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Pedagogia ·

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Prática de Formação A diversidade na Ação Educativa Profa Ma Nidia Felix Prática de formação A diversidade na ação educativa Profª Ma Nidia Mirian Rocha Félix 1ª Edição Gestão da Educação a Distância Todos os direitos desta edição ficam reservados ao Unis MG É proibida a duplicação ou re produção deste volume ou parte do mesmo sob qualquer meio sem autorização expressa da instituição Cidade Universitária Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola 650 Bairro Aeroporto Varginha MG eadunisedubr 0800 283 5665 Autoria Currículo Lattes Profª Ma Nidia Mirian Rocha Félix Doutoranda em Educação UNIMEPSP Mestre em Educação UNINCORMG Pósgraduada Psicopedagogia FUMECBH Matemática UNISMG Supervisão Escolar FERLAGOSRJ Ges tão Escolar UNISMG Docência de EAD UNISMG e PósGraduanda em Metodologia Ativas UNISMG Professora do Centro Universitário do Sul de Minas nas modalidades presencial e EAD com experiência de formação na área de Matemática Psicopedagogia Políticas Educacionais e Prá tica de Formação Docente Ministra cursospalestras na área educacional e assessoria para questões organizacionais da educação em instituições de ensino httplattescnpqbr1472334750581053 5 Unis EaD Cidade Universitária Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola 650 Bairro Aeroporto Varginha MG eadunisedubr 0800 283 5665 FÉLIX Nidia Mirian Rocha Prática de Formação diversidade na ação educativa Varginha GEaDUNISMG 2018 91 p 1 PalavraChave 2 PalavraChave 3 PalavraChave 4 PalavraCha ve Antes de mais nada é interessante considerar que o tema Prática de Formação e a saberes que implicam na diversidade social precisam ser visto com uma certa importância pois é na estru turação destes assuntos que você terá o norteamento para as relações básicas para a sua prática educativa Assim ao se envolver com os conceitos e conhecimentos desta disciplina você está adqui rindo subsídios para refletir sobre o sentido das práticas pedagógicas com a preocupação de formar na sua atuação como docente da Educação Básica um cidadão sensível intuitivo e principalmente assertivo na ação docente e que seja competente para contribuir na reconstrução da sociedade construindo uma sociedade mais justa e igualitária buscando uma melhor qualidade de vida para si mesmo e para seus semelhantes Partindo pois dessa visão mais geral sobre as Prática de Formação e a diversidade que en volvem a Formação na Educação Básica subjacentes às práticas educativas e às teorias pedagógicas você irá compreender as variadas tendências pedagógicas na educação brasileira Neste sentido esperase que o estudo desta disciplina possa despertar em você um esque ma conceitual crítico para compreender a atuação do professor hoje e indica recursos importantes para que você possa atuar demonstrando maior intencionalidade nas formas de se posicionar diante das práticas educativas Observe que falaremos aqui em Diversidade Democracia autonomia e fundamentalmente da Edu cação Você já parou para pensar nesses conceitos Pensamos que em alguma medida você já procedeu a essa reflexão Entretanto em caso positivo será que essa reflexão ocorreu articulando os conceitos mencionados com a formação integral dos indivíduos sujeitos em sociedade Pois bem é da relação entre esses conceitos que trataremos nesta disciplina Assim ao pensarmos em diversidade logo nos vem à mente a ideia de decisões que afetam muitos que envolvem as demandas de diversos atores sociais e o Professor não fica fora desse contexto pois respeitar o diverso respeitar o processo cultural de uma comunidade é uma ação primordial de qualquer docente Quando pensamos em política em formação social em diversidade no sentido público logo associamos com decisões que viram leis e que podem afetar uma cidade um estado uma nação ou todo o planeta O grande filósofo Tomás de Aquino dizia que política é a arte de governar os homens e ad ministrar as coisas visando o bem comum de acordo com as normas da reta razão A qualidade das decisões políticas de um governo pode ampliar ou diminuir sua habilidade de influenciar as decisões dos governados Enfim é preciso compreender a diversidade o outro o conjunto de indivíduos em socieda de para que possamos compreender nossa própria existência Precisamos mudar o nosso conceito sobre as concepções educativas reformulando o já instituído para propor considerações que deem conta de envolver a todos nas nossas práticas educativas Toda essa análise voltase para a situação concreta da sala de aula convidandoo a avaliar as novas demandas que se colocam para ela de modo a planejar novas e mais adequadas formas de atuação docente Assim desejo bons estudos e boas reflexões um abraço Profa Nidia Rocha Ementa Orientações Palavraschave A ética no processo educativo educação transformadora e construção social Edu cação na perspectiva dialógicoproblematizadora e a relação docente na pedagogia da autonomia Investigação de questões que envolvem o processo educativo anali sandoas sob a ótica da diversidade direitos humanos diversidades étnicoracial de gênero sexual religiosa de faixa geracional educação especial e direitos educacionais de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas Saberes ne cessários à prática pedagógica Relação professor aluno Estudo e discussão de con ceitos fundamentais Identidades subjetividade e cultura Processos educacionais em espaços escolares e não escolares Educação e ação social transformadora e inclusiva Desenvolvimento de memorial de formação Ver plano de Estudos da disciplina disponível no Ambiente Virtual Unidade 1 Saberes necessários à prática pedagógica 14 1 Introdução 14 11 As práticas educativas e as transformações sociais 14 111 Transformações históricas da educação 16 12 As transformações sociais e econômicas como implicador na formação educativa 17 13 As práticas educativas e as concepções educacionais 19 Unidade 2 A formação democrática e autônoma o papel da escola no mundo contemporâneo e emancipatória no processo educativo 26 Introdução 26 21 A importância de conhecer o papel da escola no mundo contemporâneo 26 22 A Construção dos princípios de convivência democrático na escola 30 23 A formação docente e os desafios na constituição dos espaços educativos 35 Unidade III Relação professor aluno 43 Introdução 43 31 A relação professor aluno 44 32 As práticas que implicam na relação professor aluno 45 321 A convivência entre professor e aluno em sala de aula deve ser como 46 322 Como estabelecer uma relação de confiança 46 33 A violência escolar e a crise da autoridade docente 51 Unidade 4 A ética e a formação social no processo educativo 67 Introdução 67 41 O papel escolar na formação ética discentedocente 68 42 o papel da escola na formação ética social 78 Unidade 5 Educação na perspectiva dialógicoproblematizadora e a relação docen te na pedagogia da autonomia 93 Introdução 93 51 Propostas dialógicasproblematizadoras de Paulo Freire 94 52 Contextos de Projetos educativos para a escola democrática PPP escolar asso ciação de Pais e Mestres etc 99 Unidade 6 O papel da escola no mundo contemporâneo e emancipatória no pro cesso educativo 112 Introdução 112 61 Educação e os processos pedagógicos na visão dos teóricos em educação 113 612 Autores da base de formação para o Século XXI formação docente 120 62 Prática educativa e a ação docente 123 63 Propostas educativas e as ações escolares 128 631 Fundamentos teóricos a formação de professores a partir da prática de multi letramentos 130 64 Vivência na escola as grandes demandas de formação e os processos que en volvem as gerações em formação e atuação docente 138 641 O Que São As Gerações X Y Z W Alfa Baby Boomer 139 Sumário ÍCONES APLICAÇÃO PROFISSIONAL Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada ao que está sendo estudado ASSISTA Indica o link de algum vídeo que está relacionado com o tema estudado CHECKLIST OU PROCEDIMENTO Indica um conjunto de ações para fins de verificação de rotina ou um procedimento de uma tarefa CONCLUSÃO Todas as conclusões sejam ideais partes ou unidades do curso virão precedidas desse ícone DEBATE Traza para o estudo do conteúdo questões polêmicas e muitas vezes antagônicas para que o aluno reflita DESAFIO Lança um exercício ou aplicação de conteúdo mais complexo que deve ser vencido pelo aluno DICA Orienta a perspectiva que determinado conteúdo deve ser entendido ou aplicado DOWNLOAD Conteúdo que deve ser baixado da internet ou do AVA para estudo ou desenvolvimento da disciplina ESCUTE Arquivo de áudio que deve ser ouvido para dar continuidade ao estudo do conteúdo EXEMPLO Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado HIPERLINK Indica um link seja ele para outra página do livro ou endereço de internet IMPORTANTE Aponta uma observação significativa Pode ser encarado como um sinal de alerta que orienta para prestar atenção à informação indicada PENSE Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento PERFIL DO PROFISSIONAL Indica as características e habilidades que o aluno deve adquirir eou desenvolver para ser um bom profissional da área PESQUISE Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informações REALIZE Determina a existência de atividade teórica ou prática a ser realizada CURIOSIDADE Expõe uma curiosidade relacionada ao conteúdo REVENDO Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente SAIBA MAIS Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado SUGESTÃO DE LEITURA Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar Objetivos da Unidade Identificar mudanças na prática escolar decorrentes de transformações econômicas eou sociais Conhecer as ideias e propostas para a prática pedagógica consciente e localizada nas concepções atuais para a educação Unidade I Saberes necessários à prática pedagógica I 14 Unidade 1 Saberes necessários à prática pedagógica 1 Introdução Nessa unidade vamos tratar dos saberes necessários à prática pedagógica aquelas que pro movem os direitos humanos no espaço escolar buscando compreender como a escola trabalha essas questões em relação à família à criançaadolescentejovemadulto e ao professor Vamos partir dos contextos que analisam os fundamentos do discurso que associam a edu cação à modernidade e à conquista da cidadania e os conceitos básicos de direitos humanos procu rando compreender as relações entre a escola e a sociedade no processo de construção da redes de saberes que promovem a dignidade humana ou seja a ação pedagógica consciente dos atores educacionais Assim é imprescindível o conhecimento das leis normas e regimentos para que possamos fazer valer os nossos direitos pois nenhuma lei por si mesma transforma a realidade Há necessida de de mobilizaçãoparticipação dos diversos segmentos da sociedade para garantir a implementação dos instrumentos legais Então vamos lá vamos conhecer as concepções de ensino as práticas educativas que trans formam os ambientes sociais em convivência digna Desejo bons estudos e aprendizado nessa unidade que se inicia Abraço saudoso da Nidia 11 As práticas educativas e as transformações sociais Você já parou para pensar que as transformações na prática escolar são decorrentes de transformações econômicas e sociais Para pensarmos sobre as transformações sociais e suas implicações para a educação fazse necessário pensar os contextos que implicam na sociologia da educação e uma questão que nos ocorre é Como se deu o aparecimento da escola no processo de desenvolvimento histórico da sociedade Referência httppraticaetcbrcursosorganizacoesdoconhecimentoumcampoemtransformacao 15 Bom considerando a estreita relação entre educação e sociedade o Prof Dermeval Saviani grande educador brasileiro no texto contribuição à Elaboração da Nova LDB 1988 faznos recor dar que Nas sociedades primitivas não existiam escolas nas sociedades antiga e medieval já emergia a escola desenvolvendo um tipo educativo diferenciado Sua função era preencher o tempo livre da elite minoritária A educação escolar não era entretanto a forma dominante de educação a determinada pelo trabalho mas a forma secundária a que se contrapõe como nãotrabalho Na sociedade moderna a forma principal e dominante de educação passou a ser oferecida pela escola educação escolarizada diante das exigências da sociedade burguesa que para se firmar como hegemônica necessitou levantar a bandeira da escolarização universal e obrigatória mesmo que na prática isso se faça até hoje de forma desigual para o conjunto da população Ah Mas nesse percurso histórico podemos observar que a escola vivenciou processos de mudanças diversificadas em termos de concepção pedagógica e de sua própria função Assim do ponto de vista da concepção pedagógica temos desde a escola tradicional cuja ênfase se coloca na memorização no domínio do conteúdo o no respeito à autoridade do professor até a escola cidadã que busca orientar o ensino como processo de construção do conhecimento de forma ativa cabendo ao aluno ser o agente direto e o autor desse processo Em relação às suas funções a escola cidadã que busca orientar o ensino como processo de construção do conhecimento de forma ativa cabendo ao aluno ser o agente direto e o autor desse processo Agora é altamente preocupante o que vamos considerar a seguir você como docente deverá ter consciência dessa condição para saber alterar esse processo veja Em relação às suas funções a escola tem assumido desde o papel de reforçar os interesses de uma camada minoritária a elite da sociedade até de atuar como escola de massa destinada a atender a grande maioria da população Podemos portanto indagar embora tenha havido a expansão da escola pública e propostas de mudanças pedagógicas a quem a escola tem de fato favorecido 16 111 Transformações históricas da educação Não há caminho para a paz a paz é o caminho Mahatma Gandhi Vamos pontuar um tempo histórico para pensar o processo de transformação iniciemos pela década de 30 Década de 30 É importante contextualizar que até a década de 30 o Brasil não possuía um sistema na cional de educação De certa forma até então a educação oferecida correspondia às necessidades de uma sociedade predominantemente rural calcada no modelo econômico agroexportador que ainda utilizava técnicas rudimentares de produção e em que o saber ler e escrever não se impunha como necessidade para o desenvolvimento social A partir dos anos 30 intensificaramse os proces sos de urbanização e de industrialização este último exigido cada vez mais a formação de recursos humanos para ocupar setores secundários e terciários da economia Em outras palavras o modelo econômico passou a fazer exigências às escolas Na década de 80 Um salto grande no tempo mas é importante destacar que na década de 80 a luta pela escola pública surgiu No final do regime ditatorial e com a intensificação do processo de redemocra tização social do Brasil que a bandeira por uma escola pública democrática e de qualidade se impôs em consonância com os anseios de democratização da sociedade Mas é importante destacar que a escola brasileira além de não comportar toda a demanda da população em idade escolar padece até hoje com problemas de baixa qualidade do ensino incentivando a permanência do sistema dual e diferenciado de educação ensino público de baixa qualidade para a maioria e sistema privado não raro de melhor qualidade para uma parcela diminuta da sociedade que tem condições de pagar pelo serviço prestado Na atualidade Convivemos ainda com um ensino principalmente o público que encontra grande estrave 17 à democratização o velho estilo de gestão escolar considerado autoritário que possibilitou grande concentração de poder nas mãos do dirigente escolar No que diz respeito à gestão escolar há demandas na sociedade por uma gestão democrática da escola com participação dos diversos atores envolvidos no processo educativo professores funcionários alunos pais representantes da comunidade 12 As transformações sociais e econômicas como implicador na formação educativa A concepção de construção de um Brasil renovado com possibilidades de construto de todos para todos é uma ação que movimentou variados aspectos educacionais e ideológicos no Bra sil esse grande quebra cabeça territorial que é nosso País teve e tem variadas facetas históricas de constituição do que somos e re alizamos em tempos atuais sobre a formação das políticas públicas para a Educação Básica Assim o Brasil chegou ao final do século XIX sem atender à escolarização regular da popula ção Iniciativas na esfera de formar a população adulta foram tentadas mas todas com delineamen tos irregulares e deficitários Saiba que até o ingresso no período republicano o país não tinha dados efetivos sobre a população analfabeta E você pode estar se perguntando a quem interessa a Educação Básica politicamente Bom para responder a esta questão avance um pouco mais nas conside rações e tente refletir um pouco Veja que este fato desencadeiase um início de disputa de poder econômico entre os ideais republicanos liberais o governo que tinham como ponto de convergência e favorecimento as poli ticas industriais Porém o que reconhecemos hoje é que as disputas e as transformações ocorridas 18 não foram suficientes para gerar alterações sociais no setor educacional que é exatamente o que nos interessa neste estudo Neste contexto com a sua necessária expansão de oportunidades para o ensino primário que combateria a médio e em longo prazo a alta taxa de analfabetismo e o tratamento intensivo do problema da EB antes proclamados como ideais republicanos não se realizaram na prática até porque a economia e a estrutura social permaneciam inalteradas Assim como bem pontua o historiador e educador Lourenço Filho a nova estrutura do país como o setor urbanoindustrial enfrentou graves crises financeiras e não consolidou o poder político de fato a balança do poder tornouse novamente favorável ao setor agráriocomercial E a economia continuou centrada na exportação da matériaprima e produtos agrícolas e as mudanças sociais tão esperadas com o advento da República não se concretizaram de imediato Buscando um primeiro fechamento de ideias e não propriamente um desfecho conclusivo e levando em conta que estamos muito longe de esgotar este assunto que quanto mais conhecido mais fascinante se torna podemos en fatizar que a atualidade do pensamento dos grandes defensores da modalidade de Educação Básica em nosso País e não podemos deixar de citar a contribuição de Paulo Freire que sem o qual teríamos uma discussão pedagógica e uma luta política empobrecida Assim reco nhecendo a importância de cada um na luta pela libertação e conquista de espaços em um Brasil que possui em seu histórico momentos repressivos e de total abandono dos que necessitam de abertura para se firmarem como indivíduos e lembrando que de fato todos nós independente de estarmos alfabetizado ou não possuímos um saber de experiência feitoFREIRE 1967 Assim é importante que possamos reconhecer e valorizar o saberes produzidos por todos e que neces sitamos abrir espaços para que estes possam ser dinâmicos e que não se esgotam para aqueles que conseguem se perceberem como indivíduos ativos da construção de sua história assim o que estabelecemos neste primeiro módulo de aprendizagem foi uma oportunidade para dimensionar uma mistura de reflexão dúvidas e certezas e que estas possam ter sustentabilidade no passado e presente com vistas a melhorias e ajustes das ações do nosso conviver em conjunto e que este 19 possa ser digno de construto coletivo Assim a EB não pode ser considerada como formação para populares mas como algo que compõem o processo formativo necessário e que seja encarada e defendida como uma mo dalidade de ensino que tem propostas defensores e principalmente políticas de desenvolvimento educativo pautadas na construção de saberes necessários a todos que se encontram nessa condi ção de usufruir e progredir nas suas vidas não como obrigação imposta mas como oportunidade de acesso e que esta permanência seja coerente e consciente tanto por parte do que vivenciam como discente como dos docentes que a conduzem 13 As práticas educativas e as concepções educacionais Bom neste ponto das nossas discussões podemos agora iniciar um processo de costura dos conceitos até então estabelecidos por nós Convidooa alinhavar as práticas escolares com os pro cessos praticados pelas políticas que conduzem a educação e que de forma bem simples forma as sociedade na qual vivemos e interagimos E nesse emaranhado social surge conceitos que a prática pedagógica ou seja as concepções de ensino utilizadas um deles é a Pedagogia Liberal Para compreendermos com sustentabilidade o que vem a ser Pedago gia Liberal vamos iniciar fazendo um recorte e compreendermos o conceito de Liberal e Neoliberal pois se vivemos em um país que possui uma economia que dá suporte e é dali que saem os recursos para manter e desenvolver as po líticas públicas necessitamos compreender qual é a política econômica de nosso país ou melhor não só de nosso país mas da maioria dos países atualmente Vejamos os conceitos de liberalismo e neoliberalismo em relação às políticas econômicas Nos anos 80 o processo de abertura política neoliberalismo possibilitou novas discussões e a legislação que nos orienta hoje na educação a LBD 939496 segue este princípio neoliberal Bem você pode estar se perguntando o que tem a ver política econômica com política educacional 20 aí informamos a você tudo pois é um processo holístico Para que possamos desenvolver qualquer uma das políticas seja na educação na saúde no desenvolvimento no trânsito etc necessitamos de recursos Então viu como são acopladas as políticas A LDB em vigência possui o princípio de liberdade porém isso não quer dizer que ele é praticado compreende o ideário de intenção da LDB promulgada em 96 é este porém sabemos que na prática da grande maioria das unidades escolares esse princípio está engatinhando e sendo construído ou não Agora é bom acrescentar que os conceitos a seguir ajudaram na compreensão sobre os tópicos apresentados logo acima vejamos então Neoliberalismo É um termo que foi usado em duas épocas com dois significados semelhantes porém distintos Na primeira metade do século xx significou a doutrina proposta por economistas franceses alemães e norteamericanos voltada para a adapta ção dos princípios do liberalismo clássico às exigências de um estado regulador e assistencialista A partir da década de 1970 passou a significar a doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo É nesse segundo sentido que o termo é mais usado hoje em dia Como você pode ver o conceito de liberdade neoliberal está estreitamen te ligado ao princípio de respeito à propriedade privada Você não deve ter limitação alguma para fazer desfazer construir vender comprar dar estudar descansar pular etc se puder garantir que sua ação ou decisão não prejudicará terceiros Liberalismo clássico partidário da liberdade política e religiosa É uma ideologia ou corrente do pensamento político que defende a maximização da liber dade individual mediante o exercício dos direitos e da lei O liberalismo defende uma sociedade caracterizada pela livre iniciativa integrada num contexto definido Tal contexto geralmente inclui um sistema de governo democrático o primado da lei a liberdade de expressão e a livre concorrência econômica 21 Vamos aprofundar um pouco mais neste assunto e compreender os tipos de Pedagogias que sustentam as relações pedagógicas em consonância com as práticas política sociais e econô micas Usaremos para tanto as definições de Libâneo 1985 Ah só para organizar as tendências Pedagógicas na prática escolar dividem se em dois grandes blocos Pedagogia Liberal e Pedagogia Progressista vejam os conceitos de cada uma e seus desdobramentos 1º Pedagogia Liberal Subdivida em Tradicional Renovadora Progressista Renovada nãodiretiva e tecnicista veja o conceito de cada uma Pedagogia Liberal Esta tendência é uma justificação do sistema capitalista Difunde a ideia de igualdades de condições Os procedimentos didáticos as relações professoraluno não têm nenhu ma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais Liberal Tradicional O papel da escola é o preparo e moral para a sociedade Os conteúdos de ensinos são os valores a tradição e a cultura A metodologia é a exposição verbal O relaciona mento entre professor e aluno caracterizase na autoridade Liberal Renovada Progressista O papel da escola é adaptar o aluno ao meio onde vive en fatizase o aprender a aprender O método utilizado é o trabalho em grupo aprender fazendo Não há lugar especial para o professor ele tenta harmonizar a disposição do aluno Renovada NãoDiretiva O papel da escola é promover o autodesenvolvimento pessoal os alunos buscam por si mesmos os conhecimentos O professor é o próprio método é facilitador A educação é centrada no aluno o professor é especialista em relações humanas Tecnicista O papel da escola é produzir indivíduos competentes para o mercado de traba lho Os conteúdos de ensino são por princípio científicos Os métodos de ensino são procedimen 22 tos que asseguram a transmissão e a recepção de informações O professor é o elo de ligação entre a verdade científica e o aluno 2º Pedagogia Progressista Subdivida em Libertadora Libertária e Críticosocial de conteúdos Pedagogia Progressista Tendência que parte de uma análise crítica das realidades sociais sustenta finalidades sóciopolíticas de educação Não é institucionalizada em sociedades capitalistas é apenas instrumento de luta de professores junto com outras práticas Libertadora Tem como principal pensador PAULO FREIRE e caracterizase pelo antiautori tarismo e pela valorização das experiências vividas Libertária Caracterizase pela autogestão pedagógica pelo processo de aprendizagem gru pal é uma educação popular não formal CríticoSocial dos Conteúdos Acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais A escola serve como mediação entre o indivíduo e o social e estimula o saber elaborado Por fim ao estabelecermos a compreensão sobre todos estes conceitos partiremos para a discussão prática usando é claro os conceitos acima estabelecidos Compreenderemos assim que a correlação entre as práticas pedagógicas políticas estabelecidas e a legislação fundamenta a nossa prática em princípios norteadores para as ações pedagógicas acima discutidos pois compreender os preceitos legais faznos mais conscientes de nossas ações enquanto profissionais da educação Bem as propostas curriculares veiculadas nas escolas como demonstrado nas discussões até então comentadas trazem como consequência as práticas dos profissionais da educação e o comportamento dos alunos originando assim a sociedade vigente para os modo de estruturação curricular Por que necessitamos situar a compreensão sobre o que é Educação Bom é importante saber sobre os processos econômicos e compreender os currículos estruturados e a sociedade for mada por eles essa é a essência de um trabalho consciente dentro da educação certo Porém é importante que você saiba que todos os conceitos discutidos até agora servem de embasamento para aprofundarmos a compreensão das políticas educacionais brasileiras Estudo de Caso 24 Você saberia indicar quais são as bases da convivência democrática Reflita sobre o tudo que já estudou até a presente data Focalize nos valores traçados para a educação e comparandoa com os que poderá evidenciar na escola Tente refletir sobre os recursos humanos e materiais de que já percebeu na prática educativa Faça uma ação um exercício tente compreender as competências relativas aos objetivo desta Unidade Identificar elementos comuns aos propósitos da educação e à construção da convivência democrática na escola Após refletir pensar sobre as questões acima faça uma redação sobre o seguinte tema Objetivos da Unidade Unidade II A formação democrática e autônoma o papel da esco la no mundo contemporâneo e emancipatória no processo educativo II Estabelecer relação entre propostas e projetos emanados de órgãos públicos fede rais estaduais e municipais e o processo de democratização da escola Analisar ações governamentais voltadas para a democratização do ensino em escola tendo em vista aspectos relacionados à organização e gestão do trabalho escolar à infraestrutura física equipamentos e materiais e à formação docente 26 Unidade 2 A formação democrática e autônoma o papel da escola no mundo con temporâneo e emancipatória no processo educativo Introdução Vimos no módulo anterior que o processo evolutivo da educação no Brasil bem como a organização do contexto de formação democrático se alterou devido a lutas diversas em prol de uma conscientização dos envolvidos com a Educação Básica e da sociedade Foi oportunizadoa a verificar que a amplitude dos Movimentos Sociais Populares e a mo bilização de variados esforços da Educação Popular como expressão de luta foram atendidos de forma significativa nos registros da Constituição Federal de 1988 reconhecida como a Constitui ção Cidadã Essa constituição trouxe êxitos e conquistas para a Educação Básica Mas para que possamos aprofundar um pouco mais sobre os temas debatidos no módulo anterior o nosso objetivo agora é avançar sobre as discussões que envolvem as intervenções fracassos êxitos e conquistas mais detalhadas sobre os processos das estruturas que envolvem a educação que seja para todos nos espaços educativos brasileiros Assim é importante que você reconheça que muito se fez no passado para os fundamentos atuais em relação a instrumentos que sustentam uma educação que seja para o processo de formação geral dos indivíduos entro dos preceitos democráticos Vamos avançar nas discussões Saudações virtuais Profa Nidia Rocha 21 A importância de conhecer o papel da escola no mundo contemporâneo Temos por hábito como educadores considerar que a educação é construída a várias mãos essa é uma perspectiva que nos dá a consta tação de que ao se estabelecer um plano formativo dentro das unidades de ensino estamos estabelecendo uma relação de constituição de uma sociedade melhor concorda 27 Para iniciarmos as considerações dessa unidade convidooas observar as seguintes consi derações de uma prática ideológica sobre a formação de uma tribo de índios vejamos O que é educação Brandão1982 Ninguém escapa da educação Em casa na rua na igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos nós envolvemos peda ços da vida com ela para aprender para ensinar para aprender e ensinar Para saber para fazer para ser ou para conviver todos os dias misturamos a vida com a educação Com uma ou com várias educação Educações Por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida por que não começar a pensar sobre ela e com o que uns índios uma vez escre veram Há muitos anos nos Estados Unidos Virgínia e Maryland universidades assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações Ora como as promessas e os símbolos da edu cação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns dos seus jovens às escolas dos brancos Os chefes responderam agradecendo e recusando A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgála aqui e ali Eis o trecho que nos interessa Nós estamos convencidos portanto que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções dife rentes das coisas e sendo assim os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e apren deram toda a vossa ciência Mas quando eles voltaram para nós eles eram maus corredores ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome Não sabiam como 28 caçar o veado matar o inimigo e construir uma cabana e falavam a nossa língua muito mal Eles eram portanto totalmente inúteis Não serviam como guerreiros como caçadores ou como conselheiros Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e embora não possamos aceitála para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem al guns dos seus jovens que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens De tudo que se discute hoje sobre a educação algumas das questões entre as mais im portantes estão escritas nesta carta de índios Não há uma forma única nem um único modelo de educação a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é seu único praticante Pois bem vamos retomar a ideia do objetivo da educação e refletir um pouco mais a esse respeito Recorremos para isso a uma afirmativa de Paulo Freire O autor diz Enquanto categoria abstrata instituição em si portadora de alguma natureza imutável da qual se diga é boa é má a escola não existe Enquanto aspecto social em que a educação formal que não é toda a educação se dá a escola na verdade não é a escola está sendo historicamente A compreensão do seu estar sendo porém não pode ser lograda fora da compreensão de algo mais abrangente que ela a sociedade mesma na qual se acha FREIRE 1980 Entretanto ao dizer que a escola não é uma categoria abstrata Paulo Freire está afirmando que a escola a educação tem de ser vista como algo que estabelece uma relação estreita com a sociedade da qual faz parte Caríssimoa Paulo Freire tem as suas considerações mas vamos ampliar um pouco mais na visão de Saviani educação é Educação é o ato de produzir direta ou intencionalmente em cada indivíduo singular a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos ho mens Assim o objeto da educação diz respeito à identificação dos elementos culturais 29 que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos SAVIANE 1998 Após as considerações dos autores compreendemos que a escola será boa se for capaz de cumprir os objetivos que essa sociedade espera dela de realizar as funções que lhe foram atribuídas por essa sociedade Será ruim se não for capaz de cumprir suas funções se afastar dos objetivos que lhe foram atribuídos Nesse sentido quando afirma que na verdade a escola não é ela está sendo o autor quer chamar a atenção para o fato de que a escola é uma construção histórica isto é ela está sujeita a mudanças não está pronta acabada mas em constante processo de construção É por meio das reformas educacionais ou seja das políticas públicas para a educação que as mudanças idealizadas são implantadas pelo governo na organização e no funcionamento dos sistemas de ensi no e particularmente das escolas em resposta às exigência das mudanças efetivadas na sociedade Ao situarmos a escola brasileira como recomenda Paulo Freire constatamos de início que ela faz parte de uma sociedade capitalista caracterizada pelo conflito entre capital e trabalho pela exploração dos trabalhadores por parte dos detentores do capital Uma sociedade marcada prin cipalmente por profundas desigualdades sociais e econômicas A escola organizase para isso em conformidade com os princípios liberais que sustentam essa sociedade capitalista A sua pedagogia é uma pedagogia liberal fruto de uma doutrina que defende os interesses individuais a propriedade privada e a posse dos meios de produção Segundo essa pedagogia a função da escola é preparar os indivíduos para os papéis que de vem desempenhar na sociedade conforme sua aptidão seu talento e seus próprios interesses sem questionar a organização dessa sociedade E a escola de nossos dias faz isso já que procura adaptar os indivíduos às normas e valores vigentes na sociedade capitalista contribuindo para a sua repro dução Os conteúdos ensinados na escola e que devem ser aprendidos pelos alunos assim como o tipo de relações que em geral a escola estabelece são os instrumentos por ela usados para garantir essa adaptação A escola erguese como instituição neutra a serviço da coletividade supostamente praticando a justiça social garantindo igualdade de condições e atribuindo os êxitos e eventuais fra cassos ao mérito de cada um 30 Quando o professor julga que a aprendizagem dos seus alunos depende apenas do esforço e dedicação pessoal de cada um está procedendo em con formidade com os princípios dessa pedagogia liberal como já compreendido na Unidade 1 22 A Construção dos princípios de convivência democrático na escola O poeta Lêdo Ivo 2004 traduz a relação entre viver e aprender na escola com contundên cia em sua poesia Em Primeira lição Ivo viu a uva E aprendeu a ler Ao ficar rapaz Ivo viu a Eva E aprendeu a amar E sendo homem feito Ivo viu o mundo Seus comes e bebes Um dia num muro Ivo soletrou A lição da plebe E aprendeu a ver Ivo viu a ave Ivo viu o ovo Na nova cartilha Ivo viu a greve Ivo viu o povo Consideramos que os desafios docentes para a compreensão das identidades de seus edu candos e a forma pela qual as posturas e escolhas políticas levam os sujeitos ao aprendizado são evi denciados na criatividade do poeta Assim precisamos identificar os sujeitos para os quais dirigimos nossas ações e analisar os contextos e as condições pedagógicos das teorias que delineiam nossa prática de ensino que transforme o sujeito em um ser emancipado aquele que sabe estabelecer processos democráticos No estudo que realizamos até aqui você foi convidado a a percorrer os meandros da práti ca e do pensamento sobre a educação da Educação Básica na segunda metade do século XX e início 31 do Século XXI no Brasil lá na Unidade 1 Pôde compreender o processo que permeiam as ações políticas de caráter transformador que as sustentam Nesse trajeto acreditamos que tenha ficado claro que as propostas convergiram para ações conjuntas entre o poder público e iniciativas civis visando a mudança social originárias da educação popular que ganharam destaque na Educação Bá sica Agora deve compreender que os processos teóricos que sustentam as propostas educacionais têm o viés das políticas públicas nesse aspecto as ações devem ser contextualizadas pelo docente Os marcos legais dão sustentabilidade para as proposições teóricas de qualquer das moda lidades de ensino que compõem o rol de níveis educacionais de uma nação Sendo assim as políti cas públicas são de suma importância para a condução do sistema educacional de um país Neste contexto a educação traz marcas destas orientações políticas Por isso vamos retomar os principais marcos legais orientadores das ações políticas no Brasil e identificar as características de cada um 32 Enfim todas as indicações acima de projetos e leis constituem as iniciativas para o desenvol vimento sustentabilidade e norte normativo e legal para as conduções teóricas dos fazeres educa cionais EB que estão no bojo dos avanços de todas as discussões já apresentadas e discutidas por nós No campo da legislação nacional reafirmam a importância da participação democrática nos processos decisórios de elaboração e implementação das políticas públicas Podemos destacar o que expressa SOUZA 2007 as leis por si só não consolidam novas culturas é impossível imaginar a disseminação de práticas voltadas ao bem comum sem um conjunto de referências que tenham sido compartilhadas e contextualizadas ao longo de um determinado tempo histórico É sabido que a educação tem sentido para o ser humano devido à estreita relação com a sua existência já que o processo educacional se caracteriza como possibilidade histórica de mudança de agregar valores e moldar as condutas coletivas em sociedade A este fato podemos atrelar as 33 propostas políticas que vão se delineando à medida que o coletivo sente necessidade de contornos que direcionem o olhar a prática e as condutas existenciais Já comentamos bastante sobre as propostas das políticas públicas contidas na Constituição de 88 mas é bom reforçar o que Freire 2000 p121 comenta somos ou nos tornamos educá veis porque ao lado da educação que considere as necessidades e incentive as potencialidades dos educandos o princípio teórico envolve ações que dão suporte para a EB Todos os preceitos contidos acima nos dão direcionamento claro sobre o perfil teórico uti lizado para os aportes práticos do fazer pedagógico na condução da EB Esses primeiros passos foram concretizados em paralelo às práticas sociais e econômicas que sustentam as propostas de ensino e o tratamento das novas informações como tarefa organi zativa da educação Mas reconhecemos que a competência humana não se esgota no mero saber 34 provisório hoje em dia do domínio mecânico de técnicas É necessário também saber o que fazer para garantir o bemestar ético e o convívio social desejado diante de tantas e de tão constantes mudanças Sendo assim a qualificação efetiva de recursos humanos é algo provisório móvel flexível e constante associado à noção de fluxo que de estoque conhecimentos e habilidades Na atuali dade o que se desloca é a informação não se pode considerar alguém como totalmente formado Além disso multiplicamse as agências prestadoras de informações e de conhecimento aos quais se podem ter acesso sem a obrigatoriedade de deslocamento até a escola Assim os pressupostos teóricos para a formação de jovens e adultos devem considerar duas vias que envolvem os aspectos ligados aos saberes práticos para a interação como o mundo natural com as outras pessoas e con sigo mesmos O saber científico se constitui como necessário para a prática efetiva e condutiva das ações humanas dentro de preceitos educativos cujos métodos só foram sistematizados há uns poucos séculos enquanto a humanidade aprendeu conheceu e transformou o mundo Nasceu do saber anterior saber comum senso comum saber popular Porém não podemos supor que o mesmo possa darse espontaneamente no processo de desenvolvimento de cada indivíduo sem uma ação educativa que torne possível apresentar aos indivíduos de uma dada geração o saber prático e cien tifico e os procedimentos intelectualmente desenvolvidos e acumulados pelas gerações anteriores 35 23 A formação docente e os desafios na constituição dos espaços educativos Os processos teóricos são assimilados mas não podemos esque cer que é preciso o entendimento da sociedade de que alunos EB viven ciam problemas como preconceito vergonha discriminação críticas den tre tantos outros e que tais questões são vivenciadas tanto no cotidiano familiar como na vida em comunidade Assim o que deseja como ideal de formação é que o aluno da EB desenvolva 36 E conhecendo com mais clareza alguns conceitos básicos faremos um retrocesso a um passado próximo e verificaremos um pequeno histórico das políticas educacionais em nosso país Teixeira explica o seguinte No início do século passado a pedagogia tradicional estava coerente com a sociedade quando a frequência à escola era privilégio da elite Caracterizada por seu ensino humanísti co universalista de cultura geral sem compromisso com a vida cotidiana do aluno sua ori gem social ou o mundo do trabalho essa pedagogia considera como finalidade do ensino o desenvolvimento cultural dos indivíduos sua preparação intelectual e moral para assumir seu lugar na sociedade Tendo no professor a figura central do processo educativo essa pedagogia atribui a ele a tarefa de realizar a transmissão dos conhecimentos selecionados enquanto aos alunos cabe assimilar e reproduzir os conhecimentos transmitidos SEEMG 2002 p 140 Essa pedagogia ainda está presente em muitos aspectos na escola atual Quando o profes sor por exemplo ministra suas aulas de forma expositiva e espera que seus alunos reproduzam os conhecimentos transmitidos com fidelidade está sem dúvida valendose de uma pedagogia tradi cional Em nosso país a pedagogia nova sustentada pelo ideário da escola novista serviu de base às reformas de ensino realizadas por vários estados no final dos anos 20 e pela União nas décadas de 30 40 e 60 Essa nova pedagogia respondia às exigências do processo de industrialização do País e às propostas do nacional desenvolvimentismo dos anos 50 Nasceu da crítica à incapacidade da escola tradicional em responder às demandas do processo de industrialização da sociedade e do seu crescimento econômico Tem como princípio básico a convicção de que a educação é parte da própria experiência humana Valoriza a atividade do aluno no processo de sua autoeducação e centra nele a dinâmica escolar levando em conta seu desenvolvimento físico e mental voltado para o seu interesse De acordo com ela a função da escola é cuidar da adaptação do indivíduo ao meio em que vive e desenvolver as relações interpessoais Considerando a educação como um processo interno valoriza as formas dinâmicas de aprendizagem o aprender fazendo e incentiva o uso do material didático e das atividades em grupo Ao professor cabe a tarefa de facilitar a aprendizagem Essa pedagogia também está presente em nossas escolas ainda hoje Quando por exemplo o pro 37 fessor leva os seus alunos a trabalhar em grupo quando orienta a realização de consulta a diferentes fontes que tratam de um assunto levandoos a construírem