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Pedagogia ·

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Ensino Médio Normal Metodologia e Prática Profa Ma Humberta Gomes Machado Porto Ensino Médio Normal Metodologia e Prática Profa Ma Humberta Gomes Machado Porto 1ª Edição Gestão da Educação a Distância Cidade Universitária Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola 650 Bairro Aeroporto Varginha MG cadunisedubr 0800 283 5665 Reitor Prof Me Stefano Barra Gazzola Superintendente Acadêmico Prof Dr Nilton dos Santos Portugal Gestão da Educação a Distância Prof Dr Wanderson Gomes de Souza Supervisão Técnica Profa Dra Simone de Paula Teodoro Moreira Design Educacional Rebeca Nogueira Lourenço Kaus Design Instrucional e Diagramação Isabela de Carvalho Miguel Revisão OrtográficaGramatical Igor da Silva Becati Todos os direitos desta edição ficam reservados ao Unis MG É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou parte do mesmo sob qualquer meio sem autorização expressa da instituição Autoria Currículo Lattes Mestre em Educação pela Universidade Vale do Rio Verde UNINCOR 2003 Pós graduada em Educação PréEscolar1990 Metodologia e Prática de Ensino2003 Design Instrucional em Educação a Distância2008 Educação Empreendedora2010 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Varginha 1989 e em Filosofia pela Universidade Federal de Lavras Atualmente é Supervisora Pedagógica na CEMEI Hortência Corina Ferreira em Varginha e professora titular do Centro Universitário do Sul de Minas UNISMG no curso de Pedagogia Jornalismo e Publicidade e Propaganda Professora convidada no curso de Pós Graduação Teorias e Práticas na Educação na UNIFAL Possui experiência como coordenadora do setor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Varginha e de coordenação de cursos em Instituição Superior Docência de graduação e pós graduação É Parecerista Ad Hoc da Editora IBPEX e da Universidade Federal de Rondônia Profa Ma Humberta Gomes Machado Porto httplattescnpqbr2116814062738504 5 Unis EaD Cidade Universitária Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola 650 Bairro Aeroporto Varginha MG eadunisedubr 0800 283 5665 PORTO Humberta Gomes Machado Ensino Médio Normal Metodo logia e Prática Varginha GEaDUNISMG 2019 XX p 1 PalavraChave 2 PalavraChave 3 PalavraChave 4 PalavraCha ve Unidade I As disciplinas Filosofia da educação e Psicologia da Educação na formação de professores 10 11 As Disciplinas Pedagógicas 12 12 As Teorias Do Conhecimento 15 11 As Teorias Da Aprendizagem 20 Unidade II Uma reflexão sobre as ciências sociais na formação de profes sores 26 2 Educação e Sociedade 26 21 As Correntes Pedagógicas 30 22 Educação e Cultura 33 23 Globalização e Diversidade Cultural na formação do Professor 35 Unidade 3 Didática metodologia de Ensino e documentação pedagógica 38 31 Manejo de Classe e Liderança 38 32 Planejamento e Planos Educacionais 43 321 Elementos de um Plano 44 314Projetos Pedagógicos Investigativos 48 315 Metodologias Ativas 49 Unidade IV Currículo na Contemporaneidade 51 41 Refletindo sobre o currículo escolar 51 42 A Base Nacional Comum Curricular 53 43 Multidisciplinaridade Interdisciplinaridade Interdisciplinaridade e Transdis ciplinaridade 55 44 Propostas curriculares para o Curso Normal 56 Unidade V A Formação continuada de professores 64 51 Desenvolvimento de habilidades e competências nos alunos 64 52 O profissional da educação necessário para os dias de hoje e a relação teoria e prática na formação 68 5 3 Professores intelectuais e seu papel transformador 71 Sumário SUGESTÃO DE LEITURA Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar Objetivos da Unidade Unidade I A formação do profes sor do Curso Normal em nível médio I Construir um referencial teórico básico que oriente e apoie a reflexão sobre a natureza do processo de construção do conhe cimento Identificar o objeto método e corpo teórico de cada disciplina pedagógica que compõe o currículo do Curso Normal Compreender a construção do conhecimento na perspectiva da educação atual Caracterizar e descrever as diferentes teorias epistemológicas Compreender a ação docente a partir de sua teoria de aprendi zagem subjacente 10 Unidade I As disciplinas Filosofia da Educação e Psicologia da Educação na for mação de professores Pensar em formação de professores é pensar em educação é pensar em escola é ana lisar e refletir sobre o contexto atual de modo a constituir uma educação de qualidade para todos A atual educação brasileira apresenta aspectos que precisam ser considerados de modo mais acurado e é justamente isso que iremos fazer nessa disciplina de ENSINO MÉDIO NORMAL METODOLOGIA E PRÁTICA Na realidade essa disciplina é uma revisita às áreas por você já estudadas do curso de Pedagogia agora sob a luz da reflexão Então iremos analisar um pouco os objetos de conhe cimento de cada disciplina que potencializam a sua formação docente Para começo de conversa preciso que você reflita Qual é o papel de um professor no mundo contemporâneo Você está satisfeitoa com os saberes desenvolvidos ao longo do curso Será que os saberes da prática são mais importantes que os saberes teóricos O resultado dessa reflexão é que norteará nossa jornada pedagógica e será este o caminho que percorreremos juntos Então venha comigo redescobrir os saberes necessários na formação de professores Abraços Profª Humberta Porto 11 É muito comum as pessoas julgarem que os saberes da prática sejam mais importantes que os saberes acadêmicos Contudo esquecem que a prática pela prática gera somente ati vismo e a teoria pela teoria gera apenas verbalismo É preciso considerar que são os saberes acadêmicos e teóricos que ressignificam a prática assim como também a partir da prática as reflexões são aplicadas Portanto é práxis pedagógica que permite uma ação docente signifi cativa e comprometida com a formação do aluno Mas o que vem a ser práxis pedagógica Pesquise na internet o que é práxis Há diferença entre práxis educativa e práxis pedagógica Você deve ter visto que práxis é a ação de pensar de refletir sobre a prática de modo a reestruturála Ou seja é a prática em constante movimento sob a ação da reflexão potencia lizando a transformação é a açãoreflexãoação É a práxis que permite uma educação crítica que atenda as demandas contemporâneas que forma sujeitos pensantes autônomos e com petentes capazes de atuar na sociedade e transformála Gosto de usar uma analogia para explicar a indissociabilidade entre a teoria e a prática Imagine um equilibrista que caminha sobre a corda bamba ele só consegue fazer o trajeto a partir de muita prática Agora imagine você os vários elementos surpresa que poderão de sequilibrar esta pessoa desde um vento forte até um inseto batendo nela Isso a faria cair da corda Se houver uma rede ela sustentará este equilibrista quando ele cair dará condição para que essa pessoa possa retornar e caminhar sobre a corda novamente caso contrário ela cairia no chão e poderia se machucar Pois é justamente isso que acontece na ação pedagógica o equilibrista seria o professor o elemento surpresa seria os múltiplos aspectos que influenciam na ação docente tais como as questões sociais psicológicas culturais assim como problemas metodológicos que envolvem os alunos e a sala de aula E a rede de sustentação seria os sa beres teóricos que fundamentam a reflexão permitindo uma gama de argumentos que dão 12 condições para que a educação se efetive de modo significativo para o aluno Ou seja tanto os saberes teóricos como os saberes da prática apesar de distintos não se separam na formação da competência docente e têm relevância um complementando o outro De acordo com Tardif 2004 o trabalho do professor é sustentado por uma variedade de saberes tanto os saberes pessoais como também os saberes obtidos na formação escolar anterior assim como os saberes disciplinares curriculares os saberes da formação profissional e os experienciais Enfim os conhecimentos dos professores são frutos de uma multiplicidade de saberes E na formação de professores uma parte importante é a formação pedagógica do acadêmico na qual fazse necessário analisar refletir e discutir sobre os aspectos sócio políti cos culturais psicológicos e ontológicos 11 As Disciplinas Pedagógicas Quando falamos em disciplinas pedagógicas estamos abrangendo as disciplinas volta das para a formação docente aquelas que se relacionam aos saberes pedagógicos que emba sarão uma prática de ensino construída a partir da concepção de educação devendo portanto ser crítica e reflexiva Há de se ressaltar que conforme a Lei nº 939496 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu artigo 62 afirma que a formação docente deverá Art 62 A formação de docentes para atuar na educação básica farseá em nível supe rior em curso de licenciatura plena admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental a oferecida em nível médio na modalidade normal BRASIL1996 Como você pode ver para atuar tanto na Educação Infantil como nos anos iniciais do Ensino Fundamental a formação mínima exigida é de Normal em nível médio De acordo com a Resolução nº 2 do Conselho de Educação Básica publicada em abril de 1999 os cursos de formação de professores deverão 13 I integrarse ao esforço coletivo de elaboração desenvolvimento e avaliação da proposta pedagógica da escola tendo como perspectiva um projeto global de construção de um novo patamar de qualidade para a educação básica no país II investigar problemas que se colocam no cotidiano escolar e construir soluções criativas mediante reflexão socialmente contextualizada e teoricamente fundamentada sobre a prá tica III desenvolver práticas educativas que contemplem o modo singular de inserção dos alunos futuros professores e dos estudantes da escola campo de estudo no mundo social considerando abordagens condizentes com as suas identidades e o exercício da cidadania plena ou seja as especificidades do processo de pensamento da realidade socioeconômi ca da diversidade cultural étnica de religião e de gênero nas situações de aprendizagem IV avaliar a adequação das escolhas feitas no exercício da docência à luz do processo cons titutivo da identidade cidadã de todos os integrantes da comunidade escolar das diretrizes curriculares nacionais da educação básica e das regras da convivência democrática V utilizar linguagens tecnológicas em educação disponibilizando na sociedade de comu nicação e informação o acesso democrático a diversos valores e conhecimentos Ao considerarmos o que deve compor o currículo de formação de professores encon traremos deste modo as disciplinas pedagógicas tais como Filosofia da Educação que reflete sobre as questões educacionais sobre as teorias do conhecimento a Sociologia da Educação que investiga as questões sociais e seus reflexos na educação a História da Educação que nos permite conhecer a trajetória da educação nas diferentes civilizações Encontraremos também a Psicologia da Educação que examina os processos de ensino e aprendizagem assim como as crianças e os adultos utilizam os seus mecanismos para aprender Temos também a Didáti ca que é a ciência da educação que se preocupa com os aspectos mais práticos do processo de ensino e aprendizagem tais como métodos técnicas planejamento e avaliação As Políti cas educacionais área que nos permite conhecer a organização da educação brasileira assim como também as metodologias específicas de cada área de ensino 14 Nessa primeira unidade abordaremos duas áreas mais específicas a de Filosofia da Educação e Psicologia da Educação Sabemos que a Filosofia ocidental surge na Grécia quando os homens começam a uti lizar a razão para superar o pensamento mítico Lembrando que a origem da palavra é philos amigo sophiasabedoria filosofia é amigo da sabedoria Quando nos remetemos à Filosofia da Educação o nosso foco não é conhecer a história da Filosofia e sim refletirmos de maneira rigorosa profunda e contextualizada sobre as concepções educacionais Desde os primórdios da Filosofia Clássica Sócrates Platão e Aristóteles já questionavam sobre a educação e o co nhecimento Segundo Cambi 1999 Sócrates procurava liberar a consciência dos indivíduos através do diálogo da problematização a qual ele chamava de Ironia Estamos diante de uma paideia como problematização e como pesquisa que visa um indivíduo em constante amadurecimento de si próprio acolhendo em seu interior a voz do mestre e fazendose mestre de si mesmo A formação humana é para Sócrates maiêutica operação de trazer para fora e diálogo que se realiza por parte de um mes tre o qual desperta levanta dúvidas solicita pesquisa dirige problematiza etc por meio do diálogo que abre para a dialética CAMBI 1999p88 Outro grande filósofo foi Platão que elaborou um grandioso sistema filosófico de base idealista que coloca a prioridade da ideia em relação ao serexperiência CAMBI 1999 p89 Platão idealizou uma sociedade ideal na qual a educação deveria acontecer numa dualidade uma mais socrática ligada à formação da alma individual outra mais política ligada aos papeis sociais dos indivíduos distintos quanto às qualidades intrínsecas da sua natureza que os destinam a uma ou outra classe social e política Idem 1999 p89 Para este filósofo na cidade ideal haveria três classes sociais a dos governantes os guardiães e os produtores E a educação deveria ser diferenciada conforme a classe social de cada um para os governantes que seriam os filósofos uma educação preocupada em desenvolver a virtude da sabedoria para os guardiães que seriam os guerreiros a virtude da coragem e para os produtores que seriam a classe de artífices e comerciantes a temperança 15 Para você compreender melhor as ideias de Platão assista ao vídeo A Teoria das Ideias no link httpswwwyoutubecomwatchvBYDuLFNfrJM Aristóteles discípulo de Platão discordou do seu mestre no que tange um mundo du alista um sensível cuja origem eram os sentidos por isso não verdadeiro e outro nas ideias este sim real De acordo com o pensamento aristotélico é no mundo físico e material que nós colocamos nossas ideias em prática Nascia com Aristóteles a compreensão de que o sujeito deveria investigar por meio das experiências Na