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Ciências Econômicas ·

Economia Internacional

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ISBN 9788543004525 Economia w w w p e a r s o n c o m b r svpearsoncombr A Sala Virtual oferece para professores manual de soluções em inglês apresentações em PowerPoint banco de exercícios em inglês e galeria de imagens para estudantes exercícios de múltipla escolha autocorrigíveis Este livro também está disponível para compra em formato ebook Para adquirilo acesse nosso site ECONOMIA INTERNACIONAL ECONOMIA INTERNACIONAL 10a edição Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz Em parceria com Maurice Obstfeld e Marc J Merlitz Paul Krugman traz na décima edição de Economia internacional os últimos acontecimentos da área com uma linguagem didática clara e analítica que permite ao leitor analisar os quadros passados e atuais do mercado econômico Com uma revisão rigorosamente atualizada dos capítulos a obra se divide em duas partes voltadas ao comércio e às questões monetárias e discorre sobre alguns desenvolvimentos signif cativos dos lados teórico e prático além de responder às sugestões dos leitores Conta ainda com estudos de caso que reforçam os temas abordados ilustrando sua aplicabilidade no mundo real e fornecendo importantes informações históricas Tratase de um clássico sobre o comércio mundial e é leitura indispensável para estudantes de economia e administração além de ser item essencial para a biblioteca de prof ssionais do ramo Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz 10a edição 10a edição ECONOMIA INTERNACIONAL CVRKRUG10CVRindd 1 12022015 111819 10a edição ECONOMIA INTERNACIONAL 9788543004525KrugmanINIindd 1 05012015 163852 9788543004525KrugmanINIindd 2 05012015 163852 Paul R Krugman Princeton University Maurice Obstfeld University of California Berkeley Marc J Melitz Harvard University Revisão técnica Prof Dr Rogério Mori Professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas FGVEESP Coordenador acadêmico dos cursos de pósgraduação Lato Sensu e de Educação Continuada da FGVEESP Tradução Ana Julia PerrottiGarcia 10a edição ECONOMIA INTERNACIONAL 9788543004525KrugmanINIindd 3 05012015 163852 2015 Direitos exclusivos para a língua portuguesa cedidos à Pearson Education do Brasil Ltda uma empresa do grupo Pearson Education Rua Nelson Francisco 26 CEP 02712100 São Paulo SP Brasil Fone 11 21788686 Fax 11 21788688 vendaspearsoncom Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Krugman Paul R Economia internacional Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz tradução Ana Julia PerrottiGarcia São Paulo Pearson Education do Brasil 2015 Título original International economics theory and policy Bibliografia 10 ed norteamericana ISBN 9788543015064 1 Comércio internacional 2 Economia mundial 3 Finanças internacionais 4 Relações econômicas internacionais I Obstfeld Maurice II Melitz Marc J III Título 1411067 CDD337 Índice para catálogo sistemático 1 Economia internacional 337 2015 by Pearson Education do Brasil Ltda Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Pearson Education do Brasil Supervisora de produção editorial Silvana Afonso Coordenador de produção editorial Sérgio Nascimento Editor de aquisições Vinícius Souza Editora de texto Daniela Braz Editor assistente Marcos Guimarães Preparação Christiane Colas Revisão Luiz Salla Capa Rita Ralha Projeto gráfico e diagramação Figurattiva 9788543004525KrugmanINIindd 4 05012015 163852 Título da parte PARTE 1 Sumário Prefácio XIII Capítulo 1 Introdução 1 Do que trata a economia internacional 3 Os ganhos da negociação 3 O padrão do comércio 4 Quanto comércio 4 Balanço de pagamentos 5 Determinação da taxa de câmbio 5 Coordenação da política internacional 6 Mercado de capitais internacional 6 Economia internacional comércio e moedas 7 Parte 1 Teoria de comércio internacional 9 Capítulo 2 Comércio mundial uma visão geral 9 Quem negocia com quem 9 O tamanho é importante o modelo de gravidade 9 Usando o modelo de gravidade à procura de anomalias 11 Impedimentos ao comércio distância barreiras e fronteiras 12 O padrão de mudança do comércio mundial 14 O mundo ficou menor 14 O que comercializamos 15 Offshoring de serviços 17 Regras antigas ainda se aplicam 18 Resumo 19 Capítulo 3 produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano 21 O conceito de vantagem comparativa 21 Economia de fator único 23 Oferta e preços relativos 24 Comércio em um mundo de um fator 24 Determinação do preço relativo após comércio 26 Ganhos do comércio 28 Uma nota sobre os salários relativos 29 Equívocos sobre a vantagem comparativa 31 Produtividade e competitividade 31 Argumento da mão de obra pobre 32 Exploração 32 Vantagem comparativa com muitos bens 32 Configurando o modelo 34 Salários relativos e especialização 34 Determinação do salário relativo no modelo multimercadorias 35 Adicionando os custos de transporte e as mercadorias não comercializáveis 36 Evidências empíricas sobre o modelo ricardiano 37 Resumo 39 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda 51 Modelo de fatores específicos 43 Pressupostos do modelo 44 Possibilidades de produção 44 Preços salários e alocação de mão de obra 47 Preços relativos e a distribuição de renda 50 Comércio internacional no modelo de fatores específicos 51 Distribuição de renda e os ganhos do comércio 52 A economia política do comércio uma visão preliminar 54 Distribuição de renda e as políticas comerciais 55 Mobilidade internacional da mão de obra 57 Resumo 61 Apêndice mais detalhes sobre os fatores específicos 65 Produto marginal e total 65 Preços relativos e a distribuição de renda 65 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 5 12915 555 PM VI Economia internacional Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin 84 Modelo de uma economia de dois fatores 68 Preços e produção 68 Escolhendo o mix de fatores 70 Preços dos fatores e preços das mercadorias 72 Recursos e produção 73 Efeitos do comércio internacional entre as economias de dois fatores 74 Preços relativos e o padrão de comércio 75 Comércio e distribuição de renda 76 Equalização dos preços dos fatores 81 Evidências empíricas sobre o modelo de Heckscher Ohlin 82 Comércio de mercadorias como um substituto para o comércio de fatores conteúdo dos fatores do comércio 83 Padrões de exportações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento 85 Implicações dos testes 87 Resumo 87 Apêndice preços dos fatores preços de mercadorias e decisões de produção 90 Escolha da técnica 90 Preços de mercadorias e preços dos fatores 90 Mais sobre os recursos e produção 91 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio 93 Um modelo padrão de uma economia comercial 94 Possibilidades de produção e oferta relativa 94 Preços relativos e demanda 95 O efeito de bem estar das alterações nos termos de comércio 96 Determinação dos preços relativos 97 Crescimento econômico um deslocamento da curva RS 99 Crescimento e a fronteira de possibilidade de produção 99 Oferta mundial relativa e os termos de comércio 99 Efeitos internacionais de crescimento 101 Tarifas aduaneiras e subsídios à exportação desvios simultâneos em RS e RD 104 Demanda relativa e efeitos de fornecimento de uma tarifa aduaneira 104 Efeitos de um subsídio à exportação 105 Implicações dos efeitos dos termos de comércio quem ganha e quem perde 105 Empréstimos internacionais 106 Possibilidades de produção intertemporais e comercialização 106 A taxa de juros real 107 Vantagem comparativa internacional 108 Resumo 108 Apêndice Mais sobre o comércio intertemporal 111 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção 113 Economias de escala e o comércio internacional uma visão geral 113 Economias de escala e estrutura de mercado 114 A teoria das economias externas 115 Fornecedores especializados 116 Agrupamento do mercado de mão de obra 116 Transbordamentos de conhecimento 117 Economias externas e equilíbrio de mercado 117 Economias externas e comércio internacional 118 Economias externas produção e preços 118 Economias externas e os padrões comerciais 120 Comércio e bem estar com economias externas 122 Retornos crescentes dinâmicos 122 Comércio inter regional e geografia econômica 123 Resumo 126 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais 128 A teoria da concorrência imperfeita 129 Monopólio uma breve revisão 129 Concorrência monopolística 131 Concorrência monopolística e comércio 134 Os efeitos do aumento de tamanho do mercado 135 Ganhos de mercado integrado um exemplo numérico 136 A importância do comércio intraindústria 138 Respostas concretas para o comércio vencedores perdedores e desempenho da indústria 139 Diferenças de desempenho entre produtores 141 Os efeitos do aumento de tamanho de mercado 143 Os custos do comércio e decisões de exportação 144 Dumping 146 Multinacionais e terceirização 147 Decisões da empresa em matéria de investimento estrangeiro direto 151 Terceirização 152 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 6 12915 555 PM VII Sumário Consequências de multinacionais e terceirização estrangeira 153 Resumo 156 Apêndice Determinando a receita marginal 159 Parte 2 Política de comércio internacional 161 Capítulo 9 Os instrumentos da política comercial 161 Análise da tarifa aduaneira básica 161 Oferta demanda e comércio de indústria única 162 Efeito da tarifa aduaneira 164 Medindo a quantidade de proteção 165 Custos e benefícios de uma tarifa aduaneira 166 Excedentes do consumidor e do produtor 166 Medindo os custos e benefícios 167 Outros instrumentos da política comercial 169 Subsídio de exportação teoria 170 Quotas de importação teoria 172 Restrição voluntária das exportações 175 Requisitos de conteúdo legal 176 Outros instrumentos de política comercial 177 Os efeitos da política comercial um resumo 178 Resumo 178 Apêndice Tarifas aduaneiras e quotas de importação na presença de monopólio 181 O modelo com o livre comércio 181 O modelo com uma tarifa aduaneira 182 O modelo com uma quota de importação 182 Comparando uma tarifa aduaneira e uma quota 183 Capítulo 10 A economia política da política comercial 184 O caso para o livre comércio 184 Livre comércio e eficiência 185 Ganhos adicionais do livre comércio 185 Buscando por renda 186 Argumento político para o livre comércio 186 Argumentos de bem estar nacional contra o livre comércio 188 Termos do argumento de comércio para uma tarifa aduaneira 188 O argumento de falha de mercado interno contra o livre comércio 189 Quão convincente é o argumento de falha de mercado 190 Distribuição de renda e as políticas de comércio 192 Concorrência eleitoral 192 Ação coletiva 193 Modelagem do processo político 195 Quem fica protegido 195 Negociações internacionais e política de comércio 196 As vantagens da negociação 197 Acordos comerciais internacionais uma breve história 198 A Rodada Uruguai 200 Liberalização do comércio 200 Reformas administrativas do GATT à OMC 200 Benefícios e custos 201 A decepção de Doha 204 Acordos de comércio preferencial 205 Resumo 209 Apêndice Provando que a melhor tarifa é positiva 212 Oferta e procura 212 As tarifas e os preços 212 A tarifa aduaneira e o bem estar nacional 213 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento 215 Industrialização de substituição de importação 215 O argumento da indústria nascente 215 Promover a fabricação mediante proteção 216 Resultados de favorecimento da fabricação problemas da industrialização de substituição de importação 218 Liberalização do comércio desde 1985 220 Comércio e crescimento decolagem na Ásia 221 Resumo 224 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial 226 Argumentos sofisticados para a política comercial ativista 226 Tecnologia e externalidades 227 Concorrência imperfeita e a política comercial estratégica 228 Globalização e mão de obra de baixo salário 233 Movimento antiglobalização 233 Comércio e salários revistos 234 Normas de trabalho e negociações comerciais 235 Questões ambientais e culturais 236 A OMC e a independência nacional 237 Globalização e meio ambiente 238 Globalização crescimento e poluição 238 O problema dos refúgios da poluição 239 A disputa das taxas de carbono 241 Resumo 241 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 7 12915 555 PM VIII Economia internacional Parte 3 Taxas de câmbio e macroeconomia da economia aberta 245 Capítulo 13 contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos 245 As contas de renda nacional 246 Produto nacional e renda nacional 247 Depreciação de capital e as transferências internacionais 248 Produto interno bruto 248 Contabilidade de renda nacional para uma economia aberta 249 Consumo 249 Investimento 249 Compras de governo 249 A identidade da renda nacional para uma economia aberta 250 Uma economia aberta imaginária 250 A conta corrente e o endividamento externo 251 Poupança e conta corrente 252 Poupanças privada e do governo 253 O balanço das contas de pagamento 255 Exemplos de transações emparelhadas 256 O equilíbrio fundamental da identidade de pagamentos 257 A conta corrente mais uma vez 257 A conta de capital 258 A conta financeira 259 Erros líquidos e omissões 259 Transações de reserva oficial 260 Resumo 266 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos 269 Taxas de câmbio e transações internacionais 270 Preços nacionais e estrangeiros 272 Taxas de câmbio e preços relativos 273 O mercado cambial estrangeiro 273 Os atores 273 Características do mercado 275 Taxas spot à vista e taxas futuras 276 Swaps cambiais estrangeiros 277 Futuros e opções 278 A demanda por ativos em moeda estrangeira 278 Ativos e retornos de ativos 278 Risco e liquidez 281 Taxas de juros 281 Taxas de câmbio e retornos de ativos 282 Uma regra simples 283 Retorno risco e liquidez no mercado de câmbio estrangeiro 284 Equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro 285 Paridade de juros a condição de equilíbrio básico 285 Como as mudanças na taxa de câmbio atual afetam os retornos esperados 286 A taxa de câmbio de equilíbrio 287 Taxas de juros expectativas e equilíbrio 289 O efeito da alteração de taxas de juros na taxa de câmbio atual 289 O efeito da alteração de expectativas na taxa de câmbio atual 290 Resumo 292 Apêndice Taxas de câmbio a prazo e paridade de juros coberta 296 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio 299 Moeda definida uma breve revisão 299 Moeda como um meio de troca 299 Moeda como unidade de conta 299 Moeda como reserva de valor 299 O que é dinheiro 299 Como a oferta de moeda é determinada 300 A demanda por dinheiro por indivíduos 300 Retornos esperados 300 Risco 301 Liquidez 301 Demanda agregada por moeda 301 Taxa de juros de equilíbrio a interação entre a oferta e a demanda de moeda 302 Equilíbrio no mercado monetário 302 As taxas de juros e a oferta de moeda 304 Saída e taxa de juros 304 A oferta de moeda e a taxa de câmbio no curto prazo 305 Vinculando o dinheiro a taxa de juros e a taxa de câmbio 305 Oferta monetária dos Estados Unidos e a taxa de câmbio dólareuro 307 Oferta monetária da Europa e a taxa de câmbio dólareuro 308 Moeda o nível de preço e a taxa de câmbio no longo prazo 309 Moeda e preços da moeda 310 Os efeitos de longo prazo de alterações de oferta de moeda 310 Evidência empírica sobre fontes de dinheiro e níveis de preços 311 Moeda e taxa de câmbio no longo prazo 311 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 8 12915 555 PM IX Sumário Dinâmica da inflação e taxa de câmbio 312 Rigidez de preços de curto prazo versus flexibilidade de preços de longo prazo 312 Alterações permanentes de oferta de moeda e a taxa de câmbio 316 Superação da taxa de câmbio 317 Resumo 320 Capítulo 16 Níveis de preços e taxa de câmbio em longo prazo 324 A lei de preço único 325 Paridade de poder de compra 325 A relação entre a PPC e a lei de preço único 326 PPC absoluta e PPC relativa 326 Um modelo de taxa de câmbio de longo prazo baseado em PPC 327 A equação fundamental da abordagem monetária 327 Inflação em curso paridade de juros e PPC 328 O efeito Fisher 329 Evidência empírica sobre PPC e a lei de preço único 331 Explicando os problemas com a PPC 333 Barreiras comerciais e bens não comercializáveis 333 Produção a partir de livre concorrência 334 Diferenças nos padrões de consumo e medição de nível de preço 334 PPC no curto e no longo prazos 337 Além da paridade de poder de compra um modelo geral de taxas de câmbio de longo prazo 339 A taxa de câmbio real 339 Demanda oferta e a taxa de câmbio real de longo prazo 341 Taxas de câmbio nominais e reais em equilíbrio de longo prazo 343 Diferenças internacionais das taxas de juros e a taxa de câmbio real 345 Paridade de juros reais 346 Resumo 347 Apêndice O efeito de Fisher a taxa de juros e a taxa de câmbio sob a abordagem monetária de preço flexível 351 Capítulo 17 produção e a taxa de câmbio no curto prazo 353 Determinantes da demanda agregada em uma economia aberta 354 Determinantes da demanda de consumo 354 Determinantes da conta corrente 354 Como as variações cambiais afetam a conta corrente 355 Como as mudanças da renda disponível afetam a conta corrente 356 A equação da demanda agregada 356 A taxa de câmbio real e a demanda agregada 356 Renda real e demanda agregada 356 Como a produção é determinada em curto prazo 357 Equilíbrio de mercado de produção em curto prazo a relação DD 358 Produção a taxa de câmbio e o equilíbrio do mercado de produção 358 Derivando a relação DD 359 Fatores que mudam a relação DD 360 Equilíbrio de mercado de produção em curto prazo a relação AA 362 Produção a taxa de câmbio e o equilíbrio do mercado de ativos 362 Derivando a relação AA 364 Fatores que mudam a relação AA 364 Equilíbrio de curto prazo para uma economia aberta juntando as relações DD e AA 365 Alterações temporárias nas políticas monetária e fiscal 366 Política monetária 366 Política fiscal 367 Políticas para manter o emprego pleno 367 Viés de inflação e outros problemas de formulação de políticas 369 Alterações permanentes nas políticas monetária e fiscal 369 Um aumento permanente da oferta de moeda 370 Ajuste para um aumento permanente da oferta de moeda 370 Uma expansão fiscal permanente 371 As políticas macroeconômicas e a conta corrente 373 Ajuste do fluxo de comércio gradual e conta corrente dinâmica 374 A curva J 374 Passagem de taxa de câmbio e inflação 375 A conta corrente a riqueza e a dinâmica da taxa de câmbio 376 A armadilha da liquidez 376 Resumo 379 Apêndice 1 Comércio intertemporal e demanda de consumo 383 Apêndice 2 A condição de MarshallLerner e estimativas empíricas de elasticidades de comércio 385 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 9 12915 555 PM X Economia internacional Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial 388 Por que estudar as taxas de câmbio fixas 388 Intervenção do banco central e a oferta de moeda 389 O balanço do banco central e a oferta de moeda 389 Intervenção cambial e a oferta de moeda 391 Esterilização 391 O balanço de pagamentos e a oferta de moeda 392 Como o banco central fixa a taxa de câmbio 392 Equilíbrio do mercado cambial sob uma taxa de câmbio fixa 393 Equilíbrio do mercado monetário sob uma taxa de câmbio fixa 393 Uma análise diagramática 394 Políticas de estabilização com uma taxa de câmbio fixa 395 Política monetária 395 Política fiscal 396 Alterações na taxa de câmbio 397 Ajuste da política fiscal e variações cambiais 398 Crises do balanço de pagamentos e a fuga de capitais 398 Flutuação administrada e intervenção esterilizada 400 Substitutibilidade perfeita de ativos e a ineficácia da intervenção esterilizada 401 Equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro com substitutibilidade imperfeita de ativos 403 Os efeitos da intervenção esterilizada com substitutibilidade imperfeita de ativos 403 Evidências sobre os efeitos da intervenção esterilizada 404 Moedas de reserva no sistema monetário mundial 405 A mecânica de um padrão de moeda de reserva 405 A posição assimétrica do centro de reserva 406 O padrão ouro 406 A mecânica de um padrão ouro 407 Correção monetária simétrica sob um padrão ouro 407 Vantagens e desvantagens do padrão ouro 408 O padrão bimetálico 408 Resumo 412 Apêndice 1 equilíbrio no mercado de câmbio com substitutibilidade imperfeita de ativos 416 Demanda 532 Oferta 533 Equilíbrio 533 Apêndice 2 A cronologia das crises do balanço de pagamentos 418 Parte 4 Política macroeconômica internacional 421 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica 421 Metas de política macroeconômica na economia aberta 422 Equilíbrio interno pleno emprego e estabilidade do nível de preço 422 Equilíbrio externo o nível ideal de conta corrente 423 Classificação dos sistemas monetários o trilema monetário da economia aberta 428 Política macroeconômica internacional sob o padrão ouro 18701914 429 Origens do padrão ouro 429 Saldo externo sob o padrão ouro 430 Mecanismo de fluxo de preço espécie 430 Regras do jogo do padrão ouro mito e realidade 431 Saldo interno sob o padrão ouro 431 Os anos entreguerras 19181939 433 O retorno fugaz para o ouro 433 Desintegração econômica internacional 434 O sistema de Bretton Woods e o Fundo Monetário Internacional 435 Objetivos e estrutura do FMI 436 Conversibilidade e a expansão dos fluxos financeiros privados 436 As crises e os fluxos de capitais especulativos 437 Analisar opções políticas para alcançar o equilíbrio interno e externo 438 Manutenção do equilíbrio interno 438 Manutenção do equilíbrio externo 439 Políticas de mudança nas despesas e troca das despesas 440 O problema do equilíbrio externo dos Estados Unidos sob Bretton Woods 441 A mecânica da inflação importada 443 Avaliação 444 O caso das taxas de câmbio flutuantes 444 Autonomia da política monetária 445 Simetria 446 Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos 446 Taxas de câmbio e equilíbrio externo 448 Interdependência macroeconômica sob uma taxa flutuante 451 O que foi aprendido desde 1973 457 Autonomia da política monetária 457 Simetria 457 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 10 12915 555 PM XI Sumário Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos 458 Balança externa 459 O problema da coordenação política 459 As taxas de câmbio fixas chegam a ser uma opção para a maioria dos países 460 Resumo 460 Apêndice Falhas da coordenação política internacional 465 Capítulo 20 Globalização financeira oportunidade e crise 467 Mercado internacional de capitais e os ganhos do comércio 468 Três tipos de ganho do comércio 468 Aversão ao risco 469 Diversificação de portfólio como motivo para o comércio internacional de ativos 469 O cardápio dos ativos internacionais dívida versus equidade 470 Sistema bancário internacional e mercado internacional de capitais 471 A estrutura do mercado internacional de capitais 471 Sistema bancário offshore e negociação de moeda offshore 472 O sistema bancário sombra paralelo 473 Fragilidade financeira e o sistema bancário 473 O problema da falência de um banco 473 Salvaguardas de governo contra a instabilidade financeira 475 Risco moral e o problema do grande demais para falir 477 O desafio da regulação bancária internacional 479 O trilema financeiro 479 Cooperação regulamentar internacional em 2007 480 Iniciativas reguladoras internacionais após a crise financeira global 485 Quão bem os mercados financeiros internacionais têm alocado capital e risco 487 O grau de diversificação da carteira internacional 487 A extensão do comércio intertemporal 488 Diferenciais de juros onshore offshore 489 A eficiência do mercado cambial estrangeiro 490 Resumo 492 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro 496 Como evoluiu a moeda única europeia 497 O que impulsionou a cooperação monetária europeia 497 O sistema monetário europeu 19791998 498 Dominância monetária alemã e a teoria da credibilidade do SME 499 Iniciativas de integração do mercado 499 União Econômica e Monetária Europeia 500 O euro e a política econômica na zona do euro 501 Os critérios de convergência de Maastricht e o Pacto de Estabilidade e Crescimento 501 Banco Central Europeu e o Eurossistema 502 O mecanismo de taxas de câmbio revisadas 503 A teoria das zonas de moeda ideal 503 Integração econômica e os benefícios de uma área de taxa de câmbio fixa a curva GG 503 Integração econômica e os custos de uma área de taxa de câmbio fixa a curva LL 505 A decisão de se entrar para uma área de moeda juntando as curvas GG e LL 506 O que é uma área de moeda ideal 508 Outras considerações importantes 508 A crise do euro e o futuro da UEM 511 Origens da crise 511 A inadimplência autorrealizável do governo e o doom loop literalmente ciclo fatal 515 Uma crise mais ampla e respostas políticas 517 Transações monetárias completas do BCE 518 O futuro da UEM 518 Resumo 519 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma 523 Renda bem estar e crescimento na economia mundial 523 A distância entre rico e pobre 524 A distância da renda mundial tem diminuído com o passar do tempo 524 Características estruturais dos países em desenvolvimento 526 Empréstimo e dívida de países em desenvolvimento 528 A economia de influxos financeiros para países em desenvolvimento 529 O problema da inadimplência 530 Formas alternativas de Influxo financeiro 531 O problema do pecado original 533 A crise da dívida da década de 1980 534 Reformas afluxos de capital e o retorno da crise 534 Leste Asiático sucesso e crise 537 O milagre econômico do leste asiático 537 Pontos fracos asiáticos 540 A crise financeira asiática 541 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 11 12915 555 PM XII Economia internacional Lições das crises de países em desenvolvimento 542 Reforma da arquitetura financeira do mundo 544 Mobilidade de capitais e o trilema do regime da taxa de câmbio 544 Medidas profiláticas 546 Lidar com a crise 547 Compreensão dos fluxos de capital global e a distribuição global de renda é o destino da geografia 549 Resumo 554 Pósescritos ao Capítulo 5 O modelo de proporção dos fatores 558 Custos e preços dos fatores 558 Preços de mercadorias e preços de fatores 560 Suprimentos e saídas de fatores 560 Pósescritos ao capítulo 6 Economia mundial de comércio 561 Oferta demanda e equilíbrio 561 Oferta demanda e a estabilidade do equilíbrio 562 Efeitos das mudanças na oferta e na demanda 564 Crescimento econômico 564 Uma transferência de renda 565 Uma tarifa 565 Pósescritos ao capítulo 8 O modelo de concorrência monopolística 567 Pósescritos ao capítulo 20 Aversão ao risco e diversificação de portfólio internacional 568 Uma derivação analítica do portfólio ideal 568 Uma derivação diagramática do portfólio ideal 569 Os efeitos das variações das taxas de retorno 571 Índice remissivo 576 Créditos 596 M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 12 12915 555 PM Título da parte PARTE 1 Prefácio Anos após a crise financeira global que eclo diu em 20072008 as economias industriais do mundo ainda estão crescendo muito devagar para restaurar o pleno emprego Os mercados emergentes apesar de ganhos de rendimento impressionantes em muitos casos permane cem vulneráveis ao fluxo e refluxo de capital global E por fim uma crise econômica aguda na zona euro dura desde 2009 pondo o futuro da moeda única da Europa em questão Esta décima edição portanto sai em um momento quando estamos mais conscientes do que antes de como os eventos na economia global influenciam as fortunas econômicas políticas e os debates políticos de cada país O mundo que emergiu da Segunda Guerra Mun dial foi um mundo em que as relações comer ciais financeiras e até mesmo de comunicação entre países eram limitadas Em mais de uma década do século XXI no entanto o quadro é muito diferente A globalização chegou em grande momento O comércio internacional de bens e serviços tem se expandido constantemente ao longo de seis décadas graças aos declínios nos custos de transporte e comunicação reduções negociadas globalmente nas barreiras comer ciais do governo à terceirização generalizada das atividades de produção e a uma maior consciência dos produtos e culturas estran geiras Tecnologias de comunicação novas e melhores notavelmente a Internet revolucio naram a forma como as pessoas em todos os países obtêm e trocam informações O comér cio internacional em ativos financeiros como moedas ações e títulos expandiuse em um ritmo muito mais rápido até mesmo do que o comércio internacional de produtos Este processo traz benefícios para os pro prietários de riqueza mas também cria riscos de instabilidade financeira contagiosa Esses riscos foram sentidos durante a recente crise financeira global que se espalhou rapidamente pelas fronteiras nacionais e tem representado um custo enorme para a economia mundial De todas as mudanças no cenário internacional nas últimas décadas no entanto talvez a maior delas continue a ser a emergência da China um desenvolvimento que já está redefinindo o equilíbrio internacional de poder econômico e político no próximo século Imagine o espanto da geração que viveu a depressão da década de 1930 como adul tos se seus membros fossem capazes de pre ver a forma da economia do mundo de hoje No entanto as preocupações econômicas que continuam a causar debate internacional não diferem tanto das que dominaram a década de 1930 nem na verdade desde que elas foram analisadas primeiro pelos economistas há mais de dois séculos Quais são os méritos do livre comércio entre as nações em com paração com o protecionismo O que faz os países comercializarem excedentes comerciais ou déficits com os seus parceiros comerciais e como tais desequilíbrios são resolvidos ao longo do tempo O que causa as crises bancá rias e monetárias em economias abertas o que produz o contágio financeiro entre as econo mias e como os governos devem lidar com a instabilidade financeira internacional Como os governos podem evitar o desemprego e a inflação qual é o papel que as taxas de câm bio desempenham nos seus esforços e como os países podem cooperar melhor para alcançar seus objetivos econômicos Como sempre na economia internacional a interação de even tos e ideias levou a novos modos de análise Por sua vez esses avanços analíticos por mais estranhos que possam parecer a princípio em última análise acabam tendo um papel importante nas políticas governamentais nas negociações internacionais e na vida cotidiana das pessoas A globalização fez com que os cidadãos de todos os países sejam muito mais conscientes do que nunca das forças econômi cas mundiais que influenciam seus destinos e a globalização está aqui para ficar M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 13 12915 555 PM XIV Economia internacional Novo para a décima edição Para esta edição estamos oferecendo um volume sobre economia bem como as divisões de comércio e finanças O objetivo com esses volumes distintos é permitir que os professores usem o livro que melhor se adapte às suas necessidades com base nos tópicos que eles cobrem em seu curso de Economia Interna cional Do volume de economia para um curso de dois semestres seguimos a prática habitual de dividir o livro em duas metades dedicadas ao comércio e às questões monetárias Embora as sessões de comércio e política monetária da economia internacional sejam frequentemente tratadas como disciplinas independen tes mesmo dentro de um único livro temas e métodos similares são comuns a ambas as subáreas Nós deixa remos claras as conexões entre as zonas de comércio e monetárias quando elas surgirem Ao mesmo tempo garantimos que as duas metades do livro serão comple tamente independentes Assim um curso de um semes tre na teoria de comércio pode ser baseado nos capítu los 2 a 12 e um curso de um semestre sobre economia monetária internacional pode basearse nos capítulos 13 a 22 Para conveniência de professores e alunos no entanto eles podem agora optar por usar o volume de comércio ou de finanças dependendo do tamanho e do escopo do seu curso O conteúdo foi completamente atualizado e vários capítulos foram extensivamente revisados Essas revi sões respondem às sugestões dos usuários e de alguns desenvolvimentos importantes do lado teórico e prático da economia internacional As mudanças mais profun das são as seguintes Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin Esta edição oferece cobertura expandida dos efeitos sobre a desigualdade salarial do comércio NorteSul mudança tecnológica e terceirização A seção que des creve as evidências empíricas sobre o modelo de Hecks cherOhlin foi reescrita enfatizando novas pesquisas Essa seção também incorpora alguns novos dados mos trando como o padrão das exportações da China mudou ao longo do tempo de uma forma que é consistente com as previsões do modelo de HeckscherOhlin Capítulo 6 Modelo padrão de comércio Este capítulo foi atualizado com alguns novos dados que documentam como os termos de comércio para as economias norteamericanas e chinesas têm evoluído ao longo do tempo Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais A cobertura enfatizando o papel das empresas no comércio internacional foi revisada Há também um novo estudo de caso analisando o impacto do offsho ring nos Estados Unidos sobre o desemprego nesse país Capítulo 9 Os instrumentos da política comercial Este capítulo apresenta um tratamento atualizado dos efeitos das restrições comerciais às empresas dos Estados Unidos Nele descrevemos agora a recente disputa política comercial entre a União Europeia e a China sobre os painéis solares e os efeitos das restrições Buy American que foram escritos para a Lei de Recu peração e Reinvestimento de 2009 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial Um novo estudo de caso aborda o recente colapso da indústria de vestuário em Bangladesh em abril de 2013 e a tensão entre os custos e benefícios do crescimento rápido desse país como um exportador de vestuário Capítulo 17 Saída e a taxa de câmbio no curto prazo Em resposta à crise econômica mundial de 2007 2009 países em todo o mundo adotaram respostas fiscais contracíclicas A pesquisa acadêmica renovada sobre o tamanho do multiplicador fiscal veio logo em seguida embora a maior parte dela seja definida na eco nomia fechada e portanto ignorou os efeitos da taxa de câmbio enfatizados no modelo do capítulo Para esta edição adicionamos um novo Estudo de Caso sobre o tamanho do multiplicador fiscal na economia aberta Em consonância com a literatura acadêmica recente que se centra na política fiscal no limite da menor taxa de juro zero integramos a discussão com o nosso modelo de armadilha da liquidez Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial estrangeira O capítulo agora inclui uma discussão adicional de ataques de afluência nas taxas de câmbio sendo man tidas em níveis apreciados através de intervenção cam bial e outras medidas um fenômeno visto na China e em outros países Um novo Estudo de Caso centrase na política do Swiss National Bank de orientar o nível do franco suíço perante o euro M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 14 12915 555 PM XV Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica Uma derivação detalhada da restrição de orçamento intertemporal multiperíodo da economia aberta comple menta agora a discussão do equilíbrio externo Os profes sores que não querem abordar este material relativamente mais técnico podem ignorá lo sem perda de continuidade A análise intertemporal é aplicada para analisar a sustentabilidade dos empréstimos estrangeiros persis tente da Nova Zelândia Além disso foi atualizada a dis cussão do capítulo sobre os acontecimentos recentes na economia global Capítulo 20 Globalização financeira oportunidade e crise Para esta nova edição mudamos a ordem anterior dos capítulos 20 e 21 para que o livro agora abranja o mercado internacional de capitais antes de cobrir as áreas de moeda ideal e a crise do euro Nosso raciocí nio é que a crise do euro é em grande parte uma crise dos bancos que os estudantes não conseguem compre ender sem uma boa compreensão prévia dos sistemas bancários internacionais e seus problemas Consistente com essa abordagem o novo Capítulo 20 abrange em detalhes os balanços dos bancos e a sua fragilidade com ênfase no capital do banco e má regulação do capital Desde a primeira edição deste livro realçamos o con texto global da regulamentação do sistema bancário Nesta edição vamos explicar o trilema financeiro que força os legisladores nacionais a escolher no máximo dois dentre os potenciais objetivos de transparência financeira estabilidade financeira e controle nacional sobre a política financeira Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro A crise na zona euro aumentou drasticamente depois que a última edição deste livro foi lançada Para esta nova edição trouxemos nossa cobertura atualizada da crise do euro com novos materiais sobre as iniciativas de coordenação mais estreita das políticas dos países do euro como a união do sistema bancário Nossa discus são teórica das áreas de moeda ideal também reflete as lições da crise do euro Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma Nossa cobertura de fluxos de capitais para países em desenvolvimento agora inclui pesquisas recentes sobre o pequeno tamanho desses fluxos bem como sua tendên cia paradoxal para favorecer o baixo sobre o alto cresci mento das economias em desenvolvimento Destacamos a relação estreita entre as teorias de alocação de capital para os países em desenvolvimento e as teorias de distri buição de renda interna Além dessas alterações estruturais atualizamos o livro em outras maneiras para manter a relevância atual Assim analisamos o perfil educacional dos trabalhado res estrangeiros nos Estados Unidos e como ele difere do da população geral Capítulo 4 revimos as recen tes disputas antidumping envolvendo a China Capítulo 8 discutimos as causas do grande excedente de conta corrente global Capítulo 13 descrevemos o surto e a resolução da hiperinflação do Zimbábue Capítulo 15 e descrevemos a infraestrutura em evolução da regula mentação bancária internacional incluindo Basileia III e o Conselho de Estabilidade Financeira Capítulo 20 Sobre o livro A ideia de escrever este livro saiu de nossa experiên cia no ensino de economia internacional para estudan tes universitários e alunos de negócios desde a década de 1970 Percebemos dois desafios principais no ensino O primeiro era comunicar aos alunos os avanços intelectu ais emocionantes neste campo dinâmico O segundo era mostrar como o desenvolvimento da teoria econômica internacional tradicionalmente tem sido moldado pela necessidade de entender a economia mundial mutável e analisar os problemas atuais da política econômica internacional Achamos que os livros didáticos publicados não atendiam adequadamente a esses desafios Muitas vezes os livros didáticos de economia internacional confron tam os alunos com uma desconcertante panóplia de modelos especiais e suposições dos quais é difícil extrair as lições básicas Porque muitos desses modelos espe ciais são ultrapassados os alunos ficam intrigados sobre a relevância da análise no mundo real Como resultado muitos livros geralmente deixam uma lacuna entre o material um pouco antiquado a ser coberto em classe e as questões palpitantes que dominam os debates de polí tica e pesquisa atuais Essa lacuna aumentou drastica mente conforme têm crescido a importância dos proble mas econômicos internacionais e as matrículas nos cursos de economia internacional Este livro é a primeira tentativa de fornecer um qua dro analítico atualizado e compreensível para iluminar os acontecimentos atuais e trazer a emoção da economia internacional para a sala de aula Na análise de ambos os lados monetários e reais do assunto nossa abordagem tem sido construir passo a passo um quadro simples e unifi Prefácio M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 15 12915 555 PM XVI Economia internacional cado para comunicar as grandes ideias tradicionais bem como os achados e abordagens mais recentes Para ajudar o aluno a captar e reter a lógica subjacente à economia internacional motivamos o desenvolvimento teórico em cada fase por dados pertinentes e questões políticas O lugar deste livro no currículo de Economia Os alunos assimilam a economia internacional mais prontamente quando ela é apresentada como um método de análise vitalmente ligado aos acontecimen tos na economia mundial em vez de um corpo abstrato de teoremas sobre modelos abstratos Nosso objetivo tem sido portanto salientar conceitos e sua aplicação em vez de ficarmos voltados para o formalismo teórico Nesse sentido o livro não pressupõe uma extensa expe riência em economia Os alunos que tiveram um curso em princípios econômicos acharão o livro acessível mas aqueles que levaram adiante os cursos em microeco nomia ou em macroeconomia encontrarão uma oferta abundante de material novo Apêndices especializados e pósescritos matemáticos foram incluídos para desafiar os alunos mais avançados Algumas características distintivas Este livro cobre os desenvolvimentos recentes mais importantes na economia internacional sem esquecer os insights teóricos e históricos duradouros que costu mam formar o núcleo dessa disciplina Conseguimos esta abrangência ao enfatizarmos como as teorias recentes evoluíram de achados anteriores em resposta a uma eco nomia mundial em evolução Tanto a parte real do comér cio capítulos 2 a 12 quanto a parte monetária capítulos 13 a 22 subdividemse em um núcleo de capítulos focado na teoria seguido por outros que aplicam a teoria às questões políticas importantes passadas e atuais No Capítulo 1 descrevemos em detalhes como este livro aborda os principais temas da economia internacio nal Aqui destacamos alguns dos tópicos que autores ante riores não foram capazes de tratar de forma sistemática Retornos crescentes e estrutura de mercado Mesmo antes de discutir o papel da vantagem com parativa na promoção do intercâmbio internacional e os ganhos de bemestar associados revisitamos a vanguarda da pesquisa teórica e empírica definindo o modelo da gravidade do comércio Capítulo 2 Volta mos para a fronteira das pesquisas nos capítulos 7 e 8 explicando como os crescentes retornos e a diferencia ção do produto afetam o comércio e o bemestar Os modelos explorados nesta discussão capturam aspectos significativos da realidade como o comércio intraindus trial e as mudanças nos padrões de comércio devidas às economias de escala dinâmicas Os modelos mostram também que o comércio mutuamente benéfico não pre cisa ser baseado em vantagem comparativa Empresas no comércio internacional O Capítulo 8 também resume as novas pesquisas estimulantes que enfocam o papel das empresas no comércio internacional O capítulo enfatiza que dife rentes empresas podem negociar de maneira diversa em face da globalização A expansão de alguns e a contra ção dos outros deslocam a produção global em direção a produtores mais eficientes dentro de setores industriais aumentando a produtividade global e gerando ganhos do comércio Essas empresas que se expandem em um ambiente de livre comércio podem ter incentivos para terceirizar algumas de suas atividades de produção no exterior ou retomar a produção multinacional como descrevemos no capítulo Política e teoria da política comercial Começando no Capítulo 4 salientamos o efeito do comércio na distribuição de renda como o principal fator político por detrás de restrições ao livre comércio Esta ênfase torna claro para os alunos por que as recei tas da análise de bemestar padrão da política comercial raramente prevalecem na prática O Capítulo 12 explora a noção popular de que os governos devem adotar polí ticas de comércio ativista destinadas a estimular setores da economia vistos como cruciais O capítulo inclui uma discussão teórica de tal política de comércio baseada em ideias simples da Teoria dos Jogos Abordagem de mercado ativo para a determinação da taxa de câmbio O mercado de câmbio estrangeiro moderno e a deter minação das taxas de câmbio pelas taxas de juro e expec tativas nacionais estão no centro da nossa abordagem da macroeconomia das economias abertas O principal ingrediente do modelo macroeconômico que desenvol vemos é a relação de paridade de juros posteriormente aumentada por prêmios de risco Capítulo 14 Entre os tópicos que abordamos usando o modelo estão a supe ração da taxa de câmbio as metas de inflação o com portamento das taxas de câmbio reais crises de balanço de pagamentos sob taxas de câmbio fixas e as causas M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 16 12915 555 PM XVII e efeitos da intervenção do banco central no mercado cambial capítulos 15 a 18 Coordenação da política macroeconômica internacional Nossa discussão da experiência monetária interna cional capítulos 19 a 22 enfatiza o tema de que dife rentes sistemas de taxa de câmbio levaram a diferentes problemas de coordenação política para seus mem bros Tal como a movimentação do ouro competitivo dos anos entreguerras mostrou como as políticas beg garthyneighbor podem ser autodestrutivas o float atual desafia os legisladores nacionais a reconhecerem sua interdependência e a formularem políticas coope rativamente O mercado de capitais mundial e os países em desenvolvimento Uma ampla discussão do mercado de capitais mun dial é dada no Capítulo 20 que retoma as implicações de bemestar da diversificação da carteira internacio nal bem como problemas de supervisão prudencial dos bancos internacionalmente ativos e outras instituições financeiras O Capítulo 22 é dedicado às perspectivas de crescimento em longo prazo e para a estabilização macroeconômica específica e problemas de liberaliza ção de industrialização e países recémindustrializados O capítulo revisa as crises nos mercados emergentes e coloca em perspectiva histórica as interações entre os devedores de países em desenvolvimento os credores de países desenvolvidos e as instituições financeiras oficiais como o Fundo Monetário Internacional O Capítulo 22 também revisa as políticas de taxas de câmbio da China e as pesquisas recentes sobre a persistência da pobreza no mundo em desenvolvimento Recursos de aprendizagem O livro incorpora uma série de características especiais de aprendizagem que vão manter o interesse dos alunos na apresentação e ajudálos a dominar suas lições Estudos de caso Estudos de caso que têm o papel triplo de reforçar o material abordado anteriormente ilustrando a sua aplicabilidade no mundo real e fornecendo importantes informações históricas muitas vezes acompanhados de discussões teóricas Quadros especiais Temas menos centrais que no entanto oferecem ilustrações particularmente vívidas de pontos aborda dos no texto são tratados nos quadros Entre eles temos o embargo comercial do presidente norteamericano Thomas Jefferson de 18071809 Capítulo 3 a surpre endente capacidade de disputas sobre o comércio de bananas para gerar animosidade entre países muito frios para cultivar suas próprias bananas Capítulo 10 mer cados de câmbio a prazo sem entrega Capítulo 14 e a rápida acumulação de reservas de divisas pelos países em desenvolvimento Capítulo 22 Diagramas legendados Mais de 200 diagramas são acompanhados de legen das descritivas que reforçam a discussão no texto e aju dam o aluno na revisão do material Objetivos de aprendizagem Uma lista de conceitos essenciais prepara o ambiente para introduzir cada capítulo do livro Esses objetivos de aprendizagem ajudam o aluno a avaliar seu domínio da matéria Resumo e termoschave Cada capítulo se encerra com um resumo sinteti zando os pontos principais Frases e termoschave apa recem em negrito quando são introduzidos no capítulo e são listados no final de cada capítulo Para ajudar ainda mais a revisão dos materiais os termoschave estão em itálico quando aparecem no resumo do capítulo Problemas Cada capítulo é seguido de problemas destinados a testar e solidificar a compreensão dos alunos Os proble mas vão desde exercícios computacionais de rotina até perguntas amplas apropriadas para discussão em sala de aula Em muitos problemas pedimos que os alunos apliquem o que aprenderam aos dados de mundo real ou às questões políticas Leituras adicionais Para os instrutores que preferem complementar o livro didático com leituras adicionais e para alunos que desejam investigar mais profundamente por conta pró pria cada capítulo tem uma bibliografia comentada que inclui clássicos estabelecidos bem como análises atuali zadas de edições recentes Prefácio M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 17 12915 555 PM XVIII Economia internacional Sala Virtual A Sala Virtual deste livro oferece recursos adicionais que auxiliarão professores e estu dantes na exposição das aulas e no processo de ensino e aprendizagem Para o professor Manual do professor com manual de soluções em inglês Apresentações em PowerPoint Banco de exercícios em inglês Galeria de imagens Para estudantes Exercícios de múltipla escolha autocorrigíveis Agradecimentos Nossa dívida principal é com Christina Masturzo editora de aquisições responsável pelo projeto Agrade cemos também à gerente do programa Carolyn Philips e à gerente de projeto Carla Thompson Os esforços de Heather Johnson como gerente de projetos com Inte graChicago foram essenciais e eficientes Gostaríamos também de agradecer à equipe de mídia na Pearson Denise Clinton Noel Lotz Courtney Kamauf e Melissa Honig por todo seu trabalho duro no curso MyEcon Lab para a décima edição Por último agradecemos os outros os editores que ajudaram a tornar tão boas as nove primeiras edições deste livro Gostaríamos também de reconhecer a assistência de pesquisa primorosa de Tatjana Kleineberg e Sandile Hlatshwayo Camille Fernandez forneceu apoio logís tico soberbo como de costume Pelas sugestões úteis e pelo apoio moral agradecemos a Jennifer Cobb Gita Gopinath Vladimir Hlasny e Phillip Swagel Agradecemos os seguintes revisores passados e pre sentes por suas ideias e recomendações Jaleel Ahmad Concordia University Lian An University of North Florida Anthony Paul Andrews Governors State University Myrvin Anthony University of Strathclyde Reino Unido Michael Arghyrou Cardiff University Richard Ault Auburn University Amitrajeet Batabyal Rochester Institute of Technology Tibor Besedes Georgia Tech George H Borts Brown University Robert F Brooker Gannon University Francisco CarradaBravo WP Carey School of Business ASU Debajyoti Chakrabarty University of Sydney Adhip Chaudhuri Georgetown University Jay Pil Choi Michigan State University Jaiho Chung National University of Singapore Jonathan Conning Hunter College and The Graduate Center The City University of New York Brian Copeland University of British Columbia Kevin Cotter Wayne State University Barbara Craig Oberlin College Susan Dadres University of North Texas Ronald B Davies University College Dublin Ann Davis Marist College Gopal C Dorai William Paterson University Robert Driskill Vanderbilt University Gerald Epstein University of Massachusetts em Amherst Jo Anne Feeney State University of New York em Albany Robert Foster American Graduate School of International Management Patrice Franko Colby College Diana Fuguitt Eckerd College Byron Gangnes University of Hawaii at Manoa Ranjeeta Ghiara California State University San Marcos Neil Gilfedder Stanford University Amy Glass Texas AM University Patrick Gormely Kansas State University Thomas Grennes North Carolina State University Bodil Olai Hansen Copenhagen Business School Michael Hoffman US Government Accountability Office Henk Jager University of Amsterdam Arvind Jaggi Franklin Marshall College Mark Jelavich Northwest Missouri State University Philip R Jones University of Bathand University of Bristol Reino Unido Tsvetanka Karagyozova Lawrence University Hugh Kelley Indiana University Michael Kevane Santa Clara University Maureen Kilkenny University of Nevada Hyeongwoo Kim Auburn University Stephen A King San Diego State University Imperial Valley Faik Koray Louisiana State University Corinne Krupp Duke University Bun Song Lee University of Nebraska Omaha Daniel Lee Shippensburg University M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 18 12915 555 PM XIX Francis A Lees St Johns University Jamus Jerome Lim World Bank Group Rodney Ludema Georgetown University Stephen V Marks Pomona College Michael L McPherson University of North Texas Marcel Mérette University of Ottawa Shannon Mitchell Virginia Commonwealth University Kaz Miyagiwa Emory University Shannon Mudd Ursinus College MarcAndreas Muendler University of California San Diego Ton M Mulder Erasmus University Rotterdam Robert G Murphy Boston College E Wayne Nafziger Kansas State University Steen Nielsen University of Aarhus Dmitri Nizovtsev Washburn University Terutomo Ozawa Colorado State University Arvind Panagariya Columbia University Nina Pavcnik Dartmouth College Iordanis Petsas University of Scranton Thitima Puttitanun San Diego State University Peter Rangazas Indiana UniversityPurdue University Indianapolis James E Rauch University of California San Diego Michael Ryan Western Michigan University Donald Schilling University of Missouri Columbia Patricia Higino Schneider Mount Holyoke College Ronald M Schramm Columbia University Craig Schulman Texas AM University Yochanan Shachmurove University of Pennsylvania Margaret Simpson The College of William and Mary Enrico Spolaore Tufts University Robert Staiger University of WisconsinMadison Jeffrey Steagall University of North Florida Robert M Stern University of Michigan Abdulhamid Sukar Cameron University Rebecca Taylor University of Portsmouth Reino Unido Scott Taylor University of British Columbia Aileen Thompson Carleton University Sarah Tinkler Portland State University Arja H TurunenRed University of New Orleans Dick van der Wal Free University of Amsterdam Gerald Willmann University of Kiel Rossitza Wooster California State University Sacramento Bruce Wydick University of San Francisco Jiawen Yang The George Washington University Kevin H Zhang Illinois State University Embora não tenhamos sido capazes de fazer todas as alterações sugeridas achamos as observações dos revisores inestimáveis na revisão do livro Obviamente temos responsabilidade exclusiva pelas deficiências remanescentes na obra Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz Outubro de 2013 Prefácio M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 19 12915 555 PM M00KRUGXXXXC00iniciaisindd 20 12915 555 PM Taxas de Câmbio e Macroeconomia da Economia Aberta PARTE 3 CAPÍTULO Introdução 1 Podemos dizer que o estudo do comércio e das finanças internacionais é onde começa a econo mia como nós a conhecemos Os historiadores do pensamento econômico frequentemente descre vem o ensaio Do equilíbrio das negociações do filósofo escocês David Hume como a primeira expo sição real de um modelo econômico Hume publicou seu ensaio em 1758 quase vinte anos antes de seu amigo Adam Smith publicar A riqueza das nações Os debates sobre a política mercantil britâ nica no começo do século XIX tiveram grande contribuição para converter a economia de um campo informal e discursivo para uma disciplina orientada por modelos como se tornou desde então Contudo o estudo da economia internacional nunca foi tão importante quanto agora No começo do século XXI as nações estão mais próximas do que nunca por causa da comerciali zação de mercadorias e serviços dos fluxos de dinheiro e dos investimentos nas economias estrangeiras A economia global criada por essas relações é uma área turbulenta tanto os legis ladores quanto os líderes administrativos em todos os países inclusive nos Estados Unidos devem agora prestar atenção naquilo que algumas vezes tem modificado rapidamente fortunas econômicas ao redor do mundo Observe algumas tendências básicas que a estatística nos traz com um sentido de importância sem precedentes nas relações econômicas internacionais A Figura 11 mostra o nível de exportações e importações dos EUA como parcelas do produto interno bruto de 1960 a 2012 A característica mais evidente da figura é a tendência ascendente prolongada em ambas as parcelas o comércio interna cional praticamente triplicou em importância comparado com a economia como um todo FIGURA 11 Exportações e importações como porcentagens da renda nacional dos EUA Tanto as importações quanto as exportações subiram como uma parcela da economia dos EUA mas as importações aumentaram mais Fonte Departamento de Análise Econômica dos EUA 2013 research stlouisfedorg Departamento de Análise Econômica dos EUA 2013 research stlouisfedorg 1970 1975 1980 1985 1990 1995 As áreas sombreadas indicam recessões nos EUA 2000 2005 2010 2015 DIST Exportações importações da renda nacional dos Estados Unidos 1960 1965 25 50 75 100 125 150 175 200 Exportação Importação M01KRUGXXXXC01indd 1 12915 555 PM 2 Economia internacional É quase tão óbvio que embora tanto a importação quanto a exportação tenham aumentado a importação aumen tou mais causando um grande déficit comercial Como os Estados Unidos conseguem pagar todas essas mercadorias importadas A resposta é que o dinheiro é fornecido por grandes fluxos de capital dinheiro investido por estrangei ros que querem participar de uma parcela da economia dos EUA Fluxos de capital dessa magnitude seriam inconce bíveis no passado Agora eles são normais Então a diferença entre importação e exportação é um indicador de outro aspecto das crescentes relações internacionais nesse caso as crescentes relações entre os mercados financeiros Por fim observe que tanto as importações quanto as exportações foram reduzidas em 2009 Esse declínio refletiu a crise econômica global que começou em 2008 e nos lembra das relações próximas entre as negocia ções mundiais e o estado global da economia do mundo Se as relações econômicas internacionais tornaram se cruciais para os Estados Unidos elas são ainda mais cru ciais para outras nações A Figura 12 mostra a média das importações e exportações como uma porcentagem do PIB para uma série de países Os Estados Unidos por seu tamanho e diversidade de recursos dependem menos do comércio internacional do que quase todas as outras nações Este texto introduz os principais conceitos e métodos da economia internacional e os ilustra com aplicações originadas no mundo real Boa parte dele é dedicada a antigas ideias que continuam sendo válidas a teoria do comércio do século XIX de David Ricardo e mesmo a análise monetária do século XVIII de David Hume continuam sendo altamente relevantes para a economia mundial do século XXI Ao mesmo tempo fizemos um esforço espe cial para atualizar essa análise Em particular a crise econômica que começou em 2007 trouxe consigo novos desafios importantes para a economia global Os economistas eram capazes de aplicar as análises existentes a alguns desses desafios mas eles também foram forçados a repensar alguns conceitos importantes Além disso surgiram novas abordagens para velhas perguntas como os impactos das mudanças na política monetária e fis cal Tentamos transmitir as principais ideias que surgiram nas pesquisas recentes e também enfatizamos a conti nuidade da importância das ideias antigas FIGURA 12 Média das exportações e importações em porcentagem da renda nacional em 2011 O comércio internacional é ainda mais importante para a maioria dos outros países do que é para os Estados Unidos Fonte Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 EUA Canadá México Alemanha Coreia do Sul Bélgica Exportações importações da renda nacional OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Após a leitura deste capítulo você será capaz de Distinguir problemas econômicos domésticos e internacionais Explicar por que existem sete temas recorrentes na economia internacional e discutir seu significado Diferenciar entre os aspectos monetários e administrativos da economia internacional M01KRUGXXXXC01indd 2 12915 555 PM 3 Capítulo 1 Introdução Do que trata a economia internacional A economia internacional usa os mesmos métodos fundamentais de análise que outros ramos da economia porque os motivos e o comportamento dos indivíduos são os mesmos nos negócios internacionais e nas transa ções domésticas As casas que vendem comida gourmet na Flórida oferecem grãos de café do México e do Havaí a sequência de eventos que levou esses grãos até a loja não é muito diferente e o café importado percorreu uma distância muito mais curta do que os grãos enviados de dentro dos Estados Unidos Contudo a economia inter nacional envolve preocupações novas e diferentes por que os investimentos e os negócios internacionais ocor rem entre nações independentes Os Estados Unidos e o México são estados soberanos a Flórida e o Havaí não são O fornecimento de café do México para a Flórida poderia ser afetado se o governo dos EUA impusesse uma quota limitando as importações o café do México poderia tornar se subitamente mais barato para os com pradores dos EUA caso o peso passasse a valer menos em relação ao dólar Por outro lado nenhum desses eventos pode acontecer no comércio interno dos EUA porque sua constituição proíbe que haja restrições ao comércio interestadual e em todo o território dos EUA é utilizada a mesma unidade monetária O assunto central da economia internacional por tanto consiste de aspectos levantados pelos problemas especiais da interação econômica entre estados sobera nos Sete temas são recorrentes durante o estudo da eco nomia internacional 1 ganhos decorrentes do comércio 2 padrão de comércio 3 protecionismo 4 equilíbrio dos pagamentos 5 determinação da taxa de câmbio 6 coordenação da política internacional e 7 mercado de capitais internacional Os ganhos da negociação Todo mundo sabe que um pouco de comércio inter nacional é benéfico por exemplo ninguém acha que a Noruega deveria cultivar suas próprias laranjas Entre tanto muitas pessoas são céticas quanto aos benefícios do comércio de mercadorias que um país pode produzir por si mesmo Os norte americanos deveriam comprar produtos fabricados no país sempre que possível para ajudar a criar empregos nos Estados Unidos Provavelmente a única reflexão mais importante em toda a economia internacional é que existem ganhos com a negociação ou seja quando os países vendem mercado rias e serviços uns para os outros essa troca é quase sem pre benéfica para ambos os lados A variedade de circuns tâncias sob as quais o comércio internacional é benéfico é muito mais ampla do que a maioria das pessoas imagina Por exemplo é uma concepção errônea muito comum pen sar que o comércio é prejudicial se houver grandes dispari dades entre os países em termos de produtividade ou salá rios Por um lado os gestores em países menos avançados tecnologicamente como a Índia frequentemente se preo cupam que a abertura de suas economias para o comércio internacional provocará desastres porque suas indústrias não serão capazes de competir Por outro lado as pessoas em nações tecnologicamente avançadas onde os trabalha dores ganham altos salários frequentemente têm medo de que a negociação com países menos avançados e com salá rios menores puxe o seu padrão de vida para baixo um candidato à presidência dos Estados Unidos memoravel mente vaticinou sobre o surgimento de um som de sucção gigante se os Estados Unidos concluíssem um acordo de livre comércio com o México Contudo o primeiro modelo apresentado por este texto das causas do comércio Capítulo 3 demonstra que dois países podem negociar para seu benefício mútuo mesmo quando um deles é mais eficiente do que o outro na produção de tudo e quando os produtores no país menos eficiente podem competir somente por estarem pagando salários mais baixos Também observamos que o comér cio fornece benefícios ao permitir que os países exportem mercadorias cuja produção faz uso relativamente intenso de recursos que são abundantes no local ao mesmo tempo em que importa mercadorias cuja produção exige recursos que são escassos Capítulo 5 O comércio internacional também permite que os países se especializem na produ ção de faixas mais estreitas de alimentos dando a eles maior eficiência na produção em larga escala Os benefícios do comércio internacional não estão limitados apenas ao comércio de bens tangíveis A migração internacional e os empréstimos internacionais também são formas de negociação mutuamente benéfi cas a primeira delas é uma negociação de trabalho em troca de mercadorias e serviços Capítulo 4 a segunda é uma negociação de mercadorias presentes em troca da promessa de mercadorias futuras Capítulo 6 Por fim as trocas internacionais de bens de risco como títulos e ações podem beneficiar todos os países ao permitir que cada nação diversifique sua riqueza e reduza a variabi lidade da sua renda Capítulo 20 Essas formas invisí veis de comércio produzem ganhos tão reais quanto o comércio que coloca frutas frescas da América Latina nos mercados de Toronto em fevereiro Embora as nações geralmente ganhem com o comér cio internacional é bem possível que o comércio inter nacional possa prejudicar grupos específicos dentro das M01KRUGXXXXC01indd 3 12915 555 PM 4 Economia internacional nações em outras palavras esse comércio internacio nal terá fortes efeitos sobre a distribuição de renda Os efeitos do comércio sobre a distribuição de renda são há muito tempo uma preocupação dos teóricos de comér cio internacional que enfatizam que O comércio internacional pode afetar adversamente os proprietários de recursos que são específicos de indústrias que competem com importações ou seja não podem encontrar emprego alternativo em outras indústrias Os exemplos incluem os maquinários es pecializados como os teares manuais que se torna ram menos valiosos por causa das importações de tecidos e os trabalhadores com habilidades especia lizadas como os pescadores que têm o valor de sua pesca reduzido pelos frutos do mar importados O comércio também pode alterar a distribuição de renda entre grupos amplos como os trabalhadores e os donos do capital Essas preocupações se deslocaram da sala de aula para o centro do debate político do mundo real à medida que se torna cada vez mais claro que os salários reais de trabalhadores menos capacitados nos Estados Unidos estão diminuindo muito embora o país como um todo continue a ficar mais rico Muitos comentaris tas atribuem esse desenvolvimento ao comércio inter nacional crescente principalmente das exportações em rápido crescimento de mercadorias fabricadas em países de baixos salários Avaliar essa demanda torna se uma tarefa importante para os economistas internacionais e é um tema prevalente nos capítulos 4 a 6 O padrão do comércio Os economistas não podem discutir os efeitos do comércio internacional ou recomendar mudanças nas políticas governamentais dirigidas ao comércio com alguma confiança a menos que eles saibam que sua teo ria é boa o suficiente para explicar o comércio interna cional que é observado na realidade Como resultado tentativas para explicar o padrão de comércio interna cional quem vende o que para quem têm sido uma preocupação maior dos economistas internacionais Alguns aspectos do padrão do comércio são fáceis de serem entendidos Clima e recursos explicam com clareza por que o Brasil exporta café e a Arábia Saudita exporta petróleo Contudo a maior parte do padrão do comércio é muito sutil Por que o Japão exporta automó veis enquanto os Estados Unidos exportam aviões No início do século XIX o economista inglês David Ricardo deu uma explicação do comércio em termos de diferen ças internacionais na produtividade do trabalho uma explicação que continua sendo uma poderosa reflexão Capítulo 3 No século XX contudo explicações alter nativas também foram propostas Uma das explicações mais influentes liga padrões comerciais a uma interação entre os suprimentos relativos das fontes nacionais como capital mão de obra e terra de um lado e o uso rela tivo desses fatores na produção de mercadorias do outro Apresentamos essa teoria no Capítulo 5 Nós então dis cutimos o quanto esse modelo básico deve ser estendido a fim de gerar previsões empíricas precisas do volume e do padrão do comércio Do mesmo modo alguns eco nomistas internacionais propuseram teorias que sugerem um componente aleatório substancial junto com econo mias de escala no padrão de comércio internacional teo rias que são desenvolvidas nos capítulos 7 e 8 Quanto comércio Se a ideia de ganhos do comércio é o conceito teórico mais importante em economia internacional o aparente eterno debate sobre quanto comércio deve ser permitido é seu tema político mais importante Desde o surgimento dos modernos Estados nações no século XVI os gover nos têm se preocupado com o efeito da competição inter nacional sobre a prosperidade das indústrias domésticas e têm tentado proteger as indústrias da competição estran geira colocando limites nas importações ou tentando ajudá las na competição global subsidiando as exporta ções A única missão mais consistente da economia inter nacional tem sido analisar os efeitos dessas assim cha madas políticas protecionistas e geralmente embora nem sempre criticar o protecionismo e mostrar as vanta gens do comércio internacional mais livre O debate sobre quanto comércio deve ser permi tido levou a uma nova orientação nos anos 1990 Após a Segunda Guerra Mundial as democracias avançadas conduzidas pelos Estados Unidos adotaram uma ampla política de remover barreiras para o comércio internacio nal essa política refletia a visão de que o livre comércio era uma força não apenas para a prosperidade mas também para promover a paz mundial Na primeira metade dos anos 1990 foram negociados vários acordos importantes de livre comércio O mais notável foi o Acordo de Livre Comércio Norte Americano NAFTA do termo em inglês North American Free Trade Agreement entre Estados Unidos Canadá e México aprovado em 1993 e o acordo chamado de Rodada do Uruguai que estabeleceu a Orga nização Mundial de Comércio em 1994 Desde aquela época contudo um movimento político internacional opondo se à globalização obteve muitas adesões O movimento ganhou notoriedade em 1999 quando expositores representando uma mistura de pro tecionistas tradicionais e novas ideologias perturbaram M01KRUGXXXXC01indd 4 12915 555 PM 5 Capítulo 1 Introdução um importante encontro internacional de comércio em Seattle Se não por mais nada o movimento antigloba lização forçou os defensores do livre comércio a procura rem novos caminhos para explicar seus pontos de vista Como adequado tanto à importância histórica quanto à relevância atual da questão protecionista cerca de um quarto deste texto é dedicado ao assunto No decorrer dos anos os economistas internacionais desenvolveram um quadro analítico simples mas pode roso para determinar os efeitos das políticas governa mentais que afetam o comércio internacional Esse qua dro ajuda a predizer os efeitos das políticas de comércio embora também permita a análise custo benefício e critérios definitórios para determinar quando a inter venção do governo é boa para a economia Apresenta mos esse quadro nos capítulos 9 e 10 e o utilizamos para discutir diversas questões políticas nesses capítulos e nos dois seguintes No mundo real contudo os governos não necessa riamente fazem o que a análise custo benefício dos eco nomistas diz que eles deveriam fazer Isso não significa que a análise é inútil A análise econômica pode ajudar a dar sentido às regras da política de comércio interna cional mostrando quem se beneficia e quem perde com tais ações governamentais como quotas sobre as impor tações e subsídios às exportações A principal reflexão dessa análise é que os conflitos de interesse dentro das nações são geralmente mais importantes na determina ção da política de comércio do que os conflitos de inte resse entre as nações Os capítulos 4 e 5 mostram que o comércio geralmente tem efeitos muito fortes sobre a distribuição de renda dentro dos países enquanto os capítulos 10 a 12 revelam que a força relativa de diferen tes grupos de interesse dentro dos países mais do que alguma medida de interesse nacional global frequen temente é o principal fator determinante nas políticas governamentais para o comércio internacional Balanço de pagamentos Em 1998 tanto a China quanto a Coreia do Sul tinham grandes superávits comerciais de cerca de 40 bilhões de dólares cada No caso da China o excedente comercial não fugia do usual o país vinha registrando grandes excedentes por vários anos gerando queixas dos outros países incluindo dos Estados Unidos de que a China não estava obedecendo às regras do jogo Então é bom registrar um excedente comercial e ruim apresentar um déficit comercial Não de acordo com os sul coreanos seu excedente comercial os forçou a uma crise econômica e financeira e eles se ressentiram muito da necessidade de possuir aquele excedente Essa comparação realça o fato de que o balanço de pagamentos do país deve ser colocado no contexto de uma análise econômica para compreendermos o que ele significa Ele surge em uma variedade de contextos espe cíficos ao discutir investimento direto externo pelas cor porações multinacionais Capítulo 8 ao relatar tran sações internacionais para uma contabilidade de renda nacional Capítulo 13 e ao discutir virtualmente cada aspecto da política monetária internacional capítulos 17 a 22 Como o problema do protecionismo a balança de pagamentos tornou se uma questão central para os Estados Unidos porque a nação tem apresentado défi cits comerciais enormes a cada ano desde 1982 Determinação da taxa de câmbio Em setembro de 2010 o então ministro da fazenda do Brasil Guido Mantega ganhou as manchetes dos jornais ao declarar que o mundo estava no meio de uma guerra cambial internacional A ocasião para seus comentários foi um forte aumento no valor da moeda do Brasil o real que valia menos de 45 centavos de dólar no início de 2009 mas tinha aumentado para quase 60 centavos quando ele fez essa declaração e aumentaria para 65 centavos durante os próximos meses Mantega acusou os países ricos os Estados Unidos em parti cular de engendrar esse aumento que foi devastador aos exportadores brasileiros Contudo o aumento de valor do real mostrou vida curta a moeda começou a cair no meio de 2011 e até o verão de 2013 ela tinha voltado a somente 45 centavos de dólar Uma diferença fundamental entre a economia inter nacional e outras áreas da economia é que os países geralmente têm suas próprias moedas o euro que é compartilhado por diversos países europeus é a exceção que confirma a regra E como o exemplo do real ilus tra os valores relativos das moedas podem mudar com o tempo algumas vezes de maneira drástica Por razões históricas o estudo da determinação da taxa de câmbio é uma parte relativamente nova da eco nomia internacional Para a maior parte da história eco nômica moderna as taxas de câmbio eram fixadas mais por ação governamental do que por determinação do mercado Antes da Primeira Guerra Mundial os valo res das principais moedas do mundo eram fixados com base no ouro Para uma geração após a Segunda Guerra Mundial os valores das principais moedas eram fixados em termos de dólar americano A análise dos sistemas monetários internacionais que fixa as taxas de câmbio continua sendo um assunto importante O Capítulo 18 é dedicado ao estudo dos sistemas de taxa fixa o Capí tulo 19 ao desempenho histórico dos sistemas de taxas M01KRUGXXXXC01indd 5 12915 555 PM 6 Economia internacional de câmbio alternativas e o Capítulo 21 à economia das áreas monetárias como a união monetária euro peia Atualmente contudo algumas das taxas de câm bio mais importantes do mundo flutuam de minuto a minuto e o papel dessa mudança continua sendo o cen tro da história econômica internacional Os capítulos 14 a 17 enfocam a teoria das taxas de câmbio flutuantes Coordenação da política internacional A economia internacional abrange as nações sobera nas cada qual livre para escolher suas próprias políticas econômicas Infelizmente em uma economia mundial integrada as políticas econômicas de um país costumam afetar igualmente outros países Por exemplo quando o Banco Central alemão aumentou as taxas de juros em 1990 um passo que ele tomou para controlar o possí vel impacto inflacionário da reunificação das Alemanhas Oriental e Ocidental ajudou a precipitar uma recessão no restante da Europa Ocidental Diferenças nas metas entre países frequentemente levam a conflitos de interesse Mesmo quando os países têm metas similares eles podem sofrer perdas se falharem em coordenar suas políticas Um problema fundamental na economia internacional é determinar como produzir um grau aceitável de harmo nia entre o comércio internacional e as políticas mone tárias dos diferentes países na ausência de um governo mundial que diga aos países o que eles devem fazer Por quase 70 anos as políticas comerciais internacio nais tinham sido governadas por um acordo internacio nal conhecido como Acordo Geral sobre Tarifas Adua neiras e Comércio GATT do termo em inglês General Agreement on Tariffs and Trade Desde 1994 as regras comerciais têm sido aprovadas por uma organização internacional a Organização Mundial do Comércio que pode dizer aos países incluindo os Estados Unidos que suas políticas violam acordos prévios Nós discutiremos a justificativa para esse sistema no Capítulo 9 e apurare mos se as regras do jogo para o comércio internacional na economia mundial podem ou devem sobreviver Embora a cooperação nas políticas comerciais inter nacionais seja uma tradição bem estabelecida a coor denação das políticas macroeconômicas internacionais é um tópico mais novo e mais incerto Tentativas para formular princípios para a coordenação macroeconô mica internacional datam de 1980 e 1990 e permanecem controversas até o momento Entretanto tentativas de coordenação macroeconômica internacional estão ocor rendo com frequência crescente no mundo real Tanto a teoria da coordenação macroeconômica internacio nal quanto uma experiência em desenvolvimento são revisadas no Capítulo 19 Mercado de capitais internacional Em 2007 os investidores que haviam comprado seguros lastreados por hipotecas pensando nas rendas dos grandes investimentos em hipotecas residenciais receberam um choque enorme conforme os preços das residências começaram a cair o valor das hipotecas entrou em colapso e os investimentos que elas assegu ravam passaram a ser de alto risco Uma vez que mui tas das apólices pertenciam a instituições financeiras o problema com os imóveis rapidamente tornou se uma crise bancária E note o seguinte não foi apenas uma crise bancária nos Estados Unidos porque os bancos de outros países especialmente na Europa também haviam comprado muitos desses seguros A história não termina aí a Europa rapidamente também teve problemas no mercado imobiliário E embora esses problemas tenham ocorrido no sul logo tornou se aparente que muitos bancos europeus do norte como os bancos da Alemanha que haviam emprestado dinheiro para os da Espanha também ficaram expostos às consequências financeiras Em qualquer economia sofisticada existe um extenso mercado de capitais um conjunto de rearranjos pelos quais indivíduos e empresas trocam dinheiro por pro messas de pagamento futuro A crescente importância do comércio internacional desde 1960 foi acompanhada por um crescimento no mercado de capitais internacional que conecta os mercados de capital de diferentes países Assim nos anos 1970 as nações do Oriente Médio ricas em petróleo colocaram os seus lucros advindos dessa fonte de recurso nos bancos de Londres e Nova York os quais por sua vez emprestavam dinheiro para governos e corporações na Ásia e América Latina Durante os anos 1980 o Japão converteu muito do dinheiro que ganhou com suas exportações em investimentos nos Estados Uni dos incluindo o estabelecimento de um número crescente de subsidiárias norte americanas de empresas japonesas Hoje a China está direcionando seus ganhos em exporta ção para um leque de ativos estrangeiros incluindo dóla res que seu governo guarda como reserva internacional Os mercados de capitais internacionais diferem de maneiras importantes dos mercados de capitais domés ticos Eles devem seguir regulamentações especiais que muitos países impõem ao investimento estrangeiro eles também oferecem algumas vezes oportunidades para a liberação de regulamentações impostas aos mercados internos Desde 1960 surgiram mercados de capitais inter nacionais enormes mais notadamente o mercado de euro dólar de Londres no qual bilhões de dólares são trocados diariamente sem sequer chegarem aos Estados Unidos M01KRUGXXXXC01indd 6 12915 555 PM 7 Capítulo 1 Introdução Alguns riscos especiais estão associados com os mer cados de capitais internacionais Um risco é a flutuação do câmbio se o euro cai abaixo do dólar os investi dores dos EUA que compraram ações em euro sofrem uma perda de capital Outro risco é o não pagamento calote nacional uma nação pode simplesmente recusar se a pagar suas dívidas talvez porque não tenha condições e pode não existir uma maneira efetiva para os credores processarem essa nação O medo de calote por países europeus altamente endividados tem sido uma preocupação importante nos últimos anos A crescente importância dos mercados de capitais internacionais e seus novos problemas demandam mais atenção do que nunca Este livro dedica dois capítulos aos problemas oriundos dos mercados de capitais internacio nais um sobre o funcionamento dos mercados de ativos globais Capítulo 20 e um sobre empréstimos estrangei ros por países em desenvolvimento Capítulo 22 Economia internacional comércio e moedas A ciência econômica da economia internacional pode ser subdividida em dois subcampos amplos o estudo do comércio internacional e o estudo monetário internacio nal A análise do comércio internacional enfoca prima riamente as transações reais na economia internacional ou seja as transações envolvendo o movimento físico de mercadorias ou um compromisso tangível de recursos econômicos A análise monetária internacional enfoca a face monetária da economia internacional ou seja tran sações financeiras como compras estrangeiras de dóla res americanos Um exemplo de um problema de comér cio internacional é o conflito entre os Estados Unidos e a Europa sobre as exportações subsidiadas de produ tos agrícolas da Europa um exemplo de um problema monetário internacional é a disputa entre a opinião de que se deve deixar que o valor do câmbio estrangeiro do dólar flutue livremente ou de que ele seja estabilizado por ação governamental No mundo real não existe uma linha divisória simples entre os problemas comerciais e monetários A maioria do comércio internacional envolve transações monetárias embora como os exemplos deste capítulo já sugeriram muitos eventos monetários têm consequências importan tes para o comércio Contudo a distinção entre comércio internacional e dinheiro internacional é útil A primeira metade deste livro aborda os problemas de comércio inter nacional A Parte Um capítulos 2 a 8 desenvolve a teoria analítica do comércio internacional e a Parte Dois capí tulos 9 a 12 aplica a teoria do comércio para a análise das políticas governamentais de comércio A segunda metade do livro dedica se aos problemas monetários internacio nais A Parte Três capítulos 13 a 18 desenvolve a teoria monetária internacional e a Parte Quatro capítulos 19 a 22 aplica essa análise à política monetária internacional M01KRUGXXXXC01indd 7 12915 555 PM M01KRUGXXXXC01indd 8 12915 555 PM CAPÍTULO comércio mundial uma visão geral 2 Teoria de comércio internacional PARTE 1 Em 2013 o mundo todo produziu bens e serviços valendo cerca de US 74 trilhões a preços correntes Desse total mais de 30 foram vendidos cruzando fronteiras nacionais o comércio mundial de bens e serviços excedeu os US 23 trilhões Isso é uma quantidade enorme de expor tações e importações Em capítulos posteriores vamos analisar por que os países vendem muito do que produzem para outros países e por que compram muito do que consomem de outros países Também exa minaremos os benefícios e os custos do comércio internacional e as motivações e efeitos das políticas governamentais que restringem ou incentivam o comércio Antes de chegarmos a isso no entanto vamos começar por descrever quem negocia com quem Uma relação empírica conhecida como modelo de gravidade ajuda a entender o valor das trocas comerciais entre qualquer par de países e lança luz sobre os obstáculos que continuam a limitar o comércio internacional mesmo na economia globalizada de hoje Vamos então analisar a estrutura mutante do comércio mundial Como veremos as últimas décadas foram marcadas por um grande aumento da parcela da produção mundial vendida internacionalmente por uma mudança do centro de gravidade do mundo econômico em direção à Ásia e por grandes mudanças nos tipos de bens que compõem esse comércio obJetivos de apRendiZaGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Descrever como o valor do comércio entre dois países depende do tamanho de suas economias e explicar as razões para essa relação Discutir como a distância e as fronteiras reduzem o comércio Descrever como a parcela da produção internacional que é negociada tem flutuado ao longo do tempo e por que há duas eras da globalização Explicar como o mix de produtos e serviços que são comercializados internacionalmente mudou ao longo do tempo Quem negocia com quem A Figura 21 mostra o valor total do comér cio de mercadorias exportações mais impor tações entre os Estados Unidos e seu 15 par ceiros comerciais principais em 2012 Dados sobre o comércio de serviços são menos bem discriminados por parceiro comercial vamos falar sobre a crescente importância do comér cio de serviços e as questões levantadas por esse comércio mais adiante neste capítulo Toma dos em conjunto esses 15 países representaram 69 do valor do comércio dos Estados Unidos naquele ano Por que os Estados Unidos negociam tanto com esses países Vamos examinar os fatores que na prática determinam quem negocia com quem O tamanho é importante o modelo de gravidade Três dos 15 principais parceiros comerciais dos EUA são nações europeias Alemanha Reino Unido e França Por que os Estados Unidos negociam mais intensamente com esses três países europeus do que com os outros A resposta é que essas são as três maiores eco nomias europeias Ou seja eles têm os maio res valores do produto interno bruto PIB que mede o valor total de todos os bens e serviços M02KRUGXXXXC02indd 9 12915 556 PM 10 Economia internacional produzidos em uma economia Existe uma forte relação empírica entre o tamanho da economia de um país e o volume de suas importações e exportações A Figura 22 ilustra essa relação mostrando a cor respondência entre o tamanho das diferentes economias europeias especificamente 15 parceiros comerciais da Europa Ocidental mais importantes dos EUA em 2012 e o comércio desses países com os Estados Uni dos naquele ano No eixo horizontal é o PIB de cada país expresso em porcentagem do PIB total da União Europeia no eixo vertical temos a quota de cada país do comércio total dos EUA com a UE Como você pode ver a dispersão dos pontos é agrupada em torno da linha traçada a 45 graus ou seja a quota de comércio de cada país da Europa com os EUA foi mais ou menos igual à quota do país no PIB Europeu Ocidental A Ale manha tem uma grande economia respondendo por 20 do PIB europeu ocidental é também responsável por 24 do comércio dos EUA com a região A Suécia tem uma economia muito menor representando apenas 32 do PIB europeu Correspondentemente é respon sável por apenas 23 do comércio EUAEuropa Olhando para o comércio mundial como um todo os economistas descobriram que uma equação prevê com bastante precisão o volume do comércio entre dois paí ses da seguinte forma T A Y Y D ij i j ij 21 em que A é um termo constante Tij é o valor do comércio entre o país i e o país j Yi é o PIB do país i Yj é o PIB do país j e Dij é a distância entre os dois países Ou seja o valor do comércio entre dois países é proporcio nal se tudo o mais for igual ao produto do PIB dos dois países e diminui com a distância entre eles Uma equação como 21 é conhecida como um modelo de gravidade do comércio mundial A razão para o nome é a analogia à lei de Newton da gravidade assim como a atração gravitacional entre dois objetos é pro porcional ao produto das suas massas e diminui com a distância o comércio entre dois países é sendo as outras variáveis iguais proporcional ao produto de seu PIB e diminui com a distância Os economistas frequentemente estimam um modelo de gravidade um pouco mais geral da seguinte forma FIGURa 21 Comércio total dos EUA com os principais parceiros em 2012 Comércio dos EUA medido como a soma das importações e exportações com os 15 principais parceiros 0 50 100 150 250 200 300 350 400 450 500 550 600 650 700 Comércio total bilhões de US Itália Venezuela Índia Países Baixos Taiwan França Arábia Saudita Brasil Coreia do Sul Reino Unido Alemanha Japão México China Canadá Fonte Departamento de Comércio dos EUA M02KRUGXXXXC02indd 10 12915 556 PM 11 Capítulo 2 Comércio mundial uma visão geral FIGURa 22 O tamanho das economias europeias e o valor de suas trocas comerciais com os Estados Unidos 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 Porcentagem do PIB da UE Porcentagem do comércio dos EUA com a UE Alemanha Reino Unido França Itália Espanha Suécia Áustria Dinamarca Polônia Países Baixos Bélgica Fonte Departamento de comércio dos EUA Comissão Europeia T A Y Y D ij i a j b ij c 22 Esta equação diz que os três parâmetros que determi nam o volume do comércio entre dois países são o tama nho do PIB dos dois países e a distância entre eles sem assumir especificamente que o comércio seja proporcional ao produto dos dois PIBs e inversamente proporcional à distância Em vez disso a b e c são escolhidos para se encaixarem o mais próximo possível nos dados reais Se a b e c forem todos iguais a 1 a Equação 22 seria igual à Equação 21 Na verdade as estimativas em geral apon tam que 21 é uma aproximação razoável Por que o modelo de gravidade funciona Em termos gerais as grandes economias tendem a gastar grandes quantias com importações porque elas têm grandes rendimentos Também tendem a atrair grandes fatias dos gastos de outros países porque elas produzem uma vasta gama de produtos Então sendo as outras variá veis iguais o comércio entre quaisquer duas economias é maior quanto maior forem ambas as economias Que outras variáveis não são iguais Como já obser vamos na prática os países gastam muito ou a maior parte de sua renda internamente Os Estados Unidos e a União Europeia estão gastando cada um cerca de 25 do PIB mundial mas cada um atrai apenas cerca de 2 dos gastos do outro Para compreender os fluxos comer ciais reais precisamos considerar os fatores que limi tam o comércio internacional Antes de chegarmos lá no entanto vamos analisar uma razão importante pela qual o modelo de gravidade é útil Usando o modelo de gravidade à procura de anomalias É claro pela Figura 22 que um modelo de gravidade se aplica bem aos dados sobre o comércio dos EUA com países europeus mas não perfeitamente Na verdade um dos principais usos dos modelos de gravidade é para nos ajudar a identificar anomalias no comércio Com efeito quando o comércio entre dois países é muito maior ou menor do que um modelo de gravidade prevê os economistas procuram a explicação Olhando novamente a Figura 22 vemos que o comér cio dos Países Baixos Bélgica e Irlanda com os Estados Unidos é consideravelmente maior do que um modelo de gravidade poderia ter previsto Por que isso ocorre Para a Irlanda a resposta encontra se em parte na afinidade cultural não só a Irlanda compartilha a mesma língua com os Estados Unidos mas dezenas de milhões de americanos são descendentes de imigrantes irlandeses Além dessa consideração a Irlanda desem M02KRUGXXXXC02indd 11 12915 556 PM 12 Economia internacional FIGURa 23 Dimensão econômica e o comércio com os Estados Unidos Os Estados Unidos têm marcadamente mais comércio com seus vizinhos do que com as economias europeias de mesmo tamanho Fonte Departamento de comércio dos EUA Comissão Europeia penha um papel especial como hospedeira de muitas empresas dos EUA Discutiremos o papel dessas corpo rações multinacionais no Capítulo 8 No caso dos Países Baixos e da Bélgica os custos de transporte e a geografia explicam seu grande comércio com os Estados Unidos Ambos os países estão localiza dos perto da foz do rio Reno maior rio da Europa Oci dental que passa junto do Ruhr o coração industrial da Alemanha Então os Países Baixos e a Bélgica têm sido tradicionalmente os pontos de entrada de grande parte do noroeste da Europa Rotterdam na Holanda é o porto mais importante na Europa como medido pela tonelagem e Antuérpia na Bélgica o segundo O grande comércio da Bélgica e da Holanda sugere em outras palavras o papel importante dos custos de transporte e da geografia em determinar o volume do comércio A importância desses fatores é clara quando nos voltamos para um exemplo mais amplo de dados comerciais Impedimentos ao comércio distância barreiras e fronteiras A Figura 23 mostra os mesmos dados que a Figura 22 comércio dos EUA como uma porcentagem do comércio total com a Europa Ocidental em 2012 versus PIB em porcentagem do PIB total da região mas acrescenta mais dois países Canadá e México Como você pode ver os dois vizinhos dos Estados Unidos fazem muito mais comércio com os EUA do que as economias europeias de igual tamanho Na verdade o Canadá cuja economia é mais ou menos do mesmo tamanho que a da Espanha tem transações comerciais com os Estados Unidos na mesma intensidade que toda a Europa junta Por que os Estados Unidos têm muito mais comércio com seus vizinhos norte americanos do que com os seus parceiros europeus Uma das principais razões é o sim ples fato de que o Canadá e o México estão muito mais próximos Todos os modelos de gravidade estimados mostram um forte efeito negativo da distância no comércio inter nacional estimativas típicas relatam que um aumento de 1 na distância entre dois países está associado com uma queda de 07 a 1 no comércio entre esses países Essa queda em parte reflete o aumento dos custos do transporte de mercadorias e serviços Os economis tas também acreditam que fatores menos tangíveis desempenham um papel crucial o comércio tende a ser intenso quando os países têm contato pessoal 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25 Canadá México Alemanha Reino Unido França Itália Espanha Países Baixos Bélgica Porcentagem do PIB da UE Porcentagem do comércio dos EUA com a UE M02KRUGXXXXC02indd 12 12915 556 PM 13 Capítulo 2 Comércio mundial uma visão geral e este contato tende a diminuir quando as distâncias são grandes Por exemplo é fácil para um represen tante de vendas dos Estados Unidos fazer uma visita rápida a Toronto mas é um esforço muito maior para esse representante ir a Paris A menos que a empresa esteja situada na costa oeste é um esforço ainda maior visitar Tóquio Além de serem vizinhos dos Estados Unidos Canadá e México são parte de um acordo de comércio com os Estados Unidos o Acordo de Livre Comércio Norte Americano ou NAFTA que garante que a maioria dos bens enviados entre os três países não seja sujeita a tarifas ou outras barreiras ao comércio internacional Vamos analisar os efeitos das barreiras ao comércio internacional nos capítulos 8 e 9 e o papel dos acor dos comerciais como o NAFTA no Capítulo 10 Por enquanto vamos observar que os economistas usam modelos de gravidade como uma forma de avaliar o impacto dos acordos comerciais sobre o comércio inter nacional real se um acordo de comércio é eficaz deve estimular significativamente o comércio entre seus par ceiros do que iriam prever por seus PIBs e as distâncias um do outro É importante observar no entanto que apesar de os acordos comerciais muitas vezes acabarem com todas as barreiras formais ao comércio entre os países eles raramente tornam as fronteiras nacionais irrele vantes Mesmo quando a maioria dos bens e serviços fornecidos através de uma fronteira nacional não paga tarifas aduaneiras e enfrenta poucas restrições legais há muito mais comércio entre regiões do mesmo país do que entre regiões equivalentemente situadas em diferentes países A fronteira CanadáEstados Unidos é um caso Os dois países fazem parte de um acordo de livre comércio na verdade havia um acordo de livre comércio entre CanadáEUA mesmo antes do NAFTA a maioria dos canadenses fala inglês e os cidadãos desses países são livres para cruzar a fronteira com um mínimo de formalidades Contudo dados sobre o comércio das províncias canadenses individuais entre si e com estados dos EUA mostram que se todo o resto for igual há muito mais comércio entre as provín cias do que entre as províncias e os estados dos Estados Unidos A Tabela 21 ilustra a extensão da diferença Ela mostra o comércio total exportações mais importa ções da província canadense da Colúmbia Britânica ao norte do estado de Washington com outras províncias canadenses e com os estados dos EUA medidos como uma porcentagem do PIB de cada província ou estado A Figura 24 mostra a localização dessas províncias e estados Cada província canadense é pareada com um estado dos EUA que esteja mais ou menos a mesma distância da Colúmbia Britânica o estado de Washin gton e Alberta fazem ambos fronteira com a Colôm bia Britânica Ontário e Ohio estão ambos no centro oeste e assim por diante Com exceção do comércio com o extremo leste da província canadense de Nova Brunswick o comércio intracanadense cai constante mente com o aumento da distância Mas em todos os casos o comércio entre a Colúmbia Britânica e uma província do Canadá é muito maior do que o comércio com um estado dos EUA igualmente distante Os economistas usaram dados como os mostra dos na Tabela 21 junto com as estimativas do efeito da distância em modelos de gravidade para calcular que a fronteira CanadáEUA apesar de ser uma das mais abertas do mundo tem tanto efeito em dissuadir o comércio quanto se os países estivessem entre 1500 e 2500 quilômetros de distância Por que as fronteiras têm um grande efeito nega tivo sobre o comércio Esse é um tópico de pesquisa em andamento O Capítulo 21 descreve um recente foco dessa pesquisa um esforço para determinar quanto efeito a existência de diferentes moedas nacionais tem sobre o comércio internacional de bens e serviços tabela 21 Comércio com a Colúmbia Britânica como porcentagem do PIB em 2009 Província canadense Comércio como do PIB Comércio como do PIB Estados dos EUA com distância Similar à Colúmbia Britânica Alberta 69 26 Washington Saskatchewan 24 10 Montana Manitoba 20 03 Califórnia Ontário 19 02 Ohio Quebec 14 01 Nova York New Brunswick 23 02 Maine Fonte Estatísticas Canadá Departamento de comércio dos EUA M02KRUGXXXXC02indd 13 12915 556 PM 14 Economia internacional FIGURa 24 Províncias do Canadá e estados dos EUA que fazem comércio com a Colúmbia Britânica Estados dos EUA 1 Washington 2 Montana 3 Califórnia 4 Ohio 5 Nova York 6 Maine 1 0 1 2 3 4 5 6 2 3 4 5 6 Províncias canadenses 0 Colúmbia Britânica 1 Alberta 2 Saskatchewan 3 Manitoba 4 Ontário 5 Quebec 6 New Brunswick O padrão de mudança do comércio mundial O comércio mundial é um alvo em movimento A direção e a composição do comércio mundial é muito diferente hoje do que era há uma geração atrás e ainda mais diferente do que era há um século Vejamos algu mas das principais tendências O mundo ficou menor Em discussões populares da economia mundial mui tas vezes encontramos demonstrações de que o trans porte moderno e as comunicações aboliram a distância então o mundo se tornou um lugar pequeno Há clara mente um pouco de verdade nessas declarações a Inter net possibilita a comunicação instantânea e quase livre entre pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância enquanto o transporte por aviões a jato per mite rápido acesso físico para todas as partes do globo Por outro lado os modelos de gravidade continuam a mostrar uma forte relação negativa entre a distância e o comércio internacional Mas tais efeitos ficaram mais fracos ao longo do tempo O progresso dos transportes e das comunicações tornou o mundo menor A resposta é sim mas a história também mos tra que as forças políticas podem compensar os efeitos da tecnologia O mundo ficou menor entre 1840 e 1914 mas novamente ficou maior em grande parte do século XX Historiadores econômicos nos dizem que uma econo mia global com fortes ligações econômicas entre nações mesmo distantes não é uma coisa nova Na verdade houve duas grandes ondas de globalização a primeira se baseando não nos aviões a jato e na Internet mas sim em ferrovias navios a vapor e no telégrafo Em 1919 o grande economista John Maynard Keynes descreveu os resultados daquela onda de globalização Um episódio extraordinário no progresso eco nômico do homem foi a era que chegou ao fim em agosto de 1914 O habitante de Londres podia encomendar por telefone bebericando seu chá da manhã na cama os diversos produtos de toda a terra nas quantidades que achasse melhor e esperar Fonte Estatísticas Canadá Departamento de Comércio dos EUA M02KRUGXXXXC02indd 14 12915 556 PM 15 Capítulo 2 Comércio mundial uma visão geral razoavelmente sua entrega bater em sua porta na manhã seguinte Observe no entanto que a declaração de Keynes que a era chegou ao fim em 1914 Na verdade duas guer ras mundiais subsequentes a Grande Depressão dos anos 1930 e o protecionismo generalizado fizeram muito para deprimir o comércio mundial A Figura 25 mostra uma medida de comércio internacional a relação entre um índice das exportações mundiais de bens manufaturados e um índice de produção industrial mundial O comércio mundial cresceu rapidamente nas décadas anteriores à Pri meira Guerra Mundial mas depois caiu significativamente Como você pode ver na figura a globalização não retorna aos níveis pré guerra mundial até a década de 1970 Desde então no entanto o comércio mundial como uma parte da produção mundial aumentou para níveis sem precedentes Grande parte desse aumento no valor do comércio mundial reflete a chamada desintegração vertical da produção antes que um produto chegue às mãos dos consumidores passa muitas vezes por vários estágios de produção em diferentes países Por exemplo os produtos eletrônicos de consumo telefones celula res iPods entre outros frequentemente são montados nas nações com baixos salários como a China a partir de componentes produzidos em países que são mais bem remunerados como o Japão Por causa da extensa movi mentação dos componentes um produto de US 100 pode dar origem a um valor de US 200 ou US 300 nos fluxos de comércio internacional O que comercializamos Quando os países fazem comércio o que eles comercia lizam Para o mundo em geral a principal resposta é que eles enviam produtos manufaturados como automóveis computadores e roupas uns para os outros No entanto o comércio de produtos minerais uma categoria que inclui tudo desde o minério de cobre até o carvão mas cujo componente principal no mundo moderno é o petró leo continua a ser uma parte importante do comércio mundial Produtos agrícolas como trigo soja e algodão são outra peça chave do quadro atual e serviços de vários tipos desempenham um papel importante e espera se muito que se tornem mais importantes no futuro A Figura 26 apresenta a distribuição percentual das exportações mundiais em 2011 Os produtos manufatura dos de todos os tipos compõem a maior parte do comércio mundial A maior parte do valor dos bens de mineração consiste de petróleo e outros combustíveis O comércio de produtos agrícolas embora crucial na alimentação de muitos países representa apenas uma pequena fração do valor do comércio do mundo moderno Enquanto isso as exportações de serviços incluem as taxas de transporte tradicional cobradas por compa nhias aéreas e empresas de transporte marítimo taxas de seguro recebidas de estrangeiros e os gastos por turistas FIGURa 25 A ascensão e a queda do comércio mundial Relação entre o comércio de manufaturas e a produção 0 1 2 3 4 5 6 7 1900 1905 1910 1915 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Fonte Boletim Mensal da NU de estatísticas Organização Mundial do Comércio A proporção mundial entre as exportações de bens manufaturados e a produção industrial do mundo mostrada aqui como um índice com 19531 elevou se nas décadas antes da Primeira Guerra Mundial mas caiu drasticamente em face das guerras e do protecionismo E não retornou aos níveis de 1913 até a década de 1970 mas desde então atingiu novos picos M02KRUGXXXXC02indd 15 12915 556 PM 16 Economia internacional FIGURa 26 A composição do comércio mundial 2011 Produtos agrícolas 8 Combustíveis e produtos de mineração 19 Manufaturados 53 Serviços 20 A maioria do comércio mundial é de bens manufaturados mas os minerais principalmente o pretróleo continuam a ser importantes Fonte Organização Mundial do Comércio Reino Unido Estados Unidos Exportação Importação Exportação Importação 1910 754 245 475 407 2011 721 691 653 672 Fonte Dados de 1910 de Simon Kuznets Modern Economic Growth Rate Structure and Speed New Haven Yale Univ Press 1966 Dados de 2011 da Organização Mundial do Comércio tabela 22 Produtos manufaturados como porcentagem do comércio de mercadorias estrangeiros Nos últimos anos novos tipos de comér cio de serviços tornados possíveis pelas telecomunica ções modernas têm atraído muito a atenção da mídia O exemplo mais famoso é o surgimento de centros de atendimento telefônico e de assistência remota no exte rior se você telefonar para um número 0800 para obter informações ou ajuda técnica a pessoa do outro lado da linha pode muito bem estar em um país distante a cidade indiana de Bangalore é um local particularmente popular Até agora essas novas formas exóticas de comércio ainda são uma parte relativamente pequena do quadro geral de comércio mas como explicado a seguir isso pode mudar nos próximos anos O quadro atual em que produtos manufaturados dominam o comércio mundial é relativamente novo No passado os produtos primários bens agrícolas e de mineração desempenhavam um papel muito mais importante no comércio mundial A Tabela 22 mostra o compartilhamento de bens manufaturados nas expor tações e importações do Reino Unido e dos Estados Unidos em 1910 e 2011 No início do século XX a Grã Bretanha embora exportasse intensamente bens manu faturados fábricas importava principalmente produtos primários Hoje os produtos manufaturados dominam ambos os lados de seu comércio Enquanto isso os Esta dos Unidos passaram de um padrão de comércio em que produtos primários eram mais importantes do que os bens manufaturados em ambos os lados para um padrão em que os bens manufaturados dominam Uma transformação mais recente foi a ascensão do terceiro mundo nas exportações de bens manufaturados Os termos terceiro mundo e países em desenvolvimento são aplicados às nações mais pobres do mundo muitas das quais foram colônias europeias antes da Segunda Guerra Mundial Na década de 1970 esses países expor tavam principalmente produtos primários Desde então M02KRUGXXXXC02indd 16 12915 556 PM 17 Capítulo 2 Comércio mundial uma visão geral no entanto eles mudaram rapidamente para as expor tações de bens manufaturados A Figura 27 mostra as parcelas de produtos agrícolas e mercadorias manufa turadas nas exportações de países em desenvolvimento desde 1960 Houve uma inversão quase completa de sua importância relativa Por exemplo mais de 90 das exportações da China a maior economia em desenvolvi mento e uma força crescente no comércio mundial são compostos de bens manufaturados Offshoring de serviços Atualmente uma das questões mais quentes em economia internacional é se a moderna tecnologia da informação que torna possível executar algumas funções econômicas a longa distância conduzirá a um aumento drástico nas novas formas de comércio internacional Nós já mencionamos o exemplo dos call centers onde a pessoa que atende seu pedido para obter informações pode estar a 16000 quilômetros de distância Muitos outros serviços também podem ser feitos em um local remoto Quando um serviço antes feito em um país é deslocado para um local externo a alteração é conhecida como offshoring de serviço às vezes conhecido como terceirização de serviço Além disso os produtores devem decidir se devem configurar uma subsidiária estrangeira para fornecer os serviços e operar como uma empresa multinacional ou tercei rizar os serviços de outra companhia No Capítulo 8 descreveremos mais detalhadamente como as empresas tomam essas decisões importantes Em um artigo famoso publicado em 2006 na revista Foreign Affairs Alan Blinder economista da Universi dade de Princeton argumentou que no futuro e em grande medida já no pre sente a principal distinção para o comércio inter nacional não será entre coisas que podem e que não podem ser colocadas em uma caixa Em vez disso será entre os serviços que podem ser entregues por via eletrônica em longas distâncias com pouca ou nenhuma degradação de qualidade e aqueles que não podem Por exemplo o trabalhador que reestoca as pratelei ras em sua mercearia tem que ir ao local mas o contador que faz a contabilidade do mercado pode estar em outro país mantendo contato pela Internet A enfermeira que mede seu pulso tem que estar próxima de você mas o radiologista que analisa a radiografia pode receber as imagens eletronicamente em qualquer lugar que tenha uma conexão de alta velocidade Nesse ponto a terceirização de serviços chama muito a atenção precisamente porque ainda é bastante rara A questão é quão grande pode se tornar e quantos FIGURa 27 A mudança de composição das exportações de países em desenvolvimento Porcentagem das exportações 1960 1970 1980 1990 2001 70 0 10 20 30 40 50 60 Manufaturados Agricultura Nos últimos 50 anos as exportações dos países em desenvolvimento têm se deslocado na direção dos manufaturados Fonte Conselho das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento M02KRUGXXXXC02indd 17 12915 556 PM 18 Economia internacional trabalhadores que não enfrentam hoje nenhuma compe tição internacional poderão ver essa mudança no futuro Uma maneira pela qual os economistas tentaram res ponder a essa pergunta foi olhando quais serviços são negociados em longas distâncias dentro dos Estados Unidos Por exemplo muitos serviços financeiros são fornecidos a partir de Nova York a capital financeira do país grande parte dos lançamentos de software do país ocorre em Seattle lugar da sede da Microsoft grande parte dos serviços de pesquisa por Internet dos EUA e do mundo provém do Googleplex em Mountain View Califórnia e assim por diante A Figura 28 mostra os resultados de um estudo que utilizou sistematicamente dados sobre a localização das indústrias dentro dos Estados Unidos para determinar quais serviços são e quais não são negociáveis em longas distâncias Como mostra a figura o estudo concluiu que cerca de 60 do total de empregos dos EUA consiste de postos de trabalho que devem ser feitos perto do cliente tornando os não comercializáveis Mas os 40 dos empre gos que representam atividades comercializáveis incluem mais serviços do que trabalhos de fabricação Isso sugere que o atual domínio do comércio mundial de manufatu ras mostrado na Figura 26 pode ser apenas temporário No longo prazo o comércio de serviços entregues por via eletrônica pode tornar se o componente mais importante do comércio mundial Discutiremos a implicação dessas tendências para o emprego dos EUA no Capítulo 8 Regras antigas ainda se aplicam Vamos começar nossa discussão sobre as causas do comércio mundial no Capítulo 3 com uma análise de um modelo originalmente apresentado pelo economista britânico David Ricardo em 1819 Tendo em conta todas as mudanças no comércio mundial desde o tempo de Ricardo velhas ideias ainda podem ser relevantes A resposta é um retumbante sim Mesmo que muito tenha mudado sobre o comércio internacional os princípios fundamentais descobertos por economistas no alvorecer de uma economia global ainda se aplicam É verdade que o comércio mundial tornou se mais difícil de se caracterizar em termos simples Há um século as exportações de cada país obviamente eram moldadas em grande parte por seu clima e seus recur sos naturais Países tropicais exportavam produtos tro picais como café e algodão países com terra rica como os Estados Unidos e a Austrália exportavam alimentos para as nações densamente povoadas da Europa Dispu tas sobre o comércio também eram fáceis de explicar as batalhas políticas clássicas sobre o livre comércio versus FIGURa 28 Parcela das produções comercializáveis do emprego Estimativas com base no comércio dentro dos Estados Unidos sugerem que comércio de serviços pode eventualmente tornar se maior do que o comércio de manufaturados Fonte J Bradford Jensen e Lori G Kletzer Tradable Services Understanding the Scope and Impact of Services Outsourcing Peterson Institute of Economics Working Paper 509 Maio 2005 Agricultura 1 Mineração utilitários construção 1 Manufaturados 12 Varejoatacado 7 Serviços profissionais 14 Educaçãosaúde 0 Serviços pessoais 2 Outros serviços 1 Não comercializáveis 60 Administração pública 2 M02KRUGXXXXC02indd 18 12915 556 PM 19 Capítulo 2 Comércio mundial uma visão geral o protecionismo eram travadas entre proprietários ingle ses que queriam a proteção contra as importações de alimentos baratos e os fabricantes ingleses que exporta vam grande parte da sua produção As fontes do comércio moderno são mais sutis Os recursos humanos e os recursos criados pelos humanos na forma de maquinarias dentre outros tipos de capi tal são mais importantes do que os recursos naturais As batalhas políticas sobre o comércio normalmente envolvem trabalhadores cujas habilidades são tornadas menos valiosas pelas importações trabalhadores da indústria de vestuário que enfrentam a concorrência dos vestuários importados e atendentes técnicos que agora enfrentam a concorrência de Bangalore Como veremos em capítulos posteriores no entanto a lógica subjacente ao comércio internacional perma nece a mesma Modelos econômicos desenvolvidos muito antes da invenção dos aviões a jato ou da Internet continuam sendo importantes para compreendermos os fundamentos do comércio internacional do século XXI 1 Canadá e Austrália são principalmente países de língua inglesa com populações que não são muito diferentes em tamanho Canadá é 60 maior Mas o comércio canadense é duas vezes maior em relação ao PIB do que na Austrália Por que isso ocorre 2 México e Brasil têm padrões muito diferentes de negocia ção Enquanto o México negocia principalmente com os Es tados Unidos o Brasil comercializa em nívies quase iguais com os Estados Unidos e a União Europeia Além disso o México faz muito mais comércio em relação ao seu PIB Ex plique essas diferenças usando o modelo de gravidade 3 A Equação 21 diz que o comércio entre os dois países é proporcional ao produto de seu PIB Isso significa que se o PIB de cada país no mundo duplicasse o comércio mundial quadruplicaria 4 Ao longo das últimas décadas as economias do leste asiá tico aumentaram a sua quota do PIB mundial Da mesma forma o comércio intraleste asiático ou seja o comércio entre as nações do leste asiático tem crescido como uma parte do comércio mundial Mais do que isso os países do leste asiático têm uma quota crescente das suas trocas co merciais entre si Explique o porquê usando o modelo de gravidade 5 Um século atrás a maioria das importações britânicas vinha de locais relativamente distantes América do Norte Améri ca Latina e Ásia Hoje a maioria das importações britânicas é proveniente de outros países europeus Como isso se en caixa com os tipos de mudanças de bens que compõem o comércio mundial reduzido pela guerra pelo protecionismo e pela depressão econômica e levou décadas para se recuperar 3 Bens manufaturados dominam o comércio moderno de hoje No passado entretanto os produtos primários eram muito mais importantes do que são agora recentemente comércio de serviços tornou se cada vez mais importante 4 Os países em desenvolvimento em particular deixaram de ser principalmente exportadores de produtos primários para se tornarem majoritariamente exportadores de produ tos manufaturados 1 O modelo de gravidade relaciona o comércio entre dois paí ses aos tamanhos de suas economias Usando o modelo de gravidade também revelamos os fortes efeitos da distância e das fronteiras internacionais mesmo as fronteiras ami gáveis como aquelas entre os Estados Unidos e o Canadá em desencorajar o comércio 2 O comércio internacional está em níveis recordes em re lação ao tamanho da economia mundial graças à queda dos custos de transporte e de comunicações No entanto o comércio não tem crescido em linha reta o mundo era ex tensamente integrado em 1914 mas o comércio foi muito Resumo acordo de comércio p 13 modelo de gravidade p 9 offshoring de serviços terceirização de serviços p 17 países em desenvolvimento p 16 produto interno bruto PIB p 9 terceiro mundo p 16 teRmoschave pRoblemas M02KRUGXXXXC02indd 19 12915 556 PM 20 Economia internacional BAIrOCH P Economics and World History Londres Harvester 1993 Um grande levantamento da economia mundial em função do tempo transcorrido BANCO Mundial Relatório de desenvolvimento mundial 1995 A cada ano o Banco Mundial enfoca uma importante questão global O relatório de 1995 focou sobre os efeitos do cresci mento do comércio mundial BLINDEr A S Offshoring The Next Industrial revolution Foreign Affairs marabr 2006 Um artigo influente escrito por um conhecido economista alerta que o crescimento do comércio de serviços pode expor dezenas de milhões de postos de trabalho anteriormente seguros à concorrência internacional O artigo criou uma celeuma enorme quando foi publicado CAIrNCrOSS F The Death of Distance London Orion 1997 Um olhar sobre como a tecnologia tornou o mundo menor HEAD K Gravity for Beginners Um guia útil sobre o modelo da gravidade Disponível em httppacific commerceubc cakeithgravitypdf JAMES H The End of Globalization Lessons from the Great Depression Cambridge Harvard University Press 2001 Um levantamento de como terminou a primeira grande onda de globalização JENSEN J B e KLETzEr L G Tradable Services Understan ding the Scope and Impact of Services Outsourcing Peter son Institute Working Paper 509 maio 2005 Um olhar sistemático para quais serviços são negociados dentro dos Estados Unidos com implicações sobre o futuro do comér cio internacional de serviços OrGANIzAçãO Mundial do Comércio Relatório do Comércio Mun dial Um relatório anual sobre o estado do comércio mundial O relatório de cada ano tem um tema diferente Por exemplo o de 2004 se centrou nos efeitos das políticas internas sobre o comércio mundial como os gastos em infraestrutura leituRas adicionais M02KRUGXXXXC02indd 20 12915 556 PM Teoria de comércio internacional PARTE 1 produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano CAPÍTULO 3 Os países se engajam no comércio internacional por dois motivos básicos e cada um deles contribui para os ganhos de comércio Primeiro os países fazem comércio porque são diferen tes uns dos outros As nações como os indivíduos podem se beneficiar de suas diferenças por chegar a um acordo em que cada um faz as coisas que fazem relativamente bem Segundo para obter economias de escala na produção Ou seja se cada país produz apenas uma gama limitada de bens pode produzir cada um desses bens em maior escala e portanto mais eficientemente do que se tentasse produzir tudo No mundo real os padrões de comércio internacional refletem a interação desses dois motivos Em um primeiro passo para a compreensão das causas e efei tos de comércio no entanto é útil olhar para modelos simplificados em que apenas um desses motivos esteja presente Os próximos quatro capítulos desenvolvem ferramentas para nos ajudar a entender como as diferenças entre os países dão origem ao comércio entre eles e por que tal comércio é mutua mente benéfico O conceito essencial nessa análise é o da vantagem comparativa Embora a vantagem comparativa seja um conceito simples a experiência mostra que é um conceito surpreen dentemente difícil para muitas pessoas entenderem ou aceitarem Com efeito o falecido Paul Samuelson o economista laureado com o Nobel que fez muito para desenvol ver os modelos de comércio internacional discutidos nos Capítulos 4 e 5 uma vez descreveu a vantagem comparativa como o melhor exemplo que ele conhecia de um princípio econômico que é inegavelmente verdadeiro embora não seja evidente para as pessoas inteligentes Neste capítulo vamos começar com uma introdução geral ao conceito de vantagem com parativa então prosseguiremos para desenvolver um modelo específico de como a vantagem comparativa determina o padrão do comércio internacional oBJetiVos de aprendizagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Explicar como funciona o modelo ricardiano o modelo mais básico do comércio internacional e como ele ilustra o princípio da vantagem comparativa Demonstrar os ganhos do comércio e refutar falácias comuns sobre comércio internacional Descrever a evidência empírica de que os salários refletem produtividade e que padrões de comércio refletem produtividade relativa O conceito de vantagem comparativa No dia de São Valentim NT Comemoração correspondente ao dia dos namorados no Bra sil que ocorre no dia 14 de fevereiro de 1996 que calhou de ser menos de uma semana antes das cruciais eleições primárias em New Hamp shire que aconteceram no dia 20 de fevereiro o candidato presidencial republicano Patrick Buchanan parou em uma loja para comprar uma dúzia de camélias para sua mulher Ele aproveitou a ocasião para fazer um discurso denunciando as importações crescentes de flo res para os Estados Unidos que ele alegou esta rem colocando os plantadores do país fora do negócio E é verdade que uma parcela crescente do mercado de camélias nos Estados Unidos é fornecida pelas importações trazidas de países sul americanos pela Colômbia em particular Mas isso é uma coisa ruim M03KRUGXXXXC03indd 21 12915 557 PM 22 Economia internacional O caso das camélias oferece um excelente exemplo das razões pelas quais o comércio internacional pode ser benéfico Considere primeiro como é difícil forne cer camélias frescas aos enamorados americanos em fevereiro As flores devem ser cultivadas em estufas aquecidas com um grande custo em termos de energia investimento de capital e outros recursos escassos Esses recursos poderiam ser utilizados para produzir outros bens Inevitavelmente há uma troca A fim de produzir camélias a economia dos EUA deve produzir menos de outras coisas como computadores Os economistas usam o termo custo de oportunidade para descrever tais trade offs o custo de oportunidade das camélias em ter mos de computadores é o número de computadores que poderiam ter sido produzidos com os recursos utilizados para produzir um determinado número de camélias Suponha por exemplo que os Estados Unidos cul tivem atualmente 10 milhões de camélias para venda no dia de São Valentim e que os recursos utilizados para plantar as camélias poderiam ter produzido 100 mil computadores em vez disso Então o custo de oportuni dade desses 10 milhões de camélias é 100 mil computa dores Por outro lado se os computadores forem produ zidos em vez disso o custo de oportunidade desses 100 mil computadores seria 10 milhões de flores Os 10 milhões de camélias do dia de São Valentim poderiam em vez disso ter sido cultivados na Colôm bia Parece extremamente provável que o custo de opor tunidade dessas camélias em termos de computadores seria menor do que nos Estados Unidos Por um lado é muito mais fácil cultivar camélias em fevereiro no hemisfério sul onde é verão nessa época do ano Além disso os trabalhadores colombianos são menos eficien tes do que seus correspondentes dos EUA na fabricação de bens sofisticados como computadores o que significa que uma determinada quantidade de recursos usados na produção de computadores produziria menos computa dores na Colômbia do que nos Estados Unidos Assim o trade off na Colômbia pode ser algo como 10 milhões de camélias por apenas 30 mil computadores Esta diferença de custos de oportunidade oferece a possibilidade de um rearranjo mutuamente benéfico da produção mundial Deixe os Estados Unidos pararem de cultivar camélias e dedicarem os recursos que isso libera para produzirem computadores Enquanto isso deixe a Colômbia cultivar as camélias liberando os recursos necessários da sua indústria de computadores As alte rações resultantes da produção estão representadas na Tabela 31 Veja o que aconteceu o mundo está produzindo o mesmo número de camélias que antes mas agora está produzindo mais computadores Então esse rearranjo de produção com os Estados Unidos concentrando se em computadores e a Colômbia concentrando se em camé lias aumenta o tamanho do bolo econômico do mundo Porque o mundo como um todo está produzindo mais é possível em princípio elevar a qualidade de vida A razão pela qual o comércio internacional produz esse aumento da produção mundial é que ele permite que cada país especialize se em produzir a mercadoria em que tem uma vantagem comparativa Um país tem uma van tagem comparativa na produção de um bem se o custo de oportunidade de produzir esse bem em termos de outros bens for menor nesse país do que é em outros países Neste exemplo a Colômbia tem uma vantagem com parativa em camélias e os Estados Unidos têm uma van tagem comparativa em computadores O padrão de vida pode ser aumentado em ambos os locais se a Colômbia produzir camélias para o mercado dos EUA enquanto os Estados Unidos produzirem computadores para o mercado colombiano Portanto temos uma visão essen cial sobre a vantagem comparativa e o comércio inter nacional o comércio entre os dois países pode beneficiar ambos se cada um exportar mercadorias nas quais tem uma vantagem comparativa Esta é uma afirmação sobre possibilidades não sobre o que realmente vai acontecer No mundo real não há nenhuma autoridade central que decida que país deve produzir camélias e qual deve produzir compu tadores Nem há alguém distribuindo camélias e com putadores para os consumidores em ambos os lugares Em vez disso comércio e produção internacional são determinados no mercado onde quem manda é a lei da oferta e da procura Há alguma razão para supor que o potencial de ganhos mútuos de comércio será realizado Os Estados Unidos e a Colômbia acabarão mesmo produzindo os bens em que cada um tem uma vanta gem comparativa O comércio entre eles realmente fará ambos os países melhor Para responder a essas perguntas devemos ser muito mais explícitos em nossa análise Neste capítulo desen volveremos um modelo originalmente proposto pelo eco nomista britânico David Ricardo que introduziu o con Milhões de rosas Mil computadores Estados Unidos 10 100 Colômbia 10 30 Total 0 70 tabela 31 Mudanças hipotéticas na produção M03KRUGXXXXC03indd 22 12915 557 PM 23 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano ceito de vantagem comparativa no início do século XIX1 Esta abordagem em que o comércio internacional é uni camente decorrente das diferenças internacionais na pro dutividade da mão de obra é conhecida como o modelo ricardiano de comércio internacional Economia de fator único Para introduzir o papel da vantagem comparativa na determinação dos fluxos comerciais internacionais começamos por imaginar que estamos lidando com uma economia que chamamos Doméstica que tem ape nas um fator de produção No Capítulo 4 estenderemos a análise aos modelos em que existem vários fatores Vamos imaginar que somente dois bens vinhos e queijos sejam produzidos A tecnologia da economia Doméstica pode ser resumida pela produtividade da mão de obra em cada setor expressa em termos de requisitos de mão de obra unitária o número de horas de trabalho neces sário para produzir um quilo de queijo ou um galão de vinho Por exemplo pode ser preciso uma hora de traba lho para produzir um quilo de queijo e duas horas para produzir um galão de vinho Note a propósito que esta mos definindo os requisitos de mão de obra unitária como o inverso da produtividade quanto mais queijo ou vinho um trabalhador puder produzir em uma hora menores os requisitos de mão de obra unitária Para referência futura definimos aLW e aLC como requisitos de mão de obra unitá ria na produção de vinho wine e queijo cheese respec tivamente Os recursos totais da economia são definidos como L labor o suprimento de mão de obra total Possibilidades de produção Como qualquer economia tem recursos limitados há limites sobre o que se pode produzir e sempre há trade offs básicos Para produzir mais de um bem a economia deve sacrificar a produção de algum outro bem Esses trade offs são ilustrados gra ficamente por uma fronteira de possibilidade de produ ção linha PF na Figura 31 que mostra a quantidade máxima de vinho que pode ser produzido uma vez que a decisão foi tomada para produzir determinada quanti dade de queijo e vice versa Quando há apenas um fator de produção a fronteira de possibilidade de produção de uma economia é sim plesmente uma linha reta Podemos derivar esta linha como segue se QW for a economia da produção de vinho e QC sua produção de queijo então a mão de obra utili zada na produção de vinho será aLWQW e a mão de obra utilizada na produção de queijo será aLCQCA fronteira 1 A referência clássica é David Ricardo The Principles of Political Economy and Taxation publicado pela primeira vez em 1817 de possibilidade de produção é determinada pelos limi tes sobre os recursos da economia neste caso a mão de obra Como o fornecimento total de mão de obra da economia é L os limites de produção são definidos pela inequação a Q a Q L LC C LW W 31 Suponha por exemplo que o fornecimento de mão de obra total da economia seja 1000 horas e que leve uma hora de trabalho para produzir um quilo de queijo e duas horas de trabalho para produzir um galão de vinho Então a mão de obra total utilizada na produção é 1 quilos de queijo produzido 2 galões de vinho produzido e esse total não deve ser superior às 1000 horas de trabalho disponível Se a economia dedicou toda a sua mão de obra para a produção de queijo ela poderia como mostrado na Figura 31 produzir LaLC quilos de queijo 1000 kg Se ela dedicou toda sua mão de obra para a produção de vinho em vez disso pode ria produzir LaLW galões 10002 500 galões de vinho E pode produzir qualquer proporção de vinho e queijo que se encontre em linha reta conectando os dois extremos Quando a fronteira de possibilidade de produção é uma linha reta o custo de oportunidade de um quilo de queijo em termos de vinho é constante Como vimos na seção anterior esse custo de oportunidade é definido pelo número de galões de vinho que a economia teria A linha PF mostra a quantidade máxima de queijo que Doméstica pode produzir dada qualquer produção de vinho e vice versa FIGURa 31 Fronteira de possibilidade de produção de Doméstica LaLW 500 galões no nosso exemplo LaLC 1000 kg no nosso exemplo Produção de queijo em Doméstica em quilos QC F Valor absoluto da inclinação igual ao custo de oportunidade de queijo em termos de vinho P Produção de vinho em Doméstica em galões QW M03KRUGXXXXC03indd 23 12915 557 PM 24 Economia internacional que desistir de fazer para produzir um quilo extra de queijo Neste caso produzir mais um quilo exigiria aLC de homens hora Cada um desses homens hora por sua vez poderia ter sido utilizado para produzir 1aLW galões de vinho Assim o custo de oportunidade do queijo em termos de vinho é aLCaLW Por exemplo se precisamos de um homem hora para fazer um quilo de queijo e duas horas para produzir um galão de vinho o custo de opor tunidade de cada quilo de queijo é meio galão de vinho Como mostra a Figura 31 este custo de oportunidade é igual ao valor absoluto da inclinação da fronteira de possibilidade de produção Oferta e preços relativos A fronteira de possibilidade de produção ilustra as diferentes proporções de bens que a economia pode produzir Para determinar o que a economia de fato vai produzir no entanto precisamos analisar os preços Especificamente precisamos saber o preço relativo de dois bens da economia ou seja o preço de um bem em termos do outro Em uma economia competitiva as decisões de for necimento são determinadas pelas tentativas de os indi víduos maximizarem seus ganhos Em nossa economia simplificada uma vez que a mão de obra é o único fator de produção o fornecimento de queijo e vinho será determinado pelo movimento de mão de obra para qualquer que seja o setor que pagar o salário mais alto Suponha novamente que leve uma hora de traba lho para produzir um quilo de queijo e duas horas para produzir um galão de vinho Agora vamos ima ginar ainda que o queijo é vendido por US 4 o quilo enquanto o vinho é vendido por US 7 por galão O que os trabalhadores produzirão Bem se eles produ zirem queijo podem ganhar 4 por hora Tenha em mente que como a mão de obra é a única entrada na produção aqui não há nenhum lucro então os traba lhadores recebem o valor total da sua produção Por outro lado se os trabalhadores produzirem vinho ganharão apenas US 350 por hora porque um galão de vinho de US 7 leva duas horas para ser produ zido Então se o queijo é vendido por US 4 o quilo enquanto o vinho é vendido por US 7 dólares o galão os trabalhadores se darão melhor com a produção de queijo e a economia como um todo vai se especiali zar na produção de queijo Mas e se os preços do queijo caírem para US 3 o quilo Nesse caso os trabalhadores podem ganhar mais na produção de vinho e a economia vai se especializar nisso De modo mais geral considere que PC e PW sejam os preços de queijo e vinho respectivamente É preciso aLC de homens hora para produzir um quilo de queijo uma vez que não há nenhum lucro no nosso modelo de um fator o salário por hora no setor de queijo será igual ao valor que um trabalhador pode produzir em uma hora PC aLC Uma vez que leva aLW homens hora para produ zir um galão de vinho a taxa horária de salários no setor do vinho será PW aLW Os salários no setor de queijo serão maiores se PC PWaLC aLW os salários no setor do vinho serão maiores se PC PW aLC aLW Como todo mundo vai querer trabalhar na indústria que oferecer o salário mais alto a economia se especializará na produ ção de queijo se PC PWaLC aLW Por outro lado ela vai especializar se na produção de vinho se PC PWaLC aLW Só quando PC PW for igual a aLC aLW os dois bens serão produzidos Qual é o significado do número aLC aLW Vimos na seção anterior que ele é o custo de oportunidade do queijo em termos de vinho Nós apenas portanto deri vamos de uma proposição fundamental sobre a relação entre preços e produção a economia vai se especializar na produção de queijo se o preço relativo do queijo exce der o seu custo de oportunidade em termos de vinho vai se especializar na produção de vinho se o preço relativo do queijo for menor do que seu custo de oportunidade em termos de vinho Na ausência do comércio internacional a econo mia Doméstica teria que produzir ambos os bens por si mesma Mas ela produzirá os dois bens somente se o preço relativo do queijo for apenas igual ao seu custo de oportunidade Uma vez que o custo de oportunidade é igual à relação entre os requisitos de mão de obra unitá ria no queijo e vinho podemos resumir a determinação dos preços na ausência do comércio internacional com uma simples teoria do valor da mão de obra na ausência do comércio internacional os preços relativos das merca dorias são iguais aos seus requisitos relativos de mão de obra unitária Comércio em um mundo de um fator Descrever o padrão e os efeitos do comércio entre dois países quando cada país tem apenas um fator de produção é simples No entanto as implicações dessa análise podem ser surpreendentes Na verdade para aqueles que não pensaram sobre o comércio internacio nal muitas dessas implicações parecem entrar em con flito com o senso comum Mesmo estes modelos mais simples do comércio podem oferecer algumas orienta ções importantes sobre questões reais como o que cons M03KRUGXXXXC03indd 24 12915 557 PM 25 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano titui a concorrência internacional justa e o intercâmbio internacional justo Antes de chegarmos a essas questões porém vamos determinar o modelo Suponha que há dois países Um deles novamente chamamos de economia Doméstica e o outro chamamos de Estrangeira Cada um des tes países tem um fator de produção mão de obra e pode produzir dois bens vinho e queijo Como antes chamamos a força de trabalho de Doméstica de L e os requisitos de mão de obra unitária de Doméstica na pro dução de vinho e queijo de aLW e aLC respectivamente Para Estrangeira usaremos uma notação conveniente ao longo deste texto quando nos referimos a algum aspecto de Estrangeira usaremos o mesmo símbolo que usamos para Doméstica mas com um asterisco Assim a força de trabalho de Estrangeira vai ser denotada por L os requisitos de mão de obra unitária de Estrangeira em vinho e queijo vão ser indicados por aLW e aLC res pectivamente e assim por diante Em geral os requisitos de mão de obra unitária podem acompanhar qualquer padrão Por exemplo Doméstica poderia ser menos produtiva do que Estran geira em vinho porém mais produtiva em queijo ou vice versa No momento faremos apenas uma suposi ção arbitrária que a a a a LC LW LC LW 32 ou equivalentemente que a a a a LC LC LW LW 33 Em palavras estamos supondo que a relação entre a mão de obra necessária para produzir um quilo de queijo e a exigida para produzir um galão de vinho é menor em Doméstica do que em Estrangeira Ainda de forma mais resumida estamos dizendo que a produti vidade relativa de queijo em Doméstica é maior do que de vinho Mas lembre se que a relação entre os requisitos de mão de obra unitária é igual ao custo de oportunidade de queijo em termos de vinho e lembre se também que definimos a vantagem comparativa precisamente em ter mos de tais custos de oportunidade Então de acordo com a suposição sobre as produtividades relativas incor poradas nas Equações 32 e 33 equivale a dizer que Doméstica tem uma vantagem comparativa no queijo Um ponto deve ser notado imediatamente a condi ção sob a qual Doméstica tem essa vantagem compara tiva envolve todos os quatro requisitos de mão de obra unitária não apenas dois Você pode pensar que para determinar quem produzirá queijo tudo o que você pre cisa fazer é comparar os requisitos de mão de obra uni tária dos dois países na produção de queijo aLC e a LC Se aLCaLC a mão de obra de Doméstica é mais efi ciente do que a de Estrangeira na produção de queijo Quando um país pode produzir uma unidade de um bem com menos trabalho do que outro país podemos dizer que o primeiro tem uma vantagem absoluta em produ zir aquele bem Em nosso exemplo Doméstica tem uma vantagem absoluta na produção de queijo O que veremos em um momento no entanto é que não podemos determinar o padrão de comércio apenas a partir da vantagem absoluta Uma das mais importan tes fontes de erro em discutir o comércio internacional é confundir a vantagem comparativa com a vantagem absoluta Tendo em conta as forças de trabalho e os requisi tos de mão de obra unitária nos dois países podemos traçar a fronteira de possibilidade de produção de cada país Já fizemos isso para Doméstica desenhando PF na Figura 31 A fronteira de possibilidade de produção para Estrangeira é mostrada como PF na Figura 32 Desde que a inclinação da fronteira de possibilidade de produção é igual ao custo de oportunidade de queijo em termos de vinho a fronteira de Estrangeira é mais acen tuada do que a de Doméstica FIGURa 32 Fronteira de possibilidade de produção de Estrangeira Produção vinícola de Estrangeira QW em galões L aLW produção de queijo de Estrangeira QC em quilos P F L aLC Como os requisitos de mão de obra unitária de Estrangeira em queijo são superiores aos de Doméstica é preciso desistir de muito mais unidades de vinho para produzir uma unidade de queijo sua fronteira de possibilidade de produção é mais acentuada M03KRUGXXXXC03indd 25 12915 557 PM 26 Economia internacional Na ausência de comércio os preços relativos de queijo e vinho em cada país seriam determinados pelos requisitos relativos de mão de obra unitária Assim em Doméstica o preço relativo do queijo seria aLCaLW em Estrangeira seria aLCaLW Uma vez que permitimos a possibilidade de comér cio internacional no entanto os preços já não serão determinados puramente por considerações de ordem doméstica Se o preço relativo do queijo é maior em Estrangeira do que em Doméstica vai ser rentável despachar queijo de Doméstica para Estrangeira e despachar vinho de Estrangeira para Doméstica No entanto isso não pode continuar indefinidamente Em algum momento Doméstica exportará bastante queijo e Estrangeira vinho o suficiente para igualar o preço relativo Mas o que determina o nível no qual o preço é estabelecido Determinação do preço relativo após comércio Preços de mercadorias negociadas como outros pre ços são determinados pela oferta e demanda Ao dis cutir a vantagem comparativa no entanto temos de aplicar a análise de oferta e demanda com cuidado Em alguns contextos como algumas das análises de política de comércio nos capítulos 9 a 12 é aceitável se concen trar apenas na oferta e na demanda em um mercado único Na avaliação dos efeitos dos EUA importarem quotas de açúcar por exemplo é razoável usar a análise de equilíbrio parcial ou seja estudar um mercado único o mercado de açúcar Quando estudamos a vantagem comparativa no entanto é crucial controlar as relações entre os mercados em nosso exemplo os mercados de vinho e queijo Uma vez que Doméstica exporta queijo apenas em troca de importações de vinho e Estrangeira exporta vinho em troca de queijo pode ser enganoso olhar para os mercados de queijo e vinho isoladamente O que é necessário é a análise de equilíbrio geral que leva em conta os vínculos entre os dois mercados Uma maneira útil para manter o controle de dois mer cados ao mesmo tempo é focar não apenas em quantidades de queijo e vinho ofertados e demandados mas também na oferta e demanda relativa isto é no número de quilos de queijo ofertado ou demandado dividido pelo número de galões de vinho ofertado ou demandado A Figura 33 mostra oferta e demanda mundial de queijo em relação ao vinho como funções do preço do queijo em relação ao do vinho A curva da demanda relativa é indicada por RD a curva de oferta relativa é indicada pelo RS O equilíbrio geral mundial exige que a oferta relativa seja igual à demanda relativa e portanto o preço relativo no mundo é determinado pela interse ção de RD e RS A característica marcante da Figura 33 é a forma estranha da curva de oferta relativa RS é um degrau com seções planas ligadas por uma seção vertical Uma vez que entendemos a derivação da curva RS estaremos quase a um passo de entender todo o modelo Primeiro como traçado a curva RS mostra que não haveria nenhuma oferta de queijo se o preço mundial FIGURa 33 Demanda e oferta relativa mundial Preço relativo de queijo PC PW aLC aLW L aLC Quantidade relativa de queijo RD RD LaLW Q Q C Q C Q W Q W 1 2 RS aLC aLW 12 no nosso exemplo 2 no nosso exemplo A curvas RD e RD mostram que a demanda de queijo em relação ao vinho é uma função decrescente do preço do queijo em relação ao do vinho enquanto a curva RS mostra que a oferta de queijo em relação ao vinho é uma função crescente do mesmo preço relativo M03KRUGXXXXC03indd 26 12915 557 PM 27 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano caísse abaixo de aLC aLW Para entender por quê lembre se que mostramos que Doméstica se especializará na produção de vinho sempre que PC PW aLC aLW Da mesma forma Estrangeira se especializará na produ ção de vinho sempre que PC PW aLC aLW No início de nossa discussão da Equação 32 fizemos a suposi ção que aLC aLW aLC aLW Assim em preços relati vos de queijo abaixo de aLC aLW não haveria nenhuma produção de queijo no mundo Em seguida quando o preço relativo PC PW do queijo for exatamente aLC aLW sabemos que os traba lhadores em Doméstica podem ganhar exatamente a mesma quantidade ao fazer vinho ou queijo Então Doméstica estará disposta a fornecer qualquer quan tidade relativa das duas mercadorias produzindo uma seção plana para a curva de oferta Já vimos que se PC PW estiver acima de aLC aLW Doméstica se especializará na produção de queijo No entanto desde que PC PW aLC aLW Estrangeira con tinuará a se especializar na produção de vinho Quando Doméstica se especializa na produção de queijo ela pro duz LaLC quilos Da mesma forma quando Estrangeira se especializa em vinhos ela produz LaLW galões Assim para qualquer preço relativo de queijo entre aLC aLW e aLC aLW a oferta relativa de queijo é L a L a LC LW 34 Em PC PW aLC aLW sabemos que os trabalhado res de Estrangeira são indiferentes quanto a produzir queijo ou vinho Assim aqui temos uma seção plana da curva de oferta Por fim para PC PW aLC aLW Doméstica e Estrangeira se especializarão na produção de queijo Não haverá nenhuma produção de vinho de modo que a oferta relativa de queijo se tornará infinita Um exemplo numérico pode ajudar neste ponto Vamos assumir como fizemos antes que em Doméstica uma hora de trabalho seja necessária para produzir um quilo de queijo e duas horas para produzir um galão de vinho Enquanto isso suponhamos que Estrangeira leve seis horas para produzir um quilo de queijo os trabalhadores de Estrangeira são muito menos produtivos do que os de Doméstica quando se trata da produção de queijos mas apenas três horas para produzir um galão de vinho Neste caso o custo de oportunidade da produção de queijo em termos de vinho é 12 em Doméstica ou seja a mão de obra usada para produzir um quilo de queijo poderia ter produzido dois galões de vinho Então a seção inferior plana do RS corresponde a um preço relativo de 12 Enquanto isso em Estrangeira o custo de oportu nidade de queijo em termos de vinho é 2 as seis horas de mão de obra necessárias para produzir um quilo de queijo poderiam ter produzido dois galões de vinho Então a seção superior plana do RS corresponde a um preço relativo de 2 A curva de demanda relativa RD não exige tal análise exaustiva A inclinação descendente de RD reflete os efeitos da substituição Conforme o preço relativo do queijo aumenta os consumidores tendem a comprar menos queijo e mais vinho então a demanda relativa por queijo cai O preço relativo de equilíbrio do queijo é determi nado pela interseção das curvas de oferta relativa e de demanda relativa A Figura 33 mostra uma curva de demanda relativa RD que intercepta a curva RS no ponto 1 onde o preço relativo do queijo fica entre os preços de pré comercialização dos dois países ou seja a um preço relativo de 1 entre os preços pré comercialização de 12 e 2 Neste caso cada país se especializa na produ ção da mercadoria em que tem uma vantagem compara tiva Doméstica produz apenas queijo enquanto Estran geira produz apenas vinho Esse não é no entanto o único resultado possível Se a curva de RD relevante fosse RD por exemplo a oferta relativa e a demanda relativa se cruzariam em uma das seções horizontais de RS No ponto 2 o preço relativo mundial do queijo depois da comercialização é aLC aLW o mesmo que o custo de oportunidade do queijo em ter mos de vinho em Doméstica Qual é a importância desse resultado Se o preço relativo do queijo for igual ao seu custo de oportuni dade em Doméstica a economia de Doméstica não pre cisa se especializar na produção de queijo ou vinho Na verdade no ponto 2 Doméstica deve estar produzindo tanto um pouco de vinho quanto de queijo podemos inferir isso do fato de que a oferta relativa de queijo ponto Q no eixo horizontal é menor do que seria se Doméstica fosse de fato completamente especializada No entanto uma vez que PC PW está abaixo do custo de oportunidade de queijo em termos de vinho em Estran geira ela se especializa completamente na produção de vinho Portanto continua a ser verdade que se um país especializar se ele o fará no bem em que tem uma van tagem comparativa Por enquanto vamos deixar de lado a possibilidade de um dos dois países não ser totalmente especializado Só que neste caso o resultado normal do comércio é que o preço de um bem negociado por exemplo queijo em relação ao de outro bem vinho acaba em algum lugar entre seus níveis pré comercialização nos dois países M03KRUGXXXXC03indd 27 12915 557 PM 28 Economia internacional Vantagem comparatiVa na prática o caso de BaBe ruth Todo mundo sabe que Babe Ruth foi o maior cam peão da história do beisebol Somente os verdadeiros fãs do esporte sabem no entanto que Ruth também foi um dos maiores lançadores de todos os tempos Como Ruth parou de lançar após 1918 e jogou no campo exterior durante todo o tempo em que conquistou suas famosas rebatidas recordistas a maioria das pessoas não sabe que ele podia ser lançador O que explica a reputação desigual de Ruth como um batedor A resposta é forne cida pelo princípio da vantagem comparativa Como um jogador do Boston Red Sox no início da carreira Ruth tinha certamente uma vantagem abso luta nos lançamentos De acordo com o historiador Geoffrey C Ward e o cineasta Ken Burns Nos melhores anos do Red Sox ele foi seu maior jogador o melhor lançador canhoto na liga americana ganhando 89 jogos em seis temporadas Em 1916 ele tem sua primeira oportunidade de lançar na World Series e aproveitou ao máximo Depois de desistir de uma corrida na primeira ele decidiu fazer a jogada ele mesmo depois deixou o Brooklyn Dodgers sem mar car por onze entradas até seus companheiros conse guirem marcar o ponto decisivo Na série de 1918 ele mostraria que ainda poderia dominar a situação aumentando seu recorde da série de 29 23 entradas sem marcar uma marca que perdurou por 43 anos2 O recorde de lançamentos de Babe na World Series foi quebrado pelo jogador do New York Yankees Whi tey Ford em 1961 no mesmo ano em que seu com panheiro Roger Maris quebrou o recorde de 1927 de Ruth de 60 home runs em uma única temporada Embora Ruth tivesse uma vantagem absoluta em lançamentos sua habilidade como um batedor em rela ção às habilidades dos seus companheiros era ainda maior sua vantagem comparativa foi decisiva Como um lançador no entanto Ruth precisava descansar o braço entre as jogadas e portanto não poderia bater em todos os jogos Para explorar a vantagem compa rativa de Ruth o Red Sox movimentou o para o centro do campo em 1919 para que ele pudesse rebater mais frequentemente O resultado de ter Ruth se especializando em rebatidas era enorme Em 1919 ele fez 29 home runs mais do que qualquer jogador tinha feito em uma única temporada de acordo com Ward e Burns Os Yankees mantiveram Ruth no campo exterior e na base depois que eles compraram seu passe em 1920 Eles sabiam o que era bom quando viam Naquele ano Ruth fez 54 home runs estabeleceu um recorde bases divididas por tacadas que permanece imba tível até hoje e transformou os Yankees na franquia mais renomada do beisebol 2 Veja Geoffrey C Ward e Ken Burns Baseball An Illustrated History Nova York Knopf 1994 p 155 A carreira de Ruth precedeu a re gra do batedor designado então os lançadores da American League como os lançadores da National League da atualidade revesavam se no bastão Para uma discussão mais ampla da relação de Babe Ruth com o princípio da vantagem comparativa leia Edward Scahill Did Babe Ruth Have a Comparative Advantage as a Pitcher Journal of Economic Education v 21 n 4 p402410 outono 1990 O efeito dessa convergência dos preços relativos é que cada país se especializa na produção daquele bem que tem a exigência de requisitos de mão de obra unitária relativamente mais baixa O aumento no preço relativo de queijo em Doméstica levará Doméstica a se espe cializar na produção de queijo produzindo no ponto F na Figura 34a A queda no preço relativo de queijo em Estrangeira vai levar Estrangeira a se especializar na pro dução de vinho produzindo o ponto F na Figura 34b Ganhos do comércio Agora vimos que países cujas produtividades rela tivas da mão de obra diferem de um produto para outro se especializarão na produção de bens diferentes Em seguida mostramos que ambos os países derivam ganhos de comércio a partir desta especialização Esse ganho mútuo pode ser demonstrado de duas formas alternativas A primeira maneira de mostrar que a especialização e o comércio são benéficos é pensar no comércio como um método indireto de produção Doméstica pode ria produzir vinho diretamente mas o comércio com Estrangeira permite que ela produza vinho produ zindo queijo e comercializando em seguida o queijo em troca de vinho Este método indireto de produzir um galão de vinho é um método mais eficiente do que a pro dução direta Considere novamente o nosso exemplo numérico em Doméstica assumimos que pode levar uma hora de traba lho para produzir um quilo de queijo e duas horas para produzir um galão de vinho Isso significa que o custo de oportunidade de queijo em termos de vinho é 12 Mas sabemos que o preço relativo do queijo depois de comercia lizado será superior a isso digamos 1 Então temos aqui uma maneira de ver os ganhos do comércio para Domés tica em vez de usar duas horas de trabalho para produ M03KRUGXXXXC03indd 28 12915 557 PM 29 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano zir um galão de vinho pode usar essa mão de obra para produzir um quilo de queijo e trocar esse queijo por dois galões de vinho De modo mais geral considere duas formas alterna tivas de usar uma hora de trabalho De um lado Domés tica poderia usar a hora diretamente para produzir 1 aLW galões de vinho Alternativamente Doméstica pode usar a hora para produzir 1aLC quilos de queijo Esse queijo pode então ser trocado por vinho com cada quilo comercializado por PC PW galões então nossa hora ori ginal de trabalho rende 1aLCPC PW galões de vinho Teremos mais vinho do que a hora poderia ter produ zido diretamente enquanto a P P a 1 1 LC C W LW 35 ou PC PW aLC aLW Mas vimos que no equilíbrio internacional se nenhum país produz ambas as mercadorias teremos PC PW aLC aLW Isso mostra que Doméstica pode produ zir vinho mais eficientemente ao fazer queijo e negociá lo do que mediante a produção de vinho diretamente por si mesma Da mesma forma Estrangeira pode produzir queijo mais eficientemente ao fazer vinho e negociá lo Essa é uma maneira de ver que ambos os países ganham Outra maneira de ver os ganhos mútuos do comér cio é examinar como o comércio afeta as possibilidades de consumo de cada país Na ausência de comércio as possibilidades de consumo são as mesmas possibilidades de produção as linhas contínuas PF e PF na Figura 34 No entanto uma vez que o comércio é permitido cada economia pode consumir uma mistura diferente de queijo e vinho da mistura que produz As possibilida des de consumo de Doméstica são indicadas pela linha colorida TF na Figura 34a enquanto as possibilidades de consumo de Estrangeira são indicadas por TF na Figura 34b Em cada caso o comércio ampliou o leque de opções e portanto deve fazer com que os moradores de cada país prosperem Uma nota sobre os salários relativos Discussões políticas do comércio internacional frequentemente enfocam comparações de salários em diferentes países Por exemplo adversários do comér cio entre os Estados Unidos e o México muitas vezes enfatizam o ponto de que os trabalhadores no México são pagos apenas cerca de US 650 por hora em com paração com o salário de mais de US 35 por hora para o trabalhador médio nos Estados Unidos Nossa dis cussão sobre o comércio internacional até este ponto não tem comparado explicitamente os salários nos dois países mas é possível no contexto de nosso exemplo numérico determinar como se comparam as taxas de salário nos dois países No nosso exemplo uma vez que os países se espe cializaram todos os trabalhadores de Doméstica são empregados produzindo queijo Considerando que se leva uma hora de trabalho para produzir um quilo FIGURa 34 Comércio expande as possibilidades de consumo O comércio internacional permite que Doméstica e Estrangeira consumam em qualquer lugar dentro das linhas coloridas que se encontram fora das fronteiras de produção dos países b Estrangeira a Doméstica Quantidade de vinho Quantidade de queijo Q W P F T P F T Q W Q C Q C Quantidade de vinho Quantidade de queijo M03KRUGXXXXC03indd 29 12915 557 PM 30 Economia internacional as perdas de não comercialização Nossa discussão sobre os ganhos do comércio tomou a forma de uma experiência de pensamento que comparou duas situações uma em que os países não comercializariam nada e outra em que eles têm o livre comércio É um caso hipotético que nos ajuda a compreender os princípios da economia internacional mas não tem muito que ver com eventos reais Afinal países não vão partir de repente de nenhum comércio ao comércio livre ou vice versa Ou vão Como o historiador econômico Douglas Irwin3 apontou no início da história dos Estados Unidos o país viveu de fato algo muito próximo de mover se filosoficamente do livre comércio para nenhum comércio O contexto histórico era o seguinte no iní cio do século XIX a Grã Bretanha e a França estavam engajadas em uma luta militar maciça as guerras napoleônicas Ambos os países se esforçaram para fazer e suportar as pressões econômicas a França tentou impedir os países europeus de negociarem com a Grã Bretanha enquanto a Grã Bretanha impôs um bloqueio à França Os jovens Estados Unidos eram neutros no conflito mas sofreram consideravel mente Em particular a marinha britânica frequente mente apreendia navios mercantes dos Estados Uni dos e às vezes recrutava à força suas tripulações a seu serviço Em um esforço para pressionar a Grã Bretanha para cessar essas práticas o presidente Thomas Jef ferson declarou uma proibição completa ao trans porte ultramarino Esse embargo privaria os Estados Unidos e a Grã Bretanha dos ganhos do comércio mas Jefferson esperava que a Grã Bretanha fosse mais prejudicada e concordaria em parar suas depre dações Irwin apresenta evidências sugerindo que o embargo foi bastante eficaz embora algum contra bando tenha ocorrido o comércio entre os Estados Unidos e o resto do mundo foi drasticamente reduzido 3 Douglas Irwin The Welfare Cost of Autarky Evidence from the Jeffersonian Trade Embargo 18071809 Review of International Economics 13 set 2005 p 631645 de queijo os trabalhadores em Doméstica ganham o valor de um quilo de queijo por hora do seu trabalho Da mesma forma os trabalhadores de Estrangeira pro duzem vinho como leva três horas para produzir cada galão eles ganham o valor de 13 de um galão de vinho por hora Para converter esses números em dólares precisa mos saber os preços do queijo e do vinho Suponha que um quilo de queijo e um galão de vinho sejam vendidos ambos por US 12 Então os trabalhadores de Domés tica vão ganhar US 12 por hora enquanto os trabalha dores de Estrangeira ganharão US 4 por hora O salá rio relativo dos trabalhadores de um país é a quantidade que recebem por hora em comparação com a quanti dade que os trabalhadores em outro país recebem por hora O salário relativo dos trabalhadores de Domés tica portanto será 3 Claramente esse salário relativo não depende de o preço de um quilo de queijo ser US 12 ou US 20 desde que um galão de vinho seja vendido pelo mesmo preço Contanto que o preço relativo do queijo o preço de um quilo de queijo dividido pelo preço de um galão de vinho seja 1 o salário dos trabalhadores de Domés tica será três vezes o dos trabalhadores de Estrangeira Observe que essa taxa salarial situa se entre as proporções de produtividade dos dois países nas duas produções Doméstica é seis vezes mais produtiva que Estrangeira no queijo mas somente uma e meia vez mais produtiva em vinho e ela termina com uma taxa salarial três vezes mais alta do que Estrangeira É pre cisamente porque o salário relativo fica entre as produ tividades relativas que cada país acaba com uma van tagem de custo em uma mercadoria Por causa de sua baixa taxa salarial Estrangeira tem uma vantagem de custo em vinho mesmo que tenha menor produtividade Doméstica tem uma vantagem de custo em queijo ape sar de sua maior taxa salarial porque o salário mais alto é mais do que compensado por sua maior produtividade Agora desenvolvemos o mais simples de todos os modelos de comércio internacional Mesmo que o modelo ricardiano de um fator seja simples demais para ser uma análise completa das causas ou dos efeitos do comércio internacional um foco nas produtividades relativas da mão de obra pode ser muito útil para pensar em questões comerciais Em particular o modelo sim ples de um fator é uma boa maneira de lidar com vários equívocos comuns sobre o significado da vantagem comparativa e a natureza dos ganhos do livre comércio Esses equívocos aparecem tão frequentemente no debate público sobre a política econômica internacional e até mesmo nas demonstrações por aqueles que se conside ram especialistas que na próxima seção dedicaremos um tempo para discutir alguns dos equívocos mais comuns sobre a vantagem comparativa à luz de nosso modelo M03KRUGXXXXC03indd 30 12915 557 PM 31 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano Equívocos sobre a vantagem comparativa Não há escassez de ideias confusas em economia Políticos empresários e até mesmo os economistas fazem com frequência declarações que não resistem à análise econômica Por alguma razão isso parece ser especialmente verdadeiro em economia internacional Abra a seção de negócios de qualquer jornal de domingo ou revista semanal de notícias e você provavelmente vai encontrar pelo menos um artigo que faz afirmações tolas sobre o comércio internacional Três equívocos em par ticular revelaram se altamente persistentes Nesta seção usaremos nosso modelo simples de vantagem compara tiva para ver por que eles estão incorretos Produtividade e competitividade Mito 1 o livre comércio é benéfico somente se seu país for forte o suficiente para enfrentar a concorrên cia estrangeira Esse argumento parece extremamente plausível para muitas pessoas Por exemplo um his toriador conhecido uma vez criticou o livre comércio afirmando que ele pode não ser capaz de se sustentar na realidade O que acontecerá se não houver nada que você possa produzir mais barato ou de modo mais eficiente do que qualquer outro país exceto por cons tantemente fazer um corte nos custos trabalhistas ele disse preocupado4 O problema com o ponto de vista desse analista é que ele não conseguiu entender o ponto essencial do modelo ricardiano que os ganhos do comércio depen dem de vantagem comparativa ao invés de vantagem absoluta Ele está preocupado que seu país possa acabar não tendo nada para produzir mais eficientemente do que qualquer outro ou seja que você pode não ter vantagem absoluta em nada Mesmo assim por que isso seria uma coisa tão terrível Em nosso exemplo numé rico simples de comércio Doméstica tem menores requi sitos de mão de obra unitária e portanto maior pro dutividade nos setores do queijo e do vinho Contudo como vimos ambos os países ganham com o comércio É sempre tentador supor que a capacidade de exportar um bem depende de o seu país ter uma vantagem abso luta em produtividade Mas a vantagem de produtividade absoluta sobre outros países em produzir uma mercadoria não é uma condição necessária nem suficiente para se ter uma vantagem comparativa nessa mercadoria Em nosso modelo de um fator a razão pela qual uma vantagem absoluta de produtividade em uma indústria não é neces sária nem suficiente para gerar vantagem competitiva é clara a vantagem competitiva de uma indústria depende não só da sua produtividade em relação à indústria estran geira mas também da taxa salarial doméstica em relação à taxa salarial estrangeira A taxa salarial de um país por sua vez depende da produtividade relativa em suas outras indústrias Em nosso exemplo numérico Estran geira é menos eficiente do que Doméstica na fabricação de vinho mas está em desvantagem de produtividade relativa ainda maior no queijo Por causa de sua menor produtividade total Estrangeira deve pagar salários mais baixos do que Doméstica suficientemente mais baixos para que termine com menores custos na produção de vinho Da mesma forma no mundo real Portugal tem baixa produtividade em produzir por exemplo vestuá rio em comparação com os Estados Unidos mas como a desvantagem de produtividade de Portugal é ainda maior em outras indústrias o país paga salários baixos o bas tante para ter uma vantagem comparativa na indústria de roupas sobre os Estados Unidos Mas uma vantagem competitiva baseada em baixos salários não é de alguma forma injusta Muitas pessoas pensam assim suas crenças são resumidas por nosso segundo equívoco Com efeito os Estados Unidos desistiram do comércio internacional por um tempo Os custos foram substanciais Embora muitas con jecturas estejam envolvidas Irwin sugere que a renda real nos Estados Unidos pode ter caído em cerca de 8 em consequência do embargo Quando você tem em mente que no início do século XIX apenas uma fração da produção poderia ser negociada os custos de transporte ainda estavam muito altos por exemplo para permitir que as remessas em larga escala de commodities como o trigo pelo Atlântico esse é um valor bastante substancial Infelizmente para o plano de Jefferson a Grã Bretanha não pareceu sentir prejuízo igual e não mostrou nenhuma inclinação para ceder às exigências dos EUA Catorze meses depois que o embargo foi imposto ele foi revogado A Grã Bretanha continuou suas práticas de apreender navios e marinheiros ame ricanos três anos mais tarde os dois países entraram em guerra 4 Paul Kennedy The Threat of Modernization New Perspectives Quarterly p3133 inverno 1995 Usado com permissão de John Wiley Sons Ltd M03KRUGXXXXC03indd 31 12915 557 PM 32 Economia internacional argumento da mão de obra pobre Mito 2 a concorrência estrangeira é injusta e fere outros países quando é baseada em baixos salários Esse argumento por vezes referido como o argumento da mão de obra pobre é um argumento particular favo rito dos sindicatos buscando proteção contra a con corrência estrangeira As pessoas que aderem a essa crença argumentam que as indústrias não devem lidar com indústrias estrangeiras que sejam menos eficien tes mas pagam salários mais baixos Essa opinião é generalizada e adquiriu considerável influência polí tica Em 1993 Ross Perot um self made bilionário e ex candidato presidencial afirmou que o livre comér cio entre os Estados Unidos e o México com os salá rios muito mais baixos do último conduziriam a um som de sucção gigante conforme a indústria dos EUA se mudasse para o sul No mesmo ano outro bilionário Sir James Goldsmith que era um influente membro do Parlamento Europeu deu uma opinião semelhante embora expressa menos pitorescamente em seu livro The Trap que se tornou um best seller na França Outra vez nosso exemplo simples revela a falá cia desse argumento No exemplo Doméstica é mais produtiva do que Estrangeira em ambas as indústrias e a redução do custo de Estrangeira na produção de vinho é inteiramente decorrente de sua taxa salarial muito menor A menor taxa salarial de Estrangeira no entanto é irrelevante para a questão de Domés tica ganhar com o comércio Não importa se o menor custo do vinho produzido em Estrangeira for pela alta produtividade ou pelos salários baixos Tudo o que importa para Doméstica é que seja mais barato em ter mos de sua própria mão de obra para Doméstica pro duzir queijo e trocá lo por vinho do que para produzir vinho por si só Isso é bom para Doméstica mas e para Estrangeira Há algo de errado em basear as exportações em baixos salários Certamente não é uma posição atrativa para se estar mas a ideia de que o comércio é bom apenas se você receber altos salários é nossa última falácia exploração Mito 3 o comércio explora um país e o torna pior se os seus colaboradores receberem salários muito mais baixos do que os trabalhadores em outras nações Esse argumento é frequentemente expresso em termos emo cionais Por exemplo um colunista contrastou a renda de milhões de dólares do diretor executivo da cadeia de vestuário Gap com os baixos salários muitas vezes menos de US 1 por hora pagos aos trabalhadores da América Central que produzem algumas das suas mer cadorias5 Pode parecer insensível tentar justificar os salários terrivelmente baixos pagos aos trabalhadores do mundo Se estamos perguntando sobre a conveniência do livre comércio no entanto o ponto não é perguntar se os trabalhadores de baixos salários merecem ganhar mais mas perguntar se eles e seu país são piores ao exportar bens com base em salários baixos do que seriam se se recusassem a entrar em tal comércio degradante E ao fazer esta pergunta também devemos perguntar qual é a alternativa Por mais abstrato que seja nosso exemplo numé rico defende que não podemos declarar que um salá rio baixo representa exploração a menos que se saiba qual é a alternativa Neste exemplo os trabalhadores de Estrangeira recebem muito menos do que os de Doméstica e poderíamos facilmente imaginar uma colunista escrevendo furioso sobre a exploração deles Contudo se Estrangeira se recusasse a deixar se ser explorada por se recusar a negociar com Doméstica ou insistindo em receber salários muito mais altos em seu setor de exportação que teria o mesmo efeito os salários reais seriam ainda menores o poder aquisitivo do salário por hora do trabalhador cairia de 13 para 16 de quilo de queijo A colunista que apontou o contraste dos rendimen tos entre o executivo da Gap e os trabalhadores que produzem suas roupas estava zangada com a pobreza dos trabalhadores centro americanos Mas negar lhes a oportunidade de exportação e comércio pode ser condená los à pobreza ainda mais profunda Vantagem comparativa com muitos bens Em nossa discussão até agora podemos ter invocado um modelo em que somente dois bens são produzidos e consumidos Essa análise simplificada permite capturar muitos pontos essenciais sobre a vantagem comparativa e o comércio e como vimos na última seção nos dá uma quantidade surpreendente de espaço para discutirmos questões políticas Para se aproximar da realidade no entanto é necessário compreender as funções da vanta gem comparativa em um modelo com um número maior de mercadorias 5 Bob Herbert Sweatshop Beneficiaries How to Get Rich on 56 Cents an Hour New York Times p A13 24 jul 1995 M03KRUGXXXXC03indd 32 12915 557 PM 33 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano os salários reFletem a produtiVidade No exemplo numérico que usamos para abordar os equívocos comuns sobre a vantagem comparativa assu mimos que o salário relativo dos dois países reflete sua produtividade relativa especificamente que a relação dos salários de Doméstica para Estrangeira é em um inter valo que dá a cada país uma vantagem de custo em um dos dois bens Essa é uma implicação necessária de nosso modelo teórico Mas muitas pessoas não são convencidas por esse modelo Em particular rápidos aumentos de pro dutividade nas economias emergentes como a China têm preocupado alguns observadores ocidentais que argumen tam que esses países continua rão a pagar salários baixos mesmo à medida que sua produtividade aumentar colo cando países com salários elevados em uma desvantagem de custo e descartam as previsões contrárias dos eco nomistas ortodoxos como especulação teórica irreal Dei xando de lado a lógica dessa posição qual é a evidência A resposta é que no mundo real as taxas salariais nacionais na verdade refletem as diferenças na produti vidade A Figura 35 compara as estimativas de produti vidade com as estimativas das taxas salariais para uma seleção de países em 2011 com exceção da China em que os dados são de 2009 Ambas as medidas são expressas como porcentagens dos níveis dos EUA Nossa estimativa de produtividade é PIB por trabalhador medida em dólares america nos Como veremos na segunda parte deste texto essa base deve indicar a produtividade na produ ção de mercadorias comercializadas Os salários são medidos por salários na fabricação Se os salários forem exatamente proporcionais à produtividade todos os pontos neste gráfico recairiam ao longo da linha de 45 graus indicada Na realidade o ajuste não é ruim Em particular os baixos salários na China e na Índia refletem sua baixa produtividade A baixa estimativa da produtividade global chi nesa pode parecer surpreendente tendo em conta todas as histórias que se ouvem sobre os america nos que estão competindo com as exportações chi nesas Os trabalhadores chineses produzindo essas exportações não parecem ter produtividade extre mamente baixa Mas lembre se do que a teoria da vantagem comparativa diz os países exportam as mercadorias em que eles têm produtividade relati vamente alta Então é de se esperar que a produti vidade global relativa da China esteja muito abaixo do nível das suas indústrias de exportação A figura que se segue nos diz que a visão dos eco nomistas ortodoxos de que as taxas de salário nacional refletem a produtividade nacional é na verdade veri ficada pelos dados em um ponto no tempo Também é verdade que no passado o aumento da produtividade relativa levou ao aumento de salários Considere por exemplo o caso da Coreia do Sul Em 2011 a produtivi dade do trabalho da Coreia do Sul foi um pouco menos da metade do nível dos EUA e sua taxa salarial era na verdade um pouco maior que isso Mas nem sempre foi assim no passado não muito distante a Coreia do Sul era uma economia de baixa produtividade e baixos salá rios Recentemente em 1975 os salários sul coreanos eram apenas 5 dos salários dos Estados Unidos Mas quando a produtividade da Coreia do Sul aumentou sua taxa salarial também cresceu Em suma as evidências apoiam firmemente essa visão com base em modelos econômicos que os aumen tos de produtividade são refletidos em aumentos salariais FIGURa 35 Produtividade e salários Taxa de salário de um país é aproximadamente proporcional à produtividade do país 0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120 Produtividade como porcentagem dos EUA Salário por hora como porcentagem dos EUA EUA Japão Coreia do Sul Brasil México China Filipinas Fonte Fundo Monetário Internacional Departamento de Estatística do Trabalho dos Estados Unidos e The Conference Board M03KRUGXXXXC03indd 33 12915 557 PM 34 Economia internacional Configurando o modelo De novo imagine um mundo de dois países Domés tica e Estrangeira Como antes cada país tem apenas um fator de produção a mão de obra No entanto vamos supor que cada um desses países consuma e seja capaz de produzir um grande número de bens digamos N mercadorias completamente diferentes Vamos atribuir a cada uma delas um número de 1 a N A tecnologia de cada país pode ser descrita por seus requisitos de mão de obra unitária de cada bem ou seja o número de horas de trabalho necessário para produ zir uma unidade de cada bem Nós rotulamos os requi sitos de mão de obra unitária de Doméstica para uma determinada mercadoria como aLi onde i é o número atribuí do àquela mercadoria Se o número 7 for atribu ído ao queijo aL7 significa os requisitos de mão de obra unitária na produção de queijo Seguindo nossa regra usual rotulamos os requisitos de mão de obra unitária correspondentes à Estrangeira como aLi Para analisar o comércio podemos em seguida usar mais um recurso Para qualquer mercadoria podemos calcular aLi aLi a relação de requisitos de mão de obra unitária de Doméstica para Estrangeira O recurso é reclassificar os bens para que quanto menor o número menor essa relação Ou seja vamos reorganizar a ordem em que numeramos as mercadorias de tal forma que a a a a a a a a L L L L L L LN LN 1 1 2 2 3 13 36 Salários relativos e especialização Estamos agora preparados para olhar para o padrão de comércio Esse padrão depende apenas de uma coisa a relação dos salários de Doméstica para Estran geira Uma vez que conhecemos essa relação podemos determinar quem produz o quê Se w for a taxa salarial por hora em Doméstica e w for a taxa salarial em Estrangeira A relação de salários é então ww A regra de atribuição de produção do mundo então é simplesmente isto os bens serão sempre produzidos onde é mais barato fazê los O custo de fazer alguma mercadoria digamos a mercadoria i é os requisi tos de mão de obra unitária vezes a taxa salarial Produzir a mercadoria i em Doméstica vai custar waLi Para produ zir a mesma mercadoria em Estrangeira custará waLi Vai ser mais barato produzir o bem em Doméstica se waLi waLi que podem ser rearranjadas para produzir aLi aLi ww Por outro lado será mais barato produzir o bem em Estrangeira se waLi waLi que podem ser rearranjadas para produzir aLi aLi ww Assim podemos reafirmar a regra de alocação qual quer mercadoria para a qual aLi aLi ww será produ zida em Doméstica enquanto qualquer mercadoria para a qual aLi aLi ww será produzida em Estrangeira Já alinhamos as mercadorias em ordem crescente de aLi aLi Equação 3 6 Esse critério para especiali zação nos mostra que há um corte na linha determi nado pela proporção das taxas salariais dos dois países ww Todos os bens à esquerda desse ponto acabam sendo produzidos em Doméstica todos os bens à direita acabam sendo produzidos em Estrangeira É possível como veremos em um momento que a relação de salá rios seja exatamente igual à relação entre os requisitos de mão de obra unitária para uma mercadoria Nesse caso essa mercadoria limite pode ser produzida em ambos os países A Tabela 32 oferece um exemplo numérico no qual tanto Doméstica quanto Estrangeira consomem e são capazes de produzir cinco bens maçãs bananas caviar tâmaras e enchiladas Mercadoria Requisito de mão de obra unitária em Doméstica aLi Requisitos de mão de obra unitária em Estrangeira aLi Vantagem relativa da produtividade de Doméstica aLi aLi Maçãs 1 10 10 Bananas 5 40 8 Caviar 3 12 4 Tâmaras 6 12 2 Enchiladas 12 9 075 tabela 32 Requisitos de mão de obra unitária em Doméstica e Estrangeira M03KRUGXXXXC03indd 34 12915 557 PM 35 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano As duas primeiras colunas da tabela são autoexpli cativas A terceira é a relação entre os requisitos de mão de obra unitária de Estrangeira e de Doméstica para cada mercadoria ou dito de forma diferente a van tagem de produtividade relativa de Doméstica em cada produto Nós rotulamos as mercadorias por ordem de vantagem de produtividade em Doméstica sendo a van tagem de Doméstica maior para maçãs e menor para enchiladas Que país produz quais mercadorias depende da rela ção das taxas salariais entre Doméstica e Estrangeira Doméstica terá uma vantagem de custo em qualquer produto para o qual sua produtividade relativa for maior que seu salário relativo e Estrangeira terá a van tagem nos outros Se por exemplo a taxa salarial de Doméstica for cinco vezes a de Estrangeira uma rela ção de salário de Doméstica para salário de Estrangeira de cinco para um maçãs e bananas serão produzidas em Doméstica e caviar tâmaras e enchiladas em Estran geira Se a taxa salarial de Doméstica for apenas três vezes a de Estrangeira Doméstica produzirá maçãs bananas e caviar enquanto Estrangeira produzirá ape nas tâmaras e enchiladas Tal padrão de especialização é benéfico para ambos os países Podemos ver que sim usando o mesmo método já utilizado comparando o custo da mão de obra para produzir um bem diretamente em um país com o de produzir indiretamente produzindo outro bem e comercializando o pelo bem desejado Se a taxa salarial de Doméstica for três vezes o salário de Estrangeira dito de outra forma a taxa salarial de Estrangeira for um terço da de Doméstica Doméstica importará tâmaras e enchiladas Uma unidade de tâmaras requer 12 unida des de mão de obra de Estrangeira para ser produzida mas seu custo em termos de mão de obra de Doméstica dada a proporção de salários de três para um é de ape nas 4 horas 124 3 Esse custo de 4 homens hora é inferior às 6 horas que seriam necessárias para produzir a unidade de tâmaras em Doméstica Para as enchiladas Estrangeira tem maior produtividade junto com salá rios mais baixos vai custar para Doméstica apenas 3 homens hora para adquirir uma unidade de enchiladas pelo comércio em comparação com 12 homens hora que seriam necessários para produzi la internamente Um cálculo semelhante mostrará que Estrangeira tam bém ganha para todas as importações de mercadorias de Estrangeira parece ser mais barato em termos de mão de obra de Doméstica comercializar a mercadoria em vez de produzir o bem Por exemplo levaria 10 horas de mão de obra de Estrangeira para produzir uma uni dade de maçãs mesmo com uma taxa salarial de apenas um terço que dos trabalhadores de Doméstica serão necessárias apenas 3 horas de mão de obra para ganhar o suficiente para comprar aquela unidade de maçãs de Doméstica Ao fazer esses cálculos no entanto apenas assumi mos que a taxa salarial relativa é 3 Como é que essa taxa salarial relativa efetivamente pode ser determinada Determinação do salário relativo no modelo multimercadorias No modelo de duas mercadorias determinamos os salários relativos calculando primeiro o salário de Doméstica em termos de queijo e os salários de Estran geira em termos de vinho Então usamos o preço do queijo em relação ao do vinho para deduzir a relação dos salários dos dois países Pudemos fazer isso porque sabíamos que Doméstica produziria queijo e Estran geira vinho No caso de muitos bens quem produz o quê pode ser determinado somente depois que sabemos a taxa salarial relativa então precisamos de um novo pro cedimento Para determinar os salários relativos em uma economia multimercadorias devemos olhar por trás da demanda relativa por bens para a demanda implícita relativa para a mão de obra Essa não é uma demanda direta por parte dos consumidores Pelo contrário é uma demanda derivada que resulta da demanda por bens produzidos com mão de obra de cada país A demanda derivada relativa para a mão de obra de Doméstica vai cair quando a proporção de salários de Doméstica para Estrangeira subir por duas razões Pri meiro conforme a mão de obra de Doméstica fica mais cara em relação à de Estrangeira os bens produzidos em Doméstica também se tornam relativamente mais caros e a demanda mundial por esses produtos cai Segundo à medida que aumentam os salários de Doméstica menos bens serão produzidos ali e muitos mais em Estrangeira reduzindo ainda mais a demanda para a mão de obra de Doméstica Podemos ilustrar esses dois efeitos usando nosso exemplo numérico conforme ilustrado na Tabela 32 Talvez devêssemos começar com a seguinte situação o salário de Doméstica é inicialmente 35 vezes o salá rio de Estrangeira Nesse nível Doméstica produziria maçãs bananas e caviar enquanto Estrangeira pro duziria tâmaras e enchiladas Se o salário relativo de Doméstica aumentasse de 35 para 399 o padrão de especialização não mudaria No entanto como os bens produzidos em Doméstica ficariam relativamente mais caros a demanda relativa por esses bens cairia e a demanda relativa pela mão de obra de Doméstica cai ria junto M03KRUGXXXXC03indd 35 12915 557 PM 36 Economia internacional Suponha agora que o salário relativo aumentou ligei ramente de 399 para 401 Esse pequeno crescimento no salário relativo de Doméstica traria uma mudança no padrão de especialização Como agora é mais barato produzir caviar em Estrangeira do que em Doméstica a produção de caviar se desloca de Doméstica para Estrangeira O que isso implica para a demanda rela tiva por mão de obra em Doméstica Claramente isso implica que como o salário relativo sobe de pouco menos de 4 para pouco mais de 4 há uma queda brusca na demanda relativa conforme a produção de caviar de Doméstica cai para zero e Estrangeira adquire uma nova indústria Se o salário relativo continuar a aumen tar a demanda relativa para a mão de obra de Domés tica vai aos poucos declinar então cairá abruptamente em um salário relativo de 8 ponto em que a produção de bananas se desloca para Estrangeira Podemos ilustrar a determinação de salários relati vos com um diagrama como o da Figura 36 Ao con trário da Figura 33 este diagrama não tem quantidades relativas das mercadorias ou dos preços relativos das mercadorias em seus eixos Em vez disso ele mostra a quantidade relativa de mão de obra e a taxa salarial rela tiva A demanda mundial para mão de obra de Domés tica em relação à demanda por mão de obra de Estran geira é mostrada pela curva RD A oferta mundial de mão de obra de Doméstica em relação à de Estrangeira é mostrada pela linha RS A oferta relativa de mão de obra é determinada pelos tamanhos relativos das forças de trabalho de Doméstica e Estrangeira Supondo que o número de homens hora disponíveis não varie com o salário o salário relativo não tem efeito sobre o fornecimento de mão de obra relativa e RS é uma linha vertical Nossa discussão sobre a demanda relativa de mão de obra explica a forma escalonada de RD Sempre que podemos aumentar a taxa salarial dos trabalhadores de Doméstica em relação aos trabalhadores de Estrangeira diminuirá a demanda relativa por bens produzidos em Doméstica e a demanda de mão de obra de Doméstica vai diminuir Além disso a demanda relativa para mão de obra de Doméstica cai abruptamente sempre que um aumento no salário relativo de Doméstica torna um bem mais barato de se produzir em Estrangeira Então a curva alterna entre seções suavemente inclinadas para baixo onde não há alteração do padrão de especializa ção e planas onde a demanda relativa muda abrup tamente pelas mudanças no padrão de especialização Como mostrado na figura esses planos correspondem aos salários relativos que igualam a proporção da pro dutividade de Doméstica para Estrangeira para cada um dos cinco produtos O salário relativo de equilíbrio é determinado pela interseção de RD e RS Como traçado o salário relativo de equilíbrio é 3 Com esse salário Doméstica produz maçãs bananas e caviar enquanto Estrangeira produz tâmaras e enchiladas O resultado depende do tamanho relativo dos países que determina a posição do RS e da demanda relativa pelos bens que determina a forma e a posição de RD Se a interseção de RD e RS recair em um dos planos os dois países produzem o bem ao qual se aplica o plano Adicionando os custos de transporte e as mercadorias não comercializáveis Agora estendemos nosso modelo um passo adiante para a realidade considerando os efeitos dos custos de transporte Esses custos não alteram os princípios fun damentais de vantagem comparativa ou os ganhos do comércio No entanto como os custos de transporte representam entraves à circulação de mercadorias e ser viços eles têm importantes implicações sobre a forma FIGURa 36 Determinação de salários relativos Em um modelo ricardiano de muitas mercadorias os salários relativos são determinados pela interseção da curva de demanda relativa derivada de mão de obra RD com a oferta relativa RS Quantidade relativa de mão de obra L L Taxa salarial relativa ww 10 8 4 3 2 075 Maçãs Bananas Caviar Tâmaras Enchiladas RD RS M03KRUGXXXXC03indd 36 12915 557 PM 37 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano como uma economia de comércio mundial é afetada por uma variedade de fatores como problemas de balança de pagamentos investimentos internacionais e ajuda externa Embora ainda não lidemos com os efeitos des ses fatores o modelo de um fator e multimercadorias é um bom ponto para introduzirmos os efeitos dos custos de transporte Primeiro observe que a economia mundial descrita pelo modelo da última seção é marcada por especia lização internacional muito extrema No máximo há uma mercadoria que ambos os países produzem todos os outros bens são produzidos em Doméstica ou em Estrangeira mas não em ambos Existem três razões principais por que a especializa ção em economia internacional real não é assim extrema 1 A existência de mais de um fator de produção reduz a tendência para a especialização como veremos nos próximos dois capítulos 2 Os países às vezes protegem as indústrias da con corrência estrangeira discutido longamente nos ca pítulos 9 a 12 3 É caro transportar mercadorias e serviços Em al guns casos o custo de transporte é suficiente para levar países à autossuficiência em certos setores No exemplo multimercadorias da última seção encontramos que com um salário relativo de 3 em Doméstica ela poderia produzir maçãs bananas e caviar mais baratos do que Estrangeira enquanto Estrangeira poderia produzir tâmaras e enchiladas mais baratas do que Doméstica Na ausência de custos de transporte então Doméstica exportará as três primeiras mercado rias e importará as duas últimas Agora suponha que haja um custo para o transporte de mercadorias e que este seja uma fração uniforme do custo de produção digamos 100 Tal custo de trans porte desencorajará o comércio Considere as tâmaras por exemplo Uma unidade dessa mercadoria requer 6 horas de trabalho de Doméstica ou 12 horas de Estran geira para produzi la Em um salário relativo de 3 12 horas de mão de obra de Estrangeira custam tanto quanto 4 horas de trabalho de Doméstica Então na ausência de custos de transporte Doméstica importa tâmaras Com um custo de transporte de 100 no entanto importar tâmaras custaria o equivalente a 8 horas de mão de obra de Doméstica 4 horas de mão de obra mais o equiva lente a 4 horas para as despesas de transporte então Doméstica produzirá o bem para si mesma Uma comparação de custo semelhante mostra que Estrangeira vai achar mais barato produzir seu próprio caviar do que importá lo Uma unidade de caviar requer 3 horas de trabalho de Doméstica para ser produzida Mesmo com um salário relativo de Doméstica de 3 o que o torna equivalente a 9 horas de mão de obra de Estrangeira o custo é mais barato do que as 12 horas que seriam necessárias para Estrangeira produzir caviar para o mercado interno Na ausência de custos de trans porte então Estrangeira acharia mais barato importar o caviar do que produzi lo internamente Com um custo de 100 de transporte no entanto o caviar importado custaria o equivalente a 18 horas de mão de obra de Estrangeira e seria portanto produzido localmente O resultado da introdução dos custos de transporte neste exemplo então é que Doméstica ainda exportará maçãs e bananas e importará enchiladas mas tâmaras e caviar se tornarão bens não comercializáveis que cada país produzirá por si próprio Neste exemplo partimos do princípio de que os custos de transporte são a mesma fração do custo de produção em todos os setores Na prática há uma grande variação de custos de transporte Em alguns casos o transporte é pratica mente impossível serviços como cortes de cabelo e conserto de carros não podem ser negociados internacionalmente exceto onde há uma área metropolitana que atravessa uma fronteira como Detroit MichiganWindsor Ontário Também há pouco comércio internacional de mercadorias com altas proporções de peso valor como o cimento Sim plesmente não vale a pena o custo de transporte da impor tação de cimento mesmo se ele puder ser produzido muito mais barato no exterior Muitos bens acabam sendo não comercializáveis por causa da ausência de fortes vantagens de custo nacional ou pelos custos elevados de transporte O ponto importante é que as nações gastam uma grande parte de sua renda em bens não comercializá veis Essa observação é de importância surpreendente em nossa discussão posterior sobre economia monetária internacional Evidências empíricas sobre o modelo ricardiano O modelo ricardiano de comércio internacional é uma ferramenta extremamente útil para pensar sobre as razões pelas quais o comércio pode acontecer e sobre os efeitos do comércio internacional no bem estar nacional Mas será que é um modelo que se ajusta bem ao mundo real O modelo ricardiano faz previsões precisas sobre os flu xos reais de comércio internacional A resposta é um sim altamente qualificado Claro há diversas maneiras pelas quais o modelo ricardiano faz previsões enganosas Primeiro como mencionado em nossa discussão de bens não comercializáveis o modelo M03KRUGXXXXC03indd 37 12915 557 PM 38 Economia internacional ricardiano simples prevê um extremo grau de especia lização que não observamos no mundo real Segundo assume efeitos fora do comércio internacional na dis tribuição de renda dentro dos países e portanto prevê que os países como um todo irão sempre ganhar com o comércio Na prática o comércio internacional tem for tes efeitos na distribuição de renda Terceiro o modelo ricardiano não permite nenhum espaço para as diferen ças de recursos entre os países como causa de comércio perdendo assim um aspecto importante do sistema de comércio foco dos capítulos 4 e 5 Por fim negligen cia o possível papel das economias de escala como causa de comércio que o torna incapaz de explicar os grandes fluxos de comércio entre nações aparentemente simila res uma questão discutida nos capítulos 7 e 8 Apesar dessas falhas no entanto a previsão básica do modelo ricardiano que países deveriam tender a exportar aqueles bens em que sua produtividade é rela tivamente elevada foi fortemente confirmada por vários estudos ao longo dos anos Vários testes clássicos do modelo ricardiano realiza dos utilizando dados do período inicial após a Segunda Guerra Mundial compararam o comércio e a produtivi dade britânica com a americana6 Esta foi uma comparação extraordinariamente esclarecedora porque revelou que a produtividade do trabalho britânico era inferior à americana em quase todos os setores Como resultado os Estados Unidos tinham uma vantagem absoluta em tudo No entanto o montante das exportações britânicas em geral era tão grande quanto a quantidade de exportações americanas da época Apesar de sua baixa produtividade absoluta devia haver alguns setores em que a Grã Bretanha tinha uma vantagem comparativa O modelo ricardiano pre veria que esses seriam os setores em que a vantagem de produtividade dos Estados Unidos era menor A Figura 37 ilustra a evidência a favor do modelo ricardiano usando os dados apresentados em um artigo do economista húngaro Bela Balassa em 1963 A figura compara a proporção das exportações dos EUA e bri tânicas em 1951 com a proporção da produtividade da mão de obra dos EUA e britânica para 26 indústrias manufatureiras A proporção de produtividade é medida no eixo horizontal a relação de exportação no eixo ver tical Ambos os eixos são dados em uma escala logarít mica o que acaba por produzir uma imagem mais clara Em geral a teoria ricardiana nos levaria a esperar que quanto maior a produtividade relativa na indústria dos EUA mais os EUA seriam propensos ao contrário das empresas do Reino Unido a exportar para essa indústria E é isso o que mostra a Figura 37 Na verdade o grá fico de dispersão encontra se muito perto de uma linha inclinada para cima também mostrada na figura Tendo em conta que os dados utilizados para essa comparação são como todos os dados econômicos sujeitos a erros de medição substancial o encaixe é muito próximo Como esperado as evidências na Figura 37 confir mam o pensamento básico de que o comércio depende da vantagem comparativa não da absoluta Na época a que os dados se referem a indústria dos EUA tinha produti vidade muito maior da mão de obra do que a indústria britânica em média cerca de duas vezes mais alta O equívoco comumente cometido de que um país só pode ser competitivo se conseguir igualar se à produtividade dos outros países que discutimos no início deste capítulo teria nos levado a prever uma vantagem de exportação dos Estados Unidos para o estrangeiro O modelo ricar diano nos diz no entanto que ter alta produtividade em uma indústria em comparação com a de um país estran geiro não é suficiente para garantir que um país exportará produtos dessa indústria a produtividade relativa deve FIGURa 37 Produtividade e as exportações Um estudo comparativo mostrou que as exportações dos EUA eram altas em relação às exportações britânicas nas indústrias em que os Estados Unidos tinham alta produtividade relativa da mão de obra Cada ponto representa um setor diferente Proporção das exportações EUAGrãBretanha Proporção da produtividade EUAGrãBretanha 4 2 1 5 25 125 5 1 2 4 8 6 O estudo pioneiro por G D A MacDougall está listado em Leitu ras Adicionais no fi nal do capítulo Um estudo de acompanhamento bem conhecido no qual nos baseamos aqui foi Bela Balassa An Empirical Demonstration of Classical Comparative Cost Theory Review of Economics and Statistics p 231238 ago 1963 usamos os números de Balassa como uma ilustração M03KRUGXXXXC03indd 38 12915 557 PM 39 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano ser alta em comparação com a produtividade relativa em outros setores Como isso acontecia a produtividade dos EUA excedia a britânica em todos os 26 setores indicado por pontos como mostrado na Figura 37 com mar gens que variam de 11 a 366 Em 12 dos setores no entanto a Grã Bretanha na verdade tinha exportações maiores do que a dos Estados Unidos Um olhar sobre a figura mostra que em geral as exportações dos EUA eram maiores do que as do Reino Unido somente em indústrias em que a vantagem de produtividade dos EUA era um pouco mais de dois para um Evidências mais recentes sobre o modelo ricardiano têm sido menos definitivas Em parte isso ocorre porque o crescimento do comércio mundial e a resultante espe cialização das economias nacionais significam que não temos a oportunidade de ver o que os países fazem mal Na economia mundial do século XXI os países muitas vezes não produzem mercadorias as quais eles têm des vantagem comparativa então não há nenhuma maneira de medir a sua produtividade nesses setores Por exem plo a maioria dos países não produz aviões por isso não existem dados sobre seus requisitos de mão de obra unitária para essa fabricação Todavia várias evidências sugerem que as diferenças na produtividade do traba lho continuam a desempenhar um papel importante na determinação do comércio mundial Talvez a demonstração mais impressionante da uti lidade contínua da teoria ricardiana da vantagem com parativa seja a maneira como ela explica o surgimento de países de produtividade global muito baixa como potências de exportação em algumas indústrias Consi dere por exemplo o caso das exportações de vestuário de Bangladesh A indústria de vestuário desse país recebeu o pior tipo de publicidade em abril de 2013 quando um edifício que abriga cinco fábricas de vestuário desabou matando mais de mil pessoas Nos bastidores da tragédia no entanto estava o crescimento das exportações de ves tuário de Bangladesh que foram rapidamente ganhando das da China antes o fornecedor dominante Esse rápido crescimento ocorreu apesar de Bangladesh ser um país muito pobre com baixíssima produtividade geral mesmo em comparação com a China que como já vimos é ainda de baixa produtividade em comparação com os EUA Qual era o segredo do sucesso de Bangladesh O país tem produtividade bastante baixa mesmo na produção de vestuário mas sua desvantagem de produtividade é muito menor do que em outras indústrias então a nação tem uma vantagem comparativa na indústria de vestuá rio A Tabela 33 ilustra este ponto com algumas estima tivas com base em dados de 2011 Em comparação com a China Bangladesh ainda tem uma desvantagem absoluta na produção de vestuá rio com produtividade significativamente menor Mas como sua produtividade relativa em vestuário é muito maior do que em outras indústrias Bangladesh tem uma forte vantagem comparativa em vestuário e sua indústria de vestuário está levando a China a uma cor rida pelo dinheiro Em suma embora alguns economistas acreditem que o modelo ricardiano seja uma descrição totalmente ade quada das causas e consequências do comércio mundial suas duas implicações principais que as diferenças de produtividade desempenham um papel importante no comércio internacional e que é a vantagem comparativa ao invés da absoluta que importa parecem ser supor tadas pelas evidências tabela 33 Bangladesh versus China 2011 Produção de Bangladesh por trabalhador como da China Exportações de Bangladesh como da China Todas as indústrias 285 10 Vestuário 77 155 Fonte Mc Kinsey and Company Bangladeshs ready made garments industry The challenge of growth 2012 Boletim Mensal de Estatística das Nações Unidas importarão as que sua mão de obra produz de modo relativa mente ineficiente Em outras palavras o padrão de produção de um país é determinado pela vantagem comparativa 3 Podemos mostrar que o comércio beneficia um país de duas maneiras Primeiro podemos pensar no comércio como um método indireto de produção Em vez de produzir um bem por si só um país pode produzir outro bem e trocá lo pelo bem 1 Nós examinamos o modelo ricardiano o modelo mais sim ples que mostra como as diferenças entre países dão origem ao comércio e aos ganhos de comércio Nesse modelo a mão de obra é o único fator de produção e os países diferem ape nas na produtividade do trabalho em diferentes indústrias 2 No modelo ricardiano os países exportarão mercadorias que sua mão de obra produz de modo relativamente eficiente e resumo M03KRUGXXXXC03indd 39 12915 557 PM 40 Economia internacional análise de equilíbrio geral p 26 análise de equilíbrio parcial p 26 argumento da mão de obra pobre p 32 bens não comercializáveis p 37 curva de demanda relativa p 27 curva de oferta relativa p 26 custo de oportunidade p 22 demanda derivada p 35 fronteira de possibilidade de produção p 23 ganhos do comércio p 28 modelo ricardiano p 23 requisitos de mão de obra unitária p 23 salários relativos p 29 vantagem absoluta p 25 vantagem comparativa p 22 termos chaVe desejado O modelo simples mostra que sempre que um bem é importado deve ser verdade que essa produção indireta requer menos trabalho do que a direta Segundo podemos demonstrar que o comércio amplia as possibilidades de con sumo do país o que implica ganhos a partir do comércio 4 A distribuição dos ganhos do comércio depende dos pre ços relativos das mercadorias que os países produzem Para determinar esses preços relativos é necessário olhar para a oferta mundial relativa e a demanda de mercadorias O preço relativo implica também uma taxa salarial relativa 5 A proposição de que o comércio é benéfico é desqualifica da Ou seja não há nenhuma exigência de que um país seja competitivo ou que o comércio seja justo Em particular podemos demonstrar que três crenças comumente presen tes sobre o comércio estão erradas Primeiro um país ganha com o comércio mesmo que tenha menor produtividade do que seu parceiro comercial em todas as indústrias Segundo o comércio é benéfico mesmo que as indústrias estrangeiras sejam competitivas apenas por causa de baixos salários Ter ceiro o comércio é benéfico mesmo que as exportações de um país exijam mais mão de obra do que suas importações 6 Estender o modelo de um fator duas mercadorias para um mundo de muitas commodities não altera essas conclusões A única diferença é que se torna necessário focar diretamen te da demanda relativa por mão de obra para determinar os salários relativos em vez de trabalhar por meio de demanda relativa por bens Além disso um modelo de muitas com modities pode ser usado para ilustrar o ponto importante que os custos de transporte podem dar origem a uma situação em que alguns bens são não comercializáveis 7 Embora algumas das previsões do modelo ricardiano se jam claramente irrealistas sua previsão básica os países tendem a exportar bens nos quais eles têm produtividade relativamente alta foi confirmada por vários estudos proBlemas c Descreva o padrão de comércio d Demonstre que Doméstica e Estrangeira ganham com o comércio 4 Suponha que em vez de 1200 trabalhadores Doméstica tem 2400 Encontre o preço de equilíbrio relativo O que você pode dizer sobre a eficiência da produção mundial e a divisão dos ganhos do comércio entre Doméstica e Estran geira neste caso 5 Suponha que Doméstica tenha 2400 trabalhadores mas que eles sejam apenas 50 tão produtivos em ambas as indústrias em relação aos valores supostos anteriormente Construa a curva de oferta relativa mundial e determine o preço de equilíbrio relativo Como os ganhos do comércio se comparam com aqueles do caso descrito no Problema 4 6 Os trabalhadores chineses ganham apenas US 075 por hora Se permitirmos que a China exporte livremente nos sos trabalhadores serão forçados a baixar para o mesmo nível Você não pode importar uma camisa de US 10 sem importar o salário de US 075 que vem com ela Discuta essas afirmações 7 A produtividade da mão de obra japonesa é aproximada mente a mesma que a dos Estados Unidos no setor indus trial maior em algumas indústrias menos em outras 1 Doméstica possui 1200 unidades de mão de obra disponí veis Pode produzir dois bens maçãs e bananas Os requi sitos de mão de obra unitária na produção de maçã são 3 enquanto na de banana são 2 a Faça o gráfico da fronteira de possibilidade de produção de Doméstica b Qual é o custo de oportunidade de maçãs em termos de bananas c Na ausência de comércio qual seria o preço das maçãs em termos de bananas Por quê 2 Considere Doméstica conforme descrita no problema 1 Há também outro país Estrangeira com uma força de trabalho de 800 mãos de obra Os requisitos de mão de obra unitá ria de Estrangeira na produção de maçã são 5 enquanto na produção de banana são 1 a Faça o gráfico da fronteira de possibilidade de produção de Estrangeira b Construa a curva de oferta relativa mundial 3 Agora suponha que a demanda mundial relativa assume a seguinte forma Demanda por maçãsdemanda por bana nas preço das bananaspreço das maçãs a Faça o gráfico da curva de demanda relativa junto com a curva de oferta relativa b Qual é o preço de equilíbrio relativo das maçãs M03KRUGXXXXC03indd 40 12915 557 PM 41 Capítulo 3 Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa o modelo ricardiano DAVIS D Intraindustry Trade A Heckscher Ohlin Ricardo Approach Journal of International Economics v 39 p 201 226 nov 1995 Uma revisão recente da abordagem ricar diana para explicar o comércio entre os países com recursos semelhantes DORNBUSCH R FISCHER S e SAMUELSON P Comparative Advantage Trade and Payments in a Ricardian Model with a Continuum of Goods American Economic Review v 67 p 823839 dez 1977 Modelagem teórica mais recente no modelo ricardiano de muitos bens desenvolvendo a ideia de simplificar o modelo ricardiano supondo que o número de bens é tão grande que pode formar um continuum suave DOSI G PAVITT K e SOETE L The Economics of Technical Change and International Trade Brighton Wheatsheaf 1988 Um exame empírico que sugere que o comércio internacional de bens manufaturados é guiado principalmente pelas dife renças nas competências tecnológicas nacionais GOLUB S HSIEH C Classical Ricardian Theory of Comparative Advantage Revisited Review of International Economics v 8 n 2 p 221234 2000 Uma análise estatística moderna da relação entre produtividade relativa e padrões de comércio que encontra correlações razoavelmente fortes MacDOUGALL G D A British and American Exports A Study Suggested by the Theory of Comparative Costs Economic Journal v 61 p 697724 dez 1951 v 62 p 487521 set 1952 Neste estudo famoso MacDougall usou dados compa rativos sobre a produtividade dos EUA e Reino Unido para testar as previsões do modelo ricardiano MILL J S Principles of Political Economy London Longmans Green 1917 O tratado de Mill de 1848 ampliou o trabalho de Ricardo para um modelo completo de comércio internacional RICARDO D The Principles of Political Economy and Taxation Homewood IL Irwin 1963 A fonte básica para o modelo ricardiano é Ricardo por ele mesmo neste livro publicado pela primeira vez em 1817 leituras adicionais mas os Estados Unidos ainda são consideravelmente mais produtivos no setor de serviços Embora a maioria dos ser viços não seja comercializável Alguns analistas têm argu mentado que isso cria um problema para os Estados Uni dos porque nossa vantagem comparativa encontra se em coisas que não podemos vender nos mercados mundiais O que há de errado com esse argumento 8 Quem visitou o Japão sabe que é um lugar incrivelmente caro Embora os trabalhadores japoneses ganhem quase o mesmo que seus colegas dos EUA o poder de compra de seus rendimentos é cerca de um terço menor Estenda sua discussão da Questão 7 para explicar essa observação Dica pense sobre os salários e os preços implícitos de bens não comercializáveis 9 De que maneira o fato de que muitos bens são não comercia lizáveis afeta a extensão dos possíveis ganhos do comércio 10 Focamos o caso do comércio envolvendo apenas dois paí ses Suponha que existam muitos países capazes de produ zir dois bens e que cada país tem apenas um fator de pro dução a mão de obra O que podemos dizer sobre o padrão de produção e comércio neste caso Dica construa a curva de oferta mundial relativa M03KRUGXXXXC03indd 41 12915 557 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 4 Fatores específi cos e distribuição de renda Como vimos no Capítulo 3 o comércio internacional pode ser benéfico para as nações que o praticam Mesmo assim ao longo da história os governos têm protegido certos setores da eco nomia da concorrência das importações Por exemplo apesar de seu compromisso com o livre comércio em princípio os Estados Unidos limitam as importações de vestuário têxteis açúcar etanol e produtos lácteos entre muitos outros itens Durante os ciclos de reeleição presidencial tarifas punitivas são muitas vezes impostas na importação de mercadorias produzidas nos princi pais estados que têm peso político1 Se o comércio é uma coisa boa para a economia por que há oposição aos seus efeitos Para entender a política comercial é necessário olhar para os efeitos do comércio não só em um país como um todo mas em sua distribuição de renda O modelo ricardiano de comércio internacional desenvolvido no Capítulo 3 ilustra os benefícios potenciais do comércio Nesse modelo o comércio leva à especialização internacional com cada país mudando sua força de trabalho de indústrias em que a mão de obra é relativamente ineficiente para indústrias em que ela é relativamente mais eficiente Como a mão de obra é o único fator de produção naquele modelo e presumese que ela possa mover livremente de uma indústria para outra não há nenhuma possibilidade de que os indivíduos serão prejudicados com o comércio O modelo ricardiano assim não sugere só que todos os países ganham com o comércio mas também que cada indivíduo vive melhor como resultado do comércio internacional uma vez que este não afeta a distribuição de renda No entanto no mundo real o comércio tem efeitos substanciais sobre a distribuição de renda dentro de cada nação que comercializa então na prática os benefícios do comércio são muitas vezes distribuídos de forma muito desigual Existem duas razões principais pelas quais o comércio internacional tem fortes efeitos sobre a distribuição de renda Primeiro os recursos não podem moverse imediatamente ou sem custo de uma indústria para outra uma consequência de curto prazo do comércio Segundo as indústrias diferem nos fatores de produção que demandam Uma mudança no mix de mercadorias que um país produz normalmente reduzirá a demanda por alguns fatores de produção enquanto elevará a demanda por outros uma consequência de longo prazo do comércio Por ambas as razões o comércio internacional não é tão inequivocamente benéfico como parecia ser no Capítulo 3 Embora o comércio possa beneficiar uma nação como um todo muitas vezes ele prejudica grupos significativos dentro do país em curto prazo e potencialmente mas em menor grau também no longo prazo Considere os efeitos da política de arroz do Japão O Japão permite que muito pouco arroz seja importado mesmo que a escassez de terra signifique que o produto seja muito mais caro de se produzir no Japão do que em outros países incluisive nos Estados Unidos Há poucas dúvidas de que o Japão como um todo teria um padrão de vida melhor se a livre importação de arroz fosse permitida Os agricultores japoneses no entanto seriam prejudicados pelo livre comér cio Embora os agricultores deslocados pelas importações provavelmente pudessem encontrar empregos em manufatura ou serviços eles achariam caro e inconveniente mudar de emprego as habilidades especiais que eles desenvolveram para o cultivo de arroz seriam inúteis nesses 1 Os exemplos mais recentes são a tarifa de 35 imposta aos pneus importados da China durante o primeiro mandato de Barack Obama e uma tarifa de 30 sobre as importações de aço durante o primeiro mandato de George W Bush A produção de aço e pneus está concentrada em Ohio estado chave de defi nição de várias eleições presidenciais dos Estados Unidos no passado M04KRUGXXXXC04indd 42 12915 605 PM 43 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda outros trabalhos Além disso o valor das terras que os agricultores possuem cairia junto com o preço do arroz Não surpreende que os agricultores que produzem arroz japonês são veementemente contra o livre comércio de arroz e sua oposição política organizada tem pesado mais do que os ganhos potenciais do comércio para a nação como um todo Uma análise realista do comércio deve ir além do modelo ricardiano chegando a modelos em que o comércio pode afetar a distribuição de renda Neste capítulo focalizamos as consequências de curto prazo do comércio sobre a distribuição de renda quando fatores de produção não podem se mover sem custo entre os setores Para simpli ficar o nosso modelo suporemos que o custo de troca de setor para alguns fatores é alto o suficiente para que essa mudança seja impossível no curto prazo Esses fatores são específicos para um determinado setor Modelo de fatores específicos O modelo de fatores específicos foi desenvolvido por Paul Samuelson e Ronald Jones2 Como o modelo ricardiano simples ele pressupõe uma economia que produz dois bens e que pode alocar seu fornecimento de mão de obra entre os dois setores Entretanto ao 2 Veja Paul Samuelson Ohlin was right Swedish Journal of Economics v 73 p 365384 1971 e Ronald W Jones A ThreeFactor Model in Theory Trade and History In Jagdish Bhagwati et al Eds Trade Balance of Payments and Growth AmsterdamNorthHolland 1971 p 321 oBJeTivos de aPrendiZagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Entender como um fator móvel vai responder às mudanças de preços movendose de um setor para outro Explicar por que o comércio irá gerar tanto vencedores quanto perdedores no curto prazo Compreender o significado dos ganhos do comércio quando existem perdedores Discutir por que o comércio é uma questão politicamente controversa Explicar os argumentos a favor do livre comércio apesar da existência de perdedores contrário do ricardiano o modelo de fatores específi cos permite a existência de fatores de produção além da mão de obra Considerando que a mão de obra seja um fator móvel que pode se mover entre os setores esses outros fatores são considerados específicos Ou seja eles podem ser usados somente na produção de determinados bens o QUe É Um FaTor esPeCÍFiCo No modelo desenvolvido neste capítulo assumimos que dois fatores de produção terra e capital estão permanentemente ligados a determinados setores da economia No entanto nas economias desenvolvidas as terras agrícolas recebem apenas uma parte pequena da renda nacional Quando os economistas aplicam o modelo de fatores específicos para economias como as dos Estados Unidos ou da França geralmente não abor dam a especificidade de fator como uma condição per manente mas como uma questão de tempo Por exem plo as cubas usadas para fermentar cerveja e as prensas de estampagem usadas para construir a lataria de veícu los não podem ser substituídas uma pela outra e então esses tipos de equipamentos diferentes são específicos de suas indústrias Porém com o tempo seria possível redirecionar o investimento das fábricas de automóveis para as cervejarias ou viceversa Como resultado no longo prazo tanto as cubas quanto as prensas de estam pagem podem ser consideradas duas manifestações de um fator único e móvel chamado de capital Então na prática a distinção entre fatores específicos e móveis não é uma linha definida Pelo contrário tra tase da velocidade de ajustamento com alguns fatores sendo mais específicos à medida que se demora mais tempo para reimplantálos entre as indústrias Então quão específicos são os fatores de produção na econo mia real A mobilidade dos trabalhadores varia de acordo com as características do trabalhador como a idade e a ocupação da mão de obra se ela necessita de habi lidades gerais ou específicas No entanto podemos medir uma taxa média de mobilidade ao olhar para a duração do desemprego após a demissão do trabalha dor Depois de quatro anos um trabalhador demitido nos Estados Unidos tem a mesma probabilidade de ser empregado que um trabalhador semelhante que não M04KRUGXXXXC04indd 43 12915 605 PM 44 Economia internacional Pressupostos do modelo Imagine uma economia que pode produzir dois bens tecido e alimentos Porém em vez de um fator de produ ção o país tem três mão de obra L capital K e solo T de terra Tecido é produzido usando capital e mão de obra mas sem terra enquanto o alimento é produzido usando terra e mão de obra mas não capital A mão de obra é portanto um fator móvel que pode ser usado em qualquer setor enquanto a terra e o capital são os dois fatores específicos que podem ser usados somente na produção de uma das mercadorias A terra também pode ser pensada como um tipo diferente de capital que é específico para o setor de alimentos veja o quadro anterior Quanto de cada bem a economia vai produzir A produção de tecido da economia depende de quanto capital e mão de obra são usados nesse setor Essa rela ção é resumida por uma função de produção que nos diz a quantidade de tecido que pode ser produzido dada qualquer entrada de capital e mão de obra A função de produção para o tecido pode ser resumida algebrica mente como QT QTK LT 41 sendo QT a produção de tecido da economia K o esto que de capital da economia e LT a força de trabalho empregada no tecido Da mesma forma para os alimen tos podemos escrever a função de produção QA QAS LA 42 sendo QA a produção de alimentos da economia S a fonte de terra da economia e LA a força de mão de obra dedicada à produção de alimentos Para a economia como um todo a mão de obra empregada deve ser igual à oferta de mão de obra total L LT LA L 43 Possibilidades de produção O modelo de fatores específicos pressupõe que cada um dos fatores específicos capital ou terra possa ser usado em apenas um setor tecidos ou alimentos respec tivamente Apenas a mão de obra pode ser usada nos dois setores Assim para analisar as possibilidades de produção da economia precisamos apenas perguntar como o mix de produção da economia muda conforme a mão de obra é deslocada de um setor para outro Isso pode ser feito graficamente primeiro representando as funções de produção pelas equações 41 e 42 e em seguida colocandoas juntas para derivar a fronteira de possibilidade de produção A Figura 41 ilustra a relação entre a entrada de mão de obra e a produção de tecido Quanto maior a entrada de mão de obra para uma determinada oferta de capital maior será a produção Na Figura 41 a incli nação de QT K LT representa o produto marginal da mão de obra ou seja a adição à produção gerada pela inclusão de mais um homemhora No entanto se a entrada de mão de obra for aumentada sem aumentar o capital geralmente haverá rendimentos decrescen tes uma vez que adicionar um trabalhador significa que cada trabalhador tem menos capital para trabalhar cada incremento sucessivo de mão de obra adicionará menos à produção do que o anterior Os rendimentos decrescentes são refletidos na forma da função de pro dução QTK LT fica mais plana à medida que avança mos para a direita indicando que o produto marginal da mão de obra diminui conforme mais mão de obra é usada5 A Figura 42 mostra as mesmas informações de outra maneira Nela traçamos diretamente o produto marginal da mão de obra em função da mão de obra 5 Os rendimentos descrescentes para um único fator não implicam rendimentos decrescentes para a escala quando todos os fatores de produção são ajustados Assim os rendimentos decrescentes para a mão de obra são inteiramente consistentes com os rendimentos constantes na escala de mão de obra e capital foi demitido3 Esse intervalo de tempo de quatro anos se compara com um tempo de vida de 15 ou 20 anos para uma máquina especializada típica e de 30 a 50 anos para estruturas um shopping center um prédio de escritórios ou uma planta de produção Portanto a mão de obra é certamente um fator menos especí fico do que a maioria dos tipos de capital No entanto mesmo que a maioria dos trabalhadores possa encon trar novo emprego em outros setores dentro de um intervalo de tempo de quatro anos a comutação das ocupações implica custos adicionais um trabalhador deslocado que é reempregado em uma ocupação dife rente sofre uma queda permanente de 18 dos salá rios em média Isso se compara com uma queda de 6 se o trabalhador não mudar de ocupações4 Assim a mão de obra é verdadeiramente flexível somente antes de um trabalhador ter investido em qualquer habilidade específica de ocupação 3 Veja Bruce Fallick The Industrial Mobility of Displaced Workers Journal of Labor Economics v 11 p 302323 abr 1993 4 Veja Magno Kambourov e Iourii Manovskii Occupational Specificity of Human Capital International Economic Review v 50 p 63115 fev 2009 M04KRUGXXXXC04indd 44 12915 605 PM 45 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda FiGURA 41 A função de produção para tecido Quanto mais mão de obra é empregada na produção de tecido maior a produção Entretanto como resultado dos rendimentos decrescentes cada homemhora sucessivo aumenta menos a produção do que o anterior Isso é demonstrado pelo fato de que a curva que relaciona entrada de mão de obra e produção fica mais plana em níveis mais elevados de emprego Produção QT Entrada de mão de obra LT QT QT K LT FiGURA 42 O produto marginal da mão de obra O produto marginal da mão de obra no setor de tecidos igual à inclinação da função de produção mostrada na Figura 41 é mais baixo quanto mais mão de obra o setor empregar Produto marginal de mão de obra MPLT MPLT Entrada de mão de obra LT empregada No Apêndice deste capítulo mostramos que a área sob a curva de produto marginal representa a produção total de tecido Um par semelhante de diagramas pode representar a função de produção de alimentos Esses diagramas podem então ser combinados para derivar a fronteira de possibilidade de produção para a economia conforme ilustrado na Figura 43 Como vimos no Capítulo 3 a fronteira de possibilidade de produção mostra o que a economia é capaz de produzir Neste caso ele mostra quanto alimento ela pode produzir para qualquer pro dução determinada de tecido e viceversa A Figura 43 é um diagrama de quatro quadrantes No quadrante inferior direito mostramos a função de pro dução para o tecido ilustrada na Figura 41 Desta vez no entanto podemos rodar a figura de lado um movi mento para baixo ao longo do eixo vertical representa um aumento na entrada de mão de obra para o setor de tecidos enquanto um movimento para a direita ao longo do eixo horizontal representa um aumento na produção de tecido No quadrante superior esquerdo mostramos a função correspondente à produção de alimentos Essa parte da figura também é invertida de modo que um movimento para a esquerda ao longo do eixo horizontal indica um aumento na entrada de mão de obra para o setor de alimentos enquanto um movimento ascendente ao longo do eixo vertical indica um aumento da produção de alimentos O quadrante inferior esquerdo representa a alocação de mão de obra da economia Ambas as quantidades são medidas ao inverso do sentido habitual Um movi mento descendente ao longo do eixo vertical indica um aumento na mão de obra empregada em tecido um movi mento para a esquerda ao longo do eixo horizontal indica um aumento da mão de obra empregada em alimentos Uma vez que o aumento da mão de obra em um setor significa que menos mão de obra está disponível para o outro as possíveis alocações são indicadas por uma linha inclinada para baixo Essa linha rotulada AA inclina para baixo em um ângulo de 45 graus ou seja ela tem uma inclinação de 1 Para ver por que essa linha representa as alocações de mão de obra possíveis observe que se toda a mão de obra fosse empregada na produção de alimentos LA se igualaria a L enquanto LT seria igual a 0 Se fôssemos então mover a mão de obra gradualmente para o setor de tecidos cada homemhora movido aumentaria LT em uma unidade ao mesmo tempo em que reduziria LA em uma unidade traçando uma linha com uma inclinação de 1 até a oferta de toda mão de obra L ser empregada no setor de tecidos Portanto qualquer alocação específica de mão de obra entre os dois setores pode ser representada por um ponto sobre AA tal como o ponto 2 Agora veremos como determinar a produção dada qualquer alocação específica de mão de obra entre os M04KRUGXXXXC04indd 45 12915 605 PM 46 Economia internacional FiGURA 43 A fronteira de possibilidade de produção no modelo de fatores específicos A produção de tecidos e alimentos é determinada pela alocação de mão de obra No quadrante inferior esquerdo a alocação de mão de obra entre os setores pode ser ilustrada por um ponto na linha AA que representa todas as combinações de entrada de mão de obra para tecidos e alimentos que se somam ao fornecimento de mão de obra total correspondente a L Para qualquer ponto particular na AA como o ponto 2 existe uma entrada de mão de obra para tecidos L2 T e uma entrada de mão de obra para alimentos L2 A As curvas nos quadrantes inferior direito e superior esquerdo representam as funções de produção para tecidos e alimentos respectivamente Elas permitem a determinação da produção Q2 T Q2 A dada a entrada de mão de obra Em seguida no quadrante superior direito a curva PP mostra como a produção das duas mercadorias varia conforme a alocação de mão de obra é deslocada de alimentos para tecidos com os pontos de produção 1 2 3 correspondentes às alocações de mão de obra 1 2 3 Por causa dos rendimentos decrescentes PP é uma curva arqueada para fora em vez de ser uma linha reta Entrada de mão de obra em alimento LA crescente Entrada de mão de obra em tecidos LT crescente 1 2 3 1 2 3 L AA L PP QA QAS LA QT QTK LT Alocação de mão de obra da economia AA Função de produção para alimentos Função de produção para tecidos Produção de mercadoria 1 QA crescente Produção de tecidos QT crescente Fronteira de possibilidade de produção PP da economia LA 2 LT 2 QA 2 QT 2 dois setores Suponha que a alocação de mão de obra seja representada pelo ponto 2 no quadrante inferior esquerdo ou seja com L2 T horas em tecido e L2 A horas em alimentos Então podemos usar a função de produção para cada setor para determinar a produção Q2 T uni dades de tecido Q2 A unidades de alimentos Usando as coordenadas Q2 T Q2 A o ponto 2 no quadrante superior direito da Figura 43 mostra as produções resultantes de tecido e de alimentos Para traçar toda a fronteira de possibilidade de pro dução imaginamos simplesmente repetir esse exercício para muitas alocações alternativas de mão de obra Podemos começar com a maioria da mão de obra alo cada para a produção de alimentos como no ponto 1 no quadrante inferior esquerdo então gradualmente aumentar a quantidade de mão de obra utilizada no tecido até que muito poucos trabalhadores estejam empregados em alimentos como no ponto 3 os pontos correspondentes no quadrante superior direito traçarão a curva que vai de 1 para 3 Assim o PP no quadrante superior direito mostra as possibilidades de produção da economia para dados suprimentos de terra mão de obra e capital No modelo ricardiano em que a mão de obra é o único fator de produção a fronteira de possibilidade de produção é uma linha reta porque o custo de opor tunidade de tecido em termos de alimento é constante Entretanto no modelo de fatores específicos a adição M04KRUGXXXXC04indd 46 12915 605 PM 47 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda de outros fatores de produção altera a forma da fron teira de possibilidade de produção PP para uma curva A curvatura de PP reflete os rendimentos decrescentes para a mão de obra em cada setor Estes rendimentos decrescentes são a diferença crucial entre o modelo de fatores específicos e o modelo ricardiano Observe que quando traçamos PP podemos desviar a mão de obra do alimento para o setor de tecidos Se desviamos um homemhora de mão de obra de alimen tos para tecido no entanto essa entrada extra aumen tará a produção no setor pelo produto marginal da mão de obra no tecido MPLT Portanto para aumentar a produção de tecido em uma unidade temos de aumen tar a entrada 1MPLT horas Entretanto cada entrada de unidade de mão de obra deslocada da produção de alimentos reduzirá a produção no setor pelo produto marginal da mão de obra em alimento MPLA Então para aumentar a produção de tecido em uma unidade a economia deve reduzir a produção de alimentos em MPLA MPLT unidades A inclinação de PP que mede o custo de oportunidade de tecido em termos de alimentos ou seja o número de unidades de alimento produzida que deve ser sacrificado para aumentar a produção de tecido em uma unidade é portanto inclinação da curva de possibilidades de produção MPLA MPLT Nós podemos agora entender por que PP tem o for mato arqueado característico Conforme passamos de 1 para 3 LT sobe e LA cai Vimos na Figura 42 no entanto que conforme LT aumenta o produto marginal da mão de obra em tecido cai Correspondentemente conforme LA cai aumenta o produto marginal da mão de obra para alimentos Como cada vez mais mão de obra é movida para o setor de tecidos cada unidade adi cional de mão de obra tornase menos valiosa no setor de tecidos e mais valiosa do setor alimentício o custo de oportunidade produção inevitável de alimentos de cada unidade adicional de tecido aumenta e PP assim fica mais acentuada à medida que avançamos muito para a direita Mostramos como a produção é determinada levando em conta a alocação de mão de obra O próximo passo é perguntar como uma economia de mercado determina como deve ser a alocação de mão de obra Preços salários e alocação de mão de obra Quanta mão de obra será empregada em cada setor Para responder precisamos olhar para a oferta e a demanda no mercado de mão de obra A demanda de mão de obra em cada setor depende do preço de pro duçao e da taxa salarial Por sua vez a taxa salarial depende da demanda combinada para a mão de obra pelos produtores de alimentos e tecido Tendo em conta os preços de tecido e de alimentos junto com a taxa sala rial podemos determinar o emprego e a produção de cada setor Primeiro vamos nos concentrar na demanda de mão de obra Em cada setor empregadores de maximização do lucro vão demandar mão de obra até o ponto em que o valor produzido por um homemhora adicional seja igual ao custo de empregar aquela hora No setor de tecidos por exemplo o valor de um homemhora adi cional é o produto marginal da mão de obra em tecido multiplicado pelo preço de uma unidade de tecido MPLT PT Se w é a taxa salarial da mão de obra os empregadores portanto vão contratar trabalhadores até o ponto em que MPLT PT w 44 Mas o produto marginal da mão de obra em tecido já ilustrado na Figura 42 se inclina para baixo por causa de rendimentos decrescentes Então para qual quer preço dado de tecido PT o valor do produto mar ginal MPLT PT também se inclinará para baixo Podemos portanto pensar na Equação 44 como defi nitória da curva de demanda de mão de obra no setor de tecidos se a taxa salarial cai ficando as outras variáveis iguais os empregadores do setor de tecidos vão querer contratar mais trabalhadores Da mesma forma o valor de um homemhora adi cional em alimentos é MPLA PA Portanto a curva da demanda de mão de obra no setor de alimentos pode ser escrita como MPLA PA w 45 A taxa salarial w deve ser a mesma em ambos os seto res dada a suposição de que a mão de obra é livremente móvel entre os setores Ou seja como a mão de obra é um fator móvel ela se moverá do setor de salários baixos para o de salários elevados até que os salários sejam equali zados A taxa salarial por sua vez é determinada pela exigência que a demanda de mão de obra total emprego total seja igual à oferta de mão de obra total Essa condi ção de equilíbrio é representada na Equação 43 Ao representar essas duas curvas de demanda de mão de obra em um diagrama Figura 44 podemos ver como as taxas salarial e de emprego em cada setor são determinadas levandose em conta os preços dos alimen tos e do tecido Ao longo do eixo horizontal da Figura 44 mostramos o fornecimento de mão de obra total L Medindose do lado esquerdo do diagrama mostramos M04KRUGXXXXC04indd 47 12915 605 PM 48 Economia internacional o valor do produto marginal da mão de obra em tecidos que é apenas a curva MPLT da Figura 42 multiplicada por PT Essa é a curva da demanda de mão de obra no setor de tecidos Medindose da direita mostramos o valor do produto marginal da mão de obra em alimen tos que é a demanda de mão de obra em alimentos A taxa salarial de equilíbrio e a alocação de mão de obra entre os dois setores é representada pelo ponto 1 Na taxa salarial w1 a soma da mão de obra demandada nos setores de alimentos L1 A e tecidos L1 T é apenas igual à oferta de mão de obra total L Uma relação útil entre preços relativos e produção emerge claramente dessa análise da alocação de mão de obra A relação se aplica a situações mais gerais do que as descritas pelo modelo de fatores específicos As equa ções 44 e 45 implicam que MPLT PT MPLA PA w ou rearranjando que MPLA MPLT PT PA 46 Do lado esquerdo da Equação 46 temos a incli nação da fronteira de possibilidade de produção no ponto de produção efetiva o lado direito é a subtração do preço relativo de tecido Esse resultado nos diz que no ponto de produção a fronteira de possibilidade de produção deve ser tangente a uma linha cuja inclinação é a subtração do preço do tecido dividida pelo preço de alimentos Como veremos nos capítulos seguintes isso é um resultado muito geral que caracteriza as res postas de produção às mudanças de preços relativos ao longo de uma fronteira de possibilidade de produ ção Está ilustrado na Figura 45 se o preço relativo do tecido é PT PA 1 a economia produz no ponto 1 O que acontece com a alocação de mão de obra e a distribuição de renda quando os preços dos alimen tos e do tecido mudam Observe que qualquer altera ção de preço pode ser dividida em duas partes uma mudança proporcionalmente igual em PT e PA e uma mudança em apenas um dos preços Por exemplo suponha que o preço do tecido suba 17 e o dos ali mentos 10 Podemos analisar os efeitos dessa situa ção perguntando primeiro o que acontece se os preços dos alimentos e do tecido subirem 10 e em seguida por descobrirmos o que acontece se apenas o preço do tecido subir 7 Isso permitenos separar o efeito das mudanças de preços relativos do efeito das alterações no nível geral de preços Uma alteração proporcionalmente igual nos preços A Fi gura 46 mostra o efeito de um aumento proporcional FiGURA 44 A alocação de mão de obra A mão de obra é alocada para que o valor de seu produto marginal P MPL seja o mesmo nos setores de tecidos e alimentos Em equilíbrio a taxa salarial é igual ao valor do produto marginal de mão de obra Valor do produto marginal de mão de obra a taxa salarial w1 1 PA x MPLA Curva de demanda de mão de obra em alimentos PT x MPLT Curva de demanda de mão de obra em tecidos Mão de obra utilizada em tecidos LT Mão de obra utilizada em alimentos LA Fornecimento de mão de obra total L LT 1 LA 1 M04KRUGXXXXC04indd 48 12915 605 PM 49 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda igual no PT e no PA PT aumenta de P1 T para P2 T PA aumenta de P1 A para P2 A Se os preços de ambos os bens aumentarem 10 as curvas de demanda de mão de obra mudarão também 10 Como você pode ver no diagrama essas mudanças levam a um aumento de 10 na taxa salarial de w1 ponto 1 para w2 ponto 2 No entanto não alteram a alocação de mão de obra entre os setores e as produções dos dois bens Na verdade quando PT e PA mudam na mesma pro porção não ocorrem mudanças reais O salário aumenta na mesma proporção que os preços então as taxas dos salários reais as proporções da taxa salarial para os pre ços dos bens não são afetadas Com a mesma quantidade de mão de obra empregada em cada setor recebendo a mesma taxa salarial real os rendimentos reais dos pro prietários de capital e donos de terras também permane cem os mesmos Então todo mundo está exatamente na mesma posição de antes Isso ilustra um princípio geral as alterações no nível geral de preços não têm efeitos reais ou seja não mudam as quantidades físicas na eco nomia Apenas mudanças de preços relativos o que neste caso significa o preço do tecido em relação ao preço dos alimentos PT PA afetam o bemestar ou a alocação de recursos FiGURA 45 Produção no modelo de fatores específicos A economia produz no ponto em sua fronteira de possibilidade de produção PP onde a inclinação da fronteira é igual a menos o preço relativo do tecido Produção de alimentos QA Produção de tecido QT PP 1 inclinação PT PA1 QT 1 QA 1 FiGURA 46 Um aumento de igualdade proporcional dos preços de tecido e alimentos As curvas de demanda de mão de obra em tecido e alimentos se deslocam ambas proporcionalmente ao aumento de PT a partir de P1 T para P2 T e o aumento de PA de P1 A 1 para P2 A O salário aumenta na mesma proporção de w1 para w2 mas não altera a alocação de mão de obra entre os dois setores w1 1 Mão de obra utilizada em tecido LT Mão de obra utilizada em alimentos LA w2 2 Taxa salarial w PA aumenta 10 PT aumenta 10 aumento salarial de 10 PA x MPLA 1 PA x MPLA 2 PT x MPLT 2 PT x MPLT 1 M04KRUGXXXXC04indd 49 12915 605 PM 50 Economia internacional Uma mudança de preços relativos Considere o efeito de uma mudança de preços que afeta os preços relativos A Figura 47 mostra o efeito de uma alteração de preços de apenas um bem nesse caso um aumento de 7 no PT de P1 T para P2 T O aumento de PT desloca a curva de demanda de mão de obra de tecido na mesma propor ção do aumento de preço e desloca o equilíbrio do ponto 1 para o ponto 2 Observe dois fatos importantes sobre os resultados dessa mudança Primeiro embora o salário aumente ele sobe menos do que o aumento do preço do tecido Se os salários tivessem subido na mesma propor ção que o preço do tecido aumento de 7 então os salá rios teriam subido de w1 para w2 Em vez disso os salários subiram uma proporção menor de w1 para w2 Segundo quando apenas PT sobe em contraste com um aumento simultâneo em PT e PA a mão de obra deslocase do setor de alimentos para o de tecidos e a produção de tecido aumenta enquanto a de alimentos cai Eis porque w não sobe tanto quanto PT como o número de empregos em tecidos sobe o produto margi nal da mão de obra nesse setor cai O efeito de um aumento no preço relativo do tecido também pode ser visto diretamente olhando para a curva de possibilidade de produção Na Figura 48 mos tramos os efeitos da subida do preço do tecido que eleva o preço relativo do produto de PT PA 1 para PT PA 2 O ponto de produção que sempre está localizado onde o declive da PP é igual à subtração do preço relativo muda de 1 para 2 A produção de alimentos cai e a de tecido aumenta como resultado do aumento no preço relativo do tecido Uma vez que os maiores preços relativos do tecido conduzem a uma maior produção de tecido em relação à de alimentos podemos traçar uma curva de oferta relativa mostrando QT QA como uma função de PT PA Essa curva de oferta relativa é mostrada como RS na Figura 49 Como mostramos no Capítulo 3 podemos também desenhar uma curva de demanda relativa que é ilustrada por uma linha RD descendente inclinada Na ausência do comércio internacional o preço relativo de equilíbrio PT PA 1 e a produção QT QA 1 são determi nados pela interseção da oferta e da demanda relativas Preços relativos e a distribuição de renda Até aqui analisamos os seguintes aspectos do modelo de fatores específicos 1 a determinação das possibi lidades de produção dada a tecnologia e os recursos de uma economia e 2 a determinação dos preços relativos produção e alocação de recursos numa economia de mer cado Antes de nos voltarmos para os efeitos do comércio internacional devemos considerar o efeito das alterações dos preços relativos na distribuição de renda FiGURA 47 Um aumento no preço do tecido A curva de demanda de mão de obra de tecido sobe proporcionalmente ao aumento de 7 no PT mas o salário aumenta menos do que proporcionalmente A mão de obra se move do setor de alimentos para o setor de tecidos A produção de tecido sobe a produção de alimentos cai Taxas salariais w w1 1 PA x MPLA Mão de obra utilizada em tecido LT Mão de obra utilizada em alimentos LA Quantidade de mão de obra desviada de alimentos para tecido w2 w29 A taxa salarial aumenta menos de 7 PT aumenta 7 2 1 PT x MPLT 2 PT x MPLT 1 M04KRUGXXXXC04indd 50 12915 605 PM 51 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda Olhe novamente a Figura 47 que mostra o efeito de um aumento do preço do tecido Já observamos que a curva da demanda de mão de obra no setor será des locada para cima na proporção do aumento no PT de modo que se PT cresce 7 a curva definida por PT MPLT também aumenta 7 Vimos também que a não ser que o preço dos alimentos também se eleve em pelo menos 7 w aumentará menos do que PT Assim se só os preços de tecidos subirem 7 esperamos que a taxa salarial suba apenas digamos 3 Vamos ver o que esse resultado implica para os ren dimentos dos três grupos trabalhadores proprietários de capital e proprietários de terra Os trabalhadores acham que sua taxa salarial aumentou mas menos do que em proporção ao aumento de PT Assim seu salá rio real em termos de tecido a quantidade de tecido que podem comprar com seus rendimentos salariais wPT cai enquanto seu salário real em termos de alimentos wPA sobe Dada essa informação não podemos dizer se os trabalhadores vão melhor ou pior Isso depende da importância relativa do tecido e dos alimentos no con sumo dos trabalhadores determinado por suas preferên cias uma questão em que não nos aprofundaremos mais Os proprietários do capital no entanto vão defi nitivamente melhor A taxa salarial real em termos de tecido caiu então seus lucros em termos do que eles produzem tecido aumentou Ou seja a renda dos proprietários do capital subirá mais do que proporcio nalmente com o aumento de PT Uma vez que PT sobe em relação a PA a renda dos capitalistas claramente sobe em termos de ambos os bens Por outro lado os proprietários de terras estão definitivamente pior Eles perdem por dois motivos o salário real em termos de alimentos o bem que eles produzem sobe reduzindo sua renda e o aumento do preço do tecido reduz o poder de compra de qualquer renda determinada O apêndice deste capítulo descreve em mais detalhes as alterações de bemestar dos capitalistas e proprietários de terras Se o preço relativo mudasse para o lado oposto e o preço relativo do tecido tivesse diminuído então as pre visões poderiam ser revertidas proprietários de capital ficariam pior e os proprietários de terra melhor A mudança no bemestar dos trabalhadores novamente seria ambígua porque seu salário real em termos de tecido subiria mas seu salário real em termos de ali mentos cairia O efeito de uma mudança do preço rela tivo sobre a distribuição de renda pode ser resumido como segue O fator específico para o setor cujo preço relativo aumenta é definitivamente melhor O fator específico para o setor cujo preço relativo diminui é definitivamente pior A mudança no bemestar para o fator móvel é ambígua Comércio internacional no modelo de fatores específicos Vimos como as mudanças de preços relativos têm fortes repercussões para a distribuição de renda criando tanto ganhadores quanto perdedores Agora iremos vincular essa mudança de preço relativo com o comércio internacional e combinar as previsões para os ganhadores e os perdedores com a orientação de comér cio de um setor Para o comércio ocorrer um país deve enfrentar um preço relativo mundial que seja diferente do preço rela tivo que prevaleceria na ausência de comércio A Figura 49 mostra como esse preço relativo foi determinado para a nossa economia de fatores específicos Na Figura 410 acrescentamos também uma curva de oferta rela tiva para o mundo Por que a curva de oferta relativa para o mundo seria diferente do que para a nossa economia de fatores específi cos Os outros países do mundo poderiam ter tecnologias FiGURA 48 A resposta de produção para uma mudança no preço relativo de tecido A economia produz no ponto em sua fronteira de possibilidade de produção PP onde a inclinação da fronteira que é igual a menos o preço relativo dos tecidos Assim um aumento no PT PA faz com que a produção movase para baixo e para a direita ao longo da fronteira de possibilidade de produção correspondente à maior produção de tecido e menor produção de alimentos QT 2 Produção de alimentos QA Produção de tecido QT PP 1 inclinação PT PA1 2 QT 1 QA 1 QA 2 inclinação PT PA2 M04KRUGXXXXC04indd 51 12915 605 PM 52 Economia internacional diferentes como no modelo ricardiano Entretanto agora que nosso modelo tem mais de um fator de produção os outros países também podem diferir em seus recursos as quantidades totais de terra capital e mão de obra dispo níveis O importante aqui é que a economia enfrenta um preço relativo diferente quando está aberta ao comércio internacional A variação no preço relativo é mostrada na Figura 410 Quando a economia está aberta ao comércio o preço relativo do tecido é determinado pela oferta e pela demanda relativa para o mundo Isso corresponde ao preço relativo PT PA 2 Se a economia não fizesse comércio então o preço relativo seria inferior em PT PA 16 O aumento no preço relativo de PT PA 1 para PT PA 2 induz a economia a produzir relativamente mais tecido Isso também é mostrado como o movi mento do ponto 1 ao ponto 2 ao longo da fronteira de possibilidade de produção da economia na Figura 48 Ao mesmo tempo os consumidores respondem ao preço relativo maior de tecido exigindo relativa mente mais alimentos No preço relativo mais elevado PT PA ² a economia então exporta tecido e importa alimentos Se a abertura ao comércio tivesse sido associada com uma diminuição no preço relativo de tecido então as mudanças na relação oferta e demanda poderiam ser revertidas e a economia se tornaria uma exportadora de alimentos e uma importadora de tecido Podemos resu mir os dois casos com previsão intuitiva que quando ocorre a abertura ao comércio uma economia exporta o bem cujo preço relativo aumentou e importa o bem cujo preço relativo diminuiu7 Distribuição de renda e os ganhos do comércio Já vimos como as possibilidades de produção são determinadas pelos recursos e pela tecnologia como a escolha do que produzir é determinada pelo preço relativo do tecido como as mudanças no preço rela tivo do tecido afetam o rendimento real dos diferentes fatores de produção e como o comércio afeta tanto os preços relativos quanto a resposta da economia para essas alterações de preço Agora podemos fazer a pergunta crucial quem ganha e quem perde com o comércio internacional Começamos por perguntar 6 Na fi gura presumimos que não houve diferenças nas preferências em todos os países então temos uma curva de demanda relativa única para cada país e para o mundo como um todo 7 Descrevemos mais detalhadamente como as mudanças dos preços relativos afetam o padrão de comércio de um país no Capítulo 6 FiGURA 49 Determinação de salários relativos No modelo de fatores específicos um preço relativo maior de tecido conduzirá a um aumento na produção de tecido em relação à de alimentos Assim a curva de oferta relativa RS é inclinada para cima Preços e quantidades relativas de equilíbrio são determinados pela interseção de RS com a curva da demanda relativa RD Preço relativo de tecido PT PA 1 PT PA1 Quantidade relativa de tecido QT QA QT QA1 RS RD FiGURA 410 Comércio e preços relativos A figura mostra a curva de oferta relativa para a economia de fatores específicos junto com a curva de oferta relativa do mundo As diferenças entre as duas curvas de oferta relativa podem ser decorrentes de diferenças de tecnologia ou recursos entre os países Não há nenhuma diferença na demanda relativa entre os países A abertura para o comércio induz um aumento no preço relativo de PT PA 1 para PT PA 2 Preço relativo de tecido PT PA Quantidade relativa de tecido QT QA PTPA1 PTPA2 2 1 RS RSMUNDO RDMUNDO M04KRUGXXXXC04indd 52 12915 605 PM 53 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda como o bemestar dos grupos particulares é afetado e em seguida como o comércio afeta o bemestar do país como um todo Para avaliar os efeitos do comércio sobre grupos par ticulares o pontochave é que o comércio internacional desloca o preço relativo dos bens negociados Vimos na seção anterior que a abertura ao comércio aumentará o preço relativo do bem no novo setor de exportação Podemos vincular essa previsão com nossos resultados em matéria de como as alterações do preço relativo se traduzem em mudanças na distribuição de renda Mais precisamente vimos que o fator específico do setor cujo preço relativo aumenta vai ganhar e que o fator especí fico no outro setor cujo preço relativo diminui vai per der Vimos também que as mudanças de bemestar para o fator móvel são ambíguas O resultado geral então é simples o comércio bene ficia o fator específico para o setor de exportação de cada país mas prejudica o fator específico para os setores que concorrem com a importação com efeitos ambíguos sobre os fatores móveis Os ganhos de comércio superam as perdas Uma maneira de tentar responder a essa pergunta seria resu mir os ganhos dos ganhadores e as perdas dos perdedo res e comparálos O problema com tal procedimento é que estamos comparando bemestar que é inerente mente subjetivo A melhor maneira de avaliar os ganhos totais do comércio é fazer uma pergunta diferente aqueles que ganham com o comércio poderiam com pensar os que perdem e ainda ficarem melhor Se assim for então o comércio é potencialmente uma fonte de ganhos para todos A fim de mostrar os ganhos agregados do comércio precisamos de algumas relações básicas entre os pre ços produção e consumo Em um país que não pode fazer comércio a produção de uma mercadoria deve ser igual a seu consumo Se DT for o consumo de tecido e DA o consumo de alimentos então em uma economia fechada DT QT e DA QA O comércio internacional torna possível que o mix de tecidos e alimentos consumi dos seja diferente do produzido No entanto enquanto as quantidades de cada bem que um país consome e pro duz podem diferir um país não pode gastar mais do que ele ganha o valor do consumo deve ser igual ao valor da produção Isto é PT DT PA DA PT QT PA QA 47 A Equação 47 pode ser rearranjada para produzir o seguinte DA QA PT PA QT DT 48 DA QA é a importação de alimentos da economia o montante pelo qual o consumo de alimentos excede a sua produção Do lado direito da equação temos o produto do preço relativo do tecido e o montante pelo qual a produção de tecido excede o consumo ou seja a exportação de tecido da economia A equação então afirma que as importações de alimentos são iguais às exportações de tecido vezes o preço relativo do tecido Embora isso não nos diga quanto a economia vai impor tar ou exportar a equação mostra que a quantidade que a economia pode importar é limitada ou restrita pelo montante que ela exporta Portanto a Equação 48 é conhecida como uma restrição orçamentária8 A Figura 411 ilustra duas características importantes da restrição orçamentária para uma economia comercial Primeiro a inclinação da restrição orçamentária é menos PT PA o preço relativo do tecido A razão é que consu mir uma unidade a menos de tecido economiza PT para a economia Isso é suficiente para comprar PT PA unida des extras de alimentos Em outras palavras uma unidade de tecido pode ser trocada nos mercados mundiais por PT PA unidades de alimentos Segundo a restrição orça mentária é tangente à fronteira de possibilidade de pro dução no ponto de produção escolhido mostrado como ponto 1 na Figura 411 assim como na Figura 45 Então a economia sempre pode consumir o que produz Para ilustrar que o comércio é uma fonte potencial de ganho para todos vamos proceder em três etapas 1 Primeiro notamos que na ausência de comércio a economia teria de produzir o que consumiu e vice versa Assim o consumo da economia na ausência de comércio teria de ser um ponto na fronteira de possibilidade de produção Na Figura 411 um ponto de consumo précomércio típico é mostrado como ponto 2 2 Em seguida percebemos que é possível para uma eco nomia comercial consumir mais de ambos os bens do que poderia na ausência de comércio A restrição orça mentária na Figura 411 representa todas as combina ções possíveis de alimentos e tecido que o país poderia consumir dado o preço relativo mundial do tecido Parte dessa restrição orçamentária a parte na região preenchida representa as situações em que a econo mia consome mais tecido e alimentos do que poderia 8 A restrição de que o valor do consumo é igual ao de produção ou equivalentemente que as importações são iguais às exportações em valor não se mantém quando os países podem tomar emprestado de outros países ou emprestar a eles Por enquanto supomos que essas possibilidades não estejam disponíveis e que portanto a res trição orçamentária Equação 48 se mantém A contração inter nacional de empréstimos é examinada no Capítulo 6 que mostra que o consumo de uma economia ao longo do tempo ainda é restri to pela necessidade de pagar suas dívidas aos credores estrangeiros M04KRUGXXXXC04indd 53 12915 605 PM 54 Economia internacional na ausência de comércio Observe que esse resultado não depende da suposição de que a produção pré comércio e consumo esteja no ponto 2 a menos que a produção précomércio esteja no ponto 1 fazendo com que o comércio não tenha efeito sobre a produ ção há sempre uma parte da restrição orçamentária que permite o consumo de mais de ambos os bens 3 Por fim observe que se a economia como um todo consome mais de ambos os bens então é possível em princípio dar a cada indivíduo mais de ambos os bens Isso seria melhor para todos Isso mostra então que é possível garantir que todas as pessoas fiquem melhor como resultado do comércio Claro todo mundo pode ficar ainda melhor se tivesse menos de uma mercadoria e mais da outra mas isso só reforça a conclusão de que todo mundo tem o potencial de ganhar com o comércio A razão fundamental pela qual o comércio poten cialmente beneficia um país é que ele expande as escolhas da economia Essa expansão de escolhas significa que é sempre possível redistribuir renda de tal forma que todos ganhem com o comércio9 Dizer que todos poderiam ganhar com o comércio infelizmente não significa dizer que todos realmente vão ganhar No mundo real a presença de perdedores bem como de ganhadores do comércio é uma das razões mais importantes pelas quais o comércio não é livre A economia política do comércio uma visão preliminar O comércio muitas vezes produz perdedores bem como ganhadores Essa percepção é crucial para a com preensão das considerações que determinam realmente a política comercial da economia do mundo moderno Nosso modelo de fatores específicos nos informa que aqueles que perdem mais com o comércio pelo menos no curto prazo são os fatores imóveis no setor que con corre com a importação No mundo real isso inclui não só os donos do capital mas também uma parte da força de trabalho nos setores que concorrem com a impor tação Alguns desses trabalhadores especialmente os menos qualificados têm dificuldade em fazer a transi ção dos setores que concorrem com a importação em que o comércio induz reduções no emprego para seto res de exportação em que o comércio induz o aumento do emprego Como resultado alguns são assombrados pelo fantasma do desemprego Nos Estados Unidos os trabalhadores nos setores que concorrem com a impor tação ganham salários substancialmente abaixo do salá rio médio e aqueles que ganham o salário mais baixo enfrentam o maior risco de afastamento de seu emprego atual por causa da concorrência das importações Por exemplo o salário médio dos trabalhadores de produ ção no setor de vestuário em 2012 foi 35 menor que o salário médio para todos os trabalhadores da produ ção Um resultado dessa disparidade salarial é a soli dariedade generalizada pela situação dos trabalhado res e consequentemente as restrições à importação de vestuário Os ganhos que os consumidores mais ricos perceberiam se mais importações fossem autorizadas e os aumentos associados do emprego no setor de expor tação que contrata em média os trabalhadores relati vamente mais qualificados não fazem tanta diferença 9 O argumento de que o comércio é benéfi co porque aumenta as es colhas de uma economia é muito mais geral do que esse exemplo específi co Para uma discussão detalhada veja Paul Samuelson The Gains from International Trade Once Again Economic Journal v 72 p 820829 1962 FiGURA 411 Restrição orçamentária para uma economia comercial e ganhos do comércio O Ponto 1 representa a produção da economia A economia pode escolher seu ponto de consumo ao longo de sua restrição orçamentária uma linha que passa pelo ponto 1 e tem uma inclinação igual a menos o preço relativo do tecido Antes do comércio a economia deve consumir o que produz tal como o ponto 2 na fronteira de possibilidade de produção PP A porção da restrição orçamentária na região preenchida consiste de escolhas de consumo de pósnegociação viáveis com consumo de ambas as mercadorias mais elevado do que no ponto 2 précomércio Consumo de alimentos DA Produção de alimentos QA Consumo de tecido DT Produção de tecido QT PP 1 Restrição orçamentária inclinação PT PA 2 QT 1 QA 1 M04KRUGXXXXC04indd 54 12915 605 PM 55 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda Isso significa que o comércio deve ser permitido ape nas se não prejudicar as pessoas de baixa renda Alguns economistas internacionais concordariam Apesar da importância real da distribuição de renda a maioria dos economistas permanece fortemente a favor do comércio mais ou menos livre Existem três razões principais pelas quais os economistas geralmente não enfatizam os efei tos de distribuição de renda do comércio 1 Os efeitos de distribuição de renda não são uma es pecificidade do comércio internacional Todas as mudanças na economia de uma nação incluindo o progresso tecnológico deslocando as preferências dos consumidores a exaustão dos recursos antigos e a descoberta de novos e assim por diante afetam a distribuição de renda Por que um trabalhador de vestuário que sofre com o fantasma do desemprego pela concorrência das importações crescentes deve ria ser tratado de forma diferente de um operador de impressoras desempregado cujo jornal empregador fechou por causa da concorrência de fornecedores de notícias via Internet ou de um operário desempre gado dispensado pela queda do setor imobiliário 2 É sempre melhor permitir o comércio e compensar aqueles que estão prejudicados por ele do que proi bilo Todos os países industriais modernos fornecem algum tipo de rede de segurança de programas de apoio à renda como subsídios de desemprego e pro gramas de reciclagem e realocação subsidiados que pode amortecer as perdas dos grupos prejudicados pelo comércio Os economistas argumentam que se essa proteção é considerada inadequada a resposta é dar mais apoio em vez de reduzir o comércio Esse apoio também pode ser estendido a todos os necessi tados em vez de ajudar indiretamente apenas aque les trabalhadores afetados pelo comércio10 3 Aqueles que podem perder por causa do aumento das trocas comerciais são em geral mais bem organi zados do que os que têm a ganhar porque os primei ros são mais concentrados dentro das regiões e in dústrias Esse desequilíbrio cria um viés no processo político que requer um contrapeso especialmente levando em conta os ganhos agregados do comércio Muitas restrições comerciais tendem a favorecer os grupos mais organizados que com frequência não são os que mais necessitam de apoio à renda em muitos casos ao contrário A maioria dos economistas reconhecendo os efei tos do comércio internacional na distribuição de renda 10 Um artigo argumenta esse ponto Robert Z Lawrence e Matthew J Slaughter More Trade and More Aid New York Times 8 jun 2011 acreditam que é mais importante salientar os ganhos potenciais globais do comércio do que as possíveis per das de alguns grupos em um país Os economistas no entanto muitas vezes não têm voz decisiva na política econômica especialmente quando interesses conflitan tes estão em jogo Qualquer compreensão realista de como a política comercial é determinada deve analisar as reais motivações dessa política Distribuição de renda e as políticas comerciais É fácil ver por que grupos que perdem com o comér cio pressionam seus governos a restringilo e a proteger os seus rendimentos É de esperar que quem ganha com o comércio faça lobby tão intenso quanto aqueles que perdem com ele mas esse raramente é o caso Nos Esta dos Unidos e na maioria dos outros países aqueles que querem comércio limitado são politicamente mais efica zes do que aqueles que querem sua liberação Em geral quem ganha com o comércio de qualquer produto em particular forma um grupo muito menos concentrado informado e organizado do que aqueles que perdem Um bom exemplo desse contraste entre os dois lados é a indústria de açúcar norte americana Os Estados Unidos limitaram as importações de açúcar por muitos anos nos últimos 25 anos o preço médio do produto no mercado estadunidense tem sido cerca de duas vezes o do mercado mundial Um estudo de 2000 feito pelo General Accounting Office dos Estados Unidos estima que aquelas restrições à importação e os preços maiores associados ao açúcar geraram perdas anuais de 2 bilhões de dólares para os consumidores dos EUA O estudo foi atualizado recentemente em 2013 e esse custo subiu acima de 3 bilhões de dólares representando US 10 por ano para cada homem mulher e criança Os ganhos para os produtores são substancialmente menores por que as restrições de importação também geram distor ções no mercado de açúcar e os produtores estrangeiros exigiram os direitos de vender açúcar para os Estados Unidos para manter o diferencial entre o preço mais ele vado dos Estados Unidos e o preço inferior do mundo Se os produtores e os consumidores fossem igualmente capazes de ter seus interesses representados essa política nunca teria sido decretada Porém em termos absolutos cada consumidor sofre muito pouco US 10 por ano não é muito Além disso a maior parte do custo é oculta por que mais açúcar é consumido como ingrediente de outros alimentos em vez de comprado diretamente Como resul tado a maioria dos consumidores desconhece que a quota de importação sequer existe ainda mais que reduz seu nível de vida Mesmo que eles estivessem cientes M04KRUGXXXXC04indd 55 12915 605 PM 56 Economia internacional ComÉrCio e desemPrego A abertura ao comércio desloca os empregos dos setores concorrentes de importação para os setores de exportação Como já discutimos esse processo não é instantâneo e impõe alguns custos muito reais alguns trabalhadores nos setores concorrentes de importação ficaram desempregados e têm dificuldade em encon trar novos postos de trabalho nos setores de exportação crescente Defendemos neste capítulo que a melhor resposta política a essa preocupação importante é for necer uma rede de segurança adequada aos trabalha dores desempregados sem discriminar com base na força econômica que induziu sua situação de desem prego involuntária se pelo comércio ou digamos pelas mudanças tecnológicas Aqui podemos quantifi car a extensão do desemprego que pode ser rastreada ao comércio O fechamento de fábricas por causa da concorrência das importações ou realocações de fábri cas ao exterior são ocorrências altamente divulgadas mas elas representam uma parte muito pequena dos deslocamentos involuntários do trabalhador O Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos controla a causa primária de todas as demissões em massa estendidas definidas como uma onda de desemprego que dure mais de 30 dias e afete mais de 50 trabalhadores do mesmo empregador Durante 2001 a 2010 as ondas de desemprego causadas pela concorrência das importa ções ou realocações ao exterior representaram menos de 2 dos deslocamentos involuntários totais associa dos com demissões em massa estendidas A Figura 412 mostra que nos últimos 50 anos nos Estados Unidos não houve nenhuma evidência de uma correlação positiva entre a taxa de desemprego e as importações em relação ao PIB norte americano Na verdade a correlação entre as mudanças no desem prego e as importações é significativamente nega tiva Por outro lado a figura mostra claramente como o desemprego é um fenômeno macroeconômico que responde às condições econômicas globais os picos de desemprego durante os anos de recessão são realça dos Assim os economistas recomendam o uso de polí ticas macroeconômicas em vez de políticas comerciais para preocupações relacionadas a desemprego FiGURA 412 Desemprego e penetração de importações nos Estados Unidos Os anos destacados são de recessão conforme determinado pelo órgão de pesquisas econômicas dos Estados Unidos 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Importação porcentagem do PIB Desemprego da força de trabalho 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Fonte US Bureau of Economic Analysis for imports and US Bureau of Labor Studies for unemployment M04KRUGXXXXC04indd 56 12915 605 PM 57 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda Mesmo assim como as alterações em regimes de comércio ao contrário de outras forças que afetam a distribuição de renda são conduzidas por deci sões políticas há também uma pressão significativa para agrupar essas decisões com programas especiais que beneficiam as pessoas afetadas negativamente pelo comércio O programa de Assistência de Ajuste de Comércio dos Estados Unidos fornece cobertura por desemprego prolongado por mais de um ano para os trabalhadores que são demitidos por um fechamento de fábrica causado pela concorrência de importações ou por uma realocação no exterior para um país que recebe acesso preferencial para os Esta dos Unidos Embora esse programa seja importante na medida em que pode influenciar as decisões políti cas em matéria de comércio discrimina injustamente os trabalhadores que são demitidos em razão de for ças econômicas que não sejam o comércio11 11 Veja Lori G Kletzer Traderelated Job Loss and Wage Insurance A Synthetic Review Review of International Economics v 12 p 724748 nov 2004 e Grant D Aldonas Robert Z Lawrence e Matthew J Slaughter Succeeding in the Global Economy A New Policy Agenda for the American Worker Washington DC Financial Services Forum 2007 para obter detalhes adicionais sobre o Programa TAA dos Estados Unidos e propostas para estender o mesmo tipo de cobertura de seguro para todos os trabalhadores US 10 não é uma soma grande o suficiente para levar as pessoas a organizarem protestos e escreverem cartas aos seus representantes no Congresso A situação dos produtores de açúcar aqueles que perderiam com o aumento do comércio é bastante dife rente Os lucros mais elevados da quota de importação são altamente concentrados em um pequeno número de produtores Dezessete fazendas de canadeaçúcar geram mais da metade dos lucros para todo o setor Os produtores estão organizados em associações comerciais que ativamente fazem lobby em nome de seus membros e grandes contribuições de campanha A Aliança do Açúcar Americano gastou quase 3 milhões de dólares em despesas de lobby em um único período de 12 meses que antecederam a votação do Congresso dos Estados Unidos de 2013 da Farm Bill que reautoriza as restri ções sobre as importações de açúcar Como seria de esperar a maioria dos benefícios resul tantes das restrições da importação do açúcar vai para aquele pequeno grupo de proprietários de fazendas de canadeaçúcar e não para seus empregados Claro as restrições do comércio de fato impedem as perdas de emprego para os trabalhadores mas o custo ao consu midor por trabalho economizado é astronomicamente alto mais de 3 milhões de dólares por posto de trabalho poupado Além disso as restrições de importação tam bém reduzem o emprego em outros setores que dependem de grandes quantidades de açúcar em seus processos de produção Em resposta aos preços elevados do produto nos Estados Unidos por exemplo as empresas de fabri cação de doces mudaram seus sítios de produção para o Canadá onde os preços do açúcar são substancialmente mais baixos Não há fazendeiros de açúcar no Canadá portanto não há pressão política para restrições às impor tações Assim em termos líquidos as restrições ao açú car geram perdas de emprego para os trabalhadores dos Estados Unidos Como veremos nos capítulos 9 a 12 a política de restrição de importação da indústria de açúcar é um exemplo extremo de um tipo de processo político que é comum no comércio internacional O fato de o comér cio mundial em geral ter se tornado cada vez mais livre de 1945 a 1980 dependeu como veremos no Capítulo 10 de um conjunto especial de circunstâncias que con trolava o que provavelmente é um viés político inerente contra o comércio internacional Mobilidade internacional da mão de obra Nesta seção mostraremos como o modelo de fatores específicos pode ser adaptado para analisar os efeitos da mobilidade da mão de obra No mundo moderno as restrições sobre o fluxo de mão de obra são regio nais quase todos os países impõem restrições à imi gração Assim a mobilidade da mão de obra é menos prevalente na prática do que a mobilidade do capital No entanto a análise física dos movimentos de capitais é mais complexa já que ela é incorporada com outros fatores na decisão de uma multinacional para investir no estrangeiro ver Capítulo 8 Ainda assim é importante entender as forças econômicas internacionais que guiam a imigração desejada dos trabalhadores através das fron teiras e as consequências de curto prazo desses fluxos imigratórios sempre que são realizados Também explo raremos as consequências de longo prazo das alterações na mão de obra do país e as doações de capital no pró ximo capítulo Nas seções anteriores vimos como os trabalhado res se movem entre os setores de tecidos e alimentos dentro de um país até que os salários nos dois setores sejam equalizados Sempre que a imigração internacio nal for possível os trabalhadores também vão querer M04KRUGXXXXC04indd 57 12915 605 PM 58 Economia internacional moverse de um país de baixos salários para um de salários elevados12 Para facilitar e para nos concen trarmos na imigração internacional vamos supor que dois países produzem um único bem com mão de obra e um fator imóvel terra Desde que haja somente um único bem não há nenhuma razão para trocálo No entanto haverá comércio em serviços de mão de obra quando os trabalhadores se movem em busca de salários mais elevados Na ausência de imigração as diferenças salariais entre os países podem ser con duzidas por diferenças de tecnologia ou alternativa mente por diferenças na disponibilidade de terra em relação à mão de obra A Figura 413 ilustra as causas e os efeitos da mobi lidade internacional da mão de obra É muito seme lhante à Figura 44 exceto que o eixo horizontal repre senta a força de trabalho total do mundo em vez de ser a força de trabalho em um determinado país As duas curvas de produto marginal agora representam a produ 12 Assumimos que os gostos dos trabalhadores são semelhantes para que as decisões de localização sejam baseadas nos diferenciais de sa lário Os diferenciais de salário reais em todos os países são muito grandes grandes o sufi ciente para que para muitos trabalhadores eles sejam superiores aos gostos pessoais por determinados países ção do mesmo bem em diferentes países em vez da pro dução de duas mercadorias diferentes no mesmo país Nós não multiplicamos as curvas pelos preços do bem em vez disso assumimos que o salário medido no eixo vertical representa os salários reais o salário dividido pelo preço do bem exclusivo de cada país Inicialmente supomos que haja OL1 trabalhadores em Doméstica e L1O trabalhadores em Estrangeira Tendo em conta que os níveis de emprego e as diferenças de dotação de tecnologia e terra são tais que os salários reais são mais elevados em Estrangeira ponto B do que em Domés tica ponto C Agora suponha que os trabalhadores sejam capa zes de moverse entre os dois países Eles passarão de Doméstica para Estrangeira Esse movimento redu zirá a força de trabalho e assim aumentará o salário real em Doméstica ao aumentar a força de trabalho e reduzir o salário real em Estrangeira Se não existissem obstáculos para o movimento da mão de obra esse processo continuaria até que as taxas dos salários reais fossem equalizadas A eventual distribuição da força de trabalho do mundo será com OL2 trabalhadores em Doméstica e L2O trabalhadores em Estrangeira ponto A Três pontos devem ser observados sobre a redistri buição da força de mão de obra do mundo 1 Isso leva a uma convergência das taxas de salário real Os salários reais sobem em Doméstica e caem em Estrangeira 2 Aumenta a produção mundial como um todo A pro dução em Estrangeira sobe pela área sob a curva do produto marginal de L1 para L2 enquanto cai em Doméstica pela área sob a curva correspondente ao produto marginal Consulte o apêndice para obter detalhes Vemos pela Figura 413 que o ganho de Estrangeira é maior do que a perda de Doméstica de um montante igual à área colorida ABC na figura 3 Apesar desse ganho algumas pessoas são prejudica das pela mudança Aqueles que originalmente teriam trabalhado em Doméstica recebem salários reais mais elevados mas aqueles que originalmente teriam tra balhado em Estrangeira recebem salários reais mais baixos Os proprietários de terras de Estrangeira se beneficiam da maior oferta de mão de obra mas os proprietários em Doméstica são mais prejudicados Portanto como é o caso dos ganhos do comércio internacional a mobilidade internacional da mão de obra ao permitir em princípio que todos possam ficar melhor na prática deixa alguns grupos pior Esse resul tado principal não mudaria em um modelo mais com plexo em que os países produzissem e comercializassem FiGURA 413 Causas e efeitos da mobilidade internacional de mão de obra Inicialmente OL1 trabalhadores são empregados em Doméstica enquanto L1O trabalhadores estão empregados em Estrangeira A mão de obra migra de Doméstica para Estrangeira até que OL2 trabalhadores estejam empregados em Doméstica L2O em Estrangeira e os salários sejam equalizados Produto marginal de mão de obra Emprego em Doméstica Força de trabalho total do mundo Emprego em Estrangeira L2 L1 Imigração de mão de obra de Doméstica para Estrangeira A B C MPL MPL O O MPL MPL M04KRUGXXXXC04indd 58 12915 605 PM 59 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda mercadorias diferentes desde que alguns fatores de pro dução sejam imóveis em curto prazo No entanto vere mos no capítulo seguinte que esse resultado não precisa se manter no longo prazo quando todos os fatores são móveis em todos os setores As mudanças na dotação de mão de obra do país desde que o país esteja integrado ConvergênCia de salário na era de imigração em massa Embora haja movi mentos substanciais de pessoas entre os países no mundo moderno a era verdadeiramente homérica de mobilidade da mão de obra quando a imigra ção foi uma importante fonte de crescimento da população em alguns países enquanto a emigração fez a população em outros países declinar foi no final do século XIX e início do XX Em uma economia global recentemente integrada por ferrovias navios a vapor e cabos telegráficos e ainda não sujeita a muitas res trições legais em matéria de imigração dezenas de milhões de pessoas moveramse por longas distâncias em busca de uma vida melhor Os chineses mudaram se para o Sudeste Asiático e a Califórnia enquanto indí genas mudaramse para a África e o Caribe Além disso um número substancial de japoneses mudouse para o Brasil No entanto a maior imigração envolveu pessoas da periferia da Europa da Escandinávia Irlanda Itália e Europa Oriental que se mudaram para lugares onde a terra era abundante e os salários eram elevados Esta dos Unidos Canadá Argentina e Austrália Esse processo causou o tipo de convergência dos salários reais que nosso modelo prevê Na verdade sim A Tabela 41 mostra os salários reais em 1870 e sua mudança até a véspera da Primeira Guerra Mun dial para quatro países destino principais e qua tro países de origem importantes Como mostra a tabela no início do período os salários reais eram muito mais elevados no destino do que nos países de origem Durante as quatro décadas seguintes os salários reais aumentaram em todos os países mas com exceção de um aumento surpreendente no Canadá cresceram muito mais depressa na ori gem do que nos países de destino sugerindo que a imigração na verdade levou o mundo em direção à embora de modo algum até a equalização dos salários Conforme documentado no estudo de caso sobre a economia dos Estados Unidos as restrições legais puseram um fim à era da imigração em massa após a Primeira Guerra Mundial Por isso e por outras razões nomeadamente um declínio no comércio mundial e os efeitos diretos das duas Guerras Mundiais a con vergência nos salários reais chegou a um impasse e até mesmo se reverteu por várias décadas para con tinuar somente nos anos do pósguerra nos mercados mundiais por meio do comércio podem manter o bemestar de todos os fatores inalterado Isso tem implicações muito importantes para a imigração em longo prazo e tem demonstrado ser empiricamente rele vante em casos em que os países experimentam grandes aumentos da imigração tAbElA 41 Salário real 1870 EUA 100 Percentual de aumento dos salários reais 18701913 Países de destino Argentina 53 51 Austrália 110 1 Canadá 86 121 Estados Unidos 100 47 Países de origem Irlanda 43 84 Itália 23 112 Noruega 24 193 Suécia 24 250 Fonte Jeffrey G Williamson The Evolution of Global Labor Markets Since 1830 Background Evidence and Hypotheses Explorations in Economic History v 32 p 141196 1995 M04KRUGXXXXC04indd 59 12915 605 PM 60 Economia internacional imigração e a eConomia dos esTados Unidos Como mostra a Figura 414 a quota de imigrantes na população dos Estados Unidos tem variado bastante nos últimos dois séculos Na virada do século XX o número de residentes estrangeiros nos Estados Unidos aumentou drasticamente em razão da grande imigração da Europa Oriental e meridional Fortes restrições sobre a imigração impostas na década de 1920 trouxeram um fim a essa época e na década de 1960 os imigrantes foram um fator menor na cena norte americana Uma nova onda de imigração começou em 1970 dessa vez com a maio ria dos imigrantes provenientes da América Latina e Ásia Embora a porcentagem de imigrantes tenha aumentado continuamente desde então é ainda abaixo dos níveis alcançados durante a primeira onda de imigração Como a nova onda de imigração afetou a economia dos Estados Unidos O efeito mais direto é que a imigra ção tem expandido a força de trabalho A partir de 2012 os trabalhadores nascidos no exterior compõem 161 da força de trabalho dos Estados Unidos ou seja sem os imigrantes os Estados Unidos teriam 16 menos tra balhadores Mantendo tudo igual esperaríamos que esse aumento na força de trabalho reduzisse os salários Uma estimativa amplamente citada é que o salário médio nos Estados Unidos é 3 mais baixo do que seria na ausência da imigração13 No entanto as comparações de salário médio podem ser enganosas porque os imigran tes para os Estados Unidos têm um perfil de instrução muito diferente em relação ao total da população norte americana Essas diferenças são salientadas na Figura 415 que tabula tanto a população de pessoas nascidas no exterior quanto a população total dos Estados Unidos acima de 25 anos por nível de instrução até 2010 escala da esquerda A linha representa a relação entre as duas a fração de estrangeiros nascidos dentro de um grupo educacional na escala da direita Essa proporção mos tra como os trabalhadores estrangeiros concentramse tanto nos grupos educacionais mais baixos quanto mais altos em relação aos trabalhadores nativos Em uma extremidade da escala educacional os trabalhadores nascidos no exterior com formação profissional e douto rado fornecem à economia dos Estados Unidos compe tências muito necessárias especialmente nas áreas de ciências tecnologia engenharia e matemática STEM Entre os trabalhadores com doutorado nesses campos STEM 60 são nascidos no estrangeiro Os trabalhadores nascidos no exterior também estão concentrados nos grupos educacionais mais bai xos em 2012 28 da força de trabalho imigrante não tinha concluído o ensino médio ou equivalente em com paração com apenas 5 dos nativos Como os trabalha dores com níveis diferentes de educação representam entradas diferentes na produção e não podem ser facil mente substituídos um pelo outro a maioria das esti mativas sugere que a imigração realmente aumenta o salário da maioria dos nativos norte americanos Quais quer efeitos negativos sobre os salários recaem sobre os estadunidenses de menor nível de instrução Há no entanto uma disputa considerável entre os economis tas sobre qual a dimensão desses efeitos negativos dos 13 George Borjas The Labor Demand Curve Is Downward Sloping Reexamining the Impact of Immigration on the Labor Market Quarterly Journal of Economics v 118 p 13351374 nov 2003 FiGURA 414 População nascida no estrangeiro em porcentagem sobre a população norte americana 0 2 4 6 8 10 12 14 16 1850 1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Restrições sobre a imigração na década de 1920 levaram a um declínio acentuado na população nascida no estrangeiro em meados do século XX mas a imigração aumentou de forma acentuada novamente em décadas recentes Fonte US Census Bureau M04KRUGXXXXC04indd 60 12915 605 PM 61 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda 1 O comércio internacional muitas vezes tem fortes efeitos sobre a distribuição de renda dentro dos paí ses de modo que frequentemente produz perdedo res bem como ganhadores Os efeitos da distribuição de renda surgem por dois motivos os fatores de pro dução não podem moverse instantaneamente e sem custo de uma indústria para outra e as mudanças no mix de produção de uma economia têm efeitos dife renciais sobre a demanda por diferentes fatores de produção salários com as estimativas variando de um declínio de 8 a números muito menores E quanto aos efeitos globais sobre a renda dos Esta dos Unidos O produto interno bruto norte americano o valor total de todos os bens e serviços produzidos naquele país é claramente maior por causa de tra balhadores imigrantes No entanto grande parte desse aumento no valor da produção é usada para pagar salários aos próprios imigrantes As estimativas do excedente de imigração a diferença entre o ganho no PIB e o custo dos salários pagos aos imigrantes são geralmente pequenas da ordem de 01 do PIB14 Há mais uma complicação em avaliar os efeitos econômicos da imigração os efeitos sobre as receitas fiscais e os gastos do governo De um lado os imi grantes pagam impostos ajudando a cobrir o custo do governo Do outro lado eles impõem custos ao governo porque seus carros precisam de estradas para trafegar seus filhos precisam de escolas para estudar e assim por diante Como muitos imigrantes ganham salários baixos e portanto pagam impostos baixos algumas estimativas sugerem que eles custem mais em gastos adicionais do que trazem de receita No entanto as estimativas do custo fiscal líquido como as estimativas dos efeitos econômicos líquidos são pequenas novamente na ordem de 01 do PIB A imigração é naturalmente uma questão polí tica extremamente controversa A economia da imi gração no entanto provavelmente não explica essa controvérsia Em vez disso pode ser útil lembrar o autor suíço Max Frisch quando falou sobre os efeitos da imigração em seu próprio país que em um ponto dependiam fortemente dos trabalhadores de outros países Pedimos mão de obra mas vieram as pes soas E é o fato de que os imigrantes são pessoas que dificulta muito a questão da imigração 14 Veja Gordon Hanson Challenges for Immigration Policy In C Fred Bergsten Ed The United States and the World Economy Foreign Economic Policy for the Next Decade Washington DC Institute for International Economics 2005 p 343372 FiGURA 415 População de nascidos no exterior e total dos norte americanos com mais de 25 anos de idade pelo aproveitamento escolar 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 70 08 anos 912 anos Secundário 1215 anos Bacharelado Mestrado Prof Doutorado Nascidos no exterior milhões escala à esquerda Total EUA População milhões escala da esquerda Fração de nascidos no exterior do Total dos EUA População milhões escala da direita Em relação aos trabalhadores nativos os trabalhadores estrangeiros concentramse nos grupos educacionais mais altos e mais baixos Fonte US Census Bureau REsUMO M04KRUGXXXXC04indd 61 12915 605 PM 62 Economia internacional tERMOs ChAvE PROblEMAs 2 Um modelo útil de efeitos de distribuição de renda do comércio internacional é o modelo dos fatores es pecíficos que permite uma distinção entre os fatores de uso geral que podem ser movidos entre setores e fatores específicos para fins específicos Nesse mode lo as diferenças de recursos podem fazer com que os países tenham curvas de oferta relativa diferentes e assim promovam o comércio internacional 3 No modelo de fatores específicos os fatores espe cíficos para os setores em cada país de exportação ganham com o comércio enquanto os fatores espe cíficos para os setores que concorrem com a importa ção perdem Os fatores móveis que podem atuar em qualquer setor podem ganhar ou perder 4 O comércio no entanto produz ganhos globais no sentido limitado de que os que ganham em princípio podem compensar quem perde permanecendo ainda melhor do que antes 5 A maioria dos economistas não considera os efeitos do comércio internacional na distribuição de ren da uma boa razão para limitar o comércio Em seus efeitos distributivos o comércio não é diferente de muitas outras formas de mudança econômica que não são normalmente regulamentadas Além disso os economistas preferem resolver o problema da dis tribuição de renda diretamente em vez de interferir com os fluxos de comércio 6 No entanto na atual legislação da política comercial a distribuição de renda é de importância crucial Isso é verdade em particular porque aqueles que perdem com o comércio são geralmente um grupo muito mais informado coeso e organizado do que os que ganham 7 Os movimentos de fatores internacionais às vezes po dem substituir o comércio portanto não é surpreen dente que a imigração internacional da mão de obra seja similar em suas causas e efeitos ao comércio in ternacional A mão de obra movese de países onde é abundante para países onde é escassa Esse movimen to eleva a produção mundial total mas também gera fortes efeitos de distribuição de renda de modo que alguns grupos são prejudicados como resultado produto marginal da mão de obra p 44 Assistência de Ajuste de Comércio dos Estados Unidos p 57 rendimentos decrescentes p 44 restrição orçamentária p 53 fator específico p 43 fator móvel p 43 fronteira de possibilidade de produção p 44 função de produção p 44 modelo de fatores específicos p 43 1 Em 1986 o preço do petróleo nos mercados mundiais caiu drasticamente Uma vez que os Estados Unidos são um país de importação de petróleo isso foi am plamente considerado bom para sua economia Con tudo no Texas e na Louisiana 1986 foi um ano de declínio econômico Por quê 2 Uma economia pode produzir a mercadoria 1 usando mão de obra e capital e a mercadoria 2 usando mão de obra e terra A oferta total de mão de obra é de 100 unidades Dada a oferta de capital as saídas das duas mercadorias dependem da mão de obra oferta da como segue Oferta de mão de obra para a Mercadoria 1 Produção da Mercadoria 1 Oferta de mão de obra para a Mercadoria 2 Produção da Mercadoria 2 0 00 0 00 10 251 10 398 20 381 20 525 30 486 30 618 40 577 40 693 50 660 50 758 60 736 60 815 70 807 70 867 80 874 80 914 90 939 90 959 100 100 100 100 M04KRUGXXXXC04indd 62 12915 605 PM 63 Capítulo 4 Fatores específicos e distribuição de renda a Faça um gráfico das funções de produção para a mercadoria 1 e a mercadoria 2 b Faça um gráfico da fronteira de possibilidade de pro dução Por que ele é curvo 3 O produto marginal das curvas de mão de obra cor respondentes às funções de produção no Problema 2 são as seguintes Trabalhadores empregados MPL no Setor 1 MPL no Setor 2 10 151 159 20 114 105 30 100 082 40 087 069 50 078 060 60 074 054 70 069 050 80 066 046 90 063 043 100 060 040 a Suponha que o preço da mercadoria 2 em relação ao da mercadoria 1 é 2 Determine graficamente a taxa sa larial e a alocação de mão de obra entre os dois setores b Usando o gráfico desenhado para o Problema 2 deter mine a produção de cada setor Então confirme grafi camente que a inclinação da fronteira de possibilida de de produção nesse ponto é igual ao preço relativo c Suponha que o preço relativo da mercadoria 2 caia para 13 Repita a e b d Calcule os efeitos da mudança de preço de 2 para 13 sobre os rendimentos dos fatores específicos nos setores 1 e 2 4 Considere dois países Doméstica e Estrangeira que produzem as mercadorias 1 com mão de obra e ca pital e 2 com mão de obra e terra de acordo com as funções de produção descritas nos Problemas 2 e 3 Inicialmente os dois países têm o mesmo for necimento de mão de obra 100 unidades de cada capital e terra O estoque de capital em Doméstica então cresce Essa mudança deslocase para fora da curva de produção para a mercadoria 1 em função da mão de obra empregada descrito no Problema 2 e o produto marginal associado da curva de mão de obra descrito no Problema 3 Nada acontece com a produção e as curvas de produto marginal para a mercadoria 2 a Mostre como o aumento da oferta de capital para Doméstica afeta sua fronteira de possibilidade de produção b No mesmo gráfico trace a curva de fornecimento rela tivo para a economia de Doméstica e de Estrangeira c Se essas duas economias se abrem ao comércio o que acontecerá com os padrões de comércio ou seja qual país exportará que mercadoria d Descreva como a abertura ao comércio afeta todos os três fatores mão de obra capital terra em am bos os países 5 Em Doméstica e Estrangeira existem dois fatores de produção terra e mão de obra usados para produzir apenas uma mercadoria O fornecimento de terra em cada país e a tecnologia de produção são exatamente os mesmos O produto marginal da mão de obra em cada país varia de acordo com o emprego da seguinte forma Número de trabalhadores empregados Produto marginal do último trabalhador 1 20 2 19 3 18 4 17 5 16 6 15 7 14 8 13 9 12 10 11 11 10 Inicialmente existem 11 trabalhadores empregados em Doméstica mas apenas 3 em Estrangeira Determine o efei to da livre circulação de mão de obra de Doméstica para Estrangeira na produção emprego salários reais e a renda dos proprietários de terras em cada país 6 Usando o exemplo numérico no Problema 5 supo nha agora que Estrangeira limita a imigração para que apenas 2 dos trabalhadores possam mudar de Doméstica para lá Calcule como o movimento desses dois trabalhadores afeta o rendimento dos cinco gru pos diferentes a Os trabalhadores que estavam originalmente em Es trangeira b Os proprietários de terra de Estrangeira c Os trabalhadores que ficam em Doméstica d Os proprietários de terra de Doméstica e Os trabalhadores que se deslocam 7 Estudos dos efeitos da imigração do México para os Estados Unidos tendem a achar que os grandes ga nhadores são os próprios imigrantes Explique esse resultado com base no exemplo na pergunta anterior Como as coisas podem mudar se a fronteira for aberta sem restrições na imigração M04KRUGXXXXC04indd 63 12915 605 PM 64 Economia internacional DIXIT A NORMAN V Theory of International Trade Cambridge Cambridge University Press 1980 O problema de estabelecer ganhos do comércio quando algumas pessoas podem ficar pior tem sido objeto de um longo debate Dixit e Norman mostram que em princípio sempre é possível para o governo de um país utilizar impostos e subsídios para redistribuir a renda de tal forma que todo mundo fique melhor com o livre comércio do que sem nenhum comércio EDWARDS L LAWRENCE R Z Rising Tide Is Growth in Emer ging Economies Good for the United States Peterson Insti tute for International Economics 2013 Um livro acessível que examina como o aumento do comércio com economias emergentes como China e Índia afetou os Estados Unidos e seus trabalhadores HANSON G H The Economic Consequences of the Internatio nal Migration ofLabor Annual Review of Economics v 1 n 1 p 179208 2009 Um trabalho de pesquisa que analisa como o aumento da migração tem afetado países de partida e che gada de migrantes IRWIN D A Free Trade under Fire 3 ed Princeton NJ Prince ton University Press 2009 Um livro acessível que fornece inúmeros detalhes e dados de suporte para o argumento de que o comércio mais livre gera ganhos de bemestar geral O Capítulo 4 discute em detalhes a ligação entre o comércio e o desemprego uma questão que foi brevemente discutida neste capítulo KINDLEBERGUER C P Europes Postwar Growth The Role of Labor Supply Cambridge Harvard University Press 1967 Uma boa reflexão do papel da migração de mão de obra durante seu auge na Europa MUNDELL R A International Trade and Factor Mobility Ame rican Economic Review v 47 p 321335 1957 O primeiro artigo que divulgou o argumento de que o comércio e o fator movimento podem substituir um ao outro MUSSA M Tariffs and the Distribution of Income The Impor tance of Factor Specificity Substitutability and Intensity in the Short and Long Run Journal of Political Economy v 82 p 1191 1204 1974 Uma extensão do modelo de fatores específicos que relaciona o modelo às proporções de fatores do Capítulo 5 NEARY J P ShortRun Capital Specificity and the Pure Theory of International Trade Economic Journal v 88 p 488510 1978 Um tratamento adicional do modelo de fatores especí ficos que salienta como diferentes suposições sobre a mobi lidade dos fatores entre os setores afetam as conclusões do modelo OLSON M The Logic of Collective Action Cambridge Harvard University Press 1965 Um livro altamente influente que argumenta sobre a proposição de que na prática as políticas governamentais favorecem pequenos grupos concentrados em detrimento dos grandes grupos RICARDO D The Principles of Political Economy and Taxation Homewood IL Irwin 1963 Embora os princípios ricardianos enfatizem os ganhos nacionais do comércio em um ponto em outro lugar em seu livro o conflito de interesses entre os pro prietários e os capitalistas é uma questão central lEitURAs ADiCiOnAis M04KRUGXXXXC04indd 64 12915 605 PM mais detalhes sobre os fatores específi cos APÊNDICE DO CAPÍTULO 4 O modelo de fatores específicos desenvolvido neste capítulo é uma ferramenta de análise tão conveniente que investiremos um tempo aqui para explicitar alguns de seus detalhes mais plenamente Daremos um trata mento mais completo a duas questões relacionadas 1 a relação entre o produto marginal e total dentro de cada setor e 2 os efeitos de distribuição de renda das mudanças de preços relativos Produto marginal e total No texto ilustramos a função de produção de tecido de duas formas diferentes Na Figura 41 mostramos a produção total em função da entrada de mão de obra mantendo o capital constante Observamos então que a inclinação da curva é o produto marginal da mão de obra ilustrando o na Figura 42 Agora queremos demonstrar que a produção total é medida pela área sob a curva do produto marginal Estudantes familiariza dos com cálculo acharão isto óbvio o produto marginal é a