Usina de Beneficiamento da Mina Verdinho pertencente à CCSA A porcenta gem dessas parcelas no rejeito grosso depo sitado nas cavas da unidade piloto foi R1 50 R2 44 e R3 6 As superfícies internas das cavas foram impermeabilizadas com uma geomanta e dentro da cavidade foi instalado um lisímetro cilíndrico com 2 m de altura e 2 m de diâmetro para coletar uma parcela da água percolada na cava Nas camadas de solo vegetal argila cinzas e rejeitos foram instalados um total de 45 sensores eletrônicos conectados a um sistema de aquisição de dados data logger para medir umidade TDR time domain reflectometry sucção GMS granular matriz soil e temperatura sonda de temperatura Os sensores foram posicionados em série um sensor de umidade um sensor de sucção e um sensor de temperatura no centro das células em planta e na metade da espessura de cada camada exceto para os sensores instalados no rejeito grosso que foram posicionados na cota imediatamente acima do topo do lisímetro A posição e o número de instrumentos podem ser vistos na Figura 4 juntamente com a configuração das células projetadas na EEJPB No caso das camadas de argila foram instaladas duas séries de sensores As camadas de cobertura argila e cinzas de fundo foram compactadas sendo feito um controle de compactação em campo 253 Resultados Os resultados de campo obtidos no monito ramento em um período de 4 anos indica ram um bom desempenho dos modelos ex perimentais projetados com coberturas que utilizaram materiais disponíveis na região A redução dos volumes anuais percolados nos rejeitos cobertos foi cerca de 100 para a célula 3 e entre 80 a 90 para a célula 4 No caso da célula 4 observouse a manu tenção de graus de saturação elevados nas camadas de cobertura na maior parte do período de monitoramento que minimiza a entrada de oxigênio no rejeito inibindo as reações da DAM Além da redução de volu me as lixívias desses dois modelos apresen taram valores de pH elevados e concentra ções de espécies químicas muito abaixo do máximo recomendado pela resolução 357 do CONAMA exceto para as concentrações de manganês e sulfato o que exime a ne cessidade de tratamento químico do efluen te com soda cáustica por exemplo O uso de coberturas secas quando adequadamente projetadas é um méto do muito eficaz na redução dos impactos ambientais gerados pela DAM acarretando numa redução dos custos de tratamento Ressaltase a necessidade de estudos pos teriores relacionados ao comportamento hídrico das coberturas secas aplicadas em depósitos de rejeitos bi e tridimensionais como também para melhor compreensão do mecanismo de fluxo de oxigênio para dentro do rejeito Benefícios do Projeto A aplicação do método de cobertura seca para material piritoso reativo quer seja em bacias de decantação como em pilhas de resíduos além de exterminar a poluição ambiental de corrente da drenagem ácida favoreceu a em presa CCSA com redução de custos pois não mais necessita utilizar reagentes alcalinos para o tratamento convencional das águas ácidas oriundas de pilhas de estéril piritoso sem qualquer tipo de cobertura O projeto conquistou o Prêmio de Excelência da Indústria MineroMetalúrgica Brasileira na categoria Processos confe rido pela Revista Minérios Minerales em 2013 ano de sua 15ª edição Figura 4 Tipo número e posição dos instrumentos nas células experimentais 254 Beneficiamento de sedimentos dragados da Baía de Guanabara para encapsulamento em geobags janeiro2008 a maio2008 Sedimentos dos Canais do Cunha e do Fundão após retirada do material considerado lixo são beneficiados a baixo custo operacional para encapsulamento e filtração evitando assoreamento dos fluxos de drenagem de água e possibilitando retorno da fase líquida adequadamente tratada à Baía de Guanabara Problema Desafio Em meados de 2007 a então Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro agora SEASecretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro divulgou à imprensa como par te do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara que os Canais do Cunha e do Fundão Figura 1 seriam dragados para retirada de 18 milhões m3 de lodo ao longo de 6 km a uma profundidade aproximada de 43 metros Informou que o material dragado deveria ser tratado e encapsulado em sa cos de material geotêxtil geobags e que a área onde esses bags fossem depositados se transformaria em área de lazer para a população da circunvizinhança dos dois canais Em atendimento à solicitação da Interdraga Consultoria e Serviços Ltda empresa contratada pela SEA o CETEM Figura 1 Mapa do campus da UFRJ e localização dos canais do Cunha e do Fundão 255 Responsável pelas Informações Sílvia Cristina Alves França EquIPE DO PROJETO CETEM Diego de Souza Silva Gilvan W Alves Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Sílvia Cristina Alves França Interdraga Arthemus A T Pugliese Thaís B Oliveira desenvolveu um projeto tecnológico para obtenção dos dados necessários à concepção do projeto básico de engenharia para despoluição desse trecho da Baía de Guanabara Estratégia de Desenvolvimento Cinco amostras de sedimentos dragados dos Canais do Cunha e do Fundão foram beneficiadas por meio de opera ções unitárias de empolpamento classificação coagulação e floculação espessamento e filtração simulando a deposição final em geobags As amostras de sedimento foram diluídas na proporção de 3 três bombonas de água salgada 25L cada para cada bombona de sedimentos Em seguida foi realizado um pe neiramento grosseiro peneira com abertura de 2 mm para retirada do material considerado lixo constituído de conchas plásticos garrafas PET linha de pesca resíduos de constru ção estopas latas tecidos sintéticos e outros Figura 2 Figura 2 Materiais retidos em peneira com 2mm de abertura Após a retirada do lixo foram tomadas alíquotas da polpa contendo o restante do material para determinação da percen tagem de sólidos e para realização dos ensaios de desaguamen to que consistiram em três operações distintas e subsequentes i Aglomeração das partículas quando as partículas não apresentam tamanho suficien te para sedimentar isoladamente devem ser aglomeradas por meio de forças que atuam nas cargas superficiais para formar unidades maiores que sedimentarão com maior velo cidade Os mecanismos utilizados para aumentar as velocida des de sedimentação livre e as taxas de sedimentação foram a coagulação e a floculação Foram testados em laboratório diversos agentes coagu lantes inorgânicos e floculantes para aglomeração das par tículas relacionados a seguir 256 Coagulantes sulfato de alumínio ativida de de polímeros em meio ácido hidróxido de sódio e hidróxido de cálcio atividade de polímeros em meio básico Floculantes Nalco 9788 Bozenfloc AP934 e Bozenfloc A61BT Clariant Magnafloc 120L e Zetag 7183 Ciba As soluções poliméricas foram utilizadas na concentração de 05 gL Floculantes 1011 FT25 FT27 8105 todos produzidos pela Ciba Esses rea gentes são mais adequados ao tratamento de águasefluentes contendo alta carga de matéria orgânica São muito aplicados em projetos de dragagem e foram testados pela equipe do CETEM com acompanhamento de um técnico da empresa Ciba atualmen te BASF que forneceu as amostras dos produtos químicos para teste ii Ensaios de sedimentação em batelada da polpa tratada floculada A sedimentação consiste em deixar que as partículas desloquemse livremente no seio de um líquido sob a ação da gra vidade Nesses ensaios foram avaliadas as velocidades de sedimentação a interação entre as partículas presentes na polpa a qualidade do líquido clarificado e a da pol pa concentrada iii Ensaios de filtração em escala de labo ratório do produto espessado lama Foi utilizado como meio filtrante uma amostra de geobag para avaliação da qua lidade do floco produzido relativo ao tama nho e resistência mecânica à filtração e do filtrado água que deveria retornar à Baía Resultados As operações utilizadas no beneficiamen to permitiram a remoção do material gros seiro lixo presente nos sedimentos draga dos dos Canais do Cunha e do Fundão Baía de Guanabara Embora havendo necessida de de adição de coagulantes e floculantes para o tratamento da polpa constituída por partículas de sedimento tevese o cuida do de escolher os reagentes que promoves sem um pH final dessa polpa em torno de 9 para atendimento à resolução 3572005 do CONAMA quando da devolução da água filtrada para a Baía O projeto do espessador foi baseado em ensaios realizados para polpas de uma amostra composta representativa das cin co amostras previamente coletadas A fun ção do espessador é a concentração do se dimento e consequentemente a melhoria na eficiência do processo de filtragem em geobags A vantagem dessa operação de espessamentodesaguamento é a sua capa cidade de absorver as flutuações de concen tração de sólidos na alimentação do proces so uma vez que a dragagem do sedimento ocorre em diferentes pontos da Baía Os sólidos presentes na polpa e pro venientes do overflow da etapa de clas sificação por hidrociclones tinham uma concentração média de 63 Após o proces samento por coagulaçãofloculação seguido de espessamento contínuo conseguiuse obter uma polpa com maior concentração de sólidos 20 para encapsulamento e filtração em geobags O aumento dessa carga sólida cerca de 3 vezes representou uma economia de processo face à redução de 30 na quantidade de geobags utili zados para encapsulamento do sedimento Os resultados finais levaram à con cepção de uma rota de beneficiamento do 257 sedimento e ao projeto de uma unidade de desaguamento espessamento para au xiliar na filtração do sedimento beneficia do nos geobags além do retorno da fase líquida devidamente tratada à Baía de Guanabara Benefícios do Projeto No processo inovador desenvolvido pelo CETEM para tratamento dos sedimentos dos Canais do Cunha e do Fundão as amos tras de sedimentos foram concentradas no espessador e posteriormente acondiciona das em geobags O uso de espessadores de baixo custo operacional elevou a concen tração de sólidos para a faixa de 20 em curto período de tempo devido às altas ve locidades de sedimentação possibilitando a redução na quantidade de geobags uti lizados e uma economia no processamento Outro fator relevante desse processo inova dor foi a introdução da etapa de aglomera ção das partículas coagulaçãofloculação na definição da velocidade de sedimentação dos flocos e especialmente na eficiência de filtração do material espessado também reduzindo custos operacionais Após o início das atividades de dra gagem notouse no entorno uma melhor condição de circulação de fluxo de água na Baía devido à redução dos níveis de assore amento dos canais e consequente elevação dos níveis de oxigenação da água resultan tes do tratamento do sedimento A Figura 3 a ilustra um geobag em operação de enchimento com a polpa de se dimentos e a Figura 3 b mostra as áreas de disposição dos geobags que serão trans formadas após projeto paisagístico em fu turas áreas de lazer Figura 3 a Exemplo de um dos geobags utilizados Figura 3 b Vista aérea ilustrando a condição atual 2013 da área de disposição dos geobags próxima ao Canal do Cunha 258 Melhorias no processo de produção de alumina o caso do TCA como auxiliar de filtração janeiro2009 a dezembro2010 Adequação da distribuição da morfologia e do tamanho das partículas do reagente auxiliar de filtração traz maior eficácia ao processo industrial de produção de alumina pela Alunorte Problema Desafio O tricálcio aluminato hexahidratado TCA de composição química Ca3Al3OH12 é um dos reagentes do processo Bayer utilizado na maioria das refinarias de alumina como auxiliar de filtração na purificação do licor rico em aluminato de só dio A morfologia e a distribuição de tamanho das partículas utilizadas como auxiliares de filtração têm grande importân cia na eficiência dessa operação quando tais partículas são formadas pelo resultado de reações químicas presentes no processo de obtenção da alumina tornase indispensável o conhecimento da influência de algumas variáveis de processo em tais reações A baixa eficiência na etapa de filtração do licor devido às características morfológicas do TCA reflete na menor qua lidade em termos de pureza química do hidrato de alumínio produzido e consequentemente da alumina que é o princi pal insumo para a produção do alumínio metálico Para aumentar o rendimento do processo de filtração in dustrial nas refinarias de alumina da ALUNORTE o desafio para o CETEM seria definir as melhores condições operacio nais para a produção do TCA e para tal foram estudadas todas as variáveis temperatura reagentes forma de adição e concentrações influência de impurezas presentes como ma téria orgânica CO3 2 velocidade de agitação e tempo de rea ção envolvidas no processo de formação dos cristais de TCA 259 Responsáveis pelas Informações Sílvia Cristina Alves França CETEM Jorge Aldi Dias Lima ALUNORTE EquIPE DO PROJETO CETEM Filipe Guedes Luiz Carlos Bertolino Paulo Fernando Almeida Braga Sílvia Cristina Alves França Coordenação Técnica Estratégia de Desenvolvimento O desenvolvimento do projeto foi baseado no acompanhamen to do processo produtivo na ALUNORTE seguido de amostra gem e caracterização do produto da reação de formação do TCA Com essas informações partiuse para a reprodução das condições operacionais em escala de bancada investigando detalhadamente as reações químicas e variáveis envolvidas no processo para a produção do TCA com as características tecnológicas requeridas para a máxima eficiência do processo de filtração industrial Para produção do TCA em bancada diferentes fontes de cálcio óxido e hidróxido de cálcio foram utilizadas como matériasprimas e vários estudos foram conduzidos i ava liação do nível de contaminantes e reatividade das matérias primas ii otimização das proporções mássicas estequiomé tricas entre os insumos envolvidos na reação de formação do TCA iii otimização das temperaturas de reação iv deter minação de parâmetros cinéticos Um dos parâmetros importantes do estudo foi a avalia ção da qualidade morfológica do TCA produzido a partir de dois tipos de licores rico e pobre produzidos no processo Bayer A diferença primordial entre esses licores está na concentração de Al2O3 presente Tabela 1 que pode influen ciar a cinética de formação do TCA Tabela 1 Características dos licores produzidos no Processo Bayer Concentrações Licor pobre Licor rico NaOH gL 270290 270290 Al2O3 gL 100120 170200 Al2O3NaOH 03800550 07000730 A caracterização dos produtos tanto em bancada quanto em escala industrial foi realizada por meio de técnicas de difratometria de raiosX identificação das fases minerais microscopia eletrônica de varredura estudo da morfologia e tamanho das partículas difração a laser distribuição de tamanhos Os ensaios tecnológicos abrangeram ensaios de filtração em bancada para determinação das variáveis 260 operacionais desse processo bem como quantificação da sua eficiência Na medida em que a qualidade dos produtos obtidos em laboratório superava a dos produzidos na refinaria modificações operacionais eram implementadas na planta industrial para avaliação da resposta do pro cesso às mudanças de escala scale up Resultados No TCA produzido no CETEM com o licor pobre observouse uma morfologia pouco definida resultado que pode ser compara do com o obtido para as amostras de TCA produzidas nas diversas linhas de produção da ALUNORTE quanto à distribuição gra nulométrica obtevese um material com di âmetro médio de 10 µm próximo dos valo res médios de 15 µm obtidos na refinaria Figura 1 Imagem de cristais de TCA produzido com licor rico capturada por microscopia eletrônica de varredura Nos difratogramas de raiosX foi observada a presença de portlandita e TCA como princi pais fases minerais semelhante ao observa do para as amostras de TCA da ALUNORTE Na preparação do TCA com o licor rico foi observada uma evolução na forma das partículas que se apresentaram com crista lografia bipiramidal ou isométrica hexaoc taédrica Figura 1 promovendo um melhor empacotamento da torta de filtração e con sequentemente maior eficiência no proces so de filtração Com relação às fases minera lógicas presentes a redução na intensidade dos picos da portlandita hidróxido de cál cio foi devida ao aumento na proporção de aluminato na reação relação 31 Para o novo produto TCA com licor rico também foi obtida uma distribuição granulométrica monomodal com diâmetro 261 médio de 20 µm o que representa um acréscimo de 33 no valor do diâmetro médio do TCA com licor pobre produzido na refinaria Benefícios do Projeto O principal benefício para a empresa ALUNORTE foi o aprimoramento do pro cesso de produção do TCA em termos de adequação da distribuição do tamanho e da morfologia das partículas do auxiliar de fil tração que afetam diretamente a formação da torta de filtração e consequentemente a eficiência desse processo A produção de um licor filtrado com menos impurezas em forma de particulado sólido é extremamen te importante para a produção por cristali zação do hidrato de alumínio e posterior mente da alumina Além da qualidade do licor produzido devese também enfatizar que as melhorias nas características do TCA permitiram a re dução do tempo do ciclo de filtração au mentando o período de atividade do filtro 262 Ácidos orgânicos em amostras hipersalinas fevereiro2009 a fevereiro2011 Precisão etapas menos laboriosas e uso de pequena quantidade de amostra e reagentes são algumas vantagens do novo método para determinar ácidos orgânicos em amostras hipersalinas fornecendo subsídios técnicos à PETROBRAS para estudos exploratórios de combustíveis fósseis e para recuperação de petróleo com injeção de água Problema Desafio A água de formação é a que ocorre naturalmente nos poros de uma rocha sedimentar e é produzida junto com o petró leo passando a se chamar água produzida A maior parte do carbono orgânico total presente nessas águas produzidas consiste de uma mistura de ácidos carboxílicos de baixo peso molecular Esses ácidos voláteis representam entre 60 e 98 da matéria orgânica nessas águas e podem ser considerados como precursores de petróleo e gás uma vez que indicam a atividade microbiana no petróleo a maturidade e a proximi dade desse recurso natural Além disso a quantificação des ses ácidos é importante no processo de descarte das águas produzidas devido ao seu efeito corrosivo e nos estudos de recuperação de petróleo com injeção de água onde são utili zados para evitar a formação de incrustações Nas águas hi persalinas presentes na camada de présal as concentrações de NaCl podem chegar a 30 mv dificultando as análises químicas devido à ocorrência de interferências A técnica cromatográfica principalmente a cromatogra fia por exclusão de íons CEI tem sido muito utilizada para a determinação de ácidos orgânicos monocarboxílicos em ma trizes aquosas Para a eliminação de interferentes diferentes prétratamentos têm sido empregados quais sejam reações de derivatização destilação a vácuo filtração eou diluição e utilização de uma minicoluna contendo Ag2CO3 para a eli minação de Cl Somente em um trabalho citado na litera tura cálculos matemáticos foram utilizados para suprimir as interferências quando foi utilizada a minicoluna contendo 263 Responsável pelas Informações Maria Inês Couto Monteiro EquIPE DO PROJETO CETEM Arnaldo Alcover Neto Manuel Castro Carneiro Coordenação Técnica Maria Inês Couto Monteiro IquFRJ Delmo S Vaitsman Fernanda N Ferreira Fernanda VM Pontes Lílian Irene Dias da Silva Ag2CO3 mais que 99de Cl foi eliminado Entretanto foi observado que cloreto de prata coloidal é deslocado da mini coluna necessitando de um tratamento para concentrálo e assim evitar seu descarte para o meio ambiente Com o objetivo de quantificar os ácidos orgânicos em amostras de água associada ao petróleo provenientes da camada présal e contendo alta salinidade a PETROBRAS CENPES firmou um contrato de cooperação com o CETEM para o desenvolvimento de um método analítico simples sensível rápido e adequado para as análises de rotina e livre de inter ferentes que poderiam afetar o desempenho cromatográfico Estratégia de Desenvolvimento Foi desenvolvido e testado um novo método para a deter minação dos ácidos fórmico acético propiônico e butírico em amostras hipersalinas contendo entre 19 e 30 mv de NaCl por CEI cromatografia por exclusão iônica empregan do um prétratamento alternativo da amostra que consistiu em uma destilação com arraste de vapor para a eliminação de interferentes A curva analítica foi preparada utilizando soluções de NaCl 30 mv e prédestiladas Todas as condi ções experimentais das técnicas de destilação e CEI foram otimizadas Resultados Os cromatogramas obtidos de soluções sintéticas contendo 30 mv de NaCl 500 mg L1 de Br 500 mg L1 de SO4 2 200 mg L1 de NO3 e uma mistura de 50 mg L1 de cada ânion formiato acetato propionato e butirato utilizando ou não uma prévia destilação com arraste de vapor Figura 1 mostram que a prévia destilação conduziu a um estreitamen to e diminuição da cauda do primeiro pico causado por in terferência salina A Tabela 1 apresenta os resultados para diferentes cur vas analíticas Todos os coeficientes de correlação foram superiores a 099 As sensibilidades das curvas analíticas preparadas com os destilados das soluções salinas 1 15 e 30 mv de NaCl e com água ultrapura com e sem pré destilação não apresentaram diferenças significativas tes tet para nível de confiança de 95 entre as concentrações dos ácidos propiônico e butírico indicando que grande par te da matriz foi eliminada na destilação e portanto ocorreu 264 pouca ou nenhuma interferência na sua de terminação Entretanto para os ácidos fór mico e acético apenas as curvas analíticas preparadas com 15 e 30 mv de NaCl apresentaram sensibilidades semelhantes e maiores que aquelas obtidas nos destilados de água e solução de 1 mv de NaCl in dicando que ocorreu o efeito salting out Como o objetivo principal era desenvolver um método para ser aplicado na análise de amostras hipersalinas contendo concentra ções de NaCl acima de 15 mv foi sele cionada a curva analítica contendo 30 mv de NaCl Os limites de detecção 3 sS onde s é o desviopadrão de 10 determinações do branco e S é a sensibilidade da curva analíti ca e os limites de quantificação 10 sS fo ram de 03 05 e 20 mg L1 e de 10 17 e 67 mg L1 para os ácidos fórmico acético e butírico respectivamente O limite de quan tificação para o ácido propiônico foi determi nado utilizando outro procedimento devido à interferência do carbonato na resolução do seu sinal em solução contendo 30 mv Figura 1 Cromatogramas de soluções sintéticas contendo uma mistura de cada ânion formiato 1 acetato 2 propionato 3 e butirato 4 sendo A não destilada e B destilada de NaCl Não houve repetitividade satisfató ria RSDs 38 quando as concentrações de ácido propiônico foram de 10 mg L1 enquanto que em maiores concentrações do ácido 25 mg L1 os resultados apre sentaram boa repetitividade RSDs 5 Também quando foi adicionado Na2CO3 025 mv à soluçãopadrão conten do 30 mg L1 de propionato os resultados apresentaram boa precisão RSDs 5 e boa exatidão recuperação de 98 na de terminação do ácido propiônico Sendo as sim o limite de quantificação 25 mg L1 para o ácido propiônico foi definido como a menor concentração que apresentou um des viopadrão relativo em altura de sinal 5 para n 3 Os resultados e procedimentos desen volvidos para a determinação dos ácidos fórmico acético propiônico e butírico em águas hipersalinas foram publicados no Journal of Chromatography Part A v1223 2012 p 7983 265 Tabela 1 Coeficientes de correlação faixas lineares e sensibilidades de curvas analíticas preparadas em água e em diferentes concentrações de NaCl utilizadas para a determinação dos ácidos fórmico acético propiônico e butírico desviopadrão entre parênteses Benefícios do Projeto Podem ser destacados como principais be nefícios deste trabalho o desenvolvimento de um novo método que permite a determinação dos ácidos fórmi co acético propiônico e butírico em amos tras hipersalinas contendo até 30 mv de NaCl com inúmeras vantagens quando comparado com os métodos anteriormente publicados tais como utilização de peque na quantidade de amostra e reagentes eta pas menos laboriosas boa precisão e limites de quantificação adequados especialmente para os ácidos acético fórmico e butírico a geração de uma tese de Mestrado em parceria com o Instituto de química da UFRJ o fornecimento de subsídios técnicos à PETROBRAS para estudos exploratórios de petróleo e gás para indícios de atividade microbiana no petróleo de maturidade e proximidade do petróleo bem como para o descarte de águas produzidas e de recupe ração de petróleo com injeção de água 266 Tecnologia avançada para mineração de quartzitos junho2009 a março2012 Tecnologia inovadora para preparação de lavra piloto de quartzito com melhoria nos métodos de extração da rocha capacitação de mineradores organização do parque industrial de Várzea PB instalação de usina piloto de argamassa aproveitando as aparas das serrarias de quartzitos redução de problemas ambientais e geração de empregos para a população local são alguns dos benefícios deste projeto Problema Desafio A mineração do quartzito na região do Seridó Paraibano ca recia muito de tecnologias apropriadas para um melhor apro veitamento da rocha em termos de produtividade diminui ção na geração de resíduos e aproveitamento dos resíduos gerados Os desafios do projeto foram i aperfeiçoar o método de extração do quartzito ii mitigar o impacto ambiental causa do pelos métodos de extração e pelas serrarias iii melhorar a qualidade dos produtos dessas serrarias iv melhorar o sistema de separação águasólido dos efluentes das serrarias para o reaproveitamento da água e a recuperação dos finos v desenvolver estudos para o aproveitamento dos resídu os sólidos gerados pela lavra e beneficiamento do quartzito vi realizar melhorias na segurança e saúde do trabalhador vii contribuir na legalização das áreas de lavra Estratégia de Desenvolvimento As atividades executadas no projeto estão inseridas em linhas de ação do eixo estratégico Ciência Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social constante do Plano Diretor 20112015 do CETEM que tratam i da gestão tecnológica de arranjos produtivos locais de base mineral APLs por meio da participação do Centro e vi sando a transferência de tecnologia para as micros pequenas e médias empresas ii da transferência de tecnologias limpas eg apro veitamento de resíduos de rochas ornamentais evitando seu 267 Responsáveis pelas Informações Antonio Rodrigues de Campos Julio Cesar Guedes Correia João Bosco Marinho TECQUÍMICA EquIPE DO PROJETO CETEM Antonio Rodrigues de Campos Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenação Técnica Julio Cesar Guedes Correia Michelle Pereira Babiski Nuria Fernandez Castro uFCG Elbert Valdiviezo TECquÍMICA João Bosco Marinho uFPB Ranieri de Araujo Pereira descarte no meio ambiente para o desenvolvimento susten tável das micros pequenas e médias empresas O projeto foi executado pelo CETEM em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido INSAMCTI a Universidade Federal de Campina Grande UFCG a Associação Técnico Científica Ernesto Luiz de Oliveira Junior ATECEL a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba CDRM o Serviço Geológico do Brasil CPRM e a micro empresa TECqUÍMICA O planejamento e a execução da lavra englobaram a pes quisa e o levantamento geológico procurando reduzir os im pactos ambientais na extração do quartzito assim como a preparação de lavra piloto com tecnologia inovadora especi ficamente desenvolvida para o projeto Com o acompanhamento técnico do CETEM foi im plantada uma usina piloto para fabricação de argamassas a partir de resíduos das serrarias de quartzito da região de Várzea PB Ademais os empresários do parque industrial re ceberam orientação técnica para o adequado tratamento dos efluentes oriundos do processo de serragem da rocha com o aproveitamento da água e dos finos neles sedimentados Resultados O CETEM e seus parceiros obtiveram melhorias das opera ções nas frentes de lavra desenvolvendo uma mina piloto e capacitando os mineradores para a utilização de métodos e tecnologias mais adequadas inclusive para o uso de explosi vos e massa expansiva O projeto propiciou a organização do parque industrial na cidade de Várzea PB Houve aumento de produtividade e qualidade dos produtos finais da lavra e do beneficiamento melhorias nos métodos de extração do quartzito redução de impactos ambientais melhorias na segurança e saúde dos trabalhadores e geração de empregos e renda para a popula ção local Para o beneficiamento do quartzito nas serrarias novos equipamentos foram introduzidos prensa refilatriz e má quinas de corte que estão sendo utilizados possibilitando aperfeiçoar o processo de aproveitamento dos resíduos e sua transformação em novos produtos além de melhorar a qua lidade e a padronização da produção de ladrilhos mosaicos e listelos 268 Figura 1 Fluxograma do processo implantado na usina piloto da TECQUÍMICA Os resultados dos trabalhos realizados com os resíduos na usina piloto mostraram ser possível agregar valor aos mesmos com a fabricação de diferentes tipos de argamas sa e outros subprodutos Usina Piloto de Argamassa em parceria com a empresa TECqUÍMICA localizada em Várzea foi implantada uma usinapiloto para fabricação de argamassa e tijolos es truturais a partir dos resíduos de quartzitos gerados pelas serrarias A Figura 1 apresenta o fluxograma de processo dessa usina piloto que é constituído basicamente das seguin tes etapas cominuição das aparas das ser rarias em moinho de martelos classificação granulométrica do produto da cominuição em peneira rotativa trommel preparação de diferentes tipos de argamassa em mistu radores utilizando a fração mais fina do pe neiramento 35 malhas e adição de aditi vos à mesma e sistema de ensacamento das 269 argamassas produzidas nos misturadores Os resíduos mais grossos produzidos pelo trommel 10 e 35 malhas são utiliza dos para a fabricação de prémoldados Ao processo desenvolvido foi acoplado um sistema de coleta de pó composto de exaustor ciclone e filtro de manga O sis tema de coleta de pó evita emanação de poeira proveniente da usina protegendo os trabalhadores e a comunidade adjacente à mesma bem como evita problemas com ór gãos ambientais Além de evitar a emanação de pó da usina para o meio ambiente esse sistema de coleta de pó propicia ainda a recuperação de produtos finos e ultrafinos produzidos pelo ciclone e pelo filtro de man ga respectivamente que podem ser utiliza dos para a fabricação de outros subprodutos tais como massa corrida e tinta lavável Na Figura 2 estão quatro vistas parciais da montagem da usina piloto A primeira superior esquerda mostra as etapas de cominuição e classificação granulométrica com a saída da fração mais fina transpor tador de rosca cor amarela para os mis turadores onde é produzida a argamassa a Figura 2 Vistas parciais da usina piloto da TECQUÍMICA em Várzea PB 270 segunda superior direita mostra as mon tagens do ciclone em primeiro plano e do filtro de manga mais ao fundo Na parte in ferior a primeira foto à esquerda mostra os dois misturadores e a outra à direita mos tra o ensacamento da argamassa produzida Para a montagem dessa usina piloto vários equipamentos foram fabricados no âmbito do projeto moinhos de martelos peneiras rotativas misturadores ciclones filtros de manga e outros Este projeto alavancou a realização de outros estudos visando aplicações de resí duos finos na fabricação de novos produtos para as indústrias de vidro cerâmica tintas e massa corrida Como exemplo pode ser citada a utilização in natura dos resíduos das serrarias de quartzito para produção de vidros do tipo sodocálcicos contendo síli ca alumina cal e óxidos alcalinos Benefícios do Projeto O projeto desenvolvido no âmbito do Arranjo Produtivo Local APL Pegmatito quartzito PBRN serviu de estímulo para a criação de uma Cooperativa de Mineradores de Várzea COOPVARZEA sob a orienta ção do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Campina Grande UFCG A Cooperativa contribuiu fortemente com a legalização das áreas de lavra beneficiando os pequenos produtores integrantes da mesma A usina piloto de argamassa instalada na área das empresas de beneficiamento tem uma capacidade atual de produzir até 3 tdia de argamassa A primeira meta é aumentar a produção para 7 tdia e poderia ainda expan dila até 15 tdia de argamassa aproveitando assim maior quantidade de aparas oriundas das serrarias de quartzitos da região Além da agregação de valor aos resíduos o projeto proporcionou aumento na geração de empregos acréscimo de ren da ao município e solução para os proble mas ambientais com reflexos na melhoria da saúde da comunidade vizinha às serra rias quanto ao beneficiamento dos produ tos para fins ornamentais e de revestimento houve melhorias substanciais na qualidade dos produtos fabricados pela padronização de tamanhos e cores A capacitação de um conjunto de em presas terá efeito multiplicador na medida em que as tecnologias por elas absorvidas forem repassadas para outras empresas certamente garantindo o desenvolvimento sustentável da região 271 utilização da lama vermelha como agente de remoção de poluentes julho2009 a maio2011 Tecnologia limpa de utilização da lama vermelha resíduo cáustico gerado na produção de alumina tem potencial de reduzir passivo ambiental e contribuir para abatimento de efluentes gasosos dióxido de carbono e outros gases ácidos em plantas industriais da VALE Problema Desafio A lama vermelha é um resíduo cáustico gerado na produção de alumina pelo processo Bayer sendo obtida durante a di gestão da bauxita com soda cáustica NaOH A composição química da lama vermelha varia em decorrência da natureza da jazida da bauxita e das técnicas empregadas no processo Bayer Apesar das plantas industriais procederem a lavagem da lama vermelha para a recuperação máxima do NaOH e do alumínio solúvel a alcalinidade da lama a ser descartada ainda era elevada sendo relatados valores de pH na faixa de 10 13 Se por um lado a alta alcalinidade da lama ver melha implica numa dificuldade para sua disposição final pela necessidade de correção do pH por outro lado esta característica torna a lama vermelha um resíduo com grande potencial para absorção e neutralização de efluentes ácidos O acúmulo de lama vermelha representa um passivo am biental e um problema a ser superado pelas indústrias do alu mínio Algumas pesquisas vinham sendo desenvolvidas visan do o reaproveitamento desse resíduo em diversos processos mas a crescente pressão do governo e da sociedade por prá ticas sustentáveis de desenvolvimento certamente catalisou a busca de soluções economicamente viáveis para aplicação da lama vermelha em escala industrial Além disso estudos realizados pelo International Aluminium Institute IAI indicam que a produção mundial de alumínio é responsável pela emissão de cerca de 2 dos gases de efeito estufa entre os quais o dióxido de carbono 272 Responsável pelas Informações Flávio de Almeida Lemos EquIPE DO PROJETO CETEM Christine Rabello Nascimento Flávio de Almeida Lemos Paulo Fernando Almeida Braga Coordenação Técnica Ronaldo Luiz Correa dos Santos Silvia Cristina A França CO2 A média de emissões equivalentes às de CO2 no pro cesso de produção de alumínio primário nas indústrias bra sileiras está 61 abaixo da média mundial em decorrência da matriz elétrica brasileira estar baseada em fontes hídricas Contudo novas ações visando a redução da emissão de CO2 com captura e armazenamento de carbono se fazem perti nentes principalmente em indústrias onde a energia elétrica ainda provém de combustíveis fósseis O desafio deste trabalho contratado pela empresa VALE foi o de verificar a viabilidade do uso da lama vermelha ge rada na produção de alumina para abatimento do dióxido de carbono e outros gases ácidos Estratégia de Desenvolvimento Inicialmente foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica sobre o processo de absorção de óxidos ácidos CO2 SOx e NOx por resíduos alcalinos Apesar de terem sido encontra dos vários trabalhos sobre o emprego de soluções de aminas ou hidróxidos para a captura do CO2 contido nos efluentes de combustão os estudos empregando resíduos alcalinos ainda eram incipientes Em uma segunda etapa e sob diferentes condições ope racionais foi determinada a capacidade das suspensões de lama vermelha em absorverem CO2 o qual tinha sua concen tração medida continuamente por um analisador de gases Numa terceira etapa e com base nos resultados dos tes tes de bancada foram conduzidos experimentos em escala piloto empregando uma coluna de borbulhamento Para tal foi montado um aparato que constava de um tanque de esto cagem de polpa de lama vermelha e uma coluna de absorção de acrílico com seis metros de altura e duas polegadas de diâmetro A corrente gasosa sintética foi alimentada através de um distribuidor poroso montado na parte inferior da colu na a suspensão de lama vermelha era alimentada no topo com auxílio de uma bomba peristáltica As vazões da corrente gasosa e da suspensão de lama vermelha foram monitoradas por rotâmetros sendo realizados ajustes manuais quando necessário No topo da coluna de absorção foi instalado um dispositivo para coletar alíquota do efluente gasoso tratado visando a determinação contínua da concentração de CO2 273 Resultados A análise estatística dos dados obtidos nos ensaios em escala de bancada indicou um abatimento médio de CO2 de 638 consi derando um efluente gasoso contendo 15 de CO2 com o pH da suspensão de lama ver melha sendo reduzido de 12 para 10 uma tonelada de lama vermelha base seca seria capaz de absorver 168 kg de CO2 Já os ensaios de adsorção indicaram que a lama vermelha seca em função de suas características físicoquímicas apre senta uma baixa capacidade de adsorção de CO2 cerca de 16 kg para cada tonelada de lama demonstrando que o grande po tencial da remoção do CO2 está na umidade contida na torta gerada na etapa de filtra ção da lama vermelha O baixo valor obtido no processo de adsorção pode ser explicado pela pequena área superficial da lama ver melha 703 m2g cerca de cem vezes inferior aos valores apresentados por adsor ventes de alto desempenho Visando reproduzir a composição mé dia de gases de combustão nos ensaios em escala piloto foi utilizado um efluente sintético preparado por empresa de gases industriais White Martins Nesses testes foram abatidos em média 80 do CO2 do alimentado na coluna de borbulhamento com a neutralização parcial da suspensão de lama vermelha Benefícios do Projeto As pesquisas para reaproveitamento da lama vermelha até então realizadas e descritas na literatura mesmo as que se encontravam em maior estágio de desenvolvimento ain da não eram conclusivas quanto à utilização desse resíduo em larga escala industrial A maioria propunha a incorporação de gran des quantidades da lama na construção de pavimentos na remediação de solos ou na produção de cimento o que não traria uma solução definitiva do ponto de vista de uma tecnologia ambientalmente limpa uma vez que a maior parte da lama vermelha ainda continuaria sendo disposta em aterros em bacias de rejeitos ou no mar Dentre as rotas existentes para sepa ração gasosa a absorção química testada no CETEM foi considerada a mais adequa da ao emprego da lama vermelha e dentro dessa linha optouse por usar uma torre de lavagem de gases As torres ou colunas de lavagem além de serem equipamentos lar gamente empregados nos processos indus triais podem ser projetadas em desenhos variados de modo a proporcionar a maior área de contato possível entre o gás e o líquido O emprego da lama vermelha para o abatimento de CO2 gerado na indústria de alumínio demonstrou ser um processo pro missor considerando principalmente dois aspectos i a eliminação ou redução do consumo de reagentes químicos tais como aminas ou hidróxidos para neutralização dos gases de exaustão ii a redução da al calinidade da lama vermelha fato que tor naria mais fácil o gerenciamento da estoca gem desse resíduo nas bacias de contenção 274 Rota de processamento para um melhor aproveitamento do minério de manganês de Carajás agosto2009 a junho2010 Rota de moagem com escalonamento em diferentes tipos de moinho demonstra à VALE a viabilidade de utilização de minérios marginais para a produção de manganês em pelotas possibilitando melhor aproveitamento de suas reservas e oferta de um novo produto no mercado com maior valor agregado Problema Desafio A VALE detentora dos direitos da Mina do Azul em Carajás PA contemplava a possibilidade de oferecer um novo produ to no mercado de manganês com maior valor agregado Esse produto seria o manganês em pelotas Até então somente o sinter feed partículas na faixa de 8mm x 015mm produzi do a partir de manganês compacto era vendido como produto A produção de pelotas somente é possível a partir de um produto moído geralmente abaixo de 0075 mm cha mado pellet feed requerendo uma etapa de cominuição dos finos naturais do processo eou de minérios marginais que deveria ser energeticamente eficiente e adequada para a produção do pellet feed A VALE desejava conhecer a via bilidade de utilização de outros tipos de minérios que não produzem o sinter feed para a produção de pellet feed de manganês para um melhor aproveitamento de suas re servas Tendo esse projeto em sua pauta a VALE contratou o CETEM para o desenvolvimento da rota de moagem e para o escalonamento dos moinhos Estratégia de Desenvolvimento Diversas amostras de minérios de manganês foram envia das ao CETEM para caracterização Após essa etapa foram estudadas rotas de moagem a seco em moinhos de bolas porém esse tipo de moagem demonstrou ser inadequado pela excessiva geração de finos Em uma segunda etapa a moagem foi realizada em moi nho de barras produzindo menos finos em relação à moagem 275 Responsáveis pelas Informações Claudio Luiz Schneider CETEM Vladmir K Alves VALE CDM Helder Silva VALE Manganês EquIPE DO PROJETO CETEM Claudio Luiz Schneider Coordenação Técnica Jorge Andrade VALE Delciane Porfiro Helder Silva Souza Marcus Hemrich com bolas Apesar de existirem modelos de moagem com bar ras ainda não existia uma técnica de escalonamento basea da em balanço populacional que permite a inclusão de um modelo de operação unitária em simuladores de plantas de processamento de particulados Seria portanto necessário desenvolver uma técnica de caracterização para moagem com barras englobando sua implantação no simulador com cálcu lo de parâmetros de modelo e uma rotina de escalonamento Para a rotina de escalonamento duas técnicas foram testadas uma escalonando por potência muito utilizada em moinhos de bolas e outra escalonando por tempo de residên cia As rotinas de escalonamento foram auferidas utilizando se um moinho de barras contínuo mostrado na Figura 1 em escala piloto moendo em circuito aberto com várias taxas de alimentação Comparouse o tempo de residência calculado do moi nho piloto que se obtém a partir do volume interno disponí vel para transporte em conjunto com a taxa de alimentação do ensaio com o tempo de residência necessário para que o modelo baseado nos resultados dos diversos ensaios de la boratório produzisse a mesma distribuição granulométrica no produto do moinho piloto Isso é ilustrado na Figura 2 Figura 1 Moinho piloto do Centro de Tecnologia de Ferrosos da VALE em Belo Horizonte MG 276 Figura 2 Correlação entre o tempo de residência calculado pelas dimensões do moinho piloto e sua taxa de alimentação e o tempo de residência simulado que produz a distribuição granulométrica do produto do moinho piloto com parâmetros de modelo obtidos nos ensaios de laboratório Tabela 1 Parâmetros obtidos para simulação e escalonamento da moagem de barras com diversos tipos de minério de manganês Função Parâmetros de Escalonamento Pellito Rico I Pellito Rico II Pellito Rico III Pellito Tabular I Pellito Tabular II Detrítico I Detrítico II Seleção S1 min1 3053 3749 3516 7228 6164 3228 2753 α 1192 1241 1322 1410 1487 1440 0951 μ mm 7999 7703 8000 7999 4002 7999 3479 λ 6000 5999 59 5999 1503 6000 2639 Quebra γ 0416 0306 0206 0086 01765 0184 0296 β 19998 5366 5674 5932 2497 3422 19920 φ 0199 0196 0175 0223 0259 0234 0150 A Tabela 1 apresenta resultados de di versos ensaios de laboratório com amostras de minério de manganês Os parâmetros ob tidos em laboratório taxa de quebra S1 e alfa taxa de quebra na região anormal de quebra mu lambda função quebra gama beta phi que descrevem a distribui ção de tamanhos dos produtos dos eventos de quebra podem ser utilizados para o esca lonamento industrial de moinhos de barras 277 Resultados A técnica de escalonamento por potência não produziu parâmetros úteis para a simu lação da moagem em escala piloto se a taxa de moagem específica em potência não serviu para escalonar um moinho pilo to muito menos serviria para escalonar um moinho industrial Por outro lado a téc nica desenvolvida com base no tempo de residência que envolve o cálculo do volu me disponível para transporte do minério no moinho demonstrou ser precisa e efi caz Com isso um novo modelo de escalo namento de moinhos de barras que inclui uma nova caracterização desse processo em laboratório foi implantado no simulador de plantas MODSIM Esse novo modelo serviu para comparar a rota de processo que contemplava a moa gem industrial com moinhos de barras com a moagem industrial em circuito fecha do com moinhos de bolas convencionais Concluiuse que a rota com barras produzia superfície específica similar à da rota tradi cional com moagem em circuito fechado e com cylpebs como corpos moedores Foi demonstrado que a rota convencional em circuito fechado geraria um produto com qualidade satisfatória com menor custo operacional e menor investimento Benefícios do Projeto O maior benefício da inovação foi o desen volvimento da técnica de escalonamento de moinhos de barras já disponível em um software comercial e podendo ser utilizada em qualquer lugar do mundo Anteriormente moinhos de barras eram escalonados com uma técnica antiga proposta por Fred Bond em 1941 na qual a caracterização era fundamentada em um ensaio de simi laridade que possibilitava a determinação do Índice de Trabalho de Barras RWIRod Work Index Como o RWI é baseado em po tência específica a antiga técnica nunca foi aceita como um método de escalonamento eficiente A técnica inovadora desenvolvida pelo CETEM além de demonstrar de vez a ine ficiência do escalonamento por potência no caso de moinhos de barras tem a vanta gem de poder ser utilizada com segurança a partir de ensaios de laboratório para o dimensionamento em escala industrial de qualquer circuito que inclua moagem de barras 278 Caracterização tecnológica das rochas de esteatito para restauração da estátua do Cristo Redentor setembro2009 a setembro2010 Restauração mais eficiente e duradoura da estátua do Cristo Redentor é fruto de um trabalho tecnológico minucioso com determinação das causas da alterabilidade e degradação culminando com um tratamento de hidrofugação para proteção dos mosaicos em pedrasabão que recobrem o monumento Problema Desafio O restauro de monumentos arquitetônicos e artísticos surge da necessidade de preservação dos registros que marcam não só momentos da história de uma sociedade como também es tilos de épocas passadas crenças e rituais religiosos sendo portanto um trabalho de vital importância tanto no âmbito cultural quanto científico O monumento do Cristo Redentor símbolo da Cidade do Rio de Janeiro eleito como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno e um dos cartões postais internacional mente mais conhecidos está localizado no topo do Morro do Corcovado no bairro do Alto da Boa Vista A estátua tem 30 metros de altura e 8 metros de pedestal e a distância de uma mão à outra é de 28 metros O planejamento da obra começou no ano de 1921 pelo engenheiro Heitor da Silva Costa sendo inaugurada em 12 de outubro de 1931 Para a elaboração do modelo em gesso do monumento foi contratado o escultor Maximilien Paul Landowski A estrutura interna da estátua é toda em concreto armado Externamente é recoberta por tes selas peças de mosaico triangulares de pedrasabão Figura 1 aplicadas sobre argamassa A pedrasabão foi escolhida por suas características hi drofóbicas e de resistência a variações térmicas Esse reco brimento de pedrasabão da região de Carandaí em Minas Gerais protegeu o monumento durante 50 anos sem produzir infiltrações mas o passo do tempo fez com que se perdessem algumas peças e em 1990 foi realizada uma intervenção no monumento Foram repostas as peças perdidas com material 279 Responsável pelas Informações Roberto Carlos da Conceição Ribeiro EquIPE DO PROJETO CETEM Debora Monteiro de Oliveira Diego Valentin Cara Elton Souza dos Santos Eunice Freitas Lima Joedy Patrícia Cruz Queiróz Luis Gonzaga Santos Sobral Nuria Fernández Castro Roberto Carlos da Conceição Ribeiro Coordenação Técnica da mesma região de Carandaí e submetidas a jateamento de areia para homogeneizar a aparência do mosaico No ano de 2000 foi realizada uma nova intervenção para limpeza e re posição de peças perdidas tendo sido utilizadas tesselas de pedrasabão provenientes da região de Ouro Preto com dife renças de coloração em relação às anteriores para facilitar a identificação da área restaurada Figura 1 Aspecto geral das tesselas que recobrem o Cristo Redentor Apesar das diversas intervenções no monumento somen te a iniciada em 2009 teve adequado respaldo tecnológico pois visando um restauro mais eficiente e duradouro e antes mesmo de iniciar as obras a empresa CONE Engenharia co ordenadora da restauração contratou o CETEM para realizar um trabalho minucioso sobre as rochas que recobrem o mo numento do Cristo Redentor Os desafios para a equipe do CETEM eram identificar e caracterizar tecnologicamente as rochas de recobrimento pedrasabão verificar as condições físicas e químicas desse revestimento inclusive os potenciais agentes da deterioração investigar patologias inerentes e as causas de alterabilidade das rochas comparar o comportamento desse tipo de rocha em seu estado natural frente às condições de intemperismo e com aplicação de produtos de proteção propôr métodos para impedir ou pelo menos diminuir a velocidade de degradação da rocha e por consequência do monumento histórico 280 Estratégia de Desenvolvimento O trabalho com as tesselas de pedrasabão foi realizado em quatro etapas amostra gem caracterização tecnológica avaliação da alterabilidade e verificação do efeito de hidrofugação A seleção das tesselas removidas para o estudo foi realizada em conjunto pelos pesquisadores do CETEM por repre sentantes do IPHAN e da empresa CONE Engenharia Foram retiradas 9 nove tesse las originais mantidas desde a inauguração do monumento dos lados Norte Sul Leste e Oeste da estátua Figura 2 Figura 2 Ilustração dos locais de retirada das tesselas Sul Norte Leste Para a caracterização as tesselas fo ram submetidas a ensaios tecnológicos que incluíram determinação do padrão cromá tico composição química e mineralógica determinação dos valores de porosidade absorção de água e massa específica Nos ensaios de alterabilidade além das ava liações microbiológicas as tesselas foram submetidas à exposição em câmaras espe ciais à névoa salina à umidade aos raios ultravioleta e ao ataque de SO2 Em segui da realizouse a hidrofugação para prote ção das tesselas utilizandose o polímero silanosiloxano com radicais apolares em 281 sua matriz inorgânica responsáveis pela repelência da água Esse hidrofugante por apresentar uma tensão superficial inferior à da água tem características hidrofóbicas A água exerce uma importante influên cia na deterioração de monumentos pétreos reduzindo seu desempenho térmico pro vocando eflorescência e acelerando o cres cimento de microrganismos Sua afinidade com a superfície desses materiais devese à tensão superficial que varia de acordo com o meio de contato e por isso o uso do hidrofu gante faz com que essa tensão seja reduzida Para os ensaios utilizouse o polímero da mar ca WackerChemie durante 14 dias de cura Resultados Os resultados obtidos com o ensaio de co lorimetria mostraram que há tendência à coloração verdeamarelada clara devido aos valores médios encontrados de 011 verde 53 amarelo e 53 branco res pectivamente para os eixos a b e L do monumento Figura 3 permitindo que a aquisição de novas peças de reposição de pedrasabão respeitem essa característica As tesselas amostradas apresentaram aspecto maciço e com elevado grau de de gradação manchamentos descoloração pontos negros e perda de material causan do arredondamento nas bordas Ao micros cópio não apresentaram microfissuras o nível de alteração foi considerado médio e os minerais observados foram talco clorita calcita tremolita e actinolita Um dos pontos mais importantes foi a de terminação dos índices físicos da rocha poro sidade absorção de água e massa específica antes e após a utilização do hidrofugante Os resultados mostraram que antes do uso do hi drofugante os valores para porosidade e ab sorção eram muito elevados superiores a 5 Figura 3 Distribuição espacial das cores das tesselas nos eixos a b e L do monumento para os padrões normais da rocha sã que de vem ser inferiores a 1 indicando alto grau de alteração e que a grande quantidade de água absorvida para o interior do monumento poderia comprometer sua estrutura metálica Seria então necessário determinar as causas dessa alterabilidade Primeiramente investi gouse o comportamento da rocha frente à al terabilidade acelerada em câmaras de névoa salina SO2 umidade e raios ultravioleta No entanto após meses de ensaios as rochas es tavam fisicamente inalteradas apresentando apenas uma pequena variação colorimétrica O próximo passo foi a avaliação microbiológica por ensaios realizados com as tesselas Foram observados e coletados micror ganismos fungos líquens e outros que se proliferavam rapidamente na presença de água em vários pontos do monumento A avaliação microbiológica revelou a pre sença de Penicilliumm sp Fusarium sp Cladosporium e Aspergillus A ação do me tabolismo desses organismos resulta em áci dos como por exemplo ácido mevalônico produzido pelo Penicilliumm sp que combi nados com a atuação de chuvas ventos ma resia podem acelerar o processo de degrada ção das rochas em questão Recomendouse 282 a aplicação de biocidas capazes de impedir a proliferação dos microrganismos e impe dir a acelerada degradação da rocha No en tanto estando o monumento localizado em Mata Atlântica a aplicação de um biocida foi proibida pelo IBAMA Dessa forma de verseia confiar na aplicação do hidrofugan te para proteger a rocha A água escorreria pelas tesselas não mais seria absorvida pela pedrasabão e isso teria grande potencial de impedir a proliferação dos microrganismos O uso da resina hidrofugante mostrou que ela indubitavelmente reduziu os efeitos da porosidade Apesar de não ter sido estudado o mecanismo de atuação do hidrofugante pode se inferir que houve interação deste com a assembléia de minerais que constituem as tes selas originais eou ocorreu sua absorção cau sada pelo elevado grau de fraturamento das tesselas A predominância cromática verde amarelada não foi afetada significativamente após a aplicação do hidrofugante houve ape nas um leve escurecimento que desapareceu em pouco tempo após ação do sol Figura 4 Proliferação microbiológica nas tesselas de pedrasabão Benefícios do Projeto O estado de alteração das tesselas que reco brem a estátua do Cristo Redentor se deve a vários fatores especialmente à penetra ção de água A aplicação do hidrofugante foi importante como pôde ser comprovado pois reduziu a vulnerabilidade das rochas de recobrimento do monumento Além de demonstrar a pertinência da caracterização tecnológica das rochas como ferramenta fundamental para os estudos de restauro de quaisquer monumentos recober tos por esses materiais este trabalho foi res ponsável em consolidar o CETEM como um Centro de Referência para restauradores de rochas em bens tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN que passaram a envolver o CETEM para embasa mento tecnológico de suas atividades 283 Biolixiviação de concentrado piritoso para produção de pigmento à base de ferro dezembro2010 a dezembro 2011 Microrganismos digerem sulfetos no concentrado de pirita produzido no beneficiamento gravítico do carvão mineral da Carbonífera do Cambuí gerando licor rico em espécies de ferro matéria prima na produção de pigmentos e também na produção de agente floculante para tratamento de efluentes Problema Desafio O carvão é química e fisicamente um mineral heterogêneo Consiste basicamente de carbono com pequenas quantida des em massa de enxofre nitrogênio e hidrogênio Carvões provenientes das minas brasileiras possuem elevados teores de enxofre Consequentemente no processo de combustão do carvão para geração de energia elétrica há a liberação de óxidos de enxofre SOx Esses compostos químicos são reconhecidos como altamente poluentes e como indutores da formação das chuvas ácidas Por esta razão nas indústrias carboníferas são geradas grandes quantidades de rejeitos a partir do beneficiamento do carvão Tais rejeitos contêm ele vados teores de ferro oriundos majoritariamente da piri ta FeS2 que pode dar origem à drenagem ácida de minas DAM quando disponibilizado de forma inadequada Com o objetivo de minimizar o impacto ambiental nas regiões onde ocorre a exploração desse bem mineral algumas unidades carboníferas têm produzido concentrados piritosos a partir de rejeitos de carvão visando utilizálos na produção de insumos que contenham algum valor agregado Um desses insumos é o pigmento à base de óxido de ferro Este projeto surgiu do interesse da Carbonífera do Cambuí na cidade de Figueiras PR em estudar a biolixi viação do concentrado de pirita produzido a partir do bene ficiamento gravítico do carvão mineral visando a produção de pigmentos à base de óxido de ferro a exemplo da goetita FeOOH que tem múltiplas aplicações industriais ie in dústrias cerâmica de tintas de cosméticos e farmacêutica 284 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Nilo Schneider Carbonífera do Cambuí EquIPE DO PROJETO CETEM Carlos Eduardo Gomes de Souza Débora Monteiro de Oliveira Isaías Viana Junior Jorge Ramiro Sobral Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Diante desse cenário o desafio foi desenvolver rotas pro cessuais para promover a dissolução da pirita visando obter uma lixívia ácida contendo elevadas concentrações de es pécies iônicas de ferro para serem numa etapa posterior utilizadas na produção do pigmento supramencionado Uma alternativa tecnológica que se mostrou bastante atraente foi a rota biohidrometalúrgica e mais especificamente a biolixi viação mediante o emprego de microorganismos mesófilos e termófilos com potencial de se alcançar altos percentuais de extração do metal de interesse com baixo custo operacional A Carbonífera do Cambuí contratou o CETEM para tal desenvolvimento fornecendo uma amostra representativa de seu concentrado que foi utilizado na planta piloto do CETEM para se dar início ao processo de biolixiviação desse concen trado gravítico Estratégia de Desenvolvimento Os objetivos eram i tratar os rejeitos do beneficiamento do carvão mineral de modo a gerar um rejeito mineral isento de sulfetos minerais para que sua disposição posterior não causasse impactos ambientais pela geração continuada das drenagens ácidas ii utilizar microorganismos acidófilos e autotróficos para a digestão dos sulfetos minerais presentes no rejeito original para a geração de um licor rico em espécies de ferro Fe2 e Fe3 matéria prima na produção de pigmen tos à base de óxidos de ferro Foram realizados experimentos nas escalas de bancada semipiloto e piloto os quais definiram as melhores condi ções operacionais para o processo de oxidação da pirita as sim como outras formas de sulfetos eventualmente presentes naquele concentrado piritoso promovendo desta forma a geração de lixívia contendo elevadas concentrações de espé cies iônicas de ferro que poderão ser utilizadas na produção de pigmentos assim como na produção de agente floculante com aplicação no tratamento de efluentes A Figura 1 mostra a unidade piloto utilizada para a bio lixiviação do concentrado gravítico contendo como principal sulfeto mineral a pirita FeS2 285 Resultados A biolixiviação do concentrado piritoso se apresentou como uma rota tecnológica po tencialmente atraente na obtenção de lixí vias contendo elevadas concentrações de íons Fe2 e Fe3 O ensaio em escala semipiloto reali zado apenas com partículas de 3 a 6 mm apresentou uma extração de 6050 em 100 dias de ensaio Já a biolixiviação em escala piloto apresentou extração de ferro de 7581 a partir da análise das alíquo tas retiradas diretamente do PLS Pregnant Leach Solution e 6974 a partir da análise realizada no sólido remanescente ao final do ensaio O mais baixo percentual de extração obtido está associado à faixa granulométrica do concentrado piritoso 12 em massa é constituído por partículas de 3 a 6 mm e 88 por partículas de 6 a 25 mm utilizado no ensaio piloto A utilização de partículas de tamanho superior a 6 mm no ensaio em escala piloto foi em decorrên cia da quantidade limitada de concentrado piritoso na faixa granulométrica adequada Figura 1 Unidade piloto do CETEM utilizada na biolixiviação do concentrado piritoso O tamanho de partícula está diretamen te relacionado à cinética de extração pois o processo de biolixiviação é uma reação que ocorre do contato direto da solução lixivian te e dos microorganismos com a partícula mineral Entretanto a utilização de um ta manho excessivamente reduzido pode vir a comprometer a insuflação de ar na base da coluna bem como a percolação da solução lixiviante ao longo do leito mineral O controle de aquecimento do siste ma de biolixiviação por traço e resistência elétrica se mostrou eficiente abrangendo ao longo do ensaio piloto a faixa ótima de temperatura dos três consórcios microbia nos utilizados mesófilos 30ºC termófilos moderados 50ºC e termófilos extremos 70ºC Esse controle de temperatura por fornecimento externo de calor fezse neces sário nessa escala devido à massa de sulfe to empregada ainda não ter sido suficiente para a geração de calor A respeito da ci nética de extração nas distintas faixas de temperatura não foram observadas grandes variações na extração de ferro 286 A diminuição do pH ao longo do ensaio em escala piloto como esperado foi devido à geração de ácido sulfúrico proveniente da reação de oxidação da pirita que frequente mente levou o pH a valores inferiores a 10 Por essa razão diluições na lixívia do siste ma reacional foram necessárias para evitar que condições de elevada salinidade fos sem atingidas bem como evitar que a alta concentração hidrogeniônica provocasse a diminuição da atividade dos microorganis mos atuantes nesse processo oxidativo O monitoramento da compactação do leito mineral foi importante para uma ava liação de possíveis obstruções do leito no que se refere à insuflação de ar na base da coluna e percolação da solução lixiviante ao longo do leito mineral Cabe ressaltar que não foi observada qualquer obstrução que comprometesse a percolação da solução li xiviante pelo leito mineral bem como a in suflação de ar na base desse leito A Figura 2 ilustra o andamento do pro cesso bioextrativo do ferro contido no con centrado gravítico produzido na unidade da Carbonífera do Cambuí bem como o perfil de temperatura utilizado para a atuação dos microorganismos mesófilos e termófilos Figura 2 Perfil de extração de ferro do concentrado gravítico em estudo e perfil de temperatura durante o processo bioextrativo Benefício do Projeto A tecnologia desenvolvida se mostrou bas tante adequada no tratamento do rejeito do beneficiamento do carvão mineral com produção de lixívias ricas em espécies de ferro se configurando como matéria prima na produção de pigmentos à base de óxidos de ferro a exemplo da goetita com múlti plas aplicações industriais Tal tecnologia poderá ser também aplicada a qualquer outro rejeito do beneficiamento de minérios primários e secundários de metais de base tais como cobre zinco níquel cobalto etc A Carbonífera do Cambuí expressou sua satisfação com relação aos resultados obtidos e informou que a utilização dessa tecnologia aguarda o resultado de aporte fi nanceiro para a devida ampliação para uma escala de produção 287 Biolixiviação de minério de um novo jazimento da Mineração Caraíba dezembro 2011 a dezembro2012 Desenvolvimento tecnológico de uma rota biohidrometalúrgica para extração de cobre e cobalto presentes no minério primário de novo jazimento da Mineração Caraíba acena para a efetividade de uma futura ampliação do processo bioextrativo à escala de produção Problema Desafio Diante da aquisição de um novo jazimento mineral o de Boa Esperança localizado no município de Tucumã região de Carajás sul do estado do Pará a Mineração Caraíba mais uma vez contratou o CETEM para um novo projeto de pes quisa e desenvolvimento tecnológico de uma rota biohidro metalúrgica para a extração de cobre e cobalto presentes no minério primário desse jazimento Estratégia de Desenvolvimento Foram definidas as condições experimentais para a biolixivia ção do minério do jazimento de Boa Esperança com o obje tivo de extrair o cobre contido na forma de sulfato de cobre e utilizando microorganismos acidófilos e autotróficos para a digestão dos sulfetos minerais presentes nesse minério para a geração de um licor rico em cobre ie CuSO4 matéria pri ma para a produção de cobre metálico após a purificação da lixívia por extração por solventes seguida da eletrorrecupe ração do cobre com produção de cobre metálico eletrolítico de elevada pureza com título de 99991000 Uma amostra oriunda de diferentes furos de sondagem e representativa do corpo mineralizado do jazimento de Boa Esperança foi britada na granulometria 100 inferior a ½ com top size em 38 e classificada na faixa de 3 a 9 mm Nessa operação de britagem ocorreu a geração de finos que foram incorporados por aglomeração às partículas mais grosseiras com a utilização de solução de ácido sulfúrico em pH2 solução 102 M e consórcio de microorganismos 288 Responsáveis pelas Informações Luis Gonzaga Santos Sobral CETEM Walter Nieves Mineração Caraíba EquIPE DO PROJETO CETEM Carlos Eduardo Gomes de Souza Débora Monteiro de Oliveira Isaías Viana Junior Jorge Ramiro Sobral Luis Gonzaga Santos Sobral Coordenação Técnica Mineração Caraíba Jair Paula de Souza Junior Paulo Medeiros Walter Nieves A faixa granulométrica predominante neste trabalho foi definida visando eliminar as operações e processos unitários na produção do concentrado de flotação que poderia ser bio lixiviado em pilha a partir de sua ancoragem mecânica em substrato mineral o mais inerte possível ao meio ácido utili zado no processo de biolixiviação A amostra mineral foi utilizada no preenchimento de uma coluna piloto com 4 m de altura e 045 m de diâme tro representando uma alíquota da pilha