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Ética e Sociedade Prof Dr Ariovaldo Francisco da Silva 2ª Edição Gestão da Educação a Distância Todos os direitos desta edi ção ficam reservados ao Unis MG É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou parte do mesmo sob qual quer meio sem autorização expressa da instituição Cidade Universitária Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola 650 Bairro Aeroporto Varginha MG eadunisedubr 0800 283 5665 Autoria Currículo Lattes Possui graduação em Filosofia 1988 Especialização LatoSensu em Docência no Ensino Su perior Centro Universitário do Sul de Minas UNIS MG 2005 Especialização LatoSensu Docência na Educação a Distância Centro Universitário do Sul de Minas UNIS MG 2007 Mestrado em Letras Linguagem Cultura e Discurso 2009 e Doutorado em Educação 2020 Atualmente está como Secretário Geral do Centro Universitário do Sul de Minas Unis MG e do Grupo Educacional Unis Mantido pela Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas Docente das disciplinas Filosofia Filosofia da Educação e Ética e Responsabilidade Social nos cursos de graduação nas modalidades de ensino presencial e a distância foi coordenador do Curso de Licenciatura em Filosofia em EaD de 200701 à 201001 pelo Centro Universitário do Sul de Minas mantido pela Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas FEPESMIG Volun tário do UnisSênior do UNISMG e membro do grupo de pesquisa TCTCLAE Teoria Crítica e Teorias Críticas LatinoAmericanas e Educação CNPqUSF Prof Dr Prof Dr Ariovaldo Francisco da Silva Ariovaldo Francisco da Silva httplattescnpqbr7632740026678426 5 Unis EaD Cidade Universitária Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola 650 Bairro Aeroporto Varginha MG eadunisedubr 0800 283 5665 SILVA Ariovaldo Francisco da Ética e Sociedadde Ética e Sociedadde Varginha GEaD UNISMG 2022 107 p 1 Ética 2 Etnia 3 Responsabilidade Social Caros alunos Vivemos em uma sociedade global e unificada É a chamada sociedade do conheci mento da informação dado o volume e a velocidade da informação que circula pela rede de computadores planetária Para termos uma ideia da grandeza são três milhões de vezes mais que as informações contidas em todos os livros editados até hoje A globalização vem alterando as sociedades e as culturas numa escala assombrosa ao mesmo tempo em que o cultivo e o aprimoramento da ética pelo menos de uma ética com prometida com o ser humano desapareceram quase por completo principalmente no mundo dos negócios em que tudo se tornou mercadoria isto é passou a ter um preço Isso nos mostra que estamos deixando de ser filósofos para nos tornarmos reféns da técnica Ficamos arranhando as superfícies e não nos aprofundamos no entendimento do mundo apesar de nunca termos ao nosso alcance tantas condições para tanto Nesse atual estágio da nossa civilização nessa sociedade do conhecimento e da infor mação nos deparamos diante de uma encruzilhada de um paradoxo e precisamos escolher valores qual caminho seguir É por isso que a Ética e a Responsabilidade Social se fazem tão necessárias como imperativos de melhorar a nossa escolha que com certeza terá implicações tanto atuais quanto futuras Um abraço Ari Ementa Orientações Palavraschave Conceitos de Valores Ética e Moral A cidadania direitos humanos e seus elemen tos civis e políticos Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de His tória e Cultura Afrobrasileira e Indígena Responsabilidade Social Desenvolvi mento Sustentável e Meio Ambiente Ver Plano de Estudos da disciplina disponível no ambiente virtual Ética Etnia Responsabilidade Social Unidade I Valores Moral e Ética 12 11 Os Valores 12 111 A Formação dos Valores Individuais 15 112 Valores Universais e Valores Sociais 21 113 O Papel dos Valores 23 12 Moral 24 121 Níveis de Desenvolvimento Moral 31 122 Todos Somos Imorais 34 13 Ética 35 Unidade II Cidadania e Direitos Humanos 38 Introdução 38 21 Ética Política Administração Empresarial e Poder Local 38 211 A Ética das Convicções e a Ética da Responsabilidade 41 22 O Espaço Cultural Urbano e a Infraestrutura Moral 43 23 Direitos Humanos 48 24 A Declaração Universal dos Direitos Humanos 50 Unidade III Educação das Relações Étnicoraciais 62 Introdução 62 31 A Cultura Africana e suas influências na Cultura Brasileira 63 311 O Movimento Negro 64 312 Os Quilombolas 65 32 O Indígena 66 321 Culturas e Costumes Indígenas 68 322 Sua Importância na Formação do Povo Brasileiro 68 Unidade IV Conhecendo a Responsabilidade Social 71 Introdução 71 41 A Responsabilidade Social 71 411 Como Surgiu a Responsabilidade Social 72 42 Empresas Comprometidas com Responsabilidade Social 80 421 A Dimensão Ética 84 43 O Instituto Ethos 86 431 Compromissos Éticos 88 432 Enraizamento na Cultura Organizacional 88 433 Governança Corporativa 88 434 Relações com a Concorrência 89 435 Diálogo e Engajamento das Partes Interessadas Stakeholders 89 436 Balanço Social 90 441 ONGS 92 442 As Principais ONGs e Suas Atuações 94 Unidade V Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 98 Introdução 98 51 Sociedade e Empresas Sustentáveis 99 521 Sustentabilidade 100 Referências Bibliográficas 107 Objetivos da Unidade Unidade I Valores Moral e Ética I Definir o conceito de Valores Relacionar o conceito com a prática profissional e social Compreender os conceitos Moral e Ética Identificar nas ações diárias a existência de uma vivência éti ca 12 Unidade I Valores Moral e Ética 11 Os Valores Há homens que lutam um dia e são bons há outros que lutam um ano e são melhores há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons po rém há os que lutam toda a vida Estes são imprescindíveis Bertold Brecht1 Na nossa vivência do cotidiano estamos expostos a inúmeras situações em que não ficamos indiferentes diante delas isto é sempre que nos deparamos com tais situações somos sensibilizados a fazer um juízo2 de valor assumir uma posição dar um valor classificálas como boas aceitáveis ou não aceitáveis enfim admiramos ou desprezamos tais ações Os exemplos de tais situações são inúmeros Vamos elencar alguns furar uma fila achar um amigo numa repartição pública para resolver o nosso processo de forma mais rápida aos amigos tudo aos inimigos a lei parar em fila dupla no trânsito etc Assim ao constatarmos a realidade das coisas fazemos juízos dessa realidade como por exemplo esta caneta é bonita este computador é novo Mariana saiu da sala etc Con sequentemente fazemos também juízos de valor como esta caneta é a melhor do mercado esse computador é melhor que o seu Mariana não deveria ter se ausentado antes da aula terminar etc Mas afinal o que é Valor 1 Bertolt Brecht 18981956 foi um dramaturgo romancista e poeta alemão criador do teatro épico antiaristo télico Sua obra fugia dos interesses da elite dominante visava esclarecer as questões sociais da época http wwwebiografiasnetbertoltbrecht acessado em 30042016 às 15h26min 2 Juízo situação em que afirmamos ou negamos alguma coisa sempre a partir de duas possibilidades 13 Conceito Valor é essa capacidade que temos de caracterizar as coisas segundo nossa visão do mundo lembrando que segundo Leonardo Boff nosso ponto de vista é sempre a vista de um ponto A Águia e a Galinha Os valores não existem por eles mesmos somos nós que individualmente ou coleti vamente socialmente atribuímos valores às coisas e às situações tanto as reais como as que não possuem uma realidade material Quando valoramos isto é quando atribuímos valor a uma determinada situação ou coi sa estamos interferindo na realidade Significa que não estamos sendo indiferentes ao mundo que nos rodeia Essa é a principal característica do valor a não indiferença diante do mundo E a indiferença só não ocorre porque somos afetados pela situação ou pelo objeto Se a caneta não escreve achamola ruim se o computador é lerdo dizemos que ele não é bom etc Caro aluno no seu cotidiano é fundamental dar valor ao mundo que o cerca pois é a forma de você construir um sentido para a sua vida Vejam que tudo isso só se faz no convívio social pois somos animais políticos como nos aponta o filósofo Aristóteles Portanto a sua vida é uma escolha e você está a todo tempo escolhendo o melhor para si ou achando que está Por outro lado você está sempre tentando evitar o pior aquilo que é ruim para poder atingir os fins aos quais você se propôs Podemos concluir que valorar é criar as regras para o nosso agir prático do dia a dia ética Se o ar que respiramos é algo que julgamos muito importante para nós precisamos evitar a poluição Se acreditar mos que a credibilidade é importante não podemos mentir pois se assim fizermos prejudicaremos as nossas relações pessoais no dia a dia Como conviver com alguém que só fala mentira 14 É nesse sentido que podemos afirmar que diante da realidade daquilo que é o valor que damos às coisas nos orienta para o que essas coisas devem ser ou como gostaríamos que elas fossem Assim acreditamos que a caneta deve escrever que o computador deve ser rápido e que a Mariana deve ficar até o fim da aula Temos como seres humanos a capacidade de dar valor às coi sas porém a forma como valorizamos um fato em detrimento de outro é uma atividade que construímos nas relações humanas que estabele cemos com os nossos semelhantes Por isso dizemos que os valores são herdados da nossa cultura pois a nossa primeira compreensão do mundo está baseada nos valores da comunidade a que pertencemos Assim os valores variam de povo para povo e de uma época para a outra Sempre que tomamos uma decisão seja ela pessoal ou institucional funcional esta mos fazendo uso de valores isto é estamos valorando algo Quando você vai escolher sua profissão você vai fazer isso baseado em valores pessoais seus levando em conta o que você considera mais importante como por exemplo o salário a estabilidade etc Você escolhe a partir de seus valores pessoais Se você for se casar também vai externar os seus valores tais como a escolha do seu parceiro ou parceira Os valores estão presentes na base de qualquer decisão que tomamos em nossa vida e indicam de forma direta ou indireta consciente ou não o que entendemos como certo correto e o que não aprovamos e achamos errado isso é o que nos possibilita escolher como vamos conduzir nossa vida 15 Vargas define valores como critérios absolutos de preferência habitualmente não questiona dos pelo indivíduo que orientam suas decisões e ações na vida indicando o que está certo ou errado sob a perspectiva individual Vargas 2005 Os valores não são declarações de intenção pois existe muita diferença entre o que se diz e o que de fato se faz Assim os valores são identificados a partir do comportamento que manifestamos e não pelas afirmações verbais que fazemos Os valores regem nosso comportamento independente de termos ou não consciência deles por isso dizemos que são absolutos pois eles se sobrepõem a todos os outros critérios que possamos ter Na vida adulta os valores se tornam mais estáveis e evoluem de modo mais lento 111 A Formação dos Valores Individuais A formação dos valores individuais é um processo evolutivo que sofre ao longo do tempo diversas formas de influências É no contexto cultural de uma determinada sociedade valores morais que nós vamos selecionando nossos valores a partir de exemplos pessoais de destaque na comunidade na família a partir de experiências pessoais desenvolvimento cognitivo e amadurecimento cerebral Os valores vão se fixando independentemente se o referencial é positivo ou negativo Por exemplo alguém que vivenciou uma guerra valoriza a paz ou guerra etc Os valores individuais não são escolhidos eles se fixam a partir de nossa interação na comunidade e não dependem de uma vontade consciente do indivíduo Por isso a maior parte das pessoas senso comum não tem consciência dos valores que regem sua vida Nossos valores só se tonam aparentes só se manifestam quando necessitamos justifi 16 car determinada posição diante de uma determinada situação só assim eles se tornam cons cientes Por isso eu não consigo racionalmente mudar os meus valores a minha forma de ver o mundo pois eles são uma construção histórica junto a uma comunidade humana que moldou e marcou os meus valores Contudo ao longo da vida vamos mudando nossos valores para melhor ou para pior e isso é possível a partir das opções e escolhas que temos e que vamos fazendo ao longo da nossa vida O valor é aquilo que rege o comportamento do dia a dia As escolhas que fazemos dentre as escolhaspossibilidades que nos são apresentadas pela socie dade definem nossos valores Se tivéssemos que viver de forma diferente de nossos valores com certeza nossa vida ia perder o sentido o interesse seria uma vida triste incompleta e angustiante Para o filósofo Kierkegaard³ a angustia é a condição fundamental do homem diante do mundo diante do possível fruto da liberdade Os valores nos definem pois são eles que nos orientam em todas as nossas escolhas Quando analisamos o comportamento alheio às vezes notamos escolhas que são ver dadeiros absurdos irracionalidades Isso acontece porque elas têm a ver com os valores que estão em jogo daí a nossa dificuldade de entender as escolhas dos outros e ao mesmo tempo os outros não entendem as nossas Isso é fruto das diferenças entre nossos valores e os valores da outra pessoa Surge então a questão até onde podemos flexibilizar nossos valores nossa integridade para nos relacionarmos Qual o nosso limi te a nossa capacidade de lidar com valores diferentes dos nossos Na nossa prática cotidiana os valores se chocam uns com os outros seja conceitual mente ou nos comportamentos que adotamos ³ Filósofo dinamarquês e representante do existencialismo cristão FILHO p301 17 Tolerância x racismo evolução x tradição estabilidade x transformação etc A vida em sociedade nos impele a conviver com as diferenças pois de outro modo in viabilizaríamos a vida em comunidade o social Precisamos conviver com todos e para isso é necessário um compromisso moral que é o processo pelo qual nos relacionamos com pessoas que têm valores que não coincidem com os nossos O compromisso moral voltase para fora ele é o modo como lidamos com os valores dos outros Eu aceito que questionem meus valores para poder conviver e também para ter garantido o meu direito de questionar os valores dos outros É o que pedimos e o que damos em troca da convivência em sociedade É o acordo ne cessário para mantermos a relação social Isso torna claro que temos que ceder uma vez que a todo momento estamos necessitando dos favores serviços dos produtos das informações que estão na posse de outras pessoas e cujos valores são diferentes dos nossos Nesse embate entre nossas necessidades e os valores que temos é que se forma a ética individual Ela é uma construção uma escolha pessoal que fazemos diante daquilo que julga mos ser o melhor para cada um de nós dever ser Para solidificar ainda mais o conceito ética abaixo apresentamos algumas situações que corroboram com um estar ético nas convivências diárias Integridade A integridade é a qualidade daquele que não transige os seus valores próprios isto é aquele que não tem qualquer comportamento que esteja em desacordo com os seus valores e que às vezes paga um preço muito alto por não se desviar dos seus valores 18 O homem livre é aquele que preza por sua liberdade tanto quanto preza pela liberdade do outro seu igual A integridade não pode ser afetada pelo julgamento alheio mesmo o do Estado pois ela é algo individual voltada para dentro do indivíduo é aquilo que chamamos de consciência Fazemos o que achamos correto fazer É verdade também que não existe possibilidade de vivermos apenas de acordo com os nossos valores pessoais principalmente numa sociedade onde encontramos uma grande variedade de valores às vezes conflitantes Se quiséssemos viver única e exclusivamente de acordo com os nossos valores seríamos condenados a uma solidão moral a uma autoexclusão e teríamos que viver como um eremita Jamais faria parte de um clube que me aceitasse como sócio Groucho Max5 Quanto mais íntegros somos menor é o nosso compromisso moral É um gráfico car tesiano De um lado o íntegro o eremita o isolado devido à sua rigidez moral e do outro o psicopata o oportunista aquele que não possui valores Ao passo que o eremita é a integridade em pessoa ele habita a vida sozinho não se A prisão é num estado escravagista o único local onde um homem livre pode morar com honra Thoreau4 4 Henry David Thoreau Concord Massachusetts 12 de julho de 1817 6 de maio de 1862 Concord se destacou como um ensaísta poeta naturalista e filósofo americano Se ele é o paifundador do anarquismo seu pequeno e fulgurante ensaio A desobediência civil é o livro do Gênesis httpwwwlpmcombrsitedefaultaspTroncoID805134SecaoID948848Sub secaoID0TemplatelivroslayoutautoraspAutorID545160 acessado em 30042016 as 