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PATRIMÔNIO HISTÓRICO MEMÓRIA HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE SABERES ELIANA DE SOUZA ROLIM O texto apresentado neste artigo busca enfatizar uma discussão acerca dos significados do patrimônio histórico para a memória a história e a construção de saberes tendo em vista que a preservação do patrimônio histórico desde o século XIX tem sido objeto das preocupações de historiadores arquitetos e cientistas sociais entre outros estudiosos que abordam esta temática se configurando ainda como algo importante não apenas como objeto de estudo mas também como produção de conhecimento histórico significativo bem como para a memória coletiva de cada sociedade Destacamos ainda que as discussões aqui encaminhadas são frutos do trabalho de dissertação defendido junto ao Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba1 e surgiram de inquietações provocadas pelo crescente processo de crescimento urbano ocorrido na cidade de Cajazeiras PB em relação à edificação vertical o que tem acarretado na derrubada e reforma de antigos prédios e casarões da cidade A cidade de Cajazeiras está localizada no Alto Sertão da Paraíba e dista cerca de 450 Km da capital João Pessoa e além de ser um dos pólos comerciais e educacionais do Alto Sertão Paraibano também se destaca em relação a História da Paraíba e do Nordeste sobretudo no que diz respeito à educação desde a fundação do Colégio Padre Rolim na primeira metade do século XIX2 No que se refere a questão do patrimõnio histórico Cajazeiras possui um considerável conjunto arquitetônico que vai desde o casario das ruas do centro até vários prédios isolados que remontam ao tipo de construções das décadas de 20 30 40 do século XX e mesmo de fins do século XIX Alguns desses monumentos já tombados pelo IPHAEP Instituto do Mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba 2010 Professora da Rede Municipal de Ensino e da Faculdade Santa MariaCajazeiras PB 1 A dissertação intituladaPatrimônio Arquitetônico de CajazeirasPB memória políticas públicas e educação patrimonial foi defendida em agosto de 2010 2 Inaugurado em 1843 foi na realidade o Colégio através do qual o Padre Rolim iniciou suas atividades educacionais em Cajazeiras O atual Colégio Diocesano Padre Rolim teve iniciada sua construção em 1934 no local onde existia uma antiga casa de caridade das que o Padre Ibiapina espalhou pela região Nordeste No referido colégio foram educados nomes de destaque na historiografia regional cmo é o caso do Padre Cícero do Juazeiro 2 Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba3 vêm resistindo às pressões das reformas e das novas edificações mas muitos prédios aos poucos estão sendo destruídos sem preocupação por parte dos detentores de suas propriedades das autoridades políticas e até mesmo da população Embora já exista desde 2003 um Decreto do Governo do Estado que normatiza a preservação e estabelece a delimitação do Centro Histórico da cidade não se questiona sobre o valor que estas edificações possuem para a memória ou a história local Mesmo sem se opor à uma suposta modernização ou progresso da cidade o que se tem buscado com esse trabalho é refletir sobre o modo como estão sendo tratadas essas edificações arquitetônicas antigas que se constituem como parte do Patrimônio Histórico da cidade e até que ponto e de que maneira isso está presente ou é importante para a memória coletiva da população Entretanto com relação ao trabalho de se lidar com memória achamos importante ressaltar o que nos adverte Albuquerque Júnior 2007 199 quando afirma que embora a memória venha se tornado cada vez mais uma importante fonte para o historiador é necessário ao profissional que deseja desenvolver trabalhos de pesquisa com a investigação de memórias individuais ou coletivas aprimoramento no que se refere a problemática da relação entre História e memória conceitos que segundo Albuquerque Júnior amplamente distintos e que por isso mesmo demandam um melhor preparo com relação aos fundamentos teóricos e metodológicos que sustentam a construção do conhecimento histórico Para o autor o trabalho de manipular memórias é uma atividade inerente ao ofício do historiador e por isso esse profissional deve compreender que muitos são os perigos de creditar aos depoimentos dos indivíduos uma verdade absoluta Mesmo que sejam um contraponto em relação à história oficial o pesquisador incorre num equívoco ao entender os discursos dos indivíduos como se fossem realidades individuais absolutas Albuquerque Júnior faz essa reflexão tendo como referência os trabalhos de pesquisas que envolvem a História Oral como fonte Desse modo o autor concorda com a visão de Halbwachs para 3 Em 2002 o IPHAEP catalogou e tombou cerca de uma dezena de construções e delimitou o Centro Histórico de Cajazeiras em 2003 Ação que foi reconhecida e homologada pelo governo do Estado sob o Decreto n 25140 de 28 de junho de 2004 Contudo de acordo com membros da instituição uma das dificuldades para o não tombamento ou a preservação de outras edificações antigas existentes se deve ao fato de serem propriedades particulares e de heranças familiares o que acarreta em dificuldades por parte dessas familias em não preservar esses imóveis sobretudo pelo valor financeiro que possuem por estarem em sua maioria localizados em área que conicide com o centro comercial da cidade 3 quem as memórias individuais devem ser entendidas como um ponto de vista sobre a memória coletiva Ou seja segundo o sociólogo durkheimiano apesar da existência de uma memória individual é sempre a memória coletiva que mais facilmente evocamos quando buscamos dar um suporte mais confiável ao fato lembrado para isso afirma Assim os fatos e as ações que temos mais facilidade em lembrar são do domínio comum pelo menos para um ou alguns meios e é por podermos nos apoiar na memória coletiva dos outros que somos capazes a qualquer momento e quando quisermos de lembrálos HALBWACHS 2004 5355 Na concepção de Halbwachs o quadro material de uma cidade nos ajuda a reconstituir as lembranças que estão adormecidas esquecidas contudo elas não podem ser entendidas como um retrato fiel do passado pois estão sujeitas as influências do modo como percebemos o que nos rodeia na contemporaneidade Já para Oliveira 2002 21 o campo da memória se apresenta como uma área interdisciplinar que perpassa o campo de outras ciências sociais como Antropologia Sociologia e a própria História Entretanto com relação a produção do conhecimento histórico é preciso ter em mente que este é feito a partir de interesses pessoais e ainda sofre influências das crenças e juízos de valor que são criadosconstruídos a partir do lugar social do seu autorprodutor É em função deste lugar que se instauram os métodos que se delineia uma topografia de interesses que os documentos e as questões que lhe serão propostas se organizam CERTEAU 2002 6667 Por isso se faz necessário ao historiador ter a clareza de que na relação entre história e memória não se pode se deixar seduzir pela nostalgia de um passado idealizado mas sim estudálo de forma crítica para não incorrer no risco de alimentar tradições Assim sendo Oliveira 2002 24 destaca que nesse início de milênio um dos papéis reservados a história e de bastante relevância é o estudo da memória relacionada com a preservação do Patrimônio histórico já estabelecido não importando desse modo qual a concepção de história que o determinou como tal mesmo entendendo que a memória suscitada e preservada no meio material de um patrimônio histórico deve ser vista como decorrente de escolhas intencionais e préestabelecidas feitas para alimentar uma história que se deseja incutir no imaginário social 4 Fazendo uma análise acerca da visão de Pierre Nora Oliveira destaca que a memória fica enraizada no concreto no espaço no gesto na imagem no objeto e desse modo é possível afirmar que o patrimônio histórico seja ele material ou imaterial4 é sustentáculo de memórias e como tal incorpora fragmentos e sentimentos experienciados socialmente pelo indivíduo e a coletividade em espaços e tempos determinados OLIVEIRA 2002 27 Concordamos com a visão dos autores mas achamos necessário ressaltar que a memória preservada por intermédio de bens patrimoniais preservados nem sempre é tão significativa para o grupo que convive em seu entorno quanto o é para o grupo que a estabeleceu como tal ou seja para as instâncias de poder que dominam essa comunidade política e intelectualmente De acordo com a visão de Pollak 1999 isso é o que podemos denominar como sendo o enquadramento da memória É por isso que segundo Pollak a compreensão de Halbwachs é equivocada na medida em que o sociólogo afirma ser a Nação a forma mais acabada de um grupo e que a memória nacional é a forma mais completa de uma memória coletiva A esse respeito Pollak 1999 9 defende a existência de todo um quadro de violência simbólica imposta a uma comunidade ou grupo social pelos que manipulam a memória mantendoa como um instrumento de poder De acordo com Pollak uma memória coletiva que é fortemente constituída como nacional pode evidenciar uma intenção por parte do Estado em manter uma coesão um sentimento de pertencimento de um grupo dominante aos demais membros da sociedade Nreste caso uma das funções essenciais da memória coletiva seria manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum E para o autor o uso do termo memória enquadrada seria mais adequado que memória coletiva Pollak ainda afirma que o enquadramento da memória se alimenta do material fornecido pela História e neste sentido o papel do historiador é bastante significativo especialmente quando se trata da produção de uma História oficial ou nacional por exemplo 4 Em relação ao patrimônio cultural imaterial a ideia é contemplar as mais diversas manifestações cotidianas dos grupos sociais do passado e atuais como o caso das festas danças religiões culinárias entre outras também compreendidas como sendo parte indiscutível da formação da identidade de um povo Por isso de acordo com Gonçalves 2003 