·

História ·

História

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

66 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 História de capitalidade do Rio de Janeiro Mauro Osorio da Silva 1 Maria Helena Versiani 2 Resumo Este artigo trata do fato de a cidade do Rio de Janeiro ter se construído historicamente como o eixo da capitali dade do país ou como a sua cidadecapital Argan 1964 Na perspectiva de Argan todos os países possuem uma cidade que é a sua referência internacional e que não necessariamente é também a sua Capital burocrática Por exemplo Nova York em vez de Washington para os Estados Unidos e Sidney em vez de Camberra para a Austrália Sendo assim reconhecemos a cidade do Rio de Janeiro como a cidadecapital do Brasil o que consti tui um elementochave para o entendimento da trajetória da cidade e do estado do Rio de Janeiro que interfere decisivamente no processo de definição de políticas públicas e de estratégias econômicas para a região Duas questões orientam a análise aqui apresentada 1 Quais experiências e condições históricas contribuíram para que a cidade do Rio de Janeiro despontasse como o eixo da capitalidade brasileira 2 Como e por que essa condição de cidadecapital influenciou e ainda influencia a trajetória econômica da cidade e do estado do Rio de Janeiro Palavraschave Rio de Janeiro Economia Regional Capitalidade Abstract This article addresses the fact that Rio de Janeiro had been constructed historically either as the axis of the capitality of the country or as its capital city Argan 1964 In Argans view all countries have a city that is its international standard and which is not necessarily its bureaucratic Capital For example New Your instead of Washington in America and Sidney instead of Camberra regarding Australia From this assumption we recognize the city of Rio de Janeiro as the capital city of Brazil This characteristic stands as a key element for understanding the trajectory of the city and the state of Rio de Janeiro which decisively affect the definition of public policies and economic strategies for the region Two questions guide the analysis presented here 1 Which experiences and his torical conditions have contributed for the city of Rio de Janeiro to appear as the hub of Brazilian capitality 2 How and why this condition as capital city has influenced the economic history of the city and the state of Rio de Janeiro Keywords Rio de Janeiro Regional Economy Capitality Este artigo trata de uma característica singular da cidade do Rio de Janeiro no cenário da Federação brasileira o fato dela ter se construído historicamente como o eixo da ca pitalidade do país ou como a sua cidadecapital conforme expressões do historiador de arte e exprefeito de Roma Giulio Argan 1964 Na perspectiva de Argan todos os países possuem uma cidade que é a sua referência internacional e que não necessaria mente é também a sua Capital burocrática Assim quando pensamos nos Estados Unidos tendemos a pensar em Nova York e não em Washington quando pensamos na Austrália lembramos de Sidney e não de Camberra Nas palavras da historiadora Marly Silva da Motta 200124 as cidadescapitais de Giulio Argan são o lugar da política e da cultura como núcleo da sociabilidade intelectual e da produção simbólica representando cada uma a sua maneira o papel de foco da civilização núcleo da modernidade teatro do poder e lugar de memória Filiados a essa premissa analítica reconhecemos a cidade do Rio de Janeiro como a cidadecapital do Brasil E tal característica a nosso ver colocase como um elemento chave para o entendimento da trajetória da cidade e do estado do Rio de Janeiro que 1 Mauro Osorio da Silva Economista doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e RegionalUFRJ professor da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ coordenador do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro vinculado ao Programa de Mestrado em Direito e Instituições da FNDUFRJ mauroosoriouolcombr 2 Maria Helena Versiani Historiadora doutora em História Política e Bens Culturais pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do BrasilFGV pesquisadora do Museu da República integrante do Grupo de Pesquisa Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro vinculado ao Programa de Mestrado em Direito e Instituições da FNDUFRJ mversiani globocom História de capitalidade do Rio de Janeiro 67 interfere decisivamente no processo de definição de políticas públicas e de estratégias econômicas para a região Resumidamente duas questões orientam a análise aqui apresentada 1 Quais experiências e condições históricas contribuíram para que a cidade do Rio de Janeiro despontasse como o eixo da capitalidade brasileira 2 Como e por que essa condição de cidadecapital influenciou e ainda influencia a tra jetória econômica da cidade e do estado do Rio de Janeiro O Rio de Janeiro nasce como eixo de logística nacional A cidade do Rio de Janeiro nasceu como fortificação militar porto e centro da logísti ca nacional Segundo Carlos Lessa 2000a68 a existência da Baía de Guanabara com seu aspecto geográfico de cofreforte militarnaval foi um fator fundamental para a decisão de Portugal de ocupála E efetivamente ela serviu como elemento decisivo da defesa da nova Colônia e para a constituição da cidade como centro militar porto e eixo de logística nacional A função da cidade como eixo de logística nacional teve início já durante os ciclos da prata séculos XVI e XVII e do ouro século XVIII uma vez que era o seu porto que arti culava essas atividades com o mundo exterior3 Entre os séculos XV a XVII a prata foi a moeda de troca para o comércio europeu com o Oriente sendo portanto essencial ao comércio de especiarias de Portugal com as Índias especiarias como sabemos muito apreciadas na Europa Assim para equilibrar a conta de comércio entre Europa e Oriente foram necessárias pesadas transferências de prata Inicialmente Portugal obtinha prata em pequena monta na Alemanha e em sua feito ria japonesa de Nagasaki Mas a partir da segunda metade do século XVI as reservas portuguesas passaram a ser abastecidas com a prata obtida mediante o contrabando de produtos e escravos para a região da Prata esta atingida pelos fundos do seu quintal o Rio da Prata A cidade do Rio de Janeiro funcionava então como base logística para essa atividade pelas vantagens da rota RioÁfrica em relação à rota NordesteÁfrica Assim o Rio de Janeiro passou a ser um entreposto entre duas rotas A primeira ligava a cidade à Europa Ásia e África para a exportação de produtos como açúcar tabaco e farinha de mandioca e a importação de especiarias das Índias produtos europeus e sobretudo es cravos africanos A segunda rota ligava o Rio de Janeiro à América Espanhola e ao Rio da Prata para o contrabando de escravos e mercadorias em troca da prata Portanto o Rio de Janeiro mesmo antes do ciclo do ouro e de tornarse a Capital Federal do Brasil assu miu um papel central no território brasileiro por sua origem de porto e fortificação mi litar A riqueza gerada para Portugal a partir do comércio da prata seria sucedida pelo comércio com o ouro de Minas Gerais reafirmando o status da cidade do Rio de Janeiro como eixo logístico nacional Como expôs Lessa 2000a125 Com o controle fiscal das minas de ouro e a posição forte e crescente no núcleo de tráfico negreiro derivase e re forçase a hegemonia o Rio Ademais a centralidade do Rio de Janeiro também se acentuou pelo fato de parale lamente ao comércio exterior sua principal atividade terse desenvolvido durante o século XVIII o comércio colonial de cabotagem