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Texto de pré-visualização
Formação Geral Dinâmicas de Grupo e Relações Interpessoais com Ênfase no Planejamento de Estudos Para a Terceira Idade Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros Reitor Prof Ms Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof Ms Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof Ms Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord de Ensino Pesquisa e Extensão CONPEX Prof Dr Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa Dra Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof Dr Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof Esp Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD Núcleo de Educação à Distância Prof Me Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie Permi tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores mas sem a possibilidade de alterála de nenhuma forma ou utilizála para fins comerciais Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP D156f Dambros Aline Roberta Tacon Formação geral dinâmicas de grupo e ralações interpessoais com ênfase no planejamento de estudos para a terceira idade Aline Roberta Tacon Dambros Paranavaí EduFatecie 2022 88 p il Color 1 Dinâmica de grupo 2 Relações interpessoais 3 Idosos Psicologia 3 Idosos Comunicação 4 Idosos Educação Centro Universitário UniFatecie II Núcleo de Educação a Distância III Título CDD 23 ed 1582 Catalogação na publicação Zineide Pereira dos Santos CRB 91577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas 333 Centro Paranavaí PR 44 30459898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes 2178 Centro Paranavaí PR 44 30459898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR 376 KM 102 nº 1000 Chácara Jaraguá Paranavaí PR 44 30459898 wwwunifatecieedubrsite As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock AUTORA Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros Doutora em Educação na Universidade Estadual de MaringáPR Mestre e especialista na área da Educação Especial Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional Especialista em Educação Especial Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de MaringáPR Experiência nas áreas de Políticas Públicas Educação Básica Educação Espe cial Educação Inclusiva Atendimento Psicopedagógico Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva GEPEEIN da Universidade Estadual do Paraná Atualmente docente da Universidade Estadual do Paraná e Professora Conteudista UniFatecie CURRÍCULO LATTES httplattescnpqbr2307124220169027 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bemvindoa É com muita satisfação que apresento a você a disciplina de Formação geral dinâmicas de grupo e relações interpessoais com ênfase no planejamento de es tudos para a terceira idade na qual o principal objetivo é proporcionar a você aluno a oportunidade de adquirir conhecimentos de diferentes áreas de estudos referente às relações interpessoais processos grupais e dinâmicas de grupo com ênfase no planeja mento de estudos para a terceira idade Desta forma na Unidade I iremos abordar os estudos das relações interpessoais e dos principais fenômenos em processos grupais além da relevância da comunicação inter pessoal A Unidade II tem como intuito refletir sobre motivação liderança ética profissional bem como elencar algumas dinâmicas voltadas à terceira idade Em seguida na Unidade III analisaremos a educação na terceira idade suas especificidades e perspectivas Por fim na Unidade IV iremos compreender a educação como um processo de ensino manutenção da inserção no campo social e instrumento de superação da marginalidade social do idoso Aproveito para reforçar o convite a você para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional Boa leitura SUMÁRIO UNIDADE I 3 Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal UNIDADE II 19 Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso UNIDADE III 40 A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas UNIDADE IV 58 A Educação como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 3 Plano de Estudo As relações interpessoais e a formação humana Grupo social e a interação grupal Processos grupais e grupos operativos Processos grupais e comunicação interpessoal Objetivos da Aprendizagem Estudar as relações interpessoais e sua relevância para a formação humana Conceituar os grupos sociais e as interações grupais Conhecer os processos grupais e os grupos operativos Compreender nos processos grupais a comunicação interpessoal UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 4 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal INTRODUÇÃO Prezadoa alunoa a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo co nhecimento dos grupos sociais O ser humano é um ser social e somente existe em função de seus relaciona mentos grupais As fases marcadas pelo indivíduo como o nascimento a aprendizagem e o trabalho tornam evidente a necessidade do estudo da vida grupal Este fato indica que se quisermos compreender o ser humano devemos estudar sua vida em grupo sua relevância na formação humana assim como a relevância de uma boa comunicação entre pares sociais Nesta unidade vamos conhecer os conceitos que englobam as relações interpes soais e dos principais fenômenos em processos grupais além da importância de uma boa comunicação Bons estudos e vamos nessa 5 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 1 AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E A FORMAÇÃO HUMANA A relação interpessoal é a interação entre os diferentes indivíduos e está direta mente ligado à forma como cada uma compreende e sente a outra podem ser vivenciadas por contatos interpessoais e trocas comunicativas nas diferentes instâncias sociais Todo indivíduo é um grupo na medida em que no seu mundo interno há um grupo de personagens introjetados como os pais os irmãos entre outros que convivem e intera gem entre si ZIMERMAN E OSÓRIO 1997 Para Rocha 2009 as relações interpessoais acontecem de forma mais precisa quando há uma interação mais efetiva entre os indivíduos seja em meio familiar educacional institucional ou profissional pois estas estão ligadas a resultados harmoniosos e qualitativos Em um movimento cíclico o desenvolvimento das relações interpessoais é es sencial pois o homem é um ser social que não nasce dotado das aquisições históricas mas se apropria das condições culturais a partir do contato com o mundo que o cerca LEONTIEV1979 Essa afirmativa marca um paradigma de desenvolvimento para se apropriar da história o homem deve estar inserido em um coletivo circundante no qual toda produção humana seja organizada para iniciar o processo consciente de aprendizagem Compreen demos que o desenvolvimento humano é mediado pela cultura material que lhe é mediada A criança inserese nessas relações segundo Leontiev 1979 intermediada pela comuni cação com outros humanos 6 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Nesse sentido Leontiev 1979 assinala que o indivíduo se insere nessas relações intermediadas pela comunicação de outros humanos assim podemos compreender que as aptidões humanas não estão postas nas experiências do indivíduo mas encontradas na cultura da sociedade Para Leontiev 2005 enquanto o desenvolvimento dos animais se condiciona aos reflexos hereditários e experiências individuais os homens imersos em uma vida social extremamente mutável possuem outro tipo de experiência a históricosocial Conforme o estudioso a experiência históricosocial não está ligada às experiên cias da espécie herdadas biologicamente nem com as vivências individuais mas com as conquistas do desenvolvimento social acumulado e transmitido de geração em geração LEONTIEV 2005 O desenvolvimento do homem é qualitativamente diferente do desenvolvimento ontogênico do comportamento animal Esta diferença é determinada em primeiro lugar pelo fato de que o aspecto mais importante do desenvolvimento do indivíduo é o processo de assimilação e apropriação da experiência acumulada pelo gênero humano no decurso da história social e absolutamente inexistente no mundo animal No decurso da história os homens governados pelas leis sociais de senvolveram características mentais superiores Milhares de anos de história social produziram mais a este respeito do que milhões de anos de evolu ção biológica As conquistas do desenvolvimento social acumularamse gra dualmente transmitindose de geração em geração de homens LEONTIEV 2005 p 9091 Por isso ao contrário do desenvolvimento filogenético dos animais o desenvolvi mento do homem é histórico e cultural uma vez que desde o nascimento a criança está rodeada por um mundo materialmente objetivo criado pelo próprio homem aspectos como alimentos instrumentos conceitos ideias e linguagem são apropriados pelos menores em um mundo humanizado LEONTIEV 2005 Nesse sentido Leontiev 1979 assinala que a criança se insere nessas relações intermediadas pela comunicação de outros humanos assim podemos compreender que as aptidões humanas não estão postas nas experiências do indivíduo mas encontradas na cultura material da sociedade por meio da interação grupal Portanto somos seres sociais e precisamos viver em grupo Desde a antigui dade dos primórdios da existência do homem grupos se formaram para garantia da sobrevivência Milhares de anos depois compreendemos que estar em grupo nos afere habilidades sociais comunicativas psicológicas e emocionais relevantes para a manu tenção da espécie humana 7 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 2 GRUPO SOCIAL E A INTERAÇÃO GRUPAL Retomada a importância das interações sociais no desenvolvimento do indivíduo chegamos à constatação de que nossa vida cotidiana é marcada pela vivência grupal Desde a mais tenra idade o homem é posto em contextos coletivos no qual se apropria das particularidades sociais para compor o mesmo grupo Para tanto devemos compreender como grupo uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham normas e objetivos Para PichonRivière 1988 um grupo é definido pelo conjunto de pessoas reunidas pela proposta de uma tarefa objetivo que é a finalidade para sua união FIGURA 1 GRUPO MUSICAL 8 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal FIGURA 2 GRUPO DE IDOSOS Os grupos podem ser classificados como Primários ou Secundários Segundo Amaral 2007 os Grupos Primários são aqueles formados para a satisfação das neces sidades básicas da pessoa e a formação de sua própria identidade Caracterizamse por fortes vínculos afetivos interpessoais e uma hierarquização de poder Um exemplo pode ser o grupo familiar Já os Grupos Secundários Amaral 2007 destaca que são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades sistêmicas ou de interesses de grandes grupos e clas ses Sua identidade é construída pelo papel social que o indivíduo desempenha e o poder está centrado na capacidade e na ocupação social dos seus membros Um exemplo de grupo funcional pode ser o grêmio estudantil ou os conselhos de classe de uma escola FIGURA 3 OS GRUPOS SOCIAIS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS Fonte Adaptado de AMARAL 2007 9 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Assim percebemos que os vínculos relacionais entre os homens são estruturados a partir das necessidades individuais eou interesses coletivos e estão em constantes trans formações à medida que o indivíduo assume diferentes posições na sociedade Portanto a essa interação dos diferentes sujeitos sociais denominamos tendência grupal Um movimento enriquecedor pois envolve intercâmbios de pensamentos trocas de hipóteses reflexões sobre pontos de vistas diferentes e por sua vez levam os sujeitos a de senvolver e reorganizar seus esquemas cognitivos Para PerretClermont 1996 os conflitos de pensamentos propiciam desequilíbrios conceituais que geram novas elaborações mentais Um dos fatores que colaboram para a realização favorável das relações interpes soais é o trabalho em grupo no qual o grupo busca uma interação entre o objeto e sua finalidade como exemplo o trabalho grupal na escola no qual se agrupam alunos de diferentes origens e vivências para o desenvolvimento de um projeto comum a educação SAIBA MAIS OS DEZ MANDAMENTOS DAS RELAÇÕES HUMANAS FRITZEN 2001 1 FALE com as pessoas Nada tão agradável e animador quanto uma palavra de sau dação de amor de amizade 2 SORRIA para as pessoas Lembrese de que acionamos 72 músculos para franzir a testa e somente 14 para sorrir 3 CHAME as pessoas pelo nome Para muitos ouvir seu próprio nome soa como uma música suave 4 SEJA amigo e prestativo Se você quiser ter amigos seja amigo Acredite na forma da união 5 SEJA cordial sincero e transparente Tudo o que você fizer faça com prazer 6 INTERESSESE sinceramente pelos outros Lembrese de que você tem conheci mento apenas de seus saberes e não dos outros Seja sinceramente interessado pelos outros aprenda 7 SEJA generoso em elogiar e cauteloso em criticar Os líderes elogiam sabem enco rajar incentivar e elevar a autoestima dos outros 8 SAIBA considerar os sentimentos alheios Respeite 9 PREOCUPESE com a opinião dos outros Há três comportamentos de um verdadeiro líder ouvir aprender e saber elogiar 10 PROCURE apresentar um excelente trabalho O que realmente vale em nossas vi das é aquilo que fazemos para outrem Fonte FRITZEN Os Dez Mandamentos da Relação Humana 1981 Disponível em httpsbdigital ufpptbitstream10284247515Anexo2092020Os20Dez20Mandamentos20das20Rela C3A7C3B5es20Humanaspdf Acesso em 01 jul 2021 10 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 3 PROCESSOS GRUPAIS E GRUPOS OPERATIVOS O psiquiatra suíçoargentino PichonRivière 19071977 foi também um estudio so dos grupos A técnica dos grupos operativos começou a ser sistematizada pelo médico por ocasião de uma greve de enfermeiras Esta paralisação inviabilizaria o atendimento aos pacientes portadores de doenças mentais no que diz respeito à medicação e aos cuidados de uma maneira geral Diante da falta do pessoal de enfermagem o psiquiatra propõe para os pacientes menos comprometidos uma assistência para com os mais comprometidos A experiência foi muito produtiva para ambos os pacientes os cuidadores e os cuidados na medida em que houve uma maior identificação entre eles e pôdese estabelecer uma parceria de trabalho uma troca de posições e lugares trazendo como resultado uma melhor integração BASTOS2010 PichonRivière começou a trabalhar com grupos na medida em que observava as relações dos grupos familiares em seus pacientes Para o autor a aprendizagem é sinônimo de mudança na medida em que deve haver uma relação direta entre sujeito e objeto e não uma visão unilateral estereotipada e cristalizada BASTOS 2010 O grupo é um conjunto restrito de pessoas que ligadas por constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna entretanto é importante mais que um objetivo é essencial que esses sujeitos façam parte de uma estrutura dinâmica chamada vínculo PICHONRIVIÈRE 1988 11 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Por exemplo diferentes pessoas podem estar reunidas no mesmo local e tempo mas não se formam um grupo operativo pela inexistência do vínculo Há a necessidade de se vincularem e interagirem na busca de um objetivo comum por isso os princípios organizadores do grupo são o vínculo e a tarefa A teoria do vínculo portanto inicia com a participação ativa e crítica e a poder perceber como interagem e se vinculam De acordo com PichonRivière vínculo é a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com outro ou outros criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento PICHÓNRIVIÉRE 1998 p 03 Para o autor a aprendizagem está estreitamente relacionada com a qualidade do vínculo pois para aprender precisamos de algum tipo de interação ou relação com um objeto seja ele animado ou inanimado Não obstante o homem se torna aprendente desde a relação materna até as relações de necessidade e satisfação Conforme Pichón Rivière 1988 p 47 O vínculo é um conceito instrumental da Psicologia Social que toma uma de terminada estrutura e que é ajustável operacionalmente O vínculo é sempre um vínculo social ainda que seja com uma pessoa através da relação com essa pessoa se repete uma história de vínculos determinados em um tempo e espaço determinados Por ele o vínculo se relaciona posteriormente com na noção de rol de status e de comunicação PICHÓNRIVIÉRE 1998 p 47 Pensando no contexto do ensino a teoria de vínculo propõe a quebra da polaridade professoraluno Ela introduz outro elemento que deve ser vinculado ao objetivo comum Em uma relação grupal harmônica as dúvidas são compartilhadas e uma representação comum é construída criando condições para a solução surgir Portanto o processo grupal é ativo e dialético uma vez que está permeado por con tradições e mudanças sendo que sua tarefa principal é justamente analisar essas balancear as diferenças encontradas via social Em um movimento de estruturação desestruturação e reestruturação de um grupo Ainda segundo PichonRivière 1998 um grupo opera melhor quando há em seu conjunto de pessoas sob os eixos de pertinência afiliação centramento na tarefa empatia comunicação cooperação e aprendizagem Conforme o quadro abaixo 12 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal QUADRO 1 EIXOS DE PICHONRIVIÈRE 1998 A Pertinência pode ser vista como a qualidade da intervenção de cada um no grupo B Afiliação a intensidade do envolvimento do indivíduo no grupo C Centramento na tarefa eixo principal da cooperação referese ao grau de interação com que um participante mantém o vínculo com o trabalho a ser efetuado e avalia a dispersão e a realização de esforço útil do indivíduo D Empatia o modo como o grupo pode ganhar força para operar cada vez mais significativamente E Comunicação essencial para que haja entrosamento F Cooperação modo pelo qual o trabalho ganha qualidade e operatividade G Aprendizagem resultado do trabalho e deve ser essencialmente colaborativa Fonte A autora 2021 A teoria do vínculo aplicada ao contexto do ensino propõe a quebra da polaridade professor e aluno Na aprendizagem centrada no estudante os conceitos de papel e víncu lo se entrecruzam e por isso é importante abordar a suas manifestações as quais professor e estudantes confluem para o mesmo objetivo Para finalizar ressaltamos que vínculo e aprendizagem são sinônimos na medida em que há uma apropriação ativa da realidade que integra uma experiência nova e um estilo próprio de aprender Neste sentido a técnica de grupos operativos e os pressupostos que a subsidiam auxiliam o educador e o aluno a repensar o papel da aprendizagem numa nova ótica a importância da coordenação e da atuação em grupos em direção à promoção do desenvolvimento 13 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal REFLITA O que PichonRivière denomina de grupo interno Eu não sou você Você não é eu Mas sei muito de mim Vivendo com você E você sabe muito de você vivendo comigo Eu não sou você Você não é eu Mas encontrei comigo e me vi Enquanto olhava prá você Na sua minha insegurança Na sua minha desconfiança Na sua minha competição Na sua minha birra infantil Na sua minha omissão Na suaminha firmeza Na sua minha impaciência Na sua minha prepotência Na sua minha fragilidade doce Na sua minha mudez aterrorizada E você se encontrou e se viu enquanto Olhava pra mim Eu não sou você Você não é eu Mas foi vivendo a solidão Que conversei com você E você conversou comigo na sua solidão Ou fugiu dela de mim e de você Eu não sou você Você não é eu Mas sou mais eu quando consigo Lhe ver porque você me reflete No que ainda sou No que já sou e No que quero vir a ser Eu não sou você Você não é eu Mas somos um grupo enquanto Somos capazes de diferenciadamente Eu ser eu vivendo com você e Você ser mais você vivendo comigo Fonte FREIRE Madalena O que é um grupo DocPlayer 2021 Disponível em httpsdocplayercom br56725446Oqueeumgrupomadalenafreirehtml Acesso em 12 maio 2021 14 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 4 PROCESSOS GRUPAIS E COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Comunicação pode ser entendido como todo o processo em que há troca de infor mações entre duas ou mais pessoas Temos comunicação em todos os ambientes seja por meio de conversas informais mídias internet em suma comunicação é vida Quando pensamos em comunicação entre pessoas que convivem ou que estabe lecem algum vínculo de contato temos as relações humanas ou interpessoais que podem ocorrer no ambiente escolar social familiar ou de trabalho A comunicação interpessoal deve ser compreendida como aquelas em que se estabelecem trocas sejam de experiências de mensagens de atos de diálogos e de todo e qualquer canal e forma de emitir e receber informação variada A boa comunicação é um fator relevante para a qualidade da relação interpessoal pois se num ambiente de estudo ou de trabalho os sujeitos possuírem o diálogo instaurado o planejamento e as ações em grupo ocorreram com maior êxito Segundo Brunetta 2008 a comunicação ocorre entre as pessoas e é caracterizada pelo envio e recebimento de símbolos e dados agregados com significados O processo de comunicação humana é contingencial pelo fato de cada indivíduo ser um microssistema único e diferenciado dos demais por sua constituição genética e por seu histórico de vida Mas já parou para pensar como se dá esse processo de troca de informações Para que você receba uma mensagem é preciso que alguém tenha enviado um conteúdo por intermédio da linguagem Para Saussure 1970 p 16 a linguagem tem um lado individual e um lado social sendo impossível conceber um sem o outro 15 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal A linguagem modificase pelo constante uso da língua por meio de seus interlocu tores que a utilizam como meio de comunicação em diversas épocas e situações Diante dos conceitos apresentados podemos sintetizar que linguagem é tudo o que podemos usar para nos comunicar emitir e receber mensagens No emprego das diferentes mensagens dois tipos de linguagens podem ser predo minantes a verbal e a não verbal 1 Linguagem verbal é aquela em que o ato comunicativo está permeado por palavras pode ser expressada por meio da fala ou da escrita por um diálogo oral ou por um registro escrito FIGURA 4 LINGUAGEM VERBAL BILHETE Fonte RÚBIA K Bilhetes Baú de ideias da Prof Keithy Disponível em httpbaudeideiasdaprofkeithyblogs potcombr201106bilheteshtml Acesso em 12 maio 2021 2 Linguagem não verbal o nosso corpo as nossas expressões faciais e os gestos constroem no sentido comunicativo que não se estabelece por meio de palavras A linguagem não verbal acontece muito quando Placas de trânsito e o semáforo Expressões faciais Gestos Mímicas Charges Imagens Desenhos 16 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal FIGURA 5 LINGUAGEM NÃO VERBAL Portanto a relação entre a oralidade e a escrita se estabelece em determinadas situações Se o foco do estudo e da análise for uma situação de comunicação como um diálogo por exemplo será possível identificar o uso da linguagem verbal através das pa lavras bem como em momentos específicos o uso da linguagem não verbal através de expressões e gestos Vale destacar que pode ocorrer ainda durante um ato comunicativo o emprego dos dois tipos de linguagem a linguagem mista no qual enquanto se fala algo se representa com mímica ou enfatiza com gestos e expressões durante a fala Em síntese a comunicação interpessoal está presente desde a infância nos di ferentes contextos sociais todavia se não exposta de forma clara e com conteúdo bem diretivo pode sofrer alterações na recepção da mensagem Ao se comunicar será preciso que o receptor da mensagem esteja dentro do contexto da mensagem para que haja um real entendimento Desde modo é sempre bom manter a calma falar pausadamente e levar adiante somente o que você tem certeza que é relevante ao receptor da mensagem 17 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal CONSIDERAÇÕES FINAIS Na unidade I pudemos compreender que o homem é um ser social e os rela cionamentos grupais são impulsionadores do processo de humanização do mesmo Ao refletirmos sobre o ser humano e as relações interpessoais elencamos a relevância de uma boa comunicação entre pares sociais A comunicação interpessoal tornase uma habilidade social que envolve trocas mútuas sejam de experiências de mensagens de atos de diálogos e de todo e qualquer canal e forma de emitir e receber informação variada Desta forma uma boa comunicação clara e articulada é essencial para a qualidade da relação interpessoal visto que em um ambiente de estudo ou de trabalho os sujeitos possuírem o diálogo instaurado as ações em grupo ocorreram com maior êxito Até mais 18 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título O corpo fala A linguagem silenciosa da comunicação não verbal Autores Pierre Weil e Roland Tompakow Editora 2016 Editora Vozes Sinopse O livro tenta desvendar a comunicação nãoverbal do corpo humano primeiramente analisando os princípios subterrâ neos que regem e conduzem o corpo A partir desses princípios aparecem as expressões gestos e atos corporais que de modos característicos estilizados ou inovadores expressam sentimentos concepções ou posicionamentos internos Acompanham 350 ilustrações FILME Título O Garoto Selvagem Ano 1970 Sinopse Cantão de São Sernin França 1798 Três caçadores acham uma criança selvagem que possui 11 ou 12 anos Ele é apelidado de Selvagem de Aveyron JeanPierre Cargol sendo que se alimenta de grãos e raízes não anda como um bípede nem fala lê ou escreve O professor Jean Itard François Truffaut se interessa pelo menino que é levado a Paris para determinar seu grau de inteligência e ver como se comporta a mentalidade de um menino que desde cedo foi privado da educação por não conviver com ninguém da espécie Itard começa a educálo Todos pensam que ele vai fracassar mas com amor e paciência aos poucos ob tém resultados Reitera a concepção de que o homem se forma homem por meio das relações sociais 19 Plano de Estudo A motivação e o ambiente de ensino Aprendizagem ativa e colaborativa uma relação de liderança compartilhada Ética profissional reflexão sobre o trabalho docente Dinâmica de grupo e o idoso Objetivos da Aprendizagem Analisar o papel da motivação no processo de ensino e aprendizagem Compreender a aprendizagem ativa e colaborativa Refletir sobre a ética profissional e o trabalho docente Apresentar as dinâmicas de grupo e o atendimento para o idoso UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 20 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 20 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso INTRODUÇÃO Prezadoa alunoa após aprendermos sobre a relevância das interações sociais e grupais na formação dos homens enquanto sujeitos sociais e históricos Na Unidade II abordaremos os elementos de motivação liderança ética profissional bem como a dinâmi ca de grupo com vistas a uma melhor convivência grupal e estudos do idoso Reconhecemos que a motivação nos estudos consiste em uma grande impulsiona dora na trajetória escolar como num efeito dominó pessoas motivadas tendem a procurar melhor e maior conhecimento Em um movimento cíclico quando estamos motivados passamos a enxergar a nós mesmos e o ambiente ao nosso redor de maneira mais positiva em uma postura mais proativa Boa leitura 21 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 21 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 1 A MOTIVAÇÃO E O AMBIENTE DE ENSINO O que me motiva Para o campo da Psicologia a motivação tratase de uma série de fatores de natureza afetiva intelectual ou fisiológica que atuam no indivíduo determi nandolhe e explicando o comportamento humano Na etimologia da palavra motivarção isto é motivarse por uma ação FIGURA 1 MENSAGEM MOTIVACIONAL A motivação influencia todas as nossas relações ela é um produto de nossos pensamentos expectativas e objetivos orientando o comportamento humano e o desem penho do indivíduo com o grupo No ambiente de ensino a motivação pode variar desde os elementos Intrínsecos e até Extrínsecos 22 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 22 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso A Motivação Intrínseca está relacionada à força interior e é particular de cada indivíduo Ela independe de fatores ambientais coligada ao determinante pessoal sendo estimulada pelos objetivos metas sonhos e interesses pessoais Ex Metas de vida A Motivação Extrínseca por sua vez está relacionada à fatores externos am bientais são eles que as organizações como escola ou ambiente de trabalho podem aguçar nos indivíduos Ex nota mais alta ou bonificação no trabalho No espaço escolar motivar deve ser uma responsabilidade compartilhada entre alunos e professores uma vez que a melhor estrutura externa não será produtiva se o aluno não se conceber como parte integrante daquele espaço social e não enxergar os benefícios de seu processo educativo O querer fazer é a premissa básica para alcançar a motivação em uma aprendizagem ativa e colaborativa 23 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 23 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 2 APRENDIZAGEM ATIVA E COLABORATIVA UMA RELAÇÃO DE LIDERANÇA COMPARTILHADA A Aprendizagem Colaborativa pressupõe interatividade entre os diferentes sujeitos que compõem o grupo social Para Pereira 2021 definese como uma ocasião na qual os estudantes são provocados a desenvolver trocas de informações e de conhecimentos tendo em vista a proposição de problemas e questões a serem resolvidos SAIBA MAIS Aprendizagem colaborativa X Aprendizagem cooperativa A colaboração é uma filosofia de interação e um estilo de vida pessoal enquanto a coo peração é uma estrutura de interação projetada para facilitar a realização de um objetivo ou produto final Fonte Panitz 1996 Os resultados qualitativos da Aprendizagem colaborativa possuem relação com a qualidade das interações envolvidas no processo e na sua aplicação Desta forma para Johnson e Johnson 1997 p 14 a Aprendizagem colaborativa pode ser conceituada como um método de aprendizagem 24 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 24 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Um conjunto de métodos para a aplicação em grupos com o objetivo de de senvolver habilidades de aprendizagem conhecimento pessoal e relações sociais onde cada membro do grupo é responsável tanto pela sua aprendi zagem como pela do restante do grupo Além disso Pereira 2021 aponta também os aspectos importantes que não devem ser destacados na aprendizagem colaborativa tais como um planejamento sistemático e bem delineado no qual as etapas a