24 Diferentemente das concepções tradicionais não se propõe o tombamento dos bens listados nesse patrimônio A proposta é no sentido de registrar essas práticas e representações e de fazer um acompanhamento para verificar sua permanência e suas transformações 5 No entanto longe de ser apenas um trabalho das instâncias de poder o enquadramento da memória pode ser feito pelo próprio grupo ao qual a memória pertence e isso se realiza pela necessidade que o grupo possui de manter a ordem a unidade e a continuidade dessa memória alimentada em seu interior bem como a própria imagem que possui de si mesmo POLLAK 1999 10 Para esse efetivo enquadramento da memória Pollak destaca também que os objetos materiais tais como monumentos museus e bibliotecas são espaços privilegiados porque solidificam as memórias São como pontos de referência que dão indícios de uma época passada Assim o papel do patrimônio histórico seria de fundamental importância na função de resguardar uma memória predominante Acerca desses lugares de memória ressaltamos mais uma vez o pensamento de Pierre Nora para quem o que chamamos de memória na contemporaneidade não passa de um material gigantesco de arquivos de coisas que nos é impossível lembrar NORA 1993 15 Para o historiador francês a partir do momento em que a História começa a agir sobre as memórias dos grupos ou seja ao engajar uma sociedadememória na historicidade esta passa a sentir a necessidade do trabalho de um historiador que imediatamente começa a interferir e consequentemente a fazer desaparecer as memórias em sua forma natural Dessa maneira surgem para essas sociedades ou grupos uma outra necessidade os lugares de memória Desse modo arquivos museus e monumentos passam a ser conservados justamente para servirem de material para a história De acordo com Nora se fala tanto em memória porque ela não existe mais NORA 1993 7 Segundo a compreensão do autor a problemática dos lugares de memória está justamente no fato de eles constituírem em uma construção histórica e por isso mesmo estarem sujeitos a interesses particulares que desejam por meio da preservação desses lugares os tornar pontos de referência como marcos testemunhas de uma outra era das ilusões de eternidade NORA 1993 13 Assim Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea que é preciso criar arquivos que é preciso manter aniversários organizar celebrações pronunciar elogios fúnebres notariar atas porque essas operações não são naturais NORA 1993 13 6 Cabe enfatizar ainda que na concepção de Nora os lugares de memória não se concretizam apenas no aspecto material da palavra mas também em uma acepção simbólica e funcional No que se refere aos lugares materiais ele afirma ser nesse aspecto que memória social se ancora e pode ser apreendida pelos sentidos Com relação aos lugares funcionais afirma que possuem a função de alicerçar memórias coletivas Já no caráter simbólico são lugares onde a memória coletiva se expressa e se revela São portanto lugares carregados de uma vontade de memória NORA 1993 2122 Desse modo cabe destacar também que nas últimas décadas tem se acirrado a discussão no que se refere à proteção do patrimônio histórico e cultural da humanidade Entre os historiadores preocupados com essa questão se encontra François Hartog 2006 para quem esse crescimento do interesse das pessoas com relação a seu patrimônio teve início na década de 1960 período em que se voltam os olhares na busca incessante pelas raízes e pela memória Neste sentido Hartog defende que o século XX que até então tinha vivenciado uma imensa obsessão pelo futuro chega a seu final com um caráter mais comprometido com o presente Um presente onipresente através do qual é intensificada a preocupação de guardar e preservar E afirma que nesse presentismo estamos tomados entre a amnésia e a vontade de nada esquecer Daí vem uma crescente proliferação do patrimônio e por extensão da memória termos que para ele são palavras chave consideradas como indícios ou sintomas da relação do homem com o tempo Nas palavras do autor elas são formas diversas de traduzir refratar seguir contrariar a ordem do tempo HARTOG 2006 265 Sobre essas discussões em relação a memória Ecléa Bosi 1994 tomando como aporte o pensamento de Halbwachs afirma que O caráter livre espontâneo quase onírico da memória é segundo Halbwachs excepcional Na maior parte das vezes lembrar não é reviver mas refazer reconstruir repensar com imagens e idéias de hoje as experiências do passado A memória não é sonho é trabalho Se assim é devese duvidar da sobrevivência do passado tal como foi e que se daria no inconsciente de cada sujeito A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão agora à nossa disposição no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual BOSI 1994 55 Neste sentido podese afirmar que ao ter a memória como fonte o historiador precisa mergulhar em visões subjetivas de atores sociais e evocar as experiências desses sujeitos e suas relações com passado e o presente para poder produzir conhecimentos históricos 7 significativos e para isso os bens materiais que estão agora a disposiçãodos que se lembram podemdevem servir como sustentáculos dessas experiências No entanto na tarefa de recuperar a memória perdida ou esquecida o historiador leva consigo seu ponto de vista e intencionalidade aspectos que acabam por interferir na maneira como ele vai interpretar essas memórias Esse é um trabalho que exige certa demanda de violência e de acordo com Albuquerque Júnior 2007 é inerente ao oficio do historiador da memória no processo de gestar a História Assim apesar de ser uma fonte subjetiva e por isso estar sujeita a qualquer tipo de anacronismos ou inverdades os questionamentos sobre a natureza da memória e os silêncios produzidos por ela podem ser abordados de forma positiva uma vez que a memória ajuda na constituição das identidades na identificação do sentimento de pertença e na construção de saberes Isto é mesmo não sendo uma releitura do passado tal como ele se produziu a memória enriquece o estudo das relações passadopresente pois não é na história aprendida é na história vivida que se apóia nossa memória HALBWACHS 1990 64 Desta maneira ao refletir acerca dessas questões nos reportamos a relação memória e patrimônio histórico para concordamos com a visão de alguns autores discutidos até aqui de que os bens culturais podem ser considerados importantes como substratos de memória para sociedades e grupos sociais que convivem no contexto desse patrimônio Nesta perspectiva uma construção antiga pode ser considerada patrimônio tanto como obra arquitetônica quanto pelo seu valor histórico ou também por guardar resquícios de uma memória coletiva Para isso nem sempre o apelo estético é fundamental uma vez que a destruição de edifícios antigos pode evidenciar a necessidade de se apagar uma memória e em contrapartida a manutenção de outros bens pode favorecer uma memória que se quer perpetuar De acordo com essa compreensão Hartog entende que para o homem do presente tomado pela premência de preservar e proteger a memória o patrimônio se torna um requisito básico visto que sendo considerado um signo de memória guarda em sua materialidade ou expressividade lembranças que são suscitadas a cada evocação dos atores sociais Ele denomina esta proliferação do patrimônio de patrimonialização galopante e pontua seu auge 8 nos anos de 1990 quando veio à tona a relação tempo memória patrimônio colocando este último no topo das ações das políticas públicas direcionadas às causas culturais Entretanto ao abordar de maneira crítica o boom patrimonial do final do século XX Hartog compreende que essa ascensão e valorização das memórias parciais setoriais particulares ligadas ao patrimônio serve de fundamento para a construção de histórias de grupos particulares com base nas memórias preservadas em detrimento da concepção de uma históriamemória nacional dominante E defende que a partir dessa realidade O Estado nação não impõe mais os seus valores mas preserva mais rápido o que no presente imediatamente mesmo na urgência é tido como patrimônio pelos diversos atores sociais HARTOG 2006 270 Contudo para Cabral e Oliveira 2005 não basta apenas o bem ser tombado para ser salvo da destruição A existência de políticas públicas de preservação e educação patrimonial é fundamental para a manutenção desse patrimônio No entanto é preciso conjugar essas políticas com interesses da comunidade de seu entorno para que aconteça de fato uma preservação consciente e socialmente comprometida o que será primordial para a existência de uma vitalidade desse patrimônio a exemplo da restauração e utilização dos prédios já tombados que é considerado de fundamental importância para sua conservação e sustentabilidade Destarte a preservação do patrimônio será significativa para que o cidadão consiga se afirmar enquanto participante de uma sociedade e de sua cultura Corroborando essa ideia Rolnik 1995 compreende que as construções arquitetônicas de um determinado período guardam muito das experiências e histórias vivenciadas pelas sociedades que as construíram e por isso mesmo a preservação da memória coletiva dessas sociedades através da existência desse patrimônio é uma riqueza que pode ser descoberta por meio da memória das imagens e da oralidade das personagens que conheceram essas construções no tempo em que elas pulsavam através da dinâmica de seus antigos habitantes Ainda para Rolnik A arquitetura da cidade é ao mesmo tempo continente e registro da vida social 1995 18 Portanto cabe aos historiadores profissionais como enfatiza Le Goff 1994 pesquisar e trazer à tona esses significados e essa memória fazendo com que os saberes históricos produzidos através desse estudo possibilitem aos próprios atores sociais se 9 perceberem enquanto produtores e sujeitos da História Concordamos que essa ideia é relevante para uma pesquisa histórica que tenha por objetivo construir saberes históricos diferentes dos já elaborados por uma História dita oficial Assim acreditamos que uma outra história pode ser construída com base