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gente criando o futuro EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS Organizadora Glória Freitas EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS Organizadora Glória Freitas Educação das Relações ÉtnicoRaciais GRUPO SER EDUCACIONAL C M Y CM MY CY CMY K Educação das Relações ÉtnicoRaciais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 1 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 1 03022021 172744 03022021 172744 by Editora Telesapiens Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Editora Telesapiens Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Bibliotecária Maria Isabel Schiavon Kinasz CRB9 626 Freitas Maria da Glória Feitosa F866e Educação das relações étnicorraciais recurso eletrônico Maria da Glória Feitosa Freitas Recife Telesapiens 2020 216 p il 29cm ISBN 9786586073782 1 Relações raciais 2 Relações étnicas 3 Educação I Título CDD 302 22ed CDU 32313 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 2 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 2 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais Fundador e Presidente do Conselho de Administração Janguê Diniz DiretorPresidente Jânyo Diniz Diretor de Inovação e Serviços Joaldo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Créditos Institucionais Todos os direitos reservados 2020 by Telesapiens ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 3 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 3 03022021 172745 03022021 172745 Olá Meu nome é Glória Freitas Sou graduada em Pedagogia com mestrado e doutorado na área de educação com diversas experiências técnicoprofissionais na área de Educação desde 1984 percorrendo inicialmente pela Educação Básica na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I em Escolas posteriormente lecionando em formações docentes em Organizações Governamentais e Não Governamentais ONGs e OSCIPs e a partir de 1990 lecionando os fundamentos e metodologias de ensino na Formação Docente Inicial e Pós Graduação no Ensino Superior em Universidades Públicas e Particulares em São Paulo Paraná Ceará Rondônia e Maranhão Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho Conte comigo A AUTORA GLÓRIA FREITAS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 4 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 4 03022021 172745 03022021 172745 ICONOGRÁFICOS Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam OBJETIVO Breve descrição do objetivo de aprendizagem OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito CITAÇÃO Parte retirada de um texto RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do conteúdo DEFINIÇÃO Definição de um conceito IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo DICA Um atalho para resolver algo que foi introduzido no conteúdo SAIBA MAIS Informações adicionais sobre o conteúdo e temas afins EXPLICANDO DIFERENTE Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema ou exercício EXEMPLO Explicação do conteúdo ou conceito partindo de um caso prático CURIOSIDADE Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre o tema em estudo PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra REFLITA O texto destacado deve ser alvo de reflexão ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 5 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 5 03022021 172745 03022021 172745 SUMÁRIO UNIDADE 01 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional 12 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional conceito de diversidade cultural 12 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e a presença dela na escola 21 Reconhecendo o discurso pedagógico da diversidade 27 Entendendo a introdução a educação étnicoracial 40 Entendendo a introdução a educação étnicoracial conceitos de etnia e raça 40 Entendendo a introdução a educação étnicoracial na realidade brasileira 42 Analisando os fundamentos legais para a educação das relações étnicoraciais 46 UNIDADE 02 Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras 60 Reconhecendo o contato com a realidade de outro e o conceito de alteridade 60 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 6 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 6 03022021 172745 03022021 172745 Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras 69 Definindo o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e a resistência negra no Brasil 76 Relembrando o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no Brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras 87 Nomeando o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no Brasil 95 UNIDADE 03 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças 108 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças nas práticas pedagógicas 108 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas diferenças ambientalecológica étnico racial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras 112 Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente 122 Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente histórias pensamentos e conquistas 122 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 7 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 7 03022021 172745 03022021 172745 Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças 132 Desenvolvendo uma prática pedagógica que contemple o outro e suas semelhanças e diferenças 138 Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante da diversidade cultural 146 UNIDADE 04 Reconhecendo a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças 154 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais 162 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais questões conceituais 162 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais na busca de reflexivas e criativas práticas 166 Produzindo uma educação voltada às relações étnico raciais 173 Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial questões iniciais sobre currículo e práxis pedagógica 180 Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial recomendações curriculares legais brasileiras 184 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 8 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 8 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 9 UNIDADE 01 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 9 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 9 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 10 Olá Você estudará nesta unidade acerca da diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e o discurso pedagógico da diversidade especialmente no ambiente escolar Além disso veremos sobre a educação a partir dos conceitos de etnia e raça sobretudo na realidade brasileira E ainda analisaremos os fundamentos legais da educação das relações étnicoraciais Preparadoa Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 10 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 10 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 11 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 1 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Entender a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional 2 Reconhecer o discurso pedagógico da diversidade 3 Compreender os conceitos básicos da educação étnicoracial 4 Analisar os fundamentos legais para a educação das relações étnicoraciais Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 11 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 11 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 12 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional Ao término deste capítulo você será capaz de reconhecer a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e o Discurso Pedagógico da Diversidade o conceito de Diversidade Cultural e a presença da Diversidade Cultural na escola Conseguirá explicar a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional Será capaz de reconhecer o Discurso Pedagógico da Diversi dade e entender a introdução a Educação ÉtnicoRacial Por fim será capaz de analisar os Fundamentos Legais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais Isto será fundamental para o exercício de sua profissão Isto será fundamental para a sua compreensão sobre a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional e o Discurso Pedagógico da Diversidade E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional conceito de diversidade cultural Vamos começar explicando a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional e isso requer a busca do conceito de Diversidade Cultural para conseguirmos melhor explicála Você já conhece a expressão Diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 12 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 12 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 13 Cultural Em algum momento de sua formação estudantil já leu ou ouviu que a Diversidade Cultural seria algo relevante na nossa formação humana e na formação do Povo Brasileiro Já ouviu alguém falando sobre a importância de os futuros educadores reconhecerem as diversidades culturais que aparecem dentro de sala de aula E ouviu professores falando sobre isso Estas e outras indagações levam a uma questão inicial e que precisará ser respondida afinal qual é o significado de Diversidade Cultural Diversidade pode significar variedade diferença e multiplicidade A diferença é qualidade do que é diferente o que distingue uma coisa de outra a falta de igualdade ou de semelhança ABRAMOVICH 2006 p 12 Diversidade Cultural remete ao termo cultura Cultura está relacionada a todo aquele complexo que inclui o conhecimento a arte as crenças a lei a moral os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro Em 1871 cultura foi definida por Edward Burnett Tylor na sua obra Acultura primitiva é todo o complexo de conhecimentos artes moral crenças costumes leis costumes capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro e dentro da sociedade TYLOR 1871 Entendemos que cultura não pode ser pensada de forma singular O mais certo é dizer culturas sempre no plural lembrando que são mutantes ou seja mudam os valores leis práticas São múltiplas as crenças e variadas às práticas Como são diversificadas as instituições dentre das diferentes formações sociais Na realidade é verdadeiro afirmar que dentro de uma sociedade como a brasileira por exemplo caracterizada por ser como qualquer outra temporal e histórica que aconteçam muitas transformações culturais CHAUÍ 1995 Claro que os futuros professores necessitarão de reflexões sobre a definição de cultura Ou seriam definições O que é inegável é que você pertence a uma cultura local situada em uma ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 13 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 13 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 14 determinada região do Brasil e na região em que você vive existem distintos grupos sociais Existem no Brasil minorias étnicas como os Povos Indígenas ou Povos Originários do Brasil E existe uma cultura universal e que é patrimônio da humanidade A cultura é um processo de humanização que imprime significados da vida social Em sociedades plurais como a sociedade brasileira convivem diferentes matrizes culturais diferentes idiomas culturais Cada uma das culturas consigna uma visão de mundo um quadro próprio de referência seus próprios modos de pensar de conhecer de sentir de fazer de ser Assim é comum que cada cultura desenvolva seus próprios sistemas de classificação capaz de organizar o real em conformidade com a sua própria lógica simbólica Sendo assim as distintas culturas carregam suas dessemelhanças Não são mesmo iguais são diversas são diferentes Pensando na nossa realidade brasileira a nossa diversidade cultural é resultante da sociedade plural que somos de norte ao sul desse imenso país Figura 1 Fonte freepik ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 14 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 14 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 15 Como querer afirmar que somos sujeitos submetidos a uma cultura única e indivisível chamada Cultura Nacional Brasileira Como somos pertencentes a esta sociedade plural decorrente disso surge esta vastidão de diversidades culturais neste país chamado Brasil O que não quer dizer que tudo é pacífico integrado e ocorra em uma perfeita união entre tantas diversidades culturais Algo impede uma maior comunicação entre nossas diversidades culturais Diante disso o que dificulta e impede é o fato de estarmos imersos na ideia etnocêntrica de que algumas diversidades culturais são superiores ou melhores que outras O que impede que sejamos capazes de reconhecer e respeitar as alteridades aquilo que o outro é e representa diferente de si E isso causa exclusões ou desrespeitos às outras diversidades culturais Ou seja Embora se intercomuniquem essa comunicabilidade é regida pelo ordenamento social de natureza etnocêntrica que estrutura as relações de alteridade em nossa sociedade Os mecanismos de integração assimilação disjunção e troca na medida em que orientados etnocentrica mente configuram uma dinâmica assimétrica exclu dente BANDEIRA 2003 p 143 Diversidade cultural pode ser conceituada como a representação dentro de um sistema social de pessoas afiliadas aos grupos distintamente diferentes do ponto de vista de significado cultural HANASHIRO CARVALHO 2005 Trazendo a luz à discussão das diversificadas expressões culturais entre diferentes grupos majoritários ou minoritários Outra forma de conceituar Diversidade Cultural levando em conta a ideia de Identidade Cultural o que se relaciona com as certezas que temos de pertencimento a uma determinada cultura é afirmar que se trata de um conjunto imenso de pessoas que não partilham das mesmas identidades grupais suas identidades enquanto pertencentes a grupos são distintas e bem delimitadas mesmo que vivam no mesmo sistema social ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 15 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 15 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 16 O autor completa que a diversidade cultural englobaria os mais diversos grupamentos humanos percorrendo um caminho que passa por raça e por gênero dando conta de abarcar a idade história pessoal e corporativa formação educacional função e personalidade Inclui também estilo de vida preferência sexual origem geográfica Além disso existem conceituações que diferenciam dimen sões primárias definidas como diferenças humanas imutáveis tais como idade etnia gênero raça orientação sexual e habili dades físicas e diferenças secundárias mutáveis como formação educacional localização geográfica e experiência de trabalho Nas nossas ações sociais e culturais demonstramos que cada um de nós passa por um processo de produção da iden tidade e de diferença E isso nos diferencia uns dos outros E que precisam ser respeitados socialmente e no âmbito das instituições que frequentamos principalmente na escola Os que trabalham na escola devem ir além da tolerância do respeito às diferenças com relação a identidade e diferença de cada aluno e isso começa por procurar entender como são produzidas as identidades culturais A diversidade biológica pode ser um produto da natureza o mesmo não se pode dizer da diversidade cultural A diversidade cultural não é nunca um ponto de origem ela é em vez disso o ponto final de um processo conduzido por operações de diferenciação Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade mas questionálas SILVA2000 p 100 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 16 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 16 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 17 É interessante começar a busca pelos significados da expressão Diversidade Cultural destacando o cuidado e diferen ciandoa do senso comum daquilo que costumamos ouvir e de opiniões pessoais Diversidade Cultural não é fazer a defesa de que o nosso país o Brasil é pluriétnico formado por muitas etnias diferentes tanto autóctones nativas ou que vieram de outros continentes como o africano europeu e asiático e é pluricultural diferentes culturas estão presentes na nossa realidade Não devemos confundir diversidade cultural com uma polí tica universalista de maneira a contemplar o todo todas as formas culturais todas as culturas como se pudessem ser dialogadas trocadas ABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 94 Passando uma impressão errônea que a diversidade cultural seria o campo esvaziado da diferença ou seja a diversidade cultural acaba por abolir diferenças profundas e intensas das pessoas e de seus grupos sociais de pertencimento Isso não é verdade A diversidade Cultural precisa ser diferenciada das expli cações que aniquilem as desigualdades Já que as desigualdades são reais e expressas em muitos modos inclusive pelas mani festações culturais de distintos grupos sociais Há desigualdades irreconciliáveis seja de poder seja das classes sociais mas isto é obscurecido Portanto há muitas maneiras de esvaziar aquilo que são diferenças que é o contrário da construção identitária pois cabe às diferenças borrálas Em relação à diversidade supõese que a troca se realiza entre homens livres e iguais o que sabemos não existeABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 94 O instigante tema diversidade cultural convoca a um posicionamento crítico e político solicitando um novo olhar E é mais ampliado que consiga abarcar os seus múltiplos recortes Diante de uma realidade cultural e racialmente miscigenada como é o caso da sociedade brasileira essa tarefa tornase ainda mais desafiadora ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 17 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 17 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 18 Ao falar em diversidade cultural entram em cena partes consideráveis da população brasileira negros índios mulheres homossexuais e pessoas com deficiência ganham visibilidades às lutas que estes grupos travaram ao longo da história do Brasil batalhas para garantir às suas diversidades e o clamor por políticas públicas que sejam capazes de atender os seus anseios É interessante ressaltar que alguns sujeitos e grupos vão à luta para garantir suas visibilidades e em busca de políticas públicas afirmativas como os Povos Indígenas Brasileiros e os Afrodescendentes É perceptível que imigração gênero sexualidade raça etnia religião e língua são os principais fatores que desencadearam um processo de mobilização e discussão sobre a diversidade sendo que em vários contextos esses fatores estão inter relacionados ou interseccionados ABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 87 É possível entender diversidade cultural como sendo as diferenças construídas culturalmente tornandose então empiricamente observáveis e ainda podemos entender como diversidade cultural as diferenças também construídas ao longo do processo histórico nas relações sociais e nas relações de poder Muitas vezes os grupos humanos tornam o outro diferente para fazêlo inimigo para dominálo Gomes 2003 fala que tratar da diversidade cultural vai além de reconhecer o outro saber da existência dele com e na sua diferença Constituem pensar a relação entre o Eu e o Outro Eis o encantamento em discutir sobre a diversidade Ao considerarmos o outro o diferente não deixamos de focar a atenção sobre o nosso grupo a nossa história o nosso povo Ou seja falamos o tempo inteiro em semelhanças e diferenças Diversidade cultural vai além do ato de analisar um com portamento individual E ainda exige uma discussão política em razão de a diversidade cultural tratar das relações estabelecidas entre os grupos humanos e por isso mesmo não está fora das ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 18 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 18 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 19 relações de poder Ela diz respeito aos padrões e aos valores que regulam essas relações GOMES 2003 p 72 Ao relacionar a discussão da diversidade cultural inseridas nas atividades escolares é necessário impedir que ele seja pensado como um tema transversal Muito mais do que um tema ou um conteúdo a ser incluído no currículo a diversidade cultural é um componente do humano Ela é constituinte da nossa formação humana Somos sujeitos sociais históricos culturais e por isso mesmo diferentes GOMES 2003 p 73 Quando a educação se volta para a garantia da diversidade cultural realiza um direito das crianças E ainda faz das diferenças um trunfo explorálas na sua riqueza possibilitar a troca proceder como grupo entender que o acontecer humano é feito de avanços e limites O que significa abrir conexões entre tantos elementos distintos da vasta cultura brasileira Em uma busca intensa pelo novo e capaz de incentivar as vidas dos educandos devendo levar os educadores a buscar a adoção de práticas pedagógicas sociais e políticas em que as diferenças sejam entendidas como parte de nossa vivência e não como algo exótico e nem como desvio ou desvantagem A diversidade é uma mistura de pessoas detentoras de identidades distintas mas interagindo em um só sistema social Nesses sistemas coexistem grupos de maioria e de minoria Os grupos de maioria são os grupos cujos membros historicamente obtiveram vantagens em termos de recursos econômicos e de poder em relação aos outros Ao falar diversidade cultural aparece à necessidade de saber o que queremos dizer com a palavra Diversidade e com a palavra Cultura e posteriormente será possível chegar a um significado para a expressão Diversidade Cultural A diversidade cultural é a riqueza da humanidade Para cumprir sua tarefa humanista a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua Por isso a escola tem que ser local como ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 19 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 19 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 20 ponto de partida mas tem que ser internacional e intercultural como ponto de chegada Autonomia da escola não significa isolamento fechamento numa cultura particular Escola autônoma significa escola curiosa ousada buscando dialogar com todas as culturas e concepções de mundo Pluralismo não significa ecletismo um conjunto amorfo de retalhos culturais Significa sobretudo diálogo com todas as culturas a partir de uma cultura que se abre as demais GADOTTI 1992 p 23 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Educação para a Diversidade uma prática a ser construída na Educação Básica Silva 2007 acessível pelo link httpsbitly2MDZSVR Acesso em 19122019 SAIBA MAIS Figura 2 Cerimônia de encerramento da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas Olinda PE Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 20 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 20 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 21 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e a presença dela na escola Você já é capaz de explicar a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e conceituar diversidade cultural Agora você vai será desafiado a conseguir explicar a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e refletir sobre a presença dela na escola As reflexões e publicações sobre temas como diversidade cultural na sua relação com as minorias impôs como um tema proeminente em países da América do Norte Canadá e Estados Unidos Desde a década de 60 os movimentos políticos a favor da integração racial levaram à promulgação de leis visando à igualdade de oportunidades de educação e ao emprego para todos FLEURY 2000 p19 Zelosos dos seus importantes papéis os educadores deverão agir para integrar as diversidades culturais que coexistam dentro da escola e da sala de aula instaurando um respeito as alteridades aos outros e aos alunos Levando em consideração os discursos simbólicos que consigam justificar as relações de alteridade o formato e a maneira como esses discursos se reproduzem ou de como enfatizam determinados fragmentos temáticos oportunos em dada situação momento ou contexto particular sempre transformando a diferença em desigualdade BANDEIRA 2003 p 143 Estar em uma escola aprendendo ou lecionando representa momentos significativos para ter contato e adquirir elementos importantes da cultura universal Bem como é uma oportunidade de aprender a lidar com as diferenças locais regionais de cada grupo social raciais de gênero e convivendo com as minorias étnicas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 21 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 21 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 22 A diversidade étnicocultural nos mostra que os sujeitos sociais sendo históricos são também culturais Essa constatação indica que é necessário repensar rompendo com as práticas seletivas fragmentadas corporativistas sexistas e racistas GOMES e GONÇALVES e SILVA 2006 p 25 Dentro desta perspectiva cabe ao educador ao depararse com as diversas manifestações culturais populares ou culturas da cidadania agir respeitandoas e dandolhes vozes dentro da escola Cultura popular seria na perspectiva de Paulo Freire tomada de consciência da realidade nacional para produzir transformações e criar formas de relações sociais e políticas significa consciência de direitos possibilidade de criar novos direitos e capacidade de defendêlos contra o autoritarismo a violência simbólica ou não e o arbítrio Interessará certamente a cada futuro educador usar seu tempo na universidade para preparar e consolidar um modo adequado e consistente para o exercício do magistério focado na realidade de que os alunos trazem múltiplas expressões de distintas culturas implicando a necessidade de a educação ser multicultural pluralista não são homogêneos mesmos os alunos como não somos homogêneos os brasileiros E as futuras ações didáticas deverão ser focadas no respeito à cultura de cada aluno portanto democrática Cada educador deverá estar disposto a instaurar a equidade e o respeito mútuo superando preconceitos de toda espécie principalmente os preconceitos de raça e de pobreza O que significa que o professor deverá ter respeito aos direitos dos alunos e que ninguém poderá deixar de matriculado e de permanecer na escola por qualquer tipo de preconceito Neste sentido os estudantes universitários que estão almejando os exercícios do magistério deverão aprender sobre a importância da renovação dos conteúdos culturais escolares fazendo dialogar com a educação regular aquela que acontece nas salas de aula com os conteúdos aprendidos no âmbito da educação nãoformal firmando compromissos com uma educação para a equidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 22 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 22 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 23 Figura 3 Fonte freepik Isso acontece quando se leva a sério a diferença cultural O respeito aos direitos humanos é fator para a democracia e justamente democracia e direitos humanos não se constituíram a não ser muito recentemente e com exceções em conteúdos nodais da escola brasileira É preciso experimentar uma educação multicultural focada no que é universal e ao mesmo tempo é específico de um povo Toda escola deve abrir os horizontes de seus alunos para a compreensão de outras culturas de outras linguagens e modos de pensar num mundo cada vez mais próximo procurando construir uma sociedade pluralista e interdependente As crianças chegam às escolas e carregam suas condições sociais próprias e relacionadas aos grupos sociais que pertencem É necessário perceber que elas não são apenas portadoras de especialidades biopsicológicas Os educadores precisam entender que a infância é uma construção social Infância é distinta de imaturidade biológica não é natural nem universal e aparece como componente estrutural de muitas sociedades ROCHA COSTA 2014 p85 Por isso é importante verificar as relações sociais em que as crianças estão inseridas ao mesmo tempo em que devem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 23 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 23 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 24 ser vistas como participantes do mundo social e produtores de culturas diversas Devem ser vistas como ativas na construção e determinação das suas próprias vidas das vidas dos que cercam e das sociedades onde vivem Crianças não são sujeitos passivos das estruturas As crianças interagem com muitos subgrupos etários e não ficam estáticos nas suas capacidades de ação de expressar sentimentos e pensamentos de movimentarse com autonomia É importante lembrar que as crianças são constituídas como seres sociais e assim sendo disseminamse pelos diversos modos de estratificação social a classe social a etnia a que pertencem a raça o gênero a região do globo onde vivem Os diferentes espaços estruturais diferenciam profundamente as crianças SARMENTO 2005 p 370 Vamos a um exemplo prático ao comparar um menino europeu na faixa etária entre 6 e 12 anos pertencente a etnia dominante europeia e de raça branca com família submetida as condições econômicas favoráveis e possuindo maiores possibilidades de viver com saúde que tem acesso e permanência escolar garantidos com seus direitos de brincar ser alimentado suficientemente portar boas roupas ter brinquedos viver em uma boa casa e ter horas de lazer favorecidas em comparação com uma menina da América do Sul na Índia ou África vinda das classes populares e mais empobrecidas sulamericanas indianas ou africanas é imprescindível entender que a diversidade social e cultural distingue este menino europeu destas meninas que vivem em condições econômicas precárias em seus distintos continentes Isso significa que são bastante menores neste caso as possibilidades de estudar brincar e aceder a bens de consumo e muito maiores as possibilidades de estar doente e de ter sobre os ombros as responsabilidades e os encargos domésticos As crianças demandam tratamentos que levem em conta a diversidade que as tornam os sujeitos que são Não é justo que o educador na sala de aula as veja parcialmente É imperativo que os professores façam distinções efetivas conceituais semânticas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 24 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 24 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 25 processos de referenciação e significação próprias das crianças sobre a infância e suas diversidades culturais sintáticas relativas às regras de articulação entre os elementos simbólicos e morfológicas referentes a especificação das formas que adotam os elementos característicos das culturas da infância Desta forma cabe ao professor entender que a criança enquanto um sujeito concreto que integra essa categoria geracional e que na sua existência para além da pertença a um grupo etário próprio é sempre um ator social que pertence a uma classe social a um gênero etc Assim cada criança deverá ser tratada como um sujeito que vive mergulhado à sua própria diversidade cultural e que poderá até coincidir em alguns elementos com as culturas de seus professores mas difere em muitos pontos e precisará ser respeitada no seu direito a sua específica diversidade cultural Junto com seus pares com as crianças que compartilham o seu cotidiano a escola deverá não coibir a apropriação reinvenção e a reprodução que elas produzem juntas colaborando para conseguir lidar com experiências contraproducentes ao mesmo tempo em que se estabelecem fronteiras de inclusão e exclusão de gênero de subgrupos etários de status que estão fortemente implicados nos processos de identificação social Caberá aos que planejam as rotinas educativas construir novos espaços educativos que reinventem a escola pública como a casa das crianças reencontrando a sua vocação primordial isto é o lugar onde as crianças se constituem pela ação cultural em seres ditados do direito de participação cidadã no espaço coletivo SARMENTO 2002 p 16 É necessário levar em conta a criança enquanto portadora de diversidade cultural e a responsabilidade do educador como quem sustenta com bastante respeito lugares de convivências criativas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 25 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 25 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 26 Devese deixálas livres como atores sociais nas diversidades culturais e nas alteridades delas Cada criança deve ser reconhecida como Outro e reconhecer as demais naquilo que elas carregam como Outro também com os adultos As condições culturais e sociais são heterogêneas mas incidem perante uma condição infantil comum a de uma geração desprovida de condições autônomas de sobrevivência e de crescimento e que está sob o controle da geração adulta Os conteúdos e as formas presentes nas culturas infantis são interdependentes das culturas das sociedades onde vivem sendo afetadas pelas mais diversas relações de classe de gênero e de proveniência étnica que impedem definitivamente a fixação num sistema coerente único dos modos de significação e ação infantil As crianças precisam ser reconhecidas como produtores de cultura própria à sua geração E são estas culturas da infância que exprimem as contradições que visualizam na sociedade em que habitam A escola e a família são espaços que oferecem interações diversas e o contato com culturas dirigidas pelos adultos pais e professores e culturas construídas nesses encontros entre as crianças Os adultos costumam oferecer produtos de suas culturas às crianças Passam às novas gerações suas decisões arbitrárias ao selecionarem ou recusarem alguns valores e saberes Isso acontece com os pais com os educadores e é perceptível no conjunto de dispositivos culturais produzidos para as crianças com uma orientação do mercado configuradora da indústria cultural para a infância literatura infantil jogos e brinquedos cinema bandasdesenhadas jogos vídeo e informativos sites e outros dispositivos da Internet serviços variados de férias de tempos livres de comemoração de aniversário de festas etc SARMENTO 2002 p 5 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 26 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 26 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 27 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo até aqui vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido até este momento a explicar a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional o conceito de Diversidade Cultural e a presença da Diversidade Cultural na escola Reconhecendo o discurso pedagógico da diversidade Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Multiculturalismo e educação em defesa da diversidade cultural Silva 2007 acessível pelo link httpsbitly2BHZHq5 Acesso em 19122019 SAIBA MAIS Reconhecendo o discurso pedagógico da diversidade é necessário para você entender as responsabilidades e adesões da escola e dos educadores sobre a importância de promover a diversidade nas atividades educativas Você percorrerá pela história do discurso pedagógico hegemônico desde a idade moderna e posteriormente entenderá sua diferenciação com o discurso pedagógico da diversidade OBJETIVO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 27 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 27 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 28 O Discurso Pedagógico revela aquilo acontece nas relações entre os professores e os alunos dos detalhes mais insignificantes aos mais essenciais Trata nas formas como a escola pretende modificar as mentes os modos de agir e de pensar das novas gerações a favor da Diversidade É inegável que as nossas indissociáveis e interdependentes identidades e diferenças são geradas a partir da nossa condição de sujeitos ou asujeitados à linguagem no âmbito de um específico dentro discurso Isso deve inspirar os educadores a examinar minuciosamente seus modos de produção onde e quando foram produzidas através do discurso A maioria das escolas costumam operar a favor da normalização e este movimento no interior das salas de aulas parece estar produzindo mais expurgo da norma do que identidades encaixadas na ordem Quer dizer há cada vez mais estranhos do que normais Na medida em que os professores tentam domar as identidades dos seus alunos mais proliferam as diferenças Indagando se não existiria uma possibilidade pedagógica para lidar com a diferença sem excluíla Costa 2008 defende que seria indispensável desessencializar as identidades e historicizálas mostrar e problematizar as identidades em sua face construída produzida nas injunções políticas do poder no interior das sociedades e das culturas O pensamento de Michel Foucault vai ajudar você a entender sobre os discursos e sobre as práticas atreladas a eles Este autor francês entendia que os discursos são poderosos agem vigiam e controlam os sujeitos É bem difícil escapar de tanta vigilância e das recorrentes punições nas instituições dos rótulos que vão sendo pregados na testa dos que não respeitam as normas a partir da saída da Idade Média na Idade moderna São os discursos eles mesmos que exercem seu próprio controle procedimentos que funcionam sobretudo a título de princípios de classificação de ordenação de distribuição como se tratasse desta vez de submeter ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 28 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 28 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 29 outra dimensão do discurso a do acontecimento e do acaso FOUCAULT 2002 p 21 Historicamente a partir da modernidade a escola passa a agir de um modo diferenciado das práticas medievais Foucault bem mais tarde estudou este momento histórico século XX Estudou os colégios da Era Moderna seus disciplinamentos vigilâncias e punições respaldadas pelo discurso hegemônico moderno com seus objetivos de controlar e moldar a subjetivação dos sujeitos na modernidade focando na formação do aluno filho dos burgueses e cristãos Tal discurso carregava seus mecanismos de poder controle e disciplinamento que eram vistos como inquestionáveis e posteriormente naturalizados como regras infalíveis em nome da racionalidade para educar as novas gerações Interessou a Foucault estudar sobre a história das construções sociais impostas sobre os alunos bem como os saberes e poderes que os discursos pedagógicos veiculam Suas pesquisas sobre este importante momento da história da educação revelaram o aluno na modernidade asujeitado ao discurso pedagógico e seus métodos mostrando seu poder dentro dos colégios E tal poder é conhecido como poder disciplinar O poder disciplinar é com efeito um poder que em vez de se apropriar e de retirar tem como função maior adestrar ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor A disciplina fabrica indivíduos ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício Não é um poder triunfante que a partir de seu próprio excesso podese fiar em seu superpoderio é um poder modesto desconfiado que funciona a modo de uma economia calculada mas permanente FOUCAULT 1981 p153 Foucault 1981 contribuiu para o entendimento de que foram elaborados a partir da modernidade métodos capazes de ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 29 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 29 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 30 realizar o controle meticuloso das operações do corpo sujeitandoo nas suas forças tornandoo dócil e útil Estes métodos operados para conseguir tal asujeitamento é denominado disciplinas Tais processos disciplinares ou disciplinamentos levariam tempos para serem operados nos conventos oficinas e exércitos e foram expandindo seus domínios passando a serem fórmulas gerais de dominação dos sujeitos no decorrer XVII e XVIII Diferenciados dos tempos e dos modos da escravidão na antiguidade e nos tempos medievais a modernidade traz novidades pois não fundamentam numa relação de apropriação dos corpos é até a elegância da disciplina dispensar essa relação custosa e violenta obtendo efeitos de utilidade pelo menos igualmente grandes O que fabricaria a disciplina Foucault responde que fabrica indivíduos a disciplina é uma técnica própria e relacionada a um poder que coisifica os sujeitos transformandoos em objetos e instrumentos de seu funcionamento Não age pelo excesso e confiante no seu imenso poder representa um poder módico acanhado funcionando a modo de uma economia calculada mas permanente Humildes modalidades procedimentos menores se os comprarmos aos rituais majestosos da soberania ou aos grandes aparelhos do Estado Vieram das descobertas das ciências modernas como da Medicina e alguns eficazes modelos de normatização como por exemplo as ortopedizações empregadas para endireitar o corpo transportado para disciplinar as mentes dos alunos nos colégios Avançou a pedagogização do conhecimento e o disciplinamento tantos nos corpos como nas mentes dos alunos Não parando nunca mais e permanece atual na estrutura escolar e nos discursos pedagógicos normatizando os sujeitos professores ou alunos Normatizouse primeiro a produção dos canhões e dos fuzis em meados do século XVIII a fim de assegurar a utilização por qualquer soldado de qualquer oficina etc depois de ter normatizado os canhões a França normatizou seus professores As primeiras Escolas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 30 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 30 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 31 Normais destinadas a dar a todos os professores o mesmo tipo de formação e por conseguinte o mesmo nível de qualificação apareceram em torno de 1775 antes de sua institucionalização em 1790 ou 1791 A França normatizou seus canhões e seus professores a Alemanha normatizou seus médicos FOUCAULT 1982 p 83 Foucault 2002 comenta que em todas as sociedades ocorrem produção de discurso que é simultaneamente controlada selecionada organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos dominar seu acontecimento aleatório esquivar sua pesada e temível materialidade Um dos procedimentos é a exclusão outro deles é a interdição Em alguns casos em lugares e instâncias mais sombrias das sociedades o discurso nem é neutro e tão pouco transparente a política e a sexualidade são alguns destes lugares Os educadores deveriam saber e refletir sobre suas práticas as interrelações contidas nelas os modos como são operados os objetivos de homogeneizar as diversidades as diferenças as identidades contendo os diferentes os irreverentes os criativos os que possuem modos distintos dos seus próprios das suas famílias e da sua classe social E aprender com eles Foucault aponta que ainda que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa as interdições que o atingem revelam logo rapidamente sua ligação com o desejo e o poder Nisso não há nada espantoso visto que o discurso como a psicanálise nos mostra não é simplesmente aquilo que manifesta ou oculta o desejo e visto que isto a história não cessa de nos ensinar o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação mas aquilo por que pelo que se luta o poder do qual nós queremos apoderar FOUCAULT 2002 p 10 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 31 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 31 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 32 Portanto nada aniquilará nos educandos os seus desejos de serem ouvidos em suas subjetividades nos seus anseios e nas suas manifestações culturais que lhes foram fazendo sentidos nas suas jornadas pelas suas existências Assim tradicionalmente o espaço escolar é o lugar da disputa entre o discurso pedagógico hegemônico dentro da cabeça dos professores desde a modernidade aos dias atuais e os interesses desejos e ideias das novas gerações É necessário na contemporaneidade tentar fazer um esforço para ouvir as outras vozes silenciadas dos alunos procedentes de suas quebradas de seus guetos de suas comunidades das suas casas e de suas famílias Invadindo a escola com estes outros cantos outras danças dissonantes mas reais Figura 4 Crianças e Dança dos Caboclinhos no Carnaval do Brasil Fonte Wikimedia Commons Foucault reflete que para os gregos século VI o discurso era pronunciado pelo sujeito que tinha direito a ele em conformidade com algum ritual próprio à época O discurso tinha a capacidade de profetizar o futuro com a adesão dos indivíduos Depois tudo mudou na passagem da Antiguidade Clássica para o início da Idade Média A verdade se deslocou do ato ritualizado eficaz e justo de enunciação para o próprio enunciado para seu sentido sua forma seu objeto sua relação e suas referências FOUCAULT 2002 p 13 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 32 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 32 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 33 Já na chegada à modernidade lá pelos séculos XVI e XVII Foucault aponta que apareceu uma vontade de saber que antecipando se a seus conteúdos atuais desenhava planos de objetos possíveis observáveis mensuráveis classificáveis uma vontade de saber que impunha ao sujeito cognoscente e de certa forma antes de qualquer experiência certa posição certo olhar e certa função ver em vez de ler verificar em vez de comentar uma vontade de saber que prescrevia e de certo modo mais geral do que qualquer instrumento determinado o nível técnico do qual deveriam investirse os conhecimentos para serem verificáveis e úteis FOUCAULT 2002 p 1617 E a pedagogia estará presente com suas práticas agindo em nome deste sistema moderno e excludente Serve para reforçar e conduzir este projeto de verdade da modernidade a serviço da realização dos procedimentos de controle e de delimitação próprios ao discurso pedagógico hegemônico Isso desfavorece até os dias atuais que outros discursos não hegemônicos possam chegar à escola e democraticamente oferecer suas contribuições aproximando os alunos que se sentem desmotivados por discursos outros distanciados de suas vidas e seus anseios A escola precisa pensar nisso Rever seus métodos renovar suas intenções e oxigenar velhas práticas E Foucault esclarece o modo de procedimento de um discurso oposta ao lugar do aluno como sujeito capaz de fazer comentários sobre o que leu estando longe de um projeto de leitor autônomo e capaz de falar com propriedade e com liberdade sobre temas propostos na sala de aula A organização das disciplinas se opõe tanto ao princípio do comentário como ao do autor Ao do autor visto que uma disciplina se define por um domínio de objetos um conjunto de métodos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 33 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 33 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 34 um corpus de proposições verdadeiras um jogo de regras e de definições de técnicas e de instrumentos tudo isso constitui uma espécie de sistema anônimo à disposição de quem quer ou podese servir dele sem que seu sentido ou sua validade estejam ligados a quem sucedeu ser seu inventor FOUCAULT 2002 p 30 A criação de um autor suas palavras próprias são apropriadas por um determinado discurso que coloca a produção dele no anonimato E este princípio da disciplina que desvaloriza a autoria dos que produziram os livros ou textos desvalorizando até mesmo o desejo dos alunos de serem autores criadores de novos textos este princípio da disciplina se opõe também ao do comentário em uma disciplina diferentemente do comentário o que é suposto no ponto de partida não é um sentido que precisa ser redescoberto nem uma identidade que deve ser repetida é aquilo que é requerido para a construção de novos enunciados FOUCAULT 2002 p 30 Assim nem é solicitado ao aluno que aprenda a comentar a própria realidade o que leu e até o que escreveu As leituras que possam fazer do mundo não são necessárias Só interessa mesmo é que o discurso hegemônico exercido e seus modos de agir possam ser apreendidos Foucault fala em biopoder uma etapa nova e posterior ao século XVIII A diferença é que o biopoder se diferencia do poder disciplinar e técnica de adestrar o homemcorpo punindoo e vigiando constantemente Parece para agir no campo do homem espécie O biopoder vai operar como uma novidade uma nova tecnologia de poder distinta do poder disciplinar mas não o descartará fará uma fusão com ela Sendo assim preservada e operando seus resultados nas instituições modernas ocidentais até hoje Foucault esclarece que ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 34 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 34 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 35 a disciplina tenta reger a multiplicidade dos homens na medida em que essa multiplicidade pode e deve redundar em corpos individuais que devem ser vigiados treinados utilizados eventualmente punidos E depois a nova tecnologia que se instala se dirige à multiplicidade dos homens não na medida em que eles se resumem em corpos mas na medida em que ela forma ao contrário uma massa global afetada por processos de conjunto que são próprios da vida que são processos como o nascimento a morte a produção a doença etcFOUCAULT 1999 p 291 Como vencer as determinações deixadas pelo discurso pedagógico hegemônico nascido na modernidade com todas as suas consequências nas mais simples ou complexas atividades escolares para incorporar à diversidade cultural a multiculturalidade as marcas presentes nas nossas manifestações culturais e trazer um novo e progressista discurso pedagógico aberto às diferenças capaz de conduzir ações afirmativas às minorias desprivilegiadas no decorrer de mais de 500 anos de exclusão O que travariam a passagem desses discursos pedagógicos hegemônicos e tradicionais para os inovadores Discursos Pedagógicos da Diversidade As mudanças têm sido então quase sempre a burocratização do outro sua inclusão curricular e assim a sua banalização seu único dia no calendário seu folclore seu detalhado exotismo Muitos olhares para as diferenças das crianças ficaram do lado de fora do foco e das discussões dos educadores E permanecem sem querer ver Se em algum momento da nossa pergunta sobre educação tínhamos nos esquecidos do outro agora detestamos sua lembrança maldizemos a hora de sua existência e da sua experiência corremos desesperados a aumentar o número de alunos e de cadeiras nas aulas mudamos as capas dos livros que ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 35 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 35 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 36 já publicamos há muito tempo reuniformizamos o outro sob a sombra de novas terminologias Novas terminologias sem sujeitos SKLIAR 2003 p40 A escola brasileira repete um discurso de inspiração dos princípios que movimentaram o pensamento sobre a educação e a escola republicana francesa de que deve ser única e igual para todos e desta forma oculta e mantém uma ética de indiferença em relação às diferenças Ou seja há uma indiferença ao outro como fundamento da escola O que levaria a uma visão de homogeneização diante de sujeitos heterogêneos diferentes Impondo dentro da escola um saber de uma racionalidade de uma estética de um sujeito epistêmico único legitimado como hegemônico como parâmetro único de medida de conhecimento de aprendizagem e de formação São impostos parâmetros universais e abolidas as diferenças que tornam desiguais em iguais atingindo e trazendo para todos a mesma medida e avaliação resultando em classificar o outro como inferior incivilizado fracassado repetente bárbaro etc Um Discurso Pedagógico da Diversidade impõe diferenças e modos novos de ver o diferente propõese a tolerância a alguns coletivos as classes populares os negros os homossexuais mas ainda os vemos como aqueles que não sabem inferiores e que necessitarão da adesão e empenho de cada educador diante de uma realidade que aponta justamente para o contrário para a exclusão e a indiferença com as diferenças Na busca de outro discurso pedagógico é necessário superar a marca pesada que ficou na escolha brasileira a favor da escola tradicional impedindo novas metodologias concepções progressistas organizações disciplinares inovadoras e inspiradas em concepções epistemológicas progressistas criando possibilidades de ampla autonomia e participação dos educandos Fazendo a aposta por uma escola como comunidade participativa refletindo sobre o fato de a escola defender ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 36 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 36 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 37 a participação autonomia mas comportase de modo autoritário e com contradições instituição igualitária que reproduz desigualdade social instituição respeitadora das diferenças e tolerante mas que provoca atitudes discriminatórias instituição que proclama a aprendizagem crítica e criativa mas usa métodos memorísticos e meios verbais instituição democrática mas que usa hábitos autoritários que limitam a participação Martins 2006 p 79 Na busca de uma nova pedagogia já não mais voltada aos discursos hegemônicos surgidos desde a Era Moderna construtores das escolas tradicionais ultrapassandoos e apoiando se no Discurso Pedagógico da Diversidade é preciso estar aberto para construir novas mentalidades para além de falar apenas por falar O discurso das diversidades permite entender como podemos compreender as distintas diferenças desde a análise da realidade sociopolítica e sociocultural multiculturalidade interculturalidade Isso significa estar aberto às diversidades alteridades e diferenças em fazer encontros interculturais entre culturas diferentes abrindo espaços de expressão multiculturais entre muitas culturas em diálogo Querendo constituir bons encontros com as várias diversidades culturais trazidas pelos educandos ouvilos falar sobre estes mundos outros em suas expressões diversas daquelas mais familiares aos educadores e que impliquem em novas aprendizagens para os educadores O Discurso Pedagógico da Diversidade destaca a concepção humanista da igualdade do valor e da afirmação das diferenças na diversidade cultural de gênerosexo de capacidades e da relação entre diferençasemelhança pluralidade e identidade Isso demandará o acolhimento dos direitos à diferença o conhecimento das histórias e das culturas dos diferentes agrupamentos sociais que são os formadores as matrizes do Povo Brasileiro no antes e no depois da colonização portuguesa a abertura às estéticas oriundas das diversidades culturais brasileiras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 37 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 37 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 38 É uma grande mudança de concepção e que estará apoiada em novas tendências educativas Estão subjacentes a estas apreciações várias tendências educativas fruto da diversidade dos discursos na sua análise às realidades concretas educativas MARTINS 2006 p 84 Martins defende que na diversidade de discursos pedagógicos os indicativos à necessidade de uma educação especial para determinados coletivos ou grupos com deficiências ou necessidades de aceder ao currículo às diferenças linguísticas as metodologias adequadas a cada contexto etc O que pode ser apontado para o futuro da educação em uma perspectiva alimentada por um discurso pedagógico da diversidade é que poderá caminhar para muitos e diversos espaços enquadrandose no sentido de que cada vez mais o indivíduo realiza a sua aprendizagem ou aprendizagens em espaços diversificados O Discurso Pedagógico da Diversidade poderá oferecer novas perspectivas As respostas educativas enfoques dessas pedagogias inovadoras emergentes falam menos de igualdade e mais de liberdade de qualidade e competências para o desempenho profissional MARTINS 2006 p 89 Dando vozes aos que costumam ser obrigados a não argumentar com as suas próprias diversidades culturais ou seus modos de expressão trazendolhes novos capitais culturais novos conhecimentos acesso amplo as produções culturais da humanidade Os discursos são a favor do acesso à cultura e à educação das classes mais desfavorecidas da democratização escolar do desencadear de novos métodos e estratégias e conteúdo da compreensão crítica da realidade da educação social e cívica cidadania investigaçãoação e resolução de problemas de novos instrumentos metodológicos novos reportórios de técnicas do desenvolvimento de materiais de ensino específicos Humanities ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 38 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 38 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 39 Project de Stenhouse de novos modelos de ensino e de formação de professores novos espaços de aprendizagem da educação integral racional e científica formadora da conduta moral das cidades educativas e comunidades de vida da construção do conhecimento e do desenvolvimento da inteligência e criatividade de novos tipos de aprendizagem de experiências na comunidade etc MARTINS 2006 p 89 O discurso pedagógico da diversidade com seus olhares linguagens e abordagens diversidades de ideias temáticas perspectivas enfoques e tendências devem abrir espaço para novas e melhores práticas educativas Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Multiculturalismo e educaçãoem defesa da diversidade cultural Silva 2007 acessível pelo link httpsbitly2BHZHq5 Acesso em 19122019 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que para reconhecer o Discurso Pedagógico da Diversidade é necessário entender as responsabilidades e adesões da escola e dos educadores sobre a importância de promover a diversidade nas atividades educativas Você percorreu pela história do Discurso Pedagógico Hegemônico desde a Idade Moderna e posteriormente foi capaz de entender sua diferenciação com o Discurso Pedagógico da Diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 39 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 39 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 40 Entendendo a introdução a educação étnicoracial Você será capaz de entender de um modo introdutório a Educação ÉtnicoRacial Isso facilitará a sua futura inserção em sala de aula desenvolvendo suas atividades educadoras para as diversidades das crianças OBJETIVO Entendendo a introdução a educação étnicoracial conceitos de etnia e raça Entendendo a introdução a Educação ÉtnicoRacial buscando conceitos de Etnia e Raça é importante para diferenciar e perceber a dessemelhança entre os conceitos de Etnia e Raça O fato é que a preocupação com uma Educação Étnico Racial traz o desafio de pensar em propostas curriculares que não neguem as nossas verdades étnicoraciais bastante fáceis de serem conhecidas através de saberes históricos sociais antropológicos bastante reveladores das nossas realidades ÉtnicoRaciais brasileiras Isso significa ter elementos suficientes para realizar um consistente combate ao racismo e as discri minações originalmente étnicoraciais É necessário que a escola e os educadores estejam dispostos a conhecer ideias que fortaleçam dentro dela e nestes professores sendo veiculadas aos alunos para que os conhecimentos novos operem a favor do desenvolvimento de valores atitudes e posturas capazes de educar cidadãos que tenham orgulho de seus pertencimentos étnicoraciais Sejam os descendentes de africanos povos indígenas descendentes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 40 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 40 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 41 de europeus de asiáticos para interagirem na construção de uma nação democrática em que todos igualmente tenham seus direitos garantidos BRASIL 2004 p02 bem como suas identidades valorizadas O termo Raça perpassa por uma conotação política usado em demasia no Brasil nas relações sociais brasileiras com objetivos de informar como determinadas características físicas como cor de pele tipo de cabelo entre outras influenciam interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira E posteriormente as populações negras brasileiras no âmbito de suas organizações e lutas políticosociais foram capazes de ressignificar o termo Raça passando a utilizálo com um sentido político e de valorização do legado deixado pelos africanos E o termo Étnico que aparece na expressão étnicoracial é usada para delimitar as verdadeiras reais e tensas relações relacionadas as nossas diferenças na cor da pele e traços fisionômicos o são também devido à raiz cultural plantada na ancestralidade africana que difere em visão de mundo valores e princípios das de origem indígena europeia e asiática O termo étnico então está associado e é imprescindível para delimitar que um dado sujeito pode até a mesma cor da pele que seu colega de sala de aula terem os dois o mesmo tipo de cabelo e semelhantes traços sociais e culturais que os diferenciem sendo estes dois educandos pertencentes as etnias diferentes Grupos étnicos são agrupamentos de pessoas portadoras de determinadas características marcantes de suas culturas carregando suas diferenças ancestrais linguísticas de valores de hábitos alimentares costumes e manifestações culturais E já Raça representa uma construção social usada para caracterizar os diferentes sujeitos montada em particularidades relacionadas a cor da pele ou marcas físicas O termo raça é sociológico e não biológico E podemos afirmar que todos pertencemos a raça humana Tal espécie humana teria surgido por volta de 350 mil ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 41 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 41 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 42 anos atrás no leste do continente africano Sendo assim somos ancestralmente todos africanos Entendendo a introdução a educação étnicoracial na realidade brasileira Entendendo a introdução a Educação ÉtnicoRacial na Realidade Brasileira será possível conhecer mais sobre nossas diversidades ÉtnicoRaciais e culturais Em um país fortemente marcado pela diversidade desde os primórdios nos tempos em que os Povos Originários chamavam o nosso Pais e a região da América do Sul pelo nome de Pindorama que significa terra livre dos males segundo os habitantes originários os povos tupis e guaranis E ainda a região da América era chamada de Abya Yala em língua do Povo Indígena Kuna significando a TerraViva ou Terra em florescimento Posteriormente já nos tempos da colonização portuguesa entre os primeiros estrangeiros que se tornaram moradores do Brasil e vieram de Portugal constavam pessoas como Jerônimo de Albuquerque conhecido como o Adão Pernambucano cunhado do administrador da Capitânia de Pernambuco sendo que Jerônimo e a sua irmã traziam as marcas das suas ancestralidades rramita muculmana muçulmanasemita negra présaaraniana e aqui no Brasil chegaram na condição de representantedo rei de Portugal Encontrando aqui no Brasil a filha do Cacique Arcoverde Tabajara do tronco linguístico Tupy com quem teve vários filhos que foram registrados e fizeram história como também seus inúmeros descendentes LIMA 2013 Mas nem tudo foi semelhante e pacífico ao encontro inaugural deste casal por volta do ano 1534 O Brasil contava com milhões de habitantes indígenas que foram mortos por não aceitar a condição de escravização O Antropólogo brasileiro e ExMinistro da Educação Darcy Ribeiro considera que no processo de Formação do Povo Brasileiro destacamse conflitos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 42 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 42 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 43 intensos entre índios negros e brancos Podese afirmar mesmo que vivemos praticamente em estado de guerra latente que por vezes e com frequência se torna cruento sangrento Entendendo a introdução a Educação ÉtnicoRacial com o objetivo de exercer o magistério em um país fortemente marcado por uma história intensa de dificuldades entre seus grupos Étnico Raciais na relação difícil de contatos entre diferentes etnias Inter étnicos é necessário desvelar os preconceitos revelar as impropriedades das falsas narrativas e entender as verdades profundas e que não podem ser caladas dentro das escolas Conflitos Interétnicos existiram desde sempre opondo as tribos indígenas umas às outras Mas isto se dava sem maiores consequências porque nenhuma delas tinha possibilidade de impor sua hegemonia às demais A situação muda completamente quando entra nesse conflito um novo tipo de contendor de caráter irreconciliável que é o dominador europeu e os novos grupos humanos que ele vai aglutinando avassalando e configurando como uma macro etnia expansionista RIBEIRO 1995 p168 Posteriormente chegaram africanos na condição indigna de escravizados em grande número proibidos de falar a própria língua confessarem a própria religião e obrigado a trabalhar em condições absolutamente terríveis martirizados ou supliciados perversamente Diante disso as consequências da colonização portuguesa e católica sobre as populações indígenas africanas e afro brasileiras foram cruéis e todas as Políticas Públicas Afirmativas de reparação oferecidas aos povos afrobrasileiros e indígenas são mínimas diante da monstruosa ação governamental seja nos tempos coloniais imperiais ou republicanos sobre estes povos e seus descendentes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 43 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 43 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 44 Figura 5 Congada Dança Brasileira nos Tempos Colônias Fonte Wikimedia Commons E foram produtoras de práticas racistas e preconceituosas capazes de construir e reiteradamente repetidas a partir de preconceitos frutos da ignorância que grupos étnicos tidos como superiores têm acerca da história das organizações e modo de vida daqueles considerados inferiores Um dos efeitos foi e continua sendo as intensas demonstrações de ódio de preconceito que circulam pela sociedade brasileira incluindo os espaços educacionais e atingindo as práticas pedagógicas por estarem dentro da cabeça de muitos professores presentes nos discursos e até nos livros criou um cenário em que o preconceito incutido na cabeça do professor e sua incapacidade em lidar profissionalmente com a diversidade somandose ao conteúdo preconceituoso dos livros e materiais didáticos e às relações preconceituosas entre os alunos de diferentes ascendências étnicoraciais sociais e outras desestimulam o aluno negro e prejudicam seu aprendizado MUNANGA 2005 16 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 44 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 44 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 45 Uma experiência de Educação ÉtnicoRacial necessitará trazer à sala de aula a diversidade de linguagens representativas na nossa formação étnicoracial brasileira em toda a sua completude para que os mais diversos sujeitos se sintam subjetivamente e culturalmente contemplados com direito à livre e autoral expressão suas diferenças étnicoraciais com a riqueza de suas manifestações distintas Lembrando e considerando na sala de aula que a questão do negro e a questão do índio embora do ponto de vista da tradição histórica assimilacionista e do processo hegemônico de integração social apresentem muitos pontos em comum também mostram profundas diferenças do ponto de vista do modo predominante de inserção na sociedade de classe das regulações da fabricação das identidades da natureza dos processos de subordinação e dos mecanismos com que são operados tanto no interior dos grupos como externamente BANDEIRA 2003 p 143 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Conceitos de gênero etnia e raça reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar Silva 2007 acessível pelo link httpbitly35gA60Q Acesso em 04072017 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido a entender de um modo ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 45 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 45 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 46 introdutório a Educação ÉtnicoRacial Isso facilitará a sua futura inserção em sala de aula desenvolvendo suas atividades educadoras Entendendo agora tanto os conceitos de Raça e Etnia bem como aspectos importantes sobre a Educação Étnico Racial na Realidade Brasileira Analisando os fundamentos legais para a educação das relações étnicoraciais Ao analisar os Fundamentos Legais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais você terá parâmetros para cumprir e propor Projetos Políticos Pedagógicos currículos metodologias e práticas educativas OBJETIVO As lutas populares pela redemocratização conduzidas pelo povo brasileiro indígenas povo negro organizado em movimentos povos do campo e lideranças comunitárias foram intensas antes e depois da promulgação da Constituição de 1988 Eram esperadas no conjunto de tantas reivindicações que ocorreriam reais mudanças na educação das relações étnico raciais brasileira O fruto das lutas está na redação e explicitação de que a Educação é um direito de todos no artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Definindoa como direito de todos e dever do Estado e da família a ser incentivada e promovida com colaboração de toda a sociedade dirigindo o desenvolvimento pleno da pessoa preparo para exercer plenamente a cidadania e a qualificação para o trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 46 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 46 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 47 Neste momento histórico quem seriam as crianças aleijadas do seu acesso e permanência na escola Quem seriam os reprovados ano após ano Eram aqueles que evadiam da escola por ter recebido um acento entre os que fracassaram nela muitas vezes sendo o 1º membro de famílias pobres e negras a frequentar uma escola Tratados como inaptos imputados por diagnósticos que os desabilitavam para a aprendizagem para aprender a ler escrever e os empurravam ou para uma sala especial ou para fora da escola com eles iam todos os sonhos de muitas gerações de seus antecedentes A Constituição Federal a constituição da redemocratização e cidadã lhes dá os direitos constitucionais de acesso e permanência com muito o que ser feito para mudar a realidade dentro das escolas garantindolhes o direito à educação e com a concretização deste direito fundamental ter respaldados a sua identidade cultural e de seus familiares a promoção a tolerância e o respeito com relação às suas diferenças étnico raciais BRASIL 1988 O Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 80691990 foi promulgado 1990 e estava relacionado às diretrizes internacionais constituídas pela Convenção dos Direitos da Criança da ONU em 1989 Representou grande mobilização de pais professores e comunidades No artigo 5º é garantido o direito as crianças ou adolescentes brasileiras de não serem atingidos por nenhuma forma de discriminação exploração negligência crueldade exploração violência e opressão com punições a qualquer atentado tanto por ação como por omissão dos seus direitos fundamentais Outro elemento significativo para a garantia da Educação ÉtnicoRacial no artigo 16 desta importante e valorosa lei respaldando o direito à liberdade participando da vida familiar e comunitária sem nenhum tipo de discriminação entre elas configuram as discriminações étnico raciais BRASL 1990 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 47 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 47 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 48 Um pouco mais adiante na nossa história os parâmetros curriculares nacionaisPCNs BRASIL1997 são diretrizes curriculares organizadas pelo Governo Federal para orientar as práticas educativas de todas as disciplinas curriculares da rede pública onde frequentam os estudantes mais empobrecidos e podia ser adotada sem obrigatoriedade pela rede privada de ensino brasileira A temática da diversidade étnicoracial apareceu tornouse como um tema transversal curricular ponto de ser contemplado em qualquer disciplina Logo de início o documento afirma que a educação deve ser voltada para a cidadania os vários termos como Ética Meio Ambiente Saúde Orientação Sexual Trabalho e Consumo e Pluralidade Cultural são tratados como temas a serem incorporados seguindo uma conexão entre a realidade social dos estudantes e saberes teóricos aos campos gerais do currículo ABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 90 Já o Parecer 0172001 de 2001 do Conselho Nacional de Educação vai afirmar a conscientização do direito de constituição de identidade própria e o dever do reconhecimento da identidade do outro ambos engajados como o direito à igualdade e ao respeito às diferenças afirmando oportunidades diferenciadas o que quer dizer o direito a equidade tantas quantas forem necessárias com vistas à busca da igualdade O princípio da equidade reconhece a diferença e a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional BRASIL 200 p 11 Diante das históricas e complexas disparidades e discriminações que prejudicavam a escolarização da população negra brasileira o CNE Conselho Nacional de Educação com seu papel mediador entre o Estado os sistemas de ensino do Brasil resolve ouvir os antigos e inaudíveis apelos e mobilizações do movimento negro brasileiro para que a escola passasse a ser palco e contemplasse a diversidade social e étnicoracial afrobrasileira ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 48 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 48 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 49 Na atualidade o preconceito e a discriminação baseada em critérios étnicoraciais estão entre os principais motivadores da evasão escolar das pessoas negras A escola como uma instituição que reproduz as estruturas da sociedade também reproduz o racismo como ideologia e como prática de relações sociais que inviabiliza e imobiliza as pessoas inferiorizandoas e desqualificandoas em função da sua raça ou cor Buscando contribuir com a desconstrução desse processo em 2003 é promulgada a Lei Federal nº 10639 que institui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afrobrasileira e africana AGUIAR 2009 p 12 Isso foi materializado com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana BRASIL 2004 O Conselho Nacional de Educação CNE interpretou as determinações da Lei 10639 2003BRASIL 2003 que introduziu na Lei 93941996 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional BRASIL 1996 a obrigatoriedade do ensino de história e cultura AfroBrasileira e Africana As políticas inclusivas são aquelas voltadas para a redução das desigualdades sociais promovendo a universalização de direitos civis políticos e sociais estabelecendo a igualdade de fato As políticas públicas includentes não são formuladas como um benefício para um grupo em detrimento de outro mas sim para combater as discriminações que impedem o acesso aos direitos sociais em igualdade de condições por parte de grupos considerados em vulnerabilidade por terem uma história marcada pela exclusão e por desigualdades de condiçõesNUNES 2014 p 11 Tais DCNs para a Educação das Relações Étnicos Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 49 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 49 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 50 e Africana vão declarar que Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais civis culturais e econômicos bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileiraBRASIL 2003 p 5 Exigindo mudanças significativas que perpassam os discursos raciocínios lógicas gestos posturas modo de tratar as pessoas negrasBRASIL 2003 p 5 Determinando o conhecimento da história e cultura afro brasileira e africana para produzir o efeito de desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira mito este que difunde crença de que se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros é por falta de competência ou interesse desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para o negro BRASIL 2003 p 5 Estas novas determinações colocaram no núcleo de novos posicionamentos ordenamentos e recomendações a educação das relações étnicoraciais Deste modo conformou uma nova política curricular que passou a atingir no âmago do convívio trocas e confrontos em que têm se educado os brasileiros de diferentes origens étnicoraciais particularmente descendentes de africanos e de europeus com nítidas desvantagens para os primeiros Figura 6 Pintura da Festa de Nossa Senhora do Rosário Padroeira dos negros no Brasil feita pelo artistaalemão Rugendas em visita ao Brasil no Século XIX Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 50 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 50 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 51 Os Povos Indígenas os povos autóctones ou originários do Brasil foram às lutas por seus direitos nos tempos da redemocratização e que culminaram com as lutas por uma nova constituição Esta imensa dívida social do Estado Brasileiro com seus povos originários começa a ser equacionado com a Constituição de 1988 BRASIL 1988 É importante ressaltar que a constituição permite ao cidadão seus direitos à educação bilíngue já que são falantes da língua materna pertencente ao seu povo e da Língua Portuguesa ao acesso aos conhecimentos universais sem que isso despreze tais línguas e seus milenares saberes tradicionais Com relação a isso o artigo 210 assegurou o direito de empregar suas línguas maternas bem como seus processos de aprendizagem Assim a escola passa a ser por força deste preceito constitucional uma ferramenta de valorização e sistematização de seus mais diversos saberes e múltiplas práticas tradicionais e também o espaço de permanência de acesso e da obtenção de conhecimentos universais caminhando junto com a obrigatória valorização dos conhecimentos étnicos já que existem diversos povos indígenas no Brasil falantes de dessemelhantes línguas e que possuem culturas distintas Além da Constituição de 1988 anos depois para aqueles que já esperavam por quase 500 anos a Lei de Diretrizes de Bases da educação NacionalLBB 939496 BRASIL 1996 passou a reconhecer legalmente as diferenças e peculiaridades do diversos Povos Indígenas habitantes do vasto território nacional No seu artigo 78 é garantindolhes aos povos indígenas todos o direito e apoios que se fizerem necessários a recuperar suas memórias históricas a reafirmar suas identidades étnicas e a obter a valorização de suas línguas maternas e suas específicas ciências com a garantia do acesso às informações dos conhecimentos técnicos e científicos da nossa sociedade nacional além e do que for relativo as demais sociedades indígenas e nãoíndiasBRASIL 1988 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 51 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 51 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 52 Já Plano Nacional de EducaçãoPNE de 2001 BRASIL 2001 instituiu objetivos e metas especificas para o desenvolvimento da educação escolar indígena diferenciada que deverá ser intercultural bilíngue em língua materna indígena e na Língua Português do Brasil com garantia de qualidade Isso levou a criação de Cursos de Formação Superior para professores indígenas e que funcionavam nas férias das universidades públicas brasileiras Assim muitos professores indígenas formam e atuam nas suas aldeias espalhadas pelo Brasil Uma vitória inigualável para conseguir os objetivos firmados nestes marcos legais tão significativos focados na diversidade dos povos indígenas e nas suas mais diversas tradições culturais específicas caminhando na concretude da especificidade que é o ensino para crianças indígenas com seus direitos a diferença a interculturalidade conviver entre culturas diferenças e da manutenção de suas diversidades linguística pois longe estão os tempos coloniais em que eram proibidos de falar a língua materna e obrigados a falar a mesma língua do rei de Portugal além das suas culturas e histórias tão diversificadas Existe um longo caminho ainda para ser realizado entre indígenas e não indígenas na busca de um diálogo respeitoso e tolerante com relação aos povos indígenas e suas diferenças Os não indígenas precisarão aprender a valorizar e preservar todas as diversas culturas indígenas reconhecendo os povos indígenas seus direitos ao acesso e permanência a todos os níveis de escolaridade respeitando as suas histórias e culturas Como já citado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalLDB 939496 BRASIL 1966 foi adicionada a Lei 106392003 BRASIL2003 promovendo o ensino da História e Cultura Afrobrasileira Essa alteração foi regulamentada com a aprovação do Parecer nº 032004 do Conselho Nacional de Educação que estabeleceu Diretrizes Curriculares ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 52 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 52 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 53 Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana e da Resolução nº 1 de 17 de junho de 2004 O Parecer CNE CP nº 03 de 10 de março de 2004 indicou conteúdos a serem incluídos e também as necessárias modificações nos currículos escolares enquanto a Resolução CNECP nº1 detalhou os direitos e as obrigações dos entes federados frente à implementação da Lei 1063903 NUNES 2014 p 10 Anos depois foi necessário ampliar tal dispositivo legal contemplando os nossos povos originários os indígenas brasileiros com a promulgação da Lei 116452008 BRASIL 2008 Estas duas modificações provocadas na LDB trouxeram as lutas conjuntas dos povos afrobrasileiros e indígenas em prol do combate mútuo ao racismo que sofrem os negros e os indígenas desde os tempos da colonização brasileira já passados 120 anos da proclamação da República e do fim da escravidão São os ecos das lutas contra a discriminação as diversidades étnicaculturais de indígenas e negros configurando também em uma luta contra os desrespeitos aos direitos à educação das duas importantes matrizes da formação do povo brasileiro indígena e afrobrasileira A LEI Nº 11645 data de10 de março de 2008 modificou o artigo 26 da LDB BRASIL 1996 dando o seguinte novo texto Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio públicos e privados tornase obrigatório o estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena BRASIL 2008 Esclarecendo que o conteúdo programático terá que incluir diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir desses dois grupos étnicos tais como o estudo da história da África e dos africanos a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 53 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 53 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 54 a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional resgatando as suas contribuições nas áreas social econômica e política pertinentes à história do Brasil BRASIL 2008 p01 Fica esclarecido nesta modificação ao texto original da LDB BRASIL 1996 que os conteúdos alusivos à história e cultura afrobrasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira BRASIL 2008 p01 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena publicada em junho de 2012 garante como princípios da especificidade da Educação Escolar Indígena os esforços no bilinguismo e multilinguíssimo da organização comunitária e da interculturalidade fundamentem os projetos educativos das comunidades indígenas valorizando suas línguas e conhecimentos tradicionais BRASIL 2012a p 3 Isso implica em trazer para a escola algo já existente desde bem antes da colonização portuguesa a coexistência de mais de uma língua falada por crianças e adultos os modos distintos de organização comunitária dos diferentes povos indígenas e os conhecimentos tradicionais que são veiculados pela oralidade Levando em conta as dimensões biopsicossociais culturais cosmológicas afetivas cognitivas linguísticas Diante disso exigiuse a formação de professores indígenas para assegurar um ensino e pedagogias harmônicos com as formas próprias destes povos produzirem conhecimentos Bem como a relevância da pesquisa e da elaboração de materiais didáticos adequados para trazer a qualidade sociocultural que permita aos povos indígenas nos termos preconizados pela LDB a recuperação de suas memórias históricas a reafirmação de suas identidades étnicas a valorização de suas línguas e ciências ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 54 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 54 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 55 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola publicada em novembro de 2012 BRASIL 2012b tocam na Educação Escolar Quilombola a ser oferecida as crianças adolescentes e jovens quilombolas remanescentes de antigos grupamentos de populações africanas e afrobrasileiras que se organizaram ao longo da cruel história da escravidão brasileira em comunidades rurais para resistir e viver nas suas lutas pela liberdade Tais diretrizes demandam a organização do ensino a ser ministrado nas escolas baseando se na memória coletiva e línguas reminiscentes bem como em marcos civilizatórios práticas culturais acervos e repertórios orais festejos usos tradições e demais elementos que conformam o patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o país BRASIL 2012 p 26 Tais diretrizes para a escola quilombola e para os povos quilombolas espalhados pelo país requerem o ensino currículo e o projeto políticopedagógico em constante diálogo com a realidade dos povos quilombolas Estas demandam que a Educação Escolar Quilombola contemple ao longo das suas etapas e modalidades a cultura as tradições a oralidade a memória a ancestralidade o mundo do trabalho o etnodesenvolvimento a estética as lutas pela terra e pelo território Isso significa trazer para o cotidiano das crianças quilombolas na escola a presença constante de inúmeros saberes que estão presentes e agem na vida social de todos os povos quilombolas brasileiro Já a Base Nacional Comum CurricularBNCC BRASIL 2018 trata da necessidade de pensar os planejamentos curriculares focando na equidade e na reversão da histórica situação de exclusão histórica de grupos como os povos indígenas originários e as populações das comunidades remanescentes de quilombos e demais afrodescendentes e as pessoas que não puderam estudar ou completar sua escolaridade na idade própria BRASIL 2018 p 1516 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 55 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 55 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 56 Na nossa BNCC BRASIL 2018 a Educação Escolar Indígena para acontecer nas escolas localizadas dentro das Terras Indígenas deverá garantir competências específicas baseadas nos princípios da coletividade reciprocidade integralidade espiritualidade e alteridade indígena a serem desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e propostas pedagógicas Isso significa assegurar uma educação intercultural considerando nas ações educativas o respeito e a presença em sala de aula das cosmologias visões de mundo dos vários povos indígenas brasileiros das suas lógicas dos seus valores e seus princípios pedagógicos A BNCC BRASIL 2018 recomenda que as propostas pedagógicas considerem a existência de atividades educativas que envolvam a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local regional e global preferencialmente de forma transversal e integradora BRASIL 2018 p 17 Configuram entre estes temas entre outros a educação em direitos humanos amparada no Decreto nº 70372009 Parecer CNECP nº 82012 e Resolução CNECP nº 1201221 E a educação das relações étnicoraciais e ensino de história e cultura afrobrasileira africana e indígena Leis nº 106392003 e 116452008 Parecer CNECP nº 32004 e Resolução CNECP nº 1200422 BRASIL 2018 p 1920 Todos os Fundamentos Legais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais construídos no Brasil desde os tempos da redemocratização são frutos de lutas intensas do povo brasileiro negro e indígena Devem e podem estar presentes aos currículos de governos e escolas Precisarão constar nos cotidianos das atividades escolares E assim sendo demandam a formação de educadores conscientes de tais legislações que as respeitem e as cumpram na exatidão em que elas formam escritas Movidos por sentimentos de respeito e adesão históricos e culturais e de cumplicidade coma tais histórias e as culturas dos Povos Indígenas e afrobrasileiros do nosso país ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 56 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 56 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 57 UNIDADE 02 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 57 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 57 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 58 Caro aluno pensar a educação na perspectiva da das relações raciais é estar comprometido com um projeto de sociedade de homem e de mundo que contemplem todas as pessoas buscando a igualdade de oportunidades consideradas as diferenças e necessidades específicas necessárias Considerar que muitas desigualdades e exclusões que se constituíram historicamente só poderão ser mudadas e ressignificadas com ações específicas alterando o curso da história Você estudará na Unidade 2 O Contato com o Outro Histórias Culturas e Sociedades Africanas Afrobrasileiras e Povos Indígenas do Brasil Reconhecendo o contato com a realidade de outro definir o Outro e nomear o Outro Preparado Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 