que trocava escravos por fumo baiano e por carneseca e banha do sul do país Ao mesmo tempo com o Planalto Central a cidade do Rio articulouse como praça atacadista vendendo escravos alimentos e manufaturas importadas e recebendo pagamentos em ouro e diamantes Em suma novamente recor rendo a Lessa 2000a33 o Rio colonial foi o epicentro desta complexa rede de relações comerciais Era uma vila modesta em termos demográficos porém uma forte praça co mercial e marítima 3 O assunto é examinado mais detalhadamente em Lessa 2000a e em Osorio 2005 68 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 Cultura e autoestima A centralidade do Rio de Janeiro no cenário brasileiro reafirmouse em 1763 quando da transferência da capital do Brasil de Salvador para o Rio o que ocorreu pela necessidade de a Coroa Portuguesa garantir maior controle sobre a riqueza gerada com a produção do ouro em Minas Gerais Na nova capital a Corte de D João VI se instalou em 1808 im plantando segundo Lessa 2000a63 e 77 os signos capitalinos da cidade e recebendo um choque autônomo keynesiano4 um presente de Napoleão a Família Real e mais 15 mil portugueses Essa incorporação acontece numa vila colonial com população estimada entre 43 e 50 mil pessoas Assim com a vinda da Família Real para o Brasil a cidade do Rio foi beneficiada com investimentos de proporções extraordinárias D João VI agregou institucionaliza ção formal e informal à vida colonial com a criação de tribunais conselhos câmaras de instituições encarregadas do ordenamento e policiamento da cidade de cursos de Direito etc além da criação do primeiro Banco do Brasil do país A questão era equipar a cidade para a função de sede da Corte Portuguesa e para tanto foram criados vários órgãos administrativos e de caráter jurídico Ao mesmo tempo afirmavase o projeto civilizador da monarquia de inspiração europeia Instituições culturais e prestigiados espaços urba nos como o Jardim Botânico foram edificados no suceder dos anos Constituiuse a Real Biblioteca de Língua Portuguesa atual Biblioteca Nacional sendo abertas várias livra rias na cidade Em 1818 D João VI fundou o Museu Real hoje Museu Nacional localizado na Quinta da Boa Vista Em 1813 foi inaugurado o Teatro Real de S João em estilo neoclássico à semelhança do Teatro de São Carlos de Lisboa e forte apoio foi dado à realização de recitais de música erudita e peças teatrais Mais D João VI tornouse grande incentivador do estudo formal das Belas Artes inclusive contratando a vinda ao Brasil da Missão Artística Francesa em 1816 que contava com integrantes de renome como o arquiteto Grandjean de Montigny Vários projetos arquitetônicos seriam então realizados para a cidade divulgando o neo classicismo em fachadas e arcos triunfais que deram ao Rio características de uma capital europeia5 Paralelamente a partir do movimento diário de seu porto o Rio de Janeiro in corporava influências culturais e hábitos europeus Dessa forma a história pregressa de porto e de eixo de logística nacional a transferên cia da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763 e o choque de modernização com a chegada da Família Real consolidavam a cidade do Rio de Janeiro como o eixo da capitalidade brasileira6 Progresso e civilização foram palavras de ordem do poder monárquico e republicano até o início do século XX Não por acaso já nos primeiros anos do século XX o presidente Rodrigues Alves 19021906 elaborou um plano para realização de ampla reforma saneadora e mo dernizante na cidade do Rio de Janeiro a capital da República reforma esta que ficou conhecida como Bota Abaixo e Rio Civilizase e que buscou remover do centro carioca os vestígios de uma cidade colonial O objetivo era remodelar e higienizar o centro da cidade transformandoo em um cartão de visitas Sob a direção do ministro da Indústria Viação e Obras Públicas Lauro Muller foram construídas a Avenida Central atual Avenida Rio Branco e a Avenida do Mangue hoje o trecho da Avenida Presidente Vargas desde a Praça Onze até a Avenida Francisco Bicalho e também um cais para o porto do Rio de Janeiro Ao mesmo tempo importante conjunto de obras foi empreendido pelo prefeito da cidade Pereira Passos operadas em velocidade extraordinária e que transformaram definitivamente a pai sagem da capital federal As ruas mais movimentadas do centro foram alargadas e espaços públicos higienizados Quiosques casas populares e cortiços foram derrubados Becos e rue las escuras deram lugar a iluminadas e largas avenidas com lojas cinemas e cafés elegantes que iriam constituir então os novos símbolos nacionais de civilização e progresso 4 Choque autônomo keynesiano é uma expressão usada pelos economistas quando ocorre uma injeção de gastos em de terminada economia dinamizandoa 5 As transformações na cidade do Rio com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil são apresentadas em Versiani 2007 6 O assunto é desenvolvido também em Motta 2000 e 2001 História de capitalidade do Rio de Janeiro 69 O padrão de civilização almejado destruiu a feição pobre e insalubre da área central da ci dade Contudo os populares que ali residiam não foram beneficiados com o projeto sendo de salojados e obrigados a mudarse para locais distantes ou a engrossar a população favelada No correr dos anos a importância do Rio de Janeiro no cenário da cultura prestigiada nacional afirmouse mais e mais expresso em enorme patrimônio acumulado na cidade e também no conjunto do estado que abrigam importantes universidades e centros de ex celência nas áreas de documentação e de preservação e pesquisa públicos e privados Ou seja o Rio de Janeiro como espaço de prosperidade da cultura nacional ainda é uma reali dade com ricas e heterogêneas produções e manifestações artísticas da música ao cinema e à fotografia da arquitetura às artes plásticas do desenho à caricatura do teatro à litera tura da dança ao carnaval e muito mais E se a importância cultural do Rio no conjunto do país dentro dos padrões europeus foi em muito consolidada com a vinda da Família Real podese dizer que a partir do século XX esse cenário de mimetismo começou a se alterar dando lugar à valorização das espe cificidades do país Emblemático desse processo nas primeiras décadas do século XX surgiu todo um con junto de obras promovendo grande valorização da cultura nacional e regional com autores como Euclides da Cunha Os sertões 1902 Monteiro Lobato Urupês 1918 Oswald de Andrade Manifesto PauBrasil 1924 Mário de Andrade Macunaíma 1928 Jorge Amado O país do carnaval 1931 Gilberto Freire Casagrande e senzala 1933 Sérgio Buarque de Holanda Raízes do Brasil 1936 Roberto Simonsen História econômica do Brasil 1937 Graciliano Ramos Vidas secas 1938 e Guimarães Rosa Grande sertão veredas 1956 No correr do mesmo período figurariam também expressões críticas a um falso nacionalismo bem expressas nos trabalhos de vanguarda de toda uma geração de artis tas músicos e escritores modernistas que propunham a devoração cultural das técnicas importadas tendo em vista reelaborálas com autonomia e convertêlas em produtos de exportação De acordo com Carlos Lessa 2000b4143 Ao estudar a Europa no pósguerra os intelectuais brasileiros viram Picasso fazendo cubismo pela adoção dos modelos da arte africana viram Miró acolhendo a estética da arte dos esquimós viram os europeus de vanguarda questionando a cultura europeia alguns jogando seus paradigmas na lata do lixo Isto os impressionou Para valorizar nossas influências etnográficas Anita Malfati Portinari Di Cavalcanti e Tarsila não precisavam procurar os esquimós bastava reler as