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Comportamento Organizacional
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RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 108 REFLEXÕES SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DA MODERNIDADE NA RELAÇÃO INDIVÍDUOEMPRESA REFLECTIONS ON THE CONSEQUENCES OF MODERNITY IN INDIVIDUALBUSINESS RELATIONSHI Franklin dos Santos Moura Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales proffranklinmourayahoocombr RESUMO A modernidade por alguns autores considerada pósmodernidade ou hipermodernidade dentre outros conceitos mostrase como uma era em marcha numa sequência contínua de transformações cada vez mais rápidas Nessa era em razão das constantes e cada vez mais rápidas transformações sociais econômicas e tecnológicas a mesma historicamente se tornou um objeto de entendimento compreensão e ações tanto individuais quanto empresariais tendo em vista que a velocidade das mudanças está muitas vezes a frente da capacidade do indivíduo em adaptarse Relações de trabalho vão pouco a pouco se transformando em relações de negócios deixando de um lado indivíduos que se tornam gerenciadores das suas carreiras e do outro lado indivíduos que aguardam essa gestão na responsabilidade das organizações as quais por sua vez estão diante de um cenário competitivo e disruptivo onde a única certeza é a de constantes mudanças A modernidade não aparece nesse cenário como a razão ou causa desses eventos mas sim uma forma de compreendêlos utilizando para tanto uma lente que considere as relações sociais dentro e fora do ambiente organizacional Por isso o presente estudo teve como objetivo alcançar reflexões sobre as consequências da modernidade na relação entre indivíduo e empresa Para o alcance desse objetivo foi realizada uma revisão literária compreendendo o conceito de modernidade num aspecto geral e enfatizando as relações sociais Em seguida abordouse a modernidade e o indivíduo possibilitando identificar questões específicas que repercutiram em transformações no comportamento individual Essa abordagem foi sucedida pelas características entre modernidade e empresa destacando principalmente a passagem da sociedade de produtores a sociedade de consumidores As principais obras utilizadas na análise foram dos autores Antony Giddens Zygmunt Bauman ByungChul Han Ulrich Beck e Kenneth J Gergen Assim sob o aspecto individual a descontinuidade dos eventos abordada por Giddens se somou a modernidade líquida de Bauman a sociedade de risco de Beck e a saturação social de Gergen Em relação ao aspecto empresarial além dos aspectos individuais somase a sociedade do rendimento de Han Depois de apresentados os conceitos citados os principais resultados dessa avaliação identificaram que as consequências da modernidade na relação indivíduoempresa compreendem i na modernidade prevalecem as relações de curto prazo e a respectiva convicção das descontinuidades ii as relações de curto prazo trazem um conjunto de incertezas inseguranças e oportunidades iii o rompimento da relação capital e trabalho estabeleceu por um lado a autonomia do indivíduo e por outro a precarização das relações de trabalho e iv a multifrenia e a saturação social apresentaramse como características individuais levadas a compor o conjunto da organização Palavraschave Modernidade Relação Indivíduo e Empresa Modernidade e Indivíduo Modernidade e empresa Cosequências da modernidade RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 109 ABSTRACT Modernity by some authors considered postmodernity or hypermodernity among other concepts shows itself as an era in progress in a continuous sequence of increasingly rapid transformations In this era because of the constant and increasingly rapid social economic and technological transformations it has historically become the object of both individual and corporate understanding understanding and action given that the speed of change is often ahead of the individuals ability to adapt Working relationships are gradually becoming business relationships leaving on one side individuals who become managers of their careers and on the other side individuals who await this management in the responsibility of organizations which in turn face a scenario competitive and disruptive where the only certainty is constant change Modernity does not appear in this scenario as the reason or cause of these events but rather as a way of understanding them using a lens that considers social relations inside and outside the organizational environment Therefore the present study aimed to reach reflections on the consequences of modernity in the relationship between individual and company In order to achieve this goal a literary review was carried out comprehending the concept of modernity in a general aspect and emphasizing social relations Then modernity and the individual were approached enabling the identification of specific issues that had repercussions on changes in individual behavior This approach was succeeded by the characteristics between modernity and enterprise especially highlighting the transition from producer society to consumer society The main works used in the analysis were by authors Antony Giddens Zygmunt Bauman Byung Chul Han Ulrich Beck and Kenneth J Gergen Thus from an individual point of view the discontinuity of events addressed by Giddens added to Baumans liquid modernity Becks risk society and Gergens social saturation In relation to the business aspect in addition to the individual aspects Hans income society is added After presenting the concepts cited the main results of this evaluation identified that the consequences of modernity in the individualcompany relationship include i in modernity prevail shortterm relations and the respective conviction of discontinuities ii shortterm relationships bring a set of uncertainties insecurities and opportunities iii the rupture of the capital and labor relationship established on the one hand the autonomy of the individual and on the other the precariousness of labor relations and iv multifrenia and social saturation were presented as individual characteristics that compose the whole organization Key words Modernity Individual and Company Relationship Modernity and Individual Modernity and company Consequences of modernity RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 110 INTRODUÇÃO A velocidade da evolução tecnológica e das transformações culturais e de comportamento na sociedade vem aumentando de forma exponencial tornando cada vez mais difícil a compreensão dos fenômenos que abrangem o comportamento humano dentro e fora das organizações Sobre a velocidade mencionada acrescenta Moura 2018 p46 Na medida em que a evolução projeta o homem e a sociedade as organizações consequentemente recebem os frutos dessa transformação e por sua vez provoca o giro e retorno de um ciclo que move a economia o meioambiente criando e atendendo as necessidades das menores células sociais chegandose a individualidade do homem Essa rápida evolução é uma das consequências da modernidade onde o espaço temporal entre uma etapa de desenvolvimento e outra vem sendo cada vez menor e com impactos cada vez maiores tendo em vista que tais impactos encontram indivíduos e empresas num contexto onde são objeto e agente de transformações Entendese que tais impactos uma vez identificados e compreendidos poderão ser objeto de atuação tanto no aspecto individual quanto nas organizações A ausência de tal atuação permitirá que os indivíduos potencializem as incertezas e inseguranças típicas das descontinuidades que compreendem a modernidade Nessa perspectiva podendo destacar os efeitos da modernidade nos indivíduos e nas organizações a partir de uma abordagem conceitual construíramse as seguintes questões que nortearam o presente estudo Quais os principais conceitos sobre a modernidade Quais são os reflexos da modernidade ao indivíduo Quais são os reflexos da modernidade às empresas Como a modernidade reflete na relação indivíduo e empresa Diante disso o objetivo do presente artigo será refletir sobre as consequências da modernidade na relação indivíduo e empresa Para alcançar o objetivo proposto utilizou se como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica compreendendo principalmente os autores Anthony Giddens Zygmunt Bauman Ulrich Beck Kenneth J Gergen e ByungChul Han além de outras julgadas necessárias para permitir a breve análise sobre o tema RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 111 Modernidade aspectos conceituais A modernidade é um amplo conceito que abrange diversas denominações ou subdivisões criadas para melhor compreendêla Outros autores preferem transcender esse conceito e abordar um estado de pósmodernidade em função da revolução tecnológica GERGEN 1997 ou em razão da ausência de forma nas relações a modernidade líquida BAUMAN 2001 mas no campo da ciência ainda pela inexistência de um consenso há espaço para todas essas aplicações Sobre a modernidade Giddens 2015 p15 conceitua Como uma primeira aproximação digamos que a noção de modernidade se refere aos modos de vida ou organização social que surgiram na Europa por volta do século XVII em diante e cuja influência posteriormente se tem convertido mais ou menos mundiais Isso associa a modernidade a um período de tempo e a uma inicial localização geográfica E complementa Giddens 2015 p17 Captar a natureza das descontinuidades aqui envolvidas é uma etapa preliminar necessária para analisar o que verdadeiramente é a modernidade e também para diagnosticar quais são suas consequências para nós na atualidade Nesse momento Giddens aborda sua marca distintiva da modernidade em relação ao conceito dos demais autores e pesquisadores Tratase do conceito de descontinuidade Esse evento ou fenômeno marca o estado moderno dada a velocidade cada vez maior das evoluções sobreposições em todas as esferas que preenchem a sociedade e o conhecimento A respeito do que a modernidade representou para a sociedade Giddens 2015 p18 ainda afirma As formas de vida introduzidas pela modernidade arrasaram de maneira sem precedentes todas as modalidades tradicionais da ordem social Tanto em extensão como em intensidade as transformações que foram provocadas pela modernidade são mais profundas que a maioria dos tipos de transformações características de períodos anteriores Sobre a forma de reconhecer as descontinuidades que distinguem as instituições sociais modernas das tradicionais