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RISCO VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR1 AllAn Yu IwAmA2 mAteus BAtIstellA3 lúcIA dA costA FerreIrA4 dIogenes sAlAs Alves5 leIlA dA costA FerreIrA6 Introdução Os temas relacionados a risco vulnerabilidade e adaptação tem sido tratado por extensa literatura pelo menos desde a década de 1940 com o desenvolvimento de um campo de pesquisas marcadamente multidisciplinares dedicadas à ocupação humana em áreaszonas de risco WHITE 1945 WHITE e HASS 1975 A partir da década 1980 o termo vulnerabilidade surge com mais frequência no âmbito da pesquisa sobre riscos e perigos WISNER 2009 Esses temas tem se tornado mais relevantes além de serem mais frequentemente citados no contexto das mudanças climáticas no que tange a exposição e a adaptação face aos eventos climáticos extremos A complexidade de situações de riscos sociais e ambientais tendem a aumentar e a ficarem mais difíceis de serem antecipadas avaliadas e comunicadas IPCC 2012 podendo ter efeitos negativos para a população sobretudo num cenário de aumento de eventos climáticos extremos IPCC 2007 2012 WMO 2013 em associação a intervenções humanas inadequadas no espaço físico por exemplo ocupações sem planejamento em encostas declivosas áreas contaminadas ou várzeas 1 Ao apoio da FAPESP processos 2008581597 e 2010185018 Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM da Unicamp e Embrapa Monitoramento por Satélite 2 Doutor em Ambiente e Sociedade pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM da Unicamp Colaborador do projeto CEMADENEducação Email allaniwamagmailcom 3 Doutor em Ciências Ambientais Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa e pesquisador 1D do CNPQ Email mateusbatistellaembrapabr 4 Doutora em Ciências Sociais e professora titular da Unicamp vinculada ao programa de doutorado em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas IFCH Email luciacfunicampbr 5 Doutor em Engenharia Elétrica e Matemática Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e docente e orientador dos programas de pósgraduação em Sensoriamento Remoto e em Ciência do Sistema Terrestre do INPE Email dalvesdpiinpebr 6 Doutora em Ciências Sociais Pesquisadora titular da Universidade Estadual de Campinas vinculada aos programas em Ambiente e Sociedade NEPAM e Sociologia IFCH Email leilacfunicampbr Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 96 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira Ainda que haja um grau de incerteza que por sua vez influencia as ações e o enfrentamento desses riscos BECK 2010 GIDDENS 2010 WISNER 2009 as mu danças climáticas acentuam as desigualdades existentes entre os pobres e ricos ou entre o centro e a periferia BECK 2010 Por outro lado essa desigualdade tende a se reduzir na medida em que aumentam os riscos em escala global condição a que mesmo os mais ricos e poderosos estão sujeitos Nessa perspectiva tem se evidenciado que os riscos de poluição ambiental riscos tecnológicos e os riscos das mudanças climáticas atingem a todos e não tem fronteiras BECK 1992 2009 2010 É nessa miríade de conceitos relacionados a relações sociais complexas que variam no tempo de acordo com acontecimentos e experiências individuais que este artigo buscou analisar o tema da vulnerabilidade e adaptação Para essa análise foi feita uma leitura de importantes referências neste tema para enriquecer o debate sobre um estudo de caso no litoral norte de São Paulo Esse estudo de caso se baseou em uma abordagem da vulnerabilidade como resultado e a contextual O trabalho propõe uma leitura analítica a partir de três eixos principais baseado no resultado de um survey de percepção de riscos às mudanças climáticas n 914 entrevistados o risco do meio físico a vulnerabilidade social e o protagonismo Através da abordagem utilizada pretendese refletir sobre risco e vulnerabilidade não apenas a partir de condicionantes físicos mas igualmente considerandose condi ções vivenciadas cotidianamente consequência de processos históricos de ocupação do espaço Esses processos mostram marcas de segregação e estratificação socioespaciais que de um lado afetam o acesso a bens e a infraestrutura em áreas propicias para instalação de moradias e de outro prescrevem grupos marginalizados a zonas de maior risco de escorregamentos inundações e outros eventos Dessa forma pretendese considerar que se de um lado a exposição aos riscos e vulnerabilidades causadas pelo processo de ocupação pode ser independente dos efeitos das alterações climáticas a frequência de eventos mais extremos fortes chuvas ou extensas secas pode aumentar o risco e o número de pessoas em risco HUQ et al 2007 UNHABITAT 2011 e que portanto também afeta as condições de resposta a esses eventos Risco vulnerabilidade e adaptação uma perspectiva multiescalar e interdisciplinar para análise da vulnerabilidade às mudanças climáticas Os perigos os riscos e as percepções de risco Risco risk é entendido de acordo com a Agência das Nações Unidas para Re dução de Riscos de Desastres UNISDR 2009 como a probabilidade de ocorrência de um evento e suas consequências negativas Perigo hazard em sua conceituação mais abrangente pode ser entendido como um evento ou fenômeno que pode causar perda de vidas ou ferimentos a pessoas danos a propriedades rupturas sociais ou degradação ambiental O risco é assim entendido como um perigo calculável VEYRET 2007 TOMINAGA et al 2009 na medida Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 97 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas em que se aceitam os danos ou benefícios como consequência de sua decisão BRÜSEKE 2007 Segundo UNISDR 2009 a palavra risco tem duas conotações distintas aquela em que a ênfase é dada sobre o conceito de acaso ou possibilidade ex o risco de um acidente e àquela formulada no meio técnico tendo a ênfase colocada sobre as conse quências ou danos ex as perdas potenciais num dado local e período Podese apreender que na prática nem sempre os indivíduos compartilham a mesma percepção sobre o significado e as causas subjacentes de diferentes riscos Por essa razão compreender como a percepção de risco influi sobre as estratégias de enfrentamento e adaptação aos riscos tem sido cada vez mais importante para o tema do risco vulnera bilidade e adaptação A percepção de riscos dos indivíduos pode ser pensada sob a seguinte perspectiva tende a ser maior na medida em que há também uma maior experiência ou vivência do problema tal como residir em áreas de alto risco de inundação ou elevação do nível do mar onde os efeitos de precipitações extremas são sentidas de forma negativa BRODY et al 2008 Entretanto há diversos estudos sobre a análise da percepção de riscos que têm de monstrado que estas percepções são fortemente influenciadas por a fatores psicológicos simbólicos e socioculturais ADGER et al 2009 ALEXANDER 2011 BRODY et al 2008 DOUGLAS 1994 LEISEROWITZ 2006 SLOVIC et al 2010 b elementos relacionados ao lugar e proximidade de perigosriscos VEYRET 2007 BRODY et al 2008 SANTOS e MARANDOLA Jr 2012 e c pelo acesso às informações e a forma como estas são divulgadas pelos peritos e pela mídia DI GIULIO et al 2013 GARDNER 2008 MOSER e LUGANDA 2006 MOSER 2010 RENN 2008 Esses fatores associados a diferentes crenças atitudes e experiências interferem nas condutas individuais e coletivas VALENCIO et al 2004 2005 VEYRET 2007 RENN 2008 WEBER 2010 e nas ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas BRODY et al 2008 HOGAN 2009 VIGNOLA et al 2013 Compreender como as percepções de riscos são influenciadas por esses fatores mencionados anteriormente tem sido de fundamental para identificar como os riscos são percebidos e como essas percepções indivíduosgrupos sociais têm exercido papel sobre a extensão dos riscos ADGER et al 2013 CUTTER et al 2003 DI GIULIO et al 2013 VALENCIO et al 2004 2005 VARGAS 2009 VEYRET 2007 SLOVIC et al 2010 pois influencia a vulnerabilidade e adaptação mediante um perigo ou desastre associados aos eventos climáticos extremos Vulnerabilidade e adaptação O termo vulnerabilidade surge como um importante conceito teórico e analítico em relação aos riscosperigos e ao contexto de mudanças climáticas A vulnerabilidade possui diversos significados ou conceitos ADGER 2006 OBRIEN et al 2004 2013 mas pode ter pelos menos duas diferentes interpretações com implicações no tratamento do problema e em sua solução Uma primeira interpretação tem geralmente Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 98 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira um enfoque em aspectos biofísicos para a análise da vulnerabilidade Estudos nessa direção tendem a considerar que os mais vulneráveis são aqueles que vivem em ambientes físicos precários ou em ambientes que terão os efeitos físicos das mudanças climáticas mais dramáticos LIVERMAN 2001 TOMINAGA et al 2009 Nesse caso a capacidade de resposta de um indivíduo ou grupo social às mudanças climáticas determina ou influencia sua vulnerabilidade Essa análise considera a vulnerabilidade como um resultado de análises de características do meio físico outcome vulnerability OBRIEN et al 2013 Por outro lado há múltiplos fatores e processos ambientais sociais econômicos políticos e culturais que influenciam a vulnerabilidade dos indivíduos e sua capacidade de resposta frente aos efeitos das mudanças climáticas BLAIKIE et al 1994 CUTTER 1996 CUTTER et al 2003 OBRIEN et al 2004 2013 WISNER et al 2004 ALE XANDER 2011 ADGER et al 2009 2013 Buscar compreendêlos é um prérequisito para sua redução OBRIEN et al 2004 2013 Nessa perspectiva a vulnerabilidade é analisada contextualmente contextual vul nerability OBRIEN et al 2013 e determina ou influencia a capacidade de resposta as mudanças climáticas Adger et al 2009 citam quatro pressupostos que consideram limi tantes para a capacidade de resposta eou adaptação as mudanças climáticas i a questão ética o que a sociedade considera crítico ou aceitável como medidas de adaptação depende de diferentes valores e prioridades ii a falta de conhecimento ou incertezas sobre as mudanças climáticas frequentemente citada como um dos motivos para a demora para a adaptação iii a percepção de riscos na ocasião em que a sociedade não acredita que o risco seja suficiente para uma ação imediata ou urgente e iv a desvalorização dos aspectos culturais nos momentos de crise em relação às interpretações escolhas e estratégias de ação para redução de riscos EISER et al 2012 A Figura 1 apresenta um diagrama sobre o termo vulnerabilidade e suas diferentes interpretações e implicações sobre a adaptação As duas interpretações da vulnerabilidade como resultado e contextual apesar de apresentarem diferenças segundo sua abordagem científica e encaminhamento de respostas políticas para as mudanças climáticas são complementares OBRIEN et al 2013 e a análise integrada desses conceitosinterpretações pode favorecer uma nova abordagem sobre os riscos vulnerabilidades e adaptação às mudanças climáticas Miller et al 2010 mostram que diversos pesquisadores em seus respectivos campos de atuação estão envolvidos ativamente para coproduzir novos conhecimentos sugerindo áreas promissoras de complementaridade passíveis para mais investigação para uma integração de conceitos e métodos relacionados ao tema de vulnerabilidades As multiescalas quantificação e aspectos relacionais Como observado na literatura e em casos empíricos o tema sobre risco vulnerabi lidade e adaptação demandam estudos em múltiplas escalas Estudos multiescalarestêm sido fundamentais nessa temática tendo em vista a avaliação de dimensões relacionais circunstanciais e espaciais que afetam a sociedade e indivíduos expostos aos mesmos pe rigos mas de forma diferenciada em função da escala HARDOY e PANDIELLA 2009 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 99 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Figura 1 Vulnerabilidade como resultado outcome e contextual análise e suas interpretações e consequências para adaptação às mudanças climáticas Fonte Elaborado por Iwama e autores com base em OBrien et al 2004 2013 Gibson et al 2000 definem as escalas espacial temporal quantitativa ou analí tica como aquelas que medem um determinado fenômeno e níveis como unidades de análise que estão localizados os fenômenos em diferentes posições em uma escala É a partir deste conceito que este trabalho se baseia para analisar que a mudança de escala é acompanhada também de mudanças nos padrões e processos dos ecossistemas WIENS 1989 Normalmente as interações de um dado fenômeno ocorrem através de diferentes escalas levando ao aumento da complexidade WIENS 1989 CASH et al 2006 Diversos autores têm mostrado a necessidade de uma abordagem multiescalar a fim