derivada do total então o total é a integral do margi nal Mesmo para esses alunos no entanto uma aborda gem intuitiva pode ser útil Na Figura 4A1 mostramos mais uma vez a curva do produto marginal na produção de tecido Suponha que nós empregamos LT homenshora Como podemos mos trar a produção total de tecido Vamos aproximar isso usando a curva do produto marginal Primeiro vamos perguntar o que acontecerá se usarmos um pouco menos de homenshora digamos dLT menos Então a produção seria menor A queda na produção seria aproximadamente dLT MPLT ou seja a redução na força de trabalho vezes o produto marginal da mão de obra no nível inicial de emprego Essa redução na produção é representada pela área do retângulo colorido na Figura 4A1 Subtraia agora outros poucos homenshora a perda de produção será outro retângulo Dessa vez o retângulo será mais alto porque o produto marginal da mão de obra aumenta conforme a quantidade de mão de obra cai Se continuarmos esse processo até que toda a mão de obra se vá nossa aproxi mação da perda total da produção será a soma de todos os retângulos mostrados na figura Quando nenhuma mão de obra é empregada no entanto a produção vai cair a zero Então podemos aproximar a produção total do setor de tecidos pela soma das áreas de todos os retân gulos abaixo da curva do produto marginal Isto é no entanto apenas uma aproximação porque usamos o produto marginal apenas do primeiro homem hora em cada lote de mão de obra removido Podemos obter uma aproximação melhor se tomamos grupos menores quanto menor melhor Conforme os grupos de mão de obra removidos ficarem infinitamente peque nos no entanto os retângulos ficarão cada vez mais finos e nos aproximaremos cada vez mais estreitamente da área total sob a curva do produto marginal No final então encontramos a produção total do tecido produ zido com a mão de obra LT QT é igual à área sob a curva do produto marginal da mão de obra MPLT até LT Preços relativos e a distribuição de renda A Figura 4A2 usa o resultado que encontramos para mostrar a distribuição de renda no setor de tecidos Vimos que os empregadores de tecidos contratam mão de obra LT até o valor do produto marginal dos trabalhadores FiGURA 4A1 Mostrando que a produção é igual à área sob a curva do produto marginal Pela aproximação da curva de produto marginal com uma série de retângulos finos podese mostrar que a produção total de tecido é igual à área sob a curva Produto marginal de mão de obra MPLT Entrada de mão de obra LT dLT MPLT M04KRUGXXXXC04indd 65 12915 605 PM 66 Economia internacional Esse efeito sobre a renda real é reforçado pela mudança na própria relação PT PA A renda real dos proprietários de capital em termos de alimentos sobe mais do que sua renda real em termos de tecido porque os alimentos agora são relativamente mais baratos que o tecido Por outro lado a renda real dos proprietários em termos de tecido cai mais do que sua renda em termos de alimentos porque o tecido agora é relativamente mais caro FiGURA 4A2 A distribuição de renda no setor de tecidos A renda da mão de obra é igual ao salário real vezes o emprego O resto da produção é gerado como rendimento para os proprietários de capital Produto marginal da mão de obra MPLT Entrada de mão de obra LT MPLT wPT1 Renda dos capitalistas Salários L1 T FiGURA 4A3 Um aumento em PT beneficia os donos do capital O salário real em termos de tecido cai levando a um aumento na renda dos donos do capital Produto marginal de mão de obra MPLT Entrada de mão de obra LT Aumento da renda dos capitalistas wPT2 wPT1 MPLT LT LT 2 1 FiGURA 4A4 Um aumento no PT prejudica os proprietários de terras O salário real em termos de alimentos sobe reduzindo a renda da terra Produto marginal de mão de obra MPLA Entrada de mão de obra LA Diminuição dos proprietários de terras wPA2 wPA1 MPLA LA LA 2 1 PT MPLT é igual ao salário w Nós podemos reescrever isso em termos de salário real de tecido como MPLT wPT Assim em um determinado salário real digamos wPT 1 a curva do produto marginal na Figura 4A2 nos diz que serão empregados L1 T trabalhadoreshora A produção total produzida com esses trabalhadores é dada pela área sob a curva do produto marginal até L1 T Essa produção é dividida pela renda real em termos de tecido dos tra balhadores e proprietários de capital A parte da remu neração paga aos trabalhadores é o salário real wPT 1 vezes o nível de emprego L1 T que é a área do retângulo mostrado O restante é a renda real dos proprietários de capital Podemos determinar a distribuição da produção de alimentos entre a mão de obra e os proprietários de terra da mesma forma em função do salário real em ter mos de alimentos wPA Suponha que o preço relativo dos tecidos suba agora Vimos na Figura 47 que uma ascensão no PT PA reduz o salário real em termos de tecido porque o salário sobe menos que PT ao mesmo tempo em que aumenta em termos de alimentos Os efeitos disso sobre os rendi mentos dos capitalistas e proprietários de terra podem ser vistos nas figuras 4A3 e 4A4 No setor de tecidos o salário real cai de wPT 1 para wPT 2 como resul tado os capitalistas recebem aumento de renda real em termos de tecido No setor de alimentos o salário real sobe de wPA 1 para wPA 2 e os proprietários recebem renda real menor em termos de alimentos M04KRUGXXXXC04indd 66 12915 605 PM Título da parte PARTE 1 recursos e comércio o modelo de heckscher ohlin CAPÍTULO 5 Se a mão de obra fosse o único fator de produção como o modelo ricardiano supõe a vanta gem comparativa poderia surgir apenas por causa de diferenças internacionais na produtividade da mão de obra No mundo real no entanto embora o comércio seja em parte explicado pelas diferenças na produtividade da mão de obra também reflete diferenças nos recursos dos paí ses O Canadá exporta produtos florestais para os Estados Unidos não porque seus lenhadores são mais produtivos em relação a seus colegas dos EUA mas porque o Canadá pouco povoado tem mais terra arborizada por habitante que os Estados Unidos Assim uma visão realista do comércio deve observar a importância não só da mão de obra mas também de outros fatores de produção como terra capital e recursos minerais Para explicar o papel das diferenças dos recursos no comércio neste capítulo examinaremos um modelo no qual as diferenças de recursos são a única fonte de comércio Esse modelo mos tra que a vantagem comparativa é influenciada pela interação entre os recursos das nações a abundância relativa dos fatores de produção e a tecnologia de produção que influencia a intensidade relativa com que os diferentes fatores de produção são usados na produção de mercadorias diferentes Algumas dessas ideias foram apresentadas no modelo de fatores espe cíficos do Capítulo 4 mas o modelo que estudamos neste capítulo salienta a interação entre abundância e intensidade ao olhar para os resultados de longo prazo quando todos os fatores de produção são móveis em todos os setores Uma das teorias mais influentes na economia internacional é que o comércio internacional é em grande parte impulsionado pelas diferenças de recursos dos países Desenvolvida por dois economistas suecos Eli Heckscher e Bertil Ohlin Ohlin recebeu o prêmio Nobel de economia em 1977 a teoria é muitas vezes referida como a teoria de Heckscher ohlin Como a teoria enfatiza a interação entre as proporções em que diferentes fatores de produção estão dispo níveis em diferentes países e as proporções em que eles são usados para produzir mercadorias diferentes é também referida como a teoria das proporções dos fatores Para desenvolver a teoria das proporções dos fatores começamos por descrever uma eco nomia que não tem comércio e depois nos perguntamos o que acontece quando duas dessas economias estabelecem comércio entre si Vamos ver que ao contrário do modelo ricardiano com um único fator de produção o comércio pode afetar a distribuição de renda por meio dos fatores até mesmo em longo prazo Podemos discutir a extensão com que o comércio pode estar contribuindo para aumentos na desigualdade de salários nos países desenvolvidos Então concluímos com uma revisão adicional das evidências empíricas a favor e contra as previsões da teoria das proporções dos fatores do comércio obJetivos de aprendiZageM Após a leitura deste capítulo você será capaz de Explicar como as diferenças de recursos geram um padrão específico de comércio Discutir por que os ganhos do comércio não se estendem igualmente em longo prazo e identifi car os prováveis ganhadores e perdedores Compreender as possíveis ligações entre o aumento das trocas comerciais e a crescente desigual dade de salários no mundo desenvolvido Ver como os padrões de comércio empíricos e os preços dos fatores apoiam algumas mas não todas predições da teoria das proporções dos fatores M05KRUGXXXXC05indd 67 12915 606 PM 68 Economia internacional Modelo de uma economia de dois fatores Neste capítulo nos concentraremos na versão mais simples do modelo das proporções dos fatores por vezes referido como 2 2 2 dois países duas mercado rias dois fatores de produção No nosso exemplo vamos chamar os dois países de Doméstica e Estrangeira Vamos ficar com as mesmas duas mercadorias tecido medido em jardas e alimentos medidos em calorias que usamos no modelo dos fatores específicos do Capí tulo 4 A principal diferença é que neste capítulo presu mimos que os fatores imóveis que eram específicos para cada setor capital em tecido e terra em alimentos agora são móveis em longo prazo Assim as terras utilizadas para a agricultura podem ser usadas para construir uma fábrica de têxteis por outro lado o capital utilizado para pagar um tear mecânico pode ser usado para pagar um trator Para manter as coisas simples usamos mode los de fator único adicional que chamamos de capital que é usado em conjunto com a mão de obra para pro duzir alimentos ou tecidos No longo prazo tanto o capital quanto a mão de obra podem mover se em todos os setores assim igualando seus rendimentos taxa de aluguel e salário em ambos os setores Preços e produção Tanto tecidos quanto alimentos são produzidos usando o capital e a mão de obra A quantidade de cada bem pro duzido tendo em conta quanto capital e mão de obra são empregados em cada setor é determinada por uma função da produção de cada mercadoria Q Q K L T T T T Q Q K L A A A A onde QT e QA são os níveis de produção de tecido e ali mentos KT e LT são as quantidades de capital e mão de obra empregados na produção de tecidos e KA e LA são as quantidades de capital e mão de obra empregados na produção de alimentos Em geral a economia tem um suprimento fixo de capital K e mão de obra L que é divi dido entre os empregos dos dois setores Definimos as seguintes expressões que estão relacio nadas com as duas tecnologias de produção aKT capital usado para produzir uma jarda de tecido aLT mão de obra usada para produzir uma jarda de tecido aKA capital usado para produzir uma caloria de alimento aLA mão de obra usada para produzir uma caloria de alimento Esses requisitos de entrada unitários são muito pare cidos com os definidos no modelo ricardiano para mão de obra apenas No entanto há uma diferença cru cial nestas definições podemos falar da quantidade de capital ou de mão de obra utilizada para produzir uma determinada quantidade de tecido ou de alimentos em vez da quantidade necessária para produzir essa quanti dade A razão para essa mudança do modelo ricardiano é que quando há dois fatores de produção pode haver espaço para a escolha no uso de insumos Em geral essas escolhas dependem dos preços dos fatores para mão de obra e capital No entanto vamos primeiro examinar um caso especial em que há apenas uma maneira de produzir cada mercadoria Considere o seguinte exemplo numérico a produção de uma jarda do tecido requer uma combinação de duas trabalho horas e duas máquina horas A produção de alimentos é mais automatizada Como resultado a produção de uma caloria de alimento requer apenas uma trabalho hora junto com três máquina horas Assim todos os requi sitos de entrada unitários são fixos no aKT 2 aLT 2 aKA 3 aLA 1 e não há nenhuma possibilidade de substituição da mão de obra pelo capital ou vice versa Suponha que uma economia seja dotada de 3000 uni dades de máquina horas junto com 2000 unidades de trabalho horas Neste caso especial sem substituição dos fatores de produção a fronteira de possibilidade de produção da economia pode ser derivada usando essas contenções de dois recursos para o capital e a mão de obra A produção de QT jardas de tecido requer 2QT aKT QT máquina horas e 2QT aLT QT trabalho horas Da mesma forma a produção de QA calorias de alimentos requer 3QA aKA QA máquina horas e 1QA aLA QA trabalho horas O total de máquina horas utilizadas para a produção de tecido e alimentos não pode exceder a oferta total de capital a Q a Q K Q Q ou 2 3 3000 KT T KA A T A 51 Essa é a restrição de recursos para o capital Da mesma forma a restrição de recursos para a mão de obra afirma que as trabalho horas totais utilizadas na produ ção não podem exceder a oferta total de mão de obra a Q a Q L Q Q ou 2 2000 LT T LA A T A 52 A Figura 51 mostra as implicações das equações 51 e 52 para as possibilidades de produção em nosso exemplo numérico Cada restrição de recurso é desenhada da mesma forma que traçamos a linha de possibilidade de produção para o caso ricardiano da Figura 31 Neste caso no entanto a economia deve produzir ambos os fatores restritivos então a fronteira M05KRUGXXXXC05indd 68 12915 606 PM 69 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin de possibilidade de produção é a linha irregular mos trada em pontilhado Se a economia se especializar na produção de alimentos ponto 1 então pode pro duzir 1000 calorias de alimentos Naquele ponto da produção não há capacidade de reposição da mão de obra apenas 1000 horas de mão de obra das 2000 são empregadas Por outro lado se a economia se especia lizar na produção de tecidos ponto 2 então poderá produzir 1000 jardas de tecido Naquele ponto de pro dução não há capacidade de reposição da mão de obra apenas 2000 máquina horas das 3000 são empregadas No ponto 3 de produção a economia está empregando todos os seus recursos próprios de mão de obra e capi tal 1500 máquina horas e 1500 trabalho horas na produção de tecido e 1500 máquina horas junto com 500 trabalho horas na produção de alimentos1 A característica importante nessa fronteira de possi bilidade de produção é que o custo de oportunidade de produzir uma jarda extra de tecido em termos de alimen tos não é constante Quando a economia está produ zindo principalmente alimentos à esquerda do ponto 3 1 O caso de nenhuma substituição dos fatores é especial em que há apenas o ponto único de produção que emprega totalmente ambos os fatores alguns fatores deixam desempregados os outros pontos de produção na fronteira de possibilidades de produção No caso mais geral a seguir com a substituição dos fatores essa peculiari dade desaparece e ambos os fatores são totalmente empregados ao longo de toda a fronteira de possibilidade de produção então não há capacidade de mão de obra ociosa Pro duzir duas unidades a menos de alimentos libera seis máquina horas que podem ser usadas para produzir três jardas de tecido o custo de oportunidade do tecido é 2 3 Quando a economia está produzindo principal mente tecido à direita do ponto 3 então há capacidade de capital disponível Produzir duas unidades a menos de alimentos libera dois trabalho horas que podem ser usados para produzir uma jarda de tecido o custo de oportunidade do tecido é 2 Assim o custo de oportuni dade do tecido é maior quando mais unidades de tecido estão sendo produzidas Agora vamos tornar o modelo mais realista e per mitir a possibilidade de substituição de capital por mão de obra e vice versa na produção Essa substituição remove a irregularidade na fronteira de possibilidade de produção Em vez disso a fronteira PP tem a forma curva mostrada na Figura 52 A forma curva nos diz que o custo de oportunidade em termos de alimentos para produzir mais uma unidade de tecido aumenta con forme a economia produz mais tecido e menos alimentos Ou seja nossa visão básica sobre como os custos de oportunidade mudam com o mix de produção perma nece válida Onde é que a economia produz na fronteira de pos sibilidade de produção Depende dos preços Especifi camente a economia produz no ponto em que se maxi Figura 51 A fronteira de possibilidade de produção sem substituição dos fatores exemplo numérico Fronteira de possibilidade de produção inclinação custo de oportunidade de tecidos em termos de alimentos Inclinação da restrição de mão de obra 2 Inclinação da restrição de capital 23 2000 1000 1500 750 1000 500 Quantidade de tecido QT 1 3 2 Quantidade de alimento QA Se o capital não pode ser substituído pela mão de obra ou vice versa a fronteira de possibilidade de produção no modelo fator proporções seria definida por duas restrições de recursos a economia não pode usar mais do que a oferta de mão de obra 2000 horas de mão de obra ou capital 3000 máquinas horas disponíveis Então a fronteira de possibilidade de produção é definida pela linha pontilhada nesta figura No ponto 1 a economia é especializada na produção de alimentos e nem todas as horas de mão de obra disponíveis são empregadas No ponto 2 a economia é especializada na produção de tecidos e nem todas as horas de mão de obra disponíveis são empregadas No ponto 3 de produção a economia emprega toda a sua mão de obra e recursos de capital A característica importante nesta fronteira de possibilidade de produção é que o custo de oportunidade de tecidos em termos de alimentos não é constante Ele sobe de 23 para 2 quando o mix de produção da economia desloca se em direção ao tecido M05KRUGXXXXC05indd 69 12915 606 PM 70 Economia internacional Figura 53 Preços e produção Linhas de isocusto PP Q Inclinação PT PA Quantidade de alimento QA Quantidade de tecido QT A economia produz no ponto em que maximiza o valor da produção dados os preços que enfrenta Esse é o ponto mais alto possível na linha isocusto Nesse ponto o custo de oportunidade de tecido em termos de alimentos é igual ao preço relativo de tecido PT PA miza o valor da produção A Figura 53 mostra o que isso implica O valor da produção da economia é V P Q P Q T T A A onde PT e PA são os preços do tecido e dos alimentos res pectivamente Uma linha de isocusto linha ao longo da qual o custo de produção é constante tem uma inclinação de PT PA A economia produz no ponto Q o ponto na fronteira de possibilidade de produção que toca a maior linha de isocusto possível Nesse ponto a inclinação da fronteira de possibilidade de produção é igual a PT PA Então o custo de oportunidade em ter mos de alimentos de produzir outra unidade de tecido é igual ao preço relativo do tecido escolhendo o mix de fatores Como já observamos em um modelo de dois fato res os produtores podem ter espaço para escolher o uso de fatores Um fazendeiro por exemplo pode escolher entre usar relativamente mais equipamentos mecani zados capital e menos trabalhadores ou vice versa Assim o agricultor pode escolher quanta mão de obra e capital vai usar por unidade de produção produzida Em cada setor então os produtores enfrentarão requisitos Figura 52 A fronteira de possibilidade de produção com substituição dos fatores Quantidade de alimento QA PP Quantidade de tecido QT Se o capital pode ser substituído pela mão de obra e vice versa a fronteira de possibilidade de produção já não tem uma torção Mas continua a ser verdade que o custo de oportunidade de tecido em termos de alimentos aumenta conforme o mix de produção da economia se desvia em direção ao tecido e afasta se de alimentos M05KRUGXXXXC05indd 70 12915 606 PM 71 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin de entrada não fixos como no modelo ricardiano mas encontrarão os trade offs básicos como o ilustrado pela curva II na Figura 54 que mostra combinações de entrada alternativas que podem ser usadas para produ zir uma caloria de alimentos Qual opção de entrada os produtores realmente fazem Depende dos custos relativos do capital e da mão de obra Se as taxas de aluguel de capital forem altas e os salários forem baixos os agricultores escolherão produ zir usando relativamente pouco capital e muita mão de obra por outro lado se as taxas de aluguel forem baixas e os salários forem altos eles economizarão em mão de obra e usarão muito mais capital Se w é a taxa salarial e r o custo do aluguel do capital então a escolha da entrada dependerá da proporção destes dois preços dos fatores w r2 A proporção entre os preços dos fatores e a propor ção de mão de obra para capital usada na produção de alimentos é mostrada na Figura 55 pela curva AA Há uma relação correspondente entre w r e a pro porção capital mão de obra na produção de tecido Essa relação é mostrada na Figura 55 pela curva do TT Como traçado TT é deslocada para fora em relação à AA indicando que para quaisquer preços dos fatores determinados a produção de tecido sempre usará mais mão de obra em relação ao capital do que a produção de alimentos Quando isso é verdade dizemos que a pro dução de tecido é mão de obra intensiva enquanto a de 2 A escolha ótima da proporção mão de obra capital é explorada em maior profundidade no apêndice deste capítulo alimentos é capital intensiva Observe que a definição de intensidade depende da proporção de mão de obra para capital utilizado na produção não da proporção de mão de obra ou capital para a produção Assim uma merca doria não pode ser tanto capital intensiva quanto mão de obra intensiva As curvas TT e AA na Figura 55 são chamadas de curvas de demanda dos fatores relativos Elas são muito semelhantes à curva de demanda relativa para merca dorias Sua inclinação descendente caracteriza o efeito de substituição da demanda de fatores dos produtores Conforme o salário w sobe em relação à taxa de loca ção r os produtores substituem capital por mão de obra nas suas decisões de produção O caso anterior conside rado sem substituição de fator foi um caso limitante em que a curva de demanda relativa é uma linha vertical a proporção de mão de obra para o capital exigido é fixa e não varia com as mudanças na proporção de salário aluguel w r No restante deste capítulo consideraremos o caso mais geral com substituição dos fatores em que as curvas de demanda relativa dos fatores são inclinadas para baixo Entrada de capitais por caloria aKA II Entrada da mão de obra por caloria aLA Combinações de entradas que produzem uma caloria de alimentos Um agricultor pode produzir uma caloria de alimento com menos capital se ele usar mais mão de obra e vice versa Figura 54 Possibilidades de entrada na produção de alimentos Proporção salárioaluguel wr TT Proporção mão de obracapital L K AA Em cada setor a proporção de mão de obra para capital utilizado na produção depende do custo da mão de obra em relação ao custo do capital w r A curva AA mostra as opções de proporção mão de obra capital na produção de alimentos enquanto a curva TT mostra as escolhas correspondentes na produção de tecido Em qualquer proporção de salário aluguel determinada a produção de tecido usa uma maior taxa de mão de obra capital Quando este for o caso dizemos que a produção de tecido é mão de obra intensiva e que a produção de alimentos é capital intensiva Figura 55 Preços dos fatores e opções de entrada M05KRUGXXXXC05indd 71 12915 606 PM 72 Economia internacional Preços dos fatores e preços das mercadorias Suponha por um momento que a economia pro duza tanto tecido quanto alimentos Isso não precisa ser desse modo se a economia se engajar no comércio internacional porque ela pode especializar se comple tamente na produção de um bem ou outro mas vamos ignorar essa possibilidade por enquanto Então a con corrência entre os produtores em cada setor irá garan tir que o preço de cada bem seja igual a seus custos de produção O custo de produzir uma mercadoria depende dos preços dos fatores se os salários subirem ficando as outras coisas iguais o preço de qualquer bem cuja produção usa mão de obra também aumentará A importância do preço de um fator específico em relação ao custo de produzir uma mercadoria depende no entanto de quanto daquele fator envolve a produ ção da mercadoria Se a produção de alimentos faz uso de muito pouca mão de obra por exemplo então um aumento no salário não terá muito efeito sobre o preço dos alimentos enquanto se a produção de tecido utilizar uma grande quantidade de mão de obra um aumento no salário terá um grande efeito sobre seu preço Por tanto podemos concluir que existe uma relação linear entre a proporção da taxa de salários e a taxa de aluguel w r e a proporção do preço do tecido em relação ao de alimentos PT PA Essa relação é ilustrada pela curva inclinada ascendente SS na Figura 563 Vamos analisar as figuras 55 e 56 juntas Na Figura 57 o painel da esquerda é a Figura 56 da curva SS virado 90 graus em sentido anti horário enquanto o pai nel da direita reproduz a Figura 55 Juntando esses dois diagramas vemos o que pode parecer a princípio uma ligação surpreendente entre os preços das mercadorias e a proporção de mão de obra para o capital utilizado na produção de cada bem Suponha que o preço relativo do tecido seja PT PA1 painel à esquerda da Figura 57 se a economia produz dois produtos a proporção entre a taxa salarial e a taxa de aluguel de capital deve ser igual a w r1 Esta proporção implica então que as relações de mão de obra para o capital empregado na produção de tecido e alimentos devem ser LT KT1 e LA KA1 res pectivamente painel à direita da Figura 57 Se o preço relativo do tecido subir para o nível indicado pelo PT PA2 a proporção entre a taxa salarial e a taxa de alu guel de capital subiria para w r2 Porque a mão de obra 3 Essa proporção mantém se apenas quando a economia produz tan to tecido quanto alimentos o que está associado com um determi nado intervalo para o preço relativo do tecido Se o preço relativo se elevar além de um determinado nível de limite superior então a economia se especializa na produção de tecido Inversamente se o preço relativo cair abaixo de um nível de limite inferior então a economia se especializa na produção de alimentos é agora relativamente mais cara as relações de mão de obra para o capital empregado na produção de tecidos e alimentos portanto cairiam para LT KT2 e LA KA2 Podemos aprender mais uma lição importante a par tir desse diagrama O painel da esquerda já nos diz que um aumento no preço do tecido em relação ao de ali mentos aumentará o rendimento dos trabalhadores em relação ao de proprietários de capital Mas é possível fazer uma declaração mais forte essa mudança de preços relativos inequivocamente aumentará o poder de com pra dos trabalhadores e diminuirá o poder aquisitivo dos proprietários de capital ao elevar os salários reais e bai xar as rendas reais em termos de ambas as mercadorias Como sabemos disso Quando o PT PA aumenta a proporção de mão de obra para capital cai na produ ção de alimentos e de tecido Mas em uma economia competitiva os fatores de produção são pagos com seu produto marginal o salário real dos trabalhadores em termos de tecido é igual à produtividade marginal da mão de obra de produção de tecido e assim por diante Quando a proporção da mão de obra para o capital cai na produção de qualquer bem o produto marginal da mão de obra em termos daquela mercadoria aumenta então os trabalhadores sentem seu salário real mais alto em termos de ambos os bens Por outro lado se o produto marginal do capital cai em ambas as indústrias Preço relativo de tecidos PC PF SS Proporção salárioaluguel wr Como a produção de tecidos é mão de obra intensiva enquanto a produção de alimentos é capital intensiva há uma proporção de um para um entre a proporção fator preço w r e o preço relativo do tecido PT PA Quanto maior o custo relativo da mão de obra maior deve ser o preço relativo da mercadoria mão de obra intensiva A proporção é ilustrada pela curva SS Figura 56 Preços dos fatores e preços de mercadorias M05KRUGXXXXC05indd 72 12915 606 PM 73 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin então os proprietários de capital sentem seus rendimen tos reais mais baixos em termos de ambos os bens Nesse modelo então como no de fatores específicos as alterações dos preços relativos têm fortes efeitos na distribuição de renda Uma mudança nos preços das mercadorias não muda só a distribuição de renda Ele sempre muda tanto que os proprietários de um fator de produção ganham enquanto os proprietários do outro ficam pior4 recursos e produção Agora completamos a descrição de uma economia de dois fatores descrevendo a relação entre os preços de mercadorias oferta de fatores e produção Em par ticular investigamos como as mudanças nos recursos oferta total de um fator afetam a alocação dos fatores entre os setores e as mudanças associadas que ocorrem na produção 4 Essa proporção entre os preços de mercadorias e os preços dos fa tores e os efeitos de bem estar associados foi esclarecida em um artigo clássico de Wolfgang Stolper e Paul Samuelson Protection and Real Wages Review of Economic Studies v 9 p 58 73 nov 1941 e portanto é conhecido como o efeito de Stolper Samuelson Suponha que temos o preço relativo dos tecidos como dado Sabemos da Figura 57 que um determi nado preço relativo de tecido digamos PT PA1 está associado com uma proporção fixa salárioaluguel w r1 desde que tanto tecidos quanto alimentos sejam produzidos Essa proporção por sua vez determina as relações de mão de obra para o capital empregado nos setores de tecidos e de alimentos LT KT1 e LA KA1 respectivamente Agora vamos supor que a força de trabalho da economia cresça o que implica que a relação de mão de obra agregada para capital da eco nomia L K aumenta A um determinado preço rela tivo de tecido PT PA1 vimos que as relações de mão de obra para o capital investido em ambos os setores permanecem constantes Como a economia pode aco modar o aumento na relativa oferta de mão de obra agregada L K se a mão de obra relativa demandada em cada setor permanece constante em LT KT1 e LA KA1 Em outras palavras como a economia emprega as horas de mão de obra adicionais A resposta reside na atribuição da mão de obra e capital em todos os setores a proporção capital mão de obra no setor de tecido é maior do que no setor de alimentos então a Figura 57 De preços de mercadorias para opções de entrada Dado o preço relativo do tecido PT PA 1 a proporção entre a taxa salarial e a taxa de aluguel de capital deve ser igual w r1 Essa proporção de salário aluguel então implica que as relações de mão de obra para o capital empregado na produção de tecido e alimentos devem ser respectivamente LT KT 1 e LA KA 1 Se o preço relativo do tecido sobe para PT PA 2 a proporção de salário aluguel deve crescer para w r2 Isso fará com que a proporção mão de obra capital utilizada na produção de ambas as mercadorias caia Preço relativo de tecidos PTPA TT Salárioaluguel wr Proporção mão de obracapital LK Aumentando Aumentando PTPA 2 PTPA 1 LAKA 1 LT KT 2 LTKT 1 SS AA wr1 wr2 LA KA 2 M05KRUGXXXXC05indd 73 12915 606 PM 74 Economia internacional economia pode aumentar o emprego da mão de obra em relação ao capital mantendo fixa a relação mão de obra capital em cada setor alocando mais mão de obra e capital para a produção de tecido que é mão de obra intensivo5 Conforme a mão de obra e o capital se movem do setor de alimentos para o setor de tecidos a economia produz mais tecido e menos alimentos A melhor maneira de pensar sobre esse resultado é em termos de como os recursos afetam as possibilidades de produção da economia Na Figura 58 a curva TT 1 representa as possibilidades de produção da economia antes do aumento da oferta de mão de obra A produção está no ponto 1 onde a inclinação da fronteira de possi bilidade de produção é igual a menos o preço relativo do tecido PT PA e a economia produz Q1 T e Q1 A de tecido e de alimentos A curva TT 2 mostra a fronteira de possibi lidade de produção depois de um aumento da oferta de mão de obra A fronteira de possibilidade de produção desloca se para fora para TT 2 Após esse aumento a 5 Veja o apêndice para uma derivação mais formal desse resultado e detalhes adicionais economia pode produzir mais tecido e alimentos do que antes O desvio para fora da fronteira é contudo muito maior na direção do tecido do que dos alimentos ou seja expansão tendenciosa das possibilidades de produ ção que ocorre quando a fronteira de possibilidade de produção desvia se muito mais em uma direção do que na outra Nesse caso a expansão é tão fortemente incli nada para produção de tecido que em preços relativos inalterados a produção move se do ponto 1 ao ponto 2 que envolve uma queda real na produção de alimentos de Q1 A para Q2 A e um aumento grande na produção de tecido de Q1 T para Q2 T O efeito tendencioso dos aumentos de recursos sobre as possibilidades de produção é a chave para a compreensão de como diferenças de recursos dão ori gem ao comércio internacional6 Um aumento da oferta de mão de obra expande as possibilidades de produ ção desproporcionalmente na direção da produção de tecido enquanto um aumento na oferta de capital amplia desproporcionalmente as possibilidades na dire ção da produção de alimentos Assim uma economia com alta oferta relativa de mão de obra para o capi tal será relativamente melhor em produzir tecidos do que uma economia com baixa oferta relativa de mão de obra para o capital Em geral uma economia tende a ser relativamente eficaz na produção de bens que são intensivos em fatores com os quais o país é relativamente bem dotado Veremos mais adiante algumas evidências empíricas confirmando que as alterações nos recursos de um país levam ao crescimento que está inclinado para os seto res que usam intensivamente o fator cuja oferta aumen tou Documentamos isso para a economia chinesa que recentemente passou por um crescimento substancial na oferta de mão de obra qualificada Efeitos do comércio internacional entre as economias de dois fatores Tendo delineado a estrutura de produção de uma economia de dois fatores podemos agora olhar para o que acontece quando duas dessas economias Domés tica e Estrangeira fazem comércio Como sempre Doméstica e Estrangeira são semelhantes ao longo de muitas dimensões Elas têm os mesmos gostos e 6 O efeito tendencioso das alterações de recursos na produção foi apontado em um artigo do economista polonês T M Rybczynski Factor Endowments and relative of commodity prices Economi ca v 22 p 336 341 nov 1955 Portanto é conhecido como o efeito de Rybczynski Produção de alimentos QA Produção de tecidos QT Inclinação PT PA QA 2 QA 1 2 Inclinação PT PA 1 TT 1 TT 2 QT 2 QT 1 Um aumento da oferta de mão de obra desloca a fronteira de possibilidade de produção da economia para fora de TT 1 para TT 2 mas desproporcionalmente na direção da produção de tecido O resultado é que em um preço relativo inalterado de tecido indicado pela inclinação PT PA a produção de alimentos na verdade declina de QA 1 para QA 2 Figura 58 Recursos e possibilidades de produção M05KRUGXXXXC05indd 74 12915 606 PM 75 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin portanto têm idênticas demandas relativas para ali mentos e tecidos quando confrontadas com os mes mos preços relativos dos dois bens Elas também têm a mesma tecnologia uma determinada quantidade de mão de obra e de capital produz a mesma quantidade de tecido ou de alimentos nos dois países A única diferença entre os países está em seus recursos em Doméstica há uma proporção maior de mão de obra para capital do que em Estrangeira Preços relativos e o padrão de comércio Uma vez que Doméstica tem maior proporção de mão de obra para o capital que Estrangeira Domés tica é abundante em mão de obra e Estrangeira abun dante em capital Observe que a abundância é definida em termos de proporção e não em quantidades abso lutas Por exemplo o número total de trabalhadores nos Estados Unidos é aproximadamente três vezes maior do que no México mas o México seria ainda considerado abundante em mão de obra em relação aos Estados Unidos uma vez que o estoque de capi tal dos EUA é mais de três vezes maior que o estoque de capital do México Abundância é sempre definida em termos relativos comparando a proporção de mão de obra para o capital dos dois países assim nenhum país é abundante em tudo Sabendo que o tecido é uma mercadoria mão de obra intensiva a fronteira de possibilidade de produção de Doméstica em relação a Estrangeira é deslocada mais na direção de tecido do que na direção de alimentos Assim sendo o resto igual Doméstica tende a produzir uma proporção maior de tecido do que de alimentos Como o comércio leva a uma convergência dos pre ços relativos uma das outras coisas que vai ser igual é o preço do tecido em relação ao de alimentos No entanto como os países diferem em suas abundâncias dos fatores para qualquer proporção determinada do preço do tecido para o de alimentos Doméstica pro duzirá uma proporção maior de tecido em relação a alimentos do que Estrangeira Doméstica terá uma oferta relativa maior de tecido A curva de oferta rela tiva de Doméstica então encontra se à direita da de Estrangeira As curvas de oferta relativa de Doméstica RS e Estrangeira RS são ilustradas na Figura 59 A curva da demanda relativa que assumimos ser a mesma para ambos os países é mostrada como RD Se não hou vesse nenhum comércio internacional o equilíbrio para Doméstica seria no ponto 1 e o preço relativo do tecido seria PT PA1 O equilíbrio para Estrangeira seria no ponto 3 com um preço relativo de tecidos dado por PT PA3 Assim na ausência de comércio o preço rela tivo do tecido seria menor em Doméstica do que em Estrangeira Quando Doméstica e Estrangeira fazem comércio entre si seus preços relativos convergem O preço rela tivo do tecido sobe em Doméstica e cai em Estrangeira e um novo preço relativo mundial do tecido é estabele cido em um ponto em algum lugar entre os preços rela tivos pré comércio digamos em PT PA2 No Capítulo 4 discutimos como uma economia responde ao comér cio com base na direção da mudança do preço relativo dos bens a economia exporta o bem cujo preço rela tivo aumenta Assim Doméstica irá exportar tecido o preço relativo do tecido sobe em Doméstica enquanto Estrangeira exportará alimentos o preço relativo dos tecidos cai em Estrangeira o que significa que o preço relativo dos alimentos sobe nesse país Doméstica torna se um exportador de tecido por que a mão de obra é abundante em relação à Estran geira e porque a produção de tecido é mão de obra intensiva em relação à produção de alimentos Da mesma forma Estrangeira torna se um exportador de Preço relativo de tecidos PT PA Quantidade relativa de tecidos QT QA 2 1 3 RS RS RD PTPA 3 PTPA 2 PTPA 1 Na ausência de comércio o equilíbrio de Doméstica seria no ponto 1 onde a oferta relativa interna RS intercepta a curva da demanda relativa RD Da mesma forma o equilíbrio de Estrangeira seria no ponto 3 O comércio leva a um preço relativo mundial que se encontra entre os preços pré comércio PT PA1 e PT PA3 como PT PA2 no ponto 2 Figura 59 O comércio leva a uma convergência dos preços relativos M05KRUGXXXXC05indd 75 12915 606 PM 76 Economia internacional alimentos porque é abundante em capital e a produção de alimentos é capital intensiva Essas previsões para o padrão de comércio na versão duas mercadorias dois fatores dois países que estudamos podem ser generalizadas com o seguinte teorema que recebeu seu nome dos desenvolvedores originais deste modelo de comércio Teorema de Hecksher Ohlin o país que é abun dante em um fator exporta o bem cuja produção é intensiva nesse fator Em um caso mais realista com vários países fatores de produção e números de bens podemos generalizar esse resultado como uma correlação entre a abundância de um fator de um país e suas exportações de mercado rias que usam esse fator intensamente os países tendem a exportar mercadorias cuja produção seja intensiva nos fato res com os quais os países são dotados abundantemente7 Comércio e distribuição de renda Discutimos como o comércio induz uma convergên cia dos preços relativos Anteriormente vimos que as alterações dos preços relativos por sua vez têm fortes efeitos sobre os ganhos relativos de mão de obra e capi tal Um aumento do preço do tecido aumenta o poder de compra da mão de obra em termos de ambos os bens reduzindo o poder aquisitivo do capital em termos dos dois bens Um aumento no preço dos alimentos tem o efeito inverso Assim o comércio internacional pode ter um efeito poderoso sobre a distribuição de renda até mesmo em longo prazo Em Doméstica onde o preço relativo dos tecidos sobe as pessoas que recebem seus rendimentos da mão de obra ganham com o comércio mas aquelas que derivam dos seus rendimentos do capi tal ficam pior Em Estrangeira onde o preço relativo do tecido cai o oposto acontece os trabalhadores são prejudicados e donos de capital são beneficiados O recurso do qual um país tem uma oferta relati vamente grande mão de obra em Doméstica capital em Estrangeira é o fator abundante naquele país e o recurso do qual tem uma oferta relativamente pequena capital em Doméstica mão de obra em Estrangeira é o fator escasso A conclusão geral sobre os efeitos do comércio internacional sobre a distribuição de renda em longo prazo é os proprietários de fatores abundantes de um país ganham com o comércio mas os proprietários de fatores escassos de um país perdem 7 Veja Alan Deardorff The General Validity of the Heckscher Ohlin Theorem American Economic Review v 72 p 683694 set1982 para uma derivação formal dessa extensão de várias mer cadorias fatores e países Na nossa análise do caso de fatores específicos notamos que os fatores de produção que estão pre sos em uma indústria que compete com a importação perdem com a abertura do comércio Aqui notamos que os fatores de produção que são usados intensa mente pela indústria que compete com a importação são prejudicados pela abertura do comércio inde pendentemente da indústria em que trabalham Além disso o argumento teórico sobre os ganhos agregados do comércio é idêntico ao caso dos fatores específi cos a abertura ao comércio expande as possibilidades de consumo de uma economia veja a Figura 411 então não há uma maneira de beneficiar a todos No entanto existe uma diferença crucial relativa aos efei tos de distribuição de renda nesses dois modelos A especificidade de fatores para indústrias específicas muitas vezes é apenas um problema temporário fabri cantes de vestuário não podem se tornar fabricantes de computadores da noite para o dia mas com o tempo a economia dos EUA pode deslocar seu emprego de fabricação dos setores em queda para os que estão em expansão Assim os efeitos de distribuição de renda que surgem porque a mão de obra e outros fatores de produção são imóveis representam um problema temporário transitório o que não quer dizer que tais efeitos não sejam dolorosos para aqueles que perdem Em contraste os efeitos do comércio sobre a distribui ção de renda entre terra mão de obra e capital são mais ou menos permanentes Comparados ao resto do mundo os Estados Unidos são abundantemente dotados com mão de obra alta mente qualificada enquanto a mão de obra pouco quali ficada é correspondentemente escassa Isso significa que o comércio internacional tem o potencial de prejudicar os trabalhadores pouco qualificados dos Estados Uni dos não apenas temporariamente mas em uma base sustentada O efeito negativo do comércio sobre os tra balhadores pouco qualificados constitui um problema político persistente que não pode ser remediado por políticas que proporcionam alívio temporário como o seguro desemprego Consequentemente o efeito poten cial de aumento das trocas comerciais na desigualdade de renda nas economias avançadas como os Estados Unidos tem sido objeto de uma grande quantidade de pesquisas empíricas Vamos rever algumas dessas evi dências nos estudos de casos que se seguem e concluir que o comércio tem sido no máximo um fator que con tribui para os aumentos registrados da desigualdade de renda nos Estados Unidos M05KRUGXXXXC05indd 76 12915 606 PM 77 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin ComérCio Norte Sul e deSigualdade de reNda A distribuição dos salários nos Estados Unidos tornou se consideravelmente mais desigual desde a década de 1970 Naquela época um trabalhador do sexo masculino com um salário no percentil 90 da distribuição salarial ganhando mais do que os 90 abaixo dele mas menos que os 10 mais bem assalariados ganhava 32 vezes o salário de um trabalhador do 10o percentil inferior da distribui ção Em 2010 aquele trabalhador no percentil 90 ganhava mais de 52 vezes o salário do trabalhador do 10o percentil inferior A desigualdade salarial para trabalhadores do sexo feminino tem aumentado a um ritmo semelhante sobre esse mesmo período de tempo Grande parte desse aumento na desi gualdade salarial foi associado com um aumento do prêmio ligado à instrução especialmente desde a década de 1980 Em 1980 um trabalhador com diploma universitário ganhava 40 a mais do que um trabalhador com apenas nível médio Esse prê mio da instrução aumentou constantemente através da década de 1980 e de 1990 para 80 Desde então tem sido mais ou menos plana embora as dispari dades salariais entre os graduados de nível superior tenham continuado subindo Por que a desigualdade salarial tem aumentado Muitos observadores atribuem a mudança ao cresci mento do comércio mundial e em particular à cres cente intensificação nas exportações de bens manufa turados das economias recém industrializadas NIEs como a Coreia do Sul e a China Até a década de 1970 o comércio entre as nações industriais avançadas e as economias menos desenvolvidas muitas vezes referido como comércio Norte Sul porque as nações mais avançadas ainda estão na zona temperada do hemisfério norte consistia esmagadoramente de um intercâmbio entre produtos fabricados no Norte e matérias primas e produtos agrícolas como petró leo e café vindos do Sul A partir de 1970 em diante no entanto antigos exportadores de matéria prima começaram a vender cada vez mais produtos manufa turados para os países com salários elevados como os Estados Unidos Como aprendemos no Capítulo 2 os países em desenvolvimento mudaram drasticamente os tipos de mercadorias que exportam se afastando de sua tradicional dependência de produtos agrícolas e minerais para um foco em produtos manufatura dos Embora as NIEs também representem um mer cado de rápido crescimento para as exportações das nações de salários elevados as exportações das eco nomias recém industrializadas obviamente diferem em muito na intensidade do fator de suas importa ções Em grande maioria as exportações das NIEs para as nações avançadas consistiam em roupas sapatos e outros produtos relativamente simples mercadorias de baixa tecnologia cuja produção é intensiva em mão de obra pouco qualificada enquanto as expor tações dos países avançados para as NIEs consistiam em bens capital intensivos ou qualificação intensivos como os produtos químicos e as aeronaves mercado rias de alta tecnologia Para muitos observadores a conclusão parecia simples o que estava acontecendo era um movi mento em direção à igualdade fator preço O comér cio entre os países avançados que são abundantes em capital e qualificação e as NIEs com sua abun dante oferta de mão de obra não qualificada estava aumentando os salários dos trabalhadores altamente qualificados e reduzindo os salários dos trabalhado res menos qualificados nos países abundantes em qualificação e capital tal como prevê o modelo de fatores proporções Esse é um argumento com um significado muito mais do que puramente acadêmico Se entendermos a crescente desigualdade de renda em nações avança das como um problema grave como muitas pessoas consideram e se também acreditarmos que o cresci mento do comércio mundial é a principal causa desse problema torna se difícil manter o tradicional apoio dos economistas ao livre comércio Como já discuti mos anteriormente em princípio os impostos e os pagamentos do governo podem compensar o efeito do comércio na distribuição de renda mas alguém pode argumentar que isso é improvável de acontecer na prática Alguns analistas influentes têm argumen tado que as nações avançadas terão de restringir seu comércio com os países de baixos salários se qui serem manter se basicamente como sociedades de classe média Enquanto alguns economistas acreditam que o crescente comércio com os países de baixos salários tem sido a principal causa da crescente desigualdade de renda nos Estados Unidos a maioria dos pesquisa dores empíricos acreditava no momento da redação deste texto que o comércio internacional tem sido no máximo um fator contribuinte para tal crescimento e que as principais causas encontram se em outro M05KRUGXXXXC05indd 77 12915 606 PM 78 Economia internacional Mudança tecnológica enviesada pela qualificação e desigualdade de renda Neste estudo de caso estendemos o nosso modelo de dois fatores de produção para incorporar a mudança tecnológica que é enviesada pela qualifi cação Vamos discutir como isso promove um melhor ajuste para os padrões empíricos associados à cres cente desigualdade salarial nos Estados Unidos Tam bém descrevemos algumas novas pesquisas que rela cionam parte dessa mudança tecnológica ao comércio e à terceirização Considere a variante do nosso modelo de duas mercadorias dois fatores em que mãos de obra quali ficada e não qualificada são usadas para produzir bens de baixa tecnologia e alta tecnologia A Figura 510 mostra as demandas de fator relativas aos produtores em ambos os setores a proporção de trabalhadores qualificados não qualificados em função da propor ção salarial qualificada não qualificada curva LL de baixa tecnologia e HH para alta tecnologia lugar8 Esse ceticismo repousa sobre três observações principais Primeiro o modelo das proporções de fator diz que o comércio internacional afeta a distribuição de renda mediante uma mudança dos preços rela tivos das mercadorias Então se o comércio interna cional foi a principal força motriz por trás da cres cente desigualdade de renda deveria haver uma evidência clara de aumento dos preços dos produ tos qualificação intensivos em comparação com os preços dos produtos mão de obra não qualificada intensivos Estudos de dados relativos aos preços internacionais no entanto não conseguiram encon trar uma evidência clara de tal mudança dos preços relativos Segundo o modelo prevê que os fatores preços relativos devem convergir se os salários dos trabalha dores qualificados estão subindo e os dos trabalhado res não qualificados estão caindo no país abundante em qualificação o inverso devia acontecer no país abundante em mão de obra Estudos de distribuição de renda nos países em desenvolvimento que se abri ram ao comércio têm mostrado que pelo menos em alguns casos o inverso é verdadeiro No México em particular estudos cuidadosos têm mostrado que a transformação do comércio do país na década de 1980 quando o México abriu se às importações e tornou se um grande exportador de produtos manufatura dos foi acompanhada por aumento de salários para trabalhadores qualificados e crescente desigualdade salarial global bastante próximo dos desenvolvimen tos nos Estados Unidos Terceiro embora o comércio entre os países avan çados e as NIEs tenha crescido rapidamente ainda constitui apenas uma pequena porcentagem do total de gastos nas nações avançadas Como resultado as estimativas do conteúdo de fator desse comér cio a mão de obra qualificada exportada conse quentemente por países avançados incorporados nas exportações de qualificação intensiva e a mão de obra não qualificada consequentemente importada em importações mão de obra intensivas são ainda apenas uma pequena fração das ofertas totais de mão de obra qualificada e não qualificada Isso sugere que esses fluxos de comércio não possam ter tido um impacto muito grande na distribuição de renda O que então é responsável pelo distanciamento crescente entre trabalhadores qualificados e não qua lificados nos Estados Unidos A opinião da maioria é que o vilão não é o comércio mas sim as novas tec nologias de produção que põem uma grande ênfase na qualificação de mão de obra como a introdução generalizada de computadores e outras tecnologias avançadas no ambiente de trabalho Isso é muitas vezes referido como uma complementaridade de qua lificação de tecnologia ou mudança tecnológica vie sada pela qualificação9 Discutiremos as ligações entre esse tipo de mudança tecnológica e a crescente desigualdade de salários no estudo de caso a seguir 8 Entre as informações importantes na discussão sobre o impacto do comércio na distribuição de renda temos Robert Lawrence e Mat thew Slaughter Trade and US Wages Giant Sucking Sound or Small Hiccup Brookings Papers on Economic Activity Microecono mic v 2 p 161226 1993 Jeffrey D Sachs e Howard Shatz Trade and Jobs in US Manufacturing Brookings Papers on Economic Activity v 1 p 184 1994 e Adrian Wood North South Trade Employment and Income Inequality Oxford Oxford University Press 1994 Para uma pesquisa com esse debate e assuntos relacionados consulte o Capítulo 9 em Lawrence Edwards e Robert Z Lawrence Rising Tide Is Growth in Emerging Economies Good for the United States Peterson Institute for International Economics 2013 9 Veja Claudia Goldine Lawrence F Katz The Origins of Technology Skill Complementarity The Quarterly Journal of Economics p 693732 1998 M05KRUGXXXXC05indd 78 12915 606 PM 79 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin Partimos do princípio que a produção de bens de alta tecnologia é intensiva de mão de obra qualificada então a curva HH é deslocada para fora em relação à curva LL No fundo uma curva SS ver figuras 56 e 57 determina a proporção de salário de qualificados não qualificados como uma função crescente do preço relativo dos bens de alta tecnologia em relação às mercadorias de baixa tecnologia No painel a mostramos o caso em que o aumento das trocas comerciais com os países em desenvolvi mento gera um aumento na desigualdade salarial a taxa de salários de qualificados não qualificados nesses países por um aumento no preço relativo dos bens de alta tecnologia O aumento do custo relativo de trabalhadores qualificados induz produtores em ambos os setores a reduzir o número de empregos de trabalhadores qualificados em relação a trabalhado res não qualificados No painel b mostramos o caso em que a mudança tecnológica em ambos os setores gera um aumento na desigualdade salarial Essa mudança de tecnologia é classificada como enviesada pela quali ficação porque desloca para fora a demanda relativa de trabalhadores qualificados em ambos os setores tanto as curvas LL quanto HH se deslocam para fora Também induz maiores ganhos de produtividade no setor de alta tecnologia por sua complementaridade com os trabalhadores qualificados Assim para qual quer preço relativo determinado dos bens de alta tecnologia a mudança de tecnologia é associada com uma maior proporção de salários de qualificados não qualificados a curva de SS se desloca Apesar de a mão de obra qualificada ser relativamente mais cara os produtores em ambos os setores respondem à mudança tecnológica com o aumento do emprego de trabalhadores qualificados em relação a traba Figura 510 Desigualdade de aumento salarial mudança tecnológica enviesada pela habilidade ou pelo comércio As curvas LL e HH mostram a proporção de emprego qualificado não qualificado S U em função da proporção salarial de qualificado não qualificado wS wU nos setores de baixa tecnologia e alta tecnologia O setor de alta tecnologia é mais qualificaçãointensiva que o setor de baixa tecnologia então a curva HH é deslocada para fora em relação à curva LL O painel a mostra o caso onde o aumento das trocas comerciais com os países em desenvolvimento leva a uma maior proporção de salários qualificados não qualificados Os produtores em ambos os setores respondem diminuindo seu emprego relativo para trabalhadores qualificados ambos SL UL e SH UH diminuem O painel b mostra o caso em que a mudança tecnológica enviesada pela habilidade leva a uma maior taxa de salários qualificados não qualificados A curvas LL e HH desviam para fora aumento relativo da demanda por trabalhadores qualificados em ambos os setores Contudo neste caso os produtores em ambos os setores respondem aumentando seu emprego relativo de trabalhadores qualificados ambos SL UL e SH UH aumentam a os efeitos do comércio b efeitos das mudanças tecnológicas viesadas pela habilidade Proporção de salários qualificadosnão qualificados wS wU LL HH wS wU SLUL SHUH Empregos qualificadosnão qualificados S U Empregos qualificadosnão qualificados S U Proporção de salários qualificadosnão qualificados wS wU LL HH wS wU SLUL SHUH M05KRUGXXXXC05indd 79 12915 606 PM 80 Economia internacional lhadores não qualificados Note que a explicação de comércio no painel a prediz uma resposta oposta para o emprego em ambos os setores Podemos agora examinar os méritos relativos das explicações do comércio versus mudança tecnológica enviesada pela qualificação para o aumento da desi gualdade salarial analisando as mudanças na propor ção de empregos qualificados não qualificados dentro de setores nos Estados Unidos Um aumento generali zado nessas relações de emprego para diferentes tipos de setores setores tanto de mão de obra qualificada intensiva quanto de mão de obra não qualificada intensiva na economia dos Estados Unidos aponta para a explicação tecnológica enviesada pela qualifica ção Isso é exatamente o que tem sido observado nos Estados Unidos durante o último meio século Na Figura 511 os setores são separados em qua tro grupos com base na sua intensidade de habilidade As empresas dos EUA não relatam seus empregos em termos de habilidade mas usam uma categorização relacionada de trabalhadores de produção e de não produção Com poucas exceções os cargos de não pro dução exigem níveis mais elevados de instrução e portanto podemos medir a proporção de empregos qualificados não qualificados em um setor como a proporção de emprego não produção para empregos de produção10 Os setores com as mais altas propor ções de empregos de não produção para de produção são classificados como os mais habilidade intensivos Cada quadrante da Figura 511 mostra a evolução dessa proporção de empregos ao longo do tempo para cada grupo de setores a taxa média de emprego em todos os setores do grupo Apesar de existirem gran des diferenças na intensidade de habilidade média entre os grupos podemos ver claramente que as pro porções de emprego estão aumentando ao longo do 10 Em média o salário de um trabalhador de não produção é 60 maior do que o de um trabalhador de produção Figura 511 Evolução das relações de emprego não produção produção nos EUA em quatro grupos de setores Os setores são agrupados com base na sua intensidade de habilidade A proporção de emprego não produçãoprodução aumentou ao longo do tempo em todos os quatro grupos setoriais ano ano ano ano 014 016 018 020 022 024 026 028 1965 1970 1975 1990 1985 1990 1995 2000 2005 1965 1970 1975 1990 1985 1990 1995 2000 2005 1965 1970 1975 1990 1985 1990 1995 2000 2005 1965 1970 1975 1990 1985 1990 1995 2000 2005 02 022 024 026 028 030 032 034 036 03 035 040 045 05 06 07 08 09 10 Emprego de não produçãoprodução Menos habilidadeIntensivo Emprego de não produçãoprodução 2o Menos habilidadeIntensivo Emprego de não produçãoprodução 2o Mais habilidadeIntensivo Emprego de não produçãoprodução Mais habilidadeIntensivo Fonte NBER CES Banco de dados de produtividade de fabricação M05KRUGXXXXC05indd 80 12915 606 PM 81 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin tempo para todos os quatro grupos Esse aumento generalizado na maior parte dos setores da economia dos EUA é uma das principais evidências que apontam a tecnologia como explicação para os aumentos na desigualdade salarial dos Estados Unidos No entanto mesmo que a maioria dos economis tas concorde que ocorreu uma mudança tecnológica viesada pela qualificação uma pesquisa recente reve lou algumas novas maneiras pelas quais o comércio tem sido um contribuinte indireto no aumento asso ciado da desigualdade salarial acelerando esse pro cesso de mudança tecnológica Essas explicações são baseadas no princípio de que as empresas têm uma série de métodos de produção que é influenciada pela abertura ao comércio e ao investimento estrangeiro Por exemplo alguns estudos mostram que as empre sas que começam a exportar também evoluem para tecnologias de produção mais qualificação intensivas A liberalização do comércio então pode gerar mudan ças tecnológicas generalizadas ao induzir uma grande parte das empresas a fazer tais escolhas de atualiza ção da tecnologia Outro exemplo está relacionado com a terceiri zação estrangeira e a liberalização do comércio e do investimento estrangeiro Em particular o Tratado do NAFTA ver Capítulo 2 entre os Estados Unidos Canadá e México tornou substancialmente mais fácil para as empresas moverem diferentes partes de seus processos de produção pesquisa e desenvolvimento produção de componentes montagem comercializa ção etc para diferentes locais na América do Norte Como o salário do trabalhador de produção é subs tancialmente inferior no México as empresas dos EUA têm um incentivo para mudar para o México os processos que usam os trabalhadores de produção mais intensa como a produção de componentes e sua montagem Os processos que dependem mais inten samente dos trabalhadores mais qualificados de não produção como pesquisa desenvolvimento e comer cialização tendem a permanecer nos Estados Unidos ou no Canadá Na perspectiva dos Estados Unidos esse rompimento do processo de produção aumenta a demanda relativa por trabalhadores qualificados e é muito semelhante à mudança tecnológica envie sada pela qualificação Um estudo constatou que esse processo de terceirização dos Estados Unidos para o México pode explicar 21 a 27 do aumento do dese quilíbrio salarial entre trabalhadores de não produção e de produção11 Assim algumas das mudanças tecnológicas envie sadas pela qualificação observadas e seus efeitos sobre a desigualdade de aumento salarial podem ser rastreadas até a maior abertura ao comércio e ao investimento estrangeiro E como já mencionado os aumentos na desigualdade salarial nas econo mias avançadas são uma preocupação genuína No entanto o uso de restrições comerciais visando limi tar as inovações tecnológicas porque essas inova ções favorecem os trabalhadores relativamente mais qualificados é particularmente problemático essas inovações também trazem ganhos agregados subs tanciais junto com os ganhos padrão do comércio que depois podem ser relevados Como consequência os economistas defendem as políticas de longo prazo que facilitam o processo de aquisição de qualificação para todos os trabalhadores de modo que os ganhos com as inovações tecnológicas possam ser dissemina das tão amplamente quanto possível 11 Veja Robert Feenstra e Gordon Hanson The Impact of Outsourcing and High Technology Capital on Wages Estimates for the United States 19791990 Quarterly Journal of Economics v 144 p 907940 ago 1999 equalização dos preços dos fatores Na ausência de comércio a mão de obra ganharia menos em Doméstica do que em Estrangeira e o capi tal seria mais rentável Sem o comércio Doméstica abundante em mão de obra teria um preço relativo inferior de tecido do que Estrangeira abundante em capital e a diferença dos preços relativos das merca dorias implica uma diferença ainda maior dos preços relativos dos fatores Quando Doméstica e Estrangeira fazem comércio os preços relativos das mercadorias convergem Essa convergência por sua vez faz com que haja convergên cia dos preços relativos de capital e mão de obra Assim há claramente uma tendência à equalização dos preços dos fatores Até onde vai essa tendência A resposta surpreendente é que no modelo a ten dência segue indefinidamente O comércio internacio nal leva à completa equalização dos preços dos fatores Embora Doméstica tenha uma proporção maior de mão de obra para o capital do que Estrangeira uma vez que elas fazem comércio entre si a proporção salarial e a taxa de aluguel de capital são as mesmas em ambos os países Para ver isto consulte novamente a Figura 56 que mostra que dados os preços de tecido e alimentos podemos determinar a taxa salarial e a taxa de aluguel sem referência às ofertas de capital e mão de obra Se Doméstica e Estrangeira enfrentam os mesmos preços M05KRUGXXXXC05indd 81 12915 606 PM 82 Economia internacional relativos de tecido e alimentos elas também terão os mesmos preços de fatores Para compreender como ocorre esta equalização temos que perceber que quando Doméstica e Estrangeira fazem comércio uma com a outra está acontecendo algo mais do que uma simples troca de mercadorias De uma maneira indireta os dois países estão na verdade comer cializando fatores de produção Doméstica permite que Estrangeira use um pouco da sua mão de obra abundante não vendendo a mão de obra diretamente mas nego ciando mercadorias produzidas com uma proporção ele vada da mão de obra para o capital trocando por bens produzidos com uma baixa proporção capital mão de obra As mercadorias que Doméstica vende exigem mais mão de obra para serem produzidas do que as que ela recebe em troca ou seja mais mão de obra é incorporada nas exportações de Doméstica do que em suas importa ções Assim Doméstica exporta sua mão de obra incor porada nas exportações de mão de obra intensivas Por outro lado uma vez que as exportações de Estrangeira incorporam mais capital do que suas importações Estran geira está indiretamente exportando seu capital Quando visto dessa forma não é de se estranhar que o comércio leva à equalização dos preços dos fatores dos dois países Embora essa visão de comércio seja simples e atra ente há um grande problema com ela no mundo real os preços dos fatores não são equalizados Por exemplo existe um vastíssimo leque de taxas salariais em todos os países Tabela 51 Embora algumas dessas diferenças possam refletir diferenças na qualidade da mão de obra elas são muito grandes para serem explicadas somente pensando nisso Para entender por que o modelo não nos dá uma previsão precisa precisamos olhar para seus pressupos tos Três pressupostos fundamentais para a previsão da igualização dos preços dos fatores são na realidade cer tamente falsos São as premissas de que 1 as tecnolo gias são as mesmas 2 o livre comércio equaliza os pre ços das mercadorias nos dois países e 3 os dois países produzem ambas as mercadorias 1 A proposição de que o comércio equaliza os preços dos fatores não se sustentará se os países tiverem di ferentes tecnologias de produção Por exemplo um país com tecnologia superior pode ter tanto uma maior taxa salarial e uma maior taxa de aluguel do que um país com menos tecnologia 2 A equalização completa dos preços dos fatores tam bém depende da completa convergência dos preços das mercadorias No mundo real os preços das mer cadorias não são totalmente equalizados pelo comér cio internacional Esta falta de convergência decorre das barreiras naturais como os custos de transporte e barreiras ao comércio como tarifas quotas de im portação e outras restrições 3 Ainda que todos os países usassem as mesmas tec nologias e enfrentassem os mesmos preços de bens a equalização dos preços dos fatores dependeria ainda da suposição de que os países produzissem o mesmo conjunto de bens Assumimos isso quando derivamos as taxas de aluguel e salário dos preços de tecido e ali mentos na Figura 56 No entanto os países podem ser induzidos a se especializar na produção de bens di ferentes Um país com uma proporção muito elevada de mão de obra em relação ao capital pode produzir apenas tecido enquanto um país com uma proporção muito alta de capital em relação à mão de obra pode produzir apenas alimentos Isso implica que a equa lização dos preços dos fatores ocorre somente se os países envolvidos forem suficientemente semelhantes em suas dotações de fatores relativos Uma discussão mais completa sobre este ponto é dada no Apêndice deste capítulo Assim os preços dos fatores não pre cisam ser equalizados entre os países com proporções radicalmente diferentes de capital para mão de obra ou de mão de obra qualificada para a não qualificada Evidências empíricas sobre o modelo de Heckscher Ohlin A essência do modelo de Heckscher Ohlin é que o comércio é impulsionado por diferenças na abundância dos fatores entre os países Vimos como isso leva à previ são natural de que o comércio de mercadorias está subs tituindo o de fatores e portanto o comércio de merca dorias entre os países deveria incorporar essas diferenças de fatores Essa previsão com base no conteúdo de fatores do comércio é muito poderosa e pode ser testada empi ricamente No entanto veremos que o sucesso empírico tabela 51 Taxas salariais comparativas internacionais Estados Unidos 100 País Remuneração horária dos trabalhadores de produção 2011 Estados Unidos 100 Alemanha 133 Japão 101 Espanha 80 Coreia do Sul 53 Brasil 33 México 18 China 4 2008 Fonte Bureau of Labor Statistics Foreign Labor Statistics Home Page M05KRUGXXXXC05indd 82 12915 606 PM 83 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin desse teste rigoroso é muito limitado principalmente pelas mesmas razões que minam a previsão para a equa lização dos preços dos fatores Isso significa que as dife renças na abundância dos fatores não ajudam a explicar os padrões de comércio observados entre os países De modo algum Primeiro vamos mostrar que flexibilizar os pressupostos gerando a equalização dos preços dos fato res melhora muito a capacidade preditiva para o conteú do dos fatores do comércio Segundo vamos olhar dire tamente para o padrão das mercadorias comercializadas entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento e ver como eles se encaixam com as previsões do modelo de Heckscher Ohlin Comércio de mercadorias como um substituto para o comércio de fatores conteúdo dos fatores do comércio Testes em dados dos Estados Unidos Até recentemente e em certa medida até agora os Estados Unidos têm sido um caso especial entre os países Até poucos anos atrás os Estados Unidos eram muito mais ricos do que os outros países e os trabalhadores dos EUA visi velmente trabalhavam com mais capital por pessoa do que seus colegas de outros países Até agora apesar de alguns países da Europa Ocidental e Japão estarem che gando perto os Estados Unidos continuam a ocupar um degrau mais alto na escala de países quando classifi cados pelas proporções capital mão de obra Então seria de se esperar que os Estados Unidos fos sem um exportador de mercadorias capital intensivas e um importador de mercadorias mão de obra intensivas Surpreendentemente no entanto esse não foi o caso nos 25 anos após a Segunda Guerra Mundial Em um famoso estudo publicado em 1953 o economista Wassily Leontief vencedor do Prêmio Nobel em 1973 detectou que as exportações dos EUA eram menos intensivas do que suas importações12 Esse resultado é conhecido como o paradoxo de Leontief 12 Veja Wassily Leontief Domestic Production and Foreign Trade The American Capital Position Re Examined Proceedings of the American Philosophical Society v 7 p 331349 set 1953 A Tabela 52 ilustra o paradoxo de Leontief bem como outras informações sobre os padrões de comércio dos EUA Comparamos os fatores de produção utilizados para produzir um milhão em exportações dos EUA de 1962 com aqueles usados para produzir o mesmo valor de importações dos EUA de 1962 Como mostram as duas primeiras linhas da tabela o paradoxo de Leontief estava ainda presente naquele ano as exportações dos EUA foram produzidas com uma menor proporção capi talmão de obra do que as importações dos EUA Como o resto da tabela mostra no entanto outras comparações entre importações e exportações têm mais sintonia do que se poderia esperar Os Estados Unidos exportaram produ tos que eram mais intensivos em mão de obra qualificada do que suas importações conforme medido pela média de anos de instrução Também mostraram tendência em exportar produtos que eram tecnologia intensivos exigindo mais cientistas e engenheiros por unidade de vendas Essas observações são consistentes com a posi ção dos Estados Unidos como um país altamente qua lificado com uma vantagem comparativa em produtos sofisticados Por que então observamos o paradoxo de Leontief Ele é limitado aos Estados Unidos eou aos tipos de fatores considerados A resposta é não Testes de dados globais Um estudo realizado por Harry P Bowen Edward E Leamer e Leo Sveikauskas13 esten deu as previsões de Leontief para o conteúdo dos fatores do comércio de 27 países e 12 fatores de produção Com base no conteúdo dos fatores das exportações e importa ções do país eles verificaram se um país era um exporta dor líquido de um fator de produção sempre que ele era relativamente abundante nesse fator e por outro lado se o país era um importador líquido dos outros fatores Eles avaliaram a abundância do fator comparando a dotação de um fator no país como uma parcela da oferta mun dial daquele fator com a parcela do país no PIB mun dial Por exemplo os Estados Unidos tinham cerca de 13 Veja Harry P Bowen Edward E Leamer e Leo Sveikauskas Multicountry Multifactor Tests of the Factor Abundance Theory American Economic Review v 77 p 791809 dez1987 tabela 52 Fator conteúdo das exportações e importações dos EUA para 1962 Importações Exportações Capital por milhões de dólares US 2132000 US 1876000 Mão de obra homem ano por US 1 milhão 119 131 Proporção capital mão de obra dólares por trabalhador US 17916 US 14321 Média de anos de educação por trabalhador 99 101 Proporção de engenheiros e cientistas na força de trabalho 00189 00255 fonte Robert Baldwin Determinants of the Commodity Structure of US Trade American Economic Review 61 mar 1971 p 126145 M05KRUGXXXXC05indd 83 12915 606 PM 84 Economia internacional 25 da renda do mundo em 2011 mas apenas cerca de 5 dos trabalhadores do mundo Isso resulta na previsão original de Leontief de que o conteúdo dos fatores do comércio dos EUA deve mostrar importações líquidas de mão de obra Bowen et al registraram em seu estudo o sucessofracasso desse teste sinalizador em 27 países e 12 fatores Eles acabaram com uma taxa de sucesso de ape nas 61 não é muito melhor do que se poderia obter ao jogar aleatoriamente um cara ou coroa Em outras palavras o conteúdo dos fatores do comércio corre na direção oposta à previsão da teoria de proporções dos fatores em 39 dos casos Esses resultados confirmaram que o paradoxo de Leontief não era um caso isolado No entanto esse desempenho negativo empírico talvez não seja surpreen dente dado que representa um teste exigente de uma teo ria que prevê também a equalização dos preços dos fato res que está claramente em desacordo com as evidências empíricas sobre as diferenças salariais entre os diferentes estados do país Como discutimos a suposição de uma tecnologia comum em todos os países desempenha um papel crucial para aceitarmos essa previsão O caso do comércio faltante Outra indicação de gran des diferenças na tecnologia entre os países vem das dis crepâncias entre os volumes de comércio observados e aqueles previstos pelo modelo de Heckscher Ohlin Em um artigo influente Daniel Trefler14 da Universidade de Toronto salientou que o modelo de Heckscher Ohlin também pode ser usado para derivar as previsões para o volume de comércio de um país com base nas diferenças na abundância dos fatores do país em relação ao resto do mundo desde que nesse modelo o comércio de mer cadorias esteja substituindo o comércio de fatores Na verdade o comércio de fatores acaba por ser substancial mente menor do que o modelo de Heckscher Ohlin prevê Uma grande parte da razão para essa disparidade vem de uma falsa previsão das trocas de mão de obra em larga escala entre nações ricas e pobres Considere o nosso exemplo para os Estados Unidos em 2011 com 25 da renda mundial mas apenas 5 dos trabalhado res do mundo Nossa teoria simples das proporções dos fatores deve prever não apenas que o comércio ameri cano deve incorporar as importações líquidas de mão de obra mas que o volume desses serviços de mão de obra importados deve ser enorme porque eles precisam dar conta da pouca abundância de mão de obra dos Estados Unidos em relação ao restante do mundo Na verdade o volume do conteúdo dos fatores do comércio entre 14 Daniel Trefler The Case of the Missing Trade and Other Myste ries American Economic Review v 85 p 10291046 dez 1995 os países abundantes em mão de obra e capital é várias ordens de magnitude menor do que o volume previsto pela teoria das proporções de fatores baseada nas dife renças observadas na abundância dos fatores nos dife rentes países Trefler mostrou que ao permitir as diferenças de tec nologia entre os países isso ajudou a resolver o sucesso preditivo do teste sinalizador para a direção do conteú do dos fatores do comércio bem como o comércio fal tante embora houvesse ainda muita falta de comércio excedente A maneira como essa resolução funciona é mais ou menos como se segue se os trabalhadores nos Estados Unidos são muito mais eficientes do que a média mundial então a oferta de mão de obra eficaz nos Estados Unidos é correspondentemente maior e portanto o volume esperado de serviços de mão de obra importados para os Estados Unidos é correspondente mente menor Se fizermos o trabalho de pressupor que as diferen ças tecnológicas entre os países assumem uma forma multiplicativa simples isto é um determinado con junto de entradas em qualquer país produz um múltiplo ou fração da produção nos Estados Unidos é possível usar dados sobre o comércio de fatores para estimar a eficiência relativa da produção em diferentes países A Tabela 53 mostra as estimativas de Trefler para uma amostra de países a constante multiplicativa em relação aos Estados Unidos Elas sugerem que as diferenças tecnológicas sejam na verdade muito grandes Um melhor ajuste empírico para o conteúdo dos fatores do comércio Posteriormente um importante estudo de Donald Davis e David Weinstein da Universidade de Columbia mostrou que se flexibilizarmos essa suposi ção sobre tecnologias comuns junto com os dois pres supostos restantes subjacentes à equalização dos preços dos fatores os países produzem o mesmo conjunto de mercadorias e o comércio sem custos equaliza os pre ços das mercadorias então as previsões para a direção e o volume do conteúdo dos fatores do comércio se ali nham substancialmente melhor com as evidências empí tabela 53 Estimativa da eficiência tecnológica 1983 Estados Unidos 1 País Bangladesh 003 Tailândia 017 Hong Kong 040 Japão 070 Alemanha Ocidental 078 fonte Daniel Trefler The Case of the Missing Trade and Other Mysteries American Economic Review v 85 p 10291046 dez 1995 M05KRUGXXXXC05indd 84 12915 606 PM 85 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin ricas em última análise gerando um bom ajuste A Tabela 54 mostra a melhoria no ajuste empírico medido tanto pelo sucesso preditivo para o teste de sinalização a direção do conteúdo dos fatores de comércio quanto pela proporção de comércio faltante a proporção entre o volume real de comércio de conteúdo de fator para o volume previsto se um então não há nenhum comér cio faltante conforme a proporção diminui abaixo de um uma proporção crescente de comércio previsto está faltando Para esse estudo os dados necessários que incluíram informações detalhadas sobre as tecnologias utilizadas por cada país estavam disponíveis apenas para dois fatores mão de obra e capital e 10 países Na coluna da Tabela 54 todas as três suposições por trás da igualação do preço dos fatores são impostas mesmas tecnologias nos países os países produzem o mesmo conjunto de mercadorias e o comércio sem custo iguala os preços das mercadorias Esse teste é bem simi lar ao feito por Bowen et al embora o sucesso preditivo para o teste de sinal seja substancialmente pior 32 de sucesso versus 61 relatado por Bowen et al Isso acontece por causa da amostra diferente de países e fato res considerados e procedimentos de limpeza de dados baseados em informações recém disponíveis em técnicas de produção Também vemos a extensão do comércio faltante virtualmente todo o volume predito do fator de comércio está faltando Esses resultados confirmam mais uma vez que o rigoroso teste para o modelo de Heckscher Ohlin funciona muito mal Os resultados na segunda coluna foram obtidos uma vez que a suposição de tecnologias comuns foi deixada de lado como no estudo de Trefler Existe uma melhora substancial em ambos os testes empíricos embora o sucesso preditivo geral deles ainda esteja muito fraco Na terceira coluna as suposições de que os países produzem o mesmo conjunto de mercadorias também foi deixada de lado Vemos como isso induz uma melhora massiva para o sucesso preditivo do teste de sinal para a direção do conteúdo dos fatores de comércio até 86 de sucesso A extensão do comércio faltante também é imensamente reduzida entretanto o volume de comércio observado ainda representa somente 19 do comércio previsto Na quarta e última coluna a suposição de igualação do preço de mercadorias por meio do comércio sem custo também é deixada de lado O sucesso preditivo para a direção do comércio aumenta até 91 Neste ponto podemos dizer que o paradoxo de Leontief é relegado como uma anomolia estatística A quarta coluna também mostra uma enorme melhora na extensão do comércio faltante o comércio faltante representa agora 69 do comércio previsto No geral a Tabela 54 ressalta grandes diferenças no sucesso preditivo da teoria dos fatores de produção para a direção e volume do conteúdo dos fatores de comércio De um lado coluna um encontramos prati camente nenhum apoio para as previsões do modelo de Heckscher Ohlin Entretanto também vemos como essa falha é conduzida por suposições particulares incor poradas ao nosso modelo puro de Heckscher Ohlin Quando essas suposições são deixadas de lado podemos reformular um modelo de comércio baseado nas dife renças em proporções de fatores que se encaixam muito bem no padrão observado de conteúdo dos fatores de comércio coluna quatro Padrões de exportações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento Outra forma de vermos como as diferenças nas pro porções dos fatores moldam padrões de comércio empí ricos é destacar as exportações de nações com mão de obra abundante e com qualificação escassa no mundo em desenvolvimento com as exportações de nações com qua lificação em abundância e com mão de obra escassa Em nosso modelo teórico 2 2 2 2 mercadorias 2 paí ses 2 fatores obtivemos o teorema de Heckscher Ohlin mostrando que o país abundante em um fator exporta o bem cuja produção é intensiva naquele fator Um traba lho de John Romalis na Universidade de Sydney15 mostrou 15 John Romalis Factor Proportions and the Structure of Commodity Trade American Economic Review v 94 p 6797 mar 2004 tabela 54 Um ajuste empírico melhor para o conteúdo do fator do comércio Pressupostos eliminados Nenhum Eliminação 1 Eliminação 12 Eliminação 13 Sucesso preditivo teste do sinal 032 050 086 091 Falta de comércio observadoprevisto 00005 0008 019 069 Pressupostos 1 tecnologias comuns em todos os países 2 os países produzem o mesmo conjunto de mercadorias e 3 comércio sem custos iguala os preços das mercadorias fonte Don R Davis and David Weinstein An Account of Global Factor Trade American Economic Review p 14231453 2001 M05KRUGXXXXC05indd 85 12915 606 PM 86 Economia internacional que essa previsão para o padrão de exportações pode ser estendida para múltiplos países produzindo múlti plas mercadorias enquanto a abundância em qualifica ção de um país aumenta suas exportações são cada vez mais concentradas em setores com maior intensidade de qualificação Vemos agora como essa previsão sustenta se quando comparamos as exportações de países em extre midades opostas do espectro de abundância de qualifica ção bem como quando comparamos como as exporta ções mudam quando um país tal como a China cresce e torna se relativamente mais abundante em qualificação A Figura 512 contrasta as exportações de três países em desenvolvimento Bangladesh Camboja e Haiti na extremidade inferior do espectro de abundância de qua lificação com as três maiores economias europeias Ale manha França e Reino Unido na extremidade superior do espectro de abundância de qualificação As exporta ções dos países por setor para os Estados Unidos são particionadas em quatro grupos em ordem crescente de intensidade de qualificação Esses são os mesmos quatro grupos de setores utilizados na Figura 51116 A Figura 512 mostra com clareza como as exportações dos três países em desenvolvimento para os Estados Unidos estão esmagadoramente concentradas em setores com a menor intensidade de qualificação Suas exportações em setores de alta intensidade de qualificação são virtual mente zero O contraste com o padrão de exportação para os três países europeus é aparente as exportações para os Estados Unidos para aqueles países abundan tes em qualificação são concentradas em setores com maior intensidade de qualificação Mudanças ao longo do tempo também seguem as previsões do modelo de Heckscher Ohlin Considere a experiência da China durante as últimas três décadas em que o alto crescimento especialmente na última década e meia tem sido associado com aumentos subs tanciais em abundância de qualificação A Figura 513 mostra como o padrão de exportações chinesas para os Estados Unidos por setor mudou ao longo do tempo As exportações são particionadas nos mesmos quatro grupos da Figura 512 classificados pela intensidade em qualificação do setor Vemos com clareza como o padrão de exportações chinesas mudou fundamental mente como previsto pela mudança chinesa em pro porções de fatores a concentração das exportações em setores de alta qualificação aumenta de forma constante ao longo do tempo Nos anos mais recentes vimos como a maior parte das exportações é realizada nos setores de Figura 512 Padrões de exportação para alguns países desenvolvidos e em desenvolvimento 20082012 2o Mínimo 2o Máximo Máximo Mínimo Haiti França Alemanha Reino Unido Camboja Países em desenvolvimento Países desenvolvidos Grupo de intensidade de habilidade do setor Bangladesh 0 2 4 6 Parcela das importações dos EUA por setor 8 1 fonte Testes em dados dos Estados Unidos Manufacturing Productivity Database US Census Bureau e Peter K Schott The Relative Sophistication of Chinese Exports Economic Policy 2008 p 549 16 Conforme discutido anteriormente a intensidade de habilidade de um setor é medida pela proporção dos trabalhadores de não produção para os de produção nesse setor M05KRUGXXXXC05indd 86 12915 606 PM 87 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin maior intensidade em qualificação considerando que as exportações eram concentradas nos setores de menor intensidade de qualificação nos primeiros anos17 implicações dos testes Não observamos a igualação do preço dos fatores em todos os países Quando testamos a versão pura do modelo de Heckscher Ohlin que sustenta todas as suposições por trás da igualação de preço dos fatores descobrimos que o conteúdo do fator de comércio de um país possui pouca semelhança com as previsões teó ricas basea das na abundância de fatores do país Entre tanto uma versão menos restritiva do modelo de pro porções de fatores encaixa se nos padrões previstos para o conteúdo dos fatores de comércio O padrão das mer cadorias comercializadas entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento também se encaixa muito bem nas previsões do modelo Por fim o modelo de Heckscher Ohlin permanece vital para enterdemos os efeitos do comércio especial mente na distribuição de renda De fato o crescimento do comércio Norte Sul em mercadorias manufaturadas um comércio no qual o fator de intensidade das importações do Norte é muito diferente do de suas exportações trouxe a abordagem das proporções dos fatores para o centro de debates práticos sobre política de comércio internacional Figura 513 Alteração do padrão das exportações chinesas ao longo do tempo 2o Mínimo 2o Máximo Máximo Mínimo 198387 0 2 Parcela das importações dos EUA por setor 4 6 198892 199397 199802 200307 200812 Grupo de intensidade de habilidade do setor fonte Testes em dados dos Estados Unidos Manufacturing Productivity Database US Census Bureau e Peter K Schott The Relative Sophistication of Chinese Exports Economic Policy 2008 p 549 17 Comparando as fi guras 512 e 513 últimos anos vemos que o padrão das exportações chinesas para os EUA não é ainda tão concentrado em setores de alta intensidade habilidade como as três economias europeias No entanto as exportações chinesas ainda estão notavelmente concentradas em setores altamente especializados considerando o atual PIB da China per capita Veja Peter K Schott The Relative Sophis tication of Chinese Exports Economic Policy p 549 2008 resuMo 2 Enquanto um país produz ambas as mercadorias há uma proporção um para um entre os preços relativos das merca dorias e os preços relativos dos fatores usados para produzi las Um aumento no preço relativo da mão de obra intensi va de uma mercadoria mudará extremamente a distribuição de renda em favor da mão de obra o salário real da mão de obra subirá em termos de ambas as mercadorias enquanto 1 Para entender o papel dos recursos no comércio desenvol vemos um modelo em que dois bens são produzidos usan do dois fatores de produção Os dois bens diferem em sua intensidade de fatores ou seja em qualquer proporção de terminada de salário aluguel a produção de uma das mer cadorias utilizará uma proporção maior de capital para mão de obra do que a produção da outra M05KRUGXXXXC05indd 87 12915 606 PM 88 Economia internacional a renda real dos proprietários de capital cairá em termos de ambas as mercadorias 3 Um aumento da oferta de um fator de produção expande as possibilidades de produção mas de uma forma bastante tendenciosa em preços relativos de mercadorias inaltera dos a produção da mercadoria intensiva naquele fator au menta enquanto a produção da outra mercadoria cai 4 Um país com grande oferta de um recurso em relação à ofer ta de outros é abundante naquele recurso Um país tenderá a produzir relativamente mais mercadorias que usam inten samente seus recursos abundantes O resultado é a teoria de Heckscher Ohlin básica do comércio os países tendem a exportar mercadorias que são intensivas nos fatores com os quais eles são fornecidos abundantemente 5 Como as alterações dos preços relativos das mercadorias têm efeitos muito fortes sobre o lucro relativo dos recur sos e como o comércio altera os preços relativos o comér cio internacional tem fortes efeitos de distribuição de ren da Os proprietários de fatores abundantes do país ganham com o comércio mas os proprietários de fatores escassos do país perdem Em teoria no entanto ainda existem os ganhos do comércio no sentido limitado de que os ganha dores poderiam compensar os perdedores e todo mundo estaria melhor 6 A crescente integração comercial entre países desenvolvidos e em desenvolvimento conseguiria potencialmente explicar a crescente desigualdade de salários nos países desenvol vidos No entanto poucas evidências empíricas suportam essa relação direta Pelo contrário as evidências empíricas sugerem que as mudanças tecnológicas recompensando a habilidade do trabalhador têm desempenhado um papel muito maior na condução da desigualdade salarial 7 Em um modelo idealizado o comércio internacional poderia realmente levar à equalização dos preços dos fatores como a mão de obra e o capital entre os países Na realidade a completa equalização dos fatores preços não é observada em virtude de grandes diferenças de recursos barreiras ao comércio e diferenças internacionais em tecnologia 8 As evidências empíricas são heterogêneas sobre o modelo de Heckscher Ohlin Contudo uma versão menos restritiva do modelo se encaixa muito bem nos padrões previstos para o conteúdo dos fatores do comércio Além disso o modelo de Heckscher Ohlin faz um bom trabalho ao prever o padrão de comércio entre países desenvolvidos e em desenvolvimento terMos chave probleMas intensidade dos fatores p 77 mudança tecnológica enviesada pela habilidade p 79 paradoxo de Leontief p 83 preços dos fatores p 71 teoria das proporções dos fatores p 67 teoria de Heckscher Ohlin p 67 d Agora considere que a oferta da economia de máquina horas aumenta de 3000 para 4000 Derive a nova frontei ra de possibilidade de produção e Quanto tecido e alimentos a economia produzirá após esse aumento em sua oferta de capital f Descreva como a alocação de máquina horas e trabalho horas entre os setores de tecido e alimentos muda Essas alterações estão em conformidade com as alterações des critas para o caso de substituição dos fatores 2 Nos Estados Unidos onde a terra é barata a proporção de terra para mão de obra utilizada na pecuária é maior do que a terra usada no cultivo de trigo Mas em países mais povoa dos onde a terra é cara e a mão de obra é barata é comum criar vacas usando menos terra e mais mão de obra do que os americanos usam para plantar trigo Podemos ainda di zer que criar gado é terra intensivo em comparação com o cultivo de trigo Por que sim ou por que não abundância relativa dos fatores p 67 conteúdo de fatores do comércio p 82 equalização dos preços dos fatores p 81 expansão tendenciosa das possibilidades de produção p 74 fator abundante p 76 fator escasso p 76 1 Volte para o exemplo numérico sem substituição dos fato res que resulta na fronteira de possibilidade de produção na Figura 51 a Qual é o intervalo para o preço relativo do tecido para que a economia produza tanto tecido quanto alimentos Que mercadoria é produzida se o preço relativo estiver fora desse intervalo Para as partes b até f considere que a variação do preço é tal que ambas as mercadorias são produzidas b Escreva o custo unitário de produção de uma jarda de teci do e uma caloria de alimento como uma função do preço de uma máquina hora r e um trabalho hora w Em um merca do competitivo esses custos serão iguais aos preços de teci do e de alimentos Resolva para os preços dos fatores r e w c O que acontece com esses preços de fatores quando se eleva o preço do tecido Quem ganha e quem perde com essa alteração no preço do tecido Por quê Essas altera ções estão em conformidade com as alterações descritas para o caso de substituição dos fatores M05KRUGXXXXC05indd 88 12915 606 PM 89 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin 3 Os países mais pobres do mundo não conseguem encon trar nada para exportar Não há nenhum recurso que seja abundante certamente não capital ou terra e em peque nas nações pobres nem a mão de obra é abundante Discu ta essa afirmação 4 O movimento da mão de obra nos Estados Unidos que representa principalmente trabalhadores operacionais em vez de profissionais e trabalhadores altamente instruídos tradicionalmente favoreceu as limitações às importações provenientes de países menos ricos Essa é uma política mío pe ou racional tendo em conta os interesses dos mem bros dos sindicatos Como a resposta depende do modelo de comércio 5 Recentemente programadores de computador em países em desenvolvimento como a Índia começaram a fazer o trabalho antes feito nos Estados Unidos Essa mudança causou sem dúvida cortes de salário substanciais para al guns programadores nos Estados Unidos Responda às duas perguntas seguintes como isso é possível uma vez que os salários dos trabalhadores qualificados estão subindo nos Estados Unidos como um todo Que argumento os econo mistas comerciais usariam contra esses cortes de salários como uma razão para bloquear a terceirização da progra mação de computadores 6 Explique por que o paradoxo de Leontief e os resultados mais recentes de Bowen Leamer e Sveikauskas relatados no texto contradizem a teoria das proporções dos fatores 7 Na discussão dos resultados empíricos sobre o modelo de Heckscher Ohlin observamos que trabalhos recentes suge rem que a eficiência dos fatores de produção parece diferir internacionalmente Explique como isso afetaria o conceito da igualação dos fatores preços leituras adicionais JONES R W The Structure of Simple General Equilibrium Models Journal of Political Economy v 73 p 557572 dez 1965 Uma refor mulação do modelo de Heckscher Ohlin Samuelson em termos de álgebra elegante JONES R W NEARY J P The Positive Theory of International Trade In JONES R W KENEN P B Eds Handbook of International Economics v 1 Amsterdam North Holland 1984 Um levantamento atualizado de muitas teorias de comércio incluindo a teoria das proporções dos fatores OHLIN B Interregional and International Trade Cambridge Harvard University Press 1933 O livro original de Ohlin apresentando a visão das proporções do fator do comércio continua sendo interessante sua rica e complexa exibição do comércio contrasta com os modelos matemáticos mais rigorosos e simplificados que se seguiram REENEN J Van Wage Inequality Technology and Trade 21st Century Evidence Labour Economics p 30741 dez 2011 Uma pesquisa recente discutindo como o comércio e as novas tecnologias estão ligadas a um aumento da desigualdade de salários nos Estados Uni dos e no Reino Unido ROMALIS J Factor Proportions and the Structure of Commodity Trade The American Economic Review v 94 p 6797 mar 2004 Um artigo que mostra uma versão modificada do modelo de Heckscher Ohlin que tem muito poder explicativo SAMUELSON P International Trade and the Equalisation of Factor Pri ces Economic Journal v 58 p 163184 1948 e International Factor Price Equalisation Once Again Economic Journal v 59 p 181196 1949 O mais influente formalizador das ideias de Ohlin é Paul Samuelson cujos dois artigos do Economic Journal sobre o assunto são clássicos DAVIS D R WEINSTEIN D E An Account of Global Factor Trade Ame rican Economic Review v 91 p 14231453 dez 2001 Esse texto con firma os resultados de estudos anteriores de que o desempenho empírico de um modelo de Heckscher Ohlin puro é muito pobre Em seguida mostra como o sucesso empírico de uma versão modifi cada do modelo é muito melhor DEARDORFF A Testing Trade Theories and Predicting Trade Flows In JONES R W KENEN P B Eds Handbook of International Economics v 1 Amsterdam North Holland 1984 Uma pesquisa de evidências empíricas em teorias de comércio especialmente a teoria das pro porções dos fatores EDWARDS L LAWRENCE R Z Rising Tide Is Growth in Emerging Eco nomies Good for the United States Peterson Institute for Interna tional Economics 2013 Um novo livro que discute o impacto para os Estados Unidos da maior integração com os países de rápido cresci mento no mundo em desenvolvimento HANSON G HARRISON A Trade and Wage Inequality in Mexico Industrial and Labor Relations Review v 52 p 271288 1999 Um estudo cuidadoso dos efeitos do comércio sobre as desigualdades de renda no nosso vizinho mais próximo mostrando que os pre ços dos fatores se moveram na direção oposta da qual podería mos esperar de um modelo simples de proporções de fatores Os autores também propõem hipóteses sobre por que isso pode ter acontecido JONES R W Factor Proportions and the Heckscher Ohlin Theorem Review of Economic Studies v 24 p 1 10 1956 Estende se a análise de Samuelson de 19481949 citada adiante que enfoca principal mente a proporção entre comércio e distribuição de renda em um modelo geral de comércio internacional M05KRUGXXXXC05indd 89 12915 606 PM preços dos fatores preços de mercadorias e decisões de produção APÊNDICE DO CAPÍTULO 5 No corpo principal deste capítulo fizemos três afir mações que são verdadeiras mas não cuidadosamente derivadas Primeiro foi a afirmação ilustrada na Figura 55 de que a proporção de mão de obra e capital investida em cada indústria depende da proporção salário aluguel w r Segundo a afirmação ilustrada na Figura 56 de que existe uma proporção um para um entre os preços relativos das mercadorias PT PA e a proporção salário aluguel Terceiro foi a afirmação de que um aumento na oferta de mão de obra de um país a um determinado preço relativo de mercadorias PT PA levará aos movi mentos de mão de obra e capital do setor de alimentos para o de tecidos setor de mão de obra intensiva Este apêndice demonstra brevemente essas três proposições escolha da técnica A Figura 5A1 ilustra novamente o trade off entre a mão de obra e a entrada de capital na produção de uma unidade de alimentos a unidade isoquanta para a pro dução de alimentos mostrada na curva II Também no entanto ilustra uma série de linhas de isocusto combina ções de entrada de capital e de mão de obra que custam o mesmo montante Uma linha de isocusto pode ser construída da seguinte forma o custo de aquisição de uma determi nada quantidade de mão de obra L é wL o custo de alugar uma determinada quantidade de capital K é rK Então se formos capazes de produzir uma unidade de alimentos usando unidades de mão de obra e de capital o custo total de produção dessa unidade c é c wa ra LA KA Uma linha que mostra todas as combinações de aLA e aKA com o mesmo custo tem a equação a c r w r a KA LA Ou seja é uma linha reta com uma inclinação de w r A figura mostra um conjunto de tais linhas cada uma correspondendo a um nível diferente de custos linhas mais distantes da origem indicam custos totais mais elevados Um produtor vai escolher o menor custo possível tendo em conta a compensação tecnológica delineada pela curva II Aqui isso ocorre no ponto 1 onde II é tangente à linha de isocusto e a inclinação de II é igual a w r Se esses resultados parecem uma remi niscência da proposição na Figura 45 que a economia produz em um ponto na fronteira de possibilidade de produção cuja inclinação é igual a menos PT PA você está certo o mesmo princípio está envolvido Agora compare a escolha da proporção mão de obra capital para duas relações de fator preço diferentes Na Figura 5A2 mostramos as opções de entrada dadas a um baixo preço relativo da mão de obra w r1 e um alto preço relativo da mão de obra w r2 No primeiro caso a escolha de entrada está em 1 Neste segundo caso em 2 Ou seja o preço relativo maior da mão de obra leva à escolha de uma menor proporção de mão de obra capital como considerado na Figura 55 Preços de mercadorias e preços dos fatores Voltamo nos agora para a proporção entre os pre ços de mercadorias e preços dos fatores Existem várias maneiras equivalentes de abordar esse problema aqui Unidades de capital usado para produzir uma caloria de alimento aKA 1 II Unidades de mão de obra usada para produzir uma caloria de alimento aLA Linhas de isocusto Para minimizar custos um produtor deve chegar à linha de isocusto menor possível Isso significa escolher o ponto sobre a unidade isoquanta curva II onde a inclinação é igual a menos a proporção de salário aluguel w r Figura 5a1 Escolhendo a proporção capital mão de obra ideal M05KRUGXXXXC05indd 90 12915 606 PM 91 Capítulo 5 Recursos e comércio o modelo de HeckscherOhlin seguimos a análise introduzida por Abba Lerner na década de 1930 A Figura 5A3 mostra as entradas de capital e mão de obra na produção de alimentos e tecido Nas figuras anteriores mostramos as entradas necessárias para produzir uma unidade de uma mercadoria Nesta figura no entanto mostramos as entradas necessárias para produzir o valor de um dólar de cada mercadoria Na verdade qualquer quantidade de dólar vai servir desde que seja a mesma para ambas as mercadorias Assim a isoquanta para tecido TT mostra as combi nações possíveis de entrada para a produção de 1 PT unidades de tecido A isoquanta para alimentos AA mostra as combinações possíveis para a produção de 1 PA unidades de alimentos Observe que como dese nhado a produção de tecido é mão de obra intensiva e a produção de alimentos é capital intensiva para qualquer w r dado a produção de tecido sempre usará uma proporção maior de mão de obra capital do que a produção de alimentos Se a economia produz duas mercadorias então deve ser o caso em que o custo de produzir o valor de um dólar de cada mercadoria seja de fato um dólar Os dois custos de produção vão ser iguais um ao outro apenas se os pontos de custo mínimo de produção para as duas mercadorias situarem se na mesma linha de isocusto Assim a inclinação da linha mostrada que é apenas tangente a ambas as isoquantas deve ser igual menos a proporção de salário aluguel w r Por fim agora considere os efeitos de um aumento dos preços do tecido sobre a proporção salário aluguel Se o preço do tecido sobe é necessário produzir menos jardas de tecido para poder ter um dólar Assim a iso quanta correspondente ao valor de um dólar de tecido volta se para dentro Na Figura 5A4 a isoquanta origi nal é mostrada como TT 1 e a nova isoquanta como TT 2 Mais uma vez devemos desenhar uma linha tan gente às duas isoquantas a inclinação da linha é menos a proporção salário aluguel Fica imediatamente claro pela maior inclinação da linha de isocusto inclinação w r2 que a nova w r é maior do que a anterior um preço relativo maior de tecido implica uma proporção maior de salário aluguel mais sobre os recursos e produção Vamos agora examinar mais rigorosamente como uma mudança nos recursos mantendo os preços dos tecidos e alimentos constantes afeta a alocação des ses fatores de produção em setores e como isso afeta as respostas de produção O emprego agregado de mão de obra para capital L K pode ser escrito como uma Unidades de capital usado para produzir uma caloria de alimentos aKA 1 II Unidades de mão de obra usada para produzir uma caloria de alimentos aLA 2 inclinação wr 2 inclinação wr 1 Um aumento de w r desloca a escolha de entrada de menor custo do ponto 1 para o ponto 2 ou seja leva à escolha de uma menor proporção de mão de obra capital Figura 5a2 Mudando a proporção de salário aluguel AA Entrada de mão de obra Inclinação wr Influxo de capital TT As duas isoquantas TT e AA mostram as entradas necessárias para produzir o valor de um dólar de tecido e de alimentos respectivamente Uma vez que o preço deve ser igual ao custo de produção as entradas em cada mercadoria devem também custar um dólar Isso significa que a proporção de salário aluguel deve ser igual a menos a inclinação da linha tangente a ambas as isoquantas Figura 5a3 Determinando a proporção de salário aluguel M05KRUGXXXXC05indd 91 12915 606 PM 92 Economia internacional média ponderada da mão de obra capital empregada no setor de tecidos LT KT e no setor de alimentos LA KA L K K K L K K K L K T T T A A A 5A1 Observe que os pesos nesta média KT K e KA K somam 1 e são as proporções do capital empregado nos setores de tecido e alimentos Já vimos que um determi nado preço relativo do tecido está associado com uma determinada proporção salário aluguel desde que a economia produza tanto tecido quanto alimentos que por sua vez está associada com níveis dados de emprego da mão de obra capital em ambos os setores LT KT e LA KA Agora considere os efeitos de um aumento na oferta de mão de obra L na economia em um determi nado preço relativo de tecido L K aumenta enquanto ambos LT KT e LA KA permanecem constantes Para a Equação 5A1 se manter o peso sobre a maior pro porção mão de obra capital LT KT deve aumentar Isso implica um aumento do peso de KT K e uma diminui ção correspondente do peso de KA K Assim o capital se move do setor de alimentos para o setor de tecidos uma vez que a oferta de capital total K permanece constante neste exemplo Além disso como LA KA permanece constante a diminuição de KA também deve ser asso ciada com uma diminuição no emprego de mão de obra LA no setor de alimentos Isso mostra que o aumento da oferta de mão de obra em um determinado preço relativo de tecido deve ser associado com os movimen tos de ambos mão de obra e capital do setor de alimen tos para o setor de tecidos A expansão da fronteira de possibilidade de produção da economia é tão inclinada em direção ao tecido que a um preço relativo cons tante de tecido a economia produz menos alimentos Conforme a oferta de mão de obra da economia aumenta a economia concentra cada vez mais dos dois fatores no setor de tecido de mão de obra intensivo Se for adicionada mão de obra suficiente a economia se especializa na produção de tecido e já não produz mais alimentos Nesse ponto a proporção um para um entre o preço relativo das mercadorias PT PA e a pro porção salário aluguel w r é rompida novos aumentos da oferta de mão de obra L são então associados com a diminuição da proporção salário aluguel ao longo da curva TT na Figura 57 Um processo similar poderia ocorrer se a oferta de capital da economia aumentasse novamente mantendo fixo o preço relativo das mercadorias PT PA Enquanto a economia produz tanto tecido quanto alimentos a eco nomia responde ao aumento da oferta de capital concen trando a produção no setor de alimentos que é capital intensivo mão de obra e capital movem se para o setor de alimentos A economia experimenta crescimento que é fortemente inclinado para alimentos A certa altura a economia se especializa totalmente no setor de alimentos e o relacionamento um para um entre o preço relativo de mercadorias PT PA e a proporção do salário aluguel w r é rompida mais uma vez Novos aumentos na oferta de capi tal K são então associados com o aumento da proporção salário aluguel ao longo da curva AA na Figura 57 AA Entrada de mão de obra Inclinação wr 2 Influxo de capital TT 2 TT 1 Inclinação wr 1 Se o preço do tecido sobe uma produção menor agora vale um dólar Então TT 1 é substituído por TT 2 A proporção de salário aluguel implícita portanto deve subir de w r1 para w r2 Figura 5a4 Um aumento no preço dos tecidos M05KRUGXXXXC05indd 92 12915 606 PM Título da parte PARTE 1 modelo padrão de comércio CAPÍTULO 6 Os capítulos anteriores desenvolveram inúmeros modelos diferentes de comércio interna cional cada um deles faz diferentes suposições sobre os determinantes das possibilidades de produção Para mostrar pontos importantes cada um desses modelos deixa de fora aspectos da realidade que os outros realçam Esses modelos são O modelo ricardiano As possibilidades de produção são determinadas pela alocação de um único recurso mão de obra entre setores Este modelo transmite a ideia essencial da vantagem comparativa mas não nos permite falar sobre a distribuição de renda O modelo de fatores específicos Este modelo inclui múltiplos fatores de produção mas alguns são específicos dos setores nos quais são utilizados O modelo também apresenta as consequências em curto prazo do comércio na distribuição renda O modelo de Heckscher Ohlin Os múltiplos fatores de produção neste modelo podem mover se através de setores As diferenças em recursos a disponibilidade desses fatores em nível de país guiam os padrões de comércio O modelo também apresenta as consequências em longo prazo do comércio na distribuição de renda Quando analisamos os problemas reais queremos basear nossa compreensão em uma mescla desses modelos Por exemplo nas últimas duas décadas uma das mudanças centrais no comércio mundial foi o rápido crescimento nas exportações de economias recentemente industrializadas Esses países vivenciaram rápido crescimento de produtividade para discutir as implicações desse crescimento de produtividade podemos querer aplicar o modelo ricardiano do Capítulo 3 O padrão variável do comércio tem efeitos diferenciais em grupos diversos nos Estados Unidos para entender os efeitos do aumento no comércio na distribuição de renda nos EUA podemos querer aplicar os fatores específicos para os efeitos de curto prazo ou os mode los de Heckscher Ohlin para os efeitos de longo prazo dos capítulos 4 e 5 Apesar das diferenças em seus detalhes nossos modelos compartilham uma série de características 1 A capacidade produtiva de uma economia pode ser resumida por sua fronteira de possi bilidade de produção e as diferenças nessas fronteiras dão origem ao comércio 2 As possibilidades de produção determinam o planejamento de oferta relativa de um país 3 O equilíbrio do mundo é determinado pela demanda relativa do mundo e um planejamento de oferta mundial relativa que se situa entre os planejamentos nacionais de oferta relativa Por causa dessas características em comum os modelos que estudamos podem ser vistos como casos especiais de um modelo mais geral de economia comercial mundial Existem muitas questões importantes em economia internacional cujas análises podem ser conduzidas nas con dições desse modelo geral com os detalhes dependendo somente de qual modelo especial você escolher Essas questões incluem os efeitos das mudanças na oferta mundial resultantes de um crescimento econômico e mudanças simultâneas na oferta e demanda resultantes das tarifas aduaneiras e subsídios à exportação Este capítulo realça esses entendimentos da teoria do comércio internacional que não depen dem fortemente dos detalhes da economia de oferta Nós desenvolvemos um modelo padrão de uma economia de negociação mundial do qual os modelos dos capítulos 3 e 5 podem ser consi derados casos especiais e usamos esse modelo para perguntar como uma variedade de mudanças em parâmetros subjacentes afetam a economia mundial M06KRUGXXXXC06indd 93 12915 606 PM 94 Economia internacional Um modelo padrão de uma economia comercial O modelo padrão de comércio é construído sob quatro relações chave 1 a relação entre a fronteira de possibi lidade de produção e a curva de oferta relativa 2 a relação entre preços relativos e demanda relativa 3 a determina ção do equilíbrio do mundo pela oferta mundial relativa e a demanda mundial relativa e 4 o efeito dos termos de comércio o preço da exportação de um país dividido pelo preço de suas importações no bem estar de uma nação Possibilidades de produção e oferta relativa Para os propósitos do nosso modelo padrão assumimos que cada país produz dois bens alimento A e tecido T e que a fronteira de possibilidade de produção de cada país é uma curva suave como a que está ilustrada por TT na Figura 611 O ponto em sua fronteira de possibilidade de produ ção no qual uma economia efetivamente produz depende do preço do tecido em relação ao do alimento PT PA Em dados preços de mercado uma economia de mercado escolherá níveis de produção que maximizem o valor de saída PTQT PAQA onde QT é quantidade de tecido pro duzido e QA é a quantidade de alimento produzido Podemos indicar o valor de mercado de saída ao desenhar uma série de linhas de isovalor isto é linhas ao longo das quais o valor de saída é constante Cada uma dessas linhas é definida por uma equação da forma PTQT PAQA V ou reorganizando QA V PA PT PAQT onde V é o valor de saída Quanto mais alto é o V mais distante encontra se a linha de isovalor por tanto as linhas de isovalor mais distantes da origem cor respondem aos maiores valores de saída O declive de uma linha de isovalor é PT PA Na Figura 61 o maior 1 Vimos que quando só existe um fator de produção como no Capí tulo 3 a fronteira de possibilidade de produção é uma linha reta Para a maioria dos modelos será uma curva suave e o resultado ricardiano pode ser visto como um caso extremo valor de saída é alcançado produzindo no ponto Q onde TT é só tangente a uma linha de isovalor Agora suponha que PT PA aumentasse tecido torna se mais valioso em relação ao alimento Então as linhas de isovalor seriam mais inclinadas do que antes Na Figura 62 a maior linha de isovalor que a economia poderia alcançar antes da mudança em PT PA é indicada por VV 1 a linha mais alta após a mudança de preço é VV 2 o ponto no qual a produção econômica muda de Q1 para Q2 Portanto como deveríamos esperar um aumento no preço relativo do tecido leva a economia a produzir mais tecido e menos alimentos A oferta rela tiva de tecido irá portanto aumentar quando o preço relativo do tecido aumentar Essa relação entre preços ObjetiVOs de aprendizaGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Entender como os componentes do modelo padrão de comércio fronteiras de possibilidade de produção linhas de isovalor e curvas de indiferença se ajustam para ilustrar como padrões de comércio são estabelecidos por uma com binação de fatores do lado da oferta e do lado da demanda Reconhecer como mudanças em termos de comércio e crescimento econômico afetam o bem estar de nações com prometidas com o comércio internacional Entender os efeitos das tarifas aduaneiras e subsídios nos padrões de comércio e no bem estar de nações que nego ciam e na distribuição de renda dentro dos países Relacionar empréstimos internacionais com o modelo padrão de comércio no qual bens são trocados ao longo do tempo Produção de alimentos QA Produção de tecidos QT linhas de isovalor Q TT Uma economia cuja fronteira de possibilidade de produção é T T produzirá em Q que é a linha de isovalor mais alta possível FIGURA 61 Os preços relativos determinam o produto da economia M06KRUGXXXXC06indd 94 12915 606 PM 95 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio relativos e produção relativa é refletida na curva de oferta relativa da economia indicada na Figura 62b Preços relativos e demanda A Figura 63 mostra a relação entre produção con sumo e comércio no modelo padrão Como mostramos no Capítulo 5 o valor do consumo de uma economia se iguala ao valor de sua produção P Q P Q P D P D V C C F F C C F F onde DT e DA são o consumo de tecido e alimentos res pectivamente A equação anterior diz que produção e consumo devem situar se na mesma linha de isovalor A escolha da economia de um ponto na linha de iso valor depende dos gostos de seus consumidores Para o nosso modelo padrão assumimos que as decisões de consumo da economia podem ser representadas como se fossem baseadas nos gostos de um único indivíduo representativo2 2 Vários conjuntos de circunstâncias podem justifi car essa suposição Um deles é o de que todos os indivíduos têm os mesmos gostos e a mesma parcela de todos os recursos Outro é o de que o governo redistribui a renda de forma a maximizar seu ponto de vista do bem estar social geral Essencialmente essa suposição requer que efeitos da mudança de distribuição de renda na demanda não sejam tão importantes Os gostos de um indivíduo podem ser representados graficamente por uma série de curvas de indiferença Uma curva de indiferença traça um conjunto de combinações de consumo de tecido T e alimentos A que deixa o indi víduo igualmente em boas condições Como ilustrado na Figura 63 as curvas de indiferença tem três propriedades 1 São inclinadas para baixo se um indivíduo recebe menos alimentos A então para ficar igualmente em boas condições ela deve receber mais tecido T 2 Quanto mais longa e mais para a direita uma curva de indiferença se situa maior o nível de bem estar ao qual corresponde um indivíduo vai preferir ter mais de ambos os bens do que menos 3 Cada curva de indiferença fica mais achatada con forme nos movemos para a direita elas curvam se para a origem quanto mais T e menos A um indiví duo consome mais valiosa é a unidade de A na mar gem em comparação com a unidade de T então mais T deverá ser fornecido para compensar por qualquer redução adicional em A Como você pode ver na Figura 63 a economia vai escolher consumir no ponto da linha de isovalor que pro duz o maior bem estar possível Esse ponto é onde a linha de isovalor é tangente à maior curva de indiferença atingí vel indicada aqui como ponto D Note que nesse ponto a FIGURA 62 Como um aumento no preço relativo do tecido afeta a oferta relativa No painel a as linhas de isovalor tornam se mais inclinadas quando o preço relativo do tecido aumenta de PT PA1 para PT PA2 mostrado pela rotação de VV 1 para VV 2 Como resultado a economia produz mais tecido e menos alimentos e o equilíbrio de saída move se de Q1 para Q2 O painel b mostra a curva de oferta relativa associada com a fronteira de possibilidade de produção TT O aumento de PT PA1 para PT PA2 leva a um aumento na produção relativa de tecido de QT 1 QA 1para QT 2 QA 2 Produção de alimentos QA Produção de tecido QT Q1 Q1 A Q2 A Q1 T Q2 T Q2 VV 2PTPA2 VV 1PTPA1 a b Preço relativo do tecido QT QA Preço relativo do tecido P T P A P T PA 2 Q1 T Q1 A Q 2 T Q 2 A P T PA 1 2 1 RS TT M06KRUGXXXXC06indd 95 12915 606 PM 96 Economia internacional Esses dois efeitos são familiares da teoria de econo mia básica O aumento no bem estar é um efeito renda a mudança no consumo em qualquer nível de bem estar é um efeito substituição O efeito renda tende a aumentar o consumo de ambos os bens enquanto o efeito substi tuição age para fazer a economia consumir menos T e mais A O painel b na Figura 64 mostra a oferta relativa e as curvas de demanda associadas com a fronteira de possi bilidade de produção e as curvas de indiferença3 O grá fico mostra como o aumento no preço relativo do tecido induz um aumento na produção relativa de tecido vai do ponto 1 para o 2 bem como uma redução no con sumo relativo de tecido vai do ponto 1 para o 2 Essa mudança no consumo relativo pega o efeito substituição da mudança de preço Se o efeito renda da mudança de preço for grande o bastante então os níveis de consumo de ambos os bens poderia aumentar DT e DA aumentam mas o efeito substituição de demanda dita que o consumo relativo de tecido DT e DA diminui Se a economia não pode negociar então ela consome e produz no ponto 3 associado com o preço relativo PT PA 3 O efeito de bem estar das alterações nos termos de comércio Quando PT PA aumenta um país que inicialmente exporta tecido está em melhor situação como ilustrado pelo movimento de D1 para D2 no painel a da Figura 64 Contrariamente se PT PA diminui o país ficaria em uma condição pior por exemplo o consumo poderia vol tar de D2 para D1 Se o país fosse inicialmente um exportador de alimen tos em vez de tecido a direção desse efeito seria revertida Um aumento PT PA significaria uma queda em PA PT e o país ficaria em situação pior o preço relativo do bem que ele exporta alimentos cairia Englobamos todos esses casos ao definir os termos do comércio como o preço do bem que o país exporta inicialmente dividido pelo preço do bem que o país importa inicialmente A afirma ção geral então é a de que um crescimento nos termos do comércio aumenta o bem estar de um país enquanto um declínio nos termos do comércio reduz seu bem estar Note entretanto que mudanças nos termos do comércio de um país nunca diminuem o bem estar abaixo de seu nível de bem estar em caso de ausência de comér cio representado pelo consumo em D3 Os ganhos de comércio mencionados nos capítulos 3 4 e 5 ainda são 3 Para preferências gerais a curva de demanda relativa dependerá da renda total do país Supomos que por todo este capítulo a curva de demanda relativa é independente da renda Este é o caso para um tipo amplamente utilizado de preferências chamado de preferên cias homotéticas Quantidade de alimentos QA Linhas de isovalor QT Curvas de indiferença Q TT D Exportações de tecido Importações de alimentos Linhas de isovalor A economia produz no ponto Q onde a fronteira de possibilidade de produção é tangente à linha de isovalor mais alta possível E consome no ponto D onde linha de isovalor é tangente à curva de indiferença mais alta possível A economia produz mais tecido do que consome e portanto exporta tecido Correspondentemente ela consome mais alimentos do que produz e portanto importa alimentos FIGURA 63 Produção consumo e comércio no modelo padrão economia exporta tecido a quantidade de tecido produ zida excede a quantidade consumida e importa alimentos Agora considere o que acontece quando PT PA aumenta O painel a na Figura 64 mostra os efei tos Primeiro a economia produz mais T e menos A mudando a produção de Q1 paraQ2 Isso muda de VV 1 para VV 2 a linha de isovalor na qual o consumo deve situar se A opção de consumo da economia portanto também muda de D1 para D2 A mudança de D1 para D2 reflete dois efeitos do aumento em PT PA Primeiro a economia moveu se para uma curva de indiferença mais alta o que significa que está em melhor situação A razão é que essa economia é uma exportadora de tecido Quando o preço relativo do tecido aumenta a economia pode negociar uma dada quantia de tecido por uma quantia maior de importação de alimentos Portanto o maior preço relativo de sua exportação de bens representa uma vantagem Segundo a mudança nos preços relativos leva a uma alteração ao longo da curva de indiferença em direção aos alimentos e para longe do tecido uma vez que o tecido agora é relativamente mais caro M06KRUGXXXXC06indd 96 12915 606 PM FIGURA 64 Efeitos de um aumento no preço relativo do tecido e ganhos com o comércio No painel a o declive das linhas de isovalor é igual a menos o preço relativo do tecido PTPA Como resultado quando o preço relativo aumenta todas as linhas de isovalor tornamse mais inclinadas Em particular o valor máximo de linha gira de VV1 para VV2 A produção movese de Q1 para Q2 e o consumo movese de D1 para D2 Se a economia não pode negociar então produz e consome no ponto D3 O painel b mostra os efeitos do aumento no preço relativo do tecido na produção relativa movese de 1 para 2 e na demanda relativa movese de 1 para 2 Se a economia não pode negociar então ela consome e produz no ponto 3 aplicados a essa abordagem mais geral As mesmas referências anteriormente discutidas também são aplicadas ganhos agregados raramente são distribuídos de modo uniforme o que leva tanto a ganhos como perdas para os consumidores individuais Determinação dos preços relativos Agora vamos supor que a economia mundial consista de dois países novamente chamados Doméstica que exporta tecido e Estrangeira que exporta alimentos Os termos de comércio de Doméstica são mensurados por PTPA enquanto os de Estrangeira são mensurados por PTPA Assumimos que esses padrões de comércio são induzidos por diferenças na capacidade de produção de Doméstica e Estrangeira como representado pelas curvas de oferta relativa associadas no painel a da Figura 65 Consideramos também que os dois países compartilham das mesmas preferências e por isso têm a mesma curva de demanda relativa Em qualquer preço relativo dado PTPA Doméstica vai produzir respectivamente quantidade de tecido e alimentos QT e QA enquanto Estrangeira produz quantidades QT e QA onde QTQA QTQA A oferta relativa para o mundo é então obtida somando esses níveis de produção para ambos tecido e alimentos e fazendo a relação QT QTQA QA Por construção essa curva de oferta relativa para o mundo deve situarse entre as curvas de oferta relativa para ambos os países4 A demanda relativa para o mundo também agrega a demanda para tecido e alimentos pelos dois países DT DTDA DA Já que não existem diferenças nas preferências dos dois países a curva de demanda relativa para o mundo sobrepõese à mesma curva de demanda relativa para cada país O preço relativo de equilíbrio para o mundo quando Doméstica e Estrangeira negociam é então dado pela interseção da oferta relativa mundial e demanda no ponto 1 O preço relativo determina quantas unidades de tecido de exportação de Doméstica são trocadas pelas de alimentos de exportação de Estrangeira No preço relativo de equilíbrio as exportações de 4 Para qualquer número positivo X1 X2 Y1 Y2 se X1Y1 X2Y2 então X1Y1 X1 X2Y1 Y2 X2Y2 98 Economia internacional FIGURA 65 Preço relativo de equilíbrio com comércio e fluxos associados de comércio O painel a mostra que a oferta relativa de tecido em Doméstica RS em Estrangeira RS e para o mundo Doméstica e Estrangeira têm a mesma demanda relativa que é também a demanda relativa do mundo O preço relativo de equilíbrio PT PA1 é determinado pela interseção da oferta relativa do mundo e das curvas de demanda O painel b mostra o equilíbrio associado dos fluxos de comércio entre Doméstica e Estrangeira No preço relativo de equilíbrio PT PA1 as exportações de tecidos de Doméstica se igualam às importações de tecido de Estrangeira e as importações de alimentos de Doméstica se igualam às exportações de alimentos de Estrangeira 1 RD RS RS MUNDO RS Preço relativo do tecido PTPA PTPA1 Quantidade relativa de tecido QTQA a Oferta Relativa e Demanda Doméstica Estrangeira Q D D Q A A Q T D T VV 1PTPA 1 Q D DT QT DA QA Importações de alimentos de Doméstica Exportações de tecido de Doméstica Quantidade de tecido QT Quantidade de alimentos QA VV 1PTPA1 Exportações de alimentos de Estrangeira Importações de tecido de Estrangeira Quantidade de tecido QT Quantidade de alimentos QA b Produção consumo e comércio tecido desejadas por Doméstica QT DT igualam se às importações de tecido desejadas por Estrangeira D T Q T O mercado de alimentos também está em equilíbrio de modo que as importações de alimentos desejadas por Doméstica DA QA igualem se com as exportações de alimentos desejadas por Estrangeira Q A D A As fron teiras de possibilidade de produção para Doméstica e Estrangeira junto com as restrições de orçamento e associadas com as escolhas de produção e consumo no preço relativo de equilíbrio PT PA1 são ilustradas no painel b Agora que sabemos como a oferta relativa a demanda relativa os termos de comércio e o bem estar são determinados no modelo padrão podemos utilizá los para entender uma série de questões em economia internacional M06KRUGXXXXC06indd 98 12915 607 PM 99 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio Crescimento econômico um deslocamento da curva RS Os efeitos do crescimento econômico em uma eco nomia mundial de negociação são uma fonte perma nente de preocupação e controvérsia O debate gira em torno de duas questões A primeira é o crescimento econômico em outros países é bom ou ruim para a nossa nação E a segunda o crescimento em um país é mais ou menos valioso quando essa nação é parte de uma economia mundial rigorosamente integrada Ao avaliar os efeitos do crescimento em outros paí ses argumentos de senso comum podem ser feitos para ambas as partes De um lado o crescimento econômico no resto do mundo pode ser bom para nossa economia porque significa mercados maiores para nossas exporta ções e preços mais baixos para nossas importações Por outro lado o crescimento em outros países pode signi ficar aumento da competição para nossos exportadores e produtores domésticos que precisam concorrer com exportadores estrangeiros Podemos encontrar ambiguidades similares quando olhamos para os efeitos do crescimento em Doméstica Por um lado crescimento na capacidade de produção de uma economia deveria ser mais valioso quando aquele país pode vender uma parte de seu aumento na produção para o mercado mundial Por outro lado os benefícios do crescimento podem ser passados para os estrangeiros na forma de preços mais baixos para as exportações do país em vez de serem mantidos no próprio país O modelo padrão de comércio desenvolvido na última seção fornece uma estrutura que pode acabar com essas contradições aparentes e esclarecer os efeitos do crescimento econômico em um mundo de negociação Crescimento e a fronteira de possibilidade de produção Crescimento econômico significa uma mudança externa da fronteira de possibilidade de produção de um país Esse crescimento pode resultar tanto de aumentos nos recursos ou de melhorias na eficiência com que esses recursos são utilizados Os efeitos de crescimento do comércio internacional resultam do fato de que tal crescimento tipicamente tem um viés O crescimento tendencioso acontece quando a fronteira de possibilidade de produção move se mais em uma direção do que na outra O painel a da Figura 66 ilustra o crescimento enviesado para o tecido move se de TT 1 para TT 2 enquanto o painel b mostra o crescimento enviesado para os alimentos move se de TT 1 toTT 3 O crescimento pode ser tendencioso por duas razões principais 1 O modelo ricardiano do Capítulo 3 mostrou que o progresso tecnológico em um setor da economia ex pandirá as possibilidades de produção da economia na direção de saída daquele setor 2 O modelo de Heckscher Ohlin do Capítulo 5 mos trou que o aumento de um fator de oferta de produ ção em um país digamos um aumento nas ações de capital resultante de economia e investimento produzirá expansão enviesada das possibilidades de produção O viés será na direção do bem para o qual o fator é específico ou na do bem cuja produção é in tensiva no fator em que oferta aumentou Portanto as mesmas considerações que aumentam o comércio internacional também conduzirão o crescimento en viesado em uma economia de negociação As tendências de crescimento nos painéis a e b são fortes Em cada caso a economia é capaz de pro duzir mais de ambos os bens Entretanto em um preço relativo inalterado de tecido a saída de alimentos cai efetivamente no painel a enquanto a saída de tecido cai efetivamente no painel b Embora o crescimento não seja sempre fortemente enviesado como é nes ses exemplos mesmo o crescimento que é enviesado de forma mais branda para o tecido conduzirá em qualquer preço relativo dado de tecido a um aumento na saída de tecido em relação à saída de alimentos Em outras palavras a curva de oferta relativa do país move se para a direita Essa mudança é representada no painel c pela transição de RS 1 para RS 2 Quando o crescimento está enviesado para os alimentos a curva de oferta relativa move se para a esquerda como mos trado pela transição de RS 1 para RS 3 Oferta mundial relativa e os termos de comércio Supomos agora que Doméstica vivencie um cresci mento fortemente enviesado para o tecido de modo que sua saída de tecido aumenta em qualquer preço relativo dado enquanto sua saída de alimentos diminui como mostrado no painel a da Figura 66 Então a saída de tecido em relação aos alimentos vai aumentar em qual quer preço dado para o mundo todo e a curva de oferta relativa mundial irá mover se para a direita assim como a curva de oferta relativa para Doméstica Esse movi mento na oferta relativa mundial é mostrado no painel a da Figura 67 pelo movimento de RS 1 para RS 2 Isso resulta em uma diminuição do preço relativo do tecido de PT PA1 para PT PA2 uma piora nos termos de comércio de Doméstica e uma melhora nos termos de comércio de Estrangeira M06KRUGXXXXC06indd 99 12915 607 PM 100 Economia internacional Perceba que a consideração importante aqui não é qual economia cresce mas sim o viés desse crescimento Se Estrangeira tiver vivenciado um crescimento forte mente enviesado para o tecido o efeito na curva de oferta relativa mundial e portanto nos termos de comércio teriam sido similares Por outro lado o crescimento de Doméstica ou Estrangeira fortemente enviesado para os alimentos levará a uma movimentação da curva RS para a esquerda RS 1 para RS 3 para o mundo e portanto a um aumento no preço relativo do tecido de PT PA1 para PT PA3 como mostrado no painel b O aumento do preço relativo é uma melhora nos termos de comércio de Doméstica mas uma piora nos de Estrangeira O crescimento que expande desproporcionalmente as possibilidades de produção de um país na direção do bem que ele exporta tecido para Doméstica alimentos para Estrangeira é um crescimento enviesado pela expor tação De modo similar o crescimento enviesado para o bem que o país importa é um crescimento enviesado pela importação Nossa análise leva ao seguinte princípio FIGURA 66 Crescimento tendencioso Produção de alimentos QA Produção de tecido QT a Crescimento enviesado para o tecido c Efeitos do crescimento enviesado na oferta relativa TT 2 TT 1 Produção de alimentos QA Produção de tecido QT b Crescimento enviesado para os alimentos TT 3 TT 1 Preço relativo de tecido PT PA Crescimento enviesado para os alimentos Crescimento enviesado para o tecido RS2 RS1 RS3 Quantidade relativa de tecido QT QA O crescimento é tendencioso quando move as possibilidades de produção mais para a direção de um bem do que de outro No caso a o crescimento é enviesado para o tecido move se de TT 1 para TT 2 enquanto no caso b o crescimento é enviesado para os alimentos move se de TT 1 para TT 3 Os movimentos associados na curva de oferta relativa são mostrados no painel c move se para a direita de RS1 para RS2 quando o crescimento é enviesado para o tecido e move se para a esquerda de RS1 para RS3 quando o crescimento é enviesado para os alimentos M06KRUGXXXXC06indd 100 12915 607 PM 101 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio geral crescimento enviesado pela exportação tende a pio rar os termos de comércio de um país em crescimento em benefício do resto do mundo crescimento enviesado pela importação tende a melhorar os termos de comércio de um país em crescimento à custa do resto do mundo Efeitos internacionais de crescimento Agora utilizando esse princípio estamos aptos a resolver nossas questões sobre os efeitos internacionais de crescimento O crescimento no resto do mundo é bom ou ruim para nosso país O fato de nosso país fazer parte de uma economia de negociação mundial aumenta ou diminui os benefícios do crescimento Em cada caso a resposta depende do viés do crescimento Crescimento enviesado pela exportação no resto do mundo é bom para nós melhora nossos termos de comércio enquanto crescimento enviesado pela importação no exterior piora nossos termos de comércio Crescimento enviesado pela exportação em nosso próprio país piora nossos termos de comércio reduzindo os benefícios diretos do cresci mento enquanto crescimento enviesado pela importa ção leva a uma melhoria em nossos termos de comércio um benefício secundário Durante os anos 1950 muitos economistas de paí ses mais pobres acreditavam que suas nações que exportavam principalmente matérias primas estavam suscetíveis a vivenciar um firme declínio nos termos de comércio ao longo do tempo Eles acreditavam que o crescimento no mundo industrial seria marcado por um desenvolvimento crescente de substitutos sintéticos para matérias primas enquanto o crescimento nas nações mais pobres tomaria a forma adicional de extensão de sua capacidade de produzir o que eles já exportavam em vez de moverem se em direção à industrialização Isto é o crescimento no mundo industrial seria enviesado pela importação enquanto no mundo menos desenvolvido seria enviesado pela exportação Alguns analistas até mesmo sugeriram que com o crescimento nas nações mais pobres elas realmente se autoderrotariam Eles argumentaram que o crescimento enviesado pela exportação pelas nações mais pobres pio raria tanto seus termos de comércio que eles ficariam em pior situação do que se não tivessem crescido nada Essa situação é conhecida pelos economistas como o caso de crescimento empobrecedor Em um famoso trabalho publicado em 1958 o econo mista Jagdish Bhagwati da Universidade de Columbia mostrou que tais efeitos ruins de crescimento podem de fato surgir dentro de um modelo econômico rigo rosamente especificado5 Entretanto as condições sob as quais o crescimento empobrecedor pode ocorrer são 5 Immiserizing Growth A Geometrical Note Review of Economic Studies v 25 p 201 205 jun 1958 FIGURA 67 Crescimento e oferta relativa mundial Quantidade relativa de tecido Preço relativo do tecido PTPA PT PA1 PTPA2 a Crescimento enviesado para o tecido 1 RD RS1 2 RS2 Preço relativo do tecido PT PA PT PA1 PTPA3 b Crescimento enviesado para os alimentos 1 RD RS1 3 RS3 QT QT QA QA Quantidade relativa de tecido QT QT QA QA O crescimento enviesado para o tecido move a curva RS para o mundo à direita a enquanto o crescimento enviesado para os alimentos move a para a esquerda b M06KRUGXXXXC06indd 101 12915 607 PM 102 Economia internacional extremas o forte crescimento enviesado pela exportação deve ser combinado com curvas de RS e RD mais incli nadas para que a mudança nos termos de comércio seja grande o suficiente para equilibrar os efeitos favoráveis diretos de um aumento na capacidade produtiva de um país Agora a maioria dos economistas vê o conceito de crescimento empobrecedor como um ponto mais teórico do que um problema do mundo real Enquanto o crescimento nacional normalmente aumenta nosso próprio bem estar mesmo em um mundo de negociação isso não garante de forma alguma crescimento no exterior O crescimento envie sado pela importação não é uma possibilidade impro vável e toda vez que o resto do mundo vivencia tal crescimento isso piora nossos termos de comércio De fato como apontamos a seguir é possível que os Esta dos Unidos tenham sofrido alguma perda real de renda por causa do crescimento estrangeiro durante o período pós guerra A maioria dos países desenvolvidos tende a viven ciar oscilações leves em seus termos de comércio em torno de 1 ou menos por ano em média como ilus tra a Figura 68 para os Estados Unidos Entretanto algumas exportações dos países em desenvolvimento estão fortemente concentradas em setores minerais e de agricultura Os preços desses bens nos mercados mundiais são muito voláteis e levam a grandes osci lações nos termos de comércio Essas oscilações em turno são traduzidas em mudanças substanciais no bem estar por que o comércio é concentrado em um número pequeno de setores e representa uma porcen tagem substancial do PIB Na verdade alguns estu dos mostram que a maioria das flutuações no PIB em vários países em desenvolvimento onde as flutuações O crescimentO dOs países recém industrializadOs prejudicOu as nações desenVOlVidas No começo dos anos 1990 muitos observadores começaram a alertar que o crescimento das economias recém industrializadas poderia representar um risco para a prosperidade das nações desenvolvidas No estudo de caso no Capítulo 5 sobre o comércio Norte Sul abordamos uma forma na qual o crescimento poderia provar ser um problema isso pode agravar a crescente discrepância de renda entre os trabalhado res altamente especializados e pouco especializados nas nações desenvolvidas Alguns alarmistas entre tanto acreditaram que a ameaça era ainda mais ampla que a renda real global das nações desenvolvidas em oposição à sua distribuição tinha sido ou seria reduzida pelo surgimento de novos competidores Essa visão também foi compartilhada pela maioria dos par ticipantes de uma pesquisa da CBS em 2008 quando foi perguntado Você acha que a expansão econômica recente em países como a China e a Índia tem sido em geral boa má ou não teve efeito na economia dos EUA 62 disseram ter sido ruim Essas preocupações pareceram ganhar algum suporte intelectual de um trabalho de 2004 de Paul Samuelson que criou muito da teoria moderna de comércio internacional Nesse trabalho Samuelson utilizando um modelo ricardiano oferece um exem plo de como o progresso tecnológico em países em desenvolvimento prejudica países desenvolvidos6 Seu estudo foi simplesmente um caso especial da análise que acabamos de descrever o crescimento no resto do mundo pode prejudicar você se ocorrer em setores que competem com suas exportações Samuelson levou isso à sua conclusão lógica se a China tornar se boa o bastante em produzir bens que atualmente importa a vantagem comparativa desaparece e os Estados Unidos perdem os ganhos com o comércio A imprensa popular agarrou se a esse resul tado tratando o como se fosse de alguma forma revolucionário A questão central que Samuelson e outros levantaram é se comércio irrestrito é sem pre tão bom para os Estados Unidos quanto eles têm acreditado há tanto tempo escreveu a Busi nessWeek que foi em frente e sugeriu que tais resultados poderiam tirar dos trilhos completa mente a teoria da vantagem comparativa7 Os polí ticos ponderaram sobre isso utilizando o trabalho de Samuelson e sua imponente estatura dentro da profissão de economista para apoiar argumentos em favor de políticas mais protecionistas8 Mas a proposta de que o crescimento exterior pode prejudicar sua economia não é uma ideia nova e não diz nada sobre se o livre comércio é melhor do que proteção Também é uma questão empírica se o crescimento de países recém industrializados como a China podem de fato prejudicar países desenvolvi dos E os fatos não suportam a afirmação 6 Paul Samuelson Where Ricardo and Mill Rebut and Confirm Arguments of Mainstream Economists Supporting Globalization Jour nal of Economic Perspective v 18 p 135 146 verão 2004 7 Shaking up Trade Theory Business Week 6 dez 2004 8 Veja por exemplo Clinton doubts benefits of Doha Financial Times 3 dez 2007 M06KRUGXXXXC06indd 102 12915 607 PM 103 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio Tenha em mente que o canal pelo qual o cresci mento exterior poder prejudicar um país é pelos termos de comércio Então se a afirmação de que a competição de países recém industrializados prejudica economias desenvolvidas for verdadeira nós devería mos ver núme ros negativos alarmantes para os termos de comércio de países desenvolvidos e números positivos significativos para os termos de comércio de novos competidores No Pós escrito Matemático deste capítulo mostramos que a porcentagem real de efeito renda de uma mudança nos termos de comércio é mais ou menos igual à mudança porcentual nos termos de comércio multiplicada pela participação das importações na renda Uma vez que paí ses desenvolvidos gastam em média 25 de sua renda em importações a participação de importação no PIB dos Estados Unidos é menor do que essa média uma diminuição de 1 nos termos de comércio reduziria a renda real em apenar 025 Então os termos de comér cio deveriam diminuir vários percentuais por ano para ser um problema notável no crescimento econômico A Figura 68 mostra a evolução dos termos de comércio tanto para os Estados Unidos quanto para a China nos últimos 30 anos normalizados em 100 em 2000 Vemos que a magnitude das flutuações anuais nos termos de comércio para os Estados Unidos é pequena com uma tendência não clara ao longo do tempo Os termos de comércio dos Estados Unidos em 2011 estão praticamente iguais aos de 1980 Por tanto não existe evidência de que os Estados Unidos tenham sofrido qualquer tipo de perda contínua por uma deterioração em longo prazo em seus termos de comércio Adicionalmente não existe evidência de que os termos de comércio da China tenham encare cido de forma firme enquanto têm se tornado cada vez mais integrados à economia mundial Se algo aconteceu foi que os termos de comércio chineses deterioraram se ao longo da última década Esse feito foi confirmado em um trabalho recente utilizando muito mais detalhes da produção industrial chinesa9 Os autores isolaram os efeitos do crescimento da pro dutividade de fabricação chinesa de 1995 a 2007 nos termos de comércio de seus parceiros comerciais e descobriram que esse efeito foi positivo apesar de pequeno em 07 9 Veja A Global View of Productivity Growth in China National Bureau of Economic Research Working Paper 16778 2011 FIGURA 68 A evolução dos termos de comércio para os Estados Unidos e China 19802011 2000 100 Um ponto final No exemplo de Samuelson o progresso tecnológico chinês deixa os Estados Unidos em pior situação ao eliminar o comércio entre os dois países Já que o que efetivamente vemos é um rápido crescimento no comércio China Estados Unidos é difícil de encontrar muito de uma relação entre o modelo e realidade atual 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 Estados Unidos China 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Fonte Indicadores de Desenvolvimento Mundial Banco Mundial M06KRUGXXXXC06indd 103 12915 607 PM 104 Economia internacional do PIB são bem grandes em relação às flutuações do PIB em países desenvolvidos podem ser atribuídas às flutuações em seus termos de comércio10 Por exemplo a Argentina sofreu uma deterioração de 6 em seus ter mos de comércio em 1999 por um declínio nos preços da agricultura o que provocou uma queda de 14 no PIB A perda real do PIB foi maior mas outros fatores contribuíram para essa deterioração Por outro lado o Equador desfrutou de um aumento de 18 em seus ter mos de comércio em 2000 pelo aumento nos preços do petróleo o que adicionou 16 à taxa de crescimento do PIB para aquele ano11 Tarifas aduaneiras e subsídios à exportação desvios simultâneos em RS e RD Tarifas de importação impostos cobrados em impor tações e subsídios à exportação pagamentos feitos aos produtores domésticos que vendem um bem ao exterior não costumam ser colocados em posição de afetar os ter mos de comércio de um país Essas intervenções gover namentais no comércio geralmente acontecem para a distribuição de renda para a promoção do que a indús tria pensa ser crucial para a economia ou para o balanço de pagamentos Nota examinaremos essas motivações nos capítulos 10 11 e 12 Entretanto qualquer que seja o motivo para as tarifas aduaneiras e para os subsídios eles têm efeitos nos termos de comércio que podem ser compreendidos utilizando o modelo padrão de comércio A característica distintiva das tarifas aduaneiras e dos subsídios à exportação é a de que eles criam uma dife rença entre os preços nos quais os bens são comerciali zados no mercado mundial e os preços nos quais os bens podem ser comprados dentro de um país O efeito direto de uma tarifa aduaneira é fazer bens importados serem mais caros dentro de um país do que eles são fora dele Um subsídio de exportação dá aos produtores um incen tivo para exportar Portanto será mais rentável vender para o exterior do que nacionalmente a não ser que o preço interno seja maior então tal subsídio aumenta o preço dos bens exportados dentro de um país Note que isso é muito diferente dos efeitos de um subsídio de pro dução que também baixa o preço nacional para os bens 10 Veja M Ayhan Kose Explaining Business Cycles in Small Open Economies How Much Do World Prices Matter Journal of In ternational Economics v 56 p 299 327 mar 2002 11 Veja Christian Broda e Cédric Tille Coping with Terms of Trade Shocks in Developing Countries Current Issues in Economics and Finance v 9 p 1 7 nov 2003 afetados desde que tal subsídio não os discrimine com base no destino da venda dos bens Quando os países são grandes exportadores ou impor tadores de um bem relativo ao tamanho do mercado mundial as mudanças de preço causadas pelas tari fas aduaneiras e pelos subsídios alteram tanto a oferta quanto a demanda relativas nos mercados mundiais O resultado é uma mudança nos termos de comércio tanto do país que impõe a política de mudança quanto do resto do mundo Demanda relativa e efeitos de fornecimento de uma tarifa aduaneira Tarifas aduaneiras e subsídios causam um atrito entre os preços sob quais os bens são comercializados internacionalmente preços externos e os preços sob os quais eles são trocados dentro de um país preços inter nos Isso significa que temos de ter cuidado ao definir os termos de comércio que pretendem medir a relação na qual os países trocam os bens Por exemplo quantas unidades de alimento Doméstica pode importar para cada unidade de tecido que exportar Isso significa que os termos de comércio correspondem aos preços exter nos em vez dos internos Quando analisamos os efeitos de uma tarifa aduaneira ou de um subsídio de exporta ção portanto queremos saber como essa tarifa adua neira ou esse subsídio afeta a oferta relativa e a demanda como uma função dos preços externos Se Doméstica impõe uma tarifa aduaneira de 20 no valor de importação de alimentos por exemplo o preço interno do alimento em relação ao do tecido encarado pelos produtores e consumidores de Doméstica será 20 mais alto do que o preço relativo externo de ali mentos no mercado mundial De forma equivalente o preço relativo interno do tecido no qual os residentes de Doméstica baseiam suas decisões estará menor do que o preço relativo do mercado externo Em qualquer preço relativo mundial dado do tecido então os produtores de Doméstica enfrentarão um preço mais baixo em relação ao tecido e portanto produzirão menos tecido e mais alimentos Ao mesmo tempo os consumidores de Doméstica mudarão seu consumo em direção ao tecido e se distanciarão dos ali mentos Do ponto de vista do mundo como um todo a oferta relativa de tecido vai cair de RS 1 para RS 2 na Figura 69 enquanto a demanda relativa por tecido vai aumentar de RD1 para RD2 Claramente o preço relativo mundial do tecido aumenta de PT PA1 para PT PA2 e por conseguinte os termos de comércio de Doméstica melhoram à custa de Estrangeira M06KRUGXXXXC06indd 104 12915 607 PM 105 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio A extensão desse efeito dos termos de comércio depende de o quão grande é a tarifa aduaneira imposta pelo país em relação ao resto do mundo Se o país é somente uma pequena parte do mundo não pode ter muito efeito na oferta e demanda relativas mundiais e portanto não pode ter muito efeito nos preços relativos Algumas estimativas sugerem que se os Estados Unidos um país bem grande impusessem 20 de tarifa adua neira seus termos de comércio poderiam aumentar em 15 Isto é o preço das importações americanas em rela ção às exportações podem cair até 15 no mercado mun dial enquanto o preço relativo das importações subiria somente 5 dentro dos Estados Unidos Por outro lado se Luxemburgo ou Paraguai impusessem uma tarifa adua neira de 20 o efeito dos termos de comércio pro vavelmente seriam pequenos demais para medir Efeitos de um subsídio à exportação Tarifas aduaneiras e subsídios à exportação são fre quentemente tratados como políticas similares já que ambos parecem apoiar os produtores nacionais mas eles têm efeitos opostos nos termos de comércio Suponha que Doméstica ofereça um subsídio de 20 no valor de qual quer roupa exportada Para quaisquer preços mundiais dados esse subsídio vai aumentar o preço interno do tecido de Doméstica em relação ao preço dos alimentos em 20 O aumento no preço relativo do tecido vai levar os produto res de Doméstica a produzir mais tecido e menos alimentos e os consumidores a substituir alimentos por tecido Como ilustrado na Figura 610 o subsídio vai aumentar a oferta relativa mundial de tecido de RS 1 para RS 2 e diminuir a demanda relativa mundial por tecido de RD1 para RD2 movendo o equilíbrio do ponto 1 para o ponto 2 Um sub sídio à exportação de Doméstica piora os termos de comér cio de Doméstica e melhora os de Estrangeira Implicações dos efeitos dos termos de comércio quem ganha e quem perde Se Doméstica impuser uma tarifa aduaneira isso melhora seus termos de comércio à custa de Estran geira Portanto tarifas aduaneiras prejudicam o resto do mundo O efeito no bem estar de Doméstica não tem um contorno nítido A melhora nos termos de comércio beneficia Doméstica entretanto a tarifa aduaneira tam bém impõe custos distorcendo os incentivos de produção e de consumo dentro de sua economia veja o Capítulo 9 Os ganhos dos termos de comércio prevalecerão sobre as perdas de distorção somente enquanto a tarifa Quantidade relativa de tecido Preço relativo do tecido PT PA PTPA1 PTPA2 2 RD1 1 RD2 RS1 RS2 QT QT QA QA Uma tarifa de importação de alimentos imposta por Doméstica reduz a oferta relativa de tecido de RS1 para RS2 e aumenta a demanda relativa de RD1 para RD2 para o mundo como um todo Como resultado o preço relativo do tecido deve aumentar de PT PA1 para PT PA2 FIGURA 69 Efeitos de uma tarifa aduaneira de alimentos nos termos de comércio Quantidade relativa de tecido QT QT QA QA Preço relativo do tecido PTPA PT PA2 PT PA1 1 RD2 2 RD1 RS2 RS1 Um subsídio à exportação de tecido tem os efeitos opostos na oferta e na demanda relativas do que a tarifa aduaneira nos alimentos A oferta relativa de tecido para o mundo aumenta enquanto a demanda relativa para o mundo diminui Os termos de comércio de Doméstica diminuem conforme o preço relativo do tecido diminui de PT PA1 para PT PA2 FIGURA 610 Efeitos de subsídio de tecido nos termos de comércio M06KRUGXXXXC06indd 105 12915 607 PM 106 Economia internacional aduaneira não for muito grande Veremos mais tarde como definir uma tarifa ótima que maximiza o benefício líquido Para países pequenos que não podem ter muito impacto em seus termos de comércio a tarifa ótima é próxima de zero Os efeitos de um subsídio à exportação são bem cla ros Os termos de comércio de Estrangeira melhoram à custa de Doméstica deixando a claramente em melhor situação Ao mesmo tempo Doméstica perde com a deterioração dos termos de comércio e com os efeitos de distorção de sua política Essa análise parece mostrar que os subsídios à expor tação nunca fazem sentido Na verdade é difícil criar situações nas quais os subsídios à exportação serviriam ao interesse nacional O uso de subsídios à exportação como uma ferramenta política geralmente tem mais a ver com as peculiaridades das políticas de comércio do que com a lógica econômica Tarifas aduaneiras estrangeiras são sempre ruins para um país e subsídios à exportação são sempre benéficos Não necessariamente Nosso modelo é de um mundo de dois países no qual o outro país exporta o bem que importamos e vice versa No mundo real de múltiplas nações um governo estrangeiro pode subsidiar a expor tação de um bem que compete com as exportações dos Estados Unidos Esse subsídio estrangeiro obviamente prejudicará os termos de comércio norte americano Um bom exemplo para esse efeito são os subsídios euro peus às exportações agrícolas veja o Capítulo 9 Alter nativamente um país pode impor uma tarifa aduaneira em algo que os Estados Unidos também importem baixando seu preço e beneficiando os Estados Unidos Portanto temos de qualificar nossas conclusões a partir de uma análise de dois países subsídios à exportação de coisas que os Estados Unidos importam ajudam o comér cio norte americano enquanto tarifas aduaneiras contra as exportações norte americanas prejudicam O ponto de vista de que vendas estrangeiras subsi diadas para os Estados Unidos são boas para o comér cio norte americano não é popular Quando governos estrangeiros são cobrados com vendas subsidiadas nos Estados Unidos ambas as reações popular e política são de que isso é competição injusta Portanto quando o Departamento de Comércio determinou em 2012 que o governo chinês estava subsidiando a exportação de painéis solares para os Estados Unidos eles responde ram ao impor uma tarifa aduaneira sobre importações de painéis solares da China12 O modelo padrão nos diz que preços menores para painéis solares são uma 12 Veja US Will Place Tariffs on Chinese Solar Panels The New York Times 10 out 2012 coisa boa para a economia norte americana que é uma importadora líquida de painéis solares Por outro lado alguns modelos baseados na competição imperfeita e em retornos crescentes à escala de produção apontam para algumas perdas potenciais de bem estar do subsí dio chinês Ainda assim o maior impacto do subsídio recai sobre a distribuição de renda dentro dos Estados Unidos Se a China subsidia exportações de painéis sola res para os Estados Unidos a maioria dos residentes norte americanos ganha com energia solar mais barata Entretanto trabalhadores e investidores da indústria norte americana de painel solar são prejudicados pelos baixos preços de importação Empréstimos internacionais Até aqui todas as relações de comércio que descre vemos não foram referenciadas por uma dimensão de tempo um bem por exemplo tecido é trocado por um bem diferente digamos alimentos Nesta seção mostra mos como o modelo padrão de comércio que desenvol vemos também pode ser utilizado para analisar outro tipo muito importante de comércio entre países que ocorre ao longo do tempo empréstimos internacionais Qualquer transação internacional que ocorra ao longo do tempo tem um aspecto financeiro e esse aspecto é um dos principais tópicos que abordamos na segunda metade deste livro Entretanto também podemos abs trair daqueles aspectos financeiros e pensar em emprés timos internacionais como outro tipo de comércio em vez de comercializar um bem por outro em um ponto do tempo trocamos bens hoje em troca de alguns bens no futuro Esse tipo de comércio é conhecido como comér cio intertemporal Falaremos muito mais sobre isso mais à frente neste texto mas por enquanto vamos analisá lo usando uma variação do nosso modelo padrão de comércio com uma dimensão de tempo13 Possibilidades de produção intertemporais e comercialização Mesmo na ausência de movimento de capital internacional qualquer economia enfrenta uma troca entre consumo agora e consumo no futuro Geralmente as economias não consomem toda a sua produção atual uma parte toma forma de investimento em máquinas edifícios e outras formas de capital produtivo Quanto mais investimento uma economia faz agora mais ela vai ser capaz de produzir e consumir no futuro Para investir mais entretanto uma economia deve liberar recursos consumindo menos a não 13 Veja o Apêndice para detalhes e derivações adicionais M06KRUGXXXXC06indd 106 12915 607 PM 107 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio ser que sejam recursos não aplicados uma possibilidade que descartamos temporariamente Portanto existe uma troca entre consumo atual e futuro Imaginemos uma economia que consome somente um bem e existirá somente por dois períodos os quais chamaremos de atual e futuro Então existirá uma troca entre produção atual e futura do consumo do bem o que pode ser resumido ao desenhar uma fronteira de possibilidade de produção intertemporal Tal fronteira é ilustrada na Figura 611 Ela se parece exatamente com as fronteiras de possibilidade de produção entre dois bens em um ponto do tempo que estivemos desenhando A forma da fronteira de possibilidade de produ ção intertemporal vai diferir entre países Alguns terão possibilidades de produção enviesadas à saída atual enquanto outras serão enviesadas à saída futura Per guntaremos em um momento a que diferenças reais esses vieses correspondem mas primeiro vamos apenas supor que existem dois países Doméstica e Estrangeira com diferentes possibilidades de produção intertempo ral As possibilidades de Doméstica são enviesadas ao consumo atual enquanto as de Estrangeira são enviesa das ao consumo futuro Raciocinando por analogia já sabemos o que esperar Na ausência de empréstimos internacionais esperaría mos que o preço relativo do consumo futuro fosse mais alto em Doméstica do que em Estrangeira e portanto se abríssemos a possibilidade de comércio ao longo do tempo esperaríamos que Doméstica exportasse o con sumo atual e importasse o consumo futuro Entretanto isso pode parecer um pouco confuso O que é preço relativo do consumo futuro e como um país comercializa ao longo do tempo A taxa de juros real Como um país negocia ao longo do tempo Como um indivíduo um país pode comercializar ao longo do tempo por meio de empréstimos Considere o que acon tece com alguém que toma um empréstimo inicialmente ele poderá ser capaz de gastar acima de sua renda ou em outras palavras consumir acima de sua produção Entre tanto mais tarde ele deve pagar o empréstimo com juros e portanto no futuro ele vai consumir menos do que produz Ao pegar o empréstimo então ele efetivamente trocou consumo futuro por consumo atual O mesmo é verdade para um país que pega um empréstimo Claro está que o preço do consumo futuro em ter mos de consumo atual tem algo a ver com a taxa de juros Como veremos na segunda metade deste livro no mundo real a interpretação das taxas de juros é complicada pela possibilidade de mudanças no nível geral de preço Por enquanto ignoraremos esse pro blema supondo que os contratos de empréstimo são especificados em termos reais quando um país pega um empréstimo ele tem o direito de comprar uma quantidade de consumo agora em troca do pagamento de uma quantia maior no futuro Especificamente a quantidade do pagamento no futuro será 1 r vezes a quantidade emprestada no presente onde r é a taxa de juros real do empréstimo Já que a troca é uma uni dade de consumo atual por 1 r unidades no futuro o preço relativo do consumo futuro é 11 r Quando esse preço relativo do consumo futuro aumenta isto é a taxa de juros real r cai um país res ponde investindo mais Isso aumenta a oferta do consumo futuro relativo para o consumo atual um movimento para a esquerda ao longo da fronteira de possibilidade de produção intertemporal na Figura 611 e implica uma curva de oferta relativa com inclinação ascendente para o consumo futuro Anteriormente vimos como as prefe rências de um consumidor por tecido e alimentos pode riam ser representadas por uma curva de demanda rela tiva relacionando consumo relativo aos preços relativos desses bens Similarmente um consumidor também terá preferências ao longo do tempo para capturar a extensão do que ele está disposto a substituir entre consumo atual e futuro Esses efeitos substituição também são captura dos por uma curva de demanda intertemporal relativa que relaciona a demanda relativa por consumo futuro a Consumo futuro Consumo atual Um país pode negociar o consumo atual pelo consumo futuro da mesma forma que pode produzir mais de um bem ao produzir menos de outro FIGURA 611 A fronteira de possibilidade de produção intertemporal M06KRUGXXXXC06indd 107 12915 607 PM 108 Economia internacional relação de consumo futuro para consumo atual ao seu preço relativo 11 r O paralelo com o nosso modelo padrão de comércio está completo agora Se empréstimos internacionais são permitidos o preço relativo do consumo futuro e por tanto a taxa de juros real mundial serão determinados pela oferta relativa mundial e demanda pelo consumo futuro A determinação do preço relativo de equilíbrio 11 r1 é mostrada na Figura 612 note o paralelo com troca em bens e o painel a da Figura 65 As cur O preço relativo do consumo futuro 11 r 11 r1 RD RS DOMÉSTICA RS MUNDO RS ESTRANGEIRA Consumo futuro Consumo atual A oferta de consumo futuro de Doméstica Estrangeira e do mundo em relação ao consumo atual Doméstica e Estrangeira têm a mesma demanda relativa para consumo futuro que é também a demanda relativa para o mundo A taxa de juros de equilíbrio 1 1 r1 é determinada pela interseção da oferta e da demanda relativas do mundo FIGURA 612 A taxa de juros de equilíbrio com empréstimos internacionais resumO possibilidade de produção move se mais na direção de al guns bens do que de outros O efeito imediato do cresci mento enviesado é causar se o resto se mantiver igual um aumento na oferta relativa mundial dos bens aos quais o crescimento é enviesado Esse movimento na curva de ofer ta relativa mundial por sua vez leva a uma mudança nos termos de comércio de um país que cresce o que pode ir em qualquer direção Se os termos de comércio do país que cresce melhoram isso reforça o crescimento nacional ini cial mas prejudica o crescimento no resto do mundo Se os termos de comércio do país que cresce pioram esse declí nio compensa alguns dos efeitos favoráveis do crescimento nacional mas benefi cia o resto do mundo 1 O modelo padrão de comércio obtém uma curva de oferta relativa mundial das possibilidades de produção e uma cur va de demanda relativa das preferências O preço das expor tações em relação às importações ou melhor os termos de comércio de um país são determinados pela interseção da oferta relativa mundial e das curvas de demanda Se tudo o mais permanecer igual um aumento nos termos de comér cio de um país aumenta seu bem estar Contrariamente um declínio nos termos de comércio de um país leva o a uma situação pior 2 Crescimento econômico signifi ca uma mudança no exterior da fronteira de possibilidade de produção de um país Tal crescimento é geralmente enviesado isto é a fronteira de vas de oferta relativa intertemporal para Doméstica e Estrangeira refletem como as possibilidades de produ ção de Doméstica estão enviesadas ao consumo atual enquanto as possibilidades de produção de Estrangeira estão enviesadas ao consumo futuro Em outras pala vras a oferta relativa de Estrangeira para o consumo futuro move se para fora em relação à oferta relativa de Doméstica Na taxa de juros real de equilíbrio Domés tica vai exportar o consumo atual em troca de importa ções do consumo futuro Isto é Doméstica vai empres tar para Estrangeira no presente e receber o pagamento no futuro Vantagem comparativa internacional Assumimos que as possibilidades de produção inter temporal de Doméstica estão enviesadas para a produ ção atual Mas o que isso significa As origens da vanta gem comparativa intertemporal são um pouco diferentes daquelas que promovem o comércio comum Um país que tem uma vantagem comparativa na produção futuro do consumo de bens é um país que na ausência de empréstimos internacionais teria um preço relativo baixo de consumo futuro isto é uma alta taxa de juros real Essa taxa de juros real corresponde a um alto retorno em investimento ou seja um alto retorno para desviar recursos da produção atual de consumo de bens para a produção de bens capitais construção e outras atividades que aumentam a habilidade futura de produzir da economia Então países que tomam empréstimo no mercado internacional serão aqueles nos quais altas oportunidades de investimento produ tivo estão disponíveis relacionadas à capacidade pro dutiva atual enquanto países que emprestam serão aqueles nos quais tais oportunidades não estão dispo níveis internamente M06KRUGXXXXC06indd 108 12915 607 PM 109 Capítulo 6 Modelo padrão de comércio termOs chaVe prOblemas modelo padrão de comércio p 94 preços externos p 104 preços internos p 104 subsídio à exportação p 105 tarifas de importação p 104 taxa de juros real p 107 termos de comércio p 94 3 Em algumas economias a oferta relativa pode não corres ponder a mudanças nos preços Por exemplo se fatores de produção fossem completamente fixos entre os setores a fronteira de possibilidade de produção seria em ângulo reto e a saída dos dois bens não dependeria de seus pre ços relativos Ainda é verdade que nesse caso um aumen to nos termos de comércio aumenta o bem estar Analise graficamente 4 A contrapartida para fatores fixos do lado da oferta seria a falta de substituição do lado da demanda Imagine uma economia na qual os consumidores sempre comprem bens em proporções rígidas Por exemplo uma peça de roupa para cada quilo de alimento independentemente do preço dos dois bens Mostre também como uma melhora nos ter mos de comércio beneficia essa economia 5 O Japão exporta principalmente bens manufaturados en quanto importa matérias primas como alimentos e petró leo Analise o impacto dos seguintes eventos no termos de comércio do Japão a Uma guerra no Oriente Médio interrompe o fornecimento de petróleo comércio intertemporal p 106 crescimento empobrecedor p 101 crescimento enviesado p 99 crescimento enviesado pela exportação p 100 crescimento enviesado pela importação p 100 curvas de indiferença p 95 fronteira de possibilidade de produção intertemporal p 107 linhas de isovalor p 94 1 Suponha que a Noruega e a Suécia comercializem entre si com a Noruega exportando peixe para a Suécia e esta expor tando Volvos automóveis para a Noruega Ilustre os ganhos da troca entre os dois países utilizando o modelo padrão de comércio supondo primeiro que gostos por bens são os mes mos em ambos os países mas que as fronteiras de possibili dade de produção diferem a Noruega tem uma costa longa que faz fronteira com o Atlântico Norte o que a torna relati vamente mais produtiva na pesca A Suécia tem uma grande doação de capital o que a faz mais produtiva em automóveis 2 No cenário de comércio no Problema 1 por causa da sobre pesca a Noruega ficou impossibilitada de coletar a quanti dade de peixes que pegava em anos anteriores Essa mu dança causa tanto uma redução no potencial de quantidade de peixe que pode ser produzido na Noruega quanto um aumento em relação ao preço mundial para o peixe Pf Pa a Mostre como o problema de sobrepesca pode resultar em um declínio do bem estar para a Noruega b Também mostre como é possível que o problema da so brepesca possa resultar em um aumento do bem estar para a Noruega 3 A direção dos efeitos dos termos de comércio depende da natureza do crescimento O crescimento que é enviesado pela exportação crescimento que expande a habilidade de uma economia em produzir bens que exportava inicial mente mais do que expande a habilidade da economia em produzir bens que competem com as importações piora os termos de comércio Contrariamente o crescimento que é enviesado pela importação que aumenta desproporcional mente a habilidade de produzir bens que competem com a importação melhora os termos de comércio do país É possível para o crescimento enviesado pela importação no exterior prejudicar um país 4 Tarifas de importação e subsídios à exportação afetam tan to a oferta relativa e quanto a demanda relativa Uma tarifa aduaneira aumenta a oferta relativa do bem importado por um país ao mesmo tempo em que reduz a demanda relati va Uma tarifa aduaneira inequivocamente melhora os ter mos de comércio de um país à custa do resto do mundo Um subsídio à exportação tem o efeito reverso aumentando a oferta relativa e reduzindo a demanda relativa para o bem de exportação do país e portanto piorando seus termos de comércio Os efeitos dos termos de comércio de um subsí dio à exportação prejudicam o país subsidiário e beneficiam o resto do mundo enquanto os efeitos da tarifa aduaneira fazem o contrário Isso sugere que os subsídios à expor tação não fazem sentido de um ponto de vista nacional e que os subsídios à exportação estrangeiros deveriam ser bem vindos em vez de contestados Tanto as tarifas adua neiras quanto os subsídios entretanto têm fortes efeitos na distribuição de renda dentro dos países e esses efeitos frequentemente pesam mais em políticas do que em preo cupações com os termos de comércio 5 Empréstimos internacionais podem ser vistos como um tipo de comércio internacional mas um que envolve nego ciações de consumo atual por consumo futuro em vez de comércio de um bem por outro O preço relativo no qual esse comércio intertemporal situa se é 1 mais a taxa de juros real M06KRUGXXXXC06indd 109 12915 607 PM 110 Economia internacional b A Coreia do Sul desenvolve a habilidade de produzir automó veis que podem ser vendidos no Canadá e nos Estados Unidos c Engenheiros americanos desenvolvem um reator de fusão que substitui fábricas de eletricidade de combustível fóssil d Uma quebra na safra da Rússia e Uma redução nas tarifas aduaneiras do Japão para carne e frutas cítricas importadas 6 A Internet permitiu o aumento de comércio de serviços como suporte de programação e técnico um desenvolvimento que baixou os preços de tais serviços em relação aos de bens manufaturados A Índia em particular tem sido vista recen temente como uma exportadora de serviços baseados em tecnologia uma área na qual os Estados Unidos têm sido o maior exportador Utilizando a indústria e os serviços como bens negociáveis crie um modelo padrão de comércio para as economias americana e indiana que mostre como o preço relativo declina em serviços exportáveis que levam à tercei rização de serviços e podem reduzir o bem estar nos Esta dos Unidos e aumentar o bem estar na Índia 7 Os países A e B têm dois fatores de produção capital e trabalho com os quais produzem dois bens X e Y A tecnologia é a mes ma em ambos X é capital intensivo A é abundante em capital Analise os efeitos nos termos de comércio e no bem estar dos dois países nas situações a seguir a Um aumento nas ações de capital de A b Um aumento na oferta de trabalho de A c Um aumento nas ações de capital de B d Um aumento na oferta de trabalho de B 8 O crescimento econômico é tão suscetível a piorar os ter mos de comércio de um país quanto de melhorá los Então por que a maioria dos economistas considera o crescimento empobrecedor em que o crescimento prejudica o país que está crescendo como improvável na prática 9 De um ponto de vista econômico a Índia e a China são um pouco similares ambos são países enormes e de baixos sa lários provavelmente com padrões similares de vantagem comparativa e que até pouco tempo atrás eram relativa mente próximos do comércio internacional A China foi a primeira a tornar se acessível Agora que a Índia também está tornando se acessível para o comércio mundial como você esperaria que isso afetasse o bem estar da China E dos Estados Unidos Dica Pense em adicionar uma nova economia idêntica à da China na economia mundial 10 Suponha que o país X subsidia suas exportações e o país Y impõe uma tarifa aduaneira de compensação que equili bra o efeito do subsídio para que no final os preços relati vos no país Y permaneçam inalterados O que acontece com os termos de comércio E quanto ao bem estar nos dois paí ses Suponha que por outro lado o país Y retalie com um subsídio à exportação próprio Destaque o resultado 11 Explique a analogia entre empréstimos internacionais e um comércio internacional comum 12 Quais dos seguintes países você esperaria que tivessem as possibilidades de produção intertemporal enviesadas ao consumo de bens atual ou enviesadas para o consumo de bens futuros a Um país como a Argentina ou o Canadá no último século que só abriu se recentemente para uma colonização de longa escala e está recebendo grande afluxo de imigrantes b Um país como o Reino Unido no fim do século XIX ou os Estados Unidos atuais que lideram o mundo tecnologica mente mas têm visto essa liderança ruir à medida que os outros países os alcançam c Um país como a Arábia Saudita que descobriu grandes re servas de petróleo que podem ser exploradas com pouco investimento novo d Um país que descobriu grandes reservas de petróleo que podem ser exploradas com investimento massivo como a Noruega cujo petróleo situa se abaixo do Mar do Norte e Um país como a Coreia do Sul que descobriu a habilidade de produzir bens industriais e está ganhando rapidamen te de países desenvolvidos leituras adiciOnais a Segunda Guerra Mundial de que os Estados Unidos tivessem uma liderança econômica que não poderia ser ultrapassada Isso soa ultra passado hoje mas muitos dos mesmos argumentos ressurgiram agora sobre o Japão O trabalho de Hicks é a mais famosa exposição JOHNSON H G Economic Expansion and International Trade Man chester School of Social and Economic Studies v 23 p 95 112 1955 O trabalho que explicou a distinção crucial entre crescimento envie sado pela exportação e pela importação KrUGMAN P Does Third World Growth Hurt First World Prosperity Harvard Business Review v 72 p 113 121 julago 1994 Uma análise que tenta explicar por que o crescimento em países em desenvolvi mento não precisa prejudicar os países desenvolvidos por princípio e provavelmente não deve fazê lo na prática SACHS J The Current Account and Macroeconomic Adjustment in the 1970s Brookings Papers on Economic Activity 1981 Um estudo em fluxo de capital internacional de um ponto de vista que mostra tais fluxos como comércio intertemporal DOrNBUSCH r FISCHEr S SAMUElSON P Comparative Advan tage Trade and Payments in a ricardian Model with a Continuum of Goods American Economic Review v 67 1977 Esse trabalho citado no Capítulo 3 também dá uma clara exposição do papel de bens não comerciáveis em estabelecer a presunção de que a transferência melhora os beneficiários dos termos de comércio EDWArDS l lAWrENCE r Z Rising Tide Is Growth in Emerging Eco nomies Good for the United States Peterson Institute for Internatio nal Economics 2013 Cap 5 Esse capítulo fornece uma análise deta lhada da questão levantada no estudo de caso sobre os efeitos do crescimento em países em desenvolvimento sobre o bem estar geral dos Estados Unidos FISHEr I The theory of interest Nova York Macmillan 1930 A aborda gem intertemporal descrita neste capítulo deve sua origem a Fisher HICKS J r The long run Dollar Problem Trabalhos Econômicos de Oxford v 2 p 117 135 1953 A moderna análise de crescimento e comércio tem suas origens baseadas no receio dos europeus nos primeiros anos após M06KRUGXXXXC06indd 110 12915 607 PM mais sobre o comércio intertemporal APÊNDICE DO CAPÍTULO 6 Este apêndice contém um exame mais detalhado do modelo de comércio intertemporal de dois períodos des crito no capítulo Primeiro considere Doméstica cuja fronteira de possibilidade de produção intertemporal é mostrada na Figura 6A1 Lembre se de que as quanti dades de bens de consumo atuais e futuros produzidos por Doméstica dependem da quantidade de bens de consumo atuais investidos para produzir bens futuros Como recursos atualmente disponíveis são desviados do consumo atual para investimento a produção de con sumo atual QP cai e a produção de consumo futuro QF aumenta Portanto o aumento do investimento move a economia para cima e para a esquerda ao longo da fron teira de possibilidade de produção intertemporal O capítulo mostrou que o preço do consumo futuro em termos de consumo atual é 11 r onde r é taxa de juros real Mensurado em termos de consumo atual o valor da produção total da economia ao longo dos dois períodos de sua existência é portanto V Q Q r 1 P F A Figura 6A1 mostra as linhas de isovalor corres pondentes ao preço relativo 11 r para diferentes valores de V Essas são linhas retas com declive 1 r porque o consumo futuro está no eixo vertical Como no modelo padrão de comércio decisões firmes levam a um padrão de produção que maximiza o valor da pro dução nos preços de mercado QP QF 1 r Portanto a produção ocorre no ponto Q A economia investe a quantidade mostrada deixando QP disponível para con sumo atual e produzindo uma quantidade de QF de con sumo futuro quando o primeiro período de investimento é compensado Repare o paralelo com a Figura 61 onde os níveis de produção de tecidos e alimentos são escolhidos para um único período a fim de maximizar o valor de produção No ponto de produção escolhido Q o consumo futuro extra que resultaria de investimento em unidade adicional de consumo atual se iguala a 1 r Seria ineficiente impulsionar o investimento além do ponto Q porque a economia poderia ir melhor ao emprestar consumo atual adicional para estrangeiros como alter nativa A Figura 6A1 sugere que um aumento na taxa de juros real mundial r que aumenta as linhas de isova lor causa queda nos investimentos A Figura 6A2 mostra que o padrão de consumo de Doméstica é determinado por uma dada taxa de juros mundial DP e DF representam as demandas atuais e futuras do consumo de bens respectivamente Já que a produção está no ponto Q as possibilidades de con sumo da economia ao longo desses dois períodos são limitadas pela restrição de orçamento intertemporal D D r Q Q r 1 1 P F P F Essa restrição afirma que o valor do consumo de Doméstica sobre os dois períodos mensurado em ter mos de consumo atual se iguala ao valor de consumo de bens produzidos nos dois períodos também men surado em unidades de consumo atual Colocando de outra forma produção e consumo devem situar se na mesma linha de isovalor O ponto D no qual a restrição de orçamento de Doméstica toca a mais alta curva de indiferença atin gível mostra os níveis de consumo atual e futuro esco lhidos pela economia A demanda de Doméstica por consumo atual DP é menor do que sua produção de consumo atual QP então ela importa isto é empresta Consumo futuro Linhas de Isovalor com inclinação 1 r Q Fronteira de possibilidade de produção intertemporal Investimento QF QP Consumo atual Em uma taxa de juros r no mundo real o nível de investimento de Doméstica maximiza o valor de produção durante os dois períodos em que a economia existe FIGURA 6A1 Determinando o padrão de produção intertemporal de doméstica M06KRUGXXXXC06indd 111 12915 607 PM 112 Economia internacional QP DP unidades de consumo atual para Estrangeira De modo correspondente Doméstica importa DF QF uni dades de consumo futuro do exterior quando o primeiro período de empréstimos é pago a ela com juros A res trição de orçamento intertemporal sugere que DF QF 1 r QP DP então o comércio é intertemporaria mente balanceado Mais uma vez note o paralelo com a Figura 63 onde a economia exporta tecido em troca de importações de alimentos A Figura 6A3 mostra como o investimento e o con sumo são determinados em Estrangeira Supõe se que Estrangeira tem uma vantagem comparativa em produ zir bens de consumo futuros O diagrama mostra que a uma taxa de juros real de r Estrangeira toma emprestados bens de consumo no primeiro período e paga o emprés timo utilizando bens de consumo produzidos no segundo período Por causa dessas oportunidades de investimento interno relativamente rico e de sua preferência relativa por consumo atual Estrangeira é um importador de consumo atual e um exportador de consumo futuro As diferenças entre as fronteiras de possibilidade de produção de Doméstica e Estrangeira levam às diferen ças nas curvas de oferta relativa representadas na Figura 611 Na taxa de juro de equilíbrio 11 r1 a exporta ção de consumo atual desejada por Doméstica se iguala às importações de consumo atual desejadas por Estran geira Colocando de outra forma nessa taxa de juros o empréstimo de primeiro período desejado por Domés tica se iguala ao empréstimo de primeiro período dese jado por Estrangeira Oferta e demanda são portanto iguais em ambos os períodos Consumo futuro Consumo atual Exportações Q D Importações Curvas de indiferença QP QF DP DF Restrição de orçamento intertemporal DP DF 1 r QP QF 1 r O consumo de Doméstica coloca a na curva de indiferença mais alta tocando sua restrição de orçamento intertemporal A economia exporta QP DP unidades de consumo atual e importa DF QF 1 r QP DP unidades de consumo futuro FIGURA 6A2 Determinando o padrão de consumo intertemporal de Doméstica Consumo futuro Exportações Q D Importações QP QF DP DF Restrição de orçamento intertemporal DP DF 1 r QP QF 1 r 1 bla Consumo atual Estrangeira produz no ponto Q e consome no ponto D importando D P Q P unidades de consumo atual e exportando Q F D F 1 r D P Q P unidades de consumo futuro FIGURA 6A3 Determinando os padrões de produção e consumo intertemporais de Estrangeira M06KRUGXXXXC06indd 112 12915 607 PM Título da parte PARTE 1 Economias externas de escala e localização internacional da produção CAPÍTULO 7 obJETivos dE apREndiZaGEm Após a leitura deste capítulo você será capaz de Identificar por que o comércio internacional ocorre frequentemente a partir do aumento de retorno para escala Entender as diferenças entre economias de escala internas e externas Discutir as origens das economias externas Discutir os papéis das economias externas e o transbordamento de conhecimento na moldagem da vantagem comparativa e dos padrões internacionais de comércio No Capítulo 3 mostramos que existem dois motivos para os países se especializarem e nego ciarem Primeiro eles diferem em seus recursos ou em sua tecnologia e especializam se em coisas que fazem relativamente bem Segundo economias de escala ou aumento de retorno fazem com que seja vantajoso para cada país especializar se na produção de uma variedade limitada de mercadorias e serviços Os quatro capítulos anteriores consideraram modelos nos quais todo o comércio é baseado na vantagem comparativa isto é as diferenças entre países são a única razão para o comércio Este capítulo introduz o papel das economias de escala A análise do comércio baseada nas economias de escala apresenta certos problemas que temos evitado até o momento Até agora supusemos que os mercados sejam perfeita mente competitivos de modo que todos os lucros de monopólio sempre façam concorrência Entretanto quando existe aumento dos retornos grandes empresas podem ter uma vantagem sobre as pequenas de modo que os mercados tendem a ser dominados por uma empresa monopólio ou com mais frequência por algumas poucas empresas oligopólio Se isso acon tecer nossa análise de comércio terá de levar em conta os efeitos da concorrência imperfeita Contudo as economias de escala não precisam levar à concorrência imperfeita se tomarem a forma de economias externas que são aplicadas no nível da indústria em vez de no nível da empresa individual Neste capítulo focaremos no papel de tais economias externas de escala no comércio deixando a discussão sobre as economias internas para o próximo capítulo Economias de escala e o comércio internacional uma visão geral Os modelos de vantagem comparativa já apresentados foram baseados supondo se retor nos constantes para escala Isto é supusemos que se as entradas para uma indústria forem dobradas as saídas também serão dobradas Na prática entretanto muitas indústrias são caracterizadas por economias de escala tam bém chamadas de aumento dos retornos de modo que a produção é mais eficiente quanto maior for a escala na qual se situa Onde exis tem economias de escala dobrar as entradas para uma indústria vai mais do que dobrar sua produção Um simples exemplo pode ajudar a transmi tir o significado das economias de escala para o comércio internacional A Tabela 71 mostra a relação entre entrada e saída de uma indústria hipotética Widgets são produzidos utilizando somente uma entrada mão de obra A tabela mostra como a quantidade de mão de obra neces sária depende do número de widgets produzidos Para fabricar 10 widgets por exemplo são neces sárias 15 horas de mão de obra enquanto para M07KRUGXXXXC07indd 113 12915 612 PM 114 Economia internacional produzir 25 widgets são necessárias 30 horas A presença de economias de escala pode ser confirmada pelo fato de que dobrar a entrada de mão de obra de 15 para 30 resulta em mais do que o dobro da produção da indús tria Na verdade a produção aumenta por um fator de 25 De forma equivalente a existência de economias de escala pode ser vista ao olharmos a quantidade média de mão de obra utilizada para produzir cada unidade de saída se a saída é só de 5 widgets a entrada média de mão de obra por widget é de duas horas enquanto se a produção for 25 unidades a entrada média de mão de obra cairá para 12 horas Podemos utilizar esse exemplo para ver por que as eco nomias de escala fornecem um incentivo para o comércio internacional Imagine um mundo que consiste de dois países os Estados Unidos e a Grã Bretanha que possuem a mesma tecnologia para produzir widgets Suponha que cada país produza inicialmente 10 widgets De acordo com a tabela isso requer 15 horas de mão de obra em cada país então no mundo todo 30 horas de mão de obra produzem 20 widgets Mas agora suponha que concen tremos a produção de widgets em um país digamos nos Estados Unidos e deixemos que ele empregue 30 horas de mão de obra nessa indústria Em um único país essas 30 horas de mão de obra produzem 25 widgets Então ao concentrar a produção de widgets nos Estados Unidos a economia mundial pode utilizar a mesma quantidade de mão de obra para produzir 25 a mais Mas onde os Estados Unidos encontram mão de obra extra para produzir widgets e o que acontece com a mão de obra que foi empregada nessa indústria da Grã Bretanha Para fazer com que a mão de obra expanda sua produção de algumas mercadorias os Esta dos Unidos devem diminuir ou abandonar a produção de outras mercadorias Elas serão então produzidas na Grã Bretanha utilizando a mão de obra anteriormente empregada nas indústrias cuja produção expandiu nos Estados Unidos Imagine que há muitas mercadorias sujeitas às economias de escala em produção e numere as 1 2 3 etc Para aproveitar as economias de escala cada país deve concentrar se em produzir somente um número limitado de mercadorias Portanto por exem plo os Estados Unidos podem produzir mercadorias 1 3 5 e assim por diante enquanto a Grã Bretanha produz 2 4 6 e assim por diante Se cada país produz somente algumas das mercadorias então cada mercado ria pode ser produzida em maior escala do que se cada país tentasse produzir tudo Como resultado a econo mia mundial pode produzir mais de cada mercadoria Como o comércio internacional entra nessa história Os consumidores em cada país ainda vão querer consu mir uma variedade de mercadorias Suponha que a indús tria 1 fique nos Estados Unidos e a indústria 2 na Grã Bretanha Então os consumidores norte americanos da mercadoria 2 terão de comprar mercadorias importadas da Grã Bretanha enquanto os consumidores britânicos da mercadoria 1 terão de importá la dos Estados Uni dos O comércio internacional desempenha um papel crucial ele torna possível para cada país produzir uma variedade restrita de mercadorias e tirar proveito de economias de escala sem sacrificar a variedade no con sumo De fato como veremos no Capítulo 8 o comér cio internacional geralmente promove um aumento na variedade de mercadorias disponíveis Nosso exemplo então sugere como o comércio mutua mente benéfico pode surgir como um resultado de economias de escala Cada país especializa se em produ zir uma variedade limitada de produtos o que lhe permite produzir essas mercadorias de forma mais eficiente do que se ele tentasse produzir tudo para si próprio Então essas economias especializadas negociam entre si para serem capazes de consumir toda a gama de mercadorias Infelizmente sair dessa história sugerida indo para um modelo explícito de comércio baseado em econo mias de escala não é tão simples A razão é que as economias de escala podem levar a uma estrutura de mercado diferente daquela da concorrência perfeita e precisamos ter cuidado ao analisar essa estrutura de mercado Economias de escala e estrutura de mercado No exemplo da Tabela 71 representamos as econo mias de escala supondo que a entrada de mão de obra por unidade de produção é menor quanto mais unida des forem produzidas Isso sugere que a uma determi nada taxa salarial por hora o custo médio de produção cai ao passo que a produção aumenta Não dissemos como esse aumento de produção foi alcançado se as empresas existentes simplesmente produziram mais ou se em vez disso houve um aumento no número de Tabela 71 Relação de entrada para produção em uma indústria hipotética Saída Total de mão de obra Média de mão de obra 5 10 2 10 15 15 15 20 1333333 20 25 125 25 30 12 30 35 1166667 M07KRUGXXXXC07indd 114 12915 612 PM 115 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção empresas No entanto para analisar os efeitos das eco nomias de escala na estrutura do mercado é preciso saber claramente que tipo de aumento de produção é necessário para reduzir o custo médio Economias exter nas de escala acontecem quando o custo por unidade depende do tamanho do setor mas não necessariamente do tamanho de alguma empresa Economias internas de escala acontecem quando o custo por unidade depende do tamanho de uma empresa individual mas não neces sariamente do tamanho do setor A distinção entre economias externas e internas pode ser ilustrada com um exemplo hipotético Imagine uma indústria que consiste inicialmente de 10 empresas cada uma produzindo 100 widgets para uma produ ção industrial total de 1000 widgets Agora considere dois casos Primeiro suponha que a indústria dobrasse em tamanho de modo que agora ela consistiria de 20 empresas cada uma ainda produzindo 100 widgets É possível que os custos de cada uma das empresas caísse como resultado do aumento no tamanho da indústria Por exemplo uma indústria maior pode permitir oferta mais eficiente de serviços especializados ou maquinário Se esse for o caso o setor apresenta economias exter nas de escala Isto é a eficiência das empresas aumenta por ter uma indústria maior mesmo que cada empresa tenha o mesmo tamanho de antes Segundo suponha que a produção da indústria seja mantida constante em 1000 widgets mas que o número de empresas será cortado pela metade de modo que as cinco que sobrarem produzirão 200 widgets Se nesse caso os custos de produção caírem então existem eco nomias internas de escala Uma empresa é mais eficiente se a produção for maior Economias externas e internas de escala têm dife rentes implicações para a estrutura das indústrias Um setor no qual as economias de escala são pura mente externas isto é onde não existem vantagens para empresas grandes geralmente consistirá de muitas empresas pequenas e pode ser perfeitamente competitivo Economias internas de escala por con traste dão às grandes empresas uma vantagem de custo sobre as pequenas e criam estruturas de mer cado imperfeitamente competitivas Tanto as economias de escala internas quanto exter nas são importantes causas do comércio internacional Contudo por terem diferentes implicações para a estru tura do mercado é difícil discutir os dois tipos de comér cio baseados em economia de escala no mesmo modelo Vamos portanto lidar com eles um de cada vez Neste capítulo focamos nas economias externas no próximo focaremos nas economias internas A teoria das economias externas Como já mostramos nem todas as economias de escala são aplicadas no nível da empresa individual Por uma variedade de razões é frequente o caso em que concentrar a produção de uma indústria em um ou poucos locais reduz os custos da indústria mesmo que as empresas da indústria permaneçam pequenas Quando as economias de escala são aplicadas no nível da indústria em vez de no nível da empresa individual elas são chamadas de economias externas A análise das economias externas remonta a mais de um século pelo economista Alfred Marshall que ficou impressio nado com o fenômeno dos distritos industriais con centrações geográficas de indústria que não podem ser facilmente explicadas por recursos naturais Na época de Marshall os exemplos mais famosos incluíam tais concentrações de indústria como o conjunto de fabri cantes de talheres de Sheffield e o conjunto de empresas de meias em Northampton Existem muitos exemplos modernos de indústrias nos quais parecem existir poderosas economias exter nas Nos Estados Unidos esses exemplos incluem a indústria de semicondutores concentrada no famoso Vale do Silício na Califórnia a indústria de investimen tos bancários concentrada em Nova York e a indústria do entretenimento concentrada em Hollywood Na crescente indústria manufatureira de países em desen volvimento como a China as economias externas são penetrantes Por exemplo uma cidade na China é res ponsável por uma grande parcela da produção mundial de roupa íntima outra cidade produz quase todos os isqueiros do mundo e outra produz um terço de cabe ças de leitura de fitas magnéticas e assim por diante As economias externas também desempenharam papel chave na emergência da Índia como um grande expor tador de serviços de informação com grande parte dessa indústria ainda agrupada em volta da cidade de Bangalore Marshall argumentou que existem três razões prin cipais para que um conjunto de empresas seja mais efi ciente do que uma empresa individual isoladamente a habilidade de um aglomerado em dar apoio a fornece dores especializados a maneira que uma indústria geo graficamente concentrada permite um agrupamento do mercado de mão de obra e a maneira como as indús trias geograficamente concentradas ajudam a promo ver o transbordamento de conhecimento Esses mesmos fatores continuam a ser válidos atualmente M07KRUGXXXXC07indd 115 12915 612 PM 116 Economia internacional Fornecedores especializados Em muitas indústrias a produção de mercadorias e serviços e em uma maior extensão o desenvolvimento de novos produtos requer a utilização de equipamento especializado ou serviços de apoio Além disso uma companhia não fornece individualmente um mercado grande o suficiente para esses serviços para manter os fornecedores no negócio Um conjunto de indústrias localizadas pode resolver esse problema ao juntar várias empresas que fornecem coletivamente um mercado grande o suficiente para apoiar uma grande variedade de fornecedores especializados Esse fenômeno foi exten sivamente documentado no Vale do Silício um estudo de 1994 reconta como ao passo que a indústria cresceu engenheiros deixaram companhias semicondutoras estabelecidas para começarem empresas que produ ziam mercadorias importantes como fornos de difusão câmeras de repetir materiais e componentes como foto máscaras dispositivos de testes para máquinas e produ tos químicos especializados etc Esse setor de equipa mentos independente promoveu a formação contínua de empresas semicondutoras ao libertar produtores indivi duais da despesa de desenvolver equipamento importan tes internamente e ao distribuir os custos do desenvolvi mento Isso também reforçou a tendência em direção à localização industrial já que a maioria dessas entradas especializadas não estava disponível em nenhum outro lugar no país Como a citação sugere a disponibilidade dessa densa rede de fornecedores especializados deu às empresas de alta tecnologia no Vale do Silício algumas vanta gens consideráveis sobre as empresas de outros lugares Entradas chave são mais baratas e mais facilmente dispo níveis porque existem muitas empresas competindo para fornecê las e elas podem concentrar se no que fazem de melhor terceirizando outros aspectos de seus negócios Por exemplo algumas empresas do Vale do Silício que se especializaram em fornecer chips de computador alta mente sofisticados para consumidores especiais esco lheram se tornar fabless isto é elas não têm nenhuma fábrica onde o chip possa ser fabricado Em vez disso elas concentram se em criar os chips e então contratam outra empresa para de fato fabricá los Uma companhia que tentasse entrar na indústria em outro lugar por exemplo em um país que não tivesse um conjunto de indústrias comparável estaria em desvanta gem imediata porque não teria fácil acesso aos forne cedores do Vale do Silício e teria de fornecê los para si mesmo ou enfrentar a tarefa de tentar fazer negócio com os fornecedores baseados no Vale do Silício à distância Agrupamento do mercado de mão de obra Uma segunda fonte de economias externas é a forma pela qual um conjunto de empresas pode criar um mer cado agrupado para trabalhadores com habilidades altamente especializadas Um mercado tão agrupado é vantagem tanto para produtores quanto para trabalha dores já que os produtores correm menos risco de escas sez de mão de obra e os trabalhadores correm menos risco de ficarem desempregados Isso pode ser mais bem entendido com um exemplo simplificado Imagine que existam duas companhias que usam o mesmo tipo de mão de obra especializada diga mos dois estúdios de cinema que fazem uso de experts em animação computadorizada Entretanto os dois empregadores não têm certeza sobre quantos trabalha dores eles terão de contratar se a demanda pelo seu pro duto for alta as duas companhias terão de contratar 150 trabalhadores mas se for baixa eles terão de contratar somente 50 Suponha também que existam 200 traba lhadores com essa habilidade específica Agora compare duas situações uma na qual as duas empresas e todos os 200 trabalhadores estão na mesma cidade e outra em que as empresas cada uma com 100 trabalhadores situam se em duas cidades diferentes É evidente que tanto os trabalhadores quanto seus empregadores estão em melhor situação se todos estiverem no mesmo lugar Primeiro considere a situação do ponto de vista das companhias Se elas estão em locais diferentes sempre que uma das companhias estiver indo bem ela enfrentará escassez de mão de obra vai querer contratar 150 traba lhadores mas somente 100 estarão disponíveis Entre tanto se as empresas estiverem perto uma da outra é ao menos possível que uma delas esteja indo bem enquanto a outra estiver indo mal então ambas podem ser capazes de contratar quantos trabalhadores quiserem Ao ficarem próximas as companhias aumentam a possibilidade de poder tirar vantagem das oportunidades de negócio Do ponto de vista dos trabalhadores ter a indústria concentrada em uma localidade também é uma vanta gem Se a indústria é dividida entre duas cidades então sempre que uma das empresas tiver uma baixa demanda por trabalhadores o resultado será o desemprego a empresa estará disposta a contratar só 50 dos 100 tra balhadores que vivem perto Mas se a indústria estiver concentrada em uma única cidade a baixa demanda de mão de obra em uma empresa será ao menos algumas vezes compensada pela alta demanda de outra empresa Como resultado os trabalhadores terão um menor risco de desemprego M07KRUGXXXXC07indd 116 12915 612 PM 117 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção Novamente essas vantagens foram documentadas para o Vale do Silício onde é comum tanto as empresas expandirem rapidamente quanto os trabalhadores troca rem de empregador O mesmo estudo do Vale do Silício que foi citado anteriormente observa que a concentração de empresas em uma única localidade facilita a troca de emprego Um engenheiro é citado dizendo que não era uma grande catástrofe pedir demissão de seu emprego na sexta feira e ter um trabalho novo na segunda feira Você nem precisa contar para sua esposa Você só pega seu carro e vai para um lado diferente na segunda feira de manhã1 Essa flexibilidade faz do Vale do Silício uma loca lidade atrativa tanto para trabalhadores altamente qualifi cados quanto para as companhias que os empregam Transbordamentos de conhecimento Já é um clichê dizer que na economia moderna o conhecimento é ao menos uma entrada tão importante quanto os fatores de produção como a mão de obra o capital e as matérias primas Isso é verdade sobretudo em indústrias altamente inovadoras em que mesmo estando alguns poucos meses atrás das técnicas de ponta da produção ou em design de produto pode colocar uma companhia em enorme desvantagem Mas de onde vem esse conhecimento especializado que é crucial para o sucesso nas indústrias inovadoras As companhias podem adquirir tecnologia por meio de pesquisa própria e esforços de desenvolvimento Elas também podem tentar aprender com os competi dores ao estudar seus produtos e em alguns casos ao desmontá los e usar engenharia reversa no design e na fabricação Uma fonte importante de know how técnico entretanto é a troca informal de conhecimentos e ideias que acontece no nível pessoal E esse tipo de difusão de informações com frequência parece acontecer mais efe tivamente quando a indústria é concentrada em uma pequena área de modo que os empregados de diferentes companhias misturam se socialmente e falam com liber dade sobre questões técnicas Marshall descreveu esse processo memoravelmente quando escreveu que em um distrito com muitas empre sas da mesma indústria Os mistérios do comércio dei xam de existir mas estão assim por dizer no ar O bom trabalho é apreciado invenções e melhorias no maquinário no processo e na organização geral do negócio têm seus méritos prontamente discutidos se um homem começa uma nova ideia ela é retomada por 1 Saxenian p 35 outros e combinada com sugestões próprias e portanto torna se a fonte de outras novas ideias Um jornalista descreve como esses transbordamen tos de conhecimento funcionaram durante o surgi mento do Vale do Silício e também deu uma excelente ideia da quantidade de conhecimento especializado envolvido na indústria como se segue Todo ano tinha algum lugar no Wagon Wheel no Chez Yvonne no Rickeys no Roundohuse no qual os membros dessa fraternidade esotérica os jovens homens e mulheres da indústria de semicondutores iam após o trabalho para tomar uma bebida fofocar e trocar histórias sobre jit ters de fase circuitos fantasma memórias de bolhas trens de pulsos contato sem pulso modelos de explo são provas do salto de rã junções p n aumento gra dual das correntes inversas perda gradual das caracte rísticas memórias RAM protocolos NAK transistores MOSFET PCMs queimadores de PROM e semicon dutores2 Esse tipo de fluxo de informação informal significa que é mais fácil para as companhias na área do Vale do Silício ficarem próximas da fronteira tecno lógica do que é para as companhias de outros lugares De fato muitas empresas multinacionais estabeleceram centros de pesquisa e até mesmo fábricas no Vale do Silício apenas para manterem se atualizadas com a tec nologia mais recente economias externas e equilíbrio de mercado Como acabamos de ver uma indústria geografica mente concentrada é capaz de dar apoio a fornecedores especializados fornecer um mercado de mão de obra agrupado e facilitar os transbordamentos de conheci mento de forma que uma indústria geograficamente dis persa não pode fazer Mas a força dessas economias pro vavelmente depende do tamanho da indústria se todo o resto for igual uma indústria maior vai gerar economias externas mais fortes O que isso diz sobre a determina ção da produção e dos preços Embora os detalhes das economias externas na prá tica sejam frequentemente bem sutis e complexos como o exemplo do Vale do Silício mostra pode ser útil abstrair detalhes e representar as economias externas simplesmente assumindo que quanto maior a indústria menos ela custa Se ignorarmos o comércio internacional por um momento então o equilíbrio do mercado pode ser representado por um diagrama oferta e demanda como o da Figura 71 que ilustra o mercado para widgets Em uma imagem comum do equilíbrio de mercado a curva de demanda está inclinada para baixo enquanto a curva de oferta está incli 2 Tom Wolfe citado em Saxenian p 33 M07KRUGXXXXC07indd 117 12915 612 PM 118 Economia internacional 3 Nessa exposição focamos na simplicidade do equilíbrio parcial no mercado para botões em vez de no equilíbrio geral na economia como um todo É possível mas muito mais complicado fazer a mesma análise em termos de equilíbrio geral nada para cima Contudo na presença de economias exter nas de escala existe uma curva de oferta em queda futura quanto maior for a produção da indústria menor vai ser o preço pelo qual as empresas vão querer vender porque seu custo médio de produção cai ao passo que a produção da indústria aumenta Na ausência de comércio internacional a inclinação não usual da curva na Figura 71 não parece importar muito Como em uma análise convencional de oferta e demanda o preço de equilíbrio P1 e a produção Q1 são determinados pela interseção da curva de demanda e da curva de oferta Entretanto como veremos a seguir as economias externas de escala fazem uma grande dife rença em nossa visão sobre as causas e os efeitos do comércio internacional Economias externas e comércio internacional As economias externas conduzem vários comércios tanto dentro de países quanto entre eles Por exemplo a cidade de Nova York exporta serviços financeiros para o resto dos Estados Unidos em grande parte porque as economias externas no setor de investimento levaram a uma concentração de empresas financeiras em Manhat tan De forma similar a Grã Bretanha exporta serviços financeiros para o resto da Europa em grande parte porque aquelas mesmas economias externas levaram a uma concentração de empresas financeiras em Londres Mas quais são as implicações desse tipo de comércio Primeiro veremos os efeitos do comércio na produção e nos preços depois veremos as determinantes do padrão de comércio e finalmente veremos os efeitos do comér cio sobre o bem estar economias externas produção e preços Imagine por um momento que vivemos em um mundo no qual é impossível negociar botões para fora das fronteiras nacionais Suponha também que só existam dois países nesse mundo China e Estados Unidos E por último imagine que a produção de botões esteja sujeita a economias externas de escala o que resulta em uma curva de oferta em queda futura para botões em cada país Como mostra o estudo de caso Segurando o mundo juntos isso é realmente verdade na indústria de botões Neste caso o equilíbrio na indústria mundial de botões deveria parecer se com a situação mostrada na Figura 723 Tanto na China quanto nos Estados Uni dos preços de equilíbrio e produção estariam no ponto onde a curva de oferta nacional faz interseção com a curva de demanda nacional No caso mostrado na Figura 72 os preços dos botões chineses na ausência de comércio seriam menores do que os preços dos botões norte americanos Agora suponha que abrimos o potencial para o comércio de botões O que acontecerá Parece claro que a indústria de botões chinesa vai expandir enquanto a norte americana vai encolher E esse processo vai alimen tar a si próprio ao passo que a produção da indústria P1 Q1 1 D AC Quantidade de widgets produzida demandada Preço custo por widget Quando existem as economias externas de escala o custo médio para produzir uma mercadoria cai conforme a quantidade produzida aumenta Dada a competição entre tantos produtores a curva de custo com inclinação descendente AC pode ser interpretada como uma curva de oferta em queda futura Como na análise comum de oferta e demanda o equilíbrio de mercado está no ponto 1 onde a curva de oferta faz interseção com a curva de demanda D O nível de equilíbrio de produção é Q1 e o equilíbrio de preço é P1 FIGURa 71 Economias externas e equilíbrio de mercado M07KRUGXXXXC07indd 118 12915 612 PM 119 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção chinesa aumenta seus custos cairão ainda mais Con forme a produção da indústria norte americana cai seus custos aumentarão No fim podemos esperar que toda a produção de botões esteja concentrada na China Os efeitos dessa concentração são ilustrados na Figura 73 Antes da abertura do comércio a China abastecia somente seu mercado nacional de botões Depois do comércio ela fornece para o mercado mun dial produzindo botões para consumidores tanto chine ses quanto norte americanos Perceba os efeitos dessa concentração de produção nos preços Porque a curva de oferta da China está em queda futura o aumento de produção como resultado do comér cio leva a um preço de botão que é menor do que aquele anterior ao comércio E tenha em mente que os preços dos botões chineses eram menores que os preços dos botões norte americanos antes do comércio O que isso nos mos tra é que o comércio resulta em preços menores de botão do que os preços em qualquer país antes do comércio Isso é muito diferente das implicações dos modelos sem aumento dos retornos No modelo padrão de comér cio como desenvolvido no Capítulo 6 os preços relativos convergem como resultado do comércio Se o tecido for relativamente barato em Doméstica e relativamente caro em Estrangeira antes de abrirem se para o comércio o efeito do comércio será de aumentar os preços do tecido em Doméstica e diminuí los em Estrangeira Em nosso exemplo do botão por outro lado o efeito do comércio é PCHINA PUS DCHINA ACCHINA DUS ACUS Produção e consumo chineses de botão Produção e consumo norteamericanos de botão Preço custo por botão Preço custo por botão Na ausência de comércio o preço dos botões na China PCHINA é menor do que o preço dos botões nos Estados Unidos PUS FIGURa 72 Economias externas antes do comércio Quantidade de botões produzida demandada DMUNDO DCHINA ACCHINA P1 Q1 Q2 P2 Preço custo por botão Quando o comércio é aberto a China acaba produzindo botões para o mercado mundial o que consiste no mercado nacional e no mercado norte americano A saída aumenta de Q1 para Q2 levando a uma queda no preço dos botões de P1 para P2 o que é menor do que o preço dos botões em qualquer um dos países antes do comércio FIGURa 73 Comércio e preços M07KRUGXXXXC07indd 119 12915 612 PM 120 Economia internacional reduzir os preços em todos os lugares A razão para essa diferença é que quando existem economias externas de escala o comércio internacional possibilita concentrar a produção mundial em uma única localidade e portanto reduzir os custos por colher os benefícios de gerar econo mias externas ainda mais fortes economias externas e os padrões comerciais Em nosso exemplo de comércio mundial em botão simplesmente supusemos que a indústria chinesa começou com custos de produção mais baixos do que a indústria norte americana O que pode levar a tal vantagem inicial Uma possibilidade é a vantagem comparativa Dife renças subjacentes em tecnologia e recursos Por exem plo existe uma boa razão para o Vale do Silício ser na Califórnia e não no México As indústrias de alta tec nologia necessitam de uma força de trabalho altamente qualificada e tal força de trabalho é muito mais fácil de encontrar nos Estados Unidos onde 40 da população ativa tem curso superior do que no México onde esse número está abaixo de 16 De forma similar existe uma boa razão para a produção de botão do mundo estar concentrada na China em vez de estar na Ale manha A produção de botão é uma indústria mão de obra intensiva o que é mais bem conduzido em um país onde a média dos trabalhadores de fábrica ganha menos do que um dólar por hora em vez de em um país onde o salário por hora está entre os mais altos do mundo Entretanto em setores caracterizados por economias externas de escala a vantagem comparativa em geral fornece só uma explicação parcial do padrão de comér cio Talvez fosse inevitável que a maioria dos botões do mundo fosse feita em um país de salários relativamente baixos mas não está claro que esse país teria de ser necessariamente a China E decerto não era necessário que a produção fosse concentrada em qualquer lugar particular na China Então o que determina o padrão de especialização e comércio nas indústrias com economias externas de escala A resposta frequentemente é contingência his tórica alguma coisa dá a uma localidade específica uma vantagem inicial em um setor específico e essa vanta gem fica travada pelas economias externas de escala mesmo depois de as circunstâncias que criaram essa vantagem inicial não serem mais relevantes Os centros financeiros em Londres e em Nova York são exemplos claros Londres tornou se o centro financeiro dominante da Europa no século XIX quando a Grã Bretanha era a economia líder mundial e o centro de um império espalhado pelo mundo Ela manteve esse papel apesar de o império ter acabado faz tempo e a Grã Bretanha moderna ser um poder econômico de médio porte Nova York tornou se o centro financeiro da América graças ao canal de Erie que o fez o principal porto da nação Ela manteve esse papel apesar de o canal ser utilizado hoje em dia principalmente por barcos de recreação Muitas vezes o puro acaso desempenha um papel chave na criação de uma concentração industrial Os geógrafos gostam de contar a história sobre como uma colcha feita como presente de aniversário por uma ado lescente do século XX deu origem a um conjunto de fabricantes de tapete ao redor de Dalton na Geórgia A existência do Vale do Silício deve muito ao fato de que dois graduados de Stanford chamados Hewlett e Packard decidiram começar um negócio em uma garagem naquela área Bangalore poderia não ser o que é hoje se os capri chos dos políticos locais não tivessem levado a Texas Ins truments a escolhê la para um projeto de investimento em 1984 em vez de outra cidade indiana Uma consequência do papel da história em determi nar a localização industrial é que as indústrias não são sempre localizadas no lugar certo uma vez que um país estabelece uma vantagem em uma indústria pode manter essa vantagem mesmo que outro país consiga potencial mente produzir as mercadorias de forma mais barata A Figura 74 que mostra o custo de produzir botões como uma função do número de botões produzidos anual mente ilustra esse ponto Dois países são mostra dos China e Vietnã O custo chinês para produzir um botão é mostrado como ACCHINA e o custo vietnamita como ACVIETNÃ DMUNDO representa a demanda mundial por botões que assumimos que pode ser satisfeita tanto pela China quanto pelo Vietnã Suponha que as economias externas de escala em produção de botão são totalmente externas às empresas Uma vez que não existem economias de escala no nível da empresa a indústria de botões em cada país consiste de muitas empresas pequenas e perfeitamente competi tivas Portanto a competição baixa o preço dos botões para seu custo médio Supomos que a curva de custo vietnamita situa se abaixo da curva chinesa porque digamos os salários vietnamitas são menores do que os chineses Isso signi fica que em qualquer nível dado de produção o Vietnã poderia produzir botões de forma mais barata que a China Alguém poderia esperar que isso sempre impli casse que o Vietnã iria de fato abastecer o mercado mundial Infelizmente esse não é o caso Suponha que a China por razões históricas estabeleça sua indústria de botões primeiro Então inicialmente o equilíbrio de botão mundial será estabelecido no ponto 1 da Figura 74 com a produção chinesa de Q1 unidades por ano e M07KRUGXXXXC07indd 120 12915 612 PM 121 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção o preço de P1 Agora introduza a possibilidade da pro dução vietnamita Se o Vietnã pudesse dominar o mer cado mundial o equilíbrio iria mover se para o ponto 2 Entretanto se não existe uma produção vietnamita inicial Q 0 qualquer empresa vietnamita individual que esteja considerando produzir botões vai enfren tar um custo de produção C0 Como desenhamos esse custo está acima do preço no qual a indústria chinesa estabelecida pode produzir botões Então embora a indústria vietnamita possa potencialmente produzir botões de forma mais barata que a indústria chinesa a vantagem da China permite que ela segure a indústria Como esse exemplo mostra as economias externas potencialmente dão um papel forte para o acidente his tórico ao determinar quem produz o quê e pode per mitir que padrões estabelecidos de especialização per sistam mesmo quando eles correm contra a vantagem comparativa Preço custo por botão C0 P1 Q1 1 2 DMUNDO ACCHINA ACVIETNÃ Quantidade de botões produzida e demandada A curva de custo médio para o Vietnã ACVIETNÃ situa se abaixo da curva de custo médio para a China ACCHINA Portanto o Vietnã conseguiria potencialmente abastecer o mercado mundial de forma mais barata que a China No entanto se a indústria Chinesa for estabelecida primeiro pode ser capaz de vender botões a um preço P1 que é abaixo do custo C0 que uma empresa vietnamita enfrentaria para começar sua própria produção Então um padrão de especialização estabelecido por um acidente histórico pode persistir mesmo quando novos produtores potencialmente tenham custos menores FIGURa 74 A importância da vantagem estabelecida sEGuRando o mundo JunTos Se você está lendo isso enquanto está vestido as possibilidades são de que partes cruciais da sua roupa especificamente as partes que o protegem de um problema no vestuário tenham vindo da cidade chinesa de Qiaotou que produz 60 dos botões do mundo e uma grande proporção dos zíperes A indústria de fixação de Qiaotou encaixa se perfei tamente no padrão de concentração geográfica impul sionado pelas economias externas de escala A origem da indústria encontra se em um acidente histórico em 1980 três irmãos viram alguns botões jogados na rua restauraram nos e venderam nos então se deram conta de que poderiam fazer dinheiro no ramo dos botões Fica claro que não há economias internas de escala fortes a produção de botão e zíper da cidade é feita por centenas de pequenas empresas familiares Ainda assim existem vantagens claras para cada um desses pequenos produ tores por operarem próximos uns aos outros Qiaotou não é única Como um artigo fascinante sobre a indústria da cidade afirmou4 na China mui tas cidades pequenas daquelas que nem valem um pontinho na maioria dos mapas também se torna ram superiores a outras focando nos nichos mão de obra intensivos Começou na cidade da escova de dente Hang Ji passou pela meca das gravatas Sheng Zou foi em direção ao leste para a casa dos isqueiros baratos em Zhang Qi desceu pela costa para as gigan tes fábricas de sapatos de Wen Ling e então voltou para o interior em Yiwu que não apenas faz mais meias do que em qualquer lugar na Terra mas também vende quase tudo o que há no mundo Em nível mais amplo o papel da China como um enorme exportador de produtos de mão de obra intensiva reflete vantagem comparativa a China é claramente abundante em mão de obra comparada com as economias desenvolvidas Muitas das merca dorias mão de obra intensivas entretanto são pro duzidas por indústrias muito bem localizadas que beneficiam se fortemente das economias externas de escala 4 The Tigers Teeth The Guardian 25 maio 2005 M07KRUGXXXXC07indd 121 12915 612 PM 122 Economia internacional Comércio e bem estar com economias externas Em geral podemos presumir que as economias exter nas de escala levam a ganhos de comércio acima daqueles referentes à vantagem comparativa O mundo é mais efi ciente e portanto mais rico porque o comércio interna cional permite que as nações especializem se em diferen tes indústrias e assim colham os frutos das economias externas bem como os da vantagem comparativa Entretanto existem algumas poucas qualificações possíveis para essa presunção Como vimos na Figura 74 a importância da vantagem estabelecida significa que não existe garantia de que o país certo produzirá uma mercadoria sujeita às economias externas Na ver dade é possível que o comércio baseado nas economias externas possa realmente deixar o país em pior situação do que ele ficaria na ausência de comércio Um exemplo de como um país pode de fato ficar pior com o comércio do que sem ele é mostrado na Figura 75 Nesse exemplo imaginamos que tanto a Tailândia quanto a Suíça podem produzir relógios que a Tailândia pode produzi los de forma mais barata mas que a Suíça começou a produzir primeiro DMUNDO é a demanda mundial por relógios e dado que a Suíça produz os relógios o equilíbrio está no ponto 1 Entre tanto adicionamos agora à figura a demanda tailan desa por relógios DTAI Se nenhum comércio de reló gios fosse permitido e a Tailândia fosse forçada a ser autossuficiente então o equilíbrio tailandês estaria no ponto 2 Por causa de sua curva de custo médio menor o preço do relógio feito na Tailândia no ponto 2 P2 é na realidade menor que o preço dos relógios feitos na Suíça no ponto 1 P1 Apresentamos uma situação na qual o preço de uma mercadoria que a Tailândia importa seria na realidade menor se não existisse nenhum comércio e o país fosse forçado a produzir a mercadoria para si próprio Clara mente nesse caso o comércio deixa o país em pior situa ção do que ele estaria na ausência de comércio Existe um incentivo nesse caso para a Tailândia proteger sua indústria de relógio em potencial da com petição estrangeira Porém antes de concluir que isso justifica protecionismo devemos notar que na prática identificar casos como o mostrado na Figura 75 está longe de ser fácil Na verdade como enfatizaremos nos capítulos 10 e 11 a dificuldade de identificar as econo mias externas na prática é um dos principais argumen tos contra as políticas ativistas de governo em direção ao comércio Também é importante ressaltar que enquanto as economias externas podem às vezes levar a padrões de especialização e comércio desvantajosos é virtualmente certo de que ainda é para o benefício da economia mun dial tirar vantagem dos ganhos das indústrias concen tradas O Canadá poderia estar em melhor situação se o Vale do Silício ficasse perto de Toronto em vez de São Francisco A Alemanha poderia estar em melhor situa ção se a City o distrito financeiro de Londres que junto com Wall Street dominam os mercados financeiros mun diais pudesse ser levado para Frankfurt Mas no geral é melhor para o mundo que cada uma dessas indústrias esteja concentrada em algum lugar Retornos crescentes dinâmicos Algumas das mais importantes economias externas provavelmente surgiram do acúmulo de conhecimento Quando uma empresa individual melhora seus produ tos ou técnicas de produção por meio de experiência outras empresas provavelmente imitarão a empresa e irão beneficiar se de seu conhecimento O transborda mento do conhecimento dá origem a uma situação na qual a produção de empresas individuais cai ao passo que a indústria como um todo acumula experiência Repare que as economias externas que surgem a par tir do acúmulo de conhecimento diferem um pouco das economias externas consideradas até agora nas quais os Preço custo por relógio C0 P1 1 2 DMUNDO ACSUÍÇA ACTAI Quantidade de relógios produzidos e demandados P2 DTAI Quando existem economias externas o comércio tem como potencialmente deixar um país em pior situação do que ele estaria na ausência de comércio Neste exemplo a Tailândia importa relógios da Suíça que é capaz de abastecer o mercado mundial DMUNDO a um preço P1 baixo o bastante para bloquear a entrada de produtores tailandeses que devem produzir inicialmente relógios a custo C0 Ainda se a Tailândia bloqueasse todo o comércio de relógios seria capaz de abastecer seu mercado nacional DTAI a um preço menor P2 FIGURa 75 Economias externas e perdas com comércio M07KRUGXXXXC07indd 122 12915 612 PM 123 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção custos da indústria dependem da produção atual Nessa situação alternativa os custos da indústria dependem de experiência medida normalmente pela produção cumu lativa da indústria até o momento atual Por exemplo o custo de produzir uma tonelada de aço pode depen der negativamente do número total de toneladas de aço produzido por um país desde que a indústria começou Esse tipo de relação é frequentemente resumido por uma curva de aprendizado que relaciona custo da uni dade com produção cumulativa Tais curvas de apren dizado são ilustradas na Figura 76 Elas têm inclinação descendente por causa do efeito nos custos da experiên cia adquirida por meio da produção Quando os custos caem com a produção cumulativa ao longo do tempo em vez de cair com a taxa atual de produção chamamos isso de caso dos retornos crescentes dinâmicos Como as economias externas comuns as econo mias externas dinâmicas podem segurar uma vantagem ou dianteira iniciais em uma indústria Na Figura 76 a curva de aprendizado L é a do país que foi pioneiro na indústria enquanto L é a do país que tem baixo custo de entrada digamos salários baixos mas menos experiência de produção Já que o primeiro país tem uma vantagem de produção grande o suficiente os custos baixos potenciais do segundo país podem não permitir que ele entre no mer cado Por exemplo suponha que o primeiro país tem uma produção cumulativa de unidades QL dando à unidade o custo de C1 enquanto o segundo país nunca produziu a mercadoria Então o segundo país terá um custo startup inicial C0 que é maior do que a unidade de custo atual C1 da indústria estabelecida Economias de escala dinâmica como as economias externas em um ponto do tempo potencialmente justifi cam protecionismo Suponha que um país possa ter um custo baixo o suficiente para produzir uma mercadoria para exportação se tivesse mais experiência de produ ção mas dada a atual falta de experiência a mercadoria não pode ser produzida competitivamente Tal país pode aumentar seu bem estar em longo prazo tanto encora jando a produção da mercadoria por um subsídio quanto protegendo a da competição estrangeira até que a indús tria possa andar com suas próprias pernas O argumento para proteção temporária das indústrias para permitir que elas ganhem experiência é conhecido como argu mento da indústria nascente Esse argumento tem desem penhado um papel importante em debates sobre o papel da política de comércio no desenvolvimento econômico Discutiremos o argumento da indústria nascente mais extensamente no Capítulo 10 mas por enquanto apenas percebemos que situações como as ilustradas na Figura 76 são tão difíceis de identificar na prática quanto aque las que envolvem aumento dos retornos não dinâmicos Comércio inter regional e geografia econômica As economias externas desempenham um papel importante na modelagem do padrão do comércio inter nacional mas eles são ainda mais decisivos na modela gem do padrão de comércio inter regional o comércio que situa se entre regiões dentro dos países Para entender o papel das economias externas no comércio inter regional primeiro precisamos discutir a natureza das economias regionais isto é como as eco nomias das regiões dentro de uma nação encaixam se na Custo de unidade C1 QL L L Saída cumulativa C0 A curva de aprendizado mostra que o custo da unidade é menor quanto maior for a saída cumulativa da indústria de um país até hoje Um país que tem extensa experiência em uma indústria L pode ter menor custo de unidade do que um país com pouca ou nenhuma experiência mesmo que a curva de aprendizado do segundo país L seja menor por exemplo por causa de salários menores FIGURa 76 A curva de aprendizado M07KRUGXXXXC07indd 123 12915 612 PM 124 Economia internacional economia nacional Estudos da localização das indústrias norte americanas sugerem que mais de 60 dos trabalha dores norte americanos são empregados pelas indústrias cujas produções são não comercializáveis mesmo den tro dos Estados Unidos isto é devem ser fornecidas internamente A Tabela 72 mostra alguns exemplos de indústria de mercadorias comercializáveis e não comer cializáveis Portanto os filmes feitos em Hollywood são mostrados em todo o país e mesmo ao redor do mundo mas jornais são lidos principalmente em suas cidades de origem Wall Street negocia ações e faz negócios com clientes nos Estados Unidos mas bancos de poupança servem principalmente depositantes locais Os cientistas do National Institutes of Health desenvolvem conheci mento médico que é aplicado pelo país todo mas o vete rinário que descobre por que seu bicho de estimação está doente tem de estar perto de sua casa Como você deve esperar a quantidade de indústrias de mercadorias não comercializáveis que emprega é pra ticamente a mesma ao redor dos Estados Unidos Por exemplo restaurantes empregam por volta de 5 da força de trabalho em toda grande cidade norte americana Por outro lado as indústrias de mercadorias comercializáveis variam muito em importância nas regiões Manhattan representa apensa 2 do total de empregos nos Estados Unidos mas representa um quarto daqueles que estão empregados no mercado de ações e títulos e por volta de um sétimo dos empregos na indústria de publicidade Mas o que determina a localização das indústrias de mercadorias comercializáveis Em alguns casos os recur sos naturais desempenham papel chave por exemplo Houston é o centro para a indústria de petróleo porque o petróleo está no leste do Texas Entretanto fatores de produção como mão de obra e capital desempenham um papel menos decisivo no comércio inter regional do que no comércio internacional pela simples razão de que tais fato res são altamente móveis dentro dos países Como resul tado fatores tendem a mover se para onde as indústrias estão em vez do contrário Por exemplo o Vale do Silício na Califórnia perto de São Francisco tem uma força de trabalho altamente instruída com alta concentração de engenheiros e experts em computador Isso não acontece porque a Califórnia treina muitos engenheiros mas sim porque os engenheiros vão para o Vale do Silício para con seguir empregos na indústria de alta tecnologia da região Então os recursos desempenham um papel secundá rio no comércio inter regional O que conduz em grande parte a especialização e o comércio em vez disso são as economias externas Por exemplo por que tantas agências de publicidade estão localizadas em Nova York A res posta é porque outras tantas agências de publicidade estão localizadas em Nova York Um estudo colocou da seguinte forma Compartilhar e difundir informações é crítico para o sucesso de uma equipe e de uma agência Em cidades como Nova York as agências juntam se em aglomerados vizinhos Agrupamentos promovem rede de mão de obra localizada para melhorar a criatividade Agências trocam informação e ideias e ter esse contato cara a cara é crítico5 Na verdade a evidência sugere que as economias externas que apoiam o negócio de publicidade são bem localizadas para colher benefícios dos transbordamentos de informa ção as agências de publicidade precisam estar localizadas a mais ou menos 300 metros umas das outras Mas se as economias externas são a principal razão para a especialização regional e o comércio inter regional o que explica como uma região em particular desenvolve economias externas que apoiam uma indús tria A resposta no geral é que acidentes da história desempenham um papel crucial Como observado antes há um século e meio Nova York era a cidade portuária mais importante da América porque tinha acesso aos Grandes Lagos através do canal de Erie Isso levou Nova York a tornar se o centro financeiro da América E ela permanece como centro financeiro ainda hoje graças às economias externas que a indústria financeira criou para si mesma Los Angeles tornou se o centro da indústria cinematográfica em seu começo quando os filmes eram gravados ao ar livre e precisavam de boas condições meteorológicas E permanece como o centro da indústria cinematográfica ainda hoje apesar de muitos filmes serem gravados em locais fechados ou em locações por causa das externalidades descritas no estudo de caso adiante A questão que você pode perguntar é se as forças que impulsionam o comércio inter regional são realmente diferentes daquelas que impulsionam o comércio interna cional A resposta é que elas não são sobretudo quando olhamos o comércio entre economias intimamente inte Tabela 72 Alguns exemplos de Indústrias de mercadorias comercializáveis e não comercializáveis Indústria de mercadorias comercializáveis Indústria de mercadorias não comercializáveis Filmes Editoras de jornais Valores mobiliários commodities etc Bancos de investimento Pesquisa científica Serviços veterinários Fonte J Bradford Jensen e Lori G Kletzer Tradable Services Understanding the Scope and Impact of Services Outsourcing In BRAINARD L COLLINS S M Eds Brookings Trade Forum 2005 Offshoring White Collar Work Washington DC Brookings Institution 2005 p 75116 5 J Vernon Henderson What Makes Big Cities Tick A Look at New York cópia Brown University 2004 M07KRUGXXXXC07indd 124 12915 612 PM 125 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção gradas como aquelas do Leste Europeu De fato Lon dres desempenha o papel de capital financeira da Europa similar ao papel desempenhado por Nova York como capital financeira da América Nos últimos anos houve um movimento crescente entre economistas para mode Economia dE TinsElTown Qual é o setor de exportação mais importante dos Estados Unidos A resposta depende em certa medida de definições Algumas pessoas dirão que é o setor agrícola outros dirão que é o de aviação No entanto por qualquer medida um dos setores de maior exportação dos Estados Unidos é o de entre tenimento filmes em particular Em 2011 taxas de aluguel geradas pela exportação de filmes e fita foram de 143 bilhões de dólares em comparação com somente 102 bilhões de dólares em receitas de bilheteria nacional Os filmes norte americanos dominaram as vendas de ingressos em grande parte do mundo Por exemplo eles representaram em torno de dois terços das receitas de bilheteria na Europa Por que os Estados Unidos são o exportador domi nante do entretenimento Existem importantes van tagens decorrentes da dimensão do mercado norte americano Um filme que visa principalmente aos mercados francês e italiano muito menores do que o dos Estados Unidos não pode justificar os enormes orçamentos de muitos dos filmes norte americanos Portanto os filmes desses países são tipicamente dramas ou comédias cujo apelo não consegue sobre viver à dublagem ou a legendas Enquanto isso os filmes americanos podem transcender a barreira da linguagem com grandes produções e efeitos especiais espetaculares Mas uma importante parte da dominância ameri cana na indústria também vem das economias exter nas criadas pela imensa concentração de empresas de entretenimento em Hollywood Hollywood cla ramente gera dois tipos das economias externas de Marshall fornecedores especializados e agrupamento do mercado de mão de obra Enquanto o produto final é fornecido pelos estúdios de cinema e redes de tele visão estes por sua vez dependem de uma complexa rede de produtores independentes agências de cas ting e de talentos escritórios de advocacia experts em efeitos especiais e assim por diante E a necessidade de agrupamento do mercado de mão de obra é óbvia para qualquer um que já viu os créditos ao fim de um filme cada produção requer um exército enorme mas temporário que inclui não só cinegrafistas e maquia dores mas músicos dublês e ocupações misteriosas como eletricista de cena e apertadores e é claro ato res e atrizes Se isso também gera o terceiro tipo de economias externas transbordamentos de conheci mento é menos certo Afinal como o autor Natha niel West observou uma vez a chave para entender o negócio do cinema é perceber que ninguém sabe nada Ainda se existe qualquer conhecimento para transbordar com certeza funciona melhor no intenso meio ambiente social de Hollywood do que poderia funcionar em qualquer outro lugar Um indício da força das economias externas de Hollywood tem sido a persistente habilidade em atrair talentos de fora dos Estados Unidos De Garbo e Von Sternberg a Russell Crowe e Guillermo del Toro os filmes norte americanos têm sido feitos frequen temente por estrangeiros ambiciosos que mudaram se para Hollywood e no final alcançaram um público maior mesmo em suas nações de origem do que se tivessem ficado em seus países Hollywood é única Não forças similares levaram ao surgimento de vários outros complexos de entrete nimento Na Índia cujo mercado cinematográfico tem sido protegido da dominação norte americana parte por política de governo e parte pelas diferenças cultu rais um agrupamento de produção de filmes conhecido como Bollywood surgiu em Bombay Nos anos recen tes os filmes de Bollywood desenvolveram um público grande fora da Índia e o cinema está rapidamente se tornando uma indústria exportadora indiana significa tiva Uma indústria cinematográfica substancial aten dendo a falantes do chinês surgiu em Hong Kong Além disso muitos filmes de ação norte americanos são fortemente influenciados pelo estilo de Hong Kong Uma indústria de especialidade que está produzindo programas de televisão de língua espanhola para toda a América Latina com foco nas chamadas telenovelas surgiu em Caracas na Venezuela E em anos recentes um complexo cinematográfico nigeriano Nollywood surgiu utilizando técnicas digitais para produzir filmes de orçamento relativamente baixo que são exportados como entretenimento diretamente em vídeo mas não totalmente para outras nações africanas lar o comércio inter regional e internacional e identificar fenômenos como o surgimento de cidades como diferen tes aspectos do mesmo fenômeno interação econômica através do espaço Tal abordagem é frequentemente cha mada de geografia econômica M07KRUGXXXXC07indd 125 12915 612 PM 126 Economia internacional 1 O comércio não precisa ser o resultado da vantagem compa rativa Em vez disso pode resultar do aumento dos retornos ou das economias de escala isto é de uma tendência de os custos de unidade serem menores com maiores produ ções Economias de escala dão aos países um incentivo para especializarem se e negociarem mesmo na ausência de dife renças nos recursos ou tecnologia entre países As economias de escala podem ser internas dependendo do tamanho da empresa ou externas dependendo do tamanho da indústria 2 As economias de escala podem levar a um colapso de com petição perfeita a não ser que tomem a forma de econo REsumo mias externas o que ocorre no nível da indústria em vez de no nível da empresa 3 As economias externas dão um papel importante à histó ria e aos acidentes ao determinar o padrão do comércio internacional Quando as economias externas são impor tantes um país que começa com uma grande vantagem pode reter essa vantagem mesmo que outro país possa potencialmente produzir as mesmas mercadorias de for ma mais barata Quando as economias externas são im portantes os países podem possivelmente perder com o comércio agrupamento do mercado de mão de obra p 115 argumento da indústria nascente p 123 comércio inter regional p 123 curva de aprendizado p 123 curva de oferta em queda futura p 118 custo médio de produção p 118 economias de escala p 113 TERmos chavE economias externas de escala p 115 economias internas de escala p 115 fornecedores especializados p 115 geografia econômica p 125 retornos crescentes dinâmicos p 123 transbordamento de conhecimento p 115 pRoblEmas 1 Para cada um dos exemplos seguintes explique se é um caso de economias externas ou internas de escala a Uma quantidade de empresas fazendo contrato de pes quisa para a indústria farmacêutica está concentrada no sudeste da Carolina do Norte b Todos os Hondas produzidos nos Estados Unidos vêm das fábricas de Ohio Indiana ou do Alabama c Todas as fuselagens do Airbus único produtor de aviões grandes da Europa são montadas em Toulouse na França d Cranbury em Nova Jersey é a capital do sabor artificial dos Estados Unidos 2 Costuma se argumentar que a existência de aumento dos retornos é uma fonte de conflito entre países já que cada país fica em melhor situação se puder aumentar sua pro dução nas indústrias caracterizadas pelas economias de escala Avalie esse ponto de vista em termos de modelo de economia externa 3 Dê dois exemplos de produtos que são negociados nos mer cados internacionais para o quais existem retornos crescen tes dinâmicos Em cada um de seus exemplos mostre como a inovação e o aprendizado na prática são importantes para os retornos crescentes dinâmicos na indústria 4 Avalie a importância relativa das economias de escala e da vantagem comparativa em causar o seguinte a A maioria do alumínio do mundo é derretida na Noruega ou no Canadá b Metade dos aviões a jato do mundo é montada em Seattle c A maioria dos semicondutores é produzida tanto nos Esta dos Unidos como no Japão d A maioria do uísque escocês vem da Escócia e A maioria do melhor vinho do mundo vem da França 5 Considere uma situação similar à da Figura 73 na qual dois países que podem produzir uma mercadoria estão sujeitos às curvas de oferta em queda futura Entretanto neste caso suponha que os dois países têm os mesmos custos de for ma que as duas curvas de oferta são idênticas a Qual padrão de especialização e comércio internacional você esperaria O que determinaria quem vai produzir a mercadoria b Quais são os benefícios do comércio internacional neste caso Eles serão obtidos somente pelo país que recebe a indústria 6 É bastante comum para um agrupamento industrial separar se e para a produção mover se para localidades com salários menores quando a tecnologia da indústria não melhora mais de maneira rápida quando não é mais essencial ter o maquinário absolutamente mais moderno quando a necessidade por trabalhadores altamente quali ficados diminui e quando estar na vanguarda da inovação traz somente uma pequena vantagem Explique essa ten dência dos agrupamentos industriais em separarem se em termos da teoria das economias externas 7 Recentemente uma crescente escassez de mão de obra tem feito com que os salário chineses aumentem Se essa M07KRUGXXXXC07indd 126 12915 612 PM 127 Capítulo 7 Economias externas de escala e localização internacional da produção tendência continuar o que você espera que aconteça com as indústrias de economia externa dominadas pela China hoje Considere em especial a situação ilustrada na Figura 74 Como a mudança ocorreria 8 Em nossa discussão sobre agrupamento do mercado de mão de obra enfatizamos as vantagens de ter duas em presas na mesma localidade se uma empresa está aumen tando enquanto a outra está diminuindo é vantagem tanto para os trabalhadores quanto para as empresas que eles sejam capazes juntar se em um único agrupamento de mão de obra Mas pode acontecer de as duas empresas quererem expandir ou diminuir ao mesmo tempo Isso constitui um argumento contra a concentração geográfica Pense utili zando o exemplo numérico cuidadosamente 9 Qual das mercadorias ou serviços a seguir teriam mais propen são de estarem sujeitos a 1 economias externas de escala e 2 retornos crescentes dinâmicos Explique suas respostas a Serviços de suporte técnico a softwares b Produção de asfalto ou concreto c Filmes d Pesquisa sobre câncer e Colheita de madeira BANCO Mundial Relatório do Desenvolvimento Mundial de 2009 Uma enorme pesquisa de evidência em geografia econômica com extensa discussão sobre os agrupamentos industriais na China e em outras economias emergentes GRAHAM F Some Aspects of Protection Further Considered Quarterly Journal of Economics v 37 p 199227 1923 Um aviso prévio de que o comércio internacional poderia ser prejudicial na presença de econo mias externas de escala LI Fung Research Centre Industrial Cluster Series 20062010 Li and Fung um grupo de comércio baseado em Hong Kong publicou uma série de relatórios sobre o surgimento de concentrações industriais na produção chinesa lEiTuRas adicionais LINDER S B An Essay on Trade and Transformation Nova York John Wiley and Sons 1961 Uma afirmação inicial e influente na visão de que o comércio de fabricantes entre países desenvolvidos reflete principalmente forças em vez de vantagem comparativa PORTER M The Competitive Advantage of Nations Nova York Free Press 1990 Um best seller que explica o sucesso da exportação nacional como resultado do autorreforço de agrupamentos industriais isto é economias externas SAXENIAN A Regional Advantage Cambridge Harvard University Press 1994 Uma comparação fascinante de dois distritos indus triais de alta tecnologia o Vale do Silício na Califórnia e a Rota 128 de Boston M07KRUGXXXXC07indd 127 12915 612 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 8 empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais Neste capítulo continuaremos a explorar como as economias de escala geram incentivos para a especialização internacional e o comércio Agora focaremos nas economias de escala que são internas à empresa Como mencionado no capítulo anterior essa forma de aumento nos retornos pode levar a uma estrutura de mercado que apresenta concorrência imperfeita As economias internas de escala implicam que o custo médio de produção de uma empresa diminui quanto mais ela produz A concorrência perfeita que baixa o preço de uma mercadoria para o custo mar ginal deveria implicar perdas para essas empresas porque elas não seriam capazes de recupe rar os altos custos incorridos da produção das unidades iniciais1 Como resultado a concorrência perfeita forçaria essas empresas para fora do mercado e esse processo continuaria até que um equilíbrio com a concorrência imperfeita fosse atingido Modelar a concorrência imperfeita significa que consideraremos explicitamente o comporta mento de empresas individuais Isso nos permite introduzir duas características adicionais das empresas que são predominantes no mundo real 1 Na maioria dos setores as empresas produ zem mercadorias que são diferenciadas umas das outras No caso de certas mercadorias como água engarrafada grampos etc as diferenças entre os produtos podem ser pequenas enquanto em outras como carros celulares etc as diferenças são muito mais significativas 2 Medidas de desempenho como tamanho e lucros variam amplamente entre as empresas Vamos incorporar essa primeira característica diferenciação de produto em nossa análise ao longo deste capítulo Para facilitar a exposição e estimular a intuição vamos inicialmente considerar o caso no qual não existem diferenças de desempenho entre as empresas Veremos portanto como as econo mias internas de escala e a diferenciação do produto combinam se para gerar novas fontes de ganhos de comércio por meio de integração econômica Introduziremos diferenças entre as empresas para que possamos analisar como elas respondem diferentemente às forças internacionais Veremos como a integração econômica gera tanto vence dores como perdedores entre diferentes tipos de empresas As organizações de melhor desempe nho prosperam e expandem enquanto as de pior desempenho encolhem se Isso gera uma fonte adicional de ganho com o comércio como a produção é concentrada em direção às empresas de melhor desempenho a eficiência global da indústria melhora Por último estudaremos o motivo pelo qual essas empresas de melhor desempenho têm um maior incentivo para envolverem se na economia global seja por meio da exportação da terceirização de alguns dos processos de produ ção imediatos para fora ou ao tornarem se multinacionais e operarem em vários países 1 Sempre que o custo médio estiver diminuindo o custo de produzir uma unidade extra custo marginal é menor do que o custo médio de produção já que aquela média inclui o custo dessas unidades iniciais que foram produzidas a custos unitários maiores obJetivos de aPrendiZagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Entender como as economias internas de escala e a diferenciação de produto levam ao comércio internacional e ao comércio intraindústria Reconhecer novos tipos de ganhos de bem estar do comércio de intraindústria Descrever como a integração econômica pode levar tanto a vencedores como perdedores entre empresas do mesmo setor M08KRUGXXXXC08indd 128 12915 612 PM 129 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais A teoria da concorrência imperfeita Em um mercado perfeitamente competitivo no qual existem muitos compradores e vendedores nenhum dos quais representa uma grande parte do mercado as empresas são tomadoras de preços Isto é são vendedo ras de produtos que acreditam que podem vender tanto quanto gostariam no preço atual mas não podem influen ciar o preço que recebem pelo produto Por exemplo um produtor de trigo pode vender tanto trigo quanto ele qui ser sem preocupar se que ao tentar vender mais vai dimi nuir o preço de mercado A razão pela qual ele não precisa preocupar se com o efeito de suas vendas nos preços é que qualquer produtor individual de trigo representa somente uma minúscula fração do mercado mundial Entretanto quando somente algumas empresas produ zem uma mercadoria a situação é diferente Para utilizar talvez o exemplo mais dramático a gigante produtora de aeronaves Boeing divide o mercado de aeronaves grandes com somente um grande rival a empresa europeia Airbus Como resultado a Boeing sabe que se produzir mais aero naves vai ter um efeito significativo no fornecimento total de aviões no mundo e portanto diminuirá significativa mente o preço dos aviões Ou colocando de outra forma a Boeing sabe que se quer vender mais aviões só vai conse guir isso ao reduzir seu preço significativamente Então na concorrência imperfeita as empresas têm consciência de que podem influenciar os preços de seus produtos e que só podem vender mais ao reduzirem seu preço Essa situação ocorre de uma das duas formas quando existem somente alguns grandes produtores de uma mercadoria em espe cial ou quando cada empresa produz uma mercadoria que é diferenciada aos olhos do consumidor daquela que a empresa rival produz Como mencionamos na intro dução esse tipo de competição é um resultado inevitável quando existem economias de escala no nível da empresa o número de empresas sobreviventes é forçado a dimi nuir para um número pequeno eou as empresas devem desenvolver produtos que são claramente diferenciados daqueles produzidos pelos seus rivais Nessas condições cada empresa vê a si mesma como uma ditadora de preço ao escolher o preço de seus produtos em vez de ser uma tomadora de preço Quando as empresas não são tomadoras de preço é necessário desenvolver ferramentas adicionais para des crever como os preços e a produção são determinados A estrutura de mercado imperfeitamente competitivo mais simples para examinarmos é a do monopólio puro um mercado no qual a empresa não enfrenta nenhuma competição As ferramentas que desenvolvemos para essa estrutura podem então se utilizadas para examinar estru turas de mercado mais complexas Monopólio uma breve revisão A Figura 81 mostra a posição de uma única empresa monopolista A empresa enfrenta uma curva de demanda com inclinação decrescente representada na figura como D Essa inclinação decrescente de D indica que a empresa pode vender mais unidades de produção somente se o preço da produção cair Como você deve se lembrar do básico da microeconomia a curva de receita marginal corresponde à curva de demanda A receita marginal é a receita extra ou adicional que a empresa ganha por ven der uma unidade adicional A receita marginal para uma empresa monopolista é sempre menor do que o preço porque para vender uma unidade adicional ela deve bai xar o preço de todas as unidades e não só da unidade marginal Portanto para uma empresa monopolista a curva de receita marginal MR sempre vai estar abaixo da curva de demanda Receita marginal e preço Para nossa análise do modelo da concorrência monopolística que vem adiante nesta seção é importante determinar a relação entre o preço que a empresa monopolista recebe por unidade e a receita marginal A receita marginal é sempre menor do que o preço mas quanto menor A relação entre a receita marginal e o preço depende de duas coisas Primeiro de quanta produção a empresa já está vendendo uma firma que não está vendendo muitas unidades não perderá muito ao diminuir o preço que recebe por essas unida des Segundo a diferença entre preço e receita marginal depende da inclinação da curva de demanda o que nos diz o quanto a empresa monopolista tem de cortar seu Explicar como os economistas acreditam que o dumping não deve ser destacado como uma prática de comércio injusta e por que a aplicação de leis antidumping leva ao protecionismo Explicar por que as empresas que se envolvem na economia global exportadores terceirizados multinacionais são substancialmente maiores e têm melhor desempenho do que empresas que não interagem com os mercados estrangeiros Entender as teorias que explicam a existência de multinacionais e a motivação para investimento estrangeiro direto entre economias M08KRUGXXXXC08indd 129 12915 612 PM 130 Economia internacional preço para vender mais uma unidade de produção Se a curva for mais achatada então a empresa monopolista pode vender uma unidade adicional com um pequeno corte no preço Como resultado ela não terá de baixar muito o preço nas unidades que venderia de qualquer forma então a receita marginal será próxima ao preço por unidade Por outro lado se a curva de demanda for muito inclinada vender uma unidade adicional vai reque rer um grande corte no preço o que implica que a receita marginal será bem menor do que o preço Podemos ser mais específicos sobre a relação entre preço e receita marginal se supusermos que a curva de demanda que a empresa enfrenta é uma linha reta Quando esse é o caso a dependência do total de vendas da empresa monopolista sob o preço que ela cobra pode ser representada por uma equação da seguinte forma Q A B P 81 onde Q é o número de unidades que a empresa vende P é o preço que ela cobra por unidade e A e B são constantes Mostraremos no apêndice deste capítulo que nesse caso a receita marginal é MR P Q B Marginal revenue 82 o que implica P MR Q B A Equação 82 revela que a diferença entre preço e receita marginal depende das vendas iniciais Q da empresa e o parâmetro de inclinação B depende da curva de demanda Se a quantidade de vendas Q é maior a receita marginal é menor porque a diminuição necessária no preço para vender uma maior quantidade custa mais para a empresa Em outras palavras quanto maior for B mais as vendas caem para qualquer aumento no preço e a receita marginal fica mais próxima do preço da merca doria A Equação 82 é crucial para a nossa análise do modelo de comércio da concorrência monopolística na seção a seguir Custos médios e marginais Voltando à Figura 81 AC representa o custo médio de produção da empresa isto é o custo total dividido por sua produção A inclinação para baixo reflete nossa suposição de que existem economias de escala então quanto maior a produção da empresa menor seu custo por unidade MC representa o custo marginal da empresa o quanto custa para a empresa pro duzir uma unidade extra Na figura supusemos que o custo marginal da empresa é constante a curva de custo marginal é achatada Então as economias de escala devem vir de um custo fixo sem relação com a escala de produção O custo fixo impulsiona o custo médio acima do custo marginal constante de produção embora a dife rença ente os dois torne se cada vez menor à medida que o custo fixo é espalhado sobre um número crescente de unidades de produção Se considerarmos c como o custo marginal da empresa e F como o custo fixo então podemos escrever o custo total da empresa C como C F c Q 83 onde Q é novamente a produção da empresa Dada essa função linear de custo o custo médio da empresa é AC C Q F Q c 84 Como discutimos esse custo médio é sempre maior que o custo marginal c e diminui com o produto produ zido Q Se por exemplo F 5 e c 1 o custo médio para pro duzir 10 unidades é 510 1 15 e o custo médio para Custo C e Preço P P M AC Q M Quantidade Q D MC MR AC Lucros de monopólio Uma empresa monopolista escolhe uma produção na qual a receita marginal o aumento na receita por vender uma unidade adicional se iguala ao custo marginal o custo de produzir uma unidade adicional Essa produção que maximiza o lucro é mostrada como QM O preço no qual essa produção é demandada é PM A curva de receita marginal MR situa se abaixo da curva de demanda D porque para um monopólio a receita marginal é sempre menor do que o preço Os lucros do monopólio são iguais aos da área do retângulo sombreado a diferença entre preço e custo médio vezes a quantidade de produção vendida FIGURA 81 Preços monopolísticos e decisões de produção M08KRUGXXXXC08indd 130 12915 612 PM 131 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais produzir 25 unidades é 525 1 12 Esses números podem parecer familiares porque foram utilizados para construir a Tabela 71 no capítulo anterior Entretanto neste caso supomos uma unidade de custo de salário para a entrada de mão de obra e que a tecnologia agora é apli cada a uma empresa em vez de uma indústria As curvas de custo médio e marginal para esse exemplo numérico específico estão traçados na Figura 82 O custo médio aproxima se do infinito na produção zero e aproxima se do custo marginal em grande produção A maximização do lucro de produção de uma empresa monopolista é aquela na qual a receita marginal a receita obtida por vender uma unidade extra se iguala ao custo marginal o custo de produzir uma unidade extra isto é na interseção das curvas MC e MR Na Figura 81 pode mos ver que o preço no qual a maximização do lucro de produção QM demandada é PM que é maior do que o custo médio Quando P AC a empresa monopolista está ganhando alguns lucros de monopólio como indicado pela caixa sombreada2 Concorrência monopolística Os lucros de monopólio raramente são incontestados A empresa que tem lucros altos normalmente atrai con corrência Portanto as situações de monopólio puro são raras na prática Na maioria dos casos a concorrência não vende os mesmo produtos seja porque não pode por razões legais ou tecnológicas ou porque prefere abrir seu próprio nicho de produto Isso leva a um mer cado no qual os concorrentes vendem produtos diferencia dos Portanto mesmo quando existem muitos concorren tes a diferenciação do produto permite que as empresas continuem a ditar o preço para sua própria variedade de produto individual ou marca Entretanto mais con corrência implica menos vendas para qualquer empresa em qualquer preço escolhido a curva de demanda de cada empresa muda quando existem mais concorrentes modelaremos isso de forma mais explícita nas seções seguintes Baixa demanda por sua vez é traduzida em lucros reduzidos O incentivo para novos concorrentes adicionais per siste há tanto tempo que tal entrada é lucrativa Uma vez que a competição alcança certo nível entradas adicionais não seriam mais lucrativas e um equilíbrio de longo prazo é atingido Em alguns casos isso ocorre quando só existe um pequeno número de empresas que concorrem no mer cado tal como no mercado de grandes jatos Isso leva a uma estrutura de mercado chamada de oligopólio Nessa situação uma única empresa tem uma parte suficiente do mercado para influenciar agregados de mercado como o total da produção da indústria e seu preço médio3 Isso por sua vez afeta as condições da demanda para outras empresas Elas terão portanto um incentivo para ajustar seus preços em resposta à decisão de preço da empresa maior e vice versa quando as outras empresas também são grandes Portanto as decisões de preço das compa nhias são interdependentes em uma estrutura de mercado oligopólico cada empresa em um oligopólio vai conside rar as respostas esperadas dos concorrentes na hora de estabelecer o preço Essas repostas entretanto depen dem por sua vez das expectativas dos concorrentes sobre o comportamento da empresa e portanto estamos em um jogo complexo no qual as empresas tentam adivi nhar as estratégias umas das outras Discutiremos breve mente um exemplo de um modelo de oligopólio com duas empresas no Capítulo 12 Por enqunto vamos focar em um caso muito mais simples de concorrência imperfeita conhecido como con corrência monopolística Essa estrutura de mercado surge quando o número de equilíbrio de empresas concorrentes Custo por unidade Custo marginal Custo médio 6 5 4 3 2 1 0 6 4 2 Produção 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Esta figura ilustra a média e os custos marginais correspondentes à função de custo total C 5 x O custo marginal é sempre 1 o custo médio diminui conforme a produção aumenta FIGURA 82 Média versus custo marginal 2 A defi nição econômica de lucros não é mesma que a utilizada em contabilidade convencional em que qualquer receita acima e abai xo da mão de obra e custos de material é chamada de lucro Uma empresa que ganha uma taxa de retorno em seu próprio capital menor do que esse capital poderia ter ganhado em outras indústrias não está tendo lucros De um ponto de vista econômico a taxa de retorno normal de capital representa parte dos custos da empresa e somente retornos melhores do que aquela taxa de retorno normal representam lucros 3 Isso ocorre tipicamente quando o custo fi xo F é alto em relação às condições de demanda cada empresa deve operar em grande escala a fi m de diminuir o custo médio e ser lucrativa e o mercado não é grande o sufi ciente para suportar tantas empresas grandes M08KRUGXXXXC08indd 131 12915 612 PM 132 Economia internacional é grande e nenhuma atinge uma parcela substancial de mercado Então a decisão de preço de qualquer uma das empresas não vai afetar os agregados de mercado e as condições de demanda para as outras assim as deci sões de preço não são mais inter relacionadas Cada empresa define seu preço de acordo com aqueles agre gados de mercado sabendo que a resposta de qualquer outra empresa individual seria sem importância A seguir desenvolvemos tal modelo de concorrência monopolís tica e na seção seguinte introduzimos o comércio sob essa estrutura de mercado Suposições do modelo Começamos descrevendo a demanda voltada para uma empresa de concorrên cia monopolística típica Em geral esperaríamos que a empresa vendesse mais quanto maior fosse a demanda total para o produto de sua indústria e maiores fossem os preços cobrados por seus rivais Por outro lado espe raríamos que a empresa vendesse menos quanto maior o número de empresas na indústria e maior o seu próprio preço Uma equação especial para a demanda voltada a uma empresa que tem essas propriedades é4 Q S n b P P 1 85 onde Q é a quantidade de produção demandada S é o total de produção da indústria n é o número de empresas na indústria b é o termo constante positivo que representa a capacidade de reposta das vendas de uma empresa para o seu preço P é o preço cobrado pela própria empresa e P é o preço médio cobrado por seus concorrentes À Equa ção 85 pode ser dada a seguinte justificativa intuitiva se todas as empresas cobram o mesmo preço cada uma terá uma parcela de mercado 1n Uma empresa que cobra mais do que a média das outras empresas vai ter uma parcela de mercado similar considerando que a empresa que cobra menos terá uma parcela maior5 É de grande ajuda supor que a produção total da indústria S não é afetada pelo preço médio P cobrado pela empresas da indústria Isto é supomos que as empresas podem ganhar clientes somente à custa umas das outras Essa é uma suposição não realista mas simplifica a análise e ajuda nos a focar na concorrência entre as empresas Em especial isso significa que S é a medida do tamanho do mercado e que se todas as empresas cobrarem o mesmo preço cada uma vende Sn unidades6 A seguir voltamos aos custos de uma empresa típica Aqui simplesmente assumimos que o custo total e médio de uma empresa típica são descritos pelas equa ções 83 e 84 Note que nesse modelo inicial supomos que todas as empresas são simétricas mesmo que elas produzam produtos diferenciados todas elas enfren tam a mesma curva de demanda Equação 85 e têm a mesma função de custo Equação 83 Abrandaremos essa suposição na próxima seção Equilíbrio de mercado Quando empresas individuais são simétricas o estado da indústria pode ser descrito sem descrever nenhuma das características das empresas indi viduais tudo o que realmente precisamos saber para des crever a indústria é quantas empresas existem e que preço a empresa típica cobra Para analisar a indústria por exemplo para avaliar os efeitos do comércio internacio nal precisamos determinar o número de empresas n e o preço médio que elas cobram P Uma vez que temos o método para determinar n e P podemos perguntar como elas são afetadas pelo comércio internacional Nosso método para determinar n e P envolve três pas sos 1 Primeiro obtemos uma relação entre o número de empresas e o custo médio de uma empresa típica Mos tramos que essa relação tem uma inclinação ascendente isto é quanto mais empresas existem menor é a produção de cada uma E portanto maior é o custo por unidade de produção de cada empresa 2 A seguir mostramos a rela ção entre o número de empresas e o preço que cada uma cobra que deve se igualar a P em equilíbrio Mostramos que essa relação tem uma inclinação descendente quanto mais empresas existem mais intensa é a concorrência entre elas e como resultado menores são os preços que elas cobram 3 Por fim introduzimos decisões de entrada e saída das empresas com base nos lucros que cada uma aufere Quando o preço excede o custo médio as empre sas obtêm lucro positivo e empresas adicionais entrarão na indústria De forma contrária quando o preço é menor que o custo médio os lucros são negativos e essas perdas induzem à saída de algumas empresas Em longo prazo esse processo de entrada e saída leva os lucros a zero Então o preço P que cada empresa estabelece deve se igua lar ao custo médio do passo 1 1 O número de empresas e custo médio Como primeiro passo para determinar n e P perguntamos como o custo médio de uma empresa típica depende do 4 A Equação 85 pode ser derivada de um modelo no qual os con sumidores têm diferentes preferências e as empresas produzem va riedades adaptadas para segmentos particulares do mercado Veja Stephen Salop Monopolistic Competition with Outside Goods Bell Journal of Economics v 10 p141156 1979 para um desen volvimento dessa abordagem 5 A Equação 85 pode ser reescrita como Q Sn S b P P Se P P essa equação é reduzida para Q Sn Se P P Q Sn enquanto se P P Q Sn 6 Mesmo que as empresas definam preços diferentes a equação de demanda 85 garante que a soma de Q sobre as empresas seja sempre igual à produção total S porque o resultado de P P sobre as empresas deve ser zero M08KRUGXXXXC08indd 132 12915 612 PM 133 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais número de empresas na indústria Já que todas as empresas são simétricas nesse modelo no equilíbrio todas cobrarão o mesmo preço Mas quando todas as empresas cobram o mesmo preço de forma que P P a Equação 85 mostra nos que Q Sn isto é a produção Q de cada empresa é uma parcela 1n do total de vendas S da indústria Mas nós vimos na Equação 84 que o custo médio depende inversa mente da produção de uma empresa Portanto con cluímos que o custo médio depende do tamanho do mercado e do número de empresas na indústria AC F Q c n F S c 86 A Equação 86 nos mostra que com todo o resto igual quanto mais empresas existirem em uma indús tria mais alto é o custo médio A razão para isso é que quanto mais empresas existem menos cada uma produz Por exemplo imagine uma indústria com um total de vendas de 1 milhão de widgets por ano Se existem cinco empresas na indústria cada uma ven derá 200 mil anualmente Se existem dez empresas cada uma irá vender somente 100 mil e portanto cada empresa terá um custo médio maior A relação de inclinação ascendente entre n e o custo médio é mostrada como CC na Figura 83 2 O número de empresas e o custo médio Entretanto o preço que a empresa típica cobra também depende do número de empresas na indústria Em geral seria de se esperar que quanto mais empresas existam mais intensa seja a concorrência entre elas e consequen temente menor o preço Isso acaba por ser verdade nesse modelo mas para provar que é preciso um momento O truque básico é mostrar que cada em presa enfrenta uma curva de demanda de linha reta como mostramos na Equação 81 e então utilizar a Equação 82 para determinar os preços Primeiro lembre se que no modelo de concorrência monopolística supõe se que as empresas aceitam os preços das outras como eles são dados isto é cada empresa ignora a possibilidade de que caso mudem seu preço outras empresas também mudarão o delas Se cada empresa trata P como dado podemos reescre ver a curva de demanda da Equação 85 na forma Q S n S b P S b P 87 onde b é o parâmetro na Equação 85 que mediu a sensibilidade de cada parcela de mercado das empre sas para o preço que ela cobra Agora esta equação está na mesma forma da Equação 81 com Sn S b P no lugar do termo constante A e S b no lugar do coeficiente de inclinação B Se colocarmos esses valores de volta na fórmula para a receita mar ginal Equação 82 temos a receita marginal para uma empresa típica de MR P Q S b 88 FIGURA 83 Equilíbrio em um mercado monopolístico competitivo Custo C e Preço P P3 AC3 Quantidade de empresas n n3 n2 n1 PP CC E AC1 P1 P2 AC2 A quantidade de empresas em um mercado monopolisticamente competitivo e os preços que elas cobram são determinados por duas relações De um lado quanto mais empresas existem mais intensamente elas competem e por consequência menor é o preço da indústria Essa relação é representada por PP Do outro lado quanto mais empresas existem menos cada uma vende e portanto maior é o custo médio da indústria Essa relação é representada por CC Se o preço ultrapassa o custo médio isto é se a curva PP está acima da curva CC a indústria terá lucros e empresas adicionais entrarão nela Se o preço for menor do que o custo médio a indústria sofrerá perdas e empresas a deixarão O preço de equilíbrio e a quantidade de empresas ocorrem quando o preço iguala o custo médio na interseção entre PP e CC M08KRUGXXXXC08indd 133 12915 612 PM 134 Economia internacional Empresas que maximizam os lucros vão definir a receita marginal igual ao custo marginal c de modo que MR P Q S b c o que pode ser rearrumado para dar a seguinte equa ção para o preço cobrada por uma empresa típica P c Q S b 89 Já percebemos entretanto que se todas as empresas cobram o mesmo preço cada uma venderá uma quan tidade Q Sn Colocar isso de volta na Equação 89 nos dá a relação entre o número de empresas e o preço que cada uma cobra P c b n 1 810 A Equação 810 nos mostra algebricamente que quanto mais empresas existirem em uma indústria menor é o preço que cada empresa vai cobrar Isso acontece porque cada marcação sobre o custo marginal P c 1b n diminui com o número de empresas concorren tes A Equação 810 é representada na Figura 83 como a curva de inclinação descendente PP 3 O número de equilíbrio de empresas Perguntemo nos o que a Figura 83 significa Nós resumimos uma indús tria em duas curvas A curva com inclinação descen dente PP mostra que quanto mais empresas existirem em uma indústria menor é o preço que cada empresa vai cobrar quanto mais empresas existem mais com petição cada empresa enfrenta A curva com inclina ção ascendente nos mostra que quanto mais empresas existirem na indústria mais alto é o custo médio de cada uma se o número de empresas aumenta cada uma vai vender menos então as empresas não serão capazes de mover se para baixo de sua curva de custo médio Os dois esquemas fazem interseção no ponto E que cor responde ao número de empresas n2 O significado de n2 é que ele é o número lucro zero de empresas na indústria Quando existem n2 empresas na indústria seu preço de maximização de lucro é P2 o que é exatamente igual ao seu custo médio AC2 Isso é o equilíbrio de concorrência monopolística de longo prazo que descrevemos anteriormente Para entender o porquê suponha que n era menos do que n2 digamos n1 Então o preço cobrado pelas empre sas seria P1 enquanto seu custo médio seria somente AC1 Deste modo as empresas ganhariam lucros positivos7 Contrariamente suponha que n fosse maior do que n2 digamos n3 Então as empresas cobrariam somente o preço P3 enquanto seu custo médio seria AC3 As empresas sofreriam perdas lucros no negativo Ao longo do tempo empresas entrarão em uma indústria que é lucrativa e sai rão da indústria na qual perdem dinheiro O número de empresas aumentará com o tempo se for menor do que n2 se for maior o número diminui levando ao preço de equilí brio P2 com n2 empresas8 Acabamos de desenvolver um modelo de uma indústria monopolisticamente competitiva na qual podemos deter minar o número de equilíbrio de empresas e o preço médio que cada empresa cobra Agora utilizaremos esse modelo para obter algumas conclusões importantes sobre o papel das economias de escala no comércio internacional Concorrência monopolística e comércio Fundamentando a aplicação do modelo de concor rência monopolística para o comércio existe a ideia de que o comércio aumenta o tamanho do mercado Em indústrias nas quais existem economias de escala tanto a variedade de mercadorias que um país pode produzir quanto a escala de sua produção são limitadas pelo tama nho do mercado Ao negociarem entre si e portanto for mar um mercado mundial integrado que é maior do que qualquer mercado nacional individual as nações tornam se capazes de afrouxar essas limitações Cada país pode portanto especializar se em produzir uma variedade de produtos mais restrita do que produziria na ausência de comércio Ainda ao comprar de outros países as mer cadorias que não produz cada nação pode simultanea mente aumentar a variedade de mercadorias disponíveis para seus consumidores Como resultado o comércio ofe rece uma oportunidade de ganho mútuo mesmo quando os países não diferem em recursos ou tecnologias Suponha por exemplo que existam dois países cada um com um mercado anual para um milhão de automó veis Ao negociarem entre si eles podem criar um mer cado combinado de dois milhões de automóveis Nesse mercado combinado pode ser produzida uma variedade maior de automóveis com custos médios menores do que em cada mercado sozinho 8 Essa análise passa por um pequeno problema a quantidade de em presas em uma indústria deve ser naturalmente um número inteiro como 5 ou 8 E se n2 acaba por ser igual a 637 A resposta é que existirão seis empresas na indústria todas ganhando um pequeno lucro positivo O lucro não é contestado por novas empresas por que todo mundo sabe que uma indústria de sete empresas perderia dinheiro Na maioria dos exemplos de concorrência monopolística esse problema de número inteiro ou restrição de inteiro acaba não sendo muito importante por isso iremos ignorá lo aqui 7 Lembre se que isso representa lucro econômico o que deixa de fora todos os custos fixos e capitais em oposição ao lucro contábil que não exclui nada M08KRUGXXXXC08indd 134 12915 612 PM 135 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais FIGURA 84 Os efeitos de um mercado maior Custo C e Preço P P2 Quantidade de empresas n n2 n1 PP P1 1 2 CC1 CC2 Um aumento no tamanho do mercado permite que cada empresa com tudo estando igual produza mais e portanto tenha um custo médio menor Isso é representado por uma mudança descendente de CC1 para CC2 O resultado é um aumento simultâneo na quantidade de empresas e por consequência na variedade de mercadorias disponíveis e uma queda no preço de cada uma O modelo de concorrência monopolística pode ser usado para mostrar como o comércio melhora o trade off entre escala e variedade que as nações individuais enfrentam Começaremos mostrando como um mercado maior resulta tanto em um preço médio menor quanto na disponibilidade de uma variedade maior de mercado rias no modelo de concorrência monopolística Ao apli car esse resultado no comércio internacional observamos que o comércio cria um mercado mundial maior do que qualquer um dos mercados nacionais que o compõem Integrar mercados por meio do comércio internacional portanto tem os mesmos efeitos do crescimento de um mercado dentro de um único país Os efeitos do aumento de tamanho do mercado O número de empresas em uma indústria monopo listicamente competitiva e os preços que ela cobra são afetados pelo tamanho do mercado Nos mercados maio res haverá geralmente mais empresas e mais vendas por empresa Os consumidores de um mercado maior terão preços menores e uma variedade maior de produtos do que os de mercados menores Para enxergar isso no contexto do nosso modelo olhe novamente para a curva CC na Figura 83 que mostrou que os custos médios por empresa são maiores quanto mais empresas existem na indústria A definição da curva CC é dada pela Equação 86 AC F Q c n F S c Ao examinar essa equação vemos que um aumento na produção total da indústria S reduzirá os custos médios para qualquer número dado de empresas n A razão é que se o mercado cresce enquanto o número de empresas mantém se constante a produção por empresa vai aumentar e o custo médio de cada empresa vai por tanto diminuir Desse modo se compararmos dois mer cados um com S maior do que o outro a curva CC do mercado maior estará abaixo da do mercado menor Ao mesmo tempo a curva PP na Figura 83 que relaciona o preço cobrado pelas empresas ao número de empresas não é alterada A definição dessa curva foi dada pela Equação 810 P c b n 1 O tamanho do mercado não entra nessa equação então um aumento de S não altera a curva PP A Figura 84 utiliza essa informação para mostrar o efeito de um aumento no tamanho do mercado em equi líbrio de longo prazo Inicialmente o equilíbrio está no ponto 1 com um preço P1 e um número de empresas n1 Um aumento no tamanho do mercado medido pelas vendas S da indústria move a curva CC para baixo de CC1 para CC2 ao passo que não tem efeito nenhum na curva PP O novo equilíbrio está no ponto 2 o número de M08KRUGXXXXC08indd 135 12915 612 PM 136 Economia internacional empresas aumenta de n1 para n2 enquanto o preço cai de P1 para P2 Claramente os consumidores preferem fazer parte de um mercado maior em vez de um mercado menor No ponto 2 uma maior variedade de produtos está disponí vel por um preço menor do que no ponto 1 Ganhos de mercado integrado um exemplo numérico O comércio internacional é capaz de criar um mer cado maior Podemos ilustrar os efeitos do comércio nos preços na escala e na variedade de mercadorias disponí veis com um exemplo numérico específico Suponha que automóveis sejam produzidos por uma indústria monopolisticamente competitiva A curva de demanda voltada para qualquer produtor de automóveis é descrita pela Equação 85 com b 130000 esse valor não tem significado especial foi escolhido para fazer o exemplo sair limpo Portanto a demanda voltada para qualquer produtor é Q S n P P 1 1 30000 onde Q é o número de automóveis vendidos por empresa S é o número total de vendas para a indústria n é o número de empresas P é o preço que uma empresa cobra e P é o preço médio de outras empresas Também supomos que a função custo para produzir automóveis é descrita pela Equação 83 com um custo fixo F US 750000000 e um custo marginal c US 5000 por automóvel nova mente esses valores foram escolhido para termos bons resultados O custo total é C Q 750000000 5000 Portanto a curva de custo médio é AC 750000000 Q 5000 Agora suponha que existam dois países Domés tica e Estrangeira Doméstica tem vendas anuais de 900 mil automóveis e Estrangeira tem vendas anuais de 16 milhão Supomos que os dois países para este momento tenham os mesmos custos de produção A Figura 85a mostra as curvas PP e CC para a indústria automotiva de Doméstica Observamos que na ausência de comércio Doméstica teria seis empresas de automóveis vendendo os a US 10000 cada Também é possível resolver n e P algebricamente como é mostrado no pós escrito matemático deste capítulo Para confir mar que esse é o equilíbrio de longo prazo precisamos mostrar que a Equação 810 de preços é satisfatória e que o preço se iguala ao custo médio Ao substituir os valores reais do custo marginal c do parâmetro de demanda b e do número de empresas n em Doméstica na Equação 810 chegamos a P US 10000 c 1b n US 5000 1130000 6 US 5000 US 5000 então a condição para maximização de lucro receita marginal igual a custo marginal é satisfeita Cada empresa vende 900000 unidades6 empresas 150000 unidadesempresa Seu custo médio é portanto AC US 750000000150000 US 5000 US 10000 Já que o custo médio de US 10000 por unidade é o mesmo que o preço todos os lucros de monopólio foram perdidos por meio da concorrência Desse modo seis empresas vendendo cada unidade ao preço de US 10000 com cada empresa produzindo 150 mil carros é o equilí brio de longo prazo no mercado de Doméstica E o que acontece em Estrangeira Ao desenhar as cur vas PP e CC painel b da Figura 85 observamos que quando o mercado está em 16 milhão de automóveis as curvas fazem interseção em n 8 P 8750 Isto é na ausência de comércio o mercado de Estrangeira supor taria oito empresas cada uma produzindo 200 mil auto móveis e vendendo os pelo preço de US 8750 Podemos novamente confirmar que essa solução satisfaz as condi ções de equilíbrio P US 8750 c 11b n US 5000 1130000 8 US 5000 US 3750 e AC 750000000200000 5000 8750 Agora suponha que seja possível para Doméstica e Estrangeira negociarem automóveis entre si sem custo Isso cria um novo mercado integrado painel c na Figura 85 com um total de 25 milhões em vendas Ao desenhar as curvas PP e CC mais uma vez observamos que esse mercado integrado suportará dez empresas cada uma produzindo 250 mil carros e vendendo os ao preço de US 8000 As condições para maximização do lucro e lucro zero são mais uma vez satisfeitas P 8000 c 1b n 5000 1130000 10 US 5000 US 3000 e AC US 750000000250000 US 5000 US 8000 M08KRUGXXXXC08indd 136 12915 612 PM 137 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais FIGURA 85 Equilíbrio no mercado de automóveis a O mercado de Doméstica com um tamanho de mercado de 900 mil automóveis seu equilíbrio determinado pela interseção das curvas PP e CC ocorre com seis empresas e um preço de indústria de US 10000 por automóvel b O mercado de Estrangeira com um tamanho de mercado de 16 milhão de automóveis seu equilíbrio ocorre com oito empresas e um preço de indústria de US 8750 por automóvel c O mercado combinado a integração dos dois mercados cria um mercado de 25 milhões de automóveis Esse mercado suporta dez empresas e o preço do automóvel é US 8000 6 4 2 8 10 12 Preço por automóvel em milhares de dólares 6 4 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 7 5 3 9 11 1 PP CC c Integrado 6 4 2 8 10 12 Preço por automóvel em milhares de dólares Quantidade de empresas n Quantidade de empresas n Quantidade de empresas n 6 4 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 7 5 3 9 11 1 PP CC a Doméstica 6 4 2 8 10 12 Preço por automóvel em milhares de dólares 6 4 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 7 5 3 9 11 1 PP CC b Estrangeira Na Tabela 81 resumimos os resultados da criação de um mercado integrado A tabela compara cada mer cado individual com o mercado integrado O mercado integrado suporta mais empresas cada uma produzindo em maior escala e vendendo a um preço menor do que os mercados nacionais vendem por si próprios Claro todos estão em melhor situação como resul tado da integração No mercado maior os consumido res têm uma variedade maior de escolhas já que cada empresa produz mais e é portanto capaz de oferecer seu produto a um preço menor Para concretizar esses ganhos da integração os países devem se envolver no M08KRUGXXXXC08indd 137 12915 612 PM 138 Economia internacional comércio internacional Para chegar nas economias de escala cada empresa deve concentrar sua produção em um país Doméstica ou Estrangeira Contudo a empresa deve vender sua produção para consumidores dos dois mercados Então cada produto será produzido em um só país e exportado para o outro Esse exemplo numérico destaca duas novas caracte rísticas importantes sobre o comércio com concorrên cia monopolística em relação aos modelos de comércio baseados na vantagem comparativa que vimos entre os capítulos 3 e 6 1 Primeiro o exemplo mostra como diferenciação de produto e economias internas de escala levam a um comércio entre países similares sem diferenças de vantagem comparativa entre eles Esse é um tipo muito diferente de comércio do que aquele baseado na vantagem comparativa em que cada país exporta sua mercadoria de vantagem comparativa Neste exemplo tanto Doméstica quanto Estrangeira exportam automóveis entre si Doméstica paga pela importação de alguns modelos de automóveis aqueles produzidos pelas empresas em Estrangeira com expor tação de diferentes tipos de modelos aqueles produ zidos pelas empresas em Doméstica e vice versa Isso leva ao chamado comércio intraindústria troca mútua de mercadorias similares 2 Segundo o exemplo des taca dois novos canais para benefícios de bem estar com o comércio No mercado integrado após o comér cio tanto os consumidores de Doméstica quanto os de Estrangeira beneficiam se de uma variedade maior de modelos de automóveis dez versus seis ou oito a um preço menor US 8000 versus US 8750 ou US 10000 enquanto as empresas são capazes de conso lidar sua produção destinada aos dois lugares e levar vantagem das economias de escala9 Empiricamente o comércio intraindústria é relevante e percebemos ganhos de comércio na forma de variedade maior de produtos e produção consolidada em menor custo médio A resposta é sim A importância do comércio intraindústria A proporção do comércio intraindústria no comércio mundial cresceu de forma constante ao logo da última metade de século A medida do comércio intraindús tria depende de um sistema de classificação industrial que categoriza as mercadorias em diferentes indústrias Dependendo da aspereza da classificação industrial uti lizada centenas de classificações industriais diferentes versus milhares o comércio intraindústria é respon sável por um quarto de aproximadamente metade de todo o fluxo do comércio mundial O comércio intrain dústria desempenha um papel ainda mais proeminente no comércio de mercadorias fabricadas entre as nações desenvolvidas industrialmente o que responde pela maioria do comércio mundial A Tabela 82 mostra medidas da importância do comércio intraindústria para uma quantidade de indús trias manufatureiras norte americanas em 2009 A me dida mostrada é comércio intraindústria como uma proporção do comércio global10 A medida varia desde 097 para equipamentos metalúrgicos e produtos químicos inorgâ nicos indústrias nas quais os Estados Unidos exportam e importam quase igualmente até 010 para calçados uma indústria na qual os Estados Unidos têm grandes impor tações mas praticamente nenhuma exportação A medida tAbelA 81 Fator conteúdo das exportações e importações dos EUA para 1962 Mercado de Doméstica antes do comércio Mercado de Estrangeira antes do comércio Mercado integrado depois do comércio Produção da indústria número de automóveis 900000 1600000 2500000 Quantidade de empresas 6 8 10 Produção por empresa número de automóveis 150000 200000 250000 Custo médio US 10000 US 8750 US 8000 Preço US 10000 US 8750 US 8000 9 Também notamos que os consumidores de Doméstica ganham mais do que os consumidores de Estrangeira com o comércio de integração Isso é uma característica padrão dos modelos de comér cio com aumento nos retornos e diferenciação de produto um país menor tem mais a ganhar da integração do que um país maior Isso acontece porque os ganhos da integração são guiados pelo aumen to associado ao tamanho do mercado O país que é inicialmente menor beneficia se de um maior aumento no tamanho do mercado sobre a integração 10 Para ser mais preciso a fórmula padrão para calcular a importância do comércio intraindústria dentro de uma determinada indústria é I min exportações importações exportações importações 2 onde min exportações importações refere se ao menor valor entre as exportações e as importações Essa é a quantidade de troca mútua de mercadorias refletida tanto nas exportações quanto nas importa ções Esse número é medido como uma proporção do fluxo médio de comércio média de exportações e importações Se o comércio em uma indústria flui em uma só direção então I 0 já que o menor fluxo de comércio é zero não existe comércio intraindústria Por ou tro lado se as exportações e importações de um país dentro de uma indústria são iguais temos o oposto extremo de I 1 M08KRUGXXXXC08indd 138 12915 612 PM 139 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais seria 0 para uma indústria na qual os Estados Unidos são somente exportadores ou somente importadores mas não ambos A medida seria 1 para uma indústria na qual os Estados Unidos exportam exatamente o mesmo que importam A Tabela 82 mostra que o comércio intraindústria é um importante componente do comércio para os Esta dos Unidos em várias indústrias diferentes Tais indús trias tendem a ser aquelas que produzem mercadorias sofisticadas como produtos químicos farmacêuticos e maquinário especializado Essas mercadorias são expor tadas principalmente por nações desenvolvidas e estão provavelmente sujeitas a importantes economias de escala na produção Na outra ponta da escala estão as indústrias com pouco comércio intraindústria que pro duzem em geral produtos trabalho intensivos como cal çados e vestuário Essas são mercadorias que os Estados Unidos importam principalmente de países menos desen volvidos e a vantagem comparativa é o principal deter minante do comércio norte americano com esses países E o que acontece com os novos tipos de ganhos de bem estar por meio do aumento na variedade de produ tos e das economias de escala Um trabalho recente de Christian Broda na Duquesne Capital Management e de David Weinstein na Universidade de Columbia estima que o número de produtos disponíveis nas importações americanas triplicou no último período de trinta anos de 1972 a 2001 Em seguida eles estimam que o aumento da variedade de produtos para os consumidores norte americanos representa um ganho de bem estar igual a 26 do PIB dos Estados Unidos11 A Tabela 81 do nosso exemplo numérico mostrou que os ganhos de integração gerados pelas economias de escala foram bastante acentuados para a menor eco nomia antes da integração a produção era particular mente ineficiente já que a economia não podia tirar van tagem das economias de escala na produção por causa do tamanho pequeno do país Isso foi exatamente o que aconteceu quando os Estados Unidos e o Canadá segui ram um caminho de aumento da integração econômica que iniciou se com o Auto Pact norte americano em 1964 que não incluiu o México e culminou no Acordo de Livre Comércio da América do Norte NAFTA que também não inclui o México O estudo de caso a seguir descreve como essa integração levou à consolidação e ganhos de eficiência no setor de automóveis especial mente do lado canadense cuja economia tem um décimo do tamanho da economia dos Estados Unidos Ganhos similares com o comércio também foram medidos para outros exemplos do mundo real de maior integração econômica Um dos exemplos mais proemi nentes aconteceu na Europa ao longo da última metade do século XX Em 1957 a maioria dos países do Leste Europeu estabeleceu uma área de livre comércio de mer cadorias manufaturadas chamada de Mercado Comum ou Comunidade Econômica Europeia EEC O Reino Unido entrou para a EEC mais tarde em 1973 O resultado foi um rápido crescimento do comércio que foi dominado pelo comércio intraindústria O comércio dentro da EEC cresceu duas vezes mais rápido do que o mundial durante os anos de 1960 Essa integração expan diu lentamente para o que se tornou a União Europeia Quando um subconjunto desses países em sua maior parte aqueles que tinham formado a EEC adotou a moeda comum o euro em 1999 o comércio intraindús tria entre eles aumentou ainda mais mesmo em relação ao comércio de outros países da União Europeia Estu dos