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Psicologia Social

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ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTENCIA SOCIAL Juscislayne Bianca Tavares de Morais1 Hivana Raelcia Rosa da Fonseca2 Nathassia Pollyne Colaço Gonçalves3 Resumo O objetivo desse trabalho é problematizar a atuação dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social discorrendo sobre a inserção profissional bem como salientando alguns desafios que atravessam atualmente a atuação junto aos diversos serviços O Sistema Único de Assistência Social organiza os serviços da Política de Assistência Social O psicólogo pode está inserido em todos os níveis e serviços devendo atuar em consonância com os objetivos e em articulação com os demais profissionais que compõe a Política A reflexão sobre esse trabalho pode contribuir para o aperfeiçoamento da inserção e das práticas dos psicólogos na Assistência Social Palavraschave Assistência Social Psicologia Políticas Públicas Abstract The objective of this work is to problematize the performance of psychologists in the Unified Social Assistance System discussing the professional insertion as well as highlighting some challenges that currently cross the work with the various services The Single System of Social Assistance organizes the services of the Social Assistance Policy The psychologist can be inserted at all levels and services and must act in accordance with the objectives and in articulation with the other professionals that make up the Policy The reflection on this work can contribute to the improvement of the insertion and practices of psychologists in Social Assistance Keywords Social assistance Psychology Public policy 1 Psicóloga Mestranda em Políticas Públicas UFPI Email jusmoraissgmailcom 2 Psicóloga Mestre em Psicologia UFRGS Doutoranda em Políticas Públicas UFPI Docente em Psicologia FAESPI Email hivanafonsecahotmailcom 3 Psicóloga Especialista em Gestão SocialEmail natpcghotmailcom I INTRODUÇÃO A inserção da Psicologia na área das Políticas Públicas de Assistência Social ainda é considerada recente e impõe inúmeros desafios a esses profissionais tendo em vista o cenário de profundas desigualdades sociais no Brasil e o distanciamento histórico da Psicologia das questões sociais Tradicionalmente a Psicologia serviu a interesses da elite no Brasil Entretanto a partir principalmente da década de 1970 o papel da Psicologia passa a ser questionado e suas discussões voltamse mais ao contexto social tanto no sentido do estudo e compreensão como da intervenção O período pós Segunda Guerra Mundial a Ditadura Militar no Brasil somado a vários fatores sociais e econômicos resultaram no aprofundamento da questão social e na intensificação das desigualdades sociais e o empobrecimento da população Tal conjuntura aproximou a práxis do psicólogo a realidades antes pouco exploradas impondo o desafio de construir um exercício profissional que atenda o enfrentamento das demandas trazidas pelos usuários para os quais a graduação nem sempre fornece os referenciais teóricos e técnicos adequados voltados aos contextos de inclusão social no qual o psicólogo tem se inserido dentro da Política de Assistência Social Esse foi o período de construção da Psicologia Comunitária A partir da implementação das diversas Políticas Públicas no período que se seguiu a Constituição de 1988 especialmente a partir dos anos 2000 a participação social dos psicólogos se deu cada vez mais vinculada às demandas sociais O psicólogo passa a desempenhar um papel importante no que tange a discussão defesa proteção e promoção dos direitos especialmente junto às camadas sociais mais vulneráveis A partir da criação do Sistema Único de Assistência Social SUAS o psicólogo inserese nessa política pública nos diversos níveis de proteção previstos pela Tipificação dos Serviços Socioassistenciais O psicólogo passa a integrar a Proteção Social Básica nas equipes dos Centros de Referência da Assistência Social CRAS e a Proteção Social Especial nos Centros de Referência Especializada da Assistência Social CREAS que atuam na média complexidade além de unidades de alta complexidade como os serviços de acolhimento institucional os centros socioeducativos entre outros Atualmente os documentos oficiais destinados a fornecer diretrizes gerais aos serviços da Assistência Social ainda estão em fase de aperfeiçoamento tendo em vista a qualificação continuada dos serviços Exemplos disso são a própria PNAS o Guia de Orientação nº 1 do CRAS os Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogos na Política de Assistência Social sendo que somente no ano de 2013 foi publicado através do Centro de Referências Técnicas de Psicologia e