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FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS Professor Me Wanderly Alves de Sousa GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância SOUSA Wanderly Alves de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos Wanderly Alves de Sousa MaringáPr UniCesumar 2018 116 p Graduação EaD 1 Fundamentos 2 Antropologia 3 Sociologia 4 EaD I Título ISBN 9788545909941 CDD 22 ed 306 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB9 1807 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Maria Cristina Araujo de Brito Cunha Qualidade Editorial e Textual Daniel F Hey Hellyery Agda Design Educacional Rossana Costa Giani Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração André Morais Robson Yuiti Saito Revisão Textual Keren Pardini Jaquelina Kutsunugi Ilustração André Morais Em um mundo global e dinâmico nós trabalha mos com princípios éticos e profissionalismo não somente para oferecer uma educação de qualida de mas acima de tudo para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento Baseamo nos em 4 pilares intelectual profissional emo cional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cur sos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revi samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferen tes áreas do conhecimento formando profissio nais cidadãos que contribuam para o desenvolvi mento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica Professor Me Wanderly Alves de Sousa Possui graduação em filosofia 2005 e mestrado em filosofia 2008 pela Universidade Federal do Paraná Doutorando em filosofia pela UFPR 2014 Graduando em Análise de Sistemas pela UNOPAR 2014 AUTOR SEJA BEMVINDOA Caroa estudante é com muito prazer que apresento a você o livro que fará parte da disciplina de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos Nele buscaremos apre sentar em linhas gerais as teorias antropológicas e sociológicas que compõem o acervo cultural no qual estamos inseridos Dedicarse ao estudo da antropologia e da sociolo gia constituise em uma tarefa desafiadora e encantadora à medida que ambas vão por definição revelando a origem do homem e da formação da sociedade entre os homens Por um lado o desafio está na tarefa da qual o antropólogo e o sociólogo não podem abrir mão qual seja a de descrever fatos empíricos que devem ser apresentados de ma neira objetiva e livre de opiniões infundamentadas por outro lado o aluno não deixará de se espantar com a visão encantadora que se dá não por acaso quando o estudo do homem da perspectiva antropológica vinculase ao estudo da formação da vida em so ciedade A passagem das considerações antropológicas às considerações sociológicas é natural para quem se dedica a essas ciências Aqui convido você estudante a refletir a respeito da definição de antropologia e so ciologia entre outras coisas que veremos a refletir também a respeito do nascimento da antropologia e da sociologia como ciência a perceber ainda que em linhas gerais que a sociologia nasce no período de revoluções a exemplo da revolução industrial a qual transformou para sempre a sociedade dos homens Sem dúvidas a revolução in dustrial foi o ponto de partida que conduziu grandes teóricos da época a pensarem na sociedade moderna e suas transformações inevitáveis no modo como o homem se vê e interage com o meio onde vive De fato quero dizerlhe que a sociologia é um conjunto de conceitos de técnicas e de métodos de investigação que foram produzidos paulati namente e sistematicamente para explicar a vida social Nesse sentido a sociologia é o resultado de uma tentativa de compreender situações sociais novas tais como as que foram originadas pela então nascente sociedade capita lista Dessa maneira a sociologia nasce com a finalidade de expressar o pensamento do homem moderno mas com a tarefa precípua de ir além do pensamento fundamental mente matemático dos séculos XIII XV até os dias atuais As teorias de ordem social vieram preencher lacunas do saber social seguindose após elas o surgimento de outras ciências naturais A sociologia surge como resposta a problemas oriundos do desapa recimento lento mas gradativo da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista tratase portanto da revolução industrial com seus modos de produção Dada as transformações ocorridas pelo modo de produção e o surgimento de novas técnicas de reprodução em massa que acaba por modificar as relações de trabalho e consumo exigese que o cientista social reflita a respeito da sociedade de suas trans formações de suas crises e especialmente dos antagonismos de classe Assim se pode concluir que a sociologia é uma ciência fundamentalmente baseada na observação e no experimento nos fatos que empiricamente podem ser provados de modo que a observação e os fatos são fontes fundamentais à sociologia Assim o novo método da observação e da experimentação amplia infinitamente o poder do homem para com preender a sociedade em que vive A você desejo bons estudos APRESENTAÇÃO FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS SUMÁRIO 09 UNIDADE I O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIAS SEUS IDEALIZADORES E PRINCIPAIS TEÓRICOS 15 Introdução 16 Definição de Antropologia 21 Divisão da Antropologia 24 Definição de Sociologia 32 Considerações Finais UNIDADE II ANÁLISE ANTROPOLÓGICA E SOCIOLÓGICA DO PROCESSO IDENTITÁRIO DO HOMEM CULTURAL E SOCIAL 39 Introdução 39 Conceito de Cultura do Ponto de Vista Antropológico 41 Homem Ser Cultural e Social 47 Identidade Cultural e Social 51 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE 57 Introdução 57 Fundamentos da Sociabilidade do Homem 59 Organização Social 61 Organização Política 67 Considerações Finais UNIDADE IV A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA NA CONTEMPORANEIDADE MUNDIAL E BRASILEIRA 73 Introdução 74 Era da Globalização 76 Globalização Enigmas Históricos e Teóricos 78 Realidade Social Antropológica e seus Desafios Teóricos Contemporâneos 82 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO 89 Introdução 90 Arte da Perspectiva Antropológica e Social 99 Educação da Perspectiva Antropológica e Social 102 Direito da Perspectiva Antropológica e Social 106 Considerações Finais 109 CONCLUSÃO 111 REFERÊNCIAS 113 GABARITO UNIDADE I Professor Me Wanderly Alves de Sousa O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIAS SEUS IDEALIZADORES E PRINCIPAIS TEÓRICOS Objetivos de Aprendizagem Aprender como se estabeleceu o surgimento da antropologia como ciência Refletir a respeito do surgimento da sociologia como ciência Conhecer os principais teóricos da sociologia Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Definição de antropologia Divisão da antropologia Definição de sociologia INTRODUÇÃO Bemvindoa ao estudo dos fundamentos antropológicos e sociológicos Tanto a antropologia como a sociologia proporcionam aoà estudante uma visão ampla e crítica da atividade do homem no mundo em que vive Entender o homem com base em sua dimensão biológica e cultural ajudanos a estabelecer critérios para abalizar as diferenças culturais religiosas políticas bem como a diferença racial existente no mundo Isso é possível porque a antropologia é uma ciência que se mantém aberta ao diálogo com outras áreas do saber tais como a física a bio logia a arqueologia entre outras Do ponto de vista da biologia por exemplo ao antropólogo será perfeitamente possível constatar que o grau de diferença da pigmentação da pele do indivíduo está diretamente relacionado com a região em que seu grupo social estabeleceu sua primeira moradia Há como atestam os pesquisadores uma adequação genética do indivíduo ao lugar de sua habitação Caroa alunoa note que a biologia por si só não dará ao antropólogo essas informações o que deixa subentendido que o antropólogo lança mão também da arqueologia para determinar a origem de determinado grupo social e assim por diante E por causa desse caráter dialogal da antropologia não será estranho ouvirmos falar em antropologia arqueológica antropologia filosófica antropolo gia física antropologia forense e antropologia social entre modos antropológicos de investigação Ao enveredar pelo campo da investigação antropológica o estu dante tem diante de si um vasto campo de possibilidades em que pode buscar sua especialização Devemos seguir nosso estudo apresentando o significado de antropologia suas divisões possíveis e a definição de sociologia 15 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I DEFINIÇÃO DE ANTROPOLOGIA A antropologia é a ciência que estuda o homem Bem é isso que a palavra antro pologia significa anthropos homem logos ciência por consequência estamos diante de uma ciência cujo objeto é o homem ou se quisermos poderíamos dizer que a antropologia é o discurso racional acerca da natureza humana No entanto essa afirmação não esclarece nada acerca dessa disciplina que se encontra entre as chamadas ciências humanas Veja só a psicologia a sociologia entre outras também têm como objeto o estudo do homem sendo assim qual é a caracte rística fundamental da antropologia que a torna diferente dessas disciplinas O que torna a antropologia uma disciplina especificamente voltada ao homem é a constante preocupação em definilo Nesse sentido a pergunta fundamental é o que é o homem Quem já viajou de avião ou subiu em um prédio bem alto pôde contemplar a beleza de uma paisagem ou de uma cidade sem se preocupar com os deta lhes graças ao ponto de vista panorâmico Um sentimento semelhante pode ser experimentado por aqueles que olham para a história da humanidade a partir de um ponto de vista panorâmico Com isso em mente convido você a traçar uma linha histórica da humanidade para compreender antes de mergulharmos shutterstock 17 Definição de Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 na antropologia propriamente dita que a história das ideias passa por períodos característicos ao seu tempo Ao pensamos na história de uma perspectiva filosófica podemos identifi car diferentes ênfases do pensamento humano em diferentes épocas da história da humanidade E nesse sentido podemos identificar os seguintes períodos Figura 1 Linha cronológica de uma perspectiva filosófica Fonte o autor COSMOLÓGICO A ênfase do pensamento do mundo antigo era essencialmente cosmológico Isso não significa dizer que a atividade intelectual do homem tenha se limitado única e exclusivamente a uma abordagem cosmológica Não Esse foi um tema predomi nante de uma época específica da história humana O pensamento grego ilustra bem isso Na história da filosofia verificase que a reflexão filosófica dos chamados présocráticos filósofos antes de Sócrates era predominantemente cosmológica A preocupação des ses filósofos era a natureza como dado objetivo do conhecimento Suas pesquisas tinham como obje tivo compreender a estrutura do universo e dos seus elementos constitutivos Por causa disso os présocráticos eram comumente chamados de físicos Cosmológico Teocêntrico Antropológico shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I TEOCÊNTRICO Inicialmente o pensamento grego reflete também uma ênfase teocêntrica tal como se pode ver nas obras de Homero e de Hesíodo Aqui o mito precede a filosofia ao discurso racional e as cosmogonias de Homero e de Hesíodo explicam a constituição do mundo Note caroa alunoa que nesse período no período socrático e posteriormente a este até chegar ao pensamento cris tão não se fala em criação do mundo mas sim em origem do mundo em que a matéria que compõe o mundo é eterna sempre existiu Na origem do pensamento grego a razão humana não ousa explicar causas e efeitos dos fenômenos observados Nesse sentido falamos em período mítico em que os fenômenos da natureza eram explicados por um discurso mítico Como sugere nossa imagem acima sempre houve na história da humanidade o desejo do homem em ligarse a algo que fosse superior a ele é nesse sentido que se toma a palavra religião ANTROPOLÓGICO Mas no decorrer dos tempos a ênfase do pensamento filosófico dos gregos começa a mudar da natureza como objeto de estudo e da ênfase teocêntrica para o homem como sujeito e objeto de sua própria reflexão Isso se deu gra ças aos assim chamados sofistas que se encontram já no período denominado socrático você já ouviu falar deles Não Bem os sofistas eram homens que tinham habilidades para ensinar a outras pessoas os mais variados assuntos No período socrático os sofistas são tidos como educadores profissionais que ensi navam a jovens em especial a retórica que é a arte da persuasão por pagamento shutterstock 19 Definição de Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Com os sofistas a preocupação maior parece ser com a educação do homem e sua relação com o âmbito social A ênfase antropológica que é dada nesse perí odo atinge o ponto mais alto com Sócrates Ele parte da famosa frase escrita no oráculo de Delfos Conhecete a Ti mesmo como ponto funda mental de todo filosofar Assim quando paramos para pensar na história da filosofia em termos ainda que gerais podemos identificar diferentes ênfases do pensamento humano em diferentes épocas cosmológico teológico e antropo lógico Essas ênfases aparecem desaparecem e voltam a reaparecer novamente com grande ímpeto em dado momento do processo histórico humano De fato no período da Idade Média o foco da atenção foi teocêntrico devido à grande desconfiança depositada única e exclusivamente na razão humana para explicar as causas dos fenômenos no mundo o filosofar tornase teologar Já no período moderno o homem voltase para a reflexão antropológica tornandose ponto de partida da formulação e reformulação do pensamento Assim ainda que o homem reflita sobre a natureza das coisas a despeito dos avanços na área tecnológica o homem tem sido para si a sua maior preocupação De fato o surgimento da antropologia como ciência é um atestado do desejo insaciável que o homem tem de conhecer a si mesmo O autoconhecimento tem como fim como objetivo definir o homem tendo sempre a questão com a qual estamos às voltas o que é o homem Nesse particular a influência de Kant filósofo da era moderna parece óbvia Kant operou o que ficou conhecido entre os filósofos modernos o cha mado giro copernicano Antes de Copérnico o centro da especulação filosófica era o ser de modo que a preocupação essencial da filosofia era essencialmente com a metafísica por metafísica entendemos a investigação a respeito dos assuntos que estão para além da física Com Kant o centro da especulação filosófica passa a ser o modo como o homem pode conhecer Nesse sentido a epistemologia tornase a preocupação central do filosofar De acordo com o filósofo os problemas filosóficos redu zemse a quatro a saber O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I 1 O que podemos conhecer Este seria o campo específico de uma teoria do conhecimento epistemologia 2 O que devemos fazer Aqui a pergunta ocupase com a ética 3 O que podemos esperar Aqui a pergunta ocupase com o problema religioso 4 O que é o homem Este é o problema antropológico Segundo Kant todos os problemas filosóficos reduzemse ao antropológico Nesse sentido o objetivo da filosofia seria o de proporcionar ao homem a pos sibilidade de conhecerse adequadamente De acordo com Kant 2006 p 22 O ser humano que percebe que está sendo observado e que procuram examinálo parecerá embaraçado constrangido e não pode se mos trar como é ou finge e não quer ser conhecido como é Mesmo quando só quer investigar a si mesmo ele se encontra numa situação crítica principalmente quando é tomado por uma afecção estado que habi tualmente não admite fingimento a saber quando os móbiles da ação estão atuando ele não se observa e quando se observa os móbiles es tão em repouso Quando permanecem constantes o lugar e as circuns tâncias temporais geram hábitos que são como se diz outra natureza e dificultam o juízo do homem acerca de si mesmo e de quem considera que é porém mais ainda acerca de que conceito deve ter a respeito do outro com o qual mantém relação pois quando muda a situação em que o ser humano é colocado por seu destino ou em que se coloca a si mesmo quando se aventura essa mudança dificulta muito a antropo logia a se elevar à condição de uma ciência propriamente dita Por fim não são precisamente fontes mas meios auxiliares da antropologia a história mundial as biografias e até peças de teatro e romances Pois ainda que a estes últimos não se atribua propriamente experiência e verdade mas só ficção e ainda que seja permitido exagerar os caracte res e as situações em que se colocam os homens tal como aparecem em imagens de sonho ainda portanto que aqueles nada pareçam ensinar para o conhecimento do ser humano ainda assim os caracteres esboça dos por um Richardson ou por um Moliére devem ter sido tirados em seus traços fundamentais da observação do que os homens realmente fazem ou deixam de fazer porque são de fato exagerados em grau mas quanto à qualidade precisam estar de acordo com a natureza humana Uma antropologia sistematicamente delineada e todavia popular pela referência a exemplos que todo leitor possa por si mesmo encontrar composta desde um ponto de vista pragmático traz ao público leitor a vantagem de que esgotando todas as rubricas sob as quais se pode shutterstock 21 Divisão da Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 colocar esta ou aquela qualidade humana observada na prática lhe são dadas numerosas ocasiões e lhe são dirigidas numerosas exortações para tratar como um tema próprio cada qualidade particular inse rindo a um item específico com isso na antropologia os trabalhos se dividem por si mesmos entre os amantes desse estudo e serão poste riormente reunidos num todo pela unidade do plano promovendose e acelerandose então o crescimento de uma ciência de utilidade geral DIVISÃO DA ANTROPOLOGIA A resposta à pergunta de Kant sobre o que é o homem tal como falamos no tópico anterior pode ser dada de dife rentes pontos de vistas segundo Barrio 2014 Nesse sentido podemos res pondêla da perspectiva empírica Isso significa que podemos chegar a conclu sões gerais a respeito do homem e sua natureza por meio da observação e a partir disso recompilar os dados reco lhidos e comparar as variantes físicas e culturais que podemos observar entre os diferentes grupos de homens Kant foi um filósofo importante para o pensamento filosófico do século XVIII Com ele houve a nítida separação entre o que podemos pensar e aqui lo que podemos conhecer Podemos conhecer todas as coisas que afetam nossos sentidos corporais e sobre todas as outras apenas podemos pensar tais como Deus a imortalidade da alma a origem do mundo e a liberdade do homem Fonte o autor ANTROPOLOGIA Antropologia empírica Antropologia física Antropologia cultural Etnografia geral Etnografia Etnologia Antropologia social Linguística Arqueologia Antropologia filosófica O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Saiba alunoa o homem pode ser estudado de diferentes perspectivas nesse sentido a antropologia contemporânea comporta várias divisões ou especializações Figura 2 Divisão da antropologia Fonte adaptada de Barrio 2014 p 22 Podemos falar por exemplo em antropologia física que seria o estudo da espécie humana suas origens evolução e diferenciação em tipos raciais contando com dis ciplinas auxiliares como a antropometria que estabelece critérios de classificação dos tipos raciais e a paleontologia que se ocupa do homem fóssil ou préhistó rico Indo um pouco além a pergunta a respeito do que é o homem nos coloca na perspectiva da antropologia humanística e filosófica que trata do homem a partir de seus costumes e diferentes modos de vida como também de seu destino Segundo Barrio 2014 p23 A antropologia desde que se constituiu como saber organizado de sempenhou tradicionalmente um papel unificador em muitas áreas da pesquisa científica assim como em humanidades e o pôde fazer porque é um conhecimento integral e integrador As classificações es tritas de objetos de estudo foram muito frutíferas no desenvolvimento das ciências mas hoje em dia cada vez há maior interesse por aquelas áreas nebulosas que se encontram nos limites das taxonomias clássicas como o demonstra o desenvolvimento de ciências intermediárias físi 23 Divisão da Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 coquímica bioquímica astrofísica etc Do mesmo modo o enfoque integral para estudar o homem exige que cada vez que se estude uma parte sejamos conscientes só é uma parte ela seja posta em conexão com o resto O conhecimento antropológico envolve o uso de técnicas e teorias de muitas disciplinas e por sua vez as técnicas e conceitos da antropologia possuem ramificações e consequências que se prolongam muito além dela Nesse sentido ainda segundo Barrio 2014 p 23 teríamos então A etnolingüística cujo tema central se apresenta como a dicotomia linguagemcultura A etnopsicologia e seu estudo das relações entre cultura versus personalidade nome adotado por toda uma escola an tropológica A etnohistória a mudança cultural as aculturações su cessivas etc Do ponto de vista de uma antropologia filosófica a antropologia reflete todas as preocupações do homem e de sua relação com o mundo em que vive No entanto uma antropologia filosófica é de natureza fundamentalmente especulativa vol tandose para os aspectos mais gerais da experiência do homem Nesse sentido sua justificação encontrase na necessidade que temos em ter uma visão global do homem e de seus problemas Uma visão global do homem e de seus pro blemas nos distancia de uma ciência cada vez mais especializada que por sua natureza precisa realizar um recorte dessa visão global do homem O que quero dizer caroa alunoa é isto quanto mais uma ciência é particularizada tanto mais ela se torna abstrata em relação aos problemas do homem e da sociedade em que vive Contrariamente quanto mais uma ciência tem uma visão da totali dade do homem e de seus problemas tanto mais concreto autônomo completo o homem se manifesta para essa ciência Dada a possibilidade de uma antropologia filosófica o que está em jogo aqui não é tanto o problema do homem em geral mas o problema daquele homem concreto que vive em uma comunidade que se encontra engajado na realidade a qual fatidicamente constitui suas experiências pessoais Pelas ciências particulares conhecemos e avançamos em muitas áreas tais como no campo tecnológico no campo da medicina entre outros No entanto deixamos de conhecer o homem em sua essência não vemos seus feitos em sua totalidade por isso ignoramos o real sentido do labor humano shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Nesse sentido segundo Max Sheler apud CASSIER 1967 p 40 Em nenhum outro período do conhecimento do humano o homem se tornou mais problemático para si mesmo do que em nossos dias Dis pomos de uma antropologia científica antropologia filosófica e de uma antropologia teológica que se ignoram entre si Por conseguinte já não possuímos nenhuma idéia clara e coerente do homem A multiplicida de cada vez maior das ciências particulares que se ocupam do estudo dos homens antes confundiu e obscureceu do que elucidou nossa con cepção do homem DEFINIÇÃO DE SOCIOLOGIA A sociologia é a ciência que estuda a sociedade humana Como ciência nasce em função da neces sidade que o homem tem de compreender a si mesmo e o grupo no qual está inserido Como se sabe um dos percursores da sociologia foi Auguste Comte filósofo positivista que atribui o nome sociologia às pesquisas sobre os princípios universais do compor tamento social Para ele a sociedade só poderia ser convenientemente reorganizada por meio de uma completa reforma intelectual do homem Para isso propôs uma ciência estruturada em três pontos cen trais segundo Barreto 2012 p 27 1 Essa ciência deve investigar as razões pelas quais o homem funda menta seu pensamento a este procedimento Comte chamou de filosofia positiva ou pensamento positivo 2 Fundamentar e classificar as ciências baseadas na filosofia positiva 3 Reformar na prática as instituições inclusive religiosas através de uma determinação estrutural da Sociedade dada pelo que ele chamou de Física Social e depois Sociologia 25 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Como queria Comte o conhecimento advindo da ciência era a única forma de conhecimento verdadeiro Foi com essa assertiva que ele divulgou o positivismo concebido por ele como uma doutrina que buscava explicações para os fenô menos sociais baseada na observação e não o idealismo somada à ascensão da experiência sensível o que para ele era o caminho para se chegar à verdadeira ciência Ao longo do tempo esse termo foi sendo apropriado por várias áreas do conhecimento fazendo com que servisse de premissa para muitas teorias Deste modo a sociologia fruto da sociedade moderna nasce para explicar o surgimento e as condições nas quais se tornou possível o desenvolvimento da sociedade industrial Com esse intuito Comte recorreu a conhecimentos oriun dos da Filosofia e da História Segundo Costa 2010 p 29 O desenvolvimento das bases científicas do estudo da sociedade huma na dependeu de fatores internos ao campo científico e de circunstân cias externas e históricas tais como a complexa relação social diante da industrialização o colonialismo europeu e o contato entre diferentes civilizações Devido a esses fatores os primeiros teóricos do pensamen to sociológico preocuparamse em justificar as diferenças e as desigual dades sociais e em estudar a ordem e o progresso da nova ordem social inaugurada pelo desenvolvimento industrial que levou à derrocada do artesanato e à submissão das atividades agrárias à manufatura É verdade que alguns estudiosos admitiram uma atitude de otimismo diante da sociedade capitalista identificando os valores e os interesses da classe dominante como representativos do conjunto da sociedade deixando de lado preocupações como os conflitos e as lutas de classes mas também é verdade que foi nos pressupostos teóricos da Sociolo gia que o proletariado buscou auxílio para encampar a luta prática na sociedade de classes É nesse contexto que a Sociologia vinculase ao socialismo e a nova teoria crítica da sociedade passa a estar ao lado dos interesses das classes trabalhadoras Ainda conforme Costa 2010 p 30 Toda uma ordem social baseada nos valores de uma cultura senhoril e rural entrou em declínio e foi suplantada por uma economia urbana industrial e burguesa voltada para os privilégios da classe emergente O surgimento dessa nova ordem social exigiu que filósofos sociais dessem explicações racionais para os problemas oriundos dessa nova ordem Com esse objetivo o positivismo buscou delimitar o objeto a estabe lecer conceitos a elaborar uma metodologia de investigação e definir O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I em que deveria consistir o estudo científico da sociedade de modo que foi possível instituir o lugar próprio para ciência social No interior de uma discussão acerca da natureza da ciência social quando falamos em positivismo querse atribuir a esse nome originado do adjetivo positivo o significado de certo seguro definitivo Isto quer dizer então que essa escola filosófica aposta todas as fichas no poder dominante e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzila sob forma de leis que seriam a base da regulamentação da vida do homem da natureza e do próprio universo Os teóricos sociais devido à grande influência das ciências naturais defendiam que a sociologia e a física só eram diferentes quanto à sua essência nesse sentido a sociedade era concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente segundo um modelo físico ou mecânico Ora se Auguste Comte foi um dos percussores que atribuiu o nome sociologia às pesquisas sobre os princípios universais do comportamento social será com Émile Durkheim na segunda metade do século XIX que os estudos no âmbito da sociologia relacionarseão diretamente com os fatos deixando para trás a especulação dos teóricos sociais de seu tempo Durkheim preocupouse constan temente com as questões de ordem social por isso ele ocupouse em estabelecer qual era o objeto de estudo da sociologia assim como indicar o seu método de investigação Com efeito com Durkheim a sociologia penetrou o universo aca dêmico ganhando delimitações próprias de uma disciplina universitária Vale dizer caroa alunoa que a obra durkheiminiana nasce em período de crises econômicas cada vez mais constantes de modo que o desemprego e a miséria provocaram o acirramento das lutas de classe Operários lançavam mão da greve como instrumento de luta para imporse diante das dificuldades Não precisamos recuar muito no tempo para entendermos como eventos de uma greve são tão persuasivos a conduzir teóricos a pensarem no homem na comu nidade em que vivem Vivendo nessa época em que as teorias socialistas ganhavam terreno Durkheim não poderia ignorálas tanto é que em certo sentido suas ideias constituíam a tentativa de fornecer uma resposta às formulações socialistas Discordava sobretudo das teorias socialistas quanto à ênfase atribuída aos fatos econômicos para diagnosticar a crise das sociedades europeias Para Durkheim 2014 a origem dos problemas sociais não era de natureza econômica mas 27 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 originavamse da fragilidade dos princípios morais da sociedade para orientar adequadamente o comportamento individual Com essa preocupação no horizonte de suas reflexões Durkheim buscou estabelecer um objeto de estudo e um método para a sociologia Dedicouse então a essa questão salientando que nenhuma ciência poderia constituirse sem uma área própria de investigação A sociologia deveria ocuparse com os fatos sociais que se apresentavam aos indivíduos como exteriores e coercitivos Referindose aos grandes sociólogos de seu tempo Durkheim 2014 p10 nos diz que raramente saíram das generalidades sobre a natureza das socieda des sobre as relações do reino social e do reino biológico sobre a mar cha geral do progresso mesmo a volumosa sociologia de Spencer quase não tem outro objeto senão mostrar como a lei da evolução universal se aplica às sociedades Durkheim compreendeu que para tratar da natureza das sociedades não são necessários procedimentos especiais e complexos Pelo contrário será suficiente pesar os méritos comparados da dedução e da indução e fazer uma inspeção sumária dos recursos mais gerais de que dispõe a investigação sociológica O que ele propõe é tomar na observação dos fatos a maneira como os principais proble mas devem ser colocados o sentido no qual as pesquisas devem ser di rigidas as práticas especiais que podem permitir chegar aos fatos as re gras que devem presidir a administração das provas DURKHEIM 2014 p10 Essa postura mais factual de Durkheim devese à sua formação judaica que favo recia a análise dos laços comunitários e da coesão social Motivado por conflitos pelos quais atravessava a Europa Durkheim dedicouse a um vasto repertório de temas que vão da emergência do indivíduo à origem da ordem social da moral ao estudo da religião da vida econômica à análise da divisão social do trabalho Para isso Émile Durkheim valeuse da história da etnografia estudo descritivo das diversas etnias do estudo das leis da estatística e da filosofia Herdeiro tam bém do positivismo dedicouse a constituir o objeto da sociologia e as regras para desvendálo A obra mais importante nesse sentido foi As Regras do Método Sociológico na qual o autor procurou instituir a fronteira entre a sociologia e as O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I demais ciências dandolhe autonomia e objetividade Nesta obra Durkheim definiu o que entendia por fatos sociais Segundo ele 2014 p10 fatos sociais consistem em maneiras de agir de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele Por conseguinte eles não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos já que consistem em represen tações e em ações nem com os fenômenos psíquicos os quais só têm existência na consciência individual e através dela Esses fatos consti tuem portanto uma espécie nova e é a eles que deve ser dada e reser vada a qualificação de sociais Essa qualificação lhes convém pois é cla ro que não tendo o indivíduo por substrato eles não podem ter outro senão a sociedade seja a sociedade política em seu conjunto seja um dos grupos parciais que ela encerra confissões religiosas escolas polí ticas literárias corporações profissionais etc Por outro lado é a eles só que ela convém pois a palavra social só tem sentido definido com a condição de designar unicamente fenômenos que não se incluem em nenhuma das categorias de fatos já constituídos e denominados Eles são portanto o domínio próprio da sociologia Durkheim 2014 p11 resumidamente diz que É fato social toda maneira de fazer fixada ou não suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior ou ainda toda maneira de fa zer que é geral na extensão de uma sociedade dada e ao mesmo tempo possui uma existência própria independentemente de suas manifesta ções individuais Vejamos então as características dos fatos sociais tal como Costa 2014 online interpreta a Coerção Para Durkheim apud COSTA 2014 online os fatos sociais distinguemse dos fatos orgânicos ou psicológicos por se imporem ao indivíduo como uma pode rosa força coercitiva à qual ele deve obrigatoriamente se submeter A adoção de um idioma a organização familiar e o sentimento de pertencer a uma nação são manifestações do comportamento humano dotadas dessa força impositiva sobre o indivíduo força essa que Durkheim denominou coerção social A força coercitiva dos fatos sociais se manifesta pelas sanções legais ou espontâneas 29 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 a que o indivíduo está sujeito quando tenta rebelarse contra ela Legais são as sanções prescritas pela sociedade sob a forma de leis nas quais se define a infração e se estabelece a penalidade correspondente Espontâneas são as que afloram como resposta a uma conduta considerada inadequada por um determi nado grupo ou por uma sociedade Multas de trânsito por exemplo fazem parte das coerções legais pois estão previstas e organizadas pela legislação que regula o tráfego de veículos e pessoas pelas vias públicas Já os olhares de reprovação de que somos alvo quando comparecemos a um local com a roupa inadequada constituem sanções espontâneas Embora não codificados em lei esses olhares têm o poder de conduzir o infrator para o comportamento esperado Durkheim afirma 2014 p10 que nesses casos a coerção é menos violenta mas não deixa de existir Se não me submeto às convenções mundanas se ao me vestir não levo em con sideração os usos seguidos em meu país e na minha classe o riso que provoco o afastamento em que os outros me conservam produzem embora de maneira mais atenuada os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita O comportamento desviante em um grupo social pode não ter penalidade pre vista por lei mas o infrator pode ser espontaneamente punido pelo grupo na medida em que sua ação fere determinados valores e princípios A reação nega tiva da sociedade a certas atitudes ou comportamentos é muitas vezes mais intimidadora do que a lei A educação entendida de forma geral ou seja a educação formal e a infor mal desempenha segundo Durkheim uma importante tarefa nessa adequação dos indivíduos à sociedade em que vivem a ponto de após algum tempo as regras estarem internalizadas nos membros do grupo e transformadas em hábi tos O uso de uma determinada língua ou o gosto por determinada comida são internalizados no indivíduo que passa a considerar tais hábitos como pessoais b Exterioridade A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam indepen dentemente da vontade ou adesão consciente dos indivíduos sendo assim exteriores a eles Ao nascer já encontramos regras sociais costumes e leis que somos coagidos a aceitar por meio de mecanismos de coerção social como a shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I educação Não nos é dada a possibilidade de opinar ou escolher sendo inde pendentes de nós de nossos desejos e vontades Por isso os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências indivi duais Podemos experimentar a exterioridade dos fatos sociais nas formas de agir e pensar que não adotaríamos de modo espontâneo ou como resultado apenas de nossa vontade por exemplo ao nos sentirmos pressionados a obedecer nosso lugar em uma fila quando nosso desejo nos impele a passar os outros para trás c Generalidade Além da coerção e da exterioridade é possível distinguir fatos sociais porque eles não se apresentam como fatos isolados Eles são dotados de generalidade envol vem muitos indivíduos e grupos ao longo do tempo repetemse e difundemse Permitem por isso uma grande sondagem como a que Durkheim desenvolveu para estudar o suicídio fato social dotado de grande generalidade A assiduidade com que determinados fatos ocorrem na sociedade indica a sua importância e a necessidade de estudálos assim como torna a estatística uma das ferramentas que garante ao sociólogo a objetividade e o controle É pela generalidade que os fatos sociais exibem a sua natureza coletiva sejam eles fatos observáveis como o modelo das habitações de um grupo sejam fatos morais como os valores e as crenças A formação e o desenvolvimento do conhecimento sociológico crítico e negador da sociedade capitalista sem dúvida ligam se à tradição do pensamento socialista que encontra em Marx e Engels a sua elaboração mais expressiva Esses pensadores não esta vam preocupados em fundar a sociologia como disciplina específica A rigor não encontramos neles a intenção de estabelecer fronteiras rígi das entre os diferentes campos do saber tão ao gosto dos especialistas de nossos dias Eles em suas obras interligavam disciplinas como antropologia política economia procurando 31 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 oferecer uma explicação da sociedade como um todo colocando em evidência as suas dimensões globais Seus trabalhos não foram elaborados nos bancos das universidades mas frequentemente no calor das lutas políticas A formação teórica do socialismo marxista constitui uma complexa operação intelectual na qual são assimiladas de maneira crítica as três principais correntes do pensamento europeu do século passado tais como o socialismo a dialética e a economia política O socialismo antes do marxismo também denominado socialismo utópico constituía uma clara reação à nova realidade implantada pelo capitalismo principalmente quanto às suas relações de exploração Marx e Engels ao tomarem contato com a literatura socialista da época assinalaram as brilhantes ideias de seus antecessores sem deixarem de elaborar algumas crí ticas a esse socialismo a fim de darlhe maior consistência teórica e efetividade prática Assinalavam que as lacunas existentes nesse tipo de socialismo possu íam uma relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo da época uma vez que as contradições entre burguesia e proletariado não se encontravam ainda plenamente amadurecidas Atuavam os utópicos como representantes dos interesses da humanidade não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para a concretiza ção de suas ideias A filosofia alemã da época de Marx encontra em Hegel uma de suas mais expressivas figuras Como se sabe a dialética ocupava posição de destaque em seu sistema filosófico A tomarem contato com a dialética hegeliana eles ressalta ram o caráter revolucionário uma vez que o método de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia devido às suas contradições tendia a extinguirse A crí tica que eles faziam à dialética hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista Assim procuraram corrigila recorrendo ao materialismo filosófico de seu tempo A intenção era conferir à sociologia uma reputação científica encontrando em Max Weber um marco de referência Durante toda sua vida insistiu em estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico fruto de cuidadosa inves tigação e os julgamentos de valor sobre a realidade O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I CONSIDERAÇÕES FINAIS Para finalizar poderíamos supor que a busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista homem do saber das análises frias e penetrantes e o político homem de ação e de decisão comprometido com as questões práticas da vida Essa posição de Weber que tantas discussões tem provocado entre os cientistas sociais constitui ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários um dos momentos decisivos da profissionalização dessa disciplina A ideia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação os pontoschave da investigação Com isso ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indiví duos e não a análise das instituições sociais ou do grupo social tão enfatizados pelo pensamento conservador Existe uma clara distinção entre o conhecimento científico fruto de cuida dosa investigação e os julgamentos de valor sobre a realidade 33 1 Qual é a característica essencial que distingue estes três períodos cosmológico teocêntrico e antropológico 2 Qual é o significado da palavra antropologia 3 O que é sociologia 4 O que é fato social 5 Comente em que consiste a força coercitiva dos fatos sociais Marx sabia que a incompatibilidade entre o pensamento político clássico e as modernas condições políticas repousa no fato consumado das Revoluções Francesa e Industrial que em conjunto elevaram o trabalho tradicionalmente a mais desprezada de todas as atividades humanas ao grau máximo de produtividade e pretenderam ser capazes de reafirmar o ideal de liberdade sob condições inauditas de igualdade universal A questão era colocada apenas superficialmente nas asserções idealistas de igualdade do homem e da dignidade inata de todo ser humano e era respondida apenas de modo superficial por meio da concessão do direito de voto aos operários Não se tratava de um problema de justiça que pudesse ser resolvido concedendo à nova classe de trabalhadores o seu direito após que a velha ordem do suum cuique fosse automaticamente restaurada e funcionasse como no passado Há o fato da incompatibilidade básica entre os conceitos tradicionais que fazem do trabalho o símbolo da sujeição do homem à necessidade e a época moderna que viu o trabalho elevado para expressar a liberdade positiva do ho mem a liberdade da produtividade É do impacto do trabalho isto é da necessidade no sentido tradicional que Marx visou salvar o pensamento filosófico destinado pela tradi ção a ser o núcleo de todas as atividades humanas Entretanto ao proclamar que não se pode abolir a Filosofia sem realizála começou por sujeitar também o pensamento ao inexorável despotismo da necessidade à lei férrea das forças produtivas na sociedade A desvaloração dos valores de Nietzsche como a teoria do valortrabalho de Marx sur ge da incompatibilidade entre as ideias tradicionais que haviam sido utilizadas como unidades transcendentes para identificar e medir pensamentos e ações humanas e a sociedade moderna que dissolvera todas essas normas em relacionamentos entre seus membros estabelecendoas como valores funcionais Valores são bens sociais que não têm significado autônomo mas como outras mercadorias existem somente na sempre fluida relatividade das relações sociais e do comércio Por meio dessa relativização tanto as coisas que o homem produz para seu uso como os padrões conforme os quais ele vive sofrem uma mudança decisiva tornamse entidades de troca e o portador de seu valor é a sociedade e não o homem que produz usa e julga O bem perde seu caráter de ideia padrão pelo qual o bem e o mal podem ser medidos e reconhecidos tornase um valor que pode ser trocado por outros valores tais como eficiência ou poder O detentor de valores pode recusarse a essa troca e se tornar um idealista que estima o valor do bem acima do valor da eficiência isso porém em nada torna o valor do bem menos relativo O termo valor deve sua origem à tendência sociológica que mesmo antes de Marx es tava inteiramente explícita na ciência relativamente nova da Economia clássica Marx era ainda cônscio do fato esquecido desde então pelas Ciências Sociais de que ninguém visto em isolamento produz valores de que os produtos