Giddens 2015 indica três formas conforme tabela 01 a seguir RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 112 Tabela 1 Distinção das sociedades modernas em relação as tradicionais Fonte Elaborado pelo autor Adaptação de GIDDENS 2015 Outros aspectos todavia ainda podem ser considerados na comparação entre a sociedade tradicional até o século XVII na visão de Giddens e a sociedade moderna Sobre tais aspectos afirma Giddens 2015 p46 Com o advento da modernidade a reflexão toma um caráter diferente É introduzida na mesma base do sistema de reprodução de tal maneira que pensamento e ação são constantemente refratados um sobre o outro A rotina da vida cotidiana não tem nenhuma conexão intrínseca com o passado e fica a salvo sempre que o que é feito sempre coincida com aquilo que possa ser defendido a luz de novos conhecimentos como questão de princípios Sancionar a prática de algo porque é tradicional não serve de nada a tradição pode ser justificada mas somente a luz do conhecimento que não é o mesmo reconhecido só por ser tradicional A reflexão da vida social moderna consiste que as práticas sociais são examinadas constantemente e reformadas a luz de nova informação sobre essas mesmas práticas que dessa maneira alteram seu caráter constituinte Importante se faz destacar que na visão de Giddens a descontinuidade da modernidade leva a reflexão a um estado não mais estático mas contínuo de aplicação sobre as práticas sociais A descontinuidade da modernidade indica que tomar decisões para o futuro analisando o passado não será tão eficaz como ter a capacidade de refletir de forma mais rápida e pontual sobre os breves lapsos de tempo do presente que logo passarão a compor esse passado O autor também destaca que adotar medidas por que se trata de algo tradicional somente terá seu valor justificado se tais medidas forem submetidas a um ato reflexivo que as valide A modernidade em razão de tamanhos avanços e cada vez mutações mais rápidas na ordem das instituições sociais enquadrase num movimento de alcance global sendo sua mundialização mais um objeto de estudo das ciências sociais GIDDENS 2015 Consolidando as fontes dominantes que podem definir e distinguir a Modernidade GIDDENS 2015 cita três conforme tabela 2 abaixo Descontinuidades Breve conceito Ritmo das mudanças Ocorrem continuamente e cada vez mais rápido Âmbito das mudanças Não mais local mas continental e global Natureza intrínseca das instituições modernas Instituições surgidas com o advento da massificação industrial além da criação das instituições políticas e outras que passaram a complementar a atuação do Estado RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 113 Tabela 2 Fontes dominantes da modernidade Fonte Elaborado pelo autor Adaptação de GIDDENS 2015 Tais fontes remetem aos efeitos da globalização um fenômeno tecnológico social e cultural de relevante influência nas relações comerciais sociais e que em grande escala contribui para a velocidade dos eventos transformações o que para alguns autores representa a ruptura da modernidade rumo a uma nova era o que Giddens discorda Após apresentar os conceitos da modernidade sob a ótica de Giddens onde a descontinuidade necessidade continua de reflexão e as conexões globais são pilares de onde se instauram as práticas sociais passase a abordar a visão de Zygmunt Bauman sobre a modernidade traçando os paralelos possíveis com os conceitos já apresentados por Giddens Sobre a modernidade afirma Bauman 2001 p129 A história do tempo começou com a modernidade De fato a modernidade é talvez mais que qualquer outra coisa a história do tempo a modernidade é o tempo em que o tempo tem uma história Além de considerar esse ponto de partida com a história do tempo e relacionando esse vínculo tempo e espaço com as práticas sociais Bauman 2001 segrega a modernidade em duas fases Modernidade Pesada e Modernidade Leve Na tabela 3 abaixo constam mais detalhes Tabela 3 Modernidade na visão de Bauman Fonte Elaborado pelo autor Adaptação de BAUMAN 2001 Fontes Breve conceito A separação entre tempo e espaço Uniformidade do tempo e mobilidade das instituições e indivíduos O desenvolvimento do mecanismo de ancoragem Deslocamento das relações sociais locais para conexões globais A apropriação reflexiva do conhecimento O conhecimento se justifica e vira o ponto de partida para a próxima reflexão que o sobreporá e assim por diante O conhecimento tradicional não permanece por si só sem a devida justificação e reflexão Divisões da Modernidade Breve conceito Pesada Período onde se alcançava o poder ou a riqueza pelo tamanho porte e peso das instituições sociais Por exemplo o período das grandes fábricas automobilísticas representando distritos industriais Capital e trabalho integrados e dependentes Leve O poder deixa de ser alcançado pelo tamanho físico mas sim pelo seu alcance global Mobilidade descentralização flexibilidade Capital e trabalho independentes RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 114 Os conceitos de Bauman se relacionam com Giddens a partir do momento que a transição da modernidade pesada à leve é por si uma descontinuidade Além disso quando se fala nas características da modernidade leve continua se repetindo os pilares de Giddens ou seja a descontinuidade reflexão e alcance global Aprofundando sobre a modernidade leve a qual foi denominada pelo autor juntamente com outros fatores e características de líquida afirma Bauman 2001 p171 A presente versão liquefeita fluida dispersa espalhada e desregulada da modernidade pode não implicar o divórcio e ruptura final da comunicação mas anuncia o advento do capitalismo leve e flutuante marcado pelo desengajamento e enfraquecimento dos laços que prendem o capital ao trabalho A relação capital e trabalho assim como tempo e espaço dentre outras relações transformadas pelo advento da modernidade marcam essa era de constantes descontinuidades imprevisibilidades que produzem incerteza e insegurança ao indivíduo trabalho e uma necessidade de reinvenção mais rápida que outrora às organizações capital Por isso em razão dos objetivos do presente artigo no próximo item será apresentado especificamente os reflexos da modernidade ao indivíduo para que em seguida seja abordado os reflexos também específicos nas empresas A modernidade e o indivíduo Como citado no tópico anterior destacouse a respeito dos reflexos da modernidade sobre o indivíduo sentimentos como de incerteza e insegurança obviamente sem esgotar outras percepções A respeito de tais reflexos será abordado no presente tópico a opinião de Bauman 2001 Castel 2015 Beck 2011 e Gergen 1997 Bauman 2001 p14 ao refletir sobre a fluidez da modernidade e como isso reflete nos indivíduos afirma Chegou a vez da liquefação dos padrões de dependência e interação Eles são agora maleáveis a um ponto que as gerações passadas não experimentaram e nem poderiam imaginar mas como todos os fluidos eles não mantêm a forma por muito tempo Darlhes forma é mais fácil que mantêlos nela Os sólidos são moldados para sempre Manter os fluidos em uma forma requer muita atenção vigilância constante e esforço perpétuo e mesmo assim o sucesso do esforço é tudo menos inevitável RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 115 Tendo em vista em estado transitório e incerto menciona ainda Bauman 2001 p170 Os medos ansiedades e angústias contemporâneos são feitos para serem sofridos em solidão Essa percepção de Bauman permite o entendimento do estado de insegurança que normalmente e permanentemente o indivíduo vive na modernidade Tal insegurança não é somente estar exposto ao perigo mas constantemente buscar um estado de proteção CASTEL 2015 Sobre esse aspecto afirma Castel 2015 p19 já entrando no caráter individualista que a modernidade trouxe o mesmo afirma Com o advento da modernidade o status do indivíduo muda radicalmente Uma sociedade de indivíduos deixaria de ser falando com propriedade uma sociedade mas um estado de natureza isto é um estado sem lei sem direitos sem constituição política e sem instituições sociais presa à competição desenfreada de os indivíduos entre si e da guerra de todos contra todos Abordando outro aspecto também afetado pela modernidade uma vez que a transitoriedade incerteza e insegurança levam ao constante estado de risco Beck 2011 p204 afirma Ainda em meados dos anos sessenta Helmut Schelsky dizia a respeito disso que família e profissão eram as duas grandes garantias que teriam restado às pessoas na modernidade Elas conferem estabilidade interna às suas vidas Na profissão o indivíduo ganha acesso a diversos âmbitos de atuação socialmente eficaz Talvez se possa mesmo chegar a dizer que através do buraco de agulha de seu emprego o profissional se torna um coreformador do mundo em pequena escala Nessa medida a profissão assegura como a família por outro lado experiências sociais fundamentais A profissão é a instância na qual a realidade social pode ser experimentada num envolvimento por assim dizer em primeira mão Beck indica duas características da sociedade tradicional as quais ganharam a moldura da fluidez transitoriedade insegurança A profissão por ter sofrido uma relevante transformação deixando de ser de longo prazo para ser incerta e de curto prazo BAUMAN 2001 MOURA 2018 A família por sua vez antes uma entidade separada fisicamente do local de trabalho acabou por receber reflexos e consequências do que ocorre no mundo lá fora sem fronteiras Além disso a própria relatividade advinda com as reflexões e incertezas da modernidade passaram a questionar se a constituição da família nos moldes da sociedade tradicional teria o mesmo espaço na sociedade moderna a modernidade E a respeito dessas reflexões sociais que abrangem o indivíduo outro aspecto é abordado por Gergen 1997 p124 que afirma RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 116 Vemos então que ao longo do século XX houve uma mudança abismal no caráter da vida social Através de um conjunto de novas tecnologias o mundo dos relacionamentos tornouse cada vez mais saturado Participamos com intensidade crescente em uma avalanche de relações cujas transfigurações apresentam uma variedade constante E essa multiplicidade de relacionamentos traz consigo uma transformação na capacidade social do indivíduo tanto para saber acerca como para saber como O sentido relativamente coerente e unitário que a cultura tradicional tinha do eu deu lugar a múltiplas possibilidades antagónicas A mudança abismal citada pelo autor compreende a transição