de produção para se proceder ao processo de biolixiviação A Figura 1 mostra a unidade piloto utilizada nesse processo bioextrativo O leito mineral foi irrigado com solução sulfúrica conten do em sua composição os nutrientes necessários ao meta bolismo dos microorganismos utilizados no processo e que faziam parte da composição da solução lixiviante Ao mes mo tempo esse leito mineral foi insuflado com ar em sua Figura 1 Unidade piloto utilizada na biolixiviação do minério primário de cobre 289 base para o suprimento de oxigênio e gás carbônico CO2 para proporcionar respec tivamente oxigênio para o metabolismo dos microorganismos aeróbios e fonte de carbo no inorgânico para a geração de biomassa ambos necessários à solubilização biológica e química dos sulfetos de cobre presentes na amostra mineral em estudo calcopirita CuFeS2 e cornita Cu5FeS4 Foram utilizados consórcios de micro organismos mesófilos termófilos modera dos e termófilos extremos em experimentos do tipo rampup para elevação gradual da temperatura e para atuação dos distintos consórcios microbianos de acordo com a evolução do processo bioextrativo Resultados A biolixiviação do minério em escala piloto propiciou uma extração de cobre próxima de 80 num período de nove meses de proces so considerando a faixa granulomérica ex pandida utilizada de 3 mm a 9 mm visto que o tamanho de partícula está diretamente Figura 2 Bioextração de cobre e cobalto contidos no minério de Boa Esperança relacionado à cinética de extração pois o processo de biolixiviação é uma reação que ocorre do contato direto da solução lixiviante e dos microorganismos com a partícula mi neral A Figura 2 mostra os dados de extração de cobre e cobalto do minério em estudo Ficou evidenciado com o andamento do teste em escala piloto que a extração de cobre e cobalto sofre decréscimo na cinéti ca de extração devido à diminuição do teor de enxofre no leito mineral necessitando um maior controle das operações de irrigação no topo da coluna e insuflação de ar na base da mesma para que se prolongue a geração de calor proveniente do processo biooxida tivo dos sulfetos minerais remanescentes Adicionalmente o ensaio de biolixiviação na escala piloto apresentou um consumo de 1139 kg de ácido sulfúrico por tonelada de minério considerado bastante adequado do ponto de vista da economicidade desse pro cesso bioextrativo evidenciando a baixa re atividade das espécies minerais componen tes da ganga do minério em estudo 290 Após o término do processo biológico foram feitos testes de determinação do índice de trabalho WIworking index das partícu las remanescentes do processo de biolixivia ção para comparação com o WI das partícu las antes do processo extrativo A avaliação desses dados foi importante para decisão de processamento desse material remanescente para a recuperação de cobre que porventu ra permanecesse nesse corpo mineralizado quer por continuação do processo biológico numa pilha secundária ripios quer para ser cominuído dependendo do teor de cobre e em seguida ser submetido ao processo de flotação para a produção de um novo concen trado de sulfetos minerais Benefício do Projeto O processo de biolixiviação aplicado ao mi nério do jazimento de Boa Esperança acena para a efetividade de uma futura ampliação desse processo bioextrativo à escala de pro dução A Mineração Caraíba empresa con tratante deste projeto demonstrou satisfa ção com os resultados obtidos afirmando que a utilização da tecnologia desenvolvida pelo CETEM depende do aporte de recursos financeiros para ampliação de escala e im plantação de uma unidade industrial 291 SIGLAS E ABREVIATuRAS Instituições Brasileiras ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ALuNORTE Alumina do Norte do Brasil SA agora chamada Norsk Hydro Brasil Ltda pertencente à empresa norueguesa Norsk Hydro ASA APLs Arranjos Produtivos Locais aglomerados de empresas ou organizações localizadas na mesma região geográfica que apresentam especialização produtiva e agem de modo a criar sinergia para atingir objetivos comuns formados por produtores fornecedores fabricantes de equipamentos prestadores de serviços os APLs mantêm vínculo de articulação interação cooperação e aprendizagem entre si e com outros agentes locais tais como entidades governamentais associações empresariais instituições financeiras instituições de ensinopesquisa e organizações sociais ATECEL Associação TécnicoCientífica Ernesto Luiz de Oliveira Junior BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CADAM Caulim da Amazônia SA CCA Companhia Catarinense de Álcool CCSA Carbonífera Criciúma SA CDRM Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba CDTN Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear subordinado à CNEN CECRISA Cerâmica Criciúma SA CEFETOP Instituto Federal de Minas GeraisCampus Ouro Preto CELETROAMAZON Centrais Elétricas do Amazonas SA CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello vinculado à PETROBRAS CETEM Centro de Tecnologia Mineral Unidade de Pesquisa do MCTI CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental atualmente chamada Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CIEMIL Comércio Indústria e Exportação de Minérios Ltda CMB Casa da Moeda do Brasil CMM Companhia Mineira de Metais CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear autarquia vinculada ao MCTI CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente órgão consultivo e deliberativo do MMA COOPERMINAS Sindicato dos Mineiros de Criciúma e Região COOPVARZEA Cooperativa de Mineradores de Várzea Paraíba COPPEuFRJ Coordenação dos Programas de Pós Graduação em EngenhariaUniversidade Federal do Rio de Janeiro CPRM Serviço Geológico do Brasil empresa pública anteriormente chamada Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DEER Departamento de Estradas e Rodagem atualmente chamado DERDepartamento de Estradas de Rodagem existentes em cada Estado esses órgãos são vinculados ao DNITDepartamento Nacional de Infraestrutura de Transportes autarquia do Ministério dos Transportes DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral autarquia vinculada ao MME DRMRJ Departamento de Recursos Minerais Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro autarquia vinculada à SEDEIS Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Energia Indústria e Serviços EPuSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 292 EquFRJ Escola de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro FAPERJ Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro FINEP Financiadora de Estudos e Projetos atualmente reconhecida como Agência Brasileira da Inovação empresa pública vinculada ao MCTI GqC Grupo química Cataguases IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis autarquia vinculada ao MMA IBC Instituto Brasileiro do Crisotila ICC Indústria Carboquímica Catarinense empresa estatal extinta IME Instituto Militar de Engenharia INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial autarquia vinculada ao MDIC INMETRO Instituto Nacional de Metrologia qualidade e Tecnologia autarquia vinculada ao MDIC INSA Instituto Nacional do Semiárido Unidade de Pesquisa do MCTI INT Instituto Nacional de Tecnologia Unidade de Pesquisa do MCTI INVEST RIO Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro atualmente chamada AGERIO IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares autarquia do Governo do Estado de São Paulo gerenciado técnica administrativa e financeiramente pela CNEN IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional autarquia vinculada ao Ministério da Cultura IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo IquFRJ Instituto de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro IRD Instituto de Radioproteção e Dosimetria vinculado à CNEN MASA Mineração Areiense SA MCTI Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação MDIC Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior MINEROPAR Minerais do Paraná SA MMA Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal MME Ministério de Minas e Energia MMX Mineração e Metálicos SA empresa de mineração do Grupo EBX NASAuFRJ Núcleo de Análise de Sistemas Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro NATRONTEC Empresa de Consultoria Estudos e Engenharia de Processos SC vinculada à NATRON Engenharia PAIq Pan Americana Indústrias químicas PETROBRAS Petróleo Brasileiro SA empresa de capital aberto cujo acionista majoritário é o Governo Federal PETROFERTIL Petrobras Fertilizantes RPM Rio Paracatu Mineração SEA Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SETECMME Secretaria de TecnologiaMinistério de Minas e Energia SIECESC Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina SINDGNAISSES Sindicato de Extração e Aparelhamento de Gnaisses no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 293 SINDIMINERAIS Sindicato da Indústria de Extração de Minerais Não Metálicos do Paraná uENF Universidade Estadual do Norte Fluminense uERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro uFAL Universidade Federal de Alagoas uFCG Universidade Federal de Campina Grande uFF Universidade Federal Fluminense uFOP Universidade Federal de Ouro Preto uFPB Universidade Federal da Paraíba uFPE Universidade Federal de Pernambuco uFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro unB Universidade de Brasília uSP Universidade de São Paulo VALE empresa mineradora com sede no Brasil e atuante em vários países anteriormente conhecida como Companhia Vale do Rio Doce Instituições Estrangeiras AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials EUA AMIRA Australian Mineral Industries Research Association sede na Austrália e escritórios na África do Sul Chile e EUA BAM historicamente a sigla significava Bataafse Aanneming Maatschappij Batavian Contractors Society e foi mantida para designar a fusão de duas instituições MüllerAltvatter Bauunternehmung GmbH Co KG e Wayss Freytag Schlüsselfertigbau AG Alemanha CANMET Canada Centre for Mineral and Energy Technology Canadá CE Comunidade Européia que antes do Tratado de Maastricht era chamada Comunidade Econômica Européia é um dos três pilares da União Européia com sede na Bélgica CENTROMIN Empresa Minera del Centro del Peru SA Peru CIMM Centro de Investigación Minera y Metalurgica Chile CODELCO Comissão Chilena del Cobre Chile ENAMI Empresa Nacional de Minería Chile EPA Environmental Protection Agengy EUA FDA Food and Drug Administration EUA IAI International Aluminium Institute Reino Unido ICuMSA International Commission for Uniform Methods of Sugar Analysis Reino Unido IDRC International Development Research Center Canadá IRMM Institute for Reference Materials and Measurements um dos sete institutos do JRCJoint Research Centre vinculados à Direção Geral da Comunidade Européia com sede na Bélgica ISO International Organization for Standardization Suíça LGC Laboratory of the Government Chemist Reino Unido NIST National Institute of Standards and Technology anteriormente chamado NBS National Bureau of Standards EUA NMIA National Measurement Institute of Australia Austrália NRCan Natural Resources Canada Ministério de Recursos Naturais Canadá OMS Organização Mundial da Saúde WHOWorld Health Organization com sede na Suíça e Oficinas Regionais em vários países uniSA University of South Australia Austrália 294 ESTRuTuRA ORGANIZACIONAL CETEM Centro de Tecnologia Mineral Diretoria DIR Conselho TécnicoCientífico CTC Serviço de Informação SEIN Coordenação de Planejamento Gestão e Inovação CPGI Núcleo de Inovação Tecnológica NIT Coordenação de Processos Minerais COPM Serviço de Tratamento de Minérios e Usina Piloto SETU Serviço de Desenvolvimento de Novos Produtos Minerais SDPM Coordenação de Processos Metalúrgicos e Ambientais CPMA Serviço de Tecnologias Limpas SETL Serviço de Processos Minerometalúrgicos e Biotecnológicos SPMB Coordenação de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa CATE Serviço Núcleo Regional do Espírito Santo SENRES Coordenação de Análises Minerais COAM Setor de Caracterização Tecnológica SCT Coordenação de Administração COAD Serviço de Orçamento Finanças e Contabilidade SEOF Serviço de Recursos Humanos SERH Serviço de Material Patrimônio e Infraestrutura SMPI DIR CTC CPMA CPGI SETL NIT SETu SEOF SENRES SCT SPMB SDPM SERH SMPI CATE COAM COPM COAD SEIN 295 DIRETORIA DIR Pessoal de Nível Superior Fernando Antônio Freitas Lins Diretor Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação tratamento de minérios métodos de concentração e enriquecimento de minérios físico química de superfícies Currículo Lattes httplattescnpqbr7069217583790118 Email fernandolinscetemgovbr Adão Benvindo da Luz Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação caracterização tecnológica de minérios métodos de concentração e enriquecimento de minérios processamento de minerais industriais rochas e minerais alternativos para agricultura agrominerais e agregados para a construção civil Currículo Lattes httplattescnpqbr8227973183586016 Email adaobluzcetemgovbr Carlos César Peiter Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação pirometalurgia extração e transformação de materiais economia da tecnologia tratamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr5232632841157982 Email cpeitercetemgovbr Carmen Lucia da Silveira Branquinho Cargo Tecnologista Senior aposentada pelo INT e Colaboradora do CETEM Áreas de Atuação físicoquímicaquímica nuclear e radioquímica engenharia nuclearreprocessamento de combustível nuclear ciência da informaçãotécnicas de recuperação de informação e processos de disseminação da informação organização industrial e estudos industriais Currículo Lattes httplattescnpqbr4258784376925244 Email branquinhocetemgovbr Monica Monnerat Tardin Bastos Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação engenharia de produção análise de sistemas gestão de tecnologia da informação Currículo Lattes httplattescnpqbr0558427838705167 Email monneratcetemgovbr Roberto Cerrini Villas Bôas Cargo Pesquisador Titular aposentado e Pesquisador Emérito Áreas de Atuação desenvolvimento sustentável da indústria mineral processos e produtos indicadores de desenvolvimento sustentável para a indústria extrativa mineral APELL e TransApell minerais e minérios nucleares U e Th soluções ambientalmente compatíveis com a extração mineral produção limpa de metais Currículo Lattes httplattescnpqbr2994587240896784 Email villasboascetemgovbr Pessoal de Nível Médio Assistentes Aureo Monteiro Tavares da Silva Tatiana Duarte Cardozo de Pina RELAÇÃO ATuAL DE SERVIDORES SEGuNDO A ESTRuTuRA ORGANIZACIONAL 296 COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO GESTÃO E INOVAÇÃO CPGI Pessoal de Nível Superior Marisa Bezerra de Mello Monte Coordenadora Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação caracterização e tratamento de minérios equipamentos de beneficiamento de minérios metalurgia extrativa tratamento e aproveitamento de rejeitos Currículo Lattes httplattescnpqbr0414406298670007 Email mmontecetemgovbr Jackson de Figueiredo Neto Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação ciência da computação sistemas de informação gestão de atividades de inovação tecnológica Currículo Lattes httplattescnpqbr9867062427536906 Email jacksoncetemgovbr Vera Lucia do Espírito Santo Souza Ribeiro Cargo Empregada Pública Áreas de Atuação desenho industrial Email veralesscetemgovbr Pessoal de Nível Médio Assistentes Bruno Montandon Noronha Barros Diego Rufino Nascimento Herywelton Antonio Vilela da Mata Thatyana Pimentel Rodrigo de Freitas COORDENAÇÃO DE PROCESSOS MINERAIS COPM Pessoal de Nível Superior Claudio Luiz Schneider Coordenador Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação tratamento de minérios e processamento de carvão métodos de concentração e enriquecimento de minérios equipamentos controle e instrumentação modelamento e simulação de plantas mineralogia de processos análise quantitativa de imagens estereologia desenvolvimento de aplicativos Currículo Lattes httplattescnpqbr2026794509845034 Email cschneidcetemgovbr Allegra Viviane Yallouz Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação análise de traços química ambiental contaminantes em alimentos determinação de mercúrio métodos convencionais e método inovador em amostras ambientais Currículo Lattes httplattescnpqbr0832340703091303 Email ayallouzcetemgovbr Elves Matiolo Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação tratamento de minérios métodos de concentração e enriquecimento flotação em coluna flotação de minérios de cobre fosfato e minérios de ferro flotação aplicada a tratamento de efluentes líquidos Currículo Lattes httplattescnpqbr4748139541200516 Email ematiolocetemgovbr Francisco Mariano da Rocha de Souza Lima Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação história da economia fontes alternativas de energia reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição RCD gestão deRCD mineração urbana Currículo Lattes httplattescnpqbr7765399588172193 Email flimacetemgovbr Francisco Rego Chaves Fernandes Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação territorialidade impactos socioeconômicos e ambientais da mineração estatística socioeconômica economia dos recursos naturais Currículo Lattes httplattescnpqbr6612750176498491 Email ffernandescetemgovbr Hudson Jean Bianquini Couto Cargo Tecnologista Pleno Áreas de Atuação tratamento de minérios e efluentes flotação processos de separação sólidolíquido Currículo Lattes httplattescnpqbr3070520203037882 Email hcoutocetemgovbr Ivan Falcão Pontes Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação métodos de concentração e enriquecimento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr9932851728541848 Email ifalcaocetemgovbr 297 João Alves Sampaio Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação métodos de concentração e enriquecimento de minérios equipamentos de beneficiamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr9654583466776897 Email jsampaiocetemgovbr Maria Alice Cabral de Goes Cargo Analista em CT Senior Áreas de Atuação planejamento e gestão sistemas de gestão da qualidade ISO 9000 e ISO 17025 amostragem de minérios preparação e certificação de materiais de referência Currículo Lattes httplattescnpqbr8963449664041466 Email agoescetemgovbr Paulo Fernando Almeida Braga Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação minerais industriais métodos de concentração e enriquecimento de minérios equipamentos de beneficiamento de minérios flotação Currículo Lattes httplattescnpqbr5773162468356014 Email pbragacetemgovbr Regina Célia Monteiro Castelões Cargo Pesquisador Titular aposentada Áreas de Atuação metalurgia extrativa equipamentos beneficiamento de carvão concentração gravítica Currículo Lattes httplattescnpqbr4073267743007442 Email rmonteirocetemgovbr Salvador Luiz Matos de Almeida Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação minerais industriais beneficiamento de minérios reciclagem de resíduos sólidos agregados britaareia argamassa montagem e operação de usina piloto para tratamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr7059913838578434 Email salmeidacetemgovbr Silvia Cristina Alves França Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação tratamento de minérios química de superfície processos de separação sólidolíquido reologia de polpas minerais Currículo Lattes httplattescnpqbr9463680545957601 Email sfrancacetemgovbr Silvia Gonçalves Egler Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação ecologia aplicada ecotoxicologia terrestre e monitoramento ambiental ecotoxicologia aquática Currículo Lattes httplattescnpqbr6139466966758455 Email seglercetemgovbr Zuleica Carmen Castilhos Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação toxicologia ambiental geoquímica ambiental economia dos recursos naturais saúde ambiental análise de traços e química ambiental recursos aquáticos Currículo Lattes httplattescnpqbr4819448229037090 Email zcastilhoscetemgovbr Pessoal de Nível Médio Técnicos Antônio Odilon da Silva Carlos Eduardo Ribeiro Wandermuren Danielly de Paiva Magallhães Fábio de Oliveira Novaes Leonardo Cattabriga Freire Marcelo Corrêa de Andrade Patricia Correia de Araujo Paulo Ricardo Nucci Severino Ramos Marques de Lima COORDENAÇÃO DE PROCESSOS METALÚRGICOS E AMBIENTAIS CPMA Pessoal de Nível Superior Ronaldo Luiz Correa dos Santos Coordenador Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação eletrometalurgia processos eletrolíticos e eletroquímica processos metalúrgicos extrativos e ambientais avaliação de impactos ambientais sistemas de captaçãoexaustão e lavagem de gases eletrolixiviação tecnologias de tratamento e reciclagem de resíduos e efluentes Currículo Lattes httplattescnpqbr9941392826784570 Email rsantoscetemgovbr 298 Andrea Camardella de Lima Rizzo Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação biorremediação tratamento de resíduos tratamento de efluentes tratamento de águas auditoria ambiental sistema de gestão ambiental Currículo Lattes httplattescnpqbr7986090118599527 Email arizzocetemgovbr Cláudia Duarte de Cunha Cargo Tecnologista Pleno Áreas de Atuação bioprocessos biotecnologia ambiental biorremediação biossorção tratamento de resíduos tratamento de efluentes biossolubilização de rochas e minerais Currículo Lattes httplattescnpqbr7358557068732556 Email ccunhacetemgovbr Ellen Cristine Giese Cargo Tecnologista Pleno Áreas de Atuação bioquímica de microrganismos enzimologia biolixiviação biorremediação Currículo Lattes httplattescnpqbr3707535147537449 Email egiesecetemgovbr Ivan Ondino de Carvalho Masson Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação metalurgia extrativa recuperação de metais não ferrosos desenvolvimento e otimização de processos hidrometalúrgicos processamento de minérios e resíduos tratamento de efluentes Currículo Lattes httplattescnpqbr7824347841825470 Email imassoncetemgovbr Luis Gonzaga Santos Sobral Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação metalurgia extrativa processos hidroeletrometalúrgicos e processos biotecnológicos para tratamento de efluentes Currículo Lattes httplattescnpqbr5206902383414887 Email lsobralcetemgovbr Mário Valente Possa Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação engenharia de minas e de meio ambiente processos de concentração e de classificação de minérios especialmente carvão otimização de processos metalúrgicos e recuperação ambiental Currículo Lattes httplattescnpqbr1668140747391438 Email mpossacetemgovbr Marisa Nascimento Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação análise termodinâmica de processos metalúrgicos e ambientais hidrometalurgia tratamento de efluentes aproveitamento de rejeitos industriais Currículo Lattes httplattescnpqbr9774625171574351 Email marisacetemgovbr Paulo Sérgio Moreira Soares Cargo Tecnologista Senior cedido ao MME Áreas de Atuação análise e projeto de processos minerometalúrgicos metalurgia extrativa hidrometalurgia recuperação de áreas mineradas e sistemas de gestão ambiental Currículo Lattes httplattescnpqbr2776877702270372 Email psoarescetemgovbr Regina Coeli Casseres Carrisso Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação tratamento de minérios carvão mineral minerais industriais rochas ornamentais ensaios físicomecânicos e químicos em rochas ornamentais simulação de processos tratamento de efluentes para aproveitamento de resíduos em setores da indústria tratamento de água para recirculação em processos de beneficiamento Currículo Lattes httplattescnpqbr5510162497796778 Email rcarrissocetemgovbr Vicente Paulo de Souza Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação geoquímica ambiental processos hidrometalúrgicos e biohidrometalúrgicos recuperação de áreas mineradas Currículo Lattes httplattescnpqbr6682474243785466 Email vpsouzacetemgovbr Ysrael Marrero Vera Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação hidrometalurgia eletrodos porosos e eletrodos compósito produção de oxidantes e tratamento de efluentes por via eletroquímica química ambiental remediação de aquíferos bioacumulação de mercúrio em peixes Currículo Lattes httplattescnpqbr2651710548891030 Email yveracetemgovbr 299 Pessoal de Nível Médio Técnicos e Assistente Alberto Batista Moura Junior Ana Lucia Cariello de Moraes Ary Caldas Pinheiro Fatima da Silva Caldeira Engel Assistente Grace Maria de Britto Isaías Viana Junior Jorge Antonio Pinto de Moura Luciano Borges de Souza Ronan de Santana Erbe Roosevelt Almeida Ribeiro COORDENAÇÃO DE APOIO TECNOlógICO à MICRO E PEquENA EMPRESA CATE Pessoal de Nível Superior Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenador Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação lavra e beneficiamento de rochas ornamentais e de minerais industriais caracterização tecnológica e tratamento de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr0612088543588949 Email fhollandacetemgovbr Antônio Rodrigues de Campos Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação beneficiamento de minérios caracterização e beneficiamento de carvões minerais tratamento e aproveitamento dos resíduos da extração e do beneficiamento das rochas ornamentais Currículo Lattes httplattescnpqbr6380782262090313 Email acamposcetemgovbr Gilson Ezequiel Ferreira Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação economia dos recursos naturais política legislação mineral meio ambiente e viabilidade econômica de projetos minerais Currículo Lattes httplattescnpqbr0578136038237616 Email gferreiracetemgovbr Júlio César Guedes Correia Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação tratamento de minérios rochas ornamentais asfalto e petróleo modelagem molecular Currículo Lattes httplattescnpqbr8232304691647043 Email jguedescetemgovbr Jurgen Schnellrath Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação gemologia mineralogia espectroscopia cristalografia Currículo Lattes httplattescnpqbr5103804386448460 Email jurgencetemgovbr Leonardo Luiz Lyrio da Silveira Cargo Tecnologista Pleno SENRES Áreas de Atuação mapeamento geotécnico processos industriais em rochas ornamentais Currículo Lattes httplattescnpqbr5020611563370937 Email leolysilcetemgovbr Mônica Castoldi Borlini Gadioli Cargo Pesquisador Adjunto SENRES Áreas de Atuação rochas ornamentais caracterização e aproveitamento de materiais e resíduos cerâmica argilosa propriedades físicas e mecânicas análise microestrutural Currículo Lattes httplattescnpqbr6480962927709296 Email mborlinicetemgovbr Nuria Fernández Castro Cargo Tecnologista Pleno SENRES Áreas de Atuação aplicações dos recursos minerais rochas ornamentais arranjos produtivos locais APL mineração desenvolvimento sustentável e educação Currículo Lattes httplattescnpqbr1783107702895552 Email ncastrocetemgovbr Roberto Carlos da Conceição Ribeiro Cargo Pesquisador Adjunto Áreas de Atuação rochas ornamentais caracterização alterabilidade beneficiamento utilização dos rejeitos oriundos do corte da rochas ornamentais em vários setores agrogeologia e pavimentação indústrias de cerâmica papel cosméticos polímeros tintas e vidros Currículo Lattes httplattescnpqbr7684068941160219 Email rcarloscetemgovbr Roberto Rodrigues Coelho Cargo Pesquisador Titular aposentado Áreas de Atuação química teórica físicoquímica inorgânica e mineral nanotecnologia química quântica aplicada ao petróleo Currículo Lattes httplattescnpqbr2058612618661026 Email coelhocetemgovbr 300 Pessoal de Nível Médio Técnicos e Assistente Carlos Alberto Melo Santos Elton Souza dos Santos SENRES Eymard de Farias Sardenberg SENRES Jefferson Luiz Camargo SENRES Millena Basílio da Silva SENRES Pedro Henrique de Souza Pontes Vale SENRES Regina Maria de Oliveira Martins Assistente COORDENAÇÃO DE ANÁLISES MINERAIS COAM Pessoal de Nível Superior Arnaldo Alcover Neto Coordenador Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação geoquímica e geotectônica intemperismo mineralogia caracterização química e tecnológica de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr9809048572199452 Email alcovercetemgovbr José Antonio Pires de Mello Cargo Empregado Público Áreas de Atuação química analítica via úmida e instrumental Email jmellocetemgovbr Luiz Carlos Bertolino Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação geologia caracterização mineralógica espectroscopia Mössbauer ressonância paramagnética eletrônica beneficiamento de minérios e minerais industriais Currículo Lattes httplattescnpqbr2264731136781838 Email lcbertolinocetemgovbr Manuel Castro Carneiro Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação química analítica via úmida e instrumental desenvolvimento e otimização de métodos cromatografia de íons ICPMS LAICPMS e GCICPMS para análise e especiação de amostras minerometalúrgicas petróleo e material particulado atmosférico Currículo Lattes httplattescnpqbr5658344054124432 Email mcarneirocetemgovbr Maria Inês Couto Monteiro Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação análise de traços e química ambiental métodos óticos de eletroanálise titimetria físicoquímica inorgânica Currículo Lattes httplattescnpqbr6086503995125298 Email mmonteirocetemgovbr Otávio da Fonseca Martins Gomes Cargo Tecnologista Senior Áreas de Atuação análise de imagens e caracterização de minérios mineralogia de processo microscopia eletrônica ótica e digital e microtomografia Currículo Lattes httplattescnpqbr6645772503347843 Email ogomescetemgovbr Reiner Neumann Cargo Pesquisador Titular Áreas de Atuação mineralogia aplicada e de processo instrumentação analítica e análise de imagens para mineralogia cristaloquímica e caracterização tecnológica de minérios Currículo Lattes httplattescnpqbr1230787582936458 Email rneumanncetemgovbr Pessoal de Nível Médio Técnicos Adauto José e Silva Andrey Linhares Bezerra de Oliveira Antonieta Middea Carlos Augusto Sodré Lima Junior Josimar Firmino de Lima Marcos Antonio de Oliveira Batista Sandra Helena Ribeiro COORDENAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO COAD Pessoal de Nível Superior Cosme Antonio de Moraes Regly Coordenador Cargo Analista de CT Pleno Email creglycetemgovbr Adriana de Moura Cargo Analista de CT Senior Email adrianacetemgovbr Aloisio Moura da Silva Cargo Empregado Público Email amouracetemgovbr 301 Jacinto Frangela Cargo Analista de CT Senior Email jfrangelacetemgovbr Pessoal de Nível Médio Assistentes Alessandra Butler de Souza Donadio Alexandre Campos da Cunha Aristóteles Rodrigues Germano Ary de Oliveira Pinto Bruno Medeiros Claudio da Rocha Santos Dailza de Oliveira Erika Cristina Trajano Soliva Francisco Antonio Bruno de Barros Francisco José Castro da Fonseca Francisco Pereira da Silva Jefferson Ricardo de Moura Lopes Joelcio Francisco Gomes Jonas Dias de Britto Filho Jorge Luiz Vieira de Souza José de Jesus Barros Nina Karla Simora da Silva Luana Christi Ferreira Messias Luciana de Menezes Reis Vargas Maria Alice da Cruz Maria de Fátima Borges de Mello Marusca Santana Custódio Nathalia Nascimento Pinheiro Paulo Ricardo Pereira Carlos Raulnecildo Marques Pereira Roberto da Silva Luiz Robson Araújo DÁvila Rodrigo Gaspar de Oliveira Viviane Ameixoeira Galdino Wilker Luiz Fernandes Pessoal de Nível Médio Técnicos Adauto Cassimiro da Silva Cesar Teixeira Durval Costa Reis Flávio Balduíno de Brito Sérgio Borges de Mello CETEM 35 Anos Criatividade e Inovação Projeto gráfico capa e diagramação Bigodes Luiz Henrique Sá e Bárbara Emanuel 302 DIRIGENTES DO CETEM DESDE SuA FuNDAÇÃO DIRETORES INTERINOS Vices Adjuntos e Substitutos 1978 1986 ROBERTO CERRINI VIllAS BÔAS José Farias de Oliveira 19841986 1986 1988 HEDDA VARgAS FIguEIRA Juliano Peres Barbosa 19861988 1989 1998 ROBERTO CERRINI VIllAS BÔAS Francisco Rego Chaves Fernandes 19891991 Peter Rudolf Seidl 19911994 Juliano Peres Barbosa 19951998 1998 2002 FERNANDO ANTONIO FREITAS lINS Juliano Peres Barbosa 19982000 Adão Benvindo da Luz 20012002 2002 2003 gIlDO DE ARAÚJO SÁ C AlBuquERquE Fernando Antonio Freitas Lins 20022003 2003 2004 FERNANDO ANTONIO FREITAS LINS Interino 2004 2009 ADÃO BENVINDO DA luZ João Alves Sampaio 20042009 2009 2011 JOSÉ FARIAS DE OlIVEIRA Ronaldo Luiz Correa dos Santos 20092011 2011 2012 RONALDO LUIZ CORREA DOS SANTOS Interino 2012 presente data FERNANDO ANTONIO FREITAS lINS Ronaldo Luiz Correa dos Santos 2012presente data Novo Milênio No text present in the image CETEM MINISTÉRIO DA Ciência Tecnologia e Inovação BRASIL PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA ISBN 9788582610121 KLS Empreendedorismo e Inovação how to create twitter video messages Empreendedorismo e Inovação Eder Gonçalves de Almeida Tayra Carolina Nascimento Aleixo 2020 por Editora e Distribuidora Educacional SA Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Editora e Distribuidora Educacional SA Imagens Adaptadas de Shutterstock Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores Sendo assim a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros Presidência Rodrigo Galindo VicePresidência de Produto Gestão e Expansão Julia Gonçalves VicePresidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional SA Avenida Paris 675 Parque Residencial João Piza CEP 86041100 Londrina PR email editoraeducacionalkrotoncombr Homepage httpwwwkrotoncombr Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Larissa Maria Palacio dos Santos Revisão Técnica Larissa Maria Palacio dos Santos Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Almeida Eder Gonçalves de A447e Empreendedorismo e inovação Eder Gonçalves de Almeida Tayra Carolina Nascimento Aleixo Londrina Editora e Distribuidora Educacional SA 2020 232 p ISBN 9788552216858 1 Análise Ambiental e de Mercado 2 Ferramentas de Marketing 3 Digital I Aleixo Tayra Carolina Nascimento II Título CDD 658 Thamiris Mantovani CRB89491 Sumário Unidade 1 Panorama do empreendedorismo e oportunidade empreendedora 7 Seção 1 Empreendedorismo conceitos e contexto no Brasil e no mundo 8 Seção 2 O panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI22 Seção 3 Reconhecendo e desenvolvendo oportunidades empreendedoras 36 Seção 4 Análise de mercado em busca da geração de vantagem competitiva 50 Unidade 2 Perspectiva lean plano de negócios e metodologias de gestão 67 Seção 1 Perspectiva lean no empreendedorismo 69 Seção 2 Plano de negócios planejamento e financiamento 80 Seção 3 Metodologias de gestão e pontos de apoio 93 Seção 4 Empreendedorismo e inovação desafios e alguns possíveis caminhos 107 Unidade 3 Fundamentos e aspectos iniciais da inovação e processos de inovação 119 Seção 1 Inovação e seus impactos no ambiente de negócios contemporâneo 121 Seção 2 Gestão da inovação benefícios e evolução organizacional 135 Seção 3 Da invenção à inovação criando novos produtos e serviços 150 Seção 4 Inovação na prática e a gestão do conhecimento 167 Unidade 4 Tópicos avançados em inovação e estratégia 187 Seção 1 Inovação se faz por meio de pessoas 188 Seção 2 Ecossistema de inovação 198 Seção 3 Aspectos legais fiscais e tributários de incentivo à inovação 207 Seção 4 Sistema de fomento ao empreendedorismo 218 Palavras do autor P rezado aluno seja muito bemvindo aos estudos sobre Empreendedorismo e Inovação É um imenso prazer iniciar essa jornada rumo ao conhecimento e aprendizagem desses assuntos que são tão importantes para o desenvolvimento econômico e humano não só do Brasil mas do mundo inteiro Tais temas são foco de diretrizes estratégicas e políticas norteadoras de governos órgãos internacionais como a ONU e Banco Mundial entidades e organismos não governamentais e principal mente da iniciativa privada Sem dúvida fatores como a evolução tecnológica e a internet os meios de comunicação e as inovações em serviços que estamos vivenciando no século XXI têm destruído as barreiras que dificultavam as negociações comerciais e mudado radicalmente as formas de se empreender Portanto é imperativo ao indivíduo moderno que queira estar antenado com as exigências do mundo atual compreender como o empreendedorismo e a inovação impactam a sua vida e a sociedade como um todo Desse modo o estudo do Empreendedorismo passará por dois prismas fundamentais 1 Panorama do Empreendedorismo e Oportunidade Empreendedora e 2 Perspectiva lean plano de negócios e metodologias de gestão Ressaltase que o diferencial desses assuntos é a forte ênfase dada na inovação de tais práticas buscando oferecer uma nova compreensão e aplicação completamente atualizada para esses contextos Já no que tange ao conteúdo de Inovação vamos trabalhar em dois módulos buscando tornar acessíveis os conteúdos e aplicações que muitas vezes equivocadamente parecem ser tão distantes do universo do aluno Assim primeiro trabalharemos os fundamentos e aspectos iniciais dos processos de inovação Em seguida serão estudados os tópicos avançados em inovação e estratégia passando pela gestão de pessoas voltada para a inovação até o fomento ao empreendedorismo Sendo assim o convite está feito vamos caminhar em prol de se tornar um profissional mais competente e conhecedor do mercado Creating Twitter Video Messages Duration 12 minutes File format mp4 Video 1920 x 1080 30fps Audio Audio AAC 48kHz Source English Currency USD Text English Delivery Unidade 1 Eder Gonçalves de Almeida Panorama do empreendedorismo e oportunidade empreendedora Convite ao estudo Olá aluno Sabe aquele seu amigo que possui uma loja Ele diz que sua profissão é ser empresário o que é mesmo do que ser um empreendedor correto Mas você sabe o que é ser empreendedor Sabe como se define o termo empreendedorismo Um pouco além questiono se você é capaz de identificar quais as características que são comuns aos seus conhecidos que são empreendedores O estudo sobre o empreendedorismo e inovação é de grande impor tância na formação dos profissionais modernos e que anseiam estar sempre atualizados no que tange às novas práticas e tendência que estão surgindo no mercado Para iniciar trabalharemos o tema Panorama do Empreendedorismo e Oportunidade Empreendedora apresentando os pressupostos básicos que fundamentam o ensino do empreendedorismo e sua relevância no cotidiano Entre as principais competências que se almeja com o conteúdo aqui exposto estão o conhecimento dos fundamentos processos e tendências do empreendedorismo vislumbrando a ampliação e melhor entendimento sobre a gestão de negócios aspectos imprescindíveis tanto aos profissio nais quanto aos empreendedores atuais Esperamos que ao final desta etapa você possa estar apto a compreender os principais conceitos importância e objetivos do empreendedorismo bem como fazer análises de mercado e definir adequadamente o seu públicoalvo Nesse sentido um elemento imprescindível para a formação e desenvol vimento do empreendedorismo é o aperfeiçoamento do perfil dos empre endedores ou seja um conjunto de características que potencializam as perspectivas de sucesso dos indivíduos que almejam empreender das mais variadas formas no mundo dos negócios Bons estudos 8 Seção 1 Empreendedorismo conceitos e contexto no Brasil e no mundo Diálogo aberto Prezado aluno há muitas situações que levam as pessoas a se aventurarem e abrirem o seu negócio Entre seus amigos e familiares há algum empre endedor Você sabe qual foi a motivação que os levou a empreender Você mesmo já deve ter visto vários tipos de motivações e explicações diferentesL de pessoas que montaram a sua própria empresa Mas poucas justificativas são tão comuns ou recorrentes como a perda do emprego ou a aposentadoria de indivíduos que ainda querem continuar ativos e trabalhando para aqueles que iniciam sua jornada no mundo do empreendedorismo Dessa forma veja a história de Toninho e seu filho Jorge Após mais de 35 anos de trabalho como padeiro o Sr Antônio conhe cido carinhosamente como Toninho estava prestes a se aposentar Já tinha apresentado os documentos junto ao INSS e já estava cumprindo o aviso prévio na padaria que trabalhou nos últimos 20 anos pois os donos do estabe lecimento entendiam que era hora de ele aproveitar mais a vida Entendiam que estavam premiando um grande colaborador Ele estava muito feliz com esse fato afinal era uma vida toda trabalhando com o ofício que amava e que tinha aprendido em sua mocidade Com esse trabalho tinha sustentado e criado toda a sua família Praticamente todos os seus amigos e seu círculo social era composto de companheiros de trabalho antigos atuais empregadores e até mesmo clientes de longa data Todavia nem tudo eram flores para Toninho Ele estava muito incomo dado com o fato de se sentir inútil com apenas 57 anos de vida Sabia que se recolocar no mercado de trabalho com a sua idade e com a crise que assolava o país seria muito complicado principalmente com o salário e as condições de trabalho que hoje dispunha Por mais que desejasse esse momento sentiase útil e produtivo podendo contribuir ainda com a sua força de trabalho Já o seu filho caçula Jorge vivia situação não muito diferente em relação à decepção e chateação Com 24 anos estava no último ano da faculdade de Administração já tinha passado por alguns estágios e atualmente encon travase desempregado há quase um ano após cortes na empresa em que trabalhava terem lhe atingido Estava muito frustrado pois entendia que já 9 era para estar em um patamar mais sólido profissionalmente mas sabia que por conta da crise econômica o cenário não era muito promissor para ele Porém naquela noite a situação começou a mudar Jorge voltou extre mamente empolgado da aula na faculdade e começou a bombardear o seu pai com uma série de informações sobre eles terem o seu próprio negócio Toninho mal conseguindo compreender do que se tratava pediu para seu filho se acalmar um pouco e que lhe explicar com mais calma a sua ideia Dessa forma e um pouco mais tranquilo Jorge tirou um caderno da bolsa e começou a mostrar algumas anotações e explicações ao seu pai Basicamente ele disse que tinha acabado de ter uma aula de empreendedorismo muito inspiradora e que estava convencido que tinha encontrado uma solução perfeita para a situação de ambos abrir o seu próprio negócio Juntos ambos poderiam abrir a sua própria padaria Ele continua explicando que a solução era perfeita ambos tinham recursos financeiros disponíveis seu pai tinha grande conhecimento da área ele tinha conhecimento em gestão financeira e estava aprendendo muitas coisas na faculdade que ajudaria Enfim foi difícil para Toninho conter a empolgação do seu filho Inicialmente ele gostou muito da ideia mas explicou ao filho que nunca havia pensado em ser dono do seu próprio negócio que os recursos guardados eram a segurança para uma aposentadoria relativamente tranquila que ele não nasceu com o dom para ser um empreendedor Em síntese explicou que estava com muito medo e que tudo aquilo que seu filho estava falando era completamente novo para ele e que precisava saber um pouco mais sobre o assunto mas que tinha duas questões que precisavam ser respondidas 1 Ele achava que as pessoas nasciam com um dom para ter seu negócio e empreender Por isso queria saber quais as características gerais ou básicas de um bom empreendedor 2 Moradores da grande BH em Minas Gerais Toninho queria saber se havia algum ou órgão que eles poderiam obter mais informações e ter orientações sobre como abrir o pequeno negócio Jorge explicou que não sabia responder a ele e entendeu de imediato o temor do seu pai Em hipótese alguma a sua intenção era colocar o seu pai em uma situação difícil ou ainda expor as reservas financeiras de ambos a grande risco Prometeu que iria atrás das informações no dia seguinte e que em breve voltariam a conversar sobre o assunto Agora é com você prezado aluno É possível ajudar o Jorge a tirar as dúvidas do seu pai para que então Toninho possa tomar uma decisão mais correta e respaldada 10 Você aprenderá aqui todas as informações pertinentes e necessá rias para que possamos auxiliar Jorge a responder as dúvidas do seu pai Vamos iniciar essa jornada de estudos e aquisição de conhecimento sobre empreendedorismo Bons estudos Não pode faltar Não restam dúvidas que o mundo tem passado por uma verdadeira revolução neste século em que basicamente todas as relações processos e situações cotidianas das nossas vidas têm sido extremamente impactados pela evolução natural do homem bem como pelos frutos do desenvolvi mento tecnológico Essas situações provocam profundas mudanças nos hábitos e modo de vida das pessoas das empresas dos governos e da socie dade como um todo Entre essas profundas transformações um personagem que ganha grande importância na sociedade e no contexto econômico mundial é o empreen dedor Afinal como o aluno poderá perceber o empreendedorismo é uma importante mola propulsora para a economia mundial para as famílias e pessoas em geral para as relações sociais e de trabalho para a política de cada em país entre outros aspectos Mas afinal o que é empreendedorismo Se você procurar definições para o vocábulo será comum encontrar atributo de quem é empreendedor qualidade de quem tem seu próprio negócio característica de quem toma iniciativa ou usa novos métodos etc Outros autores ainda discorrem sobre a palavra definindoa como a reali zação de coisas difíceis de ser feitas fora do comum feitos entre tantas outras possíveis Antes de conceituarmos empreendedorismo é fundamental que possamos compreender a evolução tanto do termo em si quanto do papel do empreendedor ao longo da história Apesar de alguns autores abordarem algumas figuras bíblicas como os primeiros empreendedores históricos Dornelas 2018 atribui o primeiro uso do termo empreendedor na condição de este ser aquele que assume riscos e começa algo novo a exemplo de Marco Polo e sua tentativa de conseguir estabelecer uma nova rota comercial para o Oriente Na idade média empreendedor era a pessoa designada a executar os grandes projetos e construções da época Todavia foi a partir do século XVIII com a expansão dos meios de produção fruto da revolução industrial que o termo empreendedor passou a ser utilizado mais próximo ao sentido atual aquele que assume 11 riscos em prol de objetivos e desafios maiores Desse modo foi o econo mista austríaco Joseph A Schumpeter em meados de 1940 que escreveu em seu livro dando ênfase à importância do empreendedor para o ambiente econômico explicando que esse era o indivíduo que introduzia inovações no mercado com o propósito de obter lucro Para o autor o empreendedor destruía os aspectos básicos de produtos e serviços vigentes inserindo e explorando novos produtos e serviços criando inclusive novas formas de organização Esse processo de destruir atributos e processos ultrapassados originando novos produtos e serviços foi definido como destruição criativa ou também inovação disruptiva DORNELAS 2018 Exemplificando O conceito de destruição criativa ou de inovação disruptiva pode parecer distante ou paradoxal Todavia ele é bem simples e comumente visto no mercado ou no cotidiano de qualquer pessoa Pense você já alugou um filme em uma locadora Em caso positivo quando foi a última vez que fez isso E quando foi que comprou um CD da sua banda favorita Tem revelado com frequência os filmes das suas fotos tirados com sua máquina fotográfica Está andando de táxi com frequência Essas perguntas provavelmente vão ser respondidas com um não É possível inclusive que talvez nunca tenha feito nada do que foi exempli ficado Isso se deve à revolução que esses produtos e serviços sofreram mudando radicalmente ou praticamente extinguindo o formato anterior existente de tal forma que as pessoas nem se lembram de como certas coisas eram feitas antes da maneira atual Hoje você assiste aos seus filmes e séries por meio dos serviços de streaming na Netflix Suas músicas prediletas são ouvidas no serviço de Spotify Suas fotos dificil mente são reveladas pois você as tira em seu celular e as compartilha em suas redes sociais Provavelmente você tem usado mais Uber do que táxi para fazer seus deslocamentos em sua cidade É nessa perspectiva de constante mutação que Longenecker et al 2018 vai introduzir outros dois elementos de suma importância ao conceito de empreendedor o reconhecimento de oportunidades no mercado e a proposta de entrega valor Em síntese é fundamental que o aluno saiba que há profunda relação entre os anseios de venda do empreendedor inovação e os desejos e necessidades dos consumidores Afinal os empreendedores estão em constante busca de oportunidades empreendedoras economica mente atrativas no intuito de criar um valor maior para os clientes e para os próprios empreendedores 12 Portanto é interessante constatar que o empreendedor sempre estará à frente de uma série de recursos sejam eles financeiros produtivos humanos e de ideias entre outros alavancandoos em prol de construir novos negócios e impulsionando a economia Com isso focando na proposta básica empre endedora que é criar novos negócios por meio do aproveitamento de oportu nidades preciosas no mercado Dornelas 2018 define o empreendedorismo como a junção de pessoas e processos que conjuntamente transformam ideias em oportunidades Conceituar o empreendedorismo não é uma tarefa assim tão simples havendo inúmeras abordagens perspectivas definições e conceitos Contudo podemos adotar a definição de empreendedorismo como sendo a ação dinâmica de indivíduos motivados em atender oportunidades de mercado transformando os recursos disponíveis em produtos e serviços em prol do sucesso do seu negócio por meio da entrega de valor superior aos clientes Figura 11 Empreendedorismo PRODUTOS E SERVIÇOS VALOR OPORTUNIDADES DE MERCADO EMPREENDEDORES MOTIVADOS Ação Fonte elaborada pelo autor Agora que você aprendeu sobre os conceitos fundamentais em relação ao empreendedorismo é de grande importância que compreenda sobre o contexto empreendedor no Brasil e no mundo Boa parte dos autores que tratam desse tema chamam o momento atual de era do empreende dorismo uma vez que ele tem sido fomentado no mundo todo tanto por iniciativas governamentais não governamentais e até mesmo por empresas privadas Outros fatores que são fundamentais para a evolução mundial do 13 empreendedorismo são a redução de barreiras comerciais entre os países a evolução tecnológica e a globalização como um todo Esses aspectos foram preponderantes para o encurtamento das distâncias trocas cultu rais mudanças de padrões de trabalho entre outros o que proporciona a evolução natural do empreendedorismo em nível mundial Vamos compre ender melhor esse contexto mundial Assimile Empreendedorismo é a ação dinâmica de indivíduos motivados em atender oportunidades de mercado transformando os recursos dispo níveis em produtos e serviços em prol do sucesso do seu negócio por meio da entrega de valor superior aos clientes É impossível pensar em empreendedorismo sem analisar as práticas e a proposta empreendedora americana As pesquisas mostram que os EUA é o país que desenvolve o maior número de iniciativas empreendedoras envol vendo Segundo Longenecker et al 2018 aproximadamente 12 milhões de pessoas estão procurando empreender de alguma forma Além disso as bases conceituais e noções instrutórias sobre o empreendedorismo são desenvol vidas e aplicadas no currículo escolar das crianças americanas o que fomenta consideravelmente as perspectivas dos adultos estadunidenses uma vez que se estima que a metade de todos os adultos americanos trabalharão com seus próprios negócios em algum momento de suas vidas Veja a seguir mais informações sobre o panorama empreendedor americano As pequenas empresas representam 997 de todas as empresas além disso são 97 dos exportadores Há 278 milhões de pequenas empresas nos EUA com menos de 500 funcionários 55 milhões de pessoas trabalham em pequenas empresas 49 de todos os funcionários e 42 de todos os salários pagos nos EUA As pequenas empresas contratam 43 de todos os colaboradores de alta tecnologia LONGENECKER et al 2018 p 3 Todavia o avanço e desenvolvimento empreendedor vão muito além do que ocorre nos EUA Eles têm sido objetivo de ações das Organizações das Nações Unidas ONU no intuito de reduzir a pobreza e a desigual dade social além de promover a sustentabilidade Além disso o empreen dedorismo é tema de debates e estudos recorrentes do Fórum Econômico 14 Mundial que patrocina a conferência anual de Davos na Suíça Mas um dos estudos de maior renome e relevância sobre o empreendedorismo mundial é conduzido conjuntamente pela Babson College nos EUA e pela London Business School na Inglaterra Conhecido por Relatório GEM Global Entrepreneurship Monitor ou seja em uma tradução literal Monitor Global de Empreendedorismo Esse estudo segundo Dornelas 2018 tem por objetivo principal mediar a atividade empreendedora dos países e observar se ela está correlacionada com o crescimento econômico deles O número de países que fornecem infor mações para o GEM tem crescido ano após ano e já são 20 anos de estudos com informações de mais de 112 países ganhando o apoio da própria ONU para desenvolvimento de ações empreendedoras específicas em algumas partes do mundo Os dados do último estudo do GEM são de 2008 e apresentam as taxas totais de atividade empreendedora TEA em estágio inicial entre adultos 18 a 64 anos em 48 economias em quatro regiões geográficas do mundo Eles mostram a importância de ações específicas da ONU e de alguns países no fomento do empreendedorismo principalmente em países da África América Latina e Caribe onde há maiores índices de desigualdade social na população e ações para avanço e desenvolvimento econômico Agora que você compreendeu o panorama geral das ações mundiais relacionadas ao empreendedorismo vamos nos ater às características aspectos gerais e ações no Brasil A taxa total de atividade empreendedora TEA no Brasil era de aproximadamente 18 Isso significa que a cada 100 brasileiros adultos 18 deles estavam realizando alguma atividade empreen dedora seja na criação desenvolvimento ou aperfeiçoamento do próprio negócio Ainda segundo dados do GEM 2018 quanto ao gênero há uma predominância ainda que sutil de empreendedores masculinos e que aproximadamente 60 dos empreendedores brasileiros tem idade entre 18 e 44 anos Por fim devese ressaltar que esse número caiu bastante por conta da crise enfrentada pelo país nos últimos anos quando inúmeros micro e pequenos negócios tiveram suas atividades encerradas Reflita Vamos refletir um pouco sobre quais as ações que podem ser consideradas como empreendedoras qualquer tipo de venda ou prática comercial realizada por um indivíduo pode ser considerada como uma ação empre endedora Veja o artigo O Empreendedor na Era do Trabalho Precário relações entre empreendedorismo e precarização laboral e analise essa importante e atual questão do empreendedorismo brasileiro 15 OLIVEIRA E N P MOITA D S AQUINO C A B O Empreendedor na Era do Trabalho Precário relações entre empreendedorismo e precarização laboral Psicologia Política v 13 n 36 maioago 2016 p 207226 Em síntese as ações empreendedoras no Brasil ganharam força a partir de 1990 com a criação do Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Antes desse período o movimento empreendedor no Brasil era praticamente inexistente ou nulo pois os conturbados ambientes políticos e econômicos brasileiros não contribuíam em absolutamente nada para o fomento do empreendedorismo no país Todavia com a criação do Sebrae a abertura do comércio internacional a implantação do Plano Real e a criação do SIMPLES Nacional que era um sistema de tributação simplifi cado essa realidade mudou completamente Para Dornelas 2018 o Sebrae é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro pois oferece todo tipo de suporte e consul toria entre outras ações para promover a profissionalização dos novos empreendedores além de resolver problemas pontuais no andamento dos micro e pequenos negócios que não em poucos os casos segundo dados do órgão levam muitas empresas ao óbito antes de completarem seu segundo ano de vida Por isso é preciso que você não se engane há muito trabalho ainda a ser feito É fundamental compreender o empreendedorismo no Brasil de modo macro melhorar o ambiente de negócios e desburocratizar as obrigações governamentais e sistema de tributação brasileiro Além disso profissio nalizar de modo constante os nossos empreendedores e todos aqueles que direta ou indiretamente envolvidos com o tema é algo que deve nortear as nossas condutas Veja a seguir a crítica do Souza Neto 2017 p168169 Agora falar de empreendedorismo no Brasil por exemplo para muitos basta pegar os resultados do GEM e daí se o resultado foi bom como no de 2000 o empre endedorismo no Brasil vai muito bem obrigado Somos os campeões mundiais Quando o resultado foi ruim como no último o empreendedorismo no Brasil vai mal O problema é cultural Falam de inovação como se isso fosse o máximo mas não especulam e não recebem as novas massas de fatos não analisados de braços abertos especialmente fatos estatísticos e sendo assim não praticam a destruição criativa em si mesmos e se 16 esquecem também de Schumpeter não ousam e não inovam no pensar Perfil empreendedor atitudes e habilidades empreendedoras O empreendedor tem algumas características de perfil comportamental em comum contudo embora há muito tempo se tenha acreditado que tais características eram traços natos dos indivíduos hoje sabemos que o empre endedorismo pode ser ensinado e desenvolvido Logo é possível desenvolver aprender trabalhar e melhorar atitudes habilidades e comportamentos que levem ao desenvolvimento de suas competências empreendedoras Sem entrar no mérito dos aspectos e carac terísticas específicas da origem de cada indivíduo os estudos e ensinamentos do empreendedorismo têm alcançado as pessoas cada vez mais cedo fazendo parte inclusive de programas de ensino préescolares Por mais que obvia mente existem pessoas com mais predisposição e características para atuar em determinadas áreas sempre é possível desenvolver ou aprimoras habili dades conhecimento e atitudes em prol da formação de competências Com o empreendedorismo não é diferente Chiavenato 2012 explica que o empreendedor mesmo em situações não muito claras ou óbvias usa sua sensibilidade intuição e experiência no mundo dos negócios para avaliar e aproveitar oportunidades que surgem e com isso faz as coisas acontecerem A tais características o autor acentua informando que é fundamental que o empreendedor tenha energia criativi dade imaginação perseverança traços de liderança aptidão para trabalhar com equipes e não apenas com indivíduos Dessa forma combinando esses elementos adequadamente chegase a um perfil empreendedor que o habilita a transformar uma ideia simples em algo que produza resultados concretos e bemsucedidos no mercado Esse rol de atributos o autor denomina como características do espírito empreendedor Por fim Dornelas 2018 reitera que se trata de um mito o fato de que empreendedores são natos e nascem para o sucesso Para o autor a realidade é que seus conhecimentos habilidades e atitudes vão se desenvolvendo e se aprimorando com o passar dos anos as experiências pelas quais ele passa busca por conhecimento rede de network entre outros conforme o passar dos anos 17 Dessa forma listamos a seguir uma série de atributos pessoais e caracte rísticas que levam os empreendedores ao sucesso no século XXI Autoconhecimento aliado à boa inteligência emocional Proatividade e criatividade para explorar as oportunidades Flexibilidade agilidade e dinamismo na tomada de decisão Alta capacidade de formação liderança e comunicação junto à equipe Grande conhecimento e paixão pelo negócio Organização racionalidade e independência o que faz a diferença em momentos adversos Caro aluno você deve ter compreendido que o empreendedorismo é algo fundamental em nosso modelo de sociedade atual não somente por sua clara importância econômica como também por sua relevância social na perspectiva de ser usada como ferramenta que oportuniza condições para redução da desigualdade social Até a próxima Sem medo de errar Caro aluno agora que estudou sobre o empreendedorismo seus conceitos e contexto no Brasil e no mundo vamos voltar à situação problema envol vendo a ideia de Jorge e as dúvidas do seu pai Toninho Antes de qualquer coisa que tal relembrarmos em linhas gerais o caso O Sr Antônio era um grande padeiro e trabalhou a vida toda nesse ofício Estava muito orgulhoso pois havia conseguido criar dignamente sua família feito suas economias e depois de mais de 35 anos de trabalho duro estava se desligando da padaria em que trabalhava pois era o momento de se aposentar Todavia seu Toninho como era carinhosamente conhecido não estava totalmente conformado com a aposentadoria pois entendia que ainda podia trabalhar mas os seus patrões não pensavam assim Já o Jorge seu filho era um estudante universitário que atualmente estava desempregado Com a forte crise econômica estava tendo grandes dificuldades para conseguir um novo emprego Porém em uma determinada aula de empreendedorismo na sua faculdade de Administração ele vislum brou uma hipótese que atenderia aos seus anseios e os dos seus pais ambos poderiam abrir o seu próprio negócio uma padaria 18 Juntando a experiência do seu pai com o seu conhecimento acadêmico poderiam tocar o próprio negócio tornandose empreendedores Apesar de Toninho ter achado a ideia interessante ele ficou bastante assustado em um primeiro momento e falou para o filho que para tomar uma decisão era fundamental ter mais informações sobre o empreendedorismo e ter suas dúvidas esclarecidas Jorge ficou responsável por conseguir as respostas e esclarecimentos Vamos ajudálo em sua tarefa Primeiramente seu Toninho achava que as pessoas nasciam com um dom para ter seu negócio e empreender Essa opinião na verdade é um dos maiores mitos em torno do empreendedorismo Como em qualquer outra área de conhecimento humano independentemente da maior ou menor dotação de um indivíduo em relação a ela as habilidades atitudes e os conhecimentos sobre empreendedorismo podem ser aprendidos e desenvolvidos pelos indivíduos e quando somadas formam a competência empreendedora Procurando sanar completamente as dúvidas do seu pai Jorge lhe mostrou as principais características de um bom empreendedor Autoconhecimento aliado à boa inteligência emocional Proatividade e criatividade para explorar as oportunidades Flexibilidade agilidade e dinamismo na tomada de decisão Alta capacidade de formação liderança e comunicação junto à equipe Grande conhecimento e paixão pelo negócio Organização racionalidade e independência o que faz a diferença em momentos adversos Já em relação à dúvida de seu Toninho se havia algum ou órgão que eles poderiam obter mais informações e ter orientações sobre como abrir o pequeno negócio Jorge lhe explicou que o Sebrae é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro pois oferece todo tipo de suporte consultoria e treinamento entre outras medidas para promover a profissionalização dos pequenos e novos empreendedores e ainda resolver pequenos problemas pontuais no andamento dos micro e pequenos negócios brasileiros que não em poucos os casos segundo dados do órgão levam muitas empresas a óbito antes de completarem seu segundo ano de vida 19 Faça valer a pena 1 No final do século XX era muito comum as pessoas e empresas realizarem suas pesquisas de fornecedores ou prestadoras de serviços utilizando os chamados guias telefônicos também conhecidos como páginas amarelas por causa da cor do papel em que o livro era impresso Tratavase de um enorme catálogo amarelo relativamente pesado no qual os mais variados tipos de empresas faziam seus anúncios expondo seus produtos e serviços Atual mente com os serviços de busca disponíveis na internet praticamente esse tipo de divulgação realizado pelas empresas acabou afinal quando alguém quer procurar um tipo de serviço ou fornecedor qualquer rapidamente ela busca na internet e escolhe dentre uma série de fornecedores e possibilidades que surgem imediatamente na tela do seu celular ou computador O trecho apresentado mostra como a tecnologia impactou os hábitos de compra das pessoas e empresas fazendo com que antigas formas de compra serviços e até mesmo grandes nichos de mercados sumissem por completo ou se tornassem irrelevantes Segundo Schumpeter esse processo pode ser chamado de a Desenvolvimento tecnológico b Inovação cultural c Destruição criativa d Evolução de mercado e Criação de serviços 2 Se antes o empreendedorismo era visto como uma espécie de dom ou talento natural que os indivíduos possuíam atualmente essa visão mudou radicalmente Os teóricos mostram que o perfil empreendedor composto por uma série de atributos características habilidades e atitudes de cada pessoa pode ir se desenvolvendo e se aprimorando com o passar dos anos pelas experiências pelas quais ele passa treinamento busca de aprendizado e conhecimento entre outros Dessa forma leia as afirmativas a seguir e análise as características e atributos que levam os empreendedores ao sucesso no século XXI I Desenvolvem autoconhecimento e boa inteligência emocional II Dominam todas as atividades organizacionais e são individualistas III Possuem grande conhecimento e paixão pelo negócio 20 IV São flexíveis ágeis e bastante dinâmicos na tomada de decisão É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 3 O empreendedorismo é a ação dinâmica de indivíduos motivados em atender oportunidades do mercado transformando os recursos disponí veis em produtos e serviços em prol do sucesso do seu negócio por meio da entrega de valor superior aos clientes Sendo assim o empreendedor sempre estará à frente de uma série de recursos sejam eles financeiros produtivos humanos e de ideias entre outros alavancandoos em prol de construir novos negócios transformando a sociedade que se conhece Dessa forma avalie as afirmativas a seguir sobre o panorama do empreende dorismo no Brasil e no mundo I O empreendedorismo tem sido muito utilizado por governos ONG organizações internacionais e até mesmo por empresas para fomentar a economia estimular a distribuição de renda e diminuir a desigualdade social II Nos EUA o empreendedorismo é amplamente disseminado pois além das pequenas empresas representarem o maior percentual absoluto do total de empresas ele faz parte do currículo escolar infantil nas escolas americanas III O Sebrae é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro pois oferece todo tipo de suporte consultoria e treina mento entre outras ações para promover a profissionalização dos novos empreendedores 21 Baseandose no texto é correto o que se afirma em a II e III apenas b I e III apenas c I apenas d II apenas e I II e III 22 Seção 2 O panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI Diálogo aberto Prezado aluno neste momento lhe convidamos a aprofundar um pouco mais os seus estudos sobre empreendedorismo no intuito de que possa compreender essa ferramenta em seu sentido mais amplo ou seja nas suas mais variadas formas Desse modo você já ouviu falar ou pensou em criar um empreendimento social Sabe a importância desse tipo de empreendedorismo para a sociedade em geral Para compreender o assunto e responder a tais questionamentos acompanhe a história