de explicar as variações e interações dos fenômenosprocessos que ocorrem em várias escalas e em um mosaico de situações espaciais Tanto processos sociais quanto os eco lógicos podem operar em diferentes extensões espaciais e períodos de tempo TURNER II et al 1990 2003 YOUNG 1994 WILBANKS e KATES 1999 CASH e MOSER 2000 ROTMANS e ROTHMAN 2003 CASH et al 2006 MEA 2006 VANWEY et al 2009 A análise multiescalar portanto possui um uso potencial como abordagem analítica em estudos sobre as mudanças climáticas e em algumas ocasiões é imprescindível Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 100 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira A representação de processos que ocorrem nas dimensões sociais e no ambiente não é trivial EVANS et al 2009 por isso é importante compreender de que forma as variações associadas com a representação de dados espaciais pode afetar a análise dos fenômenos ou situações Há um desafio de se buscar medidas que considerem as diversas dimensões e a multiplicidade de causas que estão nas origens dos riscos ambientais sociais ou tecnoló gicos Muitos trabalhos têm apontado para a importância de se tratar a abrangência dos significados dos termos risco vulnerabilidade e adaptação pensando em multidimensionali dade nas diferentes escalas de ação no tempo e no espaço para compreender em especial os perigosriscos numa perspectiva relacional entre a sociedade e o ambiente ADGER 2006 BIRKMANN 2007 BLAIKIE et al 1994 MARANDOLA Jr e HOGAN 2006 TURNER II et al 2003 WISNER 2009 No Brasil há uma importante produção de pesquisas orientadas para a identifica ção de susceptibilidade aos perigos e riscos do ponto de vista geológicogeomorfológico AUGUSTO FILHO 1995 TOMINAGA et al 2004 2009 OLIVEIRA et al 2007 FERREIRA et al 2008 BITAR 2009 e alguns trabalhos direcionando análises para quantificar ou esquematizar vulnerabilidades ROSSINIPENTEADO et al 2007 ALVES 2009 FERREIRA e ROSSINIPENTEADO 2011 MELLO et al 2012a NICOLODI e PETERMANN 2010 ALVES et al 2010 ANAZAWA et al 2013 e embora alguns trabalhos tenham analisado os riscos e vulnerabilidades sob uma perspectiva relacional ainda carecem de abordagens que considerem as múltiplas escalas e níveis Integrando múltiplas escalas a interdisciplinaridade no conceito vulnerabilidade Há uma necessidade cada vez mais urgente apontada na literatura para desenvolver abordagens interdisciplinares FERREIRA 2000 2004 BRAGA et al 2006 EVANS et al 2009 MORAN 2009 2011 BUARQUE et al 2014 que considerem análises mul tiescalares para compreender e oferecer métodos de integração análise e monitoramento dos processos de mudanças em sistemas ecológicos e sociais CLARK 1985 TURNER II et al 1990 ROTMANS e ROTHMAN 2003 MEA 2003 2006 VANWEY et al 2009 MORAN 2011 e incorpore conceitos e métodos adequados para compreender e medir a vulnerabilidade e capacidade de adaptação das populações frente às situações provocadas pelas mudanças climáticas ALVES 2009 MORAN 2009 MARANDOLA Jr e DANTONA 2014 Esta seção propõe um diagrama conceitual para análise multiescalar e interdiscipli nar buscando sintetizar os conceitoschaves sobre vulnerabilidade e adaptação no contexto de mudanças climáticas A Figura 2 ilustra três componentes de análise da vulnerabilidade a exposição sensibilidade e a capacidade adaptativa de grupos sociais vulneráveis e suas possíveis causas ou forçantes que tem operado simultaneamente e muitas vezes de forma interconectada de um lado o uso inadequado da terra e do outro uma fraca governança associada a um modelo de desenvolvimento baseado no crescimento econômico strictu sensu Essa situação em conjunto tem potencializado a degradação ambiental e ao mesmo tempo gerado desigualdades sociais ou condições precárias de desenvolvimento das co Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 101 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas munidades ou sociedade como um todo E todo esse intrincado processo de certa forma tem intensificado a exposição aos riscos e amplificado a vulnerabilidade influenciada por contextos geográficos socioculturais psicológicos e simbólicos como já observado de grupos sociais ou de indivíduos No cenário de eventos climáticos extremos essas situações tendem a ser intensificadas e a se tornarem de grande magnitude Figura 2 Diagrama conceitual proposto de vulnerabilidade sob um enfoque multies calar e interdisciplinar Fonte Elaborado por Iwama e autores Diversos estudos têm se dedicado a uma proposta conceitual sobre riscos vulne rabilidade e adaptação CUTTER et al 2003 TURNER II et al 2003 WISNER et al 2004 LUERS 2005 BIRKMANN 2006 2007 UNISDR 2009 2011 IPCC 2012 enfatizando a perspectiva social do problema ou do desastre Nesse contexto o artigo enfatiza três aspectos importantes e desafiadores para implementação de uma análise da vulnerabilidade e adaptação no contexto de mudanças Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 102 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira climáticas I interdisciplinaridade II integração de políticas de ordenamento territorial e III governança e comunicação do risco I Interdisciplinaridade PHILIPPI Jr et al 2000 FLORIANI 2000 FERREIRA 2000 2004 BARRY et al 2008 BROTO et al 2009 ALVES 2014 Floriani 2000 argumenta que o conhecimento científico moderno é obrigado a lidar com uma complexidade crescente Para lidar com essa complexidade portanto a interdisciplinaridade deve ser premissa básica e fundamental em estudos em ambiente e sociedade considerandose pontos de vistas e análises complementares Esse tema requer que sejam considerados alguns elementos mais específicos i uso de indicadores frequentemente de natureza espacial acompanhados de análises contextuais para qualificar os resultados investiga tivos MARANDOLA Jr e DANTONA 2014 ii análise multiescalar para captar o fenômeno em diferentes escalas ou níveis de análise iii uso de diferentes metodologias e abordagens ou métodos mistos MARANDOLA Jr e DANTONA 2014 em que pesem métodos e enfoques epistemológicos específicos de cada uma das ciências natu rais e sociais FLORIANI 2000 ALVES 2012 2014 iv pesquisas ou estudos técnicos colaborativos e participativos como estratégia para articulação entre pesquisasociedade e gestão WINOWIECKI et al 2011 II Integração de políticas de ordenamento territorial UNISDR 2004 2009 2011 FERREIRA 2012 BRASIL 2012 para articular diretrizes e ações para redução da vulnerabilidade diante dos riscos e desastres umas das premissas da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil BRASIL 2012 é incorporar a redução do risco de desastre entre os elementos da gestão territorial Nesse sentido é importante destacar dois elementos necessários e que devem atuar conjuntamente maior ação social e mobilização política como forças atuantes para formalização de instituições que se aplicam aos pro blemas ALVES 2012 2014 III Uma governança do risco associada à comunicação de riscos que esteja aberta para adaptações e reflexões segundo cada contexto de risco e sobretudo alinhada ao item II mencionado anteriormente Nesse sentido Renn 2008 destaca que há pelo menos quatro dimensões que afetam e estruturam a governança dos riscos capacidade organizacional que considere os riscos em diversos níveis local estadual ou nacional ou em níveis combinados DI GIULIO e FERREIRA 2013 política e regulação de riscos baseados em aspectos culturais como importante fator para balizar uma aproximação global de como os mesmos riscos podem afetar diferentemente a decisão política sobre um determinado elemento de risco BECK 1992 2010 BRÜSEKE 2007 rede de atores ou indivíduos que envolva a par ticipação de sociedade civil ONGs governos locais na construção de riscos e de seus julgamentos que permitam uma apropriada decisão para a gestão de riscos nesse caso é fundamental a comunicação de riscos DI GIULIO et al 2013 MOSER e LUGANDA 2006 MOSER 2010 como estratégia de orientação e empoderamento da sociedade diante os riscos em que estão ou são submetidas Renn 2008 destaca um melhor entendimento das dimensões sociais das mudanças climáticas e a cultura do risco como importante fator para contribuir na preparação de estratégias para a redução ou mitigação de riscos Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 103 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Esses três aspectos interdisciplinaridade integração de políticas de ordenamento territorial e governança associada a comunicação de riscos embora ainda tenham mui tos desafios para serem superados têm avançado nos últimos anos trazendo perspectivas positivas para ações de redução de riscos e desastres e estudos ambientais Obviamente que a solução para o tema não é trivial e não deve ser reduzida aos três aspectos men cionados mas podem ser considerados pontoschaves para estudos sobre essa temática Esse levantamento permitiu portanto estruturar a estratégia da pesquisa para analisar a vulnerabilidade e adaptação proposta na região costeira de São Paulo A seguir são apresentados elementos metodológicos à luz dos conceitos apresentados nas seções anteriores que subsidiam os resultados e discussão desse artigo A abordagem analítica ao estudo da vulnerabilidade e adaptação A vulnerabilidade em três eixos risco físico vulnerabilidade social e protagonismo Tendo como base esses resultados empíricos do litoral norte de São Paulo IWA MA 2014 IWAMA et al 2014 podese analisar a vulnerabilidade sob a perspectiva de três eixos o risco físico ou seja a probabilidade de um perigo acontecer de natureza geológica ou hidrológica a vulnerabilidade social no sentido da segregação socioespa cial mencionada anteriormente com viés daqueles marginalizados situados em áreas de alto risco de escorregamento ou inundação e o protagonismo ou a ausência dele que depende de uma série de fatores experiências vividas a cultura proativismo EISER et al 2012 AGDER et al 2013 que fornece múltiplas dimensões da vulnerabilidade ver o modelo conceitual na Figura 3 Para essa análise tomouse como exemplo três contextos diferentes mas inter relacionados 1 vulnerabilidade reduzida situação de baixo risco físico e baixa vulnerabilidade social associada com um alto grau de protagonismo 2 vulnerabilida de intermediária quando há moderado risco físico associado também com moderada vulnerabilidade social e pessoas ou grupo social que tenham algum grau de protagonismo para resolverem os problemas que lhe são apresentados 3 vulnerabilidade ampliada diz respeito à situação de uma vulnerabilidade ampliada quando há um alto risco físico associado com alta vulnerabilidade social e nenhum ou muito pouco protagonismo Abordagem metodológica da vulnerabilidade como resultado e contextual aplicado no litoral norte de São Paulo Brasil Diversos trabalhos têm caracterizado o litoral norte paulista com o enfoque sobre as grandes transformações causadas pelos empreendimentos de infraestrutura relacionados às atividades de exploração do petróleo na região FERREIRA et al 2011 IWAMA et al 2014 TEIXEIRA 2013 e suas implicações para a população CARMO et al 2012 no que concerne os conflitos sociais e os riscos do meio físico No litoral norte paulista é possível afirmar que há um modelo de desenvolvimento na região que conflita com a perspectiva de manutenção e proteção dos recursos naturais Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 104 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira região coberta pela paisagem da Serra do Mar com uma série de categorias de áreas protegidas Além disso é um modelo que ainda possui uma falta de infraestrutura de saneamento habitações inadequadas e acesso limitado aos serviços de saúde Além disso a região já foi lugar de grandes deslizamentos de terra desastre de Caraguatatuba em 1967 eventos que poderão ocorrer com maior frequência e intensi dade na região Uma vez feita essa reflexão o exemplo prático no litoral norte paulista foi analisar a vulnerabilidade à luz da proposta de OBrien et al 2013 considerando uma vulnerabili dade como resultado onde foi possível analisar a distribuição espacial das áreas susceptíveis aos escorregamentos inundações ou a subsidências do solo rebaixamento de solos com as áreas de vulnerabilidade social resultando em uma cartografia de risco potencial e vulnerabilidade IWAMA et al 2014 Essa análise se baseou na análise em múltiplas escalas considerando a região como a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricosi UGRHi3 com análises em escalas mais detalhadas sobre as trinta e quatro subbacias que formam a UGRHi3 IWAMA et al 2014 A cartografia como uma representação analítica da vulnerabilidade apresenta um retrato estático da realidade que não permite analisar as nuances como àquelas que in fluenciam as atitudes para sua adaptação frente aos