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Cursos Gerais ·
Psicologia Institucional
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Reflexões sobre o ser professor a construção de um professor intelectual Jorge Carlos Felz Ferreira Índice 1 Em busca do entendimento de alguns conceitos importantes 2 2 Ampliando a idéia de prática educa tiva 3 3 Ser professor 4 4 Formação docente e profissionaliza ção 5 5 Considerações Finais 7 6 Bibliografia 8 Formar profissionais capazes de criar si tuações de aprendizagem deveria ser o eixo central da maior parte dos programas de for mação inicial e continuada dos professores da préescola à universidade Tal visão po rém ainda está muito longe do verdadeiro sentido que se deve dar ao termo tornarse professor Uma série de estudos sociológicos de monstram uma clara evolução das profissões enfermeiros assistentes sociais jornalistas e professores Assim frente aos inúme ros desafios da transformação necessária dos sistemas educacionais o papel do professor Especialista em Comunicação PUCSP mes trando em Comunicação Social pela UMESP Jorna lista e fotógrafo foi Coordenador do Curso de comu nicação da FAESA ES onde trabalha desde 1996 deve evoluir de mero executante para o de profissional O presente artigo procura refletir um pouco estas transformações necessárias a partir de minha experiência individual e par ticular como docente A intenção é desvelar qual é o papel do professor em sala de aula comprometido com a ação educativa Há alguns anos atrás quando decidi aban donar uma provável carreira na engenharia e voltarme para o jornalismo um primo ques tionou tal atitude A resposta foi imedi ata procurava algo que proporcionasse pra zer alguma autonomia e que de certa forma contribuísse na mudança de mundo Hoje se não me tornei engenheiro tam bém não sou jornalista Acabei professor Tornarme professor foi o resultado de uma série de decisões que a princípio não ti nham tal pretensão Como vim de um curso de bacharelado onde não há nenhuma preparação prévia para o exercício docente minhas primeiras inter venções foram reproduções criadas a par tir da vivência junto a antigos professores Eram imitações feitas a partir das experiên cias positivas O problema às vezes era uma sensação de que algo estava sendo feito er rado Uma espécie de frustração diante dos 2 Jorge Carlos Felz Ferreira alunos de baixo desempenho ou que não cor respondiam conforme o planejado Com o tempo e a experiência descobri que nem sempre poderia trabalhar e obter resultados exatamente como os esperados Percebi então a complexidade do ser profes sor do estar em sala de aula e o tamanho da responsabilidade que colocam em nossos ombros Diante destas constatações surgi ram algumas questões qual é o papel do pro fessor na ação educativa E como deve ser formado esse professor São questões difíceis de serem respondi das Principalmente porque em educação não existem receitas eou fórmulas mágicas Porém cabe aqui uma reflexão mais pro funda sobre estas questões 1 Em busca do entendimento de alguns conceitos importantes Antes de partir para uma reflexão mais pro funda é preciso entender o termo educação Para Libâneo devese reconhecer no conceito de educação a idéia de que o acontecer educativo cor responde à ação e ao resultado de um processo de formação dos su jeitos ao longo das idades para se tornarem adultos pelo que ad quirem capacidades e qualidades humanas para o enfrentamento de exigências postas por determinado contexto social 1998 p65 A partir disso é possível vislumbrar uma série de definições para o conceito de edu cação e quase todas são unânimes num as pecto importante a educação é vista como um processo de desenvolvimento que se dá num continuum O problema reside nas formas como cada uma dessas concepções encara o processo As visões atualmente em voga e que per meiam o sistema educativo institucionali zado tendem a conceber a educação não como algo que possa surgir da relação HO MEM X MUNDO mas trabalham a educa ção como um produto onde é necessário li dar com competências e planificações capa zes de levar a um resultado previamente sa bido e calculado Esta visão é claramente perceptível nas novas diretrizes curriculares dos cursos su periores de Comunicação Social Homolo gadas meio na surdina em abril de 2001 tais diretrizes privilegiam a formação técnica e consideram as práticas que exijam refle xão planejamento e pesquisa como entraves à formação de um profissional voltado para o mercado Assim se entendemos que a prática edu cativa tende a ser vista como um produto como o final de um processo elaborado e or ganizado com um fim estabelecido onde o aluno deve chegar enquanto fruto de com petências trabalhadas poderemos partir para um outro ponto de