de um estado de concepção romântica herdada na cultura do século XIX para uma concepção moderna no século XX ganhando ênfase com a intensa e constante mudança ao final do século XX com a concepção pósmoderna GERGEN 1997 Da concepção romântica à pósmoderna o indivíduo deixa um quadro de relacionamentos restritos a comunidade onde reside para uma multiplicidade de relacionamentos com alcance global em razão da evolução tecnológica vivenciada intensamente nas últimas décadas e que continua em marcha GERGEN 1997 BAUMAN 2001 Essa multiplicidade de relacionamentos leva o indivíduo a desenvolver uma multiplicidade de identidades denominado por Gergen 1997 p125 como multifrenia assim definido Surge assim um estado multifrenico em que cada um nada nas correntes de ser sempre mutáveis concatenadas e disputáveis O indivíduo carrega o peso de um fardo cada vez mais pesado de imperativos dúvidas e irracionalidades A possibilidade de um romantismo apaixonado ou de um modernismo vigoroso e unívoco desaparece e o caminho está aberto para o ser pósmoderno Gergen em sua obra El yo Saturado explora que o indivíduo ingressou na modernidade sendo carregado pela força da correnteza desse movimento sem volta O estado de multifrenia traz consigo a saturação social e a colonização do eu Esse último podese resumir como a perda da identidade enquanto que a saturação social remete ao estado de não conseguir lidar com a multiplicidade de relações conexões e os respectivos compromissos e responsabilidades que tais relações requerem Depois de todo o exposto a tabela 4 abaixo consolida os aportes de cada autor sobre os reflexos da modernidade ao indivíduo Tabela 4 Reflexos da Modernidade ao indivíduo Autores Reflexos RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 117 Fonte Elaborado pelo autor E ainda em complemento a tabela acima afirma Moura 2019 Observase até aqui que a pósmodernidade admitido um estado líquido de sociedade influencia e afeta o comportamento do indivíduo de maneira limitadora e frustrante potencializandose no diaadia não somente como um agente estressor mas como um ambiente estressor Esse ambiente está no indivíduo e esse indivíduo repleto de desejos incertezas e saturação social convertese no eu saturado que está presente no ambiente organizacional Ratificando a opinião apresentada acima e retomando um conceito apresentado anteriormente indicando que na relação capital e trabalho o indivíduo representa esse último podese refletir além das fronteiras individuais de cada um como as relações com as empresas poderiam ser impactadas pela modernidade Porém essas mesmas empresas tiveram reflexos específicos o que será abordado no próximo item A modernidade e a empresa No presente tópico a ênfase compreende os reflexos da modernidade nas empresas o que também compreenderá em algumas situações as relações de trabalho dado que a dissociação capital e trabalho poderia deixar de lado alguma contribuição importante à presente análise A respeito de tais reflexos será abordado no presente tópico a opinião de Bauman 2001 Cohen 2006 Han 2017 e Beck 2011 Bauman resumidamente quando aborda os reflexos da modernidade na relação capital e trabalho traça um paralelo de transição entre a sociedade de produtores e a sociedade de consumidores A respeito da fase da era moderna tipicamente relacionada a sociedade de produtores Bauman 2001 p134 descreve o cenário empresarial O tempo rotinizado se juntava aos altos muros de tijolos arrematados por arame farpado ou cacos de vidro e portões bemguardados para proteger o lugar contra intrusos também impedia que os de dentro saíssem à vontade A fábrica fordista o modelo mais cobiçado e avidamente seguido de racionalidade planejada no tempo da modernidade pesada era o lugar de encontro face a face mas também do voto de até que a morte nos separe entre o capital e o trabalho Bauman Transitoriedade incerteza fluidez das relações necessidade atuação vigilante sobre os modelos de relações pois sua permanência é incerta Castel Insegurança em razão da prevalência da individualidade Beck Viver sobre a vigilância de um estado de risco contínuo Gergen Multifrenia saturação social e colonização do eu RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 118 E as grandes fábricas símbolos da modernidade pesada foram pouco a pouco sofrendo as alterações advindas da transição entre a modernidade pesada e leve desvinculando capital e trabalho onde o primeiro deixou de significar grandes estruturas fabris para significar grandes mercados enquanto que o segundo deixou de significar relações duradouras de segurança para um estado incerto e temporário do aproveitamento do trabalho no curto prazo BAUMAN 2001 Há sem dúvida uma ruptura do modelo industrial que está envolvido num modelo também transitório de sociedade antes de informação e mais recentemente de conhecimento COHEN 2006 Como já citado as denominações sobre as classificações da sociedade ou modernidade são diversas e para situar a opinião de Cohen a sociedade da informação está relacionada ao advento da informática enquanto que a sociedade do conhecimento está relacionada ao advento da globalização e como alguns autores já apontam a fronteira da indústria 40 marcada pela aplicação da inteligência artificial Nesse sentido conceitua Han 2017 p25 A sociedade do século XXI não é mais disciplinar mas uma sociedade de rendimento Nem seus habitantes se chamam sujeitos de obediência mas sujeitos de rendimento Esses sujeitos são empreendedores de si mesmos Han assim como Cohen aborda a transição da sociedade industrial bem como o modelo de relações de trabalho e negócios destacando sob o ponto de vista das empresas que a essas interessa a capacidade de entrega dos resultados capital enquanto um paralelo estado de insegurança exaustão e adoecimento alcança o indivíduo trabalho HAN 2017 Ainda sobre a sociedade do rendimento quando se pensa num paralelo com a sociedade tradicional Moura 2018 p49 afirma empregos perderam sua estabilidade natural que permitia planejar a vida em longo prazo se é possível produzir mais devese trabalhar mais foco das organizações se direciona da produção para aplicação do conhecimento dos empregados na produção como conhecer é um ato contínuo a busca pelo rendimento máximo não cessa Nesse mesmo sentido sobre a relação capital e trabalho Beck 2011 p203 afirma num contexto da sociedade de produtores ou sociedade industrial A importância do trabalho assalariado para a vida das pessoas na sociedade industrial já não se fundamenta ou pelo menos não substancialmente no próprio trabalho Ela surge antes de mais nada do RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 119 fato de que a exaustão da força de trabalho é a base da subsistência também na conduta de vida individualizada Isto explica entretanto apenas uma parte da comoção desencadeada pela notícia do esmaecimento da sociedade do trabalho Considerando a relação indivíduo e empresa e a premissa de uma despadronização da jornada e do local de trabalho afirma ainda Beck 2011 p209 então podese dizer que se consuma a transição de um sistema socioindustrial unificado de trabalho de jornada integral vitalício organizado de modo fabril e associado com a ameaçadora eminência do desemprego em direção a um sistema pontuado por riscos e descentralizado de subempregos flexíveis e plurais no qual já não existirá o problema do desemprego no sentido da falta de um posto de trabalho Bauman Han e Beck corroboram sobre a perspectiva da transição das relações duradouras para um quadro de instabilidade incerteza e imediatismo onde complementa Beck 2011 p209 O desemprego desaparece mas ao mesmo tempo ressurge de modo generalizado em novas formas de subemprego precário Tudo isto quer dizer afinal que um desenvolvimento ambíguo e contraditório é posto em marcha em razão do qual vantagens e desvantagens se associam indissoluvelmente mas cujas consequências e riscos consideráveis continuam a ser imprevisíveis justamente para a consciência e atuação políticas É precisamente a isto que se refere quando se fala do sistema de subemprego da sociedade de risco Mais um termo distinto que explica a sociedade moderna Ulrich Beck denominou sociedade de risco o estado moderno de imprecisão incerteza requerendo vigilância capacidade de reposicionamento e adaptação BECK 2011 Tais características permitiram que as empresas forçadas por uma necessidade competitiva e produtiva alterassem pouco a pouco a relação capital e trabalho permitindo que esse último fosse flexível de curto prazo e com possibilidade de rápida reposição Assim ocorreu a instauração do subemprego como fim do desemprego uma vez que predomina a volatilidade e fragilidade das relações das empresas num contexto moderno onde ainda afirma Beck 2011 p210 Esse processo pode ser descrito como uma bipartição do mercado de trabalho segundo normas padronizadas e despadronizadas de mobilização de mão de obra do ponto de vista temporal espacial e previdenciário Produzse dessa forma uma nova cisão do mercado de trabalho entre um mercado de trabalho normal unificado típico da sociedade industrial e um mercado de subempregos flexível plural típico da sociedade de risco com a ressalva de que esse segundo mercado se expande quantitativamente e absorve cada vez mais o primeiro RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 120 Depois de todo o exposto até o presente momento o detalhamento apresentado por Beck indicando a progressão quantitativa do subemprego flexível sobre o emprego dito tradicional somandose as consequências da busca pelo rendimento HAN 2017 consubstanciam as principais mudanças ou reflexos da modernidade nas empresas o que segue consolidado na tabela 5 abaixo Tabela 5 Reflexos da Modernidade nas empresas Fonte Elaborado pelo autor Ganha relevo que os autores em sua maioria corroboram no entendimento de que a modernidade instaurou nas empresas rupturas descontinuidades e uma relação imediata de entrega na relação capital e trabalho Ou seja tudo tende ao curto prazo e as ações necessárias para maximização do capital que não possui mais o laço forte e duradouro com o trabalho No próximo item após as considerações já realizadas sobre a modernidade será realizada uma breve avaliação de como tais reflexos repercutem na relação indivíduo empresa A relação indivíduo e empresa no contexto da modernidade Depois de abordar como a modernidade refletiu nos indivíduos e também nas empresas o presente tópico pretende estabelecer um paralelo na relação entre