1459 hs 5 Groucho Marx é um comediante do século passado httpdesciclopediaorgwikiGrouchoMarx acessado em 30042016 as 1502 hs 19 relaciona profundamente com ninguém pois não há ninguém com quem se identifique e que aceite Ele sofre da solidão moral Ele não obriga as pessoas a serem como ele mas não se relaciona com quem tenha valores diferentes dos dele e não aceita outros ele não constrói comunidades pois ao agir assim intransigentemente ele pode ser rejeitado pelo grupo e ter negado o acesso ao espaço comunitário por não professar a moral necessária Ele pode tam bém perder o direto à opinião por ela não combinar com a da maioria Tornase estigmatizado como fundamentalista por pensar de forma diferente do grupo O psicopata pelo contrário se sente rodeado de pessoas que não o levam em conta Ele se acha o centro do universo e satisfaz todos os seus desejos impulsos e vontades sempre à custa do sacrifício alheio e de danos nos relacionamentos Ele é imprevisível e pode agir até contra os próprios parceiros Para ele tudo é permitido principalmente se a questão é satisfazer seus desejos e necessidades O indivíduo ético tem fronteiras dentro das quais se compor ta Possui uma esfera de tolerância dentro da qual pode realizar seus compromissos morais Essa área de tolerância está sujeita à integridade pessoal às restrições sociais às questões vitais ao contexto sóciohis tórico à moral vigente dentre outros Mesmo uma pessoa que valoriza a vida pode ma tar em legítima defesa ou numa guerra Isso tudo tem a ver com a forma que o indivíduo interpreta essas situações à luz de sua integridade A ética individual é a história do esforço que fazemos para podermos equilibrar os nos sos desejos necessidades restrições e possibilidades Enfim para construirmos o sentido da nossa existência 20 O conflito moral Quando o indivíduo é compelido a agir contra os seus valores ultrapassando os limites impostos por sua integridade ele entra em conflito moral O conflito moral só existe quando a pessoa tem um comportamento que não é coerente com seus valores e ele se sente como se tivesse violentado sua consciência Antes de haver o conflito há o dilema moral Esse se dá na fase anterior ao comporta mento Não é o caso de falar uma coisa e fazer outra mas de se comportar de modo coerente com seus valores na maioria das vezes mesmo que em determinadas situações seu comporta mento seja discrepante Os conflitos morais podem ser internos quando numa mesma situação valores anta gônicos e temos que escolher um e consequentemente nos afastarmos do outro amizade x responsabilidade De fato o que existe é o comportamento real do indivíduo Atitudes O conflito moral externo só acontece quando há a impossibilidade de praticar os va lores dentro de uma área de integridade e tolerância da pessoa Isso acontece devido a uma exterioridade nesse caso a pessoa se sente culpada e se penaliza soldado Acreditar é diferente de valorizar de dar valor O fato de alguém dizer que é a favor de algo não significa que ele valoriza ou acredita no que está dizendo Pode ser só uma conversa para causar boa impres são Mas de fato o que as pessoas veem é o comportamento real a práxis ética e não a fala Contudo essas manifestações verbais têm a ver com a formação de uma imagem positiva e de aceitação social e não com valores ou atitudes pessoais 21 As atitudes estão sempre relacionadas com algum objeto ou situação elas não existem por si só As atitudes revelam as características da relação do indivíduo diante de determinadas situações A atitude é uma disposição mental que afeta sua forma de agir e pensar e é cons tituída por três dimensões a cognitiva que são as crenças e racionalizações da pessoa para explicar a manutenção da atitude a afetiva que são os aspectos emocionais tais como gostar não gostar aversão ou afeição que leva a pessoa a aproximarse ou afastarse do objeto da ati tude e a comportamental que corresponde a um grau de preparação do indivíduo para agir de acordo como a atitude que defende Diante de uma situação concreta são as emoções as crenças e o grau de preparação comportamental que definem a atitude da pessoa As crenças são um componente da atitude mas não basta acreditar é preciso realizar e para rea lizar é necessário que as emoções ligadas à ação sejam positivas As crenças pertencem ao domínio do pensamento são as teorias que ligam o objeto ou situação a um ou vários atributos A crença é uma informação que associamos a um objeto como por exemplo a fritura faz mal à saúde Mas é de acordo com as emoções que são ativadas as experiências concretas e que es tabelecemos uma ligação estável entre o objeto e o atributo deste Essa relação é variável vai depender da ligação que cada pessoa estabelece entre o objeto e o atributo ao longo de sua experiência de vida A força dessa relação depende da crença e a crença varia de pessoa para pessoa 112 Valores Universais e Valores Sociais É a cultura de uma comunidade que constitui a sua identidade protege seu modo de ser e ainda a mantém coesa É a partir de valores universais que as comunidades evoluem e vão delimitando o conjunto de valores que consideram centrais para a sua sobrevivência Essa delimitação de valores é influenciada por vários fatores tais como religião sistema político tecnologia economia e desenvolvimento Em se tratando de moral a religião exerce grande influência como por exemplo na 22 questão de gênero masculino e feminino Para muitas religiões o papel da mulher é inferiori zado e mesmo em sociedades como a nossa onde há uma igualdade formal de gêneros pois é garantida pela legislação ainda ocorre grande discriminação O sistema político também influencia na diversidade dos valores Assim uma sociedade democrática tem valores diferentes de uma sociedade onde existem restrições à liberdade de expressão das pessoas Nas sociedades democráticas criase uma cultura da tolerância e da confiança onde as liberdades fundamentais são as bases da sociedade Hoje o desenvolvimento das novas tecnologias que permitem uma comunicação ins tantânea fez com que os valores também se alterassem profundamente pois fomos colocados diante de uma gama imensa de valores diferentes dos nossos e isso fez com que acelerasse os intercâmbios e até mesmo o aparecimento de novos valores Por outro lado a própria tecnolo gia está imbuída de valores novos que lhe garantem prioridade A economia por sua vez também influencia a formação dos valores assim como o de senvolvimento também acaba influenciando a formação dos valores pois gera mudanças cul turais A Moral é uma particularidade de determinada sociedade que influencia tudo o que as pessoas dessa sociedade fazem Assim todas as decisões que acontecem em uma determina da sociedade são mediadas pelos valores que essa mesma sociedade cultiva Logo essa socie dade define o que é o homem o que é a mulher o que é uma criança que importância tem o trabalho e o lazer para que serve uma empresa etc Todas essas definições são mediadas pela moral Por isso os valores sociais são o resultado histórico da constru ção da comunidade que ao longo do tempo foi escolhendo os valores que julgava os melhores para atender suas necessidades de identifica ção coesão e sobrevivência Assim esses valores aceitos por essa socie dade acabam sendo considerados por todos os seus membros como os valores corretos e são eles que fazem a diferença entre o que é certo e o errado 23 Exemplo da crença de que as mulheres são sensíveis Andreia que valoriza o gênero concorda em 9 Bruno que valoriza a expressão emocional concorda em 5 E Carla que valoriza a diversidade concorda em 2 A força da crença vai depender fundamentalmente dos valores que temos Os valores influem em nossas atitudes e indicam aquilo em que devemos acreditar o que por sua vez nos dá apoio para explicarmos o nosso comportamento Os planos são inúteis mas planejar é indispensável Eisenhower General estadunidense Os valores não nos obrigam a adotar uma atitude por isso às vezes mantemos um comportamento que sabemos ser incoerente com os nossos valores Ao lidarmos com a nossa incoerência somos muito tolerantes conosco e muito severos com os outros Não aceitamos que os outros façam o que nós justificadamente faríamos Nós mantemos a incoerência entre nossos valores e o nosso comportamento porque não identificamos determinada situação como relevante para a avaliação da prática do valor apesar de todos os outros indivíduos discordarem disso Muitas pessoas não têm consciência da incoerência que se dá de modo inconsciente Mas quando a questão é avaliar a atitude alheia condenamos de forma pesada porque des consideramos as razões que levou a pessoa àquela atitude Só buscamos atenuantes para as 113 O Papel dos Valores A crença é influenciada pelos valores que o indivíduo adota Assim todas as avaliações que fazemos sejam de acontecimentos de objetos e de pessoas têm como referência os valo res que temos comparando com o nosso padrão moral 24 pessoas das quais nos sentimos próximos e cuja imagem positiva queremos preservar Para entendermos a ética individual tão importante quanto o comportamento em si é a explicação que se dá para a forma como se age pois na explicação conseguimos encontrar o porquê e para quê do ato do significado do comportamento na vida da pessoa e assim pode mos acompanhar o seu desenvolvimento moral 12 Moral Atualmente as empresas precisam se preocupar com princípios éticos com valores morais e com um conceito abrangente de cultura para que elas possam estabelecer critérios e parâmetros adequados para as atividades empresariais socialmente responsáveis Numa sociedade em profunda transformação como a nossa nos dias de hoje onde as empresas se tornam extremamente importantes e influenciadoras do comportamento social a Ética e a RS são de extrema importância uma vez que podem afetar os lucros e a sobrevivência da empresa Todas as organizações deverão se enquadrar neste novo paradigma global que é ori ginário das novas tecnologias de informação e que fez surgir um novo jeito de fazer negócios em que se deve levar em conta as questões sociais nas quais a empresa se encontra inserida isto é a questão cultural local precisa ser levada em conta pelas organizações na hora de rea lizarem seus negócios Há uma autoafirmação das culturas locais que passam a exigir das empresas um com portamento socialmente responsável respeito aos direitos humanos e às liberdades de participação democrática O grande diferencial dessas mudanças está no fato de as empresas terem que se pautar por padrões morais e éticos mais rigorosos se quiserem manter uma boa imagem junto ao seu público Com isso está se criando um novo ethos que vai reger o modo como se fazem os ne gócios e consequentemente alterar o papel das empresas e do Estado em todo o mundo A preocupação com a Responsabilidade Social RS é o grande exemplo dessa mudan 25 ça do ethos É o novo paradigma que está se construindo Os negócios agora devem ser feitos de forma ética isto é obedecendo a rigorosos valores morais e de acordo com o comporta mento universalmente aceito como mais apropriado As atitudes e atividades das organizações devem se caracte rizar por Preocupação com atitudes moralmente corretas e éticas para com todo o seu círculo de relacionamento interno e exter no Promover valores e comportamentos éticos universais tais como os direitos hu manos de cidadania e de participação na comunidade Preocupação com a sustentabilidade e principalmente a ambiental Uma maior inserção na comunidade se responsabilizando por questões sociais ambientais e econômicas seja de forma isolada ou em parcerias com os poderes públicos e associações civis Esse é o novo paradigma de RS que atende ao novo papel das empresas dentro da so ciedade Essa crescente atenção à ética e à responsabilidade social não é espontânea e nem gra tuita mas se deve à percepção de que para sobreviver nestes novos tempos as empresas precisam agir de forma ética e com responsabilidade social O grande responsável por essas mudanças é o papel relevante que desempenha a cul tura na formulação dos negócios por isso o respeito às diversidades culturais e ao modo social mente responsável de lidar com elas Além de tudo a preocupação com a responsabilidade social se tornou um referencial para as empresas se fazerem mais competitivas e para garantir o respeito de seu públicoalvo Ética cultura e valores morais são inseparáveis de qualquer noção de responsabilida 26 de social O fato de que uma organização tem responsabilidades frente aos seus interlocutores a leva necessariamente a ter uma preocupação em elaborar um código de ética que deve se tornar uma cultura empresarial intrínseca à organização Essa discussão ainda é nova nas empresas e muito se tem falado mas muito pouco pra ticado As empresas por seu turno têm se limitado a criarem manuais de conduta ética É na academia nas universidades que as discussões têm se preocupado com os aspec tos instrumentais dos conceitos de ética e de moralidade isto é de explicitar de forma prática como se deveria promover tais conceitos junto às organizações e também de refletir de modo específico o emprego de tais conceitos no ambiente cultural brasileiro Essa demanda é importante porque as empresas hoje mais do que nunca precisam se preocupar não apenas com os aspectos econômicos e legais mas principalmente com os aspectos éticos morais e sociais e ser eticamente responsável implica em um comportamento que corresponde a colocar em prática atividades políticas e comportamentos esperados ou proibidos por parte dos membros da organização levando em conta os padrões e expectativas dos seus interlocutores tanto internos quanto externos Para tanto é necessária a confecção de uma série de normas e padrões de comportamentos Na Idade Média por exemplo era proibida a dissecação de cadáveres porém eles não tinham a menor dúvida em destripar ou de torturar até a morte algum herege Nosso hábito de comer bife com arroz é escandaloso para um hindu para o qual a vaca é um animal sagrado A essas valorações diferentes que cada comunidade possui damos o nome de Moral Conceito A Moral é então um conjunto de regras de conduta assumidas pelos indivíduos de um grupo social com o objetivo de organizar as relações entre os membros desse grupo segundo os valores do que é bom aceitável e o que é mau e que não deve ser aceito 27 Muitas vezes se confunde a Moral com a Ética A Moral como vimos acima é a prática o agir humano o que é já a Ética é mais teórica pois é a parte da filosofia que trata da reflexão e das noções e princípios que fundamentam a vida Moral é o dever ser Ao fazermos esta diferenciação de ética e moral gostaria que você respondesse para si mesmo Uma ação pode estar de acordo com a moral mas ser antiética Ou estar dentro da ética mas ser imoral Enfim as regras morais servem para que as pessoas vivam melhor e para que a socie dade se desenvolva isto é para termos uma vida boa Ética É verdade também que algumas regras morais causam repressão e são geradoras de infelicidade mas isso só acontece quando há uma deformação moral quando as normas estão a serviço da exploração e da manutenção dos privilégios e do status quo de determinado grupo social quando esse grupo se beneficia de regras que para a maioria são ruins Ideologia tentar passar como valores gerais valores que são apenas de determinados grupos Os valores morais que se traduzem em regras morais para proporcionar à comunidade o que de melhor ela pode ter às vezes podem se deformar e isso acontece porque a moral é dinâmica está sempre mudando Assim as regras que valiam num determinado contexto passam a não valer em outros Contudo há um embate social até que se aceite as novas regras pelo conjunto da sociedade Vejamos o caso da homossexualidade por exemplo questão po lítica Os valores entram em crise e vão exigir da sociedade criatividade e coragem para recriar uma moral verdadeira e comprometida com a vida busca de consensos valor da vida etc No Brasil temos inúmeros exemplos de que mesmo após criarmos as normas legais valores morais conservadores ainda continuam vigendo Negros trabalho escravo etc O valor também tem um outro lado importante que é o lado pessoal subjetivo o cha mado sujeito moral que é a questão da individualidade 28 É o sujeito moral que internaliza os valores morais do grupo a que pertence a partir da convivência com os seus iguais Não é o sujeito solitário que se torna sujeito moral mas o é o sujeito solidário isto é aquele que reconhece no outro um seu igual e que portanto se reco nhece a si mesmo no outro alteridade É esse sujeito moral solidário que descobre na convivência com o outro as condições de sobrevivência e de felicidade ou seja o como eu devo viver É verdade que às vezes esquecemos certos valores fundamentais à nossa convivência humana e entramos no