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Ciências Contábeis ·

Introdução à Economia

· 2021/2

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Teorias da Concorrência Prof. Dr. Hélde Domingos INTRODUÇÃO • A oferta na economia expressa as condições estruturais de produção e os seus respectivos custos • A demanda reflete o desejo dos consumidores e quanto estão dispostos a pagar para a satisfação de suas necessidades • É na interação entre ofertantes e demandantes que surge o sistema de preços, que irá orientar a magnitude da produção e da demanda INTRODUÇÃO • É a estrutura do mercado, tanto da dimensão dos ofertantes quanto dos demandantes, é que irão surgir as condições de determinação dos preços e da quantidade a ser produzida (e como corolário, quanto de capital alocado, tecnologia, recursos financeiros, quantidade de trabalhadores, etc.) 1. O sentido das estruturas básicas de mercado Entre os diversos fatores que determinam as estruturas de mercado, destacam-se: • I – o número de firmas • II – o tamanho ou dimensão das firmas • III – a extensão da interdependência das firmas • IV – a homogeneidade ou heterogeneidade dos produtos • V – a natureza e o número dos compradores • VI – a extensão das informações que compradores e vendedores dispõem dos preços das transações de outros produtos • VII – a habilidade das firmas individuais de influenciar a demanda de mercado (por meio da promoção, qualidade, facilidades na comercialização) • VIII – a facilidade com que as firmas entram ou saem do mercado (barreiras à entrada/saída) 1.1 O comportamento da firma O objetivo principal da firma é a maximização do lucro. São necessárias duas condições: 1ª) a firma somente produz uma dada quantidade de produto (q) se a Receita Total (preço x quantidade) for igual ou superior ao Custo Total (custos fixos + custos variáveis), ou seja, RT ≥ CT. Esta primeira condição afirma o óbvio, que a firma somente produz quando é mais caro não produzir do que produzir (ficar sem produzir é muito caro pelos custos fixos, que podem ser de segurança, manutenção predial, juros de financiamento, custo de oportunidade do capital estar “parado”). Se a Receita Total for maior que o Custo Variável Total, pelo menos parte dos Custos Fixos Totais estarão sendo cobertos. 1.1 O comportamento da firma O objetivo principal da firma é a maximização do lucro. São necessárias duas condições: 2ª) a firma produz a quantidade de produto (q) até que a Receita Marginal seja igual ao Custo Marginal (RMg = CMg). Esta segunda condição consistente com o objetivo de maximização de lucro diz que a firma aumentará sua produção sempre que o preço na receita for maior que o aumento nos custos. Se aumentar 1 unidade de produto e o preço de venda estiver acima do custo de produzi-la, compensa produzir. Caso o custo esteja acima do preço, gera prejuízo e não compensa produzir. A produção máxima será no ponto onde o preço de venda se igualar ao custo de produzir a última unidade. 2. Concorrência perfeita Conjunto de hipóteses do modelo: I - Existe um grande número de compradores e vendedores Um grande número de compradores e vendedores se refere não a um valor absoluto acima de uma determinada quantidade, mas sim que o preço é dado para as firmas e para os consumidores Nenhum produtor ou consumidor tem força suficiente para influenciar o preço, sendo que a grande quantidade de interações faz com que os preços sejam independentes dos agentes econômicos 2. Concorrência perfeita Conjunto de hipóteses do modelo: II – Os produtos são homogêneos Os produtos ofertados são substitutos perfeitos entre si, ou seja, é indiferente em qualidade para o comprador (açúcar, óleo de soja, farinha de mandioca, arroz). Dessa forma, não pode haver preços diferentes no mercado. 2. Concorrência perfeita Conjunto de hipóteses do modelo: III – Existe completa informação e conhecimento sobre o preço Há uma transparência no mercado, onde todos os agentes estão informados sobre qualquer alteração. Caso um agente eleve seu preço, todos os demais saberão rapidamente (e se não subirem os preços dos demais, nenhum comprador pagará mais caro sabendo que existe preço inferior) Caso ele reduza seu preço, seus concorrentes podem também fazê-lo, criando uma guerra de preços. 