recentes também descobriram que a adoção do euro levou a um aumento substancial no número de produtos diferentes que são negociados dentro da zona do euro Respostas concretas para o comércio vencedores perdedores e desempenho da indústria Em nosso exemplo numérico da indústria de auto móveis com dois países vimos como a integração econô mica leva a um aumento na competição entre as empre sas Das 14 empresas que produziam automóveis antes do comércio seis em Doméstica e oito em Estrangeira tAbelA 82 Índices do comércio intraindústria para as indústrias norte americanas 2009 Equipamentos metalúrgicos 097 Produtos químicos inorgânicos 097 Máquinas de geração de energia 086 Produtos médicos e farmacêuticos 085 Equipamento científico 084 Produtos químicos orgânicos 079 Ferro e aço 076 Veículos de estrada 070 Máquinas de escritório 058 Equipamentos de telecomunicações 046 Mobiliários 030 Vestuário e tecidos 011 Calçados 010 11 Veja Christian Broda e David E Weinstein Globalization and the Gains from Variety Quarterly Journal of Economics v 121 p 541585 abr 2006 M08KRUGXXXXC08indd 139 12915 612 PM 140 Economia internacional ComérCio intraindústria em ação o auto PaCt norte ameriCano de 1964 e o aCordo de Livre ComérCio da amériCa do norte naFta Um exemplo clarís simo e incomum do papel das economias de escala em gerar comércio inter nacional benéfico é for necido pelo crescimento no comércio automotivo entre os Estados Unidos e o Canadá durante a segunda metade dos anos de 1960 Enquanto o caso não se encaixa no nosso modelo exatamente por envolver empresas multi nacionais ele mostra que os conceitos básicos que desenvolvemos são úteis no mundo real Antes de 1965 a proteção de tarifas aduaneiras pelo Canadá e pelos Estados Unidos produziu uma indústria canadense de automóveis que era alta mente autossuficiente não importava nem exportava muito A indústria canadense era controlada pelas mesmas empresas que a indústria estadunidense uma característica da qual falaremos mais tarde neste capítulo mas essas empresas acharam mais barato ter dois grandes sistemas de produção separados do que pagar as tarifas aduaneiras Desse modo a indús tria canadense era de fato uma versão miniatura da indústria estadunidense em cerca de 110 da escala As subsidiárias canadenses das empresas dos Estados Unidos descobriram que essa pequena escala era uma desvantagem substancial Isso foi em parte porque as fábricas canadenses tinham de ser meno res do que as empresas estadunidense Talvez o mais importante as fábricas dos Estados Unidos podiam frequentemente dedicar se à produção de um único modelo ou componente enquanto as fábricas canadenses tinham de produzir várias coisas diferen tes o que fazia que fosse necessário parar de funcio nar periodicamente para mudar de da produção de um item para a de outro para fazer enormes inven tários para utilizar maquinário especializado e assim por diante A indústria canadense de automóveis por tanto tinha uma produtividade de trabalho por volta de 30 menor que a indústria estadunidense A ponte Ambassador liga Detroit nos Estados Uni dos a Windsor no Canadá Em um dia normal 250 milhões de dólares em carros e partes de carros cru zam essa ponte Em um esforço para afastar esses problemas os Estados Unidos e o Canadá entraram em acordo em 1964 para estabelecer uma área de livre comércio de automóveis sujeita a certas restrições Isso permi tiu que as companhias de automóveis reorganizas sem sua produção As subsidiárias canadenses das empresas de automóveis cortaram drasticamente o número de produtos feitos no Canadá Por exemplo a General Motors cortou pela metade o número de modelos montados no Canadá entretanto o nível global de produção e de empregos canadenses foi mantido Os níveis de produção para os modelos pro duzidos no Canadá aumentaram consideravelmente conforme aquelas fábricas tornaram se uma das principais e muitas vezes as únicas fornecedoras daquele modelo para todo o mercado da América do Norte Contrariamente o Canadá então importou dos Estados Unidos os modelos que não produzia mais Em 1962 o Canadá exportou 16 milhões de dólares em produtos automotivos para os Estados Unidos enquanto importou 519 milhões de dólares Em 1968 os números eram 24 e 29 milhões respectivamente Em outras palavras tanto as exportações quanto as importações aumentaram significativamente comér cio intraindústria em ação Os ganhos parecem ter sido substanciais No começo dos anos 1970 a indústria canadense era comparável à estadunidense em produtividade Mais tarde essa transformação da indústria automotiva foi estendida para incluir o México Em 1989 a Volkswa gen consolidou sua operação norte americana no México fechando a fábrica da Pensilvânia Esse pro cesso continuou com a implementação do NAFTA o Acordo de Livre Comércio da América do Norte entre Estados Unidos Canadá e México Em 1994 a Volkswa gen começou a produzir o novo Beetle em Puebla no México Essa fábrica produz agora todas as novas versões dos modelos Golf Jetta e Beetle para todo o mercado da América do Norte Em 2011 a Volkswa gen entrou novamente no mercado estadunidense com uma fábrica de montagem em Chattanooga no Tennessee onde todos os modelos do Passat para o mercado da América do Norte são produzidos antes eles eram importados da Europa Discutiremos os efeitos do NAFTA com mais detalhes posteriormente neste capítulo A ponte Ambassador liga Detroit nos Estados Unidos à Windsor no Canadá Em um dia normal 250 milhões de dólares em carros e partes de carros cruzam essa ponte M08KRUGXXXXC08indd 140 12915 612 PM 141 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais somente dez empresas sobreviveram após a integração econômica Entretanto cada uma dessas empresas agora produz em escala maior 250 mil automóveis produzidos por empresa versus 150 mil para as empresas de Domés tica e 200 mil para as empresas de Estrangeira antes do comércio Nesse exemplo as empresas foram conside radas simétricas então exatamente quais saíram e quais sobreviveram e expandiram era sem importância Entre tanto no mundo real o desempenho varia amplamente entre as empresas então os efeitos de aumento de concor rência pelo comércio estão longe de ser sem importância Como é de se esperar o aumento da concorrência tende a prejudicar mais as empresas com pior desempenho porque são aquelas forçadas a retirarem se do mercado Se o aumento da concorrência vem do comércio ou da integração econômica então também está associado às oportunidades de venda em novos mercados para as empresas sobreviventes De novo como é de se esperar são as empresas de melhor desempenho que tiram grande vantagem dessas novas oportunidades de vendas e se expandem mais Essas mudanças de composição têm uma consequên cia crucial no nível da indústria quando as empresas de melhor desempenho expandem e as de pior desempenho diminuem ou se retiram do mercado então o desempenho global da indústria melhora Isso significa que o comér cio e a integração econômica podem ter impacto direto no desempenho da indústria é como se houvesse um cresci mento tecnológico no nível da indústria Empiricamente essas mudanças de composição geram melhoras substan ciais na produtividade da indústria Pegue o exemplo da integração econômica do Canadá mais próximo aos Estados Unidos veja o estudo de caso anterior e as discussões no Capítulo 2 Discutimos como essa integração levou os produtores de automóveis a con solidar a produção em um número menor de fábricas canadenses cujos níveis de produção aumentaram consi deravelmente O Acordo de Livre Comércio entre Canadá e Estados Unidos que passou a vigorar em 1989 estendeu o Auto Pact para a maioria dos setores de produção Um processo similar de consolidação ocorreu por todos os seto res de produção canadenses Entretanto isso também foi associado a um processo de seleção os produtores de pior desempenho fecharam as portas enquanto os de melhor performance expandiram por meio de grandes aumentos nas exportações para o mercado estadunidense Daniel Trefler na Universidade de Toronto estudou os efeitos desse acordo de comércio em detalhe examinando as res postas variadas das empresas canadenses12 Ele descobriu que a produtividade nas indústrias canadenses mais afeta das teve um aumento dramático de 14 a 15 replicado por toda a economia um aumento de 1 na produtividade é traduzido em um aumento de 1 no PIB mantendo os empregos constantes Por si sós a diminuição e a saída das empresas de pior desempenho em resposta ao aumento de concorrência das empresas estadunidense foram responsá veis por metade dos 15 de aumento nesses setores Diferenças de desempenho entre produtores Agora nós afrouxaremos a suposição de simetria que impusemos em nosso desenvolvimento anterior do modelo da concorrência monopolística para podermos examinar como a concorrência do aumento do tamanho de mercado afeta as empresas de forma diferente13 A suposição da simetria significava que todas as empresas tinham a mesma curva de custo Equação 83 e a mesma curva de demanda Equação 85 Suponha agora que as empresas tenham curvas de custo diferentes porque elas produzem com níveis de custos marginais ci diferentes Presumamos que todas as empresas ainda enfrentem a mesma curva de demanda As diferenças de qualidade de produto entre as empresas levarão a previsões muito similares para o desempenho da empresa já que as que conhecemos derivam de diferenças de custo A Figura 86 ilustra as diferenças de desempenho entre as empresa 1 e 2 quando c1c2 No painel a desenhamos a curva comum de demanda Equação 85 bem como sua curva de receita marginal Equação 88 Perceba que as duas curvas têm a mesma interseção no eixo vertical coloque Q 0 dentro da Equação 88 para obter MR P Essa interseção é dada pelo preço P da Equação 85 quando Q 0 cuja inclinação da curva de demanda é 1 S b Como já discutimos a curva da receita marginal é mais inclinada do que a curva de demanda As empresas 1 e 2 escolheram níveis de produção Q1 e Q2 respectiva mente para maximizar seus lucros Isso ocorre onde suas respectivas curvas de custo marginal fazem interseção com a curva comum de receita marginal Elas definiram preços P1 e P2 que correspondem aos níveis de produ ção na curva comum de demanda Vemos imediatamente que a empresa 1 definirá um preço menor e produzirá um nível de produção maior do que a empresa 2 Já que a curva de receita marginal é mais inclinada do que a curva de demanda também vemos que a empresa 1 definirá 12 Veja Daniel Trefler The Long and Short of the Canada US Free Trade Agreement American Economic Review v 94 p 870 895 set 2004 e o resumo desse trabalho em Virginia Postel New York Times What Happened When Two Countries Liberalized Trade Pain Then Gain 27 jan 2005 e Marc J Melitz e Daniel Trefler Gains from Trade When Firms Matter Journal of Economic Perspectives v 26 p 91118 2012 13 Uma exposição mais detalhada desse modelo é apresentada em Marc J Melitz e Daniel Trefler Gains from Trade When Firms Matter Journal of Economic Perspectives v 26 p 91118 2012 M08KRUGXXXXC08indd 141 12915 612 PM 142 Economia internacional uma margem de lucro maior sobre o custo marginal do que a empresa 2 P1 c1 P2 c2 As áreas sombreadas representam lucros operacionais para as duas empresas iguais à receita Pi Qi menos os custos operacionais ci Qi para as duas empresas i 1 e i 2 Aqui supomos que o custo fixo F suposto como sendo o mesmo para todas as empresas não pode ser recu perado e não entra nos lucros operacionais isto é é um custo irrecuperável Já que os lucros operacionais podem ser reescritos como o produto da margem de lucro vezes o número de unidades de produção vendidas Pi ci Qi podemos determinar que a empresa 1 lucrará mais do que a empresa 2 lembre se que a empresa 1 definiu uma margem de lucro maior e produz mais do que a empresa 2 Podemos portanto resumir todas as diferenças de desempenho relevantes com base nas diferenças de custo marginal entre as empresas Em comparação com uma empresa com um custo marginal maior a empresa com o custo marginal menor vai 1 definir um preço menor mas uma margem de lucro maior sobre o custo marginal 2 produzir mais e 3 lucrar mais14 O painel b na Figura 86 mostra como os lucros ope racionais da empresa variam com o custo marginal ci Como acabamos de dizer isso será uma função decrescente do custo marginal Voltando ao painel a vemos que a empresa pode ter um lucro operacional positivo contanto que seu custo marginal esteja abaixo da interseção da curva de demanda no eixo vertical em P 1b n Considere que c denota o corte de custo Uma empresa com um custo marginal ci acima desse corte está efetivamente ali jada do mercado e teria lucros operacionais negativos se produzisse qualquer coisa Tal empresa escolheria fechar as portas e não produzir expondo se a uma perda global de lucro igual ao custo fixo F Para começar por que tal empresa entraria no mercado É claro que ela não entraria se soubesse sobre seu custo alto ci antes de entrar e pagar o custo fixo F Supomos que esses estreantes enfrentam algumas alea toriedades sobre seu custo de produção futura ci Essa aleatoriedade desaparece somente após F estar pago e perdido Portanto algumas empresas arrependem se de sua decisão de entrada se o lucro global lucros ope racionais menos o custo fixo F é negativo Por outro lado algumas empresas vão descobrir que seu custo de produção ci é muito baixo e que eles conseguem ter nível de lucro positivo global alto A entrada é condu 14 Lembre se que supusemos que todas as empresas enfrentam o mesmo custo fi xo F não recuperável Se uma empresa ganha lucros operacionais altos então também ganha lucros globais altos isso deduzido o custo fi xo F FIGURA 86 Diferenças de desempenho entre as empresas a As curvas de demanda e custo para as empresas 1 e 2 A empresa 1 tem um custo marginal menor do que a empresa 2 c1 c2 Ambas enfrentam a mesma curva de demanda e de receita marginal Em relação à empresa 2 a empresa 1 define um preço menor e produz mais As áreas sombreadas representam os lucros operacionais para as duas empresas antes de o custo fixo ser deduzido A empresa 1 obtém lucros operacionais mais altos do que a empresa 2 b Lucros operacionais como uma função do custo marginal ci da empresa Os lucros operacionais diminuem ao passo que o custo marginal aumenta Qualquer empresa com custo marginal acima de c não pode operar lucrativamente e retira se do mercado Custo C e Preço P P 2 c c 2 c 1 P 1 Q D 1 Quantidade MC2 MC1 MR Interseção P 1b n Inclinação 1S b P2c2 Q2 P1c1 Q1 Q 2 a Lucro operacional c 2 Custo marginal ci c c 1 b M08KRUGXXXXC08indd 142 12915 612 PM 143 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais zida por um processo similar ao que descrevemos para o caso de empresas simétricas Naquele caso anterior as empresas entraram até que os lucros para todas fossem levados a zero Aqui existem diferenças de lucro entre as empresas e a entrada ocorre até que os lucros esperados através de todos os níveis de custo potenciais ci sejam levados a zero Os efeitos do aumento de tamanho de mercado O painel b da Figura 86 resume o equilíbrio da indústria dado um tamanho de mercado S Ela nos mos tra qual variedade de empresas sobreviveu e produziu com o custo ci abaixo do c e como seus lucros irão variar com os níveis de custo ci O que acontece quando as economias integram se em um mercado único maior Como foi o caso com as empresas simétricas um mer cado maior pode suportar um número maior de empresas do que um mercado menor Isso leva a mais concorrência em adição ao efeito direto do aumento do tamanho de mercado S Como veremos essas mudanças terão dife rentes repercussões nas empresas com diferentes custos de produção A Figura 87 resume essas repercussões induzidas pela integração de mercado No painel a começamos com a curva de demanda D enfrentada por cada empresa Com todo o resto igual esperamos aumento de concorrência para mover a demanda para dentro em cada empresa Por outro lado também esperamos um maior tamanho de mercado S por si só para mover a demanda para fora Essa intuição está correta e leva a uma mudança global na demanda de D para D mostrada no painel a Note como a curva de demanda gira induzindo uma mudança interior para as empresas menores com menor quantidade de produção bem como uma mudança para o exterior para as empresas maiores Por essência os efeitos do aumento da concorrência dominam essas empresas menores ao passo que os efeitos do aumento de tamanho de mercado são dominantes para as empre sas maiores Analiticamente também podemos caracterizar os efeitos do aumento da concorrência e do tamanho do mercado na curva de demanda D Lembre se que a inter seção vertical dessa curva de demanda é P 1b n enquanto sua inclinação é 1S b O aumento da con corrência um maior número de empresas n segurando o tamanho do mercado em S diminui a interseção verti cal para a demanda deixando sua inclinação inalterada essa é a mudança interior induzida por mais concorrên cia15 O efeito direto do aumento do tamanho do mer cado S achata a curva de demanda menor inclinação deixando a interseção inalterada isso gera uma rotação para o exterior da demanda Ao combinar esses dois efei tos obtemos a nova curva de demanda D que tem uma interseção vertical menor e mais achatada do que a curva de demanda original D FIGURA 87 Vencedores e perdedores da integração econômica Custo C e Preço P D D Quantidade Interseção P 1b n Inclinação 1S b a Lucro operacional Vencedores Custo marginal ci c b c Saída Perdedores a A curva de demanda para todas as empresas muda de D para D Ela é mais achatada e tem maior interseção vertical b Os efeitos da mudança na demanda nos lucros operacionais das empresas com custo marginal ci diferente As empresas com custo marginal entre o antigo corte c e o novo corte c são forçadas a sair do mercado Algumas empresas com os menores níveis de custo marginal ganham com a integração e seus lucros aumentam 15 No equilíbrio o aumento de concorrência também leva a um preço médio menor P o que mais para frente diminuirá a linha de interseção M08KRUGXXXXC08indd 143 12915 612 PM 144 Economia internacional O painel b da Figura 87 mostra as consequências dessa mudança de demanda para os lucros operacionais de empresas com diferentes níveis de custo ci A diminui ção na demanda para as empresas pequenas é traduzida em um novo corte de baixo custo c algumas empresas com níveis de custo maiores acima de c não conseguem sobreviver a essa diminuição da demanda e são forçadas a retirarem se do mercado Por outro lado a curva de demanda mais achatada é vantajosa para algumas empre sas com níveis de custo baixos elas podem adaptar se ao aumento da concorrência baixando sua margem de lucro e consequentemente seu preço e ganhar alguma parcela adicional de mercado16 Isso é traduzido em aumento dos lucros para algumas das empresas de melhor desempenho com os menores níveis de custo ci17 A Figura 87 ilustra como o aumento do tamanho de mercado gera tanto ganhadores quanto perdedores entre empresas de uma indústria As empresas de custo baixo prosperam e aumentam seus lucros e parcelas de mercado enquanto as empresas de custo alto contraem se e as empresas com o maior custo de todos retiram se do mercado Essas mudanças de composição implicam que a produtividade global na indústria está crescendo quando a produção é concentrada entre as empresas mais produtivas custo baixo Isso repete os resultados dos produtores canadenses na sequência da integração íntima com os produtores estadunidenses como des crevemos anteriormente Os efeitos tendem a ser mais acentuados para países menores que se integram a paí ses maiores mas isso não está limitado a esses países pequenos Mesmo para uma grande economia como a dos Estados Unidos o aumento de integração por meio de custos de comércio mais baixos resulta em importan tes efeitos de composição e ganhos de produtividade18 Os custos do comércio e decisões de exportação Até agora nós modelamos a integração econô mica como um aumento no tamanho de mercado Isso pressupõe implicitamente que a integração ocorre a tal extensão que um único mercado com binado é formado Na realidade a integração rara mente vai tão longe os custos do comércio entre países são reduzidos mas eles não desaparecem No Capítulo 2 discutimos como esses custos de comér cio são manifestados mesmo para o caso das duas economias intimamente integradas dos Estados Uni dos e do Canadá Vimos como a fronteira Estados UnidosCanadá diminuiu substancialmente os volu mes de comércio entre as províncias canadenses e os estados estadunidenses Os custos de comércio associados com essa passagem de fronteira também são uma característica notável dos padrões de comércio no nível de empresa pouquíssimas empresas nos Estados Unidos alcançam os consumido res canadenses Na verdade a maioria das empresas esta dunidenses não relata nenhuma atividade de exportação porque elas vendem somente para consumidores dos Estados Unidos Em 2002 somente 18 das empre sas manufatureiras estadunidenses relataram realizarem algumas vendas de exportação A Tabela 83 mostra a proporção de empresas que relatam algumas vendas de exportação em vários setores manufatureiros diferentes nos Estados Unidos Mesmo em indústrias nas quais as exportações representam uma proporção substancial da produção total como produtos químicos maquinário eletrônicos e transportes menos de 40 das empresas exportam Na verdade uma das principais razões dos custos de comércio associados com as fronteiras nacio nais reduzirem tanto o comércio é que eles cortam drasti camente a quantidade de empresas dispostas ou capazes de alcançar consumidores através da fronteira A outra razão é que os custos do comércio também reduzem as vendas de exportação das empresas que alcançam os con sumidores através da fronteira 16 Lembre se que quanto menor o custo marginal ci da empresa maior sua margem de lucro sobre o custo marginal Pi ci Empresas de custo alto já estão definindo margens de lucro baixas e não podem diminuir seus preços para induzir demanda positiva já que isso sig nificaria colocar o preço abaixo de seu custo marginal de produção 17 Outra forma de concluir que o lucro aumenta para algumas empre sas é utilizar a condição de entrada que leva a média dos lucros para zero se o lucro diminui para algumas das empresas de custo alto então deve aumentar para algumas das empresas de custo baixo já que a média através das empresas deve permanecer igual a zero 18 Veja A B Bernard J B Jensen P K Schott Trade Costs Firms and Productivity Journal of Monetary Economics v 53 p 917937 jul 2006 tAbelA 83 Proporção de empresas que relatam vendas por exportação por indústria 2002 Impressão 5 Mobiliários 7 Vestuário 8 Produtos de madeira 8 Metais fabricados 14 Petróleo e carvão 18 Equipamento de transporte 28 Maquinário 33 Produtos químicos 36 Computador e eletrônicos 38 Equipamentos e aparelhos elétricos 38 Fonte A B Bernard et al Firms in International Trade Journal of Economic Perspectives v 21 p 105130 verão 2007 M08KRUGXXXXC08indd 144 12915 612 PM 145 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais Em nossa economia integrada sem custos de comér cio as empresas estavam indiferentes em relação à loca lização de seus consumidores Agora introduzimos os custos de comércio para explicar por que elas realmente ligam para a localização de seus consumidores e por que muitas delas escolhem não chegar a consumidores em outro país Como veremos brevemente isso também nos permitirá explicar importantes diferenças entre as empre sas que escolhem sujeitar se aos custos do comércio e exportar e aquelas que não se sujeitam Por que algumas empresas escolhem não exportar Colocando de forma simples os custos do comércio reduzem a rentabilidade das exportações para todas as empresas Para algumas essa redução em rentabilidade faz com que a exportação não seja rentável Agora formalizemos esse argumento Para manter as coisas simples consideraremos a res posta de empresas em um mundo com dois países idênticos Doméstica e Estrangeira Agora deixemos o parâmetro de tamanho de mercado S refletir o tamanho de cada mer cado de forma que 2 S reflete o tamanho do mercado mundial Não podemos analisá lo como um único mer cado de tamanho 2 S porque esse mercado não é mais perfeitamente integrado por causa dos custos de comércio Especificamente supomos que a empresa deve sujei tar se a um custo adicional t para cada unidade de pro dução que vender para os consumidores através da fron teira Agora temos de acompanhar o comportamento das empresas em cada mercado Por causa do custo de comér cio t as firmas definirão preços diferentes em seu mercado de exportação em relação ao seu mercado nacional Isso levará a diferentes quantidades vendidas em cada mer cado e por fim a diferentes níveis de lucro ganhados em cada mercado Como o custo marginal de cada empresa é constante não varia com os níveis de produção essas decisões em relação ao preço e à quantidade vendida em cada mercado podem ser separadas uma decisão em rela ção ao mercado nacional não terá impacto na lucrativi dade de diferentes decisões para o mercado exportador Considere o caso das empresas localizadas em Domés tica A situação delas em relação ao mercado nacional Doméstica é exatamente como foi ilustrado na Figura 86 exceto que todos os resultados como preço produção e lucro são relacionados ao mercado nacional19 Agora con sidere as decisões das empresas 1 e 2 com custos marginais c1 e c2 em relação ao mercado exportador Estrangeira Eles enfrentam a mesma curva de demanda em Estrangeira e em Doméstica lembre se que supusemos que os dois paí ses são idênticos A única diferença é que o custo marginal das empresas no mercado exportador é movido pelo custo de comércio t A Figura 88 mostra a situação para duas empresas nos dois mercados Quais são os efeitos do custo de comércio nas deci sões das empresas em relação ao mercado exportador Sabemos da nossa análise anterior que um custo marginal maior induz a empresa a aumentar seu preço o que leva a uma quantidade menor de produção vendida e lucros menores Também sabemos que se o custo marginal é aumentado acima do nível limiar c então a empresa não pode operar lucrativamente naquele mercado Isso é o que acontece com a empresa 2 na Figura 88 A empresa 2 pode operar lucrativamente no seu mercado nacional porque seu custo ali está abaixo do limiar c2 c Entre tanto ela não pode operar com lucro no mercado expor tador porque seu custo ali está acima do limiar c2 t c A empresa 1 por outro lado tem um custo baixo o bastante que permite operar lucrativamente tanto no mercado nacional quanto nos mercados de exportação c1 t c Podemos estender essa previsão para todas as empresas com base em seu custo marginal ci As empre sas de custo baixo com ci c t exportam as de custo alto com c t ci c ainda produzem para seu mer cado nacional mas não exportam e as empresas de custo altíssimo com ci c não podem operar com lucro em nenhum mercado e portanto retiram se deles Acabamos de ver como a modelagem dos custos de comércio adiciona duas previsões importantes para o nosso modelo de concorrência e comércio monopolís ticos esses custos explicam por que um subconjunto de empresas exporta e também por que esse subconjunto consistirá de empresas relativamente maiores e mais pro dutivas aquelas com menor custo marginal ci Análises empíricas das decisões de exportação das empresas de inúmeros países forneceram apoio esmagador para essa previsão de que as companhias exportadoras são maio res e mais produtivas do que as de uma mesma indústria que não exportam Nos Estados Unidos em uma típica indústria manufatureira uma empresa exportadora é na média mais do que duas vezes maior do que a que não exporta A empresa exportadora média também produz 11 a mais de valor adicionado produção menos entra das intermediárias por trabalhador do que a empresa não exportadora média Essas diferenças entre exporta dores e não exportadores são ainda maiores em muitos países europeus20 20 Veja A B Bernard et al Firms in International Trade Journal of Economic Perspectives v 21 p105130 verão 2007 e Thierry Mayer Gianmarco I P Ottaviano The Happy Few The Interna tionalisation of European Firms New Facts Based on Firm Level Evidence Intereconomics v 43 p 135148 maiojun 2008 19 A quantidade de empresas n é a quantidade total de empresas ven dendo no mercado de Doméstica Isso inclui tanto as empresas localizadas em Doméstica quanto as empresas localizadas em Es trangeira e que exportam para Doméstica P é o preço médio entre todas aquelas empresas vendendo em Doméstica M08KRUGXXXXC08indd 145 12915 612 PM 146 Economia internacional Dumping A adição dos custos de comércio em nosso modelo de concorrência monopolística também acrescentou outra dimensão de realismo como os mercados não são mais perfeitamente integrados por meio de comércio sem custo as empresas podem escolher definir preços diferen tes em diferentes mercados Os custos do comércio tam bém afetam como uma empresa responde à concorrência em um mercado Lembre se que uma empresa com custo marginal maior escolherá definir uma margem de lucro baixa sobre o custo marginal ela enfrenta concorrência mais intensa por sua pequena parcela de mercado Isso significa que uma empresa exportadora vai responder ao custo de comércio baixando sua margem de lucro para o mercado exportador Considere o caso da empresa 1 na Figura 88 Ela enfrenta um maior custo marginal c1 t no mercado exportador de Estrangeira Deixemos PD 1 e PX 1 denotarem os preços que a empresa 1 define em seu mercado nacio nal Doméstica e de exportação Estrangeira respectiva mente A empresa 1 define uma margem de lucro baixa PX 1 c1 t no mercado de exportação em relação à sua margem de lucro PD 1 c1 no mercado nacional Isso por sua vez implica que PX 1 t PD 1 e que a empresa 1 define um preço de exportação líquido dos custos do comércio menor do que seu preço nacional Isso é considerado dumping pela empresa 1 e é visto pela maioria dos países como uma prática de comér cio injusta Qualquer empresa de Estrangeira pode recorrer às autoridades locais nos Estados Unidos o Departamento de Comércio e a Comissão de Comércio Internacional são as autoridades relevantes e procurar indenização por perdas e danos contra a empresa 1 Isso normalmente toma a forma de dever antidumping imposto na empresa 1 e normalmente seria dimensionado para a diferença de preço entre PD 1 e PX 1 t21 Dumping é uma questão controversa em política do comércio Discutimos disputas de políticas envolvendo dumping no Capítulo 10 No momento só percebemos que a empresa 1 não está se comportando diferente das empresas estrangeiras com as quais compete no mercado de Estrangeira Nesse mercado a empresa 1 define exa tamente a mesma margem sobre o custo marginal que a empresa 2 de Estrangeira com o custo marginal c2 c1 t O comportamento de preços da empresa 2 é perfei tamente legal então por que a decisão de preço de expor tação da empresa 1 é considerada como uma prática de comércio injusta Essa é uma das principais razões de os economistas acreditarem que a aplicação dessas recla mações é mal orientada veja o estudo de caso a seguir para uma discussão mais aprofundada e que não existe nenhuma boa justificativa econômica para o dumping ser considerado particularmente prejudicial FIGURA 88 Decisões de exportação com custos de comércio a As empresas 1 e 2 operam em seus mercados nacionais Doméstica b Somente a empresa 1 exporta para o mercado de Estrangeira Não é lucrativo para a empresa 2 exportar dado o custo de comércio t Custo C e Preço P c 2 c 1 D Quantidade MC2 MC1 a Mercado nacional Doméstica c Custo C e Preço P c 2 c 1 D Quantidade c2 t c1 t c b Mercado de exportação Estrangeira 21 PX 1 t é chamado de ex preço de fábrica da empresa 1 para o mer cado de exportação o preço no portão da fábrica antes que os custos do comércio incorram Se a empresa 1 efetuou alguns custos de transportes ou de entrega em seu mercado nacional en tão esses custos serão deduzidos de seu preço nacional para obter um preço ex preço de fábrica para o mercado nacional Os deveres de antidumping são baseados nas diferenças entre os ex preços de fábrica de uma empresa no mercado nacional e de exportação M08KRUGXXXXC08indd 146 12915 612 PM 147 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais Nosso modelo de concorrência monopolística ressal tou como os custos do comércio têm uma tendência natu ral de induzir empresas a baixar suas margens de lucro em mercados de exportação onde eles enfrentam uma com petição mais intensa por causa de sua parcela reduzida de mercado Isso faz com que seja relativamente fácil para empresas nacionais apresentarem uma queixa de dum ping contra exportadores em seus mercados Na prática aquelas leis antidumping podem então ser utilizadas para levantar barreiras ao comércio por discriminação aos exportadores em um mercado Multinacionais e terceirização Quando uma corporação é multinacional Nas esta tísticas norte americanas uma empresa estadunidense é considerada de controle estrangeiro sendo portanto uma subsidiária de uma multinacional sediada no exterior se 10 ou mais de suas ações pertencem a uma empresa estrangeira A ideia é que 10 bastam para transmitir controle efetivo Similarmente uma companhia baseada Antidumping Como ProteCionismo Nos Estados Unidos e em uma quantidade de outros países o dumping é considerado uma prática de concor rência injusta As empresas norte americanas que ale gam ter sido prejudicadas por empresas estrangeiras que descarregam seus produtos no mercado nacional a preços baixos podem apelar por meio de um procedi mento quase judicial para o Departamento de Comér cio para aliviarem se Se a queixa for julgada válida um dever antidumping é imposto igual à diferença calcu lada entre o preço atual e o preço justo das importa ções Na prática o Departamento de Comércio aceita a maioria das queixas feitas por empresas estaduniden ses sobre preço estrangeiro injusto A determinação de que esse preço injusto realmente causou prejuízo entretanto está nas mãos de uma agência diferente a Comissão de Comércio Internacional que rejeita em torno da metade dos casos Os economistas nunca ficaram felizes com a ideia de considerar o dumping uma prática proibida Por um lado definir preços diferentes para consumido res diferentes é uma estratégia de negócios perfeita mente legítima como os descontos que as empre sas aéreas oferecem a estudantes a cidadãos idosos e a viajantes dispostos a passar o fim de semana todo em seu destino de viagem Do mesmo modo a definição de dumping afasta se substancialmente da definição econômica Já que é muitas vezes difícil provar que as empresas estrangeiras cobram preços maiores nacionalmente do que para consumidores de exportação os Estados Unidos e outras nações muitas vezes tentam calcular um preço suposta mente justo baseado nas estimativas dos custos da produção estrangeira Essa regra do preço justo interfere com práticas de negócios perfeitamente normais uma empresa pode estar disposta a ven der um produto por uma perda enquanto baixa seus custos por meio de experiência ou ao entrar em um novo mercado Mesmo ausente de tais considera ções dinâmicas nosso modelo ressaltou como as empresas monopolisticamente concorrentes têm um incentivo para baixar suas margens de lucro nos mercados de exportação pelos efeitos da concorrên cia associados com os custos de comércio No entanto apesar das avaliações quase que uni versalmente negativas de economistas reclamações formais sobre dumping foram arquivadas com crescente frequência desde 1970 No começo dos anos 1990 o volume de queixas de antidumping era direcionado a países desenvolvidos Mas desde 1995 os países em desenvolvimento representam a maioria das queixas de antidumping E entre esses países a China tem atraído um número particularmente grande de reclamações Existem duas razões principais por trás dessa tendência A primeira e acima de tudo tem sido o crescimento massivo da China Nenhuma empresa gosta de enfrentar duros aumentos na concorrência e as leis de antidumping permitem que as empresas isolem se dessa competição aumentando os custos dos seus concorrentes E a segunda provar o preço injusto de uma empresa chinesa é relativamente mais fácil do que de exportadores de outros países M08KRUGXXXXC08indd 147 12915 612 PM 148 Economia internacional A maioria dos países desenvolvidos incluindo os Estados Unidos que enfrenta esse aumento nas exportações chinesas rotulou a China como econo mia não mercantil Uma história da Business Week descreve a diferença que esse relato faz quando uma empresa apresenta uma queixa antidumping contra um exportador chinês Isso significa que os Esta dos Unidos podem simplesmente ignorar os dados chineses sobre custos na suposição de que eles são distorcidos por empréstimos subsidiados mercados fraudados e yuan controlado Em vez disso o governo utiliza dados de outras nações em desenvolvimento em relação às economias de mercado Nos casos de TV e mobiliário os Estados Unidos utilizaram os dados da Índia mesmo que ela não seja uma grande exportadora dessas mercadorias Já que os custos de produção indianos eram maiores a China foi julgada culpada de dumping22 Como a citação sugere a China tem sido sujeita a deveres antidumping em TVs e mobiliários junta mente com uma quantidade de outros produtos que incluem papel crepom carrinhos de mão camarão tábuas de passar sacolas de compra plástica postes de aço acessórios para tubos de ferro sacarina e mais recentemente painéis solares Esses deveres são altos 78 nas TVs coloridas e 330 para a sacarina 22 Wielding a Heavy Weapon against China BusinessWeek 21 jun 2004 nos Estados Unidos é considerada multinacional se possui mais do que 10 de uma empresa estrangeira A empresa que controla dona é chamada de matriz multinacional enquanto as empresas controladas são chamadas de multinacionais afiliadas Quando uma empresa norte americana compra mais do que 10 de uma empresa estrangeira ou quando uma empresa norte americana constrói uma nova instalação de produção no exterior esse investimento é considerado uma saída de investimento estrangeiro direto IED dos Estados Unidos Este último é chamado de IED greenfield enquanto primeiro é chamado de IED brownfield ou aquisições e fusões além da fronteira Contrariamente investimen tos por parte de empresas estrangeiras em instalações de produção nos Estados Unidos são considerados entradas de IED norte americanas Descrevemos os padrões mun diais de entradas de IED no estudo de caso a seguir Nesse momento focamos na decisão de uma empresa em tornar se uma matriz multinacional Por que uma empresa esco lheria operar uma afiliada em uma localidade estrangeira A resposta depende em parte das atividades de pro dução que o afiliado executa Essas atividades caem em os Padrões de investimento estrangeiro direto FLuem ao redor do mundo A Figura 89 mostra como a magnitude das entra das de IED ao redor do mundo evoluiu nos últimos 40 anos Primeiro examinaremos os padrões para o mundo em que as entradas de IED devem ser balan ceadas os influxos mundiais são iguais às saídas mundiais Vemos que existe um aumento massivo na atividade mundial do meio para o fim dos anos 1990 quando os fluxos mundiais de IED mais do que quin tuplicaram e novamente no começo dos anos 2000 Também vemos que a taxa de crescimento do IED é muito desigual com altos picos e depressões Esses picos e depressões correlacionam se com a rotação dos mercados de ações mundiais fortemente domina dos pela flutuação no mercado de ações dos Estados Unidos O colapso financeiro em 2000 o estouro da bolha das empresas pontocom e mais recentemente a crise financeira de 2007 2009 também induziram grandes quebras nos fluxos de IED ao redor do mundo Mais recente os fluxos globais de IED caíram drastica mente em 2012 mesmo com o aumento do PIB mun dial e os mercados de ações maiores tendo ganhos significativos A incerteza relacionada à fragilidade da recuperação econômica e a estabilidade política desempenharam um papel significativo assim como a repatriação de lucros pelas multinacionais A maior parte desse fluxo de IED era relacionada com aquisi ções e fusões além da fronteira ao passo que o IED greenfield permaneceu relativamente estável Ao olhar para a distribuição de influxos de IED através dos grupos de países vemos que historica mente os países da OCDE têm sido os maiores recebe dores de IED estrangeiro Entretanto também vimos que esses influxos são muito mais voláteis é aqui que o IED relacionado com aquisições e fusões está con centrado do que o IED que vai para os países rema nescentes com rendas baixas Por último vemos tam bém que existe uma expansão constante na parcela do IED que flui para esses países fora da OCDE Isso representou mais do que metade dos fluxos de IED ao redor do mundo desde 2009 Os países do BRICS M08KRUGXXXXC08indd 148 12915 612 PM 149 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais Brasil Rússia Índia China e África do Sul repre sentaram uma porção substancial desse aumento Os fluxos de IED para esses países aumentaram 20 vezes na última década A Figura 810 mostra a lista dos 25 principais países cujas empresas envolveram se em saídas de IED Por serem tão voláteis especialmente com a crise recente esses fluxos foram colocados na média nos últimos três anos Vemos que as saídas de IED ainda são domi nadas pelas economias desenvolvidas mas também vemos que grandes países em desenvolvimento mais notavelmente a China incluindo Hong Kong desem penham um papel importante e que vem crescendo Na verdade um dos segmentos de IED de crescimento mais rápido é o de fluxos partindo de países em desen volvimento para outros países em desenvolvimento Multinacionais tanto na China quanto na Índia desem penham um papel proeminente nesse relativamente novo tipo de IED Nós também vemos que as políticas de impostos internacionais podem moldar a locali dade do IED Por exemplo as Ilhas Virgens Britânicas não figurariam na lista dos 25 principais países se não fosse sua condição de paraíso fiscal internacional23 As empresas daquela localidade que se envolvem no IED são principalmente companhias terceirizadas elas são incorporadas pelas Ilhas Virgens Britânicas mas suas atividades produtivas são localizadas em outro lugar do mundo Os fluxos de IED não são o único caminho para medir a presença de multinacionais na economia mundial Outras medidas são baseadas em ativida des econômicas como vendas valor adicionado ven das menos mercadorias intermediárias compradas e emprego As vendas dos afiliados do IED são frequen temente utilizadas como referência da atividade mul tinacional Isso fornece a referência relevante quando comparam se as atividades de multinacionais com os volumes de exportação Entretanto as vendas das multinacionais também são muitas vezes comparadas com o PIB do país mostrando por exemplo que as grandes multinacionais têm volumes de venda mais altos do que os PIBs de muitos países Para o mundo todo em 2000 o total de vendas das maiores multina cionais top 200 somou mais de 27 do PIB mundial Embora marcante essa comparação pode induzir ao erro e exagera a influência das multinacionais por que o PIB do país é medido em termos de valor adicio nado mercadorias intermediárias utilizadas na produ ção final não são contadas duas vezes na medição do PIB Por outro lado as mercadorias intermediárias que uma multinacional vende para outra são contadas duas vezes nas vendas totais da multinacional uma vez nas vendas do produtor da mercadoria intermediária FIGURA 89 Influxos de investimento estrangeiro direto 1970 2012 1970 1975 1980 1985 1990 Ano 1995 2000 2005 2010 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Influxos de IED bilhões de dólares americanos Países fora da OCDE Países da OCDE Fonte Banco Mundial Indicadores de Desenvolvimento Mundial Os fluxos de IED ao redor do mundo têm aumentado de forma significativa desde meados dos anos 1990 embora as taxas de aumento tenham sido desiguais Historicamente a maioria dos influxos de IED foi para países desenvolvidos na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Entretanto a proporção de influxos de IED indo para economias em desenvolvimento e de transição aumentou constantemente ao longo do tempo e representa mais da metade dos fluxos de IED no mundo desde 2009 23 As Ilhas Virgens Britânicas são um recebedor ainda maior de IED em 2012 foi o quinto maior recebedor no mundo M08KRUGXXXXC08indd 149 12915 612 PM 150 Economia internacional e outra vez como parte do valor final das mercadorias vendidas pelo usuário da mercadoria intermediária Como resultado a comparação apropriada entre mul tinacionais e PIBs deveria ser baseada no valor adicio nado Por essa métrica o valor agregado produzido pelas maiores multinacionais representa 43 do PIB mundial em 2000 Essa ainda é uma grande porcenta gem mas não tão atraente quanto 27 FIGURA 810 Investimento estrangeiro direto externo para os 25 principais países média anual para 2009 2011 Os países desenvolvidos dominaram o topo da lista de países cujas empresas envolvem se em IED externo Mais recentemente as empresas de alguns grandes países em desenvolvimento como a China e a Índia têm realizado significativamente mais IED 0 50 100 150 200 250 300 350 Estados Unidos França Japão Hong Kong China Alemanha Reino Unido China Rússia Suíça Ilhas Virgens Britânicas Bélgica Canadá Holanda Itália Espanha Noruega Suécia Singapura República da Coreia Austrália Áustria Índia Irlanda Malásia Luxemburgo Influxos de IED bilhões de dólares americanos Fonte UNCTAD Relatório de investimento mundial 2012 duas categorias principais 1 o afiliado repete o pro cesso de produção aquele que a matriz utiliza em suas instalações nacionais em outro lugar do mundo e 2 a cadeia de produção é quebrada e partes do processo são transferidas para a localidade afiliada Investir em afiliados que fazem o primeiro tipo de atividades é cate gorizado como IED horizontal Investir em afiliados que fazem o segundo tipo de atividades é categorizado como IED vertical24 O IED vertical é guiado principalmente pelas dife renças do custo de produção entre países para aquelas partes do processo de produção que podem ser feitas em outra localidade O que conduz essas diferenças de custo entre países Esse é só o resultado da teoria da vantagem comparativa que desenvolvemos entre os capítulos 3 e 7 Por exemplo a Intel a maior produtora de chips de computadores do mundo quebrou a produ ção de chips em fabricação de wafer montagem e teste A fabricação de wafer e a pesquisa e desenvolvimento associados requerem habilidade intensiva então a Intel ainda desempenha a maioria das atividades nos Estados Unidos assim como na Irlanda e em Israel onde a mão de obra habilidosa ainda é relativamente abundante25 Por outro lado a montagem e teste de chips são mão de obra intensivas e a Intel transferiu esses processos 24 Na realidade as distinções entre IED horizontal e vertical podem não ser claras Algumas matrizes de grandes multinacionais ope ram largas redes de afi liadas que repetem partes do processo de produção mas também são verticalmente conectadas a outras afi liadas na rede da matriz Isso é chamado de IED complexo 25 Em 2010 a Intel abriu uma nova instalação de fabricação de wafer em Dalian na China onde modelos de chip mais antigos são pro duzidos M08KRUGXXXXC08indd 150 12915 612 PM 151 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais de produção para países onde a mão de obra é relativa mente abundante como a Malásia as Filipinas a Costa Rica e a China Esse tipo de IED vertical é um dos que crescem mais rápido e está por trás do grande aumento de influxos de IED para países em desenvolvimento veja a Figura 89 Em contraste com a IED vertical a IED horizon tal é dominada pelos fluxos entre países desenvolvidos isto é tanto a matriz multinacional como os afiliados estão localizados em países desenvolvidos A razão principal para esse tipo de IED é locar a produção pró xima da maior base de consumidores da empresa Por consequência os custos do comércio e do transporte desempenham um papel muito mais importante do que as diferenças de custo de produção para essas decisões de IED Considere o exemplo da Toyota que é a maior produtora de veículos motorizados ao menos na época em que escrevo apesar de a Volkswagen estar bem pró xima no segundo lugar No começo dos anos 1980 a Toyota produzia quase todos os carros e caminhões no Japão e exportava os pelo mundo mas principalmente para a América do Norte e Europa Altos custos de comércio para esses mercados em grande parte devido às restrições do comércio veja o Capítulo 9 e níveis de demanda que surgiram ali induziram a montadora a expandir lentamente sua produção para o exterior Em 2009 a Toyota produziu metade de seus veículos em fábricas de montagem no exterior A empresa repe tiu o processo de produção para seu modelo de carro mais popular o Corolla em fábricas de montagem no Brasil Canadá China Índia Japão Paquistão África do Sul Taiwan Tailândia Turquia Estados Unidos Reino Unido Vietnã e Venezuela isso é o IED hori zontal em ação Decisões da empresa em matéria de investimento estrangeiro direto Agora examinaremos com mais detalhes a decisão da empresa em relação ao IED horizontal Mencionamos que um dos principais condutores eram os custos altos de comércio associados com a exportação o que incentiva a alocação da produção próxima aos consumidores Por outro lado também existe aumento nos retornos para a escala de produção Como resultado disso não é eficaz em termos de custo repetir o processo de produção por muitas vezes e operar instalações que produzem pouco para tirar vantagem desse aumento nos retornos Isso é chamado de perdas e ganhos de proximidade de concen tração para o IED Evidência empírica na extensão do IED através dos setores confirma fortemente a relevância dessas perdas e ganhos a atividade do IED é concentrada nos setores onde os custos do comércio são altos como a indústria de automóveis Entretanto quando aumen tos de retornos para escala são importantes e o tamanho médio das fábricas é grande observa se maior volume de exportação para IED A evidência empírica também mostra que existe até mesmo uma forte triagem padrão para o IED no nível da empresa dentro das indústrias as multinacionais ten dem a ser substancialmente maiores e mais produtivas do que as não multinacionais no mesmo país Mesmo quando se comparam multinacionais a subconjuntos de empresas exportadoras em um país ainda se encontra um tamanho maior e diferencial de produtividade em favor das multinacionais Voltamos para o nosso modelo de concorrência monopolística de comércio para anali sar como as empresas respondem às perdas e ganhos da proximidade de concentração envolvida com a decisão do IED A decisão do IED horizontal Como as perdas e ganhos da proximidade encaixam se em nosso modelo de decisão de exportação das empresas capturado na Figura 88 Lá se a empresa quer alcançar consumidores em Estrangeira só tem uma possibilidade exportar e expor se ao custo de comércio t por unidade exportada Agora vamos intro duzir a escolha de tornar se uma multinacional por meio de IED horizontal uma empresa poderia evitar o custo de comércio t ao construir uma instalação de produção em Estrangeira Naturalmente construir essa instalação de produção é custoso e implica expor se novamente ao custo fixo F para o afiliado estrangeiro Note entretanto que esse custo fixo adicional não precisa ser igual ao custo fixo de construção da instalação de produção original da empresa em Doméstica as características específicas indi vidualmente para o país afetarão esse custo Para simpli ficar continue a supor que Doméstica e Estrangeira são países similares de forma que essa empresa poderia fazer a unidade de uma mercadoria com o mesmo custo marginal nessa instalação estrangeira Lembre se que o IED hori zontal envolve principalmente países desenvolvidos com fatores de preço similares A exportação da empresa versus a escolha de IED vai então envolver perdas e ganhos entre o custo de expor tação por unidade t e o custo fixo F de criação de uma instalação de produção adicional Quaisquer perdas e ganhos por unidade e custo fixo resumem se à escala Se a empresa vende Q unidades no mercado estrangeiro então se expõe a um custo relacionado de comércio Q t para M08KRUGXXXXC08indd 151 12915 612 PM 152 Economia internacional exportar Isso pesa contra a alternativa de custo fixo F Se Q Ft então exportar é mais caro e o IED é a escolha de maximização de lucro Isso leva a um corte de escala para o IED Esse corte resume as perdas e ganhos da proximidade de concentra ção custos altos de comércio de um lado e custos fixos bai xos de produção do outro tanto um quanto o outro dimi nuem o corte no IED A escala da empresa entretanto depende da medida de seu desempenho Uma empresa com custo ci baixo o suficiente vai querer vender mais do que Q unidades para consumidores estrangeiros O jeito de fazer isso com o custo mais efetivo é construir uma afi liada em Estrangeira e tornar se uma multinacional Algu mas empresas com níveis de custo intermediário ainda vão querer fornecer para os consumidores em Estrangeira mas suas vendas pretendidas Q são bastante baixas de forma que as exportações em vez do IED serão a forma com o custo mais efetivo de alcançar esses consumidores A decisão de IED vertical A decisão de uma empresa de quebrar sua cadeia de produção e mover partes dessa cadeia para uma afiliada estrangeira também vai envolver perdas e ganhos entre custos por unidade e fixos Então a escala da atividade da empresa ganhará novamente um elemento crucial determinando seu resultado Quando se trata do IED vertical a economia de custo chave não está relacionada com o envio de mercadorias além das frontei ras Em vez disso envolve diferenças no custo de produção para as partes da cadeia de produção que estão sendo movi das Como já discutimos essas diferenças de custo derivam principalmente das forças de vantagem comparativa Não discutiremos essas diferenças de custo além daqui mas em vez disso perguntaremos por que dadas essas diferenças de custo todas as empresas não esco lhem operar afiliadas em países de baixo salário para desempenhar atividades que são majoritariamente mão de obra intensivas e que podem ser desempenhadas em uma localidade diferente A razão é que como no caso do IED horizontal o IED vertical requer um investimento substancial de custo fixo em uma afiliada estrangeira em um país com as características apropriadas26 Novamente como no caso do IED horizontal existirá um corte de escala para o IED vertical que depende dos diferenciais de custo da produção de um lado e do custo fixo de ope rar uma afiliada estrangeira do outro Somente as empre sas que operam em uma escala acima daquele corte esco lherão efetuar o IED vertical terceirização Até este ponto nossa discussão sobre multinacionais negligenciou um motivo importante Discutimos o motivo de locação para fábricas de produção que leva à formação de multinacionais Entretanto não discutimos o porquê de as empresas matrizes escolherem possuir a afiliada naquela localidade e operá la como uma empresa multinacional única Isso é conhecido como motivo de internalização Como um substituto para o IED horizontal uma matriz poderia licenciar uma empresa independente para produzir e vender seus produtos em uma localidade estrangeira Como um substituto para o IED vertical uma matriz poderia contratar uma empresa independente para executar partes específicas do processo de produção na localidade estrangeira com uma melhor vantagem de custo Esse substituto para o IED vertical é conhecido como terceirização estrangeira algumas vezes é chamado só de terceirização quando a localidade estrangeira está implicada Offshoring representa a realocação de partes da cadeia de produção no exterior e agrupa tanto a terceirização estrangeira quanto o IED vertical O offshoring aumentou consideravelmente na última década e é um dos princi pais motores do aumento do comércio mundial em ser viços como negócios e serviços de telecomunicações Na produção o comércio em mercadorias intermediárias representou mais de 40 do comércio mundial em 2008 Quando as mercadorias intermediárias são produzidas dentro de uma rede de afiliadas seu envio é classificado como comércio intraempresa Esse comércio representa grosseiramente um terço do comércio mundial e mais de 40 do comércio norte americano Quais são os elementos chave que determinam essa escolha de internalização O controle sobre a propriedade tecnológica de uma empresa oferece uma clara vantagem para a internalização Licenciar outra empresa para exe cutar todo o processo de produção em outra localidade como substituta para o IED horizontal frequentemente envolve um risco substancial de perder alguma proprie dade tecnológica Por outro lado não existem razões claras de por que uma empresa independente deveria ser capaz de repetir aquele processo de produção a um custo menor do que a matriz Isso dá à internalização uma forte vantagem dessa forma o IED horizontal é amplamente favorecido sobre a alternativa de licenciamento de tecnologia para repetir o processo de produção As perdas e ganhos entre terceirização e IED verti cal têm contornos bem menos nítidos Existem muitas razões de por que uma empresa independente poderia produzir algumas partes do processo de produção a um custo menor do que a matriz na mesma localidade 26 Claramente fatores de preços como salários são componentes cruciais mas outras características do país como sua infraestru tura pública e de transporte a qualidade de suas instituições legais e suas políticas de impostos e de regulamentações voltadas para multinacionais também podem ser críticas M08KRUGXXXXC08indd 152 12915 612 PM 153 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais Primeiro e acima de tudo uma empresa independente pode especializar se na parte mais limitada do processo de produção Como resultado ela também pode beneficiar se das economias de escala se executar esses processos para diferentes empresas matrizes27 Outras razões salientam as vantagens de domínio local no alinhamento e monitora ção de incentivos administrativos na fábrica de produção Mas a internalização também fornece seus próprios benefícios quando se trata da integração vertical entre a empresa e seu fornecedor de um insumo crítico para a produção isso evita ou ao menos reduz o potencial de um conflito de renegociação custoso após chegarem a um acordo inicial Tais conflitos podem surgir em relação a mui tos atributos de produção que não podem ser especificados ou impostos por um contrato legal no momento do acordo inicial Isso pode levar a uma contenção da produção por qualquer uma das partes Por exemplo a empresa que com pra pode alegar que a qualidade da parte não é exatamente como especificada e solicitar um preço menor A empresa fornecedora pode alegar que algumas mudanças solicitadas pela compradora resultam em um aumento dos custos e pedir um preço maior na hora da entrega Muito progresso foi feito em pesquisas recentes formali zando essas perdas e ganhos A pesquisa explica como essa escolha importante de internalização é feita ao descrever quando uma empresa escolhe integrar se com seu fornece dor por meio de IED vertical e quando escolhe uma rela ção contratual independente com fornecedores no exterior Desenvolver essas teorias está além do âmbito deste texto Por fim muitas outras teorias resumem diferentes perdas e ganhos entre economia no custo de produção e no custo fixo de levar partes do processo de produção para o exterior Descrever quais tipos de empresas escolhem uma opção de offshoring versus a outra opção depende dos deta lhes das premissas de modelagem No entanto existe uma previsão que surge de quase todos os modelos a respeito da opção de offshoring Em relação a não offshoring não quebrar a cadeia de produção e mover suas partes para o exterior tanto o IED vertical quanto a terceirização estrangeira envolvem custo baixo de produção combinado com custo fixo alto Como vimos isso implica um corte de escala para a empresa que escolher qualquer opção de offshoring Desse modo somente as grandes empresas escolherão qualquer opção de offshoring e importarão algumas de suas produções intermediárias Esse esquema de classificação para empresas que impor tam mercadorias intermediárias é similar ao que descreve mos para a escolha de exportação da empresa somente um subconjunto de empresas relativamente mais produti vas custo baixo escolherá terceirizar importar mercado rias intermediárias e exportar alcançar os consumidores estrangeiros porque essas são as empresas que operam em escala suficientemente grande para favorecer as perdas e ganhos que envolvem os custos fixos e os custos baixos por unidade relacionados à produção ou ao comércio Empiricamente as empresas que terceirizam e impor tam mercadorias intermediárias são o mesmo conjunto de empresas que também exporta A resposta é um sonoro sim Em 2000 para os Estados Unidos 92 das empresas influenciadas pelo emprego que importaram mercadorias intermediárias também exportaram Essas importadoras portanto também dividem as mesmas características das exportadoras norte americanas elas eram substancialmente grandes e mais produtivas do que as empresas estaduniden ses que não se envolveram no comércio internacional Consequências de multinacionais e terceirização estrangeira Mais cedo neste capítulo mencionamos que as eco nomias internas de escala a diferenciação de produto e as diferenças de desempenho através das empresas combinavam se para proporcionar novos canais de ganhos com o comércio aumento da variedade de produtos e maior desempenho industrial ao passo que as empresas diminuem sua curva de custo médio e a produção é con centrada nas empresas maiores e mais produtivas Quais são as consequências da expansão da produção multina cional e da terceirização para o bem estar Acabamos de ver como as multinacionais e as empre sas que terceirizam levam vantagem de diferenciais de custo que favorecem mover a produção ou partes dela para outras localidades Em sua essência isso é muito similar à realocação de produção que ocorreu através dos setores quando o comércio foi aberto Como vimos nos capítulos 3 a 6 a localização da produção então muda para tirar vantagem das diferenças de custo geradas pela vantagem comparativa Podemos portanto prever consequências similares para o caso de multinacionais e terceirização realocar a pro dução para tirar vantagem das diferenças de custos leva a ganhos globais com o comércio mas também é provável que induza efeitos de distribuição de renda que deixa algu mas pessoas em pior situação Discutimos uma potencial consequência de longo prazo da terceirização para desi gualdade de renda em países desenvolvidos no Capítulo 5 27 Companhias que fornecem mercadorias e serviços terceirizados ampliaram sua lista de clientes para tal extensão que agora elas tornaram se grandes multinacionais Elas especializaram se em for necer um conjunto limitado de serviços ou partes do processo de produção mas repetem isso muitas vezes para companhias clien tes através do globo M08KRUGXXXXC08indd 153 12915 612 PM 154 Economia internacional envio de emPregos Para o exterior OffshOring e desemPrego nos estados unidos Quando uma companhia terceiriza parte de sua cadeia de produção no exterior ela está então impor tando uma mercadoria ou serviço intermediário Por exemplo uma empresa pode importar uma parte um componente ou até mesmo um produto inteiro mon tado ou importar serviços de negócios utilizando con tadores eou call centers localizados no exterior Como discutiremos na próxima seção os efeitos globais do comércio em tais intermediários são muito similares ao comércio nas mercadorias finais nas quais temos nos concentrado até agora Ainda quando se trata dos efeitos de offshoring no emprego existe uma dimensão adicional o menor preço dos intermediá rios importados não beneficia somente os donos de uma empresa e seus consumidores mas também o restante dos trabalhadores da empresa porque o menor preço induz as empresas a aumentar suas compras de intermediários o que melhora a produti vidade do restante dos trabalhadores28 Esse efeito de produtividade também induz a empresa de offshoring a contratar trabalhadores adi cionais dedicados às partes remanescentes do processo de produção Em muitos casos o efeito global sobre o emprego para a empresa de offshoring é positivo vários estudos de multinacionais norte americanas descobri ram que quando elas expandem seus empregos no exterior simultaneamente eles também expandem seus empregos nos Estados Unidos29 E o que acontece com terceirizadores estrangeiros que não são mais donos de seus fornecedores estrangeiros Um estudo recente cobrindo todo o setor manufatureiro norte americano descobriu que em geral os aumentos de offshoring de 2001 a 2007 tiveram um impacto negativo no emprego manufatureiro estadunidense30 Entre tanto essas perdas ligadas a offshoring só representa ram uma minúscula fração 23 do total de perdas em emprego durante esse período Essas perdas totais de emprego foram de fato substanciais a diminuição no emprego manufatureiro norte americano totalizou 2 milhões o emprego manufatureiro tem diminuído constantemente nos últimos 30 anos mas o offshoring desempenhou um papel bem pequeno nessa tendên cia Esse estudo também descobriu que o efeito de pro dutividade para o restante dos trabalhadores desem penhou um papel importante o custo beneficia se do offshoring levando as empresas a expandir substancial mente suas operações nos Estados Unidos e contratar trabalhadores adicionais Trabalhadores da não produ ção principalmente beneficiaram se desse aumento de emprego porque para começar era muito menos provável que eles sofressem diretamente o efeito de deslocação de offshoring Entretanto os trabalhadores de produção também se beneficiaram desse efeito de expansão ligado ao offshoring o deslocamento inicial de desemprego para aqueles trabalhadores de produ ção foi cortado pela metade por esse aumento da res posta de emprego Outro canal atenuando os efeitos de deslocamento do trabalhador de offshoring é que assim como no comércio final de mercadorias mercadorias e serviços são comercializados para os dois lados Nos Estados Uni dos a imprensa popular e muitos políticos destacaram as perdas de emprego associadas com o offshoring31 Particularmente preocupante são as perdas empregos de serviço para offshoring dadas as tendências tec nológicas recentes que têm expandido vastamente o alcance de serviços de negócios terceirizáveis veja a discussão no Capítulo 2 Isso tem levado a manchetes como Mais empregos de serviços norte americanos Nós os criamos aqui mas a mão de obra é mais barata no Inferno 28 Essa dimensão adicional de offshoring e seus efeitos para trabalhadores com menos habilidade é enfatizada como um novo trabalho influente Veja Gene M Grossman Esteban Rossi HansbergThe Rise of Offshoring Its Not Wine for Cloth Anymore The New Economic Geography Effects and Policy Implications p 59102 2006 29 Veja Mihir Desai C Fritz Foley James R Hines Domestic Effects of the Foreign Activities of US Multinationals American Eco nomic Journal Economic Policy jan 2009 30 Veja Greg C Wright Revisiting the Employment Impact of Offshoring University of Essex mimeo 2013 31 A Public Citizen relatou um aumento drástico nos anúncios políticos condenando o offshoring nas eleições do Congresso em 2012 eles rastrearam 90 anúncios condenando o offshoring em campanhas abrangendo 30 estados M08KRUGXXXXC08indd 154 12915 612 PM 155 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais vão para o exterior espera se que o offshoring cresça no USA Today32 Ainda o offshoring em um país é o insho ring em outro isto é para cada transação de importa ção de um serviço ou mercadoria intermediária existe uma transação de exportação correspondente para o país que recebe a parte do processo de produção ter ceirizada E isso significa que para os Estados Unidos esse inshoring de empregos de serviços exportações de serviços intermediários está crescendo até mais rápido do que os empregos de serviços de offshoring fora do país importações de serviços intermediários o que leva a um superávit que tem crescido ao longo do tempo A Figura 811 junta todo o comércio norte americano através de suas fronteiras em categorias de serviço relacionadas ao offshoring financeira seguros telecomunicações e serviços empresariais isto é todos os serviços comercializados exceto turismo transporte e royalties33 Claro não existe nada ameaçador na ten dência temporal do comércio em serviços empresariais para o emprego global norte americano Dados todos os fatos do impacto do offshoring para o emprego nos Estados Unidos o ponto de vista de que ele apenas significa enviar trabalho para o exte rior é ilusório É verdade que quando uma empresa baseada nos Estados Unidos transfere seu call center para a Índia ou a montagem de seus produtos para a China então alguns trabalhos específicos que cos tumavam ser feitos nos Estados Unidos agora serão realizados na Índia ou na China Entretanto a evidên cia mostra que em termos de emprego global esses trabalhos são substituídos por outros nos Estados Unidos alguns relacionados ao efeito de expansão nas empresas de offshoring e outros por empresas que fornecem mercadorias e serviços intermediários para empresas localizadas no exterior inshoring Ainda assim como outras formas de comércio o comércio de intermediários tem consequências subs tanciais para a distribuição de renda O call center ou os trabalhadores de produção deslocados pelo offsho ring não são normalmente aqueles que são contra tados pelas empresas em expansão Sua condição não é facilitada pelos ganhos que são revertidos para outros trabalhadores Discutiremos essas consequên cias globais de bem estar na próxima seção 32 USA Today 7 dez 2012 33 Esses fl uxos de comércio também incluem as transações das multinacionais com suas afi liadas no exterior O próximo balanço líquido de exportações sobre importações é positivo para os Estados Unidos tanto entre as transações multinacionais quanto para as transa ções entre partes não afi liadas FIGURA 811 Comércio internacional norte americano em serviços de negócios todos os serviços comercializados excluindo o turismo o transporte royalties e taxas de licença 1982 2011 Embora o offshoring de serviços tenha aumentado consideravelmente ao longo da década passada o inshoring norte americano exportação de serviços de negócios cresceu ainda mais rápido O balanço líquido é positivo e também aumentou substancialmente ao longo da década passada Bilhões de dólares Exportações inshoring Importações offshoring Comércio líquido 200 150 100 50 0 50 100 150 200 250 300 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte USBureau of Economic Analysis M08KRUGXXXXC08indd 155 12915 612 PM 156 Economia internacional Ainda assim alguns dos efeitos mais visíveis das mul tinacionais e do offshoring ocorrem geralmente no curto prazo enquanto algumas empresas expandem o emprego ao passo que outras reduzem no em resposta ao aumento da globalização No Capítulo 4 descrevemos os custos substanciais associados com deslocamentos involuntá rios de trabalhadores ligados ao comércio intraindústria especialmente para trabalhadores pouco habilidosos Os custos associados com o deslocamento ligados ao offsho ring são tão graves quanto os outros para os trabalhado res com características similares Como argumentamos no Capítulo 4 a melhor política de resposta para essa séria preocupação ainda é fornecer uma rede de segurança ade quada para trabalhadores desempregados sem discriminá los com base na força econômica que induziu seu desem prego involuntário Políticas que dificultam as habilidades da empresa em realocar a produção e tirar vantagem dessas diferenças de custo podem prevenir esses custos de curto prazo para alguns mas eles também evitam o acú mulo de ganhos de longo prazo por toda a economia resumo podem diferenciar os preços pelos mercados Esses preços refletem tanto os custos do comércio quanto o nível de con corrência notados pela empresa Quando existem custos de comércio somente um subconjunto de empresas mais produ tivas escolhe exportar O restante das empresas serve somente o mercado nacional 7 O dumping ocorre quando uma empresa define um preço menor rede de custos de comércio nas exportações do que cobra nacionalmente A consequência dos custos de co mércio é que essas empresas sentirão a concorrência mais intensamente em mercados de exportação porque elas têm menores parcelas naqueles mercados de exportação Isso leva as empresas a reduzirem a margem de lucro para as vendas de exportação em relação às vendas nacionais Esse comportamento é caracterizado como dumping O dumping é visto como uma prática injusta de comércio mas surge naturalmente em um modelo de concorrência monopolísti ca e custos de comércio em que empresas dos dois países comportam se da mesma forma Políticas contra o dumping são frequentemente utilizadas para discriminar empresas es trangeiras em um mercado e levantar barreiras ao comércio 8 Algumas multinacionais utilizam seus processos de produção em instalações estrangeiras próximas de grandes bases de consumidores Isso é categorizado como investimento es trangeiro direto IED horizontal Uma alternativa é exportar para um mercado em vez de operar com um afiliado estran geiro naquele mercado O perde ganha entre exportações e IED envolve um baixo custo por unidade para o IED sem custo de comércio mas um custo fixo adicional associado à instalação estrangeira Somente empresas que operam em escala grande o suficiente vão escolher a opção de IED sobre as exportações 9 Algumas multinacionais separam sua cadeia de produção e executam algumas partes dessa cadeia em instalações estrangeiras Isso é categorizado como investimento es trangeiro direto IED vertical Uma alternativa é tercei rizar essas partes da cadeia produção em uma empresa estrangeira independente Tanto um quanto o outro modo de operação são caracterizados como terceirização Em relação à opção de não terceirizar a terceirização envolve baixos custos de produção mas um custo fixo adicional 1 O comércio não precisa ser o resultado da vantagem com parativa Em vez disso ele pode resultar do aumento nos retornos ou das economias de escala isto é de uma ten dência de custos unitários menores com produção maior As economias de escala dão aos países um incentivo para especializarem se e negociarem mesmo na ausência de dife renças entre seus recursos ou tecnologias As economias de escala podem ser internas dependendo do tamanho da em presa ou externas dependendo do tamanho da indústria 2 A economia de escala interna às empresas resulta em uma quebra na concorrência perfeita Os modelos de concorrên cia imperfeita devem ser utilizados para analisar as conse quências do aumento nos retornos no nível da empresa Um importante modelo desse tipo é o modelo de concorrência monopolística amplamente utilizado para analisar modelos de empresas e comércio 3 Na concorrência monopolística uma indústria contém uma quantidade de empresas que produzem produtos diferencia dos Essas empresas agem como monopolistas individuais mas empresas adicionais entram em uma indústria lucrativa até que os lucros do monopólio sejam perdidos por meio da concorrência O equilíbrio é afetado pelo tamanho do mer cado um mercado maior suportará uma quantidade maior de empresas cada uma produzindo em grande escala e por consequência por um custo médio menor do que em um mercado menor 4 O comércio internacional permite a criação de um mercado integrado que é maior do que o mercado de qualquer país Como resultado é possível oferecer simultaneamente ao consumidor uma variedade maior de produtos e preços me nores O tipo de comércio gerado por esse modelo é o comér cio intraindústria 5 Quando as empresas diferem em termos de desempenho a integração econômica gera ganhadores e perdedores As empresas produtivas custo baixo prosperam e expan dem enquanto as empresas menos produtivas custo alto contraem se As empresas menos produtivas são forçadas a se retirar do mercado 6 Na presença de custos de comércio os mercados não são mais perfeitamente integrados por meio do comércio As empresas M08KRUGXXXXC08indd 156 12915 612 PM 157 Capítulo 8 Empresas na economia global decisões de exportação terceirização e as empresas multinacionais termos Chave ProbLemas IED vertical p 150 investimento estrangeiro direto IED p 148 margem de lucro sobre custo marginal p 144 monopólio puro p 129 motivo de internalização p 152 motivo de locação p 152 oligopólio p 131 receita marginal p 129 terceirização p 152 terceirização estrangeira p 152 d Por que os preços nos Estados Unidos são diferentes em c e em b Os consumidores estão em melhor situação com o livre comércio De que formas 4 Volte ao modelo com diferenças de desempenho de empre sa em um único mercado integrado páginas 182 183 Ago ra suponha que uma nova tecnologia torna se disponível Qualquer empresa pode adotar a nova tecnologia mas sua utilização requer um investimento de custo fixo adicional O benefício da nova tecnologia é que reduz o custo marginal de produção da empresa por uma dada quantidade a Adotar a nova tecnologia poderia maximizar o lucro para algumas empresas mas não para outras que adotarem a mesma tecnologia Quais empresas escolheriam adotar a nova tecnologia Como elas poderiam ser diferentes das empresas que escolhessem não adotá la b Agora suponha que também existam custos de comércio No novo equilíbrio tanto com os custos de comércio quanto com a adoção da tecnologia as empresas decidem se exportam e também se adotam a nova tecnologia As empresas que exportam seriam mais ou menos suscetíveis a adotar a nova tecnologia em relação aos não exportadores Por quê 5 Neste capítulo descrevemos a situação na qual o dumping ocorre entre dois países simétricos Descreva brevemente como as coisas mudariam se os dois países tivessem tama nhos diferentes a Como a quantidade de empresas que competem em um mercado particular afeta a possibilidade de quem exporta para esse mercado ser acusado de dumping Suponha que a possibilidade de acusação de dumping esteja relacionada à diferença de preço da empresa entre seu preço nacional e o preço de exportação quanto maior a diferença de preço mais provável é a acusação de dumping comércio intraindústria p 138 concorrência imperfeita p 129 concorrência monopolística p 131 custo marginal p 130 custo médio p 130 dever antidumping p 146 diferenciação de produto p 128 dumping p 146 economias internas de escala p 128 IED horizontal p 150 1 Na concorrência perfeita as empresas definem o preço igual ao custo marginal Por que elas fazem isso quando existem economias internas de escala 2 Suponha que os dois países que consideramos no exemplo numérico nas páginas 174 a 178 fossem integrar seus merca dos de automóveis com um terceiro país que tem um mercado anual de 375 milhões de automóveis Encontre a quantidade de empresas a produção por empresa e o preço por automó vel no novo mercado integrado após o comércio 3 Suponha que os custos fixos para uma empresa na indústria de automóveis custos startup de fábricas equipamento es sencial e assim por diante são de 5 bilhões de dólares e que os custos variáveis são iguais a 17 mil dólares por automóvel finalizado Como a existência de mais empresas aumenta a concorrência no mercado o preço de mercado de automóveis cai quanto mais empresas entram nele ou especificamente P 17000 150n onde n representa a quantidade de em presas em um mercado Suponha que o tamanho inicial dos mercados norte americano e europeu de automóveis seja de 300 milhões e 533 milhões de pessoas respectivamente a Calcule o número de equilíbrio de empresas nos mercados norte americano e europeu sem comércio b Qual é o preço de equilíbrio de automóveis nos Estados Unidos e na Europa se a indústria de automóveis está fe chada para comércio com o exterior c Agora suponha que os Estados Unidos decidam pelo livre comércio de automóveis com a Europa O acordo de comér cio com os europeus adiciona 533 milhões de consumido res ao mercado de automóveis além dos 300 milhões nos Estados Unidos Quantas empresas automotivas existirão ao todo nos Estados Unidos e na Europa Qual será o novo preço de equilíbrio dos automóveis Somente empresas que operam em escala grande o sufi ciente vão escolher terceirizar 10 Empresas multinacionais e nacionais que terceirizam partes de sua produção para países estrangeiros levam vantagem nas diferenças de custo através dos locais de produção Isso é similar aos modelos de vantagem comparativa em que a produção no nível da indústria é determinada pelas diferen ças em custos relativos pelos países As consequências de bem estar também são similares existem ganhos agregados do aumento da produção multinacional e terceirização mas também mudanças na distribuição de renda que deixam al gumas pessoas em pior condição M08KRUGXXXXC08indd 157 12915 612 PM 158 Economia internacional b Uma empresa de um país pequeno seria mais ou menos provável de ser acusada de dumping quando exporta para um país maior em relação a uma empresa do país maior exportando para a do país menor 6 Quais das opções seguintes são investimentos estrangeiros diretos a Um empresário saudita compra 10 milhões de dólares em ações da IBM b O mesmo empresário compra um prédio de apartamentos em Nova York c Uma companhia francesa funde se com uma companhia norte americana Acionistas da companhia americana tro cam suas ações por participação na empresa francesa d Uma empresa italiana constrói uma fábrica na Rússia e administra a como um contratante do governo russo 7 Para cada uma das opções seguintes especifi que se o inves timento estrangeiro direto é horizontal ou vertical Além dis so descreva se ele representa uma entrada ou saída de IED dos países mencionados a O McDonalds multinacional norte americana abre e opera novos restaurantes na Europa b A Total multinacional petroleira francesa compra direi tos de propriedade e exploração em campos de petróleo em Camarões c A Volkswagen multinacional alemã produtora de auto móveis abre algumas concessionárias novas nos Estados Unidos Note que neste ponto a Volkswagen não produz nenhum de seus carros nos Estados Unidos d A Nestlé multinacional suíça produtora de alimentos e bebidas constrói uma nova fábrica de produção na Bulgá ria para produzir barras do chocolate Kit Kat As barras de Kit Kat são produzidas pela Nestlé em 17 países 8 Se existem economias internas de escala por que faria senti do para uma empresa produzir a mesma mercadoria em mais de uma fábrica de produção 9 A maioria das empresas nas indústrias de vestuário e cal çados encolheu terceirizar sua produção em países onde a mão de obra é abundante principalmente no sudeste da Ásia e no Caribe mas não se integram com seus for necedores nesses locais Por outro lado as empresas em muitas indústrias de capital intensivo escolhem integrar se com seus fornecedores Quais poderiam ser algumas diferenças entre as indústrias de vestuário e calçados de mão de obra intensiva de um lado e as indústrias de capital intensivo de outro que poderiam explicar essas escolhas 10 Considere o exemplo das indústrias no problema anterior Em que essas escolhas implicariam para a extensão do co mércio intraempresa pelas indústrias Isto é em quais in dústrias uma maior proporção de comércio ocorreria dentro das empresas Leituras adiCionais HELPMAN E Understanding Global Trade Cambridge MA Harvard Uni versity Press 2011 Um livro não técnico que cobre tanto as teorias do comércio de vantagem comparativa quanto as teorias recentes de comércio baseadas na empresa HELPMAN E KRUGMAN P R Market Structure and Foreign Trade Cambri dge MIT Press 1985 Uma apresentação técnica da concorrência mono polística e de outros modelos de comércio com economias de escala JENSEN J B Global Trade in Services Fear Facts and Offshoring Washing ton DC Peterson Institute for International Economics 2011 Um livro não técnico com foco nos efeitos do aumento do comércio em serviços para a economia norte americana MARKUSEN J The Boundaries of Multinational Enterprises and the The ory of International Trade Journal of Economic Perspectives v 9 p 169 189 primavera 1995 Um levantamento não técnico dos modelos de comércio e multinacionais MAYER T OTTAVIANO G I P The Happy Few The Internationalisation of European Firms New Facts Based on Firm Level Evidence Interecono mics v 43 p 135148 maiojun 2008 MELITZ M J TREFLER D Gains from Trade When Firms Matter Jour nal of Economic Perspectives v 26 p 91 118 2012 Uma pesquisa não técnica que desenvolve o modelo de concorrência monopolística com diferenças de desempenho pelas empresas em maior detalhe do que neste capítulo O trabalho também contém uma descrição detalhada da evidência associada para as empresas canadenses após a imple mentação do Acordo de Livre Comércio Canadá Estados Unidos BERNARD A B et al Firms in International Trade Journal of Economic Perspectives v 21 p 105 130 verão 2007 Uma descrição não técnica de padrões empíricos de comércio no nível da empresa que foca nas empresas norte americanas Importers Exporters and Multinationals A Portrait of Firms in the US that Trade Goods In DUNNE T JENSEN J B ROBERTS M J Eds Producer Dynamics New Evidence from Micro Data Chicago Uni versity of Chicago Press 2009 Uma descrição não técnica de padrões empíricos de comércio no nível da empresa que foca nas empresas norte americanas e em multinacionais que operam nos Estados Unidos FEENSTRA R Integration of Trade and Disintegration of Production in the Global Economy Journal of Economic Perspectives v 12 p 32 50 outono 1998 Uma descrição de como a cadeia de fornecimento foi dividida em vários processos que são feitos em diferentes localidades HANSON G MATALONI R SLAUGHTER M Vertical Production Networks in Multinational Firms Review of Economics and Statistics v 87 p 664 678 mar 2005 Uma descrição empírica dos padrões ver ticais do IED em multinacionais que operam nos Estados Unidos HEAD K Elements of Multinational Strategy Nova York Springer 2007 Um compêndio recente com foco em multinacionais HELPMAN E Trade FDI and the Organization of Firms Journal of Economic Perspectives v 44 p 589 630 set 2006 Um levanta mento técnico de pesquisa recente sobre modelos que incorporam diferenças de desempenho de empresas e sobre multinacionais e terceirização M08KRUGXXXXC08indd 158 12915 612 PM determinando a receita marginal APÊNDICE DO CAPÍTULO 8 Em nossa exposição do monopólio e da concor rência monopolística achamos útil ter uma confirma ção algébrica da receita marginal enfrentada por uma empresa dada a curva de demanda que ela enfrentou Especificamente afirmamos que se a empresa enfrenta uma curva de demanda Q A B P 8A1 sua receita marginal é MR P B Q 1 8A2 Neste apêndice demonstraremos por que isso é verdade Primeiro repare que a curva de demanda pode ser rearranjada para declarar o preço como uma função das vendas da empresa em vez do contrário Ao rearranjar a Equação 8A1 ficamos com P A B B Q 1 8A3 A receita de uma empresa é simplesmente o preço que ela recebe por unidade multiplicado pelo número de unidades que ela vende Ao deixar R denotar a receita da empresa temos R P Q A B B Q Q 1 8A4 Perguntemo nos a seguir como a receita de uma empresa muda se suas vendas mudam Suponha que a empresa decida aumentar suas vendas em uma pequena quantidade dX para que o novo nível de vendas seja Q Q dQ Então a receita da empresa após o aumento nas vendas R será R P Q A B B Q dQ Q dQ 1 8A5 R P Q A B B Q dQ Q dQ 1 A B B Q Q A B B Q dQ 1 1 A B B Q Q A B B Q dQ 1 1 B Q dQ B dQ 1 1 2 A Equação 8A5 pode ser simplificada ao substituir as equações 8A1 e 8A4 para ter R R P dQ B Q dQ B dQ 1 1 2 8A6 Entretanto quando a mudança nas vendas dQ é menor seu quadrado dQ2 é muito pequeno por exem plo o quadrado de 1 é 1 mas o quadrado de 110 é 1100 Então para uma pequena mudança em Q o último termo na Equação 8A6 pode ser ignorado Isso nos dá o resultado de que a mudança na receita por uma pequena mudança nas vendas é R R P B Q dQ 1 8A7 Então o aumento na receita por unidade de vendas adicionais que é a definição de receita marginal é MR R R dQ P B Q 1 o que é exatamente o que afirmamos na Equação 8A2 M08KRUGXXXXC08indd 159 12915 612 PM M08KRUGXXXXC08indd 160 12915 642 PM CAPÍTULO 9 os instrumentos da política de comércio Política de comércio internacional PARTE 2 Os capítulos anteriores responderam à pergunta por que as nações negociam descrevendo as causas e os efeitos do comércio internacional e o funcionamento de uma economia mundial de comércio Embora essa questão seja interessante por si própria sua resposta é ainda mais interessante se também ajudar a responder à questão qual deveria ser a política de comércio de uma nação Por exemplo os Estados Unidos deveriam utilizar uma tarifa ou uma quota de importação para proteger sua indústria automotiva contra a concorrência do Japão e da Coreia do Sul Quem vai beneficiar se e quem vai perder com uma quota de importação Os benefícios prevalecerão sobre os custos Este capítulo examina as políticas que os governos adotam em direção ao comércio interna cional políticas que envolvem uma quantidade de ações diferentes Essas ações incluem impos tos sobre algumas transações internacionais subsídios para outras transações limites legais sobre o valor ou volume de importações em particular e muitas outras medidas Este capítulo portanto fornece um quadro para a compreensão dos efeitos dos mais importantes instrumen tos da política de comércio Análise da tarifa aduaneira básica Uma tarifa aduaneira a mais simples das políticas de comércio é um imposto cobrado quando uma mercadoria é importada As tari fas aduaneiras específicas são cobradas como uma taxa fixa para cada unidade de mercado rias importadas por exemplo três dólares por barril de petróleo As tarifas aduaneiras ad valorem são impostos cobrados como uma fra ção do valor das mercadorias importadas por exemplo 25 de tarifa aduaneira nos Estados Unidos para caminhões importados veja o estudo de caso mais adiante Nos dois casos o efeito da tarifa aduaneira é de aumentar o custo do envio de mercadorias para um país obJeTivos de aprendizagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Estimar os custos e os benefícios os efeitos de bem estar e os ganhadores e perdedores das políticas de tarifa aduaneira Discutir o que são subsídios à exportação e subsídios agrícolas e explicar como eles afetam o comércio agrícola nos Estados Unidos e na União Europeia Reconhecer o efeito das restrições voluntárias das exportações RVEs tanto nos países importa dores quanto nos exportadores e descrever como os efeitos de bem estar dessas RVEs são com parados com a tarifa aduaneira e as políticas de quota As tarifas aduaneiras são a forma de polí tica de comércio mais antiga e têm sido tradi cionalmente utilizadas como fonte de renda do governo Até a introdução do imposto de renda por exemplo o governo norte americano levan tava a maior parte de sua receita das tarifas adua neiras Seu verdadeiro propósito entretanto tem sido geralmente duplo fornecer receita e prote ger determinados setores nacionais No começo do século XIX por exemplo o Reino Unido utilizou tarifas aduaneiras as famosas Leis dos Grãos para proteger sua agricultura da concor rência de importação No fim do século XIX tanto a Alemanha quanto os Estados Unidos protegiam novos setores industriais impondo tarifas aduaneiras às importações de mercado rias manufaturadas A importância das tarifas M09KRUGXXXXC09indd 161 12915 613 PM 162 Economia internacional aduaneiras diminuiu nos tempos atuais porque os gover nos modernos geralmente preferem proteger as indús trias nacionais por meio de uma variedade de barreiras não tarifárias como as quotas de importação limitações na quantidade de importações e as restrições de exporta ção limitações na quantidade de exportações geralmente impostas pelo país exportador a pedido do país impor tador Ainda assim a compreensão dos efeitos de uma tarifa aduaneira permanece vital para a compreensão de outras políticas de comércio Ao desenvolvermos a teoria do comércio dos capítu los 3 ao 8 adotamos uma perspectiva de equilíbrio geral Isto é estávamos profundamente conscientes de que os eventos em uma parte da economia têm repercussões em outra parte Entretanto em muitos casos embora não em todos as políticas de comércio em direção a um setor podem ser razoavelmente bem compreendidas sem entrar em detalhes sobre as repercussões dessas políticas no resto da economia Para a maior parte então a polí tica de comércio pode ser examinada em um quadro de equilíbrio parcial Quando os efeitos na economia como um todo se tornam cruciais vamos nos referir nova mente à análise de equilíbrio geral Oferta demanda e comércio de indústria única Vamos supor que existem dois países Doméstica e Estrangeira que consomem e produzem trigo o qual pode ser transportado entre eles sem custo Em cada país o trigo é uma indústria competitiva simples na qual as curvas de oferta e de demanda são funções do preço do mercado Normalmente a oferta e a demanda de Doméstica vão depender do preço em termos da moeda de Doméstica e a oferta e demanda de Estrangeira vão depender do preço em termos da moeda de Estrangeira Entretanto vamos supor que a taxa de câmbio entre as moedas não seja afe tada por qualquer que seja a política de comércio realizada nesse mercado Portanto indicamos os preços nos dois mercados em termos da moeda de Doméstica O comércio surgirá em tal mercado se os preços forem diferentes na ausência de comércio Suponha que na ausência de comércio o preço do trigo seja maior em Doméstica do que é em Estrangeira Agora vamos per mitir que haja o comércio exterior Já que o preço do trigo em Doméstica ultrapassa o preço em Estrangeira os transportadores começam a levar trigo de Estran geira para Doméstica A exportação de trigo aumenta seu preço em Estrangeira e abaixa seu preço em Domés tica até que a diferença de preços tenha sido eliminada Para determinar o preço mundial e a quantidade comercializada é útil definir duas novas curvas a curva de demanda de importação de Doméstica e a curva de oferta de exportação de Estrangeira que são derivadas das curvas de oferta e demanda nacionais subjacentes A demanda de importação de Doméstica é o excesso do que os consumidores de Doméstica demandam sobre o que os produtores de Doméstica fornecem A oferta de exportação de Estrangeira é o excesso que os produtores de Estrangeira fornecem sobre o que os consumidores de Estrangeira demandam A Figura 91 mostra como a curva de demanda de importação de doméstica é obtida No preço P1 os con sumidores de Doméstica demandam D1 enquanto os produtores de Doméstica fornecem somente S1 Como resultado a demanda de importação de Doméstica é D1 S1 Se aumentarmos o preço para P2 os consumi dores de Doméstica demandam somente D2 enquanto os produtores de Doméstica aumentam a quantidade FIGURA 91 Obtendo a curva de demanda de importação de Doméstica Preço P Quantidade Q Quantidade Q PA P1 P 2 D 2 D1 S2 S1 Preço P MD D S D 2 S 2 D1 S1 A 1 2 Conforme o preço da mercadoria aumenta os consumidores de Doméstica demandam menos enquanto os produtores de Doméstica fornecem mais assim a demanda por importações diminui M09KRUGXXXXC09indd 162 12915 613 PM 163 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio FIGURA 92 Obtendo a curva de oferta de exportação de Estrangeira Preço P P1 P 2 D2 D1 S2 S 1 Preço P XS D S S2 D2 S1 D1 Quantidade Q Quantidade Q PA Conforme o preço da mercadoria aumenta os consumidores de Estrangeira demandam mais enquanto os produtores de Estrangeira demandam menos de forma que a oferta disponível para exportação aumenta FIGURA 93 Equilíbrio mundial O preço mundial de equilíbrio é onde a demanda de importação de Doméstica curva MD se iguala à oferta de exportação de Estrangeira curva XS que fornecem pra S2 então a demada de importação cai para D2 S2 Essas combinações de preço quantidade são traçadas como pontos 1 e 2 do lado direito do painel da Figura 91 A curva de importação MD tem inclina ção para baixo porque conforme os preços aumentam a quantidade de importações demandada diminui Em PA a oferta e a demanda de Doméstica são iguais na ausên cia de comércio de forma que a curva de demanda de importação intercepta o eixo do preço em PA demanda de importação zero em PA A Figura 92 mostra como a curva de demanda de exportação de Estrangeira XS é obtida Em P1 os produtores de Estrangeira fornecem S1 enquanto os consumidores de Estrangeira demandam somente D1 então a quantidade total de oferta disponível para exportação é S1 D1 Em P2 os produtores aumen tam a quantidade que fornecem para S2 e os consu midores de Estrangeira diminuem a quantidade que demandam para D2 então a quantidade total de oferta disponível para exportação sobe para S2 D2 Como a oferta de mercadorias disponíveis para exportação aumenta conforme o preço aumenta a curva de oferta de exportação de Estrangeira tem inclinação para cima Em P A a oferta e a demanda seriam iguais na ausência de comércio de forma que a curva de oferta de exporta ção de Estrangeira faz interseção com o eixo do preço em P A oferta de exportação zero em P A O equilíbrio mundial ocorre quando a demanda de importação de Doméstica se iguala à oferta de exportação de Estrangeira Figura 93 No preço PW onde as duas curvas cruzam a oferta mundial se iguala à demanda mundial No ponto de equilíbrio 1 na Figura 93 demanda de Doméstica oferta de Doméstica oferta de Estrangeira demanda de Estrangeira Preço P Quantidade Q PW PA MD XS QW 1 PA M09KRUGXXXXC09indd 163 12915 613 PM 164 Economia internacional Ao adicionar e subtrair dos dois lados essa equação pode ser rearranjada para dizer que demanda de Doméstica demanda de Estrangeira oferta de Doméstica oferta de Estrangeira Ou em outras palavras demanda mundial oferta mundial efeito da tarifa aduaneira Do ponto de vista de alguém que envia mercadorias a tarifa aduaneira é como um custo de transporte Se Doméstica impõe uma taxa de US 2 em cada alqueire de trigo importado quem envia a mercadoria ficará relutante em fazê la a não ser que a diferença de preço entre os dois mercados seja de ao menos US 2 A Figura 94 ilustra os efeitos de uma tarifa adua neira específica de t por unidade de trigo mostrada como t na figura Na ausência da tarifa aduaneira o preço do trigo seria igualado em PW tanto em Domés tica quanto em Estrangeira como é visto no ponto 1 no meio do painel que ilustra o mercado mundial Com a tarifa aduaneira em vigor quem envia a merca doria fica relutante em mandar o trigo de Estrangeira para Doméstica a não ser que o preço de Doméstica ultrapasse o de Estrangeira por pelo menos t No entanto se o trigo não for enviado existirá um excesso de demanda por trigo em Doméstica e um excesso de oferta em Estrangeira Portanto o preço em Domés tica aumentará e em Estrangeira cairá até que a dife rença no preço seja t Introduzir uma tarifa aduaneira então abre uma brecha entre os preços dos dois mercados A tarifa adua neira aumenta o preço em Doméstica para PT e baixa o preço em Estrangeira para P T PT t Em Doméstica os produtores ofertam mais no preço maior enquanto os consumidores demandam menos de forma que pou cas importações são demandadas como você pode ver na movimentação do ponto 1 para o ponto 2 na curva MD Em Estrangeira os preços mais baixos resul tam na oferta reduzida e no aumento de demanda e portanto em uma oferta de exportação menor como vemos na movimentação do ponto 1 para o ponto 3 na curva XS Portanto o volume de trigo comerciali zado diminui de QW o volume de livre comércio para QT o volume com a tarifa aduaneira No volume de comércio QT a demanda de importação de Doméstica se iguala à oferta de exportação de Estrangeira quando PT P T t O aumento no preço em Doméstica de PW para PT é menor do que o valor da tarifa aduaneira porque parte dela é refletida em uma diminuição no preço de exportação de Estrangeira e por consequência não é passada aos consumidores de Doméstica Esse é o resul tado normal de uma tarifa aduaneira de qualquer polí tica de comércio que limita as importações Entretanto o tamanho desse efeito no preço dos exportadores na prática é frequentemente muito pequeno Quando um país pequeno impõe uma tarifa aduaneira a parcela do mercado mundial para as mercadorias que ele importa é para começar geralmente menor de forma que sua redução de importação tem pouquíssimo efeito no preço mundial exportação estrangeira Os efeitos da tarifa aduaneira no caso do país pequeno em que ele não pode afetar os preços estran geiros de exportação são ilustrados na Figura 95 Nesse caso a tarifa aduaneira aumenta o preço da mercadoria FIGURA 94 Os efeitos de uma tarifa aduaneira Mercado de Doméstica Mercado mundial Mercado de Estrangeira Preço P PW Quantidade Q Quantidade Q Quantidade Q D S PT Preço P QT D S Preço P QW MD XS PT 2 1 3 t Uma tarifa aduaneira aumenta o preço em Doméstica enquanto baixa o preço em Estrangeira Portanto o volume comercializado diminui M09KRUGXXXXC09indd 164 12915 613 PM 165 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio importada no país que a impõe pela quantidade total da tarifa de PW a PW t A produção da mercadoria importada aumenta de S1 para S2 enquanto o consumo da mercadoria cai de D1 para D2 Então como resul tado da tarifa aduaneira as importações caem no país que a impõe Medindo a quantidade de proteção Uma tarifa aduaneira em uma mercadoria impor tada aumenta o preço recebido pelos produtores nacio nais daquela mercadoria Esse efeito muitas vezes é o principal objetivo da tarifa aduaneira proteger os pro dutores nacionais de preços baixos que resultariam em concorrência de importação Ao analisar a política de comércio na prática é importante nos perguntarmos quanta proteção uma tarifa aduaneira ou outra política de comércio pode realmente fornecer A resposta geral mente é expressa como uma porcentagem do preço que prevaleceria sob livre comércio Uma quota de impor tação sobre o açúcar poderia por exemplo aumentar o preço recebido pelos produtores de açúcar norte americanos em 35 Medir a proteção pareceria simples no caso de uma tarifa aduaneira se ela for um imposto ad valorem pro porcional ao valor das importações a taxa da tarifa em si deveria medir a quantidade de proteção Se a tarifa for específica dividi la pelo seu preço líquido nos daria o ad valorem equivalente Entretanto existem dois problemas em tentar calcu lar a taxa de proteção de forma tão simples Primeiro se a suposição do país pequeno não for uma boa apro ximação parte do efeito da tarifa aduaneira será de baixar os preços da exportação estrangeira em vez de aumentar os preços nacionais Esse efeito das políticas de comércio em preços de exportação estrangeira é às vezes significativo O segundo problema é que as tarifas aduaneiras podem ter diferentes efeitos em diferentes estágios da produção de uma mercadoria Um exemplo simples ilus tra esse ponto Suponha que um automóvel seja vendido no mer cado mundial por US 8000 e as peças das quais ele é feito sejam vendidas por US 6000 Vamos comparar dois países um que quer desenvolver uma indústria de montagem de automóveis e outro que já tem uma indús tria de montagem e quer desenvolver uma indústria de peças de automóvel Para encorajar uma indústria nacional de automóveis o primeiro país coloca uma tarifa aduaneira de 25 sobre carros importados permitindo que as montadoras nacio nais cobrem US 10000 em vez de US 8000 Nesse caso seria errado dizer que as montadoras recebem somente 25 de proteção Antes da tarifa a montagem em solo nacional aconteceria somente se pudesse ser feita por US 2000 a diferença entre o preço de um automóvel completo US 8000 e o custo das partes US 6000 ou menos Agora ela vai acontecer mesmo que custe até US 4000 a diferença entre o preço de US 10000 e o custo das partes Isto é a taxa de tarifa aduaneira de 25 fornece às monta doras uma taxa eficaz de proteção de 100 Agora suponha que o segundo país para encorajar a produção nacional de partes imponha uma tarifa adua neira de 10 sobre as peças importadas aumentando o custo das peças das montadoras nacionais de US 6000 para US 6600 Mesmo que não exista mudança na tarifa de automóveis já montados essa política fará com que seja menos vantajoso montá los nacionalmente Antes da tarifa aduaneira teria valido a pena montar o carro localmente se pudesse ser feito por US 2000 US 8000 US 6000 Após a tarifa aduaneira a monta gem local só acontece se puder ser feita por US 1400 US 8000 US 6600 A tarifa aduaneira sobre as peças então ao mesmo tempo em que fornece proteção positiva para produtores de peças fornece proteção efi caz negativa para as montadoras a uma taxa de 30 6002000 Preço P Quantidade Q PW t D S D2 D1 S1 S2 Importações após a tarifa aduaneira Importações antes da tarifa aduaneira PW Quando um país é pequeno uma tarifa aduaneira que é imposta não pode baixar o preço estrangeiro da mercadoria que é importada Como resultado o preço da importação aumenta de PW para PW t e a quantidade de importações demandada cai de D1 S1 para D2 S2 FIGURA 95 Uma tarifa aduaneira em um país pequeno M09KRUGXXXXC09indd 165 12915 613 PM 166 Economia internacional Um raciocínio similar ao visto nesse exemplo levou economistas a elaborar cálculos para medir o grau de proteção eficaz efetivamente fornecido para indústrias específicas pelas tarifas aduaneiras e outras políticas de comércio As políticas de comércio que visam promo ver o desenvolvimento econômico por exemplo Capí tulo 11 frequentemente produzem taxas de proteção eficaz muito maiores do que as próprias taxas de tarifa aduaneira1 Custos e benefícios de uma tarifa aduaneira Uma tarifa aduaneira aumenta o preço de uma mer cadoria no país importador e diminui o preço no país exportador Como resultado dessas mudanças de preço os consumidores perdem no país importador e ganham no exportador Os produtores ganham no país impor tador e perdem no exportador Além disso o governo ganha receita impondo a tarifa aduaneira Para compa rar esses custos e benefícios é necessário quantificá los O método para medir custos e benefícios de uma tarifa aduaneira depende de dois conceitos comuns a muitas análises microeconômicas excedentes do consumidor e do produtor excedentes do consumidor e do produtor O excedente do consumidor mede a quantidade que um consumidor ganha em uma compra ao computar a diferença entre o preço que ele realmente paga e o preço que ele estaria disposto a pagar Se por exemplo um consumidor estivesse disposto a pagar US 8 por um alqueire de trigo mas o preço é somente US 3 o exce dente do consumidor ganho com a compra é US 5 O excedente do consumidor pode derivar da curva de demanda do mercado Figura 96 Por exemplo supo nha que o preço máximo no qual os consumidores com prarão dez unidades de uma mercadoria seja US 10 Então a décima unidade da mercadoria comprada deve valer US 10 para os consumidores Se valesse menos eles não comprariam se valesse mais eles estariam dispostos a comprá la mesmo se o preço fosse maior Agora suponha que a fim de conseguir com que os con sumidores comprem 11 unidades o preço deva ser dimi nuído para US 9 Então a décima primeira unidade deve valer apenas US 9 para os consumidores Suponha que o preço seja US 9 Então os con sumidores estarão dispostos a comprar somente a décima primeira unidade da mercadoria e portanto não receber o excedente do consumidor de sua compra daquela unidade Entretanto eles estariam dispostos a pagar US 10 pela décima unidade e portanto rece ber US 1 de excedente do consumidor dessa unidade Eles também estariam dispostos a pagar US 12 pela nona unidade Nesse caso eles teriam recebido US 3 de excedente do consumidor nessa unidade e assim por diante Generalizando a partir desse exemplo se P é o preço de uma mercadoria e Q é a quantidade de demanda nesse preço então o excedente do consumidor é cal culado subtraindo P vezes Q da área sob a curva de demanda até Q Figura 97 Se o preço é P1 a quanti dade demandada é D1 e o excedente do consumidor é medido pelas áreas denominadas a mais b Se o preço aumenta para P2 a quantidade demandada cai para D2 e o excedente do consumidor cai por b para igualar somente a O excedente do produtor é um conceito análogo Um produtor disposto a vender uma mercadoria por US 2 mas que recebe o preço de US 5 ganha um Preço P Quantidade Q D US12 US10 US9 8 9 10 11 O excedente do consumidor em cada unidade vendida é a diferença entre o preço real e o que os consumidores estariam dispostos a pagar FIGURA 96 Obtendo o excedente do consumidor para a curva de demanda 1 A taxa de proteção efetiva para um setor é formalmente defi nida como VT VW VW onde VW é o valor adicionado no setor em preços mundiais e VT é o valor adicionado na presença de políti cas de comércio Nos termos do nosso exemplo deixemos PA ser o preço mundial de um automóvel montado PC o preço mundial de seus componentes tA a taxa de tarifa aduaneira ad valorem na im portação de automóveis e tC a taxa de tarifa aduaneira ad valorem nos componentes Você pode verifi car que se a tarifa aduaneira não afeta os preços mundiais elas fornecem aos montadores uma taxa de proteção efetiva de V V V t P t t P P T W W A C A C A C M09KRUGXXXXC09indd 166 12915 613 PM 167 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio excedente do produtor de US 3 O mesmo procedi mento utilizado para obter o excedente do consumidor da curva de demanda pode ser utilizado para obter a curva de oferta do excedente do produtor Se P é o preço e Q é a quantidade fornecida àquele preço então o excedente do produtor é P vezes Q menos a área sob a curva de oferta até Q Figura 98 Se o preço é P1 a quantidade fornecida será S1 e o excedente do produ tor é medido pela área c Se o preço aumentar para P2 a quantidade fornecida aumenta para S2 e o excedente do produtor aumenta para se igualar a c mais a área adicional d Algumas das dificuldades relacionadas a esses con ceitos de excedentes de consumidor e produtor são pro blemas técnicos de cálculo que seguramente podemos desconsiderar Mais importante é a questão de que se os ganhos diretos para produtores e consumidores em um dado mercado realmente medem com precisão os ganhos sociais Os benefícios e custos adicionais não capturados pelos excedentes do consumidor e do produtor estão no centro do caso para o ativismo da política de comércio que discutiremos no Capítulo 10 Agora entretanto focaremos nos custos e nos benefícios medidos pelos excedentes do consumidor e do produtor Medindo os custos e benefícios A Figura 99 ilustra os custos e benefícios de uma tarifa aduaneira para o país importador A tarifa aumenta o preço nacional de PW para PT mas abaixa o preço estran geiro de exportação de PW para P T veja a Figura 94 A produção nacional aumenta de S1 para S2 enquanto o consumo cai de D1 para D2 Os custos e benefícios para diferentes grupos podem ser expressos como a soma das áreas de cinco regiões denominadas a b c d e Preço P Quantidade Q D D1 P1 P2 D2 a b O excedente do consumidor é igual à área abaixo da curva de demanda e acima do preço FIGURA 97 A geometria do excedente do consumidor Preço P Quantidade Q S S 2 P 2 P1 S1 d c O excedente do produtor é igual à área acima da curva de oferta e abaixo do preço FIGURA 98 A geometria do excedente do produtor a Preço P Quantidade Q D S D2 D1 S1 S2 PW perda do consumidor a b c d ganho de receita do governo c e PT ganho do produtor a b c d e PT QT Os custos e benefícios para diferentes grupos podem ser representados como a soma das cinco áreas a b c d e e FIGURA 99 Custos e benefícios de uma tarifa aduaneira para o país importador M09KRUGXXXXC09indd 167 12915 613 PM 168 Economia internacional Primeiro considere o ganho dos produtores nacio nais Eles recebem um preço maior e portanto têm um maior excedente do produtor Como vimos na Figura 98 o excedente do produtor é igual à área abaixo do preço mas acima da curva de oferta Antes da tarifa aduaneira o excedente do produtor era igual ao da área abaixo de PW mas acima da curva de oferta Com o aumento do preço para PT esse excedente aumenta pela área denomi nada a Isto é o ganho dos produtores a partir da tarifa aduaneira Os consumidores nacionais também enfrentam um preço maior o que os deixa em pior situação Como vimos na Figura 97 o excedente do consumidor é igual à área acima do preço mas sob a curva de demanda Já que o preço que os consumidores enfrentam aumenta de PW para PT o excedente do consumidor cai pela área indicada por a b c d Então os consumidores são prejudicados pela tarifa aduaneira Aqui também existe uma terceira parte o governo O governo ganha coletando receita da tarifa aduaneira Isso é igual à taxa da tarifa aduaneira t vezes o volume de importações QT D2 S2 Já que t PT P T a receita do governo é igual à soma das duas áreas c e e Uma vez que esses ganhos e perdas são reverti dos para diferentes pessoas a estimativa do custo benefício global de uma tarifa aduaneira depende do quanto valorizamos o valor de um dólar de benefício para cada grupo Se por exemplo o ganho do pro dutor é revertido principalmente para donos ricos de recursos enquanto os consumidores são mais pobres do que a média a tarifa aduaneira será vista diferen temente do que se a mercadoria for um luxo com prado por um rico mas produzido por trabalhadores com baixos salários Mais ambiguidade é introduzida pelo papel do governo ele vai utilizar sua receita para financiar serviços públicos de necessidade vital ou vai desperdiçar a receita em assentos de banheiro de US 1000 Apesar desses problemas é comum que os analistas de política de comércio tentem compu tar o efeito líquido de uma tarifa aduaneira no bem estar nacional supondo que na margem o valor de um dólar de ganho ou perda para cada grupo tenha o mesmo valor social Vamos olhar então para o efeito líquido de uma tarifa aduaneira no bem estar O custo líquido de uma tarifa adua neira é perda do consumidor ganho do produtor receita do governo 91 ou substituindo esses conceitos pelas áreas na Figura 99 a b c d a c e b d e 92 Isto é existem dois triângulos cujas áreas medem a perda para a nação como um todo e um retângulo cuja área mede um ganho de compensação Uma forma útil de interpretar esses ganhos e perdas é a seguinte os triângulos representam a perda de eficiência que surge porque uma tarifa aduaneira distorce incentivos para consumir e produzir enquanto o retângulo representa os termos de ganho do comércio que surgem porque a tarifa aduaneira diminui os preços de exportação estrangeira O ganho depende da capacidade da imposição de tarifa aduaneira do país para diminuir os preços da expor tação estrangeira Se o país não pode afetar os preços mundiais o caso do país pequeno ilustrado na Figura 95 a região e que representa os termos de ganho do comércio desaparece e fica claro que a tarifa aduaneira reduz o bem estar A tarifa aduaneira distorce os incen tivos tanto para os produtores quanto para os consumi dores induzindo os a agir como se as importações fossem mais caras do que elas realmente são O custo de uma uni dade adicional de consumo para a economia é o preço de uma unidade adicional de importação ainda porque a tarifa aduaneira aumenta o preço nacional acima do preço mundial os consumidores reduzem seu consumo ao ponto no qual a unidade marginal rende lhes bem estar igual ao preço nacional da tarifa incluída Isso sig nifica que o valor de uma unidade de produção adicional para a economia é o preço da unidade de importação que ele economiza ainda que os produtores nacionais expandam a produção até o ponto no qual o custo mar ginal seja igual ao preço da tarifa incluída Portanto a economia produz nacionalmente unidades adicionais da mercadoria que poderia comprar de forma mais barata no exterior Tarifas aduaneiras para o longo prazo Acabamos de ver como uma tarifa aduaneira pode ser utilizada para aumentar o excedente do produ tor à custa de uma perda no excedente do consumi dor Existem também muitos outros custos indiretos das tarifas aduaneiras elas podem levar parceiros de comércio a retaliar com suas próprias tarifas adua neiras por consequência prejudicando produtores que exportam no país que impôs a tarifa aduaneira primeiro elas também podem ser duramente difíceis de serem removidas depois mesmo que as condições M09KRUGXXXXC09indd 168 12915 613 PM 169 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio econômicas tenham mudado completamente porque ajudam a organizar politicamente o pequeno grupo de produtores que é protegido da concorrência estran geira Discutiremos mais à frente no Capítulo 10 Finalmente maiores tarifas aduaneiras podem induzir os produtores a comportarem se de formas criativas embora totalmente desnecessárias a fim de evitá las No caso da tarifa aduaneira conhecida como Imposto do Frango ela durou tanto mais de 47 anos que terminou por prejudicar os mesmos produtores que para começar fizeram lobby inten sivo para manter a tarifa2 Essa tarifa ganhou esse nome porque foi uma retaliação dos Estados Unidos à adminis tração do presidente Lyndon Johnson contra uma tarifa aduaneira nas exportações de frango norte americano imposta pela Europa Ociden tal no começo dos anos 1960 A retaliação norte americana focada na Alemanha uma das principais forças políticas por trás da tarifa do frango original impôs uma tarifa aduaneira de 25 em importações de caminhões comerciais leves Nessa época a Volkswagen era uma grande produtora desses veículos e exportava mui tos deles para os Estados Unidos Conforme o tempo passou muitas das tarifas aduaneiras originais foram retiradas exceto pelas tarifas em frangos e em cami nhões comerciais leves A Volkswagen parou de pro duzir esses veículos mas os três grandes produtores de automóveis e caminhões estavam preocupados com a competição de caminhões japoneses então fizeram lobby para manter a tarifa aduaneira vigente Os produtores japoneses por sua vez responderam ao passarem a construir esses caminhões leves nos Estados Unidos veja o Capítulo 8 Como resultado a última companhia a ser atingida pelas consequências da tarifa aduaneira foi a Ford uma daquelas três grandes produtoras norte americanas A Ford produz uma pequena perua comercial na Europa a Transit Connect que é pro jetada com menor capacidade e com habilidade para andar por ruas antigas e estreitas para as cidades europeias O recente aumento nos preços do combustível aumentou drasticamente a demanda por esse caminhão em algumas cidades norte americanas Em 2009 a Ford começou a vender esses veículos para os Estados Unidos Para chegar próximo da tarifa aduaneira de 25 a Ford instala janelas e bancos traseiros e cintos de segurança antes de enviar os veículos para os Estados Unidos Esses veículos não são mais classificados como cami nhões comerciais mas sim como veículos de passa geiro que estão sujeitos a uma tarifa bem menor de 25 Após chegarem a Baltimore Maryland os bancos traseiros são imediatamente retirados e as janelas tra seiras são substituídas por painéis de metal Isso acon tece antes da entrega às concessionárias da Ford 2 Veja Matthew Dolan To Outfox the Chicken Tax Ford Strips Its Own Vans Wall Street Journal 23 set 2009 Antes de abrir fábricas de produção nos Estados Unidos a Subaru deu uma volta na tarifa aduaneira de caminhões leves comerciais parafusando dois assentos de plástico na área de carga traseira da sua caminhonete Subaru BRAT exportada para os Estados Unidos Portanto a BRAT foi classificada como veículo de passageiro conseguindo evitar a tarifa aduaneira Os efeitos líquidos de bem estar de uma tarifa adua neira são resumidos na Figura 910 Os efeitos negativos consistem em dois triângulos b e d O primeiro triângulo é a perda por distorção de produção que resulta do fato de que a tarifa aduaneira leva os produtores nacionais a pro duzirem muito dessa mercadoria O segundo triângulo é a perda de distorção de consumo nacional que resulta do fato que a tarifa aduaneira leva os consumidores a consu mirem pouquíssimo da mercadoria Contra essas perdas devem se definir os termos de ganho do comércio medi dos pelo retângulo e que resulta da diminuição no preço de exportação estrangeiro causado pela tarifa aduaneira No importante caso do pequeno país que não pode afetar os preços estrangeiros de forma significante esse último efeito deixa de existir Portanto os custos de uma tarifa aduaneira sem ambiguidade ultrapassam seus benefícios Outros instrumentos da política comercial As tarifas aduaneiras são as políticas de comércio mais simples mas no mundo moderno a maioria das interven ções governamentais no comércio internacional toma outras formas como subsídios à exportação quotas de M09KRUGXXXXC09indd 169 12915 613 PM 170 Economia internacional importação restrições voluntárias da exportação e requi sitos de conteúdo local Felizmente uma vez que tenhamos compreendido as tarifas aduaneiras não é muito difícil compreender esses outros instrumentos de comércio Subsídio de exportação teoria Um subsídio à exportação é um pagamento a uma empresa ou indivíduo que envia a mercadoria para o exterior Como a tarifa aduaneira um subsídio à expor tação pode ser tanto específico um montante fixo por unidade ou ad valorem uma proporção do valor exportado Quando o governo oferece um subsídio à exportação os fornecedores exportarão a mercadoria até o ponto em que o preço nacional ultrapasse o preço estrangeiro pelo valor do subsídio Esses efeitos de um subsídio à exportação nos preços são exatamente o inverso daqueles de uma tarifa adua neira Figura 911 O preço no país exportador aumenta Preço P Quantidade Q D S PW PT b d e Importações perda de eficiência b d ganho dos termos de comércio e PT Os triângulos preenchidos representam perdas de eficiência enquanto o retângulo representa ganhos dos termos de comércio FIGURA 910 Os efeitos líquidos de bem estar de uma tarifa aduaneira a Preço P Quantidade Q D S PW ganho do produtor a b PS ganho do produtor a b c d custo de subsídio do governo b c d e f g Exportações e f g b c PS Subsídio Um subsídio à exportação aumenta os preços no país exportador enquanto baixa os no país importador FIGURA 911 Efeitos de um subsídio à exportação de PW para PS mas porque o preço no país importador cai de PW para P S o aumento de preço é menor do que o subsídio No país exportador os consumidores são pre judicados os produtores ganham e o governo perde por que deve gastar dinheiro no subsídio A perda do con sumidor é a área a b o ganho dos produtos é a área a b c o subsídio do governo o valor das exportações vezes o valor do subsídio é a área b c d e f g A perda de bem estar líquido é portanto a soma das áreas b d e f g Dessas b e d representam as perdas de distorção de consumo e produção do mesmo tipo que a tarifa aduaneira produz Além disso e em contraste com a tarifa aduaneira o subsídio à exportação piora os ter mos de comércio porque diminui o preço da exportação no mercado estrangeiro de PW para PS Isso leva à perda adicional de termos de comércio e f g que é igual a PW PS vezes a quantidade exportada com o subsídio Então um subsídio à exportação de forma inequívoca leva a custos que ultrapassam seus benefícios polÍTica agrÍcola comum da europa Em 1957 seis nações da Europa Ocidental Alema nha França Itália Bélgica Holanda e Luxemburgo formaram a Comunidade Econômica Europeia que desde então cresceu para incluir a maior parte da Europa Agora chamada de União Europeia UE seus dois maiores efeitos estão na política de comércio Pri meiro os países membros retiraram todas as tarifas aduaneiras em relação uns aos outros criando assim uma união aduaneira será discutida no próximo capí tulo Segundo a política agrícola da União Europeia M09KRUGXXXXC09indd 170 12915 613 PM 171 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio tornou se um programa massivo de subsídio à exportação A Política Agrícola Comum PAC da União Europeia começou não como um subsídio à exportação mas como um esforço para garantir preços elevados para os agri cultores europeus ao ter a União Europeia comprando produtos agrícolas sempre que os preços ficassem abaixo de níveis de suporte especificados Para pre venir essa política de perder se em grandes quantida des de importações ela foi inicialmente apoiada por tarifas aduaneiras que compensam a diferença entre os preços agrícolas europeus e mundiais Desde os anos 1970 entretanto o preços de apoio definidos pela União Europeia acabaram sendo tão altos que a Europa que com livre comércio seria uma importadora da maioria dos produtos agrícolas estava produzindo mais do que os consumidores esta vam dispostos a comprar Como resultado a União Europeia viu se obrigada a comprar e armazenar enor mes quantidades de alimentos No fim de 1985 por exemplo as nações europeias tinham armazenado 780 mil toneladas de carne 12 milhão de toneladas de manteiga e 12 milhões de toneladas de trigo Para evitar crescimento ilimitado nesses estoques a União Europeia voltou se para uma política de subsidiar exportações para repassar a produção excedente A Figura 912 mostra como o PAC funciona Fun ciona é claro exatamente como o subsídio à exporta ção mostrado na Figura 911 exceto que a Europa seria realmente um importador com livre comércio O preço de apoio é definido não só acima do preço mundial que prevaleceria em sua ausência mas também acima do preço que igualaria a demanda e a oferta mesmo sem importações Para exportar o excedente resul tante é pago um subsídio à exportação que compensa a diferença entre os preços europeu e mundial As pró prias exportações subsidiadas tendem a desvalorizar o preço mundial aumentando o subsídio necessário Um estudo recente estimou que o custo de bem estar para os consumidores europeus ultrapassou os benefícios dos produtores agrícolas por quase 30 bilhões de dóla res 215 bilhões de euros em 20073 Apesar dos custos líquidos consideráveis do PAC para os consumidores e contribuintes europeus a força política dos agricultores na UE tem sido tão intensa que tem sido difícil controlar o programa Uma fonte de pressão veio dos Estados Unidos e de outras nações exportadoras de alimentos que reclamam que os subsídios à exportação da Europa baixam o preço de suas exportações As consequências orçamentárias do PAC também levantaram preocupações em 2013 o PAC custou aos contribuintes europeus 78 bilhões de dólares 58 bilhões de euros e este número não inclui os custos indiretos para os consumidores de alimentos Os subsídios do governo para os agricultores europeus são iguais a cerca de 22 do valor da produção agrí cola mais do que duas vezes o valor norte americano de 86 Os subsídios agrícolas norte americanos são mais restritos a um subconjunto de culturas Reformas recentes na política agrícola da Europa representam um esforço em reduzir as distorções de incentivos causadas pelo apoio ao preço enquanto continua a fornecer ajuda aos agricultores Se os polí ticos forem em frente com seus planos os agriculto res receberão cada vez mais pagamentos diretos que não estão relacionados ao quanto eles produzem Isso deve diminuir os preços e reduzir a produção 3 Veja Pierre Boulanger Patrick Jomini Of the Benefi ts to the EU of Removing the Common Agricultural Policy Sciences Politique Policy Brief 2010 Preço P Quantidade Q D S custo de subsídio do governo Exportações Preço de apoio Preço mundial Preço europeu sem importações Os preços agrícolas são fixados não só acima dos níveis de mercado mundial mas também acima do preço que abriria o mercado europeu Um subsídio à exportação é utilizado para eliminar o excedente resultante FIGURA 912 Política Agrícola Comum da Europa M09KRUGXXXXC09indd 171 12915 613 PM 172 Economia internacional Quotas de importação teoria Uma quota de importação é uma restrição direta na quantidade que pode ser importada de alguma mercado ria A restrição é normalmente aplicada com a emissão de licenças para alguns grupos de empresas individuais Por exemplo os Estados Unidos têm uma quota em importações de queijo estrangeiro As únicas empresas autorizadas a importar queijo são certas companhias de comércio a cada uma delas é atribuído o direito de importar um número máximo de quilos de queijo por ano O tamanho da quota de cada empresa é baseado na quantidade de queijo que ela importou no passado Em alguns casos importantes especialmente açúcar e ves tuário o direito de vender nos Estados Unidos é dado diretamente aos governos dos países exportadores É importante evitar o equívoco de que as quotas de importação de alguma maneira limitam as impor tações sem aumentar os preços nacionais A verdade é que uma quota de importação sempre aumenta o preço nacional da mercadoria importada Quando as impor tações são limitadas o resultado imediato é que no preço inicial a demanda por aquela mercadoria ultra passe a oferta nacional mais as importações Isso faz o preço subir até que o mercado esteja limpo No fim uma quota de importação aumentará o preço nacional pelo mesmo valor que uma tarifa aduaneira que limita as importações ao mesmo nível exceto no caso de mono pólio nacional no qual a quota aumenta os preços mais do que isso Veja o Apêndice deste capítulo A diferença entre a quota e a tarifa aduaneira é que com a quota o governo não recebe nenhuma receita Quando a quota em vez da tarifa aduaneira é utilizada para restrin gir as importações a soma de dinheiro que teria aparecido com a tarifa como receita do governo é recolhida por quem quer que receba as licenças de importação Os donos de licenças são portanto capazes de comprar importações e revendê las a um preço maior no mercado nacional Os lucros recebidos pelos donos das licenças de importação são conhecidos como rendas de contingenciamento Ao avaliar os custos e benefícios de uma quota de importa ção é crucial determinar quem recebe as rendas Quando os direitos de vender no mercado nacional são atribuídos aos governos de países exportadores como acontece fre quentemente a transferência de rendas para o exterior faz o custo de uma quota ser substancialmente maior do que o da tarifa aduaneira equivalente uma quoTa de imporTação na práTica açúcar dos esTados unidos O problema do açúcar dos Estados Unidos é simi lar em sua origem ao problema agrícola europeu um preço nacional garantido pelo governo federal elevou os preços norte americanos acima dos níveis do mer cado mundial Entretanto diferentemente da União Europeia a oferta nacional nos Estados Unidos não ultrapassa a demanda nacional Portanto os Estados Unidos foram capazes de manter os preços nacionais no nível alvo com uma quota de importação sobre o açúcar Uma característica particular da quota de impor tação é que os direitos de vender açúcar nos Estados Unidos são atribuídos para governos estrangeiros que então atribuem esses direitos aos seus próprios resi dentes Como resultado as rendas geradas pela quota de açúcar são revertidas para os estrangeiros As quo tas restringem as importações tanto do açúcar bruto quase que exclusivamente cana de açúcar quanto do refinado A Figura 913 mostra o efeito das restrições de importação norte americanas no preço do açúcar bruto nos Estados Unidos em relação ao preço mun dial Como podemos ver essas restrições de impor tação têm sido muito bem sucedidas no aumento do preço nacional norte americano acima do preço mun dial Quando o preço mundial do açúcar aumentou drasticamente em 2010 a 2011 as restrições de impor tação foram aliviadas mas não o suficiente para limi tar o aumento acentuado no preço norte americano que ainda permaneceu bem acima do preço mundial Agora descrevemos a mais recente previsão para os efeitos dessas restrições de importação e dos altos preços de açúcar associados4 A Figura 914 mostra o equilíbrio do mercado de açúcar bruto com e sem a restrição da quota Atualmente a quota limita as importações de açúcar bruto em 34 milhões de tone ladas enquanto a produção americana total é de 84 milhões de toneladas Isso resulta em um preço do açúcar norte americano que está 34 acima do preço mundial Com a ausência das restrições de importa ção o preço norte americano cairia para o nível do preço mundial A figura é desenhada supondo que os Estados Unidos sejam pequenos no mercado mun dial de açúcar bruto isto é remover a quota não teria um efeito significativo no preço mundial De acordo com essa estimativa o livre comércio aumentaria 4 Essas estimativas são para 2014 supondo que as restrições de importação sejam eliminadas em 2013 Para mais detalhes veja Beghin John Christopher Amani Elobeid The Impact of the US Sugar Program Redux Food and Agricultural Policy Research Institute FAPRI Publications 2013 M09KRUGXXXXC09indd 172 12915 613 PM 173 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio as importações de açúcar em 84 e uma contração associada de 11 na produção nacional Os efeitos de bem estar da quota de importação são indicados pelas áreas a b c e d Os consumidores perdem pelo excedente a b c d associado com o maior preço Parte dessa perda do consumidor repre senta uma transferência para os produtores norte americanos de açúcar que ganham o excedente do produtor a Parte da perda representa a distorção de produção b e a distorção de consumo d As rendas para os governos estrangeiros que recebem direitos de importação são resumidas pela área c A fim de colocar valores em dólar nesses efeitos de bem estar deve se levar em conta como um preço maior de açúcar bruto leva a um preço maior de açúcar refinado o que então se transforma em maiores pre ços para todos os produtos que contêm açúcar Apesar de os últimos aumentos no preço dos alimentos pagos pelos consumidores norte americanos serem modes tos na ordem de 0 a 2 as perdas totais do excedente FIGURA 913 Preços norte americano e mundial de açúcar bruto em dólares por tonelada tonelada curta valor bruto 1989 2011 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1989 1991 1993 1997 1995 1999 2001 Ano Mundo Estados Unidos 2003 2005 2007 2009 2011 Fonte Departamento de Agricultura dos EUA FIGURA 914 Efeitos da quota de importação norte americana sobre o açúcar Preço UStonelada perda do consumidor a b c d renda de contingenciamento c ganho do produtor a Quantidade de açúcar milhões de toneladas Demanda Oferta a c d Preço no mercado norteamericano US747 Preço mundial US496 74 84 118 136 b quota 34 A quota limita as importações de açúcar bruto em 34 milhões de toneladas Sem a quota tais importações seriam 84 maiores ou 64 milhões de toneladas O resultado da quota é que o preço do açúcar é de US 747 por tonelada versus o preço de US 496 nos mercados mundiais Isso gera um ganho para os produtores de açúcar norte americanos mas uma perda muito maior para os consumidores estadunidenses Não existe nenhum ganho de compensação em receita porque as rendas de contingenciamento são captadas pelos governos estrangeiros M09KRUGXXXXC09indd 173 12915 613 PM 174 Economia internacional do consumidor são massivas porque esses aumentos de preço são aplicados a uma enorme quantidade de mercadorias amplamente consumidas A perda do con sumidor estimada para 2014 em relação ao resultado hipotético no qual a quota do açúcar é eliminada em 2013 é de 35 milhões de dólares Além disso os altos preços para o açúcar refinado também geram perdas de excedente do produtor para a indústria de alimen tos todos os produtores de alimentos que utilizam açúcar refinado como ingrediente Isso adiciona outros 909 milhões de dólares às perdas do consumidor para um custo total estimado de 44 bilhões associados à quota norte americana do açúcar Os produtores norte americanos de açúcar ganham com os preços altos é claro O ganho estimado dos pro dutores para 2014 totaliza 39 bilhões de dólares A maioria desses ganhos vai para as processadorasrefi narias de açúcar com somente 486 milhões de dóla res ficando na mão dos agricultores Por fim os expor tadores de açúcar aos quais foi atribuído o direito de vender o produto para os Estados Unidos também se beneficiam desses direitos de quotas pois embolsam a diferença entre o maior preço norte americano em relação ao preço mundial Muitos desses exportadores estrangeiros de açúcar são de propriedade dos pro cessadores norte americanos de açúcar Esse ganho torna se a maior parte da diferença entre a perda de 44 bilhões de dólares para quem utiliza o açúcar con sumidores e produtores de alimentos e o ganho de 39 bilhões de dólares para os produtores já que as perdas de peso morto são relativamente menores A quota do açúcar ilustra de forma extrema a tendência da proteção em fornecer benefícios para um pequeno grupo de produtores os quais recebem um grande benefício à custa de um grande número de consumidores os quais arcam com somente um pequeno custo Nesse caso a perda anual do con sumidor soma para somente US 11 per capita ou um pouco abaixo de US 30 para uma família típica Não surpreendentemente o eleitor médio norte americano desconhece a existência da quota de açú car e por isso existe pouca oposição efetiva Do ponto de vista dos produtores do açúcar bruto agricultores e processadores entretanto a quota é uma questão de vida ou morte Esses produtores empregam somente por volta de 20 mil trabalhadores então os ganhos do produtor advindos da quota representam um subsídio implícito em torno de 200 mil dólares por traba lhador Não deveria ser surpresa nenhuma que esses pro dutores de açúcar estão efetivamente mobilizados em defender sua proteção Eles doaram mais de 45 milhões de dólares na corrida pelo Congresso em 2012 e a Ameri can Sugar Alliance gastou outros três milhões de dólares em despesas de lobby nos 12 meses que antecederam a votação da lei agrícola norte americana no Congresso em 2013 essa lei reautoriza as restrições nas importações norte americanas de açúcar5 Os oponentes da proteção tentam frequentemente enquadrar suas críticas não em termos do excedente do consumidor e do produtor mas em termos do custo de cada emprego economizado por uma res trição de importação Claramente a perda do subsídio de 200 mil dólares por empregado fornecido indire tamente pela quota forçaria os produtores de açúcar a encolher e reduzir seus empregados As estimativas para essa redução de emprego variam entre 500 e 2000 trabalhadores Mesmo tendo essa grande perda nos empregos a quota de açúcar ainda custaria aos consumidores americanos 174 milhão por emprego 5 Uma emenda para acabar com as restrições de importação de açúcar foi introduzida ao projeto de Lei agrícola de 2013 2013 Farm Bill Sugar Reform Act of 2013 Foi quase derrotada por 45 a 54 votos no Senado e por 206 a 221 votos na Câmara dos Representantes 6 Veja Farm Bills Subsidy for Sugar under Pressure Columbia Dispatch 20 jun 2013 Produtores de alimentos que utilizam açúcar junto com os consumidores são prejudicados pela quota do açúcar que aumenta artificialmente o preço do açúcar nos Estados Unidos Estima se que o emprego nas fábricas de chocolate e de produtos de confeitaria aumentaria em até 34 se a quota de açúcar fosse retirada Os pirulitos Dum Dums ainda são produzidos em Ohio apesar de seu produtor a Spangler Inc ter levado a produção de seus bastões de doce para o México Uma porção substancial da indústria de confeitaria norte americana foi para o Canadá ou para o México onde os preços do açúcar são substancialmente menores O CEO da Spangler Kirk Vashawm estima que poderia economizar US 15000 por dia ao levar sua fábrica de produção de Ohio para o Canadá6 M09KRUGXXXXC09indd 174 12915 613 PM 175 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio Restrição voluntária das exportações Uma variante na quota de importação é a restrição voluntária da exportação RVE também conhecida como acordo de restrição voluntária ARV Bem vindo ao mundo burocrático da política de comércio onde tudo tem um símbolo de três letras A RVE é uma quota no comércio imposta pelo país exportador em vez do importador O exemplo mais famoso é a limitação nas exportações de automóveis para os Estados Unidos imposta pelo Japão depois de 1981 As restrições voluntárias das exportações são comu mente impostas a pedido do importador e aceitas pelo exportador para prevenir outras restrições de comércio Como veremos no Capítulo 10 certas vantagens políti cas e legais fizeram das RVEs os instrumentos preferidos de política de comércio em alguns casos No entanto de um ponto de vista econômico uma restrição voluntária da exportação é exatamente como uma quota de impor tação em que as licenças são atribuídas para governos estrangeiros e é portanto muito dispendiosa para o país importador Uma RVE é sempre mais dispendiosa para o país importador do que uma tarifa aduaneira que limita as importações pelo mesmo valor A diferença é que o que teria sido receita sob uma tarifa aduaneira torna se renda ganha pelos estrangeiros sob a RVE então a RVE claramente produz uma perda para o país importador Um estudo dos efeitos das três principais restrições voluntárias das exportações norte americanas nos anos 1980 em tecido e vestuário aço e automóveis desco briu que dois terços do custo dessas restrições para os consumidores foram contabilizados pelas rendas ganhas pelos estrangeiros7 Em outras palavras a maior parte dos custos representa uma transferência de renda em vez de uma perda de eficiência Esse cálculo também enfa tiza que de um ponto de vista nacional as RVEs são muito mais dispendiosas do que as tarifas aduaneiras Dado esse fato a preferência generalizada dos gover nos pelas RVEs em vez de outras medidas de política de comércio necessita de uma análise cuidadosa Alguns acordos voluntários de exportação cobrem mais de um país O acordo multilateral mais famoso é o Acordo Multifibras que limitou as exportações têxteis em 22 países até o começo de 2005 Tais acordos voluntários de restrição multilateral são conhecidos por outra abreviação de três letras OMA por acordo de marketing metódico economizado E esse custo não leva em consideração todas as perdas de emprego que os preços altos do açúcar impõem sobre a indústria de alimentos Se as restrições ao açúcar fossem retiradas a queda no preço do produto refinado induziria uma expansão substancial na indústria de alimentos que utiliza açúcar Já mencionamos o aumento associado de 909 milhões no excedente do produtor para esses setores mas essa expansão também geraria de 17000 a 20000 novos empregos Na verdade a expansão seria grande o sufi ciente para transformar os Estados Unidos de importa dor líquido para exportador líquido de alimentos que contêm açúcar Comparando as figuras para empregos salvos pelos produtores de açúcar 500 a 2000 com as figuras para empregos perdidos no setor de alimentos 17000 a 20000 vemos que a dimensão de proteção de emprego não é mais longa do que o custo do con sumidor por emprego salvo é astronomicamente alta Em vez disso é claro que os empregos estão sendo per didos e não salvos pela quota do açúcar 7 Veja David G Tarr A General Equilibrium Analysis of the Welfare and Employment Effects of US Quotas in Textiles Autos and Steel Wa shington DC Federal Trade Commission 1989 uma resTrição volunTária na práTica Automóveis japoneses Por muito tempo nos anos 1960 e 1970 a indústria norte americana de automóveis foi isolada da concor rência das importações pela diferença nos tipos de car ros comprados pelos Estados Unidos e pelos consumido res estrangeiros Os compradores norte americanos que vivem em um país grande com baixos impostos de gaso lina preferiam carros muito maiores do que os europeus e os japoneses e em geral as empresas estrangeiras escolheram não desafiar os Estados Unidos no mercado de carros grandes Entretanto em 1979 fortes aumentos no preço do petróleo e a escassez temporária de gasolina fizeram com que o mercado estadunidense mudasse abruptamente para carros menores Os produtores japoneses cujos custos estavam diminuindo em relação àqueles de seus concorrentes norte americanos entraram no mercado para preencher a nova demanda Ao passo que a parcela japonesa do mercado subiu e a produção estadunidense caiu sólidas forças políticas nos Estados Unidos exigiram proteção para a indústria norte americana Em vez de agir unilateralmente e arriscar criar uma nova guerra de M09KRUGXXXXC09indd 175 12915 613 PM 176 Economia internacional Requisitos de conteúdo legal Um requisito de conteúdo legal é uma regulamenta ção que exige uma fração especificada de uma mercado ria final que será produzida nacionalmente Em alguns casos essa fração é especificada em unidades físicas como a quota de importação norte americana nos anos 1960 Em outros casos a exigência é especificada em termos de valores ao requerer que uma parcela mínima do preço da mercadoria represente valor nacional acres centado Leis de conteúdo locais têm sido amplamente utilizadas por países em desenvolvimento que tentam mudar sua base de produção de montagem de volta para mercadorias intermediárias Nos Estados Unidos uma lei de conteúdo local para automóveis foi proposta em 1982 mas nunca foi atendida Do ponto de vista dos produtores nacionais de par tes uma regulamentação de conteúdo local fornece pro teção da mesma forma que uma quota de importação oferece Entretanto do ponto de vista das empresas que devem comprar localmente os efeitos são um pouco dife rentes O conteúdo local não coloca um limite rigoroso nas importações Em vez disso permite que as empresas importem mais contanto que também comprem mais nacionalmente Isso significa que o preço efetivo dos insumos para a empresa é uma média do preço dos insumos importados e produzidos nacionalmente comércio o governo norte americano pediu ao governo japonês para limitar suas exportações Os japoneses com medo de medidas de protecionismo unilaterais caso não cumprissem o pedido concordaram em limitar suas vendas O primeiro acordo em 1981 limitou as exporta ções japonesas para os Estados Unidos em 168 milhões de automóveis Uma revisão aumentou o total para 185 milhões em 1984 Em 1985 o acordo caducou Os efeitos dessa restrição de exportação voluntária foram complicados por vários fatores Primeiro carros japoneses e norte americanos claramente não eram perfeitos substitutos Segundo a indústria japonesa até certo ponto respondeu à quota aumentando a quali dade e vendendo automóveis maiores com mais recursos Terceiro está claro que a indústria de automóveis não é perfeitamente competitiva Ainda assim os resultados básicos foram os que a discussão das restrições voluntá rias das exportações anterior teria previsto o preço dos carros japoneses nos Estados Unidos aumentou com a renda indo para as empresas japonesas O governo norte americano estima que os custos totais para os Estados Unidos sejam de 32 milhões em 1984 primeiro em trans ferências para o Japão em vez de perdas de eficiência Painéis solares chineses Embora as restrições voluntárias das exporta ções não sejam mais permitidas sob as leis da OMC isso só se aplica a um acordo negociado por gover nos e imposto aos exportadores Recentemente uma disputa comercial entre União Europeia e China sobre um aumento nas exportações chinesas de painéis solares foi resolvida com a aceitação dos produtores chineses em limitar suas exportações para países da UE abaixo do valor de sete gigawatts de painéis solares por ano junto com um piso de preço mínimo para essas unidades Os fabricantes de painéis solares da UE ficaram desapontados já que esse acordo previu a imposição de 47 de deveres de antidumping em todas as importações de painel solar chinês a ameaça que gerou essas con cessões pelos produtores chineses de painel solar Entretanto a imposição de deveres antidumping teria desencadeado uma retaliação significativa da China cujos governantes já elaboraram uma lista de produtos europeus incluindo mercadorias de moda de luxo e vinhos que estariam sujeitos a duros deveres de importação para a China Os produto res chineses foram persuadidos a concordar com o limite de exportação e piso de preço como alterna tiva já que isso permitiria que eles mantivessem os preços altos cobrados na União Europeia Os princi pais perdedores são os consumidores europeus que pagarão substancialmente mais por energia solar e o meio ambiente fechando o espaço No Capítulo 8 discutimos como o comércio de mercadorias intermediárias assim como o comér cio de mercadorias finais gera ganhos agregados de bem estar apesar de os ganhos estarem longe de ser distribuídos igualmente Além disso o acesso a merca dorias importadas mais baratas gera ganhos privados para empresas enquanto elas expandem sua escala de produção Pode então parecer surpreendente que as agências do governo norte americano em nível local estadual e federal estejam expressamente proibi M09KRUGXXXXC09indd 176 12915 613 PM 177 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio das de levar vantagem sobre tais oportunidades A Lei Americana de Compras originalmente aprovada em 1933 exige que essas agências do governo com prem muitos insumos específicos de empresas norte americanas a não ser que a oferta estrangeira para esse insumo esteja mais do que 25 abaixo da menor oferta de uma empresa estadunidense Esta disposição foi escrita dentro da Lei de Recuperação e Reinvesti mento de 2009 ARRA o pacote de estímulo de 831 bilhões de dólares que foi aprovado na esteira da grave recessão econômica Qualquer projeto de trabalho público financiado pela ARRA deve utilizar ferro aço e mercadorias produzidas nos Estados Unidos sujeitas ao mesmo diferencial de 25 Em geral a diferença entre as ofertas norte americanas e estrangeiras está substancialmente abaixo dos 25 de forma que a provisão da Lei Ame ricana de Compras resulta em um aumento de custo bem abaixo do máximo de 25 Entretanto a China está desenvolvendo capacidades únicas na produção de alguns produtos de aço altamente específicos dedi cados a projetos de infraestrutura de alta escala em grande parte graças à experiência gerada pela alta demanda de tais projetos na China Para esses pro dutos de aço específicos a diferença de custo entre os produtores chineses e o pequeno punhado de empre sas estadunidenses com a capacidade de produção necessária está aproximando se do máximo de 25 um diferencial muito grande especialmente dada a escala massiva de vários projetos de infraestrutura Para a construção da nova Bay Bridge que liga São Francisco a Oakland os 23 de diferença entre a pro posta chinesa e a solitária proposta norte americana para alguns componentes chave do aço totalizaram uma diferença de custo de 400 milhões de dólares que foi tão grande que o estado da Califórnia foi for çado a renunciar aos recursos federais advindos da ARRA e em vez disso confiar em títulos financiados por pedágios futuros Essa opção de financiamento não está disponível para muitos outros projetos de infraestrutura o que deve então suportar os custos altos associados com as provisões da Lei Americana de Compras Essas provisões não só aumentam o custo para os contribuintes estadunidenses elas também induzem atrasos substanciais em alguns projetos essenciais enquanto os administradores mexem na papelada requerida para mostrar que alguns componentes chave estão completamente indisponíveis nos Esta dos Unidos Isso aconteceu com o Departamento de Segurança Interna que se encontrava incapaz de ope rar seus sistemas eletrônicos de triagem de bagagem até que fosse permitido que seu contratante com prasse alguns componentes estrangeiros necessários para a integração com os sistemas de segurança dos aeroportos Por fim as provisões da Lei Americana de Compras também desencadearam causas protecio nistas similares de outros governos estrangeiros dei xando as empresas norte americanas de fora dessas oportunidades de negócio Considere por exemplo o exemplo dado anterior mente sobre os automóveis no qual o custo das partes importadas é de US 6000 Suponha que comprar as mesmas partes nacionalmente custaria US 10000 mas fosse exigido que as montadoras utilizassem 50 de par tes nacionais Então elas enfrentariam um custo médio de partes de US 8000 05 6000 05 10000 o que refletirá no preço final do carro O ponto importante é que o requisito de conteúdo local não produz nem receita para o governo e nem ren das de contingenciamento Em vez disso a diferença entre os preços das mercadorias importadas e nacionais na realidade fica na média no preço final e é passada para os consumidores Uma inovação interessante nas regulamentações do conteúdo local tem sido permitir que as empresas satis façam seu requisito de conteúdo local ao exportar em vez de utilizar partes nacionalmente Isso é importante às vezes Por exemplo as empresas de automóveis norte americanas que operam no México escolheram expor tar alguns componentes do México para os Estados Unidos mesmo que esses componentes pudessem ser produzidos nos Estados Unidos de forma mais barata porque fazer isso lhes permite utilizar menos conteúdo mexicano na produção de carros no México para o mer cado do México Outros instrumentos de política comercial Os governos influenciam o comércio de várias outras formas Listaremos algumas delas brevemente 1 Subsídios de crédito à exportação É como um subsí dio à exportação exceto que ele toma a forma de um empréstimo subsidiado ao comprador Os Estados Unidos como a maioria dos outros países têm uma instituição governamental o Banco de Exportação e Importação dedicado a fornecer ao menos em préstimos ligeiramente subsidiados para ajudar as exportações M09KRUGXXXXC09indd 177 12915 613 PM 178 Economia internacional 2 Procura nacional Compras feitas pelo governo ou por empresas fortemente regulamentadas podem ser direcionadas para produzir mercadorias nacional mente mesmo quando essas mercadorias são mais caras do que as importações O exemplo clássico é a indústria de telecomunicações europeia As nações da União Europeia em princípio têm livre comércio entre elas No entanto os principais compradores de equipamento de telecomunicações são as empresas de telefone e na Europa essas companhias foram até recentemente de propriedade do governo Essas com panhias telefônicas que são propriedade do governo compram de fornecedores nacionais mesmo quando os fornecedores cobram preços maiores do que os for necedores de outros países O resultado é que existe muito pouco comércio de equipamentos de telecomu nicações dentro da Europa 3 Barreiras burocráticas De vez em quando um go verno quer restringir as importações de uma maneira não tão formal Felizmente ou infelizmente é fácil distorcer a saúde normal a segurança e procedimen tos comuns a fim de substituir obstáculos substan ciais no caminho do comércio O exemplo clássico é o do decreto francês em 1982 em que todos os gra vadores videocassetes japoneses teriam de passar pela alfândega de Poitiers uma cidade do interior que não está nem perto de ser um grande porto o que limitou efetivamente as importações reais para um punhado Os efeitos da política comercial um resumo Os efeitos dos principais instrumentos da política de comércio são utilmente resumidos pela Tabela 91 que compara o efeito dos quatro principais tipos de política de comércio no bem estar dos consumidores Essa tabela certamente não parece uma propaganda para política de comércio intervencionista Todas as quatro políticas de comércio beneficiam os produtores e prejudicam os consumidores Os efeitos das políticas no bem estar econômico são na melhor das possibilidades ambíguos Duas das políticas definitivamente prejudi cam a nação como um todo enquanto as tarifas adua neiras e as quotas de importação são potencialmente benéficas somente para países grandes que podem dimi nuir os preços mundiais Por que então os governos agem tão frequentemente para limitar as importações ou promover as exporta ções Voltamo nos para essa questão no Capítulo 10 tAbelA 91 Os efeitos de políticas de comércio alternativas Política Tarifa aduaneira Subsídio à exportação Quota de importação Restrição de Exportação Voluntária Excedente do produtor Aumenta Aumenta Aumenta Aumenta Excedente do consumidor Diminui Diminui Diminui Diminui Receita do Governo Aumenta Diminui gastos do governo aumentam Nenhuma mudança aluga para proprietários de licença Nenhuma mudança aluga para estrangeiros Bem estar geral nacional Ambíguo diminui para país pequeno Diminui Ambíguo diminui para país pequeno Diminui resumo 3 Os custos e benefícios de uma tarifa aduaneira ou de outra política de comércio podem ser medidos com a utilização de conceitos de excedente do consumidor e excedente do produtor Utilizando esses conceitos conseguimos mostrar que os produtores nacionais de uma mercadoria ganham porque a tarifa aduaneira aumenta o preço que eles rece bem Os consumidores nacionais perdem pela mesma ra zão Também existe um ganho em receita do governo 4 Se juntarmos os ganhos e perdas advindos de uma tari fa aduaneira encontramos que o efeito líquido no bem estar nacional pode ser dividido em duas partes de um lado está uma perda de eficiência que resulta da distorção 1 Em contraste com nossa análise anterior que ressaltou o equilíbrio global de interação de mercados para análises de política de comércio costuma ser suficiente utilizar uma abordagem de equilíbrio parcial 2 Uma tarifa aduaneira cria um espaço entre preço nacio nal e estrangeiro aumentando o preço nacional mas por menos do que a taxa da tarifa aduaneira Contudo um caso especial que é importante e relevante é o de um país pequeno que não pode ter nenhuma influência subs tancial nos preços estrangeiros No caso do país pequeno uma tarifa aduaneira é completamente refletida em seus preços nacionais M09KRUGXXXXC09indd 178 12915 613 PM 179 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio nos incentivos voltados aos produtores e consumidores nacionais E de outro lado estão os termos de ganho no comércio refletindo a tendência da tarifa aduaneira em baixar os preços de exportação estrangeiros No caso de um país pequeno não poder afetar os preços estrangeiros o segundo efeito é zero de forma que exista uma perda não ambígua 5 A análise de uma tarifa aduaneira pode ser facilmente adaptada para analisar as medidas de política do comércio como subsídios à exportação quotas de importação e res trições voluntárias das exportações Um subsídio à expor tação causa perdas de eficiência similares àquelas da tarifa aduaneira mas combina essas perdas ao causar uma dete rioração dos termos de comércio As quotas de importação e as restrições voluntárias das exportações diferem das tari fas aduaneiras pois o governo não recebe nenhuma receita Em vez disso o que teria sido receita do governo resulta em renda para os destinatários de licenças de importação no caso de uma quota e para os estrangeiros no caso das restrições voluntárias das exportações Termos chave problemas renda de contingenciamento p 172 requisito de conteúdo legal p 176 restrição de exportação voluntária REV p 176 subsídio à exportação p 170 tarifa aduaneira ad valorem p 166 tarifa aduaneira específica p 164 taxa eficaz de proteção p 165 termos de ganho do comércio p 168 b Determine o efeito da tarifa aduaneira no bem estar de cada um dos seguintes grupos 1 produtores concorren tes de importação de Doméstica 2 consumidores de Do méstica 3 governo de Doméstica c Mostre graficamente e calcule os termos de ganho no co mércio a perda de eficiência e o efeito total no bem estar da tarifa aduaneira 4 Suponha que Estrangeira seja um país muito maior com uma demanda nacional D 800 200P S 400 200P Note que isso implica que o preço de trigo de Estrangeira na ausência de comércio teria sido o mesmo que no Problema 2 Recalcule o equilíbrio do livre comércio e os efeitos de uma tarifa aduaneira específica de 05 por Doméstica Relacione a diferença nos resultados com a discussão do caso do país pequeno no texto 5 Qual seria a taxa eficaz de proteção em bicicletas na China se a China colocasse uma tarifa aduaneira de 50 em bici cletas que têm um preço mundial de US 200 e nenhuma tarifa aduaneira para componentes de bicicleta que juntos têm um preço mundial de US 100 6 Os Estados Unidos simultaneamente limitam as importações de etanol para fins de combustível e fornecem incentivos para a utilização do etanol na gasolina o que aumenta o preço do etanol em torno de 15 em relação ao que seria em caso con trário Nós temos entretanto livre comércio de milho que é fermentado e destilado para fazer etanol e representa aproxi barreiras não tarifárias p 162 curva de demanda de importação p 162 curva de oferta de exportação p 162 excedente do consumidor p 166 excedente do produtor p 166 perda de distorção de consumo p 169 perda de eficiência p 168 perda por distorção de produção p 169 quota de importação p 165 1 A curva de demanda de Doméstica para trigo é D 100 20P Sua curva de oferta é S 20 20P Obtenha e coloque em forma de gráfico o esquema de de manda de importação de Doméstica Qual seria o preço do trigo na ausência de comércio 2 Agora adicione Estrangeira que tem uma curva de demanda D 80 20P e uma curva de oferta S 40 20P a Obtenha e coloque em forma de gráfico a curva de expor tação de Estrangeira e encontre o preço do trigo que pre valeceria em Estrangeira na ausência de comércio b Agora permita que Estrangeira e Doméstica comerciali zem entre si com custo zero de transporte Encontre e coloque em forma de gráfico o equilíbrio sob livre co mércio Qual seria o preço mundial Qual é o volume de comércio 3 Doméstica impõe uma tarifa aduaneira específica de 05 em importações de trigo a Determine e coloque em forma de gráfico os efeitos da tarifa aduaneira no seguinte 1 o preço do trigo em cada país 2 a quantidade de trigo fornecida e demandada em cada país 3 o volume de comércio M09KRUGXXXXC09indd 179 12915 613 PM 180 Economia internacional madamente 55 de seu custo Qual é a taxa eficaz de prote ção no processo de transformar milho em etanol 7 Volte ao exemplo do Problema 2 Começando com o livre co mércio suponha que Estrangeira oferece aos exportadores um subsídio de 05 por unidade Calcule os efeitos no preço de cada país e no bem estar tanto dos grupos individuais quanto da economia como um todo nos dois países 8 Utilize seu conhecimento sobre política de comércio para avaliar cada uma das afirmações a seguir a Uma forma excelente de reduzir o desemprego é decretar tarifas aduaneiras em mercadorias importadas b Tarifas aduaneiras têm um efeito mais negativo no bem estar em paises maiores do que em países menores c Os empregos da produção de automóveis estão indo para o México porque os salários lá são muito menores do que nos Estados Unidos Como resultado deveríamos implementar tarifas aduaneiras em automóveis para igualar a diferença entre as taxas de salário entre Estados Unidos e México 9 A nação de Acirema é pequena e não tem capacidade de afetar os preços mundiais Ela importa amendoins ao preço de US 10 o saco A curva de demanda é D 400 10P A curva de oferta é S 50 5P Determine o equilíbrio do livre comércio Então calcule e co loque em forma de gráfico os seguintes efeitos de uma quo ta de importação que limita as importações para 50 sacos a O aumento no preço nacional b A quota de contingenciamento c A perda por distorção de consumo d A perda por distorção de produção 10 Se as tarifas aduaneiras as quotas e os subsídios cau sam perdas de bem estar por que eles são tão comuns especialmente na agricultura entre os países industria lizados como os Estados Unidos e os membros da União Europeia 11 Suponha que os trabalhadores envolvidos na produção ga nhem menos do que todos os outros trabalhadores da eco nomia Qual seria o efeito na ditribuição real de renda dentro da economia se houvesse uma tarifa aduaneira substancial cobrada em mercadorias manufaturadas leiTuras adicionais pioneira dos efeitos das quotas de importação quando produtores tanto estrangeiros quanto nacionais têm o poder de monopólio mostrando que o resultado habitual é um aumento nos lucros de ambos os grupos à custa dos consumidores MESSERLIN P Measuring the Costs of Protection in Europe European Commercial Policy in the 2000s Washington DC Institute for Inter national Economics 2001 Um levantamento das políticas de comér cio europeias e seus efeitos similar ao trabalho de Hufbauer e Elliot sobre os Estados Unidos ROUSSLANG D SUOMELA A Calculating the Consumer and Net Welfare Costs of Import Relief US International Trade Commis sion Staff Research Study 15 Washington DC International Trade Commission 1985 Uma exposição da estrutura utilizada neste capítulo com a descrição de como ela é aplicada na prática em indústrias reais US International Trade Commission The Economic Effects of Signifi cant US Import Restraints Washington DC 2009 Uma análise eco nômica regularmente atualizada dos efeitos de proteção na econo mia norte americana BHAGWATI J On the Equivalence of Tariffs and Quotes In BALDWIN R E et al Eds Trade Growth and the Balance of Payments Chicago Rand McNally 1965 A clássica comparação de tarifas aduaneiras e quotas sob monopólio CORDEN W M The Theory of Protection Oxford Clarendon Press 1971 Um levantamento geral dos efeitos das tarifas aduaneiras quotas e outras políticas de comércio CRANDALL R W Regulating the Automobile Washington DC Brookings Institution 1986 Contém uma análise da mais famosa de todas as restrições voluntárias das exportações FEENSTRA R C How Costly Is Protectionism Journal of Economic Perspec tives v 6 p 159 178 1992 Um artigo de pesquisa resumindo o trabalho empírico de medir custos associados com políticas protecionistas HUFBAUER G C ELLIOT K A Measuring the Costs of Protection in the United States Washington DC Institute for International Economics 1994 Uma avaliação das políticas de comércio norte americanas em 21 setores diferentes KRISHNA K Trade Restrictions as Facilitating Practices Journal of International Economics v 26 p 251 270 maio 1989 Uma análise M09KRUGXXXXC09indd 180 12915 613 PM Tarifas aduaneiras e quotas de importação na presença de monopólio APÊNDICE DO CAPÍTULO 9 não é afetado por sua política de comércio Para esse modelo examinamos e comparamos os efeitos do livre comércio de uma tarifa aduaneira e de uma quota de importação O modelo com o livre comércio A Figura 9A1 mostra o livre comércio em um mer cado onde a empresa monopolista nacional enfrenta concorrência das importações D é a curva de demanda nacional demanda pelo produto pelos residentes nacio nais PW é o preço mundial da mercadoria As merca dorias importadas estão disponíveis em quantidades ilimitadas a esse preço Supõe se que a indústria nacio nal consiste de uma única empresa cuja curva de custo marginal é MC Se não existisse comércio nesse mercado a empresa nacional se comportaria como uma monopolista comum que maximiza o lucro Correspondente a D é a curva de receita marginal MR e a empresa escolheria o nível de pro dução monopolista que maximiza lucro QM e o preço PM Com o livre comércio entretanto esse comportamento de monopólio não é possível Se a empresa tentasse cobrar PM ou qualquer outro preço acima de PW ninguém com praria seu produto porque importações mais baratas estariam disponíveis Portanto o comércio internacional coloca um limite no preço monopolista em PW A análise da política de comércio neste capítulo supõe que os mercados sejam perfeitamente competiti vos de forma que todas as empresas aceitem os preços dados Como argumentamos no Capítulo 8 entretanto muitos mercados para itens comercializados internacio nalmente são de concorrência imperfeita Os efeitos das políticas de comércio internacional podem ser afetados pela natureza da competição em um mercado Quando analisamos os efeitos da política de comér cio em mercados de concorrência imperfeita uma nova consideração surge o comércio internacional limita o poder do monopólio e as políticas que limitam o comércio podem por consequência aumentar o poder do monopólio Mesmo que a empresa seja a única pro dutora de uma mercadoria em um país ela terá pouca capacidade para aumentar os preços se existirem muitos fornecedores estrangeiros e livre comércio Entretanto se as importações forem limitadas por uma quota a mesma empresa será livre para aumentar os preços sem medo de concorrência A ligação entre política de comércio e poder de monopólio pode ser entendida ao examinar um modelo no qual um país importa uma mercadoria e sua produção que compete com a importação é controlada somente por uma empresa O país é pequeno em mer cados mundiais de forma que o preço da importação Preço P Quantidade Q MR MC D PM PW Qf Df QM Importações sob livre comércio FIGURA 9A1 Uma indústria monopolística sob livre comércio A ameaça da concorrência de importação força a indústria monopolística a comportar se como uma indústria perfeitamente competitiva M09KRUGXXXXC09indd 181 12915 613 PM 182 Economia internacional Dado esse limite em seu preço o melhor que a empresa monopolista pode fazer é produzir até o ponto em que o custo marginal é igual ao preço mundial em Qf No preço PW os consumidores nacionais deman darão Df unidades da mercadoria de forma que as importações serão Df Qf Esse resultado entretanto é extamente o que teria acontecido se a indústria nacio nal tivesse sido perfeitamente competitiva Então com o livre comércio o fato de que a indústria nacional é um monopólio não faz diferença nenhuma no resultado O modelo com uma tarifa aduaneira O efeito de uma tarifa aduaneira é de aumentar o preço máximo que a indústria nacional pode cobrar Se uma tarifa aduaneira específica t é cobrada nas impor tações a indústria nacional agora pode cobrar PW t Figura 9A2 Porém a indústria ainda não está livre para aumentar seu preço até o preço do monopólio por que os consumidores ainda se voltarão para as importa ções se o preço subir acima do preço mundial mais a tarifa aduaneira Portanto o melhor que o monopolista pode fazer é definir o preço igual ao custo marginal em Qt A tarifa aduaneira aumenta o preço nacional assim como a produção da indústria nacional enquanto a demanda cai para Dt e portanto as importações caem Entretanto a indústria nacional ainda produz a mesma quantidade como se fosse perfeitamente competitiva8 O modelo com uma quota de importação Suponha que o governo imponha um limite nas importaçõs restrigindo sua quantidade a um nível fixo Q Então o monopolista sabe que quando ele cobra um preço acima de PW não perderá todas as suas vendas Em vez disso venderá qualquer que seja a demanda nacio nal a esse preço menos as importações permitidas Q Dessa forma a demanda enfrentada pelo monopolista será a demanda nacional menos as importações permiti das Definimos a curva de demanda de pós quota como Dq Ela está paralela à curva de demanda nacional D mas moveu se Q unidades para a esquerda contanto que a quota seja obrigatória e o preço nacional esteja acima do preço mundial PW veja a Figura 9A3 Correspondente a Dq é a nova curva de receita margi nal MRq A empresa protegida por uma quota de impor tação maximiza o lucro ao definir o custo marginal igual a essa nova receita marginal produzindo Qq e cobrando o preço Pq A licença para importar uma unidade de uma mercadoria irá portanto produzir uma renda de Pq PW Preço P Quantidade Q MR MC D PM PW Qf Df Dt QM Qt Importações sob uma tarifa aduaneira t PW t A tarifa aduaneira permite que a indústria monopolística aumente seu preço mas o preço ainda é limitado pela ameaça de importações FIGURA 9A2 Uma indústria monopolística protegida por uma tarifa aduaneira Importações Q Preço P Quantidade Q MRq MC D Pq PW Dq Qq Qq Q A indústria monopolística agora é livre para aumentar seus preços sabendo que o preço nacional das importações também vai subir FIGURA 9A3 Uma indústria monopolística protegida por uma quota de importação 8 Existe um caso no qual a tarifa aduaneira terá diferentes efeitos em uma indústria monopolística do que em uma indústria perfeitamente competitiva Esse é o caso no qual a tarifa aduaneira é tão alta que as importações são completamente eliminadas uma tarifa aduaneira proibitiva Para uma indústria competitiva uma vez que as importações foram eliminadas qualquer aumento nas tarifas aduaneiras não tem efeito nenhum Uma indústria monopolista entretanto será forçada a limitar seu preço pela ameaça de importações mesmo se as importações atuais sejam iguais a zero Portanto um aumento em uma tarifa aduaneira proibitiva permitirá à indústria monopolistíca aumentar o preço próximo ao preço de maximização de lucro PM M09KRUGXXXXC09indd 182 12915 613 PM 183 Capítulo 9 Os instrumentos da política de comércio Comparando uma tarifa aduaneira e uma quota Agora perguntamos como os efeitos de uma tarifa aduaneira e uma quota podem ser comparados Para fazer isso comparamos a tarifa aduaneira e a quota que resul tam no mesmo nível de importações Figura 9A4 O nível da tarifa aduaneira t leva a um nível de importações Q Perguntamos portanto o que aconteceria se em vez de uma tarifa aduaneira o governo simplesmente limitasse as importações para Q Vemos pela figura que os resultados não são os mes mos A tarifa aduaneira resulta na produção nacional Qt e no preço nacional PW t A quota leva a um nível menor de produção nacional Qq e a um preço maior Pq Quando protegida por uma tarifa aduaneira a indústria nacional monopolista comporta se como se fosse perfei tamente competitiva quando protegida por uma quota fica claro que não se comporta assim A razão para essa diferença é que uma quota de importação cria mais poder de monopólio do que uma tarifa aduaneira Quando as indústrias monopolis tas são protegidas por tarifas aduaneiras as empresas nacionais sabem que se aumentarem demais os seus pre ços serão prejudicados pelas importações Uma quota de importação por outro lado fornece proteção abso luta não importa o quão alto seja o preço nacional as importações não podem exceder o nível da quota Essa comparação parece dizer que se os governos estão preocupados com o poder de monopólio nacional eles deveriam preferir as tarifas aduaneiras às quotas como instrumentos de política de comércio Porém na verdade a proteção tem se distanciado cada vez mais das tarifas aduaneiras em direção às barreiras não tari fárias incluindo as quotas de importação Para explicar isso precisamos olhar para outras considerações além da eficiência econômica que motiva os governos Preço P MC Qq Qt Qt Q Quantidade Q D Dq MRq Pq PW PW t Importações Q Uma quota leva a uma produção nacional menor e a um preço maior do que a tarifa aduaneira produz em um mesmo nível de importações FIGURA 9A4 Comparação entre tarifa aduaneira e quota M09KRUGXXXXC09indd 183 12915 613 PM Título da parte PARTE 1 a economia política da política de comércio CAPÍTULO 10 O caso para o livre comércio Poucos países têm algo que se aproxime de um livre comércio por completo A cidade de Hong Kong que é legalmente parte da China mas mantém uma política econômica separada deve ser a única economia moderna sem tarifas aduaneiras ou quotas de importação No entanto desde o tempo de Adam Smith os economistas têm defendido o livre comércio como um ideal cuja direção a política de comércio deveria ambi objetivos de aPrendiZaGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Articular argumentos para o livre comércio que vão além dos ganhos convencionais com o comércio Avaliar argumentos de bem estar nacional contra o livre comércio Relacionar a teoria e a evidência por trás de visões de economia política da política de comércio Explicar como as negociações internacionais e os acordos promoveram o comércio mundial Discutir as questões especiais levantadas pelos acordos de comércio preferencial Em 8 de novembro de 2005 os governos dos EUA e da China assinaram um memorando de entendimento pelo qual a China concordava sob pressão estadunidense em estabelecer quotas em suas exportações de vários tipos de vestuário e têxteis para os Estados Unidos Por exemplo a China concordou que em 2006 não mandaria mais do que 7728 milhões de pares de meias para os EUA Esse acordo aumentou significativamente o preço das meias e de outras mercadorias para os consumidores norte americanos Contudo embora a China estivesse disposta a entrar em harmonia com os Estados Unidos nesse ponto ela empacou nas exigências estadunidenses de reduzir suas próprias tarifas aduaneiras em mercadorias manufaturadas e agrícolas Tanto o governo chinês quanto o norte americano então estavam determinados a perseguir políticas que de acordo com a análise de custo benefício desenvolvida no Capítulo 9 produzis sem mais custos do que benefícios Claramente as políticas de governo refletem objetivos que vão além das simples medidas de custo e benefício Neste capítulo examinaremos algumas das razões pelas quais os governos não deveriam basear ou de maneira alguma baseiam sua política de comércio em cálculos de custo benefício de economistas Essa verificação das forças que motivam a política de comércio na prática conti nua nos capítulos 11 e 12 que discutem as questões características da política perante países em desenvolvimento e desenvolvidos respectivamente O primeiro passo para entender as políticas de comércio reais é perguntar quais as razões que existem para os governos não interferirem no comércio isto é qual é o caso para que haja o livre comércio Com essa questão respondida os argumentos para intervenção podem ser examinados como desafios para as suposições subja centes ao caso de livre comércio cionar As razões para essa defesa não são tão simples como a ideia em si Em um nível mode los teóricos sugerem que o livre comércio evitará perdas de eficiência associadas à proteção Talvez os economistas acreditem que o livre comércio produza ganhos adicionais além da eliminação das distorções de produção e de consumo Por fim mesmo entre os economistas que acreditam que o livre comércio é uma política muito menos perfeita muitos creem que o livre comércio é nor malmente melhor do que qualquer outra política que um governo pode seguir M10KRUGXXXXC10indd 184 12915 614 PM 185 Capítulo 10 A economia política da política de comércio livre comércio e eficiência O caso de eficiência para o livre comércio é simples mente o inverso da análise de custo benefício de uma tarifa aduaneira A Figura 101 mostra novamente o ponto básico para o caso de um país pequeno que não pode influenciar os preços de exportação estrangeiros Uma tarifa aduaneira causa uma perda líquida para a economia medida pela área dos dois triângulos Ela causa isso ao distorcer os incentivos econômicos tanto dos produtores quanto dos consumidores Contraria mente uma mudança para o livre comércio elimina essas distorções e aumenta o bem estar nacional No mundo moderno por razões que explicaremos mais tarde neste capítulo taxas de tarifa aduaneira são em geral baixas e as quotas de importação são relati vamente raras Como resultado estimativas dos custos totais das distorções decorrentes de tarifas aduanei ras e quotas de importação tendem a ser modestas em tamanho A Tabela 101 mostra uma estimativa bem recente dos ganhos de mudança para o livre comércio ao redor do mundo medida como uma porcentagem do PIB Para o mundo como um todo de acordo com essas estimativas os custos de proteção custam menos de 1 do PIB Os ganhos com o livre comércio são um pouco menores para economias desenvolvidas como as dos Estados Unidos e Europa e um pouco maior para países pobres e em desenvolvimento Ganhos adicionais do livre comércio1 Existe uma crença generalizada entre os economistas de que tais cálculos mesmo reportando ganhos substan ciais com o livre comércio em alguns casos não repre sentam a história completa No caso de países pequenos em geral e de países em desenvolvimento em particular muitos economistas argumentariam que existem ganhos importantes com o livre comércio não representados na análise de custo benefício convencional Um tipo de ganho adicional envolve as economias de escala que foram o tema dos capítulos 7 e 8 Mercados protegidos limitam os ganhos de economias de escala externas ao inibir a concentração de indústrias Quando as economias de escala são internas elas não só fragmentam a produção internacionalmente mas reduzindo a compe tição e aumentado os lucros elas também levam à entrada de muitas empresas na indústria protegida Com o rápido aumento de empresas em mercados nacionais restritos a escala de produção de cada empresa torna se ineficiente Um bom exemplo de como a proteção leva à escala de ine ficiência é o caso da indústria de automóveis da Argen tina que surgiu por causa das restrições de importações Uma fábrica montadora de escala eficiente deveria mon tar de 80 a 200 mil automóveis por ano Contudo em 1964 a indústria Argentina que produzia somente 166 mil car ros tinha nada menos do que 13 empresas Alguns econo mistas argumentam que a necessidade de impedir entrada excessiva e a escala ineficiente de produção resultante disso é uma razão para o livre comércio que vai além dos cálculos padrão de custo benefício Outro argumento é que ao fornecer aos empreen dedores um incentivo buscar novas formas de exportar ou competir com as importações o livre comércio oferece mais oportunidades para aprender e inovar do que são for necidas por um sistema de comércio dirigido no qual o governo dita em grande parte o padrão de importações e exportações O Capítulo 11 discute as experiências de paí ses menos desenvolvidos que descobriram oportunidades TABelA 101 Benefícios de uma mudança para o livre comércio ao redor do mundo porcentagem do PIB Estados Unidos 057 União Europeia 061 Japão 085 Países em desenvolvimento 14 Mundo 093 Fonte William Cline Trade Policy and Global Poverty Washington DC Institute for International Economics 2004 p 180 1 Os ganhos adicionais do livre comércio discutidos aqui são de vez em quando chamados de ganhos dinâmicos porque o au mento da concorrência e da inovação precisa de mais tempo para fazer efeito do que a eliminação da produção e as distorções de consumo FIGURA 101 O caso de eficiência para o livre comércio Uma restrição de comércio tal como uma tarifa aduaneira resulta em distorções de produção e consumo Preço P Preço mundial mais a tarifa aduaneira Preço mundial Quantidade Q Distorção de produção Distorção de consumo S D M10KRUGXXXXC10indd 185 12915 614 PM 186 Economia internacional de exportações inesperadas quando mudaram dos siste mas de quotas de importação e tarifas aduaneiras para políticas de comércio mais abertas Uma forma relacionada de ganhos com o livre comércio envolve a tendência documentada no Capí tulo 8 de empresas mais produtivas envolverem se com as exportações enquanto as menos produtivas ficam com o mercado nacional Isso sugere que uma mudança para o livre comércio faz a economia como um todo mais eficiente ao mudar a mistura industrial em direção às empresas com maior produtividade Esses argumentos adicionais para o livre comércio são difíceis de serem quantificados apesar de alguns eco nomistas terem tentado fazer isso No geral os modelos que tentam levar em conta as economias de escala e a concorrência imperfeita rendem números maiores do que aqueles relatados na Tabela 101 Entretanto não existe consenso sobre o quanto maiores os ganhos com o livre comércio realmente são Se os ganhos adicionais com o livre comércio são tão grandes quanto alguns eco nomistas acreditam os custos de distorcer o comércio com tarifas aduaneiras quotas subsídios à exportação e assim por diante são correspondentemente maiores do que a análise de custo benefício convencional mede Buscando por renda Quando as importações são restringidas com uma quota em vez de uma tarifa aduaneira o custo é às vezes ampliado por um processo conhecido como busca por renda Lembre se que como visto no Capítulo 9 para fazer valer uma quota de importação um governo tem de emitir licenças de importação e as rendas são coleta das por quem quer que seja que receba essas licenças Em alguns casos indivíduos e companhias expõem se a custos substanciais na verdade desperdiçando alguns recursos produtivos da economia em um esforço para obter licenças de importação Um exemplo famoso envolveu a Índia nos anos 1950 e 1960 Naquela época as companhias indianas recebiam o direito de comprar produções importadas na propor ção de sua capacidade instalada Isso criou um incentivo para sobreinvestir Por exemplo uma companhia de aço poderia construir mais altos fornos do que poderia preci sar simplesmente porque isso lhe daria um número maior de licenças de importação Os recursos utilizados para construir essa capacidade inútil representavam um custo de proteção muito acima dos mostrados na Figura 101 Um exemplo mais moderno e menos comum de busca de renda envolve as importações norte americanas de conservas de atum O atum é protegido por uma quota das tarifas aduaneiras uma pequena quantidade de atum 48 do consumo norte americano pode ser importada a uma taxa de tarifa aduaneira baixa 6 mas quaisquer importações além desse nível enfrentam uma tarifa aduaneira de 125 Por alguma razão não existem licenças de importação A cada ano o direito de importar atum nessa taxa de tarifa aduaneira baixa é atribuído na base do quem chegar primeiro leva O resultado é uma corrida dispendiosa para trazer o atum para os Estados Unidos o mais rápido possível Veja como a Comissão de Comércio Internacional dos Esta dos Unidos descreve o processo de busca de renda Os importadores tentam qualificar se para a maior parcela possível da QTA quota das tarifas aduaneiras armazenando grandes quantidades de atum em conserva em armazéns de alfândega per sonalizados no final de dezembro e liberando o pro duto armazenado assim que o ano começa O dinheiro que os importadores gastam em armaze nar grandes quantidades de atum em dezembro repre senta uma perda para a economia norte americana muito acima dos custos padrão de proteção Argumento político para o livre comércio Um argumento político para o livre comércio reflete o fato de que um compromisso político para o livre comércio pode ser uma boa ideia na prática mesmo que possa haver melhores políticas em princípio Os eco nomistas frequentemente argumentam que as políticas de comércio na prática são dominadas por políticas de interesse especial em vez de por consideração dos custos e benefícios nacionais Às vezes os economistas podem mostrar que na teoria um conjunto seletivo de tarifas aduaneiras e subsídios à exportação pode aumentar o bem estar nacional mas na realidade qualquer agência do governo que tente perseguir um sofisticado programa de intervenção no comércio provavelmente seria captu rada por grupos de interesse e convertida em um dispo sitivo para redistribuição de renda para setores politica mente influentes Se o argumento está correto pode ser melhor defender o livre comércio sem exceções apesar de que em áreas puramente econômicas o livre comér cio pode não ser sempre a melhor política imaginável Os três argumentos esboçados na seção anterior pro vavelmente representam a visão padrão da maioria dos economistas internacionais ao menos aqueles nos Esta dos Unidos 1 Os custos de desviar do livre comércio medidos de forma convencional são grandes 2 Existem outros benefícios do livre comércio que con tribuem para os custos de políticas protecionistas M10KRUGXXXXC10indd 186 12915 614 PM 187 Capítulo 10 A economia política da política de comércio 3 Qualquer tentativa de buscar desvios sofisticados do livre comércio será subvertida pelo processo político Ganhos desde 1992 Em 1987 as nações da Comunidade Europeia atual mente conhecida como União Europeia con cordaram no que foi formalmente chamado de Ato Único Europeu com a intenção de criar um mercado europeu verdadeiramente unificado Como era para o ato tornar se efetivo dentro de cinco anos as medidas que ele incorporava ficaram conhecidas comumente como 1992 O incomum sobre 1992 era que a Comunidade Europeia já era uma união aduaneira isto é não exis tiam tarifas aduaneiras ou quotas de importação no comércio intraeuropeu Então o que sobrava para liberar Os defensores do 1992 argumentaram que ainda existiam barreiras substanciais para o comér cio internacional dentro da Europa Algumas dessas barreiras envolviam os custos de atravessar fron teiras Por exemplo o simples fato de caminhões levando mercadorias entre a França e a Alemanha terem de ser parados para formalidades legais fre quentemente resultava em longas esperas que dis pendiam tempo e combustível Custos similares eram impostos para empresários que viajavam pois voava se de Londres a Paris em uma hora mas esperava se mais uma hora para passar pela imigração e pela alfândega As diferenças nas regras também tinham o efeito de limitar a integração dos mercados Por exemplo por causa de as regras de saúde sobre comida diferirem entre as nações europeias uma pessoa não poderia simplesmente encher um cami nhão com mercadorias britânicas e levá las para a França ou vice versa Eliminar esses obstáculos sutis para o comércio foi um processo político muito difícil Suponha que a França decidisse permitir que mercadorias da Alema nha entrassem no país sem serem conferidas O que impediria a população francesa de ser abastecida com mercadorias manufaturadas que não atendessem aos padrões de segurança franceses alimentos que não atendessem aos padrões de saúde franceses ou remédios que não fossem aprovados pelos médicos franceses Portanto a única forma de os países terem fronteiras realmente abertas é se eles forem capazes de concordar em padrões comuns de forma que uma mercadoria que preencha os requisitos franceses seja aceitável na Alemanha e vice versa A maior tarefa das negociações de 1992 era portanto a de harmoni zar as regras em centenas de áreas negociações que foram frequentemente contrariadas por causa das diferenças nas culturas nacionais Os exemplos mais emocionais envolveram ali mentos Todos os países desenvolvidos regulam coi sas como corantes artificiais para garantir que os consumidores não comam sem saber substâncias químicas que são carcinogênicas ou prejudiciais de outro modo As regras inicialmente propostas sobre corantes artificiais teriam entretanto destruído a aparência de inúmeros alimentos britânicos tradicio nais as salsichas rosa salsichas de café da manhã teriam de ficar brancas o peixe dourado ficaria cinza e as ervilhas ficariam castanho claras em vez de verde brilhante Os consumidores continentais não se importaram De fato eles não poderiam entender como os britânicos podiam comer tais coisas para começar o dia Mas na Grã Bretanha a questão passou a andar com o medo de perda da identidade nacio nal e afrouxar as regras propostas virou a principal prioridade para o governo britânico que conseguiu as isenções necessárias Por outro lado a Alemanha foi forçada a aceitar importações de cerveja que não atendiam a suas centenárias leis de pureza e a Itália teve de aceitar massa feita com o tipo errado de trigo o horror do horrores Mas porque eles envolveram se nessa difícil nego ciação Quais são os ganhos potenciais de 1992 Ten tativas de estimar os ganhos diretos sempre sugeri ram que eles são bem modestos Os custos associados com cruzar as fronteiras representam não mais do que uma pequena porcentagem do valor das merca dorias enviadas Remover esses custos acrescenta na melhor hipótese uma fração de 1 para a renda real da Europa como um todo Ainda assim os economis tas da Comissão Europeia o braço administrativo da União Europeia argumentaram que os verdadeiros ganhos seriam muito maiores O raciocínio deles apoiou se em grande parte na visão de que a unificação do mercado europeu leva ria a uma melhor concorrência entre as empresas e a uma escala de produção mais eficiente Muito foi feito a partir da comparação com os Estados Unidos um país cujo poder de compra e a população são similares Apesar disso existem argumentos intelectualmente respeitáveis para desviar do livre comércio e esses argu mentos merecem ser ouvidos M10KRUGXXXXC10indd 187 12915 614 PM 188 Economia internacional Argumentos de bem estar nacional contra o livre comércio A maioria das tarifas aduaneiras quotas de impor tação e outras medidas de política de comércio são empre endidas primeiro para proteger a renda de grupos de interesse particulares No entanto os políticos com frequência afirmam que as políticas estão sendo realiza das para o interesse da nação como um todo e algumas vezes eles até estão dizendo a verdade Embora os eco nomistas argumentem muitas vezes que desvios do livre comércio reduzem o bem estar nacional existem alguns fundamentos teóricos para acreditar que políticas ati vistas de comércio podem em alguns casos aumentar o bem estar nacional como um todo Termos do argumento de comércio para uma tarifa aduaneira Um argumento para desviar do livre comércio vem diretamente da análise de custo benefício Para um país grande que é capaz de afetar os preços de exportadores estrangeiros uma tarifa aduaneira diminui o preço das importações e portanto gera benefícios dos termos de comércio Esse benefício deve ser definido contra os cus tos da tarifa aduaneira que surgem porque a tarifa dis torce os incentivos de produção e consumo Entretanto é possível que em alguns casos os benefícios dos termos de comércio de uma tarifa aduaneira prevaleçam sobre seus custos de forma que existem termos do argumento de comércio para uma tarifa aduaneira O Apêndice deste capítulo mostra que para uma tarifa aduaneira suficientemente pequena os benefícios dos termos de comércio devem prevalecer sobre os custos Portanto com taxas de tarifa baixas o bem estar de um país grande é maior do que com o livre comércio Figura 102 Contudo enquanto a tarifa aduaneira aumenta os custos eventualmente começam a subir de forma mais rápida que seus benefícios e a curva que relaciona o bem estar nacional à taxa da tarifa aduaneira volta se para baixo A taxa da tarifa aduaneira que proí be completa àqueles da União Europeia mas que é um mercado sem fronteira totalmente integrado Economistas da comissão apontaram que em numerosos setores a Europa parecia ter mercados que eram segmenta dos em vez de ameaçar todo o continente como um mercado único as empresas parecem ter entrado em zonas locais abastecidas por produtores nacionais de escala relativamente pequena Os economistas argu mentaram que com as barreiras de comércio remo vidas existiria uma consolidação desses produtores com ganhos substanciais em produtividade Esses supostos ganhos aumentaram os benefícios globais estimados de 1992 em uma grande porcentagem da renda inicial das nações europeias Os economistas da Comissão argumentam ainda que existiriam benefí cios indiretos porque a eficiência melhorada da eco nomia europeia melhoraria o perde ganha entre infla ção de desemprego Ao fim de uma série de cálculos a Comissão estimou um ganho em 1992 de 7 da renda europeia2 Enquanto ninguém envolvido nessa discussão considerou 7 um número particularmente confiável muitos economistas compartilhavam da convicção da Comissão de que os ganhos seriam grandes Havia entretanto céticos que sugeriram que a segmentação dos mercados tinha mais a ver com cultura do que com política de comércio Por exemplo os consumi dores italianos queriam máquinas de lavar bem dife rentes daquelas preferidas na Alemanha Os italianos tendem a comprar relativamente poucas roupas mas as que eles compram são elegantes e caras então eles preferem máquinas de lavar lentas suaves que con servam o investimento feito nas roupas Agora que certo número de anos passou desde 1992 fica claro que tanto os apoiadores quanto os céticos tinham pontos válidos Em alguns casos houve consolidações notáveis da indústria por exem plo a Hoover fechou sua fábrica de aspiradores de pó na França e concentrou toda a produção em uma fábrica mais eficiente na Grã Bretanha Em outros casos segmentações antigas de mercado claramente mudaram e algumas vezes de forma surpreendente com o surgimento do pão fatiado britânico como um item popular na França Mas ainda em outros casos os mercados mostraram pouco sinal de divisão os ale mães quase não mostraram gosto por cerveja impor tada e os italianos não gostaram nada da massa feita com trigo leve Quão grandes eram os ganhos econômicos de 1992 Em 2003 quando a Comissão Europeia deci diu revisar os efeitos do Ato Único Europeu deram estimativas bem mais modestas do que tinham antes de 1992 os ganhos foram definidos em quase 18 do PIB Se esse número estiver correto ele representa um leve desapontamento mas dificil mente um fracasso 2 Veja Michael Emerson et al The Economics of 1992 European Economy v 35 mar 1988 M10KRUGXXXXC10indd 188 12915 614 PM 189 Capítulo 10 A economia política da política de comércio mente o comércio tp na Figura 102 deixa o país em pior situação do que com o livre comércio Novos aumentos na taxa da tarifa além de tp não têm efeito de forma que a curva é achatada No ponto 1 na curva da Figura 102 correspondente à taxa da tarifa to o bem estar nacional é maximizado A taxa da tarifa to que maximiza o bem estar nacional é a melhor tarifa Por convenção o termo melhor tarifa é nor malmente utilizado para referir se à tarifa aduaneira jus tificada pelos termos do argumento de comércio em vez da melhor tarifa dadas todas as considerações possíveis A taxa da melhor tarifa é sempre positiva mas menos do que a taxa proibitiva tp que eliminaria todas as importações Qual política os termos do argumento de comércio ditariam para os setores de exportação Já que um sub sídio à exportação piora os termos de comércio e por tanto inequivocamente reduz o bem estar nacional a política ideal em setores de exportação deve ser um sub sídio negativo isto é um imposto em exportações que aumenta o preço de exportação para os estrangeiros Como a melhor tarifa o melhor imposto de exportação é sempre positivo mas menor do que o imposto proibi tivo que eliminaria as exportações por completo A política da Arábia Saudita e de outros exportado res de petróleo tem sido a de taxar suas exportações de petróleo aumentando o preço para o resto do mundo Apesar de os preços do petróleo terem flutuado ao longo dos anos é difícil argumentar que a Arábia Saudita esta ria em melhor situação sob o livre comércio Entretanto os termos do argumento de comércio con tra o livre comércio têm algumas limitações importantes A maioria dos países tem pouquíssima capacidade de afe tar os preços mundiais tanto de suas importações quanto de suas exportações e portanto os termos do argumento de comércio são de pouca importância prática para eles Para países grandes como os Estados Unidos o pro blema é que os termos do argumento de comércio equiva lem a um argumento para utilizar o poder de monopólio nacional para extrair ganhos à custa de outros países Os Estados Unidos poderiam certamente fazer isso até certo ponto mas tal política predatória provavelmente atrairia retaliações de outros países grandes Um ciclo de comér cio retaliativo por sua vez minaria as tentativas de coor denação internacional de política de comércio descritas mais adiante neste capítulo Então os termos do argumento de comércio contra o livre comércio são intelectualmente impecáveis mas duvidosos em utilidade Na prática são mais frequen temente enfatizados pelos economistas como uma pro posição teórica do que de fato utilizados por governos como uma justificativa para a política de comércio O argumento de falha de mercado interno contra o livre comércio Deixando de lado a questão dos termos de comércio o caso teórico básico para o livre comércio apoiava se sobre a análise de custo benefício utilizando os concei tos de excedente do consumidor e do produtor Muitas economias fizeram caso contra o livre comércio basea das no contra argumento de que esses conceitos do excedente do produtor em particular não medem de forma correta os custos e benefícios Por que o excedente do produtor pode não medir de forma correta os benefícios da produção de uma mer cadoria Nós consideraremos uma variedade de razões nos próximos dois capítulos incluindo a possibilidade de que a mão de obra utilizada em um setor seria de alguma forma desempregada ou subempregada a exis tência de defeitos no capital ou nos mercados de mão de obra que impedem os recursos de serem transferidos rapidamente como eles deveriam para os setores que rendem retornos elevados e a possibilidade de transbor damentos tecnológicos de indústrias que são novas ou particularmente inovadoras Todas essas razões podem ser classificadas sob o título geral de falhas de mercado interno Isto é em cada um desses exemplos algum mer cado no país não está fazendo seu trabalho direito o mercado de mão de obra não está funcionando o mer cado de capital não está alocando os recursos de forma eficiente e assim por diante FIGURA 102 A melhor tarifa aduaneira Para um país grande existe uma melhor tarifa to na qual o ganho marginal de termos de comércio melhorados se iguala à perda de eficiência marginal da distorção da produção e do consumo Bemestar nacional A melhor tarifa aduaneira to Taxa proibitiva de tarifa aduaneira tp Taxa da tarifa aduaneira 1 M10KRUGXXXXC10indd 189 12915 614 PM 190 Economia internacional Suponha por exemplo que a produção de algumas mercadorias forneça experiência que vai melhorar a tec nologia da economia como um todo mas que as empre sas no setor não podem apropriar se desse benefício e portanto não podem levá lo em conta na decisão do quanto produzir Então existe um benefício social mar ginal para a produção adicional que não é capturado pela medida do excedente do produtor Esse benefício social marginal pode servir como justificativa para tari fas adua neiras ou outras políticas de comércio A Figura 103 ilustra o argumento de falha de mer cado interno contra o livre comércio A Figura 103a mostra a análise convencional de custo benefício de uma tarifa aduaneira para um país pequeno o que exclui os efeitos dos termos de comércio A Figura 103b mostra o benefício marginal para a produção que não é levado em conta pela medida do excedente do produ tor A figura mostra os efeitos de uma tarifa adua neira que aumenta o preço nacional de PW para PW t A produção aumenta de S 1 para S 2 com uma distorção de produção resultante indicada pela área denominada a O consumo cai de D1 para D2 com a distorção de consumo resultante indicada pela área b Se considerássemos somente o exce dente do consumidor e do produtor encontraríamos que os custos da tarifa aduaneira ultrapassam seus benefícios A Figura 103b mostra entretanto que esse cálculo deixa passar um benefício adicional que pode fazer a tarifa adua neira preferível ao livre comércio O aumento na produ ção rende um benefício social que pode ser medido pela área abaixo da curva de benefício social marginal de S 1 para S 2 indicada por c Na verdade com um argu mento similar a esse no caso dos termos de comércio podemos mostrar que se a tarifa aduaneira é pequena o suficiente a área c pode sempre ultrapassar a área a b e que existe uma tarifa aduaneira maximizadora de bem estar que rende um nível social de bem estar maior do que o livre comércio O argumento de falha de mercado interno contra o livre comércio é um caso particular de um conceito mais geral conhecido na economia como teoria do segundo melhor Essa teoria afirma que uma política de não intervenção é desejável em qualquer mercado somente se todos os outros mercados estiverem funcionando corretamente Se eles não estiverem uma intervenção do governo que aparenta distorcer os incentivos em um mercado pode na verdade aumentar o bem estar ao compensar as consequências das falhas de mercado em outro lugar Por exemplo se o mercado de mão de obra não está funcionando bem e falha em entregar um emprego pleno a política de subsidiar indústrias de mão de obra intensiva que seriam indesejáveis em uma eco nomia de emprego pleno pode vir a ser uma boa ideia Seria melhor arrumar o mercado de mão de obra ao por exemplo fazer os salários mais flexíveis mas se por alguma razão isso não puder ser feito intervir em outros mercados pode ser a segunda melhor maneira de sua vizar o problema Quando os economistas aplicam a teoria do segundo melhor para a política de comércio eles argumentam que as imperfeições no funcionamento interno de uma economia podem justificar a interferência em suas rela ções econômicas externas Esse argumento aceita que o comércio internacional não é a fonte do problema mas sugere no entanto que a política de comércio pode for necer ao menos uma solução parcial Quão convincente é o argumento de falha de mercado Quando foram propostos pela primeira vez os argu mentos de falha de mercado para proteção pareceram FIGURA 103 O argumento de fracasso do mercado nacional para uma tarifa aduaneira Se a produção de uma mercadoria rende benefícios sociais extras medidos no painel b pela área c não capturados como excedente do produtor uma tarifa aduaneira pode aumentar o bem estar Preço P S D PW t PW b D2 D1 S2 S1 Dólares Benefício social marginal Quantidade Q Quantidade Q a S2 S1 b a c M10KRUGXXXXC10indd 190 12915 614 PM 191 Capítulo 10 A economia política da política de comércio minar grande parte da defesa para o livre comércio Afi nal de contas quem alegaria que as economias reais em que vivemos são livres de falhas de mercado Em nações mais pobres em especial as imperfeições de mercado parecem ser inúmeras Por exemplo desemprego e dife renças massivas entre salários urbanos e rurais estão pre sentes em muitos países menos desenvolvidos Capítulo 11 A evidência de que mercados funcionam mal é menos gritante em países desenvolvidos mas é fácil desenvolver hipóteses sugerindo grandes falhas de mercado lá tam bém por exemplo incapacidade de empresas inovado ras em colherem as recompensas completas de suas ino vações Como podemos defender o livre comércio dada a probabilidade de intervenções que poderiam aumentar o bem estar nacional Existem duas linhas de defesa para o livre comér cio a primeira argumenta que as falhas de mercado interno deveriam ser corrigidas pelas políticas nacionais voltadas diretamente para as fontes dos problemas A segunda defende que os economistas não podem diag nosticar falhas de mercado bem o bastante para prescre ver a política O ponto que as falhas de mercado interno chamam mudanças de política nacional e não políticas de comér cio internacional pode ser feito pela análise de custo benefício modificada para levar em conta quaisquer benefícios sociais marginais não medidos A Figura 103 mostrou que a tarifa aduaneira pode aumentar o bem estar independentemente das distorções de produção e consumo que causa porque ela leva à produção adi cional que rende benefícios sociais Porém se o mesmo aumento da produção fosse alcançado por meio de sub sídio de produção em vez de uma tarifa aduaneira o preço para os consumidores não aumentaria e a perda de consumo b seria evitada Em outras palavras visando diretamente a atividade em particular que queremos encorajar um subsídio à produção evitaria alguns dos custos indiretos associados com a tarifa aduaneira Esse exemplo ilustra um princípio geral quando lida com falhas de mercado é sempre preferível lidar com as falhas de mercado da forma mais direta possível por que respostas de políticas indiretas levam a distorções de incentivos não intencionais em outra parte da eco nomia Portanto políticas de comércio justificadas por falha de mercado interno nunca são a resposta mais efi ciente Elas sempre serão as segundas melhores políti cas em vez de serem as primeiras melhores Essa compreensão tem implicações importantes para aqueles que formulam a política de comércio qualquer política de comércio proposta deveria sempre ser com parada com uma política puramente nacional voltada para corrigir o mesmo problema Se a política nacional parece muito dispendiosa ou tem efeitos colaterais inde sejáveis a política de comércio é quase que certamente menos desejável mesmo que os custos sejam menos apa rentes Nos Estados Unidos por exemplo uma quota de importação sobre carros tem se apoiado no fundamento de que é necessário salvar o emprego dos trabalhado res da indústria de automóveis Os defensores da quota de importação argumentam que os mercados de mão de obra norte americanos são muito inflexíveis para esses trabalhadores permanecerem empregados tanto ao diminuir seus salários quanto ao tentar encontrar emprego em outros setores Agora considere uma polí tica puramente nacional voltada para o mesmo pro blema um subsídio para empresas que empregam esses trabalhadores Tal prática encontraria oposição política massiva Por um lado para preservar os níveis atuais de emprego sem proteção seriam necessários grandes paga mentos de subsídio o que aumentaria o déficit orçamen tário do governo federal ou necessitaria de um aumento de imposto Além disso os trabalhadores da indústria de automóveis estão entre os mais bem pagos no setor manufatureiro O público em geral com certeza se oporia a subsidiá los É difícil de acreditar que um subsídio para emprego desses trabalhadores passasse no Congresso Ademais uma quota de importação seria ainda mais cara porque enquanto traria mais ou menos o mesmo aumento no emprego também distorceria a escolha do consumidor A única diferença é que os custos seriam menos visíveis tomando a forma de preços de automó veis mais caros em vez de gastos diretos de governo Os críticos da justificativa de falhas de mercado interno para proteção argumentam que esse caso é comum a maioria dos desvios do livre comércio é ado tada não porque seus benefícios ultrapassam seus cus tos mas porque o público não consegue entender seus verdadeiros custos Comparar os custos da política de comércio com políticas nacionais alternativas é por tanto uma forma útil de focar a atenção em o quão grandes são esses custos A segunda defesa do livre comércio é que porque as falhas de mercado costumam ser difíceis de identificar precisamente é complicado ter certeza de qual deve ser a resposta política apropriada Por exemplo suponha que exista um desemprego urbano em um país menos desenvolvido Qual é a política apropriada Uma hipó tese examinada mais de perto no Capítulo 11 diz que a tarifa aduaneira para proteger os setores urbanos industriais chamará os desempregados para o trabalho produtivo e assim gerar benefícios sociais que mais do M10KRUGXXXXC10indd 191 12915 614 PM 192 Economia internacional que compensariam os custos da tarifa Entretanto outra hipótese diz que a política encorajará tanta migração para as áreas urbanas que o desemprego irá na ver dade aumentar É difícil dizer qual dessas hipóteses está certa Enquanto a teoria econômica fala muito sobre os mercados de trabalho que funcionam corretamente ela fornece muito menos orientação sobre os mercados que não funcionam existem muitas maneiras pelas quais os mercados podem ter mau funcionamento e a escolha da segunda melhor política depende dos detalhes da falha do mercado A dificuldade de determinar a segunda melhor política de comércio a ser seguida reforça o argumento político para o livre comércio mencionado anteriormente Se os experts em política de comércio não têm certeza sobre como a polí tica deveria desviar o livre comércio e divergem entre eles mesmos fica muito fácil para a política de comércio ignorar o bem estar nacional por completo e ser dominada pelos políticos de interesse especial Para começar se as falhas do mercado não são muito ruins um compromisso com o livre comércio pode no fim ser uma política melhor do que abrir a caixa de Pandora de uma abordagem mais flexível Isso entretanto é um julgamento sobre políticas em vez de economia Precisamos entender que a teoria econômica não fornece uma defesa dogmática do livre comércio mesmo que seja constantemente acusada de fazer isso Distribuição de renda e as políticas de comércio Até agora a discussão focou nos argumentos de bem estar nacional a favor e contra a política de tarifa aduaneira É apropriado começar por isso porque a distinção entre o bem estar nacional e o bem estar de grupos em particular ajuda a esclarecer as questões e porque os defensores das políticas de comércio normal mente afirmam que elas vão beneficiar a nação como um todo No entanto quando olhamos para as práticas atuais da política de comércio torna se necessário lidar com a realidade de que não existe algo como o bem estar nacional Existem somente os desejos de indiví duos que são mais ou menos imperfeitamente refletidos nos objetivos do governo Como as preferências individuais se juntam para produzir a política de comércio que vemos de fato Não existe uma resposta única e geral aceitável mas existe um crescente corpo de análise econômica que explora modelos nos quais se supõe que os governos tentam maximizar o sucesso político em vez de abstrair uma medida do bem estar nacional Concorrência eleitoral Os cientistas políticos utilizam há muito tempo um modelo simples de concorrência entre partidos polí ticos que mostra como as preferências dos eleitores podem ser refletidas em orientações atuais3 Suponha que dois partidos concorrentes estejam dispostos a pro meter qualquer coisa que os permita ganhar a próxima eleição e suponha que a orientação política possa ser descrita por meio de uma única dimensão digamos o nível de taxa da tarifa aduaneira E por fim suponha que os eleitores difiram nas políticas que preferem Por exemplo imagine um país que exporta mercadorias de habilidade intensiva e importa mercadorias de mão de obra intensiva Então os eleitores com alto nível de habi lidade favorecerão as taxas de tarifa baixas mas os elei tores com baixo nível de habilidade estarão em melhor situação se o país impuser uma tarifa alta por causa do efeito de Stolper Samuelson discutido no Capítulo 5 Podemos portanto pensar em alinhar os eleitores por ordem de preferência de taxa de tarifa com os que estão a favor da menor taxa à esquerda e os que estão a favor da maior taxa à direita Então quais políticas os dois partidos prometerão seguir A resposta é que eles tentarão encontrar um meio termo especificamente os dois partidos tenderão a convergir em uma taxa de tarifa preferida pelo elei tor mediano o eleitor que está exatamente no meio do alinhamento Para ver como considere a Figura 104 Nela os eleitores estão alinhados por preferência de taxa de tarifa que é mostrada pela curva hipotética com inclinação para cima tM é a taxa de preferência do eleitor mediano Agora suponha que um dos partidos tenha proposto uma taxa de tarifa tA que é considera velmente acima daquela preferida pelo eleitor mediano Então o outro partido poderia propor uma taxa um pouco mais baixa tB e seu programa seria preferido por quase todos os eleitores que querem uma tarifa menor isto é pela maioria Em outras palavras estaria sempre no interesse político de um partido diminuir qualquer proposta de tarifa que seja maior que a desejada pelo eleitor mediano Um raciocínio similar mostra que políticos com interesses particulares vão sempre querer prometer uma tarifa maior se seus oponentes propuserem uma tarifa que é menor do que a preferida dos eleitores medianos Então os dois partidos acabam propondo uma tarifa próxima àquela que os eleitores medianos querem Os cientistas políticos modificaram esse modelo simples de variadas formas Por exemplo alguns ana 3 Veja Anthony Downs An Economic Theory of Democracy Wa shington DC Brookings Institution 1957 M10KRUGXXXXC10indd 192 12915 614 PM 193 Capítulo 10 A economia política da política de comércio listas enfatizam a importância de ativistas de partidos para conseguir o voto Já que esses ativistas são fre quentemente motivados por ideologia a necessidade desse apoio pode impedir os partidos de serem tão cíni cos ou de adotar plataformas tão indistinguíveis como esse modelo sugere No entanto o modelo do eleitor mediano de concorrência eleitoral tem sido útil como uma forma de pensar sobre como decisões políticas são tomadas no mundo real onde os efeitos da política na distribuição de renda podem ser mais importantes do que os efeitos na eficiência Entretanto uma área na qual o modelo do eleitor mediano não parece funcionar bem é na política de comércio Na verdade ele faz uma previsão quase sem pre errada De acordo com esse modelo a prática deveria ser escolhida com base em quantos eleitores ela agrada uma política que impõe grandes perdas para poucas pessoas mas beneficia um grande número de pessoas deveria ser a vencedora Uma política que impõe perdas generalizadas mas ajuda um pequeno grupo deveria ser a perdedora Porém na verdade políticas protecionistas estão mais propensas a ajustarem se à segunda descri ção do que à primeira Por exemplo a indústria norte americana de laticínio é protegida da concorrência estrangeira por um elaborado sistema de tarifas adua neiras e quotas Essas restrições impõem perdas a quase todas as famílias dos EUA enquanto fornecem benefí cios muito menores para uma indústria de laticínios que emprega em torno de 01 da mão de obra da nação Como tal coisa pode acontecer politicamente Ação coletiva Em um livro agora famoso o economista Mancur Olson apontou que a atividade política em favor de um grupo é um bem público isto é os benefícios de tal ati vidade são revertidos para todos os membros do grupo não só para o indivíduo que desempenha a atividade4 Suponha que um consumidor escreva uma carta para o seu congressista exigindo uma taxa de tarifa menor em sua mercadoria importada favorita e essa carta ajude a mudar o voto do parlamentar de forma que a diminui ção da tarifa seja aprovada Então todos os consumi dores que comprarem essa mercadoria beneficiam se dos preços mais baixos mesmo que eles não tenham se importado em escrever cartas Esse bom caráter público da política significa que prá ticas que impõem grandes perdas no total mas peque nas perdas em qualquer indivíduo podem não enfren tar qualquer oposição efetiva Mais uma vez pegue o exemplo do protecionismo dos laticínios Essa política impõe um custo a uma família típica norte americana de cerca de US 3 por ano Um consumidor deveria fazer lobby com seu congressista para suprimir essa prática Do ponto de vista do interesse próprio individual cer tamente não Já que uma carta tem somente um efeito marginal sobre essa prática o pagamento individual de tal carta provavelmente não vale o papel no qual ela foi escrita ainda mais o selo Na verdade certamente não vale nem a pena saber da existência dessa política a não se que você esteja interessado nessas coisas para o pró prio bem delas E ainda assim se milhares de eleitores escrevessem exigindo um fim à proteção dos laticínios ela seria certamente revogada trazendo benefícios para os consumidores ao ultrapassar significativamente os custos de envio das cartas Na frase de Olson existe um FIGURA 104 Concorrência política Os eleitores são alinhados na ordem da taxa de tarifa aduaneira que preferem Se uma parte propõe uma tarifa aduaneira alta tA a outra parte pode obter mais eleitores ao oferecer uma tarifa aduaneira um pouco menor tB Essa concorrência política leva as duas partes a proporem tarifas aduaneiras próximas a tM a tarifa aduaneira preferida pelo eleitor mediano Taxa de tarifa aduaneira preferida tA Eleitores Apoio político tB tM Eleitor mediano 4 Mancur Olson The Logic of Collective Action Cambridge Har vard University Press 1965 M10KRUGXXXXC10indd 193 12915 614 PM 194 Economia internacional Políticos à venda Provas desde a década de 1990 Como explicamos no texto é difícil dar sentido à política de comércio atual se você presume que os governos estão genuinamente tentando maximizar o bem estar nacional Por outro lado a política de comércio atual faz sentido se você presume que gru pos de interesse especial podem comprar influência Mas existe qualquer evidência direta de que políticos realmente estão à venda A votação do Congresso norte americano em algumas questões cruciais na década de 1990 ofe rece casos de teste úteis A razão é que as leis norte americanas de financiamento de campanha exigem que os políticos revelem as quantias e as fontes de contribuição da campanha Essa divulgação permite que economistas e cientistas políticos procurem qual quer relação entre esses contribuintes e os votos Um estudo de 1998 de Robert Baldwin e Chris topher Magee5 focou em duas votações cruciais a votação de 1993 do Acordo de Livre Comércio da Amé rica do Norte normalmente conhecido como NAFTA e descrito melhor logo a seguir e em 1994 a votação ratificando o acordo sob o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio normalmente conhecido como GATT também descrito a seguir As duas votações foram duramente combatidas amplamente sobre negócios versus linhas de mão de obra isto é grupos de negócio eram totalmente a favor e os sindicatos trabalhistas eram totalmente contra Nos dois casos a posição de livre comércio apoiada pelos grupos de negócio ganhou Na votação do NAFTA o resultado era incerto até o último minuto e a margem de vitória 34 votos na Câmara dos Deputados não foi muito grande Baldwin e Magee estimaram um modelo econo métrico de votos do Congresso que controla fatores como as características econômicas dos distritos dos membros assim como os negócios e as contribuições da mão de obra para o representante do Congresso Eles encontraram um grande impacto de dinheiro no padrão de votação Uma forma de avaliar esse impacto é aplicar uma série de fatos contrários o quão diferente seria a votação geral se não existissem contribuições empresariais contribuições trabalhis tas ou contribuições de nenhum tipo A Tabela 102 resume os resultados A primeira linha mostra como vários membros votaram a favor de cada projeto de lei Tenha em mente que a apro vação exigia ao menos 214 votos A segunda linha mostra o número de votos previstos pelas equa ções de Baldwin e Magee o modelo deles acerta no caso do NAFTA mas superestima por alguns votos no caso do GATT A terceira linha mostra quantos votos cada projeto de lei teria recebido de acordo com o modelo na ausência de contribuições traba lhistas A próxima linha mostra quantos membros teriam votado a favor na ausência de contribuições empresariais A última linha mostra quantos teriam votado a favor tanto se as contribuições empresa riais quanto as trabalhistas não existissem Se essas estimativas estão corretas as contribui ções não tiveram impacto no total de votos No caso do NAFTA as contribuições trabalhistas induziram 62 membros que se não fosse pela contribuição teriam apoiado o projeto a votarem contra As contribuições empresariais levaram 34 membros na direção opostaSe não existissem contribuições empresariais de acordo com essa estimativa o NAFTA teria recebido somente 195 votos que não seriam suficientes para a aprovação Por outro lado dado que os dois lados contribuí ram seus efeitos tendem a cancelar um ao outro As estimativas de Baldwin e Magee sugerem que no caso de ausência de contribuições tanto trabalhista quanto empresarial o NAFTA e o GATT teriam sido aprovados de qualquer forma É provavelmente errado enfatizar o fato de que nesses casos em especial as contribuições dos dois lados não mudaram o resultado final O resultado realmente importante é que os políticos estão de fato à venda O que significa que as teorias de política de comércio que enfatizam os interesses especiais estão na direção certa 5 Robert E Baldwin Christopher S Magee Is Trade Policy for Sale Congressional Voting on Recent Trade Bills Working Paper 6376 National Bureau of Economic Research jan 1998 TABelA 102 Voto para o NAFTA Voto para o GATT Real 229 283 Previsto pelo modelo 229 290 Sem contribuições trabalhistas 291 346 Sem contribuições empresariais 195 257 Sem nenhuma contribuição 256 323 M10KRUGXXXXC10indd 194 12915 614 PM 195 Capítulo 10 A economia política da política de comércio problema de ação coletiva embora seja do interesse do grupo como um todo pressionar por políticas favoráveis não é do interesse de qualquer indivíduo fazê lo O problema da ação coletiva pode ser mais bem superado quando um grupo é pequeno de forma que cada indivíduo colhe uma parcela significativa dos bene fícios de políticas favoráveis eou bem organizado de forma que os membros do grupo podem ser mobiliza dos a agir em interesse coletivo A razão pela qual uma política como a proteção dos laticínios pode acontecer é que os produtores de laticínios formam um grupo relati vamente pequeno e bem organizado que tem consciên cia do tamanho do subsídio implícito que seus membros recebem enquanto os consumidores de laticínios são uma população enorme que nem consegue perceber se como um grupo de interesse O problema da ação cole tiva então pode explicar por que as práticas que pare cem produzir não só mais custos do que benefícios mas também parecem prejudicar muito mais eleitores do que ajudá los pode ser adotada Modelagem do processo político Enquanto a lógica da ação coletiva tem sido invo cada há tempos pelos economistas para explicar polí ticas de comércio aparentemente irracionais a teoria é um pouco vaga sobre as maneiras pelas quais grupos de interesse organizados realmente conseguem influenciar a política Um órgão crescente de análise tenta preen cher essa lacuna com modelos simplificados do processo político6 O ponto inicial dessa análise é óbvio enquanto os políticos vencem eleições parcialmente por defen derem políticas populares uma campanha de sucesso exige dinheiro para publicidade votação e assim por diante Portanto pode ser de interesse de um político adotar posições contra o interesse do eleitor comum se ele receber uma contribuição financeira suficiente mente grande para mudar de posição O dinheiro extra pode valer mais do que os votos que ele vai perder por tomar uma posição não popular Os modelos modernos da economia política da polí tica de comércio portanto vislumbram um tipo de leilão no qual grupos de interesse compram políticas ao ofe recer contribuições de contingência nas políticas segui das pelo governo Os políticos não irão ignorar o bem estar geral mas eles estarão dispostos a trocar alguma redução no bem estar dos eleitores em troca de um fundo de campanha maior Como resultado disso grupos bem organizados isto é grupos que são capazes de superar o problema da ação coletiva serão capazes de conseguir políticas a favor de seus interesses à custa do público como um todo Quem fica protegido Como uma questão prática quais indústrias real mente ficam protegidas da concorrência de importação Muitos países em desenvolvimento tradicionalmente protegeram uma vasta gama de fábricas em uma polí tica conhecida como industrialização de substituição de importação Discutiremos essa política e as razões pelas quais ela tornou se bem menos popular recentemente no Capítulo 11 A variedade de protecionismo em paí ses avançados é muito mais restrita De fato muito pro tecionismo está concentrado em somente dois setores agrícola e têxtil Agricultura Não existem muitos agricultores nas eco nomias modernas Nos Estados Unidos a agricultura emprega mais ou menos dois milhões de trabalhadores de um total de mão de obra de mais de 130 milhões Os agri cultores entretanto em geral um grupo bem organizado e politicamente poderoso têm sido capazes em muitos casos de alcançar altas taxas de proteção efetiva Discu timos a Política Agrícola Comum da Europa no Capítulo 9 os subsídios à exportação naquele programa significam um número de produtos agrícolas vendidos a duas ou três vezes os preços mundiais No Japão o governo tradicio nalmente baniu as importações de arroz fazendo que os preços internos do alimento básico do país aumentassem mais do que cinco vezes acima do preço mundial Essa proibição foi levemente relaxada diante das péssimas colheitas no meio da década de 1990 mas no fim de 1998 sob protestos de outras nações incluindo os Estados Unidos o Japão impôs uma tarifa aduaneira de 1000 nas importações de arroz Os Estados Unidos são normalmente um exportador de alimentos o que significa que as tarifas aduaneiras e as quotas de importação não podem aumentar os preços Produtos com açúcar e laticínios são exceções Enquanto os agricultores receberam subsídios consideráveis do governo federal a relutância do governo em pagar dinheiro diretamente ao contrário de impor mais ou menos custos ocultos aos consumidores limitou o tamanho desses sub sídios Como resultado da relutância do governo muito da proteção nos Estados Unidos está concentrada no princi pal setor protegido a indústria de tecidos Tecidos A indústria de tecidos consiste de duas partes têxteis fiação e tecelagem de pano e vestuário monta gem do tecido em roupa As duas indústrias mas em especial a de vestuário historicamente foram protegi 6 Veja em particular Gene Grossman Elhanan Helpman Protection for Sale American Economic Review v 89 p 833850 set 1994 M10KRUGXXXXC10indd 195 12915 614 PM 196 Economia internacional das de forma massiva por meio de tarifas aduaneiras e quotas de importação Até 2005 elas estavam sujeitas ao Acordo Multifibras AMF que define tanto as quotas de exportação quanto de importação para um grande número de países A produção de vestuário tem duas características chave É de trabalho intensivo um trabalhador pre cisa relativamente de pouco capital em alguns casos nada além de uma máquina de costura e pode fazer o trabalho sem uma educação formal extensiva E a tec nologia é relativamente simples não existe uma grande dificuldade em transferir a tecnologia mesmo para países muito pobres Como resultado as nações de baixo salário têm uma grande vantagem comparativa e os países de alto salário têm uma forte desvantagem comparativa na indústria de vestuário Esse também é um setor tradicionalmente bem organizado em paí ses desenvolvidos Por exemplo muitos trabalhadores norte americanos de vestuário têm sido representados pelo Sindicato Internacional dos Trabalhadores do Vestuário Feminino Mais para frente neste capítulo descreveremos como as negociações de comércio funcionam Uma das mais importantes disposições dos acordos comerciais da Rodada Uruguai assinados em 1994 foi a eliminação da AMF que aconteceu no fim de 2004 Apesar das quotas de importação terem sido restabelecidas para a China em 2005 essas quotas desde então já foram eli minadas Agora o comércio de vestuário não enfrenta muitas restrições A Tabela 103 mostra o quão importante o vestuá rio costumava ser no protecionismo norte americano e quanta diferença o fim das restrições sobre vestuário faz Em 2002 com o AMF ainda em vigência as res trições de vestuário eram responsáveis por mais de 80 dos custos gerais de bem estar do protecionismo esta dunidense Como a AMF atribuiu licenças de importa ção para países exportadores a maior parte do custo de bem estar para os Estados Unidos não vinha da distor ção da produção e do consumo mas da transferência de rendas de contingenciamento para estrangeiros Com o fim da AMF os custos da proteção ao vestuá rio assim como os custos gerais de proteção norte americana caíram drasticamente TABelA 103 Custos de bem estar de proteção dos Estados Unidos bilhão de dólar 2002 Estimado 2015 Projetado Total 141 26 Têxteis e vestuário 118 05 Fonte Comissão de Comércio Internacional dos EUA Negociações internacionais e política de comércio Nossa discussão sobre as políticas da prática de comércio não tem sido muito encorajadora Argumen tamos que é difícil inventar políticas de comércio que aumentem o bem estar nacional e que elas são frequente mente dominadas por grupos de interesse políticos His tórias de terror sobre políticas de comércio que produ zem custos que excedem em muito quaisquer benefícios concebíveis são abundantes Portanto é fácil ser bastante cínico sobre o lado prático da teoria de comércio Ademais na verdade do meio da década de 1930 até por volta de 1980 os Estados Unidos e outros países desenvolvidos gradualmente retiraram tarifas aduanei ras e algumas outras barreiras de comércio e ao fazer isso promoveram um rápido crescimento na integra ção internacional A Figura 105 mostra a taxa média da tarifa aduaneira estadunidense em importações tri butáveis de 1891 a 2010 Após um aumento drástico no começo da década de 1930 a taxa tem diminuído cons tantemente7 A maioria dos economistas acredita que essa liberalização progressiva do comércio foi bastante benéfica Entretanto dado o que dissemos sobre as polí ticas da prática de comércio como foi politicamente possível essa remoção de tarifas Ao menos parte dessa resposta é que uma grande liberalização do comércio pós guerra foi alcançada por meio de negociação internacional Isto é governos con cordaram em envolverem se em redução mútua da tarifa aduaneira Esses acordos vincularam a proteção redu zida para as indústrias de concorrência de importação em cada país à proteção reduzida de outros países contra as indústrias de exportação daquele país Tal vinculação que discutiremos agora ajuda a compensar algumas das dificuldades políticas que de outro modo impediriam os países de adotarem boas políticas de comércio 7 Medidas de mudanças na taxa média de proteção podem ser pro blemáticas porque a composição das importações muda em parte porque as tarifas aduaneiras classificam a si próprias Imagine por exemplo um país que impõe uma tarifa aduaneira tão alta em algu mas mercadorias que acaba com todas as importações dessas mer cadorias Então a taxa média da tarifa aduaneira em mercadorias de fato importadas será zero Para tentar corrigir isso a medida que utilizamos na Figura 105 mostra a taxa só nas importações tributáveis isto é exclui as importações que por alguma razão fo ram isentas das tarifas aduaneiras Em seu pico as taxas das tarifas aduaneiras norte americanas eram tão altas que mercadorias sujei tas às tarifas representavam somente um terço das importações em 1975 essa parcela tinha aumentado para dois terços Como resulta do a taxa média da tarifa aduaneira em todas as mercadorias caiu muito menos do que a taxa em mercadorias tributáveis Os números mostrados na Figura 105 entretanto mostram uma imagem mais precisa da maior liberalização do comércio que foi de fato vivencia da pelos Estados Unidos M10KRUGXXXXC10indd 196 12915 614 PM 197 Capítulo 10 A economia política da política de comércio As vantagens da negociação Existem ao menos duas razões pelas quais é mais fácil baixar as tarifas aduaneiras como parte de um acordo mútuo do que como uma política unilateral Primeiro o acordo mútuo ajuda a mobilizar apoio para o comércio mais livre Segundo acordos negociados de comércio ajudam os governos a evitarem entrar em guerras comerciais destrutivas O efeito das negociações internacionais no apoio ao comércio mais livre é simples Já percebemos que os produtores de concorrência de importação geralmente são mais bem informados e organizados do que os con sumidores As negociações internacionais podem trazer exportadores nacionais como contrapeso Por exemplo os Estados Unidos e o Japão poderiam chegar a um acordo no qual os Estados Unidos privam se de impor quotas de importação para proteger alguns de seus fabricantes da concorrência japonesa em troca de uma retirada de barreiras japonesas contra exportadores norte americanos agrícolas ou de produtos de alta tec nologia para o Japão Os consumidores estaduniden ses podem não ser politicamente efetivos em opor se a essas quotas de importação em mercadorias estrangei ras mesmo que essas quotas possam ser dispendiosas para eles mas os exportadores que querem acessar o mercado estrangeiro podem por meio de lobby para a eliminação mútua de quotas de importação proteger os interesses dos consumidores A negociação internacional também pode ajudar a evitar uma guerra comercial O conceito de guerra comercial pode ser mais bem ilustrado como um exem plo estilizado Imagine que só existam dois países no mundo os Estados Unidos e o Japão e que esses dois países tenham somente duas escolhas de política livre comércio ou proteção Suponha que esses governos sejam gover nos inusitadamente lúcidos que podem atribuir valores numéricos precisos para sua satisfação com qualquer resultado político Tabela 104 Os valores específicos dos pagamentos dados na tabela representam duas suposições Primeiro supo mos que o governo de cada país escolheria a proteção se pudesse levar a política do outro país como dada Isto é seja qual for a política que o Japão escolher o governo norte americano estará em melhor situação com a pro teção Essa suposição não é de forma alguma necessa riamente verdade Muitos economistas argumentariam TABelA 104 O problema do estado de guerra do comércio Japão EUA Livre comércio Proteção Livre comércio 10 10 20 10 Proteção 10 20 5 5 FIGURA 105 A taxa da tarifa aduaneira dos Estados Unidos Após aumentar drasticamente no começo dos anos 1930 a taxa média da tarifa aduaneira dos Estados Unidos tem diminuído constantemente Taxa da tarifa aduaneira por cento 0 60 10 20 30 40 50 1891 1896 1901 1906 1911 1916 1921 1926 1931 1936 1941 1946 1951 1956 1961 1966 1971 1976 1981 1986 1991 1996 2001 2006 2011 M10KRUGXXXXC10indd 197 12915 614 PM 198 Economia internacional que o livre comércio é a melhor política para a nação independentemente do que os outros governos fazem Entretanto os governos não devem agir somente pelo interesse público mas também pelos seus próprios inte resses políticos Pelas razões discutidas na seção ante rior os governos com frequência acham politicamente difícil evitar dar proteção para algumas indústrias A segunda suposição incorporada à Tabela 104 é a de que mesmo que cada governo agindo individualmente esti vesse em melhor situação com a proteção os dois estariam em melhor situação se escolhessem o livre comércio Isto é o governo norte americano tem mais a ganhar com uma abertura dos mercados japoneses do que tem a perder com a abertura de seus mercados e o mesmo é verdade para o Japão Podemos justificar essa suposição simplesmente apelando para os ganhos advindos do comércio Para aqueles que estudaram teoria de jogo essa situação é conhecida como dilema do prisioneiro Cada governo tomando a melhor decisão para si vai escolher proteger Essas escolhas levam ao resultado na caixa infe rior direita da tabela Ainda os dois governos estariam em melhor situação se nenhum deles se protegesse a caixa do lado esquerdo superior rende um pagamento que é maior para os dois países Ao agirem unilateralmente no que parece ser seus melhores interesses os governos fracassam em alcançar o melhor resultado possível Se os países agem unilateralmente para protegerem se existe uma guerra comercial que deixa os dois em pior situação As guerras comerciais não são tão sérias quanto as guer ras que têm tiros mas evitá las é similar ao problema de evitar conflito armado ou corridas armamentistas É óbvio que o Japão e os Estados Unidos precisam estabelecer um acordo como um tratado para absterem se da proteção Cada governo ficará em melhor situação se limitar sua própria ação de liberdade dado que o outro país também limite sua ação de liberdade Um tratado pode fazer com que todos fiquem em melhor situação Esse é um exemplo bastante simplificado No mundo real existem tanto muitos países quanto muitas gradações de política de comércio entre o livre comércio e a proteção total contra importações Apesar disso o exemplo sugere aos dois países que existe a necessidade de coordenar as políticas de comércio por meio de acordos internacionais e que tais acordos podem de fato fazer diferença De fato o sistema atual de comércio internacional está cons truído ao redor de uma série de acordos internacionais Acordos comerciais internacionais uma breve história A redução de tarifa internacionalmente coordenada como uma política de comércio remonta à década de 1930 Em 1930 os Estados Unidos aprovaram uma lei de tarifa aduaneira extraordinariamente irresponsável o Ato de Smoot Hawley Sob esse ato as taxas de tarifa aumentaram de modo vertiginoso e o comércio norte americano caiu drasticamente Alguns economistas argumentam que o Ato de Smoot Hawley ajudou a aprofundar a Grande Depres são Dentro de poucos anos após a aprovação do ato a administração estadunidense concluiu que as tarifas preci savam ser reduzidas mas isso representou sérios problemas de construção de coalizão política Qualquer redução de tarifa seria oposta pelos membros do Congresso cujos dis tritos tivessem empresas produzindo mercadorias competi tivas enquanto os benefícios seriam tão amplamente difun didos que poucos no Congresso poderiam ser mobilizados no outro lado Para reduzir as taxas de tarifa a redução precisava ser acoplada a alguns benefícios concretos para os exportadores A solução inicial para esse problema político foi a de negociações bilaterais da tarifa Os Estados Unidos abordariam algum país que fosse um grande exportador de uma mercadoria digamos de açúcar e ofereceria tarifas menores sobre o açúcar se aquele país baixasse suas tarifas em algumas exportações norte americanas A atratividade do acordo para os exportadores estadunidenses ajudou a combater o peso político do interesse do açúcar No país estrangeiro a atratividade do acordo para os exportadores estrangeiros de açúcar balancearia a influência política dos interesses de concorrência de importação Tais negociações bilaterais ajudaram a reduzir a média tributável nas impor tações norte americanas de 59 em 1932 para 25 logo após a Segunda Guerra Mundial Entretanto as negociações bilaterais não tiram van tagem máxima da coordenação internacional Uma razão é que os benefícios advindos da negociação bila teral podem se transbordar para partes que não fize ram quaisquer concessões Por exemplo se os Estados Unidos reduzem as tarifas sobre o café como resultado de um acordo com o Brasil a Colômbia também vai ganhar com um preço mundial maior do café Além disso alguns acordos vantajosos podem envolver intrin secamente mais de dois parceiros os Estados Unidos vendem mais para a Europa a Europa vende mais para a Arábia Saudita a Arábia Saudita vende mais para o Japão e o Japão vende mais para os Estados Unidos Portanto o próximo passo na liberalização do comércio internacional foi prosseguir para negociações multilate rais envolvendo uma grande quantidade de países As negociações multilaterais começaram logo após o fim da Segunda Guerra Mundial Originalmente os diplomatas dos aliados vitoriosos imaginaram que tais negociações aconteceriam sob as condições favoráveis de um órgão proposto chamado Organização de Comércio M10KRUGXXXXC10indd 198 12915 614 PM 199 Capítulo 10 A economia política da política de comércio Internacional paralelo ao Fundo Monetário Interna cional e ao Banco Mundial descrito na segunda metade deste livro Em 1974 relutantes em esperar até que a OCI estivesse montada um grupo de 23 países começou as negociações comerciais sob um conjunto de regras provisórias que ficou conhecido como Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio ou GATT Como se viu a OCI nunca foi estabelecida porque encontrou severa oposição política especialmente nos Estados Unidos Então o acordo provisório acabou governando o comércio mundial pelos 48 anos seguintes Oficialmente o GATT era um acordo e não uma orga nização Os países participantes do acordo eram oficial mente designados como parte contratante e não mem bros Na prática o GATT mantinha um secretariado permanente em Genebra ao qual todos se referiam como o GATT Em 1995 a Organização Mundial do Comér cio ou OMC foi estabelecida finalmente criando a orga nização formal vislumbrada 50 anos antes Entretanto as regras do GATT permanecem em vigência e a lógica básica do sistema permanece a mesma Uma forma de pensar sobre a abordagem GATT OMC ao comércio é utilizar uma analogia mecânica é como um dispositivo criado para empurrar um objeto pesado a economia mundial gradualmente até uma inclinação o caminho para o livre comércio Chegar lá exige tanto alavancas para empurrar o objeto na dire ção certa quanto roquetes que impedem o retrocesso O principal roquete no sistema é o processo de vin culação Quando uma tarifa é vinculada o país que a impõe concorda em não aumentar a taxa no futuro Atualmente quase todas as taxas de tarifa nos países desenvolvidos estão vinculadas assim como três quartos das taxas em países em desenvolvimento Existe porém alguma margem de manobra nas tarifas vinculadas um país pode aumentar uma tarifa se conseguir o consenti mento de outros países o que normalmente significa for necer compensação reduzindo outras tarifas Na prática a vinculação tem sido altamente efetiva com pouco retro cesso nas tarifas ao longo dos últimos 50 anos Além de vincular as tarifas o sistema GATT OMC geralmente tenta impedir intervenções não tarifárias no comércio Os subsídios à exportação não são permiti dos com uma importante exceção na criação do GATT os Estados Unidos insistiram em uma brecha para as exportações agrícolas que tem sido explorada desde então em grande escala pela União Europeia Como apontamos anteriormente neste capítulo a maioria do custo atual de proteção nos Estados Unidos vem de quotas de importação O sistema GATT OMC vigente permite as quotas de importação existentes embora exista um contínuo e frequentemente bem sucedido esforço para remover tais quotas ou convertê las em tarifas As novas quotas de importação geral mente são proibidas exceto como medidas temporárias para lidar com ruptura de mercado um termo indefi nido e normalmente interpretado como surtos de impor tações que ameaçam colocar fora da economia um setor nacional de forma repentina A alavanca utilizada para fazer progressos é um pro cesso um pouco estilizado conhecido como rodada de negociação na qual um grupo grande de países junta se pra negociar um conjunto de reduções de tarifa e outras medidas para liberalizar o comércio Oito rodadas de negociação já foram completadas dede 1947 a última delas a Rodada Uruguai terminada em 1994 esta beleceu a OMC Em 2001 uma reunião na cidade de Doha no Golfo Pérsico inaugurou a nona rodada que em 2014 pareceu ter fracassado em chegar a um acordo Discutiremos as razões para o aparente fracasso da Rodada Doha mais à frente neste capítulo As cinco primeiras rodadas de negociação sob o GATT tomaram a forma de negociações bilaterais paralelas em que cada país negocia em pares com uma quantidade de países de uma vez só Por exemplo se a Alemanha oferecesse uma redução de tarifa que bene ficiasse tanto a França quanto a Itália ela poderia pedir aos dois países concessões recíprocas A capacidade de fazer acordos mais extensos junto com a recuperação econômica mundial da guerra ajudou a permitir redu ções substanciais de tarifa aduaneira O sexto acordo comercial multilateral conhecido como Rodada Kennedy foi finalizado em 1967 Esse acordo envolveu uma redução geral de 50 nas tarifas dos principais países industriais exceto para indústrias especí ficas cujas tarifas não foram modificadas As negociações preocupavam se com quais indústrias isentar em vez do tamanho do corte para as indústrias que não receberiam o tratamento especial No geral a Rodada Kennedy reduziu as tarifas médias em torno de 35 A chamada Rodada Tóquio de negociações comer ciais finalizada em 1979 reduziu as tarifas por uma fórmula mais complexa que aquela da Rodada Kennedy Além disso novos códigos foram estabelecidos em um esforço para controlar a proliferação de barreiras não tarifárias como as restrições voluntárias das exportações e acordos ordenados pelo mercado Por fim em 1994 uma oitava rodada de negociações a chamada Rodada Uruguai foi finalizada As disposições daquela rodada foram aprovadas pelo Congresso norte americano após um debate acirrado Descrevemos os resultados dessas negociações a seguir M10KRUGXXXXC10indd 199 12915 614 PM 200 Economia internacional A Rodada Uruguai Grandes negociações de comércio internacional invariavelmente começam com uma cerimônia em algum local exótico e terminam com um cerimonial de assinaturas em outro A oitava rodada das negociações comerciais globais realizada sob o GATT começou em 1986 com uma reunião no resort litoral de Punta del Este no Uruguai por isso o nome Rodada Uruguai Os participantes então dirigiram se para Genebra onde se envolveram em anos de ofertas e contraofertas ameaças e contra ameaças e acima de tudo dezenas de milha res de horas de reuniões tão chatas que até o diplomata mais experiente teve dificuldade em ficar acordado A rodada tinha sido agendada para terminar em 1990 mas encontrou sérias dificuldades políticas No fim de 1993 as negociações finalmente produziram um documento básico que consistia em 400 páginas de acordos junto com documentos suplementares detalhando os compro missos específicos das nações membro no que diz res peito a determinados mercados e produtos em torno de 22 mil páginas no total Esse acordo foi assinado em Marrakesh no Marrocos em abril de 1994 e ratificado pelas principais nações após controvérsias políticas amargas em alguns casos incluindo os Estados Unidos no final daquele ano Como a extensão do documento sugere os resulta dos finais da Rodada Uruguai não são fáceis de serem resumidos Os resultados mais importantes entretanto podem ser agrupados em dois títulos liberalização do comércio e reformas administrativas liberalização do comércio A Rodada Uruguai assim com as negociações ante riores do GATT cortou taxas de tarifas ao redor do mundo Os números podem parecer impressionantes a tarifa média imposta por países desenvolvidos caiu quase 40 como resultado da rodada Entretanto as taxas de tarifa já estavam bem baixas Na verdade a taxa média de tarifa caiu de 63 para 39 o suficiente para produ zir somente um pequeno aumento no comércio mundial Porém mais importante do que essa redução geral da tarifa foram os movimentos para liberalizar o comércio em dois setores fundamentais agrícola e de tecidos O comércio mundial de produtos agrícolas tem sido altamente distorcido O Japão é notório por restrições às importações que levam os preços internos do arroz da carne e de outros alimentos a serem muitas vezes mais altos que os preços do mercado mundial Os subsídios massivos à exportação da Europa sob a Política Agrícola Comum foram descritos no Capítulo 9 No começo da Rodada Uruguai os Estados Unidos tinham uma meta ambiciosa o livre comércio de produtos agrícolas no ano 2000 O sucesso real foi muito mais modesto mas ainda assim significativo O acordo exigiu que os exportado res agrícolas reduzissem o valor dos subsídios em 36 e o volume de exportações subsidiadas em 21 em um perío do de seis anos Países como o Japão que prote gem seus agricultores com quotas de importação foram solicitados a substituir as quotas por tarifas que não poderiam ser aumentadas no futuro O comércio mundial de têxteis e vestuário tam bém foi altamente distorcido pelo Acordo Multifibras igualmente descrito no Capítulo 9 A Rodada Uruguai acabou com o AMF em um período de dez anos elimi nando todas as restrições quantitativas no comércio de têxteis e vestuário Algumas tarifas altas permaneceram inalteradas Essa foi uma liberalização bem dramática lembre se a maioria das estimativas sugeriam que a proteção de vestuário impôs um maior custo aos consu midores norte americanos do que todas as outras medi das protecionistas combinadas Vale a pena notar entre tanto que a fórmula utilizada para eliminar o AMF foi bastante demorada muito da liberalização foi adiada até 2003 e 2004 com o final real das quotas não aconte cendo até 1o de janeiro de 2005 Com certeza o fim do AMF trouxe um surto em exportação de vestuário da China Por exemplo em janeiro de 2005 a China enviou 27 milhões de pares de calças de algodão para os Estados Unidos comparados com 19 milhão no ano anterior E existia uma reação política feroz vinda dos produtores de vestuário nos Estados Unidos e na Europa Embora novas restrições fossem impostas sobre as exportações chinesas de ves tuário essas restrições eram eliminadas com o tempo o comércio mundial de vestuário foi de fato amplamente liberalizado Uma ação comercial final importante sob a Rodada Uruguai foi um novo conjunto de regras rela cionadas às aquisições governamentais compras que são feitas não por empresas privadas ou consumidores mas por agências do governo Tais aquisições fornece ram mais mercados protegidos para vários tipos de mer cadorias dos equipamentos de construção aos veículos Lembre se do estudo de caso sobre ônibus húngaros no Capítulo 9 A Rodada Uruguai definiu novas regras que deveriam abrir uma ampla gama de contratos gover namentais para produtos importados Reformas administrativas do GATT à OMC Muito da publicidade que cercava a Rodada Uruguai e muito da controvérsia que girava em torno do sistema de comércio mundial desde então tem focado na cria ção de uma nova instituição de rodada a Organização M10KRUGXXXXC10indd 200 12915 614 PM 201 Capítulo 10 A economia política da política de comércio Mundial do Comércio Em 1995 essa organização subs tituiu o secretariado ad hoc que administrava o GATT Como veremos no Capítulo 12 a OMC tornou se a organização que os oponentes da globalização amam odiar Ela já foi acusada tanto pela direita quanto pela esquerda de agir como um governo mundial minando a soberania nacional O quão diferente é a OMC do GATT De um ponto de vista legal o GATT era um acordo provisório ao passo que a OMC é uma organização internacional com pletamente estabelecida Entretanto a burocracia conti nua pequena uma equipe de 500 pessoas Uma versão atualizada do texto original da GATT foi incorporada às regras da OMC O GATT no entanto era aplicado somente para o comércio de mercadorias já o comércio mundial em serviços isto é coisas intangíveis como seguro consultoria e comércio bancário não estava sujeito a qualquer conjunto de regras acordadas Como resultado muitos países aplicaram regulamentos que discriminavam abertamente fornecedores estrangeiros A negligência do GATT em comércio de serviços tornou se uma omissão cada vez mais evidente porque as eco nomias modernas focaram cada vez mais na produção de serviços em vez da produção de mercadorias físicas Por isso o acordo da OMC inclui regras no comércio de serviços o Acordo Geral sobre Comércio de Serviço ou GATS Na prática essas regras ainda não tiveram muito impacto no comércio de serviços Seu principal propósito é servir como base para negociar rodadas de comércio futuras Além de uma ampla mudança de produzir mercado rias para produzir serviços os países desenvolvidos tam bém vivenciaram uma mudança advinda de depender de capital físico para depender de propriedade intelec tual que é protegida por patentes e direitos autorais Há trinta anos a General Motors era a quintessência da corporação moderna agora é a Apple ou o Google Portanto definir a aplicação internacional de direitos de propriedade internacional também se tornou uma grande preocupação A OMC tenta assumir essa missão com o Acordo sobre os Aspectos Comerciais da Propriedade Intelectual TRIPS A aplicação do TRIPS na indústria farmacêutica tornou se objeto de debate acalorado Contudo o mais importante novo aspecto da OMC é geralmente reconhecido como seu processo de reso lução de disputas Um problema básico surge quando um país acusa outro de violar as regras do sistema de comércio Suponha por exemplo que o Canadá acuse os Estados Unidos de limitar de forma desleal as impor tações de madeira e os Estados Unidos neguem a acusa ção O que acontece então Antes da OMC existiam tribunais internacionais nos quais o Canadá podia apresentar seu caso mas o procedimento tendia a arrastar se por anos até décadas E mesmo quando uma decisão era publicada não exis tia nenhuma forma de fazê la valer Isso não significava que as regras do GATT não tivessem efetividade nem os Estados Unidos nem os outros países queriam adqui rir a reputação de país que zomba das leis então eles faziam esforços consideráveis para manter suas ações legais sob o GATT Mas os casos de área intermediá ria tendem a ficar sem solução A OMC tem um procedimento muito mais formal e efetivo Painéis de experts são selecionados para ouvir os casos normalmente chegando a uma conclusão final em menos de um ano Mesmo com apelações o procedi mento não deve levar mais do que 15 meses Suponha que a OMC conclua que a nação de fato violou as regras mas o país recusa se a mudar sua polí tica Então o que acontece A OMC por si própria não tem poderes para fazer com que isso se cumpra O que ela pode fazer é conceder ao país que prestou queixa o direito de retaliar Para utilizar nosso exemplo Canadá Estados Unidos o governo canadense pode receber o direito de impor restrições nas exportações estaduniden ses sem que isso seja considerado violação das regras da OMC No caso da disputa da banana descrita no estudo de caso As preferências comerciais têm apelo mais adiante a decisão da OMC disse que a União Europeia cometeu violação Quando a Europa insistiu na indisci plina os Estados Unidos impuseram temporariamente tarifas aduaneiras em itens como bolsas de grife A esperança e a expectativa é que poucas disputas cheguem tão longe Em muitos casos a ameaça de levar a disputa à OMC deveria levar a uma resolução na grande maioria dos casos os países aceitam a decisão da OMC e mudam suas políticas O estudo de caso a seguir descreve um exemplo do procedimento de resolução de disputas da OMC em fun cionamento a disputa Estados Unidos Venezuela sobre gasolina importada Como os quadros explicam esse caso também se tornou um excelente exemplo para aque les que acusam a OMC de minar a soberania nacional Benefícios e custos É difícil estimar o impacto econômico da Rodada Uruguai Se nada der certo pense na logística para fazer uma estimativa uma pessoa deve traduzir um documento imenso de um jargão impenetrável juridi quês para outro economês atribuir números para a tradução então colocar tudo isso em um modelo de computador da economia mundial M10KRUGXXXXC10indd 201 12915 614 PM 202 Economia internacional solucionando uma disPuta e criando uma A primeira aplicação do procedimento de reso lução de disputa da OMC também foi uma das mais controversas Para os apoiadores da OMC ela ilustra a efetividade do novo sistema Para os oponentes mos tra que a organização fica no caminho de importantes metas sociais tal como proteger o meio ambiente O caso surgiu após os novos padrões sobre polui ção de ar dos Estados Unidos Esses padrões definiram regras para a composição química da gasolina vendida nos Estados Unidos Um padrão uniforme claramente seria legal sob as regras da OMC Entretanto os novos padrões incluíram algumas brechas as refinarias nos Estados Unidos ou aquelas vendendo 75 ou mais de sua produção nos Estados Unidos receberam linhas de base que dependiam de seus níveis de poluentes de 1990 Essa disposição geralmente define um padrão menos rigoroso do que foi definido para a gasolina importada e portanto ao entrar em vigência introdu ziu a preferência pela gasolina das refinarias nacionais A Venezuela que envia quantidades considerá veis de gasolina para os Estados Unidos apresentou uma queixa contra as novas regras de poluição no começo de 1995 A Venezuela argumentou que as regras violavam o princípio do tratamento nacio nal que diz que as mercadorias importadas deve riam estar sujeitas às mesmas regras que as merca dorias nacionais de forma que as regras não sejam utilizadas como uma forma indireta de protecio nismo Um ano depois o painel apontado pela OMC decidiu em favor da Venezuela Os Estados Unidos apelaram mas o recurso foi rejeitado Os Estados Unidos e a Venezuela então negociaram um conjunto de regras revistas Em um nível esse resultado foi uma demonstra ção da OMC fazendo exatamente o que ela deve fazer Os Estados Unidos introduziram medidas que viola vam claramente a letra de seus acordos quando um país menor e menos influente apelou contra essas medidas conseguiu resultados rápidos Por outro lado os ambientalistas estavam compreen sivelmente aborrecidos a decisão da OMC em essência bloqueia uma medida que teria deixado o ar mais limpo Além disso havia pouca dúvida de que as regras para um ar mais limpo tivessem sido promulgadas de boa fé isto é se elas realmente tinham a intenção de reduzir a poluição do ar e não a de excluir exportações Os defensores da OMC apontaram que os Estados Unidos claramente poderiam ter escrito uma regra que não discriminasse as importações O fato de não terem feito isso foi uma concessão política para a indústria de refinação o que de fato constituiu um tipo de protecionismo O máximo que se pode dizer é que as regras da OMC tornaram mais difícil para os ambientalistas norte americanos chegarem a um acordo com a indústria Na mitologia do movimento de antiglobalização que discutiremos no Capítulo 12 a intervenção da OMC contra os padrões de ar limpo assumiu status de ícone o caso é visto como um excelente exemplo de como a organização priva as nações de sua soberania impedindo as de seguir políticas social e ambiental mente responsáveis A realidade do caso entretanto não está nem perto disso se os Estados Unidos tives sem imposto uma regra limpa de ar limpo que não discriminasse as fontes a OMC não teria recebido nenhuma queixa As estimativas mais amplamente citadas são aquelas do próprio GATT e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico outra organização interna cional que consistia somente de países ricos e era baseada em Paris As duas estimativas sugerem um ganho para a economia mundial como um todo de mais de 200 bilhões de dólares anuais aumentando a renda mundial em torno de 1 Como sempre há estimativas dissidentes dos dois lados Alguns economistas afirmam que os ganhos esti mados são exagerados em especial porque as estimativas presumem que as exportações e importações responderam fortemente às novas mudanças de liberalização Uma pro vável minoria de críticos argumenta que essas estimativas são consideravelmente baixas por causa das razões dinâ micas discutidas anteriormente neste capítulo Em qualquer caso é claro que a lógica pouco usual da liberalização do comércio aplica que os custos da Rodada Uruguai foram sentidos por grupos concentrados e bem organizados enquanto os benefícios foram revertidos para amplas e difusas populações O progresso na agricultura prejudicou as pequenas mas influentes populações de agricultores na Europa no Japão e em outros países onde os preços da agricultura estavam muito acima dos níveis mundiais Essas perdas foram muito mais do que compensadas pelos ganhos para os consumidores e con tribuintes nesses países mas porque esses benefícios foram amplamente espalhados ficaram quase que imperceptí veis Similarmente a liberalização do comércio em têxteis e vestuário produziu um pouco de dor concentrada para os trabalhadores e companhias nessas indústrias compen M10KRUGXXXXC10indd 202 12915 614 PM 203 Capítulo 10 A economia política da política de comércio sada por ganhos consideravelmente grandes do consumi dor mas bem menos visíveis Dados esses fortes impactos distribucionais da Rodada Uruguai é realmente extraordinário que eles tenham chegado a um acordo Na verdade depois do fracasso de não chegar nem perto de um acordo em 1990 muitos comentadores começaram a dizer que o processo de negociação como um todo estava morto No fim o acordo alcançado mesmo que em uma escala mais modesta do que originalmente esperado pode ser atribuído a um conjunto interligado de cál culos políticos Nos Estados Unidos os ganhos para os exportadores agrícolas e os ganhos em perspectiva para os exportadores de serviços se o GATT abrisse a porta para a liberalização substancial ajudariam a compensar as reclamações da indústria de vestuário Muitos países em desenvolvimento apoiaram a rodada por causa das novas oportunidades que ofereceriam às suas próprias exportações de têxteis e vestuário Também algumas das concessões negociadas sob o acordo eram desculpa para fazer mudanças políticas que aconteceriam eventualmente de qualquer forma Por exemplo a despesa pura da Política Agrícola Comum da Europa em tempos de déficit no orçamento tornou a madura para o corte em qualquer caso No entanto como um fato importante no sucesso final da rodada estava o medo de algo acontecer se houvesse falha Em 1993 correntes protecionistas esta vam em evidente execução nos Estados Unidos e em outros lugares Os negociadores do comércio em países que poderiam de outra forma recusar se a ir em frente com o acordo como França Japão e Coreia do Sul nos quais poderosos lobbies agrícolas raivosamente opõem se à liberalização do comércio temiam por tanto que o fracasso em concordar fosse perigoso Isto é eles temiam que uma rodada fracassada não signifi casse meramente uma falta de progresso mas o retro cesso substancial no progresso feito em direção ao livre comércio durante as quatro décadas anteriores teste de metal da omc Em março de 2002 o governo norte americano impôs tarifas aduaneiras de 30 em uma variedade de produ tos importados de metal A razão oficial para essa ação foi que a indústria estadunidense enfrentou um surto nas importações e precisava de tempo para reestruturar se Mas a razão real quase todo mundo concordou era política esperava se que West Virginia Ohio e Pensilvâ nia onde a indústria do aço estava concentrada fossem os estados de balanço cruciais na eleição de 2004 A Europa o Japão a China e a Coreia do Sul move ram uma ação contra a tarifa de aço norte americana na OMC afirmando que a ação estadunidense era ile gal Em julho de 2003 o painel da OMC concordou deci dindo que a ação norte americana não tinha justifica tiva Muitos observadores consideraram a resposta dos Estados Unidos a essa decisão um teste crucial para a credibilidade da OMC o governo da nação mais pode rosa do mundo realmente permitiria que uma organi zação internacional lhe dissesse para retirar uma tarifa importante politicamente Existia até uma conversa de uma iminente guerra comercial Na verdade os Estados Unidos obedeceram à deci são retirando as tarifas sobre o aço em dezembro de 2003 A explicação oficial para a decisão foi de que as tarifas tinham servido a seu propósito Apesar disso muitos observadores acreditaram que a motivação prin cipal foi uma ameaça da União Europeia que naquele momento tinha recebido a liberação para uma ação retaliadora e estava pronta para impor tarifas aduanei ras em mais de dois bilhões de dólares em exportações norte americanas Os europeus que entendem de polí tica tanto quanto os Estados Unidos miraram suas tari fas em mercadorias produzidas adivinhe onde nos estados do balanço político Então a OMC passou por um grande teste Ainda assim uma coisa é os Estados Unidos se submeter a uma queixa da União Europeia que é uma superpo tência econômica com uma economia com o tamanho aproximado da dos Estados Unidos A próxima questão é o que acontecerá quando a OMC decidir em favor de economias menores contra poderes econômicos como os Estados Unidos ou a UE Em março de 2005 em uma decisão histórica a OMC concordou com a queixa brasileira de que os subsídios norte americanos para os produtores de algodão eram ilegais Os Estados Unidos disseram que cumpririam a decisão e eliminariam os subsídios mas em 2009 tinham somente feito mudanças parciais para cumprir a decisão Nesse ponto a OMC autorizou o Brasil que retaliasse com substanciais sanções às exportações norte americanas Em 2010 os Estados Unidos alcan çaram um acordo provisório com o Brasil oferecendo uma série de concessões que evitaram ação imediata Entretanto a partir de 2013 insatisfeitos com os resul tados até o momento o Brasil ainda ameaçava prosse guir com as sanções M10KRUGXXXXC10indd 203 12915 614 PM 204 Economia internacional A decepção de Doha A nona maior rodada de negociações de comér cio mundial começou em 2001 com uma cerimônia na cidade de Doha no Golfo Pérsico Como as rodadas anteriores ela foi marcada por negociações difíceis Mas a partir do verão de 2010 parecia que algo novo tinha acontecido pela primeira vez desde a criação do GATT a rodada de negociações parecia ter terminado com nenhum acordo em vista É importante entender que o aparente fracasso da Rodada Doha não desfaz o progresso alcançado nas negociações comerciais anteriores Lembre se de que o sistema de comércio mundial é uma combinação de alavancas negociações internacionais de comér cio que impulsionam a liberalização do comércio para frente e roquetes principalmente a prática de tarifas obrigatórias que previnem as más práticas As alavan cas parecem ter falhado na última rodada de negocia ção mas os roquetes ainda estão no lugar as reduções nas taxas de tarifa que tiveram lugar nas últimas oito rodadas ainda permanecem em vigor Como resultado o comércio mundial permanece muito mais livre do que em qualquer outro ponto da história moderna Na verdade o aparente fracasso de Doha deve muito ao sucesso das negociações comerciais anteriores Como as negociações anteriores foram tão bem sucedidas em reduzir as barreiras de comércio as barreiras remanes centes são bem baixas de modo que os ganhos com novas liberalizações do comércio são modestos De fato as barreiras para o comércio na maioria das mercado rias manufaturadas que não sejam vestuário e produ tos têxteis são mais ou menos insignificantes A maioria dos ganhos potenciais advindos das mudanças para um comércio mais livre viria da redução de tarifas aduanei ras e dos subsídios à exportação na agricultura que foi o último setor a ser liberalizado pois é o mais sensível politicamente A Tabela 105 ilustra esse ponto Ela mostra uma estimativa do Banco Mundial de onde vêm os ganhos de bem estar da liberalização completa isto é a elimina ção de todas as barreiras remanescentes para o comércio e subsídios à exportação e como eles seriam distribuí dos através dos países No mundo moderno as merca dorias agrícolas representam menos de 10 do total do comércio internacional No entanto de acordo com a estimativa do Banco Mundial a liberalização do comér cio agrícola produziria 63 do total de ganhos mundiais advindos do livre comércio para o mundo como um todo E esses ganhos são muito difíceis de serem obtidos Como já descrevemos os agricultores nos países ricos são extremamente eficazes em conseguir favores do pro cesso político As propostas que chegaram mais próximas de serem aceitas na Rodada Doha na verdade ficaram muito aquém da liberalização completa Como resultado os ganhos possíveis mesmo de uma rodada bem sucedida teriam sido relativamente pequenos A Tabela 106 mos tra as estimativas do Banco Mundial dos ganhos de bem estar como uma porcentagem da renda sob dois cenários de como Doha poderia ter atuado um cenário ambicioso que seria muito difícil de ser alcançado e um cenário menos ambicioso no qual os setores sen síveis teriam sido poupados da maior liberalização Os ganhos para o mundo como um todo mesmo no cená rio ambicioso teriam sido de somente 018 do PIB No cenário mais plausível os ganhos teriam sido menos de um terço maiores Para países de rendas média e pequena os ganhos teriam sido ainda menores Por que a China teria realmente perdido Porque como veremos no estudo de caso a seguir eles acabariam pagando pre ços altos por mercadorias agrícolas importadas A pequenez do tamanho dos números na Tabela 106 ajuda a explicar por que a rodada falhou Os países pobres viram pouco nas propostas voltadas a eles e pres sionaram por concessões muito maiores dos países ricos Os governos dos países ricos por sua vez recusaram se a assumir o risco político de cruzar grupos de inte resse poderosos especialmente os agricultores sem algo em troca e os países pobres não estavam dispostos a oferecer grandes cortes em suas tarifas remanescentes o que poderia ter sido suficiente Existiu uma tentativa mais ou menos desesperada de reavivar a Rodada Doha em junho de 2007 por causa do TABelA 105 Distribuição de porcentagem dos possíveis ganhos com o livre comércio Liberalização completa de Economia Agricultura e alimentos Têxteis e vestuário Outras mercadorias Todas as mercadorias Desenvolvida 46 6 3 55 Em desenvolvimento 17 8 20 45 Todas 63 14 23 100 Fonte Kym Anderson Will Martin Agricultural Trade Reform and the Doha Agenda The World Economy v 28 p 13011327 set 2005 M10KRUGXXXXC10indd 204 12915 614 PM 205 Capítulo 10 A economia política da política de comércio os subsídios aGrícolas Prejudicam o terceiro mundo Uma das maiores reclamações dos países em desenvolvimento durante a rodada de negociações de Doha foi sobre a existência contínua de grandes subsídios agrícolas à exportação e importação nos países ricos O subsídio norte americano ao algo dão que desvaloriza os preços mundiais do algodão e portanto prejudica os produtores de algodão da África Ocidental é o exemplo mais citado Mas apren demos no Capítulo 9 que um subsídio à exportação normalmente aumenta o bem estar do país impor tador que pode comprar mercadorias de forma mais barata Então os subsídios à exportação pelos paí ses ricos não deveriam de fato ajudar os países mais pobres A resposta é que em muitos casos eles ajudam As estimativas mostradas na Tabela 106 indicam que uma Rodada Doha bem sucedida prejudicaria de fato a China Por quê Porque a China que exporta mercadorias manufaturadas e importa alimentos e outros produtos agrícolas seria prejudicada com a remoção dos subsídios agrícolas E não é só a China que pode realmente beneficiar se dos subsídios à exportação dos países ricos Alguns agricultores do Terceiro Mundo são prejudica dos com os baixos preços das exportações de alimen tos subsidiadas da Europa e dos Estados Unidos mas os residentes urbanos do Terceiro Mundo beneficiam se e também os agricultores que produzem merca dorias como o café já que não competem com pro dutos subsidiados A África é o caso em questão Um levantamento de estimativas dos possíveis efeitos da Rodada Doha sobre a baixa renda das nações africanas descobriu que na maioria dos casos os países africanos fica riam de fato em pior situação porque os efeitos negativos de preços altos de alimentos mais do que compensariam os ganhos de preços altos para cultu ras como o algodão TABelA 106 Porcentagem de ganhos em renda sob dois cenários de Doha Ambiciosa Menos ambiciosa Renda alta 020 005 Renda média 010 000 China 002 005 Renda baixa 005 001 Mundo 018 004 Fonte Veja a Tabela 105 nião foi realizada na cidade alemã de Potsdam entre os quatro principais jogadores os Estados Unidos a União Europeia o Brasil e a Índia a China ficou à mar gem O resultado foi um impasse Os Estados Unidos e a União Europeia culparam o Brasil e a Índia por não estarem dispostos a abrir seus mercados para mercado rias manufaturadas enquanto o Brasil e a Índia acusa ram os Estados Unidos e a União Europeia de fazerem muito pouco na agricultura Houve mais uma tentativa de reviver a rodada em julho de 2008 Mas as conversas ruíram após oito dias somente por causa das discordâncias sobre o comércio agrícola entre os Estados Unidos a Índia e a China No momento da escrita deste livro a rodada inteira pareceu estar em um estado de suspensão em que nin guém admitia o fracasso mas não existiam negocia ções ativas Acordos de comércio preferencial Todos os acordos de comércio internacional que descrevemos até agora envolveram uma redução não discriminatória nas taxas da tarifa Por exemplo quando os Estados Unidos concordam com a Ale manha em baixar sua tarifa aduaneira sobre maqui nário importado a nova taxa de tarifa é aplicada ao maquinário de qualquer nação em vez de somente às importações da Alemanha Tal não discriminação é normal na maioria das tarifas aduaneiras De fato os Estados Unidos concedem a muitos países o status calendário político norte americano Em geral o Con gresso dá aos presidentes estadunidense um privilégio especial chamado de autoridade de promoção também conhecido informalmente como via rápida Quando a autoridade de promoção de comércio está em vigor o pre sidente pode enviar ao Congresso um acordo de comércio e exigir uma votação contra ou a favor Os membros do Congresso não podem introduzir emendas que digamos deem proteção especial para indústrias em seus distritos de origem Sem essa autoridade os acordos de comércio tendem a ser deformados e ficarem irreconhecíveis Mas a autoridade de promoção de comércio do pre sidente Bush estava agendada para expirar no fim de julho de 2007 e o Congresso democrático não ia dar uma nova autoridade para um presidente republicano que era carta fora do baralho Todos entenderam então que um fracasso em chegar a um acordo no fim do verão de 2007 garantiria que nenhum acordo seria feito antes da próxima administração presidencial Então uma reu M10KRUGXXXXC10indd 205 12915 614 PM 206 Economia internacional formalmente conhecido como nação mais favore cida NMF uma garantia de que suas exportações pagarão tarifas aduaneiras que não são mais altas do que a nação que paga a menor tarifa Todos os paí ses que recebem status de NMF portanto pagam as mesmas taxas As reduções da tarifa aduaneira sob o GATT sempre só com uma importante exceção são feitas na base da NMF Contudo existem alguns casos importantes nos quais as nações estabelecem acordos de comércio preferencial pelos quais as tarifas que eles aplicam entre seus produtos são menores do que as taxas dos mesmos produtos que vêm de outros países O GATT proíbe em geral tais acor dos mas faz uma exceção um tanto estranha é contra as regras o país A ter tarifas aduaneiras menores nas impor tações do país B do que nas importações do país C mas é aceitável se os países B e C concordarem em ter zero tari fas entre seus produtos Isto é o GATT proíbe os acordos de comércio preferencial no geral como uma violação do princípio NMF mas permite os se eles resultarem no livre comércio entre os países que os acordam8 No geral dois ou mais países que concordam em estabelecer o livre comércio podem fazê lo de uma das duas formas Eles podem estabelecer uma zona de livre comércio na qual as mercadorias de cada país podem ser enviadas para o outro sem tarifas aduanei ras mas na qual eles definem tarifas aduaneiras contra o mundo exterior de forma independente Ou podem estabelecer uma união aduaneira na qual eles devem concordar com as taxas da tarifa O Acordo de Livre Comércio da América do Norte que estabelece o livre comércio entre Canadá Estados Unidos e México cria uma zona de livre comércio não existe nenhuma exigência no acordo de que por exemplo o Canadá e o México tenham a mesma taxa de tarifa aduaneira em produtos têxteis da China A União Europeia por outro lado é uma união aduaneira completa Todos os países devem concordar em cobrar a mesma taxa de tarifa em cada mercadoria importada Cada sistema tem tanto vantagens quanto desvantagens Elas são discutidas no estudo de caso a seguir Sujeita às qualificações mencionadas anterior mente neste capítulo a redução de tarifa aduaneira é uma coisa boa que aumenta a eficiência econômica À primeira vista pode parecer que reduções prefe renciais de tarifa aduaneira também são boas se é que não são melhores do que a redução de tarifas no todo Afinal não é melhor um pedaço de pão do que nenhum pedaço Talvez surpreendentemente essa conclusão seja muito otimista É possível que um país se coloque em pior situação ao entrar para uma união aduaneira A razão pode ser ilustrada por um exemplo hipotético uti lizando a Grã Bretanha a França e os Estados Unidos Os Estados Unidos são um produtor de trigo de custo baixo US 4 por alqueire a França é um produtor de custo médio US 6 por alqueire e a Grã Bretanha é um produtor de custo alto US 8 por alqueire Tanto a Grã Bretanha quanto a França mantêm tarifas adua neiras contra todas as importações de trigo Se a Grã Bretanha forma uma união aduaneira com a França a tarifa contra o trigo francês mas não contra o norte americano será abolida Isso é bom ou ruim para a Grã Bretanha Para responder a essa pergunta consi dere dois casos Primeiro suponha que a tarifa inicial britânica seja alta o suficiente para excluir importações de trigo tanto da França quanto dos Estados Unidos Por exemplo com uma tarifa aduaneira de US 5 por alqueire custaria US 9 importar o trigo norte americano e US 11 impor 8 A lógica aqui parece ser legal em vez de econômica É permitido que as nações tenham livre comércio dentro de suas fronteiras ninguém insiste em que o vinho californiano pague a mesma tarifa aduaneira que o vinho francês quando ele é mandado para Nova York Isto é o princípio do MFN não é aplicado dentro de unidades políticas Mas o que é uma unidade política O GATT evita essa questão potencialmente espinhosa ao permitir que qualquer grupo de economias faça o que os países fazem e estabeleça o livre comércio dentro de algumas fronteiras definidas Zona de livre comércio versus união aduaneira A diferença entre uma zona de livre comércio e uma união aduaneira é em resumo que a primeira é poli ticamente simples apesar de ser uma dor de cabeça administrativa enquanto a segunda é o oposto Primeiro considere o caso de uma união aduaneira Uma vez que tal união é estabelecida a administra ção das tarifas é relativamente fácil as mercadorias devem pagar tarifas aduaneiras quando cruzam a fronteira da união mas daí em diante elas podem ser enviadas livremente entre os países Uma carga que é descarregada em Marselha ou Roterdã deve pagar os deveres fiscais lá mas não terá cobranças adicionais se for de caminhão para Munique Entretanto para fazer esse simples sistema funcionar os países devem concordar com as taxas da tarifa a obrigação fiscal deve ser a mesma independentemente de a carga ser descarregada em Marselha Roterdã ou até mesmo em Hamburgo porque senão os importadores esco lherão o ponto de entrada que minimiza suas taxas Então uma união aduaneira requer que a Alemanha M10KRUGXXXXC10indd 206 12915 614 PM 207 Capítulo 10 A economia política da política de comércio as PreFerências comerciais têm aPelo A União Europeia cai repetidamente em inúme ros problemas por causa da questão de preferências comerciais por bananas A maioria das exportações de banana do mundo vem de várias pequenas nações da América Cen tral as Banana Republics originais No entanto inúmeras nações europeias têm tradicionalmente comprado bananas de suas antigas ou atuais colô nias da Índia Ocidental no Caribe Para proteger os produtores das ilhas a França e o Reino Unido impu seram historicamente quotas de importação contra as bananas dólar da América Central que são nor malmente 40 mais baratas do que o produto da Índia Ocidental A Alemanha entretanto que nunca teve colônias na Índia Ocidental permitiu a livre entrada das bananas dólar Com a integração dos mercados europeus após 1992 o regime de banana existente tornou se impos sível de ser mantido porque era fácil importar as bananas dólar mais baratas para a Alemanha e depois enviá las para outro lugar na Europa Para prevenir esse resultado a Comissão Europeia anunciou em 1993 planos para impor uma nova quota de importa ção europeia comum contra as bananas dólar A Alema nha protestou furiosamente o movimento e até negou sua legalidade os alemães apontaram que o Tratado de Roma que estabelece a Comunidade Europeia con tém garantias explícitas o protocolo das bananas de que a Alemanha poderia importar bananas livremente Por que os alemães ficaram tão bravos sobre a questão das bananas Durante os anos de comando comunista na Alemanha Oriental as bananas eram a França a Holanda e todos os outros países concor dem em cobrar as mesmas tarifas aduaneiras Isso não é feito de forma fácil os países na verdade estão cedendo parte de sua soberania para uma entidade supranacional a União Europeia Isso vem sendo possível na Europa por inúme ras razões incluindo a crença de que a união da economia vai ajudar a consolidar a aliança política pós guerra entre as democracias europeias Um dos fundadores da União Europeia brincou uma vez que iria erguer uma estátua de Joseph Stalin sem cuja ameaça a União nunca teria sido criada Mas em outros lugares faltam essas condições As três nações que formaram o NAFTA teriam muita dificul dade em ceder controle sobre tarifas aduaneiras para qualquer órgão supranacional E seja como for seria difícil imaginar qualquer acordo que daria a devida importância para os interesses norte americanos sem permitir efetivamente que eles ditem a polí tica de comércio para o Canadá e o México O NAFTA portanto enquanto permite que as mercadorias mexicanas entrem nos Estados Unidos sem tarifas e vice versa não pede que México e Estados Unidos adotem uma tarifa externa comum em mercadorias que importam de outros países Isso entretanto levanta um problema diferente Sob o NAFTA uma camiseta feita por trabalhado res mexicanos pode ser levada para os Estados Uni dos livremente Mas suponha que os Estados Unidos queiram manter tarifas aduaneiras altas em camise tas importadas de outros países enquanto o México não impõe tarifas similares O que impede alguém de enviar uma camiseta digamos de Bangladesh para o México depois colocá la em um caminhão com des tino a Chicago A resposta é que embora os Estados Unidos e o México tenham livre comércio as mercadorias envia das do México para os Estados Unidos devem passar por inspeções alfandegárias E elas podem entrar nos Estados Unidos sem deveres fiscais somente se tive rem documentos provando que são de fato mercado rias mexicanas e não importações vindas de países terceiros Mas o que é uma camiseta mexicana Se uma camiseta vem de Bangladesh mas os mexicanos costuram os botões isso faz dela uma camiseta mexicana Provavelmente não Mas se tudo exceto os botões foi feito no México então provavelmente ela deve ser considerada mexicana A questão é que administrar a zona de livre comércio que não é uma união aduaneira requer não só que os países conti nuem a verificar as mercadorias na fronteira mas que especifiquem um conjunto elaborado de regras de origem que determinem se uma mercadoria é aceitável ou não para passar a fronteira sem pagar a tarifa Como resultado os acordos de livre comércio como o NAFTA impõem uma grande carga de papelada o que pode ser um obstáculo significativo para o comércio mesmo quando tal comércio é em princípio livre M10KRUGXXXXC10indd 207 12915 614 PM 208 Economia internacional tar o trigo francês então os consumidores britânicos com prariam o trigo britânico por US 8 como alternativa Quando a tarifa aduaneira sobre o trigo francês é elimi nada as importações da França substituirão a produção britânica Do ponto de vista britânico isso é um ganho porque custa US 8 para produzir um alqueire de trigo nacionalmente enquanto a Grã Bretanha só precisa pro duzir US 6 em valor de mercadorias de exportação para pagar um alqueire de trigo francês Por outro lado suponha que a tarifa aduaneira fosse menor por exemplo US 3 por alqueire de forma que antes de entrar na união aduaneira a Grã Bretanha comprou seu trigo dos Estados Unidos a um custo de US 7 por alqueire para o consumidor em vez de produzir seu próprio trigo Quando a união aduaneira é formada os consumidores comprarão trigo francês por US 6 em vez de trigo norte americano por US 7 Então as importações de trigo dos Estados Unidos ces sarão Entretanto o trigo norte americano é realmente mais barato do que o trigo francês Os US 3 de imposto que os consumidores britânicos devem pagar no trigo norte americano retornam para o governo britânico em forma de receita e portanto não são um custo líquido para a economia britânica A Grã Bretanha terá de dedicar mais recursos às exportações para pagar pelo trigo que importa e ficará em pior situação em vez de em melhor situação Essa possibilidade de perda é outro exemplo da teo ria do segundo melhor Pense na Grã Bretanha tendo inicialmente duas políticas que distorcem incentivos uma tarifa aduaneira contra o trigo norte americano e uma tarifa aduaneira contra o trigo francês Ape sar da tarifa aduaneira contra o trigo francês parecer distorcer os incentivos ela pode na verdade ajudar a compensar a distorção de incentivos resultantes da tarifa aduaneira contra os Estados Unidos encora jando o consumo do trigo estadunidense que é mais barato Portanto retirar a tarifa aduaneira do trigo francês pode de fato reduzir o bem estar Voltando aos nossos dois casos repare que a Grã Bretanha ganha se a formação de uma união aduaneira resulta em novo comércio o trigo francês substituindo a produção nacional enquanto perde se o comércio den tro da união aduaneira simplesmente substitui o comércio com países de fora da união Na análise dos acordos de comércio preferenciais o primeiro caso é chamado de cria ção de comércio enquanto o segundo é chamado de desvio de comércio Se uma união aduaneira é desejável ou não depende se leva principalmente à criação de comércio ou ao desvio de comércio um luxo raro A disponibilidade repentina de bana nas baratas depois da queda do Muro de Berlim transformou as em símbolo de liberdade Então o governo alemão estava pouco disposto a introduzir uma política que aumentaria drasticamente os preços das bananas No fim a Alemanha de má vontade aceitou o novo e unificado sistema europeu de preferências comer ciais sobre as bananas Mas isso não acabou com a controvérsia Em 1995 os Estados Unidos entraram na briga alegando que ao se intrometerem com o sis tema de preferências já existente os europeus esta vam prejudicando os interesses não só das nações da América Central mas também os de uma poderosa corporação norte americana a Chiquita Banana Com pany cujo CEO havia doado grandes quantias tanto para políticos democratas como para republicanos Em 1997 a Organização Mundial do Comércio des cobriu que o regime europeu de importação de banana violava as regras do comércio internacional Então a Europa impôs um regime meio revisto mas essa ten tativa pouco entusiasta de resolver o problema da banana provou se inútil A disputa intensificou se com os Estados Unidos eventualmente retaliando ao impor tarifas aduaneiras altas em uma variedade de mercadorias europeias incluindo bolsas de grife e queijo pecorino Em 2001 a Europa e os Estados Unidos concordaram com um plano para acabar com as quotas de importa ção da banana ao longo do tempo O plano criou muita dificuldade e alarmou as nações caribenhas que teme ram terríveis consequências com sua perda de acesso privilegiado para o mercado europeu Mas mesmo assim a história não estava acabada Em janeiro de 2005 a União Europeia anunciou que eliminaria as quotas de importação das bananas mas que iria triplicar a tarifa aduaneira nas bananas que não viessem dos chamados países ACP africanas caribenhas e do Pacífico essen cialmente ex colônias europeias Os países da América Latina imediatamente mexeram se para desafiar a nova tarifa aduaneira e em dezembro de 2007 a OMC deter minou que o regime europeu das bananas mais recente como seu predecessor era ilegal O preço das ações da Chiquita deu um salto com a notícia Por fim em dezembro de 2009 a União Europeia chegou a um acordo com os produtores de banana da América Latina Isso não eliminaria completamente as preferências comerciais mas cortaria as tarifas adua neiras sobre as bananas em um terço durante um período de sete anos M10KRUGXXXXC10indd 208 12915 614 PM 209 Capítulo 10 A economia política da política de comércio desvio dos Fluxos comerciais na américa do sul Em 1991 quatro nações sul americanas Argen tina Brasil Paraguai e Uruguai formaram uma área de livre comércio conhecida como Mercosul O pacto teve efeito imediato e dramático no comércio em quatro anos o valor do comércio entre as nações tri plicou Os líderes da região orgulhosamente procla maram o Mercosul como um grande sucesso parte de um pacote de reforma econômica ainda mais amplo Mas enquanto o Mercosul claramente foi bem sucedido em aumentar o comércio intrarregional a teoria das áreas de comércio preferencial nos diz que isso pode não ser uma coisa boa se um novo comércio veio à custa do comércio que de outra maneira acon teceria com o resto do mundo isto é se o pacto desviou o fluxo do comércio em vez de criá lo isso pode ter na verdade reduzido o bem estar E como esperado em 1996 um estudo preparado pelo econo mista de comércio chefe do Banco Mundial concluiu que apesar do sucesso do Mercosul em aumentar o comércio regional quer dizer porque esse sucesso veio à custa de outros comércios o efeito líquido nas economias envolvidas foi provavelmente negativo Em essência o relatório argumentou que como resultado do Mercosul os consumidores nos países membros estavam sendo induzidos a comprar mer cadorias produzidas de forma mais cara pelos paí ses vizinhos do que mercadorias mais baratas mas fortemente tarifadas de outros países Em especial por causa do Mercosul a indústria de automóveis brasileira altamente protegida e um tanto ineficiente adquiriu de fato um mercado cativo na Argentina deslocando portanto as importações de outro lugar assim como o nosso texto exemplo no qual o trigo francês tirou o lugar do trigo norte americano no mercado britânico Essas descobertas conclui o ras cunho inicial do relatório parecem constituir a evi dência mais convincente e perturbadora até agora em relação aos potenciais efeitos adversos dos acordos de comércio regional Mas isso não é o que o relatório final e publicado diz O rascunho inicial vazou para a imprensa e gerou uma chuva de protestos dos governos do Merco sul principalmente do Brasil Sob pressão primeiro o Banco Mundial atrasou a publicação do relatório então eventualmente lançou a versão que incluía uma série de ressalvas Ainda assim mesmo na versão publicada o relatório fez bastante caso dizendo que o Mercosul se não é contraprodutivo por completo ao menos produziu uma quantidade considerável de desvio dos fluxos comerciais resumo 1 Apesar de poucos países praticarem o livre comércio a maio ria dos economistas continua a tratar o livre comércio como uma política desejável Essa defesa baseia se em três linhas de argumento Primeiro é um caso formal para os ganhos de eficiência do livre comércio que é simplesmente a análise do custo benefício da política de comércio lida ao contrário Se gundo muitos economistas acreditam que o livre comércio produz ganhos adicionais que vão além dessa análise for mal E por último dada a dificuldade em traduzir análises econômicas complexas em políticas reais mesmo aqueles que não enxergam o livre comércio como a melhor política imaginável veem na como uma regra útil 2 Existe um caso intelectualmente respeitável para desviar do livre comércio Um argumento que é claramente válido em princípio é o de que os países podem melhorar seus termos de comércio por meio de tarifas aduaneiras e taxas de ex portação melhores Entretanto na prática esse argumento não é muito importante Os países pequenos não têm mui ta influência em seus preços de importação e exportação então eles não podem utilizar tarifas aduaneiras ou outras políticas para aumentar seus termos de comércio Os países maiores por outro lado podem influenciar seus termos de comércio mas ao imporem tarifas aduaneiras eles correm o risco de romper acordos comerciais e provocar retaliação 3 O outro argumento para desviar do livre comércio apoia se nas falhas de mercado interno Se algum mercado nacional como o mercado de mão de obra falha em funcionar da for ma correta desviar do livre comércio pode às vezes ajudar a reduzir as consequências desse mau funcionamento A teo ria do segundo melhor afirma que se um mercado falha em trabalhar corretamente já não é melhor para o governo abster se de intervenção em outros mercados A tarifa adua neira pode aumentar o bem estar se existe um benefício so cial marginal para a produção de uma mercadoria que não é capturada pelas medidas do excedente do produtor 4 Apesar de falhas de mercado serem provavelmente co muns o argumento de falha de mercado interno não deve ria ser aplicado livremente Primeiro é um argumento para políticas nacionais em vez de políticas