obra A Metafísica Aristóteles detalha todo caminho da formação de conhecimento em cinco passos básicos partindo da sensação e finalizando com a ciência Para ele tudo começa com os sentidos humanos com os quais percebemos as características do ambiente ao nosso redor Com o tempo passamos a memorizar essas informações sensoriais e o que elas representam Então podemos dizer que adquirimos uma expe riência completada por nossa habilidade de conectar nossas memórias e tirar lições delas Por fim temos a arte ou técnica que representa nossa consciência do saber As sim é formada a ciência ou seja a descoberta dos princípios e motivos dos fenômenos naturais ANTONIO 2014 p28 E é a partir da Filosofia Clássica que podemos investigar uma área da Filosofia que tem grande relevância na formação de professores a epistemologia 12 As Teorias Do Conhecimento Você sabe o que é epistemologia Epistemologia é a área da Filosofia que investiga a origem do conhecimento Uma das grandes preocupações da raça humana sempre foi a origem das coisas exis tentes no mundo Os primeiros filósofos os présocráticos preocuparam com a origem do uni verso Com Sócrates a preocupação se volta para as questões mais humanas e como não pode 16 ria deixar de ser surgem as primeiras questões filosóficas entorno de como o sujeito conhece Existem muitas teorias sobre o conhecimento mas faremos um recorte das que mais influen ciam o universo educacional A primeira dela é o racionalismo O racionalismo é o primado da razão sobre a experiência ou seja ele sustenta que a ra zão é a principal fonte de conhecimento Descartes é o principal representante dessa posi ção epistemológica que tem como modelo de conhecimento a matemática Admitemse ideias inatas e universais ou seja válidas para todos os seres humanos Essas ideias não provêm da experiência mas sim da razão MOSER 2016 p31 Muitas vezes pensamos que a Filosofia da Educação está distante de nossa realidade julgamos que estes aspectos teóricos pouco nos auxiliam na ação docente Contudo você já deve ter ouvido falar em seus estágios ou numa sala de professores Joãozinho é tão inteli gente A outra professora responde Claro puxou à mãe ela é médica ou então Coitadinha da Mariazinha não consegue aprender nada tem uma dificuldade O outro professor comen ta Já dei aula para os irmãos dela todos têm muita dificuldade de aprendizagem Esta ideia de que herdamos o conhecimento é o resultado de uma concepção raciona lista do conhecimento E se formos buscar as raízes dessa concepção encontraremos lá na Filosofia Clássica com Platão que não aceitava o conhecimento sensível para ele o verdadeiro conhecimento estava no mundo das ideias das formas o qual entrávamos em contato pela razão Visão esta coerente de que as ideias são inatas no sujeito Já o empirismo atesta o primado da experiência sobre a razão Assim considera a expe riência a principal fonte do conhecimento Nessa atitude o modelo de conhecimento é o das ciências naturais que têm como base as observações de nossos sentidos Para os em piristas não há ideias inatas na razão pois elas provêm exclusivamente das experiências ou seja dos sentidos John Locke e David Hume podem ser considerados seus principais representantes MOSER 2016 p31 17 Pesquise na internet o Mito da Caverna de Platão A partir dele você poderá compreender como o conhecimento não pode ser adquirido a partir dos sentidos A concepção empírica do conhecimento está diretamente relacionada a ideia de que o conhecimento vem a partir da experiência partindo do princípio que o sujeito é uma tábula rasa uma folha em branco nos quais serão gravadas as impressões do mundo fornecidas a partir dos órgãos dos sentidos O conhecimento é deste modo uma sucessão de ideias iso ladamente formadas a partir dos registros dos fatos obtidos pelos sentidos reduzindo a uma simples cópia daquilo que é real Na sala de aula percebemos esta concepção quando o pro fessor acredita que o fato de dar aulas apresentando os conceitos e dando exercícios será condição sine quo non para que o aluno tenha conhecimento Ou seja pelo simples fato do professor ensinar e o aluno ter a experiência ele por si só terá o conhecimento são as impres sões do ambiente que permitirão o conhecimento Tanto o racionalismo quanto o empirismo são teorias reducionistas do conhecimento No racionalismo também chamado de inatismo o conhecimento é fator endógeno no sujeito nasce com ele Já no empirismo o conhecimento é fator exógeno é externo captado pelos órgãos dos sentidos Kant procurará fazer uma síntese dessas duas teorias para este filósofo o conhecimen to não é inato e nem tampouco adquirido pela experiência é o resultado obtido a partir da síntese que a razão realiza entre uma forma que é universal inata e a partir de um conteúdo específico particular fornecido pelas experiências Deste modo a razão seria uma forma vazia numa estrutura igual em todos os seres humanos uma estrutura anterior à experiência Toda via os conteúdos seriam fornecidos pelas experiências dos sujeitos Assim a experiência daria a matéria já a razão daria a forma ao conhecimento produzido a parir da síntese efetuada O apriorismo cujo principal representante é Immanuel Kant é uma posição interme diária que se aproxima do criticismo Conforme o apriorismo há elementos do conhe cimento que são a priori ou seja independentes da experiência Contudo a posterio 18 ri a experiência também é a fonte de conhecimento MOSER 2016 p32 Piaget que não era um filósofo e sim um biólogo realizou uma ampla pesquisa sobre o desenvolvimento infantil que mesmo não sendo de cunho educacional foi amplamente utili zada nos estudos sobre o desenvolvimento do conhecimento na educação De acordo com Moser 2016 Piaget em sua obra Epistemologia e Psicologia escreveu um capítulo O mito da origem sensorial do conhecimento no qual afirma que os conheci mentos das ciências matemáticas e da filosofia tiveram seus desenvolvimentos a partir das ciências empíricas e que eram resultados oriundos de reflexões racionais anteriores ao conhe cimento empírico Ou seja os conhecimentos filosóficos assim como os científicos eram frutos de reflexões racionais que antecediam às informações oriundas dos sentidos Desta forma podemos depreender que o conhecimento não poderia mais ser visto apenas como produto da razão soberana totalmente independente do seu aparato cognos cente mas da relação entre razão e experiência Nessa linha de pensamento para Piaget O conhecimento seria construído a partir da interação entre sujeito e objeto por isso a teoria piagetiana ficou conhecida como interacionista A Epistemologia Genética de Piaget defendia que o sujeito passaria por várias etapas de desenvolvimento no decorrer de sua vida Para ele o conhecimento não poderia ser criado como algo já predeterminado pelas estruturas mentais internas do indivíduo nem tampouco pelas características do objeto De acordo com Piaget todo conhecimento seria uma cons trução uma interação envolvendo um aspecto de produção novo Este pesquisador buscou explicar o surgimento de alterações de mudanças e transformações no decorrer do desenvol vimento cognitivo assim como também dos mecanismos responsáveis pelas transformações Deste modo ele organizou em quatro períodos o desenvolvimento cognitivo nos indivíduos sendo eles sensório motor aproximadamente até 2 anos préoperatório aproximadamente entre 2 a 7 anos operatórioconcreto entre 7 a 12 anos aproximadamente e operatóriofor mal ou abstrato aproximadamente a partir de 12 anos deixando clara a concepção de que a criança está constante processo de construção de conhecimento a partir das interações dela 19 com os objetos de conhecimentos em ações construídas sucessivamente a partir de equilí brios e desequilíbrios que precisariam acontecer ao longo da vida da criança De um modo mais simples para que você compreenda bem a teoria piagetiana pode mos dizer que para Piaget o ser humano aprende a partir das múltiplas trocas que ele estabele ce com o meio num processo contínuo de assimilações e acomodações sucessivas sendo que no meio entre a assimilação e a acomodação há um desequilíbrio no qual os sujeitos tendem sempre a buscar um equilíbrio uma adaptação Outro grande pensador que preocupouse com a produção de conhecimento da crian ça foi Vygotsky um médico e filósofo que viveu na Rússia e faleceu prematuramente aos 37 anos em 1934 Segundo ele o conhecimento seria construído a partir das interações que o sujeito estabelece com o meio sociocultural por isso a teoria de Vygotsky foi chamada de so ciointeracionista O princípio que orientará a abordagem vygotskyana é de que o sujeito nasce inserido em um meio sociocultural que irá constituilo Assim a partir do nascimento da criança de suas relações com os outros ela irá se apropriando das significações que foram socialmente cons truídas De acordo com Vygotsky e seus companheiros de pesquisa Luria e Leontiev apren demos a ser homens fazendo parte de uma cultura humana Este pensador cria o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal que é muito utilizado pelos professores ZDP é um concei to relativo a atividades ou tarefas que o aluno é capaz de realizar com a ajuda de outra pessoa mais experiente Para Vygotsky nascemos com funções mentais elementares a memória a inteligência prática a percepção a atenção dentre outras Elas operam de modo espontâneo e não inten cional que ele explica a partir do desenvolvimento biológico A transformação do ser humano de ser biológico em ser sociocultural se faz através da interação que ele estabelece com seu meio de cultura Assim as funções mentais elementares transformamse em funções mentais superiores que são processos psi cológicos usados intencionalmente por todo ser humano para desenvolverse GOU LART2004 20 Para saber mais pesquise A criança e a construção do conhecimento no link httpcrveducacaomggovbrsistemacrvindexaspxidproje to27idobjeto32489tipoob As concepções da psicologia sobre os processos de desenvolvimento e aprendizagem httpcrveducacaomggovbrsistemacrvindexaspxidprojeto27idobje to32469tipoob Mas muito se tem avançado sobre as pesquisas sobre a aquisição do conhecimento Hoje há muitos pesquisadores envolvidos na neuroepistemologia Os resultados das pesquisas recentes indicam que cada vez mais estamos nos apro ximando de um a resposta de base neurológica às questões referentes às indagações epistemológicas sobre coo ocorre o conhecimento em sua base neuronal e cerebral isto é como teoria científica e não apenas filosófica de cunho racional e reflexivo Como exemplos de pesquisadores engajados nessa empreitada podemos citar os no mes do biólogo chileno Humberto Maturana e do físico austríaco Heinz Von Foester 19112002 Vasconcellos 2015 p2 O conhecimento é fruto da ação da inteligên cia pois o objetivo dela não é com efeito contemplar mas sim transformar e seu me canismo é essencialmente operatório O ato de conhecer acontece apenas quando há consciência do aprendizado ou daquilo que se tem acesso pelas sensações Ora não há consciência sem memória Logo sem memória não há aprendizagem Sabe mos também que as emoções e os estados afetivos favorecem a memorização Então resta saber se a memória pode ser explicada biofisicamente MOSER p163164 165 11 As Teorias Da Aprendizagem Uma das grandes preocupações docentes tem sido como o aluno aprende E realmente se formos analisar este deveria ser um aspecto que nós professores deveríamos debruçar e pesquisar bastante não é mesmo A Psicologia da Educação aparece como uma área da ciência encarregada de ajudar os 21 professores e demais profissionais da educação no aperfeiçoamento das competências volta das para o processo de ensino e aprendizagem Dentre as teorias da aprendizagem existentes faremos um recorte e estudaremos aqui o Behaviorismo o Gestaltismo e o Construtivismo O termo behaviorismo vem da palavra behaviourbehavior que significa conduta ou comportamento O princípio pelo qual os behavioristas trabalham é de que a conduta das pes soas assim como dos animais pode ser observável e inclusive mensurável originando deste modo a teoria do comportamento que foi desenvolvida a princípio por Frederic Skinner um psicólogo norte americano considerado como o pai da psicologia comportamental As pesquisas de Skinner sucederam às de Pavlov um médico russo que observou que todas as vezes que ele alimentava os cães ele tocava uma sineta com o passar dos tempos os cães começaram a associar o barulho da sineta com a comida inclusive eles babavam somente com o barulho da sineta mesmo que a vasilha com a comida estivesse vazia Este comporta mento animal foi chamado de condicionamento clássico e consistia num esquema de ESTÍ MULORESPOSTA Num primeiro momento julgouse então que este seria o elemento básico do processo de aprendizagem ou seja ponto de partida para a formação de todos os hábitos assim como da aprendizagem Skinner partindo deste ponto observou que estímulo e resposta não eram suficiente para explicar a aprendizagem humana Ele estava mais preocupado em demonstrar como as consequências das ações dos indivíduos influenciavam diretamente seu comportamento O behaviorista utilizou então o termo condicionamento operante o qual trazia a ideia de que as consequências de um determinado comportamento poderia influenciar diretamente na pro babilidade do mesmo ocorrer novamente As ideias behavioristas estão entranhadas nas ações docentes quando um professor cola estrelinhas no caderno do aluno que acerta muitas vezes sem saber ele está reproduzin do uma atitude behaviorista na qual estaria condicionando o aluno a ter um comportamento reforçando seus acertos 22 Assista aos vídeos abaixo para ajudáloa a compreender o behaviorismo 1BEHAVIORISMO 1 METODOLÓGICO E RADICAL httpswwwyoutubecomwatchvipHFpXAgjiA 2BEHAVIORISMO 2 COMPORTAMENTO OPERANTE httpswwwyoutubecomwatchvs4NM1kK5zUc 3BEHAVIORISMO 3 IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS httpswwwyoutubecomwatchvUkrlNh90BFg Outra teoria da aprendizagem foi a da Gestalt que é uma vertente de psicologia base ada no estudo da percepção Seus principais nomes são Wertheimer Koffka Kohler Segundo Coelho 2015 organizador da obra Psicologia da Educação O estudo