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Pedagogia ·

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Morfologia da Língua Inglesa GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro METODOLOGIA DE ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA Aline Lúcia Nogueira Medeiros e Ivo Venerotti MORFOLOGIA DA LÍNGUA INGLESA Organizadora Diana de Castro Atagiba C M Y CM MY CY CMY K Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz Diretorpresidente Jânio Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Créditos Institucionais Todos os direitos reservados 2019 by Telesapiens Metodologia de Ensino de História e Geografia Olá Meu nome é Aline Lúcia Nogueira Medeiros Sou mestra 2017 e bacharela 2014 em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Sou pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Geografia Humanista NPGEOH da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG desde 2014 através do qual atuo academicamente nas áreas de história do pensamento geográfico geografia cultural e humanista e ensino de geografia Atuo profissionalmente como geógrafa elaborando e executando projetos de assessoria técnica na área em Organização nãogovernamental Possuo experiência em elaboração de conteúdo para Educação à Distância e já atuei como professora do magistério superior na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM em Diamantina MG em 2018 Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho Conte comigo A AUTORA ALINE LÚCIA NOGUEIRA MEDEIROS O AUTOR IVO VENEROTTI Olá Meu nome é Ivo Venerotti Sou professor e doutor em geografia com mais de 10 anos de experiência em projetos de ensino dedicado à relação das pessoas com o espaço geográfico Atuei em universidades escolas públicas e em prévestibular comunitário Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho Conte comigo ICONOGRÁFICOS Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam RESUMINDO Breve descrição do objetivo de aprendizagem Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito Uma síntese das últimas abordagens Parte retirada de um texto Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do conteúdo O conteúdo em destaque precisa ser priorizado Um atalho para resolver algo que foi introduzido no conteúdo Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado Explicação do conteúdo ou conceito partindo de um caso prático Uma opinião pessoal e particular do autor da obra Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre o tema em estudo O texto destacado deve ser alvo de reflexão Informações adicionais sobre o conteúdo e temas afins Resolução passo a passo de um problema ou exercício Links úteis para fixação do conteúdo Definição de um conceito CITAÇÃO TESTANDO IMPORTANTE DICA EXPLICANDO DIFERENTE EXEMPLO PALAVRA DO AUTOR CURIOSIDADE REFLITA SAIBA MAIS SOLUÇÃO ACESSE DEFINIÇÃO OBJETIVO OBSERVAÇÃO SUMÁRIO UNIDADE 1 O Que é Geografia 10 A Geografia é nosso dia a dia 10 A Geografia é uma ciência 16 Como surgiu a ciência geográfica 17 As diferentes concepções de ciência geográfica 20 Geografia tradicional 21 Geografia quantitativa 23 Geografia crítica 25 Geografia humanista 27 Ciência Geográfica e Ensino de Geografia 30 A ciência geográfica no Brasil 30 A ciência geográfica e a geografia escolar 34 Práticas didáticopedagógicas 38 Cultura escolar 40 O Objeto de Estudo da Geografia43 O espaço geográfico 44 Diferentes escalas 50 A paisagem 52 O lugar 56 A região 59 Metodologia de Ensino de Geografia 7 UNIDADE 01 ANOS INICIAIS Metodologia de Ensino de Geografia 8 Você sabia que a Geografia que aprendemos nas escolas não é igual a Geografia científica Que o nosso dia a dia é recheado de experiências geográficas que podem e devem ser utilizadas nas salas de aulas Isso mesmo Chamamos de geografia do nosso dia a dia pois todas as nossas vivências acontecem no espaço e se relacionam com ele Essa geografia pode ser mobilizada no aprendizado de forma a desenvolver a capacidade de leitura do mundo e a orientação espacial dos alunos Para isso precisamos utilizar alguns conceitos geográfico como espaço lugar paisagem território escala que nos permitem entender os fenômenos e as relações entre eles que transformam e criam o mundo que nós conhecemos Tanto a Geografia científica quanto a Geografia escolar são áreas que produzem conhecimentos e leituras de mundo específicas que nos ajuda a compreender melhor o mundo Mas elas são diferentes Cada uma possui sua origem sua história e seus autores principais Entendeu Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO Metodologia de Ensino de Geografia 9 1 2 3 4 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 1 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS Compreender a constituição da Geografia cientifica e suas diversas concepções Entender as relações entre a Geografia escolar e a ciência geográfica Identificar o objeto de estudo da Geografia e as categorias espaciais principais Atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa equânime igualitária Então Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho Metodologia de Ensino de Geografia 10 O Que é Geografia Ao término deste capítulo você será capaz de entender os elementos fundamentais que caracterizem a Geografia vivida e científica como surgiu a ciência geográfica na Europa e no Brasil e as diferentes concepções dessa ciência Será capaz de entender como a disciplina cientifica se relaciona com a geografia escolar e as principais categorias espaciais Isto será fundamental para o exercício de sua profissão E então Motivado para desenvolver estas competências Então vamos lá Avante OBJETIVO A Geografia é nosso dia a dia A geografia existe desde sempre e nós a vivemos no nosso dia a dia Antes doa geógrafoa e sua preocupação com uma ciência a vida nos mostra uma geografia em ato marcada pelos sentimentos em relação ao lar e o cuidado com a casa pela exploração das ruas e da cidade nos caminhos percorridos nos transportes públicos no revezamento entre o sol e a chuva no céu nos rios e nas pessoas que o vivem quando pescam O que somos pensamos e experimentamos é inseparável dos espaços onde vivemos casa escola rua bairro parque cidade região país Nossas vidas estão entrelaçadas pelos espaços pelos quais nos movemos e nos quais nossas ações estão localizadas e a respeito do qual estamos orientados e nos localizamos O lugar onde moramos nossas relações de vizinhança os lugares que frequentamos e desejamos nossos movimentos físicos e imaginados tudo isso envolve a geografia Metodologia de Ensino de Geografia 11 A geografia em ato é o dinamismo do mundo vivido que envolve tanto nossa vida individual e familiar quanto coletiva Coletividades são definidas por classe social rico pobre raça indígena negro branco gênero feminino masculino nãobinário etc comuns a um grupo de indivíduos que vivem experiências semelhantes no cotidiano Essas experiências individuais familiares e coletivas são o fundamento do entrelaçamento das vidas com o espaço e caracterizam a geografia Figura 1 Crianças brincando juntas ao ar livre Fonte Pixabay O espaço vivido por nós tem forma aspecto som cheiro cor textura etc Ele é definido materialmente e preenchido de características que interagem com o corpo através dos sentidos visão olfato tato audição e paladar e das sensações proporcionadas O espaço perceptivo é prático e vivenciado especialmente de uma forma sensóriomotora que é ligada à locomoção e à intuição Percebemos o espaço em suas condições físicas sociais e culturais Metodologia de Ensino de Geografia 12 Para entender melhor confira esse sensível relato de uma migrante apalachiana povo tradicional que vivia na cordilheira Apalachiana nos Estados Unidos marcada pelas sensações em relação aos diferentes espaços vividos Todavia temos que tornar a lembrar gosto de lembrar os dias em que vivemos no vale e nem Jack e nem eu nos importávamos em saber as horas Sabíamos o que tínhamos que fazer e íamos e o fazíamos Havia o sol naturalmente a hora do sol era suficiente para nós Aqui nunca vemos o sol Pergunto a mim mesma o que aconteceu com o sol e a lua Posso caminhar durante semanas e jamais ver qualquer sinal de lua e as estrelas estão sempre atrás de uma nuvem E o sol não brilha dentro de nossas janelas parece que estamos no ângulo errado Minha garotinha ouve me queixar porém ela realmente não sabe do que estou falando Tinha dois anos quando saímos de casa e ela não se lembra daquelas noites com estrelas tão baixas que você podia estender uma xícara e enchêla com elas diria minha mãe e a lua empoleiravase sobe uma árvore sorrindo pra você E pela manhã você repentinamente ouvia os pássaros começarem a cantar e você sabia que estava gritando o seu alô ao sol que estavam tentando chegar ao seu território da China não é Isso é o que o nosso professor dizia que à noite o sol estava na China Algumas vezes o sol demorava a vir até nós de modo que os pássaros pareciam gritar cada vez mais alto porque ficavam impacientes depois de certo tempo esperando e esperando Porém então vinha e toda cabana seria um lugar diferente Se tivesse de dizer uma coisa do que mais acho falta seria o nascer do sol E a segunda seria o pôr do sol Eu vejo porque Metodologia de Ensino de Geografia 13 todo mundo aqui tem de ter relógio por perto De outra forma eles jamais saberiam se está claro ou escuro nas ruas BUTTIMER 1985 p 187 O relato dessa migrante demonstra como se deu a relação dela com o espaço antes quando ainda morava na aldeia e depois vivendo na cidade As percepções sobre o céu o sol e as horas aconteciam de forma diferente Para ela não é surpresa que as pessoas dependam do relógio para saber as horas na cidade pois não possuem visão do céu Já a filha dela que cresceu na cidade não compreende como era diferente a vivência na aldeia Fica claro a partir desse relato que existem diversas formas de se relacionar com o espaço e de percebêlo O desenvolvimento da noção de espaço ocorre ao logo da vida variando desde crianças adolescentes adultos até os mais velhos Varia também em função da cultura do nível de industrialização das cidades da classe social Essa noção de espaço é uma construção um processo que envolve vários planos perceptivo cognitivo e representativo Mas sempre em relação ao desenvolvimento mental sensóriomotor afetivo social e cultural do indivíduo O que são os planos perceptivo cognitivo e representativo E o desenvolvimento mental sensóriomotor afetivo social e cultural Esses conceitos estão associados ao desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida e fundamentados na teoria de Piaget O plano representativo corresponde a reconstrução do mundo a partir da criança na fase dos 2 aos 5 anos quando o egocentrismo intelectual está no auge no decurso dessa etapa A dominação do pensamento por imagens encerra a criança em si mesma Já o desenvolvimento metal referese ao processo do conhecer que pode ser entendido como organizar estruturar e explicar o mundo em que vivemos incluindo o meio físico as ideias os valores as relações humanas a cultura de um modo mais amplo a partir do vivido ou experienciado Portanto o principal elemento desenvolvedor da criança para Metodologia de Ensino de Geografia 14 Piaget é a interação com objetos e pessoas que vai responder aos desenvolvimentos mental sensóriomotor afetivo social e cultural Para entender melhor o que é a teoria do desenvolvimento da criança elaborada por Piaget acesse httpbitly2RiLa8j Acesso em 211219 ACESSE O conhecimento do espaço por meio das experiências e percepções de vida dos indivíduos ou coletividades a partir do desenvolvimento mental sensóriomotor afetivo social e cultural pode ser espontâneo ou intencionalizado por meio do ensino e da escolarização O conhecimento do espaço geográfico espontâneo surge em atendimento a necessidades básicas como orientação para localização para movimentação e levantamento de recursos como alimentação ou então para orientação em relação aos ventos chuvas rios e condições ambientais em geral Diferentes coletividades criam saberes geográficos diferentes a partir das suas experiências e da percepção que possuem do espaço Alguns como a migrante apalachiana valorizam o contato com o sol e o céu Outras se orientam pelo relógio transitando pelo espaço em função do trabalho e da escola Existe uma diversidade de conhecimentos geográficos dentre eles está o conhecimento científico e escolar Hoje em dia valorizamos os saberes tradicionais das comunidades mais diversas Reconhecemos e respeitamos as identidades que ligam determinadas pessoas a um grupo ou Metodologia de Ensino de Geografia 15 comunidade com sentimentos de pertencimentos A identidade não é um dado adquirido não é uma propriedade não é um produto A identidade é um lugar de lutas e conflitos é um espaço de construção de maneiras de ser e se estar no mundo Por isso é mais adequado falar em processo identitário realçando a mescla dinâmica que caracteriza a maneira como cada um se sente e se reconhece A identidade como processo nos fazer ver que ela é pensar e ser É uma metamorfose que se expressa através das pessoas no mundo e para o mundo Não basta porém apenas reconhecer que existem as diferenças as diversas identidades e saberes É preciso avançar para um reconhecerse nos outros ao observar o diferente e a partir daí identificar criticamente as relações desiguais tratadas entre os diversos grupos e até no interior desses GONÇALVES 2011 p 21 As diferentes experiências e saberes geográficos precisam ser valorizadas e trabalhadas na escola destacando a necessidade de respeito mútuo Nesse sentido a geografia é uma disciplina que permite aos estudantes tomar conhecimento da diversidade que compõe o mundo É possível fazer um estudo geográfico tanto da nossa casa como de todo o mundo O que importa depois que constatamos que cada lugar geográfico é diferente dos demais é ter sempre em conta que nosso planeta não é uma realidade homogênea mas sim a combinação de diferenças de todos os tipos que se expressam em todas as escalas Estudar a geografia de uma pequena localidade significa entendêla em suas particularidades mas também na sua inserção na realidade do mundo como um todo Estudar a geografia do mundo é procurar constantemente as maneiras como os diferentes lugares se combinam Existe então uma abertura para conhecer diversos saberes experiências e identidades ao estudar a geografia do mundo Entretanto isso é feito seguindo a orientação do conhecimento científico geográfico e escolar que é muito importante também O conhecimento da disciplina geográfica é fundamental para Metodologia de Ensino de Geografia 16 o desenvolvimento enquanto pessoa social e cultural e das competências para exercer a inclusão e evitar a intolerância com o diferente Essencial para viver em sociedade de forma ética e harmônica Vale ressaltar que a transformação da escola em um lugar de tolerância igualdade e oportunidade de respeito às diferenças cooperação solidariedade e forte disposição no enfrentamento a todo tipo de violência preconceito e discriminação é um dos desafios trazidos à educação brasileira pela Política Nacional de Direitos Humanos A geografia é nosso dia a dia Existe um processo de conhecimento do mundo e do espaço que ocorre de maneira espontânea a partir do desenvolvimento da pessoa e da sua percepção do mundo que é fundada nas relações pessoais familiares e coletivas Esse processo gera uma diversidade de identidades e saberes acerca do mundo que deve ser respeitada A disciplina geográfica é orientada pelo conhecimento científico e escolar mas deve sempre valorizar a diferença e problematizar a desigualdade e o desrespeito A Geografia é uma ciência A Geografia é também um campo de estudo e pesquisa científica Envolve a produção sistemática de conhecimento acerca do seu objeto o espaço geográfico Nesse sentido a Geografia científica analisa a realidade de maneira integrada de conjunto envolvendo diversos conhecimentos e produzindo um conhecimento que não é apenas descritivo ou classificatório mas muito mais explicativo e analítico OLIVEIRA 1999 As formas ou os caminhos definidos para se produzir conhecimentos geográficos são estudados e debatidos Os princípios as referências e as experiências que embasam o conhecimento geográfico científico podem ser questionados e revistos Metodologia de Ensino de Geografia 17 Como a ciência geográfica se relaciona com essa geografia vivida no nosso dia a dia Sabemos que as pessoas precisam de conhecimentos geográficos diversos na vida cotidiana Elas tiram elementos essenciais para dar sentido a sua existência enquanto pessoa e coletivo e para construir identidades As pessoas crescem e vivem experiências que envolvem morar viajar e até sonhar Quando falamos de geografia a gente fala da geografia quer como de um conjunto de experiências práticas e saberes comuns a todos os seres humanos quer da geografia como ciência Existe uma ligação fundamental entre esses dois aspectos da geografia a científica raciocina sobre as práticas e os saberes empíricos a geografia do nosso dia a dia de cada um e os sistematiza O campo geográfico como prática vivida é muito largo quiçá infinito E até recentemente a disciplina científica só foi capaz de sistematizar uma parte dos saberes e da experiência espaciais das pessoas Existem diversas maneiras de sistematizar e raciocinar sobre a geografia do nosso dia a dia definidas de forma mais ou menos formal em função das diferentes concepções de ciência geográfica Mas antes de entender melhor essas concepções vamos ver como surgiu a ciência geográfica na Europa e como ela chegou e começou a ser produzida no Brasil Como surgiu a ciência geográfica Foram os gregos na Antiguidade que inventaram a filosofia a democracia e a política a partir da criação de um espaço público dessacralizado que permitia o debate entre as pessoas inclusive e principalmente quando envolviam ideias contrárias Esses filósofos antigos ao refletirem sobre as coisas do mundo despontaram um conhecimento geográfico OLIVEIRA 1999 Alguns debates enunciados então foram a concepção da forma da Terra como esfera a concepção do Homem como ser racional humano inteligente e histórico a concepção do Universo Surge assim as preocupações com a Metodologia de Ensino de Geografia 18 mensuração do mundo e a geometria as formas e tamanhos dos planetas e do sistema solar a posição ou localização dos fatos geográficos no mundo latitude e longitude e as representações gráficas desses fatos mapas OLIVEIRA 1999 Os gregos realizaram ainda viagens de exploração por toda a bacia mediterrânea até os confins da Ásia contataram novos povos línguas e costumes aprenderam novas técnicas e novos costumes Com referência a autores que contribuíram de forma efetiva nesse período para a concepção da ciência geográfica destacamos Estrabão 63 aC 24 dC autor de Geographia um tratado de dezessete livros contando a história e a descrição dos povos e locais conhecidos pelos gregos e pelos outros povos com os quais teve contato à época O pensamento geográfico desenvolvido pelos gregos e a sua relação com a cartografia estão destrinchados na obra Uma história do mundo em 12 mapas de Jerry Brotton disponível em httpbitly2FPvIeE Acesso em 171219 SAIBA MAIS Até o desenvolvimento da ciência moderna a filosofia natural foi a expressão usada para designar esse conjunto de reflexões acerca da natureza e do universo físico de maneira racional isto é estimulando o questionamento e a dúvida desenvolvido na Idade Antiga Durante a Idade Média os conhecimentos gregos foram aprofundados e compilados pelos árabes que evitaram a total destruição dos papiros grecoromanos pelas forças que Metodologia de Ensino de Geografia 19 então dominavam a Europa aliadas à Igreja Católica e ao Tribunal da Inquisição Os árabes muitas vezes nômades não estavam submetidos aos desígnios da doutrina cristã Por isso foram responsáveis por copiar traduzir e guardar muito do conhecimento produzido pelos gregos que eram eliminados pelos desígnios cristãos Eles possuíram importantes bibliotecas e centros de discussão de ideias e produção de conhecimento nesse período No Período da Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII as viagens de exploração empreendidas pelos europeus rumo ao continente asiático e americano reavivaram a busca por conhecimentos teorias mais solidas e informações mais detalhadas Os naturalistas são muito importantes para a catalogação de informações sobre o mundo seus aspectos físicos e biológicos Eles eram viajantes que iam em excursões de reconhecimento e exploração dos novos mundos isto é os territórios conquistados pelos europeus na América África e Ásia Um importante precursor da ciência geográfica é Alexander von Humboldt um alemão que nasceu em 1779 e morreu em 1859 Ele estudou na Universidade de Frankfurt porém não se denominava geógrafo já que ainda não existia esse curso na universidade Porém ele é considerado o primeiro geógrafo e faz seus estudos na América do Sul onde atuou como pesquisadornaturalista Isso significa que ele viajou a América buscando catalogar as espécies da fauna e flora identificar como elas se distribuíam e qual as causas para isso Suas obras mais importantes são Quadros da Natureza e Cosmos Ele estudou os fenômenos naturais como magnetismo terrestre vegetação relevo Produziu relatos dessas viagens disseminando um fascínio por livros de viagem na Europa que são fontes interessantes de pesquisa sobre a América dessa época Usava instrumentos como barômetro para descrição e estudos geográficos e buscava sempre a relaçãoconexão entre os fenômenos Metodologia de Ensino de Geografia 20 Conheça a biografia de Alexander von Humboldt suas principais obras e expedições na América do Sul Disponível em httpbitly2Rfbtwr Acesso em 171219 SAIBA MAIS Foi só a partir do final do século XVIII que a Geografia foi reconhecida como disciplina cientifica na Europa primeiramente na Alemanha e na França quando adentrou as universidades na forma de cursos de graduação As diferentes concepções de ciência geográfica A ciência geográfica é demarcada por diferentes concepções ou leituras de mundo que se embasam em conceitos e paradigmas filosóficos diferentes Essas diferentes concepções envolvem diferentes formas de relação com a geografia do nosso dia a dia É como se dentro de um mesmo campo de conhecimento diversas lentes pudessem ser acessadas para elaborar leituras diferentes de um mesmo objeto o espaço Essas concepções surgem em diferentes momentos da história do pensamento geográfico em diferentes países a partir de obras específicas e se relacionam com formas distintas de ensino da disciplina geográfica Os paradigmas filosóficos que orientam a ciência podem ser chamados de métodos científicos Para a ciência geográfica reconhecemos o uso de quatro métodos principais o hipotético Metodologia de Ensino de Geografia 21 dedutivo ou positivista em que se descreve o real através de hipóteses e deduções o dialético cujas relações contraditórias não precisam ser soberanas e as construções e as transformações sujeitoobjeto são recíprocas e o fenomenológicohermenêutico em que a sobreposição do sujeito ao objeto geram descrições do objeto a partir do ponto de vista do sujeito Vamos conferir a seguir as principais concepções da ciência geográfica como elas surgiram e seus principais autores Veremos ainda como elas se manifestam na escola Geografia tradicional A geografia tradicional é a denominação da forma de fazer ciência geográfica que surge no século XVIII com a criação dos cursos de geografia nas universidades europeias É por isso nomeada assim Ela se relaciona com um método científico positivista que valoriza a materialidade da existência humana e análise dessa realidade a partir da segmentação em temas Ela se relaciona com a geografia do nosso dia a dia a partir da observação da descrição e da classificação dos fatos encontrados Embora essa forma de se fazer ciência geográfica tenha surgido no século XVIII ela existe até hoje mesmo não sendo predominante nas universidades Os principais autores dessa concepção são Paul Vidal de la Blache na França e Friedrich Ratzel na Alemanha Vidal de La Blache foi um francês que viveu de 1845 até 1918 Ele era considerado um historiador com um discurso cultural focado na materialidade das diferentes culturas Ele compreendia a natureza como um espaço aberto às possibilidades Compreendia a Geografia como a relação do homem com o meio Valorizava os mapas e trabalhava principalmente com o conceito de região Suas obras se estabelecem em duas linhas a Geografia Regional formatada a partir da criação de um método regional sistematizado em seu livro Quadro da geografia da Metodologia de Ensino de Geografia 22 França Tableau de la géographie de France e a Geografia da Civilização trabalhado no livro Princípios da geografia humana Principes de géographie humaine Ratzel foi um alemão nascido em 1844 e falecido em 1904 Estudou Biologia Química Geologia e se tornou Jornalista podendo assim viajar por várias partes do mundo e teve contato com vários povos início pelo interesse por Geografia Foi professor da Universidade de Munique Possui uma concepção positivista de ciência focado no espaço como superfície terrestre e território valorizando a demarcação de fronteiras Realizava uma Geografia comparada regionalista ciência natural estabelecimento de leis Criou a teoria do espaço vital que entendia o Estado como um organismo vivo com necessidade e direito de se expandir para sobreviver Ofereceu com suas obras suporte intelectual para o imperialismo alemão Essa forma de fazer ciência contribuiu para uma visão compartimentada do espaço geográfico separando em quadros naturais ou humanos sem observar as relações entre eles Seus pressupostos teóricometodológicos são basicamente baseados em dividir para conhecer Imaginavase ainda que esse conhecimento produzido era neutro embora carregasse em si como qualquer outro suas particularidades na leitura do mundo No Brasil a Geografia institucionalizada na década de 1930 pelas Universidades e pelo IBGE foi baseada na escola francesa Esta Geografia que vai ocorrer no país até a década de 1960 teve uma forma de trabalhar Geografia essencialmente descritiva com o intuito de conhecer as características físico naturais por um lado e da população por outro do território nacional No ensino da geografia essa tendência se consolidou no estudo meramente descritivo das paisagens naturais e humanizadas sem estabelecer relações entre elas Os procedimentos didáticos baseavamse na memorização e na descrição dos elementos e conceitos que compõem a disciplina Metodologia de Ensino de Geografia 23 Muitas obras didáticas adotam o estudo fragmentado do espaço geográfico explorando os quadros naturais econômicos e da população sem relacionálos Geografia quantitativa A geografia quantitativa surgiu a partir da busca por novos conceitos e metodologias para ciência geográfica novas formas de se realizar a leitura do mundo mas a partir de um mesmo método positivista ou hipotéticodedutivo Ela rompe com a visão tradicional da geografia que enfatizava o empirismo a descrição e a análise posterior A geografia quantitativa surge especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra no final do século XIX A partir dela são incorporados à ciência geográfica ou criados métodos estatísticos de análise dos mercados como fator de localização de indústrias e para correlação de vários índices de fenômenos urbanos processos cartográfico estatísticos combinados que buscam estabelecer a vinculação entre fenômenos presumivelmente relacionados entre si De maneira que há uma aproximação com a estatística a cartografia buscando rapidez e exatidão nas correlações espaciais Essa concepção geográfica gerou linhas próprias de desenvolvimento do pensamento como a cartografia moderna e posteriormente o geoprocessamento Seu principal autor foi Richard Hartshorne um geógrafo estadounidense nascido em 1899 e falecido em 1992 É o autor de A natureza da Geografia The Nature of Geography 1939 e Perspectivas da natureza da geografia Perspective on the Nature of Geography 1959 Hartshorne desenvolveu um novo conceito de espaço como sendo apenas um receptáculo que contém as coisas Ele incentiva também a apropriação pelos geógrafos de diferentes métodos estatístico e matemáticos No Brasil foi no final da década de 60 e na década de 70 que ocorreram as primeiras tentativas de rompimento com a Geografia feita e ensinada até então isso principalmente Metodologia de Ensino de Geografia 24 pela necessidade de estudos para embasar o planejamento e a realização de grandes empreendimentos da época Essa tendência que teve duração não muito longa mas com adeptos até hoje ficou conhecida como Geografia Teorética ou Quantitativa CALLAI 1995 No posicionamento teórico desta nova geografia o conceito de natureza passa a ser entendido como parte de um espaço geométrico hierarquizado e a separação entre as pessoas e o espaço em que vivem é ainda mais aprofundada A natureza e o espaço passam a ser visto sob uma lógica produtiva como recurso natural e as pessoas são entendidas a partir de números e estatísticas Em se tratando do contexto escolar não se alterou de forma expressiva os objetivos que continuava sendo o enaltecimento das riquezas naturais Durante esse período a escola e o ensino resumiamse a apresentar através de gráficos tabelas e dados numéricos o desenvolvimento econômico do país É nessa concepção da ciência geográfica que ocorre também a aproximação com a abordagem sistêmica Essa abordagem compreende a realidade geográfica a partir da noção de sistema que é um composto de matéria energia e estrutura A matéria se caracteriza pelo material que será mobilizado através do sistema é aquilo que vai se movimentar A energia se caracteriza pelas forças que fazem o sistema funcionar gerando a capacidade de realizar trabalho Já a estrutura é constituída pelos elementos e suas relações expressandose através do arranjo de seus componentes CHRISTOFOLETTI 1979 p 8 A ciência geográfica é pautada então na análise espacial de todos os elementos e processos físicos que compõem o sistema ambiental interpretado como entidades organizadas na superfície terrestre fruto das relações entre os Sistemas Naturais compostos pelo substrato mineral o relevo o solo o clima a fauna a flora as águas continentais e as águas oceânicas e os Sistemas Antrópicos junção entre os sistemas de uso e ocupação Metodologia de Ensino de Geografia 25 existentes somados as demais características socioeconômicas do espaço tais como a localização de indústrias e matrizes de atividade econômica CHRISTOFOLLETI 1998 A concepção sistêmica está presente no ensino de geografia especialmente nas temáticas consideradas da geografia física Entendemos como sistemas o sistema solar o ciclo da água os relevos o solo o clima entre outros Para conhecer melhor os geossistemas e como eles são entendidos a partir da leitura da paisagem na geografia consulte A paisagem e o geossistema como possibilidade de leitura da expressão do espaço sócioambiental rural dos autores Janise Dias e Leonardo Santos disponível em httpbitly30jWipL Acesso em 181219 SAIBA MAIS Geografia crítica A geografia crítica surge a partir da necessidade dosas geógrafosas realizarem uma leitura de mundo que compreendesse os diversos conflitos e lutas por direitos que começaram a tomar partes do mundo nas décadas de 1960 e 1970 Com base fundamentada no materialismohistórico e dialético marxista a Geografia Crítica buscou interpretar o espaço geográfico considerando as relações entre espaço e sociedade como eixo de embasamento epistemológico O diálogo entre processos sociais espaciais e naturais são entendidos numa relação dialética e considerados constituintes para produção e reprodução da sociedade portanto são vistos nesta corrente como plano de análise da geografia Metodologia de Ensino de Geografia 26 Um dos principais autores dessa concepção conhecido internacionalmente é o brasileiro Milton Santos Nascido em 1926 e falecido em 2001 estudou na França e exilado em 1964 Formado em Direito consideravase um militante de ideias que corresponde com um rompimento com a suposta neutralidade acadêmica Sua obra apresenta enorme complexidade teórica com elementos de diversas concepções e uma amplidão de autores que respondem pela riqueza de sua abordagem Compreende a Geografia como instrumento de mudança Aborda em suas obras o subdesenvolvimento pobreza Globalização econômica e a desigualdade social Assista essa entrevista com o professor Milton Santos realizada em 31 de março de 1997 que está disponível em httpbitly30lTtnW Acesso em 181219 SAIBA MAIS Esse movimento consolidouse no Brasil na década de 1980 com um amplo espaço de discussões e debates em torno do papel do ensino da geografia Straforini 2008 p56 sobre o assunto escreve que O papel da educação e dentro dessa o do ensino de geografia e trazer à tona as condições necessárias para a evidenciação das contradições da sociedade a partir do espaço para que no seu entendimento e esclarecimento possa surgir um inconformismo e a partir daí uma outra possibilidade para a condição da existência humana A Geografia centrase no estudo das relações de trabalho e de produção e no ensino inserese no estudo de conceitos como divisão internacional do trabalho globalização problema ambientais relações de produção entre outros Metodologia de Ensino de Geografia 27 Geografia humanista A geografia humanista é uma concepção da ciência geográfica que surge em paralelo às primeiras reflexões da geografia crítica Objetivava uma nova leitura do mundo que fornecesse alguma atenção para os aspectos subjetivos