individualismo exacerbado e na falta de generosidade muito presente hoje nas grandes cidades Ex medo de defunto Não nascemos sujeitos morais mas nos tornamos sujeitos morais no convívio social As sim dependendo da consciência ética dos sujeitos morais podemos ter uma sociedade mais moral ou mais cínica imoral Para fazermos a nossa escolha e persistirmos com os valores que escolhemos precisa mos da virtude A virtude é uma característica humana ela é a capacidade para querer o bem e é complementada por outra característica humana a coragem que é necessária para assumir os valores escolhidos e enfrentar os obstáculos que dificultam a realização dos mesmos Assim o virtuoso é o homem que luta sempre uma vez que o agir moral é contínuo e dinâmico Como já explicitamos acima o ato moral é de grande complexidade e exige de cada um de nós constantes escolhas pois somos sempre colocados à prova sempre temos que esco lher visto que o nosso viver em comunidade nos impõe contradições irreconciliáveis entre o social e o pessoal entre a tradição e a inovação etc Na verdade nosso agir moral só se faz dentro desse universo de contradições que nos força a uma escolha Porém essa escolha para ser efetiva deve ser entendida como uma obri gação que acatamos livremente Se nossa consciência moral se faz na aprendizagem e na convivência entre as pessoas 29 ela só pode ser um ato de vontade Vontade aqui é diferente de desejo pois este é involuntário e busca a realização Assim pode acontecer de não ser possível realizar todos os desejos e por isso é necessário a moral para estabelecer que desejos podem ser perseguidos e quais devem ser barrados para poder garantir a vida boa e a vida em sociedade A moral controla o desejo mas não o controla pela repressão e sim pelo convencimen to isto é dá ao indivíduo condições de escolher o que fazer diante de determinada situação O desejo não acaba e nem é reprimido ele apenas passa a ser controlado isto é livremente recusado ou adiado Assim o ato voluntário de recusa do desejo é a consciência da obrigação moral É uma escolha livremente assumida pela autonomia do sujeito moral a partir de seus determinismos e condicionamentos Fazemos isso ao escolhermos determinados valores em detrimento de outros busca mos o que acreditamos o que vai nos trazer felicidade não apenas a nós individualmente mas também ao grupo do qual participamos Todo o ato moral toda escolha que livremente fazemos estão sujei tos à sanção à aprovação ou desaprovação ao elogio ou à censura Por que é assim Por causa da afetividade porque nós somos afetados pelas ações das outras pessoas porque não somos indiferentes à ação dos demais seres humanos com os quais dividimos a morada nesse planeta Terra habitação É claro que essa afetação pode ser legal ou social É legal quando nossa ação infringe a legislação as normas legais e social quando o grupo do qual fazemos parte rejeita nossa atitude Para atingirmos um patamar mais elevado de moralidade devemos agir como sujeitos responsáveis pelos nossos atos e pelas consequências destes sendo sujeitos da nossa história Não existe uma receita pronta e acabada de como agir bem e o tempo todo temos que fazer nossas escolhas 30 Até há pouco tempo não nos importávamos com o futuro do planeta hoje já estamos todos preocupados com o seu futuro com a sobrevivência das futuras gerações Mas sabemos que algumas predisposições nos são muito úteis para chegarmos a res postas moralmente desejáveis como por exemplo sermos solidários buscarmos o conheci mento participarmos de grupos interessados nas mudanças combatermos o individualismo exacerbado que é o gerador das muitas doenças sociais e da pobreza moral que nos acomete Conceito Para Vargas a Moral é um sistema de valores normas princípios e pressupos tos que rege o comportamento e a possibilidade de participação num determinado grupo É específica de um determinado tempo e espaço não sendo considerada válida fora desse contexto Tanto a lei como a moral tentam fazer valer a conformidade mas enquanto a lei recorre aos tribunais e à polícia a moral por sua vez recorre à aceitação pelo grupo a que se pertence Desviar das normas sempre tem consequências para o indivíduo Ao mesmo tempo que a lei nos priva da liberdade e da propriedade a moral nos priva do convívio social seja pelo ostra cismo ou pela desmoralização Sendo assim ela tem mais força que a lei que é mais fácil de ser burlada No nosso dia a dia acreditamos que nosso interlocutor possui os mesmos valores que nós isto é está sujeito à mesma moral que nós Isso pode gerar algum problema e revela a nossa incapacidade de descentralizar o nosso ponto de vista pois acreditamos que os nossos valores princípios e normas são universalmente aceitos A forma de nos relacionarmos com as pessoas com opções de vida e com valores dife rentes dos nossos é com o estabelecimento de pontes de ligações entre os nossos princípios valores e normas e os do outro sem arrogância e sem se sentir superior ou como o dono da verdade A construção dessa ligação é feita pela ética 31 121 Níveis de Desenvolvimento Moral Os nossos valores tendem a uma estabilidade a partir da nossa vida adulta Eles são em grande parte determinados pela sociedade e representam uma forma de adaptação à cultura da qual fazemos parte No entanto ela não é tão estável ao longo de nossa vida pois vamos mudando a partir do acúmulo de experiências Alguns estudiosos acreditam que existe uma progressão níveis e estágios na forma como utilizamos nossos valores para podermos tomar decisões morais o que indica que os níveis de desenvolvimento moral seriam universais e in fluenciariam os diversos aspectos do comportamento mental humano Neste sentido elabo rouse cinco níveis de comportamento moral Ausência de moral própria O bem e o mal são ditados pela autoridade sem questionamento Tratase de seguir as regras de ter fé O medo é o castigo que impele o agir daquele modo Exis te uma clareza entre o bem e o mal Oportunismo Questionase a autoridade tornandoa relativa ao passo que vai se tendo experiências que comprovam estar a autoridade errada Maximizamse os ganhos e minimizamse as perdas pessoais do indivíduo oportunista como ganho mal trabalho pouco É uma relação de troca qualquer pessoa no meu lugar faria o mesmo Todas as pessoas no mundo estão preocupadas com a satisfação de suas necessidades e desejos próprios Conformidade com o grupo é quando se considera que as expectativas das pessoas do seu grupo social devem ser correspondidas Só assim somos aceitos pelo grupo partilhando os mesmos valores As emoções de vergonha culpa embaraço levam a conformidade para se ter a estima a aprovação e a aceitação como prêmio A escolha do que é correto deve ser feita com base no grupo e não em critérios racio nais ou supramorais essa é a nossa maneira certa de ver as coisas há coisas que não 32 se faz a um amigo mesmo que ele mereça Não se questiona a lealdade e a confiança ao seu grupo Conformidade com as instituições A pessoa se encontra em um sistema de regras de normas e de procedimentos que regem a sua moralidade Entende que a moral é algo subjetivo uma escolha pessoal e do grupo não havendo uma fórmula única para determinar o bem e o mal O modo certo de se comportar é sempre uma interpretação que se realiza a partir do contexto cultural moral legal histórico etc É necessário criar as normas para se evitar as injustiças e os malentendidos na ava liação moral Acreditase que possam conviver e coexistir diferenças morais e é essa instituição que deve ser seguida sem desvios Mesmo em prejuízo da autoridade mo ral 1 e para si mesmo 2 ou para o seu grupo referencial 3 o nível quatro defende a aplicação da norma em vigor Se estabelece uma submissão da emoção pessoal ao dever ao direito e ao que é socialmente aceito como correto e justo a aplicabilidade da regra para todos de igual forma é garantia moral da justiça Autonomia e universalidade Para este nível a falibilidade humana é um fator importante a se considerar na avaliação moral As pessoas se desenvolvem a partir do seu contexto de vivências e experiências nas quais desenvolve seus valores e crenças que são limitadas na forma e no conteúdo Assim as diferentes concepções morais individuais e coletivas são equivalentes pois refletem a maneira como as pessoas e os grupos se estruturam ao longo de sua história nas suas relações Nesse nível a autonomia individual é privilegiada sobre a autoridade moral Contudo existem os valores universais como a liberdade a igualdade o valor da vida humana aos quais as leis e a moral devem seguir Se a moral pertence a cada um a ética é a entidade reguladora das diferentes morais Por isso a ética deve se sobrepor aos interesses in dividuais e de grupos como critério de decisão e de ação Para o bem de um maior nú mero de pessoas podemos realizar nossas próprias regras e crenças uma lei injusta não deve ser seguida Para a moral de nível 5 a ação moral correta é aquela que visa 33 promover a autonomia da consciência individual em relação à autoridade absoluta É autonomia da consciência individual que reforça o valor da aceitação mútua entre os indivíduos Nesse nível o modo de agir do indivíduo baseiase nos seus valores individuais sem contudo contrariar os valores alheios ao mesmo tempo em que não abdica de seus valores próprios Quando as águas do rio estão limpas lavo nelas o meu rosto quando estão sujas lavo nelas os meus pés LaoTsé6 Para construirmos uma comunidade baseada em sistema de valores partilhados e que ao mesmo tempo respeite os direitos da dignidade humana são necessários indivíduos dos níveis morais em conformidade com as instituições e com autonomia e universalidade O que devemos considerar ainda é uma minoria da população O conhecimento dos valores ainda é a melhor forma de entender e prever o comporta mento de alguém uma vez que são eles que influenciam com suas crenças que definem suas atitudes e no final orientam o seu comportamento 6 Lao tze Laozi Laotse ou Lao Tzu são todas pronúncias ocidentalizadas para o título do misterioso personagem da filosofia antiga chinesa Isso significa que LaoTsé não é um nome significa grande senhor ou velho mestre O nome real de Lao tze seria Li Er ou Lao Dan De acordo com a tradição ele viveu no século 6 aC Porém há os que afirmam que Lao viveu dois séculos depois em uma época conhecida como Cem Escolas de Pensamento httppensadoruolcombrautorlaotsebiografia acessado em 30042016 as 1631 hs Percebam que o comportamento é apenas a ponta do iceberg as atitudes são o meio desse iceberg e os valores a sua base que é a maior parte Para que possamos conhecer a ética individual primeiro devemos observar os comportamentos e a seguir a justificativa desse comportamento e por fim relativizar a intenção da pessoa pois de boa intenção o in ferno está cheio faça essa experiência nos seus locais de interação 34 122 Todos Somos Imorais Nos primórdios do aparecimento da sociedade humana havia um líder religioso o xamã Segundo a História ele era o representante de Deus entre os homens era ele que fazia a ligação entre os homens e o outro mundo o sobrenatural Ele concentrava em torno de si as principais tarefas da comunidade ou seja a de legislador de sacerdote e de guardião da moral da comunidade Desde o início a religião fora um dos sistemas de crenças que dava segurança estabili dade e respostas a todas as questões que sempre intrigaram o homem e que precisavam para viver neste mundo Nessas respostas o principal era os valores e o religioso era utilizado para reforçar a autoridade moral na comunidade Com o tempo houve o rompimento da esfera religiosa com a esfera legislativa e a re ligião foi perdendo espaço como a principal detentora da moralidade Nas nossas sociedades atuais apesar de a religião ainda ter muito poder sobre essas esferas legislativa religiosa e moral encontramse separadas principalmente devido a estas questões que se seguem A religião não foi capaz de construir sociedades evoluídas e satisfatórias Na verdade produziu sociedades intolerantes pois provocou divisões ao se pretender como verdade única E não foi capaz de produzir normas universais Pela dificuldade da moral religiosa em lidar com problemas de bemestar ou de sobrevivência para os seres humanos O desenvolvimento da racionalidade através da ciência para a explicação do mundo A globalização que fez surgir um mundo diverso culturalmente o que pro vocou uma relativização dos padrões de comportamento próprios de cada socie 35 dade E fez com que se criasse a ciência ética para mediar de forma objetiva as várias morais O desenvolvimento econômico que gerou força ao capitalismo e foi capaz de alte rar costumes e influenciar a comunidade com os seus valores mesmo que não aceitos pela moral local E finalmente a atividade política legislativo e executivo que passou a ser a guar diã do controle moral estabelecendo regras de conduta para os cidadãos Muitas ve zes em conflito aberto com a religião Henrique VIII Conheça a polêmica história de vida do rei Henrique VIII httpsarchiveorgMcrost01ConheaAPolmicaHis 13 Ética Etimologicamente ética quer dizer o caráter o hábito a prática o costume Segundo Vargas 2005 Ética é a manifestação visível através de comportamentos hábitos práticas e cos tumes de um conjunto de princípios normas pressupostos e valores que regem a sua relação com o mundo Ética é uma práxis da moral de determinado grupo social ou do indivíduo ela revela o caráter do grupo A relação entre moral e ética é de duas mãos pois uma influi na outra 36 Todos temos ética o que ocorre é que ela pode ser contrária à ética do outro Por isso dizemos que ética é escolha gostamos ou não de cultivar determinadas normas valores ou princípios uma vez que estamos impossibilitados de prescindir deles A ética como ciência ou disciplina do conhecimento sistematiza e estuda as questões morais para entender a sua natureza e fundamentos ao mesmo tempo em que questiona seus juízos e aplicações Assim entendida a ética se libertou da religião ou das questões religiosas Ela é então uma supra moral pois esclarecedora do comportamento moral de como ele se forma e de como opera e se renova Para a ciência ética toda moral corresponde a uma práxis ética correspondente Assim todas as grandes questões éticas se analisadas sob as perspectivas da ciência ética exigem um debate livre entre os argumentos das diversas morais presentes na sociedade como a religiosa a médica a psicológica a biológica a jurídica etc Objetivos da Unidade Unidade II Cidadania e Direitos Humanos II Identificar as situações de público e privado Compreender os espaços culturais políticos e administrati vos Avaliar a eficácia de uma Lei Universal Relacionar esses direitos com a Prática Profissional 38 Unidade II Cidadania e Direitos Humanos Introdução Cars aluns nesta unidade a intenção é resgatarmos a participação do homem nos espaços nos quais ele se encontra e interage Com esta visão refeita será possível estabelecer uma atitude de respeito para com o outro e consequentemente estar mais consciente para reivindicar sua identidade de povo 21 Ética Política Administração Empresarial e Poder Local No Brasil um dos temas centrais da discussão acadêmica sobre a administração pública é aquilo que se denomina de poder local isto é as relações que se estabelecem na cidade onde a política e a gestão acontecem É na cidade que o cidadão vive portanto é na cidade que ele tem condições mais concretas de atuar fazendo valer seus direitos e deveres de cidadão Podemos então repetir o bordão pensar globalmente e atuar localmente Sem contar é claro que atualmente com a facilidade da comunicação temos a pers pectiva do avanço da democratização através do desenvolvimento de mecanismos de participação no processo de construção de uma cidade e de um mundo sustentável Construção essa que passa inicialmente pelas cidades No Brasil é verdade temos um histórico de falta de democracia agravada por uma ci dadania incompleta Por isso mesmo quando se fala em melhorar a democracia pensase logo em um aumento da participação popular nos destinos seja da cidade do Estado e da União É claro que uma democracia plena é algo muito utópico pois o que temos na nossa prática histórica é uma democracia bastante imperfeita que os vários povos da terra vão cons truindo cada um com suas particularidades No entanto é indiscutível que precisamos cada 39 vez mais melhorar nossa democracia pois a grande questão colocada na ordem do dia é a da inclusão de um maior número de pessoas ao mercado consumidor eliminando a miséria e a fome Mas construir a democracia com a participação da cidadania não é um tarefa das mais fáceis Isso porque democracia prescinde de uma autoridade que seja democrática à frente do governo para que possa haver boa gestão e ao mesmo tempo participação popular A Democracia