na investigação das memórias relacionadas com o patrimônio arquitetônico de qualquer comunidade Evidente que não é possível manter toda uma estrutura urbana antiga em intacto estado de conservação visto que transformação preservação e destruição é um fluxo dialético que permeia a dinâmica das cidades contemporâneas Assim sendo a idéia de preservar o patrimônio histórico das cidades não deve servir apenas como um meio de tentar resgatar um passado e uma felicidade que se perdeu isto é preservar não serve para alimentar uma simples nostalgia mas sim manter um diálogo entre passado e presente como um suporte das identidades individuais e coletivas de uma sociedade Compreender a preservação do patrimônio é conhecer a história e a memória suscitadas a partir de lembranças evocadas pela existência desse patrimônio e a preservação dos chamados lugares de memória devem possuir um sentido para a coletividade ou seja o patrimônio histórico deve ter um papel social e não servirem apenas de exaltação dos nomes daqueles que os construíram E por isso o estudo desses lugares pode deve ser significativo para a construção de saberes históricos De acordo com Fonseca 2003 por se constituir em um bem cultural o patrimônio histórico não deixa de suscitar conflitos e tensões no que se a refere à sua preservação ou destruição Isso acontece especialmente devido às concepções existentes no imaginário social e político que em muito se chocam com as concepções de estudiosos sobre o que deve ser considerado ou não patrimônio cultural e histórico e consequentemente o que deve ou não ser preservado Assim sendo entendemos que a questão da preservação do Patrimônio Arquitetônico e Histórico é um meio pelo qual se torna possível a elaboração de narrativas históricas do período de construção desse patrimônio e de suas posteriores transformações destacandose também o valor destes monumentos como lugares de memória e de construção de uma cultura histórica5 que se constitui enquanto meio de identidade social de uma população que a partir 5 Neves 1999 36 entende a cultura histórica como a identidade social de uma dada comunidade parte e expressão concreta de uma sociedade mais ampla construída a partir do conhecimento histórico considerado como algo que deve resultar em auto conhecimento da referida comunidade e dos indivíduos que a integram 10 da memória coletiva evocada com base na relação com seu patrimônio histórico constrói outras versões diferentes das apontadas pela a História tradicional da qual foi excluída Diante do exposto voltamos a questão da preservação do Patrimônio Arquitetônico e Histórico da cidade de Cajazeiras PB onde atualmente a cidade experimenta um momento de efervescência no que se refere ao crescimento urbanístico que traz em seu contexto uma demanda de interesses e conflitos de grupos imobiliários da comunidade local em relação à preservação ou não de algumas construções arquitetônicas antigas da cidade A falta de envolvimento da população local e o aparente descaso das autoridades no que se refere à preservação e manutenção dos bens arquitetônicos mais antigos já tombados ou que estão em área de preservação é outro aspecto problemático dessa realidade de abandono por meio do qual grande parte deste acervo foi destruído e aquele que se encontra de pé ou que já foi tombado vive em agonia e constante risco de desabamento ou enfrenta reformas desastrosas no que concerne a perda de seus aspectos arquitetônicos originais Assim A partir daí outra questão se abre como trabalhar a consciência dos habitantes da cidade em relação a essa problemática Por meio de políticas públicas que visem promover uma Educação Patrimonial6 buscando despertar o interesse das novas gerações pela Memória e História locais Pois se configurando como um signo de memória o patrimônio histórico pode ser objeto de ensino e construção de saberes históricos No entanto destacamos e concordamos com Campos 2009 que ao discutir a questão das políticas patrimoniais da cidade moderna diante da globalização afirma que o objetivo primordial da conservação do patrimônio histórico não deve ser prioritariamente a dos bens em si mas sim os valores sociais agregados a esses bens bem como aos usos e funções que a sociedade lhes atribui e partilha ao longo de sua existência Assim a autora firma que fundamentado por uma visão crítica do processo histórico por meio do qual essa comunidade se constitui e se situa na contemporaneidade 6 A temática da Educação Patrimonial apontada como um instrumento de alfabetização cultural é uma metodologia de ensino centrada na valorização e preservação sustentável do Patrimônio Cultural entendido como fonte primária de conhecimento Outra meta das políticas de Educação patrimonial é a intensificação dos sentimentos de identidade e cidadania com base no reconhecimento e valorização do patrimônio local seja ele material ou imaterial Sobre essa ideia ver HORTA M de L P GRUMBERG E MONTEIRO A Q Guia Básico de Educação patrimonial Brasília IPHANMinC Petrópolis Museu Imperial 1999 11 Na contemporaneidade as questões que envolvem o patrimônio e a identidade precisam ser problematizadas sob a lógica da transformação constante dos centros urbanos que passaram a ser analisados como núcleos dinâmicos Nesse contexto as cidades não são mais consideradas como um organismo em evolução tampouco são vistas como o resultado de um acúmulo de eventos históricos que determinaram sua configuração CAMPOS 2009 66 Isso também é discutido por Meneses 2009 para quem a interpretação do patrimônio é fundamental para que este se faça reconhecido e valorizado por parte da comunidade local Segundo o historiador muitos dos projetos desenvolvidos na área de preservação do patrimônio cultural são feitos sem o necessário desenvolvimento de um processo de interpretação desse patrimônio o que quase sempre torna a existência desses bens irrelevantes para a comunidade de seu entorno Compreendemos que a visão dos autores se aplica ao caso de Cajazeiras onde a inexistência de políticas públicas e de Educação Patrimonial voltadas especificamente para a preservação do patrimônio histórico compromete a convivência dos cidadãos com esses bens culturais e a própria preservação destes Grande parcela da população parece alheia ao assunto por isso o patrimônio arquitetônico não cumpre sua função social nos moldes em que o autor defende Para ele seria necessário que o próprio cidadão participasse do processo de interpretação desse patrimônio para que a ação de preservação ocorresse de maneira mais fácil e sustentável MENESES 2009 34 Ainda segundo a compreensão de Meneses 2009 a interpretação do patrimônio é um processo por meio do qual são construídas memórias mas também a realização de leitura críticas a respeito das mesmas Nesse sentido a preservação do patrimônio histórico não deve servir apenas para como musealização do passado mas sim cumprir seu papel de formador de uma identidade social que leve a um efetivo exercício de cidadania permitindo à comunidade e aos indivíduos que a integram compreender e questionar o contexto em que estão inseridos e se situam na contemporaneidade Segundo Fonseca a elaboração e a aplicação de instrumentos legais como o tombamento não são suficientes para que um bem venha cumprir efetivamente sua função de patrimônio cultural junto à sociedade 2003 67 No caso de Cajazeiras especialmente se faz necessária a tomada de ações mais enérgicas por parte do poder público no que se refere a preservação e proteção do acervo patrimonial local bem como a instituição de políticas 12 públicas a fim de estabelecer meios de uma efetiva participação dos cidadãos na gestão e proteção do patrimônio histórico local Contexto diante do qual compreendemos que a inserção da Educação Patrimonial no Sistema Municipal de Ensino seria uma maneira de se proporcionar aos alunos e consequentemente aos cidadãos o contato de maneira mais dinâmica e democrática com a história local através do conhecimento do patrimônio arquitetônico e histórico estudado Não querendo dessa forma atribuir à escola a total responsabilidade pela ressignificação do patrimônio histórico da cidade mas sim entendendo que o desenvolvimento de atividades pedagógicas é um meio indubitável de se construir novos conhecimentos a partir de novos olhares lançados sobre os bens patrimoniais e a memória por eles suscitadas Diante do exposto é possível dizer ainda que a utilização da metodologia da Educação Patrimonial no ensino de História além de possibilitar ao aluno a capacidade de interpretar os acontecimentos históricos de seu contexto sociocultural político e ideológico lhe permitirá também o acesso a cultura histórica local e a percepção de si mesmo enquanto agente da História e como produtor de conhecimento E como afirma Neves 1999 36 esse autoconhecimento deve resultar em uma postura crítica diante do conhecimento adquiridoconstruído e um efetivo exercício de cidadania REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE JÚNIOR Durval Muniz de História a arte de inventar o passado Bauru EDUSC 2007 BOSI Ecléa Memória e sociedade lembranças de velhos 3 ed São Paulo Companhia das Letras 1994 CABRAL Ana Karina Pereira OLIVEIRA Carla Mary S Políticas de Preservação do Patrimônio Histórico no Brasil e na Paraíba o IPHAN o IPHAEP e o Turismo Cultural Anales del 3er Congreso Virtual de Turismo Cultural NAyA Buenos Aires NAyA 2005 Disponível em httpwwwnayaorgarturismocongreso2005 ponenciasCarlaMaryOliveiraAnaKarinaPereiraCabralhtm Acesso em 22 out 2008 CAMPOS Luana Carla Martins Políticas de preservação do patrimônio no mundo globalizado o ICMS cultural e a regionalização da proteção dos acervos culturais em Minas 13 Gerais In AZEVEDO Flávia Lemos Mota de PIRES João Ricardo Ferreira CATÃO Leandro Pena orgs Cidadania memória e patrimônio as dimensões do museu no cenário atual Belo Horizonte Crisálida 2009 p 5975 CERTEAU Michel de A escrita da História Tradução de Maria de Lourdes de Menezes 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitária 2002 CHOAY Françoise A alegoria do patrimônio 3 ed