É desenvolvida nos Estados Unidos e na Inglaterra na década de 1960 Um dos seus principais questionamentos é Pode a ciência continuar a servir a uma função útil medindo e explicando a face objetiva e esboçando mecanismos da realidade social ou deve também penetrar e incorporar suas dimensões subjetivas Anne Buttimer 1969419 Uma de suas autoras principais é a geógrafa estadunidense Anne Buttimer que se doutorou em Geografia em 1965 na Universidade de Washington Seattle falecida em 2017 Em uma de suas obras enfatizou a questão do estoque de conhecimento geográfico das pessoas não confinadas à educação formal a geografia do nosso dia a dia A geógrafa questiona se o mundo vivido não seria constituído com base na tensão entre os níveis de ideias e valores noosfera da ação e das rotinas temporo espaciais de interação sóciotecnosfera e dos ritmos do corpo no meio biosfera De forma que para ela seja por essa ou por outras vias oa geógrafoa que busca estudar os tipos de experiência de vida no mundo deve começar a investigação pela própria biografia A geografia humanista aproximase de uma concepção filosófica chamada de fenomenologia que considera a experiência das pessoas e coletivos como a base para a produção de conhecimento assim como a arte literatura música pinturas entre outras e as produções populares No Brasil a geografia humanista se inicia a partir da década de 1990 e alcança hoje um intenso desenvolvimento especialmente ao explorar as relações entre a geografia e a fenomenologia No contexto escolar tornouse expressivo o interesse por esta corrente que acabou chamando a atenção de Metodologia de Ensino de Geografia 28 vários especialistas do ensino de geografia pela valorização que propunha à dimensão afetiva Sobre as relações entre a geografia humanista e geografia escolar leia a dissertação de mestrado intitulada Geografia Humanista e EnsinoAprendizagem Perspectivas em FormosaGO do geógrafo Rodrigo Capelle Suess disponível em httpbitly2NrxpmV Acesso em 181219 SAIBA MAIS Todas essas concepções coexistem ainda hoje na produção acadêmica e escolar É importante entender que elas se articulam na leitura do mundo apresentam desenvolvimentos próprios e diversosas geógrafosas transitam entre elas na leitura de mundo que realizam E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que existem duas geografias a geografia do nosso dia a dia e a geografia científica A geografia científica surgiu em seus primórdios na Grécia antiga mas apenas se iniciou de fato com a criação de cursos de geografia nas universidades europeias no século XVIII Vimos também que a geografia cientifica se divide em várias concepções sendo ela tradicional quantitativa crítica e humanista Embora elas apresentem lentes distintas para a observações e leitura do mundo podem ser relacionadas Metodologia de Ensino de Geografia 29 Figura 3 As diferentes concepções da Ciência Geográfica Fonte adaptado de REIS JUNIOR 2011 Metodologia de Ensino de Geografia 30 Ciência Geográfica e Ensino de Geografia Ao término deste capítulo você será capaz de entender como a geografia escolar se relaciona com disciplina cientifica e como se configura a geografia escolar na escola Você também verá como a Geografia científica chega ao Brasil Isto será fundamental para o exercício de sua profissão E então Motivado para desenvolver estas competências Então vamos lá Avante OBJETIVO A geografia se divide de forma ampla entre a geografia do nosso dia a dia e a geografia científica e escolar Agora vamos refletir sobre a geografia escolar É a mesma nas universidades e nas escolas É uma simplificação Como elas se relacionam Como a geografia do nosso dia a dia se relaciona com a ensinada na escola A ciência geográfica no Brasil A história da geografia no Brasil surge de maneira diferente da Europa recebendo porém suas influências e conhecimentos Ela aparece primeiramente nas escolas e quase um século depois é institucionalizada a partir da criação de universidades quando a ciência geográfica começa a ser produzida No período colonial basicamente eram os jesuítas e outros grupos ordens religiosas bispados o governo real confrarias e sociedades literárias que eram encarregados da educação no Brasil A geografia não se configurava como disciplina acadêmica ela era um saber produzido em função do governo real e da ocupação do território muitas vezes pelos próprios Metodologia de Ensino de Geografia 31 jesuítas VEIGA 2007 Os conteúdos trabalhados então nas aulas de Geografia ministradas pelos jesuítas eram diversos como relatos de viagem curiosidades relatórios estatísticos sobre países astronomia porém sempre eram ensinados sob a forma didática de memorização disposto em extensas listas de nomenclatura NAIEMER 2015 Vale ressaltar que a instrução era reservada apenas para os filhos da elite colonial No Brasil a Geografia pensada enquanto disciplina escolar teve início no século XIX ligada inicialmente ao Colégio Pedro II criado em 1837 na cidade do Rio de Janeiro e foi sendo posteriormente incorporada ao currículo oficial das demais escolas do país Cavalcanti 1998 p 18 afirma que a Geografia foi caracterizada como uma disciplina voltada para a transmissão de dados e informações gerais sobre os territórios do mundo em geral e dos países em particular de maneira a difundir a concepção de nação e território brasileiros padronizando a língua os costumes e constituindo uma identidade nacional específica Depois da independência a institucionalização da escola pública gratuita e obrigatória passou a representar um elemento de afirmação do novo governo do Brasil ou seja era um ato político com o objetivo de organizar e dar coesão à nova sociedade nacional As elites política e intelectual do país se investiram da missão de civilizar o povo representado por elas como indolente descuidado e atrasado Acima de tudo no entanto caberia à educação desfazer os valores miscigenados e a diversidade de comportamentos de uma população ela própria miscigenada e diversa homogeneizandoos em novos parâmetros e atitudes VEIGA 2007 p 131 Metodologia de Ensino de Geografia 32 A criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IHGB em 1838 representou um primeiro esforço no sentido da acumulação e sistematização de dados e informações sobre o território brasileiro Com a Proclamação da República em 1889 foi inaugurado um período de transformações significativas no país sendo que na educação foi instituído o ensino laico a manutenção de uma organização curricular enciclopédica e a sua função como o principal vetor da ideologia e dos discursos nacionalistas Já na transição para o século XX percebemos que o objetivo da educação no país era a formação dos brasileiros isto é a criação de um sentimento nacional e legitimação da cidadania republicana CARVALHO 2015 A geografia no Brasil começa a ser pensada e produzida no contexto científico e acadêmico apenas na década de 1930 A criação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo USP em 1934 e a criação da Universidade do Distrito Federal 1935 atualmente Universidade Federal do Rio e Janeiro demarcam o início dos cursos de graduação em geografia com a contratação de professores geógrafos principalmente franceses trouxeram para o país um modelo baseado na importante Escola Francesa de Paul Vidal de La Blache e alemães diretamente da Europa que lançam as bases da ciência geográfica com intensa influência das concepções desenvolvidas nesses países Outras instituições que contribuíram para a formação da ciência geográfica brasileiras são o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE criado em 1930 no Rio de Janeiro que tinha como objetivo primeiro desenvolver o conhecimento do território nacional através da racionalização de uma política de coleta de dados estatísticos que dariam suporte à administração pública e a Associação dos Geógrafos do Brasil AGB criada em 1934 pelo francês Pierre Deffontaines em São Paulo Metodologia de Ensino de Geografia 33 A história do pensamento geográfico brasileiro tem sido cada mais estudado evidenciandose suas origens transformações e influências A obra História da ciência geográfica espectro temático e uma versão descritiva de Dante Flávio da Costa Reis Júnior aprofunda na trajetória dessa ciência e está disponível em httpbitly30j9ZFq Acesso em 171219 SAIBA MAIS Mesmo com a criação das universidades e cursos de geografia a sistematização desse conhecimento no Brasil dependeu em grande parte da disciplina escolar A institucionalização acadêmica da geografia ocorreu principalmente em função da necessidade de ser formar professores de geografia Até então os professores eram graduados em outras áreas e tomavam conhecimento da geografia a partir dos livros didáticos que também eram escritos por profissionais que não tinham formação na área de geografia Os livros didáticos portanto foram de extrema importância para a consolidação e sistematização do conhecimento geográfico no Brasil Por não haver uma formação específica na área os livros didáticos eram adaptados de versões europeias influenciados pelas suas teorias e reinventados para o contexto brasileiro com o objetivo de formação cívico patriótica A ciência geográfica chega ao Brasil a partir dos ensinamentos jesuítas e de outros grupos na forma de curiosidades sobre diferentes territórios do mundo enumerados em listas para facilitar a memorização em um formato enciclopédico Inicialmente é apenas nas escolas que se vê a Metodologia de Ensino de Geografia 34 disciplina geográfica que é difundida entre os seus professores através dos livros didáticos adaptados da Europa A disciplina geográfica passa então a ter um objetivo claro homogeneizar as noções acerca do território brasileiro e criar uma ideia de nação É só na década de 1930 que os cursos superiores de geografia são criados professores estrangeiros contratados e há o início de uma produção científica geográfica brasileira A ciência geográfica e a geografia escolar É importante entender que tanto a ciência geográfica quanto a Geografia escolar possuem autonomia uma sobre a outra mas ao mesmo tempo se entrelaçam numa relação de interdependência na produção de conhecimentos sejam eles acadêmico escolar ou cotidiano os quais também se interrelacionam e produzem saberes Já sabemos que o surgimento da geografia nas escolas aconteceu antes mesmo das universidades no Brasil A história da geografia cientifica e escolar se entrelaça mas mobiliza arcabouços concepções e autores distintos De forma que a Geografia ciência tem referenciais próprios que expressam os limites de sua investigação assim como a Geografia escolar Durante décadas a relação entre conteúdo científico e escolar foi concebida a partir do conceito de transposição didática desenvolvido pelo autor francês Yves Chevallard 1991 Transpor didaticamente um saber científico é fabricar artesanalmente os saberes tornandoos ensináveis exercitáveis e passíveis de avaliação no quadro de uma turma de um ano de um horário de um sistema de comunicação e trabalho PERRENOUD 1997 p 25 Isso significa dizer que o conteúdo científico passa por transformações até se transformar em conteúdo escolar Não se trata necessariamente de um processo de simplificação mas de transformação qualitativa de natureza pedagógicometodológica na qual o conteúdo científico se transforma em conhecimento a ser ensinado para que chegue aos alunos do ensino básico Metodologia de Ensino de Geografia 35 A ideia de transposição didática parte do pressuposto de que o saber escolar é subordinado ao acadêmico encontrando nele seu principal critério de validade e legitimidade Indicando que os pesquisadores que se dedicam ao entendimento dos saberes escolares as concepções e práticas que os norteiam precisam fazer um movimento investigativo que partindo da sala de aula da escola vai em direção a universidade entendendo neste percurso as transformações pelas quais o conhecimento geográfico passou A relação entre uma ciência e a matéria de ensino é complexa ambas formam uma unidade mas não são idênticas A ciência geográfica constitui se de teorias conceitos e métodos referentes à problemática de seu objeto de investigação A matéria de ensino Geografia corresponde ao conjunto de saberes dessa ciência convertidos em conteúdos escolares a partir de uma seleção e de uma organização daqueles conhecimentos e procedimentos tidos como necessários à educação geral CAVALCANTI 1998 p 9 A teoria da transposição didática gera algumas consequências políticas e formativas no ensino e na formação docente em Geografia Em primeiro lugar ao considerar o saber acadêmico como origem do saber escolar contribui para reforçar a ideia de que professor da escola é um mero reprodutor de conteúdos e conhecimentos produzidos por outras pessoas Nesse sentido não é incomum que disciplina geográfica seja trabalhada numa aula com características enciclopédicas com ênfase em estudos descritivos onde o professor é visto como transmissor e o aluno receptador desse conhecimento O ensino de geografia na escola sob essa visão deve ensinar um sistema ou uma combinação de conceitos mais ou menos encadeados entre si de uma forma simplificada ou transformada para que o aluno consiga compreender Contrários a esta Metodologia de Ensino de Geografia 36 posição alguns pesquisadores apontam para uma necessidade de reconhecimento das características específicas dos currículos escolares repensando a relação entre os conhecimentos escolares e científicos Um dos pontos convergentes destas pesquisas é o conceito de cultura escolar construído no interior das pesquisas sobre história das disciplinas escolares e saberes docentes A geografia que se ensina não é portanto uma reprodução simplificada da geografia científica mas um arranjo de diversos fatores como o ambiente escolar a cultura dos agentes da escola e as práticas didáticopedagógicas do professor CAVALCANTI 2012 Entendemos então que são espaços distintos que produzem conhecimento ao lidar com o pensar geográfico um científico e outro escolar cada um com compreensão própria e grau de intensidade e dificuldade diferentes Já a relação da geografia escolar e da geografia do nosso dia a dia traz outros elementos Cavalcanti 1998 p 11 afirma que a espacialidade em que os alunos vivem na sociedade atual como cidadãos é bastante complexa Seu espaço diante do processo de mundialização da sociedade extrapola o lugar de convívio imediato Em razão dessa complexidade que é crescente dificilmente as pessoas conseguem sozinhas e espontaneamente compreender seu espaço de um modo mais articulado e crítico considerando as diversas escalas do local ao global O conhecimento mais integrado da espacialidade requer uma instrumentalização conceitual que torne possível aos alunos a apreensão articulada desse espaço e aí temos um dos objetivos da geografia escolar Metodologia de Ensino de Geografia 37 Sabemos que em se tratando da produção de saberes geográficos sejam eles acadêmicos ou escolares é preciso considerar que estes fazem parte da formação inicial e continuada ou em processo e que nunca são conclusivos estão sempre em construção e ressignificação inclusive a partir da geografia do nosso dia a dia não é mesmo REFLITA Portanto mais do que pensar em uma simplificação ou transposição do conhecimento científico para escola é importante considerar que a escola tem uma cultura particular que os estudos da geografia apresentam particularidades quando produzidos nas escolas A geografia escolar tem uma história particular que toma configurações particulares porque é delimitada tanto pelas amarras institucionais e disciplinares quanto pelas contingências cotidianas particulares de cada escola de cada espaço onde se situa e de cada interlocução entre as pessoas que envolve professores funcionários e alunos e destes com as suas geografias do dia a dia A geografia não se divide apenas em científica e do nosso dia a dia A geografia escolar é igualmente importante O que ensinamos nas escolas não é resultado de uma simplificação dos conhecimentos científicos nem de uma transposição Metodologia de Ensino de Geografia 38 A geografia escolar é um espaço autônomo de produção de conhecimento com cultura história pesquisadores e teorias próprias Precisamos estimular cada vez mais as trocas entre a geografia escolar e a científica o entrelaçamento e a cooperação sempre respeitando a autonomia e relevância própria de cada uma Práticas didáticopedagógicas As práticas didáticopedagógicas são uma particularidade da geografia escolar constituindo um dos elementos que a diferenciam da geografia científica De um lado o objetivo educativo das práticas docentes indica uma necessidade de viabilizar a aprendizagem de outro uma particularidade na produção de saberes do docente Ao mesmo tempo em que compreende a geografia científica no plano pedagógico o professor mobiliza conhecimentos construídos no processo de reflexão sobre a prática social dos profissionais da educação tendo como base saberes relacionados à pedagogia e à didática ou seja ao saber ensinar O processo pedagógico deve possibilitar aos alunos através do processo de abstração a compreensão da essência dos conteúdos a serem estudados de modo que sejam estabelecidas conexões internas específicas desses conteúdos com a realidade global ou seja com a totalidade da prática social e histórica Esse é o caminho por meio do qual os educandos passam do conhecimento empírico ao conhecimento teórico científico desvelando os elementos essenciais da prática imediata do conteúdo e situandoo no contexto da totalidade social GASPARIN 2005 p7 Percebemos assim a importância do papel desempenhado pelo professor nesse processo pedagógico Ele é a peça chave dessa articulação embora o contexto escolar esteja permeado Metodologia de Ensino de Geografia 39 por outros tipos de mediações É através da prática docente do diaadia da sala de aula que esse conhecimento ganha sentido e relevância social para os alunos Nesse sentido o professor em seu processo contínuo de formação constrói adquire e desenvolve múltiplos saberes na sua prática os quais contribuem para sua competência profissional e para estimular a aprendizagem dos alunos São saberes adquiridos com a prática docente as experiências e dificuldades cotidianas que diferem de qualquer conhecimento científico acerca da disciplina geográfica Quando consideramos ainda que o ensino e a aprendizagem são dois processos diferentes com protagonistas diferentes a reflexão sobre as diferentes maneiras de ensinar Geografia e sobre como os alunos aprendem se torna fundamental São diversos os caminhos possíveis e existe uma necessidade de compreendermos esses processos É importante considerarmos também que as políticas públicas educacionais impactam diretamente o cotidiano e a institucionalidade escolar interferindo nas formas de ensinar e portanto no conhecimento geográfico escolar Tardif 2002 caracteriza o saber docente como plural Ele é composto por vários saberes que são provenientes de contextos diferentes originados das propostas curriculares das disciplinas do trabalho profissional e das experienciais pessoais Pois os professores de profissão possuem saberes específicos que são mobilizados utilizados e produzidos por eles no âmbito de suas tarefas cotidianas TARDIF 2002 p228 Esse saber docente é mais um elemento na configuração da diferença entre a geografia escolar e científica O saber docente é constantemente criado trabalhado experimentado discutido e estudado pelos professores de geografia alimentando daí a própria geografia escolar De forma que os professores são em suas atividades docentes cotidianas mais criadores do que reprodutores Metodologia de Ensino de Geografia 40 Como você professor pode se envolver mais profundamente com as questões específicas de sua disciplina e ter reconhecido seu potencial como produtor de conhecimentos e de subjetividades Esse conjunto de saberes docentes advindos da prática já está sendo sistematizado e pesquisado através dos canais acadêmicos enriquecendo as discussões científicas acerca da geografia e contribuindo para evidenciar as particularidades da geografia escolar e as trocas entre docentes Cultura escolar Quando estudamos a história da disciplina geográfica escolar especialmente no Brasil percebemos que ela é diferente da história da ciência geográfica Existe inclusive uma origem própria da geografia enquanto disciplina escolar anterior ao processo de institucionalização da geografia como ciência moderna Definitivamente a geografia foi uma matéria própria do ensino primário e secundário antes de merecer categoria universitária quando foi considerada que era um conhecimento que era preciso ensinar aos futuros professores a fim de que eles o ensinassem por sua vez a seus alunos LESTEGAS 2012 p 20 A geografia escolar acontece em espaços diferentes e é protagonizada por autores e autoras diferentes A geografia escolar possui uma construção própria que se desenvolve numa cultura particular Chervel 1990 denomina de Cultura Escolar esse conjunto de conhecimentos competências atitudes e valores que a escola se encarrega de transmitir explicita ou implicitamente aos estudantes como bagagem cultural e patrimônio comum de todos os cidadãos Isso significa entender a escola como uma comunidade de sujeitos escolares em competição e colaboração entre si buscando suas fronteiras e identidades gerando uma produção Metodologia de Ensino de Geografia 41 própria dos próprios sujeitos envolvidos no processo de construção de conhecimento relativamente autônoma mas imbricada no movimento da totalidade social De forma que o conhecimento escolar deixa de ser apenas tributário do conhecimento acadêmico e passa a ser interpretado como resultado de uma história própria que diz respeito ao processo de escolarização da sociedade moderna com foco na instituição escolar Partir do entendimento da cultura escolar como resultado meio e condição da ação educativa implica muitos processos ações e saberes próprios que vão além da ideia da transposição didática O conhecimento acadêmico seus atores e espaços de produção deixam de ser o centro do processo formativo e se tornam mais uma possibilidade de entrada necessária mas não suficiente no processo de formação docente Os outros processos desta formação se constroem no diálogo constante com a cultura escolar em suas diferentes dimensões como profissional curricular afetiva e das experiências A cultura escolar só pode ser acessada a partir da imersão da vivência cotidiana dos desafios e práticas escolares Como toda ação educativa é localizada situada contextualizada cada escola produz uma cultura escolar própria que é um ponto em uma rede complexa e dinâmica na qual a relação entre educação e sociedade se dá no mundo contemporâneo Ao mesmo tempo em que sofre a influência de processos e concepções das mais diferentes dimensões e aspectos da sociedade as pessoas envolvidas com a escola sejam professores ou não apresentam também outros conhecimentos ações e visões de mundo próprias da geografia do dia a dia e recriam as condições de suas relações a partir do cotidiano da ação educativa Por isso mesmo percebemos a necessidade de pensar a relação da escola com a sociedade com outros espaços de socialização coletivos e vivências dos alunos da infância e da juventude principalmente nas suas relações com a família Igreja e com o mundo do trabalho Metodologia de Ensino de Geografia 42 Entenda melhor o que significa cultura escolar e aprofunde na história da geografia escolar brasileira lendo a dissertação de mestrado do Thiago Tavares de Souza intitulada História da Geografia escolar uma possibilidade de estudo da cultura escolar através da história oral temática híbrida que está disponível em httpbitly3a8euXL Acesso em 191219 SAIBA MAIS Neste sentido constituem fontes privilegiadas para compreensão da cultura escolar livros cadernos escolares objetos atividades de alunos provas fotos boletins atas planos de ensino diários de aula diplomas espaços escolares relatórios depoimentos observação entrevistas que se juntam ou precedem os documentos de ordem oficial como legislações e currículos O currículo é uma produção cultural por estar inserido nessa luta pelos diferentes significados que conferimos ao mundo O currículo não é um produto de uma luta fora da escola para significar o conhecimento legítimo não é uma parte legítima da cultura que é transposta para a escola mas é a própria luta pela produção do significado Lopes Macedo 2011 p93 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Nesse capítulo você viu que existem muitas diferenças entre a geografia escolar e a científica A geografia escolar é marcada por história e origem próprias anteriores a geografia científica Ela não é uma simplificação ou Metodologia de Ensino de Geografia 43 transformações dos conteúdos científicos a partir das práticas pedagógicas A geografia escolar é marcada pela criação de conhecimentos específicos baseados no processo de ensino e aprendizagem Os professores criam conhecimentos e maneiras próprias de ensinálos no cotidiano da vida docente Além disso existe toda uma cultura escolar que envolve as pessoas professores funcionários alunos e a sociedade como um todo Compreender essa cultura escolar é um processo de vivência cotidiana da escola seus conflitos e suas conquistas Entendemos então que a escola é um lugar de produção de conhecimento geográfico não de reprodução O Objeto de Estudo da Geografia Ao término deste capítulo você será capaz de entender como os conceitos básicos de geografia são utilizados na leitura do mundo e trabalhados nas escolas Isto será fundamental para o exercício de sua profissão E então Motivado para desenvolver estas competências Então vamos lá Avante OBJETIVO O objeto de estudo da geografia é de modo geral o espaço geográfico Ele difere do espaço geométrico que é uma abstração ou seja não é dotado de materialidade forma cores pessoas O espaço geográfico é o chão em que nós vivemos pode ser entendido por meio dos processos que produzem esse chão sejam eles locais globais ou misturados Metodologia de Ensino de Geografia 44 O espaço geográfico pode ser definido a partir de diferentes conceitos que são fundamentais no entendimento da geografia Esses diferentes conceitos espaciais articulam análises e pensadoresas tendo cada um seu contexto De modo que o espaço geográfico se desdobra a partir da análise a ser feita em paisagem lugar território e região Cavalcanti 2012 p 136 questiona o que se ensina quando se ensina Geografia Ensinamos a observar a realidade e a compreendêla com a contribuição dos conteúdos geográficos ou seja um modo de pensar a respeito de algo Ensinamos por meio dos conteúdos a perceber a espacialidade da realidade Ensinamos a perceber o mundo a geografia do nosso dia a dia mobilizando os conteúdos da disciplina geográfica Não podemos ignorar como as dinâmicas espaciais são relevantes no atual estágio de globalização em que o mundo se conecta de formas tão intensas e diversas nos sentidos técnico científico e informacional Claval 2010 p 30 afirma que as práticas as habilidades e os conhecimentos indispensáveis a qualquer vida social têm componentes geográficos No mundo globalizado não há como evitar falar dos conceitos básicos da geografia lugar região paisagem território territorialidade para entender as diferentes concepções de mundo e as transformações das sociedades Veremos como se articulam esses componentes através das categorias espaciais ou geográficas O espaço geográfico O espaço geográfico é manifestadamente físico mas o físico não tem aí o sentido de geografia física ou de natureza O físico é a materialidade é uma construção social nas mais diferentes escalas desde um processo de construção espacial direta até o ato de se apropriar de todo planeta pelas mais diversas sociedades O espaço geográfico é um elemento componente da Metodologia de Ensino de Geografia 45 sociedade ou ainda o espaço não é um reflexo da sociedade ele é a sociedade Pois diferentes práticas humanas criam e usam diferentes concepções de espaço como nos ensina Harvey 2015 Para Cavalcanti 2012 p136 é pela elucidação das práticas espaciais reveladas pelo conhecimento geográfico que se projeta um cidadão crítico e reflexivo capaz de ler e compreender o seu próprio meio em relação com múltiplas escalas A autora acredita ainda que essa compreensão possibilita que as pessoas realizem outras práticas espaciais mais solidárias Para compreender melhor a noção de espaço geográfico utilizaremos como textobase a obra Por uma nova geografia de Milton Santos 1978 O espaço é um verdadeiro campo de forças cuja formação é desigual Eis a razão pela qual a evolução espacial não se apresenta de igual forma em todos os lugares SANTOS 1978 p 122 O espaço geográfico pode ser entendido com um campo de forças em que diferentes atores tencionam de modos conflituosos cada um com interesses e ideias próprias acerca de como produzir aquele espaço alguns possuem mais poder ou capital para implementar suas ideias e predominam Por isso ele é um campo de forças desigual Os atores globais que podem e alteram o espaço em função de seus interesses como atividades de extração minerária e grandes redes hoteleiras muitas vezes enfrentam resistências dos habitantes dos locais onde se instalam A atividade minerária de extração é incompatível com a conservação ambiental local comprometendo ecossistemas e formas tradicionais de habitar Essas populações locais são geralmente afastadas ou expulsas seja pela concessão de exploração no local seja pelas péssimas condições ambientais consequentes Já as cadeias hoteleiras privatizam o uso dos espaços turísticos que eram antes frequentados ou habitados pela população local Os resorts nordestinos são um bom exemplo Metodologia de Ensino de Geografia 47 permissão governamental para a instalação pelo licenciamento ambiental por exemplo O espaço assim precisa ser considerado como totalidade conjunto de relações realizadas através de funções e formas apresentadas historicamente por processos tanto do passado como do presente O espaço social corresponde ao espaço humano lugar de vida e trabalho morada das populações O espaço geográfico é organizado pelas populações vivendo em sociedade e cada sociedade historicamente produz seu espaço como lugar de sua própria reprodução Milton Santos 1978 elege as seguintes categorias como fundamentais na compreensão do espaço forma função estrutura processo e totalidade A forma é o aspecto visível exterior de um conjunto de objetos A função é a atividade desempenhada pelos objetos criados Já a estrutura que é socialnatural é a conjugação da forma e da função que é criada historicamente em determinado local é a maneira como a materialidade é criadaalterada naquele local considerando sua história As formas e as funções variam no tempo e assumem as características de cada grupo social O processo significa a ação realizada de modo contínuo que objetiva um resultado ou seja implica tempo e mudança Os processos ocorrem no âmbito de uma estrutura que é social ambiental e econômica resultando de suas ações e contradições internas Assim ao considerarmos esses processos em conjunto podemos analisar os fenômenos espaciais na sua totalidade O espaço deve ser considerado como uma totalidade a exemplo da própria sociedade que lhe dá vida o espaço deve ser considerado como um conjunto de funções e formas que se apresentam por processos do passado e do presente o espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e ACESSE Para aprofundar nesse assunto acesse a reportagem Com 25 praias privadas Angra dos Reis ensina como os ricos limitam o acesso dos pobres ao mar da Revista eletrônica EcoDebate que está disponível em httpbitly30krzZx Acesso em 191219 Metodologia de Ensino de Geografia 48 do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que se manifestam através de processos e funções SANTOS 1978 p 122 Portanto entendemos que o espaço geográfico é o resultado de múltiplas determinações que são naturais e históricosociais Em se tratando do ensino a compreensão da organização espacial da sociedade vai ocorrer de forma mais concreta se o professor iniciar os estudos desta organização a partir da análise dos elementos presentes na realidade espacial vivida pelo aluno já que isso estimula o envolvimento do aluno nos estudos e demonstra como ele se insere ativamente no próprio espaço geográfico Caso isso não ocorra cairemos num tipo de ensino em que elementos físicos e elementos sociais do espaço serão estudados de forma apartada e estagnada e a cartografia que pode ser usada metodologicamente para discutir os diversos elementos do espaço geográfico e suas transformações se tornará um tópico à parte e sem sentido Confira abaixo uma atividade sobre o espaço geográfico elaborada pela professora Noemia Ramos Viera em 2001 para seus alunos do Ensino Básico 5º ano Inicialmente fizemos uma pesquisa entre todos os alunos da escola para identificar qual era a marca de borracha mais utilizada na escola O resultado foi a marca Faber Castell Para representar os resultados obtidos com a eleição do objeto e com a pesquisa sobre a marca mais utilizada de borrachaapagador construímos gráficos de barra e de setor Posteriormente construímos textos que explicassem o significado dos gráficos Essa atividade de modo específico contribuiu para que o aluno se apropriasse de alguns conteúdos procedimentais utilizados pela ciência geográfica na análise e compreensão da realidade Em seguida os alunos em grupo passaram a observar com mais atenção o objeto escolhido e a elaborar Metodologia de Ensino de Geografia 49 questionamentos sobre ele O resultado