problemas em que são expostas Por Figura 3 Modelo conceitual de análise da vulnerabilidade em três eixos risco físico vulnerabilidade social e protagonismo Fonte Elaborado por Iwama e autores Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 105 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas essa razão entender a vulnerabilidade como um contexto com um olhar sobre a geografia do lugar do ponto de vista da população afetada ou de sua memória e pertencimento ao lugar ou ao grupo social traz outro aspecto da vulnerabilidade que não é possível ser analisada como um resultado Por esse motivo depois de espacialização das áreas mais susceptíveis aos perigos de escorregamentos inundações foi elaborado um survey ou levantamento da percepção de riscos para identificar como as pessoas percebem os efeitos das mudanças climáticas os riscos e como os enfrentam ante um perigo a que estão expostas A Figura 4 esquematiza o arcabouço metodológico da vulnerabilidade como re sultado e contextual à luz dos conceitos apresentados nas seções anteriores aplicado ao litoral norte de São Paulo resultando em uma análise da vulnerabilidade como um processo dinâmico no tempo e no espaço Figura 4 Abordagem metodológica da vulnerabilidade como resultado e contextual aplicado no litoral norte de São Paulo Fonte Com base em Iwama 2014 Iwama et al 2014 OBrien et al 2004 2013 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 106 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira Quatro grupos de perguntas semiestruturadas foram aplicadas em 914 pessoas entrevistadas que residem próximas ou em áreas de riscos i perfil dos entrevistados ii mudanças climáticas iii riscos e adaptação iv governança e comunicação um análise preliminar usando esse conjunto de perguntas foi feita em Mello et al 2012b Para a apresentação dos resultados e discussão deste survey foram selecionadas as perguntas que se relacionavam com os riscos e adaptação Resultados e discussão Os resultados indicam que a noção de risco se baseia em interpretações causais dos acontecimentos Ficou evidente a ambivalência que pôde ser interpretada nas respostas sobre a adaptação às mudanças climáticas por exemplo quando observouse que 489 dos entrevistados 447 pessoas permanecem em suas moradias em condições de risco porque gostam de viver no lugar pelo vínculo afetivo ou proximidade ao afazeres do dia a dia ou simplesmente porque entregam suas vidas a uma divindade no caso deixam nas mãos de Deus 545 dos entrevistados ou 498 pessoas Por outro lado foi recorrente ouvir dos entrevistados que o risco é baixo mas há riscos nos vizinhos sim Parte dos entrevistados de alguma forma negam o risco em que está colocado e suas causas são multifatoriais religiosas econômicas culturais até a incerteza dos fenômenos climáticos e do mapeamento de áreas riscos colocando em xeque o mapeamento técnico ou modelos de previsão do clima previsto por Beck 1992 em um contexto de acidente nuclear e riscos difusos e tratado em relação às mudanças climáticas em seu trabalho de 2010 BECK 2010 No exemplo apresentado da Figura 5a tomouse a aproximação dos resultados obtidos no survey indicando que dos 914 entrevistados cerca de 100 pessoas amostra teriam algum grau de proatividade para buscar soluções para redução de riscos que não sejam deixar nas mãos de Deus Foi observado durante todo o levantamento de percep ção de riscos que as respostas dos entrevistados sobre colocarem responsabilidade em si próprios para reduzir ou evitar os problemas sugerem que existe certo envolvimento da população para agir diante dos riscos a que está exposta Entretanto alguns relatos dos entrevistados sugerem que não saberiam o que fazer para evitálos ou reduzilos O modelo conceitual proposto portanto considera uma análise em vários níveis dado um grupo de pessoas ou um indivíduo resguardado dos problemas já vivenciados no dia a dia falta de infraestrutura básica limitado acesso aos equipamentos públicos moradia em risco e provido de um alto grau de protagonismo haverá mais chance deste de estar mais preparado ou adaptado para reduzir os riscos aos quais eles estão expostos ainda que a probabilidade do risco físico aumente Figura 5b denominada de vulnerabilidade reduzida ou situação A Sa Essa noção ou perspectiva deve ser compreendida também no contexto em que há uma vulnerabilidade intermediária ou situação B Sb Essa situação pelo menos à luz dos resultados desta pesquisa indica que há aproximadamente 500 pessoas que estariam nesta situação de algum grau de protagonismo O terceiro contexto da vulnerabilidade ampliada ou situação C Sc aponta para cerca de 200 pessoas responderam que em situação de risco deixaria nas mãos de Deus Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 107 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Segundo resultados no survey de percepção de riscos aplicado no âmbito da aborda gem da vulnerabilidade contextual 489 dos entrevistados 447 pessoas responderam que gostam de viver no local apesar do risco optando permanecer no local pelo vínculo afetivo ao lugar ou porque as pessoas não consideram um risco tão grave aceitando viver no local e dispostas a enfrentar o perigo quando alguém de fora avisálas e inde pendente da pessoa perceber ou não o risco ou mesmo independente de sua renda quase 60 das pessoas entrevistadas cerca de 500 pessoas deixariam nas mãos de Deus na situação de risco iminente seja àqueles associados a escorregamentos ou a inundações O risco é negado ou simplesmente não percebido por quem está sujeito a ele ao passo que o risco para os vizinhos dos entrevistados existem na sua percepção Os resulta dos à luz de exemplos também observados fora do Brasil em grande parte em países em desenvolvimento apontam que ainda há pouca preparação para agir em uma situação de emergência pois ainda não há consolidada uma cultura de prevenção do risco Figura 5 a Modelo conceitualanalítico simplificado da vulnerabilidade analisada em três eixos b análise em perspectiva mesma vulnerabilidade social e protago nismo segundo diferentes probabilidades de risco do meio físico Fonte Elaborado por Iwama e autores Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 108 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira De alguma maneira o protagonismo ou sua ausência aqui apresentado reflete sobre as ações ou atitudes das pessoas para a adaptação aos problemas que já são viven ciados todos os anos sobretudo nos verões chuvosos E talvez seja válido refletir se é mais apropriado esperar mais um evento de magnitude igual ou superior ao desastre de 1967 Caraguatatuba trazido ou não pela mudança climática ou partir do princípio de precaução com medidas associadas à melhor distribuição socioespacial da população no território considerando as especificidades sociais bem como as condições ambientais e geológicas além da articulação de diferentes instrumentos de ordenamento territorial Considerado este modelo de desenvolvimento vigente na área de estudo e em outras cidades brasileiras como possível causa de fundo para os problemas atuais é necessário refletir sobre as questões que talvez não estejam internalizadas na percepção das pessoas que influi sobre o seu papel como protagonista para enfrentar os problemas que já existem e aqueles que podem vir a existir com os efeitos das mudanças climáticas Não é o caso de discutir qual é a causa dessas mudanças mas sim a tratar o problema que já é viven ciado na região para enfrentar as situações que estão colocadas a dos problemas que são recorrentes e tem um legado histórico já mencionado anteriormente ver também Figura 4b e a dos problemas futuros incertos mas que podem potencializar os que já existem Voltase à discussão da Figura 2 no que diz respeito a ações voltadas em promo ver uma mobilização política com o olhar atento e atuante para propiciar ações sociais efetivas para soluções de problemas antigos e consequentemente redução dos riscos E obviamente essas ações políticas e sociais devem acontecer juntas e coletivamente Considerações finais Este trabalho buscou sintetizar os principais conceitos sobre risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas sob um enfoque interdisciplinar Longe de oferecer uma resposta para esse tema o trabalho buscou refletir sobre uma abordagem que de alguma maneira deverá perpassar aspectos de uma análise multiescalar que ofereça abertura para métodos mistos eou integrados para estudos sobre riscos vulnerabilidades e adaptação como foi o caso para a vulnerabilidade entendida como resultado e a contextual Além disso trouxe uma reflexão para a análise da vulnerabilidade sob três eixos interconectados risco físico vulnerabilidade social e protagonismo a população que frequentemente enfrenta as situações de riscos do meio físico O eixo do protagonismo pode oferecer uma oportunidade para identificar ações e estimular atitudes que promovam um melhor entendimento de como dar resposta aos problemas Esta reflexão ainda que tenha se baseado em resultados de um estudo de caso no litoral de São Paulo permitiu apreender novos olhares de análise da vulnerabilidade com implicações para a adaptação num contexto mais amplo Esforços orientados a trabalhos integrados e participativos podem propiciar o en volvimento da população para enfrentarem e reduzirem os riscos advindos dos problemas que se repetem historicamente a pobreza segregação socioespacial acesso limitado de alguns grupos sociais à infraestrutura básica urbana ou daqueles que estão porvir como os das mudanças climáticas Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 109 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Nota i As UGRHIs constituem unidades territoriais com dimensões e características que permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos Política Estadual de Recursos Hídricos Lei Estadual 76631991 SÃO PAULO 1991 Referências Bibliográficas ADGER WN Vulnerability Global Environmental Change v16 n3 p268281 2006 ADGER WN DESSAI S GOULDEN M HULME M LORENZONI I NELSON DR NAESS LO WOLF J WREFORD A Are there social limits to adaptation to climate change Climatic Change v93 p335354 2009 ADGER WN BARNETT J BROWN K MARSHALL N OBRIEN K Cultural dimensions of climate change impacts and adaptation Nature Climate Change n3 p112117 2013 ALEXANDER D Modelos de vulnerabilidade social a desastres Revista Crítica de Ciências Sociais v93 p929 2011 ALVES DS Two Cultures Multiple Theoretical Perspectives The Problem of Inte gration of Natural and Social Sciences in Earth System Research In SS Young SE Silvern Orgs International Perspectives on Global Environmental Change p324 2012 ALVES DS Pesquisa Interdisciplinar em Estudos Ambientais In ICG Vieira PM de Toledo RAO Santos Orgs Ambiente e sociedade na Amazônia uma abordagem interdisciplinar Rio de Janeiro Garamond e Belém MPEG 2014 ALVES HPF Metodologias de integração de dados sociodemográficos e ambientais para análise da vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas no contexto das mudanças climáticas In HOGAN D MARANDOLA JR E Orgs População e mudança climática dimensões humanas das mudanças ambientais globais Campinas NEPOUnicamp 2009 p75105 ALVES HPF MELLO AYI DANTONA AO CARMO RL Vulnerabilidade socioambiental nos municípios do litoral paulista no contexto das mudanças climáticas In XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais Anais CaxambúMG 2010 ANAZAWA TM FEITOSA FF MONTEIRO AMV Vulnerabilidade socioecoló gica no litoral norte de São Paulo medidas superfícies e perfis ativos Geografia v38 p189208 2013 AUGUSTO FILHO O Os Escorregamentos em Encostas Naturais e Ocupadas Aná lise e Controle In Bitar OY Org Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente 1 ed São Paulo ABGE 1995 p77100 BARRY A BORN G WESZKALNYS G Logics of interdisciplinarity Economy and Society v37 n1 p2049 2008 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 110 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira BECK U Risk Society Towards a New Modernity London Sage Publications 1992 BECK U World at risk Cambridge Polity Press 2009 BECK U Climate for Change or How to Create a Green Modernity Theory Culture Society v27 n23 p254266 2010 BIRKMANN J Ed Measuring Vulnerability to Natural Hazards Towards 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p7295 2008 BROTO VC GISLASON M EHLERS MELFHINRICH Practising interdisciplinarity in the interplay between disciplines experiences of established researchers Environmental Science Policy v12 p922933 2009 BRÜSEKE FJ Risco e Contingência Revista Brasileira de Ciências Sociais v22 n63 p6980 2007 BUARQUE C FERREIRA Leila da C JACOBI P SOBRAL MC SAMPAIO CAC FERNANDES V A interdisciplinaridade e o enfrentamento aos desafios da sustentabilidade