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Desenvolvimento na primeira infância: características valorizadas pelos futuros educadores de infância\nEarly childhood development: characteristics valued by future childhood educators\nIsabel Simões Dias1\nInstituto Politécnico de Leiria, IPLeiria, Portugal\nSónia Correia2\nInstituto Politécnico de Leiria, IPLeiria, Portugal\nPatrícia Marcelino3\nGrupo Projeto Creche (Núcleo de Investigação e Desenvolvimento em Educação), NIDE-IPL, Portugal\nResumo\nEste trabalho de investigação procura identificar os saberes que cinquenta estudantes do curso de formação inicial em Educação de Infância (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais - Instituto Politécnico de Leiria, Portugal) revelaram possuir sobre o desenvolvimento das crianças na primeira infância (dos zero aos três anos). Recorreu-se a uma metodologia qualitativa, analisaram-se vinte e cinco trabalhos de revisão de literatura sobre o desenvolvimento infantil elaborados no âmbito da unidade de Prática Pedagógica II (3.º ano), no ano letivo de 2008-2009. A análise do conteúdo efetuada por um painel de três juízes revelou o olhar dos estudantes sobre o conceito e as características do desenvolvimento que ocorrem durante estes primeiros anos de vida. Os dados obtidos permitem-nos inferir que a característica holística do desenvolvimento foi pouco enfatizada pelos estudantes, ao nível dos diferentes domínios do desenvolvimento humano, os futuros educadores valorizaram o domínio físico-motor e linguístico em comparação com os domínios cognitivo e psicossocial. Estes resultados assumem-se como importantes para o processo de reflexão acerca a construção da profissionalidade docente, principalmente no que se refere ao trabalho desenvolvido na formação inicial, com futuros educadores de infância. Na verdade, o conhecimento das características do desenvolvimento da criança de até três anos é um mainstay para a intencionalidade educativa e intervenção adequada com as crianças nesta idades.\nPalavras-chave: Desenvolvimento; Primeira Infância; Formação Inicial.\nAbstract\nThis research identifies the knowledge that fifty students of the Initial Training in Child-hood Education (School of Education and Social Sciences - Polytechnic Institute of Leiria, Portugal) have revealed about the development of children in early childhood (from zero to three years old). By employing a qualitative methodology we analyzed twenty-five works of literature review about child development elaborated by the students within the unit Pedagogical Practice II (3th grade) in the 2008-2009 school year. The content analysis carried out by a panel of three judges showed that students knew about the concept and characteristics of development that occur during these early years of life. The data obtained allow us to infer that the characteristic of the holistic development was not emphasized by students and that as regards the different areas of human development, the future educators valued the physical and language domains compared to the cognitive and psychosocial ones. These results are assumed to be important for the process of reflection on the construction of the teaching profession, particularly with regard to work done in training, with future early childhood educators. In fact, knowledge of the characteristics of child development up to three years old is a mainstay for the educational intention and appropriate intervention with children at these ages.\nKeywords: Development, Early Childhood, Initial Training. literature review about child development elaborated by the students within the unit Pedagogical Practice II (3th grade) in the 2008-2009 school year. The content analysis carried out by a panel of three judges showed that students knew about the concept and characteristics of development that occur during these early years of life. The data obtained allow us to infer that the characteristic of the holistic development was not emphasized by students and that as regards the different areas of human development, the future educators valued the physical and language domains compared to the cognitive and psychosocial ones. These results are assumed to be important for the process of reflection on the construction of the teaching profession, particularly with regard to work done in training, with future early childhood educators. In fact, knowledge of the characteristics of child development up to three years old is a mainstay for the educational intention and appropriate intervention with children at these ages.\nKeywords: Development, Early Childhood, Initial Training.\nHoje em dia já não se discute a importância do desenvolvimento na primeira infância, especialmente entre os zero e os três anos de idade, pois sabe-se que é na infância que se lançam “as bases do desenvolvimento nos seus diversos aspectos físicos, motores, sociais, emocionais, cognitivos, linguísticos, comunicacionais, etc.” (PORTUGAL, 2009, p.7). Por esta razão, o trabalho dos educadores de infância4 torna-se essencial na promoção de um desenvolvimento equilibrado da criança, sendo, faz sentido que os educadores de infância conheçam e estejam informados sobre as características do desenvolvimento da criança durante sua fase de vida. Com este estudo identificamos o que futuros educadores (estudantes do 3.