destes questionamentos foi uma lista de 50 questões a serem respondidas e esclarecidas sobre a natureza da borrachaapagador Assim diante da impossibilidade de esclarecimentos dessas questões pois nos deparamos com muitas dúvidas sobre a borracha apagador passamos a buscar estratégias para o esclarecimento de tais dúvidas Nesse sentido abrimos duas frentes de pesquisa sobre a borracha apagador uma delas com a participação direta dos alunos teve prosseguimento com os conhecimentos prévios dos alunos e com pesquisa em enciclopédias revistas jornais livros didáticos internet entrevistas etc e a outra se encaminhou através do envio de uma carta à Faber Castell contendo as dúvidas a serem esclarecidas Assim enquanto aguardávamos a resposta da Faber Castell demos prosseguimento a outra frente da pesquisa A partir dos conhecimentos prévios dos alunos e daqueles obtidos através da pesquisa conseguimos obter esclarecimentos sobre todo o processohistórico de produção da borrachaapagador descoberta do látex invenção da borracha produção distribuição circulação comercialização e consumo da borracha apagador Em seguida os alunos construíram esquemas representativos do trajeto realizado pela borracha apagador desde a fonte da matériaprima até a sua chegada ao consumidor e vice e versa Essa atividade foi importante para que visualizássemos a totalidade e a integração do espaço que a sociedade estabelece na produção dos objetos mercadorias Ao chegar as informações da Faber Castell juntamente com as já obtidas pelos alunos passamos a um aprofundamento do assunto principalmente das noções de cartografia Nesse contexto todas as informações coletadas sobre a borracha apagador foram representadas nos mapas de São Paulo Brasil e do Mundo Com os esclarecimentos da Faber Castel além de uma sistematização cartográfica do espaço geográfico da borrachaapagador nas suas diversas escalas local regional Metodologia de Ensino de Geografia 50 estadual nacional e mundial foi possível estudar diversas temáticas Terminamos o ano letivo estudando de forma mais aprofundada o processo histórico de produção da borracha o qual serviu como introdução aos estudos sobre o processo de regionalização e organização do espaço brasileiro tema a ser trabalhado na série seguinte Disponível em httpbitly2QRk9Ka Acesso em 191219 Diferentes escalas A escala focaliza um recorte ou uma extensão espacial e envolve elementos e fenômenos vislumbráveis no contexto recortado Ou seja diferentes elementos e fenômenos são observados a partir de diferentes escalas geográficas sendo elas local municipal regional estadual nacional continental e global Alguns fenômenos são determinados em uma escala global mas se inserem no espaço geográfico numa perspectiva local como é o caso das empresas multinacionais Outros fenômenos são típicos de sistemas ambientais como o clima e possuem características globais efeito estufa mas perpassam e atuam em todas as escalas climáticas É comum conceber que fenômenos globais afetam todas as outras escalas Já os fenômenos locais só afetam de forma geral na escala local mas vão sendo influenciados pelas escalas subsequentes Entretanto as maneiras como os fenômenos são afetados não é igual Ou seja um fenômeno global pode afetar todos os locais mas de formas desiguais correspondentes complementares ou envolvendo uma subordinação entre eles Ao analisar o espaço geográfico podemos articular as reflexões em função das escalas lembrando que elas são conectadas As análises que levam em consideração mais de uma escala são chamadas de multiescalares A escala portanto confere Metodologia de Ensino de Geografia 52 A escala não é uma forma de representar o espaço ou indicadora de abrangência como a escala cartográfica nem é um dado prévio da realidade mas sim uma construção uma forma de análise geográfica que articula ou isola A escala permite a compreensão dos fenômenos que interajam nocom o espaço os mais diversos grupos e coletivos com seus diferentes pressupostos ideológicos econômico o político o partidário ou o utópico e as mais variadas filiações culturais sejam de gênero classe religião etnia ou idade A escala não deve ser entendida como algo inerente ao objeto mas como uma forma de se conceber o mundo de se relacionar com e compreender o meio geográfico Nesse sentido não existe uma escala mais ou menos válida a realidade está contida em todas elas Entendemos porém que a escala da percepção é sempre ao nível do fenômeno percebido e concebido ou seja no nível de vida da pessoa A escala não fragmenta o real apenas permite a sua apreensão A noção de escala então define a articulação de diferentes fenômenos espaciais possibilitando que os alunos compreendam as relações existentes entre fatos nos níveis local e global Portanto no decorrer do Ensino Fundamental os alunos precisam compreender as interações multiescalares existentes entre sua vida familiar seus grupos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas Para compreender a totalidade do espaço geográfico precisamos mobilizar várias escalas as quais podem ser municipais regionais estaduais nacionais globais eou construídas socialmente como distintos níveis de interação A paisagem A paisagem é muitas vezes associada ao olhar em perspectiva de retrato ou pintura à fisionomia de uma certa área Ou em outras palavras a expressão visível da natureza Essa visibilidade a um fenômeno seja qual for sua característica econômica social cultural política etc A perspectiva multiescalar permite levar em conta as naturezas diferentes das escalas possibilitando conciliar tanto a escala topográfica distâncias que são espacialmente medíveis isto é demarcadas por quilometragem como a escala topológica em função da proximidade e distanciamento vivenciados que não está necessariamente ligados a distância física articulando a distância e a proximidade em termos de extensão territorial e em termos virtuais Uma escala material outra imaterial mas ambas reais e concretas porque se constituem como sínteses de múltiplos fenômenos Exemplo A escala então ao conferir visibilidade aos fenômenos permite a observação de como eles se articulam em diferentes níveis Veja um exemplo na figura abaixo Fonte Adaptado de SMITH 2000 Metodologia de Ensino de Geografia 53 associação se conecta com às origens da ciência geográfica durante as viagens naturalistas e a grande divulgação dada aos relatos no século XIX que favoreceram a ideia da paisagem como características físicas de uma dada área Alexander von Humboldt se destaca nessa fase por suas famosas e pioneiras descrições de paisagens enfatizando a necessidade de praticar observações e descrições cuidadosas e precisas das formas visíveis em campo inclusive com a utilização de desenhos e pinturas para ilustrar Entretanto a dinamicidade da paisagem que engloba as relações e conjunções de elementos naturais e tecnificados socioeconômicos e culturais rompeu com a ideia de paisagem como fisionomia estanque A paisagem traz as marcas das atividades produtivas das populações os seus esforços para habitar o mundo adaptandoo às suas realidades Ela é marcada pelas técnicas materiais que a sociedade domina e responde às convicções religiosas às paixões ideológicas ou aos gostos estéticos dos grupos Constitui desta maneira um documentochave para compreender as culturas e o único que subsiste frequentemente para as sociedades do passado CLAVAL 2001 a paisagem é uma fusão de diferentes perspectivas é natureza e cultura ambiente e percepção objetiva e subjetiva funcional e estética É o esforço da imaginação que deve agregar essas possibilidades em só sentido PÁDUA 2013 p 76 A paisagem é revelada na relação com as pessoas Ela não existe sem alguém que a sinta A paisagem é o encontro o acontecer simultâneo de um local um olhar e uma imagem A paisagem chega a nós originariamente como sentir Por isso podemos explorar os sentidos para caracterizar as paisagens não apenas a visão mas o olfato o paladar o tato e a audição Metodologia de Ensino de Geografia 55 Através do trabalho com o conceito de paisagem podemos estimular o aluno a interpretar e expressar sentimentos crenças e dúvidas com relação a si mesmo aos outros e às diferentes culturas Podemos assim promover o acolhimento e a valorização da diversidade das pessoas e coletivos dos seus saberes identidades culturas e potencialidades sem preconceitos de qualquer natureza considerando também a geografia do nosso dia a dia Cavalcante 1998 realizou uma atividade sobre o conceito de paisagem através de registros de observações em sala de aula questionários atividades em grupo e conversas com os alunos considerando as relações possíveis entre o conhecimento científico da ciência geográfica e os saberes construídos pelos alunos em situações escolares A paisagem foi um dos conceitos captados nas representações destes alunos das quais há depoimentos como campo cheio de rosas árvores dando fruto tudo colorido Muita coisa boa A autora observou que a ideia de paisagem que está sendo construída por essas crianças é estereotipada é uma imagem estática que não apresenta dinâmica Além disso é inteiramente focada na visão e não conversa com a necessária leitura do espaço geográfico Por isso ao se trabalhar a paisagem é preciso explorar os sentidos e as sensações do corpo sua relação com espaço vivido e com a multiescalaridade dos fenômenos que se expressam ali O desenvolvimento da capacidade de observação e de compreensão dos componentes da paisagem contribui para a articulação do espaço vivido com o tempo vivido ao indicar as transformações ocorridas na paisagem o que é possível ainda ser sentido e o que não existe mais sempre em relação com o corpo e a pessoa que sente a paisagem Falamos nesse sentido de paisagens com características sonoras olfativas de sabor e textura Não apenas acessamos a paisagem pela visão mas como todo o corpo sensível Cavalcanti 2008 p 51 afirma que a paisagem o domínio do visível a expressão visível de um espaço o domínio do aparente de tudo o que nossa visão alcança o domínio do que é vivido diretamente com nosso corpo com nossos sentidos visão audição tato olfato paladar ou seja tratase da dimensão das formas que expressam o movimento da sociedade A observação e a compreensão dessas formas servem para dar caminhos de análises do espaço A paisagem envolve características ambientais e culturais em uma mistura característica da dinâmica do espaço geográfico Podemos sentir e analisar a paisagem em qualquer local basta para isso se dispor a realizar essa atividade Testando Feche os olhos e respire fundo algumas vezes Abra os olhos Repare no seu entorno nos cheiros e sons que chegam até você Anote todos eles Ande um pouco e repare mais O que você escuta O que você pode provar O que você sente Desenhe ou escreva um texto descritivo Na sequência analise sua produção O que é possível descobrir ou perceber sobre o espaço geográfico que você está vivendo agora Quais relações multiescalares é possível estabelecer O conceito de paisagem deve ser trabalhado na caracterização do seu aspecto dinâmico e relacional possibilitando a compreensão em partes do complexo espaço geográfico em que vivemos Para tanto os estudos devem considerar o maior número possível de elementos que caracterizam e formam a paisagem que são responsáveis por sua dinâmica considerando suas dimensões objetivas e subjetivas culturais e naturais Metodologia de Ensino de Geografia 56 Para compreender melhor o significado de paisagem leia mais sobre a experiência de ensino de Luciana Maria Santos de Arruda intitulado GEOGRAFIA NA INF NCIA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL a utilização de uma maquete multissensorial para a aprendizagem do conceito de paisagem disponível em httpbitly2FNJdvl Acesso em 201219 SAIBA MAIS O lugar O lugar é categoria espacial que mais se aproxima das nossas vivências experiências e sentimentos pelo espaço Quando possuímos afeição ao lar o espaço da casa estamos trabalhando com essa categoria o lugar O lar é um lugar a pátria sentimento de afeição por uma nacionalidade uma poltrona ou nosso espaço preferido da casa ou da escola tudo isso são lugares Lugares marcam nossa história de vida podem ser a casa dos avós ou uma praia que conhecemos pela primeira vez São constituintes da nossa identidade do nosso dia a dia A experiência expressa a capacidade de aprender a partir da própria vivência significa aprender atuar sobre o que foi vivido e criar a partir dele São as experiências que transformam espaços em lugares assim lugares podem ser entendidos como espaços cheios de significados adquiridos pelas experiências e vivências Por isso o que somos como seres que vivem pensam experimentam é inseparável dos lugares onde vivemos nossas vidas estão saturadas pelos lugares e pelas coisas e outras pessoas entrelaçadas a estes lugares MALPAS 2001 p 231 conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações posicionandose contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais de classe social de crenças de sexo de etnia ou outras características individuais e sociais traduzir os conhecimentos sobre a pessoa a sociedade a economia as práticas sociais e culturais em condutas de indagação análise problematização e protagonismo diante de situações novas problemas ou questões da vida pessoal social política econômica e cultural Metodologia de Ensino de Geografia 58 das pessoas e coletivos com o espaço geográfico em suas dimensões subjetivas e emocionais das memórias e histórias de vida das identidades Para compreender melhor o significado de lugar leia o belíssimo relato de Marisa Terezinha Rosa Valladares e Regina Célia Frigério intitulado GRAÚNA voos e cantos de crianças no currículo quilombola de uma comunidadescola disponível em httpbitly3a9Sg7Y Acesso em 201219 SAIBA MAIS Figura 4 Diferentes referenciais de território a partir de suas dimensões principais Fonte adapado de SANTOS et al 2015 O território pode ser considerado como delimitado construído e desconstruído por relações de poder sendo que nem sempre ele é fixo Alguns territórios como de algumas relações de trabalho ou grupos culturais aparecem apenas em determinados turnos do dia ou épocas do ano Essa categoria Metodologia de Ensino de Geografia 59 Tabela 2 As principais categorias geográficas espacial envolve o espaço ocupado por diferentes atores sociais que se territorializam a partir de uma intencionalidade Assim sendo a delimitação do território pode não ocorrer de maneira precisa e ser irregular e periódica A região A região é um conjunto de áreas ou paisagens que possuem características semelhantes ou homogêneas ou funcionalidades especificas Podem ser delimitadas por vários métodos da experiência vivida aos meios estatísticos A região agrupa por semelhança conexão ou influência áreas do espaço geográfico que se relacionam Assim é possível que características ambientais definam regiões por semelhança assim como características econômicas sociais culturais A funcionalidade de um conjunto de áreas que define uma região pode ser compreendida pelo movimento de pessoas mercadorias informações decisões e ideias de modo que podemos entender a área de influência de um local sobre o outro estabelecida através do nível de relacionamento existente A região pode ser definida ainda a partir de um conjunto de lugares ou paisagens que guardam alguma relação ou semelhança entre si A região é multiescalar podendo variar de tamanho em função do que engloba ou conjuga Existem regiões à nível de cidade mas também do mundo Metodologia de Ensino de Geografia 60 Fonte HAESBAERT 2014 adaptado Metodologia de Ensino de Geografia 61 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que existem diferentes formas de compreender o espaço através da Geografia são as categoriais espaciais ou geográficas Todas elas são importantes para a Geografia e evidenciam fenômenos ou relações diferentes Elas também apresentam escalas diferentes Mas o que é escala Escala é um elemento de análise geográfica que permite focalizar os fenômenos e relações em um nível de complexidade específico É como utilizar a ferramenta zoom quando vamos tirar uma foto ou utilizar o Google Earth Maps Escala pode ser local municipal regional estadual nacional continental e global No contexto local nos aproximas das pessoas seus espaços e histórias de vida Já no contexto global vemos sistemas ambientais com o sistema climático e a atuação das grandes corporações e empresas multinacionais As categorias geográficas podem ser analisadas em uma perspectiva multiescalar Mas quais são as categorias geográficas Vamos lá Temos o espaço geográfico que envolve a totalidade dos fenômenos e processos do chão que pisamos ao céu que vemos quando olhamos para cima Todas as outras categorias fazem referência a ele como recortes específicos A paisagem que é ligada ao sensível e envolve o espaço natural cultural e técnico no presente e no passado é ideal para compreender as transformações que o espaço sofreu com o passar dos anos Já a região envolve um conjunto de áreas com características semelhantes sejam elas ambientais culturais econômicas ou políticas Por fim o território sempre se relaciona com relações de poder dominação e ocupação por grupos culturais econômicos ou políticos No seu sentido tradicional o território nos revela os espaços delimitados dos Estadosnações ou seja dos países Todas as categorias são importantes no estudo da Geografia e devem ser trabalhadas a partir de suas lógicas próprias Metodologia de Ensino de Geografia 62 REFERÊNCIAS BUTTIMER A Social space in interdisciplinary perspective Geographical Review 59 4 1969 pp417426 BUTTIMER A Aprendendo o dinamismo do mundo vivido In CHRISTOFOLETTI A Perspectivas da geografia São Paulo Difel 1985 CALLAI Helena C A formação do professor de Geografia Boletim Gaúcho de Geografia 20 39 41 dez 1995 Disponível em httpsseerufrgsbrbggarticleview3803224535 Acesso em 191219 CARVALHO Naiemer R A construção da nação nos livros didáticos de Geografia da Primeira República Revista Terra Livre v 2 n 45 2015 CAVALCANTI Lana de Souza Geografia escola e construção de conhecimentos Campinas Papirus 1998 CAVALCANTI Lana de S A Geografia escolar e a cidade CampinasSP Papirus 2008 CAVALCANTI Lana de Souza O ensino de geografia na escola Campinas SP Papirus 2012 CAVALCANTI Lana de Souza Geografia escola e construção de conhecimentos Campinas SP Papirus 2003 CHERVEL A História das disciplinas escolares reflexões sobre um campo de pesquisa Teoria Educação 2 p 177229 1990 CHEVALLARD Yves La transposition didactique du Metodologia de Ensino de Geografia 63 savoir savant au savoir enseigné Paris La Pensee Sauvage 1991 CHRISTOFOLETTI Antonio Análise de Sistemas em Geografia São Paulo HucitecEdusp 1979 106p CHRISTOFOLETTI Antonio Modelagem de sistemas ambientais São Paulo Edgar Blücher 1998 CLAVAL Paul O Papel da Nova Geografia Cultural na Compreensão da Ação Humana In Matrizes da Geografia Cultural org Z Rosendahl e RL Corrêa Rio de Janeiro EDUERJ 2001 CLAVAL Paul TERRA DOS HOMENS A Geografia Trad Domitila Madureira São Paulo Contexto 2010 GASPARIN João Luiz Uma Didática para a Pedagogia HistóricoCrítica 3 ed Campinas SP Autores Associados 2005 GONÇALVES Juliano Rosa Reflexões sobre o Currículo de Geografia da Educação Básica Multiculturalismo e Geografia Crítica In Revista Percurso NEMO Maringá v 3 n 2 p 0323 2011 HAESBAERT R Viver no limite território e multi transterritorialidade em tempos de insegurança e contenção Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2014 HARVEY D O espaço como palavrachave Em Pauta Rio de Janeiro v13 n35 p12652 2015 LESTEGAS F R A construção do conhecimento geográfico escolar do modelo transpositivo à consideração Metodologia de Ensino de Geografia 64 disciplinar da Geografia In CASTELLAR S M V e MUNHOZ G B Orgs Conhecimentos escolares e caminhos metodológicos São Paulo Xamã 2012 LOPES A C MACEDO E Teorias de Currículo 1 ed São Paulo Cortez 2011 MALPAS J Comparing topologies Philosophy and Geography 4 23138 2001 MERCADO Luis Paulo Lepoldo NEVES Yára Pereira de Costa e Silva A escola como espaço dos direitos humanos In RIBEIRO E RIBEIRO Orgs Educação em Direitos Humanos e Diversidade Diálogos Interdisciplinares Maceió Edufal 2012 OLIVEIRA Lívia de Que é geografia Sociedade Natureza v 11 n 2122 10 dez 2014 PÁDUA Letícia A Geografia de YiFu Tuan Essências e Persistências 2013 Tese Doutorado em Ciências Geografia Física Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo São Paulo 2013 PERRENOUD Philippe Práticas pedagógicas profissão docente e formação Perspectivas sociológicas 2ª ed Lisboa Portugal Dom Quixote 1997 SANTOS Milton Por uma Geografia Nova São Paulo Hucitec Edusp 1978 SANTOS L A GOMES R R CORVALAN R A CUNHA R D Território e geografia escolar reflexões didáticas a partir da atuaçaõ de alunos bolsistas do PIBID ENCICLOPÉDIA BIOSFERA Centro Científico Conhecer Metodologia de Ensino de Geografia 65 Goiânia v11 n22 p 2015 SMITH Neil Contornos de uma política espacializada veículos dos semteto e a produção de escala geográfica In ARANTES Antonio A org O espaço da diferença Campinas Papirus 2000 p 132159 STRAFORINI Rafael Ensinar Geografia o desafio na totalidademundo nas séries iniciais São Paulo Annablume 2º edição 2008 TARDIF M Saberes docentes e f beres docentes e formação profissional formação profissional ormação profissional Petrópolis Vozes 2002 TUAN YiFu Espaço e lugar a perspectiva da experiência Tradução Lívia de Oliveira Londrina Eduel 2013 VEIGA Ilma Passos 0rg Projeto PolíticoPedagógico da escola uma construção possível 23 ed Campinas São Paulo Papirus 2007 VIEIRA Sofia L Política e planejamento educacional Fortaleza Edições Demócrito Rocha 2001 SUMÁRIO UNIDADE 2 Temas em Geografia no Ensino FundamentalAnos Iniciais 10 Ciclos naturais e a vida cotidiana 10 Os usos dos recursos naturais solo e água no campo e na cidade 14 Matériaprima e indústria 16 Território e diversidade cultural 17 Diferentes tipos de poluição 20 Elementos Para O Ensino De Geografia Orientação E Expressão cartográfica 21 A noção de espaço pela criança 21 As relações topológicas projetivas e euclidianas 26 A criança e as expressões do espaço geográfico através da cartografia 27 Mapas mentais 32 Interdisciplinaridade no Ensino de Geografia nos Anos Iniciais 35 A interdisciplinaridade 36 Interdisciplinaridade e linguagens 38 Geografia e História 42 Geografia e Educação Ambiental 46 Metodologia do Ensino de Geografia 7 UNIDADE 02 Metodologia do Ensino de Geografia 8 Ok Geografia nos anos iniciais é importante mas o que posso trabalhar Opa Então aqui estamos Certos temas são incontornáveis como orientação e cartografia e mesmo a relação com o meio ambiente Outros temas seriam muito estranhos caso não fossem trabalhados como os usos dos recursos naturais a indústria e a diversidade cultural E como não poderia deixar de ser tudo isso demanda uma perspectiva interdisciplinar de forma que a Geografia atravesse as outras disciplinas e outros campos também façam uso dela Certamente você estará muito mais antenando aos debates atuais e mais capacitado para agir em prol de um ensino de qualidade Entendeu Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO Metodologia do Ensino de Geografia 9 1 2 3 4 OBJETIVOS Olá Seja muito bemvindo à Unidade 2 Temas no ensino de geografia Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos Estudar as relações entre educação e trabalho diversidade cultural cidadania sustentabilidade entre outras problemáticas centrais da sociedade contemporânea Compreender as representações e linguagens no ensino de Geografia Construir referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões socioambientais Fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental assim como daqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria Convido a vocês a iniciar essa caminhada na direção de um ensino de Geografia de qualidade Vamos Metodologia do Ensino de Geografia 10 Temas em Geografia no Ensino Fundamental Anos Iniciais OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de compreender possibilidades de ensino de temas específicos da Geografia Anos Iniciais com atenção à elaboração de planos de aulas com metodologias ativas e atividades lúdicas seguindo as orientações da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental Isto será fundamental para o exercício de sua profissão E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante Para compreender como trabalhar os conteúdos e temas que compõem as orientações de ensino para o Ensino Fundamental Anos iniciais selecionamos ao acaso quatro temas em diferentes anos do ensino para detalhar possibilidades e caminhos metodológicos possíveis Você pode se guiar por essas possibilidades mas deve inovar com suas criações ideias e formas próprias de exercer o trabalho docente Ciclos naturais e a vida cotidiana Os ciclos naturais e a vida cotidiana é uma temática de ensino do primeiro ano do Ensino Fundamental um objeto do conhecimento Desejase desenvolver com esse objeto a habilidade de o aluno observar e discutir ritmos naturais dia e noite variação de temperatura e umidade etc em diferentes Metodologia do Ensino de Geografia 11 escalas espaciais e temporais comparando a sua realidade com outras A BNCC estipula o objeto do conhecimento e a habilidade a ser trabalhada porém o resto é com o professor Como ensinar Como elaborar um plano de aula Como escolher as estratégias metodológicas mais adequadas Cabe aos professores considerarem a realidade dos alunos da cultura escolar na qual se inserem e seus conhecimentos docentes e estratégias metodológicas criando assim a geografia escolar no cotidiano e se norteando pelos documentos regulamentadores como a Base Nacional Comum Curricular BNCC e o Projeto Político Pedagógico da escola IMPORTANTE Antes de escolher alguma atividade ou modelo de aula é preciso considerar a realidade e o contexto dos alunos o projeto político pedagógico da escola as afinidades do professor Portanto é importante considerar que detalhar como trabalhar com essa temática é uma sugestão de caminho que precisa ser criado pelo docente em sua sala de aula Os ciclos naturais são formas como o planeta terra se renova As coisas vivas dentro de um ecossistema interagem umas com as outras e com o seu ambiente não vivo para formar uma unidade ecológica que é em grande parte autossuficiente mas passível de desequilíbrio pela ação humana Às vezes esse processo de renovação é gradual e suave Às vezes é violento e destrutivo No entanto os ecossistemas contêm Metodologia do Ensino de Geografia 12 dentro de si os recursos para regenerarse A vida na Terra se desenvolve através de uma reciclagem constante Os elementos são continuamente recriados a partir dos átomos que circulam em cadeias biogeoquímicas Morte destruição e decomposição são partes de um ciclo que possibilita novas estruturações Entre os mais importantes ciclos da natureza estão o da Água do Carbono e do Nitrogênio sendo que a Cadeia Alimentar pode ser entendida como um Ciclo de Energia A compreensão dos ciclos naturais alinhase a concepção sistêmica em Geografia que define o sistema como um conjunto de partes interagentes e interdependentes coordenadas e não relacionadas formando um todo complexo ou unitário mantendo um contínuo intercâmbio de matériaenergiainformação com o ambiente Permite considerar os fenômenos em uma abordagem global com a interrelação e integração de assuntos que são na maioria das vezes de natureza completamente diferentes Entenda melhor os ciclos naturais e seu comportamento sistêmica estudando o artigo de Celso Carneiro Pedro Gonçalves e Osvaldo Lopes intitulado O ciclo das rochas na natureza disponível em httpbitly2tXDznY Acesso em 010120 SAIBA MAIS Instigar os alunos a perceber em seu cotidiano os primeiros elementos que integram esses sistemas os ciclos naturais permite a introdução de habilidades de observação e análise do espaço geográfico Vale lembrar que os ciclos naturais Metodologia do Ensino de Geografia 13 consideram a integração de elementos antrópicos não sendo apenas uma noção da geografia física Observar e discutir ritmos naturais dia e noite variação de temperatura e umidade etc em diferentes escalas espaciais e temporais comparando a sua realidade com outras habilidade a ser trabalhada envolve uma primeira percepção das características ambientais dos lugares de vivência dos alunos como casa escola e outros É importante trabalhar outras experiências de viagens e aulas de campo que ocorreram em ambientes distintos considerando os percursos realizados pela criança em outras esferas os seus passeios com a família as viagens realizadas e o acesso à televisão que descortina uma série de outros lugares e culturas para o universo infantil mesmo que inadvertidamente É possível trabalhar a temática a partir de diferentes atividades e abordagens todas elas planejadas durante a elaboração do plano de aula É interessante estimular as crianças fazendo perguntas como Existem elementos que só podemos observar durante um determinado período Como podemos diferenciar quando está dia e quando está noite Existe comportamentos que na maioria das vezes só fazemos durante a noite O que é comum fazermos durante o dia E durante a noite O que podemos ver no céu durante o dia E durante a noite Sentimos mais calor de dia ou de noite Como está a sensação agora quente ou frio As formas de trabalhar essas questões podem envolver painéis diários desenhos entre outras Outras atividades podem envolver a observação direta do ambiente procurando plantas e animais e pesquisando depois sobre seus hábitos Atividade Observando o céu o objetivo da atividade é que os alunos sejam capazes de identificar e diferenciar elementos que caracterizam o dia e a noite apoiandose por meio de fenômenos naturais e a comportamentos dos seres vivos Metodologia do Ensino de Geografia 14 Os usos dos recursos naturais solo e água no campo e na cidade Os usos dos recursos naturais é uma temática de ensino do segundo ano do Ensino Fundamental Desejase desenvolver com esse objeto a habilidade de reconhecer a importância do solo e da água para a vida identificando seus diferentes usos plantação e extração de materiais entre outras possibilidades e os impactos desses usos no cotidiano da cidade e do campo São considerados recursos naturais tudo aquilo que é necessário às pessoas e à sociedade e que se encontra na natureza dentre os quais podemos citar o solo a água o oxigênio energia oriunda do Sol as florestas os animais dentre outros Os recursos naturais são classificados em dois grupos distintos os recursos naturais não renováveis e os recursos naturais renováveis Os recursos naturais não renováveis abrangem todos os elementos que são usados nas atividades antrópicas e que não têm capacidade de renovação Com esse aspecto temos o alumínio o ferro o petróleo o ouro o estanho o níquel e muitos outros Isso quer dizer que quanto mais se extrai mais as reservas diminuem diante desse fato é importante adotar medidas de consumo comedido poupando recursos para o futuro Já os recursos naturais renováveis detêm a capacidade de renovação após serem utilizados nas atividades produtivas Os recursos com tais características são florestas água e solo Entretanto o mau uso desses recursos pode acarretar a sua extinção ou poluição de forma irreversível Quando falamos na poluição e degradação dos recursos naturais lembramos sempre da sustentabilidade Esta é uma temática amplamente difundida e precisa ser analisada com olhos críticos para compreender como ela se relaciona com a produção do espaço geográfico e com as nossas vivências cotidianas Para saber Metodologia do Ensino de Geografia 15 Esse objeto busca o reconhecimento dos recursos utilizados especialmente água e solo e de como eles são utilizados tanto no campo como na cidade identificando suas diferenças já que no campo a água e o solo são destinados à produção agropecuária e à extração de minerais enquanto na cidade ao abastecimento da população e outras atividades industriais Vale ressaltar que a poluição das águas e a degradação contaminação e perda do solo podem ser trabalhados pois constituem parte da temática Figura 1 Uso de água no Brasil por setor Fonte Adaptado editorial Telesapiens mais leia o artigo de Daniela Venceslau Bitencourt denominado Sustentabilidade a construção do discurso disponível em httpbitly2tlFUsD Acesso em 010120 Algumas possibilidades de ensino da temática envolvem pensar os usos cotidianos desses recursos especialmente a partir da vivência dos alunos e se seria possível a vida sem eles além disso os usos que envolvem as atividades agrícolas produção Metodologia do Ensino de Geografia 16 de alimentos industriais e extrativas como a mineração É possível utilizar como estratégia metodológica jogos e brincadeiras que envolvam perguntas descobertas e desafios sobre os usos desses recursos Veja modelos de plano de aula sobre a temática disponíveis em httpbitly3a5mlW6 Acesso 010120 ACESSE Matériaprima e indústria Matériaprima e indústria é uma temática de ensino do terceiro ano do Ensino Fundamental Desejase desenvolver com esse objeto a habilidade de identificar alimentos minerais e outros produtos cultivados e extraídos da natureza comparando as atividades de trabalho em diferentes lugares Matériaprima é um produto natural ou transformadosemimanufaturado que as empresas utilizam como base em um processo produtivo para a obtenção de um produto acabado O produto acabado é a mercadoria que as empresas vendem Existem também casos de matériasprimas que não precisam passar por transformações como por exemplo os vegetais e as frutas que são comercializados