Políticas Públicas CREPOP o primeiro guia de Referências Técnicas para atuação de psicólogos nos CREAS Ao mesmo tempo que a subjetividade precisa ser compreendida dentro do contexto social assim como o contexto social precisa ser refletido a partir da compreensão das subjetividades emergentes da sociedade Para isso entretanto é necessário que o fazer do psicólogo na política de assistência social esteja cada vez mais claro e consolidado FONTENELE 2008 A Psicologia Comunitária tem muito a colaborar com o campo das Políticas Públicas de Assistência Social Assim concluise que indiscutivelmente o trabalho do psicólogo pode colaborar com o acesso e efetivação dos direitos sociais emancipação e empoderamento das famílias e desse modo com o enfrentamento da questão social e com a ruptura dos padrões de exclusão e marginalização Entretanto apesar da conquista destes novos espaços a maioria dos psicólogos se vê diante de novas formas de trabalho para os quais não se sentem preparados devido à falta de delineação de referenciais teóricos voltados a uma realidade permeada de desigualdades sociais É preciso refletir sobre o Compromisso Social na Psicologia e a função social questionando como vem sendo a implicação desses profissionais nesses espaços a questão não parece residir em com quem a Psicologia nesse movimento vem se comprometendo mas na forma desse compromisso YAMAMOTO 2003 Embora o Ministério do Desenvolvimento Social MDS venha atuando de forma articulada com o CREPOP na elaboração de referenciais e normas técnicas que norteiem a atuação do psicólogo no SUAS as atividades desenvolvidas por psicólogos deverão ser realizadas conforme as necessidades da comunidade que se está atendendo Neste contexto fazse necessário a realização de práticas que atendam as potencialidades e as vulnerabilidades nos vínculos comunitários vislumbrando seu caráter emancipatório A atuação com pessoas em contextos de vulnerabilidade social exige não somente a adequação do conhecimento teóricotécnico mas aponta para necessidade de construção de novos conhecimentos e uma mudança na postura que marca historicamente a atuação dos psicólogos que passa a trabalhar sob o viés do compromisso social Assim a noção de sujeito psicológico não cabe nos desafios da Proteção Social Brasil nem a crença de que a Psicologia só intervém no sofrimento psíquico ou no ajustamento BOCK 2003 II TRAJETÓRIA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL A incorporação da Assistência Social como política social é ainda recente na história brasileira adquirindo status de política pública somente na década de 80 com a promulgação da nova Carta Constitucional no ano de 1988 O artigo 194 propõe que a Assistencial Social passa a integrar a seguridade social como uma responsabilidade do Estado e materializase como direito social voltado a quem dela necessitar independente de contribuição à seguridade social BRASIL 1988 A Lei 8742 de 1993 conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social LOAS é a base estruturante dessa política pública cuja proposta é a sua sistematização e institucionalização em todo território através de normas e critérios para sua implantação e gestão A LOAS propõe que as políticas públicas na área da assistência devem ser descentralizadas e participativas prevendo ações nas três esferas de governo que atuem de forma articulada com a finalidade de organizar e executar os programas em suas respectivas esferas Estados Distrito Federal e Municípios BRASIL1993 Em 2004 é implementada a Política Nacional de Assistência Social PNAS aprovada pela resolução n 15 do Conselho Nacional de Assistência Social que expressa a criação e consolidação das diretrizes da LOAS enquanto a Norma Operacional Básica do Sistema Único da Assistência Social NOBSUAS é aprovada em 2005 através do mesmo conselho visando a implementação e consolidação do SUAS como modelo de organização da Assistência determinada pela PNAS O SUAS constituise como meio de organização e regulação em todo território nacional dos serviços programas projetos e demais benefícios socioassistencial de caráter continuado ou eventual possibilitando ainda a normatização destes serviços e sistema de monitoramento e criação de indicadores Tratase de um sistema público não contributivo voltado para quem dela necessitar caracterizandose ainda como descentralizado participativo sendo o responsável pela gestão da política de proteção social brasileira BRASIL 2009 O Sistema Único da Assistência Social integra uma política pactuada nacionalmente e descentralizada da assistência social com ações voltadas para o fortalecimento da família Desta forma a PNAS supervaloriza a família e coloca o eixo estruturante da Matricialidade Familiar como forma de garantir a