58 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 58 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 59 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 2 O Contato com o Outro Histórias Culturas e Sociedades Africanas Afro brasileiras e Povos Indígenas do Brasil Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Reconhecer o contato com a realidade de outro Histórias culturas e Sociedades Africanas Literatura Arte língua e Cultura Africanas e Afrobrasileiras 2 Definir o Outro O Negro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais Contribuições da Matriz Africana nas Artes Brasileiras e Resistência Negra no Brasil 3 Entender o Contato com a Realidade do Outro Histórias culturas e Sociedades Ameríndias e os diversos Povos Indígenas do Brasil Culturas Indígenas no Brasil Literatura Arte língua e Cultura Indígenas Brasileiras 4 Compreender o Outro Os Povos Indígenas na Sociedade Brasileira as Relações Raciais Contribuições dos Povos Indígenas nas Artes Brasileiras e Resistência Indígena no Brasil Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 59 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 59 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 60 Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras Ao término deste capítulo você será capaz de reconhecer o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afro brasileiras bem como você será capaz de definir o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e resistência negra no brasil em seguida você será capaz de relembrar o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileirasPor último você será capaz nomear o Outro Os Povos Indígenas na Sociedade Brasileira as Relações Raciais Contribuições dos Povos Indígenas nas Artes Brasileiras e Resistência Indígena no Brasil E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Reconhecendo o contato com a realidade de outro e o conceito de alteridade Você reconhecerá o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras constituirá um percurso afirmativo para o entendimento de nossa sociedade profundamente marcada pela presença da matriz africana e afrobrasileira ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 60 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 60 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 61 Ao reconhecer este contato você já afirma o quão diferente e dispare é com relação a sua realidade E fica uma indagação Como você estabelece suas relações com o Outro sendo você alguém que recebe sentidos da sua realidade social e ao mesmo tempo produz sentidos Reflita quais são as relações que você costuma estabelecer com o outro aquele sujeito bem distinto de você E como a cultura que você pertence vê o entendimento do outro É difícil O certo é que muitas pessoas reclamam e não são incomuns as dificuldades de lidar com a existência do outro Que tipos de dificuldades são essas Dificuldades essas que abrangem a compreensão que se tem do que se denomina como outro a gama de especificidades das relações que estabelecemos com o outro por vezes ausente ou negado em sua condição de sujeito e o conjunto de ideias noções e significados subjacentes à percepção imediata que temos do outro SANTOS 1999 p 375 Você já tem conhecimento de que a nossa realidade brasileira é constituída por inúmeros grupos formados por diferentes culturas Saiba que não são todos os grupos submetidos às mesmas relações de poder Devem ser respeitados mesmo que intensamente desiguais da cultura em que você cresceu e vive Estas matrizes de formação do povo brasileiro foram fazendo seus encontros com muitos conflitos estabelecendo relações desiguais de poder e situados em três momentos da história do Brasil a colonização a construção do Brasil nação e a República Isso estruturou no Brasil um processo de construção das representações da alteridade tentando apreender a dinâmica do desejo e do medo da diferença que estão na base da construção do outro e de si mesmo Significando que as nossas diferenças foram dificultando contatos entre as nossas alteridades e estabelecendo e aprofundando hostilidades Para um melhor entendimento é importante lembrar que alteridade é aquela posição circunstância ou ainda a qualidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 61 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 61 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 62 que é constituída por meio de relações de diferenças de contrastes e de distinções Alteridade é produto de duplo processo de construção e de exclusão social que indissoluvelmente ligados como os dois lados de uma folha mantêm sua unidade por meio de um sistema de representações JODELET 1999 p 47 É bom lembrar que a alteridade só pode ser analisada tendo como pano de fundo as condições que estruturam as relações sociais em um contexto plural Devemos ficar atentos na sala de aula sobre as injustas representações que alimentamos entre os alunos ou nos calamos às elas Elas podem ser produtoras de exclusões sociais E no caso particular das escolas podem produzir evasões das crianças As nossas dificuldades de conviver com as diferenças as alteridades aquilo que o outro é diferente de mim pode e deve ser entendido a partir das necessidades coletivas de tão distintos sujeitos que somos nós os brasileiros entre nós mesmos E devem ser solucionadas É necessário que cada professor reflita sobre o seu papel social e procure distinguir a alteridade de fora aquilo que é distante é exótico como determinadas comidas de alguns povos em relação aos outros povos de outras culturas E aquela outra a alteridade de dentro aquelas diferenças que surgem dentro de uma mesma cultura ou grupo social A alteridade anda junto com a noção de ipseidade que é aquele caráter que perpetra com que o indivíduo seja ele mesmo e distinto de todos os outros remetendo a uma distinção antropologicamente originária e fundamental a distinção entre o mesmo e o outro Estabelecendo assim uma relação de identidade em cada indivíduo Desde crianças estamos construindo uma noção de alteridade apoiados no outro assim fomos elaborando as nossas identidades assentadas em relações intersubjetivas E é a intersubjetividade que consente a existência do ato significante ao mesmo tempo em que de outro lado previne o totalitarismo de interpretações simbólicas que se propõem únicas ou capazes de exaurir o objeto com a versão que propõem Você precisa aceitar a diferença do outro ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 62 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 62 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 63 É necessário ficar atento as adversidades trazidas pelo individualismo que ainda que traga responsabilidade autonomia e liberdade reduz a vida social ao isolamento solidão discórdia e angústia Considerase que uma saída apreciável poderá ser a compreensão da ética da alteridade em aliança com o lazer Já que a ética da alteridade é ferramenta para transmutar e transgredir todas as amarras impostas pela sociedade da moral estabelecida e das culturas fechadas em si mesmas Isso acontecerá pelo fato de a Ética da Alteridade consentir na entrada em mundos outros e dos outros com suas distintas belezas poéticas abrindose a encontrar novos modos de viver e novas narrativas encantando se com elas ou pelo menos aprendendo a respeitálas O que deve ser evitado na escola nas ações educativas com os tão distintos educandos é pensar que o outro não significa ou pouco significa para nós Pois ele não faz parte de nós é um estranho um alienígena Ele é o índio o negro a mulher o excluído Eu o explico eu o domino eu o exploro E mais sou eu que decido quando há dominação quando há compreensão quando há exploração GUARESCHI 1999 p 159160 E já outro autor Moreira 1982 considera que a ética da alteridade é a ilimitada responsabilidade que cada um de nós possui com relação à vida do outro permitindo que as nossas diferenças possam dialogar Porém é necessário abrir as conexões para permitir que o contato com o outro não seja praticado com a destituição da singularidade da identidade da verdade e de tudo o que o outro é com relação as minhas diferenças O que é necessário evitar é isso Eu convidoo eu doulhe as boasvindas ao meu lar sob a condição de que você se adapte às leis e normas do meu território de acordo com a minha linguagem tradição memória etc Os educadores deverão fugir de tendências que se apoiam em representações do Povo Brasileiro e suas matrizes africana ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 63 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 63 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 64 afrobrasileira e indígena montadas em depreciálos e deturpar suas diferenças Rompendo com antigas visões datadas por discursos racistas voltados para a supremacia branca em um país profundamente tocado pelas marcas destas matrizes juntamente com a matriz europeia nem toda ela 100 branca É interessante refletir aprender e rebater racismos e preconceitos As sucessivas gerações formadas por uma pedagogia higienizada produziram o indivíduo urbano de nosso tempo Indivíduo física e sexualmente obcecado pelo seu corpo moral e sentimentalmente centrado em sua dor e seu prazer socialmente racista e burguês em suas crenças e condutas finalmente politicamente convicto de que a disciplina regressiva de sua vida depende a grandeza e o progresso do Estado brasileiro COSTA 1983 p 214 As relações sociais nos influenciam em conjunto com a nossa vontade de conhecer o mundo ao mesmo tempo em que nos reconhecemos Lidar com as diferenças envolvem desejo Nosso desejo é que vai definir os modos como a nossa sociedade opera com a intrigada rede de relações humanas que permite tanto a construção dos saberes como dos sentidos eles próprios são atividades cruciais para sustentar a formação de identidades sentimentos de pertença e o sentido de comunidade Isso acontece ao Ego eu e ao Alter outro Duveen 1998 defende que o mundo em que as novas gerações acessam é articulado ao redor de diferenças e valorizações delas agindo para estruturar e influenciar as representações que eles tenham da realidade e dou outro Tais representações sobre como perceber a realidade e o outro aparecem antes da consolidação de suas identidades tais identidades são apoiadas em tais representações A identidade seria uma luta para conseguir reconhecimento e necessita da construção da alteridade Então funcionaria assim A identidade da criança e seu eu é entendida como diferenciação do outro representa a construção da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 64 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 64 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 65 diferença Sendo que a relação com o outro acontece por coação forçada hierarquizada um é superior ao outro ou pela cooperação construção coletiva interação a diferença é vista como produtiva para a criança DUVEEN 1998 Por tudo isso é necessário Olhar o rosto do outro e ter o rosto do outro como referência significa cuidar e considerar o alter outro como diferente do mesmo Daí o termo Alteridade Cuidar do outro ter infinita responsabilidade para com o outro é fugir da pretensão do mesmo e abrir se para a revelação do outro para a manifestação do outro para a expressão do outro e portanto escapar das redes de dominação É igualmente aceitar o diferente e ir ao encontro dele E ter como princípio ético o encontro com aquele que não sou eu em uma situação sempre de liberdade e diálogo MOREIRA JUNIOR2018 p29 Veja dependendo do contexto em que você está inserido vai surgir uma demanda relacionada à sua identidade O que não significa que você vá realizar tal esperada demanda Você poderá agir em suas tarefas cotidianas afirmandoa ou contrariandoa Isso significa que os rituais sociais presentes na sociedade servem para reatualizar uma identidade pressuposta ou seja já inscrita no contexto em que você vive Assim acontece nas festas E que solicita que você aceite as prescrições das condutas corretas reproduzindo as ações determinadas no seio da sua realidade social O que acontece é que aparentemente a identidade de uma pessoa pode parecer tão intrínseca tão grudada a pele da pessoa que nem existem outras formas de identificação a posição de mim o eu serposto me identifica discriminando me como dotado de certos atributos que me dão uma identidade considerada formalmente como atemporal Mas não é assim tão natural A identidade é cultural e social ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 65 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 65 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 66 Quando você está inserido nas suas relações sociais com o outro o que ocorre é que você se representa e tal representação adota um sentido tríplice 1 Você se representa 2 ao se representar exerce papéis relacionados aos condicionamentos por exemplo você é vizinha dos seus vizinhos e tal representação costuma ocultar outros elementos que constituem a sua totalidade e 3 à medida que você se representa repõe a sua identidade pressuposta implícita a você Sendo assim sua identidade é constituída por muitas representações que você faz de si mesmo que repomos daquelas representações que nos são esperados e pelas representações dos papéis a que estamos determinados A identidade nunca é estática sempre ocorrendo no seu próprio processo de produção Funciona assim Ser não estático é Ser é Estar Sendo Enfim identidade é movimento Identidade é metamorfose E sermos um e outro para que cheguemos a ser um numa infindável transformação Todo educador deve ficar atento a necessária tarefa de apreender os diversos patamares que se estabelecem nas relações com o outro os diferentes graus de proximidade desse outro numa realidade social Aquele que não é o mesmo que nós pode ser apenas diferente mas próximo ou constituirse como um alter em sua forma mais extrema e alienante como é no caso do racismo e certamente de todas as formas de exclusão social SANTOS 1999 p 377 Os Educadores devem sempre estar atentos a relação entre o ego eu e o alter outro e que demanda que tais educadores fiquem atentos e sejam receptivos as dessemelhantes formas de sociabilidades fora da escola de dentro da escola entendendo e permitindo as diversidades de manifestações culturais respeitando as sociedades em que os educadores vivem e partindo destas realidades para conduzir seus aprendizados Respeitem as diferenças Já que são as pertenças grupais que sustentam os processos simbólicos e materiais responsáveis pela construção da alteridade Disso ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 66 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 66 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 67 decorre a necessidade de se estudar a alteridade sempre levando em consideração os níveis interpessoais e intergrupais SANTOS 1999 p 376 Tais construções de diferenças que não devem ser menosprezadas foram elaboradas historicamente têm como alicerce projetos políticos econômicos sociais e culturais Muitas vezes interagimos ou nos negamos a interagir com o outro a partir das representações errôneas que temos sobre eles Perdemos bons encontros Estas representações vieram de visões hegemônicas produzidas pelos colonizadores irreais injustas racistas e que precisam ser evitadas pelos educadores A construção da alteridade e do mesmo se move ao compasso das conjunturas históricas Somos histórica e culturalmente constituídos Submetidos e submetemos as novas gerações a um trabalho cognitivo e afetivo constante de construção e reconstrução das representações expressando relações de poder desiguais conflitos de interesse e valores vigentes a cada época Cada educador no seu cotidiano dentro da escola precisa refletir sobre a necessidade de reconhecimento do outro como um ser de desejos de projetos e perspectivas próprias O outro não se esgota no conjunto de significados construídos pelo euSANTOS 1999 p 378 Isso significa que por mais que um educador seja autoritário só veja o mundo pela sua própria perspectiva expressandose sob os olhos de sua própria realidade social classe social e as representações historicamente construídas repletas de preconceitos nada impedira que o alter outro seja ele próprio realize sua própria resistência Isso fica evidente quando se trata de definir o contato com o Outro percorrendo as Histórias Culturas e Sociedades Africanas Afro brasileiras Ameríndias e os Povos Indígenas do Brasil Não podemos contestar que a inserção predominante do negro na sociedade de classe se deu primordialmente como trabalhador analfabeto estigmatizado pelo legado da escravidão com pouca ou nenhuma qualificação Isso criou uma representação dos negros ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 67 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 67 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 68 brasileiros repletas de preconceitos Há uma exceção historicamente comprovada configurada por outro modo de inserção dos negros como pertencentes a comunidades negras rurais que na transição do trabalho escravo para o trabalho livre estranharam o modelo e contestatoriamente procederam a sua inserção como grupo social e culturalmente diferenciado Já com relação aos indígenas a inserção do índio nesta mesma sociedade de classe aconteceu de um modo diferente Os modos de inserção dos diversos Povos Indígenas foram como grupo etnicamente diferenciado de fora para dentro eou de dentro para fora A inserção de índios como trabalhadores embora ocorrendo não se constituiu em tendência vultosa Aos outros distanciados dos seus modos de viver sentir pensar comer dançar amar além do seu estranhamento com tantas diferenças não poderão ser oferecidos o racismo em suas mais diferentes todas dolorosas demonstrações O racismo é uma forma de etnocentrismo todavia associado mais diretamente à visão biologizada do evolucionismo social O etnocentrismo e o racismo desumanizam inferiorizam BANDEIRA 2003 p 144 É bastante descabido produzir expressões de racismo em sala de aula ou permitir que as crianças o façam Nenhuma explicação etnocêntrica ou seja que tenta produzir um sentido de verdade para algo inverídico afirmando que um povo é superior a outro Já que não é Não configura verdade científica qualquer supremacia racial O racismo comporta porém uma dimensão sutil de repulsão que o etnocentrismo generalista necessariamente não comporta Embora o termo étnico índio assim como o termo negro tenham sido socialmente cunhados para apagar diferenças entre os diversos povos americanos e africanos tornando os um classificador de fração de classe o índio concreto é de modo geral associado a uma etnia particular sua pertença a um povo é reconhecida BANDEIRA 2003 p 144 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 68 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 68 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 69 Então no contato com os outros é necessário conhecê los em tudo o que são de verdade Foram povos africanos de países diferentes culturas distintas e línguas diferenciadas que aportaram forçadamente aqui naqueles navios Foram e são Povos Originários diversificados em línguas em suas culturas que foram reduzidos a denominação índios pelo fato de algum colonizador julgar que havia chegado à Índia ao chegar às terras brasileiras É necessário ir em busca do reconhecimento da diferença étnica potente o suficiente para permitir o verdadeiro reconhecimento de pertencimento cultural de um determinado povo O termo caboclo se aproxima do ponto vista social cultural e político do termo negro Ambos desenraizam despojam e subtraem dos atores sociais concretos tradições valores e práticas de suas culturas ancestrais Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras Você reconhecerá ao final da leitura o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas bem como a literatura arte língua e cultura africanas e afro brasileiras tal contato com tão vasta contribuição desta matriz formadora do povo brasileiro será um mergulho necessário e salutar na sua formação docente É importante refletir que nas políticas educacionais voltadas para realizar integração democrática das diversidades algumas deverão contemplar problemas comuns à questão do negro e à questão do índio outras deverão contemplar especificidades próprias de cada grupo Isso será decisivo para a formação de novas mentalidades assentadas na realidade étnicocultural brasileira e com um efeito reparador às contribuições do negro africano vindos de diversas realidades e regiões do continente africano ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 69 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 69 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 70 As práticas e os valores culturais dos negros foram incorporados como produção nacional popular reduzindo a diversidade dos afrobrasileiros à diferença racial socialmente estigmatizada É inegável a herança africana está em suas marcas firmes e vivas nos modos de sentir pensar sonhar e agir de certas nações do hemisfério ocidentalSILVERIO 2013 p7 Isso é perceptível nos Estados Unidos Brasil Caribe entre outras partes em que se deu a diáspora africana lugares onde os africanos vieram viver e permaneceram escravizados É certo afirmar que tais marcas culturais africanas influenciaram as culturas de países como o Brasil e fundamentaram fortemente as identidades culturais que circulam por este país póschegada do colonizador português O século XX foi marcado pela busca de significação histórica desta grande influência cultural das culturas africanas entendidas através da história africana Passou a ser um erro histórico narrar a nossa história com olhos voltados aos nossos preconceitos frutos do etnocentrismo não dedicando espaço a história verdadeira destes encontros entre a África e o Brasil Diante disso a história da áfrica comprova que o continente africano foi o berço de inúmeras civilizações A Civilização Egípcia alguns esquecem estava no continente africano Fora isso existiram pungentes Impérios Foram abafados pelos ocidentais que os africanos criaram inúmeras complexas e originais formas de governo Algumas eram fundamentadas em uma ordem genealógica clãs e linhagens Atualmente coexistem governos republicanos e clãs como no Reino de Ghana difíceis de compreensão para os nossos fracassados modelos coloniais e imperiais E existiram formatos governamentais avançados anterior a chegada dos europeus para agir na perversa colonização e escravização dos povos africanos eram os exemplares e notáveis processos iniciativos com a existência de classes de idade montados através de chefias organizados por diversificadas unidades políticas Ganha destaque o Império de poderoso de Aukar ou Império de Ghana século IVMELO BRAGA 2010 Seus ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 70 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 70 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 71 poderes foram contidos somente por volta do ano 1011 século XII pelos Povos Bérberes chamados de Bárbaros por não se submeterem aso comandos de outros povos Tais povos os Almorávidas irão até a Península Ibérica Já no século IV aC existiam grandes chefias Estados tradicionais entre elas configurava a primeira dinastia de Gana Já as escavações comprovam a existência de uma arte cerâmica de Nok Nigéria entre os séculos V aC ao II século dC demonstrando o seu apogeu e complexidade SALUM1999 Assim os importantes impérios de Gana e Mali entre outros existiram lá na África ocidental no exato momento da Idade Média europeia que vai acabar no século XV Outros reinos localizados para os lados oriental e central africanos como os Lunda e Luba realizaram entre eles suas disputas entre os séculos XVI e XIX com seus poderes análogos aos estados monárquicos ou imperiais Além disso o reino do kongo desenvolveu suas táticas e relacionamentos externos desde o século XIII Esta ideia de que a colonização falsamente difundiu e que descobriu um outro mundo selvagem onde só viviam tribos em guerra nômades subdesenvolvidos são construções a serviço dos interesses europeus na região africana História semelhante é sempre recontada com relação aos povos ameríndios os povos originários e que já viviam na América antes dos europeus aportarem aqui Dizer que tais povos não tinham suas histórias para contar são injustas mentiras A África tradicional anterior aos processos de colonização europeia e a vinda de povos africanos ao Brasil era diversificada e independente carregando suas distinções sociais econômicas e culturais pelo vasto território No bojo do projeto capitalista organizado pelos países que colonizaram forçadamente a África estava um projeto de desqualificar seus saberes suas ciências seus conhecimentos suas culturas e suas línguas E difundindo narrativas que os qualificam como lugares inóspitos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 71 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 71 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 72 tórridos improdutivos repletos de povos vivendo como bárbaros sem cultura sem história própria e incivilizados Isso tudo foi alimentado pelo discurso do etnocentrismo do século XIX É necessário pois ver de que História e de que Civilização se trata Isso tudo a favor de um projeto imperialista liberal e colonial para fazer engrenar o capitalismo montados nas ideias veiculadas na Era Moderna no século XVI com as grandes invenções e as grandes navegações Os Povos Africanos que vieram viver no Brasil Colônia na condição de escravizados eram de diversas origens Uma parte deles vieram da África Ocidental Eram povos sudaneses eou iorubas nagôs ketus egbás gegês ewês fons fantiashanti genericamente conhecidos como mina povos islamizados mandingas haussas peuls SILVÉRIO 2013 p 13 O autor afirma ainda que outros povos africanos que vieram para o Brasil eram originários da África Central foram os Povos Bantos eram os bakongos mbundo ovimbundos bawoyo wili isto é congos angolas benguelas cabindas e loangos Também vieram ao Brasil africanos provenientes da África Oriental eram chamados de moçambiques Eles chegaram foram instalados nesta condição de escravizados e foram imprimindo as suas marcas culturais constituindo a gênese das culturas negras brasileiras apesar da destituição ampla subjetiva e social impostas pela escravização Não eram estrangeiros fugindo de alguma calamidade guerra ou fome Eram pessoas obrigadas a sair de suas casas dos seus países abandonarem suas línguas na condição degradante de escravizados Os povos sudaneses eou iorubas deixaram suas marcas culturais e influenciaram a história a partir da Bahia pelo Norte e Nordeste do Brasil Eram suas características o culto aos orixás a realização de cerimônias de iniciação a prática de ritos mágicos música e dança rituais a elaboração de esculturas em madeira em metais e outros trabalhos manuais como por ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 72 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 72 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 73 exemplo instrumentos musicais A cultura iorubana é apontada ainda como fonte de influência ao nosso léxico SILVÉRIO 2013 p 13 Foram mais de quatro milhões de negroafricanos para alguns estudiosos e para outros eram mais ainda que chegaram no Brasil ao longo de bem mais de três séculos consecutivos No decorrer do século XVI a Bahia configurava o maior núcleo português Havia trinta e tantos engenhos movidos por 3 ou 4 mil escravos negros e 8 mil índios Nessa proporção o componente negroafricano iria aumentar cada vez mais Já os Povos Africanos Bantos foram instalados nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e eles ficaram notabilizados pelo fato de uma das suas línguas quimbundo ser incorporada ao nosso português do Brasil E ainda por festas coroação dos reis danças que emulam a caça e a guerra carnaval festas do boi folcloreesculturas em madeira confecção de objetos domésticos etc Além destes aspectos culturais e linguísticos apontados acima ressaltando o fato de sermos o povo brasileiro que somos carregando elementos constitutivos de tais culturas africanas os africanos que vieram morar no Brasil nos longos e terríveis tempos da Colonização Portuguesa tiveram seus protagonismos na dimensão sociopolítica e não religiosa e messiânica das revoltas do século XIX Outro aspecto importante das novas pesquisas é a identificação da forte presença de afrobrasileiros nesses movimentos Os descendentes destes africanos e nascidos no Brasil comprovam que juntos aos escravizados não fugiram das lutas em prol das necessárias e justas mudanças sociais na história do Brasil Seus descendentes os afrodescendentes os afrobrasileiros o povo negro brasileiro organizado em seus movimentos prosseguem nas lutas Além disso é inegável que os africanos e seus descendentes desenvolveram no Brasil forte farmacopeia com seus fazeres e saberes tradicionais junto à manipulação de ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 73 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 73 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 74 plantas medicinais e condimentares em comunidades quilombolas eou afrobrasileiras como um patrimônio cultural ehoje se avalia seu uso e importância na atenção básica à saúde Destacaramse na literatura algumas importantes mulheres negras entre os séculos XIX e XXI Maria Firmina dos Reis maranhense nasceu em 1825 com diversas publicações entre elas o romance Úrsula Era abolicionista e escreveu o livro A Escrava em que reforça postura antiescravista da personagem Maria E foi compositora do hino da abolição da Escravatura HINO À LIBERDADE DOS ESCRAVOS Autoria de Maria Firmina dos Reis Salve Pátria do Progresso Salve Salve Deus a Igualdade Salve Salve o Sol que raiou hoje Difundindo a Liberdade Quebrouse enfim a cadeia Da nefanda Escravidão Aqueles que antes oprimias Hoje terás como irmão Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914 e morreu em 1977 afirmava que nos momentos em que passava fome em vez de xingar alguém preferia escrever Lá na favela do Canindé na zona norte de São Paulo onde era catadora e costumava narrar sobre sua realidade em papéis encontrados no lixo Até que publicou o seu livro Quarto de Despejo Diário de uma favelada em 1960 com narrativas sobre as discriminações que as mulheres negras empobrecidas e faveladas passavam Ainda foram lançadas outras obras dela Casa de Alvenaria Pedaços de fome e Provérbios Além de obras póstumas Diário de Bitita 1977 Um Brasil para Brasileiros 1982 Meu Estranho Diário 1996 Antologia ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 74 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 74 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 75 Pessoal 1996 Onde Estaes Felicidade 2014 Meu sonho é escrever Contos inéditos e outros escritos 2018 Entre tantas outras escritoras negras de ontem e hoje ressaltase Conceição Evaristo Doutora em literatura Ela começou a publicar poemas em 1990 e continua ativa Ela nasceu em uma favela na capital mineira Escreveu a obra Olhos dÁgua 2014 Ponciá Vicêncio 2003 e o Becos da Memória 2006 Poemas da Recordação e Outros Movimentos 2008 Nesta obra mais recente Olhos Dágua Conceição Evaristo apresenta narrativas em 15 contos entrelaçados com histórias de mulheres e homens negros e as lutas deles com diversos tipos de violência e depreciação sofridos na sociedade EVARISTO2016 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Conceição Evaristo Encontros de Interrogação 2015 Depoimento gravado durante o evento EscritoraLeitora em maio de 2015 no Itaú Cultural em São PauloSP No link httpsbitly2UpdI2t SAIBA MAIS Com as suas leituras até este momento você reconhecerá o contato com a realidade de outro Histórias culturas e Sociedades Africanas Literatura Arte língua e Cultura Africanas e Afrobrasileiras Na primeira parte será possível reconhecer o contato com a realidade de outro e o conceito de alteridade para conseguir entender o outro africano em suas diferenças E na parte final você será capaz de reconhecer o contato com a realidade de outro através das Histórias culturas e Sociedades Africanas Literatura Arte língua e Cultura Africanas e Afrobrasileiras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 75 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 75 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 76 Figura 1 Carolina de Jesus autografa seu livro Quarto de Despejo em 1960 Fonte wikipedia commons Definindo o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e a resistência negra no Brasil Definindo o Outro os negros na sociedade brasileira nas relações raciais nas contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e na resistência negra no Brasil virão muitos elementos para você definir o papel do negro no Brasil dos tempos coloniais aos dias atuais OBJETIVO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 76 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 76 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 77 É inegável o papel gigantesco que os africanos e os afro brasileiros trouxeram e trazem para a formação do povo brasileiro nas nossas história e cultura Tratando da história do Brasil a população negra seja em condição de escravizado chegando ao Brasil tendo partindo do continente africano e sendo provenientes de vários países passando por longos períodos sob a condição indigna de escravizados lutando pela libertação Ou seja a história de seus descendentes na mesma condição escravizado ou libertos empreendendo as suas lutas por liberdade e direitos batalhas diárias até hoje Lutaram e lutam pelo reconhecimento de seus direitos negados pelo longo período em que durou a escravidão no Brasil A África no período colonial brasileiro possuía inúmeras línguas como ainda continuam existindo Comparados aos indígenas brasileiros os autóctones os que já habitavam aqui anteriores a chegada dos portugueses podese até entender que os africanos seriam mais homogêneos no plano da cultura os africanos variavam também largamente nessa esfera Tudo isso fazia com que a uniformidade racial não correspondesse a uma unidade linguísticocultural Eram diversas as culturas dos africanos Os africanos constituíam uma consolidada diversidade linguística e cultural Rapidamente os poderes locais e os que manipulavam o tráfico de escravizados consideraram útil aos fins mercantis e para evitar planos de fugas impedirem a concentração de escravos oriundos de uma mesma etnia nas mesmas propriedades e até nos mesmos navios negreiros impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano Sendo que a condição de escravizados não os calou completamente ainda que fossem todos obrigados a falar a língua do rei de Portugal conseguiram influenciar com suas línguas sendo sujeitos participantes da criação e diferenciação do nosso português brasileiro É possível perceber que falamos uma língua com muitas diferenciações do português falado em Portugal Português do Brasil Os africanos trouxeram novas palavras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 77 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 77 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 78 Aquelas vozes submergidas no inconsciente iconográfico dessa gente trazida em cativeiro se fazem perceptíveis na pronúncia rica em vogais da nossa fala ritimo pinéu adivogado na nossa sintaxe tendência a não marcar o plural do substantivo no sintagma nominal os meninos as casas na dupla negação não quero nãono emprego preferencial pela próclise eu lhe disse me dê mas se revelam de maneira inequívoca nas centenas de palavras que foram e ainda são apropriadas como linguístico do português do Brasil a enriquecerem o imaginário simbólico da língua portuguesaCASTRO 2011 p01 Tais palavras recebidas dos africanos são faladas demasiadamente nos nossos cotidianos configurando marcas lexicais que portam elementos culturais africanos repartidos com a sociedade brasileira e que transitam no âmbito da recreação samba capoeira forró lundu maculelê dos instrumentos musicais berimbau cuíca agogô timbau da culinária mocotó moqueca mungunzá canjica da religiosidade candomblé macumba umbanda das poéticas orais os tutus dos acalantos o tindolelê das cantigas de roda das doenças caxumba tunga da flora dendê maxixe jiló andu moranga da fauna camundongo minhoca caçote marimbondo dos usos e costumes cochilo muamba catimba dos ornamentos miçanga balangandã das vestes tanga sunga canga da habitação cafofo moquiço da família caçula babá do corpo humano bunda corcunda banguela capenga dos objetos fabricados caçamba tipóia moringa das relações pessoais de carinho xodó dengo cafuné dos insultos sacana xibungo lelé do mando bamba capanga do comércio quitanda bufunfa muamba maracutaia CASTRO 2011 p 01 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 78 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 78 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 79 Trazido ao Brasil forçado construindo o país sendo que a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi ainda é a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional Teve que aprender a língua falada no brasil Dominoua não só a refez emprestando singularidade ao português do Brasil mas também possibilitou sua difusão por todo o território uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios o tupiguarani Um número imenso de africanos foi forçadamente trazido ao Brasil Calculo que o Brasil no seu fazimento gastou cerca de 12 milhões de negros desgastados como a principal força de trabalho de tudo o que se produziu aqui e de tudo que aqui se edificou Não permaneceram sem resistência ao sistema colonizador e escravagista que os oprimiu por séculos Ao fim do período colonial constituía uma das maiores massas negras do mundo moderno Sua abolição a mais tardia da história foi a causa principal da queda do Império e da proclamação da República Esta mercantilização dos corpos dos africanos pelos países da diáspora africana encontrou muitas resistências e insurreições Na década de 1570 na Bahia surgiram os focos iniciais de resistência de escravizados Estes criaram o primeiro quilombo de que se tem notícia que foi destruído em 1575 Neste período os engenhos espalhados pelo Brasil contavam com cerca de 15 mil escravizados Alguns estudos mostram que no final desse século começou a se formar o maior e mais organizado quilombo que se conhece Palmares MELO Braga 2010 p 65 Neste Quilombo de Palmares viveram entre 20 a 50 mil pessoas sua organização era através de um sistema político próprio calcado na tradição dos povos africanos Apoiavase numa economia de subsistência baseada na caça na pesca na agricultura e no artesanato MELO BRAGA 2010 p 65 O grande nome figura heroica e exemplo de liderança e resistência foi Zumbi dos Palmares foi a liderança do mais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 79 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 79 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 80 famoso quilombo da história do Brasil o Quilombo dos Palmares notabilizado como um dos capitais nomes da resistência negra contra escravidão O dia 20 de novembro tornouse o Dia Nacional da Consciência Negra em sua homenagem pois nessa data ele foi morto por seus captores Diferenciandose de seus precursores Zumbi não almejava negociatas suspeitas com os brancos Ele substituiu a estratégia de defesa passiva por outra ofensiva organizando ataques surpresa a engenhos libertando escravizados e apoderandose de armas munição e suprimentos Somente em 1695 é que Zumbi foi atacado e morto Sua cabeça foi cortada e exposta em praça pública para que cessassem os boatos de que ele era indestrutível Caso você não conheça esta história de resistência negra no Brasil você poderá desconfiar da existência de tantas lutas do longo processo de resistência contra os governos coloniais brasileiros Isso acontece pelo fato das histórias dos africanos e afrobrasileiros serem desconhecidas Eram e são poucos os autores que têm retratado a história de participação efetiva dos escravizados africanos no processo de formação do povo brasileiro e da real herança cultural que nos deixaram Serem reconhecidos nas suas histórias e culturas africanas e afrobrasileiras configurou campos de lutas dos afrobrasileiros do povo negro brasileiro em seus combates nos movimentos negros Isso foi trazendo avanços como marcos legais que traziam esta possibilidade e exigência para dentro das escolas de suas histórias e culturas lei 106392003 e 11 116452008 Como frutos deste processo intenso de reinvindicações dos movimentos organizados dos negros brasileiros foi possível realizar uma revisão histórica com relação à contribuição negro africana em todos os aspectos da vida social cultural política e econômica na sociedade brasileira Isso configurou uma oportunidade ímpar na história da educação brasileira As crianças afrobrasileiras bem como qualquer outra criança começaram a contar com professores mais bem preparados para tratar de temas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 80 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 80 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 81 como as culturas africanas nas atividades escolares Isso começou a fornecer referências identitárias positivas aos descendentes dos negros africanos e que vivem no Brasil Hoje já existem comprovações cientificas de que a raça humana surgiu na África Isso quer dizer que somos originalmente africanos Todos os seres humanos Voltando os olhos para a História da África é interessante perceber que na cultura africana tudo é História A grande História da vida compreende a História da terra e das Águas geografia a História dos vegetais botânica e farmacopéia a História dos Filhos do seio da Terra mineralogia e metais a História dos astros astronomia astrologia a História das águas e assim por diante Por exemplo o mesmo velho conhecerá não apenas a ciência das plantas as propriedades boas e más de cada planta mas também as ciências da terra as propriedades agrícolas ou medicinais dos diferentes tipos de solo a ciência das águas astronomia cosmogonia psicologia etc BÂ 1982 p 195 Tais ciências africanas profundamente ligadas a vida com os seus conhecimentos abertos a uma utilização prática E ainda as ciências iniciatórias ou ocultas tão distanciadas do público desconhecedor das antigas tradições africanas bastante vinculadas e integradas a vida tratase sempre para a África tradicional de uma ciência eminentemente prática que consiste em saber como entrar em relação apropriada com as forças que sustentam o mundo visível e que podem ser colocadas a serviço da vida Quanto ao negro brasileiro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais tensas e preconceituosas que necessitou combater bem como as contribuições desta Matriz Africana e afrobrasileira nas Artes Brasileiras e Resistência Negra no Brasil foram inúmeras e precisam ser conhecidas pelas crianças nas escolas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 81 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 81 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 82 As famílias negras no Brasil colonial imperial e republicano souberam e sabem das consequências de tão longo tempo de construção de papéis que carregam pelas futuras gerações de brasileiros as mais cruéis discriminações Ser negro é enfrentar uma história de quase quinhentos anos de resistência à dor ao sofrimento físico e moral à sensação de não existir a prática de ainda não pertencer a uma sociedade na qual consagrou tudo o que possuía oferecendo ainda hoje o resto de si mesmo Ser negro não pode ser resumido a um estado de espírito a alma branca ou negra a aspectos de comportamento que determinados brancos elegeram como sendo de negro e assim adotálos como seusNASCIMENTO 1974a p76 Maria Beatriz Nascimento mulher negra e nordestina historiadora poetisa militou ativamente nos movimentos pelos direitos humanos de mulheres e negros Foi assassinada em 1995 quando cursava o seu mestrado em decorrência do apoio que prestou a uma amiga que estava sofrendo com uma relação abusiva por parte do companheiro desta amiga Foi ele quem a assassinou Beatriz Nascimento deixou grande contribuição com suas escritas e publicações Foi roteirista sendo que a produção de sua autoria mais reconhecida é o filme e documentário Ôri 1989 em que é documentado a trajetória dos movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988 Nesta produção é possível entender sobre a corporeidade do negro as injustas vidas dos africanos escravizados e dos afrodescendentes brasileiros bem como o foco na situação desigual de inferioridade e injusta das mulheres negras no Brasil Beatriz Nascimento entendia que na história tradicional do povo negro subsistem ainda resquícios das sociedades africanas além de uma cultura forjada no Brasil e que esta cultura tramada em um processo de dominação é perniciosa e bastante difícil e que mantém o grupo no lugar onde o poder dominante acha que deve ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 82 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 82 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 83 estar Isto é o que eu chamo de Cultura da Discriminação Ela defendia que era necessário ir além da discussão e da visualização do processo de dominação de uma cultura sobre a outra da cultura do dominador colonizador a cultura negra Recomendando que os negros brasileiros deveriam procurar os elementos dentro de nossa cultura que estão provocando essa mesma subordinação Até que ponto a cultura do branco nos domina e até que ponto a nossa própria cultura também está interagindo nesse processo de dominação Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Trecho curto do Filme Ôri com roteiro de Maria Beatriz Nascimento e dirigido pela cineasta Raquel Gerber Disponível no link https bitly37nnNCx SAIBA MAIS Sobre o Negro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais as contribuições da Matriz Africana e a Resistência Negra Beatriz Nascimento questionava os conteúdos ideologicamente dominantes preconceituosos racistas repassados etnocêntricos quando são falados ou escritos termos como aceitação integração e igualdade Ela considerava que era bem difícil estudar a discriminação racial usando estes três termos para analisar a história do negro brasileiro em uma sociedade racista com elemento de análise teórica impregnado de uma cultura em todos os sentidos branca e europeizada se faz necessário perguntarse a si próprio se determinados termos correspondem à sua perspectiva se não são somente reflexos do preconceito repetidos automaticamente sem nenhuma preocupação crítica Ou seja se não estamos somente repetindo os conceitos do dominador sem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 83 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 83 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 84 nos perguntarmos se isto corresponde ou não à nossa visão das coisas se estes conceitos são uma prática e caso fossem uma prática se isto é satisfatório para o negro Somos aceitos por quem Para quê O que muda ser aceito O que é ser igual A quem ser igual É possível ser igual Para que ser igual NASCIMENTO 1974a p68 Os últimos anos do século XX aos dias atuais serão decisivos para a construção de novos conhecimentos sobre o Negro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais contribuições da Matriz Africana e Resistência Negra tanto dentro das universidades como fora na produção acadêmica e as artes em geral na literatura em geral no cinema surgiram e continuam a surgir muitos teóricos estudiosos e pensadores Os apelos de Beatriz Nascimento fizeram seus ecos e trouxeram seus resultados A todo o momento o preconceito racial é demonstrado diante de nós é sentido Porém como se reveste de uma certa tolerância nem sempre é possível percebermos até onde a intenção de nos humilhar existiu De certa forma algumas destas manifestações já foram incorporadas como parte nossa Quando entretanto a agressão aflora manifestase uma violência incontida por parte do branco e mesmo nestas ocasiões pensamos duas vezes antes de reagir pois como expus acima no nosso ego histórico as mistificações agiram a contento NASCIMENTO 1974b p 42 Ressaltase o importante e pioneiro papel desempenhado na 1ª metade do século XX pelo escritor teatrólogo ativista militante Abdias do Nascimento organizador em 1938 do inovador I Congresso AfroBrasileiro já passados 50 anos da decretação do fim da escravidão no Brasil Abdias do Nascimento criou em 1944 o extraordinário Teatro Experimental do Negro TEN para denunciar o preconceito e a discriminação e dar vozes aos talentos negros Essa demanda continua sendo atual ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 84 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 84 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 85 Abdias Nascimento narra os seus propósitos com o TEN Nosso Teatro seria um laboratório de experimentação cultural e artística cujo trabalho ação e produção explícita e claramente enfrentavam a supremacia cultural elitistaarianizante das classes dominantes O TEN existiu como um desmascaramento sistemático da hipocrisia racial que permeia a nação Havia e continua vigente uma fi losofi a de relações de raças nos fundamentos da sociedade brasileira paradoxalmente o nome dessa fi losofi a é democracia racial Democracia racial que é um mero disfarce que as classes brancobrancóides utilizam como estratagema sob o qual permanecem desfrutando ad aeternumNASCIMENTO 1980 p 68 Em 1988 a constituição federal vai criminalizar a discriminação racial e surgiu a Fundação Cultural Palmares junto ao Ministério da Cultura realizando extenso e consistente trabalho em prol das artes e culturas negras junto aos afro brasileiros MELO BRAGA 2010 Figura 2 Escultura da Cultura Nok datada entre o século V aC ao século IV dC Nigéria mais de 2500 anos atrás Fonte wikipedia commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 85 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 85 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 86 As duas primeiras décadas do nosso atual século XXI foram vigorosas nas participações e protagonismos dos Negros na Sociedade Brasileira movidos por muitas mobilizações e por resultados configurados em marcos legais e políticas Públicas dos governos As Relações Raciais foram debatidas e foram oferecidas inúmeras contribuições da Matriz Africana dos afros descendentes dos afrobrasileiros nas Artes Brasileiras A Resistência Negra no Brasil prossegue forte e com seus resultados apesar das históricas consequências do longo escravismo Existem muitas conquistas por alcançar Em 2003 foi criada a SEPPIR Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial criando um lugar de destino de muitas reinvindicações históricas Um pouco adiante surgiu o Estatuto da Igualdade racial 2009 As comunidades quilombolas começaram a receber maior apoio e serem certificadas pela Fundação Cultural Palmares em diversos estados brasileiros Sendo que no ano de 2007 mais de 1000 delas foram certificadas MELO BRAGA 2010 As culturas dos afrobrasileiros são valorizadas Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo As relações étnicoraciais no Brasil contemporâneo a partir da perspectiva da Diáspora Africana Disponível no link httpsbitly3haSuPQ SAIBA MAIS Ao final da sua leitura você será capaz de definir o Outro os negros na Sociedade Brasileira nas Relações Raciais nas Contribuições da Matriz Africana nas Artes Brasileiras e na Resistência Negra no Brasil terá visto muitos elementos para você definir o papel do negro no Brasil dos tempos coloniais aos dias atuais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 86 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 86 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 87 Relembrando o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no Brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras Relembrando o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no Brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras tudo isso fará com você conheça para não mais esquecer a contribuição das nossas matrizes indígenas do Brasil e como se encontram hoje OBJETIVO Conhecer a realidade do Outro do sujeito indígena na história do Brasil requer conhecer para não esquecer E para aproximar de um universo que poderá ser visto como tão distante ou pelo fato de a Amazônia estar longe geograficamente de muitas outras regiões do Brasil ou por julgar que os tempos dos indígenas já passaram A falta do contato com a história das diversas culturas indígenas que viveram e vivem nas Américas e no Brasil fazem falta aos professores e consequentemente aos alunos Os grupos indígenas que aqui já viviam no litoral brasileiro e viram chegar os primeiros portugueses eram sobretudo povos indígenas de tronco tupi que havendo se instalado uns séculos antes ainda estavam desalojando antigos ocupantes oriundos de outras matrizes culturais Somavam talvez 1 milhão de índios divididos em dezenas de grupos Tais grupos indígenas estavam ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 87 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 87 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 88 organizados um por um compreendendo um conglomerado de várias aldeias de trezentos a 2 mil habitantes Não confundir com todos os povos indígenas que viviam no Brasil do século XVI época da chegada dos colonizadores Esta soma que representa uma vultosa presença populacional indígena é somente dos povos que falavam a língua Tupy esta língua que deixou tantos nomes que repetimos sem nem mesmo nos damos conta dela E ressaltando que só a contagem dos povos de língua Tupy no litoral tinha à mesma população que Portugal na mesma época Apesar da unidade linguística e cultural que permite classificálos numa sómacroetnia oposta globalmente aos outros povos designados pelos portugueses como tapuias ou inimigos RIBEIRO 1995 p 32 O fato é que jamais os grupamentos Tupy conseguiram unificarse numa organização política que lhes permitisse atuar conjugadamente Isso demonstra o equívoco histórico e cultural da expressão os índios brasileiros ou os indígenas brasileiros A diversidade étnicocultural é histórica e isso já se dava antes da chegada do colonizador Os povos tupy na escala da evolução cultural faziam neste momento da chegada dos portugueses e por conta própria a sua revolução agrícola ultrapassando assim a condição paleolítica É faziam por um caminho próprio juntamente com outros povos da floresta tropical que haviam domesticado diversas plantas retirandoas da condição selvagem para a de mantimento de seus roçados Um exemplo extraordinário é a mandioca porque se tratava de uma planta venenosa a qual eles deviam não apenas cultivar mas também tratar adequadamente para extrairlhe o ácido cianídrico tornandoa comestívelRIBEIRO 1995 p 31 Aquelas representações preconceituosas medonhas e racistas feitas sobre os índios brasileiros vestidos como os mesmos trajes falando um português que levam aos risos são injustas diante da diversidade étnicolinguística e cultural expressa de muitos modos com tradições distintas quando se fala sobre a história e a cultura indígena no Brasil ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 88 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 88 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 89 Com um novo inimigo morando no Brasil o português colonizador só foi possível aos Povos Tupy conseguiram estruturar efêmeras confederações regionais que logo desapareceram A mais importante delas conhecida como Confederação dos Tamoios foi ensejada pela aliança com os franceses RIBEIRO 1995 p 33 na baía de Guanabara Além dos Povos Tamoios reuniu entre 1563 a 1567 os Povos Tupinambá no Rio de Janeiro e os Povos Carijó no planalto paulista apoiados pelos Povos Goitacá e pelos Povos Aimoré da Serra do Mar que não eram de língua Tupy e sim de Língua jê um outro trono linguístico que persiste ainda hoje no Brasil em estados como Mato Grosso Tocantins e na Região Sul do Maranhão Neste momento estavam opostos aos portugueses e aos povos indígenas que os apoiavam E os portugueses entre eles os padres jesuítas manipulam seus defensores Nessa guerra inverossímil da Reforma versus a ContraReforma dos calvinistas contra os jesuítas em que tanto os franceses como os portugueses combatiam com exércitos indígenas de milhares de guerreiros 4557 segundo Léry 12 mil nos dois lados na batalha final do Rio de Janeiro em 1567 segundo cálculos de Carlos A Dias 1981 jogavase o destino da colonização E eles nem sabiam por que lutavam simplesmente eram atiçados pelos europeus explorando sua agressividade recíproca Os Tamoios venceram diversas batalhas destruíram a capitania do Espírito Santo e ameaçaram seriamente a de São Paulo Mas foram afinal vencidos pelas tropas indígenas aliciadas pelos jesuítas RIBEIRO 1995 p 33 Aqueles que invadiram as terras foram os colonizadores É interessante que os professores entendam as reais histórias para conseguir produzir verdade iras narrativas aos seus alunos Os portugueses no século XVI eram muito diferentes dos diversos povos indígenas brasileiros Os povos indígenas que viviam no Brasil eram todos eles estruturados em tribos autônomas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 89 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 89 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 90 autárquicas e não estratificadas em classes o enxame de invasores era a presença local avançada de uma vasta e vetusta civilização urbana e classista RIBEIRO 1995 p 37 Este outro o português europeu era o atraso o vinculado aos sistemas de governo não democráticos opressores e racistas não respeitavam outras religiosidades culturas e costumes Estes portugueses desconheciam a tolerância a diversidade étnicocultural em que viviam os povos indígenas brasileiros Além de estabelecerem conflito e aprofundar alguns já existentes entre os distintos povos indígenas que aqui viviam trouxeram a obrigatoriedade de todos seguirem a língua do rei de Portugal bem como sua religião mexendo profundamente nas diversas culturas línguas cosmologias e religiosidade de tantos e distintos povos Outro agente poderoso de tal projeto colonizador era o padre jesuíta que desconhecia culturas e religiosidades próprias dos povos que encontrou aqui no Brasil a partir do século XVI Era a Igreja católica com seu braço repressivo o Santo Ofício Ouvindo denúncias e calúnias na busca de heresias e bestialidades julgava condenava encarcerava e até queimava vivos os mais ousadosRIBEIRO 1995 p 37 Isso havia sido arquitetado ainda no século XV anterior a chegada de qualquer português ao Brasil e prossegue firme nestes tempos em que vivemos no século XXI com outros projetos evangelistas Veja o que escreveu o papa em 1954 Não sem grande alegria chegou ao nosso conhecimento que nosso dileto filho infante D Henrique incendiado no ardor da fé e zelo da salvação das almas se esforça por fazer conhecer e venerar em todo o orbe o nome gloriosíssimo de Deus reduzindo à sua fé não só os sarracenos inimigos dela como também quaisquer outros infiéisPapa Nicolau V 1454 p 01 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 90 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 90 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 91 Isso atingirá os modos de produção artística no Brasil colonial Gandon 1997 explicou que os jesuítas procuraram adaptar a arte europeia ao contexto cultural dos índios brasileiros Escrevendo em 1585 o padre Anchieta relatava que numa das três missões de índios cristãos livres situadas na costa norte da Bahia Espírito Santo São João e Santo Antonio os padres ensinavam os índios a cantar e tem seu coro de canto e flautas para suas festas e fazem suas danças à portuguesa com tamboris e violas com muita graça como se fossem meninos portugueses e quando fazem estas danças põem uns diademas na cabeça de penas de pássaros de várias cores e desta sorte fazem também os arcos empenam e pintam o corpo Desde o século XVI os jesuítas se serviam também dos autos forma teatral de uma trama popular com cantos e danças como elemento eficaz da catequese É bastante provável que desde então personagens representativos dos indígenas figurassem nestas peças encenadas sobretudo no ciclo natalinoGANDON 1997 p 156157 Isso trouxe uma popularização de tais autos para eles afluíram as populares danças dramáticas apresentadas nas portas das igrejas coloniais brasileiras Anos mais tarde os africanos chegaram e novos elementos foram embutidos dentro das manifestações artísticas populares do Brasil Algumas pessoas nesta altura da história do Brasil em pleno século XXI expressam seus preconceitos com relação a este outro o indígena Odeiam sem sequer conhecerem Movidos por algum motivo relacionado ao tom da pele etnia ao fato de alguns povos estarem empobrecidos de não apreciar qualquer outra estética diferente da sua própria classe social da sua própria cidade ou identificações étnicas ou por falarem línguas que não são aquelas deixadas pelos colonizadores ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 91 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 91 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 92 Diante das diferenças entre os brasileiros nãoindígenas para reconhecer os outros para conhecer aqueles desconhecidos brasileiros indígenas é necessário cuidar das informações Gersem Baniwa é indígena brasileiro pertence ao Povo Baniwa do Alto do Rio Negro é antropólogo trabalhou no Ministério da Educação e atua como Assessor Técnico do Fórum de Educação e Saúde Indígena do Amazonas FOREEIA Ele professor doutor adjunto da Universidade Federal do Amazonas UFAM Com ele é possível você aprender sobre a realidade de um povo indígena do Brasil Mas é importante relativizar que tais conhecimentos são apenas do povo Baniwa Cada povo indígena ontem e hoje vai ter seus saberes culturais distintos Gersem Baniwa esclarece que estes outros os povos indígenas não ficam felizes ao serem enquadrados pelas lógicas academicistas que alimentam e sustentam os processos de reprodução do capitalismo individualista que tem gerado uma sociedade cada vez mais em retorno à civilização da barbárie e da selvageria por meio da violência da exploração econômica desumana do império da lei do mais rico e dos que tem poder político à base de democracias das elites econômicas e políticas Os povos indígenas gostariam de compartilhar com o mundo a partir da universidade seus saberes seus valores comunitários suas cosmologias suas visões de mundo e seus modos de ser de viver e de estar no mundo onde o bem viver coletivo é a prioridadeBANIWA2012 p 3 Indagado sobre a sua cultura e a sua história e de seu Povo Indígena Baniwa como um sujeito que faz parte de um grupo que lida com o conhecimento em que se ensina o que se vive Gersem Baniwa esclarece que entre os Baniwa uma lição que se aprender cedo com os pais e antepassados é que só se ensina o que se vive Ensinar é viver Tais ensinamentos advêm da antiga ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 92 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 92 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 93 filosofia da vida cósmica do povo Baniwa que sempre evitou separar teoria e prática observação e vivência Neste século XXI é possível ler a literatura feita por alguns indígenas publicada Ressaltase a presença de um escritor do Povo Munduruku que vivem no estado do Pará na Amazônia autor das seguintes obras Histórias de índio coisas de índio e As serpentes que roubaram a noite Ele foi laureado pela UNESCO com uma Menção honrosa no Prêmio Literatura para crianças e Jovens na questão da tolerância com a obra Meu avô Apolinário Conheça um trecho da obra E foi ouvindo as histórias que meu avô contava que percebi o que os povos tradicionais podiam oferecer à cidade E isso me dá um álibi para usar as narrativas míticas para falar às pessoas com a mesma paixão com que o velho falava comigo Acho que foi assim que surgiu em mim o interesse de narrar histórias para ajudar as pessoas a olharem para dentro de si mesmas compreenderem sua própria história e aceitála amorosamente MUNDURUKU 2009 p 1416 Outros renomados indígenas escritores são David Kopenawa do Povo Indígena Yanomami com livro publicado Ailton Krenak do povo Krenak de Minas Gerais militante no Movimento Indígena Brasileiro também já publicou Outro escritor indígena é Carlos Hakiy da liderança importante do tuxawa Crispim de Leão importante liderança do Povo Sateré Guerra da Cabanagem Do Povo Indígena Potiguar da paraíba destacase a escritora Eliane Potiguar vivendo e publicando no Rio de Janeiro escreveu o livro Autora Metade cara metade máscara O Povo Indígena conta com um escritor destacada e conhecido é Olívio Jekupé com diversos livros escritos Ele é da aldeia Kurukutu em São Paulo Tal vigorosa e rica literatura precisa chegar às escolas e ser do conhecimento das crianças e adolescentes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 93 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 93 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 94 Figura 3 Guerrilhas de Rugendas Fonte wikipedia commons Apostando em que na vida tratase de experimentar o mundo tanto materialmente como cognitivamente afetivamente e espiritualmente Assim a pedagogia Baniwa busca educar através da observação da experimentação e dos exemplos Os adultos ensinam as crianças Baniwa a observar experimentar e seguir todos os bons exemplos Isso é viver Já vão longe os tempos coloniais e persistem as visões equivocadas sobre os povos indígenas que sobreviveram aos 500 anos de colonização em processo até hoje Esta é a opinião do movimento indígena brasileiro em seus documentos em que denunciam as situações de desrespeitos aos marcos legais que os colocaram nas primeiras décadas do século XXI em situações reparadoras dos mais cruéis tratamentos do estado brasileiro a partir de abril de 1500 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 94 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 94 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 95 Ao final desta leitura você será capaz de reconhecer contos de fadas renovados Sendo capaz de distinguilos dos contos tradicionais por estar esclarecido para você que os contos de fadas renovados narram histórias com elementos dos contos tradicionais renovandoos Nomeando o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no Brasil Nomeando o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no brasil trará uma nova e verdadeira visão sobre a gigantesca contribuição indígena à história e cultura brasileiras Naquele fatídico momento da chegada dos portugueses os povos tupy que viviam ali no litoral apreenderam aquela chegada do europeu como um acontecimento espantoso só assimilável em sua visão mítica do mundo Seriam gente de seu Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Conheça os Povos Indígenas Brasileiros No site é possível visualizar os nomes de todos na opção mostrar todos Ou ainda navegar pelo site com duas outras opções Por estado Unidade da Federação ou por família linguística lendo sobre os diversos povos indígenas do Brasil Disponível no link httpsbitly2zdLfoU SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 95 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 95 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 96 deus sol o criador Maíra que vinha milagrosamente sobre as ondas do mar grosso Este ser sobrenatural Maíra ou Mahyra Ele é a personagem central de um equívoco que data de cinco séculos no século XVI os jesuítas procuraram descobrir uma entidade sobrenatural que pudesse ser comparada ao Deus cristão a fim de facilitar a catequese Representeando um dos primeiros equívocos dos portugueses com relação as cosmologias indígenas as suas culturas e religiosidades O Padre Manoel de Nóbrega teria escolhido usar a representatividade de Maíra e de outros deuses aos seus propósitos evangelizadores e colonizadores E tudo indica que foi Nóbrega quem fez a escolha Esta gentilidade nenhuma coisa adora nem conhece Deus somente aos trovões chamam de Tupane que é como quem diz coisa divina E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento de Deus que chamarlhe Pai Tupane Não há dúvida que a adoção dessa palavra com esse sentido constituiu em mais uma dificuldade para as missões jesuíticasLARAIA 2005 p11 Chegando na costa brasileira descendendo das embarcações foram pensados como seus deuses e com bondade Só poderiam estar chegando da morada dos deuses e dos ancestrais Utilizamos a palavra céu para indicar o local onde vivem as almas dos antepassados e o herói mítico e principal ancestral Mahyra Povos Indígenas como os Suruís e os Assurinis declararam que estaria localizado em uma região por cima das nuvens Os Povos Originários tentaram explicar aqueles povos que chegaram com suas cosmologias Dandolhes um lugar entre os seus mais sagrados e cultuados seres espirituais Com o tempo será possível entender que não eram deuses os portugueses E nem viriam de uma Terra sem Males não tendo ainda as melhores intenções com relação aos povos que encontraram Ainda não sabiam o que os esperavam diante dos planos dos colonizadores com relação aos verdadeiros donos da terra os povos indígenas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 96 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 96 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 97 Não havia como interpretar seus desígnios tanto podiam ser ferozes como pacíficos espoliadores ou dadores Os povos indígenas entendiam à primeira vista como eles próprios se comportavam e eram Assim estes estrangeiros só poderiam ser boas pessoas pensaram os povos que viviam no litoral Assim pensavam estes ameríndios parte dos povos originários da América além de muitos outros povos Mesmo porque no seu mundo mais belo era dar que receber Ali ninguém jamais espoliara ninguém e a pessoa alguma se negava louvor por sua bravura e criatividade Era ainda uma Terra sem males e sem governos tiranos com hospitalidade Além disso julgavam os povos indígenas tupy que viviam no litoral que os portugueses ao sair do mar eram apenas feios fétidos e infectos Não havia como negálo É certo que depois do banho e da comida melhoraram de aspecto e de modos Tais povos indígenas não entenderam ainda as razões que levavam os portugueses a agirem com tanta aflição Tanta ganância com as toras de PauBrasil que apressadamente recolhiam Não agiam de modo nenhum com a semelhança marca destes povos originários na base do dom e contra dom não buscavam nas relações com os povos indígenas reciprocidades e correntes contínuas de doações Deste modo agiam e ainda agem muitos povos indígenas brasileiros Eles não precificavam colocavam preços nos objetos que doavam aos portugueses Os valores seriam implícitos aos objetos e ações Isso era e é oposto a nascente e atuante economia do mercado qualificada por trocas diretas daqueles bens e de serviços Por que se afanavam tanto em seus fazimentos Por que acumulavam tudo gostando mais de tomar e reter do que de dar intercambiar Sua sofreguidão seria inverossímil se não fosse tão visível no empenho de juntar toras de pau vermelho como se estivessem condenados para sobreviver a alcançá las e embarcálas incansavelmenteRIBEIRO 1995 p 45 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 97 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 97 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 98 500 anos de colonização não apagou aquilo que o antropólogo Mauss 2003 chamou de Economia do Dom descrevendo em sua escrita sobre as pesquisas em sociedades primitivas em comunidades antigas e indígenas no mundo Assim a cultura trazida pelos portugueses poderia operou bem mais males que bênçãos Os anos que se seguiram foram de resistências contra todas as táticas dos colonizadores para apoderarse de suas terras trazendo suas próprias leis e criando uma visão imposta unificadora injusta cruel mentirosa desapropriadora enquanto produziam explicações irreais sobre os nodos de viver dos mais diversos povos indígenas Os anos passaram e os Povos Indígenas que escaparam deste grande projeto colonizador europeu iniciado no século XVI não aniquilaram totalmente as suas integradas culturas e permanecem vivas nas distintas Culturas Indígenas no Brasil atual As culturas andam de braços dados com as cosmologias diferenciadas do outro descendente do colonizador e de outros povos indígenas Cada povo indígena apresenta seus próprios modos culturais e suas epistemologias cosmologias modos de produzir e repassar conhecimentos Um exemplo disso foi dado por um destes povos que vive na Bahia O Povo Pataxó esclarece que até mesmo a matemática uma ciência tão exata tão ocidentalmente posta está vinculada a relação como eles percebem o mundo as visões de mundo dos Pataxós É possível aprender com o mundo a matemática assim somar a operação da adição funciona Eu vou te dizer Por exemplo quando o cipó se abraça a uma árvore ele está fazendo a adição do amor E isso quer dizer que ele se abraçou para fazer um só corpo A árvore e o cipó se abraçaram para se tornar em um só corpo Quer dizer que um pertence a dois e dois pertence a um Formaram um corpo só fizeram a adição do amor E fizeram isso para sobreviver um ao outro Tem planta que precisa da outra para sobreviver ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 98 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 98 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 99 Então isso é matemática E também a matemática faz igualar tudo na natureza O amor da Natureza iguala tudo Quer dizer que se tem um amor na Natureza sempre vai ter espaço para mais uma planta que vier Vamos dizer que dá uma fruteira aqui e ali amadurece as frutas e uma paca vai lá e come uma fruta lá adiante ela deixa o caroço Lá nasce Pode tá cheio mais ali sempre vai haver ali a Natureza ela tá com o coração dela aberto A Natureza tem o coração de mãe sempre na casa dela sempre cabe o lugar para mais um Isso é matemática e isso é valorROCHA DURÇO 2008 p 1 Os povos indígenas ontem e hoje dançam para comemorar atos ocorrências e fatos relativos às vidas e as mais diversas tradições que não são únicas mas particulares indistintas para os vários Povos Indígenas brasileiros Existem danças para a preparação da guerra e ao regressar de batalhas para comemoração algum cacique as safras do amadurecer das frutas por ótimas pescarias e para festejar a puberdade das meninas ou para homenagear seus mortos e ancestrais É possível dançar para afastar as doenças as epidemias e muitos flagelos Tais linguagens dos corpos indígenas em movimentos nas suas danças suas organizações estéticas desde as pinturas corporais usando uma fruta chamada jenipapo ou o urucum na região tocantina maranhense que também serve para colorir a comida às ricas coreografias passando pelos belos cantos em suas línguas tudo está integrado às suas religiosidades e ritualísticas indígenas As danças que persistem e existem ainda hoje foram furtos das resistências as perseguições inúmeras Não existia uma compreensão por outro parâmetro que não fossem a vida dos brancos suas festas sua religiosidade e seus modos de festejar Um Inglês visitando o Brasil em 1810 teriam observado os indígenas dançando e afirmou que eles eram cristãos embora se ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 99 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 99 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 100 diga que alguns deles conservam em segredo seus ritos bárbaros prestando adoração ao maracáe praticando todas as cerimônias de sua religião se posso usar essa palavra E espantavam bastante aos Governantes e párocos O Governador da Província de Pernambuco em 1827foi incumbido pelo imperador a fazer um levantamento sobre a índole costumes e inclinações dos índios Ele se chamava José Carlos Mayrink da Silva Ferrão e realizou a sua escrita afirmando Nos domingos e dias santos aparecem alguns no templo que trejeitos porém não fazem quando assistem ao Santo sacrifício Ignoram tudo o que é pureza religiosa sabem sofrivelmente a arte dos hipócritas no mesmo dia porém ou no outro adoram os seus ídolos bebem dançam segundo o rito de sua estulta tola religiãoNAUD 1971 p 331 As danças resistiram E educam as novas gerações sobre suas culturas e histórias Assim as mais diversificadas Culturas Indígenas existentes coexistentes em diálogos são provas vivas da pluralidade cultural no Brasil atual colocam as festividades como modos de educação nestes momentos comemorativos em que celebram coletivamente como por exemplo a Festa do Moqueado para celebrar a menarca 1ª menstruação de meninas como o povo Guajajara lá no sul do Maranhão são passados valores poderosos deste povo para suas próximas gerações Aquelas meninas serão as futuras mães e responsáveis pelas novas gerações e pelo repasse e manutenção das suas culturas aos filhos Ou a tradicional festividade dos povos indígenas do Xingu É a dança do kuarup nome de uma árvore sagrada e ao mesmo tempo do ritual anual de respeito aos mortos em Mato Grosso Nas festas motivadas por fatos distintos que os diversificados povos indígenas e suas culturas atuais apoiadas em suas ancestralidades escrevem suas memórias seus valores seus códigos de regras suas crenças suas angústias pelo árduo trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 100 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 100 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 101 suas esperanças e fantasias Os ingredientes que compõem a festa popular são também textos por meio dos quais a gente simples manifesta tudo aquilo que lhe toca mais profunda e intensamente Consequentemente podemos pensar a festa como uma grande escola na qual se aprende antes de outras tantas coisas como a vida em sociedade acontece seus valores seus conflitos e suas possibilidades de interação e sociabilidade PESSOA 2007 p 45 Tais festividades que contam com a participação de todos os que vivem em cada território indígena pelo extenso Brasil são apoiados em mitos as verdades em formas de narrativas que cada povo indígena mantém e comemora repassandoos as novas gerações Herdamos dos nossos povos indígenas o gosto intenso de festejar Os povos indígenas são marcados por suas inúmeras festividades indígenas E que eram e são lugares de aprendizagem marcando todos os seus contingentes populacionais e cada um singularmente com os seus valores as suas normas as suas tradições ao mesmo tempo em que se transforma sempre num grande balcão numa grande demonstração das inovações das mudanças das novas descobertas das novas concepções Toda a vitalidade festiva da cultura popular brasileira dos autos natalinos ao carnaval da Festa do Boi na Amazônia passando pelo Bumba Meu Boi no Maranhão às quadrilhas juninas são as marcas culturais de matrizes como as indígenas Quem vai à festa tem a possibilidade de aprender que o que se sabe ainda não é tudo para se continuar a viver e a reproduzir as condições de sobrevivência São oportunidades de novas aprendizagens e devem ser vivenciadas nas escolas Nos bailes pastoris encenados ainda hoje em vários pontos do litoral norte da Bahia como partes dos festejos natalinos caboclos e africanos aparecem geralmente entre os personagens São dramatizações populares brasileiras encenadas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 101 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 101 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 102 e apreciadas por muitas partes do Brasil As matrizes fundadoras do povo brasileiro indígena chamada de cabocla por alguns são representadas em diversas encenações cantadas e dançadas Em muitos casos os indígenas e os negros aparecem repletos de estereótipos Mas resistiram com suas culturas e histórias Assim é possível ver que na Bahia aparece personagem africano falando mal o português comparável aos africanos escravizados ao chegarem ao Brasil encarnando o estereótipo de uma imagem preconceituosa do negro porém inverte constantemente o seu papel de ridículo ridicularizando ao mesmo tempo os senhores e senhoras de escravos e denunciando aspectos da escravidão Aprendendo também que o novo é nossa herança cultural em constante processo de reconstrução geração a geração graças aos legados ancestrais do povo brasileiro indígena e afrobrasileiro conservados pela cultura popular tradicional incansável em se refazer sem fechar os olhos para os legados dos nossos povos originários Talvez isso explique a grandiosidade das nossas festas populares por todo o país e o ano todo reunindo gerações diferentes em torno do ensinar e o aprender para preserválas e sempre atualizálas A festa popular é o grande e fecundo momento a nos ensinar que a arte de viver e de compreender a vida que nos envolve está na perfeita integração entre o velho e o novo Sem o novo paramos no tempo Mas sem o velho nos apresentamos ao presente e ao futuro de mãos vazias PESSOA 2005 p 30 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 102 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 102 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 103 Figura 4 Povos Indígenas do Brasil na Época do Descobrimento Fonte wikipedia commons Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Conheça mais sobre os Povos Indígenas Brasileiros neste vídeo com a liderança indígena escritor e xamã liderança indígena Davi Kopenawa Seminário Arte Cultura e Educação na América Latina 2018 Disponível no link httpsbitly3h8CZI4 SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 103 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 103 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 104 Ao término deste capítulo você é capaz de reconhecer o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras bem como você já é capaz de definir o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e resistência negra no brasil em seguida você leu e já é capaz de relembrar o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do brasil culturas indígenas no brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras por último você leu e já é capaz nomear o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no brasil RESUMINDO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 104 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 104 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 105 UNIDADE 03 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 105 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 105 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 106 A diversidade é inerente ao ser humano e é uma importante discussão a ser considerada no trabalho escolar Nesse sentido é necessário discutir inovações nas ações pedagógicas para que a escola pare de reproduzir sujeitos fragmentados e assuma uma proposta pluricultural para melhor atender as necessidades dos sujeitos e da sociedade que ele está inserido Você estudará na Unidade 3 sobre a Prática Pedagógica que contemple o Outro em suas semelhanças e diferenças levando em conta a Diversidade Cultural Preparado Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 106 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 106 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 107 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 3 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Refletir sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças ambiental ecológica étnicoracial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras 2 Entender a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente 3 Desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças 4 Compreender a Necessidade de Repensar o Papel do Educador diante da Diversidade Cultural Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 107 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 107 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 108 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças Ao término deste capítulo você será capaz de compreender o desenvolvimento de uma Prática Pedagógica que contemple o Outro em suas semelhanças e diferenças levando em conta a Diversidade Cultural Inicialmente você irá refletir sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às relevantes diferenças como as diferenças ambientalecológica étnicoracial de gêneros entre as faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras Em seguida você pensará sobre a necessária tarefa de aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente percorrendo Histórias pensamentos conquistas e refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças Ainda refletindo sobre a prática pedagógica você focará em reflexões sobre como desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças E por fim você vai avaliar a necessidade de repensar o papel do Educador diante da Diversidade Cultural E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças nas práticas pedagógicas Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças você tomará contato com as questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças e tais aprendizagens ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 108 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 108 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 109 farão enorme diferença nas suas futuras práticas pedagógicas além de fornecer elementos para refletir sobre erros de algumas atuais práticas pedagógicas que não levam em conta nem as diversidades culturais e nem as diferenças entre as pessoas Você vai começar esta leitura com uma reflexão sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças tomando consciência de questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças dentro das e nas práticas pedagógicas Isso significa que você vai refletir sobre a Diversidade Cultural e as Diferenças juntas e dentro das escolas A Diversidade Cultural precisa ser vista como a expressão de opostos Sobre este tema é possível afirmar que a Diversidade Cultural é diversa ou seja não se constitui como um mosaico harmônico mas um conjunto de opostos divergentes e contraditórios A Diversidade Cultural é cultural e não natural ou seja resulta das trocas entre sujeitos grupos sociais e instituições a partir de suas diferenças mas também de suas desigualdades tensões e conflitosBARROS 2008 p 18 E é possível ainda afirmar que a Diversidade Cultural surge como uma resposta a algo que já era uma indagação além de significar a procura decidida de um sujeito e não exclusivamente uma constatação antropológica É o resultado de uma construção deliberada e não apenas um pressuposto um ponto de partida Um projeto e não apenas um inventário BARROS 2008 p 19 Na busca de entender pelo ponto de vista cultural o que é a diversidade os caminhos poderão levar ao entendimento da diversidade como a construção ao mesmo tempo histórica cultural e social das diferenças Algo é incontestável A Diversidade Cultural se realiza no humano ao longo da História E é nesse contexto que as relações raciais se configuram constroem e reconstroem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 109 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 109 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 110 E o que afirmar sobre as diferenças Existe um encontro entre o tema da diversidade cultural e das diferenças E ficará evidente que por mais que cada comunidade seja distinta da outra e que seus membros compartilhem idênticos ou semelhantes atos festas comemorações e modos de sentir e pensar cada um de seus membros aprenderá socialmente a pertencer a uma determinada diversidade cultural e assim carregar suas diferenças As mais novas gerações aprendem de mãos dadas com as mais antigas seus mestres e com os legados deixados pelos seus antepassados chamados de ancestrais E como estas pessoas em seus grupos com as suas diversidades culturais agem nas e com as diferenças O Antropólogo Claude LéviStrauss já em 1950 naquele cenário posterior aos horrores da 2ª grande guerra no discurso sobre Raça e História para a UNESCO já havia proposto três principais marcações conceituais para a compreensão e atuação com a diversidade cultural LéviStrauss afirmou com relação a diversidade cultural que era imprescindível que ela fosse realizada de tais formas a permitir diálogos generosos entre as distintas diversidades culturais KAUARK BARROS TORREÃOMIGUEZ 2015 Segundo o entendimento do importante estudioso francês e que morou em São Paulo na juventude deu aulas na Universidade de São Paulo e visitou alguns dos nossos povos indígenas no Brasil ele considerou que era importante uma reflexão sobre a compreensão da inexistência de uma relação de causa e efeito entre as diferenças culturais e as diferenças no plano biológico O que isso quer dizer Que não podemos acreditar em inatismo de nossas diferenças que são culturais As nossas diferenças biológicas nem as causam e nem produzem efeitos sobre elas As diferenças não se limitam a biologia Existe desde 2007 uma convenção que trata da garantia da soberania relacionada ao respeito às políticas culturais É a Convenção da Unesco sobre a Proteção e a Promoção