pode evoluir sem Conhecimento Um dos grandes entraves a esse desenvolvimento fica por conta da burocracia já há muito denunciada por Weber7 Contudo não se pode como querem alguns separar a autoridade das concepções de mocráticas diferente de autoritarismo e nem a ideia de administração dissociada da questão política Aqui há de tomar o cuidado de não cair nas facilidades de um barbarismo técnico ou de um barbarismo político 7 Nascido em Efurt na Alemanha Max Weber 18641920 é um dos principais pensadores que colaboraram para a construção da Sociologia Entretanto assim como Karl Marx Weber enveredouse por uma gama gigantesca de assuntos e colaborou para o desenvolvimento da Filosofia Política Economia História e Direito Weber foi fortemente influenciado pelas ideias de Karl Marx e Émile Durkheim sendo também crítico das obras desses grandes pensadores httpmundoeducacaoboluolcom brsociologiamaxweberhtm acessado em 02052016 as 1612 hs 40 Isso porque houve correntes de pensamento que pregavam a separação entre política e administração pois acreditavam que era possível tal acontecimento Essa forma de pensar tem origem no cha mado Menagement que são as orientações presentes nas grandes corporações americanas que se espalharam pelo mundo Para essa abordagem a ad ministração é neutra isto é independe de questões políticas Basta apenas escolher os melhores procedimentos de forma racional para se chegar à eficiência Segundo Chanlat apude Ashley 2005290 esse é um grande equívoco conceitual na medida em que a esfera da administração é perpassada pela arena política e viceversa Assim o papel do gestor seja ele privado ou público está ligado pela autoridade gerencial e pela au toridade política Podemos concluir que toda gestão é política e toda política é gestão Podemos agora nos perguntar como construímos ao longo da história a questão da autoridade Para responder a essa questão vamos nos reportar à ideia do surgimento do Estado O principal pensador dessa questão é Thomas Hobbes para quem o Estado nasce da necessida de de segurança das pessoas pois o homem é o lobo do homem8 É essa tensão entre liberdade 8 O homem é o lobo do homem é uma frase tornada célebre pelo filósofo inglês Thomas Hobbes que significa que o homem é o maior inimigo do próprio homem Esta afirmação apresenta a transfiguração do homem como um animal selvagem consiste em uma metáfora que indica que o homem é capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécieA frase original é da autoria do dramaturgo romano Platus e faz parte de uma das suas peças Em latim esta frase é traduzida como homo homini lupus No entanto esta frase ficou mais conhecida por estar incluída na obra intitulada Leviatã da autoria de Thomas Hobbes que foi publicada em 1651 Neste livro Thomas Hobbes argumenta que a paz civil e união social só podem ser alcançadas quando é estabelecido um contrato social com um poder centralizado que tem autori dade absoluta para proteger a sociedade criando paz e uma comunidade civilizada httpwwwsignificadoscombroho memeolobodohomem acessado em 03052016 as 1621 hs 41 e segurança que faz os homens estabelecerem um contrato para poder garantir as duas coisas isto é o Estado é construído a partir das tensões entre o indivíduo interesses pessoais e os interesses do grupo coletivo Como isso se dá As pessoas fazem um pacto de renúncia à violência e remetem a um terceiro príncipe a autoridade para inclusive cometer a violência para garantir a segurança de todos Outro pas so nessa discussão se dá com Maquiavel que vai discorrer sobre as formas do príncipe assegu rar seu poder sobre o Estado Sob Maquiavel instaurase uma dicotomia entre política e ética Para manter o poder o governante pode assumir posturas consideradas antiéticas tais como assassinato suborno e terror Contudo mesmo assim como destaca Cândido apud Ashley 2005291 o pensamento de Maquiavel é de natureza democrática pois o governante só pode fazer isso para garantir a vida boa ética isto é a felicidade de seu povo Isso nos leva a concluir que o governante seja para Hobbes ou para Maquiavel aparece como alguém depositário de uma razão que está acima dos homens Porém sempre houve restrições à onipotência dos governan tes Desde Platão já existe essa crítica Para esse filósofo a tirania que é o puro desejo pessoal do governante é uma condição presente em todo o ser humano Em oposição a essa vontade pessoal está o interes se da cidade que é fruto da convivência do governante e seus governados ou seja da autoridade com a razão e o saber e não com o desejo A tirania é então o lado negativo da vida política quando o animal político se transforma em besta 211 A Ética das Convicções e a Ética da Responsabilidade Todas as organizações sejam elas públicas ou privadas devem estabelecer um conjun to de normas internas para que possam ser gerenciadas Segundo os estudiosos do tema essas normas têm estreita ligação com as normas religiosas isto é seguem o modelo das determina ções religiosas 42 Nesses manuais códigos de ética manuais de procedimentos estão definidas as for mas de como bem gerenciar as empresas isto é como ser um gerente politicamente correto um funcionário exemplar dentre outros Dentre os atributos desejados estão a flexibilidade a criatividade a capacidade de trabalho em equipe etc Na verdade seria preciso um superho mem para exercer todos esses atributos ao mesmo tempo São essas contradições que devem ser gerenciadas da melhor maneira Contudo apesar dessas normas as empresas adotam procedimentos no seu dia a dia que acabam relativizando essas normas pois o seu cumprimento ao pé da letra acaba por inviabilizar ou prejudicar o bom funcionamento da organização Não dá para simplesmente cumprir o manual Assim para a organização o que é mais importante são as suas metas e objetivos e não as regras estabelecidas Quando vamos estudar a questão ética das implicações desses procedimentos acaba mos por nos reportarmos a Max Weber e sua distinção de duas éticas Na ética das convicções a pessoa se guia tendo em conta os seus valores pessoais e as normas que deve seguir esses são valores universais e valem em todos os contextos Já na ética da responsabilidade a reflexão se dá pelos resultados da ação empreendida por tanto não existem padrões que se definem a priori 43 Podemos inferir então que nas empresas prevalece a ética das convicções enquanto no campo dos atores sociais e da política prevale ce a ética das responsabilidades Isso também deve ser assim por causa da grande variedade de visões valores e concepções de mundo que prevalecem nas nossas sociedades atuais O pensamento gerencial atual deve então se abdicar de sua pretensão de controle sobre os indivíduos através de normas de conduta valores convicções daí a importância da discussão e do entendimento da dimensão ética de nosso comportamento social Assim o desenvolvimento de nossa sociedade será melhor se os atores sociais assumirem modelos ge renciais e escolhas estratégicas eticamente adequadas isto é remetendo ao campo da ética das responsabilidades se pautando pelos resultados de nossas ações e não de nossos valores a priori 22 O Espaço Cultural Urbano e a Infraestrutura Moral Vivemos hoje uma crise cultural do Estadonação O capitalismo tardio e a globalização colocaram o espaço cultural local na ordem do dia pois é no local que a estrutura capitalista se apresenta no dia a dia das pessoas Assim as discussões sobre a construção de laços de solida riedade de voluntariado participação popular e de associativismo acontecem no espaço local e vêm colocando no centro a questão da relação entre o capitalismo e a ética Essa discussão teve início a partir do desenvolvimento do ca pitalismo no Japão A cultura japonesa profundamente marcada pelo confucionismo desenvolveu uma cultura pautada nas relações hierár quicas rígidas grande lealdade entre os membros da organização e em contrapartidas explícitas seja para o capitalista seja para o trabalha 44 dor É uma relação baseada na ética confuciana em que o trabalho é o centro da vida e a disciplina e o esforço pessoal são valorizados Daí concluise que capitalismo e ética são compatíveis Fonseca apud Ashley 2005296 foi além e propôs que o desenvolvimento capi talista só se viabiliza se houver uma boa infraestrutura moral demons trando que a ética deve ser vista como fator de produção uma vez que ela agrega eficiência ao sistema capitalista Isso é corroborado pelo desenvolvimento do capitalismo em países como Alemanha e Inglaterra onde já havia uma boa infraes trutura moral que possibilitou o desenvolvimento dessas nações como as principais dentre os países capitalistas do mundo contemporâneo Em países onde não havia essa infraestrutura moral o capitalismo não se desenvolveu como é o caso das nações latinoamericanas Segundo Weber foi a ética protestante que possibilitou o avanço do capitalismo uma vez que valorizava o trabalho e a realização material além de uma conduta moral bastante rígi da Atualmente autores como Drucker9 que entendem a sociedade como participante de uma era do conhecimento e como tal prescinde da esfera social e outros como Castells que vê as cidades globais como nós de uma grande rede de informações e portanto um lócus de relacionamentos Isso deixa claro que nossa sociedade atual carece de uma boa infraestrutura 9 Considerado o pai da moderna gestão de empresas Peter Ferdinand Drucker inspirou administradores em todo o mundo com seus artigos conferências e mais de 30 livros Aos 26 anos o consultor economista e analista financeiro austríaco nas cido na cidade de Viena em 1909 emigrou para os Estados Unidos onde exerceu o ofício de professor de Ciências Sociais da Claremont Graduate California até a data de sua morte em 2005 Ao criar a gestão como disciplina Peter Drucker a definiu como uma ciência social prática e humanista que não se restringia ao mundo corporativo httpswwwsbcoachingcombr blogtudosobrecoachingquemepeterdrucker 45 moral para poder se desenvolver de forma apropriada Vejamos o exemplo de alguém que trabalha com corretagem na bolsa de valores As pessoas que não conhecem o funcionamento da bolsa precisa desse profissional e de sua retidão moral para po der fazer negócios Quando esse profissional não age corretamente o consumidor perde a credibilidade Por isso as crises atuais do capitalismo são crises de credibilidade isto é de crise na infraestrutura moral Para Kurz10 apud Ashley 2005298 o chamado capitalismo japonês confuciano é um mito Para ele existe uma incompatibilidade entre o capitalismo e a ética E a prova disso é que nos países de tradição confunciana têm crescido e muito a prostituição escândalos financeiros e políticos O capitalismo globalizado está esfacelando as culturas tradicionais locais e com elas a destruição da hierarquia da lealdade e da valorização do trabalho Se no seu início o capitalismo prescindiu da infraestrutura moral agora nesses tempos de mercado absoluto a infraestrutura moral já não é mais necessária Hoje temos dois mode los de capitalismo o produtivo e o financeiro com a prevalência do capitalismo financeiro que transformou o mundo num cassino global Desses dois modelos o mais dependente da infraestrutura moral é o capitalismo financeiro uma vez que o produtivo exige mais tempo e relacionamento social para o seu implemento 10 Robert Kurz Nascido em 1943 morto em Julho de 2012 estudou Filosofia História e Pedagogia Viveu em Nurenberg como publicista autónomo autor e jornalista Foi cofundador e redator da revista teórica EXIT Kritik und Krise der Warengesellschaft EXIT Critica e Crise da Sociedade da Mercadoria A área dos seus trabalhos abrangeu a teoria da crise e da modernização a análise crítica do sistema mundial capitalista a critica do iluminismo e a relação entre cultura e economia Publicou regu larmente ensaios em jornais e revistas na Alemanha Áustria Suiça e Brasil O seu livro O Calapso da Modernização 1991 também editado no Brasil tal como O Retorno de Potemkine 1994 Os Últimos Combates 1998 e Blutige Vernunft Razão Sangrenta em 2004 provocou grande discussão e não apenas na Alemanha Publicou também entre outros Schwarzbuch Kapitalismus O Livro Negro do Capitalismo em 1999 Marx Lesen Ler Marx em 2000 Weltordnungskrieg A Guerra de Orde namento Mundial em 2002 Die Antideutsche Ideologie A Ideologia Antialemã em 2003 Das Weltkapital O Capital Mundial em 2005 e Geld Ohne Wert Dinheiro Sem Valor em 2012 este último já editado em português httpwwwobecoonlineorg robertkurzhtm 46 Mas mesmo o capitalismo produtivo sofre interferências do financeiro como no caso das terceirizações de processos e serviços Porém a necessidade da infraestrutura moral é um imperativo pois num contexto em que as cidades abrigam tais serviços de alta qualificação o que por sua vez provoca a interligação entre os agentes econômicos nessa economia de base informacional É também no urbano que está presente e avança continuamente aquilo que se chama de racionalidade instrumental que por sua vez está presente na essência do capi talismo Isso provoca uma tensão entre o avanço da individualidade e da competitividade ao mesmo tempo em que provoca maior interdependência entre os agentes econômicos com a expansão do mercado Esse estado de coisas presente no espaço urbano fomenta aquilo que Coraggio chama de economia popular ou economia solidária segundo Gaiger Essa economia que se distancia da racionalidade capitalista se constitui num espaço de superação das contradições do siste ma capitalista pois ela mistura solidariedade participação e associativismo se contrapondo à dinâmica do mercado paradigma paraeconômico Outra questão importante que se coloca para o espaço urba no local é o desenvolvimento de suas potencialidades baseadas na sua cultura específica Com isso o desenvolvimento econômico regional se daria pela consolidação de clusters que são ilhas de prosperidade e de competitividade na expansão capitalista Contudo essa solução é também uma instrumentalização da cultura e do civismo via local urbano e parece mitificar a solução dos problemas econômicos e sociais O associativismo e a participação popular que formam o capital social apresentam um caráter produtivo e de eficiência maior em relação ao sistema econômico e político E por outro lado em vez de nos remeter a uma ética geral e abstrata ele nos remete às praticas explícitas envolvendo ganhos concretos tanto sociais como materiais Os fatores que levam à expansão desse capital social estão ligados aos ganhos concre 47 tos que dele vão aferir as comunidades envolvidas por isso exigem que os governos munici pais implementem mecanismo de participação popular com a finalidade de distribuir poder e riquezas A democracia moderna se formou tendo como base a noção de indivíduo As concepções anteriores desde a Grécia Antiga não levavam em conta esse valor o da individualidade Essa concepção levou a uma legitimação do poder baseada em fundamentos racionais e menos na tradição Essa concepção fez crescer também uma dicotomia entre as decisões políticas e a burocracia da administração pública imposta pela racionalidade Isso levou a uma crise que parece estar no exercício da autoridade Esse exercício da autoridade pode assegurar ou não uma relação libertadora e eman cipadora da sociedade e essa só vai se dar se se coloca como a legítima portadora de metas coletivas De fato como salienta Ribeiro a argumentação e o debate público têm adquirido relevância central nas democracias atuais pois o exercício da autoridade nas cidades nos re mete a uma constante interação entre os atores do jogo democrático isto é aos cidadãos A cidade é o local privilegiado onde tudo acontece inclusive à democracia e para que essa se fortaleça é importante um esforço individual e coletivo constante no sentido de se reinventar este espaço a partir da negociação e do compartilhamento de metas entre os dife rentes atores urbanos E só a política tem como conectar as aspirações da população com as metas e valores da gestão local pois é ela que vai romper o isolamento provocado pela racio nalidade ou seja pela burocracia 48 Para ampliar o jogo democrático na esfera local das sociedades modernas é necessário conjugar a questão administrativa com a ques tão política a partir de um equilíbrio entre as duas O mesmo pode se dizer das empresas que se veem comprometidas com a responsabilida de social pois para uma boa governança é preciso democracia organizacional trans parência nos processos de gestão nas áreas econômica social e ambiental e principal mente uma boa governança nas relações com a sociedade 23 Direitos Humanos Neste momento da disciplina iremos refletir sobre os direitos humanos e o documento que dá amparo para a execução do mesmo A partir desta reflexão esperase que os os objetivos sejam visualizados e posteriormente vivenciados