de comércio As tari fas aduaneiras são sempre uma segunda melhor forma inferior de compensar a falha de mercado interno que é sempre mais bem tratada em sua fonte Segundo é difícil analisar bem o suficiente a falha de mercado para ter certe za da recomendação da política apropriada M10KRUGXXXXC10indd 209 12915 614 PM 210 Economia internacional 5 Na prática a política de comércio é dominada pelas consi derações de distribuição de renda Não existe uma forma única de modelar as políticas da prática de comércio mas várias ideias úteis foram propostas Os cientistas políticos frequentemente argumentam que as práticas são deter minadas pela concorrência entre partidos políticos que tentam atrair o máximo de eleitores possível No caso mais simples isso leva à adoção de políticas que servem aos in teresses do eleitor mediano Entretanto enquanto útil para pensar sobre muitas questões essa abordagem parece ren der predições não realistas para as políticas de comércio o que normalmente favorece os interesses de grupos peque nos e concentrados em vez do público geral Os economis tas e cientistas políticos geralmente explicam isso apelando para o problema da ação coletiva Como os indivíduos po dem ter pouco incentivo para agir politicamente em nome de grupos para os quais eles pertencem esses grupos que são bem organizados normalmente pequenos grupos com muita coisa em jogo são capazes de conseguir políticas que servem aos seus interesses à custa da maioria 6 Se a política de comércio fosse feita numa base puramente nacional o progresso em direção a um comércio mais livre seria muito difícil de ser alcançado Contudo na verdade os países industriais têm atingido reduções substanciais em tarifas aduaneiras por meio de um processo de negociação internacional A negociação internacional ajuda a causa da redução de tarifa aduaneira de duas formas ela ajuda a am pliar o eleitorado para o comércio mais livre dando aos ex portadores uma participação direta e ajuda os governos a evitar as guerras comerciais mutuamente desvantajosas que políticas internacionalmente descoordenadas podem causar 7 Apesar de poucos progressos terem sido feitos nos anos 1930 em direção à liberalização por meio de acordo bi lateral desde a Segunda Guerra Mundial a coordenação internacional tem ocorrido principalmente por meio de acordos multilaterais sob as circunstâncias favoráveis do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio O GATT que compreende uma burocracia e um conjunto de regras de conduta é a instituição central do sistema de comér cio internacional O mais recente acordo mundial do GATT também definiu uma nova organização a Organização Mundial do Comércio OMC para monitorar e fazer cum prir os acordos 8 Além da redução global em tarifas aduaneiras que tem acontecido por meio de negociação multilateral alguns grupos de países negociaram acordos de comércio prefe rencial pelos quais eles diminuem as tarifas aduaneiras em relação uns aos outros mas não em relação ao resto do mundo São permitidos dois tipos de acordos de comércio preferencial sob o GATT uniões aduaneiras nas quais os membros do acordo definem tarifas aduaneiras externas comuns e as áreas de livre comércio nas quais os membros não cobram tarifas aduaneiras entre seus produtos mas de finem suas próprias taxas de tarifa aduaneira contra o resto do mundo Os dois tipos de acordos têm efeitos ambíguos no bem estar econômico Se juntar se a tal acordo resulta na substituição do alto custo nacional de produção ao im portar de outros membros do acordo o caso da criação de comércio o país ganha Mas se juntar se ao acordo resulta na substituição de importações de baixo custo de fora da zona por mercadorias de alto custo das nações membro o caso do desvio de comércio o país perde termos chave Problemas ação coletiva p 193 Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT p 199 acordos de comércio preferencial p 206 argumento político para o livre comércio p 186 benefício social marginal p 190 busca por renda p 186 caso de eficiência para o livre comércio p 185 criação de comércio p 208 desvio de comércio p 208 dilema do prisioneiro p 198 eleitor mediano p 192 falhas de mercado interno p 189 guerra comercial p 197 melhor tarifa p 189 negociação internacional p 196 Organização Mundial do Comércio OMC p 199 rodada de negociação p 199 teoria do segundo melhor p 190 termos do argumento de comércio para uma tarifa adua neira p 188 união aduaneira p 208 vinculação p 199 zona de livre comércio p 206 1 Para um país pequeno como as Filipinas uma mudança para o livre comércio teria enormes vantagens Permitiria que consumidores e produtores fizessem suas escolhas ba seadas nos custos reais das mercadorias e não em preços artificiais determinados pela política do governo Permiti ria escapar dos confins de um mercado nacional limitado Abriria novos horizontes para o empreendedorismo e mais importante ajudaria a limpar as políticas nacionais Sepa re e identifique os argumentos para o livre comércio nessa declaração M10KRUGXXXXC10indd 210 12915 614 PM 211 Capítulo 10 A economia política da política de comércio 2 Quais dos seguintes argumentos são potencialmente vá lidos para tarifas aduaneiras ou subsídios à exportação e quais não são Explique suas respostas a Quanto mais petróleo os Estados Unidos importam mais o preço do petróleo vai subir na próxima escassez mundial b As crescentes exportações de fruta fora de época do Chi le que agora representam 80 da oferta norte americana de tal fruta produzida como uvas de inverno estão con tribuindo para a queda acentuada dos preços dessas ex mercadorias de luxo c As exportações agrícolas norte americanas não significam somente maiores rendas para os agricultores elas signifi cam maior receita para todos os que vendem mercadorias e serviços para o setor agrícola estadunidense d Os semicondutores são o petróleo bruto da tecnologia Se não produzimos nossos próprios chips o fluxo de informa ção que é crucial para toda indústria que utiliza microele trônicos será comprometido e O preço real da madeira caiu 40 e milhares de madeirei ros foram forçados a procurar outros trabalhos 3 Um país pequeno pode importar uma mercadoria a um pre ço mundial de 10 por unidade A curva de oferta nacional dessa mercadoria é S 20 10P A curva de demanda é D 400 5P Além disso cada unidade produzida rende um benefício so cial marginal de 10 a Calcule o efeito total no bem estar de uma tarifa aduanei ra de 5 por unidade cobrado em importações b Calcule o efeito total de um subsídio de produção de 5 por unidade c Por que o subsídio de produção produz um ganho maior no bem estar do que uma tarifa aduaneira d Qual seria o melhor subsídio de produção 4 Suponha que demanda e oferta sejam exatamente como as descritas no Problema 3 mas não exista benefício social marginal para a produção Entretanto por razões políticas o governo estima o valor de dólares em ganho para produ tores como US 3 tanto de ganho do consumidor ou receita do governo Calcule os efeitos no objetivo do governo de uma tarifa aduaneira de 5 por unidade 5 Após a entrada da Polônia na União Europeia suponha que seja descoberto que o custo da produção de automóveis na Polônia é 20000 enquanto na Alemanha é 30000 Su ponha que a UE que tem uma união aduaneira tenha uma tarifa aduaneira X por cento em automóveis e os custos da produção sejam iguais a Y avaliado em euros no Japão Co mente se a entrada da Polônia na União Europeia resultará em criação de comércio ou em desvio de comércio sob os seguintes cenários a X 50 e Y 18000 b X 100 e Y 18000 c X 100 e Y 12000 6 Não existe motivo para a reclamação dos Estados Unidos so bre as políticas de comércio no Japão e na Europa Cada país tem direito a fazer o que quer que seja para seu melhor inte resse Em vez de reclamar sobre as políticas de comércio es trangeiras os Estados Unidos deveriam deixar outros países seguirem seu rumo e largar mão de nossos próprios precon ceitos sobre o livre comércio e seguir o exemplo deles Discuta tanto a economia e a política econômica desse ponto de vista 7 Dê uma explicação intuitiva para o argumento da melhor tarifa aduaneira 8 Se os governos fazem as políticas de comércio com base no bem estar econômico nacional o problema do estado de guerra do comércio ainda é representado pelo jogo do dile ma do prisioneiro como na Tabela 104 Qual é a solução de equilíbrio para o jogo se os governos formulam suas políti cas dessa forma Será que eles escolheriam a estratégia de protecionismo 9 Os Estados Unidos tomaram medidas para restringir im portações de certas mercadorias chinesas como brinque dos que contêm chumbo e frutos do mar que não cumprem os padrões de saúde a fim de proteger os consumidores norte americanos Algumas pessoas disseram que isso mos tra um padrão duplo se estamos dispostos a restringir mer cadorias nesses termos por que não deveríamos restringir importações de mercadorias que são produzidas com mão de obra mal paga Por que esse argumento é válido ou por que não leituras adicionais CORDEN W M Trade Policy and Economic Welfare Oxford Clarendon Press 1974 A clássica pesquisa dos argumentos econômicos a favor e contra a proteção DESTLER I M American Trade Politics 4 ed Washington DC Peterson Institute for International Economics 2005 Um retrato compreen sivo dos processos reais de formulação de política de comércio e sua evolução ao longo do tempo GROSSMAN G M HELPMAN E Interest Groups and Trade Policy Prin ceton Princeton University Press 2002 Um acervo de trabalhos e estudos de caso sobre modelos de política econômica moderna de política de comércio SCHOTT J The Uruguay Round An Assessment Washington DC Institute for International Economics 1994 Uma pesquisa felizmente breve e de leitura agradável das questões e realizações da mais recente rodada do GATT junto com um levantamento com muitas informações da rele vante pesquisa BOSSCHE P The Law and Policy of the World Trade Organization Cambridge Cambridge University Press 2008 Um levantamento compreensivo com textos e outros materiais do quadro jurídico do comércio internacional ORGANIZAÇÃO do Comércio Mundial Entendendo a OMC Genebra Organização Mundial do Comércio 2007 Um autolevantamento útil sobre o papel da história da instituição M10KRUGXXXXC10indd 211 12915 614 PM Provando que a melhor tarifa é positiva APÊNDICE DO CAPÍTULO 10 Uma tarifa aduaneira sempre melhora os termos de comércio de um país grande mas ao mesmo tempo dis torce a produção e o consumo Este Apêndice mostra que para uma tarifa aduaneira suficientemente pequena os ganhos de termos de comércio são sempre maiores do que a perda por distorção Portanto existe sempre uma melhor tarifa que é positiva Para provar esse ponto focamos no caso no qual todas curvas de demanda e oferta são lineares isto é são linhas retas Oferta e procura Supomos que Doméstica o país importador tem uma curva de demanda cuja equação é D a bP 10A1 onde P é o preço interno da mercadoria e uma curva de oferta cuja equação é Q e fP 10A2 A demanda de importação de Doméstica é igual à diferença entre demanda e oferta nacional D Q a e b fP 10A3 A oferta de exportação de Estrangeira também é uma linha reta Q D g hPW 10A4 onde PW é o preço mundial O preço interno em Doméstica vai ultrapassar o preço mundial pela tarifa aduaneira P PW t 10A5 As tarifas e os preços Uma tarifa aduaneira deixa uma brecha entre preços internos e mundiais levando o preço interno de Domés tica para cima e o preço mundial para baixo Figura 10A1 No equilíbrio do mundo a demanda de importação de Doméstica se iguala à oferta de exportação de Estrangeira a e b f x PW t g hPW 10A6 Suponha que PF seja o preço mundial que prevale ceria se não existisse tarifa aduaneira Então uma tarifa aduaneira t aumentará o preço interno para P PF thb f h 10A7 ao mesmo tempo em que diminui o preço mundial para PW PF t b f b f h 10A8 Para um país pequeno a oferta estrangeira é alta mente elástica isto é h é muito grande Então para um país pequeno a tarifa aduaneira terá pouco efeito no FIGURA 10A1 Os efeitos de uma tarifa aduaneira nos preços Em um modelo linear podemos calcular o efeito exato de uma tarifa aduaneira nos preços Oferta de exportação de Estrangeira Demanda de importação de Doméstica Quantidade Q Preço P PW PF P t M10KRUGXXXXC10indd 212 12915 614 PM 213 Capítulo 10 A economia política da política de comércio preço mundial enquanto aumenta o preço nacional em quase um para um A tarifa aduaneira e o bem estar nacional Agora utilizaremos o que aprendemos para obter os efeitos de uma tarifa aduaneira no bem estar de Domés tica Figura 10A2 Q1 e D1 representam os níveis de livre comércio do consumo e da produção Com uma tarifa aduaneira o preço interno aumenta com o resul tado de que Q aumenta para Q2 e D cai para D2 onde Q2 Q1 tfhb f h 10A9 e D2 D1 tbhb f h 10A10 O ganho a partir de um preço mundial menor é a área do retângulo na Figura 10A2 a queda no preço multipli cada pelo nível de importações após a tarifa aduaneira Ganho D2 Q2 x tb f b f h t x D1 Q1 x b f b f h t2 x hb f 2 b f h2 10A11 A perda do consumo distorcido é a soma das áreas dos dois triângulos na Figura 10A2 Perda 12 Q2 Q1 P PF 12 D1 D2 P PF t2 b f h22b f h2 10A12 O efeito líquido de bem estar é portanto Ganho perda t U t2 V 10A13 onde U e V são expressões complicadas que são entre tanto independentes do nível da tarifa aduaneira e positivas Isto é o efeito líquido é a soma de um número positivo vezes a taxa da tarifa aduaneira e um número negativo vezes o quadrado da taxa da tarifa aduaneira Agora podemos ver que quando uma tarifa adua neira é pequena o suficiente o efeito líquido deve ser positivo A razão é que quando fazemos um número menor o quadrado desse número diminui mais rápido do que o próprio número Suponha que uma tarifa aduaneira de 20 acabe por produzir uma perda líquida Então tente uma tarifa aduaneira de 10 O termo positivo no efeito dessa tarifa será somente metade do tamanho como com uma tarifa de 20 mas a parte negativa será somente um quarto do tamanho Se o efeito líquido ainda for negativo tente uma tarifa aduaneira de 5 Isso produzirá novamente o efeito negativo duas vezes maior que o efeito positivo A uma tarifa aduaneira suficientemente baixa o efeito nega tivo terá de ser superado pelo efeito positivo FIGURA 10A2 Os efeitos de bem estar de uma tarifa aduaneira O benefício líquido de uma tarifa aduaneira é igual a área do retângulo preenchido menos a área dos dois triângulos sombreados Quantidade Q Preço P PW PF Q1 Q2 D2 D1 Perda Ganho D S P M10KRUGXXXXC10indd 213 12915 614 PM Título da parte PARTE 1 política comercial nos países em desenvolvimento CAPÍTULO 11 Até agora analisamos os instrumentos de política de comércio e seus objetivos sem especifi car o contexto isto é sem dizer muito sobre o país que realiza essas políticas Cada país tem sua própria história e questões mas ao discutir política econômica uma diferença entre eles torna se óbvia seus níveis de renda Como a Tabela 111 sugere as nações diferem extremamente em suas rendas per capita De um lado do espectro estão as nações desenvolvidas um clube cujos membros incluem Europa Ocidental vários países em grande parte colonizados por europeus incluindo os Estados Unidos e o Japão Esses países têm rendas per capita que em alguns casos chegam a US 40000 por ano A maior parte da população mundial entretanto vive em nações que são substancialmente mais pobres A faixa de renda entre esses países em desenvolvi mento1 é muito ampla Alguns deles como a Coreia do Sul agora são considerados membros de um grupo de nações recém industrializadas com o status de país desenvolvido tanto em termos de estatísticas oficias quanto na forma com a qual eles pensam sobre si mesmos Outros como Bangladesh permanecem desesperadamente pobres No entanto para praticamente todos os países em desenvolvimento a tentativa de fechar a diferença na renda com nações mais desen volvidas tem sido a preocupação central da política econômica Por que alguns países são tão mais pobres do que outros Por que alguns países que eram pobres há uma geração conseguiram ter um progresso drástico enquanto outros não conseguiram Essas são perguntas profundamente controversas e tentar respondê las ou até mesmo descre ver longamente as respostas que os economistas propuseram ao longo dos anos nos afastaria do escopo deste livro O que podemos dizer entretanto é que a mudança das visões sobre o desenvol vimento econômico teve um papel importante em determinar a política de comércio Por cerca de 30 anos após a Segunda Guerra Mundial as políticas de comércio em muitos paí ses em desenvolvimento eram fortemente influenciadas pela crença de que a chave para o desen volvimento econômico era a criação de um forte setor industrial e que a melhor forma de criá lo era proteger os produtores nacionais da competição internacional A primeira parte deste capí tulo descreve a razão para essa estratégia de industrialização de substituição de importação bem como as críticas a essa estratégia que se tornou cada vez mais comum após 1970 e o surgimento 1 País em desenvolvimento é um termo utilizado pelas organizações internacionais que se tornou padrão embora alguns países em desenvolvimento tenham passado por longos períodos de declínio dos padrões de vida Um termo mais des critivo mas menos educado é países menos desenvolvidos PMD tabela 111 Produto interno bruto per capita 2009 ajustado para diferenças em níveis de preço Estados Unidos US 49428 Alemanha US 40511 Japão US 37449 Coreia do Sul US 32954 México US 14943 China US 10371 Bangladesh US 1929 Fonte Conference Board Total Economy Database M11KRUGXXXXC11indd 214 12915 615 PM 215 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento Industrialização de substituição de importação Da Segunda Guerra Mundial até a década de 1970 muitos países em desenvolvimento tentaram acelerar seu crescimento limitando as importações de mercado rias manufaturadas a fim de nutrir um setor manufa tureiro que servisse ao mercado nacional Essa estra tégia tornou se popular por uma série de razões mas argumentos econômicos teóricos para a substituição de importação desempenharam um papel importante para seu crescimento Provavelmente o mais importante des ses argumentos foi o argumento da indústria nascente que mencionamos no Capítulo 7 O argumento da indústria nascente De acordo com o argumento da indústria nascente os países em desenvolvimento têm uma vantagem com parativa potencial na manufatura mas novas indús trias manufatureiras em países em desenvolvimento não podem competir inicialmente com indústrias bem estabelecidas em países desenvolvidos Então para permitir que a indústria tenha um ponto de apoio os governos devem apoiar as novas indústrias temporaria mente até que elas tenham ficado fortes para enfrentar a concorrência internacional Portanto faz sentido de acordo com esse argumento utilizar tarifas aduaneiras e quotas de importação como medidas temporárias para começar a industrialização É um fato histórico que algumas das maiores economias de mercado do mundo tenham começado sua industrialização atrás de barreiras de comércio os Estados Unidos tinham altas taxas de tarifa em manufaturas no século XIX enquanto o Japão tinha controles extensos de importa ção até a década de 1970 Problemas com o argumento da indústria nascente O argumento da indústria nascente parece altamente plau sível e na realidade tem sido persuasivo para muitos governos Ainda assim os economistas apontaram mui tas armadilhas no argumento sugerindo que ele deva ser utilizado cautelosamente Primeiro não é sempre uma boa ideia tentar entrar hoje nas indústrias que terão vantagem comparativa no futuro Suponha que um país que atualmente é abun dante em mão de obra esteja em processo de acumulação de capital Quando ele acumular capital suficiente terá uma vantagem comparativa nas indústrias de capital intensivo Entretanto isso não significa que ele deveria tentar desenvolver essas indústrias imediatamente Na década de 1980 por exemplo a Coreia do Sul tornou se exportadora de automóveis Provavelmente não teria sido uma boa para a Coreia do Sul tentar desenvolver sua indústria na década de 1960 quando o capital e o trabalho qualificado ainda eram bem escassos Segundo proteger a fabricação não faz nenhum bem a não ser que a proteção em si ajude a tornar a indústria competitiva Por exemplo o Paquistão e a Índia protege ram seus setores manufatureiros por décadas e recente mente começaram a desenvolver exportações significa tivas de mercadorias manufaturadas Esses artigos que eles exportam entretanto são mercadorias leves como as têxteis e não os produtos manufaturados pesados que eles protegeram uma boa conjetura é que eles teriam desenvolvido suas exportações manufatureiras mesmo se nunca tivessem protegido a indústria Alguns econo de uma nova prudência convencional no fim da década de 1980 que enfatizou as virtudes do livre comércio A segunda parte do capítulo descreve a mudança notável na política de comércio dos países em desenvolvimento que aconteceu desde a década de 1980 Por fim embora os economistas tenham debatido as razões para as grandes diferenças de renda entre as nações desde o meio da década de 1960 um crescente grupo de nações asiáticas surpreendeu o mundo ao alcan çar taxas espetaculares de crescimento econômico A terceira parte deste capítulo é voltada para a interpretação do milagre asiático e suas implicações muito controversas para a política do comércio internacional ObJetivOs de aprendizaGeM Após a leitura deste capítulo você será capaz de Recapitular o caso para o protecionismo da forma como tem sido historicamente praticado em países em desen volvimento e discutir a substituição de importação que leva à industrialização e o argumento da indústria nascente Resumir as ideias básicas por trás do dualismo econômico e sua relação com o comércio internacional Discutir a história econômica recente dos países asiáticos como a China e a Índia e detalhar a relação entre seu rápido crescimento econômico e sua participação no comércio internacional M11KRUGXXXXC11indd 215 12915 615 PM 216 Economia internacional mistas avisaram sobre o argumento da indústria pseu donascente no qual uma indústria começa protegida então se torna competitiva por razões que não têm nada a ver com a proteção Nesse caso a proteção da indústria nascente acaba parecendo um sucesso mas pode ter sido na verdade um custo líquido para a economia De modo mais geral o fato de que é dispendioso e demorado construir uma indústria não é argumento para intervenção do governo a não ser que exista alguma falha de mercado interno Se uma indústria é presumidamente capaz de ganhar retornos altos o suficiente para capital mão de obra e outros fatores de produção que façam o desenvolvimento valer a pena então por que os investido res privados não a desenvolvem sem a ajuda do governo Algumas vezes argumenta se que os investidores pri vados levam em conta somente os retornos atuais em uma indústria e deixam de levar em contra a prospecção futura mas esse argumento não é consistente com o com portamento do mercado Em países desenvolvidos ao menos os investidores frequentemente apoiam projetos cujos retornos são incertos e repousam no futuro Con sidere por exemplo a indústria de biotecnologia norte americana que atraiu centenas de milhões de dólares de capital anos antes de fazer uma única venda comercial Justificativas de falha de mercado para a proteção da indústria nascente Para justificar o argumento da indústria nascente é necessário ir além da visão plausí vel mas questionável de que as indústrias sempre preci sam ser protegidas quando são novas Se a proteção da indústria nascente é justificável isso depende do tipo de análise sobre o qual discutimos no Capítulo 10 Isto é o argumento para proteção de uma indústria em seu cres cimento inicial deve estar relacionado a algum conjunto particular de falhas no mercado que impede os merca dos privados de desenvolverem a indústria tão rápido quanto eles poderiam fazer Proponentes sofisticados do argumento da indústria nascente identificaram duas falhas de mercado como as razões de por que a proteção da indústria nascente pode ser uma boa ideia mercados de capitais imperfeitos e o problema da apropriabilidade A justificativa dos mercados de capitais imperfeitos para a proteção da indústria nascente é a seguinte se um país em desenvolvimento não tem um conjunto de insti tuições financeiras como um mercado de ações eficiente e bancos que permitiriam que as poupanças dos setores tradicionais como a agricultura fossem utilizadas para financiar investimentos em novos setores como a manu fatura então o crescimento de novas indústrias ficaria restrito pela capacidade de as empresas nessas indús trias ganharem lucros atuais Portanto baixos lucros iniciais serão um obstáculo para investir mesmo se os retornos de longo prazo sobre o investimento forem altos A primeira melhor política é criar um mercado de capital melhor mas a proteção das novas indústrias que aumentaria os lucros e portanto permitiria um crescimento mais rápido pode ser justificada como uma segunda opção de melhor política O argumento de apropriabilidade para a proteção da indústria nascente pode tomar várias formas mas todas terão em comum a ideia de que as empresas em uma nova indústria geram benefícios pelos quais elas não são compensadas Por exemplo as empresas que entrarem primeiro na indústria podem ficar sujeitas aos custos de startup de adaptar a tecnologia às circunstâncias locais ou de abertura de novos mercados Se as outras empresas são capazes de seguir seus caminhos sem se sujeitarem a esses custos de startup os pioneiros serão impedidos de colher quaisquer retornos desses gastos Dessa forma as empresas pioneiras além de produzirem produtos físi cos criam benefícios intangíveis como conhecimento ou novos mercados sobre os quais eles não podem estabelecer direitos de propriedade Em alguns casos os benefícios sociais advindos da criação de uma nova indústria ultrapassarão os custos porém por causa do problema da apropriabilidade nenhum empresário pri vado vai estar disposto a entrar na indústria A primeira melhor resposta é compensar as empresas pelas suas contribuições intangíveis No entanto quando isso não é possível existe um segundo melhor caso para encora jar a entrada em uma nova indústria utilizando tarifas aduaneiras ou outras políticas de comércio Tanto o argumento para os mercados de capitais imperfeitos quanto o caso da apropriabilidade para pro teção da indústria nascente são claramente casos espe ciais da justificativa de falha de mercado para interferência no livre comércio A diferença é que nesse caso os argu mentos aplicam se especificamente a novas indústrias em vez de qualquer indústria Entretanto os problemas gerais com a abordagem da falha de mercado permanecem Na prática é difícil avaliar quais indústrias realmente justi ficam o tratamento especial e há risco de que a política destinada a promover o desenvolvimento acabe sendo capturada por interesses especiais Existem muitas histó rias de indústrias nascentes que nunca cresceram e conti nuam dependentes da proteção Promover a fabricação mediante proteção Embora existam dúvidas sobre o argumento da indústria nascente muitos países em desenvolvimento têm visto esse argumento como uma razão convincente para fornecer apoio especial para o desenvolvimento de M11KRUGXXXXC11indd 216 12915 615 PM 217 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento indústrias manufatureiras Em princípio tal apoio pode ser fornecido em uma variedade de formas Por exemplo os países poderiam fornecer subsídios para a produção manufatureira em geral ou focar seus esforços em sub sídios para a exportação de algumas mercadorias manu faturadas em que eles acreditem que possam desenvol ver uma vantagem comparativa Na maioria dos países em desenvolvimento entretanto a estratégia básica da industrialização tem sido desenvolver indústrias orien tadas ao mercado nacional por meio da utilização de restrições de comércio como as tarifas e quotas que encorajam a substituição das mercadorias importadas pelos produtos nacionais A estratégia de encorajar a indústria nacional limitando as importações de merca dorias manufaturadas é conhecida como a estratégia da industrialização de substituição de importação Alguém pode se perguntar por que é necessário fazer uma escolha Por que não encorajar tanto a substituição de importação quanto as exportações Essa resposta remete à análise do equilíbrio geral das tarifas no Capí tulo 6 uma tarifa aduaneira que reduz as importações também reduz necessariamente as exportações Ao pro teger as indústrias de substituição de importação os países tiram recursos dos setores de exportação reais ou potenciais Então a escolha de um país em buscar subs tituição para importações também é a escolha de desen corajar o crescimento da exportação As razões pelas quais a substituição de importação em vez do crescimento da exportação tem sido escolhida como uma estratégia de industrialização é uma mistura de economia e política Primeiro até a década de 1970 muitos países em desenvolvimento eram céticos em rela ção à possibilidade de exportar mercadorias manufatu radas apesar de tal ceticismo também ser colocado em questão no argumento da indústria nascente para a pro teção da produção Eles acreditavam que a industriali zação era necessariamente baseada em uma substituição da indústria nacional por importações em vez de um crescimento nas exportações de manufatura Segundo em muitos casos as políticas de industrialização de subs tituição de importação encaixaram se naturalmente com as tendências políticas existentes Já observamos o caso das nações da América Latina que eram com pelidas a desenvolver substitutos para as importações durante a década de 1930 por causa da Grande Depres são e durante a primeira metade da década de 1940 por causa da interrupção do comércio na época da guerra Capítulo 10 Nesses países a substituição de importa ção beneficiou diretamente grupos de interesse podero sos e estabelecidos enquanto a promoção da exportação não teve apoio natural Também vale a pena apontar que alguns defensores da política de substituição de importação acreditavam que a economia mundial era guarnecida contra novos estreantes que as vantagens de indústrias nacionais estabelecidas eram simplesmente grandes demais para serem superadas por economias recém industrializadas Oponentes extremados desse ponto de vista chamavam por uma política geral de desligamento dos países em desenvolvimento das nações desenvolvidas Mas mesmo entre defensores mais moderados das estratégias de desenvolvimento protecionista a visão de que o sistema econômico internacional trabalha sistematicamente contra os interesses dos países em desenvolvimento per maneceu comum até a década de 1980 As décadas de 1950 e 1960 viram a maré alta da indus trialização de substituição de importação Os países em desenvolvimento geralmente começaram protegendo os estágios finais da indústria como processamento de ali mentos e montagem de automóveis Nos maiores países em desenvolvimento os produtos nacionais quase que completamente substituíram mercadorias de consumo importadas embora a produção tenha sido frequente mente feita pelas empresas multinacionais estrangeiras Uma vez que as possibilidades para substituir as merca dorias de consumo importadas esgotaram se esses países viraram se para a proteção das mercadorias intermediá rias como partes dos automóveis aço e petroquímicos Na maioria das economias em desenvolvimento a rota da substituição de importação chegou ao seu limite lógico mercadorias manufaturadas sofisticadas como computadores ferramentas de precisão e assim por diante continuaram a ser importadas No entanto os países maiores que perseguiam a industrialização de substituição de importação reduziram suas importações para níveis notavelmente baixos O caso mais extremo foi o da Índia no começo da década de 1970 as impor tações de produtos diferentes de petróleo eram em torno de 3 do PIB Como uma estratégia para encorajar o crescimento da manufatura a industrialização de substituição de importação claramente funcionou As economias da América Latina começaram a gerar uma parcela quase tão grande de sua produção de manufatura quanto as nações desenvolvidas A Índia gerou menos mas somente porque sua população pobre continuou a gas tar uma grande proporção de sua renda em alimentos Contudo para esses países o encorajamento da manu fatura não era um objetivo em si mesmo em vez disso era um meio para o objetivo final de desenvolvimento econômico M11KRUGXXXXC11indd 217 12915 615 PM 218 Economia internacional O MéxicO abandOna a industrializaçãO de substituiçãO de iMpOrtaçãO Em 1994 o México junto com o Canadá e os Esta dos Unidos assinou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte NAFTA Um acordo que como explicaremos no Capítulo 12 tornou se altamente controverso Mas a transformação do México da indus trialização de substituição de importação para o rela tivo livre comércio começou na verdade quase uma década antes de o país entrar para o NAFTA A transformação do México em direção ao livre comércio reverteu meio século de história Como muitos países em desenvolvimento o México virou protecio nista durante a Grande Depressão da década de 1930 Após a Segunda Guerra Mundial a política de industria lização para servir a um mercado nacional protegido tornou se explícita Por todas as décadas de 1950 e 1960 barreiras de comércio foram bem levantadas ao mesmo tempo em que a indústria mexicana tornava se cada vez mais autossuficiente Pela década de 1970 o México tinha restringido amplamente as importações de mercadorias manufaturadas para itens como maqui nário sofisticado que não poderiam ser produzidos nacionalmente exceto a um custo proibitivo A indústria mexicana produziu muito pouco para exportação Os ganhos estrangeiros do país vieram amplamente de petróleo e turismo com as únicas exportações significativas de manufatura vindo das maquiladoras fábricas especiais localizadas próxi mas à fronteira norte americana que eram isentas de algumas restrições de comércio Por volta do fim da década de 1970 o México viven ciava dificuldades econômicas incluindo o aumento da inflação e a crescente dívida externa Os problemas vieram à tona em 1982 quando o país encontrou se incapaz de fazer pagamentos inteiros de sua dívida externa Isso levou a uma prolongada crise econômica e a uma mudança radical na política Entre 1985 e 1988 o México reduziu drasticamente suas tarifas aduaneiras e retirou a maior parte de suas quotas de importação que anteriormente protegiam sua indústria A nova meta da política era transfor mar o país em um grande exportador de mercado rias manufaturadas intimamente integrado com a economia norte americana A chegada do NAFTA em 1990 fez pouco para reduzir as barreiras de comér cio porque o México já tinha feito o trabalho duro da liberalização do comércio na década de 1980 O NAFTA entretanto reassegurou aos investidores que a mudança na política não seria revertida Então como a mudança de política funcionou As exportações de fato explodiram Em 1980 as exportações mexicanas eram somente 107 do PIB e muito disso era do petróleo Em 2012 estavam em 34 do PIB principalmente manufaturas Atual mente a manufatura mexicana em vez de ser voltada a servir o pequeno mercado nacional é parte de um sistema manufatureiro norte americano integrado No entanto os resultados para a economia mexi cana em geral foram um pouco decepcionantes A renda per capita aumentou ao longo dos últimos 25 anos mas a taxa de crescimento foi realmente menor do que a alcançada quando o México perseguia a polí tica de industrialização de substituição de importação Isso significa que a liberalização do comércio foi um erro Não necessariamente A maioria mas não todos dos economistas que olham para o desempe nho mexicano culpa o relativo baixo crescimento em fatores como a educação deficiente Mas o fato é que o afastamento do México da substituição de impor tação embora altamente bem sucedida em torná lo uma nação exportadora não trouxe o quanto era esperado em termos de um progresso econômico mais amplo A industrialização de substituição de importação promoveu o desenvolvimento econômico Aqui surgem sérias dúvidas Embora muitos economistas aprovas sem medidas de substituição de importação na década de 1950 e no começo de 1960 desde a década de 1960 a industrialização de substituição de importação tem sido alvo de crescentes críticas duras De fato muito do foco dos analistas econômicos e dos políticos tomadores de decisão mudou de tentar encorajar a substituição de importação para tentar corrigir o dano feito por políti cas ruins de substituição de importação Resultados de favorecimento da fabricação problemas da industrialização de substituição de importação A industrialização de substituição de importação começou a perder a proteção quando ficou claro que os países que a perseguiam não estavam alcançando os paí ses desenvolvidos Na verdade alguns países em desen volvimento ficaram mais para trás ainda mesmo quando M11KRUGXXXXC11indd 218 12915 615 PM 219 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento desenvolveram uma base manufatureira nacional A Índia era mais pobre em relação aos Estados Unidos em 1980 do que em 1950 o primeiro ano após alcançar sua independência Por que a industrialização de substituição de impor tação não funcionou da forma que deveria A razão mais importante parece ser a de que o argumento da indústria nascente não é universalmente válido como muitas pessoas supunham Um período de proteção não vai criar um setor manufatureiro competitivo se existem razões fundamentais pelas quais um país não tem uma vantagem comparativa em manufatura A experiência mostrou que as razões para o fracasso no desenvolvimento frequentemente são mais profundas do que uma simples falta de experiência com a manu fatura Os países pobres não têm mão de obra qualifi cada empresários e competência administrativa e têm problemas de organização social que tornam difícil para esses países manter suprimentos confiáveis de quaisquer coisas de peças de reposição à eletricidade Esses pro blemas podem não estar fora do alcance da política eco nômica mas não podem ser resolvidos pela política de comércio uma quota de importação pode permitir que um setor manufatureiro ineficiente sobreviva mas não pode tornar o setor mais eficiente diretamente O argu mento da indústria nascente é que dada a proteção temporária de tarifas aduaneiras e quotas as indús trias manufatureiras das nações menos desenvolvidas aprenderão a ser eficientes Na prática isso não é sem pre ou mesmo geralmente verdade Com a substituição de importação falhando na entrega dos benefícios prometidos a atenção virou se para os custos das políticas utilizadas para promover a indústria Sobre essa questão evidências crescen tes mostraram que as políticas protecionistas de mui tos países menos desenvolvidos distorceram de forma ruim os incentivos Parte do problema era que muitos países utilizavam métodos excessivamente complexos para promover suas indústrias nascentes Isto é eles utilizavam quotas de importação elaboradas e frequen temente sobrepostas controles de câmbio e regras de conteúdo nacional em vez de simples tarifas aduanei ras É muito difícil determinar quanta proteção uma regra administrativa pode de fato fornecer e estudos mostram que o grau de proteção é geralmente alto e mais variável nas indústrias do que o governo preten dia Como a Tabela 112 mostra algumas indústrias na América Latina e no sul da Ásia foram protegidas por regras que eram equivalentes a taxas de tarifa de 200 ou mais Essas taxas altas de proteção efetiva permi tiram que as indústrias existissem mesmo quando o custo de produção delas era três ou quatro vezes o preço das importações que elas substituíam Mesmo os maiores entusiastas e defensores dos argumentos de falha de mercado para proteção achariam difícil defen der taxas de proteção efetiva tão altas Um custo adicional que recebeu atenção considerável é a tendência das restrições de importação para promo ver a produção em uma escala pequena ineficiente Os mercados nacionais até mesmo dos maiores países em desenvolvimento são somente uma pequena fração do tamanho do mercado dos Estados Unidos ou da União Europeia Com frequência o mercado nacional inteiro não é grande o suficiente para permitir uma fábrica de escala de produção eficiente Ainda quando esse pequeno mercado é protegido digamos por uma cota de importação se somente uma empresa entrar nele ela poderia ganhar os lucros de monopólio A concorrên cia por esses lucros normalmente leva várias empresas a entrar em um mercado que não tem espaço nem mesmo para uma delas e a produção é feita em uma escala alta mente ineficiente A resposta para o problema de escala para países pequenos é como observado no Capítulo 8 especializar se na produção e exportação de uma varie dade limitada de produtos e importar outras mercado rias A industrialização de substituição de importação elimina essa opção focando a produção industrial no mercado nacional Aqueles que criticam a industrialização de substitui ção de importação também argumentam que ela agra vou outros problemas como a desigualdade de renda e o desemprego No fim da década de 1980 a industrialização de substituição de importação tinha sido aceita ampla mente não só pelos economistas mas também pelas organizações internacionais como o Banco Mundial e até mesmo pelos políticos tomadores de decisão nos próprios países em desenvolvimento A evidência estatística pareceu sugerir que os países em desenvol vimento que seguiram políticas de comércio relativa mente livres tinham em média crescido mais rápido tabela 112 Proteção industrial efetiva em alguns países em desenvolvimento México 1960 26 Filipinas 1965 61 Brasil 1966 113 Chile 1961 182 Paquistão 1963 271 Fonte Bela Balassa The Structure of Protection in Developing Countries Baltimore Johns Hopkins Press 1971 p 82 M11KRUGXXXXC11indd 219 12915 615 PM 220 Economia internacional do que aqueles que seguiram políticas protecionistas embora essa evidência estatística tenha sido desafiada por alguns economistas2 Essa mudança intelectual radical levou a uma considerável alteração nas políti cas atuais de forma que muitos países em desenvolvi mento retiraram as quotas de importação e diminuí ram as taxas de tarifa aduaneira Liberalização do comércio desde 1985 Com início no meio da década de 1980 diversos paí ses em desenvolvimento passaram para taxas de tarifa menores suprimiram quotas de importação entre outras restrições no comércio Essa mudança dos paí ses em desenvolvimento em direção a um comércio mais livre é a grande história da política de comércio das últi mas duas décadas e meia Após 1985 muitos países em desenvolvimento redu ziram tarifas aduaneiras retiraram as quotas de importa ção e no geral abriram suas economias para concorrên cia da importação A Figura 111 mostra as tendências nas taxas de tarifa aduaneira para uma média de todos os 2 Veja Francisco Rodriguez Dani Rodrik Trade Policy and Economic Growth A Skeptics Guide to the Cross National Evidence In Ben Bernanke Kenneth S Rogoff Eds NBER Macroeconomics Annual 2000 Cambridge MA MIT Press for NBER 2001 países em desenvolvimento e para dois importantes entre eles a Índia e o Brasil que costumavam apoiar se forte mente na substituição de importação como estratégia de desenvolvimento Como se pode ver existe uma queda dramática nas taxas de tarifa nesses dois países Mudan ças similares na política comercial porém menos drásti cas aconteceram em outros países em desenvolvimento A liberalização em países em desenvolvimento teve dois efeitos claros Um foi o aumento dramático no volume do comércio A Figura 112 traça as exportações e importações de países em desenvolvimento medidas como porcentagens do PIB desde 1970 Como se pode ver a parcela do comércio no PIB triplicou sobre esse período com a maior parte do crescimento acontecendo após 1985 O outro efeito foi uma mudança na natureza do comércio Antes da mudança na política de comércio os países em desenvolvimento exportavam principalmente produtos agrícolas e de mineração Mas como vimos na Figura 26 isso mudou após 1980 a parcela de mer cadorias manufaturadas nas exportações de países em desenvolvimento subiu chegando a dominar as exporta ções das maiores economias em desenvolvimento Porcento Índia Brasil Todos em desenvolvimento 0 20 40 60 80 100 120 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 FIGURa 111 Taxas de tarifa aduaneira em países em desenvolvimento Uma medida do distanciamento da industrialização de substituição de importação é a drástica queda nas taxas de tarifa aduaneira em países em desenvolvimento que caíram de uma média de mais de 30 no começo da década de 1980 para cerca de 10 hoje Os países que algum dia tiveram políticas de substituição de importação especialmente fortes com a Índia e o Brasil também viram declínios exagerados nas taxas de tarifa aduaneira Fonte Banco Mundial M11KRUGXXXXC11indd 220 12915 615 PM 221 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento Mas a liberalização do comércio com a substituição de importação era planejada como um meio para um fim em vez de um fim por si mesmo Como vimos a subs tituição de importação caiu em desuso quando se tornou claro que não entregava aqui a promessa de rápido desen volvimento econômico Será que a mudança para um comércio mais aberto trouxe melhores resultados A resposta é que o cenário é misturado As taxas de crescimento no Brasil e em outros países latino americanos têm na verdade sido mais lentas desde a liberalização do comércio no fim da década de 1980 do que eram durante a industrialização de substituição de importação A Índia por outro lado tem vivenciado uma aceleração impressionante de crescimento mas como veremos bem na próxima seção deste capítulo existe uma intensa disputa sobre quanto dessa acelera ção pode ser atribuído à liberalização do comércio Além disso existe uma crescente preocupação sobre o aumento da desigualdade em países em desenvolvimento Na América Latina pelo menos o distanciamento da industrialização de substituição de importação parece ter sido associado ao declínio dos salários reais dos trabalha dores mesmo que os ganhos dos trabalhadores qualifica dos tenham aumentado FIGURa 112 O crescimento do comércio nos países em desenvolvimento Com o início da década de 1980 muitos países passaram a distanciar se das políticas de substituição de importação Um dos resultados foi o grande aumento tanto nas exportações e importações quanto na porcentagem do PIB Fontes httpdataworldbankorgindicatorNEEXPGNFSZS httpdataworldbankorgindicatorNEIMPGNFSZS Acesso em 13 nov 2014 Porcentagem do PIB Exportações Importações 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Entretanto uma coisa é clara a antiga visão de que a substituição de importação é o único caminho para o desenvolvimento provou estar errada já que uma série de países em desenvolvimento alcançou crescimento extra ordinário ao passo que se tornaram mais e não menos abertos ao comércio Comércio e crescimento decolagem na Ásia Como vimos na década de 1970 existia uma desilu são generalizada em relação à industrialização de subs tituição de importação como estratégia de desenvolvi mento Mas o que poderia substituí la Uma possível resposta começou a surgir quando eco nomistas e políticos tomadores de decisão perceberam algumas histórias de sucesso surpreendentes no mundo em desenvolvimento casos de economias que viven ciaram uma dramática aceleração em seu crescimento e começaram a convergir sobre os rendimentos das nações desenvolvidas Em princípio essas histórias de sucesso envolviam um grupo relativamente pequeno de econo mias do leste asiático Coreia do Sul Taiwan Hong M11KRUGXXXXC11indd 221 12915 615 PM 222 Economia internacional FIGURa 113 A decolagem asiática Com início na década de 1960 uma série de economias começou a convergir em níveis de renda de países desenvolvidos Aqui mostramos o PIB per capita como uma porcentagem de seu nível nos Estados Unidos utilizando uma escala proporcional para destacar as mudanças A Coreia do Sul iniciou sua ascensão na década de 1960 a China no fim da década de 1970 e a Índia mais ou menos uma década depois Fonte Total Economy Database Índia Coreia do Sul China PIB per capita como do nível norteamericano 0 10 20 30 40 50 60 70 1950 1953 1956 1959 1962 1965 1968 1971 1974 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 2013 Kong e Singapura No entanto ao longo do tempo esses sucessos começaram a se espalhar Atualmente a lista de países que já vivenciaram decolagens econômi cas surpreendentes inclui os dois países mais populosos do mundo China e Índia A Figura 113 ilustra a decolagem asiática mostrando as experiências dos três países a Coreia do Sul o maior país do grupo original dos tigres asiáticos a China e a Índia Em cada caso mostramos o PIB per capita como uma porcentagem do nível norte americano um indica dor que destaca a extensão do alcance econômico des sas nações Como se pode ver a Coreia do Sul iniciou sua ascensão econômica na década de 1960 a China no fim da década de 1970 e a Índia por volta de 1990 O que fez com que essas economias decolassem Cada um dos países mostrados na Figura 113 viven ciou grandes mudanças em sua política econômica por volta da época de sua decolagem Essa nova política envolvia regulamentação reduzida do governo em uma série de áreas incluindo uma mudança em direção a um comércio mais livre A mudança mais espetacular foi na China onde Deng Xiaoping que tinha tomado o poder em 1978 transformou uma economia plane jada centralmente em uma economia de mercado na qual a motivação do lucro tinha a rédea relativamente livre Mas como explicado no estudo de caso Boom indiano a seguir as mudanças de política na Índia também foram dramáticas Em cada caso tais mudanças de política econômica foram seguidas por um amplo aumento na abertura econômica como medido pela fatia de exportações em PIB Figura 114 Então parece justo dizer que as his tórias de sucesso na Ásia demonstram que os defensores da industrialização de substituição estavam errados é possível alcançar desenvolvimento mediante um cresci mento orientado para a exportação O que é menos claro é até que ponto a liberalização do comércio explica tais casos de sucesso Como aponta mos redução de taxas e suspensão de outras restrições à importação foram apenas parte das reformas econômi cas que essas nações empreenderam o que torna difícil estimar a importância da liberalização do comércio em si Além disso nações latino americanas como México e Brasil que também liberalizaram fortemente o comér cio e se moveram para a exportação não tiveram deco lagem econômica comparável o que sugere ao menos que outros fatores desempenharam um papel crucial no milagre asiático M11KRUGXXXXC11indd 222 12915 615 PM 223 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento As exportações como porcentagem do PIB 1960 1963 1966 1969 1972 1975 1978 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008 2011 Índia Coreia do Sul China 0 10 20 30 40 50 60 FIGURa 114 O crescente comércio da Ásia Portanto as implicações da decolagem da econo mia asiática permanecem um tanto controversas Uma coisa é clara porém a visão antiquada de que o mundo econômico é tendencioso em relação a novos entrantes Fonte Banco Mundial e que países pobres não podem se tornar ricos provou se errada de modo espetacular Nunca antes na história humana tanta gente vivenciou um progresso tão rápido em seu padrão de vida BOOM INDIaNO A Índia com uma população de mais de 11 bilhão de pessoas é o segundo país mais populoso do mundo É também uma força crescente no comércio mundial especialmente em novas formas de comér cio que envolvem informação em vez de mercado rias físicas A cidade indiana de Bangalore tornou se famosa por seu crescente papel na indústria global de tecnologia da informação Ainda há uma geração a Índia era um jogador pequenino no comércio mundial Em parte porque em geral a economia do país tinha desempenho fraco até por volta de 1980 tinha uma taxa de crescimento econô mico algumas vezes ridicularizada como taxa de cresci mento hindu que era em torno de 1 ponto percentual mais alto do que o crescimento da população Esse crescimento lento era amplamente atribuído ao efeito sufocante das restrições burocráticas Os observadores falavam de uma licença Raj pratica mente qualquer tipo de iniciativa de negócios preci sava de permissões governamentais difíceis de con seguir o que abafou investimentos e inovações e a lenta economia indiana pouco participava do comércio mundial Depois de o país ter alcançado sua indepen dência em 1948 seus líderes adotaram uma forma particularmente extrema de industrialização de subs tituição de importação como estratégia de desenvolvi mento a Índia não importava quase nada que pudesse produzir nacionalmente mesmo se o produto nacional fosse bem mais caro e de qualidade inferior ao que poderia ser comprado no exterior Por sua vez os altos custos limitaram as exportações Portanto a Índia era uma economia bem fechada Na década de 1970 as importações e exportações eram em média apenas 5 do PIB próximo aos menores níveis de qualquer grande nação M11KRUGXXXXC11indd 223 12915 615 PM 224 Economia internacional Então tudo mudou O crescimento indiano acele rou dramaticamente o PIB per capita que aumentara a uma taxa anual de somente 13 de 1960 a 1980 cresceu próximo de 4 anualmente desde 1980 E a participação da Índia no comércio mundial subiu ao mesmo tempo em que as tarifas aduaneiras foram diminuídas e as quotas de importação retiradas Resumindo a Índia tornou se uma economia de alto desempenho A Índia ainda é um país muito pobre mas está enriquecendo rapidamente e começou a rivalizar com a China como o foco da atenção mundial A grande questão claro é por que a taxa de cres cimento da Índia aumentou de forma tão dramática A questão é objeto de debate acalorado entre os eco nomistas Alguns argumentaram que a liberalização do comércio que permitiu à Índia participar da economia global foi crucial3 Outros apontam que o crescimento indiano começou a acelerar por volta de 1980 conside rando que as grandes mudanças na política de comér cio não ocorreram até o começo de 19904 O que quer que tenha causado a mudança a transição indiana tem sido um desenvolvimento bem vindo Agora mais de um bilhão de pessoas têm muito mais esperança de ter um padrão de vida decente 3 Veja Arvind Panagariya The Triumph of Indias Market Reforms The Record of the 1980s and 1990s Policy Analysis v 554 Cato Institute nov 2005 4 Veja Dani Rodrik Arvind Subramanian From Hindu Growth to Productivity Surge The Mystery of the Indian Growth Transi tion IMF Staff Papers v 55 p 193228 fev 2005 resuMO 1 A política de comércio em países menos desenvolvidos pode ser analisada utilizando se as mesmas ferramentas analíti cas empregadas para discutir os países desenvolvidos Entre tanto as questões particulares características dos países em desenvolvimento são diferentes daquelas dos países desen volvidos Em particular a política de comércio nesses países refere se a dois objetivos promover a industrialização e lidar com o desenvolvimento desigual da economia nacional 2 A política de governo para promover a industrialização tem frequentemente sido justificada pelo argumento da indús tria nascente que diz que novas indústrias precisam de um período temporário de proteção contra a concorrência de indústrias já estabelecidas em outros países Entretanto o argumento da indústria nascente é válido somente se pu der ser usado como um argumento de falha de mercado para intervenção As duas justificativas comuns são a exis tência de mercados de capitais imperfeitos e o problema da apropriabilidade de conhecimento gerado pelas empresas pioneiras 3 Utilizando o argumento da indústria nascente como justi ficativa muitos países menos desenvolvidos perseguiram políticas de industrialização de substituição de importação nas quais as indústrias nacionais são criadas sob a proteção de tarifas aduaneiras e quotas de importação Embora es sas políticas tenham sido bem sucedidas em promover a in dústria nem de longe elas trouxeram os ganhos esperados em crescimento econômico e padrão de vida Agora muitos economistas são críticos duros dos resultados da substitui ção de importação argumentando que ela incentiva a pro dução de custo alto e ineficiente 4 Com início em torno de 1985 muitos países em desenvol vimento não satisfeitos com os resultados das políticas de substituição de importação reduziram altamente as taxas de proteção para a indústria Como resultado o comércio de países em desenvolvimento cresceu rapidamente assim como a parcela de mercadorias manufaturadas em expor tações Os resultados dessa política mudam em termos de desenvolvimento econômico contudo na melhor hipótese eles têm sido mistos 5 A visão de que o desenvolvimento econômico deve acon tecer por meio de substituição de importação e pelo pes simismo sobre o desenvolvimento econômico que foi es palhado ao passo que a industrialização de substituição de importação pareceu fracassar foi confundida pelo rápido crescimento econômico de uma série de economias asiá ticas As economias asiáticas cresceram não por meio de substituição de importação mas por meio de exportações Os dois crescimentos são caracterizados por altos índices de comércio na renda nacional e por taxas de crescimento extremamente altas As razões para o sucesso dessas eco nomias são muito discutidas havendo controvérsia sobre o papel desempenhado pela liberalização do comércio terMOs chave apropriabilidade p 216 industrialização de substituição de importação p 217 mercados de capitais imperfeitos p 216 países em desenvolvimento p 214 M11KRUGXXXXC11indd 224 12915 615 PM 225 Capítulo 11 Política comercial nos países em desenvolvimento prObleMas 1 Quais países parecem ter sido mais beneficiados com o co mércio internacional durante as últimas décadas Quais po líticas esses países parecem ter em comum As experiên cias desses países dão apoio ao argumento da indústria nascen te ou ajudam a argumentar contra5 2 A experiência do Japão faz o caso da indústria nascente para proteção melhor do que qualquer teoria No começo da década de 1950 o Japão era uma nação pobre que sobre vivia com a exportação de produtos têxteis e brinquedos O governo japonês protegeu o que de início eram indústrias de aço e automóveis ineficientes e de custo alto e essas indústrias passaram a dominar os mercados mundiais Dis cuta de forma crítica 3 Atualmente um país importa automóveis a US 8000 cada Seu governo acredita que com o tempo os produtores na cionais podem produzir automóveis por US 6000 mas que isso causaria um período de mudança radical durante o qual os automóveis custariam US 10000 para serem produzi dos nacionalmente a Suponha que cada empresa que tente produzir os automó veis deva passar sozinha pelo período de mudança radical de custos altos Sob quais circunstâncias a existência desses custos altos iniciais justifica a proteção da indústria nascente b Agora suponha pelo contrário que uma vez que essa em presa tenha suportado os custos de aprender a produzir automóveis de US 6000 cada outras empresas podem imitá la e fazer o mesmo Explique como isso pode impe dir o desenvolvimento de uma indústria nacional e como a proteção da indústria nascente pode ajudar 4 Tanto a Índia quanto o México perseguiram políticas de substituição de importação após a Segunda Guerra Mun dial Entretanto a Índia foi muito mais longe produzindo quase tudo para si enquanto o México continuou a depen der das importações de mercadorias capitais Por que você acha que essa diferença pode ter surgido 5 Quais são algumas das razões para o declínio na estratégia da industrialização de substituição de importação em favor da estratégia que promove o comércio aberto 5 Essa questão destina se a desafiar os estudantes e ampliar a teoria apresentada neste capítulo leituras adiciOnais LEwIS w A The Theory of Economic Development Homewood IL Irwin 1995 Um bom exemplo da visão otimista tirada das políticas de comér cio para desenvolvimento econômico durante a maré alta de substitui ção de importação nas décadas de 1950 e 1960 LITTLE I M D SCITOvSky T SCOTT M Industry and Trade in Some Developing Countries Nova york Oxford University Press 1970 Um trabalho sobre o surgimento de uma visão pessimista da substituição de importação nas décadas de 1970 e 1980 NAUGHTON B The Chinese Economy Transitions and Growth Cambri dge MIT Press 2007 Uma boa visão geral das mudanças radicais na política chinesa ao longo do tempo RODRIk D One Economics Many Recipes Princeton Princeton Univer sity Press 2007 visões sobre comércio e desenvolvimento a partir de um líder cético de ortodoxias predominantes SRINIvASAN T N TENDULkAR S D Reintegrating India with the World Economy washington Instituto de Economias Internacionais 2003 Como a Índia afastou se da substituição de importação e o que acon teceu como resultado M11KRUGXXXXC11indd 225 12915 615 PM Título da parte PARTE 1 controvérsias na política comercial CAPÍTULO 12 Argumentos sofisticados para a política comercial ativista Nada no quadro analítico desenvolvido nos capítulos 9 e 10 exclui o desejo de uma interven oBJetivos de aprendiZagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Resumir os argumentos mais sofisticados para política de comércio intervencionista especial mente aqueles relacionados às externalidades e às economias de escala Avaliar as reivindicações do movimento antiglobalização relacionadas aos efeitos do comércio sobre os trabalhadores aos padrões de trabalho e ao meio ambiente à luz dos contra argumentos Discutir o papel da Organização Mundial do Comércio OMC como um fórum para a resolução de disputas de comércio e a tensão entre as regras da OMC e os interesses nacionais individuais Discutir as questões chave no debate sobre política de comércio e meio ambiente Como vimos a teoria da política de comércio internacional como a teoria do comércio inter nacional em si têm uma longa tradição intelectual Economistas internacionais experientes ten dem a ter uma atitude cínica em relação às pessoas que vêm junto com novas questões no comércio o sentimento geral tende a ser que supostas novas preocupações são simples velhas ilusões em novas garrafas No entanto de vez em quando questões verdadeiramente novas aparecem Este capítulo descreve três controvérsias sobre o comércio internacional que surgiram durante o último quarto de século cada uma delas levantando questões que antes não tinham sido seriamente analisadas pelos economistas internacionais Primeiro na década de 1980 um novo conjunto de argumentos sofisticados para a inter venção do governo no comércio surgiram nos países desenvolvidos Esses argumentos focavam nas indústrias de alta tecnologia que ganharam destaque como resultado do surgimento do chip de silício Embora alguns desses argumentos fossem intimamente relacionados à análise de falha de mercado vista no Capítulo 10 a nova teoria da política comercial estratégica foi baseada em ideias diferentes e criou um grande rebuliço A disputa sobre as indústrias de alta tecnologia e o comércio diminuiu por um tempo na década de 1990 mas voltou recentemente ao passo que novas preocupações sobre a inovação norte americana surgiram Segundo na década de 1990 uma disputa acalorada surgiu sobre os efeitos do crescente comércio internacional sobre os trabalhadores dos países em desenvolvimento e se os argumen tos do comércio deveriam incluir padrões para taxas de salário e condições de trabalho Essa disputa muitas vezes aumentou para um debate mais amplo sobre os efeitos da globalização Um debate que aconteceu não só nas revistas acadêmicas mas também em alguns casos nas ruas Mais recentemente houve uma preocupação crescente sobre a interseção entre as questões ambientais que transcendem cada vez mais as barreiras nacionais e a política de comércio com uma séria disputa econômica e legal sobre se políticas como as tarifas de carbono são apropriadas ção do governo no comércio Aquele quadro mostra que a política comercial ativista precisa de um tipo específico de justificativa isto é deve compensar uma falha de mercado nacional pre existente O problema com muitos argumentos para a política comercial ativista é precisamente que eles não vinculam o caso para a intervenção M12KRUGXXXXC12indd 226 12915 615 PM 227 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial do governo com nenhuma falha específica dos pressupos tos nos quais o caso de laissez faire repousa A dificuldade com os argumentos de falha de mercado para intervenção é serem capazes de reconhecer uma falha de mercado quando se vê uma Os economistas que estu dam os países industriais identificaram dois tipos de falhas de mercado que parecem ser presentes e relevantes para as políticas de comércio de países desenvolvidos 1 a inca pacidade das empresas das indústrias de alta tecnologia em capturar os benefícios daquela parte de sua contribui ção para os transbordamentos de conhecimento para as outras empresas e 2 a presença de lucros de monopólio em indústrias oligopolistas altamente concentradas tecnologia e externalidades A discussão do argumento da indústria nascente no Capítulo 11 observou que existe uma falha potencial de mercado surgindo das dificuldades de apropriar se do conhecimento Se as empresas em uma indústria geram conhecimento que outras empresas podem utilizar sem pagar por ele a indústria está na verdade produzindo algum produto extra o benefício social marginal do conhecimento que não é refletido nos incentivos das empresas Onde tais externalidades benefícios que são revertidos para partes diferentes das empresas que os produziram podem mostrar se importantes é o indício de um bom caso para subsidiar a indústria Em um nível abstrato esse argumento é o mesmo para as indústrias nascentes de países menos desenvolvidos como para as indústrias estabelecidas dos países desenvol vidos Em países desenvolvidos entretanto o argumento tem uma vantagem especial porque nesses países existem indústrias importantes de alta tecnologia nas quais a geração de conhecimento é de várias formas o aspecto central da empresa Nas indústrias de alta tecnologia as empresas dedicam grande parte de seus recursos para melhorar a tecnologia tanto ao gastar explicitamente em pesquisa e desenvolvimento quanto ao estar dispostas a aceitar as perdas iniciais em novos produtos e processos para ganhar experiência Porque tais atividades situam se próximas a todas as indústrias não existe uma linha nítida entre a alta tecnologia e o resto da economia Contudo existem diferenças claras em graus portanto faz sentido falar em um setor de alta tecnologia no qual o investi mento em conhecimento é a parte chave do negócio O ponto para a política comercial ativista é que enquanto as empresas podem apropriar se de alguns bene fícios do seu próprio investimento em conhecimento caso contrário eles não investiriam normalmente eles não podem apropriar se deles plenamente Alguns dos benefí cios são revertidos para outras empresas que podem imitar as ideias e as técnicas dos líderes Em eletrônica por exem plo não é raro para as empresas utilizarem engenharia reversa nos produtos de seus rivais comprando seus pro dutos para descobrir como eles funcionam e como foram feitos Por causa das leis de patente que fornecem somente uma fraca proteção para os inovadores pode se resu mir sensatamente que sob o laissez faire as empresas de alta tecnologia não recebem um incentivo para inovar de maneira tão intensa quanto elas deveriam O caso do apoio governamental para as indústrias de alta tecnologia O governo norte americano deveria sub sidiar indústrias de alta tecnologia Embora exista um ótimo argumento para esse subsídio devemos ter certa cautela Duas questões em particular surgem 1 o governo pode direcioná lo as indústrias ou atividades corretas E 2 o quão importante quantitativamente seriam os ganhos de tal direcionamento Embora as indústrias de alta tecnologia provavelmente produzam benefícios sociais extras por causa do conheci mento que elas geram muito do que ocorre mesmo nessas indústrias não tem nada a ver com geração de conheci mento Não existe razão para subsidiar o emprego de capital ou de trabalhadores não técnicos nas indústrias de alta tecnologia Por outro lado a inovação e os transbor damentos de tecnologia acontecem até certo ponto mesmo nas indústrias que são completamente de alta tecnologia Um princípio geral é que a política comercial e industrial deveria mirar especificamente na atividade na qual a falha de mercado ocorre Portanto a política deveria buscar subsidiar a geração de conhecimento da qual as empre sas não podem se apropriar O problema entretanto é que nem sempre é fácil de identificar a geração de conhe cimento como veremos brevemente os profissionais da indústria com frequência argumentam que focar somente nas atividades especificamente rotuladas como pesquisa está resultando em uma visão muito restrita do problema O aumento a queda e o aumento das preocupações de alta tecnologia Os argumentos de que os Estados Unidos em particular deveriam considerar uma política de pro moção das indústrias de alta tecnologia e ajudá las a competir contra os rivais estrangeiros têm uma história curiosa Tais argumentos ganharam atenção generali zada e popularidade na década de 1980 e no começo da década de 1990 então caíram em desuso vivenciando uma forte recuperação nos anos recentes As discussões de alta tecnologia na década de 1980 e no começo da década de 1990 foram impulsionadas prin cipalmente pelo surgimento das empresas japonesas em alguns setores proeminentes dessa indústria que tinham M12KRUGXXXXC12indd 227 12915 615 PM 228 Economia internacional sido dominados anteriormente pelos produtores norte americanos De modo mais notável entre 1978 e 1986 a parcela norte americana na produção mundial de chips de memória RAM um componente chave de muitos dispositivos eletrônicos caiu de cerca de 70 para 20 enquanto a parcela japonesa aumentou de 30 para 75 Houve uma preocupação generalizada de que outros pro dutos de alta tecnologia pudessem sofrer o mesmo des tino Mas como descrito no estudo de caso Quando os chips estavam por cima mais adiante o medo de que o domínio japonês no mercado de memória de semicon dutores fosse traduzido em um maior domínio nos com putadores e em tecnologias relacionadas provou não ter fundamento Além disso o crescimento geral do Japão patinou na década de 1990 enquanto o dos Estados Uni dos subiu em um renovado período de domínio tecnoló gico tomando a liderança em aplicações para a Internet e outras indústrias de informação No entanto mais recentemente surgiram preocupa ções sobre o status das indústrias norte americanas de alta tecnologia Um fator central dessas preocupações tem sido o declínio do emprego estadunidense nos cha mados produtos de tecnologia avançada ATP Como a Figura 121 mostra os Estados Unidos entraram em um grande déficit de mercadorias TIC enquanto a Figura 122 mostra que o emprego norte americano na produção de computadores e mercadorias relacionadas caiu desde 2000 substancialmente mais rápido do que o emprego nas indústrias em geral Isso importa Os Estados Unidos poderiam indiscu tivelmente continuar no topo da inovação da tecnologia da informação enquanto terceirizam a maior parte de sua produção atual de mercadorias de alta tecnologia em fábricas no exterior Entretanto como explicado no quadro Um aviso do fundador da Intel mais à frente algumas vozes influentes avisam que a inovação não pode prosperar a não ser que os inovadores estejam pró ximos em termos físicos e de negócios das pessoas que transformam essas inovações em mercadorias físicas É um debate difícil de resolver em grande parte por que não está nada claro como colocar números nessas preocupações Porém parece provável que o debate sobre se as indústrias de alta tecnologia precisam ou não de consideração especial crescerá intensamente nos pró ximos anos Concorrência imperfeita e a política comercial estratégica Durante a década de 1980 um novo argumento para o direcionamento industrial recebeu substancial aten ção teórica Originalmente proposta pelos economistas Barbara Spencer e James Brander da Universidade de British Columbia esse argumento identifica a falha de mercado que justifica a intervenção do governo como a falta de concorrência perfeita Em determinadas indústrias eles apontam que existem somente algumas empresas em concorrência efetiva Por causa do número pequeno de empresas os pressupostos de concorrência FIGURa 121 Balanço norte americano de comércio em mercadorias de informação Desde 2000 os Estados Unidos desenvolveram um grande déficit de comércio em produtos de tecnologia avançada que são amplamente vistos como a vanguarda da inovação 2000 2002 2004 2006 2008 Balanço norteamericano de comércio em mercadorias TIC bilhões de dólares 100 80 60 40 20 0 20 40 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2010 fonte National Science Foundation Science and Engineering Indicators 2012 M12KRUGXXXXC12indd 228 12915 615 PM 229 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial perfeita não são aplicados Em particular normalmente existirão retornos em excesso isto é as empresas terão lucros acima dos investimentos de igual risco que pode rão ganhar em outra parte da economia Existirá por tanto uma concorrência internacional para ver quem consegue esses lucros Spencer e Brander notaram que nesse caso é possí vel para um governo em princípio alterar as regras do jogo para mover esses retornos em excesso das empresas estrangeiras para as empresas nacionais No caso mais simples um subsídio para as empresas nacionais desen corajando o investimento e a produção de competido res estrangeiros pode aumentar os lucros das empresas nacionais em mais do que a quantia do subsídio Colo cando de lado os efeitos sobre os consumidores por exemplo quando as empresas vendem só no mercado estrangeiro essa captura de lucros dos competidores estrangeiros poderia significar que o subsídio aumenta a renda nacional à custa de outro país A análise de Brander Spencer um exemplo A análise de Brander Spencer pode ser ilustrada com um simples exemplo no qual duas empresas concorrem cada uma de um país diferente Tendo em mente que qualquer semelhança com eventos reais pode ser coincidência vamos chamar as empresas de Boeing e Airbus e os paí ses de Estados Unidos e Europa Suponha que exista um novo produto um avião superjumbo que as duas empresas são capazes de fazer Para simplificar consi dere que cada uma pode tomar somente uma decisão de simnão produzir o avião superjumbo ou não A Tabela 121 ilustra como os lucros ganhos pelas duas empresas podem depender de suas decisões A configuração é similar àquela que utilizamos para exa minar a interação das políticas de comércio de diferentes países no Capítulo 10 Cada linha corresponde a uma decisão particular da Boeing cada coluna corresponde a uma decisão da Airbus Em cada caixa temos duas entradas a entrada do lado esquerdo inferior representa os lucros da Boeing enquanto a entrada do lado direito superior representa os lucros da Airbus Como definido a tabela reflete a seguinte suposição cada empresa sozinha poderia ganhar lucros ao fazer o avião superjumbo mas se as duas produzirem no ambas sofrerão perdas Qual empresa vai de fato ficar com os lucros Isso depende de quem chegar primeiro Suponha que a Boeing seja capaz de ter uma pequena vantagem FIGURa 122 Dados em tempo real Empregos na indústria norte americana Desde 2000 o número de trabalhadores produzindo computadores e mercadorias relacionadas a isso nos Estados Unidos caiu drasticamente ultrapassando o declínio geral do emprego na indústria Índice de emprego 2000100 Toda a produção Computadores e afins 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 fonte Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA tabela 121 Concorrência entre duas empresas Airbus Boeing Produz Não produz Produz 5 5 0 100 Não produz 100 0 0 0 M12KRUGXXXXC12indd 229 12915 615 PM 230 Economia internacional inicial e se comprometa a produzir o avião superjumbo antes que a Airbus o faça A Airbus vai descobrir que não tem incentivo para entrar no mercado O resultado estará do lado direito superior da tabela com a Boeing ganhando os lucros Agora vem o ponto de Brander Spencer o governo europeu pode reverter essa situação Suponha que o governo europeu comprometa se a pagar à empresa um subsídio de 25 se ela entrar no mercado O resultado mudará a tabela de pagamentos para aquela represen tada na Tabela 122 Nesse caso será lucrativo para a Airbus produzir o avião superjumbo independente mente do que a Boeing faça Vamos trabalhar com as implicações dessa mudança Agora a Boeing sabe que independentemente do que faça terá de competir com a Airbus e portanto perderá dinheiro se escolher produzir o avião Então agora é a Boeing que será desencorajada a entrar no mercado Na realidade o subsídio do governo retirou a vantagem ini cial que assumimos que era da Boeing e em vez disso conferiu a à Airbus O resultado final é que o equilíbrio muda do lado superior direito da Tabela 121 para o lado inferior esquerdo da Tabela 122 A Airbus fica com os lucros de 125 em vez de 0 esses lucros surgem por causa de um subsídio do governo de somente 25 Isto é o subsídio aumenta os lucros em mais do que a quantidade de sub sídio em si por causa de seu efeito desencorajador para a concorrência estrangeira O subsídio tem esse efeito porque cria uma vantagem para a Airbus comparável com a vantagem estratégica que ela teria tido se a Boeing não tivesse tido uma vantagem inicial na indústria Problemas com a análise de Brander Spencer O exem plo hipotético pode parecer indicar que essa política de comércio estratégica fornece um argumento convincente para o ativismo do governo Um subsídio pelo governo europeu aumenta drasticamente os lucros da empresa europeia à custa de seus rivais estrangeiros Deixando de lado o interesse dos consumidores isso parece clara mente aumentar o bem estar europeu e reduzir o norte americano O governo estadunidense não devia colo car esse argumento em prática Na verdade essa justificativa estratégica para a política de comércio embora tenha atraído muito interesse tam bém recebeu muita crítica Os críticos argumentam que fazer uso prático da teoria demandaria mais informação do que é possível estar disponível que tais políticas cor reriam o risco de retaliação estrangeira e que nesse caso as políticas nacionais de comércio e a política industrial impediriam a utilização de ferramentas de análise sutis O problema de informação insuficiente tem dois aspectos O primeiro é que mesmo quando olhamos para uma indústria isolada pode ser difícil de preencher as entradas em uma tabela como a Tabela 121 com alguma confiança E segundo se o governo entender errado uma política de subsídio pode tornar se um equívoco dispendioso Suponha por exemplo que a Boeing tem uma vantagem subjacente talvez uma melhor tecnolo gia de forma que mesmo que a Airbus entre no mer cado a Boeing ainda vai achar lucrativo produzir o avião A Airbus entretanto não pode produzir aviões lucrativamente se a Boeing entrar no mercado Na ausência de um subsídio o resultado será que a Boeing produz e a Airbus não produz Agora suponha que como no caso anterior o governo europeu forneça um subsídio suficiente para induzir a Airbus a produ zir No entanto nesse caso por causa da vantagem da Boeing o subsídio não vai agir como um desencorajador para a Boeing e os lucros da Airbus ficarão aquém do valor do subsídio em resumo a política terá sido um erro dispendioso O ponto é que embora os dois casos possam parecer similares em um deles o subsídio parece ser uma boa ideia enquanto no outro parece ser uma ideia terrível Parece que a conveniência das políticas de comércio estratégicas depende de uma leitura exata da situação Isso leva alguns economistas a perguntar se estamos sempre propensos a ter informação suficiente para utili zar a teoria efetivamente A exigência por informação é complicada porque não podemos considerar as indústrias isoladamente Se um setor é subsidiado vai extrair recursos e levar a aumentos nos custos de outros Portanto mesmo uma política que seja bem sucedida em dar às empresas norte americanas uma vantagem estratégica em uma indústria tenderá a causar desvantagem estratégica em outro lugar Para per guntar se a política é justificada o governo estadunidense teria de pesar esses efeitos de compensação Mesmo que o governo tenha um entendimento exato de uma indústria isso não é o suficiente porque ele também precisa de um entendimento igualmente exato daqueles setores com os quais essa indústria compete por recursos tabela 122 Efeitos de um subsídio para a Airbus Airbus Boeing Produz Não produz Produz 20 5 0 100 Não produz 125 0 0 0 M12KRUGXXXXC12indd 230 12915 615 PM 231 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial Se a política comercial estratégica proposta pode superar essas críticas enfrentará o problema da reta liação estrangeira essencialmente o mesmo problema encarado quando se considera a utilização de uma tarifa aduaneira para melhorar os termos de comércio Capí tulo 10 Políticas estratégicas são políticas de empobreci mento do vizinho que aumentam nosso bem estar à custa de outro país Essas políticas portanto arriscam uma guerra comercial que deixam todos em pior situação Poucos economistas defenderiam que os Estados Unidos fossem os iniciadores de tais políticas Em vez disso o mais longe que a maioria dos economistas está disposta a ir é argumentar que os Estados Unidos deveriam estar preparados para retaliar quando outros países parece rem utilizar politicas estratégicas de forma agressiva Por fim teorias como essa podem ser utilizadas em um contexto político Discutimos isso no Capítulo 10 no qual as razões para o ceticismo foram colocadas no contexto de um caso politicamente cético para o livre comércio Um aviso do fUndador da intel Quando Andy Grove fala sobre tecnologia as pes soas escutam Em 1968 ele cofundou a Intel que inventou o microprocessador o chip que comanda seu computador e dominou o negócio de semicondu tores por décadas Muitas pessoas notaram em 2010 quando Grove emitiu uma dura advertência sobre o destino da alta tecnologia norte americana a erosão do emprego manufatureiro nas indústrias de tecnologia ele argu mentou mina as condições para a inovação futura1 Grove escreveu As startups são uma coisa incrível mas elas não podem aumentar o emprego na tecnologia sozinhas Igualmente importante é o que vem após esse momento lendário de criação na garagem conforme a tecnologia passa do protótipo para a produção em massa Essa é a fase na qual as empresas ampliam se Elas resolvem detalhes de design descobrem como fazer as coisas mais acessíveis constroem fábricas e contratam cente nas de pessoas Ampliar é um trabalho duro mas neces sário para fazer a inovação ter importância O processo de ampliação não ocorre mais nos Esta dos Unidos E enquanto isso acontecer lavrar o capital em companhias jovens que constroem suas fábricas em outro lugar continuará a render um retorno ruim em ter mos de empregos para os norte americanos Na essência Grove estava argumentando que os transbordamentos tecnológicos exigem mais do que pesquisadores Eles exigem a presença de um grande número de trabalhadores que colocam as ideias em fun cionamento Se ele estiver certo sua afirmação constitui um forte argumento para o direcionamento industrial QUando os chips estavam por cima Durante os anos em que os argumentos sobre a efetividade da política comercial estratégica esta vam no pico defensores de uma política comercial mais intervencionista por parte dos Estados Unidos afirmavam com frequência que o Japão tinha pros perado ao promover deliberadamente indústrias chave No começo da década de 1990 um exem plo em particular o dos chips semicondutores tinha se tornado a prova A no caso de que promo ver indústrias chave funciona De fato quando o autor James Fallows publicou uma série de artigos em 1994 atacando a ideologia do livre comércio e alegando a superioridade do estilo de interven cionismo japonês ele começou com uma peça inti tulada A parábola dos chips Contudo no fim da década de 1990 o exemplo dos semicondutores tinha parecido virar objeto de estudo das armadi lhas da política comercial ativista Um chip semicondutor é uma pequena peça de silício na qual circuitos complexos foram cauteriza dos Como vimos no quadro Um aviso do fundador da Intel a indústria começou nos Estados Unidos quando a empresa norte americana Intel introdu ziu o primeiro microprocessador o cérebro de um computador em um chip Desde então a indústria vivenciou uma rápida porém previsível mudança tecnológica mais ou menos a cada 18 meses o número de circuitos que pode ser gravado em um chip dobra uma regra conhecida como Lei de Moore Esse progresso constitui a base de boa parte da revolução da tecnologia de informação das últi mas três décadas 1 Andy Grove How to Make an American Job Before Its Too Late Bloombergcom jul 2010 M12KRUGXXXXC12indd 231 12915 615 PM 232 Economia internacional O Japão entrou no mercado de semicondutores no fim da década de 1970 A indústria definitivamente era o alvo do governo japonês que apoiou uma pesquisa de esforço que ajudou a construir a qualidade tecnológica nacional Os valores envolvidos nesse subsídio entre tanto eram bem pequenos O principal componente da política comercial ativista do Japão de acordo com os críticos norte americanos era um protecionismo implícito Embora o Japão tivesse algumas tarifas for mais ou outras barreiras para importações as empresas estadunidenses descobriram que uma vez que o Japão foi capaz de produzir certo tipo de chip semicondutor poucos produtos norte americanos eram vendidos no país Os críticos alegaram que existia um entendimento implícito entre as empresas japonesas em indústrias como eletrônicos de consumo na qual o Japão já era um produtor líder de que eles deviam comprar semicondu tores nacionais mesmo se o preço fosse maior ou se a qualidade fosse inferior à dos produtos concorrentes norte americanos Essa afirmação era verdadeira Os fatos do caso ainda estão em disputa Os observadores também afirmaram que o mer cado japonês protegido se esse era mesmo o caso promovia indiretamente a capacidade japonesa de exportar semicondutores O argumento era assim a produção de semicondutores é caracterizada por uma curva de aprendizado íngreme lembre se da discus são das economias de escala dinâmica no Capítulo 7 Com a garantia de um mercado nacional grande os produtores japoneses de semicondutores tinham cer teza de que seriam capazes de trabalhar para descer a curva de aprendizado o que significava que eles esta vam dispostos a investir em novas fábricas que tam bém poderiam produzir para a exportação Permanece obscuro até que ponto essas políticas levaram ao sucesso japonês em tomar grandes parce las do mercado de semicondutores Algumas caracte rísticas do sistema industrial japonês podem ter dado ao país uma vantagem comparativa natural na pro dução de semicondutores onde o controle de quali dade é uma preocupação crucial Durante as décadas de 1970 e 1980 as fábricas japonesas desenvolve ram uma nova abordagem para a produção baseada entre outras coisas na definição de níveis aceitáveis de defeitos muito menores do que aqueles que eram padrão nos Estados Unidos De qualquer forma no meio da década de 1980 o Japão ultrapassou os Estados Unidos em vendas de um tipo de semicondutor que era amplamente considerado crucial para o sucesso da indústria as memórias de acesso aleatório ou memória RAM O argumento de que a produção de memória RAM era a chave para dominar toda a indústria de semicondu tores apoiava se na crença de que isso renderia tanto fortes externalidades tecnológicas quanto excessos de retorno As memórias RAM eram a forma de semi condutores de maior volume Os experts da indústria afirmaram que o know how adquirido na produção da memória RAM foi essencial para a capacidade de uma nação em continuar avançando na tecnologia em outros semicondutores como os microprocessa dores Então era amplamente previsto que o domínio japonês em memórias RAM logo seria traduzido em domínio na produção de semicondutores em geral e que essa supremacia por sua vez daria ao Japão uma vantagem na produção de muitas outras mercadorias que utilizavam semicondutores Também se acreditava que embora a produção de memórias RAM não tivesse sido um negócio altamente lucrativo antes de 1990 em algum momento viria a se transformar em uma indústria caracterizada pelos retornos em excesso A razão era que o número de empresas produzindo memórias RAM tinha caído cons tantemente em cada geração consecutiva de chips alguns produtores tinham saído do setor e nenhuma empresa entrou Eventualmente muitos observadores pensaram que sobrariam somente dois ou três produ tores de memória RAM altamente lucrativos No entanto durante a década de 1990 as duas justificativas para mirar nas memórias RAM externa lidades tecnológicas e retornos em excesso aparente mente não se materializaram De um lado a liderança do Japão em memórias RAM por fim não foi traduzida em uma vantagem em outros tipos de semicondutores por exemplo as empresas norte americanas mantive ram uma liderança segura em microprocessadores Por outro lado em vez de continuar diminuindo o número de produtores de memória RAM começou a aumentar de novo com os principais novatos da Coreia do Sul e de outras economias recém industrializadas No fim na década de 1990 a produção de memória RAM foi considerada um negócio de commodities muita gente podia fazer memórias RAM e não havia nada especial mente estratégico sobre o setor A lição importante parece ser o quão difícil é sele cionar as indústrias a promover A indústria de semi condutores pareceu em sua superfície ter todos os atributos para um setor adequado para a política comercial ativista Mas no fim ela não rendeu nem fortes externalidades nem retornos em excesso M12KRUGXXXXC12indd 232 12915 615 PM 233 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial Globalização e mão de obra de baixo salário É uma boa aposta que a maioria das roupas que você está usando enquanto lê isso veio de um país bem mais pobre que os Estados Unidos O aumento de exporta ções manufaturadas dos países em desenvolvimento tem sido uma das maiores mudanças na economia mundial durante a última geração Até mesmo uma nação exces sivamente pobre como Bangladesh com um PIB per capita menor que 5 que o dos Estados Unidos agora apoia se em mais exportações de mercadorias manufa turadas do que em exportações de produtos tradicionais agrícolas ou minerais Um funcionário do governo em um país em desenvolvimento comentou com um dos autores Não somos uma república de bananas somos uma república de pijamas Não deveria surpreender que os trabalhadores que produzem mercadorias manufaturadas para exportação em países em desenvolvimento recebam muito pouco pelos padrões dos países desenvolvidos frequentemente menos de US 1 por hora às vezes menos de US 050 Afinal os trabalhadores têm poucas alternativas em economias geralmente pobres Tampouco deveria surpreender que as condições de trabalho também sejam bem ruins em muitos casos algumas vezes letais como veremos no estudo de caso Uma tragédia em Bangladesh mais adiante neste capítulo Os baixos salários e as condições precárias de tra balho deveriam ser causa de preocupação Muitas pes soas pensam que sim Na década de 1990 o movimento antiglobalização atraiu muitos adeptos em países desen volvidos especialmente nos campi de universidades Salários superbaixos e ultrajantes e condições precá rias de trabalho em indústrias de exportação de países em desenvolvimento eram grande parte do apelo do movimento embora outras preocupações discutidas a seguir também fossem parte da história É justo dizer que a maioria dos economistas tinha visto o movimento antiglobalização como na melhor das hipóteses mal orientado A análise padrão da vanta gem comparativa sugere que o comércio é mutualmente benéfico para os países que nele se envolvem Sugere ainda que quando os países com abundância em mão de obra exportam mercadorias de trabalho intensivo como tecido não somente suas rendas nacionais aumentam mas a distribuição de renda também muda em favor da mão de obra Mas o movimento de antiglobalização está inteiramente fora da base Movimento antiglobalização Antes de 1995 a maioria das reclamações sobre o comércio internacional feitas por cidadãos de países desenvolvidos era sobre os efeitos dele nas pessoas que também eram cidadãos de países desenvolvidos Nos Estados Unidos a maioria dos críticos do livre comércio na década de 1980 focava na suposta ameaça da compe tição japonesa No começo da década de 1990 existia uma preocupação substancial tanto nos Estados Unidos quanto na Europa sobre os efeitos das importações de países de baixos salários nos salários de trabalhadores nacionais menos qualificados Na segunda metade da década de 1990 entretanto um movimento que crescia rapidamente atraindo con siderável apoio de estudantes universitários começou a enfatizar o suposto mal que o comércio mundial estava causando aos trabalhadores nos países em desenvolvi mento Os ativistas apontaram para os baixos salários e para as condições precárias de trabalho nas fábricas do Terceiro Mundo que produziam mercadorias para o mercado ocidental Em 1996 um evento solidificador foi a descoberta de que as roupas vendidas no Wal Mart e aprovadas pela personalidade da televisão Kathie Lee Gifford eram produzidas por trabalhadores muito mal pagos em Honduras O movimento antiglobalização ganhou as man chetes mundiais em novembro de 1999 quando uma grande reunião na Organização Mundial do Comér cio aconteceu em Seattle O propósito da reunião era o de começar outra rodada de negociação seguindo a Rodada Uruguai descrita no Capítulo 10 Milhares de ativistas juntaram se em Seattle motivados pela crença de que a OMC estava passando por cima da indepen dência nacional e impondo ideias de livre comércio que prejudicavam os trabalhadores Apesar de vários alertas a polícia estava mal preparada e as manifesta ções causaram interrupções consideráveis para as reu niões De qualquer forma as negociações não estavam indo bem as nações falharam em concordar em uma ordem do dia para avançar e logo ficou claro que não existia acordo suficiente na direção para início de uma nova rodada No fim a reunião foi considerada um fracasso A maior parte dos experts em política de comércio acre dita que a reunião teria fracassado mesmo na ausência das manifestações mas o movimento antiglobalização ao menos pareceu interromper uma importante confe rência internacional Durante os dois anos seguintes grandes manifestações também atrapalharam reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial M12KRUGXXXXC12indd 233 12915 615 PM 234 Economia internacional em Washington assim como uma reunião de cúpula dos maiores poderes econômicos em Gênova No último evento a polícia italiana matou um ativista Em outras palavras o movimento antiglobalização tinha se tornado uma presença altamente visível em um período de tempo relativamente curto Mas qual era o objetivo do movimento e será que ele estava certo Comércio e salários revistos Uma vertente da oposição para a globalização é conhecida da análise no Capítulo 3 Os ativistas apon taram para os salários muito baixos recebidos por mui tos trabalhadores nas indústrias de exportação de países em desenvolvimento Esses críticos argumentaram que os baixos salários e as condições precárias de traba lho associadas a eles mostraram que ao contrário das reclamações dos defensores do livre comércio a globa lização não estava ajudando os trabalhadores em países em desenvolvimento Por exemplo alguns ativistas apontaram para o exemplo das maquiladoras do México as fábricas pró ximas à fronteira norte americana que expandiram rapi damente quase dobrando os empregos nos cinco anos seguintes à assinatura do Acordo de Livre Comércio da América do Norte Os salários nessas fábricas eram em alguns casos menores que US 5 por dia e as condições eram horrorosas pelos padrões norte americanos Os oponentes do acordo de livre comércio argumentaram que ao tornar mais fácil para os empregadores substi tuírem trabalhadores de altos salários nos Estado Uni dos por trabalhadores de baixos salários no México o acordo tinha prejudicado a mão de obra nos dois lados da fronteira A resposta economista padrão para esse argumento remete à nossa análise no Capítulo 3 dos equívocos sobre a vantagem comparativa Vimos ser um equívoco comum que o comércio deve necessariamente envolver a exploração de trabalhadores se eles ganham salários muito menores do que seus pares em um país rico A Tabela 123 repete essa análise brevemente Nesse caso supomos que existem dois países os Estados Uni dos e o México e duas indústrias alta tecnologia e baixa tecnologia Também supomos que a mão de obra é o único fator de produção e que a mão de obra estadu nidense é mais produtiva do que a mexicana em todas as indústrias Especificamente leva somente uma hora para a mão de obra norte americana produzir uma uni dade de produção em qualquer indústria Leva duas horas para a mão de obra mexicana produzir uma uni dade da produção de baixa tecnologia e oito horas para produzir uma unidade de produção de alta tecnologia A parte de cima da tabela mostra os salários reais dos trabalhadores em cada país em termos de cada merca doria na ausência de comércio o salário real em cada caso é simplesmente a quantidade de cada mercadoria que o trabalhador poderia produzir em uma hora Agora suponha que o comércio é aberto No equi líbrio após o comércio as taxas relativas de salário dos trabalhadores estadunidenses e mexicanos seriam algo entre a produtividade relativa dos trabalhadores nas duas indústrias por exemplo os salários norte americanos poderiam ser quatro vezes os dos mexica nos Portanto seria mais barato produzir mercadorias de baixa tecnologia no México e mercadorias de alta tecnologia nos Estados Unidos Um crítico da globalização poderia olhar para esse equilíbrio comercial e concluir que o comércio trabalha contra o interesse dos trabalhos Primeiro nas indústrias de baixa tecnologia os trabalhos muito bem pagos nos Estados Unidos são substituídos por trabalhos mal pagos no México Além disso alguém poderia afirmar de modo plausível que os trabalhadores mexicanos são mal pagos embora eles produzam metade do que os trabalhadores norte americanos que eles substituem na manufatura de baixa tecnologia sua taxa de salário é somente 14 e não 12 da dos trabalhadores estadunidenses Porém como mostrado na parte inferior da Tabela 123 nesse exemplo o poder de compra dos salários na verdade aumentou nos dois países Os trabalhadores norte americanos que agora estão todos empregados na indústria de alta tecnologia podem comprar mais mercadorias de baixa tecnologia do que antes duas tabela 123 Salários reais A Antes do comércio Mercadorias de alta tecnologiahora Mercadorias de baixa tecnologiahora Estados Unidos 1 1 México 18 12 B Depois do comércio Mercadorias de alta tecnologiahora Mercadorias de baixa tecnologiahora Estados Unidos 1 2 México 14 12 M12KRUGXXXXC12indd 234 12915 615 PM 235 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial unidades por hora de trabalho versus uma Os traba lhadores mexicanos que agora estão todos empregados na indústria de baixa tecnologia descobrem que podem comprar mais mercadorias de alta tecnologia com uma hora de trabalho do que antes 14 em vez de 18 Graças ao comércio o preço de cada mercadoria importada dos países em termos de sua taxa de salário caiu O ponto nesse exemplo não é o de reproduzir situa ções reais de forma exata mas mostrar que a evidência geralmente citada como prova de que a globalização prejudica os trabalhadores nos países em desenvolvi mento é exatamente o que você esperaria ver mesmo se o mundo fosse bem descrito por um modelo que diz que o comércio de fato beneficia os trabalhadores tanto no país desenvolvido quanto no país em desenvolvimento Pode se argumentar que esse modelo é ilusório por que supõe que a mão de obra é o único fator de produ ção É verdade que se mudarmos do modelo ricardiano para o modelo das proporções de fatores discutido no Capítulo 5 torna se possível que o comércio prejudique os trabalhadores no país de trabalho escasso e salário alto isto é os Estados Unidos nesse exemplo Mas isso não ajuda a alegação de que o comércio prejudica os traba lhadores nos países em desenvolvimento Pelo contrário o argumento para a crença de que o comércio é benéfico para os trabalhadores no país de baixo salário na verdade torna se mais forte a análise econômica padrão diz que ao passo que os trabalhadores em uma nação de capital abundante como os Estados Unidos podem ser prejudi cados pelo comércio com um país de mão de obra abun dante como o México os trabalhadores no país de mão de obra abundante deveriam beneficiar se de uma mudança na distribuição de renda em seu favor No caso específico das maquiladoras os economistas argumentam que embora os salários sejam muito bai xos comparados com os salários nos Estados Unidos a situação é inevitável por causa da falta de outras opor tunidades no México que tem uma produtividade bem menor E segue se que embora os salários e as condições de trabalho nas maquiladoras possam parecer terríveis eles representam uma melhora sobre as alternativas dis poníveis no México Na verdade o rápido aumento de empregos nessas fábricas indica que os trabalhadores preferem os empregos que eles encontram lá aos alterna tivos Muitos dos novos trabalhadores nas maquiladoras são na verdade camponeses de áreas remotas e dema siado pobres do México Alguém poderia dizer que eles mudaram da pobreza extrema porém invisível para a pobreza menos severa porém notável alcançando simul taneamente uma melhora em suas vidas e tornando se uma fonte de culpa para os residentes norte americanos desconhecedores de sua antiga situação O argumento economista padrão em outras palavras é que independentemente dos baixos salários recebidos pelos trabalhadores em países em desenvolvimento eles estão em melhor situação do que estariam se a globali zação não tivesse acontecido Alguns ativistas não acei tam esse argumento eles sustentam que o comércio aumentado faz com que os trabalhadores tanto nos paí ses desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento fiquem em pior situação Entretanto é difícil encontrar uma afirmação clara dos canais pelos quais isso suposta mente aconteceria Talvez o argumento mais popular seja o de que o capital é móvel internacionalmente enquanto a mão de obra não é e essa mobilidade dá aos capitalistas uma vantagem de barganha Como vimos no Capítulo 4 entretanto o fator de mobilidade internacional é similar em seus efeitos ao comércio internacional Normas de trabalho e negociações comerciais Os proponentes do livre comércio e os ativistas da antiglobalização podem debater sobre grandes questões como a globalização é ou não é boa para os trabalha dores Entretanto questões mais limitadas de prática política estão em jogo se e até que ponto os acordos de comércio internacional deveriam conter também dispo sições que objetivam melhorar os salários e as condições de trabalho em países pobres As propostas mais modestas vieram de economistas que defendem um sistema que monitore os salários e as condições de trabalho e disponibilize os resultados da monitoração para os consumidores O argumento deles é uma versão da análise de falha do mercado do Capí tulo 10 Suponha sugerem eles que os consumidores nos países desenvolvidos sintam se melhor ao comprar mercadorias manufaturadas se souberem que foram pro duzidas por trabalhadores pagos decentemente Então um sistema que permita que esses consumidores saibam sem fazer muito esforço para obter a informação que os trabalhadores foram de fato pagos oferece uma oportu nidade de ganho mútuo Kimberly Ann Elliott citada na lista de Leituras Adicionais no fim do capítulo cita um adolescente Veja eu não tenho tempo para ser um tipo de ativista político toda vez que vou ao shopping Só me digam quais tipos de sapatos são OK para eu com prar certo Como os consumidores podem escolher comprar somente mercadorias certificadas eles ficam em melhor situação pois se sentem melhor sobre suas compras Enquanto isso os trabalhadores nas fábricas certificadas ganham um melhor padrão de vida do que teriam se não fossem certificados Os proponentes desse sistema admitem que ele não teria um grande impacto no padrão de vida nos países M12KRUGXXXXC12indd 235 12915 615 PM 236 Economia internacional em desenvolvimento principalmente porque isso afeta ria somente os salários dos trabalhadores nas fábricas de exportação uma pequena minoria da força de tra balho mesmo em economias altamente voltadas para a exportação Mas eles argumentam que faria algum bem e pouco mal Um passo mais firme seria incluir padrões traba lhistas formais isto é condições que as indústrias de exportação devem seguir como parte dos acordos de comércio Tais padrões têm apoio político considerável em países desenvolvidos De fato o presidente Bill Clin ton falou a favor desses padrões na desastrosa reunião de Seattle descrita anteriormente O argumento econômico a favor dos padrões traba lhistas em acordos de comércio é similar ao argumento em favor da taxa do salário mínimo para os trabalha dores nacionais embora a teoria econômica sugira que o salário mínimo reduz o número de trabalhos de baixa qualificação disponíveis alguns mas de forma nenhuma todos economistas razoáveis argumentam que tais efei tos são pequenos e ultrapassados pelo efeito do salário mínimo em aumentar a renda dos trabalhadores que continuam empregados Contudo os padrões trabalhistas no comércio sofrem forte oposição da maioria dos países em desenvolvimento que acreditam que os padrões inevitavelmente seriam uti lizados como ferramenta protecionista os políticos nos países desenvolvidos definiriam padrões em níveis a que os países desenvolvidos não chegariam na verdade colo cando o preço de suas mercadorias fora dos mercados mundiais Uma preocupação em especial na verdade foi uma das preocupações que levou ao fim das conversas em Seattle é que os padrões trabalhistas seriam utilizados como base para processos judiciais contra as companhias estrangeiras similar à forma com a qual a legislação de antidumping foi utilizada por companhias privadas para incomodar os concorrentes estrangeiros Questões ambientais e culturais As reclamações contra a globalização vão além das questões de mão de obra Muitos críticos argumentam que a globalização é ruim para o meio ambiente É evidentemente verdade que os padrões ambientais nas indústrias de exportação em países em desenvolvimento são bem menores do que nas indústrias dos países desen volvidos Também é verdade que em uma série de casos danos ambientais substanciais têm sido causados a fim de fornecer mercadorias para os mercados dos países desenvolvidos Um exemplo notável é a pesada derru bada de árvores das florestas do sudeste asiático para fabricar produtos florestais para vender para os merca dos japonês e ocidental Do outro lado existem ao menos tantos casos de dano ambiental que ocorreram em nome das políticas introspectivas dos países relutantes em integrar se com a economia global Um exemplo notável é a destrui ção de muitas milhas quadradas de floresta tropical no Brasil consequência em parte de uma política nacional que subsidia o desenvolvimento no interior Essa polí tica não tem nada a ver com as exportações e na ver dade começou durante os anos em que o Brasil estava tentando perseguir um desenvolvimento introspectivo Como no caso dos padrões de trabalho existe um debate sobre se os acordos de comércio deveriam incluir padrões ambientais De um lado os proponentes argu mentam que os acordos podem levar ao menos a modes tas melhoras no meio ambiente beneficiando todos os interessados De outro lado os opositores insistem que vincular padrões ambientalistas a acordos de comércio vai na verdade acabar com indústrias exportadoras potenciais nos países pobres que não podem pagar para manter nada parecido com os padrões ocidentais E uma questão ainda mais complicada envolve o efeito da globalização na cultura nacional e local É ine quivocamente verdade que a crescente integração dos mercados levou a uma homogeneização das culturas ao redor do mundo As pessoas no mundo todo cada vez mais tendem a vestir a mesma roupa comer a mesma comida escutar a mesma música e ver os mesmos filmes e programas de TV Muito mas não tudo dessa homogeneização tam bém é americanização Por exemplo o McDonalds agora pode ser encontrado em quase todo lugar mas o sushi também Os filmes de ação de Hollywood domi naram as bilheterias globais mas cenas estilizadas nos mega sucessos de Hollywood como Matrix são basea das nas convenções dos filmes de artes marciais de Hong Kong É difícil negar que alguma coisa é perdida como resultado dessa homogeneização cultural Alguém pode portanto usar um argumento de falha de mercado em nome de políticas que tentem preservar as diferenças culturais nacionais ao por exemplo limitar o número de filmes norte americanos que podem ser mostrados no cinema ou a fração de tempo de TV que pode ser utili zada com programação estrangeira Porém assim que alguém segue com esse argu mento torna se claro que outro princípio está envol vido o direito dos indivíduos em sociedades livres de entreterem se como preferirem Como você se sentiria se alguém negasse a você o direito de escutar os Rolling Stones ou ver os filmes do Jackie Chan com o funda mento de que a independência cultural norte americana tem de ser protegida M12KRUGXXXXC12indd 236 12915 615 PM 237 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial a OMC e a independência nacional Um tema recorrente no movimento antiglobalização é que a motivação para o livre comércio e livre fluxo de capital minou a soberania nacional Nas versões mais extremas dessa reclamação a Organização Mundial do Comércio é caracterizada como um poder supranacio nal capaz de impedir os governos nacionais de persegui rem políticas em seus próprios interesses Quanto disso é realmente fato A resposta curta é que a OMC não se parece em nada com um governante mundial Sua autoridade é basicamente limitada a requerer que os países façam jus a seus acordos de comércio internacional Entretanto o pequeno grão de verdade na visão de que a OMC é uma autoridade supranacional é que seu mandato lhe permite monitorar não somente os instrumentos tra dicionais da política de comércio tarifas aduaneiras subsídios à exportação e restrições quantitativas mas também políticas nacionais que são de fato políticas de comércio E já que a linha entre políticas nacionais legí timas e o protecionismo de fato é complicada existem casos nos quais a OMC pareceu para alguns observado res interferir na política doméstica No Capítulo 10 descrevemos um exemplo bem conhecido que ilustra a ambiguidade dessa questão Como vimos os Estados Unidos corrigiram seu Ato de Ar Limpo para exigir que a gasolina importada não fosse mais poluente do que a média da gasolina fornecida pelas refinarias nacionais A OMC julgou que essa exi gência era uma violação dos acordos de comércio exis tentes Para os críticos da OMC esse julgamento exem plifica como a instituição pode frustrar uma tentativa de um governo democraticamente eleito de melhorar o meio ambiente No entanto os defensores da OMC apontaram que a decisão foi baseada no fato de que os Estados Unidos estavam aplicando diferentes padrões para as importa ções e para a produção nacional Afinal algumas refi narias norte americanas fornecem gasolina que é mais poluente do que a média e ainda é permitido que elas continuem operando Então a decisão com efeito impe diu a venda de gasolina poluente da Venezuela nos mer cados estadunidense mas permitiu a venda de gasolina igualmente poluente de uma refinaria nacional Se a nova regra aplicasse os mesmos padrões para a gasolina nacional e estrangeira ela teria sido aceita pela OMC Uma tragédia em Bangladesh Bangladesh é um país muito pobre De acordo com as estimativas do Banco Mundial em 2010 cerca de 77 dos bengaleses viviam com o equivalente a menos de US 2 por dia e 43 viviam com menos de US 125 por dia Incrivelmente entretanto esses números refletem uma enorme melhora de um pas sado não tão distante em 1992 93 da população vivia com menos de US 2 por dia na cotação atual do dólar e 67 com menos de US 125 Esse declínio na pobreza foi o subproduto de duas décadas de crescimento econômico impres sionante que dobrou o PIB per capita da nação O crescimento dos bengaleses por sua vez dependia crucialmente das exportações crescentes espe cificamente as de vestuário Como apontamos no Capítulo 11 a indústria bengalesa de vestuário é um caso clássico de vantagem comparativa ela tem produtividade relativamente baixa mesmo compa rada com outros países em desenvolvimento mas Bangladesh tem produtividade ainda menor em outras indústrias então se tornou uma força expor tadora de vestuário Contudo a competitividade bengalesa em vestuá rio depende de baixos salários e condições precárias de trabalho O quão pobre Em 24 de abril de 2013 o mundo ficou chocado com as notícias de que um prédio de oito andares em Bangladesh que abrigava uma série fábricas de vestuário tinha desmoronado matando mais de 1200 pessoas As investigações revelaram que rachaduras tinham aparecido no pré dio no dia anterior mas os trabalhadores tinham sido mandados de volta ao trabalho mesmo assim Tam bém parecia que o prédio era estruturalmente impró prio para o trabalho de fabricação e pode ter tido andares extras construídos sem permissão E quem comprava o vestuário feito sob essas con dições pouco seguras Nós as fábricas no prédio for neciam vestuário para uma série de marcas de roupas ocidentais Claramente Bangladesh precisa dar um passo em direção à proteção de seus trabalhadores começando por fazer valer suas leis de construção e segurança do trabalhador Mas como os consumidores nas nações ricas devem responder a isso Uma resposta imediata e instintiva é não comprar mais mercadorias produzidas em países nos quais os trabalhadores são tão maltratados Ainda assim como acabamos de ver Bangladesh precisa continuar deses peradamente exportando roupas e só pode fazer isso se os trabalhadores receberem salários muito baixos M12KRUGXXXXC12indd 237 12915 615 PM 238 Economia internacional Globalização e meio ambiente As preocupações em relação aos impactos humanos no meio ambiente estão crescendo em grande parte do mundo Por sua vez essas preocupações desempenham um papel crescente nas políticas nacionais Por exemplo em novembro de 2007 o governo do primeiro ministro australiano John Howard foi retirado do poder pela votação A maioria dos analistas políticos acredita que a derrota decisiva do partido que estava no governo teve muito a ver com as impressões públicas de que o Partido Liberal da Austrália que é na verdade conservador os trabalhadores são a esquerda não estava disposto a agir contra as ameaças ambientais Então inevitavelmente as questões ambientais tam bém desempenham um papel crescente nas disputas sobre o comércio internacional Alguns ativistas anti globalização afirmam que o crescente comércio inter nacional prejudica automaticamente o meio ambiente alguns alegam que os acordos de comércio internacional e o papel da Organização Mundial do Comércio em especial têm o efeito de bloquear as ações ambientais A maioria dos economistas internacionais vê a primeira afirmação como simplista e discordam da segunda Isto é eles negam que existe uma simples relação entre a glo balização e o dano ambiental e não acreditam que os acordos de comércio impedem os países de terem polí ticas ambientais esclarecidas Ainda assim a interseção entre o comércio e do meio ambiente levanta uma série de questões importantes Globalização crescimento e poluição Tanto a produção quanto o consumo frequente mente levam como um subproduto ao dano ambien tal As fábricas emitem poluição no ar e às vezes jogam efluentes nos rios Os agricultores utilizam fertilizantes e pesticidas que acabam na água Os consumidores diri gem carros que emitem poluição Como resultado com todos os parâmetros iguais o crescimento econômico que aumenta tanto a produção quanto o consumo resulta em um maior dano ambiental Entretanto outras coisas não estão iguais Por um lado os países mudam o mix de sua produção e con sumo conforme ficam mais ricos até o ponto em que tendem a reduzir o impacto ambiental Por exemplo ao mesmo tempo em que a economia norte americana se dedica cada vez mais à produção de serviços em vez de mercadorias ela tende a utilizar menos energia e matéria prima por dólar do PIB Além disso enriquecer tende a levar a crescentes exigências políticas pela qualidade ambiental Como resultado os países ricos geralmente impõem regras mais rigorosas para assegurar ar e água mais limpos do que os países pobres uma diferença que é aparente para qualquer um que já foi para lá e para cá de uma cidade grande nos Estados Unidos ou na Europa a um país em desenvolvimento e já respirou fundo nos dois lugares No começo da década de 1990 os economistas de Princeton Gene Grossman e Alan Krueger ao estu darem a relação entre os níveis de renda nacional e de poluentes como o dióxido de enxofre descobriram que esses efeitos compensatórios do crescimento econômico resultam em uma distinta relação de U invertido entre a renda per capita e o dano ambiental conhecido como curva ambiental de Kuznets2 Esse conceito cuja relevância foi confirmada por uma grande quantidade de novas pesquisas é ilustrado esquematicamente na Figura 123 A ideia é que conforme a renda per capita de um país aumenta devido ao crescimento econômico o efeito inicial é dano crescente ao meio ambiente Portanto a China cuja economia cresceu nas décadas recentes está para padrões ocidentais De fato eles precisam pagar até mesmo menos do que a China cuja indústria de vestuário tem maior produtividade E baixos salários e condições precárias de trabalho tendem gostemos ou não a andar juntos Então isso significa que nada pode ser feito para ajudar os trabalhadores bengaleses que não vá aca bar por prejudicá los Não Podem se tentar tanto por meio da lei quanto por meio de simples pressão do consumidor alguns padrões básicos para condições de trabalho que se aplicam não só a Bangladesh mas a seus concorrentes também Desde que não sejam muito ambiciosos esses padrões poderiam melhorar a vida dos trabalhadores bengaleses sem aniquilar as exportações das quais o país depende Mas não será fácil e não se deve esperar muito dessas medidas Para o futuro previsível dois fatos incômodos continuarão a ser verdadeiros quando se trata de comércio com países pobres os trabalhado res nesses países sofrerão com piores salários e con dições de trabalho do que os ocidentais podem ima ginar ainda assim recusar se a comprar o que esses trabalhadores produzem pode fazer com que eles fiquem em situação ainda pior 2 Gene Grossman e Alan Krueger Environmental Effects of a Nor th American Free Trade Agreement In Peter Garber Ed The US Mexico Free Trade Agreement MIT Press 1994 M12KRUGXXXXC12indd 238 12915 615 PM 239 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial de fato movendo se do ponto A para o ponto B con forme o país queima mais carvão em suas usinas e pro duz mais mercadorias em suas fábricas ele emite mais dióxido de enxofre no ar e joga mais efluentes nos rios Mas quando um país fica suficientemente rico ele pode arcar com as ações para proteger o meio ambiente Conforme os Estados Unidos ficaram ricos nas décadas recentes eles também limitaram a poluição Por exem plo os carros têm de ter conversores catalíticos que reduzem poluição atmosférica e um esquema de licen ciamento do governo limita as emissões de dióxido de enxofre das usinas Em termos da Figura 123 os Esta dos Unidos mudaram em algumas frentes como polui ção local do ar de C para D ficaram mais ricos e causa ram menos dano ao meio ambiente O que isso tem a ver com o comércio internacional A liberalização do comércio é frequentemente defendida com o fundamento de que promoverá o crescimento eco nômico À medida que ele consegue ser bem sucedido em alcançar esse fim a renda per capita aumenta Isso vai melhorar ou piorar a qualidade ambiental Isso depende do lado da curva ambiental de Kuznets em que a econo mia está No trabalho original que era em parte uma resposta aos críticos do Acordo de Livre Comércio Norte Americano que argumentaram que o acordo seria ambientalmente prejudicial Grossman e Krueger sugeriram que o México pudesse estar do lado certo da curva Isto é na medida em que o NAFTA aumenta a renda mexicana ele pode realmente levar a uma redução do dano ambiental Entretanto a curva ambiental de Kuznets não implica por quaisquer meios necessariamente que a globalização é boa para o meio ambiente Na verdade é bastante fácil argumentar que em nível mundial a globalização de fato prejudicou o meio ambiente pelo menos até agora Esse argumento seria como segue o maior beneficiá rio único da globalização tem sido indiscutivelmente a China cuja economia liderada pela exportação viven ciou um crescimento incrível desde 1980 Enquanto isso a única grande questão ambiental é com certeza a mudança climática existe um amplo consenso cientí fico de que as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa estão causando um aumento da temperatura média da Terra O boom chinês tem sido associado com um enorme aumento em suas emissões de dióxido de carbono A Figura 124 mostra as emissões de dióxido de carbono dos Estados Unidos Europa e China de 1980 a 2011 Em 1980 a China era um fator menor do aquecimento global Em 2008 por uma margem substancial era o principal emissor mundial de gases do efeito estufa Porém é importante perceber que o problema não é a globalização em si É o sucesso econômico chinês que é até certo ponto um resultado da globalização E apesar das preocupações ambientais é difícil argumentar que o crescimento chinês que tirou centenas de milhares de pessoas da pobreza extrema é uma coisa ruim O problema dos refúgios da poluição Quando os navios ficam muito velhos para continua rem a operar eles são desmontados para recuperar a sucata de metal e outros materiais Uma forma de olhar para esse desmonte de navios é como uma forma de reciclagem em vez de deixar o navio enferrujar uma empresa de desmonte de navios extrai e reutiliza seus componentes No fim das contas esse salvamento sig nifica que menos minério de ferro precisa ser minerado menos petróleo precisa ser extraído e assim por diante Pode se esperar que o desmonte de navios seja bom para o meio ambiente A tarefa em si entretanto pode ser ambientalmente perigosa se tudo do combustível resi dual nos tanques do navio ao plástico em suas cadeiras e interiores não for manuseado cuidadosamente pode ser tóxico para o meio ambiente local Como resultado o desmonte de navios em países desenvolvidos está sujeito a regulamentação ambiental rigorosa Quando um navio é desmontado em Baltimore FIGURa 123 Curva ambiental de Kuznets A evidência empírica sugere que enquanto as economias crescem elas inicialmente o fazem aumentando os danos ambientais mas tornam se mais amigas do meio ambiente uma vez que ficam ricas o suficiente A China onde o meio ambiente está se deteriorando ao passo que a economia expande está na verdade movendo se de A para B Os países mais ricos podem mover se de C para D utilizando uma parte do seu crescimento para melhorar o meio ambiente Dano ambiental Renda per capita A B C D M12KRUGXXXXC12indd 239 12915 615 PM 240 Economia internacional ou Roterdã toma se muito cuidado para evitar dano ambiental Mas hoje o desmonte de navios raramente acontece em países desenvolvidos Em vez disso é feito em lugares como o centro indiano de desmonte de navios em Alang onde os navios são encalhados em uma praia e então desmontados por homens com maçaricos que deixam muita poluição em seu rastro Realmente Alang tornou se um refúgio da poluição graças ao comércio internacional uma atividade eco nômica sujeita a fortes controles ambientais em alguns países pode ser feita em outros países com regulamen tações menos rigorosas Alguns grupos ativistas estão muito preocupados com o problema dos paraísos de poluição De fato o grupo ambiental Greenpeace fez de Alang uma causa célebre exigindo que padrões ambien tais mais altos fossem impostos Existem realmente duas questões sobre os refúgios da poluição 1 eles são um fator importante de verdade e 2 eles merecem ser objeto de negociação internacional Sobre a primeira pergunta a maioria das pesquisas empíricas sugere que o efeito do refúgio da poluição no comércio internacional é relativamente pequeno Isto é não existe muita evidência de que indústrias sujas mudaram se para países com regulamentação ambiental permissiva3 Mesmo no caso da indústria de desmonte de navios os baixos salários indianos parecem ter sido mais atrativos do que suas frouxas restrições ambientais Segundo as nações têm um interesse legítimo nas políticas ambientais umas das outras Isso depende da natureza do problema ambiental A poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa um custo que os indivíduos impõem em outros mas pelo qual não pagam É por isso que a poluição é uma razão válida para intervenção do governo Entre tanto diferentes formas de poluição têm diferentes alcances geográficos e somente aqueles que se estendem através das fronteiras nacionais obviamente justificam a preocupação internacional FIGURa 124 Emissões de dióxido de carbono O rápido crescimento econômico da China passou de um fator pequeno na mudança climática para o maior emissor de dióxido de carbono do mundo 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 Emissões de dióxido de carbono milhão de tonelada métrica China Estados Unidos Europa fonte Agência de Informação de Energia dos EUA 3 Veja por exemplo Josh Ederington Arik Levinson Jenny Mi nier Trade Liberalization and Pollution Havens Documento de Trabalho 10585 National Bureau of Economic Research jun 2004 M12KRUGXXXXC12indd 240 12915 615 PM 241 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial Portanto na medida em que o desmonte indiano de navios polui o meio ambiente local em Alang isso é um problema da Índia é menos claro que isso seja um problema para outros países Similarmente a poluição do ar na Cidade do México é um problema do México Não está claro por que é um interesse válido para os Estados Unidos Por outro lado as emissões de dióxido de carbono afetam o clima futuro para todos os países elas são uma externalidade internacional e merecem ser objeto de negociação internacional Nesse ponto é difícil ter exemplos importantes de indústrias nas quais o fenômeno do refúgio da poluição à medida que ocorre resulte em externalidades interna cionais negativas No entanto a situação pode mudar dramaticamente se algumas das principais economias mas não todas adotarem fortes políticas para limitar a mudança climática a disputa das taxas de carbono Em 2009 a Câmara dos Deputados dos Estados Uni dos aprovou um projeto de lei que criaria um sistema de limite e comércio para gases de efeito estufa isto é um sistema pelo qual um número limitado de licenças de emissão é emitido e as empresas são exigidas a com prar licenças suficientes para cobrir suas emissões reais de fato colocando um preço no dióxido de carbono e em outros gases O Senado fracassou em aprovar qualquer projeto de lei comparável então a legislação da mudança climática está em espera atualmente Apesar disso existe uma disposição de comércio chave no projeto de lei da Câmara que pode representar a forma que as coisas serão no futuro ela impõe tarifas de carbono nas importações de países que falham em decretar políticas similares Mas de que se trata Uma questão que tem sido levantada sobre a legislação da mudança climática é se ela pode ser efetiva somente se alguns países tomarem essa ação Os Estados Unidos representam somente uma parte da emissão mundial de gases de efeito estufa na verdade como vimos na Figura 124 não são nem o principal emissor Então a redução unilateral nas emissões pelos Estados Unidos teria somente um efeito limitado nas emissões globais e consequentemente na mudança climática futura Além disso as políticas que colocam um preço alto no carbono podem fazer o efeito do refúgio da poluição ser muito maior do que tem sido até agora levando a um vazamento do carbono ao passo que as indústrias de emissão intensiva mudem para países sem políticas fortes de mudança climática A resposta óbvia para essas preocupações é tomar uma iniciativa global a fim de conseguir que todas as principais economias adotem políticas similares Mas não existe garantia de que tal acordo esteja próximo especialmente quando alguns países como a China sen tem que merecem o direito de ter políticas ambientais mais indulgentes do que os países ricos que já alcança ram um padrão de vida alto Então qual é a resposta A ideia por trás das tarifas de carbono é cobrar dos importadores de mercadorias de países sem políticas de mudança climática uma quan tia proporcional ao dióxido de carbono emitido na pro dução dessas mercadorias A cobrança por tonelada de emissões seria igual ao preço das licenças de emissão de dióxido de carbono no mercado nacional Isso daria aos produtores estrangeiros um incentivo para limitar suas emissões de carbono e retiraria o incentivo de mudar a produção para países como regulamentações mais frou xas Além disso possivelmente daria aos países com regulamentações mais permissivas um incentivo para adotar políticas próprias de mudança climática Os críticos das tarifas de carbono argumentam que as políticas seriam protecionistas e também violariam as regras do comércio internacional que proíbem a dis criminação entre os produtos nacionais e estrangeiros Aqueles que apoiam as tarifas argumentam que as polí ticas simplesmente colocariam os produtores de merca dorias importadas e nacionais em condições iguais na hora da venda aos consumidores nacionais com os dois tendo de pagar pelas suas emissões de gases de efeito estufa E como as tarifas de carbono criam condições iguais eles argumentam que tais tarifas cuidadosa mente aplicadas também deveriam ser legais sob as regras existentes de comércio Atualmente a questão das tarifas de carbono é hipo tética já que nenhuma grande economia ainda colocou um preço nas emissões de gases do efeito estufa Cor respondentemente a OMC não emitiu nenhuma deci são sobre a legalidade dessas tarifas e provavelmente não vai emitir a não ser que surja um caso real Mas se a legislação da mudança climática retornar e é uma boa aposta que ela vai voltar cedo ou tarde clara mente levará a novas questões importantes na política de comércio resUmo 1 Alguns novos argumentos para a intervenção do governo no comércio surgiram ao longo do último quarto de século a teoria da política comercial estratégica propôs razões de por que os países poderiam ganhar em promover indústrias específicas Na década de 1990 surgiu uma nova crítica à globalização que focava nos seus efeitos sobre os trabalha M12KRUGXXXXC12indd 241 12915 615 PM 242 Economia internacional dores em países desenvolvidos E a possível ação na mu dança climática levantou algumas importantes questões incluindo aquela sobre o caráter e a legalidade das tarifas de carbono 2 Os argumentos dos ativistas da política de comércio repou sam em duas ideias Uma é o argumento de que os governos deveriam promover as indústrias que rendem externalida des tecnológicas O outro que representa um grande afas tamento dos argumentos padrão de falha de mercado é a análise de Brander Spencer que sugere que a intervenção estratégica pode permitir que as nações tenham retornos em excesso Esses argumentos são teoricamente persua sivos entretanto muitos economistas preocupam se que eles sejam muito sutis e exijam muita informação para se rem úteis na prática 3 Com o aumento da exportação manufaturada em países em desenvolvimento um novo movimento oposto à glo balização surgiu A preocupação central desse movimen to é com os baixos salários pagos para trabalhadores de exportação embora também existam outros temas A resposta da maioria dos economistas é que os traba lhadores de países em desenvolvimento podem ganhar baixos salários pelos padrões ocidentais mas isso per mite que eles ganhem mais do que eles conseguiriam de outra forma termos chave proBlemas 4 Uma verificação de casos sugere o quão difícil a discussão sobre globalização realmente é especialmente quando ten tamos olhar para isso como uma questão moral é muito fácil que as pessoas causem prejuízo quando estão tentan do ajudar As causas mais favorecidas pelos ativistas como normas trabalhistas são temidas pelos países em desenvol vimento que acreditam que essas normas serão utilizadas como dispositivos de protecionismo 5 À medida que a globalização promove o crescimento econô mico ela causa efeitos ambíguos no meio ambiente A curva ambiental de Kuznets diz que no princípio o crescimento econômico tende a aumentar o dano ambiental conforme um país enriquece mas que após certo ponto o crescimento é de fato bom para o meio ambiente Infelizmente algu mas das economias de crescimento mais rápido ainda são relativamente pobres e estão do lado errado da curva 6 Existe uma crescente preocupação de que a globalização pos sa permitir indústrias altamente poluidoras a mudarem para os refúgios da poluição onde as regras são mais permissivas Existe pouca evidência de que isso seja um fator importante nas decisões atuais de localização ao menos até agora Mas isso pode mudar se sérias políticas de mudança climática fo rem implementadas Nesse caso existe um forte argumento a favor das tarifas de carbono assim como também muitas críticas ao conceito análise de Brander Spencer p 229 curva ambiental de Kuznets p 238 externalidades p 227 política comercial estratégica p 226 políticas de empobrecimento do vizinho p 231 refúgio da poluição p 240 retornos em excesso p 229 tarifas de carbono p 241 1 Quais são as desvantagens de envolver se em política co mercial estratégica mesmo em casos nos quais é evidente que ela pode render um aumento no bem estar de um país 2 Suponha que o governo norte americano fosse capaz de determinar quais indústrias crescerão de forma mais rápida durante os próximos 20 anos Por que isso não significaria automaticamente que a nação deveria ter uma política de suporte ao crescimento dessas indústrias 3 Se os Estados Unidos fizessem à sua maneira exigiriam que o Japão gastasse mais dinheiro em pesquisa básica em ciên cia e menos em pesquisa aplicada em aplicações industriais Explique o porquê em termos da análise da apropriabilidade 4 Quais são as suposições chave que permitem que a políti ca comercial estratégica trabalhe no exemplo de Brander Spencer da Airbus e da Boeing 5 Suponha que a Comissão Europeia peça que você desen volva um resumo em favor do desenvolvimento europeu subsidiado de software para smartphones Tenha em mente que essa indústria é atualmente dominada pelas empresas norte americanas especialmente por Apple e Google cujo sistema Android é utilizado em tantos telefones e tablets Quais argumentos você utilizaria Quais são os pontos fra cos desses argumentos 6 Qual é a principal crítica contra a OMC em relação à prote ção ambiental Como a OMC justifica sua posição em dispu tas comerciais que envolvem questões ambientais 7 A França além de seus golpes ocasionais na política comer cial estratégica persegue uma política cultural nacionalis ta ativa que promove a arte a música a moda a cozinha francesa e assim por diante Isso pode ser em princípio uma tentativa de preservar a identidade nacional em um mundo crescentemente homogêneo mas alguns funcioná rios do governo também defendem essa política em termos econômicos Em que sentido algumas características de tal política poderiam ser defendidas como um tipo de política comercial estratégica M12KRUGXXXXC12indd 242 12915 615 PM 243 Capítulo 12 Controvérsias na política comercial 8 O problema fundamental com qualquer tentativa de limitar a mudança climática é que os países cujo crescimento represen ta a maior ameaça ao planeta são também os que menos têm condição de pagar o preço do ativismo ambientalista Expli que a afirmação nos termos da curva ambiental de Kuznets 9 Muitos países têm impostos sobre valor agregado impos tos que são pagos pelos produtores mas que se destinam a recair sobre os consumidores Eles são basicamente uma forma indireta de impor impostos de venda Tais impostos leitUras adicionais sobre valor agregado sempre são acompanhados por um imposto igual nas importações Tais impostos de importa ção são considerados legais porque como o imposto sobre valor agregado eles são de fato uma forma indireta de ta xar todas as compras do consumidor com a mesma taxa Compare essa situação ao argumento sobre as tarifas de carbono Por que seus defensores podem argumentar que tais tarifas são legais Em quais objeções sobre o assunto você consegue pensar BRANDER J A SPENCER B J Export Subsidies and International Market Share Rivalry Journal of International Economics v 16 p 81 100 1985 Uma referência básica sobre o papel potencial dos subsídios como uma ferramenta de política comercial estratégica ELLIOTT K A Can Labor Standards Improve Under Globalization Washing ton DC Instituto de Economia Internacional 2001 Um levantamento das questões da causa dos ativistas por uma econo mista simpatizante GRAHAM E M Fighting the Wrong Enemy Antiglobalization Activists and Multinational Corporations Washington DC Instituto de Economia Internacional 2001 Um levantamento das questões dos ativistas por um economista menos simpatizante HELPMAN E KRUGMAN P Trade Policy and Market Structure Cambrid ge MIT Press 1989 Um levantamento e síntese da literatura sobre polí tica comercial estratégica e tópicos relacionados LANGEWIESCHE W The Shipbreakers The Atlantic Monthly ago 2000 Uma descrição fascinante da indústria de reciclagem de navios de Alang e a disputa que ela gerou HEARING on Trade Aspects of Climate Change Legislation Before the Subcommittee on Trade 112th Congress 24 mar 2009 testemu nho de Joost Pauwelyn Uma discussão clara e concisa feita por um advogado de comércio sobre as questões que rodeiam as tarifas de carbono na qual ele argumenta que se as tarifas fossem feitas com cuidado seriam legais sob os acordos existentes M12KRUGXXXXC12indd 243 12915 615 PM M12KRUGXXXXC12indd 244 12915 635 PM contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos CAPÍTULO 13 Taxas de câmbio e macroeconomia da economia aberta PARTE 3 Entre 2004 e 2007 a economia mundial deu um salto e o crescimento total real de seu pro duto em uma taxa média anual ficou em torno de 5 ao ano A taxa de crescimento da pro dução mundial desacelerou para 3 ao ano em 2008 antes de cair para menos 06 em 2009 Uma redução na produção mundial nunca vista no período desde a Segunda Guerra Mundial Em muitos países incluindo os Estados Unidos o desemprego subiu demais Embora os países em desenvolvimento e emergentes do mundo tenham rapidamente retornado para uma taxa de crescimento anual próxima de 6 ao ano as economias desenvolvidas fizeram um grande esforço para crescer rápido o bastante e voltar ao pleno emprego enquanto os países europeus que utilizam o euro cresceram novamente a uma taxa negativa em 2012 A análise econômica pode ajudar nos a entender o comportamento da economia global e as razões pelas quais as fortunas de países individuais diferem tanto A preocupação principal dos capítulos anteriores foi com o problema de fazer o melhor uso dos recursos de produção escassos do mundo em um único ponto no tempo O ramo da economia cha mado de microeconomia estuda esse problema a partir da perspectiva de empresas e consumi dores individuais A microeconomia funciona de baixo para cima para mostrar como protagonis tas econômicos individuais ao perseguirem seus próprios interesses determinam coletivamente quais recursos são utilizados Em nosso estudo sobre a microeconomia internacional aprendemos como a produção individual e as decisões de consumo produzem padrões de comércio interna cional e especialização Nós também vimos que embora o livre comércio normalmente encoraje a utilização eficiente do recurso a intervenção do governo ou as falhas de mercado podem causar desperdício mesmo quando todos os fatores de produção são plenamente empregados Neste capítulo mudamos o foco e perguntamos como a política econômica garante que os fatores de produção sejam plenamente empregados E o que determina como a capacidade de uma economia em produzir mercadorias e serviços mude com o tempo Para responder a essas questões devemos entender a macroeconomia o ramo da economia que estuda como os níveis globais de emprego produção e crescimento econômico são determinados Como a microeconomia a macroeconomia preocupa se com a utilização eficaz de recursos escassos Mas enquanto a microeconomia foca nas decisões econômicas de indivíduos a macroeconomia ana lisa o comportamento de uma economia como um todo Em nosso estudo de macroeconomia internacional aprenderemos como as interações das economias nacionais influenciam o padrão mundial de atividade macroeconômica A análise macroeconômica enfatiza quatro aspectos da vida econômica que até agora temos mantido em segundo plano para simplificar nossa discussão de economia internacional 1 Desemprego Sabemos que no mundo real os trabalhadores podem estar desempregados e as fábricas podem estar ociosas A macroeconomia estuda os fatores que causam o desemprego e os passos que os governos podem dar para impedir isso Uma das prin cipais preocupações da macroeconomia internacional é o problema de garantir o pleno emprego nas economias abertas ao comércio internacional 2 Poupança Nos capítulos anteriores normalmente supúnhamos que todo país consome uma quantidade exata igual a sua renda nada mais nada menos que isso Entretanto na verdade as famílias podem separar parte de sua renda para ter dinheiro no futuro ou podem fazer um empréstimo temporário para gastar mais do que ganham O compor M13KRUGXXXXC13indd 245 12915 616 PM 246 Economia internacional As contas de renda nacional É de preocupação central para a análise macroeco nômica o produto nacional bruto PNB de um país o valor de todas as mercadorias e serviços finais produ zidos pelos fatores de produção do país e vendidos no mercado em um dado período de tempo O PNB que é a medida básica da produção de um país estudada pela macroeconomia é calculado adicionando o valor de mercado de todas as despesas à produção final Por tanto o PNB inclui o valor de mercadorias como o pão vendido em um supermercado e os livros vendidos em uma livraria assim como o valor dos serviços fornecidos por corretores da bolsa e por encanadores Como a pro dução não pode ser feita sem a ajuda de fatores produ tivos as despesas que fazem o PNB estão intimamente ligadas ao emprego de mão de obra capital e outros fatores de produção Para podermos distinguir entre os diferentes tipos de despesas que compõem o PNB os economistas do governo e os estatísticos que compilam as contas de renda nacional dividem o PNB entre os quatro possíveis usos para os quais a produção final de um país é comprada tamento sobre poupar ou fazer empréstimos de um país afeta o emprego nacional e os níveis futuros de riqueza nacional Do ponto de vista da economia internacional como um todo a taxa de poupança mundial determina o quão rápido as ações mundiais de capital produtivo podem crescer 3 Desequilíbrios comerciais Como vimos nos capítulos anteriores o valor das importações de um país se iguala ao valor de suas exportações quando o gasto se iguala à renda No entanto esse estado de balanço de comércio raramente é alcançado pelas economias reais Nos capítulos seguintes os desequilíbrios desempenham um grande papel porque redistribuem a riqueza entre os países e são o principal canal pelo qual as políticas de macroeconomia de um país afetam seus parceiros comerciais Não deve ser surpresa nenhuma portanto que os desequilíbrios comerciais especialmente quando são grandes e persistentes podem rapidamente tornar se fonte de discórdia internacional 4 Dinheiro e o nível do preço A teoria do comércio que estudamos até agora é uma teoria de troca na qual as mercadorias são trocadas diretamente por outras mercadorias com base em seus preços relativos Na prática é mais conveniente utilizar dinheiro um meio de troca amplamente aceito em transações e cotar preços em termos de dinheiro Como o dinheiro troca de mãos em praticamente toda transação que acontece na economia moderna flutuações na oferta de dinheiro ou na demanda por ele podem afetar tanto a produção quanto o emprego A macroeconomia internacional leva em conta que todo país utiliza uma moeda e que uma mudança monetária em um país por exemplo uma mudança na oferta de dinheiro pode ter efeitos que atravessam as fronteiras e atingem outros países A estabilidade nos níveis de preço é uma meta importante da política macroeconômica internacional Este capítulo dá o primeiro passo em nosso estudo de macroeconomia internacional ao explicar os conceitos de contabilidade que os economistas utilizam para descrever o nível de produção de um país e suas transações internacionais Para termos o quadro geral das ligações macroeconômicas entre as economias que se envolvem no comércio internacional temos de dominar duas ferramentas que se relacionam e são essenciais A primeira delas a contabilidade da renda nacional registra todas as despesas que contribuem para a renda e para a produção de um país A segunda a contabilidade do balanço de pagamentos nos ajuda a manter o controle tanto das mudanças do endividamento de um país com os estrangeiros quanto da fortuna de suas indústrias de exportação e importação A contabilidade do balanço de pagamentos também mostra a conexão entre transações estrangeiras e a oferta da moeda nacional objetivos de aprendizagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Discutir o conceito do saldo de conta corrente Utilizar o saldo de conta corrente para estender a contabilidade da renda nacional para economias abertas Aplicar a contabilidade de renda nacional para a interação da poupança investimento e exportações líquidas Descrever o balanço das contas de pagamentos e explicar sua relação com o balanço de conta corrente Relacionar a conta corrente às mudanças na riqueza externa líquida de um país M13KRUGXXXXC13indd 246 12915 616 PM 247 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos consumo a quantia consumida pelos residentes nacio nais investimento a quantia deixada de lado por empresas privadas para construir novas fábricas e equi pamentos para produção futura compras do governo a quantia utilizada pelo governo e o saldo de conta corrente a quantia de exportações líquidas de merca dorias e serviços para o exterior O termo contas de renda nacional em vez de contas de produção nacional é utilizado para descrever essa classificação quádrupla porque a renda de um país de fato se iguala à produ ção Portanto as contas de renda nacional podem ser pensadas como classificadoras de cada transação que contribui para a renda nacional de acordo com o tipo de despesa que dá origem a ela A Figura 131 mostra como o PNB norte americano foi dividido em quatro componentes no primeiro trimestre de 20131 Por que é útil dividir o PNB em consumo investi mento compras do governo e conta corrente Uma das razões mais importantes é que não podemos esperar entender a causa de uma recessão específica ou de um boom sem saber como as principais categorias de despesas mudaram E sem tal entendimento não podemos reco mendar uma boa política como resposta Além disso as contas de renda nacional fornecem informação essencial para estudar o motivo de alguns países serem ricos isto é ter um nível maior de PNB em relação ao tamanho da população enquanto outros países são pobres Produto nacional e renda nacional Nossa primeira tarefa na compreensão de como os economistas analisam o PNB é explicar em maiores detalhes por que o PNB que um país gera sobre um período de tempo deve se igualar a sua renda nacional a renda ganha nesse período por seus fatores de produção A razão para essa igualdade é que todo dólar utili zado para comprar mercadorias ou serviços automatica mente acaba no bolso de alguém Uma visita ao médico fornece um exemplo simples de como um aumento na produção nacional aumenta a renda nacional pela mesma quantia Os US 75 que você paga ao médico representam o valor de mercado dos serviços que ele presta para você então a sua ida ao médico aumenta 1 Na Figura 131 o PNB trimestral e seus componentes são medidos a uma taxa anual isto é são multiplicados por quatro Nossa defi nição da conta corrente não é rigorosamente precisa quando um país é um doador líquido ou recebedor de presentes do exterior Essa possibilidade junto com algumas outras também complica nossa identifi cação do PNB com a renda nacional Descrevemos mais adiante neste capítulo como as defi nições da renda nacional e da conta corrente devem ser mudadas em tais casos Bilhões de dólares PNB Consumo Investimento Conta corrente Compras de governo 2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 FIGURA 131 PNB norte americano e seus componentes O produto bruto nacional dos Estados Unidos para o primeiro quarto de 2013 pode ser dividido nos quatro componentes mostrados Fonte Departamento de Comércio Americano Departamento de Análise Econômica A figura mostra o PNB 2013 QI e seus componentes a uma taxa anual ajustada sazonalmente M13KRUGXXXXC13indd 247 12915 616 PM 248 Economia internacional o PNB em US 75 Mas os US 75 que você paga ao médico também aumentam a renda dele Então a renda nacional aumenta em US 75 O princípio de que a produção e a renda são as mes mas também se aplica às mercadorias mesmo as produ zidas com a ajuda de muitos fatores de produção Con sidere o exemplo de um livro de economia Quando você compra um livro novo da editora o valor de sua compra entra no PNB Mas o seu pagamento entra na renda dos fatores produtivos que cooperam na produção do livro porque a editora deve pagar pelos serviços dela com o produto das vendas Primeiro existem autores editores artistas e gráficas que fornecem a mão de obra necessá ria para a produção do livro Segundo existem os acio nistas da editora que recebem os dividendos por terem financiado a aquisição do capital utilizado na produção E por fim existem os fornecedores de papel e tinta que fornecem os materiais intermediários utilizados na pro dução do livro O papel e a tinta comprados pela editora para pro duzir o livro não são contados separadamente no PNB porque sua contribuição para o valor da produção nacional já está incluída no preço do exemplar É para evitar uma contagem dupla que permitimos somente a entrada da venda de mercadorias e serviços finais na definição do PNB As vendas de mercadorias interme diárias como papel e tinta compradas por uma editora não são levadas em conta Perceba também que a venda de um livro usado não entra no PNB Nossa definição considera somente mercadorias e serviços finais que são produzidos e um livro usado não se qualifica ele já foi levado em conta no PNB ao ser vendido pela primeira vez De forma equivalente a venda de um livro usado não gera renda para nenhum fator de produção Depreciação de capital e as transferências internacionais Porque definimos o PNB e a renda nacional de forma que eles sejam necessariamente iguais sua igual dade é na verdade uma identidade Entretanto dois ajustes devem ser feitos no PNB antes de a identificação do PNB e da renda nacional estar inteiramente correta na prática 1 O PNB não leva em conta a perda econômica que acontece pela tendência de maquinário e estruturas sofrerem desgastes com o tempo Essa perda chamada depreciação reduz a renda do dono do capital Para calcular a renda nacional em um dado período de vemos portanto subtrair do PNB a depreciação do capital sobre o período O PNB menos a depreciação é chamado de produto interno líquido PIL 2 A renda de um país pode incluir presentes de resi dentes de países estrangeiros chamados transferên cias unilaterais Alguns exemplos de transferências unilaterais de renda são pagamentos de pensão para cidadãos aposentados que vivem no exterior paga mentos de indenização e ajuda a estrangeiros como fundos de ajuda doados para nações atingidas pela seca Para os Estados Unidos em 2012 o balanço de tais pagamentos atingiu em torno de 1297 bilhões de dólares representando 08 da transferência lí quida do PNB para estrangeiros Transferências uni laterais líquidas são parte da renda de um país mas não são parte de seu produto e devem ser adiciona das ao PIL em cálculos de renda nacional A renda nacional é igual ao PNB menos a deprecia ção mais as transferências unilaterais líquidas A dife rença entre o PNB e a renda nacional de forma nenhuma pode ser uma quantia insignificante mas a microecono mia pouco fala sobre isso e é de pouca importância para a análise de macroeconomia Portanto para o propósito deste texto normalmente utilizaremos os termos PNB e renda nacional intercambiavelmente enfatizando a dis tinção entre os dois somente quando essencial2 Produto interno bruto A maioria dos países exceto os Estados Unidos tem reportado há tempos o produto interno bruto PIB em vez do PNB como sua principal medida de ativi dade econômica Em 1991 os Estados Unidos também começaram a seguir essa prática Presume se que o PIB mede o volume da produção dentro da fronteira do país enquanto o PNB é igual ao PIB mais as receitas líquidas do fator de renda do resto do mundo Para os Estados Unidos essas receitas líquidas são primaria mente a renda nacional que os residentes ganham em outros países menos os pagamentos que os residentes nacionais fazem para donos estrangeiros de riqueza que está localizada no país nacional O PIB não corrige como o PNB a porção da produ ção dos países que é feita utilizando os serviços forneci dos por capital e mão de obra estrangeiras Considere um 2 Propriamente falando os estatísticos do governo referem se ao que chamamos de renda nacional como rendimento nacional disponível O conceito oficial deles de renda nacional omite as transferências unilaterais líquidas estrangeiras Porém mais uma vez a diferença entre renda nacional e rendimento nacional disponível geralmente não tem importância para a análise macroeconômica As transferências unilaterais são chamadas alternativamente como pagamentos de rendimentos secundários para distingui las dos pagamentos de rendimentos primários que consistem de salários e renda de investimentos fora das fronteiras do país Veremos essa terminologia mais adiante quando estudarmos a contabilidade do balanço de pagamentos M13KRUGXXXXC13indd 248 12915 616 PM 249 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos exemplo os lucros de uma fábrica espanhola com donos britânicos são contados no PIB da Espanha mas são parte do PNB britânico Os serviços que o capital bri tânico fornece na Espanha são um serviço exportado da Grã Bretanha portanto são adicionados ao PIB britâ nico ao calcular seu PNB Ao mesmo tempo para encon trar o PNB da Espanha devemos subtrair de seu PIB o serviço de importação correspondente da Grã Bretanha Como uma questão prática os movimentos no PIB e no PNB normalmente não diferem muito No entanto nesse texto vamos focar no PNB pois ele acompanha a renda nacional mais de perto do que o PIB e o bem estar nacional depende mais diretamente da renda nacional do que do produto interno Contabilidade de renda nacional para uma economia aberta Nesta seção estendemo nos para o caso de uma eco nomia aberta o quadro contábil de renda nacional de economia fechada que você já deve ter visto em outros cursos de economia Começamos a discussão com as con tas da renda nacional porque elas destacam o papel chave do comércio internacional na teoria macroeconômica da economia aberta Já que os residentes de uma economia fechada não podem comprar produção estrangeira ou vender a sua produção para os estrangeiros toda a renda nacional deve ser distribuída para consumo nacional investimento e compras do governo Contudo em uma economia aberta ao comércio internacional a versão da conta de renda nacional de economia fechada deve ser modificada porque algumas produções nacionais são exportadas para estrangeiros enquanto alguma renda nacional é gasta em produtos estrangeiros importados A lição principal desta seção é a relação entre a poupança nacional o investimento e os desequilíbrios comerciais Veremos que nas economias abertas pou pança e investimento não são necessariamente iguais como são na economia fechada Isso ocorre porque os países podem poupar na forma de riqueza exterior ao exportar mais do que importam e podem despoupar isto é reduzir a riqueza exterior exportando menos do que importam Consumo A porção do PNB comprada por domicílios parti culares para preencher a necessidade atual é chamada de consumo Compras de ingresso de cinema alimentos tratamento dentário e máquinas de lavar caem nessa categoria Depesas com o consumo são o maior com ponente do PNB na maioria das economias Nos Esta dos Unidos por exemplo a fração do PNB dedicada ao consumo tem flutuado em um intervalo de 62 a 70 durante os últimos 60 anos Investimento A parte da produção utilizada por empresas parti culares para produzir coisas no futuro é chamada de investimento Despesas de investimento podem ser vis tas como a porção do PNB utilizada para aumentar o capital social da nação Aço e tijolos utilizados para construir uma fábrica são parte das despesas de inves timento assim como os serviços fornecidos por um téc nico que ajuda a montar computadores de negócio As compras de estoque das empresas também são contadas como despesa de investimento porque manter um esto que é só outra forma de as empresas transferirem produ ção atual para utilização no futuro O investimento geralmente é mais viável do que o consumo Nos Estados Unidos o investimento bruto tem flutuado entre 11 e 22 do PNB nos últimos anos Utilizamos frequentemente a palavra investimento para descrever as compras de ações da bolsa títulos ou bens imóveis de famílias individuais mas deve se ter cuidado para não confundir esse significado cotidiano da palavra com a definição econômica de investimento como parte do PNB Quando você compra uma ação da Microsoft você não está comprando nem um bem e nem um ser viço então a sua compra não aparece no PNB Compras de governo Quaisquer mercadorias ou serviços comprados por governos federais estaduais ou locais são classificadas como compras de governo nas contas de renda nacional Inclusos nas compras de governo estão os gastos mili tares federais o apoio do governo à pesquisa do câncer e os fundos do governo gastos em reparos de estradas e com educação As compras de governo incluem tanto o investimento quanto as compras de consumo Os paga mentos de transferência do governo como o seguro social e os benefícios de desemprego não requerem que o recebedor dê ao governo nenhuma mercadoria ou ser viço em troca Portanto os pagamentos de transferên cias não estão inclusos nas compras de governo As compras de governo atualmente são em torno de 20 do PNB norte americano e essa parcela não mudou muito desde o fim da década de 1950 O valor corres pondente para 1959 por exemplo era em torno de 20 No entanto em 1929 as compras de governo represen tavam em torno de 84 do PNB norte americano M13KRUGXXXXC13indd 249 12915 616 PM 250 Economia internacional A identidade da renda nacional para uma economia aberta Em uma economia fechada qualquer mercadoria ou serviço final que não é comprado pelas famílias ou pelo governo deve ser utilizado pelas empresas para produzir fábricas novas equipamentos e estoques Se as mercado rias de consumo não são vendidas imediatamente para os consumidores ou para o governo as empresas talvez de forma relutante adicionam nas ao estoque existente e dessa forma aumentam seu investimento Essa informação leva a uma identidade fundamental para as economias fechadas Deixemos Y representar o PNB o C para o consumo o I para o investimento e o G para as compras de governo Já que toda a produção da economia fechada deve ser consumida investida ou comprada pelo governo podemos escrever Y C I G Obtivemos a identidade do rendimento nacional para uma economia fechada ao supor que toda sua produ ção seja consumida ou investida pelos cidadãos do país ou comprada pelo seu governo Entretanto quando o comércio com o exterior é possível um pouco da pro dução é comprada por estrangeiros enquanto uma parte do gasto nacional vai para a compra de mercadorias e serviços produzidos no exterior A identidade do PNB para as economias abertas mostra como a renda nacio nal que um país ganha por vender suas mercadorias e serviços é dividida entre vendas para residentes nacionais e vendas para residentes estrangeiros Já que os residentes de uma economia aberta podem gastar uma parte de sua renda em importações isto é mercadorias e serviços comprados no exterior somente a porção de seus gastos não utilizados para importações é parte do PNB interno O valor das importações indicado por IM deve ser subtraído do total do gasto nacional C I G para encontrar a porção do gasto nacional que gera a renda nacional As importações do exterior aumen tam o PNB dos países estrangeiros mas não aumentam diretamente o PNB nacional De modo similar mercadorias e serviços vendidos para os estrangeiros compõem as exportações de um país As exportações indicadas por EX são a quantidade de compras que os estrangeiros fazem adicionadas à renda nacional da economia nacional O rendimento nacional de uma economia aberta é portanto a soma das despesas nacionais e estrangei ras nas mercadorias e serviços produzidos pelos fatores nacionais de produção Portanto a identidade do rendi mento nacional para uma economia aberta é Y C I G EX IM 131 Uma economia aberta imaginária Para tornar concreta a identidade Equação 131 consideremos uma economia fechada imaginária Agrá ria cuja única produção é trigo Cada cidadão de Agrária é um consumidor de trigo mas cada um deles também é agricultor e portanto pode ser visto com uma empresa Os agricultores investem deixando de lado uma porção da colheita de cada ano como semente para a planta ção do ano seguinteTambém existe um governo que se apropria de parte da colheita para alimentar o exército de Agrária A colheita anual total de Agrária é de 100 alqueires de trigo Agrária pode importar leite do resto do mundo em troca de exportações de trigo Não pode mos compor as contas de renda nacional de Agrária sem saber o preço do leite em termos de trigo porque todos os componentes na identidade do PNB Equação 131 devem ser medidos nas mesmas unidades Se supusermos que o preço do leite é 05 alqueires de trigo por galão e que nesse preço os agrarianos querem con sumir 40 galões de leite então as importações de Agrária são iguais em valor a 20 alqueires do trigo Na Tabela 131 vemos que a produção total de Agrá ria é de 100 alqueires de trigo O consumo é dividido entre trigo e leite com 55 alqueires de trigo e 40 galões de leite igual em valor a 20 alqueires de trigo consumi dos durante o ano O valor do consumo em termos de trigo é 55 05 40 55 20 75 Os 100 alqueires de trigo produzidos por Agrária são utilizados conforme segue 55 alqueires são consumi dos pelos residentes nacionais 25 são investidos 10 são comprados pelo governo e 10 são exportados A renda PNB produção total Consumo Investimento Compras de governo Exportações Importações 100 75ª 25 10 10 20b a 55 alqueires de trigo 05 alqueire por galão 40 galões de leite b 05 alqueires por galão 40 galões de leite tAbelA 131 Contas de renda nacional para Agrária uma economia aberta alqueires de trigo M13KRUGXXXXC13indd 250 12915 616 PM 251 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos nacional Y 100 é igual à despesa nacional C I G 110 mais as exportações EX 10 menos as impor tações IM 20 A conta corrente e o endividamento externo Na verdade o comércio exterior de um país é exata mente balanceado em raras oportunidades As diferen ças entre as exportações de mercadorias e serviços e as importações de mercadorias e serviços são conhecidas como saldo de conta corrente ou conta corrente Se indicarmos a conta corrente com CA podemos expres sar essa definição em símbolos como CA EX IM Quando as importações de um país superam suas exportações dizemos que o país tem um déficit em conta corrente Um país tem um superávit em conta corrente quando suas exportações excedem suas importações3 A identidade do PNB a Equação 131 mostra uma razão de por que a conta corrente é importante na macroeconomia internacional Uma vez que o lado direito da Equação 131 dá o total das despesas na pro dução nacional mudanças na conta corrente podem ser associadas com as mudanças na produção e portanto no emprego A conta corrente também é importante porque mede o tamanho e a direção do empréstimo internacional Quando um país importa mais do que exporta ele está comprando mais dos estrangeiros do que vende para eles e deve de alguma forma financiar esse déficit em conta corrente Como o país paga pelas importações adicionais já que gastou seus ganhos com exportações Uma vez que o país como um todo pode importar mais do que exporta somente se conseguir pegar emprestada a diferença com estrangeiros um país com um déficit em conta corrente deve aumentar seus débitos estrangeiros líquidos pela quantidade do déficit Isso é a atual posi ção dos Estados Unidos que têm um déficit em conta corrente significativo e pegaram emprestada uma soma igual a cerca de 3 do seu PNB em 20124 De modo similar um país com um superávit em conta corrente está ganhando mais com as exportações do que gastando em importações Esse país financia o déficit em conta corrente de seu parceiro de comércio emprestando dinheiro a ele A riqueza estrangeira de um país com superávit aumenta porque os estrangeiros pagam mais por qualquer importação não coberta por suas exportações por meio da emissão de notas promis sórias que eventualmente terão de resgatar O raciocínio anterior mostra que o saldo de conta corrente de um país se iguala à mudança em sua riqueza externa líquida5 Definimos a conta corrente como a diferença entre exportações e importações A Equação 131 diz que a conta corrente também é igual à diferença entre a renda nacional e o total de despesas dos residentes nacionais C I G Y C I G CA É somente pegando um empréstimo no exterior que um país pode ter um déficit em conta corrente e utili zar mais do que está produzindo atualmente Se o país utiliza menos do que sua produção ele tem um supe rávit em conta corrente e empresta o superávit para os estrangeiros6 Os empréstimos internacionais foram identificados como comércio intertemporal no Capítulo 6 Um país com um déficit em conta corrente importa o consumo presente e exporta o consumo futuro Um país com um superávit em conta corrente exporta o consumo presente e importa o consumo futuro Como exemplo considere novamente a economia imaginária de Agrária descrita na Tabela 131 O valor total de seu consumo investimento e compras de governo em 110 alqueires de trigo é maior do que sua produção de 100 alqueires Essa desigualdade seria impossível em uma economia fechada Ela é possível em uma economia aberta porque agora Agrária importa 40 galões de leite que valem 20 alqueires de trigo mas exporta somente 10 alqueires de trigo O déficit em conta corrente de 10 alqueires é o valor que Agrária pegou emprestado no exterior e que o país terá de devolver no futuro 3 Além das exportações líquidas de mercadorias e serviços o saldo da conta corrente inclui transferências unilaterais líquidas de renda que dis cutimos previamente Seguindo nossa suposição anterior continuamos a ignorar tais transferências por enquanto para simplificar a discussão Mais adiante neste capítulo quando analisarmos o balanço dos pagamentos norte americanos em detalhe veremos como as transferências de renda atual entram na conta corrente 4 De forma alternativa um país poderia financiar um déficit em conta corrente utilizando riqueza exterior acumulada anteriormente para pagar as importações Esse país diminuiria sua riqueza externa líquida o que tem o mesmo efeito na riqueza geral como se sua dívida externa aumentasse Nossa discussão aqui ignora a possibilidade de que um país receba presentes de ativos estrangeiros ou dê esses presentes como quando um país concorda em perdoar a dívida de outro Como discutimos acima tais transferências de ativo diferentemente das transferên cias de renda atual não são parte da conta corrente mas de forma alguma afetam a riqueza externa líquida Elas são registradas na conta capital do balanço dos pagamentos 5 Infelizmente essa declaração também não está exatamente correta porque existem fatores que influenciam a riqueza externa líquida que não são capturados na renda nacional e nas contas de produto Vamos nos abstrair desse fato até o estudo de caso que conclui este capítulo 6 A soma A C I G é frequentemente chamada de absorção doméstica na literatura de macroeconomia internacional Utilizando essa ter minologia podemos descrever o superávit de conta corrente como a diferença entre renda e absorção Y A M13KRUGXXXXC13indd 251 12915 616 PM 252 Economia internacional A Figura 132 ilustra de forma vívida como uma sequência de déficits em conta corrente pode causar uma grande dívida externa A figura traça o saldo de conta corrente norte americano desde o fim da década de 1970 junto com a medida do estoque de riqueza externa líquida da nação sua posição de investimento internacional líquido ou IIP a diferença entre seus créditos com os estrangeiros e suas responsabilida des em relação a eles Como se pode ver os Estados Unidos acumularam uma riqueza externa substancial no começo da década de 1980 quando um déficit em conta corrente contínuo de proporções nunca vistas surgiu no século XX Em 1987 o país tornou se um devedor líquido ao exterior pela primeira vez desde a Primeira Guerra Mundial Esse débito exterior conti nuou a crescer e no começo de 2013 estava em torno de 25 do PNB Poupança e conta corrente Simples como é a identidade do PNB tem muitas implicações esclarecedoras Para explicar a mais impor tante delas definimos o conceito de poupança nacional isto é a porção da produção Y que não é dedicada ao consumo das famílias C ou às compras de governo G7 Em uma economia fechada a poupança nacional se iguala ao investimento Isso nos diz que a economia fechada como um todo pode aumentar sua riqueza somente ao acumular novo capital 4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 200 400 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Riqueza externa líquida Contacorrente Contacorrente riqueza externa líquida bilhões de dólares FIGURA 132 A conta corrente norte americana e a posição de investimento internacional líquido 19762012 Uma sequência de déficits em conta corrente com início no começo da década de 1980 reduziu a riqueza externa líquida norte americana até que por volta do começo do século XXI o país acumulou uma dívida externa substancial Fonte Departamento de Comércio Americano Departamento de Análise Econômica 7 A conta de renda nacional norte americana supõe que as compras de governo não são utilizadas para aumentar o estoque capital nacional Seguimos essa convenção aqui ao subtrair todas as compras de governo da produção para calcular a poupança nacional A maioria das contas nacionais dos países faz a distinção entre o consumo do governo e o investimento do governo por exemplo o investimento pelas corporações públicas e inclui o último como parte da poupança nacional No entanto frequentemente os números do investimento do governo incluem compras de equipamento militar M13KRUGXXXXC13indd 252 12915 616 PM 253 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos Suponha que S represente a poupança nacional Nossa definição de S nos diz que S Y C G Uma vez que a identidade do PNB da economia fechada Y C I G também pode ser escrito como I Y C G então S I e a poupança nacional deve se igualar ao investimento em uma economia fechada Enquanto em uma economia fechada poupança e inves timento devem ser sempre iguais em uma economia aberta eles podem diferir Lembrando que a poupança nacional S iguala Y C G e que CA EX IM podemos rees crever a identidade do PNB da Equação 131 como S I CA A equação destaca uma importante diferença entre as economias abertas e fechadas uma economia aberta pode poupar tanto construindo seu estoque de capital ou adquirindo riqueza externa mas uma economia fechada pode poupar somente ao aumentar suas ações de capital Diferentemente de uma economia fechada uma econo mia aberta com oportunidades lucrativas de investimento não tem de aumentar sua poupança para explorá la A expressão anterior mostra que é possível aumentar o inves timento e o empréstimo exterior simultaneamente sem mudar a poupança Por exemplo se a Nova Zelândia decide construir uma nova usina hidrelétrica ela pode importar os materiais de que necessita dos Estados Unidos e pegar empréstimo com fundos norte americanos para pagar pelo material Essa transação aumenta o investimento nacional da Nova Zelândia porque os materiais importados contri buem para a expansão das ações de capital A transação também aumenta o déficit em conta corrente da Nova Zelândia em uma quantidade igual ao aumento no investi mento A poupança da Nova Zelândia não precisa ser alte rada mesmo que os investimentos aumentem No entanto para que isso seja possível os residentes norte americanos devem estar dispostos a poupar mais de forma que os recursos necessários para a construção da nova usina este jam liberados para que a Nova Zelândia os utilize O resul tado é outro exemplo de comércio intertemporal no qual a Nova Zelândia importa a produção atual quando faz o empréstimo com os Estados Unidos e exporta a produção futura quando paga pelo empréstimo Já que a poupança de um país pode ser emprestada a um segundo país a fim de aumentar o estoque de capi tal o superávit em conta corrente de um país é frequen temente chamado de investimento externo líquido É claro quando um país empresta a outro para financiar o inves timento parte da renda gerada pelo investimento nos anos futuros pode ser utilizada para pagar ao país credor O investimento interno e o externo são duas formas dife rentes pelas quais um país consegue utilizar as economias atuais para aumentar sua renda futura Poupanças privada e do governo Até agora nossa discussão sobre poupança não enfa tizou a distinção entre as decisões de poupança feitas pelo setor privado e aquelas feitas pelo governo Diferentemente das decisões privadas de poupança as decisões de pou pança do governo são frequentemente feitas visando seu efeito na produção e no emprego A identidade de renda nacional pode ajudar nos a analisar os canais pelos quais as decisões de poupança do governo influenciam as con dições macroeconômicas nacionais Para utilizar a iden tidade de renda nacional dessa forma primeiro temos de dividir a poupança nacional em seus componentes gover namentais e privados A poupança privada é definida como parte disponível da renda que é poupada em vez de consumida A renda disponível é a renda nacional Y menos os impostos líquidos coletados das famílias e empresas pelo governo T8 Portanto a poupança privada indicada por S p pode ser expressa como S p Y T C A poupança governamental é definida de forma simi lar à poupança privada A renda governamental é sua receita líquida de imposto T enquanto seu consumo são as compras de governo G Se S g representa a pou pança governamental então S g T G Os dois tipos de poupança que temos definidos pri vada e governamental somam se à poupança nacional Para ver por que lembre se da definição da poupança nacional S como Y C G Então S Y C G Y T C T G S p S g Podemos utilizar as definições de poupanças privada e governamental para reescrever a identidade de renda nacional de uma forma que seja útil para analisar os efeitos das decisões de poupança governamental em eco nomias abertas Porque S S p S g I CA S p I CA S g I CA T G I CA G T 132 8 Os impostos líquidos são os impostos menos as transferências de pagamentos do governo O termo governo refere se aos governos federais estaduais e locais considerados em uma única unidade M13KRUGXXXXC13indd 253 12915 616 PM 254 Economia internacional A Equação 132 relaciona a poupança privada ao investimento nacional ao superávit em conta corrente e à poupança governamental Para interpretar a Equa ção 132 definimos o déficit orçamentário governamen tal como G T isto é como a poupança governamental precedida por um sinal de menos O déficit orçamentário governamental mede o ponto até o qual o governo está pegando empréstimo para financiar suas despesas A Equação 132 então afirma que a poupança privada de um país pode tomar três formas investimento em capital nacional I compras de riqueza do exterior CA e com pras do débito recém obtido do governo nacional G T 9 9 Em uma economia fechada a conta corrente é sempre zero então a Equação 132 é simplesmente Sp I G T o mistÉrio do dÉFicit Faltante Como as exportações de cada país são as impor tações de outro país os saldos de conta corrente mundial devem somar zero Mas isso não acontece A Figura 133 mostra o padrão nos dados Entre 1980 e 2003 a soma das contas correntes globais era nega tiva implicando que ou os superávits eram subesti mados ou os déficits eram exagerados Mas em 2004 o mistério do superávit faltante tornou se o misté rio do déficit faltante Desde aquele ano a medida da conta corrente global tem sido positiva Considerando os erros inevitáveis na coleta de dados detalhados de pagamentos internacionais de muitas agências nacionais com diferente precisão e cobertura algumas discrepâncias são inevitáveis O que é confuso é que a discrepância global deveria ser persistentemente positiva ou negativa O padrão sugere que alguma coisa sistemática está acontecendo Quando o saldo da conta corrente global era nega tivo pensou se que um grande fator contribuinte era o relatório incompleto de renda de investimento interna cional Por exemplo os bancos reportam esse investi mento aos seus governos nacionais mas os recebedo res do investimento pessoas que podem querer evitar impostos podem não declará los após o recebimento Contudo não só as autoridades fiscais tornaram se melhores ao exigir o cumprimento da declaração mas o nível geral de taxas de juro agora é menor do que era nas décadas de 1980 e 1990 Uma melhor medição da renda de investimento internacional poderia ser res ponsável pelo encolhimento da conta corrente mundial negativa Mas o que pode ter tornado a conta positiva Um possível culpado é o crescente comércio inter nacional de serviços Por exemplo é provável que uma grande empresa de advocacia declare suas exportações 1 08 06 04 02 0 02 04 06 08 Porcentagem da produção mundial 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 FIGURA 133 A discrepância da conta corrente global desde 1980 Uma vez grande e negativo implicando créditos faltantes na conta corrente o saldo da conta corrente global tornou se grande e positivo implicando débitos faltantes na conta corrente Fonte Fundo Monetário Internacional Panorama Econômico Mundial Base de dados abril de 2013 M13KRUGXXXXC13indd 254 12915 616 PM 255 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos de serviço com bastante precisão mas as compras de vários de seus clientes menores podem escapar da detecção Entretanto em uma revisão recente deta lhada da questão a revista The Economist apontou que erros na medição do comércio de mercadorias tam bém cresceram dramaticamente e está menos claro que isso criaria um viés sistemático em direção a um aparente superávit global10 O mistério continua sendo mistério Em 2012 ele valia 336 bilhões de dólares pró ximo de 05 da produção mundial 10 Veja Economics Focus Exports to Mars The Economist 12 nov 2011 Disponível em httpwwweconomistcomnode21538100 O balanço das contas de pagamento Além das contas de renda nacional os economis tas do governo e os estatísticos também mantêm um balanço das contas de pagamento um registro deta lhado da composição do saldo da conta corrente e das várias transações que ela financia11 Os números da balança de pagamentos são de grande interesse ao público em geral como indicado pela atenção que várias mídias de notícia dão a eles Mas de vez em quando a imprensa informa medidas confusas e dife rentes de fluxos de pagamentos internacionais Deve mos ficar assustados ou felizes com uma manchete do Wall Street Journal que diz Estados Unidos acumu lam déficit de balança de pagamentos recorde Uma compreensão completa da contabilidade do balanço de pagamentos irá ajudar nos a avaliar as implicações das transações internacionais de um país O balanço de contas de pagamentos de um país mantém o controle tanto de seus pagamentos quanto de seus recebimentos do exterior Qualquer transação que resulte em um recebimento do exterior entra no balanço de contas de pagamentos como um crédito Qualquer transação que resulte em um pagamento ao exterior entra como um débito São três os tipos de transações internacionais registradas no balanço de pagamentos 1 Transações que surgem da exportação ou importação de mercadorias ou serviços e portanto entram direta mente na conta corrente Quando um consumidor fran cês importa um jeans norte americano por exemplo a transação entra no balanço de contas de pagamento estadunidense como um crédito na conta corrente 2 Transações que surgem da compra ou venda de ativos financeiros Um ativo é qualquer uma das formas nas quais a riqueza pode ser mantida como dinheiro ações fábricas ou débito governamental A conta financeira do balanço de pagamentos registra todas as compras ou vendas internacionais de ativos financeiros Quando uma companhia norte americana compra uma fábrica francesa a transação entra no balanço de contas de pa gamento estadunidense como um débito na conta finan ceira Ela entra como um débito porque essa transação requer um pagamento dos Estados Unidos ao exterior Correspondentemente a venda norte americana de ativos para o exterior entra na conta financeira norte americana como um crédito A diferença entre as com pras e vendas de ativos externos de um país é chamada de saldo da conta financeira ou fluxos financeiros líquidos 3 Algumas outras atividades que resultam em trans ferências de riqueza entre países são registradas na conta de capital Essas movimentações de ativos in ternacionais que geralmente são bem pequenas para os Estados Unidos diferem daquelas regis tradas na conta financeira Na maioria das vezes elas resultam de atividades não mercantis ou represen tam a aquisição ou a eliminação de ativos não pro duzidos não financeiros e possivelmente intangíveis como direitos autorais e marcas registradas Por exemplo se o governo norte americano perdoa uma dívida de um bilhão de dólares devida pelo governo do Paquistão a riqueza estadunidense declina em um bilhão de dólares e o valor é registrado como dé bito na conta de capital norte americano Você verá que as complexidades do balanço de con tas de pagamento serão menos confusas se você tiver em mente a simples regra de contabilidade de entrada dupla a seguir toda transação internacional entra auto maticamente no balanço de pagamentos duas vezes uma vez como crédito e uma vez como débito Esse princípio de contabilidade do balanço de pagamentos mantém se verdadeiro porque cada transação tem dois lados se você compra algo do exterior você deve pagar de alguma forma e o vendedor deve de alguma forma gastar ou guardar seu pagamento 11 O Departamento de Análise Econômica dos Estados Unidos DAE está em processo de mudança de apresentação de seu balanço de paga mentos para adaptar se aos padrões internacionais predominantes então nossa discussão neste capítulo difere em alguns aspectos daquelas nas edições de um a oito deste livro Seguimos a nova metodologia descrita por Kristy L Howell e Robert E Yuskavage Modernizing and Enhancing BEAs International Economic Accounts Recent Progress and Future Directions Survey of Current Business p620 maio 2010 Para uma atualização veja Kristy L Howell e Kyle L Westmoreland Modernizing and Enhancing BEAs International Economic Accounts A Progress Report and Plans for Implementation Survey of Current Business p 4460 maio 2013 No momento em que escrevo o DAE não finalizou a transição completa para o novo sistema mas espera se que isso aconteça em junho de 2014 M13KRUGXXXXC13indd 255 12915 616 PM 256 Economia internacional exemplos de transações emparelhadas Alguns exemplos mostrarão como o princípio da contabilidade de entrada dupla opera na prática 1 Imagine que você comprou uma máquina de fax a jato de tinta da companhia italiana Olivetti e pagou por essa compra com um cheque de US 1000 Seu pagamento para comprar uma mercadoria máquina de fax de um residente estrangeiro entra na conta corrente norte americana como um débito Mas onde está o crédito de compensação do balanço de pagamentos O vendedor da Olivetti nos Estados Unidos deve fazer algo com o seu cheque digamos que ele deposite na conta da Olivetti no Citibank em Nova York Nesse caso a Olivetti comprou e o Citibank vendeu um ativo norte americano um de pósito bancário no valor de US 1000 e a transação aparece como US 1000 de crédito na conta finan ceira norte americana A transação cria as duas en tradas compensatórias de contabilidade no balanço dos pagamentos estadunidense Crédito Débito Compra de máquina de fax conta corrente impor tação norte americana de mercadoria US 1000 Venda do depósito bancá rio pelo Citibank conta financeira venda de ativo norte americano US 1000 2 Como mais um exemplo suponha que durante sua viagem à França você pague US 200 por um ótimo jantar no Restaurant de lEscargot dOr Sem dinheiro você paga a conta com seu cartão de crédito Visa Seu pagamento que é uma despesa de turista será contado como uma importação de serviço para os Estados Unidos e portanto como um débito na conta corrente Onde está o crédito de compensação Sua assinatura no comprovante Visa dá ao restaurante o direito de receber US 200 na verdade receber o equivalente em moeda local da FirstCard a empresa que emitiu o seu cartão Visa Ele é portanto um ativo um crédito sobre um pa gamento futuro da First Card Então quando você paga por sua comida no exterior com seu cartão de crédito está vendendo um ativo para a França e ge rando um crédito de US 200 na conta financeira norte americana O padrão de compensar débitos e créditos nesse caso é Crédito Débito Compra de refeição conta corrente importação norte americana de serviço US 200 Venda de reivindicação no FirstCard conta fi nanceira venda de ativo norte americano US 200 3 Imagine agora que seu tio Sid de Los Angeles com prou uma ação recém emitida da gigante britânica do petróleo British Petroleum BP Ele faz o pe dido com a corretora de ações norte americana Go forBroke Inc e paga US 95 com fundos de sua conta do mercado monetário da GoforBroke A BP por sua vez deposita os US 95 que Sid pagou em sua própria conta bancária nos Estados Unidos no Second Bank de Chicago A aquisição da ação pelo tio Sid cria um débito de US 95 na conta finan ceira norte americana ele comprou um ativo de um residente estrangeiro a BP enquanto a depósito de US 95 da BP em seu banco em Chicago é o crédito compensador da conta financeira a BP expandiu sua posse de bens norte americanos Os efeitos es pelhados no balanço de pagamentos estadunidense portanto aparecem na conta financeira Crédito Débito Compra do tio Sid de uma ação da BP conta financeira compra norte americana de ativo US 95 Depósito do BP do paga mento do tio Sid no Second Bank de Chicago conta financeira venda de ativo norte americano US 95 4 Por fim consideremos como o balanço de contas de pagamento norte americano é afetado quando os bancos estadunidenses perdoam isto é anunciam que simplesmente vão deixar para lá uma dívida de US 5000 que o governo do país imaginário Bygonia tem com eles Nesse caso os Estados Unidos faz uma transferência de capital de US 5000 que aparece como uma entrada de débito na conta de capital O crédito associado está na conta financeira na forma de uma redução de US 5000 em ativos que M13KRUGXXXXC13indd 256 12915 616 PM 257 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos os Estados Unidos possuem no exterior uma aqui sição negativa de ativos e portanto um crédito de balanço de pagamentos Crédito Débito Perdão da dívida pelo banco norte americano conta capital transferência norte americana de pagamento US 5000 Redução das reivindica ções de bancos em Bygonia conta financeira venda de ativo norte americano US 5000 Esses exemplos mostram que muitas circunstân cias podem afetar a forma como uma transação gera sua entrada compensatória do balanço de pagamentos Nunca podemos prever com certeza onde o outro lado de uma transação em particular vai aparecer mas pode mos ter certeza de que vai aparecer em algum lugar O equilíbrio fundamental da identidade de pagamentos Como qualquer transação internacional origina automaticamente entradas de crédito e débito compen sadores no balanço dos pagamentos a soma do saldo da conta corrente e do saldo da conta de capital igualam se espontaneamente ao saldo da conta financeira conta corrente conta de capital conta financeira 133 Nos exemplos anteriores 1 2 e 4 as entradas de conta corrente ou conta de capital têm contrapar tes compensatórias na conta financeira enquanto no Exemplo 3 duas entradas da conta financeira compen sam uma à outra Pode se entender essa identidade de outra forma Lembre se da relação que liga a conta corrente ao empréstimo internacional Como a soma das contas correntes e de capital é a mudança total nos ativos exteriores líquidos de um país incluindo por meio da conta de capital transferências de ativos não mercan tis essa soma iguala se necessariamente à diferença entre as compras de ativos exteriores de um país e suas vendas de ativos para o exterior Isto é o balanço da conta financeira também chamado de fluxos financei ros líquidos Agora nos voltamos para uma descrição mais deta lhada do balanço das contas de pagamento utilizando como exemplo as contas norte americanas de 2012 A conta corrente mais uma vez Como já aprendemos o saldo de conta corrente mede as exportações líquidas de mercadorias e serviços de um país A Tabela 132 mostra que as exportações norte americanas do lado do crédito foram de 29869 bilhões de dólares em 2012 enquanto as importações do lado do débito foram de 32977 bilhões de dólares O balanço das contas de pagamento divide expor tações e importações em três categorias excelentes A primeira é o comércio de mercadorias isto é exporta ções e importações de produtos A segunda categoria serviços inclui itens como pagamentos por assistência jurídica despesas de turistas e taxas de envio A cate goria final renda é formada principalmente de juros internacionais pagamentos de dividendos e ganhos de empresas nacionais que operam no exterior Se você é dono de ações de uma empresa alemã e recebe um paga mento de dividendo de US 5 esse pagamento aparece nas contas norte americanas como um recibo de investi mento de renda de US 5 Os salários que trabalhadores ganham no exterior também podem entrar na conta de rendimento Incluímos a renda em investimentos exteriores na conta corrente porque essa renda é realmente compen sada pelos serviços fornecidos pelos investimentos exte riores Essa ideia como vimos anteriormente está por trás da distinção entre PNB e PIB Quando uma cor poração estadunidense constrói uma fábrica no Canadá por exemplo os serviços produtivos que a fábrica gera são vistos como um serviço exportado dos Estados Unidos para o Canadá igual em valor aos lucros que a fábrica rende para seu dono estadunidense Para ser consistente devemos ter certeza de incluir esses lucros no PNB dos Estados Unidos e não no PNB canadense Lembre se a definição do PNB refere se às mercadorias e serviços gerados pelos fatores de produção de um país mas isso não especifica que esses fatores devem trabalhar dentro da fronteira do país que é dono deles Antes de calcular a conta corrente devemos incluir um tipo adicional de transação internacional que temos igno rado até o momento Na discussão da relação entre PNB e renda nacional definimos transferências unilaterais entre países como presentes internacionais isto é pagamentos que não correspondem à compra de nenhuma mercado ria serviço ou ativo As transferências unilaterais líqui das são consideradas parte da conta corrente e da renda nacional e a identidade Y C I G CA mantém se exata se Y é interpretado como PNB mais transferências líquidas Em 2012 o balanço norte americano das transfe rências unilaterais foi 1297 bilhões de dólares M13KRUGXXXXC13indd 257 12915 616 PM 258 Economia internacional Conta corrente 1 Exportações Das quais 29869 Mercadorias 15612 Serviços 6493 Recebimentos de renda rendimentos primários 7763 2 Importações Das quais 32977 Mercadorias 23027 Serviços 4425 Recebimentos de renda rendimentos primários 5524 3 Transferências unilaterais líquidas rendimentos secundários 1297 Saldo da contacorrente 1 2 3 4404 Conta de capital 4 70 Conta financeira 5 Aquisição líquida norte americana de ativos financeiros excluindo os derivados financeiros Das quais 975 Ativos de reserva oficial 45 Outros ativos 930 6 Incorrência líquida norte americana de passivos excluindo os derivados financeiros Das quais 5439 Ativos de reserva oficial 3939 Outros ativos 1500 7 Derivados financeiros líquido 71 Fluxos financeiros líquidos 5 6 7 4394 Erros líquidos e omissões Fluxos financeiros líquidos menos a soma das contas corrente e capital 60 Fonte Departmento de Comércio dos EUA Departamento de Análise Econômica 14 de junho de 2013 lançamento Os totais podem diferir das somas por causa do arredondamento tAbelA 132 Balanço das contas de pagamento norte americanas para 2012 bilhões de dólares A tabela mostra um saldo de conta corrente de 2012 de 29869 32977 1297 bilhões 4404 bilhões de dólares um déficit O sinal negativo significa que os pagamentos atuais para o exterior ultrapassam as receitas atuais e os resi dentes norte americanos utilizaram mais do que pro duziram Como essas transações de conta corrente já foram pagas de alguma forma sabemos que essa entrada de débito líquido do 4404 bilhões de dólares deve ser compensada por um crédito líquido de 4404 bilhões em outro lugar no balanço dos pagamentos A conta de capital A entrada da conta de capital na Tabela 132 mostra que em 2012 os Estados Unidos receberam transferên cias de ativos de capital líquidas de aproximadamente 7 bilhões de dólares Esses pagamentos para os Estados Unidos são o crédito do balanço líquido de pagamentos Após adicioná los ao déficit de pagamentos indicado pela conta corrente descobrimos que os Estados Unidos precisam cobrir seu excesso de pagamentos para o exte rior pois ele reduziu pouquíssimo de 4404 bilhões para M13KRUGXXXXC13indd 258 12915 616 PM 259 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos 4334 bilhões de dólares Como um excesso de despesa nacional sobre a renda deve ser coberto por empréstimo líquido no exterior esse negativo atual mais o saldo da conta corrente deve ser igualado por um balanço nega tivo de fluxos financeiros líquidos que representa as res ponsabilidades líquidas que os Estados Unidos pegaram com o exterior em 2012 a fim de pagar seu déficit A conta financeira Enquanto a conta corrente é a diferença entre ven das de mercadorias e serviços para o exterior e a compra de mercadorias e serviços do exterior a conta financeira mede a diferença entre as aquisições de ativos do exte rior e o acúmulo de responsabilidades para com eles Quando os Estados Unidos pegam emprestado US 1 do exterior estão vendendo a ele um ativo uma pro messa de que vai devolver esse US 1 com juros no futuro Da mesma forma quando os Estados Unidos emprestam dinheiro adquirem um ativo o direito de rei vindicar devolução futura dos estrangeiros Para cobrir a conta corrente mais o déficit da conta de capital de 2012 que é 4334 bilhões de dólares os Estados Unidos precisaram fazer um empréstimo com estrangeiros ou vender lhes ativos no total líquido de 4334 bilhões de dólares Podemos olhar novamente para a Tabela 132 para ver exatamente como essa venda líquida de ativos para estrangeiros aconteceu A tabela registra separadamente as aquisições norte americanas de ativos financeiros do exterior que são débitos do balanço de pagamento porque os Estados Unidos devem pagar aos estrangeiros por esses ativos e o aumento nas reivindicações de estrangeiros sobre os residentes dos Estados Unidos que são os créditos do balanço de pagamentos porque os Estados Unidos rece bem pagamentos quando vendem seus ativos no exterior Esses dados no aumento da posse de ativos dos Estados Unidos fora do país e dos estrangeiros com posse de ativos norte americanos não incluem bens de derivados financeiros que são uma classe de ativos mais complicada do que ações e títulos mas tem valores que podem depender dos valores das ações e dos títu los Descreveremos alguns títulos derivados no pró ximo capítulo Com início em 2006 o Departamento de Comércio Americano foi capaz de juntar os dados líquidos de fluxos derivados fora das fronteiras para os Estados Unidos as compras líquidas dos Estados Uni dos de derivados de emissão estrangeira menos a com pra líquida de estrangeiros dos derivados de emissão norte americana As transações de derivados entram no balanço da conta de pagamentos da mesma forma que as outras transações de ativos internacionais De acordo com a Tabela 132 os ativos de proprie dade norte americana no exterior que não são deriva dos aumentaram em uma base líquida em 975 bilhões de dólares em 2012 O número é em uma base líquida porque alguns residentes norte americanos compra ram ativos estrangeiros enquanto outros venderam ati vos estrangeiros que já possuíam com a diferença entre as compras brutas estadunidenses e as vendas de ativos estrangeiros sendo 975 bilhões de dólares No mesmo ano novamente em uma base líquida os Estados Unidos chamaram para si novas responsabilidades em relação ao exterior iguais a 5439 bilhões de dólares Alguns residen tes norte americanos sem dúvida alguma pagaram seus débitos no exterior mas um novo empréstimo no exterior ultrapassaram essas devoluções em 5439 bilhões de dóla res O balanço de compras e vendas norte americanas de derivados financeiros foi de 71 bilhão de dólares os Esta dos Unidos adquiriram reivindicações de derivados com estrangeiros maiores em valor do que as reivindicações de derivados que os estrangeiros adquiriram com os Esta dos Unidos Calculamos o balanço da conta financeira fluxos financeiros líquidos como 975 bilhões 5439 bilhões 71 bilhões 4394 bilhões de dólares O valor negativo para os fluxos financeiros líquidos significa que em 2012 os Estados Unidos aumentaram sua responsa bilidade líquida com os estrangeiros responsabilidades menos ativos em 4394 bilhões de dólares erros líquidos e omissões Chegamos aos fluxos financeiros líquidos de 4394 bilhões de dólares em vez dos 4334 bilhões que esperá vamos após adicionar os balanços da conta corrente e da conta capital De acordo com nossos dados sobre comér cio e fluxos financeiros os Estados Unidos incorreram em 6 bilhões de dólares a mais em dívida externa do que realmente precisava para financiar seu déficit de conta corrente mais conta capital Se todo crédito de balanço de pagamentos automaticamente gera uma contraparte de débito igual e vice versa como essa diferença é possível A razão é que a informação sobre os itens associados de débito e crédito compensadores em uma dada transação podem ter sido pegos de diferentes fontes Por exemplo o débito de importação que o envio de aparelhos de DVD do Japão gera pode vir do relatório de um inspetor alfan degário norte americano e o crédito correspondente em conta financeira pode vir de um relatório do banco esta dunidense no qual o cheque de pagamento dos aparelhos de DVD é depositado Como os dados de diferentes fontes podem diferir em cobertura precisão e tempo o balanço das contas de pagamento raramente equilibra se na prá tica como deve ser na teoria Quem cuida das contas força M13KRUGXXXXC13indd 259 12915 616 PM 260 Economia internacional os dois lados para balancear adicionando às contas um item de erros líquidos e omissões Para 2012 transações internacionais não registradas ou mal registradas gera ram um débito contábil de balanceamento de 6 bilhões de dólares a diferença entre os fluxos financeiros líqui dos registrados e a soma das contas corrente e capital registradas Não temos como saber exatamente como distribuir essa discrepância entre as contas corrente capital e finan ceira Se soubéssemos não seria uma discrepância A conta financeira é a culpada mais provável já que é nota velmente difícil manter o controle dos complicados comér cios financeiros entre residentes de países diferentes Mas não podemos concluir que os fluxos financeiros líquidos eram só 6 bilhões de dólares maiores do que o registrado porque a conta corrente também é altamente suspeita A contabilidade do balanço de pagamentos considera os dados do comércio de mercadorias confiável mas os dados sobre os serviços não são confiáveis As transações de serviço como vendas ou conselho financeiro e assis tência de programação de computadores podem escapar à detecção A medição precisa do juro internacional e do recebimento de dividendos é particularmente difícil transações de reserva oficial Embora existam muitos tipos de transações de conta financeira um tipo é suficientemente importante para ser digno de discussão separada Esse tipo de transa ção é a compra e venda de ativos de reserva oficial pelos bancos centrais O banco central de uma economia é a instituição res ponsável por administrar a oferta de moeda Nos Estados Unidos o banco central é o Sistema de Reserva Federal As reservas internacionais oficiais são ativos estrangeiros que estão em posse dos bancos centrais como um amor tecedor contra adversidades econômicas nacionais Em uma época as reservas oficiais consistiam em grande parte de ouro mas hoje as reservas dos bancos centrais incluem ativos financeiros estrangeiros substanciais par ticularmente ativos em dólar norte americano como as letras financeiras do Tesouro A própria Reserva Federal norte americana tem somente um pequeno nível de ati vos de reserva oficiais diferentes de ouro Suas próprias participações em ativos de dólar norte americano não são consideradas reservas internacionais Os bancos centrais compram ou vendem com fre quência reservas internacionais em mercados de ativos privados para afetar as condições macroeconômicas em suas economias As transações oficiais desse tipo são chamadas de intervenção cambial estrangeira oficial Uma razão pela qual a intervenção cambial estrangeira pode alterar as condições macroeconômicas é que é uma forma de o Banco Central injetar dinheiro na economia ou retirá lo de circulação Teremos muito mais a dizer sobre as causas e consequências da intervenção cambial estrangeira mais tarde As agências do governo que não os bancos centrais podem ter reservas estrangeiras e intervirem oficialmente nos mercados de câmbio O Departamento do Tesouro norte americano por exemplo opera um Fundo de Esta bilização do Câmbio que algumas vezes tem desempe nhado um papel ativo na negociação do mercado Entretanto como as operações dessas agências nor malmente não têm impacto notável na oferta de moeda simplificaremos nossa discussão ao falar quando não for muito ilusório como se o Banco Central sozinho fosse dono das reservas estrangeiras e interviesse Quando um banco central compra ou vende ativos estrangeiros a transação aparece na conta financeira de seu país como se a mesma transação tivesse sido feita por um cidadão privado Uma transação na qual o Banco Central do Japão o Banco do Japão adquire ativos em dólar pode ocorrer como segue uma concessioná ria norte americana importa um carro sedan da marca Nissan do Japão e paga a empresa de automóveis com um cheque de US 20000 A Nissan não quer investir o dinheiro em ativos de dólar mas acontece que o Banco do Japão está disposto a dar para a Nissan dinheiro japo nês em troca do cheque de US 20000 Como resultado do negócio as reservas internacionais do Banco do Japão aumentam em US 20000 Como as reservas de dólar do Banco do Japão são parte do total dos ativos japoneses mantidos nos Estados Unidos este último aumenta em US 20000 Essa transação portanto resulta em um cré dito de US 20000 na conta financeira norte americana o outro lado do débito de US 20000 na conta corrente norte americana por causa da importação do carro12 A Tabela 132 mostra o tamanho e a direção das tran sações de reserva oficial envolvendo os Estados Unidos em 2012 Os ativos de reserva oficial dos Estados Unidos aumentaram em 45 bilhões de dólares Os Bancos Cen trais estrangeiros compraram 3939 bilhões de dólares para adicionarem às suas reservas O aumento líquido nas reservas oficiais norte americanas menos o aumento nas reivindicações de reservas oficias estrangeiras nos Estados Unidos é o nível líquido dos fluxos financeiros do Banco Central que ficaram em 45 bilhões 3939 bilhões 3894 bilhões de dólares em 2012 12 Para testar sua compreensão veja se você consegue explicar por que a mesma sequência de ações causa uma melhora de 20000 dólares na conta corrente do Japão e um aumento de 20000 dólares em seus fluxos financeiros líquidos M13KRUGXXXXC13indd 260 12915 616 PM 261 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos Pode se pensar nesses 3894 bilhões de dólares de fluxo líquido financeiro do Banco Central como a medição do grau no qual as autoridades nos Estados Unidos e no exterior juntaram se com outros credores para cobrir o déficit em conta corrente dos Estados Unidos No exemplo anterior o Banco do Japão ao adquirir US 20000 em depósito em um banco norte americano indiretamente financia uma importação norte americana de um carro japonês de US 20000 O nível dos fluxos líquidos do banco central é chamado de ajustes de equilíbrio oficiais ou de forma menos usual balanço de pagamento Esse balanço é a soma dos saldos da conta corrente e da conta capital menos a porção não reserva do saldo da conta financeira e indica a dife rença de pagamentos que as transações de reserva oficial precisam cobrir Portanto o balanço norte americano dos pagamentos em 2012 foi 3897 bilhões de dólares O balanço dos pagamentos desempenhou um papel histórico importante como medida do desequilíbrio em pagamentos internacionais e para muitos países ainda desempenha esse papel Um balanço de pagamentos negativo um déficit pode sinalizar uma crise pois sig nifica que o país está diminuindo seus ativos de reserva internacional ou sujeitando se a dívidas com autorida des monetárias estrangeiras Se um país enfrenta o risco de ser cortado subitamente dos empréstimos estran geiros vai querer manter uma caixa de guerra de reservas internacionais como precaução Os países em desenvolvimento em especial estão nessa posição veja o Capítulo 22 No entanto como qualquer medida sumária o balanço dos pagamentos deve ser interpretado com cuidado Para retornar ao nosso exemplo a deci são do Banco do Japão em expandir suas participa ções em depósitos bancários dos Estados Unidos em US 20000 incha o déficit do balanço de pagamentos norte americano na mesma quantia Suponha que em vez disso o Banco do Japão deposite esses US 20000 no Banco Barclays de Londres que por sua vez deposita o dinheiro no Citibank de Nova York Nesse caso os Estados Unidos se sujeitam a US 20000 extras em res ponsabilidades para estrangeiros privados e o déficit do balanço de pagamentos norte americano não sobe Mas essa melhora no balanço de pagamentos é de pouca importância econômica não faz diferença real para os Estados Unidos se eles pegaram emprestado o dinheiro do Banco do Japão diretamente com ele ou por meio de um banco de Londres os ativos e passivos do maior devedor do mundo Vimos anteriormente que o saldo de conta corrente mede o fluxo de novas reivindicações líquidas em riqueza estrangeira que um país adquire ao exportar mais mercadorias e serviços do que importa Entre tanto esse fluxo não é o único fato importante que causa a mudança na riqueza externa líquida Além disso as mudanças no preço de mercado da riqueza adqui rida anteriormente podem alterar a riqueza externa líquida de um país Quando o mercado de ações japo nês perdeu três quartos do seu valor durante a década de 1990 por exemplo os donos norte americanos e europeus das ações japonesas viram o valor de suas reivindicações sobre o Japão despencarem e a riqueza externa líquida do Japão aumentou como resultado disso As mudanças na taxa de câmbio têm efeito simi lar Quando o dólar é desvalorizado contra as moedas estrangeiras por exemplo os estrangeiros que têm ati vos de dólar veem sua riqueza cair quando medida em sua moeda nacional O Departamento de Análise Econômica DAE do Departamento de Comércio Americano que super visiona o vasto trabalho de coleta de dados por trás das estatísticas norte americanas de renda nacional e balanço de pagamentos reportam estimativas anuais da posição de investimento internacional líquido dos Estados Unidos os ativos estrangeiros do país menos seus passivos estrangeiros Como o preço do ativo e as mudanças da taxa de câmbio alteram o valor do dólar de ativos e passivos estrangeiros da mesma forma o DAE deve ajustar os valores das reivindicações existen tes para refletir tais ganhos e perdas de capital a fim de estimar a riqueza externa líquida norte americana Essas estimativas mostram que ao fim de 2012 os Estados Unidos tinham uma posição de riqueza externa líquida negativa muito maior do que da de outros países Até 1991 investimentos diretos estrangeiros como as fábricas estrangeiras que são propriedades de corporações norte americanas eram avaliadas em seu preço histórico isto é preço original de compra Agora o DAE utiliza dois métodos diferentes para identificar valores atuais de investimentos diretos estrangeiros o método de custo corrente que valo riza os investimentos diretos ao custo de comprá los atualmente e o método de valor de mercado que se destina a medir o preço no qual os investimentos poderiam ser vendidos Esses métodos podem levar a diferentes avaliações porque o custo de substituir um investimento particular direto e o preço que ele teria M13KRUGXXXXC13indd 261 12915 616 PM 262 Economia internacional se fosse vendido no mercado poderia ser difícil de medir Os dados de riqueza externa líquida na Figura 133 são estimativas de custo atual que se acredita ser mais precisas A Tabela 133 reproduz a explicação da DAE de como ela fez seus ajustes de valor para encontrar o IIP líquido norte americano no fim de 2012 Esse título estima valores de investimentos diretos em custo atual Começando com sua estimativa da riqueza externa líquida de 2011 37306 bilhões de dólares o DAE coluna A adicionou a quantia do fluxo finan ceiro líquido de 2012 de 4394 bilhões de dólares lembre se da figura mostrada na Tabela 132 Então o DAE ajustou os valores de ativos e passivos anteriores mantidos por várias mudanças em seus preços em dólar colunas b c e d Como resultado dessas mudan ças de valor a riqueza externa líquida norte americana caiu por uma quantia menor do que 4394 bilhões de dólares em um novo empréstimo líquido com estran geiros na verdade a riqueza externa líquida estaduni dense só declinou em 1333 bilhões de dólares A esti mativa da DAE para 2012 da riqueza externa líquida portanto foi de 38639 bilhões de dólares Esse débito é maior do que o débito exterior total devido por todos os países da Europa Central e Oriental que era em torno de 1240 bilhões de dólares em 2012 Entretanto para colocar essas figuras em perspectiva é importante notar que o débito líquido conta cerca de 25 de seu PIB enquanto o passivo estrangeiro da Hungria Polônia Romênia e outros países da Europa Linha Tipo de investimento Posição 2011r Mudanças de posição em 2012 Posição 2012 r Atribuível a Ajustes de valores Fluxos financeiros a Mudanças de preços b Mudanças1 de taxa de câmbio c Outras mudanças2 d Total abcd 1 Posição de investimento inter nacional dos Estados Unidos linhas 23 3730590 439351 489566 5100 188618 133302 3863892 2 Derivados financeiros líquido linha 5 menos linha 253 86039 7064 4 4 4 35327 28263 57776 3 Posição de investimento internacional líquido excluindo os derivados financeiros linha 6 menos linha 26 3816629 446415 489566 5100 153291 105039 3921668 4 Ativos exteriores de proprie dade dos Estados Unidos linhas 56 21636152 3 3 3 3 1466 21637618 5 Derivados financei ros valor justo bruto positivo 4716578 3 3 3 3 1096817 3619761 6 Ativos exteriores de pro priedade dos Estados Unidos excluindo os deri vados financeiros linhas 71217 16919574 97469 990880 5909 4024 1098283 18017857 7 Ativos norte americanos de reserva oficial 537037 4460 33079 2208 0 35331 572368 8 Ouro 400355 0 533079 60 33079 433434 9 Direitos de saques especiais 54956 37 57 0 94 55050 10 Posição de reserva no Fundo Monetário Internacional 30080 4032 49 0 4081 34161 11 Moedas estrangeiras 51646 391 2314 0 1923 49723 tAbelA 133 Posição de Investimento Internacional dos Estados Unidos no fim do ano 2011 e 2012 milhões de dólares M13KRUGXXXXC13indd 262 12915 616 PM 263 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos Linha Tipo de investimento Posição 2011r Mudanças de posição em 2012 Posição 2012 r Atribuível a Ajustes de valores Fluxos financeiros a Mudanças de preços b Mudanças1 de taxa de câmbio c Outras mudanças2 d Total abcd 12 Ativos norte americanos do governo diferentes de ativos de reserva oficial 178901 85331 0 85331 93570 13 Crédito a norte americanos e outros ativos de longo prazo7 78373 5656 0 5656 84029 14 Repagáveis em dólares 78100 5656 0 5656 83756 15 Outro8 273 0 0 273 16 Participações norte americanas em outras moedas e ativos norte americanos de curto prazo9 100528 90987 90987 9541 17 Ativos norte americanos privados 16203636 178341 957801 8117 4024 1148283 17351919 18 Investimento direto em custo atual 4663142 388293 25339 16234 15258 414608 5077750 19 Títulos estrangeiros 6441350 144823 932462 7412 20000 1089873 7531223 20 Títulos 1939912 62243 139503 973 0 200773 2140685 21 Ações corporativas 4501438 82580 792959 6439 20000 889100 5390538 22 Crédito sobre estran geiros não afiliados relatado por preocu pações não bancárias norte americanas 792953 25723 3194 22882 51799 844752 23 Créditos relatados pelos bancos norte americanos e corretores de ação não incluídos em outro lugar 4306191 380498 3899 23600 407997 3898194 24 Ativos de propriedade de estrangeiros nos Estados Unidos linhas 2526 25366742 3 3 3 3 134768 25501510 25 Derivados financei ros valos justo bruto negativo 4630539 3 3 3 3 1068554 3561985 26 Ativos de propriedade de estrangeiros nos Estados Unidos excluindo os de rivados financeiros linhas 2734 20736203 543884 501314 809 157315 1203322 21939525 27 Ativos oficiais de proprie dade de estrangeiros nos Estados Unidos 5256358 393922 42110 58 0 436090 5692448 28 Títulos do governo norte americano 4235886 314660 23650 0 291010 4526896 29 Títulos do Tesouro norte americano 3620580 433155 21531 0 411624 4032204 30 Outro 615306 118495 2119 0 120614 494692 31 Outros passivos do go verno norte americano10 119980 8241 58 0 8299 128279 M13KRUGXXXXC13indd 263 12915 616 PM 264 Economia internacional Linha Tipo de investimento Posição 2011r Mudanças de posição em 2012 Posição 2012 r Atribuível a Ajustes de valores Fluxos financeiros a Mudanças de preços b Mudanças1 de taxa de câmbio c Outras mudanças2 d Total abcd 32 Passivos relatados pelos bancos norte americanos e corretores de ação não incluídos em outro lugar 205973 1572 0 1572 204401 33 Outros ativos estrangei ros oficiais 694519 72593 65760 0 138353 832872 34 Outros ativos estrangeiros 15479845 149962 459204 751 157315 767232 16247077 35 Investimento direto em custo atual 2879531 166411 20385 606 9607 177795 3057326 36 Títulos do Tesouro norte americano 1386274 156385 1090 0 0 155295 1541569 37 Títulos norte americanos além dos Títulos do Tesouro 6151552 196908 439909 897 116578 752498 6904050 38 Títulos corporativos e outros 2894604 23584 125774 897 18898 167359 3061963 39 Ações corporativas 3256948 173324 314135 97680 585139 3842087 40 Moeda norte americana 397086 57141 0 57141 454227 41 Passivos norte americanos a estrangeiros não afilia dos relatado por preo cupações não bancárias norte americanas 630925 39505 3158 61944 25597 656522 42 Passivos relatados pelos bancos norte americanos e corretores de ação não incluídos em outro lugar 4034477 387378 2116 11600 401094 3633383 Nota 43 Investimento direto no exte rior em valor de mercado 4513863 388293 301652 48194 2463 735676 5249539 44 Investimento direto nos Estados Unidos em valor de mercado 3510395 166411 260399 13236 413574 3923969 r Revisado Menos que 500000 dólares Não aplicável 1 Representa ganhos ou perdas em ativos em moedas estrangeiras e passivos em virtude de sua reavaliação em taxas de câmbio atuais 2 Inclui mudanças por causa das alterações anuais na composição dos paineis relatores principalmente para estimativas bancárias e não bancárias e para a incorpo ração de resultados de pesquisa mais compreensíveis Também inclui ganhos e perdas capitais com afiliados de investimento direto e mudanças nas posições que não podem ser distribuídas para os fluxos financeiros ou mudanças de taxas de câmbio 3 Fluxos financeiros e ajustes de valor para derivados financeiros estão disponíveis somente em base líquida que é mostrada na linha 2 Elas não estão disponíveis separadamente para valores justos brutos positivos e valores justos brutos negativos dos derivados financeiros Consequentemente as colunas a até d nas linhas 4 5 24 e 25 não estão disponíveis 4 Os dados não estão disponíveis separadamente para os três tipos de ajustes de valor Portanto a soma dos três tipos é mostrada na coluna d 5 Reflete as mudanças no valor oficial do ouro em virtude das flutuações no preço de mercado do ouro 6 Reflete as mudanças no valor oficial do ouro da venda do Tesouro norte americano de medalhões de ouro moedas comemorativas e de ouro Também reflete o reabaste cimento por meio das compras de mercado aberto Essas desmonetizaçõesmonetizações não são incluídas nos fluxos financeiros das transações internacionais 7 Também inclui pagamento capital de inscrições para instituições financeiras internacionais e grandes quantias de créditos diversos que foram determinados por meio de acordos internacionais para serem pagos ao governo norte americano sobre períodos de no máximo 1 ano Exclui os débitos da Primeira Guerra Mundial que não estão sendo cumpridos 8 Inclui o endividamento que o devedor pode contratualmente ou como uma opção pagar com sua moeda com a moeda de um terceiro país ou pagar por meio de materiais ou transferência de serviços 9 Inclui ativos em moedas estrangeiras obtidos por acordos de moeda temporários recíprocos entre o Sistema de Reserva Federal e Bancos Centrais estrangeiros Esses ativos são incluídos na posição de investimento no valor do dólar estabelecido na hora em que foram recebidos refletindo o valor desses ativos na folha de balanço do Sistema de Reserva Federal Mudanças nas taxas de câmbio 10 Inclui os passivos do governo norte americano associados com contratos de vendas militares e passivos relacionados a reserva do governo norte americano de dis tribuição de direitos de saques especiais SDRs Fonte Departamento de Comércio Americano Departamento de Análise Econômica junho de 2013 M13KRUGXXXXC13indd 264 12915 616 PM 265 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos Central e do Leste estava em cerca de 67 de seu PIB coletivo Portanto a dívida externa norte americana representa um escoamento menor da renda nacional No entanto as mudanças na taxa de câmbio e nos preços dos títulos têm o potencial de modificar a dívida externa norte americana drasticamente porque os ativos brutos estrangeiros e os passivos dos Esta dos Unidos tornaram se enormes nos anos recentes A Figura 134 ilustra essa tendência dramática Em 1976 os ativos estrangeiros norte americanos situavam se em 25 do PIB estadunidense e os passivos em 16 fazendo dos Estados Unidos um credor líquido estrangeiro na quantia de aproximadamente 9 de seu PIB Contudo em 2012 os ativos estrangeiros do país totalizaram cerca de 138 do PIB e seus passi vos em cerca de 163 O tremendo crescimento nes sas ações de riqueza reflete a rápida globalização dos mercados financeiros no fim do século XX um fenô meno que discutiremos mais adiante no Capítulo 20 Entretanto pense sobre como as posições de riqueza dessa magnitude amplificam os efeitos das mudanças da taxa de câmbio Suponha que 70 dos ativos estrangeiros norte americanos sejam designados em moedas estran geiras mas que todos os passivos estadunidenses com os estrangeiros sejam designados em dólares esses são aproximadamente os números corretos Como o PIB norte americano de 2012 era em torno de 157 trilhões de dólares uma depreciação de 10 do dólar deixaria os passivos norte americanos inalterados mas aumentaria seus ativos medidos em dólares em 01 07 138 97 do PIB ou em torno de 15 trilhão de dólares Esse número é aproximadamente 34 vezes o déficit dos Esta dos Unidos em conta corrente de 2012 Na verdade por causa dos movimentos bruscos nas taxas de câmbio e nos preços das ações a economia norte americana per deu em torno de 800 bilhões de dólares dessa maneira entre 2007 e 2008 e ganhou uma quantia comparável entre 2008 e 2009 veja a Figura 133 A redistribuição correspondente da riqueza entre estrangeiros e os Esta dos Unidos teria sido muito menor em 1976 Essa possibilidade significa que os políticos toma dores de decisão deveriam ignorar as contas correntes de seus países em vez de tentar manipular os valores da moeda para impedir grandes acúmulos de dívida líquida exterior Essa seria uma estratégia arriscada porque como veremos no próximo capítulo as expec tativas de taxas futuras de câmbio são centrais para o comportamento dos participantes do mercado Tentati vas sistemáticas do governo para reduzir a riqueza dos investidores estrangeiros por meio de mudanças na taxa de câmbio reduziriam drasticamente a demanda estran geira pelos ativos nacionais atuais dessa forma dimi nuindo ou eliminando qualquer benefício de riqueza ao depreciar a moeda local Desde 1976 tanto os ativos quanto os passivos estrangeiros dos Estados Unidos aumentaram drasticamente Mas os passivos aumentaram mais rapidamente deixando os Estados Unidos com uma dívida líquida externa substancial Fonte Departamento de Comércio Americano Departamento de Análise Econômica junho de 2013 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 Ativos passivos proporção do PIB 2006 2008 2010 2012 Passivos estrangeiros brutos Ativos estrangeiros brutos 00 02 04 06 08 10 12 14 16 18 FIGURA 134 Ativos e passivos estrangeiros brutos dos Estados Unidos 19762012 M13KRUGXXXXC13indd 265 12915 616 PM 266 Economia internacional termos chave ajustes de equilíbrio oficiais ou balanço de pagamentos p 261 ativo p 255 balanço de pagamento p 261 banco central p 260 compras de governo p 249 consumo p 249 conta de capital p 255 conta financeira p 255 contabilidade da renda nacional p 246 contabilidade do balanço de pagamentos p 246 déficit orçamentário governamental p 254 intervenção cambial estrangeira oficial p 260 investimento p 249 macroeconomia p 245 microeconomia p 245 posição de investimento internacional líquido p 252 poupança nacional p 252 poupança privada p 253 produto interno bruto PIB p 248 produto nacional bruto PNB p 246 renda nacional p 247 reservas internacionais oficiais p 260 saldo de conta corrente p 251 resumo 1 A macroeconomia internacional preocupa se com o empre go completo dos recursos econômicos escassos e com a estabilidade do nível de preço por toda a economia mun dial Por refletirem os padrões nacionais de despesas e suas repercussões internacionais as contas de renda nacional e o balanço das contas de pagamento são ferramentas essen ciais para o estudo da macroeconomia das economias aber tas e interdependentes 2 O produto nacional bruto PNB de um país é igual à renda re cebida pelos seus fatores de produção As contas de renda nacional dividem a renda nacional de acordo com os tipos de despesas que a geram consumo investimento compras de go verno e o saldo da conta corrente O produto interno bruto PIB igual ao PNB menos os recebimentos líquidos do fator renda do exterior mede a quantidade produzida dentro das frontei ras territoriais de um país 3 Em uma economia fechada para o comércio internacio nal o PNB deve ser consumido investido ou comprado pelo governo Ao utilizar a produção atual para investir em fábricas equipamentos e inventários o investimento transforma a produção atual em produção futura Para uma economia fechada o investimento é a única forma de poupar no conjunto então a soma da poupança feita pelos setores privado e público a poupança nacional deve ser igual ao investimento 4 Em uma economia aberta o PNB é igual à soma do consu mo do investimento das compras de governo e das expor tações líquidas de mercadorias e serviços O comércio não precisa ser balanceado se a economia pode pegar emprésti mo ou pode emprestar para o resto do mundo A diferença entre as exportações e importações da economia o saldo da conta corrente é igual à diferença entre a produção da economia e sua utilização total de mercadorias e serviços 5 A conta corrente também se iguala aos empréstimos líqui dos do país para estrangeiros Ao contrário de uma econo mia fechada uma economia aberta pode poupar por meio de investimentos nacionais e estrangeiros Portanto a poupança nacional é igual ao investimento nacional mais o saldo da conta corrente A conta corrente é intimamente relacionada à mudança na posição de investimento interna cional líquido embora normalmente não seja igual a essa mudança por causa da flutuação nos valores dos ativos não registrados na renda nacional e nas contas de produtos 6 O balanço das contas de pagamento fornece uma visão de talhada da composição e financiamento da conta corrente Todas as transações entre o país e o resto do mundo são registradas no balanço das contas de pagamento do país As contas são baseadas na convenção de que qualquer transa ção que resulte em um pagamento ao exterior entra como um débito enquanto qualquer transação que resulte em um recebimento do exterior entra como um crédito 7 As transações que envolvem mercadorias e serviços apare cem na conta corrente do balanço de pagamentos enquan to as vendas e compras internacionais de ativos aparecem na conta financeira A conta de capital registra principal mente transferências de ativos não mercantis e tende a ser pequena para os Estados Unidos A soma dos saldos das contas corrente e de capital deve ser igual ao saldo da con ta financeira fluxos financeiros líquidos Essa característi ca das contas reflete o fato de que as discrepâncias entre ganhos de exportação e despesas de importação devem ser igualados por uma promessa de devolução da diferença normalmente com juros no futuro 8 As transações de ativos internacionais feitas pelos Bancos Centrais são incluídas na conta financeira Qualquer tran sação do Banco Central em mercados privados para ativos de moeda estrangeira é chamada de intervenção cambial estrangeira oficial Uma razão pela qual a intervenção é tão importante é que os Bancos Centrais utilizam na para alte rar a quantidade de moeda em circulação Um país tem um déficit em seu balanço de pagamentos quando suas reservas internacionais oficiais estão diminuindo ou quando ele está pegando um empréstimo com Bancos Centrais estrangei ros Ele tem um superávit em situação oposta a essa M13KRUGXXXXC13indd 266 12915 616 PM 267 Capítulo 13 Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos problemas 1 Afirmamos neste capítulo que as contas do PNB evitam du pla contagem incluindo somente o valor das mercadorias e serviços finais vendidos no mercado Portanto as medidas de importação utilizadas nas contas do PNB deveriam ser definidas para incluir somente as importações de mercado rias e serviços finais do exterior E as exportações 2 A Equação 132 nos diz que para reduzir o déficit em conta corrente um país precisa aumentar sua poupança privada reduzir o investimento nacional ou cortar seu déficit orça mentário governamental Atualmente algumas pessoas recomendam restrições sobre as importações da China e de outros países para reduzir o déficit norte americano em conta corrente Como altas barreiras norte americanas para as importações afetam sua poupança privada seu investi mento nacional e seu déficit governamental Você concorda que as restrições para as importações necessariamente re duziriam o déficit norte americano em conta corrente 4 Explique como cada uma das transações a seguir gera duas entradas um crédito e um débito no balanço norte americano das contas de pagamentos e descreva como cada entrada seria classificada a Um norte americano compra uma ação alemã e paga com um cheque em uma conta em um banco suíço b Um norte americano compra uma ação alemã e paga ao vendedor com um cheque de um banco estadunidense c O governo coreano realiza uma intervenção cambial es trangeira oficial na qual utiliza os dólares que tem em um banco norte americano para comprar a moeda coreana de seus cidadãos d Um turista de Detroit compra uma refeição em um res taurante caro em Lyons França e paga com cheque de viagem e Um vinicultor da Califórnia dá uma caixa de Cabernet Sau vignon para um provador de vinho de Londres f Uma fábrica norte americana baseada na Grã Bretanha utiliza os ganhos locais para comprar maquinário adicional 4 Um nova iorquino viaja para Nova Jersey para comprar uma secretária eletrônica de US 100 A companhia de Nova Jersey que vende a máquina então deposita o cheque de US 100 em sua conta em um banco de Nova York Como essas transações aparecem no balanço das contas de paga mentos de Nova York e Nova Jersey E se o nova iorquino pagar pela máquina em dinheiro 5 A nação de Pecúnia teve um déficit em conta corrente de 1 bilhão de dólares e um superávit não reserva da conta financeira de 500 milhões de dólares em 2014 a Qual foi o balanço de pagamentos de Pecúnia naquele ano O que aconteceu com os ativos líquidos estrangeiros do país b Suponha que os bancos centrais estrangeiros não com prem nem vendam os ativos pecunianos Como as reser vas estrangeiras do Banco Central pecuniano mudam em 2014 Como essa intervenção oficial aparece no balanço das contas de pagamentos de Pecúnia c Como você responderia à mudança na letra b se sou besse que os bancos centrais estrangeiros tivessem com prado 600 milhões de ativos pecunianos em 2014 Como essas compras oficiais entram no balanço estrangeiro das contas de pagamentos d Desenhe o balanço das contas de pagamentos pecunianas para 2014 supondo que o evento descrito em c ocorresse naquele ano 6 Você consegue pensar em razões de por que um governo pode estar preocupado em relação a um déficit em conta corrente ou um superávit Por que um governo pode estar preocupado sobre seus ajustes de equilíbrio oficiais isto é seu balanço de pagamentos 7 Os dados dos ajustes de equilíbrio oficiais norte americanos dão uma ideia precisa de até que ponto os bancos centrais estrangeiros compram e vendem dólares em mercados mo netários 8 É possível que um país tenha um déficit em conta corrente ao mesmo tempo em que tem um superávit em seu balanço de pagamentos Explique sua resposta utilizando os núme ros hipotéticos para as contas correntes e financeiras de não reserva Tenha certeza de dicsutir as possíveis implica ções para os fluxos de reservas internacionais oficiais 9 Suponha que o débito líquido exterior norte americano seja 25 do PIB e os ativos e passivos estrangeiros paguem uma taxa de juros de 5 ao ano Qual seria a retirada no PIB norte americano como porcentagem do pagamento de juros na dívida externa líquida Você acha que esse é um número grande E se a dívida exterior líquida fosse 100 do PIB Em qual ponto você acha que o governo de um país de veria preocupar se sobre o tamanho de sua dívida externa 10 Se você for ao site do DAE httpwwwbeagov e olhar a Survey of Current Business de julho de 2013 a tabela US International Transactions vai descobrir que em 2012 as rendas de recebimentos norte americanos de seus ativos estrangeiros foram de 7701 bilhões de dólares linha 13 enquanto os pagamentos do país de seus passivos para estrangeiros foram de 5378 bilhões de dólares linha 30 Ainda vimos neste capítulo que os Estados Unidos são um devedor líquido substancial para os estrangeiros Como en tão é possível que os Estados Unidos recebam mais renda de ativos estrangeiros do que pagam 11 Retorne ao exemplo no estudo de caso Os ativos e passivos do maior devedor do mundo no final do capítulo que con ta como uma depreciação de 10 do dólar afeta a riqueza externa líquida norte americana Mostre o tamanho do efei to nas reivindicações exteriores líquidas dos estrangeiros sobre os Estados Unidos medidas em dólares como uma porcentagem do PIB norte americano 12 Mencionamos neste capítulo que os ganhos e perdas capi tais nos ativos estrangeiros líquidos não são incluidos na medida da renda nacional da conta corrente Como os es M13KRUGXXXXC13indd 267 12915 616 PM 268 Economia internacional leituras adicionais COMISSÃO Europeia Fundo Monetário Internacional Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Nações Unidas e Banco Mundial System of National Accounts 2008 Nova York Nações Unidas 2009 Guias definitivos para a construção de renda nacional e contas de produto FUNDO Monetário Internacional Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimentos 6 ed Washington DC Fundo Monetário Internacional 2009 Tratamento autoritário da contabili dade do balanço de pagamentos GOHRBAND C A HOWELL K L US International Financial Flows and the US Net Investment Position New Perspectives Arising from New International Standards In HULTEN C REINSDORFF M Eds Wealth Financial Intermediation and the Real Economy Chicago Uni versity of Chicago Press 2014 Discussão detalhada das estatísticas de IIP para os Estados Unidos GRIEVER W LEE G WARNOCK F The US System for Measuring CrossBorder Investment in Securities A Primer with a Discussion of Recent Developments Boletim do Federal Reserve p 633650 out 2001 Uma descrição crítica dos procedimentos norte americanos para medir ativos e passivos estrangeiros LANE P R MILESI FERRETTI G M The External Wealth of Nations Mark II Revised and Extended Estimates of Foreign Assets and Liabilities 19702004 Journal of International Economics v 73 p 223250 nov 2007 Aplica uma metodologia comum para construir dados de posição internacional para uma grande quantidade de países MANN C L Perspectives on the US Current Account Deficit and Sus tainability Journal of Economic Perspectives v 16 p 131152 verão 2002 Examina as causa e consequências dos recentes déficits em conta corrente dos Estados Unidos MEADE J E The Balance of Payments Londres Oxford University Press 1952 Capítulos 1 a 3 A clássica discussão analítica dos conceitos do balanço de pagamentos OBSTFELD M Does the Current Account Still Matter American Eco nomic Review v 102 p 123 maio 2012 Discute o significado da conta corrente em um mundo de grandes fluxos internacionais de ativo de duas mãos TILLE C The Impact of Exchange Rate Movements on US Foreign Debt CurrentIssues in Economics and Finance Banco Reserva Federal de Nova York v 9 p 17 jan 2003 Discute as implicações das mudanças de pre ços de ativo para os ativos e passivos estrangeiros norte americanos tatísticos econômicos teriam de modificar a identidade da renda nacional na Equação 131 se eles quiserem incluir tais ganhos e perdas como parte da definição da conta corrente Em sua opinião isso faria sentido Por que você acha que isso não é feito na prática 13 Vá ao site do DAE em httpwwwbeagovnewsreleasesinter nationalintinvintinvnewsreleasehtm e faça o download dos dados anuais começando por 1976 na posição do fim do ano de investimento internacional dos Estados Unidos Para o mesmo periodo faça o download dos dados anuais do PIB nominal norte americano em httpwwwbeagovnationalindexhtmgdp Então compute a proporção anual do IIP para o PIB nominal começando em 1976 e coloque os dados em um gráfico Os Estados Unidos têm tido déficits em conta corrente em pra ticamente todos os anos desde o meio da década de 1980 Os dados que você colocou no gráfico portanto o surpreendem Dica para responder a esta questão você terá de comparar o déficit em conta corrente como uma porcentagem nomi nal do PIB com a taxa de crescimento nominal do PIB então você também precisará examinar os dados anuais de conta corrente no site do DAE Você pode querer voltar a esse pro blema após ler o Capítulo 19 M13KRUGXXXXC13indd 268 12915 616 PM Taxas de Câmbio e Macroeconomia da Economia Aberta PARTE 3 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos CAPÍTULO 14 obJeTivos de apreNdizagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Relacionar as mudanças na taxa de câmbio com as mudanças nos preços relativos das expor tações do país Descrever a estrutura e as funções do mercado de câmbio estrangeiro Utilizar as taxas de câmbio para calcular e comparar retornos em ativos designados em moedas diferentes Aplicar a condição de paridade de juros para encontrar as taxas de câmbio de equilíbrio Encontrar os efeitos das taxas de juro e as mudanças de expectativas nas taxas de câmbio Por volta do Natal de 2012 Shinzo Abe tornouse primeiroministro do Japão comprometendo se imediatamente a reavivar a lenta economia por meio de medidas enérgicas incluindo a polí tica monetária arrojada Nos seis meses seguintes os preços das mercadorias japonesas medidos na moeda local o iene diminuíram drasticamente em comparação com os preços das mercadorias estrangeiras quando também medidos em iene Um efeito imediato foi no turismo um número recorde de visitantes estrangeiros veio durante a temporada da flor de cerejeira na primavera de 2013 Ao mesmo tempo o número de viajantes japoneses para a Coreia do Sul um destino turís tico popular caiu consideravelmente Que forças econômicas fizeram os preços relativos das mer cadorias japonesas caírem de forma tão repentina Um fator importante foi a queda de 15 no preço em dólar do iene nos seis meses após o governo de Abe chegar ao poder O preço de uma moeda em termos de outra é chamado de taxa de câmbio Às 4 da tarde no horário de Londres em 7 de junho de 2013 você precisaria de US 13221 para comprar uma unidade da moeda europeia o euro então a taxa de câmbio do dólar em relação ao euro era US 13221 por euro Por causa de sua forte influência na contacorrente e em outras variáveis macroeconômicas as taxas de câmbio estão entre os preços mais importantes em uma economia aberta Por causa de uma taxa de câmbio o preço do dinheiro de um país em termos do dinheiro de outro país também é um preço de ativo Os princípios que governam o comportamento de outros preços de ativos também governam o preço das taxas de câmbio Como você deve lem brarse do Capítulo 13 a característica definidora de um ativo é a de que ele é uma forma de riqueza uma maneira de transferir poder de compra do presente para o futuro O preço que um ativo impõe hoje é portanto diretamente relacionado com o poder de compra sobre as merca dorias e serviços que os compradores esperam que ele renda no futuro De modo similar a taxa de câmbio dólareuro de hoje está intimamente ligada às expectativas das pessoas sobre o nível futuro dessa taxa Assim como o preço das ações da Google sobem imediatamente após notícias favoráveis sobre as perspectivas futuras da Google as taxas de câmbio também respondem imediatamente a quaisquer notícias em relação aos valores futuros da moeda Nossas metas gerais neste capítulo são entender o papel das taxas de câmbio no comércio internacional e entender como as taxas de câmbio são determinadas Para começar aprenderemos primeiro como as taxas de câmbio permitemnos comparar os preços de mercadorias e serviços de diferentes países Em seguida descreveremos o mercado de ativos internacional no qual as moe das são trocadas e mostraremos como as taxas de câmbio de equilíbrio são determinadas nesse mercado Uma seção final destaca nossa abordagem do mercado de ativos mostrando como a taxa de câmbio atual responde às mudanças nos valores futuros esperados das taxas de câmbio M14KRUGXXXXC14indd 269 12915 616 PM 270 Economia internacional Taxas de câmbio e transações internacionais As taxas de câmbio desempenham um papel central no comércio internacional porque nos permitem compa rar os preços das mercadorias e serviços produzidos em diferentes países Um consumidor que vai decidir qual entre dois carros norte americanos irá comprar deve comparar seus preços em dólar por exemplo US 44000 para um Lincoln Continental ou US 27000 para um Ford Taurus Mas como o mesmo consumidor pode comparar qualquer um desses preços com os 25 milhões de ienes japoneses necessários para comprar um Nissan Maxima do Japão Para fazer essa comparação ele ou ela deve saber o preço relativo entre dólares e iene Os preços relativos das moedas podem ser vistos em tempo real na Internet As taxas de câmbio também são Tabela 141 Cotações da taxa de câmbio 1 As taxas médias mostradas são a média dos preços de venda e compra para o dólar norte americano Em geral um comprador de dólares pagará mais o preço de compra do que o vendedor receberá o preço de venda por causa dos custos do comércio intermediário por exemplo por um banco ou corretor A diferença o spread de compra e venda é a medida dos custos da transação No Capítulo 19 vamos nos referir aos índices efi cazes da taxa de câmbio que são as médias das taxas de câmbio em relação às moedas parceiras comerciais individuais informadas nas seções financeiras dos jornais A Tabela 141 mostra as taxas de câmbio do dólar para moedas tro cadas em Londres às 4 da tarde de 7 de junho de 2013 como informado pelo Financial Times Uma taxa de câmbio pode ser cotada de duas formas como o preço da moeda estran geira em termos de dólar por exemplo US 00102685 por iene ou da forma inversa o preço de dólares em termos de moeda estrangeira por exemplo 973850 por dólar A primeira das cotações cambiais dólares pela unidade da moeda estrangeira dizse ser em termos diretos ou norte americanos A segunda unidades da moeda estrangeira por dólar é em termos indiretos ou europeus1 Famílias e empresas utilizam as taxas de câmbio para traduzir preços estrangeiros em termos de moeda nacio nal Uma vez que os preços nacionais das mercadorias e das importações foram expressos em termos da mesma moeda famílias e empresas podem computar os preços relativos que afetam os fluxos do comércio internacional MOEDAS wwwftcomcurrencies FX ÍNDICES EFICAZES 7 de junho 6 de junho Há um mês Austrália 1052 1060 1130 Canadá 1166 1105 1136 Dinamarca 1073 1073 1069 Japão 1457 1443 1434 Nova Zelândia 1146 1159 1218 Noruega 1075 1076 1068 Suécia 871 873 886 Suíça 1434 1437 1437 Reino Unido 811 812 809 EUA 856 861 859 Euro 9503 9504 9443 Fonte Bank of England A nova base de esterlina ERI de janeiro de 2005 100 Base média de outros índices 1990 100 Índice restabelecido 2195 Para mais informações sobre os ERIs veja wwwbankofenglandcouk DÓLAR EURO LIBRA 7 de junho Moeda Fechamento médio Mudança do dia Fechamento médio Mudança do dia Fechamento médio Mudança do dia África do Sul Rande 99518 00399 131568 00268 154636 00476 Argentina Peso 53015 00077 70089 00240 82378 00198 Arábia Saudita SR 37503 00001 49581 00097 58274 00053 Austrália A 10545 00050 13941 00093 16385 00092 Bahrein Dinar 03770 04985 00010 05858 00006 Bolívia Boliviano 69100 91354 00179 107371 00100 Brasil R 21309 00027 28172 00090 33111 00072 105 Euro Esterlina Dólar norte americano 90 75 60 Índices do bank of england Dez 7 2012 2013 Jun 7 M14KRUGXXXXC14indd 270 12915 616 PM 271 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos DÓLAR EURO LIBRA 7 de junho Moeda Fechamento médio Mudança do dia Fechamento médio Mudança do dia Fechamento médio Mudança do dia Canadá C 10208 00110 13495 00119 15861 00156 Chile Peso 500500 50500 661686 53619 777702 71138 China Yuan 61335 00027 81088 00124 95306 00047 Colômbia Peso 189717 136300 250815 130515 294792 184083 Coreia do Sul Won 111708 12250 147683 45208 173577 35214 Costa Rica Colon 498980 00300 659677 12578 775341 06772 Dinamarca DKr 56394 00115 74555 00006 87627 00098 EAU Dirham 36729 00000 48558 00095 57072 00052 Egito egípcia 69890 92398 00182 108598 00102 EUA 13221 00026 15539 00014 Um mês 13223 15535 Três meses 13227 15529 00000 Um ano 13251 00003 15510 00003 Filipinas Peso 422400 01000 558434 02418 656347 02165 Hong Kong HK 77626 102625 00202 120619 00113 Hungria Florim 223101 31794 294950 36150 346665 46122 Índia Rs 570750 01850 754560 03925 886860 03699 Indonésia Rúpia 980500 125000 129627 419865 152355 336230 Irã Rial 122785 162328 319242 190789 178038 Israel Shk 36120 00023 47753 00064 56125 00017 Japão Iene 973850 09900 128748 10530 151322 13957 Um mês 973715 00010 128750 00008 151270 00014 Três meses 973382 00021 128751 00037 151160 00013 Um ano 970400 00110 128581 00522 150509 00441 Nigéria Naira 157700 Noruega NKr 57702 00076 76285 00050 89660 00035 Nova Zelândia NZ 12652 00106 16726 00173 19659 00183 Paquistão Rúpia 984750 00100 130189 02693 153015 01583 Peru Novo sol 27280 00060 36066 00008 42389 00054 Polônia Zloty 32025 00648 42338 00771 49761 00959 Quênia Xelim 849000 112242 02208 131922 01231 Reino Unido 06436 15539 00014 08509 00010 Um mês 15535 08512 Três meses 15529 00000 08518 00000 Um ano 15510 00003 08544 00000 Rep Tcheca Coroa Tcheca 193473 01597 255780 01605 300627 02200 Romênia Novo Leu 34133 00294 45125 00300 53037 00408 Rússia Rublo 322100 00300 425833 00442 500495 00001 Singapura S 12453 00014 16464 00015 19350 00003 Suécia SKr 65789 00018 86976 00195 102226 00123 Suíça SFr 09351 00002 12362 00027 14530 00017 Tailândia Bt 16248 00049 21481 00023 25247 00052 Taiwan T 297180 00795 392887 00276 461773 00803 Tunísia Dinar 306300 00300 404944 01192 475944 00909 Turquia Lira 18774 00188 24820 00199 29171 00265 M14KRUGXXXXC14indd 271 12915 617 PM 272 Economia internacional DÓLAR EURO LIBRA 7 de junho Moeda Fechamento médio Mudança do dia Fechamento médio Mudança do dia Fechamento médio Mudança do dia Ucrânia Hrywnja 81375 00150 107582 00014 126445 00115 Uruguai Peso 208250 04500 275317 06479 323590 07287 Venezuela Bolívar 62921 83185 00164 97770 00091 Vietnã Dongue 210180 50000 277868 612433 326588 382380 Euro 07564 Euro Euro 13221 00026 11754 00012 Um mês 13223 11749 00000 Três meses 13227 11741 00000 Um ano 13251 00003 11705 00001 SDR 06597 00011 08721 00002 10250 00007 As taxas são obtidas da WMReuters às 4 da tarde horário de Londres As taxas de ponto de fechamento médio para o Euro e para a Libra em relação ao dólar são mostradas em parênteses Os outros valores na coluna de dólar tanto da linha do euro quanto da esterlina estão na forma recíproca em linha com a convenção do mercado Moeda redesignada por 1000 Alguns valores são arredondados pelo FT As taxas de câmbio impressas nesta tabela também estão disponíveis na Internet em httpwwwFTcommarketsdata Taxas de fechamento do Euro Xelim austríaco 137603 Franco BélgicaLuxemburgo 403399 Chipre 0585274 Markka finlandesa 594572 Franco francês 655957 Marco alemão 195583 Dracma grega 34075 Punt irlandês 0787564 Lira italiana 193627 Malta 04293 Florim holandês 220371 Escudo português 200482 Tolar esloveno 23964 Peseta espanhola 166386 Preços nacionais e estrangeiros Se soubermos a taxa de câmbio entre a moeda de dois países podemos computar o preço das exportações de um país em termos da moeda do outro Por exemplo quantos dólares custaria um suéter de lã da Edinburgh Woolen Mill que custa 50 libras esterlinas 50 A res posta é encontrada ao multiplicar o preço do suéter em libras 50 pelo preço de uma libra em termos de dóla res a taxa de câmbio em relação à libra A uma taxa de câmbio de US 150 por libra expressa em termos norte americanos o preço em dólar do suéter é 150 US 50 US 75 Uma mudança na taxa de câmbio dólareuro altera ria o preço em dólar do suéter A uma taxa de câmbio de US 125 por libra o suéter custaria somente 125 US 50 US 6250 supondo que seu preço em termos de libras tenha per manecido o mesmo A uma taxa de câmbio de US 175 por libra o preço em dólar do suéter seria maior igual a 175 US 50 US 8750 As mudanças nas taxas de câmbio são descritas como depreciações ou valorizações Uma depreciação da libra em relação ao dólar é uma queda no preço em dólar das libras por exemplo uma mudança na taxa de câmbio de US 150 por libra para US 125 por libra O exemplo anterior mostra que com todo o resto igual a depreciação da moeda de um país faz com que suas mercadorias sejam mais baratas para os estrangeiros Um aumento no preço da libra em termos de dólares por exemplo de US 150 por libra para US 175 por libra é uma valorização da libra em relação ao dólar Com todo o resto igual a valo rização da moeda de um país faz com que suas mercado rias sejam mais caras para os estrangeiros As mudanças da taxa de câmbio discutidas no exem plo alteram simultaneamente os preços que os britânicos pagam pelas mercadorias norte americanas A uma taxa de câmbio de US 150 por libra o preço em libra de uma calças jeans norte americanas que custa US 45 é US 45 150 US 30 Uma mudança na taxa de câmbio de US 150 por libra para US 125 por libra embora seja uma depreciação da libra em relação ao dólar também é um aumento no preço da libra em dólares uma valorização do dólar em relação à libra Essa valorização do dólar faz com que o jeans norte americano seja mais caro para os britânicos aumentando seu preço em libra de 30 para US 45125 US 36 A mudança na taxa de câmbio de US 150 para US 175 por libra uma valorização da libra em rela ção ao dólar mas uma depreciação do dólar em relação à libra diminui o preço em libra do jeans de 30 para US 45175 US 2571 M14KRUGXXXXC14indd 272 12915 617 PM 273 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos Como se pode ver as descrições das mudanças da taxa de câmbio como depreciação ou valoriza ção podem ser desconcertantes porque quando uma moeda deprecia em relação a outra a segunda moeda deve simultaneamente valorizar em relação à primeira Para evitar confusão na discussão das taxas de câmbio devemos sempre manter o controle de qual das duas moedas examinadas depreciou ou valorizou em relação à outra Se nos lembrarmos que a depreciação do dólar em relação à libra é ao mesmo tempo uma valorização da libra em relação ao dólar chegamos à seguinte conclu são quando a moeda de um país deprecia os estrangei ros percebem que suas exportações são mais baratas e os residentes nacionais percebem que as importações do exterior são mais caras Uma valorização tem os efeitos opostos os estrangeiros pagam mais pelos produtos do país e os consumidores nacionais pagam menos pelos pro dutos estrangeiros Taxas de câmbio e preços relativos As demandas de importação e exportação como as demandas por todas as mercadorias e serviços são influenciadas pelos preços relativos tal como o preço dos suéteres em termos de jeans de marca Acabamos de ver como as taxas de câmbio permitem que indivíduos comparem os preços das moedas nacional e estrangeira expressandoos em uma unidade monetária comum Levando essa análise um passo à frente podemos ver que as taxas de câmbio também permitem que os indiví duos calculem os preços relativos das mercadorias e ser viços cujos preços em dinheiro são cotados em moedas diferentes Um norte americano que tenta decidir o quanto gastar em um jeans estadunidense e o quanto gastar em suéteres britânicos deve traduzir seus preços em uma moeda comum para calcular o preço dos suéteres em termos de jeans Como temos visto uma taxa de câmbio de US 150 por libra significa que um norte americano paga US 75 por um suéter que custa 50 na GrãBreta nha Como o preço de um par de jeans norte americano é US 45 o preço de um suéter em termos de um par de jeans é US 75 por suéterUS 45 por par de jeans 167 pares de jeans por suéter Naturalmente um britâ nico enfrenta o mesmo preço relativo de 50 por sué terUS 30 por par de jeans 167 pares de jeans por suéter A Tabela 142 mostra os preços relativos implícitos pelas taxas de câmbio de US 125 por libra US 150 por libra e US 175 por libra na suposição de que o preço em dólar dos jeans e o preço em libra dos suéte res não são afetados pelas mudanças na taxa de câm bio Para testar sua compreensão tente calcular sozinho esses preços relativos e confirme que o resultado desse cálculo é o mesmo para um britânico e para um norte americano A tabela mostra que se o preço em dinheiro das mercadorias não muda uma valorização do dólar em relação à libra faz com que os suéteres sejam mais bara tos em termos de jeans cada par de jeans compra mais suéteres enquanto a depreciação do dólar em relação à libra faz os suéteres serem mais caros em termos de jeans cada par de jeans compra menos suéteres Esses cálculos ilustram um princípio geral com todo o resto igual uma valorização da moeda de um país aumenta o preço relativo de suas exportações e diminui o preço rela tivo de suas importações De forma contrária uma depre ciação diminui o preço relativo das exportações de um país e aumenta o preço relativo de suas importações O mercado cambial estrangeiro Assim como outros preços na economia são deter minados pela interação de compradores e vendedores as taxas de câmbio são determinadas pela interação das famílias empresas e instituições financeiras que com pram e vendem moedas estrangeiras para fazer paga mentos internacionais O mercado no qual o comércio monetário internacional acontece é chamado de mer cado cambial estrangeiro Os atores Os principais participantes do mercado cambial estrangeiro são os bancos comerciais as corporações que se envolvem no comércio internacional instituições financeiras não bancárias como empresas de gestão de ativos e companhias de seguro e bancos centrais Os indivíduos também podem participar do mercado cam bial estrangeiro por exemplo o turista que compra a moeda estrangeira na recepção de um hotel mas tais transações em dinheiro são uma fração insignificante do total do comércio cambial estrangeiro Tabela 142 Taxas de câmbio do dólar e libra e o preço relativo de calças jeans norte americanas de marca e suéteres britânicos Taxa de câmbio US 125 150 175 Preço relativo pares de jeanssuéter 139 167 194 Nota O cálculo acima supõe preços inalterados em dinheiro de US 45 por par de jeans e 50 por suéter M14KRUGXXXXC14indd 273 12915 617 PM 274 Economia internacional Agora descrevemos os principais protagonistas do mercado e seus papéis 1 Bancos comerciais os bancos comerciais são o centro do mercado cambial estrangeiro porque quase toda transação internacional grande o bastante envolve o débito e o crédito de contas em bancos comerciais em vários centros financeiros Portanto a vasta maioria das transações cambiais estrangeiras envolve a troca de depósitos bancários designados em diferentes moedas Vamos olhar um exemplo Suponha que a Exxon Mobil Corporation deseje pagar 160000 a um fornecedor alemão Primeiro a ExxonMobil pega a cotação da taxa de câmbio com seu próprio banco comercial o Third National Bank Então ela instrui o Third National Bank a debitar na conta em dólar da ExxonMobil e pagar os 160000 na conta do for necedor em um banco alemão Se a taxa de câmbio cotada para ExxonMobil pelo Third National é de US 12 por euro US 192000 US 12 por euro 160000 são debitados da conta da ExxonMo bil O resultado final da transação é uma troca de um depósito US 192000 no Third National Bank agora de propriedade do banco alemão que forne ceu os euros por um depósito de 160000 utilizado pelo Third National para pagar ao fornecedor ale mão da ExxonMobil Taxas de câmbio preços de auTomóveis e guerras cambiais Os automóveis são uma parcela significativa do comércio internacional e muitas economias desenvol vidas são tanto exportadoras quanto importadoras significativas de carros A competição é feroz os Estados Unidos exportam Fords a Suécia exporta Vol vos a Alemanha exporta BMWs o Japão exporta Hon das e a GrãBretanha exporta Land Rovers só para citar alguns e o aumento das importações de auto móveis no exterior possivelmente significa menos vendas para o produtor nacional Portanto as taxas de câmbio são de importância crítica para as montadoras Por exemplo quando a moeda da Coreia do Sul o won valoriza no mercado cambial estrangeiro isso prejudica os produtores sul coreanos de duas formas distintas Primeiro os preços de carros importados que competem com os nacio nais diminuem porque os preços estrangeiros pare cem menores quando medidos em termos de won Portanto as importações inundam o mercado e criam um preço nacional mais competitivo para os produto res sul coreanos como a Hyundai e a Kia Segundo os estrangeiros cujas moedas depreciaram em relação ao won descobrem que nos preço nacionais os carros na Coreia do Sul aumentaram e mudam suas compras para fornecedores mais baratos Como resultado as exporta ções das montadoras sul coreanas sofrem Mais à frente Capítulo 16 discutiremos as estratégias de preço que os produtores de itens especializados como carros podem adotar quando tentam defender sua parcela de mercado ante as mudanças da taxa de câmbio Esses efeitos das taxas de câmbio em produto res manufatureiros explicam por que as indústrias de exportação reclamam quando países estrangeiros adotam políticas que enfraquecem suas moedas Em setembro de 2012 quando muitas moedas de países industriais sofreram depreciação por causa do cresci mento econômico lento o ministro da fazenda do Bra sil acusou os países mais ricos de travar guerras cam biais contra as economias de mercado emergentes mais pobres Após ler o Capítulo 17 você entenderá por que o crescimento econômico lento e a depre ciação monetária podem andar juntos O Capítulo 18 discute como um fenômeno similar de depreciação competitiva ocorreu durante a Grande Depressão da década de 1930 A conversa sobre guerras cambiais surgiu nova mente quando o iene japonês sofreu drástica depre ciação no começo de 2013 como descrito no primeiro parágrafo deste capítulo É claro que as empresas japonesas foram as maiores beneficiárias à custa de seus muitos concorrentes estrangeiros De acordo com uma informação da Associated Press AP em maio de 2013 a Nissan foi capaz de cortar o preço em dólar de sete dos 18 modelos que vende nos Estados Unidos na nova taxa de câmbio entre dólar e iene até mesmo preços menores em dólar produziam receita suficiente em iene para cobrir tanto os custos da pro dução japonesa quanto altos lucros em iene A Nissan cortou o preço de seu modelo Altima em US 580 e o do modelo Armada SUV em US 4400 Como a AP informou Embora a Nissan negue os analistas da indústria dizem que a companhia pode cortar os pre ços por causa dos esforços japoneses para enfraque cer o iene em relação ao dólar Isso faz com que os carros e as partes feitas no Japão sejam mais baratas do que as mercadorias feitas nos Estados Unidos2 2 Nissan Cuts Prices on 7 of Its US Models USA Today 1 maio 2013 Disponível em httpwwwusatodaycomstorymoneycars2013 0501nissancutspricesjuke2127721 Acesso em 12 nov 2014 M14KRUGXXXXC14indd 274 12915 617 PM 275 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos Como o exemplo mostra os bancos entram rotinei ramente no mercado cambial estrangeiro para suprir as necessidades de seus clientes principalmente cor porações Além disso o banco também cotará para outros bancos taxas de câmbio na quais está disposto a comprar ou vender moedas O comércio monetário estrangeiro entre bancos chamado de negociação inter bancária representa muito da atividade no mercado cambial estrangeiro Na verdade as taxas de câmbio listadas na Tabela 141 são taxas interbancárias que os bancos cobram uns dos outros Nenhuma quantia abaixo de um milhão de dólares é comercializada nes sas taxas As taxas disponíveis para clientes corpora tivos chamadas de taxas de varejo normalmente são menos favoráveis do que as taxas interbancárias de atacado A diferença entre as taxas de varejo e atacado é a compensação que o banco tem por fazer o negócio Por as operações internacionais serem tão extensas grandes bancos comerciais são adequados para juntar compradores e vendedores de moeda Uma corporação multinacional que quer converter US 100000 em coroa sueca pode achar difícil e custoso encontrar outras cor porações que queiram vender a quantidade correta de coroas Ao servir vários clientes simultaneamente por meio de uma única compra de coroas suecas um banco pode economizar nesses custos de pesquisa 2 Corporações As corporações com operações em vá rios países frequentemente fazem ou recebem paga mentos em moedas diferentes da do país onde fica sua matriz Para pagar os trabalhadores em uma fá brica no México por exemplo a IBM pode precisar de pesos mexicanos Se a IMB ganha só dólares ao vender os computadores nos Estados Unidos ela pode adquirir os pesos de que precisa comprandoos com seus dólares no mercado cambial estrangeiro 3 Instituições financeiras não bancárias Ao longo dos anos a falta de regulamentação dos mercados finan ceiros nos Estados Unidos no Japão e em outros países encorajou as instituições financeiras não ban cárias como fundos mútuos a oferecerem aos seus clientes uma gama maior de serviços muitos deles indistinguíveis daqueles oferecidos pelos bancos Entre eles existem serviços envolvendo transações cambiais estrangeiras Investidores institucionais como fundos de pensão trocam moedas estrangeiras frequentemente assim como as companhias de se guro Os fundos de hedge que atendem indivíduos muito ricos e não estão vinculados às normas gover namentais que limitam as estratégias de comércio de fundos mútuos trocam ativamente no mercado cam bial estrangeiro 4 Bancos centrais No capítulo anterior aprendemos que os bancos centrais de vez em quando intervêm nos mercados cambiais estrangeiros Embora o vo lume das transações do banco central não seja em geral amplo o impacto dessas transações pode ser grande A razão para esse impacto é que os par ticipantes do mercado cambial estrangeiro acom panham de perto as ações do banco central para obter indicações sobre políticas macroeconômicas futuras que podem afetar as taxas de câmbio Além dos bancos centrais as agências do governo também podem trocar no mercado cambial estrangeiro mas os bancos centrais são os participantes oficiais mais regulares Características do mercado O comércio cambial estrangeiro acontece em muitos centros financeiros com os maiores volumes comercia lizados acontecendo em grandes cidades como Londres o maior mercado Nova York Tóquio Frankfurt e Singapura O volume mundial de comércio cambial estrangeiro é enorme e inchou nos anos recentes Em abril de 1989 o valor total médio do comércio cambial estrangeiro era próximo de 600 bilhões de dólares por dia Um total de 184 bilhões de dólares era trocado em Londres 115 bilhões de dólares nos Estados Unidos e 111 bilhões em Tóquio Vinte e um anos depois em abril de 2010 o valor global diário do comércio cambial estrangeiro pulou para cerca de 4 trilhões de dólares Um total de 185 trilhão de dólares foi trocado diaria mente na GrãBretanha 904 bilhões nos Estados Uni dos e 312 bilhões no Japão3 O telefone o fax e links da Internet entre os prin cipais centros de comércio cambial estrangeiro fazem cada um parte de um mercado mundial único no qual o sol nunca se põe Notícias sobre economia lançadas em qualquer hora do dia são imediatamente transmiti das ao redor do mundo e podem desencadear uma onda de atividades pelos participantes do mercado Mesmo após a troca em Nova York estar finalizada os bancos 3 Os números de abril de 1989 vêm de diferentes pesquisas feitas simultaneamente pela Reserva Federal de Nova York pelo Banco da Inglaterra pelo Banco do Japão pelo Banco do Canadá e por autoridades financeiras da França Itália Holanda Singapura Hong Kong e Austrália A pesquisa de abril de 2010 foi feita por 53 bancos centrais Os números revisados são informados no Triennial Central Bank Survey of Foreign Exchange and Derivatives Market Activity in April 2010 Preliminary Global Results Bank for International Settlements Basileia Suíça set 2010 O comércio monetário estrangeiro norte americano diário em 1980 tinha uma média em torno de 18 bilhões de dólares M14KRUGXXXXC14indd 275 12915 617 PM 276 Economia internacional e corporações situados em Nova York com afiliados em outros fusos horários podem permanecer ativos no mer cado Os operadores de câmbio podem negociar de suas casas quando alertas de comunicação tarde da noite avisamnos sobre importantes desenvolvimentos em um centro financeiro em outro continente A interação dos centros financeiros implica que não pode existir diferença significativa entre a taxa de câm bio dólareuro cotada em Nova York às 9 da manhã e a taxa de câmbio dólareuro cotada em Londres na mesma hora que corresponde às 14 horas no horário de Londres Se o euro estava sendo vendido em Nova York por US 11 e em Londres por US 12 os lucros poderiam ser alcançados por meio de arbitragem o pro cesso de comprar uma moeda barata e vendêla mais caro Nos preços listados anteriormente o operador poderia por exemplo comprar um milhão de euros em Nova York por 11 milhão de dólares e imediatamente vender os euros em Londres por 12 milhão de dólares tendo um lucro puro de US 100000 Porém se todos os operadores tentassem se aproveitar disso sua demanda por euros em Nova York levaria o preço em dólar dos euros para cima ali e sua oferta de euros em Londres levaria para baixo o preço em dólar dos euros lá Rapi damente a diferença entre as taxas de câmbio de Nova York e Londres desapareceria Já que os operadores de câmbio estrangeiro olham para suas telas de computa dor atentamente para oportunidades de arbitragem as raras que chegam são pequenas e duram pouquíssimo Embora a transação cambial estrangeira possa igua lar quaisquer duas moedas a maioria das transações aproximadamente 85 em abril de 2010 é troca de moedas estrangeiras por dólares norte americanos Isso é verdade mesmo quando a meta de um banco é vender e comprar uma moeda que não seja o dólar Um banco que deseja vender francos suíços e comprar shekels isra elenses por exemplo normalmente venderá seus francos por dólares e então utilizará os dólares para comprar os shekels Embora esse procedimento possa parecer um desvio ele na verdade é mais barato para o banco do que a alternativa de tentar encontrar proprietários de shekels israelenses que desejem comprar francos suíços A vantagem de trocar por meio de dólar é resultado da importância dos Estados Unidos na economia mundial Como o volume das transações internacionais envol vendo dólares é tão grande não é difícil encontrar par tes que estejam dispostas a trocar dólares em relação a francos suíços ou shekels Em contraste relativamente poucas transações exigem trocas diretas de francos suí ços por shekels4 Por causa de seu papel essencial em tantas negocia ções estrangeiras de troca o dólar americano às vezes é chamado de moeda veículo Uma moeda veículo é aquela que é amplamente utilizada para designar contratos internacionais feito por partes que não residem no país que a emite Sugeriuse que o euro que foi introduzido no começo de 1999 vai evoluir e tornarse uma moeda de veículo em pé de igualdade com o dólar Em abril de 2010 cerca de 39 das trocas cambiais estrangeiras eram em relação ao euro menos do que a metade da parcela do dólar embora acima do número de 37 mar cado três anos antes O iene japonês é a terceira moeda mais importante com uma parcela de mercado de 19 em 200 A libra esterlina que já foi segunda colocada atrás do dólar como moeda chave internacional caiu muito em importância5 Taxas spot à vista e taxas futuras As transações cambiais estrangeiras que estamos dis cutindo acontecem à vista duas partes concordam em trocar depósitos bancários e executam o acordo imedia tamente As taxas de câmbio que governam tal comér cio à vista são chamadas de taxas de câmbio spot e o negócio é chamado de transação spot Os negócios de câmbio estrangeiro de vez em quando especificam uma data futura para a transação uma data que pode ser de 30 90 180 dias ou até mesmo estar a muitos anos de distância As taxas de câmbio cotadas nessas transações são chamadas de taxas de câmbio futuras Em uma transação futura de 30 dias por exemplo as duas partes podem comprometerse em 1o de abril a uma troca à vista de 100000 por US 155000 em 1o de maio A taxa de câmbio futura de 30 dias é portanto US 155 por libra e geralmente é diferente da taxa spot e das taxas futuras aplicadas a datas futuras diversas Quando você concorda em vender libras por dólares em uma data futura em uma taxa futura acor dada hoje você vendeu libras futuras e comprou 4 A taxa de câmbio franco suíçoshekel pode ser recalculada das taxas de câmbio dólarfranco e dólarshekel como a taxa dólarshekel dividida pela taxa dólarfranco Se a taxa dólarfranco é US 080 por franco e a taxa dólarshekel é US 020 por shekel então a taxa franco suíço shekel é 020 dólarshekel080 dólarfranco 025 franco suíçoshekel As taxas de câmbio entre moedas não dólar são chamadas de taxas cruzadas pelos operadores de câmbio estrangeiros 5 Para uma discussão mais detalhada das moedas veículo veja Richard Portes e Hélène Rey The Emergence of the Euro as na International Currency Economic Policy v 26 p 307343 26 abr 1998 Dados em ações de moeda do Bank for International Settlements op cit tabela 3 Para uma avaliação dos papéis futuros do dólar e do euro veja as dissertações em Jean PisaniFerry e Adam S Posen Eds The Euro at TenThe Next Global Currency Washington DC Peterson Institute for International Economics 2009 Essas dissertações foram escritas antes da crise da área do euro que será discutida no Capítulo 21 M14KRUGXXXXC14indd 276 12915 617 PM 277 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos dólares futuros A data futura na qual as moedas são de fato trocadas é chamada de datavalor6 A Tabela 141 mostra as taxas de câmbio futuras para algumas das principais moedas As taxas de câmbio futuras e spot embora não neces sariamente iguais andam bem próximas como ilustrado pelos dados mensais das taxas dólarlibra na Figura 141 O apêndice deste capítulo que discute como as taxas de câmbio futuras são determinadas explica essa relação próxima entre os movimentos nas taxas spot e futuras Um exemplo mostra por que as partes podem querer envolverse em transações cambiais futuras Suponha que a Rádio Shack saiba que em 30 dias deve pagar em iene para um fornecedor japonês por uma carregamento de rádio que chegará nessa data A Rádio Shack pode ven der cada rádio por US 100 e deve pagar ao fornecedor 9000 por rádio O lucro da empresa depende da taxa de câmbio dólariene Em uma taxa de câmbio spot atual de US 00105 por iene a Rádio Shack pagaria US 00105 por iene 9000 por rádio US 9450 por rádio e portanto lucraria US 550 em cada rádio importado Mas a Rádio Shack não terá fundo para pagar seu fornecedor até que os rádios cheguem e sejam vendidos Se durante os próximos 30 dias o dólar sofrer depreciação inesperada para US 00115 por iene a Rádio Shack terá de pagar US 00115 por iene 9000 por rádio US 10350 por rádio e então per deria US 350 em cada rádio 6 Há algum tempo levaria até dois dias para fechar mesmo transações cambiais estrangeiras spot Em outras palavras a datavalor para uma transação spot era na verdade de dois dias após o negócio fi rmado Atualmente a maioria das trocas spot de moedas importantes é fechada no mesmo dia FIGURa 141 Taxas de câmbio futura e spot do dólarlibra 19832013 Taxas de câmbio futura e spot tendem a moveremse de forma altamente correlacionada Taxa spot Taxa futura Taxas de câmbio US 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 10 15 20 25 Fonte Datastream As taxas mostradas são taxas de câmbio futuras de 90 dias e taxas de câmbio spot ao fim do mês Para evitar esse risco a Rádio Shack pode fazer um acordo de câmbio futuro de 30 dias com o Bank of America Se o Bank of America concordar em vender o iene para a Rádio Shack em 30 dias a uma taxa de US 00107 por iene a Rádio Shack assegura que vai pagar exatamente US 00107 por iene 9000 por rádio US 9630 por rádio para o fornecedor Ao comprar o iene e vender os dólares no futuro a Rádio Shack garante um lucro de US 370 por rádio e está segura contra a possibilidade de uma mudança repen tina na taxa de câmbio tornar uma importação lucrativa em perda No jargão do mercado cambial estrangeiro diríamos que a Radio Shack cobriu seu risco de moeda estrangeira De agora em diante quando mencionarmos uma taxa de câmbio mas não especificarmos se é uma taxa spot ou uma futura sempre nos referiremos à taxa spot Swaps cambiais estrangeiros Um swap cambial estrangeiro é uma venda spot de uma moeda combinada com uma recompra futura dessa moeda Por exemplo suponha que a companhia de automóveis Toyota acabou de receber um milhão de dólares das vendas nos Estados Unidos e terá de pagar esses dólares para um fornecedor da Califórnia em três meses O departamento de gestão de ativos da Toyota nesse meio tempo gostaria de investir um milhão de dólares em títulos de euro Um swap de três M14KRUGXXXXC14indd 277 12915 617 PM 278 Economia internacional meses em dólares por euros pode resultar em menores taxas de corretagem do que em duas transações separa das de venda de dólares por euros spot e venda de euros por dólares no mercado futuro Os swaps somam uma proporção significativa de todas as transações cambiais estrangeiras Futuros e opções Vários outros instrumentos financeiros comerciali zados no mercado cambial estrangeiro como contratos futuros envolvem trocas futuras de moedas Entretanto o tempo e as condições das trocas podem diferir daque les especificados nos contratos futuros dando aos nego ciantes flexibilidade adicional para evitar riscos de câm bio estrangeiro Quando você adquire um contrato de futuros você compra uma promessa de uma quantia específica de uma moeda estrangeira que será entregue em uma data específica no futuro Um contato futuro entre você e outra parte privada é um forma alternativa de garantir que você receberá uma quantia de moeda estrangeira na data em questão Mas embora você não tenha escolha sobre cumprir sua parte em um acordo futuro pode ven der seu contrato de futuros para uma bolsa organizada de futuros tendo lucros ou perdas agora Essa venda pode parecer vantajosa por exemplo se suas percepções sobre a taxa de câmbio spot futura mudarem Uma opção cambial estrangeira dá a seu proprietário o direito de comprar ou vender uma quantia específica de moeda estrangeira a um preço específico em qual quer momento até uma data de expiração específica A outra parte do acordo o vendedor da opção é obrigada a vender ou comprar a moeda estrangeira a critério do proprietário da opção que não tem nenhuma obrigação de exercer seu direito Imagine que você não tem certeza de quando no pró ximo mês vai receber um pagamento de moeda estran geira Para evitar o risco de perda você pode querer comprar a opção de venda que lhe dá o direito de vender a moeda estrangeira em uma taxa de câmbio conhecida a qualquer momento durante o mês Se em vez disso você espera para fazer um pagamento no exterior em algum momento do mês uma opção de compra que lhe dá o direito de comprar a moeda estrangeira para fazer um pagamento a um preço conhecido pode ser atrativa As opções podem ser escritas para muitos ati vos incluindo o câmbio estrangeiro futuro e como o contrato de futuros elas são compradas e vendidas livre mente Transações futuras swaps contratos de futuro e opções de compra e venda são todos exemplos de deri vados financeiros que vimos no Capítulo 13 A demanda por ativos em moeda estrangeira Agora vimos como os bancos as corporações e outras instituições trocam depósitos bancários de moeda estran geira em um mercado cambial estrangeiro mundial que opera 24 horas por dia Para entender como as taxas de câmbio são determinadas pelo mercado cambial estran geiro primeiro devemos perguntar como as demandas dos principais protagonistas por diferentes tipos de depó sitos de moeda estrangeira são determinadas A demanda por um depósito bancário de moeda estrangeira é influenciada pelas mesmas considerações que influenciam a demanda por qualquer outro ativo A principal entre essas considerações é a nossa visão de quanto o depósito valerá no futuro O valor futuro de um depósito de moeda estrangeira depende por sua vez de dois fatores a taxa de juro que oferece e a mudança esperada na taxa de câmbio da moeda em relação a outras moedas ativos e retornos de ativos Como você deve lembrarse as pessoas podem pos suir riqueza em várias formas ações títulos dinheiro imóvel vinhos raros diamantes e assim por diante O objetivo de adquirir riqueza de poupar é transferir poder de compra para o futuro Podemos fazer isso para prover para nossos anos de aposentadoria para nossos herdeiros ou simplesmente porque ganhamos mais do que precisamos gastar em um ano em particular e prefe rimos poupar para um dia complicado Definindo os retornos de ativos Como o objetivo de poupar é fornecer consumo futuro julgamos a conve niência de um ativo em grande parte com base na sua taxa de retorno isto é o aumento percentual no valor que ele oferece sobre um período de tempo Por exem plo suponha que no começo de 2015 você pague US 100 por uma ação emitida pela Financial Soothsayers Inc Se a ação rende um dividendo de US 1 no começo de 2016 e se o preço da ação sobe de US 100 para US 109 por ação durante o ano então você ganhou uma taxa de retorno de 10 na ação sobre 2015 Isto é seu investimento de US 100 cresceu em valor para US 110 a soma do US 1 de dividendo e dos US 109 que você poderia ganhar se vendesse a ação Se a ação da Financial Soothsayers ainda gerasse um dividendo de US 1 mas caísse em preço para US 89 por ação seu investimento de US 100 valeria somente US 90 ao fim do ano dando uma taxa de retorno de 10 negativos M14KRUGXXXXC14indd 278 12915 617 PM 279 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos É frequente não saber com certeza o retorno que um ativo realmente vai render após comprálo Tanto o divi dendo gerado pela ação quanto o preço para revenda por exemplo podem ser difíceis de prever Sua decisão portanto deve ser baseada em uma taxa de retorno espe rada Para calcular uma taxa de retorno esperada sobre um período de tempo você deve fazer sua melhor previ são do valor total de um ativo no fim do período A dife rença de porcentagem entre o valor futuro esperado e o preço que você paga pelo ativo hoje deve ser igual à taxa de retorno esperada do ativo sobre o período de tempo Quando medimos a taxa de retorno de um ativo comparamos como um investimento no ativo muda no valor total entre duas datas No exemplo anterior com paramos como o valor de um investimento na ação da Financial Soothsayers mudou entre 2012 US 100 e 2016 US 110 para concluir que a taxa de retorno da ação foi de 10 por ano Chamamos isso de taxa de retorno de dólar porque os dois valores que comparamos são expressos em ter mos de dólares Entretanto também é possível calcular diferentes taxas de retorno expressando os dois valores em termos de uma moeda estrangeira ou de uma com moditiy como o ouro A taxa real de retorno A taxa de retorno esperada que os poupadores consideram na hora de decidir quais ati vos comprar é a taxa real de retorno esperada isto é a taxa de retorno calculada ao medir os valores do ativo em termos de uma cesta representativa ampla de produ tos que os poupadores compram normalmente É a taxa real de retorno que importa porque o objetivo final de poupar é o consumo futuro e somente o retorno real mede as mercadorias e serviços que um poupador pode comprar no futuro em retorno de desistir de algum con sumo isto é poupar hoje comércio de câmbio a prazo sem eNTrega Na Ásia Em um contrato padrão de câmbio futuro duas partes concordam em trocar duas moedas diferen tes em uma taxa acordada e em uma data futura Entretanto as moedas de muitos países em desen volvimento não são totalmente convertíveis o que significa que elas não podem ser trocadas livremente nos mercados internacionais de câmbio estrangeiro Um exemplo importante de uma moeda inconvertível é o renminbi da China que pode ser trocado dentro das fronteiras chinesas por residentes mas não de forma livre fora delas porque o governo chinês não permite depósito de renminbi de propriedade irres trita de não residentes na China Portanto para moe das como o renminbi a forma habitual de comércio de câmbio futuro não é possível Países em desenvolvimento com moedas incon vertíveis como a China entraram nas classificações de maiores participantes no comércio internacional e investimento Normalmente os negociantes utilizam o mercado de câmbio futuro para cobrirem seus riscos cambiais mas em casos como o da China como vimos não pode existir um mercado futuro padrão Não existe nenhuma forma de estrangeiros protegeremse de riscos cambiais quando negociam com países de moedas inconvertíveis Desde o começo da década de 1990 os mercados de comércio de câmbio a prazo sem entrega surgiram em centros como Hong Kong e Singapura para facili tar a cobertura das moedas asiáticas não convertíveis Entre as moedas trocadas em mercados de câmbio futuro sem entrega estão o renminbi da China o dólar de Taiwan e a rúpia da Índia Ao utilizar contratos a prazo sem entrega os negociantes podem proteger se dos riscos cambiais sem nunca ter de trocar moe das inconvertíveis Vamos olhar um exemplo hipotético para ver como essa proteção pode ser feita A General Motors acabou de vender alguns componentes de carro para a China Seu contrato com a importadora chinesa afirma que em três meses a GM receberá o dólar equivalente a 10 milhões de yuans em pagamento pelo carregamento enviado O yuan é a unidade na qual as quantias de renminbi são medidas assim como a esterlina britânica é medida em libras O Banco Popular da China PBC na sigla em inglês o banco central chinês controla firmemente a taxa de câmbio de sua moeda trocando os dólares que possui por renminbis com os residentes nacionais7 Hoje o PBC vai comprar ou vender o dólar norte americano por 68 yuans Mas suponha que o PBC venha permitindo gradualmente que sua moeda valorize em relação ao dólar e a taxa que vai cotar em três meses é incerta pode ser qualquer valor entre digamos 67 e 65 yuans por dólar A GM gos taria de fechar em uma taxa de câmbio futura de 66 yuans por dólar que o diretor financeiro da compa nhia pode fazer normalmente apenas vendendo o recebimento dos 10 milhões de yuans esperados por 7 O regime monetário chinês é um exemplo de um sistema de taxa de câmbio fixa que estudaremos em maior detalhe no Capítulo 18 M14KRUGXXXXC14indd 279 12915 617 PM 280 Economia internacional dólares nessa taxa Infelizmente a inconversibilidade do renminbi significa que a GM vai receber na ver dade não o renminbi que pode vender no futuro mas o dólar equivalente a 10 milhões de yuans dólares que o importador pode comprar por meio do sistema bancário chinês Entretanto câmbio a prazo sem entrega resulta em um mercado futuro virtual Eles fazem isso permitindo que negociantes não chineses façam apostas no valor do renminbi que são pagáveis em dólares Para fechar uma taxa de câmbio a prazo sem entrega de 66 yuans por dólar a GM pode assinar um contrato exigindo pagar a diferença entre o número de dólares que real mente receber em três meses e a quantia que recebe ria se a taxa de câmbio fosse exatamente 66 yuans por dólar equivalente a 166 dólar por yuan US 01515 por yuan após o arredondamento Portanto se a taxa de câmbio vier a ser 65 yuan por dólar o que de outra forma seria boa sorte para a GM a GM terá de pagar em seu contrato 165 166 dólares por yuan 10000000 yuans US 01538 US 01515 por yuan 10000000 yuans US 23310 Por outro lado ao desistir da possibilidade da boa sorte a GM também evita o risco de má sorte Se a taxa de retorno acaba por ser de 67 yuans por dólar o que de outra forma seria desfavorável para a GM a GM terá de pagar a quantidade negativa de US 01493 US 01515 por yuan 10000000 yuans US 22614 isto é ela receberá US 22614 da outra parte contratante O contrato de câmbio a prazo sem entrega permite à GM imunizarse do risco cambial mesmo que as partes que necessitam do contrato nunca troquem de fato a moeda chinesa A Figura 142 mostra dados diários de taxas a prazo sem entrega do yuan para dólares como as datasvalor de um mês um ano e dois anos para frente Vencimentos muito mais longos também são cotados As mudanças nessas taxas são mais variá veis nos vencimentos mais longos porque as taxas refletem as expectativas sobre a política futura de taxa de câmbio da China e o futuro mais distante é relativamente mais incerto do que o futuro mais próximo Como as políticas de taxa de câmbio da China evo luíram De julho de 2005 até julho de 2008 a China seguiu uma política amplamente compreendida de permitir aos poucos que sua moeda sofresse depre ciação em relação ao dólar Por causa das expectativas durante esse período de que a taxa yuandólar cairia ao longo do tempo as taxas futuras nas quais as pes soas estavam dispostas a negociar para cobrir transa ções daqui a dois anos estavam abaixo das taxas futu ras de daqui um ano que por sua vez estão abaixo das taxas futuras de daqui um mês FIGURa 142 Taxas de câmbio futuras sem entrega yuan chinês por dólar 55 6 65 7 75 8 85 Taxa de câmbio yuan por dólar norteamericano Um mês para frente Um ano para frente Maio 2006 Agosto 2006 Novembro 2006 Fevereiro 2007 Maio 2007 Agosto 2007 Novembro 2007 Fevereiro 2008 Maio 2008 Agosto 2008 Novembro 2008 Fevereiro 2009 Agosto 2009 Maio 2009 Novembro 2009 Fevereiro 2010 Maio 2010 Agosto 2010 Novembro 2010 Fevereiro 2011 Maio 2011 Agosto 2011 Novembro 2011 Fevereiro 2012 Maio 2012 Agosto 2012 Novembro 2012 Fevereiro 2013 Dois anos para frente Fonte Datastream M14KRUGXXXXC14indd 280 12915 617 PM 281 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos Para continuar com nosso exemplo suponha que o valor em dólar de um investimento na ação da Financial Soothsayers aumente em 10 entre 2015 e 2016 mas que os preços em dólar de todas as mercadorias e ser viços também aumentem em 10 Então em termos de produção em termos reais o investimento não vale ria mais em 2016 do que vale em 2015 Com uma taxa real de retorno de zero a ação da Financial Soothsayers não seria um ativo muito desejável Apesar de os poupadores preocuparemse com as taxas reais de retorno esperado as taxas de retorno expressas em termos monetários ainda podem ser utili zadas para comparar retornos reais em ativos diferentes Mesmo se todos os preços em dólar aumentarem em 10 entre 2015 e 2016 uma garrafa de vinho raro cujo preço em dólar aumenta em 25 ainda é um investimento melhor do que um título cujo valor aumenta em 20 A taxa real de retorno oferecida pelo vinho é de 15 25 10 enquanto a taxa oferecida pela ação é de somente 10 20 10 Perceba que a diferença entre os retornos em dólar dos dois ativos 25 20 deve ser igual à diferença de seus retornos reais 15 10 A razão para essa igualdade é que dados os retornos em dólar dos dois ativos uma mudança na taxa pela qual os preços em dólar das mercadorias estão aumentando muda os retornos reais dos dois ativos na mesma quantia A distinção entre taxas reais de retorno e taxas de dólar de retorno ilustram um importante conceito no estudo de como os poupadores avaliam diferentes ativos os retornos nos dois ativos não podem ser comparados a não ser que sejam medidos nas mesmas unidades Por exemplo não faz sentido comparar diretamente o retorno real de uma garrafa de vinho 15 em nosso exemplo com o retorno em dólar da ação 20 ou comparar o retorno em dólar de pinturas antigas com o retorno em euro do ouro Somente após os retornos serem expressos em termos de uma unidade de medida comum por exem plo tudo em termos de dólares podemos dizer qual ativo oferece a maior taxa real de retorno esperada Risco e liquidez Com todo o resto igual os indivíduos preferem man ter esses ativos oferecendo a maior taxa real de retorno esperada Entretanto nossas discussões futuras de ativos particulares mostrarão que todo o resto frequentemente não é igual Alguns ativos podem ser avaliados pelos pou padores por atributos outros que a taxa real de retorno esperada que eles oferecem Os poupadores preocupamse com duas características principais de um ativo além de seu retorno seu risco a variabilidade que contribui para a riqueza do poupador e sua liquidez a facilidade com a qual o ativo pode ser vendido ou trocado por mercadorias 1 Risco O retorno real de um ativo é normalmente imprevisível e pode vir a ser bem diferente do que os poupadores esperam quando o compram Em nosso último exemplo os poupadores descobriram a taxa real de retorno esperada em um investimento em ações 10 ao subtrair da taxa de aumento es perada no valor do investimento em dólar 20 a taxa esperada de crescimento em preços de dólar 10 Mas se as expectativas estão erradas e o valor da ação em dólar permanece constante em vez de aumentar em 20 o poupador termina com um re torno real de 10 negativo 0 10 Os pou padores não gostam de incertezas e são relutantes em manter ativos que fazem sua riqueza altamente variável Portanto um ativo com alta taxa de retorno esperada pode parecer indesejável para poupadores se sua taxa de retorno realizada flutua amplamente 2 Liquidez Os ativos também diferem de acordo com o custo e a velocidade com a qual os poupadores podem tornálos disponíveis Uma casa por exemplo não é muito líquida porque sua venda geralmente requer tempo e serviço de corretores e inspetores Para ven der uma casa rapidamente a pessoa deve querer ven der a um preço relativamente baixo Em contraste o dinheiro é o mais líquido de todos os ativos é sempre aceito pelo valor nominal como pagamento para mer cadorias e outros ativos Os poupadores preferem ter alguns ativos líquidos como precaução contra despe sas urgentes inesperadas que podem forçálos a vender menos ativos em uma perda Eles vão portanto con siderar a liquidez de um ativo assim como seu retorno e risco esperado na hora de decidir quanto manter Taxas de juros Como em outros mercados de ativos os participantes no mercado cambial estrangeiro baseiam suas demandas A China mudou sua política no verão de 2008 atre lando o yuan rigidamente ao dólar sem anunciar uma data final para essa política A ação alterou a relação entre as três taxas de futuro como se pode ver no gráfico Dois anos depois em junho de 2010 a China anunciou seu retorno a uma taxa de câmbio supostamente mais flexível para o yuan Desde então o yuan continua a ser valori zado em relação ao dólar mas em um ritmo gradual O sistema e as políticas de taxa de câmbio da China têm sido foco de controvérsia internacional em anos recentes e falaremos mais sobre eles nos próxi mos capítulos M14KRUGXXXXC14indd 281 12915 617 PM 282 Economia internacional por depósitos de diferentes moedas em uma comparação de taxas de retorno esperadas desses ativos Para compa rar retornos em diferentes depósitos os participantes do mercado precisam de duas informações Primeiro eles precisam saber como os valores em dinheiro dos depó sitos mudarão Segundo precisam saber como as taxas de câmbio mudarão de forma que eles possam traduzir as taxas de retorno medidas em moedas diferentes em termos comparáveis A primeira parte da informação necessária para cal cular a taxa de retorno em um depósito de uma moeda em particular é a taxa de juros da moeda a quantia da moeda que um indivíduo ganha ao emprestar uma uni dade da moeda por ano A uma taxa de juros de dólar de 010 cotada como 10 ao ano o credor de um dólar recebe US 110 no fim do ano US 1 que é o principal e 10 centavos que são os juros Olhando pelo outro lado da transação a taxa de juros em dólares também é a quan tidade que deve ser paga para pegar emprestado US 1 por ano Quando você compra um papel do Tesouro norte americano você ganha a taxa de juros em dólares porque está emprestado dólares para o governo norte americano As taxas de juros desempenham um papel impor tante no mercado cambial estrangeiro porque os gran des depósitos trocados ali pagam juros cada um à taxa que reflete sua moeda de valor nominal Por exemplo quando a taxa de juros em dólares é de 10 ao ano um depósito de US 100000 vale US 110000 após um ano Quando a taxa de juros em euros é 5 por ano um depósito de 100000 vale 105000 após um ano Os depósitos pagam juros porque eles são empréstimos do depositante para o banco Quando uma corporação ou instituição financeira deposita uma moeda em um banco ela está emprestando essa moeda a um banco em vez de utilizá la para despesas correntes Em outras pala vras o depositante está adquirindo um ativo em valor nominal na moeda em que deposita A taxa de juros de dólar é apenas a taxa de retorno de dólar sobre depósitos em dólares Você compra o depó sito ao emprestar ao banco US 100000 e quando você é pago com 10 de juros no fim do ano seu ativo vale US 110000 Isso dá uma taxa de retorno de 110000 100000100000 010 ou 10 ao ano Similarmente a taxa de juros de uma moeda estrangeira mede o retorno da moeda estrangeira em depósitos daquela moeda A Figura 143 mostra o comportamento mensal das taxas de juros do dólar e do iene japonês de 1978 a 2013 Essas taxas não são medidas em termos comparáveis então não existe razão para elas estarem próximas ou compor taremse de forma similar durante os anos Taxas de câmbio e retornos de ativos As taxas de juros oferecidas por um depósito em dólar e em euro nos dizem como os valores do dólar e do euro vão mudar durante um ano A outra parte da FIGURa 143 Taxas de juros em dólar de depósitos em iene 19782013 0 3 6 9 12 15 18 21 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Taxas de juros porcentagem ao ano Taxa do dólar Taxa do iene Fonte Datastream São mostradas taxas de juros de três meses Já que as taxas de juros do dólar e do iene não são medidas em termos comparáveis elas podem moverse de modos bem diferentes durante o tempo M14KRUGXXXXC14indd 282 12915 617 PM 283 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos informação de que precisamos a fim de comparar as taxas de retorno oferecidas pelos depósitos de dólar e euro é a mudança esperada na taxa de câmbio do dólareuro durante o ano Para ver qual depósito euro ou dólar oferece uma maior taxa de retorno esperada você deve perguntar se eu utilizar dólares para com prar um depósito de euro quantos dólares eu