da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 110 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 110 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 111 Diversidade das Expressões Culturais E que em sua história vem sendo utilizada como um instrumento para pressionar diversos governos na busca da construção e manutenção de poderosas políticas públicas capazes de promover e proteger a diversidade cultural E neste documento da UNESCO a diversidade cultural é vista como um valor universal repassando uma ideia que os bens e serviços culturais possuem valores e sentidos que demandam tratamentos diferenciados incidindo sobre os nossos direitos a diversidade cultural Quando um Governo Técnicos Educacionais de uma Secretária Estadual ou Municipal de Educação seus conscientes coordenadores pedagógicos e ainda os seus professores reflexivos tomam a iniciativa de cumprir as legislações relacionadas à educação e que zelam pela existência de um planejamento de atividades educacionais que levem em conta a diversidade cultural e as diferenças é necessário louvar todos estes esforços O fato é que as existências das legislações nas instâncias federal estadual e municipal não determinam que as práticas pedagógicas sejam profundamente tocadas e focadas na Diversidade Cultural e no respeito às diferenças Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Brasil DNA ÁfricaTrata da origem dos afrodescendentes e a importância dos africanos na construção do Brasil O projeto está baseado em três eixos o histórico o cultural e o científico Acessível pelo link httpsbitly2Yd9Xyn Acesso em 04012020 SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 111 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 111 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 112 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas diferenças ambiental ecológica étnicoracial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas fazse necessário lançar mão de reflexões sobre as diferenças ambientalecológica étnicoracial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras OBJETIVO É necessário comemorar tais práticas pedagógicas e tais políticas públicas que as amparam bem como os legisladores que constituíram estes relevantes marcos legais É importante que as políticas educacionais de integração democrática das diversidades contemplem problemas comuns à questão do negro e à questão do índio outras deverão contemplar especificidades próprias de cada grupo E que ainda nossas políticas educacionais oportunizem uma educação de cultura através de campanhas massivas e intensivas de fabricação contrahegemônica de identidades de negros e índios como atores sociais partícipes do processo de construção do País E isso é possível acontecer se existirem no seio da sociedade políticas Públicas inúmeras e potentes não somente as políticas públicas educacionais mas também as políticas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 112 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 112 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 113 afirmativas ostensivas de presença negra e presença índia nas mídias de assunção às esferas decisórias de cotas de vagas em escolas e no caso dos negros de quotas de empregos nas diversas atividades econômicas Assim antes de pensar nas Práticas pedagógicas é necessário a luta ou a preservação a depender do momento histórico que passa o país de algumas políticas educacionais que contemple as especificidades das populações afrobrasileiras e das populações indígenas No caso das populações indígenas a questão do bilinguismo continua sendo uma questão crucial Isso significa manter a língua materna Não podemos falar em contemplar a diversidade cultural e as diferenças étnicoraciais brasileiras sem pensar em manter as línguas maternas indígenas Muitos povos indígenas conservam sua língua mas a tendência de perda é cada vez mais acentuada Isso para falar em um único seguimento de nossas diferenças no recorte étnicoracial com foco nas línguas Mas existem muitos outros Gersem dos Santos Luciano 2006 Gersem Baniwa indígena brasileiro do Povo Indígena Baniwa da Amazônia Brasileira Doutor em Antropologia é escritor e professor universitário Deu e continua dando grande contribuição ao nosso país nos tempos em que atuou como Conselheiro no Conselho Nacional de Educação 20062008 e 2016 a 2020 É possível aprender com Gersem Baniwa sobre diversidade cultural e diferença étnicoracial indígena ou mais apropriadamente diferenças Gersem Luciano do Povo Indígena Baniwa 2008 fala sobre ser falante de outras línguas em um país que a maioria só fala uma única língua o português do Brasil Declarando que os povos indígenas enfrentam a imposição de padrões que vão da alimentação à língua Somos obrigados a aprender e a falar uma outra língua muitas vezes abdicando de nossas línguas de nossas tradições e assim por diante LUCIANO 2008 p 69 Neste sentido refletir sobre as diferenças e as diversidades culturais visíveis e coexistindo com as intenções educativas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 113 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 113 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 114 dos professores passam por mudanças nas mentalidades dos educadores e pela instauração de novas posturas tolerantes as diferenças dos alunos E caminhar um pouco mais além saindo da leve aceitação desta aparente situação de tolerância para uma convivência mais partilhada da diversidade Porque uma coisa é tolerar alguém outra coisa é conseguir compartilhar modos de pensar valores conhecimentos e assim por diante As diferenças indígenas são representativas das diferentes culturas dos povos que habitam e constituem o nosso país olhar a diferença não como um problema mas como um valor um enriquecimento da sociedade brasileira um patrimônio nacional Tratando das diferenças indígenas Luciano 2006 defende que a escola que foi exaustivamente usada como um dos fundamentais instrumentos durante a história do contato para descaracterizar e destruir as culturas indígenas possa vir a ser um instrumental decisivo na reconstrução e na afirmação das identidades e dos projetos coletivos de vida Como distinguir os Povos Indígenas e suas grandes diferenças São povos que representam culturas línguas conhecimentos e crenças únicas e sua contribuição ao patrimônio mundial na arte na música nas tecnologias nas medicinas e em outras riquezas culturais é incalculável Eles configuram uma enorme diversidade cultural uma vez que vivem em espaços geográficos sociais e políticos sumamente diferentes LUCIANO 2006 p 47 O escritor e indígena Gersem Luciano explica que a diversidade cultural de cada povo indígena bem como a história de cada um deles e os contextos e que vivem desenvolvem dificuldades para reduzilos ou enquadrálos com uma só definição Talvez exista no imaginário popular fruto do preconceito de que índio é tudo igual servindo para diminuir o valor e a riqueza da diversidade cultural dos povos nativos e originários da América continental LUCIANO 2006 p 40 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 114 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 114 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 115 Este autor Gersem Luciano do Povo Indígena Baniwa reflete sobre a realidade brasileira com relação a diversidade cultural Isso explica a diversidade cultural e a diferença de uma das matrizes do povo brasileiro que são os Povos Indígenas além da necessidade de ouvir deles mesmos sobre eles mesmos e suas diversidades e diferenças A seguinte definição deles pode ser até uma lição que podemos usar para definir a diversidade dos alunos Eles mesmos em geral não aceitam as tentativas exteriores de retratálos e defendem como um princípio fundamental o direito de se auto definirem Somente depois da promulgação da Constituição Cidadã de 1988 é que um novo tempo foi instituído no Brasil com relação as garantias e respeitos as diversidades culturais indígenas Assim iniciase o terceiro período do Indigenismo Governamental Contemporâneo pós 1988 LUCIANO 1988 Sendo que o fato acentuado de tal período teria sido segundo Luciano a superação teóricojurídica do princípio da tutela dos povos indígenas por parte do Estado brasileiro entendida como incapacidade indígena e o reconhecimento da diversidade cultural e da organização política dos índio Os Povos Indígenas são sujeitos com direitos às diferenças Mas nem sempre isso é perceptível Apesar de existirem 223 povos indígenas no Brasil Estes 223 diferentes povos não são idênticos são povos diferentes um do outro Por que é diferente Porque cada povo tem sua língua própria têm suas tradições próprias sua mitologia própria sua cosmologia própria que se distinguem das demais Já desde a largada dos portugueses e espanhóis dos portos europeus os planos não constituíam o respeito as diferenças e nem muito menos à diversidade cultural O projeto passava pela unificação e domínio Constituise um projeto ambicioso de dominação cultural econômica política e militar do mundo ou seja ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 115 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 115 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 116 um projeto político dos europeus que os povos indígenas não conheciam e não podiam adivinhar qual fosse Eles não eram capazes de entender a lógica das disputas territoriais como parte de um projeto político civilizatório de caráter mundial e centralizador uma vez que só conheciam as experiências dos conflitos territoriais intertribais e interlocaisLUCIANO 2006 p 17 O que aponta ainda em pleno século XXI com relação aos povos indígenas é que toda a história da colonização e até os dias atuais persiste uma danosa prática histórica que permanece agindo para manter a invisibilidade e o preconceito contestando até os direitos dessas coletividades indígenas Com relação a Diversidade Cultural as diferenças e os afrodescendentes o povo negro brasileiros os descendentes dos africanos que viveram no Brasil na condição indigna de escravizados é impossível tocar nas suas singularidades sem tratar das relações racistas produzidas no Brasil nas quais o povo negro foi duramente atingido em suas diferenças e identidades Este racismo foi sendo alimentado pela reafirmação da ambiguidade do ser e nãoser insistentemente presente nas mentes dos que tratam desta questão ou seja da imprecisão de alguns quando tratam sobre a realidade de racismo que o povo negro vive no Brasil entre outros povos do Brasil que estão imersos na nossa realidade de pluralidade étnica Não há como falar sobre a participação do povo negro no Brasil a sua presença no complexo leque da Diversidade Cultural brasileira as diversas formas por meio das quais esse grupo étnicoracial constrói sua identidade sem considerar o contexto do racismo na sociedade brasileira GOMES 2008 p 135 Isso levará você a reflexão sobre as desigualdades que enfrentam os afrodescendentes no Brasil neste imenso país ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 116 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 116 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 117 construído com os esforços de seus ancestrais O fato é que a população negra do Brasil precisa lidar com suas diversidades culturais com suas diferenças e com a persistência do racismo a nãointegração ou integração marginal do negro na nossa sociedade a cidadania precária e subalterna que permeia a vida e a conquista dos direitos São desigualdades históricas que caminham lado a lado com a desigualdade socioeconômica mas cada uma tem a sua forma de operar na cultura na política na educação nos contextos das relações de poder na vida dos sujeitos sociais Algumas pessoas não negras ou não identificadas com as lutas em prol de igualdades de oportunidades de parcela significativa do povo negro e empobrecido costumam maldizer as políticas afirmativas como as políticas de cotas raciais das universidades Um dado estatístico revelado por pesquisas do IPEA no fim do século XX determina reflexões No ano de 1999 98 deles não tinham ingressado na Universidade Isso demanda um olhar mais apurado Com as políticas de Cotas nas Universidades Públicas brasileiras o quadro foi amenizado passando a ser de 128 a presença de jovens negros pretos e pardos na faixa etária entre 18 e 24 anos entre os que são estudantes matriculados em instituições de ensino superior no Brasil Pode representar um número ainda ínfimo mas mudanças ocorreram graças às políticas afirmativas de cotas A presença de estudantes negros na totalidade da população brasileira foi ampliada de negros nas universidades segundo dados do ano de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Isso comprova que a presença nula mudou com a política de cotas mas poderá melhor ainda mais É significativo revelar que em 2018 no Brasil mais de 19 milhões de pessoas se declaram pretas segundo dados de 2019 divulgados pelo IBGE Somando aos não declarados representam grande contingente populacional ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 117 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 117 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 118 É necessário refletir sobre os dados todos acima Eles revelam que é necessário investimento em políticas Públicas educacionais que tragam um contingente cada vez maior de crianças adolescentes e jovens negros para dentro das escolas nos mais diversos níveis da Educação Básica e para a Universidade Muitos avanços aconteceram e gigantescos passos precisarão ser dados para superar todos estes séculos de desigualdade O país desafia com seus quadros acentuados de desigualdades de desníveis e com as suas precariedades nas políticas educacionais de caráter universal Elas não conseguem atingir de forma igualitária alguns grupos específicos da nossa população Essa situação desvela uma das falácias do mito da democracia racial brasileiro ou seja a crença de que negros e brancos encontramse em situação de harmonia e igualdade no Brasil Que harmonia Que igualdade O que os dados estão dizendo GOMES 2008 p 137 Sendo assim é muito importante garantir as necessárias e justas mudanças educacionais e epistemológicas ou seja operando nas formas como construímos o conhecimento ou que práticas educativas fazemos para as crianças construírem e serem suficientemente capazes de entender considerar e afirmar dentro das instituições educacionais que as ações dos negros como sujeitos políticos ao longo da História poderá ser dar visibilidade às práticas culturais políticas educacionais e organizativas do segmento negro da população brasileira Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas com os olhos nas diferenças étnicoraciais do Povo Negro Brasileiro focando sobre a situação de gênero pensando na mulher negra professora e nos negros que enfrentam suas diferenças relacionadas as faixas geracionais ligando com as realidades de suas classes sociais e não discriminando aqueles negros que são de religiões afrodescendentes ou religiões de matriz africana é necessário promover seus direitos todos a diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 118 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 118 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 119 cultural e suas diferenças A escola brasileira precisará avançar na sua intolerância com as diferenças religiosas As crianças sofrem e ainda são obrigadas a assistir aulas que desconhecem seus cultos sagrados Mais do que tolerância religiosa o que se reivindica é o reconhecimento a aceitação e o respeito da diversidade religiosa brasileira As religiões de matriz africana têm sofrido muitas pressões e discriminações No entanto a organização dos praticantes dos cultos afrobrasileiros tem ampliado e alcançado algumas vitórias políticas em diferentes lugares do País GOMES 2008 p 143 Sobre as relações entre a diversidade cultural e as diferenças ambientalecológica apontando como uma estratégia para tempos difíceis de acentuadas mudanças climáticas aquecimento global com relevantes danos para a população mundial com perspectivas de agravamento nas próximas décadas segundo dados de cientistas do clima são necessárias reflexões Qual seria o papel das práticas pedagógicas nas escolas brasileiras O mundo já vê estarrecido episódios que demandam novas significações e novos contatos com a preservação ambiental ecológica em uma aliança com a diversidade cultural e as diferenças dos diversos povos que habitam o território brasileiro e que necessitam da terra para produzir além de alimentos suas diversidades culturais É o caso de indígenas quilombolas e demais pessoas e comunidades tradicionais que vivem no Campo Recentemente chamaram a atenção nos lamentáveis episódios de rompimentos de barragens em Minas Gerais 2019 os danos graves às vidas das comunidades ribeirinhas pescadores e povos indígenas de Minas Gerais Pensando no mundo todo são diversos episódios como incêndios e mudanças drásticas no clima que criam a categoria de desabrigados ambientais Isso demanda reflexões significativas pela preservação dos nossos ecossistemas entre eles a Amazônia onde habitam muitos dos nossos povos indígenas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 119 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 119 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 120 A nossa diversidade cultural e o nosso pluralismo cultural prova que não somos idênticos ou seja não somos iguais somos diferentes carregamos diferenças que aparecem em diversos formatos nos longos séculos de luta contra os projetos de unificação propostos pelos colonizadores da nossa América e de nosso Brasil Já os colonizadores portugueses não eram únicos carregavam suas diferenças Os povos indígenas eram e são diversos E os africanos eram idênticos somente na condição indigna de escravização É evidente que Governos Federal Estadual e Municipal as legislações eficazes e Políticas Públicas de Educação serão necessárias e devem ser mantidas a escola sozinha não pode realizar tão imprescindíveis tarefas Já neste século foi proposto pelo Governo Federal o Programa Brasil Plural Foi praticado pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural através do Ministério da Cultura em 2004 É interessante analisar os pontos escolhidos para focar em tal programa figuravam a valorização da diversidade das expressões culturais nacionais e regionais o fortalecimento da democracia com igualdade de gênero raça e etnia e a cidadania com transparência diálogo social e garantia dos direitos humanos Bem como a garantia de apoio promoção e intercâmbio aos grupos e redes de produtores culturais manterem suas diversificadas manifestações culturais salvaguardando as qualidades identitárias de identidade de diferença por gênero orientação sexual grupos etários étnicos e da cultura popular Além de promover a identificação preservação e valorização dos patrimônios culturais brasileiros assegurando sua integridade permanência sustentabilidade e diversidade Algo a ser pensado na escola é uma condição de diferença e de portador de diversidade cultural da criança ou do jovem com deficiência As legislações avançaram Os educadores precisam entender e garantir a perfeita inclusão das pessoas com deficiênciaToda uma legislação recente os salvaguarda na escola ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 120 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 120 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 121 Todos estes elementos devem ser levados em consideração para a realização de práticas pedagógicas que levem em conta a diversidade cultural e as diferenças ambientalecológica étnico racial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais Crianças adolescentes jovens e adultos com defi ciência escolhas sexuais entre outras Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Darcy Ribeiro narra no seu livro o Povo Brasileiro a matriz indígena Acessível pelo link httpsbitly3hhhzsm E a matriz afrodescendente Acessível pelo link httpsbitly2AeHZtZ Acesso em 04012020 SAIBA MAIS Figura 1 Brasileiros Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 121 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 121 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 122 Você foi capaz de refletir sobre o sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às relevantes diferenças inicialmente focando nas questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças nas práticas pedagógicas Por fim você foi capaz de refletir sobre Diversidade Cultural e sobre cada uma das seguintes diferenças a saber ambientalecológica étnicoracial de gêneros entre as faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais pessoas com deficiências escolhas sexuais entre outras Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente Você será capaz de aplicar a diversidade cultural brasileira na prática docente você vai entrar nas especificidades das práticas docentes nos saberes e fazeres docentes sob o foco da presença da diversidade cultural brasileira levado pela indagação e como promovêla no cotidiano escolar OBJETIVO Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente histórias pensamentos e conquistas Quando você refletir sobre a relação entre Diversidade Cultural diferença e prática pedagógica dentro das escolas procure pensar que as nossas diferenças e aquelas que aprendemos nas nossas casas e vemos desde pequenos no contato com as nossas comunidades não devem ser naturalizados nem romantizados e muito menos vistos como ingênuos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 122 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 122 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 123 Não devemos aceitar que eles sejam sentidos ou teorizados como algo que compense os maus tratos e todo o longo processo de escravização do povo africano ou de desapropriação dos povos indígenas duas das nossas importantes matrizes imersas nas nossas culturas e em nossa diversidade cultural demandando respeito aos seus direitos e visibilidade E muito menos devemos amenizar as hibridizações contemporâneas algumas misturas que acabam por desqualificar e anular as marcas constituintes de nossas culturas e de pertencimento dos povos negros e indígenas brasileiros Permitir isso impede perspectivas e atitudes mais efetivas de proteção promoção e articulação dos legados de nossos ancestrais negros indígenas e europeus Cada um destes agrupamentos trouxe contribuições singulares e que devem ser preservadas É necessário admitir inicialmente que somente o desvendar desta necessidade movida por sentimentos que caminham pela trilha de uma reparação histórica de tantos silenciamentos diante de toda a diversidade cultural brasileira e com as nossas mais distintas diferenças não vão mover rapidamente a engrenagem que ficou parada e está enferrujada É preciso ir bem além da boa vontade em sala de aula e estabelecer um caminho mesmo que seja longo para desconstruir velhas práticas geradas por estruturas de dominação colonial de longo prazo de produção da desigualdade a partir das diferenças socioculturais estas consideradas como signo de inferioridade Tal enunciação prescritiva da busca de novas posturas mal disfarça o exercício da violência adocicada que seja única caução de uma verdade também única e totalitária É preciso ir bem mais adianteLIMA 2006 p 13 Isso fará você retornar a uma questão o que as escolas e suas práticas pedagógicas devem e podem fazer pela nossa diversidade cultural aliada às nossas diferenças agindo de uma ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 123 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 123 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 124 maneira que não anulem e jamais destruam as nossas diferenças E a resposta possível é a defesa evidente que existe uma grande necessidade de educar para a diversidade ou de uma educação para a diversidade entendida menos como uma atitude de respeito passivo e mais como uma forma de estar no mundo em que a articulação das diferenças se configura como prérequisito ao desenvolvimento humano Há uma alternativa já antiga e conhecida pelos Povos Indígenas do Brasil É uma possibilidade de Educação diferenciada que não esconde nem nossas diversidades culturais e nem as nossas diferenças É a Educação intercultural focada em trazer os diversos elementos de várias culturas tais conhecimentos valores e tradições que se articulam e se integram nas práticas cotidianas das pessoas para o campo das políticas de divulgação e de valorização da Diversidade Cultural e para o diaadia das pessoas bem como das instituições escolares e das nossas sociedades mas nem sempre bem utilizadas É bom destacar que a interculturalidade não é inverter a relação desigual de discriminado a discriminador mas uma superação de qualquer forma de simetria nas relações culturais entre indivíduos e sociedades Existem pessoas que desconhecem a nossa diversidade cultural brasileira e ainda ignoram e discriminam as nossas mais distintas diferenças diferenças ambientalecológica étnico racial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre tantas outrasJá educadores precisarão conhecêlas e respeitálas muito bem A realidade social brasileira e nos demais Estados contemporâneos está vinculada às diferenças socioculturais Como podemos fazer com que as escolas sejam espaços de aprender com as diferenças socioculturais e todas as demais diferenças que brotem dentro das escolas Como fazer um cenário pedagógico que permitam dialogar com as diferenças e as diversidades culturais já existentes dentro das escolas Como começar este caminho Como vencer os preconceitos e dissipar tanto racismo ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 124 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 124 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 125 Sempre que uma realidade educacional inspira e respira demo craticamente práticas pedagógicas inclusivas com respeito às diferenças e as diversidade cultural não se pode dizer apenas que cumprem as legislações Agem e são justos com a nossa história ou mais precisamente as nossas histórias e culturas dos diversos povos nossas intensas matrizes do povo brasileiro O Brasil não é ou não multicultural É diverso É sempre bom refletir que a multicultura brasileira reflete a rica pluralidade que se manifesta na miscigenação de seu povo na cor da pele nos costumes na culinária vestimentas folclore comportamento etc Todavia e infelizmente se reflete também nas relações de poder e nas desigualdades entre os privilegiados e os outros as denominadas de forma depreciativa minoriasFERREIRA 2015 p 306 Refletindo sobre a questão da Diversidade Cultural das diferenças das identidades nas salas de aula é possível afirmar palavras que remetem à atualíssimas reflexões sobre estes temas que você está estudando agora diferenciandoas de formas antigas ultrapassadas e superadas Depois de fazer suas considerações sobre os cenários desoladores em que alojaram as nossas diversidades culturais no Brasil ao longo da nossa história desde a chegada dos portugueses escondendoas assim como se fosse possível àquilo recalcado ocultado não ser perceptível este projeto nacional de homogeneização assim como se fosse fácil misturar óleo e água tal projeto de embranquecimento e destituição das nossas diversidades e diferenças foi chegando às escolas aos alunos montadas dentro das cabeças dos professores presentes aos currículos mantidas como mentiras que parecem verdades nos nosso livros didáticos E com quais finalidades Para que os futuros professores não indígenas e que desconhecem a diversidade cultural e as diferenças dos povos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 125 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 125 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 126 indígenas possam falar deles com propriedades e sem preconceitos Servirá para os que são muito pouco ou pouco conhecedores da diversidade linguística dos modos de vida e das visões de mundo de povos de histórias tão distintas como os que habitam o Brasil e que compõem um patrimônio humano inigualável E para que possamos construir uma escola aberta às diferenças e a diversidade cultural que tenha por princípio elementar o respeito à diferença o cultivo da diversidade a polifonia de tradições e opiniões e que se paute pela tolerância como tantos preconizam no presente Com tais mentiras que pareciam verdades foram surgindo explicações que caracterizavam as nossas diferenças como nulas e parecíamos menos complexos do que somos menos diversificados culturalmente do que somos menos diferentes étnicoracialmente do que somos Foram mentindo sobre nós e estas mentiras pareciam verdades de tanto serem repetidas Então uma tarefa surgiu como preponderante Era necessário tocar as mentes das pessoas para ver as invisibilidades diante de nossa diversidade cultural Estes desafios exteriores à sala de aula são concomitan temente desafios para dentro das salas de aula relacionados aos temas da diversidade cultural e das diferenças que estão fora e dentro da escola O que podemos almejar como reconhecimento de nossas diferenças E quando falamos em diferenças designamos as individuais e as coletivas Queremos ver reconhecidas as nossas diferenças coletivas e individuais como uma condição de cidadania quando as identidades diversas são reconhecidas como direitos civis e políticos consequentemente absorvidos pelos sistemas políticos e jurídicos no âmbito do Estado Nacional Não devemos agir nas escolas com relação aos modos diferentes de alguns agrupamentos com relação à educação como educam seus filhos com os mesmos parâmetros de análise equivocada dos colonizadores portugueses Eles achavam que somente as diferenças deles eram boas válidas e certas E que somente os seus métodos para educar eram os mais acertados ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 126 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 126 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 127 A Educação é um direito social e um processo de desenvolvimento humano que demanda Políticas Públicas de Educação Já nos Parâmetros Curriculares Nacionais 1997 a educação escolar corresponde a um espaço sociocultural e institucional responsável pelo trato pedagógico do conhecimento e da cultura Historicamente esta universalização do direito à educação foi tardia no Brasil mesmo depois da Proclamação da República O que necessariamente deve ser comemorado como fruto das lutas populares e que resultaram nos avanços dos marcos legais da educação Nacional a partir de 1988 com a nova Constituição Federal carinhosa e esperançosamente chamada de Constituição Cidadã Não ocorreu sem lutas O Grande abolicionista pensador e escritor negro brasileiro Luiz Gama nasceu em 1830 sua mãe Luiza Mahin era africana e estava na condição de escravizada Luiz Gama nasceu livre e posteriormente foi vendido pelo próprio pai quando tinha dez anos Nunca teve um diploma universitário Atuou nos tribunais e conseguiu com seus esforços libertar mais de 500 pessoas negras em condição de escravizados Hábil leitor ele ia atrás das leis escravistas brasileiras no século XIX conseguindo examinar saídas para a libertação de muitas pessoas antes do fim da escravidão no Brasil Em uma carta de importante valor histórico datada de 1880 um pouco antes da assinatura do fim da escravidão no Brasil declarou Em 1847 contava eu 17 anos quando para a casa do sr Cardoso veio morar como hóspede para estudar humanidades tendo deixado a cidade de Campinas onde morava o menino Antônio Rodrigues do Prado Júnior hoje doutor em direito exmagistrado de elevados méritos e residente em MogiGuassu onde é fazendeiro Fizemos amizade íntima de irmãos diletos e ele começou a ensinarme as primeiras letras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 127 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 127 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 128 Em 1848 sabendo eu ler e contar alguma cousa e tendo obtido ardilosa e secretamente provas inconcussas de minha liberdade retireime fugindo da casa do alferes Antônio Pereira Cardoso que aliás votavame a maior estima e fui assentar praça MOURA MOURA 2004 p 170 No tempo em que serviu no exército como praça ele narra que se fez copista fazia cópias escreveu para o escritório de um escrivão tornandose amigo dele Ordenança dele narrando que por meu caráter por minha atividade e por meu comportamento conquistei a sua estima e a sua proteção e as boas lições de letras e de civismo que conservo com orgulho Sem o direito universal a educação tendo nascido livre sendo filho de uma africana escravizada os dois eram lideranças da resistência negra a mãe e ele Luiz Gama aprendeu a ler e as tarefas ligadas a um exercício intelectual e unido as letras graças aos amigos que foi fazendo pela vida Sua vida é exemplar da falta que as políticas públicas podem fazer Lá pelo ano de 1856 ainda longe estava à abolição após ter servido no cargo de escrivão diante de muitas autoridades policiais conta fui nomeado amanuense da Secretaria de Polícia onde servi até 1868 época em que por turbulento e sedicioso fui demitido a bem do serviço público pelos conservadores que então haviam subido ao poder MOURA MOURA 2004 p170 Assim por pura perseguição política e não por algum grave delito no exercício de sua profissão Desde que me fiz soldado comecei a ser homem porque até os 10 anos fui criança dos 10 aos 18 fui soldado Fiz versos escrevi para muitos jornais colaborei em outros literários e políticos e redigi alguns MOURA MOURA 2004 p 170 Um renovado intelectual brasileiro do século XIX Luiz Gama lutou muito pelos direitos dos afrodescendentes Uma escola pública que aplicasse a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente fez falta à vida do menino ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 128 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 128 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 129 Luiz Gama lá no século XIX O fato é que no decorrer das últimas décadas o século XX e das duas primeiras décadas do século XXI a sociedade civil organizada e os Governos Federal Estaduais e Municipais brasileiros organizaram pujante conjunto de marcos legais e de políticas públicas focadas nas diferenças étnicoraciais e na diversidade cultural brasileira Para que as escolas e as práticas docentes possam ser inclusivas e não ocultar ou insultar as nossas diferenças e nossas diversidades culturais serão necessárias mudanças íntimas na subjetividade de cada educador e também externas ou sociais nos currículos nas metodologias na avaliação e na relação com a comunidade em seu entorno na formação docente entre tantas outras questões No caso das práticas pedagógicas é necessário se debruçar sobre todas as ausências como por exemplo a ausência do negro no livro didático a ausência de mulheres negras na política a ausência dos negros nos cargos de poder entre outros são formas de exclusão e de nãoexistência ativamente Estas ausências do povo negro com sua diversidade cultural e suas diferenças foram perversamente produzidas dentro da realidade brasileira e nos contextos histórico político cultural e educacional Ou seja elas foram produzidas conquanto tais Essas ausências também podem ser encontradas no campo epistemológico como por exemplo na própria produção do conhecimento Quanto à questão da diversidade cultural dos povos indígenas a Constituição Federal de 1988 representou um divisor de águas de um processo longo de exclusão das diversidades culturais e diferenças entre os mais de 200 povos indígenas brasileiros Isso operou uma ruptura com um modelo excludente já existente desde o início da República brasileira 1889 baseada em uma política extremamente etnocida voltada a exterminar os povos indígenas repressiva e genocida O que operava era uma política determinada de negação e de banimento dessa Diversidade Cultural Passamos mais de ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 129 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 129 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 130 quatro séculos em que a política oficial dos dirigentes seja no período colonial ou póscolonial distinguia negativamente essas pessoas e grupos física e culturalmente Uma primeira iniciativa neste sentido foram os Parâmetros Curriculares Nacional 1997 diversidade cultural figura entre os temas transversais De lá para cá as demandas para a escola que levem em conta a diversidade cultural e a diferença de cada povo indígena passa por vêla a escola como um contexto um lugar onde a relação entre os conhecimentos tradicionais e os novos conhecimentos científicos e tecnológicos deverão articularse de forma equilibrada além de ser uma possibilidade de informação a respeito da sociedade nacional facilitando o diálogo intercultural e a construção de relações igualitárias fundamentadas no respeito no reconhecimento e na valorização das diferenças culturais entre os povos indígenas a sociedade civil e o Estado LUCIANO 2006 p 148 Os Parâmetros curriculares NacionaisPCNs representaram apenas um ponta pé em uma história de silenciamentos e exclusões as matrizes dos povos brasileiros Pois nem existe uma só cultura existem diversas culturas e elas se encontram dentro da escola Além da escola e o currículo dela assumirem que as crianças representam muitas culturas diferentes é preciso ir além É necessário reconhecer a cultura docente do aluno e da comunidade a presença da cultura escolar mas não questiona o lugar que a diversidade de culturas ocupa na escola Mais do que múltiplas as culturas diferem entre si Refletindo sobre a aplicação da Diversidade Cultural e das diferenças nas práticas pedagógicas com os olhos nas diferenças étnicoraciais do Povo Negro Brasileiro discutindo as questões de gênero pensando na exclusão da mulher negra ou do homossexual de qualquer etnia e nos desafios geracionais dos negros na velhice da população negra ou nos desafios dos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 130 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 130 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 131 adultos e idosos que vão aprender a escrever e ler nas salas de Educação de Jovens e adultos entendendo o desejo do jovem negro de chegar na universidade entendendoos de dentro de suas realidades sociais e classes sociais e não perseguindo os negros que são de religiões afrodescendentes ou religiões de matriz africana muitos avanços precisarão acontecer nas escolas E isso configurou campos de lutas antigas dos negros nos seus debates sobre a diversidade cultural no campo minado das desigualdades brasileiras a ponto de transformar e resemantizar suas reivindicações hoje em políticas de ações afirmativas Fazse necessário compreender o caráter radical e emancipatório de tais políticas Refletir sobre as aplicações da diversidade nas práticas pedagógicas para o povo negro é se deparar com um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório facultativo ou voluntário concebidas com vistas ao combate à discriminação racial de gênero e de origem nacional bem como para corrigir os efeitos presentes da discriminação praticada no passado tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e emprego GOMES 2001 p 40 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo As Dimensões da Diversidade Cultural Brasileira Acessível pelo link httpsbit ly3dNJ5eE Acesso em 04012020 SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 131 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 131 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 132 Figura 2 Encontro Afrolatino em Salvador Fonte Wikimedia Commons Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente você poderá perceber as conquistas das lutas e o que poderá ser fruto no futuro E o que mudou e com ainda poderá mudar para ser mais justo Já existem muitas iniciativas e muitas outras precisarão continuar sendo aplicadas E que avancemos com políticas Públicas Educacionais e com práticas inclusivas Diferentes daquelas políticas antidiscriminatórias que atendem a criança o jovem a mulher o homem o idoso ou ainda o membro de uma comunidade de Religião de Matriz Africana baseadas em lei de conteúdo meramente proibitivo que se singularizam por oferecerem às respectivas vítimas tão somente instrumentos jurídicos de caráter reparatório e de intervenção tão ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 132 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 132 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 133 recorrentes na televisão e nos jornais de fatos tão devastadores racistas intolerantes e que acabam na frente de um delegado de polícia com o simples pagamento de uma fiança Ir além é preciso O que a escola deverá buscar conquistar e efetivar são as ações afirmativas E o que são ações afirmativas As ações afirmativas têm natureza multifacetária e visam evitar que a discriminação se verifique nas formas usualmente conhecidas isto é formalmente por meio de normas de aplicação geral ou específica ou através de mecanismos informais difusos estruturais enraizados nas práticas culturais e no imaginário coletivo Gomes 2001 p 41 A questão a ser considerada é se as Práticas Pedagógicas também foram transformadas essencialmente O que é necessário refletir é se as práticas Pedagógicas aplicam a Diversidade Cultural Brasileira e isso faz sentido nas práticas dos educadores de crianças adolescentes e jovens que chegam na escola fora da faixa etária determinada para cursar os seus primeiros anos escolares sem os discriminar por suas diferenças e levando em conta as suas diversidades culturais As práticas Pedagógicas que se intitulam como iguais para todos seriam ou não mais ou menos discriminatórias Segundo Gomes acabariam por ser mais discriminatórias Essa afirmação pode parecer paradoxal mas dependendo do discurso e da prática desenvolvida podese incorrer no erro da homogeneização em detrimento do reconhecimento das diferenças É fundamental entender que a Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoLDBEN Nacional determina um cenário de garantias legais para aplicar a diversidade cultura nas práticas docentes Caso professor queira Caso ele não tenha nenhuma oposição a esta lei Não É um marco legal a ser respeitado O fato é que já escorridos tantos anos desde a homologação da LDBEN BRASL 1996 apresentase um desacerto entre a ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 133 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 133 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 134 lei e as práticas docentes Muitos educadores continuam sem entender que as diversidades culturais em sala de aula dependem da boa vontade deles E isso implica em abandonar práticas docentes retrógradas conservadoras e centradas nas construções de cultura e de diversidade que permeiam o grupamento social ao qual determinados educadores pertencem que parece anular as necessidades de emancipação e de oferecer experiências educativas que impulsionem os alunos para o futuro passando pelos legados dos seus antepassados As matrizes indígena e negra é de todos nós O professor deve aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais de iniciativas do Conselho Nacional de EducaçãoCNE e do Ministério da EducaçãoMEC para promover a Educação das Relações ÉtnicoRaciais que poderá acontecer em iniciativas firmadas em marcos legais como no Ensino de História e Cultura AfroBrasileira Africana e indígena apoiados em princípios como Socialização e visibilidade da cultura negroafricana e indígena Passando inicialmente pela sensibilização dos professores para a importância de aplicar a diversidade cultural brasileira que envolve a Formação de professores com vistas à sensibilização e à construção de estratégias para melhor equacionar questões ligadas ao combate às discriminações racial e de gênero e à homofobia Ainda que tais diversidades não sejam familiares aos educadores mas é bom lembrar que são reais aos diversificados alunos que encontram pelo caminho Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente vai demandar a construção de material didático pedagógico que contemple a diversidade étnicoracial na escola Perpassando pela importante valorização de diversificados saberes construídas no âmbito da diversidade cultural dos povos que constituíram o povo brasileiro O que passa pela Valorização das identidades presentes nas escolas sem deixar de lado esse esforço nos momentos de festas e comemorações Isso significa ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 134 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 134 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 135 abrir a escola para a vida comunitária onde podem estar muitos grupos diversificados e artísticos que dançam ou encenam elementos constitutivos da nossa memória oral brasileira chamados por alguns como folclóricas parte integrante da nossa vibrante diversidade cultural tradicional Isso traz elementos suficientes para compor um cotidiano escolar com pesquisa aprendizagem e envolvimento das crianças Aos que pretendem aplicar a diversidade cultural na prática docente na educação Infantil em que currículos bases e parâmetros curriculares já focam no Cuidar e Educar é necessário planejar e ao mesmo tempo questionar as escolhas pautadas em padrões dominantes que reforçam os preconceitos e os estereótipos Isso vai exigir que sejam elencados construídos ou recuperados princípios para os cuidados embasados em valores éticos nos quais atitudes racistas e preconceituosas não podem ser admitidas Nessa direção a observação atenciosa de suas próprias o que requer um desejo e um cuidado em promover práticas e atitudes podem permitir às educadoras rever suas posturas e readequálas em dimensões nãoracistas É interessante que o educador infantil embutido na tarefa de aplicar a diversidade cultural na sua ação docente que ele queira aprender sobre as construções epistemológicas dos diversos grupamentos que formaram o povo brasileiro destacando duas matrizes bem importantes o negro e o indígena Como eles definem o processo de aprender Como os grupos de manifestações da cultura popular tradicional costumam ensinar aos seus novos membros dos grupos Que metodologias estão contidas nelas E aprender com eles É bom lembrar que para aprender é necessário que alguém mais experiente em geral mais velho se disponha a demonstrar a acompanhar a realização de tarefas sem interferir a aprovar o resultado ou a exigir que seja refeita Talvez seja necessário no combate aos racismos e preconceitos trazer as manifestações da diversidade cultural ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 135 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 135 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 136 daqueles que são atingidos por vitimizações sejam por preconceitos étnicoraciais ou outros relacionados a origem e até ao fato de viver em uma família incomum aos modelos burgueses como grande parte das crianças brasileiras que vivem em uma sociedade ainda submetida a um acentuado machismo com maioria de votantes mulheres e grande número delas são as chefes de família Bem como as famílias que surgem em casamentos entre pessoas do mesmo sexo É necessário vencer os preconceitos embutidos em sua postura linguagem e prática escolar reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural da educação O professor atento às diferenças deverá buscar na história e na cultura de cada criança e poderá responder suas indagações sobre como agir É necessário que o professor entenda e aceite as diversidades Na recente e homologada Base Nacional Comum Curricular BNCC 2018 configura como uma das Competências da Educação Básica para Educação Infantil Ensino Fundamental e Ensino Médio Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriarse de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade autonomia consciência crítica e responsabilidade BRASIL 2018 p 09 Na Educação Infantil a BNCC recomenda que a escola precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais dialogando com a riquezadiversidade cultural das famílias e da comunidade Já no Ensino Fundamental a BNCC recomenda uma atenção mútua imbricada à questão dos multiletramentos essa proposta considera como uma de suas premissas a diversidade cultural A BNCC ressalta sobre a temática da diversidade cultural o fato de mais de 250 línguas são faladas no país Indígenas de imigração de sinais crioulas e afrobrasileiras além do português e de suas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 136 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 136 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 137 variedades Esse patrimônio cultural e linguístico é desconhecido por grande parte da população brasileira E ainda indica para considerar a temática diversidade cultural abrangendo formas e produções de expressão várias e distintas a literatura infantil e juvenil o cânone o culto o popular a cultura de massa a cultura das mídias as culturas juvenis etc de forma a garantir ampliação de repertório além de interação e trato com o diferente Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental no ensino da Língua Portuguesa a BNCC BRADIL 2018 recomenda no Campo ArtísticoLiterário vinculado a leitura a fruição e produção de textos literários e artísticos uma atenção a textos que bem representem a diversidade cultural e linguística que favoreçam experiências estéticas Alguns gêneros deste campo lendas mitos fábulas contos crônicas canção poemas poemas visuais cordéis quadrinhos tirinhas chargecartum dentre outros Configurando ainda no Ensino da Geografia no 4º ano o tema Território e diversidade cultural e no 5º ano Diferenças étnicoraciais e étnicoculturais e desigualdades sociais Na área de Ciências Humanas no Ensino Fundamental configura a valorização e temas como os direitos humanos respeito ao ambiente e à coletividade fortalecendo os valores sociais tais como a solidariedade a participação e o protagonismo voltados para o bem comum e sobretudo a preocupação com as desigualdades sociais Sendo assim a atuação do pedagogo nas escolas fará obrigatoriamente encontros com o tema da diversidade cultural E configura como competência específica de Ciências Humanas para todo o Ensino Fundamental refletir sobre atividades que façam o aluno compreender a si e ao outro como identidades diferentes de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos Assim esta última e as demais demandas da BNCC BRASIL 2018 configuram um foco em aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente aberta a aplicação da diversidade cultural nas escolas Isso não se deu por simples ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 137 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 137 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 138 decisão dos seus elaboradores foi fruto de lutas constantes da sociedade civil organizada dos povos negros indígenas que vivem nos campos e nas comunidades mais empobrecidas e historicamente excluídas dos antigos currículos desde a colonização até a república O futuro é a diversidade cultural assim como já era o nosso silenciado passado para a grande maioria da população brasileira Sendo assim ser contemplada Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso às seguintes fontes de consulta e aprofundamento Artigo Educação diferença diversidade e desigualdade páginas 13 a 15 Acessível pelo link httpsbitly2UjXis8 Vídeo A Invenção do Brasil genética técnica e simbólica continua Acessível pelo link httpsbitly2AUZfEr SAIBA MAIS Você foi capaz de focar sobre a aplicação da Diversidade Cultural na Prática pedagógica propiciando importantes aprendizagens de como conciliar as Diversidades Culturais Brasileiras em sala de aula não discriminandoas e promovendo as Neste percurso foi possível percorrer algumas Histórias pensamentos e conquistas Conquistando assim um futuro de respeito às diferenças Desenvolvendo uma prática pedagógica que contemple o outro e suas semelhanças e diferenças Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças isso significa lidar com o singular e as singularidades com aquilo que é ou nos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 138 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 138 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 139 parece ser intraduzível sem tradução para nossos sentimentos e pensamentos E também com aquilo que toca na nossa capacidade e na capacidade do Outro de diferir no direito de diferir bem como a expressão do universal de uma ética e de um conjunto de direitos humanos Simultaneamente uma coisa e outra é nessa tensão de opostos que sua realidade se revela rica dinâmica e desafiadora E diferir em português é originada da palavra difere que podemos traduzir como dispensar e ainda Ser diferente Sendo assim está a se tratar sobre a diferença Bem como do nosso direito de sermos diferentes uns dos outros E de sermos divergentes um do outro e de possuirmos opiniões diversas E mais somos desafiados pela própria experiência humana a aprender a conviver com as diferenças O nosso grande desafio está em desenvolver uma postura ética de não hierarquizar as diferenças e entender que nenhum grupo humano e social é melhor ou pior do que outro Na realidade somos diferentes GOMES p22 A história brasileira é uma luta constante de tais grupos para terem suas diversidades culturais e diferenças respeitadas em espaços como a escola a educação nacional é excludente às diferenças e a diversidade cultural desde a chegada dos primeiros jesuítas Pensar na diversidade cultural no respeito as diferenças com a responsabilidade de desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças demanda o reconhecimento das diferenças é acima de tudo uma condição para o diálogo e portanto para a construção de uma união mais ampla de pessoas diferentes Pensar em como desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças é assegurar que o educador seja visto como o Sujeito do processo educacional e concomitantemente seja visto como o aprendiz da temática e ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 139 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 139 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 140 mediador entre oa alunoa e o objeto da aprendizagem no caso os conteúdos da história e cultura afrobrasileira e africana bem como a educação das relações étnicoraciais bem como estudar a história e cultura indígena e dos povos europeus e asiáticos que vieram viver no Brasil a partir do século XVI As práticas pedagógicas devem ser desenvolvidas objetivando que os educandos sejam capazes de sentir e entender o outro naquilo que ele é diferente ou semelhante a ele mesmo O que se deve querer é o diálogo salutar entre as diferenças e as semelhanças nunca deverá ser a indiferença com a dessemelhança do outro Nem a zombaria escárnio e discriminação em sala de aula A escola deverá ser o lugar dos diálogos das diferenças As buscas devem ser centradas em desenvolver Práticas Pedagógicas que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças modificandoos neste contato em sala de aula fazendoos melhores pessoas com as suas semelhanças e diferenças que nunca podem ser vistas como muros que separam as pessoas O importante é desenvolver Práticas Pedagógicas que não coloquem nenhum aluno na situação de invisibilidade ou escárnio por qualquer tipo de diferença que habite em sua subjetividade interioridade e exterioridade e que promovam e reverenciem o princípio da integração reconhecendo a importância de se conviver e aprender com as diferenças promovendo atividades em que as trocas sejam privilegiadas e estimuladas Que reconheçam a interdependência entre corpo emoção e cognição no ato de aprender Que privilegiem a ação em grupo com propostas de trabalho vivenciadas coletivamente docentes e discentes levando em conta a singularidade individual Que rompam com a visão compartimentada dos conteúdos escolares BRASIL 2006 p 68 Isso deverá acontecer no âmbito das mais diversas práticas escolares Haverá sempre algo a aprender com as ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 140 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 140 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 141 dessemelhanças do outro e a ensinar com as nossas diferenças E sempre é possível descobrir semelhanças por sermos todos membros de uma só raça a raça humana Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças nem sempre foi fácil no Brasil e continua representando um campo tremendo de lutas contra estereótipos contra preconceitos e contra o desconhecimento da maioria da população brasileira sobre a real formação do povo brasileiro Por isso desde a redemocratização nas últimas décadas do século XX muitos agrupamentos travaram suas grandes batalhas entre eles negros indígenas e homossexuais Esta história de mobilização afetou a sala de aula tornado a escola como espaço de inclusão e repensar de nossas intolerâncias e preconceitos O que foi conquistado até o fim das duas primeiras décadas do século XXI apontam para o repensar dos currículos e a necessidade de repensar as formações docentes iniciais e continuadas além de transformar o cotidiano da sala de aula nas suas práticas pedagógicas que precisarão ser intensamente inclusivas na sociedade movida pela diversidade cultural que é o Brasil Foi necessário redescobrir os sujeitos e valorizálos Um bom caminho para repensar as propostas curriculares para infância adolescência juventude e vida adulta poderá ser uma orientação que tenha como foco os sujeitos da educação A grande questão é como o conhecimento escolar poderá contribuir para o pleno desenvolvimento humano dos sujeitos Não se trata de negar a importância do conhecimento escolar mas de abolir o equívoco histórico da escola e da educação de ter como foco prioritariamente os conteúdos e não os sujeitos do processo educativoGOMES 2007 p 33 Desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças demandou que a ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 141 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 141 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 142 diversidade cultural brasileira indagasse os currículos escolas professores e suas práticas sobre muitas questões Entre elas configurou o ordenamento temporal Existem realidades distantes das grandes cidades em que eventos significativos de uma cultura mobilizam forças coletivas e a presença das crianças na escola precisa ser equacionada em tais ocasiões São festividades dos povos indígenas ou dos quilombolas entre outros povos que vivem no campo São tempos de colheitas no campo Repensar ordenamentos temporais garante o direito de todos à educação As pesquisas educacionais mostram que a rigidez desse ordenamento é uma das causas do abandono escolar de coletivos sociais considerados como mais vulneráveis Além disso esta prática pedagógica exigiu que além do currículo escola lógicas organização espacial e temporal também mudassem as pessoas todas que fazem a escola Professores diretores coordenadores alunos funcionários e a relação com os mais varados grupos que estão localizados no entorno da escola e que são significativos em aprendizagem sobre as semelhanças e diferenças dos povos brasileiros São frutos da interrelação entre escola sociedade e cultura e mais precisamente da relação entre escola e movimentos sociais Isso não se faz somente nas festas mais significativas do povo brasileiro e assumidas pelos mais diversos grupos muitas vezes localizados tão próximos da escola e desconhecidos dentro dela Mas também nas festas Trazêlos para apresentações dentro da escola entrevistálos com os alunos promovêlos em muitas ocasiões e escrever suas histórias representam tomar posições contra as diversas formas de dominação exclusão e discriminação É entender a educação como um direito social e o respeito à diversidade no interior de um campo político É necessário levar em conta que as Práticas Pedagógicas não devem impedir o diálogo com o desconhecido outro em suas Semelhanças e nas Diferenças Muitas vezes o aluno vive em uma família muito distinta da família de seus colegas e da professora Existem crianças com diversidade de credos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 142 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 142 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 143 religiosos de comportamentos e de filosofias de vida Diferentes arranjos familiares e afetivos são cada vez mais presentes Situações que por não sabermos lidar acabam causando angústias e incompreensões Isso precisa levar para adiante do impasse e ser revertido por práticas inclusivas e que estabeleçam o diálogo entre as diferenças e semelhanças O salutar exercício da escuta e da tolerância do outro é um aprendizado que nunca acaba mas para começar precisamos nos dispor a ouvir antes de emitir nossos julgamentos antes de rotular classificar e ter um pouco mais de cautela antes de afirmar que algo é errado ou certo conveniente ou inapropriado Em muitas ocasiões será necessário que o professor abra mão de suas certezas e ideais de criança jovem e adulto para ver somente outros tipos de configurações familiares e modos singulares de vestir de arrumar o cabelo de coloridas roupas de cultos e de vinculações culturais tão distintas daquela professora e que merecem ser respeitadas Um aluno que se comporta de uma maneira diferente é somente um ser que demanda um tratamento na condição de igualdade diante dos outros ou seja uma igualdade que se orienta pelo direito de ser diferente diverso e não desigual E isso remete a que não se confunda diversidade com desigualdade já que a primeira diz respeito à qualidade de organizarse de forma particular e a segunda às mazelas produzidas por uma sociedade desigual É importante garantir que os encontros entre as nossas diferenças e semelhanças nas horas das práticas Pedagógicas possam contribuir para que cada criança solidifique as suas identidades não que elas sejam inaudíveis ou sejam caladas A identidade se constrói dentro do próprio grupo e se faz a partir de uma relação de alteridade Ou seja ela necessita do outro para poder se definir é como se identifica um perfil identitário pelos opostos Isso configura a necessidade da criação e atividades no cotidiano escolar que mostrem as identidades mais diferenciadas que compõem a escola de um modo festivo comemorativo e ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 143 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 143 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 144 vistos todos com respeito e a consideração que eles trazem nas suas construções Uma boa tarefa é catalogar as diferenças nos seus modos de comer festejar existir e resistir Algo bem importante é não alimentar dualismos dos bons contra os maus do bem contra o mal nas práticas pedagógicas que devem dialogar comas diferenças e semelhanças lutando contra uma concepção das relações de gênero em que o polo masculino sempre detém o poder e o feminino é desprovido de poder daí a necessidade de fortalecer ou de dar poder às mulheresLOURO 2003 p 115 É preciso ter consciência que os casos de feminicídio vem aumentando no Brasil No final da década passada no 1º semestre de 2019 aumentou em 44 no estado de São Paulo segundo dados amplamente divulgados pela imprensa Os anos de escolaridade poderão ser positivos na construção de convivência pacífica e construtiva com as nossas diferenças múltiplas sejam de gênero étnica de origem e outras As meninas e mulheres representam já uma considerável maioria nas escolas A grande maioria das professoras da Educação infantil e Ensino Fundamental são mulheres Isso deverá ser mais um elemento motivador de um cuidado para não impor discursos retrógrados sexistas machistas e que discriminam as meninas dentro das práticas pedagógicas Outro fator relevante é não criar práticas pedagógicas que discriminem os homossexuais e bissexuais reconhecidamente vitimados pela homofobia As desigualdades só poderão ser percebidas e desestabilizadas e subvertidas na medida em que estivermos atentasos para suas formas de produção e reprodução Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças requer que os educadores e as educadoras inventem e solicitem a participação das meninas e dos meninos para que apareçam formas novas de dividir os grupos para os jogos ou para os trabalhos promovendo discussões sobre as representações encontradas nos livros didáticos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 144 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 144 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 145 ou nos jornais revistas e filmes consumidos pelasos estudantes produzindo novos textos nãosexistas e não racistas investigando os grupos e os sujeitos ausentes nos relatos da História oficial nos textos literários nos modelos familiares acolhendo no interior da sala de aula as culturas juvenis especialmente em suas construções sobre gênero sexualidade etnia etc Aparentemente circunscritas ou limitadas a práticas escolares particulares essas ações podem contribuir para perturbar certezas para ensinar a crítica e a autocrítica um dos legados mais significativos do feminismo para desalojar as hierarquiasLOURO 2003 p 124 Aos educadores e educadoras caberá o desafio de fazer com que as diferenças geracionais entre eles e as crianças adolescentes matriculados nas instâncias da Educação Básica e ainda aqueles jovens que estão matriculados na Educação de Jovens e Adultos não sejam empecilhos para um diálogo saudável respeitoso e construtivo entre as antigas e as contemporâneas formas entre os diferentes modos de pesar das gerações dos professores e professoras e das novas gerações sobre os significados antigos e as novas construções mais contemporâneas trazendo novas concepções sobre gênero sexualidade e etnia É relevante lembrar que as crianças e adolescentes com deficiências precisarão ser atendidos em suas diferenças e com intenções e práticas inclusivas nunca com exclusões Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso às seguintes fontes de consulta e aprofundamento Artigo Módulo IV Relações ÉtnicoRaciais Unidade III Texto I Escola sem cor num país de diferentes raças e etniasAcessível pelo link httpsbitly3f0ODTm SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 145 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 145 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 146 Figura 3 Congada em Silvanópolis Minas Gerais Fonte Wikimedia Commons Você foi capaz de refl etir sobre como desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças levando em conta e abrigando em sala de aula as diversifi cadas culturas infantis adolescentes e juvenis bem como suas novas formas e próprias as suas gerações de signifi car e construir novas e contemporâneas concepções sobre gênero sexualidade etnia Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante da diversidade cultural Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante da diversidade cultural você será capaz de refl etir sobre as mudanças necessárias na fi gura do educador e da educadora para que a educação como uma prática de diversidade cultural aconteça plenamente ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 146 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 146 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 147 O ponto de largada na reflexão sobre as mudanças necessárias no Papel do Educador diante da Diversidade Cultural e promovendoa em sala de aula passa pela própria formação inicial e pelas formações posteriores da saída deste educador da universidade e de suas vivências em sala de aula A formação de professoresas para a diversidade não significa a criação de uma consciência da diversidade antes ela resulta na propiciação de espaços discussões e vivências em que se compreenda a estreita relação entre a diversidade étnicocultural a subjetividade e a inserção social do professor e da professora os quais por sua vez se prepararão para conhecer essa mesma relação na vida de seus alunos e alunasGOMES e GONÇALVES e SILVA2003 p 28 Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante do seu compromisso necessário com a Diversidade Cultural dentro da escola e em sala de aula é necessário pensar na formação deste profissional que a legislação afirma como o responsável pelos primeiros anos da chegada das crianças nas escolas na Educação Infantil e na 1ª parte do Ensino Fundamental O que devemos almejar é que a formação dos futuros pedagogos contemple e faça emergir melhores e mais conscientes educadores e que sejam capazes de examinar e refletir sobre suas práticas desejosos de modificálas E possam fazer esforços para conscientizar seus educandos sobre a diversidade cultural presente na sociedade brasileira além de criar oportunidades para que sejam questionadas as relações de poder entrelaçadas dentro da construção de tal diversidade Será muito importante que a formação inicial dos professores já propicie uma sólida formação relativa ao papel do educador diante do seu compromisso necessário com a Diversidade Cultural Isso já adiantará o processo e impedirá novos esforços e inovadoras avaliações sobre a Necessidade de Repensar o Papel do Educador diante da Diversidade Cultural ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 147 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 147 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 148 Todos os que fazem a escola precisam compreender principalmente as professoras e os professores que as crianças e suas famílias não representam um todo harmônico chamado povo brasileiro As histórias e as culturas das diferentes matrizes que formaram o povo brasileiro contestam tal pensamento ingênuo Tais descendentes destas matrizes chegam às escolas e são nomeados como alunos Eles estão em busca de alguém para ensinálos ou seja oferecerem signos Com eles chegam as evidências de que somos todos diversificados culturalmente etnicamente e somos marcados por nossas reais diferenças de gênero A escola e seus professores precisarão agir com as melhores práticas pedagógicas política suficientemente capazes de operar em prol das diferenças da cidadania de todos com projetos democratas republicanos e emancipatórios Sempre que houver a necessidade de repensar o papel das educadoras e dos educadores diante da Diversidade Cultural àqueles e àquelas que já atuam nas escolas as formações continuadas deverão dar conta exemplarmente Cada educador e cada educadora precisam ter clareza da dimensão de seus papéis de agentes da educação em uma sociedade diversificada multicultural e com todos os desafios Na Formação Docente e nas suas futuras práticas não poderão faltar temas como a importância das desigualdades étnicoraciais e reflexões sobre uma mentira que parece verdade aquela falsa e propagada ideia de que o Brasil é o paraíso democracia racial Sendo necessário discutir as relações raciais para além de denominaremnas como problemas particulares de negros e índios Não são vitimizações exacerbadas como alguns preconcei tuosamente rebatemnos Existem e causam danos antigos e socialmente construídos uma delas é a histórica mania do brasileiro de embranquecer sua história e seus ancestrais Insistindo em um parente português e branco Os antepassados negros e indígenas são ocultos ou desconhecidos Hoje existe um recurso poderoso ofertado pela ciência que são os testes de DNA ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 148 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 148 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 149 Na Formação Docente e nas suas futuras práticas não poderão carecer temas como as histórias as culturas os conflitos as formas de luta e as resistências do povo negro e dos povos indígenas importantes matrizes do povo brasileiro Bem como a inclusão do corte étnicoracial nas leituras nas análises da realidade e nas experiências concretas E ainda do corte étnicoracial da presença da discussão étnicoracial nas releituras e nas reanálises dos materiais didáticos e da literatura utilizados na sua escola Cada educador precisa ter clareza do impacto do racismo e suas combinações com outras formas de discriminação no currículo escolar abrindose a ouvir o outro caso não seja nem negra ou julgue que não tenha antepassados negros e nem indígena ou tenha certeza vaga de algum ascendente indígena ou negra Ele deve estar preparado para criar Estratégias de combate a atitudes preconceituosas e discriminatórias na sociedade e no espaço escolar tendo clareza de que deve estar preparado para constituir um perfeito e consistente Plano de ação para inclusão do tema étnicoracial no espaço escolar CEPESCSPM 2009 p 248 Os educadores e as educadoras devem absterse de negar a oportunidade de ouvir e aprender sobre diversidade cultural educandose contra o ódio e a repulsa aos diferentes aos outros tão distintos quanto humanos tal qual eles são Todos são humanos demasiadamente humanos Sempre haverá algo humano a ouvir e aprender ou entender com as pessoas que fazem parte de diversos movimentos como feministas movimento LGBT Movimento Negro e das organizações dos povos indígenas entre outros Assim existirá sempre novos e importantes saberes que eles poderão ensinar aos professores e professoras serão encontradas semelhanças e possibilidades de dialogar com as diferenças Os Professores podem aprender sobre conhecimentos significativos aos seus alunos diferentes deles e com quem terão que dialogar sobre suas diferenças e suas diversidades culturais com temas como combate ao machismo ao homofobismo ao racismo e ao etnocentrismo sensibilizar mais pessoas educadoresas a fim de que engrossem o bloco dos que lutam ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 149 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 149 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 150 por políticas públicas na medida certa nas cores nos desejos afi nal todos devem lutar para que o mundo seja melhor mais justo e mais inclusivo com a diversidade cultural atuando para juntar os diferentes e as diferenças Avaliando a Necessidade de Repensar o Papel do Educador diante da Diversidade Cultural é necessário entender que serão os professores que operarão as mudanças educativas necessárias em suas práticas tornandoas inclusivas É evidente que as mudanças não se fazem apenas através da reação ao que está dado ao currículo oculto mas também pela proposição de novos currículos Fica a esperança de que juntosas possamos fazer a escola que sonhamos Juntos e acreditando Nada será possível se as velhas e ultrapassadas práticas docentes impedirem os professores e as professoras de ouvirem seus alunos e seus desejos de aprender dissociados as cores diferentes e reais das suas peles as verdadeiras histórias e culturas de seus antepassados comemorando o viver com as suas danças favoritas e diversifi cadas que devem coexistir na escola sendo respeitados mas que tolerados nas suas distintas religiões de origem africana ou indígena respeitadas as diversidades de gênero e de sexualidade nos seus modos impares de amar sentir pensar agir e aprender Seremos todos mais felizes Vale muito a aposta Figura 4 Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 150 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 150 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 151 UNIDADE 04 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 151 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 151 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 152 Nas últimas décadas o tema diversidade tem trazido muitas discussões em torno da educação de modo intenso Profissionais de ensino e acadêmicos têm se manifestado a favor de uma educação voltada para a promoção dos direitos humanos vislumbrando um ensino plural e democrático buscando minimizar as diferenças existentes na nossa sociedade Diante disso você estudará na Unidade 4 sobre novas Metodologia de Ensino Currículo e Práxis Pedagógica na Educação das Relações ÉtnicoRaciais na escola e no Encontro de Diferenças Preparado Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 152 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 152 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 153 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 4 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças 2 Desenvolver Metodologia de Ensino em Educação para as Relações ÉtnicoRaciais 3 Compreender sobre uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais 4 Planejar Currículo e Práxis Pedagógicas voltadas a Diversidade Cultural e Étnicoracial Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 153 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 153 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 154 Reconhecendo a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças Ao término deste capítulo você será capaz compreender como desenvolver metodologia de ensino currículo e práxis pedagógica para a educação voltada às relações étnicoraciais no espaço privilegiado de encontro de diferenças a escola Inicialmente você irá reconhecer a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças Em seguida você compreenderá como desenvolver metodologia de ensino em educação para as relações étnicoraciais Posteriormente você irá verificar como produzir uma educação voltada às relações étnicoraciais E por último entenderá sobre planejar currículo e práxis pedagógicas voltadas a diversidade cultural e étnicoracial E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Nem sempre as nossas diferenças foram objeto de análise ao refletir sobre a escola Escola e as diferenças dos povos africanos e indígenas foram palcos de desencontros no Brasil Ao longo do período de colonização portuguesa as diferenças foram anuladas desrespeitadas vigiadas punidas apagadas e tomaram um formato de invisibilidade dentro das escolas bem como em todos os espaços socialmente compartilhados entre os colonizadores diferentes povos indígenas e africanos e seus descendentes Quando resolveu empreender suas reformas o marquês de Pombal no século XVIII prometeu liberdade e igualdade aos povos indígenas e não surgiram grandes novidades com relação aos tratamentos anteriores desde o século XVI Eles passaram a ser ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 154 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 154 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 155 vistos como vassalos súditos do rei de Portugal por motivação geopolítica e econômica mas isso não lhes garantia um status muito superior ao dos vadios vagabundos ciganos elementos inferiores e transgressores da sociedade sobre os quais se queira impor controle e vigilância Assim eram tempos hostis à diferença No lugar de serem designados nas suas igualdades eram chamados de miseráveis como pobres de bens de capacidade intelectual e de costumes morais por isso deveriam ter tratamento jurídico diferenciado não lhe sendo imputada a responsabilidade por seus atos LOPES 2005 p9697 por compaixão e piedade por serem rudes e pobres tanto quanto as viúvas e os órfãos Com igualdades em moldes tão desfavoráveis a eles e impostos pelos colonizadores o que falar dos direitos às diferenças no século XVIII Neste século XVIII um Diretório dos Índios localizado no Rio Grande do Norte no nordeste brasileiro determinava vigiava punia e premiava como em todo o Brasil conforme o comportamento adequado ou desviante do que era esperado para súditos do rei Sem nenhuma tolerância à diferença Tal pedagogia estava vinculada como persistem algumas práticas pedagógicas ainda hoje em vigiar e punir os diferentes para ficarem de acordo com as normas Já aos bem conformados coniventes e que aceitavam um modo de vida definido como civilizado são recompensados com privilégios e posições honoríficas Aprendendo com a história cada professor terá nos tempos atuais neste século XXI reconhecer que este modelo colonizador não se assemelha com qualquer proposta de Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças É o contrário Para tal Diretório de índios do século XVIII o importante era diferenciar os indígenas em relação uns aos outros segundo seu comportamento os bons e os maus distinguir valores e potencialidades individuais a serem incentivadas e utilizadas para o bemcomum Todos eram coagidos a aceitarem e ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 155 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 155 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 156 submeterem ao modelo cultural lusobrasileiro e definir os limites das diferenças que afinal os qualifica de anormais e os exclui dos demais vassalos Hoje a educação pode ser um Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças Basta que o professor o entenda assim e o queira Existem marcos legais que respaldam isso Neste século XVIII a ciência decidiu na Europa que a cor da pele deveria ser acatada como um critério capital e determinante entre as chamadas diferenças entre raças De lá para cá nossa espécie a humana dividiuse em três raças estagnas povoando até hoje a cabeça dos que são racistas tanto no imaginário coletivo como nas ciências escritas por ideias racistas As raças seriam branca negra e amarela E cor da pele é um critério impreciso Já que somente 1 de nossos genes estariam relacionados à transmissão da nossa cor da pele dos nossos olhos e nossos cabelos Os cientistas naturalistas entre os séculos XVIII até XIX não caminharam a favor de uma classificação voltada as características físicas e que seria facilmente abandonada com o passar dos tempos Infelizmente desde o início eles se deram o direito de hierarquizar isto é de estabelecer uma escala de valores entre as chamadas raças Com teses deterministas e naturalistas sobre raça implicando em inferiorizar alguns grupamentos humanos impondo a superioridade aos europeus Assim era a classificação racial proposta pelo cientista Lineu no século XVIII escoltada por uma escala de valores que insinua uma hierarquização errônea e discriminatória entre raças e continentes Isso tudo acabou Hoje século XXI já não mais se diferenciam as pessoas por raça Lineu definiu que os povos indígenas da América os Ameríndios chamados de americanos eram moreno colérico cabeçudo amante da liberdade governado pelo hábito tem corpo pintado MUNANGA 2004 p 2526 Uma descrição bastante preconceituosa errônea e a serviço do racismo Nada tolerante à ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 156 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 156 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 157 diferença Anulando todas as diferenças que cada povo indígena da América constituía na época e continua a constituir Já o povo asiático era amarelo melancólico governado pela opinião e pelos preconceitos usa roupas largas Quanto ao povo africano composto de muitas etnias eram e são diferentes povos distintas culturas e línguas foram significados assim negro flegmático astucioso preguiçoso negligente governado pela vontade de seus chefes despotismo unta o corpo com óleo ou gordura sua mulher tem vulva pendente e quando amamenta seus seios se tornam moles e alongados MUNANGA 2004 p 26 Já o colonizador europeu parte dele e dos que vieram para o Brasil são nitidamente descendentes dos povos árabes vindo do norte da África seriam bem significados em suas diferenças coma definição a seguir de Europeu como o branco O colonizador europeu é o europeu branco sanguíneo musculoso engenhoso inventivo governado pelas leis usa roupas apertadas Todos estes estereótipos construíram práticas racistas persistentes e que ainda seguem até entre educadores Evidentemente que estas não são as diferenças nítidas certas e aceitáveis no século XXI E nem serão em nome delas que a Escola se fez e continuará tentando se fazer como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças A produção histórica destes discursos científicos ou dos governos coloniais foram desastrosas para os povos originários dos continentes africanos asiáticos e americanos em nome do projeto de poder econômico e político europeu danoso injusto e cruel A difusão de teorias racistas e muitos outros fatores produziram certamente a decretação da morte simbólica da diferença O despedaçamento dos pertencimentos simbólicos que os povos africanos e indígenas constituíam no decorrer da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 157 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 157 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 158 colonização traz a demanda atual de serem vistos como diferentes pejorativamente As diferenças dos Povos Originários eram claras para eles como os seus rios transparentes e tais diferenças não agradavam ao projeto colonizador europeu A escola ao falar das diferenças deverá evitar tais refutadas e racistas teorias Buscando elementos que constituam as culturas das matrizes que formaram o povo brasileiro evitando estigmatizar os povos indígenas africanos e afrodescendentes usando a raça como forma de significálos Ao contrário não estará aberta aos diferentes A escola brasileira surge neste cenário colonizador racista e contra as diferenças Elevará o europeu visto como o branco ainda que pese na história de Portugal e Espanha a longa presença de povos árabes e vindo no norte africano Tal projeto perverso colonizador não permitiu nenhuma visão que apontasse alguma igualdade entre o europeu e os povos indígenas e africanos Tal projeto produziu desigualdades ausência de direitos racismo e um distanciamento da Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças aos povos indígenas e africanos como aos seus descendentes E produziu certezas sobre racismo raças e sobre superioridades qualificandoas em comparação aos detentores do poder nem indígenas e nem negros A crença na existência de raças naturalmente hierarquizadas pela relação intrínseca entre o físico e o moral o físico e o intelecto o físico e o cultural O racista cria a raça no sentido sociológico ou seja a raça no imaginário do racista não é exclusivamente um grupo definido pelos traços físicos A raça na cabeça dele é um grupo social com traços culturais linguísticos religiosos etc que ele considera naturalmente inferiores ao grupo ao qual ele pertence De outro modo o racismo é essa tendência que consiste em considerar que as características intelectuais e morais de um dado grupo são consequências diretas de suas características físicas ou biológicas MUNANGA 2004 p 24 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 158 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 158 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 159 Figura 1 Museu AfroBrasileiro Salvador Fonte wikimedia commons É somente na reta fi nal do século XX nos tempos favoráveis a redemocratização e a participação popular que resultou na atual constituição federal promulgada em 1988 que as diferenças começam a suscitar debates dentro das universidades nas formações docentes e na literatura da área de educação com maiores repercussões nas leis em geral nas políticas públicas e no repensar de leis que estivessem relacionadas à educação Antes disso o cenário aos diferentes aos inaptos aos que não apresentavam bons resultados escolares era vêlos como incapazes e portadores de défi cits e problemas de aprendizagem Ninguém estava tão preocupado nas escolas em estabelecer debates sobre as nossas gritantes desigualdades sociais e educacionais bem como repensar as atitudes diante das diferenças Uma iniciativa de pesquisa pioneira ainda no século XX foi desenvolvido por Maria Helena de Souza Patto USP pesquisadora e questionadora dos abusos nos usos dentro das escolas em vincular às diferenças todas as difi culdades de aprendizagem das crianças empobrecidas e tratálas como prováveis défi cits de inteligência Nestes atos vinculavam o não aprender à capacidade intelectual tentando provar que se não aprendiam era por alguma determinação ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 159 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 159 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 160 hereditária e genética A culpa seria somente da criança moradora da periferia em cidades dormitórios próximas de São Paulo filha de nordestinos semialfabetizados afrodescendentes Uma tendência era salvaguardar a escola de qualquer responsabilidade pelo fracasso escolar E vincular a preocupação com as diferenças individuais e seus determinantes com a detecção científica dos normais e anormais dos aptos e inaptos só poderia ocorrer no âmbito da ideologia de igualdade de oportunidades como característica distintiva das sociedades de classes Não é a mesma lógica que anima hoje a discussão sobre a diferença nas décadas seguintes na virada do século XX e nas decisivas duas primeiras décadas do século XXI Antes disso era uma utopia reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças O que os educadores e pesquisadores sensíveis às classes sociais mais desfavorecidas lamentavam eram as formas rudes de produção do fracasso escolar resultando em sucessivas reprovações em cenários de horripilantes cotidianos dentro das escolas onde os alunos eram discriminados tratados com grosseria