da forma que são extraídos da natureza Os tipos de matériasprimas existentes podem ser determinados conforme suas origens como vegetal látex borracha animal carne leite couro ou mineral petróleo minério de ferro Metodologia do Ensino de Geografia 17 ACESSE Para compreensão dessa temática é possível realizar investigação da cadeia produtiva de qualquer objeto utilizado na escola ou em casa Pensar onde ele é fabricado como e qual seu percurso até a escola ou a casa Pensar como ele é fabricado quais os tipos de indústria e cultivo Podem ser utilizados como estratégia metodológica jogos e brincadeiras produção de maquetes aulas de campo músicas e filmesdocumentários Lembrando que os recursos usados pelo professor não devem ser utilizados de forma exclusiva ou seja devem ser complementados com alguma atividade discussão debate ou reflexão Veja um simulador que apresenta as etapas de extração da matéria prima transporte e a produção industrial de móveis do carvão e de cadernos e livros auxiliando na compreensão das etapas de produção das indústrias madeireira de carvão e de celulose elaborado para alunos do Ensino Fundamental Disponível em httpbitly2FVoBBi Acesso 010120 Funciona apenas no navegador Internet Explorer Território e diversidade cultural Território e diversidade cultural é uma temática de ensino do quarto ano do Ensino Fundamental Desejase desenvolver com esse objeto a habilidade de valorização do que é próprio em cada cultura e sua contribuição para a formação da cultura local regional e brasileira a partir da seleção em seus lugares Metodologia do Ensino de Geografia 18 de vivência e em suas histórias familiares eou da comunidade de elementos de distintas culturas indígenas afrobrasileiras de outras regiões do país latinoamericanas europeias asiáticas etc O geógrafo francês Paul Claval define cultura da seguinte maneira A cultura é a soma dos comportamentos dos saberes das técnicas dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos Ela tem um passado longínquo que mergulha no território onde seus mortos são enterrados e onde seus deuses se manifestaram Não é portanto um conjunto imutável de técnicas e de comportamentos Os contatos entre os povos de diferentes culturas são algumas vezes conflitantes mas constituem uma fonte de enriquecimento mútuo A cultura transformase também sob o efeito das iniciativas ou das inovações que florescem em seu seio CLAVAL 2007 p 63 A cultura portanto enquanto soma dos comportamentos das técnicas valores conhecimentos manifestações artísticas de um povo ou coletivo está em constante transformação envolvendo um diálogo entre a tradição e as novas práticas Ao se falar de povos e coletivos culturalmente diversos é preciso compreender qual as suas histórias e tradições e quais as concepções e formas de vida existem ainda hoje A identificação de territórios envolve a espacialização desses distintos grupos e coletivos culturais a descoberta da forma como eles habitam e constroem seus espaços e ainda como esses espaços foram delimitados É preciso ainda inibir o sentimento de que nossas práticas e crenças particulares são normais em contraposição àquelas vivenciadas por grupos e coletivos culturalmente distintos Existe um nome para essa sensação etnocentrismo Conforme Metodologia do Ensino de Geografia 19 Henriques 2003 p 51 é o etnocentrismo que perturba nossa percepção do Mundo levandonos a tomar como universais tendências que nos são particulares A habilidade de valorização do que é próprio em cada cultura envolve um dos papeis do ensino qual seja mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua Por isso a escola tem que ser local como ponto de partida mas tem que ser internacional e intercultural como ponto de chegada GADOTTI 1992 O autor afirma que para isso o ensino precisa fomentar a curiosidade e ousadia buscando um diálogo com diferentes culturas e concepções de mundo Compreenda mais sobre a noção de cultura e suas relações com a educação lendo o trabalho de Moacir Gadotti intitulado Diversidade cultural e educação para todos disponível em httpbitly3acfvOJ Acesso em 010120 Uma possibilidade muito interessante de trabalho com a temática envolve o mapeamento das distintas comunidades étnicoculturais existentes na região da escola e o envolvimento dos alunos com elas através de abordagens distintas como aula de campo troca de cartas fotografias elaboração de mapas coletivos painéis etc Outra possibilidade metodológica é o trabalho com músicas ritmos e melodias e danças ou jogos e brincadeiras praticadas por grupos e comunidades nacionais e internacionais culturalmente diversas É importante que a postura de respeito curiosidade e a abertura para dialogar com a diversidade seja realizada e estimulada pelo próprio professor Propagar a necessidade de respeitar a diversidade e não exercer essa postura dificulta o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos podendo interferir negativamente nessa construção inclusive Metodologia do Ensino de Geografia 20 Diferentes tipos de poluição Diferentes tipos de poluição é uma temática de ensino do quinto ano do Ensino Fundamental Desejase desenvolver com esse objeto a habilidade de identificar e descrever os problemas ambientais que ocorrem no entorno da escala e da residência lixões indústrias poluentes destruição do patrimônio histórico etc propondo soluções inclusive tecnológicas para esses problemas Poluição é degradação do ambiente por um ou mais fatores prejudiciais podendo ser causada pela liberação ou retirada de matéria ou energia luz calor som de forma prejudicial ao ambiente ou às pessoas Podem ser definidas a partir dos elementos alterados pelos poluentes como poluição do ar da água do solo etc Podem ser trabalhados a partir do uso de notícias de jornais e revistas aula de campo registro de percurso em diário ou desenhos registros de conversas com os pais ou responsáveis sobre as mudanças na paisagem em diferentes tempos entre outras formas Leia um relato de uma aula de campo do Ensino Fundamental sobre essa temática e se inspire Elaborado por Aline Santo e Kleber Costa intitulado Percepção Ambiental e Ensino de Geografia Trilhando o Caminho de um Riacho Urbano em Delmiro GouveiaAL Disponível em httpbitly2Ts0iDo acesso em 010120 ACESSE Metodologia do Ensino de Geografia 21 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que a elaboração de aulas demanda a criação por parte do professor de planos de aula que envolvem a definição de uma ou mais atividades e conteúdos a serem trabalhados como os alunos podendo ser expositiva lúdica dialogada de campo etc Para tanto você deve ter visto sugestões de leituras e caminhos a serem traçados na hora de trabalhar diferentes temáticas de diferentes anos do Ensino Fundamental Você deve ter visto ainda que é importante que a postura de respeito curiosidade e a abertura para dialogar com a diversidade seja realizada e estimulada pelo próprio professor Elementos Para O Ensino De Geografia Orientação E Expressão cartográfica Ao fim deste capítulo você será capaz de compreender as representações e linguagens no ensino de Geografia Claro que não se pretende dar conta de todas as possibilidades de expressão referentes à Geografia referentes ao ensino da disciplina Mas você vai entender as etapas de desenvolvimento da orientação de uma criança e como a cartografia é um instrumento essencial e poderoso na construção de saberes nos anos iniciais Convido vocês para me acompanhar por essas linhas A noção de espaço pela criança Falar da construção da noção de espaço pela criança é falar também em uma psicogênese que atravessa as etapas características do desenvolvimento geral da criança com relação ao conhecimento Especificamente em nosso caso estamos falando do espaço vivido aopercebido do espaço percebido ao concebido Metodologia do Ensino de Geografia 22 Psicogênese é a origem e desenvolvimento dos processos mentais muito ligada formação da personalidade e ao comportamento De acordo com esse entendimento o espaço vivido concerne àquele experienciado presencialmente através do movimento e do deslocamento A criança o interioriza através de brincadeiras e por outras maneiras percorrendo delimitando enfim organizando o espaço vivido conforme suas vontades Figura 2 O espaço vivido da criança envolve sua área de convívio imediata como por exemplo seu quarto Fonte Pixabay Nesse sentido é muito importante que a criança explore com o seu próprio corpo as dimensões e relações do espaço por isso que deve ser enfocados exercícios rítmicos e psicomotores Metodologia do Ensino de Geografia 23 O espaço percebido por outro lado não precisa ser experenciado em presença Assim é possível que o aluno dos anos iniciais lembre do trajeto casa escola Isso não acontecia antes pois havia a necessidade de percorrer esse trajeto para identificar casa prédios ruas praças e demais marcas do percurso Nessa etapa da formação mental em que se encontram os alunos dos anos iniciais as crianças são capazes se dar conta da distância e da localização dos objetos ao observar uma foto por exemplo Antes percebia o aqui em seguida ali Pode parecer simples demais mas nessa sutil passagem está a ampliação do campo experiencial da criança somada pela observação Podemos até dizer que a disciplina Geografia começa para ela nesse momento É nesse contexto que os professores precisam estar mais preocupados em atividades que trabalhem na formação de conceitos e noções espaciais do que no conteúdo de maneira sistemática Falamos de um espaço vivido e de um espaço percebido mas precisamos falar também de um espaço concebido Esse começa a ser compreendido em outro estágio de aprendizagem ao longo dos anos finais do Ensino Fundamental Por volta dos 1112 anos a criança já consegue fazer relações entre elementos sem experiência direta com eles ou seja por sua expressão Em outras palavras o aluno consegue refletir acerca de uma área expressa em um mapa por exemplo ser ter estado lá ou sem ter visto antes Como pode ser visto é um trabalho de formação das noções espaciais para o qual o professor deve desenvolver um O jogo da amarelinha é um bom exemplo de um exercício rítmico Metodologia do Ensino de Geografia 24 trabalho que leve em conta o tipo de observação de mundo da criança E que tipo seria esse É uma percepção fundada em uma percepção de conjunto indiferenciada do mundo Isto é para ela as coisas não são separadas de seus lugares as posições são dadas na relação com o todo em que está inserido Então o todo pode ser percebido com facilidade o que não ocorre com suas partes Isso é mais acentuado nas crianças até por volta dos seis anos em que localização e deslocamento das coisas estão em referência a si mesmo Então será possível notar uma certa dificuldade inicial em algumas noções coo perto de abaixo no limite etc com relação a si e as outras coisas O professor precisa mediar essa percepção do espaço infantil de forma a desenvolver a noção espacial Esse passo a passo envolve darse conta do espaço ocupado pelo seu próprio corpo da disposição e da posição das coisas e com deslocamento e orientação das distâncias e das medidas A criança e a descoberta do espaço ocupado pelo corpo A noção espacial infantil é antes corporal que uma elaboração da mente Ou seja uma experiência que ativa sensações e sentimentos sem haver um raciocínio sobre isso Na amamentação ao ser segurada no colo e acarinhada tem início a aprendizagem do espaço No corpo vão sendo gravadas as referências das partes e dos lados do corpo base para o desenvolvimento de referenciais espaciais Jean Piaget psicólogo suíço e um dos mais importantes pensadores da Educação diz que o desenvolvimento da noção espacial é coerente com o desenvolvimento da mente e da criança como um todo Metodologia do Ensino de Geografia 25 Figura 4 Períodos de desenvolvimento infantil e o desenvolvimento de elementos espaciais Fonte Adaptado editorial Telesapiens O período sensóriomotor se estende do nascimento até o desenvolvimento da linguagem uma ação prática da pessoa em sua experiência O período préoperatório começa quando se identifica a função simbólica nas crianças e vai até quando se organiza o raciocínio em operações concretas O período operatório pode ser notado entre seis e sete anos envolvendo as noções de peso e volume avança para quando opera sobre as Metodologia do Ensino de Geografia 26 coisas e termina quando ocorrem as operações lógicas ou seja sem a necessidade da presença em sua concretude das coisas Quanto à espacialidade inicialmente se liga a um espaço sensóriomotor relacionado à percepção e à motricidade O espaço sensóriomotor é constituído na interação entre o corpo e o ambiente em uma organização e adaptação contínua em relação às coisas Depois a noção de espaço para a uma fase em que se coincide a elaboração de imagens e do simbólico contíguos ao desenvolvimento da linguagem As relações topológicas projetivas e euclidianas Quanto às relações espaciais podemos diferenciar em três tipos A topológica projetiva e euclidiana A topológica limitase a uma coisa em particular sem situála em relação a outra no que concerne a uma perspectiva ou a um ponto de vista particular Denominase relações topológicas elementares as primeiras noções espaciais como dentro fora atrás em frente perto longe sem levar em consideração medidas como metros quilômetros etc São relações que se desenvolvem na criança desde o nascimento base para as relações mais complexas As relações projetivas dizem respeito a noção dos objetos coordenados entre eles situandose aqueles do mesmo grupo uns em relação aos outros Nesse sentido se desenvolvem as noções fundamentas das relações projetivas de esquerda e direita frente e atrás em cima e embaixo e ao lado de Sempre lembrando que o ponto de partida para a localização das coisasde uma criança é o seu próprio corpo e é justo as relações projetivas que vão transformar isso liberando a noção espacial do egocentrismo Assim começam os passos para que se estabeleçam as relações de norte sul leste e oeste e mesmo aquelas de ordem tridimensional Metodologia do Ensino de Geografia 27 As relações euclidianas por sua vez consideram um sistema fixo de referência Segundo Castrogiovanni 2002 p 21 As primeiras evidências das relações euclidianas ocorrem nas primeiras conquistas da atividade perceptiva como as primeiras constatações de grandeza e de forma pela criança e já são organizadas em nível da inteligência sensório motora permanência do objeto ausente por exemplo mas permanecem intuitivas sujeitas às deformações geradas pelo caráter estático e irreversível das representações imagináveis Em resumo o espaço euclidiano relacionase com a noção de distância e as coisas se equivalem a depender de uma igualdade numérica O espaço projetivo baseiase na noção de reta e as coisas se equivalem a depender da perspectiva O espaço topológico por sua vez concerne a relações qualitativas inerentes a uma coisa em particular como vizinhança separação envolvimento etc Finalmente a noção de espaço da criança parte de seu próprio corpo como referencial locacional Aos poucos percebe a possibilidade de outros referenciais situando as coisas em relação entre elas mesmas utilizando um sistema de coordenadas A criança e as expressões do espaço geográfico através da cartografia Ao observar a geografia da humanidade é possível notar a necessidade em cartografar desde os mais primórdios tempos mapeando as localidades e acontecimentos mais importantes por exemplo Se pesquisarmos as origens da atividade de Metodologia do Ensino de Geografia 28 cartografar iremos reparar que sua história se confunde com a da própria humanidade Antes de ser inventada a escrita foi registrada em cartografias as rotas percorridas para que pudessem ser encontradas posteriormente Em desenhos envolvendo trajetos das aldeias por exemplo foram mobilizados símbolos respeitando a proporção e o significado das coisas a serem expressas Sobre isso Vygotsky nos diz que a utilização de signos leva a humanidade a um comportamento especificamente estruturado para além do desenvolvimento biológico criando processos psicológicos profundamente relacionados à cultura Em continuação o conhecimento é um acontecimento que emerge entre as interações de fatores ambientais cognitivos e sociais A relação com o mundo leva em conta o estoque de conhecimento de cada um a depender dos encontros ou seja da interação com os outros e as outras coisas em meio a um longo processo de aprendizagem que se inicia ao nascer e termina ao morrer no seio de determinada cultura É praticamente um consenso o quão é essencial é a cartografia para o estudo da Geografia No entanto não são poucas as dificuldades para desenvolver esse conteúdo nos anos iniciais E isso envolve o estímulo à expressão gráfica ao desenho Claro que isso é valorizado mas enquanto expressão artística Isso quer dizer que as primeiras noções de localização e proporção presentes nessa produção frequentemente não são trabalhadas geograficamente Durante todo o século XX principalmente nos anos que seguiram a Segunda Guerra Mundial os anos do pósGuerra a partir de 1945 até os anos de 1970 a Geografia esteve muito centrada em uma perspectiva positivista assim como as outras ciências A cartografia considerada era o mapa cujo desenho perseguia a máxima precisão milímetro a milímetro Metodologia do Ensino de Geografia 29 A prioridade era a descrição espacial do espaço geográfico ao invés da construção cartográfica a partir da vivência das pessoas por seus lugares A produção cartográfica deve buscar então meios de ir além de uma visão positivista do espaço geográfico restrita à matemática eurocêntrica e frequentemente voltada unicamente para a exploração capitalista do espaço aprofundando desigualdades Isso pode se realizar se assumirmos uma preocupação permanente em estabelecer condições durante o processo de formação escolar para que os estudantes tenham contato com expressões culturais e artísticas incluindo também o processo de construção dessas expressões Importante ter em mente como professores que aprender a construir um mapa é diferente de pensar com um mapa Essa é uma forma de se desenvolver diferentes leituras do mundo Importante dizer que aulas com arte e diferentes expressões precisa ir além de uma ilustração uma decoração tornar mais atraente sendo mesmo um objetivo a ser perseguido na efetivação das práticas pedagógicas compondo a formação de saberes escolares Isso traz uma mudança na forma de entender a produção de saberes Assumindo essa perspectiva o saber passa a ser entendido não somente como consequência de um procedimento científico A própria qualidade do que é científico deve ser questionado encarando outros sentidos do científico que não o positivista Bem é de extrema importância integrar aspectos subjetivos a percepção de cada ao criar expressões É necessário que mobilizar cada vez mais recursos promovendo cada vez mais encontros com outras áreas e disciplinas que não a Geografia Ampliar o conhecimento geográfico indo para fora das paredes da sala de aula Os saberes aprendidos em sala de aula precisam estar em relação com a prática de vida cotidiana com a experiência Metodologia do Ensino de Geografia 30 vivida Ou seja superar uma visão positivista da cartografia é superála também como postura de vida não só científica ou meramente profissional Uma visão positivista separa as pessoas sujeitos das coisas objetos ou seja as coisas são em si e não em relação às pessoas Não interessa portanto o significado das coisas mas a quantificação das coisas A visão positivista defende métodos regidos pela lógica e matemática única maneira de se chegar ao verdadeiro conhecimento científico isento de valores da política e do contexto Em nosso caso o que as pessoas sentem seus saberes e imaginações como se relacionam com o espaço geográfico para além de resultados numéricos suas emoções e sentidos tudo isso não interessa a uma visão positivista Para esta pessoas e coisas devem são contadas são números estatísticas mensuráveis em ordem de grandeza A cartografia seja para localização ou mapeamento daquilo que se observa não é um fim em si mas o meio para um raciocínio geográfico Ou seja quando a configuração cartográfica se reporta ao processo de produção do espaço Especificamente quanto ao mapa ele é uma ferramenta poderosa na medida que sua compreensão pode trazer uma mudança de qualidade na capacidade do aluno em pensar o espaço Isso porque condensa um conjunto de signos com imenso potencial de síntese que mobilizam recursos externos à memória que mobilizam o conhecimento A formação de noções espaciais pelas crianças é um processo que inclui darse conta do próprio corpo pela pessoa em uma espécie de construção de um mapa corporal A expressão do mapa corporal pode tornar possível a transposição de outros lugares e em consequência a expressão de outros mapas O corpo da criança como referência para a formação de noções espaciais Metodologia do Ensino de Geografia 31 Fazer e interpretar mapas deveria ser considerado tão importante quanto ler e escrever e mesmo a execução de cálculos matemáticos Essa alfabetização cartográfica precisa ser desde cedo perseguindo a construção de uma postura crítica Isso passa por assumir o espaço vivido do aluno como ponto de partida dos estudos geográficos para que pouco a pouco entende que aspectos e processos na escala pessoa local regional e global estão relacionados Dispor de expressões visuais é indispensável ao ensino da Geografia assim como dominar o arcabouço conceitual do campo Assim é possível compreender a Geografia como estudo da Terra como lar das pessoas interpretando o ambiente e atestando relações O processo de aprendizagem do mapeamento do espaço geográfico pelos alunos dos anos iniciais não está descolado do processo mais geral do desenvolvimento mental e é contíguo à construção da noção espacial Nesse contexto é necessário investigar sobre o processo de construção de mapas pelas crianças Deve ser levado em consideração portanto os mecanismos cognitivos e perceptivos que a criança recorre mapeando seus lugares o desenvolvimento intelectual no que tange ao mapeamento e como as crianças se comportam durante essa atividade É preciso ressaltar que a criança precisa ter postura ativa sobre os mapas ao dispor de estruturas cognitivas para tal É impossível separar o mapa da ação da pessoa exercida sobre ele Assim como a relação de uma criança com as coisas a aprendizagem do mapa precisa incluir a experiência Em outras palavras para apreender um objeto por exemplo ela manipular tocar ver ouvir sacudir provar um processo ativo sobre o objeto Para o mapa é necessário o mesmo com o espaço geográfico experiência que envolva os sentidos movimento e locomoção em presença ou através da imaginação Processo ativo sobre o ambiente Metodologia do Ensino de Geografia 32 Estamos falando de um processo que envolve aprendizagem formal e não formal ambientes não escolares e escolares geografias e Geografia Na Geografia disciplina e conteúdo escolar processo formal de aprendizagem em ambientes escolares ou não pode atuar o professor O aluno participa do processo de reconstrução do conhecimento em meio a prática escolar mediada pelo professor A noção espacial envolve as geografias relação précientífica das pessoas com a terra saberes e conhecimentos obtidos através de hábitos tradição cotidiano experiência de vida As expressões de mundo são criações sociais ou individuais Se estamos falando de imagens relacionadas à expressão do espaço geográfico se envolve localização orientação e o que mais reunir sobre o lugar vivido são então expressões singulares os mapas mentais Mapas mentais Estamos nos anos iniciais do Ensino Fundamental Período em que são reforçados ou mesmo ensinados certos hábitos de higiene exercitada a sociabilidade assim como se aprende a ler e a escrever Ou seja um conjunto de sabres práticas e conhecimentos que esperam dar maior autonomia às pessoas O mesmo objetivo é perseguido pela construção e uso do mapa mental Os mapas mentais são uma expressão que veicula o que é significativo para o aluno as marcas de seu percurso particular os símbolos de seus caminhos aquilo que ativa seus sentidos e seus sentimentos Varia de pessoa para pessoa de acordo com sua experiência de vida atestando a personificação do lugar Os mapas mentais expressam sentidos e significados da espacialidade vivida Metodologia do Ensino de Geografia 33 Figura 5Exemplo de Mapa Mental Percurso da casa a escolap Fonte Adaptado editorial Telesapiens Figura 6 Exemplo de Mapas Mentais Paisagem da caratinga Fonte Adaptado editorial Telesapines Fonte Adaptado editorial Telesapines Figura 7 Exemplo de Mapa Mental Município de Presidente Prudente Metodologia do Ensino de Geografia 34 Mais que uma oportunidade exercício didático e atividade pedagógica o mapa mental consiste em uma necessidade trabalhar para além de mapas existentes Assim o aluno expressa suas observações e leituras sobre os lugares e para isso as atividades escolares e cotidianas precisam desenvolver e integrar essa forma de expressar seus mundos vividos Dessa maneira há um avanço na capacidade cognitiva da pessoa na medida em que ela terá condições de escrever seu mapa ampliando sua relação com essa expressão para além da leitura Ao refletir sobre o processo de ensinoaprendizagem interdependente ao desenvolvimento cognitivo humano devemos ter no horizonte que as práticas escolares devem se orientar para além do que a criança já sabe isto é para o que ela pode vir a saber e conhecer Tratase de uma postura pedagógica que reordena as bases da escola com a intenção de que não seja um lugar apenas de reprodução de saberes e conhecimento mas que reserve em suas ações a possibilidade constante de transformação Seguindo o mesmo propósito o mapa mental pode também ampliar e tornar cada vez mais complexo os níveis cognitivos do aluno Ele pode servir como um instrumento indicativo de saberes e conhecimentos geográficos Isso pode tornar possível que se indique caminhos a ser percorridos por cada um com o objetivo de aprofundar seus conhecimentos referentes a um dado contexto Neste capítulo você viu que a noção de espaço infantil acompanha suas próprias etapas de desenvolvimento cognitivo Muito influenciado pelo psicólogo francês Jean Piaget envolve espaço vivido espaço percebido e espaço concebido Você pode aprender também a importância de se explorar as dimensões e relações do espaço com seu próprio corpo demandando exercícios rítmicos e psicomotores que nada mais é do que o próprio brincar da criança Seguindo as teorias da psicologia infantil você aprendeu também que existem relações topológicas projetivas e euclidianas cada uma correspondente a uma etapa Metodologia do Ensino de Geografia 35 da compreensão do espaço pela criança Na primeira tudo está em relação ao corpo da criança na segunda é possível estabelecer distâncias das coisas em relação a elas mesmas e na terceira já são pensadas a disposição das coisas de forma mais abstrata envolvendo números e proporções Com este capítulo você pode aprender também a importânciadacriança expressar o espaço geográfico através da cartografia Vimos como as crianças precisam construir cartografias e mapas expressando seu mundo vivido Nesse sentido que é preciso ultrapassar uma visão positivista da cartografia e da Geografia como um todo sem menosprezar os números mas valorizando e dando centralidade às percepções singulares aos sentidos e aos sentimentos Uma jornada e tanto não é mesmo Interdisciplinaridade no Ensino de Geografia nos Anos Iniciais Ao término deste capítulo você terá informações e meios para atuar no sentido de fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental Para isso é muito importante assumir o potencial e a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para o trabalho com os conteúdos dos anos iniciais Sair das caixinhas em que se compartimentam as disciplinas expressa um imenso desafio mas que só tem a contribuir no caminho da construção de uma educação de qualidade Agora é aprender mais ainda em busca de um ensino sem fronteiras Adiante OBJETIVO Metodologia do Ensino de Geografia 36 A interdisciplinaridade Interdisciplinaridade é uma demanda da Educação como um todo Porém é mais do que uma recomendação ou algo a ser cumprido por qualquer tipo de exigência A interdisciplinaridade requer uma atitude de busca frente ao conhecimento um ato de ousadia Trabalhar nessa perspectiva é ir além da fragmentação agir de maneira integrada com as outras áreas de conhecimento Importante ressaltar que a interdisciplinaridade não é a eliminação dos componentes curriculares Mas sim colocálos em encontro entender cada um deles como produtos geográficos históricos culturais e sociais tendo no horizonte o processo de ensinoaprendizagem Mas o que é a interdisciplinaridade Mais importante que definila porque o próprio ato de definir estabelece barreiras é refletir sobre as atitudes que se constituem como interdisciplinares atitude de humildade diante dos limites do próprio saber sem deixar que ela se torne um limite a atitude de espera diante do já estabelecido para que a dúvida apareça e o novo germine a atitude de deslumbramento ante a possiblidade de superar outros desafios a atitude de respeito ao olhar o velho como novo ao olhar o outro e reconhecêlo reconhecendose a atitude de cooperação que conduz às parecerias às trocas aos encontros aso das pessoas que das disciplinas que propiciam as transformações razão de ser da interdisciplinaridade Mais que um fazer é paixão por aprender compartilhar e ir além TRINDADE 2008 p 73 A interdisciplinaridade pode ser primeiramente observada na França e na Itália nos anos de 1960 época marcada por uma imensa turbulência social e política na Europa e em várias partes Metodologia do Ensino de Geografia 37 do globo Dentre as várias demandas de diversos segmentos da sociedade havia o movimento estudantil reivindicando um ensino mais conectado com à época dedicado a pensar e a agir sobre as questões do tempo envolvendo as profundas desigualdades sociais concentração de renda emancipação feminina liberdade sexual e justiça racial A vida ferve com a explosão das minorias sociais e políticas e tenciona a ciência Nesse contexto entre as várias medidas educacionais criadas como resposta às demandas estudantis no que se refere à Educação é elaborada a abordagem interdisciplinar como um contraponto à compartimentação e especialização das ciências Os complexos problemas que movimentaram a ruas e os gabinetes governamentais na década de 1960 e perduram até hoje não poderiam ser atacados por apenas um campo de saber Aprender e ensinar em uma atmosfera interdisciplinar parte do ponto de que a compreensão se dá em meio a relação entre variados fatores com soluções que só podem ser concebidas coletivamente Também na década de 1960 a interdisciplinaridade se faz notar no Brasil impactando a elaboração da Lei de Diretrizes e Bases de 1971 O tema logo ganhou relevância nos debates envolvendo a Educação no Brasil tornandose uma motivação e atravessando os últimos conjuntos legais sobre a Educação como a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 os Parâmetros Curriculares Nacionais 1997 e mais recentemente permeia a Base Nacional Comum Curricular 2017 Defender componentes curriculares integrados é também conceber como e em que local essa integração é feita É o currículo que organiza o trabalho interdisciplinar e por isso precisa contemplar conteúdos e estratégias no processo de ensinoaprendizagem fornecendo condições ao aluno para a vidaemsociedade Metodologia do Ensino de Geografia 38 Presente na esfera legal e nas propostas curriculares a interdisciplinaridade ganhou força nas escolas e ressoa tanto no discurso como na prática dos professores da disciplina de Geografia nos variados níveis de ensino Para muitos a Geografia é uma disciplina decoreba e aprender o conteúdo é memorizar Estados e suas capitais dados populacionais características climáticas etc Bem os debates sobre a Geografia escolar e as práticas escolares já avançaram bastante para além disso mas boa parte dos alunos não consegue enxergar alguma ligação com o que é ensinado com seu cotidiano e com suas vivências A interdisciplinaridade contribui para alterar esse quadro trabalhando conteúdos de forma integrada envolvendo os alunos A seguir vamos abordar alguns encontros entre Geografia e outras disciplinas que compõem o conteúdo dos anos iniciais do Ensino Fundamental Interdisciplinaridade e linguagens Desde o momento de nosso nascimento aprendemos a interpretar movimentos gestuais expressões palavras e imagens A escola amplifica essa capacidade ensinando a ler e a escrever permitindo o acesso a boa parte da produção cultural da humanidade É algo que envolve várias áreas uma vez que não se trata de uma reprodução do som das palavras mas de uma compreensão Alguns termos como paráfrase latifúndio colonialismo e transgênico pode ter a relação com seus significados a partir do letramento proveniente em aulas de Geografia atravessando várias disciplinas como Língua Portuguesa História e Ciências por exemplo Atitudes nesse sentido fazem parte da alfabetização científico tecnológica As linguagens precisam compor os objetivos de instrução além de prérequisito exclusivo de aulas de Língua Portuguesa e Matemática como é o comum ocorrer Metodologia do Ensino de Geografia 39 Vale lembrar a competência de ler e escrever se desenvolve com a leitura do mundo para Paulo Freire algo que antecede a leitura de textos A criança aprende antes a ler o mundo do que ler em seu idioma natal Então cada professor precisa ter isso em mente ao