pois es tamos tratando de vidas humanas e seu direito mais primordial a vida Um dos grandes problemas de relacionamento entre os grupos huma nos se dá por causa da diferença de valo res isto é um grupo não consegue ver o outro grupo como ele é e sim como algo que é diferente dele Isso se dá em parte devido ao automatismo inconsciente no processamento das infor mações pelo nosso cérebro Esse automatismo é o que chamamos de estereótipos O estereó 49 tipo acontece sempre que reduzimos um grupo humano a determinadas características fixas geralmente sem nenhum aprofundamento da análise Ele pode se referir a raças religiões pro fissões grupos sociais preferências sexuais ou qualquer outro fator distintivo mas é sempre a generalização de uma ou mais características psicológicas de determinado grupo Conceito Segundo Vargas 2005 o estereótipo pode ser descrito como um arquivo de informações no cérebro que organiza tudo o que sabemos acerca de um dado grupo de pessoas seus atributos e modos de funcionamento A partir do estereótipo nosso cérebro nos diz que aquele grupo só é capaz de realizar aqueles determinados atos No mundo atual que chamamos de pósmoderno um mundo de superficialidades onde devemos ter sempre cada vez mais capacidade de síntese e dizer coisas com menos caracteres possíveis o estereótipo encontra um terreno fértil para vicejar e por isso estamos correndo o risco de começarmos a ver o mundo de novo em preto e branco O século XIX no entanto mostra para a humanidade que a igualdade não se concreti zou e então a partir da Revolução Industrial recuperase o princípio das lutas pela igualdade os espaços de debate se transformam em espaços de guerra com alta tecnologia levando à morte centenas de seres humanos Na primeira guerra as trincheiras Na segunda guerra mor te e discriminação Citamos aqui dois espetáculos de terror pleno os campos de concentração e as explo sões nucleares de Hiroshima e Nagasaki A partir daí o medo da morte passa a acompanhar a humanidade e de lá para cá não passamos um ano sem uma guerra declarada sem guerras sociais no planeta 50 Imagem Campo de concentração em Auschwitz no sul da Polônia Mortes em massa Disponível em httpwwwquestgardencom49494070407143021conclusionhtm Como a humanidade reage ao terror da Segunda Guerra Mundial A população reage com uma declaração da humanidade que se anuncia para o mundo como uma possibilidade para além do terror A Declaração no entanto é pouco conhecida pe los povos do mundo todo Os Direitos Humanos não podem ser tratados somente como uma Declaração e sim visto como uma dimensão cultural na qual as diferenças devem ser respei tadas a igualdade se componha como um pressuposto da diferença e juntos a humanidade consiga seus espaços de liberdade Os problemas sociais ainda não estão resolvidos epidemias de fome problemas ambientais problemas de uma certa ética no campo da ciência e medicina ou nas transformações de grandes mídias nacionais e internacionais 24 A Declaração Universal dos Direitos Humanos É importante que nós saibamos que os Direitos Humanos não são apenas um universo de declarações de leis mas que são principalmente reflexo de uma construção histórica feita 51 pelos povos no decorrer dos anos No link um artigo do professor da UNICAMP Oswaldo Giacoia Jr em que ele discute os direitos humanos na era biopolítica httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS 0100512X2008000200002 Eis na integra essa declaração DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Adotada e proclamada pela resolução 217 A III da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 Preâmbulo Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da fa mília humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade da justiça e da paz no mundo Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mun do em que os homens gozem de liberdade de palavra de crença e da liberdade de vi verem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direi to para que o homem não seja compelido como último recurso à rebelião contra tirania 52 e a opressão Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram na Carta sua fé nos direi tos humanos fundamentais na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla Considerando que os EstadosMembros se comprometeram a desenvolver em coope ração com as Nações Unidas o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fun damentais e a observância desses direitos e liberdades Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso A Assembleia Geral proclama A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração se esforce através do ensino e da educação por promover o respeito a esses direitos e liberdades e pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos tanto entre os povos dos pró prios EstadosMembros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição 53 Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie seja de raça cor sexo língua religião opinião política ou de outra natureza origem nacional ou social riqueza nascimento ou qualquer outra condição Artigo III Toda pessoa tem direito à vida à liberdade e à segurança pessoal Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas Artigo V Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel desumano ou degradante Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser em todos os lugares reconhecida como pessoa perante a lei 54 Artigo VII Todos são iguais perante a lei e têm direito sem qualquer distinção a igual proteção da lei Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presen te Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação Artigo VIII Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efeti vo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei Artigo IX Ninguém será arbitrariamente preso detido ou exilado Artigo X Toda pessoa tem direito em plena igualdade a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele Artigo XI 1 Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa 2 Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que no momen to não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que no momento da prática era aplicável ao ato delituoso 55 Artigo XII Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada na sua família no seu lar ou na sua correspondência nem a ataques à sua honra e reputação Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques Artigo XIII 1 Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado 2 Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país inclusive o próprio e a este regressar Artigo XIV 1Toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou tros países 2 Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente mo tivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas Artigo XV 1 Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade 2 Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade Artigo XVI 1 Os homens e mulheres de maior idade sem qualquer retrição de raça nacionalidade ou religião têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família Gozam de iguais 56 direitos em relação ao casamento sua duração e sua dissolução 2 O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nuben tes Artigo XVII 1 Toda pessoa tem direito à propriedade só ou em sociedade com outros 2Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade Artigo XVIII Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento consciência e religião este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino pela prática pelo culto e pela observância isolada ou coletiva mente em público ou em particular Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão este direito inclui a liberdade de sem interferência ter opiniões e de procurar receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras Artigo XX 1 Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas 2 Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação Artigo XXI 1 Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos 2 Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país 57 3 A vontade do povo será a base da autoridade do governo esta vontade será expres sa em eleições periódicas e legítimas por sufrágio universal por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto Artigo XXII Toda pessoa como membro da sociedade tem direito à segurança social e à realização pelo esforço nacional pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado dos direitos econômicos sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade Artigo XXIII 1Toda pessoa tem direito ao trabalho à livre escolha de emprego a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego 2 Toda pessoa sem qualquer distinção tem direito a igual remuneração por igual trabalho 3 Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure assim como à sua família uma existência compatível com a dignidade hu mana e a que se acrescentarão se necessário outros meios de proteção social 4 Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses Artigo XXIV Toda pessoa tem direito a repouso e lazer inclusive a limitação razoável das horas de tra balho e férias periódicas remuneradas Artigo XXV 1 Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família 58 saúde e bem estar inclusive alimentação vestuário habitação cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego doença invalidez viuvez velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle 2 A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social Artigo XXVI 1 Toda pessoa tem direito à instrução A instrução será gratuita pelo menos nos graus elementares e fundamentais A instrução elementar será obrigatória A instrução técni coprofissional será acessível a todos bem como a instrução superior esta baseada no mérito 2 A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun damentais A instrução promoverá a compreensão a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz 3 Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será mi nistrada a seus filhos Artigo XXVII 1 Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios 2 Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor 59 Artigo XVIII Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberda des estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados Artigo XXIV 1 Toda pessoa tem deveres para com a comunidade em que o livre e pleno desenvolvi mento de sua personalidade é possível 2 No exercício de seus direitos e liberdades toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei exclusivamente com o fim de assegurar o devido re conhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral da ordem pública e do bemestar de uma sociedade democrática 3 Esses direitos e liberdades não podem em hipótese alguma ser exercidos contra riamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas Artigo XXX Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconheci mento a qualquer Estado grupo ou pessoa do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos Assim quando a moral de uma determinada comunidade pos sui valores preconceituosos mais problemas essa comunidade vai ter para solucionar os seus próprios problemas e construir o seu futuro Como todos os valores positivos ou negativos o estereótipo o preconceito e todos os demais defeitos de nossa visão cultural também se formam a 60 partir de mecanismos mentais que acionamos automaticamente Eles são como um ócu los que nos fazem enxergar mal uma vez que acabam distorcendo a visão que temos das pessoas e das situações Uma vez estabelecidos os estereótipos é muito difícil mudálos pois eles ganham enorme resistência à mudança Os estereótipos são os germes memes em nós do to talitarismo pois nos reduzem a uma massa simplória que é facilmente definível catego rizável televisão e que deve ser tratada de modo impessoal O problema principal é o impacto do estereótipo no relacionamento social que vai afetar os valores das empresas e ajudar a manter as situações de desigualdades e de desrespeito pela diversidade Objetivos da Unidade Unidade III Educação das Relações Étnico Raciais III Conhecer a situação afrodescendente Compreender a contribuição do negro para a história cultu ral do Brasil Identificar a cultura indígena e sua identidade 62 Unidade III Educação das Relações Étnicoraciais Introdução A partir deste momento em nosso guia iremos nos deparar com a continuidade de um questionamento sobre o racismo Racismo que é aflorado em várias instâncias sociais cultu rais econômicas políticas religiosas etc Vamos denominar todas essas diversidades como diversidade étnicoracial Nesta di versidade se faz presente a figura do indígena do africano e do afrobrasileiro Para a regulamentação como mecanismo de efetivação de uma inserção social plena criamse leis que procuram garantir o suficiente para essa interação Essas leis garantem a discussão a nível escolar sobre a causa afrodescendente e indígena Lei nº 1063903 reeditada pela Lei nº 1164508 Para um melhor entendimento sugerese que seja feita uma pesquisa destas leis Boa Pesquisa Diante desta pesquisa realizada ficará claro que estes aspectos de vivência humana se fazem presentes em todas as áreas do relacionamento humano não focando somente no cam po educacional mas no profissional de maneira universal Pelo dinamismo e alterações que estas situações ocorrem é importante que estejamos constantemente observando através das mídias estudos acadêmicos e movimentos popula 63 res os avanços na discussão para esta vivência humana 31 A Cultura Africana e suas influências na Cultura Brasileira Neste momento a intenção é apontar a importância da cultura africana como instru mento de hominização Está na África a origem da humanidade A cultura africana em sua maior parte foi transmitida de forma oral através dos colonizadores Uma das principais características da cultura africana consiste no aspecto de sua diversidade desde suas florestas savanas monta nhas e lagos A composição do continente se faz com a existência de 50 nações e aproximadamente com uma população de 1 bilhão de ha bitantes Ao apontarmos a diversidade na cultura africana considerase todas as manifestações existentes para essa divulgação que são feitas através da relação desses povos com a natureza pois a identificação é marcante História Ilustrada da África disponível pelo endereço httpwwwportaldartecombrarteafricanahtm A grande produção de artesanato é acompanhada por uma variedade de danças e rit mos que são marcados pela presença de batuques que estão sempre fazendo referência à natureza 64 O ritmo alegre e dançante é característica marcante do povo africano Através desta manifesta ção buscase resgatar o contato da vida com a natureza e a harmonia com a coletividade sinais que se rão constatados no cotidiano bra sileiro A escravidão no Brasil cons tituiu a economia assim também influenciando na formação cultural Com a presença do afri cano do indígena e do europeu formouse uma grande miscigenação de raças O importante neste aspecto é a convivência pacífica que se estabelece e torna o povo brasileiro receptivo e não simples passivo Através da presença do negro no Brasil houve também uma diversificação na alimenta ção que hoje compõe a mesa de todo brasileiro o vatapá acarajé pamonha mugunzá caruru e outros bem como os temperos pimentas leite de coco e o azeite de dendê A influência também se faz presente na religião pois tiveram que adaptar a crença tra zida do continente a uma imposição do rito cristão assim originouse um grande sincretismo religioso em que elementos cristãos e afros vivem na mesma esfera 311 O Movimento Negro Este movimento surge como resposta ao descaso vivenciado na sociedade brasileira que apesar de não ter agressões físicas traz um forte preconceito em relação ao negro Para um entendimento mais eficaz sugerese a leitura apontada abaixo e outras que possam contribuir para a compreensão deste movimento em prol da dignidade humana 65 O Movimento Negro no Brasil lutas e conquistas em prol de uma sociedade equâni me Disponível através do endereço httpwwwpordentrodaafricacomcultura 312 Os Quilombolas Definição Até cem anos após a assinatura da Lei Áurea que libertou os escravizados no Brasil os qui lombos eram considerados locais com grandes concentrações de negros que se rebelaram contra o regime colonial Com a Constituição Federal de 1988 o termo quilombo teve seu conceito ampliado de modo que na atualidade é considerado toda área ocupada por comunidades remanescentes dos antigos quilombos httpwwwcedefesorgbrpafrodetalheidafro8296 acessado em 09082016 Para uma visão mais ampla em relação a cultura africana acessem httpswwwyoutubecomwatchvprULqS8EnnE 66 Com esse vídeo somos convidados a efetuarmos uma reflexão em torno do negro não como o diferente mas sim como aquele que é carregado de muita arte e luta na