º ano do curso de Educação de Infância) revelaram possuir sobre o desenvolvimento das crianças até 3 anos, procurando fazer uma reflexão mais profunda sobre o desenvolvimento da criança na primeira infância e sobre o papel do educador de infância na promoção do seu desenvolvimento em contexto de creche. Partindo destes dados, refletimos, ainda, sobre as oportunidades de aprendizagem que a formação inicial5 oferece para o conhecimento da criança nesta idade. reorganizações constantes ao nível das suas estruturas físicas, psicológicas e sociais que evolvem num contínuo faseado e integrativo (NÚÑEZ, 2005; TAVARES et al., 2007). Portugal (2009) defende que o período da infância e as primeiras experiências de vida do ser humano enquanto criança determinam aquilo que o ser humano será enquanto adulto, pois é nesse período que o sujeito aprende sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. Neste sentido, o conhecimento da criança nesta etapa da sua vida torna-se essencial para os profissionais de educação que com ela desenvolvem uma ação educativa.\nTodas as transformações do ser humano provocam outras mudanças que influenciam no seu todo (MATTA, 2001; PAPALIA et al., 2001). Poderíamos pensar, como exemplo, o momento em que uma criança começa a ser capaz de usar a linguagem oral para se expressar. Esta nova competência cognitiva permitir-lhe-á novas possibilidades de interação com o mundo, novas possibilidades de interação com os outros, influenciando, também, o seu desenvolvimento social. Esta e outras situações fazem com que tenhamos de assumir que o desenvolvimento do ser humano é um processo holístico e que os processos ocorridos se influenciam e se provocam mutuamente. Na perspectiva de Núñez (2005), só será possível aceder a uma fragmentação do desenvolvimento humano se houver uma finalidade metodológica que permita observar cientificamente algumas dimensões da condição humana. Desta forma, se entenda ser característica intrínseca do desenvolvimento humano, iremos fazer uma breve apresentação dos diferentes domínios do desenvolvimento categorizados por Papalia et al. (2001) como sendo os domínios do desenvolvimento físico-motor, cognitivo e psicossocial.\nDesenvolvimento físico-motor\nSegundo Tavares et al. (2007) o crescimento do bebê nos dois primeiros anos de vida é extremamente acentuado em comparação com outros períodos da vida do ser humano. Para Matta (2001) e Papalia et al. (2001), o processo de desenvolvimento é gradual. Quando a criança nasce, tem pouco controle sob o seu corpo e os seus movimentos são descoordenados. Progressivamente vai-se desenvolvendo, controlando inicialmente o corpo nos membros superiores (lei céfalo-caudal) e no sentido do centro do corpo para fora (lei próximo-distal). Sendo competente é capaz de aprender a partir das estruturas a que chega ao mundo.\n“Neste período, o bebê sofre importantes e aceleradas modificações, tais como gatinhar, sentar, andar e falar” (TAVARES et al., 2007, p.44). Durante os dois primeiros meses de vida aprende a segurar o pescoço e, aos quatro meses, senta-se necessitando da ajuda de um suporte (MATTA, 2001). O rastrear e o gatihar surgem como as primeiras tentativas de movimentação intencional por volta dos quatro/seis meses (PAPALIA et al., 2001). Com cerca de sete meses, senta-se se colocando na posição bípede surgem por volta dos oito/nove meses, apoiando-se, porém, em alguma coisa. Apenas por volta dos onze meses é que a criança consegue andar com alguma ajuda (MATTA, 2001). O andar “não se adquire de repente” (BRAZELTON, 2006, p. 166), sendo necessários alguns meses até que a criança consiga andar sem o suporte. Ao aprender a andar, a criança liberta as mãos para outras descobertas e aprendizagens. No decorrer do segundo ano de vida a criança já anda e explora o espaço circumdante, como a subir degraus (inicialmente sem alternar os pés), corre, salta, pisa por cima de um risco, lança, anda em bicos dos pés e de triciclo (PAPALIA et al., 2001; ROJO et al., 2006). No que diz respeito à manipulação de objetos, a criança por volta dos cinco meses já tem consciência de que pode alcançar e agarrar tudo o que tem à sua volta, no entanto, só aos dez meses é que estes dois movimentos se coordenam bem (PAPALIA et al., 2001). Ao completar o segundo ano, pode-se verificar o início de uma certa preferência por um dos lados, o que “não quer dizer que a criança já evidenciou o domínio de um lado sobre o outro” (GISPERT, 1996, p. 79). Em relação ao início do controle dos esfíncteres não há um consenso entre os diversos autores. Segundo Bébè (1981), isso em acontece por volta dos 16-18 meses. A criança manifesta maior predisposição para adquirir com eficácia o controle dos esfíncteres por volta dos 18-24 meses, apesar de Griffey (2002), Brazelton (2006) e Muccihielli (1992) referirem os 18-36 meses. O controle esfíncteriano depende da maturidade do sistema nervoso mas, regra geral, a criança do sexo feminino antecipa-se (BÉBÉ, 1981). \n\nDesenvolvimentocognitivo\n\nNos primeiros três anos de vida a criança desenvolve capacidades cognitivas devido ao interesse que manifesta pelo mundo que a rodeia e à sua necessidade de conhecimento (TAVARES et al., 2007). Por volta dos quatro meses a criança já é capaz de se concentrar no que vê, toca e ouve, sem perder o controle. Conforme Brazelton (2006, p. 157), \"alguns bebês sorriem e balbuciam naturalmente, absorvendo os sons e imagens, dormindo regularmente e comendo sem problemas\". A criança aprende rapidamente a usar e compreender os sinais que são expressos através do comportamento, da expressão corporal e da postura corporal. Desde o nascimento há uma reação aos ruídos, uma vez que para além de bebê detectar, ele orienta o olhar e a cabeça em direção à fonte que produziu o mesmo. Para além disso, \"é capaz de discriminar características rítmicas e melódicas em diferentes tipos de sequências sonoras, revelando alterações nas suas respostas\" (MATTA, 2001, p. 125).