Tradução de Luciano Vieira Machado São Paulo Editora da UNESP 2006 FONSECA Cecília Londres O Patrimônio em processo trajetória da política federal de preservação no Brasil Rio de Janeiro UFRJIPHAN 1997 Maria Cecília Londres Para além da pedra e cal por uma concepção ampla de patrimônio cultural In ABREU Regina CHAGAS Mário orgs Memória e patrimônio ensaios contemporâneos Rio de Janeiro DPA 2003 p 5676 HARTOG François Tempo e patrimônio Varia Historia Belo Horizonte PPGHisUFMG v 22 n 36 jul dez 2006 p 261273 HALBWACHS Maurice A memória coletiva Tradução de Laurent Léon Schaffter São Paulo Editora Revista dos Tribunais 1990 HORTA M de L P GRUMBERG E MONTEIRO A Q Guia Básico de Educação patrimonial Brasília IPHANMinC Petrópolis Museu Imperial 1999 LE GOFF Jacques História e memória 3 ed Tradução de Irene Ferreira Bernardo Leitão e Suzana Ferreira Borges Campinas Editora da Unicamp 1994 MENESES José Newton Coelho História e Turismo cultural Belo Horizonte Autêntica 2004 José Newton Coelho Memória e historicidade dos lugares uma reflexão sobre a interpretação do patrimonio cultural das cidades In AZEVEDO Flávia Lemos Mota de PIRES João Ricardo Ferreira CATÃO Leandro Pena orgs Cidadania memória e patrimônio as dimensões do museu no cenário atual Belo Horizonte Crisálida 2009 p 32 45 NEVES Joana Participação da comunidade ensino de História e cultura histórica Saeculum Revista de História João Pessoa DHPPGHUFPB n 67 1999 p 3547 NORA Pierre Entre memória e história a problemática dos lugares Projeto História São Paulo PUCSP n 10 1993 p 728 OLIVEIRA Almir Félix Batista de Memória história e patrimônio histórico políticas públicas e a preservação do patrimônio histórico Dissertação Mestrado em História Centro de Filosofia e Ciências Humanas Universidade Federal de Pernambuco Recife 2002 POLLAK Michael Memória esquecimento silêncio Estudos Históricos Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas v 2 n 3 1999 p 315 Memória e identidade social Estudos Históricos Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas v 5 n 10 1992 p 200212 14 ROLNIK Raquel O que é cidade 2 ed São Paulo Brasiliense 2003 1995 Col Primeiros Passos SANTOS Cecília Rodrigues Novas fronteiras e novos pactos para o Patrimônio Cultural São Paulo em Perspectiva São Paulo v 15 n 2 2001 p 4348 RESUMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO MEMÓRIA HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE SABERES Referência ROLIM E S PATRIMÔNIO HISTÓRICO MEMÓRIA HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE SABERES XXVII Simpósio Nacional de História Anais 2013 O artigo Patrimônio Histórico Memória História e Construção de Saberes de Eliana de Souza Rolim discute a relação entre patrimônio histórico memória e história a partir de uma análise do caso da cidade de Cajazeiras na Paraíba A autora inicia o artigo destacando a importância do patrimônio histórico para a memória e a história de uma sociedade Para ela o patrimônio histórico é um sustentáculo de memórias pois possibilita que as pessoas se reconheçam e se apropriem de sua história Assim o texto apresenta uma discussão acerca dos significados do patrimônio histórico para a memória a história e a construção de saberes tendo em vista que a preservação do patrimônio histórico tem sido objeto das preocupações de historiadores arquitetos e cientistas sociais entre outros estudiosos que abordam esta temática Explora as relações entre história memória e a preservação do patrimônio arquitetônico como elemento fundamental na identidade de uma comunidade Aborda as discussões teóricas de diversos autores sobre como a memória coletiva é construída interpretada e manipulada enfatizando a importância da interpretação do patrimônio para a valorização efetiva por parte da sociedade local Destaca a necessidade de políticas públicas e da Educação Patrimonial para envolver os cidadãos na preservação e interpretação desses bens culturais Propõe a inclusão da Educação Patrimonial no sistema de ensino como forma de proporcionar uma compreensão mais dinâmica e democrática da história local permitindo aos alunos e à comunidade uma relação mais próxima e crítica com o patrimônio histórico No entanto a autora também ressalta que o patrimônio histórico pode ser utilizado para enquadrar a memória ou seja para impor uma determinada interpretação do passado Isso pode ocorrer por exemplo quando o patrimônio histórico é utilizado para reforçar uma memória oficial ou nacional Ao destacar que a memória preservada através de bens patrimoniais nem sempre tem a mesma importância para a comunidade que convive com eles em comparação com as instâncias de poder que os estabeleceram como patrimônio exercendo domínio sobre essa comunidade em termos políticos e intelectuais o texto faz compreender que há a existência de todo um quadro de violência simbólica imposta a uma comunidade ou grupo social pelos que manipulam a memória mantendoa como um instrumento de poder e para combater isso seria necessária a construção da memória coletiva que possui como uma de suas funções manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum O texto ressalta que a preservação do patrimônio histórico não deve ser apenas uma musealização do passado mas sim uma ferramenta para formar identidades sociais promover o exercício de cidadania e construir novos conhecimentos a partir de novos olhares sobre a memória coletiva e os bens patrimoniais No caso da cidade de Cajazeiras a autora observa que o patrimônio histórico está sendo ameaçado pelo crescimento urbano e pela falta de políticas públicas de preservação A autora também constata que a população local não tem um conhecimento aprofundado sobre o patrimônio histórico da cidade A autora defende que a Educação Patrimonial é uma importante ferramenta para a preservação do patrimônio histórico Por meio da Educação Patrimonial é possível promover o conhecimento e a valorização do patrimônio histórico pela população local Sura Bentara AlamJawa Tengah Keluaran Persatuan Pengarang Suara Merdeka Tahun 1988 No 42 18 4 1988 CHARLES MALAIKA KISAH LAPAR DAN KEMISKINAN Di kotakota kita yang begitu maju dan modern di mana kemegahan gedunggedung bertingkat dan kemewahan bawah tanah berjajar bak mutiara yang tak terhitung di tengah gegap gempita kemeriahan itulah kita melihat kenyataan lain yang sering dirahasiakan oleh para pejabat dan para penguasa kota Yaitu adanya ratusan bahkan ribuan anakanak liar yang hidup tanpa keluarga tanpa bimbingan dan tanpa status Dalam buku ini Charles Malaika menggambarkan secara nyata kehidupan anakanak tersebut dan pengalamannya berjuang bersama mereka dalam menghadapi siksaan lapar dan kemiskinan Buku ini adalah suatu seruan kepada semua orang tentang perdagangan anakanak yang sangat mengerikan ini dan kejahatan yang dilakukan pada anakanak tersebut Charles Malaika dilahirkan dan tumbuh di Kenya Afrika Timur Ia telah mengabdikan sebagian besar hidupnya untuk perlindungan anakanak yang terlantar di negaranegara Afrika dan Asia Sampai sekarang ia masih melanjutkan karyakaryanya untuk tujuan kemanusiaan ini Charles Malaika adalah bintang di dunia kemanusiaan yang hendaknya semakin bersinar Sura telah menerjemahkan dan menerbitkan buku ini untuk pertama kali dalam bahasa Indonesia sebagai ungkapan solidaritas dengan perjuangan anakanak terbelakang di dunia ini Hanya melalui perjuangan dan kesadaran bersamalah kita dapat menghapuskan kemiskinan dan penderitaan anakanak Semoga buku ini dapat mengingatkan kita tentang itu semua dan menjadi pelajaran berharga bagi kita semua demi masa depan anakanak kita dan bangsa kita Sura Jember 1988 19 94 4 1 CHARLES MALAIKA Kisah Lapar dan Kemiskinan Penerbit Sura Jember 1988 Terjemahan dari Hungry and homeless The story of children of the street Pangarang Charles Malaika Diterbitkan oleh Sura Jember Tebal 126 halaman Buku ini di terbitkan dalam koleksi Bentara Alam Suara Merdeka Jawa Tengah Karya ini berisi pengalaman seorang relawan yang bekerja dengan anakanak jalanan yang terdampar di kotakota Kenya Ia menulis secara jujur dan langsung tentang kehidupan anakanak yang sangat buruk Dengan sikap dan perasaan yang sederhana dan lugas penulis membawa kita kepada suasana jalanan dengan segala kesengsaraan kelaparan dan keputusasaan mereka Seorang anak jalanan itu mengungkapkan pengalamannya sebagai berikut Kami tidak hanya kelaparan dan kedinginan tetapi juga dipukuli oleh polisi dikejar anjing diberi batu dan dicaci Kami juga dipaksa bekerja dengan menerima upah yang sangat sedikit Anakanak yang seperti ini apakah harus dibiarkan begitu saja Anakanak ini miskin dan kurang beruntung Ada pula anakanak yang tinggal di rumah mereka sendiri tetapi sama miskin dan kelaparan Jika anda membaca buku ini sikap mungkin bertambah tapi tetap saja anda dapat memahami masalah ini secara mendalam dan anda akan sudi membantu mereka dengan cara apa saja Buku ini merupakan seruan bagi masyarakat dan pemerintah agar memberi perhatian khusus untuk melindungi anakanak yang kurang beruntung khususnya anakanak jalanan yang berada di kotakota Indonesia Terjemahan oleh Sura Editor Shintar Inus Cetakan I Oktober 1988 Harga Rp 7500 Kepada yang berminat dapat meminta buku ini dengan mengirimkan nama dan alamat serta uangnya dalam bentuk pos wesel melalui Pos Sura Jember 68141 Semua uang yang diterima akan digunakan untuk mendukung gerakan perlindungan anakanak miskin di Indonesia Sura Penerbit Jl Raya Kawi 107 Jember 68141 Jawa Timur Telp Fax 0331322413 Email surapustakayahoocom Bentara Alam Suara Merdeka Jawa Tengah Keluaran No 42 Th XIV 18 April 1988 Editor Suwarso Percetakan Cemerlang Jaya Abonemen Rp 450000 per tahun Sudah termasuk Pos dan Pajak Suratsurat ke redaksi harap menggunakan bahasa yang baik dan sopan JEMBER 1988 1 Buku ini mengharapkan perhatian khusus terhadap masalah anakanak jalanan dan kemiskinan 2 Buku berisi pengalaman seorang relawan tentang anakanak jalanan di Kenya 3 Buku ini diterbitkan oleh Sura Jember dan bisa didapat dengan harga Rp 7500 4 Semua hasil penjualan untuk mendukung perlindungan anakanak miskin di Indonesia