esses dois objetos no contexto da modernidade A modernidade de uma forma geral trouxe um estado de descontinuidade fluidez reflexividade e risco GIDDENS 2015 BAUMAN 2001 BECK 2011 Na ótica individual a modernidade ofereceu o sentimento de incerteza transitoriedade insegurança estado de risco saturação social colonização do eu e multifrenia BAUMAN 2001 CASTEL 2015 BECK 2011 GERGEN 1997 Na percepção dos reflexos nas empresas a modernidade implicou na transição das relações de longo prazo para curto prazo a separação entre capital e trabalho ruptura do modelo industrial foco na maximização do rendimento e não mais na produção BAUMAN 2001 COHEN 2006 HAN 2017 BECK 2011 Autores Reflexos Bauman Separação capital e trabalho das relações duradouras às relações de curto prazo Cohen Ruptura do modelo industrial rumo a sociedade do conhecimento Han De sociedade disciplinar à sociedade do rendimento Beck Surgimento e expansão do subemprego flexível RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 121 E abordando a relação do trabalho na vida individual conceitua Bauman 2000 p34 Vamos começar com a vida individual O trabalho de cada homem assegurou seu sustento mas o tipo de trabalho realizado definia o lugar ao qual ele podia aspirar ou poderia reivindicar tanto entre seus vizinhos como naquela totalidade imaginada chamada sociedade O trabalho foi o principal fator de localização social e avaliação individual Observando uma ênfase no aspecto social Bauman 2000 p37 complementa Em resumo o trabalho ocupou uma posição central nos três níveis da sociedade moderna o individual o social e o referido para o sistema de produção de bens Além disso o trabalho foi o eixo para unir esses níveis e foi o principal fator para negociar alcançar e preservar a comunicação entre eles Bauman 2001 p135 citando Daniel Cohen resume o efeito da modernidade na relação indivíduo e empresa Quem começa uma carreira na Microsoft não tem a mínima ideia de onde ela terminará Quem começava na Ford ou na Renault podia estar certo que terminaria no mesmo lugar Esse resumo ainda é complementado pelo entendimento de que o foco de antes destinado a gestão do tempo e produtividade modernidade pesada e visão de longo prazo deu lugar a gestão das entregas deslocando a relação tempoespaço modernidade leve e visão de curto prazo BAUMAN 2001 E sobre as questões relevantes na relação indivíduo e empresa Bauman 2001 p171 destaca Quando a utilização do trabalho se torna de curto prazo e precária tendo sido ele despido de perspectivas firmes e muito menos garantidas e portanto tornado episódico quando virtualmente todas as regras relativas ao jogo das promoções e demissões foram esgotadas ou tendem a ser alteradas antes que o jogo termine há pouca chance de que a lealdade e o compromisso mútuos brotem e se enraízem A opinião de Bauman revela uma questão de extrema relevância na relação indivíduo e empresa pois no contexto da modernidade diante de todas as características já apresentadas a lealdade e compromisso mútuos são afetados o que representa um desafio para as organizações no sentido de reter por muito tempo o empregado trabalho e o mesmo desafio se aplica as chances de um empregado se manter na mesma empresa pela geração contínua e satisfatória de seus resultados capital É possível observar que a modernidade é uma era em marcha contínua sendo expansão de alcance global e não local GIDDENS 2015 A sociedade moderna convive RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 122 conciliando transformando as diversidades culturais sociais econômicas tecnológicas numa constante produção de efeito transitório complexo inserindo o indivíduo numa realidade que rompe a tradição da segurança e inserindo as empresas numa realidade que possui a certeza da contínua mudança Assim depois de todo o exposto e considerando o objetivo do presente artigo a tabela 6 abaixo consolida as reflexões sobre as principais consequências da modernidade na relação indivíduo e empresa Tabela 6 Consequências da Modernidade na relação indivíduo e empresa Fonte Elaborado pelo autor Embora as características apresentadas projetem em muitas situações um panorama pessimista da modernidade como se demonstrou na tabela acima e no presente artigo é necessário observar as oportunidades que surgem na relação indivíduo e empresa onde a título de exemplo destacouse duas nos parágrafos a seguir Ao separar capital e trabalho se tem de um lado o rompimento de uma relação tradicional e duradoura passando ao quadro do indivíduo tomar a iniciativa em mudar de emprego se outro lhe oferecer condições melhores Tratase do momento em que esse indivíduo necessita se tornar o gerenciador da sua carreira deixando o posto de um ser gerenciado que por toda carreira profissional aguardava passivamente as ações ou decisões do grupo empresarial que pertencia O imediatismo das relações onde se tem de um lado a ausência de planos rumo ao horizonte pode resultar em reconhecimentos financeiros e profissionais no curto prazo o que outrora ocorria quando o empregado se aposentava quando ocorria Reflexos e consequências Ø O indivíduo mesmo sob a sombra do risco descontinuidades e incerteza se encontra em melhores condições de gerenciar sua própria carreira Ø Lealdade e compromisso afetados pela instabilidade e incerteza da relação Ø Dificuldade na retenção dos talentos pelas empresas Ø Indivíduo ingressa na empresa podendo ser portador de um estado de multifrenia requerendo um olhar especial das empresas a respeito das condições sociais individuais de seus empregados Ø Há uma exigência mútua de aprendizado pelo indivíduo e condições de fornecer a capacitação pelas empresas Ø Com a ausência das relações duradouras de outrora surge a necessidade no curto prazo de reconhecimento tanto profissional quanto financeiro Ø Precarização das condições que regem a relação de trabalho permite transformar o desemprego numa classe do subemprego RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 123 A integração empresa e indivíduo pois com o advento da modernidade a vida tecnológica intensamente conectada multifrenica e exposta à saturação social requer ainda mais um olhar especial das organizações sobre os indivíduos que a compõem pois a produtividade que leva ao resultado Sociedade do Rendimento pode ser influenciada e afetada por sintomas do mundo moderno que transcendem à cultura organizacional e precisam ser identificados entendidos e tratados pois além de maximizar a produtividade as organizações estarão atuando preventivamente na saúde do capital humano evitando eventos como absenteísmo presenteísmo e enfermidades laborais diversas Conclusão O presente estudo teve como objetivo principal refletir sobre as consequências da modernidade na relação indivíduo e empresa Para tanto foi realizado um levantamento teórico apresentando os principais conceitos de modernidade modernidade e indivíduo modernidade e empresa permitindo uma consolidação dos possíveis reflexos na relação indivíduo e empresa Nesse caminho percorrido o conceito de modernidade apresentou como ponto central a natureza da descontinuidade e a transitoriedade dos eventos o que foi retratado nas obras de Anthony Giddens e Zygmunt Bauman respectivamente Em seguida abordouse a modernidade e o indivíduo possibilitando identificar questões específicas que repercutiram em transformações no comportamento individual onde ganhou destaque o conceito de multifrenia e saturação social ambos apresentados na obra de Kenneth Gergen Essa abordagem foi sucedida pelas características entre modernidade e empresa destacando principalmente a passagem da sociedade de produtores a sociedade de consumidores que considerou as obras dos autores citados acima e incluiu a sociedade do rendimento de ByungChul Han a qual observa a conexão entre o indivíduo afetado pelos reflexos da modernidade e a empresa por sua vez exposta a necessidade de ser competitiva e uma contínua maximizadora de resultados Após a avaliação dos conceitos apresentados os principais resultados dessa avaliação identificaram as consequências da modernidade na relação indivíduoempresa compreendem que i na modernidade prevalece as relações de curto prazo e a respectiva convicção das descontinuidades ii as relações de curto prazo trazem um conjunto de incertezas inseguranças e oportunidades iii o rompimento da relação capital e trabalho RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 124 estabeleceu a autonomia do indivíduo e a precarização das relações de trabalho e iv a multifrenia e a saturação social podem características individuais levadas a compor o conjunto da organização Dessa forma acreditase que os objetivos propostos foram alcançados abrindo caminho para o aprofundamento das questões que poderão envolver a título de sugestão conhecer como a gestão de pessoas lida com tais consequências da modernidade nas organizações possibilitando aprofundar as discussões sobre os efeitos desafios e ações a respeito desse contexto irreversível que é o da modernidade Sobretudo tal avaliação deverá considerar não só a gestão de pessoas mas também o aspecto empresarial voltado a gestão de resultados tecendo uma conexão que possa permitir a conciliação e equilíbrio entre o bemestar do capital humano nas organizações e a maximização dos resultados isto é num ambiente competitivo e disruptivo Referências BAUMAN Zygmunt Trabajo consumismo y nuevos pobres Barcelona Gedisa Editorial 2000 Modernidade Líquida Rio de Janeiro Zahar 2000 BECK Ulrich Sociedade do risco rumo a oura modernidade São Paulo Editora 34 2011 CASTEL Robert La inseguridad social que es estar protegido Buenos Aires Manantial 2015 COHEN Daniel Tres lecciones sobre la sociedad postindustrial Buenos Aires Katz Editores 2006 GERGEN Kenneth J El yo saturado dilemas de identidad en un mundo contemporáneo Barcelona Paidos 1997 GIDDENS Anthony Consecuencias de la modernidad Madrid Alianza Editorial 2015 HAN BuyngChul La sociedad del cansancio Barcelona Herder Editorial 2017 MOURA Franklin dos Santos Sociedade do rendimento reflexões a partir de uma abordagem conceitual Revista de Ciencias Empresariales y Sociales v 1 n 1 p 42 60 2018 RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 125 Gerenciamento do stress reflexões sobre a segregação do stress através da origem individual e laboral in Anais do XIX Congresso de Stress da International Stress Management Association ISMABrasil e XXI Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho Porto Alegre Rio Grande do Sul Brasil ISMABrasil 2019
