·

Cursos Gerais ·

Comportamento Organizacional

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

557 557571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 ISSN 16793951 O Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix 1 ¹ Fucape Business School Programa de PósGraduação em Administração Vitória ES Brasil Resumo A literatura sobre voz e silêncio de empregados tem apresentado tais comportamentos como motivados por propósitos calculativos instrumentais o que eu ganhareiperderei se eu falar Eu defendo que voz e silêncio são comportamentos sociofuncionais inseridos em interações do cotidiano no trabalho e me fundamento na teoria da identidade social para propor um modelo baseado em identidades sobre a voz e silêncio de empregados como falar afeta minha definição de quem sou O modelo apresentado explica como indivíduos podem falar ou se manter em silêncio ao preservar ou reestruturar seu senso de self diante de ameaças a identidades Eu também exploro as condições para cada comportamento de voz baseado em identidades e apresento contribuições para as literaturas sobre voz e silêncio nos campos do Comportamento Organizacional e das Relações Industriais Palavraschave Voz Silêncio Identidade Ameaça Self The unspeaking self an identitybased model for employee voice and silence Abstract The literature on employee voice and silence has typically explored these behaviors as being motivated by calculativeinstrumental purposes what will I gainlose if I volunteer information I argue that voice and silence are socialfunctional behaviors that are embedded within everyday interactions at work and I draw on social identity theory to propose an identitybased model of employee voice and silence how does speaking up affect my definition of who I am The presented model explains how individuals can volunteer information or remain silent by preserving or restructuring their sense of self in the face of identity threats I also explore the conditions for each identitybased speaking behavior and offer contributions to both the Organizational Behavior and Industrial Relations literature on employee voice and silence Keywords Voice Silence Identity Threat Self El self que no habla un modelo basado en la identidad de la voz y el silencio de los empleados Resumen La literatura sobre la voz y el silencio de los empleados ha presentado un comportamiento motivado por propósitos instrumentales calculadores qué ganaréperderé si hablo Sostengo que la voz y el silencio son comportamientos sociofuncionales integrados a las interacciones cotidianas en el trabajo y me fundamento en la teoría de la identidad social para proponer un modelo basado en la identidad de la voz y el silencio de los empleados cómo afecta el habla a mi definición de quién soy El modelo presentado explica cómo las personas pueden hablar o permanecer en silencio mientras preservan o reestructuran su sentido de identidad frente a amenazas a las identidades También exploro las condiciones para cada comportamiento de voz basado en la identidad y presento contribuciones a la literatura sobre voz y silencio en los campos de comportamiento organizacional y relaciones industriales Palabras clave Voz Silencio Identidad Amenaza Self Artigo submetido em 26 de março de 2019 e aceito para publicação em 21 de agosto de 2019 Versão traduzida DOI httpdxdoiorg1015901679395120190037 558571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix INTRODUÇÃO Organizações contemporâneas são frequentemente desafiadas a responderem de forma rápida e adequada a cenários de complexidade e mudança BUDD 2014 Neste contexto criar uma força de trabalho que compartilhe informormações e ideias de maneira fluida tornase um uma fonte importante para o alcance de vantagens competitivas WILKINSON e FAY 2011 Aprimorar este fluxo de compartilhamento de ideias permite que organizações ofereçam melhores respostas a demandas ambientais se ajustem a forças contingenciais e melhorem a tomada de decisões FRAZIER e FAINSCHMIDT 2012 Além disso é importante desenvolver ambientes de trabalho em que empregados se sintam confortáveis para expressarem suas insatisfações com injustiças no trabalho PINDER e HARLOS 2001 Desta forma tornase esperado o fato de que gestores e acadêmicos têm aumentado seu interesse em compreender os fatores que promovem e inibem a disposição de trabalhadores para compartilharem informações no trabalho MORRISON 2011 VAN DYNE ANG e BOTERO 2003 Entretanto expressar a voz no trabalho não é uma ação livre de riscos DETERT e EDMONDSON 2011 Por essa razão uma parte relevante da literatura sobre voz e silêncio nos campos do Comportamento Organizacional CO e das Relações Industriais RI tem adotado uma abordagem instrumentalcalculativa para compreender este fenômeno pe DETERT e BURRIS 2007 DETERT e TREVIÑO 2010 LEPINE e VAN DYNE 2001 MORRISON 2011 No entanto expressarse no trabalho é uma faca de dois gumes Por um lado empregados podem possuir o interesse de obter ganhos organizacionais grupais ou individuais por meio de participação e engajamento CHAMBERLIN NEWTON e LEPINE 2018 MORRISON 2011 Mas por outro indivíduos podem questionar se seus esforços adicionais serão recompensados e assim tendem a avaliar os riscos de que a expressão de suas ideias gere insatisfações em outras pessoas ou grupos BURRIS DETERT e CHIABURU 2008 Desta forma a decisão pela voz no ambiente de trabalho é frequentemente abordada como sendo de natureza calculativa instrumental e que envolve uma avaliação da relação entre risco e retorno Este estudo adota uma perspectiva distinta sobre o tema de voz e silêncio no trabalho ao explorar o papel das identidades dos indivíduos em sua decisão de expressar ou não informações relevantes no trabalho Embora eu reconheça a relevância e a plausabilidade da abordagem calculativainstrumental eu sustento a ideia de que voz e silêncio são apenas parcialmente explicadas por essa lente KLAAS OLSONBUCHANAN and WARD 2012 Proponho que além de se perguntarem se perderão ou ganharão algo por expressarem suas vozes no trabalho trabalhadores também se questionam de forma intuitiva de que forma expressarse pode afetar seu senso de autovalor em situações do cotidiano ASHFORD e BARTON 2007 Argumento que a voz e o silêncio de trabalhadores são comportamentos que também são motivados por questões sociais as quais tanto podem levar à preservação como à reestruturação de identidades no âmbito das relações profissionais PETRIGLIERI 2011 Assim neste trabalho objetivo desenvolver um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados No modelo apresentado voz e silêncio são vistos como construídos em relações rotineiras de nível micro LAM REES LEVESQUE et al 2018 e apresentados como respostas antecipatórias para lidar com ameaças às suas identidades decorrentes do possível ato de verbalizarem ideias relevantes no trabalho A literatura sobre voz e silêncio no trabalho pode se beneficiar da adoção desta abordagem baseada em identidades uma vez que ela permite uma análise da decisão de não compartilhar informações no trabalho sob a luz de um motive inexplorado o senso de autovalor de indivíduos SLUSS e ASHFORTH 2007 Portanto este estudo preenche uma lacuna na literatura sobre voz e silêncio ao incluir a lente de identidades na lista dos determinantes para a voz KAUFMAN 2015 KLAAS OLSONBUCHANAN e WARD 2012 MORRISON 2011 REVISÃO DA LITERATURA Voz e silêncio de empregados uma revisão A voz e o silêncio de empregados são definidos na literatura de duas formas principais e diferentes ainda que haja um consenso de que voz se refira a uma oportunidade de se expressar enquanto silêncio seja o oposto MOWBRAY WILKINSON e TSE 2014 No contexto das Relações Industriais RI e do Comportamento Organizacional CO esses conceitos são tratados de formas distintas Na