de como percebemos movimentos formas e sons sugere que a percepção humana reconhece um todo organizado e que esse todo é a percepção de como os elementos se organizam e não apenas a simples soma ou aglomeração de seus ele mentos Isso significa que para a percepção o todo é mais que a soma das partes Um exemplo pode ser quando olhamos para um quebracabeça montado reconhecemos primeiro a imagem em vez do recorte das peças encaixadas p103 Gestalt é uma palavra não muito fácil de se definir em nossa língua uma vez que signi fica forma mas não no sentido de enformar mas sim no sentido de conjunto como um con junto dinâmico estruturado por suas partes Ainda segundo este autor seria uma referência a nossa percepção da totalidade Deste modo a visão e o entendimento de uma mesa de jantar posta é vista no conjunto e não especificamente as cadeiras os talheres ou os pratos separa damente De acordo com os psicólogos gestaltistas nós não percebemos sensações mas sim as relações E com base nas relações que percebemos do ambiente nós agimos nos comportamos e nos emocionamos COELHO 2015 p103 Para ficar mais clara a sua compreensão imagine que você tenha duas visões ao entrar 23 numa rua na primeira você vê a rua vê um senhor caminhando e vê um grande buraco a fren te Na segunda visão você vê as mesmas coisas e você sente uma aflição por que percebe que o senhor irá cair no buraco ou seja você faz uma relação Na teoria gestaltista nós não fazemos essa primeira visão na qual separamos os elementos e sim a segunda a qual percebemos as coisas em sua totalidade Sobre a aprendizagem a Gestalt se concentra no que aprendemos por meio do insi ght a intuição ou o grito de Eureca o clique o estalo de gênio ou seja a súbita com preensão de uma situação ou fenômeno depois de várias tentativas fracassadas O conceito central na psicologia da Gestalt o insight é uma palavra inglês que significa visão interna e representa a súbita compreensão ou a solução de um problema O insight não seria uma intuição sem lógica ou palpite irracional mas surgiria da com preensão imediata das relações percebidas pela mente que podem ser instantâneas como a própria percepção COELHO 2015 p107 Outra concepção de aprendizagem existente na Psicologia da Educação é a Construti vista Conforme já estudamos sobre o interacionismo do suíço Jean Piaget é também um dos grandes nomes da psicologia cognitiva e a principal inspiração do movimento que foi chama do construtivismo Deste modo a psicologia cognitiva se colocou entre a ênfase na autonomia da mente do indivíduo baseada na psicologia de inspiração inatista e a ênfase no papel do ambiente sobre comportamento do indivíduo como defendem os psicólogos behavioristas Por fim optou pela interação entre os fatores externos ambientais e internos o aparato men tal do indivíduo entendendo que o ser humano se constitui e se realiza Ou seja no construtivismo a aprendizagem ocorre a partir da interação entre o sujeito e o objeto COELHO 2015 p67 Assista os vídeos abaixo para ajudáloa a compreender a teoria Constru tivista httpswwwyoutubecomwatchvTLLCvtaPglistPLYb8MujOHWh ChrjbNyTqPcYeMWQG21iXDindex9 24 Chegamos ao final de nossa primeira unidade Nela pudemos refletir sobre a importân cia das disciplinas pedagógicas na formação docente pudemos observar o papel da Filosofia da Educação e de seu objeto de conhecimento que preconiza a reflexão radical rigorosa e con textualizada sobre as questões educacionais assim como revisitamos as principais teorias do conhecimento Em Psicologia da Educação que é uma outra disciplina chamada de disciplina pedagógica pudemos acompanhar as principais teorias da aprendizagem Há de se considerar que fizemos um recorte visto não termos tempo hábil para discutirmos a teoria das inteligên cias Múltiplas da Aprendizagem Significativa que retomaremos mais ao final desta unidade as contribuições da Psicanálise freudiana Todavia percorremos um trajeto interessante que permitirá a você uma amplitude na forma de pensar os aspectos tais como conhecimento aprendizagem e docência Objetivos da Unidade Unidade II Uma reflexão sobre as ciências sociais na formação de professores II Discutir diferentes concepções pedagógicas identificando as principais características assim como as relações existentes en tre a escola e o sistema capitalista nas perspectivas tradicionais críticas e póscríticas Reconhecer a influência das concepções pedagógicas na práti ca docente Compreender o papel da cultura no desenvolvimento do aluno Articular os princípios da globalização com a formação cultural do aluno 26 Unidade II Uma reflexão sobre as ciências sociais na formação de professo res 2 Educação e Sociedade Quando pensamos em educação precisamos considerar que nela influenciam vários aspectos que de forma direta ou indireta atuarão no desempenho escolar dos alunos Se for mos analisar muitos desses aspectos ocorrem a partir das relações sociais dos indivíduos na sociedade A sociedade contemporânea brasileira carrega em si marcas de deficiências ou ausên cias às vezes tão sérias que acarretarão problemas na base de formação do indivíduo Muitas vezes achamos que as ciências sociais estão distantes da sala de aula julgamos que são teóri cas e que o estudo delas na formação de professores nem é tão importante assim Mas vejamos estamos vivendo um novo momento na contemporaneidade devido ao grande número de pessoas nas cidades há ausência de espaço com isso passaram a construir prédios e as pessoas passaram a morar em apartamentos As crianças que antes brincavam nas hortas e nas ruas agora brincam em seus apartamentos utilizando seus tablets e celulares Elas só começam a interagir com outras crianças quando chegam nas escolas e nesses espaços encontram dificuldades em socializar Na escola os profissionais queixam dessas crianças da falta de limites e etc É algo que você deve estar acompanhando nas mídias e redes sociais não é mesmo Agora vamos fazer a relação conhecimento de vida com o conhecimento científico e a partir da situação indicada poderemos pensar em buscar soluções que atendam às necessida des atuais Se tivéssemos uma abordagem científica da sociologia nesta situação descrita verifica ríamos que mesmo tendo um problema de falta de limites anterior a isso depararíamos com um problema de origem social A falta de interações sociais dessa criança inclusive na primeira instituição social que é a família não potencializam a socialização dos alunos A partir de um 27 problema de base sociológica poderiam ser criadas políticas públicas que auxiliassem na reso lução dessa situação evitando assim que este problema afetasse o indivíduo na escola que é também uma instituição social A Sociologia consolidouse ao longo do tempo como um dos ramos das ciências humanas pois surgiram inúmeras ciências para estudar cada dimensão do social aprofundando o conheci mento específico de determinadas relações sociais No entanto a sociologia permanece como a única que tem como tema central de estudo as interações sociais propriamente ditas Outras disci plinas podem estudar aspectos sociais da vida do homem entretanto nenhuma apresenta como tema particular e específico o fato social no seu todo Para o sociólogo o fato social é estudado não porque é econômico jurídico político turístico educacional ou religioso mas porque todos ao mesmo tempo são sociais independentemente da especificidade de cada um embora esta permi ta que possam ser abordados por disciplinas específicas DIAS 2010 p4 Ou seja mesmo diante de várias dimensões existentes na vida dos seres humanos eles precisam interagir uns com os outros podendo ser a religiosa a moral a política a afetiva e muitas outras Esta interação é a base de estudo da sociologia é o seu objeto de estudo Portanto a sociologia estuda a dimensão social da conduta humana as relações sociais que a ela estão associadas DIAS 2010p4 e como não poderia deixar de ser a sociologia da educa ção tem como objeto de estudo as relações sociais e suas influências na educação O professor deve pensar o aluno sob várias perspectivas e dentre elas é necessário considerar o indivíduo Mas o que é um indivíduo Se formos pesquisar a origem dessa palavra observaremos que indivíduo é uma pala vra latina individuus que segundo Houaiss2001 significa indivisível aquilo que não pode ser dividido Mas o indivíduo da raça humana não vive só ele vive em sociedade deste modo o ser individual vive numa coletividade se humaniza a partir dos valores da cultura que ele está inserido Há de se considerar que quando falamos de cultura estamos nos referindo às caracte rísticas voltadas para as questões de valores comportamentos hábitos práticas e religiões de um povo já quando falamos em sociedade estamos abordando ao ambiente ou comunidade que está ao entorno de um indivíduo Deste modo podemos dizer que a cultura são as crenças 28 e práticas de um povo já a sociedade é o próprio povo no seu conjunto A origem da sociedade é algo muito discutido pelos filósofos tais como Hobbes Rou sseau e Locke Estes filósofos são chamados de contratualistas pois acreditavam a sociedade surgia a partir de um pacto social no qual o homem abriria mão de sua liberdade por um con trato para poder viver em sociedade e preservar seu bem maior a vida Ou seja o indivíduo abriria mão de alguns de seus direitos para ter segurança Pesquise sobre a formação da sociedade a partir do Contrato Social httpwwwrevistasuspbrleviathanarticledownload143407138086 Conforme dissemos anteriormente o homem se faz homem a partir de suas intera ções diferentemente dos outros animais que trazem na sua bagagem hereditária os princípios de sua sobrevivência o homem precisa ser ensinado a sobreviver e é por este processo cha mado educação que ele adquire suas crenças hábitos comportamentos e valores Segundo Durkheim a educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança certo nú mero de estados físicos intelectuais e morais reclamadas pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança particularmente se destinaDURKHEIM 1952 p 41 Nessa perspectiva o processo educacional é marcado por um caminho cuja origem está fora do sujeito é um mecanismo que prepara o indivíduo para viver em sociedade Segun do Durkheim 1952 p 66 o homem que a educação deve realizar em cada um de nós não é o homem que a natureza fez mas o homem que a sociedade quer que ele seja e ela o quer conforme o reclame a sua economia interna A educação é o processo que permite ao homem viver em sociedade interagindo com seus pares inspirando e expirando cultura Mas quem foi Durkheim Veja no quadro a seguir para você poder compreender melhor 29 o que estamos estudando Émile Durkheim é considerado um dos pais da Sociologia Moder na Foi graças às reflexões e pesquisas desse pensador que a Sociolo gia chegou nas universidades e garantiu o seu status de disciplina acadêmica Ele foi o percursor da escola francesa de Sociologia ele acreditava que a sociedade seria regida por leis e uma ciência que dela se ocupassem devendo chegar à formulação de grandes generalizações que a explicasse Para ele a Sociologia era a ciência das instituições e sua missão seria reconstruir uma moral que respondesse às exigências do espírito científico da época Disponível em httpwwwsociologiaseedprgovbrmodulesconteudoconteu dophpconteudo160 Outro conceito muito importante que abordamos aqui e que você já viu em suas aulas de sociologia é Fato Social Vejamos o que você se lembra sobre o que é fato social Para Durkheim o fato social é constituído em formas de agir de sentir e de pensar que vão exercer certa força sobre as pessoas impondo a elas as regras da sociedade que fazem parte Há de se ressaltar que nem tudo pode ser considerado fato social visto que para ser con siderado como tal deve ter três características exterioridade generalidade e coercitividade conforme afirma Oliveira 2000 Exterioridade o fato social é externo ao indivíduo existe independentemente da sua vontade Generalidade o fato social é comum aos membros de um grupo Coercitividade os indivíduos se sentem obrigados a seguir o comportamento estabelecido OLIVEIRA 2000 p13 30 A educação é por si só um exemplo de fato social ela existe e é externa ao indivíduo ela exerce uma força sobre o mesmo pois é imposta pela sociedade e é um fenômeno que ocorre na totalidade com todos os membros de uma sociedade Há de se considerar que existem ou tros fatos sociais tais como dogmas religiosos língua de um povo conceitos morais Agora pense Lá na sala de aula no processo de formação do aluno quantos fatos so ciais serão elementos que influenciarão na constituição do indivíduo no desenvolvimento des se sujeito que esperamos que seja um cidadão crítico criativo e atuante Para você compreender melhor as ideias de Durkheim assista ao vídeo no link a seguir httpswwwyoutubecomwatchvSMaxxNEqk7U 21 As Correntes Pedagógicas A educação escolar envolve também uma reflexão sobre a prática pedagógica no que tange tanto a função social da escola como da educação sendo necessário identificar as con cepções de ensino e aprendizagem que dão suporte a este processo Quando abordamos a ideia de escola e de educação de forma distinta é porque a educação pode acontecer também fora da escola que é a educação informal que ocorre na família nos grupos de amigos e até mesmo na igreja Já a educação escolar é formal tem regras carga horária e registros Para começo de reflexão é preciso que você pense seria papel da escola ao educar seus alunos manter os costumes como estão ou seja conservar Ou seria o papel de transformar a sociedade Queremos formar cidadãos conformados com a ordem já estabelecida ou cida dãos críticos que questionam seus direitos e lutam por eles A estes questionamentos preciso que você retome o pensamento em como ocorre a ordem na escola na sala de aula Suas observações do universo da sala de aula te remetem a um ambiente de passividade ou de criticidade 31 Se formos observar muitas vezes a educação tem um discurso de transformação social mas o ambiente escolar ainda é um espaço de reprodução no qual os alunos em sala de aula estão dispostos em fileiras um atrás do outro trabalhando com silêncios Como educar para a transformação