da Marcela uma jovem com ideias incríveis para melhorar a comunidade em que foi criada mas com muitas dúvidas sobre o que fazer para transformar os seus sonhos em ações que possam mudar a realidade dos jovens locais Vamos iniciar a nossa jornada com a Marcela Marcela sempre foi uma pessoa formidável A jovem de 25 anos filha de uma diarista e de um caminhoneiro sempre foi muito estudiosa e bastante conhecida na comunidade em que foi criada uma região pobre da capital paulista com alto índice de criminalidade e pouquíssimas opções de lazer e educação para os jovens que almejavam um futuro melhor Todos que conheciam Marcela a definiam como inteligente sonhadora e idealista ao mesmo tempo era muito focada obstinada e perseguia com muita garra os seus objetivos Marcela era muito conhecida pois entre outros comportamentos exemplares estava sempre envolvida com ações que tinham por objetivo melhorar a vida das pessoas que estavam ao seu redor Aliás a jovem idealista é fruto de uma dessas escassas ações possibilidades e chances que apare ceram naquele lugar teve sua capacidade e seus esforços reconhecidos aproveitou os benefícios de uma bolsa de estudos integral que ganhou em uma renomada instituição educacional inglesa e se formou em Marketing Agora formada e de volta ao Brasil ela quer ajudar a fazer a diferença na vida dos jovens com os quais até pouco tempo atrás ela esteve quer proporcionar a eles possiblidades de acesso a empregos melhor qualificação profissional melhor nível educacional entre outras coisas Todavia não sabe como fazer Deve abrir uma empresa ou negócio para essa finalidade Que tipo de empreendimento seria o mais adequado Esse empreendimento pode 23 ter lucro Como sobreviver e ajudar seus pais trabalhando com filantropia Enfim muitas dúvidas Por isso caro aluno agora precisamos do seu apoio para orientar a Marcela a desenvolver a sua ideia tirando as dúvidas principais que ela levantou Para isso você terá todas as informações e o suporte teórico ao conhecer e aprender os conceitos de processo empreendedor e suas etapas as diferentes formas de empreender os empreendedorismos social e corpo rativo o empreendedorismo virtual e as melhores práticas de empreen dedorismo no Brasil e no mundo para responder aos questionamentos da Marcela e ajudála a conseguir realizar um projeto tão importante para a nossa sociedade Bons estudos Não pode faltar O empreendedorismo tem se mostrado uma das principais ferramentas econômicas sendo indispensável diante da conjectura e das perspectivas vislumbradas para o século XXI Obviamente isso se deve a uma série de motivos Em primeiro lugar ele tem sido considerado a mola propulsora para o fortalecimento da economia de diversos países uma vez que pode ser traduzido por uma série de estímulos ao surgimento de pequenos negócios que atualmente já representam uma parte significativa do PIB e fonte geradora de emprego em diversas nações Mas você já parou para pensar exatamente em que ponto se inicia o processo empreendedor Em linhas gerais um dos maiores equívocos proporcionados pelo senso comum é um indivíduo decidir empreender por acaso coincidência ou alguma fatalidade qualquer Diversos estudos mostram que há uma série de fatores ou elementos que levam uma determinada pessoa a ter uma ideia e então decidir abrir o seu próprio negócio A verdade é que muitos empreendedores não sabem definir exatamente o que os motivou a abrir a sua empresa Isso se deve ao fato de que todos nós estamos continuamente expostos e sofremos a ação de diversos estímulos de fatores ambientais externos que nos levam às mais diferentes ideias e tomadas de decisões ainda que não sejamos capazes de compreender E com os empreendedores não é diferente caro aluno Reflita Apesar dos negócios surgirem de grandes ideias ou do reconhecimento de oportunidades no mercado apenas esses aspectos são suficientes para que um novo empreendimento ou uma nova empresa tenha sucesso 24 Segundo Dornelas 2018 a decisão de empreender acontece como consequência de fatores que variam como interesses pessoais do indivíduo elementos ambientais ou sociais que influenciam o empreendedor oportu nidades que ele observou no mercado a sua atuação profissional ou ainda uma soma de dois ou mais desses elementos Enfim há infinitas variáveis impactantes desde a infância vivida por esse futuro empreendedor até o seu cotidiano profissional atual Essas infinitas percepções do ambiente geral podem ser o elemento motivador o gatilho para o surgimento de uma ideia empreendedora voltada à melhoria ou à criação de um novo produto serviço ou até mesmo de um novo negócio Logo fica evidente que o processo empreendedor se inicia quando há um evento gerador ou catalizador que acelera algumas variáveis como inovação realização profissional desafios de carreira entre outros que possibilitam o início de um novo negócio mas somente o fato de aproveitar uma boa oportunidade de mercado ou ainda ter uma grande ideia não é de forma alguma o suficiente para que o negócio alcance os resultados ou objetivos pretendidos segundo a forma e o tipo de empreendedorismo almejado Por isso imediatamente após o surgimento da ideia ou identificação da oportunidade o empreendedor deve em uma determinada perspectiva de tempo iniciar uma série de ações e decidir se dará ou não continuidade ao processo passando para a fase de coleta de informações de processamento e análises de junção de recursos e desenvolvimento do plano de negócios sendo esse último um elemento norteador para a gestão do empreendimento após o seu lançamento Desse momento em diante o empreendedor muda a sua condição passando a ser o gestor estratégico do seu negócio pois o seu foco no processo empreendedor será o sucesso do empreendimento a fim de que então possa colher os frutos as recompensas e os benefícios do emprego de seu talento seus esforços seus recursos e seu tempo Veja a figura a seguir 25 Figura 12 Empreendedorismo como processo algumas fases importantes Ideia ou reconhecimento de oportunidade Decisão inicial de prosseguir Plano de Negócios Lançamento do novo empreendimento Construção de um negócio de sucesso Colheita das recompensas Todas as fases são influenciadas por esses três níveis de variáveis Variáveis de nível individual Variáveis de nível grupal Variáveis de nível social Fonte Adaptado de Baron e Shane 2007 p16 26 É importante destacar que por mais que a figura expresse uma perspec tiva de sequenciamento de passos que devem ser realizados não há a neces sidade de que uma etapa se encerre para que outra se inicie Logo após o surgimento da ideia ou reconhecimento da oportunidade possivelmente o jovem empresário inicia a busca por informações de modo concomitante ao seu planejamento Assim com o avanço do processo o empreendedor vai realimentando o sistema de informações verificando os rumos traçados inicialmente Com isso verificamos que o planejamento será uma espécie de bússola norteadora para os indivíduos que empreendem Assimile Processo empreendedor é um conjunto estruturado de medidas que devem ser tomadas de modo ordenado pelo empreendedor logo após o surgimento da ideia ou reconhecimento da oportunidade de negócio proporcionando maior assertividade na tomada de decisão empreende dora aumentando consideravelmente as chances de sucesso do futuro empreendimento Portanto como vimos o processo é de grande importância para o futuro empreendedor ainda mais se pensarmos que há diversas formas de empre ender cada uma com suas particularidades ou finalidades específicas Desse modo o panorama do empreendedorismo se mostra extremamente interessante aberto e repleto de oportunidades e práticas empreendedoras no Brasil e por que não no mundo todo Afinal com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação TICs que resultaram maior interatividade e proximidade entre pessoas clientes fornecedores e outros parceiros de negócio verificase uma infinidade de meios e objetivos para o desenvolvi mento empreendedor com inúmeras perspectivas aos seus interessados O impacto é gigante e atinge até mesmo aqueles que não querem ou desejam ter o próprio negócio Desse modo passaremos a tratar das seguintes formas de empreendedorismo Intraempreendedorismo Empreendedorismo social Empreendedorismo virtual 27 Intraempreendedorismo Seja por motivos culturais familiares pessoais profissionais entre outros há inúmeros indivíduos que nem cogitam a hipótese de ter o próprio negócio Conscientes da alta carga de responsabilidade e sacrifício pessoal que envolve o cotidiano empreendedor ou ainda por conta do perfil mais conservador e do anseio de uma vida pessoal mais estável uma parcela bastante conside rável da população mundial prefere ou apenas cogita a hipótese de continuar trabalhando para terceiros sendo empregados junto às pessoas jurídicas as empresas ou pessoas físicas empregadores domésticos E é exatamente para os empregados que cresce cada vez mais uma forte corrente do empreendedorismo o intraempreendedorismo também chamado de empreendedorismo corporativo Essa prática consiste em ações empreendedoras desenvolvidas internamente nas empresas pelos seus próprios colaboradores Essa é uma característica cada vez mais disse minada treinada e desenvolvida pelos profissionais de RH juntamente aos empregados atuais das organizações ou desejada e buscada em candidatos nos processos seletivos O empreendedorismo corporativo é um meio de estimular e posteriormente de aproveitar os indivíduos em uma organização que acham que algo pode ser feito de um modo diferente e melhor A resistência à flexibili dade ao crescimento e à diversificação pode em parte ser superada ao desenvolver um espírito de empreende dorismo na organização existente chamado de empre endedorismo corporativo ou intraempreendedorismo HIRSCH PETERS SHEPHERD 2017 p 2930 A importância do intraempreendedorismo tem aumentado significativa mente diante da conjectura do mercado atual Afinal a competição entre as empresas tem se acirrado por conta do maior número de players no mercado exigências crescentes por inovação aumento da qualidade dos produtos índices de produtividade consumo sustentável redução dos custos entre outros fazendo com que a pressão por resultados dentro das empresas esteja num nível altíssimo Em todas essas variáveis descritas o fator humano se torna imperativo para o alcance de resultados satisfatórios uma vez que é o elemento que está direta e intrinsecamente relacionado com a inovação e o desenvolvimento do capital humano e intelectual das empresas que são considerados dois dos principais ativos das organizações no século XXI 28 Portanto não há dúvidas do interesse das empresas em colaboradores que apresentam competências ou perfil empreendedor pois esses indivíduos atuam como líderes naturais proativos e colaborativos em prol dos resultados e objetivos organizacionais Além disso esses empregados se comportam como donos do negócio e por isso estão constantemente fazendo análises do mercado e do ambiente organizacional interno propondo novas ideias e alternativas para os desafios encontrados pelas empresas DORNELAS 2017 Dica Ser intraempreendedor é uma competência cada vez mais desejada e cobrada pelos gestores de recursos humanos e headhunters caçadores de cabeças talentos em processos seletivos das organizações desde recrutamento de jovens talentos e trainees passando por vagas opera cionais cargos de gerência até ser impreterível para diretores e CEOs Mais do que ser proativo ou seja anteciparse aos problemas futuros ou aproveitar as oportunidades os gestores anseiam por colabora dores que possam produzir criar e desenvolver produtos e soluções gerando inovação e criação de valor para a própria empresa como para os seus clientes Empreendedorismo social Uma das modalidades empreendedoras mais trabalhadas no mundo sendo amplamente difundida e apoiada por diversos organismos interna cionais é o empreendedorismo social Todavia há um elemento que pode parecer paradoxal no fomento desse tipo de modalidade empreendedora o objetivo principal não é a geração de lucro É isso mesmo prezado aluno o empreendedorismo social não tem como objetivo a lucratividade e o retorno econômico financeiro para o empreendedor eou investidor Vamos compreender as suas características e importância Entre outras perspectivas o empreendedorismo também tem sido traba lhado sob uma ótica social no sentido do combate à pobreza redução da desigualdade social promoção da educação e uma série de outros problemas sociais que afligem a sociedade moderna no mundo todo A própria ONU e o Banco Mundial têm desenvolvido uma série de iniciativas de apoio aos mais variados tipos de projetos e iniciativas empreendedoras que combatem os problemas citados É a essas diferentes iniciativas de negócios empreende dores voltadas a quebras de paradigmas e mudanças de realidade social que damos o nome de empreendedorismo social 29 Segundo o Sebrae 2017 o conceito de empreendedorismo social é voltado à promoção de um conjunto de ações que podem mudar a realidade de um determinado ambiente por meio do estabelecimento de medidas e estratégias sustentáveis que proporcionam um impacto social positivo e o resgate de pessoas em algum tipo de necessidade ou vulnerabilidade social As ações empreendedoras geralmente são voltadas ao espectro social beneficiando a população menos favorecida e com renda mais baixa classifi cada como classe C D eou E Quadro 11 Comparação entre o empreendedorismo privado tradicional e social ASPECTO PERFIL PRIVADO TRADICIO NAL PERFIL SOCIAL Perspectiva É individual É coletivo Finalidade Produção de bens e serviços para o mercado Produção de bens e serviços para a comunidade Foco Oportunidades de mercado Soluções para problemas sociais Medida de desempenho Lucro Impacto Social Propósito Visa satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio Visa resgatar pessoas de situação de risco social e promovêlas Fonte adaptado de Melo Neto e Froes 2002 p 11 De acordo com Melo Neto e Froes 2002 não é qualquer pessoa que tem o perfil para ser empreendedor social Afinal o objetivo do empreendedo rismo social é atuar no combate de problemas sociais de uma determinada comunidade bairro ou região gerando benefícios sociais tangíveis e intan gíveis para eles Isso exige características pessoais do indivíduo interessado nessa modalidade empreendedora tais como desprendimento econômico pragmatismo responsável força de vontade intuição visão sensibilidade social entre outras Nesse tipo de empreendimento não há a busca por lucro ou distribuição de ganhos aos empreendedores em hipótese alguma Ao empreendedor social será pago apenas o seu salário segundo a função que o mesmo exercer de acordo com o estatuto social devidamente registrado no momento da consti tuição do negócio Todos os recursos disponíveis são voltados à produção de bens e serviços relacionados ao objetivo social do empreendimento que são destinados à manutenção do projeto gerando benefícios sociais muitas vezes imensuráveis para os grupos de pessoas que serão beneficiadas 30 Todavia cabe ressaltar que o empreendedor deve ter profunda responsa bilidade e zelo com a gestão financeira do negócio social Não há qualquer incompatibilidade de propósito entre as questões financeiras econômicas e sociais do empreendimento A boa gestão financeira dessa modalidade empreendedora sempre com a perspectiva de manutenção do caixa positivo e reinvestimentos das sobras de caixa é imprescindível para que o empreen dimento social seja ampliado e perpetuado podendo atender a um número cada vez maior de pessoas Empreendedorismo virtual Já falamos sobre o dinâmico processo de evolução tecnológica que viven ciamos principalmente a partir do final do século XX sendo impressionante o impacto provocado em todas as áreas de conhecimento de mercado da própria existência da humanidade em si e da sociedade atual que conhe cemos E com o empreendedorismo não é diferente É quase que infinito o número de oportunidades trazidas pela internet ou ainda de negócios que surgiram e partir do advento e desenvolvimento das TICs Para Dornelas 2018 p 72 a internet é um celeiro de oportunidades jamais visto na história da humanidade e isso se deve à intensa interação proximidade e relação de intimidade construída entre marcas empresas seus clientes e o mercado em geral É nesse cenário promissor que surge o empreendedorismo virtual O empreendedorismo virtual ou empreendedorismo digital pode ser definido como as ações empreendedoras para se criar e desenvolver empresas ou novos negócios que têm suas operações integral ou parcialmente estabe lecidas em plataformas na internet principalmente no que tange às funções relacionadas aos seus processos de marketing e vendas Esse processo de compras e vendas pela internet pode ser definido como ecommerce Desse modo o número crescente de dispositivos móveis conectados à rede bem como as novas aplicabilidades das redes sociais a comunicação interativa os preços mais acessíveis o aumento da segurança dos meios de pagamento entre outros fatores elevam cada vez mais o número de consu midores que passam a adquirir seus produtos e serviços por meio de compras na internet Atenção Ebusiness e ecommerce não são conceitos ou termos sinônimos como muitas vezes vemos equivocadamente sendo utilizados no dia a dia 31 Ebusiness todos os processos organizacionais das empresas que podem ser geridos por sistemas empresarias que estejam alicer çados na internet para consulta ou operações a qualquer hora momento ou lugar Ecommerce é uma parte do ebusiness que compreende basica mente a todas as transações processos e operações de marke ting e ações comerciais principalmente de compra e venda Todavia segundo Gomes 2003 a pessoa que se predispõe a se tornar um empreendedor virtual deve possuir alguns prérequisitos quase que obriga tórios visando o seu próprio sucesso deve saber identificar e aproveitar as tendências de mercado ser focada em inovação além de conhecer bem o seu segmento de atuação e as características do seu públicoalvo afinal se questões como o ponto de vendas passam a ser secundárias para o novo empreendedor questões como confiabilidade veracidade e disponibilidade de informações tempo de entrega comunicação assertiva segurança no pagamento e na gestão das informações dos clientes tornamse preocupações constantes para o eempreendedor Entre as principais vantagens para quem almeja o empreendedorismo virtual e o comércio eletrônico é possível citar maior visibilidade e exposição da marca e dos produtos diminuição dos custos funcionamento 24 horas maior relacionamento com os clientes aumento da carteira de clientes vendas para qualquer parte do mundo etc Já entre os pontos negativos que vão lhe exigir cuidados redobrados podemos citar ataques e invasões de hackers sites fraudulentos falta de suporte compras erradas atrasos e falhas no processo de entregas entre outros Todavia a balança ainda é muito favorável em prol dos aspectos positivos Finalizando essa etapa de aprendizado não podemos falar de empreen dedorismo virtual sem falar do modelo de negócio que se tornou a menina dos olhos de empreendedores e do mercado econômico financeiro em geral as startups Há muitas definições que envolvem o temo startup que vão desde empresas embrionárias que estão no seu início de vida até empresas que têm produtos inovadores que precisam de aporte financeiro para crescer e gerar lucros altos e sustentáveis Segundo o Sebrae 2014 sp uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável trabalhando em condições de extrema incerteza 32 Exemplificando A empresa de serviços financeiros e de solução em pagamentos PayPal foi fundada em 1998 nos EUA e hoje atua com mais de 277 milhões de pessoas que são correntistas ativos no Brasil e no mundo enviando e recebendo pagamentos digitais por meio de sua plataforma aberta conforme informa em seu site Entretanto quando começou há mais de 20 anos era apenas uma pequena startup que buscava inovar e crescer nesse concorrido segmento de mercado Para nós startup é um conceito de negócio ou uma empresa em início de atividades que conta com uma ideia promissora uma invenção ou um protó tipo de produtoserviço inovador geralmente atrelado à algum elemento ou fator tecnológico que carece de pesquisa ou necessita de ser aperfeiçoado podendo render lucros e retorno financeiro altamente satisfatórios para seus criadores e investidores Esse tipo de empreendimento tem ganhado cada vez mais atenção e inves timentos por parte da iniciativa pública e privada Segundo Dornelas 2018 incubadoras de empresas aceleradoras de negócio e fundos de investimentos têm proporcionado aporte financeiro e estrutura para que essa modalidade de empresa possa se desenvolver e alcançar os objetivos que pretende com ela Prezado aluno você aprendeu que os empreendedores devem desen volver um processo empreendedor no intuito de estruturarem suas ideias e aproveitarem adequadamente a oportunidade que está surgindo Por fim há inúmeras formas e propósitos para se empreender logo cada indivíduo interessado deve buscar o modelo que mais se adequa a sua ideia de negócio Bons estudos e até a próxima Sem medo de errar Prezado aluno você acaba de evoluir em seus estudos e aprendizado sobre o empreendedorismo Neste momento você aprendeu sobre o panorama do empreendedorismo e suas aplicações no século XXI bem como a impor tância do processo empreendedor e as diversas formas da aplicação dos conceitos empreendedores nos mais variados tipos de negócio Além disso aprendeu ainda sobre algumas formas de empreendedorismo tais como intraempreendedorismo empreendedorismo social e o empreendedorismo virtual Dessa forma que tal voltarmos ao projeto da Marcela exposto na situação problema Vamos auxiliála a montar o seu negócio que será tão 33 importante para os jovens que vivem onde ela cresceu Para isso vamos relembrar a situação Marcela é uma jovem muito especial e que venceu muitos desafios apesar da sua pouca idade Mesmo crescendo em uma região pobre com poucas possibilidades e alta criminalidade ela focou a educação para conseguir um futuro melhor Além disso ela era muito conhecida por todos na favela onde morava pois era muito inteligente e estava sempre disposta a ajudar a melhorar a vida de todos ao seu redor Essas características foram fundamentais para que ela conseguisse uma bolsa de estudos em uma renomada instituição fora do país Agora formada em Marketing e de volta ao país quer abrir um negócio que gere oportunidades ou chances melhores para os jovens da comunidade local oportunidades essas como a que ela teve de estudar conseguir uma profissão e melhorar a sua vida Ela tem muitas ideias apoiadores recursos porém está cheia de dúvidas lembrase Agora que relembrou vamos ajudála a empreender corretamente Diante do problema apresentado dos desejos das ideais e das perspec tivas de Marcela ela deve sim ter um negócio mas não um negócio comum voltado à obtenção de lucro Ela deve focar o empreendedorismo social estruturando um negócio social voltado a ajudar jovens a terem melhores possibilidades de estudo melhorando assim o seu desempenho acadêmico possibilitando o seu ingresso em faculdades públicas ou a obtenção de bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior Esse negócio não é voltado à obtenção de lucro Como todos os tipos de negócio social as receitas obtidas com o projeto devem ser voltadas à manutenção dele bem como à perpetuação do negócio para que ele possa atender um número cada vez maior de pessoas da comunidade em que está estruturado Na verdade o negócio social não é exatamente uma atividade filantrópica do ponto de vista do trabalho que Marcela executará Na condição de diretora do negócio devidamente formalizada em ata e estatuto social devidamente registrado ela receberá um salário de mercado para exercer as funções devidas em seu empreendimento Desse modo as despesas cotidianas de Marcela seriam de sua própria responsabilidade Já a remuneração mensal de Marcela por sua atuação profissional no negócio é uma despesa como qualquer outra a ser paga por seu negócio 34 Faça valer a pena 1 Há empreendimentos em que não há a busca por lucro ou distribuição de ganhos aos empreendedores em hipótese alguma mas sim na boa gestão financeira dessa modalidade empreendedora em que as sobras de caixa serão reinvestidas em prol da manutenção e ampliação do projeto empreendedor O seu objetivo principal está em aumentar e perpetuar os seus benefícios às pessoas que são atendidas por esse tipo de negócio O contexto apresentado no textobase se refere a que tipo ou modalidade de empreendedorismo a Empreendedorismo corporativo b Empreendedorismo social c Empreendedorismo pessoal d Empreendedorismo digital e Empreendedorismo interno 2 Seja por motivos culturais familiares pessoais profissionais entre outros há inúmeros indivíduos que nem cogitam a hipótese de ter o próprio negócio Conscientes da alta carga de responsabilidade e do sacrifício pessoal que envolve o cotidiano empreendedor ou por conta do perfil mais conser vador e do anseio de uma vida pessoal mais estável uma parcela bastante considerável da população mundial prefere ou apenas cogita a hipótese de continuar trabalhando para terceiros sendo empregados juntamente a pessoas jurídicas as empresas ou a pessoas físicas empregadores domés ticos E é exatamente para os empregados que cresce cada vez mais uma forte corrente do empreendedorismo o intraempreendedorismo também chamado de empreendedorismo corporativo Analise as afirmativas seguintes sobre o intraempreendedorismo I É voltado à promoção de um conjunto de ações que pedem mudar a realidade de um determinado ambiente bem como promover um impacto social positivo e o resgate de pessoas em vulnerabilidade II É uma característica cada vez mais disseminada treinada e desenvol vida pelos profissionais de RH juntamente aos empregados além de procurada em candidatos nos processos seletivos III O intraempreendedorismo é muito importante pois valoriza o fator humano que é imperativo para o alcance de resultados satisfatórios e um dos principais ativos empresariais 35 Com base no que foi exposto é correto o que se afirma em a II e III apenas b I e III apenas c I apenas d II apenas e I II e III 3 O empreendedorismo virtual ou empreendedorismo digital pode ser definido como as ações empreendedoras para se criar e desenvolver empresas ou novos negócios que têm suas operações integral ou parcialmente estabe lecidas em plataformas na internet principalmente no que tange às funções relacionadas aos seus processos de marketing e vendas Esse processo de compras e vendas pela internet pode ser definido como ecommerce Dessa forma leia as asserções a seguir sobre empreendedorismo virtual I O empreendedor virtual deve possuir alguns prérequisitos como saber identificar e aproveitar as tendências de mercado ser focado em inovação além de conhecer bem o seu segmento de atuação e as características do seu públicoalvo PORQUE II Questões como confiabilidade veracidade e disponibilidade de informações tempo de entrega comunicação assertiva segurança no pagamento e na gestão das informações dos clientes tornamse preocupações constantes para o eempreendedor A respeito dessas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 36 Seção 3 Reconhecendo e desenvolvendo oportunidades empreendedoras Diálogo aberto Caro aluno é hora de aprender um pouco mais sobre empreendedo rismo e compreender como essa ferramenta tão importante para a economia mundial surge ou se inicia na vida das pessoas que decidem empreender Embora a priori possa parecer algo muito simples a geração da ideia ou o reconhecimento e a avaliação de oportunidades de negócio são aspectos essenciais para o sucesso do novo empreendimento Mas de onde eu devo partir para iniciar o meu negócio Queria ter o meu próprio negócio mas não consigo ter uma boa ideia para abrir a minha empresa qual a melhor área Meu produto deve ser novo no mercado Como devo avaliar uma oportunidade e saber se é uma boa possibilidade de empre endimento Essas perguntas estão entre os questionamentos mais comuns que os especialistas em empreendorismo escutam de potenciais empreende dores que não conseguem tomar decisões e é exatamente essa a situação de Christine Vamos conhecer essa história Ter uma ideia descobrir algo totalmente novo ou reconhecer uma boa oportunidade no mercado não é algo muito fácil realmente e isso passou a deixar Christine realmente chateada pois pensava estar preparada para isso e agora começava a levantar dúvidas do seu futuro Christine está com 23 anos e tinha algumas coisas claramente traçadas em sua vida Sua família não é pobre está inserida na nova classe média que se configurou no início dos anos 2000 porém desde muito cedo ela sempre esteve envolvida em pequenos negócios que usava para ganhar alguma renda extra tendo em vista os anseios e desejos que a juventude despertava Ela se lembra com um sorriso no rosto quando aos 12 anos quis um brinquedo especial e seus pais lhe pediram para guardar parte da mesada em prol desse objetivo Christine não só guardou parte da mesada como vendeu suco na porta de igreja que frequentavam para conseguir mais facilmente seu brinquedo Quando queria uma roupa ou um tênis novo sempre vendia alguma peça que não usava mais para algum brechó ou para alguma amiga A viagem de formatura com toda a turma do colégio só foi possível graças à ideia da rifa de uma cesta de chocolates que produziu com sua mãe e vendeu para amigos e familiares 37 Hoje após ter trabalhado como jovem aprendiz e na área administrativa de uma grande empresa Christine conseguiu juntar uma boa quantia finan ceira para iniciar o projeto para o qual se preparou ser dona do seu próprio negócio No entanto é exatamente aí que os seus problemas começam pois não consegue decidir que tipo de empresa quer ter além disso achase uma vendedora nata porém acredita ter pouca criatividade e por isso não consegue ter uma ideia inovadora e encontrar uma boa oportunidade no mercado para investir e iniciar sua própria empresa O medo de tomar uma decisão errada e perder o que conseguiu lhe deixa paralisada o tempo está passando e ela não sabe o que deve fazer Diante disso vamos ajudar Christine a iniciar o processo empreendedor Na condição de um consultor em empreendedorismo quais as principais fontes de ideias que você pode indicar para ela Quais medidas poderiam ajudála a reconhecer uma boa oportunidade empreendedora Por fim quais ferramentas podem ajudála a avaliar mais adequadamente essa ideia ou oportunidade de negócio Agora é com você Foque os estudos desta etapa e ajude essa jovem a aumentar suas chances de se tornar uma empreendedora de sucesso Excelente estudo Não pode faltar O empreendedorismo pode ser considerado uma das estratégias mais interessantes para fortalecer a economia global Responsável pela maior parte do PIB de muitos países os micros e pequenos negócios ainda empregam a maior parcela da população motivo que por si só justifica a sua importância Além disso o empreendedorismo tem sido usado como uma das ferramentas fundamentais para a redução da desigualdade social e no combate à pobreza em muitas regiões no Brasil e no mundo Mas como iniciar um empreendimento Onde empreender Qual o ponto de partida para se criar um negócio Geralmente essas perguntas são respondidas quase sempre da mesma forma a partir do surgimento de uma ideia ou o reconhecimento de uma oportunidade no mercado Vamos iniciar esta etapa do nosso estudo pela primeira a geração de uma ideia A ideia é comumente definida como um conceito um elemento ou um espécie de imagem de um determinado objeto ou situação pertinente à repre sentação e criação mental de um indivíduo Cabe aqui destacar a importância da imagem pois tratase do aspecto chave para a definição de ideia sendo 38 até mesmo a raiz etimológica da palavra Essa imagem ou conceito que uma pessoa cria em torno de algo pode ser real ou abstrata Nesse sentido surge uma das primeiras dificuldades em relação à expli cação ou exposição de uma ideia para uma pessoa ou um grupo de pessoas por se tratar muitas vezes de algo completamente novo ou abstrato gera uma série de dificuldades aos indivíduos de compreensão daquilo que talvez esteja materializado apenas na mente de uma pessoa Expor situações concretas objetos tangíveis ou aspectos materializados é muito mais simples do que tentar expor algo que por enquanto é apenas um elemento intangível Afinal tornar real algo que por enquanto é apenas uma possiblidade uma sugestão um pensamento abstrato ou ainda a antecipação daquilo que está por vir é muitas vezes uma tarefa inglória Para Barbieri Álvares e Cajazeira 2009 a ideia nasce na mente da pessoa que logo após o seu surgimento fará sua comunicação para outras pessoas que poderão colocála em prática aprimorála ou simplesmente descartála Portanto ideias podem ser traba lhadas e manipuladas sendo a base do processo de invenção e inovação nas empresas Ideias são como bebês nascem pequenas imaturas sem forma São mais promessas do que realização Por isso o executivo da organização inovadora não diz Que ideia fantástica Ele pergunta O que é preciso fazer para transformar essa ideia em uma oportunidade O execu tivo da organização inovadora sabe que muitas ideias acabam mostrandose sem sentido e que é preciso correr riscos para converter uma pequena ideia em uma grande inovação DRUCKER apud MENDES 2017 p 58 Exemplificando Já parou para pensar que muitas vezes a ideia de um negócio surge quando menos se imagina Veja como exemplo esta história interes sante e curiosa O treinador esportivo Bill tomava café pela manhã e refletia sobre o que estava atrapalhando o rendimento de seus atletas Entre muitas variáveis possíveis que afetavam o desempenho dos corredores uma era certa os tênis que eles utilizavam não ajudavam em absolutamente nada pois eram pesados e desconfortáveis era preciso calçados mais flexíveis e leves 39 De repente ali mesmo na mesa do café Bill teve uma ideia para lá de inusitada após alguns minutos analisando um waffle que sua esposa tinha preparado O experiente treinador viu que o formato do alimento era ideal e exatamente o que desejava para os tênis dos atletas Não pensou duas vezes correu pegou um pedaço de borracha e colocou na máquina de waffle para o espanto da sua esposa que atônita o assistia Após alguns cortes e ajustes tinha encontrado a solução que tentou oferecer para inúmeras empresas do setor sem sucesso Porém ele não desistiu e fabricou 300 calçados com o apoio de um de seus atletas E como terminou a história Não terminouVocê acaba de saber como surgiu uma das maiores e mais valiosas marcas de materiais esportivos a Nike DOMINGOS 2018 Com o avanço da tecnologia e do processo constante de troca de informa ções entre as pessoas temos visto um farto e fértil terreno para o surgimento de ideias Basta um simples acesso à internet e temos acesso a uma infinidade de informações reportagens notícias inusitadas descobertas científicas no Brasil e no mundo que podem resultar em um insight uma espécie de estalo mental clareza discernimento ou construção de pensamentos e ideias que nos propiciam ver eou perceber coisas ou situações ocultas que outros talvez não tenham notado e que podem resultar em uma invenção ou inovação de mercado As próprias situações cotidianas do mundo em si diversidade de culturas costumes tradições religiões etc propiciam o aparecimento de ideias que quando bem trabalhadas podem dar início a ótimas possibili dades de negócio Obviamente que ideias essencialmente inovadoras que geram novos produtos mudanças de consumo e até mesmo novos mercados vão produzir maiores resultados e por consequência obter mais lucros e retorno econômico Há empreendedores e empresas que se caracterizam exata mente por estarem constantemente inovando ou revolucionando o mercado Entretanto ideias totalmente inovadoras são raras e quem põe o produto para venda no mercado nem sempre é o autor original da ideia Por isso é muito comum empreendedores obterem sucesso refinando e melhorando ideias ou conceitos que já tenham visto em outros lugares Segundo Dornelas 2018 a questão de a ideia ser única não tem nenhuma relevância para o processo de geração de novas ideias empreendedoras sendo um dos maiores mitos que já se criou em torno do empreendedorismo Utilizar uma ideia do próprio empreendedor ou de terceiros bem como somála a outros conhecimentos lapidandoa e melhorandoa até se trans formar em um produto ou serviço que represente uma boa oportunidade de 40 negócio no mercado é que será o fator de importância para quem de fato quer empreender com sucesso Portanto mais do que ter que uma ideia única é fundamental que a ideia seja aperfeiçoada a fim de oferecer maiores benefícios e valores aos consu midores do que aqueles proporcionados pelos concorrentes Logo é muito melhor uma ideia que foi desenvolvida aos poucos pela prática do cotidiano de mercado do que uma incrível nova ideia que talvez nunca surja Dica Não é preciso inventar a roda e criar algo totalmente novo é plena mente possível apenas melhorar uma ideia Um aspecto fundamental nas relações comerciais desde os primórdios das civilizações humanas é a confiança entre aqueles que estão reali zando uma transação Pierre Omidyar não foi o criador do comércio eletrônico utilizando a internet mas logo percebeu que esse impor tante fator social e humano seria um elemento fundamental para diferenciar o seu site eBay das outras empresas que também iniciavam sua jornada de vendas na internet em 1995 Por isso desenvolveu um sistema fundamentado nas avaliações mútuas tanto de vendedores quanto de compradores criando pesos e contrapesos por meio de notas dadas pelos envolvidos em transações Esse sistema é utilizado e aprimorado até hoje pela empresa proporcionando maior confiança e segurança nos processos de compra e venda que ocorrem no site fazendo com que ele seja um dos mais utilizados para o mercado C2C venda de consumidores para consumidores nos EUA e no mundo HISRICH PETERS SHEPHERD 2014 Dessa forma destacamos quatro fatores como os principais alicerces além de serem catalizadores que aumentam e potencializam os processos de geração de ideias Diversidade a multiplicidade de fatores como idade gênero credo raça etnia cultura conhecimentos profissões entre outros resultam em melhor compreensão dos anseios gerais da sociedade e do mercado consumidor Informação é a matériaprima para a criação de ideias assim é fundamental ao indivíduo que quer empreender estar atento a qualquer fonte de informação que pode ser o princípio para novas ideias e pilar para a identificação de novas oportunidades 41 Pessoas as pessoas são elementos fundamentais e a principal fonte para o surgimento de ideias Isso se deve pelo fator da criatividade que é intrínseco e fundamentalmente característico do ser humano Além disso no que tange aos aspectos sociais o ser humano é motivado pela busca constante do novo e da evolução Timing para considerar uma ideia como boa é fundamental que ela surja ou seja executada no tempo correto Quando se tratar de uma ideia de empreendimento na área tecnológica o timing será crucial para o sucesso do negócio e para a geração de vantagem competitiva em relação à concorrência Assimile Jovens empreendedores costumam achar que suas ideias ou produtos são únicos revolucionários sem concorrentes de mercado etc por isso não podem comentar falar ou discutir com outras pessoas a respeito disso para que suas ideias não sejam roubadas copiadas ou implantadas mais rapidamente por outros Por mais que possa ser verdade e que riscos possam existir Dornelas 2018 alerta para o perigo de tal visão sendo um erro muito comum entre novos empreendedores Raramente surgem grandes ideias ou produtos totalmente novos que revolucionam o mercado Por isso boas ideias que poderiam ser aprimoradas dando início a negócios promissores perdemse por puro preciosismo e cuidado excessivo do jovem empreendedor Sendo assim é fundamental que o empreendedor que esteja promo vendo ações promova a criação e o desenvolvimento de ideias que possam ser transformadas em negócios de sucesso Assim a criação de um banco de ideias é uma prática muito assertiva nesse sentido pois além de não deixar as ideias morrerem cuida para que outras que ainda não estejam devidamente maturadas ou seja factíveis de mercado desenvolvamse adequadamente sendo cultivadas melhoradas trabalhadas para serem analisadas futura mente em momento oportuno Atenção Você sabia que inovação é diferente de invenção Inovação evolução e desenvolvimento contínuo de produtos e serviços com o aproveitamento das oportunidades do ambiente externo para fins comerciais 42 Invenção criação de um novo produto serviço ou processo sem neces sariamente apresentar um propósito eou finalidade comercial Para Dornelas 2018 os empreendedores devem ser curiosos e levantar o tempo todo questionamentos para melhorias de seu próprio negócio possiblidades de novos empreendimentos ou ainda geração de novas ideias que sejam realizáveis para investimento no mercado Isso é de grande relevância para o sucesso no mundo dos negócios uma vez que o processo de concepção de ideias é extremamente relativo e variado fazendo com que a geração de insights de negócios promissores possa ocorrer de muitas formas Veja a figura a seguir com algumas das principais fontes geradores de ideias Figura 13 Fontes geradoras de Ideias Governos Publicações Especializadas Concorrentes Consultores Treinamentos Academia Feiras e Congressos Pessoas PD FONTES DE IDEIAS Fonte elaborada pelo autor Mesmo com tantas fontes geradoras de ideias alguns empreendedores têm dificuldades em definir a melhor ideia para montar o seu negócio Técnicas simples como caixa de sugestões e reclamações de clientes brainstorming tempestade de ideias brainwriting tempestade de ideias escritas ou até mesmo técnicas refinadas como o design thinking metodologia usada 43 para a busca de soluções e construção de ideias por meio da modelagem de modo colaborativo e integrado pelos interessados em prol de um conceito ou objetivo são de grande valia para obtenção desenvolvimento e validação de ideias empreendedoras Reflita Está claro que criatividade e inventividade são características impor tantes para o surgimento de ideias mas é possível treinar as pessoas para que possam aprimorar essas qualidades no intuito de criarem gerarem desenvolverem ou aprimorarem cada vez mais ideias inova doras e produtivas Inicialmente recomendase que o futuro empreendedor foque oportu nidades que estejam em seu raio de ação e experiência profissional ou pessoal pois será muito difícil e improvável que tenha alguma grande e inovadora ideia em uma área ou mercado que nunca tenha atuado profis sionalmente Outra excelente medida para buscar oportunidades empreen dedoras é verificar as tendências de mercado e de consumo principalmente em se tratando daquelas que sejam duradouras No Quadro 12 os autores Hisrich Peters e Shepherd 2014 destacam as principais tendências para a próxima década Quadro 12 Tendências da próxima década TENDÊN CIA DESCRIÇÃO Verde Com o aumento da consciência ambiental na sociedade há uma predisposi ção dos consumidores em pagar mais por produtos ecologicamente corretos Energia limpa Fontes de energia limpa como a solar eólica e geotérmica apresentam gran des perspectivas econômicas e financeiras para o século XXI Orientação orgânica Há uma forte e crescente tendência pelo consumo de produtos orgânicos pela população tais como carne leite frutas legumes laticínios entre outros inclusive no que tange ao vestuário e produtos de limpeza Econômica O ambiente de crises econômicas recessão salários menores e melhoria quanto à educação financeira tem provocado um maior cuidado com os gastos cotidiano Por isso as pessoas têm adotado hábitos costumes e rotinas mais simples Social A tendência social cresce fortemente nesse século com o avanço e pers pectivas de novos e promissores negócios advindos de redes sociais como Facebook Instagram Whatsapp Linkedin entre tantas outras que surgem Saúde A saúde tem sido uma das principais preocupações da atualidade princi palmente com a perspectiva de maior longevidade da população Mais que envelhecer as pessoas querem envelhecer com qualidade de vida resultando em novos produtos e serviços para a terceira idade 44 Web Essa tendência tem criado muitas novidades e perspectivas de negócios Realidade virtual impressora 3D meios de comunicação internet das coisas big data jogos e vídeos online aplicativos ferramentas e funcionali dades infinitas para smartphones tablets e PCs criam novidades quase que diariamente para novos negócios Fonte adaptado de Hisrich Peters e Shepherd 2014 Outra boa medida para se reconhecer oportunidades de negócio está na visualização de problemas que afligem a sociedade e as empresas afinal para cada problema existe uma ou mais soluções segundo Mendes 2017 Para encontrar a solução ideal você precisa dedicarse a pensar e fazer valer de sua experiência para analisar o mercado O foco principal não deve ser apenas o reconhecimento de um problema mas sim concentrarse em prover uma solução viável e economicamente atrativa Com a solução em mente as oportunidades se abrem pois empresas públicas e privadas ONGs cidades países inteiros e porque não o mundo está em busca de ideias inovadoras para solucionar todos os tipos de problemas São infinitas as técnicas e os métodos que possibilitam uma análise quali tativa e quantitativa que o empreendedor dispõe para reconhecer e avaliar as melhores oportunidades de negócio e ideias empreendedoras visando uma tomada de decisão mais assertiva e respaldada para iniciar um empre endimento de modo mais seguro evitando com isso a perda de recursos valiosos que possam não dar o retorno esperado ou agregar pouco valor à sua empresa ou ao seu negócio Segundo Dornelas 2018 uma avaliação adequada de oportunidade empreendedora devese levar em conta critérios como mercado análise econômica vantagens competitivas equipe gerencial e critérios pessoais Todavia não são regras específicas ou determinadas que podem definir se uma determinada oportunidade é boa ou ruim Portanto por melhor que seja a aplicação e o uso das técnicas de avaliação sempre haverá riscos quando falamos de ser empreendedor e montar o próprio negócio Dessa forma sem dúvidas é possível afirmar que existem muitas técnicas mencionadas pela literatura empreendedora para se avaliar se uma oportu nidade de negócio ou ideia de empreendimento pode ou não alcançar os resultados pretendidos e almejados desde técnicas mais simples com baixo custo e de fácil e imediata aplicação até àquelas mais refinadas e caras que são mais complexas e muitas vezes exigem um profissional da área para a devida aplicação No Quadro 13 destacamos as mais utilizadas no mercado 45 Quadro 13 Técnicas e ferramentas para análise de oportunidades de negócio TÉCNICA DESCRIÇÃO Análises e testes de mercado Consistem em verificações e análises de variáveis pertinentes ao mercado testes com clientes fornecedores concorrentes e parceiros de negócio Grupos de discussão Grupo de pessoas que terão acesso ao produto aos serviços ou às informações deles passando suas impressões e avaliações gerais de modo estruturado a um intermediador que conduzirá o debate e as discussões Consultoria especia lizada Contratação de profissional especializado no segmento de mercado do seu produto ou serviço que estará apto a dar um feedback claro e bastante específico sobre os prós e contras de sua ideia de negócio Funil de ideias Também utilizada para concepção de ideias essa técnica ajuda o indivíduo a analisar e validar uma ideia sob dois prismas 1º a vivência e a experiência do empreendedor 2º observações e visões de mercado Análise Swot Ferramenta muito conhecida e utilizada para análise ambiental que pode ser facilmente adaptada para ajudar o empreendedor a verificar pontos fortes e fracos da sua ideia bem como identificar oportunidades de mercado e ameaças quanto ao surgimento ou à implantação da ideia Análise 360º Bastante indicada para empreendedores inexperientes é voltada para a realização de reflexões gerais sobre as circunstâncias internas e externas do negócio guiandoo em prol de observar as melhores oportunidades Modelagem de negó cio canvas Estruturação básica do negócio em quatro grupos básicos de perguntas que ajuda o empreendedor a avaliar estruturar e unificar os diversos elementos necessários para implantação da sua ideia de negócio eou empreendimento Plano de negócios Documento escrito de modo minuciosamente detalhado que tem por objetivos testar a viabilidade de uma ideia ou conceito de negó cio bem como servir de planejamento estratégico e tático das ações de gestão futura do negócio para o empreendedor Fonte adaptado de Sebrae 2016 Caro aluno agora que você aprendeu a importância de geração de ideias reconhecimento e avaliação de oportunidades empreendedoras é funda mental que aprimore os seus estudos no intuito de compreender cada vez mais os estímulos e as técnicas que podem auxiliar os empreendedores nessa etapa fundamental para o sucesso de um empreendimento Até a próxima e um excelente estudo 46 Sem medo de errar Estimado aluno você teve contato com uma série de elementos que são fundamentais à compreensão da disciplina de Empreendedorismo afinal os aspectos iniciais do processo empreendedor ou seja da geração de uma boa ideia de reconhecimento de uma boa oportunidade de mercado ou ainda as suas respectivas avaliações diminuindo o risco de fracasso e mortalidade de novos negócios são fatores de grande importância na vida do novo empreen dedor Por isso vamos voltar e relembrar o caso de Christine para ajudála a decidir sobre o seu próprio negócio Christine foi e é uma jovem de classe média ela tem 23 anos é bastante decidida esforçada motivada e tem flertado com atividades empreende doras há muitos anos desde a sua infância praticamente por isso tem uma certeza para a vida futura ser dona do próprio negócio Após anos trabalhando em diversas organizações e juntando recursos financeiros para abrir a sua própria empresa ela se depara com uma situação estranha complicada e que está provocando grande angústia e desânimo fazendoa pensar em desistir dos seus objetivos uma vez que se vê sem criati vidade para conseguir uma ideia inovadora de negócio Além disso Christine sente muito medo de escolher uma oportunidade ruim no mercado e perder os recursos que arduamente guardou logo está paralisada precisando de ajuda para conseguir dar início ao processo empreendedor da sua futura empresa Na condição de um consultor em empreendedorismo inicialmente pode indicar à ela que o negócio pelo qual ela se decida esteja ligado à alguma atividade ou experiência profissional que já tenha vivido pois isso aumen tará muito as suas chances de sucesso uma vez que já conhece uma série de aspectos fundamentais do ramo de atividade Outras fontes de ideias interessantes que podem ser indicadas a Christine para geração e definição de ideias são feiras e congressos profissionais ações produtos e serviços da concorrência políticas e ações governamentais pessoas consumidores em geral consultorias e treinamentos pesquisas desenvolvimentos e publicações especializadas centros universitários seus projetos e incubadoras entre outros Além disso aconselhase sempre que o empreendedor observe as tendências de mercado e os problemas que a socie dade está enfrentando pois esses fatores costumam representar ótimas possi bilidades de investimento em futuros negócios aos futuros empreendedores Por fim o empreendedorismo não é uma atividade de aposta que pode ou não dar certo por meio do fator sorte O empreendedorismo apresenta riscos significativos mas que podem ser diminuídos substancialmente por meio 47 de ações e atitudes que avaliem adequadamente as possibilidades de sucesso do negócio Dessa forma existem ferramentas e técnicas para avaliação mais simples e baratas bem como ferramentas mais complexas e caras Especificamente no caso de Christine é possível indicar análises e testes de mercado consultoria especializada funil de ideias análise swot análise 360º modelagem de negócio Canvas e confecção do plano de negócios Faça valer a pena 1 Um empreendedor de sucesso marcou uma reunião com toda a equipe de trabalho composta por 25 colaboradores com o propósito de buscar ideias para novos produtos ou serviços que pudessem ser oferecidos para os clientes e que pudessem conter o avanço dos concorrentes em seu nicho de mercado Dessa forma ele distribuiu uma série de pequenos pedaços de papel para que toda e qualquer ideia que tivessem fosse escrita e colocada em uma urna Ressaltou ainda que não era hora de julgamentos quanto ao fato de serem boas ou não factíveis ou não mas que o maior número possível de ideias fosse dado para posterior análise e avaliação Após 30 minutos ele encerrou o tempo para a entrega de sugestões e ficou feliz com o número obtido e com a participação de todos os membros de trabalho de sua equipe O contexto apresentado no textobase mostra a utilização de uma técnica simples para obtenção de ideias por parte dos membros de uma equipe de trabalho Com base no que foi exposto assinale a alternativa que indica corretamente o nome da técnica que foi utilizada a Design thinking b Brainstorming c Matriz swot d Brainwriting e Caixa de sugestões 2 É de grande importância que os empreendedores estejam o tempo todo em alerta e buscando de modo incessante meios para melhorar o próprio negócio novidades de mercado novas formas de empreendimento ou ainda possibilidades de produtos inovadores que proporcionem uma vantagem competitiva ou diferenciação da concorrência Portanto a geração de novas ideias que sejam realizáveis e factíveis de investimento no mercado é funda mental para o sucesso do empreendedor 48 Leia e analise as afirmativas seguintes sobre fontes de ideias empreendedoras I As feiras e os congressos profissionais das mais variadas áreas são excelentes fontes geradoras de ideias II As ações os produtos e os serviços da concorrência são fontes geradoras de ideias para o empreendedor III As diversas políticas e ações do governo nas esferas municipal estadual e federal podem inspirar novas ideias aos empreendedores IV As pessoas sejam consumidores ou colaboradores são fontes poten ciais de novas ideias para novos negócios Com base no seu conhecimento sobre o tema é possível afirmar que estão corretos os itens a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 3 Existem muitas técnicas mencionadas pela literatura empreendedora para se avaliar se uma oportunidade de negócio ou ideia de empreendimento pode ou não alcançar os resultados pretendidos e almejados desde técnicas mais simples com baixo custo e de fácil e imediata aplicação até aquelas mais refinadas e caras que são mais complexas e muitas vezes exigem um profissional da área para a devida aplicação Com base nisso leia as asserções a seguir sobre duas dessas muitas técnicas para avaliação de ideias empreendedoras I A Modelagem Canvas e o Plano de Negócios são técnicas similares e possuem o mesmo propósito e a mesma finalidade no que tange à avaliação de ideias empreendedoras PORQUE II Ambas são voltadas ao detalhamento minucioso de todos os objetivos e todas as ações que serão tomadas para testar a viabilidade de uma ideia ou conceito de negócio servindo como planejamento estraté gico e tático ao empreendedor 49 Avaliando essas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 50 Seção 4 Análise de mercado em busca da geração de vantagem competitiva Diálogo aberto Caríssimo aluno com certeza em suas caminhadas pela vizinhança e pelos bairros da região onde mora ou trabalha você já deve ter se pergun tado ou constatado situações desse tipo mas a nova sorveteria já fechou as portas E aquela nova pizzaria não resistiu à concorrência Por que a lan house não foi para frente Puxa naquele lugar onde é um pet shop há pouco tempo funcionava um salão de beleza Enfim você já parou para pensar na quantidade de pequenos negócios nas suas imediações que não duraram nem um ano de vida Muitas podem ser as causas para o fechamento dessas empresas mas com certeza boa parte delas poderia ter sido evitada se os proprietários tivessem preparado uma análise de mercado Apesar de ser uma tarefa fundamental e não tão difícil de ser realizada muitos negócios no Brasil encerram suas atividades prematuramente ou não dão os resultados esperados porque os empreendedores não fizeram esse importante dever de casa A verdade é bem simples não tem como falar em empreender ou iniciar o próprio negócio sem antes fazer uma análise do mercado em que deseja ingressar Mas o que é exatamente análise de mercado É nessas circunstâncias que surge a história do chef Eduardo ou Dudu como carinhosamente é chamado Que tal compreender melhor os detalhes desse novo empreendedor Eduardo foi criado por sua avó que era uma doceira de mão cheia e sempre a acompanhou profissionalmente Dona Marli perdeu a filha muito jovem e criou o seu neto com o ofício que havia aprendido da sua mãe vender bolos e salgados que eram encomendados pela vizinhança Curiosamente ali nasceu a paixão de Dudu pela cozinha Após muitos anos auxiliando sua vó trabalhando como ajudante de cozinha em diversos tipos de estabele cimentos e restaurantes inclusive fora do país onde fez diversos cursos Eduardo estava convencido de que deveria dar o próximo passo ser dono do seu próprio restaurante Ele ficou tão empolgado que logo escolheu o local e até o nome Restaurante Comidinhas di Vó Eduardo hoje sente que está preparado para trabalhar duro cozinhar todos os dias e preparar refeições deliciosas e de ótima qualidade contudo 51 algo lhe incomoda profundamente ele tem dúvidas sobre o tipo de restau rante os aspectos e as características dos clientes os principais concorrentes as possibilidades de fornecedores os preços de mercado enfim ele tem muitos questionamentos e receios relacionados ao início do seu negócio aos aspectos gerais e ao posicionamento do seu restaurante junto ao mercado gastronômico na sua cidade A situação está muito clara o chef Eduardo conhece bem os processos da cozinha e dos produtos que pretende vender entretanto conhece muito pouco do mercado no qual pretende atuar Portanto agora é com você prezado aluno como podemos ajudar Eduardo a conhecer melhor o mercado gastronômico da sua região Quais os passos básicos para se fazer uma análise de mercado Como segmentar o mercado consumidor e definir o públicoalvo A partir disso vamos aprimorar os estudos do nosso material e retornar posteriormente para ajudar o chef Dudu nessa importante tarefa que pode determinar o sucesso do seu empreendimento Bom estudo Não pode faltar Quando falamos de empreendedorismo devemos deixar muito claro que iniciar o processo empreendedor de modo correto pode ser fundamental para o sucesso do novo negócio que se inicia afinal ter uma ideia inovadora que impacte o mercado ou ainda reconhecer uma boa oportunidade no mundo dos negócios pode ampliar consideravelmente as chances de retorno do investimento que foi feito pelo empreendedor mas é preciso destacar que só isso não será o suficiente para a garantia de sucesso do novo empre endimento pois é impreterível que haja estudo conhecimento e análise do mercado em que se pretende empreender Comumente na bibliografia relacionada ao assunto o mercado é um conceito que define um lugar ou espaço abstrato ou não onde ocorrem as trocas de marketing entre compradores e vendedores Em linhas gerais não difere muito da ideia simplista que você deve ter ou seja de um local onde as pessoas se dirigem para adquirir coisas objetos pertences alimentos serviços entre outros Para Kotler e Armstrong 2007 o mercado nada mais é do que o grupo real ou potencial de compradores que podem comprar um determinado produto ou serviço Entendemos que a partir da revolução das Tecnologias da informação e comunicação TICs ocorrida no século XXI que diminuiu as distâncias 52 e promoveu o desenvolvimento das relações comerciais entre os países e o avanço sem igual nas ações de marketing o conceito de mercado foi ampliado e atualizado por isso definimos mercado como um local físico ou virtual onde os seus stakeholders grupos de interesse como consumi dores fornecedores concorrentes prestadores de serviços e intermediários governo parceiros de negócio entre outros interagem constantemente em prol da realização de negócios parcerias comercias transações e relaciona mentos duradouros e mutuamente satisfatórios para as partes envolvidas Figura 14 O mercado seus integrantes e seus objetivos MERCADO Concorrentes Governo Parceiro de negócio Fornecedores Prestadores de serviço Consumidores Parcerias Comerciais Transações Comerciais Relacionamentos duradouros Negócios Fonte elaborada pelo autor Afinal se o objetivo de outrora era estar no mercado e apenas realizar vendas agora a situação mudou Atualmente vivemos a era do marketing de relacionamento Segundo Kotler e Armstrong 2007 o marketing de relacionamento tem por objetivo não somente construir mas manter relacio namentos longevos e lucrativos com os clientes Para isso é fundamental que os clientes permaneçam satisfeitos e que as empresas sempre estejam entre gando uma proposta de valor maior que a de seus concorrentes Entretanto para cumprir esse objetivo de relacionarse com o cliente satisfazendoo e entregando uma oferta de valor maior o empreendedor precisa saber de qual tipo de mercado o seu negócio faz parte mercado 53 organizacional e mercado consumidor Esses mercados apresentam diferenças significativas tanto no que tange aos participantes quanto em relação ao comportamento de compra dos clientes O mercado organizacional é caracterizado por empresas que realizam transações comerciais de produtos ou serviços com outras empresas No que tange às vendas na internet chamamos esse mercado de B2B business to business vendas de empresas para empresas Ele é composto por empresas do primeiro setor governo segundo setor empresas fábricas atacadistas e distribuidoras em geral e terceiro setor organizações sem fins lucrativos Entre os muitos produtos vendidos ou transacionados nesse tipo de mercado destacamse todas as commodities sejam elas agrícolas animais ou minerais matériasprimas em geral materiais de construção e prestação de serviços em comunicação financeiros de seguros de transportes entre tantos outros É comum nesse tipo de mercado o surgimento de cadeias produtivas que vão desde a extração de matériaprima base passando pelo seu processamento pela produção pelas redes de distribuição atacadistas até a distribuição ao consumidor final Esse elo total entre os integrantes de pontaaponta é chamado de cadeia de suprimentos Exemplificando Grandes empresas e marcas do mundo fazem parte do mercado organi zacional FedEx HP Intel SAP e Siemens etc Outro bom exemplo de empresa de sucesso que atua no mercado organizacional é a Oracle que atua no mercado de tecnologia empresarial vendendo de servidores a softwares empresariais Para expandir suas operações satisfazer seus clientes e aumentar a entrega de valor a empresa investiu bilhões de dólares comprando empresas menores e aprimorando seus produtos Resultado dobou o seu faturamento anual superando a marca de 20 bilhões de dólares KOTLER KELLER 2012 É fundamental que o empreendedor compreenda que empresas não compram por desejos mas sim por necessidades voltadas à manutenção das operações sempre com a perspectiva final de obterem retorno do investi mento realizado Assim nesse tipo de mercado algumas características ficam bem acentuadas o número de compradores é bem menor que no mercado consumidor entretanto o volume vendido e o valor das transações de vendas são muito superiores que no mercado consumidor Além disso os compra dores são extremamente técnicos e profundos conhecedores dos insumos que compram por isso possuem muitos contatos de vendedores e constroem fortes relacionamentos com eles 54 Não menos relevantes para esse mercado as questões de combate à corrupção organizacional e o endurecimento das normas de auditoria e compliance fazem do processo de compras um dos mais fiscalizados e auditados para fins de prestação de contas aos órgãos controladores Para Kotler e Armstrong 2007 cabe ainda destacar outras duas variáveis do mercado organizacional que possuem particularidades diferentes e que podem resultar em excelentes oportunidades de negócios Institucional composto por escolas hospitais casas de repouso presídios postos de saúdes etc Esse mercado caracterizase por vendas constantes e clientes fiéis mas as vendas sempre ocorrerão ao menor valor possível tendo em vista o carácter não lucrativo ou filantropo dessas entidades Para melhor atender esse mercado as empresas vendedoras costumam criar setores unidades e departa mentos específicos para tal finalidade Governamental formado pelos órgãos públicos diversos de adminis tração direta ou indireta geralmente o processo de compras nesse mercado é bem burocrático os contratos são amplamente negociados as compras são feitas em grandes quantidades e ocorrem por meio de licitações e pregões online As vendas nesse mercado costumam ser muito afetadas por aspectos de cunho político impactando signi ficativamente as perspectivas de compras dessas empresas e órgãos Ressaltase que as compras realizadas pelo Estado não costumam ter finalidade lucrativa mas apenas atender à população com os diversos serviços públicos prestados Já o mercado consumidor tem foco voltado às vendas que são realizadas para os consumidores finais pessoas ou famílias que adquirem produtos e serviços voltados ao próprio consumo Portanto o mercado consumidor tem como principal agente a população economicamente ativa que de um modo geral compra as mercadorias ou consome os serviços destinados à ela pelas empresas Uma das principais mudanças percebidas no mercado consumidor à partir dos anos 2000 foi o aumento da exigência das pessoas em relação à qualidade e à expectativa de valor dos produtos que elas estão comprando e consumindo no cotidiano É possível destacar ao menos seis motivos que explicam essa mudança de comportamento e que resultaram na maior autonomia de compra dos consumidores o grande aumento do número de vendedores a maior variedade de ofertas de produtos e serviços oferecidos a melhora do poder aquisitivo por parte dos consumidores e das famílias o aumento de informação sobre as características dos produtos e serviços 55 o acesso à internet e a adaptação digital aumentando os meios disponíveis para se interligar compradores e vendedores Para Kotler 2000 compreender o comportamento do consumidor não é algo simples entretanto é fundamental que o empreendedor analise e traduza corretamente as características comportamentais do mercado consu midor que ele pretende atender os estímulos específicos as necessidades os desejos as expectativas e a percepção de valor a satisfação os aspectos do processo decisório entre tantos Esses elementos são comumente conhecidos