Sustentabilidade em Debate v5 n1 p183195 2014 CARMO RL MARQUES CA MIRANDA ZAI Dinâmica demográfica economia e ambiente na zona costeira de São Paulo Textos NEPO 63 NEPOUnicamp 2012 110p CASH DW MOSER SC Linking global and local scales Designing dynamic assess ment and management processes Global Environmental Change v10 p109120 2000 CASH D W ADGER W BERKES F GARDEN P LEBEL L OLSSON P PRITCHARD L YOUNG O Scale and crossscale dynamics governance and infor mation in a multilevel world Ecology and Society v11 n2 2006 CLARK W C Scale of climate impacts Climatic Change v7 p527 1985 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 111 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas CUTTER SL Vulnerability to environmental hazards Progress in Human Geography v20 n4 p529539 1996 CUTTER SL BORUFF BJ SHIRLEY WL Social Vulnerability to Environmental Hazards Social Science Quarterly v84 n2 p 243261 2003 DI GIULIO GM FERREIRA Lúcia C Governança do risco uma proposta para lidar com riscos ambientais no nível local Desenvolvimento e Meio Ambiente v28 p29 39 2013 DOUGLAS M Risk and Blame essays in cultural theory New York Routledge 1994 EISER JR BOSTROM A BURTON I JOHNSTON DM MCCLURE J PATON D VAN DER PLIGT J WHITE MP Risk interpretation and action A conceptual framework for responses to natural hazards International Journal of Disaster Risk Reduction n1 p516 2012 EVANS TP VANWEY LK MORAN EF Pesquisas HomemAmbiente análise de dados espacialmente explícitos e Sistemas de Informações Geográficas In Ecos sistemas florestais 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London Earths can p 2136 2010 TEIXEIRA LR Megaprojetos no litoral norte paulista o papel dos grandes empreen dimentos de infraestrutura na transformação regional Tese Doutorado em Ambiente e Sociedade Campinas NEPAMIFCH 2013 TOMINAGA LK FERREIRA CJ VEDOVELLO R TAVARES R SANTORO J SOUZA CRG Carta de perigo a escorregamentos e de risco a pessoas e bens do Litoral Norte de São Paulo conceitos e técnicas In PEJON OJ ZUQUETE LV Org Cartografia Geotécnica e Ambiental Conhecimento do meio físico base para a sustentabilidade São Paulo ABGE p205216 2004 TOMINAGA LK SANTORO J AMARAL R Desastres naturais conhecer para prevenir Lídia K Tominaga Jair Santoro Rosangela do Amaral Orgs São Paulo Instituto Geológico 2009 196p TURNER II BL KASPERSON RE MEYER WB DOW KM GOLDING D KASPERSON JX MITCHELL RC RATICK SJ Two types of global environmental Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 115 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas change Definitional and spatial scale issues in their human dimensions Global Envi ronmental Change v1 p1422 1990 TURNER II BL KASPERSON RE MATSON P MCCARTHY JJ CORELL RW CHRISTENSEN L ECKLEY N KASPERSON JX LUERS A MARTELLO ML et al A framework for vulnerability analysis in sustainability science PNAS v100 n14 p80748079 2003 UNHABITAT UNITED NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME Cities and climate change Global report on human settlements Earthscan London UK 2011 UNISDR UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION Liv ing with Risk A global review of disaster reduction initiatives Vol II Annexes Geneva UNISDR 2004 UNISDR UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction Risk and poverty in a changing climate Geneva Switzerland UNISDR 2009 UNISDR UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction Revealing Risk Redefining Development Geneva Switzerland UNISDR 2011 178p VALENCIO NFLS et al A produção social do desastre dimensões territoriais e políticoinstitucionais da vulnerabilidade das cidades brasileiras frente às chuvas Teoria e Pesquisa v4445 p67115 2004 VALENCIO NFLS et al Chuvas no Brasil representações e práticas sociais Política e Sociedade v4 n7 p163183 2005 VARGAS D Eu fui embora de lá mas não fui a construção social da moradia de risco In Norma FLS VALENCIO et al Orgs Sociologia dos Desastres construção interfaces e perspectivas no Brasil 1ª Ed São Carlos RiMa p 8095 2009 VANWEY LK OSTROM E MERETSKY V Teorias subjacentes ao estudo de inte rações homemambiente In Ecossistemas florestais interação homemambiente Orgs E Ostrom e EF Moran Editora Senac São Paulo 2009 VEYRET Y Os Riscos o homem como agressor e vítima do meio ambiente Y Veyret Org São Paulo Ed Contexto 2007 319 p VIGNOLA R KLINSKY S TAM J MCDANIELS T Public perception knowl edge and policy support for mitigation and adaption to Climate Change in Costa Rica Comparisons with North American and European studies Mitigation 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CANNON T DAVIS I At risk natural hazards peoples vulnerabillity and disasters 2th Edition New York Routledge 2004 471p WISNER B Vulnerability International Encyclopedia of Human Geography p176 182 2009 YOUNG O R The problem of scale in humanenvironment relationships Journal of Theoretical Politics v6 p42947 1994 Submetido em 04092014 Aceito em 07082015 httpdxdoiorg10159018094422ASOC137409V1922016 Resumo Este artigo trata sobre risco vulnerabilidade e suas implicações sobre a adaptação da população aos problemas já enfrentados em seu cotidiano e os advindos das mudanças climáticas Com base na literatura sobre o tema e no estudo de caso no litoral norte de São Paulo Brasil o trabalho buscou sintetizar os temas que convergem na análise da vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas resumidos em três componentes i a interdisciplinaridade para estudos em ambiente e sociedade exigindo análise multiescalar ii a integração de políticas de ordenamento territorial e iii a governança e comunica ção de riscos Com base em resultados de um levantamento de percepção de riscos 914 entrevistados é apresentada uma reflexão para a análise da vulnerabilidade sob três eixos interconectados risco físico vulnerabilidade social e protagonismo valorizando o grau de protagonismo da população que enfrenta as situações de riscos do meio físico de maneira que sejam orientados esforços de trabalhos integrados e participativos que propiciem o envolvimento da população para enfrentar e reduzir os riscos advindos dos problemas recorrentes e históricos pobreza segregação social e espacial ou daqueles que estão porvir como os das mudanças climáticas Palavraschave Vulnerabilidade Multiescalar Interdisciplinaridade Mudanças Climá ticas Litoral norte de São Paulo Abstract This study addresses risk vulnerability and their implications for the adaptation of communities to the problems they face in the everyday life and to those derived from climate change Based on the literature about risk vulnerability and adaptation to disasters and on a case study conducted in the Northern coast of São Paulo Brazil we summarize the converging themes in the analysis of vulnerability and adaptation to climate change which are divided in three components i interdisciplinarity for studies about environ ment and society requiring multiscale analysis ii the integration of land use management instruments and iii risk governance and communication Based on the results of a risk RISCO VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR AllAn Yu IwAmA mAteus BAtIstellA lúcIA dA costA FerreIrA dIogenes sAlAs Alves leIlA dA costA FerreIrA perception survey 914 interviewees we analyze vulnerability according to three intercon nected axes physical risk social vulnerability and protagonism by emphasizing the role played by the population in face of physical risk situations as a way to guide integrated and participatory work efforts to encourage the engagement of the population to cope with and reduce the risks derived from historical and recurrent problems such as poverty social and spatial segregation or with those that are about to come such as climate changes Keywords Vulnerability Multiscale Interdisciplinarity Climate Change Northern coast of São Paulo Resumen Este artículo aborda el riesgo la vulnerabilidad y sus implicaciones en la adapta ción de la población a los problemas ya que se enfrentan en su vida cotidiana y del cambio climático Basado en la literatura sobre el tema y en el estudio de caso en la costa norte de São Paulo Brasil el artículo hizo una síntesis de los temas que convergen en el análisis de la vulnerabilidad y la adaptación al cambio climático que se resume en tres componentes i la interdisciplinariedad em invetigaciones sobre el ambiente y sociedad que exige una análisis multiescala ii la integración de las políticas de ordenación del territorio y iii la gobernanza y comunicación del riesgo Con base en los resultados de una encuesta de percepción de riesgo 914 encuestados los resultados permiten la reflexión para el aná lisis de vulnerabilidad en tres ejes interconectados riesgo físico la vulnerabilidad social y el papel de la sociedad que destaca el papel de la población ante situaciones de riesgos físicos por lo que se orientan los esfuerzos de trabajo en el manejo integrado y participativo para fomentar la participación de la población para hacer frente y reducir los riesgos de los problemas históricos pobreza segregación social y espacial o los que están por venir ya que los cambios climáticos Palabrasclave Vulnerabilidad Multiescala Interdisciplinariedad Cambio Climático Costa Norte de São Paulo
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RISCO VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR1 AllAn Yu IwAmA2 mAteus BAtIstellA3 lúcIA dA costA FerreIrA4 dIogenes sAlAs Alves5 leIlA dA costA FerreIrA6 Introdução Os temas relacionados a risco vulnerabilidade e adaptação tem sido tratado por extensa literatura pelo menos desde a década de 1940 com o desenvolvimento de um campo de pesquisas marcadamente multidisciplinares dedicadas à ocupação humana em áreaszonas de risco WHITE 1945 WHITE e HASS 1975 A partir da década 1980 o termo vulnerabilidade surge com mais frequência no âmbito da pesquisa sobre riscos e perigos WISNER 2009 Esses temas tem se tornado mais relevantes além de serem mais frequentemente citados no contexto das mudanças climáticas no que tange a exposição e a adaptação face aos eventos climáticos extremos A complexidade de situações de riscos sociais e ambientais tendem a aumentar e a ficarem mais difíceis de serem antecipadas avaliadas e comunicadas IPCC 2012 podendo ter efeitos negativos para a população sobretudo num cenário de aumento de eventos climáticos extremos IPCC 2007 2012 WMO 2013 em associação a intervenções humanas inadequadas no espaço físico por exemplo ocupações sem planejamento em encostas declivosas áreas contaminadas ou várzeas 1 Ao apoio da FAPESP processos 2008581597 e 2010185018 Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM da Unicamp e Embrapa Monitoramento por Satélite 2 Doutor em Ambiente e Sociedade pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM da Unicamp Colaborador do projeto CEMADENEducação Email allaniwamagmailcom 3 Doutor em Ciências Ambientais Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa e pesquisador 1D do CNPQ Email mateusbatistellaembrapabr 4 Doutora em Ciências Sociais e professora titular da Unicamp vinculada ao programa de doutorado em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPAM e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas IFCH Email luciacfunicampbr 5 Doutor em Engenharia Elétrica e Matemática Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e docente e orientador dos programas de pósgraduação em Sensoriamento Remoto e em Ciência do Sistema Terrestre do INPE Email dalvesdpiinpebr 6 Doutora em Ciências Sociais Pesquisadora titular da Universidade Estadual de Campinas vinculada aos programas em Ambiente e Sociedade NEPAM e Sociologia IFCH Email leilacfunicampbr Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 96 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira Ainda que haja um grau de incerteza que por sua vez influencia as ações e o enfrentamento desses riscos BECK 2010 GIDDENS 2010 WISNER 2009 as mu danças climáticas acentuam as desigualdades existentes entre os pobres e ricos ou entre o centro e a periferia BECK 2010 Por outro lado essa desigualdade tende a se reduzir na medida em que aumentam os riscos em escala global condição a que mesmo os mais ricos e poderosos estão sujeitos Nessa perspectiva tem se evidenciado que os riscos de poluição ambiental riscos tecnológicos e os riscos das mudanças climáticas atingem a todos e não tem fronteiras BECK 1992 2009 2010 É nessa miríade de conceitos relacionados a relações sociais complexas que variam no tempo de acordo com acontecimentos e experiências individuais que este artigo buscou analisar o tema da vulnerabilidade e adaptação Para essa análise foi feita uma leitura de importantes referências neste tema para enriquecer o debate sobre um estudo de caso no litoral norte de São Paulo