tornamse valores somente em seu relacionamento social Sua distinção entre valor de uso e valor de troca reflete a distinção entre coisas tais como os homens as utilizam e as produzem e seu valor na sociedade e sua insistência na maior autenticidade dos valores de uso sua frequente descrição do surgimento do valor de troca como uma espécie de pecado original no princípio da produção mercantil reflete seu reconhecimento desamparado e como que 35 cego da inevitabilidade de uma iminente desvalorização de todos os valores O nas cimento das Ciências Sociais pode ser localizado no instante em que todas as coisas tanto ideias como objetos materiais equacionavamse a valores de tal modo que tudo derivasse sua existência da sociedade e fosse a ela relacionado o bonum e o malum não menos que os objetos tangíveis Na disputa sobre se a fonte de todos os valores é o capital ou trabalho geralmente percebese que em nenhuma ocasião anterior à in cipiente Revolução Industrial admitiuse serem os valores e não as coisas o resultado da capacidade produtiva do homem ou relacionavamse todas as coisas que existem à sociedade e não ao homem visto em isolamento A noção de homens socializados cuja emergência Marx projetou na sociedade sem classes futuras é de fato o pressuposto subjacente tanto à Economia clássica como à marxista ARENDT 2000 p61 MATERIAL COMPLEMENTAR Germinal Diretor Claude Berri Ano 1993 Sinopse A respeito do que foi a Revolução Industrial assista ao fi lme Germinal baseado no romance de Émile Zola Nele você perceberá o contexto que envolve a referida revolução UNIDADE II Professor Me Wanderly Alves de Sousa ANÁLISE ANTROPOLÓGICA E SOCIOLÓGICA DO PROCESSO IDENTITÁRIO DO HOMEM CULTURAL E SOCIAL Objetivos de Aprendizagem Apresentar o conceito de cultura Discutir a relação entre antropologia e cultura Avaliar a relação entre sociologia e cultura Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Conceito de cultura do ponto de vista antropológico Homem ser cultural e social Identidade cultural e social INTRODUÇÃO O conceito de cultura é o mais importante conceito da antropologia assim como das ciências sociais Também é uma das noções mais complexas que encontramos nas ciências humanas pois não há acordo entre os especialistas no assunto sobre o que seja cultura Devido ao seu caráter polissemântico o termo cultura recebe três significados e três usos principais a saber elitista pedagógico e antropo lógico No primeiro sentido cultura significa uma grande quantidade de saber no segundo sentido indica educação recebida durante a vida no terceiro cul tura significa o conjunto de costumes Devemos ter em mente que todo e qualquer conceito de cultura surge a partir de uma determinada cultura como veremos Assim se temos inúmeras defini ções para o conceito de cultura é porque há inúmeras culturas informando sobre a sua própria formulação O conceito de cultura forma com a noção de natureza uma das grandes oposições do quadro do pensamento das ciências sociais Mais do que vêlas delimitando espaços opostos mutuamente excludentes é interes sante e oportuno tratálas como complementares ou seja ambas são limites de um sistema que hierarquiza e ordena uma multiplicidade de elementos que se situam entre dois extremos e se articulam de maneira dinâmica Muitos desses sentidos tendem a revelar algo de nossa sociedade e até de nós mesmos Não é incomum pensarmos a antropologia e o outro como um grande espelho pelo qual podemos nos ver É isso que buscaremos expor a seguir CONCEITO DE CULTURA DO PONTO DE VISTA ANTROPOLÓGICO Como dissemos no sentido elitista cultura significa uma grande quantidade de saber assim quando falamos que certa pessoa sabe muito de antropologia de filosofia de sociologia nesse sentido dizemos que essa pessoa sabe muito a respeito de quase tudo Caroa estudante aposto que você já ouviu alguém 39 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II falar desse modo conheço certa pessoa que possui vasta cultura científica filosófica artística literária etc Diante desse cenário falase fulano é muito culto No sentido pedagógico cultura indica a educação a formação que a pessoa teve ao longo de sua vida tratase do cultivo do homem isto é do processo por meio do qual o homem chega à plena maturação e realização de sua personalidade No sentido antropológico e acredito que esse sentido nos interessa muito cultura significa o conjunto de costumes técnicas e valores que caracterizam um grupo social uma tribo um povo uma nação Colocado isso sabemos agora que essa indefinição acerca da noção da palavra nos informa bastante sobre o próprio conceito Ao contrário do que podemos pensar quando articulamos a ideia de cultura surgem inúmeros sentidos e significados para ela É por isso que dizemos que cultura assume uma variedade de sentidos Em todas as áreas do conhecimento cada vez mais a ideia noção ou con ceito de cultura tem sido vista como uma forma de pensarmos a diferença entre os homens ao mesmo tempo em que pensamos sua unidade Em geral estamos falando de diferenças em todos os planos do vir a ser do homem por exemplo formas de existir fazer pensar ser e sentir São vários os sentidos atribuídos à palavra cultura Em alguns momentos nos imaginamos sujeitos portadores de cultura em outros somos acusados de não termos cultura como se isso significasse que não temos modos costumes Estado educação conhecimento refinamento acesso ao campo das artes letras teatro e ciência enfim nos dias atuais acesso à informação Cultura diz respeito a muito mais do que isso que acabamos de enumerar Mas é possível uma pessoa grupo ou mesmo uma sociedade inteira ser despro vida de cultura Do ponto de vista da antropologia isso não é possível O homem só se torna homem à medida que se torna membro de uma sociedade e interna liza códigos ou formas de agirser no mundo Então fique tranquiloa Não há shutterstock 41 Homem Ser Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 como um membro de qualquer sociedade não ter ou estar inserido em uma rede de sentidos e significados que chamamos de cultura afinal você é sujeito dela em qualquer um de seus aspectos e eles são muitos Pode ter certeza que todos nós somos portadores de cultura à medida que fomos socializados nos princípios mais gerais que nos tornam membros de um grupamento social Nenhuma pessoa é plenamente socializada em toda a cultura de sua sociedade Isso nos informa o quanto somos dependentes de outros sujeitos para vivermos em uma sociedade Nós compartilhamos alguns códigos simbólicos mas não todos os códigos afinal a vida social nas sociedades modernas é bastante complexa Tais códigos e sua interpretação permitemnos chegar a acordos razoáveis com outros sujei tos sobre o mundo e alguns de seus sentidos Há exemplos para isso que estamos falando Sim com certeza Por exemplo àquela partida de futebol que assisti mos pela televisão ou mesmo no estádio não se trata de um evento irracional absurdo e incompreensível para seus participantes ou para seus expectadores Pelo contrário assistir a uma partida de futebol pode nos fazer compreender um pouco ou muito do que pensamos ser e do que somos capazes de fazer quando o que está em disputa é muito mais do que uma simples vitória HOMEM SER CULTURAL E SOCIAL Antes do século XVIII o problema cultural coincidia fundamentalmente com o peda gógico Isto é até a chegada do período que conhecemos como iluminismo a cultura era concebida essencialmente como pai deia como formação da pessoa e não como estrutura fundamental da sociedade Nesse sentido o problema cultural era tratado como exclusivamente um problema antropológico como um problema da educação do homem ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Caroa alunoa a educação é uma exigência própria da natureza do homem porque ele nasce com ilimitadas capacidades de agir no entanto não tem a habi lidade necessária para realizar qualquer ação O homem deve pois aprender com o outro como exercer suas capacidades fundamentais tais como alimen tar caminhar falar ler escrever e trabalhar Nesse sentido poderíamos dizer que o fenômeno da educação é tipicamente humano Dado que somente o homem pode e deve educarse Assim comparativa mente com o mundo dos animais irracionais a estes é possível apenas adestrálos O animal é um ser já especializado desde seu nascimento um ser dotado ins titivamente de determinadas habilidades e somente destas Contrariamente o homem está inicialmente privado de qualquer especialização mas possui a capa cidade de adquirir por meio da educação da aprendizagem as especializações mais variadas Dada essa capacidade em especializarse mediante a educação o homem pode individualizarse tornarse um eu adquirir uma personalidade exclusivamente sua que está em contínua evolução e maturação Antes de prosseguir quero destacar aqui três pontos importantes da educa ção do homem o primeiro diz respeito ao pessoal a educação deve promover ao educando o conhecimento de si mesmo o conhecimento de suas habilidades para desenvolverse como indivíduo o segundo diz respeito ao social porque a educação envolve eminentemente uma relação interpessoal educador e edu cando o terceiro diz respeito à cultura propriamente dita uma vez que a educação deve transmitir à pessoa valores culturais elaborados pela humanidade ao logo de sua história no mundo Do ponto de vista da Antropologia e da Sociologia é a partir do conceito de cultura que podemos entender o homem como ser cultural e social inserido em uma comunidade sendo esta por sua vez dotada de cultura O homem inde pendentemente de sua base biológica acaba detendo um componente cultural e seu comportamento é essencialmente influenciado por ele Para entender esse homem há que se entender também suas interações seja com a natureza com os outros homens seja com o grupo a que pertence pois é o seu grupo quem dita as regras de convívio social Ao nascer o homem começa o seu processo de socialização ou seja a inte riorização dos elementos socioculturais que lhe permitem adaptarse à sociedade 43 Homem Ser Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 vencendo os obstáculos das situações novas e amadurecendo a sua maneira de ser e de estar no mundo O processo de socialização nesse sentido sedimenta no novo homem ou no homem novo os modelos de comportamentos anterior mente definidos e aceitos Se por um lado temos os indivíduos que aceitam a realidade como ela é e aprendem a conviver por outro temos os indivíduos inconformados e que não aceitam as regras como elas são não aceitam a vida como ela é e por isso tor namse objeto de crítica mas ainda assim revelamse a base da mudança social É esse tipo de minorias que resistindo à pressão social para o conformismo e obediência consegue estabelecer condições para o progresso na medida em que influencia para um lado ou para o outro grupos existentes em cada sociedade e assim o homem tornase um ser cultural e social É aprendendo e produzindo formas de viver e conviver que o ser humano incorpora reelabora e reflete a língua a culinária a estética a vestimenta as artes a forma de morar a religião dentre outras expressões culturais Com o pas sar dos anos porém acabamos escolhendo se aquela forma de vida é de fato a que queremos ou vamos viver de outra forma podendo até encabeçar um movi mento reconhecido como contracultura O que é contracultura Para entendermos o que é contracultura tomemos como exemplo a cultura gótica Segundo Ianni Os Emos gênero musical que se estabeleceu sob forte influência nor teamericana em meados de 2003 que influenciou a moda a música e o comportamento dos adolescentes Os adolescentes reconhecidos por cultivar a cultura da rebeldia da irreverência e indisciplina têm nos Emos pessoas com comportamento eminentemente emotivo e toleran A palavra pedagogia é de origem grega e significa arte de guiar a criança Modernamente nos referimos a essa palavra como sinônimo de ciência da educação shutterstock ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II te cujo visual consiste em geral em trajes pretos ou listrados tênis ca belos coloridos e franjas caídas sobre os olhos Por certo movimentos como esses são encontrados em várias partes do mundo e que não por isso deixam de ser julgados deixam de ser vistos sob a ótica do observador a partir dos valores do observador como um fenômeno estranho como algo que vai de encontro a sua cultura a sua forma de pensar de realizar de se portar A esse estranhamento a esse julga mento a Antropologia denomina etnocentrismo que nada mais é do que o ato de analisar o outro ou sua sociedade a partir dos meus valores e consequentemente de minha sociedade A Antropologia e a Sociologia procuram definir as várias relações que surgem na sociedade em meio às quais fica cada vez mais difícil e complicado determinar quem é quem e qual o seu papel dentro do todo social Assim buscar respostas para entendermos o que somos a partir da imagem refletida pelo outro é aten tar para o fato de que estamos situados na fronteira de vários mundos sociais e culturais ora fazendo ligações entre eles ora impedindo que o diferente se torne comum aos nossos olhos Pensar a relação indivíduo e sociedade em uma tribo indígena em um país miserável em um país subdesenvolvido ou mesmo em um país de primeiro mundo nos ajuda a alargar nossas possibilidades de sentir agir e refletir sobre o que afinal de contas nos torna seres singulares e humanos Entretanto não se pode negar que cada um desses recortes tem dentro de si suas particularidades seus diferenciais além do poder das circunstâncias Como a sociedade é composta de indivíduos necessário se faz centrarse no indivíduo E acredito que seria muito significativo tentar problematizar o papel do indivíduo restituindolhe seu caráter ativo mutável inconstante e de 45 Homem Ser Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 alteridade Levar em conta o vínculo existente entre as maneiras de sentir de se comportar de aceitar de negar de ver de ouvir é um exercício bastante perti nente principalmente se o que estiver em jogo for o entendimento da relação entre o indivíduo e a sociedade Diante da crescente industrialização e da consequente troca do homem pelas máquinas diante das exigências cada vez mais rígidas de aperfeiçoamento e especialização diante dos novos e disponíveis meios de comunicação das novas doenças sociais do baixo salário da carestia dos impostos por vezes abusivos das epidemias da liberdade sexual do uso abusivo das drogas enfim diante de tantos problemas sociais fica mais fácil conceber as formas de diferenciação social e suas implicações Não é verdade A procura do entendimento entre tais diferenciações e implicações faz ruir a barreira entre a Antropologia e a Sociologia Segundo Costa 2010 p 166 A Antropologia e a Sociologia procuram redefinir as múltiplas relações que emergem na sociedade em meio às quais fica cada vez mais difícil definir quem sou eu e quem é o outro o que é tradicional ou efetiva mente moderno aquilo que é globalizado e o que é regional De qualquer maneira perduram certas práticas de pesquisa mais próximas de uma ou de outra ciência Enquanto métodos de pesquisa de massa se desenvol vem na investigação das diferenças regionais entre fenômenos mundiais como desemprego e miséria as análises minuciosas da Antropologia procuram iden tificar nessa sociedade tecnológica e informacional os nichos de resistência e como sempre de manifestações de alteridade Mas como entender a análise sociológica e antropológica dos homens e da sociedade sem que se incorpore a história Do mesmo modo que não podemos nos esquecer das relações internacionais instauradas pelo capitalismo nem do pro cesso de colonização não podemos deixar de lado para as nossas análises a história de cada povo de cada nação de cada região de cada estado de cada município Não podemos esquecer que qualquer aspecto da realidade social tem suas especificidades e estas são frutos da história e das disparidades internas de cada nação que revelam por sua vez as diferentes formas seguidas pelas socieda des ao se implicarem no sistema capitalista Sem que as conheçamos fica quase impossível propor soluções eficientes propor melhorias substanciais ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Para se entender e propor soluções para um problema social é preciso conhecer as relações intersubjetivas ou de reciprocidade No seu já citado livro Ensaio sobre o dom Marcel Mauss estuda os dons e os contradons ou a troca de presentes e chega à conclusão de que nesses rituais de troca há uma natu reza voluntária porém obrigatória embasada nos princípios de dar receber e retribuir Por isso é preciso conhecer os diferentes graus de dependência entre indivíduos e grupos É preciso também entender quem domina e quem é subor dinado e só a história nos revela tais elementos O indivíduo dotado de liberdade vontade e motivação busca romper com os determinismos e causalidades e é assim que ele deve ser entendido em sua relação com a sociedade Mas para isso é preciso que se conheçam suas confi gurações e habitus ou seja o universo simbólico dos sujeitos envolvidos na ação social Em outras palavras para se entender a relação indivíduo e sociedade é preciso atentar para as marcas que a sociedade imprime nos sujeitos é preciso entender como determinada cultura é incorporada ou apropriada e reelaborada pelo indivíduo por meio das disposições para sentir pensar e agir Por cultura entendemos nossa forma de pensar agir se expressar o nosso repertório gastronômico e artístico dentre outros elementos que se revelam no nosso cotidiano e que se tornam característicos de nosso tempo e do nosso espaço Não fosse a cultura dos nossos antepassados não teríamos as feições que temos não seríamos como somos pois o que somos é resultado sobretudo das formas de viver dos que nos antecedem na escala da vida Não nos perguntamos a toda hora por que somos de um jeito e não de outro não vivemos nos pergun tando por que nos vestimos de um modo e os indianos de outro e por certo achamos muito estranho que os japoneses comam cachorro e não caranguejo ou paca ou cutia como muitos de nós sabe por quê Porque somos diferentes fomos colonizados de modo diferente temos climas diferentes temos recursos diferentes e consequentemente temos culturas diferentes e isso não é demé rito nenhum muito pelo contrário essa diversidade é o que dá identidade a um povo é o que o faz singular o que o faz detentor de um rol de ideias e de práti cas que conjugam os indivíduos que os compõem Para o sociólogo Karl Mannheim 2012 o indivíduo tem a capacidade de compor sua identidade pela junção entre o que lhe é próprio inato e aquilo que shutterstock 47 Identidade Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 a interação social com outros indivíduos proporciona É assim segundo ele que construímos nossa identidade É verdade que ela pode ser individual ou cole tiva mas seja qual for a identidade é aquilo que nos caracteriza e que nos faz ser reconhecido Já deve ter se perguntado se eu tivesse nascido em outro país ou mesmo em outra família como seria Será que teria os mesmos valores o mesmo senso crítico os mesmos gostos as mesmas ideias a mesma escolha de profissão Ou será que somos determinados geneticamente Tais perguntas podem não ter respostas certas mas podemos baseandonos na experiência sensível vislum brar algumas respostas que recairiam no que Mannheim 1950 p 20 afirmou pertencemos a um grupo não apenas porque nascemos nele nem porque professamos pertencer a ele nem finalmente porque lhe ofere cemos nossa lealdade e lhe prestamos nosso preito de fidelidade mas primeiramente porque vemos o mundo e certas coisas do mundo da mesma maneira pela qual eles os veem isso é em função das signifi cações do grupo em apreço Cada conceito cada significado concreto é resultante das experiências de um determinado grupo Em qualquer definição todo conteúdo substancial toda avaliação não mais susce tível de merecer um consenso sofre uma reinterpretação em termos funcionais IDENTIDADE CULTURAL E SOCIAL A discussão a respeito do tema Identidade começou a ser central no campo de estudos das ciências humanas a partir dos anos de 1970 No campo da administração a dis cussão e a problematização acerca da identidade de sua construção manu tenção e reprodução assim como dos processos de identificação adquirem ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II centralidade à medida que diante do processo de globalização passase a dis cutir cada vez mais a influência do choque entre culturas distintas no processo de trabalho de produção e de controle da mão de obra no interior das organi zações A identidade seja ela social pessoal ou cultural é sempre uma relação social construída com outros jamais algo ou alguma coisa com a qual nasce mos ou herdamos por meio de nossos genes Identidade portanto nada tem a ver com os genes que herdamos a identidade é definida historicamente e não biologicamente Com essas primeiras palavras queremos logo deixar claro que a noção de identidade implica em algum tipo de montagem social e simbólica Nesse sen tido discutimos a ideia de que o homem é sempre um ser social em construção um ser social em constante devir ou vir a ser ele é sempre uma possibilidade dentre muitas que coabitam nesse mundo Na casa na rua ou no trabalho na faculdade na família na igreja ou no bairro estamos sempre nos perguntando sobre quem somos nós ou quem sou eu Imaginome pertencendo a um grupo social ligado à minha profissão sou morador de uma cidade que está localizada em um estado e que faz parte de um país de uma nação Ao mesmo tempo per tenço a uma determinada classe social tenho uma renda X moro em uma parte da cidade diferente de outras regiões frequento uma igreja e me incluo assim em uma religião específica ao mesmo tempo sou filiado a um partido político e a um sindicato Enfim são muitos os componentes de um sistema social e as possibilidades de vinculação do sujeito a um desses subsistemas Parece que não há quem não tenha se deparado com a ideia de uma crise de identidade A identidade em linhas gerais operaria como um mapa ou guia na estrutura de posições do sistema social sem ela não poderíamos nos localizar nem sermos localizados na estrutura de posições do sistema social Ao mesmo tempo sem identidade não poderíamos nos diferenciar dos demais sujeitos de nossa própria sociedade ou de grupos sociais em seu interior assim como aqueles localizados em seu exterior Dessa maneira identidade é fundamental para que eu me per ceba em contraste com aquele que é diferente de mim Prezadoa alunoa como já falamos nesta unidade a identidade não é uma coisa é uma relação Não nascemos com uma identidade pronta acabada e definitiva Lenta e gradualmente nossa identidade pessoal social e cultural 49 Identidade Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 vai sendo constituída pela sociedade em que nascemos Isso não é uma tarefa fácil pelo contrário Ela implica em tensões problemas ambiguidades dúvidas e incertezas que se inserem na vida de todos nós A identidade é vale repetir uma relação social Isso jamais pode ser esquecido Ela é uma construção social dos sujeitos que habitam um território e que compartilham de uma cultura em comum ainda que haja disputas tensões e contradições sobre os valores comuns que compartilhamos Ela somente pode ser pensada quando pessoas e sujeitos sociais interagem uns com os outros às vezes contra ou a favor dos outros a fim de sustentar ideias representações ações gestos e memórias A identidade é construída como relação social quando uma espécie de ten são entre a semelhança e a diferença está em jogo Diferença e semelhança são fundamentais à construção da identidade A diferença cultural é fundamental à construção da identidade É somente quando me vejo diferente do outro que tenho consciência da alteridade e que sou identificado como sendo diferente dele é assim que posso me identificar com aqueles os quais julgo como meus semelhantes Ao estarmos incluídos em um grupo logicamente ao mesmo tempo nos excluímos de outro Assim a inclusão só existe concomitantemente com a exclu são São dois lados da mesma moeda Somos brasileiros em oposição a argentinos americanos franceses etc da mesma forma que argentinos se veem em oposição a brasileiros ingleses e franceses e assim por diante Dessa forma a identidade ou identificação como preferem alguns como processo de inclusãoexclusão nos informa sobre uma relação entre minimamente dois grupos pessoas empresas países que se veem de forma distinta e que se reconhecem na relação como tais Instituições grupos espaços ou termos sociais aos quais nos vinculamos são fundamentais à constituição da pessoa social é por meio dela que qualquer homem se percebe como pertencendo a algum grupo sociedade cultura ou território Sentirse parte do grupo de uma comunidade de uma sociedade e de uma cultura sentirse integrado a outros sujeitos que compartilham de uma mesma herança cultural de um mesmo código simbólico das mesmas ideias eis o quanto é fundamental a identidade para qualquer pessoa Ser brasileiro mineiro casado ou solteiro negro ou branco profissional liberal ou funcionário público desempregado ou aposentado hetero ou homossexual nos informa o ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II quanto a identidade pode ser construída por meio das mais diferentes vincula ções O que isso significa e o que tem a ver com identidade Muita coisa pode acreditar Pois estamos falando de como e por meio de quais mecanismos o indi víduo biológico unidade da espécie humana é investido de um papel social e do status correspondente no interior de um grupo social que com outros esta belece oposição Hoje muitas pessoas se perguntam quem são no que estão se tornando no que deixaram de ser ou no que gostariam de se tornar ou de ser Quem nunca se perguntou o que estarei fazendo daqui dez anos pelo menos Muitas vezes construímos nossa identidade ocultando uma determinada vinculação por exem plo basta pensarmos nos sentimentos de vergonha e humilhação quando somos identificados como brasileiros e associados à corrupção injustiça e pobreza de nosso povo ou de alegria e profundo orgulho quando vencemos no futebol ou somos elogiados por nossas belezas naturais e culturais Muitas pessoas pensam que estão a pensar quando estão apenas a re arrumar os seus preconceitos William James Ao filósofo Hobbes está associada esta máxima homo lupus hominis o homem é o lobo do homem O que você pensa a respeito 51 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Antropologia Cultural analisa a essência humana e o que determinados grupos sociais criam historicamente Entendemos que o homem é ser social portanto ele aprende sempre com outros indivíduos assim o ser humano ao utilizar suas inúmeras habilidades e competências perscruta a sua realidade e tenta explicála ao outro o que o caracteriza como um ser que gosta de socializarse Nossos hábitos são essencialmente humanos porque fomos inseridos em um grupo social e aprendemos a reconhecer determinados símbolos expressar os nossos sentimentos como chorar rir etc O que distingue os homens dos ani mais é a nossa capacidade de pensar e utilizar a nossa inteligência para sanar as nossas vicissitudes por meio do trabalho que transforma o meio em que vive mos Somos capazes de mudar o curso de um rio construir prédios e casas para nos abrigar e proteger nossos familiares Há algum tempo dispomos de muitas formas de reconstruir ou reconfigurar nossa identidade mas essa flexibilidade ou abertura ampliada da construção da identidade nem sempre foi assim tão flexível Houve momentos na história do homem e eles formam a grande parte dessa história que a identidade que nos era atribuída nos acompanhava até o fim de nossas vidas Queremos deixar claro mais uma vez que a noção de identidade implica em algum tipo de montagem social e simbólica Nesse sentido discutimos a ideia de que o homem é sempre um ser social em construção um ser social em constante devir ou vir a ser ele é sempre uma possibilidade dentre muitas que coabitam nesse mundo Na casa na rua ou no trabalho na faculdade na família na igreja ou no bairro estamos sempre nos perguntando sobre quem somos nós ou quem sou eu 1 O que é cultura 2 O que é identidade cultural 3 Uma pessoa grupo ou mesmo uma sociedade inteira pode ser desprovida de cultura 53 Maria Araújo a mulher trans que passou na UFPE MULHER TRANSEXUAL NEGRA E DE INFÂNCIA POBRE MARIA CLARA ARAÚJO CAUSOU COMOÇÃO AO SER APROVADA Aos 18 anos Maria Clara Araújo já se tor nou um símbolo da luta pelos direitos das transexuais Aprovada pelo Sisu para cur sar Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco a jovem de Recife comemora o fato de ser mais uma transexual matricu lada em uma universidade pública Passada a euforia no entanto um percalço na hora da matrícula mesmo tendo encaminhado os papéis para adequar seus documen tos com seu nome social precisou fazer a matrícula com o seu nome civil aquele que recebeu ao nascer e que não corresponde ao seu gênero Leia a matéria na íntegra no site httpwwwcartacapitalcombrsociedadeconhecama riaclaraaraujoatransexualquepassounauniversidadepublica6544html Acesso em 26 fev 2015 AMALA E KAMALA AS MENINASLOBO Na Índia onde os casos de meninoslobo foram relativamente numerosos desco briramse em 1920 duas crianças Amala e Kamala vivendo no meio de uma família de lobos A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde Kamala de oito anos de idade viveu até 1929 Não tinham nada de humano e seu comporta mento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos Elas caminhavam de quatro apoiandose sobre os joelhos e coto velos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápi dos Eram incapazes de permanecer em pé Só se alimentavam de carne crua ou podre Comiam e bebiam como os animais lan çando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos Na instituição onde foram recolhidas passavam o dia acabrunhadas e prostradas em uma sombra Eram ativas e ruidosas durante a noite procurando fugir e uivando como lobos Nunca choravam ou riam Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu humanizandose lentamente Necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer tinha um vocabulário de apenas cinquenta pala vras Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou len tamente às pessoas que cuidaram dela bem como às outras com as quais conviveu Sua inteligência permitiulhe comunicarse por gestos inicialmente e depois por palavras de um vocabulário rudimentar aprendendo a executar ordens simples Fonte Martins e Aranha 1993 ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Raça Humana Gênero Documentário Tempo de Duração 42 min Ano 2009 Sinopse O país do orgulho da miscigenação apregoado por Gilberto Freire e Darcy Ribeiro se deparou há alguns anos com uma questão espinhosa a adoção de cotas raciais nas universidades Se falar de racismo no Brasil já era tabu falar de cotas então se transformou em um daqueles temas sobre os quais é melhor nem iniciar conversa A menos que estejamos em um grupo onde todos são favoráveis ou todos contrários Aí sim dá para desabafar os inconformismos de um lado e de outro Tabu Fanatismo Gênero Documentário Tempo de Duração 4537 min Ano 2014 Sinopse Uma mulher abre mão de se casar e ter fi lhos para se dedicar de corpo e alma ao seu time de futebol Um professor de inglês afi rma ser a reencarnação de seres de outro planeta e ter conexão com extraterrestres A Outra História Americana Gênero Drama Tempo de Duração 1h59m Ano 1999 Sinopse Derek Edward Norton busca vazão para suas agruras tornandose líder de uma gangue de racistas A violência o leva a um assassinato e ele é condenado pelo crime Três anos mais tarde ele sai da prisão e tem que convencer seu irmão Edward Furlong que está prestes a assumir a liderança do grupo a não trilhar o mesmo caminho Sinopse Derek Edward Norton busca vazão para suas agruras tornandose líder de uma gangue de racistas A violência o UNIDADE III Professor Me Wanderly Alves de Sousa O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Objetivos de Aprendizagem Apresentar a natureza social do homem Averiguar o nascimento da organização social Demonstrar o fundamento da organização política Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Fundamentos da sociabilidade do homem Organização social Organização política INTRODUÇÃO Aristóteles em sua obra A Política 1998 p137 expõe o que ele entendeu a respeito da origem e a finalidade da polis que modernamente chamamos de Estado guardadas as devidas diferenças O filósofo grego partiu de uma consi deração que lhe é peculiar a natureza deu aos homens a vida em função da vida eles têm o dever bem como o fim principal de encontrar meios para conservála Naturalmente inclinados para viverem juntos os homens estabeleceram entre si uma natural sociedade Dado que querem viver juntos eles não estão destinados a satisfazerem apenas suas necessidades fundamentais para conserva ção da vida há que se considerar algo a mais os homens são por natureza seres inclinados a viverem em sociedade mais do que isso são por natureza seres polí ticos De modo que para Aristóteles como veremos todas as sociedades têm como meta alguma vantagem e a principal sociedade que contém em si todas as outras vantagens propondose à maior possível 1998 p 2 o autor a denomina de polis Ela é o lugar em que os homens deliberam acerca de ques tões políticas nela há igualdade de direito uma vez que ali é o lugar de homens livres Ainda que falando rapidamente há em Aristóteles uma dupla definição do homem ele concebe o homem como nos diz Arendt 2005 p49 um zôon politikón e um zôon lógon ékhon isto é o filosofo grego concebe o homem como um ser que atinge sua possibilidade máxima na faculdade do discurso e na vida em uma polis Passaremos a expor mesmo que brevemente a origem e o fun damento da sociedade humana FUNDAMENTOS DA SOCIABILIDADE DO HOMEM Aristóteles 1998 p1 argumenta que a natural associação dos homens tem como fim formar a sociedade política esta é o primeiro objeto a que se propôs a natu reza Eis sua afirmação lapidar o todo existe necessariamente antes das partes ARISTÓTELES 1998 p 5 Ora as partes são a família a aldeia e a cidade 57 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III A primeira sociedade natural é a família pequena comunidade que se forma da dupla reunião do homem e da mulher unidade familiar do senhor e do escravo lar como um todo Vale ressaltar aqui que Aristóteles toma o escravo como parte integrante que compõe a família porque ele compreende que a escra vidão seja uma condição natural como veremos em Agostinho a escravidão não é uma condição natural mas resultado do pecado Para afirmar o caráter natural da escravidão Aristóteles 1991 parte da seguinte premissa o homem que não pertence a si mesmo é escravo por natureza Com esta afirmação Aristóteles não quer dizer outra coisa senão que o homem dotado de sabedoria prática modo de vida por excelência no âmbito polí tico deve dominar aqueles que não a possuem A analogia que melhor exprime essa ideia é visível na relação entre alma e corpo Para o autor a alma por natu reza exerce domínio sobre o corpo a primeira comanda e o segundo obedece de modo que o corpo serve naturalmente a alma Dessa analogia Aristóteles retira a ideia de que a autoridade do senhor sobre o escravo segue a hierarquia de comando tal como existe entre alma e o corpo O escravo como instrumento e propriedade do senhor é usado para atingir os seus objetivos racionais Dado que o senhor é dotado de sabedoria prática segue se que todos os que não têm nada melhor para oferecer do que o uso de seus corpos e de seus membros é condenado pela natureza à escravidão 1998 p13 Para Aristóteles 1998 p13 não é apenas necessário mas também vantajoso que haja mando por um lado e obediência por outro Na família em particular e na casa em geral há uma hierarquia natural em que o pai da família exerce sua auto ridade porque é dotado de sabedoria prática Aristóteles argumentará em favor de uma hierarquia das virtudes entre os membros da família ou seja a virtude presente no homem não é encontrada no mesmo grau na mulher no filho e no escravo Dessa primeira sociedade natural seguese a forma ção da aldeia lugar de satisfação das shutterstock 59 Organização Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 necessidades para manutenção da vida Das várias aldeias surge a cidade Essa é a comunidade perfeitamente suficiente não só porque foi organizada para con servar a existência dos homens na vida mas porque também ela ocupase com o bem viver Para Aristóteles a natureza de cada coisa é precisamente seu fim Ora ele compreende que sociedade doméstica a família e a aldeia não tem um fim em si mesma seu desenvolvimento tende naturalmente para a formação da socie dade política pois a casa e a aldeia são associações incompletas que só encontram plenitude na polis A polis é o bem e a plena realização da natureza humana A família é o núcleo primeiro que compõe a sociedade ORGANIZAÇÃO SOCIAL A polis é o bem e a plena realização da natureza ela existe necessariamente antes das partes por isso é pre ciso ter em vista que Aristóteles argumenta do ponto de vista da finalidade da natureza Nesse sen tido o argumento do autor visa demonstrar que a finalidade da natureza humana tende a formar a sociedade política de tal modo que Aristóteles não deixará de afirmar que o homem é um animal polí tico É natural pois que o homem encontre sua plena realização na polis Este é o espaço em que o cidadão o homem dotado de sabedoria prática delibera acerca do que é o justo o útil e o nocivo para sociedade A ele é dado o direito de voto nas Assembleias e o direito de participar no exercício do poder público em sua pátria O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Disso seguese que a justiça política será encontrada entre homens que vivem em comum tendo em vista a autossuficiência isto é entre os homens que são livres e iguais na pólis De modo que para Aristóteles 1998 1318 a mulher as crianças e o escravo estão subjugados não à justiça política mas a um tipo de justiça doméstica conforme a natureza Segundo Aristóteles a justiça do senhor e a do pai de família não é a mesma que a justiça dos cidadãos 1998 p 1314 Ora Aristóteles 1998 argumenta que 1 Não pode haver justiça em relação às coisas que nos pertencem Com isto Aristóteles quer dizer que o filho e o escravo até atingirem certa idade e tornaremse independentes são uma parte do senhor da casa Além do mais na ordem natural isto é no convívio familiar o que se observa é uma hierarquia que aponta para uma natural diferença o homem está acima da mulher o mais velho está acima do mais jovem e o senhor manda no escravo 2 A justiça política existe apenas entre homens cujas relações mútuas são governadas pela lei ou seja no âmbito da polis não há distinção de natu reza muito menos hierarquia natural Ora se a ordem política é o espaço de absoluta igualdade é preciso então esta belecer a justiça legal como critério de distinção entre os homens livres iguais De modo que Aristóteles passa a denominar de justiça legal aquela que existe para estabelecer a distinção entre o justo e o injusto Seguindo Aristóteles é preciso dizer que os homens não são iguais por natu reza pelo contrário com a instituição da ordem política todos os homens livres são considerados iguais pois na ordem política a hierarquia natural desapa rece tal como existe na ordem doméstica No livro V da Ética a Nicômaco Aristóteles 1991 p8198 trata da justiça Ele parte da análise da linguagem comum dos usos e costumes praticados no interior da vida social para retirar daí a noção de justiça Aristóteles dedicase portanto a descrever comportamentos maneiras habituais de agir o caráter do homem prudente do homem temperante do bom amigo ou do homem justo as virtudes e os vícios que lhes correspondem como a virtude da justiça e de seu contrário a injustiça shutterstock 61 Organização Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Aristóteles caracteriza o homem justo como aquele que não toma mais do que sua parte dos bens exteriores compartilhados em um grupo social São suas essas palavras justiça é aquilo em virtude do qual se diz que o homem justo pra tica por escolha própria o que é justo e que distribui seja entre si mesmo e um outro seja entre dois outros não de maneira a dar mais do que convém a si mesmo e menos ao seu próximo e inversamente no relativo ao que não convém mas de maneira a dar o que é igual de acordo com a proporção e da mesma forma quando se trata de distri buir entre duas pessoas ARISTÓTELES 1991 p89 Por conseguinte a justiça legal referese àquela parte da justiça geral que cons titui no interior da polis a boa repartição dos bens exteriores assim essa justiça será uma virtude puramente política e visa sobretudo que se realize em uma comunidade social a justa divisão dos bens e dos encargos ORGANIZAÇÃO POLÍTICA O orador romano Marco Túlio Cícero 1973 p 147 ao fazer ressoar as teses de Aristóteles a respeito da formação social entre os homens nos informa que nada se diz de são e honesto entre os filósofos que não tenha sido confirmado antes pelo povo populus por conseguinte é o povo que confirma o direito ius da República É o povo que segundo os costumes confirma com leis a formação do Estado Daí deriva então a piedade a religião o direito das gentes a justiça a fé a equidade o pudor a contingência o horror ao que é infame e o amor ao que é louvável e honesto O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Na concepção de Cícero 1973 p 148149 a existência do povo não só con firma o direito da res publica coisa pública como também precede a própria existência da cidade pois sem a reunião dos homens as cidades não seriam edificadas e habitadas Mas uma vez que se estabeleceram não só foram insti tuídas as leis e os costumes como também a distribuição equitativa do Direito e a correta disciplina do viver eis a civitas Por isso fazse necessário explicar clara mente os conceitos de res publica e populus Isso Cícero passará a expor dizendo que a República é coisa do povo considerando como tal não todos os homens de qualquer modo congregados mas a reunião que tem seu fundamento no con sentimento jurídico iuris consensus e na utilidade comum communio utilitatis De acordo com essa definição a res publica é considerada como massa de homens de interesse comum unida por um vínculo jurídico O que dá pois a forma à massa é o direito iuris universum reconhecido por todos e a todos no qual mantém na comunidade o bem que pertence a todos a coisa pública res publica Só assim esta massa de homens podese dizer é uma sociedade Consequentemente a multidão de homens se constitui um povo porque se encon tra diretamente regida por um princípio unificador que é o Direito Natural este se constitui em Cícero o fundamento da res publica O Direito Natural a que Cícero se refere é ricamente tratado em sua obra intitulada Das leis O iuris consensus designa o assentimento recíproco e espontâneo dos homens a reuni remse em grupos particulares sob uma regra de justiça que garanta a todos a proteção de seus interesses infundindo em cada um o mesmo respeito para com os outros e a colaboração nos interesses da sociedade Disso resulta a von tade comum uma vez que é natural que provém da justiça natural fora da qual não existe ou deixa de existir o povo Com isso concluise que a forma ção da sociedade política implica três condições que seja composta por uma multidão de homens coetus multitudinis que eles estejam associados por uma legislação comum juris consensu ou como diz Agostinho que os homens sejam associados por direitos reconhecidos por todos e que sejam uma comunidade de interesses comuns utilitatis communione sociatus O direito natural a serviço de todos é o que torna possível um agregado natural de homens converterse em povo e a partir disso se pode falar em res púbica Logo res publica não se refere a uma concreta forma de governo que se 63 Organização Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 contrapõe a outra forma de governar como por exemplo a monarquia por este termo devese entender o governo público Assim a república como é