como a caixa preta do consumidor pois explicam uma série de fatores que levam um indivíduo e as famílias a efetuarem suas compras e consumir Em síntese de acordo com Kotler e Armstrong 2007 podemos agrupar os fatores que influenciam o comportamento do consumidor em quatro grupos Culturais os fatores culturais e classes sociais que exercem profunda influência Sociais grupos de referência família e papéis e status que exercem uma influência direta ou indireta sobre as atitudes ou o comportamento Pessoais característica pessoal idade e estágio no ciclo de vida ocupação situação financeira estilo de vida personalidade e autoi magem influenciam o comprador Psicológicos elementos como motivação percepção crenças entre outros sinais intangíveis de uma marca como forma cor nome etc podem estimular uma compra Assimile Entender o comportamento do consumidor e conhecer os clientes não são tarefas simples Os clientes podem dizer uma coisa e fazer outra As características do comprador e seus processos de decisão levam a certas decisões de compra A tarefa do profissional de marketing é entender o que acontece no consciente do comprador entre a chegada do estímulo externo e a decisão de compra KOTLER 2000 p 182 Além disso o produto ou serviço que a pessoa estará consumindo é funda mental em seu comportamento de compra Produtos de maior valor e com maior variedade entre as marcas disponíveis tornam o processo compra mais complexo e afetam a tomada de decisão dos indivíduos Entretanto produtos 56 baratos e com pouca variedade tornam a decisão bem mais simples e rápida de ser tomada Veja a figura a seguir que exemplifica e trata essa questão Figura 15 Quatro tipos de comportamentos de compra no mercado consumidor Comportamento de compra complexa Ex PC ou celular de última geração Comportamento de compra de quem busca variedade Ex Pacote de biscoitos Comportamento de compra com dissonância reduzida Ex sofá para sala Comportamento de compra habitual Ex 1 kg de sal Alto Envolvimento Baixo Envolvimento Diferenças significativas entre as marcas Pequenas diferenças entre as marcas Fonte adaptada de Kotler e Armstrong 2007 p 126 Independentemente da escolha feita fica claro que o empreendedor deve fazer uma análise minuciosa das várias características e dos players que parti cipam do mercado em que se pretende atuar por isso a pesquisa de mercado é uma das ferramentas mais importantes para prospecção dos aspectos básicos inerentes ao ambiente de negócios escolhido A pesquisa de mercado é um levantamento ordenado e sistematizado de informações das variáveis e dos elementos que compõem um mercado permitindo ao empreendedor conhecer melhor as opções para montar o seu negócio melhorar o planejamento estratégico empresarial e com isso reduzir os riscos e as possibilidades de tomadas de decisões equivocadas que podem causar prejuízos ou até mesmo levar à falência prematura a sua empresa Segundo Yanaze 2011 para uma empresa alcançar resultados mais satis fatórios em suas vendas ela deve encontrar meios para conhecer o mercado e levantar informações que identifiquem padrões de consumos individuais e de grupos que parecem entre si afinal pessoas que se parecem tendem a ter os mesmos padrões de compras e consumos Com isso a partir do conheci mento dos clientes será possível traçar estratégias mais assertivas para satis fazer reter e gerar relacionamentos longevos e satisfatórios com eles Reflita São muitas as motivações que levam as pessoas a fazerem suas compras Entretanto pessoas e famílias consomem produtos e serviços por que têm necessidades ou por que desejam adquirilos 57 Pesquisar e analisar o mercado são etapas fundamentais na constituição de um negócio É preciso identificar quem são os clientes concorrentes e conhecedores ou seja ter uma visão ampla de toda a cadeia de abasteci mento além de conseguir estabelecer quais serão os produtos ou serviços ofertados destinandoos especificamente ao públicoalvo do seu empreen dimento Para levantar tais informações podemos adotar meios próprios ou terceirizados utilizando questionários entrevistas ferramentas tecno lógicas bem como realizar análise da concorrência e estabelecer canais de diálogo com potenciais consumidores As informações coletadas vão traçar um retrato do mercado e indicar se os esforços estão concentrados na direção do que desejam os potenciais e futuros clientes alvos Para Dornelas 2018 o empreendedor deve ter atenção especial com a estrutura do mercado Características dos produtos e serviços disponíveis no mercado Aspectos de consumo e potencial dos consumidores Número política de preços e alcance dos canais de distribuição dos competidores Portanto é possível notar que as pesquisas de mercado não focam somente os clientes mas também a análise dos diversos competidores que buscam os mesmos objetivos e possuem os mesmos produtos similares parecidos ou substitutos àqueles que o empreendedor pretende oferecer no mercado O empreendedor pode e deve aprender lições e práticas importantes observando a atuação da concorrência e comparando seus próprios produtos processos campanhas de marketing canais de distribuição preços entre outros Pensando pelo prisma do aprendizado a empreendedor poderá colocar em prática o benchmarking cópia e aprimoramento das melhores práticas desenvolvendo naturalmente o seu empreendimento Com isso analisando e avaliando os pontos fortes e fracos dos seus concorrentes as empresas podem descobrir vantagens competitivas e então posicionarse e se diferenciar estrategicamente de modo adequado no mercado e na mente do seu públicoalvo Essa diferenciação competitiva é fundamental pois é extremamente complexo e difícil atender a todos os consumidores e públicos que participam de um mercado amplo diversificado e não homogêneo Portanto os empre endedores devem escolher mercados que possuam escalabilidade atrativi dade possibilidade de retorno de investimento perspectiva de crescimento entre outros fatores que resultam em maior potencial de sucesso no mercado 58 Entretanto existem oportunidades empreendedoras muitas vezes ocultas em mercados que são renegados ou desprezados pelas grandes empresas afinal não é possível atender a todos com um alto nível de excelência e encantamento além de não haver recursos suficientes para tal por isso essas empresas priorizam os mercados com maiores possibilidades de lucros É exatamente daí que chegamos ao importante conceito de nicho de mercado que é o setor composto de um segmento ou poucos segmentos de consumidores que deixaram de ser atendidos pelos concorrentes especial mente as grandes empresas Em síntese o empreendedor pode oferecer produtos e serviços a uma parcela de mercado que não tem suas demandas atendidas pelos grandes grupos empresariais Reconhecer essa oportuni dade que fica escondida em um determinado segmento de mercado pode representar um desafio para os empreendedores e uma ótima chance para a construção de um empreendimento de sucesso por isso é tão importante ao empreendedor segmentar o mercado corretamente pois além de priorizar os principais mercados que serão atendidos ainda poderá descobrir uma excelente oportunidade de mercado que ainda não foi atendido A segmentação de mercado é o ato de dividir o mercado em grupos menores de clientes com características bem definidas e parecidas em relação aos aspectos de comportamento e consumo portanto fazendo essa divisão de modo adequado o empreendedor poderá compreender melhor as diferentes necessidades e os desejos do seu públicoalvo Dessa forma é possível atendêlos de modo adequado aumentando as perspectivas de fidelização e a satisfação dos clientes bem como diminuir os esforços e gastos de marketing Veja o Quadro 14 a seguir Quadro 14 Principais formas de segmentação TIPO DESCRIÇÃO Geográfica Divisão do mercado em aspectos geográficos como países estados cidades bairros regiões clima tamanho populacional etc Demográfica O mercado é fracionado em variáveis como idade gênero tamanho e características familiares religião renda escolaridade ocupação raça classes sociais etc Psicográfica Os consumidores devem ser agrupados com base em aspectos como personalidade estilos de vida e perfis psicográficos mas ainda podem apresentar diferenças significativas Comportamental A divisão dos consumidores é realizada segundo aspectos relacionados ao conhecimento e comportamento dos consumidores como atitudes reações à utilização do produto ou serviço entre outros Fonte adaptado de Kotler e Keller 2012 p 231 ss 59 A partir da segmentação de mercado realizada corretamente a empresa terá mais subsídios para definir o públicoalvo pretendido que é o grupo de pessoas ou empresas que têm características parecidas sendo o objetivo e o foco de todas as ações produtos e serviços da empresa Com isso será possível definir a melhor estratégia para alcançálo entregando uma proposta de valor maior que a de seus concorrentes e com isso construindo uma vantagem competitiva no segmento de mercado pretendido Estimado aluno a análise de mercado é um aspecto de fundamental importância para o sucesso de qualquer empreendimento e negócio portanto é de grande valia que você continue estudando sobre o tema sempre buscando novas perspectivas e aplicações dessa ferramenta de gestão tão utilizada no ambiente de negócios Logo dominar essa técnica pode representar um grande diferencial em sua vida profissional Bom estudo e até a próxima Sem medo de errar Prezado aluno tenho certeza que compreendeu a importância da análise de mercado e dos processos de segmentação e definição do públicoalvo para o sucesso do processo empreendedor visando tanto a perpetuação e o desen volvimento do pequeno negócio quanto a melhora das estimativas de lucro e retorno financeiro ao empreendedor Por isso convido você a retomar o estudo de caso do chef Eduardo Vamos relembrar Eduardo era um rapaz apaixonado pela culinária Essa paixão começou na infância na cozinha de sua vó onde foi criado perto das panelas já que Dona Marli fazia bolos e salgados conforme encomendas dos vizinhos Com o passar do tempo Dudu cresceu e após trabalhar em restaurantes aqui no Brasil e no exterior fez cursos para aumentar o seu conhecimento na área sentindose pronto para o início de um grande desafio escolher um local e abrir o seu próprio restaurante o Comidinhas di Vó Apesar do conhecimento dos produtos que quer oferecer em seu estabe lecimento e de ter ciência que a vida de quem tem o próprio negócio é de muito trabalho e sacrifício está decidido a dar esse importe passo em sua vida profissional Entretanto Dudu não compreende muito as questões relacionadas ao mercado não conhece exatamente os consumidores não sabe quem são os seus principais concorrentes não pesquisou sobre forne cedores nem segmentou o mercado definindo públicoalvo entre outros Vamos ajudálo 60 Basicamente Eduardo pode realizar sua análise de mercado passando por três prismas básicos fornecedores concorrentes e consumidores Os clientes devem ser o ponto de partida da análise de Eduardo pois é a partir da definição do públicoalvo pretendido que uma série de outros elementos se definirá Em primeiro lugar é preciso ter em mente que não é possível atender a todos os clientes por questão de costume e hábito preferência alimentar preços características dos produtos entre outros por isso é fundamental segmentar o mercado para que possa compreender melhor as características do mercado alvo do restaurante A segmentação deve ser feita observandose as quatro bases elementares de uma boa segmentação geográfica demográfica psicográfica e compor tamental logo deverão ser observadas as características básicas dos consu midores como bairro ou região onde moram idade gênero características familiares ou dos grupos sociais religião renda escolaridade ocupação raça classe social etc Além disso o estilo de vida e a presença no restaurante para comemoração de datas especiais devem ser observados com carinho Pode e deve haver outros elementos a serem observados nos consumidores mas inicialmente a análise correta dos elementos acima já torna possível traçar com um bom nível de assertividade as características do públicoalvo do seu negócio Com isso será possível direcionar produtos ofertas promo ções e atendimento que vão diretamente ao encontro dos anseios dos seus clientes potenciais Em relação à concorrência ele deve fazer uma análise pensando nos concorrentes diretos e nos concorrentes indiretos em um determinado raio a partir do local do estabelecimento Os indiretos são aqueles que não vendem exatamente o mesmo tipo de refeição mas são os vendedores de produtos substitutos afinal dificilmente um cliente consumirá os produtos desse estabelecimento e em seguida ou em um curto intervalo de tempo consu mirá os seus produtos As lanchonetes pastelarias padarias e até mesmo food trucks e trailers de lanches precisam ser analisados como eventuais concor rentes que disputam com Eduardo as vendas de refeições Já os concorrentes diretos são os demais restaurantes que vendem refei ções no mesmo perfil que Dudu mesmo que em alguns casos sejam cozinhas diferentes como japonesa italiana árabe etc Esses devem ser analisados minuciosamente afinal são eles que disputaram a primazia no coração e na mente dos consumidores na hora de escolherem uma refeição Devese observar os pontos fortes e fracos desses restaurantes em seus mais variados aspectos produto preço localização marketing serviço atendimento tempo de espera promoções entre outros Não há absolutamente nada de errado em buscar as melhores práticas dos concorrentes aperfeiçoandoas e adaptandoas segundo as próprias necessidades 61 Por fim quanto aos fornecedores ele pode olhar além de redes ataca distas da sua região os chamados mercados populares e o CEASA que são importantes centros de distribuição para varejistas e empresas no segmento de restaurantes como o dele Outra ótima opção em sua área de atuação é a busca de parcerias estratégicas com pequenos produtores locais que forneceria produtos mais frescos inclusive orgânicos o que agrega valor ao produto final oferecido em seu estabelecimento Dessa forma de modo prático o prezado aluno alcançou o objetivo proposto e ofereceu uma consultoria sobre análise de mercado ao Eduardo mostrando não somente como ela é composta mas dando elementos nortea dores para que ele possa fazêla com excelência Faça valer a pena 1 Um jovem empreendedor estava iniciando o trabalho de coleta de infor mações e análise do mercado consumidor para iniciar o próprio negócio Nesse momento estava concentrado nas características comportamentais dos potenciais clientes e nos aspectos relacionados ao modo como eles decidiam efetuar ou não uma compra Para sua surpresa no nicho de mercado em que pretende atuar os consumidores são bastante influenciados pelas próprias famílias na hora de decidir comprar ou não produtos Sabendo que há grupos de fatores que influenciam o comportamento do consumidor baseandose no textobase qual é o grupo que mais influencia o comportamento dos consumidores no nicho de mercado em que o empre endedor pretende atuar a Pessoais b Sociais c Financeiros d Culturais e Psicológicos 62 2 O mercado organizacional apresenta inúmeras oportunidades de negócios para as pessoas que desejam ingressar no empreendedorismo principalmente para os empreendedores que almejam atender os mercados institucional e governamental Entretanto é fundamental que eles conheçam todos os detalhes do processo de compra e estejam em dia com suas obriga ções contábeis fiscais e jurídicas Dessa forma leia as asserções a seguir sobre características dos mercados organizacionais dos tipos institucional e governamental I Todo o processo de compra nos mercados institucional e governa mental costuma ser burocrático auditado e amplamente fiscalizado pelos órgãos controladores PORQUE II As prestações de contas dessas operações têm aumentado devido ao combate à corrupção organizacional aos desvios financeiros além do endurecimento das normas de auditoria e regras de compliance Analise essas asserções e assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 3 Os empreendedores devem compreender que não é possível atender a todos os clientes com excelência afinal os mercados são extremamente heterogêneos o que dificulta a compreensão das necessidades e dos desejos dos consumidores É fundamental segmentar o mercado para atender com eficácia o públicoalvo Dessa forma leia e analise as afirmativas a seguir sobre as principais variáveis da segmentação I Uma empresa fez uma segmentação psicográfica baseada na compo sição étnica das brasileiras e decidiu criar uma linha de cosméticos e produtos capilares voltada às mulheres negras 63 II Um empreendedor segmentou o mercado geograficamente e decidiu abrir o seu negócio na região Sul do Brasil tendo em vista as carac terísticas do seu públicoalvo III Após segmentação demográfica uma empresa de moda e artigos esportivos desenvolveu uma série de produtos voltados especifica mente para as mulheres IV Uma jovem empreendedora decidiu voltarse para os presentes em datas comemorativas após uma segmentação comportamental do mercado consumidor nessas ocasiões É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 64 Referências BARBALHO A UCHOA C do V Empreendedorismo social como campo em formação no Brasil o papel das instituições Ashoka Endeavor e Artemisia Revista Interações Campo Grande v 20 n 2 p 421433 abrjun 2019 Disponível em httpwwwscielobrpdfinter v20n215187012inter20020421pdf Acesso em 12 dez 2019 BARBIERI J C ÁLVARES A C T CAJAZEIRA J E R Geração de Ideias Para Inovações estudos de casos e novas abordagens Revista Gestão Industrial Ponta Grossa v 5 n 3 p 120 2009 Disponível em httpsperiodicosutfpredubrrevistagiarticleview418309 Acesso em 15 dez 2019 BARON R A SHANE S A Empreendedorismo uma visão do processo São Paulo Cengage Learning 2007 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr books9788522109388cfi042100000 Acesso em 11 dez2019 CHIAVENATO I Empreendedorismo dando asas ao espírito empreendedor Empreendedorismo e viabilidade de novas empresas um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio 4 ed Barueri SP Manole 2012 Disponível em httpsintegradaminhabiblio tecacombrbooks9788520438299cfi042100000 Acesso em 7 dez 2019 DOMINGOS C A máquina de waffle que fez a Nike Exame São Paulo 25 set 2018 Disponível em httpsexameabrilcombrblogoportunidadesdisfarcadasamaquinadewafflequefez anike Acesso em 15 dez 2019 DOMINGOS C Oportunidades disfarçadas de negócios Rio de Janeiro Sextante 2009 DORNELAS J C A Empreendedorismo corporativo como ser empreendedor inovar e se diferenciar na sua empresa 3 ed Rio de Janeiro LTC 2017 Disponível em httpsintegrada minhabibliotecacombrbooks9788521630166cfi624220000 Acesso em 12 dez 2019 DORNELAS J Empreendedorismo transformando ideias em negócios 7 ed São Paulo Empreende 2018 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr 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AQUINO C A B O Empreendedor na Era do Trabalho Precário relações entre empreendedorismo e precarização laboral Psicologia Política v 13 n 36 maioago 2016 p 207226 Disponível em httppepsicbvsaludorgpdfrppv16n36 v16n36a06pdf Acesso em 4 dez 2019 PAYPAL Who we are 2020 Disponível em httpswwwpaypalcombrwebappsmppabout Acesso em 20 dez 2019 SEBRAE 10 ferramentas para validar e executar novas ideias São Paulo 2016 Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebraeartigos10ferramentasparavalidareexecutar novasideiasc30d9594aaff6510VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em 13 dez 2014 SEBRAE Empreendedorismo social organizações que ajudam a transformar o país São Paulo 2017 Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebraeufsspcursoseventos empreendedorismosocialorganizacoesqueajudamatransformaropais4b8b4c64814fc 510VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em 13 dez 2019 SEBRAE O que é uma startup São Paulo 2014 Disponível em httpswwwsebrae combrsitesPortalSebraeartigosoqueeumastartup6979b2a178c83410VgnVCM 1000003b74010aRCRD Acesso em 13 dez 2014 66 SOUZA NETO B Contribuição e elementos para um metamodelo empreendedor brasileiro o empreendedorismo de necessidade do virador 2 ed São Paulo Blucher 2017 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788580391572cfi042100000 Acesso em 7 dez 2019 YANAZE M H Gestão de marketing e comunicação avanços e aplicações 2 ed São Paulo Saraiva 2011 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr books9788502125896cfi0 Acesso em 27 dez 2019 Unidade 2 Tayra Carolina Nascimento Aleixo Perspectiva lean plano de negócios e metodologias de gestão Convite ao estudo Olá como vai Nesta leitura você terá acesso ao conceito de empreen dedorismo sob a ótica da abordagem lean Isso quer dizer que você ao final terá habilidade suficiente para testar hipóteses de negócio para então seguir com decisões mais assertivas e redução de desperdícios de recursos com possibilidades que o mercado não quer ou não está preparado para absorver A volatilidade a incerteza a complexidade e a ambiguidade são carac terísticas do atual contexto de negócios em todo o mundo Para lidar com o cenário competitivo as empresas precisam incorporar estratégias diferentes métodos que as auxiliem na obtenção de melhores resultados Tal sobrevivência depende em especial da capacidade de inovar Os clientes ou usuários mudaram e continuam a mudar com o passar do tempo As exigências não são as mesmas de duas décadas atrás Hoje as pessoas estão conectadas com informações vindas de recomen dações mas também empoderadas pela possibilidade de comparar caracte rísticas do produto satisfação na prestação de serviços e parâmetros de preço Além disso os indivíduos têm tanto mais opções para escolher como também escolhem por atitudes e propósito Estão em busca de experiência e tudo o mais que as marcas puderem representar enquanto identidade pareada com as múltiplas identidades individuais Neste sentido adequar métodos de gestão tornouse uma máxima para os administradores E o empreendedorismo é uma forma de administrar que difere da tradicional A incerteza é ainda maior quando se está em busca de testar hipóteses de negócio em mercados por vezes inexistentes Esta unidade de ensino portanto busca incorporar no seu repertório estratégias ferramentas e métodos diferentes para atuação empreendedora Seja dentro de organizações ou por conta própria você será capaz de tomar decisões mais assertivas com base no elenco de assuntos discutidos ao longo de toda a unidade propriamente dita Venha então com a expectativa de ampliar o entendimento sobre gestão Há inúmeras oportunidades aguardando pessoas competentes formadas para capturar oportunidades e transformálas em negócios lucrativos Entender o valor do negócio é imperativo para engrenálo no mercado E por isso dedicamos as próximas páginas para os funda mentos processos e tendências do empreendedorismo com o que há de mais recente no cenário internacional 69 Seção 1 Perspectiva lean no empreendedorismo Diálogo aberto Olá como vai Você já pensou em produtos ou serviços que compraria mas não sabe se há fornecedores no mercado Chegou a questionar os amigos e familiares a respeito Pois bem testar hipóteses de negócio representa o primeiro passo para uma caminhada mais segura no empreendedorismo Conheça Lorena que passou três longos trimestres projetando o seu próprio empreendimento Após todo o tempo de preparação aplicação de pesquisa de mercado e outras ferramentas de pesquisa Lorena sentese preparada para injetar dinheiro em sua ideia O negócio da Lorena consiste basicamente em vender comida vegana congelada A ideia inicial é fornecer hambúrgueres veganos para hambur guerias da região Para tanto aplicou um questionário para transeuntes das principais ruas da cidade que reside Com o resultado quantitativo em mãos pode notar que as pessoas estão preocupadas sim com a ingestão de alimentos de origem animal e estariam dispostas a experimentar outras opções Pois bem Lorena investiu 5 mil reais na compra de matériaprima utensí lios e eletrodomésticos industriais para o início de sua fabricação artesanal Passados três meses Lorena deparase com um enorme estoque parado no freezer de sua casa frente à dificuldade de escoar a sua produção No primeiro momento Lorena chegou a temer não conseguir atender à demanda que havia encontrado Agora ela se pergunta O que fiz de errado Esta seção busca mostrar a você o erro recorrente dos empreendedores apostar em ideias preconcebidas com pouca experimentação e nenhum teste de hipótese Longos períodos de planejamento estratégico não ajudam empreendedores a moverse rapidamente em ciclos de iteração suficiente mente assertivos para mostrarlhes o caminho certo A intenção desta unidade portanto é que você seja capaz de entender uma abordagem de gestão chamada lean que prega justamente a agilidade e rapidez no ciclo construirmediraprender validando um aprendizado que possa guiar a tomada de decisão Além disso você também terá acesso a algumas estratégias de tração ou seja o passo seguinte à descoberta da hipótese de negócio que funcionará para o seu negócio É chegada a hora de crescer Vamos nessa 70 Não pode faltar Lean manufacturing ou em português produção enxuta é a forma de produzir com eficácia sem desperdício fazendo mais com menos Em seu berço a qualidade e a produtividade integram os pilares da filosofia lean além da ênfase na melhoria contínua kaizen Em outras palavras a erradicação de todo e qualquer desperdício é uma máxima no modelo Toyota de produção cujo fundamento conta com dois princípios fundamentais Jidoka e Just in time Enquanto o primeiro está ligado à automação pois prega a interrupção imediata da linha de produção ao ocorrer um problema o segundo diz respeito à produção enxuta propria mente dita pois baliza o ritmo de acordo com a necessidade demandada A título de aprofundamento falar de jidoka quer dizer enxertar a quali dade no próprio processo de produção em todas as suas etapas Desse modo o operador tem autonomia para interromper a produção ao identificar alguma falha algum erro de especificação do produto daquela determinada etapa Dessa forma os padrões de qualidade são garantidos e nenhum setor cliente interno tem prejuízo com peças sem conformidade MAXIMIANO 2015 Esse princípio portanto remete a três práticas específicas andon a detecção de erros é feita de forma visual e imediata genchi gengutsu a inves tigação da raiz do problema é feita in loco e pokayoke criação de métodos pilotados para evitar reincidência do defeito MAXIMIANO 2015 O princípio just in time JIT por sua vez consiste em produzir o neces sário dentro dos parâmetros de prazo e volume Com isso define o fluxo ideal de materiais frente a programação do processo produtivo o que também acaba diminuindo a necessidade de estoque Aqui as três principais práticas são heijunka busca nivelar a produção com processo cujo fluxo é contínuo a partir da média de produção esperada mas ao mesmo tempo capaz de ajustarse frente demandas inesperadas eliminação do desper dício busca eliminar atividades que não agregam valor sob a perspectiva do clienteusuário geralmente estão voltadas a operações desnecessárias ou atividades não vistas pelo cliente e task time diminuir o gap de tempo entre o pedido e o recebimento do produto ou serviço deve estar sincronizado tanto com a demanda como também com o nivelamento da produção a fim de reduzilo A JIT apresenta ainda uma ferramenta amplamente utilizada por empresas que usam métodos ágeis o kanban cuja finalidade é tornar a movimentação de suprimentos ou tarefas de um projeto visíveis a todos MAXIMIANO 2015 71 Feita a retrospectiva acerca da primeira concepção de lean na adminis tração vale ressaltar os desdobramentos dessa aplicação Hoje a utilização de métodos que reduzam desperdício e tempo de desenvolvimento é consi derada fator de sobrevivência no mercado frente à responsividade premente Para suportar essa mudança paradigmática com relação ao mercado especialmente por conta da tecnologia da informação e comunicação os métodos ágeis são cada vez mais utilizados em diferentes setores que não apenas o de desenvolvimento de software berço do uso e métodos ágeis É possível citar diversos métodos sob tal abordagem a saber Extreme Programming XP Scrum Kanban Lean Startup dentre outros Vale dizer que a maior parte das empresas mesclam diferentes métodos para adequação frente às necessidades de seu próprio negócio Tal necessidade de adequação é vigorosa quando cada contexto cada negócio é considerado em sua especificidade Atenção Vale destacar a postura necessariamente crítica e autônoma dos profissionais hoje Cada situação demandará uma solução diferente e por isso você deve desenvolver repertório suficiente para atender e solucionar cada caso em que puder atuar Aproveite todas as oportuni dades de desenvolver repertório empírico Dentre os benefícios de utilizar os métodos ágeis estão facilidade em re priorizar tarefas visibilidade para projetos e pessoas envolvidas nos projetos aproximação da área de tecnologia com a área de negócios aumento da moral da equipe diminuição do tempo de resposta ao mercado e por fim aumento na produtividade COLLABNET VERSIONONE 2019 Para os respondentes da pesquisa conduzida entre agosto e dezembro de 2018 organizada pela CollabNet VersionOne junto a pouco mais de 13 mil empresas em diversos continentes o sucesso na utilização de métodos ágeis é mensurado a partir de principalmente satisfação do clienteusuário entrega de valor ao negócio e prazo de entrega do projeto Para escalar o modelo de gestão muitas organizações têm usado o SAFe acrônimo para Scaled Agile Framework Outra informação interessante é o largo uso da ferramenta kanban para gerir projetos ágeis A visibilidade e disposição das informações do projeto em um único quadro facilita o followup das atividades nele envolvidas Veja a seguir uma ilustração de quadro kanban 72 Figura 21 Quadro kanban Fonte Shutterstock A visibilidade das atividades auxilia tanto na identificação de possíveis gargalos como também na melhor organização das tarefas concluídas e ativi dades prioritárias com potencial de reduzir os respectivos leads times Outro grande ganho é com relação à diminuição de desperdício em especial de tempo pois essa prática ajuda a entender melhor os diferentes processos e suas possíveis automações exemplo automação na gestão de contratos e outros documentos Reduzir desperdício também diz respeito a suprimir todos os processos que não agregam valor do ponto de vista do cliente ou do usuário Neste sentido caso uma equipe esteja investindo tempo e outros recursos em projetos acessórios e fora do campo de visão e percepção de valor do cliente usuário esses projetos devem ser interrompidos De outro modo é cada vez mais necessário que a empresa esteja de ouvidos abertos e bastante atento ao feedback do clienteusuário O feedback deve ser portanto contínuo e sustentar a tomada de decisão dentro das organizações O empreendedor Eric Ries autor do livro Lean Startup 2012 corro bora a ideia supracitada toda atividade que não contribui para se aprender a respeito dos clientes é desperdício Esta prática aplica conceitos relacionados à ideia de customer centricity 73 Customer centricity retoma a importância de colocar o clienteusuário no centro de todo e qualquer negócio Sem mercado não há produto não há serviço Imagine investir tempo e dinheiro em um negócio que será validado junto ao mercado somente após a sua execução Pois bem é justamente esta a conduta da maior parte das organizações Neste sentido o conceito de customer centricity é tornar o cliente a força motriz do negócio aumen tando a taxa de fidelização Todas as hipóteses são diretamente testadas junto ao mercado Exemplificando Um exemplo para ilustrar é exposto no livro Lean Startup de Eric Ries 2012 a empresa Zappo para testar a hipótese de que havia clientes ávidos por comprar sapatos online sugeriu uma parceria com uma fábrica local de modo que quando houvesse clientes comprando em seu site a Zappo compraria a preço de varejo para repassar ao consu midor final Caso a hipótese fosse refutada vários investimentos infra estrutura estoques logística etc não seriam desperdiçados percebe O empreendedor está para o negócio assim como o cientista está a teoria O empreendedor deve realizar experimentos antes de desenvolver o negócio Somente dessa forma é possível antecipar se a solução funcionará no mercado COOPER VLASKOVITS 2016 Neste sentido vale ressaltar uma frase do livro Empreendedorismo enxuto A premissa básica dos testes de viabilidade é que quanto mais rápido você puder identificar uma abordagem fracassada melhor COOPER VLASKOVITS 2016 p 140 De outro modo quanto menos tempo esforço e dinheiro forem investidos em ideias que não vingaram no mercado melhor para o negócio Essa velocidade no ciclo construirmediraprender é um dos pilares da administração enxuta proposta por Eric Ries voltada para o universo do empreendedorismo Quanto mais rápido girar esse ciclo mais subsídios o empreendedor terá para decidir sobre os próximos passos Na mesma esteira todo o aprendizado produzido é validado com seguidos testes de hipótese Uma estratégia para girar o ciclo supracitado mais rápido seria o lança mento de produtos minimamente viáveis Com essa experimentação os usuários podem experimentar de fato o produto ou serviço dando indícios das próximas ações a serem tomadas o que é diferente de perguntar o que eles querem e ver na prática o que funciona e o que não funciona 74 Reflita Para fazer você refletir veja uma frase de um dos maiores inventores de todos os tempos Thomas Alva Edison A medida real do sucesso é o número de testes que podem ser realizados em 24 horas O uso do chamado MVP em inglês minimum viable product portanto faz o ciclo de aprendizado construirmediraprender girar mais rapidamente Ao final de cada iteração os empreendedores precisam se perguntar vamos pivotar ou perseverar Caso a resposta seja pivotar há necessidade de gerar uma nova hipótese estratégica para trabalhar na próxima iteração Essa prática portanto traz eficácia de capital para as empresas O planejamento e a execução cega cedem lugar para a experimentação e a validação A partir disso é possível decidir entre perseverar no caminho em voga ou pivotar o negócio encontrando novos caminhos para maximização da entrega de valor ao mercado RIES 2012 Planejamentos estratégicos que visam ao longo prazo fazem sentido em negócios cujo histórico pode sustentar análises preditivas sobre o futuro Com outras palavras ambientes estáveis sustentam a estratégia de planos de longo prazo uma vez que a incerteza pode ser minimizada frente à operação vigente Mas vale dizer dentro do contexto VUCA acrônimo para volatility uncertainty complexity e ambiguity é difícil imaginar tal estabilidade Reflita Será que a abordagem lean no empreendedorismo representa o fim do planejamento estratégico para negócios embrionários E com relação às grandes empresas será que as semelhanças de cada segmento são capazes de sustentar a aplicação lean em contextos estabelecidos A essa altura vale destacar os pilares propostos no que se tornou um movimento intitulado Lean Startup manufatura enxuta design thinking customer development e desenvolvimento ágil Para desenvolver a argumen tação com relação à proposta de gestão do autor ele divide o livro em três seções visão direção e aceleração Com relação à primeira etapa intitulada Visão para pensar soluções para o mercado o empreendedor ou a empreendedora deve fomentar o seu reper tório Em outras palavras o processo de criatividade necessita incorporação contínua de novas referências e informações atualizadas para seguir o seu rumo inventivo além de ser assertivo SERTEK 2007 75 Assimile A observação é uma prática extremamente importante do processo de inovação Tanto que surgem ocupações profissionais dedicadas basica mente à observação de novas tendências É o exemplo do coolhunting que consiste em capturar e analisar tendências propriamente ditas Imagine um profissional sentado na beira da praia em busca de compor tamentos que possam sugerir novas oportunidades de negócios Pois bem este é um exemplo de atuação do cool hunter Perceba que não é mera aplicação de pesquisa de mercado mas sim um entendimento do que o cliente quer mesmo sem conscientemente saber Prosseguindo a etapa de direção depende do elenco de hipóteses validadas Há duas estratégias possíveis de atestar hipóteses análogo e antia nálogo Ambas consistem em basear estratégias em comparação com outras empresas ou atividades Para ilustrar a hipótese de que pessoas escutariam música em locais públicos já havia sido atestada pelo walkman produto análogo ao Ipod e com isso Steve Jobs não precisou testar essa primeira premissa Neste mesmo exemplo o Napster seria o antianálogo pois apesar das pessoas estarem dispostas a realizar o download de músicas talvez não queriam pagar por isso MULLINS KOMISAR 2009 Após validação de hipóteses e acúmulo de aprendizado validado é chegada a hora de acelerar ou seja tracionar o negócio que se formou Tração neste sentido é crescimento Segundo os autores Gabriel Wienberg e Justin Mares 2014 não basta ter clientesusuários dispostos a pagar por seu produto ou serviço é preciso dar tração a ele Por isso os autores supracitados de Traction a startup guide to getting customers entrevistaram 30 fundadores de startups para chegar a 19 diferentes estratégias de tração possíveis de serem aplicadas a diferentes segmentos de negócios Alguns deles você já deve ter ouvido falar quer ver Marketing viral relações públicas Search Engine Marketing SEM Search Engine Optimization SEO anúncios em redes sociais marketing de conteúdo e email marketing dentre outros Por fim análises acerca do tamanho do mercado marketshare dos players estabelecidos no mercado e penetração do negócio ajudam a balizar a taxa de crescimento potencial Neste momento com estratégias de tração corretas para cada negócio é possível vislumbrar resultados promissores dentro da realidade daquele segmento 76 Com isso encerramos esta primeira seção de estudos Esperamos que você tenha vários insights não somente com as ideias aqui expostas como também na leitura dos próximos capítulos Bons estudos Sem medo de errar Você se recorda da empreendedora Lorena Ela fez investimentos em eletrodomésticos industriais para iniciar uma pequena produção de hambúr gueres veganos com intuito de vendêlos às hamburguerias da sua cidade e região Além disso chegou a fazer uma pesquisa de campo quantitativa abordando pessoas na rua Mas hoje ela se depara com a seguinte situação congelou seu produto e agora não consegue escoar a produção O que a essa altura você poderia sugerir para que ela não perdesse as esperanças e retomasse testes empíricos com relação a sua hipótese de negócio Lembrese para tanto do ciclo construirmediraprender do conceito de MVP teste de hipótese e tração de mercado Visualize as macro etapas propostas por Eric Ries 2012 visão direção e aceleração Onde foi que Lorena errou quando consideramos as etapas preliminares e iterativas de um empreendimento Qual foi a negligência em termos de estratégia e execução cometida por ela Seguem algumas sugestões primeiro seria importante reformular a pergunta que ela tem feito ao mercado pois em vez de partir do pressu posto que hamburguerias comprariam o seu produto ela poderia observar o mercado em busca de tendências de consumo vegano Para tanto é possível acompanhar o movimento vegano a fim de identi ficar oportunidades de negócio entendendo os hábitos de consumo e expec tativas dessas pessoas Daí ela poderia tracionar o negócio com a estratégia de marketing de conteúdo capturando feedbacks de adeptos do veganismo a partir da publicação de conteúdo atinente ao tema Agora é com você Pense em outras possibilidades de teste de hipótese e tracionamento de negócio que poderiam auxiliar Lorena na tarefa de identi ficar a solução adequada ao timing do mercado O que o mercado espera O que o cliente ou usuário de fato quer Responda a essas perguntas com criati vidade e autonomia suficiente para traçar novos caminhos Bons estudos 77 Avançando na prática Aplicação do conceito de customer centricity em uma loja online de cosméticos masculinos Junior tem uma pequena loja online dedicada a produtos cosméticos masculinos Durante toda a jornada do consumidor Junior aprimorou técnicas de vendas pósvenda e relacionamento com o cliente sempre com intuito de aumentar a fidelização junto à loja Mas agora ele quer incorporar o conceito de customer centricity para solucionar a situação que você verá a seguir Após alguns meses de aumento gradativo no número de acessos únicos no ecommerce e conversão de 5 nos leads Junior percebe uma diminuição significativa nas vendas de clientes antes considerados assíduos e também no tráfego do site Ou seja além dos clientes recorrentes diminuírem o ticket médio por mês há uma baixa na possibilidade de prospectar novos clientes Isso definitivamente é um mau sinal Além disso com as constantes pesquisas de Net Promoter Score NPS Junior notou que alguns consumidores preferem comprar o produto em lojas físicas em vez de trocarem quando não os satisfaz mesmo com toda a atenção que Junior faz questão de dedicar no pósvenda Por outro lado com a aplicação de outra métrica chamada Lifetime Value LTV que mede o lucro por cada cliente os resultados corroboraram a percepção de Junior com relação à queda nas vendas de clientes recorrentes Bom com toda a bagagem que você acumulou até aqui analise a situação do ecommerce frente ao cenário supraapresentado considerando também a intenção de Junior em aplicar o conceito de customer centricity e proponha a conduta que Junior deve ter para não perder ainda mais clientes ou poten ciais clientes Resolução da situaçãoproblema Retomando o conceito de customer centricity consiste em tornar o clienteusuário a força motriz do negócio com intuito principal de elevar a fidelidade dele e com isso o aumento nas vendas Junior tem feito um exímio trabalho com relação à utilização de métricas e acompanhamento da jornada do cliente Mas por outro lado tem negli genciado a preferência do consumidor no que tange às suas preferências de 78 compra Em outras palavras se Junior quer aplicar o conceito de customer centricity não deve se apegar ao modelo de loja online Por isso talvez seja hora de o empresário considerar testar a hipótese de viabilizar um projeto nesse sentido De outro modo o foco precisa repousar sempre sobre a persona do negócio e não ser fiel ao planejamento inicial que focava apenas na loja em sua versão ecommerce De repente criar uma loja conceito pode ser a solução para aproximar o cliente do negócio e assim fidelizálo Isso porque após o uso do produto o cliente precisará apenas manter o seu estoque e eventualmente poderá testar novos produtos na loja física Tudo depende de testar hipóteses junto ao mercado Faça valer a pena 1 Esta abordagem prevê a máxima redução de desperdícios possível O desenvolvimento dessa abordagem propriamente dita aconteceu na fábrica Toyota no Japão De lá para cá vários desdobramentos foram acontecendo que inclusive acabaram adaptandose à nova gestão voltada para o empreendedorismo O trecho destacado aborda o conceito de a Startup b Kanban c Genchi Gembustu d Lean e Customer centricity 2 Júlia está começando um negócio Sua hipótese preliminar é de que as pessoas comprariam brigadeiros em frente ao seu prédio Por suas contas ela poderia extrair um lucro de 200 reais semanais neste primeiro momento Considerando a abordagem lean startup qual deve ser o próximo passo de Júlia Assinale a alternativa correta a Comprar maquinário suficiente para produção em escala b Ligar para o máximo de pessoas em seu bairro para oferecer o produto c Montar uma barraquinha com os produtos feitos de forma artesanal 79 d Patrocinar o próximo evento da cidade em que reside e Montar um site para o seu negócio 3 A transformação digital é imperativo hoje para mudança paradigmática das organizações em todo o mundo Não somente digitalizar documentos ou automatizar processos tal transformação atinge níveis culturais e comporta mentais dos colaboradores Considerando a jornada do cliente qual conceito pode ajudar na transfor mação digital dentro das organizações Assinale a alternativa correta a Customer centricity b Kanban c Estratégias de tração d Transformação digital e Lean startup 80 Seção 2 Plano de negócios planejamento e financiamento Diálogo aberto Você já teve o ímpeto de criar um negócio próprio Nesta leitura falaremos sobre como criar um plano para levar uma ideia adiante Pois bem após descobrir as contribuições da perspectiva lean e ter experimentado a aplicação dos conceitos na elaboração da situaçãopro blema agora é hora de pensar na expansão do negócio a partir da criação do instrumento chamado plano de negócios Depois de ter sua hipótese testada e agrupar um conjunto de aprendi zados validados capazes de servir como argumento na defesa do empreendi mento você deve estruturar todas essas informações e em especial eviden ciar sua viabilidade junto a possíveis fontes de financiamento Neste momento a escalabilidade pode ser um dos direcionadores estraté gicos do plano assim como o refinamento da tecnologia utilizada ou interna cionalização da atividade produtiva Isso quer dizer que o plano de negócios pode tanto apresentar um novo projeto ou empresa como também servir para embasar a atividade nos próximos anos Seja qual for o objetivo o plano de negócios irá apoiálo na etapa de defesa Imagine então a situação de Carolina estudante de administração que tem nas mãos a oportunidade de canalizar o sítio da família para plantação de eucalipto A intenção da empreendedora é vender para a indústria de papel e celulose que rodeia as terras propriamente ditas Agora parta do pressuposto que Carolina já testou a hipótese de negócio junto aos potenciais clientes e precisa neste momento estruturar o plano de negócio para apresentar ao seu avô cuja intenção é investir no projeto da neta Para desenrolar a confecção do plano Carolina pede a sua ajuda Para ajudála no entanto você deve primeiro aumentar o repertório com relação aos índices financeiros envolvidos no plano de negócios além de aprender a estruturar um plano atraente em termos de captação de investimentos Não obstante queira mostrar à Carolina que existem outras fontes de obtenção de capital para o seu negócio 81 Para tanto esta leitura auxiliará na incorporação de conhecimentos a respeito dos indicadores supracitados estrutura de um plano de negócios e outros pontos de destaque para que possa confeccionar a resolução da situa çãoproblema de Carolina e ainda aplicar em diversos outros contextos Bons estudos e mãos à obra Não pode faltar A prática empreendedora remete à autonomia e iniciativa de atuar em cenários incertos Dessa forma a empreendedora ou o empreendedor assume riscos traça metas e tende a lidar melhor com situações em que deve encarar a superação de obstáculos Mas talvez a habilidade mais importante seja saber traçar um caminho entre o cenário atual e o cenário desejado FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Vocabulário A palavra empreendedorismo tem a mesma raiz etimológica da palavra empreendedor que por sua vez vem do latim imprendere e significa decidir realizar uma tarefa difícil e laboriosa Desde o início a palavra empreendedorismo esteve vinculada à ideia de inovação ousadia e progresso econômico no sentido de reconhecer o empreendedor como agente de transformação econômica em cenários com baixa produtividade FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Por volta da década de 1980 Kenneth E Knight e Peter Drucker intro duzem o risco à equação do empreendedorismo corroborando com a ideia de ousadia supracitada Dessa forma o agente deve assumir riscos para inovar em algum segmento ou atuação profissional para ser reconhecido como empreendedor ou empreendedora FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Tal ousadia e cálculo constante de riscos podem ser mais bem balizados por meio de algumas ferramentas métodos e instrumentos Um desses artefatos de apoio chamase plano de negócio no qual o empreendedor tem a oportunidade de expressar todo o seu conhecimento sobre determinado mercado além de expor todas as variáveis que podem influenciar as metas e potenciais realizações do negócio propriamente dito Vale pontuar que a palavra negócio é utilizada em diversos contextos sugerindo tanto comércio ou transação comercial como também relações comerciais empresa caso ou qualquer objeto ou coisa Para efeito da 82 discussão que a seção destrinchará plano de negócio pode ser dedicado tanto a empresa em si nova ou existente como também para um projeto da empresa ambos entendidos como potenciais negócios NAKAGAWA 2011 O plano de negócio pode sustentar a argumentação realizada em um pitch de defesa acerca do empreendimento junto a potenciais investidores Pitch são apresentações rápidas e diretas direcionadas a potenciais investidores Costumam ser amplamente utilizadas por startups em todo o ecossistema de inovação hubs empresas de capital de risco etc O plano de negócio também pode ser utilizado no processo de obtenção de crédito ou financia mentos junto a instituições financeiras Com isso a instituição pode analisar a viabilidade do negócio fixando a taxa de juros adequada para cada caso Em linhas gerais portanto o plano de negócio abarca desde definições acerca do produtoserviço até a forma como a produçãoprestação de serviço será operacionalizada e colocada à disposição no mercado FERNANDEZ RIBEIRO 2012 O plano em si geralmente compreende um recorte de cinco anos no que tange ao futuro da empresa Neste sentido quanto mais infor mações tiver em mãos maior a qualidade das estimativas ali realizadas Dica Há softwares de apoio na confecção de planos de negócio Aqui vai alguns que você pode testar na internet Business Plan Pro BizPlan Builder MakeMoney e Software Plano de Negócio 30 Há ainda o portal do professor José Dornelas de nome Plano de negócios que contém dicas exemplos tutoriais e outros conteúdos voltados para empreendedorismo e plano de negócio propriamente dito Em linhas gerais há diversas versões do que seria a composição de um plano de negócio diferindo de instituição para instituição autor para autor Os pontos mais importantes e geralmente comuns nessas propostas são destacados a seguir 1 Capa onde constam as principais informações 2 Sumário executivo este item deve suscitar a curiosidade de quem começa a ler o documento No sumário executivo são apresentados os highlights do plano de negócio em si e por isso deve ser feito após conclusão da escrita de todo o plano 3 Descrição da empresa e do negócio descrição de todos os detalhes da forma como a empresa está organizada e do tipo de negócio que se pretende desenvolver e apresentar ao mercado Vale citar a proposta de valor da solução frente ao problema identificado 83 4 Localização e abrangência da empresa além de identificar a área de atuação é necessário situar geograficamente a empresa bem como a relação da localização com os objetivos estratégicos definidos Além disso devese registrar a abrangência pretendida de sua atuação se será local regional ou nacional 5 Análise estratégica e propósitos organizacionais visão missão e valores da empresa são descritos nesta etapa A coerência entre o propósito organizacional e todo o plano de negócio é crucial para tornar a estratégia sólida e direcional no que tange ao planejamento que se desdobrará ao longo do tempo 6 Análise de mercado este espaço é dedicado para demonstrar o quanto o empreendedor domina o mercado em que pretende atuar e conhece todos os players que nele estão Para tanto precisa indicar o máximo de informações e articular tais informações em termos estratégicos aprovando o potencial de mercado daquele determinado negócio Aqui vale citar as vantagens comparativas da empresaprojeto frente à concorrência direta de produtos substitutos ou similares 7 Plano operacional e de produção listar todas as atividades envol vidas na operacionalização da produção incluindo a tecnologia envolvida e potenciais de escalabilidade 8 Plano de recursos humanos identificar a cultura organizacional pretendida e que balizará os processos de seleção retenção e desen volvimento de pessoas 9 Plano de marketing envolve a explanação de questões relacionadas à praça preço promoção e produto Em outros termos como a empresa pretende expor o produto ou serviço no mercado bem como a maneira que irá promovêlo 10 Plano financeiro identificar a necessidade de recursos trabalhando a argumentação com relação à viabilidade e rentabilidade do negócio Também prevê o uso de instrumentos de controle acompanhamento e planejamento financeiro orçamentário 11 Anexos documentos importantes para embasamento da argumen tação realizada ao longo do plano de negócio bem como relató rios que possam ajudar o leitor a entender melhor a composição da estratégia Você notou o quão complexa é a construção do plano de negócio A confecção dele exige capacidade analítica mas também a habilidade de transformar informações em conhecimento Em outras palavras é necessário 84 que você pegue todo aquele repertório de referências e articule em prol do empreendimento que pretende tangibilizar Vale dizer que a apresentação de testes de hipótese e aprendizado validado valem muito na hora de convencer investidores instituições financeiras e a si mesmo com relação à dedicação a ser aplicada Não obstante definir o negócio depende do entendimento acerca do perfil de consumidor que pretende atender Nesta etapa é possível identificar se haverá produção ou prestação de serviços Essa informação é importante porque para cada caso há uma estrutura diferente de plano de negócios Outro ponto fundamental do plano de negócio é a definição do propó sito da organização missão visão e valores respectivamente razão de ser da empresa cenário futuro desejado e princípios seguidos e fomentados pela organização Essas informações guiarão todos que contribuem para o propósito da empresaprojeto além de enquadrar a forma como a empresa se portará frente ao mercado Exemplificando Imagine uma empresa que prega o valor da sustentabilidade Mas recen temente lançou resíduos sólidos no rio da cidade na qual está localizada A opinião pública poderá detratar a imagem da empresa ao identificar a situação e denunciála nos veículos de comunicação da cidade Perceba que essa falta de coerência pode custar caro para o negócio especial mente se a gestão não costuma prever situações contingenciais A segmentação de mercado por sua vez caminha em parceria com o âmbito do marketing Quanto mais clara for a mensagem mais o público alvo se identificará com o propósito de sua empresa De outro modo quanto mais assertiva for sua campanha publicitária menor o esforço dos clientes em entender qual problema você está tentando solucionar Tal clareza de propósito ajuda também o consumidor a identificar a sua empresa no mar de produtos e serviços existentes no mercado Lembra da proposta da Lorena da Seção 1 Quanto mais clara for a mensagem aos veganos mais estes se identificarão com a marca Não adianta por outro lado confundir o público vegano aglutinando prospects do universo fitness na tentativa de ampliar as possibilidades de venda sob o argumento de que se trata dos mesmos interesses comida leve interessa a ambos os públicos Essa hipótese não está atestada e talvez não compense o esforço do marketing em atrair a atenção de ambos os públicos nessa tentativa 85 A essa altura vale citar que a segmentação de mercado tanto pode ser geográfica recorte geográfico como também psicográfica foco no estilo de vida demográfica segmentação por faixa etária classe social sexo etc e comportamental foco em ocasiões festivas sazonalidade No exemplo de Lorena a segmentação de mercado é psicográfica percebe Agora retomando a situaçãoproblema Carolina optou pela segmentação geográfica pois prevê a venda dos eucaliptos à indústria de papel e celulose local Mas para que seu plano de negócio seja o mais assertivo possível no que diz respeito à descrição do mercado Carolina deve observar o ambiente externo macroambiente ou seja todas as variáveis que se relacionam com o segmento que pretende atuar a saber variáveis sociais legais tecnológicas políticas econômicas e ambiente geral Reflita Imagine que o governo federal lançou uma política que estimula a redução do consumo de papel e celulose Além dessa política você identifica que há comportamentos sociais cada vez mais sustentáveis surgindo no ambiente corporativo grande clientela do segmento Será que Carolina está olhando para o mercado certo Será que não há outro problema que o seu negócio possa resolver Entendeu porque é importante sempre observar as variáveis atinentes a determinado segmento Tais variáveis têm a capacidade de tracionar o seu negócio ou literalmente afundálo logo na primeira etapa de implantação uma vez que as empresas estabelecidas podem estar no mesmo tempo sendo reduzidas frente à retração da demanda Em contrapartida o ambiente interno microambiente também deve ser considerado ao construir um plano de negócio Esse ambiente referese aos fornecedores consumidores concorrentes e funcionários Nele há oportu nidades e fraquezas que precisam ser consideradas na projeção estratégica do negócio Assimile Um dos possíveis anexos do seu plano de negócio é a análise SWOT acrônimo do inglês para forças fraquezas oportunidades e ameaças Enquanto forças e fraquezas estão relacionadas ao ambiente interno as oportunidades e ameaças estão relacionadas com o ambiente externo Pratique 86 Após comentar alguns aspectos do plano de negócio vale um destaque para composição do capital da empresa que pode vir de capital próprio e ou capital de terceiros financiamentos ou empréstimos Para cada fonte há uma taxa de remuneração sobre o capital que pode variar bastante e influen ciar diretamente as decisões de investimento a título de exemplo se você tomar empréstimo em bancos de varejo a taxa de juros pode inviabilizar o negócio HASHIMOTO BORGES 2014 Essa etapa portanto prevê a divisão do aporte entre sócios e investidores no plano de investimento previsto para estruturar o negócio Na tabela a seguir é possível visualizar um exemplo dessa divisão Tabela 21 Composição do capital da empresa NOME DO SÓCIO VALOR R DO CAPITAL SÓCIO A R 3000000 22 SÓCIO B R 3500000 26 SÓCIO C R 4539200 34 SÓCIO D R 2480200 18 TOTAL R 13480200 100 Fonte adaptada de Fernandez e Ribeiro 2012 p 58 Outra etapa do plano financeiro é elencar todos os custos fixos e custos variáveis envolvidos no negócio Enquanto a primeira categoria diz respeito aos gastos e despesas para manutenção do negócio a segunda varia de acordo com o nível de produção impostos matériaprima mão de obra temporária etc Veja que para estimar os custos fixos é preciso calibrar as informações apresentadas na etapa plano operacional e de produção Veja a seguir um exemplo de previsão de custos fixos de uma empresa de eventos sociais Tabela 22 Previsão anual de custos de uma pequena empresa de cerimonial de festas Item Discriminação Valor unitário 1 Salários folha R 17817800 2 Retirada dos sócios R 400000 3 Encargos sociais R 312000 4 Aluguel R 300000 5 Honorários do contador R 50000 6 Luz R 35000 7 Telefone R 120000 8 Material de expediente R 20000 9 Despesas de manutenção do escritório R 100000 10 Material de limpeza R 25000 11 Seguros R 80000 12 Despesas administrativas R 75000 87 13 Despesas bancárias R 9000 14 Propaganda R 100000 15 Despesas com locomoção R 30000 16 Despesas com refeições R 25000 17 Custos variáveis R 1500000 Subtotal R 20998800 Provisão para imprevistos R 1049940 TOTAL R 22048740 Fonte adaptada de Fernandez e Ribeiro 2012 p 60 No início das operações falando da hipótese de um plano de negócio para uma empresa ainda não existente é importante além de considerar capital de giro e investimento inicial os gastos préoperacionais que surgirão como abertura da empresa registro de patentes eou marca pesquisa de mercado honorários diversos desenvolvimento do produto e capacitação do pessoal HASHIMOTO BORGES 2014 Em contrapartida seguindo a mesma sistemática de organização dos números é necessário realizar a previsão de receitas ou seja identificar os possíveis faturamentos mês a mês do negócio Para tanto devem ser consi derados fatores de sazonalidade e todos os produtos do portfólio da empresa Em linhas gerais para cada período verificado é preciso identificar as respectivas entradas e saídas Neste sentido podemos projetar um fluxo de caixa para o negócio e documentálo no plano de negócios Esse fluxo deve apresentar as entradas e saídas propriamente ditas o que pode ser compa rado com a conta corrente de uma pessoa física Seria portanto o extrato da empresa capaz de melhorar a gestão de promoções parcelamentos etc dos produtos em detrimento dos compromissos que a empresa tem junto a fornecedores folha de pagamento impostos credores entre outros Veja a seguir um exemplo de fluxo de caixa mensal Tabela 23 Fluxo de caixa mensal detalhado Fluxo de caixa Janeiro Fevereiro Março Saldo Inicial R 1500 R 1800 R 2730 Entradas R 75000 R 173000 0 11 Receita de vendas R 75000 R 150000 0 12 Outras receitas 0 0 0 Saídas R 45000 R 80000 0 21 Despesas com produtos 0 R 98000 0 22 Despesas admi nistrativas 0 0 0 88 23 Despesas com pessoal 0 0 0 24 Impostos 0 0 0 25 Outras despesas 0 0 0 Geração de caixa R 30000 R 93000 0 Disponibilidade R 180000 R 273000 R 273000 Fonte elaborada pela autora Para cada momento do ciclo de vida uma empresa precisa de diferentes métricas pois a receita tende a aumentar com o passar do tempo De outro modo no início de suas atividades uma empresa nascente está formando a sua carteira de clientes e portanto muito provavelmente não apresentará faturamento expressivo Por exemplo para negócios nascentes é primordial analisar o fluxo de caixa conforme foi exposto mas também é importante saber a taxa interna de retorno TIR EBITDA em português lucros antes dos juros impostos depreciação e amortização lucro líquido payback e valor presente líquido VPL Já para negócios maduros o cálculo tanto do EBITDA quanto do lucro líquido margem líquida valor agregado e valua tion são igualmente importantes NAKAGAWA 2011 Após levantadas todas as análises financeiras a respeito do negócio é possível elencar índices financeiros e outras técnicas que ajudarão na gestão do empreendimento e também na análise acerca da saúde do negócio por parte dos financiadores deste projeto bancos investidores etc Veja alguns índices técnicas de investimento e técnicas de análise de fluxo de caixa descontado Índices financeiros são calculados a partir do balanço patrimonial e demonstrações do resultado com intuito de entender a saúde da empresa com relação à liquidez capacidade de saldar as dívidas atividade giro de estoque endividamento grau de endividamento e lucratividade retorno bruto operacional e líquido Técnicas de análise de investimentos sinalizam a atratividade de determinado empreendimento por meio do Retorno Contábil sobre o Investimento geração de renda a partir do valor agregado Prazo de Payback prazo para recuperação do montante investido e Técnica do Fluxo de Caixa Descontado comparação entre o valor presente do benefício futuro versus outras oportunidades de investimento Técnicas de fluxo de caixa descontado trazem para o presente a geração de riqueza futura do negócio e comparam com o montante inicial a ser investido Medemse pelo Valor Presente Líquido VPL e Taxa Interna de Retorno TIR 89 Veja que com todas essas informações à mão o empreendedor pode levantar capital junto a diferentes fontes de recursos por exemplo investi dores independentes bancos cooperativas de crédito agência de fomento venture capital e seed capital entre outras Por fim vale ressaltar que o plano de negócio vai além de uma simples ferramenta de obtenção de recursos Ele serve também como ferramenta de gestão e como tal considerando todas as variáveis nele previstas deve ser continuamente revisitado e atualizado É sempre bom lembrar também que dinheiro é apenas um dos recursos necessários para colocar o negócio de pé Ou seja dinheiro é meio e não fim e não deve ser desculpa para interromper nenhuma boa e validada hipótese de negócio Sucesso Sem medo de errar Pois bem após acumular novos conhecimentos acerca da construção de um plano de negócios atraente chegou a hora de assessorar Carolina Lembrese de que ela está em busca do financiamento para o seu projeto e considera no primeiro momento obter recursos na família com o seu avô Logo de cara o que você poderia sugerir para Carolina caso não haja convencimento da primeira opção de financiamento Estudar outras fontes de financiamento e empréstimos seja junto a bancos como também agências de fomento incubadoras investidores anjo e concursos de plano de negócios entre outras Além disso vale a pena voltar a atenção para o conhecimento gerado a partir da confecção do plano de negócios e instigar a pergunta será que o caminho previamente traçado é o melhor a seguir Há possibilidade em diversificar o negócio da empresa Para responder a essa e outras perguntas é preciso começar a acumular informações que embasem a elaboração do plano de negócio em si Os próximos passos relacionamse exatamente à atividade supracitada 1 Pesquise dados quantitativos na internet sobre o mercado de eucalipto no Brasil 2 Organize os dados encontrados dentro de uma tabela no Excel 3 Faça projeções considerando os custos fixos e variáveis da futura empresa 4 Trabalhe nos índices financeiros a fim de exercitar o conheci mento adquirido 90 Bons estudos e uma ótima prática para você Lembrese de que quanto mais praticar maior a habilidade em replicar noutros cenários com variáveis e oportunidades diversas Avançando na prática Segmentação de mercado comunicação assertiva com alavancagem de vendas Para exercitar o processo de segmentação de mercado uma vez que essa definição atinge vários pontos do plano de negócio além de definir preli minarmente os possíveis testes de hipótese imagine um possível negócio no setor alimentício Agora para cada possível segmentação construa uma possibilidade de negócio para que a senhorita Aleixo consiga melhor visua lizar as hipóteses que podem ser testadas Considere a intenção da empreen dedora trabalhar com confeitaria Resolução da situaçãoproblema Para resolver a situaçãoproblema aqui exposta vale relembrar os diferentes tipos de segmentação geográfica recorte geográfico psicográfica foco no estilo de vida demográfica segmentação por faixa etária classe social sexo etc e comportamental foco em ocasiões festivas sazonalidade Geográfica construção de uma confeitaria no centro atingindo o público de transeuntes da principal avenida da cidade Psicográfica vender doces congelados para consumidores veganos via aplicativo de celular Demográfica atender sob encomenda a high society da cidade Comportamental vender bolos de aniversário