seus conhecimentos está procedendo de acordo com os princípios dessa pedagogia O tecnicismo foi a forma pela qual a pedagogia liberal procurou responder na década de 70 às demandas da sociedade brasileira em crescente processo de industrialização voltandose para a preparação para o trabalho desconsiderada pelos modelos anteriores A pedagogia tecnicista en controu expressão nos princípios que orientaram a reforma de ensino de 1971 Essa reforma que expandiu a escolarização obrigatória e implantou a profissionalização no ensino de 2 grau perseguiu a racionalização e a eficiência procurando atender às exigências do processo de desenvolvimento do País por meio da internacionalização do capital A escola atual tem muitas características que respondem aos princípios dessa pedagogia Você pode identificar isso no incentivo ao uso intensivo de meios auxiliares de aprendizagem na importância atribuída aos planejamentos educacionais na preocupação com a organização racional e eficiente da escola Como consequência a educação escolar passou a ser vista como instrumento primordial de formação do trabalhador para garantir a produtividade e a qualidade dos produtos Em meados dos anos 80 e início de 90 retomamos o ideário de uma escolarização que volta a se preocupar com a formação humanitária e global Sobre isso Teixeira diz Referindose ao processo de globalização o respeitado sociólogo brasileiro Otávio Lanni 1996 p 13 diz que tratase de uma ruptura drástica de ser sentir agir pensar e fabular Um evento de amplas proporções que vem abalando não só as convicções mas a própria visão que as pessoas têm do mundo Nessa direção o autor mostra que a Terra mundia lizouse e adquiriu plenamente sua significação histórica Registrase a emergência de uma nova ordem mundial e o aparecimento de uma nova política internacional Todavia tudo isso não põe em xeque o sistema capitalista como se poderia pensar ao contrário promo ve o rearranjo estrutural desse sistema e garante a sua reprodução SEEMG 2002 p 146 Por outro lado observase uma ênfase da sociedade civil na luta pela cidadania pela parti cipação pela criação e difusão de novos valores ligados à pluralidade cultural à aceitação das dife renças entre os povos e os indivíduos à qualidade de vida das populações e à preservação do meio ambiente São requeridas intensas mudanças na organização dos sistemas educativos de modo geral 38 e nos processos de ensino em particular para assegurar que a escola exerça sua função de forma ção dos indivíduos na sociedade contemporânea As reformas educacionais em curso ou seja as políticas públicas para a educação visam a responder a essas novas exigências Uma nova pedagogia ainda não nomeada está em construção denominamola de construtivismo em outros momentos usamos a denominação de sócio interacionismo Porém como todo processo demanda tempo para ser avaliado ainda não temos claro como denominaremos o tempo atual que com certeza é de transição e de quebra de paradigmas Entretanto aqui no Brasil as transformações decorrentes do processo de globalização alia das ao avanço gradativo e contínuo da sociedade ocorrido nas últimas décadas chamam a atenção para a necessidade de garantir a todos os brasileiros pelo menos um nível mínimo de escolarização De que forma isso tem chegado até a escola A concretização dessas reformas você percebe por exemplo ao examinar os Parâmetros Curriculares Nacionais Neles há a preocupação com a formação das competências básicas dos alunos de modo a favorecer a preparação dos indivíduos para o enfrenta mento das mudanças correntes no mundo da produção preparandoos para estar acostumados com as formas contemporâneas de inovações tecnoorganizacionais Assim como o processo de globalização atinge a maioria das nações as reformas educa cionais em desenvolvimento também vêm sendo realizadas em muitos países Ao lado de medidas específicas que contemplam características próprias de cada povo essas reformas apresentam as pectos comuns principalmente aos países subdesenvolvidos que como o Brasil têm estado sujeitos às orientações e ao apoio financeiro de organismos internacionais como o Banco Mundial O que caracteriza as reformas educacionais em implantação é que elas têm como base os seguintes princí pios que farão parte das discussões mais ampliadas na segunda unidade que são elas o da focalização pelo qual a prioridade é atribuída à educação básica e mais particularmente à primeira etapa desse nível de ensino o da flexibilização dos processos que busca conferir à unidade escolar autonomia para a orga 39 nização do seu próprio plano pedagógico assegurando a adequação à sua realidade o da desregulamentação que levando ao extremo a flexibilidade extingue normas e regras ampliando o espaço de autonomia da unidade escolar o da descentralização administrativa dos sistemas de ensino e da municipalização pelo qual o Estado transfere para os poderes locais e para a comunidade competências em matéria de en sino Estudo de Caso 41 Vamos passear por uma escola Você já observou o quanto é importante participarmos dos momentos de descontração das pessoas para conhecelas melhor Para atendermos ao dois objetivos dessa unidade vamos estimu lar nossa capacidade de observação desses processos Por isso imaginamos uma escola de tamanho grande área externa dividida para atender às necessidades das crianças e dos jovens É uma escola dessas a que os alunos têm orgulho de pertencer Quem sabe é parecida com a que você estudou Passeie pelo recreio dela observe o que está acontecendo e descreva aQue escola seria a ideal para formar pessoas emancipadas bIdentifique na sua imaginação formas de violência e de convívio democrático no comportamento dessas pessoas e escreva em dois parágrafos suas considerações sobre o seguinte tema As diferen tes faces do convívio e da violência que observei na minha escola Objetivos da Unidade Unidade III Relação professor aluno III Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Identificar os processos que implicam na relação professoraluno Compreender as ações relativas a formação docente e as práticas de mediação dos saberes docentes 43 Unidade III Relação professor aluno Introdução Ao iniciar as discussões sobre o tema dessa unidade é importante destacar que nossa in tensão é ampliar a sua visão sobre as relações que implicam a formação geral para estruturar o seu saber sobre a área de formação e principalmente as que sustente a relação professoraluno um tema que tem sido uma das principais preocupações do contexto escolar Saiba que nas práticas educativas o que se observa é que por não se dar a devida atenção à temática em questão muitas práticas estabelecidas no ambiente escolar acabam por fracassar Daí a importância de estabelecer uma reflexão aprofundada sobre esse assunto considerando a relevância de todos os aspectos que caracterizam a escola Assim o processo que envolve a relação professoraluno implica em explorar as possíveis reflexões sobre essas questões pois as mudanças estão relacionadas à evolução e entendimento so bre o que vem a ser a formação de professores para atuar na Educação Básica e as suas perspectivas de relacionamento interativo que leve a uma formação integral do aluno Depreendese a existência de uma preocupação significativa por parte de vários pesquisa dores da área educativa em contribuir para um trabalho mais rico e significativo nas escolas Porém na realidade de muitos estabelecimentos escolares ao se fazer uma análise do atual contexto das práticas educativas percebese que ainda são muito perceptíveis no cotidiano da escola as reclama ções e insatisfações por parte dos docentes em relação aos alunos e viceversa Ou seja a relação professoraluno parece ser permeada por animosidades ou conflitos Diante de tantos desconfortos pedagógicos ocorrem algumas dicotomias como Entender ou repreender Orientar ou ignorar A partir daí podemos tomar a decisão de olhar de frente o problema e o aproveitar para um tema que iremos problematizar nessa unidade Como a relação professoraluno pode contribuir no pro cesso ensinoaprendizagem Enfim vamos conhecer um pouco mais sobre essa prática formativa Saudações Profa Nidia Rocha 44 31 A relação professor aluno A escola sem dúvida é organizada por uma comunidade Nesse sentido assim como o gestor ou a equipe diretiva da unida de tem seu papel na organização do projeto escolar é preciso que toda comunidade esteja envolvida na implementação e construção do projeto As estruturas que implicam a relação professoraluno faz parte dessa construção Uma construção que é uma relação extremamente importante para qualquer estudante independentemente da sua idade ou do seu grau de formação é aquela que se estabelece com o educador Quando os professores e os alunos mantêm um bom relacionamento em sala de aula o aprendizado se torna mais eficiente e passa a existir um maior engajamento de ambas as partes Durante o momento de aprendizagem todas as partes envolvidas trocam experiências in formações e conhecimentos Sendo assim a dinâmica flui melhor quando se mantém uma relação positiva o que também contribui para se manter a motivação em sala Nesse contexto é imprescindível entender que o professores e estudantes são fundamentais na articulação do projeto da escola e devem participar ativamente da sua construção Saiba que estamos envolvidos com uma educação integral ou seja todos são corresponsáveis e precisam trabalhar juntos na construção de uma educação de qualidade Nessa perspectiva ao se falar da relação do professor com o aluno e relacionar com a Educação Integral é relevante levar em consideração os aspectos da formação geral do aluno como discutido no item a seguir Ah Por falar em educação integral em escola que estabelece ações para a formação geral e compromissada com seus educandos indicamos alguns vídeos que podem contribuir para o apro fundamento dessa temática vejaos Como tornarse um bom professor Leandro Karnal 21072017 httpswwwyoutubecomwatchvprdM1T0U4dk Mário Sérgio Cortella reflete sobre a amorosidade competente na relação ProfessorAluno httpswwwyoutubecomwatchvNs7B7l6P4nk 45 32 As práticas que implicam na relação professor aluno Saiba que vários docentes não dimensionam a importância do seu papel no processo de transformação discente principalmente a social de seus alunos Acreditar no potencial de transfor mação das ações e potencial criativo do aluno é uma ação importantíssima que o professor deverá desenvolver Nesse contexto um dos aspectos que se pretende desenvolver nessa Unidade é exatamen te a importância da formação do professor e a compreensão que deverá ter sobre os processos que implicam na relação professoraluno Uma vez que na escola para que ocorra uma educação significativa adequada aos preceitos de formação de competências e habilidades é essencial que o professor se comprometa com as ações educativas Entretanto ao aproximarse da figura de alguns professores percebe se que muitos baseados no senso comum acreditam que ser professor é apropriarse de um conteúdo e apresentálo aos alunos em sala de aula Nesse contexto você deverá compreender que a mudança dessa realidade é necessária para que uma nova relação entre professores e alunos comece a existir dentro das escolas Para tanto é preciso compreender que a tarefa docente tem um papel social e político insubstituível e que no momento atual embora muitos fatores não contribuam para essa compreensão o professor necessita assumir uma pos tura crítica em relação a sua atuação recuperando a essência do ser educador E para o professor entender o real significado de seu trabalho é necessário que saiba um pouco mais sobre sua identidade e a história de sua profissão 46 321 A convivência entre professor e aluno em sala de aula deve ser como Saiba que para responder a essa questão que é complexa na estrutura escolar é essencial que educadores de todos os níveis de aprendizado compreendam o que deve realizado Afinal ter uma boa convivência com os educandos saber relacionarse com as crianças jovens ou adultos é salutar evitando alimentar relações conflituosas e de tensão Essa ação propicia uma excelente forma de garantir um ambiente saudável muito mais propício ao aprendizado Desafio É essencial evitar salas de aula com brigas constantes alunos desafiando a autoridade do professor a todo momento e intimidação definitivamente não favorecem a convivência adequada entre professores e alunos Mundo globalizado Esse desafio é intensificada pelo fato de que os estudantes estão crescendo em um mun do globalizado com grande acesso às informações pela internet Com isso comumente os alunos assumem uma posição crítica com opiniões préestabelecidas e dispostos a se impor em uma argumentação 322 Como estabelecer uma relação de confiança Texto adaptado de professor e aluno entenda a importância dessa relação httpswwwsomosparcombrprofes sorealuno acessado em 21062018 Para contornar esses desafios de convivência é preciso estabelecer uma relação de con fiança entre alunos e professores Quando existe esse sentimento em sala de aula os alunos têm mais disposição para aprender e os professores se sentem mais motivados para aprimorar seu processo didático Comece pela transparência ao estabelecer critérios avaliativos Assim seus alunos saberão exatamente o que esperar em relação às notas aos esforços de estudo e ao desempenho geral 47 Além disso procure criar um ambiente em que seja possível questionar temas e aprender em conjunto sem repreender perguntas e curiosidades por mais básicas que sejam Os alunos devem se sentir confortáveis para expressar suas dúvidas livremente de maneira que o seu desenvolvi mento seja garantido Uma boa alternativa é pensar em atividades interdisciplinares e contextualizadas para os alunos Isso porque o conteúdo passa a fazer muito mais sentido para o estudante quando é en tendido de forma contextualizada o que contribui com a motivação em sala E o que fazer com conflitos de personalidade Uma sala de aula sempre reúne vários tipos de personalidade incluindo aí até mesmo a do professor Alguns são mais tímidos outros mais extrovertidos Há aqueles que gostam de demonstrar conhecimento os que buscam afirmação bem como aqueles que são extremamente inseguros ou possuem dificuldades específicas Sendo assim como lidar com essa diversidade uma vez que os conflitos são naturais da vivência em sociedade Nesse contexto é importante que o professor aja como um verdadeiro gestor de confli tos a fim de estabelecer da melhor forma possível um equilíbrio entre todas essas personalida des No caso repreender atitudes desrespeitosas garantir voz aos alunos mais tímidos e também estimular o convívio saudável entre eles passam a figurar entre as tarefas do educador Essa ações são imprescindíveis para o crescimento pessoal de cada um pois dessa maneira eles poderão aprender como conviver com as opiniões e os pensamentos diferentes dos seus Todo aprendizado que começa em sala deve ser uma ponte para o conhecimento assim como para a sua aplicação na vida de cada aluno Pertencimento Outra importante função do professor consiste em fomentar dentro da sala de aula o espírito de grupo e de pertencimento dos alunos Esse sentimento deve estar presente para esti mular o engajamento dos estudantes nos estudos e também na vida social escolar como um todo Isso pode ser feito por meio de atividades em grupo discussões em sala e constante estímulo à cooperação 48 Diálogo Independentemente dos tipos de personalidade dos alunos é imprescindível que a rela ção seja permeada por muito diálogo Assim cada tarefa deve vir acompanhada de explicações sobre sua importância e pertinência fazendo com que o estudante compreenda seu propósito Se surgirem desentendimentos temse uma brecha para mais uma vez esclarecer finalidades e papéis É preciso ter sempre em mente que o diálogo é a melhor reposta para os problemas em sala Assim como é fundamental o bom relacionamento entre os alunos e o corpo docente a relação entre os familiares e a escola também é responsável pelo melhor aproveitamento do ensino Isso porque o processo de aprendizagem vai muito além da sala de aula e depende não apenas da escola mas também da família Referência httpsleandroestefanyfileswordpresscom201403filmeescoladavidajpg A imagem acima é de uma das cenas do filme Escola da Vida que como muitos outros retratam a os processos estabelecidos em sala de aula O filme Escola da Vida mostranos a realidade de muitas escolas onde professores ainda utilizam metodologias e técnicas que não despertam o interesse e envolvimento dos alunos no processo enquanto um professor conhecido como o Sr D atraiu seus alunos de maneira que todos participavam e as aulas eram bem dinâmicas O professor Matt após a morte de seu pai queria conquistar a posição que antes o seu pai tinha de receber o troféu como o professor do ano Ao chegar à escola Matt tenta agradar seus alunos mas suas metodologias ainda estão pre sas com o tradicional não cria nada novo para alcançar o seu objetivo Ao ver o Sr D atraindo seus alunos de uma maneira dinâmica se relacionando com todos e ensinando de uma maneira 49 divertida onde todos aprendiam Matt ficou incomodado pois a atenção não estava voltada a ele O Sr D a cada dia aplicava algo de novo na vida de seus alunos sua sala de aula não era um lugar onde somente o professor falava mas era um lugar de construção do conhecimento em que tanto professor como aluno participavam Este professor vivia cada momento intensamente Matt ao perceber a popularidade do Sr D passou a procurar algo que denunciasse o porquê era tão bem aceito por seus alunos Matt um dia resolveu seguilo e pôde descobrir que o Sr D além de um excelente professor era também um homem que gostava de ajudar a todos mostrando sempre os direitos de cada um Descobriu que o Sr D tinha câncer pulmonar e isso o deixou sensibilizado Agora Matt compreendia o porquê de tanta dedicação com todos Matt resolveu mudar e usou o exemplo do Sr D para conquistar seu sonho de ser um grande professor suas metodologias mudaram passou a se relacionar melhor com seus alunos criou um espaço na sala de aula de compreensão onde todos participavam do processo usou o que os alunos gostavam O Sr D entra em crise e morre mas deixa viva a vontade de lutar de viver bem com todos contribuindo por uma educação melhor superando o tradicional e as dificuldades Este filme faz nos refletir que enquanto educadores temos sempre que criar algo de novo não podemos nos acomodar com metodologias tradicionais precisamos procurar métodos e técnicas que desper tem o interesse do aluno criando na sala de aula um espaço de construção do conhecimento Texto adaptado de httpprofpriscilabragablogspotcom201103resumodofilmees coladavidahtml acessado em 23072018 Agora uma boa dica para desenvolver alguns dos aspectos sobre a rela ção professoraluno são as considerações que implicam a seguinte questão 50 Texto adaptado de RELAÇÃO PROFESSORALUNO httpseducadorbrasilescolauolcombrorientacoesrelacaoprofessoralunohtm acessado em 14082018 É muito fácil entrar e sair pela porta da sala ao soar dos sinos que determinam o troca troca de professores é simples pois cumprimos nossa obrigação ministramos nossas aulas Não importa muito o que acontece antes ou depois dela se tudo deu certo então tudo bem Mas o problema é a concepção de cada educador quanto ao sentimento de está tudo bem pois a maioria se detém a achar que se não houve nenhuma briga em sala de aula se os alunos não gritaram uns com os outros se ninguém o enfrentou ou colocou o dedo na sua cara e comportamentos do gênero então tudo se encontra na mais perfeita ordem Melhor dizendo se a sala estava mais apática do que agitada está tudo bem Não há muito tempo para perder com outras coisas afinal há uma pressão por parte da coordenação em relação a conteúdo disciplina e cumprimento de horários Isso acontece mesmo é verdade mas os educadores têm que se ater aos comportamentos ad versos que há na sala de aula como apatia desinteresse falta de atenção e claro desorganização e tumulto Se observarmos bem o que esses meninos precisam é de um pouco de cuidado e inte resse por parte daquele que eles têm como exemplo o professor É necessário que este participe mais da vida do alunado O alunoproblema geralmente só necessita de atenção de uma conversa amigável Durante uma atividade em sala por exemplo chame o estudante em um canto e expo nha o que vem observando pergunte se há algo que está o incomodando em sala ou em casa se ele está chateado com os pais ou com amigos se está preocupado com alguém e assim por diante Tenha uma conversa sincera e respeitosa exponha o que não está gostando na atitude do aluno mas enfatize os pontos positivos e diga que acredita que ele pode melhorar e que você estará o observando mais daquele dia em diante 51 Para complementar essas ideias e trazer a práxis vivencial de filmes que retratam a formação ideal para tempos atuais acesse a seguinte listagem de filmes que retratam a vida docente são vários filmes que vão oportunizar você a uma vivência e realidade ampla sobre a formação profissional httpscanaldoensinocombrblog15filmessobreprofessoresquevocedeveriaassistir 33 A violência escolar e a crise da autoridade docente Esse tópico é extremamente delicado nas rodas de conversar sobre o fazer docente Aquino 1996 um especialista da área educacional e problematizador desse tema argumenta que várias são as probabilidades reflexiva sobre o tema violência na escola muitas análises podem ser realizadas quer empírica quer teoricamente com a indigesta justaposição escolaviolência principalmente a partir de seus efeitos concretos a indisciplina nossa de cada dia a turbulência ou apatia nas relações os confrontos velados as ameaças de diferentes tipos os muros as grades a depredação a exclusão enfim O quadro nos é razoavelmente conhecido e certamente não precisamos de outros dados para melhor configurálo Vejamos trechos de um artigo publicado por Aquino em que faz conside rações relevantes para o seu conhecimento Texto adaptado de A violência escolar e a crise da autoridade docente de Aquino disponível em httpwww scielobrpdfccedesv19n47v1947a02pdf acessado em 21062018 Obs Texto divulgado em Cadernos Cedes ano XIX nº 47 dezembro98 Júlio Groppa Aquino é Mestre e doutor em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da USP e docente na Faculdade de Educação da USP área de Psicologia da Educação Autor de Confrontos na sala de aula Uma leitura institucional da relação professoraluno 1996 e organi zadorcoautor das coletâneas Indisciplina na escola 1996 Sexualidade na escola 1997 Erro e fracasso na escola 1997 Diferenças e preconceito na escola 1998 editadas pela Summus A imagem entre nós já quase idílica da escola como lócus de fomentação do pensamento 52 humano por meio da recriação do legado cultural parece ter sido substituída grande parte das vezes pela visão difusa de um campo de pequenas batalhas civis pequenas mas visíveis o suficiente para causar uma espécie de malestar coletivo nos educadores brasileiros Como se posicionar perante tal estado de coisas No meio educacional duas parecem ser as tônicas fundantes que estruturam o raciocínio daqueles que se dispõem a problematizar os efeitos de violência simbólica ou concreta verificados no cotidiano escolar contemporâneo uma de cunho nitidamente sociologizante e outra de matiz mais clínicopsicologizante No primeiro caso tratarseia de perseguir as consequências geralmente conotadas como perversas das determinações macroestruturais sobre o âmbito escolar resultando em reações violentas por parte da clientela No segundo de pontificar um diagnóstico de caráter evolutivo quando não patológico de quadros ou mesmo personalidades violentas influenciando a con vivência entre os pares escolares Em ambos os casos a violência portaria uma raiz essencialmente exógena em relação à prática institucional escolar de acordo com a perspectiva sociologizante nas coordenadas políticas econômicas e culturais ditadas pelos tempos históricos atuais já na perspectiva clínicopsicologizante na estruturação psíquica prévia dos personagens envolvidos em determinado evento conflitivo Vale lembrar que uma combinação de tais perspectivas também pode surgir como alternativa à compreensão de determinada situação escolar de caráter confli tivo por exemplo num diagnóstico sociologizante das causas acompanhado de um prognóstico psicologizante em torno de determinados casosproblema o que inclusive acaba ocorrendo com certa frequência no diaadia escolar Em termos especificamente institucionais a ação escolar seria marcada por uma espécie de reprodução difusa de efeitos oriundos de outros contextos institucionais molares a política a economia a família a mídia etc que se fariam refletir no interior das relações escolares De um modo ou de outro contudo a escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornarse reféns de sobre determinações que em muito lhes ultrapassam restando lhes apenas um misto de resignação desconforto e inevitavelmente desincumbência perante os efeitos de violência no cotidiano prático posto que a gênese do fenômeno e por extensão seu 53 manejo teóricometodológico residiriam fora ou para além dos muros escolares Nessa perspectiva a palavra de ordem passa a ser o encaminhamento Encaminhase para o coordenador para o diretor para os pais ou responsáveis para o psicólogo para o po licial Numa situaçãolimite isto é na impossibilidade do encaminhamento a decisão não raras vezes é o expurgo ou a exclusão velada sob a forma das transferências ou mesmo do convi te à autoridade Como se pode notar os educadores quase sempre acabam padecendo de uma espécie de sentimento de mãos atadas quando confrontados com situações atípicas em relação ao plácido ideário pedagógico Entretanto o cotidiano escolar é pródigo em eventos alheios a esse ideáriopadrão E os efeitos da violência representam sem dúvida a parcela mais onerosa de tais vicissitudes O que fazer A partir de tais efeitos como alçar um saber menos fatalista e mais autôno mo acerca da intervenção escolar que pudesse porventura gerar contra efeitos ou pelo menos novas apropriações desse já conhecido estado de coisas Talvez uma alternativa viável seja mesmo de ordem conceitual responsável pela delimi tação do raio de nosso olhar como a que se proporá a partir de agora Um olhar institucional sobre a violência escolar A fim de aprofundar a discussão vale a pena enunciar de imediato o conceito de insti tuição com o qual comungamos Nas palavras de Guirado 1997 p 34 estamos definindo as instituições como relações ou práticas sociais que tendem a se repetir e que enquanto se repe tem legitimamse Existem sempre em nome de um algo abstrato o que chamamos de seu objeto Por exemplo a medicina pode ser considerada segundo nossa definição uma instituição e seu objeto podese dizer é a saúde As instituições fazemse sempre também pela ação de seus agentes e de sua clientela De tal forma que não há vida social fora das instituições e sequer há instituição fora do fazer de seus atores Na definição delineada acima a autora oferece interessantes pistas para a compreensão 54 das instituições como relações ou práticas sociais específicas Vejamos por quê É b a s t a n t e comum pensarmos as práticas sociais e dentre elas a escola como donatárias inequívocas do contexto histórico isto é da conjuntura política econômica e cultural É bem verdade também que nos acostumamos a deduzir que o que se desenrola no interior de tais instituições é uma espécie de efeitocascata daquilo que se gesta em seu exterior Mas seria plausível atribuir uma gênese única aos meandros de diferentes práticas institucionais com seus objetos atores e prá ticas singulares Convenhamos é mais do que evidente que as relações escolares não implicam um espe lhamento imediato daquelas extraescolares Ou seja não é possível sustentar categoricamente que a escola tão somente reproduz vetores de força exógenos a ela É certo pois que algo de novo se produz nos interstícios do cotidiano escolar por meio da reapropriação de tais vetores de força por parte de seus atores constitutivos e seus procedimentos instituídosinstituintes Em suma vale afirmar que é mais um entrelaçamento uma interpenetração de âmbitos entre as diferentes instituições que define a malha de relações sociais do que uma suposta matriz social e suprainstitucional que a todos submeteria Afinal não é possível admitir que o cotidiano das diferentes instituições opera por completo à revelia dos desígnios de seus atores constitu tivos nem que sua ação se dá de fato a reboque de determinações macroestruturais abstratas Nesse sentido a equivalência entre ação institucional escolar e reprodução macroestrutural dei xa de fazer sentido como uma verdade em si mesma verdade esta que geralmente se expressa na ideia de a instituição como uma entidade alheia poderosa e involuntária em confronto com a prática concreta de seus agentes e clientela Cabenos pontuar que não estamos desacompanhados nesse tipo de posicionamento descentralizador na análise dos fenômenos escolares Guimarães 1996b defende uma com preensão da díade violênciaindisciplina escolar bastante congruente com a nossa Vejamos A instituição escolar não pode ser vista apenas como reprodutora das experiências de opressão de violência de conflitos advindas do plano macroestrutural É importante argumentar que apesar dos mecanismos de reprodução social e cultural as escolas também produzem sua própria vio lência e sua própria indisciplina p 77 55 Já quanto à perspectiva psicologizante adotada como alternativa na leitura de determinados even tos escolares também não é possível situarmos a gênese de determinada problemática institucio nal concreta em torno de um núcleo conceitual abstrato como o de personalidade ou mesmo de identidade ou ainda de perfil atrelado a um padrão de desenvolvimento independente mente da configuração institucional na qual o sujeito da ação está inserido Portanto ideias como desestruturação da personalidade ou déficit em alguma fase de desenvolvimento também deixam de fazer sentido em si mesmas quando se colocam em foco questões de ordem institucional O sujeito concreto enquadrado em determinadas coordenadas institucionais específicas não pode ser encarado como um protótipo individual de uma suposta natureza humana padrão tomada como modelo universal ideal e compulsório que não com portaria idiossincrasias tomadas por sua vez como desvio anomalia distúrbio Outrossim o sujeito só pode ser pensado na medida em que pode ser situado num complexo de lugares e relações pontuais sempre institucionalizadas portanto A noção de su jeito passa a implicar dessa forma a premissa de lugar institucional a partir do qual ele pode ser regionalizado no mundo sujeito sempre institucional portanto Ele é estudante de determinada escola aluno de certos professores filho de uma família específica integrante de uma classe social cidadão de um país e assim por diante Sujeito que só o é concretamente como efeito de uma equação institucional que requer obrigatoriamente um outro complementar portanto uma relação pontual E sendo assim que ocupa um lugar determinado em relação a esse outro portanto parceiro de uma relação institu cionalizada e que o faz sempre de modo singular Ou seja está inserido em uma relação ocupa um lugar determinado nessa relação e dele se apodera de acordo com uma maneira específica isto é posicionase em relação a ele Nessa linha de raciocínio propor um olhar especificamente institucional sobre práticas institucionais em detrimento da primazia de outros olhares já consagrados demanda algumas decisões teóricometodológicas dentre as quais abandonar o projeto de uma leitura totalizadora quer de ordem sociologizante quer de or dem psicologizante dos fenômenos em foco matizandoos de acordo com sua configuração 56 institucional Por exemplo não se pode conceber a questão da violência no contexto escolar como se estivéssemos analisando a violência na família nas prisões nas ruas e como se todas elas fossem sintomas periféricos de um mesmo centro irradiador regionalizar o epicentro do fenômeno situandoo no intervalo das relações institucionais que o constituem No caso da escola a tarefa passa a ser rastrear no próprio cenário escolar as cenas constitutivas assim como as nuanças dos efeitos de violência que lá são testemunha dos descrever e analisar as marcas do fenômeno tomando como dispositivo básico as relações institucionais que o retroalimentam No caso escolar situar o foco de análise nas relações dominantes no contexto escolar em particular na relação professoraluno Violência e autoridade no espaço escolar Considerados alguns contornos conceituais do debate violência escola assim como as implicações teóricometodológicas de uma leitura institucional do tema nosso próximo passo requer a imersão na temática pelo ângulo em pauta Para tanto partamos do pressuposto de que um dos vetores que transversalizam a dinâmica escolar em particular a ação do professor na qualidade de agente privilegiado é o teor normativoconfrontativo que esta invariavelmente assume E novamente Guimarães 1996b pp 7879 oferecenos pistas adicionais para a com preensão dessa dinâmica confrontativa A escola como qualquer outra instituição está planificada para que as pessoas sejam todas iguais Há quem afirme quanto mais igual mais fácil de dirigir A homogeneização é exer cida através de mecanismos disciplinares ou seja de atividades que esquadrinham o tempo o espaço o movimento gestos e atitudes dos alunos dos professores dos diretores impondo aos seus corpos uma atitude de submissão e docilidade Assim como a escola tem esse poder de dominação que não tolera as diferenças ela também é recortada por formas de resistência que não se submetem às imposições das normas do dever ser Compreender essa situação implica aceitar a escola como um lugar que se expressa numa extrema tensão entre forças antagônicas 57 O professor imagina que a garantia do seu lugar se dá pela manutenção da ordem mas a diversidade dos elementos que compõem a sala de aula impede a tranquilidade da permanência nesse lugar Ao mesmo tempo que a ordem é necessária o professor desempenha um papel violento e ambíguo pois se de um lado ele tem a função de estabelecer os limites da realidade das obrigações e das normas de outro ele desencadeia novos dispositivos para que o aluno ao se diferenciar dele tenha autonomia sobre o seu próprio aprendizado e sobre sua própria vida Se partirmos do pressuposto de que a intervenção escolar é estruturalmente normativa confrontativa até mesmo para que seus propósitos gerais sejam garantidos nosso olhar voltase para a relação professoraluno como locus ao mesmo tempo estrutural e conjuntural da violên cia escolar Aos desavisados uma advertência teórica e ao mesmo tempo ética Não estamos com isso em nenhuma hipótese avalizando a violência escolar muito menos atribuindo a quaisquer polos da relação responsabilidades exclusivas Ao contrário estamos defendendo uma espécie de mão dupla instituinte há uma violência positiva imanente à intervenção escolar constitucional e constituinte dos lugares de professor e aluno Nesse sentido a relação professoraluno em vez de tãosomente importar efeitos de violência exógenos a ela os institui quase compulso riamente É a partir dessa natureza conflitiva que se pode derivar a nosso ver um certo olhar mais produtivo sobre o cotidiano escolar contemporâneo e o que os rastros de violência nele embutidos têmnos revelado sobre ele Permitamnos contudo um recuo a título de densificação do próprio conceito em foco o de violência propriamente Por violência denotase a qualidade do que atua com força ou grande impulso força ímpeto impetuosidade intensidade irracibilidade força que abusivamente se emprega com o direito opressão tirania ação violenta jur constrangi mento exercido sobre alguma pessoa para obrigála a fazer ou a deixar de fazer um ato qualquer coação Caldas Aulete 1964 pp 42314232 Como se pode notar à primeira vista o termo não implica exclusivamente uma cono tação negativa Ou melhor ele comporta uma ambivalência semântica digna de interesse Algo que pode ser definido como intensidade não pode ser tomado como sinônimo imediato de 58 algo que se defina por irracibilidade embora ambos portem em comum o caráter de força ou impulso Uma ação desencadeadora de algo novo poderia portanto e em certa medida ser conotada como violenta da mesma forma que uma ação que visasse ao oposto ou seja à manutenção de um estado qualquer A transformação ou a conservação de uma situação ou de um estado de coisas desde que levadas a cabo com forçaímpeto poderiam ser compreendidas como igualmente violentas É o que se evidencia na definição última jurídica do termo tratase de um constrangimento que se exerce sobre outrem com o objetivo de obrigálo tanto a fazer como a deixar de fazer um ato qualquer Com efeito sempre que nos posicionamos perante um outro na qualidade de represen tantes hierárquicos de determinada prática social seja com o intuito que for estabelecemos uma relação a rigor violenta Nesse sentido pais e filhos são violentos entre si da mesma forma que médicos e pacientes sacerdotes e fiéis personagens televisivos e espectadores professores e alunos É o que se poderia conceber grosso modo como uma espécie de liturgia dos lugares e por extensão das relações institucionais Se toda intervenção institucional vislumbra inequivocamente a apropriação de deter minado objeto a saúde na medicina a salvação nas religiões o lazerinformação na mídia o conhecimento na educação escolar etc por meio da transformação de uma determinada ma tériaprima materializada nas condições apriorísticas da clientela a descrença a doença a igno rância etc é possível e desejável portanto deduzir que a ação dos agentes institucionais será inevitavelmente violenta porque transformadora E como isso se processará Dentre outros dispositivos por meio da imagem de autori dade atribuída aos agentes isto é por meio dos poderes que a clientela mais imediatamente e o público menos imediatamente uma vez que não participa diretamente da ação institucional delegarão à figura dos agentes institucionais e por consequência à potência embutida nessa de legação É nessa espécie de promessa depositada no agente por parte da clientelapúblico que residirá grande parte da eficácia operacional leiase imaginária das instituições Sem ela não haveria a possibilidade de existência concreta para as práticas institucionais que tomamos como 59 naturalizadas imprescindíveis ou mesmo inevitáveis Voltemos às definições desta vez do conceito de autoridade Os significados do termo autoridade remetem a direito poder de comandar de obrigar a fazer alguma coisa domínio jurisdição arbítrio vontade própria aquele que exerce autoridade crédito consi deração influência importância autorização permissão ibid p 341 Como se pode subtrair de chofre o sentido basal do termo desdobrase em torno da ideia de exercício outorgado de poder portanto um exercício de direito Mais especificamente tratase da delimitação de uma jurisdiçãodomínio institucional evidentemente ou até mes mo de uma espécie de arbitragem ou comando concedida a partir da autorizaçãopermissão de outrem que se efetiva de acordo com o crédito ou consideraçãoinfluênciaimportância atribuído àquele portanto um exercício de direito legitimado Nesse sentido corroboramos a premissa de que a potência virtual da ação institucio nal dáse via delegação de poderes aos agentes pela clientelapúblico avalizada pela crença numa certa superioridade hierárquica leiase saberes daqueles porque mais próximos do objeto institucional quer pela sua posse quer pela sua guarda E finalmente na definição do termo autoridade desponta uma evidente justaposição semântica a um dos sentidos do termo violência o de obrigar a fazer alguma coisa Grosso modo poderseia concluir que de um ponto de vista institucional não há exercício de autoridade sem o emprego de violência e em certa medida não há o emprego de violência sem exercício de autoridade Portanto e em suma a violência como vetor constituin te das práticas institucionais teria como um de seus dispositivos nucleares a própria noção de autoridade outorgada aos agentes pela clientelapúblico e avalizada pelos supostos saberes daqueles 1 Por essa razão reafirmamos a convicção de que há no contexto escolar um quan tum de violência produtiva embutido na relação professoraluno condição sine qua non para o funcionamento e a efetivação da instituição escolar A crise da autoridade docente Alguns nortes éticos 60 Se partirmos do pressuposto de que nas sociedades complexas a educação escolar é o modo dominante por meio do qual as novas gerações são inseridas na tradição isto é o meio pelo qual as introduzimos no instável e sempre inusitado mundo do conhecimento sistemati zado haveremos de convir que alguns fantasmas têm rondado essa instituição secular E o mais implacável deles talvez seja o que envolve a crise da autoridade docente fato este que a nosso ver seria o correlato principal de grande parte dos efeitos de violência testemunhados no cená rio escolar Afirmamos anteriormente que a autoridade delegada aos agentes de determinada insti tuição é um dos dispositivos basais de estruturação e efetivação da própria intervenção institu cional E nesse sentido se a escola contemporânea temse apresentado cada vez mais como um espaço de confrontos que em muito ultrapassam aqueles relativos ao embate intelectualcultural é possível supor então que seu âmbito ou o escopo específico de sua ação padeça de uma certa ambiguidade ou ineficácia por parte daqueles que a fazem cotidianamente Tratase sem dúvida de uma crise ao mesmo tempo paradigmática e ética A crise da autoridade na educação guarda a mais estreita conexão com a crise da tradi ção ou seja com a crise de nossa atitude perante o âmbito do passado É sobremodo difícil para o educador arcar com esse aspecto da crise moderna pois é de seu ofício servir como mediador entre o velho e o novo de tal modo que sua própria profissão lhe exige um respeito extraordi nário pelo passado Arendt 1992 pp 243244 Hannah Arendt no magnífico texto intitulado A crise na educação oferta aquilo que a nosso ver constitui a única estratégia fecunda de enfrentamento dessa crise éticoparadigmática que assola a educação escolar contemporânea o respeito pelo passado pela tradição corporifi cada no legado cultural Desta feita escola é por excelência lugar do passado no bom e imprescindível sentido do termo E deve ser Mesmo porque não há futuro plausível sem a imersão no traçado histórico dos diferentes campos de conhecimento leiase as ciências as artes as humanidades os espor tes E isso por mais que alguns se ressintam do termo é denominado tradição E vale frisar 61 tradição não é sinônimo de anacronismo assim como autoridade não é sinônimo de despotis mo Muito ao contrário É aí também que o trabalho escolar revela outro de seus paradoxos de base é preciso conservar o patrimônio cultural para transformar as novas gerações os forasteiros Sendo assim no mesmo golpe recriase a cultura e inventase o sujeito da cultura E esse princípio fundamental caríssimo a todo aquele envolvido ciosamente com o trabalho escolar implica por sua vez uma compreensão bem clara de que a função da escola é ensinar às crianças como o mundo é e não instruílas na arte de viver Dado que o mundo é velho sempre mais que elas mesmas a aprendizagem voltase inevitavelmente para o passado não importa o quanto a vida seja transcorrida no presente Ibid p 246 A essa espécie de visibilidade sobre os princípios e fins da ação docente temos denomi nado ética pedagógica2 uma vez que ela não implica imediatamente nem a dimensão teórica da ação os conteúdos em foco nem sua dimensão metodológica os procedimentos em jogo Antes ela os perpassa lhes é imanente e fundante Assim a questão da autoridade para além da qualificação stricto sensu do professor passa a se configurar como o ponto nevrálgico da ética docente reguladora primordial do trabalho pedagógico e portanto como o único antídoto possível contra a violência escolar Novamente Arendt aponta caminhos importantes Embora certa qualificação seja indispensável para a autoridade a qualificação por maior que seja nunca engendra por si só autoridade A qualificação do professor consiste em conhe cer o mundo e ser capaz de instruir os outros acerca deste porém sua autoridade se assenta na responsabilidade que ele assume por este mundo Em face da criança é como se ele fosse um representante de todos os habitantes adultos apontando os detalhes e dizendo à criança