apre sentada por Cícero consiste naquele governo que afeta o povo um governo que tem o povo como objeto daí dizerse que a república é coisa res do povo populus Cada povo pode servirse de comum acordo da res publica pois esta disponibilidade desse direito é precisamente a utilitas que designa aquilo que deve ser usado em comum por todos A república nasce não de uma carência dos homens mas de certa propen são natural da espécie humana para a sociabilidade que é sem dúvida anterior às leis lege e aos costumes Podese dizer que a primeira causa da reunião dos homens é o instinto de sociabilidade que é inato a todos Na modernidade sabemos que o primeiro autor a dedicarse à teoria do Estado no sentido moderno foi Maquiavel 14691527 Em 1513 ao escrever sua famosa obra intitulada de O Príncipe Maquiavel estudou as formas de poder e os tipos de governo monarquia e república Ao analisálos ele estabeleceu pas sos que deveriam ser seguidos por um governante para que tenha sucesso em seu governo Nesse período o que hoje denominamos de Estado fora concebido como conjunto de instituições cujo objetivo era o de regular a vida social Tais instituições tinham no comando reis cujo poder era considerado divino uma vez que segundo as doutrinas cesaropapistas bizantinas o rei ocupava esse lugar de poder por vontade de Deus recebendo da Igreja Católica a devida legitimação para ocupar o poder Assim tanto na França quanto na Inglaterra guardadas as devidas diferenças entre catolicismo de uma e protestantismo de outra o direito de governar era emanado por Deus Ainda que resumidamente nesse sentido podemos dizer isto a lei e o direito são também de origem divina uma vez que o próprio poder do Estado originase de uma fonte não natural Com efeito ainda no período em que antecede as teses sobre o Estado que saem das penas de Maquiavel a lei tem origem divina é uma emanação da Divindade que pode ser inclusive demasiadamente boa para os maus e não merecedores O mesmo se dá com o direito ius Ele pode ser demasiado bom para aqueles que se encontram debaixo do governo Divino Ainda que não com preendamos como isso funciona para um medieval cuja tendência no âmbito jurídico é a de tratar de ajustar as realidades terrenas a um esquema universal de shutterstock O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III perfeita bondade isso é perfeitamente compreensível A ordem social do ponto de vista teórico nesse período é essencialmente estática aceitase ou rebatese não podendo ser melhorada A única maneira como o homem pode cooperar para a finalidade cósmica universal é submetendose à lei moral com isso ele imediatamente se con forma com a lei eterna lex aeterna Essa lei é a mente Divina ou Razão Suprema governando o universo a lei natural é um reflexo na natureza das criaturas dos homens da lei eterna que o homem interpreta e aplica mediante a lei positiva Para esta construção jurídica não existe a possibilidade de um conflito entre as leis a lei de ordem natural não se confunde com a lei de ordem sobrenatural Para um medieval em verdade a lei natural nada mais é do que a participação da criatura racional na luz eterna A lei da razão natural que nos permite dis cernir o bem e o mal nada mais é que a marca indelével da luz Divina em nós mesmos Assim só há conflito entre essas ordens se elas forem confundidas como no caso da luta entre Sacerdotum e Imperium ocorrido no fim do perí odo medieval e início do período moderno O conceito de Estado Natural caracterizado pela inexistência de controle e onde os indivíduos agiam baseandose apenas em sua consciência e em seu poder é a base a partir da qual podemos entender a formação do Estado Moderno Este por sua vez nasce da necessidade que os indivíduos têm de um governante e de um regime político em detrimento de sua pretensa liberdade e assim por diante como veremos O Estado por meio da polícia é a única institui ção que pode fazer uso da força legitimamente Max Weber 1991 ao estudar a autoridade dos governan tes identificou três tipos a saber a tradicional a caris mática e a racionallegal A primeira explica a autoridade de determinado governante 65 Organização Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 por acreditar que como sempre foi assim seu poder é legitimo A autoridade carismática por sua vez é compreendida quando se leva em consideração que o líder é virtuoso especial um verdadeiro herói Já com relação à autoridade racionallegal ela pode ser entendida quando o governante assume o poder de forma legal e suas ações e atos são tomados a partir de um conjunto de leis espe cíficas Costa 2010 p54 Apesar de outros teóricos também terem se dedicado à temática do Estado e do governo o que se pode entender é que o Estado hoje é concebido como expressão da vontade coletiva como produto da razão humana Na visão de Kant ao saírem do estado de natureza para o de associação os indivíduos se subme teram a uma limitação externa o que fez surgir a autoridade civil e o Estado Se levarmos em consideração que o ser humano além do biológico é cultural e social e que por isso precisa de seus semelhantes para criar produzir trocar enfim viver entenderemos a necessidade da família como primeiro conglome rado para guiar os indivíduos As famílias por sua vez para sobreviverem para se prolongarem acabam por compor agrupamentos contínuos que chegaram a ideia de Estadonação cujas bases foram determinadas pela Ordem de Westfália em 1648 e que tem como objetivo regimentar e regular a vida em sociedade A prevalência estatal é de suma importância para as sociedades pois despótica ou não ela evita o caos estabelecido pela falta de regras A Paz de Westfália ou Tratados de Munster e Osnabruck nomeia uma série de tratados que puseram fim a guerras como a Guerra dos Trinta Anos e tam bém reconheceram oficialmente as Províncias Unidas e a Confederação Suíça dando início ao moderno Sistema de Relações Internacionais acatando consen sualmente as noções e os princípios de soberania estatal e o de Estadonação Com uma série de prescrições jurídicas e sociais que regulam a vida em Sociedade o Estado evita a degeneração social Na prática isso ocorre com o estabelecimento dos poderes que podem ser identificados em países republica nos como o Brasil são eles o legislativo o judiciário e o executivo 1 O poder legislativo está na esfera do municipal vereadores estadual deputados estaduais e federal deputados federais e senadores e é o responsável pela criação de leis que favoreçam a população O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III 2 O poder executivo por sua vez também está nos âmbitos municipal prefeito e secretariado estadual governador e secretariado e federal presidente e ministros e é o responsável pelo cumprimento das leis representadas principalmente pela constituição federal 3 O poder judiciário Este é responsável pelo julgamento de casos que por algum motivo remetem à injustiça social e que tem nos membros desse poder a esperança de justiça Composto pelo 01 Supremo Tribunal Federal responsável pela interpretação e aplicação da constituição 02 Superior Tribunal de Justiça responsável pela uniformidade da lei em todos os estados bem como dos casos infraconstitucionais 03 Justiça federal responsável pelas causas indígenas e pelos casos que envolvem a união autarquias e empresas públicas federais O judiciário ainda conta com sua esfera estadual composta pelos tribunais de justiça e juízes de direito em fóruns que procuram resolver as questões de incons titucionalidade e atos normativos no âmbito estadual sem contar com a Justiça do Trabalho responsável pelas questões trabalhistas Justiça eleitoral que tem seus tribunais regionais e seu tribunal superior eleitoral e é responsável pelo encami nhamento coordenação e fiscalização das eleições e do processo de formação e registro dos partidos políticos além da Justiça Militar constituída pelo Superior Tribunal Militar STM juízes e tribunais militares e os Conselhos de Justiça Militar sendo este responsável pelo processo e julgamento de crimes militares A violência é tradicionalmente a última ratio nas relações entre nações e das ações domésticas a mais vergonhosa sendo considerada sempre a ca racterística saliente da tirania ARANT 2005 p 49 67 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS De maneira geral podemos dizer que Aristóteles compreendeu que sociedade doméstica a família e a aldeia não tem um fim em si mesma seu desenvolvi mento tende naturalmente para a formação da sociedade política pois a casa e a aldeia são associações incompletas que só encontram plenitude na polis Sendo assim a polis é o bem e a plena realização da natureza humana e a família é o núcleo primeiro que compõe a sociedade Parece ser clara a tradição grega que sem ordem social seria impossível a formação do Estado e sem este não pode ríamos falar em justiça uma vez que justiça é atribuir a cada um aquilo que lhe é devido dentro da sociedade Assim uma sociedade sem Estado ou seja hori zontalizada sem hierarquias não só é utópica tal como Marx a desejava como é quase impossível de ser implementada nos dias de hoje onde predomina o capi talismo caracterizado por ser um sistema sociopolítico e econômico centrado na propriedade privada Com efeito sistemas políticos do tipo comunismo e mesmo anarquismo se revelam cada vez mais impossíveis de serem implantados dada a realidade da globalização mundial Lembramonos de países fundamentalmente socialistas como o caso de Cuba de Fidel Castro em que suas ideologias ao vigorarem acabaram por desfazer a composição da ideia de Estado tal como a concebemos por tradição histórica o que conduziu a reconhecêlo como dita dor Mas poderíamos legitimamente nos questionar se o melhor sistema é o capitalismo Poderíamos responder que a pergunta não é trivial e muito menos a resposta pois esta vai muito além de uma resposta pragmática A razão da não trivialidade repousa no fato de que a resposta exige reflexão rigorosa uma vez que ela está no campo das ideias e do dever ser Isso é parece evidente que o capita lismo está muito longe de ser um sistema ideal porque não é imperceptível os vários casos em que vigoram as injustiças os antagonismos e as desesperanças semeadas por esse sistema para aqueles que pensam a necessidade de constru ção de um sistema mais adequado 1 O que é justiça Comente 2 A polis é o bem e a plena realização da natureza Comente essa frase a partir da concepção de Aristóteles a respeito da política 3 Max Weber ao estudar a autoridade dos governantes identificou três tipos de governantes quais são eles 69 Você provavelmente já leu sobre ou ouviu a expressão Novos Arranjos Familiares mas afinal você sabe o que isso significa O artigo intitulado A escola e os arranjos familiares trata de um estudo que apresenta a transformação do modo tradicional de família patriarcal Segundo o autor novas mo dalidades de famílias surgiram atualmente no cenário social que optaram por estabe lecerem laços familiares livremente sem o estabelecimento de vinculação cível ou reli giosa O autor identificou a formação de famílias monoparentais que são tipo de família formada ao menos por dois parentes integrais seja mãe e filho seja pais e filhos seja avós e neto Esse tipo de formação familiar não decorre exclusivamente de casamento tradicional homem e mulher Essa nova realidade constatada pelo pesquisador possibi lita como resultado desse novo fenômeno social o surgimento de famílias formadas por casais homossexuais os quais vêm ganhando cada dia mais o direito e a capacidade de formarem famílias de criar educar proteger e amar uma criança como qualquer família tradicional Isso também acaba que estabelecendo novo arranjo no modo como a edu cação infantil deve ser conduzida a fim de levar a bom termo o processo educativo da criança diante das mudanças sociais Nesse sentido tratase de averiguar como o edu cador enfrenta a questão do ato educativo diante dessa nova composição familiar Qual deve ser a atitude do educador e da sociedade diante de datas festivas como dia das mães e dia dos pais frente a famílias constituídas com dois pais ou duas mães Diante de uma transformação tão profunda um princípio deve ser cada vez mais afirmado iguais e diferentes vivem juntos daí a necessidade precípua de respeito mútuo Leia o artigo na íntegra no site dispoível em httpswwwpuccampinasedubrrep posdocentesproducaocientificaAPAdolfoAescolaeosnovosarranjosfamiliares pdf Acesso em 27 fev 2015 MATERIAL COMPLEMENTAR 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Gênero Drama Tempo de Duração 2h13 min Ano 2014 Direção Steve McQueen II Sinopse Solomon Northup Chiwetel Ejiofor é um escravo liberto que vive em paz ao lado da esposa e fi lhos Um dia após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade ele é sequestrado e acorrentado Vendido como se fosse um escravo Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores Ford Benedict Cumberbatch e Edwin Epps Michael Fassbender que cada um à sua maneira exploram seus serviços Cidade de Deus Gênero Drama Tempo de Duração 2h10min Ano 2002 Direção Fernando Meirelles Sinopse Buscapé Alexandre Rodrigues é um jovem pobre negro e muito sensível que cresce em um universo de muita violência Buscapé vive na Cidade de Deus favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo o qual permite que siga carreira na profi ssão É por meio de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia a dia da favela onde vive onde a violência aparenta ser infi nita LIXO ESTRAORDINÁRIO Gênero Documentário Tempo de Duração 1h39 min Ano 2011 Direção Lucy Walker Sinopse Uma análise sobre o trabalho do artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho localizado na cidade de Duque de Caxias RJ que é um dos maiores aterros sanitários do mundo UNIDADE IV Professor Me Wanderly Alves de Sousa A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA NA CONTEMPORANEIDADE MUNDIAL E BRASILEIRA Objetivos de Aprendizagem Apresentar os desafios teóricos para antropologia e sociologia Discutir a respeito dos desafios metodológicos para antropologia e sociologia Apontar os problemas de um mundo cada vez mais globalizado e tecnológico Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Era da globalização Globalização enigmas históricos e teóricos Realidade social antropológica e seus desafios teóricos contemporâneos INTRODUÇÃO O que é globalização Globalização parece compreender um processo histó ricosocial que transforma inevitavelmente os padrões da sociedade atual e seus modelos mentais de referência de indivíduos e coletividade com os quais estamos acostumados A globalização rompe e recria o mapa do mundo inau gura diversos processos outras estruturas e outras formas de sociabilidade as quais se articulam e se impõem aos povos tribos nações e nacionalidades A Antropologia e a Sociologia concebem a contemporaneidade mundial e brasi leira cada vez mais como ruptura histórica Essa ruptura histórica é essencialmente moderna e nos separa do modo de pensar moderno por exemplo do pensamento filosófico grego especialmente o estoico que concebia o homem como cidadão do mundo Para o filósofo estoico o mundo que compreende toda a terra habitável ou não era em última instân cia sua pátria Nesse modo de pensar não há ruptura de pensamento quebra de paradigmas mas sim uma concepção de unidade de pensamento de referên cias absolutamente estáticas de modo que não há enfraquecimento da força nas crenças estabelecidas não há adesão a ideias díspares que colocam em perigo a visão de mundo com aspirações à verdade absoluta Contrariamente o termo globalização não sugere que o homem moderno ou contemporâneo seja cada vez mais um cidadão do mundo Pelo termo glo balização fica pressuposto que a ordem vigente de conceitos ora estabelecidos e em pleno vigor de categorias ou interpretações relativos aos mais diversos aspectos da realidade social parece perder significado tornandose anacrônico adquirir outros sentidos Parece haver como efeito da globalização um esforço para mesclar territórios fronteiras regimes políticos estilos de vida culturas e civilizações Nesse âmbito global tudo parece tencionarse e dinamizarse em outras modalidades direções ou possibilidades Com efeito há uma multiplici dade de pessoas bem como de ideias que se movimentam em direções diversas e até mesmo contraditórias não há unidade de pensamento Há sim perda de unidade perda de singularidade e identidade que se confi gura em um sincretismo religioso econômico cultural Como nos sugere Ianni 1998 p1 73 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV Nesse sentido mudamse as sensações e as noções de próximo e dis tante lento e rápido instantâneo e ubíquo passado e presente atual e remoto visível e invisível singular e universal Está em curso a gênese de uma nova totalidade históricosocial abarcando a geografia a eco logia e a demografia assim como a economia a política e a cultura As religiões universais tais como o budismo o taoísmo o cristianismo e o islamismo tornamse universais também como realidades histó ricoculturais O imaginário de indivíduos e coletividades em todo o mundo passa a ser influenciado muitas vezes decisivamente pela mí dia mundial Passaremos a investigar isso agora ERA DA GLOBALIZAÇÃO Vivemos em um mundo globalizado de modo que nossa época é marcada por um modo de vida em que as relações nacionais e internacionais exigem do teó rico social cada vez mais estruturas lógicoconceituais que consigam explicar e explicitar acontecimentos que ganham repercussão em escala mundial disso não temos dúvidas Edgar Morin filósofo francês contemporâneo alertanos para certa inadequa ção crescente entre os conhecimentos compartilhados as realidades e problemas globais Caroa alunoa o que o filósofo quer dizer com isso é que aquilo que acontece na Ásia na África na Europa ou nas América do Norte e Central acaba de uma maneira ou de outra chegando até nós na América do Sul Assim seja na economia educação e tecnologia cabe ao antropólogo e sociólogo interpre tar a onda de transformações que nos atinge devido à globalização Diante dessa constatação Morin propõe que o conhecimento adequado para o presente século seja contextualizado global multidimensional e complexo Por contextualização do conhecimento determinamse as condições de validade assim o que é válido para o contexto do Brasil não é válido para o contexto da Argentina Por global querse dizer a respeito das relações entre o todo e as partes Isso é mais do que contexto isso tem uma significação de cunho shutterstock 75 Era da Globalização Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 organizacional de organismo Nesse sentido a sociedade é compreendida como organismo e princípio organizador do qual os indivíduos fazem parte de modo que é impossível entender o indivíduo sem entender a sociedade e viceversa A sociedade não é outra coisa senão a união entre indivíduos O indivíduo não é outra coisa senão parte da sociedade assim compreendese que a sociedade está presente nos indivíduos e estes contribuem para a manutenção e a trans formação da sociedade a partir de seus atos individuais O mesmo raciocínio aplicase ao que diz respeito ao conhecimento Uma teoria do conhecimento na era da globalização deve ter caráter multidimensional tanto do indivíduo que é um ser humano biológico histórico e cultural quanto da sociedade cujas par tes econômica social política religiosa não podem ser isoladas umas das outras Diante das transformações nascidas da era da globalização a sociologia e antropologia encontramse frente a novos desafios tanto metodológicos como teóricos que pertencem ao domínio do conhecimento propriamente dito Nesse sentido quero dizer que o objeto das ciências sociais deixa de ser principalmente a realidade históricosocial nacional e passa a ser também uma realidade da sociedade global Assim aquele que se dedica aos problemas sociais deve deixar de refletir apenas nos problemas oriundos da sociedade em que se vive e passar a pensar também e sobretudo nos problemas de ordem social econômica política cultural linguística religiosa demográfica e ecológica em sua signifi cação propriamente mundial shutterstock A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV GLOBALIZAÇÃO ENIGMAS HISTÓRICOS E TEÓRICOS Com o advento da era da globalização houve também um exponencial cresci mento de dificuldades históricas e teóricas que envolvem problemas da ordem estritamente epistemológica da ordem da possibilidade do conhecimento certo e seguro dessa nova realidade No âmbito da globalização entendido aqui como uma totalidade históricoteórica reabremse os contrapontos as continuidades e as descontinuidades sintetizados em noções tais como Sujeito e objeto do conhecimento parte e todo passado e presente espaço e tempo singular e universal micro teoria e macro teoria Es tes e outros problemas envolvem novos desafios e outras perspectivas quando se trata de refletir sobre as relações os processos e as estrutu ras bem como as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais que desenham as configurações e os movimentos da sociedade global IANNI 1998 p 5 Conforme Ianni 1998 p 6 Uma parte importante das controvérsias que abalam traumatizam e fertilizam as ciências sociais na época do globalismo desemboca no desenvolvimento de estudos que podem ser classificados de metate 77 Globalização Enigmas Históricos e Teóricos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 óricos Realmente multiplicamse os estudos de História Sociologia Antropologia Economia Política Geografia Demografia Ecologia e outros contribuindo para interpretações abrangentes e integrativas ou propriamente metateóricas Ocorre que a globalização como tota lidade não só abrangente e integrativa mas complexa fragmentária e contraditória subsume crescentemente indivíduos e coletividades po vos e tribos nações e nacionalidades grupos sociais e classes sociais partidos políticos e movimentos sociais etnias e raças línguas e reli giões culturas e civilizações Sem esquecer que a recíproca também é verdadeira já que estas diversas e múltiplas realidades se constituem como determinações da globalização globalidade ou globalismo Mais uma vez e sempre recolocase a dialética parte e todo tanto quanto singular e universal E o que dizer da Antropologia A Antropologia também se debruça sobre o tema da globalização Parece ser instigador ao antropólogo a ideia segundo a qual o mundo pode ser visto como um pequeno viveiro ligado pela abrangente força da mídia e do capitalismo internacional Esse é o pano de fundo que serve de base ao empenho de muitos intelectuais à atividade comercial e às diretrizes de governo na atualidade Uma das coisas que a tecnologia realmente revoluciona é a escala ou são as escalas em que operam as relações sociais Globalização diz respeito à multiplicidade de relações e interconexões entre Estados e sociedades conformando o moderno sistema mundial Focaliza o pro cesso pelo qual os acontecimentos decisões e atividades em uma parte do mundo podem vir a ter consequências significativas para indivíduos e coletividade em lugares distantes do globo Nesse congresso de cien tistas sociais está presente inclusive o economista a economia global é o sistema gerado pela globalização da produção e das finanças A pro dução global beneficiase das divisões territoriais da economia inter nacional jogando com as diferentes jurisdições territoriais de modo a reduzir custos economizar impostos evitar regulamentos antipoluição e controles sobre o trabalho bem como obtendo garantias de políticas de estabilidade e favores IANNI 1998 p 6 Ainda segundo Ianni 1998 p 7 Devemos notar que definições de globalização nem sempre se distin guem pela originalidade Algumas são um tanto vagas ao passo que outras dedicamse a precisar aspectos ou ângulos Mas a maioria reco nhece a novidade dessa problemática desafiando a pesquisa e a teoria nas ciências sociais Aliás já é notável a quantidade e a qualidade dos estudos sobre a globalização ou os seus diferentes aspectos que po Vale a pena examinar algumas das breves definições de globalização pre sentes em estudos de cientistas sociais Há congruências e disparidades entre elas mas cabe registrar a unanimidade com que se reconhece a pro blemática A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV dem ser classificados de metateóricos Uns são monográficos e outros ensaísticos assim como há os que são principalmente descritivos ao lado dos interpretativos Além disso destacamse os que são críticos no sentido de que se debruçam sobre os nexos e os movimentos da realidade buscando desvendar a sua constituição e a sua dinâmica ao lado dos seus impasses e das suas contradições Mas também multi plicamse os que se dedicam a fundamentar e explicitar prognósticos diretrizes ou objetivos convenientes para governos corporações orga nizações multilaterais movimentos sociais REALIDADE SOCIAL ANTROPOLÓGICA E SEUS DESAFIOS TEÓRICOS CONTEMPORÂNEOS Para Ianni 1998 p 7 A realidade social ou o objeto das ciências sociais revelase diferente novo ou surpreendente Revelase simultaneamente mundial nacional regional e local sem esquecer o tribal Muito do que é particular re velase também no geral O indivíduo e a coletividade constituemse na trama das formas de sociabilidade e no jogo das forças sociais em desenvolvimento em âmbito global Muito do que pode ser identidade e alteridade nação e nacionalidade ocidental e oriental cristão e islâ mico africano e indígena ou soberania e hegemonia revelase consti tutivo das formas de sociabilidade e do jogo das forças sociais que se desenvolvem em âmbito simultaneamente global regional nacional tribal e local 79 Realidade Social Antropológica e seus Desafios Teóricos Contemporâneos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Precisamente nesse sentido é que a globalização se constitui como um objeto dife rente novo ou surpreendente das ciências sociais Com efeito aqui se desenvolvem Relações processos e estruturas demarcando as configurações e os movimentos da sociedade global Uma sociedade na qual se inserem dinâmica e decisivamente os indivíduos e as coletividades os grupos sociais e as classes sociais os gêneros e as raças os partidos e os sin dicatos os movimentos sociais e as correntes de opinião pública uma sociedade na qual tanto se multiplicam como se dissolvem os espaços e os tempos Revelase insatisfatório carente de significado exigindo reelaboração ou mesmo dependente de novos conceitos categorias ou leis São muitos os recursos teóricos acumulados pelas várias teorias da realidade social que se mostram problemáticos inadequados ou caren tes de complementação Ocorre que em sua maioria os conceitos as categorias e as leis são construídas tendo como referência a sociedade nacional IANNI 1998 p 7 O que se quer dizer com noções científicas no contexto de um mundo globali zado não é outra coisa senão aquelas noções construídas aceitas debatidas e mais ou menos sedimentadas tendo como referência principal a sociedade nacional Nesse sentido teríamos um cabedal de noções tais como Sociedade civil e Estado Estadonação e soberania e hegemonia povo e cidadão grupo social e classe social classe social e lutas de classe partido político e sindicato indivíduo e sociedade natureza e socieda de identidade e alteridade cooperação e divisão do trabalho ordem e progresso democracia e ditadura nacionalismo e imperialismo tri balismo e nacionalismo cultura e tradição mercado e planejamento reforma e revolução revolução e contrarevolução revolução nacional e revolução social relações internacionais e geopolíticas geopolítica e guerra capitalismo e socialismo IANNI1998 p 8 Para Ianni 1998 p 8 em geral essas noções construídas aceitas debatidas e mais ou menos sedimentadas ajudamnos a pensar a respeito da sociedade mundial em toda a sua originalidade e complexidade tendo em vista interpretar as suas configurações e os seus movimentos Daí a importância de noções metáforas ou conceitos como mundiali zação planetarização globalização mundo sem fronteira aldeia global fábrica global shopping center global divisão transnacional do traba lho e da produção estruturas mundiais de poder desterritorialização cultura global mídia global sociedade civil mundial cidadão do mun do mercados mundiais infovia internet metahistória metateoria A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV Não há dúvidas de que a globalização força o sociólogo a ampliar seus conheci mentos no sentido de alargar seu cabedal conceitual Assim Mais do que nunca diante da problemática da globalização o cientista social é levado a realizar comparações mais ou menos complexas bus cando que sejam rigorosas Na medida em que a globalização abre um vasto e complexo cenário à observação pesquisa e análise o cientista social é levado a mapear ângulos e tendências condições e possibilidades recorrências e descontinuidades diversidades e desigualdades impasses e rupturas desenvolvimentos e retrocessos progressos e decadências São muitos os processos e as estruturas presentes ativos visíveis ou subjetivos no vasto e complicado palco constituído com a globalização do capitalismo como modo de produção e processo civilizatório Daí a importância do método comparativo como uma forma experimental uma espécie de experimento mental ideal ou imaginário Com a globalização tanto se criam novos desafios e novas perspectivas para a interpretação do presente como se descortinam outras possi bilidades de interpretar o passado A partir dos horizontes da globali zação o passado pode revelarse ainda pouco conhecido enigmático ou mesmo carente de novas interpretações É como se uma nova luz permitisse clarificar com outras cores o que parecia desenhado assim como desvendasse traços movimentos sons e cores que não se havia percebido quando o patamar podia ser nacionalismo colonialismo imperialismo internacionalismo ou outro Com as novas perspectivas são várias as realidades e interpretações que podem ser repensadas Tornase possível reavaliar o alcance e o significado da acumulação originária do mercantilismo colonialismo e imperialismo tanto quan do do nacionalismo e tribalismo Também se torna possível repensar outras realidades antigas e recentes islamismo e cristianismo Oriente e Ocidente ocidentalização do mundo orientalização do mundo afri canismo indigenismo transculturação Ele precisa rever as suas posições habitualmente adotadas na análise da problemática nacional Posições que parecem estabelecidas cômo das ou estratégicas precisam ser revistas ou radicalmente modificadas Quando se trata da problemática global o sujeito do conhecimento é desafiado a deslocar o seu olhar por muitos lugares e diferentes pers pectivas como se estivesse viajando pelo mapa do mundo As exigên cias da reflexão implicam a adoção de um olhar desterritorializado capaz de moverse do indivíduo à coletividade caminhando por po vos e nações tribos e nacionalidades grupos e classes sociais cultu ras e civilizações Um olhar desterritorializado movendose através de territórios e fronteiras atravessando continentes ilhas e arquipélagos IANNI 1998 p 8 81 Realidade Social Antropológica e seus Desafios Teóricos Contemporâneos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Na atualidade a ciência social encontrase em embate com várias questões quando se trata de surpreender os movimentos e as configurações da sociedade mundial Ora se é verdade que as ciências sociais nascem concomitantemente com a revo lução industrial e com ela a nova ordem social como temos visto podemos afirmar com Ianni 1998 que elas renascem com a globalização Os estudos sobre a globalização podem ser classificados conforme Ianni 1998 p 8 em sistêmicos e históricos De maneira geral os estudos sistêmicos privilegiam as relações internacionais a interdependência das nações a integração regional a geoeconomia e a geopolítica Aí predomina a preocupação com as zonas de influência os blocos de nações os espa ços geográficos as hegemonias as articulações dos mercados a divisão transnacional do trabalho e da produção a fábrica global o shopping center global as redes de internet o fim da geografia e o fim da história entre outras articulações malhas redes interdependências ou traçados do mapa do mundo Muito do que são as relações os processos e as estruturas tecendo os diversos níveis e segmentos da globalização são descritos e interpretados em termos sistêmicos Segundo nos diz Ianni 1998 p 89 devemos compreender pela expressão sistema um conjunto específico de relações concernentes a uma escala de deter minados problemas envolvidos na consecução ou busca organizada da atuação coletiva em nível global O que significa isso Isso significa que essas relações envolvem a administração de liderança global que estejam capazes de adminis trar conflitos igualmente globais Assim por exemplo um sistema administrativo mundial deve orientarse de tal maneira que seja possível visualizar os arranjos sociais mundiais em termos de totalidade permitindo a possibilidade de pesquisar as relações entre as interações de alcance mundial e os arranjos sociais em níveis regional nacional e local Nesse sentido as análises orientamse principalmente A violência possui íntima relação com os conflitos de classes e as mazelas econômicas da sociedade Qual seu posicionamento sobre isso A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV com a finalidade de propiciar a inteligência da ordem socioeconômica mundial vigente tendo em conta o seu funcionamento a sua integra ção os seus impasses e o seu aperfeiçoamento No mundo sistêmico os subsistemas são muitos diversos integrados e desencontra dos o que é complexamente desafiador uma vez que tais sistemas podem conjugarse ou atritarse modificarse ou recriarse em geral segundo exigências da dinâmica do capitalismo com o sistema global IANNI 1998 p 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como podemos perceber cada processo e estrutura de âmbito mundial com todas as suas implicações sejam locais nacionais regionais e mundiais exige conceitos categorias ou interpretações de alcance global O papel das ciências sociais nesse contexto não é outro senão o de propiciar os meios pelos quais o pesquisador possa lançar mão da rica biblioteca multicultural com os livros e as revistas de ciências sociais que se publicam gerando uma visão múltipla polifônica babélica ou fantástica de diversas formas de autoconsciência com preensão explicação imaginação e fabulação tratando de entender o presente repensar o passado e imaginar o futuro IANNI 1998 Esses estudos sistêmicos e históricos revelam ao pesquisador o esforço das ciências sociais em interpretar os acontecimentos mundanos exatamente na medida em que é possível verificar o que se pode realmente falar dessa imensi dão de um mundo globalizado 83 1 O que é globalização 2 O que significa ruptura histórica 3 O que está em causa quando se trata de globalização Comente CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA Um morador do bairro Cabula Salvador desmentiu a versão da Polícia Militar da Bahia sobre o assassinato de 12 jovens numa suposta troca de tiros na madrugada de sex tafeira 6022015 Segundo o homem que pediu para não ter o nome revelado os rapazes estavam rendidos e desarmados quando foram executados a informação é do jornal Correio de Salvador Nossos contatos com organizações sociais e relatos da comunidade mostram que há indícios de que algumas dessas mortes foram feitas com as pessoas já rendidas Leia a íntegra da matéria no site disponível em httpwwwcartacapitalcombrsocie dadeemtresdiaspmdesalvadormatou15jovensnegros5479html Acesso em 27 fev 2015 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Como Steve Jobs mudou o mundo Gênero Documentário Tempo de Duração 121 minutos Ano 2011 Sinopse Este documentário do Discovery Channel com a apresentação de Adam Savage e Jamie Hyneman os Mythbusters procura detalhar a história e infl uência de Steve Jobs desde sua contribuição no desenvolvimento do PC até a mudança na forma de ver fi lmes e ouvir músicas Zeitgeist The Movie Gênero Documentário Tempo de Duração 1h57 min Ano 2007 Sinopse O fi lme reúne fontes de informação variadas e mostra que é possível que as pessoas sejam manipuladas por grandes instituições governos e poderes econômicos Ele é dividido em três partes 1 Religião Crenças astrológicas pagãs comparadas a religiões modernas e antigas 2 Onze de setembro Uma perspectiva dos numerosos aspectos questionáveis deste evento imensamente importante 3 O Banco de Reserva Federal Uma história de sua formação e a habilidade de controlar a economia Trazendo novas imagens de eventos trágicos da história e depoimentos daqueles que acreditam que as pessoas estão sendo iludidas sobre o nível de liberdade que elas têm este instigante documentário vai afetar tanto aqueles que concordam com isso quanto aqueles que discordam Sinopse O fi lme reúne fontes de informação variadas e mostra que é possível que as pessoas sejam manipuladas por grandes UNIDADE V Professor Me Wanderly Alves de Sousa SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Apresentar o ponto de vista da antropologia e da sociologia em relação à arte Averiguar o ponto de vista da sociologia e da sociologia em relação à educação Demonstrar o ponto de vista da sociologia e da sociologia em relação ao direito Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Arte da perspectiva antropológica e social Educação da perspectiva antropológica e social Direito da perspectiva antropológica e social INTRODUÇÃO Iremos estudar a Arte a Educação e o Direito do ponto de vista antropológico e sociológico No que diz respeito à Arte iremos usar especialmente o texto de autoria de Walter Benjamin acerca do lugar da obra de arte na era de sua reprodu tibilidade técnica publicado em 1955 Há como o próprio autor deixa entender logo no início de usa obra uma forte influência das teses de Karl Marx Tanto é que a reflexão a respeito do modo de produção ou reprodução da arte seja qual for o tipo de arte parte do ponto em que Marx parou Segundo Benjamim 2000 p 1 Quando Marx empreendeu a análise do modo de produção capitalista esse modo de produção ainda estava em seus primórdios Marx orien tou suas investigações de forma a darlhes valor de prognósticos Re montou às relações fundamentais da produção capitalista e ao descre vêlas previu o futuro do capitalismo Concluiu que se podia esperar desse sistema não somente uma exploração crescente do proletariado mas também em última análise a criação de condições para a sua pró pria supressão Tendo em vista que a superestrutura se modifica mais lentamente que a base econômica as mudanças ocorridas nas condições de produção precisaram mais de meio século para refletirse em todos os setores da cultura Só hoje podemos indicar de que forma isso se deu Tais indi cações devem por sua vez comportar alguns prognósticos Mas esses prognósticos não se referem a teses sobre a arte de proletariado depois da tomada do poder e muito menos na fase da sociedade sem classes e sim a teses sobre as tendências evolutivas da arte nas atuais condi ções produtivas A dialética dessas tendências não é menos visível na superestrutura que na economia Seria portanto falso subestimar o va lor dessas teses para o combate político Elas põem de lado numerosos conceitos tradicionais como criatividade e gênio validade eterna e estilo forma e conteúdo cuja aplicação incontrolada e no momento dificilmente controlável conduz à elaboração dos dados num sentido fascista Os conceitos seguintes novos na teoria da arte distinguemse dos outros pela circunstância de não serem de modo algum apropriá veis pelo fascismo Em compensação podem ser utilizados para a for mulação de exigências revolucionárias na política artística Tenhamos em mente que Walter Benjamin discute os efeitos que o capitalismo exer ceu e exerce no modo de produção da obra de arte em geral Para isso ele inicia 89 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V sua reflexão com a reconstrução do que ele designa como reprodução técnica por meio da história da humanidade Digase de passagem que a reprodução técnica já era algo conhecido entre os gregos o que significa que esse fenômeno não é fun damentalmente moderno Estejamos atentos A diferença entre os gregos e nós da modernidade pode ser resumida assim os gregos buscavam o eterno o atemporal e expressavam essas aspirações mediante as obras de arte que permaneciam únicas não reprodutivas mas como objeto de contemplação Nós os modernos ao contrá rio por causa da industrialização massificada das obras de arte perdemos o caráter único que cada obra de arte deve conter em si como histórico de sua identidade É a respeito disso da educação e do direito que passaremos a falar em seguida ARTE DA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA E SOCIAL Em sua essência a obra de arte sempre foi reprodutível O que os homens fazem sempre pode ser imitado por outros homens De modo que no mundo dos homens não há criação propriamente dita mas sim imitação Segundo Walter Benjamin 2000 p1 Imitação é exercida e praticada por discípulos em seus exercícios pe los mestres para a difusão das obras e finalmente por terceiros me ramente interessados no lucro A reprodução técnica da obra de arte representa um processo novo que se vem desenvolvendo na história intermitentemente através de saltos separados por longos intervalos mas com intensidade crescente shutterstock shutterstock 91 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 O que interessa a Walter Benjamin pelo menos no texto que estamos analisando é investigar a tendência evo lutiva da arte nas atuais condições reprodutivas Nesse sentido a reprodução técnica da obra de arte repre senta um processo novo na história da própria arte Ele começa a descrever seu diagnóstico do estado da arte pela xilogravura técnica de gravura em madeira que se tornou pela primeira vez tecnicamente reprodutível muito antes que a imprensa prestasse o mesmo serviço para a palavra escrita E será com a litografia que a técnica de reprodução atinge uma etapa essencialmente nova Esse procedimento muito mais preciso que distingue a transcrição do desenho numa pedra de sua incisão sobre um bloco de madeira ou uma prancha de cobre permitiu às artes gráficas pela primeira vez colocar no mercado suas produções não somente em massa como já acontecia antes mas também sob a forma de criações sempre novas Dessa for ma as artes gráficas adquiriram os meios de ilustrar a vida cotidiana Graças à litografia elas começaram a situarse no mesmo nível que a imprensa BENJAMIN 2000 p2 Mas logo a litografia foi ultrapassada pela fotografia E segundo Walter Benjamin 2000 p2 Pela primeira vez no processo de reprodução da imagem a mão foi liberada das responsabilidades artísticas mais importantes que agora cabiam unicamente ao olho Como o olho apreende mais depressa do que a mão desenha o processo de reprodução das imagens experi mentou tal aceleração que começou a situarse no mesmo nível que a palavra oral Se o jornal ilustrado estava contido virtualmente na litografia o cine ma falado estava contido virtualmente na fotografia shutterstock SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Da fotografia chegase à reprodução téc nica do som e com ela A reprodução técnica atin giu tal padrão de qualidade que ela não somente podia transformar em seus objetos a totalidade das obras de arte tradicionais submetendoas a transfor mações profundas como conquistar para si um lugar próprio entre os procedimentos artísticos BENJAMIN 2000 p2 Mas mesmo com o avanço da técnica em reproduzir aquilo que o olhar atinge e captura pela lente de uma câmara fotográfica ou aquilo que as mãos desenham ao reproduzir objetos da natureza Um elemento está ausente o aqui e agora da obra de arte sua existên cia única no lugar em que ela se encontra E nessa existência única e somente nela que se desdobra a história da obra Essa história compre ende não apenas as transformações que ela sofreu com a passagem do tempo em sua estrutura física como as relações de propriedade em que ela ingressou Os vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises químicas ou físicas irrealizáveis na reprodução