contribuição da formação do povo brasileiro 32 O Indígena Outro grupo responsável pela formação do povo brasileiro Vamos iniciar através da leitura da letra da música abaixo Todo Dia Era Dia de ÍndioBaby do Brasil Curumimchama Cunhatã Que eu vou contar Curumimchama Cunhatã Que eu vou contar Todo dia era dia de índio Todo dia era dia de índio CurumimCunhatã CunhatãCurumim Antes que o homem aqui chegasse Às Terras Brasileiras Eram habitadas e amadas Por mais de 3 milhões de índios Proprietários felizes Da Terra Brasilis Pois todo dia era dia de índio Todo dia era dia de índio Mas agora eles só tem O dia 19 de Abril Mas agora eles só tem O dia 19 de Abril Amantes da natureza Eles são incapazes Com certeza De maltratar uma fêmea Ou de poluir o rio e o mar Preservando o equilíbrio ecológico Da terra fauna e flora 67 Pois em sua glória o índio É o exemplo puro e perfeito Próximo da harmonia Da fraternidade e da alegria Da alegria de viver Da alegria de viver E no entanto hoje O seu canto triste É o lamento de uma raça que já foi muito feliz Pois antigamente Todo dia era dia de índio Todo dia era dia de índio CurumimCunhatã CunhatãCurumim Terêrêoh yeah Terêreêoh Após essa leitura da letra ou alguns quiseram ouvir retrata a situação na qual se en contram esses seres humanos vítimas de um progresso que visa o avanço independente de qualquer coisa 68 321 Culturas e Costumes Indígenas Pesquise no endereço sobre a cultura indígena httpbrasilescolauolcombrculturaculturaindigenahtm O que percebemos nestes povos é a comunicação direta para com a natureza essa relação sempre marcada pelo cuidado e respeito Atualmente quando apontamos a necessidade da preservação ambiental como fator de sobrevivência de várias espé cies percebese que já era hábito entre os índios essa atitude 322 Sua Importância na Formação do Povo Brasileiro A população indígena é considerada os primeiros habitantes do Brasil assim são por ordem natural os donos das terras É um paradoxo pois o homem branco se apossou destas terras escravizando ou matando o indígena Portanto o povo brasileiro é constituído em suas características por essa miscigenação de indígenas e negros A importância do indígena na formação do povo brasileiro está ligada diretamente a alguns hábitos que fazem parte do brasileiro 69 Dentre estes hábitos está a própria alimentação derivada da mandioca e do milho Per cebese também a presença do índio em todo canto do país através do nome dado em cida des rios e etc Enfim a língua indígena de uma maneira indireta faz parte do nosso cotidiano As principais etnias e população estimada salientamos que esses dados são temporais são Fonte dados da FUNAI Fundação Nacional do Índio e do Censo 2010 Cars aluns encerramos essa unidade convidando tods para que acessem esses endereços apontados pois há uma riqueza de infor mação significante Objetivos da Unidade Unidade IV Conhecendo a Responsabilidade Social IV Conhecer a história da Responsabilidade Social Valorizar a ação de uma Responsabilidade Social Compreender o papel social desempenhado pelo Terceiro Setor 71 Unidade IV Conhecendo a Responsabilidade Social Introdução Tendo feito uma abordagem em relação a valores moral e ética nos preparamos para começar a entender alguns aspectos da Responsabilidade Social 41 A Responsabilidade Social As transformações sociais e econômicas das últimas décadas trou xeram uma preocupação maior com a responsabilidade social das empresas O filantropismo do início do sé culo evoluiu para a Responsabilidade Social cidadania corporativa e desen volvimento sustentável Após a década de 80 o termo cidadania passou a fazer parte do discurso das empresas pois o Estado sozinho não dava con ta da questão social A crise trazida pelo neoliberalismo fez surgir as ONGs para suprir o papel do Estado e reforçou uma abordagem do desenvolvimento sustentável econômico ambien tal e empresarial Para as empresas haveria a melhoria da qualidade de vida garantia da sustentabilidade e perenidade nos negócios Em 1953 surge nos EUA o livro Responsabilidade do homem de negócios de H Bowen que trazia a ideia de inclusão de outros objetivos empresariais que não apenas o lucro No Brasil desenvolveuse muito a filantropia baseada no assistencialismo diferente da 72 Responsabilidade Social que é uma ação transformadora uma forma de inserção social e uma busca efetiva de solução dos problemas 411 Como Surgiu a Responsabilidade Social Podemos dizer que do início do sécu lo XX até a década de 50 tivemos as empresas atuando de maneira filantrópica Portanto o filantropismo foi a característica principal da sociedade industrial A partir de 1950 até os nossos dias vem ganhando força o conceito de Responsabilida de Social Este conceito está ligado à questão do desenvolvimento sustentável que é a carac terística da sociedade pósindustrial na qual estamos inseridos No primeiro período de 1900 até 1950 caracterizado pela filantropia o modelo eco nômico vigente na sociedade era o Liberalismo político e econômico que teve em Adam Smi th seu principal ideólogo Adam Smith foi o teórico da economia iluminista e da nascente so ciedade industrial Sua obra a A Riqueza das Nações de 1776 teoricamente colocou abaixo a superioridade da agricultura em relação à indústria e fez prevalecer o egoísmo sobre a cari dade Para ele a ausência do Estado permite o florescimento da indústria e o desenvolvimento do comércio Para o liberalismo o Estado é um obstáculo à concorrência ao comércio às trocas mer cantis Ele o Estado deveria apenas se responsabilizar pelas ações sociais pela promoção da concorrência e pela proteção da propriedade privada As empresas por sua vez deveriam buscar o lucro a maximização do lucro e essa seria a sua função social além é claro de gerar empregos e pagar os impostos 73 Atualmente vivemos uma fase de desenvolvimento econômico em que se estabeleceu o neoliberalismo que é o mesmo liberalismo clássico adaptado ao momento atual da economia capitalista No que diz respeito à responsabilidade social é interessante analisarmos o que pensa o economista Milton Friedman um dos teóricos atuais mais importantes do neoliberalismo Numa economia livre só há uma responsabilidade social do capital usar seus recursos e dedicarse a atividades destinadas a aumentar seus lucros dentro da regra do jogo isto é de uma competição livre e aberta sem enganos ou fraude Tenório 200615 Já para outro economista de formação keynesiana John K Galbraith essas ideias só tiveram acolhida no início do capitalismo quando as empresas ainda eram pequenas e havia uma concorrência quase perfeita Mas com a evolução tecnológica que levou a uma alteração de todo o processo produtivo e com a aplicação da ciência na organização do trabalho huma no administração introduziuse também a questão da responsabilidade social empresarial como um importante componente da gestão empresarial nas sociedades atuais 74 Liberalismo economiahttpbrasilescolauolcombreconomialibe ralismoeconomicohtm Keynesianismo httpwwweconomiabrnetteoriaescolasteoria keynesianahtm Ainda no início da formação do capitalismo a substituição do trabalho artesanal pelo trabalho especializado fez surgir a Administração de Empresas como uma ciência preocupada com a questão da produtividade Temos como referências desse período Taylor Ford e Fayol Essa nova ciência a Administração vai introduzir novas características ao trabalho nes se novo modo de produzir como por exemplo 75 A eliminação do tempo ocioso do trabalhador o aumento da eficiência da produção o estudo de tempo e do movimento para de terminar a melhor forma de implementar uma tarefa etc Enfim o tra balhador se torna uma máquina humana de produção comandada por seus chefes e gerentes A Ciência da Administração foi a aplicação da ideologia liberal ao chão de fábrica O liberalismo condenava as ações sociais e entendia que a caridade não ajudava o de senvolvimento da sociedade A responsabilidade social desse período como já vimos se limi tava à ação filantrópica do empresário uma ação de caráter pessoal O máximo que se admitia eram as chamadas Fundações que passaram a ser instituídas por grandes empresários como Ford Rockfeller Guggenheim dentre outros preocupadas com o assistencialismo filantrópico e não com uma responsabilidade social que de fato alterasse as condições sociais Foi só mais tarde que a filantropia começou a dar lugar à Responsabilidade Social e passou a ser feita pela própria empresa dando início à questão da responsabilidade social em presarial Se por um lado o liberalismo ajudou na acumulação do capital e no crescimento da produção por outro ele gerou a degradação da qualidade de vida a intensificação dos problemas ambientais e a pre cariedade das relações de trabalho 76 Diante desta conjuntura a sociedade acabou se mobilizando para pressionar o go verno e as empresas para solucionarem tais problemas o que acabou por gerar por parte do governo um maior controle sobre empresas E elas passaram a ser responsáveis pelas questões sociais trabalhistas e ambientais Foi o início da Responsabilidade Social para as empresas No início do século XX as condições de vida dos trabalhadores não eram uma maravi lha e até hoje também não são Os salários eram baixos e a jornada de trabalho chegava a 12 horas diárias Não havia legislação trabalhista e muito menos previdenciária As condições de vida dos trabalhadores eram insalubres poluição barulho falta de água potável enfim a vida próximo às fábricas era difícil sem contar que as pessoas eram vistas como máquinas de pro duzir Sobre essa questão o cientista Chiavenato nos diz o seguinte O taylorismo enfrentou forte resistência dos trabalhadores que não conse guiam trabalhar no ritmo imposto pela empresa que era muito bom para a em presa mas ruim para o trabalhador O trabalho perdeu seu significado psicoló gico Se tornou alienado Tenório 2006 Como podemos constatar até a década de 50 a responsabilidade social da empresa é entendida apenas como a capacidade empresarial de gerar lucros criar empregos pagar im postos e cumprir as obrigações legais Essa situação só começou a mudar a partir da grande crise de 1929 Após a crise o governo dos Estados Unidos lançou um plano econômico mais conhecido como New Deal Por este plano as práticas liberais foram limitadas através de medidas de estímulo à economia nos moldes do keynisianismo corrente econômica que prega maior intervenção do Estado na economia Essa política se estendeu até a década de 70 Em 1970 entra em cena o neolibera lismo que apesar da crise por que passa esse modelo ainda tem força principalmente nos EUA e Europa 77 Para Keynes o principal problema da economia era o aumento do consumo interno isto é da demanda doméstica pois ao fazerem isso os países logo fortaleceriam o mercado externo O keynisianismo produziu uma redução das incertezas do mercado através da interven ção do Estado na economia como afirma Tenório 200619 Foi a intervenção do Estado na economia que criou as condições de estabilida de necessárias para que as indústrias se desenvolvessem investissem em tecno logia acumulassem capital e consolidassem a produção em massa Essa nova maneira de organizar a economia acarretou em mudanças no modo de pro duzir fez surgir novos valores na sociedade e acabou por elaborar um novo paradigma Segun do A Tofler Enquanto a sociedade industrial buscava o sucesso econômico o progresso a sociedade pósindustrial tem como referência a sustentabilidade a preocu pação com o meio ambiente e com a qualidade de vida das pessoas Tenório 200619 E foram esses valores que constituíram a base conceitual da Responsabilidade Social contemporânea Com o surgimento da sociedade pósindustrial as empresas se viram inseridas num contexto de grande complexidade e descobriram que suas ações têm desdobramentos sociais e ambientais sobre a comunidade na qual estão inseridas Por isso elas tiveram de mudar de paradigma e incorporar objetivos sociais e ambientais em seu plano de negócio Para Galbraith o avanço tecnológico trouxe mudanças significativas na economia e na forma da organização das empresas provocando um amadurecimento das mesmas e o conhe 78 cimento passou a ocupar o lugar que antes era destinado à terra ao trabalho e ao capital isso porque o poder está sempre focado naquilo que é mais difícil de se obter que no nosso caso atual é o conhecimento daí a necessidade de todos estudarem antes de tudo uma exigência do capital A sobrevivência das empresas está na sua capacidade de administrar atendendo aos anseios da sociedade na qual estão inseridas e de incluir em seus propósitos e em seu plano de negócios as expectativas de outros agentes da comunidade além de seus empregados acio nistas e do governo Essas empresas amadurecidas passam a se orientar também por objetivos sociais se preocupando como o desenvolvimento econômico sustentável com o meio ambiente com a redução do desemprego e com outras questões sociais Por outro lado o empregado passa a se ver como um agente social do desenvolvimen to ao mesmo tempo em que se preocupa com a sua qualidade de vida e com a construção de uma sociedade mais sadia e civilizada e não apenas com uma sociedade mais rica O desenvolvimento de novas tecnologias fez com que o trabalho árduo e penoso a que o trabalhador estava submetido fosse substituído por máquinas e outras ferramentas que li beraram o trabalhador para desenvolver seus talentos e criatividade em outras atividades Os primeiros estudos sobre a Responsabilidade Social começam a partir da década de 50 mas foi só a partir da década de 70 que a ela ganhou destaque Se as empresas prestam um serviço público isto é atendem a determinadas necessidades da comunidade elas devem atender também ao interesse público Para Souza toda grande empresa é por definição social Uma empresa que não leve em 79 conta a crise econômica que seja indiferente à miséria e ao meio ambiente não é uma empresa mas um câncer social que precisa ser extirpado Tenório 200623 24 Nesse período também foi incorporada à Responsabilidade Social a teoria do stakehol der Essa teoria trouxe para responsabilidade social uma visão sistêmica Se as empresas se relacionam com vários agentes parceiros fornecedores clientes acionistas etc elas tanto recebem influência como influenciam o ambiente e a comunidade onde estão estabelecidas Assim a meta é atingir todos os objetivos tanto os da empresa como os dos demais agentes A partir da década de 80 com o predomínio do neoliberalismo o conceito Responsa bilidade Social Corporativa sofreu nova alteração agora com argumentos de mercado Para o neoliberalismo o mercado é o grande regulador e o clienteconsumidor passou a ser o único capaz de boicotar ou protestar contra as empresas transgressoras Segundo um grande estu dioso da Responsabilidade Social Corporativa Robert Srour as empresas têm uma imagem a resguardar uma reputação uma marca As sim a cidadania organizada pode levar os dirigentes empresariais a agirem de forma responsável mesmo em detrimento de suas convicções íntimas Tenó rio 200624 Para outro estudioso do tema o economista Paul Singer11 o neoliberalismo trouxe uma intensificação dos problemas sociais o que gerou uma reação social do surgimento de ONGs consolidação do 3º setor contudo esses dois agentes não são capazes de reduzir as de sigualdades sendo necessária a ação do Estado como o promotor e direcionador das políticas sociais Nos anos 90 continuou a regulação do mercado e surgiu o conceito de que a RSE é par te integrante do desenvolvimento sustentável econômico ambiental e empresarial É a ideia de que o crescimento econômico deve preservar o meio ambiente e respeitar 11 Economista brasileiro 80 os anseios da comunidade melhorando a qualidade de vida Agindo assim as empresas garan tiriam seu futuro através do respeito e admiração da sociedade em geral 42 Empresas Comprometidas com Responsabilidade Social Nos dias de hoje as empresas estão buscando agregar valor social às suas atividades específicas Esse novo modo de encarar a atuação empresarial vem se intensificando desde os anos 90 Na década de 90 houve um considerável aumento do terceiro setor principalmente pelo aparecimento de ONGs criadas com o objetivo de destacar a importância das ações so ciais para os negócios e para a sociedade Houve desde então uma incorporação de novos conceitos ao vocabulário das empresas tais como Filantropia Cidadania Empresarial Ética nos Negócios Voluntariado Empresarial e Responsabilidade Social O modo como as empresas atuam nesse quesito responsabilidade social está direta mente relacionado à sua cultura aos seus valores e às suas estratégias mercadológicas especí ficas como se observa no esquema a seguir 81 Para alguns estudiosos podemse destacar três formas básicas de atuação social em presarial Ao lado dessas ações podemos ainda acrescentar o