Esse estudo de caso se baseou em uma abordagem da vulnerabilidade como resultado e a contextual O trabalho propõe uma leitura analítica a partir de três eixos principais baseado no resultado de um survey de percepção de riscos às mudanças climáticas n 914 entrevistados o risco do meio físico a vulnerabilidade social e o protagonismo Através da abordagem utilizada pretendese refletir sobre risco e vulnerabilidade não apenas a partir de condicionantes físicos mas igualmente considerandose condi ções vivenciadas cotidianamente consequência de processos históricos de ocupação do espaço Esses processos mostram marcas de segregação e estratificação socioespaciais que de um lado afetam o acesso a bens e a infraestrutura em áreas propicias para instalação de moradias e de outro prescrevem grupos marginalizados a zonas de maior risco de escorregamentos inundações e outros eventos Dessa forma pretendese considerar que se de um lado a exposição aos riscos e vulnerabilidades causadas pelo processo de ocupação pode ser independente dos efeitos das alterações climáticas a frequência de eventos mais extremos fortes chuvas ou extensas secas pode aumentar o risco e o número de pessoas em risco HUQ et al 2007 UNHABITAT 2011 e que portanto também afeta as condições de resposta a esses eventos Risco vulnerabilidade e adaptação uma perspectiva multiescalar e interdisciplinar para análise da vulnerabilidade às mudanças climáticas Os perigos os riscos e as percepções de risco Risco risk é entendido de acordo com a Agência das Nações Unidas para Re dução de Riscos de Desastres UNISDR 2009 como a probabilidade de ocorrência de um evento e suas consequências negativas Perigo hazard em sua conceituação mais abrangente pode ser entendido como um evento ou fenômeno que pode causar perda de vidas ou ferimentos a pessoas danos a propriedades rupturas sociais ou degradação ambiental O risco é assim entendido como um perigo calculável VEYRET 2007 TOMINAGA et al 2009 na medida Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 97 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas em que se aceitam os danos ou benefícios como consequência de sua decisão BRÜSEKE 2007 Segundo UNISDR 2009 a palavra risco tem duas conotações distintas aquela em que a ênfase é dada sobre o conceito de acaso ou possibilidade ex o risco de um acidente e àquela formulada no meio técnico tendo a ênfase colocada sobre as conse quências ou danos ex as perdas potenciais num dado local e período Podese apreender que na prática nem sempre os indivíduos compartilham a mesma percepção sobre o significado e as causas subjacentes de diferentes riscos Por essa razão compreender como a percepção de risco influi sobre as estratégias de enfrentamento e adaptação aos riscos tem sido cada vez mais importante para o tema do risco vulnera bilidade e adaptação A percepção de riscos dos indivíduos pode ser pensada sob a seguinte perspectiva tende a ser maior na medida em que há também uma maior experiência ou vivência do problema tal como residir em áreas de alto risco de inundação ou elevação do nível do mar onde os efeitos de precipitações extremas são sentidas de forma negativa BRODY et al 2008 Entretanto há diversos estudos sobre a análise da percepção de riscos que têm de monstrado que estas percepções são fortemente influenciadas por a fatores psicológicos simbólicos e socioculturais ADGER et al 2009 ALEXANDER 2011 BRODY et al 2008 DOUGLAS 1994 LEISEROWITZ 2006 SLOVIC et al 2010 b elementos relacionados ao lugar e proximidade de perigosriscos VEYRET 2007 BRODY et al 2008 SANTOS e MARANDOLA Jr 2012 e c pelo acesso às informações e a forma como estas são divulgadas pelos peritos e pela mídia DI GIULIO et al 2013 GARDNER 2008 MOSER e LUGANDA 2006 MOSER 2010 RENN 2008 Esses fatores associados a diferentes crenças atitudes e experiências interferem nas condutas individuais e coletivas VALENCIO et al 2004 2005 VEYRET 2007 RENN 2008 WEBER 2010 e nas ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas BRODY et al 2008 HOGAN 2009 VIGNOLA et al 2013 Compreender como as percepções de riscos são influenciadas por esses fatores mencionados anteriormente tem sido de fundamental para identificar como os riscos são percebidos e como essas percepções indivíduosgrupos sociais têm exercido papel sobre a extensão dos riscos ADGER et al 2013 CUTTER et al 2003 DI GIULIO et al 2013 VALENCIO et al 2004 2005 VARGAS 2009 VEYRET 2007 SLOVIC et al 2010 pois influencia a vulnerabilidade e adaptação mediante um perigo ou desastre associados aos eventos climáticos extremos Vulnerabilidade e adaptação O termo vulnerabilidade surge como um importante conceito teórico e analítico em relação aos riscosperigos e ao contexto de mudanças climáticas A vulnerabilidade possui diversos significados ou conceitos ADGER 2006 OBRIEN et al 2004 2013 mas pode ter pelos menos duas diferentes interpretações com implicações no tratamento do problema e em sua solução Uma primeira interpretação tem geralmente Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 98 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira um enfoque em aspectos biofísicos para a análise da vulnerabilidade Estudos nessa direção tendem a considerar que os mais vulneráveis são aqueles que vivem em ambientes físicos precários ou em ambientes que terão os efeitos físicos das mudanças climáticas mais dramáticos LIVERMAN 2001 TOMINAGA et al 2009 Nesse caso a capacidade de resposta de um indivíduo ou grupo social às mudanças climáticas determina ou influencia sua vulnerabilidade Essa análise considera a vulnerabilidade como um resultado de análises de características do meio físico outcome vulnerability OBRIEN et al 2013 Por outro lado há múltiplos fatores e processos ambientais sociais econômicos políticos e culturais que influenciam a vulnerabilidade dos indivíduos e sua capacidade de resposta frente aos efeitos das mudanças climáticas BLAIKIE et al 1994 CUTTER 1996 CUTTER et al 2003 OBRIEN et al 2004 2013 WISNER et al 2004 ALE XANDER 2011 ADGER et al 2009 2013 Buscar compreendêlos é um prérequisito para sua redução OBRIEN et al 2004 2013 Nessa perspectiva a vulnerabilidade é analisada contextualmente contextual vul nerability OBRIEN et al 2013 e determina ou influencia a capacidade de resposta as mudanças climáticas Adger et al 2009 citam quatro pressupostos que consideram limi tantes para a capacidade de resposta eou adaptação as mudanças climáticas i a questão ética o que a sociedade considera crítico ou aceitável como medidas de adaptação depende de diferentes valores e prioridades ii a falta de conhecimento ou incertezas sobre as mudanças climáticas frequentemente citada como um dos motivos para a demora para a adaptação iii a percepção de riscos na ocasião em que a sociedade não acredita que o risco seja suficiente para uma ação imediata ou urgente e iv a desvalorização dos aspectos culturais nos momentos de crise em relação às interpretações escolhas e estratégias de ação para redução de riscos EISER et al 2012 A Figura 1 apresenta um diagrama sobre o termo vulnerabilidade e suas diferentes interpretações e implicações sobre a adaptação As duas interpretações da vulnerabilidade como resultado e contextual apesar de apresentarem diferenças segundo sua abordagem científica e encaminhamento de respostas políticas para as mudanças climáticas são complementares OBRIEN et al 2013 e a análise integrada desses conceitosinterpretações pode favorecer uma nova abordagem sobre os riscos vulnerabilidades e adaptação às mudanças climáticas Miller et al 2010 mostram que diversos pesquisadores em seus respectivos campos de atuação estão envolvidos ativamente para coproduzir novos conhecimentos sugerindo áreas promissoras de complementaridade passíveis para mais investigação para uma integração de conceitos e métodos relacionados ao tema de vulnerabilidades As multiescalas quantificação e aspectos relacionais Como observado na literatura e em casos empíricos o tema sobre risco vulnerabi lidade e adaptação demandam estudos em múltiplas escalas Estudos multiescalarestêm sido fundamentais nessa temática tendo em vista a avaliação de dimensões relacionais circunstanciais e espaciais que afetam a sociedade e indivíduos expostos aos mesmos pe rigos mas de forma diferenciada em função da escala HARDOY e PANDIELLA 2009 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 99 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Figura 1 Vulnerabilidade como resultado outcome e contextual análise e suas interpretações e consequências para adaptação às mudanças climáticas Fonte Elaborado por Iwama e autores com base em OBrien et al 2004 2013 Gibson et al 2000 definem as escalas espacial temporal quantitativa ou analí tica como aquelas que medem um determinado fenômeno e níveis como unidades de análise que estão localizados os fenômenos em diferentes posições em uma escala É a partir deste conceito que este trabalho se baseia para analisar que a mudança de escala é acompanhada também de mudanças nos padrões e processos dos ecossistemas WIENS 1989 Normalmente as interações de um dado fenômeno ocorrem através de diferentes escalas levando ao aumento da complexidade WIENS 1989 CASH et al 2006 Diversos autores têm mostrado a necessidade de uma abordagem multiescalar a fim de explicar as variações e interações dos fenômenosprocessos que ocorrem em várias escalas e em um mosaico de situações espaciais Tanto processos sociais quanto os eco lógicos podem operar em diferentes extensões espaciais e períodos de tempo TURNER II et al 1990 2003 YOUNG 1994 WILBANKS e KATES 1999 CASH e MOSER 2000 ROTMANS e ROTHMAN 2003 CASH et al 2006 MEA 2006 VANWEY et al 2009 A análise multiescalar portanto possui um uso potencial como abordagem analítica em estudos sobre as mudanças climáticas e em algumas ocasiões é imprescindível Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 100 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira A representação de processos que ocorrem nas dimensões sociais e no ambiente não é trivial EVANS et al 2009 por isso é importante compreender de que forma as variações associadas com a representação de dados espaciais pode afetar a análise dos fenômenos ou situações Há um desafio de se buscar medidas que considerem as diversas dimensões e a multiplicidade de causas que estão nas origens dos riscos ambientais sociais ou tecnoló gicos Muitos trabalhos têm apontado para a importância de se tratar a abrangência dos significados dos termos risco vulnerabilidade e adaptação pensando em multidimensionali dade nas diferentes escalas de ação no tempo e no espaço para compreender em especial os perigosriscos numa perspectiva relacional entre a sociedade e o ambiente ADGER 2006 BIRKMANN 2007 BLAIKIE et al 1994 MARANDOLA Jr e HOGAN 2006 TURNER II et al 2003 WISNER 2009 No Brasil há uma importante produção de pesquisas orientadas para a identifica ção de susceptibilidade aos perigos e riscos do ponto de vista geológicogeomorfológico AUGUSTO FILHO 1995 TOMINAGA et al 2004 2009 OLIVEIRA et al 2007 FERREIRA et al 2008 BITAR 2009 e alguns trabalhos direcionando análises para quantificar ou esquematizar vulnerabilidades ROSSINIPENTEADO et al 2007 ALVES 2009 FERREIRA e ROSSINIPENTEADO 2011 MELLO et al 2012a NICOLODI e PETERMANN 2010 ALVES et al 2010 ANAZAWA et al 2013 e embora alguns trabalhos tenham analisado os riscos e vulnerabilidades sob uma perspectiva relacional ainda carecem de abordagens que considerem as múltiplas escalas e níveis Integrando múltiplas escalas a interdisciplinaridade no conceito vulnerabilidade Há uma necessidade cada vez mais urgente apontada na literatura para desenvolver abordagens interdisciplinares FERREIRA 2000 2004 BRAGA et al 2006 EVANS et al 2009 MORAN 2009 2011 BUARQUE et al 2014 que considerem análises mul tiescalares para compreender e oferecer métodos de integração análise e monitoramento dos processos de mudanças em sistemas ecológicos e sociais CLARK 1985 TURNER II et al 1990 ROTMANS e ROTHMAN 2003 MEA 2003 2006 VANWEY et al 2009 MORAN 2011 e incorpore conceitos e métodos adequados para compreender e medir a vulnerabilidade e capacidade de adaptação das populações frente às situações provocadas pelas mudanças climáticas ALVES 2009 MORAN 2009 MARANDOLA Jr e DANTONA 2014 Esta seção propõe um diagrama conceitual para análise multiescalar e interdiscipli nar buscando sintetizar os conceitoschaves sobre vulnerabilidade e adaptação no contexto de mudanças climáticas A Figura 2 ilustra três componentes de análise da vulnerabilidade a exposição sensibilidade e a capacidade adaptativa de grupos sociais vulneráveis e suas possíveis causas ou forçantes que tem operado simultaneamente e muitas vezes de forma interconectada de um lado o uso inadequado da terra