os vestígios das segundas são o objeto de uma tradição cuja reconstituição precisa par tir do lugar em que se achava o original O aqui e agora do original cons titui o conteúdo da sua autenticidade e nela se enraíza uma tradição que identifica esse objeto até os nossos dias como sendo aquele objeto sempre igual e idêntico a si mesmo BENJAMIN 2000 p2 A produtividade técnica deixa escapar o aqui e o agora original do objeto a saber sua autenticidade a esfera da autenticidade como um todo escapa à repro dutibilidade técnica e naturalmente não apenas à técnica Caroa alunoa há aqui uma distinção sutil que Walter Benjamin estabelece 2000 p2 O autêntico preserva toda a sua autoridade com relação à repro dução manual em geral considerada uma falsificação o mesmo não ocorre no que diz respeito à reprodução técnica Tal distinção tem suas razões de ser de acordo com Walter Benjamin 2000 p2 Em primeiro lugar relativamente ao original reprodução técnica tem mais autonomia que a reprodução manual Ela pode por exemplo pela fotografia acentuar certos aspectos do original acessíveis à objetiva ajustável e capaz de selecionar arbitrariamente o seu ângulo de obser vação mas não acessíveis ao olhar humano Ela pode também graças a procedimentos como a ampliação ou a câmera lenta fixar imagens que shutterstock 93 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 fogem inteiramente à ótica natural Em segundo lugar a reprodução técnica pode colocar a cópia do original em situações impossíveis para o próprio original Ela pode principalmente aproximar do indivíduo a obra seja sob a forma da fotografia seja do disco A catedral aban dona seu lugar para instalarse no estúdio de um amador o coro exe cutado numa sala ou ao ar livre pode ser ouvido num quarto Mesmo que essas novas circunstâncias deixem intacto o conteúdo da obra de arte elas desvalorizam de qualquer modo o seu aqui e agora Embora esse fenômeno não seja exclusivo da obra de arte podendo ocorrer por exemplo numa paisagem que aparece num filme aos olhos do es pectador ele afeta a obra de arte em um núcleo especialmente sensível que não existe num objeto da natureza sua autenticidade A autentici dade de uma coisa é a quintessência de tudo o que foi transmitido pela tradição a partir de sua origem desde sua duração material até o seu testemunho histórico Como este depende da materialidade da obra quando ela se esquiva do homem através da reprodução também o testemunho se perde Sem dúvida só esse testemunho desaparece mas o que desaparece com ele a autoridade da coisa seu peso tradicional Pelo menos sob dois aspectos a reprodução técnica sobressai à reprodução manual a lente de uma câmera fotográfica por exem plo é capaz de captar aspectos próprios de um objeto que são inacessíveis ao olho humano A lente da câmera fotográfica pode também uma vez captada a imagem original de um objeto colocálo objeto em lugares impossíveis de estarem Veja por exemplo a imagem que se segue ela está em um lugar que é impossível para o próprio original Como julga Walter Benjamin 2000 p 2 o que permite perceber essas carac terísticas é o conceito de aura O que se atrofia na era da reprodutibilidade técnica da obra de arte é sua aura Esse processo é sintomático e sua significação vai muito além da es fera da arte Generalizando podemos dizer que a técnica da reprodução destaca do domínio da tradição o objeto reproduzido Na medida em que ela multiplica a reprodução substitui a existência única da obra por uma existência serial E na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador em todas as situações ela atualiza o objeto reproduzido Esses dois processos resultam num violento abalo da tradi ção que constitui o reverso da crise atual e a renovação da humanidade SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V A reprodução técnica produz dois efeitos sintomáticos 1 A reprodução serial de um único objeto Imagine caroa alunoa quan tas Torres Eiffel foram reproduzidas a partir de uma única foto 2 A possibilidade dessa reprodução vir ao encontro do espectador atuali zando o objeto reproduzido Esses dois efeitos se relacionam intimamente com os movimentos de massa quer dizer com a cultura de massa própria dos nossos dias De acordo com Walter Benjamin 2000 p2 o agente mais poderoso da cultura de massa é o cinema Sua função social não é concebível mesmo em seus traços mais positi vos e precisamente neles sem seu lado destrutivo e catártico a liqui dação do valor tradicional do patrimônio da cultura Esse fenômeno é especialmente tangível nos grandes filmes históricos de Cleópatra e Ben Hur até Frederico o Grande e Napoleão E quando Abel Gan ce em 1927 proclamou com entusiasmo Shakespeare Rembrandt Beethoven farão cinema Todas as lendas todas as mitologias e todos os mitos todos os fundadores de novas religiões sim todas as religi ões aguardam sua ressurreição luminosa e os heróis se acotovelam às nossas portas ele nos convida sem o saber talvez para essa grande liquidação Bem a possibilidade da reprodução serial de um objeto promovido pela reprodução técnica acaba por transformar também a forma de percepção das coletividades humanas Assim A forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo que seu modo de existência O modo pelo qual se or ganiza a percepção humana o meio em que ela se dá não é apenas condicionado naturalmente mas também historicamente A época das invasões dos bárbaros durante a qual surgiram as indústrias artísti cas do Baixo Império Romano e a Gênese de Viena não tinha apenas uma arte diferente da que caracterizava o período clássico mas tam bém uma outra forma de percepção Os grandes estudiosos da escola vienense Riegl Wickhoff que se revoltaram contra o peso da tradição classicista sob o qual aquela arte tinha sido soterrada foram os primei ros a tentar extrair dessa arte algumas conclusões sob a organização da percepção nas épocas em que ela estava e vigor Por mais penetrantes que fossem essas conclusões estavam limitadas pelo fato de que esses pesquisadores se contentaram em descrever as características formais do estilo percepção característico do Baixo Império Não tentaram tal 95 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 vez não tivessem a esperança de conseguilo mostrar as Convulsões sociais que se exprimiram nessas metamorfoses da percepção BEN JAMIN 2000 p 2 Walter Benjamin 2000 p2 identifica aqui o seguinte a reprodutividade téc nica do objeto de arte em massa desemboca na destruição do caráter único do objeto de arte Se fosse possível compreender as transformações contemporâ neas da faculdade perceptiva segundo a ótica do declínio da aura as causas sociais dessas transformações se tornariam inteligíveis Isto é entender o declínio da aura nos permite entender as transformações da faculdade perceptiva Para tornar mais evidente seu ponto argumentativo Walter Benjamin 2000 p3 define o que ele compreende por aura É uma figura singular composta de elementos espaciais e temporais a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja Observar em repouso numa tarde de verão uma cadeia de montanhas no horizonte ou um galho que projeta sua sombra sobre nós significa respirar a aura dessas montanhas desse galho Graças a essa definição é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o de clínio atual da aura Esse momento de repouso de observação da aparição única de uma coisa distante que tãosomente observo é abalado por fatores sociais específicos que segundo Benjamin 2000 p3 derivamse de duas circunstâncias Estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimen tos de massas Fazer as coisas ficarem mais próximas é uma preo cupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibili dade Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto de tão perto quanto possível na imagem ou antes na sua cópia na sua reprodução Cada dia fica mais nítida a diferença entre a reprodução como ela nos é oferecida pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas e a imagem Benjamin chamanos a atenção para percebermos que as mudanças técnicas ocor ridas nos processos de produção de imagens refletemse na própria percepção que temos da unicidade da obra de arte que até o momento de suas reflexões expostas na obra que estamos analisando não tinha sido colocada em discussão Aqui o autor tem como horizonte de sua reflexão caroa alunoa o problema SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V da modernidade qual seja o problema da percepção da produção e consumo da obra de arte Talvez a pergunta a qual autor pretende responder poderia ser colocada nestes termos quais são os efeitos da produção do consumo de massa e da tecnologia moderna sobre o status da obra de arte Uma resposta possível seria a de que as técnicas de reprodução da obra de arte em massa seja no âmbito da arte fotográfica ou no âmbito da produção cinematográfica tanto uma como outra acabaram por transformar profunda mente nosso entendimento na nossa concepção na nossa percepção da obra de arte enquanto tal A causa dessa transformação se deve ao fato de que o capita lismo estabeleceu novas formas de produção as quais passaram a ter efeitos até mesmo na própria concepção cultural Nas palavras de Benjamin 2000 p4 Retirar o objeto do seu invólucro destruir sua aura é a característica de uma forma de percepção cuja capacidade de captar o semelhante no mundo é tão aguda que graças à reprodução ela consegue captálo até no fenômeno único Assim se manifesta na esfera sensorial a tendência que na esfera teórica explica a importância crescente da estatística Orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade é um processo de imenso alcance tanto para o pensamento como para a intuição A uni cidade da obra de arte é idêntica à sua inserção no contexto da tradição Sem dúvida essa tradição é algo de vivo de extraordinariamente vari ável Uma antiga estátua de Vênus por exemplo estava inscrita numa certa tradição entre os gregos que faziam dela um objeto de culto e em outra tradição na Idade Média quando os doutores da Igreja viam nela um ídolo malfazejo O que era comum às duas tradições contudo era a unicidade da obra ou em outras palavras sua aura A forma mais primitiva de sua inserção da obra de arte no contexto da tradição se exprimia no culto As mais antigas obras de arte como sabemos sur giram a serviço de um ritual inicialmente mágico e depois religioso O que é de importância decisiva é que esse modo de ser aurático da obra de arte nunca se destaca completamente de sua função ritual Em outras palavras o valor único da obra de arte autêntica tem sempre um fundamento teológico por mais remoto que seja ele pode ser re conhecido como ritual secularizado mesmo nas formas mais profanas do culto do Belo Essas formas profanas do culto do Belo surgidas na Renascença e vigentes durante três séculos deixaram manifesto esse fundamento quando sofreram seu primeiro abalo grave Com efeito quando o advento da primeira técnica de reprodução verdadeiramente revolucionária a fotografia contemporânea do início do socialismo 97 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 levou a arte a pressentir a proximidade de uma crise que só fez apro fundarse nos cem anos seguintes ela reagiu ao perigo iminente com a doutrina da arte pela arte que é no fundo uma teologia da arte Dela resultou a teologia negativa da arte sob a forma de uma arte pura que não rejeita apenas toda função social mas também qualquer determi nação objetiva Na literatura foi Mallarmé o primeiro a alcançar esse estágio É indispensável levar em conta essas relações em um estudo que se propõe estudar a arte na era de sua reprodutibilidade técnica Assim Com a reprodutibilidade técnica a obra de arte se emancipa pela pri meira vez na história de sua existência parasitária destacandose do ritual A obra de arte reproduzida é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte criada para ser reproduzida A chapa fotográfica por exemplo permite uma grande variedade de cópias a questão da auten ticidade das cópias não tem nenhum sentido Mas no momento em que o critério da autenticidade deixa de aplicarse à produção artística toda a função social da arte se transforma Em vez de fundarse no ritual ela passa a fundarse em outras práxis a política De acordo com Walter Benjamin 2000 precisamos diferenciar as funções da obra de arte enquanto a Valor cultural diferenciar a obra de arte enquanto pertencente ao con junto de crenças que estão ineridas na tradição de uma determinada época b Valor puramente expositivo ou seja enquanto uma reprodução pura mente mecânica Nesse sentido o valor cultural passa a faltar a obra se torna uma mera imagem um simples objeto desligado de valores pro fundos que não faz mais parte daquilo que para o autor é a tradição A conclusão que poderíamos tirar disso é a de que a obra de arte perdendo seu valor cultural perde também sua autenticidade perde sua singularidade perceptível naquilo que Benjamin chamou de aura A causa desse processo de definhamento da autenticidade da obra de arte está em processo a saber no processo de secularização da obra de arte Ao secularizar a obra de arte não importa mais sua autenticidade sua unicidade ou o fato de ter sido uma expe riência única Ela se torna simplesmente uma coisa qualquer diante de nós que pode ser trocada por sua imagem SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Segundo Benjamim 2000 p3 Os gregos só conheciam dois processos técnicos para reprodução de obras de arte o molde e a cunhagem As moedas e terracotas eram as únicas obras de arte por eles fabricadas em massa Todas as demais eram únicas e tecnicamente irreprodutíveis Por isso precisavam ser únicas e construídas para a eternidade Os gregos foram obrigados pelo estágio de sua técnica a produzir valores eternos Devem a essa circunstância o seu lugar privilegiado na história da arte e sua capaci dade de marcar com seu próprio ponto de vista toda a evolução artís tica posterior Não há dúvida de que esse ponto de vista se encontra no pólo oposto do nosso Nunca as obras arte foram reprodutíveis tecnica mente em tal escala e amplitude como em nossos dias A reprodução nos diz Benjamin 2000 sempre ocorreu entretanto é a partir do advento da fotografia que ela passa a ser diferenciada isto é por meio das técni cas de reprodução as obras passam a ser pensadas e concebidas para as massas visto que podem ser vistas e ouvidas no caso da música em qualquer lugar e a qualquer momento A reprodução de qualquer obra de arte considerada materialmente única não possui o status de arte por mais perfeita que ela seja alertanos Walter Benjamin A obra original constituise historicamente e mediante sua unicidade é possível observar as transformações ocorridas na mesma Isso significa dizer que o status da obra de arte é determinado por elementos essenciais à obra o aqui e agora e sua existência única Em outra perspectiva cada reprodução é uma obra nova com uma vida nova diz Benjamin Então é importante observar que assim como a obra original sua reprodução também passa por transformações físicas que constituem sua história Desse modo por mais que seja uma repro dução esta passa por processos semelhantes ao das obras originais shutterstock 99 Educação da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 EDUCAÇÃO DA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA E SOCIAL De modo geral a sociologia investiga as bases das sociedades em busca da com preensão dos seus modos de educar de maneira que essa investigação possa resultar em uma intervenção a fim de tornar a educação mais eficiente e eficaz Dado ao caráter investigativo do sociólogo ou antropólogo a Sociologia assim como a Antropologia se constituem ciências humanas com o alto grau de refle xão e consequentemente passíveis de serem ouvidas em muitas das questões sociais que envolvem a educação Na perspectiva de Durkheim 2014 educar é socializar o indivíduo Isso significa que educar é o processo pelo qual se aprende a ser membro da socie dade O indivíduo nasce em uma sociedade que já está formada estruturada com suas instituições com sua dinâmica econômica e as funções previamente definidas resta a ele apenas receber a educação que vai preparálo para convi ver para fazer parte do todo funcionando Durkheim vê a educação com duplo aspecto uno e múltiplo com seus cons tituintes básicos e aponta suas principais funções a saber SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Suscitar na criança um certo número de estados físicos e mentais que a sociedade a que pertença considere como indispensáveis a todos os seus membros certos estados físicos e mentais que o grupo social particular casta classe família profissão considere igualmente indispensáveis a todos quantos o formem DURKHEIM 1967 p 40 Segundo Weber 2003 a educação é dirigida a três tipos de finalidade 1 despertar o carisma 2 preparar o aluno para uma conduta de vida 3 transmitir conhecimento especializado Essas duas acepções de educação a de Durkheim e a de Weber não são excludentes muito pelo contrário elas complementamse O que nos deixa à vontade para afirmar que baseandose nos dois clássicos a Sociologia da Educação não se faz necessária apenas pela via teórica mas principalmente pela via prática pois na medida em que a educação visa preparar o aluno para uma conduta de vida é na Sociologia ciência que se dedica ao estudo das interações sociais que ela vai buscar subsídios Para Marx a educação foi pensada sob o ponto de vista econômico Foi analisando a sociedade em seus aspectos históricos e filosóficos que ele contribuiu com a ação educativa Pensando na classe trabalhadora ele concebe a escola como aquela que deveria preparar o indivíduo integralmente ensinandolhe inclusive uma profissão Ao passo que muitos dos seus discípulos seguindo a lógica marxista de compreensão das relações sociais que se dão no seio da sociedade capitalista criaram teorias que explicam a escola em seu aspecto mais importante qual seja o da sua função Louis Althusser 19181990 por exemplo percebeu que as classes sociais são frutos da ação dos aparelhos repressivos e ideológicos do Estado sendo a Escola o principal deles pois segundo ele é ela quem inculca a ideologia nele que por sua vez repre senta os interesses da classe dominante Já Antonio Gramsci 18911937 analisou a escola a partir do entendimento de que a sociedade capitalista é eminentemente conflituosa pois de um lado está o patrão o explorador e do outro o trabalhador o explorado e a educação é o meio onde o capitalista pode impor sua hegemonia mas é também o meio que o trabalhador encontra para entender sua situação de 101 Educação da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 exploração e consequentemente reagir Para ele a escola tem que ser crítica e polí tica para promover mudança na estrutura social Assim como Althusser e Gramsci outros autores se dedicaram à educação como objeto de estudo analisando aspectos tais como a relação sociedade e educação as relações de poder dentro da escola aspectos como o acesso à escola políticas públi cas voltadas à educação cultura escolar práticas escolares bem como o entorno das escolas De modo que a educação tem encontrado nas ciências sociais pensadores que se dedicaram a teorizálas oferecendo aos estudiosos de hoje um ponto de par tida seja para concordar ou discordar No ano de 2000 houve o fórum mundial de educação ocorrido em Dacar no Senegal Nesse fórum foram decididas 6 metas para uma educação para todos e que devem ser alcançadas até 2015 São elas 1 Estender e melhorar a proteção e a educação da primeira infância 2 Conseguir que todos tenham acesso ao ensino primário obrigatório e gratuito 3 Garantir o acesso de jovens e adultos à aprendizagem e à aquisição de com petências para a vida diária 4 Aumentar o nível de alfabetização dos adultos para 50 5 Promover a igualdade entre os gêneros na educação primária e secundária 6 Melhorar a qualidade da educação A educação é indispensável para que as pessoas possam exercitar os demais direi tos fundamentais Koichiro Matsuura exdiretor geral da UNESCO por ocasião da celebração do Dia dos Direitos Humanos disse que somente aquele que sabe o valor dos direitos é quem pode impor sua observância O que se conclui é que os indiví duos não podem exercer nenhum direito civil político econômico ou social sem terem recebido o mínimo de educação Mesmo que os conhecimentos produzidos pelas ciências sociais ainda não garantam uma educação crítica e transformadora eles vêm contribuindo com suas análises para a ampliação da compreensão da realidade social e da educação o que já as legitimam shutterstock SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V DIREITO DA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA E SOCIAL Sociologia e Direito têm uma relação muito estreita pois sociedade e norma não estão dissociadas A Sociologia como ciência que trata das sociedades enfocando seus fatores econômicos culturais artísticos e religiosos somase ao Direito que estabelece e sistematiza as regras necessárias para assegurar o equilíbrio das fun ções do organismo social e dá lugar à Sociologia Jurídica ou do Direito Esta com a responsabilidade de tratar sempre da consequência do direito na socie dade e desta no próprio direito No campo das ciências sociais analisar uma sociedade requer dentre outros aspectos que se considere que os problemas se apresentam de forma distinta e que por isso devem ser analisados à luz de seu contexto histórico de preferência com o máximo de neutralidade a partir de pesquisas calcadas em observação e análises lógicas e à luz de teorias coerentes Assim para se entender a justiça de um país se requer também que se conheça seu passado e seu presente além de um embasamento teórico e metodológico afinal ciência requer rigor e análise A Sociologia do Direito nesse sentido se propõe a auxiliar na percepção das relações dos conflitos das normas do descontrole de todas as ligações que possam surgir entre os indivíduos e que necessite de um regulador Afinal as 103 Direito da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 relações humanas sempre precisaram de normas para ocorrer Sejam religiosas morais políticas ou econômicas as normas fizeram e fazem com que o homem conviva melhor com o outro Na idade antiga as regras vinham do mais forte Na idade média o cristia nismo foi quem as elaborou Na idade moderna obras foram feitas no sentido de regular a política e a economia Na idade moderna mais precisamente no século XVIII surgiu a Sociologia e os seus estudos vêm contribuindo significa tivamente na elaboração das regras de convívio social Deste então a Sociologia sempre procurou analisar as modificações que ocorreram na sociedade seus con flitos e consequências a fim de tornar mais eficazes as normas jurídicas Criando métodos próprios sendo assistida por outras ciências e tendo a certeza de que o homem tem necessariamente que viver sob regras a Sociologia do Direito vem auxiliando os estudos sobre os crimes e suas punições na tentativa de melhor fornecer subsídios para o legislador Durkheim que combinou teoria sociológica e pesquisa empírica chegou à conclusão de que os fatos sociais podem ser normais e patológicos sendo nor mais aqueles que independem do indivíduo em outras palavras são superiores a ele e acabam sendo obrigatórios já os patológicos são o contrário disso Tal imposição do fato social normal acaba por favorecer o surgimento de uma soli dariedade entre os indivíduos e esta por sua vez é variável e acompanha o tempo o espaço o contexto social e é moldada por normas que ao longo do tempo transformaramse em normas jurídicas que favorecem dentre outras coisas a colaboração e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo Assim o crime é considerado um fato social e a pena por sua vez é para Durkheim 2014 um artifício criado pela sociedade para aqueles que têm atitudes ou comportamentos ameaçadores à ordem social e consiste na repara ção do mal Diante do conceito de Pena de Durkheim é possível afirmar que as penas alternativas de fato punem os criminosos A coerção social conceito empregado por Durkheim e que se tornou caro à Sociologia é fundamental para entendermos como atua a Sociologia jurídica A força da coletividade e da sociedade sobre a força individual parece até des proporcional entretanto podemos perceber que o homem durante toda a sua vida social submeteuse a regras sejam estas impostas por um grupo social ou SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V pelo Estado Desde que nascemos todas as nossas ações estão reguladas Para Durkheim coerção social é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos fazendoos aceitarem as regras de sua sociedade mesmo não concordando A sociedade possui vários modos de conduta coletiva entre eles os que mais se destacam são os usos e os costumes São eles que exercem pressão ou certa obrigatoriedade reservando a designação de hábitos sociais para os usos não normativos Existem várias teorias que tentam caracterizar as diversas normas existentes na sociedade além das normas morais e do direito a exemplo das nor mas de trato social e das normas técnicas religiosas políticas higiênicas dentre outras Caracterizar essas normas não se traduz tarefa fácil pois vários fatores influenciam nesta diferenciação entre eles a própria convicção de cada grupo O que é errado para uma sociedade pode não ser para outra Ainda hoje em pleno século XXI existem tribos indígenas que praticam o infanticídio em crianças consideradas portadoras de algum mal Percebe o quanto a convicção de um grupo é determinante em suas atitudes As normas morais técnicas religiosas políticas e mesmo higiênicas por exemplo incidem no indivíduo já as normas jurídicas incidem no eu socializado ou no homem social ou seja as normas jurídicas procuram o homem no sentido de regular a convivência humana em dada sociedade Exemplo um indivíduo do qual é chamada a atenção pelo padre ou pastor por estar vestindo roupa de praia na missa ou no culto não está recebendo sanção penal mas moral Esta sanção ou seja a bronca foi dada ao indivíduo que foi inconveniente o que não quer dizer que é um crime pois a bronca do padre ou pastor não foi pensada para regular a convivência entre os homens mas para regular um único indivíduo Nesse sentido a Sociologia do Direito trata da moral coletiva como fato social e não da moral individual em que o indivíduo é legislador Assim o que diferencia uma e outra moral é a institucionalização Desse modo é que algumas situações encaminhadas nas últimas décadas no Brasil merecem ser referenciadas no campo da Sociologia jurídica Uma delas é o antagonismo entre o privilé gio como forma arcaica de poder e o direito como afirmação democrática dos interesses públicos Um exemplo que identifica essa antinomia é o do concurso público no Brasil estabelecido desde a Constituição Federal de 1988 O concurso 105 Direito da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 retira do poder político o privilégio de atender os seus apadrinhados e submete as vagas efetivas ao rigor do mérito O modelo de justiça restaurativa vem ganhando força no Brasil porque mui tos dos que compõem o sistema judiciário querem fazer justiça e não aplicar punição Por certo uma coisa não anula a outra entretanto tal medida vem pri vilegiando a resolução de conflitos Por inclusão social entendese o conjunto de procedimentos e meios que combatem a exclusão dos indivíduos do seio da sociedade Esta exclusão pode ser pela classe social pelo gênero pela raça ou mesmo pela falta de acesso às tecnologias Marco Túlio Cícero orador filósofo e político romano 10643 aC com preendia a justiça como uma virtude essencialmente social de modo que a sociedade dos homens deve se agrupar em torno dela Em sentido amplo justiça consiste em dar a cada um o que é de cada um incide sobre a distri buição dos bens e se liga à equidade e à liberalidade Um dos fundamentos da justiça é a boafé assim considerada a firmeza moral e o caráter incorrup tível em palavras e acordos Fé advém de fides assim chamada porque faz fiat o que foi dito O homem que não faz o que foi dito que não mantém a palavra que rompe ou não cumpre o contrato perde a fides e com ela a própria reputação Os indivíduos não podem exercer nenhum direito civil político econômico ou social sem terem recebido o mínimo de educação Disso concluímos que é necessário dedicarnos aos estudos O que você acha SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa concluo aqui dizendo que o fato de que o direito depende da existência de um poder capaz de impor pela força a obediência não põe a per der a natureza estritamente jurídica do Estado Certamente a soberania do Estado é uma realidade jurídica um ente de razão produto da concórdia entre os homens não obstante aquele que detém a soberania dispõe de um poder de fato do qual faz uso para governar os homens e determinar efetivamente suas vontades e comportamentos Em suma vale repetir perceber a diferença entre a justiça retributiva e a justiça restaurativa vai nos dotar de um espírito crítico capaz de conceber outras formas de analisar o crime o sistema penal o infra tor a vítima a culpa e a comunidade o que será de extrema importância para atuar na área do serviço social 107 1 Na perspectiva de Durkheim o que é educar 2 Quais são as metas para uma educação para todos 3 Durkheim combinou teoria sociológica e pesquisa empírica e chegou a que con clusão O filme é uma forma cujo característico é em grande parte determinado por sua repro dutibilidade Com o cinema a obra de arte adquiriu um atributo decisivo a per fectibilidade O filme acabado não é produzido de um só jato e sim montado a partir de inúmeras imagens isoladas e de sequências imagens entre as quais o montador exerce seu direito de escolha imagens aliás que poderiam desde o início da filmagem ter sido corrigidas sem qualquer restrição Para produzir A opinião pública com uma duração de 3000 metros Chaplin filmou 125000 metros O filme pois a mais perfectível das obras de arte O fato de que essa perfectibilidade se relaciona com a renúncia radical aos valores eternos pode ser de monstrado por uma contraprova Para os gregos cuja arte visava a produção de valores eternos a mais alta das artes era a menos perfectível a escultura cujas criações se fazem literalmente a partir de um só bloco Daí o declínio inevitável da escultura na era da obra de arte montável Fonte Walter Benjamin 2000 Confira um breve batepapo a respeito do pensamento de Walter Benjamim httpswwwyoutubecomwatchvzLMggZCo0dg CONCLUSÃO 109 Apresentamos neste livro de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos as teo rias antropológicas e sociológicas que compõem o acervo cultural no qual estamos inseridos e que nos influenciam no dia a dia Verificamos que o estudo da antropo logia e da sociologia é uma tarefa desafiadoramente árdua mas recompensadora pois revelanos não no sentido dogmático a origem do homem e da formação da sociedade entre os homens Mas para chegar à visão do homem e sua sociedade dividimos o texto em cinco unidade que tiveram a missão de apresentar aoà alu noa facetas da saga humana em busca do conhecimento de si para a compreensão do outro Não houve a pretensão de esgotar os temas propostos nas unidades mas houve sim a intenção de introduzir oa estudante à problemática antropológica e sociológica Como vimos a Sociologia nasceu da necessidade do homem explicar as profundas transformações na sociedade provocadas pela revolução industrial e proliferação profícua das ciências ditas particulares Por isso tivemos que percorrer e averiguar como se deu o nascimento da sociedade entre os homens a qual denominamos modernamente de Estado Dada a concórdia entre os homens para viverem em so ciedade compreendemos no desenvolver deste livro que nossa identidade é mol dada pela sociedade em que vivemos o que significa que ela é uma construção progressiva E apoiados na literatura especializada no assunto verificamos que a revolução industrial foi um marco decisivo que mudou irreversivelmente não só as relações entre os homens ditos modernos mas também o modo de produção e seus valores Aqui o valor do homem tem sua origem na força de seu trabalho isso signi fica que o homem moderno cria a si mesmo na medida em que sua atividade trans forma a si mesmo e o mundo em que vive Vale dizer o trabalho dignifica o homem O homem moderno foi considerado por Marx como vimos em linhas gerais como um animal laborans O atributo máximo do homem é o trabalho no trabalho o homem encontra sua humanidade No decorrer do livro não tivemos a intenção de expor as teses marxistas mas essa faceta de sua teoria acerca do capitalismo nos ajuda a compreender que essa foi a razão pela qual consciente ou inconsciente mente houve desde os primórdios da revolução industrial produção em série bens puramente artísticos e bens de sobrevivência da espécie humana no mundo Vimos também que a educação a arte e o direito são maneiras pelas quais podemos expressar nossos sentimentos e ideias podemos expressar nosso contentamento ou descontentamento A educação por exemplo é fundamental ao homem na medida em que compreendemos que ela é instrumento de socialização entre os homens Nesse sentido poderíamos dizer que a educação nos torna decisivamente indivíduos políticos nos torna capazes de argumentar e defender ideias Enfim a tarefa que fica ao antropólogo e ao sociólogo é a de não abrir mão da pes quisa empírica isto é não abrir mão de averiguar os fatos de verificálos objetiva mente livre de opiniões infundamentadas pois a antropologia e a sociologia forne cem ao estudante técnicas e fundamentação teórica para que ele possa desenvolver um espírito crítico e sensível em relação à condição da vida humana em sociedade CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 111 ARISTÓTELES A Política Tradução Roberto LEAL FERREIRA 2 ed ed Martins Fon tes São Paulo 1998 ARISTÓTELES Ética a Nicômaco 4 ed São Paulo Nova Cultural 1991 ARENDT Hannah Entre o Passado e o Futuro São Paulo Editora Perspectiva SA 2005 ARON Raymond As Etapas do Pensamento Sociológico São Paulo Martins Fontes 2000 Disponível em httpcopyfightmeAcervolivrosARON20Ray mond20As20Etapas20do20Pensamento20SocioloCC81gicopdf Acesso em 20 out 2014 BARRETO Raylane Andreza Dias Navarro Fundamentos Antropológicos Socio lógicos 2012 Disponível em httpavaunitbrdokeoscoursesUNIU2131PAN TRdocumentLivrosFUNDAMENTOSgeralcomcapaembaixapdfcidReqU NIU2131PANTR Acesso em 12 nov 2014 BARRIO AngelB Espina Manual de Antropologia Cultural Disponível em ht tpswwwufpebrantropologiaimagesdocumentospublicacoesantropologia manualdeantropologiaculturalmassanganapdf Acesso em 03 nov 2014 BENJAMIN Walter A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica Dis ponível em httpwwwmariosantiagonetTextos20em20PDFA20obra20 de20arte20na20era20da20sua20reprodutibilidade20tC3A9cnica pdf Acesso em 26 nov 2014 BOAS Franz Antropologia Cultural Disponível em httpswwwpasseidireto comarquivo1023349boasfranzantropologiacultural Acesso em 15 out 2014 CÍCERO Marco Túlio Da República Editor Victor Civita São Paulo 1973 COSTA Cristina Sociologia introdução à ciência da sociedade Disponível emht tpminhatecacombrrafaelbelemdossantosDocumentosCic3aanciaPol c3adticaCristinaCosta19975bSociologiaIntroduc3a7c3a3oc3a0 cienciadaSociedade5d288692636pdf Acesso em 12 mar2015 DIAS Fernando Correia Durkheim e a Sociologia da Educação no Brasil 1990 Disponível em httpemabertoinepgovbrindexphpemabertoarticleviewFi le726649 Acesso em 15 out 2014 DIAS Reinaldo Sociologia e Administração 4 ed Disponível em httpminha tecacombrclodomarBaixarArquivosLIVROSPDFSugestc3b5esdeleitu rasociologiaeadministrac3a7c3a3oreinaldodias4c2baedic3a7 c3a3o52559569pdf Acesso em 25 out 2014 DURKHEIM Emile As regras do método sociológico 2 ed São Paulo Martins Fon tes 1999 Disponível em httpsayanrafaelfileswordpresscom201108durkhei mc3a9asregrasdomc3a9todosociolc3b3gicopdf Acesso em 18 out 2014 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS GRAMSCI A Os intelectuais e a organização da cultura Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1977 IANNI Octavio As Ciências Sociais na Época da Globalização Rev bras Ci Soc São Paulo v13 n37 Jun 1998 Disponível em httpwwwscielobrscielophps criptsciarttextpidS010269091998000200002lngennrmiso Acesso em 11 nov 2014 KANT I Antropologia de um ponto de vista pragmático Trad de Clélia Martins São Paulo Iluminuras 2006 LARAIA Roque de Barros Cultura um conceito antropológico Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2001 Disponível em httpcopyfightmeAcervolivrosRoque20 de20Barros20Laraia2020Cultura20um20conceito20antropolAC C83C2B3gico205Bpdf5Dpdf Acesso em 10 nov 2014 MAUSS Marcel Sociologia e antropologia Disponível em httpminhateca combrOtoxpLivrosAntropologiaMAUSS2cMarcelSociologiaeAntropolo gia13811450pdf Acesso em 08 nov 2014 OFFE Claus Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 SAVIANI Dermeval Escola e democracia teorias da educação curvatura da vara onze teses sobre a educação política 35 ed Revista Campinas SP Autores Asso ciados 2002 SIMMEL Georg Questões Fundamentais da Sociologia Rio de Janeiro Zahar 2006 SIQUEIRA Euler David Antropologia Uma Introdução Disponível em http admpubfileswordpresscom201306antropologiacompletorevisadopdf Acesso em 20 out 2014 SOUSA Wanderly Alves Articulação entre justiça divina natural e civil em Agos tinho Curitiba 2008 Dissertação Mestrado em Filosofia Universidade Federal do Paraná WEBER Max Sobre a teoria das ciências sociais Trad Rubens Eduardo Frias São Pau lo Moraes 1991 p 106 WILLIS Paul Aprendendo a ser trabalhador escola resistência e reprodução GABARITO 113 UNIDADE I 1 Qual é a característica essencial que distingue estes três períodos cos mológico teocêntrico e antropológico O período cosmológico tem como característica fundamental a preo cupação que o filósofo tinha com a natureza tomandoa como dado objetivo do conhecimento Suas pesquisas tinham como objetivo com preender a estrutura do universo e dos seus elementos constitutivos O período teocêntrico tem como característica a explicação da origem do mundo pelo mito Nesse sentido as cosmogonias de Homero e de Hesíodo explicam a constituição do mundo O período antropológico tem como preocupação fundamental a educação do homem e sua rela ção com o âmbito social O homem tornase o centro das investigações filosóficas 2 Qual é o significado da palavra antropologia Antropologia significa estudo do homem 3 O que é sociologia A sociologia é a ciência que estuda a sociedade humana Como ciência nasce em função da necessidade que o homem tem de compreender a si mesmo e o grupo no qual está inserido 4 O que é fato social Fato social constituise em maneiras de agir de pensar e de sentir ex teriores ao indivíduo e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele 5 Comente em que consiste a força coercitiva dos fatos sociais Coerção social é definida por Durkheim como força impositiva sobre o indivíduo Nesse sentido tratase sempre de manifestações do compor tamento humano com que o indivíduo já está desde sempre envolvido tais como adoção de um idioma a organização familiar e o sentimento de pertencer a uma nação GABARITO GABARITO UNIDADE II 1 O que é cultura Segundo a frase bem conhecida do antropólogo britânico Edward Bur nett Taylor cultura é o modo de viver próprio de uma sociedade 2 O que é identidade cultural A identidade seja ela social pessoal ou cultural é sempre uma relação social construída com outros jamais algo ou alguma coisa com a qual nascemos ou herdamos por meio de nossos genes Identidade portan to nada tem a ver com os genes que herdamos A identidade é definida historicamente e não biologicamente 3 Uma pessoa grupo ou mesmo uma sociedade inteira pode ser despro vida de cultura Do ponto de vista da antropologia isso não é possível O homem só se torna homem à medida que se torna membro de uma sociedade e internaliza códigos ou formas de agirser no mundo UNIDADE III 1 O que é justiça Comente Justiça é dar a cada um aquilo que lhe é de direto 2 A polis é o bem e a plena realização da natureza Comente essa frase a partir da concepção de Aristóteles a respeito da política Para Aristóteles a natureza de cada coisa é precisamente seu fim Nesse sentido ele compreende que sociedade doméstica a família e a aldeia não tem um fim em si mesma seu desenvolvimento tende naturalmen te para a formação da sociedade política pois a casa e a aldeia são associações incompletas que só encontram plenitude na polis Por isso a polis é o bem e a plena realização da natureza humana uma vez que a família é apenas o núcleo primeiro a partir do qual que se compõe a sociedade política GABARITO 115 3 Max Weber ao estudar a autoridade dos governantes identificou três tipos de governantes quais são eles A tradicional a carismática e a racionallegal A primeira explica a autoridade de determinado governante por acreditar que como sempre foi assim seu poder é legítimo A autoridade carismática por sua vez é compreendida quando se leva em consideração que o líder é virtuoso especial um verdadeiro herói Já com relação à autoridade racional legal ela pode ser entendida quando o governante assume o poder de forma legal e suas ações e atos são tomados a partir de um conjunto de leis específicas UNIDADE IV 1 O que é globalização Globalização parece compreender um processo históricosocial que transforma inevitavelmente os padrões da sociedade atual e seus mo delos mentais de referência de indivíduos e coletividades ao qual esta mos acostumados A globalização rompe e recria o mapa do mundo inaugura diversos processos outras estruturas e outras formas de so ciabilidade as quais se articulam e se impõem aos povos tribos nações e nacionalidades 2 O que significa ruptura histórica Ruptura histórica é essencialmente moderna e nos separa do modo de pensar da antiguidade clássica como por exemplo do pensamento filosófico grego ou medieval 3 O que está em causa quando se trata de globalização Comente Diante das transformações nascidas da era da globalização a sociolo gia e antropologia encontramse frente a novos desafios tanto meto dológicos como teóricos que pertencem ao domínio do conhecimento propriamente dito Nesse sentido o objeto das ciências sociais deixa de ser principalmente a realidade históricosocial nacional e passa a ser também uma realidade sociedade global Assim aquele que se dedi ca aos problemas sociais deve deixar de refletir apenas nos problemas oriundos da sociedade em que se vive e passar a pensar também e sobretudo nos problemas de ordem social econômica política cul tural linguística religiosa demográfica e ecológica em sua significa ção propriamente mundial GABARITO UNIDADE V 1 Na perspectiva de Durkheim o que é educar Na perspectiva de Durkheim educar é socializar o indivíduo Isso sig nifica que educar é o processo pelo qual se aprende a ser membro da sociedade O indivíduo nasce em uma sociedade que já está formada estruturada com suas instituições com sua dinâmica econômica e as funções previamente definidas resta a ele apenas receber a educação que vai preparálo para conviver para fazer parte do todo funcionando 2 Quais são as metas para uma educação para todos No ano 2000 houve o fórum mundial de educação ocorrido em Dacar no Senegal Nesse fórum foram decididas 6 metas para uma educação para todos e que devem ser alcançadas até 2015 São elas Estender e melhorar a proteção e a educação da primeira infância Conseguir que todos tenham acesso ao ensino primário obrigatório e gratuito Garantir o acesso de jovens e adultos à aprendizagem e à aquisição de com petências para a vida diária Aumentar o nível de alfabetização dos adultos para 50 Promover a igualdade entre os gêneros na educação primária e secundária Melhorar a qualidade da educação 3 Durkheim combinou teoria sociológica e pesquisa empírica e chegou à qual conclusão Chegou à conclusão de que os fatos sociais podem ser normais e pa tológicos sendo normal aqueles que independem do indivíduo em outras palavras são superiores a ele e acabam sendo obrigatórios já o patológico é o contrário disso