literatura de RI o ato de vocalizar é construído no nível dos sistemas organizacionais e se refere a manifestar insatisfações com o intuito de proteger os interesses dos empregados KAUFMAN 2015 Essa forma de voz tende a ser formal e prósocial KLAAS OLSONBUCHANAN e WARD 2012 Por sua vez a literatura sobre CO vê a voz como uma 559571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix decisão individual de expressar ideias para beneficiar a organização MORRISON 2011 De forma oposta na literatura sobre RI a voz é interpretada como o ato de não expressar formalmente assuntos prósociais que poderiam preservar os interesses dos empregados FELIX MELLO e VON BORELL 2018 Na literatura sobre CO por outro lado vêse o silêncio como uma decisão individual de reter informações relevantes que poderiam melhorar o desempenho organizacional KAUFMAN 2015 Neste sentido a voz tende a ser mais informal e a focar no aperfeiçoamento organizacional ou no funcionamento de uma unidade LAM REES LEVESQUE et al 2018 Neste estudo adoto a perspectiva do CO para voz e silêncio o que é explicado em maiores detalhes no próximo tópico Tais diferenças são sumarizadas na tabela 1 MOWBRAY WILKINSON e TSE 2014 p 4 Quadro 1 Comparando as conceitualizações de voz de empregados em RI e CO Literatura Gestão de recursos humanos relações industriais Comportamento organizacional Forma Sistema Comportamento Motivo Insatisfação présocial Justiça prósocial Expectativa Interno ao papel Externo ao papel Externo ao papel Interno ao papel Beneficiário Empregado Organização Organização Mecanismo Formal Informal Conteúdo e tipos Participação baseada em tarefas Solução de problemas de baixo para cima Sugestão para mudanças e melhoria Expressão de preocupações a respeito de temas danosos à organização Foco Procedimento de queixa Participação na tomada de decisões Comunicação de diferentes ponto de vista Melhora organizacional ou do funcionamento da unidade Fonte Elaborado pelo autor Voz e silêncio de empregados à luz do presente estudo Voz é definida neste estudo como uma comunicação formal ou informal de ideias questionamentos opiniões ou sugestões que pode ocorrer com o intuito de melhorar o funcionamento organizacional eou levantar questionamentos que são independentes dos interesses organizacionais BURRIS DETERT e CHIABURU 2008 DETERT e TREVIÑO 2010 TANGIRALA e RAMANUJAM 2008 Embora seja um comportamento discricionário a voz não ocorre em um vácuo mas no âmbito de um sistema mais amplo de crenças posições sociais e mecanismos que fomentam ou inibem sua expressão FELIX MELLO e VON BORELL 2018 Por sua vez defino silêncio como a retenção de tal comunicação e a negação por compartilhar informações relevantes BRINSFIELD 2013 GREENBERG e EDWARDS 2009 MORRISON e MILLIKEN 2000 TANGIRALA e RAMANUJAM 2008 WANG e HSIEH 2013 Em ambos os casos refirome a comunicações verticais e horizontais O conteúdo do que não é dito pode incluir diferentes formas de informações críticas relacionadas ao trabalho TANGIRALA e RAMANUJAM 2008 como denúncia de maus comportamentos PINDER e HARLOS 2001 ou injustiça NG e FELDMAN 2012 uma opinião dissidente ou uma sugestão para melhorar o desempenho organizacional DUTTON e ASHFORD 1993 As definições apresentadas para voz e silêncio dos funcionários retratam ambos os dois como comportamentos opostos mas há controvérsia em torno dessa questão na literatura Meu entendimento está alinhado com outros estudos pe DONAGHEY CULLINANE DUNDON et al 2011 MORRISON 2011 MORRISON WHEELERSMITH e KAMDAR 2011 TANGIRALA e RAMANUJAM 2008 nos quais a decisão de expressar potencialmente informação relevante voz é o oposto de optar por retêla silêncio ou seja um alto nível de voz está associado a um baixo nível de silêncio e viceversa MORRISON 2011 No entanto alguns estudiosos argumentam que embora a voz seja uma escolha proativa o silêncio pode ser uma resposta padrão ou um estado habitual como tal devem ser tratados como construtos separados BRINSFIELD 2013 PINDER e HARLOS 2001 VAN DYNE ANG e BOTERO 2003 Morrison 2011 sugeriu que a maioria das definições de silêncio inclui a retenção intencional de informações e não a falta passiva de fala HARVEY MARTINKO e DOUGLAS 2009 MORRISON e MILLIKEN 560571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix 2000 WANG e HSIEH 2013 Desse modo vejo voz e silêncio como lados diferentes da mesma moeda ASHFORD SUTCLIFFE e CHRISTIANSON 2009 CULLINANE e DONAGHEY 2014 Motivações para a voz e o silêncio de empregados o que sabemos até aqui Como este artigo tem como objetivo apresentar um modelo baseado em identidade para voz e silêncio no trabalho é importante revisar como a literatura tem explorado os diferentes motivos que os indivíduos têm para tais comportamentos Uma suposição comum na literatura sobre CO e RI é que o motivo principal da voz é remover a insatisfação por meio da melhoria da organização Uma vez que expressar seus pensamentos é um comportamento arriscado os indivíduos ponderam sobre as consequências da decisão de oferecer informações confidenciais Assim a maioria dos estudos que analisam os motivos da voz e do silêncio dos funcionários adotou uma perspectiva instrumental calculista pe BURRIS 2012 DETERT e BURRIS 2007 Entretanto outros estudos também exploraram explicações além das explicações calculistasinstrumentais para esses comportamentos ASHFORD e BARTON 2007 DETERT e EDMONDSON 2011 Estudos desenvolvidos sob a perspectiva de motivos instrumentaiscalculativos para a voz e o silêncio dos funcionários enfatizam duas questões principais MORRISON 2011 Primeiro eles se concentram nas avaliações do indivíduo sobre a probabilidade da eficácia de expressar seus pensamentos eficácia percebida da voz e isso significa que os indivíduos se perguntam se o alvo ouvirá e usará as informações fornecidas para fazer as alterações ou melhorias relacionadas ao que foi expresso DETERT e BURRIS 2007 Quando os funcionários nesse processo de avaliação experimentam sentimentos de inutilidade PINDER e HARLOS 2001 e interpretam que falar não resultará em serem ouvidos tendem a adotar um silêncio aquiescente KNOLL e VAN DICK 2013 VAN DYNE ANG e BOTERO 2003 Tais estudos se baseiam em suposições da teoria clássica da motivação de Vroom 1964 segundo a qual os esforços estão relacionados a crenças de expectativas Segundo tais motivos enfatizam as avaliações que indivíduo fazem sobre a probabilidade de obter resultados negativos em decorrência ao ato de falar segurança percebida da voz o que sugere que os funcionários questionem se expressar seus pensamentos pode gerar retaliação e punição Alguns exemplos seriam prejudicar sua avaliação de desempenho ou gerar outros custos relacionados à carreira como perder uma promoção ou ser demitido WHITESIDE e BARCLAY 2013 Nesse caso confiança e medo são as forças motrizes que levam a comportamentos de voz e silêncio e a segurança psicológica é frequentemente retratada como mediadora entre o comportamento de voz e seus antecedentes CULLINANE e DONAGHEY 2014 Argumento que a decisão de falar e a maneira de falar no trabalho são influenciadas por processos psicológicos menos intencionais de gerenciamento de identidade individual Para fornecer suporte conceitual ao meu argumento a seguir utilizo a literatura existente para explicar como defino a identidade neste artigo por que os eventos que ocorrem quando os indivíduos questionam se devem falar são percebidos como ameaças à identidade e o que se sabe sobre como os indivíduos reagem a tais situações Identidade social e voz e silêncio de empregados Definindo identidade O modelo apresentado baseiase na ideia de que as interações no local de trabalho oferecem um estímulo à ativação identitária ASHFORTH 2001 LEAVITT e SLUSS 2015 FELIX e CAVAZOTTE 2019 e que situações no cotidiano organizacional incluindo as