\n\nAos dois anos a criança é capaz de ordenar e de guardar objetos pessoais, de construir Torres de sete cubos (ROJO et al., 2006), de examinar e de agarrar pequenos objetos.\n\no egocentrismo Piagetiano (apud PAPALIA et al., 2001) é uma das características presentes na criança da primeira infância – a criança desta idade não tem capacidade para colocar no ponto de vista do outro e não entende sua visão, pois a sua compreensão está centrada em si mesma. No entanto, para estes autores, continua estudos de Yarrow (1978), a criança não é tão egocêntrica como Piaget descreveu e até mostra alguma capacidade de empatia.\n\nA par destas transformações começa a surgir as primeiras palavras, a posteriormente, as primeiras frases. Esta crescente capacidade linguística traz inúmeras implicações ao nível da comunicação com os outros. A criança começa a conseguir questionar, a querer saber sempre mais, numa tentativa de compreender o mundo que a rodeia. Na verdade, com um ano de idade a criança já pronuncia algumas palavras perceptivas, iniciando a articulação das primeiras palavras com significado (PAPALIA et al., 2001) embora fale muitas outras que não se conseguem compreender (BRAZELTON, 2006). A primeira palavra surge, normalmente, entre os 10 e os 14 meses indicando a chamada fala linguística. No período a partir dos 18 meses (aproximadamente) a criança utiliza \"pré-frase, constituída por dois ou vários termos dispostos segundo a importância afetiva que a criança lhe atribui\" (DELIMINE, VERMELEN, 2001, p.54). Ao longo do período da pré-frase a crianç a encontra-se na idade \"perguntadora\" - coloca questões do gênero \"o que é isto?\", \"como?\", \"onde?\", \"quando?\", \"por quê?\", exprimindo a sua curiosidade e desejo de conhecer.\n\nPor volta dos dois anos a criança entusiasma-se com a sua própria linguagem. Gosta de aprender palavras novas (por vezes pronunciadas incorrectamente) e de inventar novas palavras (MUCCHIELLI, 1992). Nomeia objetos familiares e é capaz de conversar sozinha com um brinquedo, também por volta dos dois anos que surgem as primeiras frases, ainda que rudimentares (ROJO et al., 2006). Segundo Delumine e Vermelen (2001), nesta idade, a criança apresenta um forte incremento da linguagem e, de fato, este é o período em que se verifica o maior enriquecimento do vocabulário.\n\nDesenvolvimentopsicosocial\n\nSabemos que a criança se desenvolvem em vários contextos com características específicas, isto é, com regras, atitudes, valores e modos de estar e ser concretos. A medida que existe um mundo externo a si. E esse mundo que aprende sobre si, a estar e a comunicar-se com os outros. Neste sentido, a primeira infância é como mudanças significativas no que diz respeito ao desenvolvimento social.\n\nComo afirma Brazelton (2006), uma criança entre esses a seis ou sete semanas utiliza o sorriso como meio para captar a atenção dos seus pares (linguagem não-verbal). Para além do sorriso, o choro é uma das principais formas da criança contatar com o que a rodeia (MATTA, 2001).\n\nNos primeiros meses de vida a criança tem grandes oscilações de humor (BOUFRARD, 1982; BRAZELTON, 2006). Ao aproximar-se dos três anos vai tornando-se (mais) obediente, arrumada e amável (BOUFRARD, 1982) indo (re)conhecendo, em fotografias, as pessoas mais chegadas e demonstrando sentimentos de afeto, companhia e culpabilidade (ROJO et al., 2006).\n\nA capacidade de ser terna, confiante e estabelecer intimidade, quer com adultos, quer com pares, aumenta entre os quatro e os seis meses (BRAZELTON, 1981). Com um ano de idade a criança já manifesta um apego excessivo com a mãe ou de quem cuida dela e ainda a perturba a separação ou ausência materna (BÉBÉ, 1981; PAPALIA et al., 2001). Contudo, começa a tomar consciência de que alguém distinto a mãe é como vontade própria.\n\nAos dois anos há uma idade de conflito, pois a criança vive entre a necessidade de afeição e necessidade de independência. Em afim Papalia et al. (2001, p. 169): \"os trés anos são uma manifestação normal da necessidade de autonomia\" o que ocasiona um período de oposição em duas áreas fundamentais: nas brincadeiras (demolir e construir) e na alimentação (repugnância e preferências por alimentos) (BOUFRARD, 1982). Aos dois anos a criança demonstra, também, dificuldade em partilhar - normalmente brinca sozinha (GESELL, 1979). Aos dois anos e meio já brinca com outras crianças em grupo em paralelo. Por vezes acontece entusiasmar-se e correr melhor amigo (BRAZELTON, 2006), revelando estes comportamentos o início da socialização (UNESCO, 1978) - gosta da companhia de outras crianças mas tem dificuldade em se relacionar com elas (ROJO et al., 2006; UNESCO, 1978).