pelos professores a avaliação é feita sem os professores conhecerem a subjetividade dos alunos os pais desprotegidos de capital cultural não entendem porque a reprovação acontece Eventos apavorantes da década de 1980 E podemos indagar tudo isso passou As diferenças são respeitadas Reconhecendo a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças em pleno século XXI no Brasil significa afirmar que as diferenças das crianças não são mais silenciadas A reflexão deverá incluir a identidade Já que é necessário entender que identidade e diferença são inseparáveis dependendo uma da outra e compõem o eixo das principais discussões da atualidade preocupadas com justiça e igualdade Isso inverteu completamente o exame das diferenças Coexistindo juntas e interdependentes identidade e diferença são produzidas nas tramas da linguagem e da cultura resultando de atos de fala de enunciados linguísticos que as instituem Imaginem a responsabilidade da escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 160 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 160 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 161 Estamos perto ou ainda teremos muito a caminhar na busca do reconhecimento da Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças O cotidiano das práticas pedagógicas precisa refletir mais sobre as diferenças Quais diferenças Quais as diferenças suportadas pelos professores Qual é o limite em que serão aceitos Qual o ponto em que serão enquadrados a abrir mão de suas diferenças Quando tempo levará até serem chamados a abandonar suas diferenças Como transformar este cenário complicado A realidade é que as instituições escolares estão repletas de rotulados maltratados perseguidos vigiados punidos e taxados como jovens sujeitos fora da ordem que não se adaptam não obedecem não estudam não se comportam adequadamente e não aprendem as lições da escola no local e no tempo designados para isso Desatentos desordeiros agressivos vândalos preguiçosos desinteressados violentos belicosos são alguns dos adjetivos empregados para descrevêlos como corpos e almas fora de controle como alunosproblema e definir seu estatuto num certo tipo de cartografia das margens COSTA 2015 p 494 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Seminário Juventude Negra Preconceito e Morte Prefº Dr Kabengele Munanga da USP Fala sobre racismo construção do preconceito papel da ciência na História e o mito da democracia racial Acessível pelo link httpsbitly2MHQCju Acesso em 09012020 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 161 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 161 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 162 vimos Você deve ter aprendido até este momento a reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças e isso favorecerá as suas reflexões como realmente agir na escola para que prevaleça este lugar de Encontro das Diferenças Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais Você será capaz de compreender sobre como é o desenvolvimento de metodologias de ensino em educação das relações étnicoraciais compreendendo as construções de metodologias apropriadas às experiências educativas e que sejam capazes de promover as relações étnicoraciais Você estudará este tema em dois diferentes momentos nas questões conceituais sobre metodologia de ensino e a educação das relações étnicoraciais e ainda na busca de reflexivas e criativas práticas metodológicas voltadas às relações étnicoraciais OBJETIVO Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais questões conceituais Desenvolvendo Metodologia de Ensino em educação das Relações ÉtnicoRaciais você será capaz de entender as constru ções de metodologias apropriadas as experiências educativas que promovem as Relações ÉtnicoRaciais inicialmente você refletirá sobre questões conceituais sobre metodologia de ensino e a Educação das Relações ÉtnicoRaciais Criar uma metodologia de Ensino em educação das Relações ÉtnicoRaciais representa estar apoiados em uma anterior preparação dos educadores para entender temas relativos à nossa diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 162 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 162 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 163 étnicoracial e as necessárias ações por uma educação antirracista As metodologias devem ser preparadas para serem vivenciadas em sala de aula nos seguintes passos a prática inicial dos conteúdos seguida da problematização com tais conteúdos com uma posterior instrumentalização com os saberes adquiridos uma movimentação para chegar à catarse e virar uma prática social final Então estas são as etapas necessárias a seguir A Prática inicial dos conteúdos é a preparação uma mobilização do aluno uma primeira leitura da realidade um contato inicial com o tema a ser estudado Isso poderá ser planejado com uma conversa uma música a leitura de um conto ou mito uma notícia publicada em algum jornal livro revista uma discussão sobre um tema uma frase pronunciada por algum aluno um jogo ou uma brincadeira um blog publicado por outros alunos de uma outra escola e outras inúmeras possibilidades A etapa seguinte será a problematização dos conteúdos com a finalidade de selecionar as principais interrogações levantadas na prática socialEssas questões em consonância com os objetivos de ensino orientam todo o trabalho a ser desenvolvido pelo professor e pelos alunos Isso significa um necessário e consistente diálogo para fazer chegar em sala de aula as construções sociais sobre o tema da educação das relações étnicaraciais E dialogar é lidar com diferenças e identidades dos outros Já a instrumentalização com os saberes adquiridos é aquele intenso momento em que as crianças tocaram nos conteúdos aprendendo novos saberes sobre as relações étnicaraciais É o caminho através do qual o conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos para que assimilem e o recriem e ao incorporálo transformem no em instrumento de construção pessoal e profissional Aprendendo novas verdades Neste significativo momento é necessário pensar em escolhas metodológicas que não sejam enfadonhas movidas por percursos repetitivos pouco criativos desanimadas e sem a participação ativa dos alunos É sempre bom lembrar que os professores não são nativos digitais mas seus alunos possuem mais habilidades e competências ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 163 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 163 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 164 com a pesquisa no universo digital já disponível em smartphones e que possibilitam pesquisas na internet em consistentes sites A escolha metodológica poderá ser inspirada em metodologias ativas que antecipem no aluno a possibilidade de ir atrás de saberes para trazer para este momento de instrumentalização Uma grande especialista em metodologias ativas Moran define metodologias como diretrizes que orientam os processos de ensino e aprendizagem que se concretizam em estratégias abordagens e técnicas concretas específicas e diferenciadas MORAN 2018 p4 E as Metodologias Ativas apropriadas aos tempos da Era Digital que vivem as crianças e os adolescentes dão ênfase ao papel de protagonista do aluno ao seu envolvimento direto participativo e reflexivo em todas as etapas do processo Isso significa dar protagonismo aos educandos fazêlos participantes ativos nas conduções metodológicas e não meros ouvintes e decoradores de conteúdo É importante dialogar com eles e inserilos em conteúdos digitais salutares para a educação das relações étnicoraciais Sozinhos poderão perderse nos emaranhados da rede mundial de computadores e correndo o risco de embrenharse em sites suspeitos racistas divulgando verdades que parecem mentiras sobre raça etnia e os povos formadores do nosso Brasil Tais metodologias ativas podem ser usadas com os Estudos de Casos ou seja relatos de situações ocorridas no mundo real apresentadas aos estudantes com a finalidade de preparálos para a prática ao mesmo tempo em que se ensina a teoria E ainda com o recurso metodológico da Sala Invertida em que a professora produz pequenos vídeos disponibilizados na internet para os alunos e que poderão ser vistos em computadores e smartphones celulares antes da próxima aula em casa ou no laboratório de informática da escola O que normalmente é feito em sala de aula passa a ser executado em casa e viceversa A sala de aula passa a ser um espaço para tirar dúvidas e realizar outras atividades como as de laboratório e resolução de problemas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 164 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 164 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 165 Já a fase da catarse é de síntese aqueles fabulosos momentos em que o educando exterioriza se os conteúdos planejados pelos educadores e os processos pensados para a construção do conteúdo representaram ou não sentidos A catarse é aquele exato momento na condução de uma metodologia de ensino para a educação das relações étnicoraciais em que o aluno demonstra o quanto se aproximou da solução dos problemas anteriormente levantados sobre o tema em questão São as expressões dos próprios educandos afirmando se realizou a almejada síntese do cotidiano e do científico do teórico e do prático E ainda a síntese que é a superação do sincretismo inicial da realidade social do conteúdo trabalhado expressando se conseguiu chegar ou não ao momento em que ele estrutura em nova forma seu pensamento Estruturouse novas formas de ver as relações étnico raciais isso significará que repensaram retrógradas e racistas concepções sendo que as metodologias pensadas foram muito eficazes Caso não tenha conseguido novas e outras metodologias devem ser pensadas para facilitar novos entendimentos A etapa seguinte chamada de prática social final configura o momento da diferença O educando percebe e poderá expressar que já não é o mesmo com relação aos préconceitos socialmente aprendidos com relação aos povos indígenas e aos africanos e seus descendentes A criança o adolescente ou o jovem educando junto ao seu grupo de colegas e ao seu educador percebe que adquiriu novas modalidades de compreensão da realidade e inovadoras formas de posicionamento passando a pensar diferente sobre as relações étnicoraciais brasileiras os acontecimentos históricos e suas importâncias reais em um país tão diversificado do ponto de vista etnicorracial É chegada o momento da ação consciente na perspectiva da transformação social retornando à prática social inicial agora modificada pela aprendizagem Assim inúmeras tarefas podem ser construídas dentro da escola na comunidade com as novas ideias sobre as relações étnicoraciais com práticas reflexivas e criativas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 165 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 165 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 166 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais na busca de reflexivas e criativas práticas Ao pensar em Metodologia de Ensino em educação das Relações ÉtnicoRaciais para as escolas brasileiras pensemos nas crianças que receberam um legado desses antepassados a cultura que eles receberam de seus ancestrais valorizandoa A vida real desta criança não poderá ser desconsiderada se o assunto passa por uma escolha metodológica de como educar para as relações étnicoraciais buscando o diálogo entre todos Neste sentido cada professor é convocado a refletir sobre a brasilidade das crianças repletas de marcas culturais africanas e indígenas entre outras Professores fazemos parte de uma população culturalmente afrobrasileira e trabalhamos com ela portanto apoiar e valorizar a criança negra não constitui em mero gesto de bondade mas preocupação com a nossa própria identidade de brasileiros que têm raiz africana Se insistirmos em desconhecêla se não a assumimos nos mantemos alienados dentro de nossa própria cultura tentando ser o que nossos antepassados poderão ter sido mas nós já não somos Temos que lutar contra os preconceitos que nos levam a desprezar as raízes negras e também as indígenas da cultura brasileira pois ao desprezar qualquer uma delas desprezamos a nós mesmos Triste é a situação de um povo triste é a situação de pessoas que não admitem como são e tentam ser imitando o que não sãoGonçalves e Silva 1996175 Desenvolvendo Metodologia de Ensino em Educação das Relações ÉtnicoRaciais requer que você esteja com disponibilidade para fincar os pés na nossa diversidade cultural e étnicoracial refletindo sobre como vivenciála em sala de aula ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 166 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 166 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 167 de uma forma envolvente alegre e adequada a cada etapa da Educação Básica em que cada professor esteja atuando Ao pensar em metodologias em uma perspectiva antirracista as escolhas devem ser focadas para propiciar ao educando a gestão do ensinar e do aprender consoante sua identidade e objetivos da modalidade ou seja ficado na sua atuação significando que cada criança poderá articular os saberes sobre as relações étnicoraciais através de atividades e de metodologias que o enxergam assim como eles são nas suas constituições de diversidade cultural e étnicoracial na identidade cultural e étnicoracial que construiu em sua realidade social e nas suas interações Levando em conta a sua realidade familiar desmascarando os preconceitos étnicoraciais enfatizando o respeito pela dignidade da pessoa humana a diversidade cultural a igualdade de direitos e a corresponsabilidade pela vida social como elementos que orientam a seleção de conteúdos e a organização de situações de aprendizagem As escolhas de metodologias deverão promovem não apenas o reconhecimento mas a incorporação de atitudes que ressaltem as diferenças de forma que sejam tomadas como constituintes de identidade dos sujeitos A metodologia deverá agir em uma perspectiva de transformação das relações sociais e das excludentes relações étnicoraciais A escolha metodológica mais apropriada à educação das relações étnicoraciais deve ser uma aposta em práticas antirracistas E trazer atividades que possam desconstruir olhares aprendidos e que ensinaram que negros brancos e indígenas são diferentes as diferenças são introjetadas em nossa forma de ser e ver o outro na nossa subjetividade nas relações sociais mais amplas Aprendemos na cultura e na sociedade a perceber as diferenças a comparar a classificar O problemático nesta aprendizagem social é a demasiada hierarquização das classificações sociais raciais de gênero entre outras O que traz uma demanda na escolha da metodologia a ser usada não permitir que as crianças continuem a tratar os diferentes como desiguais Antes da escolha metodológica e das sucessivas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 167 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 167 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 168 escolhas de atividades reflita bastante Na perspectiva de escolha de uma metodologia em educação das relações étnicoraciais as atividades precisaram ter objetivos relacionados a esclarecer que algumas diferenças construídas na cultura e nas relações de poder foram aos poucos recebendo uma interpretação social e política que as enxerga como inferioridade A consequência disso é a hierarquização e a naturalização das diferenças bem como a transformação destas em desigualdades supostamente naturais GOMES 2005 p 49 A escolha da metodologia deverá estar amparada em uma atitude do educador de realizar vastas pesquisas e compreender mais sobre a história da África e da cultura afrobrasileira e aprender a nos orgulhar da marcante significante e respeitável ancestralidade africana no Brasil Assim como precisamos saber sobre a história dos povos originários nossos povos indígenas presentes ao continente americano muitos milênios antes da chegada dos colonizadores europeus Sendo necessário conhecer as contribuições de todos os povos que vieram viver aqui de forma fundamentada com leituras consistentes Um exemplar material para realizar este caminho é o material da Unesco traduzido em português para fundamentar sobre o assunto da história da África a coleção história geral da África Disponível no link httpsbitly3cKs7fO bem como o material organizado pelo Instituto Socioambiental com detalhadas informações sobre os povos indígenas do Brasil Disponível no link httpsbitly2zdLfoU SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 168 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 168 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 169 Este cuidado em pesquisar sobre as histórias e as culturas dos povos formadores do Povo Brasileiro é essencial e dará um suporte considerável na hora das escolhas metodológicas apurando os olhares e a criticidade diante de algumas publicações que veiculam verdades que parecem mentiras Muitas vezes tais mentiras estão contidas em livros didáticos e as pesquisas dos professores evitarão a propagação de informações falsas nos livros didáticos sobre os povos africanos afrodescendentes e indígenas É bem importante ter este cuidado e saber suficientemente sobre tais povos Os educadores na perspectiva da procura de uma metodologia para a educação das relações étnicoraciais deverão ficar atentos aos discursos veiculados nos livros didáticos e paradidáticos já que transmitem estereótipos sobre tais povos sendo visto como fonte só de verdades e são escritos por pessoas humanas podem conter erros e vale observálos apuradamente dada as significações que carregam O livro didático carrega sua autoridade é inegável sua utilidade constante sendo necessário entender que é potente para lançar visões distorcidas e cristalizadas da realidade humana e social A identificação da criança com as mensagens dos textos concorre para a dissociação da sua identidade individual e social Mesmo que sejam usados devem ser contemporaneidades com os educandos nos seus eventuais erros As escolhas metodológicas devem estar pautadas nas realidades que vemos nas ruas nas comunidades nas festas brasileiras nas nossas danças populares em múltiplos festejos religiosos ou não que o povo brasileiro cuida muito em preservar e valorizar E este potente conjunto de manifestações poderão conceder algumas certezas metodológicas experimentadas já a alguns séculos no Brasil por tantos brincantes e mestres Se nossa sociedade é plural étnica e culturalmente desde os primórdios de sua invenção pela força colonial só podemos construíla democraticamente respeitando a diversidade do nosso povo ou seja ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 169 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 169 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 170 as matrizes étnicoraciais que deram ao Brasil atual sua feição multicolor composta de índios negros orientais brancos e mestiços MUNANGA 2008 17 O caminho metodológico assentado nas artes em gerais e das artes populares nas manifestações da cultura tradicional popular brasileira africana afrodescendente ou afrobrasileira e indígena regionais locais e comunitárias farão excelentes contribuições para a educação das relações étnicaraciais Ensinar as manifestações artísticas africanas transpõe o caráter técnico relaciona o conteúdo e a forma situandoas no contexto englobando os processos socioculturais e conferindolhes uma significação cultural São inúmeros os vídeos filmes documentários e materiais fotográficos produzidos a partir das descobertas arqueológicas na África e no continente americano e que serão fundamentais para conhecer melhor as duas matrizes negra e indígena Compreendendoos nos seus aspectos históricoculturais tendo uma relação com outras áreas do conhecimento como a arquitetura a antropologia a religião a história a etnologia a crítica de arte entre outras Isso trará muitos benefícios além de ricos momentos para argumentar refletir corrigir injustiças e perceber a riqueza da diversidade étnica e as mudanças culturais de um povo Quando o educador conhecer melhor as verdadeiras histórias e culturas dos povos indígenas e dos africanos e afrobrasileiros já contidas nestas danças folguedos e manifestações queridas do povo brasileiro inúmeras como o bumbameuboi auto natalinos festas juninas carnaval entre tantas outras será possível narrar tais histórias e culturas verdadeiras em sala de aula Serão momentos incríveis de viagens aos tempos anteriores as colonizações e como viviam africanos e povos indígenas originalmente Isso motivará a construção de um conjunto de atividades baseadas em metodologias apropriadas a educação das relações étnicoraciais como dramatizações de fatos históricos culturais míticos destes povos As metodologias serão movimentadas com atividades como ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 170 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 170 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 171 dramatização dos diferentes grupos étnicos que contribuíram para a formação do povo brasileiro sensibilização para conhecer as diferentes etnias africanas maneira de vestir calçar pentear como carregam os filhos hábitos costumes religiosidade etc o aluno conta a história do seu próprio nome sua origem o aluno será levado a entender porque os negros perderam a identidade do nome o aluno será levado a conhecer a história de outros nomes significativos para a comunidade negra desenhando o próprio nome trabalhando plástica e gestualmente o próprio nome etc movimentos corporais dos mitos e lendas brincadeiras e jogos de percepção levando a que os alunos se conheçam uns aos outros e respeitem suas características fenotípicasSILVA 2008 p 130 Com relação aos jogos é interessante a pesquisa de tradicionais jogos africanos e indígenas como o Mancala jogado em duplas em um tabuleiro de seis orifícios covas de cada lado contendo quatro sementes ou pequenas pedras em todos esses ou seja cada jogador inicia com 24 sementes Bem fácil de confeccionar na escola até com caixas ou estojos de ovos Neste tabuleiro existe um depósito em cada lado de cada extremidade lá as sementes ficam armazenadas no depósito ou mancala Será uma interessante maneira de falar da África Uma significativa fonte bibliográfica entre tantas existentes é um ebook produzido pelo projeto Ludicidade Africana e Afro brasileira LAAB criado em 2011 publicado pela Universidade Federal do Pará com o objetivo de capacitar docentes para a educação das relações étnicoraciais com o uso de metodologias lúdicas A ludicidade africana e afrobrasileira significa remeter a vivência lúdica alimentada pelos conteúdos valores histórias ritmos enfim pela cultura negra em suas mais diferentes manifestações ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 171 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 171 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 172 Sejam os fragmentos de cultura dos antigos povos africanos como seus Mancalas e o Senet sejam as expressões musicais contemporâneas como o Hip Hop que para Ferreira 2004 representa processos criativos de ressignificação da diáspora Sejam as alegrias dos dançantes da Roda de Jongo no Rio de Janeiro sejam os giros e batuques do Samba de Cassete em Cametá na Amazônia paraense CUNHA 2016 p 16 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso às seguintes fontes de consulta e aprofundamento Vídeo Aprenda a jogar Mancala em árabe NAGAAL que significa mover Existem muitas variações do mancala pelo mundo É chamado Wari no Sudão Gâmbia Senegal e Haiti No Burkina é conhecido como Aware e como Adi no Benin Já na Costa do marfim é chamado de Baulé Na Nigéria é chamado de Ayo Olopon Acessível pelo link httpsbitly3dLxk8K Acesso em 09012020 A outra fonte é o EBook livro eletrônico Brincadeiras Africanas para a educação cultural Acessível pelo link httpsbitly3dKVkbP Acesso em 09012020 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido até este momento você conseguiu entender como desenvolver Metodologia de Ensino em educação para as Relações ÉtnicoRaciais inicialmente refletindo sobre questões conceituais relativas a este tema e por último refletindo sobre a busca de reflexivas e criativas práticas pedagógicas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 172 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 172 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 173 Figura 2 Mulheres africanas jogando Mancala Fonte wikimedia Commons Produzindo uma educação voltada às relações étnicoraciais Neste capítulo você refletirá sobre as possibilidades da promoção de uma Educação que incorpore as Relações ÉtnicoRaciais Isso deverá configurar um compromisso para aqueles que pensam e produzem a Educação em qualquer instância em um país com o Brasil formado por pujante diversidade cultural e étnicocultural OBJETIVO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 173 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 173 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 174 No decorrer dos últimos anos do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI a educação brasileira foi motivada por muitas legislações diretrizes curriculares e políticas públicas relacionadas à Produção de uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais como nunca tinha sido pensada programada e executada na História da Educação brasileira Realmente aconteceu um empenho governamental em trazer para o campo da educação a discussão em prol de uma convivência social igualitária nas suas relações ÉtnicoRacial contemplando considerável parte do povo brasileiroIsso foi configurado em muitas iniciativas de ouvir a voz dos silenciados das matrizes formadoras do Povo Brasileiro dos movimentos organizados dos povos indígenas e negros de uma séria intenção governamental em enfrentar a nossa real desigualdade étnicoracial No Relatório das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais configura o entendimento de que a Educação das relações ÉtnicoRaciais é interdependente das políticas públicas do Estado Brasileiro institucionais e pedagógicas focadas nas aguardadas reparações além do reconhecimento e da valorização da identidade da cultura e da história dos negros brasileiros depende necessariamente de condições físicas materiais intelectuais e afetivas favoráveis para o ensino e para aprendizagens Isso significa que produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais configura um trabalho colaborativo e que envolva todos os que fazer a educação escolar acontecer ou ser esquecida A produção de uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais dependeria e continua a depender da reeducação das relações entre negros e brancos o que aqui estamos designando como relações étnicoraciais Depende ainda de trabalho conjunto de articulação entre processos educativos escolares políticas públicas movimentos sociais visto que as mudanças éticas culturais pedagógicas e políticas nas relações étnico raciais não se limitam à escolaBRASIL 2004 p13 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 174 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 174 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 175 Foi criado um Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana com o objetivo focado na colaboração com todo o sistema de ensino e as mais diversas instituições educacionais brasileiras sugerindo reflexões para enfrentar todas as formas de preconceito racismo e discriminação para garantir o direito de aprender e a equidade educacional a fim de promover uma sociedade mais justa e solidária O Plano Nacional preconizava a formação docente em História e Cultura dos Povos Africanos e da Cultura Afro brasileira do papel exercido pela diversidade no Brasil além da colaboração com os mais distintos sistemas de ensino com as ações necessárias com vistas à implementação da Lei 1063903 Outra frente de ação do plano era o desenvolvimento de pesquisas e a produção de materiais didáticos e paradidáticos que valorizem nacional e regionalmente a cultura afrobrasileira e a diversidade brasileira BRASIL 2009 p 26 A lei 1063903 é de 2003 Só alguns anos depois é que conquistamos a lei 1164508 e foram incluídas as histórias e culturas dos povos indígenas O Este Plano Nacional de 2009 trata das histórias e culturas dos povos indígenas e africanos Isso explica o fato de você está estudando a Educação das Relações ÉtnicoRaciais neste momento focando nas histórias e culturas dos povos indígenas africanos e afrobrasileiros Isso respondeu a demanda de produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais e estabelecer melhores inter relações étnicas Certamente que contribuiu dado o ineditismo da situação O Governo Federal deu um passo ímpar nunca experimentado antes nas longas histórias dolorosas para negros e indígenas nas tensas Relações ÉtnicoRaciais no Brasil É relevante entender que a educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais como qualquer outra forma ou intenção de educação é sempre um ato constante e inacabável Já na sua especificidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 175 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 175 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 176 a educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais passou pela construção da superação e posturas racistas por um modo de viver antirracista Ainda é visível e existente nas ruas nos casos declarados de injúrias raciais e anunciados pelos meios de comunicação na quantidade intensa de jovens pobres e pretos perseguidos e mortos em operações policiais Estamos longe ou os programas foram insuficientes e devem seguir Significa que a educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais precisa estar presente no cotidiano e nas atividades oferecidas aos alunos constantemente em uma luta que já leva mais de 500 anos de racismo e de discriminação racial E continuará a fazer seus efeitos Nas buscas para produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais é importante no diaadia das interrelações entre as crianças observar aqueles codinomes pejorativos algumas vezes escamoteados de carinhosos ou jocosos que identificam alunos as negrosas sinalizam que também na vida escolar as crianças negras estão ainda sob o jugo de práticas racistas e discriminatórias E precisam desaparecer Melhor será produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais que transforme as diferenças étnicoraciais em marcas de uma cultura que seja apresentada não com o deboche mas sim com jogos e cantos de origem africana ou indígenas Perfeito será produzir uma Educação voltada às Relações Étnico Raciais que caminhem além das diferenças dos tons de pele ou dos cabelos focando nas marcas significativas das culturas indígenas e afrobrasileiras abandonando a zombaria com as diferenças étnicoraciais planejando uma vivência construtiva com o patrimônio material e imaterial artístico e cultural dos povos que construíram a Amazônia antes da chegada dos colonizadores e com as danças e os folguedos criadas pelos africanos modificadas e reatualizadas pelos afrodescendentes e que todos apreciam Produzir uma Educação voltada às relações étnicoraciais passa pelo prévio entendimento dos professores de que não existe uma única forma de se estar no mundomas múltiplas formas que vão tecendo conforme os desafios propostos por ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 176 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 176 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 177 nós pelos outros e pela nossa interação com e sobre a natureza Isso abre o caminho para a produção de uma educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais que possibilitem encontros pedagógicos alegres e reflexivos conhecendo e se apropriando das múltiplas formas através da recriação da reinvenção redescoberta e que nos leve a equacionar o nosso ser e estar no mundo em suas múltiplas dimensões Além disso essa produção passa por uma escuta atenta dos sujeitos historicamente excluídos indígenas e afrobrasileiros suas culturas e histórias reais e dignas A sociedade democrática brasileira ainda tende de forma bastante sistemática a colocar situar negros e negras num lugar desigual ante os demais grupos étnicoraciais e culturais construtores da nossa brasilidade O que deixamos de aprender com preconceitos que desqualificam os povos indígenas como pessoas que produzem uma educação das Relações ÉtnicoRaciais E o que podemos aprender com eles e que fazem falta para melhorar nossos conflitos Inter étnicos Em suas sociedades os povos indígenas lutam para que o ensino e a aprendizagem ocorrem no espaço abrangente da comunidade e em qualquer tempo Todos são responsáveis pela formação das pessoas sendo que os mais velhos assumem tarefas mais específicas Assim novas gerações aprendem com as velhas Podemos aprender muito com os saberes indígenas Os grupos que vivem na mesma comunidade em que está localizada a escola são ouvidos Eles são convidados a participar da produção de uma educação das Relações ÉtnicoRaciais Seus grupos artísticos e culturais estão presentes nas comemorações do dia da consciência negra ou no dia do índio Alguma vez foram convidados a narrar a história de lutas daquele bairro por políticas públicas ou a contar histórias reais Os poetas do bairro visitam a escola Um pequeno bloco de carnaval antigo do bairro é chamado a falar de carnaval nesta época Até que ponto o educador e sua escola estão abertos e se sente preparado para produzir uma Educação das Relações Étnico Raciais que leve em conta a revitalização transmissão e valorização ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 177 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 177 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 178 da cultura e identidade do povo como fazem os povos indígenas ao discutir os rumos da educação que oferecem as novas gerações É necessário indagar nas práticas educativas se a comunidade é chamada para produzir uma Educação das Relações Étnico Raciais na escola Existe uma procura pela produção de uma Educação ÉtnicoRacial que caminhe em direção a um conceito de ser humano que produz história não a partir de grandes sagas e heróis mas a partir de relações comunitárias vividas e vivenciadas pelos grupamentos humanos Ao produzir uma educação voltada para a relação ÉtnicoRacial é necessária a construção de ambiente escolar que favoreça a formação sistemática da comunidade sobre a diversidade étnicoracial a partir da própria comunidade considerando a contribuição que esta pode dar ao currículo escolar Isso demanda um mapeamento das potencialidades artísticas e culturais do bairro da cidade e da comunidade Esta produção coletiva de uma educação às relações Étnico Raciais passa por encarar a existência do racismo das desigualdades sociais da histórica exclusão de africanos de seus descendentes dos povos originários que viram os colonizadores chegarem e de seus descendentes refletindo sobre tais deploráveis práticas com o intuito de vencêlas Passa ainda pela aceitação convivência e abertura para aprender dentro da escola com as cosmovisões destes povos formadores do povo brasileiro nas suas semelhanças e nas suas diferenças com aquilo que costumamos chamar de manifestações tradicionais e populares da nossa festiva e criativa cultura popular tradicional brasileira Prima pela necessidade de diálogos entre os educadores seus saberes os marcos legais que foram construídos no Brasil com o intuito de superar o racismo o preconceito e todas as dificuldades no enfrentamento das relações Interétnicas Produzir uma educação das relações étnicaraciais passa por evocar a questão racial como um potencial conteúdo multidisciplinar a atravessar várias disciplinas a trazer elementos significativos aos conteúdos curriculares juntamente com a valorização de todos os povos formadores dos povos brasileiros negro indígena árabes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 178 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 178 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 179 europeus japoneses e tantos outros Passa pelo questionamento do etnocentrismo Qual a razão que faz com que o português seja visto como melhor e mais avançado que o Povo Tupy ou Tupiniquim Conhecendo muito e melhor da história e da cultura dos povos indígenas e africanos para respaldar falas mais verdadeiras e coerentes isso abolirá falsas imagens do negro e do indígena inconvenientes e que são mentiras que parecem verdades É necessário examinar e refletir sobre o modelo social em que a escola está imersa refletindo sobre mudanças necessárias a partir da análise sobre a realidade Não podemos falar apenas por falar sem produzir mudanças Isso requer que seja observado se coexistem na escola as desigualdades sociais raciais culturais econômicas e que determinados grupos sociais ainda estão submetidos na sociedade brasileira Do mesmo modo temos nela as possibilidades para a superação das formas mais variadas de preconceito e desigualdade PASSOS 2002 p21 Figura 3 Folguedos Fonte wikimedia commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 179 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 179 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 180 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido até este momento sobre como produzir uma Educação das Relações ÉtnicaRaciais Refletindo sobre tudo o que foi lido deverá estar mais preparado para futuras inserções e construções de uma educação antirracista e antidiscriminatórias refletindo sobre o assunto para estar mais qualificado a trabalhálos situações diversas em sala de aula Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento vídeo Educação para Relações Etnicorraciais Acessível pelo link httpsbitly2XMqeLH Acesso em 09012020 SAIBA MAIS Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial questões iniciais sobre currículo e práxis pedagógica Neste capítulo você será capaz de repensar e dinamizar currículos e práxis pedagógicas voltadas a Diversidade Cultural e ÉtnicoRacial Ao repensar ou planejar novos currículos aos olhos da realidade do povo brasileiro das matrizes que formaram nossa gente serão necessários empenhos para que sejam voltados a nossa Diversidade ÉtnicoRacial não esquecendo que currículos são produtos de escolhas teóricas e metodológicas fruto de uma seleção Os currículos nunca são neutros Expressam disputas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 180 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 180 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 181 políticas consensos aproximações esquecimentos estão em permanente reconstrução Antes de prosseguir com o foco sobre a diversidade cultural e étnicoracial o que é currículo para alguns currículos são conteúdos e para outros são experiências de aprendizagem outros determinam que currículo é um plano contendo os objetivos educacionais e para alguns é algo relativo à avaliação unicamente Fazse necessário a articulação dos diferentes elementos enfatizados em cada uma das concepções apresentadas e ao mesmo tempo considerar o conhecimento como a matéria prima do currículo E entendendo então o currículo como um grandioso e potente conjunto de experiências de conhecimento que os professores oferecem aos educandos nas escolas É fundamentalmente pelo conhecimento que se procura atingir as metas definidas para um curso para uma escola ou para um sistema educacional Sendo assim o currículo é muito importante É interessante refletir que o currículo é um relevante instrumento usado por distintas sociedades tanto para desenvolver os processos de conservação transformação e renovação dos conhecimentos historicamente acumulados como para socializar as crianças e os jovens segundo valores tidos como desejáveis No foco da Diversidade ÉtnicoRacial interessa pensar o currículo como uma sofisticada seleção da cultura colhendo na cultura entre tantas possibilidades de escolha de conhecimentos a partir do ponto de vista de que a cultura é o lugar produtor de significados Assim é concebido o currículo como uma prática de significação que expressandose em meio a conflitos e relações de poder contribui para a produção de identidades sociais Quando uma escola faz a escolha de produzir ou repensar seus currículos e Práxis Pedagógica para fazêlos viver a Diversidade Cultural e Etnicorracial da nossa sociedade brasileira já está evidenciado que os professores a equipe de coordenação e direção pedagógica estão apostando em conciliar as diferenças e as identidades das matrizes formadoras do povo ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 181 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 181 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 182 brasileiro todas elas sem nenhuma exceção ou silenciamentos sem nenhum preconceito ou dogmas que qualifiquem que uma diversidade cultural é menos válida que a outra para a população brasileira e para a educação O currículo é visto como território em que ocorrem disputas culturais em que se travam lutas entre diferentes significados do indivíduo do mundo e da sociedade no processo de formação de identidades Então Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial reunidos e dispostos a construir um espaço para a diferençavocê terá que responder sobre as identidades que tal novo currículo deverá produzir Identidades em sintonia com padrões dominantes ou identidades plurais Identidades comprometidas com o arranjo social existente ou identidades questionadoras e críticas E fica a necessidade de responder a outra indagação O que é Práxis É a atividade produtora da unidade entre o homem e o mundo em que vive entre a matéria presente ao mundo e o espírito humano entre qualquer teoria e sua respectiva prática entre aquilo que se chama sujeito e aquilo outro que se chama objeto Práxis é esta intrigante atividade produzida pela humanidade socialmente dentro e na realidade em que vivem as pessoas Práxis é a atividade material do homem que transforma o mundo natural e social para fazer dele um mundo humano Práxis é a humanização que oferecemos a realidade ao mundo em que vivemos Evidentemente que isso está inserido na realidade da educação nas escolas nos encontros entre educadores seus educandos e os conhecimentos discutidos em sala de aula Assim os alunos chegam à escola com uma determinada concepção de suas diversidades cultural e étnicoraciais e com o passar do tempo e as vivências em sala de aula irão ampliando a consciência superando ingenuidades sobre a diversidade dele e dos outros assumindo posições mais críticas e transcendentes A práxis constitui e mantém a humanidade sendo a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo modificando a realidade objetiva e para poderem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 182 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 182 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 183 alterála transformandose a si mesmos Na práxis nada ficará imóvel e imutável Sendo que a práxis é a ação capaz que exige aprofundamento precisa da reflexão do autoquestionamento da teoria e é a teoria que remete à ação que enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos cotejandoos com a prática Assim práxis demanda a reflexão e a mudança O educador Paulo Freire Freire 1987 refletiu muito sobre o discurso pedagógico a discussão do fazer educativo como uma práxis pedagógica Seu projeto educativo envolvia a humanização dialogicidade problematização conscientização e emancipação Freire afirmava que os humanos são os seres da práxis significando que somos aqueles que realizam continuamente atos de reflexão e ação simultaneamente e de forma verdadeira para transformar nossa realidade E a realidade que os professores e os alunos enxergam é a inesgotável fonte repleta de conhecimento reflexivo de novas criações e das transformações necessárias e operadas por nós a humanidade e com a nossa humanidade Freire 1987 defende que na medida em que a humanidade cria história vai se constituindo como formada de seres históricosociais Assim Freire 1987 explica que os temas geradores escolhidos para suscitar debates na sala de aula possuem significados sociopolíticos e culturais dos educandos exigindo uma metodologia conscientizadora de tais significados que faz os educandos entenderem seus sentidos inserindoos em atividades que possibilitem pensar o mundo de um modo crítico As diversidades Cultural e ÉtnicoRaciais certamente fazem parte deste mundo Assim Freire afirmou que investigar o tema gerador é investigar repitamos o pensar dos homens referido à realidade é investigar seu atuar sobre a realidade que é sua práxis Ou seja Planejando Currículo e Práxis Pedagógicas voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial o educador deverá significar que um Currículo é planejado vivenciado na Práxis Pedagógica ou seja no modo como professores e alunos atuam sobre a realidade se o momento já é o da ação esta se ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 183 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 183 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 184 fará autêntica práxis se o saber dela resultante se faz objeto da reflexão crítica Não será útil um conhecimento que não ajude os alunos a refletir repensar e mudar a realidade de Diversidade Cultural e Étnicoracial que vivem Devem questionar com o professor se são silenciados ou possuem visibilidade nas suas manifestações de Diversidade Cultural e Étnicoracial Pensando se debocham ou valorizam a Diversidade Cultural e Étnicoracial do outro do diferente do divergente E todos juntos poderão refletir sobre e ao mesmo tempo celebrar com as suas diferenças identidades diversidades bem como sobre as lutar contra as desigualdades e refletindo como superálas Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial recomendações curriculares legais brasileiras Uma questão significativa é refletir sobre o conjunto de experiências necessárias ao Planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e etnicorracial Como isso se deu na história da educação brasileira a partir da promulgação da constituição federal de 1988 sonhada pelos grupos e movimentos engajados de corpo e alma com este tema O passo significativo seguinte foi a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996 passando por necessárias alterações posteriores para contemplar justamente estes elementos relacionados a Diversidade Cultural e etnicorracial e que respaldaram diretrizes curriculares focadas em tais diversidades características da formação do povo brasileiro Já no Artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB são preconizados os princípios que deverão embasar o ensino Configurando entre outros princípios a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola o relevante ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 184 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 184 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 185 pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas além do respeito à liberdade e apreço à tolerância e por fim a recomendação da consideração com a diversidade etnicorracial Já no Artigo 33 é explicitado uma significativa e esclarecedora recomendação aliviadora relativa ao ensino religioso em que é assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil cabendo esclarecer ainda que em 2017 o Supremo Tribunal Federal decidiu que o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras poderá ter natureza confessional significando que poderá estar vinculado às diversas religiões A seguir diante dos últimos ajustes na Base Nacional Comum Curricular o Conselho Nacional de EducaçãoCNE deu parecer homologado da Base Nacional Comum Curricular BNCC recomendando Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradiçõesmovimentos religiosos e filosóficos de vida a partir de pressupostos científicos filosóficos estéticos e éticos Isso é salutar contra descabidas intolerâncias E ainda recomenda Compreender valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida suas experiências e saberes em diferentes tempos espaços e territórios Todo este histórico sobre o Ensino religioso as diversas decisões em diferentes âmbitos revela que existe um embate sobre o assunto E traz a reflexão da importante tarefa que os currículos e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial terão ao se debruçar sobre a diversidade religiosa O fundamental levando em conta a Diversidade Cultural e Étnicoracial será preparar debates que incidam na importância do respeito as mais diferentes matrizes do povo brasileiro relacionadas aos seus ancestrais como são os casos das Religiões de Matriz Religiosa Africana e as religiosidades dos Povos Indígenas seus pajésalém de suas cosmologias e cultos aos ancestrais O Artigo 26 da LDB BRASIL 2017a foi modificado para determinar a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena vinculado as duas Leis 1063903 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 185 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 185 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 186 2003 e 1164508 2008 Esta modificação traz significativas contribuições aos currículos e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial Definidos assim O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir desses dois grupos étnicos tais como o estudo da história da África e dos africanos a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional resgatando as suas contribuições nas áreas social econômica e política pertinentes à história do BrasilBrasil 2017 p 19 Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial as escolas deverão levar em conta ainda com relação as modificações neste artigo com as Leis já citadas Leis 1063903 2003 e 1164508 2008 que os conteúdos referentes à história e cultura afrobrasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras Seguidas tais recomendações deste artigo da Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional Brasil 2017 será possível realizar excelentes e coerentes planejamentos de Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial respeitadas suas recomendações E ainda referente a Edição de livros e de materiais didáticos dedicados aos distintos níveis e modalidades de ensino surgiu como recomendação para cumprir o Artigo 26 da LDB BRASIL 2017 a abordando o tema da pluralidade cultural e da diversidade etnicorracial do povo brasileiro que fossem observados e corrigidos distorções e equívocos em obras já publicadas sobre a história a cultura a identidade dos afrodescendentes sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros educacionais do MEC Isso proporcionou um intenso trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 186 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 186 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 187 Tratase do Programa Nacional do Livro Didático PNLD e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares PNBE do Ministério da Educação Isso propiciou um grande incentivo governamental nos anos seguintes de promulgações de tais leis e das modificações na LDB com o envio para as escolas públicas brasileiras de material didático apropriado aos planejamentos de Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial cultura e história afrobrasileira e indígena Esclarecido que as modificações que a LDB incorporou trouxe elementos que faltavam e contribuem para a hora de planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial nas escolas pelo nosso grande e diverso país você vai voltar sua atenção aos resultados imediatos da promulgação da LDB em 1996 com relação ao tema Diversidade Cultural e Étnicoracial e seus planejamentos na escola Voltando um pouco atrás uma significativa iniciativa foi tratar da pluralidade cultural no fim do século XX foram os Parâmetros Curriculares Nacionais Configurando entre os objetivos do ensino fundamental oportunizar aos alunos atividades que os façam ser capazes de valorizar e conhecer a nossa pluralidade presente no patrimônio sociocultural brasileiro e de outros povos fora do Brasilposicionandose contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais de classe social de crenças de sexo de etnia ou outras características individuais e sociais No texto dos Parâmetros Curriculares NacionaisPCNs é ressaltado o fato do Brasil ser pensado como composto por diversidade étnica e cultural plural em sua identidade é índio afrodescendente imigrante é urbano sertanejo caiçara caipira mas coexistirem preconceitos relações de discriminação e exclusão social que impedem muitos brasileiros de ter uma vivência plena de sua cidadania A proposta dos PCNs BRASIL 1997 recomenda aos professores que trabalhem a temática da pluralidade cultural com atividades que possam favorecer tanto o conhecimento como a valorização das nossas características étnicas e culturais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 187 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 187 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 188 presentes nos diferentes grupamentos sociais brasileiros tratando das desigualdades socioeconômicas e de reflexões críticas às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo multifacetado e algumas vezes paradoxal Um pouco mais de duas décadas depois ainda estamos a dever aos vários grupamentos étnico culturais que os planejamentos de novos Currículos nas escolas signifiquem realmente que a Práxis Pedagógica seja voltada a Diversidade Cultural e Étnicoracial Neste momento as intenções do Ministério da Educação estavam voltadas a oferecer parâmetros ou seja diretrizes ordenadas para nortear os educadores através da indicação de elementos essenciais para cada disciplina e no caso do tema das diversidades estariam apresentadas as indicações não como uma disciplina mas como tema transversal para aparecer nas diversas disciplinas português matemática história etc A intenção que sustentava o tema transversal Pluralidade cultural era ser um norteador de temas afins à nossa Diversidade Cultural e Étnicoracial oferecidos aos corpos docentes as equipes de coordenação pedagógica de demais atores dos planejamentos de currículos nas escolas pelo vasto país ressaltando a necessária adaptação às particularidades locais OS PCNs asseguram que a realidade brasileira é de coexistência da ampla diversidade étnica linguística e religiosa em solo brasileiro os brasileiros viviam e continuam vivendo submersos no plural que se constata seja no convívio direto seja por outras mediações E para que tratar da diversidade cultural nos currículos e nas práxis Para que reconhecer valorizar e pôr fim superar as discriminações dentro das salas Segundo o texto referente a Pluralidade Cultural dos PCNs para atuar sobre um dos mecanismos de exclusão tarefa necessária ainda que insuficiente para caminhar na direção de uma sociedade mais plenamente democrática ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 188 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 188 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 189 A ideia pósconstituição de 1988 era que as atividades em sala de aula deveriam ser voltadas à cidadania uma vez que tanto a desvalorização cultural traço bem característico de país colonizado quanto a discriminação são entraves à plenitude da cidadania para todos portanto para a própria nação E ainda refletir sobre uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocuparse necessariamente com as diversidades existentes na sociedade uma das bases concretas em que se praticam os preceitos éticos Os PCNs deram um passo inicial importante na redemocratização Quanto aos conteúdos curriculares nas suas interconexões com o tema da diversidade cultural é recomendado lembrar que tantos os aspectos históricos como os geográficos expõem uma diversidade regional marcada pela desigualdade do ponto de vista do atendimento pleno dos direitos de cidadania de valorização desigual de práticas culturais E não seria uma escolha pelas belas e festivas demonstrações diversidade cultural somente Nada de submergir e esconder as dificuldades vividas pela diversidade enquanto se dá destaque apenas à sua característica de ser um dos potenciais mais férteis tipicamente brasileiros levou por muito tempo a acreditar que o racismo era uma mazela social que o Brasil soube evitar A discussão extremamente atual de perceber que o mito da igualdade racial é uma mentira juntamente com a errada difusão da teoria da integração das raças tradicionalmente divulgada na maioria das escolas de ensino fundamental deixou pouco ou nenhum espaço para que se encarassem as reais dificuldades das diferentes etnias no contexto social brasileiro Os Povos Indígenas diante dos avanços conquistados na Constituição de 1988 constituíram presentes aos temas nos PCNs Indicando a necessária explicitação da ampla diversidade de forma a corrigir uma visão deturpada que homogeneíza as sociedades indígenas como se fossem de um único grupo pela justaposição aleatória de traços retirados de diversas etnias O texto aponta para a necessidade da valorização dos povos indígenas através da inclusão nos currículos de conteúdos que informem sobre a riqueza ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 189 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 189 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 190 de suas culturas e a influência delas sobre a sociedade como um todo quanto pela consolidação das escolas indígenas levando em conta os termos da Constituição bem como a pedagogia apropriada às escolas interculturais indígenas Para combater os reducionismos científicos e seus danos racistas o texto sobre Pluralidade Cultural dos PCNs recomenda levar em conta que a diversidade das sociedades humanas não deve ser esclarecida pela diferença genética já que é enorme a variação dos nossos caracteres genéticos internos de qualquer grupo é muito grande o elemento de real interesse seria a cultura Os currículos em suas conexões com a diversidade deveriam lembrar que divisão biológica da nossa espécie humana não implica hierarquia ainda que diferentes visões de mundo expliquem de múltiplas formas a diversidade humana Do ponto de vista de dignidade de Direitos Universais há uma só humanidade Os currículos deveriam considerar ao planejar conteúdos relacionados as línguas a valorização de diferentes formas de linguagem oral e escrita pelo respeito às manifestações regionais pela possibilidade de contato e integração com a diversidade de línguas e de linguagens presentes Ainda ressaltando o bilinguismo dos povos indígenas relacionado ao fato de existirem mais de 180 línguas indígenas faladas no Brasil em conjunto com o português Tudo isso continua muito válido Entre os objetivos gerais de Pluralidade Cultural para o Ensino Fundamental voltados à construção da cidadania em uma sociedade pluriétnica e pluricultural consta com fins no desenvolvimento de capacidades como o conhecimento da diversidade do nosso patrimônio étnicocultural tendo atitude de respeito para com pessoas e grupos que a compõem reconhecendo a diversidade cultural como um direito dos povos e dos indivíduos e elemento de fortalecimento da democracia Esta garantia de respeito constitucional não pode ser desprezada Os professores na virada para o século XX deveriam levar em conta como critérios a serem utilizados na seleção dos conteúdos a relevância sociocultural e política considerando a necessidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 190 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 190 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 191 e a importância da atuação da escola em fornecer informações básicas que permitam conhecer a ampla diversidade sociocultural brasileira Isso implicaria na divulgação das contribuições dessas diferentes culturas presentes em território nacional e eliminar conceitos errados culturalmente disseminados acerca de povos e grupos humanos que constituem o Brasil Todos estes aspectos são profundamente contemporâneos e necessários ao pensar em um currículo novo Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial Tratando da singularidade do Brasil no real de seu feitio uma população de origem diversificada portadora de culturas que se preservaram em suas especificidades ao mesmo tempo em que se amalgamaram em novas configurações Os PCNs clamam à valorização das estruturas em comuns para todos dos entrelaçamentos socioculturais que permitem valorizar aquilo que é próprio da identidade de cada grupo e aquilo que permite uma construção comum onde cabe pronunciar o pronome nósBRASIL 1997 p 48 A Pluralidade Cultural dentro dos currículos e dos Parâmetros Curriculares Nacionais trouxe para dentro das discussões sobre currículos e práxis no interior das escolas brasileiras o objetivo didático relacionado à escolha de conteúdos que sejam capazes de suscitar aproximações da noção de igualdade quanto aos direitos quanto à dignidade e que embasem a valorização da diversidade cultural Surgiram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana do Conselho Nacional de Educação aprovada em 2004 propondo a Consciência Política e Histórica da Diversidade para conduzir com tal princípio à igualdade básica de toda pessoa humana visto como sujeito de direitos ao reconhecimento de que a formação do povo brasileiro deuse em grupos étnicoraciais distintos que possuem cultura e história próprias igualmente valiosas e que em conjunto constroem na nação brasileira sua história Posto isso é necessário o conhecimento e à valorização ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 191 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 191 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 192 da história dos povos africanos e da cultura afrobrasileira na construção histórica e cultural brasileira Nestes sentidos estas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana contribuem de uma forma muito significativa e devem ser levadas em conta ao planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial em todas as escolas do Brasil Nesta perspectiva de Consciência Política e Histórica da Diversidade estas Diretrizes propõem inovadoras propostas à superação da indiferença injustiça e desqualificação com que os negros os povos indígenas e também as classes populares às quais os negros no geral pertencem são comumente tratados à desconstrução por meio de questionamentos e análises críticas objetivando eliminar conceitos ideias comportamentos veiculados pela ideologia do branqueamento pelo mito da democracia racial que tanto mal fazem a negros e brancos à busca da parte de pessoas em particular de professores não familiarizados com a análise das relações étnico raciais e sociais com o estudo de história e cultura afrobrasileira e africana de informações e subsídios que lhes permitam formular concepções não baseadas em preconceitos e construir ações respeitosas ao diálogo via fundamental para entendimento entre diferentes com a finalidade de negociações tendo em vista objetivos comuns visando a uma sociedade justa BRASIL 2004 p 19 Estas relevantes Diretrizes agem em prol do fortalecimento de Identidades e de Direitos indo além do que foi possível com os PCNs sendo que este princípio com relação a diversidade deve orientar para a ampliação do acesso a informações sobre a diversidade da nação brasileira e sobre a recriação das identidades provocada por relações étnicoraciais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 192 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 192 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 193 A partir de toda esta movimentação histórica o que começou a ser demandado com novos currículos era a existência efetiva de uma pedagogia que respeitasse realmente as diferenças E fosse capaz de lidar com a questão racial como conteúdo inter e multidisciplinar durante todo o ano letivo estabelecendo um diálogo permanente entre o tema etnicorracial e os demais conteúdos trabalhados na escola A RESOLUÇÃO Nº 5 do Conselho Nacional de Educação CNE de Junho de 2012 avançou com relação a nossa diversidade indígena definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica BRASIL 2012 atendendo as mobilizações antigas insistentes e justas dos Povos Indígenas do Brasil E que devem ser levadas a cabo por aqueles que Planejam Currículos e Práxis Pedagógicas voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial e aquelas oferecidas aos povos indígenas pelo país Tais diretrizes curriculares devem ser consideradas como resultantes do que é garantido como direito aos Povos Indígenas brasileiros nos seguintes marcos legais Constituição Federal de 1988 Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 50512004 pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU 1948 Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas de 2007 pela nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalLDBEN Lei 939496 Com 500 anos de atraso é começada uma nova trilha E o que é assegurado é direito a uma educação escolar diferenciada para os povos indígenas Estas Diretrizes Curriculares Nacionais estão pautadas pelos princípios da igualdade social da diferença da especificidade do bilinguismo e da interculturalidade fundamentos da Educação Escolar Indígena Isso foi um avanço significativo Quanto aos objetivos da Educação Escolar Indígena consta proporcionar aos indígenas suas comunidades e povos tanto a recuperação de suas memórias históricas a reafirmação de suas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 193 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 193 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 194 identidades étnicas a valorização de suas línguas e ciências quanto o acesso às informações conhecimentos técnicos científicos e culturais da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e nãoindígenas Isso é relevante e traz reflexões às pessoas que estranham até um indígena usar um celular quanto mais chegar ao ENEM Novos tempos Quanto aos currículos da Educação Básica na Educação Escolar Indígena estas Diretrizes respaldam suas construções em perspectiva intercultural levando em conta devem valores e interesses etnopolíticos das comunidades indígenas em relação aos seus projetos de sociedade e de escola definidos nos projetos políticopedagógicos O currículo precisará ser flexível ajustado aos contextos socioculturais de cada comunidade indígena relacionados com os projetos de Educação Escolar Indígena de tal comunidade São incentivados em tal currículo a construção de eixos temáticos projetos de pesquisa eixos geradores ou matrizes conceituais em que os conteúdos das diversas disciplinas podem ser trabalhados numa perspectiva interdisciplinar E deverão ser garantidas condições para que os currículos possam ser aportados com os materiais didáticos específicos escritos na língua portuguesa nas línguas indígenas e bilíngues que reflitam a perspectiva intercultural da educação diferenciada elaborados pelos professores indígenas e seus estudantes e publicados pelos respectivos sistemas de ensino Isso garante que o currículo e Práxis Pedagógica sejam voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial indígena contemplando aspectos comunitários bilíngues e multilíngues de interculturalidade e diferenciação e uma necessária flexibilização ao organizar os tempos e espaços curriculares possibilitando a inclusão dos importantes saberes e relevantes procedimentos culturais construídos por diversas comunidades indígenas tais como línguas indígenas crenças memórias saberes ligados à identidade étnica às suas organizações sociais às relações humanas às manifestações artísticas às práticas desportivas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 194 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 194 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 195 Vale ressaltar que a Meta 7 do Plano Nacional de EducaçãoPNE válido para acontecer até 2024 contido na Lei nº 130052014 recomenda o estabelecimento e a implantação em formato de pacto federativo entre os entes da Federação Governo Federal Estados e municípios as mais apropriadas diretrizes pedagógicas para a educação básica e a uma base nacional comum dos currículos ressaltados seus direitos e objetivos de aprendizagem bem como o desenvolvimento dos educandos entre o ensino fundamental e médio respeitada a diversidade regional estadual e local BRASIL 2017b p 02 A diversidade prossegue focada na realidade Chegamos a 2ª década do século XXI com um arcabouço legal que possibilitam planejamento de Currículo e Práxis Pedagógica voltados à verdadeira e esquecida Diversidade Cultural e Étnicoracial brasileira A Base Nacional Comum CurricularBNCC preconiza que entre as dez competências gerais comuns indicadas às etapas da Educação Básica que expressam os direitos de aprendizagem dos estudantes consta a valorização da diversidade de saberes e vivências culturais e apropriarse de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade autonomia consciência crítica e responsabilidade BRASIL 2017b p27 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 195 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 195 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 196 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena Como e Porque Trabalhar com a Poesia na Sala de Aula Disponível no link httpsbitly37gFsvA Acesso em 09012020 E ainda VídeoEscola democrática e diversidade com a Profª Drª Mônica Amaral da USP acessível pelo link httpsbitly2MIAi1T Acesso em 09012020 Figura 4 Fonte wikimedia commons Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena Como e Porque Trabalhar com a Poesia na Sala de Aula Disponível no link httpsbitly37gFsvA Acesso em 09012020 E ainda VídeoEscola democrática e diversidade com a Profª Drª Mônica Amaral da USP acessível pelo link httpsbitly2MIAi1T Acesso em 09012020 RESUMINDO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 196 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 196 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 197 REFERÊNCIAS UNIDADE 01 ABRAMOVICH Anete RODRIGUES Tatiane Cosentino CRUZ Ana Cristina Juvenal da A diferença e a diversidade na educação Revista Contemporânea Dossiê Relações Raciais e Ação Afirmativa Nº 2 p 8597 juldez 2011 Universidade Federal de São Carlos Disponível em httpsbitly2MErc67 httpsbitly2MErc67 Acesso em 18 dez 2019 ABRAMOWICZ Anete Trabalhando a diferença na educação infantil São Paulo Moderna 2006 AGUIAR Marcia Angela da S org Educação e diversidade estudos e pesquisas Recife Gráfica J Luiz Vasconcelos Ed 2009 BANDEIRA Maria de Lourdes Valores Civilizatórios Indígenas e Afrobrasileiros Saberes necessários para a formulação de Políticas Educacionais In RAMOS Marise Nogueira ORG Diversidade na educação reflexões e experiências Brasília Secretaria de Educação Média e Tecnológica 2003 BRASILMinistério da Educação Base Nacional Comum Curricular Brasília 2018 BRASIL Conselho Nacional de Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena Brasília 2012 a BRASIL Conselho Nacional de Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola Brasília 2012 b BRASIL Lei nº 11645 de 10 de março de 2008 Disponível em httpsbitly2YckJF0 httpsbitly2YckJF0 Acesso em 18 dez 2019 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 197 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 197 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 198 BRASIL Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana Brasília Conselho Nacional de EducaçãoCNE 2004 Disponível em httpsbitly3dO8DbG httpsbitly3dO8DbG Acesso em 18 dez 2019 BRASIL Lei nº 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cultural experiências de empresas Brasileiras Rev adm empres São Paulo v 40 n 3 p 1825 Sept 2000 Available from https bitly3h6l3xB Acesso 16 Dez 2019 httpsbitly3ham3ke httpsbitly3cHJWMI ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 198 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 198 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 199 FOUCAULT Michel A ordem do discurso Aula inaugural no Collège de France pronunciada em 2 de dezembro de 1970 Trad Laura Fraga de Almeida Sampaio São Paulo Loyola 2002 1 ed 1996 Série Leituras Filosóficas Disponível em httpsbit ly37aqFCx httpsbitly37aqFCx Acesso em 18 dez 2019 FOUCAULT Michel Em defesa da sociedade São Paulo Martins fontes 1999 FOUCAULT Michel Microfísica do Poder 17 ed Rio de Janeiro Graal 2002 FOUCAULT Michel Vigiar e punir 3 ed Petrópolis Vozes 1982 FOUCAULT Michel Vigiar e punir 3 ed Petrópolis Vozes 1981 GADOTTI Moacir Diversidade Cultural e Educação para 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ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 199 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 199 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 200 FIORIN José Luiz Linguagem e ideologia São Paulo Ática 1998 LIMA Candido Pinheiro Koren Albuquerque a herança de Jerônimo o Torto Recife Fundação Gilberto Freyre 2013 MARTINS Ernesto Candeias Ideias e Tendências Educativas no Cenário Escolar Onde estamos para onde vamos Revista Lusófona de Educação 2006 7 7190 Disponível no link https bitly3f6G6hB httpsbitly3f6G6hB Acesso em 18 dez 2019 MUNANGA K Superando o racismo na escola Brasília MECSECAD 2005 NUNES Érica Melanie Ribeiro Políticas públicas e marcos legais para educação antirracista no Brasil da Constituição de 1988 à Lei 1063903 Igualitária Revista do Curso de História da Estácio BH América do Norte 115 07 2014 Disponível em httpsbitly3cNpVEl Acesso em 18 dez 2019 RIBEIRO Darcy O Povo brasileiro Companhia das letras 1995 Em disponível em httpsbitly2BLWKVB httpsbit ly2BLWKVB Acesso em 19 dez 2019 ROCHA Luiz Carlos Paixão da Políticas afirmativas e educação a lei 1063903 no contexto das políticas educacionais no Brasil contemporâneo Curitiba UFPR 2006 135p Dissertação Mestrado Programa de pósgraduação em Educação e Trabalho da Universidade Federal do Paraná Disponível em httpsbit ly2ASK66U Acesso em 18 dez 2019 SARMENTO Manuel Jacinto Gerações e Alteridade Interrogações a partir da Sociologia da Infância Educ Soc Campinas vol 26 n 91 p 361378 MaioAgo 2005 Disponível em httpsbitly2zlwrEU httpsbitly2zlwrEU https bitly2zgQ4xJ httpsbitly2zgQ4xJ Acesso 16 Dez 2019 SARMENTO Manuel Jacinto Imaginário e culturas da infância 2002 Disponível em httpsbitly2UnRopT httpsbitly2UnRopT Acesso em 17 dez 2019 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 200 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 200 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 201 SILVA Tomaz Tadeu A produção social da identidade e da diferença In SILVA Tomaz Tadeu org Identidade e diferença a perspectiva dos Estudos culturais PetrópolisRJ Editora Vozes 2000Disponível em httpsbitly2XJgce1 httpsbitly2XJgce1 Acesso em 18 dez 2019 SILVA Petronilha Beatriz Gonçalves Educação Porto AlegreRS ano XXX n 3 63 p 489506 setdez 2007 Disponível em httpsbitly3f1HKRH Acesso em 19 dez 2019 TYLOR Edward Burnett Primitive culture London John Murray 1871 UNIDADE 02 AMANTINO M A convivência entre índios e negros nas danças folclóricas brasileiras uma análise histórico antropológica In LIGIERO Z SANTOS C A Org Dança da Terra tradição história linguagem e teatro Rio de Janeiro Papel Virtual 2005 v 1 p 91117 BÂ H A tradição viva In KIZERBO J Org História da África São Paulo Ática Paris Unesco 1982 Disponível em httpsbitly30xsAQr Acesso 27 Dez 2019 BANDEIRA Maria de Lourdes Valores Civilizatórios Indígenas e Afrobrasileiros Saberes necessários para a formulação de Políticas 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MAUSS M Sociologia e antropologia São Paulo Cosac Naify 2003 p 183314 MATOS Marco José dos Santos A lei 1164508 e a sócio diversidade nativa Disponível em httpsbitly37aDTPL Acesso 27 Dez 2019 MELO Elisabete BRAGA Luciano História da África e afrobrasileira em busca de nossas origens São Paulo Selo Negro 2010 MOREIRA Vagner Junior JUNIOR Vagner Pereira da Silva Orgs Lazer e Esporte no Século XXI Novidades no Horizonte Curitiba Intersaberes 2018 p 29 MUNDURUKU Daniel Meu vô Apolinário mergulho no rio da minha memória São Paulo Studio Nobel 2009 NASCIMENTO Abdias Quilombismo documentos da militância panafricanista Petrópolis Vozes 1980 Disponível em httpsbitly30msZEY Acesso 27 Dez 2019 NASCIMENTO Maria Beatriz Negro e racismo Revista de Cultura Vozes 68 7 1974a pp 6568 NASCIMENTO Maria Beatriz Por uma história do homem negro Revista de Cultura Vozes 1974b 681 pp 4145 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 203 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 203 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 204 NASCIMENTO Maria Beatriz Culturalismo e contracultura In Cadernos de Formação sobre a Contribuição do Negro na Formação Social Brasileira Niterói ICHFUFF 1976 pp 0206 Acesso 27 Dez 2019 NAUDI Leda Maria Cardoso Documentos sobre oíndio brasileiro 15501822 2ª Parte Revista de Informação Legislativa Brasília volume 8 nº 29 P227336 1971 Documentos do Arquivo do Senado Federal Brasília Informações relativas à civilização dos índios ordenados por Sua Majestade o Imperador no ano de 1826 PAGAMUNICI A Psicologia e educação Dialogando com o diferente a convivência e a pluralidade cultural In PLONER KS et al org Ética e paradigmas na psicologia social online Rio de Janeiro Centro Edelstein de Pesquisas Sociais 2008 p 126 139 Disponível em httpsbitly3cLZvTD Acesso 27 Dez 2019 PAPA NICOLAU V Bula Romanus Pontifex de 8 de janeiro de 1454 Itália Vaticano 1454 PESSOA J M Saberes em festa 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em 06 jan 2020 CRUZ Francine Educação Física escolar e a Educação das Relações ÉtnicoRaciais Propostas a partir da Cultura Corporal do Movimento Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação à distância em Educação das Relações Etnicorraciais MECSECAD e CIPEADNEAB da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 209 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 209 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 210 Universidade Federal do Paraná UFPR 2015 Disponível em httpsbitly2Yl1Obg Acesso em 09 jan 2020 CUNHA Débora Alfaia da Brincadeiras africanas para a educação cultural Débora Alfaia da Cunha Castanhal PA Edição do autor 2016 httpsbitly3dKVkbP Acesso em 09 jan 2020 FERRANINI Rosilei SAHEB Daniele Torres Patrícia Lupion Metodologias ativas e tecnologias digitais aproximações e distinções Revista Educação em Questão Natal v 57 n 52 p 130 e 15762 abrjun 2019 Disponível em httpsbitly2XKAggj acesso em 09 01 2020 FREIRE Paulo Pedagogia do Oprimido 17ª Ed Rio de Janeiro Paz e Terra editora 1987 GASPARIN João Luiz Uma Didática para Pedagogia HistóricoCrítica 3ed Campinas SP Autores Associado 2002 GOMES Nilma Lino Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil uma breve discussão In BRASIL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Educação antirracista caminhos abertos pela Lei Federal no 1063903 Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Brasília MEC 2005 Disponível no link https bitly3h7jsI4 Acesso 09 jan 2020 KONDER Leandro O futuro da filosofia da práxis o pensamento de Marx no século XXI Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 LOPES Fátima Martins Em nome da liberdade as vilas de índios do Rio Grande do Norte sob o diretório pombalino no século XVIII Tese de Doutorado Universidade Federal do Rio Grande do Norte 2005 Disponível em httpsbitly3f12Gby Acesso em 06 jan 2020 LUCIANO Gersem Revista Retratos da Escola Brasília v 7 n 13 p 345357 juldez 2013 Disponível em httpsbit ly2XKN4mY Acesso em 06 jan 2020 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 210 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 210 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 211 MORAN José Metodologias ativas para uma aprendizagem profunda In MORAN José BACICH Lilian Org Metodologias ativas para uma educação inovadora uma abordagem teórico prática Porto Alegre Penso 2018 MOREIRA Antonio Flavio Barbosa Currículo cultura e formação de professores Educar em Revista Sl v 17 n 17 p p 3952 jun 2001 ISSN 19840411 Disponível em https bitly3dReAos Acesso em 07 jan 2020 MOREIRA Antônio Flávio Barbosa org Currículo questões atuais Campinas Papirus 1997 MUNANGA Kabengele Apresentação In BRASIL 2008 Superando o racismo na escola Brasília MECSECAD 2008 Disponível em httpsbitly37cZXsK Acesso em 09 jan 2020 MUNANGA Kabengele Uma abordagem conceitual das noções de raça racismo identidade e etnia Cadernos PENESB Periódico do Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira Niterói UFF n 5 p 1534 2004 Disponível no link httpsbitly2A5U4So Acesso em 06 jan 2020 PASSOS Joana Célia dos Discutindo as relações raciais na estrutura escolar e Construindo uma Pedagogia Multirracial e Popular Revista do NEN Multiculturalismo e a Pedagogia Multirracial e Popular nº 8 dezembro de 2002 Florianópolis SC PATTO M E S A produção do fracasso escolar histórias de submissão e rebeldia São Paulo Casa do Psicólogo 1999 SILVA Petronilha Beatriz Gonçalves Dimensões e sobrevivências de pensamentos em educação em territórios africanos e afrobrasileiros In Negros Território e Educação NEN Núcleo de Estudos Negros Florianópolis 2000 p 78 GONÇALVES E SILVA Petronilha Beatriz Prática do racismo e formação de professores In DAYRELL Juarez Múltiplos olhares sobre educação e cultura Belo Horizonte Ed UFMG 1996 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 211 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 211 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 212 SCHIMITT Jaqueline Zarbato Currículo e Ensino de História diálogos sobre prática de ensino e o processo de formação de professores as Revista do Lhiste Porto Alegre v 2 p 104 117 janjun 2015 SILVA Maria José Lopes da As Artes e a Diversidade ÉtnicoCultural na Escola Básica In BRASIL2008 Superando o racismo na escola Brasília MECSECAD 2008 Disponível em httpsbitly37cZXsK Acesso em 09 jan 2020 SILVA Maria Cristina da Rosa Fonseca PERINI Janine Alessandra A produção de materiais sobre arte afrobrasileira uma contribuição para a formação de professores de arte Anais da Anpap 2011 Disponível no link httpsbitly2XKNfOW Acesso em 09 jan 2020 SILVA Ana Célia A discriminação do negro no livro didático Salvador CEAOCED 1995 SOUZA Julianna Rosa de Personagem Negra uma reflexão crítica sobre os padrões raciais na produção dramatúrgica brasileira Rev Bras Estud Presença Porto Alegre v 7 n 2 p 274295 Ago 2017 Disponível em httpsbitly2Up5Ttz Acesso em 06 Jan 2020 VÁZQUEZ A Sánchez Filosofia da práxis Rio de Janeiro Paz e Terra 1977 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 212 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 212 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 213 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 213 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 214 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 214 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 215 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 215 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 216 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 216 03022021 172750 03022021 172750 A Instrumentalização do Conceito de Raça Implicações Sociais e Teológicas O conceito de raça originalmente relacionado à descendência foi instrumentalizado como uma ferramenta de dominação social especialmente a partir do século XVII Como destacado no texto a raça foi usada para justificar a dominação social e no século XVIII a cor da pele tornouse um critério essencial para distinguir raças A raciologia uma pseudociência hierarquizou as raças legitimando sistemas opressores como o nazismo Kabengele Munanga ressalta que o conceito de raça é ideológico variando conforme o contexto social e político FREITAS2020 Nesse sentido ainda Freitas 2020 corrobora dizendo que a compreensão dos conceitos de raça e etnia é fundamental para construir uma sociedade mais igualitária e antirracista Como apontado a diversidade cultural é a riqueza da humanidade e reconhecer as diferenças étnicas e raciais pode promover a inclusão e o respeito mútuo Isso implica em desafiar preconceitos e valorizar as contribuições de todos os grupos combatendo assimetrias históricas No que tange à teologia o estudo das relações étnicoraciais pode contribuir para uma abordagem mais inclusiva Por exemplo a valorização das histórias e culturas afro brasileiras e indígenas em contextos religiosos pode promover a diversidade e o respeito Além disso a educação sobre a história e cultura afrobrasileira e africana conforme a Lei 106392003 ajuda a desconstruir o mito da democracia racial incentivando uma sociedade mais justa e equitativa Portanto o estudo das relações étnicoraciais é essencial para desvelar os mecanismos de poder que historicamente excluíram grupos marginalizados Ao compreendermos os conceitos de raça e etnia podemos desafiar preconceitos enraizados e construir uma sociedade mais justa e inclusiva A valorização da diversidade cultural e a promoção da equidade são fundamentais para superar desigualdades seculares Assim a educação e a reflexão crítica sobre essas temáticas são ferramentas poderosas na luta contra o racismo e na construção de uma sociedade mais igualitária e antirracista REFERÊNCIA FREITAS Maria da Glória Feitosa Educação das relações étnicoraciais Recife Telesapiens 2020