serem desenvolvidas devem ter uma relação entre si A opção pela estratégia pedagógica ativa e colaborativa tem como foco o desen volvimento de habilidades cognitivas bem como o amadurecimento nas relações interpes soais por intermédio do aprofundamento de conteúdos científicos e culturais Na mesma linha Alcântara e Siqueira 2004 ressaltam que a aprendizagem cola borativa se encontra estruturada em torno de quatro pilares basilares I Interdependência positiva entre os participantes do grupo é o elemento central da aprendizagem colaborativa devido ao fato de que reúne um conjunto de características que facilitam o trabalho em grupo em relação a sua organização e funcionamento ALCÂNTARA e SIQUEIRA 2004 p 05 II Interação faceaface vínculo A linguagem é fundamental na estruturação do pensamento sendo necessá ria para comunicar o conhecimento as ideias do indivíduo e para entender o pensamento do outro envolvido na discussão e na conversação ALCÂNTA RA e SIQUEIRA 2004 p 0607 III Contribuição individual Os sujeitos sentemse parte importante e ativa do processo e passam a assumir uma postura de responsabilidade com relação a sua própria aprendizagem e a do grupo ALCÂNTARA e SIQUEIRA 2004 p 07 IV Desenvolvimento das habilidades interpessoais e de atividades em grupo Também é de extrema importância a capacidade com que os membros do grupo deter minam a organização pois são os alunos que devem decidir o modo que vão trabalhar ALCÂNTARA e SIQUEIRA 2004 p 08 Diante desse movimento grupal para a promoção do ensino nos indagamos Qual deve ser o papel do professor Para Alcântara e Siqueira 2004 p 0405 não secundari zado o professor na aprendizagem colaborativa deve 1 Incentivar a autonomia 2 Auxiliar no ritmo de estudo e aprendizagem 3 Estimular a interdependência positiva 4 Auxiliar na aprendizagem como por meio de um conjunto de fatos conclusivos mas construído pelo processo da conversação perguntas e negociação 25 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 25 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Em suma Pereira 2021 enfatiza que a Aprendizagem colaborativa tende a ressig nificar o processo educativo e constituir como instrumento para formar cidadãos capazes de estabelecer relações harmoniosas e pacíficas nas relações sociais No mesmo sentido o professor e alunos constroem uma rede e não uma rota de aprendizado REFLITA Quais são os benefícios da aprendizagem colaborativa melhoria das aprendizagens na escola melhoria das relações interpessoais melhoria da autoestima melhoria das competências no pensamento crítico maior capacidade em aceitar as perspectivas dos outros maior motivação intrínseca maior número de atitudes positivas para com as disciplinas estudadas a escola os pro fessores e os colegas menos problemas disciplinares uma vez que mais tentativas de resolução dos proble mas de conflitos pessoais aquisição das competências necessárias para trabalhar com os outros menos tendência para faltar à escola Fonte FREITAS 2003 26 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 26 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 3 ÉTICA PROFISSIONAL REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO DOCENTE Em sua atividade profissional o professor em inúmeras vezes se encontra em situações problemáticas em que precisa tomar uma decisão todavia esta decisão sempre envolve o questionamento sobre a ética e gera indagações sobre a melhor forma de agir Segundo Junior Rubio e Matumoto 2009 ter a conduta ética adequada evita a responsabilidade por danos na relação educacional danos em relação às pessoas envolvidas no grupo bem como dano à própria educação que é o objetivo maior da atividade da docência Mas o que é ética Conceituada com uma teoria ou ciência a ética permeia todas as interações sociais versa sobre o comportamento do homem diante de seus pares ou seja os interesses individuais de cada pessoa em consonância com os inte resses da coletividade Apesar dos interesses individuais nossos comportamentos não refletem apenas no campo individual e sim no social Conforme Antônio Lopes de Sá 2001 p110 Cada conjunto de profissionais deve seguir uma ordem que permita a evolução harmônica do trabalho de todos a partir da conduta de cada um através de uma tutela no trabalho que conduza à regulação do individualismo perante o coletivo A reflexão sobre o compromisso e a responsabilidade do educador está abordado também no livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire 2006 Em relação a sala de aula os limites da ética do que é ser ético na prática do olhar o sujeito do outro lado como pessoa e não um objeto dos interesses é parte de uma complexidade em que o despreparo para exercer a função pode resultar em um verdadeiro desastre na tentativa de ser professor 27 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 27 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Sobre a ética diz Paulo Freire 2006 p 15 Gostaria por outro lado de sublinhar a nós mesmos professores e profes soras a nossa responsabilidade ética no exercício de nossa tarefa docen te Sublinhar esta responsabilidade igualmente àquelas e àqueles que se acham em formação para exercêla Este pequeno livro se encontra cortado ou permeado em sua totalidade pelo sentido da necessária eticidade que conota expressivamente a natureza da prática educativa enquanto prática formadora Educadores e educandos não podemos na verdade escapar à rigorosidade ética Mas é preciso deixar claro que a ética de que falo não é a ética menor restrita do mercado que se curva obediente aos interesses do lucro Falo pelo contrário da ética universal do ser humano Da ética que condena o cinismo do discurso citado acima que condena a exploração da força de trabalho do ser humano que condena acusar por ouvir dizer afirmar que alguém falou A sabendo que foi dito B falsear a verdade iludir o incauto golpear o fraco e indefeso soterrar o sonho e a utopia prometer sabendo que não cumprirá a promessa testemunhar mentirosamente falar mal dos outros pelo gosto de falar mal É por esta ética inseparável da prática educativa não importa se trabalhamos com crianças jovens ou com adultos que deve mos lutar E a melhor maneira de por ela lutar é vivêla em nossa prática é testemunhála vivaz aos educandos em nossas relações com eles Neste excerto observamos que a prática educativa requer ética humanizadora aquela que está embasada em um comportamento transformador aquela que preserva e valoriza a condição do ser humano e seu social o que inclui seus direitos e seus deveres enquanto cidadão JUNIOR RUBIO MATUMOTO 2009 28 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 28 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 4 DINÂMICA DE GRUPO E O IDOSO Compreender o funcionamento de um grupo e a importância da comunicação nas relações pessoais são importantes para a promoção de dinâmicas em sala de aula Algu mas técnicas também chamadas de dinâmicas de grupo são muitas vezes utilizadas para possibilitar a organização e a criatividade na produção do conhecimento E podem propiciar um processo de aprendizagem mais coletivo e mais rico O processo de desenvolvimento de um grupo pode proporcionar a seus integran tes além do crescimento pessoal a possibilidade de representar diversos papéis isto é colocarse na posição do outro compartilhando representações crenças informações emoções e vivências Vale relembrar o caráter fundamentalmente social do ser humano intimamente ligado ao seu universo cultural influenciando e sendo influenciado por ele Não obs tante as dinâmicas grupais tornamse espaços privilegiados de crescimento e desen volvimento intrapessoal Segundo Zimerman 2000 um grupo só pode ser entendido como tal se estiver de acordo com as seguintes características basilares um grupo não é somente um conjunto de pessoas juntas mas se constitui a cada encontro como uma identidade nova possuindo suas próprias e específicas leis assim como seus mecanismos um objetivo comum é o eixo norteador do grupo em torno do qual estão todos os integrantes 29 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 29 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Para tanto tornase importante atentarse ao tamanho do grupo de forma que as diferentes expressões de comunicação não sejam prejudicadas com objetivos definidos estabilidade de espaço de tempo além de regras para normatizar a atividade em grupo Fritzen 2001 destaca também que o professor optar por uma dinâmica grupal deve considerar alguns elementos os quais descreveremos a seguir 1 Objetivos o professor deve ter clareza sobre o que quer com a técnica e deve pensála os mesmos 2 Ambiente o espaço onde se desenvolverá a técnica deve ser adequado e pensado de modo a não inibir os participantes 3 Duração as técnicas devem ser pensadas com tempo determinado para seu início e fim no ato da execução 4 Número de participantes estar atento a quantas pessoas participarão é fun damental para pensar a técnica mais adequada e para providenciar os materiais necessários 5 Materiais os recursos necessários ao desenvolvimento da técnica podem ser os mais variados desde o papel lápis tinta som até equipamentos mais complexos como projetores multimídia filmadoras iluminação etc 6 Perguntas e conclusões o momento de catarse do que foi produzido permite resgatar a experiência e os sentimentos de cada um bem como chegar a con clusões sobre o tema objetivado O envelhecimento é um processo biológico e natural por que passa todo ser vivo e que provoca transformações físicas emocionais e psicológicas variando de indivíduo para indivíduo Nas últimas décadas passamos a compreender que envelhecer não é sinônimo de fragilidade ou doença como apregoa a sociedade voltada a produtividade exacerbada entendemos que na nova perspectiva o envelhecimento não é um período da vida que só traz perdas pode ser também o momento em que surgem novas possibilidades para a realização de antigos eou novos projetos de vida Embora muito se tenha pesquisado a respeito das causas do envelhecimento humano Jordão Neto 1997 p 38 destaca que os estudos sobre os reais mecanismos do envelhecer ainda são inconclusivos sabese que alguns fatores no qual pesaram mais no seu desenrolar embora as manifestações somáticas de sua ocorrência sejam bem evidentes e fáceis de observar pele enrugada branqueamento dos cabelos diminuição da capacidade motora etc 30 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 30 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso A concepção de envelhecimento portanto deve ser entendido como algo que também perpassa pelo modo como se vive isto é devese atentar para o estilo de vida da pessoa como obter ao longo da vida uma alimentação adequada não uso de substâncias químicas eou psicoativas atividade física regular entre outras Pessoas com este perfil mesmo sendo acometidas por determinadas doenças dificilmente desenvolvem caracte rísticas acentuadas de fragilidade e poderão usufruir de uma vida sem tantas limitações ou incapacidade funcional MONTEIRO SILVA LIMA 2017 As dinâmicas de grupo destinada ao idoso oferecem subsídios por meio de ativi dades lúdicas e recreativas para serem aplicadas junto a grupo possibilitandolhes uma aprendizagem ativa e um desenvolvimento contínuo Monteiro Silva e Lima 2017 ressalva que as técnicas de dinâmica devem considerar os riscos que dela podem advir para tanto é essencial conhecer o envelhecimento e as mudanças físicas e psicológicas que decor rem desse processo Devese ter também clareza dos momentos necessários para o seu desenvolvimento que permitam chegar ao final de maneira gradual e clara Portanto as dinâmicas são instrumentos ferramentas de um processo de formação e organização do trabalho escolar e possibilitam a criação e redimensiona o conhecimento Além disso constituem como um momento vivência grupal lúdica e harmoniosa a Técnicas de dinâmicas de grupo1 As técnicas de dinâmicas de grupo podem ser empregadas em diferentes momen tos de intervenção desde o contato inicial em uma prática quebragelo até mesmo com intuito de subsidiar a prática da apresentação integração e relaxamento do grupo FIGURA 2 TÉCNICAS DE DINÂMICAS Fonte Adaptado de MONTEIRO SILVA LIMA 2017 31 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 31 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso b Dinâmicas de grupo Quebragelo DINÂMICA MEUS CUMPRIMENTOS Objetivo Criar espaços onde as pessoas possam tomar consciência do contexto no qual situam suas experiências Material Nenhum Desenvolvimento 1 Disponha o grupo em dois círculos um dentro do outro com igual número de participantes Havendo número ímpar destaque um participante para coordenar a atividade 2 O círculo interior deverá voltarse para frente para o exterior ficando cada participante com outro à sua frente 3 Informe que ao seu sinal ou do colega destacado para conduzir o círculo exterior deverá moverse para a esquerda e o interior para a direita 4 Explique os códigos que usará como comandos e as respectivas ações a serem realizadas Os códigos são A Cumprimento cerimonioso com aperto de mãos B Sinal de positivo com o dedo polegar C Abraço protocolar acompanhado de tapinhas nas costas D Abraço forte 6 Faça os círculos girarem conforme combinado A cada comando os movimentos dos círculos deverão cessar e a ação deverá ser realizada pela dupla que ficar um à frente do outro 7 Diga os comandos ora alternados ora os repetindo a fim de dar mais dinamismo à atividade 8 Verbalize a vivência com o grupo DINÂMICA CARA A CARA COSTASCOSTAS Objetivo Diminuir a ansiedade e descontrair Material Nenhum Desenvolvimento 1 O facilitador deve solicitar que os participantes formem um círculo em seguida explicar que a dinâmica possui diversos comandos 2 Primeiro comando Todas as vezes que o facilitador disser formar duplas os participantes devem procurar um companheiro para formar uma dupla 32 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 32 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 3 Segundo comando Quando o facilitador disser cara a cara os participantes devem ficar frente a frente com o seu parceiro de dupla 4 Terceiro comando Quando o facilitador disser costa a costa as duplas deve rão ficar com as costas juntas 5 Quarto comando Assim que o facilitador disser mudar dupla cada participan te deve formar dupla com outro 6 Quinto comando O facilitador diz círculo e todos formam um grande círculo Observação Nesta dinâmica é importante que haja número par de participantes Caso seja ímpar a pessoa que fica sem par vai ao centro do círculo e dá os comandos e na próxima formação de duplas tenta formar dupla com alguém A pessoa que fica sem dupla toma seu lugar c Dinâmica de grupo Apresentação DINÂMICA AS METADES FORMAM O MEIO Objetivo Oportunizar a integração a empatia e a resolução de problemas Material Revistas Desenvolvimento 1 Leve para o grupo várias figuras de revistas Corte cada figura em duas partes cuidando de variar a disposição dos cortes 2 Separe de um lado as primeiras metades e de outro as segundas 3 Organize o grupo em duas equipes uma em cada extremidade da sala Entre gue para cada participante da equipe A uma das primeiras metades e para a equipe B uma das segundas 4 Delimite um tempo de 10 minutos para cada membro das equipes encontrar sua outra metade À medida que as figuras foram se completando peça que se afastem e troquem impressões acerca da atividade 5 Tempo esgotado o facilitador recolhe e embaralha cada conjunto de metades e refaz a experiência desde que não ultrapasse 30 minutos 33 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 33 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso DINÂMICA CARROSSEL MUSICAL Objetivo Promover a Integração e maior conhecimento de si e do grupo Material Gravador e CD com músicas bem animadas Desenvolvimento 1 Participantes de pé Formar dois círculos com os participantes com o mesmo número de pessoas em cada círculo um círculo dentro do outro O de dentro da roda fica voltado para fora de modo a formar duplas frente a frente 2 O facilitador coloca a música solicitando que ambos os círculos girem para o lado direito dançando no ritmo da música 3 Quando o facilitador para a música o grupo deve parar onde estiver procurando posicionarse frente a frente formando pares Cada par deve darse as mãos dizer o nome um para o outro e responder à pergunta feita pelo facilitador um falar para o outro a resposta 4 O facilitador coloca novamente uma música e solicita que os círculos tornem a girar Quando o facilitador para a música repetese o procedimento anterior cada um vai se posicionar na frente de outro formando um novo par dizer o nome e responder um ao outro a pergunta feita pelo facilitador 5 Repetir o mesmo procedimento várias vezes sempre mudando a música e as perguntas conforme o quadro abaixo Exemplos de perguntas O que mais me deixa feliz é O que eu mais admiro nas pessoas é O que eu mais gosto em mim é Amigo verdadeiro para mim é aquele que A coisa mais importante para mim é O que eu mais gosto de fazer é A minha diversão favorita é 34 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 34 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso d Dinâmica de grupo Integração DINÂMICA BAÚ DAS RECORDAÇÕES Objetivo Oportunizar um maior conhecimento de si mesmo e facilitar o relaciona mento e integração interpessoal Material Objetos pessoais de recordação baú e chaves de papelão 1 Cada pessoa deve trazer para o encontro uma recordação um objeto que guar da por algum motivo especial 2 O animador deve confeccionar previamente um baú onde serão depositadas as recordações e uma pequena chave numerada para cada integrante A numera ção da chave indica a ordem de participação 3 O animador coloca o baú sobre uma mesa no centro da sala Ao lado dele encontramse as chaves numeradas À medida que os participantes vão che gando depositam a sua recordação no baú retiram uma chave e vão ocupar seu assento formando um círculo em volta do baú Desenvolvimento 1 O animador motiva o exercício com as seguintes palavras Nós seres huma nos comunicamonos também através das coisas Os objetos que guardamos como recordações revelam a nós mesmos assim como expressam aos demais algo de nossa vida de nossa história pessoal e familiar Ao comentarmos nos sas recordações vamos revelar hoje parte dessa história Preparemos nosso espírito para receber este presente tão precioso constituído pela intimidade do outro que vai partilhála gratuitamente conosco 2 O animador convida a pessoa cuja chave contenha o número 1 a retirar sua recordação do baú apresentála ao grupo e comentar o seu significado os demais podem fazer perguntas Assim se procede até que seja retirada a última recordação O animador também participa Avaliação Como nos sentimos ao comentar nossas recordações Que ensinamento nos trouxe a dinâmica O que podemos fazer para nos conhecermos cada vez melhor Nota O animador deverá motivar o grupo a escutar e a acolher de maneira respeitosa o relato de cada membro e ficar atento às emoções que surgirem no momento das exposições proporcionando segurança ao expositor inclusive respeitando quando este não quiser falar 35 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 35 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso DINÂMICA INTEGRAÇÃO MUSICAL Objetivo Propiciar clima de descontração e integração entre os participantes Material Gravador CD com músicas bem animadas Desenvolvimento 1 Colocar a música Pedir aos participantes que caminhem pela sala individual mente tentando entrar dos diferentes ritmos da musicais 2 Mudar a música Pedir aos participantes que formem duplas e dancem juntos no ritmo da música 3 Trocar novamente a música Ao comando do facilitador os participantes devem agora formar grupos de três dançando juntos no ritmo da música 4 Ao comando do facilitador cada vez que a música é trocada formar grupos de quatro oito dez até que todo o grupo esteja dançando junto Avaliação Cada um expressa o que achou da dinâmica Qual seu estilo musical favorito Sentiu alguma dificuldade em dançar por quê Qual foi o objetivo da dinâmica e Dinâmica de grupo Relaxamento e diversão DINÂMICA ENERGIZAÇÃO Objetivo Acalmar tranquilizar e relaxar o grupo Material Aparelho de som e CD instrumental Desenvolvimento 1 Em círculo de pé com os olhos fechados 2 Os braços na posição horizontal apontados para o centro do círculo Com uma mão bater no braço com tapas rápidas e enérgicas do ombro até as extremida des dos dedos por todos os lados e relaxar 3 Seguir o mesmo exercício com o outro braço 4 Sobre a cabeça bater as extremidades dos dedos relaxados Relaxar 5 Repetir o mesmo exercício sobre o tórax a barriga Após cada movimento relaxar 6 Depois em duplas bater nas costas do companheiro Relaxar 7 Repetir o movimento sobre o quadril perna e pé esquerdos e sobre o quadril perna e pé direitos Comentário Este exercício pode variar sendo feito em duplas ou em grupos de oito a dez pessoas 36 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 36 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso DINÂMICA DESAFIE O MEDO Objetivo Vivenciar a percepção dos medos aos desafios Material Caixa de bombom enrolada para presente Desenvolvimento Colocar uma música animada para tocar e passar no círculo uma caixa do tamanho de uma caixa de sapato Explicar para os participantes que é apenas uma brincadeira e que dentro da caixa tem uma ordem a ser obedecida por quem ficar com ela quando a música parar A pessoa que vai dar o comando deve estar de costas para não ver com quem está a caixa ao parar a música Daí o coordenador faz um pequeno suspense com perguntas do tipo Tá preparado Você vai ter que pagar o mico viu Seja lá qual for a ordem você vai ter que obedecer Quer abrir ou vamos continuar Reinicia a música e passa novamente a caixa se a pessoa não topar abrir podendose fazer isso algumas vezes e na última vez avisar que é para valer Quem pegar vai ter que abrir ok Esta é a última vez e quando o participante abrir a caixa terá a feliz surpresa de encontrar um chocolate com a ordem Parabéns por enfrentar seus medos coma o chocolate 37 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 37 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade conhecemos os conceitos de motivação liderança ética profissio nal e dinâmicas de grupo voltadas ao idoso Salientamos que a motivação nos estudos funciona como um impulsionador para a progressão da trajetória escolar Em um movimento contínuo quando estamos motivados passamos a enxergar a nós mesmos e o ambiente ao nosso redor de maneira mais positiva em uma postura mais proativa Observamos também que as dinâmicas de grupo destinada à terceira idade ofere cem subsídios por meio de atividades lúdicas e recreativas para serem aplicadas junto a grupo possibilitandolhes uma aprendizagem ativa e um desenvolvimento contínuo Portanto são instrumentos pedagógicos e ferramentas que auxiliam no processo formativo Além disso constituem como um momento vivência grupal rica e prazerosa Espero que este tenha sido um tempo de bons estudos e aprendizado 38 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 38 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título Envelhecer Histórias Encontros Transformações Autor Pedro Paulo Monteiro Editora 2007 Autêntica Sinopse O livro aborda o envelhecimento através de um ponto de vista novo conhecido como o Novo Paradigma do Envelhecimento e é também fruto de pesquisa acadêmica e da prática profissional do autor Conforme defende o autor envelhecer não está reservado apenas aos velhos não é o fim mas sim processo contínuo de transformação do homem como ser único Longe de defender a estabilidade como própria da vida Pedro Paulo Monteiro lembra que este livro mostra a vida como um passar por instabilidades con tínuas que possibilitam sempre alcançar uma nova maneira de ser A velhice portanto não é fato estático o que é relatado de maneira emocionante e envolvente através das histórias dos encontros e das transformações vivenciadas pelas pacientes do autor FILME VÍDEO Título Up Altas Aventuras animação Ano 2009 Sinopse Carl um vendedor de balões que aos 78 anos está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua falecida esposa Ellie Ao acertar um homem com sua bengala Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo Deprimido e isolado ele tem uma ideia e quer viajar para a América do Sul lugar onde ele e sua esposa sonharam viver É aí que ele encontra Russel um garoto de 8 anos que sem Carl soubesse embarcou com ele nesta aventura 39 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 39 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso LIVRO Título Pedagogia da Autonomia Editora 2006 Editora Paz Terra Autor Paulo Freire Sinopse Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire é um livro de poucas páginas mas de uma densidade de ideias pouco vista em qualquer outra de suas obras Este seu poder de síntese de monstra sua maturidade lucidez e vontade de com simplicidade abordar algumas das questões fundamentais para a formação dos educadoresas de forma objetiva 40 Plano de Estudo Mas afinal o que é educação A terceira idade e a elaboração do estatuto do idoso O estatuto do idoso e a educação Objetivos da Aprendizagem Refletir sobre o conceito de educação Delimitar o conceito de terceira idade Conhecer o Estatuto do Idoso e refletir sobre as especificidades e perspectivas em relação à educação UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 41 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas INTRODUÇÃO Nas unidades anteriores refletimos sobre a importância das relações interpessoais e como ela ocorre Vimos o que é ética profissional motivação e liderança além de co nhecer algumas dinâmicas de grupo Estes conhecimentos foram fundamentais para que compreendêssemos como organizar o planejamento de estudos para a terceira idade objetivo central desta disciplina Como veremos ao longo desta unidade III a educação permite o desenvolvimento humano e em se tratando de educação para e na terceira idade as metodologias utili zadas são diferenciadas daquelas por exemplo que utilizamos na educação de crianças ou adolescentes Em decorrência disso esta unidade está organizada tendo em vista uma discussão inicial sobre o que é a educação na contemporaneidade a partir de diferentes perspectivas e em seguida a apresentação do que é a terceira idade e a criação do seu Estatuto Desta forma garantimos a você caroa alunoa um aprofundamento essencial para pensarmos na próxima unidade o planejamento de estudos para a terceira idade Bons estudos 42 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas 1 MAS AFINAL O QUE É EDUCAÇÃO Imagine a cena a seguir você está em uma entrevista de emprego para atuação na área de pedagogia como professor do ensino básico O entrevistador depois de conversar um pouco sobre sua vida e seu processo de formação acadêmica pergunta Qual é a sua concepção de educação Que resposta você daria Você consegue elaborar uma resposta que dê conta neste momento de conceituar este termo educação Se sim quais respostas seriam dadas por você Ao longo deste tópico vamos refletir sobre esse conceito trazendo contribuições importantes para a construção desta resposta por você 11 Concepções de educação Elegemos ao longo deste tópico compartilhar com você caroa alunoa um per curso que privilegia as teorias contemporâneas da educação Isso porque a educação assim como a política a economia a história entre outros campos do conhecimento é fruto de seu tempo Isso significa afirmar que a educação hoje no século XXI é diferente por exemplo do que os gregos na consolidação da filosofia no século IV aC a compreendiam Isso ocorre porque ela cumpre funções sociais distintas e decorrentes do tempo histórico sobre o qual ela se funda Por exemplo na Grécia Antiga se voltarmos aos textos de Platão veremos que a educação possui uma profunda ligação com os conceitos de ética 43 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas e moral A educação como forma de conhecimento como amizade com a sabedoria daí o termo filosofia filos amigo sofia sabedoria é uma prática que tira o homem do mundo ilusório trazendoo à reflexão e a compreensão de um mundo verdadeiro Isso é explicado pelo mito da caverna uma alegoria contada por Platão 2000 em sua obra chamada A República A máxima de Sócrates conhecete a ti mesmo referese ao reconhecimento de nossa ignorância e a busca pelo conhecimento a partir de um processo educativo O projeto educativo de Platão incorre em uma sociedade perfeita a cidade ideal a qual ele esboça com clareza em sua obra A República Nela a educação desempenha uma função primordial na ascensão dos conhecimentos que refinam a alma proporcionando de um lado a cidade ideal como citado e de outro a contemplação da ideia de Bem ideal a ser conquistado pela educação SAIBA MAIS Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna é uma metáfora elaborada por Platão e con tida em sua obra A República A República é uma obra política de Platão que disserta sobre a política ateniense da Grécia Antiga e apresenta a tese de Platão que relaciona o conhecimento ao poder político Quer ler o mito da caverna escrito por Platão Acesse o link httpswwwhistoriadomundocombrcuriosidadesmitodacavernahtm Fonte PLATÃO A República Tradução de Carlos Alberto Nunes 3 ed Belém EDUFPA 2000 p 319 Essa compreensão de educação que passa pelo processo de autoconhecimento enfatiza as potencialidades do ser humano e são externalizadas por meio da reflexão É como se todo o conhecimento a que temos acesso ao longo de nossa vida já estivesse em nós mas para que ele seja acessado é necessário a reflexão ou o auxílio de um educador para que seja externalizado Essa é a prerrogativa de todos os diálogos platônicos como o mito da caverna Seja qual for a obra de Platão que você aprecie haverá como regra o diálogo entre Sócrates e outro personagem Nestes diálogos há a descoberta pelo interlocutor de Sócrates dos conhecimentos que possui dentro de si mesmo 44 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas A esta concepção de educação damos o nome de inatismo Este termo pode ser conceituado como a doutrina segundo a qual existem certas ideias certos princípios noções máximas sejam especulativos ou práticos que não inatos isto é possuídos pela alma MORA 2001 p 1471 Desta forma para o inatismo a educação é um processo interno ao sujeito ainda que este conte com um educador para auxiliálo como é por exemplo o caso de Sócrates educador por excelência Fato é que a Grécia deste tempo foi berço de outras concepções de educação e visões de mundo Porém