lendas brasileiras captar as cores olhar os sujeitos sociais O Brasil era um contingente a desbravar Menotti Del Picchia vai procurar a linguagem caipira Villa Lobos vai ouvir o choro as modinhas mineiras os ritmos do Nordeste os sons da Amazônia Resgatase o barroco colonial por mais que os franceses da Missão Artística tivessem dito que o barroco brasileiro não valia nada A intelectualidade brasileira extrai desse percurso uma constatação se eu valorizo a produção cultural desse povo então esse povo é genial E qual é a cor do povo brasileiro O povo brasileiro é furtacor Vai do preto ao branco passando por todas as gradações intermediárias sendo preferencialmente o intermediário Di Cavalcanti vai dizer que o símbolo sexual a beleza do Brasil é a mulata O samba vai valorizar e romantizar a cultura popular A capoeira deixa de ser caso de polícia é uma forma corporal de expressão artística Há uma explosão do folclore o Brasil deslumbrase consigo mesmo O que se propunha era a reinvenção cultural da nação em relação ao que a cidade do Rio de Janeiro exerceu um papel insofismável seguindo até hoje como espaço prestigiado da cultura nacional inclusive mantendose como a principal referência externa do país Tal valorização da cultura nacional e regional articulase a uma ampliação da autoestima no país influenciada por fatores históricos e políticos Carlos Lessa 2000b4041 aponta A Primeira Guerra Mundial dissolveu o fascínio dos brasileiros pela Europa Afinal o Velho Mundo havia praticado por razões geopolíticas matanças em escala industrial O Brasil estava no Novo Mundo no qual despontavam os Estados Unidos como polo mundial Havíamos consolidado um imenso território definindo pacificamente nossas fronteiras com os vizinhos a combinação da velha astúcia portuguesa da ousadia dos bandeirantes e da competência dos nossos diplomatas havia produzido um feito geopolítico até hoje pouco avaliado 70 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 Nesse cenário a eficiência do Barão do Rio Branco no exercício da diplomacia brasi leira contribuiu para a valorização dos feitos nacionais O Barão ou José Maria da Silva Paranhos Júnior liderou a resolução de disputas do Brasil com o Uruguai e a França pelos territórios respectivamente de Sete Povos das Missões e do Amapá áreas nas quais o governo brasileiro garantiria o seu domínio Em 1902 Rio Branco assumiu o Ministério das Relações Exteriores 19021912 e entre as importantes ações de sua chancelaria teve destaque a incorporação do Acre originalmente parte da Bolívia ao território brasileiro Nesse contexto da primeira metade do século XX o Brasil modernizouse e a cidade do Rio de Janeiro manteve a sua centralidade Consolidouse como um local querido de refe rência para todos os brasileiros Não por acaso tornouse também o território onde o samba e a marchinha popularizaramse e em que teve início a chamada época de ouro da música popular brasileira com a chegada do rádio ao país Constituiu ainda o lugar central onde surgiram movimentos referenciais como a Bossa Nova e o Cinema Novo entre outros pro jetoscriações inovadores no mundo cultural brasileiro Nesse cenário que tem como auge os chamados anos dourados o Rio reforça o seu lugar de principal referência externa do país e de eixo da capitalidade brasileira Reflexos da história de capital e de capitalidade na economia do Rio de Janeiro Do ponto de vista demográfico e econômico a cidade e o estado do Rio de Janeiro sobretudo até os anos 1920 também apresentaram enorme centralidade no país De acordo com o Censo de 1872 por exemplo a cidade possuía 274972 habitantes contra apenas 31385 habitantes na cidade de São Paulo hoje a mais populosa cidade brasileira Esses números são expressivos sobretudo se levarmos em conta que em 2013 de acordo com estimativas do IBGE a cidade do Rio possuía 6429922 habitantes e a cidade de São Paulo 11821876 habitantes Até a realização do Censo Industrial de 1919 o conjunto da cidade e do estado do Rio7 apresentava o maior PIB industrial do país inclusive superior ao do estado de São Paulo Osorio 2005265 O dinamismo dessa região derivava então 1 do capital mercantil gerado com a estrutura portuária na cidade do Rio 2 da transferência da capital para o Rio em 1763 3 da vinda da Família Real para a cidade em 1808 e consolidação do Rio como eixo da capitalidade brasileira e 4 da exploração do açúcar e do café financiada pelo capital mercantil acumulado na cidade Sobre a articulação econômica entre a cidade e o estado do Rio Carlos Lessa 2000a61 pontua O engenho açucareiro fluminense foi um desdobramento comercial e financeiro do capital mercantil ligado ao comércio com a região do Prata e com a África No século XIX a plantação cafeeira tem um capítulo inicial essencialmente urbano A cidade do Rio de Janeiro de fato desenvolveuse como vimos como o epicentro de um sistema de articulação e distribuição nacional concentrador da renda e de serviços Nela sempre havia espaço e possibilidades para a diversificação das atividades produtivas posto que os trabalhos logísticos abriam tais possibilidades de expansão Vale citar 7 O atual território do estado do Rio de Janeiro até 1960 compunhase de duas unidades federativas o antigo Distrito Federal e o antigo estado do Rio de Janeiro este também chamado de Velha Província Com a mudança da Capital Federal para Brasília em 1960 a cidade do Rio de Janeiro passou a constituir a cidadeestado Guanabara Em 1974 como sabemos ocorreu a fusão entre a Guanabara e a Velha Província sendo criado o atual estado do Rio de Janeiro Por esse motivo ao compararmos o Rio de Janeiro com outros estados brasileiros em períodos anteriores a 1974 realizamos sempre o somatório dos dados da economia da cidade do Rio com a economia do antigo estado do Rio de Janeiro História de capitalidade do Rio de Janeiro 71 Na cidade do Rio desenvolvemse e localizamse os serviços para o conjunto das cidades integradas na rede Estruturase a presença do artesanato sofisticado e surge uma poeira de ensaios manufatureiros Na medida em que progride o crescimento urbano a troca mercantil se amplifica prossegue a diferenciação dos processos de divisão do trabalho A cidade pôde crescer e não ser sede de processo de industrialização Ao se constituir no coração de uma rede ela promove e intermedeia transações e acumula ganhos mercantis Lessa 2000a125 Portanto a produção cafeeira e açucareira no antigo estado do Rio era um desdobra mento do agente mercantil e constituía a retaguarda mediata do porto Assim é um equí voco atribuir ao açúcar e ao café a indução dinâmica do estado do Rio de Janeiro nos seus períodos áureos A relação é inversa O café não surgiu apenas fisicamente no interior do Rio Foi financiado pelo capital mercantil do grosso comércio do Rio e deu continuidade à sua prosperidade A cidade explica o prodígio do café escravo Lessa 2000a128 A partir de 1919 o conjunto da cidade e do estado do Rio de Janeiro perdeu a sua hegemo nia econômica para o estado de São Paulo Osorio 2005265 No entanto entre 19201960 o dinamismo carioca se manteve próximo ao da média nacional em um período em que de acordo com dados do IpeaData o Brasil apresentou forte crescimento do PIB de em torno de 57 ao ano Isso se deveu ao fato de que embora perdendo continuamente posição rela tiva no cenário industrial da economia brasileira o então Distrito Federal como sede do poder eixo da capitalidade brasileira e como espaço concentrador de renda e capacidade de consumo continuou a atrair e gerar investimentos públicos e privados Assim indicadores relativos ao PIB dos