\n\nAinda que haja especificidades próprias de cada dimensão do desenvolvimento da criança, uma mudança numa dimensão provoca muitas outras nos restantes domínios. Observar um bebê que ainda gatinha e observá-lo um mês depois permite espantarmo-nos, pois são notórias as inúmeras conquistas já alcançadas! Talvez já ande sozinho ou se aventure a dar passos agarrado ao móvel ou à mão de alguém. Esta capacidade de se deslocar mais autonomamente permite ver o mundo de uma outra perspectiva e traz novas formas de interação com os objetos e com as pessoas a partir de sua vida. Uma conquista situada no domínio do desenvolvimento físico-motor que, como é o caso apresentado, permite à criança outras possibilidades de aprendizagem e, consequentemente, outros processos de desenvolvimento nos restantes domínios.\n\nNão há padrões de desenvolvimento verdadeiramente iguais em todos os seres humanos pois vêem que \"cada criança é semelhante às outras crianças em alguns aspectos, mas é única em certos outros aspectos\" (PAPALIA et al., 2001, p.9). O processo de desenvolvimento do ser humano toma em si as singularidades humanas, as especificidades hereditárias do indivíduo e aquelas que são resultantes da sua experiência de interação com a realidade social e física. O processo de desenvolvimento da criança é um processo pessoal, único, situado num contexto histórico e cultural que, também, o influencia. A criança desenvolve-se em diferentes ambientes, mais ou menos familiares, que lhe oferecem as suas primeiras experiências de vida. No caso concreto deste estudo, aproximamo-nos de uma reflexão sobre os contextos educacionais dedicados às crianças até aos três anos - o contexto de creche - e por isso importa debruçarmo-nos um pouco sobre o papel deste contexto e dos seus profissionais (particularmente os educadores de infância).\n\nO desenvolvimento da criança, o contexto de creche e o papel do educador de infância\n\nO desenvolvimento humano situa-se num contexto histórico e cultural, num ambiente que o influencia fortemente (PAPALIA et al., 2001). Nesse sentido, emerge uma responsabilidade acrescida de reflexão e estudo sobre os contextos educacionais que proporcionamos às crianças nesta primeira fase da sua vida. Contextos que oferecem à criança oportunidades para aprender ativamente são determinantes para que a criança possa se desenvolver de forma harmoniosa. Em Portugal, a creche enquanto instituição dedicada à primeira infância apresenta-se, para além da família e de outros ambientes, como um potencial contexto de desenvolvimento/aprendizagem para a criança pelas desafios que lhe pode proporcionar. Na verdade, forma como as crianças são cuidadas e respeitadas nas \"suas necessidades, características e interesses\", a forma como são encorajados os sucessos e fracassos, a A maioria era solteira (78% do total da amostra) e encontrava-se no curso da sua primeira preferência (92% do total da amostra). Das 50 participantes, 10 (20% do total da amostra) eram estudantes-trabalhadoras (5 eram Auxiliares da Ação Educativa, 2 Administrativas, 1 Assistente de Administração Escolar, 1 Vendedora e 1 Empregada de Armazém).\n\nInstrumentos\n\nPara a recolha dos dados recorreu-se aos trabalhos de revisão de literatura sobre o desenvolvimento e aprendizagem na 1.ª infância que foram elaborados pelos estudantes no âmbito da unidade curricular de Prática Pedagógica II (documentos pessoais, não publicados).\n\nFoi, também, elaborado um questionário sócio-demográfico que permitiu a caracterização da amostra. O questionário foi dividido em duas partes distintas: apresentação dos objetivos do estudo/solicitação de autorização para participação, e questões de caráter fechado e semi-fechado.\n\nProcedimento\n\nNo âmbito das atividades formativas da unidade curricular de Prática Pedagógica II (IPL-ESECS), foi solicitado aos estudantes a realização de um trabalho de revisão da literatura sobre o desenvolvimento/aprendizagem na primeira infância com um cont... Quadro I - Desenvolvimento: conceito e características gerais\nConceito e características gerais\nFrequência\nMudanças no ser humano ao longo da vida\t42\t59,2%\nRitmo de desenvolvimento individual\t13\t18,3%\nDomínios do desenvolvimento\t12\t16,9%\nDesenvolvimento holístico\t4\t5,6%\nTotal\t71\t100%\nFonte: Dados da pesquisa.\nOs dados apresentados (Quadro I) revelam a existência de uma maior incidência na definição do desenvolvimento como mudanças no ser humano ao longo da vida (59,2%). O desenvolvimento como processo holístico é a característica que apresenta menos evidências (5,6%).\nNo que se refere aos diferentes domínios do desenvolvimento os dados mostram que as evidências de desenvolvimento físico-motor são as mais referenciadas (42%), seguidas do desenvolvimento psicossocial (25%) e do desenvolvimento cognitivo (23%). As evidências de desenvolvimento linguístico (10%) foram perspectivas para mobilizar os estudantes como um domínio do desenvolvimento e não como um substrato da dimensão cognitiva. De seguida analisamos cada um destes domínios para verificar que aspectos surgem identificados e valorizados pelos estudantes.\nQuadro II - Características do Desenvolvimento Físico-Motor\nCaracterísticas do Desenvolvimento Físico-Motor\nFrequência\nDesenvolvimento dos cinco sentidos (audição, visão, tato, olfato, paladar)\t30\t6%\nCrescimento\t71\t11,9%\nMotricidade fina\t118\t19,8%\nMotricidade grossa e controle corporal\t359\t60,3%\nControle esfinteriano\t11\t2%\nTotal\t595\t100%\nFonte: Dados da pesquisa.