é preciso compreender que toda teoria da educação reflete os anseios dos homens em seu tempo Isto justifica olharmos para as teorias contemporâneas da educação e refletir qual o ideal de homem para o século XXI É Libâneo 2005 p 11 quem nos oferece uma classificação das correntes pedagó gicas contemporâneas as quais reproduzimos no quadro a seguir QUADRO 1 CLASSIFICAÇÃO DAS CORRENTES PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS Correntes Modalidades 1 Racionaltecnológica Ensino de excelência Ensino Tecnológico 2 Neocognivistas Construtivismo póspiagetiano Ciências cognitivas 3 Sociocríticas Sociologia crítica do currículo Teoria históricocultural Teoria sóciocultural Teoria sóciocognitiva Teoria da ação comunicativa 4 Holísticas Holismo Teoria da Complexidade Teoria naturalista do conhecimento Ecopedagogia Conhecimento em rede 5 Pósmodernas Pósestrutruralismo Neopragmatismo Fonte Libâneo 2005 p 1011 O quadro acima busca classificar ainda que de forma arbitrária como o autor mesmo indica as principais correntes contemporâneas da educação Embora possuam formas diferentes de sistematizar a educação elas possuem em comum o lócus no qual se fundam a sociedade do conhecimento as novas tecnologias e o relativismo cultural 45 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas A corrente racionaltecnológica tem como objetivo dispor a educação e a prática educativa a serviço do sistema produtivo Libâneo 2005 p 11 afirma que a corrente ra cionaltecnológica busca seu fundamento na racionalidade técnica e instrumental visando a desenvolver habilidades e destrezas para formar o técnico Desta forma tanto o ensino de excelência quanto o ensino tecnológico possui como escopo a formação técnica porém em níveis diferentes enquanto o primeiro busca formar a elite intelectual e técnica para o sistema produtivo idem o ensino tecnológico centrase na qualificação de mãodeobra Os currículos de uma e outra modalidade é importante destacar que são centrados no desenvolvimento de competências e habilidades A corrente neocognitivista tem como pressuposto os conceitos de cognição inteligência aprendizagem e desenvolvimento Desta forma o construtivismo póspia getiano considera as contribuições oriundas da teoria piagetiana porém incorpora con tribuições advindas das teorias cognitivas sobre a influência do desejo por exemplo no processo de aprendizagem Já as ciências cognitivas estão associadas ao uso de tecnologias como por exem plo os computadores Seu objetivo é buscar novos modelos e referências para avançar na investigação sobre os processos psicológicos e a cognição LIBÂNEO 2005 p 12 Esta ciência investiga as semelhanças entre a mente e o computador que possibilitem o desenvolvimento de programas de inteligência artificial As teorias sociocríticas utilizam o prefixo sócio para abarcar as diversas con cepções e referenciais decorrentes da teoria de Marx Nesta teoria é fundamental que se compreenda a realidade para desta forma transformála assim como superar as de sigualdades econômicas e sociais advindas do sistema capitalista Para tanto a análise do currículo fazse um instrumento fundamental na compreensão do ideal de educação estabelecido Por sua vez a teoria curricular crítica afirma que não há uma cultura única mas considera a diversidade cultural justamente por considerar as diferenças sociais eco nômicas e culturais Desta forma esta modalidade de educação integra as minorias tanto étnicas quanto sociais e culturais opondose neste sentido ao um currículo nacional A teoria históricocultural como veremos na unidade IV considera a aprendizagem o resultado da interação sujeitoobjeto atribuindo às relações sociais um peso determi nante justamente por afirmar que a interação entre SO ocorra no contexto social Para esta teoria as funções psicológicas superiores como imaginação linguagem atenção memória entre outras são desenvolvidas a partir da mediação social 46 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Por sua vez a teoria sóciocognitiva se funda na premissa de que a organiza ção de um ambiente educativo de solidariedade de relações comunicativas com base nas experiências cotidianas nas manifestações da cultura popular LIBÂNEO 2005 p 14 são superiores aos conteúdos de ensino ou ainda ao funcionamento psíquico do ser humano A teoria da ação comunicativa formulada por Habermas fundase nos conceitos pressupostos pela Escola de Frankfurt Nesta teoria encontramos pontos de semelhança com as proposições realizadas por Paulo Freire por enfatizar a comunicação como espaço central na interação entendimento e cooperação entre os diversos sujeitos e seus contextos As correntes holísticas como Libâneo 2005 p 15 afirma considerar a rea lidade como uma totalidade de integração entre o todo e as partes mas compreendendo diferentemente a dinâmica e os processos dessa integração Desta forma o holismo con sidera a realidade em sua totalidade e neste ponto de vista há uma simbiose entre tudo e todos já que todas as coisas estão integradas A teoria da complexidade afirma por sua vez o pensamento mediante a complexi dade Para isso o pensamento simplificador é deixado de lado em detrimento de reflexões mais profundas e complexas que consideram diferentes modelos de análises pontos de vista e uma cooperação interdisciplinar A teoria naturalista do conhecimento foi desenvolvida no Brasil por Hugo Assmann e afirma que o conhecimento se liga a um plano biossocial e bioindividual De acordo com Assmann nossa consciência não é soberana não somos donos do nosso destino como pensamos porque há mediações auto organizativas da corporeidade individual e das mediações sócio organizativas ASSMANN apud LIBÂNEO 2005 p 16 A ecopedagogia pode ser compreendida como a pedagogia que promove a aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana LIBÂNEO 2005 p 16 Desta forma ela enfatiza a participação política e social do sujeito de forma que se promova uma ecologia integral a partir da construção de um modelo de civilização sustentável 47 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas SAIBA MAIS Para saber mais sobre a ecopedagogia acesse o artigo Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação ambiental escrito por Fábio Soares Guerra no site Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação ambien tal Ambiente Educação furgbr Fonte GUERRA F S Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação ambiental Disponível emhttpsperiodicosfurgbrambeducarticleview8027textA20 Ecopedagogia20surge20como20propostaobstC3A1culos20impostos20pela20 educaC3A7C3A3o20tradicional Acesso em 09 jul 2021 As correntes pósmodernas embora não se reconheçam como tal aparecem aqui classificadas como teorias da educação por promoverem e influenciarem as práticas docentes Num sentido amplo essas correntes negam todos os pressupostos sob os quais se basearam a educação na ciência no progresso na autonomia individual Não há hoje aqueles valores transcendentes aquelas crenças na transformação social baseados na formação da consciência política na ideia de que a história tem uma fi nalidade que caminhamos para uma sociedade mais justa etc tudo isso não tem mais muito fundamento porque foi dessas ideias que apareceram os problemas mais candentes da nossa época como a perda do poder do sujeito a docilidade às estruturas a exploração do trabalho a degradação ambiental etc LIBÂNEO 2005 p 18 Diante disso essas correntes preconizam a singularidade ou seja questões como o feminismo o relativismo cultural entre outros O pósestruturalismo tem como precursor as ideias postas por Foucault espe cialmente naquelas em que estabelece as relações de poder e saber nas instituições O panóptico é um exemplo clássico de como se confirmam estas relações na sociedade atual O neopragmatismo por sua vez tem como fundamento a ideia de que a educa ção e o conhecimento se tornam possível à medida que as interações as conversações ocorrem O conhecimento é aquilo que criamos interativamente dialogicamente conver sacionalmente sempre dentro de nossa cultura e sua linguagem DOLL JR 1997 online Ainda que de forma breve foi possível perceber as semelhanças e divergências em cada uma das teorias da educação contemporâneas aqui expostas Vimos que enquanto uma corrente prima pelo desenvolvimento de habilidades e competências que auxiliem o indivíduo em meio ao uso da tecnologia e de seu aperfeiçoamento outras buscam as contribuições da Psicologia da Cognição para a compreensão da mente humana e da ela boração de uma inteligência artificial 48 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Observamos ainda teorias que enfatizam a importância do social como base para todos os demais processos inclusive os que nos remetem à educação e outras que inte gram o ser humano aos demais elementos que nos cercam compondo uma integralidade do ser para se falar em educação E por fim estudamos as teorias pósmodernas as quais embora não se intitulam assim trazem contribuições fundamentais para pensarmos a prá tica pedagógica diante de contextos singulares Ao longo desta leitura muito provavelmente você deve ter se afeiçoado com algu ma das correntes apresentadas A partir desse afeiçoamento talvez esboce uma resposta à nossa questão inicial Porque não há uma única maneira de pensar e realizar o processo educativo por isso é preciso conhecer e experimentar as diferentes formas de se fazer pensar a educação E afinal qual é a sua concepção de educação 12 Educação e desenvolvimento humano Neste tópico faremos um sobrevoo sobre as correntes pedagógicas contemporâ neas buscando enfatizar um item essencial a todas elas o desenvolvimento humano Em todas as correntes apresentadas aqui e mesmo que você retorne a outras correntes pedagógicas que permearam a antiguidade o medievo ou a modernidade a ideia de que a educação promove o desenvolvimento humano estará arraigada Este é um ponto inicial a ser considerado Educação e desenvolvimento são complementares Mas o que é desenvolvimento De acordo com Papalia e Olds 1998 p 25 o desenvolvimento humano pode ser compreendido como o estudo científico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais desde a concepção até a morte É comum em abordagens tradicionais a compreensão deste termo como a distin ção entre aquilo que ocorre nas diferentes etapas de nossa vida infância adolescência fase adulta e velhice Porém este enfoque tem sido substituído paulatinamente por aquele que considera o desenvolvimento humano em sua interface com outras disciplinas e áreas do conhecimento Este novo enfoque implica o reconhecimento de duas variáveis fundamentais interna e externa ao sujeito A primeira implica uma relação orgânica genética e biológica com o desenvolvimento do ser humano A segunda referese às influências externas que influem diretamente neste desenvolvimento Disso decorre o entendimento de que o desenvolvimento humano é estudado a partir de um ciclo vital e não mais em fases ou periodizações estanques 49 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas No site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano PNUD observase que o desenvolvimento humano é um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser PNUD 2021 online Ou seja o desenvolvimento humano implica em posi cionamento diante da realidade e de si mesmo Este pensamento se apoia na afirmação de Vianna para o qual a educação em sentido amplo representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano e no sentido estrito representa a instrução e o desenvolvimento de competências e habilida des VIANNA 2008 p 03 Perceba que o termo desenvolvimento aparece tanto na primeira quanto na segunda descrição do termo educação Na primeira a educação é compreendida como desenvolvimento humano que permeia o ser humano ao longo de toda a sua vida e no se gundo a educação é percebida por meio das ações educativas intencionais preconizadas na relação professoraluno Desta forma tanto o desenvolvimento humano quanto a educação perpassa a vida do sujeito em toda sua extensão e esta premissa deve ser considerada em nossa reflexão Ao olharmos para a terceira idade por exemplo é preciso perceber não apenas o que é perceptível em se considerando o desenvolvimento humano para esta fase de vida mas considerar o sujeito que envelhece em sua singularidade em seu ciclo vital que provém de um contexto social cultural e econômico distintos Por fim gostaria de ressaltar que dentre as concepções de educação contempo râneas que compartilhamos com você uma premissa aparece de forma latente a de que o sujeito se faz na interação Não nascemos humanos mas humanizamonos à medida em que interagimos com a realidade seja objetiva ou não que nos cerca Desta forma pensar em educação e desenvolvimento implica pensarmos também na subjetividade humana na interação com o social e nas contribuições teóricas que expli citam as novas formas de pensar educação para o século XXI 50 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas 2 A TERCEIRA IDADE E A ELABORAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO A Organização PanAmericana da Saúde projeta que em 2025 o Brasil terá cerca de trinta e dois milhões de pessoas com mais de sessenta anos idade a partir da qual considerase na terceira idade Esse aumento significativo de pessoas com mais de sessenta anos nos leva a repensar e elaborar novas estratégias no âmbito da política e da educação Desta forma neste tópico discorreremos sobre o idoso apresentando suas especificidades e perspecti vas e em seguida discorreremos sobre o Estatuto do Idoso e a educação 21 A terceira idade especificidades e perspectivas Inicialmente é preciso considerar que as categorias terceira idade velhice e idoso são elaboradas ao longo do tempo e a partir de construções históricas específicas Desta forma longe de discorrer sobre o fundamento de tais categorias embora esta seja uma discussão significativa cabe a nós neste momento uma definição inicial do termo terceira idade Para isso compartilho um trecho do estudo de Silva 2008 O surgimento da categoria terceira idade é considerado pela literatura espe cializada uma das maiores transformações por que passou a história da ve lhice De fato a modificação da sensibilidade investida sobre a velhice acabou gerando uma profunda inversão dos valores a ela atribuídos antes entendida como decadência física e invalidez momento de descanso e quietude no qual imperavam a solidão e o isolamento afetivo passa a significar o momento do lazer propício à realização pessoal que ficou incompleta na juventude à criação de novos hábitos hobbies e habilidades e ao cultivo de laços afe tivos e amorosos alternativos à família SILVA 2008 p 161 grifos nosso 51 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Neste excerto percebemos as modificações sociais que o termo envolve em seu surgimento A terceira idade aparece como distinta da velhice na qual a ideia de inativi dade esteve atrelada durante muitos anos Assim os termos velho e velhice associamse negativamente a este ciclo vital humano pela perda das capacidades físicas e mentais É exatamente no sentido esboçado por Silva 2008 que o termo envelhecimento aparece conceituado pela Organização PanAmericana de Saúde um processo sequencial individual acumulativo irreversível universal não patológico de deterioração de um organismo maduro próprio a todos os membros de uma espécie de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e portanto aumente sua possibili dade de adoecimento e morte OPAS 2003 in BRASIL 2006 p 8 Estes termos velhice e terceira idade estão atrelados a momentos históricos polí ticos e sociais distintos e essas condições devem ser compreendidas no entendimento destes termos Assim é fundamental refletirmos sobre estas distinções a fim de compreender o sujeito e objeto de estudo desta disciplina a terceira idade aqui considerada é compreendida como este ser de possibilidades e de um potencial distinto da maturidade ou da juventude A concepção adotada neste material1 aponta para uma fase na qual o ser humano encontrase potencialmente apto a aprendizagem ainda que em processo de envelheci mento A velhice na sociedade atual pode se estender por várias décadas o que torna fundamental a criação de meios para garantir um envelhecimento ativo e com qualidade de vida para todos os cidadãos ASSIS DIAS NECHA 2016 p 199 SAIBA MAIS Caderno envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa Elaborado pelo Ministério da Saúde em 2006 traz diversas contribuições para pensar mos a terceira idade desde as políticas públicas passando pela promoção de hábitos saudáveis as atribuições dos profissionais da atenção básica e a avaliação global da pessoa idosa além do suporte familiar entre outros temas Recomendo a leitura Fonte BRASÍLIA Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa Ministério da Saúde 2006 Disponível em ht tpsbvsmssaudegovbrbvspublicacoesevelhecimentosaudepessoaidosapdf Acesso em 09 jul 2021 1 Empregaremos o termo idoso para referenciar o sujeito Já o conceito de terceira idade foi marcado para mencionar o momento histórico de vida do mesmo 52 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Bobbio 1997 oferece uma definição de velhice que articula tanto as discussões políticas quanto as considerações que temos tecido ao longo deste tópico Leiamos A velhice pode ser compreendida de três formas cronológica a burocrática e a psicológica ou subjetiva A primeira é meramente formal variando no es paço e no tempo a determinação legal e social deste limiar Estipulase um patamar e todos os que o alcançarem são considerados idosos sendo irrelevante as respectivas características A burocrática corresponde ao aces so ao benefício como a aposentadoria por idade passe livre nos transportes isenções fiscais etc A subjetiva é a mais complexa por não dispor de parâ metros depende do sentir de cada um BOBBIO 1997 p18 Portanto é fundamental considerar as especificidades que cada um destes ter mos possui em sua conceituação a fim que possamos compreender as perspectivas que lhe são ofertadas a partir daí ora se considerar a velhice apenas sob as perspectivas cronológica ou burocrática desconsidero a potencialidade que há em cada sujeito da terceira idade Por outro lado se considero apenas a perspectiva psicológica ou sub jetiva desconsidero as condições de vida que são inerentes a esta faixa etária tanto da perspectiva social e econômica quanto da perspectiva da saúde e do processo de envelhecimento decorrente desta categoria 53 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas 3 O ESTATUTO DO IDOSO E A EDUCAÇÃO Neste tópico abordaremos a legislação que regulamenta os direitos humanos das pessoas idosas a lei de 10741 de 1º de outubro de 2003 a qual garante a proteção e amparo integral aos idosos nos seus Direitos Fundamentais em destaque da Educação Cultura Esporte e Lazer BRASIL 2003 Foi a primeira lei que deu o amparo legal ao idoso contra qualquer negligência violência violação de direitos cometidos a eles e regulou direitos específicos para essa população com mais de 60 anos inclusive atos de crueldade e opressão contra o idoso foram criminalizados e hoje são passíveis de punição segundo a Agência Brasil2 O Estatuto do Idoso composto por cento e dezoito artigos versa sobre os seguintes temas Direitos fundamentais Medidas de Proteção Política de Atendimento ao Idoso Acesso à Justiça Crimes Em nossa reflexão sobre esta lei debruçarmonos nos direitos fundamentais es pecialmente sobre a educação esporte cultura e lazer Isso não significa que os demais capítulos que contemplam este Estatuto não sejam significativos mas sim que para cumprir os objetivos expostos por hora a compreensão deste tema se faz imprescindível 2 BRITO D Em 15 anos Estatuto do Idoso deu visibilidade ao envelhecimento Agência Brasil 2018 Disponível em httpsagenciabrasilebccombrdireitoshumanosnoticia201809em15anos estatutodoidosodeuvisibilidadeaoenvelhecimento Acesso em 05 jun 2021 54 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Para que possamos aprofundar nosso estudo observe a seguir o Capítulo V BRA SIL 2003 Art 20 O idoso tem direito a educação cultura esporte lazer diversões es petáculos produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade Art 21 O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educa ção adequando currículos metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técni cas de comunicação computação e demais avanços tecnológicos para sua integração à vida moderna 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cul tural para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações no sentido da preservação da memória e da identidade culturais Art 22 Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento ao respeito e à valorização do idoso de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhe cimentos sobre a matéria Art 25 As instituições de educação superior ofertarão às pessoas idosas na perspectiva da educação ao longo da vida cursos e programas de ex tensão presenciais ou a distância constituídos por atividades formais e não formais Redação dada pela lei nº 13535 de 2017 Parágrafo único O poder público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso que facilitem a leitura considerada a natural redução da capacidade visual Incluído pela lei nº 13535 de 2017 BRASIL 2003 online O Capítulo que trata especialmente sobre os direitos da educação da cultura esporte e lazer inicia reafirmando estes direitos às pessoas idosas já que tais direitos são afirmados na Constituição Federal mas faz uma ressalva importante que se respeitem sua peculiar condição de idade Essa afirmação denota adequação dessas atividades para a terceira idade O artigo que sucede esta premissa evidencia essa afirmativa ao lermos que o acesso à educação das pessoas idosas ocorre por meio da adequação da prática pedagógica a qual inclui currículo metodologia e material didático No caso específico da educação pensemos por que os materiais didáticos pre cisam ser readequados Primeiro devido a perda da acuidade visual em decorrência do processo de envelhecimento e em segundo pois se há uma reorganização do currículo e das metodologias isso influenciará diretamente na elaboração dos materiais didáticos A educação para e na terceira idade deve ser pensada a partir do âmbito histórico cultural e social como temos enfatizado e em consequência disso quais seriam os con teúdos a serem abordados em uma sala de aula por exemplo Será que os conteúdos disponibilizados às crianças e adolescentes fazem sentido nesta etapa da vida Sobre esta questão o Artigo 22 afirma que os currículos devem ser fundamentados em conteúdos que discutam o processo de envelhecimento o respeito e a valorização do idoso Perceba caroa alunoa que a preocupação com uma ampla discussão sobre o que é envelhecimento é destacada não somente no Artigo 22 mas também no 24 onde denota aos meios de comunicação esta finalidade 55 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Mas e as metodologias Será que são as mesmas utilizadas em outras fases da vida Será que as metodologias que utilizam TICs Tecnologia da Informação e Comunica ção por exemplo podem ser utilizadas de forma indiscriminada pressupondo o domínio destas tecnologias por essa faixa etária Sobre esta questão o Artigo 21 afirma que os cursos voltados para os idosos devem contemplar conteúdos relacionados aos avanços tecnológicos assim como às técnicas de comunicação para sua integração à vida moderna As instituições de ensino superior ocupam neste Capítulo um papel fundamental na oferta de cursos sejam presenciais ou a distância Neste contexto a criação da uni versidade aberta para as pessoas a partir dos sessenta anos tornouse fundamental pois sua criação implementa esses conteúdos e atividades que possam também promover a publicação de materiais adequados ao idoso Por fim este capítulo indica a preservação da memória e da identidade social enfa tizando a participação dos idosos em comemorações cívicas e ou culturais A preservação da memória de um povo e de uma cultura é fundamental para que a ideia de pertencimento e de identidade deste povo seja conservada REFLITA Você sabe o que é o estatuto do idoso e por que ele foi criado À medida que as projeções de crescimento populacional de idosos se concretiza esse tipo de lei ganha ainda mais relevância tanto no âmbito social quanto no educacional Precisamos nos preparar para melhor atender esse público e suas especifidades Conheça mais o Estatuto do Idoso Fonte BRASIL Estatuto do Idoso Lei nº 10741 de 01 de outubro de 2003 Brasília Senado Federal 2003 56 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos esta unidade com algumas reflexões postas Inicialmente sobre as teorias de aprendizagem contemporâneas e as diferentes vertentes que elas ocupam em se tratando de educação A defesa de que o ser humano deve ser compreendido a partir do contexto social e cultural Além disso a terceira idade deve ser compreendida também como uma fase de possibilidades e de um potencial distinto da maturidade ou da juventude Logo devemos frequentemente refletir qual é a nossa concepção de educação para o idoso e como a partir dela percebemos o desenvolvimento humano do mesmo Em suma destacamos que o idoso pode estar potencialmente apto a aprendiza gem ainda que em processo de envelhecimento A velhice na sociedade atual pode se estender por várias décadas o que torna fundamental a criação de meios para garantir um envelhecimento ativo e com qualidade de vida para todos os cidadãos ASSIS DIAS NECHA 2016 p 199 Por fim apresentamos o Estatuto do Idoso especialmente em seu Capítulo V evi denciando como esta lei preconiza a educação da e para a terceira idade Ela nos apresenta elementos importantes para que compreendamos o planejamento de atividades para esta faixa etária objeto de análise de nossa próxima unidade 57 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título Gente de muitos anos Literatura infantil Autores Malô Carvalho texto Suzete Armani ilustração Ano 2009 Sinopse Esta coleção tem como objetivo provocar situações de análise e reflexão sobre valores e atitudes fundamentais para a formação da criança que começa a construir seus princípios éticos e morais a partir dos primeiros anos de vida A ideia é trabalhar com temáticas sociais como os direitos das crianças dos professores dos portadores de necessidades espe ciais entre outros propondo modelos e situações cotidianas do processo de socialização de forma lúdica e divertida Neste Gente de muitos anos queremos chamar a atenção da criança para os direitos dos idosos FILME VÍDEO Título O estudante Ano 2009 Sinopse descreve a história surpreendente de Chano Jorge Lavat que após se aposentar decide aos 70 anos realizar um de seus sonhos matricularse na universidade para estudar literatura No campus ele conhece um grupo de jovens unidos pelos costu mes tradições amizades e diferenças Nesse enredo todos terão que passar por diferentes provas de vida 58 Plano de Estudo A Teoria HistóricoCultural e o desenvolvimento psíquico do ser humano Planejamento de estudos para a terceira idade reflexões necessárias Planejamento de estudos para a terceira idade Objetivos da Aprendizagem Compreender como a Teoria HistóricoCultural elabora a ideia de desenvolvimento humano Conhecer os conceitos fundamentais da Teoria HistóricoCultural com relação à aprendizagem Refletir sobre o que é planejamento e a sua relação com a educação para a terceira idade UNIDADE IV A Educação como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 59 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso INTRODUÇÃO Ao longo desta unidade vamos conversar sobre a Teoria HistóricoCultural desen volvida por Vygotsky e seus colaboradores ou que conhecemos como a chamada Escola de Vygotsky Essa teoria retrata o papel da aprendizagem e do desenvolvimento humano pressupondo como pano de fundo as discussões advindas do campo pedagógico Para este momento optamos por um recorte preciso dos conceitos que gostaríamos que você compreendesse para transpôlos à educação A partir da compreensão destes termos vamos refletir sobre o que é planejamento em educação Se precisasse hoje construir um planejamento para uma aula específica à terceira idade como você o faria Aqui daremos algumas pistas e elementos para que este caminho seja percorrido de forma autônoma e reflexiva por você Bons estudos 60 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 1 A TEORIA HISTÓRICOCULTURAL E O DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DO SER HUMANO Neste tópico vamos refletir sobre as principais considerações acerca do desenvol vimento psíquico desenvolvidas pela Teoria históricocultural 11 Bases da teoria HistóricoCultural A Teoria HistóricoCultural desenvolvida por Lev Semionovich Vygotsky 1896 1934 resulta da sua insatisfação com as teorias psicológicas de sua época a psicologia introspectiva e a psicologia objetiva Estas teorias afirmam o surgimento da consciência humana a partir de estímulosrespostas ou de reflexos respectivamente Insatisfeito com essas teorias e consciente das discussões sociais e políticas de seu tempo Vygotsky vê nos escritos de Karl Marx uma base sólida para edificar sua teoria Desta forma a análise do autor parte da ideia de que a essência dos homens são as relações sociais e estuda então o psi quismo humano tentando estabelecer a contradição dialética entre o mundo subjetivo e o mundo objetivo tomando o desenvolvimento social da persona lidade humana consciente como a unidade dialética Nisto está o diferencial do autor o avanço que ele nos proporcionou na compreensão do psiquismo humano TEIXEIRA BARCA 2019 p 73 Esta nova abordagem recorre ao social para explicar fenômenos que até então baseavamse em explicações objetivas e que não consideravam a materialidade da história e o social como ponto de partida para a compreensão do psiquismo humano 61 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Desta forma percebemos na teoria de Vygotsky uma distinção entre os processos elementares comum a todos os animais e as funções especificamente humanas conheci das como funções psíquicas superiores que decorrem da materialidade histórica e social do homem Sobre as funções psíquicas superiores lemos em Vygotsky 1984 p 52 A história do desenvolvimento das funções psicológicas superiores seria im possível sem um estudo de sua préhistória de suas raízes biológicas e de seu arranjo orgânico As raízes do desenvolvimento de duas formas funda mentais culturais de comportamento surge durante a infância o uso de instrumentos e a fala humana Isso por si só coloca a