Isso é o nosso mundo Ibid p 239 A título de encerramento valeria indagar tomando como contraponto concreto a vio lência nossa de cada dia da qual nos pensamos reféns a maior parte do tempo Qual mundo temos apresentado a nossos alunos Quais de seus detalhes lhes temos apontado Qual história queremos legar para as novas gerações Há ainda no encontro habitual da sala de aula respon 62 sabilidade por este mundo e esperança de um outro melhor Bibliografia AQUINO JG Confrontos na sala de aula Uma leitura institucional da relação professoraluno São Paulo Summus 1996a A desordem na relação professoraluno Indisciplina moralidade e conhecimento In org Indisciplina na escola Alternativas teóricas e práticas São Paulo Summus 1996b pp 3955 Ética na escola A diferença que faz diferença In org Diferenças e preconceito na escola Alternativas teóricas e práticas São Paulo Summus 1998 pp 135151 ARENDT H Entre o passado e o futuro 3a ed São Paulo Perspectiva 1992 CALDAS AULETE Dicionário contemporâneo da língua portuguesa 3a ed GUIMARÃES AM A dinâmica da violência escolar Conflito e ambiguidade Campinas Autores Associados 1996a Indisciplina e violência ambiguidade dos conflitos na escola In AQUINO JG org Indisciplina na escola Alternativas teóricas e práticas São Paulo Summus 1996b pp 7382 GUIRADO M Psicologia institucional São Paulo EPU 1987 Psicanálise e análise do discurso Matrizes institucionais do sujeito psíquico São Paulo Summus 1995 Sexualidade isto é intimidade Redefinindo limites e alcances para a escola In AQUINO JG org Sexualidade na escola Alternativas teóricas e práticas São Paulo Sum mus 1997 pp 2542 63 Para compreender melhor os demais aspectos relativos ao tema dessa unidade sugerimos que acesse os seguintes artigos 1A coerção e suas implicações na relação professor Juliane Viecilio e José Gonçalves Medeiros Acesse httpwwwscielobrpdfpusfv7n2v7n2a12 2 A relação professoraluno não existe corpo e imagem presença e distância Rinaldo Voltolini Acesse httpswwwssoarinfossoarbitstreamhandledocument7380ssoaretd2007espvolto liniarelacaoprofessoralunonaoexistepdfsequence1 Estudo de Caso 65 Estudo de caso Leia o texto disponibilizado em httpwwweventosufrpecombrjepex2009cdresumosr04191pdf Após a leitura do texto A INTERAÇÃO PROFESSORALUNO NA ESCOLA Um Estudo de caso sobre o papel da Afetividade no Processo EnsinoAprendizagem de Nádia Maria Silva de Morais e Oliveira Débora Souto Modesto e Claudia Roberta de Araújo Gomes responda as seguin tes considerações a A ação descrita no texto é possível de ser desenvolvida nas unidades de ensino que você co nhece Justifique a sua resposta trazendo para a discussão quais as suas considerações e vivências sobre os processos que implicam na relação professoraluno b Identifique no texto os pontos chaves para que a relação professoraluno acontece de forma significativa Objetivos da Unidade Unidade IV A ética e a formação social no processo educativo IV Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Compreender as referências formativas dos sujeitos em sociedade Desenvolver o senso crítico para a formação dos processos éticos Sugerir projetos que envolvam ações éticas na escola 67 Unidade 4 A ética e a formação social no processo educativo Introdução Caroa alunoa Convidamooa a continuar a nossa caminhada e esperamos que você esteja dispostoa a adentrar um pouco mais no caminho do saber Iniciamos portanto mais um importante tema de discussão e este fato tem um sentido claro estamos seguindo à frente adentrando novos espaços de relação e de conhecimento Nossa PRÁTICA DE FORMAÇÃO é o laboratório alquímico no qual todos os saberes entendi mentos reflexões e habilidades desenvolvidos nas demais disciplinas devem se transmutar em ação em vida em um fazer que constrói o mundo que ergue a sociedade e o amanhã Tenha isso sempre em mente um mediador de conhecimento seja ele um professor um educador é capaz de trans formar os espaços quando possui a consciência formativa Deste modo é aqui conosco que você pratica sua atuação futura testandose em possibi lidades renovadas e mais significativas como agente educativo É preciso pois compreender primordialmente qual a função sóciopolíticoeducativope dagógica de um professor educador ele não é apenas um mero reprodutor ou transmissor de conteúdos reconhecidos consagrados mas sim um agente social que pensa seu tempo e busca fazer do conhecimento um instrumento de superação dos entraves dificuldades problemas crises que afetam o homem social Ele também assume sua escolha de roteiro a justifica escrevendo e de fendendo em seus planejamentos em suas propostas na fundamentação de seus planos de ensino nos projetos que lança nos textos em que dissemina seu ideal sua luta sua convicção o que norteia sua ação Antes de saber o que fazer em sala de aula como professor é preciso saber para que fazer o que se pretende fazer saber quais caminhos percorrer com objetivos claros face ao mundo justificandoos Não é pouco a se atingir é muito e esse muito é o que nos importa construir em nossa Prática de Formação Nessa Unidade vamos ampliar as regras do jogo ousando adentrar relações mais significa 68 tivas e profundas abrindonos a maiores responsabilidades a maiores autorias a maior autonomia Ao mesmo tempo já que estamos desbravando territórios novos dentro da educação a distância continuamos com o espírito de ousadia e buscando sempre a compreensão de interrelação de trocaconvivência de construção de saberes linguagens que nos agilizam e redimensionam em um universo de possibilidades Aproveitamos para desejar ótimos conhecimentos com muito crescimento em múltiplos aspectos e dando as boasvindas a você que chega para nosso convívio pois os saberes éticos dão vida a ação docente Abraços da Nidia 41 O papel escolar na formação ética discentedocente Em cada momento histórico a educação é entendida de uma forma específica que traduz os anseios e os valores da sociedade de então Mas nós precisamos de um ponto de partida assim a educação é tecida em suas várias dimensões e implicações mostra que a vida em sociedade é toda um aprendizado constante de modos de ser pensar agir e sentir que dinâmica e historicamente se estabelecem Ações que envolvem uma formação ética e corresponsável pelas considerações sociais da vida docente Para compreender as dimensões da formação ética para a atuação docen te transposta nas estruturas sociais vamos resgatar alguns itens simples sobre esse tema Para uma compreensão e mesmo resgate dos conceitos comuns convido oa assistir o vídeo de Terezinha Rios uma especialista nessa área no Brasil httpswwwyoutubecomwatchvrcD8y90gboM Rios no vídeo além de comentar sobre o conceito base da ética e as suas relações etimológicas avança no sentido de trazer considerações sobre o processo da ética em sociedade Àquela que nos interessa que envolve a prática docente 69 Outro autor que utilizamos com frequência como interlocutor para as considerações iniciais sobre ética é Mário Sergio Cortella que aponta conside rações sobre os comportamentos do homem Vamos ver as suas considerações httpswwwyoutubecomwatchv9YnlPXKlLU Processos que envolvem a prática educativa e organiza ção social envolvem os valores sociais Nesse encontro entre dois filósofos Mário Sergio e Clóvis de Barros você identificará que a ética é emancipadora e devolve ao sujeito o processo da liberdade do poder de refletir sobre suas escolhas uma ação que é comum ao professor ao processo de construção social docente Enfim perpassando pelas ideias do filósofos aqui utilizados como detonadores para as nos sas considerações iniciais percebemos que ao falar de ética estamos em verdade comentando das ações e escolhas que realizamos no nosso cotidiano de forma ampla Para avançarmos nessas considerações e já trazendo a questão da ética na escola podemos considerar que O ambiente escolar é um local ideal para o aprendizado da ética É através dos profes sores funcionários e alunos que podem nascer resultados positivos à respeito do processo edu cacional de modo a melhorar cada vez mais o aprendizado se todos se portarem de forma ética dentro da escola Os professores são os mais responsáveis sobre o que se refere à ética no ambiente esco lar e consequentemente fora dele Crianças e jovens aprendem mais facilmente com exemplos do que com palavras Por isso os funcionários e os professores estão invariavelmente incidindo modelos de comportamento ético para os jovens e as crianças São vários os exemplos de atitudes éticas que o professor pode passar aos alunos como a importância da ética nos diversos níveis da sociedade como em grupo de amigos ambiente de trabalho na própria escola entre outros Por isso o professor deve respeitar os julgamentos dos 70 alunos e sempre prezar pela qualidade no processo educacional Os jovens e as crianças na escola estão passando por um processo de aprendizado por isso a ética deve ser sempre cobrada e instruída Muito do que o aluno aprende sobre ética tem ascendência na família principalmente pelos pais Mesmo assim é finalidade da escola aumentar o conhecimento de ética dos alunos no ambiente escolar de forma que isso resulte em melhor qualidade do ensino Se a escola é um ambiente ideal para a formação ética então precisamos fazer com que a formação social do profissional seja ético também Nesse contexto trazemos as considerações do Educador Antônio Nóvoa um educador contemporâneo Português que é parceiro reflexivo em várias universidades no Brasil vejam as suas considerações Texto adaptado de Antônio Nóvoa professor se forma na escola Paola Gentile 2001 https novaescolaorgbrconteudo179entrevistaformacaoantonionovoa acessado em 21082018 Quer aperfeiçoar sua prática pedagógica O especialis ta português garante que o melhor caminho é debater com os colegas ANTONIO NÓVOA O educador que acaba de se formar não pode ficar com as piores turmas nem ser alocado nas uni dades mais difíceis sem acompanhamento Foto Paulo Rascao Manterse atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pe dagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de educador Concluir o Magistério ou a licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de capacitação que não pode ser interrompido enquanto houver jovens querendo aprender Quem defende isso é um dos maiores especialistas mundiais em formação de professores o português Antônio Nóvoa Catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e presidente da Associação Internacional de História da Educação ele garante que o melhor lugar para aprender a lecionar melhor é a própria escola A produção de práticas educativas eficazes 71 só surge de uma reflexão da experiência pessoal partilhada entre os colegas diz ele Nesta en trevista concedida por email da capital portuguesa Nóvoa afirma ainda que a bagagem teórica terá pouca utilidade se você não fizer uma reflexão global sobre sua vida Como aluno e como profissional A formação dos professores é apontada por muita gente como uma das principais res ponsáveis pelos problemas da educação O senhor concorda com isso Embora tenha havido uma verdadeira revolução nesse campo nos últimos vinte anos a formação ainda deixa muito a desejar Existe uma certa incapacidade para colocar em prática concepções e modelos inovadores As instituições ficam fechadas em si mesmas ora por um academicismo excessivo ora por um empirismo tradicional Ambos os desvios são criticáveis O difícil acesso às novidades é um dos empecilhos para incorporálas à dinâmica da sala de aula Ou as práticas de ensino mudam numa velocidade impossível de acompanhar O equilíbrio entre inovação e tradição é difícil A mudança na maneira de ensinar tem de ser feita com consistência e baseada em práticas de várias gerações Digo que nesta área nada se inventa tudo se recria O resgate das experiências pessoais e coletivas é a única forma de evitar a tentação das modas pedagógicas Ao mesmo tempo é preciso combater a mera reprodução de práticas de ensino sem espírito crítico ou esforço de mudança É preciso estar aberto às novida des e procurar diferentes métodos de trabalho mas sempre partindo de uma análise individual e coletiva das práticas Como definir um bom programa de educação continuada O aprender contínuo é essencial em nossa profissão Ele deve se concentrar em dois pilares a própria pessoa do professor como agente e a escola como lugar de crescimento pro fissional permanente Sem perder de vista que estamos passando de uma lógica que separava os diferentes tempos de formação privilegiando claramente a inicial para outra que percebe esse desenvolvimento como um processo Aliás é assim que deve ser mesmo A formação é um ci clo que abrange a experiência do docente como aluno educação de base como alunomestre graduação como estagiário práticas de supervisão como iniciante nos primeiros anos da profissão e como titular formação continuada Esses momentos só serão formadores se forem 72 objeto de um esforço de reflexão permanente Todas as fases têm a mesma importância para o educador Se tivesse de escolher a mais decisiva ficaria com a dos anos iniciais da profissão Infeliz mente não se dá a devida atenção a esse período É ele que define positiva ou negativamente grande parte da carreira Para mim é inaceitável que uma pessoa que acabou de se formar fique encarregada das piores turmas muitas vezes sem apoio nem acompanhamento Quem está co meçando precisa mais do que ninguém de suporte metodológico científico e profissional Ou seja apenas ler sobre as novas teorias pedagógicas não é suficiente para se manter atualizado Há alguns anos surgiu o conceito de profissional reflexivo como uma forma de valorizar os saberes experimentais Ele teve mais influência na pesquisa educacional do que nas ativida des concretas de formação mas foi importante na reorganização das práticas de ensino e dos modelos de supervisão dos estágios No entanto sempre me recordo das palavras do educador americano John Dewey Quando se diz que um professor tem dez anos de experiência será que tem mesmo Ou tem um ano de experiência repetido dez vezes Só uma reflexão sistemática e continuada é capaz de promover a dimensão formadora da prática Quais critérios o professor deve considerar ao buscar formas de se atualizar Como eu já disse há dois pólos essenciais o professor como agente e a escola como organização A preocupação com a pessoa do professor é central na reflexão educacional e pedagógica Sabemos que a formação depende do trabalho de cada um Sabemos também que mais importante do que formar é formarse que todo o conhecimento é autoconhecimento e que toda a formação é auto formação Por isso a prática pedagógica inclui o indivíduo com suas singularidades e afetos E a escola Ela precisa mudar institucionalmente O desenvolvimento pessoal e profissional depende muito do contexto em que exercemos nossa atividade Todo professor deve ver a escola não somente como o lugar onde ele ensina mas onde aprende A atualização e a produção de novas 73 práticas de ensino só surgem de uma reflexão partilhada entre os colegas Essa reflexão tem lugar na escola e nasce do esforço de encontrar respostas para problemas educativos Tudo isso sem cair em meras afirmações retóricas Nada vai acontecer se as condições materiais salariais e de infraestrutura não estiverem devidamente asseguradas O debate sobre a formação é indissociável das políticas de melhoria das escolas e de definição de uma carreira docente digna e prestigiada De que forma o governo no caso da rede pública e a própria escola no caso da particular podem agir para melhorar a formação dos professores Eles devem criar as condições básicas com infraestrutura e incentivos à carreira Só o pro fissional no entanto pode ser responsável por sua formação Não acredito nos grandes planos das estruturas oficiais Esse é um processo pessoal incompatível com planos gerais centralizadores É no espaço concreto de cada escola em torno de problemas pedagógicos ou educativos reais que se desenvolve a verdadeira formação Universidades e especialistas externos são importantes no plano teórico e metodológico Mas todo esse conhecimento só terá eficácia se o professor conseguir inserilo em sua dinâmica pessoal e articulálo com seu processo de desenvolvimento Não quero tirar a responsabilidade do governo mas sua intervenção deve se resumir a garantir meios e condições Qual é a maneira mais eficiente de aprender a ensinar Voltando a ser aluno Observando Pra ticando Tudo isso é importante mas novas práticas de ensino só nascem com a recusa do indivi dualismo Historicamente os docentes desenvolveram identidades isoladas Falta uma dimensão de grupo que rejeite o corporativismo e afirme a existência de um coletivo profissional Refirome à participação nos planos de regulação do trabalho escolar de pesquisa de avaliação conjunta e de formação continuada para permitir a partilha de tarefas e de responsabilidades As equipes de trabalho são fundamentais para estimular o debate e a reflexão É preciso ainda participar de movimentos pedagógicos que reúnam profissionais de origens diversas em torno de um mesmo programa de renovação do ensino Saber trabalhar em grupo então é mais uma competência que o professor deve ter 74 Sim São as equipes de trabalho que vão consolidar sistemas de ação coletiva no seio do professorado Não se trata de adesões ou ações individuais mas da construção de culturas de cooperação O esforço de pensar a profissão em grupo implica a existência de espaços de partilha além das fronteiras escolares Tratase da participação em movimentos pedagógicos da presença em dinâmicas mais amplas de reflexão e da intervenção no sistema de ensino No passado esses movimentos tiveram um papel insubstituível na afirmação social da classe Hoje são decisivos para a renovação Uma das recomendações da educação moderna é o trabalho interdisciplinar por projetos Como adquirir prática nessa maneira de ensinar O próprio trabalho em equipes pedagógicas pode ser um começo Se insistirmos na produção de um saber profissional emergente da prática e de uma reflexão sobre ela teremos naturalmente uma produção conjunta Para isso a escola tem de organizar momentos interdisci plinares de trabalho que não caiam no vazio curricular mas que promovam uma integração dos conteúdos de várias matérias Existe algum método na educação continuada que alie todos esses aspectos que o senhor pre coniza Sim vários programas integram essas preocupações de forma útil e criativa seminários de observação mútua espaços de prática reflexiva laboratórios de análise coletiva das práticas e os dispositivos de supervisão dialógica em que os supervisores são parceiros e interlocutores Para além dos aspectos teóricos ou metodológicos essas estratégias sublinham o conceito de deliberação que por sua vez exige um espaço público de discussão Nele as práticas e as opiniões singulares adquirem visibilidade e são submetidas à opinião dos outros Ao fazer isso chamase a atenção para o conjunto de decisões que os professores tomam a cada instante no plano técnico e moral Em outras palavras a articulação entre teoria e prática só funciona se não houver divisão de tarefas e todos se sentirem responsáveis por facilitar a relação entre as aprendizagens teóricas e as vivências e observações práticas Paulo Freire escreveu que a formação é um fazer permanente que se refaz constantemente na 75 ação Para se ser tem que se estar sendo disse ele O que o senhor acha dessa afirmação A formação é algo que pertence ao próprio sujeito e se inscreve num processo de ser nossas vidas e experiências nosso passado etc e num processo de ir sendo nossos projetos nossa ideia de futuro Paulo Freire explicanos que ela nunca se dá por mera acumulação É uma conquista feita com muitas ajudas dos mestres dos livros das aulas dos computadores Mas de pende sempre de um trabalho pessoal Ninguém forma ninguém Cada um formase a si próprio O estágio deve favorecer a mistura de prática com reflexão Sem dúvida O potencial formador de cada um depende das ponderações feitas com os colegas com quem está sendo observado e com o supervisor Sem isso a observação transfor mase em exercício mecânico sem interesse É essencial estudar os processos de organização do trabalho escolar da gestão das turmas e da sala de aula bem como as formas de utilização dos métodos de ensino e a capacidade de resposta às situações inesperadas As competências para realizar essa análise são individuais e coletivas A pertinência do estágio reside na compreensão da contribuição específica dos professores e na identificação da cultura profissional docente Como aproveitar melhor a prática de supervisão É essencial estimular a produção escrita e divulgála Só a publicação revela o prestígio social da profissão e a formalização de um saber profissional docente Sempre me espantei com o fato de haver tantos textos teóricos e metodológicos sobre ensino e Pedagogia e tão poucos descrevendo práticas concretas Se queremos renovar a profissão e as estratégias de formação temos de dar visibilidade às práticas Isso começa no período de estágio e continua por toda a vida Qual é na sua opinião o perfil ideal do professor do século XXI Não gosto de fazer futurologia Acho esse terreno repleto de armadilhas e banalidades A paixão pelo futuro frequentemente significa déficit do presente Por isso falo de apenas um aspecto neste século devido à complexidade do fenômeno educativo à diversidade das crianças que estudam e aos dilemas morais e culturais que seremos chamados a enfrentar teremos de repensar o horizonte ético da profissão Acredito que os próximos anos serão marcados pela 76 instabilidade e pela incerteza A atitude ética não depende só de cada um de nós mas da possi bilidade de uma partilha efetiva com os colegas Precisamos reconhecer com humildade que há muitos dilemas para os quais as respostas do passado já não servem e as do presente ainda não existem Para mim ser professor no século XXI é reinventar um sentido para a escola tanto do ponto de vista ético quanto cultural Enfim qual é nosso foco com todas essas considerações Nossa intenção não é que conceitos específicos sejam internalizados mas principalmente que através do que os autores colocam você nosso parceiro de aventura se perceba como quem passou e passa por esse processo social educacional descrito na formação ética do indivíduo em várias instâncias primeiramente na família e posteriormente na comunidade na escola na igreja as sim como no que assimila dos meios de comunicação jornal televisão rádio internet etcImporta reverse como um sujeito inserido no mundo social e principalmente envolto nas condições sociais éticas quais visões de mundo foram então internalizadas depois a escola os vários anos de estudo os colegas os jogos brincadeiras os brinquedos os professores e sua influência o confron to com os valores paternos os conflitos a adolescência o amadurecimento as relações sociais o mundo na TV os filmes e as novelas os exemplos a iniciação afetivosexual as perspectivas futuras o fazerse adulto a condição econômica a competição por um espaço profissional os preconceitos e os sonhos de consumo e de afeto os complexos e as auto rejeições as dores as aceitações e as incompreensões Tudo o que nos fez no ser que hoje somos está palpitando permanências e mu danças certezas e incertezas consciências e inconsciências Permeados enfim por ações e opções envolvendo nossas escolhas nossos direcionamentos conquistas éticas Concomitantemente propomos também o sair de si próprio e buscar ver o mesmo proces so nos demais nos mais próximos nos pais no que estes trouxeram de uma educação vivencial do passado o que eles legaram a seus irmãos como estes reagiram como se configuraram os colegas 77 os amigos os que vieram depois o que mudou e o que não no mundo nas famílias na escola nas relações nos sonhos nos desejos nas tristezas no humano Neste sentido mais total a ideia é que você seja oportunizadoa a refletir e dá o impulso de partida mas a compreensão de educação se expande e se amplia a toda a vida que é relação que é troca que é interação porquanto no outro é que nos fazemos e refazemos em descoberta de nossas potencialidades de nossas sensibilidades O que fez e faz cada um de nós Somos o que escolhemos ser Há o que internalizamos quando pequenos como verdade inquestionável mas que hoje mais amadurecidos e esclarecidos podemos modificar reavaliar rejeitar Até que ponto consegui mos devolver a nossos pais seus modelos do passado o que é deles mas não mais necessariamente nosso A viagem do autoconhecimento pela compreensão das injunções inerentes a todo processo educacional de formação do EU implica rupturas despedidas novas visões mutações e esse cami nho não é fácil entretanto imprescindível para aquele que escolhe ser educador profissional cons trutor de sociedade de amanhãs com opções conscientes que influenciarão escolhas de outros de vidas de relações Gosto de ser homem de ser gente porque sei que minha passagem pelo mundo não é predeterminada preestabelecida Que o meu destino não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tem po de possibilidades e não de determinismo Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade Gosto de ser gente porque inacabado sei que sou um ser condicionado mas consciente do inacabamento sei que posso ir mais além dele Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o determinado PAULO FREIRE Pedagogia da Autonomia Paulo Freire esclarece então que somos historicamente condicionados mas não determi nados o que quer dizer que ainda que com resistências podemos nos fazer em um novo ser em novas relações humanas em uma toda nova sociedade E essa crença tem uma dimensão política profunda uma vez que é em nós mesmos que o novo mundo começa mudar a si mesmo é mudar o mundo 78 42 o papel da escola na formação ética social Você já reparou como nós somos fantásticos críticos de tudo à nossa volta A sociedade vai mal as pessoas são irresponsáveis superficiais preguiçosas competitivas materialistas consumistas preconceituosas autoritárias agressivas etc Entretanto quem são exatamente essas pessoas O que define a tal sociedade E eu como fico nisso tudo Afinal sou fruto e parte do mesmo grupo social de um siste ma capitalista que me moldou em valores desejos sentimentos e lógica desde que nasci O que garante que sou diferente que estou imune Será que estou sabendo olhar para mim mesmo com coragem e honestidade percebendo em mim acima de tudo as características que tanto aprendi a condenar externamente como fala vazia que nada acresce porque não me questiona nem faz de mim um ser humano que busca se reescrever a partir de novos parâmetros de um novo paradigma de uma nova visão que se tente aprofundar conhecer esclarecer sentindo que tenho um compro misso primeiro histórico cidadão de a partir de mim estabelecer melhores e mais dignas relações humanas Acredito que a descoberta de nós mesmos seja um choque uma surpresa uma tarefa árdua a que poucos homens se aventuram No entanto como ser educador na inconsciência de si próprio Como ajudar a construir um melhor amanhã junto a seus alunos futuros cidadãos sem ser consis tente com seus ideais sem ser um exemplo mais coerente ao menos mais consciente de suas vi sões e opções internas aquelas que se formaram no tempo condicionadas por toda vivência desde a infância com os meios de comunicação nos reforçando vontades julgamentos vaidades desejos Como afirmar nos jovens resistências a esses apelos como abrirlhes os olhos desvelando a sutil ardilosa publicidade que nos faz reprodutoresconsumidores do que nos apequena e doméstica Como enfrentar os possíveis complexos de inferioridade o sentimento de não pertença de rejeição dos que ainda em tenra idade sofrem por não corresponderem aos ideais estéticos ou aos padrões econômicos privilegiados em nosso momento histórico ideais esses que nascem dos mecanismos de uma sociedade desigual injusta que se vale desses vieses ideológicos falsos mas que assimilamos como verdades e que nos diminuem e nos fazem ser oprimidos dentro de nós mesmos Nós in 79 conscientes opressores e oprimidos nos valores que defendemos sem questionamento desejando reproduzir a relação que nos doeu querendo ter poder riqueza status privilégios e domínio so bre outros ou não sendo isso possível aceitando nossa condição inferior por acreditarmos nessa lógica perversa que divide os seres e os coloca em confronto de luta por vantagens num mundo sem solidariedade sem irmanação sem paz sem cooperação Uma coisa é certa uma educação realmente preocupada com a emancipação social não pode se furtar ao confronto com os fundamentos as premissas as bases as crenças do paradigma que sustenta o sistema capitalista E esse não é um exercício teóricointelectual exterior mas sim um trabalho interno de autoquestionamento de autocrítica uma vez que a sociedade está toda em nós internalizada em nossas estruturas mentais e o pior é que isso nos fica inconsciente quase sempre a ponto de sermos sem o saber o que mais condenamos fora de nosso ser O trabalho de autoconscientização precisa inapelavelmente acompanhar a análise crítica que fazemos do nosso espaço humano social no que ele mais tem de negativo mas que também nos atinge naquilo que temos que lutar para erradicar de nós em libertação ao mesmo tempo em que abrindo caminhos de nova liberdade aos que nos seguem e conosco se identificam Mas afinal qual é esse papel da escola na formação ética social Convidooa ler o texto de Fernando Savater um autor que você deverá se envolver no processo de formação dessa disciplina Veja as suas considerações mas já indicamos a leitura integral do livro 80 Fragmento do texto sobre o livro Ética para meu filho Fernando Savater retirado do livro com adaptações Vivese mesmo sem saber de algumas coisas Às vezes nem melhor e nem pior Por exemplo física quântica ou numerologia se preferirem Muitos tentaram e com certeza poucos conseguiram entender o significado prático dos números quânticos por mais que o professor de físicoquímica se esmerasse em explicar a teoria de Louis De Broglie sobre o dualismo onda partícula o princípio da incerteza de Heinzemberg e os cálculos probabilísticos de Schroedinger para localizar os elétrons É o caso também de ética e de moral Algumas pessoas mesmo alheias às suas definições acadêmicas seguramente vivem em plena conformidade com os seus preceitos Outras não apesar de doutoras no assunto Um dos princípios básicos da condição humana é a liberdade A capacidade de dizer sim ou não de querer ou não querer por mais que a situação pareça programada biológica ou cultu ralmente Em essência mesmo não sendo livres para escolher o que nos acontece somos livres para reagir de diferentes modos Também está implícito no conceito de liberdade que ser livre para tentar não significa necessariamente conseguir pois não somos onipotentes e nem tudo depende apenas da nossa vontade É em função da liberdade que saber viver não é uma coisa simples Muitas vezes é preciso saber lidar com os opostos Acima de tudo é necessário ter consciência que na vida há coisas que nos convêm e outras que não nos convêm As circunstâncias podem até nos obrigar a escolher entre duas opções que não escolhe mos As pessoas em geral não passam a vida pensando no que convém ou não convém fazer Na maioria das vezes se faz as coisas por ordens a mando de alguém por costume em função do hábito de se comportar assim ou por capricho simplesmente porque deu vontade de fazer E uma ação não é necessariamente boa ou conveniente só por ser decorrente de uma ordem de um costume ou de um capricho A moral trata dos costumes deveres e modo de proceder dos homens para com os 81 outros homens Coisas que costumamos aceitar como válidas sem maiores questionamentos Os quatro princípios da moral conforme Lichtenberg são 1 O filosófico faça o bem pelo próprio bem 2 O religioso faça o bem porque é a vontade de Deus 3 O humano faça o bem porque seu bemestar requer e 4 O político faça o bem porque exige a sociedade da qual você faz parte JeanPaul Sartre sentenciou estamos condenados à liberdade E é a ética que cuida do uso desta liberdade Razão pela qual Fernando Savater cita o faça o que quiser como lema fundamental da ética significando a dispensa de tudo que possa dirigir de fora a vontade do in divíduo tipo ordens eou costumes Também é usando a ética que se pode perceber um pouco mais além daquilo que nos dizem possibilitando compreender porque certos comportamentos são convenientes e outros não Serve para melhorar a nós mesmos permitindo escolher o que mais nos convém e viver o melhor possível Não para tentar corrigir os outros A contrapartida inevitável da liberdade é a responsabilidade Por isso eticamente o irresistível não passa de uma superstição inventada E o remorso nada mais é que a insatisfação que sentimos quanto a nós mesmos quando empregamos mal a liberdade Não são raras as vezes que sintomas de imbecilidade dos quais todos somos tomados em maior ou menor grau impedem o pleno exercício da liberdade Fernando Savater no livro Ética para meu filho define cinco tipos de imbecis morais 1 o que diz que para ele tudo dá na mesma 2 o que quer tudo 3 o que não sabe o que quer e nem se dá ao trabalho de averiguar 4 o que sabe o que quer mas faz pouca força para conseguir e 5 o afoito que confunde vida boa com mera excitação O contrário de tudo isto é ter claro que nem tudo dá na mesma atentar para o que estamos fazendo e o que queremos no mínimo ter bom gosto moral repugnarse com a mentira por exemplo e renunciar à dissimulação de responsabilidade pelos nossos atos E em se tratando de relacionamentos humanos a melhor escolha só é possível de ser feita quando colocamonos no lugar do outro Uma boa descrição deste ponto podemos encontrar nos versos da música Barbi Superestar do compositor e cantor espanhol Joaquin Sabina espe 82 cialmente na parte onde a protagonista da letra pergunta Dónde está la canción que me hiciste quando eras poeta E a resposta eticamente conveniente Terminaba tan triste que nunca la pude empezar Agora cuidado com esse negócio de se por no lugar do outro Pois conforme lembrou Bernard Shaw Nem sempre faça aos outros o que gostaria que fizessem a você ele pode não gostar Para complementar tais ideias observe as considerações de Hugo Assmann sobre essas questões REENCANTAR A EDUCAÇÃO HUGO ASSMANN texto adaptado de livro Hoje educar significa defender vidas Será que ser educar é ainda uma opção de vida entusiasmante Dá para falar em reen cantamento da educação sem passar por ingênuo No mundo de hoje a privação da educação é uma causa mortis inegável Ninguém encontra lugar ao sol na sociedade do conhecimento sem flexibilidade adap tativa O mundo está se transformando numa trama complexa de sistemas aprendentes Falar hoje de nichos vitais e não há vida sem nichos vitais significa falar de ecologias cognitivas De ambientes propiciadores de experiências do conhecimento As biociências descobriram que a vida é basicamente uma persistência de processos de aprendizagem Seres vivos são seres que conseguem manter de forma flexível e adaptativa a di nâmica de continuar aprendendo Afirmase até que processos vitais e processos de conhecimen to são no fundo a mesma coisa E isto vale para as moléculas e todas as formas de manifestação da vida sem excluir instituições sociais não esclerosadas E para frisar ainda mais essa perspectiva que une processos vitais e processos de conhecimento há algumas novidades fascinantes nas pesquisas sobre o cérebromente 83 Neste texto quero falar dessas coisas em registro para cima em chave de motivação po sitiva para reencantar a educação Sei que não basta chamar alguns temas científicos para liquidar com a desmotivação de muitos educadores Mas acho que pode ajuda A escola deve ser um lugar gostoso Sabemos que muitas vezes não o é O panorama educacional brasileiro é desolador especialmente na escola pública de primeiro e segundo graus É tal o vilipêndio da profissão de educador neste país que para muitos soa bastante ingênuo e idílico passar diretamente à propos ta de somarmos esforços para que em nossas escolas o gozo das experiências de aprendizagem seja erigido em sistema A luta pela revalorização e dignificação salarial e profissional dos docentes adquiriu tal prioridade que muitos já nem se lembram de ancorála também no reencantamento do cerne pedagógico da experiência educacional As circunstâncias são adversas Precisamos de muitas frentes de luta pela melhoria da edu cação Mas não se pode ir contornando eternamente a evidência de que a questão da qualidade na educação passa centralmente pelo viés pedagógico Esta é a minha tese de fundo Pergunto me se os educadores não perdem pontos em suas lutas reivindicatórias quando não explicitam adequadamente esta opção clara próreencantamento da educação no plano pedagógico A suspeita de mero corporativismo já se alastrou Não dá mais para silenciar o fato de que também nas instituições educativas há muita gente encalhada no mero negativismo Onde esse clima se instaura os reclamos profissionais deixam de ser convincentes porque a estagnação na mediocridade pedagógica transforma esses reclamos em pretextos frívolos Somente educa dores entusiasmados com seu papel na sociedade conseguem criar uma opinião pública favorável a seus reclamos Por que será que na hora do vamos ver o que se pode fazer já aqui e agora os pseudo progressistas e os que não querem nada com nada costumam andar juntos e puxar para o mesmo lado Podese mitigar isso como resistência socialmente propulsora Está na hora de fazermos sem ingenuidades políticas um esforço para reencantar deveras a educação porque nisso está em jogo a autovalorização pessoal do professorado a autoestima de cada pessoa envolvida além do 84 fato de que sem encarar de frente o cerne pedagógico da qualidade de ensino podemos estar sendo coniventes no crime de um apartheid neuronal que ao não propiciar ecologias cognitivas de fato está destruindo vidas Para os educadores a militância e a intervenção política primordial deveria consistir principalmente na própria melhoria da qualidade pedagógica e socializadora dos processos de aprendizagem De posse dessa bandeira aumenta a credibilidade para exigir atenção para os demais reclamos As demais lutas como a melhoria salarial dignificação da profissão docente infraestrutura e recursos de apoio etc devem estar ancorados em propostas pedagógicas Conhecimento virou assunto obrigatório As palavras conhecimento e aprender voltaram a exercer um fascínio quase mágico Aparecem por todo lado Exemplos dessas novas linguagens sociedade do conhecimento knowledge society sociedade aprendente learning society sistemas com base no conhecimento knowledge based systems gestão do conhecimento knowledge management engenharia do conhecimento knowledge engeneering ecologia cognitiva É surpreendente a quantidade de contextos nos quais se intensificou nos últimos anos o debate sobre o conhecimento Não é de estranhar que se fale de aprendizagem e conhecimento na economia Exemplos A aprendizagem como processo fundador do comportamento econômico Elementos básicos para uma teoria econômica da aprendizagem Cultura empresarial orientada para a aprendizagem Evolução aprendizagem e dinâmica econômica 85 Novas configurações epistemológicas ou novos espaços do conhecimento As novas teorias gerenciais falam a toda hora de clima organizacional com base no co nhecimento Para muitos economistas o mercado seria antes de nada um conjunto dinâmico de operações cognitivas a partir das quais estariam surgindo constantemente as mais variadas formas de conhecimento com destaque à formação dos preços sem a necessidade de inten ções conscientes Nessa visão o mercado seria basicamente uma grande máquina cognitiva isto é geradora de conhecimentos e experiências de conhecimento Quanto ao mercado não creio que se possa negar que ele constitui deveras um comple xo sistema de interações cognitivas Operase no entanto com uma falácia quando se lhe atribui uma tendência solidária congênita capaz de resolver por si só de forma gradativa e segura todos os problemas sociais No mercado coexistem as tendências de inclusão e de exclusão E em geral é a lógica de exclusão a que predomina Daí a necessidade da intervenção de instâncias políticas que estabeleçam marcos referenciais solidários para a dinâmica do mercado O pretendido monopólio do homo sapiens no que refere ao verbo conhecer des manchouse com incrível rapidez nas últimas décadas Tanto nas biociências como na informática avançada foi surgindo uma quase indissolubilidade entre os conceitos de agentes cognitivos e sis temas cognitivos Hoje a noção de agentes cognitivos se aplica a um grande número de sistemas baseados no conhecimento A atribuição da capacidade ativa de conhecimento e aprendizagem aplicase assim a plantas animais e máquinas inteligentes Muitos não duvidam em entender o conceito de sis tema cognitivo complexo a ecossistemas nichos que propiciam e albergam tais ou quais formas de vida e sistemas sócio organizativos empresas instituições Em síntese a discussão sobre o conhecimento abarca hoje todos os processos naturais e sociais onde se geram e a partir daí são levadas em conta formas de aprendizagem Tudo aquilo que é capaz de aprender cumpre processos cognitivos Diante de tendências redutivistas não se devem desconsiderar as enormes diferenças de grau e nível nessas operações cognitivas Um 86 temachave para a escola do futuro é sem dúvida a interatividade cognitiva entre aprendentes humanos e máquinas inteligentes e aprendentes A novidade consiste no fato de haver surgido um traço comum ou seja um conjunto inegável de semelhanças fortes entre os mais diversos sistemas cognitivos complexos Sob este ponto de vista desfezse a nitidez das fronteiras diferenciadoras entre eles que antes pareciam evidentes E é sobre as surpreendentes semelhanças entre os mais diversos sistemas cognitivos que avançam rapidamente certas propostas teóricas É por isso inevitável que comecemos a familiarizarnos com esse tipo de linguagens É preciso que se capte bem um ponto fundamental processos vitais e processos cogni tivos se tornaram praticamente sinônimos tanto para as biociências como para os mentores da vida artificial Notese que isto significa adotar uma definição bastante nova do que se entende por vida e também do que se chama conhecimento As consequências desta revolução conceitual para o agir pedagógico são simplesmente tremendas Onde não se propiciam processos vitais tampouco se favorecem processos de co nhecimento E isto vale tanto para o plano biofísico quanto para a interrelação comunicativa em todos os níveis da sociedade A pedagogia escolar deve estar ciente por um lado de que não é a única instância edu cativa mas pelo outro não pode renunciar a ser aquela instância educacional que tem o papel peculiar de criar conscientemente experiências de aprendizagem reconhecíveis como tais pelos sujeitos envolvidos Para adquirir essa consciência dever estar atenta sobretudo ao fato de que a corporeidade aprendente de seres vivos concretos é a sua referência básica de critérios Educar é a mais avançada tarefa social emancipatória Pareceme inegável que o fato maior do mundo atual são as lógicas da exclusão e o alastramento da insensibilidade que os acompanha Como fazer frente a isso Imaginemos cru amente algo bastante previsível no plano mundial e nacional não há no horizonte do próximo futuro políticas econômicas e sociais orientadas a salvar todas as vidas humanas existentes E isso 87 quando as condições científicas e técnicas para fazêlo já estão dadas Nas condições atuais de produtividade a fome se tornou um absurdo inaceitável Mas não existem os consensos políticos para eliminála de vez A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade À primeira vista esse quadro parece dar razão àqueles que acreditam que a educação deve direcionar seus maiores esforços diretamente pra a conscientização política Enfrentar poli ticamente a insensibilidade pareceria o melhor caminho No entanto sabemos que certas formas de hiperpolitização do debate educacional levaram a secundarizar a preocupação com a melhoria pedagógica enquanto tal Não souberam equacionar eficiência educativa com sensibilidade soli dária Dada a escassa propensão solidária das instituições e normas que adquiriram preponderân cia no planeta tornouse impossível isolar as opções políticas solidárias da larga marcha através das instituições Será que não está na hora de conjugar de forma inovadora experiências efetivas de aprendizagem com criação de sensibilidade solidária Está surgindo uma hipótese