opções para não falar são navegados pelo self social HOGG e TERRY 2000 Como existem muitas abordagens distintas para o estudo da identidade PRATT e FOREMAN 2000 GOMES e FELIX 2019 defino o que quero dizer com o termo identidade no contexto deste estudo Primeiro concentrome apenas nas identidades individuais ou auto e não exploro identidades mantidas por um grupo ou por uma coletividade neste artigo Segundo identidades refletem a consistência em termos de como as pessoas pensam agem e sentem sobre si mesmas Elas funcionam como estruturas implícitas de significado que norteiam a compreensão do mundo adotada por um indivíduo BREWER e GARDNER 1996 FELIX e CAVAZOTTE 2019 Eles também servem para satisfazer nossa necessidade de nos vermos de uma maneira positiva DUTTON ROBERTS e BEDNAR 2010 As identidades ajudam os indivíduos a alcançar algum nível de estabilidade emocional e cognitiva necessárias para interagirem nas relações de trabalho COOPER e THATCHER 2010 561571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix Terceiro embora as identidades ofereçam estabilidade ao senso de self essas definições não são particularmente estáveis ou homogêneas os indivíduos desenvolvem um conjunto de possíveis eus distintos e escolhem as identidades específicas que parecem gerar resultados mais apropriados no contexto de interações específicas que desenvolvem no trabalho CONROY e OLEARYKELLY 2014 Assim as identidades individuais são maleáveis ver maleabilidade da identidade MARKUS e WURF 1987 PETRIGLIERI 2011 CONROY e OLEARYKELLY 2014 possuem caráter múltiplo e dinâmico e são constantemente avaliadas por meio de interações sociais Nesse processo indivíduos conferem diferentes níveis de importância a identidades distintas Essa propriedade denominada saliência de identidade referese à importância central de uma identidade para seu selso de self e sugere que indivíduos tendem a fazer escolhas razoavelmente consistentes quando confrontados com situações conflituosas ao longo do tempo ASHFORTH 2001 Quarto as identidades são suscetíveis à influência das proscrições sociais ver WEAVER e AGLE 2002 porque o eu reflete a sociedade o senso de autoestima é construído socialmente MEAD 1934 Assim como indivíduos refletem a sociedade estrutura e fazem escolhas agência é possível ver que indivíduos diferentes mostram níveis distintos de internalização de proscrições sociais relacionais e coletivas em suas identidades Por exemplo o aspecto coletivo da identidade de uma pessoa religiosa pode fazêla sentirse valorizada quando age honestamente Então mesmo quando confrontada com uma situação em que expressarse é confortável para sua relação com sua religião identidade coletiva essa pessoa pode ter uma tendência mais forte para expressar suas ideias HOOD JUNIOR SPILKA HUNSBERGER et al 1996 Em resumo indivíduos negociam suas identidades nas interações sociais e eu argumento que essas identidades são mantidas ou alteradas nas interações sociais por meio da adoção de comportamentos no contexto organizacional como voz e silêncio Falar ou permanecer calado sobre questões relevantes no trabalho pode contribuir para o reforço do senso de self de um indivíduo ASHFORD e BARTON 2007 No entanto em algumas situações em que o comportamento de um indivíduo não se alinha à expectativa que outros significativos possam ter seu senso de autoestima pode ser afetado A seguir forneço uma explicação para esse processo que é chamado de ameaça à identidade KREINER e SHEEP 2009 Ameaças a identidades como indivíduos lidam com elas Ameaças à identidade são experiências avaliadas como indicativas de dano potencial ao valor significados e representação de uma identidade PETRIGLIERI 2011 p 644 Proponho que quando um indivíduo enfrenta uma situação na qual o ato de falar é interpretado como potencialmente prejudicial ao seu senso de autoestima esse indivíduo enfrenta uma ameaça de identidade Para uma melhor explicação da definição escolhida a seguir esclareço os dois aspectos principais que estão presentes nessa definição A expressão experiências avaliadas como indicativas de dano potencial sugere que o lócus da ameaça de identidade não ésão os indivíduos ameaçadores mas o indivíduo ameaçado Um indivíduo pode interpretar uma situação como uma ameaça de identidade e é a sua posição de interpretador que é a central nesse processo PETRIGLIERI 2011 isso implica por exemplo que o comportamento de um líder em uma reunião não possa ser classificado por si como uma ameaça de identidade Para caracterizar um comportamento como uma ameaça de identidade o indivíduo a quem esse comportamento é direcionado precisa interpretar a experiência como um dano potencial à sua identidade SMITH 1991 Assim indivíduos avaliam o significado de um determinado evento com base em seu bemestar PETRIGLIERI 2011 decidem como classificarão o evento e depois como responderão a ele SMITH 1991 O fato de os indivíduos avaliarem as ameaças à identidade de maneira diferente é geralmente explicado pelo termo sensibilidade à ameaça à identidade ou sensibilidade à ameaça que se refere à tendência de um indivíduo de interpretar as experiências de conflito como potencialmente prejudiciais para si SLUSS e ASHFORTH 2007 Isso significa dizer que a mesma experiência pode ser interpretada como positiva ou neutra por um indivíduo mas como altamente ameaçadora por outro LEAVITT e SLUSS 2015 Tendo discutido o significado de uma ameaça de identidade concluo a revisão da literatura explorando como os indivíduos lidam com ameaças de identidade Quando eles avaliam uma experiência como prejudicial ao seu senso de autovalor tendem a negar a ameaça com a adoção de respostas antecipadas de enfrentamento Essas respostas de enfrentamento são esforços cognitivos e comportamentais que visam reduzir a gravidade dos danos à identidade de uma pessoa SMITH 1991 Petriglieri 2011 categorizou dois tipos diferentes de respostas antecipadas de enfrentamento ou respostas a ameaças com base em sua função respostas de preservação e reestruturação de identidade As respostas de preservação de identidade têm como alvo a fonte do dano potencial e não envolvem alterações na identidade ameaçada Todavia essas respostas de 562571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix enfrentamento nem sempre são bemsucedidas e o indivíduo pode acreditar que uma ameaça de identidade é insolúvel sob a condição da autodefinição existente LEAVITT e SLUSS 2015 Uma resposta alternativa de enfrentamento nesse caso é a adoção de respostas de reestruturação de identidade que visam à transformação de um aspecto da identidade ameaçada para restabelecer a estabilidade do eu ASHFORTH 2001 Neste artigo integro a perspectiva micro de CO sobre voz e o silêncio dos funcionários e a literatura de identidade para desenvolver um modelo para explorar os motivos relacionados ao self que levam à escolha de falar ou permanecer em silêncio no trabalho Na seção seguinte introduzo as duas questões que orientaram a construção do modelo e orientaram a lógica de sua apresentação Pergunta 1 Como os funcionários usam a voz e o silêncio como respostas a ameaças de identidade relacionadas à voz no trabalho Pergunta 2 Quais são as condições que influenciam a maneira como os indivíduos respondem às ameaças de identidade relacionadas à voz Um modelo baseado em identidade de voz e silêncio dos funcionários Com base na revisão que apresentei na literatura sobre vozsilêncio e identidade dos funcionários apresento o modelo teórico desenvolvido neste estudo na Figura 1 Tal modelo é apresentado por meio de um conjunto de proposições que explicam como o senso de autoestima de um indivíduo pode ser uma força motriz em relação à decisão de oferecer informações voluntárias no trabalho Tais proposições são representadas por termos que vão de P1 a P5b