reflexão a própria profis são docente uma vez que segundo Sacris tán In Nóvoa 1995 o discurso pedagógico dominante hiperresponsabiliza os professo res em relação à prática pedagógica e à qua lidade de ensino Embora isso apenas reflita a realidade de um sistema centrado na figura do professor como condutor visível da ação educativa Reflete também como a sociedade atual afeta a escola transferindo a esta e princi palmente aos professores um número cada vez maior de funções às quais muitas ve wwwboccubipt Reflexões sobre o ser professor 3 zes não estão preparados eou não possuem a competência necessária para exercêlas e muitas vezes são funções não relacionadas diretamente com a nossa profissão É pre ciso ter clareza das funções do professor para não sujeitarse à desprofissionalização E isso tende a ser um problema quando não se foi preparado para ser professor como é o caso específico dos profissionais que se tor nam professores nos cursos de Comunicação Social em suas diferentes habilitações 2 Ampliando a idéia de prática educativa Ensinar é uma prática social ou como Freire 1974 imaginava uma ação cultural pois se concretiza na interação entre professores e alunos refletindo a cultura e o contextos sociais a que pertencem Assim não se pode reduzir o conceito da prática educativa às ações de responsabili dade do professor e que normalmente ocor rem em sala de aula O ato de educar a ação educativa transcende às ações dos professo res e extrapola os limites físicos da sala de aula Sacristán 1995 procura definir me lhor esta visão a partir da análise das práti cas aninhadas Tal análise é esclarecedora na medida em que sistematiza a real dimensão da prática educativa e delimita como cada parte deste sistema afeta a prática em sala de aula ação do professor Podemos observar nesse es quema a a existência de uma prática de caráter antropológico anterior e paralela à escola b as práticas institucionais desenvolvendose nesse ambiente cultu ral onde a escola se inscreve c existência de práticas concorrentes que embora não sejam da esfera pedagógica afe tam de forma marcante a ação educativa Pensar numa prática de caráter antropo lógico é interessante pois embora a prática educativa seja anterior à formalização do co nhecimento alguns especialistas ao refleti rem sobre a relação prática X conhecimento simplesmente ignoram tal fato É preciso perceber a existência de uma cultura sobreposta ao pedagógico e influ enciando diretamente na prática pedagógica Esta cultura será mais importante do que a própria formação técnica para o entendi mento correto desta prática Bourdieu define essa cultura como um habitus ou como um conjunto de esquemas que permite engendrar uma infini dade de práticas adaptadas a situa ções sempre renovadas sem nunca se constituir em princípios explí citos BOURDIEU In PERRE NOUD 1997 p39 ou um sistema de disposições duradou ras e transponíveis que integrando todas as experiências passadas funciona em cada momento como uma matriz de percepções de apre ciações e de ações e torna possí vel a concretização de tarefas in finitamente diferenciadas graças às transferências analógicas de es quemas que permitem resolver os problemas da mesma natureza p40 Isto é embora se deixe de lado tal dis cussão não podemos perder de vista a plu ralidade de indivíduos presentes na sala de wwwboccubipt 4 Jorge Carlos Felz Ferreira aula Cada aluno é um sujeito diferente e o professor também é um sujeito muito especí fico que embora tenha freqüentado um curso de formação possui uma base antropológica cultural que poderá afetar o seu desempe nho Ampliando a discussão iniciada com Sa cristán 1995 se pensarmos melhor sobre as chamadas práticas institucionalizadas poderemos concluir que os professores pos suem uma autonomia relativa na medida em que dependem de coordenadas político ad ministrativas reguladoras tanto do sistema educativo como da própria escola Isso der ruba velhas idéias que definem a profissão professor como algo carismático e idílico e em alguns casos como uma tabula rasa que será organizada e construída conforme a performance pessoal de cada um como se o resultado e o sucesso na carreira docente de pendesse de uma predisposição à profissão 3 Ser professor Ser professor significa tomar decisões pesso ais e individuais constantes porém sempre reguladas por normas coletivas as quais são elaboradas por outros profissionais ou regu lamentos institucionais E embora se exija dos professores uma capacidade criativa e de tomada de decisões boa parte dessa energia acaba por ser direci onada na busca de solução de problemas de adequação com as normas estabelecidas ex teriormente Voltando às nossas questões iniciais po demos deduzir que embora o docente não possa definir a ação