se não possibilitamos o debate a reflexão a crítica Segundo Murta 2001 ao longo da trajetória da educação distintas concepções de aprendizagem assim como diferentes funções foram atribuídas à educação o que acabou ge rando uma diversidade de tendências ou teorias pedagógicas São vários os autores que apresentam afirmações sobre isso mas faremos um recorte abordando mais o que Palácios Libâneo e Saviani afirmam sobre as diferentes concepções pedagógicas Palácios 1979 classificou as principais tendências contemporâneas para uma escola en tre três grandes grupos de acordo com os aspectos envolvidos aspectos didáticos Escola Nova aspectos de relacionamento Antiautoritarismo e aspectos sociopolíticos SócioPolítica MUR TA 2001 Ainda segundo Murta Palácios critica a parcialidade de cada uma dessas tendên cias para ele a primeira indica uma ilusão pedagógica que reduz os problemas da escola aos problemas didáticos a segunda seria uma ilusão psicológica já que reduz os problemas da educação a tão somente aos problemas de relações humanas no interior das escolas e demais instituições de educação e à ilusão sociopolítica da última que faz a tentativa de esgotar todos os problemas da escola numa perspectiva social Este autor sugere então uma perspectiva in tegradora na qual a abordagem do fator educativo seja visto como fator pedagógico e tam bém de relacionamento sociopolítico ou seja ele propõe uma análise dialética e reflexiva das questões educacionais Já Saviani apresenta uma outra classificação De acordo com Murta ele considera um pri meiro grupo de teorias pedagogia tradicional pedagogia nova e pedagogia tecnicista como teorias não críticas por desconhecerem as determinações sociais do fenômeno educativo e pela abordagem técnica e neutra com que tratam as questões educacionais atribuindo à escola um papel redentor de equalização social Critica essa visão como ingênua e aponta um grupo de te orias no extremo oposto as teorias críticoreprodutivistas que atribuem à educação uma função 32 de reprodução das desigualdades sociais MURTA 2001 Deste modo teríamos de um lado um grupo de pensadores que atribui um poder que é ilusório à escola e por outro lado uma forma de pensar diferente que ressalta uma situação de impossibilidade da escola diante dos condicionamentos sociais Nesse impasse posicionase em relação à escola como uma realidade histórica isto é suscetível de ser transformada intencionalmente pela ação humana O desafio que apresenta é a busca de uma teoria crítica da educação que capte a escola como um instrumento capaz de contribuir para a superação do problema de marginalidade socialMURTA 2001 Libâneo um dos grandes pensadores da educação no Brasil por sua vez utiliza outro critério de classificação ele estabelece a posição que as tendências consideram em relação aos condicionantes sociopolíticos que atuam na escola organizandoos em dois grandes grupos pedagogias liberais e pedagogias progressistas Nas pedagogias liberais encontramos a teorias não críticas Pedagogia Tradicional Pe dagogia Nova e Pedagogia Tecnicista Já nas teorias progressistas que são pedagogias críti cas Libâneo aponta as seguintes teorias Libertária Libertadora e Crítico Social dos conteúdos também chamada Histórico Crítica De acordo com Murta dentro das teorias críticas ainda temos as teorias Críticoreprodutivista e a crítica emancipatória É interessante ressaltar que quando falamos em teoria liberal imediatamente relacio namos a ideia de liberdade o que seria algo bom Todavia a ideia implícita de uma educação liberal é que todos são iguais têm a mesma chance e somente depende do indivíduo o seu sucesso ou não Agora pense Todas as pessoas têm a mesma chance Uma criança que chega à escola com fome que ficou na rua a manhã inteira porque sua mãe está trabalhando porque seu pai está recluso numa unidade prisional tem a mesma oportunidade que uma criança que chegou bem alimentada que tem uma família que zela por ela que tem acesso a bens mate riais e culturais Não podemos ser ingênuos de afirmar que ambos têm as mesmas chances pois o pon to de partida de um é diferente da do outro A educação liberal desconsidera estes diferentes pontos de partida ela é meritocrática o sucesso vai depender apenas do sujeito e sabemos que na vida real as coisas não funcionam bem assim não é verdade 33 Pesquise no link a seguir quais são as características de cada uma das teorias ou concepções pedagógicas segundo Libâneo httpcrveducacaomggovbrsistemacrvindexaspxIDOBJE TO35581tipoobcp003366cbn1n2Biblioteca20Virtu aln3DicionC3A1rio20da20EducaC3A7C3A3on4bs 22 Educação e Cultura Outro elemento que precisamos considerar na formação humana é a cultura Se formos buscar a origem da palavra cultura segundo Porto 2003 iremos encontrar a palavra latina colere que significa criar produzir Já educação vem também do latim educare que significa criar ou educere produzir ou seja até mesmo na etimologia das palavras educação e cultura elas se confundem Educar é produzir é cultivar a mente É a antropologia que estuda a cultura humana que busca investigar o homem em rela ção aos aspectos culturais sua evolução e desenvolvimento e assim como a sociologia o olhar antropológico é muito importante na formação dos professores Quando recebemos o aluno na sala de aula ele tornase o centro do processo educa cional é para ele que planejamos nossas aulas que selecionamos as melhores estratégias e recursos para que ele alcance os objetivos e desenvolvas as competências necessárias para as demandas atuais Mas não podemos preocupar tão somente com os aspectos práticos da docência O aluno é um indivíduo ele deve ser para nós professores um ser único dentro do coletivo da turma e para pensar este sujeito suas dificuldades seus avanços precisamos recor rer as várias ciências que transitam na educação São elas que nos permitem abstrair levantar hipóteses investigar e se necessário refazer nossa prática pedagógica São muitas as culturas até mesmo o conceito dessa palavra não é algo tão simples De acordo com Oliveira 2000 A cultura é a vida total de um povo a herança social que o indi víduo adquire de seu grupo Pode ser considerada parte do ambiente que o próprio homem 34 criou KLUCKHOHN In OLIVEIRA 2000 p135 Outro conceito a cultura compreende artefa tos bens processos técnicos ideias hábitos e valores herdados MALINOVSKI In IDEM Deste modo podemos afirmar que cultura é tudo aquilo que envolve a vida de uma pessoa desde suas crenças hábitos ideias valores e até mesmo os bens e artefatos que fazem parte de sua vida As pessoas que compartilham e vivenciam a mesma cultura possuem o que chamamos de identidade cultural pois desde que nascem elas são influenciadas pelo meio e vão adqui rindo seus hábitos e valores a partir do que vão vivenciando em seu grupo social O processo pedagógico deve estar apoiado na ação e implica em Resgatar a autoestima do educando enfocando a importância de sua inserção ativa no mun do Partir da percepção ativa da realidade da experiência real dos alunos Buscar através de percepção ativa da realidade uma interiorização crítica que leve a provocar um ação Usar com criatividade e adequadamente múltiplas linguagens na comunicação Processar informações e posicionarse diante delas Buscar uma educação que provoque a ação e a expressão que desperte a atitude pessoal e que implique em uma postura e ações coerentes RODRIGUES 2001 Ainda encontramos a ideia errônea em muitas pessoas que julgam que há cultura melhor que a outra O que existe são culturas diferentes e não culturas melhores Dentro dos conceitos a ser refletidos por você temos o de cultura popular que é aquela produzida e consumida pelo próprio grupo Temos a cultura de massa que se caracteriza por ela se tornar um produto do que chamamos de Indústria Cultural Consiste em todo e qualquer tipo de expressão cultural visando atingir a maioria da população com o intuito de gerar pro dutos de consumo Temos também a cultura clássica chamada alguma vezes de erudita que aquela que fica restrito a um grupo 35 Para saber mais sobre a importância da antropologia na educação leia o artigo Antropologia Cultura e Educação na Formação de Professores Acesse o link httpsperiodicosufpebrrevistasrevistaanthropologicasarticledown load2403619498 23 Globalização e Diversidade Cultural na formação do Professor É fato que o mundo mudou muito hoje as distâncias parecem menores o tempo pare ce passar mais rápido Antes o trajeto entre o Brasil e a Europa era de mais de trinta dias hoje é de aproximadamente 12 horas de avião E se formos considerar o avanço das tecnologias de informação o acesso entre as notícias de um lado para o outro do mundo é basicamente síncrono O que acontece do outro lado do mundo imediatamente ficamos sabendo Ou seja o mundo ficou mais próximo com isso a cultura de um povo acaba sendo compartilhada por outro e isto influencia fortemente na educação e na vida escolar de nossos alunos Ao conjunto de transformações econômicas e políticas que aconteceram a partir da segunda metade do século XX chamamos de globalização É claro que quando o homem sai de seu meio e começa a interagir com outras sociedades trocando sua produção levando sua cultura e entrando em contato com outra encontramos os princípios da globalização e se for mos pensar os povos antigos já faziam isso tais como os gregos romanos os povos árabes na modernidade durante as grandes navegações Todavia este processo intensificou na década de 80 do século XX quando este conceito começou a ser difundido Junto com as ideias de globalização surge também a preocupação com a diversidade cultural Os profissionais da educação começam a perceber que na escola encontramos uma diversidade de pessoas que ao interagir intercambiam suas culturas familiares Na escola precisamos levar em conta a diversidade de culturas ensinando aos alunos o respeito e a tolerância de modo a pregar a cultura da paz Devese considerar essa diversidade 36 inclusive na hora de planejar as aulas para que as mesmas sejam significativas e atendam aos aspectos multiculturais Para compreender melhor assista ao vídeo O que é Globalização no link a seguir httpswwwyoutubecomwatchvh5WjNMGztvE Objetivos da Unidade Unidade III Didática metodologia de Ensino e documentação pedagógica III Estabelecer a relação entre os fundamentos das disciplinas pe dagógicas do curso Normal e o efetivo trabalho de regência na sala de aula Relacionar os saberes da prática e saberes acadêmicos Diferenciar planejamento de plano Identificar os elementos que devem constar em um plano Compreender as características da pedagogia de projetos Desenvolver a capacidade de propor planos de ensino enfati zando o uso de metodologias ativas 38 Unidade 3 Didática metodologia de Ensino e documentação pedagógica 31 Manejo de Classe e Liderança Refletimos até agora sobre o que é conhecimento sobre como as pessoas aprendem sobre as concepções pedagógicas as questões sociais e culturais que influenciam na formação dos professores e alunos Mas existem os aspectos mais técnicos que precisamos retomar e refletir na sua forma ção como professor ou professora Para começo de conversa assista este pequeno fragmento do filme Alice no país das maravilhas httpswwwyoutubecomwatchvqIRQ4MfB2k Você deve ter percebido que no diálogo entre a Alice e o gato Cheshire quando ela per gunta qual é o caminho ele questiona onde ela quer chegar A menina responde que o lugar não é muito importante no que o felino fala se você não sabe o lugar Então não importa o caminho que você vai tomar Em educação é exatamente isso que devemos ter em mente onde meu aluno deve che gar quais competências deverão ser desenvolvidas quais habilidades serão necessárias quais objetivos de cada aula Ou seja quando vamos falar sobre ação docente precisamos pensar nas competências que um professor deve desenvolver para ter domínio da turma O qual cha mamos de manejo de classe Segundo Philippe Perrenoud um sociólogo e professor suíço que se destacou pelas suas ideias sobre a formação de professores publicou um livro sobre As Dez Novas Competên cias para Ensinar Na obra ele discorre as competências necessárias para um professor atuar na contemporaneidade ele indica essas dez competências e detalha as famílias de cada uma 39 delas 1 organizar e dirigir situações de aprendizagem 2 administrar a progressão das aprendi zagens 3 conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam 4 envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho 5 trabalhar em equipe 6 participar da administração da escola 7 informar e envolver os pais 8 utilizar novas tecnologias 9 enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão 10 administrar a própria forma ção continua PERRENOUD 2000 Para saber mais sobre esta obra e o pensamento de Perrenoud acesse o link a seguir httpswwwunigechfapseSSEteachersperrenoudphpmainOUVRA GESPerrenoud2000Ahtml A construção da identidade docente é desenvolvida aos poucos a partir daquilo que vivenciamos enquanto alunos na Educação Básica como alunos na graduação com as refle xões empreendidas a partir das leituras e estudos com as observações nos estágios e também é claro com a prática na regência Todos estes saberes possibilitarão a construção das compe tências necessárias Não é possível formar profissionais reflexivos sem inserir essa intenção no plano de formação e sem mobilizar formadores de professores com competências adequadas Uma parte deles deve se especializar em análise de práticas em estudos de caso em supervisão de estágios em acompanhamento de equipes e de projetos visando exer cer seu trabalho de formadores a partir das práticas Atualmente ainda são poucos os formadores que apresentam tais competências identidade e projeto e seu status com frequência é marginal pois não possuem nem a respeitabilidade outorgada pe los saberes disciplinares nem mesmo aquela um pouco menos importante garantida por uma especialização didática ou tecnológica aprofundada Por isso ainda há um longo caminho a ser trilhado para que os formadores mais comprometidos com o desenvolvimento da prática reflexiva possam atingir o mesmo nível que outros forma dores PERRENOUD 2002 Vamos selecionando as