Figura 1 Um modelo baseado em identidades para o silêncio e voz de empregados Fonte Elaborada pelo autor 563571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix Respostas a ameaças à identidade Para responder à primeira pergunta Como as pessoas usam a voz e o silêncio como respostas a ameaças de identidade relacionadas à voz no trabalho começo teorizando que quando um funcionário sente dúvidas sobre se deve compartilhar uma ideia relevante no trabalho o que chamo de conflito de voz essa dúvida pode às vezes ser motivada por uma preocupação com o impacto da decisão de se manifestar sobre seu autovalor Conforme afirmado por Ashford e Barton 2007 essa decisão não se baseia apenas em uma avaliação racional e explícita da eficiência percebida e da segurança da voz mas também em uma preocupação com o impacto da decisão da voz no self Quando isso acontece é estabelecida uma ameaça de identidade relacionada à voz que é uma experiência intersubjetiva na qual os indivíduos questionam se o ato de expressar informações relevantes por razões organizacionais pode prejudicar o valor o significado e a representação de suas identidades no futuro Assim esse tipo de ameaça é distinto daquele que é mais comumente descrito na literatura de voz na medida em que o foco da dúvida não é apenas cognitivo mas também emocional Embora as ameaças de identidade relacionadas à voz sejam um fenômeno social suas repercussões são centradas no self Quando uma ameaça de identidade relacionada à voz é avaliada pelo funcionário como algo que indica dano potencial ao senso de autoestima do indivíduo ela pode ser classificada como uma forma de ameaça à identidade Nesse caso ao questionar se devem oferecer informações voluntariamente indivíduos avaliam a se seu senso de valor próprio será desvalorizado no futuro valor b se a associação entre a identidade e seus significados será possível no futuro significado e c se eles serão capazes de representar a identidade em outras interações no futuro representação Assim todos os critérios sugeridos por Petriglieri 2011 para caracterizar uma ameaça de identidade se aplicam a esses conflitos de voz Esta teorização é importante porque a presença de um componente relacionado a identidades em um conflito de voz influencia a maneira como os indivíduos responderão a ele A abordagem calculativainstrumental para conflitos de voz sugere que os comportamentos relacionados à voz sejam de expressão ou não geralmente são estratégicas intencionais e focadas em maximizar ganhos pessoais e minimizar perdas o que é razoável quando o conflito de voz é causado apenas por questões instrumentaiscalculativas DETERT e BURRIS 2007 É razoável que a maioria dos comportamentos de voz e silêncio explorados na literatura sejam estratégicos Contudo quando o conflito de voz é causado por questões relacionadas ao self faz sentido sugerir que eles ativem outros tipos de comportamentos de voz e silêncio como respostas ASHFORD e BARTON 2007 Eu chamo essas respostas de comportamentos de voz baseados em identidade Assim proponho o seguinte Proposição 1 As ameaças de identidade relacionadas à voz são respondidas com respostas de voz baseadas em identidade e não com respostas de voz instrumentaiscalculativas Proponho que as respostas de voz baseadas em identidade sejam compostas de duas dimensões bipolares A primeira dimensão veja o eixo vertical na Figura 1 é o tipo de resposta que os funcionários apresentarão Como um conflito de voz baseado em identidade pode ser classificado como uma ameaça de identidade recorro à literatura de respostas para ameaças de identidade a fim de responder a essa pergunta Fundamentome na classificação de Petriglieri 2011 de respostas antecipadas de enfrentamento a ameaças de identidade para sugerir dois grupos de motivos de possíveis respostas de ameaças com base em suas funções respostas de proteção da identidade e respostas de reestruturação da identidade Enquanto o primeiro não envolve mudanças na identidade ameaçada o segundo exige uma transformação em algum aspecto ameaçado do self Então Proposição 2 Quando indivíduos experimentam ameaças de identidade relacionadas à voz eles podem adotar P2a respostas de preservação da identidade que não envolvem alterações na identidade do funcionário ou P2b respostas de reestruturação da identidade que envolvem a transformação de algum aspecto da identidade ameaçada Conquanto as respostas de reestruturação da identidade às ameaças de identidade relacionadas à voz possam ser intuitivamente associadas ao ato de expressarse uma resposta de preservação da identidade pode estar também associada ao silêncio Teorizo que tanto voz como silêncio são estratégias possíveis para indivíduos que decidem preservar ou reestruturar suas identidades É importante esclarecer que entendo a voz como o ato de vocalizar as informações relevantes em questão Assim como os indivíduos podem não vocalizar seus problemas conforme ilustrado na Figura 1 os polos que representam essa dimensão são voz e silêncio Isso está de acordo com a posição explicada anteriormente adotada neste artigo na qual 564571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix vejo voz e silêncio como polos opostos ao longo de um continuum ASHFORD SUTCLIFFE e CHRISTIANSON 2009 CULLINANE e DONAGHEY 2014 MORRISON 2011 Apesar de entender que é possível considerar a existência de falar em silêncio ou dizer sem dizer aqui adoto uma abordagem verbal para o uso dos termos voz e silêncio Juntas essas duas dimensões tipos de respostas de enfrentamento no eixo vertical e decisão de voz no eixo horizontal formam quatro quadrantes cada um dos quais representa uma motivação preservar ou reestruturar uma identidade para a escolha de respostas de voz ou silêncio do empregado A voz preservadora da identidade referese ao ato de expressar informações relevantes sem transformar a identidade do funcionário Isso requer a capacidade de retratar a ideia apresentada como complementar e não incompatível com o aspecto do eu que pode ser ameaçado pelo ato de expressarse Exemplo um funcionário com uma identidade proeminente prógerenciamento deseja reclamar de uma prática organizacional que ele considera injusta com seus colegas No entanto ele entende que compartilhar essa opinião abertamente afetará seu senso de autoestima pois contradiz uma identidade valorizada pelo grupo Assim ele tenta expressar sua percepção de injustiça sustentando que ao corrigir essa prática a organização poderá obter um melhor desempenho Assim o indivíduo compartilha sua percepção sob uma estrutura de argumentação que visa preservar sua identidade prógestão A voz reestruturadora da identidade referese ao ato de expressar informações relevantes de forma que haja uma mudança na identidade do funcionário Nessa forma de voz o indivíduo assume o risco de ser desvalorizado no processo de reconstruir sua identidade Aqui manifestarse é o ato de expressar uma ideia e também envolve a reconstrução da identidade Exemplo na mesma situação apresentada anteriormente o indivíduo decide compartilhar abertamente sua percepção Ele sabe que essa autoexposição ameaçará sua identidade prógestão Nesse caso o senso de autoestima é promovido no sentido de que alguns funcionários independentes aplaudem essa iniciativa o que pode levar esse indivíduo à construção de uma nova identidade saliente independente O silêncio preservador da identidade referese ao ato de reter informações relevantes de maneira a preservar a identidade ameaçada Nesse caso o indivíduo finge que nada está ocorrendo e decide assumir os custos da inautenticidade resultante Por exemplo na mesma situação de exemplo o indivíduo decide não expressar sua percepção preservando assim sua identidade de prógestão O silêncio reestruturador da identidade referese ao ato de ocultar