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FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS Professor Me Wanderly Alves de Sousa GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância SOUSA Wanderly Alves de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos Wanderly Alves de Sousa MaringáPr UniCesumar 2018 116 p Graduação EaD 1 Fundamentos 2 Antropologia 3 Sociologia 4 EaD I Título ISBN 9788545909941 CDD 22 ed 306 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB9 1807 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Maria Cristina Araujo de Brito Cunha Qualidade Editorial e Textual Daniel F Hey Hellyery Agda Design Educacional Rossana Costa Giani Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração André Morais Robson Yuiti Saito Revisão Textual Keren Pardini Jaquelina Kutsunugi Ilustração André Morais Em um mundo global e dinâmico nós trabalha mos com princípios éticos e profissionalismo não somente para oferecer uma educação de qualida de mas acima de tudo para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento Baseamo nos em 4 pilares intelectual profissional emo cional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cur sos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revi samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferen tes áreas do conhecimento formando profissio nais cidadãos que contribuam para o desenvolvi mento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica Professor Me Wanderly Alves de Sousa Possui graduação em filosofia 2005 e mestrado em filosofia 2008 pela Universidade Federal do Paraná Doutorando em filosofia pela UFPR 2014 Graduando em Análise de Sistemas pela UNOPAR 2014 AUTOR SEJA BEMVINDOA Caroa estudante é com muito prazer que apresento a você o livro que fará parte da disciplina de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos Nele buscaremos apre sentar em linhas gerais as teorias antropológicas e sociológicas que compõem o acervo cultural no qual estamos inseridos Dedicarse ao estudo da antropologia e da sociolo gia constituise em uma tarefa desafiadora e encantadora à medida que ambas vão por definição revelando a origem do homem e da formação da sociedade entre os homens Por um lado o desafio está na tarefa da qual o antropólogo e o sociólogo não podem abrir mão qual seja a de descrever fatos empíricos que devem ser apresentados de ma neira objetiva e livre de opiniões infundamentadas por outro lado o aluno não deixará de se espantar com a visão encantadora que se dá não por acaso quando o estudo do homem da perspectiva antropológica vinculase ao estudo da formação da vida em so ciedade A passagem das considerações antropológicas às considerações sociológicas é natural para quem se dedica a essas ciências Aqui convido você estudante a refletir a respeito da definição de antropologia e so ciologia entre outras coisas que veremos a refletir também a respeito do nascimento da antropologia e da sociologia como ciência a perceber ainda que em linhas gerais que a sociologia nasce no período de revoluções a exemplo da revolução industrial a qual transformou para sempre a sociedade dos homens Sem dúvidas a revolução in dustrial foi o ponto de partida que conduziu grandes teóricos da época a pensarem na sociedade moderna e suas transformações inevitáveis no modo como o homem se vê e interage com o meio onde vive De fato quero dizerlhe que a sociologia é um conjunto de conceitos de técnicas e de métodos de investigação que foram produzidos paulati namente e sistematicamente para explicar a vida social Nesse sentido a sociologia é o resultado de uma tentativa de compreender situações sociais novas tais como as que foram originadas pela então nascente sociedade capita lista Dessa maneira a sociologia nasce com a finalidade de expressar o pensamento do homem moderno mas com a tarefa precípua de ir além do pensamento fundamental mente matemático dos séculos XIII XV até os dias atuais As teorias de ordem social vieram preencher lacunas do saber social seguindose após elas o surgimento de outras ciências naturais A sociologia surge como resposta a problemas oriundos do desapa recimento lento mas gradativo da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista tratase portanto da revolução industrial com seus modos de produção Dada as transformações ocorridas pelo modo de produção e o surgimento de novas técnicas de reprodução em massa que acaba por modificar as relações de trabalho e consumo exigese que o cientista social reflita a respeito da sociedade de suas trans formações de suas crises e especialmente dos antagonismos de classe Assim se pode concluir que a sociologia é uma ciência fundamentalmente baseada na observação e no experimento nos fatos que empiricamente podem ser provados de modo que a observação e os fatos são fontes fundamentais à sociologia Assim o novo método da observação e da experimentação amplia infinitamente o poder do homem para com preender a sociedade em que vive A você desejo bons estudos APRESENTAÇÃO FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS SUMÁRIO 09 UNIDADE I O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIAS SEUS IDEALIZADORES E PRINCIPAIS TEÓRICOS 15 Introdução 16 Definição de Antropologia 21 Divisão da Antropologia 24 Definição de Sociologia 32 Considerações Finais UNIDADE II ANÁLISE ANTROPOLÓGICA E SOCIOLÓGICA DO PROCESSO IDENTITÁRIO DO HOMEM CULTURAL E SOCIAL 39 Introdução 39 Conceito de Cultura do Ponto de Vista Antropológico 41 Homem Ser Cultural e Social 47 Identidade Cultural e Social 51 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE 57 Introdução 57 Fundamentos da Sociabilidade do Homem 59 Organização Social 61 Organização Política 67 Considerações Finais UNIDADE IV A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA NA CONTEMPORANEIDADE MUNDIAL E BRASILEIRA 73 Introdução 74 Era da Globalização 76 Globalização Enigmas Históricos e Teóricos 78 Realidade Social Antropológica e seus Desafios Teóricos Contemporâneos 82 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO 89 Introdução 90 Arte da Perspectiva Antropológica e Social 99 Educação da Perspectiva Antropológica e Social 102 Direito da Perspectiva Antropológica e Social 106 Considerações Finais 109 CONCLUSÃO 111 REFERÊNCIAS 113 GABARITO UNIDADE I Professor Me Wanderly Alves de Sousa O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIAS SEUS IDEALIZADORES E PRINCIPAIS TEÓRICOS Objetivos de Aprendizagem Aprender como se estabeleceu o surgimento da antropologia como ciência Refletir a respeito do surgimento da sociologia como ciência Conhecer os principais teóricos da sociologia Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Definição de antropologia Divisão da antropologia Definição de sociologia INTRODUÇÃO Bemvindoa ao estudo dos fundamentos antropológicos e sociológicos Tanto a antropologia como a sociologia proporcionam aoà estudante uma visão ampla e crítica da atividade do homem no mundo em que vive Entender o homem com base em sua dimensão biológica e cultural ajudanos a estabelecer critérios para abalizar as diferenças culturais religiosas políticas bem como a diferença racial existente no mundo Isso é possível porque a antropologia é uma ciência que se mantém aberta ao diálogo com outras áreas do saber tais como a física a bio logia a arqueologia entre outras Do ponto de vista da biologia por exemplo ao antropólogo será perfeitamente possível constatar que o grau de diferença da pigmentação da pele do indivíduo está diretamente relacionado com a região em que seu grupo social estabeleceu sua primeira moradia Há como atestam os pesquisadores uma adequação genética do indivíduo ao lugar de sua habitação Caroa alunoa note que a biologia por si só não dará ao antropólogo essas informações o que deixa subentendido que o antropólogo lança mão também da arqueologia para determinar a origem de determinado grupo social e assim por diante E por causa desse caráter dialogal da antropologia não será estranho ouvirmos falar em antropologia arqueológica antropologia filosófica antropolo gia física antropologia forense e antropologia social entre modos antropológicos de investigação Ao enveredar pelo campo da investigação antropológica o estu dante tem diante de si um vasto campo de possibilidades em que pode buscar sua especialização Devemos seguir nosso estudo apresentando o significado de antropologia suas divisões possíveis e a definição de sociologia 15 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I DEFINIÇÃO DE ANTROPOLOGIA A antropologia é a ciência que estuda o homem Bem é isso que a palavra antro pologia significa anthropos homem logos ciência por consequência estamos diante de uma ciência cujo objeto é o homem ou se quisermos poderíamos dizer que a antropologia é o discurso racional acerca da natureza humana No entanto essa afirmação não esclarece nada acerca dessa disciplina que se encontra entre as chamadas ciências humanas Veja só a psicologia a sociologia entre outras também têm como objeto o estudo do homem sendo assim qual é a caracte rística fundamental da antropologia que a torna diferente dessas disciplinas O que torna a antropologia uma disciplina especificamente voltada ao homem é a constante preocupação em definilo Nesse sentido a pergunta fundamental é o que é o homem Quem já viajou de avião ou subiu em um prédio bem alto pôde contemplar a beleza de uma paisagem ou de uma cidade sem se preocupar com os deta lhes graças ao ponto de vista panorâmico Um sentimento semelhante pode ser experimentado por aqueles que olham para a história da humanidade a partir de um ponto de vista panorâmico Com isso em mente convido você a traçar uma linha histórica da humanidade para compreender antes de mergulharmos shutterstock 17 Definição de Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 na antropologia propriamente dita que a história das ideias passa por períodos característicos ao seu tempo Ao pensamos na história de uma perspectiva filosófica podemos identifi car diferentes ênfases do pensamento humano em diferentes épocas da história da humanidade E nesse sentido podemos identificar os seguintes períodos Figura 1 Linha cronológica de uma perspectiva filosófica Fonte o autor COSMOLÓGICO A ênfase do pensamento do mundo antigo era essencialmente cosmológico Isso não significa dizer que a atividade intelectual do homem tenha se limitado única e exclusivamente a uma abordagem cosmológica Não Esse foi um tema predomi nante de uma época específica da história humana O pensamento grego ilustra bem isso Na história da filosofia verificase que a reflexão filosófica dos chamados présocráticos filósofos antes de Sócrates era predominantemente cosmológica A preocupação des ses filósofos era a natureza como dado objetivo do conhecimento Suas pesquisas tinham como obje tivo compreender a estrutura do universo e dos seus elementos constitutivos Por causa disso os présocráticos eram comumente chamados de físicos Cosmológico Teocêntrico Antropológico shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I TEOCÊNTRICO Inicialmente o pensamento grego reflete também uma ênfase teocêntrica tal como se pode ver nas obras de Homero e de Hesíodo Aqui o mito precede a filosofia ao discurso racional e as cosmogonias de Homero e de Hesíodo explicam a constituição do mundo Note caroa alunoa que nesse período no período socrático e posteriormente a este até chegar ao pensamento cris tão não se fala em criação do mundo mas sim em origem do mundo em que a matéria que compõe o mundo é eterna sempre existiu Na origem do pensamento grego a razão humana não ousa explicar causas e efeitos dos fenômenos observados Nesse sentido falamos em período mítico em que os fenômenos da natureza eram explicados por um discurso mítico Como sugere nossa imagem acima sempre houve na história da humanidade o desejo do homem em ligarse a algo que fosse superior a ele é nesse sentido que se toma a palavra religião ANTROPOLÓGICO Mas no decorrer dos tempos a ênfase do pensamento filosófico dos gregos começa a mudar da natureza como objeto de estudo e da ênfase teocêntrica para o homem como sujeito e objeto de sua própria reflexão Isso se deu gra ças aos assim chamados sofistas que se encontram já no período denominado socrático você já ouviu falar deles Não Bem os sofistas eram homens que tinham habilidades para ensinar a outras pessoas os mais variados assuntos No período socrático os sofistas são tidos como educadores profissionais que ensi navam a jovens em especial a retórica que é a arte da persuasão por pagamento shutterstock 19 Definição de Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Com os sofistas a preocupação maior parece ser com a educação do homem e sua relação com o âmbito social A ênfase antropológica que é dada nesse perí odo atinge o ponto mais alto com Sócrates Ele parte da famosa frase escrita no oráculo de Delfos Conhecete a Ti mesmo como ponto funda mental de todo filosofar Assim quando paramos para pensar na história da filosofia em termos ainda que gerais podemos identificar diferentes ênfases do pensamento humano em diferentes épocas cosmológico teológico e antropo lógico Essas ênfases aparecem desaparecem e voltam a reaparecer novamente com grande ímpeto em dado momento do processo histórico humano De fato no período da Idade Média o foco da atenção foi teocêntrico devido à grande desconfiança depositada única e exclusivamente na razão humana para explicar as causas dos fenômenos no mundo o filosofar tornase teologar Já no período moderno o homem voltase para a reflexão antropológica tornandose ponto de partida da formulação e reformulação do pensamento Assim ainda que o homem reflita sobre a natureza das coisas a despeito dos avanços na área tecnológica o homem tem sido para si a sua maior preocupação De fato o surgimento da antropologia como ciência é um atestado do desejo insaciável que o homem tem de conhecer a si mesmo O autoconhecimento tem como fim como objetivo definir o homem tendo sempre a questão com a qual estamos às voltas o que é o homem Nesse particular a influência de Kant filósofo da era moderna parece óbvia Kant operou o que ficou conhecido entre os filósofos modernos o cha mado giro copernicano Antes de Copérnico o centro da especulação filosófica era o ser de modo que a preocupação essencial da filosofia era essencialmente com a metafísica por metafísica entendemos a investigação a respeito dos assuntos que estão para além da física Com Kant o centro da especulação filosófica passa a ser o modo como o homem pode conhecer Nesse sentido a epistemologia tornase a preocupação central do filosofar De acordo com o filósofo os problemas filosóficos redu zemse a quatro a saber O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I 1 O que podemos conhecer Este seria o campo específico de uma teoria do conhecimento epistemologia 2 O que devemos fazer Aqui a pergunta ocupase com a ética 3 O que podemos esperar Aqui a pergunta ocupase com o problema religioso 4 O que é o homem Este é o problema antropológico Segundo Kant todos os problemas filosóficos reduzemse ao antropológico Nesse sentido o objetivo da filosofia seria o de proporcionar ao homem a pos sibilidade de conhecerse adequadamente De acordo com Kant 2006 p 22 O ser humano que percebe que está sendo observado e que procuram examinálo parecerá embaraçado constrangido e não pode se mos trar como é ou finge e não quer ser conhecido como é Mesmo quando só quer investigar a si mesmo ele se encontra numa situação crítica principalmente quando é tomado por uma afecção estado que habi tualmente não admite fingimento a saber quando os móbiles da ação estão atuando ele não se observa e quando se observa os móbiles es tão em repouso Quando permanecem constantes o lugar e as circuns tâncias temporais geram hábitos que são como se diz outra natureza e dificultam o juízo do homem acerca de si mesmo e de quem considera que é porém mais ainda acerca de que conceito deve ter a respeito do outro com o qual mantém relação pois quando muda a situação em que o ser humano é colocado por seu destino ou em que se coloca a si mesmo quando se aventura essa mudança dificulta muito a antropo logia a se elevar à condição de uma ciência propriamente dita Por fim não são precisamente fontes mas meios auxiliares da antropologia a história mundial as biografias e até peças de teatro e romances Pois ainda que a estes últimos não se atribua propriamente experiência e verdade mas só ficção e ainda que seja permitido exagerar os caracte res e as situações em que se colocam os homens tal como aparecem em imagens de sonho ainda portanto que aqueles nada pareçam ensinar para o conhecimento do ser humano ainda assim os caracteres esboça dos por um Richardson ou por um Moliére devem ter sido tirados em seus traços fundamentais da observação do que os homens realmente fazem ou deixam de fazer porque são de fato exagerados em grau mas quanto à qualidade precisam estar de acordo com a natureza humana Uma antropologia sistematicamente delineada e todavia popular pela referência a exemplos que todo leitor possa por si mesmo encontrar composta desde um ponto de vista pragmático traz ao público leitor a vantagem de que esgotando todas as rubricas sob as quais se pode shutterstock 21 Divisão da Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 colocar esta ou aquela qualidade humana observada na prática lhe são dadas numerosas ocasiões e lhe são dirigidas numerosas exortações para tratar como um tema próprio cada qualidade particular inse rindo a um item específico com isso na antropologia os trabalhos se dividem por si mesmos entre os amantes desse estudo e serão poste riormente reunidos num todo pela unidade do plano promovendose e acelerandose então o crescimento de uma ciência de utilidade geral DIVISÃO DA ANTROPOLOGIA A resposta à pergunta de Kant sobre o que é o homem tal como falamos no tópico anterior pode ser dada de dife rentes pontos de vistas segundo Barrio 2014 Nesse sentido podemos res pondêla da perspectiva empírica Isso significa que podemos chegar a conclu sões gerais a respeito do homem e sua natureza por meio da observação e a partir disso recompilar os dados reco lhidos e comparar as variantes físicas e culturais que podemos observar entre os diferentes grupos de homens Kant foi um filósofo importante para o pensamento filosófico do século XVIII Com ele houve a nítida separação entre o que podemos pensar e aqui lo que podemos conhecer Podemos conhecer todas as coisas que afetam nossos sentidos corporais e sobre todas as outras apenas podemos pensar tais como Deus a imortalidade da alma a origem do mundo e a liberdade do homem Fonte o autor ANTROPOLOGIA Antropologia empírica Antropologia física Antropologia cultural Etnografia geral Etnografia Etnologia Antropologia social Linguística Arqueologia Antropologia filosófica O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Saiba alunoa o homem pode ser estudado de diferentes perspectivas nesse sentido a antropologia contemporânea comporta várias divisões ou especializações Figura 2 Divisão da antropologia Fonte adaptada de Barrio 2014 p 22 Podemos falar por exemplo em antropologia física que seria o estudo da espécie humana suas origens evolução e diferenciação em tipos raciais contando com dis ciplinas auxiliares como a antropometria que estabelece critérios de classificação dos tipos raciais e a paleontologia que se ocupa do homem fóssil ou préhistó rico Indo um pouco além a pergunta a respeito do que é o homem nos coloca na perspectiva da antropologia humanística e filosófica que trata do homem a partir de seus costumes e diferentes modos de vida como também de seu destino Segundo Barrio 2014 p23 A antropologia desde que se constituiu como saber organizado de sempenhou tradicionalmente um papel unificador em muitas áreas da pesquisa científica assim como em humanidades e o pôde fazer porque é um conhecimento integral e integrador As classificações es tritas de objetos de estudo foram muito frutíferas no desenvolvimento das ciências mas hoje em dia cada vez há maior interesse por aquelas áreas nebulosas que se encontram nos limites das taxonomias clássicas como o demonstra o desenvolvimento de ciências intermediárias físi 23 Divisão da Antropologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 coquímica bioquímica astrofísica etc Do mesmo modo o enfoque integral para estudar o homem exige que cada vez que se estude uma parte sejamos conscientes só é uma parte ela seja posta em conexão com o resto O conhecimento antropológico envolve o uso de técnicas e teorias de muitas disciplinas e por sua vez as técnicas e conceitos da antropologia possuem ramificações e consequências que se prolongam muito além dela Nesse sentido ainda segundo Barrio 2014 p 23 teríamos então A etnolingüística cujo tema central se apresenta como a dicotomia linguagemcultura A etnopsicologia e seu estudo das relações entre cultura versus personalidade nome adotado por toda uma escola an tropológica A etnohistória a mudança cultural as aculturações su cessivas etc Do ponto de vista de uma antropologia filosófica a antropologia reflete todas as preocupações do homem e de sua relação com o mundo em que vive No entanto uma antropologia filosófica é de natureza fundamentalmente especulativa vol tandose para os aspectos mais gerais da experiência do homem Nesse sentido sua justificação encontrase na necessidade que temos em ter uma visão global do homem e de seus problemas Uma visão global do homem e de seus pro blemas nos distancia de uma ciência cada vez mais especializada que por sua natureza precisa realizar um recorte dessa visão global do homem O que quero dizer caroa alunoa é isto quanto mais uma ciência é particularizada tanto mais ela se torna abstrata em relação aos problemas do homem e da sociedade em que vive Contrariamente quanto mais uma ciência tem uma visão da totali dade do homem e de seus problemas tanto mais concreto autônomo completo o homem se manifesta para essa ciência Dada a possibilidade de uma antropologia filosófica o que está em jogo aqui não é tanto o problema do homem em geral mas o problema daquele homem concreto que vive em uma comunidade que se encontra engajado na realidade a qual fatidicamente constitui suas experiências pessoais Pelas ciências particulares conhecemos e avançamos em muitas áreas tais como no campo tecnológico no campo da medicina entre outros No entanto deixamos de conhecer o homem em sua essência não vemos seus feitos em sua totalidade por isso ignoramos o real sentido do labor humano shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Nesse sentido segundo Max Sheler apud CASSIER 1967 p 40 Em nenhum outro período do conhecimento do humano o homem se tornou mais problemático para si mesmo do que em nossos dias Dis pomos de uma antropologia científica antropologia filosófica e de uma antropologia teológica que se ignoram entre si Por conseguinte já não possuímos nenhuma idéia clara e coerente do homem A multiplicida de cada vez maior das ciências particulares que se ocupam do estudo dos homens antes confundiu e obscureceu do que elucidou nossa con cepção do homem DEFINIÇÃO DE SOCIOLOGIA A sociologia é a ciência que estuda a sociedade humana Como ciência nasce em função da neces sidade que o homem tem de compreender a si mesmo e o grupo no qual está inserido Como se sabe um dos percursores da sociologia foi Auguste Comte filósofo positivista que atribui o nome sociologia às pesquisas sobre os princípios universais do compor tamento social Para ele a sociedade só poderia ser convenientemente reorganizada por meio de uma completa reforma intelectual do homem Para isso propôs uma ciência estruturada em três pontos cen trais segundo Barreto 2012 p 27 1 Essa ciência deve investigar as razões pelas quais o homem funda menta seu pensamento a este procedimento Comte chamou de filosofia positiva ou pensamento positivo 2 Fundamentar e classificar as ciências baseadas na filosofia positiva 3 Reformar na prática as instituições inclusive religiosas através de uma determinação estrutural da Sociedade dada pelo que ele chamou de Física Social e depois Sociologia 25 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Como queria Comte o conhecimento advindo da ciência era a única forma de conhecimento verdadeiro Foi com essa assertiva que ele divulgou o positivismo concebido por ele como uma doutrina que buscava explicações para os fenô menos sociais baseada na observação e não o idealismo somada à ascensão da experiência sensível o que para ele era o caminho para se chegar à verdadeira ciência Ao longo do tempo esse termo foi sendo apropriado por várias áreas do conhecimento fazendo com que servisse de premissa para muitas teorias Deste modo a sociologia fruto da sociedade moderna nasce para explicar o surgimento e as condições nas quais se tornou possível o desenvolvimento da sociedade industrial Com esse intuito Comte recorreu a conhecimentos oriun dos da Filosofia e da História Segundo Costa 2010 p 29 O desenvolvimento das bases científicas do estudo da sociedade huma na dependeu de fatores internos ao campo científico e de circunstân cias externas e históricas tais como a complexa relação social diante da industrialização o colonialismo europeu e o contato entre diferentes civilizações Devido a esses fatores os primeiros teóricos do pensamen to sociológico preocuparamse em justificar as diferenças e as desigual dades sociais e em estudar a ordem e o progresso da nova ordem social inaugurada pelo desenvolvimento industrial que levou à derrocada do artesanato e à submissão das atividades agrárias à manufatura É verdade que alguns estudiosos admitiram uma atitude de otimismo diante da sociedade capitalista identificando os valores e os interesses da classe dominante como representativos do conjunto da sociedade deixando de lado preocupações como os conflitos e as lutas de classes mas também é verdade que foi nos pressupostos teóricos da Sociolo gia que o proletariado buscou auxílio para encampar a luta prática na sociedade de classes É nesse contexto que a Sociologia vinculase ao socialismo e a nova teoria crítica da sociedade passa a estar ao lado dos interesses das classes trabalhadoras Ainda conforme Costa 2010 p 30 Toda uma ordem social baseada nos valores de uma cultura senhoril e rural entrou em declínio e foi suplantada por uma economia urbana industrial e burguesa voltada para os privilégios da classe emergente O surgimento dessa nova ordem social exigiu que filósofos sociais dessem explicações racionais para os problemas oriundos dessa nova ordem Com esse objetivo o positivismo buscou delimitar o objeto a estabe lecer conceitos a elaborar uma metodologia de investigação e definir O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I em que deveria consistir o estudo científico da sociedade de modo que foi possível instituir o lugar próprio para ciência social No interior de uma discussão acerca da natureza da ciência social quando falamos em positivismo querse atribuir a esse nome originado do adjetivo positivo o significado de certo seguro definitivo Isto quer dizer então que essa escola filosófica aposta todas as fichas no poder dominante e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzila sob forma de leis que seriam a base da regulamentação da vida do homem da natureza e do próprio universo Os teóricos sociais devido à grande influência das ciências naturais defendiam que a sociologia e a física só eram diferentes quanto à sua essência nesse sentido a sociedade era concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente segundo um modelo físico ou mecânico Ora se Auguste Comte foi um dos percussores que atribuiu o nome sociologia às pesquisas sobre os princípios universais do comportamento social será com Émile Durkheim na segunda metade do século XIX que os estudos no âmbito da sociologia relacionarseão diretamente com os fatos deixando para trás a especulação dos teóricos sociais de seu tempo Durkheim preocupouse constan temente com as questões de ordem social por isso ele ocupouse em estabelecer qual era o objeto de estudo da sociologia assim como indicar o seu método de investigação Com efeito com Durkheim a sociologia penetrou o universo aca dêmico ganhando delimitações próprias de uma disciplina universitária Vale dizer caroa alunoa que a obra durkheiminiana nasce em período de crises econômicas cada vez mais constantes de modo que o desemprego e a miséria provocaram o acirramento das lutas de classe Operários lançavam mão da greve como instrumento de luta para imporse diante das dificuldades Não precisamos recuar muito no tempo para entendermos como eventos de uma greve são tão persuasivos a conduzir teóricos a pensarem no homem na comu nidade em que vivem Vivendo nessa época em que as teorias socialistas ganhavam terreno Durkheim não poderia ignorálas tanto é que em certo sentido suas ideias constituíam a tentativa de fornecer uma resposta às formulações socialistas Discordava sobretudo das teorias socialistas quanto à ênfase atribuída aos fatos econômicos para diagnosticar a crise das sociedades europeias Para Durkheim 2014 a origem dos problemas sociais não era de natureza econômica mas 27 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 originavamse da fragilidade dos princípios morais da sociedade para orientar adequadamente o comportamento individual Com essa preocupação no horizonte de suas reflexões Durkheim buscou estabelecer um objeto de estudo e um método para a sociologia Dedicouse então a essa questão salientando que nenhuma ciência poderia constituirse sem uma área própria de investigação A sociologia deveria ocuparse com os fatos sociais que se apresentavam aos indivíduos como exteriores e coercitivos Referindose aos grandes sociólogos de seu tempo Durkheim 2014 p10 nos diz que raramente saíram das generalidades sobre a natureza das socieda des sobre as relações do reino social e do reino biológico sobre a mar cha geral do progresso mesmo a volumosa sociologia de Spencer quase não tem outro objeto senão mostrar como a lei da evolução universal se aplica às sociedades Durkheim compreendeu que para tratar da natureza das sociedades não são necessários procedimentos especiais e complexos Pelo contrário será suficiente pesar os méritos comparados da dedução e da indução e fazer uma inspeção sumária dos recursos mais gerais de que dispõe a investigação sociológica O que ele propõe é tomar na observação dos fatos a maneira como os principais proble mas devem ser colocados o sentido no qual as pesquisas devem ser di rigidas as práticas especiais que podem permitir chegar aos fatos as re gras que devem presidir a administração das provas DURKHEIM 2014 p10 Essa postura mais factual de Durkheim devese à sua formação judaica que favo recia a análise dos laços comunitários e da coesão social Motivado por conflitos pelos quais atravessava a Europa Durkheim dedicouse a um vasto repertório de temas que vão da emergência do indivíduo à origem da ordem social da moral ao estudo da religião da vida econômica à análise da divisão social do trabalho Para isso Émile Durkheim valeuse da história da etnografia estudo descritivo das diversas etnias do estudo das leis da estatística e da filosofia Herdeiro tam bém do positivismo dedicouse a constituir o objeto da sociologia e as regras para desvendálo A obra mais importante nesse sentido foi As Regras do Método Sociológico na qual o autor procurou instituir a fronteira entre a sociologia e as O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I demais ciências dandolhe autonomia e objetividade Nesta obra Durkheim definiu o que entendia por fatos sociais Segundo ele 2014 p10 fatos sociais consistem em maneiras de agir de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele Por conseguinte eles não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos já que consistem em represen tações e em ações nem com os fenômenos psíquicos os quais só têm existência na consciência individual e através dela Esses fatos consti tuem portanto uma espécie nova e é a eles que deve ser dada e reser vada a qualificação de sociais Essa qualificação lhes convém pois é cla ro que não tendo o indivíduo por substrato eles não podem ter outro senão a sociedade seja a sociedade política em seu conjunto seja um dos grupos parciais que ela encerra confissões religiosas escolas polí ticas literárias corporações profissionais etc Por outro lado é a eles só que ela convém pois a palavra social só tem sentido definido com a condição de designar unicamente fenômenos que não se incluem em nenhuma das categorias de fatos já constituídos e denominados Eles são portanto o domínio próprio da sociologia Durkheim 2014 p11 resumidamente diz que É fato social toda maneira de fazer fixada ou não suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior ou ainda toda maneira de fa zer que é geral na extensão de uma sociedade dada e ao mesmo tempo possui uma existência própria independentemente de suas manifesta ções individuais Vejamos então as características dos fatos sociais tal como Costa 2014 online interpreta a Coerção Para Durkheim apud COSTA 2014 online os fatos sociais distinguemse dos fatos orgânicos ou psicológicos por se imporem ao indivíduo como uma pode rosa força coercitiva à qual ele deve obrigatoriamente se submeter A adoção de um idioma a organização familiar e o sentimento de pertencer a uma nação são manifestações do comportamento humano dotadas dessa força impositiva sobre o indivíduo força essa que Durkheim denominou coerção social A força coercitiva dos fatos sociais se manifesta pelas sanções legais ou espontâneas 29 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 a que o indivíduo está sujeito quando tenta rebelarse contra ela Legais são as sanções prescritas pela sociedade sob a forma de leis nas quais se define a infração e se estabelece a penalidade correspondente Espontâneas são as que afloram como resposta a uma conduta considerada inadequada por um determi nado grupo ou por uma sociedade Multas de trânsito por exemplo fazem parte das coerções legais pois estão previstas e organizadas pela legislação que regula o tráfego de veículos e pessoas pelas vias públicas Já os olhares de reprovação de que somos alvo quando comparecemos a um local com a roupa inadequada constituem sanções espontâneas Embora não codificados em lei esses olhares têm o poder de conduzir o infrator para o comportamento esperado Durkheim afirma 2014 p10 que nesses casos a coerção é menos violenta mas não deixa de existir Se não me submeto às convenções mundanas se ao me vestir não levo em con sideração os usos seguidos em meu país e na minha classe o riso que provoco o afastamento em que os outros me conservam produzem embora de maneira mais atenuada os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita O comportamento desviante em um grupo social pode não ter penalidade pre vista por lei mas o infrator pode ser espontaneamente punido pelo grupo na medida em que sua ação fere determinados valores e princípios A reação nega tiva da sociedade a certas atitudes ou comportamentos é muitas vezes mais intimidadora do que a lei A educação entendida de forma geral ou seja a educação formal e a infor mal desempenha segundo Durkheim uma importante tarefa nessa adequação dos indivíduos à sociedade em que vivem a ponto de após algum tempo as regras estarem internalizadas nos membros do grupo e transformadas em hábi tos O uso de uma determinada língua ou o gosto por determinada comida são internalizados no indivíduo que passa a considerar tais hábitos como pessoais b Exterioridade A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam indepen dentemente da vontade ou adesão consciente dos indivíduos sendo assim exteriores a eles Ao nascer já encontramos regras sociais costumes e leis que somos coagidos a aceitar por meio de mecanismos de coerção social como a shutterstock O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I educação Não nos é dada a possibilidade de opinar ou escolher sendo inde pendentes de nós de nossos desejos e vontades Por isso os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências indivi duais Podemos experimentar a exterioridade dos fatos sociais nas formas de agir e pensar que não adotaríamos de modo espontâneo ou como resultado apenas de nossa vontade por exemplo ao nos sentirmos pressionados a obedecer nosso lugar em uma fila quando nosso desejo nos impele a passar os outros para trás c Generalidade Além da coerção e da exterioridade é possível distinguir fatos sociais porque eles não se apresentam como fatos isolados Eles são dotados de generalidade envol vem muitos indivíduos e grupos ao longo do tempo repetemse e difundemse Permitem por isso uma grande sondagem como a que Durkheim desenvolveu para estudar o suicídio fato social dotado de grande generalidade A assiduidade com que determinados fatos ocorrem na sociedade indica a sua importância e a necessidade de estudálos assim como torna a estatística uma das ferramentas que garante ao sociólogo a objetividade e o controle É pela generalidade que os fatos sociais exibem a sua natureza coletiva sejam eles fatos observáveis como o modelo das habitações de um grupo sejam fatos morais como os valores e as crenças A formação e o desenvolvimento do conhecimento sociológico crítico e negador da sociedade capitalista sem dúvida ligam se à tradição do pensamento socialista que encontra em Marx e Engels a sua elaboração mais expressiva Esses pensadores não esta vam preocupados em fundar a sociologia como disciplina específica A rigor não encontramos neles a intenção de estabelecer fronteiras rígi das entre os diferentes campos do saber tão ao gosto dos especialistas de nossos dias Eles em suas obras interligavam disciplinas como antropologia política economia procurando 31 Definição de Sociologia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 oferecer uma explicação da sociedade como um todo colocando em evidência as suas dimensões globais Seus trabalhos não foram elaborados nos bancos das universidades mas frequentemente no calor das lutas políticas A formação teórica do socialismo marxista constitui uma complexa operação intelectual na qual são assimiladas de maneira crítica as três principais correntes do pensamento europeu do século passado tais como o socialismo a dialética e a economia política O socialismo antes do marxismo também denominado socialismo utópico constituía uma clara reação à nova realidade implantada pelo capitalismo principalmente quanto às suas relações de exploração Marx e Engels ao tomarem contato com a literatura socialista da época assinalaram as brilhantes ideias de seus antecessores sem deixarem de elaborar algumas crí ticas a esse socialismo a fim de darlhe maior consistência teórica e efetividade prática Assinalavam que as lacunas existentes nesse tipo de socialismo possu íam uma relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo da época uma vez que as contradições entre burguesia e proletariado não se encontravam ainda plenamente amadurecidas Atuavam os utópicos como representantes dos interesses da humanidade não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para a concretiza ção de suas ideias A filosofia alemã da época de Marx encontra em Hegel uma de suas mais expressivas figuras Como se sabe a dialética ocupava posição de destaque em seu sistema filosófico A tomarem contato com a dialética hegeliana eles ressalta ram o caráter revolucionário uma vez que o método de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia devido às suas contradições tendia a extinguirse A crí tica que eles faziam à dialética hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista Assim procuraram corrigila recorrendo ao materialismo filosófico de seu tempo A intenção era conferir à sociologia uma reputação científica encontrando em Max Weber um marco de referência Durante toda sua vida insistiu em estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico fruto de cuidadosa inves tigação e os julgamentos de valor sobre a realidade O SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I CONSIDERAÇÕES FINAIS Para finalizar poderíamos supor que a busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista homem do saber das análises frias e penetrantes e o político homem de ação e de decisão comprometido com as questões práticas da vida Essa posição de Weber que tantas discussões tem provocado entre os cientistas sociais constitui ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários um dos momentos decisivos da profissionalização dessa disciplina A ideia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação os pontoschave da investigação Com isso ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indiví duos e não a análise das instituições sociais ou do grupo social tão enfatizados pelo pensamento conservador Existe uma clara distinção entre o conhecimento científico fruto de cuida dosa investigação e os julgamentos de valor sobre a realidade 33 1 Qual é a característica essencial que distingue estes três períodos cosmológico teocêntrico e antropológico 2 Qual é o significado da palavra antropologia 3 O que é sociologia 4 O que é fato social 5 Comente em que consiste a força coercitiva dos fatos sociais Marx sabia que a incompatibilidade entre o pensamento político clássico e as modernas condições políticas repousa no fato consumado das Revoluções Francesa e Industrial que em conjunto elevaram o trabalho tradicionalmente a mais desprezada de todas as atividades humanas ao grau máximo de produtividade e pretenderam ser capazes de reafirmar o ideal de liberdade sob condições inauditas de igualdade universal A questão era colocada apenas superficialmente nas asserções idealistas de igualdade do homem e da dignidade inata de todo ser humano e era respondida apenas de modo superficial por meio da concessão do direito de voto aos operários Não se tratava de um problema de justiça que pudesse ser resolvido concedendo à nova classe de trabalhadores o seu direito após que a velha ordem do suum cuique fosse automaticamente restaurada e funcionasse como no passado Há o fato da incompatibilidade básica entre os conceitos tradicionais que fazem do trabalho o símbolo da sujeição do homem à necessidade e a época moderna que viu o trabalho elevado para expressar a liberdade positiva do ho mem a liberdade da produtividade É do impacto do trabalho isto é da necessidade no sentido tradicional que Marx visou salvar o pensamento filosófico destinado pela tradi ção a ser o núcleo de todas as atividades humanas Entretanto ao proclamar que não se pode abolir a Filosofia sem realizála começou por sujeitar também o pensamento ao inexorável despotismo da necessidade à lei férrea das forças produtivas na sociedade A desvaloração dos valores de Nietzsche como a teoria do valortrabalho de Marx sur ge da incompatibilidade entre as ideias tradicionais que haviam sido utilizadas como unidades transcendentes para identificar e medir pensamentos e ações humanas e a sociedade moderna que dissolvera todas essas normas em relacionamentos entre seus membros estabelecendoas como valores funcionais Valores são bens sociais que não têm significado autônomo mas como outras mercadorias existem somente na sempre fluida relatividade das relações sociais e do comércio Por meio dessa relativização tanto as coisas que o homem produz para seu uso como os padrões conforme os quais ele vive sofrem uma mudança decisiva tornamse entidades de troca e o portador de seu valor é a sociedade e não o homem que produz usa e julga O bem perde seu caráter de ideia padrão pelo qual o bem e o mal podem ser medidos e reconhecidos tornase um valor que pode ser trocado por outros valores tais como eficiência ou poder O detentor de valores pode recusarse a essa troca e se tornar um idealista que estima o valor do bem acima do valor da eficiência isso porém em nada torna o valor do bem menos relativo O termo valor deve sua origem à tendência sociológica que mesmo antes de Marx es tava inteiramente explícita na ciência relativamente nova da Economia clássica Marx era ainda cônscio do fato esquecido desde então pelas Ciências Sociais de que ninguém visto em isolamento produz valores de que os produtos tornamse valores somente em seu relacionamento social Sua