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RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 108 REFLEXÕES SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DA MODERNIDADE NA RELAÇÃO INDIVÍDUOEMPRESA REFLECTIONS ON THE CONSEQUENCES OF MODERNITY IN INDIVIDUALBUSINESS RELATIONSHI Franklin dos Santos Moura Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales proffranklinmourayahoocombr RESUMO A modernidade por alguns autores considerada pósmodernidade ou hipermodernidade dentre outros conceitos mostrase como uma era em marcha numa sequência contínua de transformações cada vez mais rápidas Nessa era em razão das constantes e cada vez mais rápidas transformações sociais econômicas e tecnológicas a mesma historicamente se tornou um objeto de entendimento compreensão e ações tanto individuais quanto empresariais tendo em vista que a velocidade das mudanças está muitas vezes a frente da capacidade do indivíduo em adaptarse Relações de trabalho vão pouco a pouco se transformando em relações de negócios deixando de um lado indivíduos que se tornam gerenciadores das suas carreiras e do outro lado indivíduos que aguardam essa gestão na responsabilidade das organizações as quais por sua vez estão diante de um cenário competitivo e disruptivo onde a única certeza é a de constantes mudanças A modernidade não aparece nesse cenário como a razão ou causa desses eventos mas sim uma forma de compreendêlos utilizando para tanto uma lente que considere as relações sociais dentro e fora do ambiente organizacional Por isso o presente estudo teve como objetivo alcançar reflexões sobre as consequências da modernidade na relação entre indivíduo e empresa Para o alcance desse objetivo foi realizada uma revisão literária compreendendo o conceito de modernidade num aspecto geral e enfatizando as relações sociais Em seguida abordouse a modernidade e o indivíduo possibilitando identificar questões específicas que repercutiram em transformações no comportamento individual Essa abordagem foi sucedida pelas características entre modernidade e empresa destacando principalmente a passagem da sociedade de produtores a sociedade de consumidores As principais obras utilizadas na análise foram dos autores Antony Giddens Zygmunt Bauman ByungChul Han Ulrich Beck e Kenneth J Gergen Assim sob o aspecto individual a descontinuidade dos eventos abordada por Giddens se somou a modernidade líquida de Bauman a sociedade de risco de Beck e a saturação social de Gergen Em relação ao aspecto empresarial além dos aspectos individuais somase a sociedade do rendimento de Han Depois de apresentados os conceitos citados os principais resultados dessa avaliação identificaram que as consequências da modernidade na relação indivíduoempresa compreendem i na modernidade prevalecem as relações de curto prazo e a respectiva convicção das descontinuidades ii as relações de curto prazo trazem um conjunto de incertezas inseguranças e oportunidades iii o rompimento da relação capital e trabalho estabeleceu por um lado a autonomia do indivíduo e por outro a precarização das relações de trabalho e iv a multifrenia e a saturação social apresentaramse como características individuais levadas a compor o conjunto da organização Palavraschave Modernidade Relação Indivíduo e Empresa Modernidade e Indivíduo Modernidade e empresa Cosequências da modernidade RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 109 ABSTRACT Modernity by some authors considered postmodernity or hypermodernity among other concepts shows itself as an era in progress in a continuous sequence of increasingly rapid transformations In this era because of the constant and increasingly rapid social economic and technological transformations it has historically become the object of both individual and corporate understanding understanding and action given that the speed of change is often ahead of the individuals ability to adapt Working relationships are gradually becoming business relationships leaving on one side individuals who become managers of their careers and on the other side individuals who await this management in the responsibility of organizations which in turn face a scenario competitive and disruptive where the only certainty is constant change Modernity does not appear in this scenario as the reason or cause of these events but rather as a way of understanding them using a lens that considers social relations inside and outside the organizational environment Therefore the present study aimed to reach reflections on the consequences of modernity in the relationship between individual and company In order to achieve this goal a literary review was carried out comprehending the concept of modernity in a general aspect and emphasizing social relations Then modernity and the individual were approached enabling the identification of specific issues that had repercussions on changes in individual behavior This approach was succeeded by the characteristics between modernity and enterprise especially highlighting the transition from producer society to consumer society The main works used in the analysis were by authors Antony Giddens Zygmunt Bauman Byung Chul Han Ulrich Beck and Kenneth J Gergen Thus from an individual point of view the discontinuity of events addressed by Giddens added to Baumans liquid modernity Becks risk society and Gergens social saturation In relation to the business aspect in addition to the individual aspects Hans income society is added After presenting the concepts cited the main results of this evaluation identified that the consequences of modernity in the individualcompany relationship include i in modernity prevail shortterm relations and the respective conviction of discontinuities ii shortterm relationships bring a set of uncertainties insecurities and opportunities iii the rupture of the capital and labor relationship established on the one hand the autonomy of the individual and on the other the precariousness of labor relations and iv multifrenia and social saturation were presented as individual characteristics that compose the whole organization Key words Modernity Individual and Company Relationship Modernity and Individual Modernity and company Consequences of modernity RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 110 INTRODUÇÃO A velocidade da evolução tecnológica e das transformações culturais e de comportamento na sociedade vem aumentando de forma exponencial tornando cada vez mais difícil a compreensão dos fenômenos que abrangem o comportamento humano dentro e fora das organizações Sobre a velocidade mencionada acrescenta Moura 2018 p46 Na medida em que a evolução projeta o homem e a sociedade as organizações consequentemente recebem os frutos dessa transformação e por sua vez provoca o giro e retorno de um ciclo que move a economia o meioambiente criando e atendendo as necessidades das menores células sociais chegandose a individualidade do homem Essa rápida evolução é uma das consequências da modernidade onde o espaço temporal entre uma etapa de desenvolvimento e outra vem sendo cada vez menor e com impactos cada vez maiores tendo em vista que tais impactos encontram indivíduos e empresas num contexto onde são objeto e agente de transformações Entendese que tais impactos uma vez identificados e compreendidos poderão ser objeto de atuação tanto no aspecto individual quanto nas organizações A ausência de tal atuação permitirá que os indivíduos potencializem as incertezas e inseguranças típicas das descontinuidades que compreendem a modernidade Nessa perspectiva podendo destacar os efeitos da modernidade nos indivíduos e nas organizações a partir de uma abordagem conceitual construíramse as seguintes questões que nortearam o presente estudo Quais os principais conceitos sobre a modernidade Quais são os reflexos da modernidade ao indivíduo Quais são os reflexos da modernidade às empresas Como a modernidade reflete na relação indivíduo e empresa Diante disso o objetivo do presente artigo será refletir sobre as consequências da modernidade na relação indivíduo e empresa Para alcançar o objetivo proposto utilizou se como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica compreendendo principalmente os autores Anthony Giddens Zygmunt Bauman Ulrich Beck Kenneth J Gergen e ByungChul Han além de outras julgadas necessárias para permitir a breve análise sobre o tema RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 111 Modernidade aspectos conceituais A modernidade é um amplo conceito que abrange diversas denominações ou subdivisões criadas para melhor compreendêla Outros autores preferem transcender esse conceito e abordar um estado de pósmodernidade em função da revolução tecnológica GERGEN 1997 ou em razão da ausência de forma nas relações a modernidade líquida BAUMAN 2001 mas no campo da ciência ainda pela inexistência de um consenso há espaço para todas essas aplicações Sobre a modernidade Giddens 2015 p15 conceitua Como uma primeira aproximação digamos que a noção de modernidade se refere aos modos de vida ou organização social que surgiram na Europa por volta do século XVII em diante e cuja influência posteriormente se tem convertido mais ou menos mundiais Isso associa a modernidade a um período de tempo e a uma inicial localização geográfica E complementa Giddens 2015 p17 Captar a natureza das descontinuidades aqui envolvidas é uma etapa preliminar necessária para analisar o que verdadeiramente é a modernidade e também para diagnosticar quais são suas consequências para nós na atualidade Nesse momento Giddens aborda sua marca distintiva da modernidade em relação ao conceito dos demais autores e pesquisadores Tratase do conceito de descontinuidade Esse evento ou fenômeno marca o estado moderno dada a velocidade cada vez maior das evoluções sobreposições em todas as esferas que preenchem a sociedade e o conhecimento A respeito do que a modernidade representou para a sociedade Giddens 2015 p18 ainda afirma As formas de vida introduzidas pela modernidade arrasaram de maneira sem precedentes todas as modalidades tradicionais da ordem social Tanto em extensão como em intensidade as transformações que foram provocadas pela modernidade são mais profundas que a maioria dos tipos de transformações características de períodos anteriores Sobre a forma de reconhecer as descontinuidades que distinguem as instituições sociais modernas das tradicionais Giddens 2015 indica três formas conforme tabela 01 a