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gente criando o futuro EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS Organizadora Glória Freitas EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS Organizadora Glória Freitas Educação das Relações ÉtnicoRaciais GRUPO SER EDUCACIONAL C M Y CM MY CY CMY K Educação das Relações ÉtnicoRaciais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 1 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 1 03022021 172744 03022021 172744 by Editora Telesapiens Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Editora Telesapiens Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Bibliotecária Maria Isabel Schiavon Kinasz CRB9 626 Freitas Maria da Glória Feitosa F866e Educação das relações étnicorraciais recurso eletrônico Maria da Glória Feitosa Freitas Recife Telesapiens 2020 216 p il 29cm ISBN 9786586073782 1 Relações raciais 2 Relações étnicas 3 Educação I Título CDD 302 22ed CDU 32313 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 2 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 2 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais Fundador e Presidente do Conselho de Administração Janguê Diniz DiretorPresidente Jânyo Diniz Diretor de Inovação e Serviços Joaldo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Créditos Institucionais Todos os direitos reservados 2020 by Telesapiens ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 3 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 3 03022021 172745 03022021 172745 Olá Meu nome é Glória Freitas Sou graduada em Pedagogia com mestrado e doutorado na área de educação com diversas experiências técnicoprofissionais na área de Educação desde 1984 percorrendo inicialmente pela Educação Básica na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I em Escolas posteriormente lecionando em formações docentes em Organizações Governamentais e Não Governamentais ONGs e OSCIPs e a partir de 1990 lecionando os fundamentos e metodologias de ensino na Formação Docente Inicial e Pós Graduação no Ensino Superior em Universidades Públicas e Particulares em São Paulo Paraná Ceará Rondônia e Maranhão Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho Conte comigo A AUTORA GLÓRIA FREITAS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 4 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 4 03022021 172745 03022021 172745 ICONOGRÁFICOS Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam OBJETIVO Breve descrição do objetivo de aprendizagem OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito CITAÇÃO Parte retirada de um texto RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do conteúdo DEFINIÇÃO Definição de um conceito IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo DICA Um atalho para resolver algo que foi introduzido no conteúdo SAIBA MAIS Informações adicionais sobre o conteúdo e temas afins EXPLICANDO DIFERENTE Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema ou exercício EXEMPLO Explicação do conteúdo ou conceito partindo de um caso prático CURIOSIDADE Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre o tema em estudo PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra REFLITA O texto destacado deve ser alvo de reflexão ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 5 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 5 03022021 172745 03022021 172745 SUMÁRIO UNIDADE 01 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional 12 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional conceito de diversidade cultural 12 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e a presença dela na escola 21 Reconhecendo o discurso pedagógico da diversidade 27 Entendendo a introdução a educação étnicoracial 40 Entendendo a introdução a educação étnicoracial conceitos de etnia e raça 40 Entendendo a introdução a educação étnicoracial na realidade brasileira 42 Analisando os fundamentos legais para a educação das relações étnicoraciais 46 UNIDADE 02 Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras 60 Reconhecendo o contato com a realidade de outro e o conceito de alteridade 60 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 6 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 6 03022021 172745 03022021 172745 Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras 69 Definindo o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e a resistência negra no Brasil 76 Relembrando o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no Brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras 87 Nomeando o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no Brasil 95 UNIDADE 03 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças 108 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças nas práticas pedagógicas 108 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas diferenças ambientalecológica étnico racial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras 112 Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente 122 Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente histórias pensamentos e conquistas 122 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 7 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 7 03022021 172745 03022021 172745 Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças 132 Desenvolvendo uma prática pedagógica que contemple o outro e suas semelhanças e diferenças 138 Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante da diversidade cultural 146 UNIDADE 04 Reconhecendo a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças 154 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais 162 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais questões conceituais 162 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais na busca de reflexivas e criativas práticas 166 Produzindo uma educação voltada às relações étnico raciais 173 Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial questões iniciais sobre currículo e práxis pedagógica 180 Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial recomendações curriculares legais brasileiras 184 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 8 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 8 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 9 UNIDADE 01 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 9 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 9 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 10 Olá Você estudará nesta unidade acerca da diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e o discurso pedagógico da diversidade especialmente no ambiente escolar Além disso veremos sobre a educação a partir dos conceitos de etnia e raça sobretudo na realidade brasileira E ainda analisaremos os fundamentos legais da educação das relações étnicoraciais Preparadoa Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 10 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 10 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 11 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 1 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Entender a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional 2 Reconhecer o discurso pedagógico da diversidade 3 Compreender os conceitos básicos da educação étnicoracial 4 Analisar os fundamentos legais para a educação das relações étnicoraciais Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 11 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 11 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 12 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional Ao término deste capítulo você será capaz de reconhecer a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e o Discurso Pedagógico da Diversidade o conceito de Diversidade Cultural e a presença da Diversidade Cultural na escola Conseguirá explicar a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional Será capaz de reconhecer o Discurso Pedagógico da Diversi dade e entender a introdução a Educação ÉtnicoRacial Por fim será capaz de analisar os Fundamentos Legais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais Isto será fundamental para o exercício de sua profissão Isto será fundamental para a sua compreensão sobre a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional e o Discurso Pedagógico da Diversidade E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional conceito de diversidade cultural Vamos começar explicando a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional e isso requer a busca do conceito de Diversidade Cultural para conseguirmos melhor explicála Você já conhece a expressão Diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 12 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 12 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 13 Cultural Em algum momento de sua formação estudantil já leu ou ouviu que a Diversidade Cultural seria algo relevante na nossa formação humana e na formação do Povo Brasileiro Já ouviu alguém falando sobre a importância de os futuros educadores reconhecerem as diversidades culturais que aparecem dentro de sala de aula E ouviu professores falando sobre isso Estas e outras indagações levam a uma questão inicial e que precisará ser respondida afinal qual é o significado de Diversidade Cultural Diversidade pode significar variedade diferença e multiplicidade A diferença é qualidade do que é diferente o que distingue uma coisa de outra a falta de igualdade ou de semelhança ABRAMOVICH 2006 p 12 Diversidade Cultural remete ao termo cultura Cultura está relacionada a todo aquele complexo que inclui o conhecimento a arte as crenças a lei a moral os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro Em 1871 cultura foi definida por Edward Burnett Tylor na sua obra Acultura primitiva é todo o complexo de conhecimentos artes moral crenças costumes leis costumes capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro e dentro da sociedade TYLOR 1871 Entendemos que cultura não pode ser pensada de forma singular O mais certo é dizer culturas sempre no plural lembrando que são mutantes ou seja mudam os valores leis práticas São múltiplas as crenças e variadas às práticas Como são diversificadas as instituições dentre das diferentes formações sociais Na realidade é verdadeiro afirmar que dentro de uma sociedade como a brasileira por exemplo caracterizada por ser como qualquer outra temporal e histórica que aconteçam muitas transformações culturais CHAUÍ 1995 Claro que os futuros professores necessitarão de reflexões sobre a definição de cultura Ou seriam definições O que é inegável é que você pertence a uma cultura local situada em uma ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 13 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 13 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 14 determinada região do Brasil e na região em que você vive existem distintos grupos sociais Existem no Brasil minorias étnicas como os Povos Indígenas ou Povos Originários do Brasil E existe uma cultura universal e que é patrimônio da humanidade A cultura é um processo de humanização que imprime significados da vida social Em sociedades plurais como a sociedade brasileira convivem diferentes matrizes culturais diferentes idiomas culturais Cada uma das culturas consigna uma visão de mundo um quadro próprio de referência seus próprios modos de pensar de conhecer de sentir de fazer de ser Assim é comum que cada cultura desenvolva seus próprios sistemas de classificação capaz de organizar o real em conformidade com a sua própria lógica simbólica Sendo assim as distintas culturas carregam suas dessemelhanças Não são mesmo iguais são diversas são diferentes Pensando na nossa realidade brasileira a nossa diversidade cultural é resultante da sociedade plural que somos de norte ao sul desse imenso país Figura 1 Fonte freepik ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 14 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 14 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 15 Como querer afirmar que somos sujeitos submetidos a uma cultura única e indivisível chamada Cultura Nacional Brasileira Como somos pertencentes a esta sociedade plural decorrente disso surge esta vastidão de diversidades culturais neste país chamado Brasil O que não quer dizer que tudo é pacífico integrado e ocorra em uma perfeita união entre tantas diversidades culturais Algo impede uma maior comunicação entre nossas diversidades culturais Diante disso o que dificulta e impede é o fato de estarmos imersos na ideia etnocêntrica de que algumas diversidades culturais são superiores ou melhores que outras O que impede que sejamos capazes de reconhecer e respeitar as alteridades aquilo que o outro é e representa diferente de si E isso causa exclusões ou desrespeitos às outras diversidades culturais Ou seja Embora se intercomuniquem essa comunicabilidade é regida pelo ordenamento social de natureza etnocêntrica que estrutura as relações de alteridade em nossa sociedade Os mecanismos de integração assimilação disjunção e troca na medida em que orientados etnocentrica mente configuram uma dinâmica assimétrica exclu dente BANDEIRA 2003 p 143 Diversidade cultural pode ser conceituada como a representação dentro de um sistema social de pessoas afiliadas aos grupos distintamente diferentes do ponto de vista de significado cultural HANASHIRO CARVALHO 2005 Trazendo a luz à discussão das diversificadas expressões culturais entre diferentes grupos majoritários ou minoritários Outra forma de conceituar Diversidade Cultural levando em conta a ideia de Identidade Cultural o que se relaciona com as certezas que temos de pertencimento a uma determinada cultura é afirmar que se trata de um conjunto imenso de pessoas que não partilham das mesmas identidades grupais suas identidades enquanto pertencentes a grupos são distintas e bem delimitadas mesmo que vivam no mesmo sistema social ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 15 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 15 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 16 O autor completa que a diversidade cultural englobaria os mais diversos grupamentos humanos percorrendo um caminho que passa por raça e por gênero dando conta de abarcar a idade história pessoal e corporativa formação educacional função e personalidade Inclui também estilo de vida preferência sexual origem geográfica Além disso existem conceituações que diferenciam dimen sões primárias definidas como diferenças humanas imutáveis tais como idade etnia gênero raça orientação sexual e habili dades físicas e diferenças secundárias mutáveis como formação educacional localização geográfica e experiência de trabalho Nas nossas ações sociais e culturais demonstramos que cada um de nós passa por um processo de produção da iden tidade e de diferença E isso nos diferencia uns dos outros E que precisam ser respeitados socialmente e no âmbito das instituições que frequentamos principalmente na escola Os que trabalham na escola devem ir além da tolerância do respeito às diferenças com relação a identidade e diferença de cada aluno e isso começa por procurar entender como são produzidas as identidades culturais A diversidade biológica pode ser um produto da natureza o mesmo não se pode dizer da diversidade cultural A diversidade cultural não é nunca um ponto de origem ela é em vez disso o ponto final de um processo conduzido por operações de diferenciação Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade mas questionálas SILVA2000 p 100 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 16 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 16 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 17 É interessante começar a busca pelos significados da expressão Diversidade Cultural destacando o cuidado e diferen ciandoa do senso comum daquilo que costumamos ouvir e de opiniões pessoais Diversidade Cultural não é fazer a defesa de que o nosso país o Brasil é pluriétnico formado por muitas etnias diferentes tanto autóctones nativas ou que vieram de outros continentes como o africano europeu e asiático e é pluricultural diferentes culturas estão presentes na nossa realidade Não devemos confundir diversidade cultural com uma polí tica universalista de maneira a contemplar o todo todas as formas culturais todas as culturas como se pudessem ser dialogadas trocadas ABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 94 Passando uma impressão errônea que a diversidade cultural seria o campo esvaziado da diferença ou seja a diversidade cultural acaba por abolir diferenças profundas e intensas das pessoas e de seus grupos sociais de pertencimento Isso não é verdade A diversidade Cultural precisa ser diferenciada das expli cações que aniquilem as desigualdades Já que as desigualdades são reais e expressas em muitos modos inclusive pelas mani festações culturais de distintos grupos sociais Há desigualdades irreconciliáveis seja de poder seja das classes sociais mas isto é obscurecido Portanto há muitas maneiras de esvaziar aquilo que são diferenças que é o contrário da construção identitária pois cabe às diferenças borrálas Em relação à diversidade supõese que a troca se realiza entre homens livres e iguais o que sabemos não existeABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 94 O instigante tema diversidade cultural convoca a um posicionamento crítico e político solicitando um novo olhar E é mais ampliado que consiga abarcar os seus múltiplos recortes Diante de uma realidade cultural e racialmente miscigenada como é o caso da sociedade brasileira essa tarefa tornase ainda mais desafiadora ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 17 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 17 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 18 Ao falar em diversidade cultural entram em cena partes consideráveis da população brasileira negros índios mulheres homossexuais e pessoas com deficiência ganham visibilidades às lutas que estes grupos travaram ao longo da história do Brasil batalhas para garantir às suas diversidades e o clamor por políticas públicas que sejam capazes de atender os seus anseios É interessante ressaltar que alguns sujeitos e grupos vão à luta para garantir suas visibilidades e em busca de políticas públicas afirmativas como os Povos Indígenas Brasileiros e os Afrodescendentes É perceptível que imigração gênero sexualidade raça etnia religião e língua são os principais fatores que desencadearam um processo de mobilização e discussão sobre a diversidade sendo que em vários contextos esses fatores estão inter relacionados ou interseccionados ABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 87 É possível entender diversidade cultural como sendo as diferenças construídas culturalmente tornandose então empiricamente observáveis e ainda podemos entender como diversidade cultural as diferenças também construídas ao longo do processo histórico nas relações sociais e nas relações de poder Muitas vezes os grupos humanos tornam o outro diferente para fazêlo inimigo para dominálo Gomes 2003 fala que tratar da diversidade cultural vai além de reconhecer o outro saber da existência dele com e na sua diferença Constituem pensar a relação entre o Eu e o Outro Eis o encantamento em discutir sobre a diversidade Ao considerarmos o outro o diferente não deixamos de focar a atenção sobre o nosso grupo a nossa história o nosso povo Ou seja falamos o tempo inteiro em semelhanças e diferenças Diversidade cultural vai além do ato de analisar um com portamento individual E ainda exige uma discussão política em razão de a diversidade cultural tratar das relações estabelecidas entre os grupos humanos e por isso mesmo não está fora das ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 18 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 18 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 19 relações de poder Ela diz respeito aos padrões e aos valores que regulam essas relações GOMES 2003 p 72 Ao relacionar a discussão da diversidade cultural inseridas nas atividades escolares é necessário impedir que ele seja pensado como um tema transversal Muito mais do que um tema ou um conteúdo a ser incluído no currículo a diversidade cultural é um componente do humano Ela é constituinte da nossa formação humana Somos sujeitos sociais históricos culturais e por isso mesmo diferentes GOMES 2003 p 73 Quando a educação se volta para a garantia da diversidade cultural realiza um direito das crianças E ainda faz das diferenças um trunfo explorálas na sua riqueza possibilitar a troca proceder como grupo entender que o acontecer humano é feito de avanços e limites O que significa abrir conexões entre tantos elementos distintos da vasta cultura brasileira Em uma busca intensa pelo novo e capaz de incentivar as vidas dos educandos devendo levar os educadores a buscar a adoção de práticas pedagógicas sociais e políticas em que as diferenças sejam entendidas como parte de nossa vivência e não como algo exótico e nem como desvio ou desvantagem A diversidade é uma mistura de pessoas detentoras de identidades distintas mas interagindo em um só sistema social Nesses sistemas coexistem grupos de maioria e de minoria Os grupos de maioria são os grupos cujos membros historicamente obtiveram vantagens em termos de recursos econômicos e de poder em relação aos outros Ao falar diversidade cultural aparece à necessidade de saber o que queremos dizer com a palavra Diversidade e com a palavra Cultura e posteriormente será possível chegar a um significado para a expressão Diversidade Cultural A diversidade cultural é a riqueza da humanidade Para cumprir sua tarefa humanista a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua Por isso a escola tem que ser local como ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 19 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 19 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 20 ponto de partida mas tem que ser internacional e intercultural como ponto de chegada Autonomia da escola não significa isolamento fechamento numa cultura particular Escola autônoma significa escola curiosa ousada buscando dialogar com todas as culturas e concepções de mundo Pluralismo não significa ecletismo um conjunto amorfo de retalhos culturais Significa sobretudo diálogo com todas as culturas a partir de uma cultura que se abre as demais GADOTTI 1992 p 23 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Educação para a Diversidade uma prática a ser construída na Educação Básica Silva 2007 acessível pelo link httpsbitly2MDZSVR Acesso em 19122019 SAIBA MAIS Figura 2 Cerimônia de encerramento da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas Olinda PE Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 20 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 20 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 21 Explicando a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e a presença dela na escola Você já é capaz de explicar a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e conceituar diversidade cultural Agora você vai será desafiado a conseguir explicar a diversidade cultural como característica da nossa formação humana e nacional e refletir sobre a presença dela na escola As reflexões e publicações sobre temas como diversidade cultural na sua relação com as minorias impôs como um tema proeminente em países da América do Norte Canadá e Estados Unidos Desde a década de 60 os movimentos políticos a favor da integração racial levaram à promulgação de leis visando à igualdade de oportunidades de educação e ao emprego para todos FLEURY 2000 p19 Zelosos dos seus importantes papéis os educadores deverão agir para integrar as diversidades culturais que coexistam dentro da escola e da sala de aula instaurando um respeito as alteridades aos outros e aos alunos Levando em consideração os discursos simbólicos que consigam justificar as relações de alteridade o formato e a maneira como esses discursos se reproduzem ou de como enfatizam determinados fragmentos temáticos oportunos em dada situação momento ou contexto particular sempre transformando a diferença em desigualdade BANDEIRA 2003 p 143 Estar em uma escola aprendendo ou lecionando representa momentos significativos para ter contato e adquirir elementos importantes da cultura universal Bem como é uma oportunidade de aprender a lidar com as diferenças locais regionais de cada grupo social raciais de gênero e convivendo com as minorias étnicas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 21 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 21 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 22 A diversidade étnicocultural nos mostra que os sujeitos sociais sendo históricos são também culturais Essa constatação indica que é necessário repensar rompendo com as práticas seletivas fragmentadas corporativistas sexistas e racistas GOMES e GONÇALVES e SILVA 2006 p 25 Dentro desta perspectiva cabe ao educador ao depararse com as diversas manifestações culturais populares ou culturas da cidadania agir respeitandoas e dandolhes vozes dentro da escola Cultura popular seria na perspectiva de Paulo Freire tomada de consciência da realidade nacional para produzir transformações e criar formas de relações sociais e políticas significa consciência de direitos possibilidade de criar novos direitos e capacidade de defendêlos contra o autoritarismo a violência simbólica ou não e o arbítrio Interessará certamente a cada futuro educador usar seu tempo na universidade para preparar e consolidar um modo adequado e consistente para o exercício do magistério focado na realidade de que os alunos trazem múltiplas expressões de distintas culturas implicando a necessidade de a educação ser multicultural pluralista não são homogêneos mesmos os alunos como não somos homogêneos os brasileiros E as futuras ações didáticas deverão ser focadas no respeito à cultura de cada aluno portanto democrática Cada educador deverá estar disposto a instaurar a equidade e o respeito mútuo superando preconceitos de toda espécie principalmente os preconceitos de raça e de pobreza O que significa que o professor deverá ter respeito aos direitos dos alunos e que ninguém poderá deixar de matriculado e de permanecer na escola por qualquer tipo de preconceito Neste sentido os estudantes universitários que estão almejando os exercícios do magistério deverão aprender sobre a importância da renovação dos conteúdos culturais escolares fazendo dialogar com a educação regular aquela que acontece nas salas de aula com os conteúdos aprendidos no âmbito da educação nãoformal firmando compromissos com uma educação para a equidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 22 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 22 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 23 Figura 3 Fonte freepik Isso acontece quando se leva a sério a diferença cultural O respeito aos direitos humanos é fator para a democracia e justamente democracia e direitos humanos não se constituíram a não ser muito recentemente e com exceções em conteúdos nodais da escola brasileira É preciso experimentar uma educação multicultural focada no que é universal e ao mesmo tempo é específico de um povo Toda escola deve abrir os horizontes de seus alunos para a compreensão de outras culturas de outras linguagens e modos de pensar num mundo cada vez mais próximo procurando construir uma sociedade pluralista e interdependente As crianças chegam às escolas e carregam suas condições sociais próprias e relacionadas aos grupos sociais que pertencem É necessário perceber que elas não são apenas portadoras de especialidades biopsicológicas Os educadores precisam entender que a infância é uma construção social Infância é distinta de imaturidade biológica não é natural nem universal e aparece como componente estrutural de muitas sociedades ROCHA COSTA 2014 p85 Por isso é importante verificar as relações sociais em que as crianças estão inseridas ao mesmo tempo em que devem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 23 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 23 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 24 ser vistas como participantes do mundo social e produtores de culturas diversas Devem ser vistas como ativas na construção e determinação das suas próprias vidas das vidas dos que cercam e das sociedades onde vivem Crianças não são sujeitos passivos das estruturas As crianças interagem com muitos subgrupos etários e não ficam estáticos nas suas capacidades de ação de expressar sentimentos e pensamentos de movimentarse com autonomia É importante lembrar que as crianças são constituídas como seres sociais e assim sendo disseminamse pelos diversos modos de estratificação social a classe social a etnia a que pertencem a raça o gênero a região do globo onde vivem Os diferentes espaços estruturais diferenciam profundamente as crianças SARMENTO 2005 p 370 Vamos a um exemplo prático ao comparar um menino europeu na faixa etária entre 6 e 12 anos pertencente a etnia dominante europeia e de raça branca com família submetida as condições econômicas favoráveis e possuindo maiores possibilidades de viver com saúde que tem acesso e permanência escolar garantidos com seus direitos de brincar ser alimentado suficientemente portar boas roupas ter brinquedos viver em uma boa casa e ter horas de lazer favorecidas em comparação com uma menina da América do Sul na Índia ou África vinda das classes populares e mais empobrecidas sulamericanas indianas ou africanas é imprescindível entender que a diversidade social e cultural distingue este menino europeu destas meninas que vivem em condições econômicas precárias em seus distintos continentes Isso significa que são bastante menores neste caso as possibilidades de estudar brincar e aceder a bens de consumo e muito maiores as possibilidades de estar doente e de ter sobre os ombros as responsabilidades e os encargos domésticos As crianças demandam tratamentos que levem em conta a diversidade que as tornam os sujeitos que são Não é justo que o educador na sala de aula as veja parcialmente É imperativo que os professores façam distinções efetivas conceituais semânticas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 24 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 24 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 25 processos de referenciação e significação próprias das crianças sobre a infância e suas diversidades culturais sintáticas relativas às regras de articulação entre os elementos simbólicos e morfológicas referentes a especificação das formas que adotam os elementos característicos das culturas da infância Desta forma cabe ao professor entender que a criança enquanto um sujeito concreto que integra essa categoria geracional e que na sua existência para além da pertença a um grupo etário próprio é sempre um ator social que pertence a uma classe social a um gênero etc Assim cada criança deverá ser tratada como um sujeito que vive mergulhado à sua própria diversidade cultural e que poderá até coincidir em alguns elementos com as culturas de seus professores mas difere em muitos pontos e precisará ser respeitada no seu direito a sua específica diversidade cultural Junto com seus pares com as crianças que compartilham o seu cotidiano a escola deverá não coibir a apropriação reinvenção e a reprodução que elas produzem juntas colaborando para conseguir lidar com experiências contraproducentes ao mesmo tempo em que se estabelecem fronteiras de inclusão e exclusão de gênero de subgrupos etários de status que estão fortemente implicados nos processos de identificação social Caberá aos que planejam as rotinas educativas construir novos espaços educativos que reinventem a escola pública como a casa das crianças reencontrando a sua vocação primordial isto é o lugar onde as crianças se constituem pela ação cultural em seres ditados do direito de participação cidadã no espaço coletivo SARMENTO 2002 p 16 É necessário levar em conta a criança enquanto portadora de diversidade cultural e a responsabilidade do educador como quem sustenta com bastante respeito lugares de convivências criativas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 25 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 25 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 26 Devese deixálas livres como atores sociais nas diversidades culturais e nas alteridades delas Cada criança deve ser reconhecida como Outro e reconhecer as demais naquilo que elas carregam como Outro também com os adultos As condições culturais e sociais são heterogêneas mas incidem perante uma condição infantil comum a de uma geração desprovida de condições autônomas de sobrevivência e de crescimento e que está sob o controle da geração adulta Os conteúdos e as formas presentes nas culturas infantis são interdependentes das culturas das sociedades onde vivem sendo afetadas pelas mais diversas relações de classe de gênero e de proveniência étnica que impedem definitivamente a fixação num sistema coerente único dos modos de significação e ação infantil As crianças precisam ser reconhecidas como produtores de cultura própria à sua geração E são estas culturas da infância que exprimem as contradições que visualizam na sociedade em que habitam A escola e a família são espaços que oferecem interações diversas e o contato com culturas dirigidas pelos adultos pais e professores e culturas construídas nesses encontros entre as crianças Os adultos costumam oferecer produtos de suas culturas às crianças Passam às novas gerações suas decisões arbitrárias ao selecionarem ou recusarem alguns valores e saberes Isso acontece com os pais com os educadores e é perceptível no conjunto de dispositivos culturais produzidos para as crianças com uma orientação do mercado configuradora da indústria cultural para a infância literatura infantil jogos e brinquedos cinema bandasdesenhadas jogos vídeo e informativos sites e outros dispositivos da Internet serviços variados de férias de tempos livres de comemoração de aniversário de festas etc SARMENTO 2002 p 5 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 26 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 26 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 27 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo até aqui vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido até este momento a explicar a Diversidade Cultural como Característica da nossa Formação Humana e Nacional o conceito de Diversidade Cultural e a presença da Diversidade Cultural na escola Reconhecendo o discurso pedagógico da diversidade Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Multiculturalismo e educação em defesa da diversidade cultural Silva 2007 acessível pelo link httpsbitly2BHZHq5 Acesso em 19122019 SAIBA MAIS Reconhecendo o discurso pedagógico da diversidade é necessário para você entender as responsabilidades e adesões da escola e dos educadores sobre a importância de promover a diversidade nas atividades educativas Você percorrerá pela história do discurso pedagógico hegemônico desde a idade moderna e posteriormente entenderá sua diferenciação com o discurso pedagógico da diversidade OBJETIVO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 27 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 27 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 28 O Discurso Pedagógico revela aquilo acontece nas relações entre os professores e os alunos dos detalhes mais insignificantes aos mais essenciais Trata nas formas como a escola pretende modificar as mentes os modos de agir e de pensar das novas gerações a favor da Diversidade É inegável que as nossas indissociáveis e interdependentes identidades e diferenças são geradas a partir da nossa condição de sujeitos ou asujeitados à linguagem no âmbito de um específico dentro discurso Isso deve inspirar os educadores a examinar minuciosamente seus modos de produção onde e quando foram produzidas através do discurso A maioria das escolas costumam operar a favor da normalização e este movimento no interior das salas de aulas parece estar produzindo mais expurgo da norma do que identidades encaixadas na ordem Quer dizer há cada vez mais estranhos do que normais Na medida em que os professores tentam domar as identidades dos seus alunos mais proliferam as diferenças Indagando se não existiria uma possibilidade pedagógica para lidar com a diferença sem excluíla Costa 2008 defende que seria indispensável desessencializar as identidades e historicizálas mostrar e problematizar as identidades em sua face construída produzida nas injunções políticas do poder no interior das sociedades e das culturas O pensamento de Michel Foucault vai ajudar você a entender sobre os discursos e sobre as práticas atreladas a eles Este autor francês entendia que os discursos são poderosos agem vigiam e controlam os sujeitos É bem difícil escapar de tanta vigilância e das recorrentes punições nas instituições dos rótulos que vão sendo pregados na testa dos que não respeitam as normas a partir da saída da Idade Média na Idade moderna São os discursos eles mesmos que exercem seu próprio controle procedimentos que funcionam sobretudo a título de princípios de classificação de ordenação de distribuição como se tratasse desta vez de submeter ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 28 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 28 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 29 outra dimensão do discurso a do acontecimento e do acaso FOUCAULT 2002 p 21 Historicamente a partir da modernidade a escola passa a agir de um modo diferenciado das práticas medievais Foucault bem mais tarde estudou este momento histórico século XX Estudou os colégios da Era Moderna seus disciplinamentos vigilâncias e punições respaldadas pelo discurso hegemônico moderno com seus objetivos de controlar e moldar a subjetivação dos sujeitos na modernidade focando na formação do aluno filho dos burgueses e cristãos Tal discurso carregava seus mecanismos de poder controle e disciplinamento que eram vistos como inquestionáveis e posteriormente naturalizados como regras infalíveis em nome da racionalidade para educar as novas gerações Interessou a Foucault estudar sobre a história das construções sociais impostas sobre os alunos bem como os saberes e poderes que os discursos pedagógicos veiculam Suas pesquisas sobre este importante momento da história da educação revelaram o aluno na modernidade asujeitado ao discurso pedagógico e seus métodos mostrando seu poder dentro dos colégios E tal poder é conhecido como poder disciplinar O poder disciplinar é com efeito um poder que em vez de se apropriar e de retirar tem como função maior adestrar ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor A disciplina fabrica indivíduos ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício Não é um poder triunfante que a partir de seu próprio excesso podese fiar em seu superpoderio é um poder modesto desconfiado que funciona a modo de uma economia calculada mas permanente FOUCAULT 1981 p153 Foucault 1981 contribuiu para o entendimento de que foram elaborados a partir da modernidade métodos capazes de ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 29 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 29 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 30 realizar o controle meticuloso das operações do corpo sujeitandoo nas suas forças tornandoo dócil e útil Estes métodos operados para conseguir tal asujeitamento é denominado disciplinas Tais processos disciplinares ou disciplinamentos levariam tempos para serem operados nos conventos oficinas e exércitos e foram expandindo seus domínios passando a serem fórmulas gerais de dominação dos sujeitos no decorrer XVII e XVIII Diferenciados dos tempos e dos modos da escravidão na antiguidade e nos tempos medievais a modernidade traz novidades pois não fundamentam numa relação de apropriação dos corpos é até a elegância da disciplina dispensar essa relação custosa e violenta obtendo efeitos de utilidade pelo menos igualmente grandes O que fabricaria a disciplina Foucault responde que fabrica indivíduos a disciplina é uma técnica própria e relacionada a um poder que coisifica os sujeitos transformandoos em objetos e instrumentos de seu funcionamento Não age pelo excesso e confiante no seu imenso poder representa um poder módico acanhado funcionando a modo de uma economia calculada mas permanente Humildes modalidades procedimentos menores se os comprarmos aos rituais majestosos da soberania ou aos grandes aparelhos do Estado Vieram das descobertas das ciências modernas como da Medicina e alguns eficazes modelos de normatização como por exemplo as ortopedizações empregadas para endireitar o corpo transportado para disciplinar as mentes dos alunos nos colégios Avançou a pedagogização do conhecimento e o disciplinamento tantos nos corpos como nas mentes dos alunos Não parando nunca mais e permanece atual na estrutura escolar e nos discursos pedagógicos normatizando os sujeitos professores ou alunos Normatizouse primeiro a produção dos canhões e dos fuzis em meados do século XVIII a fim de assegurar a utilização por qualquer soldado de qualquer oficina etc depois de ter normatizado os canhões a França normatizou seus professores As primeiras Escolas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 30 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 30 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 31 Normais destinadas a dar a todos os professores o mesmo tipo de formação e por conseguinte o mesmo nível de qualificação apareceram em torno de 1775 antes de sua institucionalização em 1790 ou 1791 A França normatizou seus canhões e seus professores a Alemanha normatizou seus médicos FOUCAULT 1982 p 83 Foucault 2002 comenta que em todas as sociedades ocorrem produção de discurso que é simultaneamente controlada selecionada organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos dominar seu acontecimento aleatório esquivar sua pesada e temível materialidade Um dos procedimentos é a exclusão outro deles é a interdição Em alguns casos em lugares e instâncias mais sombrias das sociedades o discurso nem é neutro e tão pouco transparente a política e a sexualidade são alguns destes lugares Os educadores deveriam saber e refletir sobre suas práticas as interrelações contidas nelas os modos como são operados os objetivos de homogeneizar as diversidades as diferenças as identidades contendo os diferentes os irreverentes os criativos os que possuem modos distintos dos seus próprios das suas famílias e da sua classe social E aprender com eles Foucault aponta que ainda que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa as interdições que o atingem revelam logo rapidamente sua ligação com o desejo e o poder Nisso não há nada espantoso visto que o discurso como a psicanálise nos mostra não é simplesmente aquilo que manifesta ou oculta o desejo e visto que isto a história não cessa de nos ensinar o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação mas aquilo por que pelo que se luta o poder do qual nós queremos apoderar FOUCAULT 2002 p 10 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 31 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 31 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 32 Portanto nada aniquilará nos educandos os seus desejos de serem ouvidos em suas subjetividades nos seus anseios e nas suas manifestações culturais que lhes foram fazendo sentidos nas suas jornadas pelas suas existências Assim tradicionalmente o espaço escolar é o lugar da disputa entre o discurso pedagógico hegemônico dentro da cabeça dos professores desde a modernidade aos dias atuais e os interesses desejos e ideias das novas gerações É necessário na contemporaneidade tentar fazer um esforço para ouvir as outras vozes silenciadas dos alunos procedentes de suas quebradas de seus guetos de suas comunidades das suas casas e de suas famílias Invadindo a escola com estes outros cantos outras danças dissonantes mas reais Figura 4 Crianças e Dança dos Caboclinhos no Carnaval do Brasil Fonte Wikimedia Commons Foucault reflete que para os gregos século VI o discurso era pronunciado pelo sujeito que tinha direito a ele em conformidade com algum ritual próprio à época O discurso tinha a capacidade de profetizar o futuro com a adesão dos indivíduos Depois tudo mudou na passagem da Antiguidade Clássica para o início da Idade Média A verdade se deslocou do ato ritualizado eficaz e justo de enunciação para o próprio enunciado para seu sentido sua forma seu objeto sua relação e suas referências FOUCAULT 2002 p 13 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 32 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 32 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 33 Já na chegada à modernidade lá pelos séculos XVI e XVII Foucault aponta que apareceu uma vontade de saber que antecipando se a seus conteúdos atuais desenhava planos de objetos possíveis observáveis mensuráveis classificáveis uma vontade de saber que impunha ao sujeito cognoscente e de certa forma antes de qualquer experiência certa posição certo olhar e certa função ver em vez de ler verificar em vez de comentar uma vontade de saber que prescrevia e de certo modo mais geral do que qualquer instrumento determinado o nível técnico do qual deveriam investirse os conhecimentos para serem verificáveis e úteis FOUCAULT 2002 p 1617 E a pedagogia estará presente com suas práticas agindo em nome deste sistema moderno e excludente Serve para reforçar e conduzir este projeto de verdade da modernidade a serviço da realização dos procedimentos de controle e de delimitação próprios ao discurso pedagógico hegemônico Isso desfavorece até os dias atuais que outros discursos não hegemônicos possam chegar à escola e democraticamente oferecer suas contribuições aproximando os alunos que se sentem desmotivados por discursos outros distanciados de suas vidas e seus anseios A escola precisa pensar nisso Rever seus métodos renovar suas intenções e oxigenar velhas práticas E Foucault esclarece o modo de procedimento de um discurso oposta ao lugar do aluno como sujeito capaz de fazer comentários sobre o que leu estando longe de um projeto de leitor autônomo e capaz de falar com propriedade e com liberdade sobre temas propostos na sala de aula A organização das disciplinas se opõe tanto ao princípio do comentário como ao do autor Ao do autor visto que uma disciplina se define por um domínio de objetos um conjunto de métodos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 33 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 33 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 34 um corpus de proposições verdadeiras um jogo de regras e de definições de técnicas e de instrumentos tudo isso constitui uma espécie de sistema anônimo à disposição de quem quer ou podese servir dele sem que seu sentido ou sua validade estejam ligados a quem sucedeu ser seu inventor FOUCAULT 2002 p 30 A criação de um autor suas palavras próprias são apropriadas por um determinado discurso que coloca a produção dele no anonimato E este princípio da disciplina que desvaloriza a autoria dos que produziram os livros ou textos desvalorizando até mesmo o desejo dos alunos de serem autores criadores de novos textos este princípio da disciplina se opõe também ao do comentário em uma disciplina diferentemente do comentário o que é suposto no ponto de partida não é um sentido que precisa ser redescoberto nem uma identidade que deve ser repetida é aquilo que é requerido para a construção de novos enunciados FOUCAULT 2002 p 30 Assim nem é solicitado ao aluno que aprenda a comentar a própria realidade o que leu e até o que escreveu As leituras que possam fazer do mundo não são necessárias Só interessa mesmo é que o discurso hegemônico exercido e seus modos de agir possam ser apreendidos Foucault fala em biopoder uma etapa nova e posterior ao século XVIII A diferença é que o biopoder se diferencia do poder disciplinar e técnica de adestrar o homemcorpo punindoo e vigiando constantemente Parece para agir no campo do homem espécie O biopoder vai operar como uma novidade uma nova tecnologia de poder distinta do poder disciplinar mas não o descartará fará uma fusão com ela Sendo assim preservada e operando seus resultados nas instituições modernas ocidentais até hoje Foucault esclarece que ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 34 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 34 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 35 a disciplina tenta reger a multiplicidade dos homens na medida em que essa multiplicidade pode e deve redundar em corpos individuais que devem ser vigiados treinados utilizados eventualmente punidos E depois a nova tecnologia que se instala se dirige à multiplicidade dos homens não na medida em que eles se resumem em corpos mas na medida em que ela forma ao contrário uma massa global afetada por processos de conjunto que são próprios da vida que são processos como o nascimento a morte a produção a doença etcFOUCAULT 1999 p 291 Como vencer as determinações deixadas pelo discurso pedagógico hegemônico nascido na modernidade com todas as suas consequências nas mais simples ou complexas atividades escolares para incorporar à diversidade cultural a multiculturalidade as marcas presentes nas nossas manifestações culturais e trazer um novo e progressista discurso pedagógico aberto às diferenças capaz de conduzir ações afirmativas às minorias desprivilegiadas no decorrer de mais de 500 anos de exclusão O que travariam a passagem desses discursos pedagógicos hegemônicos e tradicionais para os inovadores Discursos Pedagógicos da Diversidade As mudanças têm sido então quase sempre a burocratização do outro sua inclusão curricular e assim a sua banalização seu único dia no calendário seu folclore seu detalhado exotismo Muitos olhares para as diferenças das crianças ficaram do lado de fora do foco e das discussões dos educadores E permanecem sem querer ver Se em algum momento da nossa pergunta sobre educação tínhamos nos esquecidos do outro agora detestamos sua lembrança maldizemos a hora de sua existência e da sua experiência corremos desesperados a aumentar o número de alunos e de cadeiras nas aulas mudamos as capas dos livros que ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 35 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 35 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 36 já publicamos há muito tempo reuniformizamos o outro sob a sombra de novas terminologias Novas terminologias sem sujeitos SKLIAR 2003 p40 A escola brasileira repete um discurso de inspiração dos princípios que movimentaram o pensamento sobre a educação e a escola republicana francesa de que deve ser única e igual para todos e desta forma oculta e mantém uma ética de indiferença em relação às diferenças Ou seja há uma indiferença ao outro como fundamento da escola O que levaria a uma visão de homogeneização diante de sujeitos heterogêneos diferentes Impondo dentro da escola um saber de uma racionalidade de uma estética de um sujeito epistêmico único legitimado como hegemônico como parâmetro único de medida de conhecimento de aprendizagem e de formação São impostos parâmetros universais e abolidas as diferenças que tornam desiguais em iguais atingindo e trazendo para todos a mesma medida e avaliação resultando em classificar o outro como inferior incivilizado fracassado repetente bárbaro etc Um Discurso Pedagógico da Diversidade impõe diferenças e modos novos de ver o diferente propõese a tolerância a alguns coletivos as classes populares os negros os homossexuais mas ainda os vemos como aqueles que não sabem inferiores e que necessitarão da adesão e empenho de cada educador diante de uma realidade que aponta justamente para o contrário para a exclusão e a indiferença com as diferenças Na busca de outro discurso pedagógico é necessário superar a marca pesada que ficou na escolha brasileira a favor da escola tradicional impedindo novas metodologias concepções progressistas organizações disciplinares inovadoras e inspiradas em concepções epistemológicas progressistas criando possibilidades de ampla autonomia e participação dos educandos Fazendo a aposta por uma escola como comunidade participativa refletindo sobre o fato de a escola defender ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 36 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 36 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 37 a participação autonomia mas comportase de modo autoritário e com contradições instituição igualitária que reproduz desigualdade social instituição respeitadora das diferenças e tolerante mas que provoca atitudes discriminatórias instituição que proclama a aprendizagem crítica e criativa mas usa métodos memorísticos e meios verbais instituição democrática mas que usa hábitos autoritários que limitam a participação Martins 2006 p 79 Na busca de uma nova pedagogia já não mais voltada aos discursos hegemônicos surgidos desde a Era Moderna construtores das escolas tradicionais ultrapassandoos e apoiando se no Discurso Pedagógico da Diversidade é preciso estar aberto para construir novas mentalidades para além de falar apenas por falar O discurso das diversidades permite entender como podemos compreender as distintas diferenças desde a análise da realidade sociopolítica e sociocultural multiculturalidade interculturalidade Isso significa estar aberto às diversidades alteridades e diferenças em fazer encontros interculturais entre culturas diferentes abrindo espaços de expressão multiculturais entre muitas culturas em diálogo Querendo constituir bons encontros com as várias diversidades culturais trazidas pelos educandos ouvilos falar sobre estes mundos outros em suas expressões diversas daquelas mais familiares aos educadores e que impliquem em novas aprendizagens para os educadores O Discurso Pedagógico da Diversidade destaca a concepção humanista da igualdade do valor e da afirmação das diferenças na diversidade cultural de gênerosexo de capacidades e da relação entre diferençasemelhança pluralidade e identidade Isso demandará o acolhimento dos direitos à diferença o conhecimento das histórias e das culturas dos diferentes agrupamentos sociais que são os formadores as matrizes do Povo Brasileiro no antes e no depois da colonização portuguesa a abertura às estéticas oriundas das diversidades culturais brasileiras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 37 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 37 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 38 É uma grande mudança de concepção e que estará apoiada em novas tendências educativas Estão subjacentes a estas apreciações várias tendências educativas fruto da diversidade dos discursos na sua análise às realidades concretas educativas MARTINS 2006 p 84 Martins defende que na diversidade de discursos pedagógicos os indicativos à necessidade de uma educação especial para determinados coletivos ou grupos com deficiências ou necessidades de aceder ao currículo às diferenças linguísticas as metodologias adequadas a cada contexto etc O que pode ser apontado para o futuro da educação em uma perspectiva alimentada por um discurso pedagógico da diversidade é que poderá caminhar para muitos e diversos espaços enquadrandose no sentido de que cada vez mais o indivíduo realiza a sua aprendizagem ou aprendizagens em espaços diversificados O Discurso Pedagógico da Diversidade poderá oferecer novas perspectivas As respostas educativas enfoques dessas pedagogias inovadoras emergentes falam menos de igualdade e mais de liberdade de qualidade e competências para o desempenho profissional MARTINS 2006 p 89 Dando vozes aos que costumam ser obrigados a não argumentar com as suas próprias diversidades culturais ou seus modos de expressão trazendolhes novos capitais culturais novos conhecimentos acesso amplo as produções culturais da humanidade Os discursos são a favor do acesso à cultura e à educação das classes mais desfavorecidas da democratização escolar do desencadear de novos métodos e estratégias e conteúdo da compreensão crítica da realidade da educação social e cívica cidadania investigaçãoação e resolução de problemas de novos instrumentos metodológicos novos reportórios de técnicas do desenvolvimento de materiais de ensino específicos Humanities ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 38 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 38 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 39 Project de Stenhouse de novos modelos de ensino e de formação de professores novos espaços de aprendizagem da educação integral racional e científica formadora da conduta moral das cidades educativas e comunidades de vida da construção do conhecimento e do desenvolvimento da inteligência e criatividade de novos tipos de aprendizagem de experiências na comunidade etc MARTINS 2006 p 89 O discurso pedagógico da diversidade com seus olhares linguagens e abordagens diversidades de ideias temáticas perspectivas enfoques e tendências devem abrir espaço para novas e melhores práticas educativas Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Multiculturalismo e educaçãoem defesa da diversidade cultural Silva 2007 acessível pelo link httpsbitly2BHZHq5 Acesso em 19122019 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido que para reconhecer o Discurso Pedagógico da Diversidade é necessário entender as responsabilidades e adesões da escola e dos educadores sobre a importância de promover a diversidade nas atividades educativas Você percorreu pela história do Discurso Pedagógico Hegemônico desde a Idade Moderna e posteriormente foi capaz de entender sua diferenciação com o Discurso Pedagógico da Diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 39 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 39 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 40 Entendendo a introdução a educação étnicoracial Você será capaz de entender de um modo introdutório a Educação ÉtnicoRacial Isso facilitará a sua futura inserção em sala de aula desenvolvendo suas atividades educadoras para as diversidades das crianças OBJETIVO Entendendo a introdução a educação étnicoracial conceitos de etnia e raça Entendendo a introdução a Educação ÉtnicoRacial buscando conceitos de Etnia e Raça é importante para diferenciar e perceber a dessemelhança entre os conceitos de Etnia e Raça O fato é que a preocupação com uma Educação Étnico Racial traz o desafio de pensar em propostas curriculares que não neguem as nossas verdades étnicoraciais bastante fáceis de serem conhecidas através de saberes históricos sociais antropológicos bastante reveladores das nossas realidades ÉtnicoRaciais brasileiras Isso significa ter elementos suficientes para realizar um consistente combate ao racismo e as discri minações originalmente étnicoraciais É necessário que a escola e os educadores estejam dispostos a conhecer ideias que fortaleçam dentro dela e nestes professores sendo veiculadas aos alunos para que os conhecimentos novos operem a favor do desenvolvimento de valores atitudes e posturas capazes de educar cidadãos que tenham orgulho de seus pertencimentos étnicoraciais Sejam os descendentes de africanos povos indígenas descendentes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 40 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 40 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 41 de europeus de asiáticos para interagirem na construção de uma nação democrática em que todos igualmente tenham seus direitos garantidos BRASIL 2004 p02 bem como suas identidades valorizadas O termo Raça perpassa por uma conotação política usado em demasia no Brasil nas relações sociais brasileiras com objetivos de informar como determinadas características físicas como cor de pele tipo de cabelo entre outras influenciam interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira E posteriormente as populações negras brasileiras no âmbito de suas organizações e lutas políticosociais foram capazes de ressignificar o termo Raça passando a utilizálo com um sentido político e de valorização do legado deixado pelos africanos E o termo Étnico que aparece na expressão étnicoracial é usada para delimitar as verdadeiras reais e tensas relações relacionadas as nossas diferenças na cor da pele e traços fisionômicos o são também devido à raiz cultural plantada na ancestralidade africana que difere em visão de mundo valores e princípios das de origem indígena europeia e asiática O termo étnico então está associado e é imprescindível para delimitar que um dado sujeito pode até a mesma cor da pele que seu colega de sala de aula terem os dois o mesmo tipo de cabelo e semelhantes traços sociais e culturais que os diferenciem sendo estes dois educandos pertencentes as etnias diferentes Grupos étnicos são agrupamentos de pessoas portadoras de determinadas características marcantes de suas culturas carregando suas diferenças ancestrais linguísticas de valores de hábitos alimentares costumes e manifestações culturais E já Raça representa uma construção social usada para caracterizar os diferentes sujeitos montada em particularidades relacionadas a cor da pele ou marcas físicas O termo raça é sociológico e não biológico E podemos afirmar que todos pertencemos a raça humana Tal espécie humana teria surgido por volta de 350 mil ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 41 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 41 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 42 anos atrás no leste do continente africano Sendo assim somos ancestralmente todos africanos Entendendo a introdução a educação étnicoracial na realidade brasileira Entendendo a introdução a Educação ÉtnicoRacial na Realidade Brasileira será possível conhecer mais sobre nossas diversidades ÉtnicoRaciais e culturais Em um país fortemente marcado pela diversidade desde os primórdios nos tempos em que os Povos Originários chamavam o nosso Pais e a região da América do Sul pelo nome de Pindorama que significa terra livre dos males segundo os habitantes originários os povos tupis e guaranis E ainda a região da América era chamada de Abya Yala em língua do Povo Indígena Kuna significando a TerraViva ou Terra em florescimento Posteriormente já nos tempos da colonização portuguesa entre os primeiros estrangeiros que se tornaram moradores do Brasil e vieram de Portugal constavam pessoas como Jerônimo de Albuquerque conhecido como o Adão Pernambucano cunhado do administrador da Capitânia de Pernambuco sendo que Jerônimo e a sua irmã traziam as marcas das suas ancestralidades rramita muculmana muçulmanasemita negra présaaraniana e aqui no Brasil chegaram na condição de representantedo rei de Portugal Encontrando aqui no Brasil a filha do Cacique Arcoverde Tabajara do tronco linguístico Tupy com quem teve vários filhos que foram registrados e fizeram história como também seus inúmeros descendentes LIMA 2013 Mas nem tudo foi semelhante e pacífico ao encontro inaugural deste casal por volta do ano 1534 O Brasil contava com milhões de habitantes indígenas que foram mortos por não aceitar a condição de escravização O Antropólogo brasileiro e ExMinistro da Educação Darcy Ribeiro considera que no processo de Formação do Povo Brasileiro destacamse conflitos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 42 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 42 03022021 172745 03022021 172745 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 43 intensos entre índios negros e brancos Podese afirmar mesmo que vivemos praticamente em estado de guerra latente que por vezes e com frequência se torna cruento sangrento Entendendo a introdução a Educação ÉtnicoRacial com o objetivo de exercer o magistério em um país fortemente marcado por uma história intensa de dificuldades entre seus grupos Étnico Raciais na relação difícil de contatos entre diferentes etnias Inter étnicos é necessário desvelar os preconceitos revelar as impropriedades das falsas narrativas e entender as verdades profundas e que não podem ser caladas dentro das escolas Conflitos Interétnicos existiram desde sempre opondo as tribos indígenas umas às outras Mas isto se dava sem maiores consequências porque nenhuma delas tinha possibilidade de impor sua hegemonia às demais A situação muda completamente quando entra nesse conflito um novo tipo de contendor de caráter irreconciliável que é o dominador europeu e os novos grupos humanos que ele vai aglutinando avassalando e configurando como uma macro etnia expansionista RIBEIRO 1995 p168 Posteriormente chegaram africanos na condição indigna de escravizados em grande número proibidos de falar a própria língua confessarem a própria religião e obrigado a trabalhar em condições absolutamente terríveis martirizados ou supliciados perversamente Diante disso as consequências da colonização portuguesa e católica sobre as populações indígenas africanas e afro brasileiras foram cruéis e todas as Políticas Públicas Afirmativas de reparação oferecidas aos povos afrobrasileiros e indígenas são mínimas diante da monstruosa ação governamental seja nos tempos coloniais imperiais ou republicanos sobre estes povos e seus descendentes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 43 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 43 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 44 Figura 5 Congada Dança Brasileira nos Tempos Colônias Fonte Wikimedia Commons E foram produtoras de práticas racistas e preconceituosas capazes de construir e reiteradamente repetidas a partir de preconceitos frutos da ignorância que grupos étnicos tidos como superiores têm acerca da história das organizações e modo de vida daqueles considerados inferiores Um dos efeitos foi e continua sendo as intensas demonstrações de ódio de preconceito que circulam pela sociedade brasileira incluindo os espaços educacionais e atingindo as práticas pedagógicas por estarem dentro da cabeça de muitos professores presentes nos discursos e até nos livros criou um cenário em que o preconceito incutido na cabeça do professor e sua incapacidade em lidar profissionalmente com a diversidade somandose ao conteúdo preconceituoso dos livros e materiais didáticos e às relações preconceituosas entre os alunos de diferentes ascendências étnicoraciais sociais e outras desestimulam o aluno negro e prejudicam seu aprendizado MUNANGA 2005 16 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 44 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 44 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 45 Uma experiência de Educação ÉtnicoRacial necessitará trazer à sala de aula a diversidade de linguagens representativas na nossa formação étnicoracial brasileira em toda a sua completude para que os mais diversos sujeitos se sintam subjetivamente e culturalmente contemplados com direito à livre e autoral expressão suas diferenças étnicoraciais com a riqueza de suas manifestações distintas Lembrando e considerando na sala de aula que a questão do negro e a questão do índio embora do ponto de vista da tradição histórica assimilacionista e do processo hegemônico de integração social apresentem muitos pontos em comum também mostram profundas diferenças do ponto de vista do modo predominante de inserção na sociedade de classe das regulações da fabricação das identidades da natureza dos processos de subordinação e dos mecanismos com que são operados tanto no interior dos grupos como externamente BANDEIRA 2003 p 143 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Conceitos de gênero etnia e raça reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar Silva 2007 acessível pelo link httpbitly35gA60Q Acesso em 04072017 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido a entender de um modo ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 45 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 45 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 46 introdutório a Educação ÉtnicoRacial Isso facilitará a sua futura inserção em sala de aula desenvolvendo suas atividades educadoras Entendendo agora tanto os conceitos de Raça e Etnia bem como aspectos importantes sobre a Educação Étnico Racial na Realidade Brasileira Analisando os fundamentos legais para a educação das relações étnicoraciais Ao analisar os Fundamentos Legais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais você terá parâmetros para cumprir e propor Projetos Políticos Pedagógicos currículos metodologias e práticas educativas OBJETIVO As lutas populares pela redemocratização conduzidas pelo povo brasileiro indígenas povo negro organizado em movimentos povos do campo e lideranças comunitárias foram intensas antes e depois da promulgação da Constituição de 1988 Eram esperadas no conjunto de tantas reivindicações que ocorreriam reais mudanças na educação das relações étnico raciais brasileira O fruto das lutas está na redação e explicitação de que a Educação é um direito de todos no artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Definindoa como direito de todos e dever do Estado e da família a ser incentivada e promovida com colaboração de toda a sociedade dirigindo o desenvolvimento pleno da pessoa preparo para exercer plenamente a cidadania e a qualificação para o trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 46 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 46 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 47 Neste momento histórico quem seriam as crianças aleijadas do seu acesso e permanência na escola Quem seriam os reprovados ano após ano Eram aqueles que evadiam da escola por ter recebido um acento entre os que fracassaram nela muitas vezes sendo o 1º membro de famílias pobres e negras a frequentar uma escola Tratados como inaptos imputados por diagnósticos que os desabilitavam para a aprendizagem para aprender a ler escrever e os empurravam ou para uma sala especial ou para fora da escola com eles iam todos os sonhos de muitas gerações de seus antecedentes A Constituição Federal a constituição da redemocratização e cidadã lhes dá os direitos constitucionais de acesso e permanência com muito o que ser feito para mudar a realidade dentro das escolas garantindolhes o direito à educação e com a concretização deste direito fundamental ter respaldados a sua identidade cultural e de seus familiares a promoção a tolerância e o respeito com relação às suas diferenças étnico raciais BRASIL 1988 O Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 80691990 foi promulgado 1990 e estava relacionado às diretrizes internacionais constituídas pela Convenção dos Direitos da Criança da ONU em 1989 Representou grande mobilização de pais professores e comunidades No artigo 5º é garantido o direito as crianças ou adolescentes brasileiras de não serem atingidos por nenhuma forma de discriminação exploração negligência crueldade exploração violência e opressão com punições a qualquer atentado tanto por ação como por omissão dos seus direitos fundamentais Outro elemento significativo para a garantia da Educação ÉtnicoRacial no artigo 16 desta importante e valorosa lei respaldando o direito à liberdade participando da vida familiar e comunitária sem nenhum tipo de discriminação entre elas configuram as discriminações étnico raciais BRASL 1990 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 47 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 47 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 48 Um pouco mais adiante na nossa história os parâmetros curriculares nacionaisPCNs BRASIL1997 são diretrizes curriculares organizadas pelo Governo Federal para orientar as práticas educativas de todas as disciplinas curriculares da rede pública onde frequentam os estudantes mais empobrecidos e podia ser adotada sem obrigatoriedade pela rede privada de ensino brasileira A temática da diversidade étnicoracial apareceu tornouse como um tema transversal curricular ponto de ser contemplado em qualquer disciplina Logo de início o documento afirma que a educação deve ser voltada para a cidadania os vários termos como Ética Meio Ambiente Saúde Orientação Sexual Trabalho e Consumo e Pluralidade Cultural são tratados como temas a serem incorporados seguindo uma conexão entre a realidade social dos estudantes e saberes teóricos aos campos gerais do currículo ABRAMOVICH RODRIGUES CRUZ 2011 p 90 Já o Parecer 0172001 de 2001 do Conselho Nacional de Educação vai afirmar a conscientização do direito de constituição de identidade própria e o dever do reconhecimento da identidade do outro ambos engajados como o direito à igualdade e ao respeito às diferenças afirmando oportunidades diferenciadas o que quer dizer o direito a equidade tantas quantas forem necessárias com vistas à busca da igualdade O princípio da equidade reconhece a diferença e a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional BRASIL 200 p 11 Diante das históricas e complexas disparidades e discriminações que prejudicavam a escolarização da população negra brasileira o CNE Conselho Nacional de Educação com seu papel mediador entre o Estado os sistemas de ensino do Brasil resolve ouvir os antigos e inaudíveis apelos e mobilizações do movimento negro brasileiro para que a escola passasse a ser palco e contemplasse a diversidade social e étnicoracial afrobrasileira ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 48 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 48 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 49 Na atualidade o preconceito e a discriminação baseada em critérios étnicoraciais estão entre os principais motivadores da evasão escolar das pessoas negras A escola como uma instituição que reproduz as estruturas da sociedade também reproduz o racismo como ideologia e como prática de relações sociais que inviabiliza e imobiliza as pessoas inferiorizandoas e desqualificandoas em função da sua raça ou cor Buscando contribuir com a desconstrução desse processo em 2003 é promulgada a Lei Federal nº 10639 que institui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afrobrasileira e africana AGUIAR 2009 p 12 Isso foi materializado com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana BRASIL 2004 O Conselho Nacional de Educação CNE interpretou as determinações da Lei 10639 2003BRASIL 2003 que introduziu na Lei 93941996 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional BRASIL 1996 a obrigatoriedade do ensino de história e cultura AfroBrasileira e Africana As políticas inclusivas são aquelas voltadas para a redução das desigualdades sociais promovendo a universalização de direitos civis políticos e sociais estabelecendo a igualdade de fato As políticas públicas includentes não são formuladas como um benefício para um grupo em detrimento de outro mas sim para combater as discriminações que impedem o acesso aos direitos sociais em igualdade de condições por parte de grupos considerados em vulnerabilidade por terem uma história marcada pela exclusão e por desigualdades de condiçõesNUNES 2014 p 11 Tais DCNs para a Educação das Relações Étnicos Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 49 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 49 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 50 e Africana vão declarar que Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais civis culturais e econômicos bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileiraBRASIL 2003 p 5 Exigindo mudanças significativas que perpassam os discursos raciocínios lógicas gestos posturas modo de tratar as pessoas negrasBRASIL 2003 p 5 Determinando o conhecimento da história e cultura afro brasileira e africana para produzir o efeito de desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira mito este que difunde crença de que se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros é por falta de competência ou interesse desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para o negro BRASIL 2003 p 5 Estas novas determinações colocaram no núcleo de novos posicionamentos ordenamentos e recomendações a educação das relações étnicoraciais Deste modo conformou uma nova política curricular que passou a atingir no âmago do convívio trocas e confrontos em que têm se educado os brasileiros de diferentes origens étnicoraciais particularmente descendentes de africanos e de europeus com nítidas desvantagens para os primeiros Figura 6 Pintura da Festa de Nossa Senhora do Rosário Padroeira dos negros no Brasil feita pelo artistaalemão Rugendas em visita ao Brasil no Século XIX Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 50 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 50 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 51 Os Povos Indígenas os povos autóctones ou originários do Brasil foram às lutas por seus direitos nos tempos da redemocratização e que culminaram com as lutas por uma nova constituição Esta imensa dívida social do Estado Brasileiro com seus povos originários começa a ser equacionado com a Constituição de 1988 BRASIL 1988 É importante ressaltar que a constituição permite ao cidadão seus direitos à educação bilíngue já que são falantes da língua materna pertencente ao seu povo e da Língua Portuguesa ao acesso aos conhecimentos universais sem que isso despreze tais línguas e seus milenares saberes tradicionais Com relação a isso o artigo 210 assegurou o direito de empregar suas línguas maternas bem como seus processos de aprendizagem Assim a escola passa a ser por força deste preceito constitucional uma ferramenta de valorização e sistematização de seus mais diversos saberes e múltiplas práticas tradicionais e também o espaço de permanência de acesso e da obtenção de conhecimentos universais caminhando junto com a obrigatória valorização dos conhecimentos étnicos já que existem diversos povos indígenas no Brasil falantes de dessemelhantes línguas e que possuem culturas distintas Além da Constituição de 1988 anos depois para aqueles que já esperavam por quase 500 anos a Lei de Diretrizes de Bases da educação NacionalLBB 939496 BRASIL 1996 passou a reconhecer legalmente as diferenças e peculiaridades do diversos Povos Indígenas habitantes do vasto território nacional No seu artigo 78 é garantindolhes aos povos indígenas todos o direito e apoios que se fizerem necessários a recuperar suas memórias históricas a reafirmar suas identidades étnicas e a obter a valorização de suas línguas maternas e suas específicas ciências com a garantia do acesso às informações dos conhecimentos técnicos e científicos da nossa sociedade nacional além e do que for relativo as demais sociedades indígenas e nãoíndiasBRASIL 1988 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 51 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 51 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 52 Já Plano Nacional de EducaçãoPNE de 2001 BRASIL 2001 instituiu objetivos e metas especificas para o desenvolvimento da educação escolar indígena diferenciada que deverá ser intercultural bilíngue em língua materna indígena e na Língua Português do Brasil com garantia de qualidade Isso levou a criação de Cursos de Formação Superior para professores indígenas e que funcionavam nas férias das universidades públicas brasileiras Assim muitos professores indígenas formam e atuam nas suas aldeias espalhadas pelo Brasil Uma vitória inigualável para conseguir os objetivos firmados nestes marcos legais tão significativos focados na diversidade dos povos indígenas e nas suas mais diversas tradições culturais específicas caminhando na concretude da especificidade que é o ensino para crianças indígenas com seus direitos a diferença a interculturalidade conviver entre culturas diferenças e da manutenção de suas diversidades linguística pois longe estão os tempos coloniais em que eram proibidos de falar a língua materna e obrigados a falar a mesma língua do rei de Portugal além das suas culturas e histórias tão diversificadas Existe um longo caminho ainda para ser realizado entre indígenas e não indígenas na busca de um diálogo respeitoso e tolerante com relação aos povos indígenas e suas diferenças Os não indígenas precisarão aprender a valorizar e preservar todas as diversas culturas indígenas reconhecendo os povos indígenas seus direitos ao acesso e permanência a todos os níveis de escolaridade respeitando as suas histórias e culturas Como já citado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalLDB 939496 BRASIL 1966 foi adicionada a Lei 106392003 BRASIL2003 promovendo o ensino da História e Cultura Afrobrasileira Essa alteração foi regulamentada com a aprovação do Parecer nº 032004 do Conselho Nacional de Educação que estabeleceu Diretrizes Curriculares ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 52 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 52 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 53 Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana e da Resolução nº 1 de 17 de junho de 2004 O Parecer CNE CP nº 03 de 10 de março de 2004 indicou conteúdos a serem incluídos e também as necessárias modificações nos currículos escolares enquanto a Resolução CNECP nº1 detalhou os direitos e as obrigações dos entes federados frente à implementação da Lei 1063903 NUNES 2014 p 10 Anos depois foi necessário ampliar tal dispositivo legal contemplando os nossos povos originários os indígenas brasileiros com a promulgação da Lei 116452008 BRASIL 2008 Estas duas modificações provocadas na LDB trouxeram as lutas conjuntas dos povos afrobrasileiros e indígenas em prol do combate mútuo ao racismo que sofrem os negros e os indígenas desde os tempos da colonização brasileira já passados 120 anos da proclamação da República e do fim da escravidão São os ecos das lutas contra a discriminação as diversidades étnicaculturais de indígenas e negros configurando também em uma luta contra os desrespeitos aos direitos à educação das duas importantes matrizes da formação do povo brasileiro indígena e afrobrasileira A LEI Nº 11645 data de10 de março de 2008 modificou o artigo 26 da LDB BRASIL 1996 dando o seguinte novo texto Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio públicos e privados tornase obrigatório o estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena BRASIL 2008 Esclarecendo que o conteúdo programático terá que incluir diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir desses dois grupos étnicos tais como o estudo da história da África e dos africanos a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 53 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 53 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 54 a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional resgatando as suas contribuições nas áreas social econômica e política pertinentes à história do Brasil BRASIL 2008 p01 Fica esclarecido nesta modificação ao texto original da LDB BRASIL 1996 que os conteúdos alusivos à história e cultura afrobrasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira BRASIL 2008 p01 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena publicada em junho de 2012 garante como princípios da especificidade da Educação Escolar Indígena os esforços no bilinguismo e multilinguíssimo da organização comunitária e da interculturalidade fundamentem os projetos educativos das comunidades indígenas valorizando suas línguas e conhecimentos tradicionais BRASIL 2012a p 3 Isso implica em trazer para a escola algo já existente desde bem antes da colonização portuguesa a coexistência de mais de uma língua falada por crianças e adultos os modos distintos de organização comunitária dos diferentes povos indígenas e os conhecimentos tradicionais que são veiculados pela oralidade Levando em conta as dimensões biopsicossociais culturais cosmológicas afetivas cognitivas linguísticas Diante disso exigiuse a formação de professores indígenas para assegurar um ensino e pedagogias harmônicos com as formas próprias destes povos produzirem conhecimentos Bem como a relevância da pesquisa e da elaboração de materiais didáticos adequados para trazer a qualidade sociocultural que permita aos povos indígenas nos termos preconizados pela LDB a recuperação de suas memórias históricas a reafirmação de suas identidades étnicas a valorização de suas línguas e ciências ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 54 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 54 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 55 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola publicada em novembro de 2012 BRASIL 2012b tocam na Educação Escolar Quilombola a ser oferecida as crianças adolescentes e jovens quilombolas remanescentes de antigos grupamentos de populações africanas e afrobrasileiras que se organizaram ao longo da cruel história da escravidão brasileira em comunidades rurais para resistir e viver nas suas lutas pela liberdade Tais diretrizes demandam a organização do ensino a ser ministrado nas escolas baseando se na memória coletiva e línguas reminiscentes bem como em marcos civilizatórios práticas culturais acervos e repertórios orais festejos usos tradições e demais elementos que conformam o patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o país BRASIL 2012 p 26 Tais diretrizes para a escola quilombola e para os povos quilombolas espalhados pelo país requerem o ensino currículo e o projeto políticopedagógico em constante diálogo com a realidade dos povos quilombolas Estas demandam que a Educação Escolar Quilombola contemple ao longo das suas etapas e modalidades a cultura as tradições a oralidade a memória a ancestralidade o mundo do trabalho o etnodesenvolvimento a estética as lutas pela terra e pelo território Isso significa trazer para o cotidiano das crianças quilombolas na escola a presença constante de inúmeros saberes que estão presentes e agem na vida social de todos os povos quilombolas brasileiro Já a Base Nacional Comum CurricularBNCC BRASIL 2018 trata da necessidade de pensar os planejamentos curriculares focando na equidade e na reversão da histórica situação de exclusão histórica de grupos como os povos indígenas originários e as populações das comunidades remanescentes de quilombos e demais afrodescendentes e as pessoas que não puderam estudar ou completar sua escolaridade na idade própria BRASIL 2018 p 1516 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 55 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 55 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 56 Na nossa BNCC BRASIL 2018 a Educação Escolar Indígena para acontecer nas escolas localizadas dentro das Terras Indígenas deverá garantir competências específicas baseadas nos princípios da coletividade reciprocidade integralidade espiritualidade e alteridade indígena a serem desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e propostas pedagógicas Isso significa assegurar uma educação intercultural considerando nas ações educativas o respeito e a presença em sala de aula das cosmologias visões de mundo dos vários povos indígenas brasileiros das suas lógicas dos seus valores e seus princípios pedagógicos A BNCC BRASIL 2018 recomenda que as propostas pedagógicas considerem a existência de atividades educativas que envolvam a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local regional e global preferencialmente de forma transversal e integradora BRASIL 2018 p 17 Configuram entre estes temas entre outros a educação em direitos humanos amparada no Decreto nº 70372009 Parecer CNECP nº 82012 e Resolução CNECP nº 1201221 E a educação das relações étnicoraciais e ensino de história e cultura afrobrasileira africana e indígena Leis nº 106392003 e 116452008 Parecer CNECP nº 32004 e Resolução CNECP nº 1200422 BRASIL 2018 p 1920 Todos os Fundamentos Legais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais construídos no Brasil desde os tempos da redemocratização são frutos de lutas intensas do povo brasileiro negro e indígena Devem e podem estar presentes aos currículos de governos e escolas Precisarão constar nos cotidianos das atividades escolares E assim sendo demandam a formação de educadores conscientes de tais legislações que as respeitem e as cumpram na exatidão em que elas formam escritas Movidos por sentimentos de respeito e adesão históricos e culturais e de cumplicidade coma tais histórias e as culturas dos Povos Indígenas e afrobrasileiros do nosso país ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 56 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 56 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 57 UNIDADE 02 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 57 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 57 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 58 Caro aluno pensar a educação na perspectiva da das relações raciais é estar comprometido com um projeto de sociedade de homem e de mundo que contemplem todas as pessoas buscando a igualdade de oportunidades consideradas as diferenças e necessidades específicas necessárias Considerar que muitas desigualdades e exclusões que se constituíram historicamente só poderão ser mudadas e ressignificadas com ações específicas alterando o curso da história Você estudará na Unidade 2 O Contato com o Outro Histórias Culturas e Sociedades Africanas Afrobrasileiras e Povos Indígenas do Brasil Reconhecendo o contato com a realidade de outro definir o Outro e nomear o Outro Preparado Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 58 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 58 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 59 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 2 O Contato com o Outro Histórias Culturas e Sociedades Africanas Afro brasileiras e Povos Indígenas do Brasil Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Reconhecer o contato com a realidade de outro Histórias culturas e Sociedades Africanas Literatura Arte língua e Cultura Africanas e Afrobrasileiras 2 Definir o Outro O Negro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais Contribuições da Matriz Africana nas Artes Brasileiras e Resistência Negra no Brasil 3 Entender o Contato com a Realidade do Outro Histórias culturas e Sociedades Ameríndias e os diversos Povos Indígenas do Brasil Culturas Indígenas no Brasil Literatura Arte língua e Cultura Indígenas Brasileiras 4 Compreender o Outro Os Povos Indígenas na Sociedade Brasileira as Relações Raciais Contribuições dos Povos Indígenas nas Artes Brasileiras e Resistência Indígena no Brasil Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 59 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 59 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 60 Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras Ao término deste capítulo você será capaz de reconhecer o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afro brasileiras bem como você será capaz de definir o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e resistência negra no brasil em seguida você será capaz de relembrar o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileirasPor último você será capaz nomear o Outro Os Povos Indígenas na Sociedade Brasileira as Relações Raciais Contribuições dos Povos Indígenas nas Artes Brasileiras e Resistência Indígena no Brasil E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Reconhecendo o contato com a realidade de outro e o conceito de alteridade Você reconhecerá o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras constituirá um percurso afirmativo para o entendimento de nossa sociedade profundamente marcada pela presença da matriz africana e afrobrasileira ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 60 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 60 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 61 Ao reconhecer este contato você já afirma o quão diferente e dispare é com relação a sua realidade E fica uma indagação Como você estabelece suas relações com o Outro sendo você alguém que recebe sentidos da sua realidade social e ao mesmo tempo produz sentidos Reflita quais são as relações que você costuma estabelecer com o outro aquele sujeito bem distinto de você E como a cultura que você pertence vê o entendimento do outro É difícil O certo é que muitas pessoas reclamam e não são incomuns as dificuldades de lidar com a existência do outro Que tipos de dificuldades são essas Dificuldades essas que abrangem a compreensão que se tem do que se denomina como outro a gama de especificidades das relações que estabelecemos com o outro por vezes ausente ou negado em sua condição de sujeito e o conjunto de ideias noções e significados subjacentes à percepção imediata que temos do outro SANTOS 1999 p 375 Você já tem conhecimento de que a nossa realidade brasileira é constituída por inúmeros grupos formados por diferentes culturas Saiba que não são todos os grupos submetidos às mesmas relações de poder Devem ser respeitados mesmo que intensamente desiguais da cultura em que você cresceu e vive Estas matrizes de formação do povo brasileiro foram fazendo seus encontros com muitos conflitos estabelecendo relações desiguais de poder e situados em três momentos da história do Brasil a colonização a construção do Brasil nação e a