estados e regiões do Brasil por exemplo apon tam que nos anos 1950 o território que abrange o conjunto da atual região fluminense apre sentou um crescimento médio percentual de 66 ao ano bastante próximo ao da Região Sudeste de 67 ao ano e ao total do Brasil de 71 ao ano Pacheco 199869 Carlos Lessa 2000a237238 analisa essa questão da seguinte forma As décadas de 1920 a 1960 foram de prosperidade e de acumulação de prestígio no Rio de Janeiro A cidade desdobrouse em novos comportamentos e dimensões O Rio urbanizouse em sintonia com esses novos tempos Cabe sublinhar que foi sendo secundarizado em termos de produção industrial em relação a São Paulo Desde a Primeira Guerra Mundial São Paulo lidera a produção industrial e apesar de crescer o Rio vê a distância relativa das respectivas bases industriais ser ampliada para não lembrar a espantosa diferença no campo agrícola Porém o Rio concentrando serviços sofisticados com o núcleo de comando do sistema bancário sediando os escritórios centrais da maioria das grandes empresas sendo o portal dos visitantes nacionais e estrangeiros e alimentado por contínuas e crescentes injeções de gasto público parecia ter assinado um pacto com a eterna prosperidade Ou seja no período entre 1920 e 1960 a economia do Rio de Janeiro ao contrário de depender apenas dos gastos públicos da chamada administração direta e de uma atividade mercantil tradicional beneficiouse também por exemplo da criação de empresas estatais em seu território de ser sede da Bolsa de Valores e o principal centro financeiro do país de sediar o núcleo de comando de grupos econômicos nacionais e internacionais em um momento em que o Brasil se modernizava deixava de ser rural para ser urbano e se indus trializava e do crescimento em seu território do turismo de negócios e de lazer e de ativi dades vinculadas à economia da cultura Devese lembrar ainda que a criação de empresas estatais no Rio de Janeiro contribuiria também para atrair sedes de empresas privadas que não atuavam somente no território carioca e fluminense Entre outros foram criados na cidade do Rio o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 1952 a Petróleo Brasileiro SA Petrobras 1953 a Empresa Mista Centrais Elétricas Brasileiras SA Eletrobras 1962 e a Companhia Vale do Rio Doce 1942 No campo científico e cultural foram criados o Instituto Nacional de Tecnologia INT 1921 o Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM 1934 a Universidade do Brasil 1937 o Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 1937 o Instituto Nacional de 72 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 Matemática Pura e Aplicada IMPA 1952 o Instituto Militar de Engenharia IME 1959 o Museu Histórico Nacional MHN 1922 o Museu Nacional de Belas Artes MNBA 1937 e o Museu de Arte Moderna MAM 1948 Ademais instituições existentes desde o século XIX na cidade do Rio de Janeiro se fortaleceram como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal Já o antigo estado do Rio de Janeiro considerado por Lysia Bernardes 1964 uma re gião polarizada pela cidade do Rio de Janeiro do ponto de vista econômico beneficiava se da proximidade do mercado consumidor da capital da República e também foi cenário de investimentos federais como a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional 1941 da Fábrica Nacional de Motores 1942 da Companhia Nacional de Álcalis 1943 e da Refinaria Duque de Caxias 1961 investimentos estes cujas decisões locacionais estiveram relacio nadas à proximidade da antiga Capital Federal e junto à existência de uma tendência do minante no governo central a favor de que então se estabelecesse um contraponto no país ao predomínio econômico paulista Lessa 2000346 Desse modo principalmente até 1960 o estado do Rio de Janeiro como um todo derivou o seu dinamismo econômico de quatro vetores o dinamismo da economia brasileira a cen tralidade da cidade do Rio pela sua história de eixo logístico e de capitalidade o fato de a cidade ser o núcleo do poder nacional e os investimentos estatais produtivos realizados no antigo estado do Rio Consequências no pós1960 da trajetória nacional do Rio A partir de 1960 com a transferência da capital para Brasília principalmente a partir dos anos 1970 com a consolidação dessa transferência a cidade do Rio de Janeiro e o antigo esta do do Rio de Janeiro passaram a apresentar um processo de perda de participação na econo mia nacional tendo em vista a importância do gasto público e dos investimentos federais para o dinamismo econômico do conjunto da região Entre 1970 e 20118 de acordo com dados do IBGE o estado do Rio de Janeiro apresentou a maior perda de participação no PIB nacional entre todas as unidades federativas de 332 Nesse período a participação da economia fluminense no PIB nacional passou de 167 em 1970 para 112 em 2011 Na mesma dire ção a economia da cidade do Rio de Janeiro apresentou a maior perda de participação no PIB nacional entre todas as capitais dos estados brasileiros de 6064 Nesse período a partici pação da economia carioca no PIB nacional passou de 1284 em 1970 para 505 em 2011 Na mesma direção de acordo com os dados sobre emprego formal constantes da Relação Anual de Informações SociaisMinistério do Trabalho e Emprego RAISMTE entre 1985 e 2012 série mais longa com a mesma metodologia o estado do Rio apresentou um crescimento do emprego formal de apenas 669 contra um crescimento expressivamente maior no total do país de 1316 Na indústria de transformação nesse período o estado do Rio de Janeiro apresentou uma queda do emprego formal de 107 contra um cres cimento no país de 563 Tanto no total de atividades econômicas quanto na indústria de transformação o crescimento do emprego formal no estado do Rio foi o menor entre todas as unidades federativas brasileiras Mesmo no setor serviços que tem forte importância na economia fluminense inclusive por sua história de capitalidade o crescimento do emprego formal no estado do Rio tam bém foi no mesmo período o menor entre todas as unidades federativas de apenas 928 contra um crescimento no total do Brasil de 1673 Junto com a transferência da capital para Brasília contribuiu também para a decadên cia econômica da cidade do Rio de Janeiro e do conjunto do estado no cenário nacional o fato de os cariocas e fluminenses só terem se dado conta das consequências da mudança da capital a partir da década de 1980 no bojo da crise econômicofiscal que então se instaurou 8 Como dito em 1974 ocorreu a fusão entre o antigo estado do Rio de Janeiro e a então Guanabara formandose o atual estado do Rio de Janeiro com a cidade do Rio como sua capital Por esse motivo ao ser comparado o peso da economia do estado do Rio de Janeiro no Brasil entre 1970 e 2010 usouse para o ano de 1970 o somatório dos PIBs carioca e do antigo estado do Rio História de capitalidade do Rio de Janeiro 73 no país a partir do segundo choque do petróleo e da brutal elevação das taxas de juros na economia internacional O Brasil foi atravessado por profunda estagnação econômica que atingiu particularmente o estado do Rio de Janeiro9 A demora na percepção das consequências para o Rio da mudança da capital tem rela ção por um lado com o fato de que a transferência da capital ocorreu de forma lenta só se consolidando nos anos 1970 Além disso o forte dinamismo econômico ocorrido no Brasil entre 1968 e o final da década de 1970 mascarou o processo de perda já em curso10 Por outro lado essa demora de percepção deveuse em grande medida à história de capitalidade da cidade do Rio de Janeiro fazendo com que mesmo até os dias