seguir RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 112 Tabela 1 Distinção das sociedades modernas em relação as tradicionais Fonte Elaborado pelo autor Adaptação de GIDDENS 2015 Outros aspectos todavia ainda podem ser considerados na comparação entre a sociedade tradicional até o século XVII na visão de Giddens e a sociedade moderna Sobre tais aspectos afirma Giddens 2015 p46 Com o advento da modernidade a reflexão toma um caráter diferente É introduzida na mesma base do sistema de reprodução de tal maneira que pensamento e ação são constantemente refratados um sobre o outro A rotina da vida cotidiana não tem nenhuma conexão intrínseca com o passado e fica a salvo sempre que o que é feito sempre coincida com aquilo que possa ser defendido a luz de novos conhecimentos como questão de princípios Sancionar a prática de algo porque é tradicional não serve de nada a tradição pode ser justificada mas somente a luz do conhecimento que não é o mesmo reconhecido só por ser tradicional A reflexão da vida social moderna consiste que as práticas sociais são examinadas constantemente e reformadas a luz de nova informação sobre essas mesmas práticas que dessa maneira alteram seu caráter constituinte Importante se faz destacar que na visão de Giddens a descontinuidade da modernidade leva a reflexão a um estado não mais estático mas contínuo de aplicação sobre as práticas sociais A descontinuidade da modernidade indica que tomar decisões para o futuro analisando o passado não será tão eficaz como ter a capacidade de refletir de forma mais rápida e pontual sobre os breves lapsos de tempo do presente que logo passarão a compor esse passado O autor também destaca que adotar medidas por que se trata de algo tradicional somente terá seu valor justificado se tais medidas forem submetidas a um ato reflexivo que as valide A modernidade em razão de tamanhos avanços e cada vez mutações mais rápidas na ordem das instituições sociais enquadrase num movimento de alcance global sendo sua mundialização mais um objeto de estudo das ciências sociais GIDDENS 2015 Consolidando as fontes dominantes que podem definir e distinguir a Modernidade GIDDENS 2015 cita três conforme tabela 2 abaixo Descontinuidades Breve conceito Ritmo das mudanças Ocorrem continuamente e cada vez mais rápido Âmbito das mudanças Não mais local mas continental e global Natureza intrínseca das instituições modernas Instituições surgidas com o advento da massificação industrial além da criação das instituições políticas e outras que passaram a complementar a atuação do Estado RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 113 Tabela 2 Fontes dominantes da modernidade Fonte Elaborado pelo autor Adaptação de GIDDENS 2015 Tais fontes remetem aos efeitos da globalização um fenômeno tecnológico social e cultural de relevante influência nas relações comerciais sociais e que em grande escala contribui para a velocidade dos eventos transformações o que para alguns autores representa a ruptura da modernidade rumo a uma nova era o que Giddens discorda Após apresentar os conceitos da modernidade sob a ótica de Giddens onde a descontinuidade necessidade continua de reflexão e as conexões globais são pilares de onde se instauram as práticas sociais passase a abordar a visão de Zygmunt Bauman sobre a modernidade traçando os paralelos possíveis com os conceitos já apresentados por Giddens Sobre a modernidade afirma Bauman 2001 p129 A história do tempo começou com a modernidade De fato a modernidade é talvez mais que qualquer outra coisa a história do tempo a modernidade é o tempo em que o tempo tem uma história Além de considerar esse ponto de partida com a história do tempo e relacionando esse vínculo tempo e espaço com as práticas sociais Bauman 2001 segrega a modernidade em duas fases Modernidade Pesada e Modernidade Leve Na tabela 3 abaixo constam mais detalhes Tabela 3 Modernidade na visão de Bauman Fonte Elaborado pelo autor Adaptação de BAUMAN 2001 Fontes Breve conceito A separação entre tempo e espaço Uniformidade do tempo e mobilidade das instituições e indivíduos O desenvolvimento do mecanismo de ancoragem Deslocamento das relações sociais locais para conexões globais A apropriação reflexiva do conhecimento O conhecimento se justifica e vira o ponto de partida para a próxima reflexão que o sobreporá e assim por diante O conhecimento tradicional não permanece por si só sem a devida justificação e reflexão Divisões da Modernidade Breve conceito Pesada Período onde se alcançava o poder ou a riqueza pelo tamanho porte e peso das instituições sociais Por exemplo o período das grandes fábricas automobilísticas representando distritos industriais Capital e trabalho integrados e dependentes Leve O poder deixa de ser alcançado pelo tamanho físico mas sim pelo seu alcance global Mobilidade descentralização flexibilidade Capital e trabalho independentes RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 114 Os conceitos de Bauman se relacionam com Giddens a partir do momento que a transição da modernidade pesada à leve é por si uma descontinuidade Além disso quando se fala nas características da modernidade leve continua se repetindo os pilares de Giddens ou seja a descontinuidade reflexão e alcance global Aprofundando sobre a modernidade leve a qual foi denominada pelo autor juntamente com outros fatores e características de líquida afirma Bauman 2001 p171 A presente versão liquefeita fluida dispersa espalhada e desregulada da modernidade pode não implicar o divórcio e ruptura final da comunicação mas anuncia o advento do capitalismo leve e flutuante marcado pelo desengajamento e enfraquecimento dos laços que prendem o capital ao trabalho A relação capital e trabalho assim como tempo e espaço dentre outras relações transformadas pelo advento da modernidade marcam essa era de constantes descontinuidades imprevisibilidades que produzem incerteza e insegurança ao indivíduo trabalho e uma necessidade de reinvenção mais rápida que outrora às organizações capital Por isso em razão dos objetivos do presente artigo no próximo item será apresentado especificamente os reflexos da modernidade ao indivíduo para que em seguida seja abordado os reflexos também específicos nas empresas A modernidade e o indivíduo Como citado no tópico anterior destacouse a respeito dos reflexos da modernidade sobre o indivíduo sentimentos como de incerteza e insegurança obviamente sem esgotar outras percepções A respeito de tais reflexos será abordado no presente tópico a opinião de Bauman 2001 Castel 2015 Beck 2011 e Gergen 1997 Bauman 2001 p14 ao refletir sobre a fluidez da modernidade e como isso reflete nos indivíduos afirma Chegou a vez da liquefação dos padrões de dependência e interação Eles são agora maleáveis a um ponto que as gerações passadas não experimentaram e nem poderiam imaginar mas como todos os fluidos eles não mantêm a forma por muito tempo Darlhes forma é mais fácil que mantêlos nela Os sólidos são moldados para sempre Manter os fluidos em uma forma requer muita atenção vigilância constante e esforço perpétuo e mesmo assim o sucesso do esforço é tudo menos inevitável RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 115 Tendo em vista em estado transitório e incerto menciona ainda Bauman 2001 p170 Os medos ansiedades e angústias contemporâneos são feitos para serem sofridos em solidão Essa percepção de Bauman permite o entendimento do estado de insegurança que normalmente e permanentemente o indivíduo vive na modernidade Tal insegurança não é somente estar exposto ao perigo mas constantemente buscar um estado de proteção CASTEL 2015 Sobre esse aspecto afirma Castel 2015 p19 já entrando no caráter individualista que a modernidade trouxe o mesmo afirma Com o advento da modernidade o status do indivíduo muda radicalmente Uma sociedade de indivíduos deixaria de ser falando com propriedade uma sociedade mas um estado de natureza isto é um estado sem lei sem direitos sem constituição política e sem instituições sociais presa à competição desenfreada de os indivíduos entre si e da guerra de todos contra todos Abordando outro aspecto também afetado pela modernidade uma vez que a transitoriedade incerteza e insegurança levam ao constante estado de risco Beck 2011 p204 afirma Ainda em meados dos anos sessenta Helmut Schelsky dizia a respeito disso que família e profissão eram as duas grandes garantias que teriam restado às pessoas na modernidade Elas conferem estabilidade interna às suas vidas Na profissão o indivíduo ganha acesso a diversos âmbitos de atuação socialmente eficaz Talvez se possa mesmo chegar a dizer que através do buraco de agulha de seu emprego o profissional se torna um coreformador do mundo em pequena escala Nessa medida a profissão assegura como a família por outro lado experiências sociais fundamentais A profissão é a instância na qual a realidade social pode ser experimentada num envolvimento por assim dizer em primeira mão Beck indica duas características da sociedade tradicional as quais ganharam a moldura da fluidez transitoriedade insegurança A profissão por ter sofrido uma relevante transformação deixando de ser de longo prazo para ser incerta e de curto prazo BAUMAN 2001 MOURA 2018 A família por sua vez antes uma entidade separada fisicamente do local de trabalho acabou por receber reflexos e consequências do que ocorre no mundo lá fora sem fronteiras Além disso a própria relatividade advinda com as reflexões e incertezas da modernidade passaram a questionar se a constituição da família nos moldes da sociedade tradicional teria o mesmo espaço na sociedade moderna a modernidade E a respeito dessas reflexões sociais que abrangem o indivíduo outro aspecto é abordado por Gergen 1997 p124 que afirma RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 116 Vemos então que ao longo do século XX houve uma mudança abismal no caráter da vida social Através de um conjunto de novas tecnologias o mundo dos relacionamentos tornouse cada vez mais saturado Participamos com intensidade crescente em uma avalanche de relações cujas transfigurações apresentam uma variedade constante E essa multiplicidade de relacionamentos traz consigo uma transformação na capacidade social do indivíduo tanto para saber acerca como para saber como O sentido relativamente coerente e unitário que a cultura tradicional tinha do eu deu lugar a múltiplas possibilidades antagónicas A mudança abismal citada pelo autor compreende a transição de um estado de concepção romântica herdada na cultura