melhores experiências descartando aquilo que julgamos inde vido para o manejo de classe 40 A prática docente é por si só uma prática de liderança a qual você deve exercer a partir das suas características Mas o que é liderança para você Será que é possível desenvolver a liderança De acordo com Dicionário Houaiss líder é o indivíduo que tem autoridade para coman dar ou coordenar outros ou seja a liderança é a característica de um líder Um líder possui a função de dar aos componentes de um grupo um direcionamento um senso real de finalidade a percepção de que estão desempenhando a função de algo que vale a pena dando a sua importância para a execução de uma determinada tarefa O significado mais básico e elementar é de que a liderança está relacionada com influ ência com persuasão mas sempre buscando os resultados com qualidade Existem vários tipos de liderança mas faremos um recorte e abordaremos as três mais conhe cidas a democrática a autocrática e a liberal a Liderança Democrática ou Participativa É uma liderança que não está centralizada As decisões são discutidas e acordadas de forma coletiva Um líder com este perfil procura um trabalho de integração que apoie o grupo facilitando o trabalho Este tipo de liderança impõe a si próprio o papel de exemplo de modo a influenciar o grupo mostrando o que é esperado dos demais componentes do grupo Os líde res desse tipo geralmente constituem equipes mais ativas em que a maioria possui iniciativa e criatividade Professores e professoras com este perfil conseguem que seus alunos sejam ativos par ticipativos e compromissados com a aprendizagem Quase sempre possuem uma relação recí proca de respeito discutindo sobre as decisões a serem tomadas acordando de forma mútua 41 como serão desenvolvidas as tarefas e buscando juntos alternativas paras questões e os pro blemas que surgem na escola na sala de aula b Liderança Tradicional Autocrática Burocrática Neste tipo de liderança somente uma pessoa irá determinar qual será a tarefa de cada componente do grupo como deverá ser feito quando e quem irá desenvolver cada função Na maioria das vezes estes líderes são centralizadores e bastante dominadores não existindo abertura para os colegas de trabalho A liderança com este perfil geralmente forma grupos de liderados mais passivos acos tumados a obedecer receber ordens sem iniciativa pessoal Professores com as características desse perfil são extremamente tradicionais são ri gorosos e dominadores Possuem uma postura de trabalho voltada para a educação bancária cujos alunos não têm direito a expressar suas opiniões e acabam sendo apáticos durante as aulas e consequentemente na vida c Liderança Liberal Como o próprio termo indica este tipo de liderança tem como característica a ideia de que o líder é igual a todos os outros é apenas alguém que está à disposição Uma liderança deste perfil não direciona as ações do grupo na realidade dá o mínimo de direção e a máxima liberdade Todos podem fazer o que bem quiserem Na sala de aula o professor ou professora que exerce este tipo de liderança deixa cada aluno faz o que quiser Geralmente ele passa o conteúdo no quadro e se senta em sua mesa Não há disciplina em suas aulas não há direcionamentos É o que chamamos de Laissezfaire ou seja o mesmo que deixai fazer Na construção da identidade docente é preciso superar a idealização da sala de aula dos alunos É preciso romper com a ideia de que existe receita para ser bom professor Mas também é necessário um olhar pesquisador sobre si próprio e os saberes necessários que cons 42 tituem a prática docente Para ser um bom professor a chave é o autoconhecimento perceber seus pontos positivos e investir na superação dos pontos negativos Por isso pesquisar sobre motivação é aspecto relevante na formação docente todavia quase nunca se pesquisa sobre as estratégias de ensino que motivem É necessário comunicarse de forma adequada pois in teração e comunicação são elementos imprescindíveis na formação do professor Deste modo é preciso uma reflexão constante sobre o ato de fazer a aula com os alunos pois neste século XXI não mais podemos dar aulas e sim fazêlas juntos Para você compreender melhor sobre liderança assista ao vídeo Tipos de lideranças e seus impactos no link httpswwwyoutubecomwatchvKcZ14KIHo9Q Como dissemos anteriormente quando não sabemos para onde queremos ir qualquer caminho serve Enquanto professores devemos ter claro onde queremos chegar e como che gar Precisamos estabelecer de forma diretiva o que é importante para nossos alunos conforme o que se estabelece nos currículos oficiais e de acordo com as questões locais Por isso no curso de Pedagogia um dos nossos objetos de estudo é a didática A didática é um campo da Pedagogia que se preocupa com os métodos e técnicas do processo de ensino e aprendizagem De acordo com Lippe2015 no começo do século XVII John Amos Comenius conside rado o pai da Didática propôs um novo modelo de ensino nas escolas chamado de Didáctica Magna modelo este que defendia que as novas metodologias fossem baseadas em argumen tos racionais e que tivessem como objetivo tornar o sujeito conhecedor de sua própria na tureza assim como de capacidade além de preparar cada aluno para as novas demandas da sociedade cada vez mais industrializada urbana e tecnológica Se no século XVII Comenius já se preocupava como um novo modelo de ensino imagi ne na atualidade como é importante compreendermos a sistemática do processo de ensino e 43 aprendizagem para podermos ser mais eficazes como docentes 32 Planejamento e Planos Educacionais A partir de agora convido você a imaginar que foi convidadoa para a docência de uma das disciplinas pedagógicas no Curso Normal em nível médio O que você faria primeiro Qual seria sua referência Como você organizaria seu planejamento Quais seriam os recursos e estratégias a serem utilizados A nossa proposta façamos uma simulação de sua docência no Curso Normal Vamos Para começo de conversa você chegará à escola e procurará a Supervisora Pedagógica ou a Coordenadora Pedagógica do curso ela irá recebêla e irá explicarlhe o que é esperado de você no curso Dando continuidade você deverá solicitar o Projeto PolíticoPedagógico do curso O que é um Projeto PolíticoPedagógico De acordo com Gadotti que é um grande autor brasileiro é um projeto que implica acima de tudo um certo referencial teóricofilosófico e político Envolve estratégias e propostas de ação Para educar não basta indicar um horizonte e um caminho para se chegar lá É preciso indicar como se chegar lá e fazer o caminho juntos GADOTTI SEEMG 2001 Vimos que o PPP deverá ser o seu ponto de partida é nele que encontrará os pontos elementares para conhecer a Proposta Pedagógica assim como a filosofia da instituição as suas metas para o período ou seja você terá a visão globalizadora do contexto do curso e de toda a perspectiva da escola e da comunidade Um PPP apresenta também a ementa das disciplinas assim como da bibliografia que deverá ser utilizada Posteriormente depois do estudo do PPP você analisará o Regimento Es colar um documento que traz as regras e normas da instituição escolar 44 O Regimento Escolar é um documento de ordem normativa da escola ele indica os direitos os deveres tanto dos alunos como dos professores indicando o sistema de avaliação assim como a distribuição dos pontos e do tempo escolar Depois de conhecer todos estes aspectos da instituição escolar você deverá pensar na elaboração do seu planejamento Mas você sabe a diferença entre planejamento e plano Segundo Amaral 2004 planejamento de ensino é um processo docente em que se envolvem um dois ou mais profissionais com o propósito de prever atividades didáticas condizentes com alguns objetivos que se pretende alcançar Supõe também a sua revisão e adequação no de correr do processo Planejamento fica no mundo das ideias do pensamento Como se vê pode ser realizado coletiva ou individualmente dependendo das circuns tâncias Já o Plano de ensino é o produto concreto que resulta desse processo de planejamento Portanto é o resultado do planejamento colocado no papel o que não impede que ele seja modificado sempre que se fizer necessário Ele deve ser especialmente elaborado para cada turma visto as suas especificidades O plano pode ser de curso de ensino de uma unidade de estudo de uma aula de um projeto de trabalho de um dia letivo de uma semana letiva etc 321 Elementos de um Plano Existem vários tipos de planos o plano de ensino que indica os que deve ser trabalhado no decorrer de um período de cada disciplina Os planos de unidade que organizam os obje tivos conteúdos estratégias recursos e avaliação de cada unidade de estudo Planos de curso que é tudo que tem que ser trabalhado em curso plano de aula que estabelece como deve ser desenvolvida a sequência de uma aula De um modo geral devem figurar num plano os objetivos a serem alcançados 45 os conteúdos a serem desenvolvidos o tempo de que se dispõe para trabalhar aqueles conteúdos os procedimentos didáticos ou as atividades a serem desenvolvidas para trabalhar adequa damente os conteúdos selecionados os recursos didáticos de que o professor eou os alunos irão precisar o modo como o professor irá proceder para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos Os objetivos de ensino são os resultados que o professor pretende alcançar com seus alunos ao final de uma aula de uma unidade de estudo de um ano de trabalho Geralmente são expressos sob a forma do infinitivo de um verbo por ser o verbo a palavra que exprime uma ação O objetivo deve expressar de maneira geral alguma coisa que o aluno deverá fazer para tornar evidente que aprendeu o que se pretendia ensinar O objetivo está diretamente relacionado ao conhecimento do aluno observe Diferenciar letras de numerais Um objetivo deve expressar o desempenho do aluno ao final de uma aula em que foi trabalhada a metodologia de forma adequada Os conteúdos são os tópicos de estudo a serem trabalhados com os alunos e que figu ram nos programas de ensino no currículo da escola De acordo com a Base Nacional Comum Curricular que estudaremos na próxima unidade os conteúdos são chamados de objetos de conhecimento Eles também podem ser assuntos que despertaram o interesse dos alunos e que surgiram a partir de algum acontecimento especial Os conteúdos de acordo com César Coll 1996 são o conjunto de formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes áreas curriculares em função dos objetivos 46 gerais da área p161 e 162 deste modo podemos dizer que conteúdo é tudo aquilo que é ensinado na escola é o o que ensinamos É fato que a base de todo conhecimento é a memória todavia não podemos enfatizála Assim todo conhecimento envolve várias relações às vezes simples e esparsa outras vezes complexas Ainda segundo César Coll 1996 os conteúdos podem ser classificados em conceituais procedimentais e atitudinais Conceituais Envolvem a compreensão e o estabelecimento de relações Conhecimento de fatos princípios nomes dados informações curtas de acontecimentos situações datas Fotossíntese é um processo físicoquímico a nível celular realizado pelos seres vivos clorofilados que utilizam dióxido de carbono e água para obter glicose através da energia da luz solar A princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 13 de maio de 1888 O princípio da legalidade Brasília é a capital brasileira Minas Gerais é um estado da região sudeste Procedimentais Solicitam ações ordenadas com um fim específico quer dizer direcionadas para alcançar um objetivo é aquilo que se aprende a fazer fazendo tal como escrever ler saltar Ler Resolver Nadar Escrever Dirigir Atitudinais Valores normas atitudes a serem internalizados pelos alunos Ser cooperativo Atitude de curiosidade Hábitos de higiene Responsabilidade 47 O tempo também é uma variável bastante relevante Alguns conteúdos podem ser de senvolvidos e abordados em minutos ou em poucas aulas outros exigirão muitas aulas duran te dias ou semanas dependendo da natureza do conteúdo das circunstâncias e dos recursos utilizados ou disponíveis etc Portanto você deverá levantar o número de aulas disponíveis no período e calcular quantas serão necessárias para desenvolver cada conteúdo ou cada unidade de ensino Os procedimentos didáticos são as diferentes maneiras de se trabalhar os conteúdos São também chamados técnicas ou estratégias de ensino Exemplos de procedimentos didáticos um debate sobre determi nado tema uma aula expositiva dialogada uma entrevista uma excursão a uma feira cultural uma pesquisa bibliográfica um júri simulado um world coffe etc Os recursos didáticos são os materiais que o professor ou a professora precisa para mo tivar ilustrar enriquecer as aulas possibilitando uma aprendizagem mais significativa Podem ser slides filmes apostilas livros enciclopédias globos mapas pequenos microscópios ou qualquer outro material trazido para a sala de aula para efeito de estudo sementes pedras pequenos animais plantas confecções artesanais etc Outro elemento que deve constar no plano é a avaliação Atualmente falase em ava liação contínua e progressiva de forma diversificada do tipo formativa cujo propósito é de indicar se o aluno está aprendendo de forma efetiva Caso o aluno demonstre dificuldades o professor ou a professora precisa identificar as causas de estar acontecendo e criar estratégias novas para que o educando alcance os níveis de aprendizagem desejados e previstos Há tam bém a avaliação diagnóstica a qual deve ser realizada antes do professor fazer o seu plano de ensino ou de unidade na qual ele identificará os conhecimentos prévios dos alunos A avalia ção somativa determina os resultados da aprendizagem dos alunos Não se pode esquecer que a escola de hoje busca ser uma escola inclusiva por isso a mesma deve ser flexível e com ênfase 48 nos aspectos processuais e qualitativos 314Projetos Pedagógicos Investigativos Temos discutido bastante sobre a importância do aluno ser protagonista no processo de ensino e aprendizagem e trabalhar com projetos investigativos coloca o aluno no centro do processo A aprendizagem realizada a partir de projetos é também uma estratégia de ensino ativa e o percurso a ser realizado