Estudo de Caso: Gestão de Demanda na Toyota

CURSO MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE LOGÍSTICA Data da Entrega Disciplina LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS Estudo de Caso Gestão de demanda na Toyota o maior fabricante de carros do mundo Professor Wanderley Avelar Email avelarpucminasbr Aluno Fone Aluno Fone Aluno Fone Aluno Fone Gestão de demanda na Toyota o maior fabricante de carros do mundo A Toyota Motor Co Ltd Toyota iniciou suas operações em 1937 quando Kiichiro Toyoda estabeleceu uma fábrica de veículos automotores independente de sua empresa da época a Toyoda Automatic Loom Works ALW uma fabricante de equipamentos para tecelagem O capital inicial para os primeiros experimentos com a fabricação de automóveis veio da venda dos direitos de patente de uma das máquinas inventadas pelo fundador da Toyoda ALW Sakichi Toyoda e pai de Kiichiro No período de pósguerra mais especificamente em 1950 a Toyota experimentou a única greve da história da empresa da qual depois de extensas negociações tanto os trabalhadores quanto a empresa e sua gestão saíram firmemente comprometidos com os princípios de confiança mútua e interdependência para o bem comum Concessionária Toyota O bom relacionamento entre os trabalhadores e a empresa continua até hoje Durante os anos 1950 e daí por diante as técnicas de produção da Toyota foram aperfeiçoadas culminando com o desenvolvimento do chamado Toyota Production System Sistema Toyota de Produção pelo legendário gerente Taiichi Ohno considerado o pai do sistema just in time um sistema que se tornou a base do lean production produção enxuta adotado largamente não só na indústria automobilística mas em muitas outras O Sistema Toyota de Produção é baseado nos princípios de jidoka sistema que interrompe a produção quando um defeito é encontrado seguindo o postulado de que qualidade se constrói durante o processo de produção just in time por meio do sistema kanban de fluxos produtivos puxados em que se produz só o que é necessário quando necessário e na quantidade necessária e kaizen sistema de melhoramentos contínuos Considerase que o Sistema Toyota de Produção é em grande parte a razão de os níveis de estoques e defeitos dentro das fábricas da Toyota serem por larga margem os menores do mundo dentro do setor industrial Em 2018 a Toyota teve vendas líquidas de US 256 bilhões tinha 16 fábricas no Japão e 53 ao redor do mundo distribuídas entre 27 paísesregiões e foi em 2017 a terceira maior fabricante do mundo por produção de veículos com pequena margem atrás da primeira e segunda A Figura 83 traz os detalhes Os três maiores grupos automotivos do mundo ranqueados por produção de veículos 2017 A Toyota é a líder do mercado japonês de veículos Honda e Nissan são suas maiores e mais fortes rivais lá onde sua atuação desde os anos 1950 lançou as bases para a jornada que a tornou a maior fabricante de carros do mundo Um dos fatores diferenciadores da Toyota que com suas práticas de manufatura tem garantido uma competitividade sustentada por décadas é a sua competência em gerenciar sua demanda o que inclui não só a demanda de veículos por usuários finais mas também a gestão dos seus canais de distribuição as concessionárias que são os clientes diretos da empresa Canais de distribuição No Japão a Toyota trabalha com quatro canais de distribuição Toyota carros grandes Toyopet carros médios Corolla carros compactos e Netz carros subcompactos A empresa oferece em torno de 60 modelos de carros com cada canal distribuindo apenas de 15 a 25 modelos Dessa forma cada concessionária pode desenvolver um conhecimento profundo de cada modelo que vende Cinquenta por cento dos modelos são vendidos como exclusivos de cada canal não podendo ser encontrados em outros canais A Toyota tem em torno de 300 concessionárias no Japão cada uma com cerca de 18 a 20 lojas A empresa aplica o jeito Toyota Toyota Way de fazer negócios também no seu relacionamento com as concessionárias É baseado em três princípios 1independência das concessionárias como investidores externos à empresa 2vitória compartilhada concessionárias e Toyota têm de prosperar juntos e 3encorajamento de concorrência entre concessionárias essa é a forma de melhorar A empresa mede o desempenho das concessionárias periodicamente a partir de um sistema de ranqueamento e recompensa Fazem parte das dimensões medidas vendas de carros novos e