desafiadora a humanidade entrou numa fase na qual nenhum poder econômico ou político é capaz de controlar e colonizar inteiramente a explosão dos es paços do conhecimento A internet é um exemplo para entender o que se pretende dizer com essa hipótese Por isso a dinamização dos espaços do conhecimento se tornou a tarefa eman cipatória politicamente mais significativa Dito de outra maneira parece que surgiu uma brecha entre acumulação do capital e explosão e difusão dos conhecimentos Se isso for verdade cabe à educação entrar fundo nessa brecha A acumulação do capital que se financeirizou ao extremo de os lucros diretos do pro cesso produtivo já não serem seu vetor mais importante não consegue mais replicarse na esfera do controle e direcionamento dos conhecimentos e das opiniões Apesar dos inegáveis esforços do grande capital para manter um hipercontrole da cultura das linguagens e dos comporta mentos surgem múltiplos descontroles vazamentos e insurgências alternativas especialmente no plano dos valores Diante desse quadro já não se deveria ficar no mero discurso da resistência crítica Trata 88 se de ocupar de forma criativa os acessos ao conhecimento disponível e de gerar positivamen te propostas de direcionamento dos processos cognitivos dos indivíduos e das organizações coletivas para metas do tecido social Os clássicos conceitos do poder há muito não dão conta dos acontecimentos À desre gulamentação exigida pelo mercado no plano da iniciativa econômica se metamorfoseia num potencial que exorbita todos os controles quando aquilo que é desregulamentado se chama informação conhecimento cultura ritos e valores Em resumo a sociedade do conhecimento é ainda e sobretudo um esforço quase de sesperado de tornar simétricos os controles na esfera do conhecimento Mas as dessimetrias e descoordenações já aparecem por todo lado Sobre o fundo dessa hipótese complexa aparece pela primeira vez na história humana a possibilidade de relacionar intimamente o potencial inovador do conhecimento com a própria essência criativa da vida Os processos cognitivos e os processos vitais finalmente descobrem seu encontro desde sempre marcado em pleno coração do que a vida é enquanto processo de autoorganização desde o plano biofísico até o das esferas societais a saber a vida quer continuar sendo vida a vida se gosta e se ama e anela ampliarse em mais vida À produção e reprodução biológica e social da vida não se deixa enquadrar plenamente em esquemas econométricos porque os seres vivos entrelaçam necessidades e desejos de um modo muito mais complexo Necessidades e desejos formam um tema unificado Os socialismos reais não souberam levar isso em conta trabalhando unilateralmente com a priorização das necessidades elementares Por outro lado o capitalismo sempre foi mestre em manipular desejos e postergar a satisfação universal das necessidades elementares Doravante temos que operar com uma visão antropológica mais complexa Sem alento à liberdade dos de sejos o respeito de interesses e o impulso às iniciativas a produtividade de qualquer índole não se desencadeia a não ser por indesejáveis comandos centrais Depois da truculência irracional do neoliberalismo desenfreado com o recrudescimento das tendências de exclusão a lucidez política se tornou difícil Mas ela certamente não poderá repetir nem a proposta de estatismos 89 burocratizantes e improdutivos nem a proposta neoliberal do desenfreio da apropriação privada dos frutos do trabalho humano acumulado no progresso da ciência e da tecnologia e da produ tividade do trabalho hoje operante À humanidade chegou numa encruzilhada éticopolítica e ao que tudo indica não encon trará saídas para a sua própria sobrevivência como espécie ameaçada por si mesma enquanto não construir consensos sobre como incentivar conjuntamente nosso potencial de iniciativas e nossas frágeis predisposições à solidariedade Esse potencial para criar essa abertura para com partilhar não se equacionam bem sob comandos e imposições Por velha que possa parecer a ideia sem profundas conversões antropológicas traduzidas em consensos políticos democrati camente construídos não surgirá uma convivialidade humana na qual não falte nem a riqueza de bens disponíveis nem a fruição da sabedoria de saber conviver nas diferenças Uma sociedade onde caibam todos só será possível num mundo no qual caibam muitos mundos À educação se confronta com essa apaixonante tarefa formar seres humanos para os quais a criatividade e a ternura sejam necessidades vivenciais e elementos definidores dos sonhos de felicidade individual e social Prazer e ternura na educação O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventividade Não inibir mas propiciar aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos Reviravolta dos sentidossignificados e potencialmente de todos os sentidos com os quais sensoriamos corporalmente o mundo Por que a aprendizagem é antes de mais nada um processo corporal Todo conhecimento tem uma inscrição corporal Que ela venha acompanhada de sensação de prazer não é de modo algum um aspecto secundário Precisamos reintroduzir na escola o princípio de que toda a morfogênese do conhe cimento tem algo a ver com a experiência do prazer Quando essa dimensão está ausente a aprendizagem vira um processo meramente instrucional Informar e instruir acerca de saberes já 90 acumulados pela humanidade é um aspecto importante da escola que deve ser neste aspecto uma central de serviços qualificados Mas a experiência de aprendizagem implica além da ins trução normativa a reinvenção e construção personalizada do conhecimento E nisso o prazer representa uma dimensãochave Reencantar a educação significa colocar a ênfase numa visão da ação educativa como ensejamento e produção de experiências de aprendizagem À vida se gosta Por isso os educadores deveriam analisar de que forma a vida dos alunos é uma vida concreta que em seu mais profundo dinamismo vital e cognitivo sempre gostou de si ou ao menos tentou e volta a tentar gostar de si A não ser que a própria educação cometa o crime de anular essa dinâmica vital de desejos de vida transformando os aprendentes em meros receptáculos instrucionais pensando apenas na transmissão de conhecimentos su postamente já prontos Dentro dessa perspectiva a atenção à morfogênese surgimento das formas do conhe cimento nos conduz a temas como os seguintes aprender é um processo criativo que se auto organiza todo conhecimento tem uma inscrição corporal do conhecimento dinâmica da vida e dinâmica do conhecimento estão unidas o prazer como dinamizador do conhecimento urge curar e reflexibilizar as linguagens pedagógicas A questão da qualidade cognitiva e social da educação deve ser encarada primordialmen te desde o seu pivô pedagógico ou seja a partir das experiências do prazer de estar conhecen do É pessoal assim chegamos a um ponto importante de sua formação você construiu até aqui saberes sobre a prática e certamente refletiu sobre eles nos momentos em que os construiu fez descobertas reafirmações aprendeu e ensinou Bem nessa nossa viagem que a partir de agora você fará uma baldeação e será convidado e adentrar ainda mais nas reflexões objetivando des bravar os saberes que constitui uma prática pedagógica consciente deixoos temporariamente na 91 certeza de encontrálos mas adiante e registro o imenso prazer em compartilhar até este ponto conhecimentos e trocas formativas Objetivos da Unidade Unidade V Educação na perspectiva dia lógicoproblematizadora e a re lação docente na pedagogia da autonomia V Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Relacionar a situação das propostas dialógicasproblematizadoras que se apresentam na comunidades em se vive Identificar na escola diferentes posições sobre o papel e a função social da educação Sugerir projetos que possam ser realizados em uma escola com vistas a uma educa ção mais abrangente para a práxis relacional democrática e autônoma 93 Unidade 5 Educação na perspectiva dialógicoproblematizadora e a relação docente na pedagogia da autonomia Introdução Nessa unidade convidamos você a observar as práticas realizadas pelos docentes e pelos serviços educacionais direção coordenação secretária administrativo sabemos que será um gran de momento de aprendizado na sua formação como futuros profissionais da área Assim o processo que envolve a formação da autonomia na escola será o foco das nossas discussões aqui na unidade Saiba que apesar da lei garantir a participação da comunidade escolar e local nas decisões e implementação de ações na escola ela por si só não basta É preciso destacar o papel significativo do diretor da escola como um líder cooperativo como alguém que consegue aglutinar as aspira ções os desejos as expectativas da comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão de um projeto comum Essa ação aglutinadora é de suma importância para a construção da autonomia escolar lembrando que autonomia não é sinônimo de independência temos vários fatores que implicam nos processos de construção do que seja a formação geral integral de um aluno Assim a proposta é desenvolver uma prática da observação de construção de saberes por dentro da escola de buscar atores que atuam no espaço escolar Saiba que a observação tem contribuído para o esclarecimento e o aprofundamento da relação dialética prática teoria Sendo assim a prática recriada tem implicado um movimento uma evolução que revela as influências teó ricas sobre a prática do professor e as possibilidades e ou opções de modificação da realidade em que a prática fornece elementos para teorizações que podem acabar transformando aquela prática primeira Enfim vamos a mais um aprofundamento de estudos sobre a prática educativa Abraço a todos da profª Nidia 94 51 Propostas dialógicasproblematizadoras de Paulo Freire Paulo Freire 1979 compreende o homem como um ser relacional Um ser de raízes espaçostemporais que vive num lugar exato num dado momento num contexto social e cultural preciso que não só está na realidade mas também está com ela com a qual se relaciona guardando em si conotações de pluralidade está nas relações do homem ou da mulher com o mundo à medida que o ser humano responde aos desafios desse mesmo mundo afronta e desafia seu mundo respondendo de maneira original É no jogo constante de respostas que reflete e muda seu modo de responder Organizarse e escolhe a melhor resposta A criticidade está na captação que o faz discernir transcender distinguir o ser do não ser Na capacidade de discernir está a consciência de sua temporalidade que alcança o ontem reconhece o hoje e descobre o amanhã MORAES30 1997 p94 O educador Paulo Freire é uma referência para o processo de formação educativa no Brasil Segue uma pequena biografia de Freire foi um respeitado e conceituado educador brasilei ro Ele desenvolveu o método de alfabetização popular chamado Método Paulo Freire Também criou o MOVA Movimento de Alfabetização que é um programa público de apoio a educação em salas comunitárias adotado por várias prefeituras Paulo Freire foi dotado de grande inteligên cia e senso crítico Foi professor ocupou vários cargos governamentais diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife Supervisor para o programa do partido para alfabe tização de adultos Secretário de Educação da cidade de São Paulo No livro Pedagogia da Autonomia 1996 Freire dividiu o livro em três grandes capítulos e trabalhou com ideias extremamente importante so bre a prática educativa vejam um resumo das ideias a seguir Atenção material adaptado de httpswwwebahcombrcontentABAAAAbvwAEresumolivropedagogia autonomiapaulofreire acessado em 14072018 95 Capítulo 1 Não há docência sem discência Paulo Freire critica as formas de ensino tradicionais Defende uma pedagogia fundada na ética no respeito na dignidade e na autonomia do educando Questiona a função de educador autoritário e conservador que não permite a participação dos educandos suas curiosidades insubmissões e as suas vivências adquiridas no decorrer da vida e do seu meio social Coloca vários argumentos em prol de um ensino mais democrático entre educadores e educandos tendo em vista que somos seres inacabados em constante aprendizado Todo indivíduo seja educadores ou educandos devem estar abertos a curiosidade ao aprendizado durante seu per curso de vida Nesse sentido destaca a importância dos educadores e suas práticas na vida dos alunos Atitudes palavras simples fatos advindos do professor poderão ficar marcados pelo resto da vida de uma pessoa contribuindo positivamente ou não para o seu desenvolvimento Enfatiza a cautela quando o assunto é educar pois educar é formar Destaca a importância do educador e sua metodologia Ressalta que o educador deve estar aberto também a aprender e trocar ex periências com os educandos pois a vivência dos educandos merece respeito Em seus métodos atuais enfatiza que a curiosidade dos educandos é um aspecto positivo para o aprendizado pois é um fator importante para o desenvolvimento da criticidade O ensino dinâmico desenvolve a curiosidade sobre o fazer e o pensar sobre o fazer Paulo Freire destaca a necessidade do res peito compreensão humildade e o equilíbrio das emoções entre educadores e educandos em seus métodos de ensino Ensinar não é transferir conhecimento No capítulo 2 Paulo Freire aborda a questão da ética entre educador e educando Dis cursa sobre a prática de ensinar Ensinar não é transferir conhecimento é respeitar a autonomia e a identidade do educando Para passar conhecimento o educador deve estar envolvido com ele para envolver os educandos Deve estimular os alunos a desenvolverem seus pensamentos Fornece argumentos mostrando que desta forma é possível o desenvolvimento da crítica Ele se 96 volta para a teoria do pensar certo Constata as diferenças de forma de tratamento às pessoas em relação ao seu nível social Educar é também respeitar as diferenças sem discriminação pois esta é imoral nega radicalmente a democracia e fere a dignidade do ser humano Qualquer forma de discriminação deve ser rejeitada Aborda alguns conceitos que são necessários para o desempenho do bom ensino tendo por consequência maior aproveitamento no aprendizado A ética o bom senso a responsabilidade a coerência a humildade a tolerância são qualidades de um bom educador Ele também aborda a questão do professor defender seus direitos e exigir condições para exercer sua docência pois dessa forma estará exercendo sua ética e respeito por si mesmo e pelos alunos Ensinar é uma especificidade humana No capítulo 3 Paulo Freire aborda o tema da autoridade do educador É muito importan te a segurança e o conhecimento do professor para se fazer respeitado Distingue a autoridade docente democrática da autoridade docente mandonista Protesta em relação à minimização da população mais carente quanto à imposição de colocálos em situações ditas como fatalistica mente imutáveis pela sociedade mais favorecida com o objetivo de obter alienação resignação e conformismo Traça argumentos a favor da recriação de uma sociedade menos injusta e mais hu mana Aponta que o professor exerce uma grande importância para que haja um movimento de mudança social Delineia algumas atitudes de atuação do professor em sala de aula que podem fazer florescer uma nova consciência aos futuros educandos Mostra que há necessidade de de cisão ruptura e escolhas para alcançar os objetivos Como professor critico impõem a decência e a ética como fatores qualitativos para obter o respeito dos alunos e estes acompanhálos Os professores têm uma séria responsabilidade social e democrática Estes devem abstrairse da sua ignorância para escutar os educandos sem tolhêlos Indica que há uma necessidade de mudan ças na postura dos profissionais para enfim colaborar com a melhoria de condições e qualidade de vida e assim desarticular qualquer forma de discriminação e injustiça pois a educação é uma 97 especificidade humana que intervém no mundo Traça aspectos necessários aos educadores para dar oportunidade aos educandos de desenvolverem sua criatividade o senso de crítica respeito e liberdade Demonstra que a pedagogia da autonomia deve estar centrada em experiências esti muladoras da decisão e responsabilidade Critica as atividades consideradas antihumanistas Dis cute também sobre a intervenção da globalização que vem robustecendo a riqueza de uns poucos e verticalizando a pobreza de milhões A preocupação com o lucro deixa a desejar as questões de ética e solidariedade humanas Inclusive Paulo Freire cita que o desemprego no mundo não é uma fatalidade como muitos querem que acreditemos e sim o resultado de uma globalização da economia e de avanços tecnológicos deixando de ser algo a serviço e bem estar do homem Como pode observar é uma discussão que envolve os processos que implicam na formação democrática na formação docente voltada para a construção de uma humanização tão necessária para tempos atuais Que expressa a percepção de uma construção educativa que promova a amplidão de uma formação docente comprometida com a sociedade com a elaboração de processos emancipatórios assuntos que já discutimos em vários outros momentos aqui na disciplina É importante que perceba as ideias geridas na obra pois seria interessante que identificasse nas ideias de Freire o resgate de forma atualizada leve criativa provocativa corajosa e esperançosa de assuntos que envolvem o cotidiano docente Questões que instigam o conflito no sentido salutar da palavra uma desordem que promove a construção reflexiva e a mudanças de processos estabelecidos sem a análise reflexiva e mesmo o debate entre os educadoresas para a constru ção de espaços educativos mais profícuos de práticas significativas e transformadoras de realidades inadequadas de seus discentes É significativo que você ao adentrar em um espaço de aprendizagem desenvolva promova ações que levem ao debate construtivo seja na sala de aula e fora dela da educação Básica na graduação ou mesmo se estiver lecionando em cursos de pósgraduação As ideias de Freire tendo como base os autores que ele sempre usou como sustentação Marx Vygotsky e Gramsci dentre outros que exploraremos aprenderemos a conhecer e sabre fazer uma codificação enquanto 98 espaço de reafirmação negação criação resolução de saberes que constituem os conteúdos obri gatórios à organização programática e o desenvolvimento da formação docente Saiba que os conteúdos que excedendo os já cristalizados conhecimentos da prática es colar o docente progressista sobretudo não pode prescindir para o exercício da pedagogia da autonomia aqui proposta que necessita ter como destaque É claro que esse desenvolvimento da autonomia exigirá outros saberes demandandose portanto do educador um exercício permanente uma ação afirmativa que leve a construção de saberes necessários para a vida social cidadã Essência de Paulo Freire Comenta que essas ações afirmativas da educação são conquistadas na prática de uma convivência amorosa com seus alunos e na postura curiosa e aberta que assume e ao mes mo tempo provocados a se assumirem enquanto sujeitos sócioshistóricosculturais do ato de conhecer é que ele pode falar do respeito à dignidade e autonomia do educando Pressupõe 99 romper com concepções e práticas que negam a compreensão da educação como uma situação gnoseológica A competência técnico científica e o rigor de que o professor não deve abrir mão no desenvolvimento do seu trabalho não são incompatíveis com a amorosidade necessária às relações educativas Essa postura ajuda a construir o ambiente favorável à produção do conhe cimento onde o medo do professor e o mito que se cria em torno da sua pessoa vão sendo desvalados É preciso aprender a ser coerente De nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudanças 52 Contextos de Projetos educativos para a escola democrática PPP escolar asso ciação de Pais e Mestres etc É nessa dinâmica que encontramos uma solução para a defasagem existente entre conhecimentos teóricos e atividade prática e gostaríamos que você soubesse que essa cor relação será o ponto forte da nossa construção da disciplina de prática de formação docente As atividades então serão interligadas com as atividades que o levem a conhecer as ativida des educativas na prática ou seja existirá um convite para colocar em prática os seus conhecimen tos observando e realizando inferências reflexivas que lhe deem sustentabilidade para o profissional de educação que pretende ser Para que a nossa formação tenha um embasamento teórico com sustentabilidade reflexiva ao longo da disciplina você terá acesso a indicações de livros que darão sustentabilidade a obser vações da prática escolar Os livros servem de iluminadores para a sua testagem nos processos de observação você deverá ter sempre em mente que tudo que aprendeu e conhece deverá acom panhar você nos processos de observação realizandose assim um tipo de teste de confirmação da teoria na prática 100 Portanto você deverá reconhecer que é na escola que acontece a prática educativa ou seja educação que é um fenômeno social e universal sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as atividades Não há sociedade sem prática educativa e nem prática educativa sem sociedade A prática educativa além de ser uma exigência da vida em socie dade também promove no indivíduo conhecimentos e experiências culturais tornandoos aptos a atuar no meio social É neste espaço político que a construção de saberes toma forma Alicerçados pela cultura trazida pelo sujeito e partilhada com os membros da comunidade educativa Veja que a escola é um espaço de trocas de vida de emoções de socialização de vivências e experiências éticas e estéticas e que deixa marcas profundas na vida das pessoas não apenas por meio dos conteúdos que são ensinados mas principalmente pelos rituais pelas práticas pelos sím bolos pelos códigos que estão presentes no seu cotidiano Neste momento de Prática vamos refletir mais sobre a intencionalida de da escola Interessanos vivenciar através das suas investidas nos processos da prática educativa como acontecem os discursos princípios práticas valores intenções que permeiam o cotidiano de uma instituição escolar Vamos trazer para discussão Como as coisas realmente funcionam no dia a dia na sala de aula nos corredores no pátio na secretaria enfim em todo espaço escolar Estas são as ações que você deverá fazer no seu espaço vivencial nas escolas que você tiver a oportunidade de conhecer Depreendemos como experiências já vivenciadas que o ato de ensinar está envolvido por uma rede complexa de relações como as exigências burocráticas da comunidade educati va as vontades e desejos dos alunos as expectativas dos pais as cobranças da coordenação e direção as imposições das políticas públicas as prescrições das teorias pedagógicas e os dife rentes discursos sobre Educação Entendemos que quanto mais fortalecidos forem os vínculos 101 da instituição escolar com a comu nidade mais facilmente os objetivos da escola serão alcançados haverá maiores possibilidades de resolver os problemas existentes e mais pró ximos estaremos da construção de relações democráticas e da formalização da gestão escolar ba seada em princípios democráticos Conhecemos várias situações de escolas onde por exemplo a violência e o vandalismo eram correntes Uma das formas de resolução deste sério problema foi o estabelecimento de uma relação e um vínculo mais estreito com a comunidade local res ponsabilizando e comprometendo todos com o trabalho escolar maior participação dos pais nas atividades cotidianas da escola definição conjunta dos objetivos e ações escolares abertura da escola inclusive nos finais de semana para projetos culturais ocupação dos espaços da escola para trabalhos comunitários serviços esportes formas colegiadas de gestão escolar etc Cabe ao profissional professor que atua ou atuará na educação básica ter um conheci mento maior sobre essa rede complexa de relações que afeta o ato de ensinar Para começarmos a observar este espaço precisamos conhecer como funciona a parte burocrática de uma escola Neste momento vamos conhecer a escola sob o foco de um dos seus agentes funda mentais o Projeto Político Pedagógico PPP ou seja o processo que norteia os saberes e as aprendizagens construídas neste espaço Assunto que será explorado com mais detalhes em outras disciplinas de prática de formação e que envolvem as politicas educativas Nos últimos anos muita coisa tem mudado no contexto escolar há um esforço de cons trução de uma cultura de participação e de ação coletiva na escola mesmo sabendo que isto não é fácil No Brasil temos uma história de centralização do poder hierarquização e mando em todas as instâncias sociais Na escola não é diferente porque até pouco tempo a figura centrali zadora do diretor é que tomava as decisões e somente comunicava aos seus subalternos pro fessores funcionários pais e alunos Hoje existem algumas estratégias para estabelecer relações mais democráticas na escola como a eleição do diretor e a relação estreita entre comunidade e escola através do Colegiado Associação de Pais e Mestres 102 Sabemos também que o trabalho na escola não é fácil Há muitos conflitos divergências di ficuldades oposição de ideias situações que muitas vezes não alcançam seus objetivos mas este é o movimento da educação necessário para se tornar um espaço de construção de sujeitos autônomos e críticos e que sabem interferir na sua vida como sujeito político e social capaz de transformar seu espaço de convivência Então como visto nos parágrafos acima a escola é um todo complexo que se bem geren ciada com indicativos claros dentro de planejamentos tende a direcionar os indivíduos que integram a sua complexidade de forma mais justa e com uma formação mais aplicativa para a vida Por fim o que irá acontecer é que muitos questionamentos deverão nortear sua cabeça ao entrar em uma escola ao conhecer a realidade do seu campo de trabalho ou se está nesta profissão mui tos questionamentos também permeiam seus pensamentos Vejamos alguns Afinal o que uma pessoa precisa saber e que habilidades precisa desen volver para ser professor para ensinar Como aprendemos a nos portar diante de uma turma de alunos Como aprendemos a resolver impasses e situações di fíceis Que projetos são desenvolvidos na escola como a um todo que promove a formação integral dos alunos Tudo aquilo que se considera necessário para uma pessoa saber e as habilidades que precisa adquirir para ser professor constituem os chamados saberes docentes Muitos professorespesqui sadores veem tratando dessa questão e a questão que mais aparece é Como se forma os saberes docentes Bom o que tem em comum nas pesquisas é que esses saberes se formam na identidade estudantil que esses profissionais passaram e passam durante sua vida escolar no processo de ensino junto com o aluno e comunidade em que está inserido nas trocas de experiências entre os próprios docentes da área e na formação continuada E essas ações vivenciadas proporcionam experiências significativas à prática Temos no entanto noções sobre o que é uma escola como é a sua dinâmica dentre outros aspectos Agora é importante que você reconheça que estando no campo observacional ou melhor lá nas unidades escolares escolhidas por você para realizar a sua investigação da prática que dentro 103 destas unidades escolares cada uma possui um perfil que se forma ao longo do tempo possuem portanto uma história que é própria e que a influência da comunidade é levada em conta por esse motivo ao observar como acontece o processo ensinoaprendizagem precisamos ficar cientes que este processo se dá a partir do modo como os professores realizam seu trabalho selecionam o seu trabalho selecionam os conteúdos das disciplinas organizam os tempos e espaços escolares orien tam as atividades dos alunos e definem instrumentos de avaliação todas essas atitudes nos indicam as intenções educativas e as concepções de aprendizagem que os orientam Dourado 2001 estudioso dos processos que envolvem o trabalho em conjunto a união de ações para que o aprendizado seja significativo explicita que a garantia de recursos e a organização dos diversos segmentos da escola são fundamentais para que a escola consolide sua autonomia e seu projeto pedagógico que tenha como princípio a formação para a cidadania Veja as práticas que segundo Dourado são necessárias Compartilhar o poder decisório com o órgão de deliberação colegiada da escola Assegurar a participação dos pais eou alunos membros da comunidade professores e funcio nários nas decisões colegiadas Definir com clareza as competências dos membros da equipe de gestão e demais órgãos ou pessoas de apoio técnico Desenvolver ações em equipe Garantir disponibilidade de tempo para reuniões e aperfeiçoamento do corpo docente incluída na jornada regular de atividades e técnico administrativo da escola Cuidar para que as comunicações sejam claras e transparentes e cheguem a todos Reconhecer publicamente o valor e a colaboração dos companheiros de trabalho Valorizar os ganhos e aceitar os erros como parte do processo de vivência democrática Definir coletivamente uma agenda de trabalho e tornála disponível a todos os que participam de sua elaboração Para ampliar os conhecimentos sobre as ideias de dourado leia os artigos desse autor são interessantes e orientadores da prática educativa 104 Qualidade na educação perspectivas e desafios Luis Fernando Dourado httpwwwscielobrpdfccedesv29n78v29n78a04pdf Política e Gestão da Educação Básica no Brasil Limites e perpectivas httpwwwscielobrpdfesv28n100a1428100pdf Todas as questões devem ser observadas por você no seu campo de atuação profissional E questões como as descritas a seguir devem fazer parte do seu processo reflexivo veja Como é a participação dos pais e da comunidade local na escola Como eles participam A participação dos pais tem influenciado na democratização da gestão da escola Se positivo em que aspectos Além das práticas necessárias a uma gestão democrática que tenha como princípio a for mação para cidadania são variadas as formas ou os mecanismos de participação da comunidade no cotidiano escolar Entre elas Processo de escolha do diretor que pode ser por eleição antecipada ou não por um concurso público Reuniões que envolvem pequenos grupos e segmentos e que discutem problemas específicos que possibilitem articular socializar informações discutir e tomar decisões Assembleias escolares que envolvem toda a comunidade escolar e local discutindo e decidindo problemas que envolvem a escola como um todo sendo um importante espaço de formação de um sentimento coletivo quando o tema é de interesse geral O colegiado que tem força deliberativa e consultiva e que reúne a representatividade de todos os segmentos para desenvolver ações compartilhadas O grêmio estudantil que delega para um grupo de representação de alunos a responsabilidade da programação de eventos e atividades culturais da escola e se constitui em importante espaço de encaminhamento de reivindicações dos alunos 105 Existem outras possibilidades como já indicado acima tais como a associação de pais e mestres clube de mães entre outras sendo estas as que mais acontecem nas escolas Mobilizar e envolver a comunidade na vida cotidiana da escola não é uma tarefa fácil De penderá do tipo de gestor que está à frente da coordenação das atividades do interior da escola Um gestor eficaz é aquele que consegue exercer sua liderança sem abrir mão de sua autoridade e responsabilidade que compartilha os processos delega funções e articula a implementação das ações definidas em conjunto sempre tendo como meta a consolidação da cultura escolar na qual a melhoria da qualidade e o sucesso escolar dos alunos sejam metas prioritárias Esses processos ajudam na formação de cidadãos e na promoção de uma educação de qua lidade para todos Como havíamos falado antes nenhum desses assuntos era novo Pretendíamos que você analisasse mais uma vez na perspectiva proposta pela temática o trabalho que é desenvolvido coti dianamente no seu interior os seus problemas e dificuldades as formas de vencêlos e os resultados positivos de trabalhos bemsucedidos que são realizados pelos professores Você deve ter constatado que apesar da lei garantir a participação da comunidade escolar e local nas decisões e implementação de ações na escola ela por si só não basta Deve ter obser vado a atuação do diretor como um líder cooperativo Como alguém que consegue aglutinar as aspirações os desejos as expectativas da comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão de um projeto comum Ou um diretor que administra de forma vertical preocupado apenas com as burocracias de sua função Seja como for o melhor meio de promover a gestão participativa e projetos significativos dentro da escola democrática é instaurar a prática de participação em um clima de confiança de transparência e de respeito às pessoas Independentemente da importância de os membros da equi pe tomarem consciência da necessidade da participação é a prática que possibilita o alargamento dessa consciência e o sentido de participação na construção de uma nova cultura organizacional É possível que após discutir os equívocos que podem associarse à discussão do processo de gestão democrática você esteja se perguntando sobre os princípios que orientam a construção de uma escola democrática Vamos discutir um pouco esses princípios 106 Veja que de acordo com Sacristán 1998 estudioso deste tema Democracia e Educação são dois caminhos que se entrelaçam visando à construção do progresso social e humano Os professores como planejadores httpwwwgestaoescolardiaadiaprgovbrarquivosFilesempedagogicaju lho2014anexo4pdf Segundo este autor para ser construída a escola democrática pressupõe cinco princípios básicos 107 Observe o que caracteriza cada um desses princípios 108 Além disto vivese um momento de profundas transformações da sociedade como um todo O professor neste contexto precisa rever a sua concepção de mundo de escola de homem de criança de sociedade de conhecimento e de aprendizagem Da invenção da escrita aos dias de hoje podemos observar as mudanças mais notáveis na educação desde a divulgação do conheci mento tanto como o acesso quanto a sua conservação Vivemos uma sociedade da aprendizagem continuada da explosão informativa e do conhecimento relativo O professor atual não é mais um informador A informação vem através dos meios de co municação mídias em geral A palavra do professor e o livro didático já não têm tanto valor diante da explosão de informações através dos meios de comunicação É preciso por fim lembrar que em uma sociedade de classes o conheci mento ao longo da história tem sido transmitido só para aqueles que pertencem ao grupo dominante mas não é pelo fato desta instituição estar há anos com este grupo que deixa de ser um benefício a ser estendido a todos Esses conhecimen tos foram produzidos dentro da sociedade entendida aqui como o conjunto de pessoas que nela convivem e por isso a ela pertencem O professor precisa atender a todos como um grupo e a cada um na sua individualidade Refletindo o profissional da educação descobrirá que tem um papel eminentemente político a desempenhar educando para a transformação da sociedade atual tendo em vista uma educação igualitária e com qualidade para todos Estudo de Caso 110 Observe o comentário sobre a prática escolar a seguir Um gestor democrático tornase às vezes autoritário o que fazer Relatos de gestores apontam dificuldades em obter participação responsável de professores e funcionários Alegam que ao deixar a postura tradicional estimular comportamentos de indepen dência ou abrir o diálogo não conseguem os resultados desejados Cabe perguntar será que O autoritarismo ou permissividade dos professores e funcionários influencia o comportamento do gestor com os alunos e com os demais membros da escola O autoritarismo ou a permissividade da família da escola e da sociedade são fatores que in fluenciam o comportamento das pessoas na escola Responda as questões acima após essa ação faça o seguinte exercício Registre uma lista de cinco das principais dificuldades que você encontrou na escola que visitou e pesquisou relativa ao desenvolvimento da autoridade que os cargos de professores gesto res especialistas da educação promovem O seu registro deve perpassar pelas ideias que envolvem a gestão democrática sem que o processo do autoritarismo influencie Objetivos da Unidade Unidade VI O papel da escola no mundo contemporâneo e emancipató ria no processo educativo VI Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Identificar os autores que discutem a prática pedagógica suas ideias e organiza ções práticas Compreender as ações que transformam a prática pedagógica em prática edu cativa 112 Unidade 6 O papel da escola no mundo contemporâneo e emancipatória no proces so educativo Introdução Percebese que a reflexão sobre a prática que envolve os conhecimentos de Paulo Freire 1996 em que já dizia a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática ativismo Portanto nesta unidade ao centralizarmos no espaço de sua sala de aula vamos rever as ideias de alguns pensadores que ajudam a compreender o processo de ensinoaprendizagem Retomar estas ideias será importante para entendermos a Pedagogia de ações transformadoras para os espaços educativos os quais abor daremos na sequência Na verdade a ideias destes pensadores iluminaram nossas ideias sobre aprendizagem que bem entendidas e bem utilizadas ajudam você discenteprofessor a melhorar sua prática em sala de aula Você vai observar que muitas atitudes que parecem apenas bom senso foram ao longo dos anos objeto de estudos de gente como Emília Ferreira Celéstin Freinet Paulo Freire Howard Gard ner Jean Piaget e Lev Vygostsky Por exemplo quando você observa seus alunos e avalia quanto cada um já sabe antes de introduzir um novo conceito em sala de aula está colocando em prática mesmo sem se dar conta as ideias de vários pesquisadores Apesar de seus trabalhos não coincidi rem em muitos aspectos em outros tantos eles se complementam Todos partem do mesmo prin cípio de que é preciso compreender a ação do sujeito no processo de aquisição do conhecimento Já se foi o tempo em que uma corrente de pensamento era eleita a preferida tal qual moda en quanto as demais eram simplesmente esquecidas Ninguém pode se valer de apenas um teórico Conhecer a contribuição dos estudiosos da educação sempre ajuda a refletir sobre a prática e ainda compreender as políticas públicas Assim ao analisarmos as propostas dos pensadores educacionais estabelecemos vários vín culos e acabamos por compreender que os ensinamentos para a prática educativa atual perpassa pela ação educacional que seja significativa aos alunos Essa significância tem relação com a formação 113 para as novas gerações que envolvem as TIC Tecnologia da Informação e comunicação ações como as discutidas por Pierre Levy Nóvoa dentre outros pesquisadores que problematizam a for mação docente para o século XXI Enfim vamos adentrar um pouco mais nos processos de conhecimentos Abraço da Profª Nidia Rocha 61 Educação e os processos pedagógicos na visão dos teóricos em educação Quando se aborda o processo de formação de professores principalmente com a presença de autores educacionais que problematizam a formação docente considerase que as propostas desses pesquisadores servem de norte para a prática reflexiva docente Assim Você verá que as ideias dos pensadores educacionais fundamentam o que já viemos discutindo até agora Confirmará a importância de conhecermos bem as teorias e seus estudiosos Verá que o conhecimento nos permite fazer melhores escolhas aliás nos permite fazer escolhas Não ter conhecimento acaba nos direcionando pelo caminho de sempre na maioria das vezes induzido por alguém que com certeza sabe mais do que nós Lembrese sempre de Paulo Freire de que o conhecimento nos liberta nos deixa livres para optar Aproveitamos para reforçar este aspecto da sua formação do professor que ao terminar este curso não deixe de lado Entender que estudar ler pesquisar não se encerra no final deste curso Pois citando novamente Paulo Freire1997 faz parte da natureza da prática docente a indagação a busca a pesquisa E que em sua formação permanente o professor se perceba e se assuma porque professor como pesquisador Convidamosoa conhecer um pouco de alguns dos autores que mais utilizamos na forma ção docente segue um primeiro resumo 114 Adaptação do texto de Denise Pelegrini Aprenda com eles e ensine melhor disponível no site wwweducacaomggovcrv Dicionário da Educação PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA CELESTIN FREI NET Nascido em 1896 em Gars um vilarejo ao sul da França o professor primário não chegou a concluir seus estu dos na Escola Normal de Nice Com o início da 1ª Guerra alistou se e participou dos combates Em 1920 iniciou a carreira do cente construindo os princípios de sua prática A educação a seu ver deveria pro porcionar ao aluno a realização de um tra balho real Faleceu em 1966 Ninguém avança sozi nho em sua aprendiza gem A cooperação é fundamental O educador compre endia que a aprendiza gem se dá pelo tateio experimental A interação entre o mestre e o estudan te também é essencial para a aprendizagem O professor consegue essa sintonia levando em consideração o conheci mento das crianças fru to de seu meio Levar a turma a aulas passeio e organizar a sala em cantinhos não faz do professor um praticante da pe dagogia de Freinet É preciso considerar a realidade em que os alunos estão inseri dos aspectos sociais e políticos ao redor da escola 115 PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA JEAN PIAGET Nascido na Suíça em 1896 numa família rica e culta aos 7 anos já se interessava por estudos científicos Biólogo de formação estudou Filosofia e doutorouse em Ci ências Naturais aos 22 anos Em 1923 lançou A linguagem e o Pensamento na Criança o primeiro de seus mais de ses senta livros Faleceu em 1980 na Suíça É na relação com o meio que a criança se desenvolve construindo e reconstruindo suas hi póteses sobre o mundo que a cerca A forma de racioci nar e de aprender da criança passa por está gios sensóriomotor 2 anos estágio operacio nalconcreto 7anos e operacionalformal 12 anos O que permite a cons trução da autonomia moral é o estabeleci mento da cooperação em vez da coação e do respeito mútuo no lugar do respeito unilateral O professor deve respeitar o nível de desenvolvimento das crianças Não se pode ir além de suas capa cidades nem deixálas agir sozinhas A teoria do conheci mento construída por Jean Piaget não tem intenção pedagógica Porém ofereceu aos educadores impor tantes princípios para orientar sua prática 116 PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA EMÍLIA FERREIRO Psicolinguista argenti na doutorouse pela Universidade de Ge nebra orientada por Jean Piaget Inovou ao utilizar a teoria do mestre para investi gar um campo que não tinha sido objeto de estudo piagetiano Aos 62 anos é pes quisadora do Instituto Politécnico Nacional no México As crianças chegam à escola sabendo várias coisas sobre a língua É preciso avaliálas para determinar estratégias para sua alfabetização De acordo com a te oria toda criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada pré silábico silábico Apesar de a criança construir seu próprio conhecimento no que se refere à alfabe tização cabe a você professor organizar atividades que favore çam a reflexão sobre a escrita O trabalho da pes quisadora argentina não dá indicações de como produzir ensi no Não existe o mé todo Emília Ferreiro com passos predeter minados 117 PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA HOWARD GARDNER O psicólogo america no de 56 anos é pro fessor de Cognição e Educação e integrante do Projeto Zero um grupo de pesquisa em cognição humana mantido pela Univer sidade de Harvard Também leciona neu rologia na Escola de Medicina da Univer sidade de Boston Es creveu dezoito livros A escola deve valorizar as diferentes habilidades dos alunos e não apenas a lógicomatemática e a linguística como é mais comum De acordo com Gard ner estas seriam nossas sete inteligências Lógico matemática Lingüística Espacial Físicocinesté sica Interpessoal Intra pessoal Musical Atual mente Gardner admite a existência de uma oi tava inteligência a natu ralista que seria a capa cidade de reconhecer objetos na natureza e discute outras a exis tencial ou espiritual e até mesmo uma moral sem no entanto adicio nálas às sete originais Para que as diversas inteligências sejam de senvolvidas a criança tem de ser mais que uma mera executora de tarefas É