educativa enquanto construção autônoma há a possibilidade da refletir sobre o papel que ocupa neste pro cesso Mas sozinho não é capaz de afetálo Dessa forma uma de nossas maiores an gústias pode ser respondida quando se en tende a competência docente como algo não traduzível por técnicas ou habilidades O professor não é um técnico Assim como ser jornalista não é ser técnico É ser antes de tudo um sujeito integrado com o mundo e sa bedor de seu papel social Ser professor significa antes de tudo ser um sujeito capaz de utilizar o seu conheci mento e a sua experiência para desenvolver se em contextos pedagógicos práticos pree xistentes Isso nos leva à visão do profes sor como um intelectual o que implicará em maior abertura para se discutir as ações edu cativas Além disso envolve a discussão e elaboração de novos processos de formação inclusive de se estabelecerem novas habili dades e saberes para esse novo profissional Ao atuar como professor o jornalista tam bém estaria desenvolvendo a ampliação dos conceitos e sentidos dados à profissão vista até aqui como um saber eminentemente téc nico Entretanto cabe aqui uma ressalva para não incorrermos num erro Se entendemos que o professor não é um técnico isto é que os atuais processos de formação de profes sores pecam por darem ênfase exagerada aos processos técnicometodológicos não esta mos dizendo que a prática educativa pode vir a ser construída apenas a partir da experiên cia Pelo contrário embora não se possa es tabelecer uma supremacia da teoria sobre a prática ou viceversa tanto uma como outra são de extrema importância para o processo de ensino O processo deve sempre ser pensado como um processo de ação reflexão ação Não podemos imaginar uma ação educativa cri ada puramente a partir da experiência muito wwwboccubipt Reflexões sobre o ser professor 5 menos como a mera tradução do saber cien tífico Sacristán 1995 fala se possível de um ensino encarado como resultado de um empenhamento moral e ético onde o profes sor e o aluno saibam exatamente quais são seus papéis e o primeiro tenha consciência de seu inevitável poder Retomando a idéia do professor intelec tual talvez o maior desafio seja transformar os atuais cursos de comunicação na tenta tiva da construção de um profissional mais completo Tais cursos preparam os alunos para algo idealizado onde todos as metodo logias são possíveis e positivas o processo de aprendizagem dáse sempre de forma li near e inteligente todas as escolas possuem boas instalações e equipamentos Preparase para uma escola ideal mas muito longe do mundo real onde quase nunca as condições mais básicas para a ação educativa estão presentes A formação do professor se faz ainda hoje com base em es tudos e modelos do passado baseados numa realidade ideal que nunca se concretizou RIBAS 2000 p 35 4 Formação docente e profissionalização Perrenoud 1997 traz à tona uma nova ques tão intimamente ligada às outras aqui colo cadas será que os professores não são pro fissionais no sentido correto do termo Se dissermos não poderemos levar à idéia de que atualmente os professores são amado res que ora podem ser benevolentes demais ora são cruéis e sem medidas corretas de ava liação e cobrança E isso não é verdade Quando falamos de profissionalização de vemos ter em mente a busca da ampliação deste conceito e isso pressupõe que na pro fissão professor se pensa numa substitui ção de regras e técnicas preestabelecidas por estratégias orientadas mais objetivas e por uma ética ou empenhamento moral O conhecimento já não pode mais ser con siderado como fragmentado estático pas sível de ser sempre controlado por regras imutáveis e predeterminadas mas deve ser repensado como um processo em constru ção Diante da imensa e incessante evolução técnicocientífica o conhecimento e a forma como o tratamos deve mudar Houve uma quebra de paradigma no mo mento em que começamos a perceber que a ciência não está baseada em verdade imutá veis Como o processo é constante sempre há a possibilidade da contradição e o surgi mento de novas descobertas O atual sistema de formação de professores não acompanha nem dá conta desta nova realidade Perrenoud 1997 afirma não ser preciso ir muito longe na busca de uma solução para esta nova etapa de profissionalização Quando olhamos para os níveis do percurso escolar podemos observar que no ensino fundamental os professores em sua maioria não ficam mais presos à aplicação de meto dologias com uso de técnicas e truques mas buscam a construção de processos didáticos orientados globalmente porém adaptados à diversidade dos alunos ao seu nível e às con dições materiais e morais do trabalho Entretanto quanto mais nos aproximamos dos graus superiores da escolarização menos qualificação pedagógica os