distinção entre valor de uso e valor de troca reflete a distinção entre coisas tais como os homens as utilizam e as produzem e seu valor na sociedade e sua insistência na maior autenticidade dos valores de uso sua frequente descrição do surgimento do valor de troca como uma espécie de pecado original no princípio da produção mercantil reflete seu reconhecimento desamparado e como que 35 cego da inevitabilidade de uma iminente desvalorização de todos os valores O nas cimento das Ciências Sociais pode ser localizado no instante em que todas as coisas tanto ideias como objetos materiais equacionavamse a valores de tal modo que tudo derivasse sua existência da sociedade e fosse a ela relacionado o bonum e o malum não menos que os objetos tangíveis Na disputa sobre se a fonte de todos os valores é o capital ou trabalho geralmente percebese que em nenhuma ocasião anterior à in cipiente Revolução Industrial admitiuse serem os valores e não as coisas o resultado da capacidade produtiva do homem ou relacionavamse todas as coisas que existem à sociedade e não ao homem visto em isolamento A noção de homens socializados cuja emergência Marx projetou na sociedade sem classes futuras é de fato o pressuposto subjacente tanto à Economia clássica como à marxista ARENDT 2000 p61 MATERIAL COMPLEMENTAR Germinal Diretor Claude Berri Ano 1993 Sinopse A respeito do que foi a Revolução Industrial assista ao fi lme Germinal baseado no romance de Émile Zola Nele você perceberá o contexto que envolve a referida revolução UNIDADE II Professor Me Wanderly Alves de Sousa ANÁLISE ANTROPOLÓGICA E SOCIOLÓGICA DO PROCESSO IDENTITÁRIO DO HOMEM CULTURAL E SOCIAL Objetivos de Aprendizagem Apresentar o conceito de cultura Discutir a relação entre antropologia e cultura Avaliar a relação entre sociologia e cultura Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Conceito de cultura do ponto de vista antropológico Homem ser cultural e social Identidade cultural e social INTRODUÇÃO O conceito de cultura é o mais importante conceito da antropologia assim como das ciências sociais Também é uma das noções mais complexas que encontramos nas ciências humanas pois não há acordo entre os especialistas no assunto sobre o que seja cultura Devido ao seu caráter polissemântico o termo cultura recebe três significados e três usos principais a saber elitista pedagógico e antropo lógico No primeiro sentido cultura significa uma grande quantidade de saber no segundo sentido indica educação recebida durante a vida no terceiro cul tura significa o conjunto de costumes Devemos ter em mente que todo e qualquer conceito de cultura surge a partir de uma determinada cultura como veremos Assim se temos inúmeras defini ções para o conceito de cultura é porque há inúmeras culturas informando sobre a sua própria formulação O conceito de cultura forma com a noção de natureza uma das grandes oposições do quadro do pensamento das ciências sociais Mais do que vêlas delimitando espaços opostos mutuamente excludentes é interes sante e oportuno tratálas como complementares ou seja ambas são limites de um sistema que hierarquiza e ordena uma multiplicidade de elementos que se situam entre dois extremos e se articulam de maneira dinâmica Muitos desses sentidos tendem a revelar algo de nossa sociedade e até de nós mesmos Não é incomum pensarmos a antropologia e o outro como um grande espelho pelo qual podemos nos ver É isso que buscaremos expor a seguir CONCEITO DE CULTURA DO PONTO DE VISTA ANTROPOLÓGICO Como dissemos no sentido elitista cultura significa uma grande quantidade de saber assim quando falamos que certa pessoa sabe muito de antropologia de filosofia de sociologia nesse sentido dizemos que essa pessoa sabe muito a respeito de quase tudo Caroa estudante aposto que você já ouviu alguém 39 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II falar desse modo conheço certa pessoa que possui vasta cultura científica filosófica artística literária etc Diante desse cenário falase fulano é muito culto No sentido pedagógico cultura indica a educação a formação que a pessoa teve ao longo de sua vida tratase do cultivo do homem isto é do processo por meio do qual o homem chega à plena maturação e realização de sua personalidade No sentido antropológico e acredito que esse sentido nos interessa muito cultura significa o conjunto de costumes técnicas e valores que caracterizam um grupo social uma tribo um povo uma nação Colocado isso sabemos agora que essa indefinição acerca da noção da palavra nos informa bastante sobre o próprio conceito Ao contrário do que podemos pensar quando articulamos a ideia de cultura surgem inúmeros sentidos e significados para ela É por isso que dizemos que cultura assume uma variedade de sentidos Em todas as áreas do conhecimento cada vez mais a ideia noção ou con ceito de cultura tem sido vista como uma forma de pensarmos a diferença entre os homens ao mesmo tempo em que pensamos sua unidade Em geral estamos falando de diferenças em todos os planos do vir a ser do homem por exemplo formas de existir fazer pensar ser e sentir São vários os sentidos atribuídos à palavra cultura Em alguns momentos nos imaginamos sujeitos portadores de cultura em outros somos acusados de não termos cultura como se isso significasse que não temos modos costumes Estado educação conhecimento refinamento acesso ao campo das artes letras teatro e ciência enfim nos dias atuais acesso à informação Cultura diz respeito a muito mais do que isso que acabamos de enumerar Mas é possível uma pessoa grupo ou mesmo uma sociedade inteira ser despro vida de cultura Do ponto de vista da antropologia isso não é possível O homem só se torna homem à medida que se torna membro de uma sociedade e interna liza códigos ou formas de agirser no mundo Então fique tranquiloa Não há shutterstock 41 Homem Ser Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 como um membro de qualquer sociedade não ter ou estar inserido em uma rede de sentidos e significados que chamamos de cultura afinal você é sujeito dela em qualquer um de seus aspectos e eles são muitos Pode ter certeza que todos nós somos portadores de cultura à medida que fomos socializados nos princípios mais gerais que nos tornam membros de um grupamento social Nenhuma pessoa é plenamente socializada em toda a cultura de sua sociedade Isso nos informa o quanto somos dependentes de outros sujeitos para vivermos em uma sociedade Nós compartilhamos alguns códigos simbólicos mas não todos os códigos afinal a vida social nas sociedades modernas é bastante complexa Tais códigos e sua interpretação permitemnos chegar a acordos razoáveis com outros sujei tos sobre o mundo e alguns de seus sentidos Há exemplos para isso que estamos falando Sim com certeza Por exemplo àquela partida de futebol que assisti mos pela televisão ou mesmo no estádio não se trata de um evento irracional absurdo e incompreensível para seus participantes ou para seus expectadores Pelo contrário assistir a uma partida de futebol pode nos fazer compreender um pouco ou muito do que pensamos ser e do que somos capazes de fazer quando o que está em disputa é muito mais do que uma simples vitória HOMEM SER CULTURAL E SOCIAL Antes do século XVIII o problema cultural coincidia fundamentalmente com o peda gógico Isto é até a chegada do período que conhecemos como iluminismo a cultura era concebida essencialmente como pai deia como formação da pessoa e não como estrutura fundamental da sociedade Nesse sentido o problema cultural era tratado como exclusivamente um problema antropológico como um problema da educação do homem ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Caroa alunoa a educação é uma exigência própria da natureza do homem porque ele nasce com ilimitadas capacidades de agir no entanto não tem a habi lidade necessária para realizar qualquer ação O homem deve pois aprender com o outro como exercer suas capacidades fundamentais tais como alimen tar caminhar falar ler escrever e trabalhar Nesse sentido poderíamos dizer que o fenômeno da educação é tipicamente humano Dado que somente o homem pode e deve educarse Assim comparativa mente com o mundo dos animais irracionais a estes é possível apenas adestrálos O animal é um ser já especializado desde seu nascimento um ser dotado ins titivamente de determinadas habilidades e somente destas Contrariamente o homem está inicialmente privado de qualquer especialização mas possui a capa cidade de adquirir por meio da educação da aprendizagem as especializações mais variadas Dada essa capacidade em especializarse mediante a educação o homem pode individualizarse tornarse um eu adquirir uma personalidade exclusivamente sua que está em contínua evolução e maturação Antes de prosseguir quero destacar aqui três pontos importantes da educa ção do homem o primeiro diz respeito ao pessoal a educação deve promover ao educando o conhecimento de si mesmo o conhecimento de suas habilidades para desenvolverse como indivíduo o segundo diz respeito ao social porque a educação envolve eminentemente uma relação interpessoal educador e edu cando o terceiro diz respeito à cultura propriamente dita uma vez que a educação deve transmitir à pessoa valores culturais elaborados pela humanidade ao logo de sua história no mundo Do ponto de vista da Antropologia e da Sociologia é a partir do conceito de cultura que podemos entender o homem como ser cultural e social inserido em uma comunidade sendo esta por sua vez dotada de cultura O homem inde pendentemente de sua base biológica acaba detendo um componente cultural e seu comportamento é essencialmente influenciado por ele Para entender esse homem há que se entender também suas interações seja com a natureza com os outros homens seja com o grupo a que pertence pois é o seu grupo quem dita as regras de convívio social Ao nascer o homem começa o seu processo de socialização ou seja a inte riorização dos elementos socioculturais que lhe permitem adaptarse à sociedade 43 Homem Ser Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 vencendo os obstáculos das situações novas e amadurecendo a sua maneira de ser e de estar no mundo O processo de socialização nesse sentido sedimenta no novo homem ou no homem novo os modelos de comportamentos anterior mente definidos e aceitos Se por um lado temos os indivíduos que aceitam a realidade como ela é e aprendem a conviver por outro temos os indivíduos inconformados e que não aceitam as regras como elas são não aceitam a vida como ela é e por isso tor namse objeto de crítica mas ainda assim revelamse a base da mudança social É esse tipo de minorias que resistindo à pressão social para o conformismo e obediência consegue estabelecer condições para o progresso na medida em que influencia para um lado ou para o outro grupos existentes em cada sociedade e assim o homem tornase um ser cultural e social É aprendendo e produzindo formas de viver e conviver que o ser humano incorpora reelabora e reflete a língua a culinária a estética a vestimenta as artes a forma de morar a religião dentre outras expressões culturais Com o pas sar dos anos porém acabamos escolhendo se aquela forma de vida é de fato a que queremos ou vamos viver de outra forma podendo até encabeçar um movi mento reconhecido como contracultura O que é contracultura Para entendermos o que é contracultura tomemos como exemplo a cultura gótica Segundo Ianni Os Emos gênero musical que se estabeleceu sob forte influência nor teamericana em meados de 2003 que influenciou a moda a música e o comportamento dos adolescentes Os adolescentes reconhecidos por cultivar a cultura da rebeldia da irreverência e indisciplina têm nos Emos pessoas com comportamento eminentemente emotivo e toleran A palavra pedagogia é de origem grega e significa arte de guiar a criança Modernamente nos referimos a essa palavra como sinônimo de ciência da educação shutterstock ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II te cujo visual consiste em geral em trajes pretos ou listrados tênis ca belos coloridos e franjas caídas sobre os olhos Por certo movimentos como esses são encontrados em várias partes do mundo e que não por isso deixam de ser julgados deixam de ser vistos sob a ótica do observador a partir dos valores do observador como um fenômeno estranho como algo que vai de encontro a sua cultura a sua forma de pensar de realizar de se portar A esse estranhamento a esse julga mento a Antropologia denomina etnocentrismo que nada mais é do que o ato de analisar o outro ou sua sociedade a partir dos meus valores e consequentemente de minha sociedade A Antropologia e a Sociologia procuram definir as várias relações que surgem na sociedade em meio às quais fica cada vez mais difícil e complicado determinar quem é quem e qual o seu papel dentro do todo social Assim buscar respostas para entendermos o que somos a partir da imagem refletida pelo outro é aten tar para o fato de que estamos situados na fronteira de vários mundos sociais e culturais ora fazendo ligações entre eles ora impedindo que o diferente se torne comum aos nossos olhos Pensar a relação indivíduo e sociedade em uma tribo indígena em um país miserável em um país subdesenvolvido ou mesmo em um país de primeiro mundo nos ajuda a alargar nossas possibilidades de sentir agir e refletir sobre o que afinal de contas nos torna seres singulares e humanos Entretanto não se pode negar que cada um desses recortes tem dentro de si suas particularidades seus diferenciais além do poder das circunstâncias Como a sociedade é composta de indivíduos necessário se faz centrarse no indivíduo E acredito que seria muito significativo tentar problematizar o papel do indivíduo restituindolhe seu caráter ativo mutável inconstante e de 45 Homem Ser Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 alteridade Levar em conta o vínculo existente entre as maneiras de sentir de se comportar de aceitar de negar de ver de ouvir é um exercício bastante perti nente principalmente se o que estiver em jogo for o entendimento da relação entre o indivíduo e a sociedade Diante da crescente industrialização e da consequente troca do homem pelas máquinas diante das exigências cada vez mais rígidas de aperfeiçoamento e especialização diante dos novos e disponíveis meios de comunicação das novas doenças sociais do baixo salário da carestia dos impostos por vezes abusivos das epidemias da liberdade sexual do uso abusivo das drogas enfim diante de tantos problemas sociais fica mais fácil conceber as formas de diferenciação social e suas implicações Não é verdade A procura do entendimento entre tais diferenciações e implicações faz ruir a barreira entre a Antropologia e a Sociologia Segundo Costa 2010 p 166 A Antropologia e a Sociologia procuram redefinir as múltiplas relações que emergem na sociedade em meio às quais fica cada vez mais difícil definir quem sou eu e quem é o outro o que é tradicional ou efetiva mente moderno aquilo que é globalizado e o que é regional De qualquer maneira perduram certas práticas de pesquisa mais próximas de uma ou de outra ciência Enquanto métodos de pesquisa de massa se desenvol vem na investigação das diferenças regionais entre fenômenos mundiais como desemprego e miséria as análises minuciosas da Antropologia procuram iden tificar nessa sociedade tecnológica e informacional os nichos de resistência e como sempre de manifestações de alteridade Mas como entender a análise sociológica e antropológica dos homens e da sociedade sem que se incorpore a história Do mesmo modo que não podemos nos esquecer das relações internacionais instauradas pelo capitalismo nem do pro cesso de colonização não podemos deixar de lado para as nossas análises a história de cada povo de cada nação de cada região de cada estado de cada município Não podemos esquecer que qualquer aspecto da realidade social tem suas especificidades e estas são frutos da história e das disparidades internas de cada nação que revelam por sua vez as diferentes formas seguidas pelas socieda des ao se implicarem no sistema capitalista Sem que as conheçamos fica quase impossível propor soluções eficientes propor melhorias substanciais ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Para se entender e propor soluções para um problema social é preciso conhecer as relações intersubjetivas ou de reciprocidade No seu já citado livro Ensaio sobre o dom Marcel Mauss estuda os dons e os contradons ou a troca de presentes e chega à conclusão de que nesses rituais de troca há uma natu reza voluntária porém obrigatória embasada nos princípios de dar receber e retribuir Por isso é preciso conhecer os diferentes graus de dependência entre indivíduos e grupos É preciso também entender quem domina e quem é subor dinado e só a história nos revela tais elementos O indivíduo dotado de liberdade vontade e motivação busca romper com os determinismos e causalidades e é assim que ele deve ser entendido em sua relação com a sociedade Mas para isso é preciso que se conheçam suas confi gurações e habitus ou seja o universo simbólico dos sujeitos envolvidos na ação social Em outras palavras para se entender a relação indivíduo e sociedade é preciso atentar para as marcas que a sociedade imprime nos sujeitos é preciso entender como determinada cultura é incorporada ou apropriada e reelaborada pelo indivíduo por meio das disposições para sentir pensar e agir Por cultura entendemos nossa forma de pensar agir se expressar o nosso repertório gastronômico e artístico dentre outros elementos que se revelam no nosso cotidiano e que se tornam característicos de nosso tempo e do nosso espaço Não fosse a cultura dos nossos antepassados não teríamos as feições que temos não seríamos como somos pois o que somos é resultado sobretudo das formas de viver dos que nos antecedem na escala da vida Não nos perguntamos a toda hora por que somos de um jeito e não de outro não vivemos nos pergun tando por que nos vestimos de um modo e os indianos de outro e por certo achamos muito estranho que os japoneses comam cachorro e não caranguejo ou paca ou cutia como muitos de nós sabe por quê Porque somos diferentes fomos colonizados de modo diferente temos climas diferentes temos recursos diferentes e consequentemente temos culturas diferentes e isso não é demé rito nenhum muito pelo contrário essa diversidade é o que dá identidade a um povo é o que o faz singular o que o faz detentor de um rol de ideias e de práti cas que conjugam os indivíduos que os compõem Para o sociólogo Karl Mannheim 2012 o indivíduo tem a capacidade de compor sua identidade pela junção entre o que lhe é próprio inato e aquilo que shutterstock 47 Identidade Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 a interação social com outros indivíduos proporciona É assim segundo ele que construímos nossa identidade É verdade que ela pode ser individual ou cole tiva mas seja qual for a identidade é aquilo que nos caracteriza e que nos faz ser reconhecido Já deve ter se perguntado se eu tivesse nascido em outro país ou mesmo em outra família como seria Será que teria os mesmos valores o mesmo senso crítico os mesmos gostos as mesmas ideias a mesma escolha de profissão Ou será que somos determinados geneticamente Tais perguntas podem não ter respostas certas mas podemos baseandonos na experiência sensível vislum brar algumas respostas que recairiam no que Mannheim 1950 p 20 afirmou pertencemos a um grupo não apenas porque nascemos nele nem porque professamos pertencer a ele nem finalmente porque lhe ofere cemos nossa lealdade e lhe prestamos nosso preito de fidelidade mas primeiramente porque vemos o mundo e certas coisas do mundo da mesma maneira pela qual eles os veem isso é em função das signifi cações do grupo em apreço Cada conceito cada significado concreto é resultante das experiências de um determinado grupo Em qualquer definição todo conteúdo substancial toda avaliação não mais susce tível de merecer um consenso sofre uma reinterpretação em termos funcionais IDENTIDADE CULTURAL E SOCIAL A discussão a respeito do tema Identidade começou a ser central no campo de estudos das ciências humanas a partir dos anos de 1970 No campo da administração a dis cussão e a problematização acerca da identidade de sua construção manu tenção e reprodução assim como dos processos de identificação adquirem ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II centralidade à medida que diante do processo de globalização passase a dis cutir cada vez mais a influência do choque entre culturas distintas no processo de trabalho de produção e de controle da mão de obra no interior das organi zações A identidade seja ela social pessoal ou cultural é sempre uma relação social construída com outros jamais algo ou alguma coisa com a qual nasce mos ou herdamos por meio de nossos genes Identidade portanto nada tem a ver com os genes que herdamos a identidade é definida historicamente e não biologicamente Com essas primeiras palavras queremos logo deixar claro que a noção de identidade implica em algum tipo de montagem social e simbólica Nesse sen tido discutimos a ideia de que o homem é sempre um ser social em construção um ser social em constante devir ou vir a ser ele é sempre uma possibilidade dentre muitas que coabitam nesse mundo Na casa na rua ou no trabalho na faculdade na família na igreja ou no bairro estamos sempre nos perguntando sobre quem somos nós ou quem sou eu Imaginome pertencendo a um grupo social ligado à minha profissão sou morador de uma cidade que está localizada em um estado e que faz parte de um país de uma nação Ao mesmo tempo per tenço a uma determinada classe social tenho uma renda X moro em uma parte da cidade diferente de outras regiões frequento uma igreja e me incluo assim em uma religião específica ao mesmo tempo sou filiado a um partido político e a um sindicato Enfim são muitos os componentes de um sistema social e as possibilidades de vinculação do sujeito a um desses subsistemas Parece que não há quem não tenha se deparado com a ideia de uma crise de identidade A identidade em linhas gerais operaria como um mapa ou guia na estrutura de posições do sistema social sem ela não poderíamos nos localizar nem sermos localizados na estrutura de posições do sistema social Ao mesmo tempo sem identidade não poderíamos nos diferenciar dos demais sujeitos de nossa própria sociedade ou de grupos sociais em seu interior assim como aqueles localizados em seu exterior Dessa maneira identidade é fundamental para que eu me per ceba em contraste com aquele que é diferente de mim Prezadoa alunoa como já falamos nesta unidade a identidade não é uma coisa é uma relação Não nascemos com uma identidade pronta acabada e definitiva Lenta e gradualmente nossa identidade pessoal social e cultural 49 Identidade Cultural e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 vai sendo constituída pela sociedade em que nascemos Isso não é uma tarefa fácil pelo contrário Ela implica em tensões problemas ambiguidades dúvidas e incertezas que se inserem na vida de todos nós A identidade é vale repetir uma relação social Isso jamais pode ser esquecido Ela é uma construção social dos sujeitos que habitam um território e que compartilham de uma cultura em comum ainda que haja disputas tensões e contradições sobre os valores comuns que compartilhamos Ela somente pode ser pensada quando pessoas e sujeitos sociais interagem uns com os outros às vezes contra ou a favor dos outros a fim de sustentar ideias representações ações gestos e memórias A identidade é construída como relação social quando uma espécie de ten são entre a semelhança e a diferença está em jogo Diferença e semelhança são fundamentais à construção da identidade A diferença cultural é fundamental à construção da identidade É somente quando me vejo diferente do outro que tenho consciência da alteridade e que sou identificado como sendo diferente dele é assim que posso me identificar com aqueles os quais julgo como meus semelhantes Ao estarmos incluídos em um grupo logicamente ao mesmo tempo nos excluímos de outro Assim a inclusão só existe concomitantemente com a exclu são São dois lados da mesma moeda Somos brasileiros em oposição a argentinos americanos franceses etc da mesma forma que argentinos se veem em oposição a brasileiros ingleses e franceses e assim por diante Dessa forma a identidade ou identificação como preferem alguns como processo de inclusãoexclusão nos informa sobre uma relação entre minimamente dois grupos pessoas empresas países que se veem de forma distinta e que se reconhecem na relação como tais Instituições grupos espaços ou termos sociais aos quais nos vinculamos são fundamentais à constituição da pessoa social é por meio dela que qualquer homem se percebe como pertencendo a algum grupo sociedade cultura ou território Sentirse parte do grupo de uma comunidade de uma sociedade e de uma cultura sentirse integrado a outros sujeitos que compartilham de uma mesma herança cultural de um mesmo código simbólico das mesmas ideias eis o quanto é fundamental a identidade para qualquer pessoa Ser brasileiro mineiro casado ou solteiro negro ou branco profissional liberal ou funcionário público desempregado ou aposentado hetero ou homossexual nos informa o ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II quanto a identidade pode ser construída por meio das mais diferentes vincula ções O que isso significa e o que tem a ver com identidade Muita coisa pode acreditar Pois estamos falando de como e por meio de quais mecanismos o indi víduo biológico unidade da espécie humana é investido de um papel social e do status correspondente no interior de um grupo social que com outros esta belece oposição Hoje muitas pessoas se perguntam quem são no que estão se tornando no que deixaram de ser ou no que gostariam de se tornar ou de ser Quem nunca se perguntou o que estarei fazendo daqui dez anos pelo menos Muitas vezes construímos nossa identidade ocultando uma determinada vinculação por exem plo basta pensarmos nos sentimentos de vergonha e humilhação quando somos identificados como brasileiros e associados à corrupção injustiça e pobreza de nosso povo ou de alegria e profundo orgulho quando vencemos no futebol ou somos elogiados por nossas belezas naturais e culturais Muitas pessoas pensam que estão a pensar quando estão apenas a re arrumar os seus preconceitos William James Ao filósofo Hobbes está associada esta máxima homo lupus hominis o homem é o lobo do homem O que você pensa a respeito 51 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Antropologia Cultural analisa a essência humana e o que determinados grupos sociais criam historicamente Entendemos que o homem é ser social portanto ele aprende sempre com outros indivíduos assim o ser humano ao utilizar suas inúmeras habilidades e competências perscruta a sua realidade e tenta explicála ao outro o que o caracteriza como um ser que gosta de socializarse Nossos hábitos são essencialmente humanos porque fomos inseridos em um grupo social e aprendemos a reconhecer determinados símbolos expressar os nossos sentimentos como chorar rir etc O que distingue os homens dos ani mais é a nossa capacidade de pensar e utilizar a nossa inteligência para sanar as nossas vicissitudes por meio do trabalho que transforma o meio em que vive mos Somos capazes de mudar o curso de um rio construir prédios e casas para nos abrigar e proteger nossos familiares Há algum tempo dispomos de muitas formas de reconstruir ou reconfigurar nossa identidade mas essa flexibilidade ou abertura ampliada da construção da identidade nem sempre foi assim tão flexível Houve momentos na história do homem e eles formam a grande parte dessa história que a identidade que nos era atribuída nos acompanhava até o fim de nossas vidas Queremos deixar claro mais uma vez que a noção de identidade implica em algum tipo de montagem social e simbólica Nesse sentido discutimos a ideia de que o homem é sempre um ser social em construção um ser social em constante devir ou vir a ser ele é sempre uma possibilidade dentre muitas que coabitam nesse mundo Na casa na rua ou no trabalho na faculdade na família na igreja ou no bairro estamos sempre nos perguntando sobre quem somos nós ou quem sou eu 1 O que é cultura 2 O que é identidade cultural 3 Uma pessoa grupo ou mesmo uma sociedade inteira pode ser desprovida de cultura 53 Maria Araújo a mulher trans que passou na UFPE MULHER TRANSEXUAL NEGRA E DE INFÂNCIA POBRE MARIA CLARA ARAÚJO CAUSOU COMOÇÃO AO SER APROVADA Aos 18 anos Maria Clara Araújo já se tor nou um símbolo da luta pelos direitos das transexuais Aprovada pelo Sisu para cur sar Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco a jovem de Recife comemora o fato de ser mais uma transexual matricu lada em uma universidade pública Passada a euforia no entanto um percalço na hora da matrícula mesmo tendo encaminhado os papéis para adequar seus documen tos com seu nome social precisou fazer a matrícula com o seu nome civil aquele que recebeu ao nascer e que não corresponde ao seu gênero Leia a matéria na íntegra no site httpwwwcartacapitalcombrsociedadeconhecama riaclaraaraujoatransexualquepassounauniversidadepublica6544html Acesso em 26 fev 2015 AMALA E KAMALA AS MENINASLOBO Na Índia onde os casos de meninoslobo foram relativamente numerosos desco briramse em 1920 duas crianças Amala e Kamala vivendo no meio de uma família de lobos A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde Kamala de oito anos de idade viveu até 1929 Não tinham nada de humano e seu comporta mento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos Elas caminhavam de quatro apoiandose sobre os joelhos e coto velos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápi dos Eram incapazes de permanecer em pé Só se alimentavam de carne crua ou podre Comiam e bebiam como os animais lan çando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos Na instituição onde foram recolhidas passavam o dia acabrunhadas e prostradas em uma sombra Eram ativas e ruidosas durante a noite procurando fugir e uivando como lobos Nunca choravam ou riam Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu humanizandose lentamente Necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer tinha um vocabulário de apenas cinquenta pala vras Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou len tamente às pessoas que cuidaram dela bem como às outras com as quais conviveu Sua inteligência permitiulhe comunicarse por gestos inicialmente e depois por palavras de um vocabulário rudimentar aprendendo a executar ordens simples Fonte Martins e Aranha 1993 ANÁLISE ANTROPOLÓGICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Raça Humana Gênero Documentário Tempo de Duração 42 min Ano 2009 Sinopse O país do orgulho da miscigenação apregoado por Gilberto Freire e Darcy Ribeiro se deparou há alguns anos com uma questão espinhosa a adoção de cotas raciais nas universidades Se falar de racismo no Brasil já era tabu falar de cotas então se transformou em um daqueles temas sobre os quais é melhor nem iniciar conversa A menos que estejamos em um grupo onde todos são favoráveis ou todos contrários Aí sim dá para desabafar os inconformismos de um lado e de outro Tabu Fanatismo Gênero Documentário Tempo de Duração 4537 min Ano 2014 Sinopse Uma mulher abre mão de se casar e ter fi lhos para se dedicar de corpo e alma ao seu time de futebol Um professor de inglês afi rma ser a reencarnação de seres de outro planeta e ter conexão com extraterrestres A Outra História Americana Gênero Drama Tempo de Duração 1h59m Ano 1999 Sinopse Derek Edward Norton busca vazão para suas agruras tornandose líder de uma gangue de racistas A violência o leva a um assassinato e ele é condenado pelo crime Três anos mais tarde ele sai da prisão e tem que convencer seu irmão Edward Furlong que está prestes a assumir a liderança do grupo a não trilhar o mesmo caminho Sinopse Derek Edward Norton busca vazão para suas agruras tornandose líder de uma gangue de racistas A violência o UNIDADE III Professor Me Wanderly Alves de Sousa O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Objetivos de Aprendizagem Apresentar a natureza social do homem Averiguar o nascimento da organização social Demonstrar o fundamento da organização política Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Fundamentos da sociabilidade do homem Organização social Organização política INTRODUÇÃO Aristóteles em sua obra A Política 1998 p137 expõe o que ele entendeu a respeito da origem e a finalidade da polis que modernamente chamamos de Estado guardadas as devidas diferenças O filósofo grego partiu de uma consi deração que lhe é peculiar a natureza deu aos homens a vida em função da vida eles têm o dever bem como o fim principal de encontrar meios para conservála Naturalmente inclinados para viverem juntos os homens estabeleceram entre si uma natural sociedade Dado que querem viver juntos eles não estão destinados a satisfazerem apenas suas necessidades fundamentais para conserva ção da vida há que se considerar algo a mais os homens são por natureza seres inclinados a viverem em sociedade mais do que isso são por natureza seres polí ticos De modo que para Aristóteles como veremos todas as sociedades têm como meta alguma vantagem e a principal sociedade que contém em si todas as outras vantagens propondose à maior possível 1998 p 2 o autor a denomina de polis Ela é o lugar em que os homens deliberam acerca de ques tões políticas nela há igualdade de direito uma vez que ali é o lugar de homens livres Ainda que falando rapidamente há em Aristóteles uma dupla definição do homem ele concebe o homem como nos diz Arendt 2005 p49 um zôon politikón e um zôon lógon ékhon isto é o filosofo grego concebe o homem como um ser que atinge sua possibilidade máxima na faculdade do discurso e na vida em uma polis Passaremos a expor mesmo que brevemente a origem e o fun damento da sociedade humana FUNDAMENTOS DA SOCIABILIDADE DO HOMEM Aristóteles 1998 p1 argumenta que a natural associação dos homens tem como fim formar a sociedade política esta é o primeiro objeto a que se propôs a natu reza Eis sua afirmação lapidar o todo existe necessariamente antes das partes ARISTÓTELES 1998 p 5 Ora as partes são a família a aldeia e a cidade 57 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III A primeira sociedade natural é a família pequena comunidade que se forma da dupla reunião do homem e da mulher unidade familiar do senhor e do escravo lar como um todo Vale ressaltar aqui que Aristóteles toma o escravo como parte integrante que compõe a família porque ele compreende que a escra vidão seja uma condição natural como veremos em Agostinho a escravidão não é uma condição natural mas resultado do pecado Para afirmar o caráter natural da escravidão Aristóteles 1991 parte da seguinte premissa o homem que não pertence a si mesmo é escravo por natureza Com esta afirmação Aristóteles não quer dizer outra coisa senão que o homem dotado de sabedoria prática modo de vida por excelência no âmbito polí tico deve dominar aqueles que não a possuem A analogia que melhor exprime essa ideia é visível na relação entre alma e corpo Para o autor a alma por natu reza exerce domínio sobre o corpo a primeira comanda e o segundo obedece de modo que o corpo serve naturalmente a alma Dessa analogia Aristóteles retira a ideia de que a autoridade do senhor sobre o escravo segue a hierarquia de comando tal como existe entre alma e o corpo O escravo como instrumento e propriedade do senhor é usado para atingir os seus objetivos racionais Dado que o senhor é dotado de sabedoria prática segue se que todos os que não têm nada melhor para oferecer do que o uso de seus corpos e de seus membros é condenado pela natureza à escravidão 1998 p13 Para Aristóteles 1998 p13 não é apenas necessário mas também vantajoso que haja mando por um lado e obediência por outro Na família em particular e na casa em geral há uma hierarquia natural em que o pai da família exerce sua auto ridade porque é dotado de sabedoria prática Aristóteles argumentará em favor de uma hierarquia das virtudes entre os membros da família ou seja a virtude presente no homem não é encontrada no mesmo grau na mulher no filho e no escravo Dessa primeira sociedade natural seguese a forma ção da aldeia lugar de satisfação das shutterstock 59 Organização Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 necessidades para manutenção da vida Das várias aldeias surge a cidade Essa é a comunidade perfeitamente suficiente não só porque foi organizada para con servar a existência dos homens na vida mas porque também ela ocupase com o bem viver Para Aristóteles a natureza de cada coisa é precisamente seu fim Ora ele compreende que sociedade doméstica a família e a aldeia não tem um fim em si mesma seu desenvolvimento tende naturalmente para a formação da socie dade política pois a casa e a aldeia são associações incompletas que só encontram plenitude na polis A polis é o bem e a plena realização da natureza humana A família é o núcleo primeiro que compõe a sociedade ORGANIZAÇÃO SOCIAL A polis é o bem e a plena realização da natureza ela existe necessariamente antes das partes por isso é pre ciso ter em vista que Aristóteles argumenta do ponto de vista da finalidade da natureza Nesse sen tido o argumento do autor visa demonstrar que a finalidade da natureza humana tende a formar a sociedade política de tal modo que Aristóteles não deixará de afirmar que o homem é um animal polí tico É natural pois que o homem encontre sua plena realização na polis Este é o espaço em que o cidadão o homem dotado de sabedoria prática delibera acerca do que é o justo o útil e o nocivo para sociedade A ele é dado o direito de voto nas Assembleias e o direito de participar no exercício do poder público em sua pátria O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Disso seguese que a justiça política será encontrada entre homens que vivem em comum tendo em vista a autossuficiência isto é entre os homens que são livres e iguais na pólis De modo que para Aristóteles 1998 1318 a mulher as crianças e o escravo estão subjugados não à justiça política mas a um tipo de justiça doméstica conforme a natureza Segundo Aristóteles a justiça do senhor e a do pai de família não é a mesma que a justiça dos cidadãos 1998 p 1314 Ora Aristóteles 1998 argumenta que 1 Não pode haver justiça em relação às coisas que nos pertencem Com isto Aristóteles quer dizer que o filho e o escravo até atingirem certa idade e tornaremse independentes são uma parte do senhor da casa Além do mais na ordem natural isto é no convívio familiar o que se observa é uma hierarquia que aponta para uma natural diferença o homem está acima da mulher o mais velho está acima do mais jovem e o senhor manda no escravo 2 A justiça política existe apenas entre homens cujas relações mútuas são governadas pela lei ou seja no âmbito da polis não há distinção de natu reza muito menos hierarquia natural Ora se a ordem política é o espaço de absoluta igualdade é preciso então esta belecer a justiça legal como critério de distinção entre os homens livres iguais De modo que Aristóteles passa a denominar de justiça legal aquela que existe para estabelecer a distinção entre o justo e o injusto Seguindo Aristóteles é preciso dizer que os homens não são iguais por natu reza pelo contrário com a instituição da ordem política todos os homens livres são considerados iguais pois na ordem política a hierarquia natural desapa rece tal como existe na ordem doméstica No livro V da Ética a Nicômaco Aristóteles 1991 p8198 trata da justiça Ele parte da análise da linguagem comum dos usos e costumes praticados no interior da vida social para retirar daí a noção de justiça Aristóteles dedicase portanto a descrever comportamentos maneiras habituais de agir o caráter do homem prudente do homem temperante do bom amigo ou do homem justo as virtudes e os vícios que lhes correspondem como a virtude da justiça e de seu contrário a injustiça shutterstock 61 Organização Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Aristóteles caracteriza o homem justo como aquele que não toma mais do que sua parte dos bens exteriores compartilhados em um grupo social São suas essas palavras justiça é aquilo em virtude do qual se diz que o homem justo pra tica por escolha própria o que é justo e que distribui seja entre si mesmo e um outro seja entre dois outros não de maneira a dar mais do que convém a si mesmo e menos ao seu próximo e inversamente no relativo ao que não convém mas de maneira a dar o que é igual de acordo com a proporção e da mesma forma quando se trata de distri buir entre duas pessoas ARISTÓTELES 1991 p89 Por conseguinte a justiça legal referese àquela parte da justiça geral que cons titui no interior da polis a boa repartição dos bens exteriores assim essa justiça será uma virtude puramente política e visa sobretudo que se realize em uma comunidade social a justa divisão dos bens e dos encargos ORGANIZAÇÃO POLÍTICA O orador romano Marco Túlio Cícero 1973 p 147 ao fazer ressoar as teses de Aristóteles a respeito da formação social entre os homens nos informa que nada se diz de são e honesto entre os filósofos que não tenha sido confirmado antes pelo povo populus por conseguinte é o povo que confirma o direito ius da República É o povo que segundo os costumes confirma com leis a formação do Estado Daí deriva então a piedade a religião o direito das gentes a justiça a fé a equidade o pudor a contingência o horror ao que é infame e o amor ao que é louvável e honesto O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Na concepção de Cícero 1973 p 148149 a existência do povo não só con firma o direito da res publica coisa pública como também precede a própria existência da cidade pois sem a reunião dos homens as cidades não seriam edificadas e habitadas Mas uma vez que se estabeleceram não só foram insti tuídas as leis e os costumes como também a distribuição equitativa do Direito e a correta disciplina do viver eis a civitas Por isso fazse necessário explicar clara mente os conceitos de res publica e populus Isso Cícero passará a expor dizendo que a República é coisa do povo considerando como tal não todos os homens de qualquer modo congregados mas a reunião que tem seu fundamento no con sentimento jurídico iuris consensus e na utilidade comum communio utilitatis De acordo com essa definição a res publica é considerada como massa de homens de interesse comum unida por um vínculo jurídico O que dá pois a forma à massa é o direito iuris universum reconhecido por todos e a todos no qual mantém na comunidade o bem que pertence a todos a coisa pública res publica Só assim esta massa de homens podese dizer é uma sociedade Consequentemente a multidão de homens se constitui um povo porque se encon tra diretamente regida por um princípio unificador que é o Direito Natural este se constitui em Cícero o fundamento da res publica O Direito Natural a que Cícero se refere é ricamente tratado em sua obra intitulada Das leis O iuris consensus designa o assentimento recíproco e espontâneo dos homens a reuni remse em grupos particulares sob uma regra de justiça que garanta a todos a proteção de seus interesses infundindo em cada um o mesmo respeito para com os outros e a colaboração nos interesses da sociedade Disso resulta a von tade comum uma vez que é natural que provém da justiça natural fora da qual não existe ou deixa de existir o povo Com isso concluise que a forma ção da sociedade política implica três condições que seja composta por uma multidão de homens coetus multitudinis que eles estejam associados por uma legislação comum juris consensu ou como diz Agostinho que os homens sejam associados por direitos reconhecidos por todos e que sejam uma comunidade de interesses comuns utilitatis communione sociatus O direito natural a serviço de todos é o que torna possível um agregado natural de homens converterse em povo e a partir disso se pode falar em res púbica Logo res publica não se refere a uma concreta forma de governo que se 63 Organização Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 contrapõe a outra forma de governar como por exemplo a monarquia por este termo devese entender o governo público Assim a república como é apre sentada por Cícero