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PATRIMÔNIO HISTÓRICO MEMÓRIA HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE SABERES ELIANA DE SOUZA ROLIM O texto apresentado neste artigo busca enfatizar uma discussão acerca dos significados do patrimônio histórico para a memória a história e a construção de saberes tendo em vista que a preservação do patrimônio histórico desde o século XIX tem sido objeto das preocupações de historiadores arquitetos e cientistas sociais entre outros estudiosos que abordam esta temática se configurando ainda como algo importante não apenas como objeto de estudo mas também como produção de conhecimento histórico significativo bem como para a memória coletiva de cada sociedade Destacamos ainda que as discussões aqui encaminhadas são frutos do trabalho de dissertação defendido junto ao Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba1 e surgiram de inquietações provocadas pelo crescente processo de crescimento urbano ocorrido na cidade de Cajazeiras PB em relação à edificação vertical o que tem acarretado na derrubada e reforma de antigos prédios e casarões da cidade A cidade de Cajazeiras está localizada no Alto Sertão da Paraíba e dista cerca de 450 Km da capital João Pessoa e além de ser um dos pólos comerciais e educacionais do Alto Sertão Paraibano também se destaca em relação a História da Paraíba e do Nordeste sobretudo no que diz respeito à educação desde a fundação do Colégio Padre Rolim na primeira metade do século XIX2 No que se refere a questão do patrimõnio histórico Cajazeiras possui um considerável conjunto arquitetônico que vai desde o casario das ruas do centro até vários prédios isolados que remontam ao tipo de construções das décadas de 20 30 40 do século XX e mesmo de fins do século XIX Alguns desses monumentos já tombados pelo IPHAEP Instituto do Mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba 2010 Professora da Rede Municipal de Ensino e da Faculdade Santa MariaCajazeiras PB 1 A dissertação intituladaPatrimônio Arquitetônico de CajazeirasPB memória políticas públicas e educação patrimonial foi defendida em agosto de 2010 2 Inaugurado em 1843 foi na realidade o Colégio através do qual o Padre Rolim iniciou suas atividades educacionais em Cajazeiras O atual Colégio Diocesano Padre Rolim teve iniciada sua construção em 1934 no local onde existia uma antiga casa de caridade das que o Padre Ibiapina espalhou pela região Nordeste No referido colégio foram educados nomes de destaque na historiografia regional cmo é o caso do Padre Cícero do Juazeiro 2 Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba3 vêm resistindo às pressões das reformas e das novas edificações mas muitos prédios aos poucos estão sendo destruídos sem preocupação por parte dos detentores de suas propriedades das autoridades políticas e até mesmo da população Embora já exista desde 2003 um Decreto do Governo do Estado que normatiza a preservação e estabelece a delimitação do Centro Histórico da cidade não se questiona sobre o valor que estas edificações possuem para a memória ou a história local Mesmo sem se opor à uma suposta modernização ou progresso da cidade o que se tem buscado com esse trabalho é refletir sobre o modo como estão sendo tratadas essas edificações arquitetônicas antigas que se constituem como parte do Patrimônio Histórico da cidade e até que ponto e de que maneira isso está presente ou é importante para a memória coletiva da população Entretanto com relação ao trabalho de se lidar com memória achamos importante ressaltar o que nos adverte Albuquerque Júnior 2007 199 quando afirma que embora a memória venha se tornado cada vez mais uma importante fonte para o historiador é necessário ao profissional que deseja desenvolver trabalhos de pesquisa com a investigação de memórias individuais ou coletivas aprimoramento no que se refere a problemática da relação entre História e memória conceitos que segundo Albuquerque Júnior amplamente distintos e que por isso mesmo demandam um melhor preparo com relação aos fundamentos teóricos e metodológicos que sustentam a construção do conhecimento histórico Para o autor o trabalho de manipular memórias é uma atividade inerente ao ofício do historiador e por isso esse profissional deve compreender que muitos são os perigos de creditar aos depoimentos dos indivíduos uma verdade absoluta Mesmo que sejam um contraponto em relação à história oficial o pesquisador incorre num equívoco ao entender os discursos dos indivíduos como se fossem realidades individuais absolutas Albuquerque Júnior faz essa reflexão tendo como referência os trabalhos de pesquisas que envolvem a História Oral como fonte Desse modo o autor concorda com a visão de Halbwachs para 3 Em 2002 o IPHAEP catalogou e tombou cerca de uma dezena de construções e delimitou o Centro Histórico de Cajazeiras em 2003 Ação que foi reconhecida e homologada pelo governo do Estado sob o Decreto n 25140 de 28 de junho de 2004 Contudo de acordo com membros da instituição uma das dificuldades para o não tombamento ou a preservação de outras edificações antigas existentes se deve ao fato de serem propriedades particulares e de heranças familiares o que acarreta em dificuldades por parte dessas familias em não preservar esses imóveis sobretudo pelo valor financeiro que possuem por estarem em sua maioria localizados em área que conicide com o centro comercial da cidade 3 quem as memórias individuais devem ser entendidas como um ponto de vista sobre a memória coletiva Ou seja segundo o sociólogo durkheimiano apesar da existência de uma memória individual é sempre a memória coletiva que mais facilmente evocamos quando buscamos dar um suporte mais confiável ao fato lembrado para isso afirma Assim os fatos e as ações que temos mais facilidade em lembrar são do domínio comum pelo menos para um ou alguns meios e é por podermos nos apoiar na memória coletiva dos outros que somos capazes a qualquer momento e quando quisermos de lembrálos HALBWACHS 2004 5355 Na concepção de Halbwachs o quadro material de uma cidade nos ajuda a reconstituir as lembranças que estão adormecidas esquecidas contudo elas não podem ser entendidas como um retrato fiel do passado pois estão sujeitas as influências do modo como percebemos o que nos rodeia na contemporaneidade Já para Oliveira 2002 21 o campo da memória se apresenta como uma área interdisciplinar que perpassa o campo de outras ciências sociais como Antropologia Sociologia e a própria História Entretanto com relação a produção do conhecimento histórico é preciso ter em mente que este é feito a partir de interesses pessoais e ainda sofre influências das crenças e juízos de valor que são criadosconstruídos a partir do lugar social do seu autorprodutor É em função deste lugar que se instauram os métodos que se delineia uma topografia de interesses que os documentos e as questões que lhe serão propostas se organizam CERTEAU 2002 6667 Por isso se faz necessário ao historiador ter a clareza de que na relação entre história e memória não se pode se deixar seduzir pela nostalgia de um passado idealizado mas sim estudálo de forma crítica para não incorrer no risco de alimentar tradições Assim sendo Oliveira 2002 24 destaca que nesse início de milênio um dos papéis reservados a história e de bastante relevância é o estudo da memória relacionada com a preservação do Patrimônio histórico já estabelecido não importando desse modo qual a concepção de história que o determinou como tal mesmo entendendo que a memória suscitada e preservada no meio material de um patrimônio histórico deve ser vista como decorrente de escolhas intencionais e préestabelecidas feitas para alimentar uma história que se deseja incutir no imaginário social 4 Fazendo uma análise acerca da visão de Pierre Nora Oliveira destaca que a memória fica enraizada no concreto no espaço no gesto na imagem no objeto e desse modo é possível afirmar que o patrimônio histórico seja ele material ou imaterial4 é sustentáculo de memórias e como tal incorpora fragmentos e sentimentos experienciados socialmente pelo indivíduo e a coletividade em espaços e tempos determinados OLIVEIRA 2002 27 Concordamos com a visão dos autores mas achamos necessário ressaltar que a memória preservada por intermédio de bens patrimoniais preservados nem sempre é tão significativa para o grupo que convive em seu entorno quanto o é para o grupo que a estabeleceu como tal ou seja para as instâncias de poder que dominam essa comunidade política e intelectualmente De acordo com a visão de Pollak 1999 isso é o que podemos denominar como sendo o enquadramento da memória É por isso que segundo Pollak a compreensão de Halbwachs é equivocada na medida em que o sociólogo afirma ser a Nação a forma mais acabada de um grupo e que a memória nacional é a forma mais completa de uma memória coletiva A esse respeito Pollak 1999 9 defende a existência de todo um quadro de violência simbólica imposta a uma comunidade ou grupo social pelos que manipulam a memória mantendoa como um instrumento de poder De acordo com Pollak uma memória coletiva que é fortemente constituída como nacional pode evidenciar uma intenção por parte do Estado em manter uma coesão um sentimento de pertencimento de um grupo dominante aos demais membros da sociedade Nreste caso uma das funções essenciais da memória coletiva seria manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum E para o autor o uso do termo memória enquadrada seria mais adequado que memória coletiva Pollak ainda afirma que o enquadramento da memória se alimenta do material fornecido pela História e neste sentido o papel do historiador é bastante significativo especialmente quando se trata da produção de uma História oficial ou nacional por exemplo 4 Em relação ao patrimônio cultural imaterial a ideia é contemplar as mais diversas manifestações cotidianas dos grupos sociais do passado e atuais como o caso das festas danças religiões culinárias entre outras também compreendidas como sendo parte indiscutível da formação da identidade de um povo Por isso de acordo com Gonçalves 