professores pos suem embora se exija destes maior conheci mento acadêmico domínio dos saberes ci entíficos Isto significa que estes inventam suas próprias práticas O problema é a partir de qual qualificação didática wwwboccubipt 6 Jorge Carlos Felz Ferreira Isso reflete negativamente na ação educa tiva pois a grande maioria dos professores desse nível não possui experiências pesso ais do ensino numa sala de aula Aí fazem o que é mais comum vivem de velhas recor dações como o professor do começo desse texto que se espelhava nos velhos mestres Mesmo os docentes que passam por cursos de formação acabam de certa forma sendo atingidos por esse efeito pois em algum mo mento terão professores que não o foram na prática Uma atividade não se profissionaliza além de um certo limite muitas vezes porque há um certo comodismo com a situação de de sigualdade Para ele a educação hoje fun ciona assim Há um conformismo generali zado com o fato de que parte da sociedade passará pela escola sem uma formação ade quada muitas vezes sem o mínimo necessá rio Numa idéia próxima às abordagens socio culturais vêse na sociedade atual uma cum plicidade com a manutenção do status quo o qual leva a maioria a permanecer à margem do poder e da superação de suas realidades Para Perrenoud 1997 a profissionaliza ção só será um progresso quando do ponto de vista social o aumento do nível de ins trução geral se tornar prioritário numa ten tativa de acelerar uma evolução global da so ciedade A escola não pode permanecer na forma que se apresenta hoje É preciso repensar a formação do professor sempre imaginado um processo de formação ampla e continu ada Porém esta não deve ser baseada em pequenos treinamentos ou períodos de reci clagem mas efetivamente contínua sem pre judicar o trabalho com os alunos e gerando resultados positivos e diretos na prática dos professores É necessário a adoção de uma postura mais realista e inovadora Onde se possí vel devese pensar um processo de formação de profissionais capaz de garantir um conhe cimento mais crítico uma visão mais ampla dos códigos e elementos culturais bem como uma melhoria da percepção do espaço visual e corporal dos sujeitos e um domínio am plo de metodologias mais apropriadas para lidar com a diversidade bem como uma ca pacidade de maior diferenciação das inter venções e de gestão Além disso esse processo deve habilitar o professor a de forma autônoma utilizar se dos instrumentos e práticas de avaliação formativa e por fim que este professor tenha a capacidade do diálogo em qualquer nível A formação deve também garantir a pró pria ação educativa reconstruindoa a par tir das reais necessidades do grupo conside rando que embora se deseje trabalhar todos os conteúdos estabelecidos e se busque lan çar mão das mais modernas e criativas tec nologias educativas um professor não con segue dar conta do todo preestabelecido Nessa formação tem que ficar claro que re lação de ensino é uma relação do âmbito do desejo Ela deve necessariamente ser en tremeada por jogos de sedução e manipula ções É preciso provocar o desejo no outro O aluno deve ser visto como um sujeito de corpo inteiro que tem sua identidade sua cultura necessidades e interesses e a classe é um lugar de grande diversidade e pluralismo Não podemos olhar para um grupo de alu nos como se todos fossem exatamente iguais Exemplos claros podem ser vistos nos cursos de Comunicação Social em disciplinas do chamado núcleo comum como Fotografia wwwboccubipt Reflexões sobre o ser professor 7 a minha área de docência cujo programa deve ser adaptado a cada uma das habilita ções existentes Além disso temos alunos de diferentes origens sociais culturais e econô micas o que nos dá classes com uma hetero geneidade de habitus e diretamente influen ciando o processo de aprendizagem Devese ressaltar ainda que a ação educa tiva é complexa e mesmo que se faça ne cessário um planejamento prévio das ações o tempo real é diferente Embora nós dese jássemos alunos criativos cooperativos e ati vos eles não são sempre assim Na sala de aula veremos conflitos alunos aborrecidos e cheios de mecanismos de fuga e de defesa O processo de formação de um professor intelectual pode ser organizado a partir da participação em grupos de debates e sessões de leitura Mesmo não gostando de receitas ou modelos Perrenoud 2001 imagina que o processo de formação poderia ser construído com base em paradigmas elucidativos Estes paradigmas seriam estabelecidos a partir das teorias de comunicação de refe rências psicanalíticas e orientação psicosso ciológica dinâmicas de grupos liderança redes de comunicação atitudes noções pro fundas de antropologia social e cultural for mação sobre os objetivos pedagógicos e ava liativos elementos de sociologia