informações relevantes de tal maneira que outros possam questionar se o silêncio é causado por uma mudança na identidade do indivíduo Essa resposta é uma forma dramatúrgica de falar por omissão com o objetivo de fazer com que outros percebam que há algo a ser dito Por exemplo nesse caso o funcionário apresentado anteriormente optaria por não verbalizar sua opinião mas com uma intenção diferente daquela encontrada no silêncio de preservação de identidade O indivíduo pró gestão pretende chamar a atenção omitindo sua opinião em uma situação na qual sua identidade social faz com que outros esperem que ele fale em favor do ponto de vista organizacionalPorém através de seu silêncio o indivíduo quebra essas expectativas e gera especulações sobre a possibilidade de ele agora estar adotando uma perspectiva independente e crítica Assim sugiro o seguinte Proposição 3 Voz e silêncio são respostas através das quais os indivíduos podem manifestar sua vontade de preservar ou reestruturar uma identidade Condições que influenciam as respostas às ameaças à identidade Quais são as condições que influenciam as respostas que os indivíduos adotam para decisões de voz baseadas em identidade Recorro a pesquisas anteriores sobre voz e silêncio e identidades sociais de funcionários para propor explicações sobre as características relacionadas à identidade que os indivíduos podem ter e que influenciam suas opções de voz silêncio e respostas de preservação e reestruturação de identidade a ameaças de identidade relacionadas à voz Condições para a voz e o silêncio Começo explorando a opção pela voz Sugiro que indivíduos que internalizam uma proscrição profissional de voz em sua personalidade tendem a usar a voz seja uma voz de preservação ou de reestruturação de identidade como resposta a ameaças de identidade relacionadas à voz Traços de personalidade LEPINE e VAN DYNE 2001 e preferências de estilo cognitivo JANSSEN DE VRIES e COZIJNSEN 1998 por exemplo podem influenciar a noção de comportamento de voz como 565571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix fonte de distinção pessoal Essa evidência sugere que indivíduos com níveis mais altos de extroversão e consciência tendem a se ver positivamente quando adotam comportamentos de voz O comportamento e a personalidade de um líder também podem influenciar um indivíduo a oferecer informações com mais frequência no trabalho DETERT e BURRIS 2007 É possível sugerir que indivíduos com identidades relacionais altamente salientes imitam o comportamento de seu líder e depois nutrem sua relação com ele pelo ato de falar no trabalho Por sua vez o nível coletivo do eu pode provocar uma internalização de comportamentos próvoz devido à influência da cultura organizacional DUTTON ASHFORD LAWRENCE et al 2002 percepção de papéis VAN DYNE KAMDAR e JOIREMAN 2008 estruturas e mecanismos coletivos próvoz MORRISON e MILLIKEN 2000 Sugiro que indivíduos com identidades coletivas altamente salientes que possuem uma proscrição próvoz internalizada tendam a se expressar tornandose um membro prototípico do coletivo Por isso proponho que Proposição 4a A internalização de uma proscrição próvoz na personalidade de uma pessoa aumenta as chances de que elas adotem a voz como resposta a ameaças à identidade relacionadas à voz A seguir analiso as condições nas quais tende a ocorrer a decisão do silêncio Eu teorizo que o silêncio é geralmente adotado quando os indivíduos interpretam que falar em público comprometerá seu senso de valor próprio A voz reestruturadora da identidade é sustentável apenas se o indivíduo encontrar apoio afetivo em relação à identidade emergente que está contida no conteúdo do que é dito Quando os funcionários não conseguem obter esse apoio tendem a optar pelo silêncio Em outras palavras sustento que a percepção de intratabilidade de ameaças a interpretação de que uma ameaça de identidade é insolúvel nas condições existentes LEAVITT e SLUSS 2015 p 597 aumenta a probabilidade de empregados optarem pelo silêncio Os conflitos de voz quando avaliados como ameaças de identidade geram sofrimento psicológico o que motiva indivíduos a tentar eliminar tais sentimentos por meio de estratégias deliberadas e iterativas PETRIGLIERI 2011 Em tais situações os indivíduos podem por exemplo tentar se convencer imaginativamente de que falar não prejudicará seu senso de autoestima O uso do trabalho de identidade uma estratégia de enfrentamento na qual o indivíduo gira a identidade para ressignificála em direção a uma interpretação mais favorável alinhada ao seu próprio senso específico de self é um exemplo dessa estratégia LEAVITT e SLUSS 2015 No entanto quando ocorre a percepção de que essas estratégias de gerenciamento de significado de identidade não funcionam e que a divulgação tornará insustentável a representação de uma identidade destacada no futuro a ameaça de identidade relacionada à voz é interpretada como intratável e o silêncio é escolhido Desta forma teorizo o seguinte Proposição 4b A intratabilidade da ameaça aumenta a probabilidade de que empregados adotem o silêncio como resposta a ameaças à identidade relacionadas à voz Condições em que ocorrem as respostas e preservadoras e reestruturadoras da identidade Sugiro que as respostas de preservação da identidade às ameaças de identidade relacionadas à voz voz ou silêncio preservador da identidade têm maior probabilidade de ocorrer quando a identidade ameaçada é altamente saliente para o funcionário Quanto mais central é a identidade para o senso de self menos os indivíduos tendem a colocar em risco o aspecto de seu autovalor que é derivado dessa identidade ASHFORTH 2001 Assim se o aspecto do eu que está ameaçado na possível comunicação de uma ideia relevante no trabalho for saliente na composição identitária de um funcionário ele provavelmente evitará respostas que os exponham à rejeição e desaprovação Nesse caso o funcionário escolhe uma resposta de enfrentamento que não envolve alterações na identidade ameaçada Proponho então o seguinte Proposição 5a A sailência de identidade ameaçada aumenta a probabilidade de que um empregado adote uma voz ou silêncio preservador da identidade como resposta às ameaças à identidade relacionadas à voz Por sua vez argumento que é mais provável que as respostas à reestruturação da identidade ocorram quando o indivíduo apresenta maior maleabilidade da identidade As respostas à reestruturação da identidade são baseadas em uma tentativa explícita ou implícita de abandonar a identidade que está relacionada ao eu socialmente desejado Isso só é possível porque as identidades são dinâmicas e multifacetadas apesar de razoavelmente estáveis MARKUS e WURF 1987 PETRIGLIERI 2011 Assim as identidades têm a propriedade de serem maleáveis Todavia os indivíduos podem mostrar diferentes graus de maleabilidade de suas identidades Alguns funcionários podem estar mais abertos a saídas de identidade do que outros LEAVITT e SLUSS 2015 e sugiro que essa abertura para alternar entre identidades que melhor promovam o senso 566571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix de autoestima aumenta a probabilidade de que a reestruturação de identidade seja escolhida como resposta a ameaças de identidade relacionadas à voz Portanto Proposition 5b A maleabilidade da identidade aumenta a probabilidade de que empregados adotem voz ou silêncio restruturadores da identidade como respostas a ameaças à identidade relacionados à voz Na Figura 2 eu apresento um sumário das condições para para cada resposta de voz baseada em identidades baseadas nas Proposições 4a5b o que leva a um melhor entendimento das circunstâncias nas quais cada resposta possui maior probabilidade de ocorrer Figura 2 Condições que influenciam as respostas a ameaças a identidades identity threats Fonte Elaborada pelo