desenvolver os conteúdos e buscar não trabalhar sozinho mas envolvendo os colegas que compõem o ambiente escolar Pensemos em uma aula de Geografia em que o estudante se debruça sobre um mapa em um pronto ou em sua construção A criança assinala ou retrata os pontos de seu percurso e expressa as experiências vividas nesse mundo particular incluindo a sua verbalização e a depender da idade já em escrita Isso também pode ser uma atividade coletiva seja em um desenho de várias mãos em painel ou uma maquete com pontos de referência em uma cidade como a escola uma praça um posto de saúde igreja entre outros O aluno está aprendendo mais do que a se situar inclusive mobilizando outras competências mas isso é também um exercício pessoal da escrita que encontra seus passos na narração na descrição antes mesmo de grafar as letrinhas A depender do estágio de desenvolvimento essas atividades podem ganhando mais complexidade retratando por exemplo problemas ambientais como um córrego poluído o desmatamento a rua que alaga o despejo e a coleta irregular de lixo E mesmo tratar da geografia da cidade seu surgimento e evolução urbana e sua economia como a título de ilustração Essas atividades mobilizam linguagens aprendidas em aulas com conteúdo de Artes Ciências História Língua Portuguesa e mesmo Matemática É importante ressaltar que para uma mudança efetiva que possa melhorar os alfabetização e seus dados a prática interdisciplinar precisa fazer parte da rotina escolar Ah mas como vou ensinar conteúdo de várias disciplinas se os alunos nem sabem ler direito eis uma perguntaqueixa comum Metodologia do Ensino de Geografia 40 acompanhada da concepção de que não sabendo ler com efetividade os estudantes apresentam dificuldades em outros conteúdos Na verdade não se deve esperar uma relação de um bom preparo da língua para a boa aprendizagem de outras matérias mas sim que a leitura e a escrita percorram todas as áreas e sejam aprimoradas em conjunto As crianças leem e escrevem acerca de suas relações pessoais e sociais em um ambiente considerando a natureza humana e não humana Em uma atmosfera interdisciplinar é de imensa importância que se acione diversos meios a fim de envolver as crianças inclusive fazendo uso de novas tecnologias Tanto melhor se tiver disponibilidade de recursos mas mesmo aplicativos em celulares algo bastante acessível a professores pode exercer esse papel É importante um trabalho com tecnologia não deve ser um subterfúgio para preencher o tempo ou mesmo para descanso docente É algo que demanda bastante atenção sensibilidade ao contexto da turma e de cada aluno para desde cedo não se criar uma dependência afetando aspectos motores e sensibilidade Tratase também de uma alfabetização tecnológica não só no sentido de saber usar mas de saber lidar com promovendo um uso consciente e saudável Isso porque a democratização da Internet e do celular ocorreu em processo muito mais acelerado do que a democratização de uma educação de qualidade Nesse sentido celulares e Internet já fazem mais parte da vida dos alunos do que livros e cadernos Para as crianças em alfabetização é realmente impactante como rapidamente desenvolvem caminhos para achar seu vídeo preferido na tela de um celular e como um pouquinho mais crescidas já conseguem se comunicar pelas redes sociais gravando áudios e mesmo fazendo chamadas por vídeo A escola não tem conseguido acompanhar esse ritmo e muito deve ser debatido e melhorado para que se consiga mobilizar o interesse dos alunos para que ingressem no universo das letras em diferentes níveis Lembrando que escrever à mão por exemplo aciona muito mais o raciocínio e desenvolve muito Metodologia do Ensino de Geografia 41 mais a cognição que digitar em um celular ou em um computador Frente a um ambiente escolar em geral precário em estrutura física é realmente um desafio colocado em nosso tempo Como usar as Novas Tecnologias na Educação sala de aula deve ser ambiente de criação esse é o título do vídeo que traz mais um pouco sobre esse tema incontornável para quem quer pensar a relação ensinoaprendizagem atualmente Clica e confira em httpbitly2TxcNxv SAIBA MAIS Mas como podemos falar em uso de tecnologia em um cenário de baixos salários de professores em que muitas salas de aulas Brasil agora nem sequer possuem uma tomada elétrica Como cobrar profissionais qualificados para ligar com esse quadro Como não fazer a tecnologia na escola não ser algo para inglês ver Certamente somente em uma sociedade que apresente níveis elevados de letramento em diferentes disciplinas cada um guardando sua particularidade Dessa maneira a tecnologia é um desdobramento social criando em meio ao tecido social expressão de relações e não algo de cima para baixo ou de fora para dentro A tecnologia precisa fazer parte de um povo como um todo para estar nas escolas e isso só pode acontecer com a verdadeira democratização de um ensino de qualidade Caso o contrário vamos continuar entendendo acesso ao consumo como sinônimo de exercício cidadão o que não confere Metodologia do Ensino de Geografia 42 Bem a interdisciplinaridade abrange um imenso conjunto de meios para que se aprenda a linguagem por todas as disciplinas É de fato empolgante e efetivo quando há estrutura para que um trabalho com esse caráter seja desenvolvido tanto no aspecto físico quanto em uma equipe pedagógica comprometida a orientar a comunidade escolar nesse sentido Sim em condições ideais todos estão preparados para ações conjuntas mas cada um sabe as dificuldades das mais variadas ordens e esferas da Educação Sendo assim já pode ser feita uma enorme diferença o trabalho levado a frente pelo docente em sala de aula preparandose para articular e desenvolver diferentes linguagens com os alunos Geografia e História Não podemos que a preocupação e apresentar os alunos às letras e aos números ocupa a centralidade de quem pensa e atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental Por isso que Língua Portuguesa e Matemática ocupa boa tarde do tempo investido pelos professores dessa fase escolar Por outro lado acreditamos que se você chegou até aqui em nosso curso não vai ignorar ou minimizar a importância das disciplinas Geografia e História Quase com certeza se falamos em abordagem interdisciplinar em Geografia o que vem à cabeça o encontro com a História Ambas compõem inclusive o percurso das Ciências Humanas na Base Nacional Comum Curricular As duas disciplinas permitem às crianças acessas mais possibilidades de interpretação do mundo e de se inserir nele como alguém consciente e atuante E se ainda resta alguma compreensão equivocada dessas duas disciplinas devemos reforçar que elas vão muito além de decorar datas capitais rios e heróis Muito se diz que para interferir no mundo é preciso aprender a observálo e interpretálo Através do encontro entre Geografia e História os estudantes dos anos iniciais do Ensino Metodologia do Ensino de Geografia 43 Fundamental têm uma imensa possibilidade de aprendizagem nesse sentido De maneira geral os estudos em Geografia envolvem as transformações do espaço e suas expressões suas múltiplas presenças Do desenvolvimento do raciocínio geográfico que permite à criança compreender que não é o centro do mundo incialmente posto de maneira egocêntrica Descentraliza então a relação com o ambiente Resumidamente seguindo as trilhas abertas ao estudar Geografia aos poucos vaise notando que por exemplo a relação com o país de cada um é a relação do trecho onde se vive e viceversa Especificamente no caso da História a centralidade é em torno do tempo abordando acontecimentos agentes e consequências Para os anos iniciais é importante o entendimento de permanências de elementos que podem ser considerados históricos como por exemplo edificações hábitos tecendo a relação de passado com seus impactos no presente É um percurso e identificação e mais que isso de tornar aparente as causas de conduzir os alunos para que se percebam como agentes históricos Dito isto mais do que uma necessidade é mesmo inevitável cruzar essas disciplinas As transformações se dão em determinado ambiente em certo tempo Vejam o imenso potencial desse encontro interdisciplinar para o qual enquanto professores devemos estar preparados essas aulas montam as condições para os alunos compararem o passado com o presente permitindo compreender melhor o munda que se vive atualmente fornecendo todo um instrumental que se bem utilizado pode planejar futuros E isso com relação à escala de vida de cada um ou seja as fronteiras do bairro e a trajetória pessoa Em tempos de um mundo hiper conectado com muito mais facilidade se pode interligar a experiência vivida dos alunos com aquilo que acontece em todo o globo Metodologia do Ensino de Geografia 44 Nesse vídeo do canal Nova Escola os professores João Ferraz e Jorge Silva da Universidade Federal do Estado de São Paulo falam um pouco sobre como trabalhar Geografia e História nos anos iniciais httpbitly3aeG7hR ACESSE Geografia são circunstâncias que integram de tal maneira a vida das pessoas e o destino dos grupos que ninguém pode alegar desconhecêla História guarda o potencial de colocar o conhecimento comum em uso com os conceitos do campo como temporalidade e análise de fontes Diante do que foi dito uma boa aula envolvendo o trabalho entre as duas disciplinas precisa partir da escuta atenta do que os estudantes têm a dizer diante de um tema previamente delimitado para ser trabalhado seja em sala de aula ou em trabalho de campo A partir daí pode ser construído um diagnóstico do que se sabe Com isso o que foi dito é ampliado com imagens literatura artefatos e mesmo com documentos e entrevistas A postura do professor é de manter um clima de questionamento alimentar o interesse a partir da dúvida e da vontade de descoberta Perguntas como por exemplo por que esse lugar é desse jeito o que isso pode nos dizer e agora como é entre outras que mantenham esse tom Está sendo pavimentado o caminho para o que os alunos entrem em contato com memória motivados por uma proposta que tensiona o significado pessoa e social algo desafiante para eles Algo importantíssimo de ter em mente é a Metodologia do Ensino de Geografia 45 desconstrução de que estamos em progressos sempre avançando de que há culturas inferiores o passado e superiores o presente Ou seja a relação precisa se liberar do juízo de que aqueles do passado eram atrasados e que hoje a humanidade é evoluída Cada acontecimento precisa ser entendido em seu contexto os fatos são decorrentes de momentos diferentes expressando outros modos de vida estruturados sobre outras bases Essas noções são desenvolvidas com a turma movimentando ferramentas diversas durante as atividades propostas Da mesma maneira é essencial que as crianças notem as mudanças em certos lugares e em determinadas paisagens e como elas afetam as pessoas pensando maneiras de atuação Na confluência entre Geografia e História a escola encaminha os alunos a observar o que ocorre na sociedade e no ambiente trabalhando as perguntas ensinando como pesquisar e a técnica de comparação E aí O que achou do que vimos até aqui Sentiu que aprendeu bastante Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido o quão é importante a interdisciplinaridade não só para aprender Geografia mas para como deve ser uma postura a nortear o exercício docente nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso vimos o quão importante é refletir sobre atitudes interdisciplinares ciente que cada campo do saber apresenta um limite que só pode ser ultrapassado no encontro entre as mais diversas disciplinas Falamos da relação entre a interdisciplinaridade e linguagens algo que que o professor desse estágio do ensino já lida em sala de aula às vezes só não se dava conta Você notou que o processo de alfabetização vai além do ensino da Língua Portuguesa e que a instrução é mais que isso e o ensino de Matemática Você viu como a Geografia tem um imenso potencial em acionar diversos outros conteúdos e como as questões geográficas estão presentes em temas de Metodologia do Ensino de Geografia 46 outras disciplinas Não poderíamos deixar de abordar a relação entre Geografia e História que de tão próximas mas como focos diferentes o espaço e o tempo deveriam com bastante frequência serem trabalhadas em conjunto Agora é arregaçar as mangas e se preparar para um ensino interdisciplinar Geografia e Educação Ambiental Ao término deste capítulo você será capaz de construir referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões socioambientais Isto será fundamental para o exercício docente frente a gravíssima crise em que nos encontramos atualmente Geografia e Meio ambiente significa estudar educação ambiental pensando os problemas e dando condições para o plano de ação E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Quando falamos em Geografia e Meio Ambiente estamos falando de educação ambiental Ela tem como objetivo a formação de pessoas preocupadas com os problemas ambientais como poluição de cursos dáguas do ar mas também sonora e visual desmatamento aquecimento global desequilíbrio ecológico entre outros A crescente necessidade de se abordar esse assunto ocorre frente a uma compreensão humana bastante equivocada que levou as pessoas a deixarem de se entender como parte da Natureza Vale ressaltar os preceitos de conservação e preservação dos recursos naturais para não falar de sustentabilidade só fazem sentido em uma Metodologia do Ensino de Geografia 47 sociedade ocidental que ignora e mesmo combate os saberes de povos tradicionais como a de indígenas e aqueles nativos do continente africano Dizemos isso porque para esses grupos a educação ambiental não faria sentido Explicamos Guardando suas diferenças se entendem como mais um modo da Natureza não havendo portanto separação Figura 8 Uma retratação de Pachamama divindade máxima dos povos indígenas dos Andes Centrais Em quéchua mama é mãe ou mais especificamente mãe terra Pacha é universo mundo tempo e lugar Fonte Pixabay Há mais de uma forma de viver sentir e pensar A origem da separação Homem x Natureza não é nem tão antiga e nem tão universal assim A natureza é importante para a educação seja na escola ou na universidade e interliga diversas soluções para os problemas atuais Assista à Metodologia do Ensino de Geografia 48 palestra da educadora Léa Triba no I Seminário Criança e Natureza Leia o texto Separação entre natureza e cultura a base do pensamento moderno de Juliana Diniz na plataforma Medium httpbitly376T1gh Dito isto a educação ambiental busca a conservação e a preservação dos recursos naturais buscando cumprir esse objetivo em uma perspectiva holística Isso significa abordar aspectos políticos econômicos sociais ecológicos e éticos em uma ótica contextualizada e de caráter interdisciplinar É justamente por isso que a educação ambiental encontra na Geografia a disciplina ideal para que aconteça Isso porque é necessário articular diferentes escalas entre o local e global junto à necessidade de problematizar como o meio ambiente se expressa com suas diferenças e seus significados Isso permite que aos alunos ter contato com outros modos de viver a natureza de forma que se tornem pessoas capazes de interferir em sociedade Figura9 Atividade de educação ambiental em reserva da mata atlântica em Santa Catarina Fonte Wikimedia Metodologia do Ensino de Geografia 49 Com isso tudo que falamos fica difícil admitir um modelo centrado na mudança de comportamento individual sem tecer críticas em modelos de sociedade que provocam esses comportamentos Precisamos superar essa ideia de que a degradação ambiental ocorre por causa do modo de ser da humanidade entendendoa fora do contexto espacial e temporal Não se trata de algo do tipo se cada um fizer a sua parte tudo vai melhorar dado modos de produção predatórios indústrias poluentes atividades mineradoras desigualdade social incentivo ao consumo desenfreado etc É por isso que a precisamos falar de uma temática socioambiental em Geografia A perspectiva holística busca o entendimento integral dos fenômenos ou seja buscando entendêlos em sua totalidade A palavra holística foi criada a partir do grego holos que significa todo ou inteiro A Geografia apresenta diversos conteúdos e temas de ordem socioambiental de maneira a fornecer mais condições para a formação crítica dos alunos preparando o caminho para serem atuantes Pessoas que serão capazes de interpretar e agir em seus mundos vividos Atividade de educação ambiental Em uma realidade cada vez mais urbanizada trabalhar o contato com a terra é uma das formas de se reconectar com a natureza Não precisa pensar muito para que se chegue à conclusão de que já passou da hora da humanidade mudar para outra forma de viver para além de elos comerciais e econômicos Uma educação ambiental comprometida preocupase de forma conjunta com laços de solidariedade e com a equidade De que maneira podemos trabalhar a criticidade em relação ao mundo explorando a educação ambiental em Geografia A pergunta deve ser respondida com o empenho em tornar os alunos atuantes na transformação de suas vidas e de seus lugares De partida o desafio que se coloca é que a relação com a natureza varia de acordo com a cultura a sociedade a classe social levandose em consideração a diferença de lugar e Metodologia do Ensino de Geografia 50 de tempo Isso leva a um cenário de tensão e disputa a depender do lugar Geralmente as posições antagônicas e irreconciliáveis são as que entendem a natureza como uma mercadoria e outra como base para a reprodução da vida Nesse caso podemos citar alguns exemplos como atividades mineradoras e a monocultura e de outro lado a população que vive do extrativismo e do artesanato Vale destacar essas atividades que enriquecem a poucos e prejudicam a muitos ocorrem sobre ecossistemas singulares frequentemente precarizando a disponibilidade de recursos principalmente a água e trazendo imenso desequilíbrio climático De forma dominante as sociedades modernas têm nas configurações naturais um obstáculo ao progresso ao mesmo tempo que é vista em sua materialidade econômica disposta para ser explorada Por outro lado a natureza é a presença de crenças e espíritos é fonte para a subsistência de famílias lugar de tradições Como podemos ver a depender da classe social e do modo de vida podemos contrastar condições de exploração e meios de interação com a natureza o que pode significar a permanência ou a aniquilação de certos ecossistemas Estamos falando de um campo de disputa Estudar Geografia e questões socioambientais é algo abrangente e demanda atitude questionadora em referência aos modelos de ocupação apropriação e uso da natureza pela sociedade da relação entre as pessoas e os modelos políticos e econômicos adotados Como pode ser imaginado é algo de proporções totalizantes o que dificilmente alcança um consenso Entram em conflito pessoas e grupos com suas convicções entendimentos interpretações e intenções Como dar conta disso tudo em sala de aula Para pensar e planejar o ensino de Geografia e meio ambiente é importante que se leve em consideração que não Metodologia do Ensino de Geografia 51 é um trabalho que guarde uma linearidade ao gosto dos livros didáticos Precisamos partir da premissa que não é possível essa exploração brutal da natureza dando visibilidade aos grupos que vivem outra concepção divergente dessa povos e sociedades que não consideram a natureza apenas como fonte de matéria prima Ao lado disso deve estar como fundo o fato de os fenômenos da natureza serem conectados e reforçando que o mundo natural inclui os seres humanos cujo destino encontrase indissociável e conectado Ou seja buscar superar a visão antropocêntrica da humanidade no centro de tudo mais importante que a natureza como se não fosse dela integrante No cotidiano de sala de aula é preciso sim incentivar medidas que visem a conservação ambiental Para tal devem ser promovidas atitudes ao alcance dos alunos entrelaçando conhecimento e habilidades de forma transversal e construtivista direcionando o desejo de transformação diante da crise socioambiental Quer ideias para atividades voltadas aos alunos dos anos iniciais em Educação Ambiental Selecionamos para você um material elaborado pela equipe de educação ambiental do município de Foz de Iguaçu com vários jogos e brincadeiras sobre o tema Acesse httpbitly3abGNVf SAIBA MAIS Metodologia do Ensino de Geografia 52 Por aqui encerramos mais um capítulo de nossa unidade Gostou do que viu até aqui Motivado a trabalhar com educação ambiental nos anos iniciais Vamos repassar alguns pontos Ao final deste capítulo você deve ter aprendido que a educação ambiental encontra na geografia um campo privilegiado dado o seu caráter interdisciplinar a necessidade de articular diferentes escalas entre o global e local além de aspectos políticos econômicos e sociais Você deve ter aprendido que uma educação ambiental verdadeiramente comprometida vê as pessoas como parte integrante da natureza não humana e se opõe à sua exploração brutal Esperamos também que você tenha entendido que há uma forma predominante de se relacionar com a natureza na sociedade moderna ocidental que a enxerga como obstáculo ao progresso ao mesmo tempo que a tem como produto disposto à sua exploração Você deve se lembrar que é uma relação que depende de classe social e cultura envolvendo diversas formas de concepção e interação E esperamos que você planeje suas aulas de forma a dar centralidade aos povos tradicionais e outras sociedades para os quais a educação ambiental nem faria sentido por se entenderem como parte da natureza Em outras palavras cuidar da Natureza é cuidar de todos e de um destino coletivo blank page Metodologia do Ensino de Geografia 54 REFERÊNCIAS ANJOS E K O DIAS J R A Psicopedagogia sua história origem e campo de atuação Revela ano 8 nº 18 Jul 2015 Disponível em httpfalscombrrevelaed18elza anjospdf Acesso em 25042019 BORTOLANZA M L KRAHL S BIASUS F Um olhar Psicopedagógico sobre a velhice Revista Psicopedagogia v 22 n 68 p 162 170 2005 BOSSA N A A Psicopedagogia no Brasil construção a partir da prática Porto Alegre Artes Médicas 1994 BOSSA N A A Psicopedagogia no Brasil contribuições a partir da prática RS Artmed 2007 DICIO Dicionário online Disponível em httpswww diciocombrintervencao Acesso em 25042019 GRAÇA J S D SILVA A B NASCIMENTO M R S A Institucionalização da Psicopedagogia no Brasil 9º Encontro Internacional de Formação de Professores v 8 n 1 p 114 2015 Disponível em httpseventossetedubrindex phpenfopearticleview1778 Acesso em 25042019 MORAES D N M Diagnóstico e avaliação psicopedagógica Revista de Educação do IDEAU V 5 n 10 p 2 15 janjun 2010 Disponível em httpswwwideaucom brgetuliorestritouploadrevistasartigos2031pdf Acesso em 03032019 Metodologia do Ensino de Geografia 55 PONTES I A M Atuação psicopedagógica no contexto escolar manipulação não contribuição sim Revista Psicopedagogia n 27 v84 p 417 427 2010 Disponível em httpwwwrevistapsicopedagogiacombrdetalhes196 atuacaopsicopedagogicanocontextoescolarmanipulacao naocontribuicaosimAcesso em 03032019 SANTOS D M Como a psicopedagogia pode contribuir no tratamento das crianças autistas Monografia 43 p Rio de Janeiro 2009 Disponível em httpwwwavmedubrdocpdf monografiaspublicadasT205038pdf Acesso em 25042019 SUMÁRIO UNIDADE 3 O saber histórico e o saber histórico escolar limites e possibilidades na prática pedagógica 10 Dos limites e diferenças entre escola e universidade 10 Das diversidades internas do sistema escolar 11 Das particularidades do educando do ensino básico 12 Do desafio da autonomia 13 Do desafio da diversidade 14 O ensino de história em discussão os parâmetros curriculares nacionais e o ensino de história 17 As categorias históricas no processo de ensino aprendizagem uma abordagem interdisciplinar 26 O que é interdisciplinaridade 26 As categorias históricas 28 Trabalhando a interdisciplinaridade 29 Amarrando as pontas refletindo sobre a prática docente e as exigências 31 Dos objetivos da prática docente 31 Dos limites e desafios da prática docente 32 Das possibilidades na prática docente 33 Metodologia do Ensino de História 7 UNIDADE 03 Metodologia do Ensino de História 8 Você sabia que o ensino de História além de obrigatório é uma ferramenta fundamental não só para o desenvolvimento do senso de identidade de uma nação mas para o desenvolvimento do senso crítico Isso mesmo A área de História faz parte Base Nacional Curricular Comum e é uma disciplina obrigatória dentre das áreas de Ciências Humanas Ensino Fundamental e de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Ensino Médio Sua principal responsabilidade é auxiliar o ser humano a desenvolver a noção de processo e compreender a multiplicidade do tempo dos povos Além disso a História ajuda a desenvolver a noção de que todo o ser humano é protagonista da sua vida e da vida do seu país Sendo assim ela pode ser uma ferramenta poderosa para tanto o desenvolvimento do senso crítico como para a aceitação da diversidade Daí a importância de se ensinála que garanta o pleno desenvolvimento destas habilidades Entendeu Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO Metodologia do Ensino de História 9 OBJETIVOS Olá Seja muito bemvindo à Unidade 3 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências pro issionais até o término desta etapa de estudos1 Compreender a construção do saber histórico como fundamental para a formação da consciência crítica dos educandos na sociedade multicultural 2 Aplicar os parâmetros curriculares nacionais no ensino de história 3 Identificar e discutir os usos destes parâmetros dentro do ensino de História 4 Executar abordagens interdisciplinares para as categorias históricas no processo de ensino aprendizagem Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho Vamos começar nossa desafiadora e estimulante jornada sobre o ensino de História Metodologia do Ensino de História 10 O saber histórico e o saber histórico escolar limites e possibilidades na prática pedagógica Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona os limites entre o saber histórico e o saber histórico escola e quais os limites e as possibilidades que te abrem dentro da sua prática pedagógica Isto será fundamental para o exercício de sua profissão pois te auxiliará a buscar um meio termo entre rigor acadêmico e a clareza necessária ao se explicar para um público leigo sem cair no risco de fazer uma exposição desnecessariamente complexa ou raza E então Motivado para encontrar o difícil caminho do meio Então vamos lá Avante OBJETIVO Dos limites e diferenças entre escola e universidade Vamos começar por algo bem óbvio que é estabelecer os limites entre estes dois espaços de conhecimento a escola e a universidade Por mais que ambos sejam espaços dedicados a transmissão de conhecimento e de importância para a sociedade são espaços absurdamente diferentes entre si e com visíveis diferenças tanto de público quanto de finalidades Se no primeiro estamos falando basicamente de um espaço onde crianças e adolescentes frequentam de forma compulsória para adquirir conhecimentos básicos e habilidades de socialização no segundo temos um espaço com um público adulto frequentando de forma voluntária com a finalidade de se profissionalizar em um ramo do conhecimento e ofício de alta complexidade e muitas vezes voltado para a pesquisa ou desenvolvimento de novas práticas e tecnologias Metodologia do Ensino de História 11 Fora o fato das próprias finalidades das duas instituições temos de um lado alunos com menor conhecimento e ainda em estágio de formação tanto academicamente como na persona lidade Enquanto no outro pressupõese que estejam lidando com indivíduos formados e com o mínimo de autonomia no estudo Quando me refiro à autonomia estou me referindo a capacidade em que o indivíduo teria de criar estratégias e rotinas de estudo com o mínimo de auxílio possível bem como criar as mesmas lidando com os prazos da vida acadêmica versus suas responsabilidades cotidianas extracurriculares ou seja é aquele que controla o próprio aprendizado Por ora ainda não discutirei aqui a questão de autonomia de pensamento Sendo assim há diversos fatores para se levar em conta na hora de levarmos o conhecimento histórico que aprendemos no bancos da faculdade para o aluno da escola seja ele do ensino fundamental médio ou da EJA Das diversidades internas do sistema escolar De acordo com a legislação vigente a lei 939496 o nosso sistema escolar se divide em Educação infantil três anos Ensino Fundamental oito anos divididos em dois segmentos o primeiro com cinco anos e o segundo com quatro anos e Ensino Médio três anos conforme consta nos títulos III e IV da referida lei além da educação de jovens e adultos que tem uma realidade bem particular mas também é garantida no Título V capítulo IV seção V da mesma lei DEFINIÇÃO Metodologia do Ensino de História 12 Em outras palavras o próprio sistema da educação básica já tem uma realidade múltipla em sua própria organização que tem que ser levada em pelo profissional na hora de se planejar sua aula Das particularidades do educando do ensino básico O perfil do aluno do ensino básico como já mencionado é bem diferente De acordo com a mesma LDB o aluno da educação básica tem de quatro a dezessete anos no caso específico de nós professores de História que lidamos com alunos de sexto ano do ensino fundamental até terceiro ano do ensino médio são jovens de onze a dezessete anos em média Figura 1 Organograma resumindo a educação básica de acordo com a Lei 939496 O conhecimento histórico elaborado nas universidades não foi pensado para este aluno Salvo aqueles pesquisadores que se debruçam sobre compreender os processos de ensino aprendizagem da disciplina ou aqueles que buscam entender ou desenvolver métodos para ensinar História esse conhecimento produzido tem por alvo outro público bem diverso desse que será e é a minha realidade profissional diária Sendo assim o nosso papel como educadores é fazer uma ponte entre um conhecimento científico altamente complexo mas absurdamente necessário Metodologia do Ensino de História 13 para a compreensão do sua realidade e a construção da cidadania e respeito da diversidade para um público ainda em formação porém em diferentes níveis Isso vai nos levar a outros desafios como criar a autonomia neste aluno e como simplificar sem tornar raso e isso lidando com toda a diversidade desse contex Do desafio da autonomia Como aponta Vitor Henrique Paro PARO 2011 198 autonomia é uma questão no mínimo espinhosa Se por um lado é algo desejável por tornar o educando independente e senhor do seu processo de ensinoaprendizagem por outro pode se chocar com uma proposta mais tradicional de ensino pois nesta visão que o aluno é um mero receptáculo de conhecimento Figura 2 A autonomia é de extrema importância para o educando conseguir avançar no processo de ensinoaprendizagem Fonte wikimedia commons Vale lembrar que fatores extra escola tem muito influência podendo dificultar ou facilitar esta busca Violência indisciplina e problemas familiares podem ser outros complicadores que podem dificultar e muito o trabalho do educador Como bem lembra o já citado o Vitor Henrique Paro PARO 2011 204 206 no ensino público estes problemas tendem a se agravar mais ainda vale muito a pena você ler completo este artigo em que o Professor Paro estudou a questão da autonomia nas escolas públicas caro futuro colega Metodologia do Ensino de História 14 Do desafio da diversidade Mais do que algo desejável ou possível a diversidade é tanto um desejo quanto um desafio e uma obrigação legal Tantos os PCNs quanto À BNCC e a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação a nossa famosa 939496 citam em alguma momento o respeito à diversidade com um dos objetivos do ensino de História Além disso o próprio ambiente da sala aula em si já é diverso Nele temos alunos com diferentes vivências e crenças muitas vezes conflitantes por exemplo não é segredo para ninguém que muitas vezes as rivalidades entre facções criminosas de comunidades são levadas para os ambiente escolar pelos próprios alunos além do que preconceitos religiosos dentre outros afloram no ambiente escolar Tabela 1 Objetivos do ensino de História de acordo com a BNCC Ensino Fundamental II Ensino Médio Estimular a autonomia de pensamento Permitir aos estudantes elaborar hipóteses construir argumentos e atuar no mundo recorrendo aos conceitos e fundamentos dos componentes da área Estimular a capacidade de reconhecer que os indivíduos agem de acordo com a época e o lugar nos quais vivem Aprofundar e a ampliar da base conceitual e dos modos de construção da argumentação e sistematização do raciocínio Perceber que existe uma grande diversidade de sujeitos e histórias e que esta percepção poder ser usada para estimular o pensamento crítico e a formação da cidadania estimular uma leitura de mundo sustentada em uma visão crítica e contextualizada da realidade no domínio conceitual e na elaboração e aplicação de interpretações sobre as relações os processos e as múltiplas dimensões da existência humana Fonte Adaptado de httpbitly34IxlER Na BNCC no ensino médio História faz parte do componente Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas Metodologia do Ensino de História 15 Sendo assim o trabalho do professor é muito mais do que um mero transmissor de conhecimento ok sei que você já leu isso antes cara futuro colega mas nunca é demais relembrar e tem que ajudar a desenvolver a autonomia e o respeito à diversidade estimulando o pensamento crítico E no quê isto vai afetar os limites do saber histórico com o saber histórico escolar Muita coisa já que o seu ensino