da educa ção e por fim com uma reflexão epistemo lógica e didática sobre as aprendizagens e o ensino em comunicação Isso nos leva em direção ao modelo do professor profissional ou refle xivo onde a dialética entre teoria e prática é substituída por um ir e vir entre PRÁTICA TEORIA PRÁTICA O professor tornase um profissional reflexivo capaz de analisar as suas próprias práticas de resolver problemas de inventar estratégias Sua formação apóiase nas contribuições dos praticantes e dos pesquisadores ela visa a de senvolver no professor uma abor dagem das situações vividas do tipo AÇÃO CONHECIMENTO PROBLEMA utilizando conjun tamente prática e teoria para cons truir no professor capacidades de análise de suas práticas e de me tacognição ALTET In PERRE NOUD 2001 p 26 Outros modelos poderiam ser sugeridos mas o que talvez seja mais evidente é pen sar este processo de formação como a possi bilidade de uma reflexão consciente sobre a ação educativa 5 Considerações Finais O ensino ação educativa não deve ser co locado como algo apenas da esfera da es cola enquanto instituição organizada e vol tada para a educação O processo de ensino permeia todos os níveis de nossas vidas e da sociedade e ao olharmos para qual é o pa pel do professor em sala de aula devemos ter em mente não mais a idéia de formação de sujeitos aptos a atenderem às exigências do mercado como mãodeobra especiali zada eou consumidor Significa perceber o processo de ensino com um processo de construção através da ação reflexiva de um sujeito completo um homem consciente de seu papel social mais tolerante e respeitador das diferenças que sabe coexistir e que traz em si a consci wwwboccubipt 8 Jorge Carlos Felz Ferreira ência transitiva Paulo Freire da superação da mudança e do agir Como Paulo Freire dizia temos que nos lembrar que toda ação educativa deve ser feita no sentido de levar o homem a refletir sobre seu papel no mundo e assim ser capaz de mudar este mundo e a si próprio 6 Bibliografia CANDAU Vera Maria Org Ensinar e aprender sujeitos saberes e pesquisa Encontro Nacional de didática e Prá tica de Ensino Rio de Janeiro DPA 2001 FREIRE Paulo Educação como prática da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1974 PERRENOUD Philippe Práticas pedagó gicas e profissão docente 3 facetas In Práticas pedagógicas profissão do cente e formação perspectivas socio lógicas Lisboa Publicações Dom Qui xote 1997 PERRENOUD Philippe PAQUAY Léopold ALTET Marguerite CHARLIER Évelyne organizadores Formando Professores Profissionais quais es tratégias quais competências Porto Alegre Artemed 2001 RIBAS Mariná Holzmann Construindo a Competência processo de formação de professores São Paulo Olho Dágua 2000 SACRISTÁN J Gimeno Consciência e ac ção sobre a prática como libertação profissional dos professores In NÓ VOA António Profissão professor Porto Porto Editora 1995 VILLA Fernando Gil Crise do Professo rado uma análise crítica Campinas Papirus 1998 wwwboccubipt
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termo educação Para Libâneo devese reconhecer no conceito de educação a idéia de que o acontecer educativo cor responde à ação e ao resultado de um processo de formação dos su jeitos ao longo das idades para se tornarem adultos pelo que ad quirem capacidades e qualidades humanas para o enfrentamento de exigências postas por determinado contexto social 1998 p65 A partir disso é possível vislumbrar uma série de definições para o conceito de edu cação e quase todas são unânimes num as pecto importante a educação é vista como um processo de desenvolvimento que se dá num continuum O problema reside nas formas como cada uma dessas concepções encara o processo As visões atualmente em voga e que per meiam o sistema educativo institucionali zado tendem a conceber a educação não como algo que possa surgir da relação HO MEM X MUNDO mas trabalham a educa ção como um produto onde é necessário li dar com competências e planificações capa zes de levar a um resultado previamente sa bido e calculado 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transferindo a esta e princi palmente aos professores um número cada vez maior de funções às quais muitas ve wwwboccubipt Reflexões sobre o ser professor 3 zes não estão preparados eou não possuem a competência necessária para exercêlas e muitas vezes são funções não relacionadas diretamente com a nossa profissão É pre ciso ter clareza das funções do professor para não sujeitarse à desprofissionalização E isso tende a ser um problema quando não se foi preparado para ser professor como é o caso específico dos profissionais que se tor nam professores nos cursos de Comunicação Social em suas diferentes habilitações 2 Ampliando a idéia de prática educativa Ensinar é uma prática