República Isso estruturou no Brasil um processo de construção das representações da alteridade tentando apreender a dinâmica do desejo e do medo da diferença que estão na base da construção do outro e de si mesmo Significando que as nossas diferenças foram dificultando contatos entre as nossas alteridades e estabelecendo e aprofundando hostilidades Para um melhor entendimento é importante lembrar que alteridade é aquela posição circunstância ou ainda a qualidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 61 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 61 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 62 que é constituída por meio de relações de diferenças de contrastes e de distinções Alteridade é produto de duplo processo de construção e de exclusão social que indissoluvelmente ligados como os dois lados de uma folha mantêm sua unidade por meio de um sistema de representações JODELET 1999 p 47 É bom lembrar que a alteridade só pode ser analisada tendo como pano de fundo as condições que estruturam as relações sociais em um contexto plural Devemos ficar atentos na sala de aula sobre as injustas representações que alimentamos entre os alunos ou nos calamos às elas Elas podem ser produtoras de exclusões sociais E no caso particular das escolas podem produzir evasões das crianças As nossas dificuldades de conviver com as diferenças as alteridades aquilo que o outro é diferente de mim pode e deve ser entendido a partir das necessidades coletivas de tão distintos sujeitos que somos nós os brasileiros entre nós mesmos E devem ser solucionadas É necessário que cada professor reflita sobre o seu papel social e procure distinguir a alteridade de fora aquilo que é distante é exótico como determinadas comidas de alguns povos em relação aos outros povos de outras culturas E aquela outra a alteridade de dentro aquelas diferenças que surgem dentro de uma mesma cultura ou grupo social A alteridade anda junto com a noção de ipseidade que é aquele caráter que perpetra com que o indivíduo seja ele mesmo e distinto de todos os outros remetendo a uma distinção antropologicamente originária e fundamental a distinção entre o mesmo e o outro Estabelecendo assim uma relação de identidade em cada indivíduo Desde crianças estamos construindo uma noção de alteridade apoiados no outro assim fomos elaborando as nossas identidades assentadas em relações intersubjetivas E é a intersubjetividade que consente a existência do ato significante ao mesmo tempo em que de outro lado previne o totalitarismo de interpretações simbólicas que se propõem únicas ou capazes de exaurir o objeto com a versão que propõem Você precisa aceitar a diferença do outro ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 62 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 62 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 63 É necessário ficar atento as adversidades trazidas pelo individualismo que ainda que traga responsabilidade autonomia e liberdade reduz a vida social ao isolamento solidão discórdia e angústia Considerase que uma saída apreciável poderá ser a compreensão da ética da alteridade em aliança com o lazer Já que a ética da alteridade é ferramenta para transmutar e transgredir todas as amarras impostas pela sociedade da moral estabelecida e das culturas fechadas em si mesmas Isso acontecerá pelo fato de a Ética da Alteridade consentir na entrada em mundos outros e dos outros com suas distintas belezas poéticas abrindose a encontrar novos modos de viver e novas narrativas encantando se com elas ou pelo menos aprendendo a respeitálas O que deve ser evitado na escola nas ações educativas com os tão distintos educandos é pensar que o outro não significa ou pouco significa para nós Pois ele não faz parte de nós é um estranho um alienígena Ele é o índio o negro a mulher o excluído Eu o explico eu o domino eu o exploro E mais sou eu que decido quando há dominação quando há compreensão quando há exploração GUARESCHI 1999 p 159160 E já outro autor Moreira 1982 considera que a ética da alteridade é a ilimitada responsabilidade que cada um de nós possui com relação à vida do outro permitindo que as nossas diferenças possam dialogar Porém é necessário abrir as conexões para permitir que o contato com o outro não seja praticado com a destituição da singularidade da identidade da verdade e de tudo o que o outro é com relação as minhas diferenças O que é necessário evitar é isso Eu convidoo eu doulhe as boasvindas ao meu lar sob a condição de que você se adapte às leis e normas do meu território de acordo com a minha linguagem tradição memória etc Os educadores deverão fugir de tendências que se apoiam em representações do Povo Brasileiro e suas matrizes africana ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 63 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 63 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 64 afrobrasileira e indígena montadas em depreciálos e deturpar suas diferenças Rompendo com antigas visões datadas por discursos racistas voltados para a supremacia branca em um país profundamente tocado pelas marcas destas matrizes juntamente com a matriz europeia nem toda ela 100 branca É interessante refletir aprender e rebater racismos e preconceitos As sucessivas gerações formadas por uma pedagogia higienizada produziram o indivíduo urbano de nosso tempo Indivíduo física e sexualmente obcecado pelo seu corpo moral e sentimentalmente centrado em sua dor e seu prazer socialmente racista e burguês em suas crenças e condutas finalmente politicamente convicto de que a disciplina regressiva de sua vida depende a grandeza e o progresso do Estado brasileiro COSTA 1983 p 214 As relações sociais nos influenciam em conjunto com a nossa vontade de conhecer o mundo ao mesmo tempo em que nos reconhecemos Lidar com as diferenças envolvem desejo Nosso desejo é que vai definir os modos como a nossa sociedade opera com a intrigada rede de relações humanas que permite tanto a construção dos saberes como dos sentidos eles próprios são atividades cruciais para sustentar a formação de identidades sentimentos de pertença e o sentido de comunidade Isso acontece ao Ego eu e ao Alter outro Duveen 1998 defende que o mundo em que as novas gerações acessam é articulado ao redor de diferenças e valorizações delas agindo para estruturar e influenciar as representações que eles tenham da realidade e dou outro Tais representações sobre como perceber a realidade e o outro aparecem antes da consolidação de suas identidades tais identidades são apoiadas em tais representações A identidade seria uma luta para conseguir reconhecimento e necessita da construção da alteridade Então funcionaria assim A identidade da criança e seu eu é entendida como diferenciação do outro representa a construção da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 64 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 64 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 65 diferença Sendo que a relação com o outro acontece por coação forçada hierarquizada um é superior ao outro ou pela cooperação construção coletiva interação a diferença é vista como produtiva para a criança DUVEEN 1998 Por tudo isso é necessário Olhar o rosto do outro e ter o rosto do outro como referência significa cuidar e considerar o alter outro como diferente do mesmo Daí o termo Alteridade Cuidar do outro ter infinita responsabilidade para com o outro é fugir da pretensão do mesmo e abrir se para a revelação do outro para a manifestação do outro para a expressão do outro e portanto escapar das redes de dominação É igualmente aceitar o diferente e ir ao encontro dele E ter como princípio ético o encontro com aquele que não sou eu em uma situação sempre de liberdade e diálogo MOREIRA JUNIOR2018 p29 Veja dependendo do contexto em que você está inserido vai surgir uma demanda relacionada à sua identidade O que não significa que você vá realizar tal esperada demanda Você poderá agir em suas tarefas cotidianas afirmandoa ou contrariandoa Isso significa que os rituais sociais presentes na sociedade servem para reatualizar uma identidade pressuposta ou seja já inscrita no contexto em que você vive Assim acontece nas festas E que solicita que você aceite as prescrições das condutas corretas reproduzindo as ações determinadas no seio da sua realidade social O que acontece é que aparentemente a identidade de uma pessoa pode parecer tão intrínseca tão grudada a pele da pessoa que nem existem outras formas de identificação a posição de mim o eu serposto me identifica discriminando me como dotado de certos atributos que me dão uma identidade considerada formalmente como atemporal Mas não é assim tão natural A identidade é cultural e social ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 65 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 65 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 66 Quando você está inserido nas suas relações sociais com o outro o que ocorre é que você se representa e tal representação adota um sentido tríplice 1 Você se representa 2 ao se representar exerce papéis relacionados aos condicionamentos por exemplo você é vizinha dos seus vizinhos e tal representação costuma ocultar outros elementos que constituem a sua totalidade e 3 à medida que você se representa repõe a sua identidade pressuposta implícita a você Sendo assim sua identidade é constituída por muitas representações que você faz de si mesmo que repomos daquelas representações que nos são esperados e pelas representações dos papéis a que estamos determinados A identidade nunca é estática sempre ocorrendo no seu próprio processo de produção Funciona assim Ser não estático é Ser é Estar Sendo Enfim identidade é movimento Identidade é metamorfose E sermos um e outro para que cheguemos a ser um numa infindável transformação Todo educador deve ficar atento a necessária tarefa de apreender os diversos patamares que se estabelecem nas relações com o outro os diferentes graus de proximidade desse outro numa realidade social Aquele que não é o mesmo que nós pode ser apenas diferente mas próximo ou constituirse como um alter em sua forma mais extrema e alienante como é no caso do racismo e certamente de todas as formas de exclusão social SANTOS 1999 p 377 Os Educadores devem sempre estar atentos a relação entre o ego eu e o alter outro e que demanda que tais educadores fiquem atentos e sejam receptivos as dessemelhantes formas de sociabilidades fora da escola de dentro da escola entendendo e permitindo as diversidades de manifestações culturais respeitando as sociedades em que os educadores vivem e partindo destas realidades para conduzir seus aprendizados Respeitem as diferenças Já que são as pertenças grupais que sustentam os processos simbólicos e materiais responsáveis pela construção da alteridade Disso ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 66 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 66 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 67 decorre a necessidade de se estudar a alteridade sempre levando em consideração os níveis interpessoais e intergrupais SANTOS 1999 p 376 Tais construções de diferenças que não devem ser menosprezadas foram elaboradas historicamente têm como alicerce projetos políticos econômicos sociais e culturais Muitas vezes interagimos ou nos negamos a interagir com o outro a partir das representações errôneas que temos sobre eles Perdemos bons encontros Estas representações vieram de visões hegemônicas produzidas pelos colonizadores irreais injustas racistas e que precisam ser evitadas pelos educadores A construção da alteridade e do mesmo se move ao compasso das conjunturas históricas Somos histórica e culturalmente constituídos Submetidos e submetemos as novas gerações a um trabalho cognitivo e afetivo constante de construção e reconstrução das representações expressando relações de poder desiguais conflitos de interesse e valores vigentes a cada época Cada educador no seu cotidiano dentro da escola precisa refletir sobre a necessidade de reconhecimento do outro como um ser de desejos de projetos e perspectivas próprias O outro não se esgota no conjunto de significados construídos pelo euSANTOS 1999 p 378 Isso significa que por mais que um educador seja autoritário só veja o mundo pela sua própria perspectiva expressandose sob os olhos de sua própria realidade social classe social e as representações historicamente construídas repletas de preconceitos nada impedira que o alter outro seja ele próprio realize sua própria resistência Isso fica evidente quando se trata de definir o contato com o Outro percorrendo as Histórias Culturas e Sociedades Africanas Afro brasileiras Ameríndias e os Povos Indígenas do Brasil Não podemos contestar que a inserção predominante do negro na sociedade de classe se deu primordialmente como trabalhador analfabeto estigmatizado pelo legado da escravidão com pouca ou nenhuma qualificação Isso criou uma representação dos negros ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 67 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 67 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 68 brasileiros repletas de preconceitos Há uma exceção historicamente comprovada configurada por outro modo de inserção dos negros como pertencentes a comunidades negras rurais que na transição do trabalho escravo para o trabalho livre estranharam o modelo e contestatoriamente procederam a sua inserção como grupo social e culturalmente diferenciado Já com relação aos indígenas a inserção do índio nesta mesma sociedade de classe aconteceu de um modo diferente Os modos de inserção dos diversos Povos Indígenas foram como grupo etnicamente diferenciado de fora para dentro eou de dentro para fora A inserção de índios como trabalhadores embora ocorrendo não se constituiu em tendência vultosa Aos outros distanciados dos seus modos de viver sentir pensar comer dançar amar além do seu estranhamento com tantas diferenças não poderão ser oferecidos o racismo em suas mais diferentes todas dolorosas demonstrações O racismo é uma forma de etnocentrismo todavia associado mais diretamente à visão biologizada do evolucionismo social O etnocentrismo e o racismo desumanizam inferiorizam BANDEIRA 2003 p 144 É bastante descabido produzir expressões de racismo em sala de aula ou permitir que as crianças o façam Nenhuma explicação etnocêntrica ou seja que tenta produzir um sentido de verdade para algo inverídico afirmando que um povo é superior a outro Já que não é Não configura verdade científica qualquer supremacia racial O racismo comporta porém uma dimensão sutil de repulsão que o etnocentrismo generalista necessariamente não comporta Embora o termo étnico índio assim como o termo negro tenham sido socialmente cunhados para apagar diferenças entre os diversos povos americanos e africanos tornando os um classificador de fração de classe o índio concreto é de modo geral associado a uma etnia particular sua pertença a um povo é reconhecida BANDEIRA 2003 p 144 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 68 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 68 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 69 Então no contato com os outros é necessário conhecê los em tudo o que são de verdade Foram povos africanos de países diferentes culturas distintas e línguas diferenciadas que aportaram forçadamente aqui naqueles navios Foram e são Povos Originários diversificados em línguas em suas culturas que foram reduzidos a denominação índios pelo fato de algum colonizador julgar que havia chegado à Índia ao chegar às terras brasileiras É necessário ir em busca do reconhecimento da diferença étnica potente o suficiente para permitir o verdadeiro reconhecimento de pertencimento cultural de um determinado povo O termo caboclo se aproxima do ponto vista social cultural e político do termo negro Ambos desenraizam despojam e subtraem dos atores sociais concretos tradições valores e práticas de suas culturas ancestrais Reconhecendo o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras Você reconhecerá ao final da leitura o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas bem como a literatura arte língua e cultura africanas e afro brasileiras tal contato com tão vasta contribuição desta matriz formadora do povo brasileiro será um mergulho necessário e salutar na sua formação docente É importante refletir que nas políticas educacionais voltadas para realizar integração democrática das diversidades algumas deverão contemplar problemas comuns à questão do negro e à questão do índio outras deverão contemplar especificidades próprias de cada grupo Isso será decisivo para a formação de novas mentalidades assentadas na realidade étnicocultural brasileira e com um efeito reparador às contribuições do negro africano vindos de diversas realidades e regiões do continente africano ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 69 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 69 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 70 As práticas e os valores culturais dos negros foram incorporados como produção nacional popular reduzindo a diversidade dos afrobrasileiros à diferença racial socialmente estigmatizada É inegável a herança africana está em suas marcas firmes e vivas nos modos de sentir pensar sonhar e agir de certas nações do hemisfério ocidentalSILVERIO 2013 p7 Isso é perceptível nos Estados Unidos Brasil Caribe entre outras partes em que se deu a diáspora africana lugares onde os africanos vieram viver e permaneceram escravizados É certo afirmar que tais marcas culturais africanas influenciaram as culturas de países como o Brasil e fundamentaram fortemente as identidades culturais que circulam por este país póschegada do colonizador português O século XX foi marcado pela busca de significação histórica desta grande influência cultural das culturas africanas entendidas através da história africana Passou a ser um erro histórico narrar a nossa história com olhos voltados aos nossos preconceitos frutos do etnocentrismo não dedicando espaço a história verdadeira destes encontros entre a África e o Brasil Diante disso a história da áfrica comprova que o continente africano foi o berço de inúmeras civilizações A Civilização Egípcia alguns esquecem estava no continente africano Fora isso existiram pungentes Impérios Foram abafados pelos ocidentais que os africanos criaram inúmeras complexas e originais formas de governo Algumas eram fundamentadas em uma ordem genealógica clãs e linhagens Atualmente coexistem governos republicanos e clãs como no Reino de Ghana difíceis de compreensão para os nossos fracassados modelos coloniais e imperiais E existiram formatos governamentais avançados anterior a chegada dos europeus para agir na perversa colonização e escravização dos povos africanos eram os exemplares e notáveis processos iniciativos com a existência de classes de idade montados através de chefias organizados por diversificadas unidades políticas Ganha destaque o Império de poderoso de Aukar ou Império de Ghana século IVMELO BRAGA 2010 Seus ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 70 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 70 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 71 poderes foram contidos somente por volta do ano 1011 século XII pelos Povos Bérberes chamados de Bárbaros por não se submeterem aso comandos de outros povos Tais povos os Almorávidas irão até a Península Ibérica Já no século IV aC existiam grandes chefias Estados tradicionais entre elas configurava a primeira dinastia de Gana Já as escavações comprovam a existência de uma arte cerâmica de Nok Nigéria entre os séculos V aC ao II século dC demonstrando o seu apogeu e complexidade SALUM1999 Assim os importantes impérios de Gana e Mali entre outros existiram lá na África ocidental no exato momento da Idade Média europeia que vai acabar no século XV Outros reinos localizados para os lados oriental e central africanos como os Lunda e Luba realizaram entre eles suas disputas entre os séculos XVI e XIX com seus poderes análogos aos estados monárquicos ou imperiais Além disso o reino do kongo desenvolveu suas táticas e relacionamentos externos desde o século XIII Esta ideia de que a colonização falsamente difundiu e que descobriu um outro mundo selvagem onde só viviam tribos em guerra nômades subdesenvolvidos são construções a serviço dos interesses europeus na região africana História semelhante é sempre recontada com relação aos povos ameríndios os povos originários e que já viviam na América antes dos europeus aportarem aqui Dizer que tais povos não tinham suas histórias para contar são injustas mentiras A África tradicional anterior aos processos de colonização europeia e a vinda de povos africanos ao Brasil era diversificada e independente carregando suas distinções sociais econômicas e culturais pelo vasto território No bojo do projeto capitalista organizado pelos países que colonizaram forçadamente a África estava um projeto de desqualificar seus saberes suas ciências seus conhecimentos suas culturas e suas línguas E difundindo narrativas que os qualificam como lugares inóspitos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 71 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 71 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 72 tórridos improdutivos repletos de povos vivendo como bárbaros sem cultura sem história própria e incivilizados Isso tudo foi alimentado pelo discurso do etnocentrismo do século XIX É necessário pois ver de que História e de que Civilização se trata Isso tudo a favor de um projeto imperialista liberal e colonial para fazer engrenar o capitalismo montados nas ideias veiculadas na Era Moderna no século XVI com as grandes invenções e as grandes navegações Os Povos Africanos que vieram viver no Brasil Colônia na condição de escravizados eram de diversas origens Uma parte deles vieram da África Ocidental Eram povos sudaneses eou iorubas nagôs ketus egbás gegês ewês fons fantiashanti genericamente conhecidos como mina povos islamizados mandingas haussas peuls SILVÉRIO 2013 p 13 O autor afirma ainda que outros povos africanos que vieram para o Brasil eram originários da África Central foram os Povos Bantos eram os bakongos mbundo ovimbundos bawoyo wili isto é congos angolas benguelas cabindas e loangos Também vieram ao Brasil africanos provenientes da África Oriental eram chamados de moçambiques Eles chegaram foram instalados nesta condição de escravizados e foram imprimindo as suas marcas culturais constituindo a gênese das culturas negras brasileiras apesar da destituição ampla subjetiva e social impostas pela escravização Não eram estrangeiros fugindo de alguma calamidade guerra ou fome Eram pessoas obrigadas a sair de suas casas dos seus países abandonarem suas línguas na condição degradante de escravizados Os povos sudaneses eou iorubas deixaram suas marcas culturais e influenciaram a história a partir da Bahia pelo Norte e Nordeste do Brasil Eram suas características o culto aos orixás a realização de cerimônias de iniciação a prática de ritos mágicos música e dança rituais a elaboração de esculturas em madeira em metais e outros trabalhos manuais como por ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 72 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 72 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 73 exemplo instrumentos musicais A cultura iorubana é apontada ainda como fonte de influência ao nosso léxico SILVÉRIO 2013 p 13 Foram mais de quatro milhões de negroafricanos para alguns estudiosos e para outros eram mais ainda que chegaram no Brasil ao longo de bem mais de três séculos consecutivos No decorrer do século XVI a Bahia configurava o maior núcleo português Havia trinta e tantos engenhos movidos por 3 ou 4 mil escravos negros e 8 mil índios Nessa proporção o componente negroafricano iria aumentar cada vez mais Já os Povos Africanos Bantos foram instalados nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e eles ficaram notabilizados pelo fato de uma das suas línguas quimbundo ser incorporada ao nosso português do Brasil E ainda por festas coroação dos reis danças que emulam a caça e a guerra carnaval festas do boi folcloreesculturas em madeira confecção de objetos domésticos etc Além destes aspectos culturais e linguísticos apontados acima ressaltando o fato de sermos o povo brasileiro que somos carregando elementos constitutivos de tais culturas africanas os africanos que vieram morar no Brasil nos longos e terríveis tempos da Colonização Portuguesa tiveram seus protagonismos na dimensão sociopolítica e não religiosa e messiânica das revoltas do século XIX Outro aspecto importante das novas pesquisas é a identificação da forte presença de afrobrasileiros nesses movimentos Os descendentes destes africanos e nascidos no Brasil comprovam que juntos aos escravizados não fugiram das lutas em prol das necessárias e justas mudanças sociais na história do Brasil Seus descendentes os afrodescendentes os afrobrasileiros o povo negro brasileiro organizado em seus movimentos prosseguem nas lutas Além disso é inegável que os africanos e seus descendentes desenvolveram no Brasil forte farmacopeia com seus fazeres e saberes tradicionais junto à manipulação de ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 73 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 73 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 74 plantas medicinais e condimentares em comunidades quilombolas eou afrobrasileiras como um patrimônio cultural ehoje se avalia seu uso e importância na atenção básica à saúde Destacaramse na literatura algumas importantes mulheres negras entre os séculos XIX e XXI Maria Firmina dos Reis maranhense nasceu em 1825 com diversas publicações entre elas o romance Úrsula Era abolicionista e escreveu o livro A Escrava em que reforça postura antiescravista da personagem Maria E foi compositora do hino da abolição da Escravatura HINO À LIBERDADE DOS ESCRAVOS Autoria de Maria Firmina dos Reis Salve Pátria do Progresso Salve Salve Deus a Igualdade Salve Salve o Sol que raiou hoje Difundindo a Liberdade Quebrouse enfim a cadeia Da nefanda Escravidão Aqueles que antes oprimias Hoje terás como irmão Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914 e morreu em 1977 afirmava que nos momentos em que passava fome em vez de xingar alguém preferia escrever Lá na favela do Canindé na zona norte de São Paulo onde era catadora e costumava narrar sobre sua realidade em papéis encontrados no lixo Até que publicou o seu livro Quarto de Despejo Diário de uma favelada em 1960 com narrativas sobre as discriminações que as mulheres negras empobrecidas e faveladas passavam Ainda foram lançadas outras obras dela Casa de Alvenaria Pedaços de fome e Provérbios Além de obras póstumas Diário de Bitita 1977 Um Brasil para Brasileiros 1982 Meu Estranho Diário 1996 Antologia ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 74 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 74 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 75 Pessoal 1996 Onde Estaes Felicidade 2014 Meu sonho é escrever Contos inéditos e outros escritos 2018 Entre tantas outras escritoras negras de ontem e hoje ressaltase Conceição Evaristo Doutora em literatura Ela começou a publicar poemas em 1990 e continua ativa Ela nasceu em uma favela na capital mineira Escreveu a obra Olhos dÁgua 2014 Ponciá Vicêncio 2003 e o Becos da Memória 2006 Poemas da Recordação e Outros Movimentos 2008 Nesta obra mais recente Olhos Dágua Conceição Evaristo apresenta narrativas em 15 contos entrelaçados com histórias de mulheres e homens negros e as lutas deles com diversos tipos de violência e depreciação sofridos na sociedade EVARISTO2016 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Conceição Evaristo Encontros de Interrogação 2015 Depoimento gravado durante o evento EscritoraLeitora em maio de 2015 no Itaú Cultural em São PauloSP No link httpsbitly2UpdI2t SAIBA MAIS Com as suas leituras até este momento você reconhecerá o contato com a realidade de outro Histórias culturas e Sociedades Africanas Literatura Arte língua e Cultura Africanas e Afrobrasileiras Na primeira parte será possível reconhecer o contato com a realidade de outro e o conceito de alteridade para conseguir entender o outro africano em suas diferenças E na parte final você será capaz de reconhecer o contato com a realidade de outro através das Histórias culturas e Sociedades Africanas Literatura Arte língua e Cultura Africanas e Afrobrasileiras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 75 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 75 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 76 Figura 1 Carolina de Jesus autografa seu livro Quarto de Despejo em 1960 Fonte wikipedia commons Definindo o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e a resistência negra no Brasil Definindo o Outro os negros na sociedade brasileira nas relações raciais nas contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e na resistência negra no Brasil virão muitos elementos para você definir o papel do negro no Brasil dos tempos coloniais aos dias atuais OBJETIVO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 76 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 76 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 77 É inegável o papel gigantesco que os africanos e os afro brasileiros trouxeram e trazem para a formação do povo brasileiro nas nossas história e cultura Tratando da história do Brasil a população negra seja em condição de escravizado chegando ao Brasil tendo partindo do continente africano e sendo provenientes de vários países passando por longos períodos sob a condição indigna de escravizados lutando pela libertação Ou seja a história de seus descendentes na mesma condição escravizado ou libertos empreendendo as suas lutas por liberdade e direitos batalhas diárias até hoje Lutaram e lutam pelo reconhecimento de seus direitos negados pelo longo período em que durou a escravidão no Brasil A África no período colonial brasileiro possuía inúmeras línguas como ainda continuam existindo Comparados aos indígenas brasileiros os autóctones os que já habitavam aqui anteriores a chegada dos portugueses podese até entender que os africanos seriam mais homogêneos no plano da cultura os africanos variavam também largamente nessa esfera Tudo isso fazia com que a uniformidade racial não correspondesse a uma unidade linguísticocultural Eram diversas as culturas dos africanos Os africanos constituíam uma consolidada diversidade linguística e cultural Rapidamente os poderes locais e os que manipulavam o tráfico de escravizados consideraram útil aos fins mercantis e para evitar planos de fugas impedirem a concentração de escravos oriundos de uma mesma etnia nas mesmas propriedades e até nos mesmos navios negreiros impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano Sendo que a condição de escravizados não os calou completamente ainda que fossem todos obrigados a falar a língua do rei de Portugal conseguiram influenciar com suas línguas sendo sujeitos participantes da criação e diferenciação do nosso português brasileiro É possível perceber que falamos uma língua com muitas diferenciações do português falado em Portugal Português do Brasil Os africanos trouxeram novas palavras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 77 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 77 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 78 Aquelas vozes submergidas no inconsciente iconográfico dessa gente trazida em cativeiro se fazem perceptíveis na pronúncia rica em vogais da nossa fala ritimo pinéu adivogado na nossa sintaxe tendência a não marcar o plural do substantivo no sintagma nominal os meninos as casas na dupla negação não quero nãono emprego preferencial pela próclise eu lhe disse me dê mas se revelam de maneira inequívoca nas centenas de palavras que foram e ainda são apropriadas como linguístico do português do Brasil a enriquecerem o imaginário simbólico da língua portuguesaCASTRO 2011 p01 Tais palavras recebidas dos africanos são faladas demasiadamente nos nossos cotidianos configurando marcas lexicais que portam elementos culturais africanos repartidos com a sociedade brasileira e que transitam no âmbito da recreação samba capoeira forró lundu maculelê dos instrumentos musicais berimbau cuíca agogô timbau da culinária mocotó moqueca mungunzá canjica da religiosidade candomblé macumba umbanda das poéticas orais os tutus dos acalantos o tindolelê das cantigas de roda das doenças caxumba tunga da flora dendê maxixe jiló andu moranga da fauna camundongo minhoca caçote marimbondo dos usos e costumes cochilo muamba catimba dos ornamentos miçanga balangandã das vestes tanga sunga canga da habitação cafofo moquiço da família caçula babá do corpo humano bunda corcunda banguela capenga dos objetos fabricados caçamba tipóia moringa das relações pessoais de carinho xodó dengo cafuné dos insultos sacana xibungo lelé do mando bamba capanga do comércio quitanda bufunfa muamba maracutaia CASTRO 2011 p 01 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 78 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 78 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 79 Trazido ao Brasil forçado construindo o país sendo que a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi ainda é a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional Teve que aprender a língua falada no brasil Dominoua não só a refez emprestando singularidade ao português do Brasil mas também possibilitou sua difusão por todo o território uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios o tupiguarani Um número imenso de africanos foi forçadamente trazido ao Brasil Calculo que o Brasil no seu fazimento gastou cerca de 12 milhões de negros desgastados como a principal força de trabalho de tudo o que se produziu aqui e de tudo que aqui se edificou Não permaneceram sem resistência ao sistema colonizador e escravagista que os oprimiu por séculos Ao fim do período colonial constituía uma das maiores massas negras do mundo moderno Sua abolição a mais tardia da história foi a causa principal da queda do Império e da proclamação da República Esta mercantilização dos corpos dos africanos pelos países da diáspora africana encontrou muitas resistências e insurreições Na década de 1570 na Bahia surgiram os focos iniciais de resistência de escravizados Estes criaram o primeiro quilombo de que se tem notícia que foi destruído em 1575 Neste período os engenhos espalhados pelo Brasil contavam com cerca de 15 mil escravizados Alguns estudos mostram que no final desse século começou a se formar o maior e mais organizado quilombo que se conhece Palmares MELO Braga 2010 p 65 Neste Quilombo de Palmares viveram entre 20 a 50 mil pessoas sua organização era através de um sistema político próprio calcado na tradição dos povos africanos Apoiavase numa economia de subsistência baseada na caça na pesca na agricultura e no artesanato MELO BRAGA 2010 p 65 O grande nome figura heroica e exemplo de liderança e resistência foi Zumbi dos Palmares foi a liderança do mais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 79 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 79 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 80 famoso quilombo da história do Brasil o Quilombo dos Palmares notabilizado como um dos capitais nomes da resistência negra contra escravidão O dia 20 de novembro tornouse o Dia Nacional da Consciência Negra em sua homenagem pois nessa data ele foi morto por seus captores Diferenciandose de seus precursores Zumbi não almejava negociatas suspeitas com os brancos Ele substituiu a estratégia de defesa passiva por outra ofensiva organizando ataques surpresa a engenhos libertando escravizados e apoderandose de armas munição e suprimentos Somente em 1695 é que Zumbi foi atacado e morto Sua cabeça foi cortada e exposta em praça pública para que cessassem os boatos de que ele era indestrutível Caso você não conheça esta história de resistência negra no Brasil você poderá desconfiar da existência de tantas lutas do longo processo de resistência contra os governos coloniais brasileiros Isso acontece pelo fato das histórias dos africanos e afrobrasileiros serem desconhecidas Eram e são poucos os autores que têm retratado a história de participação efetiva dos escravizados africanos no processo de formação do povo brasileiro e da real herança cultural que nos deixaram Serem reconhecidos nas suas histórias e culturas africanas e afrobrasileiras configurou campos de lutas dos afrobrasileiros do povo negro brasileiro em seus combates nos movimentos negros Isso foi trazendo avanços como marcos legais que traziam esta possibilidade e exigência para dentro das escolas de suas histórias e culturas lei 106392003 e 11 116452008 Como frutos deste processo intenso de reinvindicações dos movimentos organizados dos negros brasileiros foi possível realizar uma revisão histórica com relação à contribuição negro africana em todos os aspectos da vida social cultural política e econômica na sociedade brasileira Isso configurou uma oportunidade ímpar na história da educação brasileira As crianças afrobrasileiras bem como qualquer outra criança começaram a contar com professores mais bem preparados para tratar de temas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 80 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 80 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 81 como as culturas africanas nas atividades escolares Isso começou a fornecer referências identitárias positivas aos descendentes dos negros africanos e que vivem no Brasil Hoje já existem comprovações cientificas de que a raça humana surgiu na África Isso quer dizer que somos originalmente africanos Todos os seres humanos Voltando os olhos para a História da África é interessante perceber que na cultura africana tudo é História A grande História da vida compreende a História da terra e das Águas geografia a História dos vegetais botânica e farmacopéia a História dos Filhos do seio da Terra mineralogia e metais a História dos astros astronomia astrologia a História das águas e assim por diante Por exemplo o mesmo velho conhecerá não apenas a ciência das plantas as propriedades boas e más de cada planta mas também as ciências da terra as propriedades agrícolas ou medicinais dos diferentes tipos de solo a ciência das águas astronomia cosmogonia psicologia etc BÂ 1982 p 195 Tais ciências africanas profundamente ligadas a vida com os seus conhecimentos abertos a uma utilização prática E ainda as ciências iniciatórias ou ocultas tão distanciadas do público desconhecedor das antigas tradições africanas bastante vinculadas e integradas a vida tratase sempre para a África tradicional de uma ciência eminentemente prática que consiste em saber como entrar em relação apropriada com as forças que sustentam o mundo visível e que podem ser colocadas a serviço da vida Quanto ao negro brasileiro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais tensas e preconceituosas que necessitou combater bem como as contribuições desta Matriz Africana e afrobrasileira nas Artes Brasileiras e Resistência Negra no Brasil foram inúmeras e precisam ser conhecidas pelas crianças nas escolas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 81 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 81 03022021 172746 03022021 172746 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 82 As famílias negras no Brasil colonial imperial e republicano souberam e sabem das consequências de tão longo tempo de construção de papéis que carregam pelas futuras gerações de brasileiros as mais cruéis discriminações Ser negro é enfrentar uma história de quase quinhentos anos de resistência à dor ao sofrimento físico e moral à sensação de não existir a prática de ainda não pertencer a uma sociedade na qual consagrou tudo o que possuía oferecendo ainda hoje o resto de si mesmo Ser negro não pode ser resumido a um estado de espírito a alma branca ou negra a aspectos de comportamento que determinados brancos elegeram como sendo de negro e assim adotálos como seusNASCIMENTO 1974a p76 Maria Beatriz Nascimento mulher negra e nordestina historiadora poetisa militou ativamente nos movimentos pelos direitos humanos de mulheres e negros Foi assassinada em 1995 quando cursava o seu mestrado em decorrência do apoio que prestou a uma amiga que estava sofrendo com uma relação abusiva por parte do companheiro desta amiga Foi ele quem a assassinou Beatriz Nascimento deixou grande contribuição com suas escritas e publicações Foi roteirista sendo que a produção de sua autoria mais reconhecida é o filme e documentário Ôri 1989 em que é documentado a trajetória dos movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988 Nesta produção é possível entender sobre a corporeidade do negro as injustas vidas dos africanos escravizados e dos afrodescendentes brasileiros bem como o foco na situação desigual de inferioridade e injusta das mulheres negras no Brasil Beatriz Nascimento entendia que na história tradicional do povo negro subsistem ainda resquícios das sociedades africanas além de uma cultura forjada no Brasil e que esta cultura tramada em um processo de dominação é perniciosa e bastante difícil e que mantém o grupo no lugar onde o poder dominante acha que deve ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 82 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 82 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 83 estar Isto é o que eu chamo de Cultura da Discriminação Ela defendia que era necessário ir além da discussão e da visualização do processo de dominação de uma cultura sobre a outra da cultura do dominador colonizador a cultura negra Recomendando que os negros brasileiros deveriam procurar os elementos dentro de nossa cultura que estão provocando essa mesma subordinação Até que ponto a cultura do branco nos domina e até que ponto a nossa própria cultura também está interagindo nesse processo de dominação Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Trecho curto do Filme Ôri com roteiro de Maria Beatriz Nascimento e dirigido pela cineasta Raquel Gerber Disponível no link https bitly37nnNCx SAIBA MAIS Sobre o Negro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais as contribuições da Matriz Africana e a Resistência Negra Beatriz Nascimento questionava os conteúdos ideologicamente dominantes preconceituosos racistas repassados etnocêntricos quando são falados ou escritos termos como aceitação integração e igualdade Ela considerava que era bem difícil estudar a discriminação racial usando estes três termos para analisar a história do negro brasileiro em uma sociedade racista com elemento de análise teórica impregnado de uma cultura em todos os sentidos branca e europeizada se faz necessário perguntarse a si próprio se determinados termos correspondem à sua perspectiva se não são somente reflexos do preconceito repetidos automaticamente sem nenhuma preocupação crítica Ou seja se não estamos somente repetindo os conceitos do dominador sem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 83 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 83 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 84 nos perguntarmos se isto corresponde ou não à nossa visão das coisas se estes conceitos são uma prática e caso fossem uma prática se isto é satisfatório para o negro Somos aceitos por quem Para quê O que muda ser aceito O que é ser igual A quem ser igual É possível ser igual Para que ser igual NASCIMENTO 1974a p68 Os últimos anos do século XX aos dias atuais serão decisivos para a construção de novos conhecimentos sobre o Negro na Sociedade Brasileira as Relações Raciais contribuições da Matriz Africana e Resistência Negra tanto dentro das universidades como fora na produção acadêmica e as artes em geral na literatura em geral no cinema surgiram e continuam a surgir muitos teóricos estudiosos e pensadores Os apelos de Beatriz Nascimento fizeram seus ecos e trouxeram seus resultados A todo o momento o preconceito racial é demonstrado diante de nós é sentido Porém como se reveste de uma certa tolerância nem sempre é possível percebermos até onde a intenção de nos humilhar existiu De certa forma algumas destas manifestações já foram incorporadas como parte nossa Quando entretanto a agressão aflora manifestase uma violência incontida por parte do branco e mesmo nestas ocasiões pensamos duas vezes antes de reagir pois como expus acima no nosso ego histórico as mistificações agiram a contento NASCIMENTO 1974b p 42 Ressaltase o importante e pioneiro papel desempenhado na 1ª metade do século XX pelo escritor teatrólogo ativista militante Abdias do Nascimento organizador em 1938 do inovador I Congresso AfroBrasileiro já passados 50 anos da decretação do fim da escravidão no Brasil Abdias do Nascimento criou em 1944 o extraordinário Teatro Experimental do Negro TEN para denunciar o preconceito e a discriminação e dar vozes aos talentos negros Essa demanda continua sendo atual ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 84 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 84 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 85 Abdias Nascimento narra os seus propósitos com o TEN Nosso Teatro seria um laboratório de experimentação cultural e artística cujo trabalho ação e produção explícita e claramente enfrentavam a supremacia cultural elitistaarianizante das classes dominantes O TEN existiu como um desmascaramento sistemático da hipocrisia racial que permeia a nação Havia e continua vigente uma fi losofi a de relações de raças nos fundamentos da sociedade brasileira paradoxalmente o nome dessa fi losofi a é democracia racial Democracia racial que é um mero disfarce que as classes brancobrancóides utilizam como estratagema sob o qual permanecem desfrutando ad aeternumNASCIMENTO 1980 p 68 Em 1988 a constituição federal vai criminalizar a discriminação racial e surgiu a Fundação Cultural Palmares junto ao Ministério da Cultura realizando extenso e consistente trabalho em prol das artes e culturas negras junto aos afro brasileiros MELO BRAGA 2010 Figura 2 Escultura da Cultura Nok datada entre o século V aC ao século IV dC Nigéria mais de 2500 anos atrás Fonte wikipedia commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 85 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 85 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 86 As duas primeiras décadas do nosso atual século XXI foram vigorosas nas participações e protagonismos dos Negros na Sociedade Brasileira movidos por muitas mobilizações e por resultados configurados em marcos legais e políticas Públicas dos governos As Relações Raciais foram debatidas e foram oferecidas inúmeras contribuições da Matriz Africana dos afros descendentes dos afrobrasileiros nas Artes Brasileiras A Resistência Negra no Brasil prossegue forte e com seus resultados apesar das históricas consequências do longo escravismo Existem muitas conquistas por alcançar Em 2003 foi criada a SEPPIR Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial criando um lugar de destino de muitas reinvindicações históricas Um pouco adiante surgiu o Estatuto da Igualdade racial 2009 As comunidades quilombolas começaram a receber maior apoio e serem certificadas pela Fundação Cultural Palmares em diversos estados brasileiros Sendo que no ano de 2007 mais de 1000 delas foram certificadas MELO BRAGA 2010 As culturas dos afrobrasileiros são valorizadas Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo As relações étnicoraciais no Brasil contemporâneo a partir da perspectiva da Diáspora Africana Disponível no link httpsbitly3haSuPQ SAIBA MAIS Ao final da sua leitura você será capaz de definir o Outro os negros na Sociedade Brasileira nas Relações Raciais nas Contribuições da Matriz Africana nas Artes Brasileiras e na Resistência Negra no Brasil terá visto muitos elementos para você definir o papel do negro no Brasil dos tempos coloniais aos dias atuais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 86 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 86 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 87 Relembrando o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no Brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras Relembrando o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do Brasil culturas indígenas no Brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras tudo isso fará com você conheça para não mais esquecer a contribuição das nossas matrizes indígenas do Brasil e como se encontram hoje OBJETIVO Conhecer a realidade do Outro do sujeito indígena na história do Brasil requer conhecer para não esquecer E para aproximar de um universo que poderá ser visto como tão distante ou pelo fato de a Amazônia estar longe geograficamente de muitas outras regiões do Brasil ou por julgar que os tempos dos indígenas já passaram A falta do contato com a história das diversas culturas indígenas que viveram e vivem nas Américas e no Brasil fazem falta aos professores e consequentemente aos alunos Os grupos indígenas que aqui já viviam no litoral brasileiro e viram chegar os primeiros portugueses eram sobretudo povos indígenas de tronco tupi que havendo se instalado uns séculos antes ainda estavam desalojando antigos ocupantes oriundos de outras matrizes culturais Somavam talvez 1 milhão de índios divididos em dezenas de grupos Tais grupos indígenas estavam ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 87 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 87 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 88 organizados um por um compreendendo um conglomerado de várias aldeias de trezentos a 2 mil habitantes Não confundir com todos os povos indígenas que viviam no Brasil do século XVI época da chegada dos colonizadores Esta soma que representa uma vultosa presença populacional indígena é somente dos povos que falavam a língua Tupy esta língua que deixou tantos nomes que repetimos sem nem mesmo nos damos conta dela E ressaltando que só a contagem dos povos de língua Tupy no litoral tinha à mesma população que Portugal na mesma época Apesar da unidade linguística e cultural que permite classificálos numa sómacroetnia oposta globalmente aos outros povos designados pelos portugueses como tapuias ou inimigos RIBEIRO 1995 p 32 O fato é que jamais os grupamentos Tupy conseguiram unificarse numa organização política que lhes permitisse atuar conjugadamente Isso demonstra o equívoco histórico e cultural da expressão os índios brasileiros ou os indígenas brasileiros A diversidade étnicocultural é histórica e isso já se dava antes da chegada do colonizador Os povos tupy na escala da evolução cultural faziam neste momento da chegada dos portugueses e por conta própria a sua revolução agrícola ultrapassando assim a condição paleolítica É faziam por um caminho próprio juntamente com outros povos da floresta tropical que haviam domesticado diversas plantas retirandoas da condição selvagem para a de mantimento de seus roçados Um exemplo extraordinário é a mandioca porque se tratava de uma planta venenosa a qual eles deviam não apenas cultivar mas também tratar adequadamente para extrairlhe o ácido cianídrico tornandoa comestívelRIBEIRO 1995 p 31 Aquelas representações preconceituosas medonhas e racistas feitas sobre os índios brasileiros vestidos como os mesmos trajes falando um português que levam aos risos são injustas diante da diversidade étnicolinguística e cultural expressa de muitos modos com tradições distintas quando se fala sobre a história e a cultura indígena no Brasil ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 88 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 88 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 89 Com um novo inimigo morando no Brasil o português colonizador só foi possível aos Povos Tupy conseguiram estruturar efêmeras confederações regionais que logo desapareceram A mais importante delas conhecida como Confederação dos Tamoios foi ensejada pela aliança com os franceses RIBEIRO 1995 p 33 na baía de Guanabara Além dos Povos Tamoios reuniu entre 1563 a 1567 os Povos Tupinambá no Rio de Janeiro e os Povos Carijó no planalto paulista apoiados pelos Povos Goitacá e pelos Povos Aimoré da Serra do Mar que não eram de língua Tupy e sim de Língua jê um outro trono linguístico que persiste ainda hoje no Brasil em estados como Mato Grosso Tocantins e na Região Sul do Maranhão Neste momento estavam opostos aos portugueses e aos povos indígenas que os apoiavam E os portugueses entre eles os padres jesuítas manipulam seus defensores Nessa guerra inverossímil da Reforma versus a ContraReforma dos calvinistas contra os jesuítas em que tanto os franceses como os portugueses combatiam com exércitos indígenas de milhares de guerreiros 4557 segundo Léry 12 mil nos dois lados na batalha final do Rio de Janeiro em 1567 segundo cálculos de Carlos A Dias 1981 jogavase o destino da colonização E eles nem sabiam por que lutavam simplesmente eram atiçados pelos europeus explorando sua agressividade recíproca Os Tamoios venceram diversas batalhas destruíram a capitania do Espírito Santo e ameaçaram seriamente a de São Paulo Mas foram afinal vencidos pelas tropas indígenas aliciadas pelos jesuítas RIBEIRO 1995 p 33 Aqueles que invadiram as terras foram os colonizadores É interessante que os professores entendam as reais histórias para conseguir produzir verdade iras narrativas aos seus alunos Os portugueses no século XVI eram muito diferentes dos diversos povos indígenas brasileiros Os povos indígenas que viviam no Brasil eram todos eles estruturados em tribos autônomas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 89 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 89 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 90 autárquicas e não estratificadas em classes o enxame de invasores era a presença local avançada de uma vasta e vetusta civilização urbana e classista RIBEIRO 1995 p 37 Este outro o português europeu era o atraso o vinculado aos sistemas de governo não democráticos opressores e racistas não respeitavam outras religiosidades culturas e costumes Estes portugueses desconheciam a tolerância a diversidade étnicocultural em que viviam os povos indígenas brasileiros Além de estabelecerem conflito e aprofundar alguns já existentes entre os distintos povos indígenas que aqui viviam trouxeram a obrigatoriedade de todos seguirem a língua do rei de Portugal bem como sua religião mexendo profundamente nas diversas culturas línguas cosmologias e religiosidade de tantos e distintos povos Outro agente poderoso de tal projeto colonizador era o padre jesuíta que desconhecia culturas e religiosidades próprias dos povos que encontrou aqui no Brasil a partir do século XVI Era a Igreja católica com seu braço repressivo o Santo Ofício Ouvindo denúncias e calúnias na busca de heresias e bestialidades julgava condenava encarcerava e até queimava vivos os mais ousadosRIBEIRO 1995 p 37 Isso havia sido arquitetado ainda no século XV anterior a chegada de qualquer português ao Brasil e prossegue firme nestes tempos em que vivemos no século XXI com outros projetos evangelistas Veja o que escreveu o papa em 1954 Não sem grande alegria chegou ao nosso conhecimento que nosso dileto filho infante D Henrique incendiado no ardor da fé e zelo da salvação das almas se esforça por fazer conhecer e venerar em todo o orbe o nome gloriosíssimo de Deus reduzindo à sua fé não só os sarracenos inimigos dela como também quaisquer outros infiéisPapa Nicolau V 1454 p 01 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 90 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 90 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 91 Isso atingirá os modos de produção artística no Brasil colonial Gandon 1997 explicou que os jesuítas procuraram adaptar a arte europeia ao contexto cultural dos índios brasileiros Escrevendo em 1585 o padre Anchieta relatava que numa das três missões de índios cristãos livres situadas na costa norte da Bahia Espírito Santo São João e Santo Antonio os padres ensinavam os índios a cantar e tem seu coro de canto e flautas para suas festas e fazem suas danças à portuguesa com tamboris e violas com muita graça como se fossem meninos portugueses e quando fazem estas danças põem uns diademas na cabeça de penas de pássaros de várias cores e desta sorte fazem também os arcos empenam e pintam o corpo Desde o século XVI os jesuítas se serviam também dos autos forma teatral de uma trama popular com cantos e danças como elemento eficaz da catequese É bastante provável que desde então personagens representativos dos indígenas figurassem nestas peças encenadas sobretudo no ciclo natalinoGANDON 1997 p 156157 Isso trouxe uma popularização de tais autos para eles afluíram as populares danças dramáticas apresentadas nas portas das igrejas coloniais brasileiras Anos mais tarde os africanos chegaram e novos elementos foram embutidos dentro das manifestações artísticas populares do Brasil Algumas pessoas nesta altura da história do Brasil em pleno século XXI expressam seus preconceitos com relação a este outro o indígena Odeiam sem sequer conhecerem Movidos por algum motivo relacionado ao tom da pele etnia ao fato de alguns povos estarem empobrecidos de não apreciar qualquer outra estética diferente da sua própria classe social da sua própria cidade ou identificações étnicas ou por falarem línguas que não são aquelas deixadas pelos colonizadores ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 91 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 91 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 92 Diante das diferenças entre os brasileiros nãoindígenas para reconhecer os outros para conhecer aqueles desconhecidos brasileiros indígenas é necessário cuidar das informações Gersem Baniwa é indígena brasileiro pertence ao Povo Baniwa do Alto do Rio Negro é antropólogo trabalhou no Ministério da Educação e atua como Assessor Técnico do Fórum de Educação e Saúde Indígena do Amazonas FOREEIA Ele professor doutor adjunto da Universidade Federal do Amazonas UFAM Com ele é possível você aprender sobre a realidade de um povo indígena do Brasil Mas é importante relativizar que tais conhecimentos são apenas do povo Baniwa Cada povo indígena ontem e hoje vai ter seus saberes culturais distintos Gersem Baniwa esclarece que estes outros os povos indígenas não ficam felizes ao serem enquadrados pelas lógicas academicistas que alimentam e sustentam os processos de reprodução do capitalismo individualista que tem gerado uma sociedade cada vez mais em retorno à civilização da barbárie e da selvageria por meio da violência da exploração econômica desumana do império da lei do mais rico e dos que tem poder político à base de democracias das elites econômicas e políticas Os povos indígenas gostariam de compartilhar com o mundo a partir da universidade seus saberes seus valores comunitários suas cosmologias suas visões de mundo e seus modos de ser de viver e de estar no mundo onde o bem viver coletivo é a prioridadeBANIWA2012 p 3 Indagado sobre a sua cultura e a sua história e de seu Povo Indígena Baniwa como um sujeito que faz parte de um grupo que lida com o conhecimento em que se ensina o que se vive Gersem Baniwa esclarece que entre os Baniwa uma lição que se aprender cedo com os pais e antepassados é que só se ensina o que se vive Ensinar é viver Tais ensinamentos advêm da antiga ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 92 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 92 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 93 filosofia da vida cósmica do povo Baniwa que sempre evitou separar teoria e prática observação e vivência Neste século XXI é possível ler a literatura feita por alguns indígenas publicada Ressaltase a presença de um escritor do Povo Munduruku que vivem no estado do Pará na Amazônia autor das seguintes obras Histórias de índio coisas de índio e As serpentes que roubaram a noite Ele foi laureado pela UNESCO com uma Menção honrosa no Prêmio Literatura para crianças e Jovens na questão da tolerância com a obra Meu avô Apolinário Conheça um trecho da obra E foi ouvindo as histórias que meu avô contava que percebi o que os povos tradicionais podiam oferecer à cidade E isso me dá um álibi para usar as narrativas míticas para falar às pessoas com a mesma paixão com que o velho falava comigo Acho que foi assim que surgiu em mim o interesse de narrar histórias para ajudar as pessoas a olharem para dentro de si mesmas compreenderem sua própria história e aceitála amorosamente MUNDURUKU 2009 p 1416 Outros renomados indígenas escritores são David Kopenawa do Povo Indígena Yanomami com livro publicado Ailton Krenak do povo Krenak de Minas Gerais militante no Movimento Indígena Brasileiro também já publicou Outro escritor indígena é Carlos Hakiy da liderança importante do tuxawa Crispim de Leão importante liderança do Povo Sateré Guerra da Cabanagem Do Povo Indígena Potiguar da paraíba destacase a escritora Eliane Potiguar vivendo e publicando no Rio de Janeiro escreveu o livro Autora Metade cara metade máscara O Povo Indígena conta com um escritor destacada e conhecido é Olívio Jekupé com diversos livros escritos Ele é da aldeia Kurukutu em São Paulo Tal vigorosa e rica literatura precisa chegar às escolas e ser do conhecimento das crianças e adolescentes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 93 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 93 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 94 Figura 3 Guerrilhas de Rugendas Fonte wikipedia commons Apostando em que na vida tratase de experimentar o mundo tanto materialmente como cognitivamente afetivamente e espiritualmente Assim a pedagogia Baniwa busca educar através da observação da experimentação e dos exemplos Os adultos ensinam as crianças Baniwa a observar experimentar e seguir todos os bons exemplos Isso é viver Já vão longe os tempos coloniais e persistem as visões equivocadas sobre os povos indígenas que sobreviveram aos 500 anos de colonização em processo até hoje Esta é a opinião do movimento indígena brasileiro em seus documentos em que denunciam as situações de desrespeitos aos marcos legais que os colocaram nas primeiras décadas do século XXI em situações reparadoras dos mais cruéis tratamentos do estado brasileiro a partir de abril de 1500 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 94 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 94 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 95 Ao final desta leitura você será capaz de reconhecer contos de fadas renovados Sendo capaz de distinguilos dos contos tradicionais por estar esclarecido para você que os contos de fadas renovados narram histórias com elementos dos contos tradicionais renovandoos Nomeando o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no Brasil Nomeando o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no brasil trará uma nova e verdadeira visão sobre a gigantesca contribuição indígena à história e cultura brasileiras Naquele fatídico momento da chegada dos portugueses os povos tupy que viviam ali no litoral apreenderam aquela chegada do europeu como um acontecimento espantoso só assimilável em sua visão mítica do mundo Seriam gente de seu Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo Conheça os Povos Indígenas Brasileiros No site é possível visualizar os nomes de todos na opção mostrar todos Ou ainda navegar pelo site com duas outras opções Por estado Unidade da Federação ou por família linguística lendo sobre os diversos povos indígenas do Brasil Disponível no link httpsbitly2zdLfoU SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 95 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 95 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 96 deus sol o criador Maíra que vinha milagrosamente sobre as ondas do mar grosso Este ser sobrenatural Maíra ou Mahyra Ele é a personagem central de um equívoco que data de cinco séculos no século XVI os jesuítas procuraram descobrir uma entidade sobrenatural que pudesse ser comparada ao Deus cristão a fim de facilitar a catequese Representeando um dos primeiros equívocos dos portugueses com relação as cosmologias indígenas as suas culturas e religiosidades O Padre Manoel de Nóbrega teria escolhido usar a representatividade de Maíra e de outros deuses aos seus propósitos evangelizadores e colonizadores E tudo indica que foi Nóbrega quem fez a escolha Esta gentilidade nenhuma coisa adora nem conhece Deus somente aos trovões chamam de Tupane que é como quem diz coisa divina E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento de Deus que chamarlhe Pai Tupane Não há dúvida que a adoção dessa palavra com esse sentido constituiu em mais uma dificuldade para as missões jesuíticasLARAIA 2005 p11 Chegando na costa brasileira descendendo das embarcações foram pensados como seus deuses e com bondade Só poderiam estar chegando da morada dos deuses e dos ancestrais Utilizamos a palavra céu para indicar o local onde vivem as almas dos antepassados e o herói mítico e principal ancestral Mahyra Povos Indígenas como os Suruís e os Assurinis declararam que estaria localizado em uma região por cima das nuvens Os Povos Originários tentaram explicar aqueles povos que chegaram com suas cosmologias Dandolhes um lugar entre os seus mais sagrados e cultuados seres espirituais Com o tempo será possível entender que não eram deuses os portugueses E nem viriam de uma Terra sem Males não tendo ainda as melhores intenções com relação aos povos que encontraram Ainda não sabiam o que os esperavam diante dos planos dos colonizadores com relação aos verdadeiros donos da terra os povos indígenas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 96 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 96 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 97 Não havia como interpretar seus desígnios tanto podiam ser ferozes como pacíficos espoliadores ou dadores Os povos indígenas entendiam à primeira vista como eles próprios se comportavam e eram Assim estes estrangeiros só poderiam ser boas pessoas pensaram os povos que viviam no litoral Assim pensavam estes ameríndios parte dos povos originários da América além de muitos outros povos Mesmo porque no seu mundo mais belo era dar que receber Ali ninguém jamais espoliara ninguém e a pessoa alguma se negava louvor por sua bravura e criatividade Era ainda uma Terra sem males e sem governos tiranos com hospitalidade Além disso julgavam os povos indígenas tupy que viviam no litoral que os portugueses ao sair do mar eram apenas feios fétidos e infectos Não havia como negálo É certo que depois do banho e da comida melhoraram de aspecto e de modos Tais povos indígenas não entenderam ainda as razões que levavam os portugueses a agirem com tanta aflição Tanta ganância com as toras de PauBrasil que apressadamente recolhiam Não agiam de modo nenhum com a semelhança marca destes povos originários na base do dom e contra dom não buscavam nas relações com os povos indígenas reciprocidades e correntes contínuas de doações Deste modo agiam e ainda agem muitos povos indígenas brasileiros Eles não precificavam colocavam preços nos objetos que doavam aos portugueses Os valores seriam implícitos aos objetos e ações Isso era e é oposto a nascente e atuante economia do mercado qualificada por trocas diretas daqueles bens e de serviços Por que se afanavam tanto em seus fazimentos Por que acumulavam tudo gostando mais de tomar e reter do que de dar intercambiar Sua sofreguidão seria inverossímil se não fosse tão visível no empenho de juntar toras de pau vermelho como se estivessem condenados para sobreviver a alcançá las e embarcálas incansavelmenteRIBEIRO 1995 p 45 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 97 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 97 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 98 500 anos de colonização não apagou aquilo que o antropólogo Mauss 2003 chamou de Economia do Dom descrevendo em sua escrita sobre as pesquisas em sociedades primitivas em comunidades antigas e indígenas no mundo Assim a cultura trazida pelos portugueses poderia operou bem mais males que bênçãos Os anos que se seguiram foram de resistências contra todas as táticas dos colonizadores para apoderarse de suas terras trazendo suas próprias leis e criando uma visão imposta unificadora injusta cruel mentirosa desapropriadora enquanto produziam explicações irreais sobre os nodos de viver dos mais diversos povos indígenas Os anos passaram e os Povos Indígenas que escaparam deste grande projeto colonizador europeu iniciado no século XVI não aniquilaram totalmente as suas integradas culturas e permanecem vivas nas distintas Culturas Indígenas no Brasil atual As culturas andam de braços dados com as cosmologias diferenciadas do outro descendente do colonizador e de outros povos indígenas Cada povo indígena apresenta seus próprios modos culturais e suas epistemologias cosmologias modos de produzir e repassar conhecimentos Um exemplo disso foi dado por um destes povos que vive na Bahia O Povo Pataxó esclarece que até mesmo a matemática uma ciência tão exata tão ocidentalmente posta está vinculada a relação como eles percebem o mundo as visões de mundo dos Pataxós É possível aprender com o mundo a matemática assim somar a operação da adição funciona Eu vou te dizer Por exemplo quando o cipó se abraça a uma árvore ele está fazendo a adição do amor E isso quer dizer que ele se abraçou para fazer um só corpo A árvore e o cipó se abraçaram para se tornar em um só corpo Quer dizer que um pertence a dois e dois pertence a um Formaram um corpo só fizeram a adição do amor E fizeram isso para sobreviver um ao outro Tem planta que precisa da outra para sobreviver ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 98 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 98 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 99 Então isso é matemática E também a matemática faz igualar tudo na natureza O amor da Natureza iguala tudo Quer dizer que se tem um amor na Natureza sempre vai ter espaço para mais uma planta que vier Vamos dizer que dá uma fruteira aqui e ali amadurece as frutas e uma paca vai lá e come uma fruta lá adiante ela deixa o caroço Lá nasce Pode tá cheio mais ali sempre vai haver ali a Natureza ela tá com o coração dela aberto A Natureza tem o coração de mãe sempre na casa dela sempre cabe o lugar para mais um Isso é matemática e isso é valorROCHA DURÇO 2008 p 1 Os povos indígenas ontem e hoje dançam para comemorar atos ocorrências e fatos relativos às vidas e as mais diversas tradições que não são únicas mas particulares indistintas para os vários Povos Indígenas brasileiros Existem danças para a preparação da guerra e ao regressar de batalhas para comemoração algum cacique as safras do amadurecer das frutas por ótimas pescarias e para festejar a puberdade das meninas ou para homenagear seus mortos e ancestrais É possível dançar para afastar as doenças as epidemias e muitos flagelos Tais linguagens dos corpos indígenas em movimentos nas suas danças suas organizações estéticas desde as pinturas corporais usando uma fruta chamada jenipapo ou o urucum na região tocantina maranhense que também serve para colorir a comida às ricas coreografias passando pelos belos cantos em suas línguas tudo está integrado às suas religiosidades e ritualísticas indígenas As danças que persistem e existem ainda hoje foram furtos das resistências as perseguições inúmeras Não existia uma compreensão por outro parâmetro que não fossem a vida dos brancos suas festas sua religiosidade e seus modos de festejar Um Inglês visitando o Brasil em 1810 teriam observado os indígenas dançando e afirmou que eles eram cristãos embora se ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 99 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 99 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 100 diga que alguns deles conservam em segredo seus ritos bárbaros prestando adoração ao maracáe praticando todas as cerimônias de sua religião se posso usar essa palavra E espantavam bastante aos Governantes e párocos O Governador da Província de Pernambuco em 1827foi incumbido pelo imperador a fazer um levantamento sobre a índole costumes e inclinações dos índios Ele se chamava José Carlos Mayrink da Silva Ferrão e realizou a sua escrita afirmando Nos domingos e dias santos aparecem alguns no templo que trejeitos porém não fazem quando assistem ao Santo sacrifício Ignoram tudo o que é pureza religiosa sabem sofrivelmente a arte dos hipócritas no mesmo dia porém ou no outro adoram os seus ídolos bebem dançam segundo o rito de sua estulta tola religiãoNAUD 1971 p 331 As danças resistiram E educam as novas gerações sobre suas culturas e histórias Assim as mais diversificadas Culturas Indígenas existentes coexistentes em diálogos são provas vivas da pluralidade cultural no Brasil atual colocam as festividades como modos de educação nestes momentos comemorativos em que celebram coletivamente como por exemplo a Festa do Moqueado para celebrar a menarca 1ª menstruação de meninas como o povo Guajajara lá no sul do Maranhão são passados valores poderosos deste povo para suas próximas gerações Aquelas meninas serão as futuras mães e responsáveis pelas novas gerações e pelo repasse e manutenção das suas culturas aos filhos Ou a tradicional festividade dos povos indígenas do Xingu É a dança do kuarup nome de uma árvore sagrada e ao mesmo tempo do ritual anual de respeito aos mortos em Mato Grosso Nas festas motivadas por fatos distintos que os diversificados povos indígenas e suas culturas atuais apoiadas em suas ancestralidades escrevem suas memórias seus valores seus códigos de regras suas crenças suas angústias pelo árduo trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 100 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 100 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 101 suas esperanças e fantasias Os ingredientes que compõem a festa popular são também textos por meio dos quais a gente simples manifesta tudo aquilo que lhe toca mais profunda e intensamente Consequentemente podemos pensar a festa como uma grande escola na qual se aprende antes de outras tantas coisas como a vida em sociedade acontece seus valores seus conflitos e suas possibilidades de interação e sociabilidade PESSOA 2007 p 45 Tais festividades que contam com a participação de todos os que vivem em cada território indígena pelo extenso Brasil são apoiados em mitos as verdades em formas de narrativas que cada povo indígena mantém e comemora repassandoos as novas gerações Herdamos dos nossos povos indígenas o gosto intenso de festejar Os povos indígenas são marcados por suas inúmeras festividades indígenas E que eram e são lugares de aprendizagem marcando todos os seus contingentes populacionais e cada um singularmente com os seus valores as suas normas as suas tradições ao mesmo tempo em que se transforma sempre num grande balcão numa grande demonstração das inovações das mudanças das novas descobertas das novas concepções Toda a vitalidade festiva da cultura popular brasileira dos autos natalinos ao carnaval da Festa do Boi na Amazônia passando pelo Bumba Meu Boi no Maranhão às quadrilhas juninas são as marcas culturais de matrizes como as indígenas Quem vai à festa tem a possibilidade de aprender que o que se sabe ainda não é tudo para se continuar a viver e a reproduzir as condições de sobrevivência São oportunidades de novas aprendizagens e devem ser vivenciadas nas escolas Nos bailes pastoris encenados ainda hoje em vários pontos do litoral norte da Bahia como partes dos festejos natalinos caboclos e africanos aparecem geralmente entre os personagens São dramatizações populares brasileiras encenadas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 101 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 101 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 102 e apreciadas por muitas partes do Brasil As matrizes fundadoras do povo brasileiro indígena chamada de cabocla por alguns são representadas em diversas encenações cantadas e dançadas Em muitos casos os indígenas e os negros aparecem repletos de estereótipos Mas resistiram com suas culturas e histórias Assim é possível ver que na Bahia aparece personagem africano falando mal o português comparável aos africanos escravizados ao chegarem ao Brasil encarnando o estereótipo de uma imagem preconceituosa do negro porém inverte constantemente o seu papel de ridículo ridicularizando ao mesmo tempo os senhores e senhoras de escravos e denunciando aspectos da escravidão Aprendendo também que o novo é nossa herança cultural em constante processo de reconstrução geração a geração graças aos legados ancestrais do povo brasileiro indígena e afrobrasileiro conservados pela cultura popular tradicional incansável em se refazer sem fechar os olhos para os legados dos nossos povos originários Talvez isso explique a grandiosidade das nossas festas populares por todo o país e o ano todo reunindo gerações diferentes em torno do ensinar e o aprender para preserválas e sempre atualizálas A festa popular é o grande e fecundo momento a nos ensinar que a arte de viver e de compreender a vida que nos envolve está na perfeita integração entre o velho e o novo Sem o novo paramos no tempo Mas sem o velho nos apresentamos ao presente e ao futuro de mãos vazias PESSOA 2005 p 30 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 102 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 102 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 103 Figura 4 Povos Indígenas do Brasil na Época do Descobrimento Fonte wikipedia commons Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Conheça mais sobre os Povos Indígenas Brasileiros neste vídeo com a liderança indígena escritor e xamã liderança indígena Davi Kopenawa Seminário Arte Cultura e Educação na América Latina 2018 Disponível no link httpsbitly3h8CZI4 SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 103 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 103 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 104 Ao término deste capítulo você é capaz de reconhecer o contato com a realidade de outro histórias culturas e sociedades africanas literatura arte língua e cultura africanas e afrobrasileiras bem como você já é capaz de definir o outro o negro na sociedade brasileira as relações raciais contribuições da matriz africana nas artes brasileiras e resistência negra no brasil em seguida você leu e já é capaz de relembrar o contato com a realidade do outro histórias culturas e sociedades ameríndias e os diversos povos indígenas do brasil culturas indígenas no brasil literatura arte língua e cultura indígenas brasileiras por último você leu e já é capaz nomear o outro os povos indígenas na sociedade brasileira as relações raciais contribuições dos povos indígenas nas artes brasileiras e resistência indígena no brasil RESUMINDO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 104 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 104 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 105 UNIDADE 03 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 105 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 105 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 106 A diversidade é inerente ao ser humano e é uma importante discussão a ser considerada no trabalho escolar Nesse sentido é necessário discutir inovações nas ações pedagógicas para que a escola pare de reproduzir sujeitos fragmentados e assuma uma proposta pluricultural para melhor atender as necessidades dos sujeitos e da sociedade que ele está inserido Você estudará na Unidade 3 sobre a Prática Pedagógica que contemple o Outro em suas semelhanças e diferenças levando em conta a Diversidade Cultural Preparado Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 106 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 106 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 107 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 3 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Refletir sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças ambiental ecológica étnicoracial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras 2 Entender a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente 3 Desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças 4 Compreender a Necessidade de Repensar o Papel do Educador diante da Diversidade Cultural Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 107 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 107 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 108 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças Ao término deste capítulo você será capaz de compreender o desenvolvimento de uma Prática Pedagógica que contemple o Outro em suas semelhanças e diferenças levando em conta a Diversidade Cultural Inicialmente você irá refletir sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às relevantes diferenças como as diferenças ambientalecológica étnicoracial de gêneros entre as faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras Em seguida você pensará sobre a necessária tarefa de aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente percorrendo Histórias pensamentos conquistas e refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças Ainda refletindo sobre a prática pedagógica você focará em reflexões sobre como desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças E por fim você vai avaliar a necessidade de repensar o papel do Educador diante da Diversidade Cultural E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre o respeito às diferenças questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças nas práticas pedagógicas Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças você tomará contato com as questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças e tais aprendizagens ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 108 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 108 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 109 farão enorme diferença nas suas futuras práticas pedagógicas além de fornecer elementos para refletir sobre erros de algumas atuais práticas pedagógicas que não levam em conta nem as diversidades culturais e nem as diferenças entre as pessoas Você vai começar esta leitura com uma reflexão sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças tomando consciência de questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças dentro das e nas práticas pedagógicas Isso significa que você vai refletir sobre a Diversidade Cultural e as Diferenças juntas e dentro das escolas A Diversidade Cultural precisa ser vista como a expressão de opostos Sobre este tema é possível afirmar que a Diversidade Cultural é diversa ou seja não se constitui como um mosaico harmônico mas um conjunto de opostos divergentes e contraditórios A Diversidade Cultural é cultural e não natural ou seja resulta das trocas entre sujeitos grupos sociais e instituições a partir de suas diferenças mas também de suas desigualdades tensões e conflitosBARROS 2008 p 18 E é possível ainda afirmar que a Diversidade Cultural surge como uma resposta a algo que já era uma indagação além de significar a procura decidida de um sujeito e não exclusivamente uma constatação antropológica É o resultado de uma construção deliberada e não apenas um pressuposto um ponto de partida Um projeto e não apenas um inventário BARROS 2008 p 19 Na busca de entender pelo ponto de vista cultural o que é a diversidade os caminhos poderão levar ao entendimento da diversidade como a construção ao mesmo tempo histórica cultural e social das diferenças Algo é incontestável A Diversidade Cultural se realiza no humano ao longo da História E é nesse contexto que as relações raciais se configuram constroem e reconstroem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 109 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 109 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 110 E o que afirmar sobre as diferenças Existe um encontro entre o tema da diversidade cultural e das diferenças E ficará evidente que por mais que cada comunidade seja distinta da outra e que seus membros compartilhem idênticos ou semelhantes atos festas comemorações e modos de sentir e pensar cada um de seus membros aprenderá socialmente a pertencer a uma determinada diversidade cultural e assim carregar suas diferenças As mais novas gerações aprendem de mãos dadas com as mais antigas seus mestres e com os legados deixados pelos seus antepassados chamados de ancestrais E como estas pessoas em seus grupos com as suas diversidades culturais agem nas e com as diferenças O Antropólogo Claude LéviStrauss já em 1950 naquele cenário posterior aos horrores da 2ª grande guerra no discurso sobre Raça e História para a UNESCO já havia proposto três principais marcações conceituais para a compreensão e atuação com a diversidade cultural LéviStrauss afirmou com relação a diversidade cultural que era imprescindível que ela fosse realizada de tais formas a permitir diálogos generosos entre as distintas diversidades culturais KAUARK BARROS TORREÃOMIGUEZ 2015 Segundo o entendimento do importante estudioso francês e que morou em São Paulo na juventude deu aulas na Universidade de São Paulo e visitou alguns dos nossos povos indígenas no Brasil ele considerou que era importante uma reflexão sobre a compreensão da inexistência de uma relação de causa e efeito entre as diferenças culturais e as diferenças no plano biológico O que isso quer dizer Que não podemos acreditar em inatismo de nossas diferenças que são culturais As nossas diferenças biológicas nem as causam e nem produzem efeitos sobre elas As diferenças não se limitam a biologia Existe desde 2007 uma convenção que trata da garantia da soberania relacionada ao respeito às políticas culturais É a Convenção da Unesco sobre a Proteção e a Promoção da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 110 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 110 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 111 Diversidade das Expressões Culturais E que em sua história vem sendo utilizada como um instrumento para pressionar diversos governos na busca da construção e manutenção de poderosas políticas públicas capazes de promover e proteger a diversidade cultural E neste documento da UNESCO a diversidade cultural é vista como um valor universal repassando uma ideia que os bens e serviços culturais possuem valores e sentidos que demandam tratamentos diferenciados incidindo sobre os nossos direitos a diversidade cultural Quando um Governo Técnicos Educacionais de uma Secretária Estadual ou Municipal de Educação seus conscientes coordenadores pedagógicos e ainda os seus professores reflexivos tomam a iniciativa de cumprir as legislações relacionadas à educação e que zelam pela existência de um planejamento de atividades educacionais que levem em conta a diversidade cultural e as diferenças é necessário louvar todos estes esforços O fato é que as existências das legislações nas instâncias federal estadual e municipal não determinam que as práticas pedagógicas sejam profundamente tocadas e focadas na Diversidade Cultural e no respeito às diferenças Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Brasil DNA ÁfricaTrata da origem dos afrodescendentes e a importância dos africanos na construção do Brasil O projeto está baseado em três eixos o histórico o cultural e o científico Acessível pelo link httpsbitly2Yd9Xyn Acesso em 04012020 SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 111 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 111 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 112 Refletindo sobre a diversidade cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas diferenças ambiental ecológica étnicoracial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas fazse necessário lançar mão de reflexões sobre as diferenças ambientalecológica étnicoracial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre outras OBJETIVO É necessário comemorar tais práticas pedagógicas e tais políticas públicas que as amparam bem como os legisladores que constituíram estes relevantes marcos legais É importante que as políticas educacionais de integração democrática das diversidades contemplem problemas comuns à questão do negro e à questão do índio outras deverão contemplar especificidades próprias de cada grupo E que ainda nossas políticas educacionais oportunizem uma educação de cultura através de campanhas massivas e intensivas de fabricação contrahegemônica de identidades de negros e índios como atores sociais partícipes do processo de construção do País E isso é possível acontecer se existirem no seio da sociedade políticas Públicas inúmeras e potentes não somente as políticas públicas educacionais mas também as políticas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 112 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 112 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 113 afirmativas ostensivas de presença negra e presença índia nas mídias de assunção às esferas decisórias de cotas de vagas em escolas e no caso dos negros de quotas de empregos nas diversas atividades econômicas Assim antes de