infância no centro da préhistória do desenvolvimento cultural Os estudos advindos da antropologia da sociologia da biologia e da psicologia são fundamentais para a compreensão do homem enquanto sujeito social ora pensemos no homem préhistórico Um bom exemplo para ilustrarmos essa concepção proposta por Vygotsky pode ser o surgimento da lança pois na medida em que não tinha a lança seus movimentos e sua percepção do mundo eram diferentes de quando ele a partir de uma atividade consciente propõe o uso da lança para alcançar uma fruta em uma árvore alta por exemplo Essa atividade consciente que altera sua interação com a natureza modifica também o desenvolvimento psicológico do homem Luria afirmou que 1991 p 76 é esta condição fundamental que surge no processo de preparação do instrumento de trabalho e pode ser chamada de primeiro surgimento da consciência noutros termos primeira forma de atividade consciente Agora não seria mais preciso subir em determinadas árvores se com a lança ele alcança o fruto que deseja Esse conhecimento advindo da necessidade é então passado para os demais homens que vivem em seu tempo e aperfeiçoado pelo e no tempo Assim todos os conhecimentos são historicamente e socialmente construídos dentro de uma determinada cultura A medida em que o homem transforma a natureza é também transformado por ela e neste movimento dialético que processos cada vez mais elementares vão se modificando e originando capacidades como atenção voluntária me mória pensamento entre outros Desta forma podemos afirmar que para Vygotsky e seus colaboradores a atividade consciente do homem deriva da materialidade histórica e social da atividade de trabalho e não de uma evolução biológica como admitido até então 62 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso De acordo com Luria 1991 ao participar da Escola de Vygotsky há três elementos que diferenciam a atividade consciente do homem do comportamento animal São eles os processos psíquicos superiores dos quais refletimos brevemente aqui a reflexão e o processo de aprendizagem A compreensão destes elementos são fundamentais para que você caroa alunoa perceba os matizes pelas quais esta teoria se delineia até avançar mos propriamente na teoria da aprendizagem e tecermos um paralelo para o planejamento de estudos na e para a terceira idade Sobre o processo de reflexão Luria 1991 p 72 afirma que Sabese que o homem pode refletir sobre as condições do meio de modo imediatamente mais profundo do que o animal Ele pode abstrair a impressão imediata penetrar nas conexões e dependências profundas das coisas co nhecer a dependência causal dos acontecimentos e após interpretálos to mar como orientação não impressões exteriores porém leis mais profundas Nesse sentido a reflexão pode ser compreendida como a capacidade de retroce der em nossos pensamentos ou seja é como se grosso modo estivéssemos dirigindo e olhando para o retrovisor de nosso carro Temos uma percepção clara do momento pre sente mas podemos olhar para aquilo que passou e perceber ali o que passou prevendo ações futuras correndo a direção e antecipando consequências Diferentemente do animal que age por impressões imediatas nossas ações são pautadas ou deveriam ser em ações que partissem de reflexões que nos posicionam de forma consciente diante de determinada situação É o caso por exemplo de uma briga de trânsito Os noticiários têm mostrado diariamente atitudes impensadas e incoerentes com nossa capacidade humana de refletir e pensar em ações coerentes posso matar o outro porque furou o sinal Será que esta não é uma ação que deriva de impressões e reflexos imediatos como pisar no rabo de um cão por exemplo O instinto canino será a mordida como forma de reflexo e defesa inerente a ele Até aqui elaboramos um panorama inicial da teoria de Vygotsky propondo seus principais elementos Faltanos ainda a discussão sobre a aprendizagem que faremos no próximo tópico Claro que essas discussões não se esgotam aqui e devem ser apro fundadas por você caroa alunoa pois muito daquilo que hoje conceituamos como teorias contemporâneas da educação têm sua origem precisamente nas contribuições realizadas pela Escola de Vygotsky 63 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 12 A aprendizagem na Teoria HistóricoCultural Para iniciar nossa explanação sobre esse tema recorremos a uma fala de Vygotsky 1984 p 101 na qual distingue aprendizado e desenvolvimento Aprendizado não é desenvolvimento entretanto o aprendizado adequada mente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma seriam impossí veis de acontecer Assim o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente or ganizadas e especificamente humanas Perceba que no excerto acima Vygotsky distingue mas também interrelaciona os termos aprendizagem e desenvolvimento A aprendizagem se refere neste contexto a as similação da experiência de toda a humanidade acumulada no processo da história social LURIA 1991 p 75 como afirmamos no tópico anterior Assim podemos distinguir nesse processo uma aprendizagem pedagógica que se realiza no âmbito escolar e outro que se realiza no contexto social a partir da história social do homem e que se refere a própria transmissão dos conhecimentos culturais que recebemos da sociedade em que vivemos Para nosso estudo vamos nos limitar ao primeiro modo de aprendizagem aquela que pode ser compreendida como aprendizagem escolar e que se realiza de forma siste matizada e intencional Para isso voltemos a refletir que a aprendizagem adequadamente organizada resulta em desenvolvimento mental Há duas considerações sobre este trecho A primeira de que toda a educação escolar deve ser intencionalmente planejada com fins específicos O que quero desenvol ver com meu aluno Da resposta a esta questão surgem os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento E como posso organizar essa aprendizagem a fim de alcançar esse desenvolvimento Da resposta a esta questão surge o planejamento escolar item a ser discutido em nosso próximo tópico Para isso Vygotsky elabora o conceito de zona de desenvolvimento proximal ou zona de desenvolvimento próximo Este conceito é apresentado pelo autor da seguinte forma A distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de problemas e o nível de desenvolvimen to potencial determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes VYGO TSKY 1984 p 97 Para compreendermos esse conceito é necessário a compreensão dos dois termos apresentados nesta citação A Zona de Desenvolvimento Real se refere às habilidades e objetivos de aprendizagem que o aluno domina A Zona de Desenvolvimento Potencial se refere àquilo que o aluno realiza com a ajuda de outra pessoa mas que é capaz de realizar a partir da imitação por exemplo outro conceito caro à esta teoria A zona de desenvolvimento proximal se localiza entre esses dois conceitos o real e o próximo 64 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso FIGURA 1 ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL Fonte BRASIL Ministério da Educação O uso de metodologias ativas colaborativas e a formação de com petências Base Nacional Comum Curricular Disponível em O uso de metodologias ativas colaborativas e a formação de competências mecgovbr Acesso em 08 jun 2021 A zona de desenvolvimento proximal é central na Teoria da Aprendizagem proposta por Vygotsky O conhecimento que hoje por exemplo se encontra na zona de desenvolvi mento proximal pode amanhã estar na zona de desenvolvimento real e desta forma outras novas zonas de desenvolvimento potencial e proximal vão se elaborando Perceba que a zona de desenvolvimento proximal pode ser compreendida como funções que ainda não amadureceram mas que estão presentemente em estado em brionário Essas funções poderiam ser chamadas de brotos ou flores do desenvolvimento VYGOTSKY 1984 p 98 Um aspecto fundamental desta teoria é a interação e o processo de media ção que necessariamente deve ocorrer para que haja aprendizagem Diferentemente da concepção inatista por exemplo como vimos na unidade III a teoria Vygotskiana propõe uma interação necessária para que ocorra a aprendizagem e afirma que essas aprendizagens ocorrem por exemplo quando se propõem grupos de sujeitos que já sabem com sujeitos que não sabem a fim de que por meio desta interação haja apren dizagem e desta forma desenvolvimento No próximo tópico discutiremos como podemos por meio do planejamento orga nizar situações de aprendizagem para terceira idade a partir das ideias apresentadas aqui 65 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 2 PLANEJAMENTO DE ESTUDOS PARA A TERCEIRA IDADE REFLEXÕES NECESSÁRIAS Neste tópico vamos refletir inicialmente sobre o que é planejamento especifica mente em educação e em seguida contextualizar esse conceito transpondoo para os estudos na terceira idade 21 O que é planejamento em educação Imagine a seguinte situação você está começando um novo curso em sua área de trabalho ele acontecerá três vezes ao longo da semana em um período diferente do qual você trabalha Para que isso aconteça talvez você precise reorganizar algumas tarefas domésticas e compromissos pessoais estou certa Essa reorganização implica em planejamento Planejar é uma ação que fazemos cotidianamente Planejamos nosso dia nossa rotina nossos gastos compras entre tantas outras coisas Planejar implica em uma orga nização prévia daquilo que se quer alcançar ou realizar Quando pensamos em planejamento em educação não nos distanciamos desta ideia o planejamento tem a ver com uma organização prévia dos conhecimentos que pretendemos promover com nossos alunos a partir do currículo escolar da concepção de educação que temos das metodologias e práticas pedagógicas que fazem parte do Projeto Político Pedagógico da escola na qual atuamos 66 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Porém para que isso ocorra de forma adequada e cumpra com os fins que se pre tende o planejamento tende a ser elaborado de forma diferenciada como afirma Libâneo 2013 sp O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades em termos de organização e coordenação em face dos objetivos propostos quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino O planejamento é um meio para programar as ações docentes mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação Perceba que na citação acima o planejamento desdobrase em três faces 1 Aque la que se refere a organização dos objetivos educacionais propostos o que implica em 2 uma reorganização e readequação sempre que necessário 3 uma forma de organizar as ações docentes para que estes objetivos sejam alcançados 4 um momento de pesquisa e reflexão sobre a prática pedagógica É preciso lembrar que o planejamento não é estanque e fechado O que planejamos no início do ano letivo pode sofrer diversas alterações sem que haja qualquer problema nisso desde que essas modificações sejam benéficas ao processo de aprendizagem dos alunos REFLITA É por meio do planejamento que o professor reflete sobre como ele pode alcançar os objetivos propostos para tanto essas indagações são sempre importantes Quais metodologias utilizar E por quê O planejamento inicial foi atingido Se não o que houve no meio do percurso O que pode e deve ser modificado no meu planejamento Fonte A autora 2021 As reflexões sobre a prática pedagógica induzem em nós professores um olhar sobre nós mesmos e permitenos compreender o processo de aprendizagem de forma cada vez mais coerente dada a correlação que fazemos com o ambiente social histórico e cultural no qual atuamos Sobre esse aspecto Paulo Freire afirma Todo planejamento educacional para qualquer sociedade tem de responder às marcas e aos valores dessa sociedade Só assim é que pode funcionar o processo educativo ora como força estabilizadora ora como fator de mudan ça Às vezes preservando determinadas formas de cultura Outras interferin do no processo histórico instrumental FREIRE 1986 p 23 67 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Partindo deste pressuposto podemos afirmar que o planejamento se inicia mesmo antes de sua elaboração física Isso porque partindo das premissas que temos abordado aqui é preciso inicialmente realizar um diagnóstico da realidade concreta dos alunos o contexto social em que vivem e onde a escola se insere por exemplo são fatores pre ponderantes na elaboração do planejamento Isso incorre na aceitação de que alunos e professores talvez provenham de contextos diferentes e isso deve ser considerado na elaboração do planejamento Neste sentido Giubilei 1993 p 14 afirma que o educador de adultos deve co nhecer a idade a ocupação a escolaridade a residência as aspirações e um vasto conjunto de outras características para estruturar seu trabalho para propor uma atividade pedagógica Posto isso podemos destacar quatro elementos essenciais ao planejamento os objetivos os conteúdos as metodologias e a avaliação da aprendizagem Os objetivos podem ser definidos como finalidades que almejamos alcançar e neste sentido podemos pensar em objetivos gerais e objetivos específicos os primeiros referemse aos propósitos mais amplos da ação educativa abarcando para isso a função da escola do ensino e da própria educação No quadro abaixo temos alguns desses objetivos que são mencionados por Larchert QUADRO 1 REPRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS GERAIS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR a educação escolar deve possibilitar a compreensão do mundo e os conteúdos de ensino instrumentalizar culturalmente os professores e os alu nos para o exercício consciente da cidadania a escola deve garantir o acesso e a qualidade do ensino a todos ga rantindo o desenvolvimento das capacidades físicas mentais emocionais dos professores e alunos a educação escolar deve formar a capacidade crítica e criativa dos con teúdos das matérias de ensino Sob a responsabilidade do professor os alunos desenvolverão o raciocínio investigativo e de reflexão o percurso de escolarização visa atender à formação da qualidade de vida humana Professores e alunos deverão desenvolver uma atitude ética frente ao trabalho aos estudos à natureza etc Fonte LARCHERT sd p 6263 Por sua vez os objetivos específicos estão atrelados às expectativas docentes e referemse tanto aos conteúdos escolares quanto aos comportamentos habilidades competências e atitudes que se pretende alcançar 68 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Os conteúdos escolares estão diretamente ligados à questão o que ensinar Sobre conteúdos de ensino nos fala Libâneo 1991 p 128 Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos habilidades hábitos modos valorativos e atitudinais de atuação social organizados pedagógica e didaticamente tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática Englobam portanto conceitos ideias fatos processos princípios leis científicas regras habilidades cognoscitivas modos de ativi dade métodos de compreensão e aplicação hábitos de estudos de traba lho e de convivência social valores convicções atitudes São expressos nos programas oficiais nos livros didáticos nos planos de ensino e de aula nas atitudes e convicções do professor nos exercícios nos métodos e forma de organização do ensino Desta forma os conteúdos de ensino são postos tanto pelo Projeto Político Peda gógico da escola mas também pelas escolhas pessoais do professor As metodologias de ensino se referem a forma de ensinar como ensino As me todologias indicam por sua vez a prática específica do professor Podemos citar como exemplo as aulas expositivas dialogadas o estudo de texto as discussões e debates os seminários entre outros Por fim a avaliação é um momento fundamental pois implica em refletir sobre os objetivos conteúdos e metodologias e perceber em que medidas esses elementos corro boram ou não para que o aluno aprendesse Assim a avaliação ligase diretamente aos objetivos específicos e indica a forma a partir da qual o professor pode perceber se o aluno assimilou os conteúdos propostos Tendo apresentado as bases do planejamento escolar no próximo tópico vamos transpor essas aprendizagens aos demais temas que temos tratado ao longo destas unidades 69 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 3 PLANEJAMENTO DE ESTUDOS PARA A TERCEIRA IDADE Neste tópico vamos refletir sobre todos os conteúdos abordados até aqui de forma que possamos transpôlos a um planejamento de estudos para a terceira idade Inicialmente vamos retomar algumas reflexões que se fazem necessárias Vimos que a terceira idade diferentemente da velhice referese a uma categoria de pessoas com mais de 60 anos e que são potencialmente ativas São essas pessoas que em grande parte aposentaramse ou estão no mercado de trabalho competindo muitas vezes com jovens e adultos em sua maioria A busca por aperfeiçoamento pessoal tem levado a terceira idade aos bancos es colares mas também ao desenvolvimento de hobbies e novas profissões que necessitam para tal novas aprendizagens A oferta de cursos tanto de extensão como livres e ou pelas chamadas universidades abertas propiciam a estas pessoas a garantia de novas aprendizagens Mas enfim que aprendizagens são essas Aqui não nos referimos a educação de jovens e adultos que tem como objetivo uma educação curricular semelhante aos conteúdos escolares da educação básica porém com uma metodologia diversificada Propomos uma reflexão sobre o planejamento de estudos para a terceira idade baseados em dinâmicas de grupo e relações interpessoais É preciso lembrar que a atuação do pedagogo não ocorre somente na sala de aula Como afirma Sousa Lima e Mourão 2014 70 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Tendo em vista as possíveis áreas de atuação do pedagogo que vai além dos limites da escola outro espaço onde este profissional desempenha suas atividades é na pedagogia para o envelhecer ou seja no trabalho com ido sos em que o pedagogo tem a opção de trabalhar em instituição pública ou privada em Organizações Não Governamentais ONG contribuindo como um elemento importante para a construção da cidadania dos idosos SOU SA LIMA MOURÃO 2014 p 0506 Essa nova forma de pensar e compreender a atuação do pedagogo nos permite transpor os elementos que apreendemos ao longo dessas unidades à uma ação que se dê por exemplo fora de ambientes institucionalizados Em conformidade com esta perspectiva Peres e Lima 2007 nos indicam ações fundamentais para a atuação na pedagogia do envelhecer Leiamos O pedagogo atua em conjunto com a equipe multiprofissional desenvolvendo dinâmicas pedagógicas no eixo de formação para a cidadania Cabe a esse profissional buscar formação e desempenhar algumas funções são elas Pesquisar e analisar necessidades de vivências dos idosos Criar adaptar e aperfeiçoar instrumentos didáticos pedagógicos Motivar dirigir e assessorar atividades de dinâmicas de grupo Proferir palestras sobre diversos temas sociais políticos e educacionais Analisar resultados obtidos em cada etapa das atividades visando seu aper feiçoamento PIRES LIMA 2007 p 405 Diante do exposto como podemos pensar a organização destas atividades para e na terceira idade O Estatuto do Idoso nos fornece pistas de como essas tratativas devem ser pensadas é preciso considerar tanto o processo de envelhecimento intrínseco a terceira idade quanto os conteúdos relevantes à esta faixa etária como por exemplo aqueles elencados nos Artigos 21 e 22 da Lei 10741 d e 1º de outubro de 2003 SAIBA MAIS O artigo O pedagogo e a pedagogia do envelhecer elaborado por Lenísia Pires Sueli Azevedo Lima aborda a pedagogia do envelhecer destacando a importância da peda gogia neste processo Acesse o artigo em O Pedagogo e a Pedagogia do Envelhecer Pires Revista Frag mentos de Cultura Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas pucgoiasedubr Fonte PIRES L LIMA S A O Pedagogo e a Pedagogia do Envelhecedor Revista interdisciplinar de Ciências Humanas Goiânia v 17 n 2 p 403419 marabr 2007 Disponível em httpseerpucgoias edubrindexphpfragmentosarticleview284228 Acesso em 10 jul 2021 71 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Se há uma projeção crescente para a população maior de 60 anos em nosso país a curto e médio prazo é fundamental pensarmos em ações que deem visibilidade à terceira idade proporcionando espaços de atuação onde essas pessoas se sintam partícipes da so ciedade e não marginalizadas ou excluídas sob pena de um conceito pejorativo de velhice 72 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta unidade apresentamos conceitos fundamentais à pedagogia no que se refere a Teoria HistóricoCultural Ao longo das unidades anteriores esses concei tos que destacam o meio social e cultural já apareciam mas não de forma integrada ao estudo da terceira idade Neste sentido o modo como o processo de aprendizado é apresentado pela teoria Vygotskyana aparece como integralizadora dos conteúdos que a terceira idade já possui Zona de Desenvolvimento Real e possibilidade de desenvolvimento de novas capaci dades e habilidades por meio de novas aprendizagens para atingir a potencialidade do desenvolvimento humano Zona de Desenvolvimento Potencial Nesse sentido o planejamento e os elementos de ensino são fundamentais para a elaboração de uma prática pedagógica formativa para e na terceira idade 73 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título A Bela Velhice 128 páginas Autor Mirian Goldenberg Editora Record Sinopse Neste curto ensaio Mirian Goldenberg mostra que é possível experimentar o processo de envelhecimento com be leza liberdade e felicidade Mais de 25 anos de pesquisas sobre as mulheres e os homens brasileiros desafiaram a antropóloga a buscar os caminhos para inventar uma bela velhice Com base em depoimentos e pesquisas aprofundadas mas sem abrir mão de ser acessível para o público leigo cada capítulo do livro aborda as ideias mais importantes para a conquista de uma bela velhice com dicas simples como aceitar a própria idade e dar muitas risadas FILME Título Um senhor estagiário Ano 2015 Sinopse Um Senhor Estagiário acompanha Jules Ostin Anne Hathaway uma criadora de um site bemsucedido de vendas de roupas que apesar de ter apenas 18 meses já tem mais de duas centenas de funcionários Ela leva uma vida bastante atarefada devido às exigências do cargo e ao fato de gostar de manter contato com o público Quando sua empresa inicia um projeto de contratar idosos como estagiários em uma tentativa de colocálos de volta à ativa cabe a ela trabalhar com o viúvo Ben Whittaker Robert De Niro Aos 70 anos Ben leva uma vida monótona e vê o estágio como uma oportunidade de se reinventar Por mais que enfrente o inevitável choque de gerações logo ele conquista os colegas de trabalho e se aproxima cada vez mais de Jules que passa a vêlo como um amigo 74 REFERÊNCIAS ALCANTARA P R SIQUEIRA L M M V Vivenciando a aprendizagem colaborativa Re vista Diálogo Educacional Curitiba v 4 n 12 p169188 maioago 2004 AMARAL V L Psicologia da educação Natal RN EDUFRN 2007 Disponível emhttp wwweaduepbedubrarquivoscursosGeografiaPARUABFasciculos2020Material PsicologiaEducacaoPsiEdA10JGR20112007pdf Acesso em 10 maio 2021 ANTUNES C Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludoterapia São Paulo Vozes 1997 ASSIS M G DIAS R C NECHA R M A universidade para a terceira idade na constru ção da cidadania da pessoa idosa In ALCÂNTARA A CAMARANO K GIACOMIN K Política nacional do idoso velhas e novas questões Rio de Janeiro Ipea 2016 BASTOS A B I A técnica de gruposoperativos à luz de PichonRivière e Henri Wallon Psicol inf online 2010 vol 14 n 14 p 160169 ISSN 14158809 BEAUVOIR S O segundo sexo Rio de Janeiro Nova Fronteira 1980 BOBBIO Norberto O tempo da memória de senectude e outros escritos autobiográficos Tradução Daniela Versiani Rio de Janeiro Campus 1997 BRASIL Estatuto do idoso lei federal nº 10741 de 01 de outubro de 2003 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Envelhecimento e saúde da pessoa idosa Brasília Ministérioda Saúde 2006 Disponível em Envelhecimento e saúde da pessoa idosa saudegovbr Acesso em 09 jul 2021 BRUNETTA N Tecnologia em gestão de recursos humanos O mercado e a gestão de pessoas Londrina Unopar 2008 CASTRO S Linguagem verbal e linguagem não verbal Brasil Escola Disponível em ht tpsbrasilescolauolcombrredacaolinguagemverballinguagemnaoverbalhtm Acesso em 01 jul 2021 DELORS J et al Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI Educação um tesouro a descobrir 1996 75 DOLL Jr William E Currículo uma perspectiva pósmoderna Porto Alegre Artes Médicas 1997 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 34 ed São Paulo Paz e Terra 2006 FREIRE Paulo SHOR Ira Medo e ousadia o cotidiano do professor 5 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1986 FREITAS L V e FREITAS C V Aprendizagem Cooperativa Porto Edições Asa 2003 FRITZEN S J Exercícios práticos de dinâmica de grupo São Paulo Vozes 2001 5 ed vol 2 GIUBILEI S Uma pedagogia para o idoso Revista A Terceira Idade Sesc São Paulo Ano V n 7 1014 jun 1993 GUERRA F Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação am biental Disponível em httpsperiodicosfurgbrambeducarticleview8027 Acesso em 09 jul 2021 JOHNSON D JOHNSON R Learning together and alone cooperative competitive and individualistic learning Boston MA Allyn Bacon 1997 JORDÃO NETO A Gerontologia Básica São Paulo Lemos Editorial 1997 JUNIOR A G T RUBIO G C MATUMOTO F G V A conduta ética do professor com base na pedagogia da autonomia de Paulo Freire Akrópolis Umuarama v 17 n 3 p 149158 julset 2009 LEONTIEV A N O desenvolvimento do psiquismo Lisboa Livros Horizonte 1979 LEONTIEV A N Os princípios do desenvolvimento mental e o problema do atraso mental In LEONTIEV A N et al Psicologia e pedagogia bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento São Paulo Centauro 2005 p 6487 LIBÂNEO J C Educação na era do conhecimento em rede e transdisciplinaridade São Paulo Alínea 2005 76 LIBÂNEO J C O Planejamento Escolar 2013 Disponível em httpsedisciplinasuspbr pluginfilephp4452090modresourcecontent2Planejamento2020LibC3A2neo pdf Acesso em 09 jul 2021 LIBÂNEO José Carlos Didática São Paulo Cortez 1991 LURIA Alexander Curso de Psicologia Geral São Paulo Civilização Brasileira 1991 MONTEIROEC SILVA FGR LIMA V MB Orgs Dinâmicas de Grupo aplicadas para a pessoa idosa Revista Diversidade Fortaleza Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento SocialInstituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará INESP 2017 MORA F Dicionário de Filosofia Tomo II São Paulo Loyola 2001 PANITZ T A definition of collaborative vs cooperative learning S l s n 1996 Disponível em httpwwwlguacukdeliberationscollablearningpanitz2html Acesso em 09 mar 2020 PAPALIA D OLDS S Desenvolvimento Humano Porto Alegre Artmed 1998 PEREIRA J A O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento Educação Por Escrito 1122021 DOI httpsdoiorg1015448217984352020230993 PERRETCLERMONT A N A construção da inteligência e interação social Lisboa Instituto Jean Piaget Horizontes Pedagógicos 1996 PICHONRIVIÈRE E Teoria do vínculo São Paulo Martins Fontes 1988 PICHONRIVIÈRE O processo grupal São Paulo Martins Fontes 1998 PIRES L S LIMA S A de S da C O Pedagogo e a Pedagogia do envelhecer Revista Fragmentos de Cultura Goiânia v 17 n 34 p 403419 marabr 2007 PLATÃO Alegoria da Caverna Disponível em wwwuspbrncewcparqtextos203pdf Acesso em 02 jul 2021 PNDU O que é Desenvolvimento Humano Disponível em Desenvolvimento Humano e IDH PNUD Brasil undporg Acesso em 07 jul 2021 77 RAAD I L F As ideias de Vygotski e o contexto escolar Revista psicopedag vol33 no100 São Paulo 2016 Disponível em As ideias de Vygotski e o contexto escolar bvsaludorg Acesso em 08 jul 2021 REGO A M X EDUCAÇÃO concepções e modalidades Revista SCIENTIA CUM INDUS TRIA v 6 n 1 p 38 47 2018 Disponível em pdf ucsbr Acesso em 08 jul 2021 ROCHA E B Relações Interpessoais uma análise empresarial e social Publicado em 2009 Disponível em httpwwwwebartigoscombr Acesso em 14 set 2021 SÁ A L Ética profissional 4 ed São Paulo Atlas 2001 SAUSSURE F Curso de lingüística geral 2 ed São Paulo Cultrix 1970 SILVA L R Da velhice à terceira idade o percurso histórico das identidades atreladas ao processo de envelhecimento Revista História Ciências Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v15 n1 p155168 janmar 2008 SOUSA A M LIMA K C MOURÃO L Pedagogia e terceira idade atuação e contribui ções do pedagogo na educação não formal com idosos Fórum Internacional de Pedagogia Santa Maria Rio Grande do Sul 2014 Disponível emhttpeditorarealizecombreditora anaisfiped2014Modalidade2datahora25052014150931idinscrito672b667ed 1fe6a431b5bdf0f64805f99a68pdf Acesso em 08 jul 2021 TEIXEIRA S R BARCA A P O professor na perspectiva de Vygotski uma concepção para orientar a formação de professores Revista RECC Canoas v 24 n 1 p 7184 mar 2019 VIANNA C E S Evolução histórica do conceito de educação e os objetivos constitucionais da educação brasileira Revista Janus 3 2008 Disponível em pdf ucsbr Acesso em 08 jul 2021 VYGOTSKY Lev S Pensamento e Linguagem trad Jefferson Luis Camargo São Paulo Martins Fontes 1984 ZIMERMAN D E OSÓRIO L C Como trabalhamos com grupos Porto Alegre Artmed 1997 ZIMERMAN D Fundamentos Básicos das Grupoterapias Porto Alegre Editora Artmed 2000 78 CONCLUSÃO GERAL Prezadoa alunoa Neste material trouxemos para você os conceitos que endossam as reflexões sobre as relações interpessoais os processos grupais e o planejamento de estudos para a terceira idade Para isso compreendemos que o homem é um ser social e os relacionamentos grupais são impulsionadores do processo de humanização do mesmo Além disso pontua mos que as dinâmicas de grupo destinada ao idoso tornamse via de aprendizagem ativa e um desenvolvimento contínuo Nesse sentido tornase importante destacar que o indivíduo estará em processo de desenvolvimento em todas as idades tendo a educação um papel determinante para uma vida qualitativa E a Teoria HistóricoCultural abordada na última unidade busca superar um olhar biologizante tão comum com compreensões sobre o idoso e fortalecer o desenvolvimento contínuo e humanizador ao longo da vida A partir de agora acreditamos que você já está preparadoa para seguir em frente e aplicar os conceitos aprendidos nas diversas intervenções destinadas à educação do idoso Até uma próxima oportunidade Muito obrigada 55 44 3045 9898 Rua Getúlio Vargas 333 Centro CEP 87702200 Paranavaí PR 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Texto de pré-visualização