social ou como Freire 1974 imaginava uma ação cultural pois se concretiza na interação entre professores e alunos refletindo a cultura e o contextos sociais a que pertencem Assim não se pode reduzir o conceito da prática educativa às ações de responsabili dade do professor e que normalmente ocor rem em sala de aula 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existência de uma cultura sobreposta ao pedagógico e influ enciando diretamente na prática pedagógica Esta cultura será mais importante do que a própria formação técnica para o entendi mento correto desta prática Bourdieu define essa cultura como um habitus ou como um conjunto de esquemas que permite engendrar uma infini dade de práticas adaptadas a situa ções sempre renovadas sem nunca se constituir em princípios explí citos BOURDIEU In PERRE NOUD 1997 p39 ou um sistema de disposições duradou ras e transponíveis que integrando todas as experiências passadas funciona em cada momento como uma matriz de percepções de apre ciações e de ações e torna possí vel a concretização de tarefas in finitamente diferenciadas graças às transferências analógicas de es quemas que permitem resolver os problemas da mesma natureza p40 Isto é embora se deixe de lado tal dis cussão não podemos perder de vista a plu ralidade de indivíduos presentes na sala de wwwboccubipt 4 Jorge Carlos Felz Ferreira aula Cada aluno é um sujeito diferente e o professor também é um sujeito muito especí fico que embora tenha freqüentado um curso de formação possui uma base antropológica cultural que poderá afetar o seu desempe nho Ampliando a discussão iniciada com Sa cristán 1995 se pensarmos melhor sobre as chamadas práticas institucionalizadas poderemos concluir que os professores pos suem uma autonomia relativa na medida em que dependem de coordenadas político ad ministrativas reguladoras tanto do sistema educativo como da própria escola Isso der ruba velhas idéias que definem a profissão professor como algo carismático e idílico e em alguns casos como uma tabula rasa que será organizada e construída conforme a performance pessoal de cada um como se o resultado e o sucesso na carreira docente de pendesse de uma predisposição à profissão 3 Ser professor Ser professor significa tomar decisões pesso ais e individuais constantes porém sempre reguladas por normas coletivas as quais são elaboradas por outros profissionais ou regu lamentos institucionais E embora se exija dos professores uma capacidade criativa e de tomada de decisões boa parte dessa energia acaba por ser direci onada na busca de solução de problemas de adequação com as normas estabelecidas ex teriormente Voltando às nossas questões iniciais po demos deduzir que embora o docente não possa definir a ação educativa enquanto construção autônoma há a possibilidade da refletir sobre o papel que ocupa neste pro cesso Mas sozinho não é capaz de afetálo Dessa forma uma de nossas maiores an gústias pode ser respondida quando se en tende a competência docente como algo não traduzível por técnicas ou habilidades O professor não é um técnico Assim como ser jornalista não é ser técnico É ser antes de tudo um sujeito integrado com o mundo e sa bedor de seu papel social Ser professor significa antes de tudo ser um sujeito capaz de utilizar o seu conheci mento e a sua experiência para desenvolver se em contextos pedagógicos práticos 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processo deve sempre ser pensado como um processo de ação reflexão ação Não podemos imaginar uma ação educativa cri ada puramente a partir da experiência muito wwwboccubipt Reflexões sobre o ser professor 5 menos como a mera tradução do saber cien tífico Sacristán 1995 fala se possível de um ensino encarado como resultado de um empenhamento moral e ético onde o profes sor e o aluno saibam exatamente quais são seus papéis e o primeiro tenha consciência de seu inevitável poder Retomando a idéia do professor intelec tual talvez o maior desafio seja transformar os atuais cursos de comunicação na tenta tiva da construção de um profissional mais completo Tais cursos preparam os alunos para algo idealizado onde todos as metodo logias são possíveis e positivas o processo de aprendizagem dáse sempre de forma li near e inteligente todas as escolas possuem boas instalações e equipamentos Preparase para uma escola ideal mas muito longe do mundo real onde quase nunca as condições mais básicas para a ação educativa estão presentes A formação do professor se faz ainda hoje com base em es tudos e modelos do passado baseados numa realidade ideal que nunca se concretizou RIBAS 2000 p 35 4 Formação docente e profissionalização Perrenoud 1997 traz à tona uma nova ques tão intimamente ligada às outras aqui colo cadas será que os professores