preciso que ela seja levada a resolver problemas Gardner não apro fundou seus estudos Apesar disso a discus são em torno da teo ria nos mostrou que a escola deve consi derar as pessoas intei ras e valorizar outras formas de demonstra ção de competências 118 PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA PAULO FREIRE Nascido em 1921 no Recife formouse ad vogado em 1959 mas nunca exerceu a pro fissão O ensino era sua paixão Exilado após o golpe militar de 1964 foi para o Chile onde escreveu Pedagogia do Opri mido 1968 livro que o tornou conhe cido mundialmente Morreu em 1997 em São Paulo cidade da qual foi Secretário de Educação de 1989 a 1991 É preciso pôr fim à educação bancária em que o professor de posita em seus alunos os conhecimentos que possui A formação docente era uma preocupação constante do pesquisa dor pernambucano Para ele não havia educação neutra Uma pedagogia que libertas se as pessoas oprimidas deveria passar por um intenso diálogo entre professores e alunos O importante é ler o mundo A técnica de silabação utilizada por ele em seu método de alfa betização de adultos está ultrapassada ain da que a idéia de tra balhar com palavras geradoras permaneça bastante atual 119 PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA LEV VYGOTSKY Apesar da vida curta morreu de tuber culose em 1934 aos 37 anos o pensador bielorusso teve uma produção intelectual intensa Formado em Direito também fez cursos de Medicina História e Filosofia Por motivos políticos suas obras foram cen suradas e chegaram ao Ocidente apenas nos anos 60 no Bra sil só no início da dé cada de 80 O indivíduo não nasce pronto nem é cópia do ambiente externo Em sua evolução intelectual há uma interação constante e ininterrupta entre proces sos internos e influências do mundo social O aprendizado é essen cial para o desenvolvimen to do ser humano e se dá sobretudo pela interação social Para ser assimiladas as informações têm de fazer sentido Isso se dá quan do elas incidem no que o psicólogo chamou de zona de desenvolvimento proximal a distância entre aquilo que a criança sabe fazer sozinha o desenvol vimento real e o que é capaz de realizar com aju da de alguém mais expe riente o desenvolvimento potencial Dessa forma o que é zona de desenvolvi mento proximal hoje vira nível de desenvolvimento real amanhã O bom ensino portanto é o que incide na zona proximal A idéia de que quan to maior for o apren dizado maior será o desenvolvimento não justifica o ensino en ciclopédico A pessoa só aprende quando as informações fazem sentido para ela Ensinar o que a crian ça já sabe é pouco de safiador e ir além do que ela pode apren der é ineficaz O ideal é partir do que ela do mina para ampliar seu conhecimento 120 Os autores abordados no quadro acima são os que dão sustentação aos princípios básicos para a formação geral das ideias da educação Vamos verificar o que pensa alguns outros os que vão dar norte a formação de professores para tempos atuais a dinâmica de apresentação das ideias será um pouco diferente vamos trabalhar com o texto de Martha Luci Maria Sozo e Jaqueline de Menezes Rosa Poças intitulado PARA PENSAR AS PEQUISAS SOBRE FORMAÇÃO DE PRO FESSORES E OS SABERES DOCENTES Nesse artigo os principais pensadores que discutem a formação de professores na contemporaneidade foram abordados que são eles Tardif SCHÖN Shuman ZEICHNER VEIGANETO Nóvoa PERRENOUD VARELA NARODOWSKI LÜDKE GAUTHIER BUJES CHARLOT dentre outros observem o texto e apreciem as discussões você necessitará dessas informações para a sua atuação consciente 612 Autores da base de formação para o Século XXI formação docente A dinâmica de acesso as ideias e conteúdos discutidos pelos autores que problematizam a formação docente será a de investigação com apontamentos para pesquisa assim acesse os links a seguir para a compreensão das propostas de cada um dos autores PARA PENSAR AS PEQUISAS SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E OS SABERES DO CENTES 1Martha Luci Maria Sozo 2Jaqueline de Menezes Rosa Poças RESUMO O texto aborda algumas tendências que marcaram e marcam as pesquisas sobre formação do 1 Doutoranda em Educação pela PUCRS Mestre em Educação com Pesquisa em Educação e Filosofia Atualmente é Palestrante e Consultora Educacional Email marthaluciterracombr 2 Mestre em Educação Psicopedagoga e Licenciada em Pedagogia pela ULBRA Atualmente é professora do curso de Pedagogia da ULBRACanoas Email jaquepocasterracombr 121 cente de diferentes países entre eles o Brasil O panorama de pesquisas sobre formação docente aponta diferentes referenciais ferramentas que requerem atenção para não serem tomadas como arautos de uma nova ordem nem como portadoras de soluções infalíveis concebidas a partir de um confronto entre práticas problemáticas com leis científicas cuja finalidade é iluminar e nos fazer entender as complexidades do real BUJES 2008 p12 Nesse sentido buscamos tratar do sentido da pesquisa para entender as formas pelas quais se vem significando a docência na contemporaneidade Reforçamos a ideia de apresentar um enfoque sobre as pesquisas de formação docente para colocálas em debate indicando seu caráter histórico e contingente PalavrasChave pesquisas sobre formação de professores saberes docentes docência na con temporaneidade Para situar o cenário mais amplo no qual esta investigação se movimenta reportamonos a um breve panorama das pesquisas sobre formação de professores e saberes docentes a partir de diferentes autores que tratam dessas questões Nossa intenção é que a perspectiva linear com a qual vem sendo descrito cronológica e evolutivamente esse campo ceda lugar a problemati zações de alguns enfoques teóricos que na tentativa de impor uma vontade de verdade sobre o professor veem redefinindo conceitos típicos de modelos de docência Tratase de agitar o que se percebia imóvel fragmentar o que se pensava unido mostrar a heterogeneidade do que se imaginava em conformidade consigo mesmoFOUCAULT 2002 p21 Ao suspeitarmos de alguns pontos que vêm sendo tomados tranquilamente nesse deba te passamos a relativizar discursos que almejam estar prontos e acabados Reportandonos a Vei gaNeto 2007 tratase de abrir espaços para outras formas de pensar a educação e à docência diante de toda uma discurseira que pretende ser salvacionista conscientizadora e libertadora Nessa direção inspiramonos na perspectiva pósestruturalista que defende a ideia de pesquisa comprometida com a compreensão do tempo presente Ela a pesquisa não está preocupada em saber como as coisas realmente são não se interessa em responder pelo que é 122 para quê por quê BUJES 2007 p 165 grifos da autora O sentido da pesquisa aqui tratada é entender as formas pelas quais se vem significando à docência na contemporaneidade No Brasil as pesquisas no campo acadêmico sobre formação docente têm sido recor rentemente discutidas nos últimos trinta anos Essas investigações ganharam vigor a partir do final da década de 1960 quando foram criadas as Faculdades de Educação nas Universidades principalmente a partir da implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 novos temas começaram a fazer parte do debate Mais recentemente na produção acadêmica do campo diferentes autores brasileiros e estrangeiros LARROSA 1994 e 1998 NA RODOWSKI 2001 e 2006 GARCIA 2002 VARELA ALVAREZURIA 1992 GORE 1994 BUJES 2001 e 2008 SILVA 1994 e 2007 VEIGANETO 2004 e 2007 têm complexificado as discussões na medida em que propõem novas problematizações e nos convidam a pensar acerca das concepções iluministas que vêm sendo cultivadas na atualidade De modo geral as pesquisas caracterizamse pela linearidade pela lógica classificatória e pela racionalidade técnica próprias da Modernidade um pensamento dominante transmitido e atualizado nos cursos de formação es truturados sob a égide de uma didática que se pretende atenta às necessidades de nosso tempo aos desafios da complexidade e da globalização Vale destacar aqui as discussões feitas por Bujes 2008 sobre alguns quesitos de ava liação dos cursos de pósgraduação sugeridos pela CAPES Entre eles está uma visão de pesquisa que enfatiza o caráter de responsabilidade social dessa pesquisa que não se esgota em me lhorar a ciência mas que deve também melhorar o país Segundo o autor dessas palavras na avaliação realizada pela CAPES o que se está valorizando é uma extensão de impacto planejada eficaz na consecução de objetivos que transformem a sociedadeRIBEIRO apud BUJES 2008 p 109 Podese perceber aí a expressão da incessante busca por uma redenção do sistema brasileiro de ensino que idealmente poderia ser conseguida se os resultados de pesquisa fossem conscientemente aplicados Portanto alguns discursos vigentes no campo pedagógico e presentes nas pesquisas sobre formação docente são tomados como ponto de partida deste texto com o intuito de delinear 123 algumas particularidades das narrativas modernas sobre a docência Há assim uma relação das pesquisas desse campo com os discursos que circulam nos ambientes de formação É em tais pesquisas que certos enfoques são divulgados para a melhoria do ensino básico médio gradua ção técnicoprofissional e para o desenvolvimento de propostas inovadoras de ensino RIBEIRO apud BUJES 2008 p 109 Por filiaremse ao campo científico as pesquisas são vistas como asso ciadas a avanços e melhorias Porém nossa pretensão como foi expressa inicialmente é colocar isso em discussão pensar pontos e contrapontos da produção discursiva que permeia a formação docente Isso não significa um repúdio a essas pesquisas mas apenas um esforço para apontar como os discursos nelas presentes acabam por instituir a prática dos professores Ao problematizar o campo de pesquisa da formação apresentamos de certo modo o seu esgotamento no que diz respeito ao peso da responsabilidade dos docentes no quadro ad verso da escolarização Trazemos algumas discussões sobre os ideais emancipatórios que pautam muitos dos discursos da docência abrindo espaços para pensar uma pesquisa que não pretende apontar soluções mas indicar outras possibilidades de compreender o que nos é apresentado como verdade 62 Prática educativa e a ação docente Para desenvolver esse tema necessitaremos compreender que novas perspectivas educativas são previstas para o processo de ensino e aprendizagem assim ao se falar em formação de pro fessores é imprescindível desenvolver uma compreensão sobre o que seja a prática educativa para tempos atuais nesse contexto Gemignani 2012 traz uma discussão importante no texto Forma ção de Professores e Metodologias Ativas de EnsinoAprendizagem Ensinar Para a Compreensão em que será apresentado a sua introdução e disponibilizaremos o link para a leitura integral pois você necessita compreender os aspectos que envolvem essa dimensão 124 Texto adaptado de Revista Fronteira das Educação online Recife v 1 n 2 2012 ISSN 22379703 Disponível em fileDDesktop14661PBpdf acessado em 21082018 Formação de Professores e Metodologias Ativas de EnsinoAprendizagem Ensinar Para a Compreensão de Eliza beth Yu Me Yut Gemignani Pág 01 à 06 Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo Ensinar não é transferir conhecimento Paulo Freire O grande desafio deste início de século é a crescente busca por metodologias inovadoras que possibilitem uma práxis pedagógica capaz de ultrapassar os limites do treinamento puramen te técnico e tradicional para efetivamente alcançar a formação do sujeito como um ser ético histórico crítico reflexivo transformador e humanizado Contudo não é possível pensar sobre a educação que temos sem compreender o contexto em que ela está inserida e é impossível re fletir sobre a educação que queremos e na formação do professor do século XXI sem mencionar as mudanças que ocorreram nas propostas curriculares e nas práticas de ensino Do mesmo modo para as Diretrizes Curriculares Nacionais DCN não há como dis sociar mudanças no setor de produção sem pensar nas mudanças ocorridas no mercado de trabalho e no processo de formação do profissional que nesse mercado irá atuar Para tanto será preciso concatenar perfil do aluno perfil do egresso perfil de habilidades e competências profissionais em consonância com o desenvolvimento científico e tecnológico aliado a uma formação humanista e também ao desenvolvimento da cidadania Esta nova pers pectiva solicita uma formação que capacite esse profissional a modificar sua postura e seus proce dimentos além de flexibilizar seus equipamentos e tecnologias para atender às necessidades do desenvolvimento de uma sociedade sustentável Para o MEC BRASIL 2002 as DCN estabele cem que o perfil dos egressos de um curso compreenderá uma sólida formação técnica científica e profissional geral que o capacite a absorver e a desenvolver novas tecnologias estimulando a sua atuação crítica e reflexiva criativa na identificação e resolução de problemas considerando seus aspectos políticos econômicos sociais ambientais e culturais com visão ética e humanística em atendimento às demandas da sociedade Para Afrânio Catani João Oliveira e Luiz Dourado 125 2001 a questão dos currículos de graduação começou a ganhar importância na reforma da educação superior a partir de 1995 com a nova LDB Lei nº 9131 que criou a necessidade de estabelecer Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação o que permitiu a eliminação dos chamados currículos mínimos e tornando os currículos mais flexíveis A reforma educacional no Brasil a partir da LDB Lei nº 939496 tem a flexibilidade e a avaliação como eixos articuladores na reconfiguração do ensino da graduação Em 1997 a SESuMEC inicia a reforma curricular dos cursos de graduação para adaptar os currículos às mudanças dos perfis profissionais com ampla liberdade na composição da carga horária e unidades de estudos a serem ministradas na redução da duração dos cursos com foco na formação geral do aluno práticas de estudos independentes reconhecimento de habilidades e competências adquiridas articuladas entre teoria e prática e avaliações periódicas com instru mentos variados Dessa forma o Fórum de PróReitores de Graduação contribui com as seguintes pro postas para as Diretrizes Curriculares construir coletivamente um projeto políticopedagógico flexível de modo a absorver as transformações ocorridas nas diferentes fronteiras das ciências objetivando à formação integral do aluno que lhe possibilite a compreensão das relações de trabalho das questões relacionadas ao meio ambiente e saúde na perspectiva de construção de uma sociedade sustentável propiciando a interdisciplinaridade a articulação teoriaprática e promovendo a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão CURY 1999 Então POR QUE MUDAR Para Pedro Demo 2004 o ato de aprender pressupõe um processo reconstrutivo que permita o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos e objetos que desenca deie ressignificações e que contribua para a reconstrução do conhecimento e a produção de novos saberes a partir de uma educação transformadora e significativa que rompa com o marco conceitual da pedagogia tradicional Conhecimento e aprendizagem são fundamentais para o seu humano exercer a sua autonomia e sua cidadania com argumentações e ética para mudar a realidade e a sua vida 126 Esta perspectiva transformadora vai exigir mudanças didáticas nos currículos pois estes estão sobrecarregados de conteúdos insuficientes para a vida profissional já que a complexidade dos problemas atuais exige novas competências além do conhecimento específico tais como colaboração conhecimento interdisciplinar habilidade para inovação trabalho em grupo edu cação para o desenvolvimento sustentável regional e globalizado Estas novas competências de monstram a necessidade de alterar a nossa percepção e a forma de nos relacionar com o mundo circundante modificando a abordagem mecanicista fragmentada competitiva e hegemônica para uma abordagem sistêmica holística cooperadora e integradora E compreender que os problemas enfrentados pela humanidade atual já não podem ser entendidos separadamente mas sim de uma forma interligada interdependente e contextuali zada Neste aspecto acreditase que a Universidade pode contribuir de forma significativa nessa transição paradigmática ao promover ações que propiciem a construção coletiva de uma nova forma de interagir e de trabalhar com o conhecimento um caminho que conduza à compreen são da complexidade da vida humana pela construção de um currículo mais flexível pensado criado e vivenciado coletivamente A promoção da flexibilidade do currículo e da organização pedagógica confere ao profes sor maior autonomia maior responsabilidade nas estratégias de ensino relativas ao currículo na sua avaliação na seleção crítica e na produção de cenários de aprendizagem e materiais curricu lares para o que requer dele também formação continuada VEIGA 2004 A política do cur rículo flexível articula a reforma curricular com as alterações no mundo do trabalho provocadas pela reestruturação produtiva interferindo diretamente na esfera da produção do conhecimento e da formação curricular Nessa direção o projeto pedagógico deve contemplar a diversidade de metodologias estratégias de ensino e atividades de aprendizagem com vistas ao desenvolvimento de uma edu cação transformadora que ao discutir assuntos relevantes para a vida em sociedade transmita aos alunos conhecimentos que lhes permitam conhecer criticar e transformar a realidade em que vivem e permita a sua formação integral como cidadãos solidários críticos intervenientes e autônomos o que tornará significativa a sua aprendizagem PIRES 2009 Quanto à construção 127 de um projeto políticopedagógico devese salientar a adoção da assim chamada pedagogia da interação em lugar da pedagogia da transmissão Nessa nova pedagogia o aluno tem papel ativo na busca e construção do conhecimento sempre estimulado pelos problemas que lhe são colocados Da mesma forma há que oferecer condições para o aprender fazendo ou seja o projeto políticopedagógico deve assumir como ponto central que o conhecimento se produz fundamentalmente da prática para a teoria para que a aprendizagem ganhe significado Como destaca Jacques Delors 1999 em seu relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI para UNESCO a educação deve organizarse à volta de quatro aprendizagens fundamentais que ao longo de toda a vida serão de algum modo para cada indi víduo os quatro pilares do conhecimento aprender a conhecer isto é adquirir os instrumentos compreensão aprender a fazer para poder agir sobre o meio envolvente aprender a conviver a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas e finalmente aprender a ser via essencial que integra os três precedentes Para Antoni Zabala 1998 a prática educativa implica mudanças nos conteúdos e no modo de avaliar ao considerar as finalidades do ensino de acordo com um modelo centrado na formação integral da pessoa A proposta curricular deve se fundamentar em projetos de intervenção adaptados às ne cessidades de sua realidade educativa estilo profissional propostas singulares e valendose de re cursos variados de modo a integrar as unidades de aprendizagem construídas pelos professores A Universidade deve ser o lugar onde o estudante adquira habilidades educacionais profissionais analíticas e de trabalho ou seja saiba utilizar o pensamento científico Para tanto a avaliação deve ter como objetivo ajudar o estudante a amadurecer e melhorar de forma constante Nesse senti do a avaliação necessita identificar suas qualidades e facilitar o processo de reconhecimento das suas debilidades Esse processo no qual o docente é fundamental leva o estudante a desenvol ver habilidades analíticas que lhe permitirão planejar a correção de suas deficiências assim como desenvolver novas estratégias de trabalho Dessa forma o objeto da avaliação deixa de se centrar exclusivamente nos resultados 128 obtidos e passa a focar o processo ensinoaprendizagem tanto do aluno quanto da equipe que nele intervém numa concepção construtivista Desse modo a avaliação inicial reguladora e inte gradora deve ser formativa E a avaliação final dos resultados obtidos deve ser somativa Como qualquer outra variável metodológica as características da avaliação dependem das finalidades que se atribuem ao ensino e aos aspectos de personalidade dos estudantes ao optar por um modelo de educação integral Esta proposta também é corroborada por Helena Milani Álvaro Picanço Elza Soares Elizabeth Gemignani et al 2009 5 Educar envolve a com preensão do caráter multifacetado do homem e as possibilidades de condução do seu destino in dividual histórico e social Para isso é importante que a prática pedagógica reflita as necessidades da sociedade onde está situado o indivíduo em formação e que seja orientada pela contribuição institucional MILANI PICANÇO SOARES GEMIGNANI et al 2009 p 149 Contudo o grande desafio para o século XXI é pensar em flexibilizar um currículo cujos fundamentos se baseiam em evidências científicas e em um projeto pedagógico da reforma cur ricular ou flexibilizar por convencimento administrativo e com argumentação mais política em detrimento do processo educativo 63 Propostas educativas e as ações escolares A educação pluralista centrada na prática dos multiletramentos sustentará as discussões deste item como amparo às práticas formativas docentes Para promover essa abordagem pluralista da educação tornamse necessários o aprendizado recíproco que fomente o pensamento e a ima ginação coletiva e a não hierarquização das formas tradicionais de ensino É preciso ainda partir do princípio de que os alunos carregam consigo diferentes expe riências culturais e sobretudo linguísticas Nesse contexto históricocultural práticas pedagógicas como as de multiletramentos se incumbem de promover uma aproximação entre tecnologias da informação e linguagem Para implementálas é preciso convergir estratégias de ensino que conside rem características interativas colaborativas híbridas flexíveis e que priorizem variadas habilidades 129 e competências Esses processos são amparados no ideário de inteligência coletiva de Pierre Lévy 2015 que interpreta a estrutura das atuais formas epistemológicas como algo que representa a co nectividade do pensamento sustentável nos meios sociais tornandose viável com as redes abertas possibilitadas pelas TIC Tecnologias da Informação e Comunicação Dessa forma o docente necessitará de competências e habilidades para atender às pers pectivas atuais de atuação no processo de ensinoaprendizagem De acordo com Gatti 2010 o cenário que se apresenta em relação aos saberes docentes é preocupante merecendo atenção as ambiguidades existentes na legislação normativa a fragmentação dos processos formativos e a for mação específica para o trabalho docente dentre outros Corrobora com esse tipo de preocupação Tardif 2002 que aponta a existência de uma dicotomia entre formação pedagógica e específica evidenciando a falta de projetos globais com relação à formação docente ao problematizar a ques tão da lógica conteudista dos saberes docentes Já afirmava Nóvoa 1995 que os docentes constro em suas identidades por referência aos saberes teóricos e práticos presentes em seus quadros de referência e por adesão a um conjunto de valores Nesse sentido é que a identidade profissional dos professores não é algo fixo muito menos uma propriedade é um espaço de conflitos construção e desconstrução de formas de ser e de estar na profissão Pensando em toda essa problemática o que se propõe é a discussão de práticas de for mação de professores que irão atuar neste cenário emergente As ideias aqui propostas não têm a intenção de promover uma concepção de que os multiletramentos só se configuram se apoiados à tecnologia O tipo de pensamento que se pretende despertar é que é preciso partir da concepção do aluno dos gêneros e mídias que ele conhece vivencia e pelos quais se interessa O aluno de hoje é um fruto da dinâmica das interações entre sua cultura a sociedade em que está inserido a linguagem de que se apropria e a liquidez e velocidade das informações que recebe A partir dessa compreensão o professor poderá propor didáticas que abriguem essas diversidades e tenham mais eficiência para promover o aprendizado e sobretudo ampliar o repertório cultural do aluno A metodologia de pesquisa partiu de uma revisão de literatura de modo a elucidar questio namentos relativos à formação dos professores e aos multiletramentos culminando em um estudo de caso a fim de investigar práticas docentes que visem aos multiletramentos e a educação pluralista 130 validando o uso de gêneros textos e mídias em atividades discentes 631 Fundamentos teóricos a formação de professores a partir da prática de multile tramentos É perceptível que vivenciamos um mundo com transformações profundas O marcante comparecimento das tecnologias digitais de informação e comunicação TIC transformou sobrema neira o comportamento e a prática dos aspectos educativos As TIC já se estabeleceram e continu am sendo desenvolvidas como sustentabilidade de movimentos sociais que de um lado sustentam as concentrações de riquezas ao estabelecer uma prática mercantilizadora dos processos organiza tivos educacionais Vemos isso nas práticas de integração das grandes corporações que abarcam a educação e por outro a crescente demanda de ações que envolvem os movimentos coletivos e colaborativos em torno das ações educacionais Reconhecese que em um período curto de tempo a globalização tinha um perfil fenome nológico inexorável que os processos seriam hegemonizados que haveria uma certa dominância de uma civilização para com outra Porém o que se delineia são outras práticas Já se considera não sem muita luta que a utilização das TIC vem possibilitando o intercâmbio entre o local e não local envolvendo aspectos cada vez mais intensos e praticamente instantâneos Esse fenômeno possibilita assim uma oscilação que Milton Santos 2000 denominou de uma outra globalização uma vez que se estabelece no sentido de ser contra hegemônica denominada pelo estudioso de globalizações Santos 2001 corrobora com essas considerações ao afirmar que o aumento da comuni cação entre pares entre pessoas das mesmas áreas e das diversas do conhecimento vem estabe lecendo uma construção de relações intensas no campo constitutivo de saberes Segundo o autor existe uma relação mais intensa também nos limiares colaborativos da educação com a diversidade cultural em especial a cultura digital Todo esse movimento desemboca é claro nas potencialidades transformacionais de profes sores e alunos em elaboradores de conhecimentos e construtores de um tempo próprio no que tange à aprendizagem 131 Nessas caracterizações têmse que a demanda do processo formativo envolvendo a socie dade como um todo possui a objetividade necessária de constituir cidadãos que não sejam meros consumidores das TIC mas sim sujeitos emancipados que saibam utilizar as tecnologias disponíveis como dispositivos críticos A criticidade das informações que circulam nos diversos ambientes digitais precisam ser desenvolvidas Paralelo a todas essas considerações emergem as agitações de pesquisa em torno das ideias de Lévy 1998 ao considerar a inteligência coletiva que é potencializada pelas interações digitais Aquelas que possibilitam o engajamento de coletivos em torno de ideações que envolvem a sinergia de saberes competências compartilhadas imaginações e construções colaborativas de saberes a Cibercultura É nesse contexto que se considera a manifestação do conceito de cibercultura neologismo cunhado por Pierre Lévy que possui a sustentabilidade em um conjunto das técnicas materiais e intelectuais as práticas as atitudes as maneiras de pensar e os valores que se desenvolvem conjun tamente com o crescimento do ciberespaço Lévy 2000 p 17 Os princípios norteadores de uma prática da cibercultura aquela que envolve a interligação os processos que implicam nas constituições das comunidades virtuais e das inteligências coletivas tornamse convergentes naquilo que caracteriza a sociedade global na Era da Informação a Socie dade em Rede Castells 2002 Assim essa ideia de colaboratividade de saberes opera na teia da cibercultura interligando os processos sociais os que envolvem aspectos econômicos e as pessoas oportunizandose assim a constituição de ligações entre indivíduo elevando a uma rede colaborativa de constituição dos saberes Nessas ligações a comunicação a criação de conhecimento simultâneo é potencializada partilhando e recebendo conhecimento interagindo com o outro para aprender ensinar e relacio narse Nestas possibilidades de intervenção de modificação e de feedback residem as vantagens da cibercultura Altera o modo de pensar e apreender o mundo a visão de sociedade da cidade e da cidadania Mas a questão que se coloca nesse momento é os docentes professores profissionais estão alinhados com esse contexto Ora é importante avançar nas práticas docentes no estabelecimento de interações com 132 os constantes movimentos de ideias e conhecimentos diversos que chegam ou passam por nós sem termos o cuidado de refletir sobre sua validade O trâmite natural dos aspectos educativos a turbulência das ações geralmente reduz nosso tempo de olhar com acuidade para as nossas dúvidas ou inquietações Parece ser apropriado pensar que desejamos conduzir nossos conhecimentos de modo a melhor nos orientar em nossa existência Esses argumentos têm a finalidade de convencer da necessidade de se dar tempo e direito de olhar os detalhes para compreender as nossas inquie tações dúvidas ou questionamentos focando detalhadamente os elementos que podem contribuir para oferecer respostas aos anseios que rodeiam a prática educativa pautada nas novidades con temporâneas necessárias porém complexas pois demandam mudanças não só de estruturas mas principalmente de concepções De todas essas considerações atendendo a demanda contemporânea com o direcionamen to de pressupostos de muitos pesquisadores educativos dentre eles Freire 1996 Gadotti 2000 Saviani 1999 Gatti 2010 Mello 2000 e muitos outros que enveredam por pensar e refletir os processos constituintes da ação docente o profissional docente se organiza com base na produção da vida material de seus membros e das relações daí decorrentes Por esse motivo decorre que a formação no contexto de envolvimento com as concepções educativas necessita ser cuidada no sentido de ofertar aos alunos das licenciaturas a vivência de contextos que apoiem essa formatação para a ação educativa concatenada com as demandas em sociedade Lembrando que Karl Marx 1988 dizia que é a sociedade qualquer que seja sua forma o produto da ação recíproca dos homens Os homens que produzem as relações sociais no que diz respeito a sua produção material criam também as ideias as categorias isto é as expressões ideais e abstratas dessas mesmas relações Nesse contexto a cultura identitária docente enquanto elemento de sustentação da socie dade e patrimônio dos sujeitos que a constituem precisa ser preservada e mediada no sentido de aprender as instrumentalizações que proporcionaram a incorporação do patrimônio natural consti tuído em sociedade reconhecendo que é uma substância por assim dizer produzida pela humani dade pela vivência social desses profissionais Nesse sentido necessita ser construída pelos elementos históricos que somos nós atores da 133 cons tituição das facetas e roteirização dos nuances de cada um dos episódios e por esse motivo precisa ser cuidadosamente elaborada principalmente quando se fala em educação Lembremos que em educação os elementos pesquisados são imediatos não temos como nos distanciar do objeto de pesquisa e estudálo para ser aplicado de forma científica estamos na luta diária com tais objetos vivenciando e experimentando os processos dentro da realidade Por isso que as diversas instituições sociais têm como objetivo primordial a preservação e a transmissão da cultura Podese dizer em sentido amplo que a educação definida como processo de transmissão de cultura está presente em todas as instituições Entretanto em sociedades como a nossa há uma instituição cuja função específica é a transmissão da cultura esta instituição é a escola Ela é o espaço de transmissão sistemática do saber historicamente acumulado Ora reconhecidamente é sabido que nossa sociedade em diversos pontos do mundo está se alterando Uma mudança que se pauta por uma transformação que não é planejada e que como é percebido está afetando a forma como nos organizamos como trabalhamos como nos relacio namos e até mesmo como aprendemos Uma das características da sociedade em que vivemos tem relação com o fato de que o conhecimento é um dos principais valores de seus cidadãos Mas em nossos dias os conhecimentos têm data de validade e isso nos obriga agora mais do que nunca a estabelecer garantias formais e informais para que os cidadãos e profissionais atualizem constantemente sua competência Ingressa mos numa sociedade que exige dos profissionais uma permanente atividade de formação e apren dizagem Enfim para pensar sobre tais questões é bom saber que na prática alguns organismos e instituições têm divulgado pesquisas sobre esses assuntos Podemos exemplificar o que foi divulgado nos relatórios internacionais recentes pois voltaram a focar e destacar o importante papel que os professores desempenham em relação às possibilidades de aprendizagem dos alunos A educação se opera na sua unidade dialética com a totalidade como um processo que conjuga as aspirações e necessidades do homem no contexto objetivo de sua situação histórico social A educação é então uma atividade humana que participa da totalidade da organização social Essa relação exige que se a considere como historicamente determinada por um modo de produção 134 dominante em nosso caso o capitalismo E no modo de produção capitalista ela tem uma especi ficidade que só é inteligível no contexto das relações sociais resultantes do conflito de duas classes fundamentais Cury 1985 p 13 Nesse sentido é fundamental entender que uma teoria adotada é fruto de uma escolha por considerar que sua proposta responde às necessidades aos anseios ao contexto em que nos inserimos e no qual queremos atuar positivamente como mediadores dos saberes educativos que sejam significativos aos sujeitos Mas o problema não se atém a isso mesmo que seja um mestreorientador competente ainda permanece uma pergunta será ele capaz de articular o corpo teórico com as questões do cotidiano da vida que borbulham dentro de nós e à nossa volta Ele deve estar antenado com as vicissitudes de seu momento histórico consciente de seu posicionamento frente a elas e com uma proposta um ideal inspirador guiando sua ação transformadora e emancipadora de alcance huma nosocial Nessas considerações Nóvoa 2008 ao considerar todas as questões que implicam na formação docente estabelece cinco propostas de trabalho que devem inspirar os programas de formação de professores que são elas a Assumir uma forte componente práxis centrada na aprendizagem dos alunos e no estudo de casos concretos tendo como referência o trabalho esco lar b Passar para dentro da profissão baseandose na aquisição de uma cultura profissional e concedendo aos professores mais experientes um papel central na formação dos mais jovens c Dedicar uma atenção especial às dimensões pessoais da profissão docente trabalhando essa capaci dade de relação e de comunicação que define o tato pedagógico d Valorizar o trabalho em equipe e o exercício coletivo da profissão reforçando a importância dos projetos educativos de escola e Caracterizarse por um princípio de responsabilidade social favorecendo a comunicação pública e a participação profissional no espaço público da educação Assim ao perpassar pelos processos formativos o autor considera que todos esses aspectos vão constituir o profissional professor que deverá possuir características que envolvem uma prática que possa propiciar as transformações dos espaços organizativos da sala de aula dos aspectos de formação integral com suas caracterizações sociais que implicam a ação docente Sendo que um 135 dos aspectos fundamentais desse processo é o princípio da responsabilidade social uma ação com significado relativo aos aspectos que envolvem a formação cidadã do profissional da educação Paralelo a essas considerações sustentamos a formação nas considerações que implicam as ideias de Tardif 2010 que em seu livro Saberes Docentes e Formação profissional retrata de forma significativa a problemática em torno do processo de formação profissional do professor O autor registra que variados aspectos devem ser ponderados e problematizados nas rodas reflexivas que envolvem a condição do ser professor e suas pesquisas giram em torno de questões como Os professores sabem decerto alguma coisa mas o que exatamente Tardif 2010 p 32 Um primeiro fator que evidencia a prática docente relacionada às problemáticas indicadas por Tardif 2010 relacionase a um saber experiencial um saber ligado às funções dos professores e é através da realização dessas funções que ele é mobilizado modelado adquirido tal como mos tram as rotinas em especial e a importância que os professores atribuem à experiência Um saber da prática aquele que implica a sua utilização depende de sua adequa ção às funções problemas e situações peculiares ao trabalho A cognição do professor é portanto condicionada por sua atividade ela está a serviço da ação É um saber interativo pois mobilizado e modelado no âmbito das interações entre o professor e os outros atores educativos Ele traz portanto as marcas dessas interações analisadas anteriormente Por exemplo ele está impregnado de normatividade e de afetividade e recorre a procedimen tos de interpretação de situações rápidas instáveis complexas etc É um saber sincreti zado pois é plural repousase não sobre um repertório de conhecimentos unificados e coerentes mas sobre vários conhecimentos e sobre um saberfazer que são mobilizados e utilizados em função dos contextos variáveis e contingentes profissionais E um saber heterogêneo pois mobiliza conhecimentos e formas de saberfazer diferentes adquiridos a partir de fontes diversas em lugares variados em momentos diferentes história de vida carreira experiência de trabalho é um saber complexo não analítico que impregna tanto os comportamentos do ator suas regras e seus hábitos quanto sua consciência discursiva É um saber existencial uma vez que interligase não somente à experiência de trabalho mas também à história de vida do professor ao que ele foi ao que é o que significa que está incorporado à própria vivência do professor à sua identidade ao seu agir às suas maneiras de ser Tardif 2010 p 73 Nesse contexto podese afirmar sustentados nos ideários de Tardif 2010 que o profes sor ao sustentar uma profissionalidade colaborativa é aberto possui um saber para a amplidão pois 136 é poroso permeável integra experiências novas conhecimentos adquiridos ao longo do caminho e um saberfazer que se remodela em função das mudanças na prática nas situações de trabalho Tardif comenta que Por causa da própria natureza do trabalho especialmente do trabalho na sala de aula com os alunos e das características anteriores o saber experiencial dos professores é pouco formalizado inclusive pela consciência discursiva Ele é muito mais consciência no trabalho do que consciência sobre o trabalho Tratase daquilo que poderíamos chamar de saber experienciado mas essa experiência não deve ser confundida com a ideia de expe rimentação considerada numa perspectiva positivista e cumulativa do conhecimento nem com a ideia de experiencial referente numa visão humanista ao foro interior psicológico e aos valores pessoais O saber é experienciado por ser experimentado no trabalho ao mesmo tempo em que modela a identidade daquele que trabalha Tardif 2010 P 111 O que deve ficar claro é que todos esses saberes e essas problemáticas anteriormente des critos fazem parte de reflexões que muitos profissionais que pesquisam a área de formação docente trazem à tona como discussão temporal evolutiva e dinâmica que se transformam e se constroem no âmbito de uma carreira de uma história de vida profissional e implicam em uma socialização e uma aprendizagem da profissão Assim a identidade profissional do professor se constituirá nas relações diversas que estabelecer com o seu meio social seja ele acadêmico familiar ou social em geral Por fim é um saber social e construído pelo ator em interação com diversas fontes sociais de conhecimentos de competências de saberensinar provenientes da cultura circundante da orga nização escolar dos atores educativos das universidades etc Enquanto saber social ele leva o ator a posicionarse diante dos outros conhecimentos e hierarquizálos em função de seu trabalho Tais características esboçam uma epistemologia da prática docente que tem pouca coisa a ver com os modelos dominantes do conhecimento inspirados na técnica na ciência positiva e nas formas dominantes de trabalho material Essa epistemologia corresponde assim acreditamos à de um trabalho que tem como objeto o ser humano e cujo processo de realização é fundamentalmente interativo chamando assim o trabalhador a apresentarse pessoalmente com tudo o que ele é com sua história e sua personalidade seus recursos e seus limites Todas as discussões expostas anteriormente dialogam com as questões teóricas que sus 137 tentam a prática de multiletramentos A pedagogia de multiletramentos nasceu de uma versão reelaborada do conceito de letramento diante da necessidade de se pensar a educação a partir da multiculturalidade Diferentemente do conceito de letramentos múltiplos que não faz senão apontar para a multiplicidade e variedade das práticas letradas valorizadas ou não nas sociedades em ge ral o conceito de multiletramentos é bom enfatizar aponta para dois tipos específicos e importantes de multiplicidade presentes em nossas sociedades principalmente urbanas na contemporaneidade a multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica ROJO 2012 p 1213 No Brasil um das principais referências teóricas está nas ideias de Roxane Rojo e Eduardo Moura 2012 expressas no livro Multiletramentos na escola Na pesquisa em questão os autores apresentam aos leitores as diversas possibilidades de trabalhar a nova pedagogia na sala de aula Segundo Rojo 2012 a multiplicidade de cultura impulsiona os educadores a buscarem uma prática pedagógica que contemple as diferentes linguagens A autora defende então que na sociedade de hoje não há mais a cultura ou seja uma única cultura mas uma diversidade delas As produções culturais que circulam em nossa sociedade são um conjunto de textos híbridos de diferentes letramentos de diferentes campos como o erudito de massa popular Assim na prática docente é preciso considerar esses aspectos para que o letra mento seja mais efetivo É preciso considerar ainda que as práticas sociais por meio da linguagem também se modi ficaram Hoje os textos são interativos na interface nas ferramentas nos formatos em hipertextos nas redes sociais Graças à tecnologia foram ampliadas as trocas comunicativas entre as pessoas e também o acesso à informação As pessoas nunca escreveram tanto Escrever aqui pensando em uma situação comunicativa espontânea e coloquial entre amigos familiares e outras pessoas E essa comunicação agora vista de forma ampla seja pela escrita ou pela fala por meio de áudios e víde os a depender do veículo onde é manifestada pode ser difundida na rede de forma surpreendente Assim é preciso considerar na prática pedagógica que a leitura e a produção textual já não são mais as mesmas E ainda não estamos tratando somente de símbolos linguísticos mas da comu nicação de forma mais abrangente uma abordagem semiótica 138 Todas essas características da comunicação atual implicam a necessidade de novos conhecimentos e habilidades por parte dos indivíduos para receber conviver em sociedade No ensino visando aos multiletramentos é essencial se trabalhar com gêneros textuais Somente assim o aluno compreenderá que os textos são elaborados com uma finalidade na sociedade apre sentam estruturas e linguagem particulares Somente assim poderá ter a dimensão das diferentes formas de comunicação e seu papel no cotidiano Os gêneros então se constituem no material simbólico que ao mesmo tempo em que torna possíveis as atividades de linguagem dá a elas materialidade permitindonos reco nhecer e comparar as diferentes práticas de linguagem em que possamos vir a nos inserir Modificar os gêneros implica promover alterações nas próprias formas de ação por meio de sua utilização HARTMAN SANTAROSA 2012 p 31 O aprendiz