pensar nas Práticas pedagógicas é necessário a luta ou a preservação a depender do momento histórico que passa o país de algumas políticas educacionais que contemple as especificidades das populações afrobrasileiras e das populações indígenas No caso das populações indígenas a questão do bilinguismo continua sendo uma questão crucial Isso significa manter a língua materna Não podemos falar em contemplar a diversidade cultural e as diferenças étnicoraciais brasileiras sem pensar em manter as línguas maternas indígenas Muitos povos indígenas conservam sua língua mas a tendência de perda é cada vez mais acentuada Isso para falar em um único seguimento de nossas diferenças no recorte étnicoracial com foco nas línguas Mas existem muitos outros Gersem dos Santos Luciano 2006 Gersem Baniwa indígena brasileiro do Povo Indígena Baniwa da Amazônia Brasileira Doutor em Antropologia é escritor e professor universitário Deu e continua dando grande contribuição ao nosso país nos tempos em que atuou como Conselheiro no Conselho Nacional de Educação 20062008 e 2016 a 2020 É possível aprender com Gersem Baniwa sobre diversidade cultural e diferença étnicoracial indígena ou mais apropriadamente diferenças Gersem Luciano do Povo Indígena Baniwa 2008 fala sobre ser falante de outras línguas em um país que a maioria só fala uma única língua o português do Brasil Declarando que os povos indígenas enfrentam a imposição de padrões que vão da alimentação à língua Somos obrigados a aprender e a falar uma outra língua muitas vezes abdicando de nossas línguas de nossas tradições e assim por diante LUCIANO 2008 p 69 Neste sentido refletir sobre as diferenças e as diversidades culturais visíveis e coexistindo com as intenções educativas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 113 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 113 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 114 dos professores passam por mudanças nas mentalidades dos educadores e pela instauração de novas posturas tolerantes as diferenças dos alunos E caminhar um pouco mais além saindo da leve aceitação desta aparente situação de tolerância para uma convivência mais partilhada da diversidade Porque uma coisa é tolerar alguém outra coisa é conseguir compartilhar modos de pensar valores conhecimentos e assim por diante As diferenças indígenas são representativas das diferentes culturas dos povos que habitam e constituem o nosso país olhar a diferença não como um problema mas como um valor um enriquecimento da sociedade brasileira um patrimônio nacional Tratando das diferenças indígenas Luciano 2006 defende que a escola que foi exaustivamente usada como um dos fundamentais instrumentos durante a história do contato para descaracterizar e destruir as culturas indígenas possa vir a ser um instrumental decisivo na reconstrução e na afirmação das identidades e dos projetos coletivos de vida Como distinguir os Povos Indígenas e suas grandes diferenças São povos que representam culturas línguas conhecimentos e crenças únicas e sua contribuição ao patrimônio mundial na arte na música nas tecnologias nas medicinas e em outras riquezas culturais é incalculável Eles configuram uma enorme diversidade cultural uma vez que vivem em espaços geográficos sociais e políticos sumamente diferentes LUCIANO 2006 p 47 O escritor e indígena Gersem Luciano explica que a diversidade cultural de cada povo indígena bem como a história de cada um deles e os contextos e que vivem desenvolvem dificuldades para reduzilos ou enquadrálos com uma só definição Talvez exista no imaginário popular fruto do preconceito de que índio é tudo igual servindo para diminuir o valor e a riqueza da diversidade cultural dos povos nativos e originários da América continental LUCIANO 2006 p 40 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 114 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 114 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 115 Este autor Gersem Luciano do Povo Indígena Baniwa reflete sobre a realidade brasileira com relação a diversidade cultural Isso explica a diversidade cultural e a diferença de uma das matrizes do povo brasileiro que são os Povos Indígenas além da necessidade de ouvir deles mesmos sobre eles mesmos e suas diversidades e diferenças A seguinte definição deles pode ser até uma lição que podemos usar para definir a diversidade dos alunos Eles mesmos em geral não aceitam as tentativas exteriores de retratálos e defendem como um princípio fundamental o direito de se auto definirem Somente depois da promulgação da Constituição Cidadã de 1988 é que um novo tempo foi instituído no Brasil com relação as garantias e respeitos as diversidades culturais indígenas Assim iniciase o terceiro período do Indigenismo Governamental Contemporâneo pós 1988 LUCIANO 1988 Sendo que o fato acentuado de tal período teria sido segundo Luciano a superação teóricojurídica do princípio da tutela dos povos indígenas por parte do Estado brasileiro entendida como incapacidade indígena e o reconhecimento da diversidade cultural e da organização política dos índio Os Povos Indígenas são sujeitos com direitos às diferenças Mas nem sempre isso é perceptível Apesar de existirem 223 povos indígenas no Brasil Estes 223 diferentes povos não são idênticos são povos diferentes um do outro Por que é diferente Porque cada povo tem sua língua própria têm suas tradições próprias sua mitologia própria sua cosmologia própria que se distinguem das demais Já desde a largada dos portugueses e espanhóis dos portos europeus os planos não constituíam o respeito as diferenças e nem muito menos à diversidade cultural O projeto passava pela unificação e domínio Constituise um projeto ambicioso de dominação cultural econômica política e militar do mundo ou seja ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 115 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 115 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 116 um projeto político dos europeus que os povos indígenas não conheciam e não podiam adivinhar qual fosse Eles não eram capazes de entender a lógica das disputas territoriais como parte de um projeto político civilizatório de caráter mundial e centralizador uma vez que só conheciam as experiências dos conflitos territoriais intertribais e interlocaisLUCIANO 2006 p 17 O que aponta ainda em pleno século XXI com relação aos povos indígenas é que toda a história da colonização e até os dias atuais persiste uma danosa prática histórica que permanece agindo para manter a invisibilidade e o preconceito contestando até os direitos dessas coletividades indígenas Com relação a Diversidade Cultural as diferenças e os afrodescendentes o povo negro brasileiros os descendentes dos africanos que viveram no Brasil na condição indigna de escravizados é impossível tocar nas suas singularidades sem tratar das relações racistas produzidas no Brasil nas quais o povo negro foi duramente atingido em suas diferenças e identidades Este racismo foi sendo alimentado pela reafirmação da ambiguidade do ser e nãoser insistentemente presente nas mentes dos que tratam desta questão ou seja da imprecisão de alguns quando tratam sobre a realidade de racismo que o povo negro vive no Brasil entre outros povos do Brasil que estão imersos na nossa realidade de pluralidade étnica Não há como falar sobre a participação do povo negro no Brasil a sua presença no complexo leque da Diversidade Cultural brasileira as diversas formas por meio das quais esse grupo étnicoracial constrói sua identidade sem considerar o contexto do racismo na sociedade brasileira GOMES 2008 p 135 Isso levará você a reflexão sobre as desigualdades que enfrentam os afrodescendentes no Brasil neste imenso país ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 116 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 116 03022021 172747 03022021 172747 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 117 construído com os esforços de seus ancestrais O fato é que a população negra do Brasil precisa lidar com suas diversidades culturais com suas diferenças e com a persistência do racismo a nãointegração ou integração marginal do negro na nossa sociedade a cidadania precária e subalterna que permeia a vida e a conquista dos direitos São desigualdades históricas que caminham lado a lado com a desigualdade socioeconômica mas cada uma tem a sua forma de operar na cultura na política na educação nos contextos das relações de poder na vida dos sujeitos sociais Algumas pessoas não negras ou não identificadas com as lutas em prol de igualdades de oportunidades de parcela significativa do povo negro e empobrecido costumam maldizer as políticas afirmativas como as políticas de cotas raciais das universidades Um dado estatístico revelado por pesquisas do IPEA no fim do século XX determina reflexões No ano de 1999 98 deles não tinham ingressado na Universidade Isso demanda um olhar mais apurado Com as políticas de Cotas nas Universidades Públicas brasileiras o quadro foi amenizado passando a ser de 128 a presença de jovens negros pretos e pardos na faixa etária entre 18 e 24 anos entre os que são estudantes matriculados em instituições de ensino superior no Brasil Pode representar um número ainda ínfimo mas mudanças ocorreram graças às políticas afirmativas de cotas A presença de estudantes negros na totalidade da população brasileira foi ampliada de negros nas universidades segundo dados do ano de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Isso comprova que a presença nula mudou com a política de cotas mas poderá melhor ainda mais É significativo revelar que em 2018 no Brasil mais de 19 milhões de pessoas se declaram pretas segundo dados de 2019 divulgados pelo IBGE Somando aos não declarados representam grande contingente populacional ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 117 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 117 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 118 É necessário refletir sobre os dados todos acima Eles revelam que é necessário investimento em políticas Públicas educacionais que tragam um contingente cada vez maior de crianças adolescentes e jovens negros para dentro das escolas nos mais diversos níveis da Educação Básica e para a Universidade Muitos avanços aconteceram e gigantescos passos precisarão ser dados para superar todos estes séculos de desigualdade O país desafia com seus quadros acentuados de desigualdades de desníveis e com as suas precariedades nas políticas educacionais de caráter universal Elas não conseguem atingir de forma igualitária alguns grupos específicos da nossa população Essa situação desvela uma das falácias do mito da democracia racial brasileiro ou seja a crença de que negros e brancos encontramse em situação de harmonia e igualdade no Brasil Que harmonia Que igualdade O que os dados estão dizendo GOMES 2008 p 137 Sendo assim é muito importante garantir as necessárias e justas mudanças educacionais e epistemológicas ou seja operando nas formas como construímos o conhecimento ou que práticas educativas fazemos para as crianças construírem e serem suficientemente capazes de entender considerar e afirmar dentro das instituições educacionais que as ações dos negros como sujeitos políticos ao longo da História poderá ser dar visibilidade às práticas culturais políticas educacionais e organizativas do segmento negro da população brasileira Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças nas práticas pedagógicas com os olhos nas diferenças étnicoraciais do Povo Negro Brasileiro focando sobre a situação de gênero pensando na mulher negra professora e nos negros que enfrentam suas diferenças relacionadas as faixas geracionais ligando com as realidades de suas classes sociais e não discriminando aqueles negros que são de religiões afrodescendentes ou religiões de matriz africana é necessário promover seus direitos todos a diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 118 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 118 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 119 cultural e suas diferenças A escola brasileira precisará avançar na sua intolerância com as diferenças religiosas As crianças sofrem e ainda são obrigadas a assistir aulas que desconhecem seus cultos sagrados Mais do que tolerância religiosa o que se reivindica é o reconhecimento a aceitação e o respeito da diversidade religiosa brasileira As religiões de matriz africana têm sofrido muitas pressões e discriminações No entanto a organização dos praticantes dos cultos afrobrasileiros tem ampliado e alcançado algumas vitórias políticas em diferentes lugares do País GOMES 2008 p 143 Sobre as relações entre a diversidade cultural e as diferenças ambientalecológica apontando como uma estratégia para tempos difíceis de acentuadas mudanças climáticas aquecimento global com relevantes danos para a população mundial com perspectivas de agravamento nas próximas décadas segundo dados de cientistas do clima são necessárias reflexões Qual seria o papel das práticas pedagógicas nas escolas brasileiras O mundo já vê estarrecido episódios que demandam novas significações e novos contatos com a preservação ambiental ecológica em uma aliança com a diversidade cultural e as diferenças dos diversos povos que habitam o território brasileiro e que necessitam da terra para produzir além de alimentos suas diversidades culturais É o caso de indígenas quilombolas e demais pessoas e comunidades tradicionais que vivem no Campo Recentemente chamaram a atenção nos lamentáveis episódios de rompimentos de barragens em Minas Gerais 2019 os danos graves às vidas das comunidades ribeirinhas pescadores e povos indígenas de Minas Gerais Pensando no mundo todo são diversos episódios como incêndios e mudanças drásticas no clima que criam a categoria de desabrigados ambientais Isso demanda reflexões significativas pela preservação dos nossos ecossistemas entre eles a Amazônia onde habitam muitos dos nossos povos indígenas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 119 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 119 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 120 A nossa diversidade cultural e o nosso pluralismo cultural prova que não somos idênticos ou seja não somos iguais somos diferentes carregamos diferenças que aparecem em diversos formatos nos longos séculos de luta contra os projetos de unificação propostos pelos colonizadores da nossa América e de nosso Brasil Já os colonizadores portugueses não eram únicos carregavam suas diferenças Os povos indígenas eram e são diversos E os africanos eram idênticos somente na condição indigna de escravização É evidente que Governos Federal Estadual e Municipal as legislações eficazes e Políticas Públicas de Educação serão necessárias e devem ser mantidas a escola sozinha não pode realizar tão imprescindíveis tarefas Já neste século foi proposto pelo Governo Federal o Programa Brasil Plural Foi praticado pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural através do Ministério da Cultura em 2004 É interessante analisar os pontos escolhidos para focar em tal programa figuravam a valorização da diversidade das expressões culturais nacionais e regionais o fortalecimento da democracia com igualdade de gênero raça e etnia e a cidadania com transparência diálogo social e garantia dos direitos humanos Bem como a garantia de apoio promoção e intercâmbio aos grupos e redes de produtores culturais manterem suas diversificadas manifestações culturais salvaguardando as qualidades identitárias de identidade de diferença por gênero orientação sexual grupos etários étnicos e da cultura popular Além de promover a identificação preservação e valorização dos patrimônios culturais brasileiros assegurando sua integridade permanência sustentabilidade e diversidade Algo a ser pensado na escola é uma condição de diferença e de portador de diversidade cultural da criança ou do jovem com deficiência As legislações avançaram Os educadores precisam entender e garantir a perfeita inclusão das pessoas com deficiênciaToda uma legislação recente os salvaguarda na escola ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 120 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 120 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 121 Todos estes elementos devem ser levados em consideração para a realização de práticas pedagógicas que levem em conta a diversidade cultural e as diferenças ambientalecológica étnico racial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais Crianças adolescentes jovens e adultos com defi ciência escolhas sexuais entre outras Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Darcy Ribeiro narra no seu livro o Povo Brasileiro a matriz indígena Acessível pelo link httpsbitly3hhhzsm E a matriz afrodescendente Acessível pelo link httpsbitly2AeHZtZ Acesso em 04012020 SAIBA MAIS Figura 1 Brasileiros Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 121 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 121 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 122 Você foi capaz de refletir sobre o sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às relevantes diferenças inicialmente focando nas questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças nas práticas pedagógicas Por fim você foi capaz de refletir sobre Diversidade Cultural e sobre cada uma das seguintes diferenças a saber ambientalecológica étnicoracial de gêneros entre as faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais pessoas com deficiências escolhas sexuais entre outras Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente Você será capaz de aplicar a diversidade cultural brasileira na prática docente você vai entrar nas especificidades das práticas docentes nos saberes e fazeres docentes sob o foco da presença da diversidade cultural brasileira levado pela indagação e como promovêla no cotidiano escolar OBJETIVO Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente histórias pensamentos e conquistas Quando você refletir sobre a relação entre Diversidade Cultural diferença e prática pedagógica dentro das escolas procure pensar que as nossas diferenças e aquelas que aprendemos nas nossas casas e vemos desde pequenos no contato com as nossas comunidades não devem ser naturalizados nem romantizados e muito menos vistos como ingênuos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 122 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 122 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 123 Não devemos aceitar que eles sejam sentidos ou teorizados como algo que compense os maus tratos e todo o longo processo de escravização do povo africano ou de desapropriação dos povos indígenas duas das nossas importantes matrizes imersas nas nossas culturas e em nossa diversidade cultural demandando respeito aos seus direitos e visibilidade E muito menos devemos amenizar as hibridizações contemporâneas algumas misturas que acabam por desqualificar e anular as marcas constituintes de nossas culturas e de pertencimento dos povos negros e indígenas brasileiros Permitir isso impede perspectivas e atitudes mais efetivas de proteção promoção e articulação dos legados de nossos ancestrais negros indígenas e europeus Cada um destes agrupamentos trouxe contribuições singulares e que devem ser preservadas É necessário admitir inicialmente que somente o desvendar desta necessidade movida por sentimentos que caminham pela trilha de uma reparação histórica de tantos silenciamentos diante de toda a diversidade cultural brasileira e com as nossas mais distintas diferenças não vão mover rapidamente a engrenagem que ficou parada e está enferrujada É preciso ir bem além da boa vontade em sala de aula e estabelecer um caminho mesmo que seja longo para desconstruir velhas práticas geradas por estruturas de dominação colonial de longo prazo de produção da desigualdade a partir das diferenças socioculturais estas consideradas como signo de inferioridade Tal enunciação prescritiva da busca de novas posturas mal disfarça o exercício da violência adocicada que seja única caução de uma verdade também única e totalitária É preciso ir bem mais adianteLIMA 2006 p 13 Isso fará você retornar a uma questão o que as escolas e suas práticas pedagógicas devem e podem fazer pela nossa diversidade cultural aliada às nossas diferenças agindo de uma ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 123 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 123 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 124 maneira que não anulem e jamais destruam as nossas diferenças E a resposta possível é a defesa evidente que existe uma grande necessidade de educar para a diversidade ou de uma educação para a diversidade entendida menos como uma atitude de respeito passivo e mais como uma forma de estar no mundo em que a articulação das diferenças se configura como prérequisito ao desenvolvimento humano Há uma alternativa já antiga e conhecida pelos Povos Indígenas do Brasil É uma possibilidade de Educação diferenciada que não esconde nem nossas diversidades culturais e nem as nossas diferenças É a Educação intercultural focada em trazer os diversos elementos de várias culturas tais conhecimentos valores e tradições que se articulam e se integram nas práticas cotidianas das pessoas para o campo das políticas de divulgação e de valorização da Diversidade Cultural e para o diaadia das pessoas bem como das instituições escolares e das nossas sociedades mas nem sempre bem utilizadas É bom destacar que a interculturalidade não é inverter a relação desigual de discriminado a discriminador mas uma superação de qualquer forma de simetria nas relações culturais entre indivíduos e sociedades Existem pessoas que desconhecem a nossa diversidade cultural brasileira e ainda ignoram e discriminam as nossas mais distintas diferenças diferenças ambientalecológica étnico racial de gêneros faixas geracionais classes sociais religiões necessidades especiais escolhas sexuais entre tantas outrasJá educadores precisarão conhecêlas e respeitálas muito bem A realidade social brasileira e nos demais Estados contemporâneos está vinculada às diferenças socioculturais Como podemos fazer com que as escolas sejam espaços de aprender com as diferenças socioculturais e todas as demais diferenças que brotem dentro das escolas Como fazer um cenário pedagógico que permitam dialogar com as diferenças e as diversidades culturais já existentes dentro das escolas Como começar este caminho Como vencer os preconceitos e dissipar tanto racismo ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 124 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 124 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 125 Sempre que uma realidade educacional inspira e respira demo craticamente práticas pedagógicas inclusivas com respeito às diferenças e as diversidade cultural não se pode dizer apenas que cumprem as legislações Agem e são justos com a nossa história ou mais precisamente as nossas histórias e culturas dos diversos povos nossas intensas matrizes do povo brasileiro O Brasil não é ou não multicultural É diverso É sempre bom refletir que a multicultura brasileira reflete a rica pluralidade que se manifesta na miscigenação de seu povo na cor da pele nos costumes na culinária vestimentas folclore comportamento etc Todavia e infelizmente se reflete também nas relações de poder e nas desigualdades entre os privilegiados e os outros as denominadas de forma depreciativa minoriasFERREIRA 2015 p 306 Refletindo sobre a questão da Diversidade Cultural das diferenças das identidades nas salas de aula é possível afirmar palavras que remetem à atualíssimas reflexões sobre estes temas que você está estudando agora diferenciandoas de formas antigas ultrapassadas e superadas Depois de fazer suas considerações sobre os cenários desoladores em que alojaram as nossas diversidades culturais no Brasil ao longo da nossa história desde a chegada dos portugueses escondendoas assim como se fosse possível àquilo recalcado ocultado não ser perceptível este projeto nacional de homogeneização assim como se fosse fácil misturar óleo e água tal projeto de embranquecimento e destituição das nossas diversidades e diferenças foi chegando às escolas aos alunos montadas dentro das cabeças dos professores presentes aos currículos mantidas como mentiras que parecem verdades nos nosso livros didáticos E com quais finalidades Para que os futuros professores não indígenas e que desconhecem a diversidade cultural e as diferenças dos povos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 125 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 125 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 126 indígenas possam falar deles com propriedades e sem preconceitos Servirá para os que são muito pouco ou pouco conhecedores da diversidade linguística dos modos de vida e das visões de mundo de povos de histórias tão distintas como os que habitam o Brasil e que compõem um patrimônio humano inigualável E para que possamos construir uma escola aberta às diferenças e a diversidade cultural que tenha por princípio elementar o respeito à diferença o cultivo da diversidade a polifonia de tradições e opiniões e que se paute pela tolerância como tantos preconizam no presente Com tais mentiras que pareciam verdades foram surgindo explicações que caracterizavam as nossas diferenças como nulas e parecíamos menos complexos do que somos menos diversificados culturalmente do que somos menos diferentes étnicoracialmente do que somos Foram mentindo sobre nós e estas mentiras pareciam verdades de tanto serem repetidas Então uma tarefa surgiu como preponderante Era necessário tocar as mentes das pessoas para ver as invisibilidades diante de nossa diversidade cultural Estes desafios exteriores à sala de aula são concomitan temente desafios para dentro das salas de aula relacionados aos temas da diversidade cultural e das diferenças que estão fora e dentro da escola O que podemos almejar como reconhecimento de nossas diferenças E quando falamos em diferenças designamos as individuais e as coletivas Queremos ver reconhecidas as nossas diferenças coletivas e individuais como uma condição de cidadania quando as identidades diversas são reconhecidas como direitos civis e políticos consequentemente absorvidos pelos sistemas políticos e jurídicos no âmbito do Estado Nacional Não devemos agir nas escolas com relação aos modos diferentes de alguns agrupamentos com relação à educação como educam seus filhos com os mesmos parâmetros de análise equivocada dos colonizadores portugueses Eles achavam que somente as diferenças deles eram boas válidas e certas E que somente os seus métodos para educar eram os mais acertados ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 126 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 126 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 127 A Educação é um direito social e um processo de desenvolvimento humano que demanda Políticas Públicas de Educação Já nos Parâmetros Curriculares Nacionais 1997 a educação escolar corresponde a um espaço sociocultural e institucional responsável pelo trato pedagógico do conhecimento e da cultura Historicamente esta universalização do direito à educação foi tardia no Brasil mesmo depois da Proclamação da República O que necessariamente deve ser comemorado como fruto das lutas populares e que resultaram nos avanços dos marcos legais da educação Nacional a partir de 1988 com a nova Constituição Federal carinhosa e esperançosamente chamada de Constituição Cidadã Não ocorreu sem lutas O Grande abolicionista pensador e escritor negro brasileiro Luiz Gama nasceu em 1830 sua mãe Luiza Mahin era africana e estava na condição de escravizada Luiz Gama nasceu livre e posteriormente foi vendido pelo próprio pai quando tinha dez anos Nunca teve um diploma universitário Atuou nos tribunais e conseguiu com seus esforços libertar mais de 500 pessoas negras em condição de escravizados Hábil leitor ele ia atrás das leis escravistas brasileiras no século XIX conseguindo examinar saídas para a libertação de muitas pessoas antes do fim da escravidão no Brasil Em uma carta de importante valor histórico datada de 1880 um pouco antes da assinatura do fim da escravidão no Brasil declarou Em 1847 contava eu 17 anos quando para a casa do sr Cardoso veio morar como hóspede para estudar humanidades tendo deixado a cidade de Campinas onde morava o menino Antônio Rodrigues do Prado Júnior hoje doutor em direito exmagistrado de elevados méritos e residente em MogiGuassu onde é fazendeiro Fizemos amizade íntima de irmãos diletos e ele começou a ensinarme as primeiras letras ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 127 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 127 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 128 Em 1848 sabendo eu ler e contar alguma cousa e tendo obtido ardilosa e secretamente provas inconcussas de minha liberdade retireime fugindo da casa do alferes Antônio Pereira Cardoso que aliás votavame a maior estima e fui assentar praça MOURA MOURA 2004 p 170 No tempo em que serviu no exército como praça ele narra que se fez copista fazia cópias escreveu para o escritório de um escrivão tornandose amigo dele Ordenança dele narrando que por meu caráter por minha atividade e por meu comportamento conquistei a sua estima e a sua proteção e as boas lições de letras e de civismo que conservo com orgulho Sem o direito universal a educação tendo nascido livre sendo filho de uma africana escravizada os dois eram lideranças da resistência negra a mãe e ele Luiz Gama aprendeu a ler e as tarefas ligadas a um exercício intelectual e unido as letras graças aos amigos que foi fazendo pela vida Sua vida é exemplar da falta que as políticas públicas podem fazer Lá pelo ano de 1856 ainda longe estava à abolição após ter servido no cargo de escrivão diante de muitas autoridades policiais conta fui nomeado amanuense da Secretaria de Polícia onde servi até 1868 época em que por turbulento e sedicioso fui demitido a bem do serviço público pelos conservadores que então haviam subido ao poder MOURA MOURA 2004 p170 Assim por pura perseguição política e não por algum grave delito no exercício de sua profissão Desde que me fiz soldado comecei a ser homem porque até os 10 anos fui criança dos 10 aos 18 fui soldado Fiz versos escrevi para muitos jornais colaborei em outros literários e políticos e redigi alguns MOURA MOURA 2004 p 170 Um renovado intelectual brasileiro do século XIX Luiz Gama lutou muito pelos direitos dos afrodescendentes Uma escola pública que aplicasse a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente fez falta à vida do menino ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 128 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 128 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 129 Luiz Gama lá no século XIX O fato é que no decorrer das últimas décadas o século XX e das duas primeiras décadas do século XXI a sociedade civil organizada e os Governos Federal Estaduais e Municipais brasileiros organizaram pujante conjunto de marcos legais e de políticas públicas focadas nas diferenças étnicoraciais e na diversidade cultural brasileira Para que as escolas e as práticas docentes possam ser inclusivas e não ocultar ou insultar as nossas diferenças e nossas diversidades culturais serão necessárias mudanças íntimas na subjetividade de cada educador e também externas ou sociais nos currículos nas metodologias na avaliação e na relação com a comunidade em seu entorno na formação docente entre tantas outras questões No caso das práticas pedagógicas é necessário se debruçar sobre todas as ausências como por exemplo a ausência do negro no livro didático a ausência de mulheres negras na política a ausência dos negros nos cargos de poder entre outros são formas de exclusão e de nãoexistência ativamente Estas ausências do povo negro com sua diversidade cultural e suas diferenças foram perversamente produzidas dentro da realidade brasileira e nos contextos histórico político cultural e educacional Ou seja elas foram produzidas conquanto tais Essas ausências também podem ser encontradas no campo epistemológico como por exemplo na própria produção do conhecimento Quanto à questão da diversidade cultural dos povos indígenas a Constituição Federal de 1988 representou um divisor de águas de um processo longo de exclusão das diversidades culturais e diferenças entre os mais de 200 povos indígenas brasileiros Isso operou uma ruptura com um modelo excludente já existente desde o início da República brasileira 1889 baseada em uma política extremamente etnocida voltada a exterminar os povos indígenas repressiva e genocida O que operava era uma política determinada de negação e de banimento dessa Diversidade Cultural Passamos mais de ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 129 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 129 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 130 quatro séculos em que a política oficial dos dirigentes seja no período colonial ou póscolonial distinguia negativamente essas pessoas e grupos física e culturalmente Uma primeira iniciativa neste sentido foram os Parâmetros Curriculares Nacional 1997 diversidade cultural figura entre os temas transversais De lá para cá as demandas para a escola que levem em conta a diversidade cultural e a diferença de cada povo indígena passa por vêla a escola como um contexto um lugar onde a relação entre os conhecimentos tradicionais e os novos conhecimentos científicos e tecnológicos deverão articularse de forma equilibrada além de ser uma possibilidade de informação a respeito da sociedade nacional facilitando o diálogo intercultural e a construção de relações igualitárias fundamentadas no respeito no reconhecimento e na valorização das diferenças culturais entre os povos indígenas a sociedade civil e o Estado LUCIANO 2006 p 148 Os Parâmetros curriculares NacionaisPCNs representaram apenas um ponta pé em uma história de silenciamentos e exclusões as matrizes dos povos brasileiros Pois nem existe uma só cultura existem diversas culturas e elas se encontram dentro da escola Além da escola e o currículo dela assumirem que as crianças representam muitas culturas diferentes é preciso ir além É necessário reconhecer a cultura docente do aluno e da comunidade a presença da cultura escolar mas não questiona o lugar que a diversidade de culturas ocupa na escola Mais do que múltiplas as culturas diferem entre si Refletindo sobre a aplicação da Diversidade Cultural e das diferenças nas práticas pedagógicas com os olhos nas diferenças étnicoraciais do Povo Negro Brasileiro discutindo as questões de gênero pensando na exclusão da mulher negra ou do homossexual de qualquer etnia e nos desafios geracionais dos negros na velhice da população negra ou nos desafios dos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 130 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 130 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 131 adultos e idosos que vão aprender a escrever e ler nas salas de Educação de Jovens e adultos entendendo o desejo do jovem negro de chegar na universidade entendendoos de dentro de suas realidades sociais e classes sociais e não perseguindo os negros que são de religiões afrodescendentes ou religiões de matriz africana muitos avanços precisarão acontecer nas escolas E isso configurou campos de lutas antigas dos negros nos seus debates sobre a diversidade cultural no campo minado das desigualdades brasileiras a ponto de transformar e resemantizar suas reivindicações hoje em políticas de ações afirmativas Fazse necessário compreender o caráter radical e emancipatório de tais políticas Refletir sobre as aplicações da diversidade nas práticas pedagógicas para o povo negro é se deparar com um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório facultativo ou voluntário concebidas com vistas ao combate à discriminação racial de gênero e de origem nacional bem como para corrigir os efeitos presentes da discriminação praticada no passado tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e emprego GOMES 2001 p 40 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo As Dimensões da Diversidade Cultural Brasileira Acessível pelo link httpsbit ly3dNJ5eE Acesso em 04012020 SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 131 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 131 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 132 Figura 2 Encontro Afrolatino em Salvador Fonte Wikimedia Commons Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente você poderá perceber as conquistas das lutas e o que poderá ser fruto no futuro E o que mudou e com ainda poderá mudar para ser mais justo Já existem muitas iniciativas e muitas outras precisarão continuar sendo aplicadas E que avancemos com políticas Públicas Educacionais e com práticas inclusivas Diferentes daquelas políticas antidiscriminatórias que atendem a criança o jovem a mulher o homem o idoso ou ainda o membro de uma comunidade de Religião de Matriz Africana baseadas em lei de conteúdo meramente proibitivo que se singularizam por oferecerem às respectivas vítimas tão somente instrumentos jurídicos de caráter reparatório e de intervenção tão ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 132 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 132 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 133 recorrentes na televisão e nos jornais de fatos tão devastadores racistas intolerantes e que acabam na frente de um delegado de polícia com o simples pagamento de uma fiança Ir além é preciso O que a escola deverá buscar conquistar e efetivar são as ações afirmativas E o que são ações afirmativas As ações afirmativas têm natureza multifacetária e visam evitar que a discriminação se verifique nas formas usualmente conhecidas isto é formalmente por meio de normas de aplicação geral ou específica ou através de mecanismos informais difusos estruturais enraizados nas práticas culturais e no imaginário coletivo Gomes 2001 p 41 A questão a ser considerada é se as Práticas Pedagógicas também foram transformadas essencialmente O que é necessário refletir é se as práticas Pedagógicas aplicam a Diversidade Cultural Brasileira e isso faz sentido nas práticas dos educadores de crianças adolescentes e jovens que chegam na escola fora da faixa etária determinada para cursar os seus primeiros anos escolares sem os discriminar por suas diferenças e levando em conta as suas diversidades culturais As práticas Pedagógicas que se intitulam como iguais para todos seriam ou não mais ou menos discriminatórias Segundo Gomes acabariam por ser mais discriminatórias Essa afirmação pode parecer paradoxal mas dependendo do discurso e da prática desenvolvida podese incorrer no erro da homogeneização em detrimento do reconhecimento das diferenças É fundamental entender que a Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoLDBEN Nacional determina um cenário de garantias legais para aplicar a diversidade cultura nas práticas docentes Caso professor queira Caso ele não tenha nenhuma oposição a esta lei Não É um marco legal a ser respeitado O fato é que já escorridos tantos anos desde a homologação da LDBEN BRASL 1996 apresentase um desacerto entre a ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 133 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 133 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 134 lei e as práticas docentes Muitos educadores continuam sem entender que as diversidades culturais em sala de aula dependem da boa vontade deles E isso implica em abandonar práticas docentes retrógradas conservadoras e centradas nas construções de cultura e de diversidade que permeiam o grupamento social ao qual determinados educadores pertencem que parece anular as necessidades de emancipação e de oferecer experiências educativas que impulsionem os alunos para o futuro passando pelos legados dos seus antepassados As matrizes indígena e negra é de todos nós O professor deve aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais de iniciativas do Conselho Nacional de EducaçãoCNE e do Ministério da EducaçãoMEC para promover a Educação das Relações ÉtnicoRaciais que poderá acontecer em iniciativas firmadas em marcos legais como no Ensino de História e Cultura AfroBrasileira Africana e indígena apoiados em princípios como Socialização e visibilidade da cultura negroafricana e indígena Passando inicialmente pela sensibilização dos professores para a importância de aplicar a diversidade cultural brasileira que envolve a Formação de professores com vistas à sensibilização e à construção de estratégias para melhor equacionar questões ligadas ao combate às discriminações racial e de gênero e à homofobia Ainda que tais diversidades não sejam familiares aos educadores mas é bom lembrar que são reais aos diversificados alunos que encontram pelo caminho Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente vai demandar a construção de material didático pedagógico que contemple a diversidade étnicoracial na escola Perpassando pela importante valorização de diversificados saberes construídas no âmbito da diversidade cultural dos povos que constituíram o povo brasileiro O que passa pela Valorização das identidades presentes nas escolas sem deixar de lado esse esforço nos momentos de festas e comemorações Isso significa ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 134 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 134 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 135 abrir a escola para a vida comunitária onde podem estar muitos grupos diversificados e artísticos que dançam ou encenam elementos constitutivos da nossa memória oral brasileira chamados por alguns como folclóricas parte integrante da nossa vibrante diversidade cultural tradicional Isso traz elementos suficientes para compor um cotidiano escolar com pesquisa aprendizagem e envolvimento das crianças Aos que pretendem aplicar a diversidade cultural na prática docente na educação Infantil em que currículos bases e parâmetros curriculares já focam no Cuidar e Educar é necessário planejar e ao mesmo tempo questionar as escolhas pautadas em padrões dominantes que reforçam os preconceitos e os estereótipos Isso vai exigir que sejam elencados construídos ou recuperados princípios para os cuidados embasados em valores éticos nos quais atitudes racistas e preconceituosas não podem ser admitidas Nessa direção a observação atenciosa de suas próprias o que requer um desejo e um cuidado em promover práticas e atitudes podem permitir às educadoras rever suas posturas e readequálas em dimensões nãoracistas É interessante que o educador infantil embutido na tarefa de aplicar a diversidade cultural na sua ação docente que ele queira aprender sobre as construções epistemológicas dos diversos grupamentos que formaram o povo brasileiro destacando duas matrizes bem importantes o negro e o indígena Como eles definem o processo de aprender Como os grupos de manifestações da cultura popular tradicional costumam ensinar aos seus novos membros dos grupos Que metodologias estão contidas nelas E aprender com eles É bom lembrar que para aprender é necessário que alguém mais experiente em geral mais velho se disponha a demonstrar a acompanhar a realização de tarefas sem interferir a aprovar o resultado ou a exigir que seja refeita Talvez seja necessário no combate aos racismos e preconceitos trazer as manifestações da diversidade cultural ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 135 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 135 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 136 daqueles que são atingidos por vitimizações sejam por preconceitos étnicoraciais ou outros relacionados a origem e até ao fato de viver em uma família incomum aos modelos burgueses como grande parte das crianças brasileiras que vivem em uma sociedade ainda submetida a um acentuado machismo com maioria de votantes mulheres e grande número delas são as chefes de família Bem como as famílias que surgem em casamentos entre pessoas do mesmo sexo É necessário vencer os preconceitos embutidos em sua postura linguagem e prática escolar reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural da educação O professor atento às diferenças deverá buscar na história e na cultura de cada criança e poderá responder suas indagações sobre como agir É necessário que o professor entenda e aceite as diversidades Na recente e homologada Base Nacional Comum Curricular BNCC 2018 configura como uma das Competências da Educação Básica para Educação Infantil Ensino Fundamental e Ensino Médio Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriarse de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade autonomia consciência crítica e responsabilidade BRASIL 2018 p 09 Na Educação Infantil a BNCC recomenda que a escola precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais dialogando com a riquezadiversidade cultural das famílias e da comunidade Já no Ensino Fundamental a BNCC recomenda uma atenção mútua imbricada à questão dos multiletramentos essa proposta considera como uma de suas premissas a diversidade cultural A BNCC ressalta sobre a temática da diversidade cultural o fato de mais de 250 línguas são faladas no país Indígenas de imigração de sinais crioulas e afrobrasileiras além do português e de suas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 136 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 136 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 137 variedades Esse patrimônio cultural e linguístico é desconhecido por grande parte da população brasileira E ainda indica para considerar a temática diversidade cultural abrangendo formas e produções de expressão várias e distintas a literatura infantil e juvenil o cânone o culto o popular a cultura de massa a cultura das mídias as culturas juvenis etc de forma a garantir ampliação de repertório além de interação e trato com o diferente Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental no ensino da Língua Portuguesa a BNCC BRADIL 2018 recomenda no Campo ArtísticoLiterário vinculado a leitura a fruição e produção de textos literários e artísticos uma atenção a textos que bem representem a diversidade cultural e linguística que favoreçam experiências estéticas Alguns gêneros deste campo lendas mitos fábulas contos crônicas canção poemas poemas visuais cordéis quadrinhos tirinhas chargecartum dentre outros Configurando ainda no Ensino da Geografia no 4º ano o tema Território e diversidade cultural e no 5º ano Diferenças étnicoraciais e étnicoculturais e desigualdades sociais Na área de Ciências Humanas no Ensino Fundamental configura a valorização e temas como os direitos humanos respeito ao ambiente e à coletividade fortalecendo os valores sociais tais como a solidariedade a participação e o protagonismo voltados para o bem comum e sobretudo a preocupação com as desigualdades sociais Sendo assim a atuação do pedagogo nas escolas fará obrigatoriamente encontros com o tema da diversidade cultural E configura como competência específica de Ciências Humanas para todo o Ensino Fundamental refletir sobre atividades que façam o aluno compreender a si e ao outro como identidades diferentes de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos Assim esta última e as demais demandas da BNCC BRASIL 2018 configuram um foco em aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente aberta a aplicação da diversidade cultural nas escolas Isso não se deu por simples ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 137 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 137 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 138 decisão dos seus elaboradores foi fruto de lutas constantes da sociedade civil organizada dos povos negros indígenas que vivem nos campos e nas comunidades mais empobrecidas e historicamente excluídas dos antigos currículos desde a colonização até a república O futuro é a diversidade cultural assim como já era o nosso silenciado passado para a grande maioria da população brasileira Sendo assim ser contemplada Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso às seguintes fontes de consulta e aprofundamento Artigo Educação diferença diversidade e desigualdade páginas 13 a 15 Acessível pelo link httpsbitly2UjXis8 Vídeo A Invenção do Brasil genética técnica e simbólica continua Acessível pelo link httpsbitly2AUZfEr SAIBA MAIS Você foi capaz de focar sobre a aplicação da Diversidade Cultural na Prática pedagógica propiciando importantes aprendizagens de como conciliar as Diversidades Culturais Brasileiras em sala de aula não discriminandoas e promovendo as Neste percurso foi possível percorrer algumas Histórias pensamentos e conquistas Conquistando assim um futuro de respeito às diferenças Desenvolvendo uma prática pedagógica que contemple o outro e suas semelhanças e diferenças Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças isso significa lidar com o singular e as singularidades com aquilo que é ou nos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 138 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 138 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 139 parece ser intraduzível sem tradução para nossos sentimentos e pensamentos E também com aquilo que toca na nossa capacidade e na capacidade do Outro de diferir no direito de diferir bem como a expressão do universal de uma ética e de um conjunto de direitos humanos Simultaneamente uma coisa e outra é nessa tensão de opostos que sua realidade se revela rica dinâmica e desafiadora E diferir em português é originada da palavra difere que podemos traduzir como dispensar e ainda Ser diferente Sendo assim está a se tratar sobre a diferença Bem como do nosso direito de sermos diferentes uns dos outros E de sermos divergentes um do outro e de possuirmos opiniões diversas E mais somos desafiados pela própria experiência humana a aprender a conviver com as diferenças O nosso grande desafio está em desenvolver uma postura ética de não hierarquizar as diferenças e entender que nenhum grupo humano e social é melhor ou pior do que outro Na realidade somos diferentes GOMES p22 A história brasileira é uma luta constante de tais grupos para terem suas diversidades culturais e diferenças respeitadas em espaços como a escola a educação nacional é excludente às diferenças e a diversidade cultural desde a chegada dos primeiros jesuítas Pensar na diversidade cultural no respeito as diferenças com a responsabilidade de desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças demanda o reconhecimento das diferenças é acima de tudo uma condição para o diálogo e portanto para a construção de uma união mais ampla de pessoas diferentes Pensar em como desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças é assegurar que o educador seja visto como o Sujeito do processo educacional e concomitantemente seja visto como o aprendiz da temática e ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 139 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 139 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 140 mediador entre oa alunoa e o objeto da aprendizagem no caso os conteúdos da história e cultura afrobrasileira e africana bem como a educação das relações étnicoraciais bem como estudar a história e cultura indígena e dos povos europeus e asiáticos que vieram viver no Brasil a partir do século XVI As práticas pedagógicas devem ser desenvolvidas objetivando que os educandos sejam capazes de sentir e entender o outro naquilo que ele é diferente ou semelhante a ele mesmo O que se deve querer é o diálogo salutar entre as diferenças e as semelhanças nunca deverá ser a indiferença com a dessemelhança do outro Nem a zombaria escárnio e discriminação em sala de aula A escola deverá ser o lugar dos diálogos das diferenças As buscas devem ser centradas em desenvolver Práticas Pedagógicas que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças modificandoos neste contato em sala de aula fazendoos melhores pessoas com as suas semelhanças e diferenças que nunca podem ser vistas como muros que separam as pessoas O importante é desenvolver Práticas Pedagógicas que não coloquem nenhum aluno na situação de invisibilidade ou escárnio por qualquer tipo de diferença que habite em sua subjetividade interioridade e exterioridade e que promovam e reverenciem o princípio da integração reconhecendo a importância de se conviver e aprender com as diferenças promovendo atividades em que as trocas sejam privilegiadas e estimuladas Que reconheçam a interdependência entre corpo emoção e cognição no ato de aprender Que privilegiem a ação em grupo com propostas de trabalho vivenciadas coletivamente docentes e discentes levando em conta a singularidade individual Que rompam com a visão compartimentada dos conteúdos escolares BRASIL 2006 p 68 Isso deverá acontecer no âmbito das mais diversas práticas escolares Haverá sempre algo a aprender com as ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 140 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 140 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 141 dessemelhanças do outro e a ensinar com as nossas diferenças E sempre é possível descobrir semelhanças por sermos todos membros de uma só raça a raça humana Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças nem sempre foi fácil no Brasil e continua representando um campo tremendo de lutas contra estereótipos contra preconceitos e contra o desconhecimento da maioria da população brasileira sobre a real formação do povo brasileiro Por isso desde a redemocratização nas últimas décadas do século XX muitos agrupamentos travaram suas grandes batalhas entre eles negros indígenas e homossexuais Esta história de mobilização afetou a sala de aula tornado a escola como espaço de inclusão e repensar de nossas intolerâncias e preconceitos O que foi conquistado até o fim das duas primeiras décadas do século XXI apontam para o repensar dos currículos e a necessidade de repensar as formações docentes iniciais e continuadas além de transformar o cotidiano da sala de aula nas suas práticas pedagógicas que precisarão ser intensamente inclusivas na sociedade movida pela diversidade cultural que é o Brasil Foi necessário redescobrir os sujeitos e valorizálos Um bom caminho para repensar as propostas curriculares para infância adolescência juventude e vida adulta poderá ser uma orientação que tenha como foco os sujeitos da educação A grande questão é como o conhecimento escolar poderá contribuir para o pleno desenvolvimento humano dos sujeitos Não se trata de negar a importância do conhecimento escolar mas de abolir o equívoco histórico da escola e da educação de ter como foco prioritariamente os conteúdos e não os sujeitos do processo educativoGOMES 2007 p 33 Desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças demandou que a ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 141 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 141 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 142 diversidade cultural brasileira indagasse os currículos escolas professores e suas práticas sobre muitas questões Entre elas configurou o ordenamento temporal Existem realidades distantes das grandes cidades em que eventos significativos de uma cultura mobilizam forças coletivas e a presença das crianças na escola precisa ser equacionada em tais ocasiões São festividades dos povos indígenas ou dos quilombolas entre outros povos que vivem no campo São tempos de colheitas no campo Repensar ordenamentos temporais garante o direito de todos à educação As pesquisas educacionais mostram que a rigidez desse ordenamento é uma das causas do abandono escolar de coletivos sociais considerados como mais vulneráveis Além disso esta prática pedagógica exigiu que além do currículo escola lógicas organização espacial e temporal também mudassem as pessoas todas que fazem a escola Professores diretores coordenadores alunos funcionários e a relação com os mais varados grupos que estão localizados no entorno da escola e que são significativos em aprendizagem sobre as semelhanças e diferenças dos povos brasileiros São frutos da interrelação entre escola sociedade e cultura e mais precisamente da relação entre escola e movimentos sociais Isso não se faz somente nas festas mais significativas do povo brasileiro e assumidas pelos mais diversos grupos muitas vezes localizados tão próximos da escola e desconhecidos dentro dela Mas também nas festas Trazêlos para apresentações dentro da escola entrevistálos com os alunos promovêlos em muitas ocasiões e escrever suas histórias representam tomar posições contra as diversas formas de dominação exclusão e discriminação É entender a educação como um direito social e o respeito à diversidade no interior de um campo político É necessário levar em conta que as Práticas Pedagógicas não devem impedir o diálogo com o desconhecido outro em suas Semelhanças e nas Diferenças Muitas vezes o aluno vive em uma família muito distinta da família de seus colegas e da professora Existem crianças com diversidade de credos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 142 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 142 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 143 religiosos de comportamentos e de filosofias de vida Diferentes arranjos familiares e afetivos são cada vez mais presentes Situações que por não sabermos lidar acabam causando angústias e incompreensões Isso precisa levar para adiante do impasse e ser revertido por práticas inclusivas e que estabeleçam o diálogo entre as diferenças e semelhanças O salutar exercício da escuta e da tolerância do outro é um aprendizado que nunca acaba mas para começar precisamos nos dispor a ouvir antes de emitir nossos julgamentos antes de rotular classificar e ter um pouco mais de cautela antes de afirmar que algo é errado ou certo conveniente ou inapropriado Em muitas ocasiões será necessário que o professor abra mão de suas certezas e ideais de criança jovem e adulto para ver somente outros tipos de configurações familiares e modos singulares de vestir de arrumar o cabelo de coloridas roupas de cultos e de vinculações culturais tão distintas daquela professora e que merecem ser respeitadas Um aluno que se comporta de uma maneira diferente é somente um ser que demanda um tratamento na condição de igualdade diante dos outros ou seja uma igualdade que se orienta pelo direito de ser diferente diverso e não desigual E isso remete a que não se confunda diversidade com desigualdade já que a primeira diz respeito à qualidade de organizarse de forma particular e a segunda às mazelas produzidas por uma sociedade desigual É importante garantir que os encontros entre as nossas diferenças e semelhanças nas horas das práticas Pedagógicas possam contribuir para que cada criança solidifique as suas identidades não que elas sejam inaudíveis ou sejam caladas A identidade se constrói dentro do próprio grupo e se faz a partir de uma relação de alteridade Ou seja ela necessita do outro para poder se definir é como se identifica um perfil identitário pelos opostos Isso configura a necessidade da criação e atividades no cotidiano escolar que mostrem as identidades mais diferenciadas que compõem a escola de um modo festivo comemorativo e ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 143 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 143 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 144 vistos todos com respeito e a consideração que eles trazem nas suas construções Uma boa tarefa é catalogar as diferenças nos seus modos de comer festejar existir e resistir Algo bem importante é não alimentar dualismos dos bons contra os maus do bem contra o mal nas práticas pedagógicas que devem dialogar comas diferenças e semelhanças lutando contra uma concepção das relações de gênero em que o polo masculino sempre detém o poder e o feminino é desprovido de poder daí a necessidade de fortalecer ou de dar poder às mulheresLOURO 2003 p 115 É preciso ter consciência que os casos de feminicídio vem aumentando no Brasil No final da década passada no 1º semestre de 2019 aumentou em 44 no estado de São Paulo segundo dados amplamente divulgados pela imprensa Os anos de escolaridade poderão ser positivos na construção de convivência pacífica e construtiva com as nossas diferenças múltiplas sejam de gênero étnica de origem e outras As meninas e mulheres representam já uma considerável maioria nas escolas A grande maioria das professoras da Educação infantil e Ensino Fundamental são mulheres Isso deverá ser mais um elemento motivador de um cuidado para não impor discursos retrógrados sexistas machistas e que discriminam as meninas dentro das práticas pedagógicas Outro fator relevante é não criar práticas pedagógicas que discriminem os homossexuais e bissexuais reconhecidamente vitimados pela homofobia As desigualdades só poderão ser percebidas e desestabilizadas e subvertidas na medida em que estivermos atentasos para suas formas de produção e reprodução Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças requer que os educadores e as educadoras inventem e solicitem a participação das meninas e dos meninos para que apareçam formas novas de dividir os grupos para os jogos ou para os trabalhos promovendo discussões sobre as representações encontradas nos livros didáticos ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 144 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 144 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 145 ou nos jornais revistas e filmes consumidos pelasos estudantes produzindo novos textos nãosexistas e não racistas investigando os grupos e os sujeitos ausentes nos relatos da História oficial nos textos literários nos modelos familiares acolhendo no interior da sala de aula as culturas juvenis especialmente em suas construções sobre gênero sexualidade etnia etc Aparentemente circunscritas ou limitadas a práticas escolares particulares essas ações podem contribuir para perturbar certezas para ensinar a crítica e a autocrítica um dos legados mais significativos do feminismo para desalojar as hierarquiasLOURO 2003 p 124 Aos educadores e educadoras caberá o desafio de fazer com que as diferenças geracionais entre eles e as crianças adolescentes matriculados nas instâncias da Educação Básica e ainda aqueles jovens que estão matriculados na Educação de Jovens e Adultos não sejam empecilhos para um diálogo saudável respeitoso e construtivo entre as antigas e as contemporâneas formas entre os diferentes modos de pesar das gerações dos professores e professoras e das novas gerações sobre os significados antigos e as novas construções mais contemporâneas trazendo novas concepções sobre gênero sexualidade e etnia É relevante lembrar que as crianças e adolescentes com deficiências precisarão ser atendidos em suas diferenças e com intenções e práticas inclusivas nunca com exclusões Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso às seguintes fontes de consulta e aprofundamento Artigo Módulo IV Relações ÉtnicoRaciais Unidade III Texto I Escola sem cor num país de diferentes raças e etniasAcessível pelo link httpsbitly3f0ODTm SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 145 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 145 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 146 Figura 3 Congada em Silvanópolis Minas Gerais Fonte Wikimedia Commons Você foi capaz de refl etir sobre como desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças levando em conta e abrigando em sala de aula as diversifi cadas culturas infantis adolescentes e juvenis bem como suas novas formas e próprias as suas gerações de signifi car e construir novas e contemporâneas concepções sobre gênero sexualidade etnia Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante da diversidade cultural Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante da diversidade cultural você será capaz de refl etir sobre as mudanças necessárias na fi gura do educador e da educadora para que a educação como uma prática de diversidade cultural aconteça plenamente ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 146 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 146 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 147 O ponto de largada na reflexão sobre as mudanças necessárias no Papel do Educador diante da Diversidade Cultural e promovendoa em sala de aula passa pela própria formação inicial e pelas formações posteriores da saída deste educador da universidade e de suas vivências em sala de aula A formação de professoresas para a diversidade não significa a criação de uma consciência da diversidade antes ela resulta na propiciação de espaços discussões e vivências em que se compreenda a estreita relação entre a diversidade étnicocultural a subjetividade e a inserção social do professor e da professora os quais por sua vez se prepararão para conhecer essa mesma relação na vida de seus alunos e alunasGOMES e GONÇALVES e SILVA2003 p 28 Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante do seu compromisso necessário com a Diversidade Cultural dentro da escola e em sala de aula é necessário pensar na formação deste profissional que a legislação afirma como o responsável pelos primeiros anos da chegada das crianças nas escolas na Educação Infantil e na 1ª parte do Ensino Fundamental O que devemos almejar é que a formação dos futuros pedagogos contemple e faça emergir melhores e mais conscientes educadores e que sejam capazes de examinar e refletir sobre suas práticas desejosos de modificálas E possam fazer esforços para conscientizar seus educandos sobre a diversidade cultural presente na sociedade brasileira além de criar oportunidades para que sejam questionadas as relações de poder entrelaçadas dentro da construção de tal diversidade Será muito importante que a formação inicial dos professores já propicie uma sólida formação relativa ao papel do educador diante do seu compromisso necessário com a Diversidade Cultural Isso já adiantará o processo e impedirá novos esforços e inovadoras avaliações sobre a Necessidade de Repensar o Papel do Educador diante da Diversidade Cultural ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 147 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 147 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 148 Todos os que fazem a escola precisam compreender principalmente as professoras e os professores que as crianças e suas famílias não representam um todo harmônico chamado povo brasileiro As histórias e as culturas das diferentes matrizes que formaram o povo brasileiro contestam tal pensamento ingênuo Tais descendentes destas matrizes chegam às escolas e são nomeados como alunos Eles estão em busca de alguém para ensinálos ou seja oferecerem signos Com eles chegam as evidências de que somos todos diversificados culturalmente etnicamente e somos marcados por nossas reais diferenças de gênero A escola e seus professores precisarão agir com as melhores práticas pedagógicas política suficientemente capazes de operar em prol das diferenças da cidadania de todos com projetos democratas republicanos e emancipatórios Sempre que houver a necessidade de repensar o papel das educadoras e dos educadores diante da Diversidade Cultural àqueles e àquelas que já atuam nas escolas as formações continuadas deverão dar conta exemplarmente Cada educador e cada educadora precisam ter clareza da dimensão de seus papéis de agentes da educação em uma sociedade diversificada multicultural e com todos os desafios Na Formação Docente e nas suas futuras práticas não poderão faltar temas como a importância das desigualdades étnicoraciais e reflexões sobre uma mentira que parece verdade aquela falsa e propagada ideia de que o Brasil é o paraíso democracia racial Sendo necessário discutir as relações raciais para além de denominaremnas como problemas particulares de negros e índios Não são vitimizações exacerbadas como alguns preconcei tuosamente rebatemnos Existem e causam danos antigos e socialmente construídos uma delas é a histórica mania do brasileiro de embranquecer sua história e seus ancestrais Insistindo em um parente português e branco Os antepassados negros e indígenas são ocultos ou desconhecidos Hoje existe um recurso poderoso ofertado pela ciência que são os testes de DNA ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 148 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 148 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 149 Na Formação Docente e nas suas futuras práticas não poderão carecer temas como as histórias as culturas os conflitos as formas de luta e as resistências do povo negro e dos povos indígenas importantes matrizes do povo brasileiro Bem como a inclusão do corte étnicoracial nas leituras nas análises da realidade e nas experiências concretas E ainda do corte étnicoracial da presença da discussão étnicoracial nas releituras e nas reanálises dos materiais didáticos e da literatura utilizados na sua escola Cada educador precisa ter clareza do impacto do racismo e suas combinações com outras formas de discriminação no currículo escolar abrindose a ouvir o outro caso não seja nem negra ou julgue que não tenha antepassados negros e nem indígena ou tenha certeza vaga de algum ascendente indígena ou negra Ele deve estar preparado para criar Estratégias de combate a atitudes preconceituosas e discriminatórias na sociedade e no espaço escolar tendo clareza de que deve estar preparado para constituir um perfeito e consistente Plano de ação para inclusão do tema étnicoracial no espaço escolar CEPESCSPM 2009 p 248 Os educadores e as educadoras devem absterse de negar a oportunidade de ouvir e aprender sobre diversidade cultural educandose contra o ódio e a repulsa aos diferentes aos outros tão distintos quanto humanos tal qual eles são Todos são humanos demasiadamente humanos Sempre haverá algo humano a ouvir e aprender ou entender com as pessoas que fazem parte de diversos movimentos como feministas movimento LGBT Movimento Negro e das organizações dos povos indígenas entre outros Assim existirá sempre novos e importantes saberes que eles poderão ensinar aos professores e professoras serão encontradas semelhanças e possibilidades de dialogar com as diferenças Os Professores podem aprender sobre conhecimentos significativos aos seus alunos diferentes deles e com quem terão que dialogar sobre suas diferenças e suas diversidades culturais com temas como combate ao machismo ao homofobismo ao racismo e ao etnocentrismo sensibilizar mais pessoas educadoresas a fim de que engrossem o bloco dos que lutam ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 149 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 149 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 150 por políticas públicas na medida certa nas cores nos desejos afi nal todos devem lutar para que o mundo seja melhor mais justo e mais inclusivo com a diversidade cultural atuando para juntar os diferentes e as diferenças Avaliando a Necessidade de Repensar o Papel do Educador diante da Diversidade Cultural é necessário entender que serão os professores que operarão as mudanças educativas necessárias em suas práticas tornandoas inclusivas É evidente que as mudanças não se fazem apenas através da reação ao que está dado ao currículo oculto mas também pela proposição de novos currículos Fica a esperança de que juntosas possamos fazer a escola que sonhamos Juntos e acreditando Nada será possível se as velhas e ultrapassadas práticas docentes impedirem os professores e as professoras de ouvirem seus alunos e seus desejos de aprender dissociados as cores diferentes e reais das suas peles as verdadeiras histórias e culturas de seus antepassados comemorando o viver com as suas danças favoritas e diversifi cadas que devem coexistir na escola sendo respeitados mas que tolerados nas suas distintas religiões de origem africana ou indígena respeitadas as diversidades de gênero e de sexualidade nos seus modos impares de amar sentir pensar agir e aprender Seremos todos mais felizes Vale muito a aposta Figura 4 Fonte Wikimedia Commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 150 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 150 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 151 UNIDADE 04 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 151 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 151 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 152 Nas últimas décadas o tema diversidade tem trazido muitas discussões em torno da educação de modo intenso Profissionais de ensino e acadêmicos têm se manifestado a favor de uma educação voltada para a promoção dos direitos humanos vislumbrando um ensino plural e democrático buscando minimizar as diferenças existentes na nossa sociedade Diante disso você estudará na Unidade 4 sobre novas Metodologia de Ensino Currículo e Práxis Pedagógica na Educação das Relações ÉtnicoRaciais na escola e no Encontro de Diferenças Preparado Ao longo deste estudo você vai mergulhar neste universo INTRODUÇÃO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 152 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 152 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 153 Olá Seja muito bemvindo à Unidade 4 Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos OBJETIVOS 1 Reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças 2 Desenvolver Metodologia de Ensino em Educação para as Relações ÉtnicoRaciais 3 Compreender sobre uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais 4 Planejar Currículo e Práxis Pedagógicas voltadas a Diversidade Cultural e Étnicoracial Então Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento Ao trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 153 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 153 03022021 172748 03022021 172748 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 154 Reconhecendo a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças Ao término deste capítulo você será capaz compreender como desenvolver metodologia de ensino currículo e práxis pedagógica para a educação voltada às relações étnicoraciais no espaço privilegiado de encontro de diferenças a escola Inicialmente você irá reconhecer a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças Em seguida você compreenderá como desenvolver metodologia de ensino em educação para as relações étnicoraciais Posteriormente você irá verificar como produzir uma educação voltada às relações étnicoraciais E por último entenderá sobre planejar currículo e práxis pedagógicas voltadas a diversidade cultural e étnicoracial E então Motivado para desenvolver esta competência Então vamos lá Avante OBJETIVO Nem sempre as nossas diferenças foram objeto de análise ao refletir sobre a escola Escola e as diferenças dos povos africanos e indígenas foram palcos de desencontros no Brasil Ao longo do período de colonização portuguesa as diferenças foram anuladas desrespeitadas vigiadas punidas apagadas e tomaram um formato de invisibilidade dentro das escolas bem como em todos os espaços socialmente compartilhados entre os colonizadores diferentes povos indígenas e africanos e seus descendentes Quando resolveu empreender suas reformas o marquês de Pombal no século XVIII prometeu liberdade e igualdade aos povos indígenas e não surgiram grandes novidades com relação aos tratamentos anteriores desde o século XVI Eles passaram a ser ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 154 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 154 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 155 vistos como vassalos súditos do rei de Portugal por motivação geopolítica e econômica mas isso não lhes garantia um status muito superior ao dos vadios vagabundos ciganos elementos inferiores e transgressores da sociedade sobre os quais se queira impor controle e vigilância Assim eram tempos hostis à diferença No lugar de serem designados nas suas igualdades eram chamados de miseráveis como pobres de bens de capacidade intelectual e de costumes morais por isso deveriam ter tratamento jurídico diferenciado não lhe sendo imputada a responsabilidade por seus atos LOPES 2005 p9697 por compaixão e piedade por serem rudes e pobres tanto quanto as viúvas e os órfãos Com igualdades em moldes tão desfavoráveis a eles e impostos pelos colonizadores o que falar dos direitos às diferenças no século XVIII Neste século XVIII um Diretório dos Índios localizado no Rio Grande do Norte no nordeste brasileiro determinava vigiava punia e premiava como em todo o Brasil conforme o comportamento adequado ou desviante do que era esperado para súditos do rei Sem nenhuma tolerância à diferença Tal pedagogia estava vinculada como persistem algumas práticas pedagógicas ainda hoje em vigiar e punir os diferentes para ficarem de acordo com as normas Já aos bem conformados coniventes e que aceitavam um modo de vida definido como civilizado são recompensados com privilégios e posições honoríficas Aprendendo com a história cada professor terá nos tempos atuais neste século XXI reconhecer que este modelo colonizador não se assemelha com qualquer proposta de Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças É o contrário Para tal Diretório de índios do século XVIII o importante era diferenciar os indígenas em relação uns aos outros segundo seu comportamento os bons e os maus distinguir valores e potencialidades individuais a serem incentivadas e utilizadas para o bemcomum Todos eram coagidos a aceitarem e ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 155 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 155 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 156 submeterem ao modelo cultural lusobrasileiro e definir os limites das diferenças que afinal os qualifica de anormais e os exclui dos demais vassalos Hoje a educação pode ser um Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças Basta que o professor o entenda assim e o queira Existem marcos legais que respaldam isso Neste século XVIII a ciência decidiu na Europa que a cor da pele deveria ser acatada como um critério capital e determinante entre as chamadas diferenças entre raças De lá para cá nossa espécie a humana dividiuse em três raças estagnas povoando até hoje a cabeça dos que são racistas tanto no imaginário coletivo como nas ciências escritas por ideias racistas As raças seriam branca negra e amarela E cor da pele é um critério impreciso Já que somente 1 de nossos genes estariam relacionados à transmissão da nossa cor da pele dos nossos olhos e nossos cabelos Os cientistas naturalistas entre os séculos XVIII até XIX não caminharam a favor de uma classificação voltada as características físicas e que seria facilmente abandonada com o passar dos tempos Infelizmente desde o início eles se deram o direito de hierarquizar isto é de estabelecer uma escala de valores entre as chamadas raças Com teses deterministas e naturalistas sobre raça implicando em inferiorizar alguns grupamentos humanos impondo a superioridade aos europeus Assim era a classificação racial proposta pelo cientista Lineu no século XVIII escoltada por uma escala de valores que insinua uma hierarquização errônea e discriminatória entre raças e continentes Isso tudo acabou Hoje século XXI já não mais se diferenciam as pessoas por raça Lineu definiu que os povos indígenas da América os Ameríndios chamados de americanos eram moreno colérico cabeçudo amante da liberdade governado pelo hábito tem corpo pintado MUNANGA 2004 p 2526 Uma descrição bastante preconceituosa errônea e a serviço do racismo Nada tolerante à ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 156 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 156 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 157 diferença Anulando todas as diferenças que cada povo indígena da América constituía na época e continua a constituir Já o povo asiático era amarelo melancólico governado pela opinião e pelos preconceitos usa roupas largas Quanto ao povo africano composto de muitas etnias eram e são diferentes povos distintas culturas e línguas foram significados assim negro flegmático astucioso preguiçoso negligente governado pela vontade de seus chefes despotismo unta o corpo com óleo ou gordura sua mulher tem vulva pendente e quando amamenta seus seios se tornam moles e alongados MUNANGA 2004 p 26 Já o colonizador europeu parte dele e dos que vieram para o Brasil são nitidamente descendentes dos povos árabes vindo do norte da África seriam bem significados em suas diferenças coma definição a seguir de Europeu como o branco O colonizador europeu é o europeu branco sanguíneo musculoso engenhoso inventivo governado pelas leis usa roupas apertadas Todos estes estereótipos construíram práticas racistas persistentes e que ainda seguem até entre educadores Evidentemente que estas não são as diferenças nítidas certas e aceitáveis no século XXI E nem serão em nome delas que a Escola se fez e continuará tentando se fazer como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças A produção histórica destes discursos científicos ou dos governos coloniais foram desastrosas para os povos originários dos continentes africanos asiáticos e americanos em nome do projeto de poder econômico e político europeu danoso injusto e cruel A difusão de teorias racistas e muitos outros fatores produziram certamente a decretação da morte simbólica da diferença O despedaçamento dos pertencimentos simbólicos que os povos africanos e indígenas constituíam no decorrer da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 157 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 157 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 158 colonização traz a demanda atual de serem vistos como diferentes pejorativamente As diferenças dos Povos Originários eram claras para eles como os seus rios transparentes e tais diferenças não agradavam ao projeto colonizador europeu A escola ao falar das diferenças deverá evitar tais refutadas e racistas teorias Buscando elementos que constituam as culturas das matrizes que formaram o povo brasileiro evitando estigmatizar os povos indígenas africanos e afrodescendentes usando a raça como forma de significálos Ao contrário não estará aberta aos diferentes A escola brasileira surge neste cenário colonizador racista e contra as diferenças Elevará o europeu visto como o branco ainda que pese na história de Portugal e Espanha a longa presença de povos árabes e vindo no norte africano Tal projeto perverso colonizador não permitiu nenhuma visão que apontasse alguma igualdade entre o europeu e os povos indígenas e africanos Tal projeto produziu desigualdades ausência de direitos racismo e um distanciamento da Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças aos povos indígenas e africanos como aos seus descendentes E produziu certezas sobre racismo raças e sobre superioridades qualificandoas em comparação aos detentores do poder nem indígenas e nem negros A crença na existência de raças naturalmente hierarquizadas pela relação intrínseca entre o físico e o moral o físico e o intelecto o físico e o cultural O racista cria a raça no sentido sociológico ou seja a raça no imaginário do racista não é exclusivamente um grupo definido pelos traços físicos A raça na cabeça dele é um grupo social com traços culturais linguísticos religiosos etc que ele considera naturalmente inferiores ao grupo ao qual ele pertence De outro modo o racismo é essa tendência que consiste em considerar que as características intelectuais e morais de um dado grupo são consequências diretas de suas características físicas ou biológicas MUNANGA 2004 p 24 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 158 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 158 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 159 Figura 1 Museu AfroBrasileiro Salvador Fonte wikimedia commons É somente na reta fi nal do século XX nos tempos favoráveis a redemocratização e a participação popular que resultou na atual constituição federal promulgada em 1988 que as diferenças começam a suscitar debates dentro das universidades nas formações docentes e na literatura da área de educação com maiores repercussões nas leis em geral nas políticas públicas e no repensar de leis que estivessem relacionadas à educação Antes disso o cenário aos diferentes aos inaptos aos que não apresentavam bons resultados escolares era vêlos como incapazes e portadores de défi cits e problemas de aprendizagem Ninguém estava tão preocupado nas escolas em estabelecer debates sobre as nossas gritantes desigualdades sociais e educacionais bem como repensar as atitudes diante das diferenças Uma iniciativa de pesquisa pioneira ainda no século XX foi desenvolvido por Maria Helena de Souza Patto USP pesquisadora e questionadora dos abusos nos usos dentro das escolas em vincular às diferenças todas as difi culdades de aprendizagem das crianças empobrecidas e tratálas como prováveis défi cits de inteligência Nestes atos vinculavam o não aprender à capacidade intelectual tentando provar que se não aprendiam era por alguma determinação ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 159 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 159 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 160 hereditária e genética A culpa seria somente da criança moradora da periferia em cidades dormitórios próximas de São Paulo filha de nordestinos semialfabetizados afrodescendentes Uma tendência era salvaguardar a escola de qualquer responsabilidade pelo fracasso escolar E vincular a preocupação com as diferenças individuais e seus determinantes com a detecção científica dos normais e anormais dos aptos e inaptos só poderia ocorrer no âmbito da ideologia de igualdade de oportunidades como característica distintiva das sociedades de classes Não é a mesma lógica que anima hoje a discussão sobre a diferença nas décadas seguintes na virada do século XX e nas decisivas duas primeiras décadas do século XXI Antes disso era uma utopia reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças O que os educadores e pesquisadores sensíveis às classes sociais mais desfavorecidas lamentavam eram as formas rudes de produção do fracasso escolar resultando em sucessivas reprovações em cenários de horripilantes cotidianos dentro das escolas onde os alunos eram discriminados tratados com grosseria pelos professores a avaliação é feita sem os professores conhecerem a subjetividade dos alunos os pais desprotegidos de capital cultural não entendem porque a reprovação acontece Eventos apavorantes da década de 1980 E podemos indagar tudo isso passou As diferenças são respeitadas Reconhecendo a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças em pleno século XXI no Brasil significa afirmar que as diferenças das crianças não são mais silenciadas A reflexão deverá incluir a identidade Já que é necessário entender que identidade e diferença são inseparáveis dependendo uma da outra e compõem o eixo das principais discussões da atualidade preocupadas com justiça e igualdade Isso inverteu completamente o exame das diferenças Coexistindo juntas e interdependentes identidade e diferença são produzidas nas tramas da linguagem e da cultura resultando de atos de fala de enunciados linguísticos que as instituem Imaginem a responsabilidade da escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 160 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 160 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 161 Estamos perto ou ainda teremos muito a caminhar na busca do reconhecimento da Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças O cotidiano das práticas pedagógicas precisa refletir mais sobre as diferenças Quais diferenças Quais as diferenças suportadas pelos professores Qual é o limite em que serão aceitos Qual o ponto em que serão enquadrados a abrir mão de suas diferenças Quando tempo levará até serem chamados a abandonar suas diferenças Como transformar este cenário complicado A realidade é que as instituições escolares estão repletas de rotulados maltratados perseguidos vigiados punidos e taxados como jovens sujeitos fora da ordem que não se adaptam não obedecem não estudam não se comportam adequadamente e não aprendem as lições da escola no local e no tempo designados para isso Desatentos desordeiros agressivos vândalos preguiçosos desinteressados violentos belicosos são alguns dos adjetivos empregados para descrevêlos como corpos e almas fora de controle como alunosproblema e definir seu estatuto num certo tipo de cartografia das margens COSTA 2015 p 494 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo Seminário Juventude Negra Preconceito e Morte Prefº Dr Kabengele Munanga da USP Fala sobre racismo construção do preconceito papel da ciência na História e o mito da democracia racial Acessível pelo link httpsbitly2MHQCju Acesso em 09012020 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 161 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 161 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 162 vimos Você deve ter aprendido até este momento a reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças e isso favorecerá as suas reflexões como realmente agir na escola para que prevaleça este lugar de Encontro das