atuais os hábitos e as atenções sociais nela construídos voltemse fundamentalmente para a temática nacional Arnaldo Niskier em trabalho denominado Rio Ano 2000 pontuou essa questão afirmando que o fato de a história da cidade de São Sebastião ter durante quase dois sé culos se confundido muitas vezes com a história brasileira teria feito com que a vivência dos problemas nacionais no Rio reduzisse quaisquer problemas locais a pálidos reflexos dos problemas nacionais Assim depois da mudança da capital para o Planalto o povo ca rioca descobriu que só conhecia de si mesmo e de sua cidade a visão do turista apressado Guanabara 197015 As permanências fruto de uma determinada cultura e história podem ser analisadas utilizandose o conceitual teórico do economista institucionalista Douglass North 1993 quando ele afirma que uma determinada conformação institucional cria hábitos e rotinas arraigados nos quais as questões de escolha se apresentam como algo regular repetitivo e evidente de modo que cerca de 90 de nossas ações em vida são realizadas de forma basicamente automática No mesmo sentido Geoffrey M Hodgson 1997 partindo de pressupostos teóricos dis tintos desenvolvidos por autores como Marx Keynes e os institucionalistas americanos do final do século XIX e início do XX Veblen Commons e Mitchell11 chega a conclusões sobre a questão da dinâmica institucional bastante próximas às construídas por North12 conforme se pode deduzir da seguinte passagem Veblen observou que as instituições têm uma qualidade de estabilidade e inércia e que tendem a manter e portanto a transmitir as suas características importantes ao longo do tempo As instituições são consideradas frutos e reforçadores dos processos de pensamento rotinizados sendo partilhadas por um conjunto de pessoas numa dada sociedade Hodgson 1997276 Geoffrey Hodgson afirma também que o institucionalismo compreende os indivíduos a partir do modo como estão situados e envolvidos em seu mundo social Dessa forma as suas funções e preferências não seriam dadas e fixas mas sim construídas e reconstruídas so cialmente em um contínuo processo de adaptação e mudanças Novamente citando Veblen Hodgson 199710 escreve Uma linha de ação habitual constitui uma linha habitual de pensamento e dá o ponto de vista através do qual os fatos e eventos são apreendidos e reduzidos a um corpo de conhecimento As instituições criam e reforçam os hábitos de ação e pensamento a situação de hoje molda as 9 A crise que se instalou no país a partir dos anos 1980 com a mudança do cenário internacional no final da década de 1970 afetou pesadamente a capacidade de gasto do poder público no Brasil Como no final dos anos 1970 a presença de institui ções governamentais na cidade do Rio de Janeiro ainda era muito forte a crise econômicofiscal atingiu a região de forma mais significativa do que as demais regiões brasileiras 10 Em 1964 o governo constitucional de João Goulart foi derrubado pelos militares com apoio de setores políticos e da socie dade civil instaurandose no Brasil uma ditadura militar que sobreviveu até os anos 1980 Um dos fatores que possibilitaram o êxito do golpe foi o fato da economia brasileira ao contrário do que havia ocorrido entre 1930 e 1960 ter parado de crescer e ter ainda ocorrido uma for te elevação inflacionária a par tir do início dos anos 1960 sendo que às vésperas do golpe militar em março de 1964 a inflação brasileira era de em torno de 80 ao ano O primeiro governo militar 19641967 conseguiu lograr uma série de mudanças institucionais no país conhecida como modernização conservadora que ao lado de um cenário internacional de baixas taxas de juros permitiu que o país voltasse a ter entre 1968 e o final dos anos 1970 um alto crescimento anual do PIB Sobre o assunto ver Castro e Souza 1985 Gaspari 2002a 2002b e 2003 e Lacerda 2000 11 Geoffrey Hodgson utiliza como referência básica os institucionalistas americanos citados No entanto em sua obra aparece com centralidade os trabalhos de Veblen quando este propõe que se troque como paradigma econômico a ideia de equilíbrio advinda da Física pela ideia de evolução utilizando a Biologia como metáfora 12 A questão da existência de aspectos heterodoxos na formulação de Douglass Nor th é pontuada em Fiani 2003 74 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 instituições de amanhã através de um processo coercivo e seletivo através da ação sobre a visão habitual do homem das coisas e dessa forma alterando ou fortificando um ponto de vista de uma atitude mental trazida do passado13 É nessa perspectiva que se pode aferir que a cultura de capitalidade do Rio de Janeiro acaba por contribuir para que nessa região demorasse a ocorrer a percepção da quebra da dinâmica institucional a partir de um fator exógeno a mudança da Capital Federal para Brasília em 1960 A particular preocupação no estado do Rio de Janeiro com os temas nacionais visàvis os locais presente até os dias de hoje pode ser verificada por exemplo pelo fato de que se en trarmos nos sites dos Programas de Mestrado e Doutorado em Economia das Universidades localizadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro veremos que permanecem inexistin do programas de pesquisa oficiais permanentes em Economia Regional Isto ao contrário do que ocorre em outras regiões brasileiras como São Paulo e Minas Gerais Por último devese ainda destacar que também contribuiu para a falta de dinamismo econômico e perda de participação do estado do Rio de Janeiro na economia nacional o gol pe de 1964 e subsequentes cassações de mandatos que atingiram a cidade do Rio de Janeiro com particular gravidade pela forte presença de seus parlamentares no debate nacional As cassações no Rio atingiram a esquerda e a direita abrindo espaço para a hegemonia de Chagas Freitas na Guanabara e depois em todo o estado do Rio gerando uma lógica parti cularmente clientelista que desestruturou a área pública no estado afetando a capacidade de planejamento e de políticas de indução ao fomento econômico14 O Rio de Janeiro no século XXI mudanças oportunidades e capitalidade Nos últimos anos o estado do Rio de Janeiro deixou de afugentar investimentos e passou a reter os existentes e a atrair novos Isso está relacionado com o início de uma reestrutu ração da máquina pública no estado bem como com potencialidades em torno do complexo de petróleo e gás e da política de conteúdo nacional desenvolvida pelo governo federal Está viabilizando por exemplo um crescimento do setor naval de em torno de 195 ao ano entre 2000 e 201015 No entanto do ponto de vista do estabelecimento de uma rotina de planejamento e coor denação de políticas que dê conta concomitantemente do pleno aproveitamento das possi bilidades existentes no horizonte a partir do ciclo de investimentos que já chegam ao esta do ou estão previstos e do enfrentamento dos graves problemas e desigualdades que ainda perduram no campo econômicosocial e de infraestrutura no estado do Rio de Janeiro os desafios ainda se encontram em aberto Nesse sentido a afirmação de uma cultura de planejamento para o desenvolvimento re gional é fundamental Do ponto de vista econômico devese priorizar em uma estratégia de planejamento entre outras atividades aquelas em que o Rio de Janeiro por sua histórica de capitalidade apresenta potencialidade O setor serviços apresenta forte centralidade na economia do estado do Rio e principalmen te da cidade que deriva dentre outros fatores da sua história de capitalidade Nesse setor estão todas aquelas atividades que não estão incluídas entre as atividades agroindustriais