produzirá seu próprio discurso sentindose ativo e refletindo sobre as implica ções desse discurso na sociedade ele estará consciente que aquela produção tem uma finalidade em seu meio É através da discussão de multiletramentos e o ensino da linguagem por meio de gêneros textuais que será possível unir todas as pontas da discussão promovidas até o momento A pedago gia de multiletramentos nos conduz à multiculturalidade à multimodalidade a protótipos didáticos à tecnologia 64 Vivência na escola as grandes demandas de formação e os processos que envol vem as gerações em formação e atuação docente Para abordar a ideia da formação das gerações e a relação com as caracterizações de forma ção docente é importante destacar que a prática docente possui a caracterização de adaptação aos processos sociais Ora mas o que queremos dizer de forma mais direta com essa observação 139 É importante destacar que o profissional professor aquele que desenvolverá as atividades docentes precisa ter claro que o processo de formação as conquistas sociais e mesmo a sua atuação perpas saram por ações que envolvem o relacionamento com os alunos com a comunidade que participa da instituição ou instituições as quais ele atuará Nesse sentido é fundamental compreender como que os processos que envolvem as várias gerações se organizam se estabelecem Para tanto vamos conhecer de forma sintética as gerações 641 O Que São As Gerações X Y Z W Alfa Baby Boomer Lemos com frequência que a geração X é uma que está na ativa que a Alfa está iniciando o processo de interação com o mundo Enfim mais quais são as características de cada uma dessas gerações Qual a importância para o professor em conhecer tais características A imagem a seguir traz alguns dos tópicos sobre os anos e demarca o período de vigência aproximado de cada uma observem 140 Convidooa conhecer de forma sintética cada uma das características das gerações sugeri mos que busque mais informações nos sites indicados a seguir GERAÇÃO BABY BOOMER Data De Nascimento de 1940 à 1960 Descrição Para nós que falamos de internet nos referimos a explosão demográfica baby boo mer causada com o fim da 2ª guerra mundial Alguns dividem essa geração em duas 1 Primeiros Boomers 1946 à 1954 e 2 Boomers Posteriores 1955 à 1964 Características padrão de vida estável preferência por qualidade e não quantidade sabe o que quer não é influenciado por terceiros GERAÇÃO X Data De Nascimento de 1960 à 1980 Descrição São os filhos da Geração Baby Boomer Muito rebeldes para os padrões até então estabelecidos deram o nome de X porque queríam estudar mais para entender seus compor tamentos tão estranhos á época Características ruptura com as regras e valores das gerações anteriores preferência por qualidade e não quantidade busca por seus direitos procura de liberdade 141 GERAÇÃO Y Data De Nascimento de 1980 à 2000 Descrição São os filhos da Geração X netos da Geração Baby Boomer Tambem chamados de Geração Millennials por nascerem exatamente na mudança do milênio essa geração ainda não possui uma unanimidade no que diz respeito ao seu período de classificação Alguns dizem que começa nos anos 70s e outros que se estende até 2010 Camo são os descendêntes da Geração X achouse por bem usarem a próxima letra do alfabeto Características estão sempre conectados preferem computadores a livros vivem em redes sociais buscam sempre novas tecnologias GERAÇÃO W Data De Nascimento de 1991 à 2000 Descrição NÃO SÃO A PRÓXIMA GERAÇÃO CRONOLOGICAMENTE FALANDO A Ge ração W é uma subdivisão da Geração Y que quando foi criada possuíam ainda jovens sem idade para o trabalho Pessoalmente acreditamos que essa nomenclatura venha ser deixada de lado até porque o W deve ser utilizado para a Geração Baby Boomer para padronizar uma letra para cada O tempo dirá o que acontecerá para nós entretanto é suficiente sabermos que são tão conectados quando qualquer um da Geração Y Características was mesmas que a geração Y 142 Data De Nascimento de 1990 à 2010 Descrição TAMBÉM NÃO SÃO A PRÓXIMA GERAÇÃO CRONOLOGICAMENTE FALAN DO A Geração Z são os que possuem de forma natural a internet pois ao começarem a escre ver ela já existia Mais do que existir a rede através dos computadores a conexão com as outras pessoas se dá também de forma móvel com os smartfones Essa geração é extremamente antenada conectada e preocupada com o meio ambiente susten tabilidade e responsabilidade social Características muito parecidos com a Geração Y alta conectividade com outras pessoas grande senso de responsabilidade social GERAÇÃO Z GERAÇÃO ALFA ALPHA Data De Nascimento após 2010 Descrição Esta geração ainda não está totalmente definida Poderá chamarse de Geração M de mobile A geração Z e a Alfa podem e acreditamos nisso se fundir numa nova nomencla tura porém exatamente pela falta de definição temporariamente é chamada de Geração Alfa CARACTERÍSTICAS Ainda sem uma característica precisa o que se sabe é que nunca uma geração teve tanto acesso a informação e educação como esta Fonte de dados httpswwwfacebookcomnotesexibooredessociaisseositeseecommerceoquesC3A3o asgeraC3A7C3B5esxyzwalfababyboomer172902682758774 Acesso em 21072018 Estudo de Caso 144 Para realizar esta atividade você deverá buscar subsídios nas demais unidades pois precisará pensar a escola como a um todo Essa é a nossa expectativa Nos temas sobre a relação professor aluno as questões éticas comunidade escolar processos envolvendo as tecnologias educativas metodologias ativas e outros você pode observar que a escola necessita de alterar o processo de formação Assim é essencial que você estabeleça uma relação reflexiva sobre as formas pelas quais a escola deverá pensar a formação para as novas gerações Perpassando por todas essas conside rações construa uma reflexão sobre o proposito de uma educação para o século XXI como deve ser essa proposta Como você pensa a escola para o futuro Objetivos da Unidade Unidade VII Estudo e discussão de conceitos fundamentais Identidades subjetividade e cultura VII Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Conhecer sobre os processos que implicam na subjetividade docente e as rela ções sociais e culturais Saber reconhecer a prática educativa e suas interatividades com o meio social e cultural Identificar as ações que promovem a formação da identidade profissional do professor 146 Unidade VII Estudo e discussão de conceitos fundamentais Identidades subjetivi dade e cultura Introdução Fazse necessário conhecer a função que a escola desempenha nos campos do mundo moderno atualizala no seu papel observando os múltiplos campos exercidos pelas instituições de ensino ao longo do tempo De início podese verificar que mesmo cumprindo a tarefa básica de possibilitar o acesso ao saber sua função social apresenta múltiplas facetas em diferentes momentos da história expressando diferenças entre sociedades países povos e regiões Involuntariamente de suas alterações no decorrer da história a escola foi a instituição que a humanidade criou para socializar o saber sistematizado A implicância dessa prática ou seja pode mos dizer que a escola é o lugar onde por princípio é veiculado o conhecimento que a sociedade julga necessário transmitir às novas gerações Entre as demais instituições nenhuma de forma de organizada até hoje foi capaz de substituíla Sendo assim ao cumprir o seu papel o de contribuir para o pleno desenvolvimento da pessoa preparála para a cidadania e qualificala para o trabalho como definem a constituição e a LDB é necessário que suas incumbências sejam exercidas plena mente PROGESTÃO 2001 Nesse contexto o que vamos discutir é a possibilidade de ousar constituir uma escola onde todos sejam acolhidos e tenham sucesso Vamos conhecer um pouco sobre as questões implicam na organização da identidade das instituições que desenvolvem forma ção humana Vamos lá desejo bons estudos Profa Nidia Rocha 71Estudo E Discussão De Conceitos Fundamentais Identidade Conhecer os processos que implicam na formação da identidade escola da identidade social é de fundamental importância para darmos continuidade ao processo que envolve a formação social do contexto do que seja a importância de lutarmos por igualdade de constituição entre as pessoas por um País que reconhece o seu regime Republicano e principalmente que dá conta de gerir os processos democráticos aos quais necessitamos como formação escolar 147 711 A identidade da escola processos e constituição Ao iniciar esse item gostaríamos de trazer para a discussão algo comum de se refletir no processo que implica na formação das ideias que constituem a escola Vamos lá A instituição escola direcionada para os infantos e juvenis do modo como a conhecemos tem presença recente na história da humanidade isso é fato Pois na realidade desde um passado bem longínquo a existência da tarefa de transmitir às novas gerações o co nhecimento sistematizado e as normas de convivência consideradas necessárias aos mais jovens foi relegada as diversas outras instituições como família templos religiosos e outros espaços O histórico breve sobre o surgimento da escola será considerado no texto adaptado a seguir vamos relembrar ou mesmo conhecer o processo Texto adaptado de PROGESTÃO como articular a função social da escola com as especifidades e as demandas da comunidade MÓDULO I Sônia Teresinha de Souza Penin Sofia Lerche Vieira coordenação geral Maria Aglaê de Medeiros Machado Brasília CONSED Conselho Nacional de Secretários de Educação 2001 Pág 21 Já na Antiguidade tanto em Roma como na Grécia a preocupação com a formação cultural daqueles que iriam constituir as camadas dirigentes estava presente A educação dos meninos para a convivência pública e para a guerra era objeto de muita atenção O ensino organizado em instituição própria todavia começou pelas universidades Eram poucos os que tinham acesso às primeiras letras e formas elementares de apren dizagem preparatórias para as universidades Quando existia a escola destinava se apenas aos filhos das camadas mais ricas da população Foi apenas há cerca de 200 anos com os ideais da Revolução Francesa e da democracia americana que a escola passou a ser compreendida como uma instituição importante não apenas para os filhos das elites como para os filhos das camadas trabalhadoras E por que essas mudanças políticas resultantes de movimentos revolucionários 148 tiveram influência sobre a função social da escola Porque tanto a Revolução Francesa como o movimento pela independência dos Estados Unidos representaram mudanças na natureza dos processos de participação popular rompendo com o modelo aristocrático anterior A partir des ses importantes marcos políticos nos dois países a busca pela democracia intensificouse Há um a ligação muito próxima entre escola e democracia Por isso costumase dizer que foi a partir de então que começou a longa luta para transformar uma escola para poucos em escola para todos De lá para cá muitas coisas mudaram mas vamos por partes Vejamos o que aconteceu no Brasil Enquanto em outros países tanto na Europa França Inglaterra quanto na própria América Latina a exemplo da Argentina a escola se expandia e o ensino fundamental atendia amplas camadas da população as coisas no Brasil se davam de forma muito diferente Aqui a educação permanecia como privilégio de poucos muito poucos As escolas quando existiam abrigavam os filhos das elites de preferência os homens As mulheres mal apareciam na cena so cial Tobias Barreto defensor no passado da educação feminina argumentava que as mulheres de famílias de elite as únicas que tinham acesso à instrução formal recebiam alguma iniciação em desenho e música e quando muito sabiam gaguejar uma ou duas línguas estrangeiras e ler as bagatelas literárias do dia como disse em um ensaio sobre A alma da mulher Hoje as coisas mudaram As mulheres estão em todas Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE de 1996 mostram que se até os anos 80 os homens estavam em vantagem em termos de média de anos de estudo essa posição se inverteu nos anos 90 No período de 1990 a 1996 a média de anos de estudo aumentou de 51 para 57 entre os homens e de 49 a 60 para as mulheres o que significa que elas deram um salto de quase um ano en quanto eles avançavam meio a ano Mas vamos nos deter um pouco mais sobre o passado por enquanto De maneira geral podese dizer que começando com os jesuítas nossos primeiros educadores houve desde o início muito improviso em nossa educação e a oferta de matrículas era precária A Constituição do Império outorgada pela Coroa em 1824 estabelecia que a instrução 149 primária seria gratuita a todos os cidadãos A situação educacional porém só veio a se modificar já na República no início do século XX por volta dos anos 20 e 30 Até então as escolas quando existiam sobreviviam às custas de iniciativas isoladas Esse era o caso das escolas que funcionavam na casa da professora situação de muitas das instituições públicas Havia exceções é claro o que em geral acontecia nas capitais ou em centros urbanos maiores As escolas privadas por sua vez sempre foram destinadas às crianças e aos jovens cujos pais podiam arcar com seus custos É interessante observar que mesmo nas escolas públicas como foi o caso do Colégio Pedro II escola que serviu de modelo para muitas outras criada na cidade do Rio de Janeiro 1837 então capital do país a maioria dos estudantes pagava por seus estudos Isso quer dizer que embora se falasse em instrução pública desde o início de nossa história a educação pública e gratuita resultante de iniciativa do Estado é uma conquista da República e mais especificamente do século XX Ou seja a compreensão do que significa edu cação pública assim como da função social da escola é conceito que se modifica ao longo do tempo Ao analisar o movimento da história da educação é importante ter em mente a ideia de que as instituições permanecem mas vão se modificando continuamente Porque como diz a canção tudo muda o tempo todo no mundo Muda o mundo Mudam as instituições Mudam as pessoas E você sabe que também você está mudando o tempo todo Estudar algumas ideias sobre a escola no passado e no presente representa uma impor tante competência para a gestão escolar que é a capacidade de compreender o contexto e as relações em que se desenvolve a prática educativa A escola onde cada um de nós trabalha não está solta no espaço mas articulase com o movimento mais amplo e mais largo da história da educação no mundo e é claro no Brasil Se nos situamos nesse mundo e nessa história mais facilidade temos de compreender o presente E compreendendoo devemos buscar a mudança daquilo que pode ser mudado pág 2627 Por que no século XX as coisas começam a mudar Já foi dito que embora a República tivesse sido proclamada em fins do século XIX 1889 somente a partir dos anos 20 e 30 do 150 século XX é que as coisas começaram a mudar no campo educacional Isso tem a ver com outras transformações que acontecem na vida brasileira algumas ocasionadas por fatores externos Modificações ocorrem nos campos político econômico e cultural A educação não escapa a esse movimento mais amplo que se dá na sociedade Você por acaso se recorda de eventos eou datas importantes do período Pense um pouco Depois confira no quadro a seguir Desde o início do século XX mudanças significativas vêm ocorrendo na sociedade bra sileira algumas das quais relacionadas aos eventos acima mencionados os quais tiveram con sequência sobre diferentes aspectos da vida brasileira a cultura Semana de Arte Moderna a economia Quebra da Bolsa de Nova York a política Revolução de 1930 e Estado Novo e a educação Manifesto dos Pioneiros Se você quiser conhecer um pouco mais a respeito desses eventos pode recorrer ao Glossário Ao longo do texto faremos algumas considerações sobre o Manifesto Uma decisiva mudança nesse período é o crescimento da importância das cidades Até então o Brasil era um país essencialmente voltado para a vida rural O processo de urbanização o surgimento das primeiras indústrias a emergência das camadas médias e a imigração têm efeitos sobre o campo educacional Reformas educacionais acontecem em diversos estados como São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais Bahia e Ceará Por trás dessas iniciativas estão educadores como Anísio Teixeira Fernando de Azevedo e Lourenço Filho entre outros Em 1932 é divulgado o Manifes to dos Pioneiros da Educação Nova importante movimento que marcou a educação nacional O Manifesto defende a ideia de uma educação pública gratuita e laica para todos os cidadãos brasileiros Só que entre os ideais expressos no Manifesto e a realidade havia uma grande dis tância 151 Para você ter uma ideia do conteúdo desse importante documento da educação bra sileira selecionamos uma passagem que trata justamente da função social da escola Embora a forma de escrever seja diferente da nossa já que a passagem preserva a linguagem da época o Manifesto revela grande sintonia com temas que estamos discutindo em nossos dias a exemplo da relação entre a escola e a família Esse assunto é de tal importância que será tema da Unidade 4 sobre escola e comunidade Por enquanto fiquemos com as palavras do texto produzido por um grupo de educadores idealistas os quais sonhavam com uma educação participativa já em 1932 Não é surpreendente que já na primeira metade do século XX houvesse pessoas sen síveis a temas como a aproximação entre a escola a família e outros parceiros sendo que apenas em período muito recente essa articulação tenha começado a ocorrer Pois é caroa Gestora Muitas vezes as mudanças necessárias à educação demoram a ser percebidas Mas isso também está relacionado à quantidade de pessoas que têm acesso à escola Nos anos 30 152 quando foi redigido o Manifesto esse percentual era ainda bastante reduzido Embora bastante expressivo em relação ao passado o crescimento da oferta de escolas nos anos 30 é lento e representa uma quantidade de matrículas ainda pequena em relação ao conjunto da população Nesse período o sistema público começa a ultrapassar o particular tanto em número de escolas quanto de matrículas Parte das ideias do movimento da Escola Nova é incorporada à Constituição de 1934 que estabeleceu a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário Os anos 40 são pródigos em mudanças legais organizandose gradativamente os siste mas estaduais de ensino Em 1961 tivemos a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educa ção de âmbito nacional a LDB Lei nº 402461 Poucos anos depois com as mudanças políticas ocorridas no país provocadas pela Ditadura Militar a partir de 1964 novas reformas viriam com duas leis importantes para a educação Lei nº 554068 que desencadeou a reforma universitária e Lei nº 569271 que reformou o ensino primário e secundário ampliando a oferta da escola ridade obrigatória de quatro para oito anos instituindo o ensino de 1º e 2º graus e propondo a profissionalização do ensino Já nos anos 50 educadores denunciavam que ao aumento das oportunidades educacio 153 nais não correspondia a melhoria da qualidade da educação O crescimento ocorrido era insu ficiente do ponto de vista quantitativo e a oferta apresentava problemas qualitativos A escola que antes servia apenas às elites passa pouco a pouco a abrigar outras camadas da população brasileira As turmas passavam a ser mais numerosas As instalações escolares nem sempre comportavam essa expansão Por sua vez os pro fessores viamse diante de uma nova clientela nem sempre estando preparados para a tarefa Enfrentar essa mudança não foi fácil e teve efeitos importantes sobre os resultados produzidos pela escola O ganho histórico foi que maior número de crianças passou a frequentar a escola Seu sucesso todavia não era garantido Pelo contrário no interior da escola começou a se produzir uma cultura de fracasso escolar resultando no aumento dos problemas relativos à qua lidade da educação Este tema faz parte das preocupações dos gestores escolares há décadas sendo objeto de atenção das políticas educacionais contemporâneas Todos esses problemas e muitos outros trouxeram para os dias de hoje uma série de impasses Em 1996 perto de 29 milhões de pessoas 28525815 para sermos mais precisos na faixa de 7 a 14 anos estavam na escola Este número parece elevado mas é preciso lembrar que segundo mostrou a contagem da população realizada pelo IBGE constatouse que ainda havia 27 milhões de crianças dessa faixa etária fora da escola É uma situação que continua a nos envergonhar perante o mundo Apesar do muito já realizado do ponto de vista da oferta escolar como disse há alguns anos Bernadete Gatti especialista em educação o Brasil tem uma população jovem iletrada e em movimento O país está longe de poder afirmar que nós atingimos a igualdade de oportunidades de educação para todos Ao lado dos problemas de acesso é preciso considerar o baixo rendimen to de nossa escola Excesso de repetência e altos índices de evasão tornam o sistema escolar um caminho lento e tortuoso para nossas crianças Embora muitas permaneçam na escola poucas completam o ensino fundamental no tempo esperado Grande parte do alunado vai sendo der rotada ao longo do percurso gerando problemas adicionais em termos de fluxo escolar Esta expressão referese ao tempo de passagem de um determinado grupo de alunos pela escola e 154 os problemas gerados quando esse caminho é interrompido Caso você queira poderá buscar mais informações a esse respeito no Glossário Os governos estaduais e municipais têm buscado responder a tais desafios por meio de programas como classes de aceleração e ciclos Embora bemintencionados nem sempre as res postas a essas iniciativas são as esperadas Problemas também existem com relação ao magistério no qual não raro a convivência entre má formação e baixos salários inviabiliza a profissionalização desejada Como se vê os desafios vêm do passado e se aprofundam no presente Superálos significa saldar uma dívida histórica para com a nação Como diz a nossa Constituição a educação é direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade art 205 Mudar a situação existente portanto é uma tarefa de todos Bom o texto acima foi um breve comentário sobre o trajeto da formação da escola Para aprofundar com mais propriedade você necessitará buscar outras informações Para tanto seguem algumas indicações de livros que poderão apoiar na empreitada inicial sugerimos que pesquisa mais que obtenha mais informações sobre a história da sua área de formação da constituição do seu espaço de atuação profissional Pois é de fundamental importância conhecer o passado para atuar no presente com vistas ao futuro 155 Para facilitar a sua pesquisa segue a indicação de um resumo do livro HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DA ANTIGUIDADE AOS NOSSOS DIAS pro duzida por Viotto Texto disponível em httprevistafctunespbrindexphpNuancesarticleviewFi le43893311 acessado em 21102018 72 A importância da formação da identidade humana no espaço escolar Para essa parte do texto vamos usar como referencial um texto adaptado a discussão e am pla e importante Assim sugerimos que você busque outras referências que amplie sua visão sobre o tema Compreenda que a sua profissionalidade exigirá um conhecimento consistente sobre o assunto afinal de contas além de ser um professor especialista da sua área você é um formador de novas gerações um contextualizador de seu tempo e possui a responsabilidade de transformar vidas Texto adaptado e disponibilizado em httpeducacaopublicacederjedubrrevistaartigosconstrucaodaidentidade vistanaescola Acessado em 23102018 Isis Terse Barros de Souza Silva Especialista Educação em Direitos Humanos UFPB Josué Barreto da Silva Júnior Doutorando em Geografia UFPB Considerações iniciais Ao avaliar o ambiente escolar seus atores sociais e as relações nos processos de ensino aprendizagem podese compreender a relação agravante a que se referem os aspectos com portamentoaprendizagem dos educandos Além disto identificouse eminente crise de valores e éticas como respeito e tolerância sendo implementados os preceitos presentes na musicalidade 156 local moderna forró estilizado como desvalorização da mulher incitação ao uso de drogas como álcool desapego ao trabalho e ao estudo etc Com isso tornouse essencial desenvolver medidas que possibilitem a reflexão crítica dos educandos permitindo o debate temático de questões como Direitos Humanos identidade cultura e construção de valores O presente ar tigo visa à compreensão do fenômeno da modernidade o processo de formação da identidade cultural do indivíduo e a crise social e institucional vigente a esta ação e derivado do projeto Estudo dos Sentimentos e Valores executado em algumas escolas do município de Sumé PB a fim de compreender os aspectos éticos e a formação de valores comportamentais na sociedade contemporânea e suas implicações locais Desenvolvimento A questão da identidade ganha força e espaço segundo Hall 1998 a identidade vem se tornando um problema ainda mais relevante num contexto em que as identidades deixam de se referir a grupos fechados ou apenas identidades étnicas Num mundo instável numa sociedade de risco Beck 2003 numa modernidade líquida Bauman 2001 as identidades também se tornam instáveis Elas deixam de ser determinadas por grupos específicos e de ser foco de instabilidade do mundo social As identidades tornamse híbridas e deslocadas de um vínculo local No entanto isso significa dizer que elas são transformadas em tarefa individual em processo de construção incessante e não mais de atribuição coletiva que implicava apenas certa conformação às normas sociais Bauman 2001 denomina sociedade líquida essa nova era da modernidade em que vivemos hoje Ele usa esse termo dando ideia de liquidez contrapondo à ideia de solidez que seria a metáfora que melhor se encaixaria à primeira fase Essa liquidez estaria invadindo todos os setores da modernidade que antes eram sólidos Isso mostra o quão frágil a nossa sociedade se encontra à medida que avançamos Para complementar Hall faz uma crítica afirmando que as velhas identidades que por tanto tempo estabilizaram o mundo social estão em declínio fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno até aqui visto como sujeito unificado Hall 1998 p 7 O que vemos é que para ele as mudanças estruturais que 157 vêm ocorrendo desde o final do século XX dando início a uma sociedade moderna estão trans formando com elas as ideias que temos de sujeito e nossas formas de exercer uma identidade Contudo podemos dizer que a identidade cultural vem se transformando ao longo do processo civilizatório Outrora tínhamos o sujeito no Iluminismo identificado como ser totalmen te unificado desde seu nascimento dotado de razão consciência e ação Pela transformação o sujeito passa a ser visto como sujeito sociológico agora capaz de participar das relações com outras pessoas que por sua vez medeiam seus valores sentidos e símbolos expressos em uma cultura Por meio disso passamos a projetar em nós próprios essas identidades culturais à medida que internalizamos tais significados e valores alinhando nossos sentimentos subjetivos e ocupan do lugares no mundo social e cultural em que vivemos Ou seja o mundo exterior é que estaria mudando fragmentando o indivíduo obrigandoo a assumir várias identidades com o agravante de que o ambiente em que vivemos agora é considerado provisório e variável Seguindo dessa forma Bauman 2001 considera que o sujeito pósmoderno não tem identidade fixa essencial ou permanente devido ao fato de estar sujeito a formações e transformações contínuas em re lação às formas em que os sistemas culturais o condicionam É importante entender que nossa cultura não é algo fixo ou imutável ela está sempre se moldando de acordo com nossas experiências em sociedade O que queremos afirmar com tudo isso é que o sujeito devido ao processo de globalização vem assumindo de forma rápida e sem perceber várias identidades diferentes em diferentes momentos afetadas pelo meio seja social de comunicação e informação A sociedade em que vive o sujeito não é um todo unificado e mo nolítico uma totalidade que flui e evolui a partir de si mesma pois está também constantemente sendo descentrada e deslocada por forças externas Desde o fim do século XX tem se discutido a questão da auto identidade Hall 1998 p 12 aponta que o sujeito previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável está se tornando fragmentado composto não de uma única mas de várias identidades algumas vezes contraditórias e não resolvidas Correspondentemente as identidades que compunham paisagens sociais lá fora e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com as necessidades objetivas da cultura estão en 158 trando em colapso como resultado de mudanças estruturais e institucionais O próprio processo de identificação pelo qual nos projetamos em nossas identidades culturais tornouse mais provi sório variável e problemático Ou seja nossa identidade cultural está diretamente ligada ao que somos e como vemos o mundo Ela começa a ser moldada quando nascemos e é construída até o momento em que morremos Os valores e as normas que estão ligados a uma cultura dentro de uma sociedade ou comunidade comum podem variar e até mesmo serem contraditórios alguns grupos de indivídu os podem basear suas experiências de vida em sua religiosidade enquanto outros se baseiam em uma visão puramente científica do mundo As pessoas participam de várias identidades simulta neamente em combinações às vezes conflitantes como ser mulher pobre homossexual e negra ao mesmo tempo É válido também dizer que essa identidade muda com a forma como o sujeito é interpelado ou representado e que sua identificação nem sempre é automática ela precisa ser conquistada e pode ser alienada politicamente Acreditase no entanto que em vez de falar de identidade como coisa acabada deve ríamos falar de uma identificação de um processo essa identidade nunca é plena dentro dos indivíduos ao contrário ela precisa ser preenchida e desenvolvida Nossa identidade não é nem genética nem hereditária ao contrário é formada e transformada no interior de uma represen tação A nação tornase nesse processo formador de identidade uma comunidade simbólica em um sistema de representação cultural E a cultura nacional é um discurso ou modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto as ações quanto as concepções que temos de nós mes mos Considerações finais Quando se fala em valores vêm à nossa mente milhares de assuntos e questionamen tos Poderíamos todavia falar dos valores no mundo contemporâneo que se diz estar em crise Mas antes mesmo que nosso país entrasse nessa crise de valores todos os outros já viviam essa realidade Enquanto existirem homens nesse ou em qualquer lugar do mundo os valores huma nos sempre estarão em crise pois nós humanos estamos longe de sermos perfeitos e nenhuma geração estará satisfeita com os procedimentos realizados ou com os seus valores Sempre have 159 rá alguma coisa que se deixou de fazer ou que ficou malfeitaresolvida Sendo assim vemos que muitas lutas que foram deixadas a meio e que as gerações seguintes retomaram mas também não completaram O que ontem foi hoje já não é mais mas amanhã poderá ser novamente para tornar a não ser no dia seguinte Pois bem o mundo parece avançar mas a cada três passos que o homem dá para a fren te recua cinco ou mais assim quando pensam estar progredindo na realidade estão retroagindo É difícil pensar assim então veja que nunca como hoje a vida no planeta esteve tão ameaçada apesar de toda a tecnologia de ponta que o homem se gaba de ter inventado mas é justamente devido a essa tecnologia que o mundo está à beira de um imenso abismo e afirmam os cientistas mais do que aquilo que possamos imaginar Em seguida após levantarmos alguns questionamentos penso que deixamos pontos para reflexão que mundo é esse em que vivemos Que valores são os nossos O que queremos fazer de nós Que mundo queremos deixar aos nossos filhos Todos esses questionamentos estão na nossa capacidade quando digo nossa penso na capacidade dos educadores pais encarregados de educação ou professores de ensinar os jo vens a raciocinar e refletir mais do que de obrigálos a acumular conteúdos e matérias Uma das muitas maneiras é começar por fazer uma pergunta simples como se desapro vas que cuspam no teu prato de sopa deves cuspir no prato de sopa de quem contigo come à mesa ou na mesa ao lado Assim essa será a primeira noção de respeito que irá ao encontro do ditado que diz não faças aos outros o que não gostaria que fosse feito com você Com essa noção faremos um jovem pensar e assim obrigálo a um certo raciocínio a partir deste poderseá fazer grandes voos no que diz respeito ao sentimento de respeito pelos outros seres humanos e não humanos pelos seus direitos humanos e não humanos e pelos valores intrínsecos ao homem Com isso é de fundamental importância que os educandos estejam não somente se especializando como se atualizando e correspondendo à realidade das crianças e jovens dentro e fora da escola tentando por sua vez acompanhar essa modernidade que desconstrói a im portância dos valores implicando também o desrespeito aos Direitos Humanos que vêm sendo 160 feridos São pormenores como esse que acreditamos que fazem grandes diferenças entre as mentalidades pois acreditamos que devemos ouvir sempre as crianças e os adolescentes Con versando com eles sobre esses e outros assuntos que julgamos pertinentes porque neles a ques tão da ética dos direitos dos deveres das obrigações dos valores encontrase no seu estado mais puro sem grandes influências sem os vícios e sem as imperfeições que os adultos possuem induzidos por um patético complexo de superioridade acreditando que devem sempre impor o seu modo de pensar muitas vezes preconceituoso Referências BAUMAN Zygmunt Modernidade líquida Rio de Janeiro Jorge Zahar 2001 BAUMAN Zygmunt O malestar da PósModernidade Rio de Janeiro Jorge Zahar 1998 BECK Ulrich GIDDENS Anthony LASH Scott Modernização reflexiva São Paulo Editora Unesp 1997 HALL Stuart A identidade cultural na PósModernidade 6ª ed Rio de Janeiro DPA 1998 Publicado em 19 de janeiro de 2016 Na perspectiva de ampliar o tema leia as seguintes indicações para a sua formação 1 O professor e sua identidade profissional a formação continuada em questão httpsmeuartigobrasilescolauolcombrpedagogiaoprofessorsuaidentidade profissionalformacaocontinuadahtm 2 DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO uma prática a ser construída na Educação Bá sica httpwwwdiaadiaeducacaoprgovbrportalspdearquivos23466pdf 161 73 Estudo E Discussão De Conceitos Fundamentais Subjetividade Ao se falar da subjetividade na formação tanto escolar como pessoal abordase o aspecto de relacionar o processo da constituição das ações humanas e a sua relação com o mundo externo vejamos o que o texto complementar nos traz como esclarecimento sobre o tema Texto complementar Fonte httpspsicologadocombratuacaopsicologiaescolaraprendizagemeducacaoesub jetividadeaspectosentrelacadosedesafiadores Aprendizagem Educação e Subjetividade aspectos entrelaçados e desafiadores Érika Bergamini Mastandréa Psicologia Escolar Março de 2013 Nos dias atuais existe a necessidade de mudanças no contexto educacional onde há a troca de informações entre alunos e professores Vale ressaltar que a reciclagem de conteúdos elaborados em sala de aula e o modo em que a didática é aplicada é de fundamental importância Obter novas aprendizagens nos remetem a repensar sobre questionamentos e práticas que serão colocadas em ação No ambiente educacional frente à isso podemos simbolizar sentir emoções e colocálas em prática e refletir se faz sentido para si para atuar de modo diferente no mundo Desta forma a aprendizagem mostra diferentes nuances como a individualidade de cada pessoa e as culturas que revelam as desigualdades sociais Pensar de maneira tão complexa abre espaço para refletirmos sobre a subjetividade de cada um Comunicação verbal reciprocidade e práticas educacionais que estimulem novos conhecimentos com significado atribui novos contextos para os profissionais na docência construírem identida des e novos saberes São nas mudanças onde cada indivíduo elabora suas alternativas de atuar no mundo re fletir concordar ou não com o senso comum e contribuir com as alternativas de superação O histórico de vida de cada aluno tem sido um requisito interessante na formação O 162 contexto pessoal é a principal alternativa de ensino para facilitar a aprendizagem teoria e práti ca A cultura e o indivíduo são os pontos principais para tal acontecimento O diálogo a vida pessoal troca de vivências experiências e as metodologias são facilita dores na aprendizagem Enfatizar na história de vida de cada pessoa auxilia na produção do conhecimento em vários sentidos como psicológico o sujeito e sua trajetória de vida sociológicos mudanças do indivíduo frente às condições sociais educativas aprendizagem frente à sua realidade entre outros O professor autocrático ou seja que se recusa a ouvir o aluno negase a novas aprendi zagens e visões frente à vida Não considera o discente como sujeito do seu conhecimento O ensino de novas matérias relacionase com a flexibilidade de escuta do docente assim atribui responsabilidades também ao educando Ensino e aprendizagem estão interligados O que o aluno constrói deve estar ligado ao trabalho do docente A formação acadêmica não tem focado em situações que possibilitem o fortalecimento emocional dos futuros profissionais assim acentua a ansiedade dos discentes A postura dos do centes é falha para estimular a aprendizagem do aluno Há a desconsideração do que pensam e sentem principalmente quando ficam de frente com a vulnerabilidade humana Esse modelo de ensino tão cristalizado tem que passar por profundas mudanças pois já chegou até o limite e os sinais de exaustão são evidentes Há uma necessidade de uma nova postura dos educadores e focar o ensino no aluno em sua totalidade Além de ressaltar o lado racional do aluno é importante olhar também o todo ou seja seus atributos pessoais e sentimentos quando implementa suas ações profissionais De forma geral as pessoas possuem a propensão em considerar seus sentimentos como algo que tem que ser descartado É importante o ser humano confiar em si próprio de maneira holística Ressaltar a interdisciplinaridade também é importante considerar o docente como sujei to da aprendizagem e novos conhecimentos é um pedido para construir novos sentidos para o processo de si mesmo para produzir ciência assim assumir uma postura nova frente ao conheci 163 mento A interdisciplinaridade está entrelaçada com atitudes frente ao conhecimento de buscar fontes para conhecer melhor e maior conteúdo esperar atitudes que não se concretizaram relação de igualdade verbalização humildade frente as próprias limitações de novos saberes de enfrentar novas situações transformar para positivo o conhecimento antigo comprometimento e maturidade frente aos compromissos a serem realizados felicidade e realização Anabela et al 2006 preocuparamse com o insucesso escolar e o quanto este influencia no ensino superior Foi realizado um programa de intervenção interdisciplinar com intuito de promover o sucesso acadêmico com o apoio de psicólogos e suporte social para promoção de estilos de vida saudáveis A priori foram identificadas as necessidades e problemas dos estudantes do ensino superior Obtiveram sinais de sucesso pois houve aumento de participação e avaliação positiva pelos alunos envolvidos Reforçase mais uma vez a necessidade de novas estratégias de ensino Esse novo paradigma rompe com o modelo antigo na produção da ciência supera a rigidez e permite mudar modelos científicos Para ser um bom docente são necessários a organização eliciar a participação dos alunos e o modo como a matéria é conduzida comunicação linguagem adequada bom humor conhe cer os discentes clareza e realização do que foi determinado conteúdo adequado estratégias de ensino adequadas e avaliação Conhecimento sólido e atualizado do professor relacionar teoria com a realidade procurar sempre o conhecimento mostrar segurança e metodologia adequada no ensino variação dos procedimentos educativos síntese da matéria envolvendo o aluno recursos que facilitem o aluno a raciocinar desenvolvimento de postura ética e humana usar a tecnologia como recurso de aprendizagem atenção a possível amizade entre professor e aluno Na teoria psicanalítica o professor tem um papel fundamental na construção do saber e do desejo do aluno O modelo identificatório é de suma importância como referência da auto nomia moral do sujeito É necessário ressignificar o papel do professor enquanto transmissor de conhecimentos e saberes Mas para isso a cultura escolar precisa levar em consideração a constituição do desejo 164 abrir espaço para alunos e professores relatarem suas dores e sofrimentos Relacionar esse tema com a nossa atualidade principalmente a subjetividade de cada um O educador necessita olhar para si como o responsável por futuras transformações na docência frente à falta de interesse dos alunos Modificar as matérias que são obrigatórias a ma neira como esta é exposta fazer com que esse conteúdo tenha sentido para o aluno e leválos a curiosidade criticidade e enfrentar novos desafios Os docentes enxergavam o mundo com parâmetros de nossos pais e professores dife rente dos alunos de hoje que tem como referências a cultura atual a mídia e o consumismo Para haver melhorias na educação brasileira necessita a reflexão sobre a atual situação no ensino consequentemente elaborar e exercer ideias e ações para garantir um futuro promissor Se a escola ensina com qualidade há a possibilidade de aprender e oferecer ao aluno subsídios para um país mais evoluído para melhorias na qualidade de vida da população A situação das nossas escolas é precária O ensino e as avaliações deixam a desejar as matérias dos livros não correspondem à realidade E a tendência de vários educadores seria a de negar a realidade acomodamse na posição passiva que não possibilita crescer aprender e reciclar Raros são os docentes que são criativos empenhados e flexíveis frente a triste realidade da maioria A forma passiva dos docentes pode ter como consequência negar para as novas gera ções as mudanças necessárias para um futuro próspero Os professores bons são os que sentem insatisfação frente a sua metodologia de ensino pois assim permitemse melhorar aprender e empenharse Frente a essa atitude a aprendiza gem sempre será reciclada E o salário O financeiro resolve apenas problemas financeiros como por exemplo a aquisição dos materiais e recursos para o docente mas não beneficiará o crescimento educacio nal Necessita relacionar um bom salário com boa educação e ensino Subjetividade e Educação A partir do século XX a subjetividade começa a fazer parte da modernidade que englo 165 ba o indivíduo em vários aspectos entre eles o social cultural e coletivo A subjetividade é constituída no relacionamento com outro sujeito que possui sua história sonhos e desejos E o sujeito social é gerado na relação com a sociedade e é receptor das infor mações que necessita A subjetividade fica de frente com a concepção de um sujeito que procede da sociedade complexa e competitiva E é por esse tipo de relações que o ser humano cresce e surge a pessoal o seu eu no qual se reconhece como ser pessoa indivíduo e constrói sua autoimagem O âmbito escolar está rela cionado com a construção da subjetividade e tem que haver coerência e lógica em seus recursos As subjetividades estabelecem como base nas representações e construções do modo como se apresentam assim criam expectativas motivações e desejos Transformar transmutar o que se passa na mente das pessoas pela participação da educação A psicologia da educação está entrelaçada nas relações que o indivíduo explicita no am biente escolar principalmente as interpessoais Se existir a valorização das vivências individuais e grupais reconhecemos mundos diferentes e objetivos específicos assim valorizamos as diferenças entre as pessoas Um dos desafios atuais referese sobre as estratégias que são realizadas no caso de alunos excluídos repetentes e aprovados Se valorizarmos a subjetividade de cada um será possível lidar mos com esse desafio pois iremos ao encontro das diferenças individuais Na educação o subjetivo necessita de um novo olhar que surge na atualidade As formas de desenvolvimento aprendizagem e o papel que o subjetivo tem no surgimento psicológico da educação necessitam de uma nova perspectiva A psicologia da educação tem como meta direcionar a relação entre educação