do século XIX para uma concepção moderna no século XX ganhando ênfase com a intensa e constante mudança ao final do século XX com a concepção pósmoderna GERGEN 1997 Da concepção romântica à pósmoderna o indivíduo deixa um quadro de relacionamentos restritos a comunidade onde reside para uma multiplicidade de relacionamentos com alcance global em razão da evolução tecnológica vivenciada intensamente nas últimas décadas e que continua em marcha GERGEN 1997 BAUMAN 2001 Essa multiplicidade de relacionamentos leva o indivíduo a desenvolver uma multiplicidade de identidades denominado por Gergen 1997 p125 como multifrenia assim definido Surge assim um estado multifrenico em que cada um nada nas correntes de ser sempre mutáveis concatenadas e disputáveis O indivíduo carrega o peso de um fardo cada vez mais pesado de imperativos dúvidas e irracionalidades A possibilidade de um romantismo apaixonado ou de um modernismo vigoroso e unívoco desaparece e o caminho está aberto para o ser pósmoderno Gergen em sua obra El yo Saturado explora que o indivíduo ingressou na modernidade sendo carregado pela força da correnteza desse movimento sem volta O estado de multifrenia traz consigo a saturação social e a colonização do eu Esse último podese resumir como a perda da identidade enquanto que a saturação social remete ao estado de não conseguir lidar com a multiplicidade de relações conexões e os respectivos compromissos e responsabilidades que tais relações requerem Depois de todo o exposto a tabela 4 abaixo consolida os aportes de cada autor sobre os reflexos da modernidade ao indivíduo Tabela 4 Reflexos da Modernidade ao indivíduo Autores Reflexos RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 117 Fonte Elaborado pelo autor E ainda em complemento a tabela acima afirma Moura 2019 Observase até aqui que a pósmodernidade admitido um estado líquido de sociedade influencia e afeta o comportamento do indivíduo de maneira limitadora e frustrante potencializandose no diaadia não somente como um agente estressor mas como um ambiente estressor Esse ambiente está no indivíduo e esse indivíduo repleto de desejos incertezas e saturação social convertese no eu saturado que está presente no ambiente organizacional Ratificando a opinião apresentada acima e retomando um conceito apresentado anteriormente indicando que na relação capital e trabalho o indivíduo representa esse último podese refletir além das fronteiras individuais de cada um como as relações com as empresas poderiam ser impactadas pela modernidade Porém essas mesmas empresas tiveram reflexos específicos o que será abordado no próximo item A modernidade e a empresa No presente tópico a ênfase compreende os reflexos da modernidade nas empresas o que também compreenderá em algumas situações as relações de trabalho dado que a dissociação capital e trabalho poderia deixar de lado alguma contribuição importante à presente análise A respeito de tais reflexos será abordado no presente tópico a opinião de Bauman 2001 Cohen 2006 Han 2017 e Beck 2011 Bauman resumidamente quando aborda os reflexos da modernidade na relação capital e trabalho traça um paralelo de transição entre a sociedade de produtores e a sociedade de consumidores A respeito da fase da era moderna tipicamente relacionada a sociedade de produtores Bauman 2001 p134 descreve o cenário empresarial O tempo rotinizado se juntava aos altos muros de tijolos arrematados por arame farpado ou cacos de vidro e portões bemguardados para proteger o lugar contra intrusos também impedia que os de dentro saíssem à vontade A fábrica fordista o modelo mais cobiçado e avidamente seguido de racionalidade planejada no tempo da modernidade pesada era o lugar de encontro face a face mas também do voto de até que a morte nos separe entre o capital e o trabalho Bauman Transitoriedade incerteza fluidez das relações necessidade atuação vigilante sobre os modelos de relações pois sua permanência é incerta Castel Insegurança em razão da prevalência da individualidade Beck Viver sobre a vigilância de um estado de risco contínuo Gergen Multifrenia saturação social e colonização do eu RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 118 E as grandes fábricas símbolos da modernidade pesada foram pouco a pouco sofrendo as alterações advindas da transição entre a modernidade pesada e leve desvinculando capital e trabalho onde o primeiro deixou de significar grandes estruturas fabris para significar grandes mercados enquanto que o segundo deixou de significar relações duradouras de segurança para um estado incerto e temporário do aproveitamento do trabalho no curto prazo BAUMAN 2001 Há sem dúvida uma ruptura do modelo industrial que está envolvido num modelo também transitório de sociedade antes de informação e mais recentemente de conhecimento COHEN 2006 Como já citado as denominações sobre as classificações da sociedade ou modernidade são diversas e para situar a opinião de Cohen a sociedade da informação está relacionada ao advento da informática enquanto que a sociedade do conhecimento está relacionada ao advento da globalização e como alguns autores já apontam a fronteira da indústria 40 marcada pela aplicação da inteligência artificial Nesse sentido conceitua Han 2017 p25 A sociedade do século XXI não é mais disciplinar mas uma sociedade de rendimento Nem seus habitantes se chamam sujeitos de obediência mas sujeitos de rendimento Esses sujeitos são empreendedores de si mesmos Han assim como Cohen aborda a transição da sociedade industrial bem como o modelo de relações de trabalho e negócios destacando sob o ponto de vista das empresas que a essas interessa a capacidade de entrega dos resultados capital enquanto um paralelo estado de insegurança exaustão e adoecimento alcança o indivíduo trabalho HAN 2017 Ainda sobre a sociedade do rendimento quando se pensa num paralelo com a sociedade tradicional Moura 2018 p49 afirma empregos perderam sua estabilidade natural que permitia planejar a vida em longo prazo se é possível produzir mais devese trabalhar mais foco das organizações se direciona da produção para aplicação do conhecimento dos empregados na produção como conhecer é um ato contínuo a busca pelo rendimento máximo não cessa Nesse mesmo sentido sobre a relação capital e trabalho Beck 2011 p203 afirma num contexto da sociedade de produtores ou sociedade industrial A importância do trabalho assalariado para a vida das pessoas na sociedade industrial já não se fundamenta ou pelo menos não substancialmente no próprio trabalho Ela surge antes de mais nada do RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 119 fato de que a exaustão da força de trabalho é a base da subsistência também na conduta de vida individualizada Isto explica entretanto apenas uma parte da comoção desencadeada pela notícia do esmaecimento da sociedade do trabalho Considerando a relação indivíduo e empresa e a premissa de uma despadronização da jornada e do local de trabalho afirma ainda Beck 2011 p209 então podese dizer que se consuma a transição de um sistema socioindustrial unificado de trabalho de jornada integral vitalício organizado de modo fabril e associado com a ameaçadora eminência do desemprego em direção a um sistema pontuado por riscos e descentralizado de subempregos flexíveis e plurais no qual já não existirá o problema do desemprego no sentido da falta de um posto de trabalho Bauman Han e Beck corroboram sobre a perspectiva da transição das relações duradouras para um quadro de instabilidade incerteza e imediatismo onde complementa Beck 2011 p209 O desemprego desaparece mas ao mesmo tempo ressurge de modo generalizado em novas formas de subemprego precário Tudo isto quer dizer afinal que um desenvolvimento ambíguo e contraditório é posto em marcha em razão do qual vantagens e desvantagens se associam indissoluvelmente mas cujas consequências e riscos consideráveis continuam a ser imprevisíveis justamente para a consciência e atuação políticas É precisamente a isto que se refere quando se fala do sistema de subemprego da sociedade de risco Mais um termo distinto que explica a sociedade moderna Ulrich Beck denominou sociedade de risco o estado moderno de imprecisão incerteza requerendo vigilância capacidade de reposicionamento e adaptação BECK 2011 Tais características permitiram que as empresas forçadas por uma necessidade competitiva e produtiva alterassem pouco a pouco a relação capital e trabalho permitindo que esse último fosse flexível de curto prazo e com possibilidade de rápida reposição Assim ocorreu a instauração do subemprego como fim do desemprego uma vez que predomina a volatilidade e fragilidade das relações das empresas num contexto moderno onde ainda afirma Beck 2011 p210 Esse processo pode ser descrito como uma bipartição do mercado de trabalho segundo normas padronizadas e despadronizadas de mobilização de mão de obra do ponto de vista temporal espacial e previdenciário Produzse dessa forma uma nova cisão do mercado de trabalho entre um mercado de trabalho normal unificado típico da sociedade industrial e um mercado de subempregos flexível plural típico da sociedade de risco com a ressalva de que esse segundo mercado se expande quantitativamente e absorve cada vez mais o primeiro RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 120 Depois de todo o exposto até o presente momento o detalhamento apresentado por Beck indicando a progressão quantitativa do subemprego flexível sobre o emprego dito tradicional somandose as consequências da busca pelo rendimento HAN 2017 consubstanciam as principais mudanças ou reflexos da modernidade nas empresas o que segue consolidado na tabela 5 abaixo Tabela 5 Reflexos da Modernidade nas empresas Fonte Elaborado pelo autor Ganha relevo que os autores em sua maioria corroboram no entendimento de que a modernidade instaurou nas empresas rupturas descontinuidades e uma relação imediata de entrega na relação capital e trabalho Ou seja tudo tende ao curto prazo e as ações necessárias para maximização do capital que não possui mais o laço forte e duradouro com o trabalho No próximo item após as considerações já realizadas sobre a modernidade será realizada uma breve avaliação de como tais reflexos repercutem na relação indivíduo empresa A relação indivíduo e empresa no contexto da modernidade Depois de abordar como a modernidade refletiu nos indivíduos e também nas empresas o presente tópico pretende estabelecer um paralelo na relação entre esses dois objetos no contexto da modernidade A