não são pro fissionais no sentido correto do termo Se dissermos não poderemos levar à idéia de que atualmente os professores são amado res que ora podem ser benevolentes demais ora são cruéis e sem medidas corretas de ava liação e cobrança E isso não é verdade Quando falamos de profissionalização de vemos ter em mente a busca da ampliação deste conceito e isso pressupõe que na pro fissão professor se pensa numa substitui ção de regras e técnicas preestabelecidas por estratégias orientadas mais objetivas e por uma ética ou empenhamento moral O conhecimento já não pode mais ser con siderado como fragmentado estático pas sível de ser sempre controlado por regras imutáveis e predeterminadas mas deve ser repensado como um processo em constru ção Diante da imensa e incessante evolução técnicocientífica o conhecimento e a forma como o tratamos deve mudar Houve uma quebra de paradigma no mo mento em que começamos a perceber que a ciência não está baseada em verdade imutá veis Como o processo é constante sempre há a possibilidade da contradição e o surgi mento de novas descobertas O atual sistema de formação de professores não acompanha nem dá conta desta nova realidade Perrenoud 1997 afirma não ser preciso ir muito longe na busca de uma solução para esta nova etapa de profissionalização Quando olhamos para os níveis do percurso escolar podemos observar que no ensino fundamental os professores em sua maioria não ficam mais presos à aplicação de meto dologias com uso de técnicas e truques mas buscam a construção de processos didáticos orientados globalmente porém adaptados à diversidade dos alunos ao seu nível e às con dições materiais e morais do trabalho Entretanto quanto mais nos aproximamos dos graus superiores da escolarização menos qualificação pedagógica os professores pos suem embora se exija destes maior conheci mento acadêmico domínio dos saberes ci entíficos Isto significa que estes inventam suas próprias práticas O problema é a partir de qual qualificação didática wwwboccubipt 6 Jorge Carlos Felz Ferreira Isso reflete negativamente na ação educa tiva pois a grande maioria dos professores desse nível não possui experiências pesso ais do ensino numa sala de aula Aí fazem o que é mais comum vivem de velhas recor dações como o professor do começo desse texto que se espelhava nos velhos mestres Mesmo os docentes que passam por cursos de formação acabam de certa forma sendo atingidos por esse efeito pois em algum mo mento terão professores que não o foram na prática Uma atividade não se profissionaliza além de um certo limite muitas vezes porque há um certo comodismo com a situação de de sigualdade Para ele a educação hoje fun ciona assim Há um conformismo generali zado com o fato de que parte da sociedade passará pela escola sem uma formação ade quada muitas vezes sem o mínimo necessá rio Numa idéia próxima às abordagens socio culturais vêse na sociedade atual uma cum plicidade com a manutenção do status quo o qual leva a maioria a permanecer à margem do poder e da superação de suas realidades Para Perrenoud 1997 a profissionaliza ção só será um progresso quando do ponto de vista social o aumento do nível de ins trução geral se tornar prioritário numa ten tativa de acelerar uma evolução global da so ciedade A escola não pode permanecer na forma que se apresenta hoje É preciso repensar a formação do professor sempre imaginado um processo de formação ampla e continu ada Porém esta não deve ser baseada em pequenos treinamentos ou períodos de reci clagem mas efetivamente contínua sem pre judicar o trabalho com os alunos e gerando resultados positivos e diretos na prática dos professores É necessário a adoção de uma postura mais realista e inovadora Onde se possí vel devese pensar um processo de formação de profissionais capaz de garantir um conhe cimento mais crítico uma visão mais ampla dos códigos e elementos culturais bem como uma melhoria da percepção do espaço visual e corporal dos sujeitos e um domínio am plo de metodologias mais apropriadas para lidar com a diversidade bem como uma ca pacidade de maior diferenciação das inter venções e de gestão Além disso esse processo deve habilitar o professor a de forma autônoma utilizar se dos instrumentos e práticas de avaliação formativa e por fim que este professor tenha a capacidade do diálogo em qualquer nível A formação deve também garantir a pró pria ação educativa reconstruindoa a par tir das reais necessidades do grupo conside rando que embora se deseje trabalhar todos os conteúdos estabelecidos e se busque lan çar mão das mais modernas e criativas tec nologias educativas um professor não con segue dar conta do todo preestabelecido Nessa formação tem que ficar claro que re lação de ensino é uma relação do âmbito