e conheci mento que se originam das teorias psicológicas em um ambiente que inclui esses conhecimentos o sistema educacional comunidade familiar etc Existe a necessidade de compreendermos a sociedade atual suas mudanças sutilezas fo cando na ciência conhecimentos e sociedade Refletir sobre a subjetividade tornase necessidade Temos que criar alternativas para lidar 166 com a nossa criatividade e participação com outras pessoas seja na formação de professores ou nos valores individuais Seria enriquecedor se a educação tivesse um espaço reconhecido para cada um criasse oportunidades e levasse em consideração as diversidades A subjetividade está nessas diferenças para promover identidades coletivas e individuais como gancho para novas linhas pedagógicas e sociais que são necessárias na formação do cidadão A escola atual enxerga o aluno como um produto do meio em que vive na posição pas siva e não como sujeito ativo e transformador da sua realidade A educação está relacionada com a elaboração da subjetividade que se fundamenta em alguns princípios como o sujeito que gera suas possibilidades e sua interação com o mundo re conhecer suas qualidades pessoais viver e experimentar suas atitudes A formação do sujeito que adquire conhecimentos significados e representações que ele atribui a sua vida são qualidades em que a educação tem que comprometerse A psicologia nos oferece princípios para a construção e colabora para a qualificação da educação em suas finalidade e metas É importante construir a subjetividade nas relações entre pessoas principalmente nas escolas A psicologia auxilia na reflexão de caminhos para a educação e a sua construção A Subjetividade e o Behaviorismo No que diz respeito à construção da subjetividade devese atentar para o papel da cultura pois é através dela que o indivíduo entra em contato com um aspecto extremamente importante do ambiente o mundo privado É a cultura que permite por exemplo o autoconhe cimento o autocontrole e a autoestima que são padrões que preparam os indivíduos para serem eficientes no ambiente social e assim reproduzirem as práticas sociais Esses conhecimentos são ensinados desde o início da vida do bebê e seguem ao longo de toda a sua existência Esse processo de aprendizagem é possível porque somos parte de uma comunidade verbal Essa comunidade nos ensina a observar e a nomear tantos elementos do mundo externo uma cadeira uma paisagem um livro coisas que tem correspondentes externos em suma 167 quanto nossos estados internos como sentimentos conceitos regras sociais sensações ou seja elementos que não possuem correspondentes externos Ademais a comunidade verbal também nos ensina a nomear o que será importante para a pessoa e para o seu meio A construção da subjetividade começa na família mas também ocorre em outros ambien tes e em outros grupos sociais Na situação escolar por exemplo o educador deve criar condi ções de desenvolvimento do repertório necessário para a aprendizagem de letras palavras e nú meros assim como para a identificação de estados corporais e eventos internos como motivação alegria autoestima e outros Atualmente a sociedade é mais complexa exigindo que a escola se preocupe em instalar diferentes padrões de comportamento que permitam a sobrevivência da comunidade como um todo A educação formal desenvolve habilidades mais específicas e com plexas e deve formar indivíduos com valores e um repertório de habilidades que contribuam para o grupo É com base na comunidade verbal que se constrói uma importante parte do repertório dos indivíduos sua subjetividade A construção da individuação dentro de uma história de inte ração com um ambiente particular faz com que cada pessoa adquira uma singularidade que não é idêntica a nenhuma outra Nesse sentido a subjetividade é estritamente social Pode parecer estranho que a subjetividade seja uma característica social pois só é conhecida como tal a partir de correlatos públicos E no momento em que é conhecida publicamente de certa forma deixa de existir Como indicado nos demais temas é de suma importância que você apro funde os estudos assim segue algumas indicações de material para estudo 1 A construção da subjetividade docente na formação inicial edificando pontes para o exercício de uma prática pedagógica de qualidade na educação escolar httpwwwinfotecainfbrendipesmartytemplatesarquivostemplateuploadarquivosacervo docs3379ppdf 2 Formação de professores subjetividade e práticas docentes httpwwwproceedingsscie lobrscielophppidMSC0000000032008000100084scriptsciarttext Estudo de Caso 169 Partindo de todas as considerações estabelecidas nos textos indicados para leitura ao longo da unidade registre a seguinte reflexão Que pergunta faça a mim mesmoa quando penso sobre a função social da escola Objetivos da Unidade Unidade VIII Processos educacionais em espaços escolares e não escolares VIII Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Desenvolver a compreensão sobre as considerações que implicam na formação docente como abrangência educativa Saber reconhecer a importância da formação integral do discente 171 Unidade VIII Processos educacionais em espaços escolares e não escolares Introdução A formação integral discente é uma das características que envolve a proposta educativa para tempos atuais a possibilidade de formação geral das gerações atuais Nessa perspectiva a Unidade traz como referência as discussões que envolvem a proposta de uma formação que aconteça em vários espaços a escola como um local sistematizado e os es paços não escolares como promotores da formação para a diversidade para a tolerância é essa a nossa intenção de discussão Vamos aos conhecimentos Abraço e bons estudos 81 Espaços Escolares De Formação No Que Implica Essa Prática Pensar espaços de formação é o mesmo que pensar a função da escola Será Ora o sentido de ser de uma das instituições que promovem a aprendizagem é a capacidade de oportunizar melhores condições de igualdade social em virtude de uma formação de caráter científico e de uma aprendizagem real para aquele que a recebe Bom acreditase que a formação intelectual é condição primeira do processo formativo do desenvolvimento pessoal e da sociedade por conseguinte o conhecimento é uma atividade pela qual o homem se diferencia dos outros animais e na medida em que o adquire melhora suas próprias condições de existência em diversos aspectos especialmente o moral o intelectual e o material Essa é a proposta de uma formação geral para as estruturas escolares Essa relevância dada ao conhecimento como condição da existência dos homens é encon trada em obras históricas pedagógicas e educativas ao longo da história Dentre essas obras salien tamos textos de Tomás de Aquino 122451274 Young Vieira e Libâneo dentre muitos outros 172 autores que se debruçam na tarefa de pensar a formação de pessoas a formação para a aprendiza gem Agora A indagação frequente é se as medidas tomadas no sentido de uma edu cação de qualidade realmente proporcionam as condições necessárias para os problemas que a educação tem que enfrentar No Brasil especialmente desde a década de 1960 em virtude de necessidades políticas e econômicas assistese à formulação de medidas e leis com o objetivo de erradicar o analfabetismo Para que o país se desenvolvesse era necessário adentrar ao universo científico e tecnológico e para tanto a a formação escolar para todos constituíase em condição primordial Vinculado a isso pesquisas como as de Paulo Freire 19211997direcionavam seus esforços na tentativa de promover a emancipação do cidadão por meio da leitura e da escrita Esses esforços têm continuidade nas décadas seguintes eforam recorrentes ao longo das primeiras décadas do século XXI Texto adaptado de ESCOLA CONHECIMENTO E FORMAÇÃO DE PESSOAS CONSIDERAÇÕES HISTÓ RICAS Terezinha Oliveira Universidade Estadual de Maringá UEM Ana Paula dos Santos Viana Universidade Estadual de Maringá UEM Lais Boveto Universidade Estadual de Maringá UEM Mariana Vieira Sarache Universidade Estadual de Maringá Disponível em UEMhttpsseerufrgsbrPoledarticleviewFile4566228843 acessado em 12102018 Dessa maneira além de alfabetizar quais os outros conhecimentos fazem parte da função da escola ensinar O que percebemos é que há uma enorme gama de funções que são atribuídas aos profissionais da educação que representam e constituem as instituições educacionais e assumem essas atri buições o que muitas vezes leva à subordinação do papel essencial das escolas Por esse motivo provavelmente as leis direcionadas a especificar o papel da escola sejam cada vez mais necessárias Essas são questões cruciais e em nosso entendimento precisam ser objeto de reflexão dos atores da educação escolar para que estes acima de todos tenham clareza de sua função na sociedade Sobre esse aspecto concordamos com Young 2007 p 1288 para 173 quem as escolas são instituições com o propósito específico de promover a aquisição do conhecimento um conhecimento específico que não seria ensinado em outro espaço a não ser na escola Ao tratar da aquisição do conhecimento como objetivo primordial da escola para o aluno Young questiona qual conhecimento é importante que a criança aprenda na escola O autor destaca a necessidade de se pensar quais os conhecimentos que se transformarão em fer ramentas necessárias para que a pessoa possa ter consciência e compreenda o seu entorno o meiosociedade em que vive Do ponto de vista do autor indubitavelmente o conhecimento científico é uma das condições essenciais para que a pessoa conheça o seu universo social para além da sua condição socioeconômica particular Segundo Young o aluno não pode ver na escola sua própria realidade como base do conhecimento pois isso não o fará desenvolver sua capacidade de percepção científica e social do tempo no qual ele próprio é sujeito Nesse sentido o autor enfatiza a importância de a escola possuir um currículo que ao ensinar o conhecimento universal sem descurar evidentemente das questões cotidianas promova no aluno mudanças em sua percepção de mundo a ponto de criar nele a consciência da necessidade de transformações no seu entorno Com efeito de acordo com o autor a escola somente promoverá o conhecimento poderoso se conseguir por meio dos conteúdos e práticas pedagógicas incutir no alunosujeito da aprendizagem essa consciência de transformação Sobre isso o mesmo autor afirma que se as escolas devem cumprir um papel importante em promover a igualdade so cial elas precisam considerar seriamente a base de conhecimento do currículo mesmo quando isso parecer ir contra as demandas dos alunos e às vezes de seus pais As escolas devem perguntar Este currículo é poderoso Para crianças de lares desfa vorecidos a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar ao menos intelectualmente para além de suas circunstâncias locais e particulares Não há nenhuma utilidade para os alu nos em se construir um currículo em torno da sua experiência para que este currículo possa ser validado e como resultado deixálos sempre na mesma condição YOUNG 2007 p 1297 174 Nessa passagem observamos que as escolas devem ter como prioridade a promoção do conhecimento que liberte a pessoa da condição do não conhecer do não saber e especialmente da ausência do aprender por depender da estrutura social da qual faz parte isto é de sua realida de cotidiana Ao lado do conhecimento científico prioritário na escola o cotidiano do aluno e as relações entre o conteúdo ensinado e a vida devem estar presentes para que o aprendiz tenha condições de aquilatar a relevância do conhecimento em seu cotidiano Assim é preciso que o aluno realmente compreenda e se sinta parte constituinte desse processo Young afirma que alguns tipos de conhecimento são mais valiosos que outros e as diferenças formam a base para a diferenciação entre conhecimento curricular ou escolar e conhecimento nãoescolar YOUNG 2007 p 1293 Com efeito o conhecimento que a pessoa aprende na escola não é formulado em seu cotidiano porque tem uma base científica que o distingue do senso comum contudo aquele que o aprende deve ver nele sentido e significado Daí o sentido e relevância de um currículo ser pen sado a partir do conhecimento local e cotidiano que os alunos trazem para a escola mas esse co nhecimento nunca poderá ser uma base para o currículo A estrutura do conhecimento local é planejada para relacionarse com o particular e não pode fornecer a base para quaisquer princípios generalizáveis Fornecer acesso a tais princípios é uma das principais razões pelas quais todos os países têm escolas YOUNG 2007 p 1299 Desse modo só faz sentido ter escola se ela for o local que atenda às necessidades implícitas à sua função dentro de uma sociedade democrática produzir conhecimento para as pessoas tendo como ponto de referência o saber científico e o cotidiano A respeito da natureza do conhecimento escolar Young considera que é preciso uma reformulação no pensar e agir sobre a educação em amplos aspectos com especial atenção aos conteúdos para que essas duas naturezas sejam consideradas no momento da construção do currículo Mais elas deveriam ser promovidas tanto pelos os profissionais ligados diretamente à educação quanto pela sociedade em seu conjunto Em virtude portanto da complexidade dos problemas escolares pensar no seu papel na posição e responsabilidade apresentadas a esta instituição requer que seus agentes 175 pensem de que maneira sua açãoatuação atende as necessidades sociais e contribui para uma efetiva mudança na sociedade Quando Young salienta a relevância do conhecimento no currículo escolar levanos a refletir sobre uma questão tratada no século XIII pelo mestre da Universidade de Paris Tomás de Aquino 12251274 Em seu escrito intitulado De Magistro destaca o fato de que o conhe cimento ensinado só pode ser aprendido quando aquele ao qual é dirigido consegue estabelecer relações entre o que conhece e vive e o saber que está aprendendo Para Tomás de Aquino é preciso que exista no aprendiz um conhecimento prévio adquirido na interação cotidiana do que será ensinado para que ocorra efetivamente a aprendizagem Ora o conhecimento preexiste no educando como potência não puramente passiva mas ativa senão o homem não poderia adquirir conhecimentos por si mesmo E assim como há duas formas de cura a que ocorre só pela ação da natureza e a que ocorre pela ação da natureza ajudada pelos remédios também há duas formas de adquirir conhecimento de um modo quan do a razão por si mesma atinge o conhecimento que não possuía o que se chama descoberta e de outro quando recebe ajuda de fora e este modo se chama ensino o professor deve conduzir o aluno ao conhecimento do que ele ignorava seguindo o caminho trilhado por alguém que chega por si mesmo à descoberta do que não conhecia TOMÁS DE AQUINO 2001 p 3132 O mestre medieval está tratando do conhecimento ou mais especificamente da relação de ensino e aprendizagem Em sua concepção há duas formas de conhecer pela descoberta e pelo ensino Somente na segunda forma reside o papel do professor que é o de ensinar Na visão de Tomás de Aquino o professor deve considerar o conhecimento que existe no educando em potência e com a sua experiência do caminho já percorrido pelo saber transformálo em ato Em outras palavras possibilitar ao aluno a apropriação de conhecimentos até então desconheci dos para o educando Na obra em que está contida a citação encontramos a proposta formativa elaborada por Tomás de Aquino aos seus educandos Nela o mestre trata de uma série de questões relacio nadas ao ensino São debates que compõem e permeiam os problemas de sua época Assim ao 176 recorrermos a esse autor de um período longínquo da contemporaneidade procuramos mostrar que cada autor responde ao seu tempo histórico com embates e soluções condizentes com sua determinada realidade Como mestreprofessor Tomás de Aquino assim como os outros autores aqui mencionados sentiu a necessidade de definir como o conhecimento poderia ser apreendido pelos alunos pois tinha clareza de que não havia ensino por parte de um professor se este não causasse o conhecimento no aluno Decorridos mais de oito séculos desde as formulações de Tomás de Aquino deparamo nos com as seguintes palavras de Libâneo educação é o conjunto das ações processos influências estruturas que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social É uma prática social que atua na configuração da existência humana individual e grupal para realizar nos sujeitos humanos as características de ser humano LIBÂNEO 1998a p 22 A educação nos é apresentada como uma questão bastante complexa pois não é uma simples questão de subsistência mas é a propulsora da humanidade Educar é assim humanizar o homem o que abrange suas ações seus comportamentos seus hábitos e tantos outros aspectos Pensar na educação pressupõe um exercício constante de reflexão por parte de seus envolvidos justamente por abranger muitos aspectos processos e leis Retomamos dessa maneira Young que apresenta com clareza essa complexidade do conhecimento em relação à escola quando discorre os seus desdobramentos possíveis a partir das suas especificidades De acordo com o autor há nas relações humanas duas naturezas de conhecimento O primeiro ele define como conhecimento dependente do contexto que se desenvolve ao se resolver problemas espe cíficos no cotidiano Ele pode ser prático como saber reparar um desafio mecânico ou elétrico ou encontrar um caminho num mapa 2007 p 1296 Esse conhecimento Young define como procedimental porque está atrelado a solucionar problemas imediatos e cotidianos Esse saber é condição de existência já que a pessoa precisa agir a todo o momento para se deslocar para trabalhar para zelar por aspectos que lhe dão segurança e asseguram a sobrevivência A segunda natureza de conhecimento é aquela que em geral se aprende na escola e está necessariamente 177 associada às condições que as pessoas desenvolvem para compreender a si mesmas no universo de relações dos quais fazem parte Young o define como conhecimento teórico É desenvolvido para fornecer generalizações e busca a universalidade É esse conhecimento independente de contexto que é pelo menos potencialmente adquirido na escola e é a ele que me refiro como conhecimento poderoso YOUNG 2007 p 1296 Seguindo esses princípios a escola é espaço fundamental para a sociedade porque é nela que a pessoa potencialmente tornase capaz de lutar pela liberdade As formulações dos autores que analisamos permitemnos pensar a escola também como locus de civilização pois é nela que se conserva e se principia a produção do conhecimento cien tífico Em entrevista realizada para a Revista Pensar a Prática Libâneo referenda a im portância da escola como espaço essencial de produção do conhecimento na sociedade contemporânea Propõe quatro objetivos para que ela escola de fato se consolide Eu venho propondo quatro objetivos para a escola de hoje eles formam uma unidade O primeiro deles é o de preparar os alunos para a vida numa sociedade tecnocientíficainformacional Para isso é preciso investir na formação geral isto é no domínio de instrumentos básicos da cultura e da ciência e das compe tências tecnológicas e habilidades técnicas requeridas pelos novos processos sociais e cognitivos Na prática refirome a conteúdos que propiciem uma visão de conjunto das coisas capacidade de tomar decisões de fazer análises Em segundo lugar pro ponho o objetivo de proporcionar meios de desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas ou seja ajudar os alunos nas competências do pensar autônomo crítico e criativo Este é o ponto central do ensino atual que deve ser considerado em estreita relação com os conteúdos pois é pela via dos conteúdos que os alunos desenvolvem a capacidade de aprender O terceiro objetivo é a formação para a cidadania crítica e participativa As escolas precisam criar espaços de participação dos alunos dentro e fora da sala de aula em que exercitem a cidadania crítica O quarto objetivo é a for mação ética É urgente que os diretores coordenadores e professores entendam que a educação moral é uma necessidade premente da escola atual Não estou pregando o moralismo Estou falando de uma prática de gestão de um projeto pedagógico que programe o ensino do pensar sobre valores Em resumo eu proponho investir na capacitação efetiva para empregos reais e na formação do sujeito político socialmente responsável LIBÂNEO 1998b p 45 178 A preocupação evidenciada pelo autor mostra seu empenho em propor aos diretores pedagogos professores alunos enfim todos os envolvidos na escola e em maior escala na educação que atentem para os quatro momentos que compõem a unidade de sua proposta formativa Um projeto que contempla 1 a formação integral do aluno para que essa possa viver em uma sociedade tecnocientíficainformacional 2 os meios para desenvolver as capacidades cognitivas aprendizagem 3 a formação para a cidadania consciência 4 a formação ética Após mais de uma década de sua publicação essa proposta para a educação brasileira continua válida uma vez que ainda se fala em crise na educação no país Ainda precisamos pro porcionar aos alunos uma formação integral aprimorar suas capacidades cognitivas e desenvolver a competência ética Daí a validade e permanência dos discursos dos intelectuais que estão nos fundamentando A realidade atual mostra um mundo em constantes transformações ao mesmo tempo globalizado e individualizado afetando indivíduos e grupos evidenciando muitas culturas e por conseguinte muitos sujeitos e muitas relações mas todos dentro de um mesmo contexto his tórico a contemporaneidade Sendo a escola um dos espaços sociais incluso neste contexto ela sofre tais mudanças mas também é parte constituinte desta realidade formando esse homem contemporâneo Após essas considerações destacamos a seguinte finalidade proposta pelo Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação no Século XXI todo o ser humano deve ser preparado para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor de modo a poder decidir por si mesmo como agir nas diferentes circunstâncias da vida DELORS 1996 p 99 Evidentemente podemos e devemos fazer críticas à natureza e intenção desse documento mas não podemos negar que a formação para cidadania é uma questão urgente na sociedade contemporânea globalizada Se não pensarmos na formulação do conceito de conhecimento que deve ser transmitido para os alunos não alcançaremos esse ser humano que pensa por si que sabe analisar e compreender o mundo em que vive e decidir frente às diferentes situações cotidianas Em face desses objetivos é que precisamos ter explicitado qual a natureza de conheci 179 mento a escola proporciona ou deveria proporcionar aos alunos Com efeito nosso foco não é somente definir sua qualidade mas sim a sua finalidade e para tanto é necessário pensar que o conhecimento científico se constitui condição de cidadania e liberdade Contudo como já vimos é preciso que ele seja mediado por uma série de outros elementos que fazem parte do cotidiano do aprendiz inclusive na vivência diária da e na escola Vieira fundamentandose em Braslavsky discorre acerca disso Não há dúvida que esta deve ser ao mesmo tempo prática racional e emo cional Deve formar pessoas que sejam capazes de compreender o mundo e criar seus projetos aproveitando as oportunidades geradas pelo cenário que se desenha nos primeiros anos deste século Dentre os fatores que podem vir a contribuir para construir essa educação vale a pena referir aqueles destacados por Braslavsky 1 o foco na relevância pessoal e social 2 a convicção a estima e a autoestima dos envolvidos 3 a força ética e profissional dos mestres e professores 4 a capacidade de condução de diretores e inspetores 5 O trabalho em equipe dentro da escola e dos sistemas edu cacionais 6 as alianças entre as escolas e os demais agentes educacionais 7 o currículo em todos os seus níveis 8 a quantidade a qualidade e a disponibilidade de materiais educativos 9 a pluralidade e a qualidade das didáticas e 10 condições materiais e in centivos socioeconômicos e culturais mínimos Por óbvio que pareça é importante insistir que as políticas e a gestão da educação básica necessitam encontrar seu foco na essência da tarefa educativa bem ensinar e bem aprender tudo fazendo para cum prir a função social da escola com sucesso Sua razão de existir está intrinsecamente ligada à tarefa primordial de bem ensinar e aprender Gestão escolar bemsucedida portanto é aquela voltada para a aprendizagem de todos os alunos VIEIRA 2007 p15 Em consonância com as palavras de Vieira observamos que a escola só ocupará o seu lo cus de agente formador se estiver atenta à sua função precípua produzir e ensinar conhecimentos às pessoas Atualmente é nessa instituição que o aluno recebe os principais elementos formativos e precisamente por isso os atores escolares precisam estar preparados para essa nova função que se avizinha Os professores os gestores a comunidade escolar como um todo devem cuidar de vários aspectos da formação da pessoa sem descurar do seu papel essencial que é conservar ensinar e produzir conhecimento científico A finalidade da escola encontrase nessa assertiva que é transmitir conhecimento ao outro não apenas os úteis mas igualmente os necessários ao pro cesso formativo qual sejam tornar a pessoa capaz de deter o conhecimento científico produzido 180 pela sociedade e saber conviver com o outro segundo princípios de civilidade e de ética Os profissionais da educação devem conhecer e tentar recriar novas formulações pedagógicas mas para isso é necessário que a formação deles próprios seja melhor o que pressupõe uma reformulação na maneira de pensar o objetivo dessa educação de qualidade É pois nessa condição que a educação escolar pode ocupar papéis na formação humana e intelectiva dedicandose a preparar e possibilitar ao ser humano condições necessárias para que o mesmo possa desenvolverse cognitivamente e de posse dos diversos ensinamentos sa ber viver em sociedade portanto efetivar o que prescreve a Constituição Federal de 1988 Art 205 A educação direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho BRASIL 1988 p 38 Essa concepção também se encontra estabelecida no Artigo 1º da Lei 939496 Lei de Diretrizes e Bases da Educação segundo o qual a educação compreende e abrange os processos formativos desenvolvidos no interior da família no trabalho nas instituições de ensino e pesquisa assim como em movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações sociais Observamos com as bases legais uma uniformidade no que tange à educação atual e que de modo geral rege a mentalidade contemporânea educar para o exercício da cidadania e para a qualificação no trabalho A pertinente ânsia em educar os filhos para viver em sociedade perpassa por esses dois âmbitos indissociáveis cidadania e trabalho No entanto o pleno de senvolvimento da pessoa compreende muitos outros aspectos mas de modo geral é na escola com o início da alfabetização que se desenvolve um dos principais processos de constituição da cidadania aquele que dá condição de acesso ao conhecimento científico e potencialmente desenvolve o sentido de pertencimento social Acreditamos pois que é pela relevância que a escola expressa na sociedade brasileira como um espaço fundamental de formação de cidadãos que assistimos ao surgimento de leis e iniciativas destinadas a modificar a situação em que se encontra a escola e a educação formal dela oriunda Observamos que os órgãos competentes têm realizado várias intervenções com o intuito de promover a educação brasileira mas ainda há preocupações que se voltam à qua 181 lidade desta justamente por se constatar os baixos índices de aprendizagem que são revelados nas avaliações nacionais e internacionais especialmente aquelas concernentes à alfabetização no Brasil Compreendemos que os debates em torno da qualidade da educação básica perpassam pela função da escola na medida em que para a maior parte da população é nessa instituição que residem os primeiros passos da formação intelectual da pessoa 82 Educação Nos Espaços NãoEscolares Muitos profissionais da educação terão a oportunidade de estabelecer contato com espaços que não são escolares sendo de fundamental importância compreender que nesses espaços a for mação geral das Crianças Jovens e Adultos necessitam de atenção e comprometimento Vamos observar como se dá a formação em um CRAS observe o texto a seguir atenta mente Educação em Espaços NãoEscolares O CRAS Como Campo de Desenvolvimento A pedagogia social ainda é pouco discutida no cenário educacional As reflexões acerca de seu caráter educativo dão margens a conceituações que direcionam a pedagogia social a uma vertente pedagógica que parece não estabelecer vínculos com a educação em seus mais diversos aspectos Sendo a educação fator primordial para o desenvolvimento integral do ser humano este trabalho tornase relevante pelo seu caráter de abrangência social e científica que contribui tanto para questões ligadas a sociedade quanto para a educação A presente pesquisa surgiu a partir do meu contato com a Pedagogia Social através do curso de Bacharelado em Serviço Social que é realizado concomitantemente ao curso de Peda gogia e me permitiu perceber os diversos espaços em que a educação acontece e nos quais a Texto adaptado de Educação em Espaços NãoEscolares O CRAS Como Campo de Desenvolvimento httpswwwportaleducacaocombrconteudoartigoseducacaoeducacaoemespacosnaoescolaresocrascomo campodedesenvolvimento21349 acessado em 13102018 182 pedagogia tem papel relevante A educação em espaços não escolares ainda é pouco percebida e o caráter social de sua ação me despertou para a investigação do seu desenvolvimento num Centro de Referência em Assistência Social CRAS onde foi realizado um estágio obrigatório ao Curso de Bacharelado em Serviço Social e onde tive o primeiro contato com essa vertente pedagógica Percebi que além dos assistentes sociais e psicólogos os pedagogos também tinham seu espaço de atuação delimitados mas com uma nova forma de desenvolvimento profissional sem perder o caráter educacional de sua prática Como pedagoga em formação a percepção da atuação dos profissionais nesse espaço direcionou meu olhar para Pedagogia Social sendo de extrema importância a explicitação de seu conceito e de seu campo de atuação para que seus profissionais não se confundam com a percepção histórica de que a pedagogia se restringe exclusivamente à docência em salas de aula ou à atuação em instituições formais de ensino Tendo pedagogos no quadro funcional do CRAS e por estar a Pedagogia estritamente relacionada ao processo educativo incitoume o questionamento sobre quais as propostas edu cacionais existentes no CRAS do município de Macarani Para tentar responder a esse questio namento foi necessário analisar quais as propostas educacionais existentes no CRAS conhecer os projetos desenvolvidos verificando de que forma são desenvolvidos e a quem se destinam e por fim identificar quais os profissionais responsáveis pela sua implantação e desenvolvimento Assim no primeiro capítulo discorro sobre um breve histórico da pedagogia social no segundo capítulo sobre os procedimentos metodológicos e o terceiro capítulo sobre a análise dos dados coletados Pedagogia e Pedagogia Social Breve Histórico A pedagogia social ainda aparece de maneira incipiente no cenário educacional Pouco se discute a respeito de seu surgimento sua constituição e qual o seu lugar na sociedade e no mercado de trabalho 183 Ainda existe certa estranheza quando o termo pedagogia social é debatido no âmbito educacional por desconhecimento ou incompreensão Muitos não conhecem do que trata a pedagogia social qual seu campo de atuação e quem é esse profissional responsável por seu desenvolvimento Não compreendem como a pedagogia vinculada estritamente aos espaços educacionais pode ter uma vertente social mais uma prova do desconhecimento do processo educativo que se interrelaciona ao desenvolvimento da sociedade e que acontece nos diversos espaços de interação social Filósofos como Platão e Aristóteles já discutiam a Pedagogia Social antes mesmo que ela se tornasse ciência ou campo de estudo aos considerar a importância da educação para o desenvolvimento da sociedade estando ela presente nas ações beneficentes do cristianismo ou nas heranças dos educadores como Froebel e Pestalozzi ambos pedagogos que se tornaram referência na Europa apesar de não usar nomenclatura abraçavam a ideia do sujeito social MO RAES 2012 p2 Diaz conceitua a pedagogia social como Uma ciência pedagógica de caráter teóricoprá tico que se refere à socialização do sujeito tanto a partir de uma perspectiva normalizada como de situações especiais inadaptação social assim como aos aspectos educativos do trabalho social Implica o conhecimento e a ação sobre os seres humanos em situação normalizada como em situação de conflito ou necessidade O conceito de pedagogia social mais generalizado é o que faz referência à ciência da educação social das pessoas e grupos por um lado e por outro como ajuda a partir de uma vertente educativa às necessidades humanas que convocam o tra balho social assim como o estudo da inadaptação social 2006 p 92 A pedagogia social seria assim uma ciência pedagógica que tem seu foco nas relações que o indivíduo estabelece em sua comunidade para superação de adversidades e necessidades existentes enquanto ser social Sua metodologia está voltada aos grupos sociais a uma educação realizada para atender às situações provenientes das interações do sujeito na sua comunidade seja num momento de adversidades na qual necessita de uma interferência para sua superação como por exemplo a inadaptação do indivíduo ao meio seja em situações em que visem a ma 184 nutenção da socialização no atendimento às necessidades educativas Na Alemanha o termo Pedagogia Social foi usado pela primeira vez na obra de Dieste rweg Bibliografia para a Formação dos Mestres Alemães em 1850 mas sem direcionamento científico e pedagógico Paul Natorp 1854 1920 foi o primeiro pensador a sistematizar a pe dagogia social Em 1898 em sua obra Pedagogia Social Teoria da educação e da vontade sobre a base da comunidade Natorp defende a comunidade e considera o individualismo a origem e a causa dos conflitos na Alemanha Assim a educação vinculase à comunidade e não aos indi víduos Natorp procura elaborar uma teoria sobre a educação social concebendo a Pedagogia Social como saber prático e como saber teórico QUINTANA 1997 apud MACHADO 2008 p2 Nesse período a Alemanha passava pelo processo de industrialização e a sociedade atravessou percalços Os movimentos migratórios do campo para a cidade ocasionam a prole tarização e ao mesmo tempo o desemprego aumentase a desigualdade econômica e cultural e menores são marginalizados devido ao abandono causado pela pobreza A educação nesse momento é compreendida como único meio pelo qual a sociedade poderia superar tais dificuldades e necessitavase de uma pedagogia que atendesse aos anseios individuais e sociais dessa comunidade e que buscasse superar esse viés individualista criado pelo processo de industrialização Pensouse numa pedagogia social onde cada indivíduo pudesse se reestabelecer dentro desse novo grupo ao qual fazia parte Com a criação da escola de Pedagogia Sociológica por Natorp que é uma parte da Pe dagogia Social enquanto ciência iniciase o movimento de desenvolvimento da pedagogia social para atendimento da comunidade que é compreendida como a base da construção do progres so dos indivíduos Diaz esclarece que Este autor defende a ideia de que o homem individual é uma abstração já que em toda a pessoa subsiste a totalidade da comunidade em que se desenvolve A comunidade é para ele a condição que possibilitas todo progresso e o ideal a que deverá referirse qualquer ação educativa Parte da relação indivíduocomunidade e põe uma ênfase especial na ideia que o ser humano é sobretudo um ser social de tal maneira que só poderá chegar a ser homem mediante 185 a comunidade toda a atividade educadora se realiza sobre a base da comunidade Entende que toda pedagogia é social ou deixa de ser autêntica pedagogia Portanto a pedago gia social não é para Natorp uma parte da pedagogia geral como sustentam outros autores da época mas a pedagogia É a pedagogia contemplada a partir de uma determinada perspectiva precisamente a da comunidade social 2006 p 93 A comunidade então seria o campo de conhecimento e de desenvolvimento humano de progresso social Fora dela impossível conceber a ideia de um homem como ser social pois é na comunidade onde se criam e se recriam os processos educativos e constitutivos das relações humanas Com o final da Primeira Guerra Mundial em 1918 evidenciamse os problemas sociais desemprego pobreza marginalização social cultural e econômica de crianças jovens e idosos e total ausência de proteção social o que contribui para que a pedagogia social caminhe para o seu reconhecimento dando ênfase ao atendimento aos problemas então surgidos Assim foi estabelecida no país uma política de atendimento às necessidades sociais na qual a melhoria da qualidade de vida através de leis de apoio e assistência social a toda sociedade afetada trabalha dores crianças e jovens bem como apoio às instituições sócio pedagógicas eram seus objetivos Nesse momento a figura de Herman Nohl 1879 1960 se destaca ao ampliar o con ceito de pedagogia e de educação fora da família e do ambiente escolar Para Nohl Pedagogia Social não se refere a toda a Pedagogia mas a parte relacionada à educação popular Visa atender a necessidades concretas do período após a Primeira Guerra Centra sua proposta na prevenção como forma de solucionar os problemas sociais MACHADO 2008 p 3 Esta seria então uma pedagogia direcionada ao atendimento das necessidades sociais es tando sua atuação em meio às camadas populares desenvolvendo ações preventivas diretamente na sociedade buscando assim a supressão dos problemas sociais daquele período Baumer colaboradora e discípula de Nohl ajuda a ampliar esse conceito compreendendo que a Pedagogia Social sendo realizada fora da escola é tarefa social e estatal estando intimamen te relacionada às camadas sociais mais necessitadas 186 Dessa forma a Pedagogia Social se define a partir da realidade concreta e a sociedade é o seu campo de atuação e intervenção científica Assim é na sociedade nos seus problemas e na busca de sua superação eou prevenção que a Pedagogia Social vai caracterizando e conceitu ando enquanto ciência atuante e não só conceitualizada teoricamente sem identificação do seu espaço de intervenção MACHADO 2008 Em 1933 com a ascensão de Hitler ao poder os trabalhos da Pedagogia Social foram in terrompidos devido à falta de investimento estatal que limitou o desenvolvimento dos trabalhos neste campo O período do surgimento da Pedagogia Social na Alemanha coincide com o momento em que a sociedade reconhece os movimentos populares que reivindicam liberdade e direitos humanos influenciados pela Revolução Francesa e também pela Revolução Industrial A crise econômica social e industrial que afetou a Alemanha nesse período de transfor mações propiciou à Pedagogia Social o desenvolvimento de seu caráter interventivo no âmbito sócio educacional buscando superar as contradições causadas pela renovação das estruturas sociais sendo a educação a mediadora da redução dos conflitos políticos entre socialistas e co munistas Encontramos ainda nesse período sendo influenciados pela concepção idealista de Na torp E Kriek e A Baumler que aplicaram a teoria da Pedagogia Social aos problemas pedagó gicos Para Kriek a educação tem de basearse na comunidade e especialmente na raça e no povo No seu entender a educação é uma função originária do espírito e da comunidade DIAZ 2006 p 95 Sendo uma função originária do espírito e da comunidade a educação necessita então ser compreendida através das manifestações de sua comunidade e não como ato neutro em suas realizações A educação então é influenciada pelas relações estabelecidas pelo povo dentro de sua comunidade A pedagogia social então vai se construindo e ganhando espaços de atuação garantindo a construção de seu conceito enquanto ciência da educação social e contribuindo para a superação das adversidades sociais 187 Nos diversos países pelos quais a pedagogia social se propagou em cada um deles assumia um caráter diferenciado Na Itália a pedagogia social referiase mais à educação informal do que a não formal sendo defendida a ideia de que a sociedade educa o cidadão e o seu processo de aprendizagem ocorrido da comunidade para o indivíduo Nesse processo estão envolvidos todos os setores da sociedade tais como família igreja escola estado associações meios de comunica ção sendo responsáveis pela educação de seus membros havendo aí uma interação da comuni dade com os seus membros Na França a pedagogia social esteve associada ao atendimento das necessidades da socie dade devido ao fim da Segunda Guerra em 1945 A educação de adultos era uma de suas áreas de atuação A análise e as ações para eliminação dos problemas de pobreza dos conflitos raciais da falta de escolarização e da saúde visando a superação das adversidades desviase um pouco do seu sentido pedagógico quando se volta apenas para a supressão das carências sociais Na Espanha a pedagogia social também tem a família como espaço de desenvolvimento juntamente com a comunidade Nesse momento iniciaramse os debates encontros e seminá rios para se discutir a questão da delimitação de sua cientificidade e atuação ganhando espaço enquanto disciplina nas academias No Brasil o precursor da pedagogia social embora não a tenha citado é Paulo Freire A pedagogia freireana em sua metodologia buscava a emancipação dos sujeitos através do desen volvimento de seu senso crítico tendo como base a própria realidade do educando Paulo Freire priorizava a aprendizagem uma vez que esta não acontecesse de forma a privar os educandos de construir uma reflexão acerca do meio em que vive desenvolvendo assim o seu olhar crítico a respeito das relações estabelecidas na sua realidade Valorizava os conhecimentos prévios do educando e preconizava um modo de fazer educação que não limitasse a construção do sujeito e a sua percepção enquanto ser social responsável pelas transformações ocorridas em seu meio a partir do desenvolvimento de seu senso crítico MACHADO 2009 Atenção Para a leitura do texto completo acesse o link disponibilizado httpswwwportaleducacaocombrconteudoartigoseducacaoeducacaoemespacosnaoes colaresocrascomocampodedesenvolvimento21349 188 Texto complementares 1Práticas pedagógicas nos espaços não escolares alternativas vivenciais em uma perspectiva de pedagogia de projetos httpwwwuecebrendipe2014ebookslivro2PRC381TICAS20PEDAGC393GI CAS20NOS20ESPAC387OS20NC383O20ESCOLARES20ALTERNATI VAS20VIVENCIAIS20EM20UMA20PERSPECTIVA20DE20PEDAGOGIA20DE20 PROJETOSpdf Estudo de Caso 190 Após o envolvimento com os textos e conhecimento faça uma pesquisa sobre os espaços de formação nãoescolares e a importância para a formação docente Objetivos da Unidade Unidade IX Investigação de questões que en volvem o processo educativo anali sandoas sob a ótica da diversidade direitos humanos diversidades étnico racial de gênero sexual religiosa de faixa geracional IX Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Reconhecer a diversidade e as relações que envolvem a formação escolar Capacitar professorases para a reflexão e a construção de instrumentos para lidar com os comportamentos e atitudes que envolvem relações de gênero etnicorra ciais sexualidade e orientação sexual no cotidiano da escola 192 Unidade 9 Investigação de questões que envolvem o processo educativo analisando as sob a ótica da diversidade direitos humanos diversidades étnicoracial de gênero sexual religiosa de faixa geracional Introdução É sabido que nossos jovens estão enfrentando situações novas que o mundo não conhecia antes e que não podem mais ser resolvidas só pela família pela escola ou por qualquer outra insti tuição isoladamente O mundo de hoje exige que os jovens estejam também inseridos em outros referenciais de conhecimento técnicos como a informática éticos como a autonomia sobre o corpo ou ligados à cidadania como os direitos humanos e de consumidor entre outros É importante que os jovens desenvolvam a reflexão sobre a responsabilidade que eles têm sobre os rumos de suas vidas Mas como Ora desenvolvendo com essas crianças jovens e adultos em fase escolar atividades que propiciem o exercício da autonomia da compreensão do outro da observação da diversidade social como prática comum e necessária no