modernidade de uma forma geral trouxe um estado de descontinuidade fluidez reflexividade e risco GIDDENS 2015 BAUMAN 2001 BECK 2011 Na ótica individual a modernidade ofereceu o sentimento de incerteza transitoriedade insegurança estado de risco saturação social colonização do eu e multifrenia BAUMAN 2001 CASTEL 2015 BECK 2011 GERGEN 1997 Na percepção dos reflexos nas empresas a modernidade implicou na transição das relações de longo prazo para curto prazo a separação entre capital e trabalho ruptura do modelo industrial foco na maximização do rendimento e não mais na produção BAUMAN 2001 COHEN 2006 HAN 2017 BECK 2011 Autores Reflexos Bauman Separação capital e trabalho das relações duradouras às relações de curto prazo Cohen Ruptura do modelo industrial rumo a sociedade do conhecimento Han De sociedade disciplinar à sociedade do rendimento Beck Surgimento e expansão do subemprego flexível RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 121 E abordando a relação do trabalho na vida individual conceitua Bauman 2000 p34 Vamos começar com a vida individual O trabalho de cada homem assegurou seu sustento mas o tipo de trabalho realizado definia o lugar ao qual ele podia aspirar ou poderia reivindicar tanto entre seus vizinhos como naquela totalidade imaginada chamada sociedade O trabalho foi o principal fator de localização social e avaliação individual Observando uma ênfase no aspecto social Bauman 2000 p37 complementa Em resumo o trabalho ocupou uma posição central nos três níveis da sociedade moderna o individual o social e o referido para o sistema de produção de bens Além disso o trabalho foi o eixo para unir esses níveis e foi o principal fator para negociar alcançar e preservar a comunicação entre eles Bauman 2001 p135 citando Daniel Cohen resume o efeito da modernidade na relação indivíduo e empresa Quem começa uma carreira na Microsoft não tem a mínima ideia de onde ela terminará Quem começava na Ford ou na Renault podia estar certo que terminaria no mesmo lugar Esse resumo ainda é complementado pelo entendimento de que o foco de antes destinado a gestão do tempo e produtividade modernidade pesada e visão de longo prazo deu lugar a gestão das entregas deslocando a relação tempoespaço modernidade leve e visão de curto prazo BAUMAN 2001 E sobre as questões relevantes na relação indivíduo e empresa Bauman 2001 p171 destaca Quando a utilização do trabalho se torna de curto prazo e precária tendo sido ele despido de perspectivas firmes e muito menos garantidas e portanto tornado episódico quando virtualmente todas as regras relativas ao jogo das promoções e demissões foram esgotadas ou tendem a ser alteradas antes que o jogo termine há pouca chance de que a lealdade e o compromisso mútuos brotem e se enraízem A opinião de Bauman revela uma questão de extrema relevância na relação indivíduo e empresa pois no contexto da modernidade diante de todas as características já apresentadas a lealdade e compromisso mútuos são afetados o que representa um desafio para as organizações no sentido de reter por muito tempo o empregado trabalho e o mesmo desafio se aplica as chances de um empregado se manter na mesma empresa pela geração contínua e satisfatória de seus resultados capital É possível observar que a modernidade é uma era em marcha contínua sendo expansão de alcance global e não local GIDDENS 2015 A sociedade moderna convive RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 122 conciliando transformando as diversidades culturais sociais econômicas tecnológicas numa constante produção de efeito transitório complexo inserindo o indivíduo numa realidade que rompe a tradição da segurança e inserindo as empresas numa realidade que possui a certeza da contínua mudança Assim depois de todo o exposto e considerando o objetivo do presente artigo a tabela 6 abaixo consolida as reflexões sobre as principais consequências da modernidade na relação indivíduo e empresa Tabela 6 Consequências da Modernidade na relação indivíduo e empresa Fonte Elaborado pelo autor Embora as características apresentadas projetem em muitas situações um panorama pessimista da modernidade como se demonstrou na tabela acima e no presente artigo é necessário observar as oportunidades que surgem na relação indivíduo e empresa onde a título de exemplo destacouse duas nos parágrafos a seguir Ao separar capital e trabalho se tem de um lado o rompimento de uma relação tradicional e duradoura passando ao quadro do indivíduo tomar a iniciativa em mudar de emprego se outro lhe oferecer condições melhores Tratase do momento em que esse indivíduo necessita se tornar o gerenciador da sua carreira deixando o posto de um ser gerenciado que por toda carreira profissional aguardava passivamente as ações ou decisões do grupo empresarial que pertencia O imediatismo das relações onde se tem de um lado a ausência de planos rumo ao horizonte pode resultar em reconhecimentos financeiros e profissionais no curto prazo o que outrora ocorria quando o empregado se aposentava quando ocorria Reflexos e consequências Ø O indivíduo mesmo sob a sombra do risco descontinuidades e incerteza se encontra em melhores condições de gerenciar sua própria carreira Ø Lealdade e compromisso afetados pela instabilidade e incerteza da relação Ø Dificuldade na retenção dos talentos pelas empresas Ø Indivíduo ingressa na empresa podendo ser portador de um estado de multifrenia requerendo um olhar especial das empresas a respeito das condições sociais individuais de seus empregados Ø Há uma exigência mútua de aprendizado pelo indivíduo e condições de fornecer a capacitação pelas empresas Ø Com a ausência das relações duradouras de outrora surge a necessidade no curto prazo de reconhecimento tanto profissional quanto financeiro Ø Precarização das condições que regem a relação de trabalho permite transformar o desemprego numa classe do subemprego RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 123 A integração empresa e indivíduo pois com o advento da modernidade a vida tecnológica intensamente conectada multifrenica e exposta à saturação social requer ainda mais um olhar especial das organizações sobre os indivíduos que a compõem pois a produtividade que leva ao resultado Sociedade do Rendimento pode ser influenciada e afetada por sintomas do mundo moderno que transcendem à cultura organizacional e precisam ser identificados entendidos e tratados pois além de maximizar a produtividade as organizações estarão atuando preventivamente na saúde do capital humano evitando eventos como absenteísmo presenteísmo e enfermidades laborais diversas Conclusão O presente estudo teve como objetivo principal refletir sobre as consequências da modernidade na relação indivíduo e empresa Para tanto foi realizado um levantamento teórico apresentando os principais conceitos de modernidade modernidade e indivíduo modernidade e empresa permitindo uma consolidação dos possíveis reflexos na relação indivíduo e empresa Nesse caminho percorrido o conceito de modernidade apresentou como ponto central a natureza da descontinuidade e a transitoriedade dos eventos o que foi retratado nas obras de Anthony Giddens e Zygmunt Bauman respectivamente Em seguida abordouse a modernidade e o indivíduo possibilitando identificar questões específicas que repercutiram em transformações no comportamento individual onde ganhou destaque o conceito de multifrenia e saturação social ambos apresentados na obra de Kenneth Gergen Essa abordagem foi sucedida pelas características entre modernidade e empresa destacando principalmente a passagem da sociedade de produtores a sociedade de consumidores que considerou as obras dos autores citados acima e incluiu a sociedade do rendimento de ByungChul Han a qual observa a conexão entre o indivíduo afetado pelos reflexos da modernidade e a empresa por sua vez exposta a necessidade de ser competitiva e uma contínua maximizadora de resultados Após a avaliação dos conceitos apresentados os principais resultados dessa avaliação identificaram as consequências da modernidade na relação indivíduoempresa compreendem que i na modernidade prevalece as relações de curto prazo e a respectiva convicção das descontinuidades ii as relações de curto prazo trazem um conjunto de incertezas inseguranças e oportunidades iii o rompimento da relação capital e trabalho RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 124 estabeleceu a autonomia do indivíduo e a precarização das relações de trabalho e iv a multifrenia e a saturação social podem características individuais levadas a compor o conjunto da organização Dessa forma acreditase que os objetivos propostos foram alcançados abrindo caminho para o aprofundamento das questões que poderão envolver a título de sugestão conhecer como a gestão de pessoas lida com tais consequências da modernidade nas organizações possibilitando aprofundar as discussões sobre os efeitos desafios e ações a respeito desse contexto irreversível que é o da modernidade Sobretudo tal avaliação deverá considerar não só a gestão de pessoas mas também o aspecto empresarial voltado a gestão de resultados tecendo uma conexão que possa permitir a conciliação e equilíbrio entre o bemestar do capital humano nas organizações e a maximização dos resultados isto é num ambiente competitivo e disruptivo Referências BAUMAN Zygmunt Trabajo consumismo y nuevos pobres Barcelona Gedisa Editorial 2000 Modernidade Líquida Rio de Janeiro Zahar 2000 BECK Ulrich Sociedade do risco rumo a oura modernidade São Paulo Editora 34 2011 CASTEL Robert La inseguridad social que es estar protegido Buenos Aires Manantial 2015 COHEN Daniel Tres lecciones sobre la sociedad postindustrial Buenos Aires Katz Editores 2006 GERGEN Kenneth J El yo saturado dilemas de identidad en un mundo contemporáneo Barcelona Paidos 1997 GIDDENS Anthony Consecuencias de la modernidad Madrid Alianza Editorial 2015 HAN BuyngChul La sociedad del cansancio Barcelona Herder Editorial 2017 MOURA Franklin dos Santos Sociedade do rendimento reflexões a partir de uma abordagem conceitual Revista de Ciencias Empresariales y Sociales v 1 n 1 p 42 60 2018 RAU Revista de Administração Unimep ISSN 16795350 MOURA F S M v19 n3 setembro 2021 125 Gerenciamento do stress reflexões sobre a segregação do stress através da origem individual e laboral in Anais do XIX Congresso de Stress da International Stress Management Association ISMABrasil e XXI Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho Porto Alegre Rio Grande do Sul Brasil ISMABrasil 2019