patrocínio de atividades sóciocul turais e as campanhas de marketing social relacionados a uma causa específica Hoje as empresas se encontram em uma fase de transição elas estão saindo de uma fase de atuação individual para uma fase de atuação coletiva e profissionalizada A tendência dessa nova forma de atuação social das empresas é a da profissionalização de todo o processo de responsabilidade social com a respectiva mensuração dos resultados Para melhor compreensão vamos fazer o esclarecimento de alguns desses novos con ceitos Filantropia empresarial Filantropia é amor ao homem ou à humanidade Pressupõe ação altruísta e desprendida a caridade cristã A filantropia empresarial é uma ação social de natureza assistencialista caridosa e temporária como doação de recursos financeiros ou materiais a comunidade Isso não significa que a empresa que faz filantropia respeita o meio ambiente desenvolve a cidadania ou o respeito aos seus empregados e colaboradores A Cidadania Empresarial é muito usada para demonstrar o envolvimento da empresa 82 nas atividades da comunidade através de parcerias com associações nas áreas sociais saú de educação e meio ambiente Seu sinônimo é voluntariado empresarial Para a Responsabilidade Social Corporativa podemos destacar três estágios o pri meiro é o do cumprimento das obrigações legais e do desenvolvimento econômico O se gundo é o do envolvimento da empresa em atividades comunitárias isto é a empresa busca a melhoria da qualidade de vida da comunidade em que está inserida E por fim o terceiro estágio em que a empresa se compromete com toda a sua cadeia produtiva com a comu nidade com o meio ambiente e com a sociedade de maneira geral Para o instituto Ethos de Responsabilidade Social a empresa precisa trazer benefícios para a comunidade propiciar a realização profissional pro mover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para os investidores adotando uma postura transparente no que diz respeito aos seus objetivos e compromissos éticos Tenório 200632 Mas o que está levando as empresas a atuarem de modo socialmente responsá vel Dentre os vários argumentos estão as pressões externas tais como as legislações prin cipalmente as ambientais os movimentos de consumidores ONGs a atuação dos sindicatos a instrumentalização e mesmo uma questão de valores e de princípios culturais que a empresa adota Isso tem acontecido porque a sociedade está cada vez mais buscando uma melhor qua lidade de vida e forçando as empresas a não apenas buscarem o sucesso econômico próprio mas a levar em conta também os objetivos da comunidade e da sociedade enfim das pessoas A principal pressão externa veio com o processo de globalização que também deu sua contribuição para o desenvolvimento da responsabilidade social Através de organismos como a OMC Organização Mundial do Comércio a própria ONU através do Global Compact passou a desenvolver políticas que incentivam as empresas a adotarem um código de conduta de pro teção ao meio ambiente para compensar os efeitos das políticas neoliberais e principalmente 83 para os países centrais não perderem sua competitividade isto é para não perderem postos de trabalho para nações menos desenvolvidas onde as condições de trabalho são precárias e os salários baixos A forma instrumental é usada como um meio de obter algum tipo de vantagem ou be nefício não necessariamente econômico pode ser fidelização ou fortalecimento da imagem São exemplos as várias leis de renúncia fiscal como a lei Rou anet o artigo 151 da Constituição Federal equilíbrio regional As desvantagens da instrumentalização é que ela não pode durar muito tempo pois as pessoas percebem e ela perde o efeito Por último a questão de princípios de valores culturais da própria empresa que coloca a Responsabilidade Social como um dos seus objetivos e por isso pauta toda a sua maneira de ser e produzir pela responsabilidade social Segundo Grajew do instituto Ethos de Responsabilidade Social a responsabilidade social como cultura da gestão empresarial abarcando to das as relações da empresa suas práticas e políticas deve nortear a organização em todos os momentos nas crises e incertezas que ela retorna mais importante e estratégica É nesta hora que é testado o real compromisso dos dirigentes com os valores da empresa Tenório 200632 É importante que as empresas não sejam responsáveis apenas por conveniência por que isso acaba chegando aos consumidores e sua credibilidade pode cair por terra Por ou tro lado empresas que agem com Responsabilidade Social acabam por evitar greves evitam questões com a legislação ambiental e fiscal e não têm sua reputação e sua imagem vinculada a escândalos A empresa sustentável pensa no longo prazo e planeja seu futuro 84 421 A Dimensão Ética As empresas têm sido empurradas pela sociedade a ter Responsabilidade Social sob pena de perder clientes Daí que têm buscado estabelecer padrões éticos e de Responsabilida de Social em suas atividades e formas de gestão E as abordagens sobre Ética e Responsabilida de Social são as mais variadas Para Srour a ética diz respeito à disciplina teórica ao estudo sistemático enquanto a moral corresponde a representações imaginárias que dizem aos agentes sociais o que se espe ra deles e quais comportamentos não são aceitos Assim existem muitas morais tantas quan tas as empresas e a ética empresarial deve então estudar a e tornar inteligível a moral vigente nas empresas capitalistas O ponto de partida da ética empresarial é uma premissa altruísta ou egoísta para justificar o discurso da empresa A ética nos negócios pode focar apenas na valorização da dimensão do negócio sendo a ética um componente do processo administrativo ou uma valorização da ética criando um espaço entre o discurso e a prática empresarial Para Weber a ação social pode ser classificada como a racionalidade que a motiva Se racionalidade é instrumental ela é ajustada pelos fins se for pela racionalidade substantiva isto é pela crença em valores próprios e absolutos e sem relação com os resultados se afetiva orientada pelos estados emocionais do momento e se tradicional é determinada por um costume arraigado Para Lopez a Responsabilidade Social deveria ser constituída por três racionalidades a corporativa instrumental a regulada regulamentar o movimento e a substantiva em que se valoriza a dimensão humana e social Contudo a pressão social sempre exige mais que apenas um código de ética exige um novo papel amplo e complexo das empresas 85 A Responsabilidade Social como já argumentamos surgiu como um valor da era pós industrial de valorização do ser humano de defesa do meio ambiente de busca por uma so ciedade mais justa e também pela visão de que a empresa não deve buscar apenas o lucro mas também deve buscar outros objetivos principalmente os que dizem respeito à sociedade Sem contar que elas sofrem ainda a pressão do poder público e da própria sociedade organizada Quem trabalharia motivado se somente a empresa tivesse lucro As empresas tiveram que mudar as estratégias de negócio passando a levar em conta estas variáveis para obter eficiência e lucratividade além de preservarem sua imagem e repu tação Daí agregar valor social ao negócio passou a ser objetivo do marketing das empresas Segundo American Marketing Association o marketing é o desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor Assim o termo Responsabilidade Social não entra nessa conta e quando entra apenas a tocam de maneira superficial Contudo os governos e os próprios cidadãos estão cobrando das empresas ações para o uso racional dos recursos nãorenováveis da degradação ambiental fruto da poluição causada por embalagens e etc o que acaba obrigando as empresas a administrarem melhor essas questões O marketing também tem evoluído no sentido de dar à comunidade não apenas desen volvimento econômico mas também qualidade de vida e satisfação psicológica às pessoas Alguns autores como Wilkie e Moore também preconizam que o marketing das empresas es tabeleça uma conciliação dos seus interesses e o interesse dos seus stakeholders Isso para que certos conflitos sejam dirimidos As empresas estão cada vez mais dando importância às questões sociais e uma prova disso é o desenvolvimento do cargo de relações públicas nas empresas que vem assumindo 86 importância crescente com o objetivo de desenvolver ferramentas de comunicação para mos trar uma imagem mais positiva da empresa diante de seus principais interlocutores Segundo o IPEA12 2000 67 das empresas da região sudeste realizam algum tipo de atividade de Responsabilidade Social para a sua comunidade local E mais da metade das gran des empresas pretendem ampliar essas atividades O marketing também está sofrendo as alterações que a socieda de do conhecimento tem desenvolvido e colocado no centro das dis cussões assuntos como a questão ética de meio ambiente e de respeito aos seres humanos É o que alguns autores estão chamando de macro marketing que é uma construção multidimensional que prevê não ape nas os resultados positivos mas também os negativos das ações de marketing Outra área do marketing que vem crescendo é o que se chama de marketing social e está intimamente ligado à ideia de Responsabilidade Social 43 O Instituto Ethos O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma Os cip cuja missão é mobilizar sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável tornandoas parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável Criado em 1998 por um grupo de empresários e executivos da iniciativa privada o Instituto Ethos é 12 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 13 Oscip Organização da Sociedade civil de interesse público um polo de organização de conhecimento troca de experiências e desenvolvimento de ferra mentas para auxiliar as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seu com promisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável 87 httpswww3ethosorgbrconteudosobreoinstitutoWBXrvi0rLIU acessado em 010916 às 23 horas Faça uma pesquisa em torno da Oscip O importante neste momento é este situar diante deste Instituto que cumpre um papel social de orientação e controle da execução pelas empresas deste comprometimento respon sável em tempos atuais Como sabemos se a empresa está agindo de forma realmente responsável socialmente Para isso foi desenvolvido um sistema de avaliação através de indicadores de respon sabilidade social que permite à empresa verificar o seu nível de Responsabilidade Social ga rantindo uma melhor comunicação com seus diversos interlocutores Stakeholders ao mes mo tempo em que reforça o seu compromisso ético com a melhoria das condições de vida da sociedade na qual se insere Para nos auxiliar e não gerar duplas interpretações partiremos do próprio instituto a apresentação de alguns dos indicadores de Responsabilidade social posteriormente sugeri mos que façam uma consulta mais elaborada sobre estes e outros indicadores 88 Vamos lá 431 Compromissos Éticos Este indicador abrange os princípios éticos e os valores propagados pela empresa Es ses valores estão organizados em uma carta de intenção da empresa Os compromissos éticos devem ser expostos publicamente para que todos tenham acesso a essas informações 432 Enraizamento na Cultura Organizacional Os valores e princípios éticos da empresa são discriminados de tal maneira que todos tenham acesso Esses valores são transmitidos ao público interno em vários momentos e no ato da contratação de novos colaboradores A cultura organizacional é uma expressão muito comum no con texto empresarial que significa o conjunto de valores crenças rituais e nor mas adotadas por uma determinada organização httpswwwsignificadoscombrculturaorganizacional 433 Governança Corporativa A empresa deve dispor de um conselho de administração conselho consultivo ou de uma estrutura similar e suas demonstrações financeiras são aditadas por uma auditoria externa e independente 89 Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e de mais organizações são dirigidas monitoradas e incentivadas envolvendo os relacionamentos entre sócios conselho de administração diretoria ór gãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas httpwwwibgcorgbrindexphpgovernancagovernancacorporati va 434 Relações com a Concorrência A busca de estar no mercado de maneira a cumprir a legislação e manter um posiciona mento leal Não admitir nos negócios a existência de concorrência desleal e ter sempre claro como está a sua postura perante os concorrentes 435 Diálogo e Engajamento das Partes Interessadas Stakeholders Neste indicador a empresas devem deixar claro a necessidade consciente do diálogo pois está nessa ação o sucesso dos negócios O importante é o estabelecimento de canais de diálogo para a manutenção dessas re lações Para que haja esse diálogo e engajamento parte da consciência da empresa oportuni 90 zar todas ações 436 Balanço Social Por balanço social entendese as informações a respeito do impacto que as atividades empresariais exercem sobre os trabalhadores sobre a sociedade sobre a comunidade e sobre o meio ambiente Os benefícios dessa implantação é a identificação do grau de comprometimento social da empresa com a sociedade com seus funcionários e com o meio ambiente Através do balanço social ficam evidentes as contribuições da empresa à qualidade de vida e à avaliação da administração através dos resultados sociais e não apenas dos resultados financeiros 91 Segundo Kroetz14 apud Ténorio 2006 são 4 as fases de implanta ção de balanço social a saber 14 Perito contador 1 A Fase Política isto é a tomada de consciência por parte do grupo gerencial da em presa sobre a importância da responsabilidade social para o desenvolvimento dos negó cios Assim sendo o balanço vai servir como instrumento gerencial e também de relações públicas com a comunidade O resultado vai depender então do engajamento de todos na empresa quanto à questão da responsabilidade social 2 Fase Operacional É a implantação de forma operacional da demonstração do balan ço social aperfeiçoando a estrutura sistêmica da organização e o tratamento e a geração das informações 3 Fase da Gestão É a integração dos objetivos sociais no negócio o balanço social pas sa a ser instrumento de apoio à gestão Essa adoção vai afetar as tomadas de decisão em todos os níveis e se transforma em subsídio para o planejamento estratégico 4 A Fase da Avaliação que é o processo de avaliação dos procedimentos utilizados na preparação e comunicação das informações bem como da influência destas nas toma das de decisão e implementação de novas posturas administrativas sociais e ecologica mente corretas httpperitocontadorcombrwpcontentuploads201503CesarKro etzAuditoriadoBalanC3A7oSocialpdf 92 O crescimento do Terceiro Setor se deu graças à política neoliberal do Estado mínimo Ele prioriza os objetivos sociais e não os econômicos Diante de um estado omisso e de empre sas preocupadas com lucro sobrou para ele o terceiro setor a preocupação com o social Essa postura proativa da sociedade preocupada com a coletividade fez surgir às insti tuições sem fins lucrativos como uma extensão do Estado Porém não é sua tarefa resolver as questões da sociedade As ONGs15 cresceram devido à omissão do Estado da crise ambiental e do aumento da pobreza no mundo 15 ONGs Organizações não governamentais 16 Herbert José de Sousa conhecido como Betinho foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro Concebeu e dedicouse ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome a Miséria e pela Vida 441 ONGS Para Betinho16 as ONGs tinham como papel propor uma sociedade democrática do ponto de vista político social econômico e cultural além de estabelecer o contato entre go verno e empresas como acrescenta Tenório As empresas têm buscado ONGs para fazer esse papel social para não se desviarem de seus focos Juntam recursos públicos e privados para atender às demandas sociais Nessa empreitada as ONGs passam a se preocupar com os aspectos econômicos e fi nanceiros e com o resultado de suas ações pois devem prestar contas aos seus financiadores contribuindo assim para que as ONGs também tenham uma gestão empresarial influenciadas pelo modelo de gestão das empresas A gestão do terceiro setor não deve estar atrelada à lógica do mercado Uma deve ter uma gestão estratégica e outra uma gestão social 93 O conceito provém dos EUA mais precisamente da sociologia estadunidense Aqui no Brasil ainda está se adaptando GIFE Nos Estados Unidos ele é usado como sinônimo de organizações sem fins lucrativos e organizações voluntárias Como não objetivam lucro e nem são governamentais dependem fundamentalmente da contribuição voluntária e de voluntários para leválas à frente O conceito tem ligação ainda com a ideia de caridade que remonta à Idade Média e está ligada ao conceito de doação