Formação Geral Dinâmicas de Grupo e Relações Interpessoais com Ênfase no Planejamento de Estudos Para a Terceira Idade Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros Reitor Prof Ms Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof Ms Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof Ms Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord de Ensino Pesquisa e Extensão CONPEX Prof Dr Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa Dra Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof Dr Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof Esp Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD Núcleo de Educação à Distância Prof Me Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie Permi tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores mas sem a possibilidade de alterála de nenhuma forma ou utilizála para fins comerciais Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP D156f Dambros Aline Roberta Tacon Formação geral dinâmicas de grupo e ralações interpessoais com ênfase no planejamento de estudos para a terceira idade Aline Roberta Tacon Dambros Paranavaí EduFatecie 2022 88 p il Color 1 Dinâmica de grupo 2 Relações interpessoais 3 Idosos Psicologia 3 Idosos Comunicação 4 Idosos Educação Centro Universitário UniFatecie II Núcleo de Educação a Distância III Título CDD 23 ed 1582 Catalogação na publicação Zineide Pereira dos Santos CRB 91577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas 333 Centro Paranavaí PR 44 30459898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes 2178 Centro Paranavaí PR 44 30459898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR 376 KM 102 nº 1000 Chácara Jaraguá Paranavaí PR 44 30459898 wwwunifatecieedubrsite As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock AUTORA Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros Doutora em Educação na Universidade Estadual de MaringáPR Mestre e especialista na área da Educação Especial Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional Especialista em Educação Especial Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de MaringáPR Experiência nas áreas de Políticas Públicas Educação Básica Educação Espe cial Educação Inclusiva Atendimento Psicopedagógico Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva GEPEEIN da Universidade Estadual do Paraná Atualmente docente da Universidade Estadual do Paraná e Professora Conteudista UniFatecie CURRÍCULO LATTES httplattescnpqbr2307124220169027 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bemvindoa É com muita satisfação que apresento a você a disciplina de Formação geral dinâmicas de grupo e relações interpessoais com ênfase no planejamento de es tudos para a terceira idade na qual o principal objetivo é proporcionar a você aluno a oportunidade de adquirir conhecimentos de diferentes áreas de estudos referente às relações interpessoais processos grupais e dinâmicas de grupo com ênfase no planeja mento de estudos para a terceira idade Desta forma na Unidade I iremos abordar os estudos das relações interpessoais e dos principais fenômenos em processos grupais além da relevância da comunicação inter pessoal A Unidade II tem como intuito refletir sobre motivação liderança ética profissional bem como elencar algumas dinâmicas voltadas à terceira idade Em seguida na Unidade III analisaremos a educação na terceira idade suas especificidades e perspectivas Por fim na Unidade IV iremos compreender a educação como um processo de ensino manutenção da inserção no campo social e instrumento de superação da marginalidade social do idoso Aproveito para reforçar o convite a você para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional Boa leitura SUMÁRIO UNIDADE I 3 Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal UNIDADE II 19 Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso UNIDADE III 40 A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas UNIDADE IV 58 A Educação como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 3 Plano de Estudo As relações interpessoais e a formação humana Grupo social e a interação grupal Processos grupais e grupos operativos Processos grupais e comunicação interpessoal Objetivos da Aprendizagem Estudar as relações interpessoais e sua relevância para a formação humana Conceituar os grupos sociais e as interações grupais Conhecer os processos grupais e os grupos operativos Compreender nos processos grupais a comunicação interpessoal UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 4 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal INTRODUÇÃO Prezadoa alunoa a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo co nhecimento dos grupos sociais O ser humano é um ser social e somente existe em função de seus relaciona mentos grupais As fases marcadas pelo indivíduo como o nascimento a aprendizagem e o trabalho tornam evidente a necessidade do estudo da vida grupal Este fato indica que se quisermos compreender o ser humano devemos estudar sua vida em grupo sua relevância na formação humana assim como a relevância de uma boa comunicação entre pares sociais Nesta unidade vamos conhecer os conceitos que englobam as relações interpes soais e dos principais fenômenos em processos grupais além da importância de uma boa comunicação Bons estudos e vamos nessa 5 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 1 AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E A FORMAÇÃO HUMANA A relação interpessoal é a interação entre os diferentes indivíduos e está direta mente ligado à forma como cada uma compreende e sente a outra podem ser vivenciadas por contatos interpessoais e trocas comunicativas nas diferentes instâncias sociais Todo indivíduo é um grupo na medida em que no seu mundo interno há um grupo de personagens introjetados como os pais os irmãos entre outros que convivem e intera gem entre si ZIMERMAN E OSÓRIO 1997 Para Rocha 2009 as relações interpessoais acontecem de forma mais precisa quando há uma interação mais efetiva entre os indivíduos seja em meio familiar educacional institucional ou profissional pois estas estão ligadas a resultados harmoniosos e qualitativos Em um movimento cíclico o desenvolvimento das relações interpessoais é es sencial pois o homem é um ser social que não nasce dotado das aquisições históricas mas se apropria das condições culturais a partir do contato com o mundo que o cerca LEONTIEV1979 Essa afirmativa marca um paradigma de desenvolvimento para se apropriar da história o homem deve estar inserido em um coletivo circundante no qual toda produção humana seja organizada para iniciar o processo consciente de aprendizagem Compreen demos que o desenvolvimento humano é mediado pela cultura material que lhe é mediada A criança inserese nessas relações segundo Leontiev 1979 intermediada pela comuni cação com outros humanos 6 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Nesse sentido Leontiev 1979 assinala que o indivíduo se insere nessas relações intermediadas pela comunicação de outros humanos assim podemos compreender que as aptidões humanas não estão postas nas experiências do indivíduo mas encontradas na cultura da sociedade Para Leontiev 2005 enquanto o desenvolvimento dos animais se condiciona aos reflexos hereditários e experiências individuais os homens imersos em uma vida social extremamente mutável possuem outro tipo de experiência a históricosocial Conforme o estudioso a experiência históricosocial não está ligada às experiên cias da espécie herdadas biologicamente nem com as vivências individuais mas com as conquistas do desenvolvimento social acumulado e transmitido de geração em geração LEONTIEV 2005 O desenvolvimento do homem é qualitativamente diferente do desenvolvimento ontogênico do comportamento animal Esta diferença é determinada em primeiro lugar pelo fato de que o aspecto mais importante do desenvolvimento do indivíduo é o processo de assimilação e apropriação da experiência acumulada pelo gênero humano no decurso da história social e absolutamente inexistente no mundo animal No decurso da história os homens governados pelas leis sociais de senvolveram características mentais superiores Milhares de anos de história social produziram mais a este respeito do que milhões de anos de evolu ção biológica As conquistas do desenvolvimento social acumularamse gra dualmente transmitindose de geração em geração de homens LEONTIEV 2005 p 9091 Por isso ao contrário do desenvolvimento filogenético dos animais o desenvolvi mento do homem é histórico e cultural uma vez que desde o nascimento a criança está rodeada por um mundo materialmente objetivo criado pelo próprio homem aspectos como alimentos instrumentos conceitos ideias e linguagem são apropriados pelos menores em um mundo humanizado LEONTIEV 2005 Nesse sentido Leontiev 1979 assinala que a criança se insere nessas relações intermediadas pela comunicação de outros humanos assim podemos compreender que as aptidões humanas não estão postas nas experiências do indivíduo mas encontradas na cultura material da sociedade por meio da interação grupal Portanto somos seres sociais e precisamos viver em grupo Desde a antigui dade dos primórdios da existência do homem grupos se formaram para garantia da sobrevivência Milhares de anos depois compreendemos que estar em grupo nos afere habilidades sociais comunicativas psicológicas e emocionais relevantes para a manu tenção da espécie humana 7 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 2 GRUPO SOCIAL E A INTERAÇÃO GRUPAL Retomada a importância das interações sociais no desenvolvimento do indivíduo chegamos à constatação de que nossa vida cotidiana é marcada pela vivência grupal Desde a mais tenra idade o homem é posto em contextos coletivos no qual se apropria das particularidades sociais para compor o mesmo grupo Para tanto devemos compreender como grupo uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham normas e objetivos Para PichonRivière 1988 um grupo é definido pelo conjunto de pessoas reunidas pela proposta de uma tarefa objetivo que é a finalidade para sua união FIGURA 1 GRUPO MUSICAL 8 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal FIGURA 2 GRUPO DE IDOSOS Os grupos podem ser classificados como Primários ou Secundários Segundo Amaral 2007 os Grupos Primários são aqueles formados para a satisfação das neces sidades básicas da pessoa e a formação de sua própria identidade Caracterizamse por fortes vínculos afetivos interpessoais e uma hierarquização de poder Um exemplo pode ser o grupo familiar Já os Grupos Secundários Amaral 2007 destaca que são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades sistêmicas ou de interesses de grandes grupos e clas ses Sua identidade é construída pelo papel social que o indivíduo desempenha e o poder está centrado na capacidade e na ocupação social dos seus membros Um exemplo de grupo funcional pode ser o grêmio estudantil ou os conselhos de classe de uma escola FIGURA 3 OS GRUPOS SOCIAIS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS Fonte Adaptado de AMARAL 2007 9 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Assim percebemos que os vínculos relacionais entre os homens são estruturados a partir das necessidades individuais eou interesses coletivos e estão em constantes trans formações à medida que o indivíduo assume diferentes posições na sociedade Portanto a essa interação dos diferentes sujeitos sociais denominamos tendência grupal Um movimento enriquecedor pois envolve intercâmbios de pensamentos trocas de hipóteses reflexões sobre pontos de vistas diferentes e por sua vez levam os sujeitos a de senvolver e reorganizar seus esquemas cognitivos Para PerretClermont 1996 os conflitos de pensamentos propiciam desequilíbrios conceituais que geram novas elaborações mentais Um dos fatores que colaboram para a realização favorável das relações interpes soais é o trabalho em grupo no qual o grupo busca uma interação entre o objeto e sua finalidade como exemplo o trabalho grupal na escola no qual se agrupam alunos de diferentes origens e vivências para o desenvolvimento de um projeto comum a educação SAIBA MAIS OS DEZ MANDAMENTOS DAS RELAÇÕES HUMANAS FRITZEN 2001 1 FALE com as pessoas Nada tão agradável e animador quanto uma palavra de sau dação de amor de amizade 2 SORRIA para as pessoas Lembrese de que acionamos 72 músculos para franzir a testa e somente 14 para sorrir 3 CHAME as pessoas pelo nome Para muitos ouvir seu próprio nome soa como uma música suave 4 SEJA amigo e prestativo Se você quiser ter amigos seja amigo Acredite na forma da união 5 SEJA cordial sincero e transparente Tudo o que você fizer faça com prazer 6 INTERESSESE sinceramente pelos outros Lembrese de que você tem conheci mento apenas de seus saberes e não dos outros Seja sinceramente interessado pelos outros aprenda 7 SEJA generoso em elogiar e cauteloso em criticar Os líderes elogiam sabem enco rajar incentivar e elevar a autoestima dos outros 8 SAIBA considerar os sentimentos alheios Respeite 9 PREOCUPESE com a opinião dos outros Há três comportamentos de um verdadeiro líder ouvir aprender e saber elogiar 10 PROCURE apresentar um excelente trabalho O que realmente vale em nossas vi das é aquilo que fazemos para outrem Fonte FRITZEN Os Dez Mandamentos da Relação Humana 1981 Disponível em httpsbdigital ufpptbitstream10284247515Anexo2092020Os20Dez20Mandamentos20das20Rela C3A7C3B5es20Humanaspdf Acesso em 01 jul 2021 10 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 3 PROCESSOS GRUPAIS E GRUPOS OPERATIVOS O psiquiatra suíçoargentino PichonRivière 19071977 foi também um estudio so dos grupos A técnica dos grupos operativos começou a ser sistematizada pelo médico por ocasião de uma greve de enfermeiras Esta paralisação inviabilizaria o atendimento aos pacientes portadores de doenças mentais no que diz respeito à medicação e aos cuidados de uma maneira geral Diante da falta do pessoal de enfermagem o psiquiatra propõe para os pacientes menos comprometidos uma assistência para com os mais comprometidos A experiência foi muito produtiva para ambos os pacientes os cuidadores e os cuidados na medida em que houve uma maior identificação entre eles e pôdese estabelecer uma parceria de trabalho uma troca de posições e lugares trazendo como resultado uma melhor integração BASTOS2010 PichonRivière começou a trabalhar com grupos na medida em que observava as relações dos grupos familiares em seus pacientes Para o autor a aprendizagem é sinônimo de mudança na medida em que deve haver uma relação direta entre sujeito e objeto e não uma visão unilateral estereotipada e cristalizada BASTOS 2010 O grupo é um conjunto restrito de pessoas que ligadas por constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna entretanto é importante mais que um objetivo é essencial que esses sujeitos façam parte de uma estrutura dinâmica chamada vínculo PICHONRIVIÈRE 1988 11 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal Por exemplo diferentes pessoas podem estar reunidas no mesmo local e tempo mas não se formam um grupo operativo pela inexistência do vínculo Há a necessidade de se vincularem e interagirem na busca de um objetivo comum por isso os princípios organizadores do grupo são o vínculo e a tarefa A teoria do vínculo portanto inicia com a participação ativa e crítica e a poder perceber como interagem e se vinculam De acordo com PichonRivière vínculo é a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com outro ou outros criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento PICHÓNRIVIÉRE 1998 p 03 Para o autor a aprendizagem está estreitamente relacionada com a qualidade do vínculo pois para aprender precisamos de algum tipo de interação ou relação com um objeto seja ele animado ou inanimado Não obstante o homem se torna aprendente desde a relação materna até as relações de necessidade e satisfação Conforme Pichón Rivière 1988 p 47 O vínculo é um conceito instrumental da Psicologia Social que toma uma de terminada estrutura e que é ajustável operacionalmente O vínculo é sempre um vínculo social ainda que seja com uma pessoa através da relação com essa pessoa se repete uma história de vínculos determinados em um tempo e espaço determinados Por ele o vínculo se relaciona posteriormente com na noção de rol de status e de comunicação PICHÓNRIVIÉRE 1998 p 47 Pensando no contexto do ensino a teoria de vínculo propõe a quebra da polaridade professoraluno Ela introduz outro elemento que deve ser vinculado ao objetivo comum Em uma relação grupal harmônica as dúvidas são compartilhadas e uma representação comum é construída criando condições para a solução surgir Portanto o processo grupal é ativo e dialético uma vez que está permeado por con tradições e mudanças sendo que sua tarefa principal é justamente analisar essas balancear as diferenças encontradas via social Em um movimento de estruturação desestruturação e reestruturação de um grupo Ainda segundo PichonRivière 1998 um grupo opera melhor quando há em seu conjunto de pessoas sob os eixos de pertinência afiliação centramento na tarefa empatia comunicação cooperação e aprendizagem Conforme o quadro abaixo 12 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal QUADRO 1 EIXOS DE PICHONRIVIÈRE 1998 A Pertinência pode ser vista como a qualidade da intervenção de cada um no grupo B Afiliação a intensidade do envolvimento do indivíduo no grupo C Centramento na tarefa eixo principal da cooperação referese ao grau de interação com que um participante mantém o vínculo com o trabalho a ser efetuado e avalia a dispersão e a realização de esforço útil do indivíduo D Empatia o modo como o grupo pode ganhar força para operar cada vez mais significativamente E Comunicação essencial para que haja entrosamento F Cooperação modo pelo qual o trabalho ganha qualidade e operatividade G Aprendizagem resultado do trabalho e deve ser essencialmente colaborativa Fonte A autora 2021 A teoria do vínculo aplicada ao contexto do ensino propõe a quebra da polaridade professor e aluno Na aprendizagem centrada no estudante os conceitos de papel e víncu lo se entrecruzam e por isso é importante abordar a suas manifestações as quais professor e estudantes confluem para o mesmo objetivo Para finalizar ressaltamos que vínculo e aprendizagem são sinônimos na medida em que há uma apropriação ativa da realidade que integra uma experiência nova e um estilo próprio de aprender Neste sentido a técnica de grupos operativos e os pressupostos que a subsidiam auxiliam o educador e o aluno a repensar o papel da aprendizagem numa nova ótica a importância da coordenação e da atuação em grupos em direção à promoção do desenvolvimento 13 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal REFLITA O que PichonRivière denomina de grupo interno Eu não sou você Você não é eu Mas sei muito de mim Vivendo com você E você sabe muito de você vivendo comigo Eu não sou você Você não é eu Mas encontrei comigo e me vi Enquanto olhava prá você Na sua minha insegurança Na sua minha desconfiança Na sua minha competição Na sua minha birra infantil Na sua minha omissão Na suaminha firmeza Na sua minha impaciência Na sua minha prepotência Na sua minha fragilidade doce Na sua minha mudez aterrorizada E você se encontrou e se viu enquanto Olhava pra mim Eu não sou você Você não é eu Mas foi vivendo a solidão Que conversei com você E você conversou comigo na sua solidão Ou fugiu dela de mim e de você Eu não sou você Você não é eu Mas sou mais eu quando consigo Lhe ver porque você me reflete No que ainda sou No que já sou e No que quero vir a ser Eu não sou você Você não é eu Mas somos um grupo enquanto Somos capazes de diferenciadamente Eu ser eu vivendo com você e Você ser mais você vivendo comigo Fonte FREIRE Madalena O que é um grupo DocPlayer 2021 Disponível em httpsdocplayercom br56725446Oqueeumgrupomadalenafreirehtml Acesso em 12 maio 2021 14 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 4 PROCESSOS GRUPAIS E COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Comunicação pode ser entendido como todo o processo em que há troca de infor mações entre duas ou mais pessoas Temos comunicação em todos os ambientes seja por meio de conversas informais mídias internet em suma comunicação é vida Quando pensamos em comunicação entre pessoas que convivem ou que estabe lecem algum vínculo de contato temos as relações humanas ou interpessoais que podem ocorrer no ambiente escolar social familiar ou de trabalho A comunicação interpessoal deve ser compreendida como aquelas em que se estabelecem trocas sejam de experiências de mensagens de atos de diálogos e de todo e qualquer canal e forma de emitir e receber informação variada A boa comunicação é um fator relevante para a qualidade da relação interpessoal pois se num ambiente de estudo ou de trabalho os sujeitos possuírem o diálogo instaurado o planejamento e as ações em grupo ocorreram com maior êxito Segundo Brunetta 2008 a comunicação ocorre entre as pessoas e é caracterizada pelo envio e recebimento de símbolos e dados agregados com significados O processo de comunicação humana é contingencial pelo fato de cada indivíduo ser um microssistema único e diferenciado dos demais por sua constituição genética e por seu histórico de vida Mas já parou para pensar como se dá esse processo de troca de informações Para que você receba uma mensagem é preciso que alguém tenha enviado um conteúdo por intermédio da linguagem Para Saussure 1970 p 16 a linguagem tem um lado individual e um lado social sendo impossível conceber um sem o outro 15 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal A linguagem modificase pelo constante uso da língua por meio de seus interlocu tores que a utilizam como meio de comunicação em diversas épocas e situações Diante dos conceitos apresentados podemos sintetizar que linguagem é tudo o que podemos usar para nos comunicar emitir e receber mensagens No emprego das diferentes mensagens dois tipos de linguagens podem ser predo minantes a verbal e a não verbal 1 Linguagem verbal é aquela em que o ato comunicativo está permeado por palavras pode ser expressada por meio da fala ou da escrita por um diálogo oral ou por um registro escrito FIGURA 4 LINGUAGEM VERBAL BILHETE Fonte RÚBIA K Bilhetes Baú de ideias da Prof Keithy Disponível em httpbaudeideiasdaprofkeithyblogs potcombr201106bilheteshtml Acesso em 12 maio 2021 2 Linguagem não verbal o nosso corpo as nossas expressões faciais e os gestos constroem no sentido comunicativo que não se estabelece por meio de palavras A linguagem não verbal acontece muito quando Placas de trânsito e o semáforo Expressões faciais Gestos Mímicas Charges Imagens Desenhos 16 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal FIGURA 5 LINGUAGEM NÃO VERBAL Portanto a relação entre a oralidade e a escrita se estabelece em determinadas situações Se o foco do estudo e da análise for uma situação de comunicação como um diálogo por exemplo será possível identificar o uso da linguagem verbal através das pa lavras bem como em momentos específicos o uso da linguagem não verbal através de expressões e gestos Vale destacar que pode ocorrer ainda durante um ato comunicativo o emprego dos dois tipos de linguagem a linguagem mista no qual enquanto se fala algo se representa com mímica ou enfatiza com gestos e expressões durante a fala Em síntese a comunicação interpessoal está presente desde a infância nos di ferentes contextos sociais todavia se não exposta de forma clara e com conteúdo bem diretivo pode sofrer alterações na recepção da mensagem Ao se comunicar será preciso que o receptor da mensagem esteja dentro do contexto da mensagem para que haja um real entendimento Desde modo é sempre bom manter a calma falar pausadamente e levar adiante somente o que você tem certeza que é relevante ao receptor da mensagem 17 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal CONSIDERAÇÕES FINAIS Na unidade I pudemos compreender que o homem é um ser social e os rela cionamentos grupais são impulsionadores do processo de humanização do mesmo Ao refletirmos sobre o ser humano e as relações interpessoais elencamos a relevância de uma boa comunicação entre pares sociais A comunicação interpessoal tornase uma habilidade social que envolve trocas mútuas sejam de experiências de mensagens de atos de diálogos e de todo e qualquer canal e forma de emitir e receber informação variada Desta forma uma boa comunicação clara e articulada é essencial para a qualidade da relação interpessoal visto que em um ambiente de estudo ou de trabalho os sujeitos possuírem o diálogo instaurado as ações em grupo ocorreram com maior êxito Até mais 18 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título O corpo fala A linguagem silenciosa da comunicação não verbal Autores Pierre Weil e Roland Tompakow Editora 2016 Editora Vozes Sinopse O livro tenta desvendar a comunicação nãoverbal do corpo humano primeiramente analisando os princípios subterrâ neos que regem e conduzem o corpo A partir desses princípios aparecem as expressões gestos e atos corporais que de modos característicos estilizados ou inovadores expressam sentimentos concepções ou posicionamentos internos Acompanham 350 ilustrações FILME Título O Garoto Selvagem Ano 1970 Sinopse Cantão de São Sernin França 1798 Três caçadores acham uma criança selvagem que possui 11 ou 12 anos Ele é apelidado de Selvagem de Aveyron JeanPierre Cargol sendo que se alimenta de grãos e raízes não anda como um bípede nem fala lê ou escreve O professor Jean Itard François Truffaut se interessa pelo menino que é levado a Paris para determinar seu grau de inteligência e ver como se comporta a mentalidade de um menino que desde cedo foi privado da educação por não conviver com ninguém da espécie Itard começa a educálo Todos pensam que ele vai fracassar mas com amor e paciência aos poucos ob tém resultados Reitera a concepção de que o homem se forma homem por meio das relações sociais 19 Plano de Estudo A motivação e o ambiente de ensino Aprendizagem ativa e colaborativa uma relação de liderança compartilhada Ética profissional reflexão sobre o trabalho docente Dinâmica de grupo e o idoso Objetivos da Aprendizagem Analisar o papel da motivação no processo de ensino e aprendizagem Compreender a aprendizagem ativa e colaborativa Refletir sobre a ética profissional e o trabalho docente Apresentar as dinâmicas de grupo e o atendimento para o idoso UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 20 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 20 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso INTRODUÇÃO Prezadoa alunoa após aprendermos sobre a relevância das interações sociais e grupais na formação dos homens enquanto sujeitos sociais e históricos Na Unidade II abordaremos os elementos de motivação liderança ética profissional bem como a dinâmi ca de grupo com vistas a uma melhor convivência grupal e estudos do idoso Reconhecemos que a motivação nos estudos consiste em uma grande impulsiona dora na trajetória escolar como num efeito dominó pessoas motivadas tendem a procurar melhor e maior conhecimento Em um movimento cíclico quando estamos motivados passamos a enxergar a nós mesmos e o ambiente ao nosso redor de maneira mais positiva em uma postura mais proativa Boa leitura 21 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 21 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 1 A MOTIVAÇÃO E O AMBIENTE DE ENSINO O que me motiva Para o campo da Psicologia a motivação tratase de uma série de fatores de natureza afetiva intelectual ou fisiológica que atuam no indivíduo determi nandolhe e explicando o comportamento humano Na etimologia da palavra motivarção isto é motivarse por uma ação FIGURA 1 MENSAGEM MOTIVACIONAL A motivação influencia todas as nossas relações ela é um produto de nossos pensamentos expectativas e objetivos orientando o comportamento humano e o desem penho do indivíduo com o grupo No ambiente de ensino a motivação pode variar desde os elementos Intrínsecos e até Extrínsecos 22 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 22 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso A Motivação Intrínseca está relacionada à força interior e é particular de cada indivíduo Ela independe de fatores ambientais coligada ao determinante pessoal sendo estimulada pelos objetivos metas sonhos e interesses pessoais Ex Metas de vida A Motivação Extrínseca por sua vez está relacionada à fatores externos am bientais são eles que as organizações como escola ou ambiente de trabalho podem aguçar nos indivíduos Ex nota mais alta ou bonificação no trabalho No espaço escolar motivar deve ser uma responsabilidade compartilhada entre alunos e professores uma vez que a melhor estrutura externa não será produtiva se o aluno não se conceber como parte integrante daquele espaço social e não enxergar os benefícios de seu processo educativo O querer fazer é a premissa básica para alcançar a motivação em uma aprendizagem ativa e colaborativa 23 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 23 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 2 APRENDIZAGEM ATIVA E COLABORATIVA UMA RELAÇÃO DE LIDERANÇA COMPARTILHADA A Aprendizagem Colaborativa pressupõe interatividade entre os diferentes sujeitos que compõem o grupo social Para Pereira 2021 definese como uma ocasião na qual os estudantes são provocados a desenvolver trocas de informações e de conhecimentos tendo em vista a proposição de problemas e questões a serem resolvidos SAIBA MAIS Aprendizagem colaborativa X Aprendizagem cooperativa A colaboração é uma filosofia de interação e um estilo de vida pessoal enquanto a coo peração é uma estrutura de interação projetada para facilitar a realização de um objetivo ou produto final Fonte Panitz 1996 Os resultados qualitativos da Aprendizagem colaborativa possuem relação com a qualidade das interações envolvidas no processo e na sua aplicação Desta forma para Johnson e Johnson 1997 p 14 a Aprendizagem colaborativa pode ser conceituada como um método de aprendizagem 24 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 24 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Um conjunto de métodos para a aplicação em grupos com o objetivo de de senvolver habilidades de aprendizagem conhecimento pessoal e relações sociais onde cada membro do grupo é responsável tanto pela sua aprendi zagem como pela do restante do grupo Além disso Pereira 2021 aponta também os aspectos importantes que não devem ser destacados na aprendizagem colaborativa tais como um planejamento sistemático e bem delineado no qual as etapas a serem desenvolvidas devem ter uma relação entre si A opção pela estratégia pedagógica ativa e colaborativa tem como foco o desen volvimento de habilidades cognitivas bem como o amadurecimento nas relações interpes soais por