vou ter de volta depois de um ano Quando você responde a essa questão está calculando a taxa de retorno de dólar em um depósito de euro pois compara seu preço em dólar hoje com seu valor em dólar de um ano a partir de hoje Para ver como abordar esse tipo de cálculo vamos olhar para a seguinte situação suponha que a taxa de câmbio de hoje cotada em termos norte americanos é US 110 por euro mas que você espera que ela seja de US 1165 por euro em um ano talvez porque você espere desenvolvimentos desfavoráveis na economia norte americana Suponha também que a taxa de juros do dólar é 10 ao ano enquanto do euro é 5 ao ano Isso significa que o depósito de US 1 paga US 110 enquanto um depósito de 1 paga 105 após um ano Qual desses depósitos oferece o maior retorno A res posta pode ser encontrada em cinco passos Passo 1 Utilize a taxa de câmbio dólareuro de hoje para descobrir o preço em dólar de um depósito em euro de digamos 1 Se a taxa de câmbio de hoje é US 110 por euro o preço em dólar de um depósito de 1 é só US 110 Passo 2 Utilize a taxa de juros do euro para encon trar a quantia de euros que você terá de pagar daqui um ano se comprar um depósito de 1 hoje Você sabe que a taxa de juros em depósitos de euro é 5 ao ano Então ao fim do ano seu depósito de 1 valerá 105 Passo 3 Utilize a taxa de câmbio que você espera que prevaleça daqui a um ano para calcular o valor esperado em dólar da quantia em euro determinada do Passo 2 Já que você espera que o dólar sofra depreciação em rela ção ao euro durante o próximo ano de forma que a taxa de câmbio daqui a 12 meses seja US 1165 por euro você espera que o valor em dólar do seu depósito em euro após um ano seja de US 1165 por euro 105 US 1223 Passo 4 Agora que você sabe que o preço em dólar de um depósito de 1 hoje US 110 e pode prever seu valor em um ano US 1223 pode calcular a taxa de retorno esperada em dólar de um depósito em euro como 1223 110110 011 ou 11 ao ano Passo 5 Já que a taxa de retorno em dólar dos depó sitos em dólar a taxa de juros do dólar é somente 10 ao ano você espera ficar em melhor situação ao manter sua riqueza na forma de depósitos em euro Apesar do fato de a taxa de juros em dólar ultrapassar a do euro em 5 ao ano a valorização esperada do euro em relação do dólar dá aos proprietários do euro um ganho poten cial que é grande o suficiente para fazer os depósitos em euro um ativo de maior rendimento Uma regra simples Uma regra simples reduz esse cálculo Primeiro defina a taxa de depreciação do dólar em relação ao euro como o aumento da porcentagem na taxa de câm bio dólareuro durante um ano No último exemplo a taxa de depreciação esperada do dólar é 1165 110 110 0059 aproximadamente 6 ao ano Uma vez que você calculou a taxa de depreciação do dólar em relação ao euro nossa regra é a taxa de retorno do dólar em depósitos em euro é aproximadamente a taxa de juros de euro mais a taxa de depreciação do dólar em relação ao euro Em outras palavras para traduzir o retorno em euro de depósitos em euro em termos de dólar você precisa adicionar a taxa na qual o preço em dólar do euro aumenta durante um ano à taxa de juros do euro Em nosso exemplo a soma da taxa de juros do euro 5 à taxa de depreciação esperada do dólar aproxi madamente 6 é em torno de 11 que é o que desco brimos ser o retorno esperado em dólar em depósitos em euro no nosso primeiro cálculo Resumimos nossa discussão introduzindo alguns símbolos R taxa de juros de hoje em depósitos de euro de um ano E taxa de câmbio dólareuro de hoje quantidade de dólares por euro Ee taxa de câmbio dólareuro quantidade de dólares por euro que se espera que prevaleça em um ano a partir de hoje O sobrescrito e nesta última taxa de câmbio indica que é uma previsão da taxa de câmbio futura baseada no que as pessoas sabem hoje Utilizando esses símbolos escrevemos a taxa de retorno esperada em um depósito de euro medida em termos de dólares como a soma de 1 a taxa de juros de euro e 2 a taxa de depreciação de dólar esperada em relação ao euro R Ee EE Esse retorno esperado é o que deve ser comparado com a taxa de juros em depósito de dólar de um ano R M14KRUGXXXXC14indd 283 12915 617 PM 284 Economia internacional ao decidir se os depósitos em dólar ou em euro oferecem a maior taxa de retorno esperada8 A diferença da taxa de retorno esperada entre depósitos em dólar e em euro é portanto igual a R menos a expressão anterior R R Ee EE R R Ee EE 141 Quando a diferença é positiva os depósitos em dólar rendem a maior taxa de retorno esperada Quando é nega tiva os depósitos em euro rendem a maior taxa de retorno esperada A Tabela 143 traz outras comparações ilustrativas No caso 1 a diferença de juros em favor dos depósitos em dólar é 4 por ano R R 010 006 004 e nenhuma mudança na taxa de câmbio é esperada Ee EE 000 Isso significa que a taxa real de retorno anual esperada em depósitos de dólar é 4 mais alta do que daquelas em depósitos em euro de forma que com todas as outras coisas iguais você preferiria manter sua riqueza em depósitos de dólar em vez de euro No caso 2 a diferença de juros é a mesma 4 mas só é compensada por uma taxa de depreciação esperada do dólar de 4 Portanto os dois ativos têm a mesma taxa de retorno esperada O caso 3 é similar ao que discutimos antes uma dife rença de juros de 4 em favor dos depósitos de dólar é mais do que compensada por uma depreciação do dólar esperada de 8 então os depósitos de euro são preferi dos pelos participantes do mercado No caso 4 existe uma diferença de juros de 2 em favor dos depósitos em euro mas esperase que o dólar seja valorizado em relação ao euro em 4 durante o ano Portanto a taxa de retorno esperada em depó sitos de dólar é de 2 por ano mais alta do que os depósitos em euro Até agora temos traduzido todos os retornos em ter mos de dólar Mas a taxa de diferenciais de retorno que calculamos teria sido a mesma se tivéssemos escolhido expressar os retornos em termos de euros ou em termos de uma terceira moeda Suponha por exemplo que queiramos medir o retorno em depósitos de dólar em termos de euros Seguindo nossa regra simples podería mos adicionar à taxa de juros de dólar R a taxa de depreciação esperada do euro em relação ao dólar Mas a taxa de depreciação esperada do euro em relação ao dólar é aproximadamente a taxa de valorização esperada do dólar em relação ao euro isto é a taxa de deprecia ção esperada do dólar em relação ao euro com um sinal de menos na frente dela Isso significa que em termos de euros o retorno em um depósito de dólar é R Ee EE A diferença entre a expressão acima e R é idêntica à Equação 141 Portanto não faz diferença para a nossa comparação se a medimos retornos em termos de dólares ou euros contanto que suponhamos que medi mos as duas em termos da mesma moeda Retorno risco e liquidez no mercado de câmbio estrangeiro Observamos mais cedo que um poupador que decide quais ativos manter pode preocuparse com os riscos e a liquidez dos ativos além de suas taxas reais de retorno esperadas De modo similar a demanda por ativos de moeda estrangeira depende não só dos retornos mas tam bém do risco e da liquidez Mesmo se o retorno esperado em dólar para depósitos em euro for mais alto do que aquele em depósitos em dólar por exemplo as pessoas podem ficar relutantes em manter depósitos em euro se o pagamento para mantêlos varia de forma imprevisível Tabela 143 Comparando as taxas de retorno do dólar e depósitos de dólar e euro Taxa de juros do dólar Taxa de juros do euro Taxa de depreciação esperada do dólar em relação ao euro Taxa de diferença de retorno entre depósitos de dólar e euro Caso R R E E E e R R E E E e 1 010 006 000 004 2 010 006 004 000 3 010 006 008 004 4 010 012 004 002 8 Se você calcular o retorno esperado em dólar de depósitos em euro utilizando o método exato dos cinco passos que descrevemos antes de introduzir a regra simples você descobrirá que ele realmente igual a 1 R Ee E 1 Entretanto essa fórmula exata pode ser reescrita como R Ee EE R Ee EE A expressão acima é bem próxima à fórmula obtida na regra simples como geralmente é o caso quando o produto R Ee EE é um número menor M14KRUGXXXXC14indd 284 12915 617 PM 285 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos existentes de depósitos de todas as moedas dizemos que o mercado cambial estrangeiro está em equilíbrio A descrição da determinação da taxa de câmbio dada nesta seção é somente o primeiro passo uma explicação completa do nível atual da taxa de câmbio pode ser dada somente após examinarmos como os participantes do mercado cambial estrangeiro formam suas expectativas sobre as taxas de câmbio que eles esperam que prevale çam no futuro Os próximos dois capítulos olham para os fatores que influenciam as expectativas das taxas de câmbio futuras Entretanto para o momento aceitare mos as taxas de câmbio futuras conforme forem dadas Paridade de juros a condição de equilíbrio básico O mercado cambial estrangeiro está em equilíbrio quando depósitos de todas as moedas oferecem a mesma taxa de retorno esperada A condição de que os retor nos esperados nos depósitos de quaisquer duas moe das são iguais quando medidos na mesma moeda é chamada de condição de paridade de juros Ela implica que os potenciais proprietários de depósitos de moeda estrangeira olham para todos como ativos igualmente desejáveis desde que suas taxas de retorno esperadas sejam as mesmas Vamos ver por que o mercado cambial estrangeiro está em equilíbrio somente quando a condição de paridade de juros é mantida Suponha que a taxa de juros do dólar seja 10 e a taxa de juros do euro seja 6 mas esperase que o dólar sofra depreciação em relação ao euro a uma taxa de 8 sobre um ano Esse é o caso 3 da Tabela 143 Nas circunstâncias descritas a taxa de retorno esperada em depósitos de euro seria de 4 ao ano mais alta do que a taxa dos depósitos em dólar Supusemos no fim da última seção que os indivíduos sempre preferem manter os depó sitos das moedas que oferecem o maior retorno esperado Isso implica que se o retorno esperado em depósitos de euro é 4 maior do que a taxa em depósitos de dólar nin guém estará disposto a manter os depósitos em dólares e os que ainda têm esses depósitos tentarão vendêlos por depósitos em euro Portanto existirá um excesso de ofer tas de depósitos em dólar e um excesso de demanda por depósitos em euro no mercado cambial estrangeiro Como um exemplo contrastante suponha que os depósitos em dólar ofereçam uma taxa de juros de 10 mas os depósitos em euro ofereçam taxa de 12 Não existe consenso entre os economistas sobre a importância do risco no mercado cambial estrangeiro Mesmo a definição de risco cambial estrangeiro é tópico de debate Para o momento evitaremos essas questões complexas supondo que os retornos reais em todos os depósitos têm grau de risco igual independen temente da moeda de designação Em outras palavras assumimos que as diferenças de riscos não influenciam a demanda por ativos em moeda estrangeira Entretanto discutiremos o papel do risco cambial estrangeiro em maior detalhe no Capítulo 189 Alguns participantes do mercado podem ser influen ciados pelos fatores de liquidez na decisão de quais moe das manter A maioria desses participantes são empresas e indivíduos que conduzem o comércio internacional Um importador norte americano de produtos ou vinhos de marca francesa por exemplo pode achar conveniente manter euros para pagamentos de rotina se a taxa de retorno esperada em euros é menor do que a esperada em dólares Como os pagamentos ligados ao comércio internacional representam uma fração muito pequena do total das transações cambiais estrangeiras ignoramos o motivo de liquidez para manter moedas estrangeiras Portanto estamos supondo agora que os participan tes do mercado cambial estrangeiro baseiam suas deman das por ativos de moedas estrangeiras exclusivamente em uma comparação das taxas de retorno esperadas desses ativos A razão principal para fazermos essa suposição é que simplifica nossa análise de como as taxas de câmbio são determinadas no mercado cambial estrangeiro Além disso os motivos de risco e liquidez para manter moedas estrangeiras parecem ser de importância secundária para muitas das questões internacionais macroeconômicas dis cutidas nos próximos dois capítulos Equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro Agora utilizaremos o que aprendemos sobre a demanda por ativos de moeda estrangeira para descrever como as taxas de câmbio são determinadas Mostraremos que a taxa de câmbio na qual o mercado se situa é a que deixa os participantes satisfeitos em manter os suprimen tos existentes de depósitos de todas as moedas Quando os participantes mantêm de bom grado os suprimentos 9 Ao discutir as transações cambiais estrangeiras spot e futuras alguns livros fazem uma distinção entre os especuladores cambiais estrangei ros participantes do mercado que supostamente preocupamse apenas com os retornos esperados e os hedgers participantes do mercado cuja preocupação é evitar o risco Afastamosnos dessa tradição dos livros porque ela pode enganar os descuidados embora os motivos espe culativos e de hedge sejam potencialmente importantes na determinação da taxa de câmbio a mesma pessoa pode ser tanto um especulador como um hedger se ela se importa tanto com o retorno quanto com o risco Nossa hipótese experimental de que o risco é desimportante em determinar a demanda por ativos em moeda estrangeira significa em termos de linguagem tradicional que o motivo especulativo para manter moedas estrangeiras é muito mais importante do que o motivo de hedge M14KRUGXXXXC14indd 285 12915 617 PM 286 Economia internacional e esperase que o dólar seja valorizado em relação ao euro em 4 durante o próximo ano Esse é o caso 4 da Tabela 143 Agora o retorno em depósitos em dólar é 2 mais alto Nesse caso ninguém necessitaria de depó sitos em euro então existiria um excesso de oferta e os depósitos em dólar teriam demanda excessiva Entretanto quando a taxa de juros do dólar é 10 a taxa de juros do euro é 6 e a depreciação esperada do dólar em relação ao euro é 4 os depósitos em dólar e em euro oferecem a mesma taxa de retorno e os par ticipantes do mercado cambial estrangeiro estão igual mente dispostos a manter as duas moedas Esse é o caso 2 da Tabela 143 Somente quando todas as taxas de retorno esperadas são iguais isto é quando a condição de paridade de juros é mantida não existe oferta em excesso de algum tipo de depósito e nenhuma demanda em excesso por outro O mercado de câmbio estrangeiro está em equilíbrio quando não existe excesso em demanda ou oferta de um tipo de depósito Podemos portanto dizer que o mercado cambial estrangeiro está em equilíbrio quando e somente quando a condição de paridade de juros é mantida Para representar a paridade entre os depósitos de dólar e euro simbolicamente utilizamos a Equação 141 que mostra a diferença nas taxas de retorno espe radas de dois ativos medidas em dólares As taxas de retorno esperadas são iguais quando R R Ee EE 142 Você provavelmente suspeita que quando os depósitos em dólar oferecem maior retorno do que os em euro o dólar vai ser valorizado em relação ao euro ao passo que os investidores mudam seus fundos para dólares Contra riamente o dólar deve sofrer depreciação em relação ao euro quando são os depósitos em euro que oferecem de início maior retorno Sua intuição está totalmente cor reta No entanto para compreender o mecanismo de tra balho devemos olhar com cuidado para como mudanças na taxa de câmbio iguais a essas ajudam a manter o equi líbrio no mercado cambial estrangeiro Como as mudanças na taxa de câmbio atual afetam os retornos esperados Como um primeiro passo na compreensão de como o mercado cambial estrangeiro encontra seu equilíbrio examinamos como as mudanças na taxa de câmbio de hoje afetam o retorno esperado em um depósito de moeda estrangeira quando as taxas de juros e as expec tativas sobre a taxa de câmbio futura não mudam Nossa análise mostrará que com todo o resto igual a deprecia ção da moeda de um país hoje diminui o retorno esperado da moeda nacional em depósitos de moeda estrangeira Contrariamente a valorização da moeda nacional com todo o resto igual aumenta o retorno esperado da moeda nacional em depósitos de moeda estrangeira É mais fácil ver por que essas relações duram olhando um exemplo como uma mudança na taxa de câmbio dólareuro hoje com tudo mantido constante muda o retorno esperado medido em termo de dólares em depó sitos de euro Suponha que a taxa dólareuro de hoje seja US 1 por euro e a taxa de câmbio que você espera para a data de hoje no ano que vem seja US 105 por euro Então a taxa de depreciação esperada do dólar em rela ção ao euro 105 100100 005 ou 5 por ano Isso significa que quando você compra um depósito em euro você não ganha só o juros R mas também recebe um bônus de 5 em termos de dólares Agora suponha que a taxa de câmbio de repente pule para US 103 por euro uma depreciação do dólar e uma valorização do euro mas que a taxa futura esperada ainda seja US 105 por euro O que acontece com o bônus que você esperava conseguir do aumento no valor do euro em termos de dólares A taxa de depreciação esperada do dólar agora é somente 105 103103 0019 ou 19 em vez de 5 Já que R não mudou o retorno em dólar dos depó sitos em euro que é a soma de R mais a taxa esperada de depreciação do dólar caiu em 31 por ano 5 19 Na Tabela 144 organizamos o retorno em dólar de depósitos em euro para vários níveis da taxa de câmbio dólareuro atual E sempre supondo que a taxa de câm bio futura permanece fixa em US 105 por euro e que a taxa de juros do euro é de 5 ao ano Como se pode ver um aumento na taxa de câmbio dólareuro atual uma depreciação do dólar em relação ao euro sempre dimi nui o retorno esperado em dólar de depósitos em euro como em nosso exemplo enquanto uma queda na taxa de câmbio dólareuro atual uma valorização do dólar em relação ao euro sempre aumenta esse retorno Pode ir contra a sua intuição que uma depreciação do dólar em relação ao euro faça os depósitos em euro menos atrativos em relação aos depósitos em dólar dimi nuindo o retorno esperado em dólar de depósitos em euro enquanto uma valorização do dólar torna os depósitos em euro mais atrativos Esse resultado parecerá menos surpreendente se você lembrar que supusemos que a taxa dólareuro futura esperada e as taxas de juros não mudam Uma depreciação do dólar hoje por exemplo significa que agora o dólar precisa depreciar em uma quantia menor para chegar qualquer nível futuro esperado dado Se a taxa de câmbio dólareuro futura esperada não muda quando o dólar sofre depreciação hoje a depreciação futura esperada do dólar em relação ao euro portanto M14KRUGXXXXC14indd 286 12915 617 PM 287 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos cai ou alternativamente a valorização futura esperada do dólar sobe Já que as taxas de juros também não são alte radas a depreciação do dólar hoje por consequência faz com que os depósitos em euro sejam menos atrativos em comparação com aqueles em dólar Colocando de outra forma uma depreciação atual do dólar que não afete nem as expectativas da taxa de câmbio nem as taxas de juros deixa o pagamento futuro esperado em dólar de um depósito em euro igual mas aumenta o custo atual em dólar do depósito Isso natu ralmente torna os depósitos em euro menos atrativos em relação aos depósitos em dólar Pode também ir contra a sua intuição de que a taxa de câmbio atual pode mudar enquanto a taxa de câmbio esperada para o futuro não muda De fato estudaremos casos mais tarde neste livro em que as duas taxas mudam de uma vez só No entanto nós mantemos a taxa de câm bio esperada futura constante na suposição atual porque essa é a maneira mais clara de ilustrar o efeito da taxa de câmbio atual em retornos esperados Se ajudar você pode imaginar que estamos olhando para o impacto de uma mudança temporária tão breve que não tem efeito na taxa de câmbio esperada para o próximo ano A Figura 144 mostra os cálculos na Tabela 144 em forma gráfica o que será útil em nossa análise da deter minação da taxa de câmbio O eixo vertical na figura mede a taxa de câmbio dólareuro atual e o eixo hori zontal mede o retorno esperado em dólar dos depósi tos em euro Para valores fixos da taxa de câmbio dólar euro futura esperada e da taxa de juros de euro a rela ção entre a taxa de câmbio dólareuro atual e o retorno esperado em dólar nos depósitos em euro define um cro nograma inclinado para baixo a taxa de câmbio de equilíbrio Agora que compreendemos por que a condição de paridade de juros deve ser mantida para o mercado cambial estrangeiro ficar em equilíbrio e como a taxa de câmbio atual afeta o retorno esperado em depósitos em moeda estrangeira podemos ver como as taxas de câm bio são determinadas Nossa principal conclusão será de que as taxas de câmbio sempre se ajustam para manter a paridade de juros Continuamos a supor que a taxa de juros do dólar R a taxa de juros do euro R e a taxa de câmbio futura dólareuro Ee são todas dadas A Figura 145 ilustra como a taxa de câmbio de equi líbrio dólareuro é determinada sobre essas suposições A linha vertical no gráfico indica o nível dado de R Tabela 144 Taxa de câmbio atual do dólar e do euro e a taxa de retorno esperada do dólar em depósitos de euro quando Ee US 105 por euro Taxa de câmbio dólareuro atual Taxa de juros em depósitos de euro Taxa de depreciação esperada do dólar em relação ao euro Retorno esperado do dólar em depósitos de euro E R E E 105 R E E 1 05 107 005 0019 0031 105 005 000 005 103 005 0019 0069 102 005 0029 0079 100 005 005 010 FIGURa 144 A relação entre o dólar atual a taxa de câmbio do euro e o retorno esperado em dólar em depósitos de euro Dado que Ee 105 e R 005 uma valorização do dólar em relação ao euro aumenta o retorno esperado em depósito de euro medido em termos de dólares A taxa de câmbio dólareuro atual E 0031 0079 0069 0050 0100 100 102 103 107 105 O retorno esperado do dólar em depósitos de euro R E E E e M14KRUGXXXXC14indd 287 12915 617 PM 288 Economia internacional o retorno em depósitos de dólares medidos em termos de dólares A linha inclinada para baixo mostra como o retorno esperado de depósitos de euro medidos em ter mos de dólares depende da taxa de câmbio atual dólar euro Essa segunda linha é obtida da mesma forma que a linha mostrada na Figura 144 A taxa de equilíbrio dólareuro é aquela indicada pela interseção das duas linhas no ponto 1 E1 Nessa taxa de câmbio os retornos em depósitos de dólar e euro são iguais de forma que a condição de paridade de juros da Equação 142 R R Ee E1 E1 é satisfeita Vejamos por que a taxa de câmbio tenderá a estabili zar no ponto 1 na Figura 145 se está inicialmente em um ponto como 2 ou 3 Primeiro suponha que estejamos no ponto 2 com a taxa de câmbio igual a E2 A linha incli nada para baixo que mede o retorno esperado em dólar para depósitos de euro nos diz que na taxa de câmbio E2 a taxa de retorno em depósitos de euro é menor que a taxa de retorno em depósitos de dólar R Nessa situação qualquer um que tenha depósitos de euro deseja vendêlos pelos depósitos de dólar mais lucrativos o mercado cam bial estrangeiro está fora de equilíbrio porque participantes como bancos e corporações multinacionais não estão dis postos a manter depósitos de euro Como a taxa de câmbio é ajustada Os proprietários de depósitos de euro insatisfeitos tentam vendêlos por depó sitos de dólar mas como o retorno em dólar dos depósitos é maior do que aquele nos depósitos de euro na taxa de câmbio E2 nenhum proprietário de depósito em dólar está disposto a vendêlo por um depósito de euro nessa taxa Enquanto os proprietários de euro tentam seduzir os proprietários de dólar oferecendolhes um melhor preço por dólares a taxa de câmbio dólareuro cai para E1 Isto é os euros tornamse mais baratos que os dólares Uma vez que a taxa de câmbio alcance E1 os depósitos de euro e dólar oferecem retornos iguais e os proprietários dos depó sitos de euro não têm mais um incentivo para tentar ven dêlos por dólares O mercado cambial estrangeiro está portanto em equilíbrio Ao cair de E2 para E1 a taxa de câmbio iguala os retornos esperados nos dois tipos de depósitos ao aumentar a taxa na qual se espera que o dólar sofra depreciação no futuro fazendo desse modo com que os depósitos de euro sejam mais atrativos O mesmo processo funciona em reverso se estivermos inicialmente no ponto 3 com a taxa de câmbio de E3 Nesse ponto o retorno em depósitos de euro ultrapassa o retorno dos depósitos de dólar então existe agora um excesso de oferta deste último Quando proprietários relu tantes de depósitos de dólar fazem oferta por depósitos de euro mais atrativos o preço dos euros em termos de dólares tende a aumentar isto é o dólar tende a sofrer depreciação em relação ao euro Quando a taxa de câmbio moveuse para E1 as taxas de retorno são igualadas entre as moe das e o mercado está em equilíbrio A depreciação do dólar de E3 para E1 torna os depósitos de euro menos atrativos em relação aos depósitos de dólar ao reduzir a taxa na qual se espera que o dólar sofra depreciação no futuro10 FIGURa 145 Determinação da taxa de câmbio de equilíbrio dólareuro O equilíbrio no mercado cambial estrangeiro está no ponto 1 onde os retornos esperados em dólar em depósitos de dólar e euro são iguais Retorno em depósitos de dólar 2 1 3 Retorno esperado em depósitos de euro Taxas de retorno em termos de dólar R E 2 E 1 E 3 Taxa de câmbio E 10 Um exercício no fi nal do capítulo pede para você mostrar que esta forma alternativa de olhar para o equilíbrio no mercado de câmbio dá as mesmas respostas que o método utilizado aqui no texto M14KRUGXXXXC14indd 288 12915 617 PM 289 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos Taxas de juros expectativas e equilíbrio Após vermos como as taxas de câmbio são determi nadas pela paridade de juros agora veremos como elas são afetadas pelas mudanças nas taxas de juros e em expectativas sobre o futuro os dois fatores que mantemos constantes em nossas discussões anteriores Veremos que a taxa de câmbio que é o preço relativo de dois ativos responde a fatores que alteram as taxas de retorno espera das para esses dois ativos O efeito da alteração de taxas de juros na taxa de câmbio atual Lemos frequentemente no jornal que o dólar é forte porque as taxas de juros norte americanas são altas ou que está caindo porque as taxas de juros norte americanas estão em queda Essas duas afirmações podem ser explicadas utilizando nossa análise do mer cado cambial estrangeiro Para responder a essa questão novamente nos voltamos a um diagrama A Figura 146 mostra um aumento na taxa de juros do dólar de R1 para R2 como um deslocamento para a direita da linha vertical de retorno de depósitos de dólar Na taxa de câmbio inicial E1 o retorno esperado em depósitos de dólar agora é maior do que o esperado em depósitos de euro por uma quantia igual à distância entre os pontos 1 e 1 Como temos visto essa diferença faz com que o dólar seja valorizado para E2 ponto 2 Como não existiu mudança na taxa de juros do euro ou na taxa de câmbio futura esperada a valorização do dólar hoje aumenta o retorno esperado em dólar dos depósitos de euro ao aumentar a taxa na qual se espera que o dólar sofra depreciação no futuro A Figura 147 mostra o efeito de um aumento na taxa de juros do euro R Essa mudança faz a linha inclinada para baixo que mede o retorno esperado do dólar em depósitos de euro moverse para a direita Para ver o porquê perguntese como um aumento na taxa de juros do euro altera o retorno em dólar dos depósitos de euro dada a taxa de câmbio atual e a taxa esperada futura Na taxa de câmbio inicial E1 a taxa de deprecia ção esperada do dólar é a mesma de antes do aumento em R de forma que o retorno esperado em depósitos de euro agora ultrapassa o retorno dos depósitos de dólar A taxa de câmbio dólareuro aumenta de E1 para E2 para eliminar o excesso de oferta de ativos de dólar no ponto 1 Como anteriormente a depreciação do dólar em relação ao euro elimina o excesso de oferta de ativos de dólar ao diminuir a taxa de retorno espe rada em dólar nos depósitos de euro Um aumento na taxas de juros europeias portanto leva a uma deprecia ção do dólar em relação ao euro ou olhando pela pers pectiva europeia uma valorização do euro em relação ao dólar Nossa discussão mostra que com tudo igual um aumento nos juros pagos em depósitos de uma moeda faz com que essa moeda valorize em relação às moedas estrangeiras FIGURa 146 Efeito de um aumento na taxa de juros do dólar Um aumento na taxa de juros oferecida pelos depósitos em dólar de R1 para R2 faz com que o dólar seja valorizado de E1 ponto 1 para E2 ponto 2 Retorno em dólar 2 1 1 Taxa de câmbio E Retorno esperado em euro Taxas de retorno em termos de dólar E E 1 2 R 1 R 2 M14KRUGXXXXC14indd 289 12915 617 PM 290 Economia internacional Antes de concluirmos que a conta do jornal do efeito das taxas de juros nas taxas de câmbio está correta deve mos lembrar que nossa suposição de uma taxa de câmbio futura esperada constante muitas vezes é irreal Em muitos casos uma mudança nas taxas de juros será acompanhada por uma mudança na taxa de câmbio futura esperada Essa mudança na taxa de câmbio futura esperada dependerá por sua vez das causas econômicas da mudança da taxa de juros Comparamos possíveis relações diferentes entre as taxas de juros e as taxas de câmbio futuras esperadas no Capítulo 16 Por enquanto tenha em mente que no mundo real não podemos prever como uma dada mudança na taxa de juros vai alterar as taxas de câmbio a não ser que saibamos por que a taxa de juros está mudando O efeito da alteração de expectativas na taxa de câmbio atual A Figura 147 também pode ser utilizada para estu dar o efeito na taxa de câmbio atual de um aumento na taxa de câmbio dólareuro futura esperada Ee Dada a taxa de câmbio atual um aumento no preço futuro esperado de euros em termos de dólares aumenta a taxa de depreciação esperada do dólar Por exemplo se a taxa de câmbio atual é US 1 por euro e a taxa espe rada a prevalecer em um ano é US 105 por euro a taxa de depreciação esperada do dólar em relação ao euro é 105 100100 005 Se a taxa de câmbio futura esperada sobe para US 106 por euro a taxa de depreciação esperada também sobe para 106 100100 006 Como um aumento da taxa de depreciação esperada do dólar aumenta o retorno esperado em dólar de depó sitos de euro a linha inclinada para baixo muda para a direita como na Figura 147 Na taxa de câmbio inicial de E1 existe agora um excesso de oferta de depósitos de dólar os depósitos em euro oferecem uma taxa de retorno esperada maior medida em termos de dólar do que os depósitos de dólar Portanto o dólar sofre depre ciação em relação ao euro até que o equilíbrio seja alcan çado no ponto 2 Concluímos que com tudo igual um aumento na taxa de câmbio futura esperada causa um aumento na taxa de câmbio atual Similarmente uma queda na taxa de câmbio futura esperada causa uma queda na taxa de câmbio atual FIGURa 147 Efeito de um aumento na taxa de juros do euro Um aumento na taxa de juros paga pelos depósitos em euro faz com que o dólar sofra depreciação E1 ponto 1 para E2 ponto 2 Essa figura também descreve o efeito de um aumento na taxa de câmbio futura esperada de 2 1 R E E 1 2 Taxa de câmbio E Retorno em dólar Aumento na taxa de juros do euro Retorno esperado em euro Taxas de retorno em termos de dólar O QUe eXPlICa O CARRY TRADE Durante boa parte da década de 2000 as taxas de juros do iene japonês eram próximas de zero como mostra a Figura 143 enquanto as taxas de juros aus tralianas eram confortavelmente positivas subindo para mais de 7 ao ano até a primavera de 2008 Portanto embora possa parecer interessante pegar ienes emprestados e investilos em títulos de dólar australiano a condição de paridade de juros indica que essa estratégia não deve ser sistematicamente lucrativa em média a vantagem de juros dos dólares australianos não deveria desaparecer pela valorização relativa do iene M14KRUGXXXXC14indd 290 12915 617 PM 291 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos No entanto os atores do mercado que vão de espo sas japonesas a fundos de hedge sofisticados foram de fato atrás dessa estratégia investindo bilhões em dóla res australianos e levando o valor da moeda para cima em vez de para baixo em relação ao iene De forma mais geral os investidores internacionais frequentemente pegam empréstimos de moedas de baixos juros chamadas de moedas de financiamento e compram moedas de altos juros chamadas de moedas de investimento com resul tados que podem ser lucrativos em períodos longos Essa atividade é chamada de carry trade e embora seja geralmente impossível documentar precisamente o grau das posições de carry trade ela pode se tornar muito intensa quando diferenciais de juros internacio nais consideráveis acontecem O predomínio do carry trade é prova de que a paridade de juros está errada A resposta honesta é que embora a paridade de juros não seja exatamente mantida na prática em parte por causa dos fatores risco e liquidez mencio nados os economistas ainda trabalham duro para entender se o carry trade requer explicação adicional O trabalho deles provavelmente vai esclarecer melhor o funcionamento dos mer cados cambiais estrangei ros em especial e dos mer cados financeiros em geral Um perigo importante do carry trade é que as moedas de investimento as moedas com maiores juros que os carry traders miram podem passar por quedas abruptas A Figura 148 ilustra essa característica dos mercados cambiais estrangeiros com parando o retorno acumulativo em investir 100 em títulos de iene e em títulos de dólar australiano em dife rentes horizontes de investimento com o investimento inicial sendo feito no trimestre final de 2002 Como se pode ver o investimento em iene rende quase nada ao passo que os dólares australianos são compensadores não só por causa de uma taxa de juros alta mas por que o iene tendeu a cair em relação ao dólar australiano durante o verão de 2008 Porém em 2008 o dólar aus traliano despencou em relação ao iene caindo em preço de 104 para somente 61 entre julho e dezembro Como a Figura 148 mostra essa queda não acabou com os ganhos da estratégia de carry trade por completo se a estratégia tivesse iniciado cedo o suficiente É claro quem entrou no negócio mais tarde por exem plo em 2007 realmente foi muito mal Contrariamente FIGURa 148 Retorno de investimento cumulativo total em dólar australiano em comparação com o iene japonês 20032013 O carry trade do dólar australianoiene tem sido lucrativo em média mas está sujeito a grandes e súbitas reversões assim como em 2008 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Retorno do investimento Dólar australiano Iene japonês Fonte Taxas de câmbio e o rendimento do tesouro de três meses da Global Financial Data M14KRUGXXXXC14indd 291 12915 617 PM 292 Economia internacional qualquer um experiente o suficiente para desenvolver a estratégia em junho de 2008 teria dobrado seu dinheiro em cinco anos e meio O carry trade é obviamente um negócio muito arriscado Podemos obter algum insight desse padrão ao imaginarmos que os investidores esperam que ocorra uma valorização anual gradual de 1 do dólar aus traliano com alta probabilidade digamos 90 e que ocorra uma grande depreciação de 40 com 10 de probabilidade Então a taxa de valorização esperada do dólar australiano é valorização esperada 09 1 01 40 31 ao ano A taxa de valorização esperada negativa significa que na verdade esperase que o iene valorize em média em relação ao dólar australiano Além disso a probabilidade de ocorrer uma queda nos primeiros seis anos do investimento é somente 1 096 1 053 47 menos do que meio a meio11 O padrão resultante dos retornos acumulativos poderia facilmente ser parecido com aquele mostrado na Figura 148 Cálculos como esse são sugestivos e embora seja improvável que eles expliquem a magnitude completa dos retor nos de carry trade pesquisadores descobriram que as moedas de investimento estão particularmente sujei tas a quedas abruptas e as moedas de financiamento estão sujeitas a valorizações abruptas12 Explicações complementares baseadas em con siderações de risco e de liquidez também têm avan çado Com frequência movimentos abruptos da moeda ocorrem durante crises financeiras que são situações nas quais outra riqueza está sendo perdida e dinheiro vivo é particularmente valioso Em tais circunstâncias grandes perdas em posições de carry trade são ainda mais dolorosas e podem forçar os negociantes a vender outros ativos que possuem com uma perda13 Falaremos mais sobre crise nos próximos capítulos mas é preciso notar que o colapso do dólar australiano em 2008 ocor reu em meio a uma grave crise financeira global Quando surgem grandes posições de carry trade funcionários responsáveis pelas políticas econômi cas internacionais dos governos geralmente perdem o sono Em sua fase inicial a dinâmica do carry trade aumentará as moedas de investimento conforme os investidores pilham a moeda e constroem exposição maior ainda a uma súbita depreciação da moeda de investimento Isso faz com que a queda seja maior quando ela ocorre de forma que os investidores que entraram com o pé errado atropelamse para pagar seus empréstimos de financiamento O resultado é uma maior volatilidade da taxa de câmbio em geral assim como a possibilidade de maiores perdas do negociante com repercussões negativas nos merca dos de ações mercados de títulos e mercados para empréstimos interbancários 11 Se as quedas são eventos independentes durante o tempo a probabilidade de que uma queda não ocorra em seis anos é 096 Portanto a probabilidade de que uma queda ocorra nos períodos de seis anos é 1 096 12 Veja Markus K Brunnermeier Stefan Nagel Lasse H Pedersen Carry Trades and Currency Crashes NBER Macroeconomics An nual v 23 p 313347 2008 Essas descobertas são consistentes com o aparentemente grande sucesso empírico da condição de paridade de juros sobre períodos relativamente longos como documentado por Menzie Chinn The Partial Rehabilitation of Interest Rate Parity in the Floating Rate Era Longer Horizons Alternative Expectations and Emerging Markets Journal of International Money and Finance v 25 p 721 fev 2006 13 Veja Brunnermeier et al ibid assim como Craig Burnside Carry Trades and Risk In Jessica James Ian Marsh Lucio Sarno Eds Handbook of Exchange Rates Hoboken NJ John Wiley Sons 2012 p 283312 resumo 1 A taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da moeda de outro país As taxas de câmbio desempenham um papel nas decisões de despesas porque elas nos permi tem traduzir preços de países diferentes em termos compa ráveis Com todo o resto igual a depreciação da moeda de um país em relação às moedas estrangeiras um aumento nos preços das moedas estrangeiras na moeda nacional faz com que suas exportações sejam mais baratas e suas im portações mais caras Uma valorização da moeda de um país uma queda nos preços das moedas estrangeiros na moeda nacional faz com que suas exportações sejam mais caras e suas importações mais baratas 2 As taxas de câmbio são determinadas no mercado de câm bio estrangeiro Os principais participantes desse mercado são os bancos comerciais as corporações internacionais as instituições financeiras não bancárias e os bancos centrais nacionais Os bancos comerciais desempenham um papel fundamental no mercado porque facilitam a troca de de pósitos bancários remunerados o que compõe o comércio cambial estrangeiro Apesar de o comércio cambial estran geiro acontecer em vários centros financeiros ao redor do mundo a tecnologia de comunicação moderna liga esses centros em um único mercado que está aberto 24 horas por dia Uma categoria importante de comércio cambial M14KRUGXXXXC14indd 292 12915 617 PM 293 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos estrangeiro é o comércio futuro no qual as partes concor dam em trocar moedas em uma data futura a uma taxa de câmbio previamente negociada Em contraste os negócios spot são fechados imediatamente 3 Como a taxa de câmbio é o preço relativo de dois ativos ela é mais apropriadamente pensada como um preço de ativo O princípio básico da precificação de ativos é que o valor atual do ativo depende de seu poder de compra futuro esperado Ao avaliar um ativo os poupadores olham para a taxa de retorno esperada que ele oferece isto é a taxa na qual se espera que o valor de um investimento em um ativo cresça durante o tempo É possível medir a taxa de retorno esperada de um ativo de formas diferentes cada uma dependendo das unidades nas quais o valor do ativo é medido Os poupadores preocupamse com a taxa real de retorno esperada de um ativo a taxa na qual seu valor é ex presso em termos da expectativa de aumento de uma cesta representativa de produção 4 Quando os retornos relativos de um ativo são relevantes como no mercado cambial estrangeiro é apropriado com parar as mudanças esperadas nos valores monetários dos ativos desde que esses valores sejam expressos na mes ma moeda Se os fatores de risco e liquidez não influenciam fortemente as demandas por ativos de moeda estrangeira os participantes do mercado cambial estrangeiro sempre preferem manter seus ativos que produzem a maior taxa de retorno esperada 5 Os retornos nos depósitos negociados no mercado de câm bio estrangeiro dependem das taxas de juros e das mudan ças esperadas da taxa de câmbio Para comparar as taxas de retorno esperadas oferecidas pelos depósitos de dólar e euro por exemplo o retorno em depósitos de euro deve ser expresso em termos de dólar ao adicionar à taxa de juros de euro a taxa esperada de depreciação do dólar em relação ao euro ou taxa de valorização do euro em relação ao dólar sobre os depósitos mantidos no período 6 O equilíbrio no mercado cambial estrangeiro exige parida de de juros Isto é os depósitos de todas as moedas devem oferecer a mesma taxa de retorno esperada quando os re tornos são medidos em termos comparáveis 7 Para as taxas de juros e uma expectativa da taxa de câmbio futura dadas a condição de paridade de juros nos diz qual é o equilíbrio atual da taxa de câmbio Quando o retorno esperado em dólar em depósitos de euro ultrapassa o re torno dos depósitos de dólar por exemplo o dólar imedia tamente sofre depreciação em relação ao euro Com todas as outras coisas iguais a depreciação atual do dólar reduz o retorno esperado em dólar em depósitos de euro ao reduzir a taxa de depreciação do dólar em relação ao euro esperado para o futuro Similarmente quando o retorno esperado em depósitos de euro fica abaixo do retorno em depósitos de dólar este deve imediatamente ser valorizado em relação ao euro Com todas as outras coisas iguais uma valorização atual do dólar faz com que os depósitos em euro tornemse mais atrativos ao aumentar a depreciação futura esperada em relação à moeda europeia 8 Com tudo igual um aumento nas taxas de juros do dólar faz com que o dólar valorize em relação ao euro enquanto um aumento nas taxas de juros do euro faz com que o dó lar sofra depreciação em relação ao euro A taxa de câmbio atual também é alterada por mudanças em seu nível futuro esperado Por exemplo se existe um aumento no nível futu ro esperado da taxa dólareuro então a taxas de juros inal teradas a taxa de câmbio dólareuro também aumentará Termoschave problemas arbitragem p 276 condição de paridade de juros p 285 depreciação p 272 liquidez p 281 mercado cambial estrangeiro p 273 moeda veículo p 276 negociação interbancária p 275 risco p 281 taxa de câmbio p 269 taxa de depreciação p 283 taxa de juros p 282 taxa de retorno p 278 taxa de valorização p 284 taxa real de retorno p 279 taxas de câmbio futuras p 276 taxas de câmbio spot p 276 valorização p 272 1 Em Munique a salsicha branca tipo bratwurst custa 5 Um cachorroquente custa US 4 no Fenway Park em Boston A uma taxa de câmbio de US 105por euro qual é o preço da salsicha bratwurst em termos de cachorro quente Com tudo igual como esse preço relativo muda se o dólar depre cia para US 125 por euro Em comparação com a situação inicial o cachorroquente tornase mais ou menos caro em relação à salsicha bratwurst 2 Como definido na nota de rodapé 4 taxas de câmbio cru zadas são taxas de câmbio cotadas em relação a moedas além do dólar norte americano Se você voltar para a Tabela 141 notará que ela lista não só as taxas de câmbio em rela ção ao dólar mas também as taxas cruzadas em relação ao euro e à libra esterlina O fato de que podemos obter a taxa de câmbio franco suíçoshekel israelense digamos da taxa dólarfranco e da taxa dólarshekel decorre de afastar uma M14KRUGXXXXC14indd 293 12915 617 PM 294 Economia internacional estratégia de arbitragem potencialmente lucrativa conhe cida como arbitragem triangular Como exemplo suponha que o preço em franco suíço de um shekel está abaixo do preço em franco suíço de um dólar vezes o preço em dólar de um shekel Explique por que em vez de comprar shekels com dólares seria mais barato comprar francos suíços com dólares e utilizar os francos para comprar os shekels Desse modo a situação hipotética oferece uma oportunidade de lucro sem risco e portanto não é consistente com a maxi mização do lucro 3 A Tabela 141 informa as taxas de câmbio não só em relação ao dólar norte americano mas também em relação ao euro e à libra esterlina Cada linha dá o preço do dólar do euro e da libra respectivamente em termos de uma moeda di ferente Ao mesmo tempo dá os preços em dólar spot do euro US 13221 por euro e da libra esterlina US 15539 por libra Escolha quaisquer cinco moedas da tabela e mos tre que as três taxas de câmbio spot cotadas em termos de dólares euros e libras quase excluem a arbitragem trian gular Por que precisamos adicionar a palavra quase 4 O petróleo é vendido em um mercado mundial e tende a ser precificado em dólares norte americanos O Nippon Steel Chemical Group do Japão necessita importar petróleo para utilizar na produção de plásticos e outros produtos Como seus lucros são afetados quando o iene sofre depreciação em relação ao dólar 5 Calcule as taxas de retorno de dólar dos seguintes ativos a Um quadro cujo preço aumenta de US 200000 para US 250000 em um ano b Uma garrafa de um raro Borgonha Domaine de la Ro manéeConti 2011 cujo preço aumenta de US 255 para US 275 entre 2013 e 2014 c Um depósito de 10000 em um banco em Londres em um ano no qual a taxa de juros de libras é 10 e a taxa de câmbio US vai de US 150 por libra pra US 138 por libra 6 Quais seriam as taxas de reais de retorno em ativos na questão anterior se as mudanças de preços descritas fos sem acompanhadas de um aumento simultâneo de 10 em todos os preços do dólar 7 Suponha também que a taxa de juros de dólar é 10 ao ano enquanto a taxa de juros de euro é 5 ao ano Qual é a re lação entre a taxa de câmbio de equilíbrio atual US e seu nível futuro esperado Suponha que a taxa de câmbio US esperada futura US 152 por libra permaneça constante enquanto a taxa de juros britânica aumenta para 10 ao ano Se a taxa de juros norte americana também permanece constante qual é a nova taxa de câmbio US de equilíbrio 8 Os negociantes nos mercados de ativos aprendem que a taxa de juros dos dólares vai cair em um futuro próximo Utilize a análise diagramática deste capítulo para determi nar o efeito na taxa de câmbio dólareuro atual supondo que as taxas de juros atuais dos depósitos de dólar e de euro não mudem 9 Observamos que poderíamos ter desenvolvido nossa aná lise diagramática do equilíbrio do mercado cambial estran geiro pela perspectiva da Europa com a taxa de câmbio eurodólar E 1E no eixo vertical uma linha vertical em R para indicar o retorno em euro em depósitos de euro e uma linha inclinada para baixo mostrando como o retor no em euro do dólar varia com E Obtenha essa figura al ternativa de equilíbrio e utilizea para examinar o efeito de mudanças nas taxas de juros e na taxa de câmbio esperada futura Suas respostas estão de acordo com aquelas que en contramos anteriormente 10 A afirmação a seguir apareceu no New York Times em 7 de agosto de 1989 Dollars Strength a Surprise p D1 Mas agora o sentimento é que a economia está se dirigindo para um pouso suave com a economia desa celerando significativamente e a inflação retrocedendo mas sem uma recessão Esse panorama é bom para o dólar por duas razões Um pouso suave não é tão prejudicial quanto uma reces são então os investimentos estrangeiros que suportam o dólar estão mais propensos a permanecerem Também um pouso suave não forçaria a Reserva Federal a puxar as taxas de juros drasticamente para baixo para estimular o crescimento Taxas de juros em queda podem exercer uma pressão para baixo no dólar porque elas fazem os investimentos em títulos em dóla res serem menos atrativos para os estrangeiros levando à venda de dólares Além disso o otimismo suscitado pela expectativa de um pouso suave pode até mesmo compensar algumas das pressões das baixas taxas de juros do dólar a Mostre como você interpretaria o terceiro parágrafo dessa afirmação utilizando o modelo de determinação da taxa de câmbio deste capítulo b Quais fatores adicionais na determinação da taxa de câm bio poderiam ajudálo a explicar o segundo parágrafo 11 Suponha que as taxas de câmbio em dólar do euro e do iene sejam igualmente variáveis Entretanto o euro tende a sofrer depreciação inesperada em relação ao dólar quando o retor no no resto de sua riqueza é inesperadamente alto enquanto o iene tende a valorizar inesperadamente nas mesmas cir cunstâncias Como um morador norte americano qual moe da o euro ou o iene você consideraria mais arriscada 12 Alguma das discussões neste capítulo levouo a acreditar que os depósitos de dólar podem tem características de liquidez diferentes daquelas em depósitos de outras moe das Se sim como essas diferenças afetariam o diferencial de juros entre digamos os depósitos de dólar e de peso mexicano Você tem algum palpite sobre como a liquidez dos depósitos de euro podem mudar com o tempo 13 Em outubro de 1979 o Banco Central norte americano o Fe deral Reserve System anunciou que desempenharia um pa pel menos ativo na limitação das flutuações nas taxas de ju ros do dólar Após essa nova política ser colocada em ação as taxas de câmbio do dólar em relação a moedas estrangeiras M14KRUGXXXXC14indd 294 12915 617 PM 295 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos tornaramse mais voláteis A nossa análise do mercado cambial estrangeiro sugere qualquer conexão entre esses dois eventos 14 Imagine que todo mundo no planeta paga um imposto de por cento em ganhos de juros e em ganhos de qualquer capital por causa de mudanças da taxa de câmbio Como tal imposto altera a análise da condição de paridade de juros Como a sua resposta muda se o imposto aplicase aos ga nhos de juros mas não aos ganhos de capital que não são taxados 15 Suponha que a taxa de câmbio dólareuro de um ano a par tir de agora seja US 126 por euro e a taxa de câmbio spot seja de US 12 por euro Qual é o prêmio futuro em euros o desconto futuro em dólares Qual é a diferença entre a taxa de juros de um ano em depósitos de dólar e em depó sitos de euro supondo que não exista reembolso de risco 16 A moeda única europeia o euro foi introduzida em janeiro de 1999 substituindo todas as moedas dos 11 membros da União Europeia incluindo França Alemanha Itália e Espa nha mas não a GrãBretanha veja o Capítulo 21 Você acha que imediatamente após a introdução do euro o valor da moeda estrangeira em troca pelo euro era maior ou menor do que o valor em euro do comércio pré1999 nas 11 moe das nacionais originais Explique sua resposta 17 Geralmente as multinacionais têm fábricas de produção em uma série de países Por consequência eles podem mo ver a produção de localidades caras para outras mais ba ratas em resposta a vários desenvolvimentos econômicos um fenômeno chamado terceirização quando uma empresa baseada nacionalmente move parte de sua produção para o exterior Se o dólar sofre depreciação o que você espera que aconteça com a terceirização feita pelas companhias norte americanas Explique e forneça um exemplo 18 A taxa de juros em papéis do Tesouro norte americano de três meses caiu para níveis muito baixos no fim de 2008 e permaneceu assim por vários anos Com início em janeiro de 2009 e término em dezembro de 2013 encontre os da dos da taxa de três meses dos papéis do Tesouro no Federal Reserve Economic Data FRED no Federal Reserve de Saint Louis Encontre os dados da taxa de câmbio do dólar norte americano em relação ao won coreano do Bank of Korea Economic Statistics System em httpecosbokorkrflex EasySearchejsp e na mesma fonte encontre os dados da taxa de juros na Korean 91day Monetary Stabilization Bond Imagine que você pegou dólares emprestados na taxa dos papéis do Tesouro para investir nos títulos corea nos de estabilização fazendo assim um carry trade que o expõe ao risco das flutuações da taxa de câmbio wondólar Como no estudo de caso no texto calcule o retorno total em seu carry trade para cada mês com início em fevereiro de 2009 e com término em dezembro de 2013 19 O capítulo explicou o motivo da comemoração dos exporta dores quando suas moedas nacionais sofrem depreciação Ao mesmo tempo os consumidores nacionais acham que pagam preços maiores então eles devem ficar desaponta dos quando a moeda tornase mais fraca Por que os expor tadores normalmente vencem de forma que os governos frequentemente parecem receber bem as depreciações en quanto tentam evitar as valorizações Dica pense sobre a analogia com as tarifas aduaneiras protecionistas leiTuras adicioNais CROSS S Y All about the Foreign Exchange Market in the United States Nova York Books for Business 2002 Cartilha sobre a porção de mer cado dos Estados Unidos FEDERAL RESERVE BANK OF NOVA YORK The Basics of Foreign Trade and Exchange em httpwwwnyfrborg Conta abrangente mas altamente acessível dos mercados de câmbio e seus papéis Também fornece vários links de web úteis HARTMANN P Currency Competition and Foreign Exchange Markets The Dollar the Yen and the Euro Cambridge Cambridge University Press 1999 Estudo teórico e empírico microorientado do papel das moedas internacionais no comércio mundial e nos mercados de ativos KEYNES J M A Tract on Monetary Reform Chapter 3 London MacMillan 1923 Análise clássica do mercado cambial futuro e paridade de juros coberta KING M R OSLER C RIME D Foreign Exchange Market Structure Players and Evolution In JAMES J MARSH I SARNO L Eds Handbook of Exchange Rates Hoboken NJ John Wiley Sons 2012 p 344 Visão atualizada da estrutura do mercado cambial estrangeiro KRUGMAN P R The International Role of the Dollar Theory and Pros pect In BILSON J F O MARSTON R C Eds Exchange Rate Theory and Practice Chicago University of Chicago Press 1984 p 261278 Análise teórica e empírica da posição do dólar como um dinheiro internacional LEVICH R M International Financial Markets Prices and Policies 2 ed Boston Irwin McGrawHill 2001 Os Capítulos 3 a 8 desse texto com preensivo focam no mercado cambial estrangeiro MUSSA M Empirical Regularities in the Behavior of Exchange Rates and Theories of the Foreign Exchange Market In BRUNNER K MELTZER A H Eds Policies for Employment Prices and Exchange Rates Série de Conferência sobre política pública de CarnegieRo chester 11 Amsterdam NorthHolland 1979 p 957 Um trabalho clássico que examina a base empírica da abordagem do preço do ativo para a determinação da taxa de câmbio SAWYER D Continuous Linked Settlement CLS and Foreign Exchange Settlement Risk Financial StabilityReview v 17 p 8692 dez 2004 Descreve o funcionamento e a lógica do sistema Continuous Linked Settlement para rápido acordo de transações cambiais estrangeiras WALMSLEY J The Foreign Exchange and Money Markets Guide 2 ed Nova York John Wiley and Sons 2000 Um texto básico sobre terminologia e instituições do mercado cambial estrangeiro WEITHERS T Foreign Exchange A Practical Guide to the FX Markets Hoboken NJ John Wiley Sons 2006 Uma clara introdução aos ins trumentos de troca estrangeira e mercados M14KRUGXXXXC14indd 295 12915 617 PM Taxas de câmbio a prazo e paridade de juros coberta APÊNDICE DO CAPÍTULO 14 Este apêndice explica como as taxas de câmbio a prazo são determinadas Sob a suposição de que a con dição de paridade de juros é sempre mantida a taxa de câmbio a prazo igualase à taxa de câmbio spot que se espera prevalecer na datavalor do contrato a prazo Como primeiro passo na discussão apontamos a conexão próxima entre a taxa de câmbio a prazo entre duas moedas suas taxas de câmbios spot e suas taxas de juros em depósitos de valor nominal nessas moedas A conexão é descrita pela condição de paridade de juros coberta que é similar à condição de paridade de juros não coberta ao definir o equilíbrio do mercado cam bial estrangeiro mas envolve a taxa de câmbio a prazo em vez da taxa de câmbio spot futura esperada Para sermos concretos consideramos novamente depósitos de dólar e de euro Suponha que você queira comprar um depósito de euro com dólares mas gostaria de ter certeza da quantidade de dólares que ele valerá no fim do ano Você pode evitar o risco da taxa de câmbio comprando o depósito de euro e ao mesmo tempo ven dendo os ganhos do seu investimento a prazo Quando você compra um depósito de euro com dólares e ao mesmo tempo vende o principal e os juros a prazo por dólares você cobriu a si mesmo isto é evitou a possi bilidade de uma depreciação inesperada do euro A condição de paridade de juros coberta afirma que as taxas de retorno em depósitos de dólar e depósitos cobertos estrangeiros devem ser as mesmas Um exem plo vai clarear o significado da condição e ilustrar por que ela deve sempre ser mantida Deixemos F representar o preço a prazo de um ano dos euros em termos de dólares e supor que F US 1113 por euro Suponha que ao mesmo tempo a taxa de câmbio spot E US 105 por euro R 010 e R 004 A taxa de retorno dólar em um depósito de dólar é claramente 010 ou 10 ao ano Qual é a taxa de retorno em um depósito coberto de euro Responderemos a essa questão como fizemos no capítulo Um depósito de um euro custa 105 hoje e vale 104 após um ano Se você vender 104 a prazo hoje na taxa de câmbio futura de US 1113 por euro o valor em dólar do seu investimento no fim de um ano é US 1113 por euro 104 US 1158 A taxa de retorno em uma compra coberta de depósitos de euro é portanto 1158 105105 0103 Esses 103 ao ano de taxa de retorno ultrapassam os 10 ofereci dos pelos depósitos de dólar então a paridade de juros coberta não é mantida Nessa situação ninguém estaria disposto a manter depósitos de dólar Todos prefeririam depósitos de euro cobertos De forma mais formal podemos expressar o retorno coberto em depósitos de euro como F R E E 1 que é aproximadamente igual a R F E E quando o produto R F EE é um número menor A condição de paridade de juros coberta pode portanto ser escrita R R F E E A quantidade F E E é chamada de prêmio a prazo em euros em relação a dólares Também é chamada de desconto a prazo em dólares em relação a euros Utilizando essa terminolo gia podemos declarar a condição de paridade de juros coberta como segue a taxa de juros em depósitos de dólar é igual à taxa de juros em depósitos de euro mais o prêmio a prazo em euros em relação a dólares o desconto a prazo em dólar em relação a euros Existe uma prova empírica forte de que a condição de paridade de juros coberta mantémse para moeda estran geira diferente emitida em um único centro financeiro De fato os negociantes de moeda frequentemente definem as taxas de câmbio a prazo que cotam ao olhar para as taxas de juros atuais e para as taxas de câmbio spot e utilizar a fórmula da paridade de juros coberta14 Entretanto podem ocorrer desvios da paridade de juros coberta se os 14 A prova empírica apoiando condição de paridade de juros coberta é fornecida por Frank McCormick Covered Interest Arbitrage Unex ploited Profi ts Comment Journal of Political Economy v 87 p 411417 abr 1979 e por Kevin Clinton Transactions Costs and Covered Interest Arbitrage Theory and Evidence Journal of Political Economy v 96 p 358370 abr 1988 M14KRUGXXXXC14indd 296 12915 617 PM 297 Capítulo 14 Taxas de câmbio e mercado de câmbio estrangeiro uma abordagem de ativos depósitos comparados forem localizados em países dife rentes Esses desvios ocorrem quando os proprietários de ativos temem que os governos possam impor regulamen tações que impeçam o livre movimento de fundos estran geiros dentro das fronteiras nacionais Nossa obtenção da condição de paridade de juros coberta supõe implici tamente que não existe nenhum risco político desse tipo Os desvios podem ocorrer também por causa do temor de que os bancos quebrarão tornandose incapazes de pagar grandes depósitos15 Ao comparar a condição de paridade de juros não coberta R R E E E e com a condição de paridade de juros coberta você encon trará que as duas condições podem ser verdade ao mesmo tempo somente se a taxa a prazo de um ano cotada hoje se igualar à taxa de câmbio spot que as pessoas esperam que se materialize em um ano a partir de hoje F Ee Isso faz sentido intuitivo Quando as partes concordam em trocar moeda em uma data no futuro a taxa de câm bio que elas acordam para isso é a taxa spot que elas esperam que prevaleça nessa data Porém a diferença importante entre transações cobertas e não cobertas deve ser mantida em mente As transações cobertas não envolvem risco de taxa de câmbio ao passo que as tran sações não cobertas envolvem risco A teoria da paridade de juros coberta ajuda a expli car a próxima correlação entre os movimento das taxas de câmbio spot e a prazo mostradas na Tabela 141 uma correlação típica das moedas principais Os eventos eco nômicos inesperados que afetam os retornos esperados dos ativos com frequência têm um efeito relativamente pequeno nas diferenças da taxa de juros internacionais entre depósitos com vencimentos menores por exemplo três meses Para manter a paridade de juros coberta portanto as taxas spot e a prazo para os vencimentos correspondentes devem mudar mais ou menos em pro porção uma a outra Concluímos este apêndice com mais uma aplicação da condição de paridade de juros coberta Para ilustrar o papel das taxas de câmbio a prazo o capítulo utili zou o exemplo de um importador norte americano de rádios japoneses ansioso com a taxa de câmbio dólar iene que enfrentaria em 30 dias quando chegasse a hora de pagar ao fornecedor No exemplo a Radio Shack resolveu o problema vendendo a prazo dólares sufi cientes por ienes para cobrir o custo dos rádios Mas a Radio Shack poderia ter resolvido o problema de uma forma diferente mais complicada Poderia ter 1 pego emprestado dólares de um banco 2 vender esses dóla res imediatamente por ienes na taxa de câmbio spot e colocado os ienes em um depósito bancário de 30 dias 3 então após 30 dias utilizar os rendimentos do depó sito vencido de ienes para pagar o fornecedor japonês e 4 utilizado os rendimentos conseguidos com as ven das norte americanas dos rádios menos os lucros para pagar o empréstimo original em dólares Qual tipo de ação a compra a prazo do iene ou a sequência de quatro transações descritas no parágrafo anterior é mais lucrativa para o importador Deixa mos para você como um exercício mostrar que as duas estratégias rendem o mesmo lucro quando a condição de paridade de juros coberta é mantida 15 Para uma discussão mais detalhada do papel do risco político no mercado cambial futuro veja Robert Z Aliber The Interest Parity Theorem A Reinterpretation Journal of Political Economy v 81 p 14511459 novdez 1973 Claro restrições governamentais reais em movimentos monetários que cruzam a fronteira também podem ser cobertas por desvios de paridade de juros Sobre o medo de falha bancária como uma causa para desvios cobertos de paridade de juros veja Naohiko Baba e Frank Packer Interpreting Deviations from Covered Inte rest Parity During the Financial Market Turmoil of 20072008 Trabalho n 267 Bank for International Settlements dez 2008 Os eventos subjacentes a este último trabalho serão discutidos no Capítulo 20 M14KRUGXXXXC14indd 297 12915 617 PM Taxas de Câmbio e Macroeconomia da Economia Aberta PARTE 3 moeda taxas de juros e taxas de câmbio CAPÍTULO 15 obJetivos de aprendizaGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Descrever e discutir os mercados financeiros nacionais nos quais as taxas de juros são determinadas Mostrar como a política monetária e as taxas de juros alimentam o mercado cambial estrangeiro Distinguir entre as posições de longo e curto prazos da economia nas quais os preços em dinheiro e os salários são rígidos Explicar como os níveis de preço e as taxas de câmbio respondem aos fatores monetários em longo prazo Traçar a relação entre os efeitos de curto e de longo prazos da política monetária e explicar os con ceitos de superação da taxa de câmbio de curto prazo O Capítulo 14 mostrou como a taxa de câmbio entre moedas depende de dois fatores os juros que podem ser ganhos em depósitos dessas moedas e a taxa de câmbio futura esperada No entanto para entender por completo a determinação das taxas de câmbio temos de aprender como as taxas de juros em si são determinadas e como as expectativas das taxas de câmbio futu ras são formadas Neste e nos próximos dois capítulos examinaremos esses tópicos construindo um modelo econômico que liga as taxas de câmbio taxas de juros e outras importantes variáveis macroeconômicas como a taxa de inflação e a produção O primeiro passo na construção do modelo é explicar os efeitos da oferta de moeda de um país e da demanda por sua moeda em suas taxas de juros e de câmbio Como as taxas de câmbio são os preços relativos das moedas nacionais fatores que afetam a oferta ou demanda de moeda de um país estão entre os determinantes mais poderosos da taxa de câmbio dos países em relação às moe das estrangeiras Portanto é natural começar um estudo mais profundo da determinação da taxa de câmbio com uma discussão sobre oferta e demanda de moeda Desenvolvimentos monetários influenciam a taxa de câmbio ao mudar tanto as taxas de juros quanto as expectativas das pessoas sobre as taxas de câmbio futuras As expectativas sobre as taxas de câmbio futuras estão intimamente ligadas com as expectativas sobre os preços futuros em dinheiro dos produtos dos países Essas movimentações de preços por sua vez dependem de mudanças na oferta e demanda de moeda Portanto ao examinar as influências monetá rias na taxa de câmbio nós olhamos para como os fatores monetários influenciam preços de produção junto com as taxas de juros Entretanto as expectativas das taxas de câmbio futuras dependem de muitos fatores além do dinheiro e esses fatores não monetários serão tratados no próximo capítulo Uma vez que as teorias e os determinantes da oferta e da demanda de moeda estiverem defi nidos vamos utilizá los para examinar como o equilíbrio das taxas de juros é determinado pela igualdade da oferta e da demanda de moeda Então combinaremos nosso modelo de determina ção da taxa de juros com a condição de paridade de juros para estudar os efeitos das mudanças monetárias na taxa de câmbio dados os preços de mercadorias e serviços o nível de produção e as expectativas do mercado sobre o futuro Por fim daremos uma primeira olhada nos efeitos de longo prazo das mudanças monetárias nos preços de produção e nas taxas de câmbio futuras esperadas M15KRUGXXXXC15indd 298 12915 617 PM 299 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio Moeda definida uma breve revisão Estamos tão acostumados a usar dinheiro que rara mente percebemos o papel que ele desempenha em todas as nossas transações diárias Assim como muitas outras conveniências modernas não damos importân cia ao dinheiro até que algo de errado aconteça com ele Na verdade a forma mais fácil de apreciar a impor tância do dinheiro é imaginar como seria a vida econô mica sem ele Nesta seção faremos exatamente isso Nosso pro pósito ao realizar essa experiência de pensamento é distinguir dinheiro de outros ativos e descrever as carac terísticas do dinheiro que levam as pessoas a mantê lo Essas características são centrais para uma análise da demanda por moeda Moeda como um meio de troca A função mais importante da moeda é servir como meio de troca um meio de pagamento geralmente aceito Para ver por que um meio de troca é necessário imagine como o tempo das pessoas seria consumido para com prar mercadorias e serviços em um mundo onde a única forma de comércio possível seja o comércio por permuta a troca direta de mercadorias e serviços por outras mercadorias e serviços Para ter o carro consertado por exemplo seu professor teria de encontrar um mecânico que precisasse de aulas de economia A moeda elimina esses enormes custos de pesquisa ligados a um sistema de permuta porque é aceita uni versalmente Ela elimina esses custos de pesquisa per mitindo ao indivíduo vender mercadorias e serviços que produz para pessoas diferentes dos produtores de mercadorias e serviços que ele deseja consumir Uma economia moderna complexa deixaria de funcionar sem alguns meios padronizados e convenientes de pagamento Moeda como unidade de conta O segundo papel importante da moeda é como uni dade de conta isto é com uma medida de valor ampla mente reconhecida É nesse papel que encontramos a moeda no Capítulo 14 preços de mercadorias serviços e ativos são normalmente expressados em termos de moeda As taxas de câmbio permitem nos traduzir pre ços em moedas de diferentes países em termos compa ráveis A convenção de cotar preços em termos de moeda simplifica cálculos econômicos tornando mais fácil a comparação de preços entre commodities diferentes As comparações de preço internacional no Capítulo 14 que utilizaram taxas de câmbio para comparar os preços da produção de diferentes países são similares aos cálculos que você teria de fazer muitas vezes a cada dia se preços diferentes de commodities não fossem expressos em uma unidade contábil padronizada Se os cálculos no Capítulo 14 lhe deram uma dor de cabeça imagine como seria calcular os preços relativos de cada mercadoria e serviço que você consome em termos de várias outras mercadorias e serviços por exemplo o preço de um pedaço de pizza em termos de bananas Essa experiência de pensamento deve lhe dar um enten dimento mais aguçado sobre como utilizar a moeda como unidade contábil Moeda como reserva de valor Como a moeda pode ser utilizada para transferir poder de compra do presente para o futuro ela tam bém é um ativo ou uma reserva de valor Esse atributo é essencial para qualquer meio de troca porque ninguém estaria disposto a aceitá lo em pagamento se seu valor em termos de mercadorias e serviços evaporasse imedia tamente No entanto a utilidade da moeda como meio de troca transforma a automaticamente no mais líquido dos ativos Como você deve lembrar se do último capí tulo um ativo é denominado líquido quando pode ser transformado em mercadorias e serviços rapidamente e sem custos altos de transação como honorários de cor retores Já que a moeda é prontamente aceita como meio de pagamento ela define o padrão em relação ao qual a liquidez de outros ativos é julgada O que é dinheiro Moeda e depósitos bancários cujos cheques podem ser escritos certamente qualificam se como dinheiro Esses são meios de pagamento amplamente aceitos que podem ser transferidos entre proprietários a custo baixo Famílias e empresas têm posse de moeda e de depósitos como uma forma conveniente de financiar transações de rotina conforme elas surgem Ativos como bens imóveis não se qualificam como dinheiro porque diferentemente da moeda e dos depósitos eles não têm a propriedade essencial da liquidez Quando falamos neste livro da oferta de moeda referimo nos ao agregado monetário que a Reserva Federal norte americana chama de M1 isto é a quantia total de moeda e de depósitos mantidos por famílias e empresas No fim de 2012 nos Estados Unidos a oferta M15KRUGXXXXC15indd 299 12915 617 PM 300 Economia internacional de moeda total chegava a 25 trilhões de dólares igual a cerca de 16 do PNB daquele ano1 Os grandes depósitos negociados pelos participantes do mercado cambial estrangeiro não são considerados parte da oferta de moeda Esses depósitos são menos líquidos que o dinheiro e não são utilizados para finan ciar transações rotineiras Como a oferta de moeda é determinada A oferta de moeda de uma economia é controlada pelo seu banco central O banco central regula direta mente a quantia de moeda que existe e também tem controle indireto sobre a quantia de depósitos emitidos por bancos privados Os procedimentos pelos quais o banco central controla a oferta de moeda são comple xos e supomos por agora que o banco central simples mente define o tamanho da oferta de moeda no nível que deseja Entretanto veremos o processo da oferta de moeda em maiores detalhes no Capítulo 18 A demanda por dinheiro por indivíduos Tendo discutido as funções do dinheiro e a definição da oferta de moeda examinaremos agora os fatores que determinam a quantia de dinheiro que um indivíduo deseja ter Os determinantes da demanda por dinheiro individual podem ser obtidos da teoria da demanda de ativos discutida no último capítulo Vimos no último capítulo que os indivíduos baseiam sua demanda por ativos em três características 1 O retorno esperado que o ativo oferece em compa ração com os retornos oferecidos por outros ativos 2 O grau de risco do retorno esperado do ativo 3 A liquidez do ativo Embora a liquidez não desempenhe papel impor tante em determinar as demandas relativas por ativo negociado no mercado cambial estrangeiro as famílias e as empresas mantêm dinheiro com eles somente por causa de sua liquidez Para compreender como as famí lias e empresas da economia decidem a quantidade de dinheiro que eles querem manter para si devemos olhar mais de perto em como as três considerações listadas influenciam a demanda por dinheiro Retornos esperados Moeda não paga juros Depósitos pagam juros com certa frequência mas eles oferecem uma taxa de retorno que normalmente não mantém o ritmo dos retornos altos oferecidos por formas menos líquidas de riqueza Quando você mantém dinheiro você portanto sacrifica a maior taxa de juros que poderia ganhar mantendo a sua riqueza em um título governamental um grande depósito a prazo ou algum outro ativo relativamente ilíquido É essa última taxa de juros que temos em mente quando mencionamos a taxa de juros Já que os juros pagos na moeda é zero enquanto os juros pagos nos depósitos à vista tendem a ser relativamente constantes a diferença entre a taxa de retorno do dinheiro em geral e do retorno daqueles ativos menos líquidos é refletida pela taxa de juros do mercado quanto maior a taxa de juros mais você se sacrifica ao manter sua riqueza na forma de dinheiro2 Suponha por exemplo que a taxa de juros que você poderia ganhar de um papel do Tesouro norte americano seja 10 ao ano Se você utilizar US 10000 da sua riqueza para comprar um papel do Tesouro receberá US 11000 do Tio Sam no fim do ano mas se em vez disso você escolher manter os US 10000 em dinheiro em um cofre você abre mão de US 1000 de juros que poderia ter ganhado ao comprar o papel do Tesouro Você portanto sacrifica uma taxa de retorno de 10 mantendo seus US 10000 como dinheiro A teoria da demanda de ativos desenvolvida no último capítulo mostra como as mudanças na taxa de juros afetam a demanda por dinheiro A teoria afirma que com todas as outras coisas iguais as pessoas pre ferem ativos que oferecem maiores retornos esperados Como um aumento na taxa de juros é um aumento na taxa de retorno em ativos menos líquidos em relação à taxa de retorno em dinheiro os indivíduos vão que rer manter mais de sua riqueza em ativos diferentes de dinheiro que pagam a taxa de juros do mercado e menos de sua riqueza na forma de dinheiro se a taxa de juros aumenta Concluímos que com tudo igual um aumento na taxa de juros faz cair a demanda por dinheiro 1 Uma medida mais ampla da Reserva Federal norteamericana de oferta de moeda M2 inclui depósitos a prazo mas eles são menos líquidos do que os ativos inclusos no M1 porque os fundos nele normalmente não podem ser retirados cedo sem uma multa Uma medida ainda mais ampla conhecida como M3 também é monitorada pelo Fed Reserva Federal Uma decisão de onde colocar a linha entre dinheiro e quase dinheiro deve ser um tanto arbitrária e portanto controversa Para maior discussão dessa questão veja o Capítulo 3 de Frederic S Mishkin The Economics of Money Banking and Financial Markets 10 ed Upper Saddle River NJ Prentice Hall 2013 2 Muitos dos ativos ilíquidos que os indivíduos podem escolher não pagam seus retornos na forma de juros Ações por exemplo pagam retornos em forma de dividendos e ganhos de capital A casa de verão da família em Cabo Cod paga o retorno em formas de ganhos de capital e praze rosas férias na praia A suposição por trás de nossa análise da demanda por dinheiro é que uma vez que o subsídio é feito para o risco todos os ativos que não são dinheiro oferecem uma taxa de retorno esperada medida em termos de dinheiro igual à taxa de juros Essa suposição permite nos utilizar a taxa de juros para resumir o retorno a que um indivíduo renuncia mantendo dinheiro em vez de ativo ilíquido M15KRUGXXXXC15indd 300 12915 617 PM 301 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio Também podemos descrever a influência da taxa de juros na demanda de dinheiro em termos do conceito econômico da oportunidade de custo a quantia que você sacrifica tomando uma ação em vez de outra A taxa de juros mede a oportunidade de custo de manter dinheiro em vez de títulos que dão retorno Portanto um aumento na taxa de juros aumenta o custo de man ter dinheiro e faz cair a demanda por dinheiro Risco O risco não é um fator importante da demanda por dinheiro É arriscado manter dinheiro porque um aumento inesperado nos preços das mercadorias e ser viços poderia reduzir o valor do seu dinheiro em termos de commodities que você consome Já ativos que pagam juros como títulos do governo têm valores fixos em ter mos de dinheiro entretanto o mesmo aumento inespe rado nos preços reduziria o valor real desses ativos pela mesma porcentagem Como qualquer mudança no grau de risco do dinheiro causa uma mudança igual no dos títulos as mudanças no risco de manter dinheiro não pre cisam fazer com que os indivíduos reduzam sua demanda por dinheiro e aumentem sua demanda por ativos que pagam juros Liquidez O maior benefício de manter dinheiro vem de sua liquidez Famílias e empresas mantêm dinheiro porque é a forma mais fácil de financiar suas compras diárias Algumas compras grandes podem ser financiadas por meio da venda de um ativo ilíquido substancial Um colecionador de arte por exemplo poderia vender um de seus quadros de Picasso para comprar uma casa Porém para financiar um fluxo contínuo de despesas menores em vários momentos e para vários valores as famílias e empresas devem manter algum dinheiro A necessidade de um indivíduo por liquidez cresce quando o valor médio diário de suas transações aumenta Um estudante que pega o ônibus todo dia por exemplo não precisa ter tanto dinheiro quanto um executivo que pega táxi durante a hora do rush Concluí mos que um aumento no valor médio das transações feitas por uma família ou empresa faz com que a demanda por dinheiro cresça Demanda agregada por moeda Nossa discussão de como famílias e empresas indivi duais determinam suas demandas por dinheiro podem agora ser aplicadas para obter os determinantes da demanda agregada por moeda a demanda total de todas as famílias e empresas da economia por moeda A demanda agregada por moeda é simplesmente a soma de todas as demandas individuais por moeda da economia Três principais fatores determinam a demanda agre gada por moeda real 1 A taxa de juros Um aumento na taxa de juros faz com que cada indivíduo na economia reduza sua demanda por dinheiro Portanto com todo o resto igual a demanda agregada por moeda cai quando a taxa de juros aumenta 2 O nível do preço O nível de preço da economia é o preço de uma ampla cesta de referência de mercado rias e serviços em termos de moeda Geralmente a cesta de referência inclui itens padrões de consumo diário como alimentos vestuário habitação e com pras menos rotineiras como assistência médica e ho norários advocatícios Se o nível de preço aumenta as famílias e empresas individuais devem gastar mais dinheiro do que antes para comprar sua cesta semanal usual de mercadorias e serviços Portanto para manter o mesmo nível de liquidez de antes do aumento no nível do preço eles precisarão ter mais dinheiro 3 Renda nacional real Quando a renda nacional real PNB aumenta mais mercadorias e serviços são vendidos na economia Esse aumento no valor real das transações aumenta a demanda por moeda dado o nível do preço Se P é o nível do preço R é a taxa de juros e Y é o PNB real a demanda agregada por moeda Md pode ser expressa como Md P LR Y 151 onde o valor de LR Y cai quando R aumenta e sobe quando Y aumenta3 Para ver por que especificamos que a demanda agregada por moeda é proporcional ao nível de preço imagine que todos os preços dobraram mas a taxa de juros e as rendas reais de todo mundo permane cem inalteradas O valor em dinheiro da média das tran sações diárias de cada indivíduo então simplesmente dobraria assim como a quantia de dinheiro que cada um gostaria de manter Normalmente escrevemos a relação da demanda agre gada por moeda da Equação 151 na forma equivalente MdP LR Y 152 e chamamos LR Y de demanda agregada por moeda real Essa forma de expressar a demanda por moeda mostra que a demanda agregada pela liquidez LR Y 3 Naturalmente LR Y aumenta quando R cai e diminui quando Y cai M15KRUGXXXXC15indd 301 12915 617 PM 302 Economia internacional não é a demanda por certa quantidade de unidades da moeda mas em vez disso é uma demanda para manter certa quantidade de poder real de compra em forma líquida A relação MdP isto é as posses desejadas de moeda em termos de uma típica cesta de referência de commodities é igual à quantia de poder real de com pra que as pessoas gostariam de ter em forma líquida Por exemplo se as pessoas quisessem ter US 1000 em dinheiro em nível de preço de US 100 por cesta de com modities sua detenção real de dinheiro seria equivalente a US 1000US 100 por cesta 10 cestas Se o nível de preço dobrasse para US 200 por cesta o poder de compra dos US 1000 em dinheiro seria reduzido pela metade já que agora valeria somente 5 cestas A Figura 151 mostra como a demanda agregada por moeda real é afetada pela taxa de juros para um nível fixo de renda real Y A linha da demanda agre gada por moeda real LR Y inclina se para baixo por que uma queda na taxa de juros aumenta a detenção real desejada de dinheiro de cada família e empresa na economia Para um dado nível de PNB real mudanças na taxa de juros causam movimento ao longo da linha LRY As mudanças no PNB real entretanto fazem com que a pró pria linha movimente se A Figura 152 mostra como um aumento no PNB real de Y 1 para Y 2 afeta a posição da linha de demanda agregada por moeda real Como um aumento no PNB real aumenta a demanda agregada por moeda real para uma dada taxa de juros a linha LR Y 2 encontra se à direita de LR Y 1 quando Y 2 é maior que Y 1 Taxa de juros de equilíbrio a interação entre a oferta e a demanda de moeda Como você deve esperar com base em outros cur sos de economia que já fez o mercado financeiro está em equilíbrio quando a oferta de moeda definida pelo banco central é igual à demanda agregada por moeda Nesta seção vemos como a taxa de juros é determinada pelo equilíbrio do mercado financeiro dados o nível de preço e a produção que supomos temporariamente não serem afetados pelas mudanças monetárias Equilíbrio no mercado monetário Se Ms é a oferta de moeda a condição para o equilí brio no mercado monetário é Ms Md 153 Após dividir os dois lados dessa igualdade pelo nível de preço podemos expressar a condição de equilíbrio do FIGURA 151 Demanda agregada por moeda real e a taxa de juros A linha da demanda monetária real inclinada para baixo mostra que para um nível dado real de renda Y a demanda monetária real aumenta ao passo que a taxa de juros diminui Taxa de juros R LR Y Demanda agregada por moeda real FIGURA 152 O efeito de um aumento na renda real na linha de demanda agregada por moeda real Um aumento na renda real de Y1 para Y2 aumenta a demanda por saldos monetários reais em todo nível de taxa de juros e faz com que a linha inteira de demanda mude para cima Taxa de juros R Demanda agregada por moeda real LR Y 1 Aumento na renda real LR Y 2 M15KRUGXXXXC15indd 302 12915 617 PM 303 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio mercado monetário em termos de demanda agregada por moeda real MsP LR Y 154 Dado o nível de preço P e o nível de produção Y a taxa de juros de equilíbrio é aquela na qual a demanda agregada por moeda real é igual à oferta real de moeda Na Figura 153 a linha de demanda agregada por moeda real faz interseção com a linha de oferta real de moeda no ponto 1 para dar uma taxa de juros de equi líbrio de R1 A linha de oferta de moeda é vertical em MsP porque Ms é definida pelo banco central enquanto P é tomado como dado Vamos ver por que a taxa de juros tende a estabelecer se em seu nível de equilíbrio considerando o que acon tece se o mercado está inicialmente no ponto 1 com uma taxa de juros R2 que está acima de R1 No ponto 2 a demanda por detenções reais de moeda fica aquém da oferta por Q1 Q2 então existe um excesso de oferta de moeda Se os indivíduos detêm mais dinheiro do que desejam dada a taxa de juros de R2 eles tentarão reduzir sua liquidez utilizando uma parte do dinheiro para comprar ativos que pagam juros Em outras palavras os indivíduos tentarão livrar se do seu excesso de dinheiro emprestando o para outros Entretanto uma vez que existe um excesso agregado de oferta de moeda em R2 nem todo mundo consegue ser bem sucedido nisso existem mais pessoas que gos tariam de emprestar dinheiro para reduzir sua liquidez do que pessoas querendo pegar dinheiro emprestado para aumentar a própria liquidez Aqueles que não con seguem livrar se de seu dinheiro extra tentam seduzir tomadores de empréstimo potenciais diminuindo a taxa de juros que cobram nos empréstimos abaixo de R2 A pressão descendente na taxa de juros continua até que ela alcance R1 Nessa taxa de juros qualquer um que deseje emprestar dinheiro pode fazê lo porque o excesso agregado de oferta de dinheiro desapareceu isto é a oferta é novamente igual à demanda Portanto uma vez que o mercado atinge o ponto 1 não existe mais a ten dência para a queda da taxa de juros4 De modo similar se a taxa de juros está inicialmente no nível R3 abaixo de R1 ela tenderá a aumentar Como a Figura 153 mostra existe um excesso de demanda por moeda igual a Q3 Q1 no ponto 3 Portanto os indivíduos tentam vender ativos que pagam juros como títulos para aumentar sua detenção de dinheiro isto é eles vendem títulos por dinheiro No ponto 3 entretanto nem todos FIGURA 153 Determinação da taxa de juros de equilíbrio Com P e Y dados e a oferta de moeda real de MSP o equilíbrio do mercado financeiro está no ponto 1 Nesse ponto a demanda agregada por moeda real e a oferta de moeda são iguais e a taxa de juros de equilíbrio é R1 Oferta de moeda real Taxa de juros R Demanda agregada por moeda real LR Y Saldos reais de moeda Q 2 R3 R1 R2 Q 3 2 1 3 Ms P Q1 4 Outra forma de olhar para esse processo é a que segue vimos no último capítulo que a taxa de retorno de um ativo cai quando seu preço atual aumenta em relação ao seu valor futuro Quando existe um excesso de oferta de dinheiro os preços atuais em dinheiro de ativos ilíquidos que pagam juros serão aumentados conforme os indivíduos tentam reduzir suas participações em dinheiro Esse aumento nos preços atuais dos ativos diminui a taxa de retorno em ativos que não são dinheiro e já que essa taxa de retorno é igual à taxa de juros após o ajuste para o risco a taxa de juros também deve cair M15KRUGXXXXC15indd 303 12915 617 PM 304 Economia internacional conseguem ser bem sucedidos em vender ativos suficien tes que paguem juros para satisfazer sua demanda por dinheiro Dessa maneira as pessoas fazem oferta pelo dinheiro oferecendo empréstimo a taxas de juros progressi vamente maiores e empurram a taxa de juros para cima em direção de R1 Somente quando o mercado atinge o ponto 1 e o excesso da demanda por dinheiro é eliminado a taxa de juros para de subir Podemos resumir nossas descobertas como segue o mercado sempre se move em direção a uma taxa de juros na qual a oferta real de moeda é igual à demanda agre gada por moeda real Se existe inicialmente uma oferta de moeda excessiva a taxa de juros cai e se existe inicial mente um excesso de demanda ela aumenta As taxas de juros e a oferta de moeda O efeito de aumentar a oferta de moeda a um dado nível de preço é ilustrado na Figura 154 Inicialmente o mercado financeiro está em equilíbrio no ponto 1 com uma oferta de moeda M1 e uma taxa de juros R1 Já que mantemos P constante um aumento na oferta de moeda para M 2 aumenta a oferta real de moeda de M 1P para M 2P Com uma oferta real de moeda de M 2P o ponto 2 é o novo equilíbrio e R² é a nova e mais baixa taxa de juros que induz as pessoas a reter a maior oferta real de moeda O processo pelo qual a taxa de juros cai agora é familiar Após Ms sofrer aumento pelo banco central existe inicialmente um excesso real de oferta de moeda na taxa de juros de equilíbrio antiga R1 que anterior mente equilibrava o mercado Já que os indivíduos retêm mais dinheiro do que desejam eles utilizam seus exce dentes para tentar a compra de ativos que pagam juros A economia como um todo não pode reduzir sua posse de moeda então as taxas de juros são levadas para baixo à medida que os detentores não dispostos a reter moeda corrente para emprestar saldos de moeda em excesso No ponto 2 da Figura 154 a taxa de juros caiu o sufi ciente para induzir um aumento de demanda real por moeda igual ao aumento na oferta real de moeda Executando a política experimental descrita ao con trário podemos ver como uma redução da oferta de moeda força as taxas de juros para cima Uma queda em Ms causa um excesso de demanda por dinheiro a uma taxa de juros que antes equilibrava a oferta e a demanda As pessoas tentam vender ativos que pagam juros isto é emprestar dinheiro para reconstruir sua desgas tada posse real de moeda Já que nem todos podem ser bem sucedidos quando existe excesso de demanda por moeda a taxa de juros é levada para cima até que todo mundo esteja satisfeito em manter o menor estoque real de moeda Concluímos que um aumento na oferta de moeda diminui a taxa de juros enquanto uma queda na oferta de moeda aumenta a taxa de juros dados o preço e a saída Saída e taxa de juros A Figura 155 mostra o efeito de um aumento na taxa de juros no nível da saída de Y 1 para Y 2 dados a oferta de moeda e o nível do preço Como vimos antes FIGURA 154 Efeito de um aumento na oferta monetária na taxa de juros Para um dado nível de preço P e um nível de renda real Y um aumento na oferta de moeda de M1 para M2 reduz a taxa de juros de R1 ponto 1 para R2 ponto 2 M1 P Taxa de juros R Saldos reais de moeda 2 1 LR Y R1 R2 Oferta de moeda real Aumento na oferta de moeda real M 2 P M15KRUGXXXXC15indd 304 12915 617 PM 305 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio um aumento na saída faz com que a linha inteira da demanda agregada por moeda real mova se para a direita movendo o equilíbrio para longe do ponto 1 Na antiga taxa de juros R1 existe um excesso de demanda por moeda para Q2 Q1 ponto 1 Já que a oferta real de moeda é dada a taxa de juros é levada para cima até que atinja o novo nível de equilíbrio mais elevado R2 ponto 2 Uma queda na saída tem os efeitos opos tos fazendo com que a linha de demanda agregada por moeda real mova se para a esquerda fazendo cair por tanto a taxa de juros de equilíbrio Concluímos que um aumento na saída real aumenta a taxa de juros enquanto uma queda na saída real diminui a taxa de juros dados o nível de preço e a oferta de moeda A oferta de moeda e a taxa de câmbio no curto prazo No Capítulo 14 aprendemos sobre a condição de paridade de juros que prevê como os movimentos da taxa de juros influenciam a taxa de câmbio dadas as expectativas sobre o nível futuro da taxa de câm bio Agora que sabemos como as mudanças na oferta de moeda de um país afetam a taxa de juros em ativos não monetários expressos em tal moeda podemos ver como as mudanças monetárias afetam a taxa de câm bio Descobriremos que um aumento na oferta de moeda de um país faz com que ela sofra depreciação no mercado cambial estrangeiro enquanto uma redução na oferta de moeda faz com que ela seja valorizada Nesta seção continuamos a tomar o nível do preço como dado assim como a produção real e por essa razão nomeamos a análise desta seção de curto prazo A análise de longo prazo de um evento econômico permite o ajuste completo do nível do preço o que pode levar mais tempo e o emprego completo de todos os fatores de produção Mais à frente neste capítulo examinare mos os efeitos de longo prazo das mudanças da oferta de moeda no nível do preço a taxa de juros e outras variáveis macroeconômicas Nossa análise de longo prazo mostrará como a oferta de moeda influencia as expectativas da taxa de juros que também continuamos a tomar como dada por agora Vinculando o dinheiro a taxa de juros e a taxa de câmbio Para analisar a relação entre dinheiro e a taxa de juros no curto prazo na Figura 156 combinamos dois diagramas que já tínhamos estudado separadamente Vamos supor mais uma vez que estamos olhando para a taxa de juros dólareuro isto é o preço de euros em termos de dólares O primeiro diagrama introduzido como Figura 145 mostra o equilíbrio no mercado cambial estrangeiro e como ele é determinado dadas a taxa de juros e as expec tativas sobre as taxas de juros futuras Esse diagrama aparece como a parte de cima da Figura 156 A taxa FIGURA 155 Efeito na taxa de juros de um aumento da renda real Dada a oferta real de moeda MSP Q1 um aumento na renda real de Y1 para Y2 aumenta a taxa de juros de R1 ponto 1 para R2 ponto 2 Oferta de moeda real Aumento na renda real 2 1 1 LR Y 2 LR Y 1 Taxa de juros R Q 2 Saldos reais de moeda R2 R1 Ms P Q1 M15KRUGXXXXC15indd 305 12915 617 PM 306 Economia internacional FIGURA 156 Equilíbrio simultâneo no mercado financeiro norteamericano e no mercado cambial estrangeiro Os dois mercados de ativos estão em equilíbrio na taxa de juros R1 e na taxa de câmbio E1 Nesses valores a oferta de moeda é igual à demanda por moeda ponto 1 e a condição de paridade de juros é mantida ponto 1 US Taxa de câmbio dólareuro E Saldos reais de moeda norteamericanos aumentando 0 1 1 Retorno em depósitos de dólar Retorno esperado em depósitos de euro Taxas de retorno em termos de dólar Oferta norteamericana de moeda real LRYUS E 1 R 1 Ms PUS Mercado cambial estrangeiro Mercado financeiro de juros do dólar R1 que é determinada pelo mercado financeiro define a linha vertical Como você deve lembrar se do Capítulo 14 a linha de retorno esperado do euro inclinada para baixo mos tra o retorno esperado em depósitos de euro medidos em dólares A linha inclina se para baixo por causa do efeito das mudanças na taxa de câmbio atual sob as expecta tivas de depreciação futura um fortalecimento do dólar hoje uma queda em E em relação ao seu nível futuro esperado dado faz os depósitos de euro serem mais atra entes por levar as pessoas a anteciparem uma deprecia ção mais acentuada do dólar no futuro Na interseção das duas linhas ponto 1 as taxas de retorno esperadas em depósitos de dólar e de euro são iguais e portanto a paridade de juros é mantida E 1 é a taxa de câmbio de equilíbrio No segundo diagrama precisamos examinar a rela ção entre dinheiro e taxa de câmbio que foi introduzida como Figura 153 Essa figura mostra como a taxa de juros de equilíbrio de um país é determinada em seu mer cado financeiro e aparece na parte de baixo da Figura 156 Por conveniência entretanto a figura foi girada 90 graus no sentido horário de forma que as taxas de juros do dólar são medidas a partir de 0 no eixo horizontal e a oferta real de moeda norte americana é medida a partir de 0 no eixo vertical descendente O equilíbrio do mer cado financeiro é mostrado no ponto 1 onde a taxa de juros do dólar R1 induz as pessoas a exigirem saldos reais iguais à oferta real de moeda norte americana Ms USPUS A Figura 156 enfatiza a ligação entre o mercado financeiro norte americano em baixo e o mercado cam bial estrangeiro em cima O mercado financeiro norte M15KRUGXXXXC15indd 306 12915 617 PM 307 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio americano determina a taxa de juros do dólar o que por sua vez afeta a taxa de câmbio que mantém a paridade de juros É claro existe uma ligação similar entre o mercado financeiro europeu e o mercado cambial estrangeiro que opera por meio das mudanças na taxa de juros do euro A Figura 157 ilustra essas ligações Os bancos cen trais norte americano e europeu a Reserva Federal e o Banco Central Europeu BCE respectivamente deter minam as ofertas de moeda norte americana e europeia Ms US e Ms E Dados os níveis de preço e as redes nacionais de dois países o equilíbrio nos mercados financeiros nacionais resulta nas taxas de juros de dólar e euro R e R Essas taxas de juros alimentam o mercado cambial estrangeiro em que dadas as expectativas sobre a taxa de câmbio futura dólareuro a taxa atual E é determi nada pela condição de paridade de juros Oferta monetária dos Estados Unidos e a taxa de câmbio dólareuro Agora utilizamos nosso modelo de ligações de mer cado de ativo as ligações entre os mercados financeiros e de câmbio estrangeiro para perguntar como a taxa de câmbio dólareuro muda quando a Reserva Federal muda a oferta de moeda norte americana Ms USOs efeitos dessa mudança são resumidos na Figura 158 Na oferta de moeda inicial M1 US o mercado financeiro está em equilíbrio no ponto 1 com uma taxa de juros R1 Dada a taxa de juros do euro e a taxa de câmbio espe rada futura uma taxa de juros de dólar de R 1 implica que o equilíbrio do mercado cambial estrangeiro ocorra no ponto 1 com uma taxa de câmbio igual a E 1 O que acontece quando a Reserva Federal talvez com medo do início de uma recessão aumenta a oferta de moeda norte americana para M 2 US Esse aumento desencadeia esta sequência de eventos 1 na taxa de juros R 1 existe um excesso de oferta de moeda no mercado financeiro norte americano de forma que a taxa de juros do dólar cai para R 2 ao passo que o mercado monetário alcança sua nova posição de equilíbrio ponto 2 2 Dada a taxa de câmbio E 1 e a nova e menor taxa de juros em dólares R2 o retorno esperado em depósitos de euro é maior do que aquele esperado nos depósitos de dólar Aqueles que man têm depósitos de dólar portanto tentam vendê los por depósitos de euro que são momentaneamente mais atra tivos 3 O dólar sofre depreciação para E 2 ao passo que as pessoas que mantêm depósitos em dólar fazem oferta por depósitos de euros O mercado cambial estrangeiro está novamente em equilíbrio no ponto 2 porque a movi mentação da taxa de câmbio para E 2 causa uma queda na taxa de depreciação esperada futura suficiente para com pensar a queda na taxa de juros do dólar Concluímos que um aumento na oferta de moeda de um país faz com que ela sofra depreciação no mercado cambial estrangeiro Ao fazer a Figura 158 ao contrário você pode ver que uma redução na oferta de moeda de um país faz com que ela seja valorizada no mercado cambial estrangeiro FIGURA 157 Ligações mercado financeirotaxa de câmbio Ações políticas monetárias da Reserva Federal afetam a taxa de juros norteamericana mudando a taxa de câmbio dólareuro que limpa o mercado cambial estrangeiro O BCE pode afetar a taxa de câmbio ao mudar a oferta de moeda europeia e a taxa de juros Mercado financeiro norteamericano Oferta de moeda norteamericana R Taxa de juros do euro Mercado cambial estrangeiro E Taxa de câmbio dólareuro Mercado financeiro europeu Estados Unidos Reserva Federal Oferta de moeda Estados Unidos R Taxa de juros do dólar US E Ms Ms Europa Banco Central Europeu M15KRUGXXXXC15indd 307 12915 617 PM 308 Economia internacional Oferta monetária da Europa e a taxa de câmbio dólareuro As conclusões a que chegamos também se aplicam quando o BCE muda a oferta de moeda europeia Supo nha que o BCE tema uma recessão na Europa e espere passar por ela com uma política monetária mais solta Um aumento em Ms E causa uma depreciação do euro isto é uma valorização do dólar ou uma queda em E enquanto uma redução em Ms E causa uma valori zação do euro isto é uma depreciação do dólar ou um aumento em E O mecanismo de funcionamento que vai da taxa de juros europeia até a taxa de câmbio é o mesmo que aca bamos de analisar É um bom exercício verificar essas afirmações desenhando figuras similares às figuras 156 e 158 que ilustram a ligação entre o mercado monetário e o mercado cambial estrangeiro Aqui utilizamos uma abordagem diferente para mos trar como as mudanças na oferta de moeda europeia afetam a taxa de câmbio dólareuro No Capítulo 14 aprendemos que uma queda na taxa de juros do euro R muda a linha inclinada para baixo na parte superior da Figura 156 para a esquerda A razão é que para qualquer nível da taxa de câmbio uma queda em R diminui a taxa de retorno espe rada em depósitos de euro Já que um aumento na oferta de moeda europeia Ms E diminui R podemos ver o efeito da taxa de câmbio ao mudar a linha do retorno de euro espe rado na parte superior da Figura 156 para a esquerda O resultado de um aumento na oferta de moeda euro peia é mostrado na Figura 159 Incialmente o mercado monetário norte americano está em equilíbrio no ponto 1 FIGURA 158 Efeito da taxa de câmbio dólareuro e a taxa de juros de dólar de um aumento na oferta de moeda norteamericana Dados PUS e YUS quando a oferta de moeda aumenta de M 1 US para M 2 US a taxa de juros de dólar declina ao passo que o equilíbrio do mercado financeiro é reestabelecido no ponto 2 e o dólar sofre depreciação em relação ao euro ao passo que o equilíbrio do mercado cambial estrangeiro é restabelecido no ponto 2 E 1 R 1 MUS PUS Taxa de câmbio dólareuro E Saldos reais de moeda norteamericanos 0 1 1 Retorno em dólar Taxas de retorno em termos de dólar Retorno esperado em euro LRYUS 2 2 E 2 1 MUS PUS 2 R 2 Aumento na oferta norteamericana de moeda real M15KRUGXXXXC15indd 308 12915 617 PM 309 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio e o mercado cambial estrangeiro está em equilíbrio no ponto 1 com uma taxa de câmbio E 1 Um aumento na oferta de moeda europeia diminui R e portanto move para a esquerda a linha que liga o retorno esperado em depósitos de euro para a taxa de câmbio O equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro é restaurado no ponto 2 com uma taxa de câmbio E 2 Vemos que o aumento na moeda europeia faz o euro sofrer depreciação em rela ção ao dólar isto é causa uma queda no preço em dólar do euro Similarmente uma queda na oferta de moeda europeia causaria uma valorização do euro em relação ao dólar isto é E aumentaria Essa mudança na oferta de moeda europeia não atrapalha o equilíbrio do mercado monetário norte americano que permanece no ponto 15 Moeda o nível de preço e a taxa de câmbio no longo prazo Nossa análise de curto prazo da ligação entre os mer cados monetários dos países e o mercado cambial estran geiro apoiou se na suposição simplificadora de que os níveis de preço e as expectativas da taxa de câmbio eram dados Para aumentar nossa compreensão de como a oferta e a demanda de moeda afetam as taxas de câmbio FIGURA 159 Efeito de um aumento na oferta de moeda europeia na taxa de câmbio dólareuro Ao diminuir o retorno em dólar de depósitos de euro mostrado como uma mudança pra a esquerda na curva de retorno esperado do euro um aumento na moeda europeia faz com que o dólar seja valorizado em relação ao euro O equilíbrio no mercado cambial estrangeiro muda do ponto 1 para o ponto 2 mas o equilíbrio no mercado financeiro norteamericano permanece no ponto 1 E 1 R 1 MUS PUS E 2 s Taxa de câmbio dólareuro E Saldos reais de moeda norteamericanos 0 1 1 Retorno em dólar Taxas de retorno em termos de dólar Retorno esperado em euro LRYUS 2 Oferta norteamericana de moeda real Aumento na oferta da moeda europeia queda na taxa de juros do euro 5 O equilíbrio do mercado monetário norteamericano permanece no ponto 1 porque os ajustes de preço que equilibram o mercado monetário europeu e o mercado cambial estrangeiro após o aumento na oferta de dinheiro europeu não mudam nem a oferta de dinheiro e nem a de manda por dinheiro nos Estados Unidos dados YUS e PUS M15KRUGXXXXC15indd 309 12915 617 PM 310 Economia internacional devemos examinar como os fatores monetários afetam o nível de preço de um país no longo prazo O equilíbrio de longo prazo de uma economia é a posição que ela alcançaria eventualmente se nenhuma surpresa econômica ocorresse durante o ajuste para o pleno emprego Você pode pensar no equilíbrio de longo prazo como o equilíbrio que seria mantido após todos os salários e preços terem tido tempo suficiente para ajustar seus níveis de equilíbrio de mercado Uma forma equivalente de pensar nisso é como o equilíbrio aconteceria se os preços fossem perfeitamente flexí veis e sempre ajustados de imediato para preservar o emprego pleno Ao estudar como as mudanças monetárias funcio nam durante o longo prazo examinaremos como elas alteram o equilíbrio de longo prazo da economia Nossa ferramenta principal é novamente a teoria da demanda agregada por moeda Moeda e preços da moeda Se o nível de preço e a saída são fixos no curto prazo a condição da Equação 154 do equilíbrio do mercado monetário MsP LR Y determina a taxa de juros nacional R No entanto o mercado monetário sempre se move para o equilíbrio mesmo se deixarmos de lado nossa suposição de curto prazo e pensar em períodos sobre os quais P e Y assim como R podem variar A condição de equilíbrio pode portanto ser rearranjada para resultar P MsLR Y 155 que mostra como o nível de preço depende da taxa de juros da saída real e da oferta real de moeda nacional O nível de preço de equilíbrio de longo prazo é só o valor de P que satisfaz a condição da Equação 155 quando a taxa de juros e a saída estão em seus níveis de longo prazo isto é em níveis consistentes de emprego completoQuando o mercado monetário está em equilí brio e todos os fatores de produção são completamente empregados o nível de preço permanecerá estável se a oferta de moeda a função da demanda agregada por moeda e os valores de longo prazo de R e Y permane cerem estáveis Uma das previsões mais importantes da equação anterior para P refere se à relação entre o nível de preço de um país e sua oferta de moeda Ms com todo o resto igual um aumento na oferta de moeda de um país causa um aumento proporcional em seu nível de preço Se por exemplo a oferta de moeda dobra para 2Ms mas a saída e a taxa de juros não mudam o nível do preço também tem de mudar para 2P para manter o equilí brio no mercado monetário O raciocínio econômico por trás dessa previsão bem precisa segue da nossa observação anterior de que a demanda por moeda é uma demanda por retenção de moeda real a demanda real por moeda não é alterada por um aumento em Ms que deixa R e Y e portanto a demanda agregada por moeda real LR Y inalterados Entretanto se a demanda agregada por moeda real não muda o mercado monetário permanecerá em equilíbrio somente se a oferta real de moeda também permanecer a mesma Para manter a oferta real de moeda MsP cons tante P deve aumentar em proporção a Ms Os efeitos de longo prazo de alterações de oferta de moeda Nossa teoria de como a oferta de moeda afeta o nível de preço dadas a taxa de juros e a produção ainda não explica como as mudanças na oferta de moeda afetam o nível de preço no longo prazo Para desenvolver tal teoria ainda precisamos determinar os efeitos de longo prazo de uma mudança de oferta de moeda na taxa de juros e na produção Isso é mais fácil do que você pode pensar Como argumentamos uma mudança na oferta de moeda não tem efeito nos valores de longo prazo da taxa de juros ou da produção real6 A melhor forma de compreender os efeitos de longo prazo da oferta de moeda na taxa de juros e na produ ção é pensar primeiro sobre uma reforma monetária na qual o governo de um país redefine a unidade monetária nacional Por exemplo o governo da Turquia reformou a moeda em 1o de janeiro de 2005 simplesmente ao emitir a nova lira turca cada uma sendo igual a um milhão da velha lira turca O efeito dessa reforma foi baixar a quantidade das unidades da moeda em circulação e todos os preços de lira para 11000000 de seus antigos valores de lira Mas essa redefinição da unidade mone tária não teve nenhum efeito na produção real na taxa de juros ou nos preços relativos das mercadorias tudo o que ocorreu foi uma mudança única em todos os valo res medidos em lira Uma decisão de medir distância em meias milhas em vez de milhas teria tão pouco efeito nas 6 A afirmação anterior refere se somente a mudanças no nível da oferta de moeda nominal e não por exemplo para mudanças na taxa na qual a oferta de moeda está crescendo durante o tempo A proposição de que uma mudança única no nível da oferta de moeda não tem efeitos nos valores de longo prazo das variáveis econômicas reais é frequentemente chamada de neutralidade de moeda de longo prazo Em contraste mudanças na taxa de crescimento da oferta de moeda não precisam ser neutras em longo prazo No mínimo uma mudança sustentada na taxa de crescimento monetário afetará eventualmente o equilíbrio dos saldos monetários reais ao aumentar a taxa de juros monetária como discutiremos no próximo capítulo M15KRUGXXXXC15indd 310 12915 617 PM 311 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio variáveis econômicas reais quanto a decisão do governo turco de tirar seis zeros no fim da magnitude medida em termos de dinheiro Um aumento na oferta da moeda de um país tem o mesmo efeito no longo prazo do que uma reforma na moeda Duplicar a oferta de moeda por exemplo tem o mesmo efeito de longo prazo que uma reforma da moeda na qual cada unidade é substituída por duas uni dades da nova moeda Se a economia está de início completamente empregada todo preço em moeda tal vez dobre mas o PNB real a taxa de juros e todos os preços relativos retornam para seus níveis de emprego completo ou de longo prazo Por que uma mudança na oferta de moeda é como uma reforma monetária em seus efeitos no equilíbrio de longo prazo da economia O nível de pleno emprego de produção é determinado por patrocínios da economia de trabalho e capital de forma que no longo prazo a produção real não depende da oferta de moeda Similarmente a taxa de juros é independente da oferta de moeda no longo prazo Se a oferta de moeda e todos os preços dobram permanente mente não existe razão pela qual as pessoas que estavam antes dispostas a trocar US 1 hoje por US 110 daqui um ano não estejam dispostas mais tarde a trocarem US 2 por US 220 daqui um ano então a taxa de juros permanecerá em 10 ao ano Os preços relativos também permanecem os mesmos se todos os preços em dinheiro dobrarem já que são apenas índices de preços em dinheiro Portanto mudanças na oferta de moeda não alteram a alocação de recursos de longo prazo Só o nível absoluto dos preços em moeda muda7 Portanto quando estudamos o efeito de um aumento na oferta de moeda durante longos períodos de tempo estamos certos em supor que os valores de longo prazo R e Y não serão alterados por uma mudança na oferta de moeda Então podemos escrever a seguinte conclusão da Equação 155 um aumento permanente na oferta de moeda causa um aumento proporcional no valor de longo prazo do nível de preço Em especial se a economia está inicialmente em pleno emprego um aumento permanente na oferta de moeda eventualmente será seguido por um aumento proporcional no nível de preço Evidência empírica sobre fontes de dinheiro e níveis de preços Ao olhar os dados reais sobre moeda e preços não devemos esperar ver uma relação exatamente proporcio nal sobre longos períodos em parte porque a produção a taxa de juros e a função da demanda agregada por moeda real podem mudar por razões que não têm nada que ver com a oferta de moeda Mudanças na produção como resultado de acúmulo de capital e avanço tecnoló gico por exemplo computadores mais poderosos e o comportamento da demanda por moeda podem mudar como resultado de tendências demográficas ou inova ções financeiras como instalações de transferência ele trônica de dinheiro Além disso economias reais estão raramente em posições de equilíbrio de longo prazo No entanto devemos esperar que os dados mostrem uma associação clara e positiva entre ofertas de moeda e níveis de preço Se os dados do mundo real não forne cessem forte evidência de que as fontes de dinheiro e os níveis de preço andam juntos no longo prazo a utilidade da teoria da demanda por moeda que desenvolvemos estaria em dúvida As grandes oscilações nas taxas de nível de preço na América Latina em décadas recentes fazem a região ser um estudo de caso ideal da relação entre fontes de dinheiro e níveis de preço A inflação do nível do preço tem sido alta e variável na América Latina por mais de uma década quando esforços de reforma macroeco nômica começaram a diminuir a inflação por volta do meio dos anos 1990 Com base em nossas teorias esperaríamos encontrar oscilações drásticas nas taxas de inflação acompanha das por oscilações nas taxas de crescimento das fontes de dinheiro Essa expectativa é confirmada pela Figura 1510 que traça as taxas médias de crescimento da oferta de moeda em relação às taxas anuais de inflação durante duas décadas 19872007 Em média os anos com maior crescimento monetário também tendem a ser os com maior inflação Além disso os dados apon tam um agrupamento em volta da linha de 45 graus ao longo da qual as fontes de dinheiro e os níveis de preço aumentam em proporção A principal lição a ser tirada da Figura 1510 é que os dados confirmam a forte ligação de longo prazo entre as ofertas de moeda nacional e os níveis de preço nacio nais previstos pela teoria econômica Moeda e taxa de câmbio no longo prazo O preço da moeda estrangeira em moeda nacional é um dos muitos preços na economia que aumenta no longo prazo após um aumento permanente na oferta 7 Para entender de forma mais completa por que uma mudança única na oferta de moeda não altera o nível de longo prazo da taxa de juros pode ser útil pensar nas taxas de juros medidas em termos de moeda como a definição de preços relativos de unidades monetárias disponíveis em diferentes datas Se a taxa de juros do dólar é R por cento ao ano abrir mão de US 1 hoje compra US 1 R ano que vem Portanto 11 R é o preço relativo de dólares futuros em termos de dólares atuais e esse preço relativo não mudaria se o valor real das unidades monetárias subisse ou descesse pelo mesmo fato em todas as datas M15KRUGXXXXC15indd 311 12915 617 PM 312 Economia internacional de moeda Se você pensar novamente sobre os efeitos de uma reforma monetária verá como a taxa de câm bio move se em longo prazo Suponha que o governo norte americano substitua cada par de dólares velhos com um novo dólar Então se a taxa de câmbio dólar euro fosse 120 dólar velho por euro antes da reforma depois ela mudaria imediatamente para 060 dólar novo por euro Da mesma forma uma redução para a metade da oferta de moeda norte americana iria eventualmente fazer com que o dólar fosse valorizado a partir de uma taxa de câmbio de 120 dólareseuro para uma de 060 dólareseuro Já que os preços em dólar de todas as mer cadorias e serviços norte americanos também seriam diminuídos pela metade essa valorização de 50 do dólar deixa os preços relativos de todas as mercadorias e serviços norte americanos e estrangeiros inalterados Concluímos que com todo o resto igual um aumento permanente na oferta de moeda de um país causa uma depreciação de longo prazo proporcional de sua moeda em relação às moedas estrangeiras Similarmente uma queda permanente na oferta de moeda de um país causa uma valorização de longo prazo proporcional de sua moeda em relação às moedas estrangeiras Dinâmica da inflação e taxa de câmbio Nesta seção unimos nossas descobertas de curto e de longo prazos sobre os efeitos das mudanças monetárias ao examinar o processo pelo qual o nível de preço ajusta se para sua posição de longo prazo Uma economia passa por inflação quando seu nível de preço está subindo e sofre deflação quando seu nível de preço está caindo Nossa verificação da inflação nos dará uma compreensão mais profunda de como a taxa de câmbio ajusta se às alterações na economia Rigidez de preços de curto prazo versus flexibilidade de preços de longo prazo Nossa análise dos efeitos de curto prazo das mudan ças monetárias supunha que o nível de preço de um país diferentemente de sua taxa de câmbio não salta de imediato Essa suposição não pode estar exatamente correta porque muitas commodities como produtos agrícolas são trocadas em mercados nos quais os preços ajustam se bruscamente todo dia conforme a oferta ou FIGURA 1510 Crescimento médio da moeda e da inflação em países em desenvolvimento no hemisfério ocidental 19872007 Mesmo ano por ano existe uma forte relação positiva entre o crescimento médio da oferta da moeda latino americana e da inflação Os dois eixos têm escala logarítmica Porcentagem de aumento na oferta de moeda 1989 1988 1992 1991 1987 1995 1997 2003 2002 2000 2006 2007 1999 1998 2001 2004 2005 1996 1994 1992 1990 1 10 100 1000 1 10 100 1000 Porcentagem de aumento no nível do preço fonte FMI Panorama Econômico Mundial várias questões Agregados regionais são medidos pelas parcelas do PIB em dólar no total regional do PIB em dólar M15KRUGXXXXC15indd 312 12915 617 PM 313 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio a demanda mudam Além disso as mudanças da taxa de câmbio em si podem afetar os preços de algumas mer cadorias e serviços negociáveis que entram na cesta de commodities que define o nível de preço Muitos preços na economia entretanto são defini dos em contratos de longo prazo e não podem ser alte rados imediatamente quando as mudanças na oferta de moeda ocorrem Os preços mais importantes desse tipo são os salários dos trabalhadores que são negociados apenas periodicamente em muitas indústrias Os salários não entram nos índices de nível de preço diretamente mas representam uma grande fração do custo de produ ção de mercadorias e serviços Já que os preços de pro dução dependem fortemente dos custos da produção o comportamento do nível de preço global é influenciado pela lentidão dos movimentos de salários A resistên cia de curto prazo dos níveis de preço é ilustrada pela Figura 1511 que compara os dados em variações per centuais mensais na taxa de câmbio dólariene E com os dados em variações percentuais mensais na proporção dos níveis de preços de moeda nos Estados Unidos e no Japão PUS PJ Como você pode ver a taxa de câmbio é muito mais variável do que os níveis de preço relativo um fato consistente com a visão de que os níveis de preço são relativamente rígidos no curto prazo O padrão mostrado na figura aplica se a todos os principais países industriais nas décadas recentes À luz dessa e de outras evidências continuamos portanto aceitando o nível de preço como dado no curto prazo e que não há saltos significativos em resposta às mudan ças de política No entanto essa suposição não seria razoável para todos os países o tempo todo Em condições extrema mente inflacionárias como aquelas vistas na década de 1980 nos países da América Latina os contratos de longo prazo especificando pagamentos em moeda nacio nal podem cair em desuso A indexação automática do nível de preço dos pagamentos de salário também pode ser generalizada sob condições altamente inflacionárias Tais desenvolvimentos fazem o nível de preço muito menos rígido do que seria sob inflação moderada e o grande salto de nível de preço torna se possível Porém certa rigidez de preço pode permanecer mesmo diante de taxas de inflação que poderiam ser altas pelos padrões diários de países industriais Por exemplo a taxa de inflação turca de 30 em 2002 parece alta até ser com parada com 114 de depreciação da lira turca em rela ção ao dólar norte americano no mesmo ano FIGURA 1511 Variabilidade mensal da taxa de câmbio dólariene da relação nível preço EUAJapão 19802013 A maior variabilidade mês a mês da taxa de câmbio sugere que os níveis de preço estão relativamente rígidos em curto prazo Mudanças na taxa de câmbio e nos índices do nível de preço EUAJapão mudança de porcentagem por mês 15 10 5 0 5 10 15 20 1980 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Mudança da taxa de câmbio Mudança no índice de nível de preço fonte Níveis de preço do Fundo Monetário Internacional Estatísticas Financeiras Internacionais Taxa de câmbio do Global Financial Data M15KRUGXXXXC15indd 313 12915 617 PM 314 Economia internacional CRESCIMENTO DA OFERTA DE DINHEIRO E HIPERINFLAÇÃO NO ZIMBÁBUE Desde a Revolução Francesa existiram trinta episódios registrados de hiperinflação uma inflação aparentemente explosiva e incontrolável na qual o dinheiro perde valor rapidamente e pode até cair em desuso Todas as hiperinflações foram impul sionadas por um crescimento massivo na oferta de moeda começando com a emissão de uma moeda em papel pelo governo revolucionário francês cha mada de assignats para pagar por suas necessida des de despesas O único episódio de hiperinflação no século XXI mas um dos mais extremos já vistos aconteceu na nação africana do Zimbábue entre 2007 e 2009 Durante as hiperinflações a magnitude das mudan ças monetárias é tão enorme que os efeitos de longo prazo do dinheiro no nível de preço podem ocorrer muito depressa Portanto esses episódios fornecem condições laboratoriais bem adaptadas para testar as teorias de longo prazo sobre os efeitos das ofertas de moeda nos preços8 Como outras hiperinflações a do Zimbábue foi alimentada pela necessidade do governo em impri mir dinheiro para cobrir seus gastos Essas despesas incluíam uma guerra de quatro anos no Congo que tinha começado em 1998 e o apoio em grande escala à agricultura tudo em uma época na qual os estran geiros estavam retirando os empréstimos o inves timento e a ajuda por causa da turbulência política interna A inflação foi o resultado e a taxa de câm bio da moeda embora oficialmente controlada pelo governo sofreu depreciação rapidamente em um mercado negro paralelo em que as forças de mercado prevaleceram Em 1o de abril de 2006 o governo rea lizou uma reforma monetária criando um novo dólar do Zimbábue Z equivalente a 1000 dólares zimba buanos antigos Em 2007 a inflação alta cruzou a linha para a hiperinflação como ilustrado na Figura 1512 A taxa de inflação mensal ultrapassou 50 em março de 2007 e subiu a partir daí Em 1o de julho de 2008 o governo emitiu uma nota de Z 100 bilhões na época era igual a cerca do preço de três ovos e no mês seguinte realizou uma nova reforma monetá ria com cada novo Z equivalente a 10 bilhões dos antigos dólares zimbabuanos novos Mas a situação só piorou De acordo com as estatísticas oficiais do 8 Em um trabalho clássico o falecido economista da Universidade de Columbia Phillip Cagan desenhou a linha entre infl ação e hi perinfl ação em uma taxa de infl ação de 50 ao mês que por meio do poder de manipulação chega a 12875 ao ano Veja The Monetary Dynamics of Hyperinfl ation em Milton Friedman Ed Studies in the Quantity Theory of Money Chicago University of Chicago Press 1956 p 25117 Tais dados do século XVIII como estão disponíveis indicam que o episódio da Revolução Francesa 17891796 atingiu o pico de uma taxa de infl ação mensal de mais de 143 FIGURA 1512 Inflação mensal no Zimbábue 20072008 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Janeiro 2007 Março 2007 Maio 2007 Julho 2007 Setembro 2007 Novembro 2007 Janeiro 2008 Março 2008 Maio 2008 Julho 2008 Inflação porcentagem por mês fonte Reserve Bank do Zimbábue M15KRUGXXXXC15indd 314 12915 617 PM 315 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio No entanto nossa análise supondo a rigidez do preço de curto prazo é mais aplicável a países com his tóricos de estabilidade comparativa de nível de preço como os Estados Unidos Mesmo nos casos de países com baixa inflação existe um debate acadêmico vigo roso sobre a possibilidade de que salários e preços apa rentemente rígidos são na realidade bem flexíveis11 Embora o nível de preço pareça demonstrar rigidez no curto prazo em muitos países uma mudança na oferta de moeda cria pressões imediatas de demanda e custo que eventualmente levam a aumentos futuros no nível do preço Essas pressões vêm de três fontes principais 1 Excesso de demanda por produção e mão de obra Um aumento na oferta de moeda tem um efeito ex pansionista na economia aumentando a demanda total por mercadorias e serviços Para suprir essa demanda os produtores de mercadorias e serviços devem empregar hora extra para os trabalhadores e fazer novas contratações Mesmo se os salários são dados no curto prazo a demanda adicional por mão de obra permite aos trabalhadores pedirem maiores salários na próxima rodada de negociação Os pro dutores estão dispostos a pagar esses salários altos porque sabem que em uma economia em expansão não será difícil repassar esses custos para os consu midores por meio dos preços dos produtos 2 Expectativas inflacionárias Se todo mundo espera que o nível de preço aumente no futuro suas expec tativas aumentarão o ritmo da inflação hoje Os tra balhadores negociando contratos de salário insisti rão em maiores salários para contrariar o efeito do aumento geral antecipado nos preços em seus salá rios reais Os produtores de novo cederão a essas demandas de salário se esperam que os preços dos produtos aumentem e cubram os custos adicionais de salário 3 Preços de matérias primas Muitas matérias primas utilizadas na produção de mercadorias finais por exemplo produtos petrolíferos e metais são vendidos em mercados onde os preços ajustam se drasticamente mesmo no curto prazo Ao fazer com que os preços de tais materiais saltem assim um aumento na oferta de moeda faz os custos da produção das indústrias que utilizam os materiais subirem Eventualmente os pro dutores dessas indústrias aumentarão os preços do produto para cobrir seus custos altos 11 Para uma discussão desse debate e evidência empírica de que os preços e salários agregados nos Estados Unidos mostram uma rigi dez significativa veja o livro de Hall e Pappel listado nas Leituras Adicionais Outros resumos de evidência norteamericana são da dos em Mark A Wynne Sticky Prices What Is the Evidence Federal Reserve Bank of Dallas Economic Review p 112 1o trim 1995 e em Peter J Klenow e Benjamin A Malin Microeconomic Evidence on Price Setting In Benjamin M Friedman e Michael Woodford Eds Handbook of Monetary Economics Amsterdam Elsevier 2010 v 3 CPI do Reserve Bank do Zimbábue RBZ o banco central o nível de preço aumentou por um fator de 3666130413 entre janeiro de 2007 e julho de 2008 quando o banco parou de informar os dados sobre preço Os números do RBZ podem estar subestima dos De acordo com um relatório a taxa de inflação apenas para o mês de outubro de 2008 ultrapassou 330000009 Ainda outra reforma monetária em 3 de fevereiro de 2009 criou o quarto Z equivalente a 1 trilhão das unidades monetárias anteriores No começo de 2009 entretanto a hiperinflação estava chegando a um fim por si só porque as pes soas estavam evitando o instável Z e em vez dele recorreram a moedas estrangeiras como o dólar norte americano o randi sul africano e o pula de Bot suana Um novo governo de coalizão legalizou a uti lização de moeda estrangeira suspendeu o estatuto de curso legal do Z e anunciou que conduziria todas as suas transações em dólares norte americanos É importante dizer que o governo que não podia mais imprimir dinheiro adotou uma regra de orça mento de caixa que só permitia ao governo gastar o dinheiro que arrecadasse por meio de impostos Como o Z rapidamente caiu em desuso o RBZ desis tiu de informar sua taxa de câmbio após 6 de novem bro de 2009 A inflação agora medida em termos de dólares norte americanos caiu drasticamente desde 2009 Embora várias moedas continuem a circular lado a lado o dólar norte americano é de longe dominante Na realidade a Reserva Federal norte americana agora determina as condições monetá rias no Zimbábue O Zimbábue ainda sofre de inúmeros problemas econômicos muitos deles decorrentes dos anos de extrema instabilidade macroeconômica mas a infla ção não é mais um deles A inflação recente perma nece baixa abaixo de 5 ao ano desde 201010 9 Veja Tara McIndoe Calder Hyperinflation in Zimbabwe Manuscrito não publicado Banco Central da Irlanda mar 2011 10 Para mais detalhes veja Janet Koech Hyperinflation in Zimbabwe Globalization and Monetary Policy Institute 2011 Annual Report Federal Reserve Bank de Dallas p 212 e Joseph Noko Dollarization The Case of Zimbabwe Cato Journal v 31 p 339365 primaveraverão 2011 M15KRUGXXXXC15indd 315 12915 617 PM 316 Economia internacional Alterações permanentes de oferta de moeda e a taxa de câmbio Agora aplicamos nossa análise da inflação para estudar o ajuste da taxa de câmbio dólareuro seguindo um aumento permanente na oferta da moeda norte americana A Figura 1513 mostra os efeitos tanto do curto prazo Figura 1513a quanto do longo prazo Figura 1513b dessa alteração Supomos que a econo mia começa com todas as variáveis em seus níveis de longo prazo e que a produção permanece constante conforme a economia ajusta se à mudança da oferta de moeda A Figura 1513a supõe que o nível de preço norte americano é dado incialmente em P1 US Um aumento na oferta nominal de moeda de M 1 US para M 2 US portanto aumenta a oferta real de moeda de M 1 USP1 US para M 2 US P1 US no curto prazo diminuindo a taxa de juros de R 1 ponto 1 para R2 ponto 2 Até agora nossa análise pro cede assim como prosseguiu anteriormente neste capítulo A primeira mudança na nossa análise acontece quando perguntamos como a mudança da oferta da moeda norte americana mostrada na parte de baixo do painel a afeta o mercado cambial estrangeiro mos trada na parte de cima do painel a Como antes uma queda na taxa de juros norte americana é mostrada como uma mudança para a esquerda na linha verti cal dado o retorno em depósitos de dólar Porém essa não é mais a história toda pois o aumento da oferta da moeda agora afeta as expectativas da taxa de câmbio Como a mudança na oferta de moeda norte americana é permanente as pessoas esperam um aumento de longo prazo em todos os preços em dólar incluindo a taxa de câmbio que é o preço em dólares do euro Como você deve lembrar se do Capítulo 14 um aumento na taxa de câmbio futura esperada do dólareuro uma futura depreciação do dólar aumenta o retorno esperado em dólar de depósitos em euro Portanto isso move a linha inclinada para baixo na parte de cima da Figura 1513a para a direita O dólar sofre depreciação em relação ao euro movendo se de uma taxa de câmbio de E 1 ponto 1 para E 2 ponto 2 Perceba que a depreciação do FIGURA 1513 Efeitos a curto e em longo prazo de um aumento na oferta de moeda norteamericana dada a produção real Y PUS R 2 R 1 R 2 R 1 MUS PUS 2 MUS 2 2 1 Taxa de câmbio dólareuro E Retorno esperado em euro Retorno esperado em euro Taxas de retorno em termos de dólar 2 3 1 0 2 1 Saldos reais de moeda norteamericanos Saldos reais de moeda norteamericanos a Efeitos de curto prazo b Ajuste para o equilíbrio de longo prazo 0 2 4 Retorno em dólar Retorno em dólar 2 4 E 1 MUS PUS LRYUS E 2 1 MUS 2 1 1 PUS LRYUS E 2 E 3 E Oferta norteamericana de moeda real a Ajuste em curto prazo dos mercados de ativos b Como a taxa de juros o nível de preço e a taxa de câmbio movem se ao longo do tempo ao passo que a economia aproxima se do equilíbrio em longo prazo M15KRUGXXXXC15indd 316 12915 617 PM 317 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio dólar é maior do que seria se a taxa de câmbio futura esperada dólareuro ficasse fixa assim como poderia se o aumento da oferta de moeda fosse temporário em vez de permanente Se a expectativa Ee não muda o novo equilíbrio de curto prazo seria no ponto 3 em vez de no ponto 3 A Figura 1513b mostra como a taxa de juros e a taxa de câmbio comportam se enquanto o nível de preço aumenta durante o ajuste da economia para o seu equi líbrio de longo prazo O nível de preço começa a aumen tar do nível inicial dado P1 US eventualmente alcançando P2 US Como o aumento de longo prazo no nível do preço deve ser proporcional ao aumento da oferta de moeda a oferta real de moeda final M 1 USP2 US é mostrada igual à oferta real de moeda inicial M 1 USP 1 US Já que a produ ção é dada e a oferta real de moeda voltou ao nível origi nal a taxa de juros de equilíbrio deve novamente igualar R1 no longo prazo ponto 4 A taxa de juros portanto aumenta de R 2 ponto 2 para R 1 ponto 4 conforme o nível de preço aumenta de P 1 US para P 2 US A crescente taxa de juros norte americana tem efei tos de taxa de câmbio que também pode ser vista na Figura 1513b o dólar é valorizado em relação ao euro no processo de ajuste Se as expectativas da taxa de câm bio não mudarem mais durante o processo de ajuste o mercado cambial estrangeiro move se para a posição de longo prazo ao longo da linha inclinada para baixo definindo o retorno em dólares dos depósitos de euro O caminho do mercado é o caminho traçado pela linha vertical da taxa de juros do dólar quando ela move se para a direita por causa do aumento gradual do nível de preço No longo prazo ponto 4 a taxa de câm bio de equilíbrio E 3 é mais alta do que o equilíbrio original ponto 1 Como o nível de preço a taxa de câmbio de dólareuro aumentou proporcionalmente ao aumento na oferta de moeda A Figura 1514 mostra caminhos de tempo como os que descrevemos para a oferta de moeda norte americana a taxa de juros do dólar o nível de preço e a taxa de câm bio dólareuro A figura é desenhada de forma que os aumentos do nível de preço de longo prazo Figura 1514c e a taxa de câmbio Figura 514d são proporcionais ao aumento na oferta de moeda Figura 1514a Superação da taxa de câmbio Em sua depreciação inicial após o aumento na oferta de moeda a taxa de câmbio salta de E 1 até E 2 uma depreciação maior do que a de longo prazo de E 1 para E 3 veja a Figura 1514d Diz se que a taxa de câm bio é superada quando sua resposta imediata a uma FIGURA 1514 Trajetória no tempo das variáveis econômicas norteamericanas após um aumento permanente na oferta de moeda norteamericana MUS 1 MUS 2 PUS 2 E 3 E 1 R 2 Oferta de moeda norteamericana MUS Taxa de juros do dólar R Nível do preço norteamericano PUS Taxa de câmbio dólareuro E t0 t0 Tempo Tempo Tempo Tempo t0 t0 R 1 E 2 d PUS 1 b c a Depois que a oferta de moeda aumenta em t0 no painel a a taxa de juros no painel b o nível de preço no painel c e a taxa de câmbio no painel d movem se como mostrado em direção aos níveis de longo prazo Como indicado no painel d pelo salto inicial de E1 para E2 a taxa de câmbio ultrapassa no curto prazo antes de estabelecer se em seu nível de longo prazo E3 M15KRUGXXXXC15indd 317 12915 617 PM 318 Economia internacional alteração é maior do que a de longo prazo A superação da taxa de câmbio é um fenômeno importante porque ajuda a explicar por que as taxas de câmbio movem se drasticamente de um dia para o outro A explicação econômica da superação vem da con dição de paridade de juros A explicação é mais fácil de compreender se assumirmos que antes que o aumento da oferta de moeda ocorra pela primeira vez nenhuma mudança na taxa de câmbio dólareuro é esperada de forma que R1 é igual a R a taxa de juros dada em depó sitos de euro Um aumento permanente na oferta de moeda norte americana não afeta R de forma que faz R1 cair para baixo de R e permanecer abaixo dessa taxa de juros Figura 1514b até que o nível de preço norte americano tenha completado seu ajuste de longo prazo para P2 US mostrado na Figura 1514c No entanto para que o mercado cambial estrangeiro esteja em equilíbrio durante esse processo de ajuste a diferença de juros a favor dos depósitos de euro deve ser compensada por uma valorização esperada do dólar em relação ao euro isto é uma queda esperada em E Apenas se a taxa de câmbio dólareuro superar E 3 os participantes do mer cado esperarão de início uma valorização subsequente do dólar em relação ao euro Superar é uma consequência direta da rigidez de curto prazo do nível de preço Em um mundo hipoté tico no qual o nível de preço poderia ser ajustado ime diatamente para o novo nível de longo prazo após um aumento da oferta de moeda a taxa de juros do dólar não cairia porque os preços ajustariam imediatamente e impediriam que a oferta real de moeda aumentasse Portanto não existiria necessidade de superação para manter o equilíbrio no mercado de câmbio estran geiro A taxa de câmbio manteria o equilíbrio sim plesmente subindo de imediato para seu novo nível de longo prazo Uma inflação mais elevada pode levar à valorização da moeda as implicações da meta de inflação No modelo de superação que acabamos de exami nar um aumento na oferta de moeda resulta em maior inflação e na depreciação da moeda como mostrado na Figura 1514 Pode parecer confuso então que os leitores da imprensa financeira frequentemente vejam manchetes como a do Financial Times em 24 de maio de 2007 Inflação impulsiona o dólar canadense para cima À luz desse modelo aparentemente razoá vel definido neste capítulo tais afirmações podem de alguma forma fazer sentido Uma dica vem ao ler mais sobre a reportagem do Financial Times sobre a inflação canadense De acordo com o jornal Analistas disseram que o principal impulsionador do surto recente de valorização do dólar canadense foi maior do que os dados de inflação esperados para abril que viu o preço total do mercado de títu los em um aumento na base de 25 pontos nas taxas de juros canadenses até o final do ano Se os bancos centrais agem para aumentar as taxas de juros quando a inflação sobe então uma vez que maiores taxas de juros causam a valorização da moeda talvez seja possível resolver a aparente con tradição do nosso modelo Porém para fazê lo por completo devemos considerar dois aspectos da forma pela qual bancos centrais modernos de fato formulam e implementam a política monetária 1 A taxa de juros não a oferta de moeda é o instru mento principal da política monetária Atualmente a maioria dos bancos centrais na verdade não visa à oferta de moeda a fim de controlar a infla ção Em vez disso eles visam a uma taxa de juros de referência em curto prazo como a taxa de um dia para o outro de fundos federais nos Estados Unidos Como essa nossa discussão do equilíbrio do mercado monetário ajuda nos a compreender esse processo Considere a Figura 154 e supo nha que o banco central deseja definir uma taxa de juros de R1 Pode se fazer isso apenas concor dando em fornecer ou tomar todo o dinheiro que o mercado deseja trocar naquela taxa de juros Se a oferta de moeda está inicialmente em Q2 por exemplo existirá um excesso de demanda por dinheiro na taxa de juros R1 então as pes soas venderão os títulos para o banco central por moeda na realidade pegando emprestado até que a oferta de moeda tenha expandido para Q1 e o excesso de demanda tenha acabado Os bancos centrais tendem a definir uma taxa de juros em vez de uma oferta de moeda porque a linha de demanda por moeda LR Y desloca se de forma imprevisível na prática Se o banco M15KRUGXXXXC15indd 318 12915 617 PM 319 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio central fosse corrigir a oferta de moeda o resul tado seria volatilidade elevada e possivelmente prejudicial da taxa de juros É portanto mais prático corrigir a taxa de juros e deixar a oferta de moeda ajustar se automaticamente quando necessário12 No entanto nossa discussão anterior da relação positiva entre a oferta de moeda e o nível de preço vão levá lo a um problema potencial de instrumento de taxa de juros Se a oferta de moeda é livre para aumen tar ou diminuir conforme os mercados desejam cole tivamente como o nível de preço e a inflação podem ser mantidos sob controle Por exemplo se os atores duvidam da resolução do banco central para controlar a inflação e de repente elevam o nível do preço por que esperam preços mais altos no futuro eles simples mente poderiam pegar dinheiro emprestado do banco central trazendo assim o aumento necessário sobre a oferta de moeda para sustentar preços altos no longo prazo Essa possibilidade preocupante nos traz para o segundo pilar da política monetária moderna 2 A maioria dos bancos centrais ajusta sua polí tica de taxas de juros expressamente de modo a manter a inflação sob controle Um banco central pode evitar que a inflação suba ou desça muito ao aumentar a taxa de juros quando descobre que a inflação está acima do esperado e baixá la quando está menor Como veremos de forma mais completa no Capítulo 17 um aumento na taxa de juros que faz a moeda ser valorizada amortece a demanda pelos produtos de um país fazendo os mais caros em comparação às mer cadorias estrangeiras Essa queda na demanda por sua vez promove preços nacionais meno res Uma queda na taxa de juros simetrica mente apoia os preços nacionais Na verdade muitos bancos centrais agora seguem estraté gias formais de meta de inflação sob as quais eles anunciam uma meta ou uma variedade de metas para a taxa de inflação e ajustam a taxa de juros para manter a inflação na meta Alguns bancos centrais têm como alvo o cha mado núcleo de inflação que é a inflação no nível de preço excluindo componentes voláteis como preços da energia em vez da inflação glo bal que é a inflação no índice total de preços ao consumidor A prática formal de meta de inflação foi iniciada pelo Banco Central da Nova Zelândia em 1990 e os bancos centrais de mui tas outras áreas desenvolvidas e em desenvol vimento incluindo Canadá Chile México África do Sul Suécia Tailândia Reino Unido e a zona do euro seguiram o exemplo13 Agora podemos compreender o paradoxo de a inflação maior do que esperada causar valorização da moeda em vez de depreciação Suponha que os parti cipantes do mercado levam inesperadamente os pre ços para cima e pegam empréstimo para aumentar a oferta de moeda Portanto quando o governo cana dense libera novos dados de preços eles mostram um nível de preço maior do que os participantes do mer cado previram anteriormente Se esperamos que o Banco Central do Canadá aumente as taxas de juros de forma tão rápida a colocar o nível de preço e a oferta de moeda de volta aos trilhos não existe razão para a taxa de câmbio esperada futura mudar Mas com taxas de juros canadenses maiores a paridade de juros exige uma depreciação futura esperada do dólar canadense que é consistente com uma taxa de câmbio futura não alterada apenas se o dólar canadense for valorizado imediatamente A figura do ajuste da economia após o aumento inesperado na moeda e nos preços ficaria como a Figura 1514 ao contrário isto é construí da para refletir uma contração monetária em vez de uma expansão com a adição da suposição de que o Banco Central do Canadá move gradualmente as taxas de juros de volta para seu nível inicial ao passo que o nível de preço retorna para sua trajetória definida14 12 Para uma conta não técnica da implementação da política moderna do banco central veja Michael Woodford Monetary Policy in a World without Money International Finance v 3 p 229260 jul 2000 O título provocante de Woodford aponta para outra vanta gem do instrumento da taxa de juros para os bancos centrais é possível conduzir políticas monetárias mesmo se depósitos controlados pagam juros em taxas competitivas Para muitos propósitos entretanto é razoável ignorar a variabilidade da linha LR Y e simples mente supor que o banco central define diretamente a oferta de moeda No resto do livro faremos para a maior parte essa suposição simplificadora A maior exceção será quando introduzirmos as taxas de câmbio fixas no Capítulo 18 Para uma reformulação simples da teoria da política monetária em termos de uma taxa de juros em vez de um instrumento de oferta de moeda veja o trabalho de David Romer nas Leituras Adicionais deste capítulo 13 Em práticas que visam à inflação e a teoria por trás delas veja os livros de Bernanke et al e Truman em Leituras Adicionais Para uma crítica da ideia que visa ao núcleo em vez da inflação global veja Stephen Cecchetti Core Inflation Is an Unreliable Guide Financial Times 12 set 2006 14 Estritamente falando a narrativa no texto descreve um cenário com nível de preço em vez de taxas de meta da inflação Você consegue ver as diferenças Entretanto o raciocínio no caso da meta de inflação é quase idêntica desde que a taxa de juros do banco central em resposta à alta inflação inesperada seja suficientemente forte M15KRUGXXXXC15indd 319 12915 617 PM 320 Economia internacional Os economistas Richard Clarida da Universidade de Columbia e Daniel Waldman do Barclays Capital ofere cem uma impressionante evidência estatística consis tente com essa explicação15 Esses escritores medem a inflação inesperada à medida que a estimativa da taxa de inflação anunciada inicialmente por um governo anterior a quaisquer revisões de dados menos a média das projeções de inflação previamente publicadas para esse período por um conjunto de analistas do setor bancário Para uma amostra de dez países Austrália Grã Bretanha Canadá área do euro Japão Nova Zelân dia Noruega Suécia Suíça e Estados Unidos Clarida e Waldman examinaram as mudanças na taxa de câmbio que ocorreram no período que dura de cinco minutos antes do anúncio da inflação até cinco minutos após o anúncio Suas principais conclusões são essas 1 Em média para as dez moedas estudadas as notícias de que a inflação está inesperadamente alta de fato leva a uma valorização da moeda e não depreciação 2 O efeito é mais forte para a inflação de núcleo do que para a global 3 O efeito é muito mais forte para os países com meta de inflação do que para os Estados Unidos e o Japão os dois países que não anunciaram metas de inflação No caso do Canadá por exemplo o anún cio de uma taxa de núcleo de inflação anual que é 1 ao ano acima da expectativa do mercado leva a uma apreciação imediata do dólar canadense em torno de 3 em relação ao dólar estadunidense O efeito correspondente para a taxa de câmbio esta dunidense dólareuro embora na mesma direção é somente em torno de um quarto maior 4 Para países nos quais as séries de dados sufi cientemente longas estão disponíveis o efeito do reforço da inflação inesperada na moeda está presente após a introdução da meta de inflação mas não antes Teorias científicas podem ser conclusivamente refutadas é claro mas nunca conclusivamente pro vadas Até agora entretanto a teoria de que a meta de inflação rigorosa transforma as más notícias sobre inflação em boas notícias para a moeda parece bas tante convincente 1 O dinheiro é mantido por causa de sua liquidez Quando considerado em termos reais a demanda agregada por moe da não é uma demanda para certa quantidade de unidades da moeda mas é em vez disso uma demanda por certa quantidade de poder de compra A demanda agregada por moeda real depende negativamente do custo de oportuni dade de reter a moeda medido pela taxa de juros nacional e positivamente pelo volume de transações na economia medida pelo PNB real 2 O mercado financeiro está em equilíbrio quando a ofer ta real de moeda é igual à demanda agregada por moeda real Com o nível de preço e a produção real dados um au mento na oferta de moeda diminui a taxa de juros e uma queda na oferta de moeda aumenta a taxa de juros Um aumento na produção real aumenta a taxa de juros dado o nível de preço enquanto uma queda na produção real tem o efeito oposto 3 Ao diminuir a taxa de juros nacional um aumento na ofer ta de moeda faz com que a moeda nacional sofra depre ciação no mercado cambial estrangeiro mesmo quando as expectativas das taxas de câmbio futuras não mudam Similarmente uma queda na oferta de moeda nacional faz com que a moeda nacional seja valorizada em relação às estrangeiras 4 Essa suposição de que o nível de preço é dado no curto prazo é uma boa aproximação da realidade em países com uma in flação moderada mas é uma suposição ilusória sobre o longo prazo Mudanças permanentes na oferta de moeda impulsio nam o equilíbrio do nível de preço de longo prazo proporcio nalmente na mesma direção mas não influenciam os valores de longo prazo da produção da taxa de juros ou de quaisquer preços relativos Um importante preço da moeda cujo nível de equilíbrio de longo prazo aumenta em proporção a um au mento permanente na oferta de moeda é a taxa de câmbio o preço em moeda nacional da moeda estrangeira 5 Um aumento na oferta de moeda pode fazer a taxa de câmbio superar seu nível de longo prazo no curto prazo Se a produ ção é dada um aumento permanente na oferta de moeda por exemplo causa uma depreciação de curto prazo mais do que proporcional da moeda seguida por uma valorização da moeda para sua taxa de câmbio de longo prazo A superação da taxa de câmbio que aumenta a volatilidade das taxas de câmbio é resultado direito de um ajuste lento do nível de pre ço de curto prazo e da condição de paridade de juros resUmo 15 Veja Clarida e Waldman Is Bad News About Inflation Good News for the Exchange Rate And If So Can That Tell Us Anything about the Conduct of Monetary Policy In John Y Campbell Ed Asset Prices and Monetary Policy Chicago University of Chica go Press 2008 Michael W Klein da Universidade Tufts e Linda S Goldberg do Federal Reserve Bank de Nova York utilizaram uma abordagem relacionada para investigar a mudança de percepções do mercado da aversão à inflação do Banco Central europeu após seu lançamento em 1999 Veja Evolving Perceptions of Central Bank Credibility The European Central Bank Experience NBER International Seminar on Macroeconomics v 33 p 153182 2010 M15KRUGXXXXC15indd 320 12915 617 PM 321 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio problemas 1 Suponha que exista uma redução na demanda agregada por moeda real isto é uma mudança negativa na função da demanda agregada por moeda real Trace os efeitos de curto e longo prazo na taxa de câmbio na taxa de juros e no nível de preço 2 Como você esperaria que uma queda na população de um país alterasse a função da demanda agregada por moeda Faria diferença se a queda na população acontecesse em virtude de uma queda no número de famílias ou de uma queda no tamanho da família média 3 A velocidade do dinheiro V é definida como a relação PNB real com as detenções reais de moeda V YMP na nota ção deste capítulo Utilize a Equação 154 para obter uma expressão para velocidade e explique como a velocidade varia com mudanças em R e em Y Dica o efeito das mudanças de saída em V depende da elasticidade da demanda agregada por moeda com relação à produção real que os economistas acreditam ser menos que a unidade Qual é a relação entre a velocidade e a taxa de câmbio 4 Qual é o efeito de curto prazo na taxa de câmbio de um aumento no PNB real nacional dadas as expectativas sobre as taxas de câmbio futuras 5 A nossa discussão da utilidade do dinheiro como meio de troca e unidade contábil sugere motivos por que algumas moedas tornam se moedas de veículo para transações de câmbio O conceito de moeda de veículo foi discutido no Capítulo 14 6 Se uma reforma monetária não tem efeitos nas variáveis reais da economia por que os governos normalmente estabelecem reformas monetárias em conexão com programas mais am plos visando a travar a inflação desenfreada Existem mui tos exemplos além do caso turco mencionado no texto Outro exemplo inclui a troca israelense da libra pelo shekel as trocas argentinas do peso para o austral e de volta para o peso e as mudanças brasileiras do cruzeiro para o cruzado do cruzado para o cruzeiro do cruzeiro para o cruzeiro real e do cruzeiro real para o real a atual moeda que foi introduzida em 1994 7 Em 1984 e 1985 o pequeno país latino americano da Bolí via vivenciou a hiperinflação A seguir estão alguns dados macroeconômicos chave desses anos Dados macroeconômicos para a Bolívia abril de 1984 a outubro de 1985 Mês Oferta de moeda bilhões de pesos Nível do preço relativo a 1982 média 1 Taxa de câmbio pesos por dólar 1984 Abril 270 211 3576 Maio 330 311 3514 Junho 440 323 3342 Julho 599 340 3570 Agosto 718 391 7038 Setembro 889 537 13685 Outubro 1194 855 15205 Novembro 1495 1124 18469 Dezembro 3296 1809 24515 1985 Janeiro 4630 3053 73016 Fevereiro 6455 8633 141101 Março 9089 10786 128137 Abril 12885 12057 167428 Maio 21309 16357 272375 Junho 27778 29191 481756 Julho 47341 48546 885476 Agosto 74306 80810 1182300 Setembro 103272 126476 1087440 Outubro 132550 124118 1120210 fonte Juan Antonio Morales Inflation Stabilization in Bolivia In Michael Bruno et al Eds Inflation Stabilization The Experience of Argentina Brazil Bolivia and Mexico Cambridge MA MIT Press 1988 Tabela 7A1 A oferta de moeda é M1 curto prazo p 305 deflação p 312 demanda agregada por moeda p 301 equilíbrio de longo prazo p 310 inflação p 312 longo prazo p 305 nível de preço p 301 oferta de moeda p 299 superação da taxa de câmbio p 318 termos chave M15KRUGXXXXC15indd 321 12915 617 PM 322 Economia internacional a A oferta de moeda o nível de preço e a taxa de câmbio em relação ao dólar norte americano movem se amplamente como você esperaria Explique b Calcule as mudanças percentuais no nível de preço geral e no preço do dólar entre abril de 1984 e julho de 1985 Como esses dados são comparados entre si e ao aumen to percentual na oferta de moeda Você pode explicar os resultados Dica volte para a discussão da velocidade do dinheiro no Problema 3 c O governo boliviano introduziu um plano de estabilização dramático perto do fim de agosto de 1985 Olhando para os níveis de preço e para as taxas de câmbio para os dois meses seguintes você acha que foi bem sucedido À luz de sua pergunta explique por que a oferta de moeda au mentou para uma grande quantia entre setembro e outu bro de 1985 8 A seguir está uma tabela de algumas metas de inflação de países e os anos nos quais eles adotaram a prática País Ano de adoção País Ano de adoção Nova Zelândia 1990 Austrália 1994 Chile 1991 Brasil 1999 Canadá 1991 México 1999 Israel 1991 África do Sul 2000 Suécia 1993 Indonésia 2005 Finlândia 1993 Vá ao mais recente banco de dados do World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional acessível direta mente ou por meio do wwwimforg e colha a taxa de infla ção anual série PCPIEPCH para esses países começando em 1980 Então ponha em gráfico os dados para cada país utili zando o Excel ou algum outro programa de análise de dados Só de olhar para os dados a inflação parece comportar se de forma diferente após a adoção da meta de inflação 9 Em nossa discussão da superação da taxa de câmbio de cur to prazo supusemos que a produção real era dada Suponha em vez disso que um aumento na oferta de moeda aumenta a produção real no curto prazo uma suposição que será jus tificada no Capítulo 17 Como isso afeta a dimensão na qual a taxa de câmbio é superada quando a oferta de moe da au menta pela primeira vez É possível que a taxa de câmbio não seja superada Dica na Figura 1513a permita que a linha de demanda agregada por moeda real mude em res posta ao aumento na produção 10 A Figura 143 mostra que as taxas de juros de curto prazo do Japão tiveram períodos durante os quais estão próximas ou iguais a zero É coincidência o fato de que as taxas de iene mostradas nunca baixam de zero ou você consegue pensar em alguma razão para que as taxas de juros possam ser de limitadas abaixo pelo zero 11 Como uma taxa de juros zero poderia complicar a tarefa da política monetária Dica em uma taxa de juros de zero não existe uma vantagem na troca de dinheiro por títulos 12 Como vimos neste capítulo bancos centrais em vez de de finirem propositadamente o nível da oferta de moeda em geral definem um nível alvo para a taxa de juros de curto prazo estando prontos para emprestar ou pegar empres tado qualquer dinheiro que as pessoas queiram trocar a essa taxa de juros Quando as pessoas precisam de mais dinheiro para uma razão além da mudança na taxa de juros a oferta de moeda portanto expande e contrai quando eles desejam reter menos dinheiro a Descreva os problemas que podem surgir se um banco central define uma política monetária mantendo a taxa de juros de mercado constante Primeiro considere o caso do preço flexível e se pergunte se você consegue encon trar um nível de equilíbrio único quando o banco central simplesmente dá às pessoas todo o dinheiro que elas desejam manter a uma taxa indexada Então considere o caso do preço rígido b A situação muda se o banco central aumenta a taxa de juros quando os preços estão altos de acordo com uma fórmula como R R0 aP P0 onde a é uma constante positiva e P0 um nível de preço alvo c Suponha que a regra de política do banco central seja R R0 aP P0 u onde u é um movimento aleatório na política da taxa de juros Com base no modelo de superação mostrado na Figura 1514 descreva como a economia se ajustaria para uma queda única permanente no fator aleatório u e diga por quê Você pode interpretar a queda em u como um corte da taxa de juros pelo banco central e portanto como uma ação monetária expansionista Compare sua história com aquela descrita na Figura 1514 13 Desde 1942 o pequeno país do Panamá não teve outra moe da em papel a não ser o dólar norte americano que circula livremente no país O que você esperaria ser verdade sobre a taxa da inflação no Panamá em comparação àquela dos Estados Unidos e por quê Vá ao mais recente banco de dados do World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional acessível diretamente ou por meio do www imforg e examine as taxas de inflação comparáveis de consumidor preço para o Panamá e para os Estados Unidos As taxas de inflação que você vê ali estão em conformidade com sua previsão anterior Após ter lido os capítulos 16 e 18 você deve retornar a esta questão pois terá então uma melhor compreensão dos fatores que determinam o nível de preço em um país como o Panamá M15KRUGXXXXC15indd 322 12915 617 PM 323 Capítulo 15 Moeda taxas de juros e taxas de câmbio leitUras adicionais BERNANKE B S et al Inflation Targeting Lessons from the International Experience Princeton NJ Princeton University Press 1999 Discute a experiência recente da política monetária e as consequências para a inflação e outras variáveis macroeconômicas DORNBUSCH R Expectations and Exchange Rate Dynamics Journal of Political Economy v 84 p 11611176 dez 1976 Uma análise teórica da superação da taxa de câmbio FRENKEL J A MUSSA M L The Efficiency of Foreign Exchange Markets and Measures of Turbulence American Economic Review v 70 p 374381 maio 1980 Contrasta o comportamento dos níveis de preço nacionais com as taxas de câmbio e outros preços de ativos HALL R E PAPELL D H Macroeconomics Economic Growth Fluctua tions and Policy 6 ed Nova York W W Norton Company 2005 O Capítulo 15 discute algumas teorias da rigidez nominal do preço ROMER D Keynesian Macroeconomics without the LM Curve Journal of Economic Perspectives v 14 p 149169 primavera 2000 Um modelo macroeconômico no qual o banco central implementa a política mone tária por meio de uma taxa de juros em vez de uma oferta de moeda TRUMAN E M Inflation Targeting in the World Economy Washington DC Institute for International Economics 2003 Visão geral dos aspectos internacionais das estruturas da política monetária que visam à baixa inflação M15KRUGXXXXC15indd 323 12915 617 PM Taxas de Câmbio e Macroeconomia da Economia Aberta PARTE 3 níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo CAPÍTULO 16 No final de 1970 você poderia comprar 358 ienes japoneses com um único dólar norte americano No natal de 1980 um dólar valia somente 203 ienes Apesar de uma volta temporária durante a década de 1980 o preço do dólar em iene caiu para 100 no verão de 2013 Muitos inves tidores acharam essas mudanças de preço difíceis de prever e como resultado disso fortunas foram perdidas e feitas no mercado cambial estrangeiro Que forças econômicas estão por trás de movimentos de longo prazo tão drásticos nas taxas de câmbio Vimos que as taxas de câmbio são determinadas pelas taxas de juros e expectativas sobre o futuro que são por sua vez influenciadas pelas condições nos mercados monetários nacio nais Para compreender por completo os movimentos de longo prazo da taxa de câmbio temos de estender nosso modelo em duas direções Primeiro devemos completar nossa conta de liga ções entre políticas monetárias inflação taxas de juros e taxas de câmbio Segundo devemos examinar outros fatores além das ofertas de moeda e demandas por exemplo mudanças de demanda nos mercados por mercadorias e serviços que também podem ter efeitos sustenta dos nas taxas de câmbio O modelo de comportamento de longo prazo da taxa de câmbio que desenvolveremos neste capítulo fornece o quadro que os atores dos mercados de ativos utilizam para prever as taxas de câmbio futuras Entretanto como as expectativas desses agentes influenciam as taxas de câmbio imediatamente previsões sobre os movimentos em longo prazo nas taxas de câmbio são impor tantes mesmo no curto prazo Portanto nos apoiaremos fortemente nas conclusões deste capítulo quando começarmos nosso estudo sobre as interações de curto prazo entre as taxas de câmbio e a produção no Capítulo 17 No longo prazo os níveis nacionais de preço desempenham um papel chave na determinação tanto das taxas de juros quanto dos preços relativos nos quais os produtos dos países são nego ciados A teoria de como os níveis nacionais de preço interagem com as taxas de câmbio é por tanto central para compreender por que as taxas de câmbio podem mudar drasticamente ao longo períodos de muitos anos Começamos nossa análise discutindo a teoria da paridade de poder de compra PPC que explica os movimentos na taxa de câmbio entre duas moedas pelas mudanças nos níveis de preços dos países A seguir examinamos as razões de por que a PPC pode falhar em fornecer previsões de longo prazo precisas e mostrar como a teoria deve algumas vezes ser modi ficada para prestar contas para as mudanças de oferta ou demanda nos mercados de produção dos países Por fim olharemos para o que nossa teoria estendida de PPC prevê sobre como as mudanças nos mercados monetários e de produção afetam as taxas de câmbio e juros objetivos de AprendiZAgem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Explicar a teoria da paridade de poder de compra das taxas de câmbio e a relação dela com a inte gração internacional do mercado de mercadorias Descrever como os fatores monetários como a inflação contínua do nível de preço afeta as taxas de câmbio no longo prazo Discutir o conceito da taxa de câmbio real Entender os fatores que afetam as taxas de câmbio reais e os preços relativos da moeda no longo prazo Explicar a relação entre as diferenças da taxa de juros real internacional e as mudanças esperadas nas taxas de câmbio reais M16KRUGXXXXC16indd 324 12915 618 PM 325 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo implica que o preço do dólar da mercadoria i é o mesmo onde quer que seja vendido P E P i i US E De forma equivalente a taxa de câmbio dólareuro é a relação de preços em dinheiro norte americano e euro peu das mercadorias i E P P i i US E Paridade de poder de compra A teoria da paridade de poder de compra afirma que a taxa de câmbio entre as moedas de dois países é igual à razão dos níveis de preço desses países Lembre se do Capítulo 15 em que o poder de compra nacional da moeda de um país é refletido no nível de preço do país o preço em dinheiro de uma cesta de referências de mercadorias e serviços A teoria PPC portanto prevê que uma queda no poder de compra nacional da moeda como indicado por um aumento no nível de preço nacional será associada com uma depreciação pro porcional da moeda no mercado cambial estrangeiro Simetricamente a PPC prevê que um aumento no poder de compra nacional da moeda será associado com uma valorização proporcional da moeda A ideia básica da PPC foi levada adiante nos escri tos de economistas britânicos do século XIX entre eles David Ricardo o criador da teoria da vantagem com parativa O economista sueco Gustav Cassel que escre via no começo do século XX popularizou a PPC tor nando a peça central de uma teoria de taxas de câmbio Embora tenha havido muita controvérsia sobre a vali dade geral da PPC a teoria destaca fatores importantes por trás dos movimentos da taxa de câmbio Para expressar a teoria da PPC em símbolos deixe mos PUS como o preço em dólar de uma cesta de com modity de referência vendida nos Estados Unidos e PE o preço em euro dessa mesma cesta na Europa Suponha por enquanto que uma única cesta mede precisamente o poder de compra monetária nos dois países Então a PPC prevê uma taxa de câmbio de E P P US E 161 Se por exemplo a cesta de referência de merca dorias custa US 200 nos Estados Unidos e 160 na Europa a PPC prevê que uma taxa de câmbio dólar euro de US 125 por euro US 200 por cesta 160 por cesta Se o nível de preço norte americano triplicasse para US 600 por cesta então o preço em dólar de A lei de preço único Para compreender as forças do mercado que podem dar origem aos resultados previstos pela teoria da pari dade de poder de compra primeiro discutiremos uma proposição relacionada porém distinta conhecida como lei de preço único A lei de preço único afirma que em mercados competitivos livres de custos de trans porte e barreiras oficiais para negociar como tarifas aduaneiras mercadorias idênticas vendidas em diferen tes países devem ser vendidas pelo mesmo preço quando seus preços são expressos em termos da mesma moeda Por exemplo se a taxa de câmbio dólarlibra é US 150 por libra um suéter que é vendido por US 45 em Nova York deve ser vendido por 30 em Londres O preço em dólar de um suéter quando vendido em Londres é então US 150 por libra 30 por suéter US 45 por suéter o mesmo preço que em Nova York Vamos continuar com esse exemplo para ver por que a lei de preço único deve ser mantida quando o comércio é livre e não existem custos de transporte ou outras bar reiras de comércio Se a taxa de câmbio dólarlibra fosse US 145 por libra você poderia comprar um suéter em Londres convertendo US 4350 US 145 por libra 30 em 30 no mercado cambial estrangeiro Por tanto o preço em dólar de um suéter em Londres seria somente US 4350 Se o mesmo suéter estivesse sendo vendido por US 45 em Nova York os importadores norte americanos e os exportadores britânicos teriam um incentivo para comprar suéteres em Londres e enviá los para Nova York aumentando o preço de Londres e diminuindo o de Nova York até que os preços sejam igualados nos dois locais De modo similar a uma taxa de câmbio de US 155 por libra preço em dólares dos suéteres em Londres seria de US 4650 US 155 por libra 30 US 150 a mais do que Nova York Os suéteres seriam enviados do oeste para o leste até que um único preço prevalecesse nos dois mercados A lei de preço único é uma reafirmação em termos de moedas de um princípio que foi importante na parte sobre teoria do comércio deste livro quando o comércio é aberto e sem custo mercadorias idênticas devem ser negociadas nos mesmos preços relativos independente mente de onde são vendidas Lembramos a você desse princípio aqui porque ele fornece uma ligação entre os preços nacionais das mercadorias e as taxas de câmbio Podemos declarar a lei de preço único como segue dei xemos Pi US ser o preço em dólar da mercadoria i quando vendida nos Estados Unidos e Pi E o preço correspon dente em euro na Europa Então a lei de preço único M16KRUGXXXXC16indd 325 12915 618 PM 326 Economia internacional 1 também triplicaria a PPC implicaria uma taxa de câmbio de US 375 por euro US 600 por cesta 160 por cesta Rearranjando a Equação 161 para vermos P E P US E temos uma interpretação alternativa da PPC O lado esquerdo da equação é o preço em dólar da cesta de refe rência de mercadorias nos Estados Unidos O lado direito é o preço em dólar da cesta de referência de mercadorias quando compradas na Europa isto é o preço em euro multiplicado pelo preço em dólar de 1 Esses dois pre ços são os mesmos se a PPC for mantida A PPC por tanto afirma que todos os níveis de preços dos países são iguais quando medidos em termos da mesma moeda De modo equivalente o lado direito da última equa ção mede o poder de compra de US 1 quando trocado por euros e gasto na Europa A PPC portanto é man tida quando em taxas de câmbio atuais o poder de compra da moeda nacional é sempre o mesmo que o poder de compra estrangeiro A relação entre a PPC e a lei de preço único Superficialmente a afirmação da PPC dada pela Equação 161 parece com a lei de preço único que diz que E Pi USPi E para qualquer mercadoria i Entre tanto existe uma diferença entre a PPC e a lei de preço único a lei de preço único aplica se a mercadorias indi viduais como a mercadoria i enquanto a PPC aplica se ao nível de preço geral que é um composto de preços de todas as mercadorias que entram na cesta de referência Se a lei de preço único mantém se para todas as mercadorias é claro a PPC deve manter se automati camente desde que a cestas de referência usadas para calcular diferentes níveis de preços de países se mante nham as mesmas Porém os proponentes da teoria da PPC argumentam que sua validade em particular sua validade como teoria de longo prazo não exige que a lei de preço único mantenha se exatamente Ainda conforme o argumento mesmo quando a lei de preço único falha em manter se para cada mercado ria individual preços e taxas de câmbio não desviam muito da relação prevista pela PPC Quando mercado rias e serviços tornam se temporariamente mais caras em um país do que em outros as demandas por sua moeda e seus produtos caem levando a taxa de câmbio e os preços nacionais de volta à PPC A situação oposta de produtos nacionais relativamente baratos leva analo gamente à valorização da moeda e inflação do nível de preço Portanto a PPC afirma que mesmo quando a lei de preço único não é literalmente verdadeira as forças econômicas por trás dela ajudarão a igualar o poder de compra da moeda em todos os países PPC absoluta e PPC relativa A afirmação de que as taxas de câmbio são iguais aos níveis de preços relativos Equação 161 é chamada de vez em quando de PPC absoluta A PPC absoluta implica uma proposição conhecida como PPC relativa que afirma que a mudança percentual na taxa de câmbio entre duas moedas sobre qualquer período é igual à dife rença entre as mudanças percentuais nos níveis nacio nais de preços A PPC relativa portanto traduz a PPC absoluta a partir de uma afirmação sobre níveis de preço e taxa de câmbio em uma afirmação sobre mudanças de preço e taxa de câmbio Ele afirma que os preços e as taxas de câmbio mudam de forma a preservar a relação dos poderes de compra da moeda nacional e estrangeira Se o nível de preço norte americano sobe em 10 enquanto o europeu sobre somente 5 por exemplo a PPC relativa prevê uma desvalorização de 5 do dólar em relação ao euro Tal depreciação cancela os 5 pelos quais a inflação americana ultrapassa a a euro peia deixando os poderes de compra relativos nacionais e estrangeiros das duas moedas inalterados De forma mais formal a PPC relativa entre os Estados Unidos e a Europa seria escrita como π π E E E t t t t t 1 1 US E 162 onde πt indica uma taxa de inflação isto é πt Pt Pt 1 Pt 1 a mudança percentual em um nível de preço entre datas t e t 11 Diferente da PPC absoluta a PPC rela tiva pode ser definida somente em relação ao intervalo de tempo sobre o qual os níveis de preço e a taxa de câmbio mudam Na prática os governos nacionais não se esforçam para calcular os índices de nível de preço que publicam utilizando uma cesta de mercadorias padronizada inter nacionalmente No entanto a PPC absoluta não faz 1 Para ser preciso a Equação 161 implica uma boa aproximação à Equação 162 quando as taxas de mudança não são tão grandes A relação exata é E E P P P P t t t t t t 1 US US 1 E E 1 Após subtrair 1 dos dois lados escrevemos a equação anterior exa ta como π E E E P P P P 1 t t t t t t t t 1 1 US E 1 E E E π π 1 π t t t US E E π π π π π π 1 t t t t t t US E E US E E Mas se πUS t e πE t são pequenos o termo πE tπUS t πE t1 πE t na última igualdade é desprezível implicando uma boa aproxima ção para a Equação 162 M16KRUGXXXXC16indd 326 12915 618 PM 327 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo sentido a não ser que as duas cestas cujos preços são comparados na Equação 161 sejam as mesmas Não existe razão para esperar que cestas com mercadorias diferentes sejam vendidas pelo mesmo valor A noção da PPC relativa portanto é útil quando nos apoiamos nas estatísticas de nível de preço do governo para ava liar a PPC Faz sentido comparar mudanças percen tuais na taxa de câmbio para diferenças de inflação como anteriormente mesmo quando os países baseiam suas estimativas de nível de preço em cestas de produtos que diferem em cobertura e composição A PPC relativa é importante também porque pode ser válida mesmo quando a PPC absoluta não for Dado que os fatores que causam desvios da PPC absoluta são mais ou menos estáveis no tempo mudanças percentuais nos níveis de preços relativos ainda podem aproximar as mudanças percentuais nas taxas de câmbio Um modelo de taxa de câmbio de longo prazo baseado em PPC Quando combinado com o quadro de oferta e demanda de moeda que desenvolvemos no Capítulo 15 a suposição da PPC leva a uma teoria útil de como as taxas de câmbio e os fatores monetários interagem no longo prazo Como os fatores que não influenciam a oferta ou a demanda de moeda não desempenham nenhum papel explícito nessa teoria ela é conhecida como abordagem monetária à taxa de câmbio A abordagem monetária é o primeiro passo deste capítulo para desenvolver uma teo ria geral de longo prazo das taxas de câmbio Pensamos na abordagem monetária como uma teoria de longo prazo e não de curto prazo porque ela não leva em conta a rigidez de preço que parece importante para explicar os desenvolvimentos macroeconômicos de curto prazo em especial os desvios de pleno emprego Em vez disso a abordagem monetária procede como se os preços pudessem ser ajustados imediatamente para manter o pleno emprego assim como manter a PPC Aqui como no capítulo anterior quando nos referimos a um valor de longo prazo de uma variável queremos dizer o valor de equilíbrio da variável em um mundo hipotético no qual os preços de mercado da produção e dos fatores sejam perfeitamente flexíveis Existe uma controvérsia considerável entre os micro economistas sobre as fontes da rigidez aparente do nível de preço Alguns sustentam que os preços e os salários somente aparentam ser rígidos e na realidade ajustam se imediatamente para clarear os mercados Para um eco nomista dessa escola os modelos deste capítulo descre vem o comportamento de curto prazo de uma economia na qual a velocidade de ajuste do nível de preço é tão alta que nenhum desemprego significativo acontece A equação fundamental da abordagem monetária Para desenvolver as previsões da abordagem mone tária para a taxa de câmbio do dólareuro vamos supor que no longo prazo o mercado cambial estrangeiro define a taxa de forma que a PPC seja mantida veja a Equação 161 E P P US E Em outras palavras supomos que a equação citada seria mantida em um mundo onde não existe rigidez no mercado para impedir que a taxa de câmbio e outros preços ajustem se imediatamente para níveis consisten tes com o emprego completo No capítulo anterior a Equação 155 mostrou como podemos explicar os níveis de preços nacionais em termos de demandas e ofertas de moeda Nos Estados Unidos P M L R Y s US US US 163 enquanto na Europa P M L R Y s E E E 164 Como antes utilizamos o símbolo Ms para repre sentar a oferta de moeda do país e LR Y para sua demanda agregada por moeda real que diminuem quando a taxa de juros sobe e aumentam quando a pro dução real aumenta2 As equações 163 e 164 mostram como a abor dagem monetária à taxa de câmbio vem pelo nome De acordo com a afirmação da PPC na Equação 161 o preço em dólar de 1 é simplesmente o preço em dólar da produção norte americana dividida pelo preço do euro da produção europeia Esses dois níveis de preço por sua vez são completamente determinados pela oferta e demanda de moeda de cada área o nível de preço dos Estados Unidos é a oferta de moeda norte americana dividida pela demanda de moeda real norte americana como mostrado na Equação 163 e o nível de preço da Europa similarmente é a oferta de moeda europeia divi dida pela demanda real dessa moeda como mostrado na Equação 164 A abordagem monetária portanto faz a previsão geral de que a taxa de câmbio que é o preço relativo da moeda norte americana e europeia seja completamente determinada no longo prazo pelas ofertas 2 Para simplificar esta notação assumimos funções idênticas de de manda de moeda para os Estados Unidos e para a Europa M16KRUGXXXXC16indd 327 12915 618 PM 328 Economia internacional relativas desse dinheiro e das demandas reais relativas para elas As mudanças nas taxas de juros e os níveis de produção afetam a taxa de câmbio somente por meio de suas influências na demanda por moeda Além disso a abordagem monetária faz uma série de previsões específicas sobre os efeitos de longo prazo na taxa de câmbio de mudanças nas ofertas de moeda nas taxas de juros e nos níveis de produção 1 Ofertas de moeda Com todo o resto igual um aumento permanente na oferta de moeda norte americana Ms US causa um aumento proporcional no nível de preço norte americano de longo prazo PUS como mostra a Equação 163 Porém como sob a PPC E PUS PE E também aumenta no longo prazo em propor ção ao aumento na oferta de moeda norte americana Por exemplo se Ms US aumenta em 10 PUS e E tam bém crescem eventualmente em 10 Portanto um aumento na oferta de moeda norte americana causa uma depreciação proporcional de longo prazo do dólar em relação ao euro Contrariamente a Equação 164 mostra que um aumento permanente na oferta de moeda europeia causa um aumento proporcional no nível de preço europeu de longo prazo Sob a PPC o aumento do nível de preço implica uma valorização proporcional de longo prazo do dólar em relação ao euro que é o mesmo que uma depreciação proporcio nal do euro em relação ao dólar 2 Taxas de juros Um aumento na taxa de juros R em ativos nominais em dólar diminui a demanda real de moeda norte americana LRYUS De acordo com a Equação 163 o nível de preço norte americano de longo prazo aumenta e sob a PPC o dólar deve sofrer depreciação em relação ao euro proporcional ao au mento do nível de preço norte americano Um aumento na taxa de juros R em ativos nominais em euro tem o efeito de taxa de câmbio de longo prazo inverso Como a demanda real por moeda europeia LRYE cai o nível de preço europeu aumenta na Equação 164 Sob a PPC o dólar deve ser valorizado em relação ao euro na proporção do aumento do nível de preço europeu 3 Níveis de produção Um aumento na produção norte americana aumenta a demanda real por moeda norte americana LRYUS resultando na Equação 163 em uma queda no nível de preço norte americano de longo prazo De acordo com a PPC existe uma valorização do dólar em relação ao euro Simetricamente um aumento na produção europeia aumenta LRYE e na Equação 164 causa uma queda no nível de preço europeu de longo prazo A PPC prevê que esse desenvolvimento fará o dólar so frer depreciação em relação ao euro Para compreender essas previsões lembre se que a abordagem monetária como qualquer teoria de longo prazo supõe essencialmente que os níveis de preço ajustam se tão rápido quanto as taxas de câmbio isto é imediatamente Por exemplo um aumento na produção real norte americana aumenta a demanda de transações por saldos reais em moeda norte americana De acordo com a abordagem monetária o nível de preço norte americano cai imediatamente para trazer um aumento no equilíbrio de mercado na oferta de saldos reais de moeda A PPC implica que essa deflação instantânea do preço norte americano é acompanhada por uma valori zação instantânea do dólar no câmbio estrangeiro A abordagem monetária leva a um resultado familiar no Capítulo 15 de que o valor de câmbio estrangeiro de longo prazo da moeda de um país move se em propor ção à sua oferta de moeda previsão 1 A teoria também levanta o que parece ser um paradoxo previsão 2 Em nossos exemplos anteriores sempre descobrimos que uma moeda é valorizada quando a taxa de juros que ela oferece aumenta em relação às taxas de juros estrangeiras Como é que agora chegamos precisamente à conclusão oposta um aumento na taxa de juros de um país causa depreciação de sua moeda diminuindo a demanda real pela moeda No fim do Capítulo 14 avisamos que nenhuma conta de como uma mudança nas taxas de juros afeta a taxa de câmbio é completa até que especifiquemos exatamente por que as taxas de juros mudaram Esse ponto explica a contradição aparente em nossas descobertas sobre as taxas de juros e câmbio No entanto para resolver esse quebra cabeça devemos examinar mais de perto como as políticas monetárias e as taxas de juros estão conecta das no longo prazo Inflação em curso paridade de juros e PPC No último capítulo vimos que um aumento perma nente no nível da oferta de moeda de um país em última análise resulta em um aumento proporcional em seu nível de preço mas não tem efeito nos valores de longo prazo da taxa de juros ou da produção real Embora o experimento conceitual de uma mudança única por eta pas na oferta de moeda seja útil para pensar sobre os efeitos de longo prazo da moeda ele não é muito rea lista como uma descrição de políticas monetárias reais De forma mais plausível as autoridades escolhem uma taxa de crescimento para a oferta de moeda digamos 5 10 ou 50 ao ano e então permitem que a moeda cresça progressivamente por meio de aumentos graduais mas frequentes Quais são os efeitos de longo prazo de uma política que permite que a oferta de moeda cresça sempre suavemente a uma taxa positiva M16KRUGXXXXC16indd 328 12915 618 PM 329 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo O raciocínio no Capítulo 15 sugere que um cresci mento contínuo da oferta de moeda vai requerer um aumento contínuo no nível de preço uma situação de uma inflação em curso Enquanto as empresas e os trabalhadores compreendem o fato de que a oferta de moeda está crescendo de forma constante digamos a uma taxa anual de 10 eles vão ajustar se aumen tando os preços e salários pelos mesmo 10 todo ano mantendo então suas rendas reais constantes O emprego pleno da produção depende do fornecimento de fatores produtivos mas é seguro supor que as ofer tas de fatores e portanto a produção não são afetadas pelas diferentes escolhas de longo prazo de uma taxa de crescimento constante para a oferta de moeda Com o resto igual o crescimento da oferta de moeda a uma taxa constante eventualmente resulta em inflação em curso do nível de preço na mesma taxa mas mudanças nessa taxa de inflação em longo prazo não afetam o emprego pleno do nível de produção ou os preços relativos de longo prazo das mercadorias e serviços A taxa de juros entretanto definitivamente não é independente da taxa de crescimento da oferta de moeda no longo prazo Embora a taxa de juros de longo prazo não dependa no nível absoluto da oferta de moeda o crescimento contínuo na oferta de moeda eventualmente afetará a taxa de juros A forma mais fácil para ver como um aumento permanente na inflação afeta a taxa de juros de longo prazo é combinar a PPC com a condição de paridade da taxa de juros na qual nossa análise ante rior de determinação da taxa de câmbio foi construída Como nos dois capítulos anteriores a condição de paridade de juros entre ativos de dólar e euro é R R E E E e lembre se da Equação 142 na p 286 Agora vamos perguntar como essa condição de paridade que deve ser mantida tanto no longo quanto no curto prazo encaixa se com a outra condição de paridade que esta mos supondo em nosso modelo de longo prazo a pari dade de poder de compra De acordo com a PPC rela tiva a mudança percentual na taxa de câmbio dólar euro sobre o próximo ano igualará a diferença entre as taxas de inflação dos Estados Unidos e da Europa sobre aquele ano veja a Equação 162 Entretanto já que as pessoas compreendem essa relação também deve ser verdade que elas esperam que a mudança per centual da taxa de câmbio iguale a diferença de inflação entre EUA Europa A condição de paridade de juros escrita nas páginas anteriores nos diz agora o seguinte se as pessoas esperam que a PPC relativa seja mantida a diferença nas taxas de juros oferecidas pelos depósitos de dólar e de euro igualarão a diferença entre as taxas de inflação esperada sobre o horizonte relevante nos Esta dos Unidos e na Europa Alguma notação adicional é útil ao obter esse resul tado de modo mais formal Se Pe é o nível de preço espe rado em um país para daqui um ano a taxa de inflação esperada nesse país πe é o aumento percentual esperado no nível de preço sobre o próximo ano π P P P e e Se a PPC relativa é mantida os participantes do mer cado também esperarão que a PPC relativa mantenha se o que significa que podemos substituir as taxas de depreciação real e de inflação na Equação 162 com os valores que o mercado espera que sejam materializados π π E E E e e e US E Combinando essa versão esperada da PPC relativa com a condição de paridade de juros R R E E E e e rearrumando a chegamos a uma fórmula que expressa a diferença internacional de taxa de juros como a dife rença entre as taxas nacionais de inflação esperadas R R e e US E π π 165 Se como a PPC prevê espera se que a depreciação da moeda compense a diferente da inflação internacio nal de forma que a taxa de depreciação esperada do dólar é πe US πe E a diferença da taxa de juros deve igua lar a diferença de inflação esperada O efeito Fisher A Equação 165 nos dá uma relação de longo prazo entre a inflação em curso e as taxas de juros de que precisamos para explicar as previsões da abordagem monetária sobre como as taxas de juros afetam as de câmbio A equação nos diz que com todo o resto igual um aumento na taxa de inflação esperada de um país irá eventualmente causar um amento igual na taxa de juros que os depósitos de sua moeda oferecem Similarmente uma queda na taxa de inflação esperada irá eventual mente causar uma queda na taxa de juros Essa relação de longo prazo entre a inflação e as taxas de juros é chamada de efeito Fisher O efeito Fisher implica por exemplo que se a inflação norte americana subisse de modo permanente a partir de um nível cons tante de 5 para um nível constante de 10 ao ano as taxas de juros eventualmente alcançariam a inflação mais alta subindo em 5 por ano a partir de seu nível inicial M16KRUGXXXXC16indd 329 12915 618 PM 330 Economia internacional Essas mudanças deixariam a taxa real de retorno em ati vos de dólar medida em termos de mercadorias e serviços norte americanos inalterada Portanto o efeito Fisher é outro exemplo da ideia geral de que no longo prazo os desenvolvimentos puramente monetários não devem ter efeito nos preços relativos da economia3 O efeito Fisher está por trás da previsão aparente mente paradoxical da abordagem monetária em que uma moeda sofre depreciação no mercado cambial estrangeiro quando sua taxa de juros aumenta em relação às taxas de juros da moeda estrangeira No equilíbrio de longo prazo que supusemos para a abordagem monetária um aumento na diferença entre as taxas de juros nacionais e estrangeiras ocorre somente quando a inflação nacio nal esperada aumenta em relação à inflação estrangeira esperada Esse certamente não é o caso no curto prazo quando o nível de preço nacional é rígido No curto prazo como vimos no Capítulo 15 a taxa de juros pode aumentar quando a oferta de moeda nacional cai por que o nível de preço nacional rígido leva a um excesso de demanda por saldos reais de moeda na taxa de juros ini cial Sob a abordagem monetária de preço flexível entre tanto o nível de preço cairia imediatamente deixando a oferta real de moeda inalterada e dessa forma tornando desnecessária a mudança da taxas de juros Podemos compreender melhor como as taxas de juros e as taxas de câmbio interagem sob a abordagem monetária pensando por meio de um exemplo Nosso exemplo ilustra por que a abordagem monetária asso cia aumentos sustentados na taxa de juros com a depre ciação atual da moeda assim como com a depreciação futura e declínios sustentados na taxa de juros com a valorização da moeda Imagine que a um tempo t0 a Reserva Federal de forma inesperada aumente a taxa de crescimento da oferta de moeda norte americana de π para um nível maior π π A Figura 161 ilustra como essa mudança afeta a taxa de câmbio dólareuro E bem como as outras variáveis norte americanas sob as suposições da abordagem monetária Para simplificar os gráficos assumimos que na Europa a taxa de inflação permanece constante em zero A Figura 161a mostra a súbita aceleração do cresci mento da oferta de moeda norte americana a um tempo t0 Colocamos escala nos eixos verticais dos gráficos para que a inclinação constante represente as taxas de crescimento constante proporcional das variáveis A mudança política gera expectativas de depreciação mais rápida da moeda no futuro sob a PPC o dólar agora sofrerá depreciação a uma taxa π π em vez de a uma taxa menor π A paridade de juros portanto requer que a taxa de juros do dólar aumente como mostrado na Figura 161b a partir de seu nível inicial R1 para um novo nível que reflete a depreciação esperada extra do dólar R2 R1 π veja a Equação 165 Note que esse ajuste deixa a taxa de juros do euro inalterada mas já que a oferta de moeda europeia e a produção não mudaram a taxa de juros do euro original ainda man terá o equilíbrio no mercado monetário europeu Você pode ver na Figura 161a que o nível da oferta de moeda de fato não pula para cima em t0 somente a taxa de crescimento futuro muda Já que não existe aumento imediato na oferta de moeda mas há um aumento na taxa de juros que reduz a demanda por moeda existi ria um excesso de oferta de saldos reais em moeda norte americana a um nível de preço praticado antes de t0 Diante desse potencial excesso de oferta o nível de preço norte americano pula para cima em t0 veja a Figura 161c reduzindo a oferta real de moeda de forma que ela novamente iguala a demanda real veja a Equação 163 Consistentemente com a ida para cima de PUS em t0 a Figura 161d mostra o salto simultâneo proporcional em E implicado pela PPC Como podemos visualizar a reação do mercado cam bial estrangeiro no tempo t0 A taxa de juros de dólar aumenta não por causa da mudança nos níveis atuais da oferta ou demanda de moeda mas unicamente por que as pessoas esperam crescimento da oferta de moeda futura e depreciação do dólar mais rápidos Quando os investidores reagem mudando para depósitos estrangei ros que momentaneamente oferecem maiores retornos esperados o dólar sofre depreciação drástica no mer cado cambial estrangeiro movendo se para uma nova linha de tendência ao longo da qual a depreciação é mais rápida do que era no tempo t04 Note como diferentes suposições sobre a velocidade do ajuste do nível de preço levam a previsões contrastan tes sobre como as taxas de câmbio e juros interagem No exemplo da queda no nível da oferta de moeda sob pre ços rígidos um aumento da taxa de juros é necessário para preservar o equilíbrio do mercado monetário dado que o nível de preço não pode fazer isso sendo baixado imediata mente em resposta à redução da oferta de moeda Naquele caso em que o preço é rígido um aumento na taxa de juros 3 O efeito recebeu o nome de Irving Fisher da Universidade de Yale um dos maiores economistas norte americanos do início do século XX O efeito é discutido longamente em seu livro The Theory of Interest New York Macmillan 1930 Fisher incidentalmente fez um relato inicial da condição de paridade de juros na qual nossa teoria do equilíbrio do mercado cambial estrangeiro é baseada 4 No caso geral no qual a taxa de inflação da Europa πE não é zero o dólar em vez de sofrer depreciação em relação ao euro na taxa π antes de t0 e depois na taxa π π sofre depreciação na taxa π πE até t0 e na taxa π π πE depois disso M16KRUGXXXXC16indd 330 12915 618 PM 331 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo é associado com menor inflação esperada e valorização da moeda em longo prazo então a moeda é valo rizada ime diatamente No entanto em nosso exemplo de aborda gem monetária de um aumento no crescimento da oferta de moeda um aumento na taxa de juros é associado com maior inflação esperada e com uma moeda que será mais fraca em datas futuras Uma depreciação imediata da moeda é o resultado5 Esses resultados contrastantes das mudanças da taxa de juros estão na base de nosso aviso anterior de que uma explicação das taxas de câmbio baseada em taxas de juros deve cuidadosamente levar em conta os fatores que fazem as taxas de juros se moverem Esses fatores podem afetar simultaneamente as taxas de câmbio futuras esperadas e podem portanto ter um impacto decisivo na resposta do mercado cambial estrangeiro à mudança na taxa de juros O apêndice deste capítulo mostra em detalhes como as expectativas mudam no caso que analisamos Evidência empírica sobre PPC e a lei de preço único O quão bem a teoria PPC explica os dados reais nas taxas de câmbio e níveis de preço nacional Uma breve resposta é que todas as versões da teoria PPC vão mal na explicação dos fatos Em particular mudanças nos níveis de preço nacional em geral dizem nos relativa mente pouco sobre os movimentos da taxa de câmbio Porém não conclua dessa evidência que o esforço que você acabou de fazer para aprender sobre a PPC foi um desperdício Como veremos mais à frente neste capí tulo a PPC é a peça chave da construção dos modelos de taxa de câmbio que são mais realistas do que a abor dagem monetária De fato as falhas empíricas da PPC FIGURA 161 Trajetória no tempo das variáveis econômicas norteamericanas de longo prazo após um aumento permanente na taxa de crescimento da oferta de moeda norteamericana π R 1 a b c d Oferta de moeda norteamericana MUS Nível do preço norteamericano PUS Taxa de juros do dólar R Taxa de câmbio dólareuro E MUSt0 Tempo Inclinação π Inclinação π π Tempo t0 Tempo Tempo t0 t0 t0 Inclinação π Inclinação π Inclinação π π Inclinação π π R 2 R 1 Após a taxa de crescimento da oferta de moeda aumenta no tempo t0 no painel a a taxa de juros painel b o nível de preço no painel c e a taxa de câmbio no painel d movem se para novos caminhos de equilíbrio de longo prazo A oferta de moeda o nível de preço e a taxa de câmbio são todos medidos em uma escala logarítima natural que faz as variáveis que mudam a taxas proporcionais constantes parecer como linhas retas quando são colocadas no gráfico em relação ao tempo A inclinação da linha é igual à taxa de crescimento proporcional da variável 5 As ofertas de moeda nacional normalmente tendem a subir ao longo do tempo como na Figura 161a Tais inclinações levam a inclinações ascendentes correspondentes nos níveis de preço Se as inclinações de nível de preço de dois países diferem a PPC implica uma inclinação em suas taxas de câmbio também De agora em diante quando nos referirmos a uma mudança na oferta de moeda nível de preço ou taxa de câmbio queremos dizer com isso uma mudança no nível da variável relativa a seu caminho de inclinação esperado anterior isto é uma mudança paralela no caminho da inclinação Quando em vez disso quisermos considerar mudanças nas inclinações dos caminhos em si diremos isso explicitamente M16KRUGXXXXC16indd 331 12915 618 PM 332 Economia internacional deram nos importantes dicas sobre como modelos mais realistas deveriam ser definidos Para testar a PPC absoluta os pesquisadores econô micos comparam os preços internacionais de uma ampla cesta de referência de mercadorias fazendo ajustes cui dadosos para as diferenças de qualidade entre países de mercadorias supostamente idênticas Essas compa rações em geral concluem que a PPC absoluta não está exatamente certa os preços de cestas de mercadorias idênticas quando convertidos para uma única moeda diferem substancialmente entre os países Mesmo a lei de preço único não tem se saído bem em alguns estudos recentes de dados de preço discriminados por tipo de mercadoria As mercadorias manufaturadas que pare cem ser bem similares umas às outras são vendidas a preços amplamente diferentes em vários mercados desde o início da década de 1970 Como o argumento que leva à PPC absoluta é construído na lei de preço único não é surpresa que a PPC não esteja à altura dos dados6 A PPC relativa é algumas vezes uma aproximação razoável dos dados mas também costuma ter um mau desempenho A Figura 162 ilustra a fragilidade da PPC relativa ao traçar a taxa de câmbio ienedólar E e a rela ção de níveis de preços japoneses e norte americanos PJPUS ao longo de 2012 Os níveis de preço são medidos pelos índi ces relatados pelos governos japonês e norte americano7 A PPC relativa prevê que E e PJPUS vão mover se em proporção mas eles claramente não o fazem No ínicio da década de 1980 existia uma valorização acentuada do dólar em relação ao iene embora com o nível de preço japonês caindo consistentemente em rela ção ao dos Estados Unidos a PPC relativa sugira que o dólar deveria sofrer depreciação em vez disso Essas mesmas tendências de inflação continuaram após mea dos da década de 1980 mas então o iene sofreu valori zação muito maior do que a quantia que a PPC teria previsto Somente durante longos períodos a PPC rela tiva é aproximadamente satisfeita Em vista dos longos FIGURA 162 A taxa de câmbio dólariene e os níveis de preço relativo JapãoEUA 1980 2012 O gráfico mostra que a PPC relativa não acompanha a taxa de câmbio ienedólar durante 1980 2012 PJPUS E Taxa de câmbio E Relação de nível de preço JapãoEUA PJPUS 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Fonte FMI Fundo Monetário Internacional Taxas de câmbio e níveis de preço são datados do fim do ano 6 Algumas das evidências negativas sobre a PPC absoluta são discutidas no estudo de caso a seguir Em relação à lei de preço único veja por exemplo Peter Isard How Far Can We Push the Law of One Price American Economic Review v 67 p 942 948 dez 1977 Gita Gopinath et al International Prices Costs and Markup Diff erences American Economic Review v 101 p 2450 2486 out 2011 Mario J Crucini e Anthony Landry Accounting for Real Exchange Rates Using Micro Data Working Paper 17812 National Bureau of Economic Research fev 2012 e o trabalho de Goldberg e Knetter nas Leituras Adicionais 7 As medidas de nível de preço na Figura 162 são números de índice não quantias em dólar Por exemplo o índice de preço do consumidor IPC norte americano era 100 no ano base 2000 e somente 50 em 1980 de forma que o preço em dólar de uma cesta de referência de mer cadoria de compras de consumo norte americana dobrou entre 1980 e 2000 Para a Figura 162 o ano base para os índices de preço norte americanos e japoneses foram escolhidos de forma que sua proporção de 1980 igualaria a taxa de câmbio de 1980 mas essa igualdade imposta não signifi ca que a PPC absoluta foi mantida em 1980 Embora a Figura 162 utilize IPCs outros índices de preços levam a fi guras similares M16KRUGXXXXC16indd 332 12915 618 PM 333 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo desvios da PPC no meio entretanto essa teoria parece ser de uso limitado mesmo como uma explicação de longo prazo Os etudos de outras moedas confirmam em grande parte os resultados na Figura 162 A PPC relativa não se mantém bem8 Como você aprenderá mais adiante neste livro entre o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 e o início da década de 1970 as taxas de câmbio foram fixadas em margens estreitas e internacional mente acordadas por meio da intervenção de bancos centrais no mercado cambial estrangeiro Durante esse período de taxas de câmbio fixas a PPC não se saiu tão mal Entretanto durante a primeira metade da década de 1920 quando muitas taxas de câmbio eram determi nadas pelo mercado assim como na década de 1970 e em diante ocorreram desvios importantes da PPC rela tiva assim como nas décadas recentes9 Explicando os problemas com a PPC O que explica os resultados empíricos negativos descritos na seção anterior Existem vários problemas imediatos com nossa análise racional para a teoria da PPC das taxas de câmbio que foi baseada na lei de preço único 1 Ao contrário da suposição da lei de preço único custos de transporte e restrições de comércio certa mente existem Essas barreiras de comércio podem ser altas o suficiente para impedir que algumas mer cadorias e serviços sejam negociados entre os países 2 As práticas monopolistas ou oligopolistas nos mer cados podem interagir com os custos de transporte e outras barreiras de comércio para enfraquecer ainda mais a ligação entre os preços de mercadorias simila res vendidas em países diferentes 3 Como os dados da inflação relatados em diferentes países são baeados em diferentes cestas de mercado rias não existe razão para as mudanças na taxa de câmbio compensarem medidas oficiais de diferenças de inflação mesmo quando não há barreiras de co mércio e todos os produtos são comercializáveis Barreiras comerciais e bens não comercializáveis Os custos de transporte e as restrições governamentais de comércio tornam caro movimentar mercadorias entre mercados localizados em países diferentes e portanto enfraquecem o mecanismo da lei de preço único subjacente à PPC Suponha novamente que o mesmo suéter seja ven dido por US 45 em Nova York e por 30 em Londres mas que custa US 2 para enviar um suéter entre as duas cidades A uma taxa de câmbio de US 145 por libra o preço em dólares de um suéter de Londres é US 145 por libra 30 US 4350 mas um importador norte americano teria de pagar US 4350 US 2 US 4550 para comprar o suéter em Londres e enviá lo para Nova York A uma taxa de câmbio de US 145 por libra por tanto não pagaria para enviar os suéteres de Londres para Nova York mesmo que o preço em dólar fosse mais alto na última cidade Similarmente a uma taxa de câmbio de US 155 por libra um exportador norte americano perde ria dinheiro enviando suéteres de Nova York para Londres mesmo o preço de US 45 em Nova York estando então abaixo do preço em dólar do suéter em Londres US 4650 A lição desse exemplo é que custos de transporte rompem a ligação próxima entre as taxas de câmbio e os preços de mercadorias implicados pela lei de preço único Quanto maiores os custos de transporte maior a faixa sobre a qual a taxa de câmbio pode mover se dados os preços das mercadorias em diferentes países Restrições oficiais ao comércio como tarifas aduaneiras têm efeito similar porque uma taxa paga ao inspetor da alfândega afeta o lucro do importador da mesma forma que uma taxa de transporte equivalente Qualquer um dos tipos de impedimento de comércio enfraquece a base da PPC permitindo ao poder de compra de uma dada moeda diferir mais amplamente de um país para outro Por exemplo na presença de impedimentos de comércio um dólar não precisa ir tão longe em Londres como em Chi cago e ele não vai assim como qualquer um que esteja em Londres já tenha percebido Como você se lembra da teoria do comércio interna cional os custos do transporte podem ser tão grandes em relação ao custo de produzir algumas mercadorias e serviços que aqueles itens nunca seriam negociados internacionalmente com lucro Tais mercadorias e ser viços são chamados de não comercializáveis O exemplo consagrado pelo tempo de um serviço não comercializá vel é o corte de cabelo Um francês que deseja uma corte de cabelo norte americano teria de transportar se para os Estados Unidos ou transportar um barbeiro norte americano para a França Nos dois casos o custo do transporte é tão grande em relação ao preço do serviço comprado que com exceção dos turistas os cortes fran 8 Veja por exemplo o trabalho de Taylor e Taylor nas Leituras Adi cionais deste capítulo 9 Veja Paul R Krugman Purchasing Power Parity and Exchan ge Rates Another Look at the Evidence Journal of International Economics v 8 p 397 407 ago 1978 Paul De Grauwe Marc Jans sens e Hilde Leliaert Real Exchange Rate Variability from 1920 to 1926 and 1973 to 1982 Princeton Studies in International Finance v 56 International Finance Section Department of Economics Princeton University set 1985 e Hans Genberg Purchasing Power Parity under Fixed and Flexible Exchange Rates Journal of International Economics v 8 p 247276 maio 1978 M16KRUGXXXXC16indd 333 12915 618 PM 334 Economia internacional ceses são consumidos somente por residentes france ses enquanto cortes norte americanos são consumidos somente por residentes dos Estados Unidos A existência de mercadorias e serviços não comercia lizáveis em todos os países cujos preços não estão ligados internacionalmente permite desvios sistemáticos mesmo da PPC relativa Como o preço de um bem não comercia lizável é inteiramente determinado por suas curvas nacio nais de oferta e demanda mudanças nessas curvas fazem o preço de uma cesta de referência ampla mudar em relação ao preço estrangeiro da mesma cesta Com tudo igual um aumento no preço dos bens não comercializáveis de um país aumentará seu nível de preço em relação aos níveis de preço estrangeiros medindo os níveis de preços de todos os países em termos de uma única moeda Olhando de outra forma o poder de compra de qualquer moeda dada cairá em paí ses onde os preços de bens não comercializáveis subirem O nível de preço de cada país inclui uma ampla varie dade de bens não comercializáveis englobando junto com os cortes de cabelo tratamento médico de rotina aulas de dança e habitação entre outros De modo geral podemos identificar mercadorias comercializáveis com produtos manufaturados matérias primas e produtos agrícolas Os não comercializáveis são principalmente serviços e produ ção da indústria de construção Existem naturalmente exceções a essa regra Por exemplo serviços financeiros fornecidos por bancos e corretoras com frequên cia podem ser comercializadas internacionalmente O crescimento da Internet em especial expandiu a gama de serviços comercializáveis Além disso as restrições do comércio se severas o bastate podem fazer com que mercadorias que normalmente seriam comercializadas tornem se não comercializáveis Portanto na maioria dos países algumas manufaturas são não comercializáveis Podemos ter uma ideia aproximada da importância dos bens não comercializáveis na economia norte americana olhando para a contribuição das indústrias de serviço para o PNB norte americano Nos anos recentes os servi ços têm sido responsáveis por 75 do valor da produção norte americana Embora os serviços tendam a ter menores parcelas nas economias mais pobres os não comercializá veis são um importante componente do PNB em todos os lugares Os bens não comercializáveis ajudam a explicar as grandes saídas da PPC relativa ilustradas pela Figura 162 Produção a partir de livre concorrência Quando as barreiras de comércio e estruturas de mercado competitivo imperfeito acontecem juntas as ligações entre os níveis de preço nacional são enfraque cidas ainda mais Um caso extremo ocorre quando uma única empresa vende uma mercadoria por diferentes preços em diferentes mercados Quando uma única empresa vende o mesmo pro duto por diferentes preços em diferentes mercados dizemos que ela está praticando preços de mercado Os preços de mercado podem refletir diferentes condições de demanda em diferentes países Por exemplo países onde a demanda é mais inflexível aos preços tenderão a cobrar maior margem de lucro sobre o custo de pro dução do vendedor monopolista Estudos empíricos de dados de exportação no nível da empresa produziram fortes evidências de preços de mercado generalizados no comércio de manufatura10 Em 2011 por exemplo o Volkswagen Passat custava US 4000 a mais na Áustria do que na Irlanda apesar de os países dividirem a mesma moeda o euro e apesar dos esforços da União Europeia durante muitos anos para remover as barreiras de comércio intraeuropeias veja o Capítulo 21 Tais diferenciais de preço seriam difíceis de serem aplicados se não fosse dispendioso para os consu midores comprar carros na Irlanda e dirigi los ou enviá los para a Áustria ou se os consumidores vissem carros mais baratos disponíveis na Áustria como bons substitu tos para o Passat Entretanto a combinação de diferen ciação de produto e mercados segmentados leva a gran des violações da lei de preço único e da PPC absoluta As mudanças na estrutura do mercado e da demanda durante o tempo podem invalidar a PPC relativa Diferenças nos padrões de consumo e medição de nível de preço As medidas de governo com relação ao nível de preço diferem de um país para outro Uma razão para isso é que as pessoas que vivem em diferentes países gastam suas ren das de formas diversas Em geral consomem proporções relativamente mais altas dos produtos de seu próprio país incluindo seus produtos comercializáveis do que de produtos estrangeiros O norueguês médio consome mais carne de alce do que sua contraparte norte americana o japonês médio consome mais sushi e o indiano médio consome mais chutney Portanto ao construir uma cesta de referência de mercadorias para medir o poder de com pra é possível que o governo norueguês coloque um peso relativamente alto no alce o governo japonês no sushi e o governo indiano no chutney 10 Para revisão detalhada das evidências veja o trabalho de Goldberg e Knetter nas Leituras Adicionais deste capítulo As contribuições teóricas de preços de Mercado incluem Rudiger Dornbusch Exchange Rates and Prices American Economic Review v 77 p 93106 mar 1987 Paul R Krugman Pricing to Market When the Exchange Rate Changes In Sven W Arndt e J David Richardson Eds Real Financial Linkages among Open Economies Cambridge MA MIT Press 1987 e Andrew Atkeson e Ariel Burstein Pricing to Market Trade Costs and International Relative Prices American Economic Review v 98 p 19982031 dez 2008 M16KRUGXXXXC16indd 334 12915 618 PM 335 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo AlgumAs evidênciAs substAnciAis sobre A lei de preço único No verão de 1986 a revista The Economist conduziu um extenso levantamento sobre os preços dos ham búrgueres Big Mac nos restaurantes McDonalds ao redor do mundo Esse compromisso aparentemente caprichoso não foi resultado de um surto de idiotice editorial Em vez disso a revista queria zombar dos eco nomistas que confiantemente declararam que as taxas de câmbio são supervalorizadas ou subvalorizadas na base de comparações de PPC Já que os Big Macs são vendidos em 41 países com somente mudanças triviais na receita argumentou a revista uma compa ração dos preços do hambúrguer deveria servir como um guia de meio raro para saber se as moedas são negociadas nas taxas de câmbio corretas11 Desde 1986 a The Economist tem atualizado seus cálculos Uma forma de interpretar o levantamento da The Economist é um teste da lei de preço único Visto dessa maneira os resulta dos do teste inicial foram bem surpreen dentes O preço em dólar dos Big Macs acabou por ser descontroladamente diferente em países diversos Por exem plo o preço de um Big Mac em Nova York era 50 maior do que na Austrália e 64 maior do que em Hong Kong Em contraste um Big Mac parisiense custa 54 a mais do que em Nova York e um Big Mac em Tóquio custa 50 a mais Somente na Grã Bretanha e na Irlanda os preços em dólar dos hambúrgueres eram próximos aos níveis de Nova York Como essa drástica violação da lei de preço único pode ser explicada Como a The Economist observou os custos de transporte e as regras do governo são parte da explicação A diferenciação do produto é provavel mente um fator adicional importante Como relati vamente poucos substitutos para o Big Mac estão dis poníveis em alguns países a diferenciação do produto dá ao McDonalds algum poder para adequar os preços ao mercado local Por fim lembre se de que o preço do Big Mac deve cobrir não somente o custo de carne moída e pães mas também os salários das pessoas que servem o aluguel a eletricidade e assim por diante Os preços dessas entradas não alimentares podem diferir bastante em diferentes países De fato a The Economist agora introduziu uma versão refinada de seu índice que corrige o fato de que os custos de mão de obra ten dem a ser menores em países mais pobres12 Reproduzimos os resultados do relatório do levantamento da The Economist de janeiro de 2013 A Tabela 161 mostra os preços dos Big Macs em vários países medidos em termos de dólares norte americanos Eles variam de um alto valor de US 784 na Noruega 794 acima do preço norte americano para somente US 219 em Hong Kong metade do preço norte americano Para cada país podemos calcular uma PPC do Big Mac que é o nível hipotético da taxa de câmbio que se igualaria ao preço em dólar de um Big Mac vendido local mente a seu preço norte americano de US 437 Por exemplo em janeiro de 2013 um dólar norte americano custava somente 546 coroas norueguesas no mercado cambial estrangeiro tornando o preço em dólar de um Big Mac norueguês um pouco mais alto do que nos Estados Uni dos No entanto a taxa de câmbio que teria igualado os preços do hambúrguer norte americano e norueguês era 43 coroas norueguesas por hambúrguer 437 dólares por hambúrguer 984 coroas norueguesas por dólar uma taxa de câmbio que torna a coroa muito mais barata em termos de dólares e portanto fazendo os hambúrgueres noruegueses serem mais baratos também É dito frequentemente que uma moeda é super valorizada quando sua taxa de câmbio torna as mer cadorias nacionais mais caras em relação a mercado rias similares vendidas no exterior e subvalorizada no caso oposto Para a coroa norueguesa por exemplo o grau de supervalorização na escala do Big Mac é a porcentagem pela qual o preço hipotético de coroas da PPC Big Mac em dólar ultrapassa a taxa de mer cado ou 100 984 548548 796 Naturalmente além de algum erro de arredon damento essa é a porcentagem pela qual o preço em dólar de um hambúrguer norueguês ultrapassa o de um hambúrguer norte americano e portanto a porcentagem pela qual o preço em dólar real de uma coroa ultrapassa o preço hipotético do Big Mac 11 On the Hamburger Standard Economist 6 12 set 1986 12 Veja o site do índice Big Mac em httpwwweconomistcomcontentbig mac index do qual os dados foram retirados M16KRUGXXXXC16indd 335 12915 618 PM 336 Economia internacional Igualmente em janeiro de 2013 o preço em dólar do yuan chinês era 411 abaixo do nível de preço neces sário para trazer a paridade de preço do hambúrguer a moeda do país estava subvalorizada em 411 de acordo com a medida Big Mac A moeda da China teria que ser valorizada substancialmente em relação ao dólar para alinhar os preços norte americanos e chi neses do Big Mac A moeda da Noruega em contraste teria de sofrer depreciação substancial Em geral a taxa de câmbio PPC é definida como aquela que iguala os preços internacionais de alguma cesta ampla de mercadorias e serviços não só de hambúrgueres Como veremos existem várias razões de por que podemos esperar que a PPC não fosse exatamente mantida mesmo sobre longos períodos Portanto apesar da utilização generalizada de termos como supervalorização os decisores políticos têm de ser muito cautelosos em julgar se qualquer nível par ticular da taxa de câmbio pode sinalizar uma necessi dade para mudanças de política econômica Entretanto os decisores políticos seriam esper tos se levassem em conta extremos de super ou sub TABeLA 161 O padrão hambúrguer Preços do Big Mac PPC implicado do dólar Taxa de câmbio real 30 de janeiro Sub sobre valorização em relação ao dólar em moeda local em dólares África do Sul Rand 1833 203 420 905 536 Área do Euro 359 488 082 074 117 Argentina Peso 1900 382 435 498 126 Arábia Saudita Riyal 1100 293 252 375 328 Austrália A 470 490 108 096 122 Brasil R 1125 564 258 199 292 Canadá C 541 539 124 100 235 Chile Peso 205000 435 46939 47175 05 China Yuan 1600 257 366 622 411 Coreia do Sul Won 370000 341 84719 108548 220 Dinamarca DK 2850 518 653 550 187 Egito Libra 1600 239 366 669 452 Estados Unidos US 437 437 100 100 00 Filipinas Peso 11800 291 2702 4060 335 Grã Bretanha 269 425 062 063 27 Hong Kong HK 1700 219 389 776 498 Hungria Florim 83000 382 19004 21747 126 Indonésia Rúpia 2793900 286 639718 976750 345 Israel Shekel 1490 400 341 372 84 Japão 32000 351 7327 9107 195 Malásia Ringgit 795 258 182 308 410 México Peso 3700 290 847 1274 335 Noruega Coroa nor 4300 784 984 548 796 Nova Zelândia NZ 520 432 119 120 10 Peru Sol 1000 391 229 256 105 Polônia Zloty 910 294 208 309 326 República Tcheca Coroa tcheca 7033 372 1610 1889 148 Rússia Rublo 7288 243 1669 3005 445 Singapura S 450 364 103 123 166 Suécia SKR 4840 762 1108 635 745 Suíça CHF 650 712 149 091 631 Tailândia Baht 8700 292 1992 2976 331 Taiwan NT 7500 254 1717 2950 418 Turquia Lira 845 478 193 177 94 Paridade de poder de compra preço local dividido pelo preço nos Estados Unidos Fontes McDonalds The Economist levantamento de jan 2013 Taxas de câmbio são moeda local por dólar M16KRUGXXXXC16indd 336 12915 618 PM 337 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo Como a PPC relativa faz previsões sobre mudanças de preço em vez de níveis de preço é um conceito sensível independente das cestas utilizadas para definir os níveis de preço nos países que estão sendo comparados Se todos os preços norte americanos aumentassem em 10 e o dólar sofresse depreciação em relação às moedas estrangei ras em 10 a PPC relativa seria satisfeita supondo que não existem mudanças no exterior para quaisquer esco lhas de índices de nível de preço nacional ou estrangeiro Uma mudança nos preços relativos dos componentes da cesta entretanto pode fazer com que a PPC relativa falhe em testes que são baseados em índices de preço oficiais Por exemplo um aumento no preço relativo do peixe elevaria o preço em dólar de uma cesta de refe rência de mercadoria do governo japonês em relação ao preço de uma cesta do governo norte americano sim plesmente porque o peixe tem uma grande parcela da cesta japonesa Mudanças no preço relativo levariam a violações da PPC como aquelas vistas na Figura 162 mesmo se o comércio fosse livre e sem custo PPC no curto e no longo prazos Os fatores que examinamos até agora para explicar o pobre desempenho empírico da teoria PPC pode fazer os níveis de preço nacional divergir mesmo no longo prazo após todos os preços terem tido tempo para ajustar se a seus níveis de equilíbrio de mercado Porém como dis cutimos no Capítulo 15 muitos preços na economia são rígidos e levam tempo para ajustarem se por completo Desvios da PPC podem portanto ser ainda maiores no curto prazo do que no longo prazo Uma depreciação abrupta do dólar em relação às moedas estrangeiras por exemplo faz com que equipa mentos agrícolas nos Estados Unidos sejam mais bara tos em relação a equipamentos produzidos no exterior Enquanto os agricultores ao redor do mundo mudam sua demanda por tratores e secadoras mecânicas para os produtores norte americanos o preço do equipa mento agrícola estadunidense tende a aumentar para reduzir a divergência da lei de preço único causada pela depreciação do dólar No entanto leva tempo para que esse processo de aumento de preço esteja completo e os preços para os equipamentos agrícolas norte americanos e estrangeiros podem diferir bastante enquanto os mer cados ajustam se para a mudança da taxa de câmbio Você pode suspeitar que a rigidez de preço de curto prazo e a volatilidade da taxa de câmbio ajudam a explicar um fenômeno que observamos ao discutir a Figura 162 que as violações da PPC relativa têm sido muito mais flagrantes ao longo de períodos em que as taxas de câm bio tenham flutuado A pesquisa empírica tem apoiado essa interpretação dos dados A Figura 1511 que cos tumávamos utilizar para ilustrar a rigidez dos preços de mercadorias comparadas com taxas de câmbio é bem típica dos episódios de flutuação de taxa Em um estudo cuidadoso que cobre muitos países e episódios históricos o economista Michael Mussa comparou a extensão dos desvios de curto prazo da PPC sob taxas de câmbio fixas e flutuantes Ele descobriu que as taxas de câmbio flutu antes levam sistematicamente a desvios muito maiores e frequentes da PPC relativa14 O boxe nas páginas 435 e 436 fornece uma ilustração especialmente viva de como a rigidez do preço pode gerar violações da lei de preço único mesmo para mercadorias absolutamente idênticas Pesquisas recentes sugerem que desvios de curto prazo da PPC como aqueles decorrentes de taxas de câmbio voláteis desaparecem ao longo do tempo com somente metade do efeito de um desvio temporário da valorização Considere o caso da Islândia Em janeiro de 2006 a Islândia tinha um preço em dólar do Big Mac de US 744 e uma supervalorização gritante da moeda de 131 na escala Big Mac Então o pequenino país foi varrido numa crise financeira global que discu tiremos em detalhe nos capítulos 19 e 20 De por volta de 68 coroas islandesas por dólar em 2006 a moeda sofreu depreciação até por volta de 120 por dólar em 2010 Ao contrário de muitos outros países a Islândia importa os ingredientes dos hambúrgueres preços que subiram drasticamente por causa da depreciação Esse súbito aumento de custo tornou a franquia não lucrativa sem um grande aumento nos preços para os consumidores Mas a economia islandesa sofreu seve ramente na crise Em vez de aumentar tanto os pre ços o dono da franquia fechou os três restaurantes do McDonalds na Islândia Como resultado o país não aparece mais no levantamento da The Economist13 13 Veja Omar R Valdimarsson McDonalds Closes in Iceland after Krona Collapse Bloomberg News 26 out 2009 Disponível em httpwwwbloombergcomappsnewspidnewsarchiveampsidamu4WTVaqjI 14 Veja Mussa Nominal Exchange Rate Regimes and the Behavior of Real Exchange Rates Evidence and Implications In Karl Brunner e Allan H Meltzer Eds Real Business Cycles Real Ex change Rates and Actual Policies Carnegie Rochester Conference Series on Public Policy v 25 Amsterdam North Holland 1986 p 117 214 Charles Engel da Universidade de Wisconsin descobriu que sob uma taxa de câmbio flutuante as diferenças de preço in ternacional para a mesma mercadoria podem ser mais variáveis do que o preço relativo de diferentes mercadorias dentro de um único país Veja Engel Real Exchange Rates and Relative Prices An Empirical Investigation Journal of Monetary Economics v 32 p 35 50 ago 1993 Veja também Gopinath et al op cit Nota de Rodapé 6 M16KRUGXXXXC16indd 337 12915 618 PM 338 Economia internacional PPC permanecendo após quatro anos15 Porém mesmo quando esses desvios temporários de PPC são removi dos dos dados ainda parece que o efeito cumulativo de certas tendências de longo prazo causam desvios previ síveis da PPC para muitos países O estudo de caso inti tulado Por que os níveis de preços são mais baixos nos países pobres discute um dos maiores mecanismos por trás de tais tendências 15 Veja por exemplo Jef rey A Frankel e Andrew K Rose A Panel Project on Purchasing Power Parity Mean Reversion within and between Countries Journal of International Economics v 40 p 209 224 fev 1996 A validade estatística desses resultados é desafi ada em Paul G J OConnell The Overvaluation of Purchasing Power Parity Journal of International Economics v 44 p 119 fev 1998 16 Veja Balassa The Purchasing Power Parity Doctrine A Reappraisal Journal of Political Economy v 72 p 584 596 dez 1964 e Samuelson Theoretical Notes on Trade Problems Review of Economics and Statistics v 46 p 145 154 maio 1964 A teoria de Balassa Samuelson foi pressuposta por algumas observações de Ricardo Veja Jacob Viner Studies in the Theory of International Trade New York Harper Bro thers 1937 p 315 POR QUE OS NÍVEIS DE PREÇOS SÃO MAIS BAIXOS NOS PAÍSES POBRES Uma pesquisa sobre diferenças em nível de preço internacional descobriu uma regularidade empírica marcante quando expressada em termos de uma única moeda os níveis de preço dos países são positivamente relacionados ao nível real de renda per capita Em outras palavras um dólar quando convertido para uma moeda local na taxa de câmbio do mercado geralmente vai muito mais longe em um país pobre do que em um país rico A Figura 163 ilustra a relação entre níveis de preço e renda com cada ponto representando um país diferente A discussão da seção anterior sobre o papel de mercadorias não comercializáveis na determinação dos níveis de preço nacionais sugere que as variações internacionais nos preços de bens não comercializá veis podem contribuir para as discrepâncias no nível de preço entre nações ricas e pobres Os dados dispo níveis de fato mostram que bens não comercializáveis tendem a ser mais caros em relação às mercadorias comercializáveis em países mais ricos Uma razão para o baixo preço relativo dos bens não comercializáveis em países pobres foi sugerida por Bela Balassa e Paul Samuelson16 A teoria de Balassa Samuelson assume que as forças de mão de obra dos países pobres são menos produtivas do que aquelas dos países ricos no setor de bens comercializáveis mas as diferenças de produtividade internacional de bens não comercializáveis são insignificantes Porém se os preços das mercadorias comercializáveis são aproximadamente iguais em todos os países menor produtividade de mão de obra nas indústrias de bens comercializáveis dos paí FIGURA 163 Níveis de preço e rendas reais 2010 Renda per capita real em dólares norteamericanos de 2005 Nível de preço em relação aos EUA EUA 100 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 Fonte Penn World Table version 71 Os níveis de preço dos países tendem a aumentar ao passo que sua renda real aumenta Cada ponto representa um país A linha reta indica a melhor previsão de um estatístico do nível de preço de um país em relação àquele dos Estados Unidos baseado no conhecimento de sua renda per capita real M16KRUGXXXXC16indd 338 13015 1247 PM 339 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo Além da paridade de poder de compra um modelo geral de taxas de câmbio de longo prazo Por que dedicar tanta discussão à teoria da paridade de poder de compra quando ela é repleta de exceções e aparentemente contrariada pelos dados Examinamos as implicações da PPC de perto porque sua ideia básica de relacionar as taxas de câmbio de longo prazo aos níveis de preço nacional é um ponto de partida bem útil A abordagem monetária apresentada anteriormente que supôs a PPC é muito simples para dar previsões precisas sobre o mundo real mas podemos generalizá la levando em conta algumas das razões de por que a PPC prevê tão mal na prática Nesta seção fazemos exata mente isso A análise de longo prazo a seguir continua a igno rar as complicações de curto prazo causadas pelos preços rígidos Uma compreensão de como as taxas de câmbio comportam se no longo prazo é como já mencionado um prerrequisito para a análise de curto prazo mais complicada que apresentaremos no pró ximo capítulo A taxa de câmbio real Como primeiro passo para estender a teoria da PPC definimos o conceito da taxa de câmbio real A taxa de câmbio real entre as moedas de dois países é uma medida ampla de resumo dos preços das mercadorias e serviços de um país em relação aos de outro É natural introduzir o conceito da taxa de câmbio real neste ponto porque a principal previsão da PPC é que a taxa de câmbio real nunca muda ao menos não de forma permanente Para estender o modelo de forma que descreva o mundo de maneira mais precisa temos de examinar sistematica mente as forças que podem causar mudanças drásticas e permanentes nas taxas de câmbio reais Como veremos as taxas de câmbio reais são importan tes não somente para qualificar os desvios da PPC mas também para analisar as condições macroeconômicas de demanda e oferta em economias abertas Quando quiser mos diferenciar a taxa de câmbio real que é o preço rela tivo de duas cestas de produção de um preço relativo de duas moedas vamos nos referir à última como taxa de câmbio nominal Mas quando não existe risco de confusão continuaremos a utilizar o termo mais curto taxa de câm bio para referirmo nos às taxas de câmbio nominais 17 Veja Kravis e Lipsey Toward an Explanation of National Price Levels Princeton Studies in International Finance v 52 International Finance Section Department of Economics Princeton University nov 1983 e Bhagwati Why Are Services Cheaper in the Poor Countries Economic Journal v 94 p 279286 jun 1984 18 Esse argumento assume que diferenças de fator de dotação entre países ricos e pobres são tão grandes que a equalização do fator de preço não pode ser mantida ses pobres implica menores salários do que no exterior menores custos de produção em bens não comercializá veis e portanto um menor preço dos não comerciali záveis Os países ricos com maior produtividade de mão de obra no setor de mercadorias comercializáveis tenderão a ter maiores preços de bens não comercializá veis e maiores níveis de preço As estatísticas da produ tividade dão algum suporte empírico ao diferencial de produtividade Balassa Samuelson postulado E é plau sível que as diferenças de produtividade internacional sejam mais nítidas nas mercadorias comercializáveis do que nas não comercializáveis Seja um país pobre ou rico um barbeiro só pode cortar tantos cabelos em uma semana mas pode existir um alcance significante para as diferenças de produtividade entre os países na manufatura de mercadorias comercializáveis como computadores pessoais Uma teoria alternativa que tenta explicar os bai xos níveis de preço dos países pobres foi apresentada por Jagdish Bhagwati da Universidade de Columbia e por Irving Kravis da Universidade da Pensilvânia e Robert Lipsey da City University de Nova York17 A visão de Bhagwati Kravis Lipsey apoia se nas diferenças em doações de capital e mão de obra em vez de nas de pro dutividade mas também prevê que o preço relativo de bens não comercializáveis aumenta conforme a renda per capita real cresce Os países ricos têm maior propor ção de capital mão de obra enquanto os países pobres têm mais mão de obra em relação a capital Como os países ricos têm maior proporção de capital mão de obra a produtividade marginal da mão de obra é maior em países ricos do que em países pobres e o primeiro terá portanto um maior nível de salário do que o último18 Os bens não comercializáveis que con sistem largamente em serviços são naturalmente de mão de obra intensiva em relação aos comercializáveis Como a mão de obra é mais barata em países pobres e é utilizada intensivamente na produção de bens não comercializáveis eles também serão mais baratos do que nos países ricos e de salário alto Mais uma vez essa diferença internacional no preço relativo de bens não comercializáveis sugere que os níveis gerais de preço quando medidos em termos de uma única moeda devem ser maiores nos países ricos do que nos pobres M16KRUGXXXXC16indd 339 12915 618 PM 340 Economia internacional As taxas de câmbio reais são definidas em ter mos de taxas de câmbio nominais e níveis de preço Entretanto antes de podermos dar uma definição precisa das taxas de câmbio reais precisamos escla recer a medida de nível de preço que utilizaremos Deixemos PUS como é usual ser o nível de preço nos Estados Unidos e PE o nível de preço na Europa Já que não iremos supor a PPC absoluta como fize mos na discussão da abordagem monetária nós não supomos que o nível de preço pode ser medido pela mesma cesta de mercadorias nos Estados Unidos e na Europa Como logo vamos querer ligar nossa análise aos fatores monetários exigimos em vez disso que cada índice de preço do país dê uma boa represen tação das compras que motivam seus residentes a demandar por oferta de moeda Nenhuma medida de nível de preço faz isso de forma perfeita mas devemos nos manter em uma defi nição antes de definir formalmente a taxa de câmbio real Para sermos específicos você pode pensar em PUS como o preço em dólar de uma cesta inalterável que contém compras semanais típicas das famílias e empre sas norte americanas De modo similar PE é baseado em uma cesta inalterável que reflete as compras sema nais típicas das famílias e empresas europeias O ponto a lembrar é que o nível de preço norte americano coloca um peso relativamente pesado em mercadorias produzi das e consumidas nos Estados Unidos e o nível de preço europeu coloca um peso relativamente pesado em merca dorias produzidas e consumidas na Europa19 Tendo descrito a cesta de referência de mercadorias utilizada para medir os níveis de preço agora definimos formalmente a taxa de câmbio real dólareuro repre sentada por q assim como o preço em dólar da cesta europeia em relação ao da cesta norte americana Pode mos expressar a taxa de câmbio real como o valor em dólar do nível de preço europeu dividido pelo nível de preço ou em símbolos como q E P P E US 166 Um exemplo numérico esclarecerá o conceito da taxa de câmbio real Imagine que a cesta de referências de mercadorias europeia custa 100 de forma que PE 100 por cesta europeia a cesta norte americana custa US 120 de forma que PUS US 120 por cesta norte americana e a taxa de câmbio nominal é E US 120 por euro A taxa de câmbio real dólareuro seria então de q US 1 20 por euro 100 por cesta europeia US 120 por cesta norteamericana US 120 por cesta europeia US 120 por cesta norte americana 1 cesta norte americana por cesta europeia Um aumento na taxa de câmbio real dólareuro q que podemos chamar de depreciação real do dólar em relação ao euro pode ser pensada de várias maneiras equivalentes De forma mais óbvia a Equação 166 mostra que essa mudança é uma queda no poder de compra do dólar dentro das fronteiras europeias em relação ao poder de compra dentro dos Estados Unidos Essa mudança em relação ao poder de compra ocorre porque os preços em dólar das mercadorias europeias E PE aumentam em relação aos preços das merca dorias norte americanas PUS Em termos de nosso exemplo numérico uma depre ciação nominal do dólar de 10 para E US 132 por euro faz com que q aumente para 11 cesta norte americana por cesta europeia uma depreciação real do dólar de 10 em relação ao euro A mesma mudança em q poderia resultar a partir de um aumento de 10 em PE ou uma queda de 10 em PUS A depreciação real signi fica que o poder de compra do dólar sobre as mercadorias e serviços europeus cai em 10 em relação ao seu poder de compra sobre mercadorias e serviços norte americanos Alternativamente embora muitos itens que entram nos níveis de preço nacional sejam não comercializáveis é útil pensar na taxa de câmbio real q como o preço relativo dos produtos europeus em geral em termos de produtos norte americanos isto é o preço no qual negócios hipoté ticos de cestas de mercadorias norte americanas por cestas europeias ocorreriam se os negócios em preços nacionais fossem possíveis Considera se que o dólar sofrerá depre ciação em termos reais em relação ao euro quando q aumenta porque o poder de compra hipotético de produ tos norte americanos sobre os europeus em geral diminui Mercadorias e serviços norte americanos tornam se por tanto mais baratos em relação aos europeus Uma valorização real do dólar em relação ao euro é uma queda em q Essa queda indica uma diminui ção no preço relativo de produtos comprados na Europa ou um aumento no poder de compra europeu do dólar comparado com aquele nos Estados Unidos20 19 Os bens não comercializáveis são um fator importante por trás da preferência relativa por produtos nacionais 20 Isso é verdade porque E 1E implicando que a depreciação real do dólar em relação ao euro é a mesma que uma valorização do euro em relação ao dólar isto é um aumento no poder de com pra do euro dentro dos Estados Unidos em relação ao seu poder de compra dentro da Europa ou uma queda no preço relativo de produtos norte americanos em termos de produtos europeus M16KRUGXXXXC16indd 340 12915 618 PM 341 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo Nossa convenção para descrever as depreciações e valorizações reais do dólar em relação ao euro é a mesma que utilizamos para as taxas de câmbio nominais isto é E para cima é uma depreciação do dólar E para baixo é uma valorização A Equação 166 mostra que a uma produção de preços inalterada a deprecia ção nominal valorização implica uma depreciação real valorização Nossa discussão das mudanças da taxa de câmbio portanto inclui como um caso especial uma observação que fizemos no Capítulo 14 com os preços em moeda nacional das mercadorias mantidos constan tes uma depreciação nominal do dólar torna as merca dorias norte americanas mais baratas em comparação com as mercadorias estrangeiras enquanto uma valori zação nominal do dólar torna as mercadorias mais caras A Equação 166 torna mais fácil enxergar por que a taxa de câmbio real nunca pode mudar quando a PPC relativa é mantida Sob a PPC relativa um aumento de 10 em E por exemplo seria sempre exatamente com pensando por uma queda de 10 na relação de nível de preço PEPUS deixando q inalterado Demanda oferta e a taxa de câmbio real de longo prazo Não deve ser nenhuma surpresa que em um mundo onde a PPC não se mantém os valores de longo prazo das taxas de câmbio real assim como outros preços rela tivos que equilibram os mercados dependem das condi ções de demanda e oferta No entanto já que uma taxa de câmbio real rastreia as mudanças no preço relativo das cestas de despesas de dois países as condições nos dois países importam As mudanças nos mercados de produção nos países podem ser complexas e nós não queremos divagar para um catálogo exaustivo e desgas tante de possibilidades Em vez disso focamo nos em dois casos específicos que são fáceis de compreender e importantes na prática para explicar por que os valores de longo prazo das taxas de câmbio reais podem mudar 1 Uma mudança na demanda relativa mundial por pro dutos norte americanos Imagine que o gasto mundial total em mercadorias e serviços norte americanos au mente em relação ao gasto mundial total em mercado rias e serviços europeus Tal mudança poderia surgir de várias fontes por exemplo uma mudança na de manda particular dos Estados Unidos para longe das mercadorias europeias e em direção às mercadorias norte americanas uma mudança similar na demanda particular estrangeira em direção às mercadorias norte americanas ou um aumento na demanda do governo dos Estados Unidos caindo principalmente na produ ção norte americana Qualquer aumento na demanda relativa mundial por produtos norte americanos causa um excesso de demanda por eles a uma taxa de câmbio real anterior Para restaurar o equilíbrio o preço relativo da produção norte americana em termos de produção europeia terá portanto de aumentar os preços relativos dos bens não comercializáveis norte americanos subirão e os preços dos comercializáveis produzidos nos Estados Unidos e consumidos intensivamente lá aumentarão em relação aos preços dos bens comercializáveis feitos na Europa Todas essas mudanças trabalham para redu zir q o preço relativo da cesta de referência de despe sas europeias em termos da dos Estados Unidos Concluímos que um aumento na demanda relativa mundial por produção norte americana causa uma va lorização real do dólar em relação ao euro uma queda em q Similarmente uma queda na demanda rela tiva mundial por produção norte americana causa uma depreciação real de longo prazo do dólar em relação ao euro um aumento em q preços rígidos e A lei de preço único evidênciAs dAs lojAs duty free escAndinAvAs Preços e salários nominais rígidos são centrais para as teorias macroeconômicas mas justamente por que precisa ser tão difícil para os preços em dinheiro muda rem de um dia para o outro como mudam as condições de mercado Uma razão é baseada na ideia de um car dápio de custos O cardápio de custos pode surgir de vários fatores como os custos reais de imprimir novas listas de preços e catálogos Além disso as empresas podem notar um tipo de cardápio de custo diferente por causa da informação imperfeita dos clientes sobre os preços dos concorrentes Quando uma empresa aumenta seu preço alguns clientes comprarão em outro lugar e acharão conveniente permanecer com um vendedor competitivo se todos os vendedores aumentaram seus preços Na presença desses inúmeros tipos de cardápio de custos os vendedores frequentemente vão manter os preços constantes após uma mudança nas condições de mercado até que estejam certos de que a mudança é permanente o suficiente para fazer com que a exposição aos custos das mudanças de preços seja válida21 21 É quando as condições econômicas estão muito voláteis que os preços parecem tornar se mais flexíveis Por exemplo menus de restau rante normalmente precificarão o prato do dia igual ao mercado de forma que o preço cobrado e o peixe oferecido possa refletir a alta variabilidade nos resultados da pesca M16KRUGXXXXC16indd 341 12915 618 PM 342 Economia internacional 2 Uma mudança na oferta de produção relativa Suponha que a eficiência produtiva de mão de obra e o capi tal norte americano aumentem Já que os norte americanos gastam parte de sua renda aumentada em mercadorias estrangeiras as ofertas de todos os tipos de mercadorias e serviços norte americanos aumentam em relação à demanda por eles o resul tado é um excesso de oferta relativa de produção norte americana a uma taxa de câmbio real an terior Uma queda no preço relativo de produtos norte americanos tanto não comercializáveis como comercializáveis muda a demanda em direção a eles e elimina o excesso de oferta Essa mudança de preço é uma depreciação real do dólar em relação ao euro isto é um aumento em q Uma expansão relativa da produção norte americana causa uma depreciação real de longo prazo do dólar em relação ao euro q au menta Uma expansão relativa da produção europeia causa uma valorização real de longo prazo do dólar em relação ao euro q cai24 Se realmente não existissem barreiras entre dois mercados com mercadorias precificadas em diferen tes moedas os preços rígidos seriam incapazes de sobreviver ante uma mudança na taxa de câmbio Todos os compradores simplesmente encheriam o mercado no qual a mercadoria tivesse o menor preço Mas quando existem alguns impedimentos ao comér cio os desvios da lei de preço único não induzem a arbitragem ilimitada então é possível que os vende dores mantenham os preços constantes apesar das mudanças na taxa de câmbio No mundo real as bar reiras de comércio parecem ser significativas muito difundidas e frequentemente sutis por natureza Aparentemente a arbitragem entre dois merca dos pode ser limitada mesmo quando a distância física entre eles é zero como mostra um estudo sur preendente sobre comportamento de precificação nos duty free escandinavos Os economistas suecos Marcus Asplund e Richard Friberg estudaram o com portamento da precificação nas lojas duty free de duas linhas de balsas escandinavas cujos catálogos citam os preços de cada mercadoria em várias moedas para a conveniência dos clientes de diferentes países22 Já que é dispendioso imprimir os catálogos eles são reim pressos com preços revistos somente de tempos em tempos Nesse ínterim porém as flutuações nas taxas de câmbio causam múltiplas variações de preços para a mesma mercadoria Por exemplo na Linha Birka de balsas entre Suécia e Finlândia os preços eram lista dos tanto em markka finlandesa como em coroa sueca entre 1975 e 1998 o que implica que uma depreciação relativa da markka faria ser mais barato comprar cigar ros ou vodca pagando em markka em vez de coroa Apesar de tais discrepâncias de preço a Linha Birka sempre foi capaz de fazer negócios nas duas moedas os passageiros não se apressavam em comprar no menor preço Os passageiros suecos que detêm relativamente maior quantidade de sua pró pria moeda local tendiam a comprar nos preços de coroas ao passo que os clientes finlandeses tendiam a comprar nos preços de markka Normalmente a Linha Birka tirava vantagem em publicar um novo catálogo para reduzir os desvios da lei de preço único O desvio médio da lei de preço único no mês anterior ao ajuste de preço era de 721 mas somente 222 no mês de ajuste do preço Um grande impedimento para tirar vantagem das oportunidades de arbitragem era o custo de mudar as moedas na cabine de câmbio estrangeira a bordo cerca de 75 Esse custo de transação dadas as diferentes preferên cias de moeda dos passageiros na hora do embarque agiu como uma barreira de comércio efetiva23 De forma surpreendente a Linha Birka não eliminou completamente os desvios da lei de preço único quando mudou os preços do catálogo Em vez disso praticou um tipo de preço de mercado em suas balsas Em geral os exportadores que precificam o mercado fazem dis criminação entre diferentes consumidores baseados em suas diferentes localizações mas a Birka foi capaz de discriminar com base na diferença de nacionalidade e preferência de moeda mesmo com todos os consumi dores potenciais localizados no mesmo barco 22 The Law of One Price in Scandinavian Duty Free Stores American Economic Review v 91 p 10721083 set 2001 23 Os clientes poderiam pagar na moeda de sua escolha não só em dinheiro mas também com cartões de crédito o que envolve menores taxas de conversão de câmbio estrangeiro a uma taxa de câmbio predominante há alguns dias após a compra das mercadorias Asplund e Friberg sugerem que para compras pequenas a incerteza e os custos de calcular os preços relativos além das taxas de câmbio do cartão de crédito poderiam ser um impedimento suficiente para transações em uma moeda relativamente pouco familiar 24 Nossa discussão do efeito Balassa Samuelson no estudo de caso Por que os níveis de preços são mais baixos nos países pobres nos levaria a esperar que um aumento de produtividade concentrado no setor de bens comercializáveis norte americano pode fazer com que o dólar seja valorizado em vez de sofrer depreciação em termos reais em relação ao euro No último parágrafo entretanto temos em mente um aumento de produtividade balanceado que beneficia os setores comercializáveis e não comercializáveis em igual proporção resultando portanto em uma depreciação real do dólar ao causar uma queda nos preços de mercadorias não comercializáveis e naqueles das mercadorias comercializáveis que são mais importantes no índice de preço do consumidor norte americano do que no do europeu M16KRUGXXXXC16indd 342 12915 618 PM 343 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo Um diagrama útil resume nossa discussão sobre de manda oferta e a taxa de câmbio real de longo prazo Na Figura 164 a oferta da produção norte americana em relação à produção europeia YUSYE é traçada ao longo do eixo horizontal enquanto a taxa de câmbio real dólareuro q é traçada ao longo do eixo vertical O equilíbrio da taxa de câmbio real é determinado pela interseção de duas linhas A linha RD inclinada para cima mostra que a demanda relativa por produtos norte americanos em geral em relação à demanda por produ tos europeus aumenta conforme q sobe isto é conforme os produtos norte americanos tornam se relativamente mais baratos Essa curva de demanda por mercado rias norte americanas em relação às europeias tem uma inclinação positiva porque estamos medindo uma queda no preço relativo das mercadorias norte americanas por um movimento ascendente ao longo do eixo vertical E o que acontece com a oferta relativa No longo prazo os níveis relativos de produção nacional são determinados por fatores de ofertas e produtividade com pouco se é que existe algum efeito na taxa de câmbio real A curva de oferta relativa RS portanto é vertical no longo prazo isto é tem emprego completo relativo à relação de pro dução YUSYE1 O equilíbrio de longo prazo da taxa de câmbio real é aquele que define a demanda relativa igual à oferta relativa de longo prazo ponto 125 O diagrama ilustra facilmente como as mudanças nos mercados mundiais afetam a taxa de câmbio real Suponha que os preços mundiais da gasolina caiam fazendo os veí culos norte americanos utilitários esportivos mais atrativos para as pessoas em todos os lugares Essa mudança seria um aumento na demanda mundial relativa por mercado rias norte americanas e moveria RD para a direita fazendo q cair uma valorização real do dólar em relação ao euro Suponha que os Estados Unidos melhorem seu sistema de assistência médica reduzindo as doenças em toda a força de trabalho norte americana Se os trabalhadores são capazes de produzir mais mercadorias e serviços em uma hora como resultado o aumento na produtividade norte americana move RS para a direita fazendo que q aumente uma depreciação real do dólar em relação ao euro Taxas de câmbio nominais e reais em equilíbrio de longo prazo Agora juntaremos o que aprendemos neste e no último capítulo para mostrar como as taxas de câmbio nominais FIGURA 164 Determinação da taxa de câmbio real de longo prazo Taxa de câmbio real q q Relação da produção real norteamericana para Europeia YUSYE 1 YUSYE1 RD RS 1 A taxa de câmbio real de equilíbrio de longo prazo iguala a demanda relativa mundial ao nível de emprego pleno do nível da oferta relativa 25 Note que essas linhas RD e RS diferem daquelas utilizadas no Capítulo 6 As anteriores referiam se à demanda mundial relativa para a oferta de dois produtos que poderiam ser produzidos em qualquer um dos dois países Em contraste as curvas RD e RS neste capítulo referem se à demanda mundial relativa e oferta da produção geral de um país seu PIB em relação a outro país M16KRUGXXXXC16indd 343 12915 618 PM 344 Economia internacional de longo prazo são determinadas Uma conclusão central é que as mudanças nas ofertas e demandas nacionais dão origem a movimentos proporcionais de longo prazo nas taxas de câmbio nominais e nas relações de nível de preço internacional previstas pela teoria relativa da paridade de poder de compra No entanto as mudanças na oferta e na demanda nos mercados de produção nacionais resul tam em movimentos de taxa de câmbio nominal que não estão em conformidade com a PPC Lembre se de nossa definição da taxa de câmbio real dólareuro como q E P P E US Veja a Equação 166 Agora se nós resolvermos essa equação para a taxa de câmbio temos uma equação que nos dá a taxa de câmbio nominal dólareuro como a taxa de câmbio real dólareuro vezes a relação de nível de preço Estados Unidos Europa E q P P US E 167 Formalmente falando a única diferença entre a Equa ção 167 e a Equação 161 na qual baseamos nossa exposição da abordagem monetária à taxa de câmbio é que a Equação 167 leva em conta possíveis desvios da PPC adicionando a taxa de câmbio real como um determinante adicional da taxa de câmbio nominal A equação implica que para uma dada taxa de câmbio real dólareuro as mudanças na oferta ou demanda de moeda na Europa ou nos Estados Unidos afetam a taxa de câm bio nominal de longo prazo dólareuro como na aborda gem monetária Entretanto as mudanças na taxa de câmbio real de longo prazo também afetam a taxa de câm bio nominal de longo prazo A teoria de longo prazo da determinação da taxa de câmbio implicada pela Equa ção 167 portanto inclui os elementos válidos da abor dagem monetária mas além disso corrige a abordagem monetária permitindo fatores não monetários que podem sustentar desvios da paridade de poder de compra Assumindo que todas as variáveis começam em seus níveis de longo prazo agora podemos entender os deter minantes mais importantes de mudanças de longo prazo nas taxas de câmbio nominais 1 Uma mudança nos níveis da oferta de moeda relativa Suponha que a Reserva Federal dos Estados Unidos queira estimular a economia e portanto realiza um aumento no nível de oferta de moeda norte americana Como você se lembra do Capítulo 15 um aumento único permanente na oferta de moeda de um país não tem efeito nos níveis de produção de longo prazo na taxa de juros ou em qualquer preço relativo incluindo a taxa de câmbio real Portanto a Equação 163 implica novamente que PUS aumenta em proporção a MUS enquanto a Equação 167 mostra que o nível de preço norte americano é a única variável que muda no longo prazo junto com a taxa de câmbio nominal E Como a taxa de câmbio real q não muda a mudança da taxa de câmbio nominal é consistente com a PPC relativa o efeito de longo prazo do aumento da oferta de moeda norte americana é aumentar todos os pre ços em dólar incluindo o preço do euro em proporção ao aumento da oferta de moeda Não deveria ser uma surpresa que esse resultado é o mesmo que obtivemos utilizando a abordagem monetária já que essa aborda gem destina se a contabilizar os efeitos de longo prazo das mudanças monetárias 2 Uma mudança nas taxas de crescimento da oferta de moeda relativa Suponha que a Reserva Federal conclua para sua consternação que durante os próximos anos o nível de preço norte americano irá cair Uma queda de nível de preços consistente é chamada de deflação Um aumento permanente na taxa de crescimento da oferta de moeda norte americana aumenta a taxa de inflação norte americana de longo prazo e por meio do efeito Fisher aumenta a taxa de juros do dólar em relação à taxa de juros do euro Como a demanda por moeda real relativa dos Estados Unidos por consequência diminui a Equação 163 implica que PUS sobe como mostrado na Figura 161 Porém como a mudança que traz esse resultado é puramente monetária ela é neutra em seus efeitos de longo prazo Especificamente ela não altera a taxa de câmbio real de longo prazo dólareuro De acordo com a Equação 167 então E aumenta em proporção ao aumento em PUS uma depreciação do dólar em relação ao euro De novo uma mudança pu ramente monetária traz um movimento de taxa de câm bio nominal de longo prazo na linha com a PPC rela tiva assim como a abordagem monetária previu 3 Uma mudança na demanda por produção relativa Esse tipo de mudança não é coberto pela abordagem mone tária então agora a perspectiva mais geral que desen volvemos na qual a taxa de câmbio real pode mudar é essencial Já que uma mudança na demanda por produção relativa não afeta os níveis de preço nacio nal de longo prazo elas dependem somente dos fato res que aparecem nas equações 163 e 164 a taxa de câmbio nominal de longo prazo na Equação 167 mudará apenas na medida das mudanças da taxa de câmbio real Considere um aumento na demanda re lativa mundial por produtos norte americanos Antes nesta seção vimos que um aumento na demanda por produtos norte americanos causa uma valorização real de longo prazo do dólar em relação ao euro uma M16KRUGXXXXC16indd 344 12915 618 PM 345 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo queda em q Essa mudança é simplesmente um au mento no preço relativo da produção norte americana Entretanto dado que os níveis de preço nacional de longo prazo estão inalterados a Equação 167 nos diz que a valorização nominal de longo prazo do dólar em relação ao euro uma queda em E também deve ocorrer Essa previsão destaca o importante fato de que apesar de as taxas de câmbios serem preços nomi nais elas respondem a eventos não monetários assim como os monetários mesmo em longos horizontes 4 Uma mudança na oferta de produção relativa Como vimos antes nesta seção um aumento na oferta de produção norte americana relativa faz com que o dólar sofra depreciação em termos reais em relação ao euro diminuindo o preço relativo da produção norte americana Entretanto esse aumento em q não é a única mudança na Equação 167 implicada pelo aumento relativo na produção norte americana Além disso o aumento da produção norte americana aumenta a demanda de transações por saldos reais de dinheiro dos Estados Unidos aumentando a de manda agregada por moeda real norte americana e na Equação 163 empurrando o nível de preço norte americano de longo prazo para baixo Voltando para a Equação 167 já que q aumenta enquanto PUS cai os efeitos de produção e mercado monetário de uma mudança na oferta de produção trabalham em direções opostas fazendo portanto o efeito líquido em E ser ambíguo Nossa análise de uma mudança na oferta de produção ilustra que mesmo quando uma alteração originada em um único mercado neste caso o mercado de produção sua influência nas taxas de câmbio podem depender dos efeitos de repercussão que são canalizados por meio de outros mercados Concluímos que quando todas as alterações são de natureza monetária as taxas de câmbio obedecem à PPC relativa no longo prazo Portanto no longo prazo a alte ração monetária afeta somente o poder de compra geral de uma moeda e essa mudança no poder de compra muda igualmente o valor da moeda em termos de mercadorias nacionais e estrangeiras Quando as alterações ocorrem em mercados de produção é improvável que a taxa de câmbio obedeça à PPC relativa mesmo no longo prazo A Tabela 162 resume essas conclusões em relação aos efeitos das mudanças monetárias e de mercado de pro dução nas taxas de câmbio nominais de longo prazo Nos capítulos seguintes recorreremos ao modelo geral de taxa de câmbio de longo prazo desta seção mesmo quando estivermos discutindo eventos macroeconômicos de curto prazo Os fatores de longo prazo são importantes no curto prazo por causa do papel central que as expecta tivas sobre o futuro desempenham na determinação diá ria das taxas de câmbio É por isso que as notícias sobre a conta corrente por exemplo podem ter um grande impacto sobre a taxa de câmbio O modelo de taxa de câmbio de longo prazo desta seção fornecerá o esteio para as expectativas de mercado isto é o quadro que os partici pantes do mercado utilizam para prever as taxas de câm bio futuras com base nas informações disponíveis hoje Diferenças internacionais das taxas de juros e a taxa de câmbio real Antes neste capítulo vimos que a PPC relativa quando combinada com a paridade de juros implica que as diferenças internacionais da taxa de juros se igualam TABeLA 162 Efeitos das mundanças do mercado monetário e mercado de produção na taxa de câmbio de longo prazo dólareuro E Mudança Efeito na taxa de câmbio nominal de longo prazo dólareuro E Mercado financeiro 1 Aumento no nível de oferta de moeda norte americana Aumento proporcional depreciação nominal do dólar 2 Aumento no nível de oferta de moeda europeia Diminuição proporcional depreciação nominal do euro 3 Aumento na taxa de crescimento da oferta de moeda norte americana Aumento depreciação nominal do dólar 4 Aumento na taxa de crescimento na oferta de moeda europeia Diminuição depreciação nominal do euro Mercado de produção 1 Aumento na demanda pela produção norte americana Diminuição depreciação nominal do dólar 2 Aumento na demanda pela produção europeia Aumento depreciação nominal do euro 3 Aumento da oferta de produção nos Estados Unidos Ambíguo 4 Aumento da oferta de produção na Europa Ambíguo M16KRUGXXXXC16indd 345 12915 618 PM 346 Economia internacional às diferenças nas taxas de inflação esperadas dos países Entretanto como a PPC relativa não se mantém verda deira em geral a relação entre as diferenças internacio nais da taxa de juros e taxas de inflação nacional pode ser mais complexa na prática do que uma simples fórmula sugere Apesar dessa complexidade os decisores políticos que esperam influenciar as taxas de câmbio assim como os indivíduos particulares que desejam prevê las não podem ser bem sucedidos sem compreender os fatores que fazem as taxas de juros dos países diferirem Portanto nesta seção estenderemos nossa discussão anterior do efeito Fisher para incluir os movimentos da taxa de câmbio real Fazemos isso mostrando que em geral as diferenças da taxa de juros entre dois países não dependem somente das diferenças na inflação esperada como a abordagem monetária afirma mas também nas mudanças esperadas na taxa de câmbio real Começamos relembrando que a mudança em q a taxa de câmbio real dólareuro é um desvio da PPC rela tiva isto é a mudança em q é a mudança percentual na taxa de câmbio nominal dólareuro menos a diferença internacional nas taxas de inflação entre os Estados Uni dos e a Europa Portanto chegamos à relação correspon dente entre a mudança esperada na taxa de câmbio real a mudança esperada na taxa nominal e a inflação esperada π π q q q E E E e e e E e US 168 π π q q q E E E e e e E e US onde qe como em nossa notação usual é a taxa de câmbio real esperada para daqui um ano Agora volta mos para a condição de paridade de juros entre depósi tos de dólar e euro R R E E E e Um fácil rearranjo da Equação 168 mostra que a taxa esperada de mudança na taxa de câmbio nomi nal dólareuro é só a taxa esperada de mudança na taxa de câmbio real dólareuro mais a diferença de inflação esperada entre Estados Unidos Europa Portanto com binando na Equação 168 com a condição de paridade de juros anterior somos levados à seguinte divisão da diferença internacional da taxa de juros π π R R q q q e e e US E 169 Perceba que quando o mercado espera que a PPC relativa prevaleça qe q e o primeiro termo do lado direito dessa equação sai fora Neste caso especial a Equação 169 reduz se à Equação 165 mais simples que obtivemos assumindo a PPC relativa Entretanto em geral a diferença de juros dólareuro é a soma de dois componentes 1 a taxa de retorno de depreciação real do dólar em relação ao euro e 2 a diferença de inflação esperada entre Estados Unidos e Europa Por exemplo se a inflação norte americana será de 5 ao ano para sempre e a inflação europeia será de zero para sempre a diferença de juros de longo prazo entre os depósitos de dólar e euro não precisa ser os 5 que a PPC quando combinada com a paridade de juros sugeriria Se além disso todo mundo sabe que as tendên cias de demanda e oferta de produção farão o dólar sofrer depreciação em relação ao euro em termos reais a uma taxa de 1 ao ano o diferencial de juros internacional será na verdade de 6 Paridade de juros reais A economia faz uma importante distinção entre taxas de juros nominais que são as taxas de retornos medidas em termos monetários e as taxas de juros reais que são as taxas de retorno medidas em termos reais isto é em termos de produção de um país Como as taxas reais de retorno frequentemente são incertas nós vamos nos refe rir a elas como taxas de juros reais esperadas As taxas de juros que discutimos em conexão com a condição de pari dade de juros e os determinantes da demanda de moeda são taxas nominais por exemplo o retorno em dólar de depósitos de dólar Mas para muitos outros propósitos os economistas precisam analisar o comportamento em termos de taxas reais de retorno Ninguém que está pen sando em investir dinheiro por exemplo poderia tomar uma decisão sabendo somente que a taxa de juros nomi nal é 15 O investimento seria muito atraente a uma inflação zero mas desastrosamente pouco atraente se a inflação estivesse por volta de 100 ao ano26 Concluímos este capítulo ao mostrar que quando a condição de paridade de juros nominal igual se às dife renças das taxas de juros nominais entre moedas para as mudanças esperadas nas taxas de câmbio nominais uma condição de paridade de juros real iguala se às dife renças de taxa de juros real esperadas para mudanças esperadas nas taxas de câmbio reais Somente quando se espera que a PPC relativa seja mantida significando que nenhuma mudança na taxa de câmbio real é esperada espera se taxas de juros idênticas em todos os países 26 Poderíamos sair daqui examinando as diferenças de retorno nomi nal no mercado cambial estrangeiro porque como o Capítulo 14 mostrou as diferenças de retorno nominal são iguais às diferenças de retorno real para qualquer investidor No contexto da demanda por moeda a taxa de juros nominal é a taxa de retorno real que você sacrifica ao manter moeda com juros M16KRUGXXXXC16indd 346 12915 618 PM 347 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo A taxa de juros real esperada representada por re é definida como a taxa de juros nominal R menos a taxa de inflação esperada πe r R e e π Em outras palavras a taxa de juros real esperada em um país é somente a taxa real de retorno que um residente nacional espera receber em um empréstimo de sua moeda A definição da taxa de juros real espe rada esclarece os aspectos gerais das forças por trás do efeito Fisher qualquer aumento na taxa de infla ção esperada que não altere a taxa de juros real espe rada deve ser refletido um por um na taxa de juros nominal Uma consequência útil da definição anterior é a fór mula para a diferença nas taxas de juros reais espera das entre duas áreas de moeda como Estados Unidos e Europa r r R R e e e e US E US E π π Se rearranjarmos a Equação 169 e combinarmos com a equação anterior temos a condição de paridade de juros real desejada r r q q q e e e US E 1610 A Equação 1610 parece muito com a condição de paridade de juros nominal da qual é derivada mas explica as diferenças nas taxas de juros reais esperadas entre os Estados Unidos e a Europa por movimentos esperados na taxa de câmbio real dólareuro As taxas de juros reais esperadas são as mesmas em diferentes países quando se espera que a PPC relativa seja mantida em cujo caso a Equação 1610 implica que re US re E No entanto de forma mais geral as taxas de juros reais esperadas em diferentes países não precisam ser iguais mesmo no longo prazo se a mudança contínua nos merca dos de produção é esperada27 Suponha por exemplo que se espera que a produtividade no setor de bens comerciali záveis da Coreia do Sul aumente durante as próximas duas décadas enquanto a produção de bens não comercializáveis sul coreanos e em todas as indústrias norte americanas fica estagnada Se a hipótese Balassa Samuelson é válida as pessoas deveriam esperar que o dólar norte americano sofra depreciação em termos reais em relação à moeda sul coreana o won enquanto os preços de bens não comer cializáveis sul coreanos tendem a subir A Equação 1610 portanto implica que a taxa de juros real esperada deveria ser maior nos Estados Unidos do que na Coreia do Sul Tais diferenças reais de juros implicam oportunida des de lucro não percebidas para investidores interna cionais Não necessariamente Uma diferença de juros real através das fronteiras implica que os residentes dos dois países notam diferentes taxas reais de retorno na riqueza Porém a paridade de juros nominal nos diz que qualquer investidor espera o mesmo retorno real em ati vos de moeda nacional e estrangeira Dois investidores que moram em diferentes países não precisam calcular essa única taxa real de retorno da mesma forma se a PPC relativa não liga os preços de suas cestas de consumo mas não existe uma maneira de os dois lucrarem desse desacordo mudando os fundos entre as moedas 27 Na análise dois períodos dos empréstimos internacionais no Capítulo 6 todos os países enfrentam uma única taxa de juros real mundial Entretanto a PPC relativa deve ser mantida nesta análise porque só existe uma mercadoria de consumo em cada período resumo 1 A teoria da paridade de poder de compra em sua forma ab soluta afirma que a taxa de câmbio entre as moedas de dois países é igual à razão dos níveis de preço desses paí ses medida pelos preços em dinheiro de uma cesta de refe rência de mercadorias Uma afirmação equivalente da PPC é que o poder de compra de qualquer moeda é o mesmo em qualquer país A PPC absoluta implica uma segunda versão da teoria PPC a PPC relativa que prevê que mudanças per centuais nas taxas de câmbio são iguais às diferenças nas taxas de inflação nacional 2 Um dos blocos da construção da teoria da PPC é a lei de preço único que afirma que sob competição livre e na ausência de impedimento de comércio uma mercadoria deve ser ven dida por um único preço independentemente do lugar do mundo no qual é vendida Os proponentes da teoria da PPC frequentemente argumentam entretanto que sua validade não exige que a lei de preço único seja mantida para cada mercadoria 3 A abordagem monetária à taxa de câmbio utiliza a PPC para explicar o comportamento de longo prazo da taxa de câm bio exclusivamente em termos de oferta e demanda de moeda Nessa teoria os diferenciais nos juros internacio nais resultam de taxas nacionais diferentes de inflação em curso como o efeito Fisher prevê Diferenças internacionais mantidas em taxas de crescimento monetário estão por sua vez por trás de diferentes taxas de longo prazo de in flação em curso Portanto a abordagem monetária consta ta que um aumento na taxa de juros do país será associado com uma depreciação de sua moeda A PPC relativa implica que diferenças de juros internacionais que se igualam à mudança percentual esperada na taxa de câmbio também se igualam à lacuna de inflação internacional esperada M16KRUGXXXXC16indd 347 12915 618 PM 348 Economia internacional 4 O apoio empírico para a PPC e para a lei de preço único é fraco em dados recentes A falha dessas proposições no mundo real é relacionada às barreiras do comércio e ao afastamento da livre concorrência fatores que podem re sultar em preços de mercado pelos exportadores Além dis so diferentes definições de níveis de preço em diferentes países atrapalham as tentativas de testar a PPC utilizando os índices de preço que os governos publicam Para alguns produtos incluindo vários serviços os custos de transpor te internacional são tão exorbitantes que esses produtos tornam se não comercializáveis 5 Os desvios da PPC relativa podem ser vistos como mudanças na taxa de câmbio real de um país o preço de uma cesta de despesas estrangeiras típica em termos de uma cesta de des pesas nacional típica Com todo o resto igual a moeda de um país sofre uma valorização real de longo prazo em relação às moedas estrangeiras quando a demanda relativa mundial por sua produção aumenta Nesse caso a taxa de câmbio real do país como acabamos de definir cai A moeda de um país sofre uma depreciação real de longo prazo em relação às moedas estrangeiras quando a produção nacional aumenta em relação à produção estrangeira Nesse caso a taxa de câmbio real aumenta 6 A determinação de longo prazo das taxas de câmbio nominais pode ser analisada combinando se duas teorias a teoria da taxa de câmbio real de longo prazo e a teoria de como os fatores monetários nacionais determinam os níveis de preço de longo prazo Um aumento gradual no estoque de moe da de um país por fim leva a um aumento proporcional em seu nível de preço e a uma queda proporcional no valor de sua moeda no câmbio estrangeiro assim como a PPC relati va prevê As mudanças nas taxas de crescimento monetário também têm efeitos de longo prazo consistentes com a PPC Mudanças de oferta e demanda nos mercados de produção entretanto resultam em movimentos de taxa de câmbio que não estão em conformidade com a PPC 7 A condição de paridade de juros igual se às diferenças inter nacionais em taxas de juros nominais para a mudança per centual esperada na taxa de câmbio nominal Se a paridade de juros é mantida nesse sentido a condição de paridade de juros iguala se às diferenças internacionais nas taxas de juros reais esperadas para a mudança esperada na taxa de câmbio real A paridade de juros real também implica que as diferen ças internacionais em taxas de juros nominais igualam se às diferenças na inflação esperada mais a mudança percentual esperada na taxa de câmbio real termos chAve abordagem monetária à taxa de câmbio p 327 depreciação real p 329 efeito Fisher p 329 lei de preço único p 325 paridade de poder de compra PPC p 324 PPC absoluta p 326 PPC relativa p 326 preços de mercado p 327 taxa de câmbio nominal p 339 taxa de câmbio real p 339 taxa de juros nominal p 346 taxa de juros real p 346 valorização real p 340 problemAs 1 Suponha que a taxa de inflação russa seja 100 em um ano mas a taxa de inflação da Suíça seja somente 5 De acordo com a PPC relativa o que deve acontecer durante o ano com a taxa de câmbio do franco suíço em relação ao rublo russo 2 Discuta por que se afirma frequentemente que os exporta dores sofrem quando suas moedas nacionais são valoriza das em termos reais em relação às moedas estrangeiras e prosperam quando suas moedas nacionais sofrem depre ciação em termos reais 3 Com o resto igual como você esperaria que as seguintes mudanças afetassem a taxa de câmbio real de uma moeda em relação às moedas estrangeiras a O nível geral de despesas não muda mas os residentes na cionais decidem gastar mais de sua renda em produtos não comercializáveis e menos em produtos comercializáveis b Os residentes estrangeiros mudam sua demanda para lon ge de suas próprias mercadorias e em direção às exporta ções de seu país 4 Guerras de grande escala normalmente trazem a suspensão do comércio internacional e das atividades financeiras As taxas de câmbio perdem muito de sua relevância sob essas condições mas uma vez que a guerra termina os gover nos que desejam fixar taxas de câmbio enfrentam o pro blema de decidir quais devem ser as novas taxas A teoria da PPC tem sido frequentemente aplicada a esse problema de realinhamento da taxa de câmbio pós guerra Imagine que você é um chanceler britânico do Exchequer e que a Primeira Guerra Mundial acabou agora Explique como você descobriria a taxa de câmbio dólarlibra implicada pela PPC Quando parece ser uma má ideia utilizar a teoria da PPC dessa forma 5 No fim da década de 1970 a Grã Bretanha parecia ter ficado rica Tendo desenvolvido seus campos de produ ção de petróleo no Mar Norte em anos anteriores a Grã Bretanha subitamente teve sua renda mais alta como resultado do drástico aumento nos preços do petróleo M16KRUGXXXXC16indd 348 12915 618 PM 349 Capítulo 16 Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo mundial em 1979 1980 Entretanto no início da década de 1980 os preços do petróleo recuaram conforme a eco nomia mundial deslizou para uma grande recessão e a demanda mundial de petróleo perdeu força No quadro a seguir mostramos números de índice para a média da taxa de câmbio real da libra em relação a várias moedas estrangeiras Tais índices médios de números são cha mados de taxas de câmbio eficazes Um aumento em um desses números indica uma valorização real da libra isto é um aumento no nível de preço britânico em relação ao nível de preço médio no exterior medido em libras Uma queda é uma depreciação real Taxa de câmbio real eficaz da libra esterlina 1976 1984 1980 100 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 683 665 722 814 1000 1028 1000 925 898 Fonte Fundo Monetário Internacional Estatísticas Financeiras Internacionais As medidas da taxa de câmbio real são baseadas nos índices de preços de produção líquidos chamados de deflatores de valor acrescentado Utilize as pistas que demos sobre a economia britânica para explicar o aumento e a queda da taxa de câmbio real eficaz da libra entre 1978 e 1984 Preste atenção especial ao papel dos bens não comercializáveis 6 Explique como mudanças permanentes nas funções de de manda real por moeda nacional afetam as taxas de câmbio real e nominal no longo prazo 7 No fim da Primeira Guerra Mundial o Tratado de Versalhes impôs uma indenização à Alemanha um grande pagamento anual para os Aliados vitoriosos Muitos historiadores acre ditam que essa indenização desempenhou um papel em desestabilizar os mercados financeiros no período entre guerras e até mesmo em trazer a Segunda Guerra Mun dial Na década de 1920 os economistas John Maynard Keynes e Bertil Ohlin tiveram um debate caloroso no Econo mic Journal sobre a possibilidade de que o pagamento por transferência imporia um segundo fardo à Alemanha pio rando seus termos de comércio Utilize a teoria desenvolvi da neste capítulo para discutir os mecanismos pelos quais uma transferência permanente da Polônia para a República Tcheca afetaria a taxa de câmbio real de zlotycoroa tcheca no longo prazo 8 Continuando com o problema anterior discuta como a transferência afetaria a taxa de câmbio nominal de longo prazo entre as duas moedas 9 Um país impõe uma tarifa aduaneira em importações do ex terior Como essa ação muda a taxa de câmbio real de longo prazo entre as moedas nacional e estrangeira Como essa taxa de câmbio nominal de longo prazo é afetada 10 Imagine que dois países idênticos restringiram importa ções em níveis iguais mas uma o fez utilizando tarifas aduaneiras e a outra o fez utilizando quotas Após essas políticas estarem em vigor os dois países passam por expansões idênticas e balanceadas de gastos nacionais Onde a expansão da demanda causa maior valorização real da moeda no país que utiliza a tarifa aduaneira ou no que utiliza a quota 11 Explique como a taxa de câmbio nominal dólareuro seria afetada com todo o resto igual por mudanças permanen tes na taxa esperada de depreciação real do dólar em rela ção ao euro 12 Você pode sugerir um evento que faria com que a taxa de juros nominal de um país aumente e sua moeda seja valori zada simultaneamente em um mundo de preços perfeita mente flexíveis 13 Suponha que a taxa de juros real esperada nos Estados Uni dos seja de 9 ao ano enquanto a taxa de juros na Europa seja de 3 ao ano O que você espera que aconteça com a taxa de câmbio real dólareuro durante o próximo ano 14 No curto prazo de um modelo com preços rígidos uma re dução na oferta de moeda aumenta a taxa de juros real e valoriza a moeda veja Capítulo 15 O que acontece à taxa de juros real esperada Explique por que o caminho subse quente da taxa de câmbio real satisfaz a condição de pari dade de juros real 15 Discuta a seguinte afirmação Quando uma mudança na taxa de juros nominal de um país é causada por um aumen to na taxa de juros real esperada a moeda nacional é valori zada Quando a mudança é causada por um aumento na in flação esperada a moeda sofre depreciação Pode ajudar se você olhar o Capítulo 15 16 As taxas de juros nominais são cotadas a uma série de prazos correspondendo a diferentes durações de em préstimos Por exemplo no fim de 2004 o governo norte americano poderia pegar empréstimos de dez anos a uma taxa de juros anual de pouco acima de 4 enquanto a taxa anual que paga nos empréstimos de somente três meses de duração estava pouco abaixo de 2 Uma taxa de juros anualizada de 2 em um empréstimo de três meses signi fica que se você pegou um dólar emprestado vai devolver US 1005 US 1 312 US 002 no fim dos três me ses embora não sempre as taxas de juros de longo prazo estão acima das taxas de curto prazo como no exemplo anterior de 2004 Em termos de efeito Fisher o que esse padrão diria sobre a inflação esperada eou a taxa de juros real futura esperada 17 Continuando com o problema anterior podemos definir as taxas reais de juros de curto e longo prazo Em todos os casos a taxa de juros real relevante anualizada isto é expressada em porcentagem por ano é a taxa de juros nominal anualizada no vencimento em questão menos a taxa de inflação anualizada esperada sobre o período do empréstimo Lembre se da evidência que a PPC relativa pa rece manter se melhor durante longos horizontes do que em curtos Nesse caso os diferenciais reais de juros interna cionais serão maiores em vencimentos mais curtos do que em vencimentos mais longos Explique seu raciocínio M16KRUGXXXXC16indd 349 12915 618 PM 350 Economia internacional 18 Por que pode ser verdade que a PPC relativa mantém se melhor no longo prazo do que no curto prazo Pense so bre como as empresas do comércio internacional reagem a grandes e persistentes diferenças que cruzam as fronteiras nos preços de mercadoria comercializável 19 Suponha que os residentes dos Estados Unidos consumam relativamente mais das mercadorias que os Estados Unidos exportam do que os residentes dos países estrangeiros Em outras palavras as mercadorias exportadas pelos Estados Unidos têm maior peso no IPC norte americano do que em outros países Contrariamente as exportações estrangeiras têm menor peso no IPC norte americano do que têm no ex terior Qual seria o efeito de um aumento na taxa de câm bio real do dólar nos termos de comércio norte americano o preço relativo das exportações norte americanas em ter mos de importações norte americanas 20 A revista The Economist apontou que o preço dos Big Macs é sistemática e positivamente relacionado com o nível de ren da do país assim como é o nível de preço geral lembre se do quadro Algumas evidências substanciais sobre a lei de preço único Se você for ao site do padrão de Big Mac do The Economist em httpwwweconomistcomcontentbig mac index encontrará uma planilha que contém os dados de sobresubvalorizarão para janeiro de 2013 assim como levantamentos dos anos anteriores Vá ao site dos Indicado res Mundiais de Desenvolvimento do Banco Mundial http dataworldbankorgindicator e encontre os dados mais re centes sobre GNI Renda Nacional Bruta per capita PPC para todos os países Utilize esses dados junto com os dados da The Economist sobre os preços em dólar do Big Mac para fazer um gráfico da renda per capita eixo horizontal versus o preço em dólar do Big Mac eixo vertical O que você encontrou ANDERSON J E WINCOOP E van Trade Costs Journal of Economic Literature v 42 p 691 751 set 2004 Um levantamento abrangente da natureza e dos efeitos dos custos do comércio internacional CASSEL G Post War Monetary Stabilization Nova York Columbia Uni versity Press 1928 Aplica a teoria da paridade de poder de compra das taxas de câmbio ao analisar os problemas monetários que vieram após a Primeira Guerra Mundial CUMBY R E Forecasting Exchange Rates and Relative Prices with the Hamburger Standard Is What You Want What You Get with McPa rity Working Paper 5675 National Bureau of Economic Research jul 1996 Estuda o poder de previsão estatística das medidas do Big Mac de sub e sobrevalorização DEATON A HESTON A Understanding PPPs and PPP Based National Accounts American Economic Journal Macroeconomics v 2 p 135 out 2010 Visão crítica de muitos obstáculos para construir compara ções internacionais de preço precisas DEVEREUX M B Real Exchange Rates and Macroeconomics Evidence and Theory Canadian Journal of Economics v 30 p 773 808 nov 1997 Revisa as teorias dos determinantes e efeitos das taxas de câm bio real DORNBUSCH R The Theory of Flexible Exchange Rate Regimes and Macroeconomic Policy In HERIN J LINDBECK A MYHRMAN J Eds Flexible Exchange Rates and Stabilization Policy Boulder CO Westview Press 1977 p 123 143 Desenvolve um modelo de longo prazo das taxas de câmbio incorporando mercadorias e serviços comercializá veis e não comercializáveis GOLDBERG P K KNETTER M M Goods Prices and Exchange Rates What Have We Learned Journal of Economic Literature v 35 p 1243 1272 set 1997 Excelente levantamento de evidência de micronível sobre a lei de preço único taxa de câmbio pass through e preço de mercado HUMMELS D Transportation Costs and International Trade in the Second Era of Globalization Journal of Economic Perspectives v 21 p 131 154 verão 2007 Levantamentos sobre a economia dos custos de transporte no comércio internacional moderno LEE J et al Exchange Rate Assessments CGER Methodologies Occasional Paper 261 Fundo Monetário Internacional 2008 Descreve modelos do FMI para avaliação de taxas de câmbio reais METZLER L A Exchange Rates and the International Monetary Fund In Políticas Monetárias Internacionais Postwar Economic Studies v 7 Washington DC Board of Governors of the Federal Reserve System 1947 p 1 45 O autor aplica a paridade de poder de compra com habi lidade e ceticismo para avaliar as taxas de câmbio fixas estabelecidas pelo Fundo Monetário Internacional após a Segunda Guerra Mundial MISHKIN F S The Economics of Money Banking and Financial Markets 10 ed UpperSaddle River NJ Prentice Hall 2013 O Capítulo 5 discute a inflação e o efeito Fisher ROGOFF K The Purchasing Power Parity Puzzle Journal of Economic Literature v 34 p 647 668 jun 1996 Levantamento crítico de teoria e trabalho empírico STOCKMAN A C The Equilibrium Approach to Exchange Rates Federal Reserve Bank of Richmond Economic Review v 73 p 1230 marabr 1987 Teoria e evidência em um modelo de equilíbrio de taxa de câm bio similar ao modelo de longo prazo desse capítulo TAYLOR A M TAYLOR M P The Purchasing Power Parity Debate Jour nal of Economic Perspectives v 18 p 135 158 outono 2004 Avalia pesquisas recentes sobre PPC leiturAs AdicionAis M16KRUGXXXXC16indd 350 12915 618 PM o efeito Fisher a taxa de juros e a taxa de câmbio sob a abordagem monetária de preço fl exível APÊNDICE DO CAPÍTULO 16 A abordagem monetária às taxas de câmbio que assume que os preços das mercadorias são perfeitamente flexíveis implica que a moeda de um país sofre deprecia ção quando suas taxas de juros nominais aumentam por causa de alta inflação futura esperada Este apêndice for nece uma análise detalhada desse resultado importante Considere novamente a taxa de câmbio eurodólar e imagine que a Reserva Federal aumente a taxa futura de crescimento da moeda norte americana pela quan tia π A Figura 16A1 fornece um diagrama que irá nos ajudar a acompanhar como vários mercados res pondem a essa mudança O quadrante inferior direito na figura é a nossa representação usual do equilíbrio no mercado monetá rio norte americano Ele mostra que antes do aumento no crescimento da oferta de moeda norte americana a taxa de juros em dólares iguala R1 ponto 1 O efeito Fisher nos diz que um aumento em π na taxa futura do crescimento de oferta de moeda norte americana com todo o resto igual aumentará a taxa de juros nominal em dólares para R2 R1 π ponto 2 Como o diagrama mostra o aumento na taxa de juros nominal de dólar reduz a demanda por moeda e portanto uma queda será necessária para reestabelecer o equilíbrio na oferta real de moeda Mas o estoque nominal de moeda não muda no curto prazo porque é somente a taxa futura do crescimento da oferta de moeda norte americana que aumentou O que acontece Dada a não alteração na oferta de moeda nominal M1 US um salto do nível de preço norte americano de P1 US para P2 US traz a redução necessária na detenção real da moeda norte americana A suposta flexibilidade de preços per mite que esse salto aconteça mesmo no curto prazo Para ver a resposta da taxa de câmbio voltamo nos para o quadrante inferior esquerdo A abordagem mone tária supõe a paridade de poder de compra implicando que ao passo que PUS aumenta embora o nível de preço europeu permaneça constante que foi o que supusemos a taxa de câmbio dólareuro E deve aumentar uma depreciação do dólar O quadrante inferior esquerdo da Figura 16A1 coloca em gráfico a relação implícita entre as detenções reais da moeda norte americana MUSPUS e a taxa de câmbio nominal E dada uma oferta de moeda nominal inalterada nos Estados Unidos e um nível de preço inalterado na Europa Utilizando a PPC podemos escrever a equação colocada no gráfico que é uma hipérbole inclinada para baixo como E P P M P M P US E US E US US Essa equação mostra que a queda na oferta real de moeda norte americana de M1 USP1 US para M1 USP2 US é associada com a depreciação do dólar na qual a taxa de câmbio nominal dólareuro aumenta de E1 para E2 mostrado como um movimento para a esquerda ao longo do eixo horizontal A linha de 45 graus no quadrante superior esquerdo da Figura 16A1 permite que você traduza a mudança da taxa de câmbio dada no quadrante inferior esquerdo para o eixo vertical do quadrante superior direito do diagrama O quadrante superior direito contém nossa representação do equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro Ali você pode ver que a depreciação do dólar em relação ao euro está associada com um movimento no equilíbrio do mercado de câmbio estrangeiro do ponto 1 para o ponto 2 A figura mostra por que o dólar sofre depreciação apesar do aumento em R A razão é um movimento para fora na linha incli nada para baixo que dá a taxa de retorno esperada em dólar para os depósitos de euro Por que aquela linha movimenta se para fora Um maior crescimento monetário futuro esperado implica depreciação futura esperada do dólar mais rápida em relação ao euro e portanto um aumento na atratividade dos depósitos de euro É a mudança nas expectativas que leva simul taneamente a um aumento na taxa de juros nominal em dólares e a uma depreciação do dólar no mercado cambial estrangeiro Para resumir não podemos prever como um aumento na taxa de juros do dólar afetará a taxa de câmbio do dólar sem saber por que a taxa nominal de juros aumentou Em um modelo de preço flexível no qual a taxa de juros nomi nal nacional aumenta por causa de um crescimento maior da oferta de moeda futura esperada a moeda nacional sofrerá depreciação e não valorização graças às expecta tivas de uma depreciação futura mais rápida M16KRUGXXXXC16indd 351 12915 618 PM 352 Economia internacional FIGURA 16A1 Como um aumento no crescimento monetário norte americano afeta a taxa de juros e a taxa de câmbio dólareuro quando preços de mercadorias são flexíveis Quando os preços das mercadorias são perfeitamente flexíveis o diagrama de equilíbrio de mercado monetário quadrante sudeste mostra dois efeitos de um aumento π na taxa futura do crescimento da oferta de moeda norte americana A mudança i aumenta a taxa de juros do dólar de R1 para R2 R2 π em linha com o efeito Fisher e ii faz com que o nível de preço norte americano suba de P1 US para P2 US O equilíbrio do mercado monetário portanto move se do ponto 1 para o ponto 2 Como M1 US não muda imediatamente a oferta de moeda norte americana real cai para M1 USP2 US trazendo a oferta de moeda real em linha com a demanda de moeda reduzida A relação da PPC no quadrante sudoeste mostra que o salto do nível de preço de P1 US para P2 US requer uma depreciação do dólar em relação ao euro a taxa de câmbio dólareuro move se para cima de E1 para E2 No diagrama do mercado cambial estrangeiro quadrante nordeste essa depreciação do dólar é mostrada como a mudança do ponto 1 para o ponto 2 O dólar sofre depreciação apesar do aumento em R porque expectativas intensificadas da depreciação futura do dólar em relação ao euro causam uma mudança para fora do local que está medindo o retorno em dólar esperado em depósitos de euro 1 2 1 2 Taxa de câmbio dólareuro E Taxa de câmbio dólareuro E Relação da PPC Saldos reais de moeda dos Estados Unidos Oferta norteamericana de moeda real Demanda monetária LR YUS Retorno esperado em depósitos de euro após o aumento na depreciação futura esperada do dólar Linha de 45 graus Retorno inicial esperado em depósitos de euro Taxas de retorno em termos de dólar E 2 E 1 E 1 R 1 R 2 R 1 π E 2 MUS 1 PUS 2 MUS 1 PUS 1 M16KRUGXXXXC16indd 352 12915 618 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 17 produção e a taxa de câmbio no curto prazo oBJetivos de aprendiZagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Explicar o papel da taxa de câmbio real na determinação da demanda agregada para a produção de um país Ver como o equilíbrio de curto prazo de uma economia aberta pode ser analisado como a in terseção de uma linha de equilíbrio de mercado de ativo AA e uma linha de equilíbrio de mer cado de produção DD Entender como as políticas monetária e fiscal afetam a taxa de câmbio e a produção nacional no curto prazo Descrever e interpretar os efeitos de longo prazo de mudanças de política macroeconômica permanentes Explicar a relação entre as políticas macroeconômicas o saldo da conta corrente e a taxa de câmbio As economias estadunidense e canadense registraram taxas negativas similares de cresci mento de produção durante 2009 ano de profunda recessão global Mas enquanto o dólar norte americano sofreu depreciação em relação às moedas estrangeiras em torno de 8 durante o ano o dólar canadense sofreu valorização de aproximadamente 16 O que explica essas expe riências contrastantes Ao completar o modelo macroeconômico construído nos últimos três capítulos este capítulo resolverá os fatores complicados que fazem mudar a produção as taxas de câmbio e a inflação Os capítulos 15 e 16 apresentaram as conexões entre as taxas de câm bio taxas de juros e níveis de preço mas sempre assumimos que os níveis de produção eram determinados fora do modelo Esses capítulos deram nos somente uma ideia parcial de como as mudanças macroeconômicas afetam uma economia aberta porque os eventos que mudam as taxas de câmbio taxas de juros e níveis de preço também podem afetar a produção Agora completamos essa ideia examinando como a produção e a taxa de câmbio são determinadas no curto prazo Nossa discussão combina o que aprendemos sobre mercados de ativos e o comportamento de longo prazo das taxas de câmbio com um novo elemento uma teoria de como o mercado de produção ajusta se às mudanças de demanda quando os preços de produtos em si são lentos para ajustarem se na economia Como aprendemos no Capítulo 15 fatores institucionais como contratos nominais de longo prazo podem dar origem a preços de mercado de produção resis tentes ou lentos em seu ajuste Ao combinar o modelo de curto prazo do mercado de produção com nossos modelos de câmbio estrangeiro e mercados monetários os mercados de ativos nós construímos um modelo que explica o comportamento de curto prazo de todas as variáveis macroeconômicas importantes em uma economia aberta O modelo de taxa de câmbio de longo prazo do capítulo anterior fornece o quadro que os participantes dos mercados de ativos utili zam para formar suas expectativas sobre as taxas de câmbio futuras Como as mudanças de produção podem impulsionar a economia para longe do emprego pleno as ligações entre a produção e as outras variáveis macroeconômicas como o saldo do comércio e a conta corrente são de grande preocupação para os decisores políticos de econo mia Na última parte deste capítulo utilizaremos nosso modelo de curto prazo para examinar como as ferramentas políticas macroeconômicas afetam a produção e a conta correte e como elas podem ser utilizadas para manter o emprego pleno M17KRUGXXXXC17indd 353 12915 619 PM 354 Economia internacional Determinantes da demanda agregada em uma economia aberta Para analisar como a produção é determinada no curto prazo quando os preços dos produtos são rígidos introdu zimos o conceito de demanda agregada para a produção de um país A demanda agregada é a quantidade de mer cadorias e serviços de um país demandada pelas famílias empresas e governos em todo o mundo Assim como a pro dução de uma mercadoria ou serviço individual depende em parte da demanda por ela o nível geral de curto prazo de produção de um país depende da demanda agregada por seus produtos A economia está em seu emprego pleno no longo prazo por definição porque os salários e o nível de preço eventualmente ajustam se para garanti lo No longo prazo a produção nacional portanto depende somente do fornecimento nacional disponível dos fatores de produção como mão de obra e capital Entretanto como veremos esses fatores produtivos podem ser super ou subempre gados no curto prazo como resultado de mudanças na demanda agregada que ainda não causaram seus efeitos de longo prazo por completo nos preços No Capítulo 13 aprendemos que a produção de uma economia é a soma de quatro tipos de despesas que geram a renda nacional consumo investimento compras de governo e a conta corrente Corresponden temente a demanda agregada para a produção de uma economia aberta é a soma da demanda de consumo C demanda de investimento I demanda do governo G e a demanda de exportação líquida isto é a conta corrente CACada um desses componentes de demanda agre gada depende de vários fatores Nesta seção examina mos os fatores que determinam a demanda de consumo e a conta corrente Discutiremos a demanda do governo mais tarde neste capítulo quando examinarmos os efei tos da política fiscal Para o momento assumiremos que G é dado Para evitar complicar nosso modelo também assumi mos que a demanda de investimento é dada Os determinantes da demanda de investimento são incorpo rados no modelo no Apêndice On line deste capítulo Determinantes da demanda de consumo Neste capítulo vamos ver a quantidade que os resi dentes de um país desejam consumir dependendo da renda disponível Yd isto é a renda nacional menos impostos Y T1 C Y e T são todos medidos em termos de