para festas de debutante casamentos e confraternizações de final de ano Percebeu como um mesmo negócio pode ser dedicado a diversos segmentos de mercado Pratique mais e use sua criatividade para empreender 91 Faça valer a pena 1 Um instrumento utilizado tanto para obtenção de crédito para financia mento de atividades produtivas início de novos negócios e projetos como também para apoiar a gestão ao longo de cinco anos O trecho em destaque diz respeito ao seguinte termo a Teste de hipótese b Empreendedorismo c Sebrae d Plano de negócios e Investidor anjo 2 Leila presta consultoria para o público de várias ONG do interior de São Paulo dedicadas ao apoio e suporte de animais abandonados Sua ativi dade reside especificamente na consultoria administrativa e de marketing apoiando as instituições do terceiro setor no que diz respeito à visibilidade junto a doadores e empresas financiadoras da causa animal Qual é a segmentação de mercado atendida por Leila a Geográfica b Psicográfica c Por propósito d Demográfica e Comportamental 3 O ponto de intersecção entre o teste de hipótese e a confecção do plano de negócio deve ser conhecido pelos empreendedores de modo a tomar asser tividade nas decisões com relação à alocação de recursos em cada negócio Nesse sentido o se trata de um instrumento a ser utilizado após análises empíricas acerca da Isso quer dizer que antes de dedicar tempo e esforço na confecção e detalhamento de um plano vale junto ao mercado validando a viabilidade do negócio propriamente dito 92 Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas a teste de hipótese confecção do plano de negócios testar hipóteses b plano de negócio hipótese de negócio testar hipóteses c investidor anjo viabilidade do negócio argumentar d plano de negócio hipótese de negócio convencer os consumidores e teste de hipótese confecção do plano de negócios onvencer investidores 93 Seção 3 Metodologias de gestão e pontos de apoio Diálogo aberto Olá como vai Você conhece ou pelo menos segue algum digital influencer Já considerou a hipótese de tornarse um produtor de conteúdo na internet posicionandose como autoridade em algum assunto Pois bem esta leitura mostrará que mesmo pequenas prestações de serviço incluindo as digitais requerem organização e controle de processos Conheça agora a história de Aline Aline é uma empreendedora exemplar bastante dedicada Para o ano que vem pretende lançar dois produtos digitais uma vez que já coleciona centenas de milhares de seguidores em seu perfil do Instagram o que mostra inclusive o engajamento em sua geração de valor para o mercado até então Hoje Aline atua como hipnoterapeuta e escreve artigos para blogues diversos todos relacionando assuntos variados à sua prática profissional Recentemente lançou um programa de emagrecimento apoiado nas técnicas de hipnose que aprendeu nos cursos que não para de realizar No entanto o desafio agora é ampliar o alcance desse programa para pessoas em todo o país tendo em vista que grande parte da população brasileira vem sofrendo com sobrepeso Para isso precisa tanto pensar nos processos de escrita revisão edição masterização e diagramação do material audiovisual e ebook como também no suporte prestado a distância para fatia conectada de seus pacientes Veja há diversos processos que precisam ser pensados e organizados e também acomodados com processos que já existem Perceba que Aline nada mais está fazendo do que testando hipóteses e incorporando gradati vamente produtos que gerem valor para sua clientela e também potenciais futuros clientes Você na qualidade de mentor ou mentora da Aline proponha os próximos passos capazes de não somente suportar a expansão das operações como também impulsionar os ganhos e a exponencialidade das recomen dações do negócio na rede A ideia é atingir o maior número de pessoas no menor período de tempo possível acumulando feedbacks rápidos e precisos para aprimoramento dos produtos digitais 94 Para tanto esta leitura trará recursos suficientes para ajudálo nessa empreitada São recursos tantos relacionados com ferramentas e tecnologias de gestão como também a respeito de estratégias de vendas e analytics sem deixar a parte burocrática de fora questões jurídicas contábeis etc É importante ressaltar que a sabedoria do profissional reside na adaptação do elenco de ferramentas adequadas a cada caso Esse exercício deve ser uma máxima constante na rotina de todo e qualquer profissional Lembrese de que a prática é aliada da competência quanto mais praticar mais habilidade terá acumulado para aplicar em diferentes contextos Não pode faltar Todo e qualquer negócio tem em sua rotina diversos processos que acontecem simultaneamente Há ainda atividades processuais que apresentam codependência ou seja possuem sequencialidade que impede de seguir uma próxima etapa antes de concluir a anterior Essa sequencialidade pode inclusive desembocar em um gargalo para a empresa ou projeto Por exemplo imagine uma construção civil de um prédio O aval da prefeitura ou o recebimento dos tijolos impedem o início das obras percebe Essa demora pode representar grande perda de dinheiro Esta leitura não tem a pretensão de esgotar o assunto sobre gerenciamento de processos A intenção reside na explanação do conceito para que você em suas empreitadas profissionais possa destrinchar com maior habilidade o mapeamento de atividades que ajudam a clarear as situações de desafio em empresas e projetos Bom a estrutura básica do processo está ilustrada a seguir Basicamente processos são conjuntos de atividades coordenadas e organizadas para atender a uma finalidade Veja que há entradas processamento e saídas o que significa que um processo tem poder de transformar algo seja uma matéria prima informação ou mesmo uma pessoa por exemplo em processos de capacitação e treinamento 95 Figura 22 Estrutura básica de processo Fonte Shutterstock Assimile Organizações são conjuntos de pessoas e processos e ambos são susten tados por diferentes ferramentas métodos e instrumentos Joseph Schumpeter em 1950 esclarece que não somente pela capacidade de inovação como também pela habilidade em aprimorar processos ferra mentas e métodos os empreendedores usam a destruição criativa a favor dos propósitos empreendedores FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Exemplificando Você vai levar alguém especial para comer em uma pastelaria no domingo de manhã Note com olhar crítico que só excelentes profis sionais têm os processos compreendidos no tempo entre o seu pedido até a entrega do pastel com o caldo de cana que pediu Veja que para o pastel ser frito mais rapidamente ele já estava pronto e congelado Mas antes de estar pronto para fritura como aconteceu todo o processo de compra e armazenamento desses produtos Qual é o fornecedor do catupiry Será que é o mesmo do tomate do pastel de pizza E a louça que sujou será que a mesma pessoa que manipula os pastéis também lava todos os copos Esse é um exemplo simples do verdadeiro emara nhado de processos que uma pequena empresa pode ter 96 Para organizar os tempos recursos e insumos de cada processo os líderes precisam ter em mãos informações suficientes para seguir com o equilíbrio das atividades e suprimento no tempo adequado de cada processo Para ajudar a gestão nesta tarefa muitas ferramentas apresentamse como candi datas desde uma planilha Excel até a adoção de um ERP acrônimo para Enterprise Resource Planning que quer dizer sistema integrado de gestão empresarial o mercado dispõe de inúmeras soluções de gerenciamento de recursos que permite inclusive ganhos de escala A escolha das ferramentas adequadas depende da estratégia de negócio Por estratégia de negócio entendese todos os planos traçados para atingir resultados superiores no longo prazo com relação ao investimento aportado levando em consideração o cenário competitivo STAIR REYNOLDS 2012 No caso do ecommerce as estratégias de negócio se aproximam de negócios tradicionais uma vez que estes podem inclusive articular processos de distinção e personalização por exemplo em serviço de pósvenda diferen ciado no ambiente conectado da internet STEFANO ZATTAR 2016 Seja para negócios na internet ou negócios tradicionais o plano de negócios deve abrigar um modelo de negócios Este por sua vez referese a um conjunto de atividades planejadas por vezes referidas como processos de negócios e concebidas para resultar lucro em um mercado STEFANO ZATTAR 2016 p 90 No que diz respeito ao modelo de negócio seja na fase inicial ou de pivotagem do empreendimento a ferramenta Canvas ou Business Model Canvas é fundamental pois ela permite a visualização do modelo de negócio a ser adotado bem como traz à tona a geração de valor que será entregue ao mercado A imagem que segue ilustra o que o Canvas representa para os negócios em cada uma das dimensões consideradas 97 Figura 23 Canvas O QUÊ Proposta de valor Qual é o seu pacote de produtos e serviços e o valor que ele possui para os clientes Segmento de clientes Quem são os clientes que você pretende atender Eles têm um perfil específico Como eles estão agrupados Onde estão localizados PARA QUEM Canais Como sua empresa se comunica e alcança seus clientes para entregar a proposta de valor Relacionamento com clientes Tipos de relação que uma empresa estabelece com clientes para conquistálos e mantêlos Recursos principais Recursos mais importantes exigidos para fazer o modelo de negócios funcionar COMO Atividades Principais Ações importantes que sua empresa deve realizar para fazer seu modelo de negócios funcionar Relacionamento com clientes Tipos de relação que uma empresa estabelece com clientes para conquistálos e mantêlos QUANTO Estruturas de custos Todos os custos envolvidos na operação do seu modelo de negócios Receitas Dinheiro que a empresa gera Quanto e como você vai receber dos clientes Fonte httpsasidbrasilorgbrwpcontentuploads201905ModelodeNegC3B3ciogif Acesso em 6 dez 2019 98 A ferramenta foi criada no ano de 2000 enquanto tese de doutorado de Alex Osterwalder Ter clareza com relação aos itens elencados no Canvas ajuda toda a equipe a entender para qual direção está indo o negócio Isso auxilia inclusive os gestores a tomar decisões de forma mais alinhada o que acaba sustentando uma maior autonomia para estes agentes OSTERWALDER PIGNEUR 2011 Agora você consegue imaginar o número de processos que precisam ser pensados e desenhados após criação do Canvas Saber repensar processos é algo extremamente valorizado dentro das organizações pois a maioria dos gestores simplesmente tombam processos para moldes automatizados sem antes redesenhar todo o fluxo de tarefas envolvido desperdiçando recursos ao não suprimir etapas que poderiam ser descartadas no novo formato Ainda no arcabouço de ferramentas de gestão há os métodos ágeis Falamos anteriormente sobre Scrum SAFe XP Programming e outras metodologias que imprimem agilidade e eficácia aos processos Isso acontece por que tais ferramentas sustentam a visibilidade das informações Isso também é verdade quando falamos de analytics Neste ponto perceba que dependendo das habilidades que você possui há uma geração enorme de valor para a sua empresa Imagine prever cenários futuros e tomar decisões assertivas no momento certo reduzindo o desper dício de recursos antes mesmo das circunstâncias forçarem uma mudança mais radical É exatamente este o potencial da ferramenta analytics Analytics ou inteligência analítica utiliza técnicas oriundas das áreas matemática estatística e machine learning para munir os gestores de insights a partir do cruzamento e articulação de dados Além disso a técnica pode utilizar modelagem preditiva com o uso de machine learning para prever cenários futuros Reflita Uma empresa de planos de saúde utiliza o algoritmo para aprovar ou recusar novas adesões aos produtos de seu portfólio Para isso usa o histórico de compras em farmácias a fim de conhecer se aquele cliente será caro ou não para as suas operações Com isso além de acumular clientes lucrativos a empresa ainda encaminha os clientes custosos para a concorrência Há ganhos por toda a parte Na sua opinião enquanto profissional que preza pela ética qual deve ser o limite de cruzamento de dados em prol do aumento do lucro Ao fazer essa reflexão coloquese em diversas posições inclusive a do cliente custoso 99 A título de ilustração utilizado em conjunto com o Google Adsense o Google Analytics pode trazer diversos insights para os empreendedores Endereçar anúncios pagos para localidades específicas é muito mais assertivo do que realizar uma campanha nacional inviável frente à falta de recursos de um empreendimento em fase inicial Em outras palavras essas duas ferramentas permitem identificar os recortes geográficos que têm buscado palavraschaves relacionadas com aquele determinado segmento de mercado para então direcionar esforços exatamente para aquele recorte Essa tecnologia permite conhecer as tendências de vendas de cada região geográfica cada segmento de produto ou cliente Imagine uma loja online que detém essa inteligência nas mãos O esforço de venda seria muito mais assertivo pois a gestão do negócio poderia canalizar anúncios exatamente para residentes de locais que tem buscado aqueles termos na internet Outro exemplo imagine uma loja online internacional de vestuário de inverno canalizando anúncios para residentes do Nordeste brasileiro No portfólio há produtos de ski dentre outras vestimentas para prática de esportes no gelo Algo definitivamente está errado concorda O exemplo utilizado é extremo mas imagine a quantidade de decisões que são tomadas sem levar em consideração as peculiaridades de cada lugar Em todo o caso há diversas entidades que ajudam o empreendedor a entender qual é o melhor caminho a seguir Lembrese o públicoalvo de um plano de negócio vai além da obtenção de financiamento e crédito no banco de varejo Os principais públicosalvo de um plano de negócio são mantenedores de incubadoras parceiros bancos investidores fornecedores a própria empresa comunicação interna clientes e sócios DORNELAS 2008 Agora atenção para as incubadoras e parceiros Há uma rede de apoio ao empreendedor aqui no Brasil Desde o primeiro passo que consiste na abertura de um negócio há auxílio para saber como e onde consultar as respectivas legislações munici pais estaduais e federais acerca do setor que se pretende atuar Outra consulta importante a ser citada e realizada é na Junta Comercial e no Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI para patentear ou registrar um novo produto FERNANDEZ RIBEIRO 2012 Tendo introduzido o negócio no mercado no entanto há diversas decisões que precisam ser encaminhadas Os processos por exemplo precisam ser engrenados as pessoas precisam de orientação e organização suficientes para saber o que e como executar Perceba que sobre cada um desses âmbitos há inúmeras decisões de acordo com a realidade e necessidade de cada empresa 100 Em termos de metodologia diferentes empresas pedem diferentes arcabouços ferramentais e instrumentais O segredo reside na capacidade de adaptar eficazmente Nesse sentido Rosemary Stewart 1982 aproxima o trabalho do administrador ao trabalho do empreendedor nos seguintes aspectos demandas restrições e alternativas O primeiro diz respeito ao que deve ser entregue enquanto o segundo é atinente aos fatores internos e externos que limitam a ação do agente e por fim as alternativas referemse ao que e como fazer ou seja as opções que o agente tem em mãos Para manipular as variáveis supracitadas o empreendedor deve dispor de ferramentas que o auxiliem e pessoas que o ajudem a transmitir a proposta de valor eleita para o negócio Tendo em vista o fator desempenho pessoas são para Peter Drucker 2003 a ferramenta de execução dos parâmetros de excelência de toda e qualquer empresa Nesse sentido as metas devem tanto ser operacionais como também constituir um programa de desempenho unificado garantindo o mesmo parâmetro de medição para todos os envol vidos e daí resultam também as características a serem identificadas nos possíveis colaboradores candidatos aos cargos anunciados Ainda sobre pessoas segundo José Carlos Dornelas 2008 ao sintetizar informações de diversos estudiosos da área os empreendedores são grandes líderes possuem amplo networking e sabem contratar e inspirar colabora dores Entendem que para obter sucesso precisam ser rodeados de profissio nais competentes Para além dos parceiros imediatos colaboradores internos há uma rede de apoio aos empreendedores e empreendedoras que se arriscam no mercado Especialmente para aqueles que buscam profissionalizar a sua prática É o caso do Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas O Sebrae é a principal entidade de apoio ao empreendedor brasileiro com agências atuantes em diversas cidades de todo o país Foi criado em 1990 para atender aos anseios do empresariado e do Estado sob as leis 8029 e 8154 e regulamentado pelo decreto nº 99570 DORNELAS 2008 Assimile O Sebrae além de ensinar sobre qualidade finanças marketing etc auxilia os empreendedores a entenderem e implantarem diversas ferramentas de gestão É o caso do site a seguir no que tange à utili zação da ferramenta de gerenciamento estratégico Canvas SEBRAE SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Crie novos modelos de negócios com o Sebrae Canvas sd 101 Mas além das instituições de fomento há incubadoras de empresas capazes de suportar as operações iniciais a custos mais baixos Dispondo de telefone internet espaço físico etc as incubadoras geralmente são finan ciadas por universidades grupos comunitários entidades governamentais e outros Vale dizer que a incubação de empresas tende a diminuir o risco de mortalidade das empresas nascentes Também são fundamentais as assessorias contábil e jurídica no que tange desde à constituição da empresa até ao registro de patentes e conformidades ambientais da atividade produtiva Veja que para cada caso há necessidade de assessoramento diferente Em outras palavras uma empresa de base tecno lógica provavelmente requer cuidados que diferem de empresas de cunho industrial Características de uma no entanto não são excludentes frente à outra Outro assessor importante para conectar indústria a empreendedores mesmo se tratando de aplicação de pesquisas e testes são as empresas juniores Ligadas às universidades apoiam empreendimentos na resolução de diferentes problemas em diferentes setores DORNELAS 2008 O Instituto Empreender Endeavor é uma entidade internacional sem fins lucrativos dedicada a prestar suporte a empreendedores em países em desenvolvimento A organização foi concebida no ano de 1997 nos Estados Unidos por um grupo de egressos de Harvard Vale a pena visitar o site da Endeavororgbr e vasculhar os materiais ali disponíveis No modelo de franquias há o suporte da franchising que apresenta uma alternativa de modelo de negócio aos empreendedores Neste modelo a sistemática de franquia dita o tom da estratégia de distribuição e comercia lização de produtos Em se tratando de marcas conhecidas e rede de apoio ao franqueado a etapa de promoção da marca acaba sendo amplamente reduzida uma vez que já integra o modelo de negócio propriamente dito No Brasil o modelo é representado pela Associação Brasileira de Franchising ABF DORNELAS 2008 Para atuação empreendedora dentro de grandes empresas uma vez reconhecida a descentralização da tomada de decisão e articulação do conhe cimento DRUCKER 2003 gestores do alto escalão devem fomentar um ambiente propício para inovação que inclusive aceita riscos e estimula o erro Programas de reconhecimento e canais de comunicação dedicados a essa finalidade são bons exemplos de assessoria assim como a incorporação deste discurso na sala dos gestores e gestoras Ainda sobre o fomento da inovação há espaços de coworking que permitem o intercâmbio de conhecimento entre várias empresas sustentadas 102 por uma rede de contatos estabelecida no ecossistema de inovação O conceito repousa em linhas gerais no compartilhamento de espaço físico e recursos entre várias empresas barateando os custos fixos do negócio Há ainda o aluguel periódico de salas de reunião para pequenos empreendedores que não dispõem de escritório na localidade São exemplos de coworking a empresa brasileira WeFlow e a norteamericana WeWork É comum nos espaços de coworking o fomento de meetups Meetups são encontros informais dedicados a temáticas específicas geralmente ligadas a assuntos que agrupam oportunidades transversais para negócios diversos como exemplo o assunto da tecnologia blockchain para aplicações em fintechs instituições de ensino entidades governamentais etc Por fim vale citar um outro conceito chamado hubs de inovação Hubs em sua simples tradução são nós que ligam ou seja são organizações que conectam diferentes agentes da inovação empresas startups incubadoras etc do universo empreendedor De outro modo são espaços que fomentam o empreendedorismo conectando startups a empresas e investidores mas também a prestadores de serviço universidades e instituições de fomento Um grande hub de inovação no Brasil é o Cubo do Itaú Há diversos segmentos atendidos e organizados em cada andar do prédio localizado na Vila Olímpia em São Paulo Lá grandes empresas visitam startups de educação finanças saúde etc em busca de contratar serviços investir ou mesmo adquirir a startup propriamente dita Veja que nesses termos um espaço coworking acaba sendo um hub e todo esse ecossistema presta suporte aos empreendedores A leitura apresentada ocupouse em trazer ferramentas para gestão asser tiva de novos negócios e empreendimentos que precisam ser pivotados Além disso endereçou diversas instituições de apoio ao empreendedorismo brasileiro bem como tratou de exemplificar pontos estratégicos para atuação tracionado dos empreendedores Faça bom proveito Sem medo de errar Na qualidade de mentor de Aline quais os pontos que podemos elencar como próximos passos Lembrese que Aline quer lançar ao menos dois produtos digitais no próximo ano visando ampliar o alcance de seu programa de emagrecimento baseado em técnicas de hipnoterapia Tendo em vista a expansão das atividades Aline precisa antes de mais nada entender quais são os entraves jurídicos do negócio Para tanto pode contar com a ajuda especializada de advogados que dedicam tempo às entidades focados nos empreendedores 103 Sanado este primeiro ponto agora Aline precisa redesenhar o fluxo de atividades do processo de hipnoterapia na internet não somente testando as técnicas a distância como também estruturando as oportunidades de capturar feedbacks dos clientes Dessa forma Aline conseguirá aprimorar constantemente os produtos digitais que lançar O suporte a ser prestado para a clientela online também deve ser articu lado no sentido de organização de atividades e principalmente no aporte de recursos humanos tecnológicos financeiros e operacionais Em outras palavras quem ficará responsável por atender às interações online em cada plataforma de contato quem fará a curadoria de postagens para manter a constância nas redes sociais quanto será necessário investir em design das peças publicitárias dedicadas aos novos produtos e por fim quanto será investido em anúncios pagos nos buscadores da internet A esta altura vale introduzir o conceito de analytics orientando Aline a implementar ferramentas capazes de articular dados que servirão como apoio na tomada de decisão em especial com relação ao direcionamento dos anúncios supracitados Amarrando todos os aspectos aqui elencados proponha a confecção de um Canvas para melhor traçar as estratégias de marketing e operação dos produtos digitais a serem lançados Para tanto Aline deverá escrever quais as parceriaschave do negócio possíveis parceiros na internet para promover os produtos digitais ou mesmo lojas voltadas para o mesmo público que Aline quer atingir além de assessores do universo empreendedor atividadeschave app stories atendimento pré e pósvenda etapas da confecção do material e outras atividades que sustentarão toda a estratégia dedicado aos novos produtos proposta de valor o que Aline quer entregar Emagrecimento ou autoestima Boa forma ou boa saúde Essas respostas guiarão o discurso a ser empregado nas peças publicitárias recursoschave o principal recurso de Aline é sem dúvida tempo e o próprio acesso à internet além de autônomos como designers contadores etc relacionamento como se dará o relacionamento com o cliente canais os canais de promoção e entrega do produto email correios etc segmento de clientes pessoas que já estão em academias grupos específicos de pessoas na internet etc ou seja onde está o público para que seja possível despertar a sua atenção estrutura de custo a partir dos recursos elencados quais serão os custos envolvidos em toda a operação e sustentação do negócio e por fim fonte de receita pagamento efetuado para adesão do programa de emagrecimento na internet Sugiro que você faça um board do Canvas e vá pregando postits para que a atividade fique ainda mais divertida e visual Replique esta ferramenta para 104 outros negócios com intuito de testar as suas habilidades e criatividade na resolução dos pontos elencados na modelagem de negócios Canvas Veja durante toda a leitura que diversos artefatos foram disponibili zados para que você tenha plena capacidade de realizar a aplicação supraci tada Desde ferramentas de gestão até o uso de analytics e da rede de apoio ao empreendedorismo podem servir de pontapé inicial para esse exercício profissional Boa sorte Avançando na prática Emagrecendo com Scrum Com intuito de ampliar a sua imaginação no que diz respeito à aplicação de ferramentas em contextos diversos imagine usar o método ágil Scrum para enveredar a perda de peso Erick seu primo pediu que você o ajudasse nessa tarefa e você muito afeito a Erick decidiu ajudálo com muita criativi dade O que você proporia a ele Resolução da situaçãoproblema A cada início de mês juntamente com o apoio de uma nutricionista e uma coach do cross training Erick pode planejar todas as atividades que reali zaria até o início do próximo mês incluindo todo o cardápio que comerá e todo o plano de treino que vai cumprir Todos os dias Erick deve enviar uma prova de que seguiu o seu plano do dia no grupo criado entre você Erick nutricionista e coach além de postar no seu Instagram o checkin no local do treino cada vez que for realizar a sua hora de atividade diária Na interação diária também devem ser descritas todas as atividades que Erick realizou no dia anterior todas os desafios enfrentados no momento e o que pretende fazer ao longo das próximas 24h Essa é uma maneira não só de motivar Erick como também aumentar o seu comprometimento com as metas estipuladas Concluído um mês desde o planejamento deverá ser realizada uma nova reunião de revisão verificando se as metas traçadas foram atingidas e o que mais precisa ser ajustado para o plano ficar cada vez mais confortável e adequado à realidade de Erick 105 Faça valer a pena 1 Ferramenta de gerenciamento estratégico composta pelas dimensões parceriaschave do negócio atividadeschave proposta de valor recursos chave relacionamento canais segmento de clientes estrutura de custo e por fim fonte de receita Assinale a alternativa que contenha a ferramenta descrita a Business Model Canvas b Analytics c Business Process Management d Ecommerce e Tração de negócio 2 Priscila é gerente de uma grande empresa de educação Atualmente tem confrontado diferentes projetos com uma nova diretriz dada pela alta adminis tração a ampliação do portfólio de produtos voltados para tecnologia da informação e comunicação disponibilizada ao mercado frente ao aumento da capacidade do time de tecnologia em entregar novas ferramentas para a área No momento o foco paira na solução de fluxo de produção Simultaneamente Mariana sem saber da diretriz pesquisou bastante e trouxe uma proposta de compra de um novo software dedicado ao fluxo de produção Nessa situação Priscila deve a Comprar o software indicado por Mariana b Pedir à Mariana que busque novos fornecedores c Alertar Mariana que a solução poderá ser confeccionada internamente d Ela mesma buscar novos fornecedores e Guardar todas as informações para ela 3 Alice acaba de confeccionar o plano de negócios da sua confeitaria que já funciona há dois anos A sua equipe apesar de bastante enxuta segue rigoro samente as suas diretrizes de atendimento atenção e comprometimento no fornecimento dos produtos além de sorriso no rosto e amizade no trato com o cliente O seu slogan é alegria que cabe na palma da mão 106 Qual das dimensões do Canvas está representada no texto a Parceriaschave b Canais c Fonte de receita d Recursos chave e Proposta de valor 107 Seção 4 Empreendedorismo e inovação desafios e alguns possíveis caminhos Diálogo aberto Olá como vai Você já observou a quantidade de pessoas que vivem reclamando do trabalho Em contrapartida já reparou que grandes líderes e empresários nunca aparecem na mídia reclamando mas muito pelo contrário apresentam argumentos precisos sobre a importância do que fazem e entregam de valor para a sociedade Pois é nem todo mundo entendeu que o propósito de vida de cada pessoa passa invariavelmente pelas atividades profissionais Faça as contas são 8 horas de trabalho mais 1 hora de almoço e pelo menos 1 hora de trajeto ida e volta todos os dias Isso já soma 10 horas por dia de dedicação diária à atividade profissional E isso só é verdade se você trabalha como CLT dentro de um regime de 40 horas semanais Quando o cenário supracitado recai no empreendedorismo autônomo o tempo de dedicação pode muito bem saltar de 40 horas para 80 horas semanais Então imagine se aquilo com o que você trabalha todos os dias não guarda relação com aquilo que você valoriza Haverá sem dúvida um esforço muito maior e um ímpeto de execução muito menor É o que pode acontecer com o Luiz que sempre dedicou a sua vida para a atividade comercial no setor de alimentos Dentre suas habilidades estão falar em público ter relacionamento interpessoal dedicarse ao estudo da composição dos alimentos Atualmente no entanto movido a evidências do mercado quer criar um blog de programação de computador Algumas informações importantes Luiz se arriscou somente com linguagem html para programar alguns sites no período da adolescência Não conhece a fundo nenhuma linguagem de programação para construir aplicações mobile softwares ou qualquer outro produto desse universo tampouco tem certificação ou experiência na área para falar com proprie dade e tornarse autoridade no assunto 108 Bom você foi convidado para um evento e conheceu a história de vida do Luiz e as atuais intenções do empreendedor conforme explicamos Na condição de mentor quais as sugestões que daria a ele Pense em termos de 1 Propósito de vida do empreendedor Luiz 2 Habilidades acumuladas ao longo da carreira profissional 3 Esforço a ser aplicado na proposta inicial em detrimento de outras possibilidades adjacentes ao conjunto de habilidades que já possui A presente leitura vai ajudar você a compreender a relação entre propó sito e carreira profissional bem como as possibilidades do empreendedo rismo com vistas às habilidades acumuladas ao longo da trajetória indivi dual Além disso abordaremos outros assuntos tais como escalabilidade inovação e cultura organizacional Bons estudos e uma ótima mentoria Não pode faltar Você já pensou na proporção de tempo que passa criando e desenvol vendo novas ideias Você enquanto principal responsável por sua vida tem criado novos caminhos novas conexões que beneficiem sua carreira Pois bem essa leitura tem a intenção de despertar a sua curiosidade e ímpeto de ser cada vez melhor para si mesmo e para a sociedade Para iniciar essa conversa precisamos falar de um conceito extremamente complexo e que deve ser cuidadosa e criteriosamente avaliado a cultura Podemos analisar a cultura de uma única empresa ou ainda vislumbrar o potencial cultural de imbricações em fusões e aquisições empresariais Essa sinergia de perfis é estratégica e deve ser considerada em qualquer contexto Pensando na realidade de empreendedores autônomos desde a cultura nacional até a cultura dos grupos sociais que frequenta podem influenciar o desenvolvimento ou mesmo vontade de criar e desenvolver novos negócios Já percebeu quão inovadora é a cultura coreana E a cultura indiana com seu viés fortemente espiritual Já reparou o número de indianos que estão à frente de grandes empresas hoje Nada absolutamente nada é ao acaso quando se trata de intersecções culturais e organizacionais O maior desafio da inovação neste sentido é propriamente a mescla cultural pois nela reside aspectos que podem servir como força propulsora ou resistência dentro do cenário globalizado que hoje atuamos A cultura por sua vez é o todo complexo que inclui conhecimento crença arte moral 109 direito costumes e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade TYLOR apud SOUZA 2014 p 19 Dito de outra maneira a cultura influencia não somente as ações indivi duais na vida em sociedade como também dita regras para o contexto organizacional SOUZA 2014 Além disso tratase de uma construção coletiva que é a todo tempo reafirmada nas práticas sociais diárias Dessa forma quando há uma crença ou costume que precisa ser quebrado a trans formação é gradual construída dia a dia O interesse da comunidade científica em investigar culturas organi zacionais particulares se deve à ascensão pós segunda grande guerra das empresas japonesas em detrimento às norteamericanas Você se recorda do berço dos postulados da abordagem enxuta lean manufacturing Pois bem tal sucesso se deve em grande parte à cultura do Japão altamente coesa ética e disciplinada SOUZA 2014 A cultura organizacional por sua vez é um sistema constituído do resultado enraizado de um padrão de comportamento específico atinente aos ganhos de sinergia daquele grupo de pessoas combinado aos processos instaurados em um determinado contexto A cultura organizacional se manifesta por artefatos estruturas e processos visíveis tais como vesti mentas layout etc valores assumidos estratégias objetivos e filosofias adotadas e por fim pressupostos subjacentes crença percepções coletivas sentimentos e valores compartilhados SCHEIN 2009 Reflita Considere a explicação dada sobre cultura organizacional e a possibi lidade de a cultura organizacional ser alterada Após faça a seguinte reflexão faz sentido manter cadeiras diferenciadas para pessoas em cargo de comado se a intenção da empresa é caminhar para uma configuração horizontal cujo compartilhamento de decisões é visto como fator estratégico na implantação de uma cultura voltada para a inovação e empreendedorismo Não obstante cada cultura acaba elevando ou ao menos preparando o terreno para diferentes configurações de empresa Veja a China e sua incrível habilidade em escalar negócios Hoje a China é referência em volume de vendas que consegue escoar para todo o mundo Competências em logística competitividade em preço e knowhow industrial trouxeram essa possibilidade 110 Essa configuração de empresa possível muito por conta da internet e do tráfego autônomo dos consumidores hoje globais acabou sufocando grande parte dos intermediários dessas transações Empresas que traziam produtos da China hoje não têm mais razão de existir Por outro lado diversos outros modelos de negócios puderam ganhar tração com a chegada da interconexão a nível global Neste sentido a tomada de decisão foi acelerada Como ilustração veja quão imediatista ficou o noticiário se antes havia tempo para curadoria de informações e dados suficientes para delinear uma reportagem ou documentário hoje qualquer pessoa com uma câmera pode noticiar um grande evento antes mesmo de uma grande emissora mundial MORAES RAMONER SERRANO 2013 Perceba portanto que no contexto empresarial as camadas que antes eram vistas estritamente como operacionais agora ganham autonomia para tomar decisões que estejam alinhadas com o mapa estratégico da empresa Por exemplo se a empresa preza acima de qualquer coisa a experiência do usuário então é a partir dessa premissa que todos os colaboradores precisam pautar as suas decisões Neste sentido houve um achatamento da hierarquia Ritos como o SAFe citado em seções anteriores demonstram a proximidade física das pessoas com a alta administração O CEO do Facebook Mark Zuckerberg tem reuniões com os estagiários via web conferência e esse é apenas mais um exemplo E qual é o entendimento aqui É exatamente multiplicar a capacidade de executar e decidir das grandes mentes que acabam se reservando à atividade de guiar o negócio Isso se chama escalabilidade e é atingido pela canali zação inteligente de recursos sejam eles tangíveis máquinas modais de transporte etc intangíveis conhecimento métodos ferramentas técnicas etc ou de pessoas Mas essa prática social na cultura organizacional deve ser suportada por um clima favorável caso contrário a cultura da inovação pode ser sufocada Assimile Há algumas categorias de características que formam a essência da cultura organizacional Tais características tanto influenciam o comportamento e a tomada de decisão das pessoas como também embasam o mapa estraté gico Veja alguns exemplos grau de inovação e tolerância a risco acuidade analítica orientação para resultados orientação para pessoas ou equipes nível de competitividade e estabilidade ROBBINS 2005 111 Dito de outra maneira e a título de exemplo em vez de fazer os choco lates ele mesmo como no início de sua carreira quando vendia chocolates em um Fusca o chocolatier Alê Costa fundador da empresa Cacau Show montou uma operação com pessoas formadas tecnicamente para multiplicar os produtos que vendia e ampliar o portfólio Hoje o CEO promove a marca com aparições na grande mídia além de inspirar todos os colaboradores de sua organização FERREIRA 2012 Dentro de um recorte temporal de apenas oito anos Alê Costa saiu da condição de vendedor de porta em porta e foi estudar na Bélgica para aprimorar a sua técnica enquanto manipulador de chocolates Em 2001 a primeira loja foi aberta para atender à necessidade de estoque de um distribuidor e pouco tempo depois já entrava para a franchising FERREIRA 2012 De fato como você viu a carreira empreendedora acumula diversos desafios O primeiro deles é com relação ao âmbito financeiro Trocar a comodidade de ser assalariado ou servidor público não é para todos especial mente quando colocamos na balança o montante de boletos que devem ser pagos todos os meses De outro prisma arriscarse em fazer diferente nas organizações também não é tarefa fácil uma vez que pode encarar situa ções desagradáveis frente à cultura engessada ou mesmo sabotagem de pares ou gestores Ainda com relação ao empreendedorismo quando se está criando um novo mercado ou produto o nível de incerteza é muito alto o que pode fazer com que o novo negócio acabe esbarrando em obstáculos de resistência crenças ultrapassadas e infraestrutura É o exemplo da venda online no fim do último século muitas pessoas ainda hoje não confiam na compra online pois consideram a hipótese de não receber em conformidade Ou ainda para ilustrar quão frágeis são as barreiras em negócios digitais a imitação de soluções tecnológicas é bastante comum vide exemplo do Skype seguido por FaceTime Viber Google Hangouts etc e Evernote seguido por Microsoft OneNote Apples Notes Google Keep Simplenote etc Como articulado em leituras anteriores há um arcabouço de novas técnicas que tendem a diminuir a incerteza e aumentar a possibilidade de sucesso de um negócio tais como o lean startup e outros métodos ágeis Essas abordagens são especialmente importantes no atual contexto porque as empresas têm sobrevivido cada vez menos tempo e apresentando maior necessidade de inovação em um espaço de tempo cada vez mais suprimido De toda sorte há uma decisão anterior que precisa ser tomada a indivi dualmente antes de arriscar qualquer negócio no mercado Essa decisão paira sobre o propósito de vida da pessoa que ao encontrarse em alinho com o propósito organizacional ou projeto empreendedor gera grandes resultados 112 Nessa busca é possível eleger mentores processo de mentoring que podem auxiliar ao longo da jornada Tais mentores são em geral mais experientes e estão prontos para guiar o caminho de pessoas iniciantes Essa prática é bastante comum no ecossistema de inovação e empreendedorismo Tal prática é vista inclusive pelo olhar científico em comunidades japonesas e ligase diretamente à expectativa de vida mais elevada e à qualidade de vida propriamente dita A título de exemplo os japoneses de Okinawa praticam o Ikigai que prega a busca constante e dedicação com alta performance ao propósito de vida Para entender melhor há uma mandala que representa as intersecções entre paixão missão de vida profissão e vocação Veja a seguir Figura 24 Ikigai Fonte Shutterstock As dimensões do propósito ou Ikigai residem no que você ama fazer no que você é bom em fazer no que o mundo precisa e também naquilo em que você pode fazer dinheiro A cada imbricação há uma diferente vertente paixão missão profissão e vocação como falamos Mas o ponto de encontro de todas essas vertentes revela enfim o propósito de vida de cada um Perceba que essa ao lado da Janela de Johari Roda da vida e outros é uma ferramenta capaz de tornar a sua prática profissional ainda mais valorosa e impregnada de sentido Aumentando o senso de valor há maior ímpeto e boa vontade para fazer as atividades elencadas no dia a dia 113 Na mesma esteira do autoconhecimento há a prática do coaching Coach em inglês significa treinador instrutor ou ainda treinar e ensinar Com o posfixo ing ganha o sentido de prática ou atividade constante ou seja o coaching propriamente dito agrupa ferramentas de desenvolvimento pessoal e profissional capazes de elevar a performance individual ou em grupo Você inclusive pode ser seu próprio coach e ampliar as habilidades de seu perfil uma vez que segundo John Whitmore 2012 os fatos e a resposta para todos os questionamentos estão dentro de si mesmo Neste sentido você pode trabalhar o coaching e desbloquear o potencial para maximizar seu próprio desempenho WHITMORE 2012 p 17 Exemplificando Há diversos casos de autocoaching inclusive nos esportes A aplicação do conceito nesse âmbito data de 1831 enquanto que o ambiente de negócios começa a incorporálo apenas em 1950 IBC 2018 Juntamente com a programação neurolinguística Michael Phelps desenvolveu alta performance e atingiu diversas conquistas por meio da autossugestão ou seja da concessão de pensamentos positivos e engrandecedores antes de cada prova Dica Faça o teste use o mundo como um grande laboratório e divirtase diga para uma pessoa de idade de preferência o seu avô ou avó com ar de cansaço E aí aquela dor passou Agora noutra oportunidade com bastante energia e um sorriso pergunte sobre algo que a pessoa gosta ou peça um conselho a ela e verá uma reação completamente oposta Esse é o imenso poder da programação neurolinguística apenas para que comece a mergulhar nesse conhecimento sobre autosugestão O processo de coaching leva em consideração os valores e crenças dos indivíduos Vale ressaltar que valores diz respeito a tudo aquilo que é impor tante enquanto crenças são as verdades que balizam o comportamento e a expectativa de comportamento dos outros As crenças em especial podem ser conscientes ou inconscientes e ainda limitantes ou impulsionadoras LOTZ GRAMMS 2014 Dessa forma a transformação reside em conhecer o modelo mental e provocálo a fazer mudanças Mas para isso é preciso reconhecer que a reali dade vista dos olhos de uma pessoa não é a mesma vista por outra De outro modo capturamos a realidade através dos cinco sentidos mas esses nem sempre interpretam a realidade de forma objetiva LOTZ GRAMMS 2014 114 Uma analogia utilizada tanto na área do coaching como na programação neurolinguística é mapa não é território O mapa de uma cidade não representa a cidade em si apenas tratase de uma representação dela Ou seja a realidade percebida por nós é apenas mapa e não território e neste sentido jamais será inteiramente precisa ou fiel à realidade objetiva LOTZ GRAMMS 2014 Veja essa analogia também ajuda a entender os benefícios do mentoring pois alguns mapas são melhores do que outros Dentro das organizações o mentoring pode ajudar na transmissão de conhecimento e geração de benefí cios no tocante à gestão de talentos LOTZ GRAMMS 2014 No ecossistema de inovação hubs incubadoras ou instituições de apoio ao empreendedor como o próprio Sebrae dispõem de programas de mentoria com vistas a impulsionar os resultados do empreendimento e em especial o crescimento do próprio agente de transformação Dito sobre carreira propósito ferramentas de coach e autocoaching faça a seguinte reflexão no encontro de suas habilidades atividades que alegram e oportunidade de negócio além de aplicadas todas técnicas de testagem de hipóteses o que poderia dar errado Veja que há diferentes composições de habilidades que podem suportar uma empresa ou projeto e exatamente por isso a educação contínua deve ser uma máxima em sua carreira certo Ao incorporar cada vez mais conhecimento você poderá desenrolar negócios ainda mais promissores Muito sucesso a você e a seus empreendimentos Sem medo de errar Lembra de Luiz Ele quer canalizar a sua energia a outro ramo de ativi dade totalmente diferente da atuação profissional que exerce hoje Mas não há habilidade propósito contatos ou sequer experiência informal com a nova proposta de atuação A primeira coisa que precisa ser feita é esclarecer a Luiz que nem tudo que é hobbie deve ser levado como possibilidade de negócio assim como as tendências de mercado não devem balizar necessariamente as escolhas profissionais para o futuro Retomando as reflexões que propusemos no início e na condição de mentor de Luiz quais as sugestões que você daria a ele 1 Propósito de vida do empreendedor Luiz proponha uma conversa no sentido de tirar respostas de si mesmo Perguntas quando bem colocadas geram insights valiosos para tomada de decisão 115 2 Habilidades acumuladas ao longo da carreira profissional falar em público ter relacionamento interpessoal e knowhow em composição dos alimentos em nada ajudará Luiz no blog Pelo contrário Luiz deve ser provocado no sentido de elencar as possibilidades que pedem tais habilidades que já possui e desenvolveu ao longo de anos 3 Esforço a ser aplicado na proposta inicial em detrimento de outras possibilidades adjacentes ao conjunto de habilidades que já tem aqui por fim vale o exercício do Ikigai para chegar na proposta de valor que menos dispenderá esforços e mais provocará ímpeto em realizar pois estará diretamente ligado ao propósito de vida do Luiz Caso tenha incorporado os ensinamentos da presente leitura saberá que falta algum elemento dos pontos supradestacados Perceba pois que não é somente criar atalhos para desenvolver novos empreendimentos com base nas habilidades já aprendidas mas sim relacionálos com aquilo que valori zamos em nosso íntimo de forma individualizada Verá no entanto que muitos outros indivíduos valorizam as mesmas coisas que você A beleza disso tudo reside na equanimidade em desenvolver projetos cheios de valor pois o propósito de vida apesar de não ser único apresenta a qualidade da constância e da invariabilidade na linha do tempo Além disso é pautado nos valores arraigados em cada ser ou conjunto de seres Exemplos movimento do veganismo educadores de finanças pessoais personalidades do universo fitness etc A mensagem que deve ficar é viva a beleza de ser único e poder entregar valor para si mesmo e para sociedade Conheça a ti mesmo para realizar grandes feitos Boa jornada Faça valer a pena 1 A cultura organizacional se manifesta a partir de três níveis Qual dos níveis trata da composição dos móveis vestimentas comumente utilizadas pelos colaboradores linguagem normas e valores Assinale a alternativa correta a Pressupostos adjacentes b Pressupostos tangíveis c Nível dos artefatos d Valores assumidos e Valores presumidos 116 2 Tainá se dedica à atividade de coaching ajudando pessoas a encontrar o propósito de suas vidas no âmbito do trabalho Há alguns meses Tainá começou a estudar a cultura japonesa e descobriu uma ferramenta que localiza missão profissão vocação e paixão A que ferramenta o trecho apresentado se refere Assinale a alternativa correta a PDCA b Lean c Coaching d Ikigai e Kaizen 3 O fator humano é uma das principais engrenagens de toda e qualquer estrutura organizacional Por isso a sinergia e outros aspectos da combinação de vínculos sociais são promovidos na discussão do alcance de resultados A por sua vez é um sistema constituído do resultado enrai zado de um padrão de comportamento específico atinente aos ganhos de daquele grupo de pessoas combinado aos processos instau rados em um determinado Qual alternativa completa adequadamente as lacunas a cultura organizacional sinergia contexto b cultura nacional contexto empreendimento c cultura nacional moral contexto d cultura nacional ética país e cultura organizacional contexto sinergia 117 Referências COLLABNET VERSIONONE 13th Annual State of Agile Report Sl 2019 Disponível em httpsexploreversiononecomstateofagile13thannualstateofagilereport Acesso em 19 nov 2019 COOPER B VLASKOVITS P Empreendedorismo enxuto como visionários criam produtos inovam com empreendimentos e revolucionam mercados 1 ed São Paulo Empreende Atlas 2016 DI NIZO R Reinventando a liderança por uma ética de valores São Paulo Summus Editorial 2013 DORNELAS J C A Empreendedorismo transformando ideias em negócios 3 ed Rio de Janeiro Elsevier 2008 Disponível em httpsintegradaminhabiblioteca 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meio de serviços de streaming como Netflix Você tem efetuado ligações normais pelo serviço da sua operadora ou usado o serviço de ligações e vídeo chamadas do WhatsApp É bem possível que já tenha usado um Uber ou pedido uma refeição pelo app do iFood certo O fato concreto é que a tecnologia tem mudado a nossa vida e é muito provável que você já tenha consumido ao menos um dos exemplos acima de produtos e serviços que foram radicalmente mudados por conta da inovação Por isso pergunto a você você sabe qual o tamanho da importância da inovação no ambiente de empresarial Como inovar Para que uma empresa inove ela precisa sempre inventar coisas novas E como posso avaliar ou medir se uma empresa está de fato inovando Frente a isso convido você a mergulhar nesse fantástico contexto da inovação em que estudaremos os fundamentos e os aspectos iniciais da inovação e seus devidos processos a fim de que seja capaz de responder às questões acima aplicar os principais termos aplicados à inovação e reconhe cêla como um processo imprescindível para a evolução organizacional Vamos estudar diversos elementos do universo inovativo e os seus impactos no ambiente de negócios contemporâneo mas para isso precisamos compreender os principais benefícios da gestão da inovação nas empresas em prol da sua evolução bem como analisar o caminho da invenção de algo até de fato ela se transformar em inovação criando novos produtos e serviços Por fim vamos verificar alguns aspectos da inovação na prática e como as organizações têm realizado a sua gestão do conhecimento Dessa forma espero que assimile e aprenda esses conhecimentos tão importantes para se qualificar e adquirir uma competência profissional tão requerida nos dias atuais ser inovador Excelente estudo 121 Seção 1 Inovação e seus impactos no ambiente de negócios contemporâneo Diálogo aberto Prezado aluno pensando no mercado de trabalho e no ambiente de negócios poucos os fatores têm sido tão relevantes para o sucesso de um negócio ou para o desenvolvimento de um bom perfil profissional quanto a inovação afinal alcançála tem se mostrado um excelente diferencial compe titivo resultando em vantagem estratégica no mercado Mas o que devemos fazer para criar uma ideia ou inventar alguma coisa Só podemos falar em inovação quando fazemos altos investimentos em tecnologia Como saber se o nosso investimento está dando retorno no que tange à inovação Essas e outras tantas perguntas perambulavam pela mente de Fábio e Giovanna nos últimos dias Vamos conhecer a história deles Fábio e Giovanna são irmãos e descendentes de italianos que chegaram ao Brasil depois da Segunda Guerra Mundial Fábio Baresi como irmão mais velho estava vivendo um momento delicado com a morte do seu velho e amado pai há dois meses tentava compreender as mudanças que estavam acontecendo em sua vida Entre outras questões cabia a ele na condição de filho mais velho e inventariante e a Giovanna a caçula darem continuidade ao negócio que seu pai tinha fundado no século passado e por meio do qual tinha conseguido sustentar toda a família O babbo Baresi como era chamado seu pai abriu a gráfica Palestra na região da Mooca na capital paulistana e no auge do negócio teve uma ótima e diversificada carteira de clientes que sempre realizavam suas impres sões e serviços gráficos na empresa reconhecida por todos como uma das melhores de toda a região metropolitana de São Paulo Fábio cresceu naquela gráfica ajudava seu pai em todas as tarefas produtivas e de gestão do negócio Giovanna também cresceu lá e trabalhava na parte administrativa auxiliando no controle de pessoas nas questões contábeis e financeiras nas vendas etc Todavia com o passar dos anos e a evolução digital o tradicional mercado gráfico sofreu muitas transformações e a gráfica da família não é mais nem sombra do que foi outrora Fábio e Giovanna conseguem perceber isso clara mente a gráfica parou no tempo e para continuarem neste ramo de ativi dade a inovação é fundamental Mas as dúvidas pairam no ar como fazer isso Quais estratégias podem adotar Como eles inventariam algo novo no 122 mercado Quais as formas e possibilidades para inovar a gráfica Como criar e implantar uma cultura inovadora na empresa Fábio e Giovanna têm muitas dúvidas sobre questões correlacionadas à inovação e precisam do seu auxílio para inovarem e dar novos rumos à gráfica Palestra que é o negócio da família Baresi Para alcançar esse objetivo será fundamental que você foque os estudos sobre inovação nesta etapa compre endendo seus principais conceitos seus elementos e suas possibilidades no intuito de gerar vantagem competitiva Bons Estudos Não pode faltar No final do século XX os seres humanos passaram a experimentar uma escalada evolutiva e de desenvolvimento em todas as áreas de conhecimento da sociedade moderna e numa velocidade muito maior que em qualquer outro período da história A partir da evolução dos meios tecnológicos a sociedade se deparou com um salto evolutivo que impactou os produtos os meios de produção as comunicações os hábitos e costumes os estilos de vida etc Esses progressos não só se consolidaram no século XXI como estão evoluindo em velocidade crescente O fato concreto é que as TICs estão revolucionando a vida e o mundo contemporâneo como conhecemos Afinal nunca antes havia sido possível converter e compartilhar ao mesmo tempo tantos dados e informações das mais diversas fontes e lugares do mundo em novos e valiosos conhecimentos proporcionando uma espiral contínua de evolução educacional econômica social e tecnológica É esse cenário repleto de transformações revolucionárias que nos desafia diariamente à mudar e evoluir e é nele que encontramos um conjunto fértil de ingredientes e condições favoráveis para um ambiente voltado à inovação Além disso podese afirmar que foi exatamente esse ambiente que provocou uma mudança de hábitos de consumo na própria sociedade que passou a exigir das organizações novidades constantes e melhorias nos produtos e serviços que adquire Mas o que seria exatamente inovação A princípio inovação sugere a criação de algo novo novidade um elemento que traga uma nova ação entre outras definições básicas plausíveis É possível perceber nos livros sobre o tema que esse conceito está intimamente ligado ao contexto da aplicabili dade do termo Do ponto de vista organizacional e econômico a inovação é comumente traduzida como uma ação voltada à criação de produtos e 123 serviços voltados ao mercado Myers e Marquis apud Trott 2012 trazem uma definição interessante explicando que inovação é o processo integrado que envolve ações relacionadas à concepção de ideias novas dispositivos novos e desenvolvimento de novos mercados é por isso que a inovação tem sido um dos elementos mais estudados no ambiente acadêmico e ambicio nado pelas empresas afinal ela é tida como fator primordial para o fomento da economia no mundo Reflita Você já parou para pensar como o mercado evoluiu neste século Trott 2012 nos mostra algumas empresas que eram líderes de inovação e de mercado em 2007 A Nokia era líder no mercado de telefonia celular por conta dos aparelhos inovadores com design e novas características O eBay e a Google revolucionaram a vida e os hábitos das pessoas desenvolvendo produtos e serviços inovadores por meio da internet E hoje elas ainda podem ser consideradas como expoentes em inovação Atualmente continuam líderes de mercado Historicamente é possível dizer que Schumpeter foi um dos precursores do estudo da importância da inovação no contexto do desenvolvimento econômico capitalista Para ele a criação de novos produtos praticamente eliminava os seus antecessores processo que chama de destruição criativa sendo um estímulo fundamental para a economia pois acirrava a concor rência entre as empresas Para o economista as inovações eram novos produtos ou aspectos novos naqueles existentes desenvolvimento de novos mercados novos meios de produção utilização de novas matériasprimas e fontes de fornecimento criação de novas empresas entre outras possibili dades de variações BALESTRIN VERSCHOORE 2016 Nessa perspectiva conceitual e histórica Chesbrough Vanhaverbeke e West 2018 trazem uma nova abordagem para a inovação que é muito debatida e aplicada atualmente Anteriormente acreditavase que o processo de inovação era fechado somente de dentro para fora das empresas pois toda criação e disponibilização de novos produtos se davam pelos seus setores de Pesquisa e desenvolvimento PD e aos poucos eram assimilados e aceitos pelos clientes Hoje essa premissa já é totalmente ultrapassada pois o conceito de inovação aberta criado em 2003 por Henry Chesbrough se mostra muito 124 mais coerente à realidade deste século Nele a visão é de que a inovação ocorre tanto de dentro para fora como de fora para dentro nas empresas afinal elas utilizam uma série de recursos externos à organização para desen volver ou aprimorar seus próprios produtos existentes criar novos produtos serviços processos técnicas inovadoras ou até novos mercados sempre com a perspectiva norteadora voltada para a exploração comercial A seguir seguem o conceito e a figura que explicitam o modelo de inovação aberta um processo de inovação distribuída com base nos fluxos intencionais de conhecimento gerenciados por toda a fronteira organizacional utilizando mecanismos pecuniários e não pecuniários alinhados com o modelo de negócios da organização Esses fluxos de conhecimentos podem envolver o fluxo de entrada de conhecimento na organização em foco aproveitando fontes externas de conhecimento por meio de processos internos a saída de conhecimento da organização em foco aproveitando o conhecimento interno a partir de processos de comercia lização externa ou ambos acoplando as fontes externas de conhecimento e as atividades de comercialização CHESBROUGH VANHAVERBEKE WEST 2018 p 42 Figura 31 Modelo de inovação aberta Base de conhecimento e tecnologia externa A montante A jusante Mercado de Outras Empresas Implementação e incorporação de tecnologia externas De dentro Para fora De fora para dentro Acoplado Novo Mercado Fronteira da empresa Base de conhecimento e tecnologia interna PD Cola boradores Pesquisa Desenvolvimento Manufatura Marketing Fonte adaptada de Chesbrough Vanhaverbeke e West 2018 125 Assimile Inovação é a combinação de conhecimentos tecnologias e esforços humanos que são traduzidos em novos produtos serviços processos e tipos de negócios desenvolvidos com o intuito de obter sucesso em seus fins comerciais e de aceitação pelo mercado Aqui cabe uma importante distinção entre dois conceitos comumente tratados como sinônimos pelo senso comum mas que são bem diferentes inovação e invenção Essa última está apenas atrelada à descoberta de algo novo ou a uma forma nova de se fazer algo É por isso que geralmente as invenções são devidamente registradas e patenteadas para que no futuro possam ser exploradas comercialmente gerando ganhos financeiros ao inventor Já a inovação como visto está totalmente atrelada ao uso e à exploração comercial da invenção Só é possível dizer que uma invenção se tornou uma inovação a partir de sua comercialização e absorção pelo mercado Trott 2012 resume explicando que a soma da concepção teórica de uma nova ideia quando materializada ou posta em prática tornase uma invenção técnica que ao ser devidamente explorada comercialmente transformase de fato em inovação Exemplificando A internet revolucionou o mundo mas você sabe como ela surgiu No final da década 1960 os EUA viviam o auge da Guerra Fria com a extinta União Soviética e buscavam um meio para que a comunicação entre uma rede de computadores separados independentemente da sua localização pudesse continuar transmitindo informações com os militares mesmo em caso de bombardeio soviético Com isso foi criada a Arpanet a ideia embrionária que originou a internet e que rapida mente se difundiu no meio acadêmico e militar Porém foi a partir de 1980 que a internet se expandiu concretamente para o resto do mundo e somente foi liberada para fins comerciais nos EUA no final da década No Brasil a internet só foi explorada comercial mente em 1995 Portanto podemos dizer que a internet foi inventada em meados de 1960 mas só se tornou uma inovação de fato a partir do final da década de 1980 126 Compreendidos os conceitos básicos relacionados à inovação é preciso entender os seus tipos e as diferenças fundamentais entre eles Afinal outro pensamento equivocado que povoa o imaginário das pessoas é de que a inovação só existe quando criamos algo que não existia o que não é uma verdade Por isso precisamos aprender sobre inovação incremental e radical Quando falamos de inovação incremental o foco é o desenvolvimento e a melhoria contínua dos produtos serviços processos etc Em síntese o objetivo desse tipo de inovação é aperfeiçoar coisas e aspectos que já existem e quando falamos de produtos e serviços proporcionar a eles pequenos progressos e modificações mas sem modificálos de modo mais extremo causando o estranhamento do públicoalvo Essas modificações podem ser frutos de pesquisas observações dos colaboradores sugestões ou reclama ções de clientes etc Cabe ressaltar que em linhas gerais a inovação incremental é mais acessível e realizável pelas pequenas empresas pois não requer tantos inves timentos em PD Por conta disso geralmente não costuma causar tantos impactos e revoluções no mercado e nem representa aumentos extraordiná rios das margens de lucros ou de retornos financeiros Diametralmente no espectro oposto temos a inovação radical que é caracterizada por produtos serviços processos negócios e até mesmo segmentos de mercado totalmente inéditos Nesse tipo de inovação o que temos é uma quebra de paradigmas e padrões a disrupção total do status quo vigente por meio de uma mudança drástica causada por elementos inova dores As principais fontes para a inovação radical são os centros de pesquisas acadêmicos os departamentos de PD nas empresas os treinamentos de abstração voltados para o aprimoramento da criatividade dos colaboradores além de outras fontes menos relevantes As inovações radicais são comumente realizadas por grandes empresas por causa dos altos custos envolvidos em pesquisas patentes e invenções Elas costumam provocar mudanças profundas no ambiente geral gerando novos hábitos e comportamentos por parte das pessoas e empresas costumam dar um novo know how e status de mercado para as marcas e empresas que as criam representando ativos poderosos com alta perspectiva de retorno econômico e financeiro maior que aqueles praticados pelo setor de inovação 127 Figura 32 Tipos de inovação Inovação não linear Radical Inovação de conceitos de negócios Melhoria de processos de negócios Melhoria contínua Incremental Componente Sistêmico Fonte adaptada de Balestrin e Verschoore 2016 Na Figura 32 podemos perceber a inclusão de outros dois elementos na tipologia da inovação propostos por Hamel apud Balestrin e Verschoore 2016 Ele distingue as inovações radical e incremental e agrega as dimen sões componente e sistêmico a elas Assim quando a inovação ocorrer em produtos e serviços estará relacionada à dimensão componente e quando o fato inovador estiver relacionado à gestão e aos negócios estará ligado à dimensão sistêmica Dessa forma é possível verificar quatro modos de inovação melhoria contínua melhoria contínua de processos de negócios inovação não linear e Inovação de conceitos de negócio Seja incremental ou radical principalmente uma boa alternativa como fonte de inovação para as empresas é a análise constante de oportunidades que surgem relacionadas ao uso de tecnologias exponenciais aplicadas em aprimoramento ou criação de produtos e serviços Essas tecnologias repre sentam recursos e soluções inovadoras que podem causar grandes saltos evolutivos e revolucionar os hábitos e costumes dos consumidores Entre os principais exemplos de tecnologias exponenciais que têm acelerado o processo de inovação é possível citar a nanotecnologia a neurotecnologia a biotecnologia a internet das coisas as redes sociais a inteligência artificial a robótica as fontes energéticas renováveis a tecnologia espacial entre outras Independentemente do tipo ou fonte de inovação o fato é que ela se tornou o elemento norteador de muitas organizações em seu planejamento 128 estratégico com foco em suas perspectivas de evolução no mercado constando até mesmo como um dos fundamentos centrais em suas missões e visões voltadas aos clientes Dessa forma essas empresas têm usado todos os seus recursos principalmente humanos financeiros e tecnológicos para alcançar vantagens competitivas sustentáveis a médio e longo prazo baseadas em inovação contínua e criação de valor superior em relação aos demais concorrentes sempre em observância aos fatores críticos de sucesso de uma inovação como vemos na figura a seguir Figura 33 Fatores críticos de sucesso para a sua inovação Fatores relativos à empresa Herança orga nizacional Experiência Equipe de PD Fatores relativos ao produto Preço relativo Qualidade relativa Diferencial Avanço tecnológico Fatores relativos ao mercado Concentração de mercadoalvo Entrada oportuna no mercado Pressão competitiva Maketing Fatores relativos ao projeto Complementa riedade Estilo de gestão Apoio da alta Administração Produto de Comercialização bemsucedida Viabilidade tecnológica Viabilidade comercial