intermédio do aprofundamento de conteúdos científicos e culturais Na mesma linha Alcântara e Siqueira 2004 ressaltam que a aprendizagem cola borativa se encontra estruturada em torno de quatro pilares basilares I Interdependência positiva entre os participantes do grupo é o elemento central da aprendizagem colaborativa devido ao fato de que reúne um conjunto de características que facilitam o trabalho em grupo em relação a sua organização e funcionamento ALCÂNTARA e SIQUEIRA 2004 p 05 II Interação faceaface vínculo A linguagem é fundamental na estruturação do pensamento sendo necessá ria para comunicar o conhecimento as ideias do indivíduo e para entender o pensamento do outro envolvido na discussão e na conversação ALCÂNTA RA e SIQUEIRA 2004 p 0607 III Contribuição individual Os sujeitos sentemse parte importante e ativa do processo e passam a assumir uma postura de responsabilidade com relação a sua própria aprendizagem e a do grupo ALCÂNTARA e SIQUEIRA 2004 p 07 IV Desenvolvimento das habilidades interpessoais e de atividades em grupo Também é de extrema importância a capacidade com que os membros do grupo deter minam a organização pois são os alunos que devem decidir o modo que vão trabalhar ALCÂNTARA e SIQUEIRA 2004 p 08 Diante desse movimento grupal para a promoção do ensino nos indagamos Qual deve ser o papel do professor Para Alcântara e Siqueira 2004 p 0405 não secundari zado o professor na aprendizagem colaborativa deve 1 Incentivar a autonomia 2 Auxiliar no ritmo de estudo e aprendizagem 3 Estimular a interdependência positiva 4 Auxiliar na aprendizagem como por meio de um conjunto de fatos conclusivos mas construído pelo processo da conversação perguntas e negociação 25 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 25 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Em suma Pereira 2021 enfatiza que a Aprendizagem colaborativa tende a ressig nificar o processo educativo e constituir como instrumento para formar cidadãos capazes de estabelecer relações harmoniosas e pacíficas nas relações sociais No mesmo sentido o professor e alunos constroem uma rede e não uma rota de aprendizado REFLITA Quais são os benefícios da aprendizagem colaborativa melhoria das aprendizagens na escola melhoria das relações interpessoais melhoria da autoestima melhoria das competências no pensamento crítico maior capacidade em aceitar as perspectivas dos outros maior motivação intrínseca maior número de atitudes positivas para com as disciplinas estudadas a escola os pro fessores e os colegas menos problemas disciplinares uma vez que mais tentativas de resolução dos proble mas de conflitos pessoais aquisição das competências necessárias para trabalhar com os outros menos tendência para faltar à escola Fonte FREITAS 2003 26 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 26 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 3 ÉTICA PROFISSIONAL REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO DOCENTE Em sua atividade profissional o professor em inúmeras vezes se encontra em situações problemáticas em que precisa tomar uma decisão todavia esta decisão sempre envolve o questionamento sobre a ética e gera indagações sobre a melhor forma de agir Segundo Junior Rubio e Matumoto 2009 ter a conduta ética adequada evita a responsabilidade por danos na relação educacional danos em relação às pessoas envolvidas no grupo bem como dano à própria educação que é o objetivo maior da atividade da docência Mas o que é ética Conceituada com uma teoria ou ciência a ética permeia todas as interações sociais versa sobre o comportamento do homem diante de seus pares ou seja os interesses individuais de cada pessoa em consonância com os inte resses da coletividade Apesar dos interesses individuais nossos comportamentos não refletem apenas no campo individual e sim no social Conforme Antônio Lopes de Sá 2001 p110 Cada conjunto de profissionais deve seguir uma ordem que permita a evolução harmônica do trabalho de todos a partir da conduta de cada um através de uma tutela no trabalho que conduza à regulação do individualismo perante o coletivo A reflexão sobre o compromisso e a responsabilidade do educador está abordado também no livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire 2006 Em relação a sala de aula os limites da ética do que é ser ético na prática do olhar o sujeito do outro lado como pessoa e não um objeto dos interesses é parte de uma complexidade em que o despreparo para exercer a função pode resultar em um verdadeiro desastre na tentativa de ser professor 27 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 27 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Sobre a ética diz Paulo Freire 2006 p 15 Gostaria por outro lado de sublinhar a nós mesmos professores e profes soras a nossa responsabilidade ética no exercício de nossa tarefa docen te Sublinhar esta responsabilidade igualmente àquelas e àqueles que se acham em formação para exercêla Este pequeno livro se encontra cortado ou permeado em sua totalidade pelo sentido da necessária eticidade que conota expressivamente a natureza da prática educativa enquanto prática formadora Educadores e educandos não podemos na verdade escapar à rigorosidade ética Mas é preciso deixar claro que a ética de que falo não é a ética menor restrita do mercado que se curva obediente aos interesses do lucro Falo pelo contrário da ética universal do ser humano Da ética que condena o cinismo do discurso citado acima que condena a exploração da força de trabalho do ser humano que condena acusar por ouvir dizer afirmar que alguém falou A sabendo que foi dito B falsear a verdade iludir o incauto golpear o fraco e indefeso soterrar o sonho e a utopia prometer sabendo que não cumprirá a promessa testemunhar mentirosamente falar mal dos outros pelo gosto de falar mal É por esta ética inseparável da prática educativa não importa se trabalhamos com crianças jovens ou com adultos que deve mos lutar E a melhor maneira de por ela lutar é vivêla em nossa prática é testemunhála vivaz aos educandos em nossas relações com eles Neste excerto observamos que a prática educativa requer ética humanizadora aquela que está embasada em um comportamento transformador aquela que preserva e valoriza a condição do ser humano e seu social o que inclui seus direitos e seus deveres enquanto cidadão JUNIOR RUBIO MATUMOTO 2009 28 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 28 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 4 DINÂMICA DE GRUPO E O IDOSO Compreender o funcionamento de um grupo e a importância da comunicação nas relações pessoais são importantes para a promoção de dinâmicas em sala de aula Algu mas técnicas também chamadas de dinâmicas de grupo são muitas vezes utilizadas para possibilitar a organização e a criatividade na produção do conhecimento E podem propiciar um processo de aprendizagem mais coletivo e mais rico O processo de desenvolvimento de um grupo pode proporcionar a seus integran tes além do crescimento pessoal a possibilidade de representar diversos papéis isto é colocarse na posição do outro compartilhando representações crenças informações emoções e vivências Vale relembrar o caráter fundamentalmente social do ser humano intimamente ligado ao seu universo cultural influenciando e sendo influenciado por ele Não obs tante as dinâmicas grupais tornamse espaços privilegiados de crescimento e desen volvimento intrapessoal Segundo Zimerman 2000 um grupo só pode ser entendido como tal se estiver de acordo com as seguintes características basilares um grupo não é somente um conjunto de pessoas juntas mas se constitui a cada encontro como uma identidade nova possuindo suas próprias e específicas leis assim como seus mecanismos um objetivo comum é o eixo norteador do grupo em torno do qual estão todos os integrantes 29 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 29 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso Para tanto tornase importante atentarse ao tamanho do grupo de forma que as diferentes expressões de comunicação não sejam prejudicadas com objetivos definidos estabilidade de espaço de tempo além de regras para normatizar a atividade em grupo Fritzen 2001 destaca também que o professor optar por uma dinâmica grupal deve considerar alguns elementos os quais descreveremos a seguir 1 Objetivos o professor deve ter clareza sobre o que quer com a técnica e deve pensála os mesmos 2 Ambiente o espaço onde se desenvolverá a técnica deve ser adequado e pensado de modo a não inibir os participantes 3 Duração as técnicas devem ser pensadas com tempo determinado para seu início e fim no ato da execução 4 Número de participantes estar atento a quantas pessoas participarão é fun damental para pensar a técnica mais adequada e para providenciar os materiais necessários 5 Materiais os recursos necessários ao desenvolvimento da técnica podem ser os mais variados desde o papel lápis tinta som até equipamentos mais complexos como projetores multimídia filmadoras iluminação etc 6 Perguntas e conclusões o momento de catarse do que foi produzido permite resgatar a experiência e os sentimentos de cada um bem como chegar a con clusões sobre o tema objetivado O envelhecimento é um processo biológico e natural por que passa todo ser vivo e que provoca transformações físicas emocionais e psicológicas variando de indivíduo para indivíduo Nas últimas décadas passamos a compreender que envelhecer não é sinônimo de fragilidade ou doença como apregoa a sociedade voltada a produtividade exacerbada entendemos que na nova perspectiva o envelhecimento não é um período da vida que só traz perdas pode ser também o momento em que surgem novas possibilidades para a realização de antigos eou novos projetos de vida Embora muito se tenha pesquisado a respeito das causas do envelhecimento humano Jordão Neto 1997 p 38 destaca que os estudos sobre os reais mecanismos do envelhecer ainda são inconclusivos sabese que alguns fatores no qual pesaram mais no seu desenrolar embora as manifestações somáticas de sua ocorrência sejam bem evidentes e fáceis de observar pele enrugada branqueamento dos cabelos diminuição da capacidade motora etc 30 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 30 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso A concepção de envelhecimento portanto deve ser entendido como algo que também perpassa pelo modo como se vive isto é devese atentar para o estilo de vida da pessoa como obter ao longo da vida uma alimentação adequada não uso de substâncias químicas eou psicoativas atividade física regular entre outras Pessoas com este perfil mesmo sendo acometidas por determinadas doenças dificilmente desenvolvem caracte rísticas acentuadas de fragilidade e poderão usufruir de uma vida sem tantas limitações ou incapacidade funcional MONTEIRO SILVA LIMA 2017 As dinâmicas de grupo destinada ao idoso oferecem subsídios por meio de ativi dades lúdicas e recreativas para serem aplicadas junto a grupo possibilitandolhes uma aprendizagem ativa e um desenvolvimento contínuo Monteiro Silva e Lima 2017 ressalva que as técnicas de dinâmica devem considerar os riscos que dela podem advir para tanto é essencial conhecer o envelhecimento e as mudanças físicas e psicológicas que decor rem desse processo Devese ter também clareza dos momentos necessários para o seu desenvolvimento que permitam chegar ao final de maneira gradual e clara Portanto as dinâmicas são instrumentos ferramentas de um processo de formação e organização do trabalho escolar e possibilitam a criação e redimensiona o conhecimento Além disso constituem como um momento vivência grupal lúdica e harmoniosa a Técnicas de dinâmicas de grupo1 As técnicas de dinâmicas de grupo podem ser empregadas em diferentes momen tos de intervenção desde o contato inicial em uma prática quebragelo até mesmo com intuito de subsidiar a prática da apresentação integração e relaxamento do grupo FIGURA 2 TÉCNICAS DE DINÂMICAS Fonte Adaptado de MONTEIRO SILVA LIMA 2017 31 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 31 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso b Dinâmicas de grupo Quebragelo DINÂMICA MEUS CUMPRIMENTOS Objetivo Criar espaços onde as pessoas possam tomar consciência do contexto no qual situam suas experiências Material Nenhum Desenvolvimento 1 Disponha o grupo em dois círculos um dentro do outro com igual número de participantes Havendo número ímpar destaque um participante para coordenar a atividade 2 O círculo interior deverá voltarse para frente para o exterior ficando cada participante com outro à sua frente 3 Informe que ao seu sinal ou do colega destacado para conduzir o círculo exterior deverá moverse para a esquerda e o interior para a direita 4 Explique os códigos que usará como comandos e as respectivas ações a serem realizadas Os códigos são A Cumprimento cerimonioso com aperto de mãos B Sinal de positivo com o dedo polegar C Abraço protocolar acompanhado de tapinhas nas costas D Abraço forte 6 Faça os círculos girarem conforme combinado A cada comando os movimentos dos círculos deverão cessar e a ação deverá ser realizada pela dupla que ficar um à frente do outro 7 Diga os comandos ora alternados ora os repetindo a fim de dar mais dinamismo à atividade 8 Verbalize a vivência com o grupo DINÂMICA CARA A CARA COSTASCOSTAS Objetivo Diminuir a ansiedade e descontrair Material Nenhum Desenvolvimento 1 O facilitador deve solicitar que os participantes formem um círculo em seguida explicar que a dinâmica possui diversos comandos 2 Primeiro comando Todas as vezes que o facilitador disser formar duplas os participantes devem procurar um companheiro para formar uma dupla 32 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 32 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso 3 Segundo comando Quando o facilitador disser cara a cara os participantes devem ficar frente a frente com o seu parceiro de dupla 4 Terceiro comando Quando o facilitador disser costa a costa as duplas deve rão ficar com as costas juntas 5 Quarto comando Assim que o facilitador disser mudar dupla cada participan te deve formar dupla com outro 6 Quinto comando O facilitador diz círculo e todos formam um grande círculo Observação Nesta dinâmica é importante que haja número par de participantes Caso seja ímpar a pessoa que fica sem par vai ao centro do círculo e dá os comandos e na próxima formação de duplas tenta formar dupla com alguém A pessoa que fica sem dupla toma seu lugar c Dinâmica de grupo Apresentação DINÂMICA AS METADES FORMAM O MEIO Objetivo Oportunizar a integração a empatia e a resolução de problemas Material Revistas Desenvolvimento 1 Leve para o grupo várias figuras de revistas Corte cada figura em duas partes cuidando de variar a disposição dos cortes 2 Separe de um lado as primeiras metades e de outro as segundas 3 Organize o grupo em duas equipes uma em cada extremidade da sala Entre gue para cada participante da equipe A uma das primeiras metades e para a equipe B uma das segundas 4 Delimite um tempo de 10 minutos para cada membro das equipes encontrar sua outra metade À medida que as figuras foram se completando peça que se afastem e troquem impressões acerca da atividade 5 Tempo esgotado o facilitador recolhe e embaralha cada conjunto de metades e refaz a experiência desde que não ultrapasse 30 minutos 33 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 33 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso DINÂMICA CARROSSEL MUSICAL Objetivo Promover a Integração e maior conhecimento de si e do grupo Material Gravador e CD com músicas bem animadas Desenvolvimento 1 Participantes de pé Formar dois círculos com os participantes com o mesmo número de pessoas em cada círculo um círculo dentro do outro O de dentro da roda fica voltado para fora de modo a formar duplas frente a frente 2 O facilitador coloca a música solicitando que ambos os círculos girem para o lado direito dançando no ritmo da música 3 Quando o facilitador para a música o grupo deve parar onde estiver procurando posicionarse frente a frente formando pares Cada par deve darse as mãos dizer o nome um para o outro e responder à pergunta feita pelo facilitador um falar para o outro a resposta 4 O facilitador coloca novamente uma música e solicita que os círculos tornem a girar Quando o facilitador para a música repetese o procedimento anterior cada um vai se posicionar na frente de outro formando um novo par dizer o nome e responder um ao outro a pergunta feita pelo facilitador 5 Repetir o mesmo procedimento várias vezes sempre mudando a música e as perguntas conforme o quadro abaixo Exemplos de perguntas O que mais me deixa feliz é O que eu mais admiro nas pessoas é O que eu mais gosto em mim é Amigo verdadeiro para mim é aquele que A coisa mais importante para mim é O que eu mais gosto de fazer é A minha diversão favorita é 34 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 34 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso d Dinâmica de grupo Integração DINÂMICA BAÚ DAS RECORDAÇÕES Objetivo Oportunizar um maior conhecimento de si mesmo e facilitar o relaciona mento e integração interpessoal Material Objetos pessoais de recordação baú e chaves de papelão 1 Cada pessoa deve trazer para o encontro uma recordação um objeto que guar da por algum motivo especial 2 O animador deve confeccionar previamente um baú onde serão depositadas as recordações e uma pequena chave numerada para cada integrante A numera ção da chave indica a ordem de participação 3 O animador coloca o baú sobre uma mesa no centro da sala Ao lado dele encontramse as chaves numeradas À medida que os participantes vão che gando depositam a sua recordação no baú retiram uma chave e vão ocupar seu assento formando um círculo em volta do baú Desenvolvimento 1 O animador motiva o exercício com as seguintes palavras Nós seres huma nos comunicamonos também através das coisas Os objetos que guardamos como recordações revelam a nós mesmos assim como expressam aos demais algo de nossa vida de nossa história pessoal e familiar Ao comentarmos nos sas recordações vamos revelar hoje parte dessa história Preparemos nosso espírito para receber este presente tão precioso constituído pela intimidade do outro que vai partilhála gratuitamente conosco 2 O animador convida a pessoa cuja chave contenha o número 1 a retirar sua recordação do baú apresentála ao grupo e comentar o seu significado os demais podem fazer perguntas Assim se procede até que seja retirada a última recordação O animador também participa Avaliação Como nos sentimos ao comentar nossas recordações Que ensinamento nos trouxe a dinâmica O que podemos fazer para nos conhecermos cada vez melhor Nota O animador deverá motivar o grupo a escutar e a acolher de maneira respeitosa o relato de cada membro e ficar atento às emoções que surgirem no momento das exposições proporcionando segurança ao expositor inclusive respeitando quando este não quiser falar 35 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 35 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso DINÂMICA INTEGRAÇÃO MUSICAL Objetivo Propiciar clima de descontração e integração entre os participantes Material Gravador CD com músicas bem animadas Desenvolvimento 1 Colocar a música Pedir aos participantes que caminhem pela sala individual mente tentando entrar dos diferentes ritmos da musicais 2 Mudar a música Pedir aos participantes que formem duplas e dancem juntos no ritmo da música 3 Trocar novamente a música Ao comando do facilitador os participantes devem agora formar grupos de três dançando juntos no ritmo da música 4 Ao comando do facilitador cada vez que a música é trocada formar grupos de quatro oito dez até que todo o grupo esteja dançando junto Avaliação Cada um expressa o que achou da dinâmica Qual seu estilo musical favorito Sentiu alguma dificuldade em dançar por quê Qual foi o objetivo da dinâmica e Dinâmica de grupo Relaxamento e diversão DINÂMICA ENERGIZAÇÃO Objetivo Acalmar tranquilizar e relaxar o grupo Material Aparelho de som e CD instrumental Desenvolvimento 1 Em círculo de pé com os olhos fechados 2 Os braços na posição horizontal apontados para o centro do círculo Com uma mão bater no braço com tapas rápidas e enérgicas do ombro até as extremida des dos dedos por todos os lados e relaxar 3 Seguir o mesmo exercício com o outro braço 4 Sobre a cabeça bater as extremidades dos dedos relaxados Relaxar 5 Repetir o mesmo exercício sobre o tórax a barriga Após cada movimento relaxar 6 Depois em duplas bater nas costas do companheiro Relaxar 7 Repetir o movimento sobre o quadril perna e pé esquerdos e sobre o quadril perna e pé direitos Comentário Este exercício pode variar sendo feito em duplas ou em grupos de oito a dez pessoas 36 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 36 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso DINÂMICA DESAFIE O MEDO Objetivo Vivenciar a percepção dos medos aos desafios Material Caixa de bombom enrolada para presente Desenvolvimento Colocar uma música animada para tocar e passar no círculo uma caixa do tamanho de uma caixa de sapato Explicar para os participantes que é apenas uma brincadeira e que dentro da caixa tem uma ordem a ser obedecida por quem ficar com ela quando a música parar A pessoa que vai dar o comando deve estar de costas para não ver com quem está a caixa ao parar a música Daí o coordenador faz um pequeno suspense com perguntas do tipo Tá preparado Você vai ter que pagar o mico viu Seja lá qual for a ordem você vai ter que obedecer Quer abrir ou vamos continuar Reinicia a música e passa novamente a caixa se a pessoa não topar abrir podendose fazer isso algumas vezes e na última vez avisar que é para valer Quem pegar vai ter que abrir ok Esta é a última vez e quando o participante abrir a caixa terá a feliz surpresa de encontrar um chocolate com a ordem Parabéns por enfrentar seus medos coma o chocolate 37 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 37 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade conhecemos os conceitos de motivação liderança ética profissio nal e dinâmicas de grupo voltadas ao idoso Salientamos que a motivação nos estudos funciona como um impulsionador para a progressão da trajetória escolar Em um movimento contínuo quando estamos motivados passamos a enxergar a nós mesmos e o ambiente ao nosso redor de maneira mais positiva em uma postura mais proativa Observamos também que as dinâmicas de grupo destinada à terceira idade ofere cem subsídios por meio de atividades lúdicas e recreativas para serem aplicadas junto a grupo possibilitandolhes uma aprendizagem ativa e um desenvolvimento contínuo Portanto são instrumentos pedagógicos e ferramentas que auxiliam no processo formativo Além disso constituem como um momento vivência grupal rica e prazerosa Espero que este tenha sido um tempo de bons estudos e aprendizado 38 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 38 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título Envelhecer Histórias Encontros Transformações Autor Pedro Paulo Monteiro Editora 2007 Autêntica Sinopse O livro aborda o envelhecimento através de um ponto de vista novo conhecido como o Novo Paradigma do Envelhecimento e é também fruto de pesquisa acadêmica e da prática profissional do autor Conforme defende o autor envelhecer não está reservado apenas aos velhos não é o fim mas sim processo contínuo de transformação do homem como ser único Longe de defender a estabilidade como própria da vida Pedro Paulo Monteiro lembra que este livro mostra a vida como um passar por instabilidades con tínuas que possibilitam sempre alcançar uma nova maneira de ser A velhice portanto não é fato estático o que é relatado de maneira emocionante e envolvente através das histórias dos encontros e das transformações vivenciadas pelas pacientes do autor FILME VÍDEO Título Up Altas Aventuras animação Ano 2009 Sinopse Carl um vendedor de balões que aos 78 anos está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua falecida esposa Ellie Ao acertar um homem com sua bengala Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo Deprimido e isolado ele tem uma ideia e quer viajar para a América do Sul lugar onde ele e sua esposa sonharam viver É aí que ele encontra Russel um garoto de 8 anos que sem Carl soubesse embarcou com ele nesta aventura 39 UNIDADE I Estudo das Relações Interpessoais e dos Principais Fenômenos em Processos Grupais e a Relevância da Comunicação Interpessoal 39 UNIDADE II Motivação Liderança Ética Profissional e Dinâmicas de Grupo Voltadas à Educação do Idoso LIVRO Título Pedagogia da Autonomia Editora 2006 Editora Paz Terra Autor Paulo Freire Sinopse Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire é um livro de poucas páginas mas de uma densidade de ideias pouco vista em qualquer outra de suas obras Este seu poder de síntese de monstra sua maturidade lucidez e vontade de com simplicidade abordar algumas das questões fundamentais para a formação dos educadoresas de forma objetiva 40 Plano de Estudo Mas afinal o que é educação A terceira idade e a elaboração do estatuto do idoso O estatuto do idoso e a educação Objetivos da Aprendizagem Refletir sobre o conceito de educação Delimitar o conceito de terceira idade Conhecer o Estatuto do Idoso e refletir sobre as especificidades e perspectivas em relação à educação UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 41 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas INTRODUÇÃO Nas unidades anteriores refletimos sobre a importância das relações interpessoais e como ela ocorre Vimos o que é ética profissional motivação e liderança além de co nhecer algumas dinâmicas de grupo Estes conhecimentos foram fundamentais para que compreendêssemos como organizar o planejamento de estudos para a terceira idade objetivo central desta disciplina Como veremos ao longo desta unidade III a educação permite o desenvolvimento humano e em se tratando de educação para e na terceira idade as metodologias utili zadas são diferenciadas daquelas por exemplo que utilizamos na educação de crianças ou adolescentes Em decorrência disso esta unidade está organizada tendo em vista uma discussão inicial sobre o que é a educação na contemporaneidade a partir de diferentes perspectivas e em seguida a apresentação do que é a terceira idade e a criação do seu Estatuto Desta forma garantimos a você caroa alunoa um aprofundamento essencial para pensarmos na próxima unidade o planejamento de estudos para a terceira idade Bons estudos 42 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas 1 MAS AFINAL O QUE É EDUCAÇÃO Imagine a cena a seguir você está em uma entrevista de emprego para atuação na área de pedagogia como professor do ensino básico O entrevistador depois de conversar um pouco sobre sua vida e seu processo de formação acadêmica pergunta Qual é a sua concepção de educação Que resposta você daria Você consegue elaborar uma resposta que dê conta neste momento de conceituar este termo educação Se sim quais respostas seriam dadas por você Ao longo deste tópico vamos refletir sobre esse conceito trazendo contribuições importantes para a construção desta resposta por você 11 Concepções de educação Elegemos ao longo deste tópico compartilhar com você caroa alunoa um per curso que privilegia as teorias contemporâneas da educação Isso porque a educação assim como a política a economia a história entre outros campos do conhecimento é fruto de seu tempo Isso significa afirmar que a educação hoje no século XXI é diferente por exemplo do que os gregos na consolidação da filosofia no século IV aC a compreendiam Isso ocorre porque ela cumpre funções sociais distintas e decorrentes do tempo histórico sobre o qual ela se funda Por exemplo na Grécia Antiga se voltarmos aos textos de Platão veremos que a educação possui uma profunda ligação com os conceitos de ética 43 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas e moral A educação como forma de conhecimento como amizade com a sabedoria daí o termo filosofia filos amigo sofia sabedoria é uma prática que tira o homem do mundo ilusório trazendoo à reflexão e a compreensão de um mundo verdadeiro Isso é explicado pelo mito da caverna uma alegoria contada por Platão 2000 em sua obra chamada A República A máxima de Sócrates conhecete a ti mesmo referese ao reconhecimento de nossa ignorância e a busca pelo conhecimento a partir de um processo educativo O projeto educativo de Platão incorre em uma sociedade perfeita a cidade ideal a qual ele esboça com clareza em sua obra A República Nela a educação desempenha uma função primordial na ascensão dos conhecimentos que refinam a alma proporcionando de um lado a cidade ideal como citado e de outro a contemplação da ideia de Bem ideal a ser conquistado pela educação SAIBA MAIS Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna é uma metáfora elaborada por Platão e con tida em sua obra A República A República é uma obra política de Platão que disserta sobre a política ateniense da Grécia Antiga e apresenta a tese de Platão que relaciona o conhecimento ao poder político Quer ler o mito da caverna escrito por Platão Acesse o link httpswwwhistoriadomundocombrcuriosidadesmitodacavernahtm Fonte PLATÃO A República Tradução de Carlos Alberto Nunes 3 ed Belém EDUFPA 2000 p 319 Essa compreensão de educação que passa pelo processo de autoconhecimento enfatiza as potencialidades do ser humano e são externalizadas por meio da reflexão É como se todo o conhecimento a que temos acesso ao longo de nossa vida já estivesse em nós mas para que ele seja acessado é necessário a reflexão ou o auxílio de um educador para que seja externalizado Essa é a prerrogativa de todos os diálogos platônicos como o mito da caverna Seja qual for a obra de Platão que você aprecie haverá como regra o diálogo entre Sócrates e outro personagem Nestes diálogos há a descoberta pelo interlocutor de Sócrates dos conhecimentos que possui dentro de si mesmo 44 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas A esta concepção de educação damos o nome de inatismo Este termo pode ser conceituado como a doutrina segundo a qual existem certas ideias certos princípios noções máximas sejam especulativos ou práticos que não inatos isto é possuídos pela alma MORA 2001 p 1471 Desta forma para o inatismo a educação é um processo interno ao sujeito ainda que este conte com um educador para auxiliálo como é por exemplo o caso de Sócrates educador por excelência Fato é que a Grécia deste tempo foi berço de outras concepções de educação e visões de mundo Porém é preciso compreender que toda teoria da educação reflete os anseios dos homens em seu tempo Isto