unidades de produção nacional Com essa suposição o nível de consumo desejado de um país pode ser escrito como uma função da renda disponível C CYd Como cada consumidor naturalmente demanda mais mercadorias e serviços conforme sua renda aumenta esperamos também que o consumo aumente conforme a renda disponível cresça no nível agregado Portanto a demanda de consumo e a renda disponível são positi vamente relacionadas Entretanto quando a renda dis ponível cresce a demanda de consumo geralmente sobe menos porque parte da renda que aumenta é poupada Determinantes da conta corrente O saldo de conta corrente visto como a demanda pelas exportações de um país menos a demanda por importações do país é determinado por dois fatores principais a taxa de câmbio nacional real em relação à moeda estrangeira isto é o preço de uma cesta de des pesas típica estrangeira em termos de cestas de despesas nacional e a renda nacional disponível Na realidade a conta corrente de um país depende de muitos outros fatores como o nível de despesa estrangeira mas para o momento definimos esses outros fatores como cons tantes2 Expressamos o saldo de conta corrente de um país como uma função da taxa de câmbio real de sua moeda q EPP e da renda nacional disponível Yd CA CAEPP Yd Como um lembrete da discussão do último capítulo note que os preços da moeda nacional das cestas de des pesas representativas nacional e estrangeira são respecti vamente EP e P onde E a taxa de câmbio nominal é o preço da moeda estrangeira em termos de moeda nacio nal P é o nível de preço estrangeiro e P é o nível de preço nacional A taxa real de câmbio q definida como o preço da cesta estrangeira em termos da cesta nacional é portanto EPP Se por exemplo a cesta representa tiva de mercadorias e serviços europeus custa 40 P a cesta representativa norte americana custa US 50 P e a taxa de câmbio dólareuro é US 110 por euro E então 1 Um modelo mais completo permitiria outros fatores como riqueza real renda futura esperada e taxa de juros real para afetar os planos de consumo O Apêndice 1 deste capítulo liga a formulação aqui à teoria microeconômica do consumidor que foi a base de nossa discussão no Apêndice do Capítulo 6 2 Como a nota de rodapé anterior observou estamos ignorando uma série de fatores como a riqueza e as taxas de juros que afetam o consu mo juntamente com a renda disponível Já que alguma parte de qualquer mudança de consumo vai para as importações esses determinantes de consumo omitidos também ajudam a determinar a conta corrente Seguindo a convenção do Capítulo 13 também estamos ignorando as transferências unilaterais ao analisar o saldo da conta corrente M17KRUGXXXXC17indd 354 12915 619 PM 355 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo o preço da cesta europeia em termos de cestas norte americanas é EP P 110 40 cesta europeia 50 cesta norteamericana 088 cestas norteamericanascesta europeia Mudanças de taxa de câmbio real afetam a conta corrente porque refletem as mudanças nos preços de mercadorias e serviços nacionais em relação às merca dorias e serviços estrangeiros A renda disponível afeta a conta corrente por meio de seu efeito na despesa total dos consumidores nacionais Para compreender como esses efeitos da taxa de câmbio real e renda disponível funcionam é útil olhar separadamente para a demanda por exportações de um país EX e a demanda por importações pelos residentes do país IM Como vimos no Capítulo 13 a conta corrente é relacionada com exportações e importações pela identidade CA EX IM quando CA EX e IM são todas medidas em termos de produção nacional Como as variações cambiais afetam a conta corrente Você vai lembrar se que uma cesta nacional repre sentativa de despesas inclui alguns produtos importa dos mas coloca maior peso em mercadorias e serviços produzidos nacionalmente Ao mesmo tempo a cesta estrangeira representativa está inclinada para mercado rias e serviços produzidos no país estrangeiro Portanto um aumento no preço da cesta estrangeira em termos de cestas nacionais digamos será associado com um aumento no preço relativo da produção estrangeira em geral relacionada à produção nacional3 Para determinar como a mudança no preço relativo da produção nacional afeta a conta corrente com o resto igual devemos perguntar como ela afeta a EX e a IM Quando EPP aumenta por exemplo os produ tos estrangeiros tornaram se mais caros em relação aos produtos nacionais cada unidade de produção nacio nal agora compra menos unidades de produção estran geira Os consumidores estrangeiros responderão a essa mudança de preço uma depreciação real da moeda nacional demandando mais de nossas exportações Essa resposta dos estrangeiros vai portanto aumentar EX e melhorar a conta corrente nacional O efeito do aumento da mesma taxa de câmbio real na IM é mais complicado Os consumidores nacionais respondem à mudança de preço comprando menos unidades dos produtos estrangeiros mais caros No entanto a resposta deles não implica que IM deve cair porque IM representa o valor das importações medido em termos de produção nacional não o volume dos produtos estrangeiros importados Já que um aumento em EPP uma depreciação real da moeda nacional tende a aumentar o valor de cada unidade de importa ção em termos de unidades de produção nacional as importações medidas em unidades de produção nacio nal podem surgir como resultado desse aumento em EPP mesmo se as importações caírem quando medi das em unidades de produção estrangeira Portanto a IM aumenta ou diminui quando EPP aumenta de forma que o efeito de uma mudança da taxa de câmbio real na conta corrente CA é ambíguo Se a conta corrente melhora ou piora isso depende de qual efeito da mudança da taxa de câmbio real é dominante o efeito volume das despesas de um con sumidor que muda as quantidades de exportação e importação ou o efeito de valor que muda a produção nacional equivalente de um dado volume de importa ções estrangeiras Assumimos para o momento que o efeito de volume de uma mudança na taxa de câmbio real sempre supera o efeito de valor de forma que com todo o resto igual a depreciação real da moeda melhora a conta corrente e uma valorização real da moeda piora a conta corrente4 Embora tenhamos expressado nossa discussão das taxas de câmbio reais e da conta corrente em termos de repostas dos consumidores as respostas dos produtores são tão importantes quanto as dos consumidores e tra balham da mesma forma Quando a moeda de um país sofre depreciação em termos reais as empresas estran geiras descobrirão que o país pode fornecer insumos de produção intermediários mais baratos Esses efeitos tornaram se mais fortes como resultado da tendência crescente de empresas multinacionais em instalar dife rentes estágios de seus processos de produção em uma série de países Por exemplo a fabricante alemã de car 3 A taxa de câmbio real está sendo utilizada aqui essencialmente como uma medida de resumo conveniente dos preços relativos de produtos na cionais em relação aos estrangeiros Uma análise mais exata mas muito mais complicada trabalharia explicitamente com funções de demanda e oferta separadas para os bens não comercializáveis e os comercializáveis de cada país mas levaria a conclusões bem parecidas com aquelas que chegaremos a seguir 4 Essa suposição exige que as demandas de importação e exportações sejam relativamente elásticas com respeito à taxa de câmbio real O Apên dice 2 deste capítulo descreve uma condição matemática precisa chamada de condição de Marshall Lerner sob a qual a suposição no texto é válida O apêndice também examina a evidência empírica no horizonte temporal sobre o qual a condição de Marshall Lerner é mantida M17KRUGXXXXC17indd 355 12915 619 PM 356 Economia internacional ros BMW pode mudar a produção da Alemanha para sua fábrica Spartanbur na Carolina do Sul se a depre ciação do dólar baixar o custo relativo de produção nos Estados Unidos A mudança de produção representa um aumento na demanda mundial pela produção e mão de obra norte americana Como as mudanças da renda disponível afetam a conta corrente O segundo fator que influencia a conta corrente é a renda nacional disponível Já que um aumento em Yd faz com que os consumidores nacionais aumentem seus gastos em todas as mercadorias incluindo as importa ções do exterior um aumento na renda disponível com todo o resto igual piora a conta corrente Um aumento em Yd não tem efeito na demanda de exportação porque mantemos a renda estrangeira constante e não permiti mos que Yd a afete A Tabela 171 resume nossa discussão de como as mudanças da taxa de câmbio real e da renda disponível influenciam a conta corrente nacional renda disponível da demanda de investimento e da des pesa do governo D D EPP Y T I G Agora queremos ver como a demanda agregada depende da taxa de câmbio real e do PNB nacional dado o nível de impostos T a demanda de investimento I e as compras de governo G5 A taxa de câmbio real e a demanda agregada Um aumento em EPP torna as mercadorias e ser viços mais baratos em relação às mercadorias e servi ços estrangeiros e muda tanto a despesa nacional como a estrangeria de mercadorias estrangeiras para merca dorias nacionais Como resultado CA aumenta como assumimos na seção anterior e a demanda agregada D portanto sobe Uma depreciação real da moeda nacio nal com todo o resto igual aumenta a demanda agregada pela produção nacional uma valorização real diminui a demanda agregada por produção nacional Renda real e demanda agregada O efeito da renda real nacional na demanda agre gada é um pouco mais complicado Se os impostos são fixos a um nível dado um aumento em Y representa um aumento igual na renda disponível Yd Embora esse aumento em Yd faça o consumo subir ele piora a conta corrente aumentando a despesa nacional em importa ções estrangeiras O primeiro desses efeitos aumenta a demanda agregada mas o segundo a diminui Porém já que o aumento no consumo é dividido entre maior despesa em produtos nacionais e maior despesa em importações estrangeiras o primeiro efeito o da renda disponível no consumo total é maior do que o segundo o efeito da renda disponível só na despesa de importa ção Portanto um aumento na renda real com todo o resto igual aumenta a demanda agregada pela produção nacional e uma queda na renda real nacional diminui a demanda agregada pela produção nacional A Figura 171 mostra a relação entre a demanda agre gada e a renda real Y para valores fixos da taxa de câm bio real impostos demanda de investimento e despesa de governo Quando Y aumenta o consumo sobe por uma fração do aumento na renda Parte desse aumento no consumo aliás vai em despesas de importação O efeito 5 Como observado acima o investimento I é tomado como dado embora possamos imaginar que ele mude por razões que estão fora do modelo em outras palavras assumimos que é uma variável exógena em vez de endógena Fazemos a mesma suposição sobre G Não seria difícil fazer I endógena entretanto como é feito no Apêndice Online onde o investimento é uma função declinante da taxa de juros nacional real Essa é a suposição feita no modelo padrão IS LM dos cursos intermediários de macroeconomia Para uma dada taxa de câmbio futura esperada e um dado nível de produção de pleno emprego o modelo do Apêndice Online implica que a demanda de investimento pode ser expressa como IEY onde um aumento em E depreciação da moeda nacional aumenta a demanda de investimento assim como um aumento na produção Y Modelar o investimento dessa forma dentro deste capítulo não mudaria nossas previsões de forma significativa tAbelA 171 Fatores que determinam a conta corrente Mudança Efeito na conta corrente CA Taxa de câmbio real EPP CA Taxa de câmbio real EPP CA Renda disponível Yd CA Renda disponível Yd CA A equação da demanda agregada Agora combinamos os quatro componentes da demanda agregada para chegar a uma expressão para a demanda agregada total representada por D D CY T I G CAEPP Y T na qual escrevemos a renda disponível Yd como a pro dução Y menos os impostos T Essa equação mostra que a demanda agregada por produção nacional pode ser escrita como uma função da taxa de câmbio real da M17KRUGXXXXC17indd 356 12915 619 PM FIGURA 171 Demanda agregada como uma função de produção A demanda agregada é uma função da taxa de câmbio real EPP renda disponível Y T demanda de investimento I e o gasto do governo G Se todos os outros fatores permanecem inalterados um aumento na produção renda real Y aumenta a demanda agregada Como o aumento na demanda agregada é menor do que o aumento na produção a inclinação da função da demanda agregada é menor do que 1 como indicado por sua posição dentro do ângulo de 45 graus FIGURA 172 A determinação da produção no curto prazo No curto prazo a produção é estabelecida em Y1 ponto 1 onde a demanda agregada D1 igualase à demanda de produção Y1 359 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo em P fará com que a produção seja contraída com todo o resto igual Um aumento em P com E e P mantidos fixos por exemplo faz com que os produtos nacionais sejam mais caros em relação aos produtos estrangeiros reduz a demanda agregada para produção nacional e faz com que a produção caia Derivando a relação DD Se assumirmos que P e P são fixos no curto prazo uma depreciação da moeda nacional um aumento em E é associado com um aumento na produção nacional Y enquanto uma valorização uma queda em E é associada com uma queda em Y Essa associação nos dá uma das duas relações entre E e Y necessárias para descrever o comportamento macroeconômico de curto prazo de uma economia aberta Resumimos essa relação pela relação DD que mostra todas as combinações de produção e taxa de câmbio para as quais o mercado de produção está no equilíbrio de curto prazo demanda agregada produção agregada A Figura 174 mostra como obter a relação DD que relaciona E e Y quando P e P são fixos A parte de cima reproduz o resultado da Figura 173 uma depreciação da moeda nacional altera a função de demanda agre gada para cima fazendo a produção aumentar A rela ção DD na parte de baixo coloca em gráfico a relação resultante entre a taxa de câmbio e a produção dado que P e P são mantidos constantes O ponto 1 na rela ção DD dá o nível de produção Y1 no qual a demanda estrangeira isto é um aumento em E de E1 para E2 para valores fixos de nível de preço nacional P e nível de preço estrangeiro P Com os níveis de preço fixos nacionalmente e no exterior o aumento na taxa de câm bio nominal torna as mercadorias e serviços estrangei ros mais caros em relação aos nacionais Essa mudança de preço relativo altera a linha de demanda agregada para cima A queda no preço relativo da produção nacional altera a linha de demanda agregada para cima porque a cada nível de produção nacional a demanda por pro dutos nacionais é maior Por exemplo os consumidores norte americanos e estrangeiros de carros parecidos mudam suas demandas em direção aos modelos norte americanos quando o dólar sofre depreciação A pro dução expande de Y1 para Y2 ao passo que as empresas se defrontam com excesso de demanda nos níveis ini ciais de produção Embora tenhamos considerado o efeito de uma mudança em E com P e P mantidos fixos é fácil analisar os efeitos das mudanças em P ou P na produção Qual quer aumento na taxa de câmbio real EPP seja por um aumento em E um aumento em P ou uma queda em P causará uma alteração para cima na função de demanda agregada e uma expansão da produção com todo o resto igual Um aumento em P por exemplo tem efeitos qualitativos idênticos àqueles de um aumento em E Similarmente qualquer queda em EPP pouco impor tando a causa uma queda em E em P ou um aumento FIGURA 173 Efeito de produção de uma depreciação da moeda com preços de produção fixos Um aumento na taxa de câmbio de E1 para E2 uma depreciação da moeda aumenta a demanda agregada para Demanda agregada E2 e a produção para Y2 com todo o resto igual Demanda agregada D Produção Y Y 1 Y 2 1 2 D Y Demanda agregada E 2 Demanda agregada E1 Moeda deprecia M17KRUGXXXXC17indd 359 12915 619 PM 360 Economia internacional agregada iguala se à oferta agregada quando a taxa de câmbio é E1 Uma depreciação da moeda para E2 leva a um maior nível de produção Y2 de acordo com a parte de cima da figura e essa informação permite nos locali zar o ponto 2 na DD Fatores que mudam a relação DD Uma série de fatores afeta a posição da relação DD os níveis de demanda do governo os impostos e o inves timento os níveis de preço nacional e estrangeiro as variações no comportamento do consumo nacional e a demanda estrangeira por produção nacional Para com preender os efeitos das mudanças em cada um desses fatores devemos estudar como a relação DD se altera quando existem mudanças Nas discussões seguintes assumimos que todos os fatores permanecem fixos 1 Uma mudança em G A Figura 175 mostra o efeito em DD de um aumento nas compras de governo de G1 para G2 dada uma taxa de câmbio constante de E0 Um exemplo disso seria o aumento nas despe sas militares e de segurança norte americana subse quente aos ataques de 11 de setembro de 2001 Como mostrado na parte de cima da figura a taxa de câm bio E0 leva a um nível de produção de equilíbrio Y1 no nível inicial da demanda do governo Então o ponto 1 é um ponto de DD1 Um aumento em G faz com que a linha de demanda agregada na parte de cima da figura mude para cima Com todo o resto permanecendo inalterado a pro dução aumenta de Y1 para Y2 O ponto 2 na parte de baixo mostra o maior nível de produção no qual a demanda e a oferta agregadas agora são iguais dada uma taxa de câmbio inalterada de E0 O ponto 2 agora é a nova curva DD DD2 Para qualquer taxa de câmbio dada o nível de produ ção que iguala a demanda e a oferta agregada é maior FIGURA 174 Derivando a relação DD A relação DD mostrada no painel inferior inclina se para cima porque um aumento na taxa de câmbio de E1 para E2 com todo o resto igual faz com que a produção aumente de Y1 para Y2 Taxa de câmbio E Y 1 Y 2 1 2 DD Demanda agregada D Produção Y Produção Y Y 1 Y 2 E 2 E1 D Y Demanda agregada E 2 Demanda agregada E1 M17KRUGXXXXC17indd 360 12915 619 PM 361 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo após o aumento em G Isso implica que um aumento em G faz com que DD mude para a direita como mos trado na Figura 175 Similarmente uma diminuição em G faz com que DD mude para a esquerda O método e o raciocínio que acabamos de utili zar para estudar como um aumento em G altera a curva DD pode ser aplicado para todos os casos que seguem Aqui resumimos os resultados Para tes tar sua compreensão utilize diagramas similares à Figura 175 para ilustrar como os fatores econômi cos listados a seguir mudam as curvas 2 Uma mudança em T Os impostos T afetam a de manda agregada mudando a renda disponível e por tanto o consumo para qualquer nível de Y Segue se que um aumento nos impostos faz com que a fun ção da demanda agregada da Figura 171 mude para baixo dada a taxa de câmbio E Já que esse efeito é o oposto ao de um aumento em G um aumento em T deve fazer com que a relação DD mude para a esquerda Similarmente uma queda em T como o corte de imposto promulgado após 2001 pelo presi dente norte americano George W Bush causa uma mudança para a direita da DD 3 Uma mudança em I Um aumento na demanda de in vestimento tem o mesmo efeito que um aumento em G a linha de demanda agregada muda para cima e DD muda para a direita Uma queda na demanda de investimento muda DD para a esquerda 4 Uma mudança em P Dados E e P um aumento em P faz com que a produção nacional seja mais cara em relação à estrangeira e diminui a demanda líquida de exportação A relação DD muda para FIGURA 175 Demanda do governo e a posição da relação DD Um aumento na demanda do governo de G1 para G2 aumenta a produção em todo nível da taxa de câmbio A mudança portanto altera DD para a direita Taxa de câmbio E Y 1 Y 2 1 Demanda agregada D Produção Y Produção Y Y1 Y 2 E 0 D Y DE 0PP Y T I G2 DD1 DD2 2 DE 0PP Y T I G1 Curvas de demanda agregada Gastos do governo aumentam M17KRUGXXXXC17indd 361 12915 619 PM 362 Economia internacional a esquerda ao passo que a demanda agregada cai Uma queda em P faz com que as mercadorias na cionais fiquem mais baratas e causa uma mudança de DD para a direita 5 Uma mudança em P Dados E e P um aumento em P faz com que as mercadorias e serviços estrangei ros sejam relativamente mais caros A demanda agre gada para produção nacional portanto aumenta e DD muda para a direita Similarmente uma queda em P faz com que DD mude para a esquerda 6 Uma mudança na função do consumo Suponha que os residentes da economia subitamente decidam que querem consumir mais e poupar menos em cada nível de renda disponível Isso poderia ocorrer por exemplo se os preços das casas aumentassem e os proprietários fizessem empréstimo em relação a sua riqueza adicional Se o aumento na despesa de con sumo não for inteiramente dedicado para importa ções do exterior a demanda agregada pela produção nacional aumenta e a linha de demanda agregada muda para cima em qualquer taxa de câmbio dada E Isso implica uma mudança para a direita da rela ção DD Uma queda independente no consumo se não for inteiramente por causa de uma queda na im portação de demanda muda DD para a esquerda 7 Uma mudança na demanda entre mercadorias es trangeiras e nacionais Suponha que não exista ne nhuma mudança na função do consumo nacional mas os residentes nacionais e estrangeiros subita mente decidam dedicar mais de seus gastos para mercadorias e serviços produzidos no país de ori gem Por exemplo medo da doença da vaca louca no exterior aumenta a demanda por produtos de carne bovina norte americana Se a renda nacional disponível e a taxa de câmbio real permanecem as mesmas a mudança da demanda melhora a conta corrente aumenta as exportações e diminui as importações A linha de demanda agregada muda para cima e DD portanto muda para a direita O mesmo raciocínio mostra que uma mudança na de manda mundial para longe dos produtos nacionais e em direção aos produtos estrangeiros faz com que DD mude para a esquerda Você pode ter reparado que uma simples regra lhe permite prever o efeito em DD de qualquer das altera ções que discutimos qualquer alteração que aumenta a demanda agregada para a produção nacional muda a rela ção DD para a direita Qualquer alteração que diminua a demanda agregada para a produção nacional muda a rela ção DD para a esquerda Equilíbrio de mercado de produção em curto prazo a relação AA Agora obtivemos o primeiro elemento em nossa conta para a taxa de câmbio de curto prazo e a deter minação de renda a relação entre a taxa de câmbio e a produção que é consistente com a igualdade da oferta e demanda agregada A relação é resumida pela rela ção DD que mostra todos os níveis da taxa de câmbio e produção nos quais o mercado de produção está em equilíbrio de curto prazo No entanto como observa mos no começo da seção anterior o equilíbrio na eco nomia como um todo requer equilíbrio nos mercados de ativos assim como no mercado de produção e não há nenhuma razão por que em geral pontos na relação DD deveriam levar ao equilíbrio de mercado de ativos Portanto para completar a história do equilíbrio de curto prazo nós introduzimos um segundo elemento para garantir que a taxa de câmbio e o nível de produ ção consistentes com o equilíbrio do mercado de pro dução também sejam consistentes com o equilíbrio do mercado de ativos A relação entre a taxa de câmbio e as combinações de produção que são consistentes com o equilíbrio no mercado monetário nacional e no mercado cambial estrangeiro é chamada de relação AA Produção a taxa de câmbio e o equilíbrio do mercado de ativos No Capítulo 14 estudamos a condição de paridade de juros que afirma que o mercado cambial estran geiro está em equilíbrio somente quando as taxas de retorno esperadas em depósitos nacionais e estrangei ros são iguais No Capítulo 15 aprendemos como a taxa de juros que entra na relação de paridade de juros é determinada pela igualdade da oferta real de moeda e da demanda real de moeda nos mercados monetários nacionais Agora combinamos essas condições de equi líbrio do mercado de ativos para ver como a taxa de câmbio e a produção devem estar relacionadas quando todos os mercados de ativos ficam equilibrados simulta neamente Como o foco para o momento é na economia nacional a taxa de juros estrangeira é aceita como dada Para uma taxa de câmbio futura esperada Ee a con dição de paridade de juros que descreve o equilíbrio do mercado cambial estrangeiro é a Equação 142 R R Ee EE onde R é a taxa de juros em depósitos de moeda nacional e R é a taxa de juros em depósitos de moeda estrangeira M17KRUGXXXXC17indd 362 12915 619 PM 363 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo No Capítulo 15 vimos que a taxa de juros nacional que satisfaz a condição de paridade de juros também deve igualar a oferta real de moeda nacional MsP para agre gar a demanda real de moeda veja a Equação 154 MsP LR Y Você vai lembrar se que a demanda agregada por moeda real LR Y aumenta quando a taxa de juros cai porque uma queda em R torna os ativos não mone tários que pagam juros menos atraentes de serem man tidos Contrariamente um aumento na taxa de juros diminui a demanda real por moeda Um aumento na produção real Y aumenta a demanda real por moeda aumentando o volume das transações monetárias que as pessoas devem realizar e uma queda na produção real reduz a demanda real por moeda reduzindo as transa ções de que as pessoas precisam Agora utilizamos ferramentas diagramáticas desenvol vidas no Capítulo 15 para estudar as mudanças na taxa de câmbio que devem acompanhar as mudanças de pro dução de forma que os mercados de ativos permaneçam em equilíbrio A Figura 176 mostra a taxa de juros de equilíbrio nacional e a taxa de câmbio associadas com o nível de produçãoY1 para uma oferta nominal de moeda dada Ms um nível de preço nacional dado P uma taxa de juros estrangeira R e um valor dado da taxa de câmbio futura esperada Ee Na parte inferior da figura vemos que com uma produção real em Y1 e a oferta real de moeda em MsP a taxa de juros R1 equilibra o mercado monetário nacional ponto 1 enquanto a taxa de câmbio E1 equilibra o mercado cambial estrangeiro ponto 1 A taxa de câm bio E1 equilibra o mercado cambial estrangeiro porque iguala a taxa de retorno esperada em depósitos estrangei ros medida em termos de moeda nacional R1 FIGURA 176 Produção e a taxa de câmbio no equilíbrio do mercado de ativos Para os mercados de ativos câmbio estrangeiro e moeda permanecerem em equilíbrio um aumento na produção deve ser acompanhado por uma valorização da moeda com todo o resto igual Ms P Taxa de câmbio E 1 2 LR Y 1 1 2 0 R1 R 2 Oferta de moeda real Saldos reais de moeda nacional Taxa de juros nacional R Retorno em moeda nacional de depósitos de moeda estrangeira E1 E 2 LR Y 2 Mercado cambial estrangeiro Mercado monetário Produção aumenta Curvas de demanda por moeda M17KRUGXXXXC17indd 363 12915 619 PM 364 Economia internacional Um aumento na produção de Y1 para Y2 aumenta a demanda agregada por moeda real de LR Y1 para LR Y2 mudando a linha de demanda por moeda completa na parte de baixo da Figura 176 Essa mudança por sua vez aumenta a taxa de juros de equilíbrio nacional para R2 ponto 2 Com Ee e R fixos a moeda nacional deve sofrer valorização de E1 para E2 para trazer o mercado cambial estrangeiro de volta ao equilíbrio no ponto 2 A moeda nacional sofre valorização apenas o suficiente para que o aumento na taxa na qual se espera que ela sofra depreciação no futuro compense o aumento da van tagem da taxa de juros dos depósitos em moeda nacional Para os mercados de ativos permanecerem em equilíbrio um aumento na produção nacional deve ser acompanhado de uma valorização da moeda nacional com todo o resto igual e uma queda na produção nacional deve ser acompa nhada por uma depreciação Derivando a relação AA Enquanto a relação DD traça as taxas de câmbio e os níveis de produção nos quais o mercado de produ ção está em equilíbrio a relação AA relaciona as taxas de câmbio e os níveis de produção que mantêm os mer cados monetário e cambial estrangeiro em equilíbrio A Figura 177 mostra a relação AA A partir da Figura 176 vemos que para qualquer nível de produção Y existe uma taxa de câmbio única E que satisfaz a condi ção de paridade de juros dadas a oferta real de moeda a taxa de juros estrangeira e a taxa de câmbio futura esperada Nosso raciocínio anterior nos diz que com todas as outras coisas iguais um aumento em Y1 para Y2 produzirá uma valorização da moeda nacional isto é uma queda na taxa de câmbio de E1 para E2 A relação AA portanto tem uma inclinação negativa como mos trado na Figura 177 Fatores que mudam a relação AA Cinco fatores fazem com que a relação AA mude alterações na oferta de moeda nacional Ms mudan ças no nível de preço nacional P mudanças na taxa de câmbio futura esperada Ee mudanças na taxa de juros estrangeira R e alterações na linha de demanda agre gada por moeda real 1 Uma mudança em Ms Para um nível fixo de produ ção um aumento em Ms faz com que a moeda na cional sofra depreciação no mercado cambial estran geiro com todo o resto igual isto é E aumenta Já que para cada nível de produção a taxa de câmbio E é maior após o aumento em Ms esse aumento faz AA mudar para cima Similarmente uma queda em Ms faz AA mudar para baixo 2 Uma mudança em P Um aumento em P reduz a oferta real de moeda e leva a taxa de juros para cima Com o resto incluindo Y igual esse aumento na taxa de juros faz com que E caia O efeito de um au mento em P é portanto uma mudança de AA para baixo Uma queda em P resulta em uma mudança de AA para cima 3 Uma mudança em Ee Suponha que os participantes do mercado cambial estrangeiro subitamente reve jam suas expectativas sobre o valor futuro da taxa de câmbio de forma que Ee aumenta Tal mudança altera a curva na parte de cima da Figura 176 que mede o retorno esperado em moeda nacional de de pósitos em moeda estrangeira para a direita O au mento em Ee portanto faz a moeda nacional sofrer depreciação com todo o resto igual Como a taxa de câmbio que produz o equilíbrio no mercado cambial estrangeiro é maior após um aumento em Ee dada a produção AA move se para cima quando um au mento na taxa de câmbio futura esperada acontece E move se para baixo quando a taxa de câmbio fu tura esperada cai 4 Uma mudança em R Um aumento em R aumenta o retorno esperado em depósitos de moeda estrangeira e portanto move a linha inclinada para baixo no topo da Figura 176 para a direita Dada a produção a moeda nacional deve sofrer depreciação para restaurar a pa ridade de juros Um aumento em R portanto tem o FIGURA 177 A relação AA A relação de equilíbrio do mercado de ativos AA inclina se para baixo porque um aumento na produção de Y1 para Y2 com todo o resto igual causa um aumento na taxa de juros nacional e uma valorização da moeda nacional de E1 para E2 Taxa de câmbio E Produção Y 1 2 E1 E 2 Y1 Y 2 AA M17KRUGXXXXC17indd 364 12915 619 PM 365 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo mesmo efeito em AA que um aumento em Ee causa uma mudança para cima Uma queda em R resulta em uma mudança de AA para baixo 5 Uma mudança na demanda real de moeda Suponha que os residentes nacionais decidam que preferem manter menores saldos reais de moeda em cada nível de pro dução e taxa de juros Tal mudança em preferências de ativos a serem mantidos é uma redução na demanda por moeda Uma redução na demanda por moeda im plica uma mudança para dentro da função da demanda agregada por moeda real L RY para qualquer nível fixo de Y e portanto resulta em uma taxa de juros menor e em um aumento em E Portanto uma redução na demanda por moeda tem o mesmo efeito que um aumento na oferta de moeda que é uma mudança de AA para cima A alteração oposta de um aumento na demanda por moeda mudaria AA para baixo Equilíbrio de curto prazo para uma economia aberta juntando as relações DD e AA Assumindo que os preços de produção são tempora riamente fixos obtivemos duas relações separadas para a taxa de câmbio e para os níveis de produção a relação DD ao longo da qual o mercado de produção está em equi líbrio e a relação AA ao longo da qual os mercados de ativos estão em equilíbrio Um equilíbrio de curto prazo para a economia como um todo deve apoiar se nas duas relações porque tal ponto deve trazer equilíbrio simultâ neo nos dois mercados Podemos portanto encontrar o equilíbrio de curto prazo encontrando a interseção das relações DD e AA Outra vez é a suposição de que os preços de produção nacional estão temporariamente fixos que faz dessa interseção um equilíbrio de curto prazo A análise nesta seção continua a assumir que a taxa de juros estrangeira R o nível de preço estrangeiro P e a taxa de câmbio futura esperada Ee também são fixos A Figura 178 combina as relações DD e AA para localizar o equilíbrio A interseção de DD e AA no ponto 1 é a única combinação de taxa de câmbio e produção consistente tanto com a igualdade da demanda agre gada e a oferta agregada quanto com o mercado de ativo de equilíbrio Os níveis de equilíbrio da taxa de câmbio de curto prazo e produção são portanto E1 e Y1 Para você se convencer de que a economia vai esta belecer se de fato no ponto 1 imagine que a economia está em vez disso em uma posição como a do ponto 2 na Figura 179 No ponto 2 que está acima de AA e DD os mercados de produção e de ativos estão fora do equilíbrio Como E está tão alto em relação a AA a taxa FIGURA 178 Equilíbrio de curto prazo A interseção entre DD e AA O equilíbrio de curto prazo da economia ocorre no ponto 1 onde o mercado de produção cujos pontos de equilíbrio são resumidos pela curva DD e o mercado de ativos cujos pontos de equilíbrio são resumidos pela curva AA estão simultaneamente equilibrados Taxa de câmbio E Produção Y 1 AA E1 Y 1 DD FIGURA 179 Como a economia alcança seu equilíbrio de curto prazo Como os mercados de ativos ajustam se rapidamente a taxa de câmbio salta imediatamente do ponto 2 para o ponto 3 em AA Então a economia move se para o ponto 1 junto com AA ao passo que a produção aumenta para satisfazer à demanda agregada E 1 Y 1 Taxa de câmbio E Produção Y 1 AA DD 2 3 E 2 E 3 M17KRUGXXXXC17indd 365 12915 619 PM 366 Economia internacional na qual se espera que E caia no futuro também é alta em relação à que manteria a paridade de juros A maior taxa de valorização futura esperada da moeda nacional implica que o retorno esperado da moeda nacional em depósitos estrangeiros está abaixo daquele em depósitos nacionais então existe excesso de demanda por moeda nacional no mercado cambial estrangeiro O maior nível de E no ponto 2 também torna as mercadorias nacionais mais baratas para os compradores estrangeiros dados os preços de moeda nacional da mercadoria causando um excesso de demanda por produção nesse ponto O excesso de demanda por moeda nacional resulta em uma queda imediata na taxa de câmbio de E2 para E3 Essa valorização equilibra os retornos esperados em depósitos nacionais e estrangeiros e coloca a economia no ponto 3 da curva AA de equilíbrio do mercado de ativos Mas já que o ponto 3 está acima da relação DD ainda existe excesso de demanda por produção nacional Conforme as empresas aumentam a produção para evitar o esvazia mento de seus estoques a economia percorre AA para o ponto 1 onde a demanda e a oferta agregada são iguais Como os preços de ativos podem saltar imediatamente embora mudanças nos planos de produção levem algum tempo os mercados de ativos permanecem em equilíbrio contínuo mesmo enquanto a produção está mudando A taxa de câmbio cai ao passo que a economia aproxima se do ponto 1 ao longo de AA porque aumentar a produção nacional faz com que a demanda por moeda cresça levando a taxa de juros constantemente para cima A moeda deve sofrer valorização constante para diminuir a taxa futura esperada da valorização da moeda nacional e manter a paridade de juros Uma vez que a economia alcance o ponto 1 em DD a demanda agregada iguala se à produção e os produtores não enfrentam mais esva ziamento involuntário de estoque Portanto a economia estabelece se no ponto 1 o único no qual os mercados de produção e ativos estão equilibrados Alterações temporárias nas políticas monetária e fiscal Agora que vimos como o equilíbrio de curto prazo da economia é determinado podemos estudar como as mudanças nas políticas macroeconômicas do governo afetam a produção e a taxa de câmbio Nosso interesse nos efeitos das políticas macroeconômicas vem de sua utilidade de neutralizar as alterações econômicas que causam flutuações na produção no emprego e na infla ção Nesta seção aprenderemos como as políticas de governo podem ser utilizadas para manter o emprego pleno em economias abertas Concentramo nos em dois tipos de política de governo a política monetária que funciona por meio de mudanças na oferta de moeda e a política fiscal que funciona por meio de mudanças nas despesas de governo ou impostos8 No entanto para evitar as com plicações que seriam introduzidas pela inflação em curso nós não olharemos para as situações nas quais a oferta de moeda cresce com o tempo Portanto o único tipo de políticas monetárias que estudaremos explicita mente são as de aumentos ou declínios únicos nas ofer tas de moeda9 Nesta seção examinamos as alterações temporárias na política alterações que o público espera que sejam revertidas no futuro próximo A taxa de câmbio futura esperada Ee agora é assumida para igualar se à taxa de câmbio de longo prazo discutida no Capítulo 16 isto é a taxa de câmbio que prevalece uma vez que o emprego pleno é alcançado e os preços nacionais ajustaram se completamente às alterações do passado nos mercados de produção e de ativos De acordo com essa interpreta ção uma alteração política temporária não afeta a taxa de câmbio de longo prazo esperada Ee Assumimos do começo ao fim que os eventos na eco nomia que estamos estudando não influenciam a taxa de juros estrangeira R ou o nível de preço P e que o nível de preço nacional P é fixo no curto prazo Política monetária O efeito de curto prazo de um aumento temporário na oferta de moeda nacional é mostrado na Figura 1710 Um aumento na oferta de moeda leva AA1 para cima onde está AA2 mas não afeta a posição de DD A altera ção para cima na linha de equilíbrio do mercado de ativos move a economia do ponto 1 com a taxa de câmbio E1 e produçãoY1 para o ponto 2 com a taxa de câmbio E2 e produçãoY2 Um amento na oferta de moeda causa uma depreciação da moeda nacional uma expansão da produção e portanto um aumento no emprego 8 Um exemplo do último como observado anteriormente seria o corte de impostos realizado durante a administração do Presidente George W Bush entre 2001 e 2005 Outras políticas como as comerciais tarifas aduaneiras quotas e assim por diante têm efeitos colaterais ma croeconômicos Essas políticas entretanto não são utilizadas rotineiramente por propósitos de estabilização macroeconômica então não as discutiremos neste capítulo Um problema no fim deste capítulo pergunta o que você acha dos efeitos macroeconômicos de uma tarifa 9 Você pode estender os resultados a seguir para um cenário de inflação em curso pensando em mudanças da taxa de câmbio e nível de preço que descreveremos como desvios das trajetórias temporais junto do qual E e P inclinam se para cima em taxas constantes M17KRUGXXXXC17indd 366 12915 619 PM 367 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo Podemos compreender as forças econômicas que causam esses resultados relembrando nossas discussões anteriores do equilíbrio do mercado de ativos e da deter minação da produção A um nível inicial de produçãoY1 e a um dado nível de preço fixo um aumento na oferta de moeda deve impulsionar a taxa de juros nacional R para baixo Temos assumido que a mudança monetária é temporária e não afeta a taxa de câmbio futura Ee então para preservar a paridade de juros em face de um declínio em R dado que a taxa de juros estrangeira R não muda a taxa de câmbio deve sofrer depreciação imediatamente para criar a expectativa de que a moeda nacional sofrerá valorização no futuro a uma taxa mais rápida do que era esperado antes de R cair Entretanto a depreciação imediata da moeda nacional faz com que os produtos nacionais sejam mais baratos em relação aos estrangeiros Portanto existe um aumento na demanda agregada que deve ser igualado por um aumento na produção Política fiscal Como vimos anteriormente uma política fiscal expansionista pode tomar a forma de um aumento na despesa do governo um corte nos impostos ou uma combinação dos dois o que aumenta a demanda agre gada Portanto uma expansão fiscal temporária que não afeta a taxa de câmbio futura esperada altera a relação DD para a direita mas não move AA A Figura 1711 mostra como a política fiscal expan sionista afeta a economia no curto prazo No início a economia está no ponto 1 com uma taxa de câmbio E1 e produçãoY1 Suponha que o governo decida gastar 30 bilhões de dólares para desenvolver um novo ônibus espacial Esse aumento único nas compras do governo move a economia para o ponto 2 fazendo com que a moeda sofra valorização para E2 e a produção expanda para Y2 A economia responderia de uma forma similar a um corte temporário de impostos Que forças econômicas produzem o movimento do ponto 1 para o ponto 2 O aumento na produção cau sado pela elevação na despesa do governo aumenta as transações de demanda por posse real de moeda Dado um nível de preço fixo esse aumento na demanda de moeda leva a taxa de juros R para cima Como a taxa de câmbio futura esperada Ee e a taxa de juros estran geira R não mudaram a moeda nacional deve sofrer valorização para criar a expectativa de uma depreciação subsequente grande o bastante para compensar a dife rença maior na taxa de juros internacional em favor dos depósitos de moeda nacional FIGURA 1710 Efeitos de um aumento temporário na oferta de moeda Alterando AA1 para cima um aumento temporário na oferta de moeda causa uma depreciação da moeda e um aumento na produção Taxa de câmbio E Produção Y 2 E 2 Y 2 DD 1 E1 Y1 AA2 AA1 FIGURA 1711 Efeitos de uma expansão fiscal temporária Alterando DD1 para a direita uma expansão temporária fiscal causa uma valorização da moeda e um aumento na produção Taxa de câmbio E Produção Y 2 E1 Y 2 1 E 2 Y 1 DD 2 DD1 AA Políticas para manter o emprego pleno A análise desta seção pode ser aplicada ao problema de manter o emprego pleno em economias abertas Como a expansão monetária temporária e a expansão fiscal tem porária aumentam a produção e o emprego elas podem ser utilizadas para neutralizar os efeitos de alterações M17KRUGXXXXC17indd 367 12915 619 PM 368 Economia internacional temporárias que levam à recessão Similarmente altera ções que levam ao superemprego podem ser compensadas por meio de políticas macroeconômicas contracionistas A Figura 1712 ilustra essa utilização da política macroeconômica Suponha que o equilíbrio inicial da economia seja no ponto 1 onde a produção iguala se ao nível de emprego pleno representado por Yf De repente existe uma alteração temporária nos gostos do consumidor para longe dos produtos nacionais Como já vimos neste capítulo tal alteração é uma diminuição na demanda agre gada por mercadorias nacionais e faz com que a curva DD1 mude para a esquerda para DD2 No ponto 2 o novo equi líbrio de curto prazo a moeda sofreu depreciação para E2 e a produção em Y2 está abaixo de seu nível de emprego pleno a economia está em recessão Como assumimos que a alteração nas preferências é temporária elas não afetam Ee então não existe mudança na posição de AA1 Para restabelecer o emprego pleno o governo deve utilizar a política monetária a fiscal ou as duas Uma expansão fiscal temporária leva DD2 de volta à posição original restaurando o emprego pleno e levando a taxa de câmbio para E1 Um aumento temporário na oferta de moeda altera a curva de equilíbrio do mercado de ativos para AA2 e coloca a economia no ponto 3 uma mudança que restaura o emprego pleno mas faz com que a moeda nacional deprecie ainda mais Outra causa possível de recessão é um aumento tem porário na demanda por moeda ilustrado na Figura 1713 Um aumento na demanda por moeda leva a taxa de juros para cima e valoriza a moeda fazendo assim com que as mercadorias nacionais sejam mais caras e causando uma contração na produção A Figura 173 mostra essa alteração do mercado de ativos como uma mudança para baixo de AA1 até AA2 o que move a eco nomia de seu equilíbrio de emprego pleno inicial do no ponto 1 para o ponto 2 As políticas macroeconômicas expansionistas podem restaurar de novo o emprego pleno Um aumento tem porário na oferta de moeda muda a curva AA de volta para AA1 e devolve a economia à sua posição inicial no ponto 1 Esse aumento temporário na oferta de moeda compensa completamente o aumento da demanda por FIGURA 1712 Mantendo o emprego pleno após uma queda temporária na demanda mundial por produtos nacionais Uma queda temporária na demanda mundial altera DD1 para DD2 reduzindo a produção de Yf para Y2 e causando uma depreciação da moeda de E1 para E2 ponto 2 Uma expansão fiscal temporária pode restaurar o emprego pleno ponto 1 colocando a relação DD de volta a sua posição original A expansão monetária temporária pode restaurar o emprego pleno ponto 3 movendo AA1 para AA2 As duas políticas diferem em seus efeitos de taxa de câmbio a política fiscal restaura a moeda a seu valor anterior E1 enquanto a monetária faz com que a moeda deprecie ainda mais para E3 Y f Taxa de câmbio E Produção Y 2 E 2 1 E 1 Y 2 AA1 E 3 3 DD1 DD2 AA2 FIGURA 1713 Políticas para manter o emprego pleno após um aumento da demanda de moeda Após um aumento temporário da demanda de moeda mostrado pela alteração de AA1 para AA2 tanto um aumento na oferta de moeda quanto uma expansão fiscal temporária podem ser utilizados para manter o emprego pleno As duas políticas têm diferentes efeitos de taxa de câmbio A política monetária restaura a taxa de câmbio de volta para E1 enquanto a política fiscal leva a uma maior valorização E3 Y f Taxa de câmbio E Produção Y 2 E 2 3 E 3 Y 2 AA2 E1 1 DD 2 AA1 DD1 M17KRUGXXXXC17indd 368 12915 619 PM 369 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo moeda dando aos residentes nacionais o dinheiro adi cional que eles desejam reter A expansão fiscal tempo rária muda DD1 para DD2 e restaura o emprego pleno no ponto 3 Mas a mudança para o ponto 3 envolve uma valorização ainda maior da moeda Viés de inflação e outros problemas de formulação de políticas A facilidade aparente com a qual o emprego pleno é mantido em nosso modelo é ilusória e você não deve sair da nossa discussão sobre política com a ideia de que é fácil manter a macroeconomia em um curso estável Aqui estão alguns dos muitos problemas que podem surgir 1 Preços nominais rígidos não só dão ao governo o poder de aumentar a produção quando ela está anor malmente baixa mas também podem tentá lo a criar um boom econômico politicamente útil digamos pouco antes de uma eleição apertada Essa tentação causa problemas quando trabalhadores e empresas antecipam na pois eles aumentarão as demandas de salário e preço na expectativa de políticas expansio nistas O governo então vai encontrar se na posição de utilizar ferramentas de política expansionista ape nas para evitar a recessão que maiores preços nacio nais causariam Como resultado a política macroe conômica pode ter um viés de inflação levando a uma inflação maior mas a nenhum ganho médio na pro dução Tal aumento na inflação ocorreu nos Estados Unidos assim como em vários outros países durante a década de 1970 O problema do viés de inflação levou a uma busca por instituições por exemplo bancos centrais que operam independentemente do governo no poder que poderiam convencer os ato res do mercado de que as políticas do governo não seriam utilizadas de maneira míope à custa da esta bilidade de preço de longo prazo Como observamos no Capítulo 15 muitos bancos centrais pelo mundo procuram agora alcançar níveis anunciados de meta de baixa inflação Os capítulos 21 e 22 discutirão al guns desses esforços em maiores detalhes10 2 Na prática às vezes é difícil ter certeza se uma alte ração na economia começa no mercado de produção ou de ativos Ainda assim um governo preocupado com o efeito da taxa de câmbio de sua resposta po lítica necessita saber a fonte da alteração antes de poder escolher entre a política monetária e a fiscal 3 As escolhas políticas do mundo real são frequente mente determinadas por necessidades burocráticas e não por uma reflexão detalhada que leve em conta se os choques para a economia são reais isto é originados no mercado de produção ou monetários Alterações na política fiscal quase sempre podem ser feitas após longa deliberação legislativa enquanto a política mo netária é em geral exercida de forma rápida e eficiente pelo banco central Para evitar atrasos processuais os governos estão propensos a responder às alterações me xendo na política monetária mesmo quando uma mu dança na política fiscal seria mais apropriada 4 Outro problema com a política fiscal é seu impacto no orçamento governamental Um corte de impos tos ou um aumento de despesas podem levar a um maior déficit orçamentário governamental que deve mais cedo ou mais tarde ser fechado por uma rever são fiscal como aconteceu em 2009 após o pacote fiscal de estímulo multibilionário em dólar patroci nado pela administração Obama nos Estados Unidos Infelizmente não existe garantia de que o governo terá a vontade política de sincronizar essas ações com o estado do ciclo de negócios O estado do ciclo eleito ral pode ser mais importante como já vimos 5 As políticas que parecem agir rapidamente em nosso modelos simples operam na realidade com defasagens de várias extensões Ao mesmo tempo a dificuldade de calcular o tamanho e a persistência de um dado cho que torna mais difícil saber precisamente quanto de re médio monetário ou fiscal devemos administrar Essas incertezas forçam os decisores políticos a basear suas ações em previsões e palpites que podem vir a estar bem longe da verdade Alterações permanentes nas políticas monetária e fiscal Uma alteração de política permanente afeta não só o valor atual do instrumento político do governo a oferta de moeda a despesa do governo ou os impostos mas também 10 Para uma discussão clara e detalhada do problema de viés de inflação veja o Capítulo 14 em Andrew B Abel Ben S Bernanke e Dean Crou shore Macroeconomics 8 ed Upper Saddle River NJ Prentice Hall 2014 O problema do viés de inflação pode surgir mesmo quando as políticas de governo não são politicamente motivadas como Abel Bernanke e Croushore explicam A ideia básica é que quando fatores como as leis de salário mínimo mantêm a produção ineficientemente baixas diminuindo o emprego a expansão monetária que aumenta o emprego pode mover a economia na direção de uma utilização mais eficiente de seus recursos totais O governo pode querer alcançar uma melhor alo cação do recurso apenas baseado em que tal mudança potencialmente beneficia todos na economia Mas a expectativa do setor privado sobre tais políticas ainda vai gerar inflação M17KRUGXXXXC17indd 369 12915 619 PM 370 Economia internacional a taxa de câmbio de longo prazo Isso por sua vez afeta as expectativas sobre as taxas de câmbio futuras Como essas mudanças nas expectativas têm uma grande influência na taxa de câmbio que prevalece no curto prazo os efeitos das alterações políticas permanentes diferem daqueles das alte rações temporárias Nesta seção olhamos para os efeitos de mudanças permanentes nas políticas monetária e fiscal tanto no curto quanto no longo prazo11 Para facilitar a compreensão dos efeitos de longo prazo das políticas assumimos que a economia está inicialmente em uma posição de equilíbrio de longo prazo e que as mudanças políticas que examinaremos são as únicas que ocorrem nossa condição usual com todo o resto igual Essas suposições significam que a economia começa no emprego pleno com a taxa de câmbio em seu nível de longo prazo e com nenhuma mudança na taxa de câmbio esperada Em especial sabemos que a taxa de juros nacio nal deve ser de início igual à taxa estrangeira R Um aumento permanente da oferta de moeda A Figura 1714 mostra os efeitos de curto prazo de um aumento permanente da oferta de moeda em uma economia inicialmente em seu nível de produção de pleno emprego Yf ponto 1 Como vimos mesmo um aumento temporário em Ms faz que a linha de equi líbrio do mercado de ativos mude para cima de AA1 para AA2 Porém como o aumento em Ms agora é per manente ele também afeta a taxa de câmbio esperada para o futuro Ee O Capítulo 15 mostrou como um aumento permanente da oferta de moeda afeta a taxa de câmbio de longo prazo um aumento permanente em Ms deve no fim das contas levar a um aumento proporcional em E Portanto o aumento permanente em Ms faz a taxa de câmbio futura esperada Ee subir proporcionalmente Como um aumento em Ee acompanha um aumento permanente na oferta de moeda a mudança para cima de AA1 até AA2 é maior do que aquela causada por um aumento igual mas transitório No ponto 2 o novo equilíbrio de curto prazo da economia Y e E são maio res do que seriam se a mudança na oferta de moeda fosse temporária O ponto 3 mostra o equilíbrio que pode ser resultado de um aumento temporário em Ms Ajuste para um aumento permanente da oferta de moeda O aumento na oferta de moeda mostrado na Figura 1714 não é revertido pelo banco central então é natu ral perguntar como a economia é afetada ao longo do tempo No equilíbrio de curto prazo mostrado no ponto 2 na Figura 1714 a produção está acima de seu nível de pleno emprego e mão de obra e as máquinas estão trabalhando horas extras A pressão para cima no nível de preço desenvolve se ao passo que os traba lhadores demandam maiores salários e os produtores aumentam os preços para cobrir seus crescentes custos de produção O Capítulo 15 mostrou que embora um aumento na oferta de moeda deva eventualmente fazer com que todos os preços de moeda aumentem em pro porção ele não tem efeito duradouro na produção nos preços relativos ou taxas de juros Ao longo do tempo a pressão inflacionária que segue a expansão perma nente da oferta de moeda leva o nível de preço ao seu novo valor de longo prazo e devolve a economia a seu pleno emprego A Figura 1715 vai ajudá lo a visualizar o ajuste de volta ao pleno emprego Sempre que a produção é maior do que seu nível de pleno emprego Yf e os fatores pro dutivos estão trabalhando horas extras o nível de preço P está subindo para dar conta dos custos de produção FIGURA 1714 Efeitos de curto prazo de um aumento permanente na oferta de moeda Um aumento permanente na oferta de moeda que altera AA1 para AA2 e move a economia do ponto 1 para o ponto 2 tem efeitos mais fortes na taxa de câmbio e na produção do que um aumento temporário igual que move a economia somente para o ponto 3 Y f Taxa de câmbio E Produção Y 2 E 2 1 E1 Y 2 3 DD1 AA2 AA1 11 Você pode estar pensando se uma mudança permanente na política fi scal é sempre possível Por exemplo se o governo começa com um or çamento balanceado uma expansão fi scal não leva a um défi cit e portanto exige uma eventual contração fi scal O Problema 3 no fi m deste capítulo sugere uma resposta M17KRUGXXXXC17indd 370 12915 619 PM 371 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo que estão aumentando Embora as relações DD e AA sejam atraídas para um nível de preço constante P vimos como um aumento em P faz com que elas sejam alteradas Um aumento em P faz com que as mercado rias nacionais sejam mais caras em relação às estran geiras desencorajando as exportações e encorajando as importações Portanto um aumento no nível de preço nacional faz com que DD1 mude para a esquerda ao longo do tempo Como um aumento no nível de preço reduz constantemente a oferta real de moeda ao longo do tempo AA2 também vai para a esquerda conforme o preço sobe As relações DD e AA param de mudar somente quando se cruzam no nível de produção de pleno emprego Yf Enquanto a produção diferir de Yf o nível de preço mudará e as duas relações também continuarão a mudar A posição final das relações é mostrada na Figura 1715 como DD2 e AA3 No ponto 3 de interseção a taxa de câmbio Ee o nível de preço P aumentaram em proporção ao aumento na oferta de moeda como exigido pela neu tralidade de moeda de longo prazo AA2 não é alterado de volta para sua posição original porque Ee está perma nentemente mais alta após o aumento permanente na oferta de moeda ela também aumenta pela mesma por centagem que Ms Repare que ao longo do caminho de ajuste o equi líbrio inicial de curto prazo ponto 2 e o equilíbrio de longo prazo ponto 3 a moeda nacional de fato sofre valorização de E2 para E3 seguindo sua depreciação drástica inicial de E1 para E2 Esse comportamento da taxa de câmbio é um exemplo do fenômeno de supera ção discutido no Capítulo 15 no qual a resposta inicial da taxa de câmbio para algumas mudanças é maior do que suas respostas de longo prazo12 Podemos recorrer às nossas conclusões para des crever a resposta política adequada a uma alteração monetária permanente Um aumento permanente na demanda por moeda por exemplo pode ser compen sado com um aumento permanente de igual magni tude na oferta de moeda Tal política mantém o pleno emprego mas como o nível de preço cairia na ausência da política ela não terá consequências inflacionárias Em vez disso a expansão monetária pode mover a eco nomia direto para sua posição de pleno emprego de longo prazo Entretanto tenha em mente que na prática é difícil diagnosticar a origem ou a persistência de um choque particular para a economia Uma expansão fiscal permanente Uma expansão fiscal permanente não apenas tem um impacto imediato no mercado de produção mas também afeta os mercados de ativos por meio de seu impacto nas expectativas da taxa de câmbio de longo prazo A Figura 1716 mostra os efeitos de curto prazo de uma decisão do governo em gastar 10 bilhões de dóla res extras por ano em seu programa de viagem espacial para sempre Como antes o efeito direto desse aumento em G na demanda agregada faz com que DD1 mude para direita até DD2 Mas como o aumento na demanda do governo por mercadorias e serviços nacionais é perma nente neste caso ela causa uma valorização de longo prazo da moeda como vimos no Capítulo 16 A queda resultante em Ee leva a relação de equilíbrio do mercado de ativos AA1 para baixo até AA2 O ponto 2 onde as novas relações DD2 e AA2 se cruzam é o equilíbrio de curto prazo da economia e nesse ponto a moeda sofre valorização para E2 a partir de seu nível inicial embora a produção esteja inalterada em Yf O resultado importante ilustrado na Figura 1716 é que quando uma expansão fiscal é permanente a valo rização adicional da moeda causada pela mudança nas expectativas da taxa de câmbio reduz o efeito expansio FIGURA 1715 Ajuste de longo prazo para um aumento permanente na oferta de moeda Após um aumento permanente da oferta de moeda um nível de preço cada vez maior altera as relações DD e AA para a esquerda até que o novo equilíbrio de longo prazo ponto 3 é alcançado Y f Taxa de câmbio E Produção Y 2 E 2 1 E1 Y 2 3 DD1 DD 2 E 3 AA3 AA2 AA1 12 Embora a taxa de câmbio inicial supere no caso mostrado na Figura 1715 a superação não precisa ocorrer em todas as circunstâncias Você pode explicar por que e se o caso de subsuperação parece razoável M17KRUGXXXXC17indd 371 12915 619 PM 372 Economia internacional nista da política na produção Sem esse efeito de expec tativas adicionais em razão da permanência da mudança fiscal o equilíbrio estaria inicialmente no ponto 3 com maior produção e menor valorização Quanto maior o deslocamento para baixo da relação de equilíbrio do mercado de ativos maior a valorização da moeda Essa valorização expulsa a demanda agregada por produ tos nacionais tornando os mais caros em relação aos produtos estrangeiros A Figura 1716 é desenhada para mostrar um caso no qual a expansão fiscal ao contrário do que você pode ter pensado não tem efeito líquido na produção Entretanto esse não é um caso especial Na verdade é inevitável sob as suposições que fizemos O argumento que estabelece esse ponto requer cinco passos Tirando o tempo necessário para compreendê los você solidificará sua compreensão da área que cobrimos até o momento 1 Como primeiro passo convença se talvez revisando o Capítulo 15 que como a expansão fiscal não afeta a oferta de moeda Ms os valores de longo prazo da taxa de juros nacional que igualam a taxa de juros estrangeira ou a produção Yf ela pode não causar impacto no nível de preço de longo prazo 2 Em seguida lembre se de nossa suposição de que a economia começa no equilíbrio de longo prazo com a taxa de juros nacional R igual à taxa estrangeira R e a produção igual a YfObserve também que a expansão fiscal deixa a oferta real de moeda MsP inalterada no curto prazo isto é nem o numerador nem o denominador mudam 3 Agora imagine contrariamente ao que a Figura 1716 mostra que a produção realmente aumentou acima de Yf Como MsP não muda no curto prazo Passo 2 a taxa de juros nacional R teria de au mentar acima de seu nível inicial de R para manter o mercado monetário em equilíbrio No entanto já que a taxa de juros estrangeira permanece em R um aumento em Y para qualquer nível acima de Yf implica uma depreciação esperada da moeda nacio nal pela paridade de juros 4 Repare a seguir que alguma coisa está errada com essa conclusão Já sabemos do Passo 1 que o nível de preço de longo prazo não é afetado pela expan são fiscal então as pessoas podem esperar uma de preciação nominal da moeda nacional logo após a mudança política somente quando a moeda sofre de preciação em termos reais enquanto a economia re torna ao equilíbrio de longo prazo Tal depreciação real tornando os produtos nacionais relativamente baratos só pioraria a situação inicial do superem prego que imaginamos existir e portanto impediria a produção de retornar de fato a Yf 5 Por fim concluímos que a aparente contradição é so lucionada somente se a produção não aumenta de jeito nenhum após a mudança da política fiscal A única possibilidade lógica é que a moeda sofra valorização imediata ao seu novo valor de longo prazo Essa valo rização desloca a demanda líquida por exportações so mente o suficiente para deixar a produção em seu nível de pleno emprego apesar do maior nível de G Repare que essa mudança de taxa de câmbio que permite que o mercado de produção seja equilibrado no pleno emprego também deixa os mercados de ativos em equilíbrio Já que a taxa de câmbio saltou para seu novo valor de longo prazo R permanece em R Entretanto com a produção também em Yf a condição de equilíbrio de longo prazo do mercado monetário MsP LR Yf ainda é mantida como estava antes da ação fiscal Então nossa história se encaixa a valorização da moeda que uma expansão fiscal permanente provoca traz ime diatamente tanto os mercados de ativos quanto os de produção para posições de equilíbrio de longo prazo Concluímos que se a economia começa no equilíbrio de longo prazo uma mudança permanente na política fiscal não tem efeito líquido na produção Em vez disso ela causa um salto imediato e permanente da taxa de FIGURA 1716 Efeitos de uma expansão fiscal permanente Como uma expansão fiscal permanente muda as expectativas da taxa de câmbio ela altera AA1 para a esquerda ao passo que altera DD1 para a direita O efeito na produção ponto 2 é nulo se a economia começa no equilíbrio de longo prazo Uma expansão fiscal temporária comparável em contraste deixaria a economia no ponto 3 Y f Taxa de câmbio E Produção Y 2 E 1 1 E 2 AA2 DD 2 DD1 AA1 3 AA2 M17KRUGXXXXC17indd 372 12915 619 PM 373 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo câmbio que compensa exatamente o efeito direto da política fiscal na demanda agregada Uma queda na demanda líquida de exportação neutraliza o aumento na demanda do governo As políticas macroeconômicas e a conta corrente Os decisores políticos estão frequentemente preocu pados com o nível da conta corrente Como discutiremos de forma mais completa no Capítulo 19 um desequilí brio excessivo na conta corrente seja um superávit ou um déficit pode ter efeitos indesejáveis de longo prazo no bem estar nacional Grandes desequilíbrios inter nos também podem gerar pressões políticas para que os governos imponham restrições ao comércio Portanto é importante saber como as políticas monetária e fiscal vol tadas para objetivos nacionais afetam a conta corrente A Figura 1717 mostra como o modelo DD AA pode ser estendido para ilustrar os efeitos das políticas macro econômicas na conta corrente Além das curvas DD e AA a figura contém uma nova curva denominada XX que mostra as combinações da taxa de câmbio e produ ção nas quais o saldo da conta corrente seria igual a um nível desejado digamos CAEPP Y T X A curva inclina se para cima porque com todo o resto igual um aumento na produção encoraja gastos em importações e portanto piora a conta corrente se não for acompa nhado de uma depreciação da moeda Já que o nível real de CA pode diferir de X o equilíbrio de curto prazo da economia não precisa estar na curva XX A característica central da Figura 1717 é que XX é mais plana do que DD Para saber porquê basta se per guntar como a conta corrente muda quando movemo nos para cima na curva DD a partir do ponto 1 onde todas as três curvas cruzam se de forma que inicial mente CA X Conforme aumentamos Y movendo nos para cima ao longo de DD a demanda nacional pela produção nacional aumenta por menos do que o aumento na produção em si já que alguma renda é poupada e algumas despesas caem em importações No entanto ao longo de DD a demanda agregada total tem de ser igual à oferta Portanto para prevenir um excesso de oferta na produção nacional E deve aumen tar de forma drástica o suficiente ao longo de DD para fazer a demanda de exportação aumentar mais rápido do que a demanda de importação Em outras palavras a demanda estrangeira líquida a conta corrente deve subir suficientemente ao longo de DD conforme a produção sobe para pegar a folga deixada pela pou pança nacional Portanto para a direita do ponto 1 DD está acima da curva XX onde CA X Raciocínio similar mostra que à esquerda do ponto 1 DD situa se abaixo da curva XX onde CA X Os efeitos de conta corrente das políticas macroeco nômicas agora podem ser examinados Como mostrado anteriormente um aumento na oferta de moeda por exemplo desloca a economia para uma posição como o ponto 2 expandindo a produção e depreciando a moeda Uma vez que o ponto 2 situa se acima de XX a conta corrente melhorou como resultado da ação política A expansão monetária faz o saldo da conta corrente aumen tar no curto prazo Considere a seguir uma expansão fiscal temporária Essa ação muda DD para a direita e move a economia para o ponto 3 na figura Como a moeda sofre valori zação e a renda aumenta existe uma deterioração na conta corrente Uma expansão fiscal permanente tem o efeito adicional de mudar AA para a esquerda pro duzindo um equilíbrio no ponto 4 Como o ponto 3 o ponto 4 está abaixo de XX então novamente a conta corrente fica em pior situação ainda mais do que no caso temporário A política fiscal expansionista reduz o saldo da conta corrente FIGURA 1717 Como as políticas macroeconômicas afetam a conta corrente Ao longo da curva XX a conta corrente é constante a um nível CA X A expansão monetária move a economia para o ponto 2 e portanto aumenta o saldo da conta corrente A expansão fiscal temporária move a economia para o ponto 2 enquanto a expansão fiscal permanente move a para o ponto 4 Nos dois casos o saldo da conta corrente cai Y f Taxa de câmbio E Produção Y E1 2 1 3 DD AA 4 XX M17KRUGXXXXC17indd 373 12915 619 PM 374 Economia internacional Ajuste do fluxo de comércio gradual e conta corrente dinâmica Uma importante suposição subjacente ao modelo DD AA é que com todo o resto igual uma deprecia ção real da moeda nacional imediatamente melhora a conta corrente enquanto uma valorização real faz com que a conta corrente piore instantaneamente Na rea lidade entretanto o comportamento que está na base dos fluxos de comércio pode ser muito mais complexo do que sugerimos até agora envolvendo elementos dinâ micos tanto do lado da oferta quanto da demanda que levam a conta corrente a ajustar se somente aos pou cos às mudanças na taxa de câmbio Nesta seção dis cutiremos alguns dos fatores dinâmicos que parecem importantes para explicar os padrões reais do ajuste da conta corrente e que indicam como sua presença pode modificar as previsões de nosso modelo A curva J Algumas vezes observa se que a conta corrente de um país piora imediatamente após uma depreciação real da moeda e começa a melhorar só alguns meses depois de forma contrária à suposição que fizemos ao obter a curva DD Se a conta corrente inicialmente piora após uma depreciação sua trajetória temporal mostrada na Figura 1718 tem um segmento inicial que lembra um J e portanto é chamada de curva J A conta corrente medida em produção nacional pode deteriorar drasticamente logo após uma depre ciação real da moeda a mudança do ponto 1 para o ponto 2 na figura porque mais pedidos de importação e exportação são feitos com vários meses de antecedên cia Nos primeiros meses após a depreciação os volumes de exportação e importação por consequência podem refletir decisões de compra que foram feitas com base na antiga taxa de câmbio real o efeito primário da depre ciação é aumentar o valor do nível pré contratado das importações em termos de produtos nacionais Como as exportações medidas em produção nacional não mudam embora as importações medidas em produção nacional aumentem existe uma queda inicial na conta corrente como mostrado Mesmo após os contratos antigos de exportação e importação terem sido cumpridos ainda leva tempo para novos envios ajustarem se por completo à mudança do preço relativo Do lado da produção os produtores de exportações podem ter de instalar fábricas e equipa mentos adicionais e contratar novos trabalhadores Na medida em que as importações consistem de materiais intermediários utilizados na produção nacional o ajuste de importação também ocorrerá gradualmente enquanto os importadores mudam para novas técnicas de produ ção que economizam as entradas intermediárias Existem FIGURA 1718 A curva J A curva J descreve a defasagem de tempo com a qual a depreciação real da moeda melhora a conta corrente Contacorrente em unidades de produção nacional Efeito de longo prazo de uma depreciação real na contacorrente Depreciação real acontece e a curva J começa Fim da curva J Tempo 3 2 1 M17KRUGXXXXC17indd 374 12915 619 PM 375 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo defasagens também no lado do consumo Para expan dir significativamente o consumo estrangeiro de expor tações nacionais por exemplo pode parecer necessário construir novos pontos de varejo no exterior um pro cesso que consome muito tempo O resultado dessas defasagens em ajuste é a melhora gradual da conta corrente mostrada na Figura 1718 conforme se move do ponto 2 para o ponto 3 e além Como consequência o aumento na conta corrente dimi nui gradualmente conforme o ajuste para a depreciação real é completada A evidência empírica indica para os países mais industriais uma curva J que dura mais do que seis meses mas menos do que um ano Portanto o ponto 3 na figura é normalmente alcançado dentro de um ano da depreciação real e a conta corrente continua a melhorar depois disso13 A existência de um efeito significativo da curva J força nos a modificar algumas de nossas conclusões anteriores ao menos para o curto prazo de um ano ou menos A expansão monetária por exemplo pode des valorizar a produção inicialmente depreciando a moeda nacional Nesse caso pode levar algum tempo antes de um aumento na oferta de moeda resultar em uma conta corrente melhorada e portanto em uma demanda agregada maior Se a política monetária expansionista realmente desvaloriza a produção no curto prazo a taxa de juros nacional precisará cair mais do que normalmente pre cisaria para equilibrar o mercado monetário nacional Correspondentemente a taxa de câmbio ultrapassará de forma mais acentuada para criar a maior valorização esperada da moeda nacional exigida pelo equilíbrio do mercado cambial estrangeiro Ao introduzir uma fonte adicional de superação os efeitos da curva J amplificam a volatilidade das taxas de câmbio Passagem de taxa de câmbio e inflação Ao discutir como a conta corrente é determinada no modelo DD AA assumimos que as mudanças na taxa de câmbio nominal causam mudanças proporcionais nas taxas de câmbio reais no curto prazo Como o modelo DD AA presume que os preços de produção nominais P e P não podem saltar de repente os movimentos na taxa de câmbio real q EPP correspondem perfeita mente no curto prazo a movimentos na taxa nominal E Na realidade entretanto mesmo a correspondência de curto prazo entre os movimentos da taxa de câm bio nominal e real embora bem próximos é menos do que perfeita Para compreender por completo como os movimentos da taxa de câmbio nominal afetam a conta corrente no curto prazo precisamos examinar mais de perto a ligação entre a taxa de câmbio nominal e os pre ços das exportações e importações O preço da moeda nacional de produção estrangeira é o produto da taxa de câmbio pelo preço da moeda estrangeira ou EP Assumimos até agora que quando E aumenta por exemplo P permanece fixo de forma que o preço da moeda nacional em mercadorias impor tadas do exterior aumenta em proporção A porcenta gem pela qual os preços aumentam quando a moeda nacional sofre depreciação de 1 é conhecida como grau de passthrough da taxa de câmbio para preços de importação Na versão do modelo DD AA que estu damos há pouco o grau de passthrough é 1 qualquer mudança da taxa de câmbio é completamente passada para os preços de importação Contudo contrária a essa suposição a taxa de câm bio passthrough pode ser incompleta Uma razão possí vel para tal é a segmentação do mercado internacional que permite a empresas de concorrência imperfeita preci ficar mercado ao cobrar diferentes preços para o mesmo produto em diferentes países lembre se do Capítulo 16 Por exemplo uma grande empresa estrangeira que fornece automóveis para os Estados Unidos pode ficar tão preocupada com a perda de uma parcela do mer cado que não aumenta imediatamente seus preços nos Estados Unidos em 10 quando o dólar sofre deprecia ção de 10 apesar do fato de que a receita das vendas norte americanas medidas em sua própria moeda cairá Similarmente a empresa pode hesitar em diminuir seus preços nos Estados Unidos em 10 após uma valoriza ção do dólar desse tamanho porque pode assim ganhar maiores lucros sem investir recursos imediatamente ao expandir seus envios para os Estados Unidos Em qual quer um dos casos a empresa pode esperar para ver se os movimentos da moeda refletem uma tendência definitiva antes de assumir compromissos de preço e produção que podem ser dispendiosos de desfazer Na prática muitos preços de importações norte americanas tendem a subir somente pela metade de uma típica depreciação do dólar durante o ano seguinte Portanto vemos que embora a mudança permanente da taxa de câmbio nominal possa ser completamente refletida nos preços da importação no longo prazo o grau de passthrough pode ser bem menor do que 1 no curto prazo No entanto o passthrough incompleto terá efeitos complicados no timing de ajuste da conta corrente Por um lado o efeito da curva J no curto prazo de uma mudança de moeda nominal será amortecido por uma capacidade de resposta baixa dos preços de impor 13 Veja a discussão da Tabela 17A21 no Apêndice 2 deste capítulo M17KRUGXXXXC17indd 375 12915 619 PM 376 Economia internacional tação para a taxa de câmbio E de outro o passthrough incompleto implica que os movimentos da moeda têm efeitos menos do que proporcionais nos preços relativos que determinam os volumes do comércio A incapaci dade dos preços relativos em ajustarem se rapidamente por sua vez virá acompanhada por um lento ajuste nos volumes do comércio Note também como a ligação entre as taxas de câmbio nominal e real pode ser ainda mais enfraquecida pelas respostas do preço nacional Em economias altamente inflacionárias por exemplo é difícil alterar a taxa de câmbio EPP apenas alte rando a taxa nominal E porque o aumento resultante na demanda agregada provoca rapidamente a inflação nacional que por sua vez aumenta P À medida que os preços de exportação de um país aumentam quando sua moeda sofre depreciação qualquer efeito favorável em sua própria posição competitiva nos mercados mundiais será dissipado Tais aumentos de preço entretanto como o passthrough parcial podem enfraquecer a curva J A conta corrente a riqueza e a dinâmica da taxa de câmbio Nosso modelo teórico mostrou que uma expansão fiscal permanente causaria tanto uma valorização da moeda quanto um déficit em conta corrente Embora nossa discussão anterior neste capítulo tenha focado no papel dos movimentos do nível de preço em trazer a economia de sua posição imediata após uma mudança política permanente para sua posição de longo prazo a definição da conta corrente deveria alertá lo para outra dinâmica subjacente a riqueza externa líquida de uma economia com um déficit diminui ao longo do tempo Embora não tenhamos explicitamente incorporado efeitos de riqueza em nosso modelo esperaríamos que o consumo das pessoas diminuísse enquanto suas rique zas diminuem Como o país com um déficit em conta corrente transfere riqueza para estrangeiros o consumo nacional cai ao longo do tempo e o consumo estrangeiro aumenta Quais são os efeitos da taxa de câmbio dessa redistribuição internacional da demanda de consumo em favor dos estrangeiros Estrangeiros têm uma pre ferência relativa por consumir as mercadorias que eles produzem e como resultado a demanda mundial rela tiva por mercadorias nacionais cairá e a moeda nacional tenderá a sofrer depreciação em termos reais Essa perspectiva de maior longo prazo leva a um quadro complicado da evolução da taxa de câmbio real que segue uma mudança permanente como a expansão fiscal De início a moeda nacional sofrerá valorização conforme o saldo da conta corrente cai drasticamente Mas então ao longo do tempo a moeda começará a sofrer depreciação conforme as expectativas dos parti cipantes do mercado focam no efeito da conta corrente em níveis de riqueza internacional relativos14 A armadilha da liquidez Ao longo da duração da Grande Depressão da década de 1930 a taxa de juros nominal chegou a zero nos Estados Unidos e o país encontrou se no que os eco nomistas chamam de armadilha da liquidez Lembre se do Capítulo 15 que o dinheiro é o mais líquido dos ativos único na facilidade com a qual pode ser trocado por mercadorias Uma armadilha líquida é uma cilada porque uma vez que a taxa de juros nominal de uma economia cai para zero o banco central não pode reduzi la mais que isso ao aumentar a oferta de moeda isto é ao aumentar a liquidez da economia Por quê Em taxas de juros nominais negativas as pessoas vão achar o dinheiro estritamente preferível aos títulos e estes portanto terão excesso de oferta Embora uma taxa de juros zero possa agradar àqueles que tomam emprés timo pois podem fazê lo de graça isso preocupa os deci sores políticos de macroeconomia que estão presos em uma situação onde podem não mais conduzir a economia por meio de expansão monetária convencional Os economistas pensavam que as armadilhas de liquidez eram uma coisa do passado até que o Japão caiu em uma no fim da década de 1990 Apesar da drás tica diminuição das taxas de juros pelo banco central do país o Bank of Japan BOJ sua economia estagnou e sofreu deflação um nível de preço em queda desde pelo menos o meio da década de 1990 Em 1999 as taxas de juros de curto prazo do país tinham efetivamente chegado a zero Em setembro de 2004 por exemplo o Bank of Japan relatou que a taxa de juros overnight a mais imediatamente afetada pela política monetária era somente 0001 ao ano Vendo sinais de recuperação o BOJ aumentou as taxas de juros com início em 2006 mas retrocedeu de volta para zero conforme a crise financeira global ganhou força no fim de 2008 veja o Capítulo 19 Essa crise também atingiu os Estados Unidos fortemente e como a Figura 142 sugere as taxas de juros então despenca ram em direção a zero tanto nos Estados Unidos quanto no Japão Simultaneamente outros bancos centrais pelo mundo cortaram suas próprias taxas de modo drástico A armadilha da liquidez tinha se tornado global 14 Um modelo influente das taxas de câmbio e da conta corrente é apresentado por Rudiger Dornbusch e Stanley Fischer Exchange Rates and the Current Account American Economic Review v 70 p 960971 dez 1980 M17KRUGXXXXC17indd 376 12915 619 PM 377 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo O dilema que um banco central enfrenta quando a economia está em uma desaceleração da armadilha de liquidez pode ser visto ao considerar a condição de pari dade de juros quando a taxa de juros nacional R 0 R 0 R Ee EE Assuma por enquanto que a taxa de câmbio futura Ee é fixa Suponha que o banco central aumente a oferta de moeda nacional de forma que deprecie a moeda temporariamente isto é para aumentar E hoje mas retornar a taxa de câmbio para o nível Ee mais tarde A condição de paridade de juros mostra que E não pode aumentar uma vez que R 0 porque a taxa de juros se tornaria negativa Em vez disso apesar do aumento na oferta de moeda a taxa de câmbio perma nece firme no nível E Ee1 R A moeda não pode depreciar mais do que isso Como isso é possível Nosso argumento usual de que um aumento temporário na oferta de moeda reduz a taxa de juros e deprecia a moeda apoia se na supo sição de que as pessoas adicionarão dinheiro às suas carteiras somente se os títulos tornarem se menos atrati vos de serem mantidos Entretanto a uma taxa de juros de R 0 as pessoas são indiferentes sobre trocas entre títulos e moeda os dois rendem uma taxa de retorno nominal igual a zero Um mercado aberto de compra de títulos por moeda digamos não altera os mercados as pessoas ficarão felizes em aceitar dinheiro adicional em troca de seus títulos com nenhuma mudança na taxa de juros de zero e portanto nenhuma mudança na taxa de câmbio Em contraste ao caso que exami namos anteriormente neste capítulo um aumento na oferta de moeda não terá efeito na economia Um banco central que reduz progressivamente a oferta de moeda vendendo títulos eventualmente será bem sucedido em elevar a taxa de juros a economia não pode funcionar sem um pouco de moeda mas essa possibilidade não é útil quando a economia está em uma crise e uma queda nas taxas de juros é o remédio de que ela precisa A Figura 1719 mostra como o digrama DD AA pode ser modificado para retratar a região de posições de equilíbrio potencial envolvendo a armadilha da liqui dez A relação DD é a mesma mas a relação AA agora tem um segmento plano em níveis de produção tão baixo que o mercado monetário acha seu equilíbrio a uma taxa de juros R igual a zero O segmento plano de AA mostra que a moeda não pode sofrer depreciação além do nível Ee1 RNo ponto de equilíbrio 1 no diagrama a produção é presa em um nível Y1 que fica abaixo do nível de pleno emprego Yf Vamos considerar a seguir como uma expansão de mercado aberto de oferta de moeda funciona nesse estra nho mundo de juros zero Embora não mostremos isso na Figura 1719 essa ação deslocaria AA para a direita a uma taxa de câmbio inalterada a maior produçãoY aumenta a demanda de moeda deixando as pessoas satisfeitas para manter o dinheiro adicional a uma taxa de juros inal terada R 0 O trecho horizontal de AA torna se mais longo como resultado Com mais moeda em circulação FIGURA 1719 A armadilha da liquidez de produção baixa No ponto 1 a produção está abaixo de seu nível de pleno emprego Contudo como as expectativas da taxa de câmbio Ee são fixas uma expansão monetária meramente mudará AA para a direita deixando o ponto de equilíbrio inicial o mesmo O trecho horizontal de AA dá origem à armadilha da liquidez Y 1 1 DD AA Y f E e 1 R Taxa de câmbio E Produção Y M17KRUGXXXXC17indd 377 12915 619 PM 378 Economia internacional a produção real e a demanda de moeda podem aumentar mais do que antes sem levar a taxa de juros nominal para um nível positivo Eventualmente conforme Y aumenta cada vez mais a demanda de moeda aumentada resulta em taxas de juros R progressivamente maiores e portanto em valorização progressiva da moeda ao longo do seg mento de inclinação para baixo de AA O resultado sur preendente é que o equilíbrio simplesmente permanece no ponto 1 Portanto a expansão monetária não tem efeito na produção ou na taxa de câmbio Esse é o sentido no qual a economia é presa Nossa suposição anterior de que a taxa de câmbio futura é fixa será um ingrediente chave nessa história da armadilha de liquidez Suponha que o banco central possa prometer com credibilidade aumentar a oferta de moeda permanentemente de forma que Ee aumente ao mesmo tempo em que a oferta de moeda atual Nesse casso a rela ção AA mudará tanto para cima quanto para a direita a produção vai portanto expandir e a moeda sofrerá depre ciação No entanto os observadores da experiência japo nesa argumentaram que os funcionários do BOJ estavam tão temerosos com depreciação e inflação assim como estavam vários presidentes de bancos durante o começo da década de 1930 que os mercados não acreditaram que eles estivessem dispostos a depreciar a moeda permanen temente Em vez disso os mercados suspeitaram de uma intenção de restaurar uma taxa de câmbio valorizada mais tarde e trataram qualquer expansão monetária como sendo temporária Somente na primeira metade de 2013 o governo japonês anunciou enfim uma intenção credível de expandir a oferta de moeda o suficiente e manter as taxas de juros em zero tempo o suficiente para atingir uma taxa anual de inflação de 2 Nesse ponto o iene sofreu depre ciação drástica como descrito no começo do Capítulo 1415 Com os Estados Unidos e o Japão mantendo taxas de juros de zero em 2013 alguns economistas recearam que a Reserva Federal fosse incapaz de parar uma deflação norte americana similar à do Japão A Reserva Federal e outros bancos centrais responderam adotando o que veio a ser chamado de políticas monetárias não convencionais nas quais o banco central compra categorias específicas de ativos com moeda recém emitida aumentando a oferta de moeda nesse processo Uma política dessas envolve a compra de títulos governamentais de longo prazo de forma a reduzir as taxas de juros de longo prazo Essas taxas desempenham um grande papel em determinar os juros cobrados por empréstimos nacionais e quando elas caem a demanda habitacional portanto aumenta Outra política não convencional possível que discutiremos no próximo capítulo é a compra de moeda estrangeira 15 Uma política similar foi defendida por Paul R Krugman Its Baaack Japans Slump and the Return of the Liquidity Trap Brookings Papers on Economic Activity v 2 p 137205 1998 Qual é o tamanho do multiplicador de gastos do governo Muitos estudantes encontram o multiplicador de gastos do governo durante sua exposição inicial à macroeconomia O multiplicador mede o tamanho do aumento na produção causado por um aumento nos gastos do governo ou em símbolos ΔYΔG Embora ao primeiro olhar possa parecer que o multiplicador é grande os estudantes rapidamente aprendem sobre os fatores que podem reduzir seu tamanho Se um aumento nos gastos do governo tam bém leva a um aumento na taxa de juros e isso por sua vez desencoraja os gastos em consumo e investi mento então o multiplicador é menor uma parte do impacto expansionista potencial da política fiscal é expulsa pelo aumento na taxa de juros Na economia aberta o multiplicador é menor ainda Alguns gastos particulares vazam pela econo mia por meio de importações e se a taxa de câmbio sofre valorização então como já vimos neste capí tulo a redução resultante em exportações líquidas é um canal adicional para a expulsão Por fim sob as condições de flexibilidade de preço e o pleno emprego o multiplicador é essencialmente zero se o governo deseja consumir mais e os recursos já estão plenamente empregados na produção então o setor privado deve participar com a produção que o governo quer Não existe uma forma de conseguir muito mais do que os estoques existentes plenamente empregados dos fatores produtivos então ΔYΔG 0 A incerteza sobre o tamanho do multiplicador gerou preocupações fora dos locais acadêmicos uma vez que o mundo entrou recessão em 2008 como resultado de uma crise financeira global que discu tiremos nos próximos capítulos começando com o Capítulo 19 Os Estados Unidos a China e outros paí ses montaram grandes programas de expansão fiscal incluindo aumento nas despesas do governo para sus tentar suas economias atingidas Esses recursos foram desperdiçados ou foram úteis para reduzir a gravidade da crise Seria mais fácil ou mais doloroso reduzir os gastos do governo mais para frente a fim de reverter M17KRUGXXXXC17indd 378 12915 619 PM 379 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo os déficits que a recessão causou A resposta depende do tamanho do multiplicador de gastos do governo Os economistas têm estudado a questão do tama nho do multiplicador por anos mas a gravidade da recessão 20082009 inspirou uma nova safra de estudos teóricos e empíricos Vimos anteriormente que em uma economia aberta os gastos permanentes de governo não têm impacto na produção o multiplicador é zero mas gastos de governo temporários podem aumentar a produção lembre se da Figura 1716 É mais provável que a expansão fiscal anticíclica seja temporária porque a recessão é temporária e por isso esse também é o caso focado pelas pesquisas recentes Em um levantamento extenso Robert E Hall da universidade de Stanford sugere que a maioria dos estudos encontrou um multiplicador entre 05 e 10 veja o trabalho dele nas Leituras adicionais Isto é quando o governo aumenta o consumo em US 1 o aumento resultante na produção será no máximo US 1 menor do que os grandes multiplicadores dos mais simples modelos de economia fechada mas ainda assim um efeito provável de ter um impacto substancial positivo no emprego Vimos anteriormente entretanto que em 2009 muitas economias industriais diminuíram suas taxas de juros drasticamente algumas vezes entrando em armadilhas de liquidez com taxas de juros zero Hall explicou que essa situação é excepcional porque a expulsão comum não ocorre e ele pensou que para economias em armadilhas de liquidez o multiplicador poderia ser tão alto quanto 17 Lawrence Christiano Martin Eichenbaum e Sergio Rebelo da Universidade de Northwestern sugeriram um número muito maior com base em seu modelo teórico embora abaixo de 1 seja normal o multiplicador pode ser tão alto quanto 37 em uma armadilha de liquidez Alan Auerbach e Yuriy Gorodnichenko da universidade da Califórnia Berkeley analisaram dados dos países membros em sua maioria os ricos da Organização para a Coopera ção e Desenvolvimento Econômico e descobriram que para economias em recessão embora não necessaria mente em armadilha de liquidez o multiplicador é em torno de 216 Nosso modelo da armadilha de liquidez permite nos ver facilmente que o multiplicador é maior quando a taxa de juros é mantida em zero e isso tam bém rende uma previsão adicional para o caso da eco nomia aberta Não só não existe expulsão por meio da taxa de juros como também não existe expulsão por meio da taxa de câmbio A Figura 1716 mostra o efeito de produção de um aumento temporário em G sob condições normais taxa de juros positiva Compare isso com o efeito em Y de um aumento de gastos similar na Figura 1719 assu mindo que R permanece em zero Como por suposi ção a taxa de câmbio esperada Ee não muda quando o aumento em G é temporário DD apenas desliza para a direita ao longo da porção horizontal de AA que em si não muda Nem a taxa de juros nem a taxa de câmbio futura esperada mudam na Figura 1719 então a pari dade de juros implica que a taxa de câmbio atual não pode mudar também Em contraste na Figura 1716 o aumento na produção faz subir a demanda por moeda levando R para cima e valorizando a moeda Como a valorização da moeda reduz as exportações líquidas limitando dessa forma o efeito positivo líquido na pro dução o multiplicador é menor na Figura 1716 do que na Figura 1719 Na verdade na Figura 1719 o multi plicador é o mesmo sob a taxa de câmbio fixa um caso que examinaremos no próximo capítulo Uma região em que o tamanho do multiplicador tornou se tópico de debate controverso foi na Europa onde os países simultaneamente cortaram os gastos do governo drasticamente após 2009 para reduzir os déficits e débitos públicos Nossa discussão do mul tiplicador pode levá lo a crer que os efeitos foram altamente contracionistas Isso é exatamente o que aconteceu como veremos no Capítulo 21 16 Veja Christiano Eichenbaum e Rebelo When Is the Government Spending Multiplier Large Journal of Political Economy v 119 p 78121 fev 2011 e Auerbach and Gorodnichenko Fiscal Multipliers in Recession and Expansion In Alberto Alesina e Francesco Giavazzi Eds Fiscal Policy after the Financial Crisis Chicago University of Chicago Press 2013 p 63102 resumo 1 A demanda agregada para a produção de uma economia aberta consiste de quatro componentes correspondentes aos quatro componentes do PNB consumo demanda in vestimento demanda do governo e a conta corrente de manda de exportação líquida Um importante determinan te da conta corrente é a taxa de câmbio real a relação do nível de preço estrangeiro medido em moeda nacional para o nível de preço nacional 2 A produção é determinada no curto prazo pela igualdade da demanda agregada e da oferta agregada Quando a deman da agregada é maior do que a produção as empresas au mentam a produção para evitar diminuição não intencional M17KRUGXXXXC17indd 379 12915 619 PM 380 Economia internacional do estoque Quando ela é menor do que a produção as empresas diminuem a produção para evitar acúmulo não intencional do estoque 3 O equilíbrio de curto prazo ocorre a uma taxa de câmbio e nível de produção nos quais dados o nível de preço a taxa de câmbio futura e as condições econômicas estrangei ras a demanda agregada iguala se à oferta agregada e os mercados de ativos estão em equilíbrio Em um diagrama com a taxa de câmbio e a produção real em seus eixos o equilíbrio de curto prazo pode ser visto como a interseção de uma relação DD inclinada para cima ao longo da qual o mercado de produção equilibra se e uma relação AA inclina da para baixo na qual os mercados de ativos equilibram se 4 Um aumento temporário na oferta de moeda que não altera a taxa de câmbio nominal esperada de longo prazo causa uma depreciação da moeda e um aumento na produção Uma expansão fiscal temporária também resulta em um au mento na produção mas causa uma valorização da moeda A política monetária e a política fiscal podem ser utilizadas pelo governo para compensar os efeitos de alterações na produ ção e no emprego Entretanto a expansão monetária tem porária não tem poder de aumentar a produção ou mover a taxa de câmbio quando a economia está em uma armadilha de liquidez de juros zero 5 Uma alteração permanente na oferta de moeda que de fato altera a taxa de câmbio nominal esperada de longo prazo causa movimentos mais nítidos na taxa de câmbio e portan to tem efeitos mais fortes de curto prazo na produção do que as alterações transitórias Se a economia está em seu pleno emprego um aumento permanente na oferta de moeda leva a um nível de preço crescente que no fim das contas reverte o efeito da depreciação inicial da taxa de câmbio nominal so bre a taxa de câmbio real No longo prazo a produção retorna ao seu nível inicial e todos os valores de moeda aumentam em proporção ao aumento na oferta de moeda 6 Como a expansão fiscal permanente muda a taxa de câmbio esperada de longo prazo isso causa uma valorização mais acentuada da moeda do que uma expansão temporária igual Se a economia começa no equilíbrio de longo prazo a valorização adicional torna as mercadorias e serviços nacio nais tão caros que a expulsão resultante da demanda de exportação líquida anula o efeito da política na produção e no emprego Nesse caso uma expansão fiscal permanente não tem efeito expansionista nenhum O multiplicador de gastos do governo é zero para expansão fiscal permanente diferente da expansão fiscal temporária 7 Um grande problema prático é assegurar que a capacidade do governo em estimular e economia não o tente a ajustar a po lítica para metas políticas de curto prazo criando dessa forma um viés de inflação Outros problemas incluem a dificuldade de identificar as fontes ou durações das mudanças econômi cas e defasagens de tempo na implementação das políticas 8 Se as exportações e importações ajustam se para mudan ças de taxa de câmbio real a conta corrente pode seguir um padrão de curva J após uma valorização real da moeda primeiro ficando em pior situação e então melhorando Se tal curva J existe a depreciação da moeda pode ter um efei to contracionista inicial na produção e a superação da taxa de câmbio será amplificada Passthrough limitado da taxa de câmbio junto com aumentos do preço nacional podem re duzir o efeito de uma mudança de taxa de câmbio nominal na taxa de câmbio real termos chave proBlemas armadilha da liquidez p 376 curva J p 374 demanda agregada p 354 multiplicador de gastos do governo p 378 passthrough p 375 política fiscal p 366 política monetária p 366 relação AA p 362 relação DD p 358 viés de inflação p 369 1 Como a relação DD muda se existe um declínio na demanda de investimento 2 Suponha que o governo impõe uma tarifa aduaneira em to das as importações Utilize o modelo DD AA para analisar os efeitos que essa medida teria na economia Analise tanto tarifas temporárias quanto permanentes 3 Imagine que o Congresso passe uma emenda constitucional exigindo que o governo norte americano mantenha um orça mento balanceado o tempo todo Portanto se o governo de seja mudar seus gastos ele deve sempre mudar os impostos na mesma quantia isto é ΔG ΔT A emenda constitucional implica que o governo não pode mais utilizar a política fiscal para afetar o emprego e a produção Dica analise um au mento de orçamento balanceado nos gastos do governo um que seja acompanhado por um aumento de impostos igual 4 Suponha que exista uma queda permanente na demanda agregada privada para a produção do país uma mudança para baixo da linha inteira de demanda agregada Qual é o efeito na produção Qual reposta política de governo você recomendaria M17KRUGXXXXC17indd 380 12915 619 PM 381 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo 5 Por que um aumento temporário nos gastos do governo faz com que a conta corrente caia a uma quantia menor do que um aumento permanente nos gastos do governo 6 Se um governo tem inicialmente um orçamento balancea do mas então corta impostos ele está entrando em um déficit que deve de alguma forma financiar Suponha que as pessoas pensem que o governo vai financiar seu déficit imprimindo a moeda extra de que precisa agora para cobrir seus gastos Você ainda esperaria que o corte de impostos causasse uma valorização da moeda 7 Você observa que a moeda de um país sofre depreciação en quanto sua conta corrente fica em pior situação Quais dados você poderia olhar para decidir se está presenciando um efei to de curva J Qual outra mudança macroeconômica poderia trazer uma depreciação da moeda junto com uma deteriora ção da conta corrente mesmo se não existisse uma curva J 8 Um novo governo é eleito e anuncia que uma vez no poder aumentará a oferta de moeda Utilize o modelo DD AA para estudar a resposta da economia a esse anúncio 9 Como você desenharia o diagrama DD AA quando a respos ta da conta corrente às mudanças de taxa de câmbio segue uma curva J Utilize esse diagrama modificado para exami nar os efeitos de alterações temporárias e permanentes nas políticas monetária e fiscal 10 Com o que a condição Marshall Lerner se pareceria se o país cujas mudanças de taxa de câmbio real mudam não começasse com uma conta corrente de zero A condição Marshall Lerner é obtida no Apêndice 2 sob a suposição padrão de uma conta corrente incialmente balanceada 11 Nosso modelo aceita o nível de preço P como dado no cur to prazo mas na realidade a valorização da moeda causada por uma expansão fiscal permanente faz com que P caia um pouco ao diminuir alguns preços de importação Se P cai levemente como resultado da expansão fiscal permanen te ainda é verdade que não existem efeitos de produção Como antes assuma um equilíbrio de longo prazo inicial 12 Suponha que a paridade de juros não seja exatamente mantida mas que a verdadeira relação seja R R Ee EE ρ onde ρ é um termo medindo o grau de risco diferencial de depósitos nacionais versus estrangeiros Suponha que um aumento per manente nos gastos nacionais do governo criando o prospecto de déficits governamentais futuros também aumente ρ isto é faz com que os depósitos em moeda nacional sejam mais arris cados Avalie os efeitos de produção da política nessa situação 13 Se uma economia não começa no pleno emprego é verdade que uma mudança permanente na política fiscal não tem efeito atual na produção 14 Considere a seguinte versão linear do modelo DD AA no tex to o consumo é dado por C 1 sY e o saldo da conta corrente é dado por CA aE mY Nos livros de estudo de macroeconomia s algumas vezes é chamado de propensão marginal para poupar e m é chamado de propensão marginal para importar Então a condição de equilíbrio nos merca dos de mercadorias é Y C I G CA 1 sY I G aE mY Escreveremos a condição do equilíbrio do merca do monetário como MsP bY dR Assumindo que o banco central pode manter tanto a taxa de juros R quanto a taxa de câmbio E constantes e que o investimento I também é constante qual o efeito de um aumento nos gastos do governo G na produçãoY Esse número é frequentemente chamado de multiplicador de gastos do governo de economia aberta mas como você pode ver ele é relevante apenas em condições estritas Explique seu resultado intuitivamente 15 Veja se você consegue retraçar os passos do argumento de cinco passos na página 372 para mostrar que a expansão fiscal permanente não pode fazer a produção cair 16 A discussão do capítulo sobre Viés de inflação e outros problemas de formulação de políticas página 369 pará grafo 4 sugere que pode não existir de fato algo como uma expansão fiscal permanente O que você acha Como essas considerações afetariam a taxa de câmbio e os efeitos de produção da política fiscal Você vê quaisquer paralelos com a discussão deste capítulo sobre o impacto de mais longo prazo dos desequilíbrios da conta corrente 17 Se você comparar economias de baixa inflação com economias nas quais a inflação é alta e muito volátil o quanto esperaria que a taxa de câmbio passthrough diferisse e por quê 18 Durante a votação do projeto de lei de estímulo fiscal norte americano em fevereiro de 2009 muitos membros do Con gresso demandaram cláusulas compre norte americano que teriam impedido o governo de gastar dinheiro em mer cadorias importadas De acordo com a análise deste capítu lo os gastos do governo norte americano reprimidos pelas restrições do compre norte americano teriam tido mais efeito na produção norte americana do que os gastos sem restrições do governo Por que sim ou por que não 19 Retorne ao Problema 14 e repare que para completar o modelo ali descrito devemos adicionar a condição de paridade de juros Observe também que se Yf é o nível de produção de pleno emprego então a taxa de câmbio de longo prazo esperada Ee satisfaz a equação Yf aEe I Gs m Es tamos novamente aceitando o investimento I como dado Utilizando essas equações demonstre algebricamente que se a economia começa no pleno emprego com R R um aumento em G não tem nenhum efeito na produção Qual é o efeito na taxa de câmbio Como a mudança da taxa de câmbio depende de a e por quê 20 Podemos expressar uma aproximação linear para a condição de paridade de juros precisa para pequenas mudanças de taxa de câmbio como R R Ee EEe Adicionar isso ao modelo dos Problemas 14 e 19 resolve Y como uma função de G Qual é o multiplicador de gastos do governo para mudanças temporárias em G aquelas que não alteram Ee Como a sua resposta depende dos parâmetros a b e d e por quê M17KRUGXXXXC17indd 381 12915 619 PM 382 Economia internacional leituras adicionais ARGY V PORTER M G The Forward Exchange Market and the Effects of Domestic and External Disturbances under Alternative Exchange Rate Systems International Monetary Fund Staff Papers v 19 p 503 532 nov 1972 Uma análise avançada de um modelo macroeconô mico similar ao deste capítulo ARGY V SALOP J K Price and Output Effects of Monetary and Fiscal Policies under Flexible Exchange Rates International Monetary Fund Staff Papers v 26 p 224256 jun 1979 Discute os efeitos de polí ticas macroeconômicas sob suposições institucionais alternativas sobre indexação de salário e processo de reajuste de salário preço em geral DORNBUSCH R Exchange Rate Expectations and Monetary Policy Journal of International Economics v 6 p 231244 ago 1976 Um exame formal da política monetária e da taxa de câmbio em um modelo com a curva J DORNBUSCH R KRUGMAN P Flexible Exchange Rates in the Short Run Brookings Papers on Economic Activity v 3 p 537575 1976 Teoria e evidência em ajuste macroeconômico de curto prazo sob taxas de câmbio flutuantes GAGNON J E Productive Capacity Product Varieties and the Elasti cities Approach to the Trade Balance Review of International Econo mics v 15 p 639659 set 2007 Olha o papel de novos produtos na determinação de elasticidades de comércio de longo prazo HALL R E By How Much Does GDP Rise if the Government Buys More Output Brookings Papers on Economic Activity v 2 p 18331 2009 Discussão minuciosa mas avançada sobre o multiplicador de gas tos do governo em modelos macroeconômicos contemporâneos e na prática MARQUEZ J Estimating Trade Elasticities Boston Kluwer Academic Publishers 2002 Pesquisa abrangente sobre a estimativa das elas ticidades do comércio RANGAN S LAWRENCE R Z A Prism on Globalization Washington DC Brookings Institution 1999 Um exame das respostas de empresas multinacionais aos movimentos da taxa de câmbio SVENSSON L E O Escaping from a Liquidity Trap and Deflation The Foolproof Way and Others Journal of Economic Perspectives v 17 p 145166 outono de 2003 Discussão clara sobre as opções de política para economias que enfrentam deflação incluindo políticas monetá rias não convencionais M17KRUGXXXXC17indd 382 12915 619 PM comércio intertemporal e demanda de consumo APÊNDICE 1 DO CAPÍTULO 17 Assumimos no capítulo que a demanda de consumo privado é uma função de renda disponível C CYd com a propriedade de que quando Yd aumenta o con sumo aumenta em uma quantia menor de forma que a poupança Yd CYd também aumenta Este apêndice interpreta essa suposição no contexto de modelo inter temporal do comportamento do consumo discutido no Apêndice do Capítulo 6 A discussão no Capítulo 6 assumia que o bem estar dos consumidores depende da demanda de consumo presente DP e da demanda de consumo futura DF Se a renda presente é QP e a renda futura é QF os consumi dores podem utilizar empréstimo ou a poupança para alocar seu consumo durante o tempo de qualquer forma consistente com a restrição de orçamento intertemporal DP DF1 r QP QF1 r onde r é a taxa real de juros A Figura 17A11 lembra o de como o consumo e a poupança foram determinados no Capítulo 6 Se as produções presente e futura estão inicialmente descritas pelo ponto classificado como 1 na figura o desejo de um consumidor em escolher a curva de indiferença de maior utilidade consistente com suas restrições de orçamento leva o consumo ao ponto 1 também Assumimos zero poupança no ponto 1 para mostrar de forma mais clara o efeito de um aumento na produ ção atual para a qual nos voltamos a seguir Suponha que a produção presente aumente enquanto a produção futura não movendo a dotação de renda para o ponto 2 que se situa horizontalmente à direita do ponto 1 Você pode ver que o consumidor desejará espalhar o aumento no consumo que lhe é permitido durante sua vida inteira Ele pode fazer isso poupando uma parte do aumento da renda presente Q2 P Q1 P e movendo se para cima junto com sua linha de orçamento a partir da dotação no ponto 2 para o ponto 2 Agora se reinterpretarmos a notação de forma que a produção presente QP corresponda à renda disponí vel Yd e a demanda de consumo presente corresponda a CYd veremos que embora o consumo certamente dependa de outros fatores além da renda disponível atual notadamente a renda futura e a taxa de juros real seu comportamento implica um aumento na renda vitalícia que é concentrado no presente e vai de fato levar a um aumento no consumo atual menor que o aumento na FIGURA 17A11 Mudança na produção e na poupança Um aumento de um período na produção aumenta a poupança Consumo futuro Consumo presente D2 2 1 F Q1 F D1 F D2 P Q2 P 2 Restrições de orçamento intertemporal Curvas de indiferença Q1 P D1 P M17KRUGXXXXC17indd 383 12915 619 PM 384 Economia internacional renda atual Já que as mudanças de produção que temos considerado neste capítulo são todas mudanças tempo rárias que resultam da resistência de curto prazo dos preços em moeda nacional o comportamento do con sumo que presumimos no capítulo captura a caracterís tica essencial do comportamente de consumo intertem poral para que o modelo DDAA funcione Também podemos utilizar 17A11 para olhar para os efeitos do consumo de uma taxa de juros real que men cionamos na nota de rodapé 1 Se a economia está ini cialmente no ponto 1 uma queda na taxa de juros real r faz a linha do orçamento rodar em sentido anti horário sobre o ponto 1 causando um aumento no consumo presente Contudo se a economia vem poupando ini cialmente uma quantia positiva como no ponto 2 17 Por exemplo veja Abel Bernanke e Croushore op cit Capítulo 15 esse efeito seria ambíguo um reflexo contrário puxa a renda e os efeitos de substituição que introduzimos na primeira parte deste livro na teoria do comércio inter nacional Nesse segundo caso o ponto de dotação é o ponto 2 então uma queda na taxa de juros real causa uma rotação anti horária na linha de orçamento sobre o ponto 2 Como indicado em evidência empírica o efeito positivo de uma menor taxa de juros real no con sumo provavelmente é fraco A utilização do quadro anterior para analisar os aspectos intertemporais da política fiscal nos levaria muito longe embora esse seja um dos tópicos mais fasci nantes da macroeconomia Em vez disso remetemos os leitores a qualquer bom texto de macroeconomia inter mediário17 M17KRUGXXXXC17indd 384 12915 619 PM a condição marshalllerner e estimativas empíricas de elasticidades do comércio APÊNDICE 2 DO CAPÍTULO 17 O capítulo supôs que a depreciação real da moeda de um país melhora sua conta corrente No entanto como notamos a validade dessa suposição depende da resposta dos volumes de exportação e importação para as mudanças da taxa de câmbio real Neste apêndice obtemos uma condição naquelas respostas para a supo sição no texto ser válida A condição chamada de con dição de Marshall Lerner afirma que com todo o resto igual uma depreciação real melhora a conta corrente se os volumes de exportação e importação forem suficien temente elásticos com respeito à taxa de câmbio real A condição recebeu o nome dos dois economistas que a descobriram Alfred Marshall e Abba Lerner Após obter a condição Marshall Lerner olhamos para suas estimativas empíricas de elasticidades do comércio e analisamos suas implicações para as respostas reais da conta corrente às mudanças da taxa de câmbio real Para começar escreva a conta corrente medida em unidades de produção nacional como a diferença entre as exportações e importações de mercadorias e serviços similarmente medidos CAEPP Yd EXEPP IMEPP Yd A demanda de exportação é escrita como função de EPP sozinha porque a renda estrangeira está sendo mantida constante Deixe q representar a taxa de câmbio real EPP e deixe EX representar as importações medidas em ter mos de produção estrangeira em vez de nacional A notação EX é utilizada porque as importações nacio nais do exterior medidas em termos de produção estran geira igualam o volume de exportações estrangeiras para o país Se identificarmos q com o preço de produtos estrangeiros em termos de produtos nacionais então IM e EX são relacionados por IM q EX isto é importações medidas em produção nacional unidades de produção nacionalunidade de produção estrangeira importações medidas em unidas de pro dução estrangeira18 A conta corrente portanto pode ser expressa como CAq Yd EXq q EXq Yd Agora deixe EXq representar o efeito de um aumento em q uma depreciação real na demanda de exportação e deixe EX q representar o efeito de um aumento em q no volume de importação Dessa forma EXq ΔEXΔq EX q ΔEXΔq Como vimos no capítulo EXq é positivo uma depre ciação real torna os produtos relativamente mais baratos e estimula as exportações enquanto EX q é negativo um barateamento relativo dos produtos nacionais reduz a demanda de importação nacional Utilizando essas defi nições podemos agora perguntar como um aumento em q afeta a conta corrente com todo o resto igual Se o sobrescrito 1 indica o valor inical de uma variá vel enquanto o sobrescrito 2 indica seu valor após q ter mudado para Δq q2 q1 então a mudança na conta corrente causada por uma mudança de taxa de câmbio real Δq é ΔCA CA2 CA1 EX2 q2 EX2 EX1 q1 EX1 ΔEX q2 ΔEX Δq EX1 Dividindo por Δq dá a resposta da conta corrente a uma mudança em q ΔCAΔq EXq q2 EX q EX1 Essa equação resume os dois efeitos de conta corrente de uma depreciação real discutidos no texto o efeito volume e o efeito valor Os termos que envolvem EXq e EXq representam o efeito volume o efeito de uma mudança em q no número de unidades de produção expor tadas e importadas Esses mesmos termos são sempre 18 Como avisamos anteriormente no capítulo a identifi cação da taxa de câmbio real com preços de produção relativos não é bem exata já que como defi nimos a taxa de câmbio real é o preço relativo das cestas de despesas Contudo para propósitos mais práticos a discrepância não é qualitativamente importante Um problema mais sério com a nossa análise é que as produções nacionais consistem em parte de não comercia lizáveis e a taxa de câmbio real cobre seus preços assim como aqueles dos comercializáveis Para evitar a complexidade adicional que resultaria de um tratamento mais detalhado da composição das produções nacionais assumimos ao obter a condição Marshall Lerner que a taxa de câmbio real pode ser aproximadamente identifi cada como o preço relativo das importações em termos de exportações M17KRUGXXXXC17indd 385 12915 619 PM 386 Economia internacional positivos porque EXq 0 e EX q 0 O último termo EX1 representa o efeito valor e é precedido de um sinal de menos Esse último termo nos diz que um aumento em q piora a conta corrente à medida que aumenta o valor de produção nacional do volume inicial de importações Estamos interessados em saber quando o lado direito da equação é positivo de forma que uma depreciação real faz o saldo da conta corrente aumentar Para res ponder a essa questão primeiro definimos a elasticidade da demanda de exportação com respeito a q η q1EX1EXq e a elasticidade da demanda de importação com relação a q η q1EX1EX q A definição de η envolve um sinal de menos porque EX q 0 e estamos definindo as elasticidades do comér cio como números positivos Retornando a nossa equa ção para ΔCAΔq multiplicamos seu lado direito por q1 EX1 para expressá la em elasticidades dos termos de comércio Então se a conta corrente está inicialmente a zero isto é EX1 q1 EX1 esse último passo mostra que ΔCAΔq é positivo quando η q2q1η 1 0 Se é suposto que a mudança em q é pequena de forma que q2 q1 a condição para um aumento em q melhorar a conta corrente é η η 1 Essa é a condição de Marshall Lerner que afirma que a conta corrente é inicialmente zero uma depre ciação real na moeda causa um superávit em conta corrente se a soma das elasticidades do preço relativo das demandas de exportação e importação excede 1 Se a conta corrente não é inicialmente zero a condi ção torna se mais complexa Ao aplicar a condição de Marshall Lerner lembre se que sua derivação assume que a renda disponível é mantida constante quando q muda Agora que temos a condição de Marshall Lerner podemos perguntar se as estimativas empíricas das equações do comércio implicam elasticidades de preço consistentes com a suposição deste capítulo de que uma depreciação real da taxa de câmbio melhora a conta corrente A Tabela 17A21 apresenta as estimativas de elasticidade do Fundo Monetário Internacional para o comércio em mercadorias manufaturadas A tabela informa as elasticidades de preço para exportação e importação medidas sobre três horizontes temporais sucessivamente mais longos e portanto para a possibi lidade de que as demandas de exportação e importação ajustem se gradualmente às mudanças de preço relativo como na discussão do efeito da curva J As elasticida des de impacto medem a resposta dos fluxos de comério para as mudanças de preço relativo nos primeiros seis meses após a mudança as elasticidades de curto prazo aplicam se a período de ajuste de um ano e as elastici dades de longo prazo medem a resposta dos fluxos de comércio para as mudanças de preços sobre um período de ajuste hipotéticamente infinito tAbelA 17A21 Elasticidades de preço estimadas para o comércio internacional em mercadorias manufaturadas η η País Impacto Curto prazo Longo prazo Impacto Curto prazo Longo prazo Alemanha 141 057 077 077 Áustria 039 071 137 003 036 080 Bélgica 018 059 155 070 Canadá 008 040 071 072 072 072 Dinamarca 082 113 113 055 093 114 Estados Unidos 018 048 167 106 106 França 020 048 125 049 060 Grã Bretanha 037 060 075 075 Holanda 024 049 089 071 122 122 Itália 056 064 094 094 094 Japão 059 101 161 016 072 097 Noruega 040 074 149 001 071 Suécia 027 073 159 094 Suíça 028 042 073 025 025 025 Fonte As estimativas são retiradas de Jacques R Artus and Malcolm D Knight Issues in the Assessment of the Exchange Rates of Industrial Countries Occasional Paper 29 Washington DC Fundo Monetário Internacional jul 1984 tabela 4 As estimativas não disponíveis são indicadas por traços M17KRUGXXXXC17indd 386 12915 619 PM 387 Capítulo 17 Produção e a taxa de câmbio no curto prazo Para a maioria dos países as elasticidades de impacto são tão pequenas que a soma do impacto das elasticida des de exportação e importação é menor que 1 Já que as elasticidades de impacto normalmente falham em satis fazer à condição Marshall Lerner a estimativa apoia a existência de um efeito inical de curva J que faz com que a conta corrente seja deteriorada imediatamente seguindo uma depreciação real Também é verdade entretanto que a maioria dos países representados na tabela satisfazem à condição Marshall Lerner no curto prazo e que praticamente todos também o fazem no longo prazo A evidência portanto é consistente com a suposição feita no capí tulo exceto sobre curtos períodos de tempo é prová vel que a depreciação real melhore a conta corrente enquanto é provável que uma valorização real a piore M17KRUGXXXXC17indd 387 12915 619 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 18 taxas de câmbio fixas e intervenção cambial OBJetivOs de aprendiZaGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Entender como um banco central deve gerenciar a política monetária a fim de fixar o valor da sua moeda no mercado cambial Descrever e analisar a relação entre as reservas de divisas do banco central suas compras e vendas no mercado cambial e a oferta de moeda Explicar como as políticas monetária fiscal e esterilizada afetam a economia sob uma taxa de câmbio fixa Discutir as causas e efeitos das crises do balanço de pagamentos Descrever como funcionam os sistemas multilaterais alternativos para atrelar as taxas de câmbio Em vários capítulos anteriores desenvolvemos um modelo que nos ajuda a compreender como a taxa de câmbio e a renda nacional de um país são determinadas pela interação dos mer cados de ativos e de produção Usando esse modelo vimos como as políticas fiscais e monetárias podem ser usadas para manter o pleno emprego e um nível de preços estável Para simplificar a discussão assumimos que a taxas de câmbio são completamente flexíveis ou seja que as autoridades monetárias nacionais não negociam no mercado cambial para influenciar as taxas de câmbio No entanto na realidade o pressuposto da flexibilidade completa da taxa de câmbio nem sempre é exato Como mencionado anteriormente a economia mundial operou sob um sistema de taxas de câmbio de dólar fixas entre o final da Segunda Guerra Mundial e 1973 com bancos centrais negociando de rotina moedas estrangeiras para manter suas taxas de câmbio nos níveis acordados internacionalmente Os países industrializados agora operam sob um sistema híbrido de taxas de câmbio flutuantes administradas um sistema em que os governos podem tentar moderar os movimentos da taxa de câmbio sem manter taxas de câmbio rigidamente fixas Diversos países em desenvolvimento têm mantido alguma forma de fixação da taxa de câmbio pelo governo por razões que discutiremos no Capítulo 22 Neste capítulo estudaremos como os bancos centrais intervêm no mercado cambial para fixar taxas de câmbio e como as políticas macroeconômicas funcionam quando as taxas de câmbio são fixas O capítulo vai nos ajudar a compreender o papel da intervenção do banco central no câmbio na determinação das taxas de câmbio sob um regime de flutuação administrada Por que estudar as taxas de câmbio fixas Uma discussão sobre taxas de câmbio fixas pode parecer desatualizada em uma época em que as manchetes dos jornais regularmente des tacam as mudanças bruscas nas taxas de câm bio das principais moedas dos países industriais Contudo existem quatro razões pelas quais deve mos entender as taxas de câmbio fixas antes de analisarmos os problemas da política macroeco nômica contemporânea 1 Flutuação administrada Como observado anteriormente os bancos centrais podem in tervir nos mercados de moeda para influen ciar as taxas de câmbio Então embora as taxas de câmbio do dólar das moedas dos países industrializados não sejam atualmente fixadas pelos governos tampouco são deixa das flutuar sempre à vontade O sistema de flutuação das taxas de câmbio do dólar é às vezes referido como uma flutuação suja para distingui lo de uma flutuação limpa em que os governos não fazem nenhuma M18KRUGXXXXC18indd 388 12915 619 PM 389 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial tentativa direta de influenciar os valores da moeda estrangeira O modelo da taxa de câmbio desenvol vido nos capítulos anteriores assumia uma taxa de câmbio flutuante limpa ou completamente flexível1 Como o atual sistema monetário é um híbrido entre os sistemas de taxa fixa e flutuante pura um en tendimento das taxas de câmbio fixas nos dá um in sight sobre os efeitos da intervenção cambial quando ocorre em taxas flutuantes 2 Regime de moeda regional Alguns países pertencem a uniões cambiais organizações cujos membros con cordam em corrigir suas taxas de câmbio mútuas ao permitir que suas moedas flutuem no valor em rela ção às moedas dos países não membros Atualmente por exemplo a Dinamarca atrela o valor da sua moeda ao euro no âmbito do Mecanismo de Taxa de Câmbio da União Europeia 3 Países em desenvolvimento Embora os países indus triais em geral permitam que suas moedas flutuem em relação ao dólar essas economias são responsáveis por menos de um sexto dos países do mundo Vários paí ses em desenvolvimento tentam atrelar ou gerenciar os valores de suas moedas muitas vezes em termos de dólar mas às vezes em termos de uma moeda não dólar ou alguma cesta de moedas escolhidas pelas autoridades O Marrocos atrela sua moeda a uma cesta por exemplo enquanto Barbados atrela sua moeda ao dólar norte americano e o Senegal ao euro Nenhum exame dos problemas dos países em desen volvimento chegaria muito longe sem levar em con sideração as implicações das taxas de câmbio fixas2 4 Lições do passado para o futuro As taxas de câmbio fixas eram a norma em muitos períodos como nas dé cadas antes da Primeira Guerra Mundial entre os anos de 1920 e 1931 e outra vez entre 1945 e 1973 Hoje os economistas e políticos insatisfeitos com as taxas de câmbio flutuantes às vezes propõem novos acordos in ternacionais que ressuscitariam uma forma do sistema de taxas fixas Tais planos beneficiariam a economia mundial Quem iria ganhar ou perder Para comparar os méritos das taxas de câmbio fixas e flutuantes deve mos entender o funcionamento das taxas fixas Intervenção do banco central e a oferta de moeda No Capítulo 15 definimos a oferta de moeda de uma economia como a quantidade total de moeda e depósi tos confirmados mantidos por pessoas físicas e jurídicas considerando que o banco central tenha determinado a quantidade de dinheiro em circulação Para entender os efeitos da intervenção do banco central no mercado cam bial precisamos ver primeiro como as transações finan ceiras do banco central afetam a oferta de moeda3 O balanço do banco central e a oferta de moeda A principal ferramenta que usamos no estudo de transações de banco central nos mercados de ativos é o balanço do banco central que registra os ativos detidos pelo banco central e seu passivo Como qualquer outro balanço patrimonial o do banco central é organizado de acordo com os princípios de contabilidade Qualquer aquisição de um ativo pelo banco central resulta em uma mudança positiva no ativo do balanço enquanto qualquer aumento no passivo do banco resulta em uma mudança positiva no lado do passivo do balanço 1 É discutível se um fl utuador verdadeiramente limpo já existiu na realidade A maioria das políticas governamentais afeta a taxa de câmbio e os governos raramente empreendem políticas sem considerar as implicações políticas das taxas de câmbio 2 O Fundo Monetário Internacional FMI uma agência internacional que discutiremos no próximo capítulo publica uma classifi cação útil dos regimes de taxa de câmbio de seus países membros As disposições como as de fi nal de abril de 2012 podem ser encontradas na p 4 da publicação Annual Report on Exchange Arrangements and Exchange Restrictions 2012 disponível em httpwwwimforgexternalpubscat longresaspxsk260120 O FMI chama esses regimes de taxa de câmbio de fato porque são baseados no que os países realmente fazem não no que eles dizem que fazem A partir de abril de 2012 66 países incluindo a maioria dos principais países industriais e os 17 países que então usavam o euro tinham moedas fl utuantes ou livremente fl utuantes O euro em si fl utua independentemente do dólar e outras moedas importantes como discutimos no Capítulo 21 Treze países não tinham suas próprias moedas incluindo o Equador Panamá e Zim bábue 43 tinham indexadores convencionais do tipo que estudaremos neste capítulo enquanto 12 outros tinham conselhos monetários um tipo especial de esquema de taxa de câmbio fi xa ao qual a análise do presente capítulo em grande parte se aplica Entre os indexadores convencionais havia muitos países mais pobres mas também a Arábia Saudita rica em petróleo e a Dinamarca membro da União Europeia Mais 16 países incluindo Iraque Camboja Macedônia e Vietnã tinham arranjos estabilizados em que as autoridades fi xam as taxas de câmbio mas sem qualquer compromisso formal para fazê lo Um país Tonga permitia que a sua taxa de câmbio se movesse dentro de faixas horizontais 15 outros tinham indexação crawling pegs em que a taxa de câmbio é forçada a seguir um caminho predeterminado ou ar ranjos tipo crawling O último grupo inclui a China Por fi m 24 países incluindo Bangladesh Nigéria Rússia e Singapura tinham outros arranjos gerenciados Como você pode ver há uma enorme gama de sistemas de taxa de câmbio diferentes e o caso das taxas de câmbio fi xas continua a ser muito importante 3 Como salientamos no Capítulo 13 as agências governamentais exceto bancos centrais podem intervir no mercado cambial mas suas opera ções de intervenção ao contrário das dos bancos centrais não têm nenhum efeito signifi cativo nas ofertas de moeda nacionais Na terminolo gia introduzida nas próximas páginas as intervenções por agências que não sejam os bancos centrais são automaticamente esterilizadas Para simplifi car a discussão continuamos a assumir quando o pressuposto não for enganoso que apenas os bancos centrais realizam intervenção cambial M18KRUGXXXXC18indd 389 12915 619 PM 390 Economia internacional Um balanço do banco central do país imaginário de Pecúnia é mostrado a seguir Balanço do Banco Central Ativos Passivos Ativos externos US 1000 Depósitos mantidos por bancos privados US 500 Ativos internos US 1500 Moeda em circulação US 2000 No ativo do balanço do banco de Pecúnia são cita dos dois tipos ativos externos e ativos internos Os ativos externos consistem principalmente de títulos de moeda estrangeira detidos pelo banco central Eles compõem as reservas internacionais oficiais do banco central e suas alterações de nível quando o banco central intervém no mercado cambial ao comprar ou vender a moeda estran geira Por razões históricas discutidas mais adiante neste capítulo as reservas internacionais do banco central também incluem qualquer quantidade de ouro que ele possuir A característica definidora das reservas internacionais é que elas são créditos sobre estrangeiros ou um meio universalmente aceito de pagamentos inter nacionais por exemplo ouro No presente exemplo o banco central possui US 1000 em ativos externos Os ativos internos são propriedades do banco cen tral dos créditos de pagamentos futuros por seus pró prios cidadãos e instituições domésticas Estas reivin dicações geralmente assumiram a forma de títulos do governo nacional e de empréstimos de bancos privados nacionais O Banco de Pecúnia possui US 1500 em ati vos internos Seus ativos totais portanto resultam em US 2500 a soma dos ativos externos e internos Na lista de passivos do balanço constam os depósitos dos bancos privados e a moeda em circulação tanto em notas como em moedas Famílias e empresas não bancá rias em geral não podem depositar dinheiro no banco cen tral ao passo que é exigido dos bancos geralmente por lei que mantenham depósitos no banco central como apoio parcial para seus próprios passivos Depósitos bancários privados são passivos do banco central porque o dinheiro pode ser retirado sempre que os bancos privados precisa rem A moeda em circulação é considerada um passivo do banco central principalmente por razões históricas em uma época os bancos centrais eram obrigados a dar certa quantidade de ouro ou prata para qualquer pessoa que pre tendesse trocar moeda nacional por um desses metais pre ciosos O balanço patrimonial anterior mostra que os ban cos privados de Pecúnia depositaram US 500 no banco central A moeda em circulação é igual a US 2000 então o total do passivo do banco central equivale a US 2500 O ativo total do banco central é igual a seu passivo total mais seu patrimônio líquido que assumimos no exemplo presente ser zero Como as mudanças no valor líquido do banco central não são importantes para nossa análise vamos ignorá las4 A suposição adicional de que o patrimônio líquido é constante significa que as mudanças nos ativos do banco central que consideraremos causam automaticamente alte rações iguais no passivo Quando o banco central adquire um ativo por exemplo ele pode pagar por isso de duas maneiras Um pagamento em dinheiro aumenta a oferta de moeda em circulação até a quantidade de compra de ativos do banco Um pagamento por cheque promete ao proprietário um depósito do banco central igual em valor ao preço do ativo Quando o destinatário do cheque depo sita na sua conta em um banco privado os créditos do banco privado no banco central e portanto os passivos do banco central para os bancos privados aumentam na mesma quantia Em ambos os casos a compra de ativos pelo banco central provoca automaticamente um aumento igual no seu passivo Da mesma forma as vendas de ativos do banco central envolvem a retirada de moeda de circu lação ou a redução dos créditos dos bancos privados no banco central e portanto uma queda no passivo do banco central em relação ao setor privado Uma compreensão do balanço do banco central é importante porque as alterações em seus ativos causam alterações na oferta de moeda doméstica A discussão do parágrafo anterior sobre a igualdade entre mudanças nos ativos e passivos do banco central ilustra o meca nismo atuante Quando o banco central compra um ativo do público por exemplo seu pagamento seja dinheiro ou cheque entra diretamente na oferta de moeda O aumento no passivo do banco central associado com a compra de ativos portanto faz com que a oferta de moeda expanda A oferta de moeda diminui quando o banco central vende um ativo ao público porque o dinheiro ou o cheque que ele recebe em pagamento sai de circulação reduzindo o passivo do banco central para o público Alterações no nível das participações de ativos do banco central fazem com que a oferta de moeda mude na mesma direção porque exigem mudan ças iguais no passivo do banco central O processo que descrevemos pode ser familiar para você a partir do estudo de operações de mercado aberto do 4 Existem várias maneiras pelas quais o patrimônio líquido de um banco central também chamado de capital do banco central pode mudar Por exemplo o governo pode permitir que seu banco cen tral mantenha uma fração dos ganhos de juros em seus ativos e esse fluxo de juros aumentaria o patrimônio líquido do banco se reinvestido Tais mudanças no patrimônio líquido tendem a ser em piricamente pequenas o bastante e podem em geral ser ignoradas para fins de análise macroeconômica No entanto veja o problema no fim do Capítulo 19 M18KRUGXXXXC18indd 390 12915 619 PM 391 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial banco central em cursos anteriores Por definição as ope rações de mercado aberto envolvem compra ou venda de ativos internos mas as transações oficiais em ativos estran geiros têm o mesmo efeito direto sobre a oferta de dinheiro Você também vai lembrar que quando o banco central com pra ativos por exemplo o aumento consequente da oferta de dinheiro é geralmente maior do que a compra de ativos inicial por causa da criação de depósitos múltiplos dentro do sistema bancário privado Este efeito multiplicador de dinheiro que aumenta o impacto das operações do banco central sobre a oferta de dinheiro reforça nossa principal conclusão qualquer compra de ativos pelo banco central automaticamente resulta em um aumento da oferta de moeda doméstica enquanto qualquer venda de ativos pelo banco cen tral automaticamente faz com que a oferta de moeda caia5 Intervenção cambial e a oferta de moeda Para ver mais detalhadamente como a intervenção cambial afeta o fornecimento de dinheiro vamos exami nar um exemplo Suponha que o Banco de Pecúnia vai para o mercado de câmbio e vende US 100 de títulos estrangeiros pela moeda pecuniana A venda reduz as participações oficiais de ativos externos de US 1000 para US 900 fazendo o ativo do balanço do banco cen tral encolher de US 2500 para US 2400 O pagamento que o Banco de Pecúnia recebe por esses ativos externos automaticamente reduz também seu passivo em US 100 Se o banco de Pecúnia for pago com moeda nacional a moeda vai para seu cofre e sai de circulação A moeda em circulação portanto cai US 100 Um problema no final do capítulo considera o efeito idêntico de oferta de moeda do pagamento com cheque Como resultado da venda de ativos estrangei ros o balanço do banco central muda da seguinte forma Balanço do Banco Central após a venda de US 100 de ativos estrangeiros comprador paga em dinheiro Ativos Passivos Ativos externos US 900 Depósitos mantidos por bancos privados US 500 Ativos internos US 1500 Moeda em circulação US 1900 Após a venda os ativos ainda serão iguais aos passi vos mas ambos terão uma redução de US 100 igual ao montante de moeda que o Banco de Pecúnia retirou de circulação mediante sua intervenção no mercado cam bial A mudança no balanço do banco central implica um declínio na oferta de dinheiro pecuniano Uma compra de US 100 de ativos estrangeiros pelo Banco de Pecúnia faria seu passivo aumentar US 100 Se o banco central pagar sua compra em dinheiro a moeda em circulação aumentará US 100 Se pagar em cheque de si mesmo os depósitos de banco privado para o Banco de Pecúnia por fim aumentariam US 100 Em ambos os casos haveria um aumento da oferta de moeda doméstica Esterilização Os bancos centrais às vezes realizam transações de ativos estrangeiros e nacionais iguais em direções opos tas para anular o impacto de suas operações de câmbio na oferta de moeda doméstica Este tipo de política é chamado de intervenção cambial esterilizada Podemos entender como a intervenção cambial esterilizada fun ciona analisando o exemplo a seguir Suponha que mais uma vez o banco de Pecúnia venda US 100 de seus ativos estrangeiros e recebe como paga mento um cheque de US 100 do banco privado Pecu niacorp Essa transação faz os ativos externos do banco central e seus passivos diminuírem simultaneamente US 100 e portanto há uma queda na oferta de moeda doméstica Se o banco central pretende anular o efeito da sua venda de ativos estrangeiros sobre a oferta de moeda pode comprar US 100 de ativos domésticos como títulos do governo Essa segunda ação aumenta os ativos inter nos do Banco de Pecúnia e seus passivos em US 100 e portanto cancela o efeito da oferta de moeda da venda de US 100 em ativos estrangeiros Se o banco central compra os títulos do governo com um cheque por exem plo as duas transações uma venda de US 100 de ativos estrangeiros e a compra de US 100 de ativos internos têm o seguinte efeito líquido no seu balanço Balanço do Banco Central antes da venda esterilizada de US 100 de ativos estrangeiros Ativos Passivos Ativos externos US 1000 Depósitos mantidos por bancos privados US 500 Ativos internos US 1500 Moeda em circulação US 2000 Balanço do Banco Central após a venda esterilizada de US 100 de ativos estrangeiros Ativos Passivos Ativos externos US 900 Depósitos mantidos por bancos privados US 500 Ativos internos US 1600 Moeda em circulação US 2000 A diminuição de US 100 de ativos estrangeiros do banco central é combinada com um aumento de US 100 nos ativos internos e o passivo do balanço não 5 Para uma descrição detalhada da criação de depósitos múltiplos e o multiplicador de dinheiro consulte Frederic S Mishkin The Eco nomics of Money Banking and Financial Markets 10ed Capítulo 14 Upper Saddle River NJ Prentice Hall 2013 M18KRUGXXXXC18indd 391 12915 619 PM 392 Economia internacional muda A venda de divisas esterilizadas portanto não tem efeito sobre a oferta de moeda A Tabela 181 resume e compara os efeitos das inter venções cambiais esterilizadas e não esterilizadas O balanço de pagamentos e a oferta de moeda Em nossa discussão sobre a contabilidade do balanço de pagamentos no Capítulo 13 definimos o balanço de pagamentos de um país ou balanço das transações ofi ciais como as compras líquidas de ativos estrangeiros pelo banco central doméstico menos as compras líqui das de ativos domésticos por bancos centrais estrangei ros Vendo de forma diferente o balanço de pagamentos é igual aos saldos de conta corrente mais conta capital menos o componente não reserva do saldo da conta financeira isto é a lacuna de pagamentos internacionais que os bancos centrais devem financiar por meio de suas transações de reserva Um déficit do balanço de paga mentos domésticos por exemplo significa que passivos de reserva líquida do país estão aumentando alguma combinação de vendas de reservas pelo banco central doméstico e compras de reservas pelos bancos centrais estrangeiros está cobrindo uma conta corrente domés tica mais o déficit em conta capital não correspondida totalmente pelas vendas líquidas privadas de bens de estrangeiros ou um superávit da conta corrente domés tica que fica aquém das compras privadas líquidas dos créditos financeiros sobre os estrangeiros O que aprendemos nesta seção ilustra a importante ligação entre o balanço de pagamentos e o crescimento das ofertas de moeda domésticas e do exterior Se os ban cos centrais não estão esterilizando e o país de origem tem um superávit do balanço de pagamentos por exemplo qual quer aumento associado de ativos estrangeiros do banco cen tral doméstico implica uma maior oferta de moeda domés tica Da mesma forma qualquer diminuição associada de créditos de um banco central estrangeiro no país de origem implica uma diminuição da oferta de moeda estrangeira No entanto a extensão até a qual uma disparidade medida do balanço de pagamentos afetará as ofertas de moeda nacionais e estrangeiras é bastante incerta na prática Por um lado temos de saber como o ônus do ajustamento do balanço de pagamentos é dividido entre os bancos centrais ou seja quanto financiamento da lacuna de pagamentos é feito mediante intervenção ofi cial doméstica e quanto por estrangeiros Essa divisão depende de vários fatores como os objetivos macroeco nômicos dos bancos centrais e as providências institucio nais que regulam a intervenção discutidas mais adiante neste capítulo Segundo os bancos centrais podem estar esterilizando para agir contra os efeitos monetários das alterações das reservas Por fim como observamos no final do Capítulo 13 algumas operações do banco central ajudam indiretamente a financiar o déficit do balanço de pagamentos do país estrangeiro mas não aparecem nos números do balanço de pagamentos publicados por esse último Tais operações no entanto podem afetar o pas sivo monetário do banco que as garante Como o banco central fixa a taxa de câmbio Tendo visto como as operações cambiais do banco central afetam a oferta de moeda podemos agora olhar como um banco central fixa a taxa de câmbio da moeda nacional mediante intervenção cambial Para manter a taxa de câmbio constante um banco central deve estar sempre disposto a trocar moedas à taxa de câmbio fixa com os atores privados no mercado cambial Por exemplo para fixar a taxa do dólariene em 120 por dólar o Banco do Japão deve estar disposto a comprar ienes com suas reservas de dólares e em qual quer quantidade que o mercado desejar a uma taxa de 120 por dólar O banco também deve se dispor a com prar qualquer quantidade de ativos de dólar que o mer cado queira vender por iene naquela taxa de câmbio Se o Banco do Japão não remover tais ofertas ou demandas em excesso por iene intervindo no mercado a taxa de câmbio teria que mudar para restabelecer o equilíbrio O banco central pode ter sucesso em manter a taxa de câmbio fixa somente se suas transações financeiras assegurarem que os mercados de ativos permaneçam em equilíbrio quando a taxa de câmbio estiver em seu nível fixo O processo pelo qual o equilíbrio do mercado de tabEla 181 Efeitos de uma intervenção cambial de US 100 resumo Ação doméstica do banco central Efeito sobre a oferta de moeda doméstica Efeito sobre ativos internos do banco central Efeito sobre ativos externos do banco central Compra de câmbio não esterilizada US 100 0 US 100 Compra de câmbio esterilizada 0 US 100 US 100 Venda de moeda não esterilizada US 100 0 US 100 Venda de moeda esterilizada 0 US 100 US 100 M18KRUGXXXXC18indd 392 12915 619 PM 393 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial ativos é mantido é ilustrado pelo modelo de equilíbrio simultâneo do mercado monetário e do câmbio estran geiro usado nos capítulos anteriores Equilíbrio do mercado cambial sob uma taxa de câmbio fixa Para começar consideramos como o equilíbrio no mer cado de câmbio pode ser mantido quando o banco cen tral fixa a taxa de câmbio permanentemente no nível E0 O mercado de câmbio está em equilíbrio quando a con dição de paridade de juros se mantém ou seja quando a taxa de juros domésticos R é igual a taxa de juros exter nos R mais Ee EE a taxa de depreciação prevista da moeda doméstica contra a moeda estrangeira No entanto quando a taxa de câmbio é fixada em E0 e os par ticipantes do mercado esperam que ela permaneça fixa a taxa de depreciação da moeda nacional esperada é zero A condição de paridade de juros implica portanto que E0 é a taxa de câmbio de equilíbrio de hoje apenas se R R Como nenhuma mudança de taxa de câmbio é espe rada pelos participantes no mercado de câmbio eles estão contentes de manter as ofertas disponíveis de depósitos de moeda nacional e estrangeira apenas se oferecerem a mesma taxa de juros6 Para garantir o equilíbrio no mercado de câmbio quando a taxa de câmbio é fixada permanentemente em E0 o banco central deve portanto manter R igual a R Como a taxa de juros doméstica é determinada pela interação entre a demanda por moeda real e a oferta de moeda real devemos olhar o mercado cambial para completar nossa análise da taxa de câmbio fixa Equilíbrio do mercado monetário sob uma taxa de câmbio fixa Para manter a taxa de juros doméstica em R a inter venção de câmbio do banco central deve ajustar a oferta de dinheiro para que R se iguale à demanda agregada por moeda real doméstica e à oferta de moeda real MsP LRY Dados P e Y a condição de equilíbrio mencionada diz qual deve ser a oferta de moeda se uma taxa de câm bio permanentemente fixa tiver que ser consistente com o equilíbrio de mercado de ativos em uma taxa de juros externa R Quando o banco central intervém para manter a taxa de câmbio fixa ele deve ajustar a oferta de moeda doméstica automaticamente para que o equilíbrio do mercado monetário seja mantido com R R Tome mos um exemplo para ver como funciona esse pro cesso Suponha que o banco central tenha fixado E no nível E0 e os mercados de ativos inicialmente estejam em equilíbrio De repente a produção aumenta Uma condição necessária para manter a taxa de câmbio fixa permanentemente em E0 é que o banco central resta beleça o equilíbrio do mercado de ativos atual nesse ritmo dado que as pessoas esperam que E0 prevaleça no futuro Então abordamos a questão como que medidas monetárias mantêm a taxa de câmbio atual constante dadas as expectativas inalteradas sobre a taxa de câm bio futura Um aumento da produção eleva a demanda por moeda doméstica e esse aumento na demanda por moeda nor malmente forçaria a taxa de juros doméstica para cima Para evitar que a valorização da moeda doméstica ocorra dado que as pessoas esperam uma taxa de câmbio E0 no futuro o banco central deve intervir no mercado cambial por meio da compra de ativos estrangeiros Essa compra de ativos estrangeiros elimina o excesso de demanda por moeda doméstica porque o banco central emite dinheiro para pagar os bens estrangeiros que compra O banco automaticamente aumenta a oferta de moeda dessa forma até que os mercados de ativos novamente se assentem com E E0 e R R Se o banco central não compra ativos externos quando a produção aumenta mas em vez disso mantém constante o estoque de dinheiro ele ainda pode manter a taxa de câmbio fixa em E0 A resposta é não Se o banco central não satisfaz a demanda por moeda em excesso causada por um aumento na produção a taxa de juros doméstica começaria a subir acima da taxa externa R para equilibrar o mercado de moeda doméstica Comer ciantes do mercado de câmbio estrangeiro percebendo que os depósitos de moeda nacional estavam oferecendo uma maior taxa de retorno tendo em conta as expecta tivas começariam a aumentar o preço da moeda nacio nal em termos de moeda estrangeira Na ausência de intervenção do banco central a taxa de câmbio assim cairia abaixo de E0 Para evitar essa valorização o banco central deve vender moeda doméstica e comprar ativos externos aumentando assim a oferta de moeda e impe dindo que qualquer demanda por moeda em excesso empurre a taxa de juros doméstica acima de R 6 Mesmo quando uma taxa de câmbio é atualmente fixada em algum nível os participantes do mercado podem esperar que o banco cen tral a altere Em tais situações a taxa de juros doméstica deve ser igual à taxa de juros externa mais a taxa de depreciação esperada da moeda doméstica como sempre para o mercado de câmbio fi car em equilíbrio Examinamos esse tipo de situação no final deste capítulo mas por enquanto suporemos que ninguém espera que o banco central altere a taxa de câmbio M18KRUGXXXXC18indd 393 12915 619 PM 394 Economia internacional Uma análise diagramática O mecanismo recém descrito de fixação da taxa de câmbio pode ser retratado usando uma ferramenta dia gramática desenvolvida anteriormente A Figura 181 mostra o equilíbrio simultâneo do câmbio e dos merca dos internos de moeda quando a taxa de câmbio é fixada em E0 e espera se que permaneça fixa em E0 no futuro O equilíbrio do mercado monetário situa se inicial mente no ponto 1 na parte inferior da figura O diagrama mostra que para um determinado nível de preço P e um determinado rendimento nacional Y1 a oferta de moeda deve ser igual a M1 quando a taxa de juros doméstica for igual à taxa externa R A parte superior da figura mos tra o equilíbrio do mercado cambial no ponto 1 Se a taxa de câmbio futura esperada for E0 a condição de paridade de juros se mantém quando R R somente se a taxa de câmbio atual também for igual a E0 Para entender como o banco central deve reagir a mu danças macroeconômicas para segurar a taxa de câmbio permanentemente em E0 vejamos novamente o exem plo de um aumento na renda Um aumento na renda de Y1 para Y2 aumenta a demanda por participações de dinheiro real a cada taxa de juros assim deslocando para baixo a função de demanda agregada por moeda na Figura 181 Conforme observado uma condição neces sária para manter a taxa fixa é restabelecer o equilíbrio de mercado de ativos atual dado que E0 ainda é a taxa de câmbio futura esperada Então podemos assumir que a curva inclinada para baixo no painel superior da figura não se altera Se o banco central não tomar nenhuma atitude o novo equilíbrio do mercado monetário seria no ponto 3 Como a taxa de juros domésticos está acima de R no ponto 3 a moeda teria de valorizar para trazer o mer cado de câmbio ao equilíbrio no ponto 3 O banco central não pode permitir que essa valo rização da moeda doméstica ocorra se estiver fixando a taxa de câmbio então irá comprar ativos externos Como já vimos o aumento de ativos externos do banco FIGURa 181 Equilíbrio de mercado de ativos com uma taxa de câmbio fixa E0 Taxa de câmbio E Encaixes reais em moeda doméstica 0 E 0 1 2 3 R 1 3 Retorno da moeda doméstica sobre depósitos em moeda estrangeira R E 0 EE Taxa de juros doméstica R Demanda real por moeda LR Y1 LR Y 2 Oferta real de moeda M 2 P M 1 P Para manter a taxa de câmbio fixada em E0 quando a produção sobe de Y1 para Y2 o banco central deve comprar ativos externos e assim aumentar a oferta de moeda de M1 e M2 M18KRUGXXXXC18indd 394 12915 619 PM 395 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial central é acompanhado de uma expansão da oferta de moeda doméstica O banco central vai continuar a com prar ativos externos até a oferta de moeda doméstica expandir para M2 No equilíbrio de mercado monetário resultante ponto 2 na figura a taxa de juros doméstica novamente é igual a R Dada essa taxa de juros domés tica o equilíbrio do mercado cambial estrangeiro per manece no ponto 1 com a taxa de câmbio de equilíbrio ainda igual a E0 Políticas de estabilização com uma taxa de câmbio fixa Tendo visto como o banco central usa a interven ção cambial para fixar a taxa de câmbio podemos agora analisar os efeitos de políticas macroeconômicas diversas Nesta seção podemos considerar três condi ções possíveis política monetária política fiscal e uma mudança brusca no nível da taxa de câmbio fixa E0 As políticas de estabilização que estudamos no último capítulo têm efeitos surpreendentemente diferen tes quando o banco central fixa a taxa de câmbio em vez de permitir ao mercado cambial determiná la Ao fixar a taxa de câmbio o banco central abre mão de sua capaci dade de influenciar a economia pela política monetária A política fiscal no entanto torna se uma ferramenta mais potente para afetar a produção e o emprego Como visto no último capítulo usamos o modelo DDAA para descrever o equilíbrio de curto prazo da economia Lembre se que o esquema DD mostra com binações de taxa de câmbio e produção para as quais o mercado de produção está em equilíbrio o cronograma AA mostra combinações de taxa de câmbio e produção para as quais os mercados de ativos estão em equilí brio e o equilíbrio de curto prazo da economia como um todo é a interseção entre DD e AA Para aplicar o modelo no caso de uma taxa de câmbio permanente mente fixa acrescentamos a suposição de que a taxa de câmbio futura esperada é igual à taxa na qual o banco central está atrelando sua moeda Política monetária A Figura 182 mostra o equilíbrio de curto prazo da economia como ponto 1 quando o banco central fixa a taxa de câmbio no nível E0 A produção é igual a Y1 no ponto 1 e como na última seção a oferta de moeda é o nível onde uma taxa de juros interna igual à taxa estran geira R afasta o mercado monetário interno Agora vamos supor que na esperança de aumentar a produ ção o banco central tente aumentar a oferta de dinheiro por meio de uma compra de ativos internos Sob uma taxa de câmbio flutuante o aumento de ati vos internos do banco central empurraria a curva de equilíbrio original de mercado ativo AA1 à direita para AA2 e portanto resultaria em um novo equilíbrio no ponto 2 e uma depreciação da moeda Para evitar essa depreciação e manter a taxa em E0 o banco central vende ativos externos por dinheiro doméstico no mercado de câmbio O dinheiro que o banco recebe sai de circulação e a curva de equilíbrio do mercado de ativos se desloca de volta para a posição inicial conforme a oferta de moeda doméstica cai Somente quando a oferta de moeda está de volta ao nível original e portanto a relação do mer cado de ativos é novamente AA1 a taxa de câmbio não está mais sob pressão Portanto a tentativa de aumentar a oferta de moeda sob uma taxa de câmbio fixa deixa a economia no seu equilíbrio inicial ponto 1 Sob uma taxa de câmbio fixa as ferramentas de política monetá ria do banco central são impotentes para afetar a oferta de moeda da economia ou a sua produção Taxa de câmbio E E 0 Produção Y Y 1 1 DD E 2 Y 2 2 AA1 AA2 O equilíbrio inicial é indicado no ponto 1 onde os mercados de ativos e produção simultaneamente desaparecem em uma taxas de câmbio fixa de E0 e um nível de produção de Y1 Na esperança de aumentar a produção para Y2 o banco central decide aumentar a oferta de moeda comprando ativos internos e mudando de AA1 para AA2 Como o banco central deve manter E0 contudo tem que vender ativos externos por moeda nacional uma ação que diminui a oferta de dinheiro imediatamente e retorna AA2 para AA1 O equilíbrio da economia portanto permanece no ponto 1 com produção inalterada em Y1 FIGURa 182 A expansão monetária é ineficaz sob uma taxa de câmbio fixa M18KRUGXXXXC18indd 395 12915 619 PM 396 Economia internacional Esse resultado é muito diferente daquele em que che gamos no Capítulo 17 em que um banco central pode usar a política monetária para aumentar a oferta de moeda e deixando de lado as armadilhas de liquidez a produção quando a taxa de câmbio flutua Então é instrutivo perguntar por que surge a diferença Por meio da compra de ativos internos sob uma taxa flutuante o banco central causa um excesso de oferta inicial de moeda doméstica que simultaneamente empurra a taxa de juros doméstica para baixo e enfraquece a moeda Sob uma taxa de câmbio fixa no entanto o banco cen tral vai resistir a qualquer tendência da moeda a des valorizar com a venda de ativos externos por moeda doméstica e eliminando assim o excesso de oferta inicial de dinheiro que sua mudança de política causou Como qualquer aumento na oferta de moeda doméstica não importa quão pequeno fará com que a moeda nacio nal desvalorize o banco central deve continuar a vender ativos externos até o fornecimento de dinheiro retornar ao nível original No final o aumento de ativos inter nos do banco central é deslocado exatamente por uma diminuição igual nas reservas internacionais oficiais do banco Da mesma forma uma tentativa de diminuir a oferta de dinheiro pela venda de ativos internos causaria um aumento igual em ativos de reserva que impediria a oferta de moeda de se alterar no final Sob taxas fixas a política monetária pode afetar a composição dos ativos do banco central porém nada mais Então ao fixar uma taxa de câmbio o banco cen tral perde sua capacidade de usar a política monetária para fins de estabilização macroeconômica No entanto a segunda ferramenta de estabilização chave do governo a política fiscal é mais eficaz sob uma taxa fixa do que sob uma taxa flutuante Política fiscal A Figura 183 ilustra os efeitos da política fiscal expansionista como um corte no imposto de renda quando o equilíbrio inicial da economia está no ponto 1 Como vimos no Capítulo 17 a expansão fiscal desloca o cronograma de equilíbrio de mercado de produção para a direita DD1 desloca se portanto para DD2 na figura Se o banco central não interviesse no mercado cambial a produção subiria para Y2 e a taxa de câmbio cairia para E2 uma valorização da moeda como resultado de um aumento na taxa de juros doméstica assumindo expectativas inalteradas Como a intervenção do banco central mantém a taxa de câmbio fixa após a expansão fiscal O processo é o que ilustramos na Figura 181 De início há um excesso de demanda por moeda porque o aumento da produ ção gera essa demanda Para evitar que a demanda de dinheiro em excesso empurre a taxa de juros doméstica para cima e valorize a moeda o banco central deve com prar ativos externos com dinheiro aumentando a oferta de moeda Nos termos da Figura 183 a intervenção FIGURa 183 Expansão fiscal sob uma taxa de câmbio fixa Taxa de câmbio E E 2 Produção Y Y 1 1 E 0 Y 2 2 Y 3 3 DD1 DD 2 AA1 AA2 A expansão fiscal mostrada pela mudança de DD1 para DD2 e a intervenção que a acompanha a mudança de AA1 para AA2 movem a economia do ponto 1 ao ponto 3 M18KRUGXXXXC18indd 396 12915 619 PM 397 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial mantém a taxa de câmbio em E0 deslocando para a direita o AA1 para AA2 No novo equilíbrio ponto 3 a produção é maior do que originalmente a taxa de câm bio fica inalterada e as reservas internacionais oficiais e a oferta de moeda são mais elevadas Ao contrário da política monetária a política fiscal pode afetar a produção sob uma taxa de câmbio fixa Na verdade é ainda mais eficaz do que sob uma taxa flutuante Sob uma taxa flutuante a expansão fiscal é acompanhada de uma valorização da moeda nacional o que faz com que serviços e produtos nacionais sejam mais caros nos mercados mundiais e portanto ten dam a neutralizar o efeito positivo direto da política na demanda agregada Para evitar essa valorização um banco central que está fixando a taxa de câmbio é forçado a expandir a oferta de moeda via compras de moeda estrangeira O efeito expansionista adicional desse aumento consequente na oferta de moeda explica por que a política fiscal é mais potente sob uma taxa fixa do que sob uma taxa flutuante alterações na taxa de câmbio Um país que está fixando sua taxa de câmbio às vezes se decide por uma mudança brusca no valor em moeda estrangeira da moeda nacional Isso pode acontecer por exemplo se o país estiver perdendo reservas cambiais rapidamente por causa de um grande déficit da balança de conta corrente que exceda os afluxos financeiros pri vados Uma desvalorização ocorre quando o banco cen tral eleva o preço da moeda nacional em moeda estran geira E e uma revalorização ocorre quando o banco central diminui E Tudo o que o banco central tem de fazer para desvalorizar ou revalorizar é anunciar a sua disponibilidade de comercializar moeda doméstica con tra moeda estrangeira em quantidades ilimitadas na nova taxa de câmbio7 A Figura 184 mostra como uma desvalorização afeta a economia Um aumento no nível da taxa de câm bio fixa de E0 para E1 faz os bens e serviços domés ticos ficarem mais baratos em relação a mercadorias e serviços estrangeiros dado que P e P sejam fixos no curto prazo A produção portanto move se para o maior nível Y2 mostrado pelo ponto 2 a relação de DD O ponto 2 no entanto não fica sobre o cronograma de equilíbrio de mercado de ativos inicial AA1 No ponto 2 inicialmente há uma demanda em excesso por moeda pelo aumento nas transações que acompanham o aumento de produção Essa demanda por moeda em excesso empurraria a taxa de juros doméstica acima da taxa de juros mundial e se o banco central não intervier no mercado cambial Para manter a taxa de câmbio em seu novo nível fixo E1 o banco central deve portanto comprar ativos externos e expandir a oferta de moeda até a curva do mercado de ativos atingir AA2 e passar através do ponto 2 A desvalorização portanto provoca um aumento na produção um aumento de reservas ofi ciais e uma expansão de oferta de dinheiro8 Os efeitos da desvalorização ilustram as três razões principais por que os governos às vezes optam por des 7 Em geral observamos uma diferença sutil entre os termos desva lorização e depreciação e entre a revalorização e valorização De preciação valorização é um aumento em E uma queda em E quando a taxa de câmbio fl utua enquanto a desvalorização reva lorização é um aumento em E uma queda em E quando a taxa de câmbio é fi xa Depreciação valorização portanto envolve a voz ativa como em a moeda valorizada enquanto a desvalorização revalorização envolve a voz passiva como em a moeda foi des valorizada Dito de outra forma desvalorização revalorização refl ete uma decisão deliberada do governo enquanto a depreciação valorização é um resultado das ações do governo e as forças de mercado atuando juntas 8 Depois que a moeda doméstica é desvalorizada os participantes do mercado esperam que a nova taxa de câmbio mais alta em vez da taxa velha prevaleça no futuro A mudança de expectativas por si só desloca AA1 para a direita mas sem a intervenção do banco central essa alteração por si só é insufi ciente para mover AA1 para AA2 No ponto 2 como no ponto 1 R R se o mercado cambial for limpo Entretanto como a produção é mais elevada no ponto 2 do que no ponto 1 a demanda de dinheiro real também é maior no ponto anterior Com P fi xada uma expansão da oferta de moeda portanto é necessária para fazer do ponto 2 uma posição de equi líbrio do mercado de dinheiro ou seja um ponto sobre a nova relação AA As compras do banco central de ativos externos são portanto uma parte necessária da mudança da economia para seu novo equilíbrio de taxa de câmbio fi xa Taxa de câmbio E E 0 Produção Y Y 1 1 DD E1 Y 2 2 AA1 AA2 Quando uma moeda é desvalorizada de E0 para E1 o equilíbrio da economia move se do ponto 1 ao ponto 2 uma vez que tanto a produção quanto a oferta de moeda se expandem FIGURa 184 Efeito de uma desvalorização da moeda M18KRUGXXXXC18indd 397 12915 619 PM 398 Economia internacional valorizar suas moedas Primeiro a desvalorização per mite que o governo combata o desemprego doméstico apesar da falta de uma política monetária eficaz Se os déficits de gastos e orçamento forem politicamente impopulares por exemplo ou se o processo legislativo for lento um governo pode optar pela desvalorização a forma mais conveniente de impulsionar a demanda agregada Uma segunda razão para desvalorizar é a melhoria resultante na conta corrente um desenvolvi mento que o governo pode acreditar que seja desejável O terceiro motivo por trás das desvalorizações que nós mencionamos no início desta subseção é seu efeito sobre as reservas de moeda estrangeira do banco central Se o banco central está ficando sem reservas uma desvalori zação repentina excepcional aquela que ninguém está esperando que seja repetida pode ser usada para atrair mais reservas ajuste da política fiscal e variações cambiais Se as alterações fiscais e a taxa de câmbio ocorrem quando há pleno emprego e as alterações de diretiva são mantidas indefinidamente elas por fim farão com que o nível de preços domésticos mova se de tal forma que o pleno emprego seja restaurado Para entender esse pro cesso dinâmico por sua vez discutimos o ajuste da eco nomia a expansão fiscal e a desvalorização Se a economia estiver inicialmente no pleno emprego a expansão fiscal gera elevação da produção e esse aumento acima do seu nível de pleno emprego faz com que o nível de preços domésticos P comece a subir Conforme P sobe a produção doméstica torna se mais cara então a demanda agregada gradualmente cai retornando a produção para o nível inicial de pleno emprego Uma vez que esse ponto é alcançado a pressão ascendente sobre o nível de preço chega ao fim Não há nenhuma valorização real no curto prazo como ocorre com uma taxa de câmbio flutuante mas independente mente de a taxa de câmbio ser flutuante ou fixa a taxa de câmbio real valoriza em longo prazo a mesma quanti dade9 No caso presente a valorização real uma queda no EPP assume a forma de um aumento de P em vez de uma queda em E À primeira vista o aumento de nível de preço de longo prazo causado por uma expansão fiscal sob taxas fixas parece inconsistente com a conclusão do Capítulo 15 que para um nível e uma taxa de juros determina dos o nível de preços e a oferta de moeda movem se proporcionalmente no longo prazo Na verdade não há nenhuma inconsistência porque a expansão fiscal provoca um aumento da oferta de moeda forçando o banco central a intervir no mercado cambial Para fixar a taxa de câmbio ao longo do processo de ajustamento o banco central deve aumentar a oferta de moeda por compras de intervenção proporcional ao aumento de longo prazo em P A adaptação de uma desvalorização é semelhante Na verdade como uma desvalorização não muda a demanda de longo prazo ou as condições de oferta do mercado de produção o aumento do nível de preço de longo prazo causado por uma desvalorização é proporcional ao aumento da taxa de câmbio Uma desvalorização sob uma taxa fixa tem o mesmo efeito de longo prazo que um aumento proporcional na oferta de moeda sob uma taxa flutuante Como a última política a desvalorização é neu tra no longo prazo no sentido em que seu único efeito no equilíbrio de longo prazo da economia é um aumento proporcional em todos os preços nominais e na oferta de moeda doméstica Crises do balanço de pagamentos e a fuga de capitais Até agora assumimos que os participantes do mer cado cambial acreditam que uma taxa de câmbio fixa se manterá no nível atual para sempre Em muitas situa ções práticas no entanto o banco central pode achar indesejável ou inviável manter a taxa de câmbio atual fixa O banco central pode estar com poucas reservas externas por exemplo ou pode enfrentar a alta taxa de desemprego nacional Como os participantes no mer cado sabem que o banco central pode responder a tais situações desvalorizando a moeda não seria razoável para eles esperar que a atual taxa de câmbio deva ser mantida para sempre A crença do mercado em uma mudança iminente na taxa de câmbio dá origem a uma crise do balanço de pagamentos uma mudança brusca nas reservas estran geiras oficiais provocada por uma alteração nas expec tativas sobre a taxa de câmbio futura Nesta seção usa mos nosso modelo de equilíbrio de mercado de ativos para examinar como as crises do balanço de pagamen tos podem ocorrer sob taxas de câmbio fixas Em capí tulos posteriores descreveremos uma gama mais ampla de crises financeiras A Figura 185 mostra os mercados de ativos em equilíbrio nos pontos 1 mercado monetário e 1 mer cado cambial com a taxa de câmbio fixada em E0 e 9 Para ver isso observe que a taxa de câmbio real de equilíbrio de longo prazo EP P em ambos os casos deve satisfazer a mesma equação Y f DEPP Y f T I G onde Y f como no Capítulo 17 é o nível de produção de pleno emprego M18KRUGXXXXC18indd 398 12915 619 PM 399 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial esperando se que se mantenha assim indefinidamente M1 é a oferta monetária consistente com esse equilí brio inicial Suponha que uma súbita deterioração na conta corrente por exemplo leve o mercado de câmbio a esperar que o governo desvalorize no futuro e adote uma nova taxa de câmbio fixa E1 que é maior do que a taxa atual E0 A parte superior da figura mostra essa mudança nas expectativas como um deslocamento para a direita da curva que mede a rentabilidade em moeda nacional esperada dos depósitos de moeda estrangeira Uma vez que a taxa de câmbio atual ainda é E0 o equi líbrio no mercado de câmbio ponto 2 requer um aumento da taxa de juros doméstica para R E1 E0 E0 que agora é igual à rentabilidade de moeda nacional esperada dos ativos em moeda estrangeira De início no entanto a taxa de juros doméstica per manece em R que está abaixo da nova rentabilidade esperada dos ativos externos Este diferencial causa uma demanda excessiva por ativos em moeda estrangeira no mercado cambial para continuar mantendo a taxa de câmbio em E0 o banco central deve vender reservas externas e assim diminuir a oferta de moeda domés tica A intervenção do banco chega ao fim desde que a oferta de moeda caia para M2 de modo que o mercado monetário esteja em equilíbrio com taxa de juros R E1 E0E0 que limpa o mercado cambial ponto 2 A expectativa de uma futura desvalorização provoca uma crise do balanço de pagamentos marcada por uma queda acentuada nas reservas e um aumento na taxa de juros doméstica acima da taxa mundial Da mesma forma uma revalorização esperada provoca um aumento abrupto nas reservas de dinheiro estrangeiro junto com uma queda na taxa de juros doméstica abaixo da taxa mundial A perda de reserva que acompanha um susto de des valorização é muitas vezes rotulada de fuga de capitais Os residentes fogem da moeda nacional para vendê la ao banco central em troca de moeda estrangeira Então investem a moeda estrangeira no exterior Ao mesmo FIGURa 185 Fuga de capitais a oferta de moeda e a taxa de juros Taxa de câmbio E 0 E 0 R R E 0 EE Taxa de juros doméstica R Oferta real de moeda Encaixes reais em moeda doméstica LR Y 1 2 1 2 R E1 EE R E1 E 0E 0 M 2 P M 1 P Para manter a taxa de câmbio fixa em E0 depois que o mercado decide que o câmbio vai ser desvalorizado para E1 o banco central deve usar suas reservas para financiar uma saída financeira privada que diminui a oferta de moeda e aumenta a taxa de juros doméstica M18KRUGXXXXC18indd 399 12915 619 PM 400 Economia internacional tempo os estrangeiros convertem carteiras dos ativos domésticos em suas próprias moedas e repatriam os lucros Quando temores de desvalorização surgem por que as reservas do banco central são inicialmente baixas a fuga de capitais é de particular preocupação para o governo Ao pressionar as reservas já bastante baixas a fuga de capitais pode forçar o banco central a desvalori zar mais rapidamente e numa quantidade maior do que a planejada10 O que causa as crises monetárias Muitas vezes um governo está seguindo políticas que não são consisten tes com a manutenção de uma taxa de câmbio fixa em longo prazo Uma vez que as expectativas do mercado consideram essas condições as taxas de juros do país inevitavelmente são forçadas para cima Por exemplo o banco central de um país pode estar comprando títulos do governo nacional para permitir que o governo tenha déficits fiscais continuados Já que essas compras do banco central de ativos internos causam perdas contí nuas das reservas de câmbio estrangeiro do banco cen tral as reservas cairão em direção a um ponto em que o banco central talvez se encontre sem meios para supor tar a taxa de câmbio Conforme a possibilidade de um colapso aumenta ao longo do tempo as taxas de juros domésticas também sobem até que o banco central de fato fique sem reservas externas e a taxa de câmbio fixa seja abandonada O Apêndice 2 deste capítulo apresenta um modelo detalhado desse tipo e mostra que o colapso da indexação da moeda pode ser causado por um ataque especulativo intenso no qual comerciantes de moeda de repente adquirem a totalidade das reservas estrangeiras restantes do banco central A única forma de o banco central evitar esse destino é parar de financiar o déficit forçando o governo a viver com seus recursos No último exemplo o esgotamento das reservas exter nas e o fim da taxa de câmbio fixa são inevitáveis tendo em conta as políticas macroeconômicas As saídas finan ceiras que acompanham uma crise monetária apenas ace leram um colapso inevitável o que teria ocorrido de qual quer forma embora em movimento mais lento mesmo que os fluxos financeiros privados pudessem ser bani dos Contudo nem todas as crises são desse tipo Uma economia pode ser vulnerável à especulação da moeda mesmo sem ser tão mal organizada de modo que um colapso do regime de taxa de câmbio fixa seja inevitável As crises monetárias que ocorrem em tais circunstâncias muitas vezes são chamadas crises monetárias autorrealizá veis embora seja importante ter em mente que o governo pode por fim ser responsável por essas crises criando ou tolerando fraquezas econômicas domésticas que convi dam os especuladores a atacar a moeda Como exemplo considere uma economia na qual os passivos de bancos comerciais domésticos são principal mente depósitos de curto prazo e na qual muitos dos empréstimos dos bancos às empresas tenham probabi lidade de não serem pagos no caso de uma recessão Se os especuladores suspeitam que haverá uma desvaloriza ção as taxas de juros vão subir e elevar agudamente os custos de empréstimos dos bancos enquanto ao mesmo tempo causarão uma recessão e reduzirão o valor dos ativos do banco Para impedir que os bancos domés ticos fechem as portas o banco central pode também emprestar lhes dinheiro perdendo reservas externas no processo e possivelmente sua capacidade de atrelar a taxa de câmbio Nesse caso é o surgimento de expecta tivas de desvalorização entre os negociantes da moeda que empurram a economia para a crise e obriga a taxa de câmbio a ser alterada Para o restante deste capítulo vamos continuar a assu mir que nenhuma alteração da taxa de câmbio é esperada pelo mercado quando as taxas de câmbio são fixas Mas retornaremos à análise anterior repetidamente em capítu los posteriores quando discutirmos as experiências infeli zes de vários países com taxas de câmbio fixas Flutuação administrada e intervenção esterilizada Sob a flutuação administrada a política monetária é influenciada por variações cambiais sem ser completa mente subordinada às exigências de uma taxa fixa Em vez disso o banco central enfrenta um trade off entre os objetivos domésticos como emprego ou a estabilidade da taxa de inflação e taxa de câmbio Suponha que o banco central tente expandir a oferta de moeda para combater o desemprego doméstico por exemplo mas ao mesmo tempo realiza vendas de ativos estrangeiros para conter a depreciação resultante da moeda doméstica A interven ção cambial tende a reduzir a oferta de moeda dificul tando mas não necessariamente anulando a tentativa do banco central de reduzir o desemprego Discussões sobre a intervenção cambial em fóruns de política e jornais muitas vezes parecem ignorar a liga ção íntima entre a intervenção e a oferta de moeda que exploramos anteriormente em detalhes Entretanto na realidade essas discussões muitas vezes assumem que a intervenção cambial está sendo esterilizada de modo 10 Se a demanda agregada depende da taxa de juros real como no modelo de IS LM dos cursos de macroeconomia intermediária a fuga de capitais reduz a produção reduzindo a oferta de moeda e aumentando as taxas de juros reais Esse efeito possivelmente con tracionista de fuga de capitais é outra razão pela qual os decisores esperam evitá la M18KRUGXXXXC18indd 400 12915 619 PM 401 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial O franco suíço tem sido tradicionalmente uma moeda porto seguro uma moeda que os investidores compram quando temem a instabilidade da economia global Quando uma crise financeira global latente se intensificou em setembro de 2008 como discutiremos em capítulos posteriores o padrão normal se repetiu Os investidores muitos dos quais eram suíços e pro prietários de ativos substanciais no exterior correram para colocar seu dinheiro na Suíça Como você pode ver na Figura 186 o preço do franco suíço em euros caiu de modo drástico uma valorização do franco suíço enquanto as reservas do banco central o Banco Nacional Suíço BNS aumentaram de forma aguda As reservas são medidas no eixo vertical à direita da figura As reservas subiram porque o BNS estava intervindo no mercado cambial comprando euros com francos a fim de retardar a valorização do franco O BNS cortou rapidamente as taxas de juros para estimular a atividade econômica e para desencorajar a valorização Até novembro de 2008 as taxas de juro de curto prazo suíças estavam essencialmente no zero onde permaneceram A taxa de câmbio do franco suíço logo estabilizou em níveis ligeiramente acima de 15 CHF por euro Mas a pressão renovada veio quando a zona do euro entrou em sua própria crise financeira no final de 2009 como discutiremos no Capítulo 21 O franco suíço ficou muito valorizado em relação ao euro e as reservas incharam como resultado de mais compras de moeda estrangeira A Suíça começou a que as transações de ativos domésticos opostas impedi rão que ela afete a oferta de moeda Estudos empíricos de comportamento do banco central confirmam essa suposição e mostram consistentemente que os bancos centrais praticaram a intervenção esterilizada tanto sob regimes de taxa de câmbio fixa quanto flexível Apesar da intervenção esterilizada generalizada há considerável desacordo entre os economistas sobre seus efeitos Nessa seção estudamos o papel da intervenção esterilizada no manejo da taxa de câmbio11 Substitutibilidade perfeita de ativos e a ineficácia da intervenção esterilizada Quando um banco central realiza uma intervenção cambial esterilizada suas transações deixam a oferta de moeda doméstica inalterada É difícil de encontrar uma justificativa para tal política usando o modelo de deter minação da taxa de câmbio desenvolvido anteriormente porque o modelo prediz que sem uma mudança simul tânea da oferta de moeda a intervenção do banco cen tral não afetará a taxa de juros doméstica e portanto não afetará a taxa de câmbio Nosso modelo prevê também que a esterilização será infrutífera sob uma taxa de câmbio fixa O exemplo de uma expansão fiscal ilustra por que um banco central poderia desejar esterilizar sob uma taxa fixa e por que nosso modelo diz que essa política vai fracassar Lembre se que para manter a taxa de câmbio constante quando a política fiscal torna se mais abrangente o banco cen tral deve comprar ativos externos e expandir a oferta de moeda doméstica A política gera produção mas como consequência também causa inflação que o banco cen tral pode tentar evitar pela esterilização do aumento da oferta de moeda que sua política fiscal induziu No entanto logo que o banco central vender ativos internos para reduzir a oferta de moeda terá de comprar mais ati vos externos para manter a taxa de câmbio fixa A inefi cácia da política monetária sob uma taxa de câmbio fixa implica que a esterilização é uma política derrotista A característica fundamental do nosso modelo que conduz a esses resultados é a suposição de que o mer cado de câmbio está em equilíbrio apenas quando os retornos esperados sobre títulos de moeda nacional e estrangeira são os mesmos12 Essa suposição é muitas vezes chamada de substitutibilidade perfeita de ativos Dois ativos são substitutos perfeitos quando como nosso modelo assumiu os investidores não se importam como suas carteiras serão divididas entre eles desde que ambos produzam a mesma taxa de retorno esperada Com a substitutibilidade perfeita de ativos no mercado de câmbio a taxa de câmbio é determinada de modo a manter a condição de paridade de juros Quando for esse o caso não há nada que um banco central possa fazer mediante a intervenção cambial que ele não pudesse fazer também por meio de operações de mercado aberto puramente domésticas 11 Nos Estados Unidos o Banco da Reserva Federal de Nova York realiza intervenções para o Sistema da Reserva Federal e as intervenções são rotineiramente esterilizadas Consulte o Banco da Reserva Federal de Nova York Fedpoint US Foreign Exchange Intervention disponível em httpwwwnewyorkfedorgaboutthefedfedpointfed44html 12 Estamos supondo que todos os ativos de juros não dinheiro denominados na mesma moeda sejam depósitos ilíquidos a prazo ou títulos do governo são substitutos perfeitos em portfólios O termo amplo títulos será geralmente usado para se referir a todos esses ativos Os mercadOs pOdem atacar uma mOeda forte O casO da suíça M18KRUGXXXXC18indd 401 12915 619 PM 402 Economia internacional Em contraste com a substitutibilidade perfeita de ativos a substitutibilidade imperfeita de ativos existe quando os retornos esperados dos ativos podem diferir em equilíbrio Como vimos no Capítulo 14 o princi pal fator que pode levar à substitutibilidade imperfeita de ativos no mercado de câmbio é o risco Se os títu los denominados em moedas diferentes têm diferentes graus de risco os investidores podem estar dispostos a ganhar menos retornos esperados sobre títulos que são menos arriscados Da mesma forma manterão um ativo muito arriscado apenas se seu retorno esperado for relativamente alto Em um mundo de substitutibilidade perfeita de ati vos os participantes do mercado de câmbio se preocu pam apenas com as taxas de retorno esperadas uma vez que essas são determinadas pela política monetária sofrer deflação e desemprego conforme os preços de importação caíram e as indústrias de exportação como a indústria de relojoaria encontraram se com preços fora do mercado mundial Em agosto de 2011 a moeda atingiu 112 CHF por euro Nesse ponto o BNS tomou medidas radicais em setembro de 2011 o banco comprometeu se a defen der um preço mínimo em euro de 12 CHF por euro Isso permitiria que o franco suíço depreciasse acima do piso mas não valorizasse abaixo dele Para isso o SNB teve que comprar todos os euros que o mercado queria vender a uma taxa de 12 CHF por euro A Figura 186 mostra que posteriormente as reser vas internacionais da Suíça aumentaram ainda mais rápido Conforme o dinheiro aumentava vindo dos especuladores apostando que o piso da moeda não se manteria as reservas de moeda estrangeira do BNS atingiam um nível igual a cerca de três quartos da produção nacional de um ano Quando uma moeda fraca está sob ataque o banco central que a defende que está vendendo as reservas pode acabar ficando sem reservas Mas existe algum limite para sua capa cidade de segurar uma moeda forte ao comprar reser vas com seu próprio dinheiro que tem o poder de imprimir sem limite O principal freio potencial é que ao comprar reservas e permitir o aumento da oferta de moeda o banco central estimula a inflação exces siva Mas isso não aconteceu Em parte por causa do crescimento econômico mínimo dos vizinhos da zona do euro a Suíça permaneceu em deflação por muito tempo depois que entrou em cena para limitar a valo rização do franco suíço FIGURa 186 Taxa de câmbio do franco suíço em relação ao euro e as reservas cambiais suíças 20062013 O Banco Nacional Suíço interveio pesadamente para retardar a valorização do franco suíço face ao euro finalmente definindo um piso sob o preço do euro em setembro de 2011 Jan 06 Jul 06 Jul 07 Jul 08 Jul 09 Jul 10 Jul 11 Jan 09 Jan 10 Jan 11 Jan 12 Jul 12 Jan 13 Jan 07 Jan 08 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 450000 500000 1 11 12 13 14 15 16 17 Taxa de câmbio eurofranco suíço Piso da taxa de câmbio Reservas externas Franco suíçoeuro Milhões de francos suíços Fonte Banco Nacional da Suíça M18KRUGXXXXC18indd 402 12915 619 PM 403 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial as ações como intervenção esterilizada que não afetam a oferta de moeda também não afetam a taxa de câm bio Entretanto sob a substitutibilidade imperfeita de ativos tanto o risco quanto o retorno são importantes então as ações do banco central que alteram o grau de risco dos ativos em moeda nacional podem alterar a taxa de câmbio mesmo quando a oferta de moeda não muda Contudo para entender como a intervenção esterilizada pode alterar o grau de risco dos ativos em moeda nacional devemos modificar nosso modelo de equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro Equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro com substitutibilidade imperfeita de ativos Quando títulos de moeda nacional e estrangeira são substitutos perfeitos o mercado de câmbio está em equi líbrio apenas se detém a condição de paridade de juros R R E E E e 181 Quando títulos de moeda nacional e estrangeira são substitutos imperfeitos essa condição em geral não se mantém Em vez disso o equilíbrio no mercado de câm bio estrangeiro exige que a taxa de juros doméstica seja igual ao retorno esperado em moeda nacional em títulos estrangeiros mais um prêmio de risco ρ que reflete a diferença entre o grau de risco dos títulos nacionais e estrangeiros ρ R R E E E e 182 O Apêndice 1 deste capítulo desenvolve um modelo detalhado de equilíbrio do mercado cambial estrangeiro com substitutibilidade imperfeita de ativos A principal conclusão desse modelo é que o prêmio de risco dos ati vos domésticos sobe quando o estoque de títulos domés ticos do governo disponível a ser mantido pelo público aumenta e cai quando crescem os ativos internos do banco central Não é difícil de entender o raciocínio eco nômico por trás desse resultado Os investidores privados tornam se mais vulneráveis a mudanças inesperadas na taxa de câmbio de moeda doméstica quando aumenta o estoque de títulos domésticos do governo que eles têm Entretanto os investidores não estarão dispostos a assu mir o aumento no risco de manter mais dívidas internas do governo a menos que sejam compensados por uma maior taxa de retorno esperada sobre os ativos de moeda nacional Um maior estoque da dívida pública interna portanto aumentará a diferença entre os retornos espe rados sobre títulos de moeda nacional e estrangeira Da mesma forma quando o banco central compra ativos internos o mercado já não precisa mais mantê los Assim a vulnerabilidade particular ao risco de taxa de câmbio da moeda doméstica é mais baixa e há uma queda no prêmio de risco dos ativos da moeda doméstica Esse modelo alternativo de equilíbrio de mercado externo implica que o prêmio de risco depende positi vamente do estoque da dívida pública interna represen tada por B menos os ativos internos do banco central representados por A ρ ρ B A 183 O prêmio de risco nos títulos internos portanto aumenta quando B A sobe Essa relação entre o prê mio de risco e as participações de ativos internos do banco central permite ao banco alterar a taxa de câm bio mediante intervenção cambial esterilizada Implica também que as operações oficiais em ativos domésticos e estrangeiros podem diferir em seus impactos no mer cado de ativos13 Os efeitos da intervenção esterilizada com substitutibilidade imperfeita de ativos A Figura 187 modifica nossas imagens anterio res de equilíbrio do mercado de ativos adicionando uma substitutibilidade imperfeita de ativos para ilus trar como uma intervenção esterilizada pode afetar a taxa de câmbio A parte inferior da figura que mostra o mercado monetário em equilíbrio no ponto 1 não muda A parte superior tem também a mesma forma que antes exceto que o cronograma inclinado para baixo agora mostra como a soma da rentabilidade esperada da moeda doméstica sobre os ativos exter nos e o prêmio de risco dependem da taxa de câmbio A curva continua a inclinar se para baixo porque se considera que o prêmio de risco por si não depende da taxa de câmbio O equilíbrio no mercado de câmbio está no ponto 1 que corresponde a uma dívida domés tica do governo de B e conjuntos de ativos domésticos do banco central de A1 Nesse ponto a taxa de juros doméstica é igual à rentabilidade da moeda nacio nal ajustada ao risco sobre os depósitos estrangeiros como na Equação 182 Vamos usar o diagrama para examinar os efei tos de uma compra esterilizada de ativos estrangeiros pelo banco central Combinando sua aquisição de ati vos externos com a venda de ativos internos o banco central mantém a constante oferta de dinheiro em MO e evita qualquer alteração na parte inferior da Figura 187 Contudo como resultado de sua venda de ativos nacionais os ativos internos do banco central são mais 13 O estoque de ativos internos do banco central é muitas vezes cha mado de crédito interno do banco central M18KRUGXXXXC18indd 403 12915 619 PM 404 Economia internacional baixos caem para A2 e o estoque de ativos domésticos que o mercado deve segurar B A2 portanto é maior do que o estoque inicial B A1 Esse aumento empurra o prêmio de risco ρ para cima e desloca para a direita a relação inclinada negativamente na parte superior da figura O mercado de câmbio agora se situa no ponto 2 e a moeda nacional deprecia para E2 Com substitutibilidade imperfeita de ativos mesmo compras esterilizadas de câmbio fazem a moeda domés tica desvalorizar Da mesma forma a vendas esterili zadas de moeda estrangeira fazem a moeda doméstica valorizar Uma ligeira modificação de nossa análise mostra que o banco central também pode usar a inter venção esterilizada para manter a taxa de câmbio fixa conforme varia a oferta de moeda para alcançar obje tivos nacionais como o pleno emprego Com efeito as políticas monetária e cambial podem ser gerencia das independentemente uma da outra no curto prazo quando a intervenção esterilizada é eficaz Evidências sobre os efeitos da intervenção esterilizada Foram encontradas poucas evidências que apoiem a ideia de que a intervenção esterilizada exerça uma grande influência sobre as taxas de câmbio independente mente das posições das políticas monetária e fiscal14 No entanto como observamos no Capítulo 14 há também evidências consideráveis contra a opinião de que os títu los denominados em moedas diferentes são substituintes perfeitos15 Alguns economistas concluem a partir desses resultados conflitantes que embora os prêmios de risco sejam importantes eles não dependem das transações de ativos do banco central da maneira simples que nosso modelo pressupõe Outros afirmam que os testes que têm sido utilizados para detectar os efeitos da intervenção FIGURa 187 Efeito de uma compra esterilizada pelo banco central de ativos externos sob substitutibilidade imperfeita de ativos M P Taxa de câmbio E 0 E 2 R1 R Ee EE ρB A1 Taxa de juros doméstica R Oferta real de moeda Encaixes reais em moeda doméstica LR Y 1 1 2 E 1 Retorno ajustado ao risco da moeda doméstica em depósitos em moeda estrangeira R Ee EE ρB A2 Compra esterilizada de ativos externos O Uma compra esterilizada de ativos externos deixa inalterada a oferta de dinheiro mas gera o retorno ajustado ao risco que depósitos de moeda nacional devem oferecer em equilíbrio Como resultado a curva de retorno no painel superior desloca se para cima e para a direita Mantendo iguais todas as outras variáveis isso desvaloriza a moeda nacional de E1 para E2 14 Para provas sobre intervenção esterilizada consulte as Leituras Adi cionais de Sarno e Taylor bem como a edição de dezembro de 2000 do Journal of International Financial Markets Institutions and Money 15 Veja o artigo de Froot e Thaler nas Leituras Adicionais deste capítulo M18KRUGXXXXC18indd 404 12915 619 PM 405 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial esterilizada são falhos Entretanto dadas as evidências escassas de que a intervenção esterilizada tem um efeito confiável sobre as taxas de câmbio uma atitude cética provavelmente é coerente Nossa discussão sobre a intervenção esterilizada assumiu que isso não muda as expectativas de taxa de câmbio do mercado Contudo se os participantes no mercado têm dúvidas sobre a direção futura das políti cas macroeconômicas a intervenção esterilizada pode dar uma indicação para onde o banco central espera ou deseja que a taxa de câmbio se mova Este efeito de sinalização de intervenção cambial por sua vez pode alterar a visão do mercado das futuras políticas mone tárias ou fiscais e causar uma mudança imediata da taxa de câmbio mesmo quando os títulos denominados em diferentes moedas são substitutos perfeitos O efeito de sinalização é mais importante quando o governo está descontente com o nível da taxa de câmbio e declara em público que vai alterar as políticas monetá rias ou fiscais para produzir uma mudança Intervindo simultaneamente em uma base esterilizada o banco cen tral às vezes empresta credibilidade a esse comunicado Uma compra esterilizada de ativos externos por exem plo pode convencer o mercado de que o banco central pretende trazer uma depreciação da moeda doméstica porque o banco vai perder dinheiro se em vez disso ocorrer uma valorização Até mesmo os bancos centrais devem observar seus orçamentos No entanto um governo pode ser tentado a explo rar o efeito de sinalização para benefícios temporários mesmo quando não tem qualquer intenção de mudar a política monetária ou fiscal para produzir uma taxa de câmbio diferente em longo prazo O resultado de gritar Lobo muitas vezes é o mesmo no mercado de câmbio que em outros lugares Se os governos não acompanha rem os sinais de mercado de câmbio com movimentos de políticas concretos os alertas em breve se tornarão ineficazes Assim a intervenção de sinalização não pode ser encarada como uma arma política a ser empunhada independentemente da política monetária e fiscal16 Moedas de reserva no sistema monetário mundial Até agora temos estudado um único país que corrige sua taxa de câmbio em termos de única moeda estran geira hipotética pelo comércio de ativos internos por externos quando necessário No mundo real existem muitas moedas e é possível que um país controle as taxas de câmbio de sua moeda doméstica em relação a algu mas moedas estrangeiras ao mesmo tempo em que per mite flutuar em relação a outras Esta seção e a próxima adotam uma perspectiva global e estudam o comportamento macroeconômico da economia mundial sob dois sistemas possíveis para fixação das taxas de câmbio de todas as moedas em relação umas às outras O primeiro sistema de taxa fixa é muito parecido com o que temos estudado Nele uma moeda é apontada como uma moeda de reserva aquela que os bancos centrais man têm em suas reservas internacionais e o banco central de cada nação corrige a taxa de câmbio da sua moeda em relação a ela estando pronto para trocar dinheiro domés tico por ativos de reserva em qualquer taxa Entre o final da Segunda Guerra Mundial e 1973 o dólar foi a principal moeda de reserva e quase todos os países atrelavam a taxa de câmbio de seu dinheiro ao dólar O segundo sistema de taxa fixa estudado na pró xima seção é um padrão ouro Sob um padrão ouro os bancos centrais atrelam os preços das suas moedas em termos de ouro e mantêm o ouro como reservas interna cionais oficiais O auge do padrão ouro internacional foi entre 1870 e 1914 embora muitos países tenham tentado sem sucesso restaurar um padrão ouro permanente após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 Ambos os padrões de moeda de reserva e o padrão ouro resultam em taxas de câmbio fixas entre todos os pares de moedas do mundo Mas os dois sistemas têm implicações muito diferentes sobre como os países com partilham os encargos de financiamento do balanço de pagamentos e sobre o crescimento e o controle das ofer tas de moeda nacionais a mecânica de um padrão de moeda de reserva O funcionamento de um sistema de moeda de reserva é ilustrado pelo sistema baseado no dólar dos Estados Uni dos criado no final da Segunda Guerra Mundial Sob esse sistema cada banco central fixava a taxa de câmbio de sua moeda em dólar por meio de ofícios de mercado cambial da moeda nacional para ativos de dólar A necessidade fre quente de intervir significava que cada banco central tinha que ter na mão reservas em dólar suficientes para atender a qualquer excesso de oferta de moeda que pudesse sur gir Os bancos centrais portanto mantinham uma grande parcela de suas reservas internacionais na forma de papeis do Tesouro dos Estados Unidos e depósitos de dólar em curto prazo que pagavam juros e podiam ser transforma dos em dinheiro com custo relativamente de baixo 16 Para a discussão do papel desempenhado pelo efeito de sinaliza ção consulte Kathryn M Dominguez e Jeffrey A Frankel Does Foreign Exchange Intervention Work Washington DC Institute for International Economics 1993 e Richard T Baillie Owen F Humpage e William P Osterberg Intervention from an Informa tion Perspective Journal of International Financial Markets Insti tutions and Money v 10 p 407421 dez 2000 M18KRUGXXXXC18indd 405 12915 619 PM 406 Economia internacional Como o preço de cada moeda em dólar foi fixado pelo seu banco central a taxa de câmbio entre quais quer duas moedas foi automaticamente fixada também de forma arbitrária no mercado de câmbio Como fun ciona esse processo Considere o seguinte exemplo basea do no franco francês FRF e no marco alemão DEM que eram as moedas da França e da Alemanha antes da introdução do euro Vamos supor que o preço do franco francês em dólares tenha sido fixado em 5 FRF por dólar enquanto o preço do marco em dólares foi fixado em 4 DEM por dólar A taxa de câmbio entre o FRF e o DEM tinha que permanecer constante em 080 DEM por franco 4 DEM por dólar 5 FRF por dólar mesmo que nenhum banco central negociasse diretamente francos por DEM para segurar o preço relativo dessas duas moe das fixas À taxa de DEMFRF de 085 DEM por franco por exemplo você poderia ter um lucro certo de US 625 vendendo US 100 para o antigo banco central francês o Banco da França por US 100 5 FRF por dólar 500 FRF vendendo seus 500 FRF no mercado cambial por 500 FRF 085 DEM por franco 425 DEM e depois vendendo o DEM para o Bundesbank banco cen tral da Alemanha até 1999 por 425 DEM 4 DEM por dólar US 10625 Entretanto com todo mundo ten tando explorar essa oportunidade de lucro com a venda de francos por DEM no mercado de câmbio estrangeiro o DEM teria valorizado contra o franco até a taxa de DEM FRF alcançar 080 DEM por franco Da mesma forma a uma taxa de 075 DEM por franco a pressão no mercado cambial teria forçado o DEM a desvalorizar em relação ao franco até a taxa de 080 DEM por franco ser alcançada Mesmo que cada banco central atrelasse a taxa de câmbio de sua moeda apenas ao dólar as forças do mer cado automaticamente manteriam todas as outras taxas de câmbio chamadas de taxas cruzadas constan tes nos valores implicados pelas taxas do dólar Assim o sistema de taxa de câmbio do mundo pós Segunda Guerra era um sistema em que as taxas de câmbio entre quaisquer duas moedas eram fixas17 a posição assimétrica do centro de reserva Em um sistema de moeda de reserva o país cuja moeda é mantida como reserva ocupa uma posição espe cial porque nunca tem de intervir no mercado cambial A razão é que se existem N países com N moedas no mundo há apenas N 1 taxas de câmbio contra a moeda de reserva Se os N 1 países de moeda não reserva cor rigirem suas taxas de câmbio em relação à moeda de reserva não há nenhuma taxa de câmbio deixada para o centro de reserva fixar Assim o país do centro nunca precisa intervir e não tem nenhum dos encargos de finan ciamento de seu balanço de pagamentos Esse conjunto de disposições coloca o país emissor de reservas em uma posição privilegiada porque ele pode usar sua política monetária para a estabilização macroe conômica mesmo que tenha fixado as taxas de câmbio Vimos no início deste capítulo que quando um país deve intervir para manter uma taxa de câmbio constante qualquer tentativa de expandir sua oferta de moeda é obrigada a ser frustrada por perdas de reservas interna cionais Mas como o centro de reserva é o único país no sistema que pode desfrutar de taxas de câmbio fixas sem a necessidade de intervir é ainda capaz de usar a política monetária para fins de estabilização Qual seria o efeito de uma compra de ativos inter nos pelo banco central do país da moeda de reserva A expansão resultante na sua oferta de moeda empurraria momentaneamente sua taxa de juros abaixo daquela vigente no exterior e assim causaria um excesso de demanda por moedas estrangeiras no mercado cambial Para impedir que suas moedas valorizem contra a moeda de reserva todos os outros bancos centrais no sistema seriam forçados a comprar ativos de reserva com suas próprias divisas expandindo suas ofertas de moeda e empurrando as taxas de juros abaixo do nível estabe lecido pelo centro de reserva A produção em todo o mundo bem como nacionalmente iria expandir depois de uma compra de ativos internos pelo país de reserva Nossa conta da política monetária sob um sistema de moeda de reserva aponta para uma assimetria básica O país de reserva tem o poder de afetar sua própria economia bem como as economias estrangeiras por meio da política monetária Outros bancos centrais são forçados a abando nar a política monetária como uma ferramenta de estabi lização e em vez disso devem importar passivamente a política monetária do centro de reserva por causa de seu compromisso de atrelar suas moedas à moeda de reserva Essa assimetria inerente de um sistema de reserva coloca um imenso poder econômico nas mãos do país de reserva e portanto provoca eventualmente disputas políticas dentro do sistema Tais problemas ajudaram na desagregação do padrão dólar pós guerra em 1973 um tópico que discutiremos no Capítulo 19 O padrão ouro Um padrão ouro internacional evita a assimetria inerente em uma moeda de reserva padrão evitando o problema da enésima moeda Sob um padrão ouro 17 As regras do sistema do pós guerra permitiram que os valores do dólar se movessem até 1 acima ou abaixo dos valores oficiais Isso significava que taxas cruzadas poderiam flutuar até 4 M18KRUGXXXXC18indd 406 12915 619 PM 407 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial cada país corrige o preço de sua moeda em termos de ouro estando pronto para comercializar a moeda nacio nal por ouro sempre que necessário para defender o preço oficial Como existem N moedas e N preços de ouro em termos dessas moedas nenhum país ocupa uma posição privilegiada dentro do sistema cada um é res ponsável por fixar o preço da sua moeda em termos do ativo de reserva internacional oficial o ouro a mecânica de um padrão ouro Como os países atrelam suas moedas ao ouro sob um padrão ouro as reservas internacionais oficiais assumem a forma de ouro As regras do padrão ouro também exi gem que cada país permita as importações e exporta ções de ouro através de suas fronteiras sem entraves No âmbito dessas providências um padrão ouro como um sistema de moeda de reserva resulta em taxas de câmbio fixas entre todas as moedas Por exemplo se o preço do dólar em ouro é fixado em US 35 por onça pela Reserva Federal enquanto o preço da libra em ouro é fixado em 1458 por onça pelo banco central da Grã Bretanha o Bank of England a taxa de câmbio dólarlibra deve ser constante em US 35 por onça 1458 por onça US 240 por libra O mesmo processo de arbitragem que mantém as taxas de câmbio cruzadas fixas em um sistema de moeda de reserva mantém também as taxas de câmbio fixas sob um padrão ouro18 Correção monetária simétrica sob um padrão ouro Por causa da simetria inerente de um padrão ouro nenhum país no sistema ocupa uma posição privile giada sendo dispensado da responsabilidade de intervir Tendo em conta os efeitos internacionais de uma com pra de ativos internos por um banco central podemos ver mais detalhadamente como a política monetária funciona sob um padrão ouro Suponha que o Bank of England decida aumentar seu suprimento de dinheiro mediante uma compra de ativos internos O aumento inicial da oferta de moeda da Grã Bretanha pressionará para baixo as taxas de juros britâ nicas e fará os ativos em moeda estrangeira ficarem mais atraentes do que os britânicos Os titulares de depósitos em libra vão tentar vendê las por depósitos em moedas estran geiros mas nenhum comprador privado estará interessado Sob taxas de câmbio flutuantes a libra depreciaria contra as moedas estrangeiras até a paridade de juros ser resta belecida No entanto essa depreciação não pode ocorrer quando todas as moedas estão atreladas ao ouro Por que não Como os bancos centrais são obrigados a trocar as suas moedas por ouro a taxas fixas os titulares infelizes de libras podem vendê las para o Bank of England por ouro vender o ouro para outros bancos centrais por suas moedas e usar essas moedas para comprar depósitos que oferecem taxas de juros superiores à taxa de juros em libras A Grã Bretanha portanto experimenta uma saída financeira privada e os países estrangeiros experimentam um influxo Esse processo restabelece o equilíbrio no mercado de câmbio O Bank of England perde reservas externas uma vez que é forçado a comprar libras e vender ouro para manter fixo o preço da libra em ouro Os bancos centrais estrangeiros ganham reservas quando compram ouro com suas moedas Os países compartilham o ônus do ajus tamento do balanço de pagamentos Como as reservas estrangeiras oficiais estão em declínio na Grã Bretanha e aumentando no exterior a oferta de moeda britânica está caindo empurrando a taxa de juros britânica para trás e as ofertas de moedas estrangeiras estão subindo empurrando as taxas de juros estrangeiras para baixo Uma vez que as taxas de juros novamente tornam se iguais em todos os países os mercados de ativos estão em equilíbrio e não há mais nenhuma tendência para o Bank of England perder ouro ou para os bancos centrais estrangeiros ganharem no A oferta de moeda mundial total não a oferta de moeda britânica acaba sendo mais elevada pela quantidade de compra de ativos domésticos do Bank of England As taxas de juros são mais baixas em todo o mundo Nosso exemplo ilustra a natureza simétrica da cor reção monetária internacional sob um padrão ouro Sempre que um país está perdendo reservas e vendo sua oferta de moeda encolher como consequência disso os países estrangeiros estão ganhando reservas e vendo suas ofertas de moeda expandirem Em contraste a correção monetária sob uma moeda de reserva padrão é altamente assimétrica Os países podem ganhar ou perder reservas sem induzir qualquer mudança na oferta de moeda do país da moeda de reserva e apenas esse último tem a capacidade de influenciar as condições monetárias nacionais e mundiais19 18 Na prática os custos de transportar e segurar o ouro em trânsito determinam estreitos pontos de ouro nos quais as taxas de câm bio da moeda podem flutuar 19 Originalmente as moedas de ouro eram uma parte substancial da oferta de moedas nos países de padrão ouro As perdas de ouro de um país aos estrangeiros portanto não deveriam assumir a for ma de uma queda nas quotas de ouro do banco central cidadãos privados poderiam derreter moedas de ouro em lingotes e enviá los ao exterior onde seriam novamente fundidos como moedas de ouro estrangeiras ou vendidos ao banco central estrangeiro por papel moeda Em termos de nossa análise anterior do balanço do banco central as moedas de ouro circulantes são consideradas um componente da base monetária que não é passivo do banco cen tral Ambas as formas de exportação de ouro assim resultariam em uma queda na oferta de moeda doméstica e um aumento nas ofertas de moedas estrangeiras M18KRUGXXXXC18indd 407 12915 619 PM 408 Economia internacional Vantagens e desvantagens do padrão ouro Os defensores do padrão ouro argumentam que ele tem outra propriedade desejável além da simetria Como os bancos centrais em todo o mundo são obrigados a fixar o preço do ouro em dinheiro não podem permitir que suas ofertas de moeda cresçam mais rapidamente do que a demanda por dinheiro real uma vez que tal cresci mento monetário rápido eventualmente elevaria os pre ços do dinheiro de todos os bens e serviços incluindo o ouro Um padrão ouro portanto coloca limites automá ticos na extensão a que os bancos centrais podem cau sar aumentos nos níveis de preços nacionais por meio de políticas monetárias expansionistas Esses limites podem fazer os valores reais das verbas nacionais ficarem mais estáveis e previsíveis reforçando assim as transações eco nômicas decorrentes do uso da moeda ver Capítulo 15 Tais limites para a criação da moeda não existem em um sistema de moeda de reserva o país com moeda de reserva não enfrenta nenhuma barreira automática para a criação ilimitada de moeda Compensando esse benefício potencial de um padrão ouro temos alguns inconvenientes 1 O padrão ouro coloca restrições indesejáveis à utili zação da política monetária para combater o desem prego Em uma recessão mundial pode ser desejável para todos os países expandir suas ofertas de moeda em conjunto mesmo que isso fosse elevar o preço do ouro em termos da moeda nacional 2 Amarrar os valores das moedas ao ouro garante um nível de preços geral estável somente se o preço rela tivo do ouro e de outros bens e serviços for estável Por exemplo suponha que o preço do ouro em dólar seja US 35 por onça enquanto o preço do ouro em termos de uma cesta de produção típica seja um terço de uma cesta por onça Isso implica um nível de preço de US 105 por cesta de produção Agora vamos supor que há uma grande descoberta de ouro na América do Sul e o preço relativo do ouro em ter mos de produção caia a um quarto de uma cesta por onça Com o preço do dólar inalterado em US 35 por onça de ouro o nível de preços teria que subir de US 105 para US 140 por cesta Na verdade es tudos da era do padrão ouro revelam flutuações do nível de preços surpreendentemente grandes decor rentes de tais mudanças no preço relativo do metal20 3 Um sistema de pagamentos internacionais baseado em ouro é problemático porque os bancos centrais não podem aumentar a participação das reservas internacionais conforme suas economias crescem a menos que haja novas descobertas contínuas de ouro Cada banco central precisaria manter algumas reser vas de ouro para fixar o preço em ouro de sua moeda e servir como um amortecedor contra percalços econômicos imprevistos Os bancos centrais assim podem originar o desemprego do mundo na tenta tiva de competir por reservas com a venda de ativos internos e assim encolher suas ofertas de moeda 4 O padrão ouro poderia dar aos países com produ ção de ouro potencialmente grande como a Rússia e a África do Sul uma capacidade considerável de influenciar as condições macroeconômicas em todo o mundo por meio de vendas de ouro no mercado Por causa dessas desvantagens poucos economistas são favoráveis a um retorno atual ao padrão ouro Já em 1923 o economista britânico John Maynard Keynes caracterizava o ouro como uma relíquia bárbara de um sistema monetário internacional primitivo21 Enquanto a maioria dos bancos centrais continuam a manter algum ouro como parte de suas reservas internacionais seu preço agora não desempenha nenhum papel especial em influenciar as políticas monetárias dos países O padrão bimetálico Até o início dos anos 1870 muitos países aderiram a um padrão bimetálico em que a moeda era baseada em prata e ouro Os Estados Unidos foram bimetálicos de 1837 até a Guerra Civil embora a grande potência bimetálica da época fosse a França que abandonou o bimetalismo pelo ouro em 1873 Em um sistema bimetálico a casa da moeda de um país imprimirá quantidades especificadas de ouro ou prata em sua unidade monetária nacional geralmente por uma taxa Nos Estados Unidos antes da Guerra Civil por exemplo 37125 grãos de prata um grão sendo 1480 de uma onça ou 2322 grãos de ouro poderiam ser transformados em respectivamente um dólar de prata ou um dólar de ouro Essa paridade estabelecida fez o ouro valer 371252322 16 vezes mais do que a prata No entanto a paridade da casa da moeda pode diferir do preço relativo dos dois metais e quando isso ocorre um ou outro pode sair de circulação Por exemplo se o preço do ouro em termos de prata subir para 201 uma depreciação da prata em relação à paridade da casa da moeda de 161 ninguém iria querer converter ouro em 20 Veja por exemplo Richard N Cooper The Gold Standard His torical Facts and Future Prospects Brookings Papers on Economic Activity v 1 p 145 1982 21 Veja Keynes Alternative Aims in Monetary Policy Reimpresso em Essays in Persuasion New York W W Norton Company 1963 Para uma visão discordante do padrão ouro consulte Ro bert A Mundell International Monetary Reform The Optimal Mix in Big Countries In James Tobin Ed Macroeconomics Prices and Quantities Washington DC Brookings Institution p 285293 1983 M18KRUGXXXXC18indd 408 12915 619 PM 409 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial moedas de dólar de ouro na casa da moeda Mais dóla res poderiam ser obtidos em vez disso usando o ouro para comprar prata no mercado e em seguida tendo a prata cunhada em dólares Como resultado o ouro ten deria a sair de circulação monetária quando seu preço de mercado relativo subisse acima do preço relativo da casa da moeda e a moeda de prata tenderia a desapare cer no caso contrário A vantagem do bimetalismo foi que tornou possível reduzir a instabilidade de nível de preço resultante da utilização de um dos metais sozinhos Caso o ouro se tornasse escasso e caro a prata mais barata e relativa mente abundante se tornaria a forma predominante de moeda reduzindo desse modo a deflação que implica ria um padrão ouro puro Não obstante essa vantagem pelo final do século XIX a maior parte do mundo tinha seguido a Grã Bretanha a principal potência industrial da época para um padrão ouro puro O padrão ouro de câmbio A meio caminho entre o padrão ouro e um padrão de moeda de reserva pura temos o padrão ouro de câmbio Sob um padrão ouro de câmbio as reservas dos bancos centrais consistem em ouro e moedas cujos preços em termos de ouro são fixos e cada banco central corrige sua taxa de câmbio para uma moeda com um preço fixo de ouro Um padrão ouro de câmbio pode operar como um padrão ouro para conter o crescimento monetário excessivo em todo o mundo mas permite mais flexibi lidade no crescimento das reservas internacionais que podem consistir de ativos além de ouro Um padrão ouro de câmbio é no entanto sujeito às outras limita ções de um padrão ouro listadas anteriormente O sistema de moeda de reserva do mundo pós Segunda Guerra centrado no dólar foi na verdade originalmente criado como um padrão ouro de câmbio Enquanto os bancos centrais estrangeiros tinham o trabalho de fixar as taxas de câmbio a Reserva Federal dos Estados Unidos era responsável por segurar o preço em dólar do ouro em US 35 a onça Em meados da década de 1960 o sistema operava na prática mais como um sistema puro de moeda de reserva do que um padrão ouro Pelas razões que expli caremos no próximo capítulo o presidente Richard M Nixon cortou unilateralmente a relação do dólar com o ouro em agosto de 1971 pouco antes do sistema de taxas de câmbio de dólar fixo ser abandonado a demanda pOr reservas internaciOnais O capítulo explicou que ativos do banco central são divididos entre ativos em moeda nacional como títulos do governo doméstico e ativos em moeda estrangeira das reservas internacionais do banco Historicamente e até os dias atuais as reservas internacionais têm sido valorizadas pelos bancos centrais porque podem ser negociadas com estrangeiros por bens e serviços mesmo em circunstâncias como crises financeiras e guerras quando o valor dos ativos domésticos pode ser posto em dúvida O ouro desempenhou o papel de ativo de reserva internacional por excelência sob o padrão ouro e enquanto o dólar norte americano continua a ser o ativo de reserva principal hoje econo mistas debatem por quanto tempo o privilégio único norte americano pode durar Como os bancos centrais e governos podem alterar suas políticas para afetar a explorações nacionais das reservas internacionais é importante compreender os fatores que influenciam as exigências dos países para reservas internacionais Um bom ponto de partida para pensar nas reservas internacionais é o modelo no capítulo em que títulos nacionais e estrangeiros são substitutos perfeitos a taxa de câmbio é fixa e a confiança na taxa de câm bio fixa é absoluta Nesse modelo o resultado de que a política monetária é ineficaz também implica que bancos centrais individuais podem adquirir todas as reservas internacionais de que precisam sem muito sofrimento Eles fazem isso tão simplesmente por uma venda de ativos internos no mercado livre que provoca um afluxo imediato e igual de ativos estrangeiros mas nenhuma mudança na taxa de juros doméstica ou em outras condições econômicas nacionais Na vida real a matéria pode não ser tão fácil porque as circunstân cias em que os países precisam de reserva são pre cisamente aquelas em que as condições citadas de perfeita confiança na credibilidade e na taxa de câm bio indexada são suscetíveis de serem violadas Como resultado os bancos centrais gerenciam suas reservas de forma preventiva mantendo um estoque que eles acreditam ser suficiente em tempos futuros de crise22 Como de costume há custos bem como benefícios na aquisição e exploração de reservas e o nível de 22 Surge um problema diferente sob um sistema como o padrão ouro em que o estoque global de reservas internacionais pode ser limitado em contraste com um sistema de moeda de reserva A dificuldade é que todos os países não podem aumentar simultaneamente sua participação de reserva então os esforços de muitos países para fazê lo ao mesmo tempo afetarão as condições econômicas globais Um exercício no fim do capítulo pede para você pensar sobre esse caso M18KRUGXXXXC18indd 409 12915 619 PM 410 Economia internacional reservas que o banco central pretende segurar refletirá um equilíbrio entre os custos e benefícios Algumas autoridades monetárias como as de Hong Kong valo rizam tanto as reservas que toda a oferta de moeda é apoiada por ativos externos não há absolutamente ativos monetários internos Porém na maioria dos casos os bancos centrais mantêm ativos domésticos e estrangeiros com o nível ideal de reservas determi nado pelo trade off entre custos e benefícios A partir de meados da década de 1960 os eco nomistas desenvolveram e procuraram a verificação empírica das teorias formais da demanda por reser vas internacionais Nesse cenário com mercados de capitais internacionais muito mais limitados do que são hoje ver Capítulo 20 uma grande ameaça às reservas era uma queda brusca das receitas de exportação e os bancos centrais mediam os níveis de reserva em termos do número de meses de necessi dades de importação que elas poderiam cobrir Conse quentemente os níveis de variabilidade das exporta ções importações e fluxos financeiros internacionais que poderiam causar a flutuação das reservas muito perto de zero eram vistos como determinantes prin cipais da demanda por reservas internacionais Nessa teoria a maior variabilidade aumentaria a demanda por reservas Uma variável adicional aumentando a demanda média de reservas poderia ser o ajuste do custo que os países sofreriam se de repente eles tivessem que aumentar as exportações ou reduzir as importações para gerar um excedente comercial ou aumentar as taxas de juros para atrair capital estran geiro A maior abertura econômica poderia facilitar tais ajustes reduzindo assim a demanda por reservas mas também poderia tornar uma economia mais vul nerável a choques de comércio exterior criando desse modo níveis de reserva desejados23 Por outro lado o principal custo das reservas é o de juros Um banco central que alterna de títulos domésticos para reservas estrangeiras perde os juros sobre os títulos nacionais e em vez disso ganha os juros sobre a moeda de reserva por exemplo dólares Se os mercados têm qualquer temor de que a moeda nacional poderia ser desvalorizada então os títulos domésticos oferecerão uma maior taxa de juros do que as reservas estrangeiras implicando que será caro movimentar o portfólio do banco central em direção às reservas Claro se a moeda de reserva valo rizar em relação à moeda nacional o banco central vai ganhar com uma perda correspondente se a moeda de reserva desvalorizar Além disso as reservas podem oferecer juros mais baixos simplesmente por causa de sua maior liquidez Esse custo de juros de manter reservas relativamente líquidas é análogo ao custo de juros de manter o dinheiro que analisamos no Capítulo 15 Argumentou se na década de 1960 que os países com taxas de câmbio mais flexíveis achariam mais fácil gerar um excedente de exportação se as reser vas ficassem baixas poderiam permitir que suas moedas depreciassem talvez evitando a recessão que caso contrário poderia ser necessária para criar um excedente da balança comercial Quando países industriais movimentaram se para as taxas de câm bio flutuantes na década de 1970 muitos economis tas portanto esperavam que a demanda por reservas internacionais caísse drasticamente A Figura 188 mostra no entanto que nada disso aconteceu Para países industrializados a taxa de crescimento das reservas internacionais não diminuiu desde a década de 1960 Para os países em desenvol vimento a taxa de crescimento das reservas se muito aumentou na média embora o aumento agudo em meados da década de 2000 até certo ponto seja um reflexo da enorme compra de reservas pela China Aceleração do crescimento das reservas tem ocorrido apesar da adoção de taxas de câmbio mais flexíveis por muitos países em desenvolvimento Uma explicação para esse desenvolvimento que discutiremos mais em capítulos posteriores é que o crescimento do mercado de capitais global aumentou vastamente a variabilidade potencial dos fluxos finan ceiros através das fronteiras nacionais em especial através das fronteiras de países em desenvolvimento propensos à crise24 A queda acentuada no crescimento das reservas de países em desenvolvimento no perí odo 19821992 mostrada na figura reflete uma crise de dívida internacional durante os anos de 19821989 Naquela crise as fontes de crédito estrangeiras seca ram e muitos países em desenvolvimento foram obri gados a recorrer a suas reservas Vemos outro declínio 23 Um estudo inicial e influente foi de H Robert Heller Optimal International Reserves Economic Journal v 76 p 296311 jun 1966 24 Trabalhos recentes sobre os determinantes modernos da demanda de reservas internacionais incluem os de Robert Flood e Nancy Ma rion Holding International Reserves in an Era of High Capital Mobility Brookings Trade Forum 2001 p 147 Joshua Aizenman e Jaewoo Lee International Reserves Precautionary versus Mercantilist Views Theory and Evidence Open Economies Review v 18 p 191214 abr 2007 e Maurice Obstfeld Jay C Shambaugh e Alan M Taylor Financial Stability the Trilemma and International Reserves American Economic Journal Macroeconomics v 2 p 5794 abr 2010 M18KRUGXXXXC18indd 410 12915 619 PM 411 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial no crescimento das reservas durante os anos de crise de 20082009 Esses episódios ilustram por que os países em desenvolvimento têm aumentado tão ansio samente as suas reservas Até mesmo um país em desenvolvimento com uma taxa de câmbio flutuante pode precisar pagar credores estrangeiros e residentes nacionais com dólares para evitar uma crise financeira e uma moeda em colapso Nada sobre essa explicação contradiz as teorias anteriores A demanda por reservas internacionais ainda reflete a variabilidade no balanço de paga mentos Contudo a rápida globalização dos merca dos financeiros nos últimos anos causou um grande aumento na variabilidade potencial e nos riscos potenciais que a variabilidade apresenta Os países podem e vão optar por manter reser vas internacionais em outras moedas que não o dólar dos Estados Unidos Eles tendem a manter apenas aquelas moedas que são mais propensas a reter seu valor ao longo do tempo e a ser prontamente aceitas pelos credores e exportadores estrangeiros Graças à grande e geralmente próspera região geográfica que ele serve o euro introduzido em 1999 é o desafiador mais forte para o papel do dólar embora a recente crise na área do euro tenha pesado nessa análise A Figura 189 mostra a importância das quatro moedas principais nas explorações de reservas inter nacionais dos países Desde o nascimento do euro em 1999 sua participação nas reservas globais aumentou de 18 para 25 enquanto a parcela do dólar dimi nuiu de 71 a 62 A libra esterlina da Grã Bretanha era a principal moeda de reserva mundial até a década de 1920 No entanto agora se tornou apenas cerca de 4 das reservas globais enquanto a parcela do iene japonês cerca de três vezes a da libra esterlina durante meados da década de 1990 agora é um pouco menor Após sua introdução em 1999 alguns economistas especularam que o euro ultrapassaria o dólar como a principal moeda de reserva internacional Apesar da aparente tendência de se afastar do dólar mostrada na Figura 189 esse dia ainda parece distante Con tudo a história certamente mostra como as principais moedas de reserva podem ser derrubadas por outras recém chegadas25 FIGURa 188 Taxas de crescimento das reservas internacionais As taxas de crescimento anual das reservas internacionais não declinaram acentuadamente após a década de 1970 Recentemente os países em desenvolvimento adicionaram grandes somas a suas explorações de reserva mas seu ritmo de acumulação diminuiu começando com os anos de crise de 20082009 A figura mostra as médias das taxas de crescimento anual 19631972 19731982 19831992 19932002 20032007 20082009 20102011 Porcentagem ao ano 0 5 10 15 20 25 30 Países em desenvolvimento Todos os países Países industrializados Fonte Fundo Monetário Internacional 25 Uma recente avaliação do estatuto de reserva do dólar por Eichengreen está listada em Leituras Adicionais Eichengreen apresenta uma perspectiva histórica abrangente sobre o estatuto especial do dólar em seu livro Exorbitant Privilege The Rise and Fall of the Dollar and the Future of the International Monetary System New York Oxford University Press 2011 Para um estudo estatístico formal consulte Menzie Chinn e Jeff rey A Frankel Will the Euro Eventually Surpass the Dollar as Leading International Reserve Currency In Richard H Clarida Ed G7 Current Account Imbalances Sustainability and Adjustment Chicago University of Chicago Press 2007 p 283322 M18KRUGXXXXC18indd 411 12915 619 PM 412 Economia internacional FIGURa 189 Composição da moeda da reserva global Enquanto o papel do euro como moeda de reserva geralmente tem aumentado ao longo do tempo o dólar continua a ser esmagadoramente favorito Fração das reservas mundiais 0 01 02 03 04 05 06 07 08 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Dólar Euro Libra esterlina Iene Fonte Fundo Monetário Internacional composição das moedas das reservas cambiais disponíveis em httpwwwimforgexternalnpstacofereng indexhtm Esses dados abrangem apenas os países que reportam a composição da reserva para o FMI sendo a China a omissão principal resumO excesso ou oferta de ativos em moeda nacional Com efeito o banco central ajusta seus ativos externos e assim a oferta de moeda doméstica para garantir que os merca dos de ativos estejam sempre em equilíbrio sob a taxa de câmbio fi xa 3 O compromisso de fi xar uma taxa de câmbio força o banco central a sacrifi car a sua capacidade de usar a política mo netária para a estabilização Uma compra de ativos internos pelo banco central faz com que ocorra uma queda igual nas reservas internacionais ofi ciais deixando a oferta de moeda e a produção inalteradas Da mesma forma uma venda de ativos internos pelo banco faz com que reservas estrangei ras subam o mesmo montante mas não tem outros efeitos 4 A política fi scal ao contrário da política monetária tem um efeito mais poderoso sobre a produção sob taxas de câmbio fi xas do que em taxas fl utuantes Sob uma taxa de câm bio fi xa a expansão fi scal não causa no curto prazo uma valorização real que afaste os investidores da demanda agregada Em vez disso ela força as compras do banco cen tral de ativos externos e uma expansão da oferta de moeda A desvalorização também aumenta a demanda agregada e a oferta de moeda no curto prazo A revalorização tem 1 Há uma ligação direta entre a intervenção do banco cen tral no mercado cambial e a oferta de moeda doméstica Quando o banco central de um país adquire ativos exter nos a oferta de moeda do país aumenta automaticamente Da mesma forma uma venda de ativos externos do banco central reduz automaticamente a oferta de moeda O ba lanço do banco central mostra como a intervenção cambial afeta a oferta de moeda porque o passivo do banco central que aumenta ou diminui quando seus ativos aumentam ou diminuem é a base do processo de oferta de moeda do méstica O banco central pode anular o efeito de oferta de moeda da intervenção por meio de esterilização Sem a es terilização há uma ligação entre o balanço de pagamentos e as ofertas de moeda nacionais que depende de como os bancos centrais compartilham os encargos das lacunas de fi nanciamento do balanço de pagamentos 2 Um banco central pode fi xar a taxa de câmbio da sua mo eda em relação à moeda estrangeira se estiver disposto a trocar quantidades ilimitadas de dinheiro doméstico por ativos externos nessa taxa Para corrigir a taxa de câmbio o banco central deve intervir no mercado cambial sempre que necessário para evitar o surgimento de uma demanda em M18KRUGXXXXC18indd 412 12915 619 PM 413 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial efeitos opostos Em longo prazo a expansão fiscal provoca uma valorização real um aumento na oferta de moeda e um aumento no nível de preços domésticos enquanto a desva lorização faz com que os níveis de longo prazo da oferta de moeda e os preços subam proporcionalmente à variação da taxa de câmbio 5 As crises do balanço de pagamentos ocorrem quando os par ticipantes do mercado esperam que o banco central altere a taxa de câmbio do seu nível atual Se o mercado decide que uma desvalorização está chegando por exemplo a taxa de juros doméstica se eleva acima da taxa de juros mun dial e as reservas externas caem drasticamente conforme o capital privado flui para o estrangeiro As crises de moeda de autorrealização podem ocorrer quando uma economia é vulnerável à especulação Em outras circunstâncias um co lapso da taxa de câmbio pode ser o resultado inevitável de políticas governamentais inconsistentes 6 Um regime de flutuação administrada permite que o banco central mantenha alguma capacidade de controlar a oferta de moeda doméstica mas à custa de maior instabilidade cambial No entanto se os títulos nacionais e estrangeiros são substitutos imperfeitos o banco central pode ser capaz de controlar tanto a oferta de moeda quanto a taxa de câm bio mediante a intervenção cambial esterilizada Evidências empíricas fornecem pouco suporte para a ideia de que a in tervenção esterilizada tenha um efeito direto significativo nas taxas de câmbio Mesmo quando os títulos nacionais e estrangeiros são substitutos perfeitos para que não haja ne nhum prêmio de risco a intervenção esterilizada pode ope rar indiretamente por meio de um efeito de sinalização que muda a visão do mercado das políticas futuras 7 Um sistema mundial de taxas de câmbio fixas em que paí ses atrelam os preços das suas moedas em termos da moe da de reserva envolve uma assimetria marcante o país da moeda de reserva que não tem que fixar nenhuma taxa de câmbio pode influenciar a atividade econômica doméstica e no exterior por meio de sua política monetária Em con traste todos os outros países são incapazes de influenciar sua produção ou a produção estrangeira mediante a políti ca monetária Essa assimetria política reflete o fato de que o centro de reserva não tem nenhum dos encargos de finan ciamento a seu balanço de pagamentos 8 Um padrão ouro no qual todos os países fixam os preços de suas moedas em termos de ouro evita a assimetria ine rente em uma moeda de reserva padrão e coloca restrições sobre o crescimento da oferta de moeda dos países Um arranjo relacionado foi o padrão bimetálico com base em prata e ouro Mas o padrão ouro tem graves inconvenientes que o tornam impraticável como uma maneira de organizar o sistema monetário internacional de hoje Até mesmo o padrão ouro de câmbio baseado em dólar configurado após a Segunda Guerra Mundial enfim provou ser impraticável tERMOS ChaVE PROblEMaS padrão bimetálico p 408 padrão ouro p 405 padrão ouro de câmbio p 409 prêmio de risco p 403 revalorização p 397 substitutibilidade imperfeita de ativos p 402 substitutibilidade perfeita de ativos p 401 taxas de câmbio flutuantes administradas p 388 a política monetária para que possa ter taxas de câmbio mais estáveis 6 Como a expansão fiscal afeta a conta corrente sob uma taxa de câmbio fixa 7 Explique por que as expansões fiscais temporárias e per manentes não têm efeitos diferentes sob taxas de câmbio fixas como ocorre sob taxas de câmbio flutuantes 8 A desvalorização é muitas vezes usada pelos países para melhorar suas contas correntes No entanto desde que a conta corrente seja igual a poupança nacional menos o investimento doméstico veja Capítulo 13 essa melhora pode ocorrer somente se o investimento cair a poupança subir ou ambos Como é que a desvalorização pode afetar a economia nacional e o investimento doméstico balanço do banco central p 389 crise do balanço de pagamentos p 398 crises monetárias autorrealizáveis p 400 desvalorização p 397 efeito de sinalização de intervenção cambial p 405 fuga de capitais p 399 intervenção cambial esterilizada p 391 moeda de reserva p 405 1 Mostre como uma expansão em ativos internos do banco central em última análise afeta seu balanço sob uma taxa de câmbio fixa Como as operações do banco central no mercado cambial são refletidas nas contas do balanço de pagamentos 2 Faça as etapas do problema anterior para um aumento de gastos do governo 3 Descreva os efeitos de uma desvalorização inesperada no ba lanço do banco central e nas contas do balanço de pagamentos 4 Explique por que uma desvalorização melhora a conta corrente no modelo do capítulo Dica considere a curva XX desenvolvida no último capítulo 5 Você pode pensar em razões pelas quais um governo pode sacrificar voluntariamente parte de sua capacidade de usar M18KRUGXXXXC18indd 413 12915 619 PM 414 Economia internacional 9 Usando o modelo DD AA analise os efeitos do balanço de pagamentos e a produção de uma tarifa de importação sob taxas de câmbio fixas O que aconteceria se todos os países do mundo simultaneamente tentassem melhorar o empre go e o balanço de pagamentos mediante a imposição de tarifas 10 Quando um banco central desvaloriza após uma crise de balanço de pagamentos normalmente ganha reservas ex ternas Essa afluência financeira pode ser explicada usando nosso modelo O que aconteceria se o mercado acreditasse que ocorreria outra desvalorização em um futuro próximo 11 Suponha que sob o sistema padrão dólar pós guerra os bancos centrais estrangeiros possuíssem reservas em dólar na forma de notas de dólar escondidas em seus cofres e não sob a forma de notas do Tesouro dos EUA O mecanismo de correção monetária internacional seria simétrico ou assi métrico Dica pense sobre o que acontece com a oferta de moeda dos Estados Unidos e do Japão por exemplo quan do o Banco do Japão vende ienes por notas de dólar que ele então guarda consigo 12 Quando os títulos nacionais e estrangeiros são substitutos perfeitos um banco central deve ser indiferente sobre o uso de bens nacionais ou estrangeiros para implementar a polí tica monetária Discuta essa afirmação 13 A intervenção de câmbio dos Estados Unidos às vezes é feita por um Fundo de Estabilização Cambial ou FEC uma divisão do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos que gerencia uma carteira de títulos de moeda estrangeira e do governo dos Estados Unidos Uma intervenção do FEC para apoiar o iene por exemplo assumiria a forma de uma mudança de portfólio de dólar e em ativos de ienes Mostre que as intervenções do FEC são automaticamente esterili zadas e portanto não alteram as ofertas de moeda Como as operações do FEC afetam o prêmio de risco cambial 14 Use um diagrama como na Figura 187 para explicar como um banco central pode alterar a taxa de juros doméstica mantendo a taxa de câmbio fixa sob substitutibilidade im perfeita de ativo 15 Na página 391 do texto analisamos como a venda de US 100 de seus ativos estrangeiros afeta o balanço do banco central O pressuposto naquele exemplo foi que o comprador dos bens estrangeiros pagou sob a forma de dinheiro da moeda nacional Suponha que em vez disso o comprador pague com um cheque sacado de sua conta em Pecuniacorp um banco privado doméstico Usando um balanço como os apresenta dos no texto mostre como a transação afeta o balanço do banco central e a oferta de moeda 16 Observamos no texto que os sistemas de taxas de câmbio fixo podem não resultar em taxas de câmbio absoluta mente fixas mas em faixas estreitas dentro das quais a taxa de câmbio pode mover se Por exemplo os pontos de ouro mencionados na nota de rodapé 18 produziram tais bandas sob um padrão ouro Normalmente essas bandas eram na ordem de mais ou menos 1 da paridade central de câmbio Até que ponto tais bandas para a taxa de câm bio permitiriam que a taxa de juros doméstica se movesse independentemente de uma taxa estrangeira Mostre que a resposta depende do vencimento ou do termo da taxa de juros Para ajudar a sua intuição assuma bandas de mais ou menos 1 da taxa de câmbio e considere alternativa mente as taxas em depósitos de três meses em depósitos de seis meses e em depósitos de um ano Com tais bandas estreitas haveria muita margem para independência nas taxas de empréstimo de dez anos 17 Em um mundo de três países um banco central fixa uma taxa de câmbio mas deixa que as outras flutuem O banco central pode usar a política monetária para afetar a produ ção Ele pode fixar as duas taxas de câmbio 18 No Estudo de Caso sobre reservas internacionais afirmamos que exceto no caso de um sistema de moeda de reserva uma tentativa de todos os bancos centrais elevarem simultanea mente suas quantidades de reserva internacional por meio das vendas dos ativos internos no mercado aberto poderia ter um efeito contracionista sobre a economia mundial Ex plique por contraste os casos de um sistema padrão ouro e um sistema de moeda de reserva 19 Se um país mudar sua taxa de câmbio o valor de suas re servas estrangeiras medido em moeda nacional também muda Essa última mudança pode representar um ganho ou perda de moeda nacional para o banco central O que acon tece quando um país desvaloriza sua moeda em relação à moeda de reserva E quando ele revaloriza Como esse fator pode afetar o custo potencial de manter as reservas externas Certifique se de considerar o papel da paridade de juros na formulação de sua resposta 20 Analise o resultado de uma desvalorização permanente por uma economia vítima de uma armadilha de liquidez do tipo descrito no Capítulo 17 21 Lembre se de nossa discussão sobre o piso de moeda do franco suíço no estudo de caso Os mercados podem atacar uma moeda forte O caso da Suíça Lembre se também da discussão do último capítulo sobre a armadilha de liquidez Como a Suíça tem estado em uma armadilha de liquidez o tempo todo em que tem defendido seu piso de moeda nos sa discussão da teoria da armadilha de liquidez no último capítulo sugere por que a inflação da Suíça não subiu com as compras de câmbio pesadas pelo BNS 22 Retornando novamente ao caso do piso de moeda franco suíço com as taxas de juros da Suíça em zero o que você acha que aconteceria se os especuladores de moeda espe rassem que o franco suíço se valorizasse mais do que a taxa de juros do euro M18KRUGXXXXC18indd 414 12915 619 PM 415 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial Leituras adiciOnais HUMPAGE O F Institutional Aspects of US Intervention Federal Reserve Bank of Cleveland Economic Review v 30 p 219 1o quadri mestre 1994 Como o Tesouro dos Estados Unidos e a Reserva Federal coordenam a intervenção cambial JEANNE O Currency Crises A Perspective on Recent Theoretical Develo pments Princeton Special Papers in International Economics v 20 International Finance Section Department of Economics Princeton University mar 2000 Opiniões recentes sobre ataques e crises espe culativas MUNDELL R A Capital Mobility and Stabilization Policy under Fixed and Flexible Exchange Rates Canadian Journal of Economics and Political Science v 29 p 475485 nov 1963 Relato clássico dos efeitos das políticas monetárias e fiscais sob regimes cambiais alternativos MUSSA M The Role of Official Intervention Occasional Paper 6 New York Group of Thirty 1981 Discute a teoria e a prática da intervenção de câmbio do banco central sob uma flutuação suja NEELY C J Central Bank Authorities Beliefs about Foreign Exchange Intervention Working Paper 2006 045C Federal Reserve Bank of St Louis abr 2007 Pesquisa interessante dos pontos de vista dos ban queiros centrais sobre o papel e os limites da intervenção OBSTFELD M Models of Currency Crises with Self Fulfilling Features European Economic Review v 40 p 10371048 abr 1996 Mais infor mações sobre a natureza das crises do balanço de pagamentos SARNO L TAYLOR M P Official Intervention in the Foreign Exchange Market Is It Effective and If So How Does It Work Journal of Eco nomic Literature v 39 p 839868 set 2001 Um estudo atualizado sobre a intervenção cambial BIRD G RAJAN R Too Much of a Good Thing The Adequacy of Inter national Reserves in the Aftermath of Crises World Economy v 86 p 873891 jun 2003 Acessível revisão da literatura sobre a demanda de reservas internacionais BRANSON W H Causes of Appreciation and Volatility of the Dollar In The USDollar Recent Developments Outlook and Policy Options Kansas City Federal Reserve Bank of Kansas City 1985 p 3352 Desenvolve e aplica um modelo de determinação da taxa de câmbio com substitutibilidade imperfeita de ativos EICHENGREEN B The Dollar Dilemma The Worlds Top Currency Faces Competition Foreign Affairs v 88 p 5368 setout 2009 Uma ava liação dos desafios para a primazia do dólar entre veículo potencial alternativo e moedas de reserva FRIEDMAN M Bimetallism Revisited Journal of Economic Perspectives v 4 p 85104 outono 1990 Uma reconsideração fascinante das ava liações dos economistas de duplo padrão ouro prata FROOT K A THALER R H Anomalies Foreign Exchange Journal of Economic Perspectives v 4 p 179192 verão 1990 Discussão clara não técnica das evidências empíricas sobre a condição de paridade de juros HABERMEIER K et al Revised System for the Classification of Exchange Rate Arrangements IMF Working Paper WP09211 set 2009 Explica como o Fundo Monetário Internacional classifica os sis temas de diversos países de determinação das taxas de câmbio HIGGINS M KLITGAARD T Reserve Accumulation Implications for Global Capital Flows and Financial Markets Current Issues in Eco nomics and Finance v 10 setout 2004 Análise das tendências de manutenção de reserva do banco central M18KRUGXXXXC18indd 415 12915 619 PM equilíbrio no mercado de câmbio com substitutibilidade imperfeita de ativos APÊNDICE 1 DO CAPÍTULO 18 Este apêndice desenvolve um modelo de mercado cambial em que os fatores de risco podem fazer os ativos em moeda doméstica e moeda estrangeira ser substitu tos imperfeitos O modelo dá origem a um prêmio de risco que pode diferenciar as taxas de retorno esperadas sobre ativos nacionais e estrangeiros Demanda Como os indivíduos não gostam de situações de risco em que sua riqueza pode variar bastante de um dia para outro eles decidem como alocar sua riqueza entre diferentes ativos olhando para o grau de risco da carteira resultante bem como o retorno esperado que o portfólio oferece Alguém que coloca sua riqueza intei ramente em libras esterlinas por exemplo pode esperar um retorno elevado mas a riqueza pode ser exterminada se a libra desvalorizar inesperadamente Uma estraté gia mais sensata é investir em várias moedas mesmo que algumas tenham retornos esperados mais baixos do que a libra e assim reduzir o impacto da má sorte sobre a riqueza com uma moeda qualquer Repartindo o risco entre várias moedas um indivíduo pode reduzir a variabilidade de sua riqueza As considerações de risco tornam razoável supor que a demanda do indivíduo para a moeda nacional a juros ativos aumenta quando os juros que eles oferecem R aumentam em relação ao retorno em moeda nacional sobre ativos em moeda estrangeira R Ee EE Dito de outra forma um indivíduo estará disposto a aumen tar o grau de risco da sua carteira ao investir mais em ativos em moeda nacional apenas se for compensado por um aumento da rentabilidade esperada em relação a esses ativos Resumimos essa suposição escrevendo a demanda individual i por títulos em moeda nacional Bd i como uma função crescente da diferença da taxa de retorno entre títulos nacionais e estrangeiros B B R R E E E i d i d e É claro Bd i também depende de outros fatores espe cíficos do indivíduo i como sua fortuna e sua renda A demanda por títulos em moeda nacional pode ser posi tiva ou negativa e no primeiro caso o indivíduo i é um devedor líquido em moeda doméstica ou seja um forne cedor de títulos em moeda nacional Para encontrar a demanda agregada privada para títulos em moeda nacional precisamos apenas acrescen tar demandas individuais Bd i para todos os indivíduos i no mundo Essa soma dá a demanda agregada para títu los de moeda nacional Bd que também é uma função crescente da diferença da taxa de retorno esperada em favor de ativos em moeda nacional Portanto B R R E E E demanda d e i B R R E E E soma para todos de i d e Como alguns indivíduos em particular podem estar contraindo empréstimos e portanto fornecendo títulos Bd deveria ser interpretado como a demanda líquida do setor privado por títulos em moeda doméstica Oferta Uma vez que estamos interpretando Bd como a demanda líquida do setor privado por títulos de moeda nacional a variável de oferta adequada para definir o equilíbrio de mercado é a oferta líquida de títulos em moeda nacional ao setor privado ou seja a oferta de títulos que não são da responsabilidade de qualquer indivíduo ou empresa A oferta líquida portanto é igual ao valor dos títulos do governo em moeda nacional mantidos pelo público B deduzido o valor dos ativos em moeda nacional mantidos pelo banco central A oferta B A A deve ser subtraído de B para encontrarmos a oferta líquida dos títulos porque as compras de títulos do banco central reduzem a oferta disponível para inves tidores privados Em geral também teríamos que sub trair de B os ativos em moeda doméstica mantidos por bancos centrais estrangeiros Equilíbrio O prêmio de risco ρ é determinado pela interação entre oferta e demanda O prêmio de risco é definido como ρ R R Ee EE ou seja como a diferença de retorno esperada entre os títulos domésticos e estrangeiros Podemos portanto escrever a demanda líquida do setor privado por títulos M18KRUGXXXXC18indd 416 12915 619 PM 417 Capítulo 18 Taxas de câmbio fixas e intervenção cambial de moeda nacional como uma função crescente de ρ A Figura 18A11 mostra essa relação desenhando a curva de demanda por títulos de moeda nacional com uma inclinação positiva A curva de oferta de títulos é vertical em B A1 por que a oferta líquida de títulos no mercado é determi nada pelas decisões do governo e do banco central e é independente do prêmio de risco O equilíbrio ocorre no ponto 1 a um prêmio de risco de ρ1 onde a demanda líquida do setor privado por títulos de moeda nacional é igual à oferta líquida Observe que para valores de R R e Ee o equilíbrio mostrado no diagrama também pode ser visto como determinante da taxa de câmbio desde que E Ee1 R R ρ A Figura 18A11 também mostra o efeito de uma venda de ativos internos pelo banco central que reduz suas participações de ativos domésticos para A2 A1 Essa venda aumenta o fornecimento de títulos líquidos de moeda nacional para B A2 e desloca a curva de oferta para a direita O novo equilíbrio ocorre no ponto 2 a um prêmio de risco de ρ2 ρ1 Da mesma forma o aumento da dívida do governo em moeda nacional B aumentaria o prêmio de risco O modelo portanto estabelece que o prêmio de risco é uma função crescente de B A assim como conside ramos na discussão sobre a intervenção esterilizada que levou à Equação 183 Você deve reconhecer que a nossa discussão sobre determinação do prêmio de risco é uma simplificação de várias formas não menos por causa da suposição de que o país é pequeno de modo que todas as variáveis estran geiras podem ser tomadas como dadas No entanto em geral as ações tomadas pelos governos estrangei ros também podem afetar o prêmio de risco que pode assumir valores negativos bem como valores positivos é claro Ou seja as políticas ou eventos que fazem os títu los estrangeiros progressivamente mais arriscados tor narão eventualmente os investidores dispostos a manter títulos de moeda nacional à taxa de retorno esperada abaixo das taxas dos títulos de moeda estrangeira Uma forma de capturar essa possibilidade seria generalizar a Equação 183 no texto e em vez disso expressar o prêmio de risco como ρ ρB A B A onde B A é o estoque líquido de títulos em moeda estrangeira que o público deve manter Nessa formula ção estendida um aumento de B A ainda aumenta ρ mas uma ascensão em B A faz com que ρ caia tornando os títulos estrangeiros relativamente mais arriscados A2 A1 ρ2 2 1 Quantidade de títulos domésticos Oferta de títulos domésticos Demanda por títulos domésticos Bd Prêmio de risco sobre os títulos domésticos ρ R R Ee EE B A1 B A2 ρ1 Um aumento da oferta de títulos de moeda nacional que o setor privado deve conter gera o prêmio de risco dos ativos em moeda nacional FIGURa 18a11 A oferta de títulos domésticos e o prêmio de risco de câmbio sob substitutibilidade imperfeita de ativos M18KRUGXXXXC18indd 417 12915 619 PM No texto construímos o modelo de uma crise do balanço de pagamentos como uma súbita perda de confiança na promessa do banco central para man ter a taxa de câmbio fixa no futuro Como observado anteriormente uma crise monetária muitas vezes não é o resultado das mudanças arbitrárias no sentimento do mercado ao contrário do que decisores exasperados envolvidos em crises muitas vezes afirmam Em vez disso um colapso da taxa de câmbio pode ser o resultado ine vitável de políticas governamentais inconsistentes com a manutenção de uma taxa de câmbio permanentemente fixa Em tais casos a teoria econômica simples pode nos permitem prever a data de uma crise por meio de uma análise cuidadosa das políticas do governo e da resposta racional do mercado a elas26 É mais fácil entender os pontos principais usando as suposições e notações da abordagem monetária para o balanço de pagamentos aquelas desenvolvidas no Apêndice Online deste capítulo e a abordagem mone tária para a taxa de câmbio Capítulo 16 Para simplifi car vamos supor que os preços de produção sejam per feitamente flexíveis e que a produção seja constante em seu nível de pleno emprego Vamos também supor que os participantes do mercado tenham previsão perfeita sobre o futuro O momento exato de uma crise de pagamentos não pode ser determinado independentemente das políti cas do governo Em particular temos de descrever não só como o governo está se comportando hoje mas tam bém como pretende reagir a eventos futuros da econo mia São feitas duas suposições sobre o comportamento oficial 1 o banco central está permitindo que o estoque de crédito interno do banco central A expanda cons tantemente e vai fazê lo para sempre 2 o banco central atualmente está fixando a taxa de câmbio no nível E0 mas permitirá que a taxa de câmbio flutue livremente para sempre se suas reservas estrangeiras F caírem para zero Além disso as autoridades defenderão E0 até o fim vendendo reservas externas a esse preço enquanto tiverem reservas para vender O problema com as políticas do banco central é que elas são inconsistentes com a manutenção de uma taxa de câmbio fixa por tempo indeterminado A aborda gem monetária sugere que as reservas externas vão cair constantemente conforme os ativos internos aumen tam continuamente Portanto com o passar do tempo as reservas terão que acabar e a taxa de câmbio fixa E0 terá que ser abandonada Na verdade os especuladores forçarão a questão montando um ataque especulativo e comprando todas as reservas do banco central enquanto as reservas ainda estiverem em um nível positivo Podemos descrever o momento dessa crise com a ajuda de uma definição e um diagrama A taxa de câm bio flutuante paralela no tempo t denotada Es t é a taxa de câmbio que prevaleceria no tempo t se o banco cen tral não mantivesse reservas estrangeiras permitindo a moeda flutuar mas continuando a permitir que o crédito interno cresça ao longo do tempo Sabemos da aborda gem monetária que o resultado seria uma situação de inflação em curso na qual Es t tende a subir ao longo do tempo na proporção da taxa de crescimento do crédito interno O painel superior da Figura 18A21 mostra essa tendência ascendente na taxa flutuante paralela junto com o nível E0 no qual a taxa de câmbio está atrelada inicialmente O tempo T indicado no eixo horizontal é definido como a data em que a taxa de câmbio paralela atinge E0 O painel inferior da figura mostra como as reservas se comportam ao longo do tempo quando o crédito interno está crescendo constantemente Um aumento nas reser vas é um movimento para baixo desde a origem ao longo do eixo vertical Mostramos o caminho das reser vas como uma curva angulada que cai gradualmente até o tempo T ponto em que as reservas caem em um curso único para zero Essa perda de reserva precipitada de tamanho F T é o ataque especulativo que força o fim da taxa de câmbio fixa e agora argumentamos que tal ataque deve ocorrer precisamente no tempo T se os mer cados de ativos estiverem para acabar a cada momento Estamos supondo que a produção Y é fixa então as reservas cairão ao longo do tempo com a mesma veloci dade em que o crédito interno cresce contanto que a taxa de juros doméstica R e portanto a demanda por moeda 26 Modelos alternativos de crises do balanço de pagamentos são de senvolvidos em Paul Krugman A Model of Balance of Payments Crises Journal of Money Credit and Banking v 11 p 311325 ago 1979 Robert P Flood e Peter M Garber Collapsing Exchan ge Rate Regimes Some Linear Examples Journal of International Economics v 17 p 114 ago 1984 e Maurice Obstfeld Rational and Self Fulfi lling Balance of Payments Crises American Econo mic Review v 76 p 7281 Mar 1986 Consulte também o artigo de Obstfeld nas Leituras Adicionais APÊNDICE 2 DO CAPÍTULO 18 a cronologia das crises do balanço de pagamentos M18KRUGXXXXC18indd 418 12915 619 PM FIGURA 18A21 Como é determinada a cronologia de uma crise do balanço de pagamentos O mercado encena um ataque especulativo e compra as reservas estrangeiras restantes FT no tempo T que é quando a taxa de câmbio flutuante paralela EsT fica igual à taxa de câmbio fixa précolapso E0 420 Economia internacional desejaria comprar reservas do banco central ao preço E0 sabendo que uma perda de capital imediata discreta estava à vista Só se as reservas estrangeiras chegarem a zero pre cisamente no tempo T os mercados de ativos estarão continuamente em equilíbrio Conforme observado o tempo T é definido pela condição E E T S 0 que afirma que se as reservas subitamente caírem a zero no tempo T a taxa de câmbio permanecerá inicialmente em seu nível indexado e apenas depois flutuará para cima A ausência de qualquer salto inicial previsto na taxa de câmbio seja ascendente ou descendente elimina as oportunidades de arbitragem descritas anteriormente que impedem ataques especulativos em tempos como T ou T Além disso o mercado de câmbio permanece em equilíbrio no tempo T apesar de a taxa de câmbio não saltar porque dois fatores contrabalançam um ao outro exatamente Conforme as reservas caem bruscamente a zero a oferta de moeda cai Também sabemos que nesse momento em que a taxa de câmbio fixa é abandonada as pessoas esperam que a moeda comece a depreciação ao longo do tempo A taxa de juros doméstica R por tanto se moverá para cima para manter a paridade de juros reduzindo a demanda por moeda real em conso nância com a queda na oferta de moeda real Portanto marcamos a data exata em que uma crise do balanço de pagamentos obriga as autoridades a saírem da taxa de câmbio fixa Observe mais uma vez que no nosso exemplo uma crise deve ocorrer em algum ponto porque as políticas monetárias perdulárias tornam essa crise inevitável O fato de que uma crise ocorre enquanto as reservas externas do banco central são ainda positivas poderia sugerir aos observadores superficiais que um sentimento do mercado mal fundamentado está levando a um pânico prematuro Esse não é o caso aqui O ata que especulativo que analisamos é o único resultado que não enfrenta os participantes no mercado com oportu nidades de arbitragem27 No entanto existem modelos alternativos de crise autorrealizáveis em que os ataques podem ocorrer mesmo quando a taxa de câmbio pode ria ter sido sustentada indefinidamente na ausência de um ataque 27 Nossa conclusão de que as reservas caem para zero em um único ataque vem de nossas suposições de que o mercado pode prever o futuro per feitamente e que a negociação é realizada continuamente Se estivéssemos em vez disso permitindo alguma incerteza mínima por exemplo sobre a taxa de crescimento do crédito interno do banco central a taxa de juros doméstica subiria conforme um colapso se tornasse mais provável causando uma série de reduções especulativas da demanda por moeda antes do esgotamento final das reservas externas Cada um desses ataques preliminares seria semelhante ao tipo de crise descrito no capítulo M18KRUGXXXXC18indd 420 12915 620 PM CAPÍTULO 19 sistemas monetários internacionais uma visão histórica Política macroeconômica internacional PARTE 4 Nos dois capítulos anteriores vimos como um único país pode utilizar políticas monetárias fiscal e de taxa de câmbio para mudar os níveis de emprego e produção dentro de suas frontei ras Embora essa análise normalmente assuma que as condições macroeconômicas no resto do mundo não são afetadas pelas ações do país que estamos estudando essa suposição em geral não é válida qualquer mudança na taxa de câmbio real do país automaticamente implica uma mudança oposta nas taxas de câmbio reais estrangeiras e qualquer alteração na despesa nacio nal geral é provável de mudar a demanda nacional por mercadorias estrangeiras A não ser que o país seja insignificantemente pequeno os desenvolvimentos dentro de suas fronteiras afetam as condições macroeconômicas no exterior e portanto complicam a tarefa dos responsáveis estrangeiros pelas decisões políticas A interdependência inerente das economias nacionais abertas tem tornado mais difícil para os governos atingirem metas políticas como o pleno emprego e a estabilidade do nível de preço Os canais de interdependência dependem por sua vez dos arranjos monetários fiscais e de taxa de câmbio que os países adotam um conjunto de instituições chamado de sistema mone tário internacional Este capítulo examina como o sistema monetário internacional influenciou a formulação de política macroeconômica durante quatro períodos a era do padrão ouro 1870 1914 o período entreguerras 1918 1939 os anos pós Segunda Guerra Mundial durante os quais as taxas de câmbio foram fixadas sob o acordo de Bretton Woods 1946 1973 e o período recente de confiança generalizada nas taxas de câmbio flutuantes 1973 presente Como vere mos os arranjos monetários internacionais alternativos têm colocado diferentes conflitos de escolha para a política macroeconômica Em uma economia aberta a política macroeconômica tem duas metas básicas equilíbrio interno pleno emprego com estabilidade de preço e equilíbrio externo evitar desequilíbrios excessivos em pagamentos internacionais Como um país não pode alterar sua posição inter nacional de pagamentos sem causar automaticamente uma mudança oposta de igual mag nitude na posição de pagamentos do resto do mundo a busca de um país por suas metas macroeconômicas influencia inevitavelmente o quão bem os outros países irão atingir suas metas Portanto a meta para o equilíbrio externo oferece uma clara ilustração de como ações políticas levadas ao exterior podem mudar a posição de uma economia em relação à posição que seu governo prefere Durante todo o período desde 1870 com seus vários arranjos internacionais de moeda como os países tentaram atingir o equilíbrio interno e externo e quão bem sucedidos eles foram Por que sistemas monetários internacionais diversos prevaleceram em tempos diferentes Os responsáveis pelas decisões políticas preocuparam se com as repercussões estrangeiras de suas ações ou cada um adotou medidas nacionalistas que eram autodestrutivas para a economia mundial como um todo As respostas para essas questões dependem do sistema monetário internacional em vigor naquele momento M19KRUGXXXXC19indd 421 12915 620 PM 422 Economia internacional Metas de política macroeconômica na economia aberta Em economias abertas os responsáveis pelas deci sões políticas são motivados pelas metas de equilíbrio interno e externo Definido de forma simples o equilí brio interno requer o pleno emprego dos recursos de um país e a estabilidade do nível de preço nacional O equi líbrio externo é atingido quando a conta corrente de um país não está em um déficit tão profundo que faça o país ser incapaz de pagar suas dívidas exteriores no futuro nem em um superávit tão forte que faça os estrangeiros serem colocados nessa posição Na prática nenhuma dessas definições captura toda a gama das preocupações políticas potenciais Junto com o pleno emprego e a estabilidade do nível de preço geral por exemplo os responsáveis pelas decisões políticas podem ter uma distribuição de renda especial como alvo interno adicional Dependendo dos arranjos da taxa de câmbio ou outros fatores os responsáveis pelas decisões políticas podem preocupar se com mudanças no balanço das contas de pagamentos diferentes da conta corrente Para tornar as coisas ainda mais complicadas a linha entre metas externas e internas pode ser imprecisa Como uma pessoa deve classificar uma meta de emprego para as indústrias de exportação por exemplo quando o cresci mento de exportação influencia a capacidade da econo mia em pagar suas dívidas estrangeiras Entretanto as definições simples de equilíbrio interno e externo dadas anteriormente capturam as metas que a maioria dos responsáveis pelas decisões políticas dividem independentemente de seu ambiente econômico particular Portanto organizamos nossa análise em volta dessas definições e discutimos possí veis aspectos adicionais de equilíbrio interno e externo quando eles são relevantes Equilíbrio interno pleno emprego e estabilidade do nível de preço Quando os recursos produtivos de um país são ple namente empregados e seu nível de preço está estável o país está em equilíbrio interno O desperdício e a difi culdade que ocorrem quando os resultados são subem pregados são claros No entanto se a economia de um país está superaquecida e os recursos são superempre gados ocorre um tipo de desperdício diferente embora provavelmente menos prejudicial Por exemplo tra balhadores com horas extras podem preferir trabalhar menos e desfrutar de lazer mas seus contratos exigem que eles trabalhem horas mais longas durante períodos de demanda alta As máquinas que trabalham de forma mais intensa do que o normal tenderão a ter problemas mais frequentes e depreciarão mais rapidamente Sub ou superemprego também leva a movimentos gerais do nível de preço que reduzem a eficiência da economia tornando o valor real da unidade monetária menos certo e portanto um guia menos útil para deci sões econômicas Já que os salários e preços nacionais aumentam quando as demandas por mão de obra e pro dução ultrapassam níveis de pleno emprego e caem no caso oposto o governo deve evitar movimentos substan ciais na demanda agregada em relação ao seu nível de pleno emprego para manter um nível de preço estável e previsível objetivos de aprendizagem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Explicar como as metas de equilíbrio interno e externo motivam os responsáveis pelas decisões políticas da econo mia em economias abertas Entender o trilema monetário que os responsáveis pelas decisões políticas de economias abertas inevitavelmente enfrentam e como o sistema monetário internacional alternativo trata esse trilema de formas diferentes Descrever a estrutura do padrão ouro internacional que ligava as taxas de câmbios e políticas dos países antes da Primeira Guerra Mundial e o papel da Grande Depressão da década de 1930 em acabar com os esforços para restau rar a ordem monetária mundial pré 1914 Discutir como o sistema de Bretton Woods pós Segunda Guerra Mundial de taxas de câmbio globalmente fixas foi desenvolvido para combinar estabilidade de taxa de câmbio com autonomia limitada das políticas macroeconômi cas nacionais Explicar como o sistema Bretton Woods desmoronou em 1973 e por que muitos economistas naquela época favore ceram um sistema financeiro internacional como o atual baseado em taxas de câmbio flutuantes de dólar Resumir como as políticas monetária e fiscal de um grande país como os Estados Unidos são transmitidas ao exte rior sob as taxas de câmbio flutuantes Discutir como a economia mundial se saiu nos anos recentes e quais lições a experiência pós 1973 ensina sobre a necessidade de coordenação política internacional M19KRUGXXXXC19indd 422 12915 620 PM 423 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica A inflação ou a deflação podem acontecer mesmo em condições de pleno emprego é claro se as expectati vas dos trabalhadores e empresas sobre a política mone tária futura levarem a uma espiral de salário preço para cima ou para baixo Contudo tal espiral pode continuar somente se o banco central realiza as expectativas por meio de injeções ou retiradas contínuas de moeda Capí tulo 15 Um resultado particularmente perturbador de um nível de preço estável é seu efeito no valor real de contra tos de empréstimos Como os empréstimos tendem a ser denominados na unidade monetária mudanças inespe radas no nível de preço fazem a renda ser redistribuí da entre credores e devedores Um súbito aumento no nível de preço norte americano por exemplo faz as pessoas com débito em dólar ficarem em melhor situação já que a moeda que eles devem aos credores agora vale menos em termos de mercadorias e serviços Ao mesmo tempo o aumento de nível de preço deixa os credores em pior situação Como tal redistribuição de renda acidental pode causar sofrimento considerável para aqueles que são prejudicados os governos têm outra razão para manter a estabilidade do nível de preço1 Teoricamente uma tendência perfeitamente previ sível de aumento ou queda de preços não seria muito dispendiosa já que todos seriam capazes de calcular facilmente o valor real da moeda em qualquer ponto no futuro Mas no mundo real parece não existir algo como uma taxa de inflação previsível De fato a experiência mostra que a imprevisibilidade do nível de preço geral é aplicada tremendamente em períodos de mudança rápida de nível de preço Os custos da inflação têm sido mais aparentes no período pós guerra em países como Argentina Brasil Sérvia e Zimbábue onde aumentos astronômicos do nível de preço fazem as moedas nacio nais praticamente pararem de funcionar como unidades de contabilidade ou reserva de valor Portanto para evitar a instabilidade do nível de preço o governo deve impedir grandes flutuações na produção que também são indesejáveis em si Além disso o governo deve evitar a inflação e a deflação asse gurando que a oferta de moeda não cresça rápido ou devagar demais Equilíbrio externo o nível ideal de conta corrente A noção de equilíbrio externo é mais difícil de defi nir do que a do equilíbrio interno porque não existem referências inequívocas como pleno emprego ou pre ços estáveis para aplicar nas transações econômicas externas Se o comércio de uma economia com o mundo afora causa problemas macroeconômicos depende de vários fatores incluindo as circunstâncias particulares da economia as condições do mundo afora e os arran jos institucionais que governam suas relações econômi cas com países estrangeiros Um país comprometido em fixar sua taxa de câmbio em relação à moeda estran geira por exemplo pode muito bem adotar uma defini ção diferente do equilíbrio externo do que um país cuja moeda flutua Os livros de economia internacional frequentemente identificam o equilíbrio externo com equilíbrio na conta corrente de um país Embora essa definição seja apropriada em algumas circunstâncias ela não é apro priada como regra geral Lembre se do Capítulo 13 que um país com um déficit em conta corrente está pegando emprestados recursos do resto do mundo os quais terá de devolver no futuro Entretanto essa situação não é necessariamente indesejável Por exemplo as oportu nidades do país para investir os recursos emprestados podem ser atrativas em relação às oportunidades dispo níveis no resto do mundo Nesse caso pagar emprésti mos de estrangeiros não apresenta nenhum problema porque um investimento lucrativo vai gerar um retorno alto suficiente para cobrir os juros e o principal nesses empréstimos Similarmente um superávit em conta corrente pode não apresentar nenhum problema se as poupanças nacionais estão sendo investidas de forma mais lucrativa no exterior do que seriam no próprio país De forma mais geral podemos pensar nos desequi líbrios da conta corrente como mais um exemplo de como os países ganham com o comércio O comércio envolvido é o que chamamos de comércio intertemporal isto é o comércio do consumo durante o tempo veja os capítulos 6 e 17 Assim como países com diferentes habilidades de produzir mercadorias em um único ponto no tempo ganham ao concentrar sua produção no que eles fazem melhor os países podem ganhar em concen trar o investimento mundial naquelas economias mais capazes de tornar a produção atual em produção futura Os países com fracas oportunidades de investimento deveriam investir menos nacionalmente e canalizar suas poupanças em atividades de investimentos mais produti vos no exterior Colocando de outra forma países onde o investimento é relativamente improdutivo deveriam 1 A situação é um pouco diferente quando o governo em si é um grande devedor na moeda nacional Nesses casos uma inflação surpresa que reduz o valor real da dívida do governo pode ser uma forma conveniente de taxar o público Esse método de taxação era muito comum em países em desenvolvimento no passado veja o Capítulo 22 mas em outros lugares tem sido normalmente aplica do com relutância e em situações extremas por exemplo durante ou logo após guerras Uma política de tentar surpreender o pú blico com a inflação mina a credibilidade do governo e por meio do efeito Fisher piora os termos nos quais o governo pode pegar empréstimos no futuro M19KRUGXXXXC19indd 423 12915 620 PM 424 Economia internacional ser exportadores líquidos de produção atualmente dis ponível e portanto ter superávits em conta corrente enquanto países onde o investimento é relativamente produtivo deveriam ser importadores líquidos da pro dução disponível e ter déficits de conta corrente Para pagar suas dívidas exteriores quando os investimentos atingem a maturidade os últimos países exportam a produção para os primeiros e dessa forma completam a troca de produção presente por produção futura Outras considerações também podem justificar uma conta corrente desequilibrada Um país onde a produ ção cai temporariamente por exemplo por causa de uma safra excepcionalmente ruim pode desejar pegar um empréstimo com estrangeiros para evitar uma queda drástica temporária em seu consumo que ocorreria de qualquer forma Na ausência desse empréstimo o preço da produção presente em termos de produção futura seria mais alto no país de baixa produção do que no exterior então o comércio intertemporal que elimina essa diferença de preço leva a ganhos mútuos Insistindo que mesmo que todos os países estiverem em equilíbrio de conta corrente isso não garante nenhuma provisão para esses importantes ganhos de comércio ao longo do tempo Portanto nenhum responsável pelas deci sões políticas realista desejaria adotar uma conta corrente equilibrada como meta política apropriada em todas as circunstâncias Em um dado ponto entretanto os responsáveis pelas decisões políticas geralmente adotam alguma meta de conta corrente como objetivo e essa meta define seu objetivo de equilíbrio externo Embora o nível da meta da conta corrente em geral não seja zero os governos normalmente tentam evitar superávits e déficits externos demasiado grandes a não ser que eles tenham evidência clara de que desequilíbrios grandes são justificados por ganhos potenciais de comércio intertemporal Os gover nos são cautelosos porque o equilíbrio exato da conta corrente que maximiza os ganhos do comércio inter temporal é difícil se não impossível de descobrir Além disso esse equilíbrio ideal de conta corrente pode mudar de forma imprevisível ao longo do tempo conforme as condições nas economias nacional e global mudam Contudo os equilíbrios da conta corrente que estão muito longe da verdade podem causar sérios problemas Problemas com déficits excessivos em conta corrente Por que os governos preferem evitar déficits em conta corrente que são muito grandes Como observado um déficit em conta corrente que significa que a economia está pegando empréstimo no exterior pode não repre sentar problema se os fundos emprestados são canaliza dos em projetos de investimento produtivo nacional que se pagam com a receita que geram no futuro Algumas vezes entretanto grandes déficits em conta corrente representam um consumo temporariamente alto resul tado por políticas governamentais mal orientadas ou outros problemas de funcionamento na economia Em outros momentos os projetos de investimento que se apoiam em fundos estrangeiros podem ser mal planeja dos e baseados em expectativas muito otimistas sobre a lucratividade futura Nesses casos o governo pode dese jar reduzir o déficit em conta corrente imediatamente em vez de enfrentar problemas no pagamento de dívidas estrangeiras mais tarde Em especial um grande déficit em conta corrente causado por uma política fiscal expan sionista que não torna as oportunidades de investimento nacional simultaneamente mais lucrativas pode sinali zar a necessidade do governo em restaurar o equilíbrio externo mudando seu curso econômico Toda economia aberta enfrenta uma restrição orçamentária intertemporal que limita seus gastos ao longo do tempo em níveis que lhe permitam pagar os juros e o principal em seus débi tos externos Uma versão simples daquela restrição de orçamento que discutimos nos Apêndices dos capítulos 6 e 17 e uma versão mais realista são obtidas no quadro adiante sobre o endividamento externo e as dívidas da Nova Zelândia Às vezes a meta externa é imposta pelo exterior em vez de escolhida pelo governo nacional Quando os países começam a ter problema com seus pagamentos de empréstimos externos passados os credores estran geiros ficam relutantes em emprestar lhes novos fun dos e podem até mesmo exigir pagamento imediato dos empréstimos anteriores Os economistas referem se a tal evento como parada súbita em empréstimos exterio res Nesses casos o governo nacional deve tomar ação severa para reduzir o empréstimo exterior desejado do país para níveis possíveis assim como pagar emprésti mos que estão vencendo e que os estrangeiros não que rem renovar Um grande déficit em conta corrente pode minar a confiança dos investidores estrangeiros e con tribuir para uma parada súbita Além disso o caso de uma parada súbita quanto maior o déficit inicial maior e mais difícil é a queda necessária em gastos nacionais para fazer a economia viver estritamente dentro de suas possibilidades Problemas com superávits excessivos em conta corrente Um superávit excessivo em conta corrente representa problemas diferentes daqueles representados pelos déficits Um superávit na conta corrente implica que o país está acumulando ativos localizados no exterior Por que os créditos nacionais crescentes em riqueza estran geira são sempre um problema Uma razão potencial M19KRUGXXXXC19indd 424 12915 620 PM 425 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica Um país pode pedir empréstimos para sempre o caso da nova zelândia O pequeno país do Pacífico a Nova Zelândia com uma população em torno de 45 milhões tem tido déficits em conta corrente todo ano por muitos anos há tanto tempo quanto as estatísticas do país con seguem alcançar Como resultado sua dívida líquida para credores estrangeiros é por volta de 70 de sua produção nacional Ainda assim os credores conti nuam a conceder crédito e parecem não se preocupar com o pagamento em contraste com muitos casos que estudaremos mais para frente É possível que um país endividado pegue empréstimo ano após ano sem quebrar Talvez de forma surpreendente a resposta seja sim se ele não pega muito emprestado Para entender o porquê temos de pensar sobre a restrição de orçamento de um país quando ele pode pegar empréstimo e emprestar por um longo tempo2 Nossa análise também salientará por que o IIP é tão importante Vamos continuar a considerar o IIP a riqueza externa líquida do país créditos sobre os estrangeiros menos os passivos e deixemos o PIB representar o pro duto interno bruto ou a produção dentro das fronteiras do país Deixemos r constante para a taxa de juros que o país tanto ganha em riqueza mantida no exte rior quanto quando paga seus passivos para os estran geiros3 Se assumirmos para simplificar que o produto nacional bruto Y é a soma do PIB e a renda de investi mento estrangeiro líquida Y PIB rIIP então podemos expressar a conta corrente em qualquer ano t como CC IIP IIP Y C I G rIIP PIB C I G t t t t t t t t t t t t 1 Pense em IIPt 1 como a riqueza externa líquida ao fim do ano t Vimos no Estudo de Caso do Capítulo 13 que a relação anterior não é sempre precisa por causa dos ganhos de preço e as perdas em passivos externos líquidos que não são capturados na renda nacional e contas de produtos Falaremos mais sobre isso no final Defina as exportações líquidas a diferença possi velmente negativa entre o que um país produz nacio nalmente e o que demanda como NXt PIBt Ct It Gt As exportações líquidas às vezes são chamadas de balança comercial Então podemos reescrever a equação anterior de conta corrente como IIP r IIP NX 1 t t t 1 Agora temos de recorrer a uma simples porém tor tuosa álgebra Imagine que na última equação come çamos em um ano denominado t 0 e que existe um ano T bem longe no futuro no qual todos têm dívidas a serem pagas de forma que IIPT 0 Aplicaremos a equa ção anterior par ao IIP sucessivamente para os anos 1 2 3 e assim por diante até T Para começar observe que a equação anterior pode ser manipulada para tornar se IIP r NX r IIP 1 1 1 1 0 0 1 Mas uma relação similar a essa última mantém se ver dadeira com IIP1 do lado esquerdo e IIP2 e NX1 do lado direito Se substituirmos isso pelo IIP1 anterior teremos IIP r NX r NX r IIP 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 2 2 É claro podemos continuar a fazer essas substitui ções até alcançarmos IIPT 0 o ponto no qual todos os débitos foram totalmente pagos A equação resultante é a restrição de orçamento intertemporal da economia IIP r NX r NX r NX r NX 1 1 1 1 1 1 1 1 T T 0 0 2 1 3 2 1 Se o país tem um IIP inicialmente positivo ativos estrangeiros em excesso de passivos essa restrição intertemporal afirma que o país pode ter um fluxo de déficits de exportação líquida no futuro NX 0 desde que o valor atual descontado desses déficits não seja maior do que os créditos líquidos iniciais da eco nomia sobre estrangeiros Por outro lado se inicial mente o IIP 0 a economia deve ter superávits futu ros de exportações líquidas suficientes para pagar 2 Nossa discussão é intimamente relacionada com dos Apêndices dos capítulos 6 e 17 mas é mais geral pois permite vários períodos de tempo não somente dois e um IIP inicial de não zero 3 Uma interpretação simples do modelo é imaginar que todos os ativos estrangeiros e passivos são títulos denominados em uma única moeda global onde r é a taxa de juros nominal medida na moeda global Na prática entretanto as taxas nominais de retorno em ati vos e passivos estrangeiros podem diferir e podem ser um pouco imprevisíveis como discutimos mais para baixo Nos apêndices dos capítulos 6 e 17 interpretamos r como a taxa de juros real global que poderíamos utilizar aqui também se medíssemos o PIB Y e o IIP todos em termos reais em vez de em termos de moeda global hipotética M19KRUGXXXXC19indd 425 12915 620 PM 426 Economia internacional sua dívida líquida aos estrangeiros com juros que é o motivo pelo qual as exportações líquidas são des contadas por r e descontadas de forma mais pesada quanto mais longe no futuro elas ocorrerem Então um país endividado como a Nova Zelândia definitiva mente não pode ter déficits de exportação líquida ou balança comercial para sempre Em algum ponto deve produzir mais mercadorias e serviços do que absorve a fim de pagar o que deve Caso contrário está cons tantemente pegando mais empréstimos para pagar o que deve uma estratégia que pode eventualmente entrar em colapso quando o país não tiver mais novos credores e provavelmente muito antes disso4 Mas e o saldo da conta corrente que iguala as expor tações líquidas mais o fluxo negativo de juros líquidos de pagamentos implicado pelo IIP negativo do país Talvez surpreendentemente essa soma não precise nunca ser positiva para o país permanecer merecedor de crédito Para ver por que é útil reescrever a restrição de orçamento intertemporal anterior em termos de rela ções para a produção nominal PIB nominal iip IIP PIB e nx NXPIB Suponha que o PIB nominal cresce a uma taxa anual constante g que está abaixo de r significando que PIBt 1 g PIBt 1 Então após dividir a restrição de orçamento inter temporal pelo PIB no ano 0 podemos ver que iip IIP PIB r NX PIB r NX PIB 1 1 1 1 0 0 0 0 0 2 1 1 PIB PIB r NX PIB PIB PIB 1 1 T T T T 1 0 1 1 1 0 r nx g r nx g r nx 1 1 1 1 1 1 0 2 1 2 3 2 g r nx 1 1 T T T 2 1 Agora vamos aplicar essa versão da restrição de orçamento do país que simplificamos assumindo que o horizonte temporal é muito longo fazendo a restri ção aproximadamente a mesma que a expressão de somatória infinita iip g t g r nx 1 1 1 1 t t t 0 1 1 Para ilustrar como um país pode facilmente conduzir um déficit em conta corrente perpétuo vamos per guntar em que nível constante de exportações líqui das nx permitirá ao país respeitar essa restrição de orçamento Encontramos esse nível de exportação líquida constante substituindo nx na equação anterior e simplificando ao usar a fórmula de soma de uma série geométrica5 iip g t g r nx nx r g 1 1 1 1 t t 0 1 Essa solução implica exportações líquidas de nx r giip0 Por exemplo se iip0 é negativo o país é um devedor líquido então nx precisará ser posi tivo e por construção é grande o suficiente para o país pagar sua dívida ao longo do tempo Qual nível de saldo de conta corrente isso implica todavia O saldo da conta corrente no ano inicial t 0 expresso como uma fração de seu PIB é igual a cc0 riip0 nx riip0 r giip0 giip0 Para um país devedor como a Nova Zelândia a conta corrente inicial é portanto um déficit Uma implicação desse nível de conta corrente entretanto é que a proporção do IIP para o PIB permanecerá constante para sempre no nível iip iip0 de forma que a conta corrente tam bém permanecerá constante em giip esse nível de conta corrente é suficiente para manter a relação de ativos líquidos estrangeiros ou dívidas para o PIB cons tantes dado que o PIB nominal está crescendo a uma taxa g6 Portanto se a relação de exportações líquidas para o PIB é mantida constante no valor certo um país com uma dívida externa líquida inicial conduzirá per petuamente déficits em sua conta corrente embora mantendo ainda uma relação constante de passivos líquidos estrangeiros para a produção nacional A Figura 191 mostra dados da Nova Zelândia em exportações líquidas e conta corrente lado esquerdo 4 As estratégias baseadas em sempre pagar velhos credores com dinheiro emprestado de novos credores em oposição ao pagamento com ganhos genuínos de investimento são conhecidas como esquema Ponzi Charles Ponzi 18821949 prometeu a investidores ingênuos de Massachusetts que ele poderia dobrar seu dinheiro em 90 dias mas quando ele tinha de pagá los ele fazia com fundos fornecidos por novos investidores As autoridades norte americanas prenderam Ponzi em 1920 após a natureza fraudulenta de seu modelo de negócio ficar conhecida Mais recentemente o financista Bernard Madoff manteve um esquema muito maior do que o de Ponzi por muitos anos 5 Lembre se de suas aulas de matemática no colegial que se x é um número menor do que 1 em valor absoluto então x x x x x 1 2 3 No exemplo atual x g r 1 1 1 6 Portanto se o PIB nominal cresce em 5 ao ano a conta corrente aumentará os ativos ou dívidas líquidos estrangeiros em 5 também deixando a relação constante O Problema 8 no fim deste capítulo pede para você verificar isso algebricamente M19KRUGXXXXC19indd 426 12915 620 PM 427 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica do eixo vertical e o IIP lado direito do eixo vertical todos expressos como porcentagens do PIB Na histó ria recente como você pode ver a Nova Zelândia tem tido um saldo de conta corrente negativo todo ano ainda assim sua relação IIP para PIB permanece mais ou menos constante em 70 do PIB Como isso tem sido possível Como a taxa de crescimento médio do PIB nominal da Nova Zelândia foi de 5 para o período 19922012 nossa fórmula anterior sugere que a uma taxa de juros de r 6 por ano a relação IIP para PIB permanece constante se em média a Nova Zelândia tem um superávit exportação líquida anual igual a nx r g iip 06 05 7 01 7 0007 0 ou 07 do PIB Mas essa é exatamente a proporção média das exportações líquidas da Nova Zelândia para seu PIB durante o período 19922012 mostrado na figura7 Podemos confirmar independentemente que a taxa de retorno do IIP da Nova Zelândia era de cerca de 6 durante esse período Tais estimativas não são tão fáceis de fazer porque precisaríamos de dados detalha dos dos passivos e investimentos estrangeiros do país e suas taxas de retorno lembre se de nossa discussão sobre o IIP norte americano no fim do Capítulo 13 Podemos ter uma resposta parcial porque ela ignora ganhos de capital e perdas em ativos e passivos estran geiros olhando para o balanço de renda de investi mento internacional da Nova Zelândia calculado como uma fração do IIP Durante 19922012 a Nova Zelândia pagou em média juros líquidos e dividendos igual a 83 de sua dívida externa líquida Isso é maior do que a taxa de 6 que estabiliza o IIP em relação ao PIB O que explica a diferença Uma possibilidade é que os fluxos de juros para a Nova Zelândia são subestima dos nos dados oficiais por causa do problema padrão de sub reportar Capítulo 13 Além disso os passivos brutos estrangeiros da Nova Zelândia consistem lar gamente de dívida bancária denominados em dóla res ou kiwi da Nova Zelândia embora seus ativos brutos estrangeiros incluam ações substanciais mais outros ativos denominados em moedas estrangeiras Apesar de o kiwi ter sofrido valorização desde 1992 em torno de 55 a 80 centavos de dólar por kiwi dólar os mercados de ações globais foram muito bem durante esse período Por exemplo o índice Standard and Poor 500 dos preços de ações norte americanas aumentou aproximadamente quatro vezes mais Evidentemente esses ganhos em ativos estrangeiros têm ajudado a reduzir o custo anual total médio do IIP negativo da Nova Zelândia para 6 FIGURA 191 Exportações líquidas da Nova Zelândia conta corrente e a posição de investimento internacional líquida 19922012 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Posição de investimento internacional porcentagem do PIB Exportações líquidas contacorrente porcentagem do PIB 10 8 6 4 2 0 2 4 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 NXPIB CCPIB IIPPIB eixo vertical direito Fonte Estatísticas Nova Zelândia A nova Zelândia tem tido consistentemente um déficit em conta corrente por décadas ainda assim seus passivos líquidos estrangeiros permanecem próximo a 70 do PIB 7 O défi cit médio em conta corrente implicado por esse cálculo é bem grande giip0 005 07 35 do PIB anualmente M19KRUGXXXXC19indd 427 12915 620 PM 428 Economia internacional decorre do fato de que para um dado nível de poupança nacional um superávit em conta corrente aumentado implica menor investimento em fábrica e equipamento nacional Isso vem da identidade de renda nacional S CC I que diz que a poupança nacional total S é dividida entre acumulação de ativo estrangeiro CC e investimento nacional I Vários fatores podem levar os responsáveis pelas decisões políticas a preferirem que a poupança nacional seja empregada a níveis maiores de investimento nacional e níveis menores de investimento estrangeiro Primeiro os retornos em capital nacional podem ser mais fáceis de taxar do que aqueles em ativos localizados no exterior Segundo uma adição ao capital social nacional pode reduzir o desemprego nacional e portanto levar a uma renda nacional maior do que uma adição igual aos ativos estrangeiros Por fim o investi mento nacional feito por uma empresa pode ter efeitos de derramamento tecnológico benéfico para outros produto res que a empresa investidora não captura Se um grande superávit em conta corrente nacio nal reflete empréstimos externos excessivos feitos por estrangeiros o país pode no futuro encontrar se inca paz de colher todo o dinheiro que deve Colocando de outra forma o país pode perder parte de sua riqueza externa se os estrangeiros descobrirem que ele pegou emprestado mais do que pode pagar Em contraste o não pagamento de um empréstimo entre os residentes leva a uma redistribuição da riqueza nacional dentro do país mas não causa mudança no nível de riqueza nacional8 Os superávits excessivos em conta corrente também podem ser inconvenientes por razões políticas Países com grandes superávits podem tornar se alvo de barreiras de importação discriminatórias impostas por parceiros de comércio com déficits externos O Japão esteve nessa posição no passado e os superávits da China inspiraram a mais visível das ameaças protecio nistas atuais Para evitar restrições prejudiciais os paí ses com superávit podem tentar impedir seus superávits de tornarem se muito grandes Resumo A meta do equilíbrio externo é um nível de conta corrente que permite que os ganhos mais impor tantes com o comércio ao longo do tempo sejam realiza dos sem arriscar os problemas discutidos anteriormente Como os governos não sabem exatamente qual é esse nível de conta corrente eles podem tentar evitar grandes déficits ou superávits a não ser que exista evidência clara de grandes ganhos com o comércio intertemporal Entretanto existe uma assimetria fundamental entre as pressões que empurram os países em déficit ou supe rávit a ajustar seus desequilíbrios externos para baixo Embora grandes déficits que continuam por muito tempo possam ser forçosamente eliminados por uma súbita parada nos empréstimos não é provável que exista uma parada súbita na vontade de países que pegam empréstimos em absorver os fundos que são fornecidos pelos estrangeiros Portanto essas pressões de ajuste que confrontam os países deficitários são geralmente muito mais fortes do que aquelas que confrontam os países superavitários Classificação dos sistemas monetários o trilema monetário da economia aberta A economia mundial evoluiu por meio de uma varie dade de sistemas monetários internacionais desde o século XX Uma visão simples dos modelos que estu damos na última parte deste texto será muito útil na compreensão das diferenças chave entre esses sistemas bem como os fatores econômicos políticos e sociais que levam os países a adotar um sistema em vez do outro A visão na qual iremos nos apoiar é a de que os respon sáveis pelas decisões políticas em uma economia aberta encaram um trilema monetário inescapável ao escolher os arranjos da moeda que os permitam atingir melhor suas metas de equilíbrio interno e externo O Capítulo 18 mostrou como um país que fixa a taxa de câmbio da moeda embora permita os movimentos livres de capital internacional abre mão do controle sobre a política monetária nacional Esse sacrifício ilus tra a impossibilidade de um país em ter mais do que dois itens da lista a seguir 1 Estabilidade da taxa de câmbio 2 Política monetária voltada para metas nacionais 3 Liberdade de movimentos de capital internacional Como essa lista contém propriedades de um sistema monetário internacional que a maioria dos economis tas consideraria desejável a necessidade em escolher somente duas é um trilema para regimes políticos É um trilema em vez de um dilema porque são três as opções disponíveis 1 e 2 1 e 3 ou 2 e 3 Como já vimos os países com taxas de câmbio fixas que permitem mobilidade de capital livre entre suas fronteiras sacrificam o item 2 uma política monetária voltada para o próprio país Por outro lado se um país com taxa de câmbio fixa restringe os fluxos financeiros internacionais de forma que a condição de paridade de 8 Esse fato foi apontado por John Maynard Keynes em Foreign Investment and National Advantage The Nation and Athenaeum v 35 p 584587 1924 M19KRUGXXXXC19indd 428 12915 620 PM 429 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica juros R R não precise ser mantida verdadeira sacri ficando dessa forma o item 3 ele ainda é capaz de mudar a taxa de juros nacional de modo a influenciar a eco nomia nacional portanto preservando o item 2 Dessa forma por exemplo o país pode ser capaz de reduzir o superaquecimento nacional chegando mais próximo do equilíbrio interno ao aumentar a taxa de juros sem causar uma queda em suas exportações impedindo um potencial desvio do equilíbrio externo em virtude de uma valorização de sua moeda Por fim como o Capí tulo 17 mostrou um país que tem uma taxa de câmbio flutuante e portanto abre mão do item 1 pode utilizar a política monetária para guiar a economia apesar de os fluxos financeiros nas fronteiras serem livres Mas a taxa de câmbio pode tornar se bem imprevisível como resultado complicando o planejamento econômico de importadores e exportadores A Figura 192 mostra as três propriedades desejáveis anteriores de um regime monetário internacional esque matizadas como os vértices de um triângulo Somente dois podem ser alcançados simultaneamente Cada base do triângulo representa um regime político consistente com as duas propriedades mostradas nos pontos finais das pontas É claro o trilema não implica que os regimes inter mediários são impossíveis somente que eles vão exigir que o responsável pelas decisões políticas faça a difícil escolha entre objetivos diferentes Por exemplo uma intervenção monetária mais agressiva para administrar a taxa de câmbio pode reduzir a volatilidade da taxa mas somente ao custo de reduzir a capacidade da polí tica monetária em buscar metas diferentes da taxa de câmbio Similarmente uma abertura parcial da conta financeira permitirá alguns empréstimos internacionais fora de suas fronteiras Ao mesmo tempo entretanto fixar a taxa de câmbio diante de mudanças da taxa de juros nacional exigirá volumes maiores de intervenção e potencialmente maiores retiradas em reservas cambiais estrangeiras que seriam necessárias se as transações além das fronteiras fossem completamente proibidas Portanto a capacidade do banco central em garantir a estabilidade da taxa de câmbio evitando desvaloriza ções e crises vai diminuir Política macroeconômica internacional sob o padrão ouro 18701914 O período do padrão ouro entre 1870 e 1914 era baseado em ideias sobre