vai ter que ser toda hora mediado por estes objetivos e lembrando mais uma vez o saber histórico construído fora dos bancos escolares não teve esse tipo de preocupação Se fôssemos deixar esta discussão um pouco mais técnica poderíamos dizer que o primeiro seria uma ciência pura aquela voltada e outro uma ciência aplicada aquela voltada para o progresso tecnológico e econômico ou como prefiro focada em soluções para os problemas da sociedade Não que o conhecimento gerado pelos pesquisadores universitários gere benefícios para a sociedade muito pelo contrário Mas em se tratando do conhecimento histórico produzido pela a academia há um abismo muito grande entre ele e a sala de aula Como professores nós temos a tarefa de pegar esse conhecimento altamente complexo e voltado para um público mais adulto e em tese já formado para essa plateia diversa e ainda em formação de uma forma que os estimulem a desenvolver sua autonomia senso crítico e respeito às diversidades Para isso é necessário um misto de criatividade bom senso e um conhecimento profundo não só da sua disciplina e da parte legal que envolve ela mas principalmente da turma que você está lidando e isso só a prática pedagógica que vai lhe dar Ao longo da sua experiência no magistério você verá que o conhecimento dos seus educandos será o grande diferencial para você ser bem sucedido na profissão A partir desse conhecimento é que você poderá quais os limites que você poderá cruzar entre este dois conhecimentos históricos tendo sempre como meta o que os parâmetros curriculares trazem que será o nosso próximo item Metodologia do Ensino de História 16 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que o saber histórico e o saber histórico escolar são dois conhecimentos diferentes apesar das suas semelhança O primeiro é um conhecimento de ciência pura voltado para a explicação da sociedade e voltado para uma audiência já formada O segundo é um conhecimento mais próximo de uma ciência aplicada que visa de acordo com os estabelecido na legislação vigente ajudar na formação do pensamento crítico e do respeito à diversidade em uma audiência ainda em formação Nesse contexto o papel do professor é ser um mediador em entre o primeiro e sua audiência para construir o segundo e alcançar as finalidades estabelecidas RESUMINDO Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Ciência Pura e Ciência AplicadaA dicotomia entre pesquisa básica e pesquisa aplicada no cenário do desenvolvimento científico tecnológico e econômico SAMPRONHA et ali acessível pelo link httpwwwrcunespbrbiosferasEsp1211html Acesso em 25102019 Metodologia do Ensino de História 17 O ensino de história em discussão os parâmetros curriculares nacionais e o ensino de história Como dito anteriormente é necessário o conhecimento da legislação vigente para se realizar um bom trabalho ainda que seja assumindo uma postura crítica e toda a documentação envolvendo o ofício do magistério Uns desses documentos são os Padrões Curriculares Nacionais PCN Surgidos como material de apoio à Lei 939496 em seu texto de introdução que eles são orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional socializando discussões pesquisas e recomendações subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros principalmente daqueles que se encontram mais isolados com menor contato com a produção pedagógica atual PCN 1997 13 Então os PCNs servem com uma espécie de guia para o professor de quais objetivos ele deve trabalhar na sua disciplina dentro da realidade do ensino fundamental Ele vem a reboque de uma série de mudanças que ocorreram no país e no mundo A legislação anterior era de 1971 Lei Federal n 5692 de 11 de agosto de 1971 não por acaso governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici cujo governo ficou conhecido como Anos de Chumbo da Ditadura Militar e nove anos antes da promulgação desta lei teve a promulgação da Constituição de 1988 a Constituição Cidadã primeira depois da redemocratização e uma série de conferências internacionais sobre educação Ou seja ela está alinhada com todo um momento histórico de abertura política e de repensar a cidadania e o papel do cidadão e o como a educação se encaixa nisso tudo Sempre é bom refletir que mais do que um direito do cidadão a educação é uma política de Estado e representa os interesses dos governantes além de refletir o momento histórico Governos mais democráticos ou mais autoritários terão diferentes interesses para a educação Reflita Metodologia do Ensino de História 18 O ensino de História dentro destes PCNs vai se encaixar da seguinte forma compreender a cidadania como participação social e política assim como exercício de direitos e deveres políticos civis e sociais adotando no diaadia atitudes de solidariedade cooperação e repúdio às injustiças respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeitoposicionar se de maneira crítica responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas PCN História e Geografia 1997 5 Ou seja os PCNs eles se alinham com os objetivos de autonomia pensamento crítico e respeito à diversidade que estão incluídos na Lei 939496 Sendo assim eles serviriam como um guia para os profissionais de educação alcançarem estes objetivos Mais do que uma determinação do governo e uma lei que o professor tem que cumprir os PCN são um documento histórico do momento da redemocratização do país Representam uma época que depois de o término de um ciclo de autoritarismo e reestruturação da república E como já dito anteriormente a educação serve também como reflexo dos interesses do Estado A educação assim como outros setores é uma política de Estado e reflete os interesses dos grupos dominantes Não é por acaso que objetivos como respeito à diversidade e formação do pensamento crítico foram incluídos justamente no momento em que o país estava se redemocratizando Metodologia do Ensino de História 19 Tabela 2 Estudo comparativo das LDBs Lei 569271 Lei 939496 Primeiro grau com oito anos de duração Ensino fundamental com oito anos de duração Segundo grau com três anos de duração Ensino médio com três anos de duração Prevalecia o ensino tecnicista em que no atualmente chamado de médio formava profissionais a nível médio técnico Propõe uma reforma na formação profissional em que o nível de formação deve passar à superior fazendo com que até então chamado de médio não servisse mais como requisito básico no mercado de emprego Uso de disciplinas como moral e cívica no primeiro grau e OSPB Organização Social e Política Brasileira no segundo grau com a intenção de estimular o patriotismo e o civismo Exclusão de OSPB e moral e cívica e inclusão de disciplinas como sociologia e filosofia no ensino médio visando junto com História e geografia auxiliar na formação do pensamento crítico e compreensão da realidade social Fonte Adaptado de FERREIRA Natália de Carvalho Estudo comparativo das LDBs Disponível em httppedagogiaaopedaletracomestudocomparativodasldbs Acesso em 25102019 Apesar de o tempo de escolaridade ter se mantido e numa primeira olhada parecer que a mudança maior foi na nomenclatura uma observação mais apurada já demonstra algumas mudanças A primeira mudança que podemos notar é a questão da mudança do foco de uma educação tecnicista para uma educação com um foco mais crítico o que se refletiu também numa sutil mudança no currículo na exclusão das disciplinas educação moral e cívica e OSPB respectivamente no primeiro grau e no segundo grau e a inclusão das disciplinas sociologia e filosofia ambas no ensino médio Por educação tecnicista quero dizer uma educação puramente voltada para a transmissão de conhecimento e a formação de profissionais para o mercado de trabalho sem uma reflexão mais profunda da realidade social e política Metodologia do Ensino de História 20 Até aqui ok mas você deve estar se perguntando E o quê isto tem a ver com o ensino de história Muito meu caro futuro colega Do momento que a própria lei estabelece como objetivo a formação crítica dos cidadãos e o respeito à diversidade você já tem uma poderosa ferramenta em mãos para fugir do lugar comum de nomes datas e heróis nacionais e buscar fazer uma proposta mais questionadora sem correr o risco de ter problemas com os pais acredite isto pode acontecer Por mais que possa soar absurdo mas existem temas na disciplina de História que podem se tornar espinhosos dependendo da clientela ou responsáveis Por exemplo temáticas voltada para a cultura afrobrasileira principalmente a questão da religiosidade podem ter resistência de alunos que venham de famílias neopentecostais assim como temas como O Golpe de 1964 podem causar atritos com escolas militares ou alunos com familiares militares Para se livrar dessas situações sempre mostre que a lei está do seu lado IMPORTANTE Daí a importância dos PCNs e da nova LDB Mais do que uma guia para o professor orientar o seu trabalho essa documentação pode servir como uma espécie de apólice de seguros que podem lhe salvar de situações desagradáveis com alunos ou seus responsáveis Mas como foram feitos os PCNS e principalmente qual a visão de História que se encaixa nele De acordo com Silva et alli 2016 47 os PCNs foram desenvolvidos a partir de um estudo preliminar de propostas curriculares de estados e municípios feito pela fundação Carlos Metodologia do Ensino de História 21 Chagas a pedido do MEC A partir destes estudos foi feita uma versão preliminar que foi colocada para debate nacional Para isso foram feitas discussões entre professores universitários representantes de secretarias municipais e estaduais de educação entre outros profissionais do ramo e a partir daí gerados dois documentos os PCNs do ensino fundamental e os PCNs do ensino médio Como um todo os parâmetros buscaram uma abordagem interdisciplinar valorizando temas transversais Dentro da disciplina de História a linha que ficou predominante foi da História Nova mas precisamente a parte ligada à História do cotidiano micro e macrohistória Também conhecida como terceira geração dos Annales o movimento da História Nova também chamado de Nova História Cultural ou Nouvelle Histoire foi um movimento de historiadores franceses surgido após os protestos de maio de 1968 Este grupos de historiadores tentavam entender o papel da cultura e das estruturas de mentalidade dentro das mudanças históricas Para isso era fundamental também compreender o papel de grupos marginalizados e minoritários o que a fez também ser conhecida como História dos vencidos Para maiores informações veja Burke 1997 79 108 DEFINIÇÃO Sendo assim os PCNs abrem um leque imenso de possibilidades para se trabalhar diversas possibilidades históricas Uma das mais ricas é se utilizar dos conteúdos de microhistória e História dos vencidos para se trabalhar propostas de como o aluno pode se reconhecer como agente da história Principalmente na rede pública a presença de grupos Metodologia do Ensino de História 22 tradicionalmente marginalizados em sala de aula é certa Numa perspectiva uma História tradicional mais cara ao paradigma da escola metódica de grandes nomes e fatos pode causar pouca identificação aos alunos Para ajudar mais ainda tradicionalmente História é uma disciplina que tem uma carga horária menor do que outras disciplinas como matemática e língua portuguesa para se ter uma ideia na rede municipal do Rio de Janeiro responsável pelo ensino fundamental História conta com três tempos de cinquenta minutos por semana e a rede estadual responsável pelo ensino médio conta com dois tempos por semana Ou seja mais um complicador é adicionado a já nada fácil vida do magistério A escola metódica foi um movimento surgido na França liderados pelos historiadores Gabriel Monod e Gustave Charles Faganiez que fundaram a revista Revue Historique em 1876 Influenciados pelo historiador alemão Leopold von Ranke eles buscavam fazer uma História científica valorizando a documentação escrita e focando nos grandes fatos históricos e nomes pois era uma História que buscava também servir como elemento de coesão nacional Para maiores informações ver Fontana 2004 171198 Esse assunto será melhor abordado adiante mas apontarei aqui algumas estratégias que podem lhe ajudar nessa tarefa Uma saída inclusive sugerida na própria LDB e no PCN é trabalhar com a História local Vivemos num país com uma riqueza cultural imensa e que respira História apesar desconhecida por uma parte considerável da população Então a história localregional pode ser uma poderosa ferramenta para criar esse elo Nos exercícios e outros materiais detalharei melhor mas vou colocar aqui um exemplo baseado na minha realidade para dar um auxílio Atualmente dou aula em Bangu um bairro da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro Um bairro não exatamente glamuroso e longe da praia mas que foi primordial para a História do futebol do país Metodologia do Ensino de História 23 Surgido a partir da fusão de duas fazendas o bairro foi fundado em 1890 para receber uma fábrica de tecidos que levou o nome do bairro a Fábrica de Tecidos Bangu que hoje é um shopping center que lava o nome do bairro Figura 3 Fonte wikimedia commons O que pouca gente sabe é que este bairro e o canteiro desta fábrica foram palcos da primeira partida de futebol no Brasil Muito antes do paulistano Charles Miller o escocês Thomas Donohoe realizou a primeira partida no canteiro dessa fábrica Figura 4 Fonte wikimedia commons E a partir da pelada de Donahue é que foi formado o Bangu Atlético Clube de onde saiu Domingos da Guia craque da Copa do Mundo de 1938 Metodologia do Ensino de História 24 Figura 5 Fonte wikipedia Essa História está toda contada pelas ruas do bairro na forma de estátuas e instalações do clube além da imponente presença do prédio da antiga fábrica que hoje é o shopping center do bairro Isso tudo fornece um material riquíssimo para ser trabalhado que variam desde atividades mais lúdicas como colorir o brasão do bairro ideal para turmas de primeiro segmento ou de sexto ano até pesquisas mais profundas para as turmas maiores Isso tudo perfeitamente alinhado com os objetivos de valorizar a história localregional como também manda os PCNs e a LDB E aí ficaram curiosos sobre a importância de Bangu para a História do futebol brasileiro Você pode saber mais sobre esse tema no blog do meu amigo e colega de trabalho o professor de Educação Física Rogério Melo httpblogdorogeriomeloblogspotcom ou na própria página oficial do Bangu Atlético Clube httpswww banguaccombr No YouTube também tem um vídeo bem bacana cahamdo Bola para o Seu Danau httpswwwyoutubecom watchvWvswFeQUBOQ com uma dramatização da primeira partida e um pouco da História por trás dela Agora bola pra frente SAIBA MAIS Metodologia do Ensino de História 25 O exemplo é para mostrar como com um pouco de pesquisa e criatividade você pode se alinhar aos PCNs e tentar despertar um pouco da paixão que nós sentimos pela História e quem sabe talvez até descobrir um futuro colega nosso Acredite mesmo sem querer podemos inspirar Portanto estude pesquise pense e use sua criatividade RESUMINDO E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que o saber Parâmetros Curriculares Nacionais são orientações para o trabalho do professor e estão alinhados com os objetivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 939496 de estimular o pensamento crítico o respeito à diversidade e o ensino da História localregional Que tanto os PCNs quanto a LDB são fruto de um momento histórico tanto nacional que foi o processo de redemocratização como internacional que foram discussões internacionais como a Conferência Mundial de Educação para Todos em Jomtien em 1990 Você também deve ter aprendido que mais que um guia os PCNs e a LDB podem servir como documentos para o professor se resguardar em possíveis momentos delicados com alunos e responsáveis E por último você deve ter aprendido que a história local regional pode ser uma poderosa aliada para despertar o interesse dos alunos pela matéria desde que você use de pesquisa e criatividade Metodologia do Ensino de História 26 As categorias históricas no processo de ensinoaprendizagem uma abordagem interdisciplinar Então meu caro futuro colega a medida que nos aproximamos do final estamos na nossa penúltima unidade vamos olhar detalhadamente para a nossa disciplina e sua prática de sala da aula ainda com aquela velha pergunta do início desta unidade nesta como adaptar esse conhecimento altamente técnico e complexo para a realidade da nossa clientela e respeitando os objetivos de incentivar a diversidade e o desenvolvimento do senso crítico dentre outros que já discutimos Para isso pretendo aqui mesclar um pouco de prática e teoria para nós refletirmos eu e você meu caro leitor do que são certos conhecimentos mais técnicos da nossa área e da própria pedagogia e tentar revertêlas em exemplos de como podemos trabalhar em sala de aula Para isso vamos discutir individualmente o que são as categorias históricas o que é a interdisciplinaridade e depois pensarmos o como vamos trabalhar em sala O que é interdisciplinaridade Para quem acompanha as discussões sobre educação há algum tempo a palavra interdisciplinaridade com certeza já apareceu em algum artigo ou outro material sobre o assunto Para mim que comecei a faculdade nos fins do anos 1990 agosto de 1997 para ser mais preciso ela começou a aparecer na minha vida acadêmica nas aulas da disciplina Metodologia da História I onde comecei a dar meus primeiros passos acerca de refletir sobre o que é a ciência histórica e também o que é a ciência em si como fazer resenhas críticas fichamentos etc O primeiro texto que a nossa professora nos mandou ler foi Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pósmoderna do pensador Boaventura de Sousa Santos Metodologia do Ensino de História 27 Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de WisconsinMadison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick tem vários livros e artigos publicados em temas como metodologia científica das ciências humanas globalização sociologia do direito epistemologia democracia e direitos humanos Maiores detalhes sobre sua obra podem ser vistos no site httpwww boaventuradesousasantospt Nesste texto escrito no final dos anos 1990 o Professor Boaventura nos falas de uma série de mudanças no referencial do que são as ciências ou num jargão mais técnico no paradigma científico Boaventura não chega ser tácito ao afirmar o que será esse novo paradigma pois para ele o mesmo ainda se encontra em formação que aqui será chamdo de paradigma pósmoderno mas faz algumas afirmativas e comparações com o paradigma vigente da época que será chamado aqui de Paradimga Moderno Eu sintetitizei esse pontos na tabela abaixo Tabela 3 Paradigmas Paradigma Moderno Paradigma Pósmoderno Influência do Iluminismo Influência de Hegel e Heidegger Aceita a diversidade interna porém com fronteiras bem demarcadas entra as ciências Fim da fronteira entre ciências naturais e sociais Visão determinista Visão nãodeterminsita Adaptado de Santos 1998 50545971 Foi a partir deste texto que tomei com os conceitos de interdisciplinaridade e de transdisciplinaridade Explicando muito rapidamente interdisciplinaridade será um intercâmbio entre saberes diferentes mas ainda mantendo a hierarquia entre as disciplinas Já a transdiciplinaridade explodiria com isso tudo gerando novas disciplinas onde você não veria mas essa fronteiras Se no primeiro caso poderíamos falar por exemplo de Metodologia do Ensino de História 28 uma geografia histórica ou História geográfica no segundo caso disciplinas como Biologia molecular estreitariam esta fronteiras entre química física e biologia Para entender um pouco melhor sobre essa diferenças veja a entrevista filósofo Ivan Domingues para a revista Diversa em httpswwwufmgbrdiversa2entrevistahtm É dentro dessa primeira perspectiva que trabalharemos agora a de construída uma abordagem histórica se valendo de outras disciplinas mas sem jamais perder a História do horizonte Não por caso trabalharemos categorias históricas As categorias históricas Como toda ciência a história tem noções específicas dentros do seu campo que são obrigadas se compreendêla Categorias permanência mudança diacronia eventos que ocorrem em sucessão sincronia eventos que ocorrem ao mesmo tempo e anacronismo um juízo inadequado feito de um tempo presente feito uma determinada época passada além do nome de ideologias políticas períodos históricos etc O canal do YouTube Leitura Obrigahistória tem uma série de vídeos bem bacanas sobre conceitos históricos Você pode conferir o playlist em httpbitly2PFFpSB acessado em 31102019 ACESSE Nem todos esses conceitos são de familiaridade de todos para ser sincero quase nenhum o é porém são fundamentais para o correto entendimento dos conteúdos da nossa disciplina além de uma forma conseguirmos os objetivos determinados pelo governo Sendo assim o uso de outras disciplinas pode se tornar um facilitador E sobre isso que será o próximo item Metodologia do Ensino de História 29 Trabalhando a interdisciplinaridade Esta parte agora buscarei ser menos técnico e falar mais de propostas concretas que consegui construir ao longo da minha experiência tanto como professor como aluno Sempre é bom começar pela parte mais fácil e na maioria das vezes quando se fala em uma ciênciadisciplina próxima para se trabalhar com História geografia costuma a ser a primeira opção Realmente mapas costumam a ser uma mão na roda para se trabalhar por exemplo as noções de permanência e mudança como vemos no site httpswwwvox comworld201861917469176romanempiremapshistory explained que disponbiliza quarenta mapas que explicam o Império Romano Não só permanência e mudança mas questões como diacronia e sincronia podem ser muito bem trabalhadas ao se mostrar que o avanço do Império Romano foi fruto tanto de sequências de campanhas militares ocorrendo ao longo de séculos quanto de batalhas simultâneas Figura 6 Fonte httpbitly2Q4l0FL Acesso em 31102019 Não só a música como o cinema a literatura e até as artes plásticas podem ser importantes ferramentas para você usar aliadas na construção do conhecimento histórico No EJA Metodologia do Ensino de História 30 Educação de Jovens e Adultos por exemplo a partir do ano que vem começaremos a trabalhar com eixos temáticos que permeiam todas as matérias que são trabalho cultura e meio ambiente que perpassarão todas as disciplinas o que nos levará a usar e abusar de interdisciplinaridade no nosso diaadia Para entender um pouco melhor como funciona a Educação de Jovens e Adultos aqui no Rio de Janeiro acesse httpprefeitura riowebsmeexibeconteudoid9272643 ACESSE Portanto meu caro futuro use da criatividade e diálogo Não se isole Discuta com seus colegas elabore os seu projetos e pense fora da caixa E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que a interdisciplinaridade é uma tendência muito em voga desde o final do século XX e que ela tem a ver com uma mudança no paradigma científico onde as disciplinas antes isoladas começaram a se aproximar Você deve ter aprendido que ao contrário da transdisciplinaridade a interdisciplinaridade incentiva o diálogo e a importação de conceitos entre as disciplinas mas sem quebrar com as fronteiras entre os saberes Você também deve ter aprendido que a interdisciplinaridade pode ser uma importante ferramenta para te ajudar a trabalhar categorias históricas como permanência mudança anacronismo dentre outras te obrigando a pensar fora da caixa e a dialogar com seus colegas de outras disciplinas Metodologia do Ensino de História 31 Amarrando as pontas refletindo sobre a prática docente e as exigências Agora meu caro futuro colega que já estudamos acerca de algumas leis que envolvem nosso ofício dos objetivos que as mesmas determinam e de possíveis formas de usarmos outras disciplinas e o auxílio de outros colegas para tentarmos alcançar estes objetivos cabe agora tentar amarrar isto tudo em uma reflexão sobre a prática em sala Para isto é bom retornarmos e pensarmos sobre os objetivos os limites e as possibilidades que se abrem Dos objetivos da prática docente Como já falamos algumas vezes os principais objetivos do ensino de História dentre outros são Ensino Fundamental Ensino Médio compreender a cidadania como participação social e política assim como exercício de direitos e deveres políticos civis e sociais compreender a cidadania como participação social e política assim como exercício de direitos e deveres políticos civis e sociais posicionarse de maneira crítica responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas compreender a sociedade sua gênese e transformação e os múltiplos fatores que nela intervêm como produtos da ação humana a si mesmo como agente social e os processos sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais políticas e econômicas associando as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais aos princípios que regulam a convivência em sociedade aos direitos e deveres da cidadania à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos O lugar se refere então a uma pessoa ou coletivo Pessoas diferentes estabelecem relações e sentimentos pelos espaços de forma diferentes portanto o lugar não é sempre o mesmo para todo mundo Cada um tem suas referências de lugar Cavalcanti 2003 p 12 afirma que A identidade do lugar permite que as pessoas tenham uma identificação com o mesmo mas acima de tudo é necessário que cada sujeito construa a sua identidade singular Assim mesmo que o lugar seja um espaço significativo para um grupo familiar ou uma coletividade é preciso que cada pessoa tenha suas experiências próprias e crie sua identidade singular YiFu Tuan 2013 geógrafo sinoestadunidense afirma que o lugar é pausa no movimento Isso não significa dizer que o lugar é estanque mas que para nos conectarmos com o espaço significar o espaço precisamos parar por um tempo e viver o espaço tornandoo um lugar para nós Exemplo Assim no processo de sentir e compreender uma paisagem por exemplo pode ser que façamos uma parada Nós nos sentamos em um banco na rua Ali comemos um lanche e conversamos Observamos as pessoas se movimentarem e ao fim de uma tarde agradável aquele banco tem um significado diferente para nós ele se tornou então um lugar Quando passamos de novo por aquela rua olhamos para o banco e lembramos da tarde agradável que vivemos ali O lugar é um núcleo de significados fundamental para a configuração da identidade individual de cada pessoa Ele envolve o entrelaçamento das pessoas e coletivos com o espaço e seu estudo revela essa história O estudo do lugar revela como as pessoas e coletivo se relacionam com o espaço que vivem quais locais possuem mais ou menos significado Assim essa categoria geográfica focaliza numa escala mais local a relação resistência por parte de direções ou do projeto pedagógico da escola que muitas vezes pode estar mais focado a servir como preparatório para provas como ENEM etc escolas localizadas em zona de conflito ou que tenham alunos que levem conflitos de fora da escola para dentro do ambiente escolar Esses são apenas alguns dos complicadores que se apresentam dentro da prática docente Porém dizem que o otimista costuma ver oportunidades onde o pessimista vê complicações e se por um lado num primeiro momento os complicadores acima podem limitar nossa ação por outro podem servir como um estímulo a nossa criatividade abrindo novas possibilidades Das possibilidades na prática docente Lembrese que os PCNs e a LDB são instrumentos legais Logo tenha sempre eles em mão para caso ocorra alguma emergência Se você for questionado mostre que você só estava cumprindo a lei Sempre use também do seu bom senso e criatividade Evite criar aborrecimentos desnecessários eou prejudicar sua carreira Se você ver que uma atividade não teve o retorno esperado ou causou uma agitação desnecessária ou desproporcional não tenha medo ou vergonha de repensar replanejar ou até mesmo desistir e esperar um momento oportuno O universo escolar é extremamente rico variado e imprevisível Então erros improvisos e correções de rumo sempre são necessários por mais que se tenha planejado à exaustão Aliás sobre os imprevistos aprenda a lidar com eles Eles serão uma constância em sua vida como docente Sobre a carência da estrutura bom você pode ter duas opções para trabalhar com isso ou suprir por conta própria com recursos que ache relevantes ou se limitar às possibilidades que Metodologia do Ensino de História 34 a escola lhe oferece Particularmente eu tentei ficar num meio termo me municiando de cabos extensões e fazendo um acervo próprio de DVDs que eu podia levar para qualquer escola que eu desse aula ou aproveitar até em casa mesmo Esse último item deixo com você pois só ninguém conhece melhor seus limites e possibilidades do que você Sobre a resistência de direções autoritárias eou projeto pedagógico bom tente na medida do possível negociar e chegar num meio termo sem colocar seu emprego em risco principalmente se você estiver na rede particular ou ainda estiver no estado probatório na rede pública No caso de grandes redes com projeto políticos pedagógicos amarrados e um foco para provas como ENEM realmente pode ser que você não tenha muito o que fazer Geralmente essas grandes redes tem apostilas já prontas provas padronizadas e toda uma receita a ser seguida estabelecida pela matriz e definida pelo projeto político e pedagógico da rede Porém o ENEM pode se tornar o seu maior aliado na hora de tentar fazer uma proposta voltada para a formação de um cidadão crítico e tolerante Sendo uma prova elaborada pelo governo mais precisamente o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP autarquia vinculada ao Ministério da Educação do Brasil criada em 1998 ela é alinhado aos PCNs e a LDB isso sem falar que a prova de redação costuma a tocar em temas polêmicos como a questão da manipulação de pessoas pela internet httpbitly2Sc5Lxu acesso em 01112019 ACESSE Metodologia do Ensino de História 35 E para finalizar lembre acima de tudo que a educação é um ato de amor por isso um ato de coragem FREIRE 1974 46 Quando nós amamos nossa colocamos vulneráveis e nossa paciência é colocada sempre à prova e acredite nessa profissão isso acontecerá contigo constantemente Então ame sua profissão seus alunos e colegas mas não deixe de se amar também Desafie os seu limites mas lembre que eles existem e se eles não podem ser expandidos respeiteos Metodologia do Ensino de História 36 BIBLIOGRAFIA BURKE Peter A Escola dos Annales 19291989 a revolução francesa da historiografia São Paulo Unesp 1997 Domingues Ivan Humanidade Inquieta IN Diversa Revista da Universidade Federal de Minas Gerais Ano 1 nº 2 2003 Disponível em httpbitly2SbFeAq Acesso em 31102019 FREIRE Paulo Educação e mudança Rio de Janeiro Paz e Terra 1974 FONTANA Josep A história dos homens Bauru EDUSC 2004 Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisl9394htm Acesso em 25102019 PARO Vitor Henrique Autonomia do educando na escola fundamental um tema negligenciado Educar em Revista Curitiba Brasil n 41 p 197213 julset 2011 Editora UFPR Disponível em httpwwwscielobrpdfern4113pdf acessado em 25102019 SANTOS Boaventura de Sousa Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pósmoderna Estudos Avançados São Paulo v 2 n 2 p 4671 Ago 1988 Disponível em httpbitly34zQHw0 Acessado em 31102019 SAMPRONHA STEPHANIE GIBRAN Fernando Z SANTOS Charles M D Ciência Pura e Ciência AplicadaA dicotomia entre pesquisa básica e pesquisa aplicada no cenário do desenvolvimento científico tecnológico e econômico Jornal Biosferas ED ESPECIAL 2012 A Biologia como Ciência e a Biologia como Profissão São Paulo UNESP 2012 Disponível em httpwwwrcunespbrbiosferasEsp1211html acessado em 25102019 Metodologia do Ensino de História 37 Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental Brasília MEC 1997 Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental vol5 História e Geografia Brasília MEC 1997 Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio Brasília MEC 2000 SUMÁRIO UNIDADE 4 Livros didáticos de história para as séries iniciais do ensino fundamental entre propostas estimulantes e abordagens tradicionais 12 O papel do PNLD no mercado editorial e no Ensino de História 12 Como se processa a seleção e as compras no PNLD 14 O Guia do Livro Didático 15 Verticalização e pulverização 16 Avaliando o PNLD 16 Identificando e diferenciando os diversos tipos de material didático 19 Identificando os materiais didáticos 19 Conceito de Suporte de Informação 20 A definição de documento 21 A tradição e a modernidade na sala de aula 23 O difícil caminho do meio 23 Aprendendo com a própria experiência 25 Achando o caminho e prosseguindo a viagem 28 O livro didático entre propostas tradicionais e inovadoras no século XXI 30 O papel da pedagogia crítica e da internet 30 Metodologia do Ensino de História 7 A Internet e os livros didáticos 32 A reação das editoras e o efeito da Internet 32 O livro didático nos anos iniciais do ensino fundamental 34 História para crianças 34 A organização do nosso sistema educacional 36 A importância dos anos iniciais na construção de um cidadão crítico 37 Cidadão critico consciente e tolerante 38 Elaborando seu próprios materiais 41 Por que o professor deve saber desenvolver seus materiais 41 Delimitando os objetivos 44 Analisando e disponibilizando os recursos 45 Administrando o tempo e analisando o perfil da turma 45 Construindo exemplos 46 A batalha do passinho 47 Avaliando os resultados 48 A Avaliação digital de História e Geografia 49 Avaliando os resultados 50 Metodologia do Ensino de História 9 UNIDADE 04 Metodologia do Ensino de História 10 Você sabia que os