Fonte Trott 2012 p 85 Portanto as empresas têm estabelecido como objetivo organizacional e estratégico a criação de uma cultura da inovação que fortaleça um contexto multifatorial voltado ao desenvolvimento de um ambiente inovativo no intuito de se manterem em posição diferenciada de liderança mesmo que por um pequeno período fazendo com que a concorrência apenas imite seus lançamentos inovadores e fique em posição inferiorizada no mercado Para isso elas vão adotar estratégias em sua cultura organizacional que foquem a inovação interna por aquisições ou por alianças estratégicas e cooperação É comum ainda que a empresa estabeleça estratégias que possam misturar as formas e possibilidades conforme Quadro 31 129 Quadro 31 Formas estratégicas de inovação e suas possibilidades Inovação Interna Alianças e Cooperação Inovação por aqui sições PD Desenvolvimento de colabo radores Disponibilização de tempo para projetos pessoais Programas de Trainee para jovens talentos Cooperação interdeparta mental Gestão do conhecimento Licenciamento Relações de fornecimento Terceirização Joint Venture Colaboração sem con trato Consórcios de PD Clusters industriais Redes de inovação Empresa virtual Transferência de tecno logias Patentes Conceitos e estudos Propriedade inte lectual Pesquisas Protótipos Projetos Empresas Fonte adaptado de Trott 2012 Além dos aspectos e das vantagens econômicas e competitivas já retratadas para as empresas e países para Monteiro 2019 a inovação pode resultar em benefícios vantagens e soluções de problemas que afligem a sociedade como saneamento e saúde além de aspectos relacionados ao emprego e à renda das pessoas Nessa perspectiva social diversas ações colaborativas relacionadas à economia social e solidária têm se mostrado como excelentes fontes e possi blidades férteis para o desenvolvimento da inovação Assimile É inovação social toda a iniciativa empreendida por parte de atores sociais num determinado contexto social com o objetivo de propor cionar respostas inéditas a um certo número de problemas sociais exclusão social pobreza abandono escolar etc ASSOGBA 2007 apud MONTEIRO 2019 p12 Em se tratando de um aspecto estratégico da organização a inovação deve ser devidamente mensurada e medida para que seja possível o seu gerencia mento em todos os seus elementos Nesse sentido as métricas de inovação são medidas em dados brutos que mostram tendências básicas resultados 130 e comportamentos de modo qualitativo e quantitativo possibilitando a compreensão de modo efetivo dos fatores e das ações que são praticadas em relação à inovação no ambiente organizacional sendo muito adequado o seu uso para fins gerenciais e diretivos quanto à autoavaliação de competências e capacidades tecnológicas Para Figueiredo 2005 a partir da mensuração da capacidade tecnoló gica bem como das suas fontes e dos processos de aprendizagem é possível traçar e identificar nuances e detalhes altamente importantes sobre o perfil inovador organizacional permitindo uma visão e uma análise mais assertiva da velocidade em anos para obtenção e acúmulo de qualificação tecnoló gica que permitirá produzir inovação Além disso permite uma análise mais racional para fins de necessidade e retorno dos investimentos em tecnologia As métricas de um modo geral podem ser mais simples ou sofisticadas dependendo da necessidade e do objetivo com que os indicadores serão utilizados Contudo mensurar e comparar os resultados e indicadores da inovação tornouse fundamental no cenário de grande proximidade e concor rência entre as empresas Rosa et al 2018 explica que as métricas estão geralmente relacionadas por medidas e indicadores de capital humano do cliente estrutural e intelectual O Quadro 32 apresenta métricas específicas de inovação Quadro 32 Possiblidades de métricas de inovação Investimento em PD Patentes Inovações significativas Pesquisa de inovação Divulgação de produtos Colaboradores empenhados para a inovação Avaliação de peritos Investimento em atividades inovadoras PD projeto e engenharia investimen tos em ativos fixos investimentos em marketing Processo da inovação Instalações de PD Número de inovações adotadas Relação entre despesas compras internas e compras externas Receitas com licenciamento despesas e receitas com licenciamento de patentes e outros licenciamentos Ênfase na variedade de novas linhas de produtos Ênfase na velocidade de introdução de novos produtos Cooperações e networking externo Porcentagem de receitas obtidas de novos produtos Fonte adaptado de Rosa et al 2018 p 6 Prezado aluno como você estudou a inovação é um elemento de grande importância para as organizações que desejam alcançar vantagem 131 competitiva e diferenciarse da concorrência por meio de produtos com uma proposta de valor superior Importante destacar que a inovação pode ser tanto a criação de algo inédito quanto o aprimoramento ou o desenvolvi mento de uma melhoria em um produto ou serviço que já exista Até a próxima Sem medo de errar Estimado aluno você acabou de compreender os principais conceitos relacionados à inovação Além disso aprendeu uma série de variáveis e aspectos sobre as formas como as empresas e organizações lidam com esse tema tornando possível analisar e desenvolver estratégias e formas de atuação no mercado visando diferenciarse da concorrência e alcançar a tão almejada vantagem competitiva Frente a isso é hora de novamente nos atentarmos à situação problema e ajudar os integrantes da família Baresi a dar um novo rumo à gráfica de sua família Mas vamos relembrar em linhas gerais a situação Fábio e Giovanna Baresi são descendentes de uma família italiana que chegou ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial Eles residiam na cidade de São Paulo e sempre estiveram envolvidos e trabalharam no negócio de família que foi fundado e desenvolvido pelo seu pai o babbo Baresi A gráfica Palestra é uma empresa que já teve grande clientela e realizava os mais diversos tipos de serviços gráficos e de impressão sendo reconhecida pela grande qualidade dos serviços que prestava Todavia o tempo passou e agora enfrenta uma série de graves problemas organizacionais 1º o pai deles que era o grande conhecedor do negócio faleceu há pouco tempo e suceder o pai e fundador da empresa e conti nuar a sua obra é um enorme desafio para ambos 2º os filhos entendem que a empresa está parada no tempo e não tem se atualizado para atender às crescentes exigências dos clientes e do novo mercado digital 3º Apesar de saberem que é preciso mudar eles não sabem exatamente o que fazer e como agir em um mercado altamente competitivo em que a inovação se mostra como um grande diferencial de mercado Como consultores vamos ajudálos Inicialmente a primeira dúvida deles é como inovar e inventar algo novo no mercado Em um primeiro instante Fábio e Giovanna não precisam inventar nada para reposicionarem a gráfica Palestra no mercado mas sim praticar a inovação incremental ou seja aperfeiçoar melhorar desenvolver ou aprimorar práticas ações processos e gestão da empresa em prol de melhor servir os clientes oferecendo produtos e serviços que atendam às necessidades e aos desejos do seu públicoalvo Para isso é preciso uma boa 132 análise de mercado verificar os aspectos e as características de clientes consu midores concorrentes e fornecedores bem como fazer um benchmarking de mercado ou seja aprimorar as melhores práticas hoje existentes Em relação às estratégias e ao desenvolvimento de uma cultura inova dora formas e possibilidades para desenvolverem a inovação na gráfica eles podem adotar três frentes diferentes com maior ou menor custo Realizar ações de inovação interna melhorar os processos de pesquisa de desenvolvimento interno e o treinamento dos colabo radores realizar uma maior cooperação entre os departamentos e contratar novos talentos Essas ações são fundamentais para a criação de uma cultura inovadora na empresa Desenvolver alianças estratégicas e acordos de cooperação ações desenvolvidas em parcerias com clientes fornecedores e até mesmo concorrentes para a realização de terceirizações e redes de inovação licenciamento de produtos relações de fornecimento etc Aquisições é o processo de inovação mais caro e de maior comple xidade pois envolve relações comerciais de compras vendas e desco bertas o que é difícil de ser realizado Dessa forma após as orientações iniciais os irmãos Baresi realizaram algumas análises no mercado e verificaram uma série de possibilidades para inovar a gráfica e diversificar o seu portfólio de serviços oferecidos ao mercado Sendo assim fizeram alguns investimentos e passaram a vender serviços de web design desenvolvimento e projetos de arte impressão de objetos em impressoras 3D desenvolvimento de desenhos digitais impressão em grandes formatos entre outros Com isso acreditamos que novos e promissores tempos começam a soprar a favor da gráfica Palestra Muito bem você alcançou com excelência os objetivos propostos e compreendeu de modo adequado os conceitos introdutórios relacionados à inovação e sua importância para o desenvolvimento de uma estratégia em prol de diferenciação e obtenção de vantagem competitiva Até a próxima Faça valer a pena 1 A princípio inovação sugere a criação de algo novo novidade um elemento que traga uma nova ação entre outras definições básicas plausíveis É possível perceber nos livros sobre o tema que esse conceito está intima 133 mente ligado ao contexto da aplicabilidade do termo Do ponto de vista organizacional e econômico inovação é comumente traduzida como uma ação voltada à criação de produtos e serviços voltados ao mercado Leia e analise as afirmativas a seguir sobre inovação I A criação de um produto totalmente novo ou seja inédito no mercado é chamada de inovação incremental II Quando a inovação ocorrer em produtos e serviços estará relacio nada à dimensão componente III A dimensão sistêmica é assim chamada quando o fato inovador estiver relacionado à gestão e aos negócios A inovação radical é chamada assim pelo fato das empresas promoverem melhorias radicais em produtos existentes É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 2 A inovação pode resultar em benefícios vantagens e soluções de problemas que afligem a sociedade como saneamento e saúde além de impactar em aspectos relacionados ao emprego e a renda das pessoas Dessa forma leia as asserções a seguir sobre o conceito de inovação social I É inovação social toda a iniciativa empreendida por parte de atores sociais num determinado contexto social e condições específicas PORQUE II Devem ter o objetivo de proporcionar respostas inéditas a certo número de problemas sociais A respeito dessas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda é uma proposição verdadeira 134 c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 3 As empresas têm estabelecido como objetivo organizacional e estratégico a criação de uma cultura da inovação que fortaleça um contexto multifato rial voltado ao desenvolvimento de um ambiente inovativo no intuito de se manterem em posição diferenciada de liderança mesmo que por pequenos períodos fazendo com que a concorrência apenas imite seus lançamentos inovadores e fiquem em posição inferiorizada no mercado Leia e analise as afirmativas abaixo sobre formas estratégicas de inovação e suas possiblidades I A inovação interna nas organizações pode ocorrer por meio de fatores como PD gestão do conhecimento colaboração interde partamental entre outros II Uma forma muito comum e cada vez mais utilizada pelas empresas é a formação de alianças estratégicas criandose por exemplo joint ventures e redes de inovação III Algumas empresas podem optar por um modelo estratégico de inovação por meio de aquisições de patentes pesquisa propriedade intelectual etc É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas d I apenas e I II e III 135 Seção 2 Gestão da inovação benefícios e evolução organizacional Diálogo aberto Prezado aluno que a inovação é um elemento de extrema importância para as organizações é um fato concreto e não mais se discute Aliás é exata mente por isso que esse ativo intangível organizacional de grande valor no mercado deve ser devidamente gerenciado de modo estratégico pelos proprietários de empresas Entretanto algumas perguntas ficam no ar como gerenciar algo tão intangível e abstrato nas empresas como a inovação De que forma uma empresa pode atuar de modo estratégico no mercado a fim de desenvolver processos de inovação continuamente Essas entre outras tantas perguntas surgem quando falamos de inovação por isso vamos conhecer a história da Transportadora Estrela do Norte e da Ingrid Andrade sua atual diretora Em meados de 1970 após muitos anos trabalhando como caminhoneiro e dirigindo pelo Brasil inteiro o avô de Ingrid Antônio Andrade comprou o seu primeiro caminhão e fundou a Transportadora Estrela do Norte Muito sério pontual responsável com as cargas e os prazos de entrega assumidos ele rapidamente formou uma ótima e fiel clientela e aos poucos a empresa foi se consolidando no mercado Hoje quase meio século depois a empresa está maior e aumentou muito a sua frota trabalhando com muitos tipos de transporte Não é possível afirmar que se trata de uma grande transportadora mas tranquilamente podemos dizer que a Estrela do Norte é uma empresa de médio porte Atualmente a neta do fundador da empresa Ingrid Andrade assume a direção da transportadora e sabe que a empresa precisa passar por trans formações se quiser continuar crescendo no mercado Frente a isso após contratar uma empresa de consultoria e gestão estratégica passou a ter um objetivo claro em sua cabeça a Transportadora Estrela precisa inovar para se diferenciar e criar vantagem competitiva no mercado Entretanto como foi explicado pelos consultores não se trata de um simples processo de modernização mas sim de implantação de um modelo de gestão de inovação na empresa 136 Mas o que é uma gestão da inovação Como inovar em um segmento de mercado que parece tão tradicional Como a empresa se beneficia por gerir adequadamente a inovação Quais as estratégias que ela pode adotar Agora meu caro aluno é com você Aprofunde os seus estudos sobre gestão da inovação possibilidades e formas estratégicas de inovação para atuação de mercado e ajude a diretora da empresa na gestão da transporta dora da família Ótimos estudos Não pode faltar Quando pensamos em inovação temos de ter clara a sua finalidade de exploração comercial e obtenção de lucros Por isso o foco da inovação é a criação e o desenvolvimento de novos produtos e negócios que possibilitam a criação de valor e obtenção de vantagem competitiva pelas empresas em seus mercados competitivos cada vez mais acirrados Assim para alcançar os seus propósitos as organizações têm trabalhado em prol da melhoria de seus processos de inovação de modo contínuo para que não sejam atos ou situações isoladas frutos de sorte ou mero casuísmo O objetivo é tornar a inovação algo natural intrínseco e resultante final de todas as ações das pessoas envolvidas na empresa Nesse sentido Dosi apud Figueiredo 2015 mostra que a inovação pode se dar em diversos graus e a partir de diversas possibilidades como imitação busca experimentos criação e produção de produtos serviços configura ções empresariais e novos mercados Portanto no contexto organizacional atual a leitura binária e superficial para identificar se uma organização é ou não inovadora é limitada e totalmente descontextualizada da realidade atual O que realmente importa é o grau de sofisticação e a excelência do processo inovador praticado conforme a Figura 34 137 Figura 34 Espectro de atividades inovadoras inovação como um processo Nível baixo de novidade e complexidade Nível alto de novidade e complexidade Imitação duplicativa Imitação criativa Adaptações e movi mentações robustas via engenharia E Design é de senvolvimento não originais para o mundi via E e PD Descoberta de conhe cimentos radicalmente novos para suportar novas atividade de design e desenvolvi mento via sofisticados esforços de PD Adaptações e modificações de pequeno e médio porte Design e desen volvimento não originais para o país via E e PD Design e desen volvimento não originais para o mundo via E e PD abertos Fonte Figueiredo 2015 p 24 Desse modo como se pode perceber o nível de complexidade e a novidade inovativa estão intimamente ligados ao modelo de processo estra tégico fundamentado em inovação que a empresa irá escolher baseandose na disponibilidade de recursos tecnológicos financeiros humanos e produ tivos bem como em seus objetivos estratégicos Não há um consenso na literatura de formatos exatos nem em julgamentos técnicos sobre o melhor ou pior modelo afinal cada um parece ser muito adequado ao seu momento e aos seus recursos então disponíveis evoluindo com o passar do tempo e a aquisição de conhecimento Assim cada autor preconiza a adoção de critérios que estejam de acordo com sua linha de pensamentos ou campo de estudo Exemplificando O conceito sobre nível de novidade e complexidade inovativa pode ser facilmente compreendido por meio desses casos 1 A Apple revolu cionou o mercado de smartphones ao apresentar o iPhone caracte rizando uma inovação com alto nível de complexidade e novidade no mercado 2 O Bigmac do McDonalds é um dos sanduíches mais famosos e consumidos do mundo sendo utilizado como indicador econômico para medir o poder de compra de uma população e há muitos anos amplamente copiado pelos concorrentes com imitações duplicativas ou pouco criativas 138 Todavia há relativa concordância em relação à perspectiva de que a inovação tem se alterado de modo contínuo em sintonia com as modifica ções de conhecimento e de natureza tecnológica no ambiente geral inter ferindo diretamente no processo de inovação no mundo empresarial Para melhor compreendêlas é comum encontrarmos na literatura os estudos de Rothwell 1994 que agrupou essa evolução e o desenvolvimento dos modelos de inovação por processos em grupos geracionais baseandose nas suas diversas características conforme a Quadro 33 Quadro 33 Gerações e modelos de inovação Período Geração Modelo Característica Até 1960 1ª Linear Modelo de tecnologia e inovação empurrada 19601970 2ª Linear Reverso Modelo de tecnologia e inovação puxada 19751985 3ª Coupling de PD e MKT interativo Combinação e interação entre PD e marketing 19851990 4ª Interações em cadeia Pesquisas integradas e envolvimen to dos setores e fornecedores para redução do tempo de PD 1995 5ª Sistêmico e Inte grado Criação ampliação e integração das redes de cooperação pesquisa e de senvolvimento surgimento da ideia de inovação aberta Fonte adaptado de Rothwell 1994 1ª Geração Modelo Linear O modelo linear de inovação foi comum até a década de 1960 quando os avanços científicos muitas vezes para fins bélicos eram traduzidos e adaptados gerando novos produtos que rapidamente eram colocados no mercado Nesse período vivíamos o período pósguerra havendo forte carência de produtos industrializados e serviços especializados Por isso o ambiente econômico e social estava em franco desenvolvimento criando grande expectativa e demanda por inovação o que exigia altos investimentos empresariais e governamentais em PD Com isso a ênfase desse modelo inovador estava exatamente na pesquisa e no desenvolvimento das empresas sem exatamente se preocupar com os anseios dos consumidores pois a lógica empresarial era simples mais pesquisa leva ao desenvolvimento de mais produtos e consequentemente de mais vendas 139 2ª Geração Modelo Linear Reverso Esse modelo representa exatamente o inverso da geração anterior As mudanças do mercado geral provocaram alterações nas dinâmicas organi zacionais de inovação Isso porque entre os anos 1960 e 1970 o mercado passou a ser composto por um número maior de empresas e uma maior diversidade de produtos aspecto que por si só aumentou significativamente a concorrência Não bastava mais produzir para vender mas sim conhecer as necessidades e os desejos dos consumidores Assim temos as bases do modelo de inovação puxado ou seja a partir da análise da percepção e dos anseios do mercado é que as empresas direcionavam suas ações processos e investimentos em PD e produção buscando aumentar suas vendas Na Figura 35 vemos as diferenças entre os modelos da 1ª e 2ª geração Figura 35 Comparação entre a 1ª e a 2ª geração de inovação Ciência Básica Desenho de Engenharia Industrialização Marketing Vendas Vendas Desenvolvimento Industrialização Necessidade de Mercado VERSUS 1ª GERAÇÃO Modelo Linear 2ª GERAÇÃO Modelo Linear Reverso Fonte adaptada de Rothwell 1994 3ª Geração Modelo Coupling de PD e Marketing Equilíbrio entre investimento e retorno racionalização de processos maior controle e redução de custos e ênfase na melhora da comunicação Essas são algumas das características do terceiro modelo geracional de inovação por processos também chamado de modelo interativo marcado principalmente pelo equilíbrio entre tecnologia e inovação com as necessi dades e os desejos dos consumidores ou do mercado 140 Figura 36 Modelo de Coupling Necessidades da sociedade e do mercado Nova necessidade Pesquisa e desenvolvimento Criação de protótipo Produção Marketing e vendas Geração de ideias Mercado Nova tecnologia Estado da arte na tecnologia e produção Fonte adaptada de Rothwell 1994 É possível ver na Figura 36 que as organizações procuraram alinhar e combinar aspectos de PD com suas funções de marketing Em síntese Rothwell 1994 explica que esse modelo é resultado da combinação dos fatores expostos nas duas gerações anteriores criando uma conjunção de processos seriados e interdependentes que se retroalimentavam e sofriam forte influência de variáveis internas e externas nas empresas criando uma complexa conexão entre empresas academia governo e mercado fomen tando o processo inovador 4ª Geração Modelo de interações em cadeia Também chamado de Modelo de processos de negócios integrados foi predominante em meados de 1980 e 1990 em que a gestão da inovação se tornou muito mais desafiadora e complexa pois segundo Figueiredo 2015 o fluxo de informações as diversas fontes potenciais de inovação o geren ciamento de tarefas de reorganização a integração tecnológica entre setores e departamentos por meio de intranets e o surgimento comercial da internet tornaram a administração do processo inovador extremamente difícil Além disso os processos e as estratégias de inovação estavam forte mente fundamentados no tempo pois o ciclo de vida dos produtos estava diminuindo continuamente fazendo com que a velocidade da inovação se tornasse um importante diferencial competitivo portanto todos esses fatores 141 convergiram para uma maior aproximação e interação entre os setores da empresa e fornecedores de suprimentos com um único intuito reduzir o tempo entre a PD e a produção até a disponibilização comercial do produto Reflita Trott 2012 nos convida a pensar se todas as inovações partem de uma ideia e resultam em um produto isso não tornaria todos os modelos de inovação processos lineares 5ª Geração Modelo sistêmico e integração de redes Nesse modelo os progressos anteriores foram mantidos e evoluíram sendo ampliados e integrados às perspectivas de redes de inovação visando aumentar a eficiência e a eficácia das estratégias organizacionais que tinham a inovação como norte competitivo Em meados de 1990 empresas líderes tomaram medidas voltadas para o desenvolvimento contínuo em inovação como integração dos SI internos e externos uso comercial da internet aumento dos controles de qualidade extensão das redes de pesquisas colabo rativas flexibilização e horizontalização das estruturas organizacionais para melhor adaptação às mudanças melhorias na segurança da informação etc Frente a isso a TI se transformou no elemento imperativo e prérequisito básico ao se pensar em processos de inovação No panorama atual com a evolução dos estudos dos modelos inovativos fica bem evidente que a inovação como fator competitivo não pode ser mais compreendida por uma visão linear eou posição isolacionista de mercado É por isso que Rothwell 1994 destaca a importância do modelo de sistemas integrados em rede com agentes internos e externos das organizações para se aumentar a velocidade do processo de inovação preconizando cooperações e marketing colaborativo pois desse modo parcerias estratégicas podem ser criadas pelo prisma da inovação aberta bem como o desenvolvimento de vínculos duradouros e as relações mutuamente satisfatórias em vários tipos e formatos como alianças joint ventures consórcios clusters entre outros Assimile Os modelos atuais de inovação passam pelo prisma de um sistema complexo e aberto composto por variáveis de marketing e tecnologia somados a processos de interatividade aprendizagem e feedbacks constantes entre os players internos e externos da organização além de estímulos interfe rências e influências diversas oriundas do ambiente geral 142 Destacamos que Trott 2012 ressalta que mais recentemente foi apresen tado o modelo cíclico de inovação de Berkhout Nesse modelo são enfati zados os aspectos da natureza cíclica do processo de inovação que estão relacionadas às mudanças à criação e ao desenvolvimento de conhecimento em prol de se aproveitar oportunidades de negócios que surgem no mercado Assim a inovação é uma conexão cíclica entre ciência negócios e tecnologia com o mercado Sendo assim conscientes de que a definição de um modelo de inovação perfeito nos parece improvável diante de um ambiente em profunda ebulição e em constante transformação por fatores sociais naturais científicos e tecnológicos característico da inovação aberta parecenos muito adequado o design de um modelo de inovação por processos proposto por Zizlavsky 2013 conforme a Figura 37 Figura 37 Design de um modelo de inovação por processos Monito ramento e tomada de decisão PD Experimen tos Fases de pré produção e produção Colocação no mercado e manutenção Uso do produto após a vida útil Aprendendo Buscando oportuni dades Geração de ideias e busca por percursos Execução Produção e Marketing Comercialização e criação de valor Reciclando Transferência de tecnologia INVENÇÃO INOVAÇÃO Fonte adaptada de Zizlavsky 2013 Apesar da complexidade de seus fatores e da multivariedade de elementos em qualquer modelo inovativo em questão é consenso no contexto organi zacional moderno que a inovação é essencial para toda e qualquer empresa afinal empresas que não inovam ou não têm perspectivas para implantação de processos inovadores fracassam morrem ou estão fadadas ao ostracismo de mercado Por isso é fundamental a criação de uma estrutura de inovação avançada que seja possível de ser gerenciada e voltada ao alto desempenho organizacional 143 Figura 38 Estrutura da inovação de geração mais avançada e de alto desempenho Reflexão Mudança Contínua Recursos Estratégia Processo Recursos Aprendizado Inovação no âmbito da empresa Inovação sustentável Inovação no contínua Plataformas Projetos Parceiros Ideação Desenvolvimento Comerciali zação Humanos Liderança Financeiros Intelectuais Colaboração Aliança Fonte adaptada de Mazzola 2015 Scherer e Carlomagno 2016 nos mostram que as inovações ao contrário das invenções não são frutos do acaso ou surgem em vácuos empresariais nascem em terrenos férteis onde as ideias frutificam Empresas inovadoras trabalham em diversas frentes interligando os seus recursos processos a organização em si e a sua estratégia em prol de mudanças contínuas e apren dizado que respondam rapidamente às demandas dos consumidores Para isso devem gerir modelos de inovação que sejam sustentáveis e duradouros Assim a gestão da inovação é um conjunto de ações permanentes voltadas a administrar os diversos fatores e recursos organizacionais internos diante das condições ambientais externas a fim de intensificar e perpetuar processos que estimulem a inovação na organização Logo a gestão inovativa 144 nas empresas se inicia desde o reconhecimento de boas ideias ou oportuni dades no ambiente até o desenvolvimento de produtos e processos Assimile A cultura de inovação tem sido definida como um contexto multidimensional que inclui a intenção de ser inovativo a infraestrutura que dá suporte à inovação comportamento de nível operacional necessários a influenciar o mercado e a orientação de valor e o ambiente para implementar a inovação DOBNI 2008 apud FARIA FONSECA 2014 p 377 O Manual de Oslo da OCDE 2005 destaca que há diferentes visões econômicas sobre os benefícios dos investimentos em tecnologia e inovação por causa de sua difícil mensuração e tangibilidade já que têm um caráter mais estratégico de potencial de mercado mas recorrendo à literatura é possível destacar alguns dos seus principais benefícios maior lucratividade e produ tividade redução de custos e otimização de processos internos aumento da criatividade das pessoas melhora da competitividade no mercado tornarse referência para o público etc A importância da gestão da inovação se dá pelo fato de que ela requer mudanças contínuas de natureza complexa e de difícil compreensão que devem ser devidamente gerenciadas a fim de que os recursos sejam adminis trados corretamente em prol da inovação e sob a ótica de um processo contínuo estruturado e gerenciável Por isso segundo Scherer e Carlomagno 2016 a gestão da inovação deve se atentar as oito dimensões comuns às organizações que fomentam o potencial inovador chamadas de octógono da inovação estratégia liderança relacionamento funding fundos e financia mentos processos estrutura pessoas e cultura É importante ressaltar que não podemos falar em gestão da inovação sem abordar a relevância da variável estratégica A estratégia inovadora é o processo inicial de decisões que norteará as ações que serão desenvolvidas por todos na empresa no intuito de otimizar os resultados Entre os principais desafios estratégicos em inovação de uma organização é possível citarmos o aumento da tolerância e exposição aos riscos o desenvolvimento constante da criatividade a melhoria da gestão de pessoas e a quebra de paradigmas das ações conservadoras 145 Dica É muito raro uma empresa utilizar somente um modelo ou tipo estra tégico o tempo todo De acordo com sua posição no mercado e a estratégia organizacional adotada ela costuma transitar entre os tipos conforme sua conveniência e postura tática em relação à concorrência Por isso é fundamental que a estratégia de inovação e o desenvolvimento de capacidades tecnológicas estejam devidamente alinhadas com a estratégia de negócios organizacionais afinal Reis 2008 ressalta que a tecnologia é o principal catalizador da inovação e fator de diferenciação em aspectos críticos da empresa como produtividade qualidade e preço além de influen ciar diretamente no seu mix de marketing Assim desenvolver uma estra tégia inovadora tecnológica eficiente e eficaz é uma necessidade vital para as empresas No Quadro 34 temos algumas das principais estratégias de inovação tecnológica praticadas Quadro 34 Estratégias de inovação tecnológica TIPO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Ofensiva É usada por poucas empresas geralmente por aquelas com um excelente departamento de PD e que procuram a posição de primazia e liderança de mercado por meio da inovação contínua frente à concorrência Defensiva Comum em oligopólios as empresas que adotam esse tipo estratégico não costumam trazer inovações radicais mas não ficam defasadas em aspectos tecnológicos e estão sempre se aproveitando das falhas das pioneiras Pos suem fortes setores de PD mas apresentam inovações em ritmo mais lento Imitadora Normalmente com menor poder aquisitivo forte capacidade produtiva e com estratégia organizacional voltada a custos baixos essas empresas não disputam a liderança de mercado limitandose apenas a seguir os líderes a certa distância adquirindo patentes secundárias e apresentando produtos similares Dependente Muito conservadoras e subcontratadas pelas líderes de mercado orga nizações que adotam esse tipo estratégico são geralmente voltadas ao atendimento das necessidades e interesses das empresas de maior porte contratante Tradicional Com mercados geralmente pequenos e produtos bem tradicionais não costumam seguir tendências e não são influenciadas por consumidores e concorrentes Oportunista Após vislumbrar oportunidades atrativas no ambiente as empresas desse tipo sobrevivem em espaços de mercado muito específicos permanecendo neles por curtos períodos de tempo até encontrarem um nova oportunidade Fonte adaptado de Reis 2008 146 Caro aluno a gestão da inovação seus benefícios e evolução é um dos elementos estratégicos mais importantes da dinâmica organizacional da atualidade por isso continue desenvolvendo seus estudos a fim de estar cada vez mais preparado para os desafios que se apresentam no mercado empre sarial e profissional Até a próxima e um ótimo estudo Sem medo de errar Prezado aluno você acabou de estudar e compreender como a Gestão da Inovação é extremamente importante para as organizações no contexto organizacional do século XXI É impensável que uma empresa queira crescer e se perpetuar no mercado sem adotar um modelo estratégico voltado ao desenvolvimento contínuo de inovação Dessa forma vamos voltar à análise da situação problema e ajudar a diretora Ingrid com as novidades de gestão e estratégia que ela deseja implantar na Transportadora Estrela Vamos relem brar em linhas gerais o contexto do caso em questão A Transportadora Estrela do Norte foi fundada há mais de 50 anos por um caminhoneiro que era excelente naquilo que se propunha a fazer Inicialmente com apenas um caminhão o senhor Antônio trabalhou ardua mente e em pouco tempo conquistou uma boa e fiel carteira de clientes consolidandose nesse ramo de mercado A empresa cresceu bastante e aumentou a sua frota além de diversificar os serviços de transporte prestados posicionandose como uma transportadora de médio porte Agora a neta do fundador tem assumido a empresa e deseja mudar os rumos estratégicos da organização buscando a expansão da transportadora e o seu reposicionamento de mercado diferenciandoa da concorrência por meio de uma estratégia de inovação Todavia Ingrid a nova diretora tem muitas dúvidas sobre como proceder para colocar em prática os seus anseios então por isso vamos auxiliála Em primeiro lugar ela tem dúvidas quanto à gestão da inovação por isso devemos esclarecer que ela se refere ao conjunto de ações permanentes voltadas à administração dos diversos fatores e recursos organizacionais internos diante das condições ambientais externas em prol da intensificação e perpetuação dos processos que estimulam a inovação na organização Portanto a gestão inovativa nas empresas se inicia desde o reconhecimento de boas ideias ou oportunidades no ambiente até o desenvolvimento de produtos e processos Assim mesmo as empresas em ramos muito tradicio nais podem buscar meios para inovar as suas atividades constantemente 147 Apesar de muitas vezes não ser tão simples de mensurar empresas que fazem a gestão adequada da inovação costumam apresentar benefícios bem tangíveis e identificáveis tais como maior lucratividade e produtividade redução de custos e otimização de processos internos aumento da criati vidade das pessoas melhora da competitividade no mercado tornarse referência para o público entre outros Sobre as estratégias que ela poderia adotar para a transportadora ela foi orientada quanto a seis possíveis formas estratégicas diferentes de inovação e atuação no mercado ofensiva defensiva imitadora dependente tradicional e oportunista De posse dessas informações e convencida da sua importância Ingrid decide que é hora de a Transportes Estrela iniciar os estudos para implantar um modelo de gestão de inovação por processos Inicialmente ela decidiu que iria realizar essa implantação com ações em perspectivas de curto médio e longo prazo Curto prazo utilizar as possibilidades da forma tradicional além de transitar pelo modelo oportunista no intuito de encontrar nichos de mercado que não estão sendo atendidos Médio prazo verificar as melhores práticas das grandes empresas que são referências no mercado para verificar as possiblidades para se adotar o formato de imitação quanto às estratégias de inovação Longo prazo implantar um setor de PD na transportadora para que futuramente a empresa possa atuar de forma ofensiva por meio de inovações que a diferencie e posicione no mercado numa situação de disputa de liderança Ingrid além de estar muito satisfeita com os novos posicionamentos que tomou tem muitos planos para a transportadora e pensa Quem sabe para os próximos 50 anos teremos veículos mais eficientes caminhões autônomos e entregas realizadas por drones Até o nosso próximo estudo Faça valer a pena 1 A gestão da inovação é um conjunto de ações permanentes voltadas à administração dos diversos fatores e recursos organizacionais internos diante das condições ambientais externas em prol da intensificação e perpe tuação de processos que estimulem a inovação na organização Logo a gestão 148 inovativa nas empresas se inicia desde o reconhecimento de boas ideias ou oportunidades no ambiente até o desenvolvimento de produtos e processos A gestão da inovação pode gerar muitos benefícios às organizações Qual alternativa apresenta apenas benefícios concretos dessa gestão a Maior lucratividade diminuição do consumo de matériaprima aumento da produtividade b Redução dos custos tornarse referência para os consumidores redução da carga tributária c Produção independente melhora da competitividade otimização de processos internos d Diminuição do consumo de matériaprima redução da carga tribu tária produção autônoma e Maior lucratividade e produtividade melhora da competitividade redução dos custos 2 Os modelos de inovação baseados em processos têm evoluído Afinal a perspectiva de inovação nas organizações tem se alterado de modo contínuo em sintonia com as modificações de conhecimento e natureza tecnológica no ambiente geral interferindo diretamente no processo de inovação do mundo empresarial Dessa forma leia e analise as afirmativas abaixo baseadas nessa evolução e no desenvolvimento dos modelos de inovação por processos I Os modelos de inovação da primeira e segunda geração são comple mentares e apenas representam uma evolução natural do processo inovativo II O modelo de Coupling de PD e MKT representa a 3ª geração dos modelos em que as pesquisas são integradas e envolvem empresa e fornecedores para reduzir o tempo de PD III A 5ª geração de modelos de inovação é a sistêmica que cria amplia e integra as redes de cooperação pesquisa e desenvolvimento compactuando com a ideia de inovação aberta É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas 149 d I apenas e I II e III 3 A estratégia inovadora é o processo inicial de decisões que norteará as ações que serão desenvolvidas por todos na empresa no intuito de otimizar os resultados Entre os principais desafios estratégicos em inovação de uma organização podemos citar o aumento da tolerância e exposição aos riscos o desenvolvimento constante da criatividade a melhora da gestão de pessoas e a quebra de paradigmas das ações conservadoras Dessa forma leias as afirmativas a seguir sobre as estratégias de inovação I A estratégia ofensiva é usada por poucas empresas que lideram o mercado têm excelentes setores de PD e buscam a inovação contínua frente à concorrência II Usada pelos oligopólios na estratégia defensiva não é comum a apresentação de inovações radicais pois são apresentadas em ritmos mais lentos III As empresas que utilizam a estratégia dependente possuem forte relação com as empresas líderes de mercado pois dependem da inovação delas para replicarem seus produtos IV Na estratégia oportunista as empresas vislumbram oportunidades atrativas no ambiente e sobrevivem em espaços de mercado muito específicos É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c I III e IV apenas d I II e IV apenas e I II III e IV 150 Seção 3 Da invenção à inovação criando novos produtos e serviços Diálogo aberto Prezado aluno Inventar as coisas é uma tarefa fácil E inovar Mas afinal são coisas diferentes Você acha que para inovar de modo constante basta apenas ter criatividade Essas são algumas das perguntas que só podem ser respondidas por meio do estudo do processo da inovação a partir do qual você poderá compreender claramente o caminho entre a invenção e a inovação além da importância dele para o desenvolvimento de novos produtos e serviços Porém antes de iniciarmos especificamente essa etapa de aprendizado convidolhe a conhecer a história de Raquel e Marine Vamos começar Nascidas no final dos anos 1990 as jovens amigas Raquel e Marine são nativas digitais jovens nascidos a partir de 1980 por isso possuem habili dades para navegar com tranquilidade nas diferentes ferramentas da web e mídias sociais Há aproximadamente cinco anos elas criaram um blog e um canal no YouTube que estavam fazendo sucesso Além disso possuíam milhares de seguidores em suas redes sociais como Instagram Twitter e Facebook Diante do alcance já atingido agora as amigas desejavam transformar isso em profissão para tanto tinham que aumentar as oportunidades de negócios e rentabilizar a atividade Por isso após concluírem o primeiro ano da facul dade decidiram montar uma pequena empresa nesse ramo para aproveitar o que elas já tinham construído e alçar novos voos com os conhecimentos acadêmicos recémadquiridos Entretanto não demorou muito para que os primeiros problemas surgissem Logo elas perceberam que uma coisa era a criatividade que elas possuíam outra bem diferente era ter uma equipe criativa e inovadora de modo constante em um mercado tão concorrido e dinâmico como esse Além disso acreditavam que estavam precisando Dar um jeito para aumentar e acelerar a geração de ideias e criativi dade da pequena equipe que tinham montado Criar critérios mais técnicos e bem definidos que ajudassem na escolha das melhores ideias 151 Melhorar a colocação e o desenvolvimento dos novos produtos no mercado Entretanto a perguntachave era como conseguir essas coisas e melhorar a empresa que tinham acabado de criar Diante da inexperiência delas no ramo você foi contratado como consultor Diante disso inicie agora mesmo seus estudos e auxilie as jovens empreendedoras a melhorarem a gestão da inovação da empresa com a nossa consultoria Excelente estudo Não pode faltar Já não há mais dúvidas de que a inovação proporciona muitos benefí cios para as empresas que fazem a sua gestão de modo adequado Porém da criação de um conceito geração de uma ideia ou invenção de algo até a sua disponibilização e consolidação no mercado como inovação há um árduo caminho que deve ser devidamente percorrido pelas organizações Esse percurso estruturado é conhecido como processo de inovação e pode ter muitas formas de ser realizado Vamos iniciar relembrando o conceito de inovação Para a OCDE 2005 p 55 em seu Manual da Inovação uma inovação é a implementação de um produto bem ou serviço novo ou significativamente melhorado Cabe destacar que o documento explica que a inovação pode ser dividida em quatro grandes segmentos produtos processos marketing e organização e ressalta que para ser assim considerada obrigatoriamente deverá ser implementada nas práticas de negócios das empresas ou do mercado Mais que somente criar a empresa deverá saber onde e como inovar Por isso na Figura 39 temos as 12 dimensões da inovação 152 Figura 39 Radar da inovação as 12 dimensões de inovação MARCA RELACIONAMENTOS PRESENÇA onde CADEIA DE FORNECIMENTO ORGANIZAÇÃO PROCESSO como PLATAFORMA SOLUÇÕES CLIENTES quem EXPERIÊNCIAS CONSUMIDOR CAPTURA DE VALOR OFERTA o que Inovação Radical Inovação Incremental Melhoria Fonte adaptada de Scherer e Carlomagno 2016 p 124 Assim diante das muitas possiblidades há grande dificuldade para definir ou parametrizar o processo de inovação e as suas variações nas empresas Porém em síntese podemos dizer que se trata de um rol de atividades organizacionais que dão todo o suporte necessário para que uma inovação seja devidamente implementada de acordo o seu propósito independente mente do seu nível de novidade ou grau de complexidade Essas atividades vão desde os pressupostos básicos operacionais PD até o suporte finan ceiro ou de marketing estratégico das empresas Exemplificando Nem sempre a inovação será algo totalmente novo ou revolucionário inovação radical por exemplo a criação de um novo medicamento Muitas vezes ela estará representada na forma de uma melhoria um aperfeiçoamento ou uma adaptação de um produto serviço ou 153 processo inovação incremental Ex desenvolvimento de novas embalagens sustentáveis para os produtos Para Scherer e Carlomagno 2016 apesar de uma ideia ao acaso ou um evento fortuito poder significar o ponto de partida para a criação de um produto inédito ou salto evolutivo de uma empresa esta não pode ficar refém de uma inspiração esporádica ou completamente aleatória Dessa forma como vimos anteriormente a inovação como diferencial competitivo não costuma tratarse de um golpe de sorte mas sim de processos sistemati zados resultantes de horas de trabalho e esforços em prol da produção de insights contínuos que alcançaram seu objetivo final chegar ao mercado e gerar lucro e retornos para as organizações inventoras Por isso como veremos na Figura 310 um processo de inovação organizacional iniciase no momento da geração de ideias passa pela fase de refinamento e avaliação conceitual segue para ser devidamente experi mentado e diminuir possíveis dúvidas quanto à sua funcionalidade até estar devidamente pronto e ser implementado e concretizado como inovações no mercado Figura 310 O processo de inovação Prototipagem Redução de incertezas Refinamento final Alocação de recursos Planejamento mais profundo Avaliação de potencial Aprimoramento dos conceitos Acompanhamento e definição Polinização cruzada Geração de novas ideias Oportunidades e negócios Insight de clientes Análise de tendências Reutilização de velhas ideias Aceleração das Iniciativas Escala dos projeto Avaliação pósimplementação Idealização Conceituação Experimentação Implementação Fonte adaptada de Scherer e Carlomagno 2016 p 126 154 Em síntese o processo de inovação é composto por uma série de tarefas que são devidamente ordenadas em prol do seu melhor gerenciamento Na literatura essas tarefas são comumente agrupadas em três grupos principais busca e levantamento seleção e implementação Busca procurando fontes de oportunidades e usando a cria tividade para inovar A busca se refere a um grupo de tarefas e procedimentos realizados no início do processo inovador que são voltados à prospecção à ideação e à análise de mercado ao levantamento de informações diversas ao desenvol vimento criativo à busca por sugestões à realização de brainstormings etc O foco nessa etapa está na procura de fontes de ideias e oportunidades que fomentem o processo criativo na empresa como um todo desde os colabo radores operacionais até a alta diretoria Essas técnicas de pesquisas suges tões ou ideação constantes ajudam no melhor entendimento dos anseios de mercado propiciando o surgimento de conceitos mais assertivos que serão futuramente descartados ou refinados Figura 311 O processo de inovação Inspiração Representação Pesquisa Refinamento Definição do problema Geração de ideias Avaliação da ideia Pesquisa Refinamento Representação Inspiração Ideação Implementação Avaliação Fonte adaptada de Ellwanger Silva e Rocha 2018 p 661 Muitas podem ser as fontes geradoras de ideias ou que impulsionem a descoberta de oportunidades de mercado Apesar de constatarem que as ideias 155 podem vir de qualquer lugar ou fonte um estudo da Federação Nacional de Empresas Independentes NFIB dos EUA apresentado por Longenecker et al 2018 sobre as fontes de ideias que propiciam o surgimento de startups no mercado americano verificouse que 45 dessas empresas de pequenos negócios surgiam da experiência profissional prévia dos proprietários 16 de interesses pessoas e hobbies 11 de descobertas acidentais ou acaso 7 de sugestões em geral 6 de cursos ou atividades de educação nas empresas ou famílias 5 de origem familiar e 4 de outras fontes diversas menos significativas Já a tabela a seguir mostra a realidade do ambiente gerador de ideias e o panorama brasileiro Quadro 35 Principais fontes de geração de ideias inovadoras para pequenas empresas Novos produtos serviços 28 das empresas Novos processosmétodos 22 das empresas Novos mercados 15 das empresas 11 sugestões de clientes 9 desenvolvimento próprio 4 buscou apoio em outras instituições Vendedor passou oferecendo Fornecedor insumo máquina Franquia Congresso Outros fabricantes Mídia 2 inspiração em produto Nacional 1 inspiração em produto Importado 8 desenvolvimento próprio 6 sugestões de clientes 6 buscou apoio em outras instituições Em fornecedores Em empresa de informática Via SenaiSenacSebrae Via internet Via mídia Via órgãos governamentais Via vigilância sanitária Via assistência técnica 1 contratação de empresa de Consultoria 1 inspiração em processo Nacional 1 inspiração em proces so no exterior 3 sugestões de clientes 3 visitaparticipação em feiras 2 adaptação de mercado já existente 1 contratou consultor 1 buscou apoio em outras instituições Representante de marca Reconhecida Empresa de consultoria 5 outras fontes Indicação de fornece dores Anúncio em lista Via congressos InternetLicitações Minha filha se formou na área Fonte adaptado de SebraeSP apud Scherer e Carlomagno 2016 p 55 Apesar de todas as fontes possibilidades e oportunidades de mercado para inovar a criatividade humana sempre terá papel de destaque e relevância quando falamos de inovação organizacional principalmente em se tratando de inovação radical Afinal apesar de toda a evolução tecnológica que estamos vivendo os chamados insights criativos e as características que 156 levam à criação ainda são competências e atributos quase que totalmente humanos Dessa forma é possível afirmar que toda pessoa possui criatividade e que esta pode ser estimulada ou incentivada Por isso para incentivar a criativi dade nos colaboradores além de ações recompensas diversas e programas de qualidade de vida no trabalho QVT muitas empresas têm adotado medidas pouco ortodoxas do ponto de vista dos objetivos organizacionais diretos Assim as empresas referências de mercado em inovação têm ofere cido treinamento em abstração artes pintura música poesia etc com o intuito de aflorar a sensibilidade criativa dos funcionários Além disso têm disponibilizado parte da jornada de trabalho para possam desenvolver ou tocar projetos pessoais os quais podem inclusive ser compartilhados ou adquiridos pela empresa Além disso diante da necessidade de inovação constante dos muitos problemas e desafios complexos que surgem diariamente as organizações estão buscando novos métodos para a busca de soluções criativas e inova doras Entre tantas possiblidades existentes aqui citaremos duas técnicas o design thinking e o storytelling Para Brown 2008 expoente mundial no assunto o design thinking é uma técnica moderna e atualíssima que busca usar a sensibilidade das pessoas somada às ferramentas de design colaborativo com o objetivo de atender dentro de uma realidade factível os anseios das partes envolvidas com aquilo que é concretamente possível de ser executado criando soluções e inovações muito mais assertivas e rápidas do que em processos geridos de modo convencional Assimile O design thinking é uma abordagem que catalisa a colaboração a inovação e a busca por soluções mediante a observação e a cocriação a partir do conceito de prototipagem rápida e da análise de diferentes realidades CAVALCANTI FILATRO 2016 p 20 Dessa forma conciliando aspectos humanos desejáveis empatia pensa mento integrativo otimismo experimentalismo e colaboração alto grau de criatividade e participação dos funcionários aos atributos tecnológicos disponíveis as empresas que adotam essa ferramenta canalizam todos esses fatores em prol de uma solução prática que seja viável excedendo os objetivos inicialmente pretendidos Assim elas têm obtido grande êxito em suas criações gerando um número cada vez maior de soluções inovativas e extremamente criativas Com isso conseguem aumentar exponencialmente a 157 eficiência e eficácia dos seus processos criativos gerando alto valor agregado nos produtos serviços e processos que foram desenvolvidos As três fases que compõem o design thinking são a inspiração o processo de descoberta e a expectativa de alcançar o sucesso centrados nas pessoas motivação para busca de soluções de problemas ou oportunidades b ideação realizar atividades que estimulem a geração o desenvolvimento e o teste de ideias técnicas como brainstorming e brainwriting são muito utilizadas e adequadas nessa fase e c implementação mapeamento de um caminho para que as ideias soluções e inovações possam chegar ao mercado o foco está na execução da visão projetando e tornando a experiência em algo tangível BROWN 2008 Reflita Você acha que uma ideia totalmente inovadora é prontamente assimi lada compreendida e aceita pelas pessoas pelas organizações ou pelo mercado Além do design thinking outra técnica cada vez mais utilizada no contexto organizacional é o storytelling Mas antes de explicála é preciso que compre endamos algo muito importante sobre novas ideias coisas inéditas conceitos que nunca existiram eles provocam medo e geralmente as pessoas tendem a ter certa resistência a eles afinal a manutenção do status quo ou seja do padrão vigente é algo muito forte e extremamente confortável para as pessoas e organizações Muitas vezes as organizações e seus colaboradores possuem ideias brilhantes porém não conseguem transmitilas adequadamente O resul tado disso é a morte prematura de possibilidades incríveis antes mesmo de um melhor refinamento do conceito É aqui que surge a importância do storytelling ou seja a arte de contar histórias que de fato transmitam uma mensagem ou expliquem algo de modo impactante e inesquecível Segundo Magalhães 2014 p 98 o storytelling é a narração de histórias repaginada com uma nova linguagem para atender as demandas dos negócios comunicacionais das organizações privadas e públicas Em linhas gerais é uma nova forma de se narrar as histórias das empresas e dos seus produtos usando fatores específicos de uma comunicação personagem ambiente conflito e mensagem por intermédio de uma técnica criativa e inovadora As empresas já perceberam que diante do ambiente tecnológico mais frio e distante das mídias e redes sociais é de grande importância buscar formas mais eficientes para interagir com seus diversos stakeholders 158 buscando o estabelecimento de conexões por meio de suas mensagens no nível emocional Afinal sendo a comunicação algo vital para as organizações no século XXI nada mais lógico que estas também se comuniquem de modo inovador Seleção a escolha das melhores oportunidades Se o objetivo até aqui era a geração de ideias a busca e o reconhecimento de oportunidades no mercado agora o foco está em selecionar as melhores e que representam maior potencial de negócios Na fase de seleção é realizado o crivo a análise e a avaliação das ideias e informações que foram geradas até então além de testes e investigações para realizar as melhores escolhas de acordo com o modelo estratégico inovativo e os propósitos da empresa Para selecionar e avaliar corretamente as melhores ideias é necessário que tenhamos critérios bem definidos sejam de cunho quantitativo ou qualitativo com foco na possibilidade real de implantação no mercado de acordo com os objetivos da empresa Assim questões como a demanda dos possíveis clientes investimentos necessários grau de complexidade nível de inovação entre outros são fatores que devem ser levados em consideração no momento da escolha O propósito fundamental é separar as boas ideias das mais fracas rapidamente Uma técnica muito interessante para fazer a seleção e avaliação de ideias e oportunidades antes do processo de implementação é classificálas segundo sua complexidade e nível de clareza ou desenvolvimento Nesse sentido o modelo de classificação e estabelecimento de momentos de avaliação parcial permitirá à empresa dar prosseguimento ao processo de inovação de modo controlado técnico e acertado SCHERER CARLOMAGNO 2016 Usando essa ferramenta a empresa classificará a ideia em quatro possi bilidades estrela osso maçã e bola conforme veremos na Figura 312 Após essa classificação e reconhecendo que os recursos organizacionais são finitos e escassos será possível que a empresa os realoque no momento correto e nas melhores ideias segundo o modelo estratégico de inovação adotado 159 Figura 312 Modelo de classificação de ideias Estrela Ideias nitidamente valiosas que devem ser adotas prontamente Bola Ideias valiosas que precisam ser jogadas de lá para cá por um tempo para ver se são práticas Osso Ideias que apresentam pouca substância devendo ser descartadas para futura avaliação Maçã Boas deias para avanços incre mentais que devem ser colocadas em prática rapidamente Fonte Scherer e Carlomagno 2016 p 57 Além disso como já dito anteriormente o tempo é fator primordial nas decisões sobre inovação Por isso Kotler e Keller 2012 explicam que as ideias de novos produtos e serviços devem ser avaliadas pela ótica da duração do seu ciclo de vida ou seja o tempo de vida após virar um produto que vai desde seu desenvolvimento passando por sua introdução no mercado tendo seu período de crescimento de vendas e maturidade até chegar ao declínio quando as vendas diminuem e o produto deve ser repensado reinventado ou até mesmo deixar de ser produzido Essa avaliação é fundamental para tomar uma decisão e selecionar uma ideia afinal existem produtos que representam oportunidades momen tâneas apenas para atender à moda ou ao modismo de um breve período Todavia se a empresa estiver preparada representa ótima chance de vendas altas geração de caixa e retorno imediato Já outros produtos estão relacio nados a estilos e por isso têm ciclos mais estáveis e longevos com maior possibilidade de vendas no longo prazo porém com concorrentes de maior porte e estrutura no mercado De qualquer forma o ponto fundamental é ter uma boa ideia e reconhecêla no momento certo para que haja a possibli dade concreta de implementála no mercado e realizar vendas satisfatórias com ótimas margens de lucro E se a ideia representar produtos duradouros no mercado que simbolizem muitos ganhos melhor ainda 160 Implementação e desenvolvimento de produtos Selecionadas as melhores ideias chegou o momento de implementálas Essa etapa é responsável por colocar em prática as ideias escolhidas e para isso é muito importante a definição e mobilização dos recursos organizacio nais adequados para introduzir os produtos serviços e processos inovadores da forma correta e assim obter maior aceitação do públicoalvo Além disso nessa fase são realizados os processos pilotos a prototipagem e os testes de mercado quando será possível perceber possíveis falhas de concepção fazer ajustes corrigir erros ou até mesmo abortar produtos equivocados antes de falharem no mercado Além disso a retroalimentação do processo detalhando as falhas e os erros permitirá as correções ágeis e estabelecerá uma importante fonte de aprendizagem por meio do refinamento e desen volvimento do conhecimento organizacional Logo será possível melhorar o processo inovador por meio da reinovação ou seja novos estímulos de aprendizagem que foram revisados melhorados e aprimorados por meio de inovações que foram um sucesso ou até mesmo um fracasso Outro aspecto a ser trabalhado nesse momento é a gestão de portfólio de inovação que tem o objetivo realizar a gestão e coordenação estratégica de todos os projetos de inovação na empresa sejam eles de produtos serviços ou processos Com isso será possível alcançar o equilíbrio das iniciativas inova tivas o desenvolvimento de benchmarking melhor alocação de recursos a celeridade no compartilhamento das melhores práticas a redução dos riscos e dos custos a melhora do timing inovador entre outros benefícios que agregam valor à organização Todas as ações e técnicas de gestão de processos de inovação descritas até aqui têm como objetivo final a potencialização de fatores que fomentem o desenvolvimento de novos produtos de modo contínuo e permanente pela organização O foco deve estar na transformação de ideias inovadoras e oportunidades de negócios em produtos e serviços concretos que de prefe rência possuam alto valor agregado TROTT 2012 Por fim a Figura 313 mostra um modelo de desenvolvimento de novos produtos DNP como uma proposta resultante da conexão cíclica de todas as atividades vistas no processo de inovação na qual podemos destacar a importância da geração de aprendizagem e a formação do conhe cimento organizacional em prol da melhoria dele e da organização sendo um ativo intangível extremamente valioso e poderoso para as organizações do século XXI 161 Figura 313 O processo de DNP como uma série de atividades conectadas Geração de oportunidades de negócio Desenvolvimento do conceito do produto Desenvolvimento de protótipos de produto Testes técnicos e de mercado Introdução no mercado Desenvolvimentos sociais e de mercado conduzem a necessidade Desenvolvimentos científicos e tecnológicos Construção de conhecimento Planejamento Estratégico PD Pesquisa de mercado Seleção e avaliação não são atividades que ocorrem em um único momento tratase de um processo contínuo que ocorre em todos os estágios Fonte adaptada de Trott 2012 p 556 Prezado aluno agora que você aprendeu mais sobre processo inovador é importante que comece a exercitar as diversas técnicas aprendidas em seu ambiente profissional e pessoal para que possa lapidálas e ficar cada vez mais qualificado Ótimos estudos e até a próxima Sem medo de errar Estimado aluno Neste momento você deve ter acabado de concluir seu estudo sobre o processo inovador Com isso compreendeu que as empresas devem percorrer um árduo e complexo caminho entre a invenção e a inovação ou seja colocar esse produto no mercado visando à sua exploração comer cial Além disso acreditamos que tenha aprendido sobre a importância de a empresa estruturar um processo inovador com o propósito de gerar um fluxo contínuo de inovação e desenvolvimento de novos produtos Por isso 162 você está totalmente apto a voltar à situaçãoproblema e dar uma consultoria para a Raquel e Marine Vamos relembrar a situação As jovens Raquel e Marine amavam o mundo virtual eram criativas tinham milhares de seguidores nas redes sociais e tanto o seu blog como o seu canal de vídeos no YouTube estavam fazendo muito sucesso Decidiram então que era hora de fazer disso um negóciouma profissão Todavia logo elas perceberam que havia um abismo entre o hobby criativo que tinham e a gestão de uma empresa especialmente pelo fato de que se tratava de uma área extremamente competitiva que são as agências Agora apenas a criatividade delas já não era mais suficiente então elas preci savam incutir seu DNA criativo e inovador na equipe com que trabalhavam A situação exigia o suporte de um profissional da área de inovação e por isso vamos auxiliálas Para desenvolver uma equipe criativa e inovadora de modo constante é fundamental que a empresa crie um processo e uma cultura inovadora na organização Esse processo consistirá em uma série de tarefas ordenadas no intuito de formando um ambiente criativo e extremamente propício ao surgimento e aproveitamento de ideias de modo que estas possam em sua maioria ser devidamente implantadas no mercado Para isso para o seu melhor gerenciamento os processos inovação são agrupados em três grupos básicos de tarefas busca e levantamento seleção e implementação As coloca ções e dúvidas delas estavam intimamente ligadas aos três grupos de tarefas Para aumentar e acelerar a geração de ideias e a criatividade da pequena equipe com quem trabalhavam as jovens empresárias precisam melhorar o processo de busca e geração de ideias Assim além de buscar as melhores possi blidades e fontes de ideia que existem no ambiente elas poderiam promover diversas ações em gestão de pessoas que fomentam a criatividade dos colabo radores tais como atividades de qualidade de vida no trabalho oferecer treinamentos em abstração artes pintura música poesia etc disponibilizar parte da jornada de trabalho para desenvolvimento de projetos pessoais entre outros Além disso diante da necessidade de inovação constante do mercado publicitário técnicas como o design thinking voltada à busca de soluções inovadoras construídas de modo colaborativo por meio de design e o storytelling explicar situações ideias e produtos comunicandoos por meio de histórias incríveis impactantes e que criem conexões se mostram funda mentais e com muitas possibilidades de êxito em seus propósitos Já para criar critérios mais técnicos e bem definidos que ajudem na escolha das melhores ideias a empresa deve desenvolver o segundo grupo do processo inovador que está relacionado à seleção e adoção de mecanismos qualitativos e quantitativos para fazer escolhas mais assertivas Nesse sentido 163 e tendo em vista a alta volatilidade das mudanças dos produtos da área em que a empresa atua é sempre muito importante atentarse ao ciclo de vida dos produtos bem como aos aspectos relacionados à moda ao modismo e aos estilos dos consumidores Por fim para melhorar a colocação e o desenvolvimento dos novos produtos no mercado as empresárias devem trabalhar a terceira e última fase que é a implementação Aqui entre outros elas podem adotar processos de gestão de portfólio que dará maior suporte para o processo de aprendi zado e geração de conhecimento contínuo Auxiliamos as jovens blogueiras a estruturar e organizar mais adequada mente os processos de inovação na empresa recémcriada por elas Continue refinando e aprimorando seus estudos sempre em prol da inovação constante Saiba mais Você já assistiu ao filme O Jogo da Imitação ou já ouviu falar na máquina de Turing Bem então cuidado pois esse breve texto contém spoilers O filme conta a incrível história do matemático e criptoanalista britânico Alan Turing 19121954 e da sua invenção fantástica Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas usavam uma máquina alemã chamada Enigma para criptografar suas comunicações e mensa gens de alvos de ataque e bombardeio Apesar de interceptálas o exército inglês não conseguia decodificálas o que resultava em um número cada vez maior de baixas e perdas para os Aliados Após longos esforços um grupo de especialistas capitaneados por Turing conseguem desenvolver uma ideia conceitual dele de que uma máquina pudesse pensar Assim criaram uma máquina gigante a qual enfim conseguiu quebrar o código e decifrar as mensagens da Enigma auxiliando na tomada de decisão estratégica dos combates e rumos da guerra sendo decisiva para a vitória dos Aliados contra os nazistas reduzindo o número de mortes tempo de guerra e gastos de recursos Entre outros os estudos de Alan Turing sobre algoritmos e obviamente da sua máquina foram fundamentais para aquela que é considerada por