consiste naquele governo que afeta o povo um governo que tem o povo como objeto daí dizerse que a república é coisa res do povo populus Cada povo pode servirse de comum acordo da res publica pois esta disponibilidade desse direito é precisamente a utilitas que designa aquilo que deve ser usado em comum por todos A república nasce não de uma carência dos homens mas de certa propen são natural da espécie humana para a sociabilidade que é sem dúvida anterior às leis lege e aos costumes Podese dizer que a primeira causa da reunião dos homens é o instinto de sociabilidade que é inato a todos Na modernidade sabemos que o primeiro autor a dedicarse à teoria do Estado no sentido moderno foi Maquiavel 14691527 Em 1513 ao escrever sua famosa obra intitulada de O Príncipe Maquiavel estudou as formas de poder e os tipos de governo monarquia e república Ao analisálos ele estabeleceu pas sos que deveriam ser seguidos por um governante para que tenha sucesso em seu governo Nesse período o que hoje denominamos de Estado fora concebido como conjunto de instituições cujo objetivo era o de regular a vida social Tais instituições tinham no comando reis cujo poder era considerado divino uma vez que segundo as doutrinas cesaropapistas bizantinas o rei ocupava esse lugar de poder por vontade de Deus recebendo da Igreja Católica a devida legitimação para ocupar o poder Assim tanto na França quanto na Inglaterra guardadas as devidas diferenças entre catolicismo de uma e protestantismo de outra o direito de governar era emanado por Deus Ainda que resumidamente nesse sentido podemos dizer isto a lei e o direito são também de origem divina uma vez que o próprio poder do Estado originase de uma fonte não natural Com efeito ainda no período em que antecede as teses sobre o Estado que saem das penas de Maquiavel a lei tem origem divina é uma emanação da Divindade que pode ser inclusive demasiadamente boa para os maus e não merecedores O mesmo se dá com o direito ius Ele pode ser demasiado bom para aqueles que se encontram debaixo do governo Divino Ainda que não com preendamos como isso funciona para um medieval cuja tendência no âmbito jurídico é a de tratar de ajustar as realidades terrenas a um esquema universal de shutterstock O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III perfeita bondade isso é perfeitamente compreensível A ordem social do ponto de vista teórico nesse período é essencialmente estática aceitase ou rebatese não podendo ser melhorada A única maneira como o homem pode cooperar para a finalidade cósmica universal é submetendose à lei moral com isso ele imediatamente se con forma com a lei eterna lex aeterna Essa lei é a mente Divina ou Razão Suprema governando o universo a lei natural é um reflexo na natureza das criaturas dos homens da lei eterna que o homem interpreta e aplica mediante a lei positiva Para esta construção jurídica não existe a possibilidade de um conflito entre as leis a lei de ordem natural não se confunde com a lei de ordem sobrenatural Para um medieval em verdade a lei natural nada mais é do que a participação da criatura racional na luz eterna A lei da razão natural que nos permite dis cernir o bem e o mal nada mais é que a marca indelével da luz Divina em nós mesmos Assim só há conflito entre essas ordens se elas forem confundidas como no caso da luta entre Sacerdotum e Imperium ocorrido no fim do perí odo medieval e início do período moderno O conceito de Estado Natural caracterizado pela inexistência de controle e onde os indivíduos agiam baseandose apenas em sua consciência e em seu poder é a base a partir da qual podemos entender a formação do Estado Moderno Este por sua vez nasce da necessidade que os indivíduos têm de um governante e de um regime político em detrimento de sua pretensa liberdade e assim por diante como veremos O Estado por meio da polícia é a única institui ção que pode fazer uso da força legitimamente Max Weber 1991 ao estudar a autoridade dos governan tes identificou três tipos a saber a tradicional a caris mática e a racionallegal A primeira explica a autoridade de determinado governante 65 Organização Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 por acreditar que como sempre foi assim seu poder é legitimo A autoridade carismática por sua vez é compreendida quando se leva em consideração que o líder é virtuoso especial um verdadeiro herói Já com relação à autoridade racionallegal ela pode ser entendida quando o governante assume o poder de forma legal e suas ações e atos são tomados a partir de um conjunto de leis espe cíficas Costa 2010 p54 Apesar de outros teóricos também terem se dedicado à temática do Estado e do governo o que se pode entender é que o Estado hoje é concebido como expressão da vontade coletiva como produto da razão humana Na visão de Kant ao saírem do estado de natureza para o de associação os indivíduos se subme teram a uma limitação externa o que fez surgir a autoridade civil e o Estado Se levarmos em consideração que o ser humano além do biológico é cultural e social e que por isso precisa de seus semelhantes para criar produzir trocar enfim viver entenderemos a necessidade da família como primeiro conglome rado para guiar os indivíduos As famílias por sua vez para sobreviverem para se prolongarem acabam por compor agrupamentos contínuos que chegaram a ideia de Estadonação cujas bases foram determinadas pela Ordem de Westfália em 1648 e que tem como objetivo regimentar e regular a vida em sociedade A prevalência estatal é de suma importância para as sociedades pois despótica ou não ela evita o caos estabelecido pela falta de regras A Paz de Westfália ou Tratados de Munster e Osnabruck nomeia uma série de tratados que puseram fim a guerras como a Guerra dos Trinta Anos e tam bém reconheceram oficialmente as Províncias Unidas e a Confederação Suíça dando início ao moderno Sistema de Relações Internacionais acatando consen sualmente as noções e os princípios de soberania estatal e o de Estadonação Com uma série de prescrições jurídicas e sociais que regulam a vida em Sociedade o Estado evita a degeneração social Na prática isso ocorre com o estabelecimento dos poderes que podem ser identificados em países republica nos como o Brasil são eles o legislativo o judiciário e o executivo 1 O poder legislativo está na esfera do municipal vereadores estadual deputados estaduais e federal deputados federais e senadores e é o responsável pela criação de leis que favoreçam a população O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III 2 O poder executivo por sua vez também está nos âmbitos municipal prefeito e secretariado estadual governador e secretariado e federal presidente e ministros e é o responsável pelo cumprimento das leis representadas principalmente pela constituição federal 3 O poder judiciário Este é responsável pelo julgamento de casos que por algum motivo remetem à injustiça social e que tem nos membros desse poder a esperança de justiça Composto pelo 01 Supremo Tribunal Federal responsável pela interpretação e aplicação da constituição 02 Superior Tribunal de Justiça responsável pela uniformidade da lei em todos os estados bem como dos casos infraconstitucionais 03 Justiça federal responsável pelas causas indígenas e pelos casos que envolvem a união autarquias e empresas públicas federais O judiciário ainda conta com sua esfera estadual composta pelos tribunais de justiça e juízes de direito em fóruns que procuram resolver as questões de incons titucionalidade e atos normativos no âmbito estadual sem contar com a Justiça do Trabalho responsável pelas questões trabalhistas Justiça eleitoral que tem seus tribunais regionais e seu tribunal superior eleitoral e é responsável pelo encami nhamento coordenação e fiscalização das eleições e do processo de formação e registro dos partidos políticos além da Justiça Militar constituída pelo Superior Tribunal Militar STM juízes e tribunais militares e os Conselhos de Justiça Militar sendo este responsável pelo processo e julgamento de crimes militares A violência é tradicionalmente a última ratio nas relações entre nações e das ações domésticas a mais vergonhosa sendo considerada sempre a ca racterística saliente da tirania ARANT 2005 p 49 67 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS De maneira geral podemos dizer que Aristóteles compreendeu que sociedade doméstica a família e a aldeia não tem um fim em si mesma seu desenvolvi mento tende naturalmente para a formação da sociedade política pois a casa e a aldeia são associações incompletas que só encontram plenitude na polis Sendo assim a polis é o bem e a plena realização da natureza humana e a família é o núcleo primeiro que compõe a sociedade Parece ser clara a tradição grega que sem ordem social seria impossível a formação do Estado e sem este não pode ríamos falar em justiça uma vez que justiça é atribuir a cada um aquilo que lhe é devido dentro da sociedade Assim uma sociedade sem Estado ou seja hori zontalizada sem hierarquias não só é utópica tal como Marx a desejava como é quase impossível de ser implementada nos dias de hoje onde predomina o capi talismo caracterizado por ser um sistema sociopolítico e econômico centrado na propriedade privada Com efeito sistemas políticos do tipo comunismo e mesmo anarquismo se revelam cada vez mais impossíveis de serem implantados dada a realidade da globalização mundial Lembramonos de países fundamentalmente socialistas como o caso de Cuba de Fidel Castro em que suas ideologias ao vigorarem acabaram por desfazer a composição da ideia de Estado tal como a concebemos por tradição histórica o que conduziu a reconhecêlo como dita dor Mas poderíamos legitimamente nos questionar se o melhor sistema é o capitalismo Poderíamos responder que a pergunta não é trivial e muito menos a resposta pois esta vai muito além de uma resposta pragmática A razão da não trivialidade repousa no fato de que a resposta exige reflexão rigorosa uma vez que ela está no campo das ideias e do dever ser Isso é parece evidente que o capita lismo está muito longe de ser um sistema ideal porque não é imperceptível os vários casos em que vigoram as injustiças os antagonismos e as desesperanças semeadas por esse sistema para aqueles que pensam a necessidade de constru ção de um sistema mais adequado 1 O que é justiça Comente 2 A polis é o bem e a plena realização da natureza Comente essa frase a partir da concepção de Aristóteles a respeito da política 3 Max Weber ao estudar a autoridade dos governantes identificou três tipos de governantes quais são eles 69 Você provavelmente já leu sobre ou ouviu a expressão Novos Arranjos Familiares mas afinal você sabe o que isso significa O artigo intitulado A escola e os arranjos familiares trata de um estudo que apresenta a transformação do modo tradicional de família patriarcal Segundo o autor novas mo dalidades de famílias surgiram atualmente no cenário social que optaram por estabe lecerem laços familiares livremente sem o estabelecimento de vinculação cível ou reli giosa O autor identificou a formação de famílias monoparentais que são tipo de família formada ao menos por dois parentes integrais seja mãe e filho seja pais e filhos seja avós e neto Esse tipo de formação familiar não decorre exclusivamente de casamento tradicional homem e mulher Essa nova realidade constatada pelo pesquisador possibi lita como resultado desse novo fenômeno social o surgimento de famílias formadas por casais homossexuais os quais vêm ganhando cada dia mais o direito e a capacidade de formarem famílias de criar educar proteger e amar uma criança como qualquer família tradicional Isso também acaba que estabelecendo novo arranjo no modo como a edu cação infantil deve ser conduzida a fim de levar a bom termo o processo educativo da criança diante das mudanças sociais Nesse sentido tratase de averiguar como o edu cador enfrenta a questão do ato educativo diante dessa nova composição familiar Qual deve ser a atitude do educador e da sociedade diante de datas festivas como dia das mães e dia dos pais frente a famílias constituídas com dois pais ou duas mães Diante de uma transformação tão profunda um princípio deve ser cada vez mais afirmado iguais e diferentes vivem juntos daí a necessidade precípua de respeito mútuo Leia o artigo na íntegra no site dispoível em httpswwwpuccampinasedubrrep posdocentesproducaocientificaAPAdolfoAescolaeosnovosarranjosfamiliares pdf Acesso em 27 fev 2015 MATERIAL COMPLEMENTAR 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Gênero Drama Tempo de Duração 2h13 min Ano 2014 Direção Steve McQueen II Sinopse Solomon Northup Chiwetel Ejiofor é um escravo liberto que vive em paz ao lado da esposa e fi lhos Um dia após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade ele é sequestrado e acorrentado Vendido como se fosse um escravo Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores Ford Benedict Cumberbatch e Edwin Epps Michael Fassbender que cada um à sua maneira exploram seus serviços Cidade de Deus Gênero Drama Tempo de Duração 2h10min Ano 2002 Direção Fernando Meirelles Sinopse Buscapé Alexandre Rodrigues é um jovem pobre negro e muito sensível que cresce em um universo de muita violência Buscapé vive na Cidade de Deus favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo o qual permite que siga carreira na profi ssão É por meio de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia a dia da favela onde vive onde a violência aparenta ser infi nita LIXO ESTRAORDINÁRIO Gênero Documentário Tempo de Duração 1h39 min Ano 2011 Direção Lucy Walker Sinopse Uma análise sobre o trabalho do artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho localizado na cidade de Duque de Caxias RJ que é um dos maiores aterros sanitários do mundo UNIDADE IV Professor Me Wanderly Alves de Sousa A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA NA CONTEMPORANEIDADE MUNDIAL E BRASILEIRA Objetivos de Aprendizagem Apresentar os desafios teóricos para antropologia e sociologia Discutir a respeito dos desafios metodológicos para antropologia e sociologia Apontar os problemas de um mundo cada vez mais globalizado e tecnológico Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Era da globalização Globalização enigmas históricos e teóricos Realidade social antropológica e seus desafios teóricos contemporâneos INTRODUÇÃO O que é globalização Globalização parece compreender um processo histó ricosocial que transforma inevitavelmente os padrões da sociedade atual e seus modelos mentais de referência de indivíduos e coletividade com os quais estamos acostumados A globalização rompe e recria o mapa do mundo inau gura diversos processos outras estruturas e outras formas de sociabilidade as quais se articulam e se impõem aos povos tribos nações e nacionalidades A Antropologia e a Sociologia concebem a contemporaneidade mundial e brasi leira cada vez mais como ruptura histórica Essa ruptura histórica é essencialmente moderna e nos separa do modo de pensar moderno por exemplo do pensamento filosófico grego especialmente o estoico que concebia o homem como cidadão do mundo Para o filósofo estoico o mundo que compreende toda a terra habitável ou não era em última instân cia sua pátria Nesse modo de pensar não há ruptura de pensamento quebra de paradigmas mas sim uma concepção de unidade de pensamento de referên cias absolutamente estáticas de modo que não há enfraquecimento da força nas crenças estabelecidas não há adesão a ideias díspares que colocam em perigo a visão de mundo com aspirações à verdade absoluta Contrariamente o termo globalização não sugere que o homem moderno ou contemporâneo seja cada vez mais um cidadão do mundo Pelo termo glo balização fica pressuposto que a ordem vigente de conceitos ora estabelecidos e em pleno vigor de categorias ou interpretações relativos aos mais diversos aspectos da realidade social parece perder significado tornandose anacrônico adquirir outros sentidos Parece haver como efeito da globalização um esforço para mesclar territórios fronteiras regimes políticos estilos de vida culturas e civilizações Nesse âmbito global tudo parece tencionarse e dinamizarse em outras modalidades direções ou possibilidades Com efeito há uma multiplici dade de pessoas bem como de ideias que se movimentam em direções diversas e até mesmo contraditórias não há unidade de pensamento Há sim perda de unidade perda de singularidade e identidade que se confi gura em um sincretismo religioso econômico cultural Como nos sugere Ianni 1998 p1 73 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV Nesse sentido mudamse as sensações e as noções de próximo e dis tante lento e rápido instantâneo e ubíquo passado e presente atual e remoto visível e invisível singular e universal Está em curso a gênese de uma nova totalidade históricosocial abarcando a geografia a eco logia e a demografia assim como a economia a política e a cultura As religiões universais tais como o budismo o taoísmo o cristianismo e o islamismo tornamse universais também como realidades histó ricoculturais O imaginário de indivíduos e coletividades em todo o mundo passa a ser influenciado muitas vezes decisivamente pela mí dia mundial Passaremos a investigar isso agora ERA DA GLOBALIZAÇÃO Vivemos em um mundo globalizado de modo que nossa época é marcada por um modo de vida em que as relações nacionais e internacionais exigem do teó rico social cada vez mais estruturas lógicoconceituais que consigam explicar e explicitar acontecimentos que ganham repercussão em escala mundial disso não temos dúvidas Edgar Morin filósofo francês contemporâneo alertanos para certa inadequa ção crescente entre os conhecimentos compartilhados as realidades e problemas globais Caroa alunoa o que o filósofo quer dizer com isso é que aquilo que acontece na Ásia na África na Europa ou nas América do Norte e Central acaba de uma maneira ou de outra chegando até nós na América do Sul Assim seja na economia educação e tecnologia cabe ao antropólogo e sociólogo interpre tar a onda de transformações que nos atinge devido à globalização Diante dessa constatação Morin propõe que o conhecimento adequado para o presente século seja contextualizado global multidimensional e complexo Por contextualização do conhecimento determinamse as condições de validade assim o que é válido para o contexto do Brasil não é válido para o contexto da Argentina Por global querse dizer a respeito das relações entre o todo e as partes Isso é mais do que contexto isso tem uma significação de cunho shutterstock 75 Era da Globalização Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 organizacional de organismo Nesse sentido a sociedade é compreendida como organismo e princípio organizador do qual os indivíduos fazem parte de modo que é impossível entender o indivíduo sem entender a sociedade e viceversa A sociedade não é outra coisa senão a união entre indivíduos O indivíduo não é outra coisa senão parte da sociedade assim compreendese que a sociedade está presente nos indivíduos e estes contribuem para a manutenção e a trans formação da sociedade a partir de seus atos individuais O mesmo raciocínio aplicase ao que diz respeito ao conhecimento Uma teoria do conhecimento na era da globalização deve ter caráter multidimensional tanto do indivíduo que é um ser humano biológico histórico e cultural quanto da sociedade cujas par tes econômica social política religiosa não podem ser isoladas umas das outras Diante das transformações nascidas da era da globalização a sociologia e antropologia encontramse frente a novos desafios tanto metodológicos como teóricos que pertencem ao domínio do conhecimento propriamente dito Nesse sentido quero dizer que o objeto das ciências sociais deixa de ser principalmente a realidade históricosocial nacional e passa a ser também uma realidade da sociedade global Assim aquele que se dedica aos problemas sociais deve deixar de refletir apenas nos problemas oriundos da sociedade em que se vive e passar a pensar também e sobretudo nos problemas de ordem social econômica política cultural linguística religiosa demográfica e ecológica em sua signifi cação propriamente mundial shutterstock A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV GLOBALIZAÇÃO ENIGMAS HISTÓRICOS E TEÓRICOS Com o advento da era da globalização houve também um exponencial cresci mento de dificuldades históricas e teóricas que envolvem problemas da ordem estritamente epistemológica da ordem da possibilidade do conhecimento certo e seguro dessa nova realidade No âmbito da globalização entendido aqui como uma totalidade históricoteórica reabremse os contrapontos as continuidades e as descontinuidades sintetizados em noções tais como Sujeito e objeto do conhecimento parte e todo passado e presente espaço e tempo singular e universal micro teoria e macro teoria Es tes e outros problemas envolvem novos desafios e outras perspectivas quando se trata de refletir sobre as relações os processos e as estrutu ras bem como as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais que desenham as configurações e os movimentos da sociedade global IANNI 1998 p 5 Conforme Ianni 1998 p 6 Uma parte importante das controvérsias que abalam traumatizam e fertilizam as ciências sociais na época do globalismo desemboca no desenvolvimento de estudos que podem ser classificados de metate 77 Globalização Enigmas Históricos e Teóricos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 óricos Realmente multiplicamse os estudos de História Sociologia Antropologia Economia Política Geografia Demografia Ecologia e outros contribuindo para interpretações abrangentes e integrativas ou propriamente metateóricas Ocorre que a globalização como tota lidade não só abrangente e integrativa mas complexa fragmentária e contraditória subsume crescentemente indivíduos e coletividades po vos e tribos nações e nacionalidades grupos sociais e classes sociais partidos políticos e movimentos sociais etnias e raças línguas e reli giões culturas e civilizações Sem esquecer que a recíproca também é verdadeira já que estas diversas e múltiplas realidades se constituem como determinações da globalização globalidade ou globalismo Mais uma vez e sempre recolocase a dialética parte e todo tanto quanto singular e universal E o que dizer da Antropologia A Antropologia também se debruça sobre o tema da globalização Parece ser instigador ao antropólogo a ideia segundo a qual o mundo pode ser visto como um pequeno viveiro ligado pela abrangente força da mídia e do capitalismo internacional Esse é o pano de fundo que serve de base ao empenho de muitos intelectuais à atividade comercial e às diretrizes de governo na atualidade Uma das coisas que a tecnologia realmente revoluciona é a escala ou são as escalas em que operam as relações sociais Globalização diz respeito à multiplicidade de relações e interconexões entre Estados e sociedades conformando o moderno sistema mundial Focaliza o pro cesso pelo qual os acontecimentos decisões e atividades em uma parte do mundo podem vir a ter consequências significativas para indivíduos e coletividade em lugares distantes do globo Nesse congresso de cien tistas sociais está presente inclusive o economista a economia global é o sistema gerado pela globalização da produção e das finanças A pro dução global beneficiase das divisões territoriais da economia inter nacional jogando com as diferentes jurisdições territoriais de modo a reduzir custos economizar impostos evitar regulamentos antipoluição e controles sobre o trabalho bem como obtendo garantias de políticas de estabilidade e favores IANNI 1998 p 6 Ainda segundo Ianni 1998 p 7 Devemos notar que definições de globalização nem sempre se distin guem pela originalidade Algumas são um tanto vagas ao passo que outras dedicamse a precisar aspectos ou ângulos Mas a maioria reco nhece a novidade dessa problemática desafiando a pesquisa e a teoria nas ciências sociais Aliás já é notável a quantidade e a qualidade dos estudos sobre a globalização ou os seus diferentes aspectos que po Vale a pena examinar algumas das breves definições de globalização pre sentes em estudos de cientistas sociais Há congruências e disparidades entre elas mas cabe registrar a unanimidade com que se reconhece a pro blemática A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV dem ser classificados de metateóricos Uns são monográficos e outros ensaísticos assim como há os que são principalmente descritivos ao lado dos interpretativos Além disso destacamse os que são críticos no sentido de que se debruçam sobre os nexos e os movimentos da realidade buscando desvendar a sua constituição e a sua dinâmica ao lado dos seus impasses e das suas contradições Mas também multi plicamse os que se dedicam a fundamentar e explicitar prognósticos diretrizes ou objetivos convenientes para governos corporações orga nizações multilaterais movimentos sociais REALIDADE SOCIAL ANTROPOLÓGICA E SEUS DESAFIOS TEÓRICOS CONTEMPORÂNEOS Para Ianni 1998 p 7 A realidade social ou o objeto das ciências sociais revelase diferente novo ou surpreendente Revelase simultaneamente mundial nacional regional e local sem esquecer o tribal Muito do que é particular re velase também no geral O indivíduo e a coletividade constituemse na trama das formas de sociabilidade e no jogo das forças sociais em desenvolvimento em âmbito global Muito do que pode ser identidade e alteridade nação e nacionalidade ocidental e oriental cristão e islâ mico africano e indígena ou soberania e hegemonia revelase consti tutivo das formas de sociabilidade e do jogo das forças sociais que se desenvolvem em âmbito simultaneamente global regional nacional tribal e local 79 Realidade Social Antropológica e seus Desafios Teóricos Contemporâneos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Precisamente nesse sentido é que a globalização se constitui como um objeto dife rente novo ou surpreendente das ciências sociais Com efeito aqui se desenvolvem Relações processos e estruturas demarcando as configurações e os movimentos da sociedade global Uma sociedade na qual se inserem dinâmica e decisivamente os indivíduos e as coletividades os grupos sociais e as classes sociais os gêneros e as raças os partidos e os sin dicatos os movimentos sociais e as correntes de opinião pública uma sociedade na qual tanto se multiplicam como se dissolvem os espaços e os tempos Revelase insatisfatório carente de significado exigindo reelaboração ou mesmo dependente de novos conceitos categorias ou leis São muitos os recursos teóricos acumulados pelas várias teorias da realidade social que se mostram problemáticos inadequados ou caren tes de complementação Ocorre que em sua maioria os conceitos as categorias e as leis são construídas tendo como referência a sociedade nacional IANNI 1998 p 7 O que se quer dizer com noções científicas no contexto de um mundo globali zado não é outra coisa senão aquelas noções construídas aceitas debatidas e mais ou menos sedimentadas tendo como referência principal a sociedade nacional Nesse sentido teríamos um cabedal de noções tais como Sociedade civil e Estado Estadonação e soberania e hegemonia povo e cidadão grupo social e classe social classe social e lutas de classe partido político e sindicato indivíduo e sociedade natureza e socieda de identidade e alteridade cooperação e divisão do trabalho ordem e progresso democracia e ditadura nacionalismo e imperialismo tri balismo e nacionalismo cultura e tradição mercado e planejamento reforma e revolução revolução e contrarevolução revolução nacional e revolução social relações internacionais e geopolíticas geopolítica e guerra capitalismo e socialismo IANNI1998 p 8 Para Ianni 1998 p 8 em geral essas noções construídas aceitas debatidas e mais ou menos sedimentadas ajudamnos a pensar a respeito da sociedade mundial em toda a sua originalidade e complexidade tendo em vista interpretar as suas configurações e os seus movimentos Daí a importância de noções metáforas ou conceitos como mundiali zação planetarização globalização mundo sem fronteira aldeia global fábrica global shopping center global divisão transnacional do traba lho e da produção estruturas mundiais de poder desterritorialização cultura global mídia global sociedade civil mundial cidadão do mun do mercados mundiais infovia internet metahistória metateoria A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV Não há dúvidas de que a globalização força o sociólogo a ampliar seus conheci mentos no sentido de alargar seu cabedal conceitual Assim Mais do que nunca diante da problemática da globalização o cientista social é levado a realizar comparações mais ou menos complexas bus cando que sejam rigorosas Na medida em que a globalização abre um vasto e complexo cenário à observação pesquisa e análise o cientista social é levado a mapear ângulos e tendências condições e possibilidades recorrências e descontinuidades diversidades e desigualdades impasses e rupturas desenvolvimentos e retrocessos progressos e decadências São muitos os processos e as estruturas presentes ativos visíveis ou subjetivos no vasto e complicado palco constituído com a globalização do capitalismo como modo de produção e processo civilizatório Daí a importância do método comparativo como uma forma experimental uma espécie de experimento mental ideal ou imaginário Com a globalização tanto se criam novos desafios e novas perspectivas para a interpretação do presente como se descortinam outras possi bilidades de interpretar o passado A partir dos horizontes da globali zação o passado pode revelarse ainda pouco conhecido enigmático ou mesmo carente de novas interpretações É como se uma nova luz permitisse clarificar com outras cores o que parecia desenhado assim como desvendasse traços movimentos sons e cores que não se havia percebido quando o patamar podia ser nacionalismo colonialismo imperialismo internacionalismo ou outro Com as novas perspectivas são várias as realidades e interpretações que podem ser repensadas Tornase possível reavaliar o alcance e o significado da acumulação originária do mercantilismo colonialismo e imperialismo tanto quan do do nacionalismo e tribalismo Também se torna possível repensar outras realidades antigas e recentes islamismo e cristianismo Oriente e Ocidente ocidentalização do mundo orientalização do mundo afri canismo indigenismo transculturação Ele precisa rever as suas posições habitualmente adotadas na análise da problemática nacional Posições que parecem estabelecidas cômo das ou estratégicas precisam ser revistas ou radicalmente modificadas Quando se trata da problemática global o sujeito do conhecimento é desafiado a deslocar o seu olhar por muitos lugares e diferentes pers pectivas como se estivesse viajando pelo mapa do mundo As exigên cias da reflexão implicam a adoção de um olhar desterritorializado capaz de moverse do indivíduo à coletividade caminhando por po vos e nações tribos e nacionalidades grupos e classes sociais cultu ras e civilizações Um olhar desterritorializado movendose através de territórios e fronteiras atravessando continentes ilhas e arquipélagos IANNI 1998 p 8 81 Realidade Social Antropológica e seus Desafios Teóricos Contemporâneos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Na atualidade a ciência social encontrase em embate com várias questões quando se trata de surpreender os movimentos e as configurações da sociedade mundial Ora se é verdade que as ciências sociais nascem concomitantemente com a revo lução industrial e com ela a nova ordem social como temos visto podemos afirmar com Ianni 1998 que elas renascem com a globalização Os estudos sobre a globalização podem ser classificados conforme Ianni 1998 p 8 em sistêmicos e históricos De maneira geral os estudos sistêmicos privilegiam as relações internacionais a interdependência das nações a integração regional a geoeconomia e a geopolítica Aí predomina a preocupação com as zonas de influência os blocos de nações os espa ços geográficos as hegemonias as articulações dos mercados a divisão transnacional do trabalho e da produção a fábrica global o shopping center global as redes de internet o fim da geografia e o fim da história entre outras articulações malhas redes interdependências ou traçados do mapa do mundo Muito do que são as relações os processos e as estruturas tecendo os diversos níveis e segmentos da globalização são descritos e interpretados em termos sistêmicos Segundo nos diz Ianni 1998 p 89 devemos compreender pela expressão sistema um conjunto específico de relações concernentes a uma escala de deter minados problemas envolvidos na consecução ou busca organizada da atuação coletiva em nível global O que significa isso Isso significa que essas relações envolvem a administração de liderança global que estejam capazes de adminis trar conflitos igualmente globais Assim por exemplo um sistema administrativo mundial deve orientarse de tal maneira que seja possível visualizar os arranjos sociais mundiais em termos de totalidade permitindo a possibilidade de pesquisar as relações entre as interações de alcance mundial e os arranjos sociais em níveis regional nacional e local Nesse sentido as análises orientamse principalmente A violência possui íntima relação com os conflitos de classes e as mazelas econômicas da sociedade Qual seu posicionamento sobre isso A PERSPECTIVA DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV com a finalidade de propiciar a inteligência da ordem socioeconômica mundial vigente tendo em conta o seu funcionamento a sua integra ção os seus impasses e o seu aperfeiçoamento No mundo sistêmico os subsistemas são muitos diversos integrados e desencontra dos o que é complexamente desafiador uma vez que tais sistemas podem conjugarse ou atritarse modificarse ou recriarse em geral segundo exigências da dinâmica do capitalismo com o sistema global IANNI 1998 p 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como podemos perceber cada processo e estrutura de âmbito mundial com todas as suas implicações sejam locais nacionais regionais e mundiais exige conceitos categorias ou interpretações de alcance global O papel das ciências sociais nesse contexto não é outro senão o de propiciar os meios pelos quais o pesquisador possa lançar mão da rica biblioteca multicultural com os livros e as revistas de ciências sociais que se publicam gerando uma visão múltipla polifônica babélica ou fantástica de diversas formas de autoconsciência com preensão explicação imaginação e fabulação tratando de entender o presente repensar o passado e imaginar o futuro IANNI 1998 Esses estudos sistêmicos e históricos revelam ao pesquisador o esforço das ciências sociais em interpretar os acontecimentos mundanos exatamente na medida em que é possível verificar o que se pode realmente falar dessa imensi dão de um mundo globalizado 83 1 O que é globalização 2 O que significa ruptura histórica 3 O que está em causa quando se trata de globalização Comente CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA Um morador do bairro Cabula Salvador desmentiu a versão da Polícia Militar da Bahia sobre o assassinato de 12 jovens numa suposta troca de tiros na madrugada de sex tafeira 6022015 Segundo o homem que pediu para não ter o nome revelado os rapazes estavam rendidos e desarmados quando foram executados a informação é do jornal Correio de Salvador Nossos contatos com organizações sociais e relatos da comunidade mostram que há indícios de que algumas dessas mortes foram feitas com as pessoas já rendidas Leia a íntegra da matéria no site disponível em httpwwwcartacapitalcombrsocie dadeemtresdiaspmdesalvadormatou15jovensnegros5479html Acesso em 27 fev 2015 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Como Steve Jobs mudou o mundo Gênero Documentário Tempo de Duração 121 minutos Ano 2011 Sinopse Este documentário do Discovery Channel com a apresentação de Adam Savage e Jamie Hyneman os Mythbusters procura detalhar a história e infl uência de Steve Jobs desde sua contribuição no desenvolvimento do PC até a mudança na forma de ver fi lmes e ouvir músicas Zeitgeist The Movie Gênero Documentário Tempo de Duração 1h57 min Ano 2007 Sinopse O fi lme reúne fontes de informação variadas e mostra que é possível que as pessoas sejam manipuladas por grandes instituições governos e poderes econômicos Ele é dividido em três partes 1 Religião Crenças astrológicas pagãs comparadas a religiões modernas e antigas 2 Onze de setembro Uma perspectiva dos numerosos aspectos questionáveis deste evento imensamente importante 3 O Banco de Reserva Federal Uma história de sua formação e a habilidade de controlar a economia Trazendo novas imagens de eventos trágicos da história e depoimentos daqueles que acreditam que as pessoas estão sendo iludidas sobre o nível de liberdade que elas têm este instigante documentário vai afetar tanto aqueles que concordam com isso quanto aqueles que discordam Sinopse O fi lme reúne fontes de informação variadas e mostra que é possível que as pessoas sejam manipuladas por grandes UNIDADE V Professor Me Wanderly Alves de Sousa SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Apresentar o ponto de vista da antropologia e da sociologia em relação à arte Averiguar o ponto de vista da sociologia e da sociologia em relação à educação Demonstrar o ponto de vista da sociologia e da sociologia em relação ao direito Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Arte da perspectiva antropológica e social Educação da perspectiva antropológica e social Direito da perspectiva antropológica e social INTRODUÇÃO Iremos estudar a Arte a Educação e o Direito do ponto de vista antropológico e sociológico No que diz respeito à Arte iremos usar especialmente o texto de autoria de Walter Benjamin acerca do lugar da obra de arte na era de sua reprodu tibilidade técnica publicado em 1955 Há como o próprio autor deixa entender logo no início de usa obra uma forte influência das teses de Karl Marx Tanto é que a reflexão a respeito do modo de produção ou reprodução da arte seja qual for o tipo de arte parte do ponto em que Marx parou Segundo Benjamim 2000 p 1 Quando Marx empreendeu a análise do modo de produção capitalista esse modo de produção ainda estava em seus primórdios Marx orien tou suas investigações de forma a darlhes valor de prognósticos Re montou às relações fundamentais da produção capitalista e ao descre vêlas previu o futuro do capitalismo Concluiu que se podia esperar desse sistema não somente uma exploração crescente do proletariado mas também em última análise a criação de condições para a sua pró pria supressão Tendo em vista que a superestrutura se modifica mais lentamente que a base econômica as mudanças ocorridas nas condições de produção precisaram mais de meio século para refletirse em todos os setores da cultura Só hoje podemos indicar de que forma isso se deu Tais indi cações devem por sua vez comportar alguns prognósticos Mas esses prognósticos não se referem a teses sobre a arte de proletariado depois da tomada do poder e muito menos na fase da sociedade sem classes e sim a teses sobre as tendências evolutivas da arte nas atuais condi ções produtivas A dialética dessas tendências não é menos visível na superestrutura que na economia Seria portanto falso subestimar o va lor dessas teses para o combate político Elas põem de lado numerosos conceitos tradicionais como criatividade e gênio validade eterna e estilo forma e conteúdo cuja aplicação incontrolada e no momento dificilmente controlável conduz à elaboração dos dados num sentido fascista Os conceitos seguintes novos na teoria da arte distinguemse dos outros pela circunstância de não serem de modo algum apropriá veis pelo fascismo Em compensação podem ser utilizados para a for mulação de exigências revolucionárias na política artística Tenhamos em mente que Walter Benjamin discute os efeitos que o capitalismo exer ceu e exerce no modo de produção da obra de arte em geral Para isso ele inicia 89 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V sua reflexão com a reconstrução do que ele designa como reprodução técnica por meio da história da humanidade Digase de passagem que a reprodução técnica já era algo conhecido entre os gregos o que significa que esse fenômeno não é fun damentalmente moderno Estejamos atentos A diferença entre os gregos e nós da modernidade pode ser resumida assim os gregos buscavam o eterno o atemporal e expressavam essas aspirações mediante as obras de arte que permaneciam únicas não reprodutivas mas como objeto de contemplação Nós os modernos ao contrá rio por causa da industrialização massificada das obras de arte perdemos o caráter único que cada obra de arte deve conter em si como histórico de sua identidade É a respeito disso da educação e do direito que passaremos a falar em seguida ARTE DA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA E SOCIAL Em sua essência a obra de arte sempre foi reprodutível O que os homens fazem sempre pode ser imitado por outros homens De modo que no mundo dos homens não há criação propriamente dita mas sim imitação Segundo Walter Benjamin 2000 p1 Imitação é exercida e praticada por discípulos em seus exercícios pe los mestres para a difusão das obras e finalmente por terceiros me ramente interessados no lucro A reprodução técnica da obra de arte representa um processo novo que se vem desenvolvendo na história intermitentemente através de saltos separados por longos intervalos mas com intensidade crescente shutterstock shutterstock 91 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 O que interessa a Walter Benjamin pelo menos no texto que estamos analisando é investigar a tendência evo lutiva da arte nas atuais condições reprodutivas Nesse sentido a reprodução técnica da obra de arte repre senta um processo novo na história da própria arte Ele começa a descrever seu diagnóstico do estado da arte pela xilogravura técnica de gravura em madeira que se tornou pela primeira vez tecnicamente reprodutível muito antes que a imprensa prestasse o mesmo serviço para a palavra escrita E será com a litografia que a técnica de reprodução atinge uma etapa essencialmente nova Esse procedimento muito mais preciso que distingue a transcrição do desenho numa pedra de sua incisão sobre um bloco de madeira ou uma prancha de cobre permitiu às artes gráficas pela primeira vez colocar no mercado suas produções não somente em massa como já acontecia antes mas também sob a forma de criações sempre novas Dessa for ma as artes gráficas adquiriram os meios de ilustrar a vida cotidiana Graças à litografia elas começaram a situarse no mesmo nível que a imprensa BENJAMIN 2000 p2 Mas logo a litografia foi ultrapassada pela fotografia E segundo Walter Benjamin 2000 p2 Pela primeira vez no processo de reprodução da imagem a mão foi liberada das responsabilidades artísticas mais importantes que agora cabiam unicamente ao olho Como o olho apreende mais depressa do que a mão desenha o processo de reprodução das imagens experi mentou tal aceleração que começou a situarse no mesmo nível que a palavra oral Se o jornal ilustrado estava contido virtualmente na litografia o cine ma falado estava contido virtualmente na fotografia shutterstock SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Da fotografia chegase à reprodução téc nica do som e com ela A reprodução técnica atin giu tal padrão de qualidade que ela não somente podia transformar em seus objetos a totalidade das obras de arte tradicionais submetendoas a transfor mações profundas como conquistar para si um lugar próprio entre os procedimentos artísticos BENJAMIN 2000 p2 Mas mesmo com o avanço da técnica em reproduzir aquilo que o olhar atinge e captura pela lente de uma câmara fotográfica ou aquilo que as mãos desenham ao reproduzir objetos da natureza Um elemento está ausente o aqui e agora da obra de arte sua existên cia única no lugar em que ela se encontra E nessa existência única e somente nela que se desdobra a história da obra Essa história compre ende não apenas as transformações que ela sofreu com a passagem do tempo em sua estrutura física como as relações de propriedade em que ela ingressou Os vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises químicas ou físicas irrealizáveis na reprodução os