usados unidades e fatia de mercado vendas de serviços e peças pósvenda unidades e fatia de mercado satisfação do cliente número de lojas pessoal e oficinas e lucratividade O contrato típico com uma concessionária dura três anos e mau desempenho repetido pode resultar em suspensão ou desligamento da cadeia Gestão de pedidos e de estoques de veículos na Toyota Japão O processo de gestão de pedidos segue uma lógica puxada com os clientes colocando pedidos na concessionária que então os repassa à Toyota Não é um sistema puxado puro já que as concessionárias também fazem pedidos antecipados e recebem carros que foram produzidos para estoque a fim de permitir atender clientes que querem disponibilidade imediata ou tempo muito curto de entrega No caso de veículos para estoque os carros são estocados em um ponto de armazenagem onde as concessionárias podem inspecionálos e instalar opcionais quando os pedidos entram No geral as concessionárias têm em média o volume de um mês de vendas em estoque em seus pontos de armazenagem que em geral são localizados em regiões mais afastadas devido ao alto custo do metro quadrado urbano no Japão No final do ano os veículos que foram comprados para estoque e sobraram ou são vendidos como carros usados ou sofrem descontos de preço para facilitar a venda como novos Similarmente embora a Toyota vise a basear toda a produção doméstica japonesa em pedidos firmes de consumidores ou de concessionárias produzindo apenas contra pedido na realidade alguns carros são feitos para estoque O departamento de marketing prepara planos de pedido baseados em previsões e os transmite ao departamento de produção A empresa controla esse processo muito de perto e reajusta previsões e planos de produção mensalmente e com cuidado de forma que um mínimo de veículos reste em estoque ao final do ano Em média a empresa mantém apenas cinco mil carros em estoque ou em torno de 2 a 3 do volume mensal produzido Solicita periodicamente às concessionárias que absorvam parte do seu estoque extra a fim de reduzir a sua posição de estoques Em tempos de falta de veículos como foi o caso do lançamento do carro híbrido Prius a Toyota faz alguma alocação de carros para as concessionárias baseada nos tamanhos de pedidos Isso pode acarretar nas concessionárias o comportamento de jogar com o sistema inflacionando pedidos para conseguir maior alocação Na prática isso acontece muito raramente porque a Toyota deixa claro que se esse comportamento for identificado a alocação passará imediatamente a zero A relação de confiança entre concessionárias e empresa parece auxiliar para que o efeito chicote seja atenuado O efeito chicote brevemente descrito no Capítulo 2 e tratado em mais detalhes adiante neste capítulo nesse caso ocorre quando concessionárias exagerando seus pedidos distorcem os padrões de demanda que a Toyota percebe nas suas vendas causando assim ineficiências Baseado em informações do site da Toyota Consultado em 22 de julho de 2018 e disponível em httpwwwannualreportscomHostedDataAnnualReportsPDFNYSETM2017pdf e em LEE H PELEG B WHANG S Toyota Demand Chain Management Stanford Graduate School of Business case GS42 QUESTÕES PARA DISCUSSÃO 1Atualmente com a quantidade de acessórios oferecida o total de diferentes veículos que podem ser produzidos é imenso Como você imagina que a Toyota organiza seu processo de gestão de demanda para lidar com essa quase impossibilidade de alta precisão de previsão por variante individual de veículo 2Por que a Toyota avalia suas concessionárias em termos de como elas satisfazem os seus clientes Afinal as concessionárias são clientes ou fornecedores de serviços da Toyota 3Cite exemplos do caso mencionado nos quais a Toyota e sua cadeia agem para alterar a sua demanda mais do que apenas tentar prevêla passivamente 4Quando se fazem previsões de demanda em cadeias de suprimentos um dos grandes problemas é o chamado efeito chicote que faz com que a demanda imediata aquela representada por pedidos dos clientes imediatos percebida por empresas da cadeia seja distorcida por ações propositais ou não das empresas da cadeia que se encontram no encadeamento clientefornecedor entre a empresa analisada focal e o consumidor final Uma das ações é o cliente imediato jogar com o sistema por exemplo exagerando pedidos em situações de escassez como mencionado no caso Você é capaz de pensar em outras ações que também aumentem o efeito chicote