pelo aluno desenvolve com a mediação e intervenção do professor Todavia é o aluno que irá investigar partindo de um temaproblema o qual poderá surgir na turalmente em situações do dia a dia ou da aula podendo ser também proposto pelo profes sor Na pedagogia de projetos o docente assim como os alunos tornamse os pesquisadores Primeiro identificam o que já sabem depois estabelecem o que querem saber assim como também selecionam como e onde encontrarão os saberes pertinentes Na pedagogia de proje tos o professor não é mais o especialista e a partir da relação de cooperação com seus alunos tornamse pesquisadores É necessário ressaltar que a problematização também é uma peça essencial na aprendizagem baseada em projetos É a partir de um problema inicial que se efe tivará toda trajetória Lembrese a aprendizagem baseada em projetos tem uma característica o aluno é o protagonista na investigação e parte sempre de um problema e todo projeto investigativo ne cessita de uma culminância Momento em os resultados são apresentados e ou demonstrados pelos participantes para toda comunidade escolar Assista o vídeo do professor Nilbo Nogueira o que ele fala sobre pedagogia de projetos httpswwwyoutubecomwatchveguk20OL76c 49 315 Metodologias Ativas Um termo que tem sido muito utilizado hoje em dia é o de metodologias ativas mas o que você entende por isso Se você consegue articular a ideia de metodologia com o termo método que vem do latim methodos e significa caminho fica fácil compreender que é o caminho que o aluno deve percorrer de forma ativa Já vimos que a educação tradicional colocava o sujeito como um mero receptor hoje não mais podemos permitir que a escola utilize este tipo de metodologia O aluno deve ser desafiado deve ser instigado a questionar a pensar a refletir a cons truir hipóteses e para isso têm sido utilizadas várias estratégias de ensino que potencializam a ação do pensamento crítico investigativo reflexivo e empreendedor além de desenvolver a autonomia a autoconfiança e a capacidade de resolver problemas Leia na Revista Nova Escola Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado no link a seguir httpsnovaescolaorgbrconteudo11897comoasmetodologiasati vasfavorecemoaprendizado Objetivos da Unidade Unidade IV Currículo na Contemporaneidade IV Conhecer a trajetória do currículo como campo de conhecimen to Distinguir as características das diferentes as modalidades de currículo Conhecer o que é a Base Nacional Comum Curricular Discutir a necessidade de implementação de propostas integra doras no currículo pautadas nos princípios da interdisciplinari dade e da transdisciplinaridade Conhecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação docente na modalidade Normal Médio 51 Unidade IV Currículo na Contemporaneidade 41 Refletindo sobre o currículo escolar Na formação de professores precisamos refletir sobre o currículo escolar pois é a partir dele que sustentamos grande parte da ação docente Mas o que é um currículo A palavra currículo vem do latim curriculum que é o mesmo que pista de corrida ou o mesmo que percurso Você já deve ter ouvido a palavra currículo acompanhada de lattes que é um documento que apresenta o percurso acadêmico e profissional de uma pessoa quando ela está procurando um emprego não é mesmo Mas em educação também utilizamos muito este vocábulo Mas vamos conhecer um pouco a origem deste termo no contexto educacional Assim entre o final do século XIX e o começo do século XX houve uma grande preocupação nos Esta dos Unidos a respeito da preservação dos valores norteamericanos oriundos de uma cultura anglo saxônica branca e protestante visto que com a expansão industrial houve a chegada de muitos imigrantes vindos de várias partes do mundo desde a África Ásia América do Sul como dos países europeus A elite americana pensante resolveu destinar à escola através do seu currículo esta função Ou seja foi a primeira vez que houve a preocupação de currículo como campo de pesquisa e estudo Houve então uma pressão por parte de determinados grupos para que a escola passas se a ter uma atuação mais eficiente de modo que fossem utilizadas técnicas empresariais para que fossem alcançados um melhor desempenho dessas escolas Deste modo empregaram me todologias utilizadas nas empresas O Taylorismo ou seja o uso das propostas de Taylor para a organização do trabalho na empresa baseavase deste modo nas ideias da divisão de tarefas e também na padronização passando estas a serem realizadas conforme as recomendações e a supervisão da gerência SANTOS 2002 P163 Assim as ideias que eram utilizadas na área empresarial ganharam espaço e começa 52 ram a ser colocadas em prática no terreno educacional tendo como base seus princípios e seus critérios na organização do currículo que nortearia o processo educacional Faça uma pesquisa sobre como o currículo começa a constituir um campo de estudo httpcrveducacaomggovbrsistemacrvindexaspxIDOBJE TO30764tipoobcp000000cbn1n2Biblioteca20Virtu aln3Temas20Educacionaisn4bs Você pode observar que desde sua origem como campo de estudo o currículo foi mar cado por muitas lutas e embates nos quais diferentes grupos queriam estabelecer aquilo que julgavam importante ou não na formação do sujeito E como não poderia deixar de ser ainda hoje o conceito de currículo está voltado para a ideia de ser um processo de seleção realizado no interior da cultura podemos dizer que um currículo se estabelece nas escolhas das diferen tes manifestações socioculturais consideradas relevantes para a educação das novas gerações Existem várias modalidades de currículo a oficial que é aquela produzida pelas institui ções oficiais como as das Secretaria Estaduais ou Municipais de Educação As propostas oficiais chegam nas escolas e os professores e professoras fazem uso delas para elaborar o currículo formal Mas como você sabe nem sempre é possível colocar em prática o currículo formal con forme o que foi registrado Muitas vezes montamos nosso plano de aula ou de ensino mas na hora de realizalo pode acontecer um imprevisto e o mesmo necessita ser modificado Este currículo que é efetivamente desenvolvido e colocado em prática na sala de aula chamamos de currículo real também chamado de currículo em ação Chamamos de currículo nulo ou va zio aquele que é excluído da instituição educacional ou seja as omissões da escola Há também o currículo oculto aquele que não é intencionalmente trabalhado pelos professores mas constituise nos efeitos das aprendizagens que os alunos realizaram sem a 53 intenção do professor Podemos dizer que o currículo oculto corresponde a tudo aquilo que o aluno aprendeu na escola sem ter sido de fato objeto específico do ensino Dessa forma o currículo oculto constituise das aprendizagens ou dos efeitos de aprendizagem de di ferentes tipos abrangendo conteúdos valores atitudes interesses aprendidos na es cola e que não foram intencionalmente trabalhadosabordados pelo professor pelos diferentes materiais de ensino pelos livros didáticos pelos programas ou pelos guias curriculares São conhecimentos valores e atitudes que não foram colocados como foco do trabalho pedagógico mas que de forma sutil e geralmente não intencional terminam sendo transmitidos aos estudantes Exemplo disso são alguns preconceitos que os professores inadvertidamente manifestam sem muita consciência dos efeitos do que possam produzir quando dizem por exemplo menino não chora o que na verdade se constitui em um estereótipo em relação ao gênero masculino e que pode ser assimilado pelos estudantes SANTOS 2002 p164 Do outro lado do currículo oculto encontraremos o currículo explícito que é constituí do por aquilo que é intencionalmente buscado ou realizado no processo de ensino e aprendi zagem Na contemporaneidade podemos dizer que o currículo escolar são todas as experiên cias que a escola oportuniza aos alunos de forma intencional e não intencional É um processo de inclusão e exclusão que se faz no interior da cultura Portanto um currículo nunca é neutro nele há a implicação da seleção de valores de conteúdos de terminados grupos que constituí ram este documento oficial formal real e também no que tange o currículo oculto Assista ao vídeo Currículo trajetória de formação httpswwwyoutubecomwatchvJmgoffUPSc 42 A Base Nacional Comum Curricular Em dezembro de 2017 foi homologada a Resolução nº 2 do Conselho Federal da Educa 54 ção e em dezembro de 2018 foi homologada a BNCC para o Ensino Médio Mas o que é a Base Nacional Comum Curricular Conforme o MEC podemos dizer que A Base Nacional Comum Curricular BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvi mento em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação PNE BRASIL 2017 p07 Ainda segundo o Conselho Nacional de Educação o conceito deste documento que vimos que é normativo ou seja ele é obrigatório estabelecendo tudo que deverá ser objeto de conhecimento por parte dos alunos e que aplicase de forma exclusiva à educação escolar conforme o que está definido no 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na cional LDB Lei nº 93941996 Este documento é orientado pelos princípios éticos políticos e também estéticos que têm como objetivo a formação humana de forma integral assim como à construção de uma sociedade mais justa democrática e também inclusiva conforme o que está fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica DCN De acordo com a BNCC são dez as competências básicas gerais que um aluno deverá desenvolver no decorrer da educação básica Neste documento a ideia de competência está definida como a mobilização de conhecimentos conceitos e procedimentos assim como de habilidades práticas cognitivas e sócioemocionais atitudes e valores de modo a utilizálas para resolver demandas complexas do dia a dia para o pleno exercício da cidadania e do mun do do trabalho Para você compreender melhor assista ao vídeo Base em 1 minuto Afinal o que é a Base no link httpswwwyoutubecomwatchvW2fdWsVGzog 55 Segundo este documento os alunos deverão desenvolver dez competências básicas as quais vão desde conhecimentos uso de tecnologia capacidade de argumentar resolver problemas cuidar da saúde do corpo e emocional ate o respeito à diversidade Para saber mais Leia a Revista Nova Escola no link a seguir httpsbnccnovaescolaorgbr Pesquise quais são as dez competências básicas segundo a BNCC 43 Multidisciplinaridade Interdisciplinaridade Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade Muito temos discutido a respeito da organização e integração das disciplinas na sala de aula Mas apesar de ser um tema de grande relevância percebemos ainda hoje certa confusão no uso adequado dos termos em relação aos conceitos pluridisciplinaridade multidisciplinari dade interdisciplinaridade e transdisciplinaridade É relevante considerar que na base de toda organização de um currículo há uma questão epistemológica é como se fosse um pano de fundo ou seja um sistema filosófico que sustenta a estrutura que norteia as linhas a serem adotadas De acordo com Zabala 1999 a organização dos currículos pode se dar da seguinte for ma Multidisciplinar os conteúdos escolares são apresentados como disciplinas independen tes como um somatório sem nenhuma explicitação de relações entre si Pluridisciplinar na organização dos conteúdos há a existência de relações entre discipli nas mais ou menos afins todavia ainda apresenta um caráter multidisciplinar pois apesar de 56 haver um tema comum não há integração das disciplinas Interdisciplinar é a interação entre duas ou mais disciplinas esta interação implica em trocas de conhecimentos de uma disciplina com a outra conceitos leis etc gerando de certa forma um novo corpo disciplinar O conhecimento do meioecologia no Ensino Fun damental pode ser um exemplo de interdisciplinaridade Transdisciplinar é o grau maior de relações entre as disciplinas o conhecimento é visto como um todo assim buscase a integração global dentro de um sistema curricular totaliza dor que possibilite uma unidade na produção de conhecimento Para Zabala a transdisciplinaridade ainda é constituída mais como um desejo do que como uma realidade visto que as escolas ainda não conseguem romper com a ideia de um currículo que não exista disciplinas Para saber mais Ivani Fazenda é uma grande autora que tem abordado em suas obras a questão da interdisciplinaridade Assista no link a seguir como a escola pode trabalhar e forma interdisciplinar httpswwwyoutubecomwatchvMU9XIH9lW8 44 Propostas curriculares para o Curso Normal Até aqui temos discutido sobre os vários aspectos que influenciam na formação de professores percorremos os aspectos filosóficos sociológicos antropológicos psicológicos didáticos e muitos outros É claro que fizemos um revisitar do que já foi visto nas disciplinas voltadas para o que chamamos de disciplinas pedagógicas disciplinas essas que são voltadas para a formação da prática docente 57 Sendo assim um aspecto que deverá ser do seu conhecimento é a respeito das propos tas curriculares para o Curso Normal Deste modo podemos considerar que tanto a formação inicial como a continuada de professores para atuarem na educação básica devem garantir a todos o princípio de uma edu cação de qualidade por isso a necessidade de debates sobre concepções sobre políticas e currículos a partir de diferentes perspectivas É imprescindível pesquisas e estudos sobre o repensar a formação de profissionais do magistério a partir da legislação vigente e no tocante ao desenvolvimento de políticas públicas educacionais assim como ações que possibilitem a concreta efetivação rumo a uma maior qualidade na educação escolar brasileira A Resolução nº 31999 do Conselho Nacional de Educação estabelece que Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental em nível médio na modalidade Normal Art1 O Curso Normal em nível Médio previsto no artigo 62 da Lei nº 939496 aberto aos concluintes do Ensino Fundamental deve prover em atendimento ao disposto na Carta Magna e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN a formação de professores para atuar como docentes na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental acrescendose às especificidades de cada um desses grupos as