e do outro uma fraca governança associada a um modelo de desenvolvimento baseado no crescimento econômico strictu sensu Essa situação em conjunto tem potencializado a degradação ambiental e ao mesmo tempo gerado desigualdades sociais ou condições precárias de desenvolvimento das co Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 101 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas munidades ou sociedade como um todo E todo esse intrincado processo de certa forma tem intensificado a exposição aos riscos e amplificado a vulnerabilidade influenciada por contextos geográficos socioculturais psicológicos e simbólicos como já observado de grupos sociais ou de indivíduos No cenário de eventos climáticos extremos essas situações tendem a ser intensificadas e a se tornarem de grande magnitude Figura 2 Diagrama conceitual proposto de vulnerabilidade sob um enfoque multies calar e interdisciplinar Fonte Elaborado por Iwama e autores Diversos estudos têm se dedicado a uma proposta conceitual sobre riscos vulne rabilidade e adaptação CUTTER et al 2003 TURNER II et al 2003 WISNER et al 2004 LUERS 2005 BIRKMANN 2006 2007 UNISDR 2009 2011 IPCC 2012 enfatizando a perspectiva social do problema ou do desastre Nesse contexto o artigo enfatiza três aspectos importantes e desafiadores para implementação de uma análise da vulnerabilidade e adaptação no contexto de mudanças Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 102 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira climáticas I interdisciplinaridade II integração de políticas de ordenamento territorial e III governança e comunicação do risco I Interdisciplinaridade PHILIPPI Jr et al 2000 FLORIANI 2000 FERREIRA 2000 2004 BARRY et al 2008 BROTO et al 2009 ALVES 2014 Floriani 2000 argumenta que o conhecimento científico moderno é obrigado a lidar com uma complexidade crescente Para lidar com essa complexidade portanto a interdisciplinaridade deve ser premissa básica e fundamental em estudos em ambiente e sociedade considerandose pontos de vistas e análises complementares Esse tema requer que sejam considerados alguns elementos mais específicos i uso de indicadores frequentemente de natureza espacial acompanhados de análises contextuais para qualificar os resultados investiga tivos MARANDOLA Jr e DANTONA 2014 ii análise multiescalar para captar o fenômeno em diferentes escalas ou níveis de análise iii uso de diferentes metodologias e abordagens ou métodos mistos MARANDOLA Jr e DANTONA 2014 em que pesem métodos e enfoques epistemológicos específicos de cada uma das ciências natu rais e sociais FLORIANI 2000 ALVES 2012 2014 iv pesquisas ou estudos técnicos colaborativos e participativos como estratégia para articulação entre pesquisasociedade e gestão WINOWIECKI et al 2011 II Integração de políticas de ordenamento territorial UNISDR 2004 2009 2011 FERREIRA 2012 BRASIL 2012 para articular diretrizes e ações para redução da vulnerabilidade diante dos riscos e desastres umas das premissas da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil BRASIL 2012 é incorporar a redução do risco de desastre entre os elementos da gestão territorial Nesse sentido é importante destacar dois elementos necessários e que devem atuar conjuntamente maior ação social e mobilização política como forças atuantes para formalização de instituições que se aplicam aos pro blemas ALVES 2012 2014 III Uma governança do risco associada à comunicação de riscos que esteja aberta para adaptações e reflexões segundo cada contexto de risco e sobretudo alinhada ao item II mencionado anteriormente Nesse sentido Renn 2008 destaca que há pelo menos quatro dimensões que afetam e estruturam a governança dos riscos capacidade organizacional que considere os riscos em diversos níveis local estadual ou nacional ou em níveis combinados DI GIULIO e FERREIRA 2013 política e regulação de riscos baseados em aspectos culturais como importante fator para balizar uma aproximação global de como os mesmos riscos podem afetar diferentemente a decisão política sobre um determinado elemento de risco BECK 1992 2010 BRÜSEKE 2007 rede de atores ou indivíduos que envolva a par ticipação de sociedade civil ONGs governos locais na construção de riscos e de seus julgamentos que permitam uma apropriada decisão para a gestão de riscos nesse caso é fundamental a comunicação de riscos DI GIULIO et al 2013 MOSER e LUGANDA 2006 MOSER 2010 como estratégia de orientação e empoderamento da sociedade diante os riscos em que estão ou são submetidas Renn 2008 destaca um melhor entendimento das dimensões sociais das mudanças climáticas e a cultura do risco como importante fator para contribuir na preparação de estratégias para a redução ou mitigação de riscos Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 103 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Esses três aspectos interdisciplinaridade integração de políticas de ordenamento territorial e governança associada a comunicação de riscos embora ainda tenham mui tos desafios para serem superados têm avançado nos últimos anos trazendo perspectivas positivas para ações de redução de riscos e desastres e estudos ambientais Obviamente que a solução para o tema não é trivial e não deve ser reduzida aos três aspectos men cionados mas podem ser considerados pontoschaves para estudos sobre essa temática Esse levantamento permitiu portanto estruturar a estratégia da pesquisa para analisar a vulnerabilidade e adaptação proposta na região costeira de São Paulo A seguir são apresentados elementos metodológicos à luz dos conceitos apresentados nas seções anteriores que subsidiam os resultados e discussão desse artigo A abordagem analítica ao estudo da vulnerabilidade e adaptação A vulnerabilidade em três eixos risco físico vulnerabilidade social e protagonismo Tendo como base esses resultados empíricos do litoral norte de São Paulo IWA MA 2014 IWAMA et al 2014 podese analisar a vulnerabilidade sob a perspectiva de três eixos o risco físico ou seja a probabilidade de um perigo acontecer de natureza geológica ou hidrológica a vulnerabilidade social no sentido da segregação socioespa cial mencionada anteriormente com viés daqueles marginalizados situados em áreas de alto risco de escorregamento ou inundação e o protagonismo ou a ausência dele que depende de uma série de fatores experiências vividas a cultura proativismo EISER et al 2012 AGDER et al 2013 que fornece múltiplas dimensões da vulnerabilidade ver o modelo conceitual na Figura 3 Para essa análise tomouse como exemplo três contextos diferentes mas inter relacionados 1 vulnerabilidade reduzida situação de baixo risco físico e baixa vulnerabilidade social associada com um alto grau de protagonismo 2 vulnerabilida de intermediária quando há moderado risco físico associado também com moderada vulnerabilidade social e pessoas ou grupo social que tenham algum grau de protagonismo para resolverem os problemas que lhe são apresentados 3 vulnerabilidade ampliada diz respeito à situação de uma vulnerabilidade ampliada quando há um alto risco físico associado com alta vulnerabilidade social e nenhum ou muito pouco protagonismo Abordagem metodológica da vulnerabilidade como resultado e contextual aplicado no litoral norte de São Paulo Brasil Diversos trabalhos têm caracterizado o litoral norte paulista com o enfoque sobre as grandes transformações causadas pelos empreendimentos de infraestrutura relacionados às atividades de exploração do petróleo na região FERREIRA et al 2011 IWAMA et al 2014 TEIXEIRA 2013 e suas implicações para a população CARMO et al 2012 no que concerne os conflitos sociais e os riscos do meio físico No litoral norte paulista é possível afirmar que há um modelo de desenvolvimento na região que conflita com a perspectiva de manutenção e proteção dos recursos naturais Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 104 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira região coberta pela paisagem da Serra do Mar com uma série de categorias de áreas protegidas Além disso é um modelo que ainda possui uma falta de infraestrutura de saneamento habitações inadequadas e acesso limitado aos serviços de saúde Além disso a região já foi lugar de grandes deslizamentos de terra desastre de Caraguatatuba em 1967 eventos que poderão ocorrer com maior frequência e intensi dade na região Uma vez feita essa reflexão o exemplo prático no litoral norte paulista foi analisar a vulnerabilidade à luz da proposta de OBrien et al 2013 considerando uma vulnerabili dade como resultado onde foi possível analisar a distribuição espacial das áreas susceptíveis aos escorregamentos inundações ou a subsidências do solo rebaixamento de solos com as áreas de vulnerabilidade social resultando em uma cartografia de risco potencial e vulnerabilidade IWAMA et al 2014 Essa análise se baseou na análise em múltiplas escalas considerando a região como a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricosi UGRHi3 com análises em escalas mais detalhadas sobre as trinta e quatro subbacias que formam a UGRHi3 IWAMA et al 2014 A cartografia como uma representação analítica da vulnerabilidade apresenta um retrato estático da realidade que não permite analisar as nuances como àquelas que in fluenciam as atitudes para sua adaptação frente aos problemas em que são expostas Por Figura 3 Modelo conceitual de análise da vulnerabilidade em três eixos risco físico vulnerabilidade social e protagonismo Fonte Elaborado por Iwama e autores Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 105 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas essa razão entender a vulnerabilidade como um contexto com um olhar sobre a geografia do lugar do ponto de vista da população afetada ou de sua memória e pertencimento ao lugar ou ao grupo social traz outro aspecto da vulnerabilidade que não é possível ser analisada como um resultado Por esse motivo depois de espacialização das áreas mais susceptíveis aos perigos de escorregamentos inundações foi elaborado um survey ou levantamento da percepção de riscos para identificar como as pessoas percebem os efeitos das mudanças climáticas os riscos e como os enfrentam ante um perigo a que estão expostas A Figura 4 esquematiza o arcabouço metodológico da vulnerabilidade como re sultado e contextual à luz dos conceitos apresentados nas seções anteriores aplicado ao litoral norte de São Paulo resultando em uma análise da vulnerabilidade como um processo dinâmico no tempo e no espaço Figura 4 Abordagem metodológica da vulnerabilidade como resultado e contextual aplicado no litoral norte de São Paulo Fonte Com base em Iwama 2014 Iwama et al 2014 OBrien et al 2004 2013 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 106 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira Quatro grupos de perguntas semiestruturadas foram aplicadas em 914 pessoas entrevistadas que residem próximas ou em áreas de riscos i perfil dos entrevistados ii mudanças climáticas iii riscos e adaptação iv governança e comunicação um análise preliminar usando esse conjunto de perguntas foi feita em Mello et al 2012b Para a apresentação dos resultados e discussão deste survey foram selecionadas as perguntas que se relacionavam com os riscos e adaptação Resultados e discussão Os resultados indicam que a noção de risco se baseia em interpretações causais dos acontecimentos Ficou evidente a ambivalência que pôde ser interpretada nas respostas sobre a adaptação às mudanças climáticas por exemplo quando observouse que 489 dos entrevistados 447 pessoas permanecem em suas moradias em condições de risco porque gostam de viver no lugar pelo vínculo afetivo ou proximidade ao afazeres do dia a dia ou simplesmente porque entregam suas vidas a uma divindade no caso deixam nas mãos de Deus 545 dos entrevistados ou 498 pessoas Por outro lado foi recorrente ouvir dos entrevistados que o risco é baixo mas há riscos nos vizinhos sim Parte dos entrevistados de alguma forma negam o risco em que está colocado e suas causas são multifatoriais religiosas econômicas culturais até a incerteza dos fenômenos climáticos e do mapeamento de áreas riscos colocando em xeque o mapeamento técnico ou modelos de previsão do clima previsto por Beck 1992 em um contexto de acidente nuclear e riscos difusos e tratado em relação às mudanças climáticas em seu trabalho de 2010 BECK 2010 No exemplo apresentado da Figura 5a tomouse a aproximação dos resultados obtidos no survey indicando que dos 914 entrevistados cerca de 100 pessoas amostra teriam algum grau de proatividade para buscar soluções para redução de riscos que não sejam deixar nas mãos de Deus Foi observado durante todo o levantamento de percep ção de riscos que as respostas dos entrevistados sobre colocarem responsabilidade em si