livros didáticos são um campo de discussão extremamente profícuo Isso mesmo A área de didática vem discutindo o papel do livro didático desde sempre Com a principal responsabilidade de servir tanto de materia de apoio para o professor como referência para o aluno ele tem tido seu papel discutido nos últimos anos Com as mudanças feitas pela LDB 939496 e pelos PCNs além da ascenção da Internet as editoras tem se esforçado para atender às demandas da atualidade e manter o livro didático como material relevante até porque ele tem enfrentado concorrência de diversos meios digitais e analógicos Entendeu Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo dos recursos didáticos INTRODUÇÃO Metodologia do Ensino de História 11 1 2 3 4 OBJETIVOS Olá Seja muito bemvindo à Unidade 4 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos Compreender como funciona o PNLD Programa Nacional do Livro Didático Aplicar as técnicas de seleção de materiais e livros didáticos Identificar e solucionar problemas relacionados a materiais desatualizados ou formalmente incorretos Executar os procedimentos de adequação e crítica para quando ocorrer a situação acima Então Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho Vamos começar nossa desafiadora e estimulante jornada sobre o ensino de História Metodologia do Ensino de História 12 Livros didáticos de história para as séries iniciais do ensino fundamental entre propostas estimulantes e abordagens tradicionais OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona Programa Nacional do Livro Didático PNLD Isto será fundamental para o exercício de sua profissão Este programa ele distribui livros para escolas públicas e para isso define critérios que são utilizados por editoras de todo o país Então vamos lá Avante O papel do PNLD no mercado editorial e no Ensino de História O livro didático sempre teve um papel ambíguo na sala de aula Visto como uma amarra para uns e uma ferramenta indispensável para outros ele faz parte do cotidiano de educadores e educando há bastante tempo Como diversos outros elementos materiais e imateriais da escola e do processo de ensinoaprendizagem ele representa concepções históricas e ideológicas do período e da instituição onde este processo ocorre Sendo assim é normal que ele sofra diversas alterações ao longo dos anos Seja pela natural processo de atualização e evolução do campo científico seja pela interferência do Estado atuando na educação Como a educação é um setor estratégico alvo de interesse público ela é constantemente alvo de políticas públicas que representam as concepções de governo e sociedade Tanto se adequar a tais mudanças editoras e autores vão constantemente atualizar e revisar seu materiais como forma de se manterem relevantes dentro do mercado Nos últimos anos o grande Metodologia do Ensino de História 13 termômetro deste mercado tem sido o Programa Nacional de Distribuição de Livros Didáticos PNLD Voltado para a educação básica este programa compreende um conjunto de ações voltadas para a distribuição de obras didáticas pedagógicas e literárias entre outros materiais de apoio à prática educativa nas escolas públicas de educação básica do País Dado o tamanho da rede pública ainda insuficiente para cobrir nossos 8511165 km² e nossa população de mais de 20 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar do nosso país as editoras tem se esforçado em se adequar aos padrões exigidos pelo MEC via LDB 939496 e pelos PCNs Para se ter uma ideia da importância em números deste programa de acordo com o site oficial do programa fndegovbr em 2019 foram gastos cerca de R 110202565217 Destes valores cerca de R 61585210723 com os anos iniciais do ensino fundamental beneficiando 12189389 alunos distribuídos por 92467 escolas em todo território nacional Só por estes números podemos ver que ele está longe de ser algo desprezível para um setor que pelo quinto ano seguido registra queda como podemos ver na matéria no link httpsbitly39iz0Vh ACESSE Não nos esquecemos que para além da importância para o mercado editorial o PNLD tem uma grande importância em garantir acesso aos livros a alunos de famílias de baixa renda tradicionalmente a principal clientela do ensino público Com a obrigatoriedade do ensino a partir dos anos 1980 e as diversas iniciativas tentando universalizar o acesso ao ensino público Metodologia do Ensino de História 14 fornecer o material didático entre outras políticas se tornou uma questão chave para garantir a permanência dos mais carentes Para compreendermos de fato o como funciona o PNLD e o seu impacto precisamos entender o como se dá o processo de compra e distribuição como as escolas participam e principalmente a escolha dos livros Entendendo esses processos você poderá ter uma visão melhor de qual é o impacto deste programa e principalmente pensar melhor suas escolhas quando chegar o momento de selecionar o livro para sua turma Como se processa a seleção e as compras no PNLD O processo de escolha dos livros para serem comprados é um processo que obedece a várias etapas Para as editoras a primeira etapa é se inscreverem num edital do governo SAIBA MAIS Edital é um ato escrito em que são apresentadas determinações avisos citações e demais comunicados de ordem oficial No caso específico do PNLD dentro do edital são estabelecidas todas as condições para a editora participar e o conteúdo exigido dos livros Você pode acessar estes editais em httpsbitly2SCFtER Em outras palavras a cabe ao governo federal determinar quais os critérios mínimos para que os livros possam participar da seleção pública que será encaminhada às escolas Esses critérios são usados Guia do Livro Didático os livros aprovados são reunidos Metodologia do Ensino de História 15 O Guia do Livro Didático Elaborado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE o Guia do Livro Didático é um manual que consta com os livros aprovados enviado pelas editoras e que os professores das escolas de educação básica deverão escolher Lá constam os livros aprovados na triagem feita pelo MEC com a nota dada a cada um na avaliação feita pelos especialistas do Ministério O guia faz parte de um processo de onze etapas que envolve o programa conforme mostra o diagrama abaixo Figura 1 Organograma das estapas do Programa Nacional do Livro Didático Fonte Editorial Telesapiens Adaptado de httpsbitly3643SH0 1 Adesão das Escolas 7 Pedido 2 Lançamento de Editais 8 Aquisição 3 Inscrições das Editoras 9 Produção 4 TriagemAvaliação 10 Análise de Qualidade Física 5 Guia do Livro 11 Distribuição 6 Escolha 12 Recebimento Como vimos o Guia ele é uma parte central da engrenagem pois ele que orienta a escolha dos professores Uma vez de posse do guia professor vai avaliar as suas opções e determinar a escola Normalmente as editoras enviam amostras para as escolas e até vendedores para explicar pois cada vez mais os livros estão virando uma ponta em todo um sistema de ensino mais amplo fornecido pela editora falaremos melhor mais adiante A escolha Metodologia do Ensino de História 16 mais votada pela área será a escolha daquela escola Se por um lado há um ponto positivo que é a parte de ser uma escolha democrática feita pelos especialistas da escola há também um ponto negativo e será este balanço que será feito no item a seguir Avaliando o PNLD Como mostrado o PNLD é um programa bem amplo e que está presente em todas as regiões do país Para além da questão da importância econômica para o mercado editorial ele é um programa que inclui milhões de aluno que não teriam como ter acesso ao material por razões financeiras e valoriza a opinião do professor Porém nada é perfeito e sempre há um detalhe a ser analisado Não é porque tem pontos negativos que o programa deve ser extinto É inegável que ele tenha benefícios palpáveis em tornar acessível o conhecimento para alunos de baixa renda Porém o preço da liberdade é a eterna vigilância e críticas bemfeitas sempre são necessárias para melhorar o processo IMPORTANTE Sendo assim vamos falar de dois principais problemas que encontro nele que são a verticalização das decisões e a pulverização do material Verticalização e pulverização Como já dito o PNLD é bem amplo e possui diversas etapas onde os professores da educação básica tem um determinado momento em que participam que é o da escolha Por mais que seja extremamente positivo isto implica em alguns problemas que tentei resumir na tabela abaixo Metodologia do Ensino de História 17 Tabela 1Pontos positivos e negativos do PNLD Fonte O Autor Positivos Negativos Democratização no acesso ao livro didático Centralidade na elaboração do Guia Maior transparência no processo de escolha Ausência de espaço para os professore participarem do guia Valorização da opinião do professor Pulverização de títulos fazendo com que escolas da mesma rede tenham livros diferentes O professor basicamente só participa de um momento Ele nem sugere o livro para o Ministério nem ajuda a determinar os critérios Isso fica a carga de uma comissão à parte que numa reunião técnica decide e posteriormente faz um triagem do material recebido Outro problema é que devido ao fato de cada escola escolher independentemente qual título vai utilizar isso acaba levando a uma pulverização de títulos dentro da mesma rede Não que isso seja totalmente ruim pois cada escola tem o seu projeto político e pedagógico daí a necessidade de se ter a liberdade para escolher o livro mais adequado Porém com esta pulverização as vezes ocorrem problemas para se conseguir exemplares para todos os alunos O número de alunos de uma escola nunca é fixo e ocorrem flutuações diversas ao longo do ano por diferentes razões mudanças de endereço transferência por indisciplina etc Com isso as vezes ocorrem problemas até para se conseguir exemplares em outras escolas por conta de que muitas vezes adotam outros livros Mesmo assim o programa é de grande validade e merece ser aperfeiçoado e mantido Metodologia do Ensino de História 18 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo O papel do guia dd livro didático de históriapnld no processo de escolha dos livros pelos professores dos anos finais do ensino fundamental MORAES GARCIA acessível pelo link httpsbitly360YILW SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que o Programa Nacional do Livro Didático e um programa instituído pelo MEC que distribui livros para todas as escolas públicas de educação básica do país e que ele tanto funciona como uma importante fonte de renda para as editoras como uma forma de democratizar o acesso à educação para milhões de alunos de baixa renda Você deve ter comprendido que o programa se compões de doze etapas indo desde à inscrição das editoras e à entrega dos livros e que o professor é uma peça chave deste processo É ele quem escolhe os livros a partir do Guia do Livro Didático que é elaborado pelo MEC após uma triagem feita a partir do material feito pelas editoras Você também deve ter aprendido que se o programa por um lado democratiza o acesso aos livros e dá uma maior transparência ao processo de escolha por outro ele concentra algumas etapas chaves no MEC como a elaboração dos critérios para ser incluído no Guia e a elaboração do próprio Guia e leva uma pulverização de títulos diversos dentro de uma mesma rede o que leva à dificuldades em caso de transferências de alunos ao longo do ano letivo Metodologia do Ensino de História 19 Identificando e diferenciando os diversos tipos de material didático OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de entender os diversos tipos de material de materiais didáticos seus usos e limitações Isso será fundamental para você conseguir melhor selecionar os materiais para a atividade ou curso que você planejou E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante Identificando os materiais didáticos No trabalho docente é preciso a todo o momento realizar criteriosas seleções Dado a responsabilidade que temos em mãos futuro colega é preciso termos consciência absoluta dos objetivos público e materiais disponíveis Para isso temos de ter conhecimento de todas as distinções e definições que envolvem nosso ofício E uma delas é a diferença entre material e suporte didáticos De acordo com a autora Circe Bittencourt BITTENCOURT 2008 296299 é preciso diferenciar o que no material didático o que é suporte informativo e documento Você ter consciência dessas definições permitem identificar as finalidades potencialidades e limitações de cada um Uma vez tendo consciência disso ficará mais fácil você planejar selecionar os materiais para as suas aulas e atividades pois uma vez consciente das finalidades potencialidades e limitações de cada você poderá direcionar melhor o que utilizar de acordo com o resultado que deseje No trabalho docente é preciso fazer criteriosas seleções de materiais e suporte Metodologia do Ensino de História 20 A primeira definição que temos que ter em mente é qual o papel do material didático e qual sua importância no processo de ensino aprendizagem A resposta é que eles são mediadores e facilitadores neste processo Os materiais didáticos eles auxiliam na compreensão dos conceitos na proficiência de informações e de um vocabulário específico da disciplina Com isso eles facilitam mas não substituem o nosso trabalho pois no final de tudo é o crivo do professor que deve determinar o que será utilizado O material ele é produzido de forma genérica e voltado para o professor já que é ele que vai avaliálo Quem o produziu não tem conhecimento da realidade mais específica da sua turma ou da sua escola Então a palavra final sempre é a do professor Além do mais um material mal escolhido mal utilizado ou mal elaborado pode atrapalhar mais do que ajudar As editoras e demais envolvidos na produção de conteúdo para escola pensam e desenvolvem produtos para um mercado nacional Nisso particularidades regionais que necessitam serem levadas em conta no planejamento ficam de fora deste material Não bastasse esse detalhe por mais que haja uma equipe do MEC selecionando livros e materiais muitas vezes alguns erros reproduzindo preconceitos e visões equivocadas passam por vezes despercebidos Sendo assim o professor deve estar sempre com o olhar atento na hora de selecionar o que será utilizado Nos próximo item falarei melhor sobre a diferença entre suporte e documento Espero com isso ajudalo na sua seleção e planejamento das suas futuras atividades Conceito de Suporte de Informação Podemos definir o termo suporte de informação a partir das pesquisas do Institut Natrional de Recherche Pédagogique INRP da França da seguinte maneira Metodologia do Ensino de História 21 Suportes de Informação representam todo discurso produzido com a finalidade de comunicar elementos relativos ao conhecimentos das disciplinas escolares Em outras palavras livros DVDs CDROMs apostilas cadernos jogos etc são exemplos de suportes informativos Eles são meios produzidos com a finalidade de transmitir ou facilitar a transmissão dos conteúdos escolares para o aluno Neste contexto canais de YouTube blogs sites e plataformas de ensino à distância EaD são também suportes informativos se foram produzidos com esta intenção descrita acima Vale dizer que na Internet há uma profusão de materiais produzidos com este propósito e muitos por especialistas nas suas áreas além das próprias editoras lançarem plataformas próprias que servem de complemento para seus livros didáticos Porém o suporte de informação não é o único material disponível Há também o documento e este é o próximo assunto A definição de documento De acordo com Bittencourt 2008 296 documento são todo o conjunto de signos visuais ou textuais que são produzidos em uma perspectiva diferente dos saberes das disciplinas escolares e posteriormente passam a ser utilizados com finalidade didática Sendo assim vemos uma importante dicotomia entre suporte e documento os primeiros são produzidos com a finalidade de serem trabalhados em sala e os segundos não são conforme mostra o diagrama abaixo Metodologia do Ensino de História 22 Figura 2 Infográfico diferenciando tipos de materiais didáticos Fonte O Autor A partir dessa diferença podemos pensar em duas grandes definições Enquanto o suporte informativo pode ser percebido como uma construção da industrial cultural para facilitar o processo de aprendizagem o documento pode ser percebido como parte de uma construção mais horizontal que pode envolver desde a comunidade acadêmica a própria indústria cultural ou o professor Como o documento é algo que não foi produzido com a intenção de ser recurso didático mas é utilizado como ele pode ser muito bem qualquer coisa imagens utensílios obras artísticas etc que o professor julgue facilitar a apreensão dos conteúdos da sua disciplina Sendo assim o documento pode muito bem envolver um processo de construção tanto do professor quanto dos seus próprios alunos para facilitar o processo de ensino aprendizagem Porém tanto o livro ou qualquer outro suporte de informação quanto o documento podem ser trabalhados de forma tradicional ou de uma forma estimulante E como isso pode ser feito É que veremos a seguir Metodologia do Ensino de História 23 A tradição e a modernidade na sala de aula Seja no ensino de História ou de qualquer outra disciplina perspectivas tradicionais e modernas vivem se chocando às vezes por imposição dos pais projeto político e pedagógico da escola ou postura do docente Mas afinal de contas o que seriam estas duas perspectivas Por perspectiva tradicional temos por definição aquela que vê o aluno com um mero receptor passivo do conhecimento e o professor com senhor supremo deste processo Sendo assim uma perspectiva mas moderna e de certa forma estimulante é aquela que enxerga o aluno como agente desse processo e busca construir com ele uma ponte para o conhecimento Nesta perspectiva o professor deixa de ser senhor para ser facilitadororientador No próximo item tentarei demonstrar como tais perspectivas podem conviver de forma mais ou menos harmoniosa dentro de sala Para isso tentarei demonstrar limitações e vantagens de cada uma O difícil caminho do meio Para ilustrar melhor as diferenças entre o que seria uma postura tradicional e uma postura mais moderna elaborei a tabela abaixo Tabela 2 Comparativo tradição x mordernidade Postura tradicional Postura moderna Aluno como um receptáculo dos conhecimentos Aluno como um indivíduo que traz uma bagagem de conhecimentos extra classe Aluno com postura passiva Aluno com postura ativa Metodologia do Ensino de História 24 Fonte O Autor O professor é o dententor dos conhecimentos os quais transmitirá para o aluno O professor é um facilitador que orientará o aluno na aquisição dos conhecimentos Os materiais didáticos são selecionados pela direção e o docente e aplicados na sala de aula Além dos materiais selecionados pela direção e docente o professor constrói com os alunos materiais didáticos Como está claro na tabela é essa posição tradicionalista tende a ser muito comôda para o professor à primeira vista pois o coloca numa postura de autoridade inquestionável na sala Reduzindo o papel do aluno a um mero receptáculo de conteúdos as atribuições do aluno se resumiriam a fazer as atividades e tirar dúvidas Tende a ser vista como mais difícil porém mais estimulante Ao enxergar o aluno como um indivíduo que já traz toda uma bagagem de fora da escola e que o professor é um facilitador que orienta o seu processo de ensino aprendizagem este aluno passa a construir o seu processo junto com o professor A princípio isto pode soar demasiadamente utópico e cansativo já que implica em o professor reconhecer que ele não é o único detentor de conhecimento e nem que os conteúdos que ele pretende ensinar são os únicos relevantes Porém esta postura tem um efeito humanizador na figura do docente ao reconhecer que ele não sabe de tudo e que seus alunos também são portadores de saberes dignos de consideração Além do mais permite tanto ao profissional do magistério quanto ao aluno certo grau de independência estimulandoos a construírem seu próprio material de estudo Por outro lado principalmente se levarmos em conta os anos iniciais do ensino fundamental esta proposta deve ser vista Metodologia do Ensino de História 25 com cautela Sabemos que neste segmento lidamos com crianças de cinco a onze anos Não bastassem todas as dificuldades normais de se lidar com indivíduos ainda em formação e desenvolvendo habilidades básicas temos o fato das crianças hoje em dia estarem em contato com tecnologias que ajudam elas a se tornarem mais dispersas SAIBA MAIS Sobre esta questão da dispersão na infância e tecnologias veja o artigo A influência das tecnologias na infância vantagens e desvantagens de Benizáquia da Silva Pereira e Thales Siqueira Arrais disponível em httpsbitly2StEaYu Não é exatamente uma novidade que para o processo de ensino aprendizagem seja na atividade coletiva da sala de aula seja na atividade individual em casa necessita de um mínimo de concentração organização e disciplina Em turmas com pouca idade situações de indicisplina e dispersão podem dificultar que se realizem trabalhos de complexidade maior Isso sem falar que muitas atividades podem exigir que já tivesse algum conhecimento prévio Logo mais uma vez o bom senso e a ciência da realidade da sua turma é que vão dizer o que é adequado e o que não é adequado fazer em sala de aula Aprendendo com a própria experiência Caros futuros colegas sinto lhes informar que não há manual que vai lhe ensinar isso Somente sua experiência em sala de aula é que vai conseguir te dar o devido discernimento Porém posso tentar algumas dicas de como você pode achar este tal caminho do meio que a meu ver é o mais adequado para Metodologia do Ensino de História 26 se trabalhar em sala de aula Por mais que todas as críticas à pedagogia tradicional sejam válidas em minha opinião ela não é cem por cento descartável Ao prezar pela disciplina e controle ela valoriza um ambiente com tranquilidade e organização características imprescindíveis para o aprendizado a meu ver Isso sem falar que ao colocar o professor numa posição de autoridade na sala ela também o coloca numa posição de responsabilidade sobre o processo de ensino de aprendizagem o que demanda preparo por parte do docente para que ele tenha a devida segurança em frente a sua turma Além do mais lembre se que a escola tem um projeto político pedagógico e que você deve seguílo Nem todas as escolas tem um projeto ou recursos materiais que possibilitem abordagens mais fora da caixa para usar um termo mais em voga Então caros futuros colegas usem do bom senso e da sua capacidade de observação Como já diz o velho ditado não vamos jogar a criança com a água da bacia Veja o que pode ser feito e o que não pode ser feito De uma forma geral prefiro utilizar abordagens mais convencionais leitura de texto cópia do quadro etc para introduzir conceitos mais básicos e a medida que a matéria vai se complexificando e a turma vai demonstrando maior maturidade vou dando maior independência para os alunos Como já disse anteriormente minha experiência é a partir do sexto ano do ensino fundamental Em geral com alunos mais novos trabalho toda uma parte de explicar conceitos básicos desde o que é História até a divisão cronológica e ciências correlatas para os alunos de sexto ano no primeiro bimestre Não só com eles mas também com os alunos de turmas maiores tendo a nos primeiros meses adotar uma postura mais tradicional para fazer uma avaliação do perfil da turma À medida que os meses vão avançando costumo a dar mais liberdade e sair mais da caixa Metodologia do Ensino de História 27 Como você terá uma experiência com alunos mais novos dependendo de que ano você lecione lembremos que normalmente o professor de primeiro segmento só trabalha com uma turma por turno de quatro horas e meia você talvez possa trabalhar atividades lúdicas Lembremos que no já citado artigo O ensino de história nos anos iniciais do ensino fundamental o lugar das efemeridades da professora Maria Aparecida Cabral que muitas vezes o ensino de história é visto como lugar que se mobilizam constantemente símbolos e valores para a explicação de fatos históricos às crianças cujo alicerce se ancora nas atividades lúdicas como desenhos cantos encenações teatrais e narração de histórias CABRAL 2013 10 Neste contexto datas comemorativas nacionais são usadas como atividades que mobilizam uma escola inteira ou pelo menos todo o segmento ou as turmas de um determinado ano Isto pode ser um excelente momento para se trabalhar na construção de materiais próprios incentivando os alunos a refletirem sobre o significado destas datas Dia do Índio 2904 Dia da Abolição 1305 Dia da Consciência Negra 2011 além de outras comemorações como Independência 0709 ou Proclamação da República 1511 podem se converter em excelentes oportunidades Mas nunca realize uma atividade sem antes fazer o devido diagnóstico da turma e uma criteriosa avaliação de riscos e possibilidades Pense sempre nas habilidades da turma nos recursos e projeto político e pedagógico da escola além da conformidade com os Parâmetros Curriculares Nacionais e as demais leis vigentes Lembrese que além da LDB 939496 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais a lei 1164508 estabelece a obrigatoriedade dos ensinos de cultura indígena e africana Sempre tenha em mente as potencialidades riscos e possibilidades para alinhar com suas finalidades Metodologia do Ensino de História 28 Achando o caminho e prosseguindo a viagem Então podemos concluir que ambas as perspectivas que ambas têm suas limitações vantagens e desvantagens Se a princípio uma proposta mais moderna pode se apresentar de forma mais estimulante ela exige mais do profissional tanto no tocante à construção da proposta domínio dos conteúdos estrutura física da escola e diálogo com os alunos Da mesma forma a proposta tradicional tende a ser vista como engessada e enfadonha tem também a questão de ser o viável no momento seja por falta de estrutura física limitantes de tempo proposta da instituição ou limites da turma O que eu recomendo Tenha sempre bom senso e atenção Não é porque você vai estar numa turma difícil e numa escola com uma estrutura física limitada que não haverá espaço para você sair da caixa Muitas vezes as propostas fora da caixa podem ter excelentes resultados com alunos mais indisciplinados Eu mesmo já tive gratas surpresas nesse contexto Também não pense que uma proposta mais tradicional vai facilitar a sua vida Lembrese que ao adotar uma postura mais firme e distante você terá muito pouca margem de falha o que te obrigará a ter um preparo bem rigoroso quanto aos conteúdos Então minha dica final é tenha conhecimento Tenha conhecimento da sua instituição e projeto político e pedagógico tenha conhecimento da sua turma e tenha conhecimento de você mesmo Conhecimento este tripé você com certeza evitará muitos problema e terá maiores chances de bons resultados Agora que já estabelecemos o que são posturas tradicionais e modernas resta saber como isto afeta os livros É possível falar em livros tradicionais e modernos Como o impacto destas duas perspectivas estão afetando o mercado editorial O que isso está influenciando na produção do material didático Estes itens serão discutidos no capítulo a seguir Metodologia do Ensino de História 29 SAIBA MAIS Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Paradigmas contemporâneos de educação escola tradicional e escola construtivista LEÃO acessível pelo link httpsbitly2t3Apyp E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que os materiais didáticos se dividem em dois grandes grupos o primeiro são os suportes informativos e o segundo são os documentos e que o grande diferencial entre ambos é a questão da intencionalidade os primeiros são produzidos com a intenção de serem materiais didáticos e os segundos não Você também deve ter aprendido que basicamente existem duas grandes de se trabalhar como docente a primeira seria uma proposta dita tradicional e segunda é dita como moderna A primeira proposta basicamente enxerga o aluno como repositório de conteúdos que o professor visto como autoridade surpema e inquestionável salvo em caso de dúvidas vai depositálos Também já deve ter entendido que ambas as propostas têm suas vantagens e desvantagens e cabe a você analisar a realidade da suas turmas escola e do seu perfil profissional para entender como e quando utilizar cada uma delas Metodologia do Ensino de História 30 O livro didático entre propostas tradicionais e inovadoras no século XXI OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de entender como o livro didático foi afetado tanto pelos PCNs quanto pela expansão Isto será fundamental para o exercício de sua profissão Tendo o conhecimento destes processos você será capaz fazer dos seus materiais didáticos E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante O papel da pedagogia crítica e da internet Como já deve ter ficado claro sendo um setor estratégico a educação sempre está sofrendo alguma forma de controle do Estado Seja em governos autoritários ou democráticos o poder central sempre vai estar estabelecendo conteúdos e finalidades além de delimitando critérios para se trabalhar com educação No nosso caso os já citados Parâmetros Curriculares Nacionais e Lei de Diretrizes e Bases da Educação 939496 é que vão representar o papel do Estado em definir critérios e conteúdos para a educação Lembremos também da lei 116452008 que obriga o ensino de cultura e história afrobrasileira e indígena Estas leis todas vão mexer diretamente com os conteúdos dados em sala de aula e com os conteúdos dos livros Conforme já dito anteriormente com a crise em nosso mercado editorial os livros didáticos se tornaram uma fonte de renda indispensável para diversas editoras o que aumenta bastante o interesse e o impacto destas leis Lembremos também que com o PNLD as escolas públicas também se tornaram alvo de interesse das editoras de livros didáticos Metodologia do Ensino de História 31 Como já explicado aqui os PCNs e a LDB são frutos de um momento histórico intimamente ligado com a redemocratização do país Conforme discutimos na primeira unidade tanto o ensino de História quanto o ensino de uma forma geral foi influenciado por este momento no eco de propostas que defendiam uma preocupação com a formação de um cidadão questionador e consciente Vale lembrar que propostas assim não são exatamente uma novidade na nossa História Paulo Freire por exemplo defendia ideias similares desde os anos 1960 Porém tais propostas ficaram de fora do nosso meio escolar após o golpe de 1964 e a Ditadura Militar que se seguiu ao mesmo Porém após a redemocratização tais propostas ganharam novo fôlego e passaram a integrar a legislação vigente na educação e fazerem partes de políticas públicas Com isso uma corrente pedagógica chamada Pedagogia crítica dos conteúdos vai ganhar espaço e passar a fazer parte dos currículos escolares dos materiais didáticos e da realidade acadêmica A partir disso gradativamente veremos uma virada de 180 graus no nosso sistema de ensino Muito em voga no país após o período da redemocratização a pedagogia crítica dos conteúdos defende que a função da escola é transmitir conteúdos concretos vinculados ao cotidiano do aluno e de sua realidade sociopolítica e cultural fornecendo lhe meios para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade Esta corrente tem como principais nomes no país José Carlos Libâneo Cipriano Carlos Luckesi Demerval Saviani Com isso os livros de História que basicamente tinham um discurso superficial e patriótico passaram a esboçar um visão mais crítica da nossa sociedade Além do mais segmentos tradicionalmente marginalizados passaram a ser assunto na sala de aula como indígenas e negros lembrese da lei 1164508 Mas além da revisão dos conteúdos a revolução tecnológica também teve seu impacto nos livros didáticos e sobre este é o nosso próximo assunto Metodologia do Ensino de História 32 A Internet e os livros didáticos Podemos definir o termo Internet no contexto atual da seguinte maneira Internet é a rede mundial de computadores ou seja um conjunto de redes vários computadores ligados entre si trocando dados interligadas que permite o acesso e troca de informações em qualquer lugar do planeta Surgida na época da Guerra Fria a intenção era de que caso acontecesse uma guerra nuclear existisse uma rede espalhada para garantir a troca de informações Em outras palavras a Internet é um gigantesco rio de informações fluindo de e para todas as partes do mundo Com ela podemos não só acessar como produzir qualquer conteúdo Com isso qual a relevância do livro didático nesse mar de informação Tentar responder essa questão será o próximo assunto A reação das editoras e o efeito da Internet Com a democratização do acesso da informação proporcionada pela Internet muitos meios tradicionais de informação passaram a ter sua legitimidade questionada Porém uma questão que tem sido levantada ultimamente é de que muita informação errada tem sido divulgada já que ao serem publicadas na Internet as informações não passam pelo crivo de especialistas que envolve a publicação de um livro didático Com isso muitas vezes informações falsas são divulgadas Metodologia do Ensino de História 33 Figura 3 Os dois lados da internet Fonte Editorial Telesapiens O Autor POSITIVO INTERNET NEGATIVO Democratização na produção de conteúdos Ausência de curadoria Conhecimento ao alcance de todos Divulgação de informações falsas em nível global Mesmo assim a Internet tem ganhado cada vez mais espaço entre diversos segmentos e influenciado até a política mundial Então o livro didático se torna uma