justifica olharmos para as teorias contemporâneas da educação e refletir qual o ideal de homem para o século XXI É Libâneo 2005 p 11 quem nos oferece uma classificação das correntes pedagó gicas contemporâneas as quais reproduzimos no quadro a seguir QUADRO 1 CLASSIFICAÇÃO DAS CORRENTES PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS Correntes Modalidades 1 Racionaltecnológica Ensino de excelência Ensino Tecnológico 2 Neocognivistas Construtivismo póspiagetiano Ciências cognitivas 3 Sociocríticas Sociologia crítica do currículo Teoria históricocultural Teoria sóciocultural Teoria sóciocognitiva Teoria da ação comunicativa 4 Holísticas Holismo Teoria da Complexidade Teoria naturalista do conhecimento Ecopedagogia Conhecimento em rede 5 Pósmodernas Pósestrutruralismo Neopragmatismo Fonte Libâneo 2005 p 1011 O quadro acima busca classificar ainda que de forma arbitrária como o autor mesmo indica as principais correntes contemporâneas da educação Embora possuam formas diferentes de sistematizar a educação elas possuem em comum o lócus no qual se fundam a sociedade do conhecimento as novas tecnologias e o relativismo cultural 45 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas A corrente racionaltecnológica tem como objetivo dispor a educação e a prática educativa a serviço do sistema produtivo Libâneo 2005 p 11 afirma que a corrente ra cionaltecnológica busca seu fundamento na racionalidade técnica e instrumental visando a desenvolver habilidades e destrezas para formar o técnico Desta forma tanto o ensino de excelência quanto o ensino tecnológico possui como escopo a formação técnica porém em níveis diferentes enquanto o primeiro busca formar a elite intelectual e técnica para o sistema produtivo idem o ensino tecnológico centrase na qualificação de mãodeobra Os currículos de uma e outra modalidade é importante destacar que são centrados no desenvolvimento de competências e habilidades A corrente neocognitivista tem como pressuposto os conceitos de cognição inteligência aprendizagem e desenvolvimento Desta forma o construtivismo póspia getiano considera as contribuições oriundas da teoria piagetiana porém incorpora con tribuições advindas das teorias cognitivas sobre a influência do desejo por exemplo no processo de aprendizagem Já as ciências cognitivas estão associadas ao uso de tecnologias como por exem plo os computadores Seu objetivo é buscar novos modelos e referências para avançar na investigação sobre os processos psicológicos e a cognição LIBÂNEO 2005 p 12 Esta ciência investiga as semelhanças entre a mente e o computador que possibilitem o desenvolvimento de programas de inteligência artificial As teorias sociocríticas utilizam o prefixo sócio para abarcar as diversas con cepções e referenciais decorrentes da teoria de Marx Nesta teoria é fundamental que se compreenda a realidade para desta forma transformála assim como superar as de sigualdades econômicas e sociais advindas do sistema capitalista Para tanto a análise do currículo fazse um instrumento fundamental na compreensão do ideal de educação estabelecido Por sua vez a teoria curricular crítica afirma que não há uma cultura única mas considera a diversidade cultural justamente por considerar as diferenças sociais eco nômicas e culturais Desta forma esta modalidade de educação integra as minorias tanto étnicas quanto sociais e culturais opondose neste sentido ao um currículo nacional A teoria históricocultural como veremos na unidade IV considera a aprendizagem o resultado da interação sujeitoobjeto atribuindo às relações sociais um peso determi nante justamente por afirmar que a interação entre SO ocorra no contexto social Para esta teoria as funções psicológicas superiores como imaginação linguagem atenção memória entre outras são desenvolvidas a partir da mediação social 46 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Por sua vez a teoria sóciocognitiva se funda na premissa de que a organiza ção de um ambiente educativo de solidariedade de relações comunicativas com base nas experiências cotidianas nas manifestações da cultura popular LIBÂNEO 2005 p 14 são superiores aos conteúdos de ensino ou ainda ao funcionamento psíquico do ser humano A teoria da ação comunicativa formulada por Habermas fundase nos conceitos pressupostos pela Escola de Frankfurt Nesta teoria encontramos pontos de semelhança com as proposições realizadas por Paulo Freire por enfatizar a comunicação como espaço central na interação entendimento e cooperação entre os diversos sujeitos e seus contextos As correntes holísticas como Libâneo 2005 p 15 afirma considerar a rea lidade como uma totalidade de integração entre o todo e as partes mas compreendendo diferentemente a dinâmica e os processos dessa integração Desta forma o holismo con sidera a realidade em sua totalidade e neste ponto de vista há uma simbiose entre tudo e todos já que todas as coisas estão integradas A teoria da complexidade afirma por sua vez o pensamento mediante a complexi dade Para isso o pensamento simplificador é deixado de lado em detrimento de reflexões mais profundas e complexas que consideram diferentes modelos de análises pontos de vista e uma cooperação interdisciplinar A teoria naturalista do conhecimento foi desenvolvida no Brasil por Hugo Assmann e afirma que o conhecimento se liga a um plano biossocial e bioindividual De acordo com Assmann nossa consciência não é soberana não somos donos do nosso destino como pensamos porque há mediações auto organizativas da corporeidade individual e das mediações sócio organizativas ASSMANN apud LIBÂNEO 2005 p 16 A ecopedagogia pode ser compreendida como a pedagogia que promove a aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana LIBÂNEO 2005 p 16 Desta forma ela enfatiza a participação política e social do sujeito de forma que se promova uma ecologia integral a partir da construção de um modelo de civilização sustentável 47 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas SAIBA MAIS Para saber mais sobre a ecopedagogia acesse o artigo Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação ambiental escrito por Fábio Soares Guerra no site Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação ambien tal Ambiente Educação furgbr Fonte GUERRA F S Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação ambiental Disponível emhttpsperiodicosfurgbrambeducarticleview8027textA20 Ecopedagogia20surge20como20propostaobstC3A1culos20impostos20pela20 educaC3A7C3A3o20tradicional Acesso em 09 jul 2021 As correntes pósmodernas embora não se reconheçam como tal aparecem aqui classificadas como teorias da educação por promoverem e influenciarem as práticas docentes Num sentido amplo essas correntes negam todos os pressupostos sob os quais se basearam a educação na ciência no progresso na autonomia individual Não há hoje aqueles valores transcendentes aquelas crenças na transformação social baseados na formação da consciência política na ideia de que a história tem uma fi nalidade que caminhamos para uma sociedade mais justa etc tudo isso não tem mais muito fundamento porque foi dessas ideias que apareceram os problemas mais candentes da nossa época como a perda do poder do sujeito a docilidade às estruturas a exploração do trabalho a degradação ambiental etc LIBÂNEO 2005 p 18 Diante disso essas correntes preconizam a singularidade ou seja questões como o feminismo o relativismo cultural entre outros O pósestruturalismo tem como precursor as ideias postas por Foucault espe cialmente naquelas em que estabelece as relações de poder e saber nas instituições O panóptico é um exemplo clássico de como se confirmam estas relações na sociedade atual O neopragmatismo por sua vez tem como fundamento a ideia de que a educa ção e o conhecimento se tornam possível à medida que as interações as conversações ocorrem O conhecimento é aquilo que criamos interativamente dialogicamente conver sacionalmente sempre dentro de nossa cultura e sua linguagem DOLL JR 1997 online Ainda que de forma breve foi possível perceber as semelhanças e divergências em cada uma das teorias da educação contemporâneas aqui expostas Vimos que enquanto uma corrente prima pelo desenvolvimento de habilidades e competências que auxiliem o indivíduo em meio ao uso da tecnologia e de seu aperfeiçoamento outras buscam as contribuições da Psicologia da Cognição para a compreensão da mente humana e da ela boração de uma inteligência artificial 48 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Observamos ainda teorias que enfatizam a importância do social como base para todos os demais processos inclusive os que nos remetem à educação e outras que inte gram o ser humano aos demais elementos que nos cercam compondo uma integralidade do ser para se falar em educação E por fim estudamos as teorias pósmodernas as quais embora não se intitulam assim trazem contribuições fundamentais para pensarmos a prá tica pedagógica diante de contextos singulares Ao longo desta leitura muito provavelmente você deve ter se afeiçoado com algu ma das correntes apresentadas A partir desse afeiçoamento talvez esboce uma resposta à nossa questão inicial Porque não há uma única maneira de pensar e realizar o processo educativo por isso é preciso conhecer e experimentar as diferentes formas de se fazer pensar a educação E afinal qual é a sua concepção de educação 12 Educação e desenvolvimento humano Neste tópico faremos um sobrevoo sobre as correntes pedagógicas contemporâ neas buscando enfatizar um item essencial a todas elas o desenvolvimento humano Em todas as correntes apresentadas aqui e mesmo que você retorne a outras correntes pedagógicas que permearam a antiguidade o medievo ou a modernidade a ideia de que a educação promove o desenvolvimento humano estará arraigada Este é um ponto inicial a ser considerado Educação e desenvolvimento são complementares Mas o que é desenvolvimento De acordo com Papalia e Olds 1998 p 25 o desenvolvimento humano pode ser compreendido como o estudo científico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais desde a concepção até a morte É comum em abordagens tradicionais a compreensão deste termo como a distin ção entre aquilo que ocorre nas diferentes etapas de nossa vida infância adolescência fase adulta e velhice Porém este enfoque tem sido substituído paulatinamente por aquele que considera o desenvolvimento humano em sua interface com outras disciplinas e áreas do conhecimento Este novo enfoque implica o reconhecimento de duas variáveis fundamentais interna e externa ao sujeito A primeira implica uma relação orgânica genética e biológica com o desenvolvimento do ser humano A segunda referese às influências externas que influem diretamente neste desenvolvimento Disso decorre o entendimento de que o desenvolvimento humano é estudado a partir de um ciclo vital e não mais em fases ou periodizações estanques 49 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas No site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano PNUD observase que o desenvolvimento humano é um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser PNUD 2021 online Ou seja o desenvolvimento humano implica em posi cionamento diante da realidade e de si mesmo Este pensamento se apoia na afirmação de Vianna para o qual a educação em sentido amplo representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano e no sentido estrito representa a instrução e o desenvolvimento de competências e habilida des VIANNA 2008 p 03 Perceba que o termo desenvolvimento aparece tanto na primeira quanto na segunda descrição do termo educação Na primeira a educação é compreendida como desenvolvimento humano que permeia o ser humano ao longo de toda a sua vida e no se gundo a educação é percebida por meio das ações educativas intencionais preconizadas na relação professoraluno Desta forma tanto o desenvolvimento humano quanto a educação perpassa a vida do sujeito em toda sua extensão e esta premissa deve ser considerada em nossa reflexão Ao olharmos para a terceira idade por exemplo é preciso perceber não apenas o que é perceptível em se considerando o desenvolvimento humano para esta fase de vida mas considerar o sujeito que envelhece em sua singularidade em seu ciclo vital que provém de um contexto social cultural e econômico distintos Por fim gostaria de ressaltar que dentre as concepções de educação contempo râneas que compartilhamos com você uma premissa aparece de forma latente a de que o sujeito se faz na interação Não nascemos humanos mas humanizamonos à medida em que interagimos com a realidade seja objetiva ou não que nos cerca Desta forma pensar em educação e desenvolvimento implica pensarmos também na subjetividade humana na interação com o social e nas contribuições teóricas que expli citam as novas formas de pensar educação para o século XXI 50 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas 2 A TERCEIRA IDADE E A ELABORAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO A Organização PanAmericana da Saúde projeta que em 2025 o Brasil terá cerca de trinta e dois milhões de pessoas com mais de sessenta anos idade a partir da qual considerase na terceira idade Esse aumento significativo de pessoas com mais de sessenta anos nos leva a repensar e elaborar novas estratégias no âmbito da política e da educação Desta forma neste tópico discorreremos sobre o idoso apresentando suas especificidades e perspecti vas e em seguida discorreremos sobre o Estatuto do Idoso e a educação 21 A terceira idade especificidades e perspectivas Inicialmente é preciso considerar que as categorias terceira idade velhice e idoso são elaboradas ao longo do tempo e a partir de construções históricas específicas Desta forma longe de discorrer sobre o fundamento de tais categorias embora esta seja uma discussão significativa cabe a nós neste momento uma definição inicial do termo terceira idade Para isso compartilho um trecho do estudo de Silva 2008 O surgimento da categoria terceira idade é considerado pela literatura espe cializada uma das maiores transformações por que passou a história da ve lhice De fato a modificação da sensibilidade investida sobre a velhice acabou gerando uma profunda inversão dos valores a ela atribuídos antes entendida como decadência física e invalidez momento de descanso e quietude no qual imperavam a solidão e o isolamento afetivo passa a significar o momento do lazer propício à realização pessoal que ficou incompleta na juventude à criação de novos hábitos hobbies e habilidades e ao cultivo de laços afe tivos e amorosos alternativos à família SILVA 2008 p 161 grifos nosso 51 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Neste excerto percebemos as modificações sociais que o termo envolve em seu surgimento A terceira idade aparece como distinta da velhice na qual a ideia de inativi dade esteve atrelada durante muitos anos Assim os termos velho e velhice associamse negativamente a este ciclo vital humano pela perda das capacidades físicas e mentais É exatamente no sentido esboçado por Silva 2008 que o termo envelhecimento aparece conceituado pela Organização PanAmericana de Saúde um processo sequencial individual acumulativo irreversível universal não patológico de deterioração de um organismo maduro próprio a todos os membros de uma espécie de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e portanto aumente sua possibili dade de adoecimento e morte OPAS 2003 in BRASIL 2006 p 8 Estes termos velhice e terceira idade estão atrelados a momentos históricos polí ticos e sociais distintos e essas condições devem ser compreendidas no entendimento destes termos Assim é fundamental refletirmos sobre estas distinções a fim de compreender o sujeito e objeto de estudo desta disciplina a terceira idade aqui considerada é compreendida como este ser de possibilidades e de um potencial distinto da maturidade ou da juventude A concepção adotada neste material1 aponta para uma fase na qual o ser humano encontrase potencialmente apto a aprendizagem ainda que em processo de envelheci mento A velhice na sociedade atual pode se estender por várias décadas o que torna fundamental a criação de meios para garantir um envelhecimento ativo e com qualidade de vida para todos os cidadãos ASSIS DIAS NECHA 2016 p 199 SAIBA MAIS Caderno envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa Elaborado pelo Ministério da Saúde em 2006 traz diversas contribuições para pensar mos a terceira idade desde as políticas públicas passando pela promoção de hábitos saudáveis as atribuições dos profissionais da atenção básica e a avaliação global da pessoa idosa além do suporte familiar entre outros temas Recomendo a leitura Fonte BRASÍLIA Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa Ministério da Saúde 2006 Disponível em ht tpsbvsmssaudegovbrbvspublicacoesevelhecimentosaudepessoaidosapdf Acesso em 09 jul 2021 1 Empregaremos o termo idoso para referenciar o sujeito Já o conceito de terceira idade foi marcado para mencionar o momento histórico de vida do mesmo 52 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Bobbio 1997 oferece uma definição de velhice que articula tanto as discussões políticas quanto as considerações que temos tecido ao longo deste tópico Leiamos A velhice pode ser compreendida de três formas cronológica a burocrática e a psicológica ou subjetiva A primeira é meramente formal variando no es paço e no tempo a determinação legal e social deste limiar Estipulase um patamar e todos os que o alcançarem são considerados idosos sendo irrelevante as respectivas características A burocrática corresponde ao aces so ao benefício como a aposentadoria por idade passe livre nos transportes isenções fiscais etc A subjetiva é a mais complexa por não dispor de parâ metros depende do sentir de cada um BOBBIO 1997 p18 Portanto é fundamental considerar as especificidades que cada um destes ter mos possui em sua conceituação a fim que possamos compreender as perspectivas que lhe são ofertadas a partir daí ora se considerar a velhice apenas sob as perspectivas cronológica ou burocrática desconsidero a potencialidade que há em cada sujeito da terceira idade Por outro lado se considero apenas a perspectiva psicológica ou sub jetiva desconsidero as condições de vida que são inerentes a esta faixa etária tanto da perspectiva social e econômica quanto da perspectiva da saúde e do processo de envelhecimento decorrente desta categoria 53 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas 3 O ESTATUTO DO IDOSO E A EDUCAÇÃO Neste tópico abordaremos a legislação que regulamenta os direitos humanos das pessoas idosas a lei de 10741 de 1º de outubro de 2003 a qual garante a proteção e amparo integral aos idosos nos seus Direitos Fundamentais em destaque da Educação Cultura Esporte e Lazer BRASIL 2003 Foi a primeira lei que deu o amparo legal ao idoso contra qualquer negligência violência violação de direitos cometidos a eles e regulou direitos específicos para essa população com mais de 60 anos inclusive atos de crueldade e opressão contra o idoso foram criminalizados e hoje são passíveis de punição segundo a Agência Brasil2 O Estatuto do Idoso composto por cento e dezoito artigos versa sobre os seguintes temas Direitos fundamentais Medidas de Proteção Política de Atendimento ao Idoso Acesso à Justiça Crimes Em nossa reflexão sobre esta lei debruçarmonos nos direitos fundamentais es pecialmente sobre a educação esporte cultura e lazer Isso não significa que os demais capítulos que contemplam este Estatuto não sejam significativos mas sim que para cumprir os objetivos expostos por hora a compreensão deste tema se faz imprescindível 2 BRITO D Em 15 anos Estatuto do Idoso deu visibilidade ao envelhecimento Agência Brasil 2018 Disponível em httpsagenciabrasilebccombrdireitoshumanosnoticia201809em15anos estatutodoidosodeuvisibilidadeaoenvelhecimento Acesso em 05 jun 2021 54 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Para que possamos aprofundar nosso estudo observe a seguir o Capítulo V BRA SIL 2003 Art 20 O idoso tem direito a educação cultura esporte lazer diversões es petáculos produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade Art 21 O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educa ção adequando currículos metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técni cas de comunicação computação e demais avanços tecnológicos para sua integração à vida moderna 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cul tural para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações no sentido da preservação da memória e da identidade culturais Art 22 Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento ao respeito e à valorização do idoso de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhe cimentos sobre a matéria Art 25 As instituições de educação superior ofertarão às pessoas idosas na perspectiva da educação ao longo da vida cursos e programas de ex tensão presenciais ou a distância constituídos por atividades formais e não formais Redação dada pela lei nº 13535 de 2017 Parágrafo único O poder público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso que facilitem a leitura considerada a natural redução da capacidade visual Incluído pela lei nº 13535 de 2017 BRASIL 2003 online O Capítulo que trata especialmente sobre os direitos da educação da cultura esporte e lazer inicia reafirmando estes direitos às pessoas idosas já que tais direitos são afirmados na Constituição Federal mas faz uma ressalva importante que se respeitem sua peculiar condição de idade Essa afirmação denota adequação dessas atividades para a terceira idade O artigo que sucede esta premissa evidencia essa afirmativa ao lermos que o acesso à educação das pessoas idosas ocorre por meio da adequação da prática pedagógica a qual inclui currículo metodologia e material didático No caso específico da educação pensemos por que os materiais didáticos pre cisam ser readequados Primeiro devido a perda da acuidade visual em decorrência do processo de envelhecimento e em segundo pois se há uma reorganização do currículo e das metodologias isso influenciará diretamente na elaboração dos materiais didáticos A educação para e na terceira idade deve ser pensada a partir do âmbito histórico cultural e social como temos enfatizado e em consequência disso quais seriam os con teúdos a serem abordados em uma sala de aula por exemplo Será que os conteúdos disponibilizados às crianças e adolescentes fazem sentido nesta etapa da vida Sobre esta questão o Artigo 22 afirma que os currículos devem ser fundamentados em conteúdos que discutam o processo de envelhecimento o respeito e a valorização do idoso Perceba caroa alunoa que a preocupação com uma ampla discussão sobre o que é envelhecimento é destacada não somente no Artigo 22 mas também no 24 onde denota aos meios de comunicação esta finalidade 55 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas Mas e as metodologias Será que são as mesmas utilizadas em outras fases da vida Será que as metodologias que utilizam TICs Tecnologia da Informação e Comunica ção por exemplo podem ser utilizadas de forma indiscriminada pressupondo o domínio destas tecnologias por essa faixa etária Sobre esta questão o Artigo 21 afirma que os cursos voltados para os idosos devem contemplar conteúdos relacionados aos avanços tecnológicos assim como às técnicas de comunicação para sua integração à vida moderna As instituições de ensino superior ocupam neste Capítulo um papel fundamental na oferta de cursos sejam presenciais ou a distância Neste contexto a criação da uni versidade aberta para as pessoas a partir dos sessenta anos tornouse fundamental pois sua criação implementa esses conteúdos e atividades que possam também promover a publicação de materiais adequados ao idoso Por fim este capítulo indica a preservação da memória e da identidade social enfa tizando a participação dos idosos em comemorações cívicas e ou culturais A preservação da memória de um povo e de uma cultura é fundamental para que a ideia de pertencimento e de identidade deste povo seja conservada REFLITA Você sabe o que é o estatuto do idoso e por que ele foi criado À medida que as projeções de crescimento populacional de idosos se concretiza esse tipo de lei ganha ainda mais relevância tanto no âmbito social quanto no educacional Precisamos nos preparar para melhor atender esse público e suas especifidades Conheça mais o Estatuto do Idoso Fonte BRASIL Estatuto do Idoso Lei nº 10741 de 01 de outubro de 2003 Brasília Senado Federal 2003 56 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos esta unidade com algumas reflexões postas Inicialmente sobre as teorias de aprendizagem contemporâneas e as diferentes vertentes que elas ocupam em se tratando de educação A defesa de que o ser humano deve ser compreendido a partir do contexto social e cultural Além disso a terceira idade deve ser compreendida também como uma fase de possibilidades e de um potencial distinto da maturidade ou da juventude Logo devemos frequentemente refletir qual é a nossa concepção de educação para o idoso e como a partir dela percebemos o desenvolvimento humano do mesmo Em suma destacamos que o idoso pode estar potencialmente apto a aprendiza gem ainda que em processo de envelhecimento A velhice na sociedade atual pode se estender por várias décadas o que torna fundamental a criação de meios para garantir um envelhecimento ativo e com qualidade de vida para todos os cidadãos ASSIS DIAS NECHA 2016 p 199 Por fim apresentamos o Estatuto do Idoso especialmente em seu Capítulo V evi denciando como esta lei preconiza a educação da e para a terceira idade Ela nos apresenta elementos importantes para que compreendamos o planejamento de atividades para esta faixa etária objeto de análise de nossa próxima unidade 57 UNIDADE III A Educação na Terceira Idade Especificidades e Perspectivas MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título Gente de muitos anos Literatura infantil Autores Malô Carvalho texto Suzete Armani ilustração Ano 2009 Sinopse Esta coleção tem como objetivo provocar situações de análise e reflexão sobre valores e atitudes fundamentais para a formação da criança que começa a construir seus princípios éticos e morais a partir dos primeiros anos de vida A ideia é trabalhar com temáticas sociais como os direitos das crianças dos professores dos portadores de necessidades espe ciais entre outros propondo modelos e situações cotidianas do processo de socialização de forma lúdica e divertida Neste Gente de muitos anos queremos chamar a atenção da criança para os direitos dos idosos FILME VÍDEO Título O estudante Ano 2009 Sinopse descreve a história surpreendente de Chano Jorge Lavat que após se aposentar decide aos 70 anos realizar um de seus sonhos matricularse na universidade para estudar literatura No campus ele conhece um grupo de jovens unidos pelos costu mes tradições amizades e diferenças Nesse enredo todos terão que passar por diferentes provas de vida 58 Plano de Estudo A Teoria HistóricoCultural e o desenvolvimento psíquico do ser humano Planejamento de estudos para a terceira idade reflexões necessárias Planejamento de estudos para a terceira idade Objetivos da Aprendizagem Compreender como a Teoria HistóricoCultural elabora a ideia de desenvolvimento humano Conhecer os conceitos fundamentais da Teoria HistóricoCultural com relação à aprendizagem Refletir sobre o que é planejamento e a sua relação com a educação para a terceira idade UNIDADE IV A Educação como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Prof Dra Aline Roberta Tacon Dambros 59 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso INTRODUÇÃO Ao longo desta unidade vamos conversar sobre a Teoria HistóricoCultural desen volvida por Vygotsky e seus colaboradores ou que conhecemos como a chamada Escola de Vygotsky Essa teoria retrata o papel da aprendizagem e do desenvolvimento humano pressupondo como pano de fundo as discussões advindas do campo pedagógico Para este momento optamos por um recorte preciso dos conceitos que gostaríamos que você compreendesse para transpôlos à educação A partir da compreensão destes termos vamos refletir sobre o que é planejamento em educação Se precisasse hoje construir um planejamento para uma aula específica à terceira idade como você o faria Aqui daremos algumas pistas e elementos para que este caminho seja percorrido de forma autônoma e reflexiva por você Bons estudos 60 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 1 A TEORIA HISTÓRICOCULTURAL E O DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DO SER HUMANO Neste tópico vamos refletir sobre as principais considerações acerca do desenvol vimento psíquico desenvolvidas pela Teoria históricocultural 11 Bases da teoria HistóricoCultural A Teoria HistóricoCultural desenvolvida por Lev Semionovich Vygotsky 1896 1934 resulta da sua insatisfação com as teorias psicológicas de sua época a psicologia introspectiva e a psicologia objetiva Estas teorias afirmam o surgimento da consciência humana a partir de estímulosrespostas ou de reflexos respectivamente Insatisfeito com essas teorias e consciente das discussões sociais e políticas de seu tempo Vygotsky vê nos escritos de Karl Marx uma base sólida para edificar sua teoria Desta forma a análise do autor parte da ideia de que a essência dos homens são as relações sociais e estuda então o psi quismo humano tentando estabelecer a contradição dialética entre o mundo subjetivo e o mundo objetivo tomando o desenvolvimento social da persona lidade humana consciente como a unidade dialética Nisto está o diferencial do autor o avanço que ele nos proporcionou na compreensão do psiquismo humano TEIXEIRA BARCA 2019 p 73 Esta nova abordagem recorre ao social para explicar fenômenos que até então baseavamse em explicações objetivas e que não consideravam a materialidade da história e o social como ponto de partida para a compreensão do psiquismo humano 61 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Desta forma percebemos na teoria de Vygotsky uma distinção entre os processos elementares comum a todos os animais e as funções especificamente humanas conheci das como funções psíquicas superiores que decorrem da materialidade histórica e social do homem Sobre as funções psíquicas superiores lemos em Vygotsky 1984 p 52 A história do desenvolvimento das funções psicológicas superiores seria im possível sem um estudo de sua préhistória de suas raízes biológicas e de seu arranjo orgânico As raízes do desenvolvimento de duas formas funda mentais culturais de comportamento surge durante a infância o uso de instrumentos e a fala humana Isso por si