Diferenças Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais Você será capaz de compreender sobre como é o desenvolvimento de metodologias de ensino em educação das relações étnicoraciais compreendendo as construções de metodologias apropriadas às experiências educativas e que sejam capazes de promover as relações étnicoraciais Você estudará este tema em dois diferentes momentos nas questões conceituais sobre metodologia de ensino e a educação das relações étnicoraciais e ainda na busca de reflexivas e criativas práticas metodológicas voltadas às relações étnicoraciais OBJETIVO Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais questões conceituais Desenvolvendo Metodologia de Ensino em educação das Relações ÉtnicoRaciais você será capaz de entender as constru ções de metodologias apropriadas as experiências educativas que promovem as Relações ÉtnicoRaciais inicialmente você refletirá sobre questões conceituais sobre metodologia de ensino e a Educação das Relações ÉtnicoRaciais Criar uma metodologia de Ensino em educação das Relações ÉtnicoRaciais representa estar apoiados em uma anterior preparação dos educadores para entender temas relativos à nossa diversidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 162 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 162 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 163 étnicoracial e as necessárias ações por uma educação antirracista As metodologias devem ser preparadas para serem vivenciadas em sala de aula nos seguintes passos a prática inicial dos conteúdos seguida da problematização com tais conteúdos com uma posterior instrumentalização com os saberes adquiridos uma movimentação para chegar à catarse e virar uma prática social final Então estas são as etapas necessárias a seguir A Prática inicial dos conteúdos é a preparação uma mobilização do aluno uma primeira leitura da realidade um contato inicial com o tema a ser estudado Isso poderá ser planejado com uma conversa uma música a leitura de um conto ou mito uma notícia publicada em algum jornal livro revista uma discussão sobre um tema uma frase pronunciada por algum aluno um jogo ou uma brincadeira um blog publicado por outros alunos de uma outra escola e outras inúmeras possibilidades A etapa seguinte será a problematização dos conteúdos com a finalidade de selecionar as principais interrogações levantadas na prática socialEssas questões em consonância com os objetivos de ensino orientam todo o trabalho a ser desenvolvido pelo professor e pelos alunos Isso significa um necessário e consistente diálogo para fazer chegar em sala de aula as construções sociais sobre o tema da educação das relações étnicaraciais E dialogar é lidar com diferenças e identidades dos outros Já a instrumentalização com os saberes adquiridos é aquele intenso momento em que as crianças tocaram nos conteúdos aprendendo novos saberes sobre as relações étnicaraciais É o caminho através do qual o conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos para que assimilem e o recriem e ao incorporálo transformem no em instrumento de construção pessoal e profissional Aprendendo novas verdades Neste significativo momento é necessário pensar em escolhas metodológicas que não sejam enfadonhas movidas por percursos repetitivos pouco criativos desanimadas e sem a participação ativa dos alunos É sempre bom lembrar que os professores não são nativos digitais mas seus alunos possuem mais habilidades e competências ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 163 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 163 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 164 com a pesquisa no universo digital já disponível em smartphones e que possibilitam pesquisas na internet em consistentes sites A escolha metodológica poderá ser inspirada em metodologias ativas que antecipem no aluno a possibilidade de ir atrás de saberes para trazer para este momento de instrumentalização Uma grande especialista em metodologias ativas Moran define metodologias como diretrizes que orientam os processos de ensino e aprendizagem que se concretizam em estratégias abordagens e técnicas concretas específicas e diferenciadas MORAN 2018 p4 E as Metodologias Ativas apropriadas aos tempos da Era Digital que vivem as crianças e os adolescentes dão ênfase ao papel de protagonista do aluno ao seu envolvimento direto participativo e reflexivo em todas as etapas do processo Isso significa dar protagonismo aos educandos fazêlos participantes ativos nas conduções metodológicas e não meros ouvintes e decoradores de conteúdo É importante dialogar com eles e inserilos em conteúdos digitais salutares para a educação das relações étnicoraciais Sozinhos poderão perderse nos emaranhados da rede mundial de computadores e correndo o risco de embrenharse em sites suspeitos racistas divulgando verdades que parecem mentiras sobre raça etnia e os povos formadores do nosso Brasil Tais metodologias ativas podem ser usadas com os Estudos de Casos ou seja relatos de situações ocorridas no mundo real apresentadas aos estudantes com a finalidade de preparálos para a prática ao mesmo tempo em que se ensina a teoria E ainda com o recurso metodológico da Sala Invertida em que a professora produz pequenos vídeos disponibilizados na internet para os alunos e que poderão ser vistos em computadores e smartphones celulares antes da próxima aula em casa ou no laboratório de informática da escola O que normalmente é feito em sala de aula passa a ser executado em casa e viceversa A sala de aula passa a ser um espaço para tirar dúvidas e realizar outras atividades como as de laboratório e resolução de problemas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 164 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 164 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 165 Já a fase da catarse é de síntese aqueles fabulosos momentos em que o educando exterioriza se os conteúdos planejados pelos educadores e os processos pensados para a construção do conteúdo representaram ou não sentidos A catarse é aquele exato momento na condução de uma metodologia de ensino para a educação das relações étnicoraciais em que o aluno demonstra o quanto se aproximou da solução dos problemas anteriormente levantados sobre o tema em questão São as expressões dos próprios educandos afirmando se realizou a almejada síntese do cotidiano e do científico do teórico e do prático E ainda a síntese que é a superação do sincretismo inicial da realidade social do conteúdo trabalhado expressando se conseguiu chegar ou não ao momento em que ele estrutura em nova forma seu pensamento Estruturouse novas formas de ver as relações étnico raciais isso significará que repensaram retrógradas e racistas concepções sendo que as metodologias pensadas foram muito eficazes Caso não tenha conseguido novas e outras metodologias devem ser pensadas para facilitar novos entendimentos A etapa seguinte chamada de prática social final configura o momento da diferença O educando percebe e poderá expressar que já não é o mesmo com relação aos préconceitos socialmente aprendidos com relação aos povos indígenas e aos africanos e seus descendentes A criança o adolescente ou o jovem educando junto ao seu grupo de colegas e ao seu educador percebe que adquiriu novas modalidades de compreensão da realidade e inovadoras formas de posicionamento passando a pensar diferente sobre as relações étnicoraciais brasileiras os acontecimentos históricos e suas importâncias reais em um país tão diversificado do ponto de vista etnicorracial É chegada o momento da ação consciente na perspectiva da transformação social retornando à prática social inicial agora modificada pela aprendizagem Assim inúmeras tarefas podem ser construídas dentro da escola na comunidade com as novas ideias sobre as relações étnicoraciais com práticas reflexivas e criativas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 165 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 165 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 166 Desenvolvendo metodologia de ensino em educação das relações étnicoraciais na busca de reflexivas e criativas práticas Ao pensar em Metodologia de Ensino em educação das Relações ÉtnicoRaciais para as escolas brasileiras pensemos nas crianças que receberam um legado desses antepassados a cultura que eles receberam de seus ancestrais valorizandoa A vida real desta criança não poderá ser desconsiderada se o assunto passa por uma escolha metodológica de como educar para as relações étnicoraciais buscando o diálogo entre todos Neste sentido cada professor é convocado a refletir sobre a brasilidade das crianças repletas de marcas culturais africanas e indígenas entre outras Professores fazemos parte de uma população culturalmente afrobrasileira e trabalhamos com ela portanto apoiar e valorizar a criança negra não constitui em mero gesto de bondade mas preocupação com a nossa própria identidade de brasileiros que têm raiz africana Se insistirmos em desconhecêla se não a assumimos nos mantemos alienados dentro de nossa própria cultura tentando ser o que nossos antepassados poderão ter sido mas nós já não somos Temos que lutar contra os preconceitos que nos levam a desprezar as raízes negras e também as indígenas da cultura brasileira pois ao desprezar qualquer uma delas desprezamos a nós mesmos Triste é a situação de um povo triste é a situação de pessoas que não admitem como são e tentam ser imitando o que não sãoGonçalves e Silva 1996175 Desenvolvendo Metodologia de Ensino em Educação das Relações ÉtnicoRaciais requer que você esteja com disponibilidade para fincar os pés na nossa diversidade cultural e étnicoracial refletindo sobre como vivenciála em sala de aula ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 166 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 166 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 167 de uma forma envolvente alegre e adequada a cada etapa da Educação Básica em que cada professor esteja atuando Ao pensar em metodologias em uma perspectiva antirracista as escolhas devem ser focadas para propiciar ao educando a gestão do ensinar e do aprender consoante sua identidade e objetivos da modalidade ou seja ficado na sua atuação significando que cada criança poderá articular os saberes sobre as relações étnicoraciais através de atividades e de metodologias que o enxergam assim como eles são nas suas constituições de diversidade cultural e étnicoracial na identidade cultural e étnicoracial que construiu em sua realidade social e nas suas interações Levando em conta a sua realidade familiar desmascarando os preconceitos étnicoraciais enfatizando o respeito pela dignidade da pessoa humana a diversidade cultural a igualdade de direitos e a corresponsabilidade pela vida social como elementos que orientam a seleção de conteúdos e a organização de situações de aprendizagem As escolhas de metodologias deverão promovem não apenas o reconhecimento mas a incorporação de atitudes que ressaltem as diferenças de forma que sejam tomadas como constituintes de identidade dos sujeitos A metodologia deverá agir em uma perspectiva de transformação das relações sociais e das excludentes relações étnicoraciais A escolha metodológica mais apropriada à educação das relações étnicoraciais deve ser uma aposta em práticas antirracistas E trazer atividades que possam desconstruir olhares aprendidos e que ensinaram que negros brancos e indígenas são diferentes as diferenças são introjetadas em nossa forma de ser e ver o outro na nossa subjetividade nas relações sociais mais amplas Aprendemos na cultura e na sociedade a perceber as diferenças a comparar a classificar O problemático nesta aprendizagem social é a demasiada hierarquização das classificações sociais raciais de gênero entre outras O que traz uma demanda na escolha da metodologia a ser usada não permitir que as crianças continuem a tratar os diferentes como desiguais Antes da escolha metodológica e das sucessivas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 167 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 167 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 168 escolhas de atividades reflita bastante Na perspectiva de escolha de uma metodologia em educação das relações étnicoraciais as atividades precisaram ter objetivos relacionados a esclarecer que algumas diferenças construídas na cultura e nas relações de poder foram aos poucos recebendo uma interpretação social e política que as enxerga como inferioridade A consequência disso é a hierarquização e a naturalização das diferenças bem como a transformação destas em desigualdades supostamente naturais GOMES 2005 p 49 A escolha da metodologia deverá estar amparada em uma atitude do educador de realizar vastas pesquisas e compreender mais sobre a história da África e da cultura afrobrasileira e aprender a nos orgulhar da marcante significante e respeitável ancestralidade africana no Brasil Assim como precisamos saber sobre a história dos povos originários nossos povos indígenas presentes ao continente americano muitos milênios antes da chegada dos colonizadores europeus Sendo necessário conhecer as contribuições de todos os povos que vieram viver aqui de forma fundamentada com leituras consistentes Um exemplar material para realizar este caminho é o material da Unesco traduzido em português para fundamentar sobre o assunto da história da África a coleção história geral da África Disponível no link httpsbitly3cKs7fO bem como o material organizado pelo Instituto Socioambiental com detalhadas informações sobre os povos indígenas do Brasil Disponível no link httpsbitly2zdLfoU SAIBA MAIS ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 168 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 168 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 169 Este cuidado em pesquisar sobre as histórias e as culturas dos povos formadores do Povo Brasileiro é essencial e dará um suporte considerável na hora das escolhas metodológicas apurando os olhares e a criticidade diante de algumas publicações que veiculam verdades que parecem mentiras Muitas vezes tais mentiras estão contidas em livros didáticos e as pesquisas dos professores evitarão a propagação de informações falsas nos livros didáticos sobre os povos africanos afrodescendentes e indígenas É bem importante ter este cuidado e saber suficientemente sobre tais povos Os educadores na perspectiva da procura de uma metodologia para a educação das relações étnicoraciais deverão ficar atentos aos discursos veiculados nos livros didáticos e paradidáticos já que transmitem estereótipos sobre tais povos sendo visto como fonte só de verdades e são escritos por pessoas humanas podem conter erros e vale observálos apuradamente dada as significações que carregam O livro didático carrega sua autoridade é inegável sua utilidade constante sendo necessário entender que é potente para lançar visões distorcidas e cristalizadas da realidade humana e social A identificação da criança com as mensagens dos textos concorre para a dissociação da sua identidade individual e social Mesmo que sejam usados devem ser contemporaneidades com os educandos nos seus eventuais erros As escolhas metodológicas devem estar pautadas nas realidades que vemos nas ruas nas comunidades nas festas brasileiras nas nossas danças populares em múltiplos festejos religiosos ou não que o povo brasileiro cuida muito em preservar e valorizar E este potente conjunto de manifestações poderão conceder algumas certezas metodológicas experimentadas já a alguns séculos no Brasil por tantos brincantes e mestres Se nossa sociedade é plural étnica e culturalmente desde os primórdios de sua invenção pela força colonial só podemos construíla democraticamente respeitando a diversidade do nosso povo ou seja ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 169 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 169 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 170 as matrizes étnicoraciais que deram ao Brasil atual sua feição multicolor composta de índios negros orientais brancos e mestiços MUNANGA 2008 17 O caminho metodológico assentado nas artes em gerais e das artes populares nas manifestações da cultura tradicional popular brasileira africana afrodescendente ou afrobrasileira e indígena regionais locais e comunitárias farão excelentes contribuições para a educação das relações étnicaraciais Ensinar as manifestações artísticas africanas transpõe o caráter técnico relaciona o conteúdo e a forma situandoas no contexto englobando os processos socioculturais e conferindolhes uma significação cultural São inúmeros os vídeos filmes documentários e materiais fotográficos produzidos a partir das descobertas arqueológicas na África e no continente americano e que serão fundamentais para conhecer melhor as duas matrizes negra e indígena Compreendendoos nos seus aspectos históricoculturais tendo uma relação com outras áreas do conhecimento como a arquitetura a antropologia a religião a história a etnologia a crítica de arte entre outras Isso trará muitos benefícios além de ricos momentos para argumentar refletir corrigir injustiças e perceber a riqueza da diversidade étnica e as mudanças culturais de um povo Quando o educador conhecer melhor as verdadeiras histórias e culturas dos povos indígenas e dos africanos e afrobrasileiros já contidas nestas danças folguedos e manifestações queridas do povo brasileiro inúmeras como o bumbameuboi auto natalinos festas juninas carnaval entre tantas outras será possível narrar tais histórias e culturas verdadeiras em sala de aula Serão momentos incríveis de viagens aos tempos anteriores as colonizações e como viviam africanos e povos indígenas originalmente Isso motivará a construção de um conjunto de atividades baseadas em metodologias apropriadas a educação das relações étnicoraciais como dramatizações de fatos históricos culturais míticos destes povos As metodologias serão movimentadas com atividades como ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 170 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 170 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 171 dramatização dos diferentes grupos étnicos que contribuíram para a formação do povo brasileiro sensibilização para conhecer as diferentes etnias africanas maneira de vestir calçar pentear como carregam os filhos hábitos costumes religiosidade etc o aluno conta a história do seu próprio nome sua origem o aluno será levado a entender porque os negros perderam a identidade do nome o aluno será levado a conhecer a história de outros nomes significativos para a comunidade negra desenhando o próprio nome trabalhando plástica e gestualmente o próprio nome etc movimentos corporais dos mitos e lendas brincadeiras e jogos de percepção levando a que os alunos se conheçam uns aos outros e respeitem suas características fenotípicasSILVA 2008 p 130 Com relação aos jogos é interessante a pesquisa de tradicionais jogos africanos e indígenas como o Mancala jogado em duplas em um tabuleiro de seis orifícios covas de cada lado contendo quatro sementes ou pequenas pedras em todos esses ou seja cada jogador inicia com 24 sementes Bem fácil de confeccionar na escola até com caixas ou estojos de ovos Neste tabuleiro existe um depósito em cada lado de cada extremidade lá as sementes ficam armazenadas no depósito ou mancala Será uma interessante maneira de falar da África Uma significativa fonte bibliográfica entre tantas existentes é um ebook produzido pelo projeto Ludicidade Africana e Afro brasileira LAAB criado em 2011 publicado pela Universidade Federal do Pará com o objetivo de capacitar docentes para a educação das relações étnicoraciais com o uso de metodologias lúdicas A ludicidade africana e afrobrasileira significa remeter a vivência lúdica alimentada pelos conteúdos valores histórias ritmos enfim pela cultura negra em suas mais diferentes manifestações ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 171 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 171 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 172 Sejam os fragmentos de cultura dos antigos povos africanos como seus Mancalas e o Senet sejam as expressões musicais contemporâneas como o Hip Hop que para Ferreira 2004 representa processos criativos de ressignificação da diáspora Sejam as alegrias dos dançantes da Roda de Jongo no Rio de Janeiro sejam os giros e batuques do Samba de Cassete em Cametá na Amazônia paraense CUNHA 2016 p 16 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso às seguintes fontes de consulta e aprofundamento Vídeo Aprenda a jogar Mancala em árabe NAGAAL que significa mover Existem muitas variações do mancala pelo mundo É chamado Wari no Sudão Gâmbia Senegal e Haiti No Burkina é conhecido como Aware e como Adi no Benin Já na Costa do marfim é chamado de Baulé Na Nigéria é chamado de Ayo Olopon Acessível pelo link httpsbitly3dLxk8K Acesso em 09012020 A outra fonte é o EBook livro eletrônico Brincadeiras Africanas para a educação cultural Acessível pelo link httpsbitly3dKVkbP Acesso em 09012020 SAIBA MAIS E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido até este momento você conseguiu entender como desenvolver Metodologia de Ensino em educação para as Relações ÉtnicoRaciais inicialmente refletindo sobre questões conceituais relativas a este tema e por último refletindo sobre a busca de reflexivas e criativas práticas pedagógicas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 172 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 172 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 173 Figura 2 Mulheres africanas jogando Mancala Fonte wikimedia Commons Produzindo uma educação voltada às relações étnicoraciais Neste capítulo você refletirá sobre as possibilidades da promoção de uma Educação que incorpore as Relações ÉtnicoRaciais Isso deverá configurar um compromisso para aqueles que pensam e produzem a Educação em qualquer instância em um país com o Brasil formado por pujante diversidade cultural e étnicocultural OBJETIVO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 173 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 173 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 174 No decorrer dos últimos anos do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI a educação brasileira foi motivada por muitas legislações diretrizes curriculares e políticas públicas relacionadas à Produção de uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais como nunca tinha sido pensada programada e executada na História da Educação brasileira Realmente aconteceu um empenho governamental em trazer para o campo da educação a discussão em prol de uma convivência social igualitária nas suas relações ÉtnicoRacial contemplando considerável parte do povo brasileiroIsso foi configurado em muitas iniciativas de ouvir a voz dos silenciados das matrizes formadoras do Povo Brasileiro dos movimentos organizados dos povos indígenas e negros de uma séria intenção governamental em enfrentar a nossa real desigualdade étnicoracial No Relatório das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais configura o entendimento de que a Educação das relações ÉtnicoRaciais é interdependente das políticas públicas do Estado Brasileiro institucionais e pedagógicas focadas nas aguardadas reparações além do reconhecimento e da valorização da identidade da cultura e da história dos negros brasileiros depende necessariamente de condições físicas materiais intelectuais e afetivas favoráveis para o ensino e para aprendizagens Isso significa que produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais configura um trabalho colaborativo e que envolva todos os que fazer a educação escolar acontecer ou ser esquecida A produção de uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais dependeria e continua a depender da reeducação das relações entre negros e brancos o que aqui estamos designando como relações étnicoraciais Depende ainda de trabalho conjunto de articulação entre processos educativos escolares políticas públicas movimentos sociais visto que as mudanças éticas culturais pedagógicas e políticas nas relações étnico raciais não se limitam à escolaBRASIL 2004 p13 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 174 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 174 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 175 Foi criado um Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana com o objetivo focado na colaboração com todo o sistema de ensino e as mais diversas instituições educacionais brasileiras sugerindo reflexões para enfrentar todas as formas de preconceito racismo e discriminação para garantir o direito de aprender e a equidade educacional a fim de promover uma sociedade mais justa e solidária O Plano Nacional preconizava a formação docente em História e Cultura dos Povos Africanos e da Cultura Afro brasileira do papel exercido pela diversidade no Brasil além da colaboração com os mais distintos sistemas de ensino com as ações necessárias com vistas à implementação da Lei 1063903 Outra frente de ação do plano era o desenvolvimento de pesquisas e a produção de materiais didáticos e paradidáticos que valorizem nacional e regionalmente a cultura afrobrasileira e a diversidade brasileira BRASIL 2009 p 26 A lei 1063903 é de 2003 Só alguns anos depois é que conquistamos a lei 1164508 e foram incluídas as histórias e culturas dos povos indígenas O Este Plano Nacional de 2009 trata das histórias e culturas dos povos indígenas e africanos Isso explica o fato de você está estudando a Educação das Relações ÉtnicoRaciais neste momento focando nas histórias e culturas dos povos indígenas africanos e afrobrasileiros Isso respondeu a demanda de produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais e estabelecer melhores inter relações étnicas Certamente que contribuiu dado o ineditismo da situação O Governo Federal deu um passo ímpar nunca experimentado antes nas longas histórias dolorosas para negros e indígenas nas tensas Relações ÉtnicoRaciais no Brasil É relevante entender que a educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais como qualquer outra forma ou intenção de educação é sempre um ato constante e inacabável Já na sua especificidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 175 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 175 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 176 a educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais passou pela construção da superação e posturas racistas por um modo de viver antirracista Ainda é visível e existente nas ruas nos casos declarados de injúrias raciais e anunciados pelos meios de comunicação na quantidade intensa de jovens pobres e pretos perseguidos e mortos em operações policiais Estamos longe ou os programas foram insuficientes e devem seguir Significa que a educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais precisa estar presente no cotidiano e nas atividades oferecidas aos alunos constantemente em uma luta que já leva mais de 500 anos de racismo e de discriminação racial E continuará a fazer seus efeitos Nas buscas para produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais é importante no diaadia das interrelações entre as crianças observar aqueles codinomes pejorativos algumas vezes escamoteados de carinhosos ou jocosos que identificam alunos as negrosas sinalizam que também na vida escolar as crianças negras estão ainda sob o jugo de práticas racistas e discriminatórias E precisam desaparecer Melhor será produzir uma Educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais que transforme as diferenças étnicoraciais em marcas de uma cultura que seja apresentada não com o deboche mas sim com jogos e cantos de origem africana ou indígenas Perfeito será produzir uma Educação voltada às Relações Étnico Raciais que caminhem além das diferenças dos tons de pele ou dos cabelos focando nas marcas significativas das culturas indígenas e afrobrasileiras abandonando a zombaria com as diferenças étnicoraciais planejando uma vivência construtiva com o patrimônio material e imaterial artístico e cultural dos povos que construíram a Amazônia antes da chegada dos colonizadores e com as danças e os folguedos criadas pelos africanos modificadas e reatualizadas pelos afrodescendentes e que todos apreciam Produzir uma Educação voltada às relações étnicoraciais passa pelo prévio entendimento dos professores de que não existe uma única forma de se estar no mundomas múltiplas formas que vão tecendo conforme os desafios propostos por ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 176 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 176 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 177 nós pelos outros e pela nossa interação com e sobre a natureza Isso abre o caminho para a produção de uma educação voltada às Relações ÉtnicoRaciais que possibilitem encontros pedagógicos alegres e reflexivos conhecendo e se apropriando das múltiplas formas através da recriação da reinvenção redescoberta e que nos leve a equacionar o nosso ser e estar no mundo em suas múltiplas dimensões Além disso essa produção passa por uma escuta atenta dos sujeitos historicamente excluídos indígenas e afrobrasileiros suas culturas e histórias reais e dignas A sociedade democrática brasileira ainda tende de forma bastante sistemática a colocar situar negros e negras num lugar desigual ante os demais grupos étnicoraciais e culturais construtores da nossa brasilidade O que deixamos de aprender com preconceitos que desqualificam os povos indígenas como pessoas que produzem uma educação das Relações ÉtnicoRaciais E o que podemos aprender com eles e que fazem falta para melhorar nossos conflitos Inter étnicos Em suas sociedades os povos indígenas lutam para que o ensino e a aprendizagem ocorrem no espaço abrangente da comunidade e em qualquer tempo Todos são responsáveis pela formação das pessoas sendo que os mais velhos assumem tarefas mais específicas Assim novas gerações aprendem com as velhas Podemos aprender muito com os saberes indígenas Os grupos que vivem na mesma comunidade em que está localizada a escola são ouvidos Eles são convidados a participar da produção de uma educação das Relações ÉtnicoRaciais Seus grupos artísticos e culturais estão presentes nas comemorações do dia da consciência negra ou no dia do índio Alguma vez foram convidados a narrar a história de lutas daquele bairro por políticas públicas ou a contar histórias reais Os poetas do bairro visitam a escola Um pequeno bloco de carnaval antigo do bairro é chamado a falar de carnaval nesta época Até que ponto o educador e sua escola estão abertos e se sente preparado para produzir uma Educação das Relações Étnico Raciais que leve em conta a revitalização transmissão e valorização ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 177 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 177 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 178 da cultura e identidade do povo como fazem os povos indígenas ao discutir os rumos da educação que oferecem as novas gerações É necessário indagar nas práticas educativas se a comunidade é chamada para produzir uma Educação das Relações Étnico Raciais na escola Existe uma procura pela produção de uma Educação ÉtnicoRacial que caminhe em direção a um conceito de ser humano que produz história não a partir de grandes sagas e heróis mas a partir de relações comunitárias vividas e vivenciadas pelos grupamentos humanos Ao produzir uma educação voltada para a relação ÉtnicoRacial é necessária a construção de ambiente escolar que favoreça a formação sistemática da comunidade sobre a diversidade étnicoracial a partir da própria comunidade considerando a contribuição que esta pode dar ao currículo escolar Isso demanda um mapeamento das potencialidades artísticas e culturais do bairro da cidade e da comunidade Esta produção coletiva de uma educação às relações Étnico Raciais passa por encarar a existência do racismo das desigualdades sociais da histórica exclusão de africanos de seus descendentes dos povos originários que viram os colonizadores chegarem e de seus descendentes refletindo sobre tais deploráveis práticas com o intuito de vencêlas Passa ainda pela aceitação convivência e abertura para aprender dentro da escola com as cosmovisões destes povos formadores do povo brasileiro nas suas semelhanças e nas suas diferenças com aquilo que costumamos chamar de manifestações tradicionais e populares da nossa festiva e criativa cultura popular tradicional brasileira Prima pela necessidade de diálogos entre os educadores seus saberes os marcos legais que foram construídos no Brasil com o intuito de superar o racismo o preconceito e todas as dificuldades no enfrentamento das relações Interétnicas Produzir uma educação das relações étnicaraciais passa por evocar a questão racial como um potencial conteúdo multidisciplinar a atravessar várias disciplinas a trazer elementos significativos aos conteúdos curriculares juntamente com a valorização de todos os povos formadores dos povos brasileiros negro indígena árabes ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 178 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 178 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 179 europeus japoneses e tantos outros Passa pelo questionamento do etnocentrismo Qual a razão que faz com que o português seja visto como melhor e mais avançado que o Povo Tupy ou Tupiniquim Conhecendo muito e melhor da história e da cultura dos povos indígenas e africanos para respaldar falas mais verdadeiras e coerentes isso abolirá falsas imagens do negro e do indígena inconvenientes e que são mentiras que parecem verdades É necessário examinar e refletir sobre o modelo social em que a escola está imersa refletindo sobre mudanças necessárias a partir da análise sobre a realidade Não podemos falar apenas por falar sem produzir mudanças Isso requer que seja observado se coexistem na escola as desigualdades sociais raciais culturais econômicas e que determinados grupos sociais ainda estão submetidos na sociedade brasileira Do mesmo modo temos nela as possibilidades para a superação das formas mais variadas de preconceito e desigualdade PASSOS 2002 p21 Figura 3 Folguedos Fonte wikimedia commons ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 179 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 179 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 180 E então Gostou do que lhe mostramos Aprendeu mesmo tudinho Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo vamos resumir tudo o que vimos Você deve ter aprendido até este momento sobre como produzir uma Educação das Relações ÉtnicaRaciais Refletindo sobre tudo o que foi lido deverá estar mais preparado para futuras inserções e construções de uma educação antirracista e antidiscriminatórias refletindo sobre o assunto para estar mais qualificado a trabalhálos situações diversas em sala de aula Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento vídeo Educação para Relações Etnicorraciais Acessível pelo link httpsbitly2XMqeLH Acesso em 09012020 SAIBA MAIS Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial questões iniciais sobre currículo e práxis pedagógica Neste capítulo você será capaz de repensar e dinamizar currículos e práxis pedagógicas voltadas a Diversidade Cultural e ÉtnicoRacial Ao repensar ou planejar novos currículos aos olhos da realidade do povo brasileiro das matrizes que formaram nossa gente serão necessários empenhos para que sejam voltados a nossa Diversidade ÉtnicoRacial não esquecendo que currículos são produtos de escolhas teóricas e metodológicas fruto de uma seleção Os currículos nunca são neutros Expressam disputas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 180 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 180 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 181 políticas consensos aproximações esquecimentos estão em permanente reconstrução Antes de prosseguir com o foco sobre a diversidade cultural e étnicoracial o que é currículo para alguns currículos são conteúdos e para outros são experiências de aprendizagem outros determinam que currículo é um plano contendo os objetivos educacionais e para alguns é algo relativo à avaliação unicamente Fazse necessário a articulação dos diferentes elementos enfatizados em cada uma das concepções apresentadas e ao mesmo tempo considerar o conhecimento como a matéria prima do currículo E entendendo então o currículo como um grandioso e potente conjunto de experiências de conhecimento que os professores oferecem aos educandos nas escolas É fundamentalmente pelo conhecimento que se procura atingir as metas definidas para um curso para uma escola ou para um sistema educacional Sendo assim o currículo é muito importante É interessante refletir que o currículo é um relevante instrumento usado por distintas sociedades tanto para desenvolver os processos de conservação transformação e renovação dos conhecimentos historicamente acumulados como para socializar as crianças e os jovens segundo valores tidos como desejáveis No foco da Diversidade ÉtnicoRacial interessa pensar o currículo como uma sofisticada seleção da cultura colhendo na cultura entre tantas possibilidades de escolha de conhecimentos a partir do ponto de vista de que a cultura é o lugar produtor de significados Assim é concebido o currículo como uma prática de significação que expressandose em meio a conflitos e relações de poder contribui para a produção de identidades sociais Quando uma escola faz a escolha de produzir ou repensar seus currículos e Práxis Pedagógica para fazêlos viver a Diversidade Cultural e Etnicorracial da nossa sociedade brasileira já está evidenciado que os professores a equipe de coordenação e direção pedagógica estão apostando em conciliar as diferenças e as identidades das matrizes formadoras do povo ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 181 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 181 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 182 brasileiro todas elas sem nenhuma exceção ou silenciamentos sem nenhum preconceito ou dogmas que qualifiquem que uma diversidade cultural é menos válida que a outra para a população brasileira e para a educação O currículo é visto como território em que ocorrem disputas culturais em que se travam lutas entre diferentes significados do indivíduo do mundo e da sociedade no processo de formação de identidades Então Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial reunidos e dispostos a construir um espaço para a diferençavocê terá que responder sobre as identidades que tal novo currículo deverá produzir Identidades em sintonia com padrões dominantes ou identidades plurais Identidades comprometidas com o arranjo social existente ou identidades questionadoras e críticas E fica a necessidade de responder a outra indagação O que é Práxis É a atividade produtora da unidade entre o homem e o mundo em que vive entre a matéria presente ao mundo e o espírito humano entre qualquer teoria e sua respectiva prática entre aquilo que se chama sujeito e aquilo outro que se chama objeto Práxis é esta intrigante atividade produzida pela humanidade socialmente dentro e na realidade em que vivem as pessoas Práxis é a atividade material do homem que transforma o mundo natural e social para fazer dele um mundo humano Práxis é a humanização que oferecemos a realidade ao mundo em que vivemos Evidentemente que isso está inserido na realidade da educação nas escolas nos encontros entre educadores seus educandos e os conhecimentos discutidos em sala de aula Assim os alunos chegam à escola com uma determinada concepção de suas diversidades cultural e étnicoraciais e com o passar do tempo e as vivências em sala de aula irão ampliando a consciência superando ingenuidades sobre a diversidade dele e dos outros assumindo posições mais críticas e transcendentes A práxis constitui e mantém a humanidade sendo a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo modificando a realidade objetiva e para poderem ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 182 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 182 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 183 alterála transformandose a si mesmos Na práxis nada ficará imóvel e imutável Sendo que a práxis é a ação capaz que exige aprofundamento precisa da reflexão do autoquestionamento da teoria e é a teoria que remete à ação que enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos cotejandoos com a prática Assim práxis demanda a reflexão e a mudança O educador Paulo Freire Freire 1987 refletiu muito sobre o discurso pedagógico a discussão do fazer educativo como uma práxis pedagógica Seu projeto educativo envolvia a humanização dialogicidade problematização conscientização e emancipação Freire afirmava que os humanos são os seres da práxis significando que somos aqueles que realizam continuamente atos de reflexão e ação simultaneamente e de forma verdadeira para transformar nossa realidade E a realidade que os professores e os alunos enxergam é a inesgotável fonte repleta de conhecimento reflexivo de novas criações e das transformações necessárias e operadas por nós a humanidade e com a nossa humanidade Freire 1987 defende que na medida em que a humanidade cria história vai se constituindo como formada de seres históricosociais Assim Freire 1987 explica que os temas geradores escolhidos para suscitar debates na sala de aula possuem significados sociopolíticos e culturais dos educandos exigindo uma metodologia conscientizadora de tais significados que faz os educandos entenderem seus sentidos inserindoos em atividades que possibilitem pensar o mundo de um modo crítico As diversidades Cultural e ÉtnicoRaciais certamente fazem parte deste mundo Assim Freire afirmou que investigar o tema gerador é investigar repitamos o pensar dos homens referido à realidade é investigar seu atuar sobre a realidade que é sua práxis Ou seja Planejando Currículo e Práxis Pedagógicas voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial o educador deverá significar que um Currículo é planejado vivenciado na Práxis Pedagógica ou seja no modo como professores e alunos atuam sobre a realidade se o momento já é o da ação esta se ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 183 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 183 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 184 fará autêntica práxis se o saber dela resultante se faz objeto da reflexão crítica Não será útil um conhecimento que não ajude os alunos a refletir repensar e mudar a realidade de Diversidade Cultural e Étnicoracial que vivem Devem questionar com o professor se são silenciados ou possuem visibilidade nas suas manifestações de Diversidade Cultural e Étnicoracial Pensando se debocham ou valorizam a Diversidade Cultural e Étnicoracial do outro do diferente do divergente E todos juntos poderão refletir sobre e ao mesmo tempo celebrar com as suas diferenças identidades diversidades bem como sobre as lutar contra as desigualdades e refletindo como superálas Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a diversidade cultural e etnicorracial recomendações curriculares legais brasileiras Uma questão significativa é refletir sobre o conjunto de experiências necessárias ao Planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e etnicorracial Como isso se deu na história da educação brasileira a partir da promulgação da constituição federal de 1988 sonhada pelos grupos e movimentos engajados de corpo e alma com este tema O passo significativo seguinte foi a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996 passando por necessárias alterações posteriores para contemplar justamente estes elementos relacionados a Diversidade Cultural e etnicorracial e que respaldaram diretrizes curriculares focadas em tais diversidades características da formação do povo brasileiro Já no Artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB são preconizados os princípios que deverão embasar o ensino Configurando entre outros princípios a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola o relevante ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 184 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 184 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 185 pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas além do respeito à liberdade e apreço à tolerância e por fim a recomendação da consideração com a diversidade etnicorracial Já no Artigo 33 é explicitado uma significativa e esclarecedora recomendação aliviadora relativa ao ensino religioso em que é assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil cabendo esclarecer ainda que em 2017 o Supremo Tribunal Federal decidiu que o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras poderá ter natureza confessional significando que poderá estar vinculado às diversas religiões A seguir diante dos últimos ajustes na Base Nacional Comum Curricular o Conselho Nacional de EducaçãoCNE deu parecer homologado da Base Nacional Comum Curricular BNCC recomendando Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradiçõesmovimentos religiosos e filosóficos de vida a partir de pressupostos científicos filosóficos estéticos e éticos Isso é salutar contra descabidas intolerâncias E ainda recomenda Compreender valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida suas experiências e saberes em diferentes tempos espaços e territórios Todo este histórico sobre o Ensino religioso as diversas decisões em diferentes âmbitos revela que existe um embate sobre o assunto E traz a reflexão da importante tarefa que os currículos e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial terão ao se debruçar sobre a diversidade religiosa O fundamental levando em conta a Diversidade Cultural e Étnicoracial será preparar debates que incidam na importância do respeito as mais diferentes matrizes do povo brasileiro relacionadas aos seus ancestrais como são os casos das Religiões de Matriz Religiosa Africana e as religiosidades dos Povos Indígenas seus pajésalém de suas cosmologias e cultos aos ancestrais O Artigo 26 da LDB BRASIL 2017a foi modificado para determinar a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena vinculado as duas Leis 1063903 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 185 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 185 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 186 2003 e 1164508 2008 Esta modificação traz significativas contribuições aos currículos e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial Definidos assim O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir desses dois grupos étnicos tais como o estudo da história da África e dos africanos a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional resgatando as suas contribuições nas áreas social econômica e política pertinentes à história do BrasilBrasil 2017 p 19 Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial as escolas deverão levar em conta ainda com relação as modificações neste artigo com as Leis já citadas Leis 1063903 2003 e 1164508 2008 que os conteúdos referentes à história e cultura afrobrasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras Seguidas tais recomendações deste artigo da Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional Brasil 2017 será possível realizar excelentes e coerentes planejamentos de Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial respeitadas suas recomendações E ainda referente a Edição de livros e de materiais didáticos dedicados aos distintos níveis e modalidades de ensino surgiu como recomendação para cumprir o Artigo 26 da LDB BRASIL 2017 a abordando o tema da pluralidade cultural e da diversidade etnicorracial do povo brasileiro que fossem observados e corrigidos distorções e equívocos em obras já publicadas sobre a história a cultura a identidade dos afrodescendentes sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros educacionais do MEC Isso proporcionou um intenso trabalho ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 186 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 186 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 187 Tratase do Programa Nacional do Livro Didático PNLD e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares PNBE do Ministério da Educação Isso propiciou um grande incentivo governamental nos anos seguintes de promulgações de tais leis e das modificações na LDB com o envio para as escolas públicas brasileiras de material didático apropriado aos planejamentos de Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial cultura e história afrobrasileira e indígena Esclarecido que as modificações que a LDB incorporou trouxe elementos que faltavam e contribuem para a hora de planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial nas escolas pelo nosso grande e diverso país você vai voltar sua atenção aos resultados imediatos da promulgação da LDB em 1996 com relação ao tema Diversidade Cultural e Étnicoracial e seus planejamentos na escola Voltando um pouco atrás uma significativa iniciativa foi tratar da pluralidade cultural no fim do século XX foram os Parâmetros Curriculares Nacionais Configurando entre os objetivos do ensino fundamental oportunizar aos alunos atividades que os façam ser capazes de valorizar e conhecer a nossa pluralidade presente no patrimônio sociocultural brasileiro e de outros povos fora do Brasilposicionandose contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais de classe social de crenças de sexo de etnia ou outras características individuais e sociais No texto dos Parâmetros Curriculares NacionaisPCNs é ressaltado o fato do Brasil ser pensado como composto por diversidade étnica e cultural plural em sua identidade é índio afrodescendente imigrante é urbano sertanejo caiçara caipira mas coexistirem preconceitos relações de discriminação e exclusão social que impedem muitos brasileiros de ter uma vivência plena de sua cidadania A proposta dos PCNs BRASIL 1997 recomenda aos professores que trabalhem a temática da pluralidade cultural com atividades que possam favorecer tanto o conhecimento como a valorização das nossas características étnicas e culturais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 187 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 187 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 188 presentes nos diferentes grupamentos sociais brasileiros tratando das desigualdades socioeconômicas e de reflexões críticas às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo multifacetado e algumas vezes paradoxal Um pouco mais de duas décadas depois ainda estamos a dever aos vários grupamentos étnico culturais que os planejamentos de novos Currículos nas escolas signifiquem realmente que a Práxis Pedagógica seja voltada a Diversidade Cultural e Étnicoracial Neste momento as intenções do Ministério da Educação estavam voltadas a oferecer parâmetros ou seja diretrizes ordenadas para nortear os educadores através da indicação de elementos essenciais para cada disciplina e no caso do tema das diversidades estariam apresentadas as indicações não como uma disciplina mas como tema transversal para aparecer nas diversas disciplinas português matemática história etc A intenção que sustentava o tema transversal Pluralidade cultural era ser um norteador de temas afins à nossa Diversidade Cultural e Étnicoracial oferecidos aos corpos docentes as equipes de coordenação pedagógica de demais atores dos planejamentos de currículos nas escolas pelo vasto país ressaltando a necessária adaptação às particularidades locais OS PCNs asseguram que a realidade brasileira é de coexistência da ampla diversidade étnica linguística e religiosa em solo brasileiro os brasileiros viviam e continuam vivendo submersos no plural que se constata seja no convívio direto seja por outras mediações E para que tratar da diversidade cultural nos currículos e nas práxis Para que reconhecer valorizar e pôr fim superar as discriminações dentro das salas Segundo o texto referente a Pluralidade Cultural dos PCNs para atuar sobre um dos mecanismos de exclusão tarefa necessária ainda que insuficiente para caminhar na direção de uma sociedade mais plenamente democrática ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 188 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 188 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 189 A ideia pósconstituição de 1988 era que as atividades em sala de aula deveriam ser voltadas à cidadania uma vez que tanto a desvalorização cultural traço bem característico de país colonizado quanto a discriminação são entraves à plenitude da cidadania para todos portanto para a própria nação E ainda refletir sobre uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocuparse necessariamente com as diversidades existentes na sociedade uma das bases concretas em que se praticam os preceitos éticos Os PCNs deram um passo inicial importante na redemocratização Quanto aos conteúdos curriculares nas suas interconexões com o tema da diversidade cultural é recomendado lembrar que tantos os aspectos históricos como os geográficos expõem uma diversidade regional marcada pela desigualdade do ponto de vista do atendimento pleno dos direitos de cidadania de valorização desigual de práticas culturais E não seria uma escolha pelas belas e festivas demonstrações diversidade cultural somente Nada de submergir e esconder as dificuldades vividas pela diversidade enquanto se dá destaque apenas à sua característica de ser um dos potenciais mais férteis tipicamente brasileiros levou por muito tempo a acreditar que o racismo era uma mazela social que o Brasil soube evitar A discussão extremamente atual de perceber que o mito da igualdade racial é uma mentira juntamente com a errada difusão da teoria da integração das raças tradicionalmente divulgada na maioria das escolas de ensino fundamental deixou pouco ou nenhum espaço para que se encarassem as reais dificuldades das diferentes etnias no contexto social brasileiro Os Povos Indígenas diante dos avanços conquistados na Constituição de 1988 constituíram presentes aos temas nos PCNs Indicando a necessária explicitação da ampla diversidade de forma a corrigir uma visão deturpada que homogeneíza as sociedades indígenas como se fossem de um único grupo pela justaposição aleatória de traços retirados de diversas etnias O texto aponta para a necessidade da valorização dos povos indígenas através da inclusão nos currículos de conteúdos que informem sobre a riqueza ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 189 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 189 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 190 de suas culturas e a influência delas sobre a sociedade como um todo quanto pela consolidação das escolas indígenas levando em conta os termos da Constituição bem como a pedagogia apropriada às escolas interculturais indígenas Para combater os reducionismos científicos e seus danos racistas o texto sobre Pluralidade Cultural dos PCNs recomenda levar em conta que a diversidade das sociedades humanas não deve ser esclarecida pela diferença genética já que é enorme a variação dos nossos caracteres genéticos internos de qualquer grupo é muito grande o elemento de real interesse seria a cultura Os currículos em suas conexões com a diversidade deveriam lembrar que divisão biológica da nossa espécie humana não implica hierarquia ainda que diferentes visões de mundo expliquem de múltiplas formas a diversidade humana Do ponto de vista de dignidade de Direitos Universais há uma só humanidade Os currículos deveriam considerar ao planejar conteúdos relacionados as línguas a valorização de diferentes formas de linguagem oral e escrita pelo respeito às manifestações regionais pela possibilidade de contato e integração com a diversidade de línguas e de linguagens presentes Ainda ressaltando o bilinguismo dos povos indígenas relacionado ao fato de existirem mais de 180 línguas indígenas faladas no Brasil em conjunto com o português Tudo isso continua muito válido Entre os objetivos gerais de Pluralidade Cultural para o Ensino Fundamental voltados à construção da cidadania em uma sociedade pluriétnica e pluricultural consta com fins no desenvolvimento de capacidades como o conhecimento da diversidade do nosso patrimônio étnicocultural tendo atitude de respeito para com pessoas e grupos que a compõem reconhecendo a diversidade cultural como um direito dos povos e dos indivíduos e elemento de fortalecimento da democracia Esta garantia de respeito constitucional não pode ser desprezada Os professores na virada para o século XX deveriam levar em conta como critérios a serem utilizados na seleção dos conteúdos a relevância sociocultural e política considerando a necessidade ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 190 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 190 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 191 e a importância da atuação da escola em fornecer informações básicas que permitam conhecer a ampla diversidade sociocultural brasileira Isso implicaria na divulgação das contribuições dessas diferentes culturas presentes em território nacional e eliminar conceitos errados culturalmente disseminados acerca de povos e grupos humanos que constituem o Brasil Todos estes aspectos são profundamente contemporâneos e necessários ao pensar em um currículo novo Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial Tratando da singularidade do Brasil no real de seu feitio uma população de origem diversificada portadora de culturas que se preservaram em suas especificidades ao mesmo tempo em que se amalgamaram em novas configurações Os PCNs clamam à valorização das estruturas em comuns para todos dos entrelaçamentos socioculturais que permitem valorizar aquilo que é próprio da identidade de cada grupo e aquilo que permite uma construção comum onde cabe pronunciar o pronome nósBRASIL 1997 p 48 A Pluralidade Cultural dentro dos currículos e dos Parâmetros Curriculares Nacionais trouxe para dentro das discussões sobre currículos e práxis no interior das escolas brasileiras o objetivo didático relacionado à escolha de conteúdos que sejam capazes de suscitar aproximações da noção de igualdade quanto aos direitos quanto à dignidade e que embasem a valorização da diversidade cultural Surgiram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana do Conselho Nacional de Educação aprovada em 2004 propondo a Consciência Política e Histórica da Diversidade para conduzir com tal princípio à igualdade básica de toda pessoa humana visto como sujeito de direitos ao reconhecimento de que a formação do povo brasileiro deuse em grupos étnicoraciais distintos que possuem cultura e história próprias igualmente valiosas e que em conjunto constroem na nação brasileira sua história Posto isso é necessário o conhecimento e à valorização ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 191 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 191 03022021 172749 03022021 172749 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 192 da história dos povos africanos e da cultura afrobrasileira na construção histórica e cultural brasileira Nestes sentidos estas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana contribuem de uma forma muito significativa e devem ser levadas em conta ao planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial em todas as escolas do Brasil Nesta perspectiva de Consciência Política e Histórica da Diversidade estas Diretrizes propõem inovadoras propostas à superação da indiferença injustiça e desqualificação com que os negros os povos indígenas e também as classes populares às quais os negros no geral pertencem são comumente tratados à desconstrução por meio de questionamentos e análises críticas objetivando eliminar conceitos ideias comportamentos veiculados pela ideologia do branqueamento pelo mito da democracia racial que tanto mal fazem a negros e brancos à busca da parte de pessoas em particular de professores não familiarizados com a análise das relações étnico raciais e sociais com o estudo de história e cultura afrobrasileira e africana de informações e subsídios que lhes permitam formular concepções não baseadas em preconceitos e construir ações respeitosas ao diálogo via fundamental para entendimento entre diferentes com a finalidade de negociações tendo em vista objetivos comuns visando a uma sociedade justa BRASIL 2004 p 19 Estas relevantes Diretrizes agem em prol do fortalecimento de Identidades e de Direitos indo além do que foi possível com os PCNs sendo que este princípio com relação a diversidade deve orientar para a ampliação do acesso a informações sobre a diversidade da nação brasileira e sobre a recriação das identidades provocada por relações étnicoraciais ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 192 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 192 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 193 A partir de toda esta movimentação histórica o que começou a ser demandado com novos currículos era a existência efetiva de uma pedagogia que respeitasse realmente as diferenças E fosse capaz de lidar com a questão racial como conteúdo inter e multidisciplinar durante todo o ano letivo estabelecendo um diálogo permanente entre o tema etnicorracial e os demais conteúdos trabalhados na escola A RESOLUÇÃO Nº 5 do Conselho Nacional de Educação CNE de Junho de 2012 avançou com relação a nossa diversidade indígena definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica BRASIL 2012 atendendo as mobilizações antigas insistentes e justas dos Povos Indígenas do Brasil E que devem ser levadas a cabo por aqueles que Planejam Currículos e Práxis Pedagógicas voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial e aquelas oferecidas aos povos indígenas pelo país Tais diretrizes curriculares devem ser consideradas como resultantes do que é garantido como direito aos Povos Indígenas brasileiros nos seguintes marcos legais Constituição Federal de 1988 Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 50512004 pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU 1948 Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas de 2007 pela nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalLDBEN Lei 939496 Com 500 anos de atraso é começada uma nova trilha E o que é assegurado é direito a uma educação escolar diferenciada para os povos indígenas Estas Diretrizes Curriculares Nacionais estão pautadas pelos princípios da igualdade social da diferença da especificidade do bilinguismo e da interculturalidade fundamentos da Educação Escolar Indígena Isso foi um avanço significativo Quanto aos objetivos da Educação Escolar Indígena consta proporcionar aos indígenas suas comunidades e povos tanto a recuperação de suas memórias históricas a reafirmação de suas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 193 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 193 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 194 identidades étnicas a valorização de suas línguas e ciências quanto o acesso às informações conhecimentos técnicos científicos e culturais da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e nãoindígenas Isso é relevante e traz reflexões às pessoas que estranham até um indígena usar um celular quanto mais chegar ao ENEM Novos tempos Quanto aos currículos da Educação Básica na Educação Escolar Indígena estas Diretrizes respaldam suas construções em perspectiva intercultural levando em conta devem valores e interesses etnopolíticos das comunidades indígenas em relação aos seus projetos de sociedade e de escola definidos nos projetos políticopedagógicos O currículo precisará ser flexível ajustado aos contextos socioculturais de cada comunidade indígena relacionados com os projetos de Educação Escolar Indígena de tal comunidade São incentivados em tal currículo a construção de eixos temáticos projetos de pesquisa eixos geradores ou matrizes conceituais em que os conteúdos das diversas disciplinas podem ser trabalhados numa perspectiva interdisciplinar E deverão ser garantidas condições para que os currículos possam ser aportados com os materiais didáticos específicos escritos na língua portuguesa nas línguas indígenas e bilíngues que reflitam a perspectiva intercultural da educação diferenciada elaborados pelos professores indígenas e seus estudantes e publicados pelos respectivos sistemas de ensino Isso garante que o currículo e Práxis Pedagógica sejam voltados a Diversidade Cultural e Étnicoracial indígena contemplando aspectos comunitários bilíngues e multilíngues de interculturalidade e diferenciação e uma necessária flexibilização ao organizar os tempos e espaços curriculares possibilitando a inclusão dos importantes saberes e relevantes procedimentos culturais construídos por diversas comunidades indígenas tais como línguas indígenas crenças memórias saberes ligados à identidade étnica às suas organizações sociais às relações humanas às manifestações artísticas às práticas desportivas ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 194 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 194 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 195 Vale ressaltar que a Meta 7 do Plano Nacional de EducaçãoPNE válido para acontecer até 2024 contido na Lei nº 130052014 recomenda o estabelecimento e a implantação em formato de pacto federativo entre os entes da Federação Governo Federal Estados e municípios as mais apropriadas diretrizes pedagógicas para a educação básica e a uma base nacional comum dos currículos ressaltados seus direitos e objetivos de aprendizagem bem como o desenvolvimento dos educandos entre o ensino fundamental e médio respeitada a diversidade regional estadual e local BRASIL 2017b p 02 A diversidade prossegue focada na realidade Chegamos a 2ª década do século XXI com um arcabouço legal que possibilitam planejamento de Currículo e Práxis Pedagógica voltados à verdadeira e esquecida Diversidade Cultural e Étnicoracial brasileira A Base Nacional Comum CurricularBNCC preconiza que entre as dez competências gerais comuns indicadas às etapas da Educação Básica que expressam os direitos de aprendizagem dos estudantes consta a valorização da diversidade de saberes e vivências culturais e apropriarse de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade autonomia consciência crítica e responsabilidade BRASIL 2017b p27 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 195 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 195 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 196 Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena Como e Porque Trabalhar com a Poesia na Sala de Aula Disponível no link httpsbitly37gFsvA Acesso em 09012020 E ainda VídeoEscola democrática e diversidade com a Profª Drª Mônica Amaral da USP acessível pelo link httpsbitly2MIAi1T Acesso em 09012020 Figura 4 Fonte wikimedia commons Quer se aprofundar neste tema Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Vídeo A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena Como e Porque Trabalhar com a Poesia na Sala de Aula Disponível no link httpsbitly37gFsvA Acesso em 09012020 E ainda VídeoEscola democrática e diversidade com a Profª Drª Mônica Amaral da USP acessível pelo link httpsbitly2MIAi1T Acesso em 09012020 RESUMINDO ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 196 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 196 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 197 REFERÊNCIAS UNIDADE 01 ABRAMOVICH Anete RODRIGUES Tatiane Cosentino CRUZ Ana Cristina Juvenal da A diferença e a diversidade na educação Revista Contemporânea Dossiê Relações Raciais e Ação Afirmativa Nº 2 p 8597 juldez 2011 Universidade Federal de São Carlos Disponível em httpsbitly2MErc67 httpsbitly2MErc67 Acesso em 18 dez 2019 ABRAMOWICZ Anete Trabalhando a diferença na educação infantil São Paulo Moderna 2006 AGUIAR Marcia Angela da S org Educação e diversidade estudos e pesquisas Recife Gráfica J Luiz Vasconcelos Ed 2009 BANDEIRA Maria de Lourdes Valores Civilizatórios Indígenas e Afrobrasileiros Saberes necessários para a formulação de Políticas Educacionais In RAMOS Marise Nogueira ORG Diversidade na educação reflexões e experiências Brasília Secretaria de Educação Média e Tecnológica 2003 BRASILMinistério da Educação Base Nacional Comum Curricular Brasília 2018 BRASIL Conselho Nacional de Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena Brasília 2012 a BRASIL Conselho Nacional de Educação Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola Brasília 2012 b BRASIL Lei nº 11645 de 10 de março de 2008 Disponível em httpsbitly2YckJF0 httpsbitly2YckJF0 Acesso em 18 dez 2019 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 197 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 197 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 198 BRASIL Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana Brasília Conselho Nacional de EducaçãoCNE 2004 Disponível em httpsbitly3dO8DbG httpsbitly3dO8DbG Acesso em 18 dez 2019 BRASIL Lei nº 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cultural experiências de empresas Brasileiras Rev adm empres São Paulo v 40 n 3 p 1825 Sept 2000 Available from https bitly3h6l3xB Acesso 16 Dez 2019 httpsbitly3ham3ke httpsbitly3cHJWMI ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 198 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 198 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 199 FOUCAULT Michel A ordem do discurso Aula inaugural no Collège de France pronunciada em 2 de dezembro de 1970 Trad Laura Fraga de Almeida Sampaio São Paulo Loyola 2002 1 ed 1996 Série Leituras Filosóficas Disponível em httpsbit ly37aqFCx httpsbitly37aqFCx Acesso em 18 dez 2019 FOUCAULT Michel Em defesa da sociedade São Paulo Martins fontes 1999 FOUCAULT Michel Microfísica do Poder 17 ed Rio de Janeiro Graal 2002 FOUCAULT Michel Vigiar e punir 3 ed Petrópolis Vozes 1982 FOUCAULT Michel Vigiar e punir 3 ed Petrópolis Vozes 1981 GADOTTI Moacir Diversidade Cultural e Educação para Todos Rio de Janeiro Graal 1992 Disponível no link https bitly3dEOCEp httpsbitly3dEOCEp Acesso 16 Dez 2019 GOMES Nilma Lino Educação e Diversidade Étnico Cultural In RAMOS Marise Nogueira ORG Diversidade na educação reflexões e experiências Brasília Secretaria de Educação Média e Tecnológica 2003 GOMES Nilma Lino GONÇALVES E SILVA Petronilha Beatriz Experiências étnicoculturais para a formação dos professores Belo Horizonte Ed Autêntica 2006 GONÇALVES E SILVA Petronilha Prática do racismo e formação de professores In DAYRELL Juarez ORG Múltiplos Olhares sobre a educação e a Cultura Belo Horizonte UFMG 1996 HANASHIRO Darcy Mitiko Mori CARVALHO Sueli Galego de Diversidade Cultural Panorama Atual e Reflexões para a Realidade Brasileira REAd Revista Eletrônica de Administração vol 11 núm 5 setembrooutubro 2005 pp 121 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Disponível em https bitly3ha9XYG httpsbitly3ha9XYG Acesso 16 Dez 2019 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 199 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 199 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 200 FIORIN José Luiz Linguagem e ideologia São Paulo Ática 1998 LIMA Candido Pinheiro Koren Albuquerque a herança de Jerônimo o Torto Recife Fundação Gilberto Freyre 2013 MARTINS Ernesto Candeias Ideias e Tendências Educativas no Cenário Escolar Onde estamos para onde vamos Revista Lusófona de Educação 2006 7 7190 Disponível no link https bitly3f6G6hB httpsbitly3f6G6hB Acesso em 18 dez 2019 MUNANGA K Superando o racismo na escola Brasília MECSECAD 2005 NUNES Érica Melanie Ribeiro Políticas públicas e marcos legais para educação antirracista no Brasil da Constituição de 1988 à Lei 1063903 Igualitária Revista do Curso de História da Estácio BH América do Norte 115 07 2014 Disponível em httpsbitly3cNpVEl Acesso em 18 dez 2019 RIBEIRO Darcy O Povo brasileiro Companhia das letras 1995 Em disponível em 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SILVA Tomaz Tadeu A produção social da identidade e da diferença In SILVA Tomaz Tadeu org Identidade e diferença a perspectiva dos Estudos culturais PetrópolisRJ Editora Vozes 2000Disponível em httpsbitly2XJgce1 httpsbitly2XJgce1 Acesso em 18 dez 2019 SILVA Petronilha Beatriz Gonçalves Educação Porto AlegreRS ano XXX n 3 63 p 489506 setdez 2007 Disponível em httpsbitly3f1HKRH Acesso em 19 dez 2019 TYLOR Edward Burnett Primitive culture London John Murray 1871 UNIDADE 02 AMANTINO M A convivência entre índios e negros nas danças folclóricas brasileiras uma análise histórico antropológica In LIGIERO Z SANTOS C A Org Dança da Terra tradição história linguagem e teatro Rio de Janeiro Papel Virtual 2005 v 1 p 91117 BÂ H A tradição viva In KIZERBO J Org História da África São Paulo Ática Paris Unesco 1982 Disponível em httpsbitly30xsAQr Acesso 27 Dez 2019 BANDEIRA Maria de Lourdes Valores Civilizatórios Indígenas e Afrobrasileiros Saberes necessários para a formulação de Políticas 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Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 203 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 204 NASCIMENTO Maria Beatriz Culturalismo e contracultura In Cadernos de Formação sobre a Contribuição do Negro na Formação Social Brasileira Niterói ICHFUFF 1976 pp 0206 Acesso 27 Dez 2019 NAUDI Leda Maria Cardoso Documentos sobre oíndio brasileiro 15501822 2ª Parte Revista de Informação Legislativa Brasília volume 8 nº 29 P227336 1971 Documentos do Arquivo do Senado Federal Brasília Informações relativas à civilização dos índios ordenados por Sua Majestade o Imperador no ano de 1826 PAGAMUNICI A Psicologia e educação Dialogando com o diferente a convivência e a pluralidade cultural In PLONER KS et al org Ética e paradigmas na psicologia social online Rio de Janeiro Centro Edelstein de Pesquisas Sociais 2008 p 126 139 Disponível em httpsbitly3cLZvTD Acesso 27 Dez 2019 PAPA NICOLAU V Bula Romanus Pontifex de 8 de janeiro de 1454 Itália Vaticano 1454 PESSOA J M Saberes em festa 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Educação das Relações ÉtnicoRaciais 205 SANTOS Maria de Fátima de Souza Representando a alteridade Estud psicol Natal Natal v 4 n 2 p 375382 Dec 1999 Available from httpsbitly3f676hA Acesso em 23 Dez 2019 httpsbitly3f3JTMR SILVÉRIO Valter Roberto Síntese da coleção História Geral da África Préhistória ao século XVI coordenação de Valter Roberto Silvério e autoria de Maria Corina Rocha Mariana Blanco RincónMuryatan Santana Barbosa Brasília UNESCO MEC UFSCar 2013 Disponível em httpsbitly3cKs7fO Acesso 27 Dez 2019 UNIDADE 03 BANDEIRA Maria de Lourdes Valores Civilizatórios Indígenas e Afrobrasileiros Saberes necessários para a formulação de Políticas Educacionais In RAMOS Marise Nogueira ORG Diversidade na educação reflexões e experiências Brasília Secretaria de Educação Média e Tecnológica 2003 BARROS José MárcioOrg Diversidade Cultural Da proteção à promoção Disponível em httpsbitly30kiIZV Acesso em 31 dez 2019 Diversidade Cultural Da proteção à promoção Belo Horizonte Autêntica Editora 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Brazão O conceito de diversidade no BNCC Relações de poder e interesses ocultos Revista Retratos da Escola Brasília v 9 n 17 p 299319 juldez 2015 Disponível em httpsbitly2YkH0AG Acesso em 01 jan 2020 FREITAS Fátima Silva de A diversidade cultural como prática na educação Curitiba InterSaberes 2012 HENRIQUES Ricardo Apresentação In LUCIANO Gersem dos Santos Gersem Baniwa O Índio Brasileiro o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade LACEDMuseu Nacional 2006 Disponível em httpsbitly2YcuanLmulti Acesso 30 dez 2019 GOMES Nilma Lino Diversidade étnicoracial e a Educação brasileira BARROS José MárcioOrg Diversidade Cultural Da proteção à promoção Belo Horizonte Autêntica Editora 2008 Disponível em httpsbitly30kiIZV Acesso em 31 dez 2019 Gomes Nilma Lino Indagações sobre currículo diversidade e currículo Organização do documento Jeanete Beauchamp Sandra Denise Pagel Aricélia Ribeiro do Nascimento Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica 2007 GOMES Joaquim B Barbosa Ação afirmativa princípio constitucional da igualdade Rio de JaneiroSão Paulo Renovar 2001 GONÇALVES E SILVA Petronilha e SILVÉRIO Valter Roberto Orgs Educação entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica Brasília Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 2003 GONÇALVES E SILVA Petronilha GOMES Nilma Lino orgs Experiências étnicoculturais para a formação de professores Belo Horizonte Autêntica 2007 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 206 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 206 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 207 KAUARK Giuliana BARROS José Márcio TORREÃO Luisa MIGUEZ Paulo A afirmação da diversidade cultural sob diferentes olhares In MIGUEZ Paulo org Diversidade cultural políticas visibilidades midiáticas e redes Salvador EDUFBA 2015 Disponível em httpsbitly30msomE Acesso em 01 dez 2020 KAUARK Giuliana BARROS José Márcio Políticas públicas para a diversidade cultural uma análise do Programa Brasil Plural Diversidade cultural políticas visibilidades midiáticas e redes Salvador EDUFBA 2015 Disponível em httpsbitly30msomE Acesso em 01 dez 2020 LIMA Antonio Carlos de Souza In LUCIANO Gersem dos Santos Gersem Baniwa O Índio Brasileiro o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade LACEDMuseu Nacional 2006 Disponível em httpsbitly3f4PVwM Acesso 30 dez 2019 LOURO Guacira Lopes Gênero Sexualidade e Educação Uma Perspectiva PósEstruturalista Petropólis Vozes 2003 Disponível em httpsbitly2YcuTFv Acesso em 02 jan 2020 LUCIANO Gersem dos Santos Gersem Baniwa Diversidade Cultural Educação e a questão indígena In Diversidade Cultural Da proteção à promoção Belo Horizonte Autêntica Editora 2008 BARROS José MárcioOrg Diversidade Cultural Da proteção à promoção Disponível em httpsbitly30kiIZV Acesso em 31 dez 2019 LUCIANO Gersem dos Santos Gersem Baniwa O Índio Brasileiro o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade LACED Museu Nacional 2006 Disponível em httpsbitly3f4PVwM Acesso 30 dez 2019 MACHADO Jurema Promoção e Proteção da Diversidade Cultural O seu atual estágio In Diversidade Cultural Da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 207 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 207 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 208 proteção à promoção Belo Horizonte Autêntica Editora 2008 BARROS José MárcioOrg Diversidade Cultural Da proteção à promoção Disponível em httpsbitly30kiIZV Acesso em 31 dez 2019 MOREIRA AFB Multiculturalismo Currículo e Formação de Professores In MOREIRA AFBORG Currículo Políticas e práticas 6a Edição São Paulo Papirus 1999 MOURA Clóvis MOURA Soraya Silva Dicionário da escravidão negra no Brasil Clóvis São Paulo EDUSP 2004 ROMÃO Jeruse Por uma Educação que promova a autoestima da criança negra Brasília Ministério da Justiça CEAP 2001 YÚDICE George Os desafios da diversidade cultural no novo milênio In MIGUEZ Paulo org Diversidade cultural políticas visibilidades midiáticas e redes Salvador EDUFBA 2015 Disponível em httpsbitly30msomE Acesso em 01 dez 2020 UNIDADE 04 AGUIAR M M M A gestão da escola e o processo ensino aprendizagem Revista CAMINE Caminhos da Educação Franca v 6 n 1 2014 ALENCAR Maria Gisele org Relações Etnicorraciais saberes e experiências no cotidiano escolar Londrina UEL 2010 Disponível em httpsbitly2BFXLhO 09 jan 2020 BRASIL Base Nacional Comum Curricular Brasilia MEC 2018 Disponível em httpsbitly2UnIclE Acesso em 03 jan 2019 BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei no 93941996 Brasília Senado Federal Coordenação de Edições Técnicas 2017a Disponível em httpsbitly30q7Utl Acesso em 08 jan 2020 BRASIL Conselho Nacional de Educação RESOLUÇÃO CNECP Nº 2 de Dezembro de 2017b Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular Brasília CNE 2017b Disponível no link httpsbitly2MEzDOK Acesso em 08 jan 2020 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 208 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 208 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 209 BRASIL Conselho Nacional de Educação Resolução Nº 5 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica Brasília CNE 2012 Disponível em httpsbitly2XNVz0B Acesso em 07 jan 2020 BRASILMECSecretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino da História e Cultura Afro brasileira e Africana Brasília 2009 Disponível httpsbit ly2A5T8gQ Acesso em 07 jan 2020 BRASIL Ministério da EducaçãoSecretaria da Educação Continuada Alfabetização e DiversidadeSECAD Orientações e Ações para Educação das Relações ÉtnicoRaciais Brasília SECAD 2006 Disponível em httpsbitly3dKI871 Acesso em 07 jan 2020 BRASIL Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana Brasília Outubro de 2004 Disponível em httpsbitly3f4tvvz Acesso em 07 jan 2019 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais pluralidade cultural orientação sexual Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1997 Disponível em httpsbitly2XJD9Ov Acesso em 07 jan 2019 COSTA Marisa Vorraber Currículo e pedagogia em tempos de proliferação da diferença Porto Alegre Trajetórias e processos de ensinar e aprender sujeitos currículos e culturas XIV ENDIPE 2015 Disponível em httpsbitly3h4IQOz Acesso em 06 jan 2020 CRUZ Francine Educação Física escolar e a Educação das Relações ÉtnicoRaciais Propostas a partir da Cultura Corporal do Movimento Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação à distância em Educação das Relações Etnicorraciais MECSECAD e CIPEADNEAB da ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 209 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 209 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 210 Universidade Federal do Paraná UFPR 2015 Disponível em httpsbitly2Yl1Obg Acesso em 09 jan 2020 CUNHA Débora Alfaia da Brincadeiras africanas para a educação cultural Débora Alfaia da Cunha Castanhal PA Edição do autor 2016 httpsbitly3dKVkbP Acesso em 09 jan 2020 FERRANINI Rosilei SAHEB Daniele Torres Patrícia Lupion Metodologias ativas e tecnologias digitais aproximações e distinções Revista Educação em Questão Natal v 57 n 52 p 130 e 15762 abrjun 2019 Disponível em httpsbitly2XKAggj acesso em 09 01 2020 FREIRE Paulo Pedagogia do Oprimido 17ª Ed Rio de Janeiro Paz e Terra editora 1987 GASPARIN João Luiz Uma Didática para Pedagogia HistóricoCrítica 3ed Campinas SP Autores Associado 2002 GOMES Nilma Lino Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil uma breve discussão In BRASIL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Educação antirracista caminhos abertos pela Lei Federal no 1063903 Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Brasília MEC 2005 Disponível no link https bitly3h7jsI4 Acesso 09 jan 2020 KONDER Leandro O futuro da filosofia da práxis o pensamento de Marx no século XXI Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 LOPES Fátima Martins Em nome da liberdade as vilas de índios do Rio Grande do Norte sob o diretório pombalino no século XVIII Tese de Doutorado Universidade Federal do Rio Grande do Norte 2005 Disponível em httpsbitly3f12Gby Acesso em 06 jan 2020 LUCIANO Gersem Revista Retratos da Escola Brasília v 7 n 13 p 345357 juldez 2013 Disponível em httpsbit ly2XKN4mY Acesso em 06 jan 2020 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 210 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 210 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 211 MORAN José Metodologias ativas para uma aprendizagem profunda In MORAN José BACICH Lilian Org Metodologias ativas para uma educação inovadora uma abordagem teórico prática Porto Alegre Penso 2018 MOREIRA Antonio Flavio Barbosa Currículo cultura e formação de professores Educar em Revista Sl v 17 n 17 p p 3952 jun 2001 ISSN 19840411 Disponível em https bitly3dReAos Acesso em 07 jan 2020 MOREIRA Antônio Flávio Barbosa org Currículo questões atuais Campinas Papirus 1997 MUNANGA Kabengele Apresentação In BRASIL 2008 Superando o racismo na escola Brasília MECSECAD 2008 Disponível em httpsbitly37cZXsK Acesso em 09 jan 2020 MUNANGA Kabengele Uma abordagem conceitual das noções de raça racismo identidade e etnia Cadernos PENESB Periódico do Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira Niterói UFF n 5 p 1534 2004 Disponível no link httpsbitly2A5U4So Acesso em 06 jan 2020 PASSOS Joana Célia dos Discutindo as relações raciais na estrutura escolar e Construindo uma Pedagogia Multirracial e Popular Revista do NEN Multiculturalismo e a Pedagogia Multirracial e Popular nº 8 dezembro de 2002 Florianópolis SC PATTO M E S A produção do fracasso escolar histórias de submissão e rebeldia São Paulo Casa do Psicólogo 1999 SILVA Petronilha Beatriz Gonçalves Dimensões e sobrevivências de pensamentos em educação em territórios africanos e afrobrasileiros In Negros Território e Educação NEN Núcleo de Estudos Negros Florianópolis 2000 p 78 GONÇALVES E SILVA Petronilha Beatriz Prática do racismo e formação de professores In DAYRELL Juarez Múltiplos olhares sobre educação e cultura Belo Horizonte Ed UFMG 1996 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 211 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 211 03022021 172750 03022021 172750 Educação das Relações ÉtnicoRaciais 212 SCHIMITT Jaqueline Zarbato Currículo e Ensino de História diálogos sobre prática de ensino e o processo de formação de professores as Revista do Lhiste Porto Alegre v 2 p 104 117 janjun 2015 SILVA Maria José Lopes da As Artes e a Diversidade ÉtnicoCultural na Escola Básica In BRASIL2008 Superando o racismo na escola Brasília MECSECAD 2008 Disponível em httpsbitly37cZXsK Acesso em 09 jan 2020 SILVA Maria Cristina da Rosa Fonseca PERINI Janine Alessandra A produção de materiais sobre arte afrobrasileira uma contribuição para a formação de professores de arte Anais da Anpap 2011 Disponível no link httpsbitly2XKNfOW Acesso em 09 jan 2020 SILVA Ana Célia A discriminação do negro no livro didático Salvador CEAOCED 1995 SOUZA Julianna Rosa de Personagem Negra uma reflexão crítica sobre os padrões raciais na produção dramatúrgica brasileira Rev Bras Estud Presença Porto Alegre v 7 n 2 p 274295 Ago 2017 Disponível em httpsbitly2Up5Ttz Acesso em 06 Jan 2020 VÁZQUEZ A Sánchez Filosofia da práxis Rio de Janeiro Paz e Terra 1977 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 212 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 212 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 213 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 213 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 214 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 214 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 215 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 215 03022021 172750 03022021 172750 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 216 ebook completo impressão Educação das Relações ÉtnicoRaciais Aberto SERindb 216 03022021 172750 03022021 172750 A Instrumentalização do Conceito de Raça Implicações Sociais e Teológicas O conceito de raça originalmente relacionado à descendência foi instrumentalizado como uma ferramenta de dominação social especialmente a partir do século XVII Como destacado no texto a raça foi usada para justificar a dominação social e no século XVIII a cor da pele tornouse um critério essencial para distinguir raças A raciologia uma pseudociência hierarquizou as raças legitimando sistemas opressores como o nazismo Kabengele Munanga ressalta que o conceito de raça é ideológico variando conforme o contexto social e político FREITAS2020 Nesse sentido ainda Freitas 2020 corrobora dizendo que a compreensão dos conceitos de raça e etnia é fundamental para construir uma sociedade mais igualitária e antirracista Como apontado a diversidade cultural é a riqueza da humanidade e reconhecer as diferenças étnicas e raciais pode promover a inclusão e o respeito mútuo Isso implica em desafiar preconceitos e valorizar as contribuições de todos os grupos combatendo assimetrias históricas No que tange à teologia o estudo das relações étnicoraciais pode contribuir para uma abordagem mais inclusiva Por exemplo a valorização das histórias e culturas afro brasileiras e indígenas em contextos religiosos pode promover a diversidade e o respeito Além disso a educação sobre a história e cultura afrobrasileira e africana conforme a Lei 106392003 ajuda a desconstruir o mito da democracia racial incentivando uma sociedade mais justa e equitativa Portanto o estudo das relações étnicoraciais é essencial para desvelar os mecanismos de poder que historicamente excluíram grupos marginalizados Ao compreendermos os conceitos de raça e etnia podemos desafiar preconceitos enraizados e construir uma sociedade mais justa e inclusiva A valorização da diversidade cultural e a promoção da equidade são fundamentais para superar desigualdades seculares Assim a educação e a reflexão crítica sobre essas temáticas são ferramentas poderosas na luta contra o racismo e na construção de uma sociedade mais igualitária e antirracista REFERÊNCIA FREITAS Maria da Glória Feitosa Educação das relações étnicoraciais Recife Telesapiens 2020

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