2003 24 Diferentemente das concepções tradicionais não se propõe o tombamento dos bens listados nesse patrimônio A proposta é no sentido de registrar essas práticas e representações e de fazer um acompanhamento para verificar sua permanência e suas transformações 5 No entanto longe de ser apenas um trabalho das instâncias de poder o enquadramento da memória pode ser feito pelo próprio grupo ao qual a memória pertence e isso se realiza pela necessidade que o grupo possui de manter a ordem a unidade e a continuidade dessa memória alimentada em seu interior bem como a própria imagem que possui de si mesmo POLLAK 1999 10 Para esse efetivo enquadramento da memória Pollak destaca também que os objetos materiais tais como monumentos museus e bibliotecas são espaços privilegiados porque solidificam as memórias São como pontos de referência que dão indícios de uma época passada Assim o papel do patrimônio histórico seria de fundamental importância na função de resguardar uma memória predominante Acerca desses lugares de memória ressaltamos mais uma vez o pensamento de Pierre Nora para quem o que chamamos de memória na contemporaneidade não passa de um material gigantesco de arquivos de coisas que nos é impossível lembrar NORA 1993 15 Para o historiador francês a partir do momento em que a História começa a agir sobre as memórias dos grupos ou seja ao engajar uma sociedadememória na historicidade esta passa a sentir a necessidade do trabalho de um historiador que imediatamente começa a interferir e consequentemente a fazer desaparecer as memórias em sua forma natural Dessa maneira surgem para essas sociedades ou grupos uma outra necessidade os lugares de memória Desse modo arquivos museus e monumentos passam a ser conservados justamente para servirem de material para a história De acordo com Nora se fala tanto em memória porque ela não existe mais NORA 1993 7 Segundo a compreensão do autor a problemática dos lugares de memória está justamente no fato de eles constituírem em uma construção histórica e por isso mesmo estarem sujeitos a interesses particulares que desejam por meio da preservação desses lugares os tornar pontos de referência como marcos testemunhas de uma outra era das ilusões de eternidade NORA 1993 13 Assim Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea que é preciso criar arquivos que é preciso manter aniversários organizar celebrações pronunciar elogios fúnebres notariar atas porque essas operações não são naturais NORA 1993 13 6 Cabe enfatizar ainda que na concepção de Nora os lugares de memória não se concretizam apenas no aspecto material da palavra mas também em uma acepção simbólica e funcional No que se refere aos lugares materiais ele afirma ser nesse aspecto que memória social se ancora e pode ser apreendida pelos sentidos Com relação aos lugares funcionais afirma que possuem a função de alicerçar memórias coletivas Já no caráter simbólico são lugares onde a memória coletiva se expressa e se revela São portanto lugares carregados de uma vontade de memória NORA 1993 2122 Desse modo cabe destacar também que nas últimas décadas tem se acirrado a discussão no que se refere à proteção do patrimônio histórico e cultural da humanidade Entre os historiadores preocupados com essa questão se encontra François Hartog 2006 para quem esse crescimento do interesse das pessoas com relação a seu patrimônio teve início na década de 1960 período em que se voltam os olhares na busca incessante pelas raízes e pela memória Neste sentido Hartog defende que o século XX que até então tinha vivenciado uma imensa obsessão pelo futuro chega a seu final com um caráter mais comprometido com o presente Um presente onipresente através do qual é intensificada a preocupação de guardar e preservar E afirma que nesse presentismo estamos tomados entre a amnésia e a vontade de nada esquecer Daí vem uma crescente proliferação do patrimônio e por extensão da memória termos que para ele são palavras chave consideradas como indícios ou sintomas da relação do homem com o tempo Nas palavras do autor elas são formas diversas de traduzir refratar seguir contrariar a ordem do tempo HARTOG 2006 265 Sobre essas discussões em relação a memória Ecléa Bosi 1994 tomando como aporte o pensamento de Halbwachs afirma que O caráter livre espontâneo quase onírico da memória é segundo Halbwachs excepcional Na maior parte das vezes lembrar não é reviver mas refazer reconstruir repensar com imagens e idéias de hoje as experiências do passado A memória não é sonho é trabalho Se assim é devese duvidar da sobrevivência do passado tal como foi e que se daria no inconsciente de cada sujeito A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão agora à nossa disposição no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual BOSI 1994 55 Neste sentido podese afirmar que ao ter a memória como fonte o historiador precisa mergulhar em visões subjetivas de atores sociais e evocar as experiências desses sujeitos e suas relações com passado e o presente para poder produzir conhecimentos históricos 7 significativos e para isso os bens materiais que estão agora a disposiçãodos que se lembram podemdevem servir como sustentáculos dessas experiências No entanto na tarefa de recuperar a memória perdida ou esquecida o historiador leva consigo seu ponto de vista e intencionalidade aspectos que acabam por interferir na maneira como ele vai interpretar essas memórias Esse é um trabalho que exige certa demanda de violência e de acordo com Albuquerque Júnior 2007 é inerente ao oficio do historiador da memória no processo de gestar a História Assim apesar de ser uma fonte subjetiva e por isso estar sujeita a qualquer tipo de anacronismos ou inverdades os questionamentos sobre a natureza da memória e os silêncios produzidos por ela podem ser abordados de forma positiva uma vez que a memória ajuda na constituição das identidades na identificação do sentimento de pertença e na construção de saberes Isto é mesmo não sendo uma releitura do passado tal como ele se produziu a memória enriquece o estudo das relações passadopresente pois não é na história aprendida é na história vivida que se apóia nossa memória HALBWACHS 1990 64 Desta maneira ao refletir acerca dessas questões nos reportamos a relação memória e patrimônio histórico para concordamos com a visão de alguns autores discutidos até aqui de que os bens culturais podem ser considerados importantes como substratos de memória para sociedades e grupos sociais que convivem no contexto desse patrimônio Nesta perspectiva uma construção antiga pode ser considerada patrimônio tanto como obra arquitetônica quanto pelo seu valor histórico ou também por guardar resquícios de uma memória coletiva Para isso nem sempre o apelo estético é fundamental uma vez que a destruição de edifícios antigos pode evidenciar a necessidade de se apagar uma memória e em contrapartida a manutenção de outros bens pode favorecer uma memória que se quer perpetuar De acordo com essa compreensão Hartog entende que para o homem do presente tomado pela premência de preservar e proteger a memória o patrimônio se torna um requisito básico visto que sendo considerado um signo de memória guarda em sua materialidade ou expressividade lembranças que são suscitadas a cada evocação dos atores sociais Ele denomina esta proliferação do patrimônio de patrimonialização galopante e pontua seu auge 8 nos anos de 1990 quando veio à tona a relação tempo memória patrimônio colocando este último no topo das ações das políticas públicas direcionadas às causas culturais Entretanto ao abordar de maneira crítica o boom patrimonial do final do século XX Hartog compreende que essa ascensão e valorização das memórias parciais setoriais particulares ligadas ao patrimônio serve de fundamento para a construção de histórias de grupos particulares com base nas memórias preservadas em detrimento da concepção de uma históriamemória nacional dominante E defende que a partir dessa realidade O Estado nação não impõe mais os seus valores mas preserva mais rápido o que no presente imediatamente mesmo na urgência é tido como patrimônio pelos diversos atores sociais HARTOG 2006 270 Contudo para Cabral e Oliveira 2005 não basta apenas o bem ser tombado para ser salvo da destruição A existência de políticas públicas de preservação e educação patrimonial é fundamental para a manutenção desse patrimônio No entanto é preciso conjugar essas políticas com interesses da comunidade de seu entorno para que aconteça de fato uma preservação consciente e socialmente comprometida o que será primordial para a existência de uma vitalidade desse patrimônio a exemplo da restauração e utilização dos prédios já tombados que é considerado de fundamental importância para sua conservação e sustentabilidade Destarte a preservação do patrimônio será significativa para que o cidadão consiga se afirmar enquanto participante de uma sociedade e de sua cultura Corroborando essa ideia Rolnik 1995 compreende que as construções arquitetônicas de um determinado período guardam muito das experiências e histórias vivenciadas pelas sociedades que as construíram e por isso mesmo a preservação da memória coletiva dessas sociedades através da existência desse patrimônio é uma riqueza que pode ser descoberta por meio da memória das imagens e da oralidade das personagens que conheceram essas construções no tempo em que elas pulsavam através da dinâmica de seus antigos habitantes Ainda para Rolnik A arquitetura da cidade é ao mesmo tempo continente e registro da vida social 1995 18 Portanto cabe aos historiadores profissionais como enfatiza Le Goff 1994 pesquisar e trazer à tona esses significados e essa memória fazendo com que os saberes históricos produzidos através desse estudo possibilitem aos próprios atores sociais se 9 perceberem enquanto produtores e sujeitos da História Concordamos que essa ideia é relevante para uma pesquisa histórica que tenha por objetivo construir saberes históricos diferentes dos já elaborados por uma História dita oficial Assim acreditamos que uma outra história pode ser construída com