próprios para reduzir ou evitar os problemas sugerem que existe certo envolvimento da população para agir diante dos riscos a que está exposta Entretanto alguns relatos dos entrevistados sugerem que não saberiam o que fazer para evitálos ou reduzilos O modelo conceitual proposto portanto considera uma análise em vários níveis dado um grupo de pessoas ou um indivíduo resguardado dos problemas já vivenciados no dia a dia falta de infraestrutura básica limitado acesso aos equipamentos públicos moradia em risco e provido de um alto grau de protagonismo haverá mais chance deste de estar mais preparado ou adaptado para reduzir os riscos aos quais eles estão expostos ainda que a probabilidade do risco físico aumente Figura 5b denominada de vulnerabilidade reduzida ou situação A Sa Essa noção ou perspectiva deve ser compreendida também no contexto em que há uma vulnerabilidade intermediária ou situação B Sb Essa situação pelo menos à luz dos resultados desta pesquisa indica que há aproximadamente 500 pessoas que estariam nesta situação de algum grau de protagonismo O terceiro contexto da vulnerabilidade ampliada ou situação C Sc aponta para cerca de 200 pessoas responderam que em situação de risco deixaria nas mãos de Deus Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 107 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Segundo resultados no survey de percepção de riscos aplicado no âmbito da aborda gem da vulnerabilidade contextual 489 dos entrevistados 447 pessoas responderam que gostam de viver no local apesar do risco optando permanecer no local pelo vínculo afetivo ao lugar ou porque as pessoas não consideram um risco tão grave aceitando viver no local e dispostas a enfrentar o perigo quando alguém de fora avisálas e inde pendente da pessoa perceber ou não o risco ou mesmo independente de sua renda quase 60 das pessoas entrevistadas cerca de 500 pessoas deixariam nas mãos de Deus na situação de risco iminente seja àqueles associados a escorregamentos ou a inundações O risco é negado ou simplesmente não percebido por quem está sujeito a ele ao passo que o risco para os vizinhos dos entrevistados existem na sua percepção Os resulta dos à luz de exemplos também observados fora do Brasil em grande parte em países em desenvolvimento apontam que ainda há pouca preparação para agir em uma situação de emergência pois ainda não há consolidada uma cultura de prevenção do risco Figura 5 a Modelo conceitualanalítico simplificado da vulnerabilidade analisada em três eixos b análise em perspectiva mesma vulnerabilidade social e protago nismo segundo diferentes probabilidades de risco do meio físico Fonte Elaborado por Iwama e autores Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 108 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira De alguma maneira o protagonismo ou sua ausência aqui apresentado reflete sobre as ações ou atitudes das pessoas para a adaptação aos problemas que já são viven ciados todos os anos sobretudo nos verões chuvosos E talvez seja válido refletir se é mais apropriado esperar mais um evento de magnitude igual ou superior ao desastre de 1967 Caraguatatuba trazido ou não pela mudança climática ou partir do princípio de precaução com medidas associadas à melhor distribuição socioespacial da população no território considerando as especificidades sociais bem como as condições ambientais e geológicas além da articulação de diferentes instrumentos de ordenamento territorial Considerado este modelo de desenvolvimento vigente na área de estudo e em outras cidades brasileiras como possível causa de fundo para os problemas atuais é necessário refletir sobre as questões que talvez não estejam internalizadas na percepção das pessoas que influi sobre o seu papel como protagonista para enfrentar os problemas que já existem e aqueles que podem vir a existir com os efeitos das mudanças climáticas Não é o caso de discutir qual é a causa dessas mudanças mas sim a tratar o problema que já é viven ciado na região para enfrentar as situações que estão colocadas a dos problemas que são recorrentes e tem um legado histórico já mencionado anteriormente ver também Figura 4b e a dos problemas futuros incertos mas que podem potencializar os que já existem Voltase à discussão da Figura 2 no que diz respeito a ações voltadas em promo ver uma mobilização política com o olhar atento e atuante para propiciar ações sociais efetivas para soluções de problemas antigos e consequentemente redução dos riscos E obviamente essas ações políticas e sociais devem acontecer juntas e coletivamente Considerações finais Este trabalho buscou sintetizar os principais conceitos sobre risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas sob um enfoque interdisciplinar Longe de oferecer uma resposta para esse tema o trabalho buscou refletir sobre uma abordagem que de alguma maneira deverá perpassar aspectos de uma análise multiescalar que ofereça abertura para métodos mistos eou integrados para estudos sobre riscos vulnerabilidades e adaptação como foi o caso para a vulnerabilidade entendida como resultado e a contextual Além disso trouxe uma reflexão para a análise da vulnerabilidade sob três eixos interconectados risco físico vulnerabilidade social e protagonismo a população que frequentemente enfrenta as situações de riscos do meio físico O eixo do protagonismo pode oferecer uma oportunidade para identificar ações e estimular atitudes que promovam um melhor entendimento de como dar resposta aos problemas Esta reflexão ainda que tenha se baseado em resultados de um estudo de caso no litoral de São Paulo permitiu apreender novos olhares de análise da vulnerabilidade com implicações para a adaptação num contexto mais amplo Esforços orientados a trabalhos integrados e participativos podem propiciar o en volvimento da população para enfrentarem e reduzirem os riscos advindos dos problemas que se repetem historicamente a pobreza segregação socioespacial acesso limitado de alguns grupos sociais à infraestrutura básica urbana ou daqueles que estão porvir como os das mudanças climáticas Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 109 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas Nota i As UGRHIs constituem unidades territoriais com dimensões e características que permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos Política Estadual de Recursos Hídricos Lei Estadual 76631991 SÃO PAULO 1991 Referências Bibliográficas ADGER WN Vulnerability Global Environmental Change v16 n3 p268281 2006 ADGER WN DESSAI S GOULDEN M HULME M LORENZONI I NELSON DR NAESS LO WOLF J WREFORD A Are there social limits to adaptation to climate change Climatic Change v93 p335354 2009 ADGER WN BARNETT J BROWN K MARSHALL N OBRIEN K Cultural dimensions of climate change impacts and adaptation Nature Climate Change n3 p112117 2013 ALEXANDER D Modelos de vulnerabilidade social a desastres Revista Crítica de Ciências Sociais v93 p929 2011 ALVES DS Two Cultures Multiple Theoretical Perspectives The Problem of Inte gration of Natural and Social Sciences in Earth System Research In SS Young SE Silvern Orgs International Perspectives on Global Environmental Change p324 2012 ALVES DS Pesquisa Interdisciplinar em Estudos Ambientais In ICG Vieira PM de Toledo RAO Santos Orgs Ambiente e sociedade na Amazônia uma abordagem interdisciplinar Rio de Janeiro Garamond e Belém MPEG 2014 ALVES HPF Metodologias de integração de dados sociodemográficos e ambientais para análise da vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas no contexto das mudanças climáticas In HOGAN D MARANDOLA JR E Orgs População e mudança climática dimensões humanas das mudanças ambientais globais Campinas NEPOUnicamp 2009 p75105 ALVES HPF MELLO AYI DANTONA AO CARMO RL Vulnerabilidade socioambiental nos municípios do litoral paulista no contexto das mudanças climáticas In XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais Anais CaxambúMG 2010 ANAZAWA TM FEITOSA FF MONTEIRO AMV Vulnerabilidade socioecoló gica no litoral norte de São Paulo medidas superfícies e perfis ativos Geografia v38 p189208 2013 AUGUSTO FILHO O Os Escorregamentos em Encostas Naturais e Ocupadas Aná lise e Controle In Bitar OY Org Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente 1 ed São Paulo ABGE 1995 p77100 BARRY A BORN G WESZKALNYS G Logics of interdisciplinarity Economy and Society v37 n1 p2049 2008 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 110 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira BECK U Risk Society Towards a New Modernity London Sage Publications 1992 BECK U World at risk Cambridge Polity Press 2009 BECK U Climate for Change or How to Create a Green Modernity Theory Culture Society v27 n23 p254266 2010 BIRKMANN J Ed Measuring Vulnerability to Natural Hazards Towards 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p7295 2008 BROTO VC GISLASON M EHLERS MELFHINRICH Practising interdisciplinarity in the interplay between disciplines experiences of established researchers Environmental Science Policy v12 p922933 2009 BRÜSEKE FJ Risco e Contingência Revista Brasileira de Ciências Sociais v22 n63 p6980 2007 BUARQUE C FERREIRA Leila da C JACOBI P SOBRAL MC SAMPAIO CAC FERNANDES V A interdisciplinaridade e o enfrentamento aos desafios da sustentabilidade Sustentabilidade em Debate v5 n1 p183195 2014 CARMO RL MARQUES CA MIRANDA ZAI Dinâmica demográfica economia e ambiente na zona costeira de São Paulo Textos NEPO 63 NEPOUnicamp 2012 110p CASH DW MOSER SC Linking global and local scales Designing dynamic assess ment and management processes Global Environmental Change v10 p109120 2000 CASH D W ADGER W BERKES F GARDEN P LEBEL L OLSSON P PRITCHARD L YOUNG O Scale and crossscale dynamics governance and infor mation in a multilevel world Ecology and Society v11 n2 2006 CLARK W C Scale of climate impacts Climatic Change v7 p527 1985 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 111 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas CUTTER SL Vulnerability to environmental hazards Progress in Human Geography v20 n4 p529539 1996 CUTTER SL BORUFF BJ SHIRLEY WL Social Vulnerability to Environmental Hazards Social Science Quarterly v84 n2 p 243261 2003 DI GIULIO GM FERREIRA Lúcia C Governança do risco uma proposta para lidar com riscos ambientais no nível local Desenvolvimento e Meio Ambiente v28 p29 39 2013 DOUGLAS M Risk and Blame essays in cultural theory New York Routledge 1994 EISER JR BOSTROM A BURTON I JOHNSTON DM MCCLURE J PATON D VAN DER PLIGT J WHITE MP Risk interpretation and action A conceptual framework for responses to natural hazards International Journal of Disaster Risk Reduction n1 p516 2012 EVANS TP VANWEY LK MORAN EF Pesquisas HomemAmbiente análise de dados espacialmente explícitos e Sistemas de Informações Geográficas In Ecos sistemas florestais 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exemplo do município de Cubatão Serra do Mar Paulista Revista Brasileira de Carto grafia n60 v4 p385400 2008 FERREIRA CJ ROSSINIPENTEADO D Mapeamento de risco a escorregamento e inundação por meio da abordagem quantitativa da paisagem em escala regional In 13 CBGE Anais São Paulo p112 2011 FLORIANI D Diálogos Interdisciplinares para uma agenda socioambiental breve inventário do debate sobre ciência sociedade e natureza Desenvolvimento e Meio Ambiente v1 n1 p2139 2000 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 112 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira GARDNER D Risk The Science and Politics of Fear Londres Virgin 2008 GIBSON C OSTROM E AHN TK The concept of scale and the human dimensions of global change a survey Ecological Economics v32 p217239 2000 GIDDENS A A Política da mudança climática Rio de Janeiro Jorge Zahar 2010 316p HARDOY J PANDIELLA G Urban poverty and vulnerability to climate change in Latin America Environment and Urbanization v21 n1 p 203224 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climáticas Ambiente e Sociedade v17 n4 2014 IWAMA AY Riscos e vulnerabilidades às mudanças climáticas e ambientais análise multiescalar na zona costeira de São Paulo Brasil Tese Doutorado em Ambiente e Sociedade NEPAMIFCHUNICAMP CampinasSP 2014 LEISEROWITZ A Climate change risk perception and policy preferences The role of affect imagery and values Climatic Change v77 p4572 2006 LIVERMAN DM Vulnerability to global environmental change In JX Kasperson RE Kasperson Eds Global Environmental Risk Earthscan and United Nations Uni versity Press London 2001 LUERS AL The surface of vulnerability An analytical framework for examining envi ronmental change Global Environmental Change v15 p 214223 2005 MARANDOLA JR E HOGAN DJ As dimensões da vulnerabilidade São Paulo em perspectiva v20 n1 2006 MARANDOLA JR E DANTONA AO Vulnerabilidade