e in dustriais Assim é importante procurar verificar quais são as atividades dentro do conjunto do setor serviços que podem ter capacidade indutora para ampliação do dinamismo econômico na região Ou seja aquelas atividades que podem atender não só ao mercado consumidor existente na cidade e no estado do Rio mas também a outras regiões brasileiras e ao exterior atraindo renda e aumentando a densidade e as interrelações da economia carioca e fluminense 13 Tradução de Alexandre Borges 14 Sobre esse assunto ver Osorio Versiani 2013 15 A informação pode ser encontrada em matéria publicada no jornal Valor Econômico de 2752014 p G6 intitulada Setor naval cresce 195 ao ano desde 2000 Estaleiros entregam quantidade recorde de embarcações parte de programa de R 1495 bi História de capitalidade do Rio de Janeiro 75 Em trabalho recente que fizemos para o Sebrae denominado A capacidade indutora dos serviços no estado do Rio de Janeiro Osorio Sobral 2013 definimos como induto res da economia da cidade e do estado do Rio os seguintes blocos de atividades turismo telecomunicações e informática elaboração de projetos pesquisa e certificação edito rial e audiovisual cultura arte e lazer e atividades esportivas e de lazer Esses blocos de atividades foram definidos não só em função de sua capacidade exportadora mas também pelo seu peso na economia regional e potencialidade Devese ter em conta ainda que essas atividades apresentam sinergias entre si o que potencializa a sua capacidade de indução No que diz respeito ao turismo o estado do Rio de Janeiro e principalmente sua capital por suas belezas naturais diversidade de mar e montanha história de capitalidade e afa bilidade de sua população constituem um locus privilegiado para o desenvolvimento de atividades vinculadas ao chamado turismo de convivência preferido pelo turista que viaja buscando conhecer a cultura e o modo de vida de uma determinada região Um nicho de atividade turística não só relevante mas em crescimento no mercado internacional Entre os apreciadores do turismo de convivência podemos incluir por exemplo profissionais li berais pesquisadores e estudantes Turistas com esse perfil não gostam dos produtos enla tados do turismo de massa voos charters e pacotes nem de destinações que são operadas como megaempreendimentos resorts parques temáticos etc Preferem pesquisar e cons truir o seu próprio plano de férias considerando variáveis como cultura entretenimento e experiência destinações onde a vida e a espontaneidade local não são totalmente desfi guradas pela indústria turística locais com diversidade de ofertas culturais artísticas eventos museus em um raio territorial relativamente pequeno a oportunidade de contato com pessoas e instituições locais a ponto de se sentir quase como em casa e entre outros aspectos descobrir a realidade que se esconde sob os clichês e estereótipos É claro que para o pleno aproveitamento desse tipo de atividade turística no estado do Rio é de fundamental importância o desenvolvimento de uma estratégia turística regional com o aprimoramento e detalhamento por exemplo dos roteiros e produtos já existentes e a criação de novos nas diversas regiões de governo do estado do Rio de Janeiro Além disso particularmente para esse tipo de turismo é essencial melhorar a infraestrutura no estado do Rio e sobretudo na metrópole carioca com ações como a consolidação da despoluição de Baía de Guanabara e a criação de uma rede de transporte público sobre trilhos de qualida de que permita por exemplo o acesso de turistas à Zona Suburbana e às suas escolas de samba e tradições culturais e estabeleça um serviço de metrô que interligue o Aeroporto Internacional Tom Jobim ao centro histórico e à Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro onde se encontra a grande maioria da rede hoteleira carioca Na área de telecomunicações e informática a cidade do Rio também possui potenciali dade não só pelo fato de a Embratel ter sido criada e desenvolvida na cidade como também pela capacidade de crescimento que as atividades vinculadas à tecnologia de informação apresentam principalmente no que diz respeito às suas possíveis interrelações com a área de mídia cinema e vídeo e pelas demandas que provêm do complexo de petróleo e gás para esse setor Um exemplo é o uso já em curso pelo setor de cinema e vídeo de tecnologia desenvolvida para a visualização do fundo do mar tendo em vista a extração de petróleo em águas profundas Outro exemplo é o crescimento já verificado na cidade do Rio de atividades vinculadas ao desenvolvimento de programas de computador sob encomenda principalmente demandados por empresas ligadas ao complexo do petróleo e gás A área editorial e audiovisual também possui particular potencialidade tendo em vista a sua forte interrelação com a história de capitalidade do Rio Tal potencialidade deriva não só do fato de cerca da metade do emprego formal no país vinculado à televisão estar na cidade do Rio de Janeiro pela hegemonia da cidade na atividade cinematográfica e pelo seu forte peso na produção de vídeos mas também pela legislação recente de conteúdo nacional para a produção de vídeos que permitirá vigoroso crescimento dessa atividade no Brasil nos pró ximos anos Dados divulgados pela RioFilme mostram que desde 2011 o investimento em produção independente de TV no Brasil apresenta um crescimento superior a 80 ao ano Na área de cultura arte e lazer o Rio de Janeiro mais uma vez por sua história de capi talidade possui óbvia potencialidade Entre as evidências dados da RaisMTE apontam que se por um lado a cidade do Rio possuía em 2012 272 dos empregos formais existentes 76 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 nas capitais do Sudeste no que se refere ao conjunto total das atividades econômicas já espe cificamente para o setor de cultura arte e lazer a participação da cidade do Rio atingiu ex pressivos 394 do total de empregos formais existentes nas capitais do Sudeste nesse setor Para uma ainda maior dinamização desse conjunto de atividades devese buscar a am pliação do planejamento e o aprimoramento de uma política cultural que contemple a cida de do Rio de Janeiro e as demais regiões do estado Além disso devemse buscar as siner gias existentes entre a área cultural e a área educacional e turística A esse respeito cabe notificar que um instrumento que em muito pode contribuir para o desenho de uma política cultural é o Mapa da Cultura desenvolvido pela Secretaria de Cultura do governo do estado do Rio de Janeiro no ano de 2013 httpmapadeculturarjgov br A música e o Carnaval estão certamente entre os maiores patrimônios culturais da ci dade do Rio e uma política de apoio a esse patrimônio gera também sinergias com a ati vidade turística Uma política que poderia ser adotada é a de buscar maior formalização das atividades vinculadas à economia do Carnaval Vejase por exemplo que atualmente a Prefeitura e a Rede Globo assinam contrato com as escolas de samba no primeiro semes tre de cada ano Por que não antecipar a realização do contrato para o fim do ano anterior liberando os recursos em doze parcelas com a diminuição da sazonalidade e maior possi bilidade de contratação de profissionais com carteira assinada Outra política importante seria o apoio ao aprimoramento profissional por exemplo para cenógrafos roteiristas etc que podem vir a trabalhar não só em atividades carnavalescas mas também na área de cinema e vídeo e em áreas da cultura em geral A cidade do Rio também apresenta forte proeminência no campo dos serviços de elabo ração de projetos pesquisa e