exigências que são próprias das comunidades indígenas e dos portadores de necessidades educativas especiais 1º O curso em função da sua natureza profissional requer ambiente institucional próprio com organização adequada à identidade da sua proposta pedagógica 2º A pro posta pedagógica de cada escola deve assegurar a constituição de valores conhecimentos e competências gerais e específicas necessárias ao exercício da atividade docente que sob a ótica do direito possibilite o compromisso dos sistemas de ensino com a educação escolar de qualidade para as crianças os jovens e adultos Art2 Nos diversos sistemas de ensino as propostas pedagógicas das escolas de for mação de docentes inspiradas nos princípios éticos políticos e estéticos já declarados em Pa 58 receres e Resoluções CEBCNE a respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil o Ensino Fundamental e Médio deverão preparar professores capazes de I integrarse ao esforço coletivo de elaboração desenvolvimento e avaliação da proposta pe dagógica da escola tendo como perspectiva um projeto global de construção de um novo patamar de qualidade para a educação básica no país II investigar problemas que se colocam no cotidiano escolar e construir soluções criativas mediante reflexão socialmente contextualizada e teoricamente fundamentada sobre a prática III desenvolver práticas educativas que contemplem o modo singular de inserção dos alunos futuros professores e dos estudantes da escola campo de estudo no mundo social consideran do abordagens condizentes com as suas identidades e o exercício da cidadania plena ou seja as especificidades do processo de pensamento da realidade socioeconômica da diversidade cultural étnica de religião e de gênero nas situações de aprendizagem IV avaliar a adequação das escolhas feitas no exercício da docência à luz do processo cons titutivo da identidade cidadã de todos os integrantes da comunidade escolar das diretrizes curriculares nacionais da educação básica e das regras da convivência democrática V utilizar linguagens tecnológicas em educação disponibilizando na sociedade de comunica ção e informação o acesso democrático a diversos valores e conhecimentos Art3 Na organização das propostas pedagógicas para o curso Normal os valores procedimentos e conhecimentos que referenciam as habilidades e competências gerais e es pecíficas previstas na formação dos professores em nível médio serão estruturados em áreas ou núcleos curriculares 1º As áreas ou os núcleos curriculares são constitutivos de conhecimentos valores e competências e deverão assegurar a formação básica geral e comum a compreensão da gestão pedagógica no âmbito da educação escolar contextualizada e a produção de conheci mentos a partir da reflexão sistemática sobre a prática 2º A articulação das áreas ou dos núcleos curriculares será assegurada através do diálogo instaurado entre as múltiplas dimensões do processo de aprendizagem os conheci mentos os valores e os vários aspectos da vida cidadã 59 3º Na observância do que estabelece o presente artigo a proposta pedagógica para formação dos futuros professores deverá garantir o domínio dos conteúdos curriculares neces sários à constituição de competência gerais e específicas tendo como referências básicas I o disposto nos artigos 26 27 35 e 36 da LDBEN II o estabelecido nas diretrizes curriculares nacionais para a educação básica III os conhecimentos de filosofia sociologia história e psicologia educacional da antropolo gia da comunicação da informática das artes da cultura e da linguística entre outras 4º A duração do curso normal em nível médio considerado o conjunto dos núcleos ou áreas curriculares será de no mínimo 3200 horas distribuídas em 4 quatro anos letivos admitindose I a possibilidade de cumprir a carga horária mínima em 3três anos condicionada ao desen volvimento do curso com jornada diária em tempo integral II o aproveitamento de estudos realizados em nível médio para cumprimento da carga horá ria mínima após a matrícula obedecidas as exigências da proposta pedagógica e observados os princípios contemplados nestas diretrizes em especial a articulação teoria e prática ao lon go do curso Art4 No desenvolvimento das propostas pedagógicas das escolas os professores for madores independente da área ou núcleo onde atuam pautarão a abordagem dos conteúdos e as relações com os alunos em formação nos mesmos princípios que são propostos como orientadores da participação dos futuros docentes nas atividades da escola campo de estudo bem como no exercício permanente da docência Art 5 A formação básica geral e comum direito inalienável e condição necessária ao exercício da cidadania plena deverá assegurar no curso Normal as competências gerais e os conhecimentos que são previstos para a terceira etapa da educação básica nos termos do que estabelecem a Lei nº 939496 LDBEN nos arts 35 e 36 e o Parecer 1598 da CEBCNE 1º Enquanto dimensão do processo integrado de formação de professores os con teúdos curriculares dessa área serão remetidos a ambientes de aprendizagem planejados e desenvolvidos na escola campo de estudo 60 2º Os conteúdos curriculares destinados à educação infantil e aos anos iniciais do ensino fundamental serão tratados em níveis de abrangência e complexidade necessários à resignificação de conhecimentos e valores nas situações em que são desconstruídosre construídos por crianças jovens e adultos Art6 A área ou o núcleo da gestão pedagógica no âmbito da educação escolar con textualizada em diálogo com as demais áreas ou núcleos curriculares das propostas pedagó gicas das escolas propiciará o desenvolvimento de práticas educativas que I integrem os múltiplos aspectos constitutivos da identidade dos alunos que se deseja sejam afirmativas responsáveis e capazes de protagonizar ações autônomas e solidárias no universo das suas relações II considerem a realidade cultural sócioeconômica de gênero e de etnia e também a cen tralidade da educação escolar no conjunto das prioridades sociais a serem consensuadas no país Parágrafo Único Nessa abordagem a problematização das escolhas e dos resultados que demarcam a identidade da proposta pedagógica das escolas campo de estudo toma como objeto de análise I a escola como instituição social sua dinâmica interna e suas relações com o conjunto da sociedade a organização educacional a gestão da escola e os diversos sistemas de ensino no horizonte dos direitos dos cidadãos e do respeito ao bem comum e à ordem democrática II os alunos nas diferentes fases de seu desenvolvimento e em suas relações com o univer so familiar comunitário e social bem como o impacto dessas relações sobre as capacidades habilidades e atitudes dos estudantes em relação a si próprios aos seus companheiros e ao conjunto das iniciativas que concretizam as propostas pedagógicas das escolas Art 7 A prática área curricular circunscrita ao processo de investigação e à participa ção dos alunos no conjunto das atividades que se desenvolvem na escola campo de estudo deve cumprir o que determinam especialmente os artigos 1 e 61 da LDBEN antecipando em função da sua natureza situações que são próprias da atividade dos professores no exercício da docência nos termos do disposto no artigo 13 da citada Lei 61 1 A parte prática da formação instituída desde o início do curso com duração míni ma de 800 oitocentas horas contextualiza e transversaliza as demais áreas curriculares asso ciando teoria e prática 2º O efetivo exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental pelos alunos em formação é parte integrante e significativa dessa área curricu lar 3º Cabe aos respectivos sistemas de ensino em cumprimento ao disposto no parágra fo anterior estabelecer a carga horária mínima dessa docência Art 8º Os cursos normais serão sistematicamente avaliados assegurando o controle público da adequação entre as pretensões do curso e a qualidade das decisões que são toma das pela instituição durante o processo de formulação e desenvolvimento da proposta peda gógica Art 9º As escolas de formação de professores em nível médio na modalidade Normal poderão organizar no exercício da sua autonomia e considerando as realidades específicas propostas pedagógicas que preparem os docentes para as seguintes áreas de atuação conju gadas ou não I educação infantil II educação nos anos iniciais do ensino fundamental III educação nas comunidades indígenas IV educação de jovens e adultos V educação de portadores de necessidades educativas especiais Art 10 Cabe aos órgãos normativos dos sistemas de ensino em face da diversidade regional e local e do pacto federativo estabelecer as normas complementares à implementa ção dessas diretrizes Art 11º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação Art 12º Revogamse as disposições em contrário BRASIL 1999 62 Na página do Facebook do Plantão da Inspeção de Minas Gerais há um documento que orienta a organização do Curso Normal em nível médio httpswwwfacebookcomplantaoinspecaoescolarpostsdocumento orientadorparaocursonormal2017segueanexodocumentoorien tadordo990465924431172 Pesquise outras orientações para a organização deste curso conforme o estado de você mora Objetivos da Unidade Unidade V A Formação continuada de professores V Analisar os aspectos relacionados às questões sóciopolítico histórico cultural e filosófico na educação atual Compreender o conceito de competência articulado ao currí culo escolar Estabelecer a relação teoria e prática de forma indissociável na ação docente Compreender a importância da atitude reflexiva na prática do cente 64 Unidade V A Formação continuada de professores 51 Desenvolvimento de habilidades e competências nos alunos A disciplina Ensino Médio Normal metodologia e prática de ensino tem como objeto a formação para a formação de professores o que nos coloca também a necessidade de pensar mos sobre a formação continuada Mas vamos entender melhor este processo Um professor tem sua formação inicial que poderá ser tanto em nível médio que é o caso do curso Normal como também em nível de graduação esta formação é pautada em diretrizes curriculares estabelecidas oficialmente Quando este professor começa a exercer sua atividade profissional ele deve continuar estu dando a estes estudos chamamos de formação continuada Vimos na unidade anterior como a BNCC estabelece as dez competências básicas que deverão ser desenvolvidas pelos alunos ao longo de toda a Educação Básica Mas o que são competências Faça uma pesquisa na internet sobre o que são competências em educação e compare os conceitos encontrados Você deve ter encontrado muitos conceitos não é mesmo E com certeza algumas de las vão de encontro com a ideia de que competência é uma qualificação humana para que se possa realizar uma tarefa mais complexa Segundo o sociólogo suíço Philipe Perrenoud com petência é a capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação apoiada em conhecimentos mas sem limitarse a eles 1999 p7 Em 2000 um documento do MEC sobre o ENEM já indicava que 65 competências são modalidades estruturais da inteligência isto é ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos pessoas fenômenos e situações que queremos conhecer Enem 2000 O desenvolvimento de competências envolve a integração de conteúdos e disciplinas A competência de ler compreender interpretar e produzir textos por exemplo no sentido amplo do termo não se cons trói apenas através da aprendizagem da Língua Portuguesa mas em todas as áreas e disciplinas que estruturam o trabalho pedagógico na escola BRASIL 2000 Mas como surge esta necessidade de se trabalhar um currículo por competências Vejamos a educação contemporânea atende as mesmas demandas do começo ou do meio do século XX Com certeza você deve ter respondido que não As coisas mudaram muito não é ver dade Para começar mais de 50 da população estava fora da escola Hoje 97 dos alunos em idade escolar estão estudando e se antes apenas a elite tinha acesso à escola na atualidade conseguimos basicamente a universalização Antigamente a escola era a única instituição na qual o aluno tinha acesso aos meios para a produção de conhecimento Hoje não mais Neste século XXI nossos alunos têm acesso irrestrito à informação e o que é do interesse deles muitas vezes eles sabem muito mais do que os professores E se antes o papel dos professores era de levar a informação aos alunos agora ele é o responsável em criar situações de aprendizagem para os alunos Todavia a qualidade tem ficado a desejar Se formos analisar os resultados obtidos no PISA que é um Programa Internacional de Avaliação de Alunos em 2016 o Brasil estava em 65º entre os 70 participantes Deste modo como você pode perceber estamos muito abaixo do que é esperado Por isso a necessidade de que o conhecimento vá além dos muros da escola É preciso que nossos alunos sejam capazes de fazer uso deles para resolver situações complexas do dia a dia por isso a necessidade de se trabalhar um currículo por competências 66 Para saber mais Veja no link a seguir os resultados do Brasil no Pisa httpseducacaointegralorgbrreportagenspisa2015brasilexpande numerodejovensmatriculadosmasqualidadeaindaebaixa Mas o que poderia levar a estes resultados tão insatisfatórios São reflexões que neces sitamos fazer políticas públicas devem ser criadas para superar tudo isso Sabemos que a escola sempre teve um currículo fragmentado compartimentalizado em diferentes disciplinas as quais muitas vezes se ignoram Os alunos também são muito di ferentes são mais ansiosos rebeldes pouca tolerância às regras mais agressivos são hedonis tas individualistas e muitas vezes têm dificuldade de concentração Ou seja trabalhar aquela educação bancária não mais atende aquilo que se espera da escola por isso a necessidade de rever o processo educacional e pensar em como a escola poderá lidar com o desenvolvimento de competências Perrenoud nos propõe o seguinte desafio o que é mais importante adquirir conheci mentos ou desenvolver competências O que você acha Se você respondeu os dois você acertou Desenvolver competências não implica em não adquirir conhecimentos mesmo porque ter conhecimento é básico todavia não garante em saber fazer uso deles em situações