problematizando e ope racionalizando o conceito In Roberto do Carmo Norma Valencio Org Segurança humana no contexto dos desastres 1ed São Carlos RiMa 2014 p 4561 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 113 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas MCCARTHY JJ CANZIANI OF LEARY NA DOKKEN DJ WHITE KS Eds Climate Change 2001 Impacts Adaptation Vulnerability Contribution of Working Group II to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change IPCC Cambridge University Press 2001 MEA MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT Ecosystems and human well being A framework for assessment Washington DC Island Press 2003 MEA MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT Bridging scales and knowledge systems concepts and applications in Ecosystems Assessment In WV Reid et al Eds Washington DC Island Press 2006 MELLO AYI BATISTELLA M FERREIRA LC Riscos geotécnicos e vulnerabili dades sociais no Litoral Norte de São Paulo In I CBDN AnaisRio ClaroSP 2012a MELLO AYI DI GIULIO GM FERREIRA Lúcia C BATISTELLA M CARMO RL Abordagem quantitativa em estudos sobre percepção de riscos às mudanças climáticas e ambientais proposta no litoral norte de São Paulo VI Annpas AnaisBelémPA 2012b MILLER F OSBAHR H BOYD E THOMALLA F BHARWANI S ZIERVOGEL G WALKER B BIRKMANN J VAN DER LEEUW S ROCKSTRÖM J HINKEL J DOWNING T FOLKE C NELSON D Resilience and vulnerability complementary or conflicting concepts Ecology and Society v15 n3 2010 MORAN EF Novas direções em pesquisas sobre interações homemambiente e mudanças de cobertura e uso da terra In E OSTROM EF MORAN Orgs Ecossis temas florestais interação homemambiente Editora Senac São Paulo p449467 2009 MORAN EF Meio Ambiente e Ciências Sociais interações homemambiente e sustentabilidade Editora Senac São Paulo 2011 312 p MOSER SC LUGANDA P Talk for a change Communication in support of so cietal response to climate change IHDP Update Newsletter of the IHDP on Global Environmental Change v6 p1720 2006 MOSER S C Communicating climate change History challenges process and future directions Climate Change v1 n1 p3153 2010 NICOLODI JL PETERMANN RM Mudanças Climáticas e a Vulnerabilidade da Zona Costeira do Brasil Aspectos ambientais sociais e tecnológicos Revista da Gestão Costeira Integrada v10 n2 p151177 2010 OBRIEN KL LEICHENKO R Double exposure assessing the impacts of climate change within the context of economic globalization Global Environmental Change v10 p221232 2000 OBRIEN K ERIKSEN S SCHJOLDEN A NYGAARD LP Whats in a word Con flicting interpretations of vulnerability in climate change research CICERO Working Paper Oslo Norway 2004 16p Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 114 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira OBRIEN KL ERIKSEN S NYGAARD LP SCHJOLDEN A Why different in terpretations of vulnerability matter in climate change discourses Climate Policy v7 n1 p7388 2013 OLIVEIRA TA RIEDEL PS VEDOVELLO R SOUZA CRG BROLLO MJ Utilização de técnicas de fotointerpretação na compartimentação fisiográfica do muni cípio de Cananéia SP Apoio ao planejamento territorial e urbano Geociências v26 n1 p5565 2007 PHILIPPI Jr A TUCCI CEM HOGAN DJ NAVEGANTES R Interdisciplinari dade em Ciências Ambientais São Paulo Signus 2000 318p ROSSINIPENTEADO D FERREIRACJ GIBERTI PPC Quantificação da vulnera bilidade e dano aplicados ao mapeamento e análise de risco escala 110000 UbatubaSP SantosSP In 2º Sibraden Anais SantosSP 2007 RENN O Risk governance coping with uncertainty in a complex world Earthscan London 2008 ROTMANS J ROTHMAN DS Scaling in integrated assessment Lisse Netherlands Swets and Zeitlinger 2003 SÃO PAULO Lei n 76631991 Estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências 1991 SANTOS FM MARANDOLA JR E Populações em situação de risco ambiental e vulnerabilidade do lugar em São Sebastião Litoral de São Paulo Desenvolvimento e Meio Ambiente v26 p103125 2012 SLOVIC P FINUCANE ML PETERS E MACGREGOR DG Risk as Analysis and Risk as Feelings some thoughts about affect reason risk and rationality In P SLOVIC Org The feeling risk new perspectives on risk perception London Earths can p 2136 2010 TEIXEIRA LR Megaprojetos no litoral norte paulista o papel dos grandes empreen dimentos de infraestrutura na transformação regional Tese Doutorado em Ambiente e Sociedade Campinas NEPAMIFCH 2013 TOMINAGA LK FERREIRA CJ VEDOVELLO R TAVARES R SANTORO J SOUZA CRG Carta de perigo a escorregamentos e de risco a pessoas e bens do Litoral Norte de São Paulo conceitos e técnicas In PEJON OJ ZUQUETE LV Org Cartografia Geotécnica e Ambiental Conhecimento do meio físico base para a sustentabilidade São Paulo ABGE p205216 2004 TOMINAGA LK SANTORO J AMARAL R Desastres naturais conhecer para prevenir Lídia K Tominaga Jair Santoro Rosangela do Amaral Orgs São Paulo Instituto Geológico 2009 196p TURNER II BL KASPERSON RE MEYER WB DOW KM GOLDING D KASPERSON JX MITCHELL RC RATICK SJ Two types of global environmental Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 115 Risco vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas change Definitional and spatial scale issues in their human dimensions Global Envi ronmental Change v1 p1422 1990 TURNER II BL KASPERSON RE MATSON P MCCARTHY JJ CORELL RW CHRISTENSEN L ECKLEY N KASPERSON JX LUERS A MARTELLO ML et al A framework for vulnerability analysis in sustainability science PNAS v100 n14 p80748079 2003 UNHABITAT UNITED NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME Cities and climate change Global report on human settlements Earthscan London UK 2011 UNISDR UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION Liv ing with Risk A global review of disaster reduction initiatives Vol II Annexes Geneva UNISDR 2004 UNISDR UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction Risk and poverty in a changing climate Geneva Switzerland UNISDR 2009 UNISDR UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction Revealing Risk Redefining Development Geneva Switzerland UNISDR 2011 178p VALENCIO NFLS et al A produção social do desastre dimensões territoriais e políticoinstitucionais da vulnerabilidade das cidades brasileiras frente às chuvas Teoria e Pesquisa v4445 p67115 2004 VALENCIO NFLS et al Chuvas no Brasil representações e práticas sociais Política e Sociedade v4 n7 p163183 2005 VARGAS D Eu fui embora de lá mas não fui a construção social da moradia de risco In Norma FLS VALENCIO et al Orgs Sociologia dos Desastres construção interfaces e perspectivas no Brasil 1ª Ed São Carlos RiMa p 8095 2009 VANWEY LK OSTROM E MERETSKY V Teorias subjacentes ao estudo de inte rações homemambiente In Ecossistemas florestais interação homemambiente Orgs E Ostrom e EF Moran Editora Senac São Paulo 2009 VEYRET Y Os Riscos o homem como agressor e vítima do meio ambiente Y Veyret Org São Paulo Ed Contexto 2007 319 p VIGNOLA R KLINSKY S TAM J MCDANIELS T Public perception knowl edge and policy support for mitigation and adaption to Climate Change in Costa Rica Comparisons with North American and European studies Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change v18 n3 p303332 2013 WEBER EU What shape perceptions of climate change Climate Change v1 p332 342 2010 Ambiente Sociedade n São Paulo v XIX n 2 n p 95118 n abrjun 2016 116 Iwama Batistella Ferreira Alves e Ferreira WHITE GF Human Adjustment to Floods Research Paper n 29 Department of Geography Chicago The University of Chicago 1945 WHITE GF HASS JE Assessment of Research on Natural Hazards Cambridge MA MIT Press 1975 WMO WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION The Global Climate 20012010 a Decade of Climate Extremes Geneva Switzerland n1103 2013 188p WIENS JA Spatial Scaling in Ecology Functional Ecology v3 n4 p385397 1989 WILBANKS TJ KATES RW Global Change in Local Places How Scales Matters Climatic Change v43 p601628 1999 WINOWIECKI L SMUCKLER S SHIRLEY K REMANS R PELTIER G LOTHES E KING E COMITA L BAPTISTA S ALKEMA L Tools for enhanc ing interdisciplinary communication Sustainability science practices and policy v7 n1 2011 WISNER B BLAIKIE PM CANNON T DAVIS I At risk natural hazards peoples vulnerabillity and disasters 2th Edition New York Routledge 2004 471p WISNER B Vulnerability International Encyclopedia of Human Geography p176 182 2009 YOUNG O R The problem of scale in humanenvironment relationships Journal of Theoretical Politics v6 p42947 1994 Submetido em 04092014 Aceito em 07082015 httpdxdoiorg10159018094422ASOC137409V1922016 Resumo Este artigo trata sobre risco vulnerabilidade e suas implicações sobre a adaptação da população aos problemas já enfrentados em seu cotidiano e os advindos das mudanças climáticas Com base na literatura sobre o tema e no estudo de caso no litoral norte de São Paulo Brasil o trabalho buscou sintetizar os temas que convergem na análise da vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas resumidos em três componentes i a interdisciplinaridade para estudos em ambiente e sociedade exigindo análise multiescalar ii a integração de políticas de ordenamento territorial e iii a governança e comunica ção de riscos Com base em resultados de um levantamento de percepção de riscos 914 entrevistados é apresentada uma reflexão para a análise da vulnerabilidade sob três eixos interconectados risco físico vulnerabilidade social e protagonismo valorizando o grau de protagonismo da população que enfrenta as situações de riscos do meio físico de maneira que sejam orientados esforços de trabalhos integrados e participativos que propiciem o envolvimento da população para enfrentar e reduzir os riscos advindos dos problemas recorrentes e históricos pobreza segregação social e espacial ou daqueles que estão porvir como os das mudanças climáticas Palavraschave Vulnerabilidade Multiescalar Interdisciplinaridade Mudanças Climá ticas Litoral norte de São Paulo Abstract This study addresses risk vulnerability and their implications for the adaptation of communities to the problems they face in the everyday life and to those derived from climate change Based on the literature about risk vulnerability and adaptation to disasters and on a case study conducted in the Northern coast of São Paulo Brazil we summarize the converging themes in the analysis of vulnerability and adaptation to climate change which are divided in three components i interdisciplinarity for studies about environ ment and society requiring multiscale analysis ii the integration of land use management instruments and iii risk governance and communication Based on the results of a risk RISCO VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR AllAn Yu IwAmA mAteus BAtIstellA lúcIA dA costA FerreIrA dIogenes sAlAs Alves leIlA dA costA FerreIrA perception survey 914 interviewees we analyze vulnerability according to three intercon nected axes physical risk social vulnerability and protagonism by emphasizing the role played by the population in face of physical risk situations as a way to guide integrated and participatory work efforts to encourage the engagement of the population to cope with and reduce the risks derived from historical and recurrent problems such as poverty social and spatial segregation or with those that are about to come such as climate changes Keywords Vulnerability Multiscale Interdisciplinarity Climate Change Northern coast of São Paulo Resumen Este artículo aborda el riesgo la vulnerabilidad y sus implicaciones en la adapta ción de la población a los problemas ya que se enfrentan en su vida cotidiana y del cambio climático Basado en la literatura sobre el tema y en el estudio de caso en la costa norte de São Paulo Brasil el artículo hizo una síntesis de los temas que convergen en el análisis de la vulnerabilidad y la adaptación al cambio climático que se resume en tres componentes i la interdisciplinariedad em invetigaciones sobre el ambiente y sociedad que exige una análisis multiescala ii la integración de las políticas de ordenación del territorio y iii la gobernanza y comunicación del riesgo Con base en los resultados de una encuesta de percepción de riesgo 914 encuestados los resultados permiten la reflexión para el aná lisis de vulnerabilidad en tres ejes interconectados riesgo físico la vulnerabilidad social y el papel de la sociedad que destaca el papel de la población ante situaciones de riesgos físicos por lo que se orientan los esfuerzos de trabajo en el manejo integrado y participativo para fomentar la participación de la población para hacer frente y reducir los riesgos de los problemas históricos pobreza segregación social y espacial o los que están por venir ya que los cambios climáticos Palabrasclave Vulnerabilidad Multiescala Interdisciplinariedad Cambio Climático Costa Norte de São Paulo