efetiva proteção da família através da inclusão sociocultural na qual a família tornase o núcleo social básico de acolhida autonomia sustentabilidade e protagonismo social MESQUITA 2011 Tais garantias são desenvolvidas mediante a oferta pública de espaços e serviços continuados e articulados na proteção social básica pelos Centros de Referência da Assistência Social CRAS e na proteção social especial pelos Centros de Referência Especializada da Assistência Social CREAS e equipamentos que compõem a rede de alta complexidade A oferta de serviço conforme a PNAS é dada conforme seu nível de complexidade sendo dividida em proteção social básica e especial A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento das potencialidades e aquisições e comunitários Destinase à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza privação ausência de renda precário ou nulo acesso aos serviços públicos dentre outros e ou fragilização de vínculos afetivos relacionais e de pertencimento BRASIL 2004 A proteção social de Assistência Social se ocupa das vitimizações fragilidades contingências vulnerabilidades e riscos que o cidadão a cidadã e suas famílias enfrentam na trajetória de seu ciclo de vida por decorrência de imposições sociais econômicas políticas e de ofensas à dignidade humana A proteção social de Assistência Social em suas ações produz aquisições materiais sociais socioeducativas ao cidadão e suas famílias para suprir suas necessidades de reprodução social de vida individual e familiar desenvolver suas capacidades e talentos para a convivência BRASIL 2009 A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários na qual o acompanhamento é realizado pelos Centros de Referência da Assistência Social CRAS A Proteção Social Especial que prevê o acompanhamento de famílias e indivíduos em situação de risco social e cuja vivência é a de violação de direitos cujo acompanhamento é realizado pelos Centros de Referência Especializados da Assistência Social CREAS e a rede de alta complexidade materializada na forma de abrigos albergues entre outros cujo foco é de sujeitos em situação de risco social havendo uma conjuntura de rompimentos dos vínculos familiares e comunitário BRASIL 2009 Em relação ao aspecto processos de trabalhos nos equipamentos sociais nos níveis de Proteção Social Básica e Especial a Norma Operacional de Recursos Humanos do SUAS NOBRHSUAS2006 alteram de forma significativa do ponto de vista político e conceitual os rumos da Assistência Social e da atuação profissional A NOBRH2006 além de representar uma regulação para o campo profissional no tocante à composição das equipes de referência que prestam serviços particularmente nas unidades estatais CRAS e CREAS afirma o reconhecimento de que a profissionalização da Assistência Social é de relevância inquestionável para a defesa e garantia de direitos atribuídos a uma política pública Tratase ainda de reconhecer a necessidade da adoção de diretrizes técnico políticas para o enfrentamento da complexa realidade social brasileira e dos ainda persistentes altos índices de desigualdade social e situações de violência e violação dos direitos no país CFP 2013 A partir destes serviços o olhar da Assistência voltase para as famílias e grupos sociais de um dado território espaço onde se manifestam as vulnerabilidades e riscos sociais por meio de fenômenos complexos e multifatoriais que atingem as sociedades e os modos de vida na contemporaneidade como fome pobreza desemprego violência drogas e as mais diversas formas de discriminação além de situações de desastre e calamidade O SUAS se configura como um relevante espaço de mecanismo de luta e ampliação dos canais de participação da sociedade se opondo a ideologia neoliberal e possibilitando aos profissionais da área da Psicologia uma intervenção qualificada diante da sociedade civil III A INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL A inserção de psicólogos nas equipes de trabalho das políticas públicas aumentou voluptuosamente na última década principalmente nas áreas de saúde e saúde mental nas políticas de proteção à criança e ao adolescente Recentemente em 2005 com a implantação do Sistema Único de Assistência Social SUAS este profissional passa a atuar junto ao assistente social como um dos principais profissionais de referência dessas equipes pactuadas pela NOBRH no ano de 2007 BOTARELLI 2008 A interface entre Psicologia e Políticas Públicas tem gerado várias discussões sendo considerado tema relevante e novo para Psicologia enquanto ciência e profissão Os diálogos entre estes dois campos iniciaram a partir dos anos 70 momento no qual os psicólogos passaram a construir uma nova relação com a sociedade brasileira aderindo a movimentos sociais e aproximandose