2. Concorrência perfeita Conjunto de hipóteses do modelo: IV – A entrada e a saída das firmas no mercado são livres Não há barreiras na entrada e na saída. Há uma livre mobilidade das firmas, permitindo que aquelas menos eficientes saiam do mercado e que firmas mais eficientes entrem no mesmo. Quando o preço de um produto se leva fortemente e gera grandes lucros, atrai a atenção de novas firmas que ofertam maiores quantidades de produto, forçando o preço a se reduzir novamente. O inverso é verdade, quando o preço está baixo, firmas saem e a produção cai, elevando novamente os preço 2. Concorrência perfeita Se o preço é dado exógeno, a principal ação da firma é controlar os seus custos, sempre garantindo que sua Receita Total e Receita Marginal estejam compatíveis com a maximização dos lucros RT ≥ CT RMg = CMg 3. Monopólio Na estrutura de mercado denominada monopólio, o setor é a própria firma, porque existe um único produtor que realiza toda a produção. Dessa forma, a oferta da firma é a oferta do setor e a demanda da firma é a demanda do setor. (CEB, CAESB, outros?) 3. Monopólio Conjunto de hipóteses do modelo: I – O setor é constituído de uma única firma Seja pela escala mínima, pela tecnologia ou por força de lei, não há concorrentes que ofertem produtos homogêneos ou similares no mercado. 3. Monopólio Conjunto de hipóteses do modelo: II – A firma produz um produto para o qual não existe substituto próximo O consumidor não tem escolha se quiser demandar o produto. 3. Monopólio Conjunto de hipóteses do modelo: III – Existe concorrência entre os consumidores Como não há substitutos próximos, a firma provavelmente ofertará uma quantidade inferior à demanda, fato que gera competição na hora de consumir. De fato, no monopólio os consumidores pagarão um preço superior à estrutura de concorrência perfeita. 3. Monopólio Conjunto de hipóteses do modelo: IV – A curva de receita média (da firma) é a curva de demanda do mercado A curva de receita média é negativamente inclinada, pois quanto maior o preço menor a demanda e quanto menor o preço maior a demanda. preço quantidade 3. Monopólio O que poderia sustentar um monopólio no longo prazo? I – a dimensão reduzida do mercado II – a existência de patentes que impede a produção de um dado produto por firmas concorrentes III – a proteção oferecida por leis IV – o controle das fontes de suprimento de matérias-primas 3. Monopólio O que poderia sustentar um monopólio no longo prazo? I – a dimensão reduzida do mercado II – a existência de patentes que impede a produção de um dado produto por firmas concorrentes III – a proteção oferecida por leis IV – o controle das fontes de suprimento de matérias-primas 4. Concorrência monopolista Principais características: I – apresenta um número elevado de firmas ofertantes II – existe completa informação sobre os preços III – a entrada e saída das firmas no mercado é livre IV – os produtos são diferenciados ou heterogêneos Há uma grande diferenciação entre os produtos, apesar de serem substitutos próximos (cigarros, bebidas, pasta de dente, etc.) 4. Concorrência monopolista A diferenciação pode se dar por: • características físicas (composição química, potência, etc.) • pela embalagem • pelo esquema de promoção de vendas (propaganda, atendimento, fornecimento de brindes, manutenção, etc.) • outras formas 5. Oligopólio Caracteriza-se pela existência de um reduzido número de produtores e vendedores que ofertam bens que são substitutos próximos entre si. O oligopólio é uma estrutura de mercado que prevalece no mundo inteiro, como nos setores de transporte aéreo, rodoviário, química, siderúrgica, bebidas, etc. 5. Oligopólio Os bens têm alta elasticidade cruzada, ou seja, podem ser substituídos pelo concorrente. Elasticidade cruzada perfeita: oligopólio perfeito. O consumidor pode viajar de Gol ou de TAM, vai depender do preço e das condições de pagamento, mas a viagem é muito similar. Qualquer vantagem, mesmo que pequena, fará o consumidor mudar de companhia aérea. Elasticidade cruzada imperfeita: oligopólio imperfeito. O consumidor pode fumar qualquer tipo de cigarro ou beber qualquer cerveja, pois “cigarro é cigarro” e “cerveja é cerveja”. Contudo, mesmo sendo muito similares, o consumidor tende a não trocar facilmente de produto, pois identifica uma “particularidade” em sua demanda. Mesmo que o cigarro concorrente esteja com preço inferior, o consumidor tende a manter-se consumindo o mesmo produto. Somente se as condições forem excepcionais poderá haver ajustamento (cigarro por R$0,50 do concorrente quando a sua opção tradicional for de R$4,00). 