\nAo nível do desenvolvimento físico-motor (Quadro II) existe uma grande incidência nos aspectos do desenvolvimento da motricidade grossa e controle corporal (60,3%), sendo que o controle dos esfíncteres é o menos valorizado.\nQuadro III - Características do Desenvolvimento Psicossocial\nCaracterísticas do Desenvolvimento Psicossocial\nFrequência\nManifestação de emoções\t143\t41%\nComunicação interpessoal (pais, outros adultos significativos, pares, vinculação)\t144\t41%\nManifestações de independência e de segurança (autonomia, alimentação, ...)\t64\t18%\nTotal\t351\t100%\nFonte: Dados da pesquisa.\nAnalisando o desenvolvimento psicossocial (Quadro III) verificamos que a manifestação de emoções (41%) e a comunicação interpessoal (41%) são os aspectos mais valorizados nos trabalhos realizados pelos estudantes.\nRevista Eletrônica de Educação, v. 7, n. 3, p. 9-24\nISSN 1982-7199 | Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br
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Na verdade, o conhecimento das características do desenvolvimento da criança de até três anos é um mainstay para a intencionalidade educativa e intervenção adequada com as crianças nesta idades.\nPalavras-chave: Desenvolvimento; Primeira Infância; Formação Inicial.\nAbstract\nThis research identifies the knowledge that fifty students of the Initial Training in Child-hood Education (School of Education and Social Sciences - Polytechnic Institute of Leiria, Portugal) have revealed about the development of children in early childhood (from zero to three years old). By employing a qualitative methodology we analyzed twenty-five works of literature review about child development elaborated by the students within the unit Pedagogical Practice II (3th grade) in the 2008-2009 school year. The content analysis carried out by a panel of three judges showed that students knew about the concept and characteristics of development that occur during these early years of life. The data obtained allow us to infer that the characteristic of the holistic development was not emphasized by students and that as regards the different areas of human development, the future educators valued the physical and language domains compared to the cognitive and psychosocial ones. These results are assumed to be important for the process of reflection on the construction of the teaching profession, particularly with regard to work done in training, with future early childhood educators. In fact, knowledge of the characteristics of child development up to three years old is a mainstay for the educational intention and appropriate intervention with children at these ages.\nKeywords: Development, Early Childhood, Initial Training. literature review about child development elaborated by the students within the unit Pedagogical Practice II (3th grade) in the 2008-2009 school year. The content analysis carried out by a panel of three judges showed that students knew about the concept and characteristics of development that occur during these early years of life. The data obtained allow us to infer that the characteristic of the holistic development was not emphasized by students and that as regards the different areas of human development, the future educators valued the physical and language domains compared to the cognitive and psychosocial ones. These results are assumed to be important for the process of reflection on the construction of the teaching profession, particularly with regard to work done in training, with future early childhood educators. In fact, knowledge of the characteristics of child development up to three years old is a mainstay for the educational intention and appropriate intervention with children at these ages.\nKeywords: Development, Early Childhood, Initial Training.\nHoje em dia já não se discute a importância do desenvolvimento na primeira infância, especialmente entre os zero e os três anos de idade, pois sabe-se que é na infância que se lançam “as bases do desenvolvimento nos seus diversos aspectos físicos, motores, sociais, emocionais, cognitivos, linguísticos, comunicacionais, etc.” (PORTUGAL, 2009, p.7). Por esta razão, o trabalho dos educadores de infância4 torna-se essencial na promoção de um desenvolvimento equilibrado da criança, sendo, faz sentido que os educadores de infância conheçam e estejam informados sobre as características do desenvolvimento da criança durante sua fase de vida. Com este estudo identificamos o que futuros educadores (estudantes do 3.º ano do curso de Educação de Infância) revelaram possuir sobre o desenvolvimento das crianças até 3 anos, procurando fazer uma reflexão mais profunda sobre o desenvolvimento da criança na primeira infância e sobre o papel do educador de infância na promoção do seu desenvolvimento em contexto de creche. Partindo destes dados, refletimos, ainda, sobre as oportunidades de aprendizagem que a formação inicial5 oferece para o conhecimento da criança nesta idade. reorganizações constantes ao nível das suas estruturas físicas, psicológicas e sociais que evolvem num contínuo faseado e integrativo (NÚÑEZ, 2005; TAVARES et al., 2007). Portugal (2009) defende que o período da infância e as primeiras experiências de vida do ser humano enquanto criança determinam aquilo que o ser humano será enquanto adulto, pois é nesse período que o sujeito aprende sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. Neste sentido, o conhecimento da criança nesta etapa da sua vida torna-se essencial para os profissionais de educação que com ela desenvolvem uma ação educativa.