base na investigação das memórias relacionadas com o patrimônio arquitetônico de qualquer comunidade Evidente que não é possível manter toda uma estrutura urbana antiga em intacto estado de conservação visto que transformação preservação e destruição é um fluxo dialético que permeia a dinâmica das cidades contemporâneas Assim sendo a idéia de preservar o patrimônio histórico das cidades não deve servir apenas como um meio de tentar resgatar um passado e uma felicidade que se perdeu isto é preservar não serve para alimentar uma simples nostalgia mas sim manter um diálogo entre passado e presente como um suporte das identidades individuais e coletivas de uma sociedade Compreender a preservação do patrimônio é conhecer a história e a memória suscitadas a partir de lembranças evocadas pela existência desse patrimônio e a preservação dos chamados lugares de memória devem possuir um sentido para a coletividade ou seja o patrimônio histórico deve ter um papel social e não servirem apenas de exaltação dos nomes daqueles que os construíram E por isso o estudo desses lugares pode deve ser significativo para a construção de saberes históricos De acordo com Fonseca 2003 por se constituir em um bem cultural o patrimônio histórico não deixa de suscitar conflitos e tensões no que se a refere à sua preservação ou destruição Isso acontece especialmente devido às concepções existentes no imaginário social e político que em muito se chocam com as concepções de estudiosos sobre o que deve ser considerado ou não patrimônio cultural e histórico e consequentemente o que deve ou não ser preservado Assim sendo entendemos que a questão da preservação do Patrimônio Arquitetônico e Histórico é um meio pelo qual se torna possível a elaboração de narrativas históricas do período de construção desse patrimônio e de suas posteriores transformações destacandose também o valor destes monumentos como lugares de memória e de construção de uma cultura histórica5 que se constitui enquanto meio de identidade social de uma população que a partir 5 Neves 1999 36 entende a cultura histórica como a identidade social de uma dada comunidade parte e expressão concreta de uma sociedade mais ampla construída a partir do conhecimento histórico considerado como algo que deve resultar em auto conhecimento da referida comunidade e dos indivíduos que a integram 10 da memória coletiva evocada com base na relação com seu patrimônio histórico constrói outras versões diferentes das apontadas pela a História tradicional da qual foi excluída Diante do exposto voltamos a questão da preservação do Patrimônio Arquitetônico e Histórico da cidade de Cajazeiras PB onde atualmente a cidade experimenta um momento de efervescência no que se refere ao crescimento urbanístico que traz em seu contexto uma demanda de interesses e conflitos de grupos imobiliários da comunidade local em relação à preservação ou não de algumas construções arquitetônicas antigas da cidade A falta de envolvimento da população local e o aparente descaso das autoridades no que se refere à preservação e manutenção dos bens arquitetônicos mais antigos já tombados ou que estão em área de preservação é outro aspecto problemático dessa realidade de abandono por meio do qual grande parte deste acervo foi destruído e aquele que se encontra de pé ou que já foi tombado vive em agonia e constante risco de desabamento ou enfrenta reformas desastrosas no que concerne a perda de seus aspectos arquitetônicos originais Assim A partir daí outra questão se abre como trabalhar a consciência dos habitantes da cidade em relação a essa problemática Por meio de políticas públicas que visem promover uma Educação Patrimonial6 buscando despertar o interesse das novas gerações pela Memória e História locais Pois se configurando como um signo de memória o patrimônio histórico pode ser objeto de ensino e construção de saberes históricos No entanto destacamos e concordamos com Campos 2009 que ao discutir a questão das políticas patrimoniais da cidade moderna diante da globalização afirma que o objetivo primordial da conservação do patrimônio histórico não deve ser prioritariamente a dos bens em si mas sim os valores sociais agregados a esses bens bem como aos usos e funções que a sociedade lhes atribui e partilha ao longo de sua existência Assim a autora firma que fundamentado por uma visão crítica do processo histórico por meio do qual essa comunidade se constitui e se situa na contemporaneidade 6 A temática da Educação Patrimonial apontada como um instrumento de alfabetização cultural é uma metodologia de ensino centrada na valorização e preservação sustentável do Patrimônio Cultural entendido como fonte primária de conhecimento Outra meta das políticas de Educação patrimonial é a intensificação dos sentimentos de identidade e cidadania com base no reconhecimento e valorização do patrimônio local seja ele material ou imaterial Sobre essa ideia ver HORTA M de L P GRUMBERG E MONTEIRO A Q Guia Básico de Educação patrimonial Brasília IPHANMinC Petrópolis Museu Imperial 1999 11 Na contemporaneidade as questões que envolvem o patrimônio e a identidade precisam ser problematizadas sob a lógica da transformação constante dos centros urbanos que passaram a ser analisados como núcleos dinâmicos Nesse contexto as cidades não são mais consideradas como um organismo em evolução tampouco são vistas como o resultado de um acúmulo de eventos históricos que determinaram sua configuração CAMPOS 2009 66 Isso também é discutido por Meneses 2009 para quem a interpretação do patrimônio é fundamental para que este se faça reconhecido e valorizado por parte da comunidade local Segundo o historiador muitos dos projetos desenvolvidos na área de preservação do patrimônio cultural são feitos sem o necessário desenvolvimento de um processo de interpretação desse patrimônio o que quase sempre torna a existência desses bens irrelevantes para a comunidade de seu entorno Compreendemos que a visão dos autores se aplica ao caso de Cajazeiras onde a inexistência de políticas públicas e de Educação Patrimonial voltadas especificamente para a preservação do patrimônio histórico compromete a convivência dos cidadãos com esses bens culturais e a própria preservação destes Grande parcela da população parece alheia ao assunto por isso o patrimônio arquitetônico não cumpre sua função social nos moldes em que o autor defende Para ele seria necessário que o próprio cidadão participasse do processo de interpretação desse patrimônio para que a ação de preservação ocorresse de maneira mais fácil e sustentável MENESES 2009 34 Ainda segundo a compreensão de Meneses 2009 a interpretação do patrimônio é um processo por meio do qual são construídas memórias mas também a realização de leitura críticas a respeito das mesmas Nesse sentido a preservação do patrimônio histórico não deve servir apenas para como musealização do passado mas sim cumprir seu papel de formador de uma identidade social que leve a um efetivo exercício de cidadania permitindo à comunidade e aos indivíduos que a integram compreender e questionar o contexto em que estão inseridos e se situam na contemporaneidade Segundo Fonseca a elaboração e a aplicação de instrumentos legais como o tombamento não são suficientes para que um bem venha cumprir efetivamente sua função de patrimônio cultural junto à sociedade 2003 67 No caso de Cajazeiras especialmente se faz necessária a tomada de ações mais enérgicas por parte do poder público no que se refere a preservação e proteção do acervo patrimonial local bem como a instituição de políticas 12 públicas a fim de estabelecer meios de uma efetiva participação dos cidadãos na gestão e proteção do patrimônio histórico local Contexto diante do qual compreendemos que a inserção da Educação Patrimonial no Sistema Municipal de Ensino seria uma maneira de se proporcionar aos alunos e consequentemente aos cidadãos o contato de maneira mais dinâmica e democrática com a história local através do conhecimento do patrimônio arquitetônico e histórico estudado Não querendo dessa forma atribuir à escola a total responsabilidade pela ressignificação do patrimônio histórico da cidade mas sim entendendo que o desenvolvimento de atividades pedagógicas é um meio indubitável de se construir novos conhecimentos a partir de novos olhares lançados sobre os bens patrimoniais e a memória por eles suscitadas Diante do exposto é possível dizer ainda que a utilização da metodologia da Educação Patrimonial no ensino de História além de possibilitar ao aluno a capacidade de interpretar os acontecimentos históricos de seu contexto sociocultural político e ideológico lhe permitirá também o acesso a cultura histórica local e a percepção de si mesmo enquanto agente da História e como produtor de conhecimento E como afirma Neves 1999 36 esse autoconhecimento deve resultar em uma postura crítica diante do conhecimento adquiridoconstruído e um efetivo exercício de cidadania REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE JÚNIOR Durval Muniz de História a arte de inventar o passado Bauru EDUSC 2007 BOSI Ecléa Memória e sociedade lembranças de velhos 3 ed São Paulo Companhia das Letras 1994 CABRAL Ana Karina Pereira OLIVEIRA Carla Mary S Políticas de Preservação do Patrimônio Histórico no Brasil e na Paraíba o IPHAN o IPHAEP e o Turismo Cultural Anales del 3er Congreso Virtual de Turismo Cultural NAyA Buenos Aires NAyA 2005 Disponível em httpwwwnayaorgarturismocongreso2005 ponenciasCarlaMaryOliveiraAnaKarinaPereiraCabralhtm Acesso em 22 out 2008 CAMPOS Luana Carla Martins Políticas de preservação do patrimônio no mundo globalizado o ICMS cultural e a regionalização da proteção dos acervos culturais em Minas 13 Gerais In AZEVEDO Flávia Lemos Mota de PIRES João Ricardo Ferreira CATÃO Leandro Pena orgs Cidadania memória e patrimônio as dimensões do museu no cenário atual Belo Horizonte Crisálida 2009 p 5975 CERTEAU Michel de A escrita da História Tradução de Maria de Lourdes de Menezes 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitária 2002 CHOAY Françoise A alegoria do patrimônio 3 ed