autor Após apresentar o modelo baseado em identidades para a voz e o silêncio de empregados no próximo tópico eu discuto as principais contribuições deste modelo para a literatura sugiro direções para futuras pesquisas e apresento as implicações práticas do modelo para organizações e trabalhadores Discussão Voz e silêncio dos funcionários a despeito de serem construtos amplamente explorados são subteorizados no que tange ao comportamento cotidiano no local de trabalho Este trabalho se insere nessa lacuna teorizando que a voz e o silêncio dos funcionários são a comportamentos sociofuncionais incorporados nas interações no local de trabalho e b respostas a uma ameaça de identidade que ocorre quando um indivíduo questiona se expressar informações relevantes prejudicaria seu senso de identidade Através da adoção de uma lente teórica de identidades que permite conectar ações individuais e estruturas sociais baseadas em papéis este estudo contribui para a literatura de voz e silêncio dos funcionários são fornecidos insights 567571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix teóricos que só poderiam emergir de uma perspectiva interdisciplinar sobre os motivos pelos quais pessoas decidem expressar sua voz Este trabalho responde à recente chamada para um desenvolvimento teórico mais integrador a respeito da voz e do silêncio dos funcionários KLAAS OLSONBUCHANAN e WARD 2012 A principal contribuição desta pesquisa para a literatura de voz do OB é acrescentar a identidade como um dos motivos para o ato de expressarse ou permanecer em silêncio no trabalho Esses motivos são complementares à abordagem instrumental calculativa que domina a literatura Este artigo estende os estudos anteriores que propuseram abordagens não calculativas para a voz dos funcionários como o estudo de Ashford e Barton 2007 sobre como identidade influencia a proposição de resolução de problemas nas organizações e o estudo de Detert e Edmondson 2011 sobre as teorias implícitas da voz O modelo apresentado mostra um processo psicológico implícito e menos intencional que visa proteger o senso de autoestima de um indivíduo enquanto ele decide se deve compartilhar informações voluntariamente O trabalho também introduz fatores individuais e contextuais que influenciam a maneira como os indivíduos avaliam um conflito de voz baseado em identidade e as condições que influenciam as estratégias de enfrentamento que os indivíduos usam para responder a eles Este estudo tem implicações para as disposições que empregados possuem para manifestarem ou não informações relevantes no trabalho Embora estudos anteriores tenham sugerido que os indivíduos respondem aos sinais do ambiente em que trabalham ao avaliar a decisão de compartilhar ideias e preocupações DUTTON ASHFORD LAWRENCE et al 2002 STAMPER e VAN DYNE 2001 independentemente do contexto alguns indivíduos são mais inclinados a oferecerem informações voluntárias que outras MORRISON 2011 Fatores como sentimentos de eficácia dos indivíduos TANGIRALA e RAMANUJAM 2008 preferências de personalidade e estilo cognitivo JANSSEN DE VRIES e COZIJNSEN 1998 mostraramse como antecedentes dos comportamentos vocais no trabalho em pesquisas anteriores Entretanto nesta pesquisa apresentei um antecedente individual inexplorado na literatura a sensibilidade a ameaças de identidade que é a tendência de um indivíduo a interpretar um conflito como potencialmente prejudicial para seu self SLUSS e ASHFORTH 2007 Afirmei que as ameaças de identidade relacionadas à voz são respondidas com respostas de voz baseadas em identidade Em outras palavras os indivíduos que são mais vulneráveis em seu senso de autoestima tendem a adotar as quatro respostas de voz baseadas em identidade apresentadas neste artigo Esse é um importante avanço teórico para a literatura sobre voz e silêncio dos funcionários pois retrata essas decisões como comportamentos sociofuncionais que ajudam os indivíduos a navegar socialmente Assim explicamos como eles enfrentam situações de conflito no trabalho de forma a se verem de uma maneira positiva e promovendo sua distintividade pessoal Esta pesquisa também contribui para a literatura de RI sobre voz e silêncio dos funcionários Estudos em nível micro sobre voz geralmente ignoram o contexto externo das organizações e isso as leva a uma suscetibilidade a um viés etnocêntrico porque grande parte do poder explicativo pode derivar de fatores que dependem da cultura KAUFMAN 2015 Hoption Christie e Barling 2008 sugeriram que a voz e o silêncio dos funcionários devem ser teorizados com a ideia de que as organizações são sistemas abertos que influenciam e são influenciados pelo que acontece no ambiente econômico jurídico e cultural No modelo apresentado as ameaças de identidade relacionadas à voz não são interpretadas como um fenômeno que se origina do indivíduo ameaçador mas do indivíduo ameaçado Isso significa que embora o comportamento de outras pessoas possa estimular ou desencorajar a emissão de opiniões é o indivíduo que está refletindo sobre se deve se manifestar ou não que verá a situação como ameaçadora PETRIGLIERI 2011 Esse julgamento no entanto pode ser fortemente influenciado pelo fato de a economia estar em expansão ou em recessão se a lei em um país promove a estabilidade de um funcionário se as organizações podem facilmente demitir funcionários e se o sistema cultural tem uma distância de poder alta ou baixa por exemplo Em economias em recessão nas quais as organizações podem facilmente mudar de trabalhadores permanentes para trabalhadores temporários e em culturas com alta distância de poder os indivíduos provavelmente mostrarão maior sensibilidade às ameaças e então terão mais chances de adotar respostas de voz baseadas em identidade Pesquisas futuras Esse modelo baseado em identidade sobre voz e silêncio dos funcionários oferece respostas preliminares sobre como o senso de self de um indivíduo pode influenciar a decisão de falar ou permanecer em silêncio no trabalho e também abre novos caminhos para explorar esse problema em estudos futuros Primeiro os pesquisadores podem investigar os efeitos da adoção de cada uma das quatro respostas baseadas em identidade ao longo do tempo no senso de self do indivíduo O trabalho de identidade é um processo contínuo LEAVITT e SLUSS 2015 como tal futuras pesquisas longitudinais poderiam explorar padrões a respeito de como a voz ou o silêncio baseado em identidade levam a outros comportamentos e das consequências da adoção recorrente de uma das táticas descritas É possível que a voz reestruturadora da identidade possa 568571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix exigir comportamentos adicionais quando ocorrerem conflitos de voz subsequentes para proteger ou sustentar a identidade emergente que foi revelada em sua reestruturação Também seria interessante elucidar as conseqüências da adoção da voz preservadora da identidade para a autoestima uma vez que pesquisas anteriores examinaram os resultados negativos produzidos pelo sentimento de falta de autenticidade gerado por essas estratégias Segundo estudos poderiam explorar a influência de motivos baseados em identidades nas características individuais que aumentam a probabilidade de os indivíduos optarem por falar ou não Por exemplo como pesquisas anteriores sugeriram que extrovertidos atribuem maior importância à atenção social ASHTON LEE e PAUNONEN 2002 esses indivíduos provavelmente são mais suscetíveis a ameaças de identidade relacionadas à voz Além disso existem evidências de que indivíduos com altos níveis de amabilidade tendem a adotar uma abordagem social para o comportamento LEIKAS e LINDEMAN 2009 e a identificar ameaças de identidade nas interações cotidianas Terceiro embora a voz seja intuitivamente associada a uma resposta de reestruturação