Mais recentemente o conceito de filantropia vem substituindo a caridade como contraponto moderno da ideia religiosa de caridade O conceito também se liga ao de mecenato outro conceito de origem medieval Renascença ligado a doações que os ricos faziam para o desenvolvimento da ciência e das artes em geral Já na Europa como um todo prevalece a ideia de Organização nãogovernamental ONGs cuja origem se liga a ONU que denominou as organizações que não eram governa mentais mas eram importantes e precisavam estar representadas naquele organismo tais como a Conselho Mundial de Igrejas e a Organização Internacional do Trabalho OIT Foi nesse período década de 60 e 70 que surgiram na Europa outras organizações que buscavam pro mover o desenvolvimento dos países mais pobres Isso acabou promovendo o aparecimento de ONGs mundo afora No Brasil as ONGs se desenvolveram a partir de 1970 ligadas a essa ideia de desenvol vimento Devido ao contexto da época muito influenciado pela ditadura militar elas tiveram uma ligação muito forte com os movimentos sociais principalmente de esquerda Tanto no Brasil como na América Latina em geral o termo mais abrangente para de signar essas organizações é o que chamamos sociedade civil Hoje falamos de organizações da sociedade civil que por sua natureza diferem do Estado e do Mercado pois nela há a possibili dade de participação cidadã de forma direta e autônoma Segundo Fernandes 2000 p 27 o terceiro setor é formado por organizações sem fins lucrativos criadas e man tidas pela ênfase na participação voluntária num âmbito não governamental dando continuidade às práticas tradicionais de caridade da filantropia e do 94 mecenato e expandindo seu sentido para outros domínios graças sobretudo à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil Essa definição nos remete à construção histórica do conceito que ora apreciamos Nos dá uma ideia de evolução desde a caridade cristã até à Responsabilidade Social das modernas ONGs que hoje atuam mundo afora Contudo essa abordagem nos dá uma ideia da contradi ção e das múltiplas facetas que compõem as ONGs atualmente Convivem nesse sistema tanto a creche de orientação religiosa como a associação comunitária que prepara projetos para o mecenato empresarial No Brasil segundo o ministério do trabalho RAIS 1991 o terceiro setor possui mais de 200 mil organizações e emprega mais de um milhão de pessoas É um número considerável de empregos Estudiosos acredi tam que esse número é bem maior pois ficam de fora as igrejas e outras associações não oficializadas que fazem trabalhos voluntários 442 As Principais ONGs e Suas Atuações A partir deste tópico iremos apresentar algumas ONGs que desempenham um papel social significativo no Brasil Como curiosidade apresentamos duas ONGs que são bem avaliadas pelos brasileiros vejamos No Brasil as ONGs com reputação mais positiva são Médicos sem Frontei ras 78 têm uma opinião positiva sobre essa organização Unesco ONU e Uni cef todas com 75 de opinião positiva além de Greenpeace 71 OMS 70 e Cruz Vermelha 64 Já na média mundial as ONGs com melhor imagem são OMS 64 Unicef 62 ONU 60 Cruz Vermelha 59 e Unesco 55 httpobservatorio3setorcombrnoticiaspesquisarevelaongscomimagem 95 maispositiva acessado em 02082016 Apontaremos algumas das principais ONGs no Brasil é instigante vermos que a propos ta que cada uma dela faz está em consonância com o que há de mais elementar a reestrutura ção da própria vida desde o cuidado com o meio ambiente até o tratamento em situações de vulnerabilidade Saúde Criança Fundada em 1991 pela Dra Vera Cordeiro o Saúde Criança é talvez a mais bemsuce dida organização não governamental do país Seu principal trabalho é a reestruturação de famílias cujas crianças enfrentem risco social SOS Mata Atlântica Mais importante entidade ambiental do país ela é uma das mais antigas ONGs em ati vidade no território brasileiro Fundada em 1986 investem em diversas ações para conter o desmatamento da Mata Atlântica vegetação que cobria a maior parte da faixa litorânea do país Viva Rio De extrema importância na luta pelos direitos humanos a Viva Rio busca a inclusão social das comunidades carentes Foi fundada em dezembro de 1993 como uma resposta à constante onda de violência no Rio de Janeiro Center for Digital Inclusion Outra entidade brasileira listada entre as 100 melhores ONGs do mundo a Center for Di gital Inclusion aparece na 55ª colocação Existente em dez países atua no Brasil desde 1995 e já criou 715 Espaços de Inclusão Digital beneficiando diretamente mais de 45 mil pessoas 96 Fundação Abrinq Criada em 1990 pelo empresário Oded Grajew tem como principal objetivo atuar na proteção e no desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social Possui três escritórios em São Paulo SP Recife PE e Petrolina PE e realiza progra mas ancorados em quatro eixos educação emergência proteção e saúde Pesquise diante do interesse despertado essas ONGs e a atua ção que elas exercem e se as mesmas atuam na região em que você se encontra Objetivos da Unidade Unidade V Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável V Identificar o planejamento para a construção de uma socie dade sustentável Avaliar a relevância de ações sustentáveis 98 Unidade V Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Introdução Para a construção de uma sociedade sustentável que transforme o cenário atual na quele desejado por todos deverão ser bemvindos no processo novos atores que queiram co operar discutindo reformulando e propondo Se a experiência coletiva for boa a ponto de melhorar a relação de interesses quanto ao respeito às diferenças e ao estabelecimento dos limites do direito individual em prol do bemestar coletivo então teremos construído as bases para a formação de uma sociedade sus tentável evitando as desigualdades e injustiças sociais E mais se a ideia for consolidada mudaremos o modo de produzir e consumir alteran do o padrão de vida no planeta a partir da construção de uma rede de sociedades sustentá veis Viver a cidadania é entrar no cenário da realidade local como um ator entra no palco para participar de uma peça É a realização de uma ideia Para tanto cada ator tem seu papel bem definido e reconhece sua parte no desenvolvimento da ação Se todos desempenharem bem o seu papel o sucesso é de todos que participaram Se a peça for boa a ponto de influen ciar positivamente a comunidade que participou e assistiu será um marco na vida da socieda de local Assim na cena pública temos vários atores parte que atua na área pública e parte que pertence à sociedade civil Neste caso a atuação pode ser individual ou por meio de organizações ou associações empresas colégios sindicatos etc Por outro lado o papel de cada indivíduo na sociedade é determinado ou por vontade própria habilidade e postura pessoal ou por uma missão assu mida para cumprir um ou mais compromissos de caráter coletivo Em ambos os casos é fundamental o conhecimento dos direitos e deveres do cidadão assim como as formas de relacionamento com o ambiente em que vive e faz parte 99 Para a construção de uma sociedade sustentável que transforme o cenário atual na quele desejado por todos deverão ser bemvindos no processo novos atores que queiram co operar discutindo reformulando e propondo Enfim decidindo o que realizar juntos Se a experiência coletiva for boa a ponto de melhorar a relação de interesses quanto ao respeito às diferenças e ao estabelecimento dos limites do direito individual em prol do bemestar coletivo então teremos construído as bases para a formação de uma sociedade sustentável evitando as desigualdades e injustiças sociais E mais se a ideia for consolidada mudaremos o modo de produzir e consumir alteran do o padrão de vida no planeta a partir da construção de uma rede de sociedades sustentá veis 51 Sociedade e Empresas Sustentáveis Muito se tem falado de desenvolvimento sustentável mas afinal o que é desenvolvi mento sustentável Com certeza o desenvolvimento sustentável deve levar em conta o meio ambiente e a sociedade quando se busca o desenvolvimento econômico Crescimento susten tável se dá quando o desenvolvimento econômico produz uma melhor qualidade de vida para a população e com certeza isso tem a ver com o ambiente Portanto desenvolvimento sustentável requer que se desenvolva o econômico mas ao mesmo tempo desenvolva também as questões sociais 100 521 Sustentabilidade Fonte httpwwwgestiopoliscomresponsabilidadesocialumolharparaasustentabilida de Administração Pública Administração Privada empresas Sociedade Civil organizada a partir dos vários locais em que se manifesta 101 Portanto desenvolvimento sustentável requer que se desenvol va o econômico mas ao mesmo tempo se desenvolva junto às questões sociais e as questões ambientais é um crescimento articulado entre es sas três esferas Vamos ver como saímos de uma visão paradigmática onde o mais importante era o desenvolvimento econômico até chegarmos ao paradigma do desenvolvimento sustentável Até o início do século XX o desenvolvimento econômico era visto como inimigo do meio ambiente Isso porque o crescimento econômico trazia em seu bojo a degradação am biental a poluição o esgotamento de recursos naturais dentre outras Isso tudo ligado a ques tões conjunturais como retração do mercado ou redução de lucros onde se permite o avanço de determinadas economias como o agronegócio em função da exportação de commodities No Brasil por volta dos anos 70 e 80 as atividades econômicas tiveram um grande im pacto nessa relação de antagonismo ao meio ambiente e isso se deu por causa do confronto entre as leis da economia e as questões naturais isto é para expandir o mercado precisa con quistar novas fronteiras para continuar a sua voracidade por lucros o que gera maiores inves timentos e portanto maiores alterações na natureza No pósguerra houve uma alta expansão da economia não só para a reconstrução da Europa mas após sua reconstrução sobrou capi tal para ser investido no restante do mundo principalmente nos países subdesenvolvidos como o Brasil na época 102 Foi também nesse período principalmente com os movimentos de contracultura como o maio de 68 na França em que começouse a desenvolver uma consciência ecológica que redundou no movimento ambientalista dos anos 80 e 90 Mas foi sobretudo a partir da década de 90 que o movimento ambiental foi reconheci do pelo mercado e as empresas passaram a ter a questão ambiental como uma estratégia mer cadológica Assim por uma pressão externa feita pelo movimento ambientalista as empresas e o mercado passaram a levar em conta a questão ambiental e a adotar medidas mitigadoras ou de atenuação de sua intervenção no meio ambiente Uma coisa podemos constatar no Brasil quanto ao quesito desenvolvimento o de que é possível gerar qualidade de vida para sua população Até há pouco tempo o Brasil não era ca paz de distribuir renda a sua gente e ainda hoje é um dos países com as maiores concentrações de rendas do mundo perdendo apenas para alguns poucos países africanos Quanto à degradação ambiental em razão das atividades econô micas a situação brasileira é bastante exemplar A emissão de dióxido de carbono que é um indicador ambiental mais divulgado passou de 15 toneladas métricas per capita em 1990 para 17 toneladas métricas per capita em 1996 Isso se deu enquanto a média mundial caia 103 Retomamos essa pergunta já realizada anteriormente Durante muito tempo as atividades econômicas foram consideradas inimigas da na tureza isso porque no desenvolvimento das sociedades modernas o desenvolvimento se fez contra a natureza no sentido de domála e com a ideia de que ela fosse infinita não sendo capaz de esgotar seus recursos O golpe final contra essa visão se deu com a saída do homem do planeta Terra pela primeira vez no final dos anos 60 a Terra é azul foi essa frase que despertou a consciência de que a terra é uma casa e pequena Dependendo de como a utilizamos ela não nos caberá isto é não possui recursos re nováveis suficientes para garantir nossa cobiça por consumo e por construção de um mundo artificial que pouco espaço deixa para a natureza As consequências disso são visíveis 104 aquecimento global catástrofes naturais pobreza e fome escassez de água potável dentre outros efeitos colaterais desse modelo de desen volvimento O capitalismo e sua característica básica que é o lucro a qualquer custo não têm deixa do muitas alternativas ao sistema Terra O maior e mais decisivo processo de modificação da natureza se deu no período entre as duas guerras mundiais e principalmente após a segunda grande guerra quando de fato o capitalismo se espalhou pelo mundo principalmente o modo de vida estadunidense com o seu consumismo desenfreado Desse período data a nossa industrialização tardia brasileira com o início da constru ção de nossa indústria de base e com a chegada por aqui de grandes empresas multinacionais que viriam mudar a cara do Brasil promovendo um desenvolvimento econômico que não teve o acompanhamento do desenvolvimento social que gerou nos países industrializados A consciência das consequências de toda essa onda de transformação da natureza da globalização de uma maneira de produzir e entender o mundo gerou ações em todo o pla neta principalmente os chamados movimentos de contracultura representados pelo maio de 1969 na França Foi a partir desse caldo de cultura que nos anos 80 e 90 ganhou força o movimento ambientalista também em escala já global 105 A principal característica desse movimento é começar a discus são sobre um crescimento econômico que contemple além da lucrativi dade a questão social e o meio ambiente Esse modelo de crescimento econômico centrado no social e no respeito ao meio am biente é conhecido como o desenvolvimento sustentável Agora devemos ter uma visão holística isto é uma visão de mundo e uma ação que leve em conta a totalidade de nossa existência como seres participantes de um sistema cha mado Terra do qual nós seres humanos somo apenas uma parte e não a mais numerosa que existimos junto de bilhões de outras formas de vida que precisamos preservar Como consequência desse movimento surgiram as leis relativas à proteção ambiental e de preocupação com a qualidade de vida das pessoas O movimento ambientalista mundial acabou influenciando gerações e como resultado dessa conscientização foram surgindo leis que começam de fato a proteger a vida sobre a terra O Brasil se destacou nessa matéria de confecção de leis ambien tais sendo considerado um país modelo no que se refere à legislação ambiental apesar de viver os problemas que sabemos são muito gran des como a desigualdade social e a questão dos afrodescendentes e dos indígenas 106 Essa mobilização mundial despertou nos consumidores uma maior preocupação com as questões ambientais e por sua vez pas sou a pressionar as empresas para adotarem a responsabilidade social em dois flancos quer seja criando leis para restringir a ação predató ria das empresas quer seja na criação de nichos de mercados chamados verdes e até mesmo na pressão pura e simples por consumo de produtos que esteja de acordo com as questões de sustentabilidade do planeta É o que chamamos de restrições mercadológicas Essas restrições têm na ISO 14000 o seu principal instrumento de implantação No campo social ainda temos muito a percorrer mesmo sabendo dos avanços tidos recentemente principalmente no Brasil e na América Latina Portanto uma atitude sustentável exige de cada indivíduo uma participação constante Concluímos então que não basta crescer economicamente é necessário que o crescimento seja distribuído aos atores sociais respon sáveis pela sua concretização numa palavra que ele seja sustentável Referências Bibliográficas ALENCASTRO Mário Sergio C Ética Empresarial na Prática liderança gestão e responsabili dade coorporativa Curitiba Ibpex 2010 ASHLEY Patricia A Ética e Responsabilidade Social nos Negócios São Paulo Saraiva 2002 CORTELLA Mario Sérgio Qual é a tua Obra Rio de Janeiro Vozes 2009 FILHO MONTIBELLER Gilberto Empresas Desenvolvimento e Ambiente Barueri Ed Mano le 2007 KARKOTLI Gilson Responsabilidade Social Empresarial Rio de Janeiro Vozes 2006 MATTOS Regiane Augusto de História e Cultura Afrobrasileira São Paulo Contexto 2007 MONDAINI Marco Direitos Humanos no Brasil Porto Alegre Contexto 2009 Revista Nova Escola Ano 29 nº 277 novembro 2014 EdAbril SINGER Peter Ética Prática São Paulo Martins Fontes 2002 SOUZA Marina de Mello e Souza África e Brasil Africano 2edSão Paulo Ática 2007 TENORIO Fernando Guilherme Responsabilidade Social Empresarial Teoria e Prática 2 Ed Rio de Janeiro FGV 2003 VARGAS Ricardo Os meios justificam os fins Gestão baseada em valores da ética individu al a ética empresarial São Paulo Pearson hall 2005 VAZQUEZ Adolfo Sanchez Ética Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2002