\nTodas as transformações do ser humano provocam outras mudanças que influenciam no seu todo (MATTA, 2001; PAPALIA et al., 2001). Poderíamos pensar, como exemplo, o momento em que uma criança começa a ser capaz de usar a linguagem oral para se expressar. Esta nova competência cognitiva permitir-lhe-á novas possibilidades de interação com o mundo, novas possibilidades de interação com os outros, influenciando, também, o seu desenvolvimento social. Esta e outras situações fazem com que tenhamos de assumir que o desenvolvimento do ser humano é um processo holístico e que os processos ocorridos se influenciam e se provocam mutuamente. Na perspectiva de Núñez (2005), só será possível aceder a uma fragmentação do desenvolvimento humano se houver uma finalidade metodológica que permita observar cientificamente algumas dimensões da condição humana. Desta forma, se entenda ser característica intrínseca do desenvolvimento humano, iremos fazer uma breve apresentação dos diferentes domínios do desenvolvimento categorizados por Papalia et al. (2001) como sendo os domínios do desenvolvimento físico-motor, cognitivo e psicossocial.\nDesenvolvimento físico-motor\nSegundo Tavares et al. (2007) o crescimento do bebê nos dois primeiros anos de vida é extremamente acentuado em comparação com outros períodos da vida do ser humano. Para Matta (2001) e Papalia et al. (2001), o processo de desenvolvimento é gradual. Quando a criança nasce, tem pouco controle sob o seu corpo e os seus movimentos são descoordenados. Progressivamente vai-se desenvolvendo, controlando inicialmente o corpo nos membros superiores (lei céfalo-caudal) e no sentido do centro do corpo para fora (lei próximo-distal). Sendo competente é capaz de aprender a partir das estruturas a que chega ao mundo.\n“Neste período, o bebê sofre importantes e aceleradas modificações, tais como gatinhar, sentar, andar e falar” (TAVARES et al., 2007, p.44). Durante os dois primeiros meses de vida aprende a segurar o pescoço e, aos quatro meses, senta-se necessitando da ajuda de um suporte (MATTA, 2001). O rastrear e o gatihar surgem como as primeiras tentativas de movimentação intencional por volta dos quatro/seis meses (PAPALIA et al., 2001). Com cerca de sete meses, senta-se se colocando na posição bípede surgem por volta dos oito/nove meses, apoiando-se, porém, em alguma coisa. Apenas por volta dos onze meses é que a criança consegue andar com alguma ajuda (MATTA, 2001). O andar “não se adquire de repente” (BRAZELTON, 2006, p. 166), sendo necessários alguns meses até que a criança consiga andar sem o suporte. Ao aprender a andar, a criança liberta as mãos para outras descobertas e aprendizagens. No decorrer do segundo ano de vida a criança já anda e explora o espaço circumdante, como a subir degraus (inicialmente sem alternar os pés), corre, salta, pisa por cima de um risco, lança, anda em bicos dos pés e de triciclo (PAPALIA et al., 2001; ROJO et al., 2006). No que diz respeito à manipulação de objetos, a criança por volta dos cinco meses já tem consciência de que pode alcançar e agarrar tudo o que tem à sua volta, no entanto, só aos dez meses é que estes dois movimentos se coordenam bem (PAPALIA et al., 2001). Ao completar o segundo ano, pode-se verificar o início de uma certa preferência por um dos lados, o que “não quer dizer que a criança já evidenciou o domínio de um lado sobre o outro” (GISPERT, 1996, p. 79). Em relação ao início do controle dos esfíncteres não há um consenso entre os diversos autores. Segundo Bébè (1981), isso em acontece por volta dos 16-18 meses. A criança manifesta maior predisposição para adquirir com eficácia o controle dos esfíncteres por volta dos 18-24 meses, apesar de Griffey (2002), Brazelton (2006) e Muccihielli (1992) referirem os 18-36 meses. O controle esfíncteriano depende da maturidade do sistema nervoso mas, regra geral, a criança do sexo feminino antecipa-se (BÉBÉ, 1981). \n\nDesenvolvimentocognitivo\n\nNos primeiros três anos de vida a criança desenvolve capacidades cognitivas devido ao interesse que manifesta pelo mundo que a rodeia e à sua necessidade de conhecimento (TAVARES et al., 2007). Por volta dos quatro meses a criança já é capaz de se concentrar no que vê, toca e ouve, sem perder o controle. Conforme Brazelton (2006, p. 157), \"alguns bebês sorriem e balbuciam naturalmente, absorvendo os sons e imagens, dormindo regularmente e comendo sem problemas\". A criança aprende rapidamente a usar e compreender os sinais que são expressos através do comportamento, da expressão corporal e da postura corporal. Desde o nascimento há uma reação aos ruídos, uma vez que para além de bebê detectar, ele orienta o olhar e a cabeça em direção à fonte que produziu o mesmo. Para além disso, \"é capaz de discriminar características rítmicas e melódicas em diferentes tipos de sequências sonoras, revelando alterações nas suas respostas\" (MATTA, 2001, p. 125).\n\nAos dois anos a criança é capaz de ordenar e de guardar objetos pessoais, de construir Torres de sete cubos (ROJO et al., 2006), de examinar e de agarrar pequenos objetos.