Tradução de Luciano Vieira Machado São Paulo Editora da UNESP 2006 FONSECA Cecília Londres O Patrimônio em processo trajetória da política federal de preservação no Brasil Rio de Janeiro UFRJIPHAN 1997 Maria Cecília Londres Para além da pedra e cal por uma concepção ampla de patrimônio cultural In ABREU Regina CHAGAS Mário orgs Memória e patrimônio ensaios contemporâneos Rio de Janeiro DPA 2003 p 5676 HARTOG François Tempo e patrimônio Varia Historia Belo Horizonte PPGHisUFMG v 22 n 36 jul dez 2006 p 261273 HALBWACHS Maurice A memória coletiva Tradução de Laurent Léon Schaffter São Paulo Editora Revista dos Tribunais 1990 HORTA M de L P GRUMBERG E MONTEIRO A Q Guia Básico de Educação patrimonial Brasília IPHANMinC Petrópolis Museu Imperial 1999 LE GOFF Jacques História e memória 3 ed Tradução de Irene Ferreira Bernardo Leitão e Suzana Ferreira Borges Campinas Editora da Unicamp 1994 MENESES José Newton Coelho História e Turismo cultural Belo Horizonte Autêntica 2004 José Newton Coelho Memória e historicidade dos lugares uma reflexão sobre a interpretação do patrimonio cultural das cidades In AZEVEDO Flávia Lemos Mota de PIRES João Ricardo Ferreira CATÃO Leandro Pena orgs Cidadania memória e patrimônio as dimensões do museu no cenário atual Belo Horizonte Crisálida 2009 p 32 45 NEVES Joana Participação da comunidade ensino de História e cultura histórica Saeculum Revista de História João Pessoa DHPPGHUFPB n 67 1999 p 3547 NORA Pierre Entre memória e história a problemática dos lugares Projeto História São Paulo PUCSP n 10 1993 p 728 OLIVEIRA Almir Félix Batista de Memória história e patrimônio histórico políticas públicas e a preservação do patrimônio histórico Dissertação Mestrado em História Centro de Filosofia e Ciências Humanas Universidade Federal de Pernambuco Recife 2002 POLLAK Michael Memória esquecimento silêncio Estudos Históricos Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas v 2 n 3 1999 p 315 Memória e identidade social Estudos Históricos Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas v 5 n 10 1992 p 200212 14 ROLNIK Raquel O que é cidade 2 ed São Paulo Brasiliense 2003 1995 Col Primeiros Passos SANTOS Cecília Rodrigues Novas fronteiras e novos pactos para o Patrimônio Cultural São Paulo em Perspectiva São Paulo v 15 n 2 2001 p 4348 RESUMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO MEMÓRIA HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE SABERES Referência ROLIM E S PATRIMÔNIO HISTÓRICO MEMÓRIA HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE SABERES XXVII Simpósio Nacional de História Anais 2013 O artigo Patrimônio Histórico Memória História e Construção de Saberes de Eliana de Souza Rolim discute a relação entre patrimônio histórico memória e história a partir de uma análise do caso da cidade de Cajazeiras na Paraíba A autora inicia o artigo destacando a importância do patrimônio histórico para a memória e a história de uma sociedade Para ela o patrimônio histórico é um sustentáculo de memórias pois possibilita que as pessoas se reconheçam e se apropriem de sua história Assim o texto apresenta uma discussão acerca dos significados do patrimônio histórico para a memória a história e a construção de saberes tendo em vista que a preservação do patrimônio histórico tem sido objeto das preocupações de historiadores arquitetos e cientistas sociais entre outros estudiosos que abordam esta temática Explora as relações entre história memória e a preservação do patrimônio arquitetônico como elemento fundamental na identidade de uma comunidade Aborda as discussões teóricas de diversos autores sobre como a memória coletiva é construída interpretada e manipulada enfatizando a importância da interpretação do patrimônio para a valorização efetiva por parte da sociedade local Destaca a necessidade de políticas públicas e da Educação Patrimonial para envolver os cidadãos na preservação e interpretação desses bens culturais Propõe a inclusão da Educação Patrimonial no sistema de ensino como forma de proporcionar uma compreensão mais dinâmica e democrática da história local permitindo aos alunos e à comunidade uma relação mais próxima e crítica com o patrimônio histórico No entanto a autora também ressalta que o patrimônio histórico pode ser utilizado para enquadrar a memória ou seja para impor uma determinada interpretação do passado Isso pode ocorrer por exemplo quando o patrimônio histórico é utilizado para reforçar uma memória oficial ou nacional Ao destacar que a memória preservada através de bens patrimoniais nem sempre tem a mesma importância para a comunidade que convive com eles em comparação com as instâncias de poder que os estabeleceram como patrimônio exercendo domínio sobre essa comunidade em termos políticos e intelectuais o texto faz compreender que há a existência de todo um quadro de violência simbólica imposta a uma comunidade ou grupo social pelos que manipulam a memória mantendoa como um instrumento de poder e para combater isso seria necessária a construção da memória coletiva que possui como uma de suas funções manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum O texto ressalta que a preservação do patrimônio histórico não deve ser apenas uma musealização do passado mas sim uma ferramenta para formar identidades sociais promover o exercício de cidadania e construir novos conhecimentos a partir de novos olhares sobre a memória coletiva e os bens patrimoniais No caso da cidade de Cajazeiras a autora observa que o patrimônio histórico está sendo ameaçado pelo crescimento urbano e pela falta de políticas públicas de preservação A autora também constata que a população local não tem um conhecimento aprofundado sobre o patrimônio histórico da cidade A autora defende que a Educação Patrimonial é uma importante ferramenta para a preservação do patrimônio histórico Por meio da Educação Patrimonial é possível promover o conhecimento e a valorização do patrimônio histórico pela população local Sura Bentara AlamJawa Tengah Keluaran Persatuan Pengarang Suara Merdeka Tahun 1988 No 42 18 4 1988 CHARLES MALAIKA KISAH LAPAR DAN KEMISKINAN Di kotakota kita yang begitu maju dan modern di mana kemegahan gedunggedung bertingkat dan kemewahan bawah tanah berjajar bak mutiara yang tak terhitung di tengah gegap gempita kemeriahan itulah kita melihat kenyataan lain yang sering dirahasiakan oleh para pejabat dan para penguasa kota Yaitu adanya ratusan bahkan ribuan anakanak liar yang hidup tanpa keluarga tanpa bimbingan dan tanpa status Dalam buku ini Charles Malaika menggambarkan secara nyata kehidupan anakanak tersebut dan pengalamannya berjuang bersama mereka dalam menghadapi siksaan lapar dan kemiskinan Buku ini adalah suatu seruan kepada semua orang tentang perdagangan anakanak yang sangat mengerikan ini dan kejahatan yang dilakukan pada anakanak tersebut Charles Malaika dilahirkan dan tumbuh di Kenya Afrika Timur Ia telah mengabdikan sebagian besar hidupnya untuk perlindungan anakanak yang terlantar di negaranegara Afrika dan Asia Sampai sekarang ia masih melanjutkan karyakaryanya untuk tujuan kemanusiaan ini Charles Malaika adalah bintang di dunia kemanusiaan yang hendaknya semakin bersinar Sura telah menerjemahkan dan menerbitkan buku ini untuk pertama kali dalam bahasa Indonesia sebagai ungkapan solidaritas dengan perjuangan anakanak terbelakang di dunia ini Hanya melalui perjuangan dan kesadaran bersamalah kita dapat menghapuskan kemiskinan dan penderitaan anakanak Semoga buku ini dapat mengingatkan kita tentang itu semua dan menjadi pelajaran berharga bagi kita semua demi masa depan anakanak kita dan bangsa kita Sura Jember 1988 19 94 4 1 CHARLES MALAIKA Kisah Lapar dan Kemiskinan Penerbit Sura Jember 1988 Terjemahan dari Hungry and homeless The story of children of the street Pangarang Charles Malaika Diterbitkan oleh Sura Jember Tebal 126 halaman Buku ini di terbitkan dalam koleksi Bentara Alam Suara Merdeka Jawa Tengah Karya ini berisi pengalaman seorang relawan yang bekerja dengan anakanak jalanan yang terdampar di kotakota Kenya Ia menulis secara jujur dan langsung tentang kehidupan anakanak yang sangat buruk Dengan sikap dan perasaan yang sederhana dan lugas penulis membawa kita kepada suasana jalanan dengan segala kesengsaraan kelaparan dan keputusasaan mereka Seorang anak jalanan itu mengungkapkan pengalamannya sebagai berikut Kami tidak hanya kelaparan dan kedinginan tetapi juga dipukuli oleh polisi dikejar anjing diberi batu dan dicaci Kami juga dipaksa bekerja dengan menerima upah yang sangat sedikit Anakanak yang seperti ini apakah harus dibiarkan begitu saja Anakanak ini miskin dan kurang beruntung Ada pula anakanak yang tinggal di rumah mereka sendiri tetapi sama miskin dan kelaparan Jika anda membaca buku ini sikap mungkin bertambah tapi tetap saja anda dapat memahami masalah ini secara mendalam dan anda akan sudi membantu mereka dengan cara apa saja Buku ini merupakan seruan bagi masyarakat dan pemerintah agar memberi perhatian khusus untuk melindungi anakanak yang kurang beruntung khususnya anakanak jalanan yang berada di kotakota Indonesia Terjemahan oleh Sura Editor Shintar Inus Cetakan I Oktober 1988 Harga Rp 7500 Kepada yang berminat dapat meminta buku ini dengan mengirimkan nama dan alamat serta uangnya dalam bentuk pos wesel melalui Pos Sura Jember 68141 Semua uang yang diterima akan digunakan untuk mendukung gerakan perlindungan anakanak miskin di Indonesia Sura Penerbit Jl Raya Kawi 107 Jember 68141 Jawa Timur Telp Fax 0331322413 Email surapustakayahoocom Bentara Alam Suara Merdeka Jawa Tengah Keluaran No 42 Th XIV 18 April 1988 Editor Suwarso Percetakan Cemerlang Jaya Abonemen Rp 450000 per tahun Sudah termasuk Pos dan Pajak Suratsurat ke redaksi harap menggunakan bahasa yang baik dan sopan JEMBER 1988 1 Buku ini mengharapkan perhatian khusus terhadap masalah anakanak jalanan dan kemiskinan 2 Buku berisi pengalaman seorang relawan tentang anakanak jalanan di Kenya 3 Buku ini diterbitkan oleh Sura Jember dan bisa didapat dengan harga Rp 7500 4 Semua hasil penjualan untuk mendukung perlindungan anakanak miskin di Indonesia