das camadas mais pobres da população BOCK 2003 Na década de 80 o país vivia o processo de reabertura democrática e promulgação da Constituição Cidadã este período foi marcado pelo envolvimento dos profissionais de psicologia no movimento da saúde com participação na luta antimanicomial na Reforma Sanitária e nas Conferências Nacionais de Saúde que definiram as condições para inserção da categoria no campo do BemEstar Social YAMAMOTO 2007 Já nos anos 90 as concepções e instrumentos da Psicologia passaram a transformarse em função das populações atendidas surgindo nessa esfera o desafio da profissão aproximase dos direitos humanos e políticas sociais bem como recolocarse socialmente As experiências críticas no âmbito social passaram a sinalizar que a Psicologia entendida como instituição precisaria recolocarse socialmente e para isso precisaria se reposicionar e se reinventar para que de fato pudesse atender as necessidades de uma população com o qual não estavam habituados a trabalhar GONÇALVES 2010 A luta pela construção de uma Psicologia com práticas contextualizada as necessidades brasileiras ganhou continua visibilidade através do fortalecimento das entidades profissionais da ampliação dos espaços de inserção da profissão entre os profissionais de saúde e de sua participação nos debates referentes na elaboração de políticas públicas pertinentes a área BERNARDES 2003 O resultado da abertura destes novos espaços de trabalho implicou em um maior engajamento do psicólogo em lutas sociais acarretando na ampliação de locais de atuação e a necessidade de seu ingresso nos equipamentos do Estado Daí o fato de tanto o Sistema Único de Saúde SUS quanto o Sistema Único de Assistência Social SUAS serem considerados como importantes dispositivos de institucionalização e interiorização da profissão acarretando na valorização e reconhecimento do trato com a subjetividade nas políticas públicas MACEDO DIMENSTEIM 2011 O papel da Psicologia nas Políticas Públicas deve ser construído tendo em vista o processo de emancipação social superação do risco e vulnerabilidade social Desta forma a Psicologia nas Políticas Públicas contribui para o melhor atendimento e acolhimento dos sujeitos através da compreensão dos aspectos subjetivos inerentes aos fenômenos sociais contribuindo também na formulação e elaboração de políticas públicas A psicologia social tem muito a contribuir com a prática do psicólogo no SUAS nesse quesito a intervenção do Psicólogo Social Comunitário é concebida por meio de três ideologias de atuação sendo a primeira permeada pela postura assistencialista assinalada por ideais filantrópicos e de caridade a segunda por curiosidade científica em busca de se conhecer o desconhecido e por fim sendo a visão usada neste trabalho uma inserção pautada no compromisso real com a transformação social e a busca de mudanças das condições vividas por essa população SILVACORGOZINHO 2011 Em levantamento realizado por Fontenele 2008 com o objetivo de investigar a inserção da Psicologia no momento da elaboração da PNAS e das NOB NOBSUAS e NOBRH bem como os referenciais teóricos e modelos de atuação que se espera da profissão no campo da Assistência Social a autora pontuou que não foi encontrado nenhum registro histórico da participação da Psicologia ou mesmo menção a psicólogos em exercício ou entidades representativas destes na construção de tais documentos Das 39 referências bibliográficas constantes na PNAS somente uma faz alusão à produção no campo da Psicologia Estudos sobre a atuação do psicólogo no campo da Assistência Social sinalizam que apesar dos avanços no aperfeiçoamento de práticas profissionais no âmbito os profissionais continuam replicando os modelos de atuação tradicionais embora cientes de que esses não deveriam ser utilizados no âmbito da Assistência Social OLIVEIRA et al 2011 Macedo et al 2015 ratifica essa afirmação ao concluir em sua pesquisa que apesar dos avanços teóricos e metodológicos a atuação dos psicólogos no na Assistência Social ainda é marcada por atuações pautadas em perspectivas teóricas que fundamentam análise individualizante e descontextualizada Em detrimento de ações orientadas numa análise das relações políticas éticas econômicas sociais e de poder das realidades com as quais trabalham identificando a dimensão subjetiva dessas Buscamse ações e políticas sociais voltadas à comunidade e aos grupos em condição de vulnerabilidade social e que contribuam para uma transformação social e melhoria na qualidade de vida da população focalizada MACEDO et al 2015 p 820 O ponto mais relevante nas orientações técnicas versa sobre a psicoterapia No caso de haver demanda para acompanhamento psicoterapêutico o CREPOP 2008 pontua que os equipamentos vinculados