muitos a maior invenção de todos os tempos sendo imprescindível para a sociedade do século XXI o computador Por isso é comumente conhecido como o pai da computação Apesar das muitas licenças poéticas e de algumas imprecisões do ponto de vista histórico estamos falando de um grande filme que foi muito premiado no mundo inteiro Portanto prepare a pipoca e não deixe de assistilo 164 Pesquise mais Na sociedade atual é de grande importância adquirir conhecimentos para a realização de trabalhos em equipe que desenvolvam ideias e soluções criativas inovadoras de modo colaborativo e em curtos espaços de tempo Nessa perspectiva indico o artigo a seguir que trata do uso e da aplicação do design thinking uma ferramenta extre mamente moderna e dinâmica quanto à sua perspectiva de quando falamos de inovação MARTINS Amilton Rodrigo de Quadros et al Uso de Design Thinking como Experiência de Prototipação de Ideias no Ensino Superior Future Journal São Paulo v 8 n 1 p 208224 janabr 2016 Disponível em httpswwwresearchgatenetpublication312400675Usode DesignThinkingcomoExperienciadePrototipacaodeIdeiasno EnsinoSuperior Acesso em 12 jan 2020 Até a próxima Faça valer a pena 1 Na fase inicial de geração de ideias inéditas é de grande importância a utilização de instrumentos que expliquem de modo criativo e inovador ideias ditas que nunca foram utilizadas usando fatores específicos de uma comuni cação personagem ambiente conflito e mensagem para a demonstração e aprovação delas antes que morram sem ao menos serem testadas por não serem compreendidas pelos tomadores de decisão Baseandose no contexto descrito é possível afirmar que ele trata da técnica conhecida como a Design thinking b Ciclo de vida dos produtos c Prototipagem d Storytelling e Gestão de portfólio 165 2 O design thinking é uma técnica moderna e atualíssima que busca usar a sensibilidade das pessoas somada às ferramentas de design colaborativo com o objetivo de atender dentro de uma realidade factível aos anseios das partes envolvidas com aquilo que é concretamente possível de ser executado criando soluções e inovações muito mais assertivas e rápidas do que em processos geridos de modo convencional Dessa forma analise as afirmativas a seguir sobre essa técnica I A inspiração é o processo de realizar atividades que estimulem a geração o desenvolvimento e o teste de ideias técnicas como brains torming e brainwriting são muito utilizadas e adequadas nessa fase II Já na ideação o objetivo principal dessa fase está na descoberta e na expetativa de alcançar o sucesso centradas nas pessoas motivação para busca de soluções de problemas ou oportunidades III Implementação mapeamento de um caminho para que as ideias as soluções e as inovações possam chegar ao mercado o foco está na execução da visão projetando e tornando a experiência em algo tangível É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas d I apenas e I II e III 3 O processo de inovação é composto por uma série de tarefas as quais são devidamente ordenadas em prol do seu melhor gerenciamento Na literatura essas tarefas são comumente agrupadas em três grupos principais busca e levantamento seleção e implementação Dessa forma avalie as afirmativas a seguir sobre o referido processo I Criação de projetos pilotos prototipagem e testes de mercado são comuns para se corrigir falhas antes da introdução do produto no mercado e ocorrem na fase de implementação II Técnicas como o design thinking e o storytelling são usadas para estimular a criatividade dos membros de uma organização na fase de busca de soluções e geração de ideias 166 III Na fase de seleção o grande objetivo é escolher de modo técnico e criterioso as melhores ideias e oportunidades que serão mandadas para a fase seguinte de implementação É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e II apenas c III apenas d I apenas e I II e III 167 Seção 4 Inovação na prática e a gestão do conhecimento Diálogo aberto Prezado aluno o conhecimento e a aprendizagem organizacional são fundamentais para que a gestão da inovação aconteça de modo prático nas organizações Muitas vezes as empresas usam o discurso da inovação no marketing mas na prática essa ainda é uma realidade distante do cotidiano organizacional Por isso é fundamental que as empresas adotem modelos de gestão do conhecimento que proporcionem a inovação contínua nas empresas Mas o que é gestão do conhecimento Como converter os conhecimentos pessoais e expertises dos colaboradores em conhecimento organizacional que poderá ser compartilhado para outros colaboradores Essas entre outras questões serão respondidas com os estudos desta unidade Antes de nos aprofundarmos na área vamos conhecer a história de Erick um empreen dedor na área de desenvolvimento de games Nascido no final dos anos 1980 o jovem empreendedor Erick Gonçalves desde pequeno era completamente apaixonado por videogames assim como tantos outros meninos que nasceram naquela época Praticamente deve ter jogado todos os consoles mais famosos finalizando uma infinidade de jogos diferentes Além disso era muito bom com computação e por isso cursou a faculdade na área de desenvolvimento de sistemas especializandose na programação de games Não demorou muito e fundou uma startup promis sora na área de criação e desenvolvimento de jogos a games Apesar do ótimo desempenho e evolução da empresa desde a fundação até aquele momento Erick sabia que para continuar crescendo nessa área a inovação era mais que importante era vital Por isso estava profundamente incomodado com algumas situações que estavam ocorrendo na sua empresa 1 Alguns colaboradores como seu game designer tester e designer de personagens e cenários não compartilhavam suas expertises e experi ências o que bloqueava a geração e evolução do conhecimento organi zacional Um exemplo disso ocorreu há dois meses quando a Celeste sua profissional de level design desligouse da empresa e somente naquele momento descobriu que ninguém havia sido treinado junta mente com ela para realizar algumas tarefas em caso da sua ausência 168 2 Não havia um modelo de gestão do conhecimento alinhado à estra tégia organizacional que fomentasse a aprendizagem organizacional 3 Entendia que era importante criar mecanismos que incentivassem a inovação continuamente na empresa Como podemos ajudálo Por isso prezado estudante agora é com você Aprimore seus conhecimentos sobre a aprendizagem e gestão do conhecimento nas empresas para ajudarmos o Erick com soluções para os seus problemas Bons estudos Não pode faltar O estudo da inovação só se faz importante tanto no contexto acadêmico quanto organizacional por conta do seu propósito fundamental fazer com que as invenções cheguem ao mercado sendo exploradas comercialmente para atender aos interesses necessidades e desejos dos consumidores das empresas e dos governos Em síntese graças à inovação é que a nossa quali dade de vida aumenta a eficiência e eficácia produtiva das organizações evoluem e a economia dos países se desenvolve Não é à toa que a inovação ganhou tanta importância para as organiza ções Em ambientes cada vez mais competitivos por causa da quantidade de concorrentes e proximidade entre os seus produtos a compreensão dos elementos básicos de inovação é imprescindível pois para muitos expoentes no assunto a inovação se constitui na principal fonte para obtenção de vantagem competitiva sustentável para as empresas no mercado Reflita Ainda é possível uma empresa conseguir obter vantagem competitiva estratégica duradoura e sustentável em um ambiente mundial globa lizado caracterizado pela alta competição igualdade de recursos e capacidade de imitação por parte das outras empresas Por isso a inovação é fundamental tanto do ponto de vista tático anali sando suas etapas processos e ações na prática cotidiana como estra tégico avaliando a sua gestão como norteador organizacional como um todo não apenas para que as empresas criem novidades mas para que aumentem a percepção de valor dessas para os clientes Para isso como já vimos anteriormente o processo de inovação se inicia pela busca de ideias 169 ou reconhecimento de oportunidades tanto interna quanto externamente no ambiente geral No Quadro 36 vamos ver na prática como algumas empresas usaram as 12 dimensões da inovação para aprender e analisar os aspectos do seu negócio encontrando ideias e soluções inovadoras Quadro 36 As 12 dimensões da inovação empresarial DIMENSÃO DEFINIÇÃO EXEMPLOS Ofertas O QUÊ Desenvolver novos produtos ou serviços inovadores Lâmina de barbear Gillette Mach Turbo Razor Tocador de música iPod e geren ciador de músicas iTunes da Apple Plataforma Usar componentes ou alicerces comuns para criar ofertas derivadas Plataforma telemática OnStar da GM Filmes de animação da Disney Soluções Criar ofertas integradas e personalizadas que solucionam problemas do cliente de ponta a ponta Soluções logísticas da Supply Chain da UPS Building Innovations da DuPont para o setor da construção Clientes QUEM Descobrir necessidades não satisfeitas dos clientes ou iden tificar segmentos mal atendidos de clientes Foco da RentaCar em locatários de veículos de reposição Foco da Green Mountain na força verde Experiência do cliente Redesenhar interações com o cliente em todos os pontos de contato e em todos os momen tos de contato Conceito de banco de varejo do Washington Mutual Occasio Conceito de loja como experiên cia de entretenimento da Cabelas Captura de valor Redefinir como a empresa é paga ou criar novos fluxos inovadores de receita Busca paga do Google Divisão da receita de campeões de bilheteria com as distribuidoras de filmes Processos COMO Redesenhar os processos opera cionais para melhorar eficiência e eficácia Sistema Toyota de Produção e Operações Projeto Seis Sigma da General Electric DFSS Organização Alterar forma função ou escopo de atividade da empresa Organização virtual em rede e centrada no parceiro da Cisco Organização híbrida frontback da Procter Gamble para foco no cliente Cadeia de suprimentos Pensar de modo diferente sobre terceirização e todas as etapas de execução ProjectNet da Moen para design colaborativo com fornecedores O Celta da General Motors e o uso de suprimento integrado e vendas online 170 DIMENSÃO DEFINIÇÃO EXEMPLOS Presença ONDE Criar novos canais de distribui ção ou pontos de venda inova dores incluindo locais em que ofertas podem ser compradas ou utilizadas pelos clientes Vendas de CDs de música nas lojas da Starbucks RemoteTeller System da Diebold para bancos Redes Criar ofertas inteligentes e inte gradas centradas em redes Serviço de monitoramento remoto de elevadores da Otis Guerra centrada em redes do Dep De Defesa Marca Explorar uma marca em novos domínios Capital de risco de marca do Virgin Group Yahoo Como marca de estilo de vida Fonte Kotler e Keller 2012 p 4748 Independentemente da dimensão em questão os clientes exercem um papel central na inovação Portanto o processo inovador só é possível por meio do desenvolvimento de um ciclo constante de aprendizagem conheci mento e aprimoramento do relacionamento com o cliente o que representa muitos desafios Para Nambisan citado por Trott 2012 o aperfeiçoamento desses processos está atrelado às fases de desenvolvimento de novos produtos DNP sendo que em cada fase o cliente exercerá um papel diferente clientes como recursos como cocriadores e como usuários Clientes como recursos na fase de concepção o cliente exerce a condição de recurso pois ele é tido como uma fonte de inovação As empresas necessitarão de incentivos e meios para selecionálos corretamente de acordo os seus objetivos além de infraestrutura para capturar o seu conhecimento Clientes como cocriadores esse papel ocorre no momento das fases de design e desenvolvimento de produtos e serviços os clientes participam e têm voz ativa nas mais variadas tarefas do DNP principalmente em produtos destinados ao mercado organi zacional Os processos se tornam mais complexos e desafiantes para as empresas porém tendem a ser mais assertivos e mais bem recebidos pelo mercado Clientes como usuários exercendo o seu papel de usuário final que testa os protótipos dos produtos nas fases iniciais ou após a sua colocação no mercado para dar suporte contínuo visando à implantação de melhorias e feedback no que tange à satisfação deles 171 Nesse papel quanto mais clientes fizerem os testes ou ofereçam suas opiniões vvem SAC mais propositivos e susceptíveis ao sucesso tende a ser produto no mercado Apesar do seu papel preponderante na prática inovativa não bastam apenas as contribuições e participação dos clientes para que o processo de inovação e desenvolvimento de novos produtos aconteça Apesar de valiosas essas informações precisam ser trabalhadas de modo concomitante com outras fontes externas para que seja criada uma rede de DNP Dessa forma para Alvarenga Neto 2008 agregam valor superior às organizações de várias formas diferentes tais como orientando a estratégia iniciando novas linhas de negócio solucionando problemas com rapidez transferindo as melhores práticas desenvolvendo habilidades profissionais e ajudando no recrutamento e retenção de talentos Essa interação entre ambiente externo e interno é fundamental para a aprendizagem empresarial pois essa não advém apenas das informações dos clientes mas sim de uma complexa simbiose oriunda das mais diversas fontes de informações inovadoras que podem se transformar em algo maior como a construção estruturada de um conhecimento coletivo Figura 314 Um modelo de rede DNP Insumos externos Necessidades sociais Concorrentes Parcerias com fornecedores Distribuidores Clientes Alianças estratégicas Insumos Externos Concorrentes Fornecedores Distribuidores Clientes Insumos Externos Concorrentes Fornecedores Distribuidores Clientes Pesquisa Acadêmica Insumos Externos Desenvolvimen tos científicos e tecnológicos Concorrentes Fornecedores Clientes Pesquisa Acadêmica Marketing e Vendas Financeiro Engenharia de produção e fabricação Pesquisa e desenvolvimento Acumulação de conhecimento com o passar do tempo Fonte Trott 2012 p 439 172 Nesse contexto em que os insumos das diversas fontes externas propi ciam o conhecimento e este se torna o principal ativo intangível das organiza ções é importante falarmos das organizações que aprendem ou possibilitam o aprendizado constante de seus colaboradores em prol de transformações e evoluções Esse conceito foi definido por Peter Senge como learning organi zation que quer dizer organização que aprende eou promove o aprendizado Assim dispondo de um rol amplo e qualificado de informações em vários níveis da organização organizacionais essas empresas inovam no intuito de acertar sempre mas se porventura errarem elas aprendem rápido com os erros e fazem os devidos ajustes táticos e estratégicos Por isso antes de avançarmos sobre os modelos de organização e gestão do conhecimento precisamos compreender os pressupostos básicos centrais do conceito central de conhecimento Em síntese há duas dimensões do conhecimento a ontológica atrelada aos níveis de aglomeração e difusão do conhecimento do individual ao grupal até o interorganizacional e a episte mológica ligada aos tipos de conhecimento explícitos e tácitos Os explícitos são mais fáceis de serem aprendidos transmitidos e disse minados pois eles já estão devidamente estruturados sistematizados e ou formalizados como os livros os manuais os recursos audiovisuais etc Já o conhecimento tácito não é tão simples de ser observado ou aprendido pois tratase do conhecimento pessoal ainda não formalizado Portanto ele está embasado nas intuições palpites comportamentos crenças e valores de cada indivíduo Logo muitas vezes esse tipo de conhecimento é difícil de ser obtido a nível grupal sendo muito complexa e desafiadora a sua disseminação De modo sequenciado segundo Takeuchi e Nonaka 2008 a combinação dos conhecimentos tácitos e explícitos individual ou coletivo ficou ampla mente conhecida no mundo como modelo SECI que explica como ocorre a amplificação e tratamento das informações até a construção e geração de conhecimento no que tange à qualidade e quantidade resultando em quatro modelos de conversões básicos conforme Quadro 37 173 Quadro 37 O modelo de conversão do conhecimento SECI 1 SOCIALIZAÇÃO É um modelo de conversão de conheci mentos de tácito para tácito ocorrendo somente entre os indivíduos com o compartilhamento e criação desses tipos de conhecimentos por meio de experiências diretas cotidianamente divididas entre eles e captadas pelo raciocínio sem especifica mente o uso de linguagem 2 EXTERNALIZAÇÃO De tácito para explícito é o modelo de conversão do conhecimento que ocorre do indivíduo para o grupo Aqui há a articu lação de conhecimentos tácitos mediante o diálogo e reflexão coletiva formulando conceitos hipóteses ou modelos que serão empregados de modo grupal 3 COMBINAÇÃO É um processo de sistematização de conceitos por intermédio de diversas combinações de conhecimentos explícitos gerando outros desse mesmo tipo partindo do grupo para organização Sistemati zando reconfigurando e aplicando os conhecimentos explícitos e as informações grupais será possível obter o conhecimento organizacional 4 INTERNALIZAÇÃO Nesse modelo de conversão o conhe cimento vai de explícito para tácito da organização para o indivíduo Portanto caberá ao indivíduo aprender e adquirir novos conhecimentos tácitos na prática ou seja aprender fazendo Dessa forma os manuais e documentos explícitos serão a matériaprima que ajudará os colabora dores a inconscientemente incorporarem suas experiências e acumularem novos conhecimentos tácitos Fonte adaptado de Reis 2008 Takeuchi e Nonaka 2008 Podemos notar que a produção de novos conhecimentos é cíclica e dinâmica motivos que justificam a sua gestão nas organizações Além disso dois enormes desafios se apresentam às empresas inovadoras repassar o conhecimento existente aos colaboradores de tudo aquilo que importa aos objetivos organizacionais fomentando a possiblidade de seus insights criativos obter ou capturar dos colaboradores suas habilidades informais e knowhow que são de difícil detecção e geralmente adquiridos como frutos de anos da experiência em suas funções e com isso transformando conheci mento tácito em explícito Portanto a criação do conhecimento organizacional é necessariamente espiralada de modo coletivo e cooperativo ou seja na forma de uma espiral contínua e fluida entre tácito e explícito iniciando no nível individual e subindo para os grupais intra e entre as divisões organizacionais 174 Figura 315 Espiral da criação do conhecimento organizacional Dimensão Epistemológica Dimensão Conhecimento explícito Conhecimento tático Socialização Internalização Combinação Indivíduo Grupo Organização Interorganização Externalização Nível de conhecimento Fonte Takeuchi e Nonaka 2008 p 70 Assimile O papel da organização no processo de criação do conhe cimento organizacional é promover o contexto apropriado para facilitar as atividades de grupo assim como a criação e o acúmulo de conhecimento em nível individual As cinco condições exigidas no nível organizacional para promover a espiral de conhecimento são interação autonomia flutuação e caos criativo redundância requi sito variedade TAKEUCHI NONAKA 2008 p 71 Desse modo fica claro que pensando em inovação como essência de estra tégia empresarial esta só é possível de ser alcançada por organizações que não somente tenham alta capacidade de aprender mas também de implantar processos essenciais em prol da implantação de um modelo de gestão do conhecimento Assim a capacidade de gerir adequadamente o conhecimento caminha por ações organizacionais estruturadas previamente estipuladas e 175 parametrizadas pela alta direção que devem que ser avaliadas e elevadas continuamente no intuito de explorar o conhecimento de modo contínuo Figura 316 Elementos construtivos da gestão do conhecimento Metas do conhecimento Avaliação do conhecimento Retenção do conhecimento Identificação do conhecimento Aquisição do conhecimento Retenção do conhecimento Partilha e distribuição do conhecimento Desenvolvimento do conhecimento Fonte adaptada de Probst Raub e Romhardt 2002 p 36 Para a construção de um modelo robusto de gestão do conhecimento dois aspectos se mostram críticos logo estratégicos e devem ser analisados A visão sobre o conhecimento a ser desenvolvido Quais investimentos em TI serão realizados pois segundo Takeuchi e Nonaka 2008 p 271 a chave para obter e sustentar a vantagem competitiva através da TI é o profundo entendimento de seu impacto nos negócios e na estratégia da empresa Entre outros benefícios após a implantação da gestão do conhecimento é possível afirmar que as organizações terão seus ativos intangíveis capitais intelectuais inteligência empresarial marcas e patentes etc potencialmente valorizados tendo em vista o aumento da percepção de valor agregados destes Entretanto tais vantagens só serão alcançadas impactando de modo significativo nos rumos das empresas inovativas caso a gestão do conheci mento esteja devidamente integrada a sua estratégia organizacional saindo de uma retórica teórica que é muitas vezes apenas objeto de marketing insti tucional para de fato ser o elemento alicerçante das práticas e táticas execu tadas no cotidiano organizacional 176 Partindo dessa premissa e de que a essência da gestão do conhecimento está no constante compartilhamento das experiências e entendimento do que as pessoas sabem tornase vital para as organizações criar modelos que propiciem a reprodução do contexto de seus conhecimentos Por isso de acordo com Takeuchi e Nonaka 2008 a gestão do conhecimento deve centrarse em três aspectos principais Foco nos ativos intangíveis Conversão dessa gestão em algo explícito e factível incentivando a participação de todos Criação de formas de facilitação e compartilhamento de aprendi zados saberes e experiências Há uma infinidade de modelos descritos na literatura mas há consenso na maior parte deles de que a gestão do conhecimento nas organizações se dá pela estruturação de um sistema de profunda interação do ambiente interno e externo da organização captando continuamente os saberes desenvolvidos pelas pessoas Por isso escolhemos dois modelos que entendemos sintetizar e traduzir de modo prático e simplificado as ações necessárias das empresas em prol de práticas de inovação na chamada Sociedade do Conhecimento Primeiro vamos apresentar o modelo de Capitais do Conhecimento Figura 317 proposto por Cavalcanti e Gomes 2001 em que os quatro capitais de uma empresa estrutural intelectual ambiental e de relaciona mento são gerenciados de modo constante e efetivo para que haja a gestão do conhecimento organizacional Em tese um capital não é mais impor tante ou relevante que outro mas pode variar conforme as características e potencial de cada empresa Nesse modelo o aspecto preponderante para o crescimento organizacional é a sinergia entre os capitais Quanto mais harmônica e simbiótica for a interação entre esses capitais maior será o potencial de geração de conhecimento inovação e inteligência empresarial da organização 177 Figura 317 Os capitais do conhecimento Capital Intelectual Conhecimen tos tácito e explícito Habilidades e experiência Aptidões dos indivíduos Talento e expertise Know how Capital de Relacionamentos Colaboradores Clientes Fornecedores Concorrentes Outros stakeholders Capital Estruutural Sistemas administrativos Gestão e processos Cultura organizacional Marcas e patentes Instalações equipamentos TICs e SI Produtos e serviços Capital Ambiental Aspetos socioeconômicas Aspectos legais Aspectos éticos e culturais Aspectos governamentais Aspectos financeiros Capital Intelectual Capital de Relacionamentos Capital Estrutural Capital Ambiental Fonte adaptada de Cavalcanti e Gomes 2001 p 12 Exemplificando Imagine uma equipe da Fórmula 1 que tenha um excelente carro capital estrutural grande poder financeiro e cumpra aspectos e ações sociais responsáveis capital ambiental tenha bons mecânicos e um piloto talentoso capital intelectual mas que receba pneus que não estejam atendendo plenamente suas necessidades Você acredita que ela possa desenvolver o modelo de Capitais do Conhecimento na prática Possi velmente não pois faltará capital de relacionamento com fornece dores que é imprescindível para haja forte interação sinérgica entre todos capitais O outro modelo de organização do conhecimento que apresentamos é proposto por Angeloni 2008 Inicialmente a autora explica que os saberes individuais ou socialmente compartilhados entre os grupos são extremamente 178 valiosos para suprir as demandas e problemas que se apresentam na socie dade Dessa forma as organizações do conhecimento são aquelas que fazem a gestão desse ativo de modo cíclico em três dimensões principais tecnologia pessoas e infraestrutura organizacional e suas respectivas faces secundárias Como podemos ver na Figura 318 o modelo é apresentado em formato atômico para salientar que as dimensões e suas variáveis interagem dinami camente entre si bem como estão expostas aos estímulos daquelas que se inserem no ambiente externo O objetivo é simples e evidente facilitar disse minar e fomentar o conhecimento organizacional por todos na empresa Figura 318 Modelo de organizações do conhecimento TECNOLOGIA INFRAESTRUTURA ORGANIZACIONAL ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO Ambiente Externo PESSOAS Redes Datawarehouse Datamining Groupware Visão holística Intuição Modelos mentais Criatividade e inovação Compartilhamento Aprendizagem Cultura Estrutura Estilo gerencial GEDEED Workflow Fonte adaptada de Angeloni 2008 Por fim quando pensamos em inovação na prática após a realização de todo o trabalho de administração do conhecimento e a aprendizagem organizacional é chegado o momento de as empresas colocarem em prática e executar todos esses saberes que foram obtidos traduzindoos na forma de produtos e serviços que serão ofertados aos mercados consumidores Aqui nessa etapa é fundamental que as empresas façam um trabalho de marketing minucioso afinal não basta oferecer produtos no mercado 179 de qualquer forma e vender apenas uma vez O objetivo é que a partir do aumento conhecimento dos clientes e dos anseios de mercado as organi zações diminuam seus custos e gastos com esforços de vendas Portanto o foco do conhecimento organizacional é gerar soluções de mercado atender satisfatoriamente aos consumidores além de desenvolver relacionamentos mutuamente satisfatórios com eles Para isso aspectos fundamentais como o timing em que esse produto deve ser lançado e o local de lançamento são medidas fundamentais para o sucesso dos novos produtos Preparar o públicoalvo de modo correto para o lançamento de um novo produto ou serviço é fundamental Nesse momento todo o aprendizado e conhecimento organizacional é colocado à prova afinal pouco adianta saber muito mas não emplacar e sustentar suas inovações no mercado Além disso não podemos perder no horizonte o investimento realizado até o momento Há produtos geralmente de maior valor agregado que tiveram alto gastos realizados em PD e não podem simplesmente ser abortados por conta dos prejuízos evidentes Contudo para Trott 2012 a maior parte dos produtos terão fortes gastos em publicidade e propaganda exatamente no momento do seu lançamento e introdução no mercado Por isso é fundamental que as organizações trabalhem ativamente aspectos de marketing em relação à promoção de vendas que atraiam e fidelizem os clientes ou ainda promovam parcerias com fornecedores distri buidores parceiros comerciais e até mesmo com concorrentes em prol de tornar longevas as inovações recémlançadas Agora prezado aluno você pode afirmar que aprendeu sobre inovação em toda a sua amplitude desde os conceitos introdutórios sobre inovação passando pela gestão do conhecimento organizacional até o lançamento e inserção dos produtos no mercado Agora é o momento de praticar os conhe cimentos recémadquiridos Sem medo de errar Caro aluno você deve ter aprendido que mais que um conceito teórico a aprendizagem e o conhecimento organizacional podem ser considerados como os elementos essenciais que impulsionam a inovação nas empresas de modo prático Por isso vamos voltar à situação problema e ajudar o dono da startup games Erick Gonçalves na solução dos seus problemas Recapitulando em linhas gerais a situação o empreendedor desde muito jovem nutria grande paixão pelo mundo dos games e jogou uma infinidade de jogos em diversos tipos de consoles O tempo passou e o menino cresceu estudou computação e sistemas especializandose no desenvolvimento 180 e produção de games e jogos eletrônicos Após algum tempo criou a sua própria startup na área de criação e desenvolvimento de jogos a games Todavia apesar do ótimo desempenho e evolução da empresa desde a sua fundação ele sabia que a empresa precisaria continuar inovando e sendo criativa Porém algumas situações não corroboravam para isso criando problemas e impactando a criatividade e inovação Por isso vamos auxiliálo e propor soluções para a sua empresa Um dos maiores desafios organizacionais que existem no que tange ao compartilhamento de conhecimento está na transformação do conheci mento tácito em explícito ou seja fazer com que seus colabores dividam experiências expertise e knowhow individual para que seja assimilado pela empresa podendo gerar manuais e instruções de boas práticas O modelo de conversão do conhecimento SECI explica e detalha essa situação Por isso a implantação de um modelo de gestão do conhecimento na games será tão importante pois de modo estruturado oferecerá uma série de medidas que incentivem e promovam naturalmente esse compartilhamento entre as pessoas em prol da evolução de todos e obviamente da própria empresa Outra questão que deve ser rapidamente alterada pelo empreendedor é atrelar de modo prático e não apenas em teoria um modelo de gestão do conhecimento alinhado à estratégia organizacional que fomentasse a aprendizagem organizacional Como estudamos há inúmeros exemplos de modelos na literatura Todavia cabe à própria diretoria escolher o melhor modelo segundo as suas características e necessidades para que obtenha os melhores resultados Por fim entre os mecanismos que poderiam ser criados em um primeiro momento para incentivar a inovação de modo contínuo sugerese investi mentos constantes em três frentes Aprendizagem é por esse importante fator que novas descobertas e invenções são realizadas sendo essas a matériaprima fundamental da inovação Assim será possível encontrar novos usos novas formas de fazer novas habilidades e competências novos produtos e serviços nichos mercado etc Clientes tornar esse stakeholder partícipe do processo de aprendi zagem e conhecimento é fundamental para melhor conhecer seus anseios e com isso produzir produtos mais assertivos em relação às suas necessidades e desejos O cliente é um recurso valioso desde a fase inicial de concepção até a realização de testes de mercado 181 Colaboradores em suma são os principais agentes inovadores nas organizações pois devem trabalhar cotidianamente voltados a essa perspectiva Por isso é fundamental que a empresa adote medidas que incentivem os colaboradores a continuamente estarem inovando e compartilhando novos saberes e conhecimentos com a empresa Uma boa medida adotada comumente em empresas inovadoras é a flexibi lização da jornada de trabalho para o que os colaboradores possam desenvolver ou trabalhar em projetos pessoais diversos que podem ser inclusive futuramente adquiridos pela própria empresa Portanto prezado aluno agora que propomos algumas intervenções pertinentes na games é importante que você possa continuar estudando e aperfeiçoando os seus conhecimentos na área de inovação Além de conhecer e aplicar os principais termos aplicados à inovação reconhecendoa como um processo de desenvolvimento organizacional de extrema importância você está apto a elaborar diagramas e gráficos do fluxo de processos e ideias nas organizações em prol da construção da aprendizagem conhe cimento invenção e descobertas até o resultado final desejado que seja a inovação contínua Parabéns e até a próxima Faça valer a pena 1 O processo inovador só é possível por meio do desenvolvimento de um ciclo constante de aprendizagem conhecimento e aprimoramento do relacio namento com o cliente o que representa muitos desafios O aperfeiçoamento desses processos está atrelado às fases de desenvolvimento de novos produtos DNP sendo que em cada fase o cliente exercerá um papel diferente Dessa forma leia as asserções a seguir sobre o papel do cliente I No desenvolvimento de novos produtos o cliente pode ser usado como recurso na fase de design e desenvolvimento PORQUE II As empresas principalmente as de pequeno porte não têm incen tivos governamentais para inovar e depende do suporte dos clientes para tal objetivo 182 A respeito dessas asserções assinale a resposta correta a As duas asserções são proposições verdadeiras mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira b A primeira asserção é falsa e a segunda uma proposição verdadeira c A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda é uma proposição falsa d Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas e As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira 2 A interação entre ambiente externo e interno é fundamental para a aprendizagem empresarial pois essa não advém apenas das informações dos clientes mas sim de uma complexa simbiose oriunda das mais diversas fontes de informações inovadoras que podem se transformar em algo maior como a construção estruturada de um conhecimento coletivo Por isso é tão importante a espiral do conhecimento organizacional A interação constante entre colaboradores empresas e clientes é fundamental para a geração do conhecimento Mas o que significa espiral do conheci mento a É o movimento circular do conhecimento que vai de quem ensina para o aprendiz retornando a sua fonte original b É o modelo de conhecimento que salienta as dimensões circulares sendo apresentado em formato atômico c São os quatro capitais de uma empresa estrutural intelectual ambiental e de relacionamento que espiralam de modo constante d É o movimento de retorno do conhecimento às universidades e centro de pesquisas após passar pelos consumidores e empresas e Tratase da criação do conhecimento organizacional que ocorre de modo cooperativo coletivo e contínuo entre tácitos e explícitos 3 O modelo de Capitais do Conhecimento ocorre pelo gerenciamento de modo constante e efetivo dos quatro capitais de uma empresa estrutural intelectual ambiental e de relacionamento para que haja a gestão do conhe cimento organizacional Em tese um capital não é mais importante ou relevante que outro mas pode variar conforme as características e potencial de cada empresa Nesse modelo o aspecto preponderante para o crescimento organizacional é a sinergia entre os capitais Quanto mais harmônica e simbi 183 ótica for a interação entre esses capitais maior será o potencial de geração de conhecimento inovação e inteligência empresarial da organização Dessa forma avalie a utilização dos exemplos e tipos de capitais a seguir I Aspectos socioeconômicos legais éticos e culturais financeiros e governamentais são exemplos de capital ambiental II O capital estrutural é formado pelo conhecimento tácito e explícito além do talento expertise e knowhow estrutural III Os sistemas administrativos a cultura organizacional e as tecnolo gias de comunicação e informação TIC formam o capital intelec tual IV O capital de relacionamentos é representado pelas interações da empresa com clientes colaboradores e fornecedores entre outros É correto o que se afirma em a II e III apenas b I e IV apenas c II III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV Referências ALVARENGA NETO R C D Gestão do conhecimento em organizações proposta de mapea mento conceitual integrativo São Paulo SP Saraiva 2008 Disponível em httpsintegrada minhabibliotecacombrbooks9788502117211cfi0 Acesso em 12 jan 2020 ANGELONI M T Organizações do conhecimento infraestrutura pessoas e tecnologias 2 ed São Paulo Saraiva 2008 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombr books9788502125094cfi044000115 Acesso em 13 jan 2020 BALESTRIN A VERSCHOORE J Redes de cooperação empresarial estratégias de gestão na nova economia 2 ed Porto Alegre Bookman 2016 Disponível em httpsintegradaminhabi bliotecacombrbooks9788582603987cfi624200 Acesso em 29 dez 2019 BROWN T Design thinking Harvard Business Review p 110 jun 2008 Disponível em httpsreadingsdesignPDFTim20Brown20Design20Thinkingpdf Acesso em 10 jan 2020 CAVALCANTI C C FILATRO A C Design thinking na educação presencial a distância e corporativa São Paulo Saraiva 2016 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MONTEIRO A O que é a Inovação Social maleabilidade conceitual e implicações práticas DADOS Revista de Ciências Sociais Rio de Janeiro v 62 n 3 p 134 set 2019 Disponível em httpwwwscielobrpdfdadosv62n300115258dados623e20170009pdf Acesso em 30 dez 2019 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Manual de Oslo diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação 3 ed Paris OCDE 2005 Disponível em httpswwwmcticgovbrmcticexportsitesinstitucionalindicadores detalheManuaisOCDEManualdeOslo3edicaoemportuguespdf Acesso em 5 jan 2020 PROBST G RAUB S ROMHARDT K Gestão do conhecimento os elementos construtivos do sucesso Porto Alegre Bookman 2002 REIS D R Gestão da inovação tecnológica 2 ed Barueri SP Manole 2008 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788520452141cfi042100000 Acesso em 7 jan 2020 ROSA A C M et al Métricas e Indicadores de Inovação proposta de desenvolvimento de sistema de medição de desempenho da OI em EBTS de pequeno porte In SIMPÓSIO DE ENGENHARIA GESTÃO E INOVAÇÃO 1 2018 Guaratinguetá Anais São Paulo Unesp 2018 p 120 Disponível em httpseven3blobcorewindowsnetanais84204pdf Acesso em 28 dez 2019 ROTHWELL R Towards the fifthgeneration innovation process Rumo ao processo de inovação de quinta geração tradução International Marketing Review Sl v 11 n 1 p 731 fev1994 Disponível em httpsdoiorg10110802651339410057491 Acesso em 6 jan 2020 SCHERER F O CARLOMAGNO M S Gestão da inovação na prática como aplicar conceitos e ferramentas para alavancar a inovação 2 ed São Paulo Atlas 2016 Disponível em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597007121cfi624200 Acesso em 6 jan 2020 SILVA G DACORSO A L R Perspectivas de inovação na micro e pequena empresa Revista EG Economia Gestão Belo Horizonte v 13 n 33 p 90107 setdez 2013 Disponível em httpperiodicospucminasbrindexphpeconomiaegestaoarticleviewP 198466062013v13n33p90 Acesso em 28 dez 2019 TAKEUCHI H NONAKA I Gestão do Conhecimento Dados eletrônicos Porto Alegre Bookman 2008 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da gestão de pessoas e suas aplicações potencializando a composição de equipes para o seu negócio fortalecendo a sua capacidade de liderança Não obstante conhecer e prever os aspectos relacionados à elaboração de projetos de inovação é propriamente a competência a ser desenvolvida nesta unidade de ensino A intenção é evidenciar os pontos críticos de sucesso dos projetos e de empreendimentos diversos com atenção especial ao fator humano como crítico na composição de vantagens competitivas sustentá veis ao longo do tempo e às possibilidades financeiras de redução de custo e alavancagem de resultados a partir do potencial empreendedor e da inovação nos negócios Além disso temas como inovação ecossistema de inovação aspectos de incentivo e fomento da inovação serão desenrolados com o intuito de ampliar a sua capacidade autônoma e crítica frente às possibilidades de negócios no mercado Com isso a unidade gerará o seguinte resultado de aprendizagem a capacidade de elaboração de um projeto de inovação tecnológica e de mapas contextuais estratégicos havendo a partir disso ganhos de eficiência e asser tividade de gestão no âmbito da inovação e do empreendedorismo Bons estudos 188 Seção 1 Inovação se faz por meio de pessoas Diálogo aberto Você já refletiu sobre o processo de inovação em termos práticos Já analisou alguma cadeia de inovação na qual pudesse identificar pontos fortes ou pontos a melhorar de alguma empresa Esta leitura o ajudará na tarefa de diagnosticar cadeias de valor de inovação a partir da perspectiva de dois autores Hansen e Birkinshaw 2007 Segundo eles tal cadeia passa essencialmente por três etapas geração conversão e difusão de ideias Para aplicar em uma primeira oportunidade o diagnóstico por meio da cadeia proposta por Hasen e Birkinshaw 2007 veja o caso de Camila Camila é gerente de uma unidade de negócios em que as ideias não param de surgir Advindas de visitas a clientes participação em congressos brains tormings com outras equipes etc as ideias são a todo momento atualizadas e apresentadas pela equipe de Camila Mas a situação é a seguinte apesar do volume considerável de ideias Camila não consegue implementar nenhuma delas Algumas informações importantes que precisam ser extraídas giram em torno da cultura organizacional na qual Camila e sua equipe se encon tram bem como do contexto socioeconômico do setor de atuação No primeiro caso a organização não dispõe de orçamento flexível para aceitar maiores riscos configurando um posicionamento conservador em relação ao âmbito da inovação Exatamente por isso Camila assim como os demais líderes não possui autonomia para decidir sobre a perenidade ou mesmo o início de novos projetos Agora com relação ao contexto socioeconômico os estímulos governa mentais cessaram e o setor encontrase em decadência Somente os players que conseguem inovar com maior rapidez têm sustentado o marketshare de antes Vale destacar que para diminuir a insatisfação da equipe Camila começou a criar fóruns para discutir novas ideias convidando pessoas de outras áreas e profissionais externos para ajudar no processo de seleção das ideias propriamente ditas Com todas as informações destacadas acima e na posição de consultor de Camila proponha a abordagem mais assertiva para fomentar a inovação 189 na empresa em questão Além disso faça um diagnóstico de qual das etapas da cadeia de inovação encontrase o gargalo enfrentado pela equipe liderada por Camila e qual foi seu principal erro em todo o processo Mãos à obra Não pode faltar Você já parou para pensar como acontece o processo de inovação dentro das organizações Quer dizer já imaginou as etapas pelas quais os novos produtos passam antes de chegar nas mãos do cliente final ou ainda como acontece o processo de inovação nas práticas empresariais e nos processos internos Tudo começa pela concepção de uma ideia seja ela voltada para melhoria de um processo criação de um novo produto serviço ou ainda implemen tação de uma nova prática Em um segundo momento após aprovada a ideia é preciso sistematizar os próximos passos planejando e elencando parâme tros de mensuração que servirão para medir o impacto da mudança em termos de economia ou obtenção de recursos Por fim após implementada a ideia deve ser espalhada mesmo que não tenha obtido sucesso isso porque as lições aprendidas com projetos inexitosos são tão valiosas quanto as de projetos que obtiveram sucesso dentro das organizações pois impedem que outras áreas cometam os mesmos erros ou por outro lado sugerem um novo caminho a ser percorrido No mercado há muitas empresas com grandes oportunidades de inovação mas empacam na etapa de conversão das ideias em projetos assim como há empreendimentos que capturam excelentes ideias convertemnas em projetos mas na hora de replicar as lições aprendidas e o conhecimento gerado também não obtêm êxito Dessa forma é preciso diagnosticar qual parte geração conversão ou difusão de ideias do negócio não tem fluído com necessária eficácia Antes de abarcar projetos em inovação portanto os gestores precisam ter em mente a estrutura vigente de inovação dentro da organização em que atua De outra perspectiva o agente empreendedor deve ter clareza das etapas que serão adaptadas e que por outro lado devem ser aprimoradas para atender às necessidades de inovação do negócio especificamente Para ajudar as empresas na compreensão do desempenho em inovação Hansen e Birkinshaw 2007 propõe o conceito de cadeia de valor da inovação No modelo há três grandes fases a saber geração conversão e difusão Em paralelo há atividades que são empenhadas e perpassam as fases anterior mente citadas são no geral atividades relacionadas à busca e organização 190 de ideias à seleção e análise de viabilidade técnica e econômica bem como à disseminação do conhecimento gerado para outras áreas internas e para o mercado Quando identificada uma debilidade há a necessidade de sua calibração para retomar ou manter a fluidez do processo de inovação dentro de uma organização ou empreendimento Essa debilidade pode estar relacionada a qualquer das atividades e consequentemente etapas supracitadas De outra forma tendo em vista todas as atividades envolvidas no macroprocesso de inovação a gestão pode identificar os gargalos ou seja as atividades que precisam ser melhoradas para atender às necessidades de inovação do negócio sejam elas incrementais ou disruptivas Essa consci ência permite até mesmo a contratação mais assertiva de colaboradores pois pode compensar as debilidades da estrutura de inovação com as habili dades e competências das pessoas vide proposta de gestão por competências mais a frente Reflita Não basta replicar boas práticas de cases de sucesso do mercado mas sim fazer a gestão refletir e diagnosticar o desempenho da cadeia de valor da inovação de maneira personalizada ad hoc com vistas à cultura organizacional ao mapa estratégico do negócio e à visão de futuro que a empresa propõe do contrário pode incentivar uma etapa que já apresenta fluidez e negligenciar a outra impactando negativa mente a cadeia de valor de inovação da empresa Quando uma empresa falha em uma inovação será que o problema foi a implementação ou o fato de que a ideia proposta não era interes sante e viável Exemplificando Uma empresa com alto volume de ideias geradas todos os meses começou a promover sessões de brainstorming para fomentar a geração de conhecimento e sinergia entre equipes mas o que aconteceu foi justamente o aumento no número de novas propostas Devido à negligência da alta administração em reconhecer o gargalo na etapa de convergência de ideias e promover a já operante etapa de geração de ideias acabou frustrando os colaboradores que começaram a esbarrar em falta de orçamento e alta competição interna 191 O cenário exposto acima é verídico e aconteceu na empresa Sony na década de 1990 vide artigo de James Surowiecki 2005 para a revista The New Yorker A abordagem tradicional da cadeia de valor por outro lado elege o desenvolvimento de produtos e atividades em pesquisa e desenvolvimento Mesmo assim conforme evidências apresentadas por Demonel e Marx 2013 o modelo pode ser aplicado a empresas low tech e startups Nos casos analisados pelos autores empresas industriais de grande porte tecem estraté gias objetivos e recursos de modo bastante semelhante às empresas high tech mesmo o setor não apresentando orientação à inovação Não obstante ao aproximar o método lean startup da cadeia de valor da inovação é possível verificar etapas de validação de ideias e desenvolvimento de ciclos de iteração dos produtos e serviços Para efeito de uma empresa nascente a etapa de geração de ideias pode ser representada pela confecção do plano de negócio ou testagem e validação junto ao mercado enquanto o desenvolvimento pode ser atividade exclusiva do negócio nos primeiros anos de vida e representar por sua vez a etapa de conversão de ideias Por fim a difusão pode ser executada por meio do compartilhamento de lições aprendidas junto a parceiros e rede de apoio formada no entorno do empre endimento ADES et al 2010 Perceba que o modo de inovar pode variar de setor para setor ou mesmo de empresa para empresa A cadeia de valor nesse sentido está acoplada ao modelo de negócio Há empresas que inovam por meio de fornecedores gestão do conhecimento interno ou mesmo criando uma rede de colabo ração mundial É o caso de softwares opensource do inglês código aberto que permite aos usuários implementar melhorias e replicar novas versões vide navegador Firefox e o manipulador de imagens Gimp Seja na criação de ideias pontuais em times áreas específicas e com colaboração externa seja na análise de viabilidade técnica e econômica todas as ideias devem resultar em movimentos de difusão dentro da organização ou do projeto como um todo pois as lições aprendidas e a sinergia criada podem gerar resultados ainda mais atrativos HANSEN BIRKINSHAW 2007 Em linhas gerais portanto a inovação é um processo integrado que perpassa a geração de valor até a difusão da inovação por toda a organização Em outras palavras todo processo de inovação gera conhecimento que deve por sua vez ser compartilhado A gestão de conhecimento nesse sentido é um ativo estratégico na gestão da tecnologia Apesar de não carac terizar parâmetro exclusivo de inovação a tecnologia por sua vez representa grandes oportunidades de inovação propriamente dita 192 As fontes de novas ideias são variadas podem vir tanto do mercado clientes usuários como do processo de benchmarking de dados secundá rios relatórios especializados congressos ou mesmo da literatura de áreas correlatas ao negócio Tais ideias passam por análise de viabilidade como comentado anteriormente e tal atribuição varia de empresa para empresa Por exemplo em uma empresa de ativos digitais a área que valida a ideia pode ser inteligência planejamento e time técnico já dentro de uma estrutura industrial essa validação pode passar pelas áreas de engenharia produção marketing e PD Perceba que mais importante do que ter claro quais são os objetivos estra tégicos de um negócio é saber tudo aquilo que não o é De outra forma a empresa pode facilmente perder o foco e fomentar a própria evasão de clientes ou usuários É comum ver esse movimento em empresas de softwares pois como o cliente é da área de negócios muitas vezes e não entende do universo de tecnologia pode pedir várias soluções dentro de uma só e na ânsia por atender a empresa pode acoplar diversas funcionalidades que fogem do propósito inicial daí pouco tempo depois podem surgir problemas de posicionamento do produto no mercado Propostas de incorporação de funcionalidades como a exposta acima podem ser barradas logo na etapa de convergência de ideias Para Hansen e Birkinshaw 2007 essa etapa equivale ao processo de desenvolvimento de produto dentro das organizações Nesse momento no geral a área de marke ting é acionada para validar a hipótese de negócio no mercado Somente após isso haverá a definição sobre quais projetos serão priorizados e lançados para desenvolvimento Cada empresa portanto gerencia esse fluxo de atividades de uma forma adaptando diferentes métodos e recursos de acordo com a realidade pontual do negócio como exposto parágrafos acima Vale destacar que para que sejam aprovados projetos de tecnologia é preciso levar em consideração não somente os objetivos organizacionais como também parâmetros de valoração de projetos que permitam riscos fluxo de caixa descontado ROI etc Tais aspectos de priorização de projetos compõem a segunda etapa da cadeia de inovação no caso a conversão de ideias Nesse ínterim é preciso criar um programa de captura e seleção de ideias que fomente uma rede de inovação dentro da organização mesmo em empresas low tech Implementadas as ideias na etapa de difusão são realizadas ações para pulverizar a prática o processo o produto no mercado ou ainda dividir esse conhecimento seja interna ou externamente à empresa As formas de difusão são variadas e dependem da intenção É possível criar campanhas publicitárias dedicadas à divulgação de novos produtos ou serviços ou de 193 outro lado publicar as experiências em revistas científicas e em formato de postagem anúncios sobre as mesmas experiências no site ou rede intranet da organização Ainda sobre a etapa de difusão é possível criar novos modelos de negócio a partir das lições aprendidas em determinado processo de inovação Nesse sentido as inovações tecnológicas podem compor novos modelos de negócio É o caso das grandes empresas digitais iFood Uber Airbnb Mas como tornar a organização assertiva no que diz respeito à geração conversão e difusão de ideias para novas práticas processos serviços e produtos Uma empresa precisa formar uma rede com elos de qualidade que fomentarão a inovação orientada a resultados As redes podem ser externas capturando soluções em todo o ecossistema que integra como também internas fomentando a troca de conhecimentos e ganhos de sinergia por meio da multidisciplinaridade Existem basicamente duas modalidades de redes externas de soluções e de descobertas Em ambos os casos a gestão deve preferir diversidade no lugar de volume de contatos reunindo profissionais e entidades que agreguem conhecimentos e informações únicas ou pelo menos as mais diferentes possíveis HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL 2011 Por outro lado há as redes internas de inovação Essas devem priorizar a interdisciplinaridade e os vínculos sociais Dessa forma não adianta promover brainstormings pontuais mas sim promover as relações entre pessoas de diferentes departamentos É o exemplo da PG no desenvolvi mento de um produto para higiene e limpeza da pele com o produto Olay Daily Facials agruparam profissionais de outras divisões pele lenços de papel papel higiênico amaciantes e sabão em pó para combinarem conhe cimentos diversos na proposição do novo produto HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL 2011 Há diversos exemplos de empresas que promovem a inovação por meio de redes de colaboração inclusive internacional Duas ações comuns a essas iniciativas são a descrição do problema de negócio e a captura de propostas de resolução diversas Geralmente a contrapartida é remuneratória e pode vir de colaboradores internos ou externos à organização HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL 2011 A essa altura você já reparou o quão importante é o fator humano na cadeia de valor da inovação O fator humano é tão importante quanto a cultura que interfere nas decisões dentro das organizações Moore 2008 reconhece essa premissa ao identificar que a fase de amadurecimento da ideia e da canalização para financiamento é a mais desafiadora por encarar 194 barreiras culturais estruturais relacionadas à burocracia envolvida no processo de aprovação alocação e de recursos para o seu desenvolvimento A título de ilustração a aproximação de colaboradores de diferentes áreas facilita a triagem de ideias pois o veto pode acontecer muito depois de serem investidos recursos de tempo e pessoas em determinado projeto que não poderia ser levado adiante Isso acontece ao mesmo tempo que o processo de triagem é revestido de credibilidade por abarcar pessoas de diversas áreas afetadas Nesse sentido o resultado dessa tática tange aos seguintes recursos tempo custo e qualidade CROSS 2007 Para diminuir a resistência frente à inovação a gestão também pode orquestrar a troca de conhecimento e as atitudes de colaboração e boa vontade fomentando o ambiente criativo e disruptivo A troca de ideias e a interação social são extremamente importantes no processo e para facilitar essa interação uma das possíveis estratégias recai na gestão por competên cias CROSS 2007 Em termos de organização das equipes com foco na inovação uma das abordagens mais eficazes e aplicadas hoje nas organizações é exatamente a gestão por competências Convergindo a perspectiva francesa com a norte americana competências seriam conhecimentos habilidades e atitudes aplicadas no contexto organizacional e medidas por meio do desempenho CARBONE et al 2009 Em termos de inovação portanto o fator humano é mais crítico pois somente ele pode sustentar vantagens competitivas na linha do tempo De outro modo como a obsolescência das vantagens competitivas é uma reali dade quando levadas em consideração as variáveis do macroambiente então somente a sinergia criada na composição de diferentes competências poderá encorpar o conhecimento necessário para manutenção ou renovação das vantagens competitivas para o negócio CARBONE et al 2009 Assimile São exemplos de vantagens competitivas o uso de fonte de matéria prima exclusiva localização geográfica privilegiada redução de custos logísticos ou proximidade com cadeia de fornecedores estratégica proteções legais barreiras alfandegárias patentes etc No entanto a vantagem competitiva pode ficar obsoleta conforme alterações nas variáveis macroambientais a saber econômicas sociais culturais demográficas políticas tecnológicas legais e ecológica De outro modo uma forma de alinhar a gestão de pessoas à estratégia organizacional é propriamente a abordagem por competências Para elucidar 195 a possibilidade veja o elenco de atividades que podem servir para melhor acomodar as competências individuais às demandas estratégicas da organi zação educação corporativa identificação e alocação de talentos orientação profissional orientação de carreira remuneração benefícios e por último comunicação interna CARBONE et al 2009 No que diz respeito ao papel da gestão nas palavras de Carbone et al 2009 p 77 gerenciar competências significa planejar captar desenvolver e avaliar nos diferentes níveis da organização as competências necessárias à consecução de seus objetivos À medida que a equipe ganha sinergia no somatório de competências individuais e autonomia para implementar melhorias na cadeia de valor da inovação há terreno propício para desenvolvimento da capacidade de autogerenciamento Essa configuração de equipes é essencial para empresas que buscam escalabilidade seja em produtos serviços processos práticas ou projetos Seja o líder ou a líder que fará diferença no contexto organizacional Há espaço para todos os bons profissionais que buscam elencar soluções asser tivas na resolução dos problemas de negócio Para isso pratique a postura crítica e autônoma e nunca deixe de atualizar os seus conhecimentos Essa deve ser uma atividade constante Sem medo de errar Você se lembra da gestora Camila e a sua saga por fomentar a inovação A etapa de geração de ideias é operante na estrutura organizacional em que ela atua no entanto a sua gestão deparase com falta de autonomia e ainda desafios em relação à realidade socioeconômica do setor Frente a perda de marketshare dos players do setor Camila começou a promover sessões de debates dedicadas a novas ideias afim de promover a inovação e continuar com a sua fatia de clientes No entanto no lugar de diminuir a insatisfação em relação às ideias não selecionadas ampliou o sentimento de frustração dos colaboradores pois eles começaram a aplicar ainda mais esforços em ideias que não poderiam sequer chegar na etapa de conversão Então o primeiro erro identificado é em relação ao gargalo conversão versus promoção da etapa já operante da cadeia de valor da inovação Ou seja em vez de identificar a etapa de conversão como gargalo e trabalhar para melhorar o seu desempenho Camila fomentou a etapa da geração de ideias já operante Por fim vale sugerir a Camila que ela volte os olhos para o seu time e desenvolva a etapa de seleção de ideias por parte de pessoas que detêm 196 essa competência analítica e o conhecimento do mapa estratégico e dos objetivos organizacionais da empresa Dessa forma ela diminui a frustração com a aplicação de parâmetros claros dentro de um programa de inovação preestabelecido Uma possível abordagem para apresentar os itens acima a Camila é elaborar um projeto de inovação tecnológica baseado na cadeia de valor da inovação e de mapas contextuais estratégicos que possam sustentar a argumentação anterior É possível replicar a aplicação da proposta de Hansen e Birkinshaw 2007 noutros contextos Faça o teste e divirtase aprendendo Faça valer a pena 1 O conceito da cadeia de valor da inovação sugerido por Hansen Birkinshaw 2007 propõe uma visão ampla e integrada do processo de inovação na empresa não restrito ao processo de desenvolvimento de produto considerando a inovação dentro de uma lógica não linear e sistêmica de cadeia envolvendo três distintos e interligados elos DEMONEL MARX 2015 p 990 Para identificar as debilidades da cadeia de valor da inovação Hansen e Birkinshaw 2007 propuseram a avaliação de três etapas a saber a Concepção conversão e difusão b Geração convergência e difusão c Geração conversão e compartilhamento d Geração conversão e difusão e Desenvolvimento convergência e pulverização 2 Jéssica possui uma equipe com bastante diversidade seja em ao perfil individual ou às funções que gerencia Atualmente tem enfrentado a seguinte situação pessoas com muito tempo de casa cansadas de executar as mesmas tarefas Qual é a melhor abordagem de gestão de pessoas caso Jéssica queira ganhar sinergia e restaurar a motivação do time a Gestão de pessoas b Gestão por competências 197 c Gestão por conhecimento d Gestão por tecnologias e Gestão da cadeia de conhecimento 3 A proposta de Hansen e Birkinshaw 2007 busca analisar a inovação como um processo integrado desde a geração do conceito até a difusão da inovação entre as outras áreas da organização Para isso os autores dividem a cadeia de inovação em três elos principais geração conversão e difusão de ideias e seis tarefas conectivas colaboração interna externa e entre unidades seleção e desenvolvimento e difusão de ideias selecionadas Esses três elos devem ser gerenciados com foco nos elos mais fracos de forma a incrementar a gestão da cadeia de valor da inovação na empresa JUNIOR SALERNO MIGUEL 2014 p 3 Complete as lacunas do trecho que segue Opode ser incorporado na etapa dedentro da cadeia de valor da inovação Ou seja por meio dano mercado produtos e serviços ou na realidade da equipe processos e práticas é possível identi ficar quais ideias deverão seguir para implementação e quais deverão ser interrompidas Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas acima a reconhecimento facial conversão de ideias aprovação de hipóteses b método lean startup difusão de ideias testagem de hipóteses c método lean startup geração de ideias aprovação de tecnologias d método inovador geração de ideias testagem de hipóteses e método lean startup conversão de ideias testagem de hipóteses 198 Seção 2 Ecossistema de inovação Diálogo aberto Você já notou o quão rica é a cultura de cada lugar Já reparou que alguns costumes por mais cotidianos e comuns que possam parecer são capazes de sustentar diversos negócios É o caso do consumo de arroz e feijão nas refeições de todo brasileiro Ou ainda como a utilização de repelentes locais pode combater com maior eficácia os insetos daquele determinado local Aspectos como os supracitados são importantes na hora de formatar um modelo de negócio E para todas as hipóteses há testes de viabilidade que precisam ser executados bem como conhecimentos e dados primários que precisam ser coletados para garantir o sucesso do empreendimento Para pensar sobre o assunto apresentamoslhe a Cirila Cirila acaba de começar uma confecção própria dedicada à cultura local de seu povo A intenção da empreendedora é divulgar o artesanato da população local a partir da venda online de camisetas com signos que representam a cultura propriamente dita Ela mora na região centrooeste do Brasil e quer reafirmar o orgulho das pessoas da região Para isso pensou em capitalizar aspectos culturais locais para então formar uma rede de negócios sustentável Você como mentor da aceleradora de startups regional foi selecio nado para ajudar Cirila em seu projeto Aqui vale destacar que é necessário levantar pontos como 1 Existência de apoiadores ou potenciais apoiadores 2 Identificar quais os canais de comunicação e distribuição Cirila tem pensado em utilizar 3 Entender a percepção da população local com relação ao projeto Após levantadas todas as informações iniciais é hora de propor uma estratégia para acelerar o negócio de Cirila A leitura a seguir o ajudará nesta tarefa agregando conhecimentos sobre economia criativa padrão de especialização acordos comerciais e fluxo internacional de bens e serviços Busque compreender a profundidade do trabalho criativo local no cenário global Para tanto reflita sobre a visibilidade de cada país e nos benefícios de trazer fluxos turísticos para o mesmo 199 Não pode faltar Você se lembra dos desafios enfrentados pelos empreendimentos em fase seminal ou seja no começo do ciclo de vida do negócio Além da rede de apoio que já estudou há outra forma de ajudar a alavancar toda a criatividade impressa nos negócios a aceleradora A aceleradora nada mais faz do que tracionar o negócio a partir das técnicas anteriormente estudadas Por exemplo é possível alavancar a visibi lidade de um produto digital através das plataformas existentes redes sociais blogues etc Ou seja a aceleradora ajuda a startup a atravessar pontos críticos da fase inicial do negócio com mentorias networking e até mesmo aportes financeiros Atenção Você pode estar se perguntando se a aceleradora cumpre a mesma função que a incubadora não é mesmo Para entender a diferença entre aceleradora e incubadora leia o artigo de Yuri Gitahy no Portal Sebrae GITAHY Yuri Incubadora e aceleradora qual a diferença entre elas Economia criativa Sebrae 2019 Pensando em termos de tecnologia no entanto há alguns desafios extras O primeiro deles é com relação à educação do cliente que muitas vezes não sabe para que a solução tecnológica serve Mas o maior desafio do empreendedor que atua no setor tecnológico é o timing Não adianta ficar anos construindo uma solução que o mercado não valoriza no momento de seu lançamento A título de ilustração há indícios de que o Ipod havia sido criado há bastante tempo antes do seu lançamento justamente pelo feeling de Steve Jobs em entender o tempo certo de o lançar no mercado Outra história é a do software de Eric Ries escritos do livro A startup enxuta 2012 O autor demorou anos para lançar uma solução no mercado e somente quando o fez descobriu que o segmento não via valor nela As lições aprendidas na ocasião no entanto fizeram com que Eric concebesse a metodologia lean startup com intuito de afastar desperdício de recursos e identificar viabilidade mercadológica de hipóteses 200 Esta inclusive é uma atitude que precisa ser incorporada enquanto nos construímos como empreendedores encarar os fracassos como lições apren didas e rumar sempre para novos desafios Ainda falando de oportunidades na intersecção entre capital intelectual cultural e criatividade encontrase um potencial econômico identificado pelo conceito de economia criativa No terreno da economia criativa a tecno logia também aparece como uma das mais promissoras responsável por empregar 371 dos profissionais do segmento criativo brasileiro FIRJAN 2019 Aliar criatividade com soluções tecnológicas portanto também diz respeito à economia criativa Em termos práticos a economia criativa