só coloca a infância no centro da préhistória do desenvolvimento cultural Os estudos advindos da antropologia da sociologia da biologia e da psicologia são fundamentais para a compreensão do homem enquanto sujeito social ora pensemos no homem préhistórico Um bom exemplo para ilustrarmos essa concepção proposta por Vygotsky pode ser o surgimento da lança pois na medida em que não tinha a lança seus movimentos e sua percepção do mundo eram diferentes de quando ele a partir de uma atividade consciente propõe o uso da lança para alcançar uma fruta em uma árvore alta por exemplo Essa atividade consciente que altera sua interação com a natureza modifica também o desenvolvimento psicológico do homem Luria afirmou que 1991 p 76 é esta condição fundamental que surge no processo de preparação do instrumento de trabalho e pode ser chamada de primeiro surgimento da consciência noutros termos primeira forma de atividade consciente Agora não seria mais preciso subir em determinadas árvores se com a lança ele alcança o fruto que deseja Esse conhecimento advindo da necessidade é então passado para os demais homens que vivem em seu tempo e aperfeiçoado pelo e no tempo Assim todos os conhecimentos são historicamente e socialmente construídos dentro de uma determinada cultura A medida em que o homem transforma a natureza é também transformado por ela e neste movimento dialético que processos cada vez mais elementares vão se modificando e originando capacidades como atenção voluntária me mória pensamento entre outros Desta forma podemos afirmar que para Vygotsky e seus colaboradores a atividade consciente do homem deriva da materialidade histórica e social da atividade de trabalho e não de uma evolução biológica como admitido até então 62 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso De acordo com Luria 1991 ao participar da Escola de Vygotsky há três elementos que diferenciam a atividade consciente do homem do comportamento animal São eles os processos psíquicos superiores dos quais refletimos brevemente aqui a reflexão e o processo de aprendizagem A compreensão destes elementos são fundamentais para que você caroa alunoa perceba os matizes pelas quais esta teoria se delineia até avançar mos propriamente na teoria da aprendizagem e tecermos um paralelo para o planejamento de estudos na e para a terceira idade Sobre o processo de reflexão Luria 1991 p 72 afirma que Sabese que o homem pode refletir sobre as condições do meio de modo imediatamente mais profundo do que o animal Ele pode abstrair a impressão imediata penetrar nas conexões e dependências profundas das coisas co nhecer a dependência causal dos acontecimentos e após interpretálos to mar como orientação não impressões exteriores porém leis mais profundas Nesse sentido a reflexão pode ser compreendida como a capacidade de retroce der em nossos pensamentos ou seja é como se grosso modo estivéssemos dirigindo e olhando para o retrovisor de nosso carro Temos uma percepção clara do momento pre sente mas podemos olhar para aquilo que passou e perceber ali o que passou prevendo ações futuras correndo a direção e antecipando consequências Diferentemente do animal que age por impressões imediatas nossas ações são pautadas ou deveriam ser em ações que partissem de reflexões que nos posicionam de forma consciente diante de determinada situação É o caso por exemplo de uma briga de trânsito Os noticiários têm mostrado diariamente atitudes impensadas e incoerentes com nossa capacidade humana de refletir e pensar em ações coerentes posso matar o outro porque furou o sinal Será que esta não é uma ação que deriva de impressões e reflexos imediatos como pisar no rabo de um cão por exemplo O instinto canino será a mordida como forma de reflexo e defesa inerente a ele Até aqui elaboramos um panorama inicial da teoria de Vygotsky propondo seus principais elementos Faltanos ainda a discussão sobre a aprendizagem que faremos no próximo tópico Claro que essas discussões não se esgotam aqui e devem ser apro fundadas por você caroa alunoa pois muito daquilo que hoje conceituamos como teorias contemporâneas da educação têm sua origem precisamente nas contribuições realizadas pela Escola de Vygotsky 63 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 12 A aprendizagem na Teoria HistóricoCultural Para iniciar nossa explanação sobre esse tema recorremos a uma fala de Vygotsky 1984 p 101 na qual distingue aprendizado e desenvolvimento Aprendizado não é desenvolvimento entretanto o aprendizado adequada mente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma seriam impossí veis de acontecer Assim o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente or ganizadas e especificamente humanas Perceba que no excerto acima Vygotsky distingue mas também interrelaciona os termos aprendizagem e desenvolvimento A aprendizagem se refere neste contexto a as similação da experiência de toda a humanidade acumulada no processo da história social LURIA 1991 p 75 como afirmamos no tópico anterior Assim podemos distinguir nesse processo uma aprendizagem pedagógica que se realiza no âmbito escolar e outro que se realiza no contexto social a partir da história social do homem e que se refere a própria transmissão dos conhecimentos culturais que recebemos da sociedade em que vivemos Para nosso estudo vamos nos limitar ao primeiro modo de aprendizagem aquela que pode ser compreendida como aprendizagem escolar e que se realiza de forma siste matizada e intencional Para isso voltemos a refletir que a aprendizagem adequadamente organizada resulta em desenvolvimento mental Há duas considerações sobre este trecho A primeira de que toda a educação escolar deve ser intencionalmente planejada com fins específicos O que quero desenvol ver com meu aluno Da resposta a esta questão surgem os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento E como posso organizar essa aprendizagem a fim de alcançar esse desenvolvimento Da resposta a esta questão surge o planejamento escolar item a ser discutido em nosso próximo tópico Para isso Vygotsky elabora o conceito de zona de desenvolvimento proximal ou zona de desenvolvimento próximo Este conceito é apresentado pelo autor da seguinte forma A distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de problemas e o nível de desenvolvimen to potencial determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes VYGO TSKY 1984 p 97 Para compreendermos esse conceito é necessário a compreensão dos dois termos apresentados nesta citação A Zona de Desenvolvimento Real se refere às habilidades e objetivos de aprendizagem que o aluno domina A Zona de Desenvolvimento Potencial se refere àquilo que o aluno realiza com a ajuda de outra pessoa mas que é capaz de realizar a partir da imitação por exemplo outro conceito caro à esta teoria A zona de desenvolvimento proximal se localiza entre esses dois conceitos o real e o próximo 64 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso FIGURA 1 ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL Fonte BRASIL Ministério da Educação O uso de metodologias ativas colaborativas e a formação de com petências Base Nacional Comum Curricular Disponível em O uso de metodologias ativas colaborativas e a formação de competências mecgovbr Acesso em 08 jun 2021 A zona de desenvolvimento proximal é central na Teoria da Aprendizagem proposta por Vygotsky O conhecimento que hoje por exemplo se encontra na zona de desenvolvi mento proximal pode amanhã estar na zona de desenvolvimento real e desta forma outras novas zonas de desenvolvimento potencial e proximal vão se elaborando Perceba que a zona de desenvolvimento proximal pode ser compreendida como funções que ainda não amadureceram mas que estão presentemente em estado em brionário Essas funções poderiam ser chamadas de brotos ou flores do desenvolvimento VYGOTSKY 1984 p 98 Um aspecto fundamental desta teoria é a interação e o processo de media ção que necessariamente deve ocorrer para que haja aprendizagem Diferentemente da concepção inatista por exemplo como vimos na unidade III a teoria Vygotskiana propõe uma interação necessária para que ocorra a aprendizagem e afirma que essas aprendizagens ocorrem por exemplo quando se propõem grupos de sujeitos que já sabem com sujeitos que não sabem a fim de que por meio desta interação haja apren dizagem e desta forma desenvolvimento No próximo tópico discutiremos como podemos por meio do planejamento orga nizar situações de aprendizagem para terceira idade a partir das ideias apresentadas aqui 65 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 2 PLANEJAMENTO DE ESTUDOS PARA A TERCEIRA IDADE REFLEXÕES NECESSÁRIAS Neste tópico vamos refletir inicialmente sobre o que é planejamento especifica mente em educação e em seguida contextualizar esse conceito transpondoo para os estudos na terceira idade 21 O que é planejamento em educação Imagine a seguinte situação você está começando um novo curso em sua área de trabalho ele acontecerá três vezes ao longo da semana em um período diferente do qual você trabalha Para que isso aconteça talvez você precise reorganizar algumas tarefas domésticas e compromissos pessoais estou certa Essa reorganização implica em planejamento Planejar é uma ação que fazemos cotidianamente Planejamos nosso dia nossa rotina nossos gastos compras entre tantas outras coisas Planejar implica em uma orga nização prévia daquilo que se quer alcançar ou realizar Quando pensamos em planejamento em educação não nos distanciamos desta ideia o planejamento tem a ver com uma organização prévia dos conhecimentos que pretendemos promover com nossos alunos a partir do currículo escolar da concepção de educação que temos das metodologias e práticas pedagógicas que fazem parte do Projeto Político Pedagógico da escola na qual atuamos 66 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Porém para que isso ocorra de forma adequada e cumpra com os fins que se pre tende o planejamento tende a ser elaborado de forma diferenciada como afirma Libâneo 2013 sp O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades em termos de organização e coordenação em face dos objetivos propostos quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino O planejamento é um meio para programar as ações docentes mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação Perceba que na citação acima o planejamento desdobrase em três faces 1 Aque la que se refere a organização dos objetivos educacionais propostos o que implica em 2 uma reorganização e readequação sempre que necessário 3 uma forma de organizar as ações docentes para que estes objetivos sejam alcançados 4 um momento de pesquisa e reflexão sobre a prática pedagógica É preciso lembrar que o planejamento não é estanque e fechado O que planejamos no início do ano letivo pode sofrer diversas alterações sem que haja qualquer problema nisso desde que essas modificações sejam benéficas ao processo de aprendizagem dos alunos REFLITA É por meio do planejamento que o professor reflete sobre como ele pode alcançar os objetivos propostos para tanto essas indagações são sempre importantes Quais metodologias utilizar E por quê O planejamento inicial foi atingido Se não o que houve no meio do percurso O que pode e deve ser modificado no meu planejamento Fonte A autora 2021 As reflexões sobre a prática pedagógica induzem em nós professores um olhar sobre nós mesmos e permitenos compreender o processo de aprendizagem de forma cada vez mais coerente dada a correlação que fazemos com o ambiente social histórico e cultural no qual atuamos Sobre esse aspecto Paulo Freire afirma Todo planejamento educacional para qualquer sociedade tem de responder às marcas e aos valores dessa sociedade Só assim é que pode funcionar o processo educativo ora como força estabilizadora ora como fator de mudan ça Às vezes preservando determinadas formas de cultura Outras interferin do no processo histórico instrumental FREIRE 1986 p 23 67 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Partindo deste pressuposto podemos afirmar que o planejamento se inicia mesmo antes de sua elaboração física Isso porque partindo das premissas que temos abordado aqui é preciso inicialmente realizar um diagnóstico da realidade concreta dos alunos o contexto social em que vivem e onde a escola se insere por exemplo são fatores pre ponderantes na elaboração do planejamento Isso incorre na aceitação de que alunos e professores talvez provenham de contextos diferentes e isso deve ser considerado na elaboração do planejamento Neste sentido Giubilei 1993 p 14 afirma que o educador de adultos deve co nhecer a idade a ocupação a escolaridade a residência as aspirações e um vasto conjunto de outras características para estruturar seu trabalho para propor uma atividade pedagógica Posto isso podemos destacar quatro elementos essenciais ao planejamento os objetivos os conteúdos as metodologias e a avaliação da aprendizagem Os objetivos podem ser definidos como finalidades que almejamos alcançar e neste sentido podemos pensar em objetivos gerais e objetivos específicos os primeiros referemse aos propósitos mais amplos da ação educativa abarcando para isso a função da escola do ensino e da própria educação No quadro abaixo temos alguns desses objetivos que são mencionados por Larchert QUADRO 1 REPRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS GERAIS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR a educação escolar deve possibilitar a compreensão do mundo e os conteúdos de ensino instrumentalizar culturalmente os professores e os alu nos para o exercício consciente da cidadania a escola deve garantir o acesso e a qualidade do ensino a todos ga rantindo o desenvolvimento das capacidades físicas mentais emocionais dos professores e alunos a educação escolar deve formar a capacidade crítica e criativa dos con teúdos das matérias de ensino Sob a responsabilidade do professor os alunos desenvolverão o raciocínio investigativo e de reflexão o percurso de escolarização visa atender à formação da qualidade de vida humana Professores e alunos deverão desenvolver uma atitude ética frente ao trabalho aos estudos à natureza etc Fonte LARCHERT sd p 6263 Por sua vez os objetivos específicos estão atrelados às expectativas docentes e referemse tanto aos conteúdos escolares quanto aos comportamentos habilidades competências e atitudes que se pretende alcançar 68 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Os conteúdos escolares estão diretamente ligados à questão o que ensinar Sobre conteúdos de ensino nos fala Libâneo 1991 p 128 Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos habilidades hábitos modos valorativos e atitudinais de atuação social organizados pedagógica e didaticamente tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática Englobam portanto conceitos ideias fatos processos princípios leis científicas regras habilidades cognoscitivas modos de ativi dade métodos de compreensão e aplicação hábitos de estudos de traba lho e de convivência social valores convicções atitudes São expressos nos programas oficiais nos livros didáticos nos planos de ensino e de aula nas atitudes e convicções do professor nos exercícios nos métodos e forma de organização do ensino Desta forma os conteúdos de ensino são postos tanto pelo Projeto Político Peda gógico da escola mas também pelas escolhas pessoais do professor As metodologias de ensino se referem a forma de ensinar como ensino As me todologias indicam por sua vez a prática específica do professor Podemos citar como exemplo as aulas expositivas dialogadas o estudo de texto as discussões e debates os seminários entre outros Por fim a avaliação é um momento fundamental pois implica em refletir sobre os objetivos conteúdos e metodologias e perceber em que medidas esses elementos corro boram ou não para que o aluno aprendesse Assim a avaliação ligase diretamente aos objetivos específicos e indica a forma a partir da qual o professor pode perceber se o aluno assimilou os conteúdos propostos Tendo apresentado as bases do planejamento escolar no próximo tópico vamos transpor essas aprendizagens aos demais temas que temos tratado ao longo destas unidades 69 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso 3 PLANEJAMENTO DE ESTUDOS PARA A TERCEIRA IDADE Neste tópico vamos refletir sobre todos os conteúdos abordados até aqui de forma que possamos transpôlos a um planejamento de estudos para a terceira idade Inicialmente vamos retomar algumas reflexões que se fazem necessárias Vimos que a terceira idade diferentemente da velhice referese a uma categoria de pessoas com mais de 60 anos e que são potencialmente ativas São essas pessoas que em grande parte aposentaramse ou estão no mercado de trabalho competindo muitas vezes com jovens e adultos em sua maioria A busca por aperfeiçoamento pessoal tem levado a terceira idade aos bancos es colares mas também ao desenvolvimento de hobbies e novas profissões que necessitam para tal novas aprendizagens A oferta de cursos tanto de extensão como livres e ou pelas chamadas universidades abertas propiciam a estas pessoas a garantia de novas aprendizagens Mas enfim que aprendizagens são essas Aqui não nos referimos a educação de jovens e adultos que tem como objetivo uma educação curricular semelhante aos conteúdos escolares da educação básica porém com uma metodologia diversificada Propomos uma reflexão sobre o planejamento de estudos para a terceira idade baseados em dinâmicas de grupo e relações interpessoais É preciso lembrar que a atuação do pedagogo não ocorre somente na sala de aula Como afirma Sousa Lima e Mourão 2014 70 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Tendo em vista as possíveis áreas de atuação do pedagogo que vai além dos limites da escola outro espaço onde este profissional desempenha suas atividades é na pedagogia para o envelhecer ou seja no trabalho com ido sos em que o pedagogo tem a opção de trabalhar em instituição pública ou privada em Organizações Não Governamentais ONG contribuindo como um elemento importante para a construção da cidadania dos idosos SOU SA LIMA MOURÃO 2014 p 0506 Essa nova forma de pensar e compreender a atuação do pedagogo nos permite transpor os elementos que apreendemos ao longo dessas unidades à uma ação que se dê por exemplo fora de ambientes institucionalizados Em conformidade com esta perspectiva Peres e Lima 2007 nos indicam ações fundamentais para a atuação na pedagogia do envelhecer Leiamos O pedagogo atua em conjunto com a equipe multiprofissional desenvolvendo dinâmicas pedagógicas no eixo de formação para a cidadania Cabe a esse profissional buscar formação e desempenhar algumas funções são elas Pesquisar e analisar necessidades de vivências dos idosos Criar adaptar e aperfeiçoar instrumentos didáticos pedagógicos Motivar dirigir e assessorar atividades de dinâmicas de grupo Proferir palestras sobre diversos temas sociais políticos e educacionais Analisar resultados obtidos em cada etapa das atividades visando seu aper feiçoamento PIRES LIMA 2007 p 405 Diante do exposto como podemos pensar a organização destas atividades para e na terceira idade O Estatuto do Idoso nos fornece pistas de como essas tratativas devem ser pensadas é preciso considerar tanto o processo de envelhecimento intrínseco a terceira idade quanto os conteúdos relevantes à esta faixa etária como por exemplo aqueles elencados nos Artigos 21 e 22 da Lei 10741 d e 1º de outubro de 2003 SAIBA MAIS O artigo O pedagogo e a pedagogia do envelhecer elaborado por Lenísia Pires Sueli Azevedo Lima aborda a pedagogia do envelhecer destacando a importância da peda gogia neste processo Acesse o artigo em O Pedagogo e a Pedagogia do Envelhecer Pires Revista Frag mentos de Cultura Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas pucgoiasedubr Fonte PIRES L LIMA S A O Pedagogo e a Pedagogia do Envelhecedor Revista interdisciplinar de Ciências Humanas Goiânia v 17 n 2 p 403419 marabr 2007 Disponível em httpseerpucgoias edubrindexphpfragmentosarticleview284228 Acesso em 10 jul 2021 71 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso Se há uma projeção crescente para a população maior de 60 anos em nosso país a curto e médio prazo é fundamental pensarmos em ações que deem visibilidade à terceira idade proporcionando espaços de atuação onde essas pessoas se sintam partícipes da so ciedade e não marginalizadas ou excluídas sob pena de um conceito pejorativo de velhice 72 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta unidade apresentamos conceitos fundamentais à pedagogia no que se refere a Teoria HistóricoCultural Ao longo das unidades anteriores esses concei tos que destacam o meio social e cultural já apareciam mas não de forma integrada ao estudo da terceira idade Neste sentido o modo como o processo de aprendizado é apresentado pela teoria Vygotskyana aparece como integralizadora dos conteúdos que a terceira idade já possui Zona de Desenvolvimento Real e possibilidade de desenvolvimento de novas capaci dades e habilidades por meio de novas aprendizagens para atingir a potencialidade do desenvolvimento humano Zona de Desenvolvimento Potencial Nesse sentido o planejamento e os elementos de ensino são fundamentais para a elaboração de uma prática pedagógica formativa para e na terceira idade 73 UNIDADE IV A Educação Como um Processo de Ensino Manutenção da Inserção no Campo Social e Instrumento de Superação da Marginalidade Social do Idoso MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título A Bela Velhice 128 páginas Autor Mirian Goldenberg Editora Record Sinopse Neste curto ensaio Mirian Goldenberg mostra que é possível experimentar o processo de envelhecimento com be leza liberdade e felicidade Mais de 25 anos de pesquisas sobre as mulheres e os homens brasileiros desafiaram a antropóloga a buscar os caminhos para inventar uma bela velhice Com base em depoimentos e pesquisas aprofundadas mas sem abrir mão de ser acessível para o público leigo cada capítulo do livro aborda as ideias mais importantes para a conquista de uma bela velhice com dicas simples como aceitar a própria idade e dar muitas risadas FILME Título Um senhor estagiário Ano 2015 Sinopse Um Senhor Estagiário acompanha Jules Ostin Anne Hathaway uma criadora de um site bemsucedido de vendas de roupas que apesar de ter apenas 18 meses já tem mais de duas centenas de funcionários Ela leva uma vida bastante atarefada devido às exigências do cargo e ao fato de gostar de manter contato com o público Quando sua empresa inicia um projeto de contratar idosos como estagiários em uma tentativa de colocálos de volta à ativa cabe a ela trabalhar com o viúvo Ben Whittaker Robert De Niro Aos 70 anos Ben leva uma vida monótona e vê o estágio como uma oportunidade de se reinventar Por mais que enfrente o inevitável choque de gerações logo ele conquista os colegas de trabalho e se aproxima cada vez mais de Jules que passa a vêlo como um amigo 74 REFERÊNCIAS ALCANTARA P R SIQUEIRA L M M V Vivenciando a aprendizagem colaborativa Re vista Diálogo Educacional Curitiba v 4 n 12 p169188 maioago 2004 AMARAL V L Psicologia da educação Natal RN EDUFRN 2007 Disponível emhttp wwweaduepbedubrarquivoscursosGeografiaPARUABFasciculos2020Material PsicologiaEducacaoPsiEdA10JGR20112007pdf Acesso em 10 maio 2021 ANTUNES C Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludoterapia São Paulo Vozes 1997 ASSIS M G DIAS R C NECHA R M A universidade para a terceira idade na constru ção da cidadania da pessoa idosa In ALCÂNTARA A CAMARANO K GIACOMIN K Política nacional do idoso velhas e novas questões Rio de Janeiro Ipea 2016 BASTOS A B I A técnica de gruposoperativos à luz de PichonRivière e Henri Wallon Psicol inf online 2010 vol 14 n 14 p 160169 ISSN 14158809 BEAUVOIR S O segundo sexo Rio de Janeiro Nova Fronteira 1980 BOBBIO Norberto O tempo da memória de senectude e outros escritos autobiográficos Tradução Daniela Versiani Rio de Janeiro Campus 1997 BRASIL Estatuto do idoso lei federal nº 10741 de 01 de outubro de 2003 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Envelhecimento e saúde da pessoa idosa Brasília Ministérioda Saúde 2006 Disponível em Envelhecimento e saúde da pessoa idosa saudegovbr Acesso em 09 jul 2021 BRUNETTA N Tecnologia em gestão de recursos humanos O mercado e a gestão de pessoas Londrina Unopar 2008 CASTRO S Linguagem verbal e linguagem não verbal Brasil Escola Disponível em ht tpsbrasilescolauolcombrredacaolinguagemverballinguagemnaoverbalhtm Acesso em 01 jul 2021 DELORS J et al Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI Educação um tesouro a descobrir 1996 75 DOLL Jr William E Currículo uma perspectiva pósmoderna Porto Alegre Artes Médicas 1997 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 34 ed São Paulo Paz e Terra 2006 FREIRE Paulo SHOR Ira Medo e ousadia o cotidiano do professor 5 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1986 FREITAS L V e FREITAS C V Aprendizagem Cooperativa Porto Edições Asa 2003 FRITZEN S J Exercícios práticos de dinâmica de grupo São Paulo Vozes 2001 5 ed vol 2 GIUBILEI S Uma pedagogia para o idoso Revista A Terceira Idade Sesc São Paulo Ano V n 7 1014 jun 1993 GUERRA F Ecopedagogia contribuições para práticas pedagógicas em educação am biental Disponível em httpsperiodicosfurgbrambeducarticleview8027 Acesso em 09 jul 2021 JOHNSON D JOHNSON R Learning together and alone cooperative competitive and individualistic learning Boston MA Allyn Bacon 1997 JORDÃO NETO A Gerontologia Básica São Paulo Lemos Editorial 1997 JUNIOR A G T RUBIO G C MATUMOTO F G V A conduta ética do professor com base na pedagogia da autonomia de Paulo Freire Akrópolis Umuarama v 17 n 3 p 149158 julset 2009 LEONTIEV A N O desenvolvimento do psiquismo Lisboa Livros Horizonte 1979 LEONTIEV A N Os princípios do desenvolvimento mental e o problema do atraso mental In LEONTIEV A N et al Psicologia e pedagogia bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento São Paulo Centauro 2005 p 6487 LIBÂNEO J C Educação na era do conhecimento em rede e transdisciplinaridade São Paulo Alínea 2005 76 LIBÂNEO J C O Planejamento Escolar 2013 Disponível em httpsedisciplinasuspbr pluginfilephp4452090modresourcecontent2Planejamento2020LibC3A2neo pdf Acesso em 09 jul 2021 LIBÂNEO José Carlos Didática São Paulo Cortez 1991 LURIA Alexander Curso de Psicologia Geral São Paulo Civilização Brasileira 1991 MONTEIROEC SILVA FGR LIMA V MB Orgs Dinâmicas de Grupo aplicadas para a pessoa idosa Revista Diversidade Fortaleza Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento SocialInstituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará INESP 2017 MORA F Dicionário de Filosofia Tomo II São Paulo Loyola 2001 PANITZ T A definition of collaborative vs cooperative learning S l s n 1996 Disponível em httpwwwlguacukdeliberationscollablearningpanitz2html Acesso em 09 mar 2020 PAPALIA D OLDS S Desenvolvimento Humano Porto Alegre Artmed 1998 PEREIRA J A O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento Educação Por Escrito 1122021 DOI httpsdoiorg1015448217984352020230993 PERRETCLERMONT A N A construção da inteligência e interação social Lisboa Instituto Jean Piaget Horizontes Pedagógicos 1996 PICHONRIVIÈRE E Teoria do vínculo São Paulo Martins Fontes 1988 PICHONRIVIÈRE O processo grupal São Paulo Martins Fontes 1998 PIRES L S LIMA S A de S da C O Pedagogo e a Pedagogia do envelhecer Revista Fragmentos de Cultura Goiânia v 17 n 34 p 403419 marabr 2007 PLATÃO Alegoria da Caverna Disponível em wwwuspbrncewcparqtextos203pdf Acesso em 02 jul 2021 PNDU O que é Desenvolvimento Humano Disponível em Desenvolvimento Humano e IDH PNUD Brasil undporg Acesso em 07 jul 2021 77 RAAD I L F As ideias de Vygotski e o contexto escolar Revista psicopedag vol33 no100 São Paulo 2016 Disponível em As ideias de Vygotski e o contexto escolar bvsaludorg Acesso em 08 jul 2021 REGO A M X EDUCAÇÃO concepções e modalidades Revista SCIENTIA CUM INDUS TRIA v 6 n 1 p 38 47 2018 Disponível em pdf ucsbr Acesso em 08 jul 2021 ROCHA E B Relações Interpessoais uma análise empresarial e social Publicado em 2009 Disponível em httpwwwwebartigoscombr Acesso em 14 set 2021 SÁ A L Ética profissional 4 ed São Paulo Atlas 2001 SAUSSURE F Curso de lingüística geral 2 ed São Paulo Cultrix 1970 SILVA L R Da velhice à terceira idade o percurso histórico das identidades atreladas ao processo de envelhecimento Revista História Ciências Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v15 n1 p155168 janmar 2008 SOUSA A M LIMA K C MOURÃO L Pedagogia e terceira idade atuação e contribui ções do pedagogo na educação não formal com idosos Fórum Internacional de Pedagogia Santa Maria Rio Grande do Sul 2014 Disponível emhttpeditorarealizecombreditora anaisfiped2014Modalidade2datahora25052014150931idinscrito672b667ed 1fe6a431b5bdf0f64805f99a68pdf Acesso em 08 jul 2021 TEIXEIRA S R BARCA A P O professor na perspectiva de Vygotski uma concepção para orientar a formação de professores Revista RECC Canoas v 24 n 1 p 7184 mar 2019 VIANNA C E S Evolução histórica do conceito de educação e os objetivos constitucionais da educação brasileira Revista Janus 3 2008 Disponível em pdf ucsbr Acesso em 08 jul 2021 VYGOTSKY Lev S Pensamento e Linguagem trad Jefferson Luis Camargo São Paulo Martins Fontes 1984 ZIMERMAN D E OSÓRIO L C Como trabalhamos com grupos Porto Alegre Artmed 1997 ZIMERMAN D Fundamentos Básicos das Grupoterapias Porto Alegre Editora Artmed 2000 78 CONCLUSÃO GERAL Prezadoa alunoa Neste material trouxemos para você os conceitos que endossam as reflexões sobre as relações interpessoais os processos grupais e o planejamento de estudos para a terceira idade Para isso compreendemos que o homem é um ser social e os relacionamentos grupais são impulsionadores do processo de humanização do mesmo Além disso pontua mos que as dinâmicas de grupo destinada ao idoso tornamse via de aprendizagem ativa e um desenvolvimento contínuo Nesse sentido tornase importante destacar que o indivíduo estará em processo de desenvolvimento em todas as idades tendo a educação um papel determinante para uma vida qualitativa E a Teoria HistóricoCultural abordada na última unidade busca superar um olhar biologizante tão comum com compreensões sobre o idoso e fortalecer o desenvolvimento contínuo e humanizador ao longo da vida A partir de agora acreditamos que você já está preparadoa para seguir em frente e aplicar os conceitos aprendidos nas diversas intervenções destinadas à educação do idoso Até uma próxima oportunidade Muito obrigada 55 44 3045 9898 Rua Getúlio Vargas 333 Centro CEP 87702200 Paranavaí PR 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