\n\no egocentrismo Piagetiano (apud PAPALIA et al., 2001) é uma das características presentes na criança da primeira infância – a criança desta idade não tem capacidade para colocar no ponto de vista do outro e não entende sua visão, pois a sua compreensão está centrada em si mesma. No entanto, para estes autores, continua estudos de Yarrow (1978), a criança não é tão egocêntrica como Piaget descreveu e até mostra alguma capacidade de empatia.\n\nA par destas transformações começa a surgir as primeiras palavras, a posteriormente, as primeiras frases. Esta crescente capacidade linguística traz inúmeras implicações ao nível da comunicação com os outros. A criança começa a conseguir questionar, a querer saber sempre mais, numa tentativa de compreender o mundo que a rodeia. Na verdade, com um ano de idade a criança já pronuncia algumas palavras perceptivas, iniciando a articulação das primeiras palavras com significado (PAPALIA et al., 2001) embora fale muitas outras que não se conseguem compreender (BRAZELTON, 2006). A primeira palavra surge, normalmente, entre os 10 e os 14 meses indicando a chamada fala linguística. No período a partir dos 18 meses (aproximadamente) a criança utiliza \"pré-frase, constituída por dois ou vários termos dispostos segundo a importância afetiva que a criança lhe atribui\" (DELIMINE, VERMELEN, 2001, p.54). Ao longo do período da pré-frase a crianç a encontra-se na idade \"perguntadora\" - coloca questões do gênero \"o que é isto?\", \"como?\", \"onde?\", \"quando?\", \"por quê?\", exprimindo a sua curiosidade e desejo de conhecer.\n\nPor volta dos dois anos a criança entusiasma-se com a sua própria linguagem. Gosta de aprender palavras novas (por vezes pronunciadas incorrectamente) e de inventar novas palavras (MUCCHIELLI, 1992). Nomeia objetos familiares e é capaz de conversar sozinha com um brinquedo, também por volta dos dois anos que surgem as primeiras frases, ainda que rudimentares (ROJO et al., 2006). Segundo Delumine e Vermelen (2001), nesta idade, a criança apresenta um forte incremento da linguagem e, de fato, este é o período em que se verifica o maior enriquecimento do vocabulário.\n\nDesenvolvimentopsicosocial\n\nSabemos que a criança se desenvolvem em vários contextos com características específicas, isto é, com regras, atitudes, valores e modos de estar e ser concretos. A medida que existe um mundo externo a si. E esse mundo que aprende sobre si, a estar e a comunicar-se com os outros. Neste sentido, a primeira infância é como mudanças significativas no que diz respeito ao desenvolvimento social.\n\nComo afirma Brazelton (2006), uma criança entre esses a seis ou sete semanas utiliza o sorriso como meio para captar a atenção dos seus pares (linguagem não-verbal). Para além do sorriso, o choro é uma das principais formas da criança contatar com o que a rodeia (MATTA, 2001).\n\nNos primeiros meses de vida a criança tem grandes oscilações de humor (BOUFRARD, 1982; BRAZELTON, 2006). Ao aproximar-se dos três anos vai tornando-se (mais) obediente, arrumada e amável (BOUFRARD, 1982) indo (re)conhecendo, em fotografias, as pessoas mais chegadas e demonstrando sentimentos de afeto, companhia e culpabilidade (ROJO et al., 2006).\n\nA capacidade de ser terna, confiante e estabelecer intimidade, quer com adultos, quer com pares, aumenta entre os quatro e os seis meses (BRAZELTON, 1981). Com um ano de idade a criança já manifesta um apego excessivo com a mãe ou de quem cuida dela e ainda a perturba a separação ou ausência materna (BÉBÉ, 1981; PAPALIA et al., 2001). Contudo, começa a tomar consciência de que alguém distinto a mãe é como vontade própria.\n\nAos dois anos há uma idade de conflito, pois a criança vive entre a necessidade de afeição e necessidade de independência. Em afim Papalia et al. (2001, p. 169): \"os trés anos são uma manifestação normal da necessidade de autonomia\" o que ocasiona um período de oposição em duas áreas fundamentais: nas brincadeiras (demolir e construir) e na alimentação (repugnância e preferências por alimentos) (BOUFRARD, 1982). Aos dois anos a criança demonstra, também, dificuldade em partilhar - normalmente brinca sozinha (GESELL, 1979). Aos dois anos e meio já brinca com outras crianças em grupo em paralelo. Por vezes acontece entusiasmar-se e correr melhor amigo (BRAZELTON, 2006), revelando estes comportamentos o início da socialização (UNESCO, 1978) - gosta da companhia de outras crianças mas tem dificuldade em se relacionar com elas (ROJO et al., 2006; UNESCO, 1978).\n\nAinda que haja especificidades próprias de cada dimensão do desenvolvimento da criança, uma mudança numa dimensão provoca muitas outras nos restantes domínios. Observar um bebê que ainda gatinha e observá-lo um mês depois permite espantarmo-nos, pois são notórias as inúmeras conquistas já alcançadas! Talvez já ande sozinho ou se aventure a dar passos agarrado ao móvel ou à mão de alguém. Esta capacidade de se deslocar mais autonomamente permite ver o mundo de uma outra perspectiva e traz novas formas de interação com os objetos e com as pessoas a partir de sua vida. Uma conquista situada no domínio do desenvolvimento físico-motor que, como é o caso apresentado, permite à criança outras possibilidades de aprendizagem e, consequentemente, outros processos de desenvolvimento nos restantes domínios.