surgiu na Austrália na tenta tiva de gerar novas fontes de receita para o país O empreendimento do governo australiano deu tão certo que acabou ganhando o apoio da ONU e chamando a atenção dos países ao redor do mundo AMADO 2019 A ideia de economia criativa foi cunhada pelo autor inglês John Howkins ao publicar o livro The Creative Economy how people make money from ideas em 2001 Para o autor o conceito paira nas atividades nas quais a criatividade e o capital intelectual são a base para a concepção produção e distribuição de produtos e serviços AMADO 2019 De outro modo a economia criativa pode ser entendida como um setor da economia que prima pela indústria sustentável através de caminhos nãoconvencionais Não há no entanto um consenso acerca das atividades englobadas na economia criativa Diferindo de país para país considerando os interesses e potencial econô mico os nichos criativos podem ser artes cênicas música artes visuais literatura e mercado editorial audiovisual animação games softwares aplicados à economia criativa publicidade rádio TV moda arquitetura design gastronomia cultura popular artesanato entretenimento eventos e turismo cultural AMADO 2019 Assimile Segundo pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvol vimento se a economia criativa fosse um país teria o quatro maior PIB do mundo com 43 bilhões de dólares e somaria 144 milhões de trabalhadores 201 Reflita Para trazer um contraponto você acredita que a criatividade é um aspecto exclusivo de um determinado segmento econômico Os autores Justin OConnor e Gaëtan Tremblay criticam a perspectiva da economia criatividade justamente por isso pois acreditam que a criati vidade perpassa todos os segmentos e não apenas aqueles ligados aos aspectos culturais de um país Especificamente no Brasil os segmentos criativos envolvidos no conceito acima são divididos em quatro grandes grupos a saber consumo design arquitetura moda e publicidade mídias editorial e audiovisual cultura patrimônio e artes música artes cênicas e expressões culturais e tecnologia PD biotecnologia e TIC SEBRAE sd O Sebrae mesmo busca fomentar a economia criativa em diversas vertentes incluindo a criação de novos modelos de negócios exportação de produtos culturais e fortalecimento de redes de empreendedores que atuam nos segmentos criativos supracitados SEBRAE sd Além do Sebrae há outras instituições internacionais que apoiam inicia tivas voltadas para a economia criativa propriamente dita Veja na sequência a lista de organizações que empreendem ações de fomento dedicadas aos segmentos criativos seja por reconhecerem o âmbito de direitos autorais patrimoniais e o potencial econômico dos setores criativos Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura UNESCO Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento UNCTAD Organização Mundial da Propriedade Intelectual OMPI Departamento de Cultura Meios e Esportes do Reino Unido DCMS Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CEPAL Da perspectiva nacional há um interesse do governo em desenvolver a indústria criativa Primeiro porque há ganhos em relação ao turismo ao divulgar produtos culturais nacionais além de conseguir popularidade nacional no cenário global ao indicar o fomento interno dos aspectos culturais 202 Dica Para ficar por dentro das ações de incentivo à economia criativa por parte do governo federal acesse o site do respectivo ministério e conheça as instituições envolvidas e atividades em curso em todo o território nacional httpwwwculturagovbr Em se tratando de intercâmbios internacionais de bens e serviços existe a possibilidade de acordos bilaterais entre dois países e multilaterais entre três ou mais países capazes de promover o comércio imigração e segurança entre países bem como o compartilhamento de tecnologia O Mercosul e BRICS são exemplos de acordos multilaterais nos quais o Brasil faz parte juntamente com outros países No geral os acordos internacionais buscam redução nos impostos de importação bem como o fomento da indústria local com vistas à expor tação aos países membros do acordo Neste sentido cada país apresenta um potencial diferente do outro e ao diagnosticar déficits em diferentes países uma possível parceria na qual ambos os lados ganham pode ser desenvol vida Tais acordos são cruciais para a sobrevivência econômica dos países no cenário internacional A inovação e a tecnologia são fontes de vantagem competitiva basilares no contexto global É importante que as fontes locais de tecnologia sejam desenvolvidas e fomentadas pelo governo e comuni dade empresarial local Para elucidar a relação entre tecnologia e inovação podemos pensar que a tecnologia é uma das principais fontes de inovação produtividade e conse quentemente escalabilidade para empresas em todo o mundo A inovação por sua vez pode ser identificada como inovações de produto inovações de processo inovações organizacionais e inovações de marketing OECD 2005 Neste sentido o Manual de Oslo é a principal referência quando falamos de inovação Nele há definições métodos de análise de desempenho classi ficações e outros procedimentos dedicados às atividades de inovação que garantem o padrão de especialização necessário para fins de comparação em diferentes cenários Desse modo para negócios que pretendem performar no cenário interna cional o primeiro passo é dominar o Manual de Oslo As definições e metodo logias dedicadas à inovação tecnológica colocarão a empresa no nível interna cional de competição Como o próprio manual em sua versão traduzida diz Este Manual oferece diretrizes para a coleta e a interpretação de dados sobre inovação de maneira internacionalmente comparável OECD 2005 p 12 Não obstante em se tratando de cadeias globais de valor CGV é possível notar que um produto desde sua concepção até a distribuição pode passar por diversos países Ou seja cada etapa produtiva pode ser realizada em um 203 país diferente em função dos custos de produção e da capacidade tecnoló gica de cada país HERMIDA 2017 Neste sentido a China por exemplo se beneficiou do comércio internacional no que diz respeito ao CGV e a sua especialização comercial frente aos demais países do mundo O Brasil bem como outros países subdesenvolvidos tem no CGV uma oportuni dade de melhorar o desempenho econômico e exportador no cenário global HERMIDA 2017 O conhecimento neste cenário é fundamental para elevar o país de patamar no que diz respeito ao padrão de especialização no cenário inter nacional Foi o que aconteceu nos países asiáticos como comentado acima houve um movimento de aprendizagem tecnológica com transferência de conhecimento e absorção de novas tecnologias que permitiu a essas nações avançarem a posição no CGV HERMIDA 2017 Exemplificando Parques tecnológicos são estratégicos na hora de compartilhar conhe cimentos técnicos e fomentar a inovação São espaços geográficos que agrupam desde empresas incubadoras e universidades até laboratórios e centros de pesquisa A Universidade de São Paulo por exemplo sedia dois diferentes parques tecnológicos o Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto Supera Parque e o Centro de Inovação Empreendedo rismo e Tecnologia Cietec Ambos os empreendimentos visam promover novas tecnologias o processo de inovação em si e novos negócios associados a projetos da universidade propriamente dita Explicando de outra maneira a depender da posição do país na cadeia global de valor os ganhos são maiores As etapas portanto não apresentam potencial econômico semelhante quando o processo de produção é fragmen tado em várias partes Para elucidar a questão do valor nas etapas nas quais o valor agregado é maior há mais ganhos para a nação independentemente de a matériaprima ter sido extraída ou o produto final ter sido comercializado em outro país HERMIDA 2017 A título de exemplo fases de montagem de peças não possuem tanto valor agregado na CGV quanto ativos de conhecimento gerados no setor de pesquisa e desenvolvimento ou ainda no trabalho de branding gestão de marca da matriz situada muitas vezes em outro país HERMIDA 2017 geralmente nos países desenvolvidos Sob um panorama geral os países desenvolvidos acabam acumulando etapas com maior valor agregado tecno logia e conhecimento enquanto os países em desenvolvimento atuam em etapas voltadas para extração de matériaprima e também com mãode obra não especializada HERMIDA 2017 204 O desenvolvimento econômico de um país pode no entanto beneficiarse da CGV independentemente da posição que ocupa na cadeia produtiva inter nacional HERMIDA 2017 Vale dizer que o desenvolvimento econômico leva em consideração aspectos quantitativos renda per capita por exemplo como também qualitativos qualidade de vida da população do país Nas palavras de Luiz Carlos BresserPereira 2008 p 1 desenvolvimento econômico é o processo de sistemá tica acumulação de capital e de incorporação do progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento sustentado da produtividade ou da renda por habitante e em consequência dos salários e dos padrões de bemestar de uma determinada sociedade Fazendo um paralelo com a discussão acima portanto a depender das etapas que o país integra na cadeia global de valor maior a riqueza gerada e consequentemente maior a qualidade de vida da população em questão Vale destacar que quanto maior e melhor for o ecossistema de inovação maiores as chances de galgar posições inclusive na cadeia global de valor Para compor o ecossistema não somente empresas institutos e universi dades precisam trabalhar em prol da inovação com constante atualização do arcabouço de técnicas e conhecimentos mas também precisamos especia lizar e formar nossa população de maneira geral Há um encadeamento de fatores que influenciam desde a composição tecnológica do país até chegar na casa dos habitantes que nele firmaram residência Seja em oportunidades seja no apoio com relação ao ecossistema de inovação o governo possui uma parcela de responsabilidade quando falamos de desenvolvimento econômico e social Por outro lado note que o processo de inovação está diretamente relacio nado à capacidade empreendedora de uma população influenciando os resultados de um país inteiro quando colocado na perspectiva global Por isso conforme o tempo passa é importante que você incorpore novos conhe cimentos em seu repertório pois somente dessa forma poderá entender a profundidade que o empreendedorismo e a inovação podem alcançar Como você escolhe entregar valor no ecossistema de inovação do seu país Pense sobre isso 205 Sem medo de errar Lembrase de Cirila Você tem ajudado a empreendedora a galgar etapas com maior rapidez através da aceleradora da qual faz parte No primeiro momento levantou as seguintes informações 1 Existência de apoiadores ou potenciais apoiadores 2 Identificar quais os canais de comunicação e distribuição Cirila tem pensado em utilizar 3 Entender a percepção da população local com relação ao projeto Vamos começar pelo item 1 Caso Cirila tenha apoiadores a primeira missão é articular melhores ganhos de tração para o negócio Por exemplo caso haja alguma fábrica de tecidos neste rol vale pleitear preços mais baixos para a confecção Do mesmo modo se Cirila conta com o apoio de algum político deve solicitar compartilhamento de informações do projeto na rede para angariar visibilidade Há ainda a possibilidade de pleitear subsídios da prefeitura para confluir interesses comerciais aos de turismo da cidade e região Ambos os lados só têm a ganhar Com relação ao segundo item é preciso criar estratégias de comunicação e distribuição que sejam coerentes com os objetivos do negócio Além disso Cirila precisa desenvolver autoridade em alguma rede específica multipli cando a taxa de visualização de conteúdos para daí então apresentar os produtos do local Por fim é muito importante que a própria população local seja o motor propulsor de visibilidade e apoio criando condições para que o negócio alavanque a partir da lógica exponencial de compartilhamento na rede e também na própria comunidade A título de exemplo da estratégia supracitada pessoas que trabalharam no artesanato podem pulverizar a distribuição em lojas locais Do contrário comerciantes locais podem buscar disponibilizar tais produtos em suas lojas apenas sabendo do propósito do projeto Agora proponho que você busque negócios criativos em sua cidade e aplique a resolução adaptandoa para a realidade local Você está pronto ou pronta para atuar como empreendedor criativo ou mesmo mentor de outros empreendedores Faça a diferença 206 Faça valer a pena 1 Ajudam startups nas fases iniciais do ciclo de vida a tracionar os negócios através de mentoria networking e aporte financeiro Estamos falando a Do ecossistema de inovação b Das aceleradoras c Das incubadoras d Do padrão de especialização e Da economia criativa 2 Sheila atua com produção de filmes de curtametragem sobre a cultura local Recentemente recebeu uma proposta da prefeitura para firmar uma parceria dedicada ao turismo da região a partir da visibilidade dos seus vídeos na internet O caso supracitado é típico a Da economia criativa b Do padrão de especialização dos países c Do desenvolvimento econômico d Do setor de negócios domésticos e Da mídia local 3 Os Estados Unidos detêm a matriz da empresa Apple Independentemente da montagem das peças do iPhone por exemplo ser na China e em outros países do hemisfério sul o maior valor agregado é representado através do montante de impostos recolhidos nos EUA em detrimento dos outros países O cenário descrito acima ilustra um conceito de economia estudado na presente leitura De qual conceito estamos falando Assinale a alternativa correta a Economia criativa b Cadeia global de celulares CGC c Nicho criativo d Cadeia global de valor CGV e Padrão de especialização regional 207 Seção 3 Aspectos legais fiscais e tributários de incentivo à inovação Diálogo aberto Você já aprendeu que há uma rede de apoio ao empreendedorismo certo Além disso soube que há interesse de diferentes agentes governo consumi dores e empresas sobre o emprego da tecnologia nos processos nos projetos nas atividades e nos produtosserviços Agora chegou a hora de entender um pouco melhor as possibilidades de financiamento voltadas para a inovação tecnológica Você descobrirá por exemplo como são formatados e incorporados os programas de incentivo à inovação dentro das organizações também como programas externos e outros incentivos são interessantes na hora de construir uma estratégia voltada para a cultura de inovação tecnológica No exercício profissional seja de qual setor for há algumas perguntas interessantes de serem feitas acerca do contexto tecnológico da empresa em que atua 1 Há recursos oriundos de financiamentos subsidiados reembolsável que possam ser adotados em diferentes projetos no setor em que atuo 2 Existem incentivos fiscais à inovação tecnológica que possam benefi ciar a empresa em que trabalho 3 Existem programas com recursos a fundo perdido não reembolsável para que o meu empreendimento possa se beneficiar A título de exemplo com uma nova lei que afeta diretamente a sua atividade na empresa Mauro quer propor um novo produto que poderá agregar na receita do setor em que atua Para isso tem buscado responder às perguntas listadas anteriormente mas tem encontrado muita dificuldade e não sabe por onde começar Após a leitura você será capaz de assessorar Mauro na sua busca Saberá como e onde encontrar as informações necessárias para ajudálo além de ser capaz de destrinchar estratégias de abordagem para que Mauro obtenha êxito ao apresentar a sua nova hipótese de negócio Bons estudos e não perca de vista a postura autônoma e crítica que deve ter ao buscar informações 208 Não pode faltar Nesta leitura falaremos de diferentes caminhos que as organizações podem percorrer para fomentar a cultura de inovação tecnológica inclusive se beneficiando com incentivos diversos subsidiados pelo governo Veremos também diferentes possibilidades de financiar empreen dimentos voltados à pesquisa ao desenvolvimento e à inovação e como o governo pode interferir positivamente também nesta equação ampliando a cultura de inovação nos negócios atinentes à economia brasileira A título de explicação prévia tenha em mente que diferentes agentes se beneficiam da inovação tecnológica consumidores empresas e governos e por isso há uma série de aspectos legais fiscais e tributários de incentivo à inovação Tais aspectos podem compor programas de inovação dentro das organizações e quando mesclados com estratégias que podem ser pensadas e incorporadas nas próprias empresas suportam atividades específicas de pesquisa e desenvolvimento além de afastar riscos e incertezas do negócio em face da inovação Tais programas têm o potencial de encorajar atitudes dos próprios colabo radores em atuar com inovação em seus processos e projetos Como vimos na leitura anterior há uma infinidade de combinações que fomentam a ativi dade de inovação nas organizações tanto interna quanto externamente com parceiros universidades ou mesmo público em geral O grupo Cogna por exemplo além de financiar um andar inteiro de edtechs em um dos maiores hubs de inovação do mundo e o maior da América Latina o Cubo ainda conta com um comitê de venture capital para incentivar a inovação tecnológica Outro exemplo é a Samsung com a aceleradora de startups chamada Samsung Creative Startups A iniciativa conta com o apoio da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores Anprotec e do Centro Coreano de Economia Criativa e Inovação CCEI O programa visa encontrar soluções para as áreas de interesse da empresa Outras informações podem ser extraídas no próprio site de notícias da organização SAMSUNG NEWSROOM BRASIL 2019 Exemplificando Um dos métodos mais adotados para ranquear as empresas com relação à inovação tecnológica é o montante investido em pesquisa e desen volvimento PD A Samsung por exemplo investiu 1344 bilhões de euros ou 574 bilhões de reais em PD no ano de 2018 garantindo o primeiro lugar no ranking EU RD Scorecard Esse relatório considera 209 25 mil empresas em 46 países diferentes O critério é propriamente o dinheiro investido em PD HERNÁNDEZ et al 2018 Esses exemplos mostram como diferentes iniciativas podem acelerar a inovação tecnológica nas organizações Mas além das iniciativas internas e dos programas próprios de inovação há vários incentivos subsidiados pelo governo que ajudam empresas de pequeno médio e grande portes a incor porarem e acelerarem o processo de pesquisa e desenvolvimento com vistas à criação de novas tecnologias É o caso das iniciativas e políticas públicas destrinchadas nos próximos parágrafos Em primeiro lugar é importante citar a relação do financiamento com os projetos em inovação tecnológica que está atrelada à fase em que o projeto se encontra Em outras palavras quanto mais voltado para a pesquisa fase inicial focada no acúmulo de conhecimento científico mais a fundo perdido está o financiamento Agora quanto mais próximo da fase de comerciali zação da solução tecnológica fase mais avançada do empreendimento mais a juros subsidiados comporá a configuração do financiamento PEZZONI 2013 Essa informação é primordial para iniciar os estudos a seguir Com essa primeira distinção em mãos é possível guiar os próximos passos da captura de recursos no mercado em especial com subsídio do governo para inovação e tecnologia Retomando essa relação entre financiamento e etapa do empreendi mento acontece porque quanto maior o risco menor a probabilidade do retorno sobre o dinheiro investido Por outro lado quanto mais próximo da fase de comercialização o que sugere já ter validado hipóteses de negócio maior a probabilidade de consumir a ideia ou seja de dar certo e por isso são cobrados juros sobre o montante investido Assimile Tomar empréstimo seja ele em prol de um financiamento ou mesmo com a utilização do cheque especial incorre juros Esses juros possuem diferentes preços no mercado No cheque especial por exemplo há cobranças exorbi tantes que podem colocar o indivíduo em situação de dificuldade finan ceira caso não consiga controlar a variável tempo e recebimentos Perceba que independentemente da atuação do governo você toma o dinheiro de um agente e depois de um certo tempo deve pagálo com incidência de juros Isso é verdadeiro para todas as opções de financiamento com exceção do financiamento a fundo perdido o qual veremos a seguir 210 Financiamento a fundo perdido é uma estratégia de financiamento utili zada pelo governo federal para promover a inovação tecnológica no país Também chamada de subvenção o fundo perdido como o próprio nome sugere não precisa ser devolvido mas há a obrigação de investir o montante no desenvolvimento de novas tecnologias Dica Mediante a necessidade de aporte em pesquisa desenvolvimento e inovação no país por meio da Lei nº 10973 de 2 de dezembro de 2004 o governo começou a fomentar incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica ambas voltadas para o ambiente produtivo Nele constam providências sobre o recurso de subvenção Veja o que fala o art 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo com vistas à capacitação tecnológica ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvi mento do sistema produtivo nacional e regional do País BRASIL 2004 sp Veja a intenção deste material é guiálo neste primeiro momento a aprender como pesquisar e atualizar o próprio repertório de informa ções Mas é extremamente importante que sempre recorra à atuali zação de informações para tomada de decisão assertiva Não obstante o Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações publicou o Guia Prático da Lei do Bem Lei nº 11196 de 21 de novembro de 2005 Na mesma esteira das iniciativas até então citadas tal lei busca incentivar as empresas a inovarem tecnologicamente Enquanto subsídio fiscal de incentivo permite que as empresas abatam parte dos inves timentos feitos em PD no imposto de renda BRASIL 2019 sp Assimile De acordo com o Guia Prático da Lei do Bem 2019 inovação tecnoló gica é a concepção de novo produto ou processo de fabri cação bem como a agregação de novas funcionali dades ou características ao produto ou processo que 211 implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade resultando maior compe titividade no mercado BRASIL 2019 p 11 Além do imposto de renda há redução de até 50 no Imposto sobre Produtos Industrializados IPI ao comprar máquinas e equipamentos desti nados à PD E ainda a lei prevê outras deduções relacionadas a outros gastos com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de novas tecnologias além de também contribuir com depreciação de maquinário e amortização acelerada em ocasiões de compra dele BRASIL 2019 Não obstante vale citar o marco legal de ciência tecnologia e inovação que consta na Lei nº 13243 de 11 janeiro de 2016 O intuito dela é criar um ambiente cada vez mais propício à inovação por meio de pesquisa e desen volvimento tanto em universidades como em institutos públicos e empresas Há alguns princípios promovidos no marco legal supracitado que alteram a dinâmica de inovação pesquisa e desenvolvimento no país a saber promoção de atividades científicas como provedoras de tecnologia e consequente desenvolvimento econômico e social fomento de parcerias entre instituições públicas e privadas e as empresas estímulo da inovação de maneira geral simplificação dos procedimentos ligados à gestão de projetos em ciência tecnologia e inovação por fim adoção de administração por resultados O marco legal da inovação também criou uma nova figura para o ecossistema de inovação nacional a Instituição Científica Tecnológica e de Inovação ICT privada Até então o governo reconhecia apenas as institui ções públicas com mesmo caráter voltado à pesquisa dedicada à criação de novas tecnologias Hoje é possível que empresas encomendem pesquisas das ICTs e usem o valor investido como benefícios fiscais A esta altura vale citar outras fontes de incentivo à inovação tecnoló gica que incluem opões de financiamento com juros subsidiados Os finan ciamentos a juros subsidiados por sua vez são opções que ao contrário da subvenção e independentemente de o empreendimento ter obtido sucesso ou não devem pagar o montante tomado do financiador mais o valor dos juros e estes no entanto com subsídio Para ficar mais claro veja o exemplo a seguir Imagine que a startup Inova possui três linhas de financiamento ao seu dispor O banco A ofereceu o montante de 100 mil com juros de 10 aa enquanto que o banco B ofereceu o mesmo montante com juros de 65 aa e por sua vez a agência financiadora na opção de juros subsidiados ofereceu uma opção de 725 212 aa mas com subsídio de 2 aa Apenas a terceira alternativa tratase de uma opção com juros subsidiados Acompanhe na tabela o montante a ser devolvido no final de cinco anos Tabela 41 Opções de financiamento da Inova Financiador Montante Juros Juros Subsidiados Montante a ser devolvido Banco A 100 mil 10 aa Não se aplica R 161051 Banco B 100 mil 65 aa Não se aplica R 137008 Banco C 100 mil 725 aa 2 aa R 129154 Fonte elaborada pela autora Perceba o quão importante é saber fazer os cálculos apresentados na tabela Decisões equivocadas acerca de investimentos e financiamentos podem levar o negócio à falência independentemente do tamanho da organização Ainda sobre o exemplo acima a melhor opção é a terceira financiamento a juros subsidiados porque parte dos juros é coberta pelo governo Vale dizer que o montante final considera os juros compostos juros sobre juros bem como a ausência ou existência dos juros subsidiados No Brasil em termos de volume o crédito subsidiado é o segundo maior instrumento de fomento à inovação O primeiro instrumento mais utilizado é a isenção fiscal DE NEGRI RAUEN SQUEFF 2018 Reflita Apesar de diminuir o montante a ser devolvido há contrapontos com relação à interferência do governo na dinâmica de financiamento e crédito voltado às empresas A leitura do artigo Impacto dos créditos subsidiados sobre o investimento ótimo das firmas brasileiras no período póscrise econômica 2018 pode esclarecer essa questão e ajudar você a raciocinar sobre o aporte de recursos em PD por parte das empresas brasileiras Em outras palavras reflita será que os programas de incen tivo apenas substituem o recurso utilizado por opção mais barata ou aumentam de fato os aportes em PD Referência completa ALVES Patrick Franco SILVA Ludmilla Mattos MORAIS Rafael Lima de Impacto dos créditos subsidiados sobre o investimento ótimo das firmas 213 brasileiras no período póscrise econômica In NEGRI João Alberto de ARAÚJO Bruno César BACELETTE Ricardo orgs Financiamento do desenvolvimento no Brasil Brasília DF IPEA 2018 O CNpq FINEP BNDS e Fapesp são as quatro grandes entidades finan ciadoras de projetos em inovação tecnológica no Brasil com diferentes programas de financiamento para tal propósito Cada setor da economia possui uma especificidade com relação à inovação tecnológica Exatamente por isso os esforços em pesquisa e desenvolvimento estão cada vez mais baseados nas necessidades específicas e vale estudar cada linha de crédito disponível no mercado considerando a necessidade específica do projeto e escolher a melhor e mais adequada para a realidade em que atua Lembrese a inovação é a força motriz da sociedade capitalista Assim como no início no século XX o século XXI ainda reconhece a inovação como principal fonte de qualidade de vida para a população residente em economias capitalistas SCHUMPETER 1982 Por isso profissionais que conseguem capitalizar empreendimentos a menores custos possuem maior valorchance no mercado Neste sentido como o processo de inovação tecnológica carrega a faceta da incerteza além de ser caro o governo precisa diluir tanto o custo quanto a incerteza dos empresários e empreendedores com relação à importância desse processo estimulandoo Nas palavras dos autores Rauen Saavedra e Hamatsu 2018 p 260 na medida em que existe uma falha de mercado associada ao investimento privado em PD é necessário algum nível de estímulo governamental Para se ter uma ideia do montante investido a favor de vários setores econômicos ao longo dos anos compreendidos entre 2005 e 2014 por meio do Programa Inova Empresa fruto da parceria entre BNDES e Finep para concessão de crédito o governo disponibilizou 329 bilhões de reais para inovação RAUEN SAAVEDRA HAMATSU 2018 O crédito do Finep pode ser repassado para empresas de duas formas direta ou indiretamente De forma direta tratase da modalidade em que a seleção o desembolso e o acompanhamento são feitos pela própria insti tuição ao passo que o crédito indireto perpassa por agentes regionais de fomento à inovação no caso do Finep via programa Inovacred De maneira geral as empresas de médio e grande portes costumam tomar crédito de forma direta enquanto as pequenas empresas de base tecnológica RAUEN SAAVEDRA HAMATSU 2018 214 Em cada modalidade de financiamento há etapas que precisam ser assistidas pelas empresas Para maiores informações sobre o processo de seleção dos projetos acesse a respectiva página da agência financiadora para entender qual é a melhor solução financeira para o seu caso Por fim há dois pontos que precisamos refletir Primeiro há a necessi dade de destacar a volatilidade da tecnologia Houve um aumento no ritmo de obsolescência das inovações tecnológicas o que quer dizer que a variável tempo é ainda mais crítica quando falamos de financiamento e desenvolvi mento de projetos Inúmeras tecnologias que compunham a nossa rotina há pouco tempo atrás já não mais existem ao passo que algumas tecnologias que utilizamos hoje podem ser extintas amanhã A título de exemplo já se fala em desaparecimento do smartphone assim como aconteceu com o discman Segundo ponto aliados ao bemestar das pessoas e ao interesse lucra tivo das empresas os programas de inovação precisam promover o caráter sustentável de seus empreendimentos Há uma página da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo Fiesp que demonstra exemplos de inicia tivas sustentáveis por parte das organizações Outro exemplo que engloba tanto empresas quanto instituições e órgãos públicos são os projetos das smart cities As discussões sobre cidades inteli gentes apresentam o esforço de conectar tecnologia sustentabilidade e bemestar das pessoas Por isso há inúmeras iniciativas também realizadas por parte das prefeituras que devem ser estudadas e replicadas para toda a extensão territorial nacional além de servir como inspiração para projetos noutros setores Acompanhe as inovações e mantenhase atualizado Já caminhando para o final perceba que a corrida pela inovação tecno lógica além de acelerada é extremamente incerta e requer resiliência dos colaboradores que encontra no caminho Não se frustre com projetos inter rompidos ou negados Tomeos como lições aprendidas e refine o seu faro para reconhecer oportunidades de negócio A presente leitura não tem a mínima intenção de esgotar o assunto Reforçamos a importância de ser autônomo e crítico nas pesquisas e na aplicação do conhecimento na prática profissional Cada um é responsável por construir e atualizar o próprio repertório de conhecimento e práticas Tenha muito sucesso em sua jornada profissional Sem medo de errar Você se lembra do Mauro seu empreendimento e o seu importante papel em assessorálo Após ter estudado diferentes fontes de financiamento e 215 modalidades adequadas para cada caso monte uma estratégia de busca de informações na qual Mauro possa se guiar e então construir a sua apresen tação para gestores da empresa A título de recordação as perguntas que buscamos responder são 1 Há recursos oriundos de financiamentos subsidiados reembolsáveis que possam ser adotados em diferentes projetos no setor em que atuo 2 Existem incentivos fiscais à inovação tecnológica que possam benefi ciar a empresa em que trabalho 3 Existem programas com recursos a fundo perdido não reembolsá veis para que o meu empreendimento possa se beneficiar O primeiro ponto depende do tamanho da organização Caso seja uma pequena empresa vale a pena buscar um programa de incentivo à inovação local para entender as etapas do processo de seleção Por outro lado caso a empresa seja de médio ou grande porte compensa primeiro recorrer à área interna responsável pela inovação Caso não haja converse com gestores a fim de entender as possibilidades da captação de recurso e o interesse da própria organização com vistas ao mapa estratégico atual e os objetivos organizacionais de longo prazo Ainda com relação ao primeiro ponto como se trata de uma ideia inicial ou seja uma hipótese a ser testada Mauro deve recorrer a financiamentos a fundo perdido Recorde que quanto mais próximo da fase seminal maior a relação com tal modalidade de financiamento Com relação ao segundo ponto há uma infinidade de conteúdo disponível na internet inclusive de grandes consultorias como PricewaterhouseCoopers PwC ErnestYoung entre outras ou mesmo do governo como o Guia Prático da Lei do Bem que disponibiliza dicas e guias práticos de como achar a melhor estratégia para cada empreendimento Caso a empresa esteja por exemplo adquirindo maquinário para expansão das atividades em PD é importante observar as possibilidades existentes em dedução do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Há ainda outras formas de obter redução no pagamento de impostos bem como captação de recursos no mercado Sugira aqui o Guia Prático da Lei do Bem do Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações Por fim ainda sobre captação de recursos para financiamento de projetos de inovação tecnológica aconselhe a busca de alternativas de financiamentos a fundo perdido Explique que nesta modalidade não há a necessidade de a empresa devolver o valor emprestado e sim a obrigação de investilo em atividades de pesquisa e desenvolvimento 216 Aproveite para citar a possibilidade de testar a hipótese de negócio por meio de uma parceria com alguma Instituição Científica Tecnológica e de Inovação ICT privada Não deixe de alertar Mauro sobre a importância de validar a hipótese antes de seguir para a captura de recursos Além disso diga a ele que o maior argumento para parceria com a ICT é o de usar o valor transferido para tal finalidade para benefícios fiscais Ajudandoo a montar uma apresentação que demonstre a profundidade de Mauro acerca dos assuntos aqui discutidos tenha certeza que a sua missão de assessorálo foi concluída com sucesso Faça valer a pena 1 Do ponto de vista de financiamento há diversos programas em níveis federal estadual e municipal que beneficiam as MPMEs como o Cartão BNDES que é uma linha de crédito repassado por bancos comerciais para compra de produtos e serviços Outro exemplo é a Finep Inova Brasil que é um programa de financiamento da Finep com encargos reduzidos para a realização de projetos de pesquisa desenvolvimento e inovação nas empresas SARFATI 2013 p 33 Complete as lacunas do trecho que segue A relação entreedo empreendimento acontece porque quantoo riscoa probabilidade de o retorno sobre o dinheiro investido ser recuperado Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas a financiamento etapa maior menor b financiamento etapa menor menor c financiamento etapa maior maior d crédito hipótese maior menor e crédito hipótese menor maior 217 2Amanda possui uma startup já madura e atuante no mercado firmada como empresa de médio porte Por sinal seu negócio é líder do segmento e agora a empreendedora quer perpetuar seu método para outras unidades de negócio Para isso busca uma opção de financiamento com juros subsi diados Qual é o melhor caminho para Amanda obter um financiamento com juros subsidiados pelo governo a Junto a programas de inovação regional b Junto a programas de inovação da cidade c Junto ao governo d Junto à agência de fomento do estado e Junto ao Tesouro 3 Por ser caro e altamente incerto o processo de inovação acaba sendo negligenciado por grande parte das organizações no Brasil em especial as pequenas e médias Por isso o governo entra na equação diluindo os custos da inovação tecnológica por meio de incentivos fiscais tributários e legais No Brasil em termos de volume o crédito subsidiado é o segundo maior instrumento de fomento à inovação O primeiro instrumento mais utilizado é a Isenção fiscal b Inércia trabalhista c Obsolescência programada d Financiamento a fundo perdido e Financiamento com juros subsidiados 218 Seção 4 Sistema de fomento ao empreendedorismo Diálogo aberto Vamos propor agora um exercício de imaginação que envolve reflexão sobre o seu próprio propósito de vida Imagine que um casal de tios muito ricos deixou uma herança que vai lhe render 100 mil reais ao mês O dinheiro será transferido indefinidamente ao longo de toda a sua vida Mas não demora muito para que após receber algumas das instruções você pense que algo mais estaria por vir com a notícia Tomando conheci mento da carta que os tios deixaram você descobre um detalhe desafiador e ao mesmo tempo bastante confuso dado que o dinheiro não seria mais um problema em sua vida Por ter convivido muito com os respectivos tios você já os conhecia bem o suficiente para saber que seria surpreendido Sabendo o quão exigentes eram a sua intuição realmente não falhou Pois bem é chegada a hora de saber mais sobre o elemento surpresa como condição para o saque mensal os tios estipularam que você trabalhasse com uma atividade profissional específica em horário comercial Essa ativi dade se trata da atuação com investimentos em negócios atrelados à inovação e tecnologia Esta situação pode fazêlo pensar no que realmente gostaria de fazer caso o dinheiro não fosse um problema e a atividade não fosse especificada Mas a intenção é fazêlo refletir enquanto investidor com aptidão para negócios na área de tecnologia e inovação Na condição de investidor abastado reflita sobre os seguintes quesitos 1 Suponha que você ainda não saiba do que se trata a atividade especi ficada pelos tios busque saber o que é venture capital 2 Como encontrar oportunidades de investimentos que envolvam negócios promissores 3 Há opções de investimento com maior atuação do investidor ou fundo na gestão de uma startup 4 Por fim caso opte por investir como pessoa física existe um caminho alternativo para investimento em venture capital 219 Frente aos questionamentos acima a leitura a seguir o munirá de infor mações suficientes para ajudálo a aportar adequadamente o seu capital na ocasião do recebimento da herança Por isso mãos à obra Não pode faltar Você conhece a dinâmica do mercado financeiro quando se trata de aportes de capital em empresas não listadas na bolsa de valores Saiba que há duas formas de investir em empresas que não possuem capital aberto Em outras palavras caso você acredite em um negócio promissor e tem capital para apostar você pode fazêlo Mais à frente há informações detalhadas sobre essa possibilidade pois este é um dos assuntos a serem abordados nesta leitura Assimile O IPO acrônimo para initial public offering também chamado de oferta pública de ações tratase do momento em que uma empresa passa da fase de aportes em venture capital ou capital empreendedor para capital negociado abertamente no mercado através da bolsa de valores No caso do Brasil essas ações são negociadas através da B3 Além de financeiramente promissor é fundamental que as empresas de base tecnológica recebam aportes em capital de risco para desenvolvimento de novas tecnologias Como você já sabe a inovação é a base do desenvolvi mento em setores que dependam em especial do contínuo desenvolvimento tecnológico propriamente dito Mas antes de adentrar ao assunto perceba que há uma contradição em termos de risco e retornos financeiros No terreno das finanças quanto maior o risco maior o ganho E esta relação risco e ganho tem a ver com o grau de incerteza de determinada aposta em detrimento de outras oportunidades disponíveis que sejam mais conservadoras Em outras palavras aportar capital em negócios com alto grau de incerteza pode resultar tanto em elevado retorno como prêmio pelo aporte realizado quanto em grande perda Ainda sobre a relação entre risco e retorno a inovação tecnológica em especial a disruptiva depende significativamente da tolerância a risco e incerteza dos investimentos e fundos de investimentos no geral As empresas neste sentido precisam elevar a cultura de tolerância a erro e exercitar perdas financeiras significativas se quiserem ser pioneiras no mercado 220 A título de ilustração já vimos diversas tecnologias fracassarem no mercado devido a erros de timing no lançamento falta de a empresa consi derar o ponto de vista do cliente ou também falta de aportes de capital para manutenção do negócio Para todos os casos há necessidade tanto de validar a hipótese de negócio no mercado como também conhecer os caminhos de captura de recursos no mercado Neste sentido muitos empreendedores brasileiros não conhecem os programas de fomento e financiamento de projetos em inovação E para você entender um pouco mais sobre o assunto falaremos de capital de risco e a sua importância para o desenvolvimento tecnológico de empresas e conse quentemente das nações Em primeiro lugar vale a pena definirmos o termo capital de risco Capital de risco tratase de aportes de capital realizados de maneira privada em empresas que não estão listadas na Bolsa de Valores ou seja ainda não realizaram oferta pública de ações como comentamos no início do texto Para investir nessas empresas há dois caminhos através de investimento direto ou através de fundos de investimentos proprietários ou mútuos No Brasil há algumas instituições como é o caso do BNDES que agrupam tais oportunidades numa carteira também chamada de fundo capturando dinheiro no mercado cotistas e administrando a canalização dos recursos por meio de gestão profissional A remuneração do gestor do fundo por sua vez se dá por meio de taxa de administração e taxa de desempenho O seu papel é além de atrair inves tidores para subscrição de capital e agregar valor aos ativos que compõem a carteira aumentando a atratividade e retorno frente ao mercado No que tange os precedentes históricos apesar do mercado de capital de risco existir desde a década de 1940 nos Estados Unidos chegou na América Latina apenas em meados da década de 1990 Entre os anos de 2002 e 2012 cresceu em média 20 aa no Brasil SILVA BIAGINI 2015 Exemplificando Para entender a dimensão do capital de risco no Brasil vale citar as diferentes modalidades existentes no mercado doméstico fundos mútuos de investimento fundos imobiliários fundos proprietários e outras participações diretas em empresas fechadas Ainda com relação ao capital de risco há três tipos diferentes de investi mentos que se relacionam com o momento em que a empresa se encontra 221 seed capital venture capital e private equity O seed capital ou capital semente é dedicado a pequenas empresas muitas vezes em fase experi mental préoperacional No geral essas empresas estão ligadas a parques tecnológicos incubadoras ou aceleradoras O venture capital ou capital empreendedor pode ser destinado a micro pequenas ou médias empresas que já se encontram na fase operacional mas com grande potencial de crescimento Aqui a principal ideia do aporte de capital é expandir o negócio e acelerar os resultados Por fim o private equity referese a aportes em grandes empresas já consolidadas em operação há algum tempo e com resultados significativos No geral vale citar que os fundos que canalizam recursos para a modalidade private equity o fazem por meio de fusões e aquisições o que inclui e confi gura participação societária Atenção Podemos citar mais três tipos de investimento realizados em negócios que não possuem capital aberto O primeiro é o chamado angel capital ou investimento anjo que além de ser destinado a empresas nascentes e ao mesmo tempo inovadoras geralmente são patrocinados por pessoas físicas ou um grupo de pessoas físicas em prol das atividades de marketing e desenvolvimento de produto que os negócios requerem na fase inicial Outro tipo de investimento é o peer to peer landing ou empréstimo coletivo que em outras palavras é empréstimo de pessoa física para empresas através de uma plataforma Não deixa de ser uma forma de capitalizar o negócio certo Tal modalidade atua de acordo com as regras da CVM e não há bancos na intermediação Exemplos no Brasil fintechs Biva Kavod e Nexoos Por fim operando de forma similar ao private equity os fundos de growth capital constituem uma modalidade de venture capital também dedicada a negócios engrenados que buscam capital especificamente para acelerar o crescimento das operações Por fim operando de forma similar ao private equity os fundos de growth capital constituem uma modalidade de venture capital também dedicada a negócios engrenados que buscam capital especificamente para acelerar o crescimento das operações 222 Já falamos de algumas possibilidades de investimento que financiam novos negócios Agora vamos falar dos terrenos que comumente propi ciam o surgimento de negócios tecnologicamente promissores Longe de esgotar o assunto vale pontuar que o surgimento de novos negócios pode se dar de diversas maneiras Uma delas é a partir de pesquisas científicas em empresas universidades ou centros de pesquisa privados ou públicos Este fenômeno é chamado de spinoff ou em uma denominação do português derivagem ou cisão de empresas Tais empresas nascentes buscam apresentar novos produtos ou serviços de alta tecnologia ao mercado No caso do espaço universitário em especial fomentam ainda o espírito empreendedor de estudantes desde a fase da graduação universitária Vale reforçar que o apoio de incubadoras aceleradoras hubs etc é primordial nos primeiros passos do negócio Como você já viu uma incuba dora por exemplo ajuda com infraestrutura mentoria e outros fatores que ampliam as chances de sucesso do empreendimento propriamente dito E serve ainda como uma espécie de vitrine para investidores anjo e outros que buscam negócios promissores para aportar capital Não obstante vale destacar a importância de centros tecnológicos para desenvolvimento de pesquisa e novas tecnologias que inclusive empregam grande parte dos pesquisadores mestres e doutores em todo o mundo ABRANTES 2016 Essas instituições podem tanto ser financiadas pela iniciativa privada quanto pela sociedade civil ou esfera governamental Exemplos de centros de pesquisa financiados por grandes empresas e com unidades residentes no Brasil são DuPont IBM Whirlpool Vale Motorola e GE ABRANTES 2016 Agora em se tratando de canalização de recursos por parte do governo federal o Brasil conta com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES Através de programas fundos e produtos do referido banco o governo investe em diversos setores da economia inclusive incentivando a inovação em micro e pequenas empresas posicionandose como líder quando se trata de aportes em seed capital e venture capital em empresas brasileiras O Criatec por exemplo é um conjunto de fundos de investimentos dedicado a micro pequenas e médias empresas inovadoras A principal investidora é a BNDESPAR sociedade por ações A Criatec já impulsionou mais de 70 empresas além de viabilizar aproximadamente 60 patentes e 1000 novos produtos 223 Neste momento é importante conhecer o conceito de patente Patente é um título de propriedade cedida pelo Estado aos inventores do conteúdo de modo que fiquem protegidos contra a concorrência Mediante as patentes os inventores têm direito exclusivo sobre o uso econômico feito da descoberta em si Em contrapartida os inventores precisam revelar o conteúdo técnico da patente para que a comunidade científica possa seguir evoluindo em termos de desenvolvimento tecnológico Desse modo a patente é um importante meio de divulgação para a comunidade científica mundial Dica Há diversos materiais que podem atualizar você com relação às regras e normativas vigentes acerca dos direitos e obrigações relativos à proprie dade industrial em cada período Com relação ao assunto especifica mente de patentes vale uma visita ao site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI Mas novamente apesar da elevada importância para o desenvolvimento econômico e geração de vantagem competitiva para as nações os investi mentos em inovação tecnológica representam maior risco quando compa rados a outras oportunidades no mercado Isso acontece porque além dos riscos atrelados ao mercado e o seu timing há ainda a necessidade técnica de realizar novos processos e produtos CHRISTENSEN 1992 Pensando na realidade especificamente do Brasil o ecossistema carece tanto de incentivos ao capital de risco frente aos investidores como também da aproximação de universidades e centros de pesquisa com os empreende dores propriamente ditos SILVA BIAGINI 2015 Isso porque estimase que para um dólar gasto em inovação no terreno empreendedor financiado através do capital de risco equivale a três dólares se a mesma tecnologia fosse desenvolvida na área de pesquisa e desenvolvi mento tradicional de uma grande empresa LERNER 2010 Em contrapartida o investimento em negócios seminais revela maior incerteza quando se trata de aporte de capital Por isso os investimentos em venture capital são preteridos pelos investidores Desta forma iniciativas como a Criatec são muito importantes para fomento do ecossistema de inovação como um todo no país 224 Reflita A taxa de aprovação em fundos do Criatec e iniciativas como essa em outros países é de apenas 2 O processo prevê a submissão de um plano de negócios e com base nas diretrizes e parâmetros da política de investimentos do programa ou fundo a instituição decide entre as melhores propostas Isso quer dizer que é preciso se destacar dos demais e isso não somente em oportunidades como a supracitada É necessário estudar continua damente e ser crítico na formulação da proposta a ser apresentada eou seguida Saiba fazer as perguntas certas para chegar nas respostas neces sárias ao desenvolvimento de seu empreendimento seja ele qual for Ainda sobre fundos de investimento existem os Fundos de Investimento em Participações FIP que se referem a um produto financeiro disponibili zado pela bolsa de valores brasileira B3 Através da captação de recursos por meio da venda de cotas os administradores desses fundos canalizam o capital para companhias tanto de capital aberto quanto fechado ou socie dades limitadas O produto FIP configura investimento em renda variável cuja liquidação se dá apenas ao término de sua duração ou por meio de assembleia Ou seja o resgate do dinheiro aplicado por parte do acionista não possui liquidez imediata Em contrapartida garante participação no processo decisório da empresa beneficiária além de influenciar diretamente a profissionalização do negócio bem como sua governança e estratégia Não é raro os fundos indicarem por exemplo executivos para atuarem nas empresas Assimile O conceito de liquidez referese ao grau de conversão do ativo em dinheiro ou caixa Ou seja tratase de quão fácil é reverter um ativo em dinheiro novamente Por exemplo uma casa possui menos liquidez do que cédulas de dinheiro pois para obter dinheirocaixa deve existir uma transação comercial mais complexa que no caso é a venda do imóvel propriamente dito Não obstante o FIP pode ser classificado de acordo com a composição das empresas em sua carteira variando de capital semente empresas emergentes infraestrutura produção intensiva em pesquisa desenvolvimento e inovação e por fim multiestratégia Para saber mais sobre este produto financeiro acesse o portal da B3 225 Vale dizer que a primeira iniciativa voltada para criação de fundos de investimento em participações ocorreu através da instrução 209 da Comissão de Valores Imobiliários CVM no ano de 1994 Os chamados Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes FMIEE Mas a sua constituição era e ainda é mais restritiva com relação às possibilidades de abarcar empresas em sua carteira do que os fundos FIP Foi apenas em 2003 que a CVM regulamentou os fundos FIP através da instrução 391 permitindo a flexibilização na canalização dos recursos e sem limitar o porte ou características das empresas beneficiárias Podemos dizer que FIP e FMIEE são instrumentos de investimento em empresas inovadoras como a própria página do ministério vigente propõe Enquanto a FIP configura um fundo de venture capital a FMIEE diz respeito a fundo de private equity Para saber mais sobre as regras que atualmente vigoram com relação a fundos de investimento em participações acesse o site da CVM cvmgovbr A presente leitura buscou localizar os principais tópicos com relação ao capital de risco frente a empresas de base tecnológica especialmente aquelas em estágio inicial Além disso elencou as oportunidades existentes no tocante a alocação de recursos e conhecimento para inovação tecnológica através de universidades e centros de pesquisa Para continuar a enriquecer o seu repertório de informações e estratégias não deixe de estudar Informese leia sempre corra atrás das pessoas que farão diferença em sua rotina Não tema qualquer empecilho Ouse mais Muito sucesso para você em sua jornada profissional Sem medo de errar Lembrase da herança que recebeu dos generosos tios Pois bem é chegada a hora de responder aos questionamentos elencados na situação problema a saber 1 Suponha que você ainda não saiba do que se trata a atividade especi ficada pelos tios busque saber o que é venture capital 2 Como encontrar oportunidades de investimentos que envolvam negócios promissores 3 Há opções de investimento com maior atuação do investidorfundo na gestão de uma startup 226 4 Por fim caso opte por investir como pessoa física existe um caminho alternativo para investimento em venture capital Com relação ao primeiro ponto capital de risco tratase de aportes de capital realizados de maneira privada em empresas que não estão listadas na Bolsa de Valores ou seja ainda não realizaram oferta pública de ações como comentamos no início do texto Para investir nessas empresas há dois caminhos através de investimento direto ou através de fundos de investi mentos proprietários ou mútuos Agora para encontrar empreendimentos promissores na área da inovação tecnológica vale a visita a congressos hubs de inovação incubadoras e acele radoras O leque de possibilidades é interessante e o ecossistema de inovação brasileiro tem evoluído com bastante rapidez Com relação à possibilidade de participar mais ativamente da gestão de negócios pesquisar sobre os Fundos de Investimento em Participações FIP Este produto financeiro listado na bolsa de valores referese à captação de recursos por meio da venda de cotas Diferente das FMIEE os administra dores desses fundos canalizam o capital para companhias tanto de capital aberto quanto fechado ou sociedades limitadas e podem atuar mais ativa mente na gestão estratégica do negócio inclusive indicando executivos Por fim sobre a possibilidade de investir como pessoa física há dois caminhos Primeiro através de angel capital ou investimento anjo que além de ser destinado a empresas nascentes e ao mesmo tempo inovadoras geral mente financiam atividades de marketing e desenvolvimento de produto que os negócios requerem na fase inicial Outro tipo de investimento é chamado de peer to peer landing ou empréstimo coletivo que nada mais é do que empréstimo de pessoa física para empresas através de uma plataforma Exemplos no Brasil fintechs Biva Kavod e Nexoos Faça valer a pena 1 FIP e FMIEE são instrumentos de investimento em empresas inovadoras Enquanto a FIP configura um fundo de venture capital a FMIEE diz respeito a fundo de Assinale a alternativa que completa adequadamente a frase acima a Private equity b Produção alimentícia c Seed capital 227 d Hub capital e Angel capital 2 Lucas é empreendedor e após oito anos de esforços e muita pesquisa descobriu uma solução em nanotecnologia que pode revolucionar o setor de telecomunicações do país Lucas deve antes de publicar a sua descoberta registrar a INPI b Propriedade processual c Segredo industrial d Patente e Certidão de inovação 3 O surgimento de novos negócios pode se dar de diversas maneiras inclu sive a partir de pesquisas científicas em empresas universidades ou centros de pesquisa privados ou públicos Este fenômeno é chamado a Hub b Spinin c Spinoff d Logout e Login Referências ABRANTES T 6 centros de pesquisa para trabalhar no Brasil Portal Exame Publicado em 18 nov 2010 Disponível em httpsexameabrilcombrcarreira6centrosdepesquisaparatra balharnobrasil Acesso em 8 jan 2020 ADES C ROCHA A C de S PLONSKY G A SALERNO M S O modelo de cadeia de valor da inovação aplicado a uma empresa startup estudo de caso de empresa brasileira de telemedicina In SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 26 2010 Vitória ES Anais Vitória 2010 p 115 AMADO M Economia Criativa O que é importância e características Fundação Instituto de Administração FIA Publicado em 11 jul 2019 Disponível em httpsfiacombrblog economiacriativa Acesso em 26 dez 2019 B3 Fundos de Investimento em Participações FIP Disponível em httpwwwb3combr ptbrprodutoseservicosnegociacaorendavariavelfundosdeinvestimentoemparticipa coesfiphtm Acesso em 8 jan 2020 Banco Nacional de Desenvolvimento BNDES A importância do capital de risco para inovação 3 abr 2017 Disponível em httpswwwbndesgovbrwpsportalsitehomeconhe cimentonoticiasnoticiacapitalderisco Acesso em 4 jan 2020 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES Fundos da Série Criatec sd Disponível em httpswwwbndesgovbrwpsportalsitehomemercadodecapitais fundosdeinvestimentoscriatec Acesso em 7 jan 2020 BRASIL Guia prático da Lei do Bem Versão 2019 Lei nº 111962005 Brasília DF Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações 2019 BRASIL Lei nº 10973 de 2 de dezembro de 2004 Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências Brasília DF Presidência da República 2020 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03 ato200420062004leil10973htm Acesso em 19 jan 2020 BRASIL Lei nº 13243 de 11 de janeiro de 2016 Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico à pesquisa à capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera a Lei nº 10973 de 2 de dezembro de 2004 a Lei nº 6815 de 19 de agosto de 1980 a Lei nº 8666 de 21 de junho de 1993 a Lei nº 12462 de 4 de agosto de 2011 a Lei nº 8745 de 9 de dezembro de 1993 a Lei nº 8958 de 20 de dezembro de 1994 a Lei nº 8010 de 29 de março de 1990 a Lei nº 8032 de 12 de abril de 1990 e a Lei nº 12772 de 28 de dezembro de 2012 nos termos da Emenda Constitucional nº 85 de 26 de fevereiro de 2015 Brasília DF Presidência da República 2020 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03Ato201520182016LeiL13243htm Acesso em 19 jan 2020 BRESSER PEREIRA LC O conceito histórico de desenvolvimento econômico 31 maio 2008 Disponível em httpwwwbresserpereiraorgbrpapers20080818 ConceitoHistC3B3ricoDesenvolvimento315pdf Acesso em 26 dez 2019 BRITO S Parques tecnológicos transformam conhecimento em produtos e serviços Jornal da USP 5 abr 2016 Disponível em httpsjornaluspbruniversidadeparquestecnologicostrans formamconhecimentoemprodutoseservicos Acesso em 26 dez 2019 CARBONE P P et al Gestão por competências e gestão do conhecimento 3 ed Rio de Janeiro Editora FGV 2009 CHRISTENSEN J L The role of fi nance in National System Innovation Nova York Pinter 1992 CROSS R et al Together we innovate how can companies come up with new ideas The Wall Street Journal Sl 15 set 2007 Disponível em httpswwwwsjcomarticlesSB118841662730312486 Acesso em 17 dez 2019 DE NEGRI F RAUEN A SQUEFF F Ciência inovação e produtividade por uma nova geração de políticas públicas In DE NEGRI J ARAÚJO B BACELETTE R Desafios da Nação artigos de apoio Brasília DF Ipea 2018 DEMONEL W MARX R Gestão da Cadeia de Valor da Inovação em ambientes de baixa inten sidade tecnológica Production Sl v 25 n 4 p 988999 13 fev 2015 FIRJAN SENAI Mapeamento da indústria criativa no Brasil Disponível em httpswww firjancombrEconomiaCriativadownloadsMapeamentoIndustriaCriativapdf Acesso em 26 dez 2019 HANSEN M T BIRKINSHAW J The Innovation Value Chain Harvard Business Review Sl v 85 n 6 p 121130 jul 2007 HARVARD BUSINESS REVIEW BRASIL A cadeia de valor da inovação 2011 Publicado em 23 mar 2011 Disponível em httpshbrbruolcombracadeiadevalordainovacao Acesso em 17 dez 2019 HERMIDA CC Padrão de especialização comercial e crescimento econômico uma análise sobre o Brasil no contexto de fragmentação da produção e das cadeias globais de valor Revista do BNDES n 47 junho de 2017 pp 966 HERNANDÉZ H GRASSANO N TÜBKE A POTTERS L GKOTSIS P VEZZANI A The 2018 EU Industrial RD Investment Scoreboard Luxemburgo Publications Office of the European Union 2018 JUNIOR A V SALERNO M S MIGUEL P A C Análise da gestão da cadeia de valor da inovação em uma empresa do setor siderúrgico Gestão e Produção São Carlos v 21 n 1 p 118 2014 LERNER J The future of public efforts to boost entrepreneurship and Venture Capital Small Business Economics v 35 n 3 p 255264 out 2010 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA TECNOLOGIA INOVAÇÕES E COMUNICAÇÕES Investimento em Empresas Inovadoras Disponível em httpswwwmcticgovbrmcticopencms fundosfndctpaginasinvetimentosemempresasinovadorashtml Acesso em 8 jan 2020 MOORE G Soluções para o insolúvel HSM Management São Paulo n 67 marabr 2008 OECD Manual de Oslo 3ª ed 2005 Disponível em 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micro pequenas e médias empresas MPMEs em perspectiva comparada os casos do Brasil do Canadá do Chile da Irlanda e da Itália Revista de Administração Pública RAP v 47 n 1 p 33 2013 SCHUMPETER J A A teoria do desenvolvimento econômico São Paulo Abril Cultural 1982 SEBRAE Economia Criativa sd Disponível em httpswwwsebraecombrsitesPortalSebrae segmentoseconomiacriativacomoosebraeatuanosegmentodeeconomiacriati va47e0523726a3c510VgnVCM1000004c00210aRCRD Acesso em 26 dez 2019 SEU DINHEIRO Investimento a partir de R 1000 promete pagar 50 ao ano Vale a pena Portal Exame Publicado em 18 mai 2018 Disponível em httpsexameabrilcombrseudi nheiroinvestimentoapartirder1000prometepagar50aoanovaleapena Acesso em 4 jan 2020 SILVA Filipe Borsato da BIAGINI Fabio Luiz Capital de risco e o desenvolvimento de empresas de base tecnológica no Brasil a experiência dos fundos Criatec e perspectivas BNDES Setorial 42 p 101130 2015 SUROWIECKI J All together now The New Yorker Nova Ioque 3 abr 2005 Disponível em httpswwwnewyorkercommagazine20050411alltogethernow3 Acesso em 22 dez 2019 Twitter video message TVM 12 mins mp4 1920 x 1080 30fps AAC 48kHz English USD English 12 days duration format video audio source currency text delivery ISBN 9788552216858 9 788552 216858 NOME DA INSTITUIÇÃO NOME DO CURSO NOME DO ALUNO TITULO DO TRABALHO Cidade 2024 NOME DO ALUNO TÍTULO DO TRABALHO NOME DO CURSO Trabalho apresentado à NOME DA UNIVERSIDADE como parte das exigências para obtenção do título de bacharel em NOME DO CURTO Orientador Cidade 2024 Sumário 1 Introdução4 2 Desenvolvimento4 Atividade 14 Atividade 25 Atividade 36 Atividade 46 3 Conclusão7 1 Introdução Este trabalho busca aplicar os conhecimentos adquiridos no curso realizando o Projeto Integrado I Gestão ao se analisar a empresa Têxtil Verde Ferramentas de gestão e conhecimentos sobre tecnologia inovação e ética foram aplicados a fim de se propor soluções para a empresa fictícia 2 Desenvolvimento Atividade 1 A análise SWOT também conhecida como análise FOFA da empresa conta com os pontos fortes e fracos além de oportunidades e ameaças considerando o contexto que a empresa está inserida tal como é mostrado na Figura abaixo Como parte do desenvolvimento da marca sugerese que seja focada no desenvolvimento contínuo sempre gerando a inovação de práticas sustentáveis e tendo em vista a ecoeficiência Nas estratégias de marketing sugerese que sejam feitos conteúdos educacionais sobre moda sustentável a fim de divulgar a marca Já no meio offline sugerese palestras em escolas e faculdades com o intuito de criar uma base sólida de conscientização e divulgação da marca além dos métodos tradicionais de marketing Atividade 2 A EAP do projeto é mostrada a seguir Para a atividade de desenho da atividade logística são necessários especialistas em logística e softwares de otimização especializados como recursos Implementar um sistema de monitoramento Estabelecer um cronograma detalhado Designar papéis e responsabilidades para os membros Treinamento dos envolvidos sobre práticas sustentáveis Seleção de modais verdes Desenhar a rede logística Projeto Têxtil Verde As sub atividades são análise da rede logística atual identificação de rotas escolha de rotas otimização de rotas e manuseio e armazenagem de estoque Os indicadores como Emissão de CO2 e gasto médio de combustível podem ser utilizados para medir a eficiência desta atividade Atividade 3 O ESG possui 3 pilares o Ambiental Environmental que mede o impacto no meio ambiente Social que verifica as relações interpessoais dentro e fora da empresa e com a comunidade e seus stakeholders e a Governança que mede a ética da empresa Na aplicação em um Hospital a Governança pode ser tratada ao se criar um comitê para monitorar o atendimento das legislações vigentes o Social pode ser tratado como a inclusão de pessoas com deficiência no quadro de funcionários de liderança e o ambiental pode ser adotar o uso de materiais recicláveis e biodegradáveis nos processos sempre que possível Uma das vantagens do ESG no âmbito hospitalar é trazer grandes talentos para o quadro de funcionários pois grandes nomes da medicina irão buscar fazer parte de um hospital que seja referência neste quesito Atividade 4 A performance elevada é critério suficiente para adotar a tecnologia para solucionar problemas de nossa realidade cotidiana Por mais que uma tecnologia possa ter mais velocidade e precisão por exemplo elas não são dotadas de aspecto cultural único que cada ser humano possui além da pegada de carbono que cada máquina inevitavelmente possui Por isso não basta uma performance elevada o fator cultural deve ser levado em consideração Existem outros princípios da ação humana que diferenciam nosso funcionamento da programação típica da tecnologia Sim os humanos possuem empatia e conseguem analisar os sentimentos dos homens como amor felicidade e tristeza além de terem criatividade de pensarem em várias combinações diferentes para cada solução tendo em vista sua cultura oque nos difere das máquinas De que modo as mudanças para a preservação ambiental se articulam com os princípios da cidadania Cuidar do meio ambiente é cuidar do ser humano que nele reside A partir do momento que uma árvore é preservada toda a comunidade que faz parte dela é beneficiada aplicando os conceitos de cidadania 3 Conclusão A Têxtil Verde deve se orientar pelas informações dispostas neste trabalho a fim de se tornar competitiva no mercado sustentável e ter êxito no novo projeto tendo em vistas os pilares da sustentabilidade e ESG tal como as ferramentas de gestão que se utilizadas de modo correto garantem o sucesso da empresa no futuro