problema na vida cotidiana E é exatamente isso que nossos alunos não conseguem fazer Toda ação humana envolve conhecimentos às vezes esparsos e simples outras vezes mais complexos O grande problema é que nossos alunos não conseguem ser competentes no uso desses conhecimentos mais complexos Grandes autores que pesquisam sobre este tema já verificaram que a escola ainda tra balha de forma voltada para que o aluno produza seu conhecimento no entanto somente este conhecimento não garante a eficácia na resolução de situações problemas Observe o exemplo 67 Maria estudou até o último ano do Ensino Fundamental após ela ler um texto sobre o Neoliberalismo ela disse que não conseguiu enten dêlo João estudou até o primeiro ano do Ensino Médio ao preencher o cabeçalho de um documento para solicitar reparo da energia elétrica de sua rua ele encontrou dificul dade no correto preenchimento Com certeza você já deve ter visto situações como essas Elas acontecem a todo instan te Pessoas que estudaram que sabem ler mas não conseguem fazer uso dessas competências de forma eficaz De acordo com Perrenoud trabalhar a partir de competências pressupõe colocar em sinergia vários recursos cognitivos complementares entre os quais estão os conhecimentos mas não é somente eles tem a habilidade a intuição a experiência prática Por isso a necessi dade de rever a forma como a escola tem trabalhado com os alunos Há de se ressaltar que este autor aponta que há três pistas falsas Competência é o mesmo que objetivo Competência está para desempenho A competência é uma característica da espécie humana Por que elas são falsas Veja competência não é o mesmo que objetivo porque objeti vo está para conhecimento mas ter conhecimento não garante ser competente Competência também não é o mesmo que desempenho pois desempenho pressupões fazer algo várias ve zes mas se surge uma situação diferente mesmo que você já tenha treinado várias vezes não te garante ser eficaz diante de algo distinto Nem podemos afirmar que é algo característico da espécie humana pois apesar de termos o potencial em sermos competentes isto não nos é 68 garantido por nascença Por isso precisamos potencializar um processo educacional em que o aluno seja o pro tagonista que ele saiba trabalhar a partir de situações problema que possa construir hipóteses e testálas que saiba defendêlos com bons argumentos Somente a partir disso poderemos caminhar rumo a uma educação de maior qualidade Para você compreender melhor assista ao vídeo Educação por com petências no link httpswwwyoutubecomwatchvTgS6VNI328U 52 O profissional da educação necessário para os dias de hoje e a relação teoria e prática na formação Ao longo desta disciplina temos abordado continuamente sobre a formação de profes sores e esta temática tem sido objeto de estudo de alguns autores tais como Maurice Tardif e Selma Garrido Pimenta Ao construir nossa identidade docente ao longo de nossa vida vamos selecionando experiência que vivenciamos como alunos desde a Educação Infantil até a licenciatura no En sino Superior Como já dissemos anteriormente há saberes da prática e saberes teóricos são saberes plurais que vão se constituindo aos poucos De acordo com Tardif os saberes docentes podem ser vistos como um saber plural formado pelo amálgama mais ou menos coe rente de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares curriculares e experienciais TARDIF 2004 p36 No entanto este saberes somente se consolidam quando nos propomos a refletir sobre eles E é esta reflexão que auxilia na superação do que chama mos de choque de realidade pois a tendência na graduação é a construção de uma educação idealizada visto que muitas vezes devido à ausência de um estágio eficaz que configure em observar e atuar ao longo do curso o aluno desenvolva uma ideia distante da realidade de sala 69 de aula Deste modo as transformações das práticas docentes só se efetivam na medida em que o professor amplia sua consciência sobre a própria prática a de sala de aula e a da escola como um todo PIMENTA 2000 p7 Pare agora e reflita Você tem realizado seu estágio de modo a analisar as práticas ob servadas Você ainda tem romanceado a educação deixando de vêla como um investigador dos problemas deparados no dia a dia da sala de aula Muitas vezes nos deixamos levar por discursos estereotipados e repetimos que gosta mos de dar aulas porque gostamos de crianças Você já deve ter presenciado isso não é mes mo É preciso romper com estas falas superficiais É necessário ações docentes mais efi cazes comprometidas com a transformação social oriunda da construção de um profissional docente ético crítico e reflexivo um professor de profissão não deve ser somente alguém que aplica conhecimentos produzidos por outros não deve ser somente um agente determinado por agentes sociais desse ser um ator no sentido forte do termo isto é um sujeito que assume sua prática a partir dos significados que ele mesmo lhe dá um sujeito que possui conhecimentos e um saberfazer provenientes de sua própria atividade e a partir dos quais ele a estrutura e a orienta TARDIF 2004 p230 Paulo Freire em sua obra Pedagogia da Autonomia já afirmava que o professor deve se assumir enquanto sujeito que produz saberes para que sua prática educacional seja capaz de tornar possível a construção do conhecimento não reduzindo sua ação ao simples ato de transferir conhecimento Mesmo porque ninguém transfere o seu conhecimento para outrem pois o mesmo é construído intrinsecamente pelo sujeito a partir de suas interações com o meio 70 Paulo Freire é o patrono da Educação Brasilei ra em sua obra Pedagogia da Autonomia ele enfatiza como a ação docente deve ser fundamentada em prin cípios da ética da dignidade e na autonomia do aluno Por isso as aulas devem ser significativas devem produzir sentido para o aluno para que ele possa a partir de seus conhecimentos prévios ressignificálos É fato que ninguém con segue obrigar um aluno aprender este processo somente ocorre quando o aluno se propõe a aprender os alunos são seres humanos cujo assentimento e cooperação devem ser obtidos para que aprendam e para que o clima da sala de aula seja impregnado de tolerância e de respeito pelos outros Embora seja possível manter os alunos fisicamente presos numa sala de aula não se pode forçálos a aprender Para que aprendam eles mesmos devem de uma ma neira ou de outra aceitar entrar num processo de aprendizagem TARDIF 2004 p268 Precisa mos nos envolver com pesquisas Precisamos ir além da sala de aula e tornarmos professores pesquisadores aspecto este que quase sempre é deixado de lado na formação de professores Nos deixamos levar pelo ativismo das ações de sala de aula e muitas vezes não nos comprome temos com este aspecto tão importante Há de se considerar que a identidade docente não é imutável muito pelo contrário ela pode e deve ser modificada a partir de reflexões críticas De acordo com Pimenta 2000 uma base profissional coesa e comprometida com uma educação de qualidade começa na forma ção inicial de um professor que por meio da mobilização de seus estudos sobre as teorias da educação da didática vai incorporando o ensino como uma prática social não tão somente como instrumento para dar aulas 71 Leia na revista digital a resenha da obra Saberes docentes e forma ção profissional de Maurice Tardif httpsperiodicosufjfbrindexphprevistainstrumentoarticle view18638 5 3 Professores intelectuais e seu papel transformador Vivemos uma época bastante conturbada em relação à educação institucional há uma desvalorização dos profissionais que trabalham neste segmento e consequentemente uma crise de confiança nos profissionais recémformados É como se todos os problemas todas as mazelas sociais fossem de responsabilidade da escola e seus profissionais Vimos até agora que a educação não é neutra e consequentemente tampouco a escola e os professores e pedagogos o são Somos fruto do meio que vivemos das experiências que tivemos das reflexões e interações que fazemos todavia não podemos minimizar a crise que a educação brasileira passa neste momento Em 1997 Delors escreveu um relatório para a UNESCO e indicou os quatro pilares para a educação do século XXI sendo eles aprender a ser aprender a fazer aprender a conviver e aprender a conhecer Reflita Após mais de duas décadas o que a escola tem feito em relação a estes quatro pilares Estamos trabalhandoos de maneira adequada Será que a escola tem possibilitado situações de aprendizagem para que nossos alunos aprendem a ser Que saibam lidar com seus sentimentos Que consigam se relacionar com 72 suas frustrações Que tenham autoconhecimento e projetos de vida No seu processo de formação ao longo da Educação Básica e até aqui mesmo no Ensino Superior você parou para refletir sobre estes aspectos Muito provavelmente foram poucas experiências não é mesmo A escola ainda está fundamentada no aprender a conhecer ainda como um aspecto vertical neste processo começando a perceber o papel do aprender a fazer mas sem conseguir alcançálo da maneira adequada Portanto quando refletimos sobre a questão proposta mais acima podemos perceber o quão distante estamos de pensar a educação da forma como é necessária sob a perspectiva de um processo que se consolidada a todo instante a partir da temporalidade em que ela ocor re Isabel Alarcão em sua obra Reflexão Crítica sobre o pensamento de D Schön e os pro gramas de formação de professores 1996 cujo artigo foi publicado na revista digital da Uni versidade de São Paulo USP aborda exatamente esta questão a formação de professores qual é o profissional necessário para lidar com a educação contemporânea a reflexão sobre a teoria e prática na formação de professores Para saber mais leia o artigo Reflexão Crítica sobre o pensamento de D Schön e os programas de formação de professores de Alarcão no link a seguir httpwwwrevistasuspbrrfearticleview3357736315 Já abordamos anteriormente neste guia sobre a indissociabilidade da relação teoria e prática mas vimos também como a formação de professores fica muito utópica quando ela não caminha junto com os aspectos práticos do curso que é o estágio Deste modo quando o aluno chega na sala de aula para atuar na docência ele acaba caindo num ativismo desenfreado no qual ele passa a reagir frente as demandas que se su 73 cedem sem reflexões sem pesquisa e como resultado temos um processo educacional que acaba reproduzindo todo o sistema Alarcão apresenta em seu artigo uma descrição utilizada por James Herriot para ilustrar o sentimento de um professor recémformado ao entrar na sala de aula Assim um veterinário recémformado ao atender uma vaca que estava parindo ele deita sob a mesma e sem saber o que fazer de forma concreta passa mentalmente passo a passo todas as figuras dos livros que ele havia estudado sobre obstetrícia deste animal E esta autora fala que é exatamente isso que acontece com nossos alunos recémsaídos da licenciatura Ela fala que os cursos de formação ensinam os alunos a lidarem com situações previsíveis mas não com incertezas com situações ambíguas confusas que fogem daquilo que é esperado que foram aprendidos a partir de ra ciocínios lineares A maior parte das situações com que se deparam não se apresentam com uma estrutura clara e bem definida Cada situação surge ao princípio como um caso único e emblemático E perante estas situações problemáticas não há nada a fazer senão co meçar por tomar consciência da natureza do problema e compreendêlo Mas para o compreender é por vezes necessário desconstruir o problema manifestado para cons truir o problema existente Só aí poderão então ser encontradas respostas nas teorias que foram aprendidas Este processo implica uma ginástica mental e uma flexibilidade cognitiva capaz de arquitetar cenários interpretativos possíveis ALARCÃO 1996 Schön apud Alarcão nos propõe um olhar reflexivo na ação profissional assim ao de parar com um problema na sala de aula o professor deve refletir sobre ele levantar hipóteses refletir sobre a própria ação e se necessário criar ações para atender essas demandas É neste contexto que surgem na sua obra noções fundamentais como conhecimento na ação reflexão na ação reflexão sobre a ação e reflexão sobre a reflexão na ação ALARCÃO 1996 Superar toda esta situação se faz necessário para tanto na formação precisamos dimi nuir a distância entre os saberes acadêmicos e os saberes da prática já que apesar de distintos eles não podem em hipótese alguma caminhar separados Deste modo aliar reflexões sobre a prática em conjunto com o professor de formação de docentes pode e deve ser uma estraté gia para conseguirmos uma educação de qualidade que ultrapasse os muros da escola e que 74 permita ao aluno utilizar as ferramentas construídas ao longo das aprendizagens realizadas na instituição educacional para agir no mundo e transformálo à medida que se transforma Chegamos ao final de nossa disciplina e espero ter provocado em você algumas insa tisfações em relação ao processo de formação de professores Como nos diz Piaget só avança mos a partir de desequilíbrios são eles que põem avante o que Schön nos propõe o conhecer na ação para tanto é preciso refletir sobre a ação na ação e a partir da reflexão sobre a reflexão da ação Esta é a proposta Desejo a você futuro professor de professores um incrível desejo de ser ferramenta de transformação ALARCÃO I Reflexão crítica sobre o pensamento de D Schon e os programas de formação de professores Lisboa Afontamento 1996 BRASIL Conselho Nacional de EducaçãoCâmara de Educação Básica Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de Professores na Modalidade Normal em Nível Médio Brasília 1999 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 2009 PERRENOUD Philippe Construir Competências desde a escola Porto Alegre Artes Médicas 1999 PIMENTA SG Org Saberes pedagógicos e atividade docente São Paulo Cortez 2000 SANTOS L L C P Problemas e divergências no campo do currículo In Coleção Veredas For mação Superior de Professores mod 3 v 2 Belo Horizonte SEEMG 2002 TARDIF M Saberes docentes e formação profissional Petrópolis Vozes 2004 ZABALA A Org Como trabalhar os conteúdos procedimentais em sala Porto Alegre Artmed 1999