fonte segura de informação e sob a orientação de um profissional qualificado capaz de apontar suas inconsistências que é o professor Muitas editoras além de recorrerem a uma diagramação mais ágil tem se utilizado da internet como forma de oferecer um conteúdo complementar para o livro Através dos sites das editoras muitas vezes existem vídeos animações exercícios e diversos materiais que podem servir de suporte para o professor transformando o livro numa espécie de pacote de serviços que oferecido ao professor e aos alunos Sendo assim podemos dizer que tanto editoras quanto autores e políticas públicas estão se mobilizando para realizar uma transposição didática das inovações tecnológicas SCHMIDT apud COSTA RALEJO 2013 Mas como estas mudanças tem se processado na realidade dos anos iniciais do ensino fundamental Metodologia do Ensino de História 34 O livro didático nos anos iniciais do ensino fundamental Como já vimos o ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental e tende a ter uma característica bem mais lúdica do que teórica Além do mais normalmente até o terceiro ano do ensino fundamental história e geografia são fundidas na disciplina ciências sociais mesclando tanto o já mencionado caráter de efemeridades quanto de conhecimentos básicos como o que é um bairro um município etc Criada pela lei 569271 a disciplina ciências sociais foi uma criação de o governo militar Como parte das suas mudanças no sistema educacional eles fundiram História e geografia em uma única disciplina Mesmo após a lei 939496 esta fusão foi mantida nos primeiros anos como forma de introduzir os alunos aos conteúdos destas disciplinas No próximo item nos aprofundaremos de como estes conteúdos se processam nestes livros História para crianças Como Circe Bittencourt 2009 112113 aponta nos livros dos anos iniciais há uma preocupação de se ultrapassar a limitação do ensino de História como o ensino do nome de grandes que são vistos como figuras atemporais Isto tem a ver com a substituição do paradigma romântico pelo paradigma da escola dos Annales como recordamos na tabela a seguir Tabela 3 Diferenças entre o paradigma romântico e da escola dos Annales Paradigma romântico Paradigma dos Annales História factual História problema Foco nos grandes nomes Foco em grandes estruturas Metodologia do Ensino de História 35 Valorização do nacionalismo Crítica ao nacionalismo Utilização da História como um elemento de formação da unidade nacional Utilização da História como elelmento de formação de um cidadão crítico e consciente Fonte BARROSJosé Costa DAssunção Os historiadores e o tempo a contribuição dos Annales In Cadernos de História Belo Horizonte v 19 n 30 1º sem 2018 Disponível em httpsbitly2tPkK67 Nesta tabela vemos que apesar de ainda ter a valorização das datas comemorativas dito pela própria autora vemos uma importante mudança Com a influência deste viés mais crítico já há uma diminuição do impacto do lugar das efemeridades já citado anteriormente Relembrando que este viés mais crítico tanto na História como na própria pedagogia vai estar representado nos Parâmetros Curriculares Nacionais como mostrado no diagrama abaixo Figura 4 Fonte O Autor Metodologia do Ensino de História 36 Isso por si só já obriga diversas mudanças no ensino destes anos fundamentais onde as crianças além de começarem a desenvolverem suas habilidades básicas começam a construir uma relação com o conhecimento mais formal Além de aprender a ler escrever e desenvolver a coordenação motora é necessário nessa idade entre seis e dez anos de idade relembrando que o ensino de História tende a se intensificar a partir do terceiro ano quando os alunos em média estão com oito anos de idade Por isso temse a preocupação em se apresentar noções de conceitos históricos que serão expandidos ao longo dos anos na vida escolar do aluno Com isso o profissional dos anos iniciais já introduz ao aluno certos conceitos como permanência mudança temporalidade entre outros que serão trabalhados pelo professor especialistas Este trabalho é de suma importância pois já começa a familiarizar o aluno com versões mais simples de conceitos complexos que ele trabalhará ao longo de sua vida escolar Vale lembrar que atentar para este fato não é desvalorizar o trabalho do professor dos anos iniciais e muito menos subordiná lo ao professor especialista que ele terá contato só nos quatro anos finais do ensino fundamental Muito pelo contrário é reconhecer a importância que este profissional tem para o desenvolvimento social e cognitivo da criança A organização do nosso sistema educacional Nos seus primeiros três anos de vida a criança costuma a estar salvo aqueles que têm necessidade e condições para colocar seus filhos em creches em contato mais direto com seus pais principalmente a mãe eou parentes mais próximo que auxiliem nos primeiros cuidados A partir dos quatro anos a criança vai vagarosamente sendo iniciada no mundo escolar quando cursa três anos de préescolaeducação infantil o que também chamado de jardim da infância e em seguida passa para os anos iniciais do ensino fundamental com duração de quatro Metodologia do Ensino de História 37 anos e a partir do quinto ano do ensino fundamental contará com professores especialistas para todas as disciplinas até o último ano do ensino médio Analisando o descrito acima vemos que o nosso sistema educacional está organizado de uma forma progressiva e acumulativa A criança é introduzida no sistema educacional aos quatro anos e aos poucos vai sendo apresentada pela professora a uma série de conhecimentos Á medida que vão ficando mais complexos vão sendo adicionados professores especialistas lembrando que artes educação física e língua estrangeira são disciplinas com professores especialistas que fazem parte da grade curricular dos anos iniciais do ensino fundamental até a grade ser ocupada em sua totalidade por professores especialistas a partir do sexto ano do ensino fundamental quando a criança está com onze anos de idade Porém mais do que a aquisição de conhecimentos temos outro fator que costuma a ser deixa de lado a socialização A importância dos anos iniciais na construção de um cidadão crítico Conforme vimos no item anterior a criança começa a frequentar a escola em média a partir dos quatro anos Normalmente é a partir deste momento que a criança toma contato com pessoas fora de seu círculo familiar e da sua vizinhança Sendo assim este momento se torna fundamental para a criança começar a construir o seu contato com a diversidade A experiência de se tomar contato com o diferente de ver outras formas de arranjos familiares crenças situação econômica etc se dá a partir da escola Esta convivência se torna importantíssima para construir duas habilidades de suma importância para o convívio em sociedade empatia e tolerância Por empatia entendemos a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma Metodologia do Ensino de História 38 situação vivenciada por ela e tolerância como sendo o ato de agir com condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir Fonte httpsbitly2QqrQWn e httpsbit ly366H8WY Cidadão critico consciente e tolerante Sendo assim os anos iniciais do primeiro segmento se tornam fundamentais para a criança desenvolver capacidades que serão importantíssimas para ela se tornar um cidadão crítico Empatia e tolerância são fundamentais para a boa convivência Como sendo uma fase onde a criança está tomando contato pela primeira com diversas situações que são diferentes da sua realidade Esse contato com o diferente vai ser fundamental para que a criança aprenda a se colocar no lugar dos outros e se solidarizar com outras pessoas Lembremos que os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam a importância da formação do senso crítico e da consciência da sua realidade histórica e social como seus objetivos Estas capacidades acima ditadas são de grande importância para a tomada da consciência histórica e social tem a ver com alinhar os conteúdos aprendidos da disciplina com o desenvolvimento de habilidades ligadas à empatia e à tolerância Um ensino meramente bancário para adotar uma terminologia mais cara ao nosso patrono da educação se concentraria apenas na pura e simples repetição e memorização de conteúdos o que quase invariavelmente seria uma sequência de fatos organizados de forma cronológica Isso não basta para que se desenvolva no indivíduo a compreensão do seu papel como agente da História Para este objetivo ser alcançado mais do que o aluno ter conhecimento do processo de desenvolvimento do seu país e do mundo é necessário que o aluno se veja como parte dessa engrenagem Para que este objetivo seja alcançado é importante que desde os anos iniciais o professor deve trabalhar com o aluno a noção de que ele também é um ator da História Metodologia do Ensino de História 39 Então o trabalho do professor deve ser focado neste misto de socializar e ajudar ao aluno a adquirir conhecimentos básicos relativos à disciplina É importante que ao se trabalhar com as séries iniciais estes conceitos sejam introduzidos de forma lúdica pois estamos falando de crianças em tenra idade Brincadeiras rodas de contação de estórias e diversas outras atividades podem ser ótimas formas para fazer as crianças a refletirem sobre estes assuntos mais do que qualquer livro que você possa escolher Outra boa saída é criar espaços onde as crianças podem falar de suas experiências Rodas de conversa desenhos brincadeiras do estilo mostre e conte podem servir como forma das crianças expressarem suas visões de mundo e trocarem as suas experiências umas com as outras É importante que tudo seja feito com a devida mediação e orientação do professor Em escolas que tenham realidades muito diversas alunos de classes sociais muito díspares ou moradores de comunidades rivais isto pode virar um momento para conflitos como exteriorização de preconceitos por exemplo Nesta hora que vai entrar o papel do docente como árbitro de conflitos e alguém que vai desconstruir concepções equivocadas e convidar o aluno para a reflexão com a intenção de desenvolver nele justamente a empatia e a tolerância Por mais que estes momentos possam ser espinhosos e até mesmo estressantes são oportunidades excelentes para que se comece a construção de um cidadão crítico consciente e tolerante Sendo assim meu caro futuro colega não se furte a tentar desenvolver este tipo de trabalho Lembre que mais do que passar conteúdos nós temos uma responsabilidade legal de auxiliar na construção de cidadãos Com isso é fundamental que nós auxiliemos as crianças a aprenderem a conviver com o diferente e a se colocar no lugar do outro No próximo item começaremos a colocar o como o professor pode construir seu próprio material com a finalidade de atingir estes objetivos Como já disse em outras oportunidades Metodologia do Ensino de História 40 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo O ensino de história através de atividades lúdicas na educação infantil da escola municipal Mariano Rocha em BocainaPI 2011 2013 SOUSA MOTA acessível pelo link httpsbitly39hRNjE SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que há diferentes propostas de livros didáticos mas que podemos basicamente dividilas em dois grandes grupos aqueles livros que defendem uma pedagogia mais tradicional onde o aluno é visto como uma espécie de folha em branco onde o professor vai depositar seu conhecimento e aqueles que vêm com uma proposta mais moderna reconhecendo que o aluno já traz toda uma bagagem de vivência fora da escola Vimos também que esse movimento tem a ver tanto como uma mudança promovida tanto pelo contexto da redemocratização quanto de certas correntes teóricas que ganhavam força no meio acadêmico e ressoavam no meio escolar como a pedagogia críticosocial dos conteúdos e a escola dos Annales Outro fator de grande importância foi o boom da certas necessidades não haverá manual material ou livro que supra Então sempre será útil que você mais do que saber selecionar o seu material você aprenda a confeccionar o seu próprio material Então no próximo item serão abordadas possíveis estratégias que você possa utilizar para criar seu próprio material de trabalho afim de que você consiga dar conta dos seus objetivos Metodologia do Ensino de História 41 internet a crise do mercado editorial e o Programa Nacional do Livro Didático Você também viu que a atuação do professor nos anos iniciais do ensino fundamental para estimular a criança a desenvolver empatia e tolerância que são características fundamentais para se construir um cidadão crítico e consciente da sua realidade histórica e social Elaborando seu próprios materiais Ao término deste capítulo você será capaz de desenvolver metodologias para elaborar seus próprios Isto será fundamental para o exercício de sua profissão É de suma importância que você seja capaz de desenvolver materiais que se adequem às necessidades da sua turma E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Por que o professor deve saber desenvolver seus materiais Como já discutido anteriormente livros didáticos são produtos da indústria cultural Isso os torna inúteis para a sala de aula De forma alguma Como também dito anteriormente nestes tempos de explosão de informação sem nenhuma checagem o livro pode ser um excelente fonte de conhecimento seguro para o aluno pois passou por toda uma equipe de especialistas até ser publicado além de servir como uma ótima ferramenta de trabalho para o professor Porém sendo eles um produto em série e feito em escala para ser vendido no país inteiro ele tende a uniformizar conteúdo Metodologia do Ensino de História 42 não se atentando aos conteúdos regionais salve aqueles livros que são produzidos para atender uma demanda específica de algum estado Além do mais o contexto da sala de aula tem uma variedade que não há editora que dê conta Em uma país extremamente desigual e de dimensões continentais como o nosso os contextos variam muito até mesmo dentro de um município ou bairro Com uma variedade como essa tão enorme que outra saída tem o docente além de confeccionar parte do material Há também um outro bom motivo para se confeccionar o seu próprio que é de se criar um elo com a turma O processo de se realizar um esforço coletivo com os alunos para desenvolver seu próprio material pode ser uma excelente ferramenta para se criar estreitar laços com a turma Eu mesmo já relatei na primeira unidade uma experiência que tive que ao dar liberdade de criação para um grupo de alunos indisciplinados fui alegremente surpreendido com um dos melhores trabalhos da minha carreira docente Outro fator importante de se levar em conta é de que para as crianças a experiência de uma atividade mais prática pode ajudar Como já falado anteriormente os anos iniciais estão em uma fase que estão adquirindo habilidades sendo assim Atividades que explorem de forma mais lúdica conceitos ligados ao conhecimento histórico podem ser mais interessante para as crianças Além de elas não ficarem simplesmente paradas atrás de uma mesa com uma folha escrevendo o que pode ser bastante enfadonho para crianças com pouca idade a experiência de eles participarem ativamente na construção do conhecimento propicia um momento único para eles além de ser uma oportunidade se trabalhar habilidades motoras e de socialização junto com leitura e interpretação Metodologia do Ensino de História 43 Por atividades lúdicas entendase atividade relacionadas com jogos e com o ato de brincar Na educação Infantil podemos comprovar a influência positiva das atividades lúdicas em um ambiente aconchegante desafiador rico em oportunidades e experiências para o crescimento sadio das crianças Para maiores informações veja Queiroz et ali 2006 disponível em httpsbitly2F00cdC SAIBA MAIS Figura 5 Organograma resumindo as etapas envolvidas no planejamento de uma atividade Fonte O Autor É de grande importância ter esses elementos claros para se planejar uma atividade principalmente se ela tem como um objetivo mais geral produzir um material final Esse material final pode ser algo que vai ser exposto para a escola que a Metodologia do Ensino de História 44 circulação ficará dentro da turma mesmo Independente de qual seja a circulação desse material uma atividade que terá este tipo de produto necessita de maior atenção pois pode vir a mobilizar muitos recursos além de ser necessário uma cautela extra já que estamos falando de crianças Então vamos começar com o nosso alvo primário ou seja os objetivos Delimitando os objetivos Antes do primeiro passo de toda caminhada sempre se pensa em qual o destino ou seja qual o objetivo dessa caminhada a mesma coisa pode se dizer de quando planejamos alguma atividade ou curso Qual a meta que eu quero alcançar com essa atividade Que competências que eu quero que sejam desenvolvidas ao longo desse curso Todos estes exemplos acimas citados são objetivos que se desejam alcançar no processo de ensinoaprendizagem Eles são parte importante do nosso trabalho porque é a partir deles que iniciaremos a nossa jornada Tendo um destino em mente é que apontamos a nossa bússola e planejamos a nossa viagem A mesma coisa vale para o nosso processo de ensino aprendizagem Uma atividade que tem por objetivo avaliar os alunos vai ser pensada de uma forma uma atividade que tenha por objetivo integrar alunos família e comunidade será pensada de outra forma e assim por diante Os objetivos são metas a serem alcançadas e que demandaram estratégias diversas Uma mesma atividade pode ter mais de um objetivo Particularmente eu gosto de pensar em objetivos gerais e objetivos específicos Os objetivos gerais tem uma definição mais ampla genérica Os objetivos específicos já carregam um grau maior detalhismo Por exemplo ao se organizar uma festa junina poderíamos citar como objetivo geral integrar a comunidade escolar responsáveis alunos professores e funcionários e como objetivos específicos sobre a importância do meio rural na nossa sociedade Metodologia do Ensino de História 45 Mas se toda caminhada precisa de um destino ela também precisa de condições mínimas para que ocorra Ou seja ela precisa de recursos que será o próximo assunto Analisando e disponibilizando os recursos Uma parte importante de todo o planejando é analisar as ferramentas e materiais disponíveis que você tem para trabalhar para que você saiba o como aquele objetivo que você almeja será alcançado Ou seja você precisa ver os recursos disponíveis Mais do que ver os recursos disponíveis você também deve ver os recursos necessários Uma vez que você esteja ciente dos recursos disponíveis e dos recursos necessários você poderá fazer os devidos ajustes necessários Este ajustes podem ser desde ir buscar recursos para suprir as deficiências quanto reajustar a sua atividade para se encaixar aos recursos disponíveis Voltemos ao exemplo da festa junina Vamos dizer que você queira juntar todas as turmas da escola na quadra para se apresentarem para todos os responsáveis Porém a escola não possui um sistema de som com potência suficiente para dar vazão a todos os pais Duas possíveis saídas seriam arrumar um sistema de som mais ponto alugando um pedindo emprestado de algum membro da comunidade escolar ou de uma escola vizinha por exemplo ou realizar apresentações menores apenas das turmas com seus responsáveis Administrando o tempo e analisando o perfil da turma Dois outros pontos importantíssimos para se levar em conta é o tempo disponível e o perfil da turma Junto com os recursos estes dois fatores tem que ser levados em conta O perfil da turma e o tempo disponível vão ser dois fatores que terão muita influência para alcançar o objetivo Uma turma com um perfil mais disperso ou mais tímida por exemplo pode demandar uma pouco mais tempo para se organizar numa dança voltando ao nosso exemplo da festa junina Porém por ser uma atividade que toda a escola participe Metodologia do Ensino de História 46 talvez fique inviável ceder mais tempo Uma saída pode ser uma coreografia simples e com orientação da professora Construindo exemplos Para ficar mais claro o que falei no item anterior construí um exemplo de ficha de planejamento e vou preenchêla com exemplos de atividades Pretendo com isso tornar mais claro o como isto pode funcionar na prática Figura 6 Exemplo de ficha de planejamento de atividades Fonte O Autor Metodologia do Ensino de História 47 Fonte O Autor Fique bem claro que não importa o quanto você planeja esteja sempre preparado para imprevistos Sempre acontecerá algum problema que não estava previsto Então acostumese a improvisar Planeje mas sempre esteja com o espírito pronto para lidar com acontecimentos alheios à sua vontade Passemos agora aos estudos de caso A batalha do passinho Por volta de 2008 estourou no meio funk carioca o passinho Este fenômeno cultural que ganhou até um documentário A Batalha do Passinho ver httpsbitly2t6QfZe era uma verdadeira febre entre os meus alunos em 2014 a maioria moradores das comunidades do Morra do Dendê Parque Royal Praia da Rosa e Tubiacanga Em um dia de atividades lúdicas que a escola organizou resolvi promover uma batalha do passinho com os seguintes objetivos abaixo Tabela 4 Objetivos da batalha do passinho Objetivos gerais Objetivos específicos Promover a integração entre os alunos Dar protagonismo dos alunos Promover um espírito de competividade de forma saudável Estimular representatividade entre eles Aliviar as tensões antes das provas finais de dezembro Valorizar a cultura local Com este objetivos em mente fui ver os recursos e tempos que eu teria disponíveis O evento foi planejado com quinze dias de antecedência tempo que os alunos poderiam se inscrever Metodologia do Ensino de História 48 A escola disponibilizaria uma caixa de som microfone e um computador além de ceder o auditório na meia hora final do dia Sendo assim redigi um pequeno regulamento com limites de tempo prazos de inscrição e limites de temas para as músicas que eles deveriam trazer nada de palavrões apologia ao crime e menções explícitas sobre sexo além de colocar como prêmio a divulgação do vídeo da apresentação no meu blog https rockehistoriablogspotcom Comecei a divulgar nas minhas turmas e alguns colegas divulgaram nas turmas deles e em pouco tempo a notícia correu a escola como um rastilho de pólvora Quando chegou no dia dos dez inscritos só um veio e outros quatro não inscritos queriam participar Outro problema que aconteceu foi que ninguém trouxe um arquivo com música e meu celular estava descarregado Como já estava com um arquivo de música em minha posse esta parte já estava resolvida Pedi para uma aluna filmar o vencedor e depois editei o arquivo que estava com ela Avaliando os resultados No geral eu diria que os objetivos foram alcançados com sucesso Os alunos se divertiram muito e ficaram empolgados desde o anúncio do evento Era comovente ver o como eles estavam felizes de ver uma manifestação cultural surgida no meio deles e de grande relevância para eles estava presente na escola Me lembro que durante o período de inscrições fui procurado por vários alunos Mesmo no ano seguinte alunos vinham me procurar para saber se teria uma outra edição e comentavam sobre o desempenho o vencedor Da minha parte o que eu mudaria seria ter mais atenção com o video Tentar ver se a escola disponibilizaria um câmera pegar uma câmera emprestada ou estar com o meu celular carregado e um aluno responsabilizado de filmar seriam estratégias que eu utilizaria Metodologia do Ensino de História 49 Passemos agora ao nosso próximo estudo de caso a avaliação digital de História e geografia A Avaliação digital de História e Geografia Como já mencionei anteriormente gosto de utilizar recursos multimídias nas minhas avaliações como filmes vídeos do YouTube clipes musicais etc Na escola que leciono atualmente vi que existem vários notebooks ã disposição Sendo assim resolvi fazer uma quinzena de avaliação digital em História Com isso eu precisaria de cerca de quinze computadores e no mínimo uma hora de tempo disponível e cada aluno teria que ter seu próprio fone de ouvido Após dois meses de conversa com direção e alunos resolvi por realizar a atividade tendo estes objetivos em mente Fonte O Autor Tabela 5 Objetivos da avaliação digital de História e geografia Objetivos gerais Objetivos específicos Avaliar conteúdos de História e geografia Dar oportunidade do aluno realizar a sua avaliação dentro do seu próprio tempo utilizar recursos que se encontravam sub aproveitados na escola Estimular o uso educativo da tecnologia entre os alunos Um dos maiores problemas que sempre vi nas minhas avaliações de vídeo é a dificuldade que certos alunos tinham de acompanhar o ritmo dos demais me pedindo constantemente para voltar Sendo assim resolvi essa prova para dar uma oportunidade destes alunos pararem e voltarem os vídeos quantas vezes quisessem dentro do limite de tempo de uma hora Metodologia do Ensino de História 50 Nas duas semanas das avaliações cheguei com cerca de quatro horas de antecedência para carregar todos os computadores e colocar os arquivos de vídeo neles Qual a minha surpresa ao descobrir no processo que algumas máquinas estavam com vírus ou com a parte de áudio comprometida isso sem falar de máquinas que sequer ligavam o que me limitou a um repertório de dez máquinas por dia A estratégia adotada foi de usar as dez máquinas e a medida que fossem acabando o aluno cedia a vez para o próximo Outra consequência dessa estratégia foi ter que transferir a avaliação para o início da aula pois com três horas de duração haveria mais tempo hábil para o rodízio de alunos Outro imprevisto que tive que lidar foi com a falta de fones de ouvidos Apesar dos repetidos avisos em diferentes momentos ao longo de dois meses ocorreram de a bem da verdade uma minoria alguns alunos não virem com fones de ouvido porque ou se esqueceram ou havia quebrado no dia seguinte A solução para o problema foi separar alguns alunos em salas ou pedir fones emprestados para outros alunos além de eu ter emprestado o meu prprio fone Avaliando os resultados Os resultados desta avaliação foram bem positivos também As médias giraram em torno de 80 de acerto e os alunos com maior dificuldade me deram um feedback muito positivo de como ajudou poder parar voltar e avançar o vídeo Outro motivo que me levou a fazer a prova foi a empolgação que eu vi em alguns alunos de ter a oportunidade de operarem um computador Mesmo eles tendo facilidade para usar a tecnologia são adolescentes entre 15 a 19 anos de idade muitos não têm computadores em casa atualmente os meus alunos são oriundos de comunidades de Bangu como Vila Aliança Vila Kennedy Sapo etc Então vários se mostraram empolgados com esta oportunidade Metodologia do Ensino de História 51 Algo que pretendo manter para o ano que vem é a ordem da prova Dados os imprevistos que aconteceram a realização da prova no início da aula se torna mais proveitosa Curioso para saber quem ganhou a batalha do passinho que eu organizei Veja o post no meu blog Rock e História acessível pelo link httpsbitly2SsGCi9 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que mesmo sendo uma fonte de informação confiável se comparada com a Internet os livros didáticos por serem produtos da indústria cultural não dão conta da multiplicidade da sala de aula Sendo assim o ideal é que o professor também construa seus materiais didáticos com os seus alunos Você deve ter aprendido que este tipo de atividade tanto auxilia a construir maiores laços do professor com a turma como também auxilia os alunos a se enxergarem como protagonistas nos eu processo de ensinoaprendizagem Mas que para você realizar este processo é necessário planejar e ao planejar você tem que ter em mente seus objetivos recursos e tempos disponíveis e necessários e após realizado é necessário avaliar os resultados Metodologia do Ensino de História 52 REFERÊNCIAS AZEVEDO Prof Dr Antulio José de BELGAMO Taiz Cavalcanti BORANGA M C MARTINS B M Contribuições da pedagogia crítico social dos conteúdos na prática docente um estudo de caso Revista científica eletrônica de pedagogia Ano XI Número 21 Janeiro de 2013 Acesso em 08 de dez de 2019 disponível em httpsbitly2t4rsoH BITTENCOURT C M F Ensino de História fundamentos e métodos São Paulo Cortez 2009 BARROS J C D Os historiadores e o tempo a contribuição dos Annales Cadernos de História Belo Horizonte v 19 n 30 1º sem 2018 Disponível em httpsbitly352w1gz acesso 09 de dez 2019 CABRAL M A O ensino de história nos anos iniciais do ensino fundamental o lugar das efemeridade XXVII Simpósio Nacional de História Conhecimento Histórico e Diálogo Social acessível pelo link httpsbitly2tXk1jv Acesso em 04122019 COSTA MAF RALEJO AS Pensando a interface entre os livros didáticos de História e as demandas tecnológicas negociações possíveis Anais do VII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias transformações e subversões na atualidade Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2013 LEÃO D M M Paradigmas contemporâneos de educação escola tradicional e escola construtivista Cadernos de Pesquisa nº 107 p 187206 julho1999 acessível pelo link httpsbitly37iEaz0 Acesso em 04122019 Metodologia do Ensino de História 53 PEREIRA B S ARRAIS T S Influência Das Tecnologias Na Infância Vantagens E Desvantagens IV Colóquio de Educação Cidadnia e Exclusão Didática e Avaliação Disponível em httpsbitly39lad2M acessado em 04122019 QUEIROZ N L N MACIEL D A BRANCO A U Brincadeira E Desenvolvimento Infantil Um Olhar Sociocultural Construtivista Paidéia 2006 1634 169179 Acessível no link httpsbitly2Q5QY61 Acesso em 12122019 SOUSA M G A B MOTA F B O ensino de história através de atividades lúdicas na educação infantil da escola municipal Mariano Rocha em BocainaPI 2011 2013 Form re Revista do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica Universidade Federal do Piauí Teresina v 3 n 1 p 6063 jan jun 2015 acessível pelo link httpsbit ly39jIKPh Acesso em 12122019 É urgente nos questionarmos a respeito do real papel do professor de Geografia principalmente nos dias de hoje De acordo com Menezes e Kaercher 2015 o professor como agente social e transformador precisa de uma formação que dê conta de um mundo cada vez mais globalizado e problematizado por questões as mais diversas O professor precisa dentro dessa lógica ser um agente além de social ser um agente que vê na sua prática um encantamento do ser docente Assim concordamos com Manoel de Barros 2010 p 109 ao dizer que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós Diante do contexto apresentado responda as questões a seguir 1 Para ser professor de história e geografia é necessária uma formação continuada Justifique Sem dúvidas é necessária uma formação continuada para ser professor de Geografia Isso se dá pelo fato de que o papel do professor hoje perpassa a simples transmissão do conhecimento O docente precisa estar apto para lidar com um mundo globalizado e com questões cada vez mais complexas A formação continuada possibilita ao professor atualizar seus conhecimentos adquirir novas metodologias de ensino e estar em contato com as transformações sociais e culturais que afetam a disciplina Ademais a formação continuada também proporciona ao professor a oportunidade de refletir sobre sua prática e buscar formas de tornála mais significativa e encantadora para os alunos Destarte a formação continuada é fundamental para que o docente possa desempenhar seu papel de agente social e transformador de maneira eficiente 2 A geografia e a história na perspectiva tradicional não se adequam ao contexto educacional atual em virtude do mundo está cada vez mais globalizado e complexo com questões socioambientais econômicas e políticas que demandam uma abordagem mais crítica e problematizadora A perspectiva tradicional dessas disciplinas focaliza apenas fatos e datas sem analisar as relações entre os fenômenos e as transformações sociais Portanto é necessário uma formação continuada que capacite o professor a compreender e abordar essas temáticas de forma mais ampla e atualizada possibilitando aos estudantes uma visão mais crítica e reflexiva sobre o mundo em que vivem Após realizar suas reflexões elabore um pequeno texto contendo o máximo de 20 a 30 linhas expondo sua argumentação acerca do solicitado Em um cenário educacional dinâmico a formação continuada para professores de história e geografia emerge como um alicerce indispensável haja vista que a complexidade das transformações sociais culturais e tecnológicas exige uma constante atualização para que esses profissionais possam oferecer uma educação relevante e contextualizada A formação continuada não apenas aprimora os conhecimentos específicos desses docentes mas também os capacita a utilizar metodologias inovadoras e ferramentas tecnológicas enriquecendo a experiência de aprendizagem No que tange à perspectiva tradicional de ensino em história e geografia é válido salientar que abordagens estáticas e centradas na memorização podem distanciar os alunos do processo de aprendizado comprometendo a formação de cidadãos críticos e reflexivos A contextualização das disciplinas de história e geografia no presente é crucial para despertar o interesse dos estudantes A perspectiva tradicional muitas vezes negligencia a interdisciplinaridade e a conexão com a realidade dos alunos tornandose desafiadora diante das demandas contemporâneas por um ensino mais dinâmico e participativo Portanto a formação continuada é não apenas válida mas essencial para os professores dessas disciplinas Ela não apenas os prepara para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo mas também enriquece a experiência de aprendizado dos alunos