\n\nNão há padrões de desenvolvimento verdadeiramente iguais em todos os seres humanos pois vêem que \"cada criança é semelhante às outras crianças em alguns aspectos, mas é única em certos outros aspectos\" (PAPALIA et al., 2001, p.9). O processo de desenvolvimento do ser humano toma em si as singularidades humanas, as especificidades hereditárias do indivíduo e aquelas que são resultantes da sua experiência de interação com a realidade social e física. O processo de desenvolvimento da criança é um processo pessoal, único, situado num contexto histórico e cultural que, também, o influencia. A criança desenvolve-se em diferentes ambientes, mais ou menos familiares, que lhe oferecem as suas primeiras experiências de vida. No caso concreto deste estudo, aproximamo-nos de uma reflexão sobre os contextos educacionais dedicados às crianças até aos três anos - o contexto de creche - e por isso importa debruçarmo-nos um pouco sobre o papel deste contexto e dos seus profissionais (particularmente os educadores de infância).\n\nO desenvolvimento da criança, o contexto de creche e o papel do educador de infância\n\nO desenvolvimento humano situa-se num contexto histórico e cultural, num ambiente que o influencia fortemente (PAPALIA et al., 2001). Nesse sentido, emerge uma responsabilidade acrescida de reflexão e estudo sobre os contextos educacionais que proporcionamos às crianças nesta primeira fase da sua vida. Contextos que oferecem à criança oportunidades para aprender ativamente são determinantes para que a criança possa se desenvolver de forma harmoniosa. Em Portugal, a creche enquanto instituição dedicada à primeira infância apresenta-se, para além da família e de outros ambientes, como um potencial contexto de desenvolvimento/aprendizagem para a criança pelas desafios que lhe pode proporcionar. Na verdade, forma como as crianças são cuidadas e respeitadas nas \"suas necessidades, características e interesses\", a forma como são encorajados os sucessos e fracassos, a A maioria era solteira (78% do total da amostra) e encontrava-se no curso da sua primeira preferência (92% do total da amostra). Das 50 participantes, 10 (20% do total da amostra) eram estudantes-trabalhadoras (5 eram Auxiliares da Ação Educativa, 2 Administrativas, 1 Assistente de Administração Escolar, 1 Vendedora e 1 Empregada de Armazém).\n\nInstrumentos\n\nPara a recolha dos dados recorreu-se aos trabalhos de revisão de literatura sobre o desenvolvimento e aprendizagem na 1.ª infância que foram elaborados pelos estudantes no âmbito da unidade curricular de Prática Pedagógica II (documentos pessoais, não publicados).\n\nFoi, também, elaborado um questionário sócio-demográfico que permitiu a caracterização da amostra. O questionário foi dividido em duas partes distintas: apresentação dos objetivos do estudo/solicitação de autorização para participação, e questões de caráter fechado e semi-fechado.\n\nProcedimento\n\nNo âmbito das atividades formativas da unidade curricular de Prática Pedagógica II (IPL-ESECS), foi solicitado aos estudantes a realização de um trabalho de revisão da literatura sobre o desenvolvimento/aprendizagem na primeira infância com um cont... Quadro I - Desenvolvimento: conceito e características gerais\nConceito e características gerais\nFrequência\nMudanças no ser humano ao longo da vida\t42\t59,2%\nRitmo de desenvolvimento individual\t13\t18,3%\nDomínios do desenvolvimento\t12\t16,9%\nDesenvolvimento holístico\t4\t5,6%\nTotal\t71\t100%\nFonte: Dados da pesquisa.\nOs dados apresentados (Quadro I) revelam a existência de uma maior incidência na definição do desenvolvimento como mudanças no ser humano ao longo da vida (59,2%). O desenvolvimento como processo holístico é a característica que apresenta menos evidências (5,6%).\nNo que se refere aos diferentes domínios do desenvolvimento os dados mostram que as evidências de desenvolvimento físico-motor são as mais referenciadas (42%), seguidas do desenvolvimento psicossocial (25%) e do desenvolvimento cognitivo (23%). As evidências de desenvolvimento linguístico (10%) foram perspectivas para mobilizar os estudantes como um domínio do desenvolvimento e não como um substrato da dimensão cognitiva. De seguida analisamos cada um destes domínios para verificar que aspectos surgem identificados e valorizados pelos estudantes.\nQuadro II - Características do Desenvolvimento Físico-Motor\nCaracterísticas do Desenvolvimento Físico-Motor\nFrequência\nDesenvolvimento dos cinco sentidos (audição, visão, tato, olfato, paladar)\t30\t6%\nCrescimento\t71\t11,9%\nMotricidade fina\t118\t19,8%\nMotricidade grossa e controle corporal\t359\t60,3%\nControle esfinteriano\t11\t2%\nTotal\t595\t100%\nFonte: Dados da pesquisa.\nAo nível do desenvolvimento físico-motor (Quadro II) existe uma grande incidência nos aspectos do desenvolvimento da motricidade grossa e controle corporal (60,3%), sendo que o controle dos esfíncteres é o menos valorizado.\nQuadro III - Características do Desenvolvimento Psicossocial\nCaracterísticas do Desenvolvimento Psicossocial\nFrequência\nManifestação de emoções\t143\t41%\nComunicação interpessoal (pais, outros adultos significativos, pares, vinculação)\t144\t41%\nManifestações de independência e de segurança (autonomia, alimentação, ...)\t64\t18%\nTotal\t351\t100%\nFonte: Dados da pesquisa.\nAnalisando o desenvolvimento psicossocial (Quadro III) verificamos que a manifestação de emoções (41%) e a comunicação interpessoal (41%) são os aspectos mais valorizados nos trabalhos realizados pelos estudantes.\nRevista Eletrônica de Educação, v. 7, n. 3, p. 9-24\nISSN 1982-7199 | Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br