do desejo Ela deve necessariamente ser en tremeada por jogos de sedução e manipula ções É preciso provocar o desejo no outro O aluno deve ser visto como um sujeito de corpo inteiro que tem sua identidade sua cultura necessidades e interesses e a classe é um lugar de grande diversidade e pluralismo Não podemos olhar para um grupo de alu nos como se todos fossem exatamente iguais Exemplos claros podem ser vistos nos cursos de Comunicação Social em disciplinas do chamado núcleo comum como Fotografia wwwboccubipt Reflexões sobre o ser professor 7 a minha área de docência cujo programa deve ser adaptado a cada uma das habilita ções existentes Além disso temos alunos de diferentes origens sociais culturais e econô micas o que nos dá classes com uma hetero geneidade de habitus e diretamente influen ciando o processo de aprendizagem Devese ressaltar ainda que a ação educa tiva é complexa e mesmo que se faça ne cessário um planejamento prévio das ações o tempo real é diferente Embora nós dese jássemos alunos criativos cooperativos e ati vos eles não são sempre assim Na sala de aula veremos conflitos alunos aborrecidos e cheios de mecanismos de fuga e de defesa O processo de formação de um professor intelectual pode ser organizado a partir da participação em grupos de debates e sessões de leitura Mesmo não gostando de receitas ou modelos Perrenoud 2001 imagina que o processo de formação poderia ser construído com base em paradigmas elucidativos Estes paradigmas seriam estabelecidos a partir das teorias de comunicação de refe rências psicanalíticas e orientação psicosso ciológica dinâmicas de grupos liderança redes de comunicação atitudes noções pro fundas de antropologia social e cultural for mação sobre os objetivos pedagógicos e ava liativos elementos de sociologia da educa ção e por fim com uma reflexão epistemo lógica e didática sobre as aprendizagens e o ensino em comunicação Isso nos leva em direção ao modelo do professor profissional ou refle xivo onde a dialética entre teoria e prática é substituída por um ir e vir entre PRÁTICA TEORIA PRÁTICA O professor tornase um profissional reflexivo capaz de analisar as suas próprias práticas de resolver problemas de inventar estratégias Sua formação apóiase nas contribuições dos praticantes e dos pesquisadores ela visa a de senvolver no professor uma abor dagem das situações vividas do tipo AÇÃO CONHECIMENTO PROBLEMA utilizando conjun tamente prática e teoria para cons truir no professor capacidades de análise de suas práticas e de me tacognição ALTET In PERRE NOUD 2001 p 26 Outros modelos poderiam ser sugeridos mas o que talvez seja mais evidente é pen sar este processo de formação como a possi bilidade de uma reflexão consciente sobre a ação educativa 5 Considerações Finais O ensino ação educativa não deve ser co locado como algo apenas da esfera da es cola enquanto instituição organizada e vol tada para a educação O processo de ensino permeia todos os níveis de nossas vidas e da sociedade e ao olharmos para qual é o pa pel do professor em sala de aula devemos ter em mente não mais a idéia de formação de sujeitos aptos a atenderem às exigências do mercado como mãodeobra especiali zada eou consumidor Significa perceber o processo de ensino com um processo de construção através da ação reflexiva de um sujeito completo um homem consciente de seu papel social mais tolerante e respeitador das diferenças que sabe coexistir e que traz em si a consci wwwboccubipt 8 Jorge Carlos Felz Ferreira ência transitiva Paulo Freire da superação da mudança e do agir Como Paulo Freire dizia temos que nos lembrar que toda ação educativa deve ser feita no sentido de levar o homem a refletir sobre seu papel no mundo e assim ser capaz de mudar este mundo e a si próprio 6 Bibliografia CANDAU Vera Maria Org Ensinar e aprender sujeitos saberes e pesquisa Encontro Nacional de didática e Prá tica de Ensino Rio de Janeiro DPA 2001 FREIRE Paulo Educação como prática da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1974 PERRENOUD Philippe Práticas pedagó gicas e profissão docente 3 facetas In Práticas pedagógicas profissão do cente e formação perspectivas socio lógicas Lisboa Publicações Dom Qui xote 1997 PERRENOUD Philippe PAQUAY Léopold ALTET Marguerite CHARLIER Évelyne organizadores Formando Professores Profissionais quais es tratégias quais competências Porto Alegre Artemed 2001 RIBAS Mariná Holzmann Construindo a Competência processo de formação de professores São Paulo Olho Dágua 2000 SACRISTÁN J Gimeno Consciência e ac ção sobre a prática como libertação profissional dos professores In NÓ VOA António Profissão professor Porto Porto Editora 1995 VILLA Fernando Gil Crise do Professo rado uma análise crítica Campinas Papirus 1998 wwwboccubipt