6. Monopsônio Caracteriza-se pela existência de muitos vendedores e um único comprador. Pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho, mas na captação de leite, na aquisição de soja, na aquisição de energia elétrica, etc. O monopsonista pagará um preço inferior aos ofertantes, em função de seu poder de mercado, comparando-se em relação à concorrência perfeita e ao monopólio. 7. Oligopsônio Caracteriza-se pela existência de muitos vendedores e poucos compradores. O setor automobilístico na compra de autopeças é um exemplo claro. Contudo, pode ocorrer em setores atacadistas ou varejistas (supermercados) e diversos outros. 8. Monopólio/Oligopólio Bilateral Caracteriza-se pela oposição de um monopolista e um monopsonista ou uma estrutura oligopolista e uma oligopsonista. O monopolista/oligopolista pretende vender seus produtos a um preço elevado, enquanto o monopsonista/oligopsonista pretende pagar um preço baixo. Como ambas posições são conflitantes, somente uma negociação recíproca permite a definição dos preços. O poder de mercado e persuasão de cada oponente é que determinará o preço de equilíbrio Monopólio • Única empresa; • Produtos s/ substitutos próximos; • Barreiras à entradas de novas firmas. Oligopólio • Pequeno número de empresas; • Produtos diferenciados; • Livre acesso de firmas ao mercado. Estrutura Concorrência Perfeita • Muitas empresas; • Produção homogênea; • Não existe barreias à entrada de novas empresas. Concorrência Monopolística • Única firma • Produtos s/ substitutos próximos • Barreiras à entradas de novas firmas Política de Preços • Fornecedores • Atacada; • Varejo. Investimentos em capacidade produtiva • Aumento da área produzida; • Expansão da infra-estrutura. Estratégias de Produto • Desenvolver novos produtos; • Cultivar novas variedades; • Novas embalagens. Pesquisa e Desenvolvimento • Novos produtos • Novos equipamentos de transformação Estratégias da Empresa • Alocação eficiente dos recursos; • Atendimento das demandas dos consumidores • Progresso técnico • Contribuição para uma distribuição equitativa da renda • Grau de restrição monopolística da produção Desempenho Conduta 9. Cartel Caracteriza-se pela negociação de preços e quantidades entre os “supostos” concorrentes. Buscam garantir não somente preços elevados acima dos custos de produção, mas definir a “fatia” de mercado para cada produtor. Os cartéis são instáveis, pois operam com certa capacidade ociosa, sempre tem o incentivo de burlar a cota ou o preço e quebrar o acordo. 10. Modelos de liderança-preço É uma coalização imperfeita, onde as empresas de um setor oligopolista decidem tacitamente (não é acordo formal) estabelecer o mesmo preço, aceitando a liderança de uma empresa. A firma líder pode ser a de custo mais baixo ou a maior firma do mercado. Uma vez fixado o preço, as demais seguem a líder. Para as seguidoras, deve-se ter cuidado para que os preços cubram seus custos, haja vista que não calculam corretamente o preço ideal uma vez que apenas mimetizam a líder. 11. Modelos de mark-up Teoria alternativa de oligopólio que diferem em 3 aspectos: • Não enfatiza as ações e reações das firmas concorrentes • A competição é extra-preço (qualidade, marketing, serviços) • As firmas não maximizam lucro, apenas adicionam uma margem (mark-up) sobre os custos 11. Modelos de mark-up As firmas não tem informações perfeitas sobre questões fundamentais: 1° as firmas têm apenas uma ideia vaga sobre a demanda de seus produtos, uma vez que a mesma é muito sensível à propaganda, mudança no gosto dos consumidores, crédito, serviços de manutenção, tec. 2° as firmas produzem e ofertam mais de um produto e desconhecem os custos precisos por produto (apesar de conhecer o custo de todos os produtos em conjunto) 11. Modelos de mark-up Por desconhecerem a Receita Marginal e os Custo Marginais, o preço é calculado como uma margem do custo total: P = C . (1 + m) (P de preço; C de custo, m de margem) m normalmente varia entre 20 % e 40%, mas pode ser maior ou menor Quanto menor a concorrência, menor a diferenciação de produto e maiores as barreiras à entrada, maior tende a ser m 11. Modelos de mark-up P = C . (1 + m) Este é o método mais utilizado pela maiorias das médias, pequenas e micro empresas. É fácil e relativamente seguro, mas não é maximização do lucro, é um lucro máximo dadas as condições de informação sobre custos e receita marginal. Fim