política macroeconômica inter nacional bem diferentes daquelas que formaram a base dos arranjos monetários internacionais desde a Segunda Guerra Mundial Mesmo assim o período demanda atenção porque tentativas subsequentes de reformar o sistema monetário internacional na base de taxas de câmbio fixas podem ser vistas como tentativas de ressal tar os pontos fortes do padrão ouro e evitar seus pon tos fracos Alguns desses pontos fortes e fracos foram discutidos no Capítulo 18 Esta seção olha para como o padrão ouro funcionou na prática antes da Primeira Guerra Mundial e examina o quão bem ele permitiu aos países a atingirem as metas de equilíbrio interno e externo Origens do padrão ouro O padrão ouro teve sua origem na utilização de moedas de ouro como meio de troca unidade contábil e reserva de valor Embora o ouro tenha desempenhado esses papéis desde os tempos antigos o padrão ouro como uma instituição legal data de 1819 quando o Par lamento Britânico anulou as restrições de longo prazo na exportação de moedas e barras de ouro da Grã Bretanha Mais tarde no século XX os Estados Unidos a Ale manha o Japão e outros países também adotaram o padrão ouro Nessa época a Grã Bretanha era o poder econômico líder do mundo e as outras nações esperavam Taxa de câmbio flutuante Autonomia de política monetária Liberdade de fluxos financeiros Estabilidade da taxa de câmbio Controles financeiros Taxa de câmbio fixa Os vértices do triângulo mostram três características que os responsáveis pelas decisões políticas nas economias abertas prefeririam que seu sistema monetário atingisse Infelizmente no máximo duas podem coexistir Cada um dos três regimes políticos indicados nas bases do triângulo taxa de câmbio flutuante taxa de câmbio fixa e controles financeiros é consistente com duas metas entre as quais ele se situa no diagrama FIGURA 192 O trilema monetário para economias abertas M19KRUGXXXXC19indd 429 12915 620 PM 430 Economia internacional alcançar sucesso econômico similar seguindo o prece dente britânico Com a superioridade da Grã Bretanha no comércio internacional e no desenvolvimento avan çado de instituições financeiras e indústria Londres tornou se naturalmente o centro do sistema monetário internacional construído sobre o padrão ouro Saldo externo sob o padrão ouro Sob o padrão ouro a responsabilidade primária de um banco central era fixar a taxa de câmbio entre sua moeda e o ouro Para manter esse preço oficial do ouro o banco central precisava de um estoque adequado de reserva de ouro Portanto os responsáveis pelas decisões políticas viam o saldo externo não em termos de alvo da conta corrente mas como uma situação na qual o banco central não estava nem ganhando ouro do exte rior e nem perdendo ouro para os estrangeiros a uma taxa rápida muito mais incômoda Na terminologia moderna do Capítulo 13 os ban cos centrais tentavam evitar flutuações drásticas na balança de pagamentos a diferença entre o saldo da conta corrente mais o saldo da conta de capital e o saldo de fluxos financeiros líquidos de não reservas no exte rior Como as reservas internacionais tomaram a forma de ouro durante esse período o superávit ou o déficit na balança de pagamentos tinha de ser financiado por envios de ouro entre os bancos centrais9 Para evitar grandes movimentações de ouro os bancos centrais adotaram políticas que impulsionavam a balança de pagamentos para zero Diz se que um país está em equi líbrio da balança de pagamentos quando a soma de suas contas correntes e capital menos o componente não reserva de fluxos financeiros líquidos no exterior iguala a zero de forma que o saldo da conta corrente mais a conta capital é inteiramente financiado por empréstimos internacionais sem movimentos de reserva oficial Muitos governos tiveram uma atitude laissez faire em relação à conta corrente Os superávits britânicos entre 1870 e a Primeira Guerra Mundial tiveram em média 52 de seu PNB um número que é incrivelmente alto pelos padrões pós 1945 Vários países que pegaram empréstimos entretanto vivenciaram dificuldade em um momento ou outro para pagarem suas dívidas exter nas Talvez porque a Grã Bretanha fosse o exportador líder mundial da teoria econômica internacional assim como do capital durante esses anos os escritos sobre a economia do padrão ouro deem pouca ênfase aos pro blemas de ajuste da conta corrente Mecanismo de fluxo de preço espécie O padrão ouro contém alguns mecanismos automá ticos poderosos que contribuem para o alcance simultâ neo do equilíbrio da balança de pagamentos por todos os países O mais importante deles o mecanismo de preço espécie fluxo foi tornado legal pelo século XVIII quando metais preciosos eram chamados de espécie Em 1752 David Hume o filósofo escocês descreveu o mecanismo de fluxo de preço espécie como segue Suponha que quatro quintos de todo o dinheiro na Grã Bretanha seja destruído em uma noite e a nação também seja reduzida à mesma condição em relação à espécie assim como nos reinos dos Harrys e dos Edwards qual seria a consequência O preço de toda a mão de obra e commodities não deve afundar em proporção e tudo ser vendido tão barato quanto era naquelas épocas Que nação pode ria então disputar conosco em qualquer mercado estrangeiro ou fingir navegar ou vender manufatu ras pelo mesmo preço que para nós proporcionaria lucro suficiente Em quão pouco tempo portanto isso deve trazer de volta o dinheiro que perdemos e nos elevar ao nível de todas as nações vizinhas Se após nossa chegada nós imediatamente perdemos a vantagem da mão de obra e matérias primas mais baratas e cada vez mais o fluxo de dinheiro é inter rompido por nossa plenitude e saciedade De novo suponha que todo o dinheiro da Grã Bretanha fosse multiplicado por cinco em uma noite o efeito contrário não deve ocorrer Não devem aumentar toda a mão de obra e matérias primas a uma altura tão exorbitante que nenhuma nação vizinha poderia comprá las de nós embora essas matérias primas por outro lado tornem se comparativamente tão baratas que apesar de todas as leis que poderiam ser formuladas elas passariam por cima de nós e nosso dinheiro fluiria para fora até que decaíssemos em nível com os estrangeiros e perderíamos aquela grande superioridade dos ricos que nos deixou com tais desvantagens10 É fácil traduzir a descrição de Hume do mecanismo de fluxo de preço espécie em termos mais modernos Suponha que o superávit da conta corrente mais a conta capital da Grã Bretanha sejam maiores do que seu saldo de não reserva da conta financeira Como as importações líquidas estrangeiras da Grã Bretanha não estão sendo inteiramente financiadas pelos empréstimos 9 Na verdade os bancos centrais começaram a manter moedas es trangeiras em suas reservas mesmo antes de 1914 A libra esterlina foi a moeda reserva líder 10 Hume Of the Balance of Trade Reimpresso de forma abrevia da In Barry Eichengreen e Marc Flandreau Eds The Gold Stan dard in Theory and History London Routledge 1997 p 3343 M19KRUGXXXXC19indd 430 12915 620 PM 431 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica britânicos o déficit deve ser acompanhado pelos fluxos das reservas internacionais na Grã Bretanha isto é ouro Esses fluxos de ouro automaticamente reduzem as ofertas de moeda estrangeira e incham a oferta de moeda britânica levando os preços estrangeiros para baixo e os preços britânicos para cima Observe que Hume compreendeu por completo a lição do Capítulo 15 de que os níveis de preço e as ofertas de moeda movem se proporcionalmente no longo prazo O aumento simultâneo nos preços britânicos e a queda nos preços estrangeiros uma valorização real da libra dada a taxa de câmbio fixa reduzem a demanda estran geira por mercadorias e serviços britânicos e ao mesmo tempo aumentam a demanda britânica por mercadorias e serviços estrangeiros Essas mudanças na demanda traba lham para reduzir o superávit em conta corrente britânica e reduzir o déficit em conta corrente estrangeira Even tualmente portanto os movimentos de reserva param e todos os países alcançam o equilíbrio da balança de paga mentos O mesmo processo funciona de forma inversa eliminando uma situação inicial de superávit estrangeiro e déficit britânico Regras do jogo do padrão ouro mito e realidade Em teoria o mecanismo de fluxo de preço espécie poderia operar automaticamente Mas as reações dos bancos centrais aos fluxos de ouro através de suas fron teiras forneceu outro mecanismo potencial para ajudar a restaurar o equilíbrio da balança de pagamentos Os ban cos centrais que estavam persistentemente perdendo ouro enfrentaram o risco de tornarem se incapazes de cumprir suas obrigações para resgatar as notas da moeda Então eles foram motivados a vender ativos nacionais quando o ouro estava sendo perdido levando as taxas de juros nacionais para cima e atraindo fluxos de fundos do exte rior Os bancos centrais que ganhavam ouro tinham incentivos muito mais fracos para eliminar suas próprias importações do metal O incentivo principal era a maior lucratividade dos ativos nacionais que geravam juros em comparações com o ouro improdutivo Um banco cen tral que estivesse acumulando ouro poderia ficar tentado a comprar ativos nacionais dessa forma diminuindo as taxas de juros no país aumentando o escoamento finan ceiro e levando o ouro para o exterior Essas medidas de crédito nacional se feitas pelos bancos centrais reforçavam o mecanismo de fluxo de preço espécie levando o país em direção ao equilíbrio da balança de pagamentos Após a Primeira Guerra Mun dial as práticas de venda de ativos nacionais em face de um déficit e de compra de ativos diante de um superá vit tornaram se conhecidas como regras do jogo do padrão ouro uma frase supostamente cunhada por Keynes Como tais medidas aceleravam o movimento de todos os países em direção as suas metas de saldo externo elas aumentavam a eficiência do processo de ajuste automático inerente no padrão ouro Pesquisas posteriores mostraram que as supostas regras do jogo do padrão ouro eram frequentemente violadas antes de 1914 Como observado os incentivos para obedecer à regra aplicavam se com maior força aos países deficitários do que aos superavitários então na prática eram os países deficitários que suportavam o ônus de trazer as balanças de pagamentos de todos os países para o equilíbrio Nem sempre tomando ação para reduzir os fluxos de ouro os países superavitários pioraram um problema de coordenação política inter nacional inerente ao sistema os países deficitários com petindo por uma oferta limitada de reservas de ouro podiam adotar políticas monetárias excessivamente contracionistas que prejudicavam o emprego enquanto faziam pouco para melhorar suas posições de reserva De fato os países frequentemente revertiam as regras e esterilizavam os fluxos de ouro isto é vendiam ati vos nacionais quando as reservas estrangeiras estavam aumentando e compravam ativos nacionais quando as reservas estrangeiras caíam A interferência do governo em exportações privadas de ouro também enfraquece ram o sistema Portanto a imagem do ajuste da balança de pagamentos suave e automático antes da Primeira Guerra Mundial nem sempre correspondia à realidade Algumas vezes os governos ignoravam as regras do jogo e os efeitos de suas ações em outros países11 Saldo interno sob o padrão ouro Fixando os preços das moedas em termos de ouro o padrão ouro visou limitar o crescimento monetário na economia do mundo e portanto garantir a estabi lidade nos níveis de preço mundial Embora os níveis de preço dentro dos países do padrão ouro não tenham subido muito entre 1870 e 1914 como durante o perío do após a segunda Guerra Mundial os níveis nacionais de preço moveram se de forma imprevisível em horizontes mais curtos conforme períodos de inflação e deflação seguiam um ao outro O registro misto do padrão ouro em estabilidade de preço refletiu um problema discutido no último capítulo a mudança nos preços relativos do ouro e de outras commodities 11 Um estudo moderno influente das práticas do banco central sob o padrão ouro é o de Arthur I Bloomfield Monetary Policy under the International Gold Standard 18801914 Nova York Federal Reserve Bank of New York 1959 M19KRUGXXXXC19indd 431 12915 620 PM 432 Economia internacional Além disso o padrão ouro não parece ter feito muito para garantir o pleno emprego A taxa de desemprego norte americano por exemplo teve média de 68 entre 1890 e 1913 ao passo que teve média em torno de 57 entre 1948 e 201012 Uma causa fundamental da instabilidade interna de curto prazo sob o padrão ouro antes de 1914 era a subor dinação da política econômica a objetivos externos Antes da Primeira Guerra Mundial os governos não assumiam a responsabilidade por manter o equilíbrio interno da forma como fizeram após a Segunda Guerra Nos Estados Uni dos a dificuldade econômica resultante levou à oposição política ao padrão ouro como o Estudo de Caso a seguir explica Em termos do trilema de política monetária dis cutido anteriormente o padrão ouro permitia altos graus de estabilidade de taxa de câmbio e mobilidade de capital financeiro internacional mas não permitia que a política monetária buscasse metas de política interna Essas prio ridades eram consistentes com o poder político limitado naquela época uma das mais vulneráveis ao desemprego A importância dos objetivos da política interna aumentou após a Segunda Guerra Mundial como resul tado de uma instabilidade econômica mundial dos anos entreguerras 19181939 E as consequências internas desagradáveis das tentativas de restaurar o padrão ouro após 1918 ajudam a moldar o pensamento dos arquitetos do sistema de taxa de câmbio fixa adotado após 1945 Portanto para compreender como o sistema monetário internacional pós Segunda Guerra Mun dial tentou reconciliar as metas do equilíbrio interno e externo vamos examinar os eventos econômicos do período entre as duas guerras mundiais 12 Os dados dos níveis de preço são dados por Cooper citado na página 408 do Capítulo 18 e os dados para o desemprego norte americano foram adaptados da mesma fonte Devem se comparar com cuidado os dados de desemprego no padrão ouro e no pós Segunda Guerra Mundial porque os métodos utilizados para reunir os dados antigamente eram muito mais imperfeitos Um estudo crítico dos dados do desemprego norte americano pré 1930 é o de Christina D Romer Spurious Volatility in Historical Unemployment Data Journal of Political Economy v 94 p 137 fev 1986 a economia política dos regimes de taxa de câmbio conflito sobre o padrão monetário dos estados Unidos dUrante a década de 1890 Como aprendemos no Capítulo 18 os Estados Uni dos tinham um padrão mone tário bimetálico até a Guerra Civil com prata e ouro em circulação Quando a guerra começou o país mudou para uma moeda de papel cha mada de greenback e uma taxa de câmbio flutuante mas em 1879 um padrão ouro puro e uma taxa de câm bio fixa em relação às outras moedas padrão ouro como a libra esterlina britânica foi adotado As ofertas mundiais de ouro tinham aumentado drasticamente após descobertas na Califórnia em 1849 mas o retorno do dólar para o ouro em 1879 na paridade pré Guerra Civil exigiu deflação nos Esta dos Unidos Além disso uma escassez global do ouro gerou uma pressão contínua para baixo nos níveis de preço logo após a restauração norte americana do ouro Em 1896 o nível de preço norte americano estava em torno de 40 abaixo de seu nível de 1869 A dificuldade econômica era generalizada e tornou se especialmente grave após um pânico bancário em 1893 Os fazendeiros que viram os preços dos produ tos agrícolas caírem mais depressa até mesmo do que o nível de preço geral foram especialmente atingidos Na década de 1890 uma aliança Populista ampla de fazendeiros mineiros e outros pressionou pela res tauração do sistema bimetálico prata ouro que tinha prevalecido antes da Guerra Civil Eles desejavam retornar para a antiga paridade relativa de moedas 161 para ouro e prata mas no começo da década de 1890 o preço de mercado do ouro em termos de prata tinha aumentado para em torno de 30 Os Populistas previram que a monetização da prata em 161 leva ria a um aumento no estoque de moeda de prata e possivelmente reverteria a deflação conforme as pes soas utilizassem dólares de ouro para comprar a prata mais barata no mercado e então levá la à casa da moeda para cunhar Esses desenvolvimentos teriam tido inúmeras vantagens do ponto de vista dos fazen deiros e de seus aliados como desfazer as tendências adversas dos termos de comércio das décadas ante riores e reduzir o valor real das dívidas hipotecárias dos fazendeiros Os donos de minas de prata ociden tais em particular estavam loucamente entusiasma dos Por outro lado os financistas orientais viram o dinheiro sadio isto é ouro e só o ouro como essencial para alcançar maior integração completa norte americana nos mercados mundiais O momento da prata alcançou seu ápice em 1986 quando o Partido Democrata nomeou William Jen nings Bryan para concorrer a presidente após um discurso de convenção empolgante no qual ele pro clamou excelentemente Vós não deveis crucificar a humanidade em uma cruz de ouro Mas então novas M19KRUGXXXXC19indd 432 12915 620 PM 433 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica descobertas de ouro na África do Sul no Alasca e em outros lugares começaram a reverter as tendências deflacionárias anteriores pelo mundo neutralizando a prata como questão política Bryan perdeu as eleições de 1896 e 1900 para o republicano William McKinley e em março de 1990 o Congresso aprovou a Lei do Padrão ouro que definitivamente colocou o dólar em uma base exclusiva de ouro Os leitores modernos do livro infantil clássico de 1900 de L Frank Baum O mágico de Oz normalmente não se dão conta de que a história de Dorothy Totó e seus amigos é uma interpretação alegórica da luta polí tica norte americana sobre o ouro A estrada de tijolos amarelos representa a falsa promessa de ouro o nome Oz é uma referência a uma onça oz de ouro e os sapatinhos de prata de Dorothy alterados para sapa tinhos de rubi na versão bem conhecida do filme colo rido de Hollywood oferece o verdadeiro caminho para casa para o altamente endividado estado do Kansas13 Embora a dívida agrícola seja frequentemente mencionada como primordial para a agitação de prata da década de 1890 o cientista político de Harvard Jef fry Frieden mostra que um fator mais relevante era o desejo dos interesses agrícolas e mineiros em aumen tar o preço de seus produtos em relação às mercadorias não comercializáveis14 Os produtores que competiam com as importações estavam dispostos a obter pro teção tarifária como contrapeso à deflação Portanto como um grupo eles tinham pouco interesse em mudar a moeda padrão Como os Estados Unidos eram prati camente exportadores exclusivos de produtos primá rios as tarifas de importação teriam sido ineficazes em ajudar os agricultores e mineiros Contudo uma depre ciação do dólar norte americano prometeu aumentar os preços em dólar de produtos primários em relação aos preços dos não comercializáveis Por meio de uma análise estatística cuidadosa da votação do Congresso em projetos de lei relacionados ao sistema monetário Frieden mostra que o suporte legislativo para a prata não era relacionado a níveis de dívida mas era de fato altamente correlacionado com o emprego estadual na agricultura e mineração 13 Um relato informativo e divertido é o de Hugh Rockoff The Wizard of Oz as a Monetary Allegory Journal of Political Economy v 98 p 739760 ago 1990 14 Veja Monetary Populism in Nineteenth Century America An Open Economy Interpretation Journal of Economic History v 57 p 367395 jun 1997 Os anos entreguerras 19181939 O governo suspendeu efetivamente o padrão ouro durante a Primeira Guerra Mundial e financiou parte de suas despesas militares massivas imprimindo moeda Além disso forças de trabalho e capacidade produtiva foram reduzidas drasticamente por meio de perdas de guerra Como resultado os níveis de preço era maiores em todos os lugares na conclusão da guerra em 1918 Vários países vivenciaram inflação galopante con forme seus governos tentavam ajudar no processo de reconstrução por meio de despesas públicas Esses governos financiaram suas compras apenas imprimindo o dinheiro de que precisavam assim como fizeram algu mas vezes durante a guerra O resultado foi um aumento drástico nas ofertas de moeda e nos níveis de preço O retorno fugaz para o ouro Os Estados Unidos voltaram para o ouro em 1919 Em 1922 em uma conferência em Gênova na Itália um grupo de países incluindo Grã Bretanha França Itália e Japão concordou em um programa que clamava pelo retorno ao padrão ouro e para a cooperação entre os ban cos centrais em alcançar os objetivos externos e internos Ao darem se conta de que suprimentos de ouro poderiam ser inadequados para satisfazer às demandas por reser vas internacionais dos bancos centrais um problema do padrão ouro observado no Capítulo 18 a Conferência de Gênova sancionou um padrão de câmbio de ouro pelo qual os países menores poderiam manter como reservas as moedas de vários países grandes cujas próprias reser vas internacionais consistiriam inteiramente de ouro Em 1925 a Grã Bretanha retornou ao padrão ouro atrelando a libra ao ouro no preço pré guerra Winston Churchill Chanceler do Tesouro defendeu o retorno para a antiga paridade com base em que qualquer des vio do preço pré guerra minaria a confiança na estabili dade das instituições financeiras britânicas que tinham desempenhado papel de liderança nas finanças interna cionais durante a era do padrão ouro Embora o nível de preço britânico viesse caindo desde a guerra em 1925 ele ainda era maior do que nos dias do padrão ouro pré guerra Portanto para retornar o preço em libra do ouro para o nível pré guerra o Banco da Inglaterra foi forçado a seguir políticas monetárias contracionistas que contribuíram para um grave desemprego A estagnação britânica na década de 1920 acelerou o declínio de Londres como o centro financeiro líder mun dial O enfraquecimento da economia britânica provou se M19KRUGXXXXC19indd 433 12915 620 PM 434 Economia internacional problemático para a estabilidade do padrão ouro restau rado Alinhados com as recomendações da Conferência de Gênova muitos países mantiveram as reservas interna cionais em forma de depósitos em Londres No entanto as reservas de ouro britânicas eram limitadas e a estag nação persistente do país pouco fez para inspirar con fiança em sua capacidade de cumprir com suas obriga ções estrangeiras O início da Grande Depressão em 1929 logo foi seguido por quebras de bancos mundo afora A Grã Bretanha deixou o ouro em 1931 quando os deten tores estrangeiros de esterlina incluindo vários bancos centrais perderam a confiança na promessa britânica de manter o valor de sua moeda e começaram a converter suas esterlinas para ouro Desintegração econômica internacional Conforme a depressão continuou muitos países renunciaram ao padrão ouro e permitiram que suas moedas flutuassem no mercado cambial estrangeiro Ante o crescente desemprego a resolução do trilema em favor das taxas de câmbio fixas tornou se difícil de ser mantida Os Estados Unidos deixaram o ouro em 1933 mas retornaram a ele em 1934 tendo aumentado o preço em dólar do ouro de US 2067 para US 35 por onça Os países que se mantiveram fiéis ao padrão ouro sem desvalorizar suas moedas sofreram mais durante a Grande Depressão De fato pesquisas recentes colocam muito da culpa da propagação mundial da depressão no padrão ouro em si veja o próximo Estudo de Caso Grandes danos econômicos surgiram dessas restrições no comércio internacional e nos pagamentos que se pro liferaram conforme os países tentavam desencorajar as importações e manter a demanda agregada limitada ao território nacional A tarifa Smoot Hawley imposta pelos Estados Unidos em 1930 tinha a intenção de proteger os empregos norte americanos mas teve efeito prejudicial no emprego no exterior A resposta estrangeira envolveu restrições de comércio retaliadoras e acordo de comércio preferencial entre grupos de países O comércio mundial desmoronou drasticamente Uma medida que aumenta o bem estar nacional é chamada de política beggar thy neighbor quando se beneficia o próprio país ao custo de piorar as condições econômicas no exterior Entretanto todos são prejudicados quando os países adotam simulta neamente políticas beggar thy neighbor A incerteza sobre as políticas do governo leva a movi mentos acentuados de reserva para países com taxas de câmbio delimitadas e movimentos acentuados de taxa de câmbio para aqueles com taxas flutuantes Muitos países impuseram proibições em transações de conta financeira privada para limitar esses efeitos de desenvolvimento do mercado cambial estrangeiro Essa foi outra forma de abordar o trilema As barreiras de comércio e a deflação nas economias industriais da América e da Europa leva ram ao repúdio generalizado de dívidas internacionais privadas particularmente por países latino americanos cujos mercados de exportação estavam desaparecendo Os governos na Europa Ocidental negaram suas dívidas com os Estados Unidos e a Grã Bretanha incorridas por causa da Primeira Guerra Mundial Em resumo a eco nomia mundial desintegrou se em unidades nacionais cada vez mais autárquicas isto é autossuficientes no começo da década de 1930 Em face à Grande Depressão a maioria dos paí ses resolveu escolher entre equilíbrio externo e interno reduzindo suas ligações de comércio com o resto do mundo e eliminando por decreto governamental a possibilidade de um desequilíbrio externo significativo Reduzindo os ganhos com o comércio essa abordagem impôs custos altos à economia mundial e contribuiu para a lenta recuperação da depressão que em muitos países ainda era incompleta em 1939 Todos os países teriam ficado em melhor situação em um mundo com o comércio internacional mais livre desde que a coopera ção internacional tivesse ajudado cada país a preservar seu equilíbrio externo e a estabilidade financeira sem o padrão de oUro internacional e a grande depressão Uma das características mais marcantes da Grande Depressão que durou uma década começando em 1929 foi sua natureza global Em vez de estar confinada aos Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais a crise espalhou se rapidamente e com força para a Europa a América Latina e outros lugares O que explica o âmbito quase universal da Grande Depressão Um estudo recente mostra que o padrão ouro internacional desempenhou um papel central no início aprofundando e propagando a maior crise econômica do século XX15 15 Contribuições importantes para essa pesquisa incluem o trabalho de Ehsan U Choudhri e Levis A Kochin The Exchange Rate and the International Transmission of Business Cycle Disturbances Some Evidence from the Great Depression Journal of Money Cre dit and Banking v 12 p 565574 1980 Peter Temin Lessons from the Great Depression Cambridge MA MIT Press 1989 e Barry Eichengreen Golden Fetters The Gold Standard and the Great Depression 19191939 Nova York Oxford University Press 1992 Um resumo conciso e lúcido é o de Ben S Bernanke The World on a Cross of Gold A Review of Golden Fetters The Gold Standard and the Great Depression 19191939 Journal of Monetary Economics v 31 p 251267 abr 1993 M19KRUGXXXXC19indd 434 12915 620 PM 435 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica sacrificar as metas de política interna Foi essa compre ensão que inspirou projeto para o sistema monetário internacional pós guerra o acordo de Bretton Woods O sistema de Bretton Woods e o Fundo Monetário Internacional Em julho de 1944 representantes de 44 países reu nidos em Bretton Woods New Hampshire redigiram e assinaram os estatutos do Fundo Monetário Internacional FMI Lembrando os acontecimentos econômicos desas trosos do período entreguerras estadistas dos países alia dos esperavam projetar um sistema monetário internacio nal que fomentaria a estabilidade do pleno emprego e do preço permitindo a cada um dos países alcançar o equilí brio externo sem restrições ao comércio internacional17 O sistema instituído pelo acordo de Bretton Woods requeria taxas fixas de câmbio contra o dólar norte americano e um preço de dólar invariável em ouro US 35 a onça Os países membros mantiveram suas reservas internacionais oficiais em grande parte sob a forma de ouro ou ativos em dólar e tinham o direito de vender dóla res para a Reserva Federal por ouro ao preço oficial O sistema era então uma troca de câmbio do padrão ouro tendo o dólar como sua principal moeda de reserva Na terminologia do Capítulo 18 o dólar era a enésima moeda em cujos termos as N 1 taxas de câmbio do sistema eram definidas Os Estados Unidos por si sós rara mente intervieram no mercado cambial estrangeiro Geral mente os N 1 bancos centrais estrangeiros intervieram Em 1929 a maioria das economias de mercado estava novamente no padrão ouro No entanto na ocasião os Estados Unidos tentando lentificar sua economia superaquecida por meio de contração monetária e a França tendo acabado de ter minar um período inflacionário e retornado ao ouro enfrenta ram grandes flu xos financei ros Mediante os excedentes resultantes da balança de pagamentos ambos os paí ses foram absorvendo o ouro monetário do mundo a um ritmo alarmante Em 1932 os dois países sozinhos tinham mais de 70 dele Outros países no padrão ouro não tinham escolha senão se envolver em vendas de ativos domésticos e aumentar as taxas de juros se desejassem conservar seus estoques de ouro que min guavam A contração monetária mundial resultante combinada com as ondas de choque do crash da bolsa de Nova York de outubro de 1929 enviaram o mundo para uma recessão profunda Uma cascata de falências bancárias em todo o mundo só acelerou a espiral descendente da econo mia global O padrão ouro foi novamente um culpado importante Muitos países desejavam preservar suas reservas do metal para serem capazes de manter se no padrão ouro Esse desejo muitas vezes desenco rajava seus bancos centrais de fornecerem aos ban cos privados com problemas os empréstimos que poderiam ter lhes permitido permanecer atuantes Afinal qualquer dinheiro fornecido aos bancos pelos seus bancos centrais domésticos teria aumentado os pedidos privados potenciais para as participações do governo no precioso ouro16 Talvez a evidência mais clara do papel do padrão ouro seja o comportamento contrastante da pro dução e do nível de preços em países que deixa ram o padrão ouro relativamente cedo como a Grã Bretanha e os que escolheram uma resposta dife rente para o trilema e em vez disso teimosamente continuaram Os países que abandonaram o padrão ouro libertaram se para adotar políticas monetárias mais expansionistas que limitaram ou impediram a deflação doméstica e a contração da produção Os países com os maiores deflações e contrações da pro dução ao longo dos anos 19291935 incluíam França Suíça Bélgica Países Baixos e Polônia que ficaram no padrão ouro até 1936 16 Chang Tai Hsieh e Christina D Romer argumentam que o medo de ser forçado a sair do ouro não pode explicar a relutância da Reser va Federal dos Estados Unidos em expandir a oferta de moeda na década de 1930 Ver Wasthe Federal Reserve Constrained by the Gold Standard during the Great Depression Evidence from the 1932 Open Market Purchase Program Journal of Economic History v 66 p 140176 mar 2006 17 A mesma conferência configurou uma segunda instituição o Banco Mundial cujos objetivos eram ajudar os beligerantes a reconstruírem suas economias destruídas e auxiliar os antigos territórios coloniais a se desenvolverem e modernizarem Em 1947 o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT foi inaugurado como um fórum para a redução multilateral das barreiras comerciais O GATT foi concebido como um prelúdio para a criação da Organização Internacional do Comércio OIC mas cujos objetivos na área de comércio seriam paralelos aos do FMI na área financeira Infelizmente a OIC foi condenada pelas falhas do Congresso e do Parlamento da Grã Bretanha para ratificar sua existência Na década de 1990 o GATT se tornou a atual Organização Mundial do Comércio OMC M19KRUGXXXXC19indd 435 12915 620 PM 436 Economia internacional quando necessário para fixar N 1 taxas de câmbio do sistema enquanto os Estados Unidos eram responsáveis em teoria pela fixação do preço do dólar em ouro Objetivos e estrutura do FMI Os estatutos do FMI mediante uma mistura de dis ciplina e flexibilidade esperavam evitar uma repetição da experiência turbulenta do período entreguerras A maior disciplina na gestão monetária era a exi gência de taxas de câmbio fixas ao dólar que por sua vez era atrelado ao ouro Se um banco central além da Reserva Federal perseguisse uma expansão monetária excessiva ele perderia reservas internacionais e conse quentemente seria incapaz de manter a taxa de câmbio de sua moeda fixa ao dólar Uma vez que o crescimento elevado monetário dos Estados Unidos conduziria à acumulação de dólares pelos bancos centrais estrangei ros a Reserva Federal em si foi restrita em suas políticas monetárias pela obrigação de resgatar aqueles dólares por ouro O preço oficial do ouro de US 35 a onça ser viu como um freio adicional sobre a política monetária norte americana desde que esse preço fosse empurrado para cima caso muitos dólares fossem criados No entanto as taxas de câmbio fixas eram vistas como mais do que um dispositivo para impor disci plina monetária no sistema Com ou sem razão a expe riência do entreguerras tinha convencido os arquitetos do FMI de que as taxas de câmbio flutuantes eram a causa da instabilidade especulativa e assim eram pre judiciais ao comércio internacional A experiência entreguerras mostrou também que os governos nacionais não estariam dispostos a manter o livre comércio e as taxas de câmbio fixadas à custa do desemprego doméstico de longa duração Depois da experiência da Grande Depressão os governos foram amplamente vistos como responsáveis por manter o pleno emprego O acordo do FMI portanto tentou incorporar flexibilidade suficiente para permitir que os países atingis sem um saldo externo de forma ordenada sem sacrificar objetivos internos ou taxas de câmbio previsíveis Duas características principais dos estatutos do FMI ajudaram a promover essa flexibilidade no ajuste externo Primeiro os membros do FMI contribuíram com suas moedas e ouro para dar forma a um pool de recursos financeiros que o FMI poderia emprestar aos países em necessidade Segundo embora as taxas de câmbio contra o dólar fossem fixas essas paridades poderiam ser ajus tadas com a autorização do FMI Tais desvalorizações e revalorizações eram supostamente pouco frequentes e realizadas apenas em casos em que uma economia esti vesse em desequilíbrio fundamental Embora os artigos do FMI não definam desequilíbrio fundamental o termo foi destinado a cobrir os países que sofreram mudanças adversas permanentes na demanda por seus produtos de modo que sem desvalorização teriam de enfrentar longos períodos de desemprego e déficits externos Contudo a flexibilidade de uma taxa de câmbio ajustável não estava disponível para a enésima moeda do sistema de Bretton Woods o dólar dos Estados Unidos Como o sistema de Bretton Woods resolveu o trilema Em essência o sistema baseou se no pressuposto de que os movimentos do capital financeiro privado poderiam ser restritos permitindo algum grau de independência para as políticas monetárias orientadas internamente O novo sistema portanto era diametralmente oposto à subordinação do padrão ouro da política monetária para considerações externas como a liberdade de fluxos financeiros Depois da experiência de alto desemprego entreguerras os arquitetos do sistema de Bretton Woods esperavam garantir que os países não fossem obrigados a adotar políticas monetárias contracionistas por causa da balança de pagamentos em face de uma crise econômica Apoiando essa ênfase sobre o emprego elevado as res trições aos fluxos financeiros transfronteiriços permitiriam variações cambiais ordenadas em situações de desequi líbrio persistente Em teoria os formuladores de políticas seriam capazes de alterar as taxas de câmbio de forma deliberada sem a pressão de enormes ataques especulati vos Como veremos no entanto embora essa abordagem tenha funcionado bem inicialmente o próprio sucesso do sistema de Bretton Woods em reconstruir o comércio internacional tornava progressivamente mais difícil para os responsáveis políticos evitarem ataques especulativos conforme passavam os anos Conversibilidade e a expansão dos fluxos financeiros privados Assim como a aceitação geral da moeda nacional eli mina os custos de troca dentro de uma economia única o uso de moedas nacionais no comércio internacional faz a função da economia mundial com mais eficiência Para promover o comércio multilateral eficaz os estatu tos do FMI instaram os membros a tornarem suas moe das nacionais conversíveis logo que possível Uma moeda conversível é aquela que pode ser livremente trocada por moedas estrangeiras Os dólares norte americanos e canadenses se tornaram conversíveis em 1945 Isso sig nificava por exemplo que um residente canadense que adquirisse dólares poderia usá los para fazer compras nos Estados Unidos poderia vendê los no mercado de câmbio por dólares canadenses ou vendê los para o Banco do Canadá que então tinha o direito de vendê los M19KRUGXXXXC19indd 436 12915 620 PM 437 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica para a Reserva Federal na taxa de câmbio dólarouro fixa em troca de ouro A inconversibilidade geral torna ria o comércio internacional extremamente difícil Um cidadão francês pode não estar disposto a vender bens para um alemão em troca de marcos alemães inconver síveis porque esses marcos seriam utilizáveis apenas de acordo com as restrições impostas pelo governo alemão Sem nenhum mercado em francos franceses inconver síveis o alemão seria incapaz de obter moeda francesa para pagar os bens franceses A única maneira de nego ciação seria portanto por meio de escambo a troca direta de mercadorias por mercadorias A maioria dos países da Europa não restaurou a conversibilidade até o final de 1958 com o Japão seguindo até 1964 A conversibilidade inicial do dólar norte americano junto com sua posição especial no sistema de Bretton Woods e o domínio econômico e político dos Estados Unidos ajudaram a fazer o dólar ser a moeda chave do mundo do pós guerra Como os dólares eram livremente conversíveis grande parte do comércio internacional tendia a ser faturado em dólares e os importadores e exportadores mantinham saldos de dólar para transa ções Com efeito o dólar tornou se uma moeda interna cional um meio universal de troca unidade de conta e reserva de valor Os bancos centrais naturalmente acha vam vantajoso manter suas reservas internacionais na forma de ativos de dólar remunerados A restauração da conversibilidade na Europa em 1958 gradualmente começou a mudar a natureza das limita ções externas dos formuladores de políticas monetárias Conforme o comércio de moeda estrangeira expandia os mercados financeiros em diferentes países tornavam se mais integrados um passo importante para a criação do mercado de câmbio no mundo de hoje Com as cres centes oportunidades para mover os fundos através das fronteiras as taxas de juros nacionais tornaram se mais intimamente ligadas e a velocidade com que as mudanças políticas podem fazer um país perder ou ganhar reservas internacionais aumentou Após 1958 e cada vez mais nos quinze anos seguintes os bancos centrais tinham que estar atentos às condições financeiras estrangeiras ou assumir o risco que perdas de reservas súbitas poderiam deixá los sem os recursos necessários para atrelar as taxas de câm bio Enfrentando um aumento repentino nas taxas de juros estrangeiras por exemplo um banco central seria forçado a vender ativos internos e aumentar a taxa de juros domés ticos para estabilizar suas reservas internacionais A restauração da conversibilidade não resultou em uma integração financeira internacional imediata e com pleta como considerado no modelo de taxas de câmbio fixas estabelecido no Capítulo 18 Ao contrário a maioria dos países continuava a manter as restrições sobre as tran sações da conta financeira uma prática que o FMI expli citamente permitia Mas as oportunidades para os fluxos de capital disfarçados aumentaram drasticamente Por exemplo importadores dentro de um país poderiam efeti vamente comprar ativos externos ao acelerar os pagamen tos a fornecedores estrangeiros em relação aos embarques de mercadorias reais Eles de fato contraíam empréstimos de fornecedores estrangeiros ao atrasar os pagamentos Essas práticas de comércio conhecidas respectiva mente como leads e lags proporcionavam duas das muitas maneiras pelas quais as barreiras oficiais para os movimentos de capitais privados poderiam ser evitadas Mesmo que a condição de igualdade das taxas de juros internacionais assumida no capítulo anterior não se man tivesse exatamente as ligações entre as taxas de juros dos países ficaram mais rígidas conforme o sistema de Bretton Woods amadurecia A resolução de Bretton Woods do tri lema estava gradualmente sendo desfeita As crises e os fluxos de capitais especulativos Excedentes e déficits em conta corrente assumiram importância adicional sob as novas condições de fluxos financeiros privados cada vez mais móveis Um país com um déficit grande e persistente em conta corrente pode ser suspeito de estar em desequilíbrio fundamental no âmbito do estatuto do FMI e portanto pronto para uma desvalorização da moeda A suspeita de uma des valorização iminente poderia por sua vez desencadear uma crise de balança de pagamentos ver Capítulo 18 Alguém que possuísse depósitos em libra durante uma desvalorização da libra por exemplo sofreria uma perda uma vez que o valor em moeda estrangeira de ativos em libra diminuiria na mesma intensidade que a mudança da taxa de câmbio Portanto se a Grã Bretanha tivesse um déficit em conta corrente os detentores de libras ficariam nervosos e mudariam sua riqueza para outras moedas Para manter atrelada a taxa de câmbio da libra em face ao dólar o Banco da Inglaterra banco central da Grã Bretanha teria de comprar libras e fornecer os ativos externos que os participantes do mercado quisessem possuir Essa perda das reservas externas se grande o suficiente poderia for çar a desvalorização deixando o Banco da Inglaterra sem reservas suficientes para sustentar a taxa de câmbio Da mesma forma países com grandes excedentes de conta corrente poderiam ser vistos pelo mercado como candidatos a revalorização Nesse caso seus bancos cen trais iriam encontrar se inundados com reservas oficiais como resultado da venda de moeda doméstica no mer cado cambial para impedir a moeda de valorizar Um país nessa posição teria de enfrentar o problema de ter M19KRUGXXXXC19indd 437 12915 620 PM 438 Economia internacional seu fornecimento de dinheiro crescendo descontrolada mente um desenvolvimento que poderia empurrar o nível de preços para cima e perturbar o equilíbrio interno Os governos portanto tornaram se cada vez mais relutan tes em contemplar realinhamentos de taxa de câmbio temendo os ataques especulativos resultantes No entanto as crises da balança de pagamentos tornaram se cada vez mais frequentes e violentas ao longo da década de 1960 e início dos anos 1970 Um recorde do déficit da balança comercial britânica no iní cio de 1964 levou a um período de especulação intermi tente contra a libra o que complicou a realização da polí tica britânica até novembro de 1967 quando a libra foi enfim desvalorizada A França desvalorizou seu franco e a Alemanha revalorizou seu marco em 1969 após ataques especulativos semelhantes nos quais a França enfrentou afluxos financeiros especulativos e a Alemanha enfren tou influxos financeiros especulativos Os dois países ainda tinham as suas próprias moedas naquele tempo Essas crises tornaram se tão maciças no começo da década de 1970 que por fim derrubaram a estrutura de taxas de câmbio fixas de Bretton Woods Portanto a possibili dade de uma crise na balança de pagamentos gerou maior importância ao objetivo externo de uma meta de conta corrente Mesmo os desequilíbrios em conta corrente justificados por diferentes oportunidades de investimento internacional ou causados por fatores puramente tempo rários podem ter impulsionado as suspeitas do mercado de uma iminente mudança de paridade Nesse ambiente os responsáveis políticos tinham incentivos adicionais para evitar alterações agudas na conta corrente Analisar opções políticas para alcançar o equilíbrio interno e externo Como os países individuais foram capazes de alcan çar o equilíbrio interno e externo sob as regras do sis tema de Bretton Woods Um diagrama simples vai ajudá lo a visualizar as opções políticas disponíveis O problema dos Estados Unidos no âmbito do sistema de Bretton Woods era um pouco diferente como descre veremos mais adiante Em conformidade com as con dições aproximadas posteriores no sistema de Bretton Woods vamos supor que haja um alto grau de mobi lidade do capital financeiro através das fronteiras para que a taxa de juros doméstica não possa ser definida independentemente da taxa de câmbio Nossa estrutura diagramática na verdade é aplicá vel se a taxa de câmbio for fixa como no âmbito do sistema de Bretton Woods ou flexível O diagrama mostra como a posição do país com relação a seus objetivos internos e externos depende do nível da sua taxa de câmbio E e do nível de despesas domésticas E essa posição não é necessariamente restrita pelo regime de taxas de câmbio Genericamente E é o preço em moeda nacional da moeda estrangeira o dólar sob Bretton Woods A análise aplica se em curto prazo porque os níveis de preço domésticos e estrangeiros P e P respectivamente são considerados fixos Manutenção do equilíbrio interno Primeiro considere o equilíbrio interno que exige que a demanda agregada seja igual ao nível de pleno emprego da produção Yf18 Lembre se que a demanda agregada para a produ ção interna é a soma de consumo C investimento I compras do governo G e a conta corrente CC Esse montante o total de despesas domésticas também chamado de absorção do mercado interno é denotado por A C I G é claro algumas dessas despesas domésticas em geral recaem sobre as importações e portanto não contribuem na demanda agregada para a produção interna enquanto a demanda externa para as nossas exportações é adicionada a essa demanda agregada No Capítulo 17 expressamos o superávit da conta corrente como uma função decrescente da renda disponível e uma função crescente da taxa de câmbio real EPP No entanto como os gastos de importa ção sobem conforme as despesas domésticas totais A aumentam da mesma forma podemos expressar a conta corrente como uma função decrescente dos gas tos e uma função crescente da taxa de câmbio real CCEPP A Sob essa nova notação a condição de equilíbrio interno produção de pleno emprego igual à demanda agregada é portanto Y f C I G CCEPP A A CCEPP A 191 A Equação 119 sugere quais são as ferramentas políticas que afetam a demanda agregada e portanto a produção no curto prazo O governo pode influenciar diretamente o gasto total A por meio da política fiscal por exemplo A expansão fiscal uma elevação em G ou uma queda em T estimula a demanda agregada e faz com que a produção aumente mesmo que uma fração dos gastos adicionais vá para compras de importados 18 Vamos assumir que o nível de preços no mercado interno seja es tável em pleno emprego mas se P for instável devido à inflação estrangeira por exemplo o pleno emprego sozinho não garantirá a estabilidade de preços sob uma taxa de câmbio fixa Esse problema complexo é considerado nas páginas seguintes quando examina mos a inflação mundial sob taxas de câmbio fixas M19KRUGXXXXC19indd 438 12915 620 PM 439 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica Da mesma forma uma desvalorização da moeda uma elevação em E torna os serviços e bens domésticos mais baratos em relação àqueles vendidos no exterior e assim aumenta a demanda e a produção Os formula dores de políticas monetárias podem manter a produção constante em seu nível de pleno emprego Y f mediante mudanças na taxa de câmbio ou políticas fiscais Observe que a política monetária não é uma ferra menta política sob taxas de câmbio fixas Isso ocorre porque conforme mostrado no Capítulo 18 uma ten tativa pelo banco central de alterar a oferta de dinheiro comprando ou vendendo ativos internos causará uma mudança compensatória nas reservas externas deixando a oferta de moeda doméstica inalterada Entretanto se estivéssemos interpretando o diagrama para aplicar a uma situação de taxas de câmbio flutuantes podería mos encarar a política monetária como potencialmente geradora de mudanças das taxas de câmbio consistentes com uma posição de equilíbrio interno e externo O esquema II na Figura 193 mostra as combinações de taxas de câmbio e despesas domésticas que mantêm a produção constante em Yf e assim mantêm o equilíbrio interno O esquema é inclinado para baixo porque a desvalorização da moeda uma elevação em E e a maior absorção doméstica tendem a aumentar a produção Para manter a produção constante uma revalorização da moeda que reduz a demanda agregada deve então ser alcançada por maiores despesas domésticas o que aumenta a demanda de produção agregada O esquema II revela precisamente como as despesas domésticas devem mudar conforme E muda para manter o pleno emprego À direita de II as despesas são maiores do que o necessário para o pleno emprego então os fato res produtivos da economia estão superempregados À esquerda de II as despesas são muito baixas e há desemprego Manutenção do equilíbrio externo Já vimos como as despesas domésticas e as varia ções cambiais influenciam a produção e assim aju dam o governo a alcançar seu objetivo interno de pleno emprego Como essas variáveis afetam o equilíbrio externo da economia Para responder a essa pergunta suponha que o governo tenha um valor meta X para o superávit em conta corrente O objetivo do equilíbrio externo exige que o governo gerencie as despesas domés ticas talvez por meio da política fiscal e a taxa de câm bio de modo que a equação CCEPP A X 192 seja satisfeita FIGURA 193 Balança interna II Balança externa XX e as quatro zonas de desconforto econômico Taxa de câmbio E Despesas domésticas A 1 XX CC X II Y Y f Zona 4 Subemprego superávit de contacorrente excessivo Zona 2 Sobremprego déficit de contacorrente excessivo Zona 1 Sobremprego superávit de contacorrente excessivo Zona 3 Subemprego déficit de contacorrente excessivo O diagrama mostra que diferentes níveis de taxa de câmbio E e despesas domésticas em geral A têm implicação no emprego e na conta corrente Ao longo de II a produção está em seu nível de pleno emprego Yf Ao longo de XX a conta corrente está em seu nível meta X M19KRUGXXXXC19indd 439 12915 620 PM 440 Economia internacional Dados P e P um aumento em E torna as mercado rias nacionais mais baratas e melhora a conta corrente Um aumento nas despesas domésticas A no entanto tem o efeito oposto sobre a conta corrente porque faz com que as importações aumentem Para manter sua conta corrente em X conforme a moeda desvaloriza ou seja conforme E aumenta o governo deve promulgar políticas que elevem as despesas domésticas A Figura 193 portanto mostra que o esquema XX ao longo do qual o equilíbrio externo se mantém é inclinado posi tivamente O esquema XX mostra a quantidade das despesas adicionais que manterá o superávit da conta corrente em X conforme a moeda for desvalorizada em um determinado valor19 Uma vez que um aumento em E aumenta as exportações líquidas a conta corrente está em superávit em relação a seu nível meta X acima de XX Da mesma forma abaixo de XX a conta corrente está em déficit em relação a seu nível meta20 Políticas de mudança nas despesas e troca das despesas Os esquemas II e XX dividem o diagrama em quatro regiões às vezes chamadas de as quatro zonas de des conforto econômico Cada uma dessas zonas repre senta os efeitos das configurações de políticas diferentes Na zona 1 o nível de emprego é muito alto e o superávit de conta corrente é muito grande na zona 2 o nível de emprego é muito alto mas o déficit em conta corrente é muito grande na zona 3 há uma situação de subemprego e de um déficit excessivo e na zona 4 o subemprego é acoplado com um superávit de conta corrente maior do que o nível meta Juntas as políticas de mudanças nas despesas e taxas de câmbio podem colocar a economia no cruzamento de II e XX ponto 1 o ponto no qual o equilíbrio interno e externo se mantêm O ponto 1 mostra a configuração política que coloca a economia na posição que os formuladores de políticas monetárias prefeririam Se a economia estiver inicialmente no ponto 1 ajustes adequados nas despesas domésticas e na taxa de câmbio são necessários para realizar o equilíbrio interno e externo Uma mudança na política fiscal que influencia os gastos a fim de mover a economia para o ponto 1 chama se uma política de mudanças nas despe sas porque altera o nível de demanda total da econo mia por bens e serviços O ajuste das taxas de câmbio que a acompanha é chamado de política de troca de despesas porque muda a direção da demanda deslo cando a entre as importações e a produção interna Em geral tanto as mudanças nas despesas quanto a troca de despesas são necessárias para alcançar o equilíbrio interno e externo Para além da política monetária a política fiscal é a principal alavanca do governo para pressionar as despesas domésticas totais para cima ou para baixo Sob as regras de Bretton Woods esperava se que as variações cambiais política de troca de despesas fos sem infrequentes Isso deixava a política fiscal como a principal ferramenta política para mover a economia para o equilíbrio interno e externo Mas como mos tra a Figura 193 um instrumento a política fiscal é em geral insuficiente para alcançar os dois objetivos de equilíbrio interno e externo Apenas se a economia tivesse sido deslocada horizontalmente do ponto 1 a política fiscal seria capaz de fazer o trabalho sozinha Além disso a política fiscal é uma ferramenta com plicada já que muitas vezes não pode ser implemen tada sem aprovação legislativa Outra desvantagem é que uma expansão fiscal por exemplo talvez precise ser revertida depois de algum tempo se levar a déficits orçamentários governamentais crônicos Como resultado da inflexibilidade das taxas de câm bio durante o período de Bretton Woods os formula dores de políticas por vezes encontravam se em situa ções difíceis Com o nível de gastos e as taxas de câmbio indicados pelo ponto 2 na Figura 194 há um subem prego e um déficit de conta corrente excessivo Ape nas a combinação da desvalorização e expansão dos gastos indicada na figura movimenta a economia ao equilíbrio interno e externo ponto 1 A política fiscal expansionista agindo sozinha pode eliminar o desem prego movendo a economia ao ponto 3 mas o custo 19 Você consegue ver como derivar o esquema XX mostrado na Fi gura 193 do esquema XX diferente mas relacionado na Figura 1717 Dica use o último diagrama para analisar os efeitos da ex pansão fiscal 20 Uma vez que o banco central não afeta a economia quando eleva suas reservas estrangeiras por uma venda de ativos internos no mercado aberto nenhuma restrição de reserva separada é mos trada na Figura 193 Com efeito o banco pode contrair emprés timos de reservas livremente do exterior com a venda de ativos internos ao público Durante um susto de desvalorização essa tática não funcionaria porque ninguém iria querer vender os ati vos estrangeiros do banco por dinheiro doméstico Nossa análise no entanto assume a substitutibilidade perfeita de ativos entre títulos nacionais e estrangeiros ver Capítulo 18 Sob a substi tutibilidade imperfeita de ativos as vendas de ativos domésticos do banco central para atrair divisas empurraria para cima a taxa de juros doméstica em relação à estrangeira Assim embora a substitutibilidade imperfeita de ativos desse ao banco central uma ferramenta política adicional política monetária ela também o tornaria responsável por uma meta política adicional a taxa de juros doméstica Se o governo está preocupado com a taxa de juros doméstica porque ela afeta o investimento por exemplo a ferramenta política adicional não necessariamente aumentaria o conjunto de opções políticas atraentes A substitutibilidade im perfeita foi explorada pelos bancos centrais sob o esquema Bret ton Woods mas não conseguiu tirar os países dos dilemas políti cos ilustrados no texto M19KRUGXXXXC19indd 440 12915 620 PM 441 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica do desemprego reduzido é um déficit externo maior Embora a política fiscal contracionista sozinha possa trazer equilíbrio externo ponto 4 a produção cai em consequência e a economia se move para longe do equi líbrio interno Não é de admirar que dilemas políticos como o situado no ponto 2 deram origem a suspeitas de que a moeda estivesse prestes a ser desvalorizada A desvalorização melhora a conta corrente e a demanda agregada aumentando a taxa de câmbio real EPP em uma só tacada A alternativa é um perío do longo e politicamente impopular de desemprego para trazer um aumento igual na taxa de câmbio real por meio de uma queda em P21 Na prática os países às vezes usam as mudanças em suas taxas de câmbio para aproximarem se do equilíbrio interno e externo embora as mudanças normalmente sejam acompanhadas por crises da balança de paga mentos Muitos países também apertaram os controles sobre as transações da conta financeira para romper as ligações entre as taxas de juros nacionais e estrangei ras e tornar a política monetária mais eficaz alinhada com o trilema Nesse caso só foram parcialmente bem sucedidos uma vez que os eventos que levaram ao colapso do sistema foram provados O problema do equilíbrio externo dos Estados Unidos sob Bretton Woods O problema do equilíbrio externo dos Estados Uni dos foi diferente daquele enfrentado pelos outros países do sistema Bretton Woods Como o emissor da enésima moeda os Estados Unidos não eram responsáveis por atrelar as taxas de câmbio do dólar Sua principal res ponsabilidade era segurar o preço em dólar do ouro em US 35 por onça e em particular a garantia de que os bancos centrais estrangeiros poderiam converter suas participações de dólar em ouro a esse preço Para esse fim tinham de manter reservas suficientes de ouro Como os Estados Unidos tinham de trocar ouro por dólares com bancos centrais estrangeiros a possibilidade de que outros países podessem converter suas reservas de dólares em ouro era uma restrição externa potencial na política macroeconômica dos Estados Unidos Contudo na prática os bancos centrais estrangeiros estavam dis postos a ficar com os dólares que eles acumularam desde que eles pagassem juros e fossem dinheiro internacional por excelência E a lógica do padrão ouro de câmbio ditou que os bancos centrais estrangeiros deveriam continuar a acumular dólares Como as fontes de ouro do mundo não estavam crescendo rápido o suficiente para acompanhar o crescimento da economia mundial a única maneira de FIGURA 194 Políticas para gerar os equilíbrios interno e externo Taxa de câmbio E Despesas domésticas A II Desvalorização que resulta no equilíbrio interno e externo Aumento das despesas que resulta no equilíbrio interno e externo XX 4 3 2 1 A menos que a moeda esteja desvalorizada e o nível de despesas domésticas suba os equilíbrios interno e externo ponto 1 não podem ser alcançados Agindo sozinha uma mudança na política fiscal por exemplo permite que a economia atinja o equilíbrio interno ponto 3 ou o equilíbrio externo ponto 4 mas apenas ao custo de aumentar a distância da economia da meta que é sacrificada 21 Como um exercício para testar seu entendimento mostre que uma queda em P com o restante igual reduz tanto II quanto XX mo vendo o ponto 1 verticalmente para baixo M19KRUGXXXXC19indd 441 12915 620 PM 442 Economia internacional os bancos centrais poderem manter níveis adequados de reserva internacional exceto pela deflação era acumular ativos de dólar As conversões de ouro oficiais ocorriam algumas vezes e depletavam o estoque norte americano de ouro causando preocupação Mas desde que a maio ria dos bancos centrais estivesse disposta a adicionar dólares a suas reservas e renunciar o direito de resgatar aqueles dólares por ouro norte americano a restrição externa dos Estados Unidos parecia mais simples do que a enfrentada por outros países no sistema Em um livro influente que apareceu em 1960 o eco nomista Robert Triffin da Universidade de Yale chamou a atenção para um problema fundamental de longo prazo do sistema de Bretton Woods o problema de con fiança22 Triffin percebeu que conforme as necessidades de reservas internacionais dos bancos centrais cres ciam ao longo do tempo suas participações de dólares necessariamente subiriam até excederem o estoque de ouro norte americano Uma vez que os Estados Uni dos tinham prometido resgatar esses dólares a US 35 por onça já não teriam a capacidade de cumprir suas obrigações se todos os detentores de dólares tentassem simultaneamente convertê los em ouro Isso levaria a um problema de confiança os bancos centrais sabendo que seus dólares já não eram tão bons quanto o ouro poderiam tornar se dispostos a acumular mais dólares e poderiam até mesmo derrubar o sistema por tentativa de trocar os dólares que eles já possuíam Uma solução possível no momento era um aumento do preço oficial do ouro em termos de dólar e todas as outras moedas Mas esse aumento seria inflacionário e teria a consequência politicamente não atraente de enriquecer os principais países fornecedores de ouro Além disso um aumento no preço do ouro teria feito os bancos centrais esperarem mais declínios no valor do ouro das suas participações de reserva do dólar no futuro assim possivelmente agravando o problema de confiança em vez de resolvê lo 22 Veja Triffin Gold and the Dollar Crisis New Haven Yale University Press 1960 o fim de bretton Woods inflação mUndial e a transição para as taxas flUtUantes Ao final de 1960 o sistema Bretton Woods de taxas de câmbio fixas começava a mostrar as tensões que logo conduziriam a seu colapso Essas tensões eram intimamente relacionadas com a posição especial dos Estados Unidos onde a inflação estava reunindo for ças por causa do crescimento monetário superior bem como dos maiores gastos do governo com os novos programas sociais como o Medicare e a impopular guerra do Vietnã A aceleração da inflação norte americana na década de 1960 foi um fenômeno mundial A Tabela 191 mos tra que no início da década de 1970 a inflação tam bém irrompera em economias europeias23 A natureza mundial do problema da inflação não foi um acidente A teoria no Capítulo 18 prevê que quando o país de moeda de reserva acelera seu crescimento monetário como os Estados Unidos fizeram na segunda metade da década de 1960 um efeito é um aumento automá tico nas taxas de crescimento monetário e de inflação no exterior conforme os bancos centrais estrangeiros compram a moeda de reserva para manter suas taxas de câmbio e expandir suas ofertas de dinheiro simul taneamente Uma interpretação do colapso do sistema Bretton Woods é que os países estrangeiros foram 23 Os números da inflação dos Estados Unidos para 1971 e 1972 são artificialmente baixos por causa da diretiva do presidente Nixon para controles de preços e salários administrados pelo governo em agosto de 1971 Em princípio o compromisso dos Estados Unidos de atrelar o preço de mercado de ouro deveria ter limitado a inflação dos Estados Unidos mas na prática os Estados Unidos foram capazes de enfraque cer esse compromisso ao longo do tempo permitindo assim que o preço de mercado do ouro subisse embora ainda mantendo a promessa de resgatar dólares dos bancos centrais a US 35 por onça No final dos anos 1960 os Estados Unidos eram portanto o único país no sistema que não enfrentaram o trilema monetário completo Ele tinha taxas de câmbio fixas porque outros países atrelaram suas moedas ao dólar no entanto ele podia ainda orientar a política monetária para seus objetivos nacionais Para avaliações recentes da inflação mundial na década de 1970 consulte Michael Bordo e Athanasios Orphanides Eds The Great Inflation Chicago University of Chicago Press 2013 tAbElA 191 Taxas de inflação nos países industrializados 1966 1972 ao ano País 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 Grã Bretanha 36 26 46 52 65 97 69 França 28 28 44 65 53 55 62 Alemanha 34 14 29 19 34 53 55 Itália 21 21 12 28 51 52 53 Estados Unidos 29 31 42 55 57 44 32 Fonte Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Main Economic Indicators Historical Statistics 19641983 Paris OECD 1984 As figuras são aumentos percentuais no índice de preços ao consumidor médio de cada ano sobre o ano anterior M19KRUGXXXXC19indd 442 12915 620 PM 443 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica A mecânica da inflação importada Para entender como a inflação pode ser importada do exterior a menos que as taxas de câmbio sejam ajustadas olhe novamente para a representação gráfica do equilíbrio interno e externo mostrada na Figura 193 Suponha que o país se depare com inflação estrangeira Acima o nível de preços estrangeiros P é dado Agora no entanto P aumenta conforme o resultado da inflação no exterior A Figura 195 mostra o efeito sobre a economia doméstica Você pode ver como os dois esquemas mudam per guntando o que aconteceria se a taxa de câmbio nominal caísse em proporção ao aumento de P Nesse caso a taxa de câmbio real EPP seria afetada dado P e a econo mia permaneceria em equilíbrio interno ou externo caso ambas as condições originalmente se mantivessem Por tanto a Figura 195 mostra que para uma determinada taxa de câmbio inicial um aumento de P desloca tanto II1 quanto XX 1 para baixo na mesma distância aproxi madamente igual ao aumento proporcional em P vezes a taxa de câmbio inicial A interseção entre os novos esque mas II2 e XX 2 ponto 2 encontra se diretamente abaixo da interseção original no ponto 1 Portanto se a economia começar no ponto 1 um aumento de P dada a taxa de câmbio fixa e o nível de preços no mercado interno pressiona a economia na zona 1 com sobre emprego e um superávit indesejavel mente elevado em sua conta corrente O fator que causa esse resultado é uma desvalorização da moeda real que desloca a demanda mundial para o país de origem EPP aumenta porque P aumenta Se nada for feito pelo governo o sobre emprego coloca uma pressão ascendente sobre o nível de preços no mercado interno a qual desloca gradualmente os dois esquemas de volta a suas posições originais Os esque mas param de deslocar uma vez que P tenha aumentado em proporção a P Nessa fase a taxa de câmbio real o emprego e a conta corrente estão nos níveis iniciais então o ponto 1 é mais uma vez uma posição de equilí brio interno e externo A maneira de evitar a inflação importada é revalori zar a moeda ou seja reduzir E e mudar para o ponto 2 Uma revalorização restaura o equilíbrio interno e externo imediatamente sem inflação doméstica usando a taxa de câmbio nominal para compensar o efeito da subida de P na taxa de câmbio real Apenas uma polí tica de troca de despesas é necessária para responder a um puro aumento dos preços estrangeiros O aumento de preços no mercado interno que ocorre quando não há revalorização requer um aumento da oferta de moeda doméstica desde que os preços e a oferta de moeda mudem proporcionalmente em longo obrigados a importar a inflação indesejável dos Esta dos Unidos por meio do mecanismo descrito no Capí tulo 18 Para estabilizar os níveis de preço e recuperar o equilíbrio interno eles tiveram que abandonar as taxas de câmbio fixas e permitir que suas moedas flu tuassem O trilema monetário implica que esses países não podem atrelar suas taxas de câmbio e simultanea mente controlar a inflação doméstica Adicionando às tensões a economia dos Estados Unidos entrou numa recessão em 1970 e o desem prego subiu os mercados tornaram se cada vez mais convencidos de que o dólar teria de ser desvalorizado em relação a todas as principais moedas europeias Para restaurar o pleno emprego e uma conta corrente equilibrada os Estados Unidos tiveram que realizar de alguma forma uma depreciação real do dólar Essa depreciação real poderia ser provocada de duas for mas a primeira opção era uma queda no nível de pre ços dos Estados Unidos em resposta ao desemprego doméstico junto com um aumento nos níveis de pre ços estrangeiros em resposta às contínuas compras de dólares por bancos centrais estrangeiros A segunda opção era uma queda no valor nominal do dólar em ter mos de moeda estrangeira A primeira via o desem prego nos Estados Unidos e a inflação no exterior parecia um caminho doloroso para os formuladores de políticas monetárias seguirem Os mercados imagina vam corretamente que uma alteração no valor do dólar seria inevitável Essa percepção levou a vendas maciças de dólares no mercado cambial estrangeiro Após várias tentativas infrutíferas de estabilizar o sistema incluindo uma decisão unilateral dos Estados Unidos em agosto de 1971 para acabar completamente com a ligação entre o dólar e o ouro os principais países industrializados permitiram que suas taxas de câmbio do dólar flutuassem em março de 197324 A flutuação era vista na época como uma resposta temporária para os movimentos de capitais especulativos incontroláveis Mas os acordos temporários adotados em março de 1973 acabaram por ser permanentes e marcaram o fim das taxas de câmbio fixas e o início de um novo perío do turbulento nas relações monetárias internacionais 24 Muitos países em desenvolvimento continuaram a atrelar seu câmbio ao dólar e diversos países europeus continuavam a atrelar suas taxas de câmbio mútuas como parte de um acordo informal chamado serpente A serpente evoluiu para o Sistema Monetário Eu ropeu discutido no Capítulo 21 e por fim levou à moeda única da Europa o euro M19KRUGXXXXC19indd 443 12915 620 PM 444 Economia internacional prazo O mecanismo que ocasiona esse aumento é a inter venção cambial pelo banco central doméstico Conforme os preços e a produção interna aumentam após a elevaçao em P a oferta de dinheiro real encolhe e a demanda real por participações em dinheiro aumenta Para evitar que a pressão ascendente resultante na taxa de juros domésticos valorize a moeda o banco central deve adquirir reservas internacionais e expandir a oferta de moeda nacional Dessa forma as políticas inflacionárias perseguidas pelo centro de reserva respingam nas ofertas de moeda dos países estrangeiros Avaliação O colapso do sistema Bretton Woods foi em parte decorrente do poder macroeconômico desequilibrado dos Estados Unidos que lhe permitiu gerar inflação global Mas foi também causado em grande medida pelo fato de que a ferramenta chave de troca das despesas neces sária para o equilíbrio interno e externo o ajuste cam bial discreto inspirou ataques especulativos que tor naram o equilíbrio interno e externo progressivamente mais difícil de alcançar O sistema portanto foi vítima do trilema Conforme os fluxos financeiros internacio nais se tornaram mais difíceis de conter os formuladores de políticas monetárias enfrentaram um trade off cada vez mais intenso entre a estabilidade cambial e as metas monetárias nacionais Entretanto na década de 1970 o eleitorado dos países industrializados esperou muito que os governos dessem prioridade à economia doméstica Então foram as taxas de câmbio fixas que saíram de cena O caso das taxas de câmbio flutuantes Quando as crises de moeda internacional de escopo e frequência crescentes irromperam na década de 1960 a maioria dos economistas começou a defender a flexibiliza ção das taxas de câmbio Muitos alegaram que um sistema de taxas de câmbio flutuante em que os bancos centrais não intervêm no mercado de taxas de câmbio não daria apenas à taxa de câmbio a flexibilidade necessária mas também produziria vários outros benefícios para a eco nomia mundial Assim a chegada de taxas de câmbio flu tuantes em março de 1973 foi saudada por muitos econo mistas como um desenvolvimento saudável na evolução do sistema monetário mundial que colocaria os mercados no centro das atenções na determinação das taxas de câmbio O caso das taxas de câmbio flutuantes se assentava em pelo menos quatro reivindicações principais 1 Autonomia da política monetária Se os bancos cen trais já não fossem mais obrigados a intervir nos mercados cambiais para fixar as taxas de câmbio os governos seriam capazes de usar a política monetária para alcançar o equilíbrio interno e externo Além disso nenhum país seria forçado a importar a infla ção ou deflação do exterior FIGURA 195 Efeito sobre o equilíbrio interno e externo de um aumento no nível de preços estrangeiros P Taxa de câmbio E Distância EP P Despesas domésticas A 1 2 XX 1 II 2 II1 XX 2 Depois de P subir o ponto 1 situa se na zona 1 sobre emprego e um superávit excessivo A revalorização uma queda em E restaura o equilíbrio imediatamente movendo a configuração política para o ponto 2 M19KRUGXXXXC19indd 444 12915 620 PM 445 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica 2 Simetria Sob um sistema de taxas flutuantes desapa receriam as assimetrias inerentes de Bretton Woods e os Estados Unidos já não seriam capazes de definir as condições monetárias do mundo por si sós Ao mesmo tempo os Estados Unidos teriam a mesma oportunidade que outros países de influenciar a sua taxa de câmbio em relação às moedas estrangeiras 3 Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos Mesmo na ausência de uma política monetária ativa a adaptação rápida das taxas de câmbio determi nadas pelo mercado ajudaria os países a manter o equilíbrio interno e externo em face de mudanças na demanda agregada Os períodos longos e agonizan tes de especulação anteriores aos realinhamentos das taxas de câmbio sob as regras de Bretton Woods não ocorreriam com a flutuação 4 Taxas de câmbio e equilíbrio externo As taxas de câmbio determinadas pelo mercado mudariam au tomaticamente para evitar o surgimento de grandes déficits de conta corrente e excedentes Autonomia da política monetária No final do sistema de taxas fixas de Bretton Woods os países que não os Estados Unidos tinham pequeno espaço para usar a política monetária para atingir o equilíbrio interno e externo Os países podiam manter suas taxas de câmbio do dólar fixadas apenas se manti vessem a taxa de juros doméstica em consonância com a dos Estados Unidos Assim nos anos finais das taxas de câmbio fixas os bancos centrais impuseram restrições cada vez mais rigorosas sobre os pagamentos interna cionais para manter o controle sobre suas taxas de juros e ofertas de moeda No entanto essas restrições foram apenas parcialmente bem sucedidas em reforçar a polí tica monetária e tinham o efeito colateral prejudicial de distorcer o comércio internacional Os defensores das taxas flutuantes apontam que a remoção da obrigação de indexar valores de moeda res tauraria o controle monetário aos bancos centrais Se por exemplo o banco central enfrentou o desemprego e desejasse expandir sua oferta de moeda em resposta já não haveria qualquer barreira legal para a depreciação da moeda que isso causaria Da mesma forma o banco central de uma economia superaquecida poderia arre fecer a atividade ao contratar a oferta de moeda sem se preocupar com que influxos de reserva indesejados prejudicassem seu esforço de estabilização O maior controle sobre a política monetária permitiria que os países desmantelassem suas barreiras distorcidas para pagamentos internacionais Em outras palavras a taxas flutuantes implicavam uma abordagem para o trilema monetário que sacrificou as taxas de câmbio fixas em favor da liberdade dos fluxos financeiros e da política monetária Consistente com esse ponto de vista os defensores das taxas flutuantes também argumentaram que essas taxas permitiriam que cada país escolhesse a sua pró pria taxa de inflação de longo prazo desejada em vez de ter que importar passivamente a taxa de inflação estabe lecida no exterior Vimos no último capítulo que um país enfrentando um aumento no nível de preços estrangeiros será lançado fora de equilíbrio e finalmente importará a inflação externa se mantiver sua taxa de câmbio fixa No final da década de 1960 muitos países sentiam que estavam importando inflação dos Estados Unidos Por revalorizar sua moeda isto é pela redução do preço da moeda nacional em moeda estrangeira um país pode isolar se completamente de um aumento inflacio nário nos preços estrangeiros e assim permanecer em equilíbrio interno e externo Um dos argumentos mais reveladores a favor das taxas flutuantes foi a sua capa cidade em teoria para gerar automaticamente as alte rações das taxas de câmbio que isolam as economias da inflação vigente no exterior O mecanismo por trás desse isolamento é a paridade de poder de compra ver Capítulo 16 Lembre se que quando todas as mudanças na economia mundial são monetárias a PPC se aplica em longo prazo as taxas de câmbio por fim se alteram para compensar exatamente as diferenças nacionais da inflação Se o crescimento monetário dos Estados Unidos leva a uma duplicação de longo prazo do nível de preços norte americanos enquanto o nível de preços na Europa mantém se cons tante a PPC prevê que o preço do euro de longo prazo em dólar vai ser reduzido para a metade Essa mudança de taxa de câmbio nominal mantém inalterada a taxa real de câmbio entre o dólar e o euro e portanto man tém o equilíbrio interno e externo da Europa Em outras palavras a alteração das taxas de câmbio de longo prazo prevista pela PPC é exatamente a mudança que isola a Europa da inflação dos Estados Unidos Um aumento induzido pela moeda nos preços dos Estados Unidos também causa uma valorização ime diata do câmbio contra o dólar quando a taxa de câm bio flutua No curto prazo o tamanho dessa valorização pode diferir do que prevê a PPC mas os especuladores de divisas que podem ter montado um ataque nas taxas de câmbio de dólar fixo aceleram o ajuste das taxas flu tuantes Uma vez que eles sabem que as moedas estran geiras valorizarão em longo prazo de acordo com a PPC agem sobre as suas expectativas e empurram as taxas de câmbio na direção de seus níveis de longo prazo M19KRUGXXXXC19indd 445 12915 620 PM 446 Economia internacional Em contraste os países que operam sob as regras de Bretton Woods foram forçados a escolher entre a infla ção correspondente dos Estados Unidos para manter suas taxas de câmbio do dólar fixo ou reavaliar delibe radamente suas moedas proporcionalmente ao aumento dos preços norte americanos Contudo sob o câmbio flutuante o mercado cambial gera automaticamente as alterações das taxas de câmbio que protegem os países da inflação dos Estados Unidos Uma vez que esse resul tado não requer quaisquer decisões de política governa mental as crises de reavaliação ocorridas sob taxas de câmbio fixas são evitadas25 Simetria O segundo argumento apresentado pelos defenso res da taxa flutuante foi que o abandono do sistema Bretton Woods removeria as assimetrias que causaram tanto desacordo internacional na década de 1960 e iní cio dos anos 1970 Havia duas principais assimetrias ambas resultatantes do papel central do dólar no sis tema monetário internacional Primeiro como os ban cos centrais atrelavam suas moedas ao dólar e acumu lavam dólares como reservas internacionais a Reserva Federal dos Estados Unidos desempenhou o papel principal em determinar a oferta mundial de dinheiro e os bancos centrais estrangeiros tinham pouco espaço para determinar suas próprias ofertas de moeda nacio nal Segundo qualquer país estrangeiro poderia des valorizar sua moeda contra o dólar em condições de desequilíbrio fundamental mas as regras do sistema não davam aos Estados Unidos a opção de desvalori zar sua moeda em relação às moedas estrangeiras Ao contrário a desvalorização do dólar necessitava de um período longo e economicamente perturbador de nego ciação multilateral Um sistema de taxas de câmbio flutuantes poderia acabar com essas assimetrias Uma vez que os países já não indexariam as taxas de câmbio ao dólar cada um estaria em condições de orientar as condições monetá rias domésticas Pela mesma razão os Estados Unidos não enfrentariam qualquer obstáculo especial para alte rar sua taxa de câmbio por meio de políticas monetárias ou fiscais As taxas de câmbio de todos os países seriam determinadas simetricamente pelo mercado cambial não pelas decisões do governo26 taxas de câmbio como estabilizadores automáticos O terceiro argumento a favor das taxas flutuantes relaciona se com sua capacidade em teoria de promo ver a adaptação rápida e relativamente indolor para certos tipos de mudanças econômicas Tal mudança dis cutida anteriormente é a inflação estrangeira A Figura 196 que usa o modelo DDAA apresentado no Capí tulo 17 examina outro tipo de mudança comparando a resposta de uma economia sob uma taxa de câmbio fixa e uma taxa de câmbio flutuante a uma queda temporá ria da demanda externa para as suas exportações Uma queda na demanda por exportações do país de origem reduz a demanda agregada para cada nível de taxa de câmbio E e portanto desvia o esquema DD para a esquerda de DD1 para DD2 Lembre se que o esquema DD mostra a taxa de câmbio e os pares de produção para os quais a demanda agregada é igual à produção agregada A Figura 196a mostra como essa mudança afeta o equilíbrio da economia quando a taxa de câmbio flutua Como se presume que a variação de demanda seja temporária ela não muda a taxa de câmbio esperada em longo prazo e assim não se altera o esquema de equilíbrio do mercado de ativos AA1 Lembre se que o esquema AA mostra a taxa de câmbio e os pares de produção em que o mercado de câmbio e o mercado interno de moeda estão em equilí brio O equilíbrio da economia em curto prazo situa se portanto no ponto 2 comparado com o equilíbrio inicial no ponto 1 a moeda deprecia E sobe e a produção cai Como a taxa de câmbio aumenta de E1 para E2 Quando demanda e produção caem reduzindo a demanda por transações de dinheiro a taxa de juros doméstica deve também cair para manter o mercado monetário em equi líbrio Essa queda faz com que a moeda nacional des valorize no mercado cambial e a taxa de câmbio sobe portanto de E1 para E2 O efeito da mesma perturbação de demanda por exportação sob uma taxa de câmbio fixa é mostrado na Figura 196b Uma vez que o banco central deve evitar a depreciação da moeda que ocorre sob uma taxa flu tuante ele compra moeda doméstica com reservas exter nas uma ação que contrai a oferta de moeda e desloca AA1 à esquerda para AA2 O novo equilíbrio de curto prazo da economia sob uma taxa de câmbio fixa está no ponto 3 onde a produção é igual a Y3 A Figura 196 mostra que a produção realmente cai mais sob uma taxa fixa do que sob uma taxa flutuante caindo até a Y3 em vez de Y2 Em outras palavras o movimento da taxa de câmbio flutuante estabiliza a eco nomia reduzindo o efeito do choque sobre o emprego em 25 Os países também podem evitar a importação indesejada de defla ção por taxas flutuantes desde que a análise anterior aplique se ao contrário a uma queda no nível de preços estrangeiros 26 O argumento da simetria não é um argumento contra sistemas de taxa fixa em geral mas um argumento contra o tipo específico de sistema de taxa de câmbio fixa que eclodiu na década de 1970 Como vimos no Capítulo 18 um sistema de taxa fixa com base em um padrão ouro internacional pode ser completamente simétrico M19KRUGXXXXC19indd 446 12915 620 PM 447 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica relação ao seu efeito sob uma taxa fixa A depreciação da moeda no caso de taxas flutuantes torna os serviços e bens domésticos mais baratos quando a demanda por eles cai compensando parcialmente a redução inicial da demanda Além de reduzir a saída do equilíbrio interno causada pela queda na demanda por exportação a depre ciação reduz o déficit crescente nas contas correntes o qual ocorre sob taxas fixas por tornar os produtos nacio nais mais competitivos nos mercados internacionais Consideramos o caso de uma queda transitória da demanda por exportação mas conclusões ainda mais fortes podem ser tiradas quando há uma queda perma nente da demanda por exportação Nesse caso a taxa de câmbio esperada Ee também sobe e AA desloca se para cima como resultado Um choque permanente provoca uma depreciação maior do que um choque temporário e o movimento da taxa de câmbio portanto protege mais a produção interna quando o choque é permanente No âmbito do sistema Bretton Woods uma queda na demanda por exportação como mostrado na Figura 196b teria caso fosse permanente conduzido a uma situação de desequilíbrio fundamental causando uma desvalorização da moeda ou um longo período de desem prego doméstico conforme os salários e os preços caem A incerteza sobre as intenções do governo teria encora jado saídas de capital especulativas piorando ainda mais a situação pela depleção das reservas do banco central e contração da oferta de moeda nacional em um momento FIGURA 196 Efeitos de uma queda na demanda de exportação Taxa de câmbio E Produção Y Taxa de câmbio E Produção Y E 1 E 2 Y 2 Y 1 a Taxas de câmbio flutuantes DD2 DD1 AA1 2 1 E 1 Y 2 Y 1 b Taxa de câmbio fixa DD2 DD1 AA1 1 Y 3 AA2 3 A resposta a uma queda na demanda por exportação vista na mudança de DD1 para DD2 difere sob taxas de câmbio fixas e flutuantes a Com uma taxa flutuante a produção cai apenas para Y2 conforme a depreciação da moeda de E1 para E2 desloca a demanda em direção aos produtos nacionais b Com a taxa de câmbio fixada em E1 a produção cai até a E3 conforme o banco central reduz a oferta de moeda refletida na mudança de AA1 para AA2 M19KRUGXXXXC19indd 447 12915 620 PM 448 Economia internacional de desemprego Os defensores das taxas flutuantes apon tam que o mercado cambial acarretaria automaticamente a depreciação da moeda real necessária por meio de um movimento na taxa de câmbio nominal Essa mudança das taxas de câmbio reduziria ou eliminaria a necessi dade de empurrar o nível de preços através do desem prego e como isso ocorreria imediatamente não haveria nenhum risco de ruptura especulativa como haveria sob uma taxa fixa taxas de câmbio e equilíbrio externo Um benefício final alegado para taxas de câmbio flutuantes foi que poderiam prevenir o surgimento de déficits de conta corrente persistentemente altos ou exce dentes Como um país com um grande déficit na balança corrente está contraindo empréstimos de estrangeiros e aumentando assim a sua dívida externa em consequên cia terá que gerar maiores excedentes de exportações sobre importações para pagar os juros sobre a dívida Os maiores excedentes por sua vez exigirão uma moeda depreciada Defensores da taxa flutuante sugeriram que os especuladores prevendo essa depreciação reduziriam a moeda antecipadamente tornando as exportações mais competitivas e a importações mais caras em curto prazo Tal especulação da estabilização se mantida impediria primeiro que déficits em conta corrente ficassem muito grandes O mesmo mecanismo com valorização substi tuindo a depreciação limitaria os excedentes externos Um corolário dessa visão é que as taxas de câmbio flutuantes não seriam voláteis demais porque ao esta bilizar os especuladores constantemente levariam as taxas em direção a níveis consistentes com o equilíbrio externo Quão bem essas previsões se concretizaram após 1973 Mostraremos que enquanto algumas foram confirmadas os defensores das taxas flutuantes em geral eram dema siado otimistas de que um sistema de taxas de câmbio determinadas pelo mercado funcionaria livre da turbu lência do mercado de câmbio ou dos conflitos da política entre países os primeiros anos das taxas flUtUantes 19731990 Uma revisão da história macroeconômica da economia mundial desde 1973 oferece dados importantes para anali sar os êxitos e deficiências do sistema monetário internacio nal moderno Começamos com um resumo dos primei ros anos turbulentos das taxas de câmbio flutuantes INFlAÇÃO E DESINFlAÇÃO 19731982 O ato de abertura da era de taxas de câmbio flu tuantes foi uma quadruplicação do preço mundial do petróleo entre o final de 1973 e o início de 1974 projetado pela recém assertiva Organização de Países Exportadores de Petróleo OPEP um cartel interna cional que inclui a maioria dos produtores de petró leo O consumo e os investimentos diminuíram em todos os lugares e a economia mundial foi lançada para a recessão Os saldos de conta corrente de países importadores de petróleo se agravaram O modelo que desenvolvemos nos capítulos 14 a 18 prevê que a inflação tende a aumentar nos perío dos de boom e a cair nas recessões Como o mundo entrou em recessão profunda em 1974 no entanto a inflação acelerou na maioria dos países A Tabela 192 mostra como a inflação nas principais regiões indus triais subiu na década entre 19731982 mesmo com o desemprego em ascensão O que aconteceu Um fator contribuinte impor tante foi o choque do petróleo em si elevando dire tamente os preços dos produtos petrolíferos e os custos das indústrias que usavam energia o aumento do preço do petróleo fez os níveis de preço salta rem Além disso as pressões inflacionárias em todo o mundo que tinham se acumulado desde o final da década de 1960 tornaram se entrincheiradas no pro cesso de fixação de salários e continuavam a contri buir para a inflação apesar da deterioração do quadro de emprego As mesmas expectativas inflacionárias que estavam dirigindo novos contratos de salário também estavam colocando pressão ascendente adi cional sobre os preços das commodities conforme os especuladores acumulavam estoques de commodities cujos preços eles esperavam subir Ao longo dos anos seguintes os banqueiros centrais se provaram dispos tos a combater essas pressões inflacionárias ao custo de um nível de desemprego ainda maior Para descrever as condições macroeconômicas incomuns de 19741975 os economistas cunharam uma nova palavra que se tornou comum estagfla ção uma combinação de estagnação da produção e inflação elevada A estagflação foi o resultado de dois fatores 1 Aumentos nos preços das commodities que dire tamente geravam a inflação enquanto ao mesmo tempo deprimiam a oferta e a demanda agregada M19KRUGXXXXC19indd 448 12915 620 PM 449 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica tAbElA 192 Dados macroeconômicos para regiões industriais chave 19632012 Período 19631972 19731982 19831992 19932006 20072009 20102012 Inflação aa Estados Unidos 33 87 40 27 21 23 Europa 44 107 51 24 23 25 Japão 56 86 18 02 00 03 Desemprego da força de trabalho Estados Unidos 47 70 68 53 66 89 Europa 19 55 94 94 78 100 Japão 12 19 25 40 43 47 Crescimento do PIB per capita real aa Estados Unidos 28 24 09 21 09 14 Europa 39 20 30 21 08 06 Japão 85 29 34 10 38 21 Fonte Fundo Monetário Internacional e Eurostat 2 Expectativas de inflação futura que alimentaram as tarifas e outros preços apesar da recessão e do desemprego crescente Libertos da necessidade de defender uma taxa de câmbio fixa os governos responderam com políticas expansionistas que alimentaram ainda mais a inflação Muitos países movendo se para um vértice diferente do trilema mal tinham sido capazes de relaxar os controles de capital que tinham criado antes de 1974 Esse relaxamento aliviou o problema de ajustamento dos países em desenvolvimento que foram capazes de pedir emprestado mais facilmente para os merca dos financeiros de países desenvolvidos para manter o seu próprio crescimento econômico e seus gastos Por sua vez a força relativa da demanda do mundo em desenvolvimento para exportações de países indus triais ajudou a mitigar a severidade da recessão de 19741975 No entanto nos países industrializados o desemprego saltou e permaneceu teimosamente alto conforme mostra a Tabela 192 Em meados da década de 1970 os Estados Unidos tentaram combater o desemprego mediante a polí tica monetária expansionista enquanto outros países como a Alemanha e o Japão estavam mais preocupa dos com a inflação O resultado desse desequilíbrio político uma expansão vigorosa nos Estados Uni dos que não foi acompanhada por expansão no exte rior foi uma íngreme depreciação do dólar após 1976 A inflação dos Estados Unidos atingiu níveis de dois dígitos como a inflação em muitos outros paí ses incluindo Canadá França Itália e Reino Unido A depreciação do dólar nesses anos fica evidente na Figura 197 que mostra os dois índices de taxas de câmbio efetivas nominal e real do dólar Esses índi ces medem respectivamente o preço de um dólar em termos de uma cesta de moedas estrangeiras e o preço da produção dos Estados Unidos em termos de uma cesta de produção estrangeira Assim um aumento de qualquer índice é uma valorização do dólar nominal ou real enquanto uma queda é uma depreciação Para restaurar a fé no dólar o presidente Jimmy Carter nomeou um novo Presidente do Conselho de Governadores da Reserva Federal Federal Reserve Board com ampla experiência em assuntos financei ros internacionais Paul A Volcker O dólar começou a fortalecer se em outubro de 1979 quando Volcker anunciou um aperto da política monetária dos Estados Unidos e a adoção por parte da Reserva Federal dos mais rigorosos procedimentos para controlar o cresci mento da oferta de moeda A queda do xá do Irã em 1979 provocou uma segunda rodada de aumentos de preços de óleo por interromper as exportações de petróleo daquele país Em 1975 formuladores de políticas macroeconômicas em países industrializados tinham respondido ao pri meiro choque do petróleo com políticas monetárias e fiscais expansionistas Eles responderam de forma muito diferente ao segundo choque do petróleo Em 1979 e 1980 o crescimento monetário na ver dade estava restrito na maioria dos grandes países industriais na tentativa de compensar o aumento da inflação acompanhando o aumento de preço de petró leo Essa abordagem política impediu um surto de inflação mas ajudou a causar uma recessão mundial Em novembro de 1980 vimos a eleição do presi dente Ronald Reagan que fez campanha em uma plataforma anti inflacionista Tendo em conta o resul M19KRUGXXXXC19indd 449 12915 620 PM 450 Economia internacional tado das eleições e o abrandamento monetário de Volcker o valor do dólar subiu ver Figura 197 As taxas de juros dos Estados Unidos também tinham subido acentuadamente no final de 1979 Em 1981 as taxas de juros de curto prazo nos Estados Unidos tinham quase dobrado seus níveis de 1978 Ao empurrar a taxa de juros dos Estados Unidos para cima e fazer com que os investidores esperas sem um dólar mais forte no futuro a ação dos Esta dos Unidos levou a uma valorização imediata do dólar Essa apreciação tornou as mercadorias norte americanos mais caras em relação às mercadorias estrangeiras reduzindo assim a produção dos Esta dos Unidos No entanto a valorização do dólar não foi bem recebida no exterior apesar de que poderia em teoria ter emprestado às economias estrangeiras algum estí mulo positivo em um período de crescimento lento A razão foi que um dólar mais forte dificultava aos paí ses estrangeiros suas próprias lutas contra a inflação elevando os preços de importação que eles enfren tavam e encorajando demandas por salários maio res de seus trabalhadores Um dólar mais forte teve o efeito contrário nos Estados Unidos acelerando o declínio da inflação norte americana A política mone tária apertada dos Estados Unidos portanto teve um efeito beggar thy neighbor no exterior já que baixou a inflação norte americana em parte por exportar a inflação para as economias estrangeiras Os bancos centrais estrangeiros responderam inter vindo nos mercados de moeda para retardar o aumento do dólar Mediante o processo de venda das reservas de dólar e compra de suas próprias moedas alguns bancos centrais reduziram suas taxas de crescimento monetá rio para 1980 e 1981 dirigindo as taxas de juros para cima A contração monetária sincronizada nos Estados Unidos e no exterior seguindo de perto o segundo cho que do petróleo jogou a economia mundial em pro funda recessão a mais grave entre a Grande Depres são da década de 1930 e a crise de 20072009 uma geração mais tarde Em 1982 e 1983 o desemprego em todo o mundo subiu para níveis sem precedentes no período pós Segunda Guerra Enquanto o desem prego dos Estados Unidos voltou rapidamente ao seu nível pré recessão o desemprego no Japão e especial mente na Europa manteve se permanentemente acima ver Tabela 192 Entretanto a contração monetária e a recessão trazidas por ele rapidamente levaram a uma queda drástica das taxas de inflação nos países indus trializados O DÓlAR FORtE E O ACORDO DE PlAZA Durante a campanha eleitoral o presidente Rea gan tinha prometido reduzir os impostos e equilibrar o orçamento federal Ele realizou a primeira dessas pro messas em 1981 Ao mesmo tempo a administração de Reagan forçou uma aceleração de gastos com a defesa O resultado líquido dessas e de ações subsequentes FIGURA 197 Índices de taxa de câmbio do dólar nominal e real efetiva 19752013 Índice de taxa de câmbio efetiva do dólar norteamericano 2005 100 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 Índice real Índice nominal 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Fonte Fundo Monetário Internacional Estatísticas Financeiras Internacionais Os índices são medidas do valor nominal e real do dólar norte americano em termos de uma cesta de moedas estrangeiras Um aumento nos índices é uma valorização do dólar uma diminuição é uma depreciação Para ambos os índices o valor de 2005 é 100 M19KRUGXXXXC19indd 450 12915 620 PM 451 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica do Congresso foi um déficit orçamentário inflado do governo dos Estados Unidos e um forte estímulo fiscal à economia A posição fiscal dos Estados Unidos enco rajou a contínua valorização do dólar consulte a Figura 197 Em fevereiro de 1985 a valorização acumulada do dólar contra a moeda alemã desde o final de 1979 era de 479 A recessão atingiu seu ponto mais baixo nos Estados Unidos em dezembro de 1982 e a produ ção começou a se recuperar nos Estados Unidos e no exterior quando o estímulo fiscal dos Estados Unidos foi transmitido para o exterior por meio da constante valorização do dólar Embora a expansão fiscal norte americana tenha contribuído para a recuperação mundial os défi cits orçamentários federais crescentes levantaram sérias preocupações sobre a estabilidade futura da economia mundial Como os déficits crescentes não foram cumpridos com aumentos compensatórios da poupança privada ou diminuição do investimento o saldo da conta corrente norte americana deteriorou se acentuadamente Em 1987 os Estados Unidos tornaram se um devedor líquido para países estran geiros e seu déficit em conta corrente foi ao nível recorde até então do pós guerra de 36 do PIB Alguns analistas ficaram preocupados que os cre dores estrangeiros perdessem a confiança no valor futuro dos ativos em dólar que estavam acumulando e os vendessem causando uma depreciação súbita e precipitada do dólar Igualmente preocupante foi o impacto do dólar forte sobre a distribuição de renda dentro dos Esta dos Unidos A valorização do dólar tinha reduzido a inflação dos Estados Unidos e permitido aos consu midores comprar importações mais baratas mas as pessoas prejudicadas pela mudança dos termos de comércio estavam mais bem organizadas e tinham mais voz do que aqueles que se beneficiaram O desempenho econômico persistentemente baixo na década de 1980 levou ao aumento das pressões sobre os governos para proteger as indústrias nos setores que competiam com a importação Formou se uma bola de neve de pressões protecionistas A administração Reagan tinha desde o início ado tado uma política de negligência benigna em rela ção ao mercado de câmbio recusando se a intervir exceto em circunstâncias incomuns por exemplo após uma suposta tentativa de assassinato ao presi dente Reagan Em 1985 no entanto a ligação entre o dólar forte e o acúmulo da tempestade protecionista tornou se impossível de ignorar Temendo um desastre para o sistema de comér cio internacional os oficiais da economia dos Esta dos Unidos Grã Bretanha França Alemanha e Japão anunciaram no Hotel Plaza de Nova York em 22 de setembro de 1985 que eles iriam intervir em conjunto no mercado cambial para produzir a depreciação do dólar O dólar caiu drasticamente no dia seguinte e continuou a diminuir durante 1986 e início de 1987 conforme os Estados Unidos mantiveram uma política monetária frouxa e empurraram as taxas de juros do dólar em relação às taxas de juros de moedas estran geiras Consulte a Figura 197 Interdependência macroeconômica sob uma taxa flutuante Até agora nossa modelagem da economia aberta centrou se sobre o caso relativamente simples de um país pequeno que não podia afetar a produção externa os níveis de preços ou as taxas de juros mediante suas próprias políticas monetárias e fiscais No entanto essa descrição obviamente não se adapta aos Estados Uni dos com o seu nível de produção nacional igual a cerca de um quinto do produto total do mundo Portanto para discutir as interações macroeconômicas entre os Estados Unidos e o resto do mundo temos de pensar sobre a transmissão de políticas entre países ligados por uma taxa de câmbio flutuante Vamos oferecer uma dis cussão breve e intuitiva em vez de um modelo formal e vamos nos restringir ao curto prazo em que podemos assumir que os preços de produção nominal são fixos Imagine uma economia mundial composta de dois grandes países Doméstica e Estrangeira Nosso objetivo é avaliar como as políticas macroeconômicas de Domés tica afetam as de Estrangeira A complicação principal é que nenhum país pode mais ser considerado por enfren tar uma taxa fixa de juros externa ou um nível fixo de demanda de exportações estrangeiras Para simplificar vamos considerar apenas o caso de desvios permanentes na política monetária e fiscal Vamos olhar primeiro para uma expansão monetá ria permanente em Doméstica Sabemos que no caso de um país pequeno Capítulo 17 Doméstica depreciaria a moeda e sua produção aumentaria O mesmo acontece quando a economia de Doméstica é grande mas agora o resto do mundo é afetado também Como Domés tica está experimentando a depreciação real da moeda Estrangeira deve estar experimentando a valorização M19KRUGXXXXC19indd 451 12915 620 PM 452 Economia internacional real da moeda que torna os bens de Estrangeira rela tivamente caros e portanto tem um efeito depressivo sobre a produção de Estrangeira O aumento na produ ção de Doméstica no entanto atua no sentido oposto uma vez que Doméstica gasta um pouco de sua renda extra em mercadorias de Estrangeira e por conta disso a demanda agregada pela produção de Estrangeira au menta A expansão monetária de Doméstica portanto tem dois efeitos opostos na produção de Estrangeira com o resultado líquido dependendo do efeito que for mais intenso A produção de Estrangeira pode aumentar ou diminuir27 A seguir vamos pensar sobre uma política fiscal expansionista permanente em Doméstica No caso do pequeno país do Capítulo 17 uma expansão fiscal per manente causou uma valorização real da moeda e uma deterioração da conta corrente que anulou totalmente qualquer efeito positivo sobre a demanda agregada Com efeito o impacto expansionista da facilidade fis cal de Doméstica vazou inteiramente no exterior por que a contrapartida do saldo de conta corrente inferior de Doméstica deve ser um equilíbrio maior da conta corrente no exterior No caso de países grandes a pro dução de Estrangeira ainda aumenta uma vez que as exportações de Estrangeira se tornam relativamente mais baratas quando a moeda de Doméstica sofre valorização Além disso agora alguns gastos aumentados de Estran geira aumentam as exportações de Doméstica então a produção de Doméstica realmente aumenta junto com a de Estrangeira28 Resumimos nossa discussão da interdependência macroeconômica entre grandes países como segue 1 Efeito de uma expansão monetária permanente por Doméstica A produção de Doméstica sobe a moeda de Domés tica desvaloriza e a produção de Estrangeira pode subir ou descer 2 Efeito de uma expansão fiscal permanente por Doméstica A produção de Doméstica sobe a moeda de Doméstica sofre valorização e a produção de Estrangeira sobe 27 A condição de equilíbrio do mercado de moeda estrangeira é MP LR Y Como M não está mudando e P é pegajoso e portanto fixo no curto prazo a produção de Estrangeira pode aumentar apenas se a taxa de juros nominal de Estrangeira subir também e pode cair somente se a taxa de juros nominal de Estrangeira cair 28 Considerando a condição de equilíbrio do mercado monetário de Doméstica em analogia com a nota de rodapé anterior você verá que a taxa de juros nominal de Doméstica deve subir Um argumento paralelo mostra que a taxa de juros de Estrangeira aumenta ao mesmo tempo transformação e crise na economia mUndial A queda do muro de Berlim em 1989 marcou o início do fim do império soviético Em última análise os países do antigo bloco soviético iriam abraçar as estruturas de mercado e entrar na economia mundial Ao mesmo tempo a China continuava um gradual processo de reformas orientadas para o mercado começado em 1978 que estavam começando a levar à modernização e ao crescimento econômico rápido Essas mudanças simultâneas aumentariam significa tivamente o tamanho da economia global e a força de trabalho na virada do século CRISES NA EUROPA E NA ÁSIA 19901999 A reunificação das Alemanhas em 1o de julho de 1990 desencadeou pressões inflacionárias na Alema nha Ao mesmo tempo outros países europeus esta vam fixando suas taxas de câmbio à moeda antiga da Alemanha o marco alemão DEM no âmbito do mecanismo de taxas de câmbio fixas da União Euro peia o Sistema Monetário Europeu SME A reação monetária contracionista da Alemanha a suas pres sões de inflação interna levaram a um crescimento mais lento em seus parceiros do SME muitos dos quais não foram afligidos pelo aumento da inflação como a Alemanha foi As pressões assimétricas resul tantes dentro do SME levaram a um ataque especu lativo sobre as paridades fixadas pelo SME em 1992 A inflação japonesa elevou se em 1989 em parte como resultado de uma política monetária relativa mente frouxa de 1986 a 1988 projetada para evitar a maior valorização do iene após o aumento acentuado de pós Acordo de Plaza Dois sintomas muito visíveis dessas pressões foram os preços subindo depressa para ações e propriedades japonesas A estratégia do Banco do Japão de puncionar essas bolhas de preços de ativos por meio da política monetária restritiva e de taxas de juros altas foi bem sucedida e o índice de preços das ações do Nikkei de Tóquio perdeu mais da metade do seu valor entre 1990 e 1992 Infelizmente a queda acentuada nos preços dos ativos deixou o sistema bancário do Japão em crise e a economia em recessão no início de 1992 A recuperação de fato nunca ocorreu Em 1998 a economia japonesa parecia estar em queda livre com M19KRUGXXXXC19indd 452 12915 620 PM 453 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica o encolhimento do PIB preços em declínio e seu nível de desemprego mais alto em mais de quatro décadas Com efeito a deflação e a estagnação do Japão mos traram ser prolongadas durando com pouca interrup ção até a próxima década e meia No entanto em 19971998 os problemas da eco nomia japonesa espalharam se aos países em desen volvimento do leste asiático com os quais ele tinha laços comerciais fortes Como veremos no Capítulo 22 várias dessas economias tinham experimentado taxas de crescimento do PIB espetacularmente rápidas por muitos anos até 1997 Muitas delas também manti veram suas taxas de câmbio fixas ou em intervalos meta em relação ao dólar norte americano A lenti ficação do Japão em 1997 portanto enfraqueceu as economias do Leste Asiático O resultado final foi uma série de ataques especu lativos em cascata sobre as moedas do Leste Asiático começando com o baht da Tailândia na primavera de 1997 e passando para a Malásia Indonésia e Coreia Essas economias caíram em profunda recessão como discutiremos em mais detalhes no Capítulo 22 puxa das para baixo pelo Japão mas também puxando o Japão para baixo em um círculo vicioso A Rússia dei xou de pagar suas dívidas internas e externas em 1998 desencadeando o nervosismo dos investidores globais e o caos financeiro doméstico O medo de uma depres são mundial provocou uma série de cortes de taxas de juros pela Reserva Federal bem como um corte coorde nado das taxas de juros sem precedentes por 11 países europeus preparando se para desistir de suas moedas nacionais em 1999 em favor do euro Essas medidas contribuíram para evitar um colapso econômico global a crise das ponto com e o sUrgimento dos deseQUilíbrios globais O mercado de ações dos Estados Unidos floresceu na década de 1990 conforme o dinheiro migrava para as ações das ponto com de alta tecnologia relaciona das com as novas tecnologias baseadas na Internet Os investimentos cresceram e o déficit em conta corrente dos Estados Unidos inchou Quando os preços das ações começaram a entrar em colapso em 2000 ajudando a criar uma recessão a Reserva Federal cortou as taxas de juros agressivamente Apesar de uma queda no investi mento o déficit em conta corrente dos Estados Unidos estava em breve em ascensão novamente por causa da queda da poupança Um fator que reduziu a poupança dos Estados Unidos foi o rápido aumento de preços dos bens imobiliários ilustrado na Figura 198 As taxas de juros eram baixas e conforme os norte americanos con traiam empréstimos contra seus valores crescentes de FIGURA 198 Preços domésticos reais em países selecionados 20002013 Os preços internos nos Estados Unidos sobem em um ritmo acelerado em 2006 antes de sofrerem colapso No entanto o ritmo de aumento dos preços foi ainda maior em diversos outros países Índice de preço doméstico real 2000Q1 100 80 100 120 140 160 180 200 Irlanda Nova Zelândia Estados Unidos Reino Unido Espanha 2000Q1 2000Q3 2001Q1 2001Q3 2002Q1 2002Q3 2003Q1 2003Q3 2004Q1 2004Q3 2005Q1 2005Q3 2006Q1 2006Q3 2007Q1 2007Q3 2008Q1 2008Q3 2009Q1 2009Q3 2010Q1 2010Q3 2011Q1 2011Q3 2012Q1 2012Q3 2013Q1 Fonte Banco da Reserva Federal de Dallas Disponível em httpwwwdallasfedorginstitutehousepriceindexcfm Acesso em 6 dez 2014 O índice nominal de preços internos é dividido por um deflator de preços de consumo pessoal para obter o índice real M19KRUGXXXXC19indd 453 12915 620 PM 454 Economia internacional propriedades domésticas a taxa de poupança domés tica líquida dos Estados Unidos ficou negativa Como resultado o déficit em conta corrente norte americana atingiu um nível inédito de 6 do PIB em meados da década consulte a Figura 132 e o dólar começou a depreciar consulte a Figura 197 Os preços dos imó veis também aumentaram em muitos países fora dos Estados Unidos desde o Reino Unido até a Espanha e a Estônia e esses países como os Estados Unidos tam bém tenderam a apresentar maiores déficits comerciais De fato durante os anos após 1999 o padrão dos desequilíbrios externos globais aumentou acentuada mente A Figura 199 dá uma imagem desse processo É útil pensar nas entradas negativas na figura as entra das do déficit como apresentando demandas líquidas pela poupança global enquanto as entradas positivas as entradas de excedentes mostram as ofertas líquidas da poupança poupança excedendo as necessidades de investimento interno Em um equilíbrio para os merca dos financeiros globais a demanda mundial por pou panças é igual à oferta mundial que é outra maneira de dizer que os saldos de conta corrente de todos os países devem totalizar zero Do lado da demanda a explosão dramática do déficit em conta corrente dos Estados Unidos foi o fator dominante Como a conta corrente é igual a pou pança menos o investimento um grande déficit dos Estados Unidos significava que o investimento norte americano em efeito uma demanda por poupança excedia em muito a oferta de poupança gerada pelas famílias empresas e unidades governamentais norte americanas Contribuindo também para a demanda mundial pela poupança embora em uma escala muito menor havia a demanda dirigida ao investi mento vinda dos países em rápido desenvolvimento da Europa central e leste europeu ver Figura 199 A característica intrigante dos dados é que con forme o déficit dos Estados Unidos aumentava refle tindo um aumento na demanda norte americana pela poupança mundial a taxa de juros real de longo prazo dos Estados Unidos caía continuando um pro cesso que havia começado em torno de 2000 quando a crise das ponto com reduziu a demanda de inves FIGURA 199 Desequilíbrios externos globais 19992012 Durante os anos 2000 o grande aumento do déficit em conta corrente dos Estados Unidos foi financiado pelo aumento dos excedentes de países da Ásia principalmente China América Latina e países exportadores de petróleo Depois de 2007 os desequilíbrios encolheram mas permaneceram substanciais Superávit em contacorrente déficit se negativo bilhões de dólares EUA Estados Unidos Europa Central e Leste Europeu Área do euro América Latina e Caribe Ásia recém Industrial Rússia Japão Oriente Médio China s 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 1000 800 600 400 200 0 200 400 600 Fonte Fundo Monetário Internacional banco de dados do World Economic Outlook M19KRUGXXXXC19indd 454 12915 620 PM FIGURA 1910 Taxas de juros reais em longo prazo para os Estados Unidos Austrália e Canadá 19992013 As taxas de juros reais caíram para níveis baixos nos anos 2000 Muitos países seguiram a mesma tendência Fonte Dados financeiros globais As taxas de juros reais são médias móveis de seis meses de observações das taxas de juros mensais em títulos do governo indexados pela inflação de dez anos 456 Economia internacional cautelosos em suas políticas fiscais e também reduzi ram sua vontade de investir Da mesma forma a incer teza econômica no Japão deprimia a demanda por investimentos naquele país Um resultado das políticas econômicas mais conservadoras do mundo em desen volvimento foi a acumulação rápida de reservas em dólar como já mencionado um resultado que forneceu a esses países mais pobres uma proteção bem vinda contra possíveis infortúnios econômicos futuros Para resumir a maior oferta das poupanças de paí ses fora dos Estados Unidos junto com a demanda por investimentos geralmente menor mais do que compensaram os efeitos sobre os mercados finan ceiros globais do maior déficit norte americano em conta corrente O resultado foi uma queda nas taxas de juros globais que contribuiu para a valorização dos preços domésticos globais29 A CRISE FINANCEIRA GlObAl Em agosto de 2007 eclodiu uma grave crise finan ceira dessa vez não nos países em desenvolvimento mas nos mercados de crédito dos Estados Unidos e da Europa A crise se espalhou por todo o mundo cres cendo como uma bola de neve para gerar um pânico financeiro mundial e recessão em 20082009 As raí zes da crise situaram se no mercado norte americano de hipotecas de casas Vamos estudar os aspectos financeiros da crise e sua propagação muito mais por menorizadamente no próximo capítulo Um elemento chave que levou à crise foi o período de taxas de juros reais menores de longo prazo mos trado na Figura 1910 As baixas taxas de juros contri buíram para a elevação dos preços das casas nos Esta dos Unidos e em muitos outros países E nos Estados Unidos levou a práticas muito mais arriscadas entre os credores hipotecários por exemplo empréstimos com amortizações mínimas ou nulas ou com taxas de juros temporariamente baixas como estímulo Para piorar a situação essas hipotecas subprime ou nonprime foram reembaladas e vendidas a outros investidores em todo o mundo os quais tinham pouca ideia em muitos casos dos riscos que estavam correndo Essas taxas de juros reais baixas não poderiam durar para sempre Por fim o consumo dos exporta dores de commodities começou a superar sua renda e a demanda por investimentos do mundo aumen tou Como você pode ver na figura as taxas de juros reais eram baixas de 2003 até o final de 2005 e em seguida subiram agudamente nos Estados Unidos Esse aumento abrupto deixou muitos que tinham contraído empréstimos para comprar casas incapazes de cumprir seus pagamentos de hipoteca mensal Por sua vez os credores dos proprietários tiveram proble mas e a crise de crédito de 2007 entrou em erupção Em níveis mais elevados de taxa de juros muitos dos empréstimos subprime para habitação feitos antes na década de 2000 por credores hipotecários agressivos começaram a parecer que nunca seriam reembol sados Os credores incluindo os bancos ao redor do mundo tiveram então sérias dificuldades em con trair empréstimos próprios Apesar dos cortes das taxas de juros por muitos bancos centrais e outras intervenções financeiras des tinadas a ajudar as economias o mundo entrou em recessão A recessão aprofundou se drasticamente quando a crise financeira intensificou se no outono de 2008 para detalhes ver Capítulo 20 O comércio glo bal contraiu a uma velocidade inicialmente mais rápida do que durante a primeira fase da Grande Depressão30 Os principais países incluindo os Estados Unidos e a China lançaram programas de grande estímulo fiscal enquanto os bancos centrais em muitos casos empur raram suas taxas de juros nominais meta para pró ximo de zero A Figura 142 mostra as taxas de juros nos Estados Unidos e no Japão Embora essas políti cas impedissem que a economia mundial entrasse em queda livre o desemprego aumentou intensamente no mundo ver Tabela 192 e a produção em geral con traiu em 2009 Até 2010 a economia mundial tinha estabilizado mas o crescimento permaneceu morno no mundo industrial o desemprego estava demorando para declinar e a recessão deixou muitos governos com déficits fiscais muito mais altos que não podiam ser mantidos indefinidamente Os desequilíbrios da conta corrente global diminuíram mas permaneceram signi ficativos Nos anos seguintes a 2009 grande parte do mundo em desenvolvimento se recuperou mais robus tamente da crise do que o mundo industrial mas nos 29 O problema 13 no final deste capítulo sugere um quadro econômico simples que vai ajudá lo a pensar nos efeitos das mudanças na de manda mundial e curvas de oferta para a poupança O artigo de Ben Bernanke em Leituras Adicionais oferece uma análise detalhada das baixas taxas de juros reais de meados da década de 2000 30 Para uma comparação fascinante de 2008 e as suas consequências com a Grande Depressão do período entre guerras consulte Barry Eichengreen e Kevin Hjortshøj ORourke What Do the New Data Tell Us Vox Research Based Policy Analysis and Commentary from Leading Economists 8 mar 2010 Disponível em httpwwwvoxeuorgarticletale two depressions what do new data tell us february 2010 updateapr609 Acesso em 6 dez 2014 M19KRUGXXXXC19indd 456 12915 620 PM 457 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica O que foi aprendido desde 1973 No início deste capítulo delineamos os principais elementos do caso das taxas de câmbio flutuantes Tendo examinado os acontecimentos do período recente de taxas flutuantes agora compararemos brevemente a experiência com as previsões feitas antes de 1973 pelos defensores do câmbio flutuante Autonomia da política monetária Não há nenhuma dúvida de que a flutuação deu aos bancos centrais a capacidade de controlar seus supri mentos de dinheiro e escolher suas taxas preferidas de tendência de inflação Como resultado as taxas de câm bio flutuantes permitiram uma divergência internacional muito maior da inflação A depreciação do câmbio com pensou os diferenciais de inflação entre os países durante o período de taxas flutuantes A Figura 1911 compara a depreciação da moeda nacional em face ao dólar com a diferença entre a inflação doméstica e dos Estados Uni dos para as seis maiores economias de mercado indus trial fora dos Estados Unidos A teoria PPC prevê que os pontos na figura deverão situar se ao longo da linha de 45 graus indicando a taxa de câmbio proporcional e as alterações do nível de preço relativo mas esse não é exatamente o caso Embora a Figura 1911 confirme portanto a lição do Capítulo 16 de que a PPC não tem se mantido sempre próxima mesmo durante longos perío dos de tempo ela mostra que em equilíbrio os países com inflação alta tenderam a ter moedas mais fracas do que seus vizinhos com inflação baixa Além disso a maior parte1 da diferença nas taxas de depreciação é causada pelas diferenças de inflação fazendo a PPC ser um fator importante por trás da variabilidade da taxa de câmbio nominal de longo prazo Embora a parte do isolamento da inflação do argu mento de autonomia política seja amplamente apoiada por uma proposta de longo prazo a análise econômica e a expe riência de ambos mostra que no curto prazo os efeitos das mudanças monetárias bem como fiscais são transmiti dos através de fronteiras nacionais sob taxas flutuantes O modelo macroeconômico de dois países desenvolvido ante riormente por exemplo mostra que a política monetária afeta a produção no curto prazo tanto em âmbito nacional quanto no exterior uma vez que altera a taxa de câmbio real Os céticos com relação à flutuação portanto tinham razão em afirmar que as taxas flutuantes não isolariam os países completamente de choques da política externa Simetria Como os bancos centrais continuaram a manter as reservas de dólar e a intervir o sistema monetário interna cional não se tornou simétrico após 1973 O euro ganhou importância como uma moeda de reserva internacional e a libra britânica recuou mas o dólar manteve se como o componente principal das reservas oficiais da maioria dos bancos centrais O economista Ronald McKinnon da Universidade de Stanford tem argumentado que o sistema de taxas flutu antes atual é semelhante em alguns aspectos ao sistema assimétrico de moeda de reserva subjacente aos acordos de Bretton Woods31 Ele sugere que as alterações na oferta de moeda do mundo teriam sido amortecidas sob um Estados Unidos na Europa e no Japão a recuperação da pior crise global desde a Grande Depressão permane ceu parada e frágil Como as políticas monetárias dos países industrializados permaneceram ultraflexíveis por muito tempo depois que os países em desenvol vimento começaram a se preocupar novamente com a inflação as moedas desses últimos sofreram valoriza ção causando problemas para os exportadores desses países Formuladores de políticas em países como o Brasil acusaram os países mais ricos de lançarem guer ras monetárias políticas monetárias fáceis que esta vam forçando os países mais pobres a escolher entre taxas de câmbio menos competitivas e inflação No Japão a deflação continuada finalmente levou em 2013 após mais de duas décadas de cres cimento econômico letárgico a um plano ambicioso para revitalizar a economia e controlar uma dívida pública bruta que tinha crescido para mais de duas vezes o tamanho do PIB Um componente do plano foi uma promessa do Banco do Japão de dobrar a oferta de moeda rapidamente e assim aumen tar a taxa de inflação O sucesso final dessa inicia tiva ousada ainda era desconhecido no momento da escrita deste capítulo Segundo os aspectos que vamos analisar no Capítulo 21 a recuperação da área do euro estagnou e inverteu quando uma crise exis tencial entrou em erupção no final de 2009 A crise do euro foi impulsionada pelo crescimento lento desemprego problemas bancários e altas dívidas públicas legadas pela crise global de 20072009 e também permaneceu não resolvida até o momento da redação deste texto 31 Ronald I McKinnon An International Standard for Monetary Stabilization Policy Analyses in International Economics v 8 Washington DC Institute for International Economics 1984 M19KRUGXXXXC19indd 457 12915 620 PM 458 Economia internacional FIGURA 1911 Tendências da taxa de câmbio e diferenciais de inflação 19732012 Variação percentual no preço da moeda estrangeira em dólar norteamericano 19732012 Variação percentual no nível de preços estrangeiros menos mudança percentual no nível de preços dos Estados Unidos 19732012 100 50 0 50 100 150 200 100 50 0 50 45 100 150 200 França Itália GrãBretanha Canadá Alemanha Japão Fonte Fundo Monetário Internacional e dados financeiros globais Ao longo do período de taxas flutuantes como um todo uma inflação mais elevada foi associada com maior depreciação da moeda A relação exata prevista pela PPC relativa no entanto não se manteve para a maioria dos países A diferença de inflação no eixo horizontal é calculada como π πEUA 1 πEUA100 usando a relação exata de PPC relativa dada na nota de rodapé 1 mecanismo de correção monetária mais simétrico Nos anos 2000 a política da China de limitar a valorização da sua moeda contra o dólar levou à acumulação de vastas reservas de dólar possivelmente reforçando o crescimento econômico em todo o mundo que precedeu a crise finan ceira de 20072009 Como resultado alguns economistas têm caracterizado o período do início e meados da década de 2000 como um sistema de Bretton Woods revivido32 taxas de câmbio como estabilizadores automáticos A economia mundial sofreu grandes mudanças estruturais desde 1973 Como esses desvios alteraram os preços relativos da produção nacional Figura 197 é duvidoso que qualquer padrão de taxas de câmbio fixas seria viável sem algumas mudanças significativas de paridade As economias industriais certamente não teriam resistido aos dois choques do petróleo como resistiram enquanto defenderam as taxas de câm bio fixas Na ausência de controles de capital os ata ques especulativos semelhantes aos que derrubaram o sistema de Bretton Woods teriam ocorrido perio dicamente como demonstrou a experiência recente Contudo sob câmbio flutuante muitos países foram capazes de relaxar os controles de capital estabeleci dos anteriormente O afrouxamento progressivo dos controles impulsionou o crescimento rápido de um setor financeiro global e permitiu aos países alcança rem maiores ganhos de comércio intertemporais e de comércio de bens Os efeitos da expansão fiscal dos Estados Unidos após 1981 ilustram as propriedades de estabilização de uma taxa de câmbio flutuante Como o dólar sofreu valori zação a inflação dos Estados Unidos foi lentificada os consumidores norte americanos sentiram uma melhora em seus termos de comércio e a recuperação econômica se espalhou para o exterior A valorização do dólar depois de 1981 também ilustra um problema com a visão de que as taxas flutu 32 Veja Michael Dooley David Folkerts Landau e Peter Garber In ternational Financial Stability Asia Interest Rates and the Dollar 2 ed Nova York Deutsche Bank Securities Inc 2008 M19KRUGXXXXC19indd 458 12915 620 PM 459 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica antes podem amortecer a economia das reais perturba ções como as mudanças na demanda agregada Muito embora a produção global e o nível de preços possam ser minorados alguns setores da economia podem ser prejudicados Por exemplo embora a valorização do dólar tenha ajudado a transmitir a expansão fiscal dos Estados Unidos para o exterior na década de 1980 ela piorou a situação da agricultura norte americana que não se beneficiou diretamente da maior demanda do governo As alterações da taxa de câmbio real podem provocar danos ao trazer problemas de regulação exces siva em alguns setores e gerar a necessidade de aumento da proteção As mudanças permanentes nas condições do mer cado de bens requerem ajustes eventuais nas taxas de câmbio reais que podem ser acelerados por um sistema de taxas flutuantes A intervenção cambial estrangeira nas taxas de câmbio nominais indexadas não pode impedir esse ajustamento eventual porque o dinheiro é neutro no longo prazo e portanto impotente para alte rar os preços relativos permanentemente Os eventos da década de 1980 mostram no entanto que se é caro para os fatores de produção se moverem entre os setores da economia há um motivo para atrelar as taxas em face de choques de mercado de produção temporários Infe lizmente essa lição deixa os responsáveis pelas decisões políticas com a difícil tarefa de determinar quais pertur bações são temporárias e quais são permanentes balança externa Como a Figura 199 deixou claro o sistema de taxas de câmbio flutuantes não impediu as persistentes e gran des partidas da balança externa Na verdade a recusa da China em permitir uma flutuação livre de sua própria moeda é parte da história dos grandes desequilíbrios globais da década de 2000 Se o yuan chinês tivesse sido livre para valorizar no mercado cambial os excedentes da China e os déficits correspondentes em outros lugares no mundo poderiam ter sido menores Mas mesmo antes do surgimento da China como uma potência econômica mundial e antes da criação do euro os grandes déficits e superávits de conta corrente como o déficit dos Estados Unidos da década de 1980 e os superávits persistentes do Japão decerto ocorreram Os mercados financeiros foram evidentemente capa zes de conduzir a taxas de câmbio para longe de valo res consistentes com a balança externa como sugerido pela Figura 197 para o caso do dólar Sob flutuação os desequilíbrios externos persistiram por anos antes de as taxas de câmbio serem ajustadas Grandes oscilações nas taxas de câmbio reais que deixam os países longe da balança externa são chamadas de desalinhamentos e frequentemente inspiram as pressões políticas para a proteção contra as importações O problema da coordenação política Problemas de coordenação política internacional claramente não desapareceram sob taxas de câmbio flu tuantes O problema de resolver os desequilíbrios glo bais fornece um bom exemplo no sentido de que a ação unilateral por países deficitários para reduzir os desequi líbrios conduziria à deflação global enquanto os países superavitários têm poucos incentivos para evitar esse resultado pelo aumento da demanda interna e valoriza ção de suas moedas Existem outros exemplos que são talvez ainda mais impressionantes no sentido de que todos os países cla ramente se beneficiariam se pudessem fazer um acordo e coordenar suas políticas em vez de agirem por conta própria adotando a tendência beggar thy neighbor Por exemplo durante a desinflação do início de 1980 os países industrializados como um grupo poderiam ter alcançado seus objetivos macroeconômicos mais efeti vamente se negociassem uma abordagem conjunta para os objetivos comuns O Apêndice deste capítulo apre senta um modelo formal baseado nesse exemplo para ilustrar como todos os países podem ganhar com uma coordenação política internacional Outro exemplo vem da resposta fiscal global para a recessão que causou a crise de 20072009 Vimos no início deste capítulo e no Capítulo 17 que quando um país gera despesas governamentais parte do impacto expansionista dissemina se para o exterior No entanto o país vai pagar o custo da política sob a forma de um maior déficit governamental Uma vez que os países não internalizam todos os benefícios de suas próprias expan sões fiscais mas pagam o custo total eles adotarão muito pouco delas em uma recessão global Entretanto se os países pudessem negociar um acordo em conjunto para expandir talvez fossem mais eficazes na luta contra a recessão e eles poderiam até mesmo conseguir reduzir os custos fiscais A resposta à crise de 20072009 foi discutida periodicamente pelas nações do Grupo dos 20 G20 um agrupamento informal de líderes industriais e de países em desenvol vimento incluindo Argentina Brasil China Índia e Rússia Nas fases iniciais da crise houve acordo gene ralizado sobre a resposta fiscal no âmbito do G20 Mais tarde conforme os países apresentaram taxas de recupe ração mais divergentes a coordenação política tornou se mais difícil e as reuniões do G20 produziram poucos resultados concretos M19KRUGXXXXC19indd 459 12915 620 PM 460 Economia internacional As taxas de câmbio fixas chegam a ser uma opção para a maioria dos países Existe alguma alternativa prática às taxas de câmbio flutuantes quando os mercados financeiros estão abertos ao comércio internacional A experiência pós Bretton Woods sugere uma hipótese extrema acordos de taxas de câmbio fixas duráveis podem não ser sequer possíveis Em um mundo integrado financeiramente em que os fundos podem mudar instantaneamente entre os mercados finan ceiros nacionais as taxas de câmbio fixas não podem ser mantidas de modo real em longo prazo a menos que o país esteja disposto a manter controles sobre os movimen tos de capitais como a China faz ou no outro extremo mover para uma moeda única compartilhada com os seus parceiros monetários como na Europa Sem essas medi das o argumento se esvai as tentativas de fixar as taxas de câmbio terão necessariamente falta de credibilidade e serão relativamente curtas Você vai reconhecer que essas previsões resultam do trilema33 Essa visão pessimista das taxas de câmbio fixas baseia se na teoria de que as crises monetárias especu lativas podem pelo menos em parte ser eventos autor realizáveis ver Capítulo 18 De acordo com esse ponto de vista mesmo um país seguindo políticas monetárias e fiscais prudentes não está seguro contra ataques espe culativos em sua taxa de câmbio fixa Uma vez que o país encontre um revés econômico como eventualmente deve ocorrer os especuladores irão atacar forçando as taxas de juros domésticas para as alturas e infligindo sofrimento econômico suficiente para que o governo opte por abandonar sua meta de taxa de câmbio Na virada do século XXI os ataques especulativos nas taxas de câmbio fixas na Europa Leste Asiático e em outros lugares estavam ocorrendo com frequên cia aparentemente crescente O número e as circunstân cias dessas crises concederam plausibilidade cada vez maior para o argumento de que é impossível atrelar valores de moeda por muito tempo mantendo os mer cados de capitais abertos e a soberania política nacio nal Além disso muitos países fora do mundo industrial têm permitido maior flexibilidade da taxa de câmbio nos últimos anos e aparentemente se beneficiado dessa estratégia como veremos no Capítulo 22 Alguns países parecem estar se movendo em direção de maior con trole sobre os fluxos financeiros transfronteiriços ou de sacrifícios mais drásticos da autonomia monetária por exemplo a adoção do euro É bem provável que aspec tos ligados à coordenação política serão confrontados no futuro dentro de um sistema em que países diver sos escolhem regimes de política diferentes sujeitos aos condicionantes do trilema monetário resUmo 1 Em uma economia aberta os responsáveis pelas decisões tentam manter o equilíbrio interno pleno emprego e um nível de preços estável e o equilíbrio externo um nível de conta corrente que não seja tão negativo que faça com que o país seja incapaz de pagar suas dívidas externas nem tão positivo que faça com que os estrangeiros sejam colocados nessa posição A definição da balança externa depende de uma série de fatores incluindo regime das ta xas de câmbio e condições econômicas mundiais Como as políticas macroeconômicas de cada país têm repercussões no exterior a capacidade de o país alcançar o equilíbrio interno e externo varia de acordo com as políticas que ou tros países escolhem adotar Um país com déficits grandes e persistentes pode parecer estar a violando a sua restri ção orçamentária intertemporal colocando o em perigo de enfrentar uma parada brusca na concessão de emprésti mos estrangeiros 2 As limitações dos regimes cambiais alternativos podem ser compreendidas em termos do trilema monetário da economia aberta que afirma que os países devem esco lher duas das três características seguintes de um sistema de política monetária estabilidade da taxa de câmbio li berdade de fluxos financeiros transfronteiriços e autono mia de política monetária 3 O sistema padrão ouro continha um mecanismo automá tico poderoso para garantir o equilíbrio externo o meca nismo de preço espécie fluxo Os fluxos de ouro que acom panham os déficits e superávits causaram mudanças de preço que reduziram os desequilíbrios de conta corrente e portanto tenderam a levar todos os países de volta ao equilíbrio externo No entanto o desempenho do sistema em manter o equilíbrio interno foi heterogêneo Com a erupção da Primeira Guerra Mundial em 1914 o padrão ouro foi suspenso 33 Para uma declaração inicial da hipótese de que as taxas de câmbio fixas combinadas com capital móvel podem ser instáveis consulte Maurice Obstfeld Floating Exchange Rates Experience and Prospects Brookings Papers on Economic Activity v 2 p 369450 1985 Para dis cussões mais recentes consulte Barry Eichengreen International Monetary Arrangements for the 21st Century Washington DC Brookings Institution 1994 Lars E O Svensson Fixed Exchange Rates as a Means to Price Stability What Have We Learned European Economic Review v 38 p 447468 maio 1994 Maurice Obstfeld e Kenneth Rogoff The Mirage of Fixed Exchange Rates Journal of Economic Pers pectives v 9 p 7396 out 1995 e o livro de Klein e Shambaugh em Leituras Adicionais M19KRUGXXXXC19indd 460 12915 620 PM 461 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica 4 Tentativas de retorno ao padrão ouro pré guerra após 1918 foram infrutíferas Conforme a economia mun dial mudou para uma depressão geral depois de 1929 o padrão ouro restaurado se desfez e a integração econômi ca internacional enfraqueceu Nas condições econômicas turbulentas do período os governos fizeram da balança interna sua principal preocupação e tentaram evitar o problema de equilíbrio externo fechando parcialmente suas economias ao resto do mundo O resultado foi uma economia mundial em que as situações de todos os países poderiam ter sido superadas mediante a cooperação inter nacional 5 Os arquitetos do Fundo Monetário Internacional FMI es peravam projetar um sistema de taxas de câmbio fixas que incentivaria o crescimento do comércio internacio nal respeitando sempre as exigências da balança exter na suficientemente flexível que pudessem ser atendidas sem sacrificar o equilíbrio interno Para esse efeito a carta do FMI forneceu facilidades de financiamento para países deficitários e permitiu ajustes de taxa de câmbio em condições de desequilíbrio fundamental Todos os países atrelaram suas moedas ao dólar Os Estados Uni dos atrelaram ao ouro e concordaram em trocar ouro por dólares com bancos centrais estrangeiros ao preço de US 35 por onça 6 Depois da conversibilidade da moeda ser restaurada na Europa em 1958 os mercados financeiros dos países tornaram se mais estreitamente integrados a política monetária tornou se menos eficaz exceto para os Esta dos Unidos e os movimentos em reservas internacionais tornaram se mais voláteis Essas mudanças revelaram um ponto fraco importante no sistema Para alcançar o equilíbrio interno e externo ao mesmo tempo políticas de comutação de despesas bem como de mudança de des pesas foram necessárias Mas a possibilidade de políticas de alternância de despesas variações cambiais poderia dar origem a fluxos financeiros especulativos que preju dicariam as taxas de câmbio fixas Como o país da moe da de reserva principal os Estados Unidos enfrentaram um problema de equilíbrio externo único o problema de confiança que surgiria conforme as participações de dólar oficial estrangeiro cresciam inevitavelmente para exceder as participações do ouro nos Estados Unidos Uma série de crises internacionais levou a fases de abandono em março de 1973 da ligação entre o dólar e o ouro e das taxas de câmbio fixas em dólar para os países industrializados 7 Antes de 1973 os pontos fracos do sistema de Bretton Woods levaram muitos economistas a defender a taxas de câmbio flutuantes Eles tinham quatro argumentos principais em favor da flutuação Primeiro argumen tavam que as taxas flutuantes dariam aos legisladores da política macroeconômica nacional maior autonomia na gestão de suas economias Segundo previram que a taxas flutuantes removeriam as assimetrias do regime de Bretton Woods Terceiro salientaram que as taxas de câmbio flutuantes eliminariam rapidamente os desequi líbrios fundamentais que levaram às mudanças de pari dade e aos ataques especulativos sob taxas fixas Quarto alegaram que esses mesmos movimentos das taxas de câmbio poderiam prevenir grandes saídas persistentes do equilíbrio externo 8 Nos primeiros anos da flutuação as taxas flutuantes pare ciam em geral funcionar bem Em particular é improvável que os países industriais teriam podido manter taxas de câmbio fixas em face da estagflação causada pelos dois choques do petróleo No entanto o dólar sofreu uma de preciação acentuada após 1976 conforme os Estados Uni dos adotaram políticas macroeconômicas mais expansio nistas do que as de outros países industrializados 9 Uma reviravolta acentuada em direção a um crescimento monetário mais lento nos Estados Unidos junto com um déficit orçamentário crescente do governo dos Estados Unidos contribuiu para a valorização maciça do dólar en tre 1980 e início de 1985 Outras economias industriais perseguiram a desinflação junto com os Estados Unidos e a desaceleração monetária resultante em todo o mun do vindo logo após o segundo choque do petróleo le vou a uma recessão profunda Conforme a recuperação da recessão ia se lentificando no fim de 1984 e a conta corrente dos Estados Unidos começava a registrar défi cit recorde a pressão política para restrições comerciais abrangentes começou a ganhar corpo em Washington No Hotel Plaza em Nova York em setembro de 1985 os Estados Unidos e quatro outros grandes países industria lizados concordaram em adotar uma ação orquestrada para derrubar o dólar 10 A estabilidade cambial foi minimizada como meta política principal nos anos 1990 e 2000 Em vez disso os governos objetivaram a meta de baixa inflação doméstica manten do o crescimento econômico Após 2000 os desequilíbrios externos globais aumentaram drasticamente Nos Esta dos Unidos e em outros países os déficits externos foram associados a aumentos rápidos nos preços da habitação Quando eles entraram em colapso a partir de 2006 o sis tema financeiro mundial parou e a economia mundial en trou em recessão profunda 11 Uma lição inequívoca dessas experiências parece ser que nenhum sistema de taxa de câmbio funciona bem quando a cooperação econômica internacional fracassa Limites intensos à flexibilidade da taxa de câmbio entre as princi pais moedas não são susceptíveis de ser reintegrados no futuro próximo Mas a maior troca de informações entre os legisladores internacionais deve melhorar o desempenho do sistema monetário internacional M19KRUGXXXXC19indd 461 12915 620 PM 462 Economia internacional tERMOS ChAvE problemas acordo de Bretton Woods p 435 equilíbrio da balança de pagamentos p 430 equilíbrio externo p 422 equilíbrio interno p 422 estagflação p 448 Fundo Monetário Internacional FMI p 435 índices de taxa de câmbio nominal e real efetiva p 449 mecanismo de preço espécie fluxo p 430 1 Se você fosse responsável por políticas macroeconômicas em uma economia aberta pequena que efeito qualitativo cada um dos seguintes eventos teria em sua meta para a balança externa a Grandes depósitos de urânio são descobertos no interior do seu país b O preço mundial de seu principal bem de exportação o cobre aumenta permanentemente c O preço mundial do cobre aumenta temporariamente d Há um aumento temporário do preço mundial do petróleo 2 Sob um padrão ouro do tipo analisado por Hume descreva como o equilíbrio da balança de pagamentos entre os dois países A e B seria restaurado após uma transferência de renda de B para A 3 Apesar das falhas do padrão ouro pré 1914 alterações da taxa de câmbio eram raras para os países do núcleo in cluindo os países mais ricos da Europa e os Estados Unidos Em contrapartida essas mudanças tornaram se frequentes no período entre guerras Você pode pensar em razões para esse contraste 4 Sob um padrão ouro os países podem adotar políticas monetárias excessivamente contracionistas já que todos os países lutam em vão por uma parcela maior da oferta li mitada de reservas de ouro do mundo O mesmo problema pode surgir sob um padrão de moeda de reserva quando os títulos denominados em moedas diferentes são todos substitutos perfeitos 5 Um banco central que adota uma taxa de câmbio fixa pode sacrificar sua autonomia na definição da política monetária interna Às vezes argumenta se que quando esse for o caso o banco central também abre mão da capacidade de usar a política monetária para combater a espiral salários preços O argumento é assim Suponha que os empregados de mandem salários mais elevados e os patrões cedam mas os empregadores em seguida elevem os preços da produção para cobrir seus custos mais elevados Agora o nível de pre ço é mais elevado e os saldos reais são momentaneamente inferiores então para evitar um aumento da taxa de juros que valorizaria a moeda o banco central deve comprar di visas estrangeiras e expandir a oferta de moeda Essa ação acomoda as demandas salariais iniciais com crescimento moeda conversível p 436 parada súbita p 424 política de mudança nas despesas p 440 política de troca de despesas p 440 problema de confiança p 442 restrição orçamentária intertemporal p 424 trilema monetário p 428 monetário e a economia se move permanentemente para um nível mais alto de salários e preços Com uma taxa de câmbio fixa é portanto impossível manter os salários e os preços para baixo O que há de errado com esse argumento 6 Suponha que o banco central de um pequeno país com uma taxa de câmbio fixa seja confrontado por um aumento da taxa de juros mundial R Qual é o efeito em suas participa ções de reserva E na sua oferta de moeda É possível com pensar qualquer um desses efeitos por meio de operações domésticas de mercado aberto 7 Como as restrições às transações da conta financeira pri vada podem alterar o problema de alcançar o equilíbrio in terno e externo com uma taxa de câmbio fixa Que custos podem envolver tais restrições 8 No quadro sobre a Nova Zelândia derivamos uma equação mostrando como o IIP muda ao longo do tempo IIPt 1 1 r iipt nxt1 g Mostre que se g PIBt 1 PIBtPIBt é a taxa de crescimento de produção nominal PIB e as variá veis em minúsculas denotam proporções do PIB nominal como no capítulo podemos expressar essa mesma equa ção da seguinte forma iip r iip nx g 1 1 t t t 1 Use essa fórmula para encontrar a relação das exportações líquidas para o PIB que mantém a proporção IIP para o PIB iip constante ao longo do tempo 9 Você é um conselheiro econômico para o governo da China em 2008 O país tem um superávit de conta corrente e en frenta pressões inflacionárias crescentes a Mostre a localização da economia chinesa em um diagra ma como a Figura 193 b Qual seria seu conselho sobre como as autoridades devem alterar a taxa de câmbio do yuan renminbi Qual seria seu conselho sobre a política fiscal A esse res peito você tem três conjuntos de dados primeiro o superá vit em conta corrente é grande 9 acima do PIB Segundo a China hoje fornece um nível bastante baixo de serviços do governo a seu povo Terceiro o governo da China gostaria de atrair trabalhadores rurais do campo para emprego na fabricação então as autoridades chinesas preferem amor M19KRUGXXXXC19indd 462 12915 620 PM 463 Capítulo 19 Sistemas monetários internacionais uma visão histórica tecer qualquer impacto negativo de seu pacote de política sobre o emprego urbano 10 Use o modelo DDAA para examinar os efeitos de um único aumento no nível de preços estrangeiros P Se a taxa de câmbio futura esperada Ee cai imediatamente na propor ção a P em consonância com PPC mostre que a taxa de câmbio também valorizará imediatamente na proporção do aumento P Se a economia estiver inicialmente em equilí brio interno e externo sua posição será perturbada por tal aumento em P 11 Se a taxa de inflação estrangeira subir permanentemente você esperaria que uma taxa de câmbio flutuante isolasse a economia doméstica no curto prazo O que aconteceria em longo prazo Ao responder à última questão preste atenção à relação entre as taxas de juros nominais internas e exter nas de longo prazo 12 Imagine que os títulos de moeda nacional e estrangeira são substitutos imperfeitos e que os investidores de repente mudam sua demanda para títulos de moeda estrangeira elevando o prêmio de risco dos ativos internos Capítulo 18 Qual é o regime de taxa de câmbio que minimiza o efei to na produção fixa ou flutuante 13 O estudo de caso Transformação e crise na economia mun dial discutiu os grandes desequilíbrios globais dos anos 2000 e sugeriu que é possível analisar os fatores que deter minam taxas de juros reais do mundo em termos do equi líbrio entre a demanda mundial pela poupança a fim de financiar o investimento e a oferta mundial da poupança assim como em uma economia fechada como o mundo Como um primeiro passo para a formalização de uma análi se considere que não existem diferenças internacionais nas taxas de juros reais por causa de alterações da taxa de câm bio real esperada Por exemplo você pode supor que sua análise é de longo prazo em que é esperado que as taxas de câmbio reais permaneçam em seus níveis de longo prazo Como segundo passo suponha que uma maior taxa de ju ros real reduza o investimento desejado e eleva a poupança desejada em todo o mundo Você pode em seguida elabo rar uma imagem simples do quadro de oferta e demanda de equilíbrio do mercado de capitais mundial em que as quantidades economizadas ou investidas estão no eixo horizontal e a taxa de juros real no eixo vertical Em tal con texto como um aumento na poupança mundial definida da maneira usual como um deslocamento para fora no esque ma inteiro de oferta de poupança afetaria a poupança os investimentos e a taxa de juros real de equilíbrio Relacione sua discussão ao último estudo de caso no capítulo e do ar tigo de Ben S Bernanke nas Leituras adicionais Para uma exposição clássica de um modelo semelhante consulte Lloyd A Metzler The Process of International Adjustment under Conditions of Full Employment A Keynesian View In Richard E Caves e Harry G Johnson Eds Readings in International Economics Homewood IL Richard D Irwin Inc for the American Economic Association 1968 p 465486 14 O capítulo sugeriu que como os grandes aumentos de pre ços do petróleo transferem renda para países que não po dem aumentar rapidamente seu consumo ou investimento e portanto devem economizar suas receitas extraordiná rias as taxas de juros reais do mundo caem no curto prazo Reúna dados sobre a taxa de juros real dos Estados Unidos para 19701976 um período que inclui o primeiro choque de petróleo da OPEP Como a taxa de juros real dos Estados Unidos se comportou Você pode assumir que as taxas de inflação esperadas eram iguais à inflação real 15 Observamos neste capítulo que os bancos centrais estran geiros especialmente na Ásia acumularam grandes reservas estrangeiras de dólar após 2000 Uma preocupação persis tente era que os bancos centrais temendo a depreciação do dólar passassem suas reservas de dólares para euros Mostre que essa ação seria equivalente a uma enorme venda este rilizada de dólares no mercado cambial Quais poderiam ser os efeitos Certifique se de explicitar sua suposição sobre a substitutibilidade perfeita versus imperfeita de ativos 16 A Austrália assim como seu vizinho Nova Zelândia teve uma longa sequência de déficits em conta corrente e é um devedor internacional Acesse o site do Australian Bureau of Statistics em httpwwwabsgovauAUSSTATS e encontre os dados de que você precisa para realizar uma análise de sustentabilidade externa da conta corrente como aque le feito para a Nova Zelândia no capítulo Você vai precisar de dados a partir de 1992 por PIB nominal o IIP a conta corrente e o saldo em bens e serviços NX de time series spreadsheets O objetivo do exercício é descobrir a taxa de juros r em IIP que estabiliza a relação IIPPIB em seu valor mais recente tendo em conta a média histórica de NX e a média histórica de crescimento do PIB nominal todos des de 1992 Aviso este é um exercício desafiador em que você necessita navegar no sistema de dados australianos e julgar os dados mais apropriados para usar tendo em conta o que você aprendeu no Capítulo 13 leitUras adicionais AHAMED L Lords of Finance The Bankers Who Broke the World New York Penguin Press 2009 Relato histórico vívido sobre as crises monetá rias internacionais entre as guerras mundiais do século XX BERNANKE B S The Global Saving Glut and the US Current Account Deficit Sandridge Lecture 10 mar 2005 Disponível em wwwfede ralreservegovboarddocsspeeches2005200503102defaulthtm Acesso em 6 dez 2014 Diagnóstico do Presidente da Reserva Fede ral sobre as taxas de juros reais de meados da década de 2000 BLANCHARD O J MILESI FERRETTI G M Why Should Current Account Balances Be Reduced IMF Economic Review v 60 p 139 150 abr 2012 Os autores oferecem uma pesquisa concisa e atuali zada dos perigos dos déficits muito grandes de conta corrente e dos excedentes M19KRUGXXXXC19indd 463 12915 620 PM 464 Economia internacional CLARIDA R H G3 Exchange Rate Relationships A Review of the Record and Proposals for Change Princeton Essays in International Econo mics 219 International Economics Section Department of Econo mics Princeton University set 2000 Revisão crítica das várias pro postas de zonas alvo para limitar os movimentos da taxa de câmbio CORDEN W M The Geometric Representation of Policies to Attain Inter nal and External Balance Review of Economic Studies v 28 p 122 jan 1960 Uma análise diagramática clássica de comutação das despe sas e das políticas macroeconômicas de mudança de despesas EICHENGREEN B Globalizing Capital A History of the International Monetary System 2 ed Princeton Princeton University Press 2008 Visão compacta e perspicaz da história monetária internacional desde o padrão ouro até os dias atuais FRIEDMAN M The Case for Flexible Exchange Rates In Essays in Posi tive Economics Chicago University of Chicago Press 1953 p 157203 Uma exposição clássica dos méritos das taxas de câmbio flutuantes GAGNON J E Flexible Exchange Rates for a Stable World Economy Washington DC Peterson Institute for International Economics 2011 O autor apresenta um caso atualizado da flexibilidade da taxa de câmbio KINDLEBERGER C P The World in Depression 19291939 Ed rev Berkeley LosAngeles University of California Press 1986 Um economista líder internacional examina as causas e os efeitos da Grande Depressão KLEIN M W SHAMBAUGH J C Exchange Rate Regimes in the Modern Era Cambridge MA MIT Press 2010 Análise abrangente das causas e consequências dos regimes cambiais alternativos OBSTFELD M The International Monetary System Living with Asym metry In R C FEENSTRA A M TAYLOR Eds Globalization in an Age of Crisis Multilateral Cooperationin the Twenty First Century Chicago University of Chicago Press 2014 p 301336 Visão geral do sistema monetário internacional à luz da crise financeira global OBSTFELD M TAYLOR A M Global Capital Markets Integration Crisis and Growth Cambridge UK Cambridge University Press 2004 Visão geral das ligações entre a integração financeira internacional e os regimes de taxa de câmbio SOLOMON R The International Monetary System 19451981 New York Harper Row 1982 Excelente crônica do período Bretton Woods e os primeiros anos do câmbio flutuante O autor foi chefe da divisão de finanças internacionais da Reserva Federal durante o período que antecedeu a desagregação das taxas de câmbio fixas M19KRUGXXXXC19indd 464 12915 620 PM FIGURA 19A1 Efeitos hipotéticos de combinações de diferentes políticas monetárias sobre a inflação e o desemprego As opções de política monetária em um país afetam os resultados das escolhas de política monetária efetuadas no estrangeiro 466 Economia internacional prego de Estrangeira cai mas como a valorização da moeda de Doméstica é uma depreciação da moeda de Estrangeira a inflação de Estrangeira volta a subir ao seu nível de pré desinflação Em Estrangeira os efeitos deflacionários do aumento do desemprego são com pensados pelo impacto inflacionário de uma moeda em depreciação nos preços de importação e demandas salariais A crise monetária mais intensa de Doméstica portanto tem um efeito de beggar thy neighbor em Estrangeira que é forçada a importar uma inflação de Doméstica Para traduzir os resultados na Figura 19A1 em retor nos políticos supomos que cada governo deseje obter a maior redução da taxa de inflação com o menor custo em termos de desemprego Ou seja cada governo deseja maxi mizar πU a redução da inflação por ponto de aumento do desemprego Os números na Figura 19A1 conduzem para a matriz de retorno mostrada na Figura 19A2 Como Doméstica e Estrangeira se comportam perante os pagamentos nessa matriz Suponha que cada governo vá por sua conta e escolha a política que maximiza seu próprio retorno dada a opção de política do outro país Se Estrangeira adota uma política um pouco restritiva Doméstica se dá melhor com uma política muito restritiva payoff 87 do que com uma pouco restritiva retorno 1 Se Estrangeira é muito restritiva Doméstica fica ainda melhor por ser muito restritiva payoff 56 do que por ser um pouco restritiva retorno 0 Então não importa o que Estrangeira faz o governo de Doméstica sempre escolherá uma política monetária muito restritiva Estrangeira encontra se em uma posição simétrica Ela também fica melhor com uma política muito res tritiva independentemente do que Doméstica fizer O resultado é que ambos os países vão escolher políticas monetárias muito restritivas e cada um receberá um retorno de 56 Observe no entanto que ambos ficam realmente melhores se adotarem simultaneamente as políticas um pouco restritivas O retorno resultante para cada um é 1 que é maior que 56 Sob essa última configuração política a inflação cai menos nos dois países mas o aumento do desemprego é bem menor do que sob condi ções muito restritivas Uma vez que ambos os países são melhores com condi ções um pouco restritivas por que elas não são adotadas A resposta está na raiz do problema da coordenação política Nossa análise assumiu que cada país vai por sua conta maximizando seu próprio retorno Sob essa suposição uma situação em que ambos os países fossem um pouco restriti vos não seria estável cada país iria querer reduzir o seu cres cimento monetário ainda mais e usar sua taxa de câmbio para apressar a desinflação à custa do seu vizinho Para ocorrer o resultado superior no canto superior esquerdo da matriz Doméstica e Estrangeira devem che gar a um acordo explícito ou seja eles devem coordenar suas escolhas políticas Os dois países devem concordar em abrir mão dos ganhos de beggar thy neighbor ofere cidos por políticas muito restritivas e cada país deve res peitar esse acordo apesar do incentivo para trapacear Se Doméstica e Estrangeira podem cooperar ambos acabam com um mix ideal de inflação e desemprego A realidade da coordenação política é mais complexa que nesse exemplo simples porque as escolhas e os resulta dos são mais numerosos e mais incertos Essas complexida des adicionais fazem com que os responsáveis pelas decisões fiquem menos dispostos a comprometerem se em acordos de cooperação e menos certos de que os seus homólogos estrangeiros vão honrar com os termos acordados FIGURA 19A2 Matriz de pagamento para os diferentes movimentos de política monetária 1 1 0 0 8 7 8 7 5 6 5 6 Um pouco restritivas Muito restritivas Um pouco restritivas Muito restritivas Estrangeira Doméstica Cada entrada é igual à redução da inflação por unidade de aumento da taxa de desemprego calculado como ΔπΔU Se cada país vai por sua conta ambos escolheram condições muito restritivas Condições um pouco restritivas se adotadas pelos dois países levam a um resultado melhor para ambos M19KRUGXXXXC19indd 466 12915 620 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 20 globalização financeira crise e oportunidade obJetivos de AprendiZAgem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Compreender a função econômica da diversificação da carteira internacional Explicar os fatores que levam ao crescimento explosivo recente dos mercados financeiros internacionais Analisar os problemas na regulamentação e supervisão dos bancos internacionais e instituições financeiras não bancárias Descrever alguns métodos diferentes que foram usados para medir o grau de integração finan ceira internacional Compreender os fatores que levaram à crise financeira mundial que começou em 2007 Avaliar o desempenho dos mercados de capitais internacionais na vinculação das economias dos países industrializados Se um financista chamado Rip van Winkle tivesse ido dormir na década de 1960 e despertado 50 anos depois ele teria ficado chocado com as mudanças na natureza e na escala da atividade financeira internacional No começo da década de 1960 por exemplo a maioria dos negócios bancários era puramente doméstica envolvendo a moeda e os clientes do país de origem do banco Cinco décadas mais tarde muitos bancos foram derivando uma grande parte de seus lucros de atividades internacionais Para sua surpresa Rip veria que ele consegue localizar agên cias do Citibank em São Paulo Brasil e filiais do Barclays Bank da Grã Bretanha em Nova York Ele também teria descoberto que se tornou rotina para uma filial de um banco norte americano loca lizado em Londres aceitar um depósito denominado em ienes japoneses de uma empresa sueca ou emprestar francos suíços para um fabricante holandês Por fim ele notaria uma participação muito maior das instituições financeiras bancárias nos mercados internacionais e uma enorme expansão no grande volume de transações globais O mercado no qual moradores de diferentes países comercializam ativos é chamado de mer cado internacional de capitais O mercado internacional de capitais não é realmente um mercado único em vez disso é um grupo de mercados estreitamente interligados em que ocorre as trocas de ativos com alguma dimensão internacional Os comércios em moeda internacional realizam se no mercado de câmbio estrangeiro que é uma parte importante do mercado internacional de capitais Os principais intervenientes no mercado internacional de capitais são os mesmos que no cambial Capítulo 14 os bancos comerciais grandes corporações instituições financeiras não bancárias bancos centrais e outras agências governamentais E como o mercado de câmbio estrangeiro as atividades do mercado internacional de capitais ocorrem em uma rede de centros financeiros do mundo ligados por sistemas de comunicação sofisticados Os ativos negociados no mercado internacional de capitais no entanto incluem ações e títulos de países diferentes além de depósitos bancários denominados em suas moedas Este capítulo aborda quatro questões principais sobre o mercado internacional de capitais Primeira como pode essa rede financeira global bem azeitada aumentar os ganhos dos países pelo comércio internacional Segunda o que causou o rápido crescimento na atividade finan ceira internacional desde o início dos anos 1960 Terceira que perigos são apresentados por um mercado de capitais mundial integrado ultrapassando as fronteiras nacionais E quarta como os decisores podem minimizar os problemas gerados pelo mercado de capitais global sem reduzir drasticamente os benefícios que ele oferece M20KRUGXXXXC20indd 467 12915 621 PM 468 Economia internacional Mercado internacional de capitais e os ganhos do comércio Nos capítulos anteriores a discussão dos ganhos do comércio internacional concentrou se nas trocas envol vendo bens e serviços Fornecendo um sistema de paga mentos em todo o mundo que reduz os custos de transa ção os bancos ativos no mercado internacional de capitais ampliam os ganhos do comércio que resultam de câmbios Além disso o mercado internacional de capitais reúne os mutuários e credores em diferentes países a fim de financiar o padrão global dos desequilíbrios de conta corrente Mas a maioria dos negócios que ocorrem no mercado interna cional de capitais são as trocas de bens entre os residentes de países diferentes por exemplo a troca de uma parte do estoque da IBM por alguns títulos do governo britânico Embora tal comércio de ativos seja às vezes ridicularizado como especulação improdutiva na verdade ele leva a ganhos de comércio que podem fazer com que os consu midores de todos os lados se beneficiem três tipos de ganho do comércio Todas as transações entre os residentes de países dife rentes se enquadram em uma das três categorias trocas de bens ou serviços por bens ou serviços trocas de bens ou serviços por ativos e trocas de ativos por ativos A todo momento um país geralmente está realizando tro cas em cada uma dessas categorias A Figura 201 que pressupõe haver os países Doméstica e Estrangeira ilus tra os três tipos de transações internacionais cada uma das quais envolvendo um conjunto diferente de possíveis ganhos do comércio Até agora neste livro discutimos dois tipos de ganhos do comércio Os Capítulos 3 a 8 mostraram que os países podem ganhar por concentrar as atividades de produção naquilo em que são mais eficientes e usar um pouco da sua produção para pagar as importações de outros pro dutos do exterior Esse tipo de ganho do comércio envolve a troca de bens ou serviços por outros bens ou serviços A seta horizontal superior na Figura 201 mostra as trocas de bens e serviços entre Doméstica e Estrangeira Um segundo conjunto de ganhos do comércio resulta das trocas intertemporais que é a troca de bens e serviços por créditos de bens e serviços futuros ou seja por ativos capítulos 6 e 19 Quando um país em desenvolvimento toma emprestado do exterior ou seja vende um título para estrangeiros para que possa importar materiais para um projeto de investimento interno ele está envol vido no comércio intertemporal o comércio que não seria possível sem um mercado internacional de capitais As setas diagonais na Figura 201 indicam as trocas de bens ou serviços por ativos Se Doméstica tem um déficit em conta corrente com Estrangeira por exemplo ela é uma exportadora líquida de ativos para Estrangeira e uma importadora líquida de bens e serviços de Estrangeira A seta horizontal inferior na Figura 201 representa a última categoria de transações internacionais as tran sações de ativos por ativos como a troca de bens imó veis localizados na França por títulos do tesouro dos Estados Unidos Na Tabela 132 que mostra o balanço das contas de pagamentos dos Estados Unidos em 2012 você verá sob a conta financeira tanto uma compra de US 975 bilhões de ativos estrangeiros por residentes dos Estados Unidos quanto uma compra de US 5439 bilhões de ativos dos Estados Unidos por residentes estrangeiros Estes números não incluem derivativos o BEA informa apenas o comércio líquido de deriva dos Então enquanto os Estados Unidos poderiam ter financiado seu déficit em conta corrente simplesmente pela venda de ativos aos estrangeiros e não comprando deles os Estados Unidos e residentes estrangeiros tam bém fizeram trocas puras de ativos Um grande volume de comércio de bens entre países ocorre em parte por que comércios internacionais de ativos como negócios envolvendo bens e serviços podem produzir benefícios para todos os países envolvidos Bens e serviços Bens e serviços Doméstica Estrangeira Ativos Ativos FigUrA 201 Os três tipos de transações internacionais Moradores de diferentes países podem trocar bens ou serviços por outros bens ou serviços bens ou serviços por ativos ou seja por produtos e serviços futuros e ativos por outros ativos Todos os três tipos de câmbio levam a ganhos de comércio M20KRUGXXXXC20indd 468 12915 621 PM 469 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade Enquanto as distinções anteriores podem parecer simples na teoria esteja atento a que no mundo real diferentes tipos de comércio podem ocorrer simulta neamente porque são complementares Por exemplo importadores podem precisar comprar bens estrangei ros com base em crédito de vendedores e pagar depois que venderem mercadorias para consumidores domés ticos Nesse caso a capacidade dos importadores em obter bens hoje em troca de uma promessa de reembolso logo depois uma forma de trocas intertemporais é vital para promover o intercâmbio internacional de bens e serviços Como um segundo exemplo os exportadores podem precisar de recibos de câmbio futuro nos merca dos cambiais a termo Nesse caso numa troca de ativos por ativos moeda estrangeira futura contra moeda doméstica futura reduz os custos dos exportadores de realizar intercâmbios de bens e serviços Aversão ao risco Quando indivíduos selecionam ativos um fator importante nas suas decisões é o grau de risco de retorno de cada ativo Capítulo 14 Mantendo iguais todas as outras variáveis as pessoas não gostam de riscos Os economistas chamam essa propriedade das preferências das pessoas de aversão ao risco O Capítulo 18 mostrou que os investidores aversos ao risco em ativos em moeda estrangeira baseiam sua demanda por um determinado ativo em seu grau de risco como medido por um prêmio de risco além de seu retorno esperado Um exemplo tornará o significado de aversão ao risco mais claro Suponha que ofereçam a você uma aposta na qual você tem 50 de chance de ganhar US 1000 mas tem 50 de chance de perder US 1000 Como você tem chances iguais de ganhar e de perder US 1000 o retorno médio nessa aposta seu valor esperado é 12 US 1000 12 US 1000 0 Se você é averso ao risco não vai aceitar a aposta porque para você a possibilidade de perder US 1000 supera a possibilidade de ganhar mesmo que ambos os resultados sejam igual mente prováveis Apesar de algumas pessoas chamadas de amantes do risco gostarem de correr riscos e aceita rem a aposta há muitas evidências de que o comporta mento de aversão ao risco é a norma A aversão ao risco por exemplo ajuda a explicar a rentabilidade das compa nhias de seguros que vendem as condições que permitem às pessoas proteger a si ou às suas famílias contra os ris cos financeiros de roubo doença e outros percalços Se as pessoas são aversas ao risco valorizam uma carteira ou portfólio de ativos não apenas com base no seu retorno esperado mas também com base no grau de risco de retorno Sob a aversão ao risco por exemplo as pessoas podem estar dispostas a man ter títulos denominados em várias moedas diferentes mesmo que as taxas de juros que eles ofereçam não sejam ligadas pela condição de paridade de juros se o portfólio resultante de ativos oferecer uma combina ção desejável de retorno e risco Em geral uma carteira cujo rendimento varia muito de ano para ano é menos desejável do que uma que ofereça o mesmo retorno médio com apenas leves flutuações de ano a ano Essa observação é básica para compreender por que os paí ses trocam ativos Diversificação de portfólio como motivo para o comércio internacional de ativos O comércio internacional de bens pode fazer ambas as partes se beneficiarem do comércio permitindo lhes reduzir o risco do retorno na sua riqueza O comércio realiza essa redução de risco permitindo que ambas as partes diversifiquem suas carteiras dividir sua riqueza entre um espectro amplo de ativos e assim reduzir a quantidade de dinheiro que eles investiram em cada ativo individual em jogo O falecido economista James Tobin da Universidade de Yale um criador da teoria da escolha de carteira com aversão ao risco uma vez des creveu a ideia de diversificação de portfólio como Não colocar todos seus ovos em um mesmo cesto Quando uma economia está aberta para o mercado internacio nal de capitais pode reduzir o risco de sua riqueza colo cando alguns dos seus ovos nas cestas estrangeiras adicionais Essa redução no risco é o motivo básico para o comércio de bens Um exemplo simples de dois países ilustra como os países são beneficiados pelo comércio de bens Ima gine que há dois países Doméstica e Estrangeira e os moradores de cada um possuem apenas um ativo a terra doméstica produzindo uma colheita anual de kiwis Entretanto o rendimento da terra é incerto Metade do tempo a terra de Doméstica produz uma colheita de 100 toneladas de kiwi ao mesmo tempo em que a terra de Estrangeira produz uma colheita de 50 toneladas A outra metade do tempo os resultados são inverti dos a colheita de Estrangeira é de 100 toneladas mas a colheita de Doméstica é apenas 50 Em média então cada país tem uma colheita de 12 100 12 50 75 toneladas de kiwi mas seus habitantes nunca sabem se o próximo ano trará festa ou fome Agora suponha que os dois países possam fazer comércio de uma parcela da propriedade dos seus respectivos ativos Um proprietário de Doméstica de uma quota de 10 em terra Estrangeira por exem plo recebe 10 da safra anual de kiwi de Estrangeira M20KRUGXXXXC20indd 469 12915 621 PM 470 Economia internacional e um proprietário de Estrangeira de uma quota de 10 no terreno de Doméstica da mesma forma tem direito a 10 da safra de Doméstica O que acontece se o comércio internacional desses dois ativos for per mitido Os residentes de Doméstica vão comprar uma quota de 50 de terras de Estrangeira e vão pagar por isso dando aos residentes de Estrangeira uma quota de 50 em terra de Doméstica Para entender por que esse é o resultado pense nos retornos para os portfólios de Doméstica e Estran geira quando ambos são igualmente divididos entre títulos de terra de Doméstica e Estrangeira Quando os tempos são bons em Doméstica e portanto ruins em Estrangeira cada país ganha o mesmo retorno de sua carteira metade da colheita de Doméstica 100 toneladas de kiwi mais a metade da colheita de Estrangeira 50 toneladas de kiwi ou 75 toneladas de frutas No caso contrário maus momentos em Doméstica bons tempos em Estrangeira cada país ainda ganha 75 toneladas de frutas Se os países man tiverem carteiras divididas igualmente entre os dois ativos portanto cada país ganha um retorno certo de 75 toneladas de frutas tal como a colheita média ou esperada de cada antes de o comércio internacional de ativos ser permitido Uma vez que os dois ativos disponíveis terra de Doméstica e Estrangeira têm o mesmo retorno em média qualquer carteira constituída desses ativos pro duz um retorno esperado ou médio de 75 toneladas de frutas Contudo as pessoas em todos os lugares são aversas ao risco assim todos preferem ter a carteira 50 descrita que dá um retorno garantido de 75 tone ladas de fruta todos os anos Depois que comércio é aberto portanto os moradores dos dois países troca rão títulos de terra até que seja atingido o resultado de 50 Como esse comércio elimina o risco enfrentado por ambos os países sem alterar a média de retornos eles estarão claramente melhores como resultado do comércio de bens O exemplo dado é simplista porque os países na ver dade nunca podem eliminar todos os riscos via comércio internacional de ativos E diferentemente do descrito no modelo o mundo real é mesmo um lugar arriscado no final das contas No entanto o exemplo demonstra que os países podem reduzir o grau de risco da sua riqueza ao diversificar suas carteiras de ativos internacionalmente Uma função importante do mercado internacional de capitais é tornar essa diversificação possível1 O cardápio dos ativos internacionais dívida versus equidade Os comércios internacionais de ativos podem ser tro cas de muitos tipos diferentes de ativos Entre os muitos ativos negociados no mercado internacional de capitais estão os títulos e depósitos denominados em diferentes moedas ações e instrumentos financeiros mais compli cados como as opções de ações ou moeda Uma compra de bens imobiliários estrangeiros e a aquisição direta de uma fábrica em outro país são outras formas de diversi ficação no exterior Ao pensar em comércios de ativos é frequentemente útil fazer uma distinção entre instrumentos de dívida e instrumentos de equidade Títulos e depósitos bancários são instrumentos de dívida uma vez que eles especificam que o emitente do instrumento deve pagar um valor fixo a soma do principal mais juros independentemente das circunstâncias econômicas Em contraste uma quota de ações é um instrumento de capital próprio é uma afirmação de lucros da empresa em vez de um pagamento fixo e seu pagamento irá variar de acordo com as circunstâncias Da mesma forma as ações da fruta kiwi negociadas em nosso exemplo são instrumen tos de capital próprio Escolhendo como dividir suas carteiras entre instrumentos de dívida e de capital pró prio indivíduos e nações podem se organizar para ficar perto do consumo desejado e dos níveis de investimento apesar das diferentes eventualidades que podem ocorrer A linha divisória entre a dívida e o capital próprio não é bem nítida na prática Mesmo que o pagamento em dinheiro do instrumento seja o mesmo em diferentes estados do mundo seu pagamento real em um estado particular dependerá dos níveis de preço nacionais e das taxas de câmbio Além disso os pagamentos que um determinado instrumento promete fazer podem não ocorrer em casos de falência apreensão de ativos de capital estrangeiro pelo governo e assim por diante Ati vos como títulos corporativos de baixo grau que super ficialmente parecem ser de dívida podem na realidade ser como equidade ao oferecer retornos que dependem da evolução financeira duvidosa do emitente O mesmo se revelou verdadeiro para a dívida de muitos países em desenvolvimento como veremos no Capítulo 22 1 O Pós escrito matemático para este capítulo desenvolve um modelo detalhado da diversificação do portfólio internacional Você deve ter nota do que no nosso exemplo os países poderiam reduzir o risco mediante transações que não sejam a troca de ativos que descrevemos O país de produção alta poderia ter um superávit de conta corrente e emprestar ao país de produção baixa por exemplo assim diminuindo parcialmente a diferença de consumo transnacional em cada estado da economia mundial Assim as funções econômicas dos comércios intertemporais e de trocas de ativos puros podem se sobrepor Em certa medida o comércio ao longo do tempo pode substituir o comércio entre estados da natureza e vice versa simplesmente porque diferentes estados econômicos do mundo ocorrem em diferentes pontos cronológicos Mas em geral os dois tipos de comércio não são substitutos perfeitos um para o outro M20KRUGXXXXC20indd 470 12915 621 PM 471 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade Sistema bancário internacional e mercado internacional de capitais O exemplo anterior do kiwi de Doméstica e Estran geira retratou um mundo imaginário com apenas dois ativos Como o número de ativos disponíveis no mundo real é enorme instituições especializadas têm surgido para reunir compradores e vendedores de ativos locali zados em países diferentes A estrutura do mercado internacional de capitais Como observamos os principais intervenientes no mercado internacional de capitais incluem bancos comer ciais empresas instituições financeiras não bancárias como companhias de seguros fundos do mercado mone tário fundos de hedge e fundos de pensões bancos cen trais e outras agências governamentais 1 Bancos comerciais Os bancos comerciais estão no centro do mercado internacional de capitais não só porque eles atuam no mecanismo de pagamentos internacionais mas também pela ampla variedade de atividades financeiras que realizam Os passivos bancários consistem principalmente de depósitos de vários vencimentos bem como da dívida e emprésti mos em curto prazo de outras instituições financei ras enquanto seus ativos consistem principalmente de empréstimos para corporações e governos de pósitos em outros bancos depósitos interfinancei ros e vários outros investimentos incluindo títulos Os bancos multinacionais também estão bastante en volvidos em outros tipos de transações de ativos Por exemplo podem subscrever questões de ações cor porativas e títulos concordando por uma taxa em encontrar compradores para os títulos a um preço garantido Um dos principais fatos sobre o sistema bancário internacional é que os bancos são muitas vezes livres para realizar atividades no exterior que eles não seriam autorizados a prosseguir em seus paí ses de origem Esse tipo de assimetria regulatória tem estimulado o crescimento do sistema bancário inter nacional nos últimos 50 anos 2 Corporações As corporações em particular aque las com operações multinacionais como Coca Cola IBM Toyota e Nike rotineiramente financiam seus investimentos por fontes estrangeiras de fundos Para obter esses fundos as corporações podem ven der quotas de ações que dão aos proprietários uma declaração de capital próprio para ativos ou podem usar o financiamento da dívida O financiamento de dívida muitas vezes assume a forma de empréstimos de e por meio de bancos internacionais ou outros credores institucionais as empresas também vendem papéis comerciais de curto prazo e instrumentos de dívida corporativa no mercado de capitais interna cional As corporações frequentemente denominam seus títulos em moeda do centro financeiro em que os títulos estão sendo oferecidos para venda Contudo cada vez mais as corporações estão perseguindo novas estratégias de denominação que tornam seus títulos atraentes para um espectro mais amplo de po tenciais compradores 3 Instituições financeiras não bancárias As instituições não bancárias como companhias de seguros fun dos mútuos fundos de pensões e fundos de hedge tornaram se importantes atores no mercado interna cional de capitais conforme mudaram para ativos es trangeiros para diversificar suas carteiras Os bancos de investimento são de particular importância pois ape sar de não serem realmente bancos especializaram se em vendas de subscrição de ações e títulos por corpo rações e em alguns casos governos e assessoria em fusões e aquisições além de facilitarem as transações para os clientes entre outras funções Os bancos de investimento podem ser independentes mas na maio ria dos casos pertencem a grandes conglomerados fi nanceiros que incluem também os bancos comerciais Exemplos proeminentes incluem Goldman Sachs Deutsche Bank Citigroup e Barclays Capital 4 Bancos centrais e outras agências governamentais Os bancos centrais estão envolvidos rotineiramente nos mercados financeiros internacionais mediante inter venção cambial Além disso outras agências gover namentais frequentemente pedem emprestado do exterior Os governos de países em desenvolvimento e as empresas estatais têm feito empréstimos subs tanciais de bancos comerciais estrangeiros e regular mente vendem títulos no exterior Em alguma medida a escala das operações no mer cado internacional de capitais tem crescido muito mais rápido do que o PIB mundial desde a década de 1970 Um fator importante nesse desenvolvimento é que começando com o mundo industrial os países têm des mantelado progressivamente as barreiras aos fluxos de capital privados através de suas fronteiras Uma razão importante para esse desenvolvimento está relacionada com os sistemas de taxa de câmbio De acordo com o trilema monetário do Capítulo 19 a ampla adoção de taxas de câmbio flexíveis desde a década de 1970 permitiu que países reconciliassem os M20KRUGXXXXC20indd 471 12915 621 PM 472 Economia internacional mercados de capital abertos com autonomia monetária doméstica Os países membros da união econômica e monetária europeia Capítulo 21 têm seguido uma rota diferente em relação a suas taxas de câmbio mútuas No entanto o euro flutua em relação às moedas estrangeiras e a zona do euro como uma unidade orienta sua política monetária para objetivos macroeconômicos internos permitindo liberdade de pagamentos transfronteiras Sistema bancário offshore e negociação de moeda offshore Uma das características mais difundidas da indústria de operação bancária comercial de hoje é que as ativida des bancárias têm se tornado globalizadas conforme os bancos estabelecem agências fora de seus países de ori gem em centros financeiros estrangeiros Em 1960 ape nas oito bancos norte americanos tinham filiais em países estrangeiros mas agora centenas têm essas sucursais Da mesma forma o número de escritórios de bancos estran geiros nos Estados Unidos aumentou sistematicamente O termo sistema bancário offshore é usado para des crever o negócio que escritórios de bancos estrangeiros conduzem fora de seus países de origem Os bancos podem realizar negócios estrangeiros por meio de qual quer dos três tipos de instituições 1 Uma agência localizada no exterior que organiza os empréstimos e transferências de fundos mas não aceita depósitos 2 Um banco subsidiário localizado no estrangeiro Uma subsidiária de um banco estrangeiro difere de um banco local apenas em que um banco estrangeiro é o proprietário do controle Os subsidiários estão su jeitos às mesmas regulamentações que os bancos lo cais mas não estão sujeitos às regulamentações do país de origem 3 Uma sucursal estrangeira que é apenas um escritório do banco doméstico em outro país As sucursais rea lizam os mesmos negócios que os bancos locais e são geralmente sujeitas à regulamentação bancária local e do país de origem Entretanto muitas vezes as su cursais podem aproveitar diferenças regulamentares transfronteiras O crescimento da negociação de moeda offshore foi acompanhado da evolução do sistema bancário offshore Um depósito offshore nada mais é que um depósito ban cário em uma moeda diferente do país no qual reside o banco por exemplo depósitos em iene em um banco de Londres ou depósitos em dólar em Zurique Muitos dos depósitos no mercado cambial são depósitos offshore Depósitos de moeda offshore são geralmente referidos como Eurodivisas que é um termo mal aplicado já que muito da negociação de eurodivisa ocorre em centros não europeus como Singapura e Hong Kong Os depósitos de dólar localizados fora dos Estados Unidos são chamados de Eurodólares Os bancos que aceitam depósitos denomi nados em eurodivisas incluindo eurodólares são chama dos de Eurobanks O advento da nova moeda europeia o euro tornou esta terminologia ainda mais confusa Uma motivação para o rápido crescimento do sistema bancário offshore e da troca de moeda tem sido o aumento do comércio internacional e a natureza cada vez mais mul tinacional da atividade corporativa As empresas norte americanas envolvidas no comércio internacional por exemplo exigem serviços financeiros no exterior e os ban cos norte americanos naturalmente expandiram seus negó cios domésticos com essas empresas em áreas estrangeiras Oferecendo compensação de pagamentos mais rápida e a flexibilidade e a confiança estabelecidas nas relações anteriores os bancos norte americanos competem com os estrangeiros que também poderiam servir os clientes norte americanos O comércio de eurodivisa é outra conse quência natural da expansão do comércio mundial de bens e serviços Os importadores britânicos de produtos norte americanos frequentemente precisam aceitar depósitos em dólar por exemplo e é natural que os bancos com sede em Londres conquistem negócios desses importadores O crescimento do comércio mundial sozinho no entanto não pode explicar o crescimento do sistema bancário inter nacional desde a década de 1960 Outro fator é o desejo dos bancos de escaparem de regulamentos do governo domés tico nas atividades financeiras e às vezes dos impostos deslocando algumas de suas operações para o exterior e em moedas estrangeiras Um outro fator é em parte político o desejo de alguns depositantes de reter as moedas fora das jurisdições dos países que as emitem Nos últimos anos a tendência de os países abrirem os seus mercados financei ros para estrangeiros permitiu que os bancos internacionais competissem globalmente por novos negócios O principal fator por trás da rentabilidade contínua de negociação de eurodivisas é regulatório na formu lação de regras bancárias os governos nos principais centros de eurodivisa discriminam entre depósitos deno minados em moeda doméstica e aqueles denominados em outras moedas e entre as transações com os clien tes domésticos e com clientes estrangeiros Depósitos de moeda nacional geralmente são mais fortemente regula mentados como uma forma de manter o controle sobre a oferta de moeda doméstica enquanto os bancos têm mais liberdade nas suas relações em moeda estrangeira As assimetrias regulatórias explicam por que esses centros financeiros cujos governos historicamente impu nham menos restrições ao sistema bancário estrangeiro tornaram se os principais centros de eurodivisa Londres é o líder a esse respeito mas foi seguido por Luxemburgo M20KRUGXXXXC20indd 472 12915 621 PM 473 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade Barein Hong Kong e outros países que competiram pelo negócio bancário internacional diminuindo as restrições e impostos sobre as operações do banco estrangeiro den tro das suas fronteiras O sistema bancário sombra paralelo Nas últimas décadas uma assimetria regulatória importante surgiu entre os bancos Ela é muitas vezes denominada de sistema bancário paralelo Hoje inúme ras instituições financeiras fazem prestação de serviços de pagamento e de crédito semelhantes às que os ban cos oferecem Fundos mútuos do mercado monetário dos Estados Unidos por exemplo fornecem serviços de emissão de cheques aos clientes e também são grandes atuantes no fornecimento de crédito às empresas via mercados de papéis comerciais e em empréstimos de dólares aos bancos fora dos Estados Unidos Os bancos de investimento também forneceram crédito a outras entidades oferecendo serviços de pagamento O sistema bancário paralelo incluiu até mesmo sistemas de inves timento patrocinados pelos bancos mas supostamente independentes dos balanços dos bancos No entanto os bancos paralelos em geral são minimamente regulamen tados em comparação aos convencionais Por que tem sido assim Historicamente os legisla dores de política monetária têm visto os bancos como o principal foco de preocupação por causa de sua centra lidade no sistema de pagamentos para o fluxo de cré dito para as empresas e os mutuários de propriedades e para a execução da política monetária Mas o sistema bancário sombra tem crescido drasticamente e reto mado muitas das mesmas funções do sistema bancário tradicional Os ativos totais de setor bancário sombra são difíceis de mensurar precisamente mas nos Estados Unidos hoje eles são comparáveis aos ativos do setor bancário tradicional Além disso os bancos sombra estão intimamente interligados com bancos como credores e devedores Como resultado a estabilidade da rede bancária sombra não pode ser facilmente divorciada da dos bancos se um banco sombra se meter em encrenca o mesmo pode ocor rer com os bancos que lhe emprestaram dinheiro Isso se tornou dolorosamente claro durante a crise financeira global de 20072009 como veremos mais à frente neste capítulo Voltamo nos agora para uma discussão sobre a regulamentação de operações bancárias mas os leito res devem estar cientes de que os bancos são apenas uma categoria que atua no mercado financeiro internacional e que o destino dos bancos é propenso a depender dos outros parceiros A maior parte do que diremos a seguir sobre bancos também se aplica aos bancos sombra Fragilidade financeira e o sistema bancário Muitos observadores acreditam que a natureza livre da atividade global do sistema bancário até agora dei xou o sistema financeiro mundial vulnerável à falência dos bancos em uma escala maciça A crise financeira de 2007 2009 que discutiremos em seguida apoia essa crença Para entender o que deu errado com a globa lização financeira primeiro precisamos rever a fragili dade inerente da atividade bancária mesmo quando em uma economia hipotética fechada e as salvaguardas que os governos nacionais têm posto em uso para evitar a falência dos bancos O problema da falência de um banco Um banco vai à falência quando é incapaz de cumprir suas obrigações com seus depositantes e outros credores Os bancos usam fundos emprestados para fazer emprés timos e adquirir outros bens mas alguns dos mutuários do banco podem ser incapazes de pagar seus emprésti mos ou os ativos do banco podem declinar de valor por algum outro motivo Quando isso acontece o banco pode ser incapaz de pagar seus compromissos em curto prazo incluindo depósitos à ordem que são em grande parte reembolsáveis imediatamente sem aviso prévio Uma característica peculiar do sistema bancário é que a saúde financeira do banco depende da confiança dos depositantes e outros credores no valor dos seus ativos Se os depositantes por exemplo acreditam que muitos dos ativos do banco caíram de valor todos têm um incentivo para retirar fundos dele e colocá los em um banco diferente Um banco confrontado com uma grande e súbita perda de depósitos uma corrida ban cária é propenso a fechar as portas mesmo se o lado de ativos de seu balanço for fundamentalmente sólido A razão é que muitos ativos são ilíquidos e não podem ser vendidos rapidamente para cumprir obrigações de depósito sem perda substancial para o banco Se há um clima de pânico financeiro portanto a falência do banco pode não ser limitada aos bancos que têm má gestão de seus ativos É do interesse de cada depositante retirar seu dinheiro de um banco se todos os outros depositan tes estão fazendo o mesmo mesmo quando os ativos do banco se ao menos puderem ser mantidos até o venci mento fossem suficientes para reembolsar totalmente o passivo do banco Infelizmente mesmo se um único banco ficar em apu ros a suspeita pode recair em outros bancos que já empres taram dinheiro se eles perdem bastante nos empréstimos podem ser incapazes de cumprir suas próprias obrigações M20KRUGXXXXC20indd 473 12915 621 PM 474 Economia internacional Quando os bancos são altamente interligados por meio de empréstimos mútuos e contratos de derivativos as corri das bancárias portanto podem ser altamente contagio sas A menos que os legisladores possam isolar o pânico de forma rápida os efeitos dominó dos problemas de um único banco podem resultar em uma crise bancária gene ralizada ou sistêmica É mais fácil entender a vulnerabilidade do banco olhando para seu balanço O balanço estilizado a seguir mostra a relação entre os passivos e ativos do banco e a sua diferença o capital do banco recursos não empres tados fornecidos pelos proprietários do banco titulares de ações do banco Balanço do banco Ativos Passivos Empréstimos US 1950 Depósitos de demanda US 1000 Títulos e valores mobiliários US 1950 Depósitos a prazo e dívida de longo prazo US 1400 Reservas no banco central US 75 Passivos de curto prazo por atacado US 1400 Dinheiro em mãos US 25 Capital US 200 Neste exemplo o total de ativos do banco listados no lado esquerdo de seu balanço é US 4000 Eles consis tem de uma pequena quantidade de dinheiro US 25 e reservas US 75 sendo esse último em depósitos no banco central local bem como empréstimos potencialmente menos líquidos a empresas e famílias US 1950 e outros valores mobiliários como obrigações do governo ou de sociedades totalizando US 1950 O dinheiro nos cofres do banco obviamente pode ser usado a qualquer hora para atender os saques dos depositantes como seus depósitos do banco central mas os empréstimos por exemplo emprés timos hipotecários não podem ser requisitados à vontade e assim costumam ser altamente ilíquidos Títulos e valores mobiliários em contraste podem ser vendidos mas se as condições de mercado são desfavoráveis o banco pode ter que vender com perda se for forçado a fazê lo em cima da hora Em um pânico financeiro por exemplo outros bancos podem simultaneamente estar tentando livrar se de títulos semelhantes e os preços de mercado baixam O banco tem lucros ao aceitar o risco de que seus ati vos podem perder valor enquanto ao mesmo tempo pro mete aos depositantes e outros credores de curto prazo que eles podem obter seu dinheiro de volta sempre que quiserem A provisão de liquidez do banco aos seus cre dores é refletida sobre o passivo do seu balanço Depó sitos a prazo e dívidas de longo prazo US 1400 dos bancos são fontes de financiamento que não conseguem fugir segundo a vontade dos credores e o banco paga por conseguinte uma maior taxa de juros sobre essas responsabilidades do que em suas duas fontes de finan ciamento de curto prazo varejo depósitos à vista US 1000 e passivos de curto prazo no atacado US 1400 Esse último pode assumir várias formas abrangendo empréstimos overnight de outros bancos incluindo o banco central ou acordo de recompra colateralizado conhecido como repo no qual o banco compromete um ativo para o fornecedor de empréstimos prometendo comprar o ativo de volta mais tarde muitas vezes no dia seguinte a um preço ligeiramente superior Entretanto se todos os credores por atacado se recusarem renovar seus empréstimos de curto prazo com o banco ele terá que negociar para conseguir dinheiro tentando ven der ativos como no caso de uma corrida bancária em um banco de varejo depositante Em geral os balanços dos bancos são caracterizados por incompatibilidade de vencimento eles têm de pagar mais passivos em curto prazo do que detêm de tais ativos e isso é o que os torna vulneráveis às corridas Capital do banco aqui US 200 é a diferença entre ativos e passivos e é o montante que o banco pode perder em seus ativos antes de se tornar insolvente ou seja inca paz de pagar suas dívidas com a venda de seus ativos Sem a reserva de capital do banco ele não teria margem para erro e os credores nunca acreditariam em sua capacidade de reembolsá los sempre Nesse caso o banco não pode ria exercer a atividade de explorar a diferença de juros ou trânsito entre seu passivo líquido e seus ativos menos líquidos Como um banco depende da confiança de seus credores até a suspeita de que poderia ser insolvente pode originar demanda por reembolso imediato pelos credo res forçando o a liquidar ativos com perda e tornando o insolvente de fato Esse cenário é mais provável no caso de uma crise financeira sistêmica em que os preços dos ati vos transacionáveis que normalmente o banco venderia com facilidade estão deprimidos em decorrência da crise de vendas por numerosas instituições financeiras2 Quanto menor o capital do banco maior a chance de ele tornar se insolvente por perdas nos valores de ativos 2 Os bancos centrais também têm posições de capital embora não tenhamos enfatizado este fato no Capítulo 18 Os ativos do banco central normalmente excedem os passivos e os lucros resultantes são usados para cobrir as despesas do banco por exemplo salários do pessoal e os custos de operação da planta física do banco central Quaisquer lucros superiores a essas despesas são normalmente entregues ao tesouro nacional Em geral as ações do capital do banco central não são negociadas publicamente elas são propriedade do governo embora histo ricamente esse não tenha sido sempre o caso Para pegar um caso notável o Banco da Inglaterra era privado desde sua fundação em 1694 até 1946 Se um banco central tem perdas grandes o suficiente com intervenção de câmbio estrangeiro por exemplo isso pode reduzir seu capital o bastante para que ele seja obrigado a solicitar o financiamento do governo Os bancos centrais preferem não estar nessa posição porque o governo pode impor condições que reduzem a independência do banco central M20KRUGXXXXC20indd 474 12915 621 PM 475 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade se elas forem causadas por eventos externos na economia ou uma corrida pelos seus credores Em consequência pode surpreendê lo que grandes bancos globalmente ati vos tenderam a operar no passado com margens bastante pequenas de capital No nosso exemplo que não é rea lista a proporção de capital para ativos totais do banco é apenas US 200 US 4000 5 sugerindo que o banco poderia tolerar no máximo uma perda de 5 dos ativos antes de falir Muitos bancos globais grandes têm operado com níveis ainda mais baixos de capital Embora costumem evitar grandes posições em ativos altamente arriscados como quotas de ações e também evitem posi ções não cobertas ou abertas em moeda estrangeira numerosos bancos em todo o mundo ainda tiveram pro blemas durante a crise financeira global de 20072009 Por causa dessa experiência formuladores de políticas internacionais estão tentando garantir que os bancos em todo o mundo mantenham níveis mais elevados de capi tal como explicaremos mais à frente neste capítulo As falências bancárias obviamente infligem sérios danos financeiros a depositantes individuais que perdem seu dinheiro Mas além desses prejuízos a falência ban cária pode prejudicar a estabilidade macroeconômica da economia Problemas de um banco podem facilmente se espalhar aos bancos mais sólidos se eles forem sus peitos de ter emprestado ao banco que está com proble mas Tal perda geral de confiança nos bancos prejudica o sistema de crédito e pagamentos no qual a economia se insere Uma onda de falências bancárias pode trazer uma drástica redução na capacidade do sistema bancá rio para financiar investimentos despesas de bens durá veis e compras domésticas reduzindo assim a demanda agregada e lançando a economia em uma recessão Há fortes evidências de que a sequência de fechamentos de bancos dos Estados Unidos na década de 1930 aju dou a iniciar e piorar a Grande Depressão e o pânico financeiro decerto agravou a grave recessão mundial que começou em 20073 Salvaguardas de governo contra a instabilidade financeira Como as consequências potenciais de um colapso bancário são tão prejudiciais os governos tentam evi tar falências bancárias mediante extensa regulamenta ção de seus sistemas bancários nacionais Os próprios 3 Para uma avaliação da década de 1930 veja Ben S Bernanke Nonmonetary Effects of the Financial Crisis in the Propagation of the Great Depression Capítulo 2 In Essays on the Great Depression Princeton NJ Princeton University Press 2000 As crises bancárias também podem levar a crises de balanço de pagamentos As políticas macroeconômicas necessárias para neutralizar o colapso do sistema bancário podem tornar mais difícil manter uma taxa de câmbio fixa como ilustrado pela crise na área do euro que discutiremos no final deste livro Um estudo clássico é Graciela L Kaminsky e Carmen M Reinhart The Twin Crises The Causes of Banking and Balanceof Payments Problems American Eco nomic Review v 89 p 473500 jun 1999 bancos bem geridos tomam precauções contra a falên cia mesmo na ausência de regulamentação mas os custos da falência vão muito além dos proprietários do banco Assim alguns bancos tendo em conta seus próprios interesses mas ignorando os custos da falência para a sociedade podem ser levados a assumir um nível de risco maior do que o que é socialmente ideal Além disso mesmo os bancos com estratégias de investimento cautelosas podem ir à falência se começarem a circular rumores de problemas financeiros Muitas das medidas cautelares de regulamentação de bancos tomadas pelos governos hoje são um resultado direto das experiências dos seus países durante a Grande Depressão Na maioria dos países uma extensa rede de segu rança foi criada para reduzir o risco de falência bancá ria As principais garantias são 1 Seguro de depósito Um legado da Grande Depressão dos anos 1930 é um seguro de depósito Nos Estados Unidos o Federal Deposit Insurance Corporation FDIC segura os depositantes do banco contra per das de até o limite atual de US 250000 Os bancos são obrigados a fazer contribuições para o FDIC para cobrir o custo desse seguro O seguro FDIC de sencoraja corridas aos bancos por pequenos deposi tantes que sabem que suas perdas serão reembolsadas pelo governo eles não têm mais incentivo para reti rar seu dinheiro só porque os outros estão fazendo isso Desde 1989 o FDIC também forneceu seguro para depósitos com associações de poupança e em préstimo SL4 A ausência de seguro de governo é uma razão que os legisladores às vezes dão para a regulamentação comparativamente leve de operações offshore dos bancos bem como para o sistema ban cário sombra 2 Requisitos de reserva Os requisitos de reserva são uma ferramenta possível da política monetária in fluenciando a relação entre a base monetária e os agregados monetários Ao mesmo tempo os requisi tos de reserva forçam o banco a manter uma parte de seus ativos em uma forma líquida que seja facilmente mobilizada para ir ao encontro de fluxos repentinos de saída de depósitos Nos Estados Unidos os ban cos tendem a manter reservas em excesso além das necessárias então os requisitos de reserva não são importantes Em nosso exemplo anterior do balanço 4 Os titulares de depósitos de mais de US 250000 ainda têm um incentivo para correr se suspeitarem de problemas é claro como fazem credo res de banco sem seguro e não colateralizados que não sejam depositantes incluindo outros bancos M20KRUGXXXXC20indd 475 12915 621 PM 476 Economia internacional as reservas líquidas totais do banco inclusive di nheiro são US 100 apenas 25 de seus ativos totais 3 Requisitos de capital e restrições de ativos Os regula dores de bancos estrangeiros dos Estados Unidos de finem os níveis mínimos de capital exigidos do banco para reduzir a vulnerabilidade do sistema à falência Outras regras impedem os bancos de reterem os ati vos que são muito arriscados como as ações ordi nárias cujos preços tendem a ser voláteis Os bancos devem também lidar com regras contra empréstimos muito grandes uma fração de seus ativos para um único cliente privado ou para um mutuário único de governo estrangeiro 4 Exame do banco Supervisores de governo têm o direito de examinar os livros de um banco para ga rantir a conformidade com os padrões de capital do banco e outros regulamentos Os bancos podem ser forçados a vender ativos que o examinador consi dere arriscados ou adaptar seus balanços evitando empréstimos que o examinador ache que não serão reembolsados Em alguns países o banco central é o principal supervisor do banco enquanto em outros uma autoridade de supervisão financeira separada lida com esse trabalho 5 Emprestador de última instância Os bancos podem fazer empréstimos de agências de desconto do banco central ou de outras organizações que o banco central pode disponibilizar em geral depois que eles apresentam ativos de valor comparável ou superior como garantia Enquanto o empréstimo aos bancos é uma ferramenta de gestão monetária o banco central também pode usar descontos para prevenir ou isolar pânicos bancários Uma vez que um banco central tem a capacidade de criar moeda ele pode emprestar a bancos que enfrentam saídas maciças de depósitos tanto quanto eles precisarem para satisfazer as solicitações de seus depositantes Quando o banco central age dessa forma ele está agindo como um emprestador de última instância LLR lender of last resort ao banco Com efeito a Reserva Federal foi criada em 1913 precisamente como uma salvaguarda contra o pânico financeiro Quando os depositantes sabem que o banco central está a postos como o LLR eles têm mais confiança na capacidade de um banco privado para suportar um pânico e portanto são menos propensos a cor rer se problemas financeiros surgirem No entanto a administração de empresas de LLR é complexa Se os bancos acharem que o banco central sempre vai socorrê los eles correrão riscos excessivos Então o banco central deve subordinar o acesso aos seus ser viços LLR a uma boa gestão Para decidir quando os bancos em apuros não conseguem resolver os problemas por si mesmos por meio de riscos insen satos o ideal é o LLR envolver se estreitamente no processo de análise do banco 6 Reestruturação e salvamentos organizados pelo go verno O papel de LLR do banco central destina se a ajudar bancos sofrendo problemas de liquidez tem porária por causa de credores nervosos Espera se que o banco seja solvente se o banco central puder dar tempo suficiente ao descarte de ativos a preços fa voráveis e se assim for o banco central não perderá dinheiro como resultado de sua intervenção Muitas vezes no entanto os credores são agitados por uma boa razão e grandes perdas em ativos são inevitáveis Nesse caso as autoridades fiscais nacionais junto com o dinheiro do contribuinte entram em cena O banco central e autoridades fiscais podem organizar a compra de um banco que está falindo por institui ções mais saudáveis às vezes jogando seu dinheiro no negócio como um adoçante As autoridades fiscais podem também recapitalizar o banco com dinheiro público assim tornando o governo um proprietário de parte do banco ou de todo ele até que o banco esteja de pé e as ações públicas possam ser vendidas para compradores privados Nesses casos a falência pode ser evitada graças à intervenção do governo como um gestor de crises mas talvez à custa do di nheiro público O governo pode como alternativa optar por proteger os contribuintes impondo perdas às vezes chamadas de cortes nas alegações de detentores de títulos quirografários ou depositantes sem seguro5 Quão bem sucedidas foram salvaguardas como essas A Figura 202 mostra a frequência das crises bancárias nacionais em curso crises sistêmicas que afetaram grandes partes dos sistemas bancários dos países entre 1970 e 20116 As crises dos sistemas bancários nas eco nomias em desenvolvimento mais pobres e mercados emergentes são mostradas em azul enquanto as crises nas economias industriais incluindo os Estados Unidos são mostradas em vermelho Obviamente tais crises sistêmi cas não são eventos raros Como discutiremos no Capí tulo 22 ao longo de grande parte da história recente os países mais pobres regulamentaram seus bancos de forma 5 Detentores de títulos quirografários são os credores que não exigiram a garantia para seus empréstimos Aqueles que exigem garantias rece bem uma menor taxa de juros porque seus empréstimos são menos arriscados 6 A cronologia da crise é tirada de Luc Laeven e Fabián Valencia Systemic Banking Crises Database IMF Economic Review v 61 p 225270 jun 2013 M20KRUGXXXXC20indd 476 12915 621 PM 477 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade muito menos eficaz do que os países mais ricos o que implica uma maior frequência de instabilidade financeira no mundo em desenvolvimento No entanto isso mudou em 20072009 conforme os bancos de muitas das econo mias mais prósperas exigiram apoio extensivo do governo para sobreviver A crise de 20072009 portanto revelou graves lacunas da rede de segurança bancária as quais vamos analisar a seguir A rede de segurança do banco comercial dos Esta dos Unidos funcionou razoavelmente bem até o final dos anos 1980 mas como resultado da desregulamentação a recessão de 19901991 e uma queda acentuada nos valo res da propriedade comercial os fechamentos de bancos aumentaram drasticamente e o fundo de seguro FDIC foi esgotado Como os Estados Unidos outros países que desregulamentaram o sistema bancário doméstico na década de 1980 incluindo o Japão os países escandina vos o Reino Unido e a Suíça enfrentaram problemas graves uma década mais tarde Muitos revisaram seus sis temas de garantias bancárias como resultado mas como veremos essas garantias nem de perto foram suficientes para prevenir a enorme crise financeira de 20072009 risco moral e o problema do grande demais para falir As garantias bancárias listadas anteriormente recaem em duas categorias instalações de apoio financeiro de emergência para os bancos ou seus clientes e freios em risco insensato corrido pelos bancos É importante perceber que esses dois tipos de sal vaguarda são complementares e não substitutos Uma expectativa de apoio LLR ou um pacote de resgate orga nizado pelo governo em caso de problemas pode fazer com que os bancos concedam empréstimos excessiva mente arriscados e para provisão inadequada de per das de investimento O seguro de depósito tranquiliza os depositantes de que eles não precisam monitorar as decisões da administração do banco e sem a ameaça de um banco para discipliná los os gerentes prosseguirão com as estratégias mais arriscadas na margem inclusive mantendo uma proteção de capital inadequada e man tendo dinheiro insuficiente A possibilidade de que você tome menos cuidado para evitar um acidente se estiver seguro contra ele é chamada de risco moral A supervisão bancária domés tica e as restrições de balanço são necessárias para limi tar o risco moral resultante do seguro de depósito e acesso ao emprestador de última instância que de outra forma levaria os bancos a fazer empréstimos excessiva mente arriscados e provisão inadequada para suas pos síveis insolvências O limite FDIC de US 250000 no tamanho dos depósitos segurados destina se ao limite de risco moral por incentivar grandes depositantes e outros credores do 0 5 10 15 20 25 30 35 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 EmergentesEm desenvolvimento Desenvolvidos Número de crises bancárias em curso FigUrA 202 Frequência de crises bancárias sistêmicas 19702011 As crises bancárias generalizadas foram abundantes em todo o mundo desde meados da década de 1970 mas nos últimos anos elas têm se concentrado nos países mais ricos fonte Laeven e Valencia op cit M20KRUGXXXXC20indd 477 12915 621 PM 478 Economia internacional banco incluindo credores interbancários a monitorar as ações dos gerentes de banco Em princípio esses grandes depositantes poderiam levar seus negócios para outro lugar se seu banco parecesse correr riscos imprudentes O problema é que alguns bancos tornaram se tão gran des nos mercados globais e tão interligados com outros bancos e bancos sombra que seu fracasso pode desen cadear uma reação em cadeia que lança todo o sistema financeiro em crise Quando os boatos começaram a circular em maio de 1984 que a Continental Illinois National Bank tinha feito um grande número de maus empréstimos o banco começou logo a perder seus depósitos grandes sem seguro Na época o banco era o sétimo maior nos Esta dos Unidos e muitos dos seus depósitos eram possuídos por bancos estrangeiros então sua falência poderia ter desencadeado uma crise bancária global muito maior Como parte de seu esforço de resgate o FDIC estendeu sua cobertura de seguro para todos os depósitos do Con tinental Illinois independentemente do tamanho Esse e episódios posteriores convenceram as pessoas de que o governo dos Estados Unidos está seguindo uma política de grande demais para falir ao proteger integralmente todos os credores dos maiores bancos Quando uma instituição financeira é sistemicamente importante isto é grande demais para falir ou muito interligada para falir seus administradores e os credo res esperam que o governo não tenha nenhuma escolha além de apoiá la no caso de ela se meter em encrenca O risco moral resultante desencadeia um círculo vicioso como a instituição é percebida como sob o guarda chuva de apoio do governo pode emprestar mais barato e envolver se em estratégias arriscadas enquanto os tem pos são bons gerando retornos elevados Os lucros resul tantes permitem que a instituição se torne ainda maior e mais interligada levando a mais lucros mais crescimento e mais risco moral Como resultado o sistema financeiro como um todo se torna menos estável Por essa razão os economistas estão cada vez mais a favor de freios do tamanho das empresas financeiras apesar do possível sacrifício das eficiências de escala Como o ex presidente da Reserva Federal Alan Greens pan disse Se eles são grandes demais para falir eles são grandes demais Muitos economistas também são favo ráveis a forçar os grandes complexos bancários e bancos sombra a elaborar testamentos em vida permitindo lhes serem fechados e liquidados em caso de insolvên cia com o mínimo de interrupção e custo mínimo para os contribuintes A ameaça de fechamento do banco é necessária para limitar o risco moral os gerentes de banco precisam saber que podem ser postos para fora do negócio se eles se comportarem mal mas conceber procedimentos concretos não é fácil especialmente no contexto internacional Como veremos o problema de risco moral é central para a compreensão tanto da crise financeira global de A álgebrA SimpleS DO riScO mOrAl O risco moral que resulta de uma combinação de garantias governamentais percebidas e fraca regula mentação da instituição garantida tem ajudado a esti mular o investimento excessivamente especu lativo em muitas economias Para ver como funci ona ima gine que há um investimento potencial digamos uma grande propriedade imobiliária que vai cus tar US 70 milhões futuros Se tudo correr bem o pro jeto produzirá um retorno de US 100 milhões Mas há apenas uma chance de um terço disso e uma chance de dois terços que o investimento traga ape nas US 25 milhões O retorno esperado então é ape nas 13 US 100 milhões 23 US 25 milhões US 50 milhões que é muito abaixo do custo futuro de US 70 milhões Normalmente esse investimento nunca seria feito Contudo garantias de resgate do governo mudam o resultado Suponha que um desenvolvedor imobiliá rio seja capaz de emprestar ao todo US 70 milhões porque ele pode convencer os credores de que o governo vai protegê los se o projeto falhar e ele não puder pagar Então do ponto de vista dele ele tem uma chance de um terço de US 30 milhões US 100 milhões US 70 milhões Caso contrário ele simplesmente abandonaria o projeto Se der cara ele ganha de ser coroa os contribuintes perdem O exemplo anterior pode parecer extremo mas esse tipo de lógica levou a desastres financeiros em muitos países A crise financeira de 20072009 é o exemplo mais recente e o mais caro até agora mas tem muitos precedentes Na década de 1980 a indústria de poupança e empréstimo dos Estados Unidos foi agraciada o que resultou em privilégio sem responsabilidade o governo garantia depósi tos sem regulamentação rigorosa de riscos A conta resultante aos contribuintes dos Estados Unidos foi de US 150 bilhões A inépcia semelhante do setor financeiro levou a perdas muito maiores dos bancos na década de 1990 em países industriais tão diferen tes quanto a Suécia e o Japão M20KRUGXXXXC20indd 478 12915 621 PM 479 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade 20072009 quanto das medidas propostas para evitar futuras crises No entanto outro elemento importante naquela crise e sua transmissão internacional foi a natu reza globalizada do sistema bancário O desafio da regulação bancária internacional Nesta seção vamos aprender como a internacionali zação do sistema bancário e de instituições financeiras em geral enfraquece as salvaguardas puramente nacio nais contra o colapso do sistema bancário Entretanto ao mesmo tempo a interdependência financeira global tornou mais urgente a necessidade de salvaguardas efi cazes O resultado é um segundo trilema para legislado res internacionais7 O trilema financeiro O sistema bancário offshore envolve um enorme volume de depósitos interfinanceiros aproximada mente 80 de todos os depósitos de eurodivisa por exemplo são de propriedade de bancos privados Um elevado nível de depósito interbancário implica que os problemas que afetam um único banco podem ser alta mente contagiosos e se espalharem com rapidez aos ban cos com que ele faça negócios Com esse efeito dominó uma perturbação localizada pode desencadear um pânico bancário em uma escala global como a crise de 20072009 que descreveremos a seguir Apesar dessas apostas muito altas as regulações ban cárias do tipo usado nos Estados Unidos e em outros países tornam se ainda menos eficazes em um ambiente internacional em que os bancos podem deslocar seus negócios entre diferentes jurisdições regulamentares Uma boa maneira de ver por que um sistema bancário interna cional é mais difícil de regular do que um sistema nacional é olhar como a eficácia das salvaguardas dos Estados Uni dos que descrevemos anteriormente Seção Salvaguar das de governo contra a instabilidade financeira é redu zida em consequência das atividades bancárias offshore 1 O seguro de depósito é essencialmente ausente no sis tema bancário internacional Os sistemas de seguro de depósito nacionais podem proteger os depositan tes nacionais e também estrangeiros mas o montante de seguro disponível é sempre pequeno demais para cobrir o tamanho dos depósitos habituais no sis tema bancário internacional Em particular estão 7 Como você verá o trilema financeiro que apresentamos nesta seção é diferente do trilema monetário que introduzimos no Capítulo 19 e mencionamos de novo anteriormente neste capítulo No entanto ambos os trilemmas dizem respeito às conexões entre a integração financeira internacional e outros potenciais objetivos de política desprotegidos os depósitos interfinanceiros e outras fontes de financiamento de atacado 2 A ausência de requisitos de reserva no exterior foi historicamente um fator importante no crescimento do comércio de eurodivisa Enquanto Eurobanks de rivavam uma vantagem competitiva por escaparem da reserva fiscal necessária havia um custo social em termos de estabilidade reduzida do sistema bancário Nenhum país pode resolver o problema sozinho im pondo requisitos de reserva nas sucursais no exterior de seus próprios bancos No entanto uma ação in ternacional conjunta foi bloqueada pela dificuldade política e técnica de chegar a um acordo sobre um conjunto de normas internacionalmente uniformes de regulamentos e pela relutância de alguns países em afastar os negócios bancários ao aumentar o rigor das regulamentações Hoje em dia as reservas são menos importantes em muitos países Em parte porque os governos simplesmente perceberam a fu tilidade das exigências em um mundo de um sistema bancário globalizado 3 e 4 O exame do banco para impor requisitos de ca pital e restrições de ativos torna se mais difícil em um ambiente internacional Reguladores nacionais dos bancos geralmente monitoram os balanços dos bancos domésticos e de suas sucursais estrangei ras em uma base consolidada Mas eles são menos rigorosos em manter o controle de subsidiárias estrangeiras dos bancos e filiais em teoria mais tenuamente atadas ao banco matriz porém cujas fortunas financeiras podem muito bem afetar a sol vência da matriz Os bancos foram muitas vezes ca pazes de aproveitar essa lassidão deslocando negó cios arriscados os quais os reguladores domésticos poderiam questionar para jurisdições regulatórias menos rigorosas Esse processo é conhecido como arbitragem regulatória Além disso muitas vezes é incerto qual grupo de reguladores idealmente seria responsável pelo monitoramento dos ativos de um determinado banco Suponha que a filial de Londres de um banco italiano negocie principal mente em eurodólares Os ativos da subsidiária de veriam ser preocupação dos reguladores britânicos italianos ou norte americanos 5 Há incerteza sobre qual banco central se houver é responsável por prover assistência LLR no sistema bancário internacional O problema é semelhante ao que surge na alocação de responsabilidade de M20KRUGXXXXC20indd 479 12915 621 PM 480 Economia internacional supervisão bancária Vamos retornar ao exemplo da filial de Londres de um banco italiano A Receita Federal deve ser responsabilizada por salvar a sub sidiária de uma fuga repentina de depósitos em dólar O Bank of England deve intervir Ou o Banco Central Europeu deve ter a responsabilidade final Quando os bancos centrais prestam assistência LLR aumentam seus suprimentos domésticos de dinheiro e isso pode comprometer os objetivos macroeconô micos nacionais Em um cenário internacional um banco central pode também fornecer recursos para um banco localizado no exterior cujo comporta mento não esteja equipado a monitorar Os bancos centrais portanto estão relutantes em ampliar a co bertura das suas responsabilidades LLR 6 Quando um banco tem ativos e passivos em muitos países vários governos podem ter que comparti lhar a responsabilidade operacional e financeira de um resgate ou recuperação As incertezas resultan tes podem retardar ou mesmo impedir a operação Os bancos globais grandes complexos e altamente interconectados sabem quão difícil seria para os go vernos desligá los e reorganizá los em vez de ape nas abandoná los e isso pode incentivar os riscos excessivos As dificuldades anteriores na regulação das institui ções financeiras internacionais mostram que um trilema financeiro restringe o que os legisladores podem alcan çar em uma economia aberta No máximo dois dos três objetivos da lista a seguir são simultaneamente viáveis 1 Estabilidade financeira 2 Controle nacional sobre política de salvaguarda financeira 3 Liberdade de movimentos de capitais internacionais Por exemplo um país que se fecha financeiramente do mundo exterior pode regular suas margens estrita mente sem se preocupar com a arbitragem regulamentar através das fronteiras promovendo a estabilidade finan ceira doméstica independentemente do que os regula dores estrangeiros fariam Por outro lado se os países delegarem o projeto e a implementação de salvaguardas financeiras a uma entidade reguladora global imune a pressões políticas nacionais poderiam apreciar maior estabilidade financeira e transparência financeira ao mesmo tempo8 O objetivo utópico de uma autoridade financeira global onisciente é remoto claro Na sua ausência no entanto os reguladores nacionais durante quatro déca 8 Para um exame recente do sistema bancário internacional no contexto do trilema financeiro consulte Dirk Schoenmaker Governance of International Banking The Financial Trilemma Oxford Oxford University Press 2013 das têm tentado conciliar a crescente integração finan ceira com a estabilidade financeira mediante um pro cesso de crescente cooperação internacional Não é por acaso que esse processo começou precisamente quando o novo sistema de taxas de câmbio flutuantes permitiu aos países mudarem para uma nova vantagem do tri lema monetário Capítulo 19 ao liberalizar os movimen tos internacionais de capitais cooperação regulamentar internacional em 2007 Na década de 1970 o novo regime de taxas de câm bio flutuantes apresentou uma nova fonte de perturba ção uma mudança inesperada e grande na taxa de câm bio que pode acabar com o capital de um banco exposto Em resposta a essa ameaça os chefes do banco cen tral de 11 países industrializados criaram em 1974 um grupo chamado Comitê da Basileia cujo trabalho é con seguir uma coordenação melhor da vigilância exercida pelas autoridades nacionais sobre o sistema bancário internacional O grupo tem o seu nome por causa da cidade de Basileia na Suíça a sede do local de encontro dos banqueiros centrais o Bank for International Settle ments ou BIS O Comitê da Basileia continua a ser o principal fórum para a cooperação entre reguladores bancários de diferentes países Em 1975 o Comitê da Basileia chegou a um acordo chamado Concordat que aloca responsabilidade pela supervisão de estabelecimentos bancários multinacional entre países matriz e de acolhimento Além disso a Con cordat estimula a partilha de informações sobre bancos entre reguladores da matriz e dos países de acolhi mento e de concessão de permissão para as inspecções por ou em nome das autoridades da matriz no terri tório da autoridade acolhedora9 Em 1988 o Comitê da Basileia sugeriu um nível minimamente prudente de capital do banco geralmente falando 8 dos ativos e um sistema de medição de capital Essas orientações amplamente adotadas em todo o mundo tornaram se conhecidas como Basileia I O Comitê revisou a estru tura da Basileia I em 2004 emitindo um novo conjunto de regras para o capital bancário conhecido como Basileia II Uma grande mudança nas relações financeiras inter nacionais tem sido a importância rapidamente crescente de novos mercados emergentes como fontes e destinos para os fluxos de capital privados Os mercados emer gentes são os mercados de capitais dos países indus 9 A Concordat foi resumida nesses termos por W P Cooke do banco da Inglaterra então presidente do Comitê da Basileia em Developments in Co operation among Banking Supervisory Authorities Boletim trimestral 21 do Bank of England p 238244 jun 1981 M20KRUGXXXXC20indd 480 12915 621 PM 481 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade trializados que liberalizaram seus sistemas financeiros para permitir que pelo menos algum comércio de ativos privados com estrangeiros Países como Brasil México Indonésia e Tailândia foram todos importantes destina tários dos fluxos de capital privado do mundo industrial após 1990 Contudo as instituições financeiras de mercado emer gente provaram ser fracas no passado Essa vulnerabili dade contribuiu para a grave crise dos mercados emergen tes de 19971999 Capítulo 22 Entre outros problemas os países em desenvolvimento tendiam à falta de experiên cia na regulação bancária tinham normas prudenciais e padrões de contabilidade mais frouxos do que os países desenvolvidos e estavam propensos a risco moral ao ofe recer aos bancos domésticos garantias implícitas de que eles seriam protegidos se entrassem em apuros Assim a necessidade de estender internacionalmente as normas reguladoras de melhores práticas aceitas para o mercado de países emergentes tornou se uma prioridade para o Comitê da Basileia Em setembro de 1997 a Comissão emitiu seus princípios fundamentais de supervisão bancária eficaz Core Principles for Effec tive Banking Supervision atuando em cooperação com representantes de muitos países em desenvolvimento e os revisou em 2006 Esse documento reuniu 25 prin cípios a fim de descrever os requisitos mínimos neces sários para a supervisão bancária eficaz abrangendo licenciamento dos bancos métodos de supervisão rela tórios de requisitos para bancos e sistemas bancários transnacionais O Comitê da Basileia e o FMI estavam monitorando a implementação internacional da ver são revista dos Core Principles e Basileia II quando a crise financeira global eclodiu em agosto de 2007 A crise revelou deficiências no Basileia II que levaram o Comitê da Basileia a concordar sobre uma nova estru tura a Basileia III que descreveremos mais adiante As atividades internacionais das instituições financeiras não bancárias são outro ponto de problemas potenciais O fracasso de um grande ator no sistema bancário som bra como o fracasso de um banco poderia interrom per gravemente os pagamentos nacionais e as redes de crédito Aumentando a securitização em que os ativos dos bancos são reempacotados em formas prontamente negociáveis e vendidos e o comércio de opções e outros valores mobiliários derivados tornaram mais difícil para os reguladores obterem uma imagem fiel dos flu xos financeiros globais examinando apenas os balanços dos bancos De fato como veremos a securitização e os derivativos eram o cerne da crise de 20072009 que é o objeto do Estudo de Caso a seguir A crise finAnceirA globAl de 20072009 A crise financeira e econômica global de 2007 2009 foi a pior desde a Grande Depressão Bancos em todo o mundo faliram ou necessitaram de apoio extensivo do governo para sobreviver o sistema financeiro global congelou e toda a economia mun dial foi lançada para a recessão Ao contrário de algu mas recessões essa se originou em um choque para os mercados financeiros e o choque foi transmitido de país para país pelos mercados financeiros à velo cidade da luz A crise teve uma fonte aparentemente improvável o mercado de hipotecas dos Estados Unidos10 Ao longo de meados da década de 2000 com taxas de juros dos Estados Unidos muito baixas e os preços domésticos dos Estados Unidos borbulhando para cima Lembre se do Capítulo 19 credores hipotecários haviam estendido empréstimos para os mutuários com crédito instável Em muitos casos os mutuários planejavam manter as casas apenas por breves períodos e vendê las mais tarde para ter lucro Muitas pessoas fizeram empréstimos com taxas baixas de juros temporárias chamadas teaser quando na verdade faltavam lhes os meios financeiros para cumprir os pagamentos da hipoteca caso as taxas de juros subissem E então as taxas de juros começaram a subir conforme a Reserva Federal gradualmente apertava a política monetária para afastar a inflação Os preços da habitação dos Estados Unidos começaram a declinar em 2006 O montante total de empréstimos de hipoteca ins táveis norte americanas subprime não era muito grande comparado à riqueza financeira total dos Esta dos Unidos No entanto os empréstimos subprime foram securitizados rapidamente e vendidos por cre dores originais muitas vezes junto com outros ativos Esse fator tornou muito difícil saber exatamente quais investidores estavam expostos ao risco cujos emprés timos hipotecários subprime não iriam ser reembol sados Além disso os bancos em todo o mundo mas especialmente nos Estados Unidos e Europa eram ávi dos compradores de ativos securitizados relacionados 10 Para relatos úteis da crise consulte Markus Brunnermeier Deciphering the Liquidity and Credit Crunch of 20072008 Journal of Economic Perspectives v 23 p 77100 inverno 2009 Gary B Gorton Slapped in the Face by the Invisible Hand The Panic of 2007 New York Oxford University Press 2010 Capítulo 9 de Frederic S Mishkin The Economics of Money Banking and Financial Markets 10 ed Upper Saddle River NJ Prentice Hall 2013 e o livro de Blinder nas Leituras Adicionais M20KRUGXXXXC20indd 481 12915 621 PM 482 Economia internacional aos subprime em alguns casos com a criação fora do alcance dos reguladores de veículos extraba lanço e opacos para tal finalidade Uma grande moti vação foi a arbitragem regulatória Os bancos estavam ansiosos para explorar brechas nas regras prudenciais incluindo as diretrizes Basileia II a fim de minimizar a quantidade de capital que eram obrigados a usar con tra ativos e assim maximizar a quantidade que eles poderiam emprestar para comprar os produtos de cré dito securitizados O financiamento para as compras de ativos securitizados desses bancos vieram dos credores dos Estados Unidos incluindo os fundos mútuos do mercado monetário11 Muito da demanda dos bancos europeus foi para os produtos dos Estados Unidos mas como observamos no Capítulo 19 o boom imobiliário da década de 2000 foi um fenômeno global lembre se da Figura 197 e os bancos europeus também foram bastante expostos a crises nos mercados de habita ção de preços altos fora dos Estados Unidos Os preços imobiliários naqueles mercados em breve seguiriam a queda dos preços dos Estados Unidos No próximo capítulo veremos como os problemas dos bancos da Europa levaram a uma crise na zona do euro Conforme os mutuários subprime perdiam cada vez mais seus pagamentos durante 2007 os credores tornavam se mais conscientes dos riscos que enfren taram e puxavam os mercados para trás Ninguém sabia dizer quem foi exposto ao risco do subprime ou quão vulnerável essas pessoas estavam Os custos dos empréstimos subiram e muitos participantes nos mercados financeiros não tiveram nenhuma escolha além de vender ativos para obter dinheiro Diversos ativos derivados sendo oferecidos para venda foram tão mal compreendidos pelos mercados que compra dores potenciais não poderiam valorizá los Durante a semana de 9 de agosto de 2007 os bancos centrais deram aos mercados o suporte de liquidez mais amplo desde o 11 de setembro de 2001 nos ataques terroristas Em 9 de agosto um grande banco francês BNP Paribas divulgou que três de seus fundos de investimento enfrentavam proble mas potenciais por investimentos relacionados ao subprime Os mercados de cré dito entraram em pânico com taxas de juros interbancárias subindo acima das taxas meta do banco central ao redor do mundo Os bancos receavam que outros bancos falissem e fossem incapazes de pagar e temendo a incapacidade de obter financiamento interban cário todos eles buscavam dinheiro O Banco Central Europeu interveio como emprestador de última instância para o mercado interbancário europeu e a Reserva Federal seguiu nos Estados Unidos anunciando que aceitaria títulos lastreados em hipotecas como garantia para emprés timos aos bancos Os mercados de ações caíram em todos os lugares A economia norte americana entrou em recessão no final de 2007 empurrada pelo desa parecimento do crédito e por um mercado imobiliário em colapso Houve ainda mais problemas Em março de 2008 os credores institucionais recusaram se a rolar seus cré ditos de curto prazo ao quinto maior banco de inves timento o Bear Stearns que tinha extensos investi mentos relacionados ao subprime Muito embora o Bear Stearns não fosse um banco efetivamente sofreu uma corrida pelos seus credores Em um resgate orga nizado às pressas a Reserva Federal comprou US 30 bilhões de ativos tóxicos do Bear para persuadir o banco J P Morgan Chase a comprar o Bear a um preço de liquidação A Reserva Federal foi criticada por não aniquilar os acionistas do Bear para dissuadir o risco moral e pôr dinheiro do contribuinte em risco Mas mesmo depois desse resgate a estabilidade financeira não retornou A rejeição das hipotecas sus peitas dos Estados Unidos estava aumentando os preços das casas continuavam caindo e ainda bancos e bancos sombra retiveram em seus livros ativos tóxi cos que eram difíceis de validar ou vender Contra esse pano de fundo o governo dos Estados Unidos assumiu o controle de dois gigantes agentes hipotecários inter 11 Para documentação dos fluxos financeiros em dois sentidos entre a Europa e os Estados Unidos antes da crise consulte Ben S Bernanke et al International Capital Flows and the Returns to Safe Assets in the United States 20032007 Financial Stability Review Banque de France 2011 p1326 Viral V Acharya e Philipp Schnabl ilustram a arbitragem regulatória em Do Global Banks Spread Global Imbalances AssetBacked Commercial Paper during the Financial Crisis of 200709 IMF Economic Review v 58 p 3773 ago 2010 Muitos títulos securitizados dos Estados Unidos garantidos por hipotecas MBS foram reunidos por seus emissores para que fossem pagos totalmente exceto em circunstâncias em que a falta de pagamento das obrigações da hipoteca fosse extremamente disseminada essencialmente um colapso grave do mercado imobiliário afetando a maioria das regiões dos Estados Unidos Porque as agências de classificação consideravam um evento altamente improvável eles deram ao MBS sua maior nota Sob as diretrizes de capital de Basileia no entanto os bancos eram obrigados a segurar relativamente menos capital contra tais ativos aparentemente inatingíveis Então os bancos europeus apostaram em MBS e seguros relacionados por causa de seus retornos ligeiramente maiores e porque eles poderiam assim pedir emprestado e emprestar em bases de capital mais leves M20KRUGXXXXC20indd 482 12915 621 PM 483 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade mediários privados mas patrocinados pelo governo Fannie Mae e Freddie Mac O banco de investimento Lehman Brothers pediu concordata em 15 de setembro de 2008 após esforços frenéticos mas sem sucesso do Tesouro dos Estados Unidos e da Reserva Federal para encontrar um com prador Ainda há controvérsias sobre o estatuto jurí dico das autoridades dos Estados Unidos para ter evi tado o colapso Decerto eles ainda estavam sofrendo com as críticas sobre o Bear e esperando que a queda do Lehman pudesse ser contida Em vez disso a situa ção rapidamente ficou fora de controle Um dia após o problema com o Lehman a seguradora gigante Ame rican International Group AIG com mais US 1 trilhão em ativos sofreu uma corrida Aparentemente sem a aprovação da alta gestão os negociadores da empresa tinham emitido mais de US 400 bilhões em deriva tivos chamados crédito swaps CDS que são seguros contra não reembolso de empréstimos incluindo empréstimos feitos para Lehman bem como títulos lastreados em hipotecas Com o sistema financeiro mundial em estado de colapso os CDS pareciam cada vez mais propensos a serem sacados no entanto fal tavam os fundos para a AIG cobri los A Reserva Fede ral entrou imediatamente com um empréstimo de US 85 bilhões e por fim o governo dos Estados Unidos emprestou à AIG mais alguns bilhões No mesmo mês os fundos mútuos do mercado norte americano em dinheiro alguns com credores na Lehman sofreram uma corrida e tiveram seus compro missos garantidos pelo Tesouro dos Estados Unidos O Washington Mutual Bank o sexto maior nos Estados Unidos faliu o Wachovia o quarto maior banco em apuros e o banco de investimentos Merrill Lynch foram comprados pelo Wells Fargo Bank e Bank of America respectivamente Os dois últimos bancos de investi mento independentes dos Estados Unidos Goldman Sachs e Morgan Stanley tornaram se companhias ban cárias holding sujeitas à supervisão da Reserva Fede ral mas com acesso a suas facilidades de empréstimos os spreads de empréstimo interbancário sobre as taxas do Tesouro alcançaram níveis históricos e os mercados de valores do mundo desmaiaram O Congresso dos Estados Unidos depois de muito debate aprovou uma conta que alocava US 700 bilhões para compra de ati vos problemáticos dos bancos na esperança de que isso lhes permitirisse retomar empréstimos normais mas no final os fundos não foram usados para essa finalidade O tumulto pós Lehman espalhou se para a Europa onde diversas instituições financeiras faliram e os governos da UE emitiram garantias de depósi tos cobertores para evitar as corridas bancárias Além disso um número de países garantia os empréstimos interbancários Mas a essa altura a crise econômica já era global com efeitos devastadores na produção e emprego em todo o mundo O espaço limitado impede uma revisão detalhada das muitas políticas financeiras fiscais e monetárias não convencionais que os bancos centrais e governos adotaram para acabar com a queda livre aparente da economia global no final de 2008 e a primeira parte de 200912 O quadro seguinte explora um aspecto da resposta política que é especialmente relevante para a economia monetária internacional Contudo com os mercados de habitação deprimidos nos países industrializados a recuperação dos balanços finan ceiros no setor imobiliário estava lenta assim como a recuperação na demanda agregada 12 Um relato legível das políticas da Reserva Federal durante a crise é David Wessel In Fed We Trust Ben Bernankes War on the Great Panic Nova York Crown Business 2009 Uma análise mais abrangente das respostas das políticas de governo é o livro de Blinder nas Leituras Adicionais instAbilidAde cAmbiAl e linhAs de swap do bAnco centrAl Tradicionalmente o emprestador de última instân cia fornece liquidez em sua própria moeda que pode variar livremente A crise de 20072009 deixou claro no entanto que no mundo moderno das finanças globali zadas os bancos podem precisar de liquidez em moeda diferente daquela de seu banco central doméstico Uma área em que os bancos centrais inovaram durante a crise foi em tornar tal apoio prontamente disponível para bancos centrais estrangeiros Com efeito a Reserva Federal que foi pioneira nessa abordagem tornou se um LLR global para dólares norte americanos Por que era necessário A necessidade era de um efeito spillover de interrupção nos mercados de crédito dos Estados Unidos mercados interbancários principal mente Como já apontamos nos anos que antecederam a crise os bancos europeus tinham investido pesadamente em títulos atrelados a hipotecas dos Estados Unidos e outros ativos securitizados semelhantes Os bancos euro peus no entanto não queriam assumir o risco monetário de segurar esses créditos denominados em dólares Sem a capacidade de obter dólares por meio de depósitos de varejo eles pegaram emprestado dólares no curto prazo M20KRUGXXXXC20indd 483 12915 621 PM 484 Economia internacional em mercados atacadistas de bancos dos Estados Unidos e fundos do mercado monetário para financiar suas com pras de títulos lastreados em ativos norte americanos Em seguida a crise bateu e os mercados de crédito interbancário pararam de funcionar Os bancos euro peus não queriam vender seus ativos dos Estados Unidos agora tóxicos com perda mesmo que eles conseguissem então precisavam pedir emprestado para pagar os seus empréstimos em dólares de curto prazo e manter suas posições hedged em dólares Apesar de os passivos de dólar em papel dos bancos serem equilibrados com ativos de dólar a incompati bilidade entre os ativos e passivos de liquidez criou uma incompatibilidade monetária uma vez que os bens já não poderiam ser vendidos rapidamente pelo valor de face Onde esses bancos conseguiriam empréstimos em dólares rapidamente agora que os mercados de crédito privado em dólar estavam con gelados Alguns mas não todos foram capazes de pedir emprestado à Reserva Federal por intermédio de afiliados dos Estados Unidos Outros bancos euro peus não tinham garantias aceitáveis para a Reserva Federal Para piorar a situação a Reserva Federal foi fechada durante a manhã de negociação europeia O BCE poderia imprimir euros e emprestá los aos bancos mas ele não poderia imprimir dólares norte Banco do Canadá Banco da Reserva da Austrália Banco da Reserva da Nova Zelândia Autoridade Monetária de Singapura Banco Popular da China Banco da Coreia Banco Nacional da Dinamarca Banco Nacional da Hungria Banco Central da Islândia Banco Central da Noruega Banco Central da Suécia Banco da Inglaterra Banco Central do Brasil Banco do México Reserva Federal dos Estados Unidos Banco Nacional Suíço Banco Nacional da Polônia Banco do Japão Eurossistema FigUrA 203 Rede de linhas de swap do banco central durante a crise de 20072009 As setas claras mostram empréstimos de dólares setas escuras são empréstimos de outras moedas A direção da seta mostra a direção do empréstimo quando conhecida A espessura da seta é proporcional ao tamanho da linha swap ou quando a linha era ilimitada a quantidade esprestada fonte Patrick McGuire and Götz von Peter The US Dollar Shortage in Global Banking and the International Policy Response BIS Working Papers n 291 out 2009 Disponível em httpwwwbisorgpublwork291pdf Acesso em 3 dez 2014 Bank for International Settlements BIS M20KRUGXXXXC20indd 484 12915 621 PM 485 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade iniciativas reguladoras internacionais após a crise financeira global A gravidade e a amplitude da crise de 20072009 conduziram a iniciativas para reformar os sistemas financeiros nacionais e o sistema internacional Agora descreveremos algumas dessas medidas que têm bus cado preencher lacunas no marco regulatório existente também prestando mais atenção às causas macroeconô micas e às consequências dos problemas bancários Basileia III A crise financeira tornou óbvias as insufi ciências do esquema regulamentar Basileia II Então em 2010 o Comitê da Basileia propôs um conjunto mais forte de padrões capitais e salvaguardas regulamentares para bancos internacionais Basileia III Sobre o capital o novo esquema Basileia torna mais difícil para os bancos contornarem os requisitos de capital por exemplo é pre ciso ter visão mais ampla dos riscos que os bancos estão correndo nomeadamente por meio das entidades extra balanço e também os bancos devem se proteger contra cenários mais pessimistas do que anteriormente Mas como Basileia II Basileia III ainda atribui pesos de risco para ativos diferentes com ativos considerados menos arriscados levando a reduzir o capital necessário Com grande importância Basileia III propõe também que seja calculada uma Proporção de Cobertura de Liquidez pela qual os bancos seriam obrigados a segurar dinheiro sufi ciente ou títulos altamente líquidos para cobrir 30 dias da saída de dinheiro em condições específicas de crise Uma relação estável de financiamento líquido visa a limitar a dependência dos bancos de financiamento por atacado de curto prazo em contraste com depósitos de varejo No final de março de 2013 apenas onze países não incluindo os Estados Unidos e a UE tinham implementado total mente Basileia III Mas muitos outros estavam em vias de adotar seu regulamento Em dezembro de 2011 a Reserva Federal dos Estados Unidos anunciou sua inten ção de aplicar as regras de Basileia III não só aos bancos mas também a outras instituições financeiras com ativos superiores a US 50 bilhões14 14 Você pode explorar o quadro de Basileia III e sua implementação por conta própria em httpwwwbisorg bcbsbasel3htmql1 no site do BIS americanos Os bancos europeus assim tentaram trocar os euros emprestados por dólares vendendo os no mercado à vista de dólares e comprando os de volta com dólares futuros no mercado a termo Sob paridade coberta de juros Capítulo 14 essa opera ção complicada tem o mesmo custo que um emprés timo direto de dólares Mas a paridade coberta de juros estava caindo porque os bancos não queriam emprestar dinheiro uns aos outros Os swaps de euros em dólares portanto rendiam muito poucos dólares spot e também poucos euros a termo Em particular a escassez de dólares levou a uma tendência de a moeda fortalecer se acentuadamente no mercado à vista As linhas de swap da Reserva Federal inicialmente estendidas para o BCE e o Banco Nacional Suíço BNS em dezembro de 2007 destinavam se a remediar a escassez e evitar condições anormais nos mercados cam biais As linhas permitiam que o BCE e BNS tomassem empréstimos de dólares diretamente da Reserva Federal e os emprestassem aos bancos domésticos necessitados Mas a escassez de dólares tornou se muito mais grave após o colapso do Lehman em setembro de 2008 A Reserva Federal estendeu os swaps para um con junto mais amplo de bancos centrais incluindo quatro em países emergentes Brasil México Coreia e Singa pura e fez as linhas de swap ilimitadas para vários bancos centrais de países industriais incluindo o BCE e o BNS totalmente terceirizando assim sua função LLR Em última análise a Reserva Federal emprestou centenas de bilhões de dólares deste modo13 Do mesmo modo outros bancos centrais além da Reserva Federal estenderam linhas de swap em suas moedas embora normalmente elas fossem de escopo mais limitados do que as da Reserva Federal A Figura 203 da página 484 ilustra a notável rede de linhas de swap que emergiu A Reserva Federal reduziu suas linhas de swap em fevereiro de 2010 mas reativou algumas quando a crise da dívida europeia entrou em erupção pouco depois e os mercados interbancários novamente tornaram se agitados Capítulo 21 A experiência recente mostra com clareza a necessidade dos credores globais de última instância em diferentes moedas mas é duvidoso que os bancos centrais nacionais queiram ou possam desempenhar esse papel de forma perma nente Uma possibilidade é atribuir essa função ao FMI que viu seus recursos de empréstimos triplicarem con forme os governos do mundo responderam à crise 13 Para uma discussão adicional veja Maurice Obstfeld Jay C Shambaugh e Alan M Taylor Financial Instability Reserves and Cen tral Bank Swap Lines in the Panic of 2008 American Economic Review v 99 p 480486 maio 2009 Patrick McGuire e Götz von Peter The US Dollar Shortage in Global Banking and the International Policy Response BIS Working Papers n 291 out 2009 e Linda S Goldberg Craig Kennedy e Jason Miu Central Bank Dollar Swap Lines and Overseas Dollar Funding Costs Economic Policy Review Federal Reserve Bank of New York maio 2011 p 320 M20KRUGXXXXC20indd 485 12915 621 PM 486 Economia internacional O Conselho de Estabilidade Financeira Em 1999 os legisladores de vários países industrializados estabelece ram o Fórum de Estabilidade Financeira alocado como o Comitê da Basileia no BIS O objetivo no entanto era promover a coordenação internacional sobre um amplo conjunto de problemas de estabilidade financeira incluindo regulação bancária mas indo além e entre um grupo potencialmente mais amplo de formulado res de políticas macroeconômicas Em abril de 2009 no auge da crise global o Fórum de Estabilidade Financeira tornou se o Financial Stability Board FSB com uma adesão mais ampla incluindo muitas economias de mer cados emergentes e um maior número de funcionários permanentes O trabalho do FSB é monitorar o sistema financeiro global e fazer recomendações para a coorde nação e reforma políticas globais às vezes em coopera ção com outras agências internacionais como o FMI Reformas nacionais Países individuais não se limitaram à implementação das recomendações da Basileia III Em diversos casos incluindo a zona do euro o Reino Unido e os Estados Unidos os países iniciaram amplas refor mas de seus sistemas financeiros domésticos Em 2010 o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei Dodd Frank que entre outras coisas autoriza o governo a regular instituições financeiras não bancárias conside radas sistemicamente importantes como o Lehman ou AIG e também permite que o governo assuma essas empresas em grande parte da mesma forma que o FDIC assume e resolve a falência de bancos15 A perspectiva macroprudencial Uma importante lição da crise financeira global é que não basta os reguladores financeiros garantirem que cada instituição financeira individual seja saudável Isso por si só não garantirá que o sistema financeiro como um todo seja saudável e na verdade medidas que tornam uma instituição indi vidual mais resistente dado que o sistema financeiro mais amplo é saudável poderiam colocar o sistema mais amplo em perigo se implementadas simultaneamente por todas as instituições A perspectiva macroprudencial no regulamento financeiro visa a evitar tais falácias de composição no nível agregado16 Como exemplo considere os padrões de capitais da Basileia que aplicam pesos de riscos diferentes a diferen tes ativos para determinar a quantidade que os bancos de capital precisam manter Se existem dois ativos A e B com retornos semelhantes mas o ativo B tem a menor ponderação de risco Basileia todos os bancos vão querer 15 Veja Mishkin op cit 16 A monografia de Brunnermeier et al em Leituras Adicionais for nece uma excelente panorâmica manter o ativo B em vez do ativo A Mas nesse caso o sistema como um todo será mais vulnerável a uma queda no preço de ativos B do que se os bancos fossem mais diversificados entre os dois ativos Isso é exatamente o que aconteceu em 2007 quando os bancos norte americanos e europeus estavam todos tão fortemente investidos em títulos ligados ao mercado imobiliário dos Estados Uni dos e portanto todos vulneráveis à crise de habitação norte americana Uma grande preocupação com relação às novas regras Basileia é que elas não fazem o suficiente para corrigir esse problema em nível sistêmico No entanto em outros aspectos as propostas da Basileia III reconhecem o problema macroprudencial Por exemplo o Comitê de Basileia propôs que os bancos aumentassem suas proporções de capital durante cresci mentos de empréstimo a fim de tornar o sistema mais resistente durante as diminuições momento em que os requisitos de capital seriam afrouxados Por que esse plano para buffer de capital contracíclico é útil Se em vez disso todos os bancos vendessem simultanea mente ativos para aumentar seus buffers de capital em uma crise financeira que é o que uma microaborda gem prudencial poderia sugerir que eles fizessem o resultado seria uma queima total de ativos que depri miria os preços de valores mobiliários e portanto poria em risco a solvência do sistema como um todo Nos Estados Unidos a Lei Dodd Frank definiu um Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira FSOC na sigla em inglês que inclui o presidente da Reserva Federal e o Secretário do Tesouro para monitorar aspectos macroeconômicos de estabilidade financeira incluindo os riscos do sistema bancário sombra O FSOC tem o poder de designar instituições financeiras individuais como sis temicamente importantes e sujeitá las à supervisão refor çada Ele pode também recomendar a dissolução de insti tuições que sejam muito grandes ou interligadas de modo a representar uma ameaça para a economia No entanto as maiores instituições financeiras estão se muito ainda maiores depois da crise financeira e muitos observadores continuam preocupados que os Estados Unidos e outros países têm feito muito pouco para resolver o problema dos grandes demais para falir e reduzir o risco moral nos mercados financeiros Depois de ver os efeitos da falên cia do Lehman os legisladores ainda devem estar muito temerosos com um contágio para permitir que um grande banco internacional vá à falência Soberania nacional e os limites da globalização Os regu ladores financeiros nacionais muitas vezes enfrentam lobbies ferozes de suas instituições financeiras domés ticas que argumentam que as regras mais rigorosas os colocariam em desvantagem em relação a concorren M20KRUGXXXXC20indd 486 12915 621 PM 487 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade tes estrangeiros sendo também ineficazes por causa da competição estrangeira O processo multilateral da Basi leia como a liberalização do comércio multilateral no âmbito do GATT e da OMC segue uma regra essencial ao permitir que os governos superem as pressões políti cas internas contra a fiscalização adequada e o controle do setor financeiro O processo aborda parcialmente o trilema financeiro facilitando uma delegação limitada da soberania nacional sobre a política financeira No entanto as restrições do trilema ainda são importan tes Por exemplo um país que deseja controlar um boom imobiliário doméstico pode proibir seus bancos de fazer empréstimos muito grandes para os compradores nacionais mas ser incapaz de impedir os empréstimos de bancos estrangeiros Nesse caso há uma compensa ção entre a estabilidade financeira e a integração finan ceira e os países podem ser tentados a reagir mediante controles de capital ou outras medidas que segregam os mercados financeiros nacionais A menos que os gover nos consigam conter com êxito os riscos inerentes aos mercados financeiros é improvável que a globalização financeira possa continuar a proceder como tem feito nas últimas décadas Quão bem os mercados financeiros internacionais têm alocado capital e risco A estrutura atual do mercado internacional de capi tais envolve riscos de instabilidade financeira que podem ser reduzidos apenas com a estreita cooperação entre banco e supervisores financeiros em muitos países Mas o mesmo lucro que leva as instituições financeiras multi nacionais a inovar seu caminho em torno de regulamen tações nacionais também pode fornecer ganhos impor tantes para os consumidores Como já vimos o mercado internacional de capitais permite que os residentes de países diferentes diversifiquem suas carteiras de negocia ção de ativos de risco Além disso garantindo um rápido fluxo internacional de informações sobre oportunida des de investimento em todo o mundo o mercado pode ajudar a alocar as economias do mundo para seus usos mais produtivos Quão bem o mercado internacional de capitais tem desempenhado esses aspectos O grau de diversificação da carteira internacional Uma vez que dados precisos sobre as posições de portfólio geral dos residentes de um país são por vezes impossíveis de se conseguir pode ser difícil avaliar o grau de diversificação da carteira internacional por observa ção direta No entanto alguns dados dos Estados Uni dos podem ser usados para ter uma ideia das mudanças na diversificação internacional nos últimos anos Em 1970 os ativos externos detidos por residentes dos Estados Unidos eram iguais em valor a 62 do capital social norte americano incluindo habitação residencial Os créditos estrangeiros sobre os Estados Unidos ascende ram a 40 do seu capital social Até 2008 os ativos de pro priedade norte americana no exterior igualaram 466 do capital dos Estados Unidos enquanto os ativos estrangeiros nos Estados Unidos tinham aumentado para 547 no país As porcentagens recentes são muito maiores do que aquelas de 1970 mas ainda parecem muito pequenas Com a diversificação da carteira internacional esperamos que elas reflitam o tamanho da economia dos Estados Unidos em relação ao resto do mundo Assim em uma econo mia mundial totalmente diversificada algo como 80 do capital social norte americano poderia ser possuído por estrangeiros enquanto investimentos dos residentes dos Estados Unidos em estrangeiros seriam iguais a cerca de 80 do valor do capital dos Estados Unidos Além disso os números no parágrafo anterior descrevem o total de ati vos estrangeiros ações investimento estrangeiro direto e títulos semelhantes não apenas ações e IED que por si só representam investimentos em capital Para os Estados Unidos menos da metade dos seus ativos estrangeiros são ações e IED enquanto menos de um terço do seu passivo externo são ações e IED O que torna ainda mais intrigante a extensão aparentemente incompleta da diversificação de portfólio de equity internacional é a conjetura que a maioria dos economistas faria de que os ganhos potenciais da diver sificação são grandes Um influente estudo do economista financeiro francês Bruno Solnik por exemplo estima que um investidor norte americano que possua apenas ações norte americanas poderia dividir mais do que pela metade o grau de risco da sua carteira com uma maior diversifica ção em ações de países europeus17 Assim o viés doméstico observado em quem investe em equity é difícil de entender Os dados mostram no entanto que o comércio inter nacional de ativos aumentou substancialmente em resul tado do crescimento do mercado internacional de capi tais Além disso as participações de ativos internacionais são grandes em termos absolutos No final de 2012 por exemplo os investimentos dos Estados Unidos em rela ção aos estrangeiros eram iguais a cerca de 138 do PIB dos Estados Unidos naquele ano enquanto os créditos estrangeiros nos Estados Unidos eram cerca de 163 do PIB norte americano Lembre se da Figura 134 17 Veja Solnik Why Not Diversify Internationally Rather Than Do mestically Financial Analysts Journal p 4854 julago 1974 M20KRUGXXXXC20indd 487 12915 621 PM 488 Economia internacional As bolsas de valores em todo o mundo estabeleceram laços mais estreitos de comunicação e as empresas estão mostrando uma crescente disponibilidade para vender ações nas bolsas estrangeiras Entretanto a extensão apa rentemente incompleta da diversificação do patrimônio internacional alcançada até agora não é necessariamente uma indicação forte do mercado de capitais mundial O mercado decerto tem contribuído para um aumento impressionante no comércio de ativos nas últimas déca das Além disso a experiência dos Estados Unidos não é necessariamente típica A Tabela 201 ilustra a tendência por mais de duas décadas para um grupo de países indus trializados mostrando ativos e passivos estrangeiros bru tos dos países como porcentagens de seus PIBs O Reino Unido que já era o centro financeiro do mundo no iní cio de 1980 foi profundamente envolvido nos mercados financeiros internacionais na época e agora está ainda mais Um país pequeno como a Holanda tende a ter um nível elevado de ativos e passivos estrangeiros enquanto todos os países da zona do euro incluindo a Holanda aumentaram suas posições de investimento estrangeiro bruto desde 1993 como resultado da unificação do mer cado europeu de capitais A mesma tendência é evidente embora de forma mais suave na Austrália e nos Estados Unidos Até mesmo alguns mercados emergentes come çaram a se envolver em trocas de recursos significativas O significado de bem estar desses números é pouco claro Até o ponto em que representam a maior diver sificação de riscos econômicos como em nossa análise no início deste capítulo apontam para uma economia mundial mais estável Mas a maioria desses ativos e pas sivos externos são instrumentos de dívida incluindo as dívidas bancárias em alguns casos conduzidas por arbi tragem regulatória É provável que incluam empréstimos arriscados sistemicamente como quando um banco no Reino Unido empresta fundos de curto prazo para investir em títulos menos líquidos no exterior Assim mesmo que os dados mostrem que o volume de transa ções de ativos internacionais aumentou enormemente nas últimas décadas eles também nos lembram que não há nenhuma medida infalível da extensão socialmente ideal do investimento estrangeiro A extensão do comércio intertemporal Uma maneira alternativa de avaliação do desempe nho do mercado de capitais mundial foi sugerida pelos economistas Martin Feldstein e Charles Horioka Esses autores apontam que um mercado internacional de capi tais trabalhando com calma permite que as taxas de investimento doméstico dos países divirjam amplamente de suas taxas de poupança Nesse mundo tão idealizado a economia busca seus usos mais produtivos em todo o mundo independentemente da sua localização ao mesmo tempo o investimento doméstico não é limitado pela economia nacional porque um pool global de fun dos está disponível para financiá lo Para muitos países no entanto as diferenças entre a economia nacional e as taxas de investimento domés tico isto é saldos de conta corrente não foram gran des desde a Segunda Guerra Mundial países com altas taxas de poupança durante longos períodos também costumam ter taxas de investimentos elevadas como ilustra a Figura 204 Feldstein e Horioka concluíram a partir dessa evidência que a mobilidade do capital transnacional é baixa no sentido de que a maior parte de qualquer aumento sustentado da economia nacional levará a maior acumulação de capital doméstico O mer cado de capitais mundial de acordo com essa visão não faz um bom trabalho de ajudar os países a colherem os ganhos de longo prazo do comércio intertemporal18 18 Veja Martin Feldstein e Charles Horioka Domestic Savings and International Capital Flows Economic Journal v 90 p 314329 jun 1980 tAbelA 201 Ativos e passivos estrangeiros brutos de países industriais selecionados 19832011 do PIB 1983 1993 2011 Austrália Ativos 12 34 83 Passivos 43 87 140 França Ativos 63 80 256 Passivos 46 89 289 Alemanha Ativos 38 64 230 Passivos 31 54 205 Itália Ativos 22 43 106 Passivos 26 55 131 Países Baixos Ativos 93 148 450 Passivos 72 133 421 Reino Unido Ativos 150 202 694 Passivos 134 198 711 Estados Unidos Ativos 31 40 146 Passivos 26 46 173 fonte Philip R Lane e Gian Maria Milesi Ferretti The External Wealth of Nations Mark II Revised and Extended Estimates of Foreign Assets and Liabilities 1970 2004 Journal of International Economics v 73 p 223250 nov 2007 Números de 2011 da tabela vêm de dados atualizados relatados na página de Philip Lane Disponível em httpwwwphiliplaneorgEWNhtml Acesso em 4 dez 2014 M20KRUGXXXXC20indd 488 12915 621 PM 489 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade O principal problema com o argumento de Feldstein Horioka é que é impossível avaliar se a medida do comér cio intertemporal é deficiente sem saber se existem ganhos de comércio ainda por explorar e sabendo que isso requer mais conhecimento sobre economias reais do que temos em geral Por exemplo a economia e o investimento de um país podem geralmente se mover juntos apenas porque os fatores que geram uma taxa alta de poupança como o crescimento econômico rápido também geram uma taxa alta de investimentos Em tais casos o ganho do país pelo comércio intertemporal pode simplesmente ser pequeno Uma explicação alternativa da alta correlação poupança investimento é que os governos tentaram gerir a política macroeconômica para evitar grandes desequilíbrios de conta corrente Em qualquer caso os eventos parecem estar ultrapassando esse debate específico Para os países industrializados a regularidade empírica observada por Feldstein e Horioka parece ter enfraquecido recentemente perante os altos desequilíbrios externos de Estados Uni dos Japão Suíça e alguns dos países da zona do euro Diferenciais de juros onshore offshore Um barômetro bem diferente do desempenho do mer cado internacional de capitais é a relação entre as taxas de juros onshore e offshore nos ativos semelhantes denomi nados na mesma moeda Se o mercado de capitais mun dial está fazendo seu trabalho de comunicar informações sobre as oportunidades de investimento global essas taxas de juros devem mover se em conjunto e não diferem muito As grandes diferenças das taxas de juros seriam fortes evidências de ganhos não realizados do comércio A Figura 205 mostra dados desde o final de 1990 sobre a diferença de taxas de juros entre dois passivos ban cários comparáveis depósitos de dólar de três meses em Londres e certificados de depósito de três meses emitidos nos Estados Unidos Esses dados são imperfeitos porque as taxas de juros em comparação não são medidas pre cisamente ao mesmo tempo No entanto não fornecem indicação de quaisquer grandes ganhos inexplorados em tempos normais O padrão das diferenças de juros onshore offshore é semelhante para outros países industrializados O diferencial de Londres Estados Unidos começa a crescer com a eclosão da turbulência financeira global em agosto de 2007 e atinge um pico em outubro de 2008 um mês após o colapso do Lehman Brothers Evidente mente os investidores perceberam que os depósitos em dólar dos bancos norte americanos poderiam ser retidos pelo tesouro dos Estados Unidos e a Reserva Federal mas que os depósitos em dólar em Londres poderiam não receber a mesma proteção PoupançaPIB InvestimentoPIB KOR JPN ESP PRT AUT AUS ISL GRC NZL TUR CAN ITA IRL FRA DEU SWE DNK FIN GBR USA NLD BEL CHE 01 015 02 025 03 035 01 015 02 025 03 035 NOR FigUrA 204 Poupança e as taxas de investimento para 24 países médias de 19902011 A economia dos países da OCDE e as proporções de investimento para a produção tendem a ser relacionadas positivamente A linha reta de regressão do gráfico representa o melhor palpite de um estatístico do nível de proporção de investimento condicionado pela proporção de poupança nessa amostra de países fonte Banco Mundial indicadores do desenvolvimento mundial USA Estados Unidos da América ISL Islândia GRC Grécia NZL Nova Zelândia CAN Canadá TUR Turquia PRT Portugal ESP Espanha AUS Austrália KOR Coreia GBR GrãBretanha FRA França DEU Alemanha ITA Itália SWE Suécia DNK Dinamarca IRL Irlanda BEL Bélgica NLD Holanda FIN Finlândia AUT Áustria JPN Japão CHE Suíça NOR Noruega M20KRUGXXXXC20indd 489 12915 621 PM 490 Economia internacional A eficiência do mercado cambial estrangeiro O mercado cambial estrangeiro é um componente central do mercado internacional de capitais e as taxas de câmbio que ele define ajudam a determinar a renta bilidade das operações internacionais de todos os tipos As taxas de câmbio portanto comunicam importantes sinais econômicos às famílias e empresas envolvidas no comércio e investimento internacionais Se esses sinais não refletem todas as informações disponíveis sobre as oportunidades de mercado o resultado será a uma má alocação de recursos Portanto estudos de uso das informações disponíveis pelo mercado cambial estran geiro são potencialmente importantes para julgar se o mercado de capitais internacional está enviando os sinais certos para os mercados Vamos examinar três tipos de testes com base na paridade de juros com base na modelagem dos prêmios de risco e para volatilidade cambial excessiva Estudos com base na paridade de juros A condição de paridade de juros que foi a base da discussão sobre a determinação da taxa de câmbio no Capítulo 14 também tem sido usada para estudar se as taxas de câmbio de mercado incorporam todas as informações disponíveis Lembre se que a paridade de juros se mantém quando a diferença de juros entre depósitos denominados em duas moedas diferentes é a previsão do mercado da porcen tagem de mudança da taxa de câmbio entre as moedas Mais formalmente se Rt é a a taxa de juros na data t em depósitos na moeda doméstica R t é a taxa de juros sobre os depósitos de moeda estrangeira Et é a taxa de câmbio definida como o preço da moeda doméstica em relação à moeda estrangeira e Ee t1 é a taxa de câmbio que os participantes do mercado esperam quando os depósitos pagando juros Rt e R t vencerem a condição de paridade de juros é Rt R t Ee t 1 EtEt 201 A Equação 201 implica uma maneira simples para testar se o mercado cambial está fazendo um bom tra balho usando informações atuais para a previsão das taxas de câmbio Uma vez que a diferença de juros Rt R t é a previsão para o mercado uma comparação entre essa mudança na taxa de câmbio prevista e a alteração da taxa de câmbio real que ocorre posteriormente indica a habilidade de previsão do mercado19 19 A maioria dos estudos de efi ciência do mercado de câmbio analisa como o prêmio de taxa de câmbio a termo atua como preditor de alterações subsequentes na taxa de câmbio à vista Tal procedimento é equivalente ao que estamos seguindo se a condição de paridade coberta de juros se mantém para que a diferença de juros Rt R t seja igual ao prêmio a termo veja o Apêndice do Capítulo 14 Como observado no Capítulo 14 há fortes evidências de que a paridade de juros coberta se mantém quando as taxas de juros sendo comparadas aplicam se aos depósitos no mesmo centro fi nanceiro por exemplo taxas de eurodivisa de Londres Dez 2012 Dez 2010 Dez 2008 Dez 2006 Dez 2004 Dez 2002 Dez 2000 Dez 1998 Dez 1996 Dez 1994 Dez 1992 Dez 1990 Taxa de três meses do eurodólar de Londres menos taxa de três meses do certificado de depósito bancário dos Estados Unidos Porcentagem ao ano 01 0 01 02 03 04 05 06 07 08 09 1 FigUrA 205 Comparando as taxas de juros onshore e offshore para o dólar A diferença entre as taxas de juro de Londres e Estados Unidos sobre os depósitos em dólar é em geral muito próxima de zero mas subiu agudamente no outono de 2008 quando o banco de investimento Lehman Brothers entrou em colapso fonte Board of Governors of the Federal Reserve System dados mensais M20KRUGXXXXC20indd 490 12915 621 PM 491 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade Estudos estatísticos da relação entre as diferenças de taxa de juros e taxas de amortização posteriores mostram que a diferença de juros tem sido um preditor muito ruim no sentido de que não foi capaz de detec tar nenhuma das grandes oscilações nas taxas de câm bio Observamos essa falha na discussão do Capítulo 14 sobre o comércio de transportes Pior ainda como observamos ali a diferença de juros em média não conseguiu prever corretamente a direção em que a taxa de câmbio à vista mudaria Se a diferença de taxa de juros fosse um preditor pobre mas imparcial podería mos argumentar que o mercado está definindo a taxa de câmbio de acordo com a paridade de juros e fazendo o melhor trabalho possível em um mundo em rápida mudança onde a previsão é inerentemente difícil O achado de viés no entanto parece em desacordo com a interpretação dos dados A condição de paridade de juros também fornece um teste de uma segunda implicação da hipótese de que o mercado usa todas as informações disponíveis na fixa ção das taxas de câmbio Suponha que Et1 seja a taxa de câmbio real futura que as pessoas estão tentando prever então o erro de previsão que eles cometem ao prever a depreciação futura ut1 pode ser expresso como depre ciação real menos depreciação esperada ut1 Et1 EtEt Ee t1 EtEt 202 Se o mercado está fazendo uso de todas as informa ções disponíveis seu erro de previsão ut1 deve ser esta tisticamente independente dos dados conhecidos para o mercado na data t quando se formaram as expectativas Em outras palavras não deve haver nenhuma oportuni dade para o mercado explorar dados conhecidos para reduzir seus erros de previsão mais tarde Nos termos de paridade de juros essa hipótese pode ser testada escrevendo se ut1 como depreciação da moeda real menos a diferença de juros internacional ut1 Et1 EtEt Rt R t 203 Métodos estatísticos podem ser usados para exami nar se ut1 é previsível em média com base nas informa ções passadas Diversos investigadores detectaram que o prognóstico de erros quando definido como acabamos de ver pode ser previsto Por exemplo erros de cálculo passados que são amplamente conhecidos são úteis em predizer os erros futuros20 O papel dos prêmios de risco Uma explicação dos resultados da pesquisa descrita é que o mercado cam bial simplesmente ignora as informações facilmente disponíveis na fixação das taxas de câmbio Tal cons tatação jogaria dúvida sobre a capacidade do mercado de capitais internacional para comunicar os sinais de preço apropriado Contudo antes de ter chegado a essa conclusão lembre se que quando as pessoas são aversas ao risco a condição de paridade de juros pode não ser totalmente responsável por como as taxas de câmbio são determinadas Se em vez disso os títulos denominados em moedas diferentes são substitutos imperfeitos para os investidores a diferença da taxa de juros internacional é igual à depreciação da moeda esperada mais um prêmio de risco t Rt R t Ee t 1 EtEt t 204 ver Capítulo 18 Nesse caso a diferença de juros não é necessariamente a previsão do mercado de depreciação futura Assim sob substitutibilidade imperfeita de ativo os resultados empíricos discutidos não podem ser usa dos para fazer inferências sobre a eficiência do mercado cambial no processamento de informações Como as expectativas das pessoas são inerentemente não observáveis não há nenhuma maneira simples de decidir entre a Equação 204 e a condição de paridade de juros que é o caso especial que ocorre quando o t é sempre zero Vários estudos econométricos têm tentado explicar as partidas de paridade de juros com base nas teorias particulares do prêmio de risco mas nenhuma foi inteiramente bem sucedida21 O registro empírico misto deixa as duas possibili dades a seguir ambos os prêmios de risco são impor tantes na determinação das taxas de câmbio ou o mer cado cambial estrangeiro tem ignorado a oportunidade de lucrar com informações facilmente disponíveis A segunda alternativa parece pouco provável tendo em conta os incentivos poderosos dos operadores de câm bio para ter lucros A primeira alternativa no entanto aguarda confirmação estatística sólida Certamente não 20 Para uma discussão mais profunda veja Robert E Cumby e Maurice Obstfeld International Interest Rate and Price Level Linkages under Flexible Exchange Rates A Review of Recent Evidence In John F O Bilson e Richard C Marston Eds Exchange Rate Theory and Prac tice Chicago University of Chicago Press 1984 p 121151 e Lars Peter Hansen Robert J Hodrick Forward Exchange Rates as Optimal Predictors of Future Spot Rates An Econometric Analysis Journal of Political Economy v 88 p 829853 out 1980 21 Para pesquisas úteis veja Charles Engel The Forward Discount Anomaly and the Risk Premium A Surveyof Recent Evidence Journal of Empirical Finance v 3 p 123192 1996 Karen Lewis Puzzles in International Finance In Gene M Grossman e Kenneth Rogoff Eds Handbook of International Economics v 3 Amsterdam North Holland 1996 e Hanno Lustig e Adrien Verdelhan Exchange Rates in a Stochastic Discount Factor Framework In Jessica James Ian W Marsh e Lucio Sarno Eds Handbook of Exchange Rates Hoboken NJ John Wiley Sons 2012 p 391420 M20KRUGXXXXC20indd 491 12915 621 PM 492 Economia internacional é apoiada pelas evidências revistas no Capítulo 18 o que sugere que a intervenção cambial esterilizada não tenha sido uma ferramenta eficaz para a gestão das taxas de câmbio Teorias mais sofisticadas mostram no entanto que a intervenção esterilizada pode ser impotente mesmo sob substitutibilidade imperfeita de ativos Assim uma constatação de que a intervenção esterilizada é ineficaz não implica necessariamente que os prêmios de risco estejam ausentes Outra possibilidade levantada no Estudo de Caso do Capítulo 14 sobre o carry trade é uma das reversões grandes esperadas mas pouco fre quentes nas tendências de moeda que as técnicas estatís ticas padrão estão mal equipadas para detectar Testes para a volatilidade excessiva Uma das constata ções mais preocupantes é que a previsão de modelos de taxas de câmbio com base em variáveis fundamentais padrão como reservas de dinheiro déficits do governo e desempenho da produção não funcionam bem mesmo quando valores reais em vez de previstos dos fundamentos futuros são usados para formar previsões de taxa de câmbio Com efeito em um famoso estudo Richard A Meese do Barclays Global Investors e Ken neth Rogoff da Universidade de Harvard mostraram que um modelo ingênuo random walk que apenas leva a taxa de câmbio de hoje como o melhor palpite de amanhã tem melhor desempenho Alguns têm visto esse achado como evidência de que as taxas de câmbio têm uma vida própria sem relação com os determinan tes macroeconômicos que salientamos em nossos mode los A pesquisa mais recente confirmou no entanto que enquanto o passeio aleatório supera modelos mais sofis ticados para previsões de até um ano de distância os modelos parecem servir melhor em horizontes de mais de um ano e têm poder explicativo para movimentos de taxa de câmbio de longo prazo22 Uma linha de pesquisa adicional sobre o mercado cambial examina se a taxas de câmbio foram excessiva 22 O estudo original Meese Rogoff é Empirical Exchange Rate Models of the Seventies Do They Fit Out of Sample Journal of International Economics v 14 p 324 fev 1983 Para previsões de longo prazo veja Menzie D Chinn Richard A Meese Banking on Currency Fore casts How Predictable Is Change in Money Journal of International Economics v 38 p 161178 fev 1995 e Nelson C Mark Exchange Rates and Fundamentals Evidence on Long Horizon Predictability American Economic Review v 85 p 201218 mar 1995 Um levanta mento recente é de Pasquale Della Corte e Ilias Tsiakas Statistical and Economic Methods for Evaluating Exchange Rate Predictability In Jessica James Ian W Marsh e Lucio Sarno Eds Handbook of Exchange Rates Hoboken NJ John Wiley Sons 2012 p 221263 mente voláteis talvez porque o mercado de câmbio estran geiro exagere a reação aos eventos Uma constatação da volatilidade excessiva provaria que o mercado cam bial está enviando sinais confusos para os negociantes e investidores que baseiam suas decisões nas taxas de câm bio Mas quão volátil deve ser uma taxa de câmbio antes que sua volatilidade se torne excessiva Como vimos no Capítulo 14 as taxas de câmbio devem ser voláteis porque para enviar os sinais de preço correto elas devem mover se rapidamente em resposta às notícias econômicas As taxas de câmbio são em geral menos voláteis do que os preços das ações No entanto é ainda possível que as taxas de câmbio sejam substancialmente mais voláteis do que os fatores subjacentes que as modificam como reservas de dinheiro produções nacionais e variáveis fiscais Contudo tentativas de comparar a volatilidade das taxas de câmbio com aquelas de seus determinantes subjacentes produzi ram resultados inconclusivos Um problema básico subja cente aos testes para a excessiva volatilidade é a impossi bilidade de quantificar exatamente todas as variáveis que transmitem notícias relevantes sobre o futuro econômico Por exemplo como atribuir um número a uma tentativa de assassinato de um político uma falência de um grande banco ou um ataque terrorista A linha de fundo A evidência ambígua sobre o desem penho do mercado cambial exige uma visão aberta Um julgamento que o mercado está fazendo seu trabalho bem apoiaria uma atitude de liberalidade pelos governos e uma continuação da presente tendência de aumento da integração financeira transfronteiriça no mundo indus trial Um julgamento de falência de mercado por outro lado pode implicar a necessidade de maior intervenção cambial pelos bancos centrais e uma inversão da tendên cia global em direção à liberalização financeira externa As apostas são altas e mais pesquisas e experiências são necessárias antes que uma conclusão firme possa ser alcançada resumo 1 Quando as pessoas são aversas ao risco os países podem ganhar por meio da troca de ativos de risco Os ganhos do comércio tomam a forma de uma redução no grau de risco de consumo de cada país A diversificação da carteira inter nacional pode ser realizada pela troca de instrumentos de dívida ou de instrumentos de equidade 2 O mercado de capitais internacional é o mercado no qual moradores de diferentes países comercializam ativos Um de seus componentes importantes é o mercado de câmbio Os bancos estão no centro do mercado de capitais interna cional e muitos operam offshore ou seja fora dos países onde se baseiam suas sedes M20KRUGXXXXC20indd 492 12915 621 PM 493 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade 3 Fatores regulatórios e políticos têm incentivado o sistema bancário offshore Os mesmos fatores encorajaram a nego ciação de moeda offshore ou seja comércio em depósitos bancários denominados em moedas de países diferentes daquelas do país onde o banco está localizado Tal negocia ção eurodivisa recebeu um grande estímulo da ausência de reservas mínimas em depósitos em Eurobanks 4 A criação de um depósito de eurodivisa não ocorre porque aquela moeda deixa seu país de origem pelo contrário tudo o que é necessário é que um Eurobank aceite uma responsabilidade de depósitos denominada na moeda As eurodivisas portanto não são uma ameaça ao controle dos bancos centrais sobre suas bases monetárias nacionais e os temores de que os eurodólares por exemplo algum dia venham a inundar os Estados Unidos são descabidos 5 O sistema bancário offshore está desprotegido em grande parte pelas salvaguardas que os governos nacionais im puseram para evitar a falência de bancos nacionais Além disso a oportunidade que os bancos têm de deslocar as operações offshore assim beneficiando se de arbitragem regulatória minou a eficácia da supervisão do banco na cional Esses problemas criam um trilema financeiro que os legisladores internacionais tentaram atenuar por meio da colaboração transfronteiriça cada vez mais ambiciosa Desde 1974 o Comitê da Basileia de supervisão bancária tem trabalhado para melhorar a cooperação regulamentar global incluindo normas internacionais para o capital dos bancos Uma terceira geração de regulamentação pruden cial proposta Basileia III foi lançada em 2010 e está em processo de execução pelos reguladores nacionais Ainda há incerteza no entanto sobre as obrigações do banco central como um emprestador internacional de última instância Essa incerteza pode refletir uma tentativa por parte de autorida des internacionais para reduzir o risco moral A tendência de securitização tem aumentado a necessidade de cooperação internacional para monitoramento e regulamentação das instituições financeiras não bancárias Assim também para a ascensão dos mercados emergentes e de grandes sistemas bancários paralelos Lacunas da rede de segurança financei ra global tornaram se evidentes durante a crise financeira global de 20072009 Uma lição fundamental da crise é que os governos devem adotar uma perspectiva macropruden cial na avaliação dos riscos financeiros em vez de se preo cupar apenas com a solidez das instituições individuais 6 Os prejuízos causados pelas crises financeiras devem ser avaliados contra os ganhos que os mercados de capitais internacionais potencialmente oferecem O mercado de capitais internacional tem contribuído para o aumento da diversificação da carteira internacional desde 1970 mas o grau de diversificação ainda parece incompleto em compa ração com o que a teoria econômica poderia prever Da mes ma forma alguns observadores afirmam que a medida das trocas intertemporais medida pelo saldo da conta corrente dos países tem sido muito pequena Tais afirmações são di fíceis de avaliar sem informações mais detalhadas sobre o funcionamento da economia mundial do que as que estão disponíveis Evidências menos ambíguas vêm de compa rações de taxa de juros internacionais e essas evidências apontam para um bom funcionamento do mercado com exceção de raros períodos de crise financeira internacio nal As taxas de retorno em depósitos similares emitidos nos principais centros financeiros são normalmente muito próximas 7 O registro do mercado cambial estrangeiro em comunicar sinais de preço adequado aos investidores e comerciantes internacionais é misturado Testes com base na condição de paridade de juros do Capítulo 14 parecem sugerir que o mercado ignora as informações prontamente disponíveis na fixação de taxas de câmbio mas como a teoria de pari dade de juros ignora a aversão ao risco e os prêmios de risco resultantes a teoria pode ser uma simplificação da realida de As tentativas de criar empiricamente um modelo de fa tores de risco no entanto não foram muito bem sucedidas Testes de volatilidade cambial excessiva também produzem um veredito misto sobre o desempenho do mercado cam bial Junto com a história recente das crises financeiras isso não é uma boa notícia para aqueles que são a favor de uma abordagem liberal pura à globalização financeira termos chAve arbitragem regulatória p 479 aversão ao risco p 469 capital do banco p 474 Comitê da Basileia p 480 diversificação de portfólio p 469 emprestador de última instância LLR p 476 Eurobank p 472 Eurodivisas p 472 Eurodólar p 472 instrumentos de equidade p 470 instrumentos de dívida p 470 mercado internacional de capitais p 467 mercados emergentes p 480 negociação de moeda offshore p 472 perspectiva macroprudencial p 486 risco moral p 477 securitização p 481 sistema bancário offshore p 472 sistema bancário paralelo p 473 trilema financeiro p 480 M20KRUGXXXXC20indd 493 12915 621 PM 494 Economia internacional 1 Que carteira é mais bem diversificada uma que contém o estoque de uma empresa de produtos odontológicos e uma empresa de doces ou a que contém o estoque de uma em presa de produtos odontológicos e uma empresa de produ tos lácteos 2 Imagine um mundo no qual as únicas causas de flutuações nos preços das ações sejam mudanças inesperadas nas po líticas monetárias em dois países Sob qual regime de taxa de câmbio os ganhos do comércio internacional de ativos seriam maiores taxa fixa ou flutuante 3 O texto aponta que a paridade coberta de juros mantém se muito próxima de depósitos de diferentes denominações de moeda emitidas em um único centro financeiro Por que a paridade coberta de juros pode falhar quando são compara dos os depósitos emitidos em diferentes centros financeiros 4 Quando um banco dos Estados Unidos aceita um depósito de uma das suas filiais estrangeiras esse depósito é sujei to às exigências de reservas da Reserva Federal Da mesma forma as exigências de reservas da Reserva Federal são im postas por qualquer empréstimo de uma agência estrangei ra de um banco norte americano para residentes nos Esta dos Unidos ou em qualquer compra de ativos pela agência do banco de sua matriz norte americana Qual você pensa ser a justificativa para esses regulamentos 5 O economista suíço Alexander Swoboda argumentou que o crescimento inicial do mercado de eurodólar era alimenta do pelo desejo dos bancos fora dos Estados Unidos de se apropriarem de parte das receitas que os Estados Unidos estavam coletando como emissores de moeda de reserva principal Esse argumento encontra se no texto The Euro Dollar Market an Interpretation Princeton Essays in Interna tional Finance v 64 International Finance Section depar tamento de economia Universidade de Princeton fev 1968 Você concorda com a interpretação de Swoboda 6 Após a crise da dívida dos países em desenvolvimento co meçar em 1982 ver Capítulo 22 os reguladores de bancos dos Estados Unidos impuseram restrições de supervisão mais rigorosas sobre as políticas de empréstimo dos bancos norte americanos e suas subsidiárias Ao longo da década de 1980 diminuiu a parcela de atuação dos bancos dos Es tados Unidos na atividade bancária de Londres Você pode sugerir uma ligação entre os dois acontecimentos 7 Por que a crescente securitização torna mais difícil para su pervisores de banco manter o controle de riscos do sistema financeiro 8 Retorne ao exemplo no texto dos dois países que produzem quantidades aleatórias de kiwis e podem negociar créditos sobre a fruta Suponha que os dois países também produ zam framboesas que estragam se forem transportadas en tre os países e são portanto não comercializáveis Como você acha que isso afetaria a relação de comércio interna cional de ativos do PNB para Doméstica e Estrangeira 9 Às vezes é alegado que a igualdade internacional de taxas de juros reais é o barômetro mais preciso da integração finan ceira internacional Você concorda Por que ou por que não 10 Se você olhar para dados no site do departamento de aná lise econômica verá que entre o final de 2003 e o final de 2007 a dívida externa líquida dos Estados Unidos subiu muito menos do que a soma de seus déficits em conta corrente ao longo desses anos Ao mesmo tempo o dólar depreciou Você vê alguma conexão Dica os Estados Unidos pedem emprestado na maior par te em dólares mas têm ativos substanciais em moeda es trangeira 11 Ao interpretar relações como aquelas na Tabela 201 deve mos ser cautelosos sobre a conclusão de que a diversificação está crescendo tão rapidamente quanto o aumento relatado nos números Suponha que um brasileiro compre um fundo de capital internacional dos Estados Unidos que coloca o dinheiro do seu cliente no mercado de ações do Brasil O que acontece com ativos e passivos estrangeiros brutos do Brasil e dos Estados Unidos O que acontece com a diversificação internacional do Brasil e dos Estados Unidos 12 Os bancos não estão felizes quando os reguladores os for çam a elevar a proporção entre capital e ativos totais eles argumentam que isso reduz seus lucros potenciais Contu do quando um banco pede emprestado mais a fim de adqui rir ativos mais arriscados a taxa de juros que ele deve pagar sobre o empréstimo deve ser alta o suficiente para com pensar os credores do risco de o banco não conseguir pagar integralmente e a maior taxa de juros reduz os lucros do banco À luz dessa observação é óbvio para você que é mais rentável para o banco financiar a compra de ativos por empréstimo em vez de emitir quotas adicionais de ações e desse modo aumentar em vez de reduzir a sua proporção de capital para ativos totais 13 Como seria sua resposta para a mudança da última per gunta se os credores do banco esperassem que o governo às vezes aparecesse com um resgate que evita perdas nas obrigações de dívida do banco 14 Se você retornar à Figura 205 vai notar que as taxas de juros do eurodólar de Londres tendem a exceder as taxas dos certificados de depósito bancário dos Estados Unidos após a crise financeira global mas não antes Por que você acha que isso ocorre Certifique se de voltar a esta questão depois de ler o próximo capítulo problemAs M20KRUGXXXXC20indd 494 12915 621 PM 495 Capítulo 20 Globalização financeira crise e oportunidade ACHARYA V V KULKARNI N RICHARDSON M Capital Contingent Capital and Liquidity Requirements In ACHARYA V V et al Eds Regulating Wall Street The DoddFrank Act and the Architecture of Glo bal Finance Hoboken NJ John Wiley Sons 2011 p 143180 Discus são clara dos objetivos e limitações da Lei DoddFrank e Basileia III ADMATI A HELLWIG M The Bankers New Clothes Whats Wrong with Banking and Wha tto Do about It Princeton NJ Princeton University Press 2013 Um relato lúcido dos incentivos dos bancos para propa gar a fragilidade financeira mediante o financiamento de suas explo rações de ativos com a dívida em vez de capital BLINDER A S After the Music Stopped The Financial Crisis the Response and the Work Ahead New York Penguin Press 2013 Um relato de um influente economista sobre as origens e das repercussões da crise financeira global de 20072009 BRUNNERMEIER M K et al The Fundamental Principles of Financial Regulation Genebra e Londres International Center for Monetary and Banking Studies and Centre for Economic Policy Research 2009 Revi são abrangente das abordagens regulamentares para a prevenção da crise financeira com ênfase na perspectiva macroprudencial CLAESSENS S HERRING R J SCHOENMAKER D A Safer World Finan cial System Improving the Resolution of Systemic Institutions Geneva and London International Center for Monetary and Banking Studies and Centre for Economic PolicyResearch 2010 Discute a reorganiza ção das instituições insolventes em uma configuração global COEURDACIER N REY H Home Bias in Open Economy Financial Macroeconomics Journal of Economic Literature v 51 p 63115 mar 2012 Visão teórica e empírica avançada do viés doméstico em port fólios de ativos internacionais EICHENGREEN B International Financial Regulation after the Crisis Daedalus p 107114 outono 2010 Descrição e crítica do atual qua dro institucional para a cooperação global na regulação financeira internacional FISCHER S On the Need for an International Lender of Last Resort Journal of Economic Perspectives v 13 p 85104 outono 1999 Centra se na capacidade de o FMI funcionar como um LLR internacional GOODHART C A E Myths about the Lender of Last Resort Interna tional Finance v 2 p 339360 nov 1999 Clara discussão da teoria e prática da função do LLR KINDLEBERGER C P ALIBER R Manias Panics and Crashes A History of Financial