ao SUAS não é o lugar para tal devendose referenciar a demanda para outras instituições que compõem a rede assistencial dentro ou fora da política de assistência social Apesar da recomendação clara nos guias de orientação os primeiros estudos sobre o trabalho do psicólogo nos CRAS como o realizado com psicólogos sergipanos revelam que uma das atividades mais desenvolvidas pelos psicólogos eram a psicoterapia seja individual ou em grupo Além disso foi constatado que os referenciais que norteiam as práticas são prioritariamente clínicos e que muito pouco se sabe sobre ações com comunidades que trabalham nas políticas sociais CRUZ 2009 Ao debater as possibilidades de articulação entre a Psicologia Social Comunitária e as redes de Proteção Social Básica verificase que existem pontos de conflito nessa relação no que dizem respeito à política de Assistência em si e também à Psicologia De fato o trabalho na proteção social básica exige dos psicólogos não apenas uma adequação do trabalho exige um conhecimento de aspectos que estão fora do escopo do que a Psicologia delimitou em seus campos de saber XIMENES PAULA BARROS 2009 No referido contexto é importante mencionar a influência dos cursos de Psicologia que na sua maioria ainda têm grades curriculares muito engessadas que priorizam fundamentalmente a formação acadêmica clínica que visa atender o sujeito individualizado em espaço reservado ao setting terapêutico Quase inexiste inclusão de temáticas que permitam a discussão de políticas públicas da assistência só para atuarem com problemas sociais MACEDO 2015 XIMENES PAULA BARROS 2009 A formação acadêmica ao mesmo tempo que é fundamental a uma prática sólida fundamentada e efetiva constituise ainda um desafio quanto a preparação do psicólogo para trabalhar na Assistência Social MACEDO et al 2015 REIS CABREIRA 2013 Neste sentido não apenas a formação acadêmica deve ser discutida mas também o acesso a formação continuada que auxilie o psicólogo bem como aos demais profissionais a atuarem de modo articulado aos objetivos das Políticas Públicas nas quais estão inseridos No que diz respeito especificamente a prática dos profissionais de Psicologia no SUAS pesquisa do CREPOP CFPCREPOP2009 descreveram que as ações realizadas por psicólogasos em maior frequência foram Acolhimento Entrevista Inicial e Triagem Atendimentos Individuais Plantões Grupos Elaboração de Plano de Acompanhamento Individual eou Familiar Visitas Domiciliares Acompanhamento dos usuários nos diversos serviços do sistema judiciário Relatórios Técnicos Laudos e Avaliações Ações integradas com a rede Atuação em equipes multidisciplinares Atividades educativas e de esclarecimentos para a população em geral e Coordenação dos serviços A pesquisa supracitada aponta que os cinco principais documentos consultados pelas os psicólogasos foram Estatuto da Criança e do Adolescente 508 Lei Orgânica da Assistência Social 382 CREAS Guia de Orientação n 1 38 Política Nacional de Assistência Social 373 Declaração Universal dos Direitos Humanos 289 e Constituição Federal do Brasil 287 CREPOP 2009 O Conselho Federal de Psicologia CFP reconhece ao publicar referências técnicas para o exercício profissional para a área da assistência social que a despolitização a alienação e o elitismo marcaram a organização da profissão e influenciaram na construção da ideia de que o a psicólogo a só faz Psicoterapia É neste contexto que esta pesquisa surge como ferramenta de compreensão para os novos desafios de atuação dos psicólogos nesse campo atrelada à necessidade de refletir novas formas de intervenção a serem incorporadas CFP 2012 IV CONCLUSÃO A formação profissional do psicólogo tem se voltado de modo mais consistente para sua atuação nas Políticas Públicas dentre elas a Política de Assistência Social Entretanto é necessário que o profissional inserido nesse contexto busque sempre o aperfeiçoamento e a atualização utilizando as referências técnicas e demais documentos orientadores como instrumentos nesse contexto É importante refletir sobre a inserção e atuação do Psicólogo junto a essas demandas sociais voltadas efetivamente para o enfretamento das desigualdades e promoção proteção e defesa de direitos Conforme coloca Ximenes Paula e Barros 2009 p697 o trabalho do psicólogo na Assistência Social deve contribuir para que pessoas e grupos comunitários ampliem suas possibilidades de se construírem criativamente Há ainda a necessidade de ampliação de intervenções cotidianas voltadas para a ação política e transformadora das instituições públicas para que estas realmente se voltem para o fortalecimento da participação social e no apoio às camadas mais pobres na estimulação da consciência crítica do conhecimento de seus direitos Os referenciais