vestígios das segundas são o objeto de uma tradição cuja reconstituição precisa par tir do lugar em que se achava o original O aqui e agora do original cons titui o conteúdo da sua autenticidade e nela se enraíza uma tradição que identifica esse objeto até os nossos dias como sendo aquele objeto sempre igual e idêntico a si mesmo BENJAMIN 2000 p2 A produtividade técnica deixa escapar o aqui e o agora original do objeto a saber sua autenticidade a esfera da autenticidade como um todo escapa à repro dutibilidade técnica e naturalmente não apenas à técnica Caroa alunoa há aqui uma distinção sutil que Walter Benjamin estabelece 2000 p2 O autêntico preserva toda a sua autoridade com relação à repro dução manual em geral considerada uma falsificação o mesmo não ocorre no que diz respeito à reprodução técnica Tal distinção tem suas razões de ser de acordo com Walter Benjamin 2000 p2 Em primeiro lugar relativamente ao original reprodução técnica tem mais autonomia que a reprodução manual Ela pode por exemplo pela fotografia acentuar certos aspectos do original acessíveis à objetiva ajustável e capaz de selecionar arbitrariamente o seu ângulo de obser vação mas não acessíveis ao olhar humano Ela pode também graças a procedimentos como a ampliação ou a câmera lenta fixar imagens que shutterstock 93 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 fogem inteiramente à ótica natural Em segundo lugar a reprodução técnica pode colocar a cópia do original em situações impossíveis para o próprio original Ela pode principalmente aproximar do indivíduo a obra seja sob a forma da fotografia seja do disco A catedral aban dona seu lugar para instalarse no estúdio de um amador o coro exe cutado numa sala ou ao ar livre pode ser ouvido num quarto Mesmo que essas novas circunstâncias deixem intacto o conteúdo da obra de arte elas desvalorizam de qualquer modo o seu aqui e agora Embora esse fenômeno não seja exclusivo da obra de arte podendo ocorrer por exemplo numa paisagem que aparece num filme aos olhos do es pectador ele afeta a obra de arte em um núcleo especialmente sensível que não existe num objeto da natureza sua autenticidade A autentici dade de uma coisa é a quintessência de tudo o que foi transmitido pela tradição a partir de sua origem desde sua duração material até o seu testemunho histórico Como este depende da materialidade da obra quando ela se esquiva do homem através da reprodução também o testemunho se perde Sem dúvida só esse testemunho desaparece mas o que desaparece com ele a autoridade da coisa seu peso tradicional Pelo menos sob dois aspectos a reprodução técnica sobressai à reprodução manual a lente de uma câmera fotográfica por exem plo é capaz de captar aspectos próprios de um objeto que são inacessíveis ao olho humano A lente da câmera fotográfica pode também uma vez captada a imagem original de um objeto colocálo objeto em lugares impossíveis de estarem Veja por exemplo a imagem que se segue ela está em um lugar que é impossível para o próprio original Como julga Walter Benjamin 2000 p 2 o que permite perceber essas carac terísticas é o conceito de aura O que se atrofia na era da reprodutibilidade técnica da obra de arte é sua aura Esse processo é sintomático e sua significação vai muito além da es fera da arte Generalizando podemos dizer que a técnica da reprodução destaca do domínio da tradição o objeto reproduzido Na medida em que ela multiplica a reprodução substitui a existência única da obra por uma existência serial E na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador em todas as situações ela atualiza o objeto reproduzido Esses dois processos resultam num violento abalo da tradi ção que constitui o reverso da crise atual e a renovação da humanidade SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V A reprodução técnica produz dois efeitos sintomáticos 1 A reprodução serial de um único objeto Imagine caroa alunoa quan tas Torres Eiffel foram reproduzidas a partir de uma única foto 2 A possibilidade dessa reprodução vir ao encontro do espectador atuali zando o objeto reproduzido Esses dois efeitos se relacionam intimamente com os movimentos de massa quer dizer com a cultura de massa própria dos nossos dias De acordo com Walter Benjamin 2000 p2 o agente mais poderoso da cultura de massa é o cinema Sua função social não é concebível mesmo em seus traços mais positi vos e precisamente neles sem seu lado destrutivo e catártico a liqui dação do valor tradicional do patrimônio da cultura Esse fenômeno é especialmente tangível nos grandes filmes históricos de Cleópatra e Ben Hur até Frederico o Grande e Napoleão E quando Abel Gan ce em 1927 proclamou com entusiasmo Shakespeare Rembrandt Beethoven farão cinema Todas as lendas todas as mitologias e todos os mitos todos os fundadores de novas religiões sim todas as religi ões aguardam sua ressurreição luminosa e os heróis se acotovelam às nossas portas ele nos convida sem o saber talvez para essa grande liquidação Bem a possibilidade da reprodução serial de um objeto promovido pela reprodução técnica acaba por transformar também a forma de percepção das coletividades humanas Assim A forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo que seu modo de existência O modo pelo qual se or ganiza a percepção humana o meio em que ela se dá não é apenas condicionado naturalmente mas também historicamente A época das invasões dos bárbaros durante a qual surgiram as indústrias artísti cas do Baixo Império Romano e a Gênese de Viena não tinha apenas uma arte diferente da que caracterizava o período clássico mas tam bém uma outra forma de percepção Os grandes estudiosos da escola vienense Riegl Wickhoff que se revoltaram contra o peso da tradição classicista sob o qual aquela arte tinha sido soterrada foram os primei ros a tentar extrair dessa arte algumas conclusões sob a organização da percepção nas épocas em que ela estava e vigor Por mais penetrantes que fossem essas conclusões estavam limitadas pelo fato de que esses pesquisadores se contentaram em descrever as características formais do estilo percepção característico do Baixo Império Não tentaram tal 95 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 vez não tivessem a esperança de conseguilo mostrar as Convulsões sociais que se exprimiram nessas metamorfoses da percepção BEN JAMIN 2000 p 2 Walter Benjamin 2000 p2 identifica aqui o seguinte a reprodutividade téc nica do objeto de arte em massa desemboca na destruição do caráter único do objeto de arte Se fosse possível compreender as transformações contemporâ neas da faculdade perceptiva segundo a ótica do declínio da aura as causas sociais dessas transformações se tornariam inteligíveis Isto é entender o declínio da aura nos permite entender as transformações da faculdade perceptiva Para tornar mais evidente seu ponto argumentativo Walter Benjamin 2000 p3 define o que ele compreende por aura É uma figura singular composta de elementos espaciais e temporais a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja Observar em repouso numa tarde de verão uma cadeia de montanhas no horizonte ou um galho que projeta sua sombra sobre nós significa respirar a aura dessas montanhas desse galho Graças a essa definição é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o de clínio atual da aura Esse momento de repouso de observação da aparição única de uma coisa distante que tãosomente observo é abalado por fatores sociais específicos que segundo Benjamin 2000 p3 derivamse de duas circunstâncias Estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimen tos de massas Fazer as coisas ficarem mais próximas é uma preo cupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibili dade Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto de tão perto quanto possível na imagem ou antes na sua cópia na sua reprodução Cada dia fica mais nítida a diferença entre a reprodução como ela nos é oferecida pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas e a imagem Benjamin chamanos a atenção para percebermos que as mudanças técnicas ocor ridas nos processos de produção de imagens refletemse na própria percepção que temos da unicidade da obra de arte que até o momento de suas reflexões expostas na obra que estamos analisando não tinha sido colocada em discussão Aqui o autor tem como horizonte de sua reflexão caroa alunoa o problema SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V da modernidade qual seja o problema da percepção da produção e consumo da obra de arte Talvez a pergunta a qual autor pretende responder poderia ser colocada nestes termos quais são os efeitos da produção do consumo de massa e da tecnologia moderna sobre o status da obra de arte Uma resposta possível seria a de que as técnicas de reprodução da obra de arte em massa seja no âmbito da arte fotográfica ou no âmbito da produção cinematográfica tanto uma como outra acabaram por transformar profunda mente nosso entendimento na nossa concepção na nossa percepção da obra de arte enquanto tal A causa dessa transformação se deve ao fato de que o capita lismo estabeleceu novas formas de produção as quais passaram a ter efeitos até mesmo na própria concepção cultural Nas palavras de Benjamin 2000 p4 Retirar o objeto do seu invólucro destruir sua aura é a característica de uma forma de percepção cuja capacidade de captar o semelhante no mundo é tão aguda que graças à reprodução ela consegue captálo até no fenômeno único Assim se manifesta na esfera sensorial a tendência que na esfera teórica explica a importância crescente da estatística Orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade é um processo de imenso alcance tanto para o pensamento como para a intuição A uni cidade da obra de arte é idêntica à sua inserção no contexto da tradição Sem dúvida essa tradição é algo de vivo de extraordinariamente vari ável Uma antiga estátua de Vênus por exemplo estava inscrita numa certa tradição entre os gregos que faziam dela um objeto de culto e em outra tradição na Idade Média quando os doutores da Igreja viam nela um ídolo malfazejo O que era comum às duas tradições contudo era a unicidade da obra ou em outras palavras sua aura A forma mais primitiva de sua inserção da obra de arte no contexto da tradição se exprimia no culto As mais antigas obras de arte como sabemos sur giram a serviço de um ritual inicialmente mágico e depois religioso O que é de importância decisiva é que esse modo de ser aurático da obra de arte nunca se destaca completamente de sua função ritual Em outras palavras o valor único da obra de arte autêntica tem sempre um fundamento teológico por mais remoto que seja ele pode ser re conhecido como ritual secularizado mesmo nas formas mais profanas do culto do Belo Essas formas profanas do culto do Belo surgidas na Renascença e vigentes durante três séculos deixaram manifesto esse fundamento quando sofreram seu primeiro abalo grave Com efeito quando o advento da primeira técnica de reprodução verdadeiramente revolucionária a fotografia contemporânea do início do socialismo 97 Arte da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 levou a arte a pressentir a proximidade de uma crise que só fez apro fundarse nos cem anos seguintes ela reagiu ao perigo iminente com a doutrina da arte pela arte que é no fundo uma teologia da arte Dela resultou a teologia negativa da arte sob a forma de uma arte pura que não rejeita apenas toda função social mas também qualquer determi nação objetiva Na literatura foi Mallarmé o primeiro a alcançar esse estágio É indispensável levar em conta essas relações em um estudo que se propõe estudar a arte na era de sua reprodutibilidade técnica Assim Com a reprodutibilidade técnica a obra de arte se emancipa pela pri meira vez na história de sua existência parasitária destacandose do ritual A obra de arte reproduzida é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte criada para ser reproduzida A chapa fotográfica por exemplo permite uma grande variedade de cópias a questão da auten ticidade das cópias não tem nenhum sentido Mas no momento em que o critério da autenticidade deixa de aplicarse à produção artística toda a função social da arte se transforma Em vez de fundarse no ritual ela passa a fundarse em outras práxis a política De acordo com Walter Benjamin 2000 precisamos diferenciar as funções da obra de arte enquanto a Valor cultural diferenciar a obra de arte enquanto pertencente ao con junto de crenças que estão ineridas na tradição de uma determinada época b Valor puramente expositivo ou seja enquanto uma reprodução pura mente mecânica Nesse sentido o valor cultural passa a faltar a obra se torna uma mera imagem um simples objeto desligado de valores pro fundos que não faz mais parte daquilo que para o autor é a tradição A conclusão que poderíamos tirar disso é a de que a obra de arte perdendo seu valor cultural perde também sua autenticidade perde sua singularidade perceptível naquilo que Benjamin chamou de aura A causa desse processo de definhamento da autenticidade da obra de arte está em processo a saber no processo de secularização da obra de arte Ao secularizar a obra de arte não importa mais sua autenticidade sua unicidade ou o fato de ter sido uma expe riência única Ela se torna simplesmente uma coisa qualquer diante de nós que pode ser trocada por sua imagem SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Segundo Benjamim 2000 p3 Os gregos só conheciam dois processos técnicos para reprodução de obras de arte o molde e a cunhagem As moedas e terracotas eram as únicas obras de arte por eles fabricadas em massa Todas as demais eram únicas e tecnicamente irreprodutíveis Por isso precisavam ser únicas e construídas para a eternidade Os gregos foram obrigados pelo estágio de sua técnica a produzir valores eternos Devem a essa circunstância o seu lugar privilegiado na história da arte e sua capaci dade de marcar com seu próprio ponto de vista toda a evolução artís tica posterior Não há dúvida de que esse ponto de vista se encontra no pólo oposto do nosso Nunca as obras arte foram reprodutíveis tecnica mente em tal escala e amplitude como em nossos dias A reprodução nos diz Benjamin 2000 sempre ocorreu entretanto é a partir do advento da fotografia que ela passa a ser diferenciada isto é por meio das técni cas de reprodução as obras passam a ser pensadas e concebidas para as massas visto que podem ser vistas e ouvidas no caso da música em qualquer lugar e a qualquer momento A reprodução de qualquer obra de arte considerada materialmente única não possui o status de arte por mais perfeita que ela seja alertanos Walter Benjamin A obra original constituise historicamente e mediante sua unicidade é possível observar as transformações ocorridas na mesma Isso significa dizer que o status da obra de arte é determinado por elementos essenciais à obra o aqui e agora e sua existência única Em outra perspectiva cada reprodução é uma obra nova com uma vida nova diz Benjamin Então é importante observar que assim como a obra original sua reprodução também passa por transformações físicas que constituem sua história Desse modo por mais que seja uma repro dução esta passa por processos semelhantes ao das obras originais shutterstock 99 Educação da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 EDUCAÇÃO DA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA E SOCIAL De modo geral a sociologia investiga as bases das sociedades em busca da com preensão dos seus modos de educar de maneira que essa investigação possa resultar em uma intervenção a fim de tornar a educação mais eficiente e eficaz Dado ao caráter investigativo do sociólogo ou antropólogo a Sociologia assim como a Antropologia se constituem ciências humanas com o alto grau de refle xão e consequentemente passíveis de serem ouvidas em muitas das questões sociais que envolvem a educação Na perspectiva de Durkheim 2014 educar é socializar o indivíduo Isso significa que educar é o processo pelo qual se aprende a ser membro da socie dade O indivíduo nasce em uma sociedade que já está formada estruturada com suas instituições com sua dinâmica econômica e as funções previamente definidas resta a ele apenas receber a educação que vai preparálo para convi ver para fazer parte do todo funcionando Durkheim vê a educação com duplo aspecto uno e múltiplo com seus cons tituintes básicos e aponta suas principais funções a saber SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Suscitar na criança um certo número de estados físicos e mentais que a sociedade a que pertença considere como indispensáveis a todos os seus membros certos estados físicos e mentais que o grupo social particular casta classe família profissão considere igualmente indispensáveis a todos quantos o formem DURKHEIM 1967 p 40 Segundo Weber 2003 a educação é dirigida a três tipos de finalidade 1 despertar o carisma 2 preparar o aluno para uma conduta de vida 3 transmitir conhecimento especializado Essas duas acepções de educação a de Durkheim e a de Weber não são excludentes muito pelo contrário elas complementamse O que nos deixa à vontade para afirmar que baseandose nos dois clássicos a Sociologia da Educação não se faz necessária apenas pela via teórica mas principalmente pela via prática pois na medida em que a educação visa preparar o aluno para uma conduta de vida é na Sociologia ciência que se dedica ao estudo das interações sociais que ela vai buscar subsídios Para Marx a educação foi pensada sob o ponto de vista econômico Foi analisando a sociedade em seus aspectos históricos e filosóficos que ele contribuiu com a ação educativa Pensando na classe trabalhadora ele concebe a escola como aquela que deveria preparar o indivíduo integralmente ensinandolhe inclusive uma profissão Ao passo que muitos dos seus discípulos seguindo a lógica marxista de compreensão das relações sociais que se dão no seio da sociedade capitalista criaram teorias que explicam a escola em seu aspecto mais importante qual seja o da sua função Louis Althusser 19181990 por exemplo percebeu que as classes sociais são frutos da ação dos aparelhos repressivos e ideológicos do Estado sendo a Escola o principal deles pois segundo ele é ela quem inculca a ideologia nele que por sua vez repre senta os interesses da classe dominante Já Antonio Gramsci 18911937 analisou a escola a partir do entendimento de que a sociedade capitalista é eminentemente conflituosa pois de um lado está o patrão o explorador e do outro o trabalhador o explorado e a educação é o meio onde o capitalista pode impor sua hegemonia mas é também o meio que o trabalhador encontra para entender sua situação de 101 Educação da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 exploração e consequentemente reagir Para ele a escola tem que ser crítica e polí tica para promover mudança na estrutura social Assim como Althusser e Gramsci outros autores se dedicaram à educação como objeto de estudo analisando aspectos tais como a relação sociedade e educação as relações de poder dentro da escola aspectos como o acesso à escola políticas públi cas voltadas à educação cultura escolar práticas escolares bem como o entorno das escolas De modo que a educação tem encontrado nas ciências sociais pensadores que se dedicaram a teorizálas oferecendo aos estudiosos de hoje um ponto de par tida seja para concordar ou discordar No ano de 2000 houve o fórum mundial de educação ocorrido em Dacar no Senegal Nesse fórum foram decididas 6 metas para uma educação para todos e que devem ser alcançadas até 2015 São elas 1 Estender e melhorar a proteção e a educação da primeira infância 2 Conseguir que todos tenham acesso ao ensino primário obrigatório e gratuito 3 Garantir o acesso de jovens e adultos à aprendizagem e à aquisição de com petências para a vida diária 4 Aumentar o nível de alfabetização dos adultos para 50 5 Promover a igualdade entre os gêneros na educação primária e secundária 6 Melhorar a qualidade da educação A educação é indispensável para que as pessoas possam exercitar os demais direi tos fundamentais Koichiro Matsuura exdiretor geral da UNESCO por ocasião da celebração do Dia dos Direitos Humanos disse que somente aquele que sabe o valor dos direitos é quem pode impor sua observância O que se conclui é que os indiví duos não podem exercer nenhum direito civil político econômico ou social sem terem recebido o mínimo de educação Mesmo que os conhecimentos produzidos pelas ciências sociais ainda não garantam uma educação crítica e transformadora eles vêm contribuindo com suas análises para a ampliação da compreensão da realidade social e da educação o que já as legitimam shutterstock SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V DIREITO DA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA E SOCIAL Sociologia e Direito têm uma relação muito estreita pois sociedade e norma não estão dissociadas A Sociologia como ciência que trata das sociedades enfocando seus fatores econômicos culturais artísticos e religiosos somase ao Direito que estabelece e sistematiza as regras necessárias para assegurar o equilíbrio das fun ções do organismo social e dá lugar à Sociologia Jurídica ou do Direito Esta com a responsabilidade de tratar sempre da consequência do direito na socie dade e desta no próprio direito No campo das ciências sociais analisar uma sociedade requer dentre outros aspectos que se considere que os problemas se apresentam de forma distinta e que por isso devem ser analisados à luz de seu contexto histórico de preferência com o máximo de neutralidade a partir de pesquisas calcadas em observação e análises lógicas e à luz de teorias coerentes Assim para se entender a justiça de um país se requer também que se conheça seu passado e seu presente além de um embasamento teórico e metodológico afinal ciência requer rigor e análise A Sociologia do Direito nesse sentido se propõe a auxiliar na percepção das relações dos conflitos das normas do descontrole de todas as ligações que possam surgir entre os indivíduos e que necessite de um regulador Afinal as 103 Direito da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 relações humanas sempre precisaram de normas para ocorrer Sejam religiosas morais políticas ou econômicas as normas fizeram e fazem com que o homem conviva melhor com o outro Na idade antiga as regras vinham do mais forte Na idade média o cristia nismo foi quem as elaborou Na idade moderna obras foram feitas no sentido de regular a política e a economia Na idade moderna mais precisamente no século XVIII surgiu a Sociologia e os seus estudos vêm contribuindo significa tivamente na elaboração das regras de convívio social Deste então a Sociologia sempre procurou analisar as modificações que ocorreram na sociedade seus con flitos e consequências a fim de tornar mais eficazes as normas jurídicas Criando métodos próprios sendo assistida por outras ciências e tendo a certeza de que o homem tem necessariamente que viver sob regras a Sociologia do Direito vem auxiliando os estudos sobre os crimes e suas punições na tentativa de melhor fornecer subsídios para o legislador Durkheim que combinou teoria sociológica e pesquisa empírica chegou à conclusão de que os fatos sociais podem ser normais e patológicos sendo nor mais aqueles que independem do indivíduo em outras palavras são superiores a ele e acabam sendo obrigatórios já os patológicos são o contrário disso Tal imposição do fato social normal acaba por favorecer o surgimento de uma soli dariedade entre os indivíduos e esta por sua vez é variável e acompanha o tempo o espaço o contexto social e é moldada por normas que ao longo do tempo transformaramse em normas jurídicas que favorecem dentre outras coisas a colaboração e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo Assim o crime é considerado um fato social e a pena por sua vez é para Durkheim 2014 um artifício criado pela sociedade para aqueles que têm atitudes ou comportamentos ameaçadores à ordem social e consiste na repara ção do mal Diante do conceito de Pena de Durkheim é possível afirmar que as penas alternativas de fato punem os criminosos A coerção social conceito empregado por Durkheim e que se tornou caro à Sociologia é fundamental para entendermos como atua a Sociologia jurídica A força da coletividade e da sociedade sobre a força individual parece até des proporcional entretanto podemos perceber que o homem durante toda a sua vida social submeteuse a regras sejam estas impostas por um grupo social ou SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V pelo Estado Desde que nascemos todas as nossas ações estão reguladas Para Durkheim coerção social é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos fazendoos aceitarem as regras de sua sociedade mesmo não concordando A sociedade possui vários modos de conduta coletiva entre eles os que mais se destacam são os usos e os costumes São eles que exercem pressão ou certa obrigatoriedade reservando a designação de hábitos sociais para os usos não normativos Existem várias teorias que tentam caracterizar as diversas normas existentes na sociedade além das normas morais e do direito a exemplo das nor mas de trato social e das normas técnicas religiosas políticas higiênicas dentre outras Caracterizar essas normas não se traduz tarefa fácil pois vários fatores influenciam nesta diferenciação entre eles a própria convicção de cada grupo O que é errado para uma sociedade pode não ser para outra Ainda hoje em pleno século XXI existem tribos indígenas que praticam o infanticídio em crianças consideradas portadoras de algum mal Percebe o quanto a convicção de um grupo é determinante em suas atitudes As normas morais técnicas religiosas políticas e mesmo higiênicas por exemplo incidem no indivíduo já as normas jurídicas incidem no eu socializado ou no homem social ou seja as normas jurídicas procuram o homem no sentido de regular a convivência humana em dada sociedade Exemplo um indivíduo do qual é chamada a atenção pelo padre ou pastor por estar vestindo roupa de praia na missa ou no culto não está recebendo sanção penal mas moral Esta sanção ou seja a bronca foi dada ao indivíduo que foi inconveniente o que não quer dizer que é um crime pois a bronca do padre ou pastor não foi pensada para regular a convivência entre os homens mas para regular um único indivíduo Nesse sentido a Sociologia do Direito trata da moral coletiva como fato social e não da moral individual em que o indivíduo é legislador Assim o que diferencia uma e outra moral é a institucionalização Desse modo é que algumas situações encaminhadas nas últimas décadas no Brasil merecem ser referenciadas no campo da Sociologia jurídica Uma delas é o antagonismo entre o privilé gio como forma arcaica de poder e o direito como afirmação democrática dos interesses públicos Um exemplo que identifica essa antinomia é o do concurso público no Brasil estabelecido desde a Constituição Federal de 1988 O concurso 105 Direito da Perspectiva Antropológica e Social Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 retira do poder político o privilégio de atender os seus apadrinhados e submete as vagas efetivas ao rigor do mérito O modelo de justiça restaurativa vem ganhando força no Brasil porque mui tos dos que compõem o sistema judiciário querem fazer justiça e não aplicar punição Por certo uma coisa não anula a outra entretanto tal medida vem pri vilegiando a resolução de conflitos Por inclusão social entendese o conjunto de procedimentos e meios que combatem a exclusão dos indivíduos do seio da sociedade Esta exclusão pode ser pela classe social pelo gênero pela raça ou mesmo pela falta de acesso às tecnologias Marco Túlio Cícero orador filósofo e político romano 10643 aC com preendia a justiça como uma virtude essencialmente social de modo que a sociedade dos homens deve se agrupar em torno dela Em sentido amplo justiça consiste em dar a cada um o que é de cada um incide sobre a distri buição dos bens e se liga à equidade e à liberalidade Um dos fundamentos da justiça é a boafé assim considerada a firmeza moral e o caráter incorrup tível em palavras e acordos Fé advém de fides assim chamada porque faz fiat o que foi dito O homem que não faz o que foi dito que não mantém a palavra que rompe ou não cumpre o contrato perde a fides e com ela a própria reputação Os indivíduos não podem exercer nenhum direito civil político econômico ou social sem terem recebido o mínimo de educação Disso concluímos que é necessário dedicarnos aos estudos O que você acha SABERES E FAZERES ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS NAS DISTINTAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa concluo aqui dizendo que o fato de que o direito depende da existência de um poder capaz de impor pela força a obediência não põe a per der a natureza estritamente jurídica do Estado Certamente a soberania do Estado é uma realidade jurídica um ente de razão produto da concórdia entre os homens não obstante aquele que detém a soberania dispõe de um poder de fato do qual faz uso para governar os homens e determinar efetivamente suas vontades e comportamentos Em suma vale repetir perceber a diferença entre a justiça retributiva e a justiça restaurativa vai nos dotar de um espírito crítico capaz de conceber outras formas de analisar o crime o sistema penal o infra tor a vítima a culpa e a comunidade o que será de extrema importância para atuar na área do serviço social 107 1 Na perspectiva de Durkheim o que é educar 2 Quais são as metas para uma educação para todos 3 Durkheim combinou teoria sociológica e pesquisa empírica e chegou a que con clusão O filme é uma forma cujo característico é em grande parte determinado por sua repro dutibilidade Com o cinema a obra de arte adquiriu um atributo decisivo a per fectibilidade O filme acabado não é produzido de um só jato e sim montado a partir de inúmeras imagens isoladas e de sequências imagens entre as quais o montador exerce seu direito de escolha imagens aliás que poderiam desde o início da filmagem ter sido corrigidas sem qualquer restrição Para produzir A opinião pública com uma duração de 3000 metros Chaplin filmou 125000 metros O filme pois a mais perfectível das obras de arte O fato de que essa perfectibilidade se relaciona com a renúncia radical aos valores eternos pode ser de monstrado por uma contraprova Para os gregos cuja arte visava a produção de valores eternos a mais alta das artes era a menos perfectível a escultura cujas criações se fazem literalmente a partir de um só bloco Daí o declínio inevitável da escultura na era da obra de arte montável Fonte Walter Benjamin 2000 Confira um breve batepapo a respeito do pensamento de Walter Benjamim httpswwwyoutubecomwatchvzLMggZCo0dg CONCLUSÃO 109 Apresentamos neste livro de Fundamentos Antropológicos e Sociológicos as teo rias antropológicas e sociológicas que compõem o acervo cultural no qual estamos inseridos e que nos influenciam no dia a dia Verificamos que o estudo da antropo logia e da sociologia é uma tarefa desafiadoramente árdua mas recompensadora pois revelanos não no sentido dogmático a origem do homem e da formação da sociedade entre os homens Mas para chegar à visão do homem e sua sociedade dividimos o texto em cinco unidade que tiveram a missão de apresentar aoà alu noa facetas da saga humana em busca do conhecimento de si para a compreensão do outro Não houve a pretensão de esgotar os temas propostos nas unidades mas houve sim a intenção de introduzir oa estudante à problemática antropológica e sociológica Como vimos a Sociologia nasceu da necessidade do homem explicar as profundas transformações na sociedade provocadas pela revolução industrial e proliferação profícua das ciências ditas particulares Por isso tivemos que percorrer e averiguar como se deu o nascimento da sociedade entre os homens a qual denominamos modernamente de Estado Dada a concórdia entre os homens para viverem em so ciedade compreendemos no desenvolver deste livro que nossa identidade é mol dada pela sociedade em que vivemos o que significa que ela é uma construção progressiva E apoiados na literatura especializada no assunto verificamos que a revolução industrial foi um marco decisivo que mudou irreversivelmente não só as relações entre os homens ditos modernos mas também o modo de produção e seus valores Aqui o valor do homem tem sua origem na força de seu trabalho isso signi fica que o homem moderno cria a si mesmo na medida em que sua atividade trans forma a si mesmo e o mundo em que vive Vale dizer o trabalho dignifica o homem O homem moderno foi considerado por Marx como vimos em linhas gerais como um animal laborans O atributo máximo do homem é o trabalho no trabalho o homem encontra sua humanidade No decorrer do livro não tivemos a intenção de expor as teses marxistas mas essa faceta de sua teoria acerca do capitalismo nos ajuda a compreender que essa foi a razão pela qual consciente ou inconsciente mente houve desde os primórdios da revolução industrial produção em série bens puramente artísticos e bens de sobrevivência da espécie humana no mundo Vimos também que a educação a arte e o direito são maneiras pelas quais podemos expressar nossos sentimentos e ideias podemos expressar nosso contentamento ou descontentamento A educação por exemplo é fundamental ao homem na medida em que compreendemos que ela é instrumento de socialização entre os homens Nesse sentido poderíamos dizer que a educação nos torna decisivamente indivíduos políticos nos torna capazes de argumentar e defender ideias Enfim a tarefa que fica ao antropólogo e ao sociólogo é a de não abrir mão da pes quisa empírica isto é não abrir mão de averiguar os fatos de verificálos objetiva mente livre de opiniões infundamentadas pois a antropologia e a sociologia forne cem ao estudante técnicas e fundamentação teórica para que ele possa desenvolver um espírito crítico e sensível em relação à condição da vida humana em sociedade CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 111 ARISTÓTELES A Política Tradução Roberto LEAL FERREIRA 2 ed ed Martins Fon tes São Paulo 1998 ARISTÓTELES Ética a Nicômaco 4 ed São Paulo Nova Cultural 1991 ARENDT Hannah Entre o Passado e o Futuro São Paulo Editora Perspectiva SA 2005 ARON Raymond As Etapas do Pensamento Sociológico São Paulo Martins Fontes 2000 Disponível em httpcopyfightmeAcervolivrosARON20Ray mond20As20Etapas20do20Pensamento20SocioloCC81gicopdf Acesso em 20 out 2014 BARRETO Raylane Andreza Dias Navarro Fundamentos Antropológicos Socio lógicos 2012 Disponível em httpavaunitbrdokeoscoursesUNIU2131PAN TRdocumentLivrosFUNDAMENTOSgeralcomcapaembaixapdfcidReqU NIU2131PANTR Acesso em 12 nov 2014 BARRIO AngelB Espina Manual de Antropologia Cultural Disponível em ht tpswwwufpebrantropologiaimagesdocumentospublicacoesantropologia manualdeantropologiaculturalmassanganapdf Acesso em 03 nov 2014 BENJAMIN Walter A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica Dis ponível em httpwwwmariosantiagonetTextos20em20PDFA20obra20 de20arte20na20era20da20sua20reprodutibilidade20tC3A9cnica pdf Acesso em 26 nov 2014 BOAS Franz Antropologia Cultural Disponível em httpswwwpasseidireto comarquivo1023349boasfranzantropologiacultural Acesso em 15 out 2014 CÍCERO Marco Túlio Da República Editor Victor Civita São Paulo 1973 COSTA Cristina Sociologia introdução à ciência da sociedade Disponível emht tpminhatecacombrrafaelbelemdossantosDocumentosCic3aanciaPol c3adticaCristinaCosta19975bSociologiaIntroduc3a7c3a3oc3a0 cienciadaSociedade5d288692636pdf Acesso em 12 mar2015 DIAS Fernando Correia Durkheim e a Sociologia da Educação no Brasil 1990 Disponível em httpemabertoinepgovbrindexphpemabertoarticleviewFi le726649 Acesso em 15 out 2014 DIAS Reinaldo Sociologia e Administração 4 ed Disponível em httpminha tecacombrclodomarBaixarArquivosLIVROSPDFSugestc3b5esdeleitu rasociologiaeadministrac3a7c3a3oreinaldodias4c2baedic3a7 c3a3o52559569pdf Acesso em 25 out 2014 DURKHEIM Emile As regras do método sociológico 2 ed São Paulo Martins Fon tes 1999 Disponível em httpsayanrafaelfileswordpresscom201108durkhei mc3a9asregrasdomc3a9todosociolc3b3gicopdf Acesso em 18 out 2014 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS GRAMSCI A Os intelectuais e a organização da cultura Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1977 IANNI Octavio As Ciências Sociais na Época da Globalização Rev bras Ci Soc São Paulo v13 n37 Jun 1998 Disponível em httpwwwscielobrscielophps criptsciarttextpidS010269091998000200002lngennrmiso Acesso em 11 nov 2014 KANT I Antropologia de um ponto de vista pragmático Trad de Clélia Martins São Paulo Iluminuras 2006 LARAIA Roque de Barros Cultura um conceito antropológico Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2001 Disponível em httpcopyfightmeAcervolivrosRoque20 de20Barros20Laraia2020Cultura20um20conceito20antropolAC C83C2B3gico205Bpdf5Dpdf Acesso em 10 nov 2014 MAUSS Marcel Sociologia e antropologia Disponível em httpminhateca combrOtoxpLivrosAntropologiaMAUSS2cMarcelSociologiaeAntropolo gia13811450pdf Acesso em 08 nov 2014 OFFE Claus Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 SAVIANI Dermeval Escola e democracia teorias da educação curvatura da vara onze teses sobre a educação política 35 ed Revista Campinas SP Autores Asso ciados 2002 SIMMEL Georg Questões Fundamentais da Sociologia Rio de Janeiro Zahar 2006 SIQUEIRA Euler David Antropologia Uma Introdução Disponível em http admpubfileswordpresscom201306antropologiacompletorevisadopdf Acesso em 20 out 2014 SOUSA Wanderly Alves Articulação entre justiça divina natural e civil em Agos tinho Curitiba 2008 Dissertação Mestrado em Filosofia Universidade Federal do Paraná WEBER Max Sobre a teoria das ciências sociais Trad Rubens Eduardo Frias São Pau lo Moraes 1991 p 106 WILLIS Paul Aprendendo a ser trabalhador escola resistência e reprodução GABARITO 113 UNIDADE I 1 Qual é a característica essencial que distingue estes três períodos cos mológico teocêntrico e antropológico O período cosmológico tem como característica fundamental a preo cupação que o filósofo tinha com a natureza tomandoa como dado objetivo do conhecimento Suas pesquisas tinham como objetivo com preender a estrutura do universo e dos seus elementos constitutivos O período teocêntrico tem como característica a explicação da origem do mundo pelo mito Nesse sentido as cosmogonias de Homero e de Hesíodo explicam a constituição do mundo O período antropológico tem como preocupação fundamental a educação do homem e sua rela ção com o âmbito social O homem tornase o centro das investigações filosóficas 2 Qual é o significado da palavra antropologia Antropologia significa estudo do homem 3 O que é sociologia A sociologia é a ciência que estuda a sociedade humana Como ciência nasce em função da necessidade que o homem tem de compreender a si mesmo e o grupo no qual está inserido 4 O que é fato social Fato social constituise em maneiras de agir de pensar e de sentir ex teriores ao indivíduo e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele 5 Comente em que consiste a força coercitiva dos fatos sociais Coerção social é definida por Durkheim como força impositiva sobre o indivíduo Nesse sentido tratase sempre de manifestações do compor tamento humano com que o indivíduo já está desde sempre envolvido tais como adoção de um idioma a organização familiar e o sentimento de pertencer a uma nação GABARITO GABARITO UNIDADE II 1 O que é cultura Segundo a frase bem conhecida do antropólogo britânico Edward Bur nett Taylor cultura é o modo de viver próprio de uma sociedade 2 O que é identidade cultural A identidade seja ela social pessoal ou cultural é sempre uma relação social construída com outros jamais algo ou alguma coisa com a qual nascemos ou herdamos por meio de nossos genes Identidade portan to nada tem a ver com os genes que herdamos A identidade é definida historicamente e não biologicamente 3 Uma pessoa grupo ou mesmo uma sociedade inteira pode ser despro vida de cultura Do ponto de vista da antropologia isso não é possível O homem só se torna homem à medida que se torna membro de uma sociedade e internaliza códigos ou formas de agirser no mundo UNIDADE III 1 O que é justiça Comente Justiça é dar a cada um aquilo que lhe é de direto 2 A polis é o bem e a plena realização da natureza Comente essa frase a partir da concepção de Aristóteles a respeito da política Para Aristóteles a natureza de cada coisa é precisamente seu fim Nesse sentido ele compreende que sociedade doméstica a família e a aldeia não tem um fim em si mesma seu desenvolvimento tende naturalmen te para a formação da sociedade política pois a casa e a aldeia são associações incompletas que só encontram plenitude na polis Por isso a polis é o bem e a plena realização da natureza humana uma vez que a família é apenas o núcleo primeiro a partir do qual que se compõe a sociedade política GABARITO 115 3 Max Weber ao estudar a autoridade dos governantes identificou três tipos de governantes quais são eles A tradicional a carismática e a racionallegal A primeira explica a autoridade de determinado governante por acreditar que como sempre foi assim seu poder é legítimo A autoridade carismática por sua vez é compreendida quando se leva em consideração que o líder é virtuoso especial um verdadeiro herói Já com relação à autoridade racional legal ela pode ser entendida quando o governante assume o poder de forma legal e suas ações e atos são tomados a partir de um conjunto de leis específicas UNIDADE IV 1 O que é globalização Globalização parece compreender um processo históricosocial que transforma inevitavelmente os padrões da sociedade atual e seus mo delos mentais de referência de indivíduos e coletividades ao qual esta mos acostumados A globalização rompe e recria o mapa do mundo inaugura diversos processos outras estruturas e outras formas de so ciabilidade as quais se articulam e se impõem aos povos tribos nações e nacionalidades 2 O que significa ruptura histórica Ruptura histórica é essencialmente moderna e nos separa do modo de pensar da antiguidade clássica como por exemplo do pensamento filosófico grego ou medieval 3 O que está em causa quando se trata de globalização Comente Diante das transformações nascidas da era da globalização a sociolo gia e antropologia encontramse frente a novos desafios tanto meto dológicos como teóricos que pertencem ao domínio do conhecimento propriamente dito Nesse sentido o objeto das ciências sociais deixa de ser principalmente a realidade históricosocial nacional e passa a ser também uma realidade sociedade global Assim aquele que se dedi ca aos problemas sociais deve deixar de refletir apenas nos problemas oriundos da sociedade em que se vive e passar a pensar também e sobretudo nos problemas de ordem social econômica política cul tural linguística religiosa demográfica e ecológica em sua significa ção propriamente mundial GABARITO UNIDADE V 1 Na perspectiva de Durkheim o que é educar Na perspectiva de Durkheim educar é socializar o indivíduo Isso sig nifica que educar é o processo pelo qual se aprende a ser membro da sociedade O indivíduo nasce em uma sociedade que já está formada estruturada com suas instituições com sua dinâmica econômica e as funções previamente definidas resta a ele apenas receber a educação que vai preparálo para conviver para fazer parte do todo funcionando 2 Quais são as metas para uma educação para todos No ano 2000 houve o fórum mundial de educação ocorrido em Dacar no Senegal Nesse fórum foram decididas 6 metas para uma educação para todos e que devem ser alcançadas até 2015 São elas Estender e melhorar a proteção e a educação da primeira infância Conseguir que todos tenham acesso ao ensino primário obrigatório e gratuito Garantir o acesso de jovens e adultos à aprendizagem e à aquisição de com petências para a vida diária Aumentar o nível de alfabetização dos adultos para 50 Promover a igualdade entre os gêneros na educação primária e secundária Melhorar a qualidade da educação 3 Durkheim combinou teoria sociológica e pesquisa empírica e chegou à qual conclusão Chegou à conclusão de que os fatos sociais podem ser normais e pa tológicos sendo normal aqueles que independem do indivíduo em outras palavras são superiores a ele e acabam sendo obrigatórios já o patológico é o contrário disso