de identidade a ameaças de identidade e o silêncio possa ser considerado uma resposta de preservação de identidade este artigo propõe que os indivíduos possam reestruturar sua identidade através do silêncio ou preservála por meio da voz Portanto essas duas formas contraintuitivas de voz baseada em identidade precisam de uma exploração adicional para que possamos entender melhor as táticas adotadas pelos indivíduos quando eles querem falar em silêncio ou falar sem prejudicar o eu atual Seria particularmente relevante explorar a comunicação não verbal que ocorre durante o silêncio reestruturador da identidade e as estruturas paradoxais semânticas da voz preservadora da identidade Impicações Práticas Esta pesquisa tem implicações para funcionários líderes organizações e sindicatos O modelo apresentado pode ajudar os funcionários a se tornarem mais conscientes de suas decisões de voz ou ao silêncio no trabalho pois frequentemente vivenciam ameaças de identidade relacionadas à voz Ao reconhecer a dinâmica de vozsilêncio e de preservaçãoreestruturação da identidade os funcionários podem evitar padrões não intencionais e indesejados em suas respostas de enfrentamento Por sua vez os líderes podem refletir sobre como a maneira como se relacionam pode pressionar seus subordinados a se comportarem de uma maneira específica Por exemplo é possível que a pressão excessiva dos líderes pela proatividade e autossuficiência dos funcionários silencie os subordinados que desejam expressar que a equipe precisa de mais treinamento mas temem ser rotulados pelo líder como muito reativos ou dependentes do apoio organizacional As organizações e os sindicatos também devem prestar atenção ao tipo de pressão que aplicam e se essas pressões representam ameaças à identidade dos funcionários Neste caso recomendo que as organizações trabalhem no desenvolvimento de uma imagem coletiva que seja interpretada como próvoz o que tende a aumentar o sucesso dos mecanismos de voz Além disso sugiro que os sindicatos trabalhem para o desenvolvimento de uma imagem coletiva que pareça mais atraente para os indivíduos porque a decisão de se envolver nessa forma de voz também pode ser influenciada por questões de identidade Isso no entanto exigiria uma profunda reflexão sobre o significado que é institucionalmente associado à voz sindical em um sentido mais amplo 569571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix REFERÊNCIAS ASHFORD S J BARTON M A Identitybased issue selling In BARTEL C A BLADER S WRZESNIEWSKI A Eds Identity and The Modern Organization New York Psychology Press 2007 ASHFORD S J SUTCLIFFE K M CHRISTIANSON M K Speaking up and speaking out the leadership dynamics of voice in organizations In GREENBERG J EDWARDS M S Eds Voice and Silence in Organizations Bingley Emerald 2009 ASHFORTH B Role transitions in organizational life an identity based perspective London Routledge 2001 ASHTON M C LEE K PAUNONEN S V What is the central feature of extraversion Social attention versus reward sensitivity Journal of Personality and Social Psychology v 83 n 1 p 245252 2002 Disponível em httpdoiorg10103700223514831245 Acesso em 03 set 2019 BREWER M B GARDNER W Who is this we Levels of collective identity and self representations Journal of Personality and Social Psychology v 71 n 1 p 8393 1996 Disponível em httpdoi org1010370022351471183 Acesso em 03 set 2019 BRINSFIELD C T Employee silence motives investigation of dimensionality and development of measures Journal of Organizational Behavior v 34 n 5 p 671697 2013 Disponível em httpdoi org101002job1829 Acesso em 03 set 2019 BUDD J W The future of employee voice In WILKINSON A et al Eds The handbook of research on employee voice participation and involvement in the workplace Cheltenham Elgar Press 2014 BURRIS E R The risks and rewards of speaking up managerial responses to employee voice Academy of Management Journal v 55 n 4 p 851875 2012 Disponível em httpdoiorg105465 amj20100562 Acesso em 03 set 2019 BURRIS E R DETERT J R CHIABURU D S Quitting before leaving the mediating effects of psychological attachment and detachment on voice Journal of Applied Psychology v 93 n 4 p 912922 2008 Disponível em httpdoiorg10103700219010934912 Acesso em 03 set 2019 CHAMBERLIN M NEWTON D W LEPINE J A A metaanalysis of empowerment and voice as transmitters of highperformance managerial practices to job performance Journal of Organizational Behavior v 39 n 10 p 12961313 2018 Disponível em http doiorg101002job2295 Acesso em 03 set 2019 CHIU C Y HONG Y Y DWECK C S Lay dispositionism and implicit theories of personality Journal of Personality and Social Psychology v 73 n 1 p 1930 1997 Disponível em httpdoiorg1010370022 351473119 Acesso em 03 set 2019 CONROY S A OLEARYKELLY A M Letting go and moving on work related identity loss and recovery Academy of Management Review v 39 n 1 p 6787 2014 Disponível em httpdoiorg105465 amr20110396 Acesso em 03 set 2019 COOPER D THATCHER S M B Identification in organizations the role of selfconcept orientations and identification motives Academy of Management Review v 35 n 4 p 516538 2010 Disponível em httpdoiorg105465AMR201053502693 Acesso em 03 set 2019 CULLINANE N DONAGHEY J Employee silence In WILKINSON A et al Eds Handbook of research on employee voice Cheltenham Edward Elgar 2014 DETERT J R BURRIS E R Leadership behavior and employee voice is the door really open Academy of Management Journal v 50 n 4 p 869884 2007 Disponível em httpdoiorg105465 AMJ200726279183 Acesso em 03 set 2019 DETERT J R EDMONDSON A C Implicit voice theories takenfor granted rules of selfcensorship at work Academy of Management Journal v 54 n 3 p 461488 2011 Disponível em httpdoi org105465AMJ201161967925 Acesso em 03 set 2019 DETERT J R TREVIÑO L K Speaking up to higherups how supervisors and skiplevel leaders influence employee voice Organization Science v 21 n 1 p 249270 2010 Disponível em httpdoiorg101287 orsc10800405 Acesso em 03 set 2019 DONAGHEY J et al Reconceptualising employee silence problems and prognosis Work Employment Society v 25 n 1 p 5167 2011 Disponível em httpdoiorg1011770950017010389239 Acesso em 03 set 2019 DUTTON J E ASHFORD S J Selling issues to top management Academy of Management Review v 18 n 3 p 397428 1993 Disponível em httpdoiorg105465AMR19939309035145 Acesso em 03 set 2019 DUTTON J E et al Red light greenlight making sense of the organizational context for issue selling Organization Science v 13 n 4 p 335369 2002 Disponível em httpdoiorg101287 orsc1343552949 Acesso em 03 set 2019 DUTTON J E ROBERTS L M BEDNAR J Pathways for positive identity construction at work four types of positive identity and the building of social resources Academy of Management Review v 35 n 2 p 265293 2010 Disponível em httpdoiorg105465 AMR201048463334 Acesso em 03 set 2019 FELIX B CAVAZOTTE F When a calling goes unanswered exploring the role of workplace personalizations as calling enactments Frontiers in Psychology v 13 p 114 2019 Disponível em httpsdoi org103389fpsyg201901940 Acesso em 03 set 2019 FELIX B MELLO A VON BORELL D Voices unspoken Understanding how gay employees conconstruct a climate of voicesilence in organisations The International Journal of Human Resource Management v 29 n 5 p 805828 2018 Disponível em http doiorg1010800958519220161255987 Acesso em 03 set 2019 FRAZIER M L FAINSHMIDT S Voice climate work outcomes and the mediating role of psychological empowerment A multilevel examination Group Organization Management v 37 n 6 p 691715 2012 Disponível em httpdoiorg1011771059601112463960 Acesso em 03 set 2019 GOMES R FELIX B O self no armário uma teoria fundamentada sobre o silêncio de gays e de lésbicas no ambiente de trabalho Cadernos EBAPEBR Rio de Janeiro v 17 n 2 p 375388 2019 Disponível em httpdoiorg1015901679395174796 Acesso