certificação que congrega serviços relacionados às áreas de arquitetura e engenharia design e decoração de interiores testes e análises técnicas como os vinculados ao complexo de petróleo e gás e pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais e em ciências sociais e humanas A participação da cidade do Rio no total dos empregos formais existentes no conjunto dessas atividades nas capitais do Sudeste é de 343 em 2012 sendo que especificamente em pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais a participação da cidade do Rio de Janeiro atinge expressivos 619 pela presença em seu território de instituições como o Centro Brasileiro de Pesquisas FísicasCBPF o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de MelloCenpes a Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz o Centro de Pesquisas de Energia ElétricaCepel e as instituições de pesquisa vinculadas às Forças Armadas Por esse motivo tornase de todo oportuno desenvolver o mercado de engenharia básica de projetos na cidade do Rio de Janeiro atendendo por exemplo as demandas da Petrobras para exploração do présal bem como as demandas geradas pela política de conteúdo nacional A potencialidade do setor de elaboração de projetos pesquisa e certificação a história universitária da cidade do Rio e as atratividades que oferece aos seus visitantes levam ainda ao fato de que se por um lado a cidade de São Paulo apresenta vantagens comparativas para a realização de feiras empresariais a cidade do Rio de Janeiro mantém notória tradição e expertise na realização de congressos e convenções científicas Osorio Sobral 201384 Por último entre as atividades indutoras do setor serviços em que a cidade e o estado do Rio apresentam potencialidade podemos destacar aquelas vinculadas às atividades espor tivas e de lazer Também nesse bloco de atividades enquanto no ano de 2012 a cidade do Rio de Janeiro apresentou uma participação de 272 no total do emprego formal existente em todas as atividades nas capitais do Sudeste já nas atividades esportivas e de lazer a participação da cidade do Rio no total do emprego formal gerado nas capitais do Sudeste foi de expressivos 385 Em relação à área de esporte e lazer devese destacar que o estado do Rio de Janeiro possui regiões de mar e montanha muito aprazíveis para atividades nesse setor em todas as estações do ano Além disso a realização de diversos megaeventos na cidade desde o Panamericano em 2007 e a construção subsequente de equipamentos esportivos contribui para a potencialidade já existente e também traz a necessidade social de definição do uso permanente dos equipamentos esportivos criados seja pela população local seja pela busca da realização de eventos nacionais e internacionais Devese portanto organizar um planejamento e um calendário de eventos esportivos História de capitalidade do Rio de Janeiro 77 que busquem transformar a cidade do Rio de Janeiro na capital dos esportes da América Latina Com esse objetivo cabe ainda buscar a constituição no estado do Rio de centros de treinamento de referência internacional como o Centro de Treinamento da Seleção de Vôlei no município de Saquarema Considerações finais Para o entendimento da trajetória de perda de participação econômica carioca e fluminense no cenário brasileiro nos séculos XX e XXI entendemos que a demarcação mais impor tante é a década de 1960 quando ocorre a transferência da Capital Federal para Brasília Isto porque se em 1920 de fato a atividade industrial no Estado de São Paulo passou a ser superior à do conjunto do atual estado do Rio de Janeiro e o estado paulista liderou nas décadas seguintes o desenvolvimento industrial brasileiro não podemos ainda falar em uma situação de crise regional no Rio de Janeiro pois o conjunto da cidade e do antigo estado do Rio continuou a apresentar um crescimento econômico próximo ao do país Seja pelo gasto público gerado em função da presença da capital na cidade do Rio seja pelo di namismo econômico em boa medida derivado da história de capitalidade do Rio seja ainda pelos investimentos realizados na criação de empresas estatais no antigo estado do Rio de Janeiro pela proximidade com a capital e também pelo desejo do poder central de realizar um contraponto ao predomínio econômico do Estado de São Paulo Em nossa visão para o entendimento da trajetória econômica da cidade e do estado do Rio de Janeiro entre 1920 e 1960 devese dar ênfase ao fato de que além da presença do capital mercantil na cidade do Rio ela desenvolveu por sua história de capitalidade uma série de atividades econômicas no setor serviços que levaram à existência de atividades indutoras para além da atividade industrial e que influenciaram o dinamismo econômico no conjunto do estado Da mesma forma se na década de 1980 a crise no estado do Rio de Janeiro fica mais evidente no contexto da crise econômicofiscal nacional esta já vinha se desenvolvendo desde 1960 e principalmente 1970 tendo em vista a mudança da capital do país para o Planalto Central Dar ênfase à história de capitalidade do Rio de Janeiro permite ainda questionar a tese que permeia o debate na mídia regional de que a falta de dinamismo regional deriva da história da cidade apenas como capital burocrática e da consequente ausência de empreendedorismo Ou seja em nosso entendimento a demarcação temporal central para que se entenda a degradação socioeconômica ocorrida no estado do Rio de Janeiro é a década de 1960 e de vese ter em conta que tal degradação deriva de um conjunto de fatores interrelacionados que são a transferência da capital a carência de reflexão e de construção de estratégias regionais adequadas e o marco de poder específico instalado no Rio como consequência do golpe de 1964 Estamos convencidos ainda de que para entender a trajetória econômica do atual estado do Rio de Janeiro e para o desenho de políticas que levem à consolidação de um novo ciclo vir tuoso no estado é fundamental pesquisar a história de capitalidade da cidade maravilhosa É nesse sentido que no momento de comemoração dos 450 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro procuramos trazer o tema da capitalidade para a agenda de debates 78 Cadernos do Desenvolvimento Fluminense nº 10 Referências bibliográficas ABREU Alzira Alves de et al Coord Dicionário históricobiográfico brasileiro Rio de Janeiro Ed da FGVCPDOC 2001 ARGAN Giulio C LEurope des capitales Genebra Albert Skiras 1964 BERNARDES Lysia Maria Cavalcanti Coord O Rio de Janeiro e sua região Rio de Janeiro IBGE Conselho Nacional de Geografia 1964 CANO Wilson Raízes da concentração industrial em São Paulo 4 ed CampinasSP UNICAMPIE 1998 CASTRO Antonio Barros de SOUZA Francisco Eduardo Pires de A economia brasileira em marcha forçada Rio de Janeiro Paz e Terra 1985 V 32 FERREIRA Marieta de Moraes Coord Rio de Janeiro uma cidade na história Rio de Janeiro Ed da FGV 2000 FIANI Ronaldo Estado e economia no institucionalismo de Douglass North Revista de Economia Política vol 23 n 2 abrjun 2003 GASPARI Elio A ditadura envergonhada São Paulo Companhia das Letras 2002a A ditadura escancarada São Paulo Companhia das Letras 2002b A ditadura derrotada São Paulo Companhia das Letras 2003 GUANABARA Secretaria de Ciência e Tecnologia Comissão do ano 2000 Rio Ano 2000 Rio de Janeiro 1970 HIRSCHMAN Alberto Estratégia do desenvolvimento econômico Rio de Janeiro Fundo de Cultura 1958 HODGSON Geoffrey M Economia e evolução o regresso da vida à teoria econômica Oeiras Celta 1997 LACERDA Antônio Corrêa de et al Economia brasileira Editora Saraiva 2000 LESSA Carlos O Rio de todos os