meio social Na qual o aluno passará de vítima ou de culpado a mais um aliado no movimento de construção por uma escola e um mundo melhor Você pode estar se perguntando Será que esse discurso não é mais um para compor um blá blá blá que não levará a nada Bom pode ser mas se não nos movimentarmos no sentido de resgatar valores processos de igualdade fraternidade solidariedade principalmente de tolerância não avançaremos nas conquistas de mundos melhores precisamos de ações afirmativas que levem os alunos a conquista de saberes profícuos de vida ampla de potencialidade de melhoria da condi ção de vida de transformação Vamos para as nossas discussões creio que serão importantes para a sua formação social e profissional abraço da Nidia Rocha 193 91 A diversidade nas relações sociais e a formação dos princípios nas políticas públicas Para falarmos de diversidade seria interessante resgatar alguns temas importantes e de base para a formação educativa estamos falando da educação como direito de todos como dever do Estado e da família preceitua o art 205 da Constituição Federal Porém para a concretização das finalidades expostas nesse dispositivo constitucional o en sino deve obedecer aos princípios do art 206 do texto constitucional os quais devem constituir a base de qualquer planejamento que se faça na área de educação Os constituintes de 1988 não estabeleceram precisão terminológica no emprego das expressões educação e ensino Mas conse guiram sintetizar os princípios básicos da educação em sete itens Segundo o art 206 da Constituição Federal O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola II liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensamento a arte e o saber III pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino IV gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais V valorização dos profissionais do ensino garantidos na forma da lei pla nos de carreira para o magistério público com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos VI gestão democrática do ensino público na forma da lei VII garantia de padrão de qualidade CF 1988 art 206 Acrescenta ainda a LDB 939496 Art 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola 194 II liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar a cultura o pensa mento a arte e o saber III pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas IV respeito à liberdade e apreço à tolerância V coexistência de instituições públicas e privadas de ensino VI gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais VII valorização do profissional da educação escolar VIII gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da legisla ção dos sistemas de ensino IX garantia de padrão de qualidade X valorização da experiência extraescolar XI vinculação entre a educação escolar o trabalho e as práticas sociais LDB 939496 art 3º Estes princípios têm como missão orientar a condução do ensino no país nas diversas esfe ras do sistema de ensino inclusive no que se refere à elaboração e aplicação da legislação educacio nal As políticas públicas legislações e ações para a formação para a educação são de funda mental importância para o desenvolvimento das questões sociais educativas ações que impulsionam a formação geral de uma comunidade educacional Assim é importante compreender que Os princípios da educação são portanto parâmetros que devem constituir a base de qual quer planejamento que se faça na área de educação visando à concretização das finalidades da educação Os princípios do ensino podem ser melhores conceituados como enunciados básicos que compreendem e contemplam uma série de situações e demandas no âmbito educacional constituindo em substância uma espécie de cimento de toda a estrutura jurídiconormativa da educação nacional MARTINS 2005 Depois da Constituição Federal a maior lei infraconstitucional da educação é a Lei de Dire trizes e Bases da Educação nacional que trata da chamada educação escolar Essa lei a LDB 939496 195 apresenta vários princípios que vão ao encontro da formação escolar em geral para a nação Prin cípios que atendem a ideia da diversidade e respeito a integridade dos indivíduos Para que você compreenda tais princípios é necessário que visualize alguns argumentos que os contemplem Passemos portanto a apresentar os princípios analisados por Vicente Martins 2005 911 Princípio da Igualdade O princípio da igualdade ou da isonomia embora não merecendo tantos discursos como a liberdade é um dos pilares do Estado democrático de direito Para o professor Sergio Abreu o debate acerca do princípio da igualdade está envolvido numa complexidade jurídicofilosófica de tal ordem que não pode ser reduzido aos cânones do direito positivo A igualdade adotada pela Revolução Francesa com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 era a igualdade de tratamento e se manifestava pela abolição de privilé gios de toda espécie daí o princípio geralmente admitido desde então nas democracias liberais da igualdade de todos perante a lei A luta pela igualdade era uma luta pela abolição dos privilégios do clero e da nobreza tanto em relação ao acesso às funções públicas como em relação aos impostos No século XIX a igualdade dos direitos era garantida aos proprietários O direito de propriedade era considerado um direito natural prolongamento da liberdade individual e fundamento da ordem social As Constituições brasileiras só têm reconhecido a igualdade no seu sentido formal jurídico igualdade perante a lei A Constituição de 1988 abre o capítulo dos direitos individuais com o prin cípio de que todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza art 5º caput O princípio da igualdade ou da isonomia está firmado na Constituição Federal no preâmbulo no art 3º que trata dos objetos fundamentais da República no art 5º caput e em seu inc I dentre outros dispositivos constitucionais gerais No entanto hoje segundo Chaim Perelman considerado um dos maiores filósofos do direito deste século A ideia que se impõe cada vez mais é a de diminuir as desigualdades entre os membros 196 de uma mesma sociedade ou entre povos e Estados cujo desenvolvimento é desigual con cedendo compensação aos que estão em estado de inferioridade Nos Estados Unidos a propósito quando se tratou da admissão às universidades em vez de designar os melhores candidatos o que teria eliminado quase todos os estudantes negros decidiuse conceder lhes uma certa cota para permitir escolher certo número de estudantes negros mesmo que se devesse agindo assim eliminar estudantes de raça branca mais merecedores do que os que haviam sido admitidos PERELMAN 2004 p 123 O princípio da igualdade no direito educacional está expresso como igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola art 206 inc I da Constituição Federal art 3º inc I da Lei de Diretrizes de Bases da Educação e art 53 inc I do Estatuto da Criança e do Adolescente Tra tase do princípio de isonomia da educação de cunho material posto que sendo o ensino direito público subjetivo nos termos do 1º e 2º do art 208 do art 5º da Lei de Diretrizes e Bases e do art 53 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 806990 tanto acesso quanto permanência devem ser materialmente garantidos sendo via de consequência ambos exigíveis do poder público importando a consequente responsabilidade da autoridade emitente Entretanto do ponto de vista da igualdade formal da educação a concretização da educação como direito de todos e dever do Estado e da família depende da efetiva aplicação do princípio da igualdade da educação art 205 e art 206 inc I da Constituição Federal Neste caso há real im possibilidade de considerar os alunos em igualdade de condições sem levar em conta as diferenças socioeconômicas de suas famílias Para nós como já comentamos não há capítulos da Constituição autônomos e que tampou co podemos analisar os princípios do ensino art 206 e incisos sem harmonizálos com os princípios básicos do Estado democrático de direito artigos 1º e 3º da Constituição Federal A igualdade de condições de acesso à educação e permanência na escola depende de um governo comprometido com os fundamentos e os objetivos fundamentais constitucionais chamados princípios fundamentais da República Federativa do Brasil bem como de ação ou política afirmativa Por fim as normasprincípio do direito educacional ganharam corpo com o advento da Constituição Federal de 1988 e com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação que reconhecem o direito público subjetivo à educação E no caso de não oferecimento ou de oferta irregular do 197 ensino obrigatório como veremos no próximo capítulo a Constituição e algumas legislações infra constitucionais indicam expressamente os instrumentos jurídicos colocados à disposição do cidadão para exigir do poder público o cumprimento da prestação educacional Tratase na realidade de princípio de ordem pública porque diz respeito à cidadania ao interesse público e à educação como direito fundamental 912 Princípio da liberdade No direito educacional o princípio da liberdade aparece mais fortemente expresso diante de outros corolários como o princípio da liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar o pensa mento a arte e o saber art 206 inc II da Constituição Federal igualmente expresso no inc II do art 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nesse artigo estão compreendidas duas dimensões do conhecer a dimensão subjetiva e a dimensão objetiva Na primeira dáse a relação dos sujeitos do conhecimento envolvendo a liberdade de transmitir o conhecimento que cabe ao professor e o direito de receber o conhecimento ou de buscálo que cabe a alunos e pesquisadores Na segunda encontrase a liberdade de o professor escolher o objeto relativo do ensino a transmitir Dizemos objeto relativo porque sua liberdade aqui fica condicionada aos currículos escolares e aos programas oficiais de ensino art 209 Vale lembrar que não é óbice para o professor ministrar o seu curso ou disciplina com a liberdade de crítica de conteúdo e metodologia que lhe pareçam mais corretos A propósito consoante o magister do precursor do direito educacional brasileiro Renato Alberto Teodoro Di Dio A liberdade de ensino entendida como a liberdade intelectual de pessoas que participam do processo educativo é hoje reconhecida como um dos princípios fundamentais da edu cação de uma sociedade Esse princípio é proclamado não só por seu valor intrínseco uma vez que constitui um dos anseios básicos do homem como também porque propicia o desenvolvimento do espírito crítico o progresso do conhecimento e a melhoria da convi vência social 1982 198 913 Princípio do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino O princípio do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas nos termos do inc III do art 206 da Constituição Federal vem reforçar o princípio da liberdade de ensinar e aprender comprovando o intuito democrático que se reveste nossa Lei Maior Não cabe a um Estado que pretende ser democrático MONTEIRO 2005 impor modelos únicos e autoritários de ideias a serem aplicadas no processo ensi noaprendizagem nem tampouco ditar as concepções pedagógicas a nortear o mesmo processo Ao contrário tais ideias e concepções devem ser construídas dialeticamente no cotidiano das atividades educativas respeitandose a autonomia das localidades e das uni dades escolares respeitadas as realidades regionais e diferenças ideológicas não havendo nenhum modelo pronto acabado e préconcebido de ministrar o ensino Entendese por pluralismo de concepções pedagógicas a faculdade de adoção do método de ensino mais conveniente para cada escola Por esse princípio ainda buscou assegurar o direito de escolha em relação à educação que o educando deseja receber ou que a família quer oferecer aos seus filhos tanto sob o ponto de vista confessional quanto ideológico ou financeiro bem como levando em consideração o caráter qualidade de ensino e metodologia aplicada MOTTA 1997 p 172 É claro que não se pode esquecer que essa liberdade pressupõe responsabilidade ou seja que os ensinamentos não contrariem a ordem jurídica vigente em nosso país Assim a liberdade de ensino encontra limites nos próprios princípios constitucionais que devem ser observados estando vedada o uso do ensino para fazer apologias políticopartidárias para servir de opressão ou domina ção de um povo ou que contrarie os ideais do Estado Democrático de Direito DONADELI 2004 As instituições de ensino têm que levar em conta que a qualidade de ensino passa necessa riamente pelo respeito ao pluralismo de ideias de professores alunos e pais de alunos e da comuni dade envolvida com a comunidade de escolar Convém que entendamos duas noções básicas sobre o princípio do pluralismo de ideias Primeiro devemos entender os conceitos de ideia e ideias no 199 âmbito educacional que são bem distintos A Constituição faz referência a ideias no plural por entender que no ambiente escolar são previsíveis pensamentos ou concepções dos professores e alunos em diversos domínios dos conhecimentos sejam de ordem teórica doutrinária ou filosófica 914 Princípio do respeito à liberdade e apreço à tolerância Um dos mais importantes princípios de quem ensina e trabalha com crianças jovens e adultos é o da tolerância sem o qual todo magistério perde o sentido de ministério de adesão aos processos de formação do educando A tolerância começa na aceitação sem reserva das diferenças humanas expressas na cor no cheiro no falar e no jeito de ser de cada educando Só a tolerância é capaz de fazer o educador admitir modos de pensar de agir e de sentir que diferente dos de um indivíduo ou de grupos deter minados políticos ou religiosos O fortalecimento da tolerância recíproca só é possível quando na escola há respeito à liberdade e o apreço à tolerância que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana O educando no processo de formação escolar tem necessidade de amar e compreender Da mesma forma o professor no exercício de seu magistério tem necessidade de ser amado e ser compreendido Assim a necessidade de amar do aluno e o desejo de ser amado do professor nunca andam separados são a base de uma relação fraterna e recíproca entre professor e aluno Uma criança quanto mais sente que é amada mais disciplinada estará para receber a minis tração das aulas Onde não há reciprocidade isto é o amor do aluno para com o professor e do professor para com seu aluno não assimilação ativa não há a razão de ser da educação escolar o desenvolvimento do educando como pessoa humana A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB a Lei 9394 promulgada em 1996 trouxe as bases do que vem sendo denominado nos meios acadêmicos de Agapedia a Pedagogia do Amor 200 É a LDB que nos oferece os dois mais importantes princípios da Pedagogia do Amor o res peito à liberdade e o apreço à tolerância que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana Ambos têm por fim último o pleno desenvolvimento do educando seu preparo para o exercício da cidadania ativa e sua qualificação para as novas ocupações no mundo do trabalho Na educação infantil a Pedagogia do Amor torna possível o cumprimento do desenvolvi mento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico psicológico intelectual e social na medida em que o processo didático complementa a ação da família e da comunidade No ensino fundamental a Pedagogia do Amor se dá em dois momentos no primeiro no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem do educando tendo em vista a aquisição de co nhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores e no segundo momento no fortaleci mento dos vínculos de família dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social No ensino médio a Pedagogia do Amor se manifesta na medida em que nós professores e futuros professores aprimoramos o educando como pessoa humana incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico Na educação superior há lugar também para a Pedagogia do Amor Ela se manifesta no momento em que os professores estimulam o conhecimento dos problemas do mundo presente em particular os nacionais e regionais É a Agapedia que leva os alunos à prestação de serviços es pecializados à comunidade e estabelece com esta uma relação de reciprocidade 915 Princípio da coexistência de instituições públicas e privadas de ensino É importante entendermos desde logo que o princípio de coexistência do público e do privado assegura ao poder público como prescreve o artigo 19 da LDB a competência de criar ou incorporar instituições de ensino para atender as demandas sociais por um ensino público obriga tório e gratuito É o referido princípio que autoriza de outra sorte pessoas físicas ou jurídicas de direito privado a abrirem escolas em qualquer Estado ou Município da Federação ou em um distrito 201 localidade ou rua de qualquer cidade brasileira É por este princípio de coexistência do público e do privado que podemos neste século fomentar escolas públicas mais orientadas ao mercado e estimular as escolas privadas com fins pú blicos As instituições de ensino públicas ou privadas têm uma natureza essencialmente social e socializadora de modo a não ficarem ausentes das iniciativas concretas que contribuam com o de senvolvimento sustentável Numa palavra podemos afirmar que sem a coexistência de escolas públicas e privadas sem o ensino livre à iniciativa privada o Brasil seria mais centralizado menos federativo menos demo crático por sua vez a educação seria menos social posto que seja através deste princípio de ensino que as IEs no Estado democrático de Direito superam a contradição capitalista entre o público e o privado 916 Princípio da gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais O pagamento dos impostos significa que o povo de forma muito regular financia diariamen te as escolas públicas de modo que a noção de gratuidade não existe a rigor A escola pública não é dada pois de graça ao povo Quando se é de graça o imperativo legal é inócuo como aconteceu na Carta de 1824 Para entendermos bem o inciso IV do artigo 206 da Constituição de 1988 devemos com preender bem o conceito de financiamento da educação Isso por outro lado exige que tenhamos bem claro em mente um outro conceito o de escola pública A ideia de escola pública vem de educação pública direito de todos os cidadãos e dever constitucional do Estado É a tradição do Estado Liberal que nos remete à Revolução Francesa de 1789 As escolas públicas são as escolas do povo isto é instituições destinadas ao povo à coletivi dade de uso de todos pobres ricos negros brancos sem qualquer forma de discriminação ou pre conceito mantidas pelo poder público isto é pelo poder do povo através da gestão dos recursos 202 públicos pelo Ministro da Educação e dos Secretários de Educação dos Estados Distrito Federal e Municípios Através do Poder legislativo os parlamentares federais estaduais e municipais fiscalizam o cumprimento das leis educacionais O povo mantém através do poder público as suas escolas públicas As escolas públicas são portanto escolas do povo para o povo daí na sua imanência seu caráter democrático Dizemos acima que o povo mantém através do poder público suas escolas públicas Mas como as mantém Como se dá sua manutenção O verbo manter vem do latim manutenere quer dizer ao pé da letra ter na mão Se o povo de alguma forma mantém a escola pública significa que tem a escola pública na sua mão no seu poder Através do imposto o povo mantém as esco las públicas O Estado criou o imposto como meio pecuniário do povo prover a escola pública do necessário ao seu sustento isto é sua manutenção e desenvolvimento A palavra imposto porém é na sua etimologia do latim impositu uma palavra negativa porque indica que algo foi imposto ao povo isto é feito aceitar ou realizar à força o que vem re velar a faceta coercitiva do Estado A coerção do Estado é um mal mas um mal necessário porque é através do imposto que o Estado vai poder manter as escolas públicas Ao contrário de tornar o Estado autoritário por impor a coerção do imposto vem apenas do caráter de obrigatoriedade do cumprimento da lei por todos A ideia de imposto de renda vem exatamente da ideia de tributo que pessoas físicas e jurídicas pagam ao Estado relativamente aos seus rendimentos em proporção estabelecida pela lei Assim no plano do Estado isto é no plano do jurídico o povo deixar de ser apenas a aglomeração de gente a multidão as pessoas que nos cercam os colegas os amigos e nossos companheiros A noção de povo passar a ser de nação pessoas físicas e jurídicas que se submetem às mesmas leis as mesmas regras de democracia No entanto a noção de povo ficou no senso co mum reduzido a noção de classe isto é de plebe de conjunto das pessoas pertencentes às classes menos favorecidas As escolas públicas durante muito tempo ficaram longe do alcance isto é da de cisão popular o que acabou tirando uma faceta significativa do seu caráter democrático Isto porque as escolas públicas não podem ser consideradas democráticas unicamente por garantir o acesso às crianças jovens e adultos oriundos das classes populares mas por contar com a efetiva participação 203 efetiva do povo em suas formas de organização popular nas decisões da escola isto é na gestão escolar A maioria das pessoas acredita que as escolas públicas são escolas gratuitas isto é o poder público oferta à comunidade como dever e esta mesma comunidade se serve graciosamente do serviço público Não é verdade As escolas públicas são escolas pagas mas não são privadas isto é não visam auferir lucro mas atender uma demanda social E quem paga as escolas públicas O pró prio público isto é o povo através dos impostos Os impostos são as principais fontes de recursos financeiros para a manutenção e desenvolvimento da educação pública Na medida em que vemos as escolas públicas como escolas pagas que dependem de meios pecuniários para enfrentar seus gastos com a manutenção e desenvolvimento do ensino estamos enxergando doutra sorte o mecanismo do sistema capitalista que envolve não apenas as indústrias as empresas mas o próprio Estado Numa palavra o Estado reproduz toda a engrenagem do sistema capitalista do contrário não tem como prestar serviço à sociedade 917 Princípio da valorização dos profissionais do ensino garantidos na forma da lei planos de carreira para o magistério público com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos Outro dado importante é que não se refere o inciso aos professores mas aos profissionais do ensino Ora a valorização do profissional do ensino é a primeira providência para transformar o profissional do ensino para evitar a perda de sua dignidade e identidade profissional O profissional do ensino não pode ser considerado no mercado escolar como uma simples mercadoria como ocorre em muitos Estados da Federação com a figura do professor Ao profissional do ensino público são garantidas três prerrogativas a planos de carreira para o magistério público b piso salarial profissional c ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos O ensino não pode ser apenas um bico mas uma carreira profissional O magistério público 204 não deve ser transformado num ganho avulso numa tarefa ocasional Anterior a esta nova ordem jurídica até mesmo pela forma como muitos ingressaram no serviço público muitos transformaram a profissão de ensinar em mera viração num emprego sub sidiário e pouco rendoso Às vezes escutamos no meio escolar ou familiar professores a dizer que o magistério é sua cachaça Ora magistério não é cachaça e sim uma carreira Como carreira o magistério para o profissional do ensino é um modo de vida é sua profissão A tarefa do Poder Público é fazer a ordenação através dos planos de carreira para o ma gistério público a ordenação dos cargos a partir das titulações acadêmicas graduados especialistas mestre doutores pósdoutores Embora o inciso se refira apenas à carreira o plano de carreira se faz com a ordenação de cargos Quando o profissional do ensino tem um cargo sua profissão não é uma simples função ou emprego público mas um cargo conquistado através de concurso público que só desaparece com sua morte ou exoneração A valorização do profissional do ensino prevista no inciso V se efetiva por seu ingresso ex clusivamente por concurso público de provas e títulos Aqui ingresso e admissão ao serviço público são tecnicamente diferentes O ingresso depende de aprovação em concurso de provas e títulos A admissão ao contrário pode ser dá para o acesso à função pública e temporária no serviço público Ressaltase que é garantido ao profissional do ensino o ingresso através de concurso isto é de provas documentais e práticas prestadas na condição de candidatos ao cargo público Por isso na condição de candidato ao cargo de professor deve levar rigorosamente as instruções do edital da lei para homologação e convocação dos candidatos Confirmado no cargo o profissional do ensino passa a ser um servidor público Aqui se faz importante salientar que a Emenda Constitucional n19 de 4 de junho de 1998 modifica a seguinte redação original do texto do inciso V do artigo 206 da Constituição de 1988 valorização dos profissionais do ensino garantido na forma da lei planos de carreira para o magisté rio público com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União Comparando as duas versões observaremos o seguinte primeiro na versão original há um erro grosseiro de concordância nominal na palavra garantido que deve ser garantidos para con 205 cordar planos de carreira para o magistério público A versão em vigor corrigiu o solecismo Mas um olhar mais atento verá a supressão da expressão assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União É aqui que podemos fazer uma diferença entre garantia e asseguração constitucional Aos profissionais do ensino são dadas as seguintes garantias constitucionais a planos de cargos e carreira b piso salarial profissional c concurso públicos de provas e títulos São garantias fidejussórias pessoais e reais em favor dos profissionais do ensino mas sem qualquer asseguração constitucional isto é sem lhe dá uma segurança de estabilidade na profissional uma certeza de que as atuais regras vão perdurar na ordenação constitucional Por isso mais adiante veremos a perda da estabilidade funcional no serviço público Em consonância com este artigo temos o Artigo 41 na Constituição Federal de 1988 teve sua redação original alterada para São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público Na verdade o Poder Público garante a rigor cargo de provimento efetivo o que torna a estabilidade profissional uma efetividade funcional O artigo 41 da Constituição Federal de 1988 esclarecedor deste inciso vai cuidar especial mente dos critérios da perda do cargo por parte do servidor público São estes casos para a perda do cargo de servidor previstos no 1º do artigo 41 alterado pela Emenda Constitucional nº 19 a em virtude de sentença judicial transitada em julgado inciso I b mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa inciso II c mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho na forma da lei complemen tar assegurada ampla defesa inciso III Como condição para aquisição da estabilidade a Constituição Federal no seu 4º do artigo 41 determina que seja obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade 206 918 Princípio da gestão democrática do ensino público na forma da lei A gestão democrática é a palavra de ordem na administração das escolas Os educadores do no novo milênio devem ter na gestão democrática um princípio do qual não arredam pé nem abrem mão Quanto mais a escola é democrática mais transparente é Quanto mais a escola é democrá tica menos erra tem mais acerto e possibilidade de atender com equidade as demandas sociais Quanto mais exercitamos a gestão democrática nas escolas mais nos preparamos para a gestão da sociedade política e civil organizada Aqui pois reside uma possibilidade concreta chegar à universidade e concluir um curso de educação superior e estar preparado para tarefas de gestão no governo do Estado nas prefeituras municipais e nos órgãos governamentais Quem exercita a democracia em pequenas unidades escolares constrói um espaço próprio e competente para assumir responsabilidades maiores na estrutura do Estado Portanto quem chega à universidade não deve nunca descartar a possibilidade de inserção no meio político e poder exer citar a melhor política do mundo a democracia 919 Princípio da garantia de padrão de qualidade Cabe ao poder público através dos governos às famílias através dos pais e responsáveis e à sociedade como um todo ofertar um ensino de qualidade A qualidade de ensino só pode ser medida sob enfoque da aprendizagem Não há qualidade de ensino quando o aluno deixa de apren der Não há aprendizagem sem a garantia a priori de que as condições objetivas de aprendizagem estão hoje e serão permanentemente asseguradas dinheiro direto na escola e gestão democrática de ensino 9110 Princípio da valorização da experiência extraescolar Como exemplo da aplicação do princípio da valorização da experiência extraescolar a LDB 207 permite a classificação em qualquer série ou etapa exceto a primeira do ensino fundamental inde pendentemente de escolarização anterior mediante avaliação feita pela escola que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino Outro exemplo desta valorização está na seção que trata da Educação de Jovens e Adultos EJA que estabelece que os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames Na Educação Profissional a LDB também inova neste aspecto quando coloca que os conhe cimentos adquiridos na educação profissional inclusive no trabalho poderá ser objeto de avaliação reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos No Ensino Superior a LDB permite que os alunos que tenham extraordinário aproveitamen to nos estudos demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos aplicados por banca examinadora especial poderão ter abreviada a duração dos seus cursos de acordo com as normas dos sistemas de ensino 9111 Princípio da vinculação entre a educação escolar o trabalho e as práticas sociais Objetivamente este princípio significa dizer que a ação educacional deve preparar o indiví duo desde a infância para as diversas ambiências que irá encontrar durante sua evolução enquanto ser humano e produtivo Tratase de um processo formativo e evolutivo uma base de aprendizado sobre a qual se formará a cidadania nesta inclusa tanto a formação como ser humano quanto o preparo para a ação produtiva do trabalho conjuntura esta que se encontra estabelecida em nossa Constituição Federal onde encontramos os direitos e obrigações individuais coletivas e sociais tan to das pessoas como do próprio Estado Democrático de Direito Iniciamos esta Unidade definindo os princípios da educação como sendo os parâmetros que devem constituir a base de qualquer planejamento que se faça na área de educação visando a diversidade e à concretização das finalidades da educação Explicitamos cada princípio e mostramos quão importantes são eles na adoção de políticas públicas educacionais É fundamental para todos os 208 profissionais da educação que atuam no contexto educacional conhecer e discutir sobre os compro missos sociais dos órgãos responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas educacionais que garantam a aplicação desses princípios afinal determinantes para a inclusão social do ser humano Ações que envolvem a formação geral da sociedade e a relação dos processos da diversidade como apoio e sustentação para a integridade social Uma defesa que você necessita aprender a negociar pois o profissional da educação necessita aprender a ampliar o processo de elucidação em relação a sociedade e as prerrogativas de formação 92 Diversidade Relações de gênero etnicorraciais sexualidade e orientação sexual no cotidiano da escola Esses temas fazem parte das discussões recentes no Brasil Anete Abramowicz uma educa dora reconhecida e pesquisadora na área considera que Texto adaptado de Relações etnicorraciais de gênero e sexualidade perspectivas contemporâneas disponível em httpbooksscieloorgidbtydhpdfferreira9788577982103pdf acessado em 21092018 Há uma nova paisagem científica na educação brasileira Temas antes considerados secun dários periféricos eou subalternos começam a ganhar centralidade a partir da década de 1980 O elemento desencadeante desta nova perspectiva é a constatação de que nos últimos vinte anos observamos a crescente utilização da categoria diversidade e diferença e de temas a ela relacionados no debate internacional e brasileiro A ideia de diversidade tornouse frente à crescente afirmação das identidades um fenô meno significativo especialmente em sociedades oriundas do colonialismo europeu onde grupos e indivíduos reafirmam seus particularismos locais suas identidades étnicas raciais culturais ou religiosas chamando a atenção de organismos internacionais a atributos da globalização que não são apenas econômicos ou tecnológicos mostrando a inadequação das análises estritamente socioeconômicas É no interior desta nova paisagem científica que a obra Relações etnicorraciais de gênero e sexualidade perspectivas contemporâneas surge e vem a contribuir para o entendimento da 209 quilo que não é apenas científico mas também político e daqueles que lutam pela afirmação das diferenças O livro não se apoia na ideia de uma indiferença em relação à diversidade nem mes mo que seja indiferente aos territórios às origens à cultura das pessoas e dos coletivos sociais ele se apoia no princípio de diferença que está na raiz da nova proposta de escola e de sociedade que a obra incita a construir Temas antes negligenciados que estão na clave da diferença como as relações de gêne ro de sexualidade etnicorraciais ou etárias ascendem dão uma visibilidade inaudita à realidade das relações sociais no Brasil e fazem parte daquilo que hoje é considerado tema premente da contemporaneidade Cultura gênero sexualidade e raça são temáticas contemporâneas e isto significa dizer que são de certa complexidade teórica e prática pois fazem parte do presente e da vida cotidiana de cada um Na medida em que tais temáticas são contemporâneas elas trazem as luzes e as sombras de uma época Isto significa dizer que esses temas trazem concomitantemente a luz de nossa época e a sombra íntima que acompanha tais temáticas e que no ambiente escolar por exem plo tem colocado crianças e jovens brasileiros que portam alguma diferença no lugar do desvio A abertura política ocorrida no país a partir das duas últimas décadas do século XX trouxe um conjunto de manifestações de segmentos sociais que não se sentiam contemplados nas políticas públicas em diversas esferas da vida social Uma das evidências desse descontentamento foi a emergência de inúmeros movimentos reivindicatórios dos quais destacamse o movimento feminista o movimento LGBT e o mo vimento negro Negros mulheres gays lésbicas etc passaram a expressar reivindicações para coibir o tratamento discriminatório que recebem em seu cotidiano de relações Essas manifesta ções contribuíram para dar visibilidade aos processos de discriminação que ocorrem em vários âmbitos É no rastro desse campo de batalha que tal livro procura se inscrever Não basta dizer sejam tolerantes e respeitem a dimensão da diversidade de nosso país uma frase tão em voga em tempos neoliberais É preciso ir além pois não há nada a tolerar na medida em que não há hierarquia nas diferenças não há uma norma ou normal pois é preciso produzir a diferença o 210 tempo todo É nesse sentido que o livro pode contribuir neste movimento afirmativo das dife renças Anete Abramowicz UFSCAR Universidade Federal de São Carlos Novembro 2013 Para ampliar o conhecimento sobre o tema acesse o livro sobre os diver sos temas relativos ao tema disponibilizados em httpbooksscieloorgidbtydh pdfferreira9788577982103pdf Estudo de Caso 212 As próprias carências da escola podem se transformar em oportunidade de aprendizagem para os alunos pais de alunos e toda a comunidade Assim escreva três frases que poderão ser transformadas em cartazes convidando os alunos e se inscreverem como aprendizes ou instruto res dependendo do caso em alguma atividade que a escola possa desenvolver dentro dela ou na comunidade externa que promova a compreensão sobre a diversidade em geral principalmente as discutidas na unidade Objetivos da Unidade Unidade X Investigação de questões que en volvem o processo educativo anali sandoas sob a ótica da diversidade direitos educacionais de adolescen tes e jovens em cumprimento de me didas socioeducativas X Esperamos que você alcance os seguintes objetivos Investigação de questões que envolvem o processo educativo analisandoas sob a ótica da diversidade direitos educacionais de adolescentes e jovens em cumpri mento de medidas socioeducativas 214 Unidade X Investigação de questões que envolvem o processo educativo analisan doas sob a ótica da diversidade direitos educacionais de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas Introdução Saiba que na história brasileira as crianças e adolescentes apenas passaram a ser conside rados sujeitos de direito em 1990 com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente ECA uma política pública que é cheia de controvérsias e críticas por parte de alguns seguimentos sociais Assim como o ECA a Constituição Federal de 1988 é uma outra política pública de suma importância como instrumento de garantia de direitos que traz artigos que tornam a educação um direito universal e obrigatório Direito esse que não conseguiu se firmar com toda a sua potencialidade sendo um grande desafio quando observado no sistema socioeducativo brasileiro uma vez que para cada estado as medidas socioeducativas são criadas e fomentadas por diferentes órgãos Nesse contexto uma problemática para as ações socioeducativas são os modelos de financiamento estruturação do siste ma e seus resultados uma vez que passam a depender da instituição gestora onde as medidas são promovidas trazendo diversas controvérsias e práticas o que enfraquece a implantação de forma sustentável e forte É esse o panorama que envolve a contextualização sobre os processos formativos socioe ducativos Vamos discutir Conhecer Profa Nidia Rocha 101 A formação socioeducativa uma ação formativa Com o intuito de transformar esse cenário foi promulgado em 2012 a lei do Sistema Na cional de Atendimento Socioeducativo Sinase que nasceu a partir das premissas do ECA com a objetividade de regulamentar as medidas socioeducativas em todo o território nacional 215 Acesse a Lei para conhecimento amplo httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201120142012leil12594htm SINASE É uma legislação que envolve o sistema socioeducativo criado pelo ECA tem como ob jetivo promover uma forma desse jovem reconstruir o seu processo de vida que foi marcado por um rompimento Reorganizar a vida desses adolescentes é o grande desafio das unidades É importante que você saiba que essa legislação tem como fundamento a reconstrução da vida de adolescentes Jovens que por motivos diversos estabeleceu rumos diversos em sua conduta social Para conhecer com mais afinco a proposta veja o texto a seguir Texto adaptado de Educação no sistema socioeducativo ainda é um desafio no Brasil por Jéssica Moreira disponível em httpseducacaointegralorgbrreportagenseducacaonosis temasocioeducativoaindaeumdesafionobrasil acessado em 21072018 A lei prevê um sistema de articulação entre diversas secretarias como a de Educação Saúde Assistência Social Cultura Esporte Justiça com o intuito de promover o desenvolvimen to integral desse sujeito preparandoo para seu retorno à sociedade Assim a interdisciplinaridade dos conteúdos escolares com os artísticos culturais e ocu pacionais aparece como uma das premissas para alcançar resultados positivos com a possibilida de inclusive de que a unidade socioeducativa abrigue também uma escola Mas essa articulação ainda não é uma realidade em todo o país De acordo com levan tamento realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público Um olhar atento às unidades 216 de internação e semiliberdade para adolescentes divulgado em agosto deste ano ainda existem unidades de internação com salas de aula inadequadas com baixa qualidade de iluminação e espaço e acervo para biblioteca Os melhores resultados foram encontrados no Sudeste onde em 829 das unidades visitadas as salas de aula foram consideradas adequadas e no Norte cujo índice é de 725 Nas demais regiões brasileiras CentroOeste Nordeste e Sul esse per centual gravitou entre 52 e 56 aponta o estudo Para além disso são cada vez mais comuns as denúncias de maus tratos violência e abuso de poder dos agentes educativos contra os adolescentes inviabilizando o processo e as relações de ensinoaprendizagem Na maior parte das unidades mesmo com a presença de escolas a efetivação da política desconsidera os adolescentes como sujeitos de direitos Segundo Vieira o sistema socioeducativo atual ainda traz marcas do Código de Menores do passado que garantia aos institutos a função de coerção e reclusão dos adolescentes Nós estamos passando por um período de transformação desse atendimento E nesse processo contamos muito com propostas pedagógicas adequadas que são um fator central para o desen volvimento do jovem afirma Possibilidades e renovação As atividades artísticas de exercício de concentração por exemplo são todas cons tituintes de qualquer pessoa que não podem ser eximidas do projeto pedagógico do jovem que está em medida socioeducativa São atividades absolutamente essenciais pois essas atividades que vão dar base para um ambiente seguro e acolhedor afirma Cláudio Nessa perspectiva buscando a ampliação da oferta pedagógica às unidades o Programa Mais Educação do Ministério da Educação contempla também unidades escolares de medidas socioeducativas Exemplo disso é a Escola Estadual de Ensino Fundamental Bento Gonçalves em Novo Hamburgo RS onde os estudantes realizam atividades culturais e esportivas em parceria com organizações da comunidade por meio do programa Durante quatro anos Katerina Volcov doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo USP foi professora voluntária de Yoga em unidades de internação 217 provisória e de internação permanente da Fundação Casa em São Paulo Nesse período conseguiu acompanhar quatro jovens de forma mais pontual Com isso aferiu em uma das unidades onde esteve que um dos maiores desafios é a conquista da confian ça dos adolescentes por parte dos educadores É necessário que haja uma constante formação do profissional de educação e demais funcionários dentro do sistema socioeducativo para que possam compreender os benefícios que as chamadas atividades extracurriculares podem exercer sobre o processo de reinserção desse sujeito Para a pesquisadora de Direitos Humanos da Universidade de Brasília UnB Judith Zu quim para que a educação dentro do espaço socioeducativo seja uma realidade é importante que se garanta autonomia dessas escolas em relação às unidades que pertencem Uma vez a escola está empoderada nessa instituição ela tem autonomia para desenvolver diversos modelos de educação aponta Segundo os especialistas o Sinase ainda tem um longo caminho pela frente indicando também a necessidade de que cada unidade repense seu processo educativo garantindo não apenas a reintegração dos adolescentes à sociedade mas o seu pleno desenvolvimento 102 A Lei do SINASE e a relação com as ações escolares Este item é importante para você que será um mediador das ações educativas de se co nhecer leia os artigos selecionados para que possa compreender as responsabilidades as ações e principalmente o que o docente necessita desenvolver como proposta de apoio as práticas socio educativas a ideia é que você conheça para saber mediar e agir 1 Artigo O DIREITO À EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DE MEDIDA SO CIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO Liana Correia Roquete disponível em httpwwwanpaeorgbrIBEROAMERICANOIVGT3GT3Coimunicacao 218 LianaCorreiaRoqueteGT3integralpdf acessado em 15 de agosto de 2018 2 Artigo Medidas socioeducativas e o direito à educação JÉSSICA SANCHES e ELIANA BO LORINO CANTEIRO MARTINS disponível em httprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphp fassarticleviewFile1996813316 acessado em 15 de agosto de 2018 Estudo de Caso 220 Para que possa conhecer mais sobre o assunto verifique na sua comunidade em escolas de preferência se existem ações socioeducativas Observe como são desenvolvidas as ações Quem são os agentes promotores