em 03 set 2019 570571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix GREENBERG J EDWARDS M S Voice and silence in organizations Bingley Emerald 2009 HARVEY P MARTINKO M J DOUGLAS S C Causal perceptions and the decision to speak up or pipe down In GREENBERG J EDWARDS M S Eds Voice and silence in organizations Bingley Emerald 2009 HOGG M A TERRY D I Social identity and selfcategorization processes in organizational contexts Academy of Management Review v 25 n 1 p 121140 2000 Disponível em httpdoi org105465AMR20002791606 Acesso em 03 set 2019 HOOD JUNIOR R et al The psychology of religion An empirical approach New York Guilford Press 1996 HOPTION C CHRISTIE A BARLING J Introduction In BARLING J COOPER C Eds Sage handbook of organizational behavior London Sage 2008 JANSSEN O DE VRIES T COZIJNSEN A J Voicing by adapting and innovating employees An empirical study on how personality and environment interact to affect voice behavior Human Relations v 51 n 7 p 945967 1998 KAUFMAN B E Theorising determinants of employee voice An integrative model across disciplines and levels of analysis Human Resource Management Journal v 25 n 1 p 1940 2015 Disponível em httpdoiorg1011111748858312056 Acesso em 03 set 2019 KLAAS B S OLSONBUCHANAN J WARD AK The determinants of alternative forms of workplace voice An integrative perspective Journal of Management v 38 n 1 p 314345 2012 Disponível em httpdoiorg1011770149206311423823 Acesso em 03 set 2019 KNOLL M VAN DICK R Do I hear the whistle A first attempt to measure four forms of employee silence and their correlates Journal of Business Ethics v 113 n 2 p 349362 2013 Disponível em httpdoiorg101007s1055101213084 Acesso em 03 set 2019 KREINER G E SHEEP M Growing pains and gains Framing identity dynamics as opportunities for identity growth In ROBERTS L M DUTTON J E Eds Exploring positive identities and organizations building a theoretical and research foundation New York Routledge 2009 LAM C F et al Shooting from the hip a habit perspective of voice Academy of Management Review v 43 n 3 p 470486 2018 Disponível em httpdoiorg105465amr20150366 Acesso em 03 set 2019 LEAVITT K SLUSS D M Lying for who we are an identitybased model of workplace dishonesty Academy of Management Review v 40 n 4 p 587610 2015 Disponível em httpdoiorg105465 amr20130167 Acesso em 03 set 2019 LEIKAS S LINDEMAN M Personality threat identification and emotional processing European Journal of Personality v 23 n 6 p 455474 2009 Disponível em httpdoiorg101002per713 Acesso em 03 set 2019 LEPINE J A VAN DYNE L Voice and cooperative behavior as contrasting forms of contextual performance evidence of differential relationships with big five personality characteristics and cognitive ability Journal of Applied Psychology v 86 n 2 p 326336 2001 Disponível em httpdoiorg10103700219010862326 Acesso em 03 set 2019 MARKUS H WURF E The dynamic selfconcept a social psychological perspective Annual Review of Psychology v 38 n 1 p 299337 1987 Disponível em httpdoiorg101146 annurevps38020187001503 Acesso em 03 set 2019 MEAD G H Mind self and society Chicago University of Chicago Press 1934 MORRISON E W Employee voice behavior integration and directions for future research Academy of Management Annals v 5 n 1 p 373412 2011 MORRISON E W MILLIKEN F J Organizational silence a barrier to change and development in a pluralistic world Academy of Management Review v 25 n 4 p 706725 Disponível em http doiorg105465AMR20003707697 Acesso em 03 set 2019 MORRISON E W WHEELERSMITH S L KAMDAR D Speaking up in groups A crosslevel study of group voice climate and voice Journal of Applied Psychology v 96 n 1 p 183191 2011 Disponível em httpdoiorg101037a0020744 Acesso em 03 set 2019 MOWBRAY P K WILKINSON A TSE H H An integrative review of employee voice identifying a common conceptualization and research agenda International Journal of Management Reviews v 17 n 3 p 382400 2015 Disponível em httpdoiorg101111 ijmr12045 Acesso em 03 set 2019 NG T W H FELDMAN D C Employee voice behavior a meta analytic test of the conservation of resources framework Journal of Organizational Behavior v 33 n 2 p 216234 2012 Disponível em httpdoiorg101002job754 Acesso em 03 set 2019 PETRIGLIERI J L Under threat responses to and the consequences of threats to individuals identities Academy of Management Review v 36 n 4 p 641662 2011 Disponível em httpdoiorg105465 amr20090087 Acesso em 03 set 2019 PINDER C C HARLOS K P Employee silence quiescence and acquiescence as responses to perceived injustice Research in Personnel and Human Resources Management v 20 p 331369 2001 Disponível em httpdoiorg101016S074273010120007 3 Acesso em 03 set 2019 PRATT M G FOREMAN P O The Beauty of and Barriers to Organizational Theories of Identity Academy of Management Review v 25 n 1 p 141152 2000 Disponível em httpdoiorg105465 AMR200027711650 Acesso em 03 set 2019 SLUSS D M ASHFORTH B E Relational identity and identification Defining ourselves through work relationships Academy of Management Review v 32 n 1 p 932 2007 Disponível em http doiorg105465AMR200723463672 Acesso em 03 set 2019 SMITH C A The self appraisal and coping In SNYDER C R FORSYTH D R Eds Handbook of social and clinical psychology the health perspective Elmsford Pergamon Press 1991 STAMPER C L VAN DYNE L Work status and organizational citizenship behavior a field study of restaurant employees Journal of Organizational Behavior v 22 n 5 p 517536 2001 Disponível em httpdoiorg101002job100 Acesso em 03 set 2019 571571 Cad EBAPEBR v 18 nº 3 Rio de Janeiro JulSet 2020 Self que não fala um modelo baseado em identidades sobre voz e silêncio de empregados Bruno Felix Bruno Felix ORCID httpsorcidorg000000016183009X Doutor em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie Professor do Programa de Pós Graduação em Administração na Fucape Business School Vitória ES Brasil Email bfelixfucapebr TANGIRALA S RAMANUJAM R Exploring nonlinearity in employee voice the effects of personal control and organizational identification Academy of Management Journal v 51 n 6 p 11891203 2008 Disponível em httpdoiorg105465AMJ200835732719 Acesso em 03 set 2019 VADERA A K AGUILERA R V CAZA B B Making sense of whistle blowings antecedents Learning from research on identity and ethics programs Business Ethics Quarterly v 19 n 4 p 553586 2009 Disponível em httpdoiorg105840beq200919432 Acesso em 03 set 2019 VAN DYNE L V ANG S BOTERO I C Conceptualizing employee silence and employee voice as multidimensional constructs Journal of Management Studies v 40 n 6 p 13591392 2003 Disponível em httpdoiorg1011111467648600384 Acesso em 03 set 2019 VAN DYNE L V KAMDAR D JOIREMAN J Inrole perceptions buffer the negative impact of low LMX on helping and enhance the positive impact of high LMX on voice Journal of Applied Psychology v 93 n 6 p 11951207 2008 Disponível em httpdoiorg1010370021 90109361195 Acesso em 03 set 2019 VROOM V H Work and motivation New York Wiley 1964 WANG Y D HSIEH HH Organizational ethical climate perceived organizational support and employee silence A crosslevel investigation Human Relations v 66 n 6 p 783802 2013 Disponível em httpdoiorg1011770018726712460706 Acesso em 03 set 2019 WEAVER G R AGLE B R Religiosity and ethical behavior in organizations A symbolic interactionist perspective Academy of Management Review v 27 n 1 p 7797 2002 Disponível em httpdoiorg105465AMR20025922390 Acesso em 03 set 2019 WHITESIDE D B BARCLAY L J Echoes of silence Employee silence as a mediator between overall justice and employee outcomes Journal of Business Ethics v 116 n 2 p 251266 2013 Disponível em httpdoiorg101007s1055101214673 Acesso em 03 set 2019 WILKINSON A FAY C New times for employee voice Human Resource Management v 50 n 1 p 6574 2011 Disponível em httpdoiorg101002hrm20411 Acesso em 03 set 2019