teóricos e metodológicos da Psicologia podem contribuir diretamente para a organização e implementação das ações junto ao SUAS Apesar da inserção razoavelmente recente é possível observar que não pode haver um psicologismo dentro dos serviços mas antes a articulação adequada de práticas e fundamentos que respondam adequadamente às demandas sociais REFERÊNCIAS BERNARDES J S O debate atual sobre a formação em psicologia no Brasil análise de documentos de domínio público Estud Pesqui Psicol Rio de Janeiro v 3 n 2 jul 2003 BOCK A M B Psicologia e sua ideologia 40 anos de compromisso com as elites IN A M B Bock Org Psicologia e o compromisso social São Paulo Cortez Editora 2003 p 1528 BOTARELLI A O psicólogo nas políticas de proteção social uma análise dos sentidos e das práxis 133 p Tese Doutorado em Psicologia Social Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo 2008 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil Brasília 1988 BRASIL Lei Orgânica de Assistência Social Brasília 1993 BRASIL Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Conselho Nacional de Assistência Social Política Nacional de Assistência Social Resolução nº 145 de 15 de outubro de 2004 Brasília 2004 BRASIL Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Conselho Nacional de Assistência Social Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social Resolução nº 269 de 13 de dezembro de 2006 Brasília 2006 BRASIL Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Conselho Nacional de Assistência Social Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais Resolução nº 109 de 11 de novembro de 2009 Brasília 2009 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA Referências técnicas para Prática de Psicólogas os no Centro de Referência Especializado da Assistência Social CREAS Conselho Federal de Psicologia Brasília CFP 2012 58 p CREPOP Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio VargasCEAP FGV Documento Relatório preliminar de análise qualitativa dos dados da pesquisa sobre a atuação dosas psicólogos as no CREAS e outros serviços especiais de acolhida e atendimento domiciliar do SUAS São Paulo 2009 CREPOP Referência Técnica para atuação do psicólogo a no CRASSUAS Conselho Federal de Psicologia Brasília 2008 CRUZ J M O Práticas psicológicas em Centro de Referência da Assistência Social Psicologia em Foco v2 p 1127 2009 Disponível emhttplinuxalfawebcombrsgwdownloads161073535ARTIGO2AcPraticaspsicologi casemCRASpdf Acesso em 11 jan 2014 FONTENELI AFGT Psicologia e sistema único de assistência social SUAS estudo sobre a inserção dos psicólogos nos Centros de Referência de Assistência Social SUAS 2008 Dissertação Mestrado em Psicologia Universidade Federal do Ceará Fortaleza 2008 GONÇALVES M G M Psicologia subjetividade e políticas públicas São Paulo Cortez 2010 MACEDO O J V et al Ações do Profissional de Psicologia no Centro de Referência da Assistência Social Psicol Cienc Prof Brasília v 35 n 3 p 809823 set 2015 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS1414 98932015000300809lngptnrmiso Acesso em 01 Abr 2017 MACEDO J P DIMENSTEIN M Formação do psicólogo para a saúde mental a psicologia piauiense em análise Interface Botucatu Botucatu v 15 n 39 Dez 2011 Disponível emhttpwwwscielobrscielophppidS141432832011000400014scriptsciabstracttl ngpt Acesso em 11 jan 2017 MESQUITA A P Constituição da Agenda Política da Assistência Social no Brasil e as rotas de reprodução das desigualdades de gênero Anais de Circuito de debate acadêmico Brasília IPEA 2011 p 212 OLIVEIRA I F de et al A prática psicológica na proteção social básica do SUAS Psicol Soc Florianópolis v 23 n spe p 140149 2011 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS010271822011000400017lngpt nrmiso Acesso em 01 abr 2017 REIS R G CABREIRA L As políticas públicas e o campo e o Psicólogo com isso Psicol Cienc Prof Brasília v 33 n spe p 5465 2013 SILVA J V da CORGOZINHO J P Atuação do psicólogo SUASCRAS e Psicologia Social Comunitária possíveis articulações Psicol Soc Florianópolis v 23 n spe p 12 21 2011 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0102 71822011000400003lngennrmiso Acesso em 01 abr 2017 XIMENES V M et al Psicologia comunitária e política de assistência social diálogos sobre atuações em comunidades Psicol Ciênc Prof Brasília v 29 n 4 2009 Disponível emhttpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS1414 98932009000400004lngennrmiso Acesso em 15 jan 2017 YAMAMOTO O H Políticas sociais terceiro setor e compromisso social perspectivas e limites do trabalho do psicólogo Psicol Soc Porto Alegre v 19 n 1 abril 2007 Questão social e políticas públicas revendo o compromisso da Psicologia In A M B Bock Org Psicologia e compromisso social São Paulo Cortez 2003 p 3754