Brasis uma reflexão em busca de autoestima Rio de Janeiro Record 2000a LESSA Carlos Autoestima e desenvolvimento social Rio de Janeiro Garamond 2000b MAGALHÃES JPA et al Rio Século XXI perspectivas e propostas para a economia fluminense Rio de Janeiro JB 1991 MAGALHÃES Raphael de Almeida Breve histórico sobre a estruturação física e econômica da cidade e sua região Sl sn 2001 Texto mimeografado MOTTA Marly Silva da Rio de Janeiro de cidadecapital a Estado da Guanabara Rio de Janeiro ALERJ 2001 Saudades da Guanabara Rio de Janeiro Ed da FGV 2000 NORTH Douglass C Instituciones cambio institucional y desempeño económico México Fondo de Cultura Económica 1993 OSORIO Mauro Rio nacional Rio local mitos e visões da crise carioca e fluminense Rio de Janeiro Editora SENAC RIO 2005 SOBRAL Bruno A capacidade indutora dos serviços no estado do Rio de Janeiro Relatório de pesquisa SebraeRJ ago 2013 VERSIANI Maria Helena O papel das instituições na trajetória econômicosocial do estado do Rio de janeiro Cadernos do Desenvolvimento Fluminense n 2 p 123 2013 PACHECO Carlos Américo Fragmentação da nação São Paulo UNICAMPIE 1998 PRESTES FILHO LC coord Cadeia produtiva da economia do carnaval Rio de Janeiro Epapers 2009 ROSA Luiz Pinguelli Gás Natural Situação atual e potencialidade no estado do Rio de Janeiro Fórum de Reitores Rio de Janeiro Faperj 1994 Texto mimeografado VERSIANI Maria Helena Padrões e práticas na política carioca os deputados federais eleitos pela Guanabara em 1962 e 1970 Dissertação de Mestrado Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia e Ciências Socais Programa de Pós Graduação em História Social 2007 RESENHA O texto História de capitalidade do Rio de Janeiro discute o processo histórico no qual motivou o reconhecimento a nível mundial do Rio de Janeiro como cidadecapital do Brasil que para as autoras esse título é relevante quanto ao entendimento para a sua trajetória sobretudo para entender as políticas públicas e a econômica tanto para a cidade quanto para o estado Para isso fazem um percurso cronológico analisando a trajetória histórica para que o Rio de Janeiro obtivesse esse título desde o período colonial Diante disso pesquisadoras têm como referência e convergem com o pensamento do historiador de arte Giulio Argan quando afirma que todos os países possuem uma cidade que é referência internacional sem necessariamente ser a capital burocrática do país Dessa forma Silva e Versiani 2016 apresentam a cidade do Rio de Janeiro como a cidadecapital do Brasil Historicamente o Rio de Janeiro surge no Brasil por suas características geográficas propícia para desenvolver uma fortificação militar no qual foi importante para Portugal pela perspectiva logística ao ver como uma defesa para a colônia Silva e Versiani 2016 discorrem que para a época colonial o Rio de Janeiro ser esse ponto logístico diante a suas características geográficas veio pelas vantagens da roda RioÁfrica em relação à rota NordesteÁfrica devido ao seu contrabando entre Europa Ásia África e América espanhola ao Rio de Janeiro Dessa forma o Rio de Janeiro por suas vagens pela fortificação militar e seu porto assume um papel central que posteriormente a fortificou como centro logístico a partir do ciclo de ouro e pelo comércio colonial de cabotagem tornando o Rio um local comercial e marítimo enriquecendo especificamente Portugal a partir de todo tipo de exploração possível e a cidadecapital foi o epicentro para essas atividades Em consequência disso para maior controle de suas riquezas geradas pelas minas de ouro entre outras riquezas a Coroa Portuguesa decide transferir a capital para o Rio de Janeiro quando era Salvador que obtinha esse título assim a corte se instala no Rio Por conseguinte segundo o texto houve uma grande transformação na sociedade o que é certo pois a perspectiva de vida europeia se instala e institucionaliza a vida colonial de maneira formal e informal Essa transformação na sociedade carioca foi portanto uma maneira de aproximação com a sociedade europeia visto que as instituições culturais construções de Bibliotecas e museus teatros entre outros foram em função da Corte Portuguesa mas que de certa forma favoreceu o Rio de Janeiro para tornála mais moderna para os portugueses Portanto esse choque de modernização trouxe progresso e civilização no entanto no início do século XX a partir de uma ampla reforma elaborada pelo presidente Rodrigo Alves que visava transformar o centro carioca remover os vestígios de uma cidade colonial para reformála em um cartão de visitasSILVA VERSIANI 2016 A partir dessa premissa foi colocado em prática um projeto urbanística que fez do cenário carioca entoar ainda na atualidade um grande espaço cultural para o país A literatura sobretudo com o prémodernismo surge a valorização da cultura nacional e regional ao mesmo tempo críticas ao falso nacionalismo que pela perspectiva de uma geração de modernistas que buscava uma reinvenção cultural Logo todo esse processo de valorização do nacionalismo e a devoração cultural promoveu ao Rio de Janeiro um ampliação para seu autoestima além disso o enraizamento da música popular brasileira como o samba e as marchinhas Bossa Nova e Cinema Novo como uma marca que apesar de ser bem especifico ao Rio de Janeiro na época quanto na representação internacional trouxe como um estereótipo do Brasil Todo esse percurso histórico e cultural desenvolvido no Rio de Janeiro influencia na economia e no desenvolvimento demográfico por promover renda e serviço que até perder sua hegemonia para São Paulo em 1919 concentra uma grande população Apesar da criação do Distrito Federal não perdeu sua credibilidade principalmente na economia que atraia empresas estatais No entanto no texto é apresentado porcentagens quanto a redução do PIB pelo processo de perda na participação da economia pela lenta mudança da capital que lhe trouxe duras consequências pois essa demora de percepção deveuse em grande medida à história de capitalidade do Rio de Janeiro SILVA VERSIANI 2016 p 73 O Rio de Janeiro o século XXI visa para seu desenvolvimento econômico a estabilidade pela reestruturação da máquina pública no estado que pela potencialidade do petróleo e do gás com a política desenvolvida do governo federal Entretanto o texto ressalva que para enfrentar os problemas quando desigualdades haja vista que no campo econômicosocial e de infraestrutura o Rio de Janeiro deve colocar em seus planejamentos combater esses desafios para que honre suas história de representação de capitalidade Por fim as autoras destacam que a partir da construção do Distrito Federal a fim de que essa passe a ser a capital do Brasil trouxe percas quanto a participação do Rio de Janeiro na economia do país que não somente por isso como também com a inserção de São Paulo com o projeto industrial superior ao Rio de Janeiro Devido a isso o Rio passou por uma crise pelo gasto público e pelo dinamismo econômico já que quanto ao seu período de capital desenvolveu sua história de capitalidade não só pela cultura arte mas nos setores de serviços que influenciou toda a economia do estado Tal influência que a princípio veio como planejamento da corte portuguesa em prol de seus interesses econômicos e cultural transformou o Rio de Janeiro com a Modernidade europeia que apesar das reformas essa ideia de modernização ainda marca a cidade maravilhosa uma vez que ela não perdeu sua fama de cidade capital para o mundo mas que para os próprios brasileiros ao lado de São Paulo é um estado que ainda promove o turismo principalmente pela sua trajetória histórica