Crises 5 ed Hoboken NJ John Wiley Sons 2005 Uma revisão histórica das crises financeiras internacionais do século XVII até hoje LEVICH R M Is the Foreign Exchange Market Efficient Oxford Review of Economic Policy v 5 p 4060 1989 Valioso levantamento das pes quisas sobre a eficiência do mercado de câmbio LEVY H SARNAT M International Portfolio Diversification In HER RING R J Ed Managing Foreign Exchange Risk Cambridge UK Cambridge University Press 1983 p 115142 Uma boa exposição da lógica da diversificação de ativos internacionais MARK N C International Macroeconomics and Finance Oxford Blackwell Publishers 2001 O Capítulo 6 discute eficiência do mercado de câm bio externo OBSTFELD M The Global Capital Market Benefactor or Menace Jour nal of Economic Perspectives v 12 p 930 outono 1998 Visão geral das funções operações e implicações para a soberania nacional do mercado de capitais internacional OBSTFELD M ROGOFF K Global Imbalances and the Financial Crisis Products of Common Causes In GLICK R SPIEGEL M Eds Asia and the Global Financial Crisis San Francisco CA Federal Reserve Bank of San Francisco 2010 Uma análise das relações entre fluxos financeiros globais e a crise financeira de 20072009 REINHARTAND C M ROGOFF K S This Time Is Different Eight Centu ries of Financial Folly Princeton NJ Princeton University Press 2009 Visão histórica com base em dados dos precedentes e dos efeitos das crises financeiras ao redor do mundo SCHINASI G J Safeguarding Financial Stability Theory and Practice Washington DC International Monetary Fund 2006 Visão completa das ameaças de estabilidade financeira em um contexto de mercados financeiros globalizados leiturAs AdicionAis M20KRUGXXXXC20indd 495 12915 621 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 21 Áreas de moeda ideal e o euro Países da UE fora da zona do euro Países da UE da zona do euro Portugal Espanha França Suíça Itália Bélgica Países Baixos Alemanha República Tcheca Polônia Hungria Albânia Turquia Irlanda Reino Unido Noruega Suécia Finlândia Dinamarca Rússia Bulgária Romênia Estônia Letônia Lituânia Bielorrússia Ucrânia Áustria Eslováquia Luxemburgo Grécia Malta Chipre Eslovênia Croácia Bosnia e Herzegovina Montenegro Sérvia FIGura 211 Membros da zona do euro a partir de 1o de janeiro de 2014 Os países com sombreado mais escuro no mapa são os 18 membros da UEM Áustria Bélgica Chipre Estônia Finlândia França Alemanha Grécia Irlanda Itália Letônia Luxemburgo Malta Países Baixos Portugal República Eslovaca Eslovênia e Espanha Em 1o de janeiro de 1999 onze países membros da União Europeia UE adotaram uma moeda única o euro Desde então uniramse a eles mais sete membros da UE A experiência arrojada da Europa na União Econômica e Monetária UEM que muitos viam como uma fanta sia visionária apenas alguns anos antes criou uma área de moeda com mais de 335 milhões de consumidores cerca de 7 mais populosa do que os Estados Unidos Se todos os países da Europa Oriental eventualmente entrarem na zona euro serão mais de 25 países estendendose do Oceano Ártico no norte ao mar Mediterrâneo no sul e do Oceano Atlântico no oeste ao mar Negro no leste A Figura 211 mostra a extensão da zona do euro em 2014 O nascimento do euro resultou em taxas de câmbio fixas entre todos os países membros da UEM Contudo ao decidir formar uma união monetária os países da UEM sacrificaram ainda mais a soberania sobre suas políticas monetárias do que um regime de taxa de câmbio fixa geralmente requer Eles concordaram em desistir inteiramente de suas moedas nacionais e entregar o controle das suas políticas monetárias para um Banco Central Europeu BCE com M21KRUGXXXXC21indd 496 12915 622 PM 497 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro Como evoluiu a moeda única europeia Até sua extinção em 1973 o sistema de Bretton Woods fixava a taxa de câmbio de cada país membro contra o dólar norte americano e consequentemente também fixava a taxa de câmbio entre cada par de moe das não dólar Depois de 1973 os países da UE permi tiam que suas moedas flutuassem contra o dólar mas tentavam progressivamente diminuir o quanto eles dei xavam as suas moedas flutuarem umas contra as outras Esses esforços culminaram com o nascimento do euro em 1o de janeiro de 1999 O que impulsionou a cooperação monetária europeia O que levou os países da UE a buscar uma coorde nação mais estreita das políticas monetárias e uma esta bilidade maior da taxa de câmbio mútuo Dois motivos principais inspiraram esses movimentos e permanece ram como grandes razões para a adoção do euro 1 Reforçar o papel da Europa no sistema monetário mundial Os eventos que antecederam o colapso do sistema Bretton Woods foram acompanhados pelo declínio europeu da confiança na prontidão dos Estados Unidos para colocar suas responsabilida des monetárias internacionais à frente de seus in teresses nacionais Capítulo 19 Falando com uma só voz sobre as questões monetárias países da UE esperavam defender melhor seus próprios interesses econômicos em face de um egocentrismo cada vez maior dos Estados Unidos 2 Transformar a União Europeia em um mercado ver dadeiramente unificado Muito embora o Tratado de Roma de 1957 que fundou a UE tenha estabelecido uma união alfandegária permaneceram barreiras oficiais significativas aos movimentos de mercado rias e fatores dentro da Europa Um objetivo consis tente dos membros da UE era eliminar todas essas barreiras e transformar a UE em um enorme mer cado unificado baseandose no modelo dos Estados Unidos obJeTiVos de ApRendiZAGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Discutir por que os europeus tentaram por muito tempo estabilizar suas taxas de câmbio mútuas embora flutuan tes contra o dólar norte americano Descrever como a União Europeia por meio do Tratado de Maastricht de 1991 pôsse a caminho para ter uma moeda única o euro emitido e gerido por um Banco Central Europeu BCE Detalhar a estrutura do BCE o Sistema Europeu de Bancos Centrais e os acordos da União Europeia para a coorde nação das políticas econômicas dos estados membros Articular as principais lições da teoria das zonas de moeda ideais Recontar como os 18 países que utilizam o euro até agora se saíram em sua união monetária e os passos que estão dando em resposta à crise econômica prolongada partilhado O projeto do euro representa assim uma solução extrema para o trilema de política monetária visto no Capítulo 19 estabilidade cambial absoluta e total abertura ao comércio financeiro mas sem qualquer tipo de autonomia monetária A experiência europeia gera uma série de questões importantes Como e por que a Europa estabeleceu sua moeda única Que benefícios o euro tem trazido para as economias de seus membros e por que eles se encon tram em uma crise prolongada Como o euro afeta os países fora da UEM principalmente os Estados Unidos E que lições a experiência europeia traz para outros blocos de moeda potenciais como o grupo de comércio do Mercosul na América do Sul Este capítulo centrase na experiência europeia da unificação monetária para ilustrar os benefícios eco nômicos e os custos dos acordos de taxa de câmbio fixa e os esquemas de unificação de moeda mais abran gentes Como vemos na experiência europeia os efeitos de aderir a um acordo de taxa de câmbio fixa são complexos e dependem na essência de fatores microeconômicos e macroeconômicos Nossa discussão sobre a Europa esclarecerá não só as forças que promovem uma maior unificação das economias nacionais mas também as que fazem um país pensar duas vezes antes de desistir completamente de seu controle sobre a política monetária M21KRUGXXXXC21indd 497 12915 622 PM 498 Economia internacional Os órgãos europeus acreditavam no entanto que a incerteza da taxa de câmbio como as barreiras de comér cio oficial fosse um fator importante para reduzir o comércio dentro da Europa Eles também temiam que as oscilações das taxas de câmbio causando grandes mudan ças de preços relativos dentro da Europa aumentariam as forças políticas hostis ao comércio livre na Europa1 A chave para entender como a Europa chegou até a unificação monetária e de mercado encontrase na his tória do continente assolado pela guerra Após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 muitos líderes europeus concordaram que a cooperação econômica e a integração entre os antigos oponentes seria a melhor garantia contra a repetição das duas guerras devastado ras do século XX O resultado foi uma cessão gradual dos poderes da política econômica nacional para órgãos governamentais centralizados na União Europeia como a Comissão Europeia em Bruxelas Bélgica corpo exe cutivo da UE e o Banco Central Europeu em Frank furt na Alemanha O sistema monetário europeu 19791998 O primeiro passo institucional significativo na estrada da unificação monetária europeia foi o Sistema Mone tário Europeu SME Os oito participantes originais no mecanismo de taxas de câmbio do SME França Ale 1 Uma razão administrativa muito importante por que os europeus têm procurado evitar grandes movimentos nas taxas de câmbio tran seuropeias está relacionada com a Política Agrícola Comum PAC o sistema da UE de apoio aos preços agrícolas Antes do euro os preços agrícolas eram cotados em termos de Unidade Monetária Europeia ECU do inglês European Currency Unit uma cesta de moedas da UE Os realinhamentos das taxas de câmbio dentro da Europa alterariam abruptamente o valor real doméstico dos pre ços suportados provocando protestos dos agricultores dos países revalorizados Embora o aborrecimento de administrar a PAC sob realinhamentos de taxa de câmbio fosse sem dúvida crucial para os europeus começarem o caminho para a unificação da moeda os dois motivos citados no texto são mais importantes para explicar como a Europa finalmente veio a adotar uma moeda comum manha Itália Bélgica Dinamarca Irlanda Luxemburgo e Países Baixos começaram a operar uma rede formal mutuamente indexada das taxas de câmbio em março de 1979 Um complexo conjunto de acordos de intervenção do SME atuou para restringir as taxas de câmbio das moedas participantes dentro de margens de flutuação especificadas2 As perspectivas de uma área de taxa fixa bemsuce dida na Europa pareciam sombrias no início de 1979 quando as taxas de inflação anuais variaram de 27 na Alemanha até 121 na Itália Entretanto por meio de uma mistura de cooperação política e realinhamento o clube de taxa fixa do SME sobreviveu e até cresceu adicionando a Espanha a suas fileiras em 1989 a Grã Bretanha em 1990 e Portugal no início de 1992 Só em setembro de 1992 esse crescimento sofreu um revés súbito quando a Grã Bretanha e a Itália deixaram o mecanismo de taxa de câmbio do SME no início de uma crise prolongada da moeda europeia que forçou os membros restantes ao retorno para margens de taxa de câmbio muito largas A operação do SME foi auxiliada por várias vál vulas de segurança que inicialmente ajudaram a redu zir a frequência de tais crises A maioria das taxas de câmbio fixadas pelo SME até agosto de 1993 poderia na verdade flutuar para cima ou para baixo até 225 em relação a um valor par atribuído Alguns membros foram capazes de negociar bandas de 6 um sacrifí cio maior da estabilidade cambial mas ganhando mais espaço para escolher suas próprias políticas monetárias Em agosto de 1993 os países do SME decidiram alargar quase todas as bandas a 15 sob a pressão dos ata ques especulativos Como mais uma válvula de segurança crucial o SME desenvolveu disposições generosas para a extensão de crédito dos membros de moedas fortes para fracas Se o franco francês moeda anterior da França depreciasse demais em comparação com o marco alemão ou DEM moeda anterior da Alemanha o banco central da Ale manha o Bundesbank emprestaria DEM ao banco da França para vender por francos no mercado de câmbio Por fim durante os anos iniciais do sistema de opera ção vários membros notavelmente a França e a Itália reduziram a possibilidade de ataques especulativos por meio da manutenção de controle de capital que limitava diretamente as vendas domésticas dos residentes nacio nais para moedas estrangeiras 2 Como uma questão técnica todos os estados membros eram mem bros do SME mas somente os membros do SME que aplicavam as margens de flutuação pertenciam ao Mecanismo de Taxa de Câm bio MTC do SME tabela 211 Breve glossário de eurônimos BCE Banco Central Europeu FEEF Fundo Europeu de Estabilização Financeira SME Sistema Monetário Europeu UEM União Econômica e Monetária MTC Mecanismo de Taxas de Câmbio SEBC Sistema Europeu de Bancos Centrais MEE Mecanismo Europeu de Estabilidade UE União Europeia OMT Transações Monetárias Completas PEC Pacto de Estabilidade e Crescimento MRU Mecanismo Único de Resolução MUS Mecanismo Único de Supervisão M21KRUGXXXXC21indd 498 12915 622 PM 499 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro O SME passou por realinhamentos monetários perió dicos Ao todo ocorreram onze realinhamentos desde o início do SME em março de 1979 e janeiro de 1987 Con troles de capital desempenharam um papel importante de blindagem das reservas dos membros contra especulado res durante esses ajustes No entanto a partir de 1987 uma remoção gradual de controles de capital pelos países do SME aumentou a possibilidade de ataques especula tivos e assim reduziu a vontade dos governos de conside rar abertamente a desvalorização ou a revalorização A supressão dos controles reduziu muito a independência monetária dos países membros uma consequência do trilema da política monetária mas a liberdade dos paga mentos e os movimentos de capitais na UE sempre foram um elementochave do plano dos países da UE para transformar a Europa em um mercado unificado Por um período de cinco anos e meio depois de janeiro de 1987 nenhum evento econômico adverso foi capaz de abalar o compromisso do SME com suas taxas de câmbio fixas Contudo essa situação chegou ao fim em 1992 quando os choques econômicos causados pela reunificação das duas Alemanhas em 1990 levaram a pressões macroeconômicas assimétricas na Alemanha e em seus principais parceiros do SME O resultado da reunificação foi um boom na Alema nha e uma inflação mais elevada a que o banco central alemão muito avesso à inflação resistiu mediante taxas de juros muito mais altas A inflação muito alta na Ale manha após as duas guerras mundiais deixou cicatrizes permanentes naquele país Outros países do SME como França Itália e Reino Unido no entanto não estavam crescendo simultaneamente Ao se harmonizarem com as altas taxas de juros alemãs para manter seus câmbios fixo em relação ao da Alemanha eles foram involunta riamente empurrando suas próprias economias para uma recessão profunda O conflito político entre a Alemanha e seus parceiros levou a uma série de ataques especulati vos ferozes sobre as paridades cambiais do SME come çando em setembro de 1992 Até agosto de 1993 como já mencionado o SME foi forçado a recuar para faixas muito amplas de 15 que se mantiveram em vigor até a introdução do euro em 1999 Dominância monetária alemã e a teoria da credibilidade do SMe Anteriormente nós identificamos dois motivos prin cipais pelos quais a União Europeia procurou fixar as taxas de câmbio internas um desejo de defender mais efetivamente os interesses econômicos da Europa na cena mundial e a ambição de atingir maior unidade eco nômica interna A experiência da Europa com a inflação alta na década de 1970 sugere um propósito adicional que o SME tenta cumprir Ao fixar suas taxas de câmbio em relação ao DEM os outros países do SME na verdade importavam a credibilidade do Bundesbank alemão como um lutador contra a inflação e desencorajavam assim o desenvolvimento de pressões inflacionárias internas as pressões que eles seriam tentados a aco modar por meio da expansão monetária Essa visão a teoria da credibilidade do SME afirma que os custos políticos de violar um acordo internacional da taxa de câmbio podem ser úteis Eles podem impedir os gover nos de desvalorizarem suas moedas para ganhar a van tagem do curto prazo de um boom econômico com o custo em longo prazo de uma inflação mais elevada Os formuladores de políticas em países do SME sujeitos à inflação como a Itália claramente ganharam credibilidade colocando as decisões de política monetá ria nas mãos do banco central alemão que temia a infla ção A desvalorização era ainda possível mas apenas sujeita a restrições do SME Como os políticos também temiam parecer incompetentes aos eleitores se desvalori zassem o câmbio a decisão do governo de indexar para o DEM reduzia tanto sua vontade quanto sua capaci dade de criar inflação interna3 Um maior apoio para a teoria da credibilidade vem do comportamento das taxas de inflação em relação à Alemanha mostrado na Figura 212 para seis dos outros membros originais do SME4 Como mostra a figura as taxas de inflação anuais convergiram gradualmente em direção aos baixos níveis da Alemanha5 Iniciativas de integração do mercado Os países da UE tentaram alcançar maior uni dade econômica interna não só pela fixação de taxas de câmbio mútuas mas também com medidas diretas para encorajar a livre circulação de bens serviços e fatores de produção Mais adiante neste capítulo você 3 A teoria geral de que um país sujeito à inflação ganha ao delegar suas decisões de política monetária a um banco central conser vador é desenvolvida em um artigo influente de Kenneth Rogoff Veja The Optimal Degree of Commitment to an Intermedia te Monetary Target Quarterly Journal of Economics v 100 p 11691189 nov 1985 Para a aplicação do SME veja Francesco Giavazzi e Marco Pagano The Advantage of Tying Ones Hands EMS Discipline and Central Bank Credibility European Econo mic Review v 32 p 10551082 jun 1988 4 A Figura 212 não inclui o pequeno país de Luxemburgo porque antes de 1999 o país tinha uma União Monetária com a Bélgica e uma taxa de inflação muito perto da Bélgica 5 Aqueles céticos da teoria da credibilidade da convergência de infla ção do SME apontam que Estados Unidos Grã Bretanha e Japão também reduziram a inflação a níveis baixos ao longo da década de 1980 mas o fizeram sem fixar suas taxas de câmbio Muitos outros países fizeram o mesmo desde então M21KRUGXXXXC21indd 499 12915 622 PM 500 Economia internacional vai entender que a extensão da integração do mercado de produtos e fatores na Europa ajuda a determinar como as taxas de câmbio fixas afetam a estabilidade macroeconômica da Europa Os esforços da Europa para aumentar a eficiência microeconômica por meio da liberalização do mercado direto também aumentaram a sua preferência por taxas de câmbio mutuamente fixas nas áreas macroeconômicas O processo de unificação do mercado que começou quando os membros originais da UE formaram sua união alfandegária em 1957 ainda estava incompleto 30 anos mais tarde Em um número grande de setores como de automóveis e telecomunicações o comércio interno na Europa foi desencorajado por normas impos tas pelo governo e os requisitos de registro Muitas vezes o processo de licenciamento pelo governo ou práticas de aquisição davam aos produtores nacionais posições de monopólio virtual em seus mercados internos No Ato Único Europeu de 1986 que altera o Tratado de Roma fundador os membros da UE deram passos políticos cruciais para remover as barreiras internas restantes ao comércio aos movimentos de capitais e à migração de mão de obra Mais importante eles retiraram a exi gência do Tratado de Roma de consentimento unânime para medidas relacionadas com a realização de mer cado de modo que um ou dois membros da UE com interesses mútuos não pudessem bloquear as medidas de liberalização comercial como no passado Seguiramse mais movimentos em direção à integração do mercado O capital financeiro por exemplo agora pode moverse com bastante liberdade não só dentro da União Euro peia mas também entre a União Europeia e as jurisdi ções externas união econômica e Monetária europeia Os países podem vincular suas moedas de muitas maneiras Podemos imaginar que os diferentes modos de vinculação formam um espectro com os arranjos em uma extremidade exigindo pouco sacrifício da indepen dência da política monetária e outros do outro lado que exigem que se desista completamente da independência O SME inicial caracterizado por realinhamentos monetários frequentes e controle governamental genera lizado sobre os movimentos de capitais deixou alguma margem de manobra para as políticas monetárias nacio nais Em 1989 uma comissão chefiada por Jacques Delors presidente da Comissão Europeia recomendou uma transição de três estágios para uma meta em dire ção ao extremo do espectro político que descrevemos há pouco Esse objetivo era uma União Econômica e Mone 5 0 5 10 15 20 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Itália Irlanda França Dinamarca Bélgica Países Baixos Inflação anual do país menos inflação anual da Alemanha ao ano FIGura 212 Convergência da inflação para os seis membros originais do SME 19782012 São mostradas as diferenças entre a inflação doméstica e a inflação alemã para os seis membros originais do SME Bélgica Dinamarca França Irlanda Itália e Países Baixos Fonte Taxas de inflação CPI do Fundo Monetário Internacional International Financial Statistics M21KRUGXXXXC21indd 500 12915 622 PM 501 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro tária UEM uma União Europeia em que as moedas nacionais seriam substituídas por uma moeda da UE gerenciada por um banco central único operando em nome de todos os membros da UE Em 10 de dezembro de 1991 os líderes dos países da UE se reuniram na antiga cidade holandesa de Maastri cht e concordaram em propor emendas de longo alcance de ratificação nacional do Tratado de Roma Essas emendas foram feitas para colocar a UE na direção da UEM No Tratado de Maastricht um documento de 250 páginas havia uma cláusula determinando a introdu ção de uma moeda única europeia e um Banco Central Europeu até 1o de janeiro de 1999 Em 1993 todos os 12 países então pertencentes à União Europeia tinham rati ficado o Tratado de Maastricht Os 16 países que aderi ram posteriormente à UE aceitaram as disposições do Tratado à adesão ver Figura 2116 Por que os países da UE se afastaram do SME em direção ao objetivo mais ambicioso de utilizar uma moeda única e compartilhada Havia quatro razões 1 Eles acreditavam que uma moeda única na UE pro duziria um grau maior de integração do mercado eu ropeu do que as taxas de câmbio fixas removendo a ameaça dos realinhamentos monetários do SME e eliminando os custos para os operadores de con versão de uma moeda do SME em outra A moeda única era vista como um complemento necessário para planos de fusão de mercados da UE em um mercado único em todo o continente 2 Alguns líderes da UE achavam que a gestão alemã da política monetária do SME tinha colocado uma ênfase unilateral nos objetivos macroeconômicos alemães à custa dos interesses dos seus parceiros do SME O Banco Central Europeu que substituiria o Bundesbank alemão no UEM teria que ser mais atencioso com problemas dos outros países e isso lhes daria automaticamente a mesma oportunidade que a Alemanha de participar nas decisões de polí tica monetária de todo o sistema 3 Tendo em conta a mudança para a liberdade total de movimentos de capitais na UE parecia haver moe das com pouco a ganhar e muito a perder ao manter as paridades fixas mas ajustáveis em vez de pari dades irrevogavelmente travadas por meio de uma moeda única Qualquer sistema de taxas de câmbio fixas entre moedas nacionais distintas seria sujeito a 6 A Dinamarca e o Reino Unido no entanto ratificaram o Trata do de Maastricht sujeito a exceções especiais que lhes permitem se autoexcluir das disposições do tratado monetário e manter as suas moedas nacionais A Suécia não tem uma isenção formal mas explorou outros aspectos técnicos no Tratado de Maastricht para evitar juntarse à zona do euro até agora ataques especulativos ferozes como em 19921993 Se os europeus desejavam combinar taxas de câmbio fixas com liberdade de movimentos de capitais uma moeda única era a melhor maneira de conseguir isso 4 Como observado anteriormente todos os líderes dos países da UE esperavam que as disposições do Tratado de Maastricht garantissem a estabilidade po lítica da Europa Para além das funções puramente econômicas a moeda única na UE foi concebida como um símbolo potente do desejo da Europa de colocar a cooperação à frente das rivalidades nacio nais que muitas vezes levaram à guerra no passado Sob esse cenário a nova moeda alinharia os interesses econômicos das nações europeias ao criar um círculo político esmagador para instituir a paz no continente Os críticos do Tratado de Maastricht negaram que a UEM teria esses efeitos positivos e opuseramse às disposições do Tratado de produzir poderes governa mentais mais fortes com a União Europeia Para esses críticos UEM era sintomática da tendência de as insti tuições centrais da União Europeia ignorarem as neces sidades locais se intrometerem em assuntos internos e reduzirem símbolos premiados de identidade nacional incluindo claro as moedas nacionais Os cidadãos da Alemanha em particular traumatizados por memórias de graves inflações do pósguerra temiam que o novo Banco Central Europeu não lutasse contra a inflação tão ferozmente quanto o Bundesbank O euro e a política econômica na zona do euro Como eram escolhidos os membros iniciais da UEM como são admitidos os novos membros e qual é a estru tura do complexo de instituições financeiras e políticas que regem a política econômica na zona do euro Esta seção fornece uma visão geral sobre essas perguntas Os critérios de convergência de Maastricht e o Pacto de estabilidade e Crescimento O Tratado de Maastricht exige que os países da União Europeia satisfaçam diversos critérios de con vergência macroeconômica antes da admissão à UEM Entre esses critérios temos 1 Taxa de inflação do país no ano anterior à admissão deve ser inferior a 15 acima da taxa média dos três estados membros com a inflação mais baixa 2 O país deve ter mantido uma taxa de câmbio estável dentro do MTC sem desvalorização por iniciativa própria M21KRUGXXXXC21indd 501 12915 622 PM 502 Economia internacional 3 O país deve ter um déficit público não superior a 3 do seu PIB exceto em circunstâncias excepcionais e temporárias 4 O país deve ter uma dívida pública que esteja abaixo ou próxima de um nível de referência de 60 do seu PIB O Tratado prevê a monitoração contínua dos crité rios 3 e 4 mencionados anteriormente pela Comissão Europeia mesmo após a admissão à UEM e a aplica ção de sanções a países que violam essas regras fiscais e não corrigem situações de dívida e déficits excessivos A vigilância e as sanções para déficits e dívidas elevados colocam os governos nacionais sob restrições no exercí cio dos seus poderes fiscais nacionais Por exemplo um país da UEM altamente endividado que enfrenta uma recessão nacional pode ser incapaz de usar a política fiscal expansionista por medo de infringir os limites de Maastricht uma perda de autonomia política possi velmente dispendiosa dada a inexistência de uma polí tica monetária nacional Além disso um Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC suplementar negociado pelos líderes europeus em 1997 apertou ainda mais a camisa de força fiscal O PEC estabeleceu o objetivo orçamentário de médio prazo de situações próximas do equilíbrio ou em superávit Tam bém definiu um calendário para a imposição de sanções financeiras aos países que não conseguirem corrigir pron tamente o bastante as situações de déficits e dívida exces sivos O que explica os critérios de convergência macroe conômica o medo de altas dívidas públicas e o PEC Antes de assinarem o Tratado de Maastricht os países com baixa inflação como a Alemanha queriam a garantia de que seus parceiros da UEM tinham aprendido a preferir um ambiente de baixa inflação e contenção fiscal Eles temiam que caso contrário o euro pudesse ser uma moeda fraca presa fácil dos tipos de políticas que têm impulsionado a inflação francesa grega italiana portuguesa espanhola e no Reino Unido em vários pontos desde a década de 1970 Um governo altamente endividado que continua a pegar empréstimo pode achar que a demanda do mercado para suas obrigações desapareceu um cenário de pesadelo que finalmente chegou a passar por vários países europeus na crise do euro a partir de 2009 Outro medo sobre a UEM era de que o novo Banco Central Europeu enfrentasse pres sões para comprar a dívida pública diretamente em tais situações alimentando assim a inflação e o crescimento da oferta de moeda Eleitores em países tradicionalmente de baixa inflação estavam preocupados se os governos pru dentes dentro da UEM seriam obrigados a pagar a conta dos governos perdulários que pegavam emprestado mais do que poderiam ter recursos para pagar Isso era especial mente verdadeiro na Alemanha onde os contribuintes na parte ocidental do país estavam tendo o custo de absorver os alemães orientais anteriormente comunistas Consis tente com esse medo o Tratado de Maastricht também não continha nenhuma cláusula de resgate que proibisse os países da UE de assumirem as dívidas dos outros membros À medida que a UEM aproximavase em 1997 a opinião pública alemã portanto permanecia contra o euro O governo alemão exigiu o PEC como uma maneira de convencer os eleitores nacionais de que o novo Banco Central Europeu realmente produziria inflação baixa e evitaria resgates Por ironia como a Alemanha junto com a França é um dos países que posteriormente violou as regras fiscais de Maastricht o PEC não foi aplicado na prática durante a primeira década do euro embora mais tarde a experiência tenha mostrado que as preocupações que motivaram o PEC eram válidas como veremos Em maio de 1998 ficou claro que onze países da UE tinham satisfeito os critérios de convergência com base em dados de 1997 e se tornariam membros fun dadores da UEM Áustria Bélgica Finlândia França Alemanha Irlanda Itália Luxemburgo Países Baixos Portugal e Espanha A Grécia não conseguiu qualificar se em nenhum dos critérios em 1998 embora em última instância tenha conseguido passar em todos os seus testes entrando na UEM em 1o de janeiro de 2001 Desde então Eslovênia em 1o de janeiro de 2007 Chi pre e Malta ambos em 1o de janeiro de 2008 a Repú blica Eslovaca 1o de janeiro de 2009 a Estônia 1o de janeiro de 2011 e a Letônia 1o de janeiro de 2014 tam bém aderiram à zona do euro banco Central europeu e o eurossistema O Eurossistema conduz a política monetária da zona do euro e é constituído pelo Banco Central Europeu BCE em Frankfurt e por 18 bancos centrais nacionais da área do euro que agora desempenham funções análogas às dos bancos regionais da Reserva Federal dos Estados Uni dos As decisões do Eurossistema são tomadas por votos do Conselho Geral do BCE composto por seis membros executivos do BCE incluindo seu presidente e pelos chefes dos bancos centrais nacionais da área do euro O Sistema Europeu de Bancos Centrais SEBC consiste do BCE e todos os 28 bancos centrais da UE incluindo os de países que não utilizam o euro Como membros do Eurossistema os bancos centrais na zona não euro estão empenhados em alcançar a estabilidade dos preços domésticos bem como diversas formas de cooperação com o Eurossistema Os autores do Tratado de Maastricht esperavam criar um banco central independente livre das influências polí M21KRUGXXXXC21indd 502 12915 622 PM 503 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro ticas que possam levar à inflação7 O Tratado dá ao BCE um mandato primordial para prosseguir a estabilidade dos preços e inclui muitas disposições destinadas a iso lar as decisões de política monetária da influência polí tica Além disso ao contrário de qualquer outro banco central no mundo o BCE opera acima e além do alcance de qualquer governo nacional único Nos Estados Uni dos por exemplo o Congresso poderia facilmente passar leis reduzindo a independência da Reserva Federal Por outro lado embora o BCE precise informar o Parlamento Europeu regularmente de suas atividades ele não tem poder para alterar os estatutos do SEBC e do BCE Isso exigiria uma emenda ao Tratado de Maastricht aprovada por legislaturas ou eleitores em cada país membro da UE No entanto os críticos do Tratado argumentam que ele vai longe demais na blindagem do BCE processos demo cráticos normais O mecanismo de taxas de câmbio revisadas Para países da UE que ainda não são membros da UEM um mecanismo de taxa de câmbio revisada conhecido como MTC 2 define zonas de ampla taxa de câmbio contra o euro 15 e especifica o regime de intervenção recíproca para apoiar essas zonasalvo O MTC 2 foi visto como necessário para desencorajar as desvalorizações competitivas diante do euro por mem bros da UE fora da zona euro e para dar a futuros can didatos à UEM uma maneira de satisfazer o critério de convergência da estabilidade de taxa de câmbio do Tra tado de Maastricht Sob as regras de MTC 2 o BCE ou o banco central nacional de um membro da UE com sua moeda própria podem suspender as operações de inter venção do euro se elas resultarem em mudanças de oferta de moeda que ameacem desestabilizar o nível de preços no mercado interno Na prática o MTC 2 é assimétrico com países periféricos se fixando ao euro e adaptandose passivamente às decisões do BCE sobre as taxas de juros A teoria das zonas de moeda ideal Há pouca dúvida de que o processo de integração monetária europeia ajudou a avançar os objetivos polí ticos de seus fundadores dando à União Europeia uma posição mais forte em assuntos internacionais A sobrevi vência e o desenvolvimento futuro do experimento mone 7 Vários estudos mostram que a independência do banco central pa rece estar associada com a inflação baixa Uma avaliação recente é oferecida por Christopher Crowe e Ellen E Meade Central Bank Independence and Transparency Evolution and Effectiveness European Journal of Political Economy v 24 p 763777 dez 2008 tário europeu dependem ainda mais no entanto de sua capacidade de ajudar os países a alcançar seus objetivos econômicos Aqui o quadro é menos claro porque a deci são de um país para fixar sua taxa de câmbio pode em princípio levar a sacrifícios bem como a benefícios eco nômicos Vimos no Capítulo 19 que alterando a sua taxa de câmbio um país pode ter sucesso em amortecer o impacto prejudicial de vários choques econômicos Por outro lado a flexibilidade da taxa de câmbio talvez tenha efeitos potencialmente prejudiciais como tornar os preços relativos menos previsíveis ou minar a von tade do governo de manter a inflação sob controle Para ponderar os custos econômicos contra as vantagens de aderir a um grupo de países com taxas de câmbio mutuamente fixas precisamos de um quadro para pen sar sistematicamente sobre os poderes de estabilização que um país sacrifica e os ganhos de eficiência e credibi lidade que poderá colher Nesta seção vamos mostrar que os custos e benefí cios de um país se juntar a uma área de taxa de câmbio fixa como a zona do euro dependem de quão integrada a sua economia é com a de seus parceiros potenciais A análise que conduz a essa conclusão que é conhecida como a teoria das zonas de moeda ideal prevê que as taxas de câmbio fixas são mais apropriadas para áreas intimamente integradas por meio do comércio interna cional e dos movimentos de fatores de produção8 Integração econômica e os benefícios de uma área de taxa de câmbio fixa a curva GG Considere como um país individual por exemplo a Noruega pode aproximarse da decisão de se juntar a uma área de taxas de câmbio fixas por exemplo a zona do euro Nosso objetivo é desenvolver um diagrama sim ples que esclareça a escolha da Noruega Começamos por derivar o primeiro de dois elementos no diagrama uma curva chamada GG que mostra como o ganho potencial para a Noruega se juntar à zona do euro depende de ligações de comércio da Noruega com a região Vamos supor que a Noruega esteja considerando indexar sua moeda a coroa ao euro 8 A referência original é o artigo clássico de A Mundell The Theory of Optimum Currency Areas American Economic Review v 51 p 717725 set 1961 As contribuições subsequentes são resumidas no livro de Tower e Willett citado nas Leituras adicionais Mundell estava tentando defender a ideia de que a zona de moeda ideal não precisa coincidir com as fronteiras nacionais Como veremos no en tanto a experiência recente na área do euro sugere que se a área de moeda for além das fronteiras nacionais algumas funções governa mentais chaves podem precisar ser delegadas para autoridades su pranacionais agindo em nome da união monetária como um todo M21KRUGXXXXC21indd 503 12915 622 PM 504 Economia internacional Um grande benefício econômico de taxas de câmbio fixas é que elas simplificam os cálculos econômicos e em comparação com taxas flutuantes oferecem uma base mais previsível para as decisões que envolvem transa ções internacionais Imagine o tempo e os recursos que os consumidores norte americanos e empresas desperdi çariam todo dia se cada um dos 50 estados dos Esta dos Unidos tivesse sua própria moeda que flutuasse de valor contra as moedas de todos os outros estados A Noruega enfrenta uma desvantagem semelhante em seu comércio com a zona do euro quando permite que sua coroa flutue em relação ao euro O ganho de eficiência monetária da adesão ao sistema de taxa de câmbio fixa é igual às economias do país entrante ao evitar incerteza confusão e custos de transação e cálculo que surgem quando as taxas de câmbio flutuam9 Na prática pode ser difícil fixar um número exato para o ganho de eficiência monetária total de que a Noruega desfrutaria como resultado da adesão ao euro Contudo podemos ter certeza de que esse ganho será maior se a Noruega negociar muito com os países da zona do euro Por exemplo se o comércio da Noruega com a zona do euro for de montantes de 50 do seu PNB enquanto seu comércio com os Estados Unidos for de apenas 5 do PNB então mantendo as outras variáveis iguais uma taxa de câmbio fixa coroaeuro produz claramente um ganho maior de eficiência monetária para os comercian tes noruegueses do que uma taxa fixa coroadólar Da mesma forma o ganho de eficiência de uma taxa fixa eurocoroa é maior quando o comércio entre a Noruega e a zona do euro for intenso do que quando é pequeno O ganho de eficiência monetária de a coroa aderir ao euro também será maior se os fatores de produção pude rem migrar livremente entre a Noruega e a zona do euro Os noruegueses que investem nos países da zona do euro se beneficiam quando os retornos sobre seus investimentos são mais previsíveis Da mesma forma os noruegueses que tra balham nos países da zona do euro podem beneficiarse se uma taxa de câmbio fixa fizer com que seus salários fiquem mais estáveis em relação ao custo de vida da Noruega Nossa conclusão é que um alto grau de integração econômica entre um país e uma área de taxa de câmbio fixa aumenta o ganho de eficiência monetária que o país colhe quando ele corrige sua taxa de câmbio em relação às moedas da região Quanto mais intensos forem o comér cio transfronteiras e os movimentos dos fatores de pro 9 Para ilustrar apenas um componente de ganho de efi ciência mone tária as economias potenciais das comissões pagas aos corretores e bancos em operações de câmbio Charles R Bean do Banco da In glaterra estimou que em 1992 uma viagem por todas as moedas da União Europeia resultaria na perda de totalmente metade da quantia original Consulte seu artigo Economic and Monetary Union in Eu rope Journal of Economic Perspectives v 6 p 3152 outono 1992 dução maior será o ganho de uma taxa de câmbio fixa transfronteiras A curva GG inclinada para cima na Figura 213 mos tra a relação entre o grau de integração econômica de um país com uma área de taxa de câmbio fixa e o ganho de eficiência monetário para o país de adesão à zona O eixo horizontal da figura mede a extensão até a qual a Noruega país ingressante em nosso exemplo é econo micamente integrada nos mercados de produtos e fato res da zona do euro O eixo vertical mede o ganho de eficiência monetária para a Noruega em aderir ao euro A inclinação positiva do GG reflete a conclusão de que o ganho de eficiência monetária que um país obtém ao se juntar a uma área de taxa de câmbio fixa aumenta con forme sua integração econômica com a área aumenta Em nosso exemplo assumimos implicitamente que a área de maior taxa de câmbio da zona euro tem um nível de preços estável e previsível Se isso não acontecer a maior variabilidade no nível de preço da Noruega que se seguiria à decisão de aderir à zona de taxa de câmbio provavelmente compensaria qualquer ganho de eficiên cia monetária que pudesse advir de uma taxa de câm bio fixa Um problema diferente surge se o compromisso da Noruega para fixar a taxa de câmbio da coroa não for plenamente aceito pelos agentes econômicos Nessa situa ção alguma incerteza de taxa de câmbio permane ceria e a Noruega portanto desfrutaria de um ganho Ganho de eficiência monetária para o país ingressante Grau de integração econômica entre o país ingressante e a área de taxa de câmbio GG FIGura 213 A curva GG A curva GG inclinada para cima mostra que o ganho de eficiência monetária do país em se unir a uma área de taxa de câmbio fixa aumenta conforme a integração econômica do país com a área aumenta Fonte Taxas de inflação CPI do Fundo Monetário Internacional International Financial Statistics M21KRUGXXXXC21indd 504 12915 622 PM 505 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro menor de eficiência monetária Entretanto se o nível de preços da zona do euro for estável e o compromisso de taxa de câmbio da Noruega for firme a conclusão prin cipal é quando a Noruega adere ao euro ganha com a estabilidade de sua moeda em relação ao euro e esse ganho de eficiência é maior quanto mais próximos forem os mercados da Noruega e os mercados da zona do euro No início deste capítulo aprendemos que um país pode desejar aderir sua taxa de câmbio a uma área de estabilidade dos preços para importar a determinação antiinflacionária das autoridades monetárias da área Contudo quando a economia do país que está aderindo for bem integrada à da área de baixa inflação a baixa taxa de inflação doméstica é mais fácil de conseguir A razão é que a estreita integração econômica conduz à convergência dos preços internacionais e portanto diminui as possibilidades de variação independente no nível de preços do país que está aderindo Esse argu mento fornece outra razão por que a alta integração eco nômica com uma área de taxa de câmbio fixa aumenta o ganho de um país que vai se tornar membro Integração econômica e os custos de uma área de taxa de câmbio fixa a curva LL A associação a uma área de taxa de câmbio pode envolver custos bem como benefícios mesmo quando a área tem baixa taxa de inflação Esses custos surgem porque um país que se junta a uma área de taxa de câm bio desiste de sua capacidade de usar a taxa de câmbio e a política monetária com a finalidade de estabilizar a produção e o emprego Essa perda de estabilidade econô mica por se juntar ao bloco como o ganho de eficiência monetária do país está relacionada com a integração econômica do país com os seus parceiros de taxa de câmbio Podemos derivar uma segunda curva a curva LL que mostra a relação graficamente Na discussão do Capítulo 19 sobre mérito relativo das taxas de câmbio fixas e flutuantes concluimos que quando a economia está perturbada por uma mudança no mercado de produção isto é por uma mudança na curva DD uma taxa de câmbio flutuante tem uma vantagem sobre uma taxa fixa isso automaticamente ameniza a produção da economia e do emprego permitindo uma mudança imediata no preço relativo dos bens nacionais e estrangeiros Além disso você vai lembrar do Capítulo 18 que quando a taxa de câmbio é fixa a estabilização pro posital é mais difícil de alcançar porque a política monetá ria não tem poder para afetar a produção interna Tendo em conta essas duas conclusões esperaríamos que as alte rações na curva DD tivessem efeitos mais graves em uma economia em que a autoridade monetária é necessária para fixar a taxa de câmbio contra um grupo de moedas estrangeiras A instabilidade extra causada pela taxa de câmbio fixa é a perda de estabilidade econômica10 Para derivar a curva LL devemos entender como a extensão da integração econômica da Noruega com a zona do euro afetará o tamanho dessa perda de estabili dade econômica Imagine que a Noruega esteja aderindo ao euro e que haja uma queda na demanda agregada pela produção da Noruega um deslocamento para a esquerda da curva DD norueguês Se as curvas DD dos outros países da zona do euro se deslocarem simultanea mente para a esquerda o euro simplesmente depreciará em relação às moedas externas proporcionando a esta bilização automática que estudamos no último capítulo A Noruega tem um problema sério somente quando enfrenta sozinha uma queda na demanda por exem plo se a procura do mundo por petróleo um de seus principais produtos de exportação cair Como a Noruega se ajustará a esse choque Uma vez que não ocorreu nada para ceder ao euro ao qual a Noruega está indexada sua coroa permanecerá está vel em relação a todas as moedas estrangeiras Assim o pleno emprego será restaurado somente após um dis pendioso período de queda durante o qual os preços das mercadorias norueguesas e o salário dos trabalhadores noruegueses cairão Como a gravidade dessa queda depende do nível de integração econômica entre a economia norueguesa e a dos países da UEM A resposta é que a maior inte gração implica uma queda mais rasa e portanto um ajuste menos oneroso para a alteração adversa no DD Há duas razões para essa redução no custo de ajuste primeira se a Noruega tem relações comerciais estreitas com a zona do euro uma pequena redução em seus pre ços levará a um aumento na demanda da zona do euro 10 Você pode pensar que quando a Noruega corrige unilateralmente sua taxa de câmbio contra o euro mas deixa a coroa livre para flutuar em relação a moedas não euro é capaz de manter pelo me nos alguma independência monetária Talvez surpreendentemente essa intuição esteja errada A razão é que qualquer alteração de oferta de moeda independente na Noruega colocaria pressão so bre as taxas de juros da coroa e portanto sobre a taxa de câmbio eurocoroa Então ao fixar a coroa mesmo que a uma única moeda estrangeira a Noruega abre mão completamente de seu controle monetário nacional Esse resultado no entanto tem um lado posi tivo para a Noruega Após o país fixar unilateralmente a coroa ao euro as perturbações do mercado monetário doméstico alterações na agenda AA já não afetarão mais a produção interna apesar da flutuação contínua em relação às moedas não euro Por quê Como a taxa de juros da Noruega deve ser igual à do euro qualquer al teração simples em AA resultará em entrada ou saída de reserva imediata que mantém a taxa de juros da Noruega inalterada As sim uma fixação coroaeuro sozinha é suficiente para proporcionar estabilidade automática diante de choques monetários eventuais que alterem a curva AA É por isso que a discussão no texto pode concentrarse em alterações na curva DD M21KRUGXXXXC21indd 505 12915 622 PM 506 Economia internacional pelas mercadorias norueguesas que é grande em relação à produção do país Assim o pleno emprego pode ser restaurado rapidamente Segunda se a mão de obra e os mercados de capitais da Noruega forem estreitamente entrelaçados com os de seus vizinhos da zona do euro os trabalhadores desempregados podem mudarse facil mente para o exterior para encontrar trabalho e o capi tal nacional pode ser deslocado para usos mais rentáveis em outros países A capacidade dos fatores de produção para migrarem para o exterior portanto reduz a severi dade do desemprego na Noruega e a queda da taxa de retorno disponível para os investidores11 Observe que nossas conclusões também se aplicam a uma situação em que a Noruega experimenta um aumento na demanda por sua produção um desloca mento para a direita do DD Se a Noruega estiver inte grada firmemente com as economias da zona do euro um pequeno aumento no nível de preços da Noruega combinado com algum movimento de capital estran geiro e de mão de obra para o país elimina rapidamente a demanda em excesso por produtos noruegueses12 Laços comerciais mais estreitos entre a Noruega e os países de fora da zona do euro também ajudarão o ajuste do país para os deslocamentos do DD norueguês que não ocorram simultaneamente na zona do euro No entanto a maior integração comercial com países de fora da zona do euro é uma faca de dois gumes com implica ções negativas bem como positivas para a estabilidade macroeconômica A razão é que quando a Noruega indexa a coroa ao euro os distúrbios da zona do euro que alteram a taxa de câmbio da moeda terão efeitos 11 Equipamentos e fábricas instalados normalmente são caros de se transportar para o exterior ou de se adaptar às novas utilizações Os proprietários dos capitais noruegueses relativamente imóveis por tanto sempre vão ganhar baixos retornos após um turno adverso na demanda por produtos noruegueses No entanto se o mercado de capitais da Noruega for integrado com o de seus vizinhos da UEM os noruegueses vão investir algumas das suas riquezas em outros pa íses enquanto ao mesmo tempo parte do estoque de capital da No ruega estará em posse de estrangeiros Como resultado desse pro cesso de diversificação de riqueza internacional ver Capítulo 20 mudanças inesperadas no retorno para o capital da Noruega serão automaticamente compartilhadas entre os investidores em toda a área de taxa de câmbio fixa Assim mesmo os proprietários de ca pital que não pode ser movido podem evitar a perda de estabilidade econômica por causa de taxas de câmbio fixas quando a economia da Noruega estiver aberta aos fluxos de capital Quando a mobili dade internacional da mão de obra é baixa ou inexistente a maior mobilidade de capitais internacional pode não reduzir a perda de estabilidade econômica de taxas de câmbio fixas como discutiremos na avaliação da experiência europeia no próximo estudo de caso 12 O raciocínio anterior aplicase a outras perturbações econômicas que caem de forma desigual no mercado de produção da Noruega e dos seus parceiros de taxa de câmbio Um problema no final deste capítulo pede para analisar os efeitos de um aumento na demanda por exportações na UEM que deixa a agenda de demanda de ex portação da Noruega inalterada mais poderosos sobre a economia da Noruega quando suas ligações comerciais com os países fora da zona do euro forem mais extensas Os efeitos seriam análogos a um aumento no tamanho dos movimentos da curva DD da Noruega e aumentariam a perda de estabilidade eco nômica do país por atrelarse ao euro Em qualquer caso esses argumentos não mudam nossa conclusão anterior de que a perda de estabilidade da Noruega por fixar a taxa de câmbio coroaeuro cai conforme a extensão da sua integração econômica com a zona do euro aumenta Uma consideração adicional que ainda não discuti mos reforça o argumento de que a perda de estabilidade econômica da Noruega por atrelar sua moeda ao euro é menor quando o país e a zona do euro se envolvem em um grande volume de comércio Uma vez que nesse caso as importações da zona do euro compõem uma grande fração do consumo dos trabalhadores noruegue ses mudanças na taxa de câmbio eurocoroa rapidamente podem afetar os salários nominais noruegueses redu zindo qualquer impacto sobre o emprego Uma deprecia ção da coroa em relação ao euro por exemplo provoca uma queda acentuada nos padrões de vida dos noruegue ses quando as importações da zona do euro são substan ciais os trabalhadores são portanto propensos a exigir maiores salários nominais de seus empregadores para compensar a perda Nessa situação a estabilidade macro econômica adicional que a Noruega obtém de uma taxa de câmbio flutuante é pequena assim o país tem pouco a perder ao fixar a taxa de câmbio eurocoroa Podemos concluir que um alto grau de integração econômica entre um país e a área de taxa de câmbio fixa a que ele se integra reduz a perda de estabilidade econômica resultante por perturbações de mercado de produção A curva LL mostrada na Figura 214 resume essa conclusão O eixo horizontal da figura mede a integração econômica do país ingressante com a área de taxa de câm bio fixa o eixo vertical representa a perda da estabilidade econômica do país Como já vimos a LL tem uma incli nação negativa porque a perda da estabilidade econômica advinda do atrelamento às moedas da área cai conforme o grau de interdependência econômica aumenta a decisão de se entrar para uma área de moeda juntando as curvas GG e LL A Figura 215 combina as curvas GG e LL para mos trar como a Noruega deve decidirse a fixar a taxa de câmbio da coroa em relação ao euro A figura implica que a Noruega deve fazer isso se o grau de integração econômica entre os mercados noruegueses e os da zona do euro for pelo menos igual a 1 o nível de integração determinado pela interseção de GG e LL no ponto 1 M21KRUGXXXXC21indd 506 12915 622 PM 507 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro Vamos ver por que a Noruega deve atrelar sua moeda ao euro se seu grau de integração econômica com os mer cados da zona do euro for pelo menos 1 A Figura 215 mostra que para níveis de integração econômica abaixo de 1 a curva GG encontrase abaixo da curva LL Assim a perda que a Noruega sofreria com a produção e a ins tabilidade de emprego maiores após sua união excede o ganho de eficiência monetária e o país faria melhor se ficasse fora Contudo quando o grau de integração é 1 ou supe rior o ganho de eficiência monetária medido por GG é maior do que o sacrifício de estabilidade medida por LL e atrelar a taxa de câmbio da coroa em relação ao euro resulta em um ganho líquido para a Noruega Assim a interseção de GG e LL determina o nível de integração mínima aqui 1 no qual a Noruega desejará atrelar sua moeda ao euro O quadro de GGLL tem implicações importantes sobre como as alterações no ambiente econômico de um país afetam sua disponibilidade para atrelar sua moeda a uma área de moeda externa Considere por exemplo um aumento no tamanho e na frequência das mudan ças repentinas na demanda pelas exportações do país Como mostrado na Figura 216 tal mudança empurra LL1 para cima até LL2 Em qualquer nível de integra ção econômica com a zona da moeda a produção extra e a instabilidade do desemprego que o país sofre ao fixar sua taxa de câmbio agora serão maiores Como resul tado o nível de integração econômica em que se torna compensador aderir à zona de moeda sobe para 2 determinado pela interseção de GG e LL2 no ponto 2 Perda de estabilidade econômica para o país ingressante Grau de integração econômica entre o país ingressante e a área de taxa de câmbio LL FIGura 214 A curva LL A curva LL inclinada para baixo mostra que a perda de estabilidade econômica de um país ao se unir a uma área de taxa de câmbio fixa cai conforme a integração econômica do país com a área aumenta 1 LL Ganhos e perdas do país ingressante Grau de integração econômica entre o país ingressante e a área de taxa de câmbio GG Perdas excederam os ganhos Ganhos excederam as perdas 1 θ FIGura 215 Decidir quando adotar a taxa de câmbio A interseção de GG e LL no ponto 1 determina um nível crítico de integração econômica 1 entre uma área de taxa de câmbio fixa e um país que está considerando se vai ingressar Em qualquer nível de integração acima de 1 a decisão de aderir rende benefícios econômicos líquidos positivos para o país ingressante FIGura 216 Um aumento da variabilidade do mercado de produção LL2 Ganhos e perdas do país ingressante Grau de integração econômica entre o país ingressante e a área de taxa de câmbio GG LL1 θ 1 1 2 θ 2 Um aumento no tamanho e na frequência das perturbações específicas do país aos mercados de produto do país ingressante desloca a curva LL para cima de LL1 para LL2 porque para um dado nível de integração econômica com a área de taxa de câmbio fixa a perda de estabilidade econômica do país por sua fixação da taxa de câmbio aumenta A mudança em LL eleva o nível crítico de integração econômica em que a área de taxa de câmbio está unida ao 2 M21KRUGXXXXC21indd 507 12915 622 PM 508 Economia internacional Mantendo iguais todas as outras variáveis o aumento na variabilidade em seus mercados de produto faz os paí ses ficarem menos dispostos a entrar em áreas de taxa de câmbio fixa uma previsão que ajuda a explicar por que os choques de preço do petróleo depois de 1973 fize ram os países não quererem reviver o sistema de Bretton Woods de taxas de câmbio fixas Capítulo 19 O que é uma área de moeda ideal O modelo GGLL que desenvolvemos sugere uma teoria da área de moeda ideal Áreas de moeda ideal são grupos de regiões com economias intimamente ligadas pelo comércio de bens e serviços e pela mobilidade dos fatores de produção Esse resultado decorre de nossos achados de que uma área de taxa de câmbio fixa serve melhor aos interesses econômicos de cada um dos seus membros se o grau de produção e comércio de fatores entre as economias incluídas for alto Essa perspectiva nos ajuda a compreender por exem plo por que pode fazer sentido para os Estados Uni dos Japão e Europa permitir que suas taxas de câmbio mútuas flutuem Apesar de essas regiões terem comér cio umas com as outras a extensão de tal comércio é modesta em comparação com os PNBs regionais e a mobilidade interregional da mão de obra é baixa Outras considerações importantes Embora o modelo GGLL seja útil para organizar o nosso pensamento sobre as áreas de moeda ideal ele não resolve tudo Pelo menos três outros elementos afetam nossa avaliação do passado e da perspectiva de desempenho da área de moeda do euro Similaridade da estrutura econômica O modelo GGLL nos mostra que o comércio extenso com o resto da área de moeda torna mais fácil para um membro se adap tar a perturbações de mercado de produtos que afetam diferentemente a ele e a seus parceiros de moeda Mas isso não nos diz quais fatores reduzirão a frequência e o tamanho dos choques de mercado de produtos específi cos de cada membro Um elementochave para minimizar tais distúrbios é a semelhança na estrutura econômica especialmente nos tipos de bens produzidos Os países da zona do euro por exemplo não são inteiramente diferentes na estrutura de fabricação como evidenciado pelo volume muito alto de comércio intraindústria o comércio de produtos simi lares dentro da Europa ver Capítulo 8 No entanto também existem diferenças importantes Os países do norte da Europa são mais bem dotados de capital e mão de obra qualificada do que os países do sul e produtos da UE que fazem uso intensivo de mão de obra de baixa qualificação portanto são plausíveis de vir de Portugal Espanha Grécia ou sul da Itália Os diferentes padrões de exportação dos países europeus do norte e do sul criam mais oportunidades para os choques assimétricos Podemos ver a maior diferença estrutural entre um país e seus parceiros potenciais de união monetária como deslocando a curva LL para cima aumentando o grau de integração econômica necessária antes da filia ção à união monetária tornarse uma boa ideia Federalismo fiscal Outra consideração na avaliação de uma área de moeda é sua capacidade de transferir recur sos econômicos dos membros com economias saudáveis para aqueles que sofrem reveses econômicos Nos Esta dos Unidos por exemplo os estadosmembros que se saem mal em relação ao restante da nação recebem auto maticamente apoio de Washington na forma de benefí cios sociais e outros pagamentos de transferência federal que em última análise saem dos impostos que outros estados pagam Além disso as receitas de impostos fede rais enviadas de volta para Washington automaticamente declinam quando a economia local sofre Tal federalismo fiscal pode ajudar a compensar a perda de estabilidade econômica decorrente de taxas de câmbio fixas como acontece nos Estados Unidos Se há mais federalismo fis cal ele desloca a curva LL para baixo13 União bancária Suponha que os países em uma área de taxas de câmbio mutuamente fixas mantenham o controle nacional sobre a regulamentação supervisão e resolução de operações bancárias mas ao mesmo tempo permitam liberdade de transações financeiras através das fronteiras incluindo para os bancos e outras ins tituições financeiras Como vimos no Capítulo 20 o trilema financeiro implica que seus sistemas financeiros serão menos estáveis que com o controle centralizado e supranacional sobre a política de regulação financeira No entanto o problema é ainda pior do que o habitual em uma área de taxas de câmbio fixas Se países membros imprimirem dinheiro em grandes quantidades enquanto agem como emprestadores de última instância por exemplo eles podem ficar sem reservas internacionais e encontrarse em uma crise monetária Capítulo 18 Cada banco cen tral será portanto relutante em agir como LLR para seus 13 A afirmação clássica do papel do federalismo fiscal na teoria das zonas de moeda ideal é de Peter B Kenen The Theory of Op timum Currency Areas na Eclectic View In Robert Mundell e Alexander Swoboda Eds Monetary Problems of the International Economy Chicago University of Chicago Press 1969 p 4160 Talvez surpreendentemente o argumento de Kenen é válido mesmo quando as pessoas têm acesso a mercados privados muito eficientes para a partilha de riscos Veja Emmanuel Farhi e Iván Werning Fiscal Unions Working Paper 18280 National Bureau of Eco nomic Research ago 2012 M21KRUGXXXXC21indd 508 12915 622 PM 509 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro bancos nacionais e as percepções públicas dessa relutância podem em si incentivar corridas a banco e assim aumen tar o risco de instabilidade financeira e novas crises monetá rias Em termos de nossa curva GGLL menos unificação de toda a área de política bancária eleva a curva LL Como veremos esse problema tem sido fundamental para a crise recente na zona do euro apesar do exemplo anterior com base na função LLR do banco central trabalhar no con texto da UEM de forma mais complexa Como sugere o trilema financeiro uma maneira de manter taxas de câmbio fixas mantendo o controle nacio nal sobre a política financeira é proibir os movimentos de capitais transfronteiriços Isso não é uma opção dentro de uma união monetária como a UEM com um banco central único compartilhado porque a política de taxas de juros do banco central não poderia ser transmitida a todos os estados membros se impedissem a contratação de empréstimos transfronteiriços a eurOPa é uMa área De MOeDa IDeal A questão crítica para julgar o sucesso econômico da UEM é se a própria Europa tornase uma área de moeda ideal Os ganhos e perdas de uma nação ao indexar sua moeda a uma área de taxa de câmbio são difíceis de medir numericamente mas combinando nossa teoria com informações sobre o desempenho eco nômico real podemos avaliar a alegação de que a Europa que em sua maior parte é propensa a adotar ou indexar ao euro é uma área de moeda ideal a extensão do comércio intraeuropeu Nossa discussão anterior sugeriu que um país é mais suscetível de se beneficiar por juntarse a uma zona monetária se a economia da região for estreitamente integrada à do país O grau geral de integração econô mica pode ser julgado ao olhar para a integração dos mercados de produtos ou seja a extensão do comér cio entre o país ingressante e a área da moeda e para a integração dos mercados de fatores de produção ou seja a facilidade com que mão de obra e capital podem migrar entre o país ingressante e a área da moeda Em janeiro de 1999 época do lançamento do euro a maioria dos estados membros exportava de 10 a 20 de sua produção para outros membros da UE Esse número é muito maior do que a extensão do comér cio UEEstados Unidos Contudo embora o volume médio de comércio intraUE tenha aumentado um pouco desde a década de 1990 permanece abaixo do nível do comércio entre as regiões dos Estados Uni dos Se tomarmos o comércio em relação ao PNB como uma medida da integração mer cadomercadorias o modelo GGLL da última seção sugere que uma flutuação comum das moedas da Europa em relação às do resto do mundo é uma estratégia melhor para membros da UE do que seria uma taxa de câmbio eurodólar fixa A extensão do comércio intraeu ropeu no entanto não é grande o suficiente para dar uma explicação definitiva para crermos que a própria União Europeia seja uma área de moeda ideal Quando o euro foi criado quem apoiava o pro jeto tinha grandes esperanças de que ele promove ria substancialmente o comércio na união monetária Essas esperanças foram reforçadas por um estudo econométrico influente de Andrew K Rose da Uni versidade da Califórnia em Berkeley que sugeriu que em média membros de uniões monetárias fazem três vezes mais comércio uns com os outros do que com países não membros mesmo depois de um controle para outros determinantes dos fluxos comerciais Um estudo mais recente dos dados de comércio da UE por Richard Baldwin do Instituto de Estudos Inter nacionais e Desenvolvimento de Pósgraduação de Genebra reduziu muito a escala das estimativas que se aplicam à experiência da zona do euro até então14 Baldwin estima que o euro aumentou os níveis de comércio mútuo de seus usuários somente em cerca de 9 com a maioria dos efeitos ocorrendo no pri meiro ano 1999 Mas ele também concluiu que a Grã Bretanha a Dinamarca e a Suécia que não adotaram 14 Veja Baldwin In or Out Does It Matter An EvidenceBased Analysis of the Euros Trade Effects Londres Centre for Economic Policy Research 2006 Rose relata seus resultados iniciais em One Money One Market The Effects of Common Currencies on Trade Eco nomic Policy v 30 p 845 abr 2000 Ele baseou seus métodos no modelo de gravidade do comércio internacional Capítulo 2 Rose subdimensionou sua estimativa em Andrew K Rose e Eric van Wincoop National Money as a Barrier to International Trade The Real Case for Currency Union American Economic Review v 91 p 386390 maio 2001 Usando um modelo mais sofisticado de padrões de comércio internacional Rose e van Wincoop calcularam o efeito de criação de comércio de uma união monetária como um aumento de cerca de 50 do comércio Mesmo essa estimativa parece muito maior do que o aumento que se seguiu à introdução do euro M21KRUGXXXXC21indd 509 12915 622 PM 510 Economia internacional a moeda viram seu comércio com os países da zona do euro aumentar em cerca de 7 ao mesmo tempo Esses países da UE portanto ganhariam mais se ado tassem o euro As medidas da UE destinadas a promover a inte gração do mercado após o Ato Único Europeu de 1986 provavelmente contribuíram para reforçar o comércio intracomunitário Para algumas mercadorias como os produtos eletrônicos de consumo tem havido con vergência de preço considerável em países da UE mas outros produtos semelhantes entre eles carros ainda podem ser vendidos por preços muito diferentes em locais diversos da Europa Uma hipótese sobre a per sistência de diferenças de preços que é favorecida pelos entusiastas do euro é que várias moedas possi bilitavam as grandes discrepâncias de preço mas elas foram obrigadas a desaparecer com a moeda única O euro por si só contribuiu para a integração do mer cado Em um estudo cuidadoso do comportamento dos preços europeus desde 1990 os economistas Charles Engel da Universidade de Wisconsin e John Rogers da Reserva Federal observaram que as discre pâncias de preços intraeuropeus realmente diminuí ram ao longo da década de 1990 Eles não acharam evidências no entanto de maior convergência de preço após a introdução do euro em 199915 Em conclusão considerando tanto o preço como a quantidade de evidências até agora é improvável que a combinação de reformas do Ato Único Europeu e a moeda única tenham transformado a zona do euro em uma área de moeda ideal Quão móvel é a força de trabalho da europa Os principais obstáculos à mobilidade da mão de obra dentro da Europa não são mais decorrentes dos controles de fronteira Diferenças de língua e cultura desencorajam os movimentos de trabalhadores entre os países europeus em maior medida do que ocorre por exemplo entre as regiões dos Estados Unidos Em um estudo econométrico de 1990 comparando padrões de desemprego nas regiões dos Estados Unidos com os países da UE Barry Eichengreen da Universidade da Califórnia em Berkeley constatou que as diferenças nas taxas de desemprego regional são menores e menos per sistentes nos Estados Unidos do que as diferenças entre as taxas de desemprego nacional na União Europeia16 A Figura 217 mostra a evolução das taxas de desemprego selecionadas na UE desde a década de 1990 a divergên cia evidente após o final da década de 2000 é o resultado da crise recente e será discutida na próxima seção Mesmo dentro de países europeus a mobilidade da mão de obra parece limitada em parte por causa de regulamentos do governo Por exemplo a exigência em alguns países de que os trabalhadores estabele çam residência antes de receber o auxíliodesemprego torna mais difícil para os trabalhadores desemprega dos procurar empregos em regiões que estão longe de suas casas atuais A Tabela 212 apresenta evidências sobre a frequência de circulação regional da mão de obra em três dos maiores países da UE em comparação com os Estados Unidos Embora esses dados devam ser interpretados com cautela porque a definição de região é diferente de um país para outro eles suge rem que em um ano típico os norte americanos são significativamente mais móveis do que os europeus17 Há algumas evidências de que a mobilidade da mão de obra aumentou em resposta às taxas de desemprego extremas visíveis na Figura 217 Mas em algum grau isso é uma faca de dois gumes Os trabalhadores que tendem a ser mais móveis são mais jovens e mais produtivos enquanto aqueles que permanecem parados estão mais próximos da apo sentadoria Esse padrão de migração pode privar os governos da base de recolhimento de que eles preci sam para financiar benefícios de pensão e de saúde agravando assim déficits fiscais nos países já dura mente atingidos pela recessão profunda 15 Consulte o artigo European Product Market Integration after the Euro Economic Policy v 39 p 347381 jul 2004 Para confir mação veja Jesús Crespo Cuaresma Balázs Égert e Maria Antoinette Silgoner Price Level Convergence in Europe Did the Intro duction of the Euro Matter Monetary Policy and the Economy Oesterreichische Nationalbank Q1 2007 p 100113 16 Veja Eichengreen One Money for Europe Lessons of the US Currency Union Economic Policy v 10 p 118166 abr 1990 Um estudo mais aprofundado do mercado de trabalho dos Estados Unidos mostrou que o desemprego regional é eliminado quase intei ramente por migração de trabalhadores em vez de mudanças regionais dos salários reais Veja Olivier Jean Blanchard e Lawrence F Katz Regional Evolutions Brookings Papers on Economic Activity v 1 p 175 1992 17 Para uma discussão mais detalhada das evidências consulte Maurice Obstfeld e Giovanni Peri Regional NonAdjustment and Fiscal Policy Economic Policy v 26 p 205259 abr 1998 tabela 212 Pessoas que mudaram a região de residência na década de 1990 da população total Grã Bretanha Alemanha Itália Estados Unidos 17 11 05 31 Fonte Peter Huber Interregional Mobility in Europe A Note on the Cross Country Evidence Applied Economics Letters v 11 p 619624 ago 2004 e Geographical Mobility 20032004 Departamento de Comércio dos EUA mar 2004 Dados da tabela são para a Grã Bretanha em 1996 Alemanha em 1990 Itália em 1999 e Estados Unidos em 1999 M21KRUGXXXXC21indd 510 12915 622 PM 511 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro Outras considerações Anteriormente identificamos três considerações adicionais ao lado de integração econômica que são relevantes para os custos e benefícios da forma ção de uma zona monetária similaridade de estru tura federalismo fiscal e a unificação da política em relação à estabilidade do mercado financeiro e ban cário Em todos os três quesitos a UE está aquém reforçando a hipótese de que não é uma área de moeda ideal Como já observamos membros da UE têm mix de exportação muito diversos e portanto vulnerabilida des diferentes para perturbações econômicas idên ticas Por exemplo Portugal concorre com a China nos mercados de exportação enquanto a China é um mercado de grande destino para máquinas alemãs Assim o maior crescimento chinês tem efeitos muito diferentes sobre as economias alemã e portuguesa Com relação ao federalismo fiscal é bastante limitado na UE que não tem uma capacidade fiscal centralizada substancial Portanto choques especí ficos de cada país não são compensados por quais quer entradas de recursos orçamentais de parceiros da união monetária Por fim sobre a política de esta bilidade financeira o Tratado de Maastricht deixou praticamente todos os poderes em nível nacional não dando ao Eurossistema nenhuma autoridade explícita para supervisionar os mercados financei ros A história da crise do euro que abordaremos a seguir está intimamente ligada com essas duas últimas lacunas na arquitetura subjacente à moeda única FIGura 217 Taxas de desemprego em países selecionados Taxas de desemprego amplamente divergentes aproximaramse após o lançamento do euro em 1999 mas desde o final da década de 2000 ficaram nitidamente afastadas 0 5 10 15 20 25 30 Taxa de desemprego porcentagem Alemanha Grécia Irlanda Itália Portugal Espanha 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte Fundo Monetário Internacional Banco de dados do World Economic Outlook abril de 2013 Os números para 2013 são previsões do FMI A crise do euro e o futuro da UEM Como o resto do mundo a área do euro foi golpe ada pela crise financeira global de 20072009 descrita nos capítulos 19 e 20 Entretanto foi só no final da fase aguda da crise financeira global final de 2009 que a zona do euro entrou em uma nova crise tão grave que era capaz de ameaçar a continuidade de sua existência Nesta seção ajudaremos você a compreender a natureza da crise do euro as maneiras como tem sido adminis trada até agora e as implicações para o futuro da UEM Origens da crise A faísca que acendeu a crise veio de uma fonte improvável a Grécia que representava apenas 3 da produção da zona do euro No entanto a faísca pou sou em um monte amplo e profundo de feno muito seco montado durante o período de taxas de juros baixas especulação imobiliária e crescimento elevado do mer cado financeiro que precedeu a crise financeira global O pavio Os ativos globais dos bancos internacional mente ativos cresceram rápido nos anos que conduzi ram até a crise de 20072009 mas especialmente para os M21KRUGXXXXC21indd 511 12915 622 PM 512 Economia internacional bancos europeus e para os bancos da zona do euro Os lados dos ativos de seus balanços cresceram mediante compras de produtos lastreados pelo crédito dos Esta dos Unidos mas também por meio de empréstimos a outros países da zona do euro incluindo compras de dívida pública e empréstimos para financiar os gastos de consumo investimento de habitação e empréstimos de hipoteca Esse empréstimo ajudou a estimular e por sua vez foi alimentado por crescimentos de habitação massiva especialmente na Irlanda e na Espanha lem brese da Figura 197 Um fator importante que pro moveu esses desenvolvimentos como você aprendeu no Capítulo 19 era um ambiente de taxas muito baixas de juros globais que induziu os bancos a assumir maiores riscos em busca de lucros Como resultado dessa expansão do crédito ativos bancários cresceram a níveis muito altos em compa ração com o PIB dos países de origem dos bancos A Tabela 213 ilustra as posições de alguns bancos gran des da área do euro no final de 2011 os balanços foram ainda maiores em relação à produção em 2007 Em vários países bancos individuais tornaramse grandes demais para serem salvos com base nos recursos que o governo poderia angariar apenas da economia domés tica e a situação do governo é claro seria muito pior numa crise sistêmica com vários bancos em apuros ao mesmo tempo Por exemplo se os ativos de um banco falido são iguais ao PIB e o governo deve injetar capital igual a 5 dos bens para restaurar a solvência do banco então o governo teria que emitir dívida ou aumentar os impostos em 5 do PIB uma fração muito grande para manter o banco em funcionamento E se vários bancos grandes falirem ao mesmo tempo Com o risco de taxa de câmbio agora eliminado entre países da área do euro os rendimentos de títulos do governo se aproximaram da igualdade Além disso os mercados pareciam convencidos de que nenhum governo europeu deixaria de pagar suas dívidas inadimplência afinal nenhum país avançado em qualquer lugar tinha feito isso desde a década de 1940 Como resultado os spreads entre os governos considerados mais dignos de crédito por agências como a Moody por exemplo Ale manha e o menos dignos de crédito por exemplo Gré cia tornaramse muito pequenos muitas vezes na ordem de 25 pontos base ou menos veja Figura 218 Esse desenvolvimento incentivou mais gastos e emprésti mos em países como Grécia Portugal e Espanha Uma inadimplência ocorre quando um devedor não faz os pagamentos da dívida que prometeu aos credores O evento é chamado de inadimplência soberana quando o devedor é o governo de um país Mas com maior gasto também veio uma inflação mais elevada em relação ao nível alemão Como resul tado os países da periferia da zona do euro Irlanda Portugal Espanha Itália e Grécia viram suas moedas sofrerem valorização em termos reais não só em relação à Alemanha mas em relação a todos os seus parceiros comerciais tanto dentro como fora da UEM A Figura 219 que informa os índices da Comissão Europeia de valorização real em relação ao deflatores do PIB mos tra como todos esses países perderam competitividade após o início dos anos 2000 mais notavelmente os dois com crescimentos de habitação mais extremos Irlanda e Espanha Com uma inflação mais elevada do que a da Alemanha mas com taxas de títulos essencialmente iguais esses países tinham menores taxas de juros reais durante meados da década de 2000 um fator que os esti mulou a gastar e a aumentar a inflação ainda mais veja a Figura 2110 para taxas de juros reais18 Como resultado enquanto a Alemanha tinha exce dentes crescentes da contacorrente os países periféri cos tinham déficits crescentes em alguns casos muito grandes como mostra a Tabela 214 As dívidas exter nas então cresceram suscitando a pergunta de como estes países gerariam excedentes de exportação líqui dos necessários para pagar os credores estrangeiros O dilema tornouse mais agudo à medida que o cresci mento desacelerava em consequência da crise global de 20072009 18 Esse tipo de instabilidade monetária foi previsto por Sir Alan Walters um conselheiro econômico da primeiraministra Marga ret Thatcher da Grã Bretanha e um grande oponente das taxas de câmbio fixas dentro da Europa Consulte seu polêmico livro Ster ling in Danger Economic Consequences of Fixed Exchange Rates Londres Fontana 1990 tabela 213 Ativos de alguns bancos individuais como uma relação com a produção nacional fim de 2011 Banco País Ativos do banco Erste Group Bank Áustria 068 Dexia Bélgica 110 BNP Paribas França 097 Deutsche Bank Alemanha 082 Bank of Ireland Irlanda 095 UniCredit Itália 059 ING Group Países Baixos 212 Banco Commercial Português Portugal 057 Banco Santander Espanha 119 Fonte Dados do Fundo Monetário Internacional banco de dados do World Economic Outlook Dados sobre o patrimônio do banco de Viral V Acharya e Sascha Steffen The Greatest Carry Trade Ever Understanding Eurozone Bank Risks Artigo de Discussão 9432 Centre for Economic Policy Research abr 2013 M21KRUGXXXXC21indd 512 12915 622 PM 513 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro FIGura 218 Spreads dos empréstimos nominais do governo sobre a Alemanha Rendimentos de títulos de governo de longo prazo dos países do euro convergiram ao nível da Alemanha enquanto se preparavam para aderir ao euro Os rendimentos começaram a divergir novamente com a crise financeira global de 20072009 e ficaram nitidamente afastados após a crise do euro no final de 2009 Taxa dos títulos do governo nacional menos taxa dos títulos alemães ao ano 5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Grécia Portugal Irlanda Espanha Itália 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte Banco Central Europeu Taxas de juros de títulos do governo de dez anos FIGura 219 Valorização real nos países periféricos da zona do euro Após a entrada na zona do euro a valorização real para os países da zona do euro periférica mais notavelmente os dois com crescimentos internos maiores Irlanda e Espanha Indicador de competitividade harmonizado baseado em deflatores do PIB aumento valorização real 1999 100 Irlanda Espanha Portugal Grécia Itália 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte Eurostat Índice de competitividade multilateral harmonizado com base em deflatores do PIB Um aumento no índice é uma valorização real perda de competitividade M21KRUGXXXXC21indd 513 12915 622 PM 514 Economia internacional Como a desvalorização da moeda por países indi viduais da zona do euro não era uma opção para esti mular as exportações líquidas tornouse cada vez mais provável que o ajuste para uma taxa de câmbio real mais competitiva exigiria um período de baixa inflação ou mesmo deflação com toda a probabilidade acom panhada pelo desemprego significativo decorrente da rigidez dos mercados de trabalho e produto Entre outros efeitos negativos a recessão prolongada enfra queceria os bancos Nessas circunstâncias países com taxas de câmbio fixas convencionais podem bem ter sido vítimas de ataques especulativos de moeda forçando o governo a desvalorizar Na UEM no entanto os países não têm suas próprias moedas então ataques convencionais não são possíveis Contudo o outro tipo de especula ção ocorre trabalhando por meio de corridas bancá rias e mercados de dívida do governo Os efeitos foram devastadores A faísca A crise de 20072009 certamente causou dores de cabeça na zona do euro Alguns bancos esta vam com problemas por causa de sua exposição aos mercados imobiliários dos Estados Unidos Também problemáticas foram as exposições aos mercados imo biliários europeus que começaram a cair seguindo o exemplo dos Estados Unidos e com a Irlanda liderando o caminho consulte a Figura 198 Mas os mercados tinham alguns receios sobre a solvabilidade dos gover nos da zona do euro até intratáveis problemas fiscais da FIGura 2110 Taxas de juros reais divergentes da zona do euro Conforme a data de 1999 de lançamento para o euro se aproximava as taxas nominais de títulos de longo prazo nos países candidatos a membros convergiam levando a reduzir as taxas de juros reais nos países com inflação relativamente elevada O gráfico mostra a taxa de juros real de longo prazo para cada país menos a taxa de juros real de longo prazo da Alemanha Taxas de juros reais são taxas nominais médias em títulos do governo de dez anos menos a taxa de inflação do mesmo ano Taxa de juros nacional real menos taxa da Alemanha ao ano 10 5 0 5 10 15 20 25 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Espanha Portugal Itália Grécia Irlanda Fonte Datastream tabela 214 Saldos de contacorrente dos países da zona do euro 20052009 do PIB Grécia Irlanda Itália Portugal Espanha Alemanha 2005 75 35 17 94 74 51 2006 112 41 26 99 90 65 2007 144 53 24 94 100 76 2008 146 53 34 120 98 67 2009 112 29 31 103 54 50 Fonte Fundo Monetário Internacional M21KRUGXXXXC21indd 514 12915 622 PM 515 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro Grécia tornaremse eviden tes no final de 2008 Essa foi a faísca que acendeu o pavio dos bancos sobrecarregados e das economias não competi tivas e endividadas A crise começou quando um novo governo grego foi eleito em outubro de 2009 Muito rapidamente o novo governo anunciou uma má notícia o déficit fiscal grego situavase em 127 do PIB mais que o dobro dos números anunciados pelo governo anterior Aparente mente o governo anterior tinha deixado de relatar suas estatísticas econômicas por anos e a dívida pública na verdade elevouse a mais de 100 do PIB Os detentores de títulos gregos incluindo muitos bancos na zona do euro começaram a se preocupar com a capacidade do governo grego para fechar o seu déficit e pagar suas dívidas Em dezembro de 2009 as principais agências de classificação rebaixaram a dívida do governo grego Como mostra a Figura 218 o spread de emprés timos do governo grego em relação aos títulos alemães subiu para níveis vistos antes no final de 2008 e início de 2009 quando os mercados financeiros globais estavam em tumulto com as consequências da crise do subprime O governo grego anunciou grandes cortes no orçamento e elevou alguns impostos nos primeiros meses de 2010 mas foi logo confrontado com greves e protestos de rua Mais rebaixamentos seguiramse e os custos de emprés timos gregos subiram tornando ainda mais difícil para o país pagar os credores Os investidores começaram a se preocupar que outros países deficitários pudessem enfrentar problemas semelhantes aos da Grécia A figura mostra que os custos de empréstimos para Portugal e Irlanda e mesmo para os dois grandes países Espanha e Itália ficaram sob pressão Os mercados de ações do mundo despencaram conforme crescia a perspectiva de uma crise financeira muito mais ampla na Europa Como a UE lidou com a crise grega Um resgate da Grécia pelos países mais ricos teria reprimido a agitação do mercado mas isso foi exatamente o resultado que países como a Alemanha desejavam evitar quando nego ciaram o Tratado de Maastricht e o PEC Em meados de março de 2010 os ministros das finanças da zona do euro declararam sua intenção de ajudar a Grécia mas não forneceram detalhes do que planejavam fazer Com a UE incapaz de tomar medidas concretas a crise tor nouse uma bola de neve e o valor do euro nos mercados cambiais caiu Por fim em meados de abril de 2010 os países da zona do euro trabalhando com o FMI concordaram com um pacote de empréstimo de 110 bilhões para a Grécia Mas a essa altura espalharase o pânico sobre a dívida do governo e os governos português espanhol e italiano após o que a Irlanda já havia empreendido no final de 2008 estavam propondo suas próprias medi das de redução de déficit em um esforço para impedir os spreads dos empréstimos de subirem a níveis gre gos Temendo um colapso continental os líderes da zona do euro embutiram o apoio grego dentro de uma Linha Europeia de Estabilidade Financeira EFSF mais ampla com financiamento de 750 bilhões fornecidos pelos próprios empréstimos dos mercados a Comissão Europeia e o FMI A EFSF foi explicitamente tempo rária mas foi substituída por um Mecanismo Europeu de Estabilidade permanente ou MEE em outubro de 2012 O BCE então reverteu uma política que anunciara anteriormente e começou a adquirir os títulos dos países devedores da zona do euro com problemas despertando acusações de que ele estava violando o espírito do Tra tado de Maastricht ao recompensar os excessos fiscais Na verdade a motivação do BCE foi evitar um pânico bancário apoiando os preços dos ativos amplamente mantidos pelos bancos europeus Os custos de empréstimos gregos mantiveramse elevados e em breve as taxas de empréstimos do mer cado da Irlanda aumentaram extremamente conforme ficava claro que o custo do governo em apoiar os bancos irlandeses instáveis equivaleria a uma grande fração do PIB No final de 2010 a Irlanda negociou um pacote de empréstimos do EFSF de 675 bilhões com a troika composta pela Comissão Europeia o BCE e o FMI Portugal negociou um empréstimo da troika de 78 bilhões em maio 201119 Ambos os empréstimos como o grego tiveram condições exigindo que os destinatários cortassem orçamentos de governo e instituíssem refor mas econômicas estruturais como a desregulamentação do mercado de mão de obra A troika era responsável por controlar a conformidade ao acordo a inadimplência autorrealizável do governo e o doom loop literalmente ciclo fatal Por que o pânico do mercado se desenvolve e se espalha tão rápido O debate controverso acerca do pacote grego inicial deixou claro que os países euro peus do norte como Alemanha Finlândia e Holanda tinham apenas uma vontade muito restrita de subscrever o empréstimo aos países como a Grécia enfrentando condições de mercado desfavoráveis ou diretamente 19 O termo troika entrou em uso generalizado durante a crise do euro A palavra é russa e referese a um conjunto de três cavalos com arreios para puxar um trenó M21KRUGXXXXC21indd 515 12915 622 PM 516 Economia internacional ou indiretamente por meio de suporte para compras de títulos do BCE Alguns políticos do norte da Europa haviam falado abertamente sobre a inadimplência da Grécia ou mesmo sobre a possibilidade de ela sair do euro Assim a inadimplência soberana na dívida grega apesar de funcionários da UE negarem no início essa possibilidade pareceu eminentemente possível como a inadimplência por outros países como Portugal com rápido crescimento de dívidas do governo O medo da inadimplência era um problema especí fico da área do euro o governo dos Estados Unidos pode sempre imprimir dólares para pagar suas dívidas e então é muito improvável que a inadimplência ocorra mas os paí ses que utilizam o euro não podem uma vez que a decisão de imprimir euros é do BCE não dos governos nacionais É por isso que Grécia Portugal e Irlanda estavam na posição anômala de tomar empréstimos de euros sua própria moeda ao FMI A possibilidade de descum primento dá origem a uma dinâmica de autorrealização que é análoga a uma corrida bancária como discutido no Capítulo 20 ou uma crise de moeda autorrealizável como discutido no Capítulo 18 se os mercados esperam uma inadimplência eles cobrarão do governo que pede empréstimo taxas de juros muito elevadas e se for incapaz de aumentar os impostos ou cortar gastos suficientes ele será forçado a perder reembolsos da dívida e portanto haverá inadimplência Isso é exatamente o que aconteceu na área do euro20 Como os balanços dos bancos tornaramse tão gran des o estado debilitado dos bancos dos países do euro reforçaram vigorosamente a probabilidade de inadim plência do governo Países com necessidade de apoiar seus sistemas bancários com infusões de dinheiro público tinham que pedir o dinheiro emprestado levando a gran des aumentos nos níveis de dívida pública e maiores temo res de inadimplência no mercado A Figura 2111 mostra a evolução da dívida pública como uma proporção em relação ao PIB na área do euro Enquanto a Grécia tinha de longe a maior dívida alcançando um escalo namento de 170 do PIB em 2011 você pode ver que as dívidas dos outros países foram aumentando rapida mente alimentadas em parte na maioria dos casos pela necessidade de socorrer os bancos A Irlanda é o exemplo mais drástico com a dívida subindo de apenas 25 do PIB em 2007 para mais de 90 em 2010 impulsionada não só pela recessão mas por uma ajuda financeira dos bancos que tinha conduzido ao boom de propriedade irlandês21 20 Para um modelo desse processo consulte Guillermo A Calvo Servicing the Public Debt The Role of Expectations American Economic Review v 78 p 647661 set 1988 O modelo é aplicado para a crise do euro no artigo de De Grauwe em Leituras adicionais 21 Relatos vívidos das crises grega e irlandesa estão incluídos em Michael Lewis Boomerang Travels in the NewThird World Nova York WW Norton Company 2011 FIGura 2111 Dívida pública bruta para o PIB na área do euro As dívidas públicas na zona do euro cresceram rapidamente depois de 2007 em parte pela necessidade de os governos apoiarem seus bancos fracos 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Dívida bruta do governo geral do PIB Grécia Itália Portugal Espanha Irlanda 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 Fonte Fundo Monetário Internacional banco de dados do World Economic Outlook M21KRUGXXXXC21indd 516 12915 622 PM 517 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro Para piorar a situação o estado perigoso do crédito de cada governo por sua vez enfraqueceu a solvência dos bancos nacionais Primeiro os bancos investiram pesadamente em títulos dos seus governos para que quando os preços desses títulos caíssem os ativos dos bancos e o capital do banco fossem reduzidos Além disso os credores dos bancos incluindo os depositan tes entenderam que se o próprio governo não foi capaz de obter dinheiro seria incapaz de fazer boas promessas para apoiar os bancos por exemplo mediante injeções de capital público ou seguro depósito O feedback bilateral do banco em dificuldades aos problemas de empréstimos do governo foi chamado de doom loop literalmente ciclo fatal pelos economis tas Como resultado do doom loop o dinheiro privado fugiu dos bancos em países onde o governo estava tendo problemas com empréstimos Esses países experimenta ram uma parada brusca na concessão de empréstimos privados e para evitar seus bancos de entrarem em colapso o BCE teve que participar como emprestador de operações de últimos recursos em grande escala Na realidade o mercado financeiro da zona do euro tor nouse segmentado ao longo de linhas nacionais com a solvência dos bancos dos países mais fracos julgados pela credibilidade de seus governos As empresas e as famílias nesses países enfrentaram taxas de juros altas se de alguma maneira conseguissem fazer empréstimos Por causa de cortes orçamentários e do aperto de cré dito a produção despencou e o desemprego disparou Muitos observadores questionaram se os programas de austeridade incluídos nos pacotes de apoio financeiro dos governos e que estavam sendo praticados na UE em geral estavam realmente ajudando na redução da dívida pública especialmente quando implementados simulta neamente por vários países vizinhos uma crise mais ampla e respostas políticas Mesmo depois de seu pacote de resgate inicial a Grécia provou ser incapaz de colocar a dívida pública em um caminho sustentável Os líderes europeus come çaram a discutir abertamente sobre a necessidade de mecanismos que permitissem aos países insolventes reestruturar sua dívida no futuro Com a inadimplência sancionada oficialmente agora sobre a mesa os spreads de títulos da Itália aumentaram de modo acentuado no segundo semestre de 2011 A Itália era muito maior do que a Grécia a Irlanda ou Portugal e seus problemas fiscais eram grandes demais para serem tratados sem um compromisso orçamentário muito maior de seus parcei ros da zona do euro Para a Espanha outro país grande os custos dos empréstimos tinham também sido delimi tados tendo em conta o seu setor bancário muito grande que tinha sido seriamente enfraquecido pelo colapso de habitação do país Em março de 2012 a Grécia enfim reestruturou sua dívida pública impondo grandes perdas aos detentores de títulos privados No entanto a dívida total do país caiu apenas um pouco Figura 2111 Então grande parte da dívida foi realizada oficialmente em especial pelo BCE e além disso o governo grego precisou pedir dinheiro emprestado para recapitalizar os bancos nacio nais que perderam muito em consequência da inadim plência Em junho de 2012 ministros de finanças da zona do euro estenderam à Espanha um empréstimo do SME potencialmente tão grande quanto 100 bilhões para cobrir a recapitalização do sistema bancário debili tado Apesar desses incrementos Grécia e Espanha per maneceram em tumulto Perante a turbulência em curso líderes da zona do euro lançaram duas iniciativas principais uma em maté ria de política fiscal e outra sobre a unificação da polí tica bancária A Alemanha patrocinou um Tratado de Estabilidade Fiscal para países da UE ao abrigo do qual os signatários comprometemse a alterar a legisla ção nacional de uma forma que produzisse orçamentos de governo que estariam mais próximos do equilíbrio O tratado uma versão atualizada e mais rigorosa do PEC foi motivado por preocupações semelhantes e reflete a posição oficial alemã de que a principal causa da crise foi o mau comportamento fiscal dos governos nacionais Entrou em vigor para os 16 países que o assinaram no início de 2013 Os críticos do Tratado de Estabilidade Fiscal apon tam que países como a Irlanda e a Espanha tinham indicadores fiscais favoráveis com a queda dos níveis da dívida em relação ao PIB antes da crise Figura 2111 Enquanto o diagnóstico alemão descrevia a Grécia as dívidas dos outros países explodiram porque seus siste mas bancários fundiramse e a estratégia alemã nada fez para melhorar a supervisão bancária ou para quebrar o doom loop entre bancos e governos soberanos Como em nossa discussão sobre as áreas de moeda ideal uma união bancária mais próxima seria necessária a fim de estabilizar a zona do euro Esse segundo objetivo também foi perseguido pelos líderes da UE que se reuniram em junho de 2012 e instruíram a Comissão Europeia a preparar um pro jeto para um Mecanismo Único de Supervisão MUS com poderes de controlar os bancos em toda a zona do euro Os líderes também recomendaram que uma vez que o MUS estivesse implementado o SME deveria ter o poder para recapitalizar os bancos diretamente ou M21KRUGXXXXC21indd 517 12915 622 PM 518 Economia internacional seja com qualquer empréstimo resultante aparecendo como um passivo do SME isto é como uma responsa bilidade conjunta da zona do euro e não de qualquer governo membro independentemente de onde residissem os bancos recapitalizados Essa recomendação importante foi destinada a reduzir a força do doom loop ao nível nacional mas deixou alguns governos inquietos com a perspectiva de serem forçados a socorrer bancos em outros países Em resposta à diretiva da cúpula em setembro de 2012 a Comissão recomendou uma abordagem tripla à união bancária destinada a centralizar a supervisão financeira o seguro depósito e a resolução de bancos insolventes dentro da área do euro Essas medidas como observado foram feitas para desativar o doom loop em nível nacional e melhorar a qualidade e a credibilidade da supervisão financeira para a união monetária Espe cificamente a Comissão recomendou a criação de um MUS de um regime amplo de seguro de depósito na zona do euro e de um mecanismo único de resolução MUR para ser operado como o MUS na área do euro Em dezembro de 2012 os líderes da UE aprova ram o MUS alocandoo no BCE embora mantendo um grau significativo de autonomia do país de origem na regulação dos bancos menores Ao redigirmos este capítulo o MUR continuava um trabalho em anda mento enquanto a ideia de seguro depósito na área do euro centralizada encontra oposições fortes de um grupo de países liderados pela Alemanha Assim o doom loop permanece substancialmente operante e é difícil ver como o BCE será capaz de impor seus éditos de fisca lização se ele realmente não tem o cacife e os recursos financeiros para fechar e reorganizar bancos em falência ante a oposição potencial dos políticos nacionais Muitos observadores têm recomendado que a zona do euro realce o federalismo fiscal mediante um orça mento centralizado maior gerido por uma autoridade fiscal com a capacidade de tributar gastar e emitir euro títulos conjuntos Essa abordagem é fortemente contes tada pela Alemanha e por outros países e é improvável que se torne realidade em um futuro próximo22 transações monetárias completas do bCe Apesar dos esforços de reforma anteriores os merca dos para dívidas soberanas da zona europeriférica manti veramse voláteis durante o verão de 2012 com investido res especulando que a Grécia poderia até sair da UEM 22 Para uma pesquisa de propostas de eurobônus consulte Stijn Claes sens Ashoka Mody e Shahin Vallée Paths to Eurobonds Working Paper WP12172 International Monetary Fund jul 2012 Esse resultado conhecido coloquialmente como um Grexit teria desestabilizado ainda mais as taxas de empréstimos de outros países abrindo o precedente de que um governo pode abandonar o euro e introduzir uma moeda nacional em seu lugar Em 26 de julho de 2012 o Presidente do BCE Mario Draghi fez a declaração dramática Em nosso mandato o BCE está pronto para fazer qualquer coisa para preservar o euro E acreditem em mim será o suficiente Seis semanas mais tarde ele revelou um programa chamado Transações Monetá rias Completas OMT do inglês Outright Monetary Transactions sob as quais o BCE faria exatamente isso compraria títulos soberanos potencialmente ilimita dos para impedir que suas taxas de juros subissem muito Para se qualificar para a OMT os países teriam primeiro que concordar com um plano de estabilização do SME Ao redigirmos este capítulo as OMT não foram uti lizadas mas os rendimentos de títulos nos países perifé ricos têm recuado bruscamente como mostra a Figura 2111 apenas por causa da expectativa do que o BCE possa fazer com seu poder de fogo monetário ilimitado No entanto não está claro quanto tempo essa calma relativa pode durar Para começar ninguém sabe o que acontecerá se as OMT tiverem realmente que ser usadas e a ideia tem sido contestada no tribunal constitucio nal da Alemanha Além disso o espaço de respiração dado pelas OMT pode ter embotado a determinação dos governos nacionais para realizar as reformas estru turais bem como a determinação dos dirigentes da UE para fornecer as inovações institucionais necessárias Isso é apenas outra forma de risco moral que incentiva os governos a adiar decisões difíceis O futuro da ueM O experimento de moeda única na Europa é a tenta tiva mais ousada a colher os ganhos de eficiência do uso de uma moeda única sobre um grupo grande e diversifi cado de estados soberanos Se a UEM for bemsucedida promoverá a integração europeia política assim como econômica e promoverá a paz e a prosperidade em uma região que um dia poderá incluir toda a Europa Oriental e mesmo a Turquia Se o projeto do euro fracassar no entanto sua força motriz o objetivo da unificação polí tica europeia retrocederá Contudo a UEM deve superar alguns desafios difí ceis se quiser sobreviver à crise atual e prosperar 1 A Europa não é uma área de moeda ideal Portanto progressos econômicos assimétricos dentro de di ferentes países da zona do euro progressos que podem muito bem requerer diferentes taxas de juro nacionais sob um regime de moedas nacionais M21KRUGXXXXC21indd 518 12915 622 PM 519 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro individuais continuarão a ser difíceis de mani pular mediante a política monetária O projeto da moeda única tem levado a união econômica a um nível muito além do que a UE tem até agora sido capaz ou desejosa de fazer na área da união polí tica No entanto em resposta à crise do euro a UE está aumentando o controle centralizado sobre a política econômica além do esboço inicial do BCE por meio do Tratado de Estabilidade Fiscal de maiores poderes para a Comissão e da união ban cária na zona do euro Muitos europeus esperavam que a união econômica se aproximasse da união po lítica mas é possível que as querelas contínuas sobre políticas econômicas sabote esse objetivo Poderes governamentais reforçados no centro da UEM tam bém exigem maior controle democrático mas pouco tem sido feito para atender a essa necessidade Existe o perigo de que os eleitores em toda a Europa passem a ver a superestrutura do euro como estando sob o controle de um grupo de tecnocratas distantes e politicamente irresponsáveis que não respondem às necessidades das pessoas 2 Na maioria dos países da União Europeia os mer cados de mão de obra permanecem altamente sin dicalizados e sujeitos a taxas de emprego e regula mentos que impedem a mobilidade da mão de obra entre indústrias e regiões O resultado tem sido níveis persistentemente altos de desemprego A menos que os mercados de trabalho tornemse muito mais flexí veis como na união monetária dos Estados Unidos países individuais da zona do euro terão uma fase di fícil de ajuste na direção do pleno emprego e de taxas de câmbio reais competitivas Outros problemas es truturais são abundantes Ainda precisaremos ver se a zona do euro desen volverá instituições mais elaboradas para a realização de transferências fiscais de país para país No mínimo algum tipo de retenção fiscal centralizada para a união bancária planejada é essencial para garantir sua eficácia A crise do euro mostrou a necessidade de uma capaci dade fiscal europeia centralizada o suficiente para lidar de modo rápido com a instabilidade financeira inerente mente contagiosa dos países membros Também mostrou a força da oposição em alguns países para tal mudança institucional Mas como já vimos as fissuras econômicas e políticas que a crise revelou estavam presentes desde o início do projeto do euro Assim o euro enfrenta desafios significativos nos próximos anos A experiência dos Estados Unidos mos tra que uma grande união monetária compreendendo diversas regiões econômicas pode funcionar muito bem Entretanto para a zona do euro alcançar sucesso eco nômico comparável terá de fazer progressos na criação de mercados de mão de obra e produto mais flexíveis ao reformar seus sistemas de regulação financeiros e fiscais e ao aprofundar sua união política A própria unifica ção europeia será posta em risco a menos que o pro jeto do euro e sua instituição definidora o BCE tenham sucesso na promoção de prosperidade bem como de estabilidade de preços Resumo 1 Os países da União Europeia tiveram duas razões princi pais para favorecer as taxas de câmbio fixas mutuamente eles acreditam que a cooperação monetária lhes dará mais peso nas negociações econômicas internacionais e veem a taxas de câmbio fixas como um complemento para as iniciativas da UE destinadas à construção de um mercado comum europeu 2 O Sistema Monetário Europeu de taxas de câmbio fixas in traUE foi inaugurado em março de 1979 e originalmente incluía a Bélgica Dinamarca França Alemanha Irlanda Itália Luxemburgo e Países Baixos Áustria Grã Bretanha Portugal e Espanha se juntaram mais tarde Controles de capital e realinhamentos frequentes eram ingredientes es senciais na manutenção do sistema até meados da década de 1980 mas desde então foram abolidos controles como parte do programa mais amplo de unificação do mercado da União Europeia 3 Na prática todas as moedas do SME foram atreladas à moe da antiga da Alemanha o marco alemão DEM Como resul tado a Alemanha foi capaz de definir a política monetária para o SME assim como os Estados Unidos fizeram no sis tema de Bretton Woods A teoria de credibilidade do SME diz que os governos participantes lucraram com a reputação do Bundesbank alemão como um lutador contra a inflação Na verdade as taxas de inflação nos países do SME por fim tendiam a convergir ao redor da taxa de inflação geralmen te baixa da Alemanha 4 Em 1o de janeiro de 1999 onze países da União Europeia deram início a uma união econômica e monetária UEM me diante a adoção de uma moeda comum o euro emitida por um Banco Central Europeu BCE com sede em Frankfurt Alemanha Aos 11 membros iniciais mais tarde se juntaram vários outros países O Eurossistema é composto por ban cos centrais nacionais de membros do euro e do BCE cujo conselho geral dirige a política monetária na UEM O proces so de transição do sistema de taxa de câmbio fixa do SME para a UEM foi escrito no Tratado de Maastricht assinado pelos líderes europeus em dezembro de 1991 M21KRUGXXXXC21indd 519 12915 622 PM 520 Economia internacional 5 O Tratado de Maastricht especificou um conjunto de critérios de convergência macroeconômica que os países da UE pre cisam satisfazer para se qualificar para admissão à UEM Um objetivo importante dos critérios de convergência foi tran quilizar os eleitores nos países de inflação baixa como a Ale manha de que a nova moeda europeia gerenciada conjun tamente seria tão resistente à inflação quanto tinha sido o DEM Um pacto de estabilidade e crescimento PEC idealizado pelos líderes da UE em 1997 por insistência da Alemanha foi concebido para limitar o déficit e a dívida no nível nacional 6 A teoria das zonas de moeda ideal implica que os países vão querer adotar as áreas de taxa de câmbio fixa intimamente ligadas às próprias economias por meio do comércio e da mobilidade dos fatores A decisão de um país de se juntar a uma área de taxa de câmbio é determinada pela diferença entre o ganho de eficiência monetária em aderir e a perda de estabilidade econômica em se juntar O diagrama GGLL referese tanto a esses fatores quanto ao grau de integra ção econômica entre o país ingressante e a zona de taxa de câmbio fixa maior Somente quando a integração econômi ca passa a um nível crítico é benéfico unirse ao bloco 7 A União Europeia não parece satisfazer todos os critérios para uma área de moeda ideal Apesar de muitas barreiras à integração dos mercados da União Europeia terem sido removidas desde a década de 1980 e o euro parecer ter pro movido o comércio intracomunitário o nível do comércio ainda não é muito extensivo Além disso a mobilidade da mão de obra entre e mesmo dentro dos países da UE parece mais limitada do que em outras grandes áreas de moeda como os Estados Unidos Por fim o nível de federalismo fis cal na União Europeia é muito pequeno para amortecer os países membros de acontecimentos econômicos adversos e as condições para a estabilidade do setor bancário não estão centralizadas adequadamente 8 A crise do euro foi provocada pelos problemas fiscais gre gos revelados no final de 2009 mas a crise se espalhou tão amplamente porque os bancos da zona do euro foram além do limite e alguns países sofreram grandes valorizações reais que eles não poderiam relaxar pela desvalorização A perspectiva de que alguns governos pudessem ficar ina dimplentes em suas dívidas prejudicou os bancos e inver samente a fraqueza dos bancos forçou os governos a sal vamentos caros em um doom loop que se retroalimentava Os resultados foram taxas de empréstimos crescentes de governo e a fuga de capitais de países fiscalmente compro metidos O BCE ofereceu empréstimos maciços como apoio de último recurso aos bancos periféricos conforme havia a fuga de capitais Ao mesmo tempo seus governos precisa vam de empréstimos de outros membros da UE e do FMI os empréstimos que vieram com a condição de austeridade fiscal e reformas estruturais A austeridade combinada com crédito apertado em tantos países vizinhos deu origem a profundas recessões 9 As respostas à crise incluem restrições fiscais renovadas sobre os governos da zona do euro bem como progresso incompleto para uma união bancária da zona do euro A ini ciativa mais eficaz em puxar para baixo as taxas de emprés timos do governo no entanto foi a promessa do BCE de Transações Monetárias Imediatas Mas até a redação deste capítulo a arma da OMT ainda não foi testada TeRmosCHAVe pRoblemAs doom loop p 517 federalismo fiscal p 508 ganho de eficiência monetária p 504 inadimplência p 512 Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC p 502 perda de estabilidade econômica p 505 Sistema Monetário Europeu SME p 498 teoria da credibilidade do SME p 499 teoria das zonas de moeda ideal p 503 Tratado de Maastricht p 501 União Econômica e Monetária UEM p 500 1 Por que as disposições de SME para a ampliação de créditos do banco central de membros de moeda forte para fraca aumentaram a estabilidade das taxas de câmbio do SME 2 No SME antes de setembro de 1992 a taxa de câmbio lira italianamarco alemão podia flutuar até 225 para cima ou para baixo Suponha que a paridade central liramarco e a banda tenham sido definidas dessa forma e não possam ser alteradas Qual seria a diferença máxima possível entre as taxas de juros em um ano da lira e os depósitos em marco Qual seria a diferença máxima possível entre as taxas de juros em seis meses da lira e os depósitos em marco E en tre depósitos em três meses As respostas surpreenderam você Dê uma explicação intuitiva 3 Continue com a última pergunta Imagine que na Itália a taxa de juros em títulos do governo quinquenal foi 11 ao ano e que na Alemanha a taxa em títulos do governo de cin co anos foi de 8 ao ano Quais teriam sido as implicações para a credibilidade da paridade de câmbio atual liraDEM 4 Suas respostas para as duas últimas perguntas exigem uma suposição de que as taxas de juros e as alterações espera das na taxa de câmbio estejam ligadas por paridade de ju ros Por que ou por que não 5 Suponha que logo após a Noruega aderir ao euro a UEM te nha se beneficiado de uma mudança favorável da demanda mundial por exportações da UEM não norueguesas O que M21KRUGXXXXC21indd 520 12915 622 PM 521 Capítulo 21 Áreas de moeda ideal e o euro acontece com a taxa de câmbio da coroa norueguesa em re lação às moedas não euro Como a Noruega é afetada Como o tamanho desse efeito depende do volume das trocas co merciais entre a Noruega e as economias da zona do euro 6 Use o diagrama GGLL para mostrar como um aumento no tamanho e na frequência das mudanças inesperadas em função da demanda por moeda de um país afeta o nível de integração econômica com uma área de moeda a que o país vai querer unirse 7 Durante as pressões especulativas sobre o mecanismo de taxa de câmbio MTC do SME pouco antes de a Grã Bretanha permitir a libra flutuar em setembro de 1992 The Economist uma revista semanal de Londres afirmou o seguinte Os críticos ao governo britânico querem taxas de juros menores e acham que isso seria possível se a Grã Bretanha desvalorizasse a libra deixando o MTC se necessário Eles estão errados Sair do MTC logo levaria a taxas de juros maiores não menores conforme a gestão econômica britânica perderia o grau de credibilidade já conquistado por meio da associação ao MTC Há dois anos os títulos do governo britânico renderam três pontos per centuais mais que os alemães Hoje a diferença é meio ponto refletindo a crença dos investidores de que a infla ção britânica está declinando permanentemente veja Crisis What Crisis The Economist 29 ago 1992 p 51 a Por que os críticos ao governo britânico pensaram que se ria possível reduzir as taxas de juros depois de a libra sair do MTC A Grã Bretanha estava em uma recessão profun da no momento em que o artigo foi escrito b Por que a The Economist achava que o oposto ocorreria logo após a Grã Bretanha sair do MTC c Em que maneira a associação ao MTC poderia dar credibili dade aos responsáveis políticos britânicosA Grã Bretanha entrou no MTC em outubro de 1990 d Por que um nível alto das taxas de juros nominais britâ nicas em relação às taxas alemãs tem sugerido uma ex pectativa de alta inflação britânica no futuro Você pode pensar em outras explicações e Sugira duas razões por que as taxas de juros britânicas podem ter sido um pouco maiores do que as alemãs no momento da escrita apesar da alegada crença de que a inflação britânica está declinando permanentemente 8 Imagine que o SME tornouse uma união monetária com uma moeda única mas que ele não tivesse criado um Ban co Central Europeu para gerenciar essa moeda Imagine em vez disso que a tarefa tenha sido deixada para vários bancos centrais nacionais cada um dos quais foi autoriza do a emitir quanta moeda europeia quisesse e conduzir as operações de mercado aberto Quais os problemas que você pode ver decorrentes de tal regime 9 Por que o fracasso em criar um mercado de trabalho unifi cado da UE seria particularmente nocivo para as perspecti vas de uma UEM funcionando sem problemas se ao mesmo tempo o capital é completamente livre para se mover entre os países da UE 10 A Grã Bretanha pertence à União Europeia mas ainda não adotou o euro e realiza debates ferozes sobre a questão a Encontre dados macro sobre o desempenho da economia britânica desde 1998 inflação desemprego crescimento do do PIB real e compareos com os dados da zona do euro b Quais foram as taxas de juros nominais na Grã Bretanha e da zona do euro depois de 1998 Como a Grã Bretanha es taria se o BCE tivesse definido a taxa de juros nominal da Grã Bretanha no nível da zona do euro e a taxa de câmbio da libra esterlina em relação ao euro tivesse sido fixada 11 Os movimentos na taxa de câmbio externa do euro podem ser vistos como choques de mercadoriasmercados que têm efeitos assimétricos em diferentes membros da zona do euro Quando o euro aumentou de preço em relação à moeda da China em 2007 qual país sofreu a maior queda na demanda agregada a Finlândia que não compete dire tamente com a China em seus mercados de exportação ou a Espanha que compete O que teria acontecido se a Espa nha mantivesse sua antiga moeda a peseta 12 Na união monetária dos Estados Unidos parece que nunca foi preocupante se um estado tem um grande déficit da balança corrente Já viu esses dados no jornal Você pode encontrar os dados em qualquer fonte de estatísticas do governo dos Esta dos Unidos Por exemplo alguém pode achar que o estado de Louisiana teve grande déficit de contacorrente depois que foi devastado pelo furacão Katrina em 2005 Mas o possível déficit de contacorrente da Louisiana não foi considerado digno de cobertura pela imprensa financeira Sabemos no entanto que em 2008 a Grécia teve um déficit em contacorrente de 146 do PIB Portugal tinha um déficit de 12 do PIB e a Espanha teve um déficit de 98 do PIB Tabela 214 Os governos desses países deveriam se preocupar com tais déficits grandes Dica relacione sua resposta ao debate sobre a necessidade de PEC 13 Visite o site do FMI em wwwimforg e encontre o banco de dados do World Economic Outlook Então baixe os dados so bre o saldo da contacorrente como uma percentagem do PIB para Grécia Espanha Portugal Itália e Irlanda O que acontece com as contascorrentes desses países depois de 2009 durante a crise do euro Você pode explicar o que vê 14 Suponha que seja possível para um país sair da zona do euro e começar a imprimir sua própria moeda Suponha também que haja um ponto em que o BCE talvez por estar preocupa do com as perdas financeiras irá parar de fazer empréstimos para os bancos desse país O que aconteceria se os credores de repente começassem a fugir dos bancos do país 15 Na primavera de 2013 Chipre seguiu a Grécia Irlanda e Portugal em concordar com um empréstimo de emergência da troika da UE o BCE e o FMI A causa foram as grandes perdas no sistema bancário cipriota Após a imposição de perdas em alguns depósitos bancários cipriotas o governo com aprovação da UE impôs controles de capital para evi tar que os moradores levassem o dinheiro para o exterior Por que você acha que foi dado esse passo que violou a filosofia do mercado único da UE M21KRUGXXXXC21indd 521 12915 622 PM 522 Economia internacional leiTuRAs AdiCionAis ALESINA A GIAVAzzI F Eds Europe and the Euro Chicago University of Chicago Press 2010 Ensaios sobre a primeira década do euro BASTASIN C Saving Europe How National Politics Nearly Destroyed the Euro Washington DC Brookings Institution 2012 Relato histórico detalhado do cenário político da crise do euro e a resposta política até 2011 CALMFORSE L et al EMU A Swedish Perspective Berlin Springer 1997 Esse livro que argumentou contra a associação sueca na UEM é base ado em um relatório encomendado pelo governo da Suécia antes do lançamento do euro CORDEN W M Monetary Integration Princeton Essays in International Finance 32 International Finance Section Department of Econo mics Princeton University abr 1972 Análise clássica de unificação monetária GRAUWE P D The Governance of a Fragile Eurozone Australian Eco nomic Review v 45 p 255268 set de 2012 Interpreta a crise na zona do euro em termos de especulação de autorrealização nos mer cados de dívida soberana EICHENGREEN B TEMIN P Fetters of Gold and Paper Oxford Review of EconomicPolicy v 26 p 370384 outono 2010 Explora as similari dades entre as implicações das taxas de câmbio fixas na zona do euro e o padrãoouro durante a Grande Depressão FELDSTEIN M The Political Economy of the European Economic and Monetary Union Political Sources of an Economic Liability Journal of Economic Perspectives v 11 p 2342 outono 1997 Um economista norte americano líder dá sua opinião contra a UEM JAMES H Making the European Monetary Union Cambridge MA Harvard University Press 2012 Relato histórico detalhado da préhistória da UEM incluindo as negociações sobre o design do BCE KENEN P B MEADE E E Regional Monetary Integration Cambridge UK Cambridge University Press 2008 Uma visão abrangente da experiência da zona do euro e das perspectivas para outras grandes áreas monetárias no sudeste da Ásia e América Latina LANE P R The European Sovereign Debt Crisis Journal of Economic Perspectives v 26 p 4968 verão 2012 Visão concisa da crise de dívida da zona do euro MERLER S PISANIFERRy J Sudden Stops in the Euro Area Bruegel Policy Contribution 201206 mar 2012 Uma análise dos fluxos finan ceiros privados desestabilizantes dentro da UEM PISANIFERRy J et al What Kind of European Banking Union Brue gel Policy Contribution 201212 jun 2012 Revisão compacta das questões na criação de uma união bancária no interior da UE SHAMBAUGH J C The Euros Three Crises Brooking Papers on Econo mic Activity v 1 p 157211 2012 Um olhar amplo sobre os proble mas da zona do euro que levaram à crise TOWER E WILLETT T D The Theory of Optimal Currency Areas and Exchange Rate Flexibility Princeton Special Papers in International Economics 11 International Finance Section Department of Econo mics Princeton University maio 1976 Pesquisas sobre a teoria das zonas de moeda ideal M21KRUGXXXXC21indd 522 12915 622 PM Título da parte PARTE 1 CAPÍTULO 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma obJetivos de aPrendizaGem Após a leitura deste capítulo você será capaz de Descrever a distribuição de renda mundial persistentemente desigual e as evidências de suas causas Resumir as principais características econômicas dos países em desenvolvimento Explicar a posição dos países em desenvolvimento no mercado de capitais mundial e o problema de inadimplência pelos solicitadores de empréstimos dos países em desenvolvimento Recontar a história recente das crises financeiras dos países em desenvolvimento Discutir as medidas propostas para ampliar os ganhos dos países mais pobres a partir da partici pação no mercado de capitais mundial Até agora estudamos as interações macroeconômicas entre economias de mercados indus trializados como as dos Estados Unidos e a Europa Ocidental Dotados com capital e mão de obra especializada esses países politicamente estáveis geram níveis altos de renda para seus residentes E seus mercados comparados com aqueles de alguns países mais pobres há muito são relativamente livres do controle governamental direto Contudo diversas vezes desde os anos 1980 os problemas macroeconômicos dos países em desenvolvimento do mundo têm estado na dianteira das preocupações sobre a estabilidade de toda a economia internacional Durante as décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial o comércio entre as nações em desenvolvimento e as industrializadas expandiu se assim como as transações financeiras de países em desenvolvimento com países mais ricos Por sua vez relações mais intensas entre os dois grupos de economias têm tornado cada grupo mais dependente da saúde econômica do outro do que antes Eventos em países em desenvolvimento portanto têm um impacto significativo no bem estar e nas políticas das economias mais avançadas Desde os anos 1960 alguns países que já foram pobres aumentaram sensivelmente seu padrão de vida enquanto outros ficaram ainda mais atrás do mundo industrial Ao compreender essas experiên cias de desenvolvimento contrastante tiramos lições políticas importantes que podem estimular o crescimento em todos os países Este capítulo estuda os problemas macroeconômicos de países em desenvolvimento e as reper cussões desses problemas no mundo desenvolvido Embora as reflexões da macroeconomia inter nacional que obtivemos nos capítulos anteriores também se apliquem aos países em desenvolvi mento os problemas distintivos que aqueles países enfrentaram na luta para alcançar as economias ricas tornam necessária uma discussão separada Além disso os baixos níveis de renda das áreas em desenvolvimento tornam as tribulações macroeconômicas ainda mais dolorosas do que nas econo mias desenvolvidas com consequências que podem ameaçar a coesão política e social Renda bem estar e crescimento na economia mundial A pobreza é o problema básico que os países em desenvolvimento enfrentam e escapar dela é seu grande desafio político e econômico Em comparação com as economias industrializa das a maioria dos países em desenvolvimento é pobre nos fatores de produção essenciais para a indústria moderna capital e mão de obra espe cializada A escassez relativa desses fatores con tribui para os níveis baixos de renda per capita e frequentemente impede os países em desenvol vimento de alcançar as economias de escala a M22KRUGXXXXC22indd 523 12915 623 PM 524 Economia internacional partir das quais muitas nações mais ricas se beneficiam Mas o fator escassez é geralmente um sintoma de pro blemas mais profundos A instabilidade política os direitos de propriedade instáveis e as políticas econômi cas malconduzidas têm desencorajado com frequência o investimento em capitais e habilidades e também redu zem a eficiência econômica de outras maneiras A distância entre rico e pobre As economias mundiais podem ser divididas em quatro categorias principais de acordo com seus níveis de renda per capita anual economias de renda baixa incluindo Afe ganistão Bangladesh Nepal Camboja e Haiti junto com partes da África subsaariana economias de renda média incluindo China Índia Paquistão Filipinas Indonésia diversos países do Oriente Médio muitos da América Latina e do Caribe muitos países ex soviéticos e a maior parte dos demais países da África países de renda média superior incluindo os países remanescentes da América Latina um punhado de países da África diversos do Caribe Turquia Malásia Polônia Letônia Lituânia e Rússia e economias de alta renda incluindo as economias de mercado industrial rico os demais países do Caribe um punhado de ex países em desenvolvimento excepcional mente afortunados como Israel Coreia e Singapura os países ricos em petróleo como Kuwait e Arábia Saudita e alguns países do Leste Europeu bem sucedidos na tran sição como as Repúblicas Tcheca e Eslovaca Hungria e Estônia As primeiras duas categorias consistem princi palmente de países em um estágio de retrocesso de desen volvimento relativo às economias industriais enquanto as últimas duas abrangem a maioria das economias de mer cado emergente bem como as economias industriais natu ralmente A Tabela 221 mostra os níveis médios de renda anual per capita para esses grupos de países em 2011 junto com outro indicador de bem estar econômico a expecta tiva média de vida ao nascer A Tabela 221 ilustra as disparidades agudas nos níveis de renda internacional na segunda década do século XXI A renda per capita nacional média nas economias mais ricas é 69 vezes a média dos países em desenvolvimento mais pobres Mesmo os países de renda média superior têm somente cerca de um sexto da renda per capita do grupo industrial Os valores de expectativa de vida geral mente refletem as diferenças internacionais nos níveis de renda A expectativa de vida média cai à medida que a pobreza relativa aumenta1 A distância da renda mundial tem diminuído com o passar do tempo Explicar as diferenças de renda entre os vários países é um dos objetivos mais antigos da economia Não é por acaso que o clássico livro de 1776 de Adam Smith era inti tulado A riqueza das nações Desde pelo menos um século antes de Smith os economistas tinham procurado não somente explicar por que as rendas dos países diferiam em um determinado momento mas também solucionar o mais desafiante quebra cabeças de por que alguns países tornam se ricos enquanto outros estagnam O debate sobre as melhores políticas para promover o crescimento econô mico tem sido ferrenho conforme veremos neste capítulo Tanto a profundidade do enigma do crescimento eco nômico quanto o prêmio por achar políticas de cresci mento amigáveis são ilustrados na Tabela 222 que mos tra taxas de crescimento de produção per capita de diversos grupos de países entre 1960 e 2010 Esses dados de produ ção reais têm sido corrigidos para responder por abando nos de paridade de poder de compra Durante esse pe río do os Estados Unidos cresceram muito a taxa per capita anual de 2 a 25 que muitos economistas diriam ser o máximo em longo prazo para uma economia madura Os países industriais que eram mais prósperos em 1960 em geral cresciam a taxas mutuamente compa ráveis Como resultado suas diferenças de renda em comparação com os Estados Unidos mudaram relati vamente pouco No entanto os países industrializados mais pobres de 1960 frequentemente cresceram muito mais depressa do que os Estados Unidos na média e como um resultado sua renda per capita tendeu a alcan çar a dos Estados Unidos Por exemplo a Irlanda que era 48 mais pobre do que os Estados Unidos em 1960 estava menos de 1 mais pobre em 2010 tendo assim virtualmente eliminado a diferença de renda anterior O processo de evolução da Irlanda ilustra a tendência para as diferenças entre os padrões de vida de vários paí tAbelA 221 Indicadores de bem estar econômico em quatro grupos de países 2011 Grupo de renda PIB per capita dólares norte americanos 2011 Expectativa de vida anos Baixa renda 635 57 Renda média inferior 2298 66 Renda média superior 7239 72 Alta renda 43718 80 Média simples de expectativas de vida de homens e mulheres Fonte Banco Mundial 1 O Capítulo 16 mostrou que uma comparação internacional das rendas em dólar revela níveis de bem estar relativos imprecisamen te porque os níveis de preço dos países mensurados em uma moeda comum aqui dólares norte americanos em geral diferem O Ban co Mundial fornece valores de renda nacionais que foram ajustados para levar em conta desvios da paridade do poder de compra PPC Esses números reduzem muito mas não eliminam as disparidades na Tabela 221 A Tabela 221 relata algumas rendas ajustadas à PPC M22KRUGXXXXC22indd 524 12915 623 PM 525 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma ses industriais diminuírem durante o pós guerra A teo ria por trás dessa convergência observada nas rendas per capita é enganosamente simples Se o comércio é livre se o capital pode se movimentar para países que oferecem os retornos mais elevados e se o próprio conhecimento atravessa as fronteiras políticas e portanto esses países sempre têm acesso às tecnologias de produção de ponta então não existe motivo para as diferenças de renda inter nacional persistirem para sempre Algumas distâncias persistem na realidade em vir tude das diferenças políticas entre os países industriais contudo as forças de convergência precedentes parecem ser fortes o bastante para manter a renda dos países industriais praticamente no mesmo padrão Lembre se também que as diferenças na produção per capita supe ram as diferenças na produção por trabalhador empre gado porque a maioria dos países industriais tem taxas de desemprego mais elevadas e taxas de participação da força de trabalho menores do que os Estados Unidos Apesar de uma teoria de convergência simples ser atrativa nenhuma tendência clara para as rendas per capita convergirem caracteriza o mundo como um todo conforme mostra o restante da Tabela 222 Nessa tabela vemos discrepâncias enormes nas taxas de crescimento tAbelA 222 Produção per capita em países selecionados 19602010 dólares norteamericanos em 2005 Produção per capita País 1960 2010 19602010 Taxa média de crescimento anual porcentagem por ano Industrializado em 1960 Canadá 12946 35810 21 Espanha 6008 25797 30 Estados Unidos 15136 41858 21 França 9396 29145 23 Irlanda 7807 41558 34 Itália 7924 27227 25 Japão 4404 31815 40 Reino Unido 11884 32034 20 Suécia 11710 33627 21 África Nigéria 1442 1923 06 Quênia 978 1287 05 Senegal 1567 1480 01 Zimbábue 3847 3959 01 América Latina Argentina 6585 12862 13 Brasil 2354 8750 27 Chile 3915 12871 24 Colômbia 2814 7430 20 México 5033 12189 18 Paraguai 1990 4666 17 Peru 3939 7466 13 Venezuela 7307 9762 06 Ásia China 405 8727 63 Coreia do Sul 1610 28702 59 Hong Kong 4518 44070 47 Índia 734 3413 31 Malásia 1624 11863 41 Singapura 3170 42360 53 Tailândia 772 8467 49 Taiwan 2061 32865 57 Nota Os dados foram retirados da Penn World Table Versão 80 e utilizam taxas de câmbio PPC para comparar as rendas nacionais Para uma descrição ver o site Penn World Table Versão 80 disponível em httpwwwrugnlresearchggdcdatapenn world table Acesso em 8 dez 2014 M22KRUGXXXXC22indd 525 12915 623 PM 526 Economia internacional em longo prazo entre os diferentes grupos de países regionais mas sem uma tendência geral para os paí ses mais pobres crescerem mais rapidamente Diversos países da África subsaariana embora na base da escala de renda mundial cresceram na maioria dos anos pós guerra em taxas bem abaixo daquelas dos principais países industriais2 O crescimento também foi relativa mente lento na América Latina onde apenas alguns paí ses em especial Brasil e Chile superaram a taxa de cres cimento médio dos Estados Unidos apesar dos níveis de renda inferiores Em contraste os países do Leste Asiático tenderam a crescer a taxas bem acima daquelas do mundo indus trializado conforme a teoria da convergência preveria A Coreia do Sul com um nível de renda próxima ao do Senegal em 1960 tinha crescido cerca 6 ao ano em termos per capita desde então e em 1997 foi classifi cada como um país em desenvolvimento com uma renda alta pelo Banco Mundial A taxa de crescimento médio anual de 53 de Singapura promoveu o país ao sta tus de renda alta Alguns países do Leste Europeu que viviam sob o regime soviético até 1989 também passa ram rapidamente aos padrões de renda superior Um país que pode conseguir até uma taxa de cresci mento anual de 3 verá sua renda per capita real dobrar a cada geração Mas com taxas de crescimento obser vadas nos países do Leste Asiático como Hong Kong Singapura Coreia do Sul e Taiwan a taxa per capita real aumenta cinco vezes a cada geração O que explica os padrões de crescimento muito diver gentes em longo prazo na Tabela 222 A resposta está nas características econômicas e políticas dos países em desenvolvimento e os modos como eles têm mudado durante o tempo em resposta tanto aos eventos mundiais quanto às pressões internas As características estruturais dos países em desenvolvimento também têm ajudado a determinar seu sucesso em alcançar objetivos macroeco nômicos fundamentais além do crescimento rápido como inflação baixa índice de desemprego baixo e estabilidade do setor financeiro Características estruturais dos países em desenvolvimento Os países em desenvolvimento diferem amplamente entre si e nenhuma relação simples de características típicas descreveria com precisão todos eles No iní cio dos anos 1960 esses países eram muito mais pare cidos uns com os outros em suas abordagens políticas comercial e macroeconômica e em outras intervenções governamentais na economia Então as coisas começa ram a mudar Os países do Leste Asiático abandonaram a industrialização em substituição às importações ado tando em seu lugar uma estratégia de desenvolvimento orientada para a exportação Essa estratégia mostrou se muito bem sucedida Mais tarde países na Amé rica Latina também reduziram as barreiras comerciais enquanto ao mesmo tempo tentaram controlar o papel do governo na economia reduzir a inflação cronica mente alta e em muitos casos abrir o capital bancário para transações particulares Esses esforços no início tiveram resultados díspares mas estão frutificando mais Pontanto embora muitos países em desenvolvimento tenham reformado suas economias para se aproximar das estruturas das economias industriais bem sucedidas o processo permanece incompleto e muitos deles tendem a apresentar pelo menos uma das seguintes características 1 Existe uma história de controle governamental direto e extenso da economia incluindo restrições no comér cio internacional propriedade ou controle governa mental de grandes empresas industriais controle go vernamental direto de transações financeiras internas e um nível alto de consumo governamental com um compartilhamento do PNB Os países em desenvolvi mento diferem amplamente entre si quanto ao grau em que o papel do governo na economia tem sido re duzido nessas várias áreas durante as últimas décadas 2 Existe uma história de inflação alta Em muitos paí ses o governo foi incapaz de pagar por seus gastos intensos e pelas perdas dos empreendimentos estatais por meio de taxas isoladas A evasão de taxas foi ram pante e a maior parte da atividade econômica foi diri gida de forma oculta de modo que provou se ser mais fácil simplesmente imprimir dinheiro Senhoriagem é o nome que os economistas dão aos recursos reais que um governo ganha quando imprime dinheiro que ele gasta em mercadorias e serviços Quando seus go vernos estiveram expandindo a emissão de dinheiro continuamente para extrair altos níveis de senhoria gem os países em desenvolvimento experimentaram inflação e mesmo hiperinflação Ver por exemplo a discussão sobre inflação e crescimento da emissão de dinheiro na América Latina no Capítulo 15 3 Onde os mercados financeiros domésticos têm sido liberalizados instituições de crédito fracas costu mam ser abundantes Os bancos frequentemente emprestam fundos que pediram emprestados para financiar projetos pobres ou muito arriscados Os 2 Por outro lado outros países na África subsaariana alcançaram agora o status de renda média superior Botsuana no sul da África alcançou esse status mais cedo O país apresentou uma taxa média de crescimen to per capita bem acima de 5 ao ano nas três décadas após 1960 M22KRUGXXXXC22indd 526 12915 623 PM 527 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma empréstimos podem ser feitos na base de conexões pessoais em vez de retornos prospectivos e as salva guardas do governo contra a fragilidade financeira como a supervisão bancária Capítulo 20 tendem a ser ineficazes pela incompetência inexperiência e fraude evidente Embora o comércio público em quotas de ações tenha se desenvolvido em muitos mercados emergentes costuma ser mais difícil para os acionistas descobrirem nos países em desenvol vimento como o dinheiro da empresa está sendo gasto ou como controlar os gestores da empresa O esquema legal para solucionar a posse de ativos em casos de falência também é tipicamente fraco Não obstante a instabilidade recente em mercados finan ceiros de países desenvolvidos ainda é verdade que por comparação os mercados financeiros de países em desenvolvimento permanecem menos eficazes para dirigir as economias em direção a seus usos em investimentos mais eficientes Como resultado tais países permanecem ainda mais propensos à crise 4 Nos locais em que as taxas de câmbio não são atre ladas como na China elas tendem a ser dirigidas mais fortemente por governos de países em desen volvimento As medidas governamentais para limi tar a flexibilidade da taxa de câmbio refletem tanto o desejo de manter a inflação sob controle quanto o medo de que as taxas de câmbio flutuantes este jam sujeitas a uma volatilidade enorme nos merca dos relativamente escassos de moedas de países em desenvolvimento Existe um histórico de alocação de câmbio estrangeiro mediante decretos governamen tais em vez de pelo mercado uma prática chamada controle de câmbio que alguns países em desenvol vimento ainda mantêm A maior parte desses países tem tentado em particular controlar os movimentos de capitais limitando as transações de câmbio estran geiras em conexão com o comércio em ações Mais recentemente contudo muitos mercados emergentes abriram suas contas de capital 5 Recursos naturais ou commodities agrícolas com põem uma parcela importante das exportações para muitos países em desenvolvimento por exemplo o petróleo russo a madeira da Malásia o ouro sul africano e o café colombiano 6 Tentativas de contornar controles governamentais taxas e regulamentações têm ajudado a tornar as prá ticas de corrupção como suborno e extorsão um meio de vida em muitos se não na maioria dos países em desenvolvimento Muito embora o desenvolvimento da atividade econômica oculta tenha em muitos exem plos ajudado a eficiência econômica ao restabelecer um grau de alocação de recursos baseado no mercado no fim das contas fica claro com base nos dados que cor rupção e pobreza andam de mãos dadas Para uma grande amostra de países em desenvolvi mento e industriais a Figura 221 mostra a forte rela ção positiva entre a produção per capita real anual e um índice inverso de corrupção variando de 1 mais cor rupto a 10 o mais limpo publicado pela organiza ção Transparência Internacional3 Diversos fatores subjazem essa forte relação positiva As regulamentações governamentais que promovem cor rupção também prejudicam a prosperidade econô mica Estudos estatísticos detectaram que a corrupção por si só tende a ter efeitos líquidos negativos sobre a eficiên cia econômica e o crescimento4 Por fim países mais pobres não têm os recursos para conter a corrup ção efetivamente e a pobreza em si gera uma vontade maior de burlar as regras Muitas das grandes características que hoje ainda definem os países em desenvolvimento tomaram forma nos anos 1930 e podem ser seguidas até a Grande Depres são Capítulo 19 A maior parte dos países em desenvol vimento experimentou controles diretos sobre o comér cio e pagamentos para conservar as reservas de câmbio estrangeiras e salvaguardar o emprego doméstico Con frontados a uma ruptura maciça do sistema de mer cado mundial países industriais e em desenvolvimento permitiram igualmente que seus governos assumissem funções diretas crescentes no emprego e na produção Muitas vezes os governos reorganizavam mercados de trabalho estabeleciam controle estrito sobre os mercados financeiros controlavam preços e nacionalizavam indús trias chave Contudo a tendência em direção ao controle 3 De acordo com os rankings de 2011 da Transparência Internacional o país menos corrupto no mundo era a Nova Zelândia com um es core alto de 95 e o mais corrupto era o Afeganistão com um escore minúsculo de 15 O escore dos Estados Unidos era 71 Para dados detalhados e um panorama geral da economia da corrupção veja Vito Tanzi Corruption around the World International Monetary Fund Staff Papers v 45 p 559594 dez 1998 4 Existem naturalmente evidências anedóticas abundantes sobre as ineficiências econômicas associadas com a corrupção Considere a seguinte descrição de 1999 dos negócios no Brasil que tinha um escore de 38 pela Transparência Internacional 2011 A corrupção vai bem além dos vendedores de rua em suas bar racas Quase toda atividade econômica possível está sujeita a al guma forma de extorsão oficial As grandes empresas brasileiras costumam concordar em pagar subornos mas as multinacionais geralmente se recusam e preferem pagar multas O dinheiro pago nos níveis municipal estadual e federal é dividido entre burocratas e seus padrinhos políticos Eles têm certeza de que é impossível cooperar completamente com todas as minúcias das leis regulamentos decretos e diretivas do Brasil Os subornos e multas são parte do Custo Brasil termo que resume a multidão de despesas que inflam o custo de conduzir negócios no Brasil Veja Death Decay in São Paulo May Stir Reformist Zeal Finan cial Times 2021 mar 1999 p 4 M22KRUGXXXXC22indd 527 12915 623 PM 528 Economia internacional governamental da economia mostrou se mais persistente nos países em desenvolvimento onde as instituições polí ticas permitiam que as empresas com interesses financei ros no status quo perpetuassem essa situação Excluídos dos fornecedores tradicionais das fábricas durante a Segunda Guerra Mundial os países em desen volvimento encorajavam novas indústrias manufaturei ras de sua propriedade A pressão política para proteger essas indústrias foi um fator por trás da popularidade da industrialização em substituição às importações nas primeiras décadas pós guerra Além disso as áreas colo niais que se tornaram independentes após a guerra acre ditavam que poderiam alcançar os níveis de renda de seus antigos governantes somente por meio de urbaniza ção e industrialização rápidas e dirigidas pelo governo Por fim os países em desenvolvimento líderes temiam que seus esforços para escapar da pobreza seriam amea çados se continuassem a se especializar em exportações de commodities primárias como café cobre e trigo Nos anos 1950 alguns economistas influentes afirmaram que os países em desenvolvimento sofreriam continuamente os termos de declínio do comércio a menos que usassem a política comercial para movimentar recursos para fora das exportações primárias e em direção a substitutos de importação Essas previsões se provaram erradas mas influenciaram as políticas dos países em desenvolvi mento nas primeiras décadas pós guerra Empréstimo e dívida de países em desenvolvimento Uma característica adicional dos países em desen volvimento é crucial para compreender seus problemas macroeconômicos muitos têm dependido muito dos influxos financeiros do exterior para o investimento doméstico Antes da Primeira Guerra Mundial e no período até a Grande Depressão esses países incluindo os Estados Unidos na maior parte do século XIX rece beram grandes influxos financeiros de terras mais ricas A Grã Bretanha foi o maior emprestador internacional mas a França a Alemanha e outras forças europeias contribuíram igualmente para financiar o desenvolvi mento industrial em alguns países então em desenvol vimento como Argentina Austrália Canadá e os Esta dos Unidos e para a extração de recursos naturais ou agricultura de plantação em outros como Brasil Peru Quênia e Indonésia Nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial muitas economias em desenvolvimento requisitaram no vamente as economias de países mais ricos e construíram uma dívida substancial para o resto do mundo cerca de sete trilhões de dólares em termos brutos no final de 2013 A dívida dos países em desenvolvimento estava no centro de diversas crises de empréstimo internacional FIGURA 221 Corrupção e produção per capita EUA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000 Produção per capita anual em 2011 2005 dólares americanos Índice inverso de corrupção menos corrupto 10 Nota A figura mostra os valores de 2011 de um índice inverso de corrupção e valores de 2011 de PPP produção per capita real ajustada mensurada em dólares americanos de 2005 a quantidade que um dólar poderia comprar nos Estados Unidos em 2005 A linha reta representa uma melhor previsão estatística do nível de corrupção do país baseando em sua produção per capita real Fonte Transparência Internacional Índice de Percepção de Corrupção Banco Mundial Indicadores de Desenvolvimento Mundiais A corrupção tende a aumentar à medida que a produção per capita real diminui M22KRUGXXXXC22indd 528 12915 623 PM 529 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma que preocuparam legisladores da política econômica no mundo inteiro começando no início dos anos 1980 A economia de influxos financeiros para países em desenvolvimento Conforme afirmado muitos países em desenvolvi mento receberam influxos financeiros extensos do exte rior e hoje têm dívidas substanciais com os estrangeiros A Tabela 223 mostra o padrão de empréstimos desde 1973 pelos países em desenvolvimento não produtores de petróleo ver a segunda coluna de dados Conforme você pode ver esses países eram solicitadores de emprés timos constantes até o último momento do século XX deixando de lado os principais exportadores de petró leo que têm grandes excedentes quando o preço mun dial do petróleo está alto Que fatores causaram influ xos financeiros ao mundo em desenvolvimento e por que o padrão aparentemente mudou por volta do início do século XXI Lembre se da equação analisada no Capítulo 13 que relaciona a poupança nacional S o investimento doméstico I e o balanço de conta corrente CC S I CC Se a poupança nacional tiver pouco inves timento doméstico a diferença é igual ao déficit de conta corrente Em virtude da pobreza e de instituições financeiras pobres a poupança nacional é quase sempre baixa em países em desenvolvimento Entretanto como esses países têm relativamente pouco capital as opor tunidades para introduzir ou expandir lucrativamente a fábrica e os equipamentos podem ser abundantes Tais oportunidades justificam um alto nível de investimen tos Ao ter um déficit em sua conta corrente um país pode obter recursos externos para investir mesmo que seu nível de poupança doméstica seja baixo Contudo um déficit em conta corrente implica que o país está contraindo empréstimos no estrangeiro Em troca de ser capaz de importar mais mercadorias estrangeiras hoje do que suas exportações atuais podem pagar o país deve prometer efetuar no futuro o pagamento dos juros e do principal nos empréstimos ou dos dividendos em ações em empresas vendidas para estrangeiros Desse modo os países em desenvolvimento que con traem empréstimos poderiam ser explicados pelos incen tivos para o comércio intertemporal examinados no Capí tulo 6 Os países com baixa renda geram pouca poupança própria para tomar vantagens de todas as suas oportuni dades de investimentos lucráveis Em países com capital alto por outro lado muitas oportunidades de investi mento produtivas já têm sido exploradas mas os níveis de poupança são relativamente elevados No entanto os poupadores em países desenvolvidos podem ganhar taxas mais altas de retorno ao emprestar para investi mentos de finanças no mundo em desenvolvimento Observe que quando os países em desenvolvimento tomam emprestado para realizar investimentos produ tivos que eles não seriam capazes de realizar de outro modo tanto eles quanto os emprestadores adquirem ganhos do comércio Os devedores ganham porque podem consolidar seus capitais sociais apesar da pou pança nacional limitada Os credores lucram ao mesmo tempo porque obtêm retornos mais altos em suas pou panças do que ganhariam domesticamente Embora as razões descritas forneçam uma explicação para a dívida e os déficits externos dos países em desen volvimento isso não significa que todos os empréstimos de países desenvolvidos para países em desenvolvimento sejam justificados Empréstimos com investimentos finan ceiros sem lucros por exemplo shopping centers enor mes que nunca são ocupados ou importações de mer cadorias de consumo podem resultar em dívidas que os devedores não podem pagar Além disso as políticas governamentais equivocadas que reduzem artificial mente as taxas de poupança nacional podem levar a empréstimos estrangeiros excessivos A queda de 1982 1989 no nível de empréstimos de países em desenvolvi mento evidente na Tabela 223 está associada com as dificuldades que alguns países mais pobres tiveram em honrar seus pagamentos aos credores Um progresso surpreendente iniciado por volta de 2000 foi que países em desenvolvimento incluindo muitos que não eram exportadores de petróleo tiveram superávits uma contrapartida de déficits de países mais tAbelA 223 Balanços de contas correntes cumulativas dos principais exportadores de petróleo outros países em desenvolvimento e países desenvolvidos 19732012 bilhões de dólares Principais exportadores de petróleo Outros países em desenvolvimento Países avançados 19731981 2529 2461 1838 19821989 646 1433 4266 19901998 582 5227 1059 19992012 34459 17661 55766 Fonte Fundo Monetário Internacional International Financial Statistics Contas correntes globais geralmente não somam zero por causa de erros de omissões e da exclusão de alguns países em alguns períodos M22KRUGXXXXC22indd 529 12915 623 PM 530 Economia internacional ricos principalmente o dos Estados Unidos Contra riamente ao que a teoria econômica simples preveria o capital estava fluindo colina acima dos países mais pobres para os mais ricos Mencionamos esse padrão de desequilíbrio global no Capítulo 19 e aprofundaremos o fenômeno mais adiante neste capítulo Uma razão para esses excedentes era o forte desejo dos países em desenvolvimento de acumular reservas internacionais conforme discutiremos no quadro Por que os países em desenvolvimento acumularam níveis tão altos de reser vas internacionais O problema da inadimplência Ganhos potenciais de contrair e conceder emprésti mos internacionais não ocorrerão a menos que os cre dores estejam confiantes de que serão pagos Conforme observamos no Capítulo 21 um empréstimo é conside rado em inadimplência quando o devedor sem a concor dância do credor deixa de pagar o esquema de acordo com o contrato de empréstimo Tanto a instabilidade social quanto política bem como as fraquezas frequen tes em suas finanças públicas e instituições financeiras tornam muito mais arriscado emprestar para países em desenvolvimento do que para países industriais E de fato a história dos fluxos financeiros para os países em desenvolvimento é repleta de crises financeiras e contra tos de empréstimo inadimplentes 1 No início do século XIX diversos estados dos Estados Unidos ficaram inadimplentes em emprés timos europeus que eles tinham feito para finan ciar a construção de infraestrutura como canais de navegação 2 Durante todo o século XIX os países da América Latina tiveram problemas de pagamento Isso foi especialmente verdadeiro para a Argentina que gerou uma crise financeira global em 1890 a Crise do banco Baring quando ela provou ser incapaz de cumprir suas obrigações 3 Em 1917 o novo governo comunista da Rússia não reconheceu as dívidas estrangeiras que tinham sido contraídas por governantes anteriores Os comunis tas fecharam a economia soviética para o restante do mundo e embarcaram em um programa de desenvolvi mento econômico centralizado que era com frequên cia forçado ditatorialmente 4 Durante a Grande Depressão dos anos 1930 a ati vidade econômica mundial entrou em colapso e os países em desenvolvimento se encontraram fechados aos mercados de exportação dos países industriais por um muro de proteção veja o Capítulo 19 Como resultado quase todos os países em desenvolvimento ficaram inadimplentes com suas dívidas externas e o fluxo financeiro particular para os países em desen volvimento minguou por quatro décadas Diversos países europeus ficaram inadimplentes com suas dí vidas da Primeira Guerra Mundial para com os go vernos aliados principalmente os Estados Unidos 5 Muitos países em desenvolvimento ficaram inadim plentes ou reescalonaram suas dívidas estrangeiras nas décadas recentes Por exemplo em 2005 após ex tensas negociações a maior parte dos credores parti culares da Argentina concordou em aceitar somente cerca de um terço dos valores contratuais de seus cré ditos no país A grande contração da produção e do emprego de um país ocorre invariavelmente após uma súbita parada na qual o país perde de súbito o acesso a todos os recursos de fundos estrangeiros ver Capítulo 19 Em um nível muito básico a necessidade dessas contrações pode ser vista na equação da conta corrente S I CC Imagine que um país tem um déficit de conta corrente que é 5 de seu PNB inicial quando subitamente emprestadores estrangeiros ficam temerosos e cortam todos os novos empréstimos Uma vez que sua ação força o balanço de conta corrente a ser pelo menos zero CC 0 a equação S I CC nos diz que por meio de alguma combinação de uma queda no investimento ou um aumento na pou pança S I deve imediatamente subir até pelo menos 5 A queda aguda necessária para agregar demanda necessa riamente deprime muito a demanda do país Mesmo que inicialmente não esteja em vias de inadimplência ima gine que os emprestadores estrangeiros estavam original mente preocupados com um súbito pânico irracional a contração súbita na demanda que o país sofreria tornaria a inadimplência uma possibilidade real De fato as coisas provavelmente podem ficar bem pio res para o país do que o exemplo precedente sugere Os credores estrangeiros não só bloqueiam novos em présti mos se temerem a inadimplência mas naturalmente tam bém tentarão conseguir tanto mais dinheiro de fora do país quanto possível exigindo o pagamento integral de quaisquer empréstimos para que o principal possa ser exi gido em curto prazo por exemplo depósitos bancários de curto prazo líquidos Quando o país em desenvolvi mento paga o principal da dívida ele está aumentando a riqueza estrangeira líquida Para gerar o item de conta corrente positiva correspondente ver Capítulo 13 o país deve de alguma forma aumentar suas exportações líqui das Desse modo em uma crise de parada súbita o país não só terá que conseguir uma conta corrente de zero mas também será na verdade obrigado a conseguir um excedente CC 0 Quanto maior for a dívida externa M22KRUGXXXXC22indd 530 12915 623 PM 531 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma do país em curto prazo a dívida cujo principal pode ser demandado pelos credores maior será o aumento nas economias ou na compressão do investimento que será necessário para evitar uma inadimplência Você já deve ter observado que as paradas súbitas em países em desenvolvimento e crises de inadimplência podem ser dirigidas por um mecanismo de autopreenchimento análogo àqueles atrás do balanço de autopreenchimento das crises das balanças de pagamentos Capítulo 18 corridas bancárias Capítulo 20 e aos problemas de dívidas soberanas na área do euro Capítulo 21 De fato a lógica subjacente é a mesma Além disso as cri ses de inadimplência em países em desenvolvimento são propensas a serem acompanhadas pelo balanço de crises de pagamentos quando a taxa de câmbio é atrelada e corridas bancárias Um balanço da crise de pagamen tos ocorre porque as reservas de câmbio estrangeiro ofi ciais do país podem ser os únicos meios prontos que ele tem para pagar dívidas estrangeiras em curto prazo Por meio da depleção de suas reservas oficiais o governo pode proteger a demanda agregada reduzindo o tama nho do excedente de conta corrente necessário para pre encher as demandas para o pagamento dos credores5 Mas a perda de suas reservas deixa o governo incapaz de atrelar a taxa de câmbio por mais tempo Ao mesmo tempo os bancos têm problemas quando os depositan tes domésticos e estrangeiros temendo a depreciação da moeda e as consequências de inadimplências retiram fundos e compram reservas estrangeiras na esperança de pagar dívidas de moeda estrangeira ou enviar riqueza com segurança para o exterior Já que os bancos estão frequentemente fracos para começar as retiradas em larga escala logo os pressionam à falência Por fim um impacto negativo sobre as finanças públicas pode com pletar o doom loop Se o governo precisa contrair mais dívidas como um resultado de enfraquecimento dos bancos então seu próprio crédito está enfraquecido o que ocasiona custos mais altos de empréstimos e uma chance maior de uma inadimplência soberana Como cada uma dessas crises trigêmeas reforça as demais uma crise financeira de um país em desenvolvi mento tem uma probabilidade de ser grave de ter efeitos negativos disseminados pela economia e de formar uma bola de neve muito rapidamente A origem imediata desse colapso econômico disseminado pode ser a conta financeira como na parada súbita o mercado de câm bio estrangeiro ou o sistema bancário dependendo da situação específica do país Quando um governo se torna inadimplente com suas obrigações o evento é chamado de inadimplência sobe rana Uma situação conceitualmente diferente ocorre quando um grande número de mutuários domésticos particulares não pode pagar suas dívidas aos estran geiros Contudo na prática em países em desenvolvi mento os dois tipos de inadimplência caminham juntos O governo pode envolver o setor privado assumindo suas dívidas estrangeiras desse modo esperando evi tar o colapso econômico disseminado Além disso um governo com problemas pode provocar inadimplências ao limitar o acesso dos residentes domésticos a suas reservas de câmbio externas atuais Essa ação torna o muito mais difícil de pagar as dívidas de moeda estran geira Em outro caso o governo torna se intimamente envolvido nas negociações subsequentes com os credo res estrangeiros As crises de inadimplência eram raras nas primeiras três décadas após a Segunda Guerra Mundial a emissão de dívidas pelos países em desenvolvimento era limitada e os credores geralmente eram agências internacionais oficiais ou governamentais como o Fundo Monetário Internacional FMI e o Banco Mundial No entano à medida que o fluxo livre de capital global particular se expandiu após os primeiros anos da década de 1970 cri ses de inadimplência importantes ocorreram repetida mente conforme veremos levando muitos a questionar a estabilidade do mercado de capital mundial6 Formas alternativas de influxo financeiro Quando um país em desenvolvimento apresenta um déficit de conta corrente ele está vendendo ativos para estrangeiros para financiar a diferença entre seu gasto e sua renda Embora tenhamos agrupado essas vendas de ativos sob o termo amplo empréstimo os influxos finan 5 Esteja certo de ter entendido por que isso é assim Se necessário reveja os conceitos de contabilidade de economia aberta do Ca pítulo 13 Para uma análise estatística das características de crise monetária bancária e de inadimplência veja Pierre Olivier Gou rinchas e Maurice Obstfeld Stories of the Twentieth Century for the Twenty First American Economic Journal Macroeconomics v 4 p 226265 jan 2012 6 Sobre a história da inadimplência durante o meio da década de 1980 veja Peter H Lindert e Peter J Morton How Sovereign Debt Has Worked In Jeffrey D Sachs Ed Developing Country Debt and Economic Performance v 1 Chicago University of Chi cago Press 1989 Um bom panorama dos influxos de capitais priva dos para os países em desenvolvimento durante o mesmo período é dado por Eliana A Cardoso e Rudiger Dornbusch Foreign Pri vate Capital Inflows In Hollis Chenery e T N Srinivasan Eds Handbook of Development Economics v 2 Amsterdam Elsevier Science Publishers 1989 Um panorama mais recente da crise de inadimplência é encontrado em Atish Ghosh et al IMF Supported Programs in Capital Account Crises Occasional Paper 210 Wa shington DC International Monetary Fund 2002 Para uma pesquisa histórica abrangente veja Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff This Time Is Different Eight Centuries of Financial Folly Princeton NJ Princeton University Press 2009 Reinhart e Rogoff documentam que para os países em desenvolvimento as crises de inadimplência podem ocorrer em níveis comparativamente baixos de dívida externa em relação à produção M22KRUGXXXXC22indd 531 12915 623 PM 532 Economia internacional ceiros que financiam os déficits dos países em desen volvimento e de fato qualquer déficit do país podem adquirir diversas formas Tipos diferentes de influxos financeiros predominaram em diferentes períodos histó ricos Como surgem obrigações diferentes a empresta dores um entendimento da cena macroeconômica nos países em desenvolvimento necessita de uma análise cui dadosa de cinco canais maiores pelos quais esses países têm financiado seus déficits externos 1 Financiamento de títulos Países em desenvolvimento algumas vezes venderam títulos para cidadãos es trangeiros particulares para financiar seus déficits O financiamento de títulos foi dominante no período até 1914 e nos anos entre as guerras mundiais 1918 1939 Essa modalidade ganhou popularidade nova mente após 1990 à medida que os países em desen volvimento tentaram liberalizar e modernizar seus mercados financeiros 2 Financiamento bancário Entre o início da década de 1970 e o final da de 1980 os países em desenvolvi mento contraíram extensamente empréstimos de bancos comerciais nas economias desenvolvidas Em 1970 quase um quarto das finanças externas dos paí ses em desenvolvimento foi fornecido por bancos Em 1981 os bancos forneceram uma quantidade de finanças quase igual ao déficit de conta corrente agregada dos países em desenvolvimento não produ tores de petróleo mas nos anos 1990 a importância do empréstimo bancário diminuiu 3 Empréstimo oficial Os países em desenvolvimento algumas vezes contraem empréstimos de agências estrangeiras oficiais como o Banco Mundial ou o Banco de Desenvolvimento Interamericano Tais em préstimos podem ser feitos sob uma base concessio nal ou seja a taxas de juros abaixo dos níveis do mercado ou sob uma base do mercado que permite que o credor ganhe a taxa de mercado de retorno No período pós Segunda Guerra Mundial os fluxos de empréstimos oficiais para as nações em desenvol vimento encolheram em relação ao total de fluxos mas continuaram a ser dominantes em alguns paí ses por exemplo muitos daqueles situados na África subsaariana 4 Investimento direto externo No investimento direto externo uma empresa de propriedade de residentes estrangeiros adquire ou expande uma empresa ou fábrica subsidiária localizada no país em desenvolvi mento onde há uma filial Capítulo 8 Um emprés timo da IBM para sua fábrica filial no México por exemplo seria um investimento direto pelos Estados Unidos no México A transação entraria na balança de contas de pagamentos do México como uma venda de ativos financeiros e na balança de contas de pagamentos dos Estados Unidos como uma aqui sição de ativos financeiros iguais Desde a Segunda Guerra Mundial o investimento direto externo tem sido uma fonte consistentemente importante de capi tal dos países em desenvolvimento 5 Investimento em portfólio em propriedade de empre sas Desde o início da década de 1990 investidores em países desenvolvidos têm mostrado um apetite maior em comprar quotas de ações em empresas de países em desenvolvimento A tendência tem sido reforçada por muitos esforços de países em desen volvimento na privatização ou seja vender para proprietários particulares grandes empreendimen tos de propriedade do estado em áreas chaves como eletricidade telecomunicações e petróleo Nos Estados Unidos diversas empresas de investimento oferecem fundos mútuos especializados em ações de mercados emergentes Os cinco tipos de financiamentos descritos podem ser classificados em duas categorias financiamento de dívidas e financiamento de patrimônio Capítulo 20 Títulos bancos e finanças oficiais são todas formas de financiamento de dívidas Nesse caso o devedor deve pagar o valor facial do empréstimo mais juros indepen dentemente de suas próprias circunstâncias econômicas Investimento direto e compra de portfólio de quotas de ações são por outro lado formas de financiamento de patrimônio Proprietários estrangeiros de um investi mento direto por exemplo têm uma posse de uma par cela de retorno líquido do investimento não uma posse para um fluxo fixo de pagamentos em dinheiro Desse modo eventos econômicos adversos no país hospedeiro resultam em uma queda automática nos ganhos de inves timentos diretos e nos dividendos pagos a estrangeiros A distinção entre financiamento de dívida e financia mento de patrimônio é útil para analisar como os paga mentos de países em desenvolvimento aos estrangeiros ajustam se aos eventos imprevisíveis como recessões ou termos de mudanças comerciais Quando os passivos de um país estão na forma de dívida seus pagamentos pro gramados aos credores não caem mesmo se sua renda real cair Pode então se tornar muito penoso para o país continuar a honrar suas obrigações externas o suficiente para levar o país à inadimplência A vida fre quentemente é mais fácil contudo com o financiamento de patrimônio No caso de patrimônio uma queda da renda doméstica reduz automaticamente os ganhos dos acionistas estrangeiros sem violar qualquer acordo do empréstimo Ao adquirir patrimônio os estrangei M22KRUGXXXXC22indd 532 12915 623 PM 533 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma ros concordaram efetivamente em compartilhar tanto os tempos ruins quanto os tempos bons da economia Portanto o financiamento de patrimônio em vez do financiamento de dívidas dos seus investimentos deixa um país em desenvolvimento muito menos vulnerável ao risco de uma crise de dívida externa O problema do pecado original Quando os países em desenvolvimento incorrem em dívidas aos estrangeiros elas muitas vezes são expressas em termos da moeda estrangeira principal o dólar norte americano o euro ou o iene Essa prática não é sem pre uma questão de escolha Em geral os credores de paí ses mais ricos temendo a desvalorização extrema e a infla ção que ocorreram tantas vezes no passado insistem para que os países mais pobres prometam pagar nas moedas dos credores Se as dívidas soberanas fossem denominadas em moedas nacionais em vez de estrangeiras em outras palavras se o contrato de empréstimo fosse uma promessa de pagar os credores estrangeiros com moeda nacional então os governos de países em desenvolvimento pode riam simplesmente imprimir suas próprias moedas para pagar seus credores Os governos nunca precisariam ter um padrão embora criando inflação eles pudessem redu zir o valor real das suas obrigações Em contraste com os países em desenvolvimento os países mais ricos contraem empréstimos quase sempre em termos de suas próprias moedas Assim os Esta dos Unidos emprestam dólares de estrangeiros a Grã Bretanha contrai empréstimos em libras esterlinas o Japão toma emprestados ienes e a Suíça pede empresta dos francos suíços Para esses países mais ricos a capacidade de deno minar suas dívidas externas em suas próprias moedas mantendo ativos externos denominados em moeda estrangeira é uma vantagem considerável mesmo apesar da liberdade que isso dá para o governo pagar na moeda que pode imprimir Por exemplo suponha que uma queda na demanda mundial por produtos dos Esta dos Unidos levem a uma depreciação do dólar Vimos no Capítulo 19 como tal depreciação pode amortecer a produção e o emprego nos Estados Unidos O portfó lio norte americano de ativos e passivos estrangeiros na verdade produz mais uma vantagem de amortecimento como na maior parte os ativos dos Estados Unidos são denominados em moeda estrangeira o valor em dólar desses ativos sobe quando o dólar desvaloriza em relação às moedas estrangeiras Ao mesmo tempo como os pas sivos estrangeiros dos Estados Unidos são predominan temente cerca de 95 em dólares seu valor em dólar sobe muito pouco Então uma queda na demanda mun dial por bens norte americanos leva à transferência subs tancial de riqueza de estrangeiros para os Estados Uni dos um tipo de pagamento de seguro internacional Para os países pobres que devem contrair emprésti mos em uma moeda estrangeira principal uma queda na demanda por exportação tem o efeito oposto Como os países mais pobres tendem a ser devedores líquidos nas principais moedas estrangeiras uma depreciação da moeda doméstica causa a transferência de riqueza para estrangeiros elevando o valor da moeda nacional da dívida externa líquida Isso equivale a seguro negativo Um país que pode contrair empréstimos no estrangeiro em sua própria moeda consegue reduzir os recursos reais que deve aos estrangeiros sem desencadear uma morató ria simplesmente por desvalorizar sua moeda Um país em desenvolvimento forçado a contrair empréstimos em moeda estrangeira não tem essa opção e pode reduzir o que deve aos estrangeiros apenas por meio de alguma forma de moratória imediata7 Os economistas Barry Eichengreen da Universidade da Califórnia em Berkeley e Ricardo Hausmann da Universidade de Harvard cunharam o termo pecado ori ginal para descrever a incapacidade dos países em desen volvimento para contrair empréstimos em suas próprias moedas8 Na opinião desses economistas a incapacidade dos países pobres é um problema estrutural causado prin cipalmente por características de mercado de capitais global como o potencial de diversificação adicional limitado que a moeda de um país pequeno fornece aos credores dos países ricos que já possuem todas as princi pais moedas em suas carteiras Outros economistas acre ditam que o pecado dos países em desenvolvimento não é particularmente original mas em vez disso deriva de sua própria história de políticas econômicas impruden tes O debate está longe de se acalmar mas seja qual for a verdade é evidente que por causa do pecado original o financiamento da dívida nos mercados internacionais é mais problemático para as economias em desenvolvi mento do que para as desenvolvidas Um fenômeno relacionado mas distinto é a grande escala de empréstimos privados internos em dólares ou outras moedas estrangeiras principais em muitos países 7 Como vimos no Capítulo 21 o governo da Grécia deixou de pagar sua dívida em 2012 a primeira moratória por um país de renda alta desde a década de 1940 Alguns outros países da zona do euro poderiam ficar inadimplentes no futuro No entanto os países da zona do euro enfrentam uma restrição exclusiva em comparação com outros países de renda alta Como a política monetária é con trolada pelo BCE um único governo da zona do euro não pode optar por desvalorizar suas dívidas legalmente mediante a desvalo rização da moeda nacional 8 Veja seu artigo Exchange Rates and Financial Fragility In New Challenges for Monetary Policy Kansas City MO Federal Reserve Bank of Kansas City 1999 p 329368 M22KRUGXXXXC22indd 533 12915 623 PM 534 Economia internacional em desenvolvimento Como resultado os devedores de moeda estrangeira podem encontrar se em dificuldades quando a moeda nacional deprecia9 A crise da dívida da década de 1980 Em 19811983 a economia mundial sofreu uma recessão intensa Assim como a Grande Depressão tornou difícil para os países em desenvolvimento fazer pagamentos de seus empréstimos estrangeiros cau sando rapidamente um padrão quase universal a grande recessão dos anos 1980 também provocou uma crise sobre a dívida dos países em desenvolvimento O Capítulo 19 descreveu como a Reserva Federal dos Estados Unidos em 1979 adotou uma dura política anti inflação que aumentou as taxas de juros do dólar e ajudou a empurrar a economia mundial na recessão de 1981 A queda na demanda agregada dos países indus triais teve um impacto negativo direto sobre os países em desenvolvimento é claro mas três outros mecanis mos também foram importantes Como o mundo em desenvolvimento tinha dívidas extensas denominadas em dólar com taxa ajustável pecado original em ação houve um aumento imediato e espetacular da carga de juros que os países devedores tinham que arcar O pro blema foi ampliado pela valorização acentuada do dólar no mercado cambial que elevou substancialmente o valor real dos encargos da dívida em dólar Por fim o preço das commodities entrou em colapso deprimindo os termos de comércio de muitas economias pobres A crise começou em agosto de 1982 quando o México anunciou que seu banco central tinha ficado sem reservas externas e que não poderia mais atender os pagamentos de sua dívida externa Vendo semelhanças potenciais entre o México e outros grandes devedores latino americanos como Argentina Brasil e Chile os bancos de países industrializados os maiores credo res privados para a América Latina no momento se esforçavam para reduzir seus riscos ao cortar novos cré ditos e exigir o reembolso de empréstimos anteriores Os resultados foram uma incapacidade generalizada dos países em desenvolvimento para cumprir obriga ções de dívida anterior e um movimento rápido para uma moratória quase generalizada A América Latina foi talvez mais duramente atingida mas também foram atingidos os países do bloco soviético como a Polônia que tinha contraído empréstimos de bancos europeus Os países africanos cujas dívidas na maioria eram com agências oficiais como o FMI e o Banco Mundial tam bém ficaram inadimplentes A maioria dos países da Ásia Oriental foi capaz de manter o crescimento econômico e evitar o reescalonamento da dívida isto é a ampliação dos pagamentos prometendo pagar juros adicionais no futuro No entanto no final de 1986 mais de 40 países tinham encontrado graves problemas de financiamento externo O crescimento diminuíra drasticamente ou tinha revertido em grande parte do mundo em desenvol vimento e os empréstimos a esses países caíram drastica mente De início os países industrializados com envolvi mento pesado pelo FMI tentaram persuadir os grandes bancos a continuar a emprestar argumentando que uma resposta coordenada do empréstimo era a melhor garantia de que dívidas anteriores seriam reembolsadas Os formuladores de políticas nos países industrializados temiam que conglomerados bancários gigantes como o Citicorp e o Bank of America que tinham empréstimos significativos na América Latina fossem à falência no caso de uma moratória generalizada arrastando para baixo o sistema financeiro mundial com eles10 Como você pode ver houve mais de uma quase tragédia no caminho até a crise financeira de 20072009 Mas a crise não acabou até 1989 quando os Estados Unidos temendo a instabilidade política ao sul insistiram em que os bancos norte americanos dessem alguma forma de alívio da dívida para os países em desenvolvimento devedores Em 1990 os bancos concordaram em reduzir a dívida do México em 12 e dentro de um ano acordos de redução também tinham sido negociados por Filipi nas Costa Rica Venezuela Uruguai e Níger Quando a Argentina e o Brasil chegaram a acordos preliminares com seus credores em 1992 foi como se a crise da dívida da década de 1980 tivesse enfim sido resolvida mas só depois de anos de estagnação econômica Reformas afluxos de capital e o retorno da crise O início dos anos 1990 viu uma renovação de fluxos de capital privados para os países em desenvolvimento incluindo alguns da América Latina altamente endivi dados no centro da crise de dívida da década anterior 9 Para uma reflexão sobre os motivos da denominação passiva em mo eda estrangeira consulte o artigo de Rajan e Tokatlidis em Leituras adicionais Quando a moeda é o dólar norte americano o fenômeno é chamado de dolarização Cada vez mais alguns dos governos das economias dos mercados emergentes mais prósperos foram capazes de emitir títulos em moedas domésticas nos mercados de títulos domésticos com alguma demanda de investidores estrangeiros no tadamente fundos mútuos Esse desenvolvimento tem contribuído para atenuar um pouco o problema do pecado original 10 Em 1981 os empréstimos de países em desenvolvimento dos oito maiores bancos dos Estados Unidos ascenderam a 264 de seu ca pital então as perdas de 50 dos empréstimos os teriam tornado insolventes Consulte a tabela 51a em Federal Deposit Insurance Corporation History of the 80s Lessons for the Future Volume I An Examination of the Banking Crises of the 1980s and Early 1990s Washington FDIC 1997 M22KRUGXXXXC22indd 534 12915 623 PM 535 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma Conforme mostra a Tabela 223 o nível de empréstimos externos dos países em desenvolvimento não produtores de petróleo como um grupo se expandiu muito As baixas taxas de juros nos Estados Unidos no início dos anos 1990 certamente forneceram um ímpeto inicial para esses fluxos de capital renovados Talvez mais impor tante contudo eram os grandes esforços nas economias receptoras para estabilizar a inflação um movimento que exigia que o governo limitasse seus papéis na economia e aumentasse os retornos dos impostos Ao mesmo tempo os governos procuravam diminuir as barreiras comer ciais para desregulamentar a mão de obra e os merca dos de produtos e para melhorar a eficiência dos merca dos financeiros A privatização disseminada serviu tanto para a meta microeconômica de estimular a eficiência e a competição quanto para a meta macroeconômica de eliminar a necessidade de o governo cobrir as perdas de empresas estatais mal administradas e protegidas O que por fim empurrou os países a realizar grandes reformas apesar dos interesses políticos que lutavam a favor do status quo Um fator foi a própria crise de dívi das de 1980 que resultou naquilo que muitos analistas denominaram de uma década perdida do crescimento da América Latina Muitos dos legisladores relativa mente jovens que subiram ao poder na América Latina à medida que a crise de dívida terminava eram econo mistas bem formados que acreditavam que as políti cas econômicas e instituições mal direcionadas tinham levado à crise e piorado seus efeitos Apesar de ser mais pobre do que a América Latina tão recentemente em 1960 o Leste Asiático agora era mais rico Reformas econômicas recentes tomaram formas di ferentes nos países da América Latina e alguns tiveram um progresso significativo Aqui nós contrastamos os aspectos macroeconômicos das abordagens realizadas em quatro grandes países que fizeram tentativas de refor mas amplas embora não igualmente bem sucedidas Argentina A Argentina esteve sob regime militar entre 1976 e 1983 mas a economia continuou sendo proble mática mesmo após o retorno da democracia Após anos marcados por crise bancária instabilidade fiscal e mesmo hiperinflação o país por fim passou por uma reforma ins titucional radical no início dos anos 1990 As tarifas de importação foram reduzidas os gastos do governo sofre ram cortes as principais companhias estatais incluindo a linha aérea nacional foram privatizadas e as reformas fiscais levaram a maiores rendimentos governamentais O componente mais ousado do programa da Argen tina contudo foi a nova Lei da Conversibilidade de abril de 1991 tornando a moeda da Argentina comple tamente conversível em dólares norte americanos em uma taxa fixa de exatamente um peso por dólar A Lei da Conversibilidade também exigiu que a base mone tária fosse lastreada por ouro ou moeda estrangeira assim em um único golpe ela reduziu abruptamente a capacidade de o banco central financiar os déficits do governo mediante a criação constante de dinheiro A Lei da Conversibilidade representou uma versão extrema da abordagem baseada na taxa de câmbio para reduzir a inflação que tinha sido tentada muitas vezes no passado mas previsivelmente terminara em uma crise monetária A lei monetária de 1991 exigindo 100 de respaldo do câmbio externo para a base monetária tornou a Argen tina um exemplo de um conselho monetário no qual a base monetária é respaldada inteiramente por moeda estrangeira e o banco central desse modo detém os ati vos domésticos Dessa vez a abordagem funcionou por quase uma década Apoiada por reformas financeiras e econômicas genuínas o plano da Argentina teve um efeito drástico sobre a inflação que permaneceu baixa após cair de 800 em 1990 para bem menos de 5 até 1995 Contudo a inflação continuada nos primeiros anos do plano de conversibilidade apesar de uma taxa de câmbio fixa implicou uma grande valorização real do peso cerca de 30 de 1990 até 1995 A valoriza ção real levou ao desemprego e a um déficit de conta corrente crescente Na metade da década de 1990 o processo de valo rização real do peso terminou mas o desemprego con tinuou alto pela rigidez nos mercados de mão de obra Embora até 1997 a economia estivesse crescendo rapi damente o crescimento subsequente tornou se negativo e o déficit do governo mais uma vez saiu do controle À medida que a economia mundial escorregava para a recessão em 2001 o crédito externo da Argentina ia minguando O país tornou se inadimplente de seus débitos externos em dezembro de 2001 e abandonou o atrelamento pesodólar em janeiro de 2002 O peso depreciou rapidamente e a inflação elevou se mais uma vez A produção argentina caiu para cerca de 11 em 2002 embora o crescimento tenha retornado em 2003 quando a inflação caiu No momento da redação deste capítulo a Argentina está tentando negociar um acordo com seus credores estrangeiros que permitirá que ela seja readmitida nos mercados de capital internacionais como tomadora de empréstimos Brasil Como a Argentina o Brasil sofreu inflação galo pante na década de 1980 bem como múltiplas tentativas malsucedidas na estabilização acompanhada por refor mas da moeda Contudo o país levou muito tempo para M22KRUGXXXXC22indd 535 12915 623 PM 536 Economia internacional conseguir ter a inflação sob controle e abordou sua desin flação menos sistematicamente do que os argentinos11 Em 1994 o governo brasileiro introduziu uma nova moeda o real atrelada ao dólar À custa de falências bancárias disseminadas o Brasil defendeu a nova taxa de câmbio com taxas de juros altas em 1995 então mudou para uma indexação do tipo crawlingpeg fixa crescente em face da valorização real substancial A inflação caiu de uma taxa anual de 2669 em 1994 para menos de 10 em 1997 Contudo o crescimento econômico continuou sendo pouco expressivo Embora o governo do Brasil tenha realizado uma redução nas barreiras de importação pri vatização e arrocho fiscal o progresso global do país na reforma econômica foi muito mais lento do que no caso da Argentina e o déficit fiscal do governo permaneceu inquietantemente elevado Uma boa parte do problema era a taxa de juros muito alta que o governo tinha que pagar em sua dívida uma taxa que refletiu ceticismo nos mercados de que a valorização limitada do real em rela ção ao dólar poderia ser mantida Por fim em janeiro de 1999 o Brasil desvalorizou o real em 8 e então permitiu que ele flutuasse Muito rapidamente o real perdeu 40 de seu valor perante o dólar A recessão seguiu à medida que o governo lutava para impedir que a moeda seguisse em queda livre Mas a recessão mostrou ter vida curta a inflação não decolou e como as instituições financeiras do Brasil tinham evi tado fazer empréstimos pesados em dólares o colapso do setor financeiro foi evitado O Brasil elegeu um presi dente populista Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2002 mas as políticas de mercado que ele por fim e inesperadamente adotou preservaram o acesso do país aos mercados de crédito internacional O crescimento econômico tem sido saudável e o país tornou se uma força no mundo emergente Um fator fundamental no sucesso tem sido suas fortes exportações de commodi ties principalmente para a China Chile Tendo aprendido as lições do profundo desem prego e colapso financeiro no início da década de 1980 o Chile implementou reformas mais consistentes mais tarde na década De modo muito importante o país instituiu um ambiente regulatório rígido para as insti tuições financeiras domésticas e removeu uma garan tia explícita de resgate que tinha ajudado a agravar a crise anterior da dívida do Chile Um tipo de indexação crawling peg do regime de taxa de câmbio foi usado para derrubar a inflação gradualmente mas o sistema foi operado com flexibilidade para evitar a extrema valorização real O banco central chileno tornou se independente das autoridades fiscais em 1990 no mesmo ano em que um governo democrático substi tuiu o regime militar do General Pinochet Essa ação solidificou ainda mais o compromisso de não financiar déficits orçamentários ao ordenar ao banco central para imprimir dinheiro12 Outra política nova exigia que todos os fluxos de capital exceto compras de patrimônio fossem acom panhados de um depósito não remunerado de um ano igual a 30 da transação Como a duração limitava se ao depósito solicitado a penalidade caía desproporcio nalmente em afluxos de curto prazo aqueles mais pro pensos a ser retirados por investidores estrangeiros em uma crise Uma motivação para o imposto de influxo de capital implícito era limitar a valorização real da moeda O outro era reduzir o risco de que uma retirada súbita de fundos estrangeiros de curto prazo pudesse provocar uma crise financeira Há controvérsias consi deráveis entre os economistas se as barreiras de influxo de capital chileno tiveram sucesso em seus objetivos embora seja difícil crer que elas tenham provocado muito prejuízo13 As políticas do Chile valeram a pena Entre 1991 e 1997 o país desfrutou de taxas de crescimento do PIB em média de mais de 8 ao ano Ao mesmo tempo a inflação caiu de 26 ao ano em 1990 para apenas 6 em 1997 O Chile tem sido avaliado não só como o país menos cor rupto da América Latina mas também como menos corrupto do que vários membros da União Europeia e do que os Estados Unidos México O México introduziu um programa de reforma e estabilização ampla em 1987 combinando uma redu ção agressiva da dívida e dos déficits públicos com as diretrizes de direcionamento e salários preços de taxa de câmbio negociadas com os representantes da indústria e 11 Para um relato consulte Rudiger Dornbusch Brazils Incomplete Stabilization and Reform Brookings Papers on Economic Activity v 1 p 367404 1997 12 Para uma visão geral dos aspectos da abordagem chilena da refor ma econômica veja Barry P Bosworth Rudiger Dornbusch e Raúl Labán Eds The Chilean Economy Policy Lessons and Challenges Washington DC Brookings Institution 1994 Um relato clássico dos problemas financeiros chilenos no início da década de 1980 é encontrado em Carlos F Díaz Alejandro Goodbye Financial Re pression Hello Financial Crash Journal of Development Economi cs v 19 p 124 setout 1985 Esse artigo é altamente recomenda do já que os problemas discutidos por Díaz Alejandro revelaram se pertinentes muito além do contexto específico do Chile 13 Para uma discussão ver Capítulo 5 do livro de Kenen incluído nas Leituras adicionais deste capítulo Veja também Kevin Cowan e José de Gregorio International Borrowing Capital Controls and the Exchange Rate Lessons from Chile In Sebastian Edwards Ed Capital Controls and Capital Flows in Emerging Economies Chicago University of Chicago Press 2007 p 241296 M22KRUGXXXXC22indd 536 12915 623 PM 537 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma dos sindicatos de trabalhadores14 No mesmo ano o país assumiu um compromisso significativo com o livre comér cio unindo se ao GATT O México posteriormente se juntou à Organização para Cooperação e Desenvolvi mento Econômico e em 1994 aderiu ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte O México fixou a taxa de câmbio do seu peso em relação ao dólar dos Estados Unidos no final de 1987 mudou para uma indexação crawling no início de 1989 e para uma faixa crawling no final de 1991 O governo manteve um nível limite máximo possível de valorização do peso mas anunciou a cada ano após 1991 um limite gradualmente crescente na extensão permitida de depre ciação da moeda Assim foi autorizado que o intervalo de flutuação da taxa de câmbio possível aumentasse ao longo do tempo Apesar dessa flexibilidade potencial as autoridades mexicanas mantiveram a taxa de câmbio perto de seu teto de valorização O peso portanto nitidamente subiu de preço em termos reais e surgiu um grande déficit da conta corrente Em 1994 as reservas de divisas do país caíram para níveis muito baixos A agitação civil uma transição presidencial iminente e temores de desvalori zação contribuíram para essa queda Outro fator impor tante por trás do vazamento de reserva estrangeira no entanto foi uma extensão contínua de créditos do governo aos bancos que sofriam perdas com emprésti mos O México privatizara rapidamente suas margens sem salvaguardas regulatórias adequadas e também tinha aberto sua conta de capital dando assim aos bancos acesso gratuito aos fundos estrangeiros Como os bancos estavam confiantes de que seriam socorridos pelo governo se tivessem problemas o risco moral era desenfreado Na esperança de estimular o crescimento e reduzir um déficit em conta corrente que até então era quase 8 do PIB o novo governo do México que assumiu em dezembro de 1994 desvalorizou o peso 15 além do limite de depreciação prometido um ano antes A indexação de moeda desvalorizada foi imediatamente atacada por especuladores e o governo recuou para uma flutuação Os investidores estrangeiros em pânico empurraram o peso para baixo precipitadamente e em pouco tempo o México tornou se incapaz de contrair empréstimos exceto a juros de penalização Como em 1982 o risco de inadimplência apareceu novamente O país só evitou o desastre com a ajuda de um emprés timo de emergência de US 50 bilhões orquestrado pelo Tesouro dos Estados Unidos e o FMI A inflação que caíra de 159 em 1987 para apenas 7 em 1994 subiu enquanto o peso depreciou A produ ção nacional do México recuou mais de 6 em 1995 O desemprego mais do que duplicou em meio a cortes fis cais agudos taxas de juros nas alturas e uma crise ban cária generalizada Contudo a contração durou apenas um ano Em 1996 a inflação estava caindo e a econo mia se recuperava com o peso continuando a flutuar O México recuperou o acesso aos mercados de capitais privados e reembolsou o Tesouro dos Estados Unidos antes do previsto Uma grande conquista foi expandir suas instituições democráticas e afastar se do regime de partido único virtual que caracterizara grande parte da história do país do século XX Leste Asiático sucesso e crise No início de 1997 os países da Ásia Oriental eram a inveja do mundo em desenvolvimento Suas taxas de crescimento rápido iam levá los até a escala de desen volvimento colocando vários deles a um passo do status de países desenvolvidos que vários alcançaram agora Então eles foram afetados por uma crise financeira desastrosa A velocidade com que o sucesso econômico do Leste Asiático se transformou em caos econômico foi um choque intenso para a maioria dos observadores O revés provocou uma crise mais ampla que envolveu paí ses tão distantes como a Rússia e o Brasil Nesta seção analisamos a experiência do Leste Asiático As lições como veremos reforçam aquelas da América Latina O milagre econômico do leste asiático Como vimos na Tabela 222 a Coreia do Sul era uma nação extremamente pobre na década de 1960 com uma pequena indústria e aparentemente poucas perspectivas econômicas Em 1963 no entanto o país lançou uma série de reformas econômicas inovadoras mudando da estratégia de desenvolvimento de substituição de impor tações voltada para o mercado interno para uma estraté gia que enfatizava as exportações E o país começou uma ascensão econômica notável Durante os 50 anos seguin tes a Coreia do Sul aumentou seu PIB real per capita em cerca de 16 vezes mais do que o aumento que os Estados Unidos alcançaram ao longo do século passado Ainda mais notável foi que a Coreia do Sul não estava sozinha Sua ascensão econômica foi paralela à de várias outras economias do Leste Asiático Na primeira onda foram Hong Kong Taiwan e Singapura que começaram a crescer rapidamente na década de 1960 No decorrer das 14 As ideias subjacentes à abordagem mexicana são explicadas por um de seus arquitetos Pedro Aspe Armella um economista formado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts que foi ministro das finanças no período 19881994 Consulte seu livro Economic Trans formation the Mexican Way Cambridge MA MIT Press 1993 Consulte também Nora Lustig Mexico The Remaking of an Eco nomy Washington DC Brookings Institution 1992 M22KRUGXXXXC22indd 537 12915 623 PM 538 Economia internacional décadas de 1970 e 1980 o clube das economias asiáticas de crescimento rápido expandiu se para incluir Malásia Tailândia Indonésia e impressionantemente China a nação mais populosa do mundo Pela primeira vez desde a ascensão do Japão como potência industrial no fim do século XIX uma parte substancial do mundo parecia fazer a transição do Terceiro para o Primeiro Mundo Ainda há uma controvérsia considerável sobre as razões desse milagre econômico No início de 1990 estava na moda entre alguns comentaristas atribuir o crescimento da Ásia a um sistema asiático comum de cooperação de negócios governo e política industrial No entanto mesmo um olhar superficial para as econo mias envolvidas torna dúbia a afirmação de um sistema comum As economias de crescimento alto incluem regi mes como o da Coreia do Sul onde o governo tomou um papel ativo na alocação de capital entre as indústrias Mas também incluíam regimes como os de Hong Kong e Taiwan onde esse tipo de política industrial estava em grande parte ausente Algumas economias como as de Taiwan e Singapura dependiam fortemente da cria ção de subsidiárias locais de empresas multinacionais Outras como Coreia do Sul e Hong Kong dependiam principalmente de empresários nacionais Por que os Países em desenvolvimento acumularam níveis tão altos de reservas internacionais Os países em desenvolvimento enfrentando crises acham que suas reservas internacionais alcançavam níveis muito baixos Um país que está fixando sua taxa de câmbio pode ter pouca escolha além de dei xar sua moeda depreciar uma vez que suas reservas foram esgotadas Um país sem reservas de câmbio estrangeiras líquidas pode não ter qualquer meio para pagar os credores que tinham estendido previamente os empréstimos de moeda em curto prazo Como na corrida bancária o mercado teme que a depreciação ou a inadimplência potencial possa ser autorrealizada Se a confiança do mercado falhar as reservas rapida mente desaparecerão e nenhum novo empréstimo de estrangeiros será possível O esmagamento da liqui dez resultante pode tornar impossível para um país cumprir suas obrigações externas remanescentes Esse tipo de mecanismo de corrida bancária tem estado no centro de muitas crises de países em desenvolvimento incluindo a crise econômica de 19971998 da Ásia que discutiremos a seguir Após a crise da Ásia que afetou diversos países em todo o mundo diversos economistas sugeriram que os países em desenvolvimento tomem o problema em suas próprias mãos Como o crédito externo tende a minguar precisamente quando ele é mais necessário os países poderiam proteger se melhor a si próprios acumulando grandes quantidades de dinheiro vivo dólares euros e outras moedas estrangeiras ampla mente aceitas Quando os países tinham pouco envolvimento com os mercados de capital mundiais como durante os anos 1950 e início dos anos 1960 a adequação das reservas era julgada geralmente pela referência à probabilidade que os ganhos com exportação podiam ficar temporariamente aquém das necessidades de importação Mas nas finanças globalizadas do mundo de hoje o volume de reservas necessário para deter uma crise pode ser de magnitude maior Conforme o economista Martin Feldstein de Harvard coloca O meio mais direto para um país alcançar liquidez é acu mular quantidades substanciais de reservas externas líquidas Um governo não deveria julgar a ade quação de suas reservas em relação aos valores de importações Uma meta de reservas comum de diga mos seis meses de importações ignora o fato de que as crises monetárias são sobre fluxos de capital não sobre financiamento de comércio O que importa é o valor das reservas em relação ao potencial de venda de ativos pelos especuladores mesmo se as condi ções econômicas fundamentais do país não exigirem uma deterioração da moeda15 Comentamos sobre o crescimento das reservas internacionais no Capítulo 18 Conforme observa mos ali à medida que as reservas tinham crescido em todos os países desde a crise de dívida dos anos 1980 elas tinham crescido de modo rápido especial mente nos países em desenvolvimento Contudo para esses países como um grupo o ritmo de acúmulo das reservas tinha acelerado mais drasticamente desde a crise financeira do final dos anos 1990 A Figura 222 anexa mostra as reservas internacionais mantidas como uma fração da produção nacional para o grupo de todos os países em desenvolvimento bem como para o Brasil Rússia Índia e China Esses quatro paí 15 Veja Feldstein A Self Help Guide for Emerging Markets Foreign Affairs v 78 p 93109 marabr 1999 Para um tratamento ana lítico recente veja Olivier Jeanne International Reserves in Emerging Market Countries Too Much of a Good Thing Brookings Papers on Economic Activity v 1 p 179 2007 M22KRUGXXXXC22indd 538 12915 623 PM 539 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma ses são frequentemente referidos como os BRICs em virtude de seus recentes desempenhos de cres cimento intenso Em todos os casos mostrados as reservas mais do que dobraram como uma fatia do produto nacional entre 1999 e 2009 antes de cair em três dos quatro países A proporção de reservas da China aumentou em um fator de 33 durante aquele período e a da Rússia aumentou em um fator de 5716 Para diversos países em desenvolvimento os níveis de reservas são tão altos que excedem suas dívidas de moeda externa para estrangeiros em curto prazo total Essas grandes reservas portanto for necem um alto grau de proteção contra uma parada súbita de influxos de capital De fato elas ajudaram os países em desenvolvimento a desviar se do aperto de crédito dos países industrializados de 20082009 ver Capítulo 20 Conforme você pode observar na Figura 222 os países em desenvolvimento geral mente gastaram algumas reservas para se proteger durante a crise de 20072009 No entanto o motivo de autosseguro para a realiza ção de reservas não é toda a história Em alguns casos o crescimento das reservas tem sido um subproduto inde sejado das políticas de intervenção para impedir a valo rização da moeda A China é um desses casos A estraté gia de desenvolvimento da China dependeu de aumento dos níveis de exportação de mercadorias de mão de obra intensiva para estimular um rápido aumento do nível de vida De fato a valorização do renminbi chinês torna a mão de obra chinesa mais cara em relação à mão de obra estrangeira então a China limitou firmemente a valorização da moeda ao longo do tempo mediante a compra de dólares Apesar dos controles de capital limitando os fluxos de fundos estrangeiros o dinheiro especulativo entrou no país na expectativa de valori zação futura e as reservas incharam enormemente O governo afrouxou pouco a pouco seus controles de saída de capitais na esperança de que a reserva caísse con forme os investidores chineses fossem para o exterior mas a tática teve sucesso apenas limitado até agora No fim de 2012 as reservas da China ainda se encontravam em mais de 40 da produção nacional Vamos discutir as políticas chinesas em maiores detalhes em um estudo de caso no final deste capítulo FIGURA 222 Reservas Internacionais mantidas pelos países em desenvolvimento Desde os anos 1990 os países em desenvolvimento têm aumentado muito suas reservas de moeda estrangeira principalmente em dólares norteamericanos Porcentagem de produção 0 10 20 30 40 50 60 China Rússia Índia Brasil Todos os países em desenvolvimento 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2012 Fonte Banco Mundial indicadores de Desenvolvimento Mundial 16 Países em desenvolvimento mantêm uma quota de cerca de 60 de suas reservas na forma de dólares norte americanos Eles seguram a balança principalmente em euros mas também em algumas moedas alternativas principais como o iene japonês o franco suíço e a libra esterlina M22KRUGXXXXC22indd 539 12915 623 PM 540 Economia internacional O que as economias de crescimento alto tinham em comum eram as taxas elevadas de poupança e investi mento melhoria rápida dos níveis educacionais entre a força de trabalho taxas de inflação relativamente mode radas e se não livre comércio pelo menos um elevado grau de abertura e integração com os mercados mundiais Talvez surpreendentemente antes de 1990 as econo mias asiáticas em crescimento mais rápido financiaram a maior parte de suas taxas de investimento elevado com a poupança interna Na década de 1990 no entanto a popularidade crescente dos mercados emergentes entre os investidores do mundo desenvolvido levou a emprés timos substanciais para o desenvolvimento da Ásia Como mostra a Tabela 224 vários dos países asiáticos começaram a ter como contrapartida a esses emprésti mos grandes déficits de conta corrente como uma pro porção do PIB Alguns economistas se preocuparam se esses déficits poderiam elevar o risco de uma crise seme lhante à que atingiu o México no final de 1994 mas a maioria dos observadores avaliou os grandes fluxos de capital para as economias de crescimento tão rápido e estáveis do ponto de vista macroeconômico como justifi cados pela rentabilidade esperada das oportunidades de investimento Pontos fracos asiáticos Como sabemos em 1997 as economias da Ásia vive ram de fato uma grave crise financeira E com o benefício da visão retrospectiva várias deficiências em suas estru turas econômicas algumas compartilhadas por países latino americanos que passaram por crises tornaram se aparentes Três questões em especial se destacaram 1 Produtividade Embora o rápido crescimento das eco nomias do Leste Asiático não fosse em nenhum sen tido uma ilusão mesmo antes da crise vários estudos sugeriram que alguns limites à expansão foram apa recendo O resultado mais surpreendente de vários estudos foi que a maior parte do crescimento da pro dução asiática poderia ser explicada simplesmente pelo crescimento rápido de insumos de produção capital e trabalho e que houvera aumento relativa mente pequeno da produtividade ou seja na produ ção por unidade de insumo Assim na Coreia do Sul por exemplo a convergência em direção à produção per capita de um país desenvolvido parecia ser prin cipalmente por causa de uma mudança rápida dos trabalhadores da agricultura para a indústria um aumento nos níveis de educação e um crescimento maciço na relação capital trabalho no setor de ati vidades não agrícolas Provas para um estreitamento da lacuna tecnológica com o Ocidente foram inespe radamente difíceis de encontrar A implicação desses estudos foi que taxas altas constantes de acumula ção de capital produziriam eventualmente retornos diminuídos e possivelmente que os grandes influxos financeiros ocorrendo não se justificavam pela renta bilidade futura afinal tAbelA 224 Contas correntes do Leste Asiático médias anuais porcentagem do PIB 19901997 19982000 20012013 China 15 21 47 Hong Kong 05 39 80 Indonésia 25 44 12 Malásia 58 127 117 Coreia do Sul 13 67 24 Taiwan 39 22 84 Tailândia 62 102 25 Fonte Fundo Monetário Internacional World Economic Outlook Database abr 2013 o que o leste asiático fez certo O crescimento das economias do Leste Asiático entre os anos 1960 e a década de 1990 demons trou que é possível para um país subir rapidamente a escada do desenvolvimento Mas quais são os ingredientes para tal sucesso Uma maneira de responder a essa per gunta pode ser olhar para os atributos distintos do que o Banco Mundial em seu estudo de 1993 intitulado The East Asian Miracle chama de EAADs as economias asiáticas de alto desempenho Um ingrediente importante foi uma ele vada taxa de poupança em 1990 as EAADs economizaram 34 do PIB em comparação com ape nas metade na América Latina um pouco mais no sul da Ásia Outro ingrediente importante foi uma forte ênfase na educação Mesmo em 1965 quando as EAADs ainda eram muito pobres tinham taxas altas de inscrição na educação básica em essência todas as crianças receberam escolaridade básica em Hong Kong Singapura e Coreia do Sul e até mesmo a extremamente pobre Indo nésia teve uma taxa de matrículas de 70 Em 1987 taxas de matrícula no ensino M22KRUGXXXXC22indd 540 12915 623 PM 541 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma 2 Regulamentação de operações bancárias De mais re levância imediata para a crise foi o mau estado da regulamentação de operações bancárias na maioria das economias asiáticas Depositantes nacionais e investidores estrangeiros consideravam os bancos asiáticos seguros não só por causa da força das eco nomias mas também por acreditarem que os gover nos ficariam por trás dos bancos em caso de qual quer dificuldade Mas os bancos e outras instituições financeiras não estavam sujeitos à supervisão eficaz do governo sobre os tipos de riscos que eles estavam empreendendo Como a experiência na América Latina deveria ter esclarecido o risco moral estava presente em grande quantidade Apesar disso vários dos países do Leste Asiático tinham facilitado acesso privado a fluxos financeiros na década de 1990 e dinheiro estrangeiro estava prontamente disponível tanto para os bancos quanto diretamente para os mutuários corporativos do Leste Asiático Por causa do pecado original as dívidas externas foram fixadas em termos de moeda estrangeira Em vários países asiáticos laços estreitos entre os inte resses comerciais e os funcionários do governo pare cem ter ajudado a promover um risco moral conside rável na concessão de empréstimos Na Tailândia as chamadas empresas de financiamento muitas vezes gerenciadas por parentes de funcionários do governo emprestavam dinheiro para empreendimentos imobi liários altamente especulativos na Indonésia os cre dores estavam muito ansiosos para financiar empre endimentos para membros da família do presidente Esses fatores ajudam a explicar como apesar das ele vadas taxas de poupança vários países do Leste Asiá tico foram levados a investir tanto que suas contas correntes estavam em déficit antes da crise Alguns analistas sugeriram que empréstimos exces sivos conduzidos pelo risco moral ajudaram a criar um boom insustentável nas economias asiáticas especialmente no setor imobiliário que ocultou temporariamente a má qualidade de muitos dos investimentos e o fim inevitável desse boom causou uma espiral descendente de diminuição dos preços e a falência dos bancos No entanto embora o risco moral fosse certamente um fator importante no pe río do que antecedeu a crise sua importância continua a ser um assunto de discussão considerável 3 Quadro jurídico Um ponto fraco importante das economias asiáticas tornou se aparente apenas de pois que elas tinham tropeçado a falta de um bom quadro jurídico para lidar com as empresas em apu ros Nos Estados Unidos existe um procedimento bem estabelecido para falência ou seja para lidar com uma empresa que não pode pagar as suas dívi das Em tal procedimento os tribunais tomam posse da empresa em nome de seus credores em seguida procuraram encontrar uma maneira de satisfazer suas reivindicações tão adequadamente quanto pos sível Muitas vezes isso significa manter a empresa em existência e converter as dívidas que não conse guirá pagar em ações de titularidade Nas economias asiáticas no entanto a legislação falimentar era fraca em parte porque o crescimento surpreendente das economias tinha tornado as falências corporati vas um evento raro Quando as coisas realmente fica ram ruins desenvolveu se um impasse destrutivo As empresas em dificuldades simplesmente deixavam de pagar suas dívidas Elas então não podiam funcionar eficazmente porque ninguém emprestaria a elas até que as dívidas fossem pagas Além disso os credores não tinham nenhuma maneira de confiscar as empre sas enfraquecidas a seus proprietários originais Claro cada economia tem seus pontos fracos mas o desempenho das economias do Leste Asiático tinha sido tão espetacular que poucos prestaram muita aten ção neles Mesmo aqueles que estavam cientes de que as economias do milagre tinham problemas dificilmente poderiam prever a catástrofe que os destruiu em 1997 A crise financeira asiática A crise financeira asiática é em geral considerada tendo início em 2 de julho de 1997 com a desvalorização do baht tailandês A Tailândia vinha acumulando um enorme déficit da balança corrente e mostrando sinais de dificul dades financeiras por mais de um ano Em 1996 ficou evi dente que tinham sido construídas torres de escritórios em número excessivo primeiro o mercado imobiliário nacio secundário no Leste Asiático foram bem superiores às de países latino americanos como o Brasil Por fim duas outras características das EAADs como já observado eram um ambiente macroeconô mico estável livre de inflação elevada ou problemas econômicos importantes e uma porcentagem alta de comércio no PIB Essas características fizeram as economias do Leste Asiático ficarem bem diferentes dos de países sujeitos à crise na América Latina Tais contrastes desempenharam um papel importante na conversão de muitos líderes na América Latina e em outros lugares para a ideia de reforma econômica em termos de um compromisso com a estabilidade dos preços e a abertura dos mercados ao mundo M22KRUGXXXXC22indd 541 12915 623 PM 542 Economia internacional nal e em seguida sua bolsa de valores entrou em declínio No primeiro semestre de 1997 a especulação sobre uma possível desvalorização do baht levou a uma perda acele rada das reservas de câmbio e em 2 de julho o país tentou uma desvalorização controlada de 15 Entretanto como foi o caso do México em 1994 a tentativa de desvaloriza ção moderada ficou fora de controle provocando enorme especulação e um mergulho muito mais profundo A Tailândia em si é uma economia pequena No entanto a queda acentuada na moeda tailandesa foi seguida pela especulação em relação a outras moe das primeiro a de seu vizinho imediato Malásia em seguida da Indonésia e por fim da muito maior e mais desenvolvida economia da Coreia do Sul Todas essas economias pareciam aos especuladores compar tilhar com a Tailândia as fraquezas listadas anterior mente todas estavam sentindo os efeitos em 1997 da lentificação econômica renovada em seu maior vizinho industrial o Japão Em cada caso os governos foram confrontados com dilemas complicados decorrentes em parte da dependência de suas economias do comércio e em parte do fato de que empresas e bancos nacionais tinham grandes dívidas denominadas em dólares Se os países apenas permitissem que suas moedas caíssem o aumento dos preços de importação teria ameaçado pro duzir inflação perigosa e o súbito aumento do valor de dívidas em moeda nacional podería ter empurrado mui tos bancos potencialmente viáveis e empresas à falência Por outro lado defender as moedas exigiria pelo menos altas temporárias das taxas de juros para convencer os investidores a manter seu dinheiro no país e essas taxas de juros altas produziriam uma crise econômica e causa riam falência de bancos Assim todos os países aflitos exceto a Malásia volta ram se para o FMI para receber assistência e receberam empréstimos em troca de implementação de planos eco nômicos que supostamente conteriam os danos taxas de juros mais altas para limitar a depreciação da taxa de câm bio esforços para evitar grandes déficits orçamentários e reformas estruturais que deveriam lidar com as fraque zas que tinham trazido a crise em primeiro lugar Apesar da ajuda do FMI no entanto o resultado da crise monetá ria foi uma nítida desaceleração econômica Todos os paí ses com problemas passaram de taxas de crescimento supe riores a 6 em 1996 para uma contração severa em 1998 Pior de todos foi o caso da Indonésia onde crise eco nômica e a instabilidade política reforçaram se mutua mente em uma espiral mortal tudo agravado ainda mais pelo colapso da confiança dos residentes nacionais nos bancos do país No verão de 1998 a rúpia indonésia havia perdido 85 de seu valor original e poucas ou nenhumas grandes empresas eram solventes A popu lação foi confrontada com o desemprego em massa e em alguns casos com a incapacidade de pagar alimentos básicos A violência étnica eclodiu Como consequência do colapso na confiança as eco nomias asiáticas com problemas também foram forçadas a uma inversão drástica de suas posições de conta corrente Como mostra a Tabela 224 a maioria mudou abrup tamente de às vezes grandes déficits para enormes excedentes A maioria dessa reversão veio não por um aumento das exportações mas por uma enorme queda das importações conforme as economias contraíam As moedas finalmente estabilizadas em toda a Ásia atingida pela crise e as taxas de juros diminuíram mas o spillover direto da queda em toda a região causou len tidão ou recessões em vários países vizinhos incluindo Hong Kong Singapura e Nova Zelândia O Japão e até mesmo partes da Europa e América Latina sentiram os efeitos A maioria dos governos continuou a tomar o medicamento prescrito pelo FMI mas em setembro de 1998 a Malásia que nunca aceitara um programa FMI tomou uma atitude diferente e impôs contro les extensos nas saídas de capital esperando que os controles permitiriam que o país facilitasse as políticas monetárias e fiscal sem que sua moeda entrasse em uma espiral descendente China e Taiwan que mantiveram o controle dos capitais e tinham excedentes de conta corrente ao longo do período pré crise passaram larga mente incólumes pela crise Felizmente a crise na Ásia Oriental tinha forma de V depois da contração acentuada da produção em 1998 o crescimento retornou em 1999 já que as moedas depreciadas estimulavam o aumento das exportações No entanto nem todas as economias da região se saíram igualmente bem e resta a controvérsia sobre a eficácia do experimento da Malásia com controles de capital As eco nomias que em vez disso dependiam da ajuda do FMI estavam geralmente infelizes com sua gestão da crise que viam como desajeitada e intrusiva Esses ressentimentos provaram ser duradouros enquanto governos podem recorrer ao FMI para financiamento condicional no caso de uma parada brusca os países da crise asiática juraram nunca mais fazê lo de novo Essa determinação tem sido um motivo importante para o autosseguro com gran des estoques de reservas internacionais Lições das crises de países em desenvolvimento A crise de mercado emergente que começou com a desvalorização de 1997 da Tailândia produziu o que M22KRUGXXXXC22indd 542 12915 623 PM 543 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma poderia ser chamado uma orgia de acusações mútuas Alguns ocidentais responsabilizaram as políticas dos asiáticos pela crise em especial o capitalismo de com padres sob o qual empresários e políticos tinham rela cionamentos confortáveis demais Alguns líderes asiá ticos por sua vez responsabilizaram as maquinações dos financistas ocidentais pela crise até Hong Kong normalmente um bastião do sentimento do livre mer cado começou a intervir para bloquear o que é descrito como uma conspiração de especuladores para baixar sua bolsa e minar a sua moeda E quase todo mundo criticou o FMI embora alguns estivessem dizendo que era errado falar para os países tentarem limitar a depre ciação de suas moedas e outros que era errado permitir que as moedas chegassem a desvalorizar No entanto algumas lições claras emergem de um estudo cuidadoso da crise asiática e das crises anteriores de países em desenvolvimento na América Latina e em outros lugares 1 Escolher o regime correto de taxa de câmbio É peri goso para um país em desenvolvimento fixar sua taxa de câmbio a menos que tenha os meios e o compro misso de fazê lo aconteça o que acontecer Os países do Leste Asiático descobriram que a confiança nos destinos da taxa de câmbio oficial incentivou emprés timos em moeda estrangeira No entanto quando a desvalorização ocorreu muito do setor financeiro e muitas corporações tornaram se insolventes como resultado de extensas dívidas denominadas em mo edas estrangeiras Os países em desenvolvimento que tinham estabilizado a inflação com sucesso adotaram sistemas de taxa de câmbio mais flexíveis ou muda ram para uma flexibilidade maior rapidamente após um período inicial de atrelamento destinado a redu zir as expectativas de inflação Mesmo na Argentina onde o medo público de retornar ao passado hiperin flacionário incutiu uma determinação amplamente compartilhada de evitar a inflação uma taxa de câmbio fixa provou ser insustentável em longo prazo A experiência do México desde 1995 mostra que grandes países em desenvolvimento podem gerenciar muito bem com uma taxa de câmbio flutuante e é difícil de acreditar que se o México tivesse corrigido seu rumo teria sobrevivido às repercussões da crise asiática de 1998 sem desenvolver uma crise monetária própria 2 A importância central do sistema bancário Uma grande parte do que fez a crise asiática ser tão devas tadora foi que não era puramente uma crise monetá ria mas uma crise monetária inextricavelmente mis turada com crises bancárias e financeiras No sentido mais imediato os governos foram confrontados com o conflito entre restringir a oferta de moeda para apoiar a moeda e a necessidade de imprimir grandes quantidades de dinheiro para lidar com as corridas bancárias Mais amplamente o colapso de muitos bancos interrompeu a economia cortando canais de crédito o que tornava difícil até para empresas lucra tivas permanecerem no negócio Isso não deveria ser surpresa em relação à Ásia Efeitos similares da fragi lidade do sistema bancário desempenharam funções nas crises de Argentina Chile e Uruguai na década de 1980 do México em 19941995 e mesmo nas de países industrializados como a Suécia durante os ata ques ao SME em 1992 Capítulo 21 Infelizmente o desempenho espetacular da economia da Ásia antes da sua crise cegou as pessoas para suas vulnerabilida des financeiras No futuro governos sábios em todos os lugares dedicarão muita atenção para escorar seus sistemas bancários para minimizar o risco moral na esperança de se tornarem menos vulneráveis às catás trofes financeiras 3 A sequência correta das medidas de reforma Refor madores econômicos nos países em desenvolvimento aprenderam da maneira mais difícil que a ordem em que são tomadas medidas de liberalização realmente importa Essa verdade também decorre da teoria econômica básica o princípio do segundo melhor nos diz que quando uma economia sofre várias dis torções a remoção de apenas uns poucos problemas pode piorar as coisas não melhorar Países em desen volvimento em geral sofrem de muitas muitas distor ções assim esse ponto é especialmente importante para eles Considere o sequenciamento da liberali zação da conta financeira e da reforma do setor fi nanceiro por exemplo É claramente um erro abrir a conta financeira antes de pôr em vigor salvaguardas sólidas e a supervisão das instituições financeiras do mésticas Caso contrário a capacidade de emprestar no exterior incentivará apenas empréstimos impru dentes concedidos por bancos nacionais Quando a economia se desacelera o capital estrangeiro fugirá deixando os bancos domésticos insolventes Assim os países em desenvolvimento devem atrasar a aber tura da conta financeira até que o sistema financeiro nacional esteja forte o suficiente para suportar o às vezes violento fluxo e refluxo de capitais do mundo Os economistas argumentam também que a liberali zação do comércio deve preceder a liberalização da conta financeira A liberalização da conta financeira pode causar volatilidade das taxas de câmbio reais e impedir a circulação dos fatores de produção de M22KRUGXXXXC22indd 543 12915 623 PM 544 Economia internacional mercadorias não comercializáveis em indústrias de mercadorias comercializáveis 4 A importância do contágio Uma última lição da ex periência dos países em desenvolvimento é a vulne rabilidade das economias mesmo aparentemente saudáveis às crises de confiança geradas por eventos em outras partes do mundo um efeito dominó que tem sido conhecido como contágio O contágio estava presente quando a crise na Tailândia uma pequena economia no Sudeste Asiático provocou uma nova crise na Coreia do Sul uma economia muito maior a uns 2000 km de distância Um exemplo ainda mais espetacular surgiu em agosto de 1998 quando um mergulho no rublo russo provocou enorme especu lação contra o real do Brasil O problema do con tágio e a preocupação de que mesmo a mais cuida dosa gestão econômica não pode oferecer imunidade total tornou se central para a discussão de possíveis reformas do sistema financeiro internacional que ve remos a seguir Reforma da arquitetura financeira do mundo Dificuldades econômicas levam inevitavelmente a propostas de reformas econômicas A crise econômica asiática e suas repercussões sugeriram a muitas pessoas que o sistema financeiro e monetário internacional ou pelo menos a parte que se aplica a países em desenvol vimento precisava de mudanças Propostas para tal revisão foram agrupadas sob o título impressionante e vago de planos para uma nova arquitetura financeira Por que a crise asiática convenceu quase todos de uma necessidade de repensar as relações monetárias internacionais quando as crises no início da década de 1990 não tiveram essa capacidade Uma das razões foi que os problemas dos países asiáticos pareciam deri var principalmente de suas conexões com o mercado de capitais do mundo A crise demonstrou claramente que um país pode ser vulnerável a uma crise monetária mesmo se sua posição parecer saudável por medidas normais Nenhuma das economias asiáticas com proble mas tinha graves déficits taxas excessivas de expansão monetária níveis preocupantes de inflação ou qualquer dos outros indicadores que tradicionalmente têm sinali zado a vulnerabilidade a ataques especulativos Se houve graves deficiências nas economias uma proposição que é questionável uma vez que alguns economistas argumentam que as economias seriam muito saudáveis se não fosse pelos ataques especulativos elas envol veram questões como a força do sistema bancário que poderia ter permanecido dormente na ausência de fortes depreciações da moeda A segunda razão para repensar o financiamento in ternacional foi a força de contágio aparente em todo o mercado internacional de capitais A velocidade e a força com que os distúrbios do mercado podem ser espalha dos entre economias distantes sugeriram que as medidas preventivas tomadas pelas economias individuais podem não ser suficientes Assim como uma preocupação sobre a interdependência econômica havia inspirado o blueprint de Bretton Woods para a economia mundial em 1944 formuladores de políticas ao redor do mundo colocaram novamente a reforma do sistema internacional em suas agendas após a crise asiática Os países em desenvolvimento em geral se recupe raram rapidamente da crise financeira de 20072009 dessa vez ao contrário de 1982 os países ricos foram os que sofreram recessão prolongada Capítulo 19 Mas não ficou claro se a resiliência dos países em desenvol vimento decorreu de reformas aprovadas após a crise asiática explorações mais elevadas das reservas inter nacionais altos preços das commodities maior flexi bilidade das taxas de câmbio ou das taxas de juro his toricamente baixas aplicadas pelos bancos centrais de países industriais Tendo em conta o contágio de tirar o fôlego exibido novamente na crise de 20072009 espa lhada pelo globo o sentimento de que as finanças inter nacionais precisam de uma revisão manteve se forte Analisaremos a seguir algumas das principais questões envolvidas Mobilidade de capitais e o trilema do regime da taxa de câmbio Um dos efeitos da crise asiática foi dissipar quais quer ilusões que possamos ter sobre a disponibilidade de respostas fáceis para os problemas da macroeconomia internacional e das finanças A crise e sua propagação tornaram muito claro que algumas desvantagens conhe cidas da política para economias abertas permanecem tão gritantes como sempre e talvez tenham se tor nado ainda mais difíceis de gerenciar O Capítulo 19 analisou o trilema monetário básico para as economias abertas Dos três objetivos que a maioria dos países compartilha independência na política monetária estabilidade na taxa de câmbio e a livre circulação de capitais apenas dois podem ser alcançados simultaneamente A estabilidade da taxa de câmbio é mais importante para o país típico em desen volvimento do que para o país típico desenvolvido Os países em desenvolvimento têm menos capacidade de influenciar seus termos de comércio do que os desenvol M22KRUGXXXXC22indd 544 12915 623 PM 545 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma vidos e a estabilidade da taxa de câmbio pode ser mais importante para manter a inflação sob controle e evitar o estresse financeiro nos países em desenvolvimento Em particular a prática generalizada de países em desenvol vimento em pegar empréstimos em dólares ou outras moedas importantes externa e internamente significa que as depreciações da moeda podem aumentar signifi cativamente a carga real das dívidas O dilema que pretensos reformadores da arquitetura financeira mundial enfrentam pode então ser resumido como segue por causa da ameaça do tipo de crises monetárias que atingiu a Ásia em 1997 e o México em 19941995 parece difícil se não impossível alcançar todos os três objetivos ao mesmo tempo Ou seja para atingir um deles um país deve desistir de um dos outros dois objetivos Até o fim da década de 1970 a maio ria dos países em desenvolvimento mantinha controles cambiais e movimentos limitados de capitais privados em particular como já vimos Alguns países grandes em desenvolvimento em especial a China e a Índia ainda conservam tais controles Embora houvesse uma eva são considerável dos controles eles diminuíram o ritmo dos movimentos de capitais Como resultado países poderiam atrelar suas taxas de câmbio durante longos períodos produzir estabilidade cambial ainda assim desvalorizando suas moedas na ocasião que ofe recia autonomia monetária considerável O problema principal com os controles foi que impuseram restrições onerosas em transações internacionais assim reduzindo a eficiência e contribuindo para a corrupção Nas últimas duas décadas do século XX o capital tornou se substancialmente mais móvel em grande parte porque os controles foram suspensos mas também por causa da melhora da tecnologia de comunicação Essa nova mobilidade de capitais tornou os regimes de indexação ajustável extremamente vulneráveis à espe culação uma vez que o capital poderia fugir de uma moeda ao menor indício de que ela poderia ser desvalo rizada O mesmo fenômeno ocorreu entre países desen volvidos na década de 1960 e início dos anos 1970 como vimos no Capítulo 19 O resultado foi levar os países em desenvolvimento em direção a um ou o outro lado do triângulo na Figura 192 ou taxas de câmbio rigi damente fixas e uma renúncia à autonomia monetária como a dolarização ou o sistema de conselho monetário descrito acima ou taxas de câmbio flexíveis gerenciadas e até mesmo flutuantes Mas apesar da lição da expe riência de que as posições intermediárias são perigosas os países em desenvolvimento têm ficado desconfortá veis com ambos os extremos Enquanto uma economia grande como a dos Estados Unidos pode aceitar uma taxa de câmbio amplamente flutuante uma economia em desenvolvimento menor muitas vezes considera os custos de tal volatilidade difíceis de sustentar em parte porque é mais aberta e em parte porque ele sofre do pecado original Como resultado até mesmo países ale gando flutuar suas moedas podem exibir um medo de flutuar e em vez disso limitam flutuações cambiais ao longo do tempo17 Enquanto isso um sistema rígido como um conselho monetário pode privar um país de flexibilidade especialmente quando ele está lidando com crises financeiras em que o banco central deve atuar como emprestador de última instância Vários economistas respeitados incluindo Jagdish Bhagwati e Joseph Stiglitz da Universidade de Colum bia e Dani Rodrik da Universidade de Harvard têm argumentado que os países em desenvolvimento devem manter ou restabelecer as restrições à mobili dade do capital para poder exercer autonomia mone tária enquanto desfrutam de taxas de câmbio estáveis18 Diante da crise asiática China e Índia por exemplo colocaram planos de liberalizar suas contas de capital em espera alguns países que tinham liberalizado os movimentos de capitais consideraram a possibilidade de promulgar restrições como a Malásia de fato fez A maioria dos decisores políticos tanto nos países em desenvolvimento quanto nos industriais continuam a considerar os controles de capital difíceis de aplicar por muito tempo ou perturbadores dos relacionamentos comerciais normais bem como uma fonte de corrupção potente Essas reservas aplicam se mais aos controles de saídas de capital porque as restrições são particular mente difíceis de manter eficazmente quando proprietá rios de riqueza estão fugindo para o exterior a fim de evitar perdas potencialmente grandes Contudo nos últimos anos um grande número de países de mercados emergentes do Brasil a Israel tornaram se mais abertos a impor controles limitados sobre fluxos financeiros e até mesmo o FMI tornou se mais aberto a sua utilização Uma das razões para a mudança é um motivo macroprudencial limites de fluxos financeiros poderiam limitar os empréstimos bancários excessivos durante os surtos de crescimento e desse modo moderar a contração resultante em caso de parada súbita ou reversão de fluxo financeiro mais tardio Uma motivação igualmente se não mais impor 17 Veja Guillermo A Calvo e Carmen M Reinhart Fear of Floa ting Quarterly Journal of Economics v 117 p 379408 maio 2002 18 Veja Jagdish N Bhagwati The Capital Myth Foreign Affairs v 77 p 712 maiojun 1998 Dani Rodrik Who Needs Capital Account Convertibility In Stanley Fischer et al Should the IMF Pursue Capital Account Convertibility Princeton Essays in Interna tional Finance 207 maio 1998 e Joseph E Stiglitz Globalization and Its Discontents New York W W Norton Company 2003 M22KRUGXXXXC22indd 545 12915 623 PM 546 Economia internacional tante foi o desejo de limitar a valorização da moeda real e o dano resultante para as exportações sem recorrer a políticas de inflação monetária19 Enquanto há uma abertura renovada para controles de entrada de capital a maioria das discussões da arqui tetura financeira tem focado em vez disso nas medidas curativas maneiras de tornar as escolhas restantes menos penosas mesmo quando os controles de capital não são usados Medidas profiláticas Uma vez que o risco de crise financeira é o que torna tão difíceis as decisões envolvendo a escolha do regime de taxa de câmbio algumas propostas recentes centram se nas formas de reduzir esse risco Propostas típicas incluem chamadas para o seguinte Mais transparência Pelo menos uma parte do que deu errado na Ásia era que os bancos estrangeiros e outros investidores emprestaram dinheiro a empresas asiáticas sem qualquer ideia clara de quais seriam os riscos e em seguida retiraram seu dinheiro de modo igualmente cego quando se tornou claro que os riscos eram maio res do que tinham imaginado Portanto há muitas propostas para maior transparência isto é a melhor prestação de informação financeira da mesma forma que as corporações nos Estados Unidos são obrigadas a fornecer relatórios públi cos exatos de suas posições financeiras A espe rança é que o aumento da transparência reduzirá tanto a tendência de muito dinheiro ser direcio nado a um país quando as coisas estão indo bem quanto a corrida para as saídas quando a verdade acabar sendo menos favorável do que o esperado Sistemas bancários mais fortes Como já vimos um fator que fez a crise asiática ser tão grave foi a maneira como a crise cambial interagiu com as corridas bancárias É no mínimo possível que essas interações tivessem sido mais leves se os bancos fossem mais fortes Assim também há muitas pro postas para o fortalecimento dos bancos mediante regulamento mais rigoroso dos riscos que eles cor rem e aumento das necessidades de capital que asseguram que as quantidades substanciais de dinheiro dos proprietários estão em risco Claro a crise de 20072009 demonstrou que os mercados financeiros de países industriais realmente estavam menos robustos do que pareciam A necessidade de maior transparência e regulação mais rigorosa das instituições financeiras é universal Linhas de crédito otimizadas Alguns refor madores também desejam estabelecer linhas de crédito especiais que as nações poderiam utili zar na eventualidade de uma crise monetária adicionando na verdade reservas a suas divisas A ideia seria que a mera existência dessas linhas de crédito as tornaria desnecessárias enquanto os especuladores sabiam que os países tinham crédito suficiente para atender até mesmo uma grande saída dos fundos não esperavam nem temiam que suas próprias ações produziriam uma desvalorização repentina Tais linhas de crédito poderiam ser fornecidas por bancos privados ou por organismos públicos como o FMI Essa área de reforma também pode ser vista como aplicável aos países mais ricos após os acontecimentos de 20072009 veja o quadro sobre swaps de moeda do banco central no Capítulo 20 p 483485 Aumento influxos de capital de patrimônio em relação a influxos de dívida Se os países em desen volvimento financiassem uma proporção maior de seus fluxos de capital estrangeiros privados por meio da carteira de investimentos de capital ou investimento direto estrangeiro em vez de pela emissão de dívida a probabilidade de inadimplên cia seria muito menor Os pagamentos dos países estrangeiros seriam mais estreitamente ligados a suas fortunas econômicas e cairiam automatica mente quando os tempos estivessem difíceis Na verdade tem havido uma tendência para uma maior dependência de mercados emergentes de capital estrangeiro em vez de financiamento de dívida e esse desenvolvimento provavelmente melhorou a resiliência dos mercados emergentes em face da crise financeira global de 2007200920 A comunidade internacional reconhece que os paí ses em desenvolvimento desempenham um papel cada vez mais importante como credores e mutuários nos mercados financeiros mundiais Discussões em curso na Basileia e em outros lugares sobre a cooperação global na regulamentação do sistema bancário cada vez mais incluem os países principais de mercado emergente como participantes chave 19 Como uma indicação da abordagem atual do FMI veja por exem plo Jonathan D Ostry et al Capital Controls When and Why IMF Economic Review v 59 p 562580 2011 20 Essa tendência é documentada por Eswar S Prasad Role Rever sal in Global Finance In Achieving Maximum Long Run Growth A Symposium Sponsored by the Federal Reserve Bank of Kansas City Kansas City MO Federal Reserve Bank of Kansas City 2012 p 339390 Consulte também o artigo de Forbes nas Leituras adicionais M22KRUGXXXXC22indd 546 12915 623 PM 547 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma lidar com a crise Mesmo com as medidas profiláticas propostas as crises certamente ainda acontecerão Assim também há propostas para modificar a maneira como o mundo reage a essas crises Muitas dessas propostas se relacionam com o papel e as políticas do FMI Aqui as opiniões são duramente divididas Alguns críticos conservadores acreditam que o FMI deve simplesmente ser abolido argumentando que sua existência incentiva empréstimos irresponsáveis ao fazer os mutuários e credores acreditarem que sem pre serão salvos das consequências de suas ações uma versão do argumento do risco moral já descrito Outros críticos argumentam que o FMI é necessário mas tem interpretado mal seu papel por tentar por exemplo insistir na reforma estrutural quando em vez disso deve ria restringir se a questões financeiras Vários países asiá ticos se ressentiam de ter que seguir os conselhos do FMI durante a crise na década de 1990 Para eles como já vimos um motivo de acumulação de reservas foi evitar ter que emprestar dólares do FMI e aceitar as condi ções do Fundo Por fim os defensores do FMI e tam bém alguns de seus críticos argumentam que a agência simplesmente tem sido insuficiente para sua tarefa que em um mundo de mobilidade de capitais alta ele precisa ter a capacidade de fornecer empréstimos muito maiores e muito mais depressa do que é capaz hoje Os recursos do FMI aumentaram muito como resultado da crise de 20072009 e os movimentos estão em andamento para aumentar a legitimidade de percepção do FMI nos paí ses em desenvolvimento dando uma porcentagem maior de voto na gestão do FMI aos países mais pobres Medi das como essas devem melhorar o funcionamento do sis tema internacional Outro conjunto de propostas é baseado na ideia de que às vezes um país simplesmente não pode pagar suas dívi das e que os contratos internacionais portanto devem ser estruturados de modo a dar velocidade e reduzir os cus tos à renegociação entre credores e devedores Como observamos em nossa discussão sobre a crise da dívida da década de 1980 as amortizações limitadas da dívida leva ram ao fim dessa crise Mesmo na zona do euro a emis são de títulos soberanos começando em janeiro de 2013 continha cláusulas que tornavam mais fácil para os gover nos renegociar suas dívidas com os credores privados Os críticos argumentam que tais providências seriam inefica zes ou contraproducentes porque encorajariam países a contrair empréstimos excessivos com o conhecimento de que eles poderiam renegociar suas dívidas mais facilmente o risco moral mais uma vez moeda chinesa indexada Na primeira década de 2000 a China desenvolveu um superávit substancial de conta corrente global e um grande superávit bilateral com os Estados Uni dos Em 2006 o superávit de conta corrente atingiu US 239 bilhões ou 91 da produção da China e o excedente bilateral com os Estados Unidos de US 233 bilhões era de tamanho similar Boa parte das expor tações da China para os Estados Unidos é composta por montagem de componentes importados de outros lugares da Ásia um fator que reduz as exportações de outros países asiáticos para os Estados Unidos e aumenta as da China Não obstante os atritos comer ciais entre os Estados Unidos e a China aumentaram com o enfoque críticos norte americanos na interven ção da China nos mercados monetários para impedir uma valorização abrupta de sua moeda o yuan ren minbi contra os dólares dos Estados Unidos A Figura 223 mostra como a China fixou a taxa de câmbio de 828 yuan por dólar entre o período de crise asiática e 2005 Enfrentando a ameaça de san ções comerciais por parte do Congresso dos Esta dos Unidos a China realizou uma revalorização de 21 da sua moeda em julho de 2005 criando uma banda estreita de moeda para a taxa de câmbio e permitindo a moeda valorizar a uma taxa constante e lenta Em janeiro de 2008 a valorização acumu lada da taxa inicial de 828 yuan por dólar era de cerca de 13 bem abaixo dos 20 ou mais de subvalorização alegados pelos falcões de comércio no Congresso No início do verão de 2008 no meio da crise finan ceira a China atrelou sua taxa de câmbio mais uma vez agora em cerca de 683 yuan por dólar Em res posta à pressão estrangeira renovada a China em junho de 2010 anunciou que estava adotando um regime de taxa de câmbio float gerenciado e sob esse acordo o yuan tinha valorizado a cerca 612 por dólar a partir da queda de 2013 uma valorização de cerca de mais de 10 O governo chinês moveu se então lentamente por causa do medo de perder competitividade da expor tação e redistribuir renda domesticamente ao permi tir uma grande mudança da taxa de câmbio Muitos economistas fora da China acreditam no entanto M22KRUGXXXXC22indd 547 12915 623 PM 548 Economia internacional que uma valorização adicional do yuan seria do interesse da China Por essa razão os grandes aumentos de reserva associados com a indexação da moeda da China causaram pressões inflacioná rias na economia As reservas cambiais têm cres cido rapidamente não só por causa do excedente da conta corrente da China mas também por causa de influxos especulativos de dinheiro apostando em uma revalorização substancial da moeda Para evitar atrair mais fluxos financeiros através de seus controles de capital porosos a China tem hesitado em aumentar as taxas de juros e sufocar a inflação No passado no entanto a inflação alta na China causou agitação social significativa Que mistura política faz sentido para a China A Figura 224 mostra a posição de sua economia uti lizando o diagrama desenvolvido antes neste livro como Figura 193 No início da década de 2010 a China estava em um ponto como 1 na Figura 224 com um superávit externo e pressões inflacionárias crescentes mas com forte relutância em elevar o desemprego e assim retardar o movimento da mão de obra do campo relativamente de volta para a indústria O pacote de políticas que movimentam a economia ao equilíbrio interno e externo do ponto 2 na Figura 224 é um aumento da absorção junto com a valorização da moeda A valorização trabalha para alternar as despesas em direção às importações e pressões inflacionárias mais baixas o aumento de absorção trabalha diretamente para reduzir o exce dente de exportação ao mesmo tempo impedindo o surgimento de desemprego que traria apenas uma valorização da moeda Os economistas argumentam ainda que a China deve centrar se na elevação do consumo privado e do governo21 Os poupadores da China põem de lado mais de 45 do PIB por ano um número impressio nante A poupança é tão alta em parte por causa de uma falta generalizada de serviços básicos que o governo antes fornecia como cuidados de saúde A incerteza resultante leva as pessoas a poupar como forma de precaução contra a possibilidade de futuros infortúnios Fornecendo uma melhor rede de segu rança social o governo aumentaria ao mesmo tempo o consumo privado e do governo Além disso há uma forte necessidade de expansão dos gastos do governo FIGURA 223 Taxa de câmbio yuandólar 19982013 O Yuan da China foi fixado em valor contra o dólar dos Estados Unidos por vários anos antes de julho de 2005 A moeda valorizou gradualmente após uma reavaliação inicial de 21 contra o dólar Jan 1998 Jul 1998 Jan 1999 Jul 1999 Jan 2000 Jul 2000 Jan 2001 Jul 2001 Jan 2002 Jul 2002 Jan 2003 Jul 2003 Jan 2004 Jul 2004 Jan 2005 Jul 2005 Jan 2006 Jul 2006 Jan 2007 Jul 2007 Jan 2008 Jul 2008 Jan 2009 Jul 2009 Jan 2010 Jul 2010 Jan 2011 Jul 2011 Jan 2012 Jul 2012 Jan 2013 Jul 2013 6 62 64 66 68 7 72 74 76 78 8 82 84 Yuan por dólar 21 Para uma discussão clara veja Nicholas R Lardy China Toward a Consumption Driven Growth Path Policy Briefs in Internatio nal Economics Washington DC Institute for International Economics out 2006 M22KRUGXXXXC22indd 548 12915 623 PM 549 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma em itens como limpeza ambiental investimento em fontes de energia mais limpas etc22 Embora os líderes da China tenham concordado publicamente com as necessidades de aumentar o consumo e valorizar a moeda eles se movimentam muito cautelosamente até agora acelerando suas reformas somente quando as pressões políticas exter nas como a ameaça de sanções comerciais tornam se graves Se esse ritmo de mudança vai satisfazer os críticos externos bem como as exigências da maioria do povo chinês para maior segurança e qualidade de vida ainda precisa ser determinado 22 Para uma discussão clara veja Nicholas R Lardy China Toward a Consumption Driven Growth Path Policy Briefs in Internatio nal Economics Washington DC Institute for International Economics out 2006 FIGURA 224 Reequilibrando a economia da China 1 Taxa de câmbio E Revalorização do renminbi que resulta no equilíbrio interno e externo A C I G Expansão da absorção que resulta no equilíbrio interno e externo 2 XX II A China enfrenta pressão inflacionária e excedentes em conta corrente O país pode corrigir ambos sem elevar o desemprego ao expandir a absorção e revalorizar sua moeda Compreensão dos fluxos de capital global e a distribuição global de renda é o destino da geografia Como salientamos no início deste capítulo o mundo de hoje caracteriza se por uma vasta dispersão interna cional em níveis de renda e bem estar Entretanto em contradição com uma teoria simples de convergência não há nenhuma tendência sistemática para os níveis de rendi mento dos países mais pobres convergirem mesmo lenta mente para os níveis dos países mais ricos23 Nos modelos macroeconômicos convencionais de crescimento econô mico o rendimento real per capita dos países depende de seus estoques de capital físico e humano cujos produtos marginais são mais altos onde os estoques são baixos em relação ao estoque de mão de obra não qualificada Como os altos produtos marginais de investimento apre sentam incentivos fortes para a acumulação de capital incluindo os fluxos de capital do exterior os modelos padrão preveem que os países mais pobres tenderão a 23 Embora essa afi rmação seja verdadeira quando a unidade de estudo é o país é menos precisa quando a unidade de estudo é o indivíduo Uma preponderância dos pobres do mundo em 1960 viviam na China e na Índia dois países que experimentaram crescimento relativamente rápido nos últimos anos Uma causa principal do seu crescimento no entanto foram as reformas econômicas favoráveis ao mercado Para uma dis cussão mais aprofundada veja Stanley Fischer Globalization and Its Challenges American Economic Review v 93 p 130 maio 2003 M22KRUGXXXXC22indd 549 12915 623 PM 550 Economia internacional crescer mais depressa do que os ricos Em última análise se eles tiverem acesso às mesmas tecnologias utilizadas em países mais ricos os países pobres se tornarão ricos Contudo na prática essa história feliz é a exceção e não a regra Além disso relativamente pouco capital flui para os países em desenvolvimento apesar da pre visão da simples teoria de convergência de que o pro duto marginal do capital e portanto os retornos de investimento estrangeiro devem ser altos nesse ponto A escala dos fluxos de capital para o mundo em desen volvimento é diminuída pelos fluxos brutos entre os países desenvolvidos E desde o final da década de 1990 ver Tabela 223 os fluxos líquidos de países em desen volvimento se inverteram conforme os Estados Unidos têm sugado a maioria dos excedentes de conta corrente disponíveis do mundo Na verdade os riscos de investir em vários dos paí ses em desenvolvimento limitam sua atratividade para os investidores tanto estrangeiros quanto nacionais e esses riscos são intimamente relacionados com os desempenhos de baixo crescimento econômico dos paí ses Quando os governos são relutantes ou incapazes de proteger os direitos de propriedade os investidores não estarão dispostos a investir em capital físico ou humano então o crescimento será baixo ou inexistente O qua dro seguinte analisa com mais profundidade o compor tamento dos fluxos de capitais de países ricos aos países pobres O que explica o fato de que alguns países têm se tornado muito ricos enquanto alguns atraem pouco ou nenhum investimento estrangeiro e permanecem na pobreza ex trema Duas escolas de pensamento importantes sobre a questão enfocam alternativamente sobre características geográficas dos países e em suas instituições de governo Um dos proponentes principais da teoria da geografia é o geógrafo da UCLA Jared Diamond cujo fascinante e influente livro Guns Germs and Steel The Fates of Human Societies New York W W Norton Company 1997 ganhou um prêmio Pulitzer em 1998 Em uma versão da visão da geografia os aspectos do ambiente físico do país como clima tipo de solo doenças e acessibilidade geo gráfica determinam seu desempenho econômico no longo prazo Assim por exemplo o clima hostil a ausência de grandes espécies de animais facilmente domesticadas e a presença de febre amarela e malária condenaram as zonas tropicais a ficar atrás das regiões mais temperadas da Europa que poderiam apoiar as inovações agrícolas como a rotação de culturas Por essas razões argumenta Diamond foram os europeus que conquistaram os habi tantes do Novo Mundo e não vice versa Paradoxos do caPital Embora muitos países em desenvolvimento tenham contraído empréstimos de credores desenvol vidos ao longo dos anos desde a Segunda Guerra Mun dial o padrão global dos fluxos financeiros dos países ricos aos países pobres tem divergido cada vez mais do que a teoria econômica básica parece prever um forte fluxo de empréstimos de países de alta renda ricos em capital para países de baixa renda onde o capital é escasso e onde as oportunidades de inves timento são portanto presumivelmente abundantes A Figura 225 ilustra o padrão global de saldos de conta corrente desde 1970 Os empréstimos contraí dos por países em desenvolvimento não produtores de petróleo foram bastante limitados com a exceção parcial da década de 1990 quando vários mutuários de países em desenvolvimento entre eles México Tailândia e República Tcheca eventualmente tiveram problemas Ao mesmo tempo os excedentes de conta corrente pelo grupo dos países ricos foram pequenos ou inexistentes Então na década de 2000 os paí ses em desenvolvimento não produtores de petró leo junto com os países exportadores de petróleo desenvolveram excedentes consideráveis enquanto os países ricos contraíram empréstimos extensiva mente dos pobres Em geral os países em desenvolvimento não pro dutores de petróleo não tiveram os grandes déficits de conta corrente previstos pelas teorias de desenvolvi mento simples No início do século XXI os desequilí brios de conta corrente global expandiram se drasti camente mas os países ricos ficaram com os déficits Antes de ocorrer o boom de empréstimos contra ídos pelos países em desenvolvimento da década de 1990 o economista Robert E Lucas Jr da Universi dade de Chicago observou que as grandes dispa ridades de rendimento entre países ricos e pobres se causadas por diferenças em dotações de capital deveriam implicar grandes oportunidades para o capi tal estrangeiro de mover se de forma rentável para o mundo em desenvolvimento Por que então o inves timento não foi muito abaixo da economia nos países ricos e muito superior a poupança em países pobres Lucas sugeriu que a resposta estava relacionada com a escassez de capital humano nos países pobres na forma de uma força de trabalho altamente qualifi cada e o know how gerencial Outros estudiosos colo M22KRUGXXXXC22indd 550 12915 623 PM 551 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma caram mais peso na maior fragilidade dos direitos de propriedade e a estabilidade do governo nos países mais pobres uma posição que foi parcialmente corro borada pelas crises dos anos 199024 Curiosamente o fluxo de capital limitado do pós guerra dos países ricos aos países pobres foi previsto no início de 1950 pelo economista da Universidade de Columbia Ragnar Nurkse O século XIX viu um boom em investimentos ultramarinos europeus durante o qual Grã Bretanha o principal credor global investiu cerca de 4 de sua renda no exterior anualmente pelas cinco décadas que precederam a Primeira Guerra Mundial Nurkse alegou que as condições do comodato presente foram muito especiais e improváveis de serem replica das após a Segunda Guerra Mundial A maioria do inves timento observou ele fluiu para muito poucos países de colonização recente financiando a infraestrutura como estradas de ferro necessária para as ondas de imi grantes europeus que acompanharam o fluxo de capital Esses imigrantes transplantaram know how europeu bem como instituições de governança que tornaram mais provável a utilização eficaz dos recursos de inves timento Não surpreendentemente a maioria dos países beneficiários notadamente Austrália Nova Zelândia Canadá e Estados Unidos são ricos enquanto a maio ria das economias mais pobres extrativas que recebeu uma parcela muito menor de investimento estrangeiro antes de 1914 permanece pobre até hoje25 Progressos no século XXI fizeram o padrão interna cional dos fluxos de capital parecer ainda mais para doxais do que antes Não era só o capital que não fluía dos países ricos aos países pobres em quantidades apreciáveis na verdade fluía colina acima de pobres para ricos e em grande escala Por trás desse padrão residem alguns progressos específicos crescimentos de ativos nos países ricos estimularam o consumo e o investimento em habitação por exemplo causando grandes déficits de conta corrente enquanto o cres cimento rápido dos países ricos e principalmente a China aumentaram os preços das commodities permi tindo que muitos exportadores relativamente pobres de matérias primas tivessem excedentes Entretanto 24 Essas teorias não são mutuamente exclusivas Como mencionado o investimento no capital humano é desencorajado pela baixa prote ção dos direitos de propriedade Sobre o enigma dos baixos fl uxos de capital para os países pobres consulte Robert E Lucas Jr Why Doesnt Capital Flow from Rich to Poor Countries American Economic Review v 80 p 9296 maio 1990 Um estudo que liga fl uxos limitados de capital à qualidade institucional pobre é Laura Alfaro Sebnem Kalemli Ozcan e VadymVolosovych Why Doesnt Capi tal Flow from Rich to Poor Countries An Empirical Investigation Review of Economics and Statistics v 90 p 347368 maio 2008 Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff atribuem o enigma de Lucas à probabilidade de os países em desenvolvimento serem inadimplentes Veja Serial Default and the Paradox of Rich to Poor Capital Flows American Economic Review v 94 p 5358 maio 2004 25 Veja Nurkse International Investment To Day in the Light of Nineteenth Century Experience Economic Journal v 64 p 744758 dez 1954 FIGURA 225 Saldos de contacorrente de grupos importantes do país 19702012 Bilhões de dólares 800 600 400 200 0 200 400 600 Desenvolvido Em desenvolvimento com petróleo Em desenvolvimento sem petróleo 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Fonte Fundo Monetário Internacional Estatísticas Financeiras Internacionais Note que as desigualdades regionais geralmente não somam zero devido a erros e omissões M22KRUGXXXXC22indd 551 12915 623 PM 552 Economia internacional Outro fator destacado em algumas teorias geográfi cas é o acesso ao comércio internacional Países mon tanhosos e sem litoral fazem menos comércio com o mundo exterior e portanto têm desempenho pior do que aqueles países abençoados com bons portos marítimos hidrovias internas navegáveis e estradas facil mente percorridas Em contraste aqueles que favorecem as instituições do governo como o fator decisivo para a prosperidade econômica enfocam no sucesso do governo em proteger os direitos de propriedade privada encorajando assim a iniciativa privada os investimentos a inovação e o cres cimento econômico em última análise De acordo com essa visão um país que não pode proteger os seus cida dãos de confisco arbitrário da propriedade por exem plo por meio de extorsão por gângsteres privados ou de funcionários públicos corruptos será um país em que as pessoas não acharão útil exercer esforços em busca de riqueza27 Esse mecanismo é um dos fatores subjacen tes a associação positiva entre menor corrupção e maior renda per capita mostrada na Figura 221 um nível de corrupção baixa promove a atividade econômica pro dutiva garantindo aos investidores que os frutos de seu trabalho não serão apreendidos arbitrariamente Con tudo como observamos ao discutir essas evidências a inclinação positiva na figura não é evidência decisiva de que as instituições nacionais determinam a renda nacio nal Poderia ser por exemplo que a inclinação mostrada fosse causada principalmente pelo desejo dos países mais ricos de conter a corrupção e pelos maiores recursos que eles podem dedicar a essa tarefa Mesmo que esse seja o caso ainda pode ser verdade que a geografia determina os níveis de rendimento e também define assim em última análise as instituições No entanto se a geografia mais favorável conduz à renda mais elevada e por meio de renda mais elevada a um melhor ambiente institu cional caracterizado entre outras coisas por corrupção menor então a linha de pensamento baseada na geo grafia parece estar certa Para os legisladores a possibi lidade de reforçar o crescimento econômico mediante a reforma das instituições parece mais tênue28 conforme os economistas olharam com mais atenção essa configuração surpreendente descobriram novos paradoxos ainda mais intrigantes do que os quais Lucas tinha levantado em 1990 Primeiro a experiência desde 1970 revelou que em média o capital estrangeiro não parece estimular o crescimento econômico Em vez disso os países que cresceram mais rápido são os que têm invocado mais poupança interna e têm déficits menores em conta corrente e muitas vezes excedentes Por exemplo as economias de sucesso do Leste da Ásia em especial a China geralmente tiveram níveis de poupança altos Um segundo paradoxo relacionado destacado por Pierre Olivier Gourinchas da Universidade da Califór nia em Berkeley e Olivier Jeanne da Johns Hopkins University chama se enigma da alocação os países com menor crescimento na produtividade da mão de obra e capital de fato atraem relativamente mais influxos financeiros estrangeiros do que os países com crescimento de produtividade alta Os pesquisadores ainda estão buscando resolver esses novos enigmas Muitos países pobres têm siste mas financeiros fracos que não conseguem lidar com grandes influxos de empréstimos estrangeiros sem um risco de crise elevado Assim os países que geram grande volume de poupança podem ter uma vanta gem de crescimento Gourinchas e Jeanne sugerem que seu enigma de alocação esteja relacionado com o acúmulo de reservas internacionais por algumas economias de crescimento rápido como a da China Essas economias frequentemente recebem influxos substanciais de investimento estrangeiro direto mas sua economia é tão alta que ainda têm os excedentes globais em suas contas correntes26 26 Veja Airton Prasad Raghuram Rajan e Arvind Subramanian The Paradox of Capital Finance Development v 44 mar 2007 e Gourinchas e Jeanne Capital Flows to Developing Countries The Allocation Puzzle Review of Economic Studies v 80 p 14841515 out 2013 27 Veja por exemplo Douglass C North Institutions Institutional Change and Economic Performance Cambridge Cambridge Uni versity Press 1990 28 Em países que antigamente eram colônias europeias as instituições atuais muitas vezes foram implantadas por governantes estrangei ros A geografia desempenhou um papel nos tipos de instituições que os colonizadores configuraram Assim nas Índias Ocidentais e América do Sul de clima e o solo que eram propícios à agricultura de plantação com base no trabalho escravo e uma tecnologia de retornos crescentes que garantiu o cultivo de grandes unidades e uma distribuição de renda desigual As instituições resultantes mesmo se configuradas por colonos de países que tinham regras de esclarecimento limitado eram fundamentalmente hostis aos ide ais políticos igualitários e à proteção da propriedade A desigual dade de riqueza e poder perpetuou se em muitos casos dificultando assim o crescimento a longo prazo Para uma discussão clássica veja Stanley L Engerman e Kenneth D Sokoloff Factor En dowments Institutions and Differential Paths of Growth among New World Economies A View from Economic Historians of the United States In Stephen Haber Ed How Latin America Fell Behind Stanford CA Stanford University Press 1997 A hipótese das instituições permite que a geografia afete o rendimento mas exige que a geografia afete apenas ou principalmente a renda ao influenciar as instituições M22KRUGXXXXC22indd 552 12915 623 PM 553 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma Como se pode esperar distinguir entre as várias possibilidades estatísticas Uma estratégia é encontrar algum fator mensurável que influencie as instituições que regem a propriedade privada mas que por outro lado esteja relacionada com níveis de renda per capita atual Os estatísticos chamam tal variável de variável ins trumental ou mais simplesmente um instrumento para as instituições Como o instrumento não é afetado pela renda atual sua relação medida estatisticamente com a renda atual reflete um efeito causal das instituições sobre a renda em vez do contrário Infelizmente pelas inter relações complexas entre as variáveis econômicas variáveis instrumentais válidas são em geral notoria mente difíceis de encontrar Os economistas Daron Acemoglu e Simon Johnson do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e James Robinson da Universidade de Harvard sugerem uma abordagem imaginativa para esse dilema Propõem que as taxas de mortalidade históricas dos primeiros colo nizadores europeus nas ex colônias sejam usadas como instrumento para a qualidade institucional29 A afirma ção de que a mortalidade dos colonos fornece um ins trumento útil baseia se em dois argumentos Primeiro eles argumentam que o nível de morta lidade dos colonos determinou as instituições pos teriores que regem os direitos de propriedade Esse é mais um caso da geografia influenciando o rendi mento por meio de seu efeito sobre as instituições Em áreas com altas taxas de mortalidade como o antigo Congo Belga na África os europeus não puderam se fixar com êxito Muitas dessas áreas eram densamente povoadas antes de os europeus chegarem e o obje tivo dos colonizadores era saquear as riquezas o mais eficazmente possível oprimindo os povos nativos no processo As instituições criadas pelos europeus por tanto foram direcionadas para o objetivo da extração de recursos em vez de para a proteção dos direitos de propriedade e essas instituições exploradoras foram dominadas por novas elites dominantes indígenas quando as antigas colônias alcançaram a independên cia Em contrapartida os próprios europeus se estabe leceram em regiões escassamente povoadas e de baixa mortalidade como América do Norte e Austrália e exigiram instituições que protegessem os direitos polí ticos e econômicos salvaguardando a propriedade pri vada contra ataques arbitrários Lembre se da disputa sobre tributação sem representação que provocou a Revolução Norte Americana Esses países que rece beram o maior afluxo de capital estrangeiro no século XIX prosperaram e estão ricos hoje Um instrumento válido deve satisfazer um segundo requisito além de ter uma influência sobre as insti tuições Ele não deve afetar de outro modo a renda per capita atual Acemoglu Johnson e Robinson argu mentam que esse requisito também é satisfeito Como eles dizem A grande maioria das mortes de europeus nas colônias foi causada por malária e febre amarela Embora essas doenças fossem fatais para os euro peus que não tinham imunidade tinham efeito limitado sobre os indígenas adultos que haviam desenvolvido vários tipos de imunidades Essas doenças são portanto improváveis de serem a razão pela qual muitos países na África e na Ásia são muito pobres hoje Essa noção é apoiada pelas taxas de mortalidade baixas da popula ção local nessas áreas30 Acemoglu Johnson e Robinson mostram que o efeito das taxas de mortalidade dos primeiros colonos europeus sobre a renda per capita atual operando por meio da influência da mortalidade das instituições pos teriores é grande Eles ainda argumentam que uma vez que o último efeito é levado em conta variáveis geográ ficas como a distância entre o Equador e as taxas de infecção por malária não têm nenhuma influência inde pendente nos níveis de renda atual Desde que se acei tem as premissas da análise estatística a teoria das insti tuições parece sair vitoriosa sobre a teoria da geografia Mas o debate não terminou aí Alguns críticos têm sugerido que as medidas de Ace moglu Johnson e Robinson da qualidade institucional são insuficientes outros argumentam que os dados de morta lidade são defeituosos ou mesmo que as taxas de mortali dade históricas poderiam estar relacionadas diretamente à produtividade de hoje Em um estudo recente um grupo de economistas argumenta que a principal influência sobre as instituições é o capital humano ou seja as com petências acumuladas e a educação da população Mesmo uma ditadura autoritária pode estabelecer democracia e direitos de propriedade conforme seus cidadãos tornam se mais instruídos Esses autores afirmam que a Coreia do Sul fez exatamente isso e sugerem que talvez o capital humano dos colonizadores europeus não sua transplan tação de instituições foi o que impulsionou o crescimento 29 Os dados englobam os soldados marinheiros e bispos e são ex traídos do século XVII até os século XIXVeja Daron Acemoglu Simon Johnson e James Robinson The Colonial Origins of Com parative Development An Empirical Investigation American Economic Review v 91 p 13691401 dez 2001 30 Acemoglu Johnson e Robinson ibid p 1371 M22KRUGXXXXC22indd 553 12915 623 PM 554 Economia internacional subsequente31 Como salientamos antes uma das causas do crescimento elevado subsequente do Leste Asiático foi o alto nível de investimento na educação muitas vezes decretada por governos não democráticos Um número de ex colônias asiáticas oferece indiscu tivelmente contraexemplos à teoria de Acemoglu John son e Robinson Índia Indonésia e Malásia por exem plo foram todas colônias europeias com as populações indígenas em esmagadora maioria no entanto suas taxas de crescimento econômico em geral excederam as das economias desenvolvidas 31 Veja Edward L Glaeser et al Do Institutions Cause Growth Journal of Economic Growth v 9 p 271303 set 2004 Em apoio às explica ções institucionais sobre as explicações geográficas consulte Dani Rodrik Arvind Subramanian e Francesco Trebbi Institutions Rule The Primacy of Institutions over Geography and Integration in Economic Development Journal of Economic Growth v 9 p 131165 jun 2004 Para uma visão contrária consulte Jeffrey D Sachs Institutions Dont Rule Direct Effects of Geography on Per Capita Income Working Paper 9490 National Bureau of Economic Research fev 2003 O papel do comércio internacional no crescimento é outro foco de pesquisa atual Rodrik e seus coautores argumentam que a abertura ao comércio internacional não é um determinante principal direto da renda per capita mas que essa abertura conduz a instituições melhores e por desse canal indireto a renda mais elevada resumo tomados por países em desenvolvimento às vezes levaram a crises de inadimplência que em geral causam crises mo netárias e bancárias Como as crises monetárias e bancárias as de inadimplência podem conter um elemento autorrea lizável ainda que sua ocorrência dependa das fraquezas fundamentais no país que contrai empréstimos Muitas ve zes as crises por inadimplência começam com uma parada brusca de fluxos financeiros 4 Na década de 1970 conforme o sistema Bretton Woods entrou em colapso países da América Latina entraram em uma era de desempenho macroeconômico claramente infe rior em relação ao crescimento e à inflação Os empréstimos externos descontrolados levaram na década de 1980 a uma crise generalizada da dívida de países em desenvolvimento com impacto maior na América Latina e África Começan do com o Chile em meados de 1980 alguns grandes paí ses latino americanos começaram a empreender reformas econômicas mais completas incluindo não só a desinflação mas também o controle do orçamento do governo vigorosa privatização desregulamentação e reforma da política de comércio A Argentina adotou um conselho monetário em 1991 Nem todos os reformadores latino americanos tive ram sucesso igual no fortalecimento de seus bancos e as falências foram evidentes em vários países Por exemplo o conselho monetário da Argentina entrou em colapso depois de dez anos 5 Apesar de seus registros incrivelmente bons de crescimen to com produção alta e inflação e déficits orçamentários baixos vários países chave em desenvolvimento na Ásia Oriental foram atingidos por graves crises de pânico e de vastadora depreciação da moeda em 1997 Em retrospecto os países afetados tinham várias vulnerabilidades a maio ria delas relacionadas com o risco moral generalizado em bancos e finanças domésticas e ligados ao pecado original das dívidas denominadas em moeda estrangeira Os efei tos da crise se espalharam para países tão distantes como a Rússia e o Brasil ilustrando o elemento de contágio das crises financeiras internacionais nos dias atuais Esse fator 1 Existem diferenças enormes na renda per capita e no bem estar entre os países em diferentes estágios de desenvol vimento econômico Além disso os países em desenvolvi mento não têm demonstrado uma tendência uniforme de convergência para os níveis de renda dos países industriais Entretanto alguns países em desenvolvimento notada mente vários na Ásia Oriental tiveram um aumento drásti co nos padrões de vida desde a década de 1960 Explicar por que alguns países continuam a ser pobres e quais políticas podem promover o crescimento econômico continua a ser um dos desafios mais importantes na economia 2 Os países em desenvolvimento formam um grupo hetero gêneo especialmente porque muitos embarcaram em uma vasta reforma econômica nos últimos anos Muitos têm pelo menos algumas das seguintes características pesado en volvimento do governo na economia incluindo uma grande parte das despesas públicas no PNB um histórico de infla ção alta geralmente refletindo as tentativas do governo de extrair senhoriagem da economia em face da cobrança de impostos ineficazes as instituições de crédito fraco e mer cados de capitais subdesenvolvidos taxas de câmbio atre ladas e controles de câmbio ou capital incluindo regimes cambiais com indexação crawling destinados a controlar a inflação ou impedir a valorização real uma forte dependên cia de exportações de commodities primárias A corrupção parece aumentar conforme cresce a pobreza relativa de um país Muitas das características dos países em desenvolvi mento anteriores datam da Grande Depressão da década de 1930 quando os países industrializados se voltaram para o mercado interno e os mercados mundiais entraram em colapso 3 Como muitas economias em desenvolvimento oferecem oportunidades potencialmente ricas de investimento é na tural para elas ter déficits em conta corrente e pedir em prestado para países mais ricos Em princípio os emprésti mos de países em desenvolvimento podem causar ganhos de comércio que fazem tanto os mutuários quanto os cre dores se beneficiarem Na prática no entanto empréstimos M22KRUGXXXXC22indd 554 12915 623 PM 555 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma termos chave Problemas pecado original p 533 privatização p 532 senhoriagem p 526 da com a taxa de juros nominal estrangeira E se a indexa ção crawling não for totalmente credível 5 O acúmulo de dívida externa de alguns países em desenvol vimento como a Argentina na década de 1970 foi causa do em parte pela fuga de capitais legal ou ilegal em face da desvalorização esperada da moeda Governos e bancos centrais emprestaram divisas para sustentar suas taxas de câmbio e esses fundos encontraram seu caminho em mãos privadas e em contas bancárias em Nova York e em outros lugares Uma vez que a fuga de capitais deixa um gover no com uma grande dívida mas em compensação cria um ativo estrangeiro para os cidadãos que tomam dinheiro no estrangeiro a dívida líquida consolidada do país como um todo não muda Isso significa que os países cuja dívida ex terna governamental é principalmente resultante de fuga de capitais não enfrentam um problema de dívida 6 Grande parte dos empréstimos de países em desenvol vimento durante a década de 1970 foi realizada pelas empresas públicas Em alguns desses países tem havido movimentos de privatização da economia com a venda de empresas estatais a proprietários privados Os países te riam emprestado mais ou menos se suas economias tives sem sido privatizadas mais cedo tros regimes A arquitetura que vai surgir em última análise não está totalmente clara 7 Pesquisas recentes sobre os determinantes finais do cres cimento econômico nos países em desenvolvimento centra ram se em questões geográficas como o ambiente de do ença e recursos institucionais como a proteção do governo dos direitos de propriedade e doações de capital humano O fluxo de capital dos países ricos para os pobres também depende desses fatores Embora os economistas concordem que todos esses determinantes sejam importantes é menos claro onde a política deve focar primeiro suas tentativas de levantar os países pobres da sua pobreza Por exemplo a re forma institucional pode ser um primeiro passo adequado se a acumulação de capital humano variar de acordo com a pro teção dos direitos de propriedade e a segurança pessoal Por outro lado faz pouco sentido criar um quadro institucional para o governo se houver capital humano insuficiente para gerir o governo efetivamente Nesse caso a educação deve vir primeiro Como os obstáculos estatísticos para alcançar respostas inequívocas são imensos certamente deve haver um esforço equilibrado em todas as frentes conselho monetário p 535 contágio p 544 convergência p 525 dolarização p 534 1 Um governo pode sempre coletar mais senhoriagem so mente por deixar a oferta de moeda crescer mais rápido Explique sua resposta 2 Considere que a taxa de inflação de um país era 100 ao ano em 1990 e em 2000 mas que a inflação estava cain do em 1990 e subindo em 2000 Sendo as outras variáveis iguais em que ano a receita de senhoriagem foi maior Suponha que os detentores de ativos anteciparam correta mente o comportamento da inflação 3 No início de 1980 o governo brasileiro mediante uma taxa de inflação média de 147 ao ano tinha apenas 10 de produção como senhoriagem enquanto o governo de Serra Leoa tinha 24 com uma taxa de inflação de menos de um terço da do Brasil Você consegue pensar em diferenças na estrutura financeira que possam explicar parcialmente esse contraste Dica em Serra Leoa a relação da moeda com a produção nominal média era de 77 no Brasil era uma média de apenas 14 4 Suponha que uma economia aberta para os movimentos de capitais internacionais tenha uma taxa de câmbio crawling peg sob a qual a sua moeda está atrelada a cada momento mas é desvalorizada continuamente a uma taxa de 10 ao ano Como a taxa de juros nominal interna estaria relaciona além do fato de que os países da Ásia Oriental tinham al guns problemas aparentes antes de suas crises chegarem deu origem à exigência de repensar a arquitetura finan ceira internacional Essas exigências foram reforçadas pela natureza global da crise financeira de 20072009 6 As propostas de reforma da arquitetura internacional po dem ser agrupadas como medidas preventivas ou como medidas curativas ex post ou seja após o fato com as últimas sendo aplicadas uma vez que as salvaguardas não conseguiram impedir uma crise Entre as medidas pre ventivas temos a maior transparência relativa das políticas e posições financeiras dos países melhor regulamentação do sistema bancário nacional e linhas de crédito mais am plas de fontes privadas ou do FMI As medidas ex post que têm sido sugeridas incluem empréstimos mais extensos e flexíveis pelo FMI Alguns observadores sugerem o uso mais extenso de controles de capital tanto para prevenir quanto para gerenciar as crises mas em geral não há mui tos países tomando essa rota Nos próximos anos os países em desenvolvimento sem dúvida experimentarão contro les de capital taxas de câmbio flutuantes dolarização e ou M22KRUGXXXXC22indd 555 12915 623 PM 556 Economia internacional 11 Alguns críticos da adoção de taxas de câmbio fixas por econo mias de mercado emergentes argumentam que essas taxas criam um tipo de risco moral Você concorda Dica os mutuá rios se comportariam de modo diferente se soubessem que as taxas de câmbio eram mutáveis de um dia para outro 12 Em algumas economias de mercados emergentes não são só as obrigações de dívida aos estrangeiros que são denomina das em dólares mas também muitas dívidas internas das eco nomias ou seja as dívidas de um residente doméstico para outro No capítulo chamamos esse fenômeno de dolarização de passivos Como a dolarização de passivos pode agravar a perturbação do mercado financeiro causada por uma acentu ada depreciação da moeda nacional em face ao dólar 13 Suponha que a função de produção para produção acumu lada nos Estados Unidos seja a mesma que na Índia Y AKαL1α onde A é um fator de produtividade total K é a ação de capital e L é o fornecimento de mão de obra Da Tabela 222 calcule a relação da renda per capita YL na Índia e nos Estados Unidos em 2010 Use essas informações para desco brir a relação do produto marginal do capital da Índia e dos Estados Unidos O produto marginal do capital é dado por αAKα1L1α Relacione a resposta ao enigma de Lucas sobre fluxos de capital dos ricos para os pobres Quanto A deveria ter para diferir entre a Índia e os Estados Unidos para fazer o produto marginal do capital ser o mesmo nos dois países 7 Como a decisão de um país em desenvolvimento para redu zir as restrições comerciais como as tarifas de importação pode afetar sua capacidade de fazer empréstimos no mer cado mundial de capitais 8 Dada a produção um país pode melhorar sua conta corrente pelo corte de investimentos ou consumo privado ou do go verno Depois que começou a crise da dívida na década de 1980 muitos países em desenvolvimento alcançaram me lhorias em suas contas correntes por corte de investimen tos Essa foi uma estratégia sensata 9 Por que a Argentina teria que dar a senhoriagem aos Es tados Unidos se ela desistisse de seu peso e dolarizasse completamente sua economia Como você poderia medir o tamanho do sacrifício de senhoriagem da Argentina Para completar este exercício pense nas etapas reais que a Ar gentina teria que passar para dolarizar sua economia Você pode assumir que os ativos do banco central argentino con sistem em 100 de títulos do Tesouro dos Estados Unidos com juros 10 Os primeiros estudos da hipótese de convergência econô mica que analisaram dados para um grupo de países in dustrializados hoje encontraram que aqueles que eram relativamente pobres há um século cresceram depois mais rapidamente É válido deduzir desse achado que a hipótese de convergência é verdadeira leituras adicionais 2009 Uma análise compacta mas minuciosa dos desafios macroe conômicos da China KENEN P B The International Financial Architecture Whats New Whats Missing Washington DC Institute for International Economics 2001 Revisa as crises dos mercados emergentes e as consequentes propostas de reforma do sistema financeiro global AYHAN KOSE M PRASAD E S Emerging Markets Resilience and Growth amid Global Turmoil Washington DC Brookings Institution 2010 Um estudo amplo da relativa resiliência das economias emergentes ante a crise financeira global de 20072009 LANDES D S The Wealth and Poverty of Nations New York W W Norton Company 1999 Visão abrangente da experiência do desenvolvi mento global McKINNON R I The Order of Economic Liberalization Financial Control in the Transition to a Market Economy 2 ed Baltimore Johns Hopkins University Press 1993 Ensaios sobre o sequenciamento adequado das reformas econômicas MIGUEL E Africas Turn Cambridge MA MIT Press 2009 Uma apresen tação das perspectivas do desempenho econômico da África e pros pecções MONTIEL P J Macroeconomics in Emerging Markets Cambridge Cambri dge University Press 2003 Visão analítica abrangente de questões da política macroeconômica para as economias em desenvolvimento RAJAN R G TOKATLIDIS I Dollar Shortages and Crises International Journal of Central Banking v 1 p 177220 set 2005 Excelente visão das fraquezas institucionais no desenvolvimento das economias que dão origem à dolarização de passivos RODRIK D One Economics Many Recipes Globalization Institutions and Economic Growth Princeton Princeton University Press 2007 Ensaios AZIZ J DUNAWAY S V PRASAD E Eds China and India Learning from Each Other Washington DC International Monetary Fund 2006 Ensaios sobre estratégias de chineses e indianos para promover o crescimento e a estabilidade econômica CALVO G A MISHKIN F S The Mirage of Exchange Rate Regimes for Emerging Market Countries Journal of Economic Perspectives v 17 p 99118 inverno 2003 Argumenta que as instituições são mais importantes que os regimes de taxa de câmbio para a compreensão do desempenho macroeconômico dos países em desenvolvimento EICHENGREEN B HAUSMANN R Eds Other Peoples Money Debt Denomination and Financial Instability in Emerging Market Economies Chicago University of Chicago Press 2005 Ensaios sobre o pecado original FISHLOW A Lessons from the Past Capital Markets During the 19th Century and the Interwar Period International Organization v 39 p 383439 verão 1985 Revisão histórica da experiência de emprés timos internacionais incluindo comparações com a crise da dívida pós 1982 FORBES K The Big C Identifying and Mitigating Contagion In The Changing Policy Landscape A Symposium Sponsored by the Federal Reserve Bank of Kansas City Kansas City MO Federal Reserve Bank of Kansas City 2013 p 2387 Um levantamento abrangente da trans missão de choque contagioso através de mercados internacionais GOLDSTEIN M Managed Floating Plus Washington DC Institute for International Economics 2002 Uma proposta para o gerenciamento da flexibilidade da taxa de câmbio por economias de mercados emergentes GOLDSTEIN M LARDY N R The Future of Chinas Exchange Rate Policy Washington DC Peterson Institute for International Economics M22KRUGXXXXC22indd 556 12915 623 PM 557 Capítulo 22 Países em desenvolvimento crescimento crise e reforma STIGLITZ J E et al The Stiglitz Report Reforming the International Mone tary and Financial Systems in the Wake of the Global Crisis Nova York The New Press 2010 Relatório de uma Comissão das Nações Unidas de especialistas financeiros com um foco sobre as implicações para as economias em desenvolvimento sobre a interação das instituições e a globalização no processo de crescimento econômico ROUBINI N SETSER B Bailouts or Bail ins Responding to Financial Cri ses in Emerging Economies Washington DC Institute for Internatio nal Economics 2004 Análise e propostas sobre a arquitetura finan ceira internacional M22KRUGXXXXC22indd 557 12915 623 PM Título da parte PARTE 1 O modelo de proporção dos fatores Neste pós escrito definimos um tratamento matemático formal para o modelo de proporções dos fatores de produção explicado no Capítulo 5 O tratamento matemático é útil para aprofundar sua compreensão do modelo Custos e preços dos fatores Considere a produção de um bem que exija capital e mão de obra como fatores de produ ção Considerando que o bem é produzido com constantes retornos de escala a tecnologia de produção pode ser resumida em termos da uni dade isoquanta II na Figura 5P1 uma curva mostrando todas as combinações entre capi tal e mão de obra que podem ser usadas para produzir uma unidade desse bem A curva II revela que há um trade off entre a quantidade de capital usada por unidade de produção aK e a quantidade de mão de obra por unidade de produção aL A curvatura da unidade iso quanta reflete o pressuposto de que se torna cada vez mais difícil substituir capital por mão de obra conforme aumenta a relação capital mão de obra e vice versa Em uma economia de mercado competitiva os produtores escolherão a relação capital mão de obra na produção que minimize os seus cus tos Tal escolha pela produção com minimiza ção de custo é mostrada na Figura 5P1 como ponto E o ponto em que a unidade isoquanta II é tangente a uma linha cuja inclinação é igual a menos a proporção do preço da mão de obra w para o preço do capital r O custo real de produção é igual à soma do custo das entradas de capital e mão de obra c a r a w K L 5P1 onde os coeficientes de entrada aK e aL foram escolhidos para minimizar o c Como a relação capital mão de obra foi escolhida para minimizar os custos segue se que uma mudança na relação não pode reduzi los Os custos não podem ser reduzidos aumentando aK e reduzindo aL nem inversa mente Segue se que uma mudança infinitesimal na proporção capital mão de obra pela mini mização do custo não deve ter nenhum efeito FIGURA 5P1 Produção eficiente aK aL II II E inclinação wr A relação capital mão de obra minimizando o custo depende dos preços dos fatores Pós escrito do Capítulo 5 M23KRUGXXXXC23postindd 558 12915 624 PM 559 no custo Consideremos que daK daL sejam mudanças pequenas entre as opções de entrada ideais Então rda wda 0 K L 5P2 para qualquer movimento ao longo da unidade iso quanta Considere a seguir o que acontece se os preços dos fatores r e w mudarem Isso terá dois efeitos vai mudar a escolha de aK e aL e vai mudar o custo de produção Primeiro considere o efeito das quantidades relativas de capital e mão de obra usadas para produzir uma uni dade de produção A relação mão de obra minimizando o custo varia de acordo com a relação do preço da mão de obra em relação ao capital Φ a a w r K L 5P3 O custo de produção também vai mudar Para peque nas alterações nos preços dos fatores dr e dw a mudança no custo de produção é dc a dr a dw rda wda K L K L 5P4 Pela Equação 5P2 no entanto já sabemos que os últimos dois termos da Equação 5P4 têm soma zero Portanto o efeito dos preços dos fatores no custo pode ser escrito dc a dr a dw rda wda K L K L 5P4 Parece ser muito conveniente derivar uma equa ção um tanto diferente da Equação 5P4 Dividindo e multiplicando se alguns de seus elementos teremos a seguinte equação nova dc c a r c dr r a w c dw w K L 5P5 O termo dcc pode ser interpretado como a mudança de porcentagem em c e pode ser convenientemente desig nado como ˆc da mesma forma consideremos drr ˆr e dww ˆw O termo aKrc pode ser interpretado como a quota de capital nos custos de produção total pode ser convenientemente designado θK Assim a Equação 5P5 pode ser escrita de forma compacta como θ θ c r w ˆ ˆ ˆ K L 5P5 onde θ θ 1 K L Esse é um exemplo de hat algebra uma maneira extremamente útil para expressar relações matemáticas em economia internacional As equações básicas no modelo de proporção dos fatores Suponha que um país produza dois bens tecido T e alimento A usando dois fatores de produção capital e mão de obra Suponha que a produção de alimentos seja capital intensiva O preço de cada bem deve ser igual a seu custo de produção P a r a w A KA LA 5P6 P a r a w T KT LT 5P7 onde aKA aLA aKT aLT são as escolhas de entrada de minimização do custo dado o preço do capital r e da mão de obra w Além disso os fatores de produção da economia devem ser totalmente empregados a Q a Q K KA A KT T 5P8 a Q a Q L LA A LT T 5P9 onde K L são os suprimentos totais de capital e mão de obra As equações 5P6 e 5P7 de preço dos fatores implicam equações para a taxa de variação de preços dos fatores θ θ P r w ˆ ˆ ˆ A KA LA 5P10 θ θ P r w ˆ ˆ ˆ TC KT LT 5P11 onde θKA é a quota de capital no custo de produção de A etc θKA θKT e θLA θLT porque A é mais capital intensivo do que T As equações 5P8 e 5P9 de quantidade devem ser tratadas com mais cuidado A unidade de insumos aKA etc pode mudar se os preços dos fatores mudarem Entretanto se os preços das mercadorias forem manti dos constantes então os preços dos fatores não muda rão Assim para determinados preços de A e T também é possível escrever equações hat em termos de suprimen tos e saídas dos fatores α α Q Q K ˆ ˆ ˆ KA A KT T 5P12 α α Q Q L ˆ ˆ ˆ LA A LT T 5P13 onde αKA é a quota de fornecimento de capital da economia que é usada na produção de A etc αKA αLA e αKT αLT pela maior intensidade de capital na produção de A Pósescrito do Capítulo 5 M23KRUGXXXXC23postindd 559 12915 624 PM 560 Economia internacional Preços de mercadorias e preços de fatores As equações 5P10 e 5P11 de preços dos fatores podem ser solucionadas juntas aos preços dos fatores expressos como o resultado dos preços das mercadorias essas soluções fazem uso do fato que θLA 1 θKA e θLT 1 θKT θ θ r D P P ˆ 1 1 ˆ ˆ KT A LA T 5P14 θ θ w D P P ˆ 1 ˆ ˆ KA T KT A 5P15 onde D θKA θKT implicando que D 0 Elas podem ser organizadas na forma θ r P D P P ˆ ˆ ˆ ˆ A LA A T 5P14 θ w P D P P ˆ ˆ ˆ ˆ T KT A T 5P15 Suponha que o preço do A aumente em relação ao preço de T então ˆPA ˆPT Então temos que r P P w ˆ ˆ ˆ ˆ A T 5P16 Ou seja o preço real do capital sobe em termos de ambas as mercadorias enquanto o preço real da mão de obra cai em termos de ambas as mercadorias Em particular se o preço de A subisse sem alteração no preço de T a taxa salarial na verdade cairia Suprimentos e saídas de fatores Enquanto os preços das mercadorias puderem ser tomados como dados as equações 5P12 e 5P13 podem ser resolvidas usando o fato que aKT 1 αKA e αLT 1 αLA para expressar a mudança na produção de cada mercadoria como o resultado de mudanças nos suprimentos dos fatores α α Q K L ˆ 1 ˆ ˆ A LT KT 5P17 α α Q K L ˆ 1 ˆ ˆ T LA KA 5P18 onde Δ αKA αLA Δ 0 Essas equações podem ser reescritas como α Q K K L ˆ ˆ ˆ ˆ A KT 5P17 α Q L K L ˆ ˆ ˆ ˆ A LA 5P18 Suponha que PA e PT permaneçam constantes enquanto a oferta de capital se eleve em relação ao for necimento de mão de obra ˆK ˆL Então é imediata mente aparente que Q K L Q ˆ ˆ ˆ ˆ A T 5P19 Em particular se K sobe com L permanecendo cons tante a produção de A aumenta mais do que em propor ção enquanto a produção de T realmente cairá M23KRUGXXXXC23postindd 560 12915 624 PM Título da parte PARTE 1 Economia mundial de comércio Oferta demanda e equilíbrio Equilíbrio mundial Embora para fins gráficos seja mais fácil expressar o equilíbrio mundial como uma igual dade entre a oferta relativa e a demanda relativa para um tratamento matemático é preferível usar uma formulação alternativa Essa abordagem centra se nas condições de igualdade entre oferta e demanda de qualquer dos dois bens tecido ou alimentos Não importa qual mercadoria é esco lhida porque o equilíbrio no mercado de tecido implica equilíbrio no de alimentos e vice versa Para ver essa condição consideremos que QT Q T seja a produção de tecido em Doméstica e Estrangeira respectivamente DT D T a quanti dade demandada em cada país e variáveis cor respondentes com um A subscrito o mercado de alimentos Além disso consideremos que p seja o preço de tecido em relação ao de alimentos Em todos os casos as despesas mundiais serão iguais à renda mundial A renda mun dial é a soma dos rendimentos obtidos com as vendas de tecidos e as vendas de alimentos as despesas mundiais são a soma das compras de tecidos e compras de alimentos Assim a igual dade de rendimentos e despesas pode ser escrita p Q Q Q Q p D D D D T T A A T T A A p Q Q Q Q p D D D D T T A A T T A A 6P1 Agora vamos supor que o mercado mundial de tecidos esteja em equilíbrio Isto é Q Q D D T T T T 6P2 Então da Equação 6P1 temos que Q Q D D A A A A 6P3 Ou seja o mercado de alimentos deve estar em equilíbrio também Claramente o inverso tam bém é verdadeiro se o mercado de alimentos estiver em equilíbrio então também o mercado de tecido estará É portanto suficiente concentrar se no mercado de tecidos para determinar o preço de equilíbrio relativo Produção e renda Cada país tem uma fronteira de possibili dade de produção ao longo da qual pode alter nar entre produzir tecido e produzir alimentos A economia escolhe o ponto na fronteira que maximiza o valor de produção a determinado preço relativo de tecido Esse valor pode ser escrito V pQ Q T A 6P4 Como nos casos de minimização de custos descritos no pós escrito anterior o fato de que o mix de produção escolhido maximiza o valor implica que uma pequena mudança na produ ção ao longo da fronteira de possibilidade de produção afastando se do mix ideal não tem efeito sobre o valor de produção pdQ dQ 0 T A 6P5 Uma mudança no preço relativo de tecido con duzirá a uma alteração do mix de produção e uma mudança no valor da produção A altera ção do valor de produção é dV Q dp pdQ dQ T T A 6P6 No entanto como os dois últimos termos são pela Equação 6P5 iguais a zero essa expres são pode ser reduzida a dV Q dp T 6P6 Da mesma forma em Estrangeira dV Q dp T 6P7 Renda preços e utilidade Cada país é tratado como se fosse um indiví duo Os gostos do país podem ser representados Pós escrito do Capítulo 6 M23KRUGXXXXC23postindd 561 12915 624 PM 562 Economia internacional por uma função de utilidade dependendo do consumo de alimentos e de tecido U U D D T A 6P8 Suponha que um país tenha uma renda I em termos de alimentos Sua despesa total deve ser igual a esses rendimentos de modo que pD D I T A 6P9 Os consumidores vão maximizar a utilidade dada sua renda e os preços que eles enfrentam Considere mos que MUT MUA seja a utilidade marginal que os consumidores derivam de tecidos e alimentos então a mudança na utilidade que resulta de qualquer mudança no consumo é dU MU dD MU dD T T A A 6P10 Como os consumidores estão maximizando a utili dade de acordo com os preços e renda dados pode não haver uma mudança acessível no consumo que os torne melhores Essa condição implica que na melhor situa ção possível MU MU p T A 6P11 Agora considere o efeito sobre a utilidade da altera ção de rendas e preços Diferenciando a Equação 6P9 temos pdD dD dI D dp T A T 6P12 Mas a partir das equações 6P10 e 6P11 dU MU pdD dD A T A 6P13 Assim dU MU dI D dp A T 6P14 É conveniente introduzir agora uma nova definição a mudança na utilidade dividida pela utilidade marginal de alimentos que é a mercadoria em que o rendimento é medido pode ser definida como a mudança na renda real e indicada pelo símbolo dy dy dU MU dI D dp A T 6P15 Para a economia como um todo a renda é igual ao valor de produção I V Assim o efeito de uma mudança do preço relativo do tecido sobre a renda real da economia é dy Q D dp T T 6P16 A quantidade QT DT representa as exportações de tecidos da economia Um aumento no preço relativo de tecidos então beneficiará uma economia que exporta tecidos assim é uma melhoria nos termos de comércio dessa economia É instrutivo reafirmar essa ideia de uma forma ligeiramente diferente dy p Q D dp p T T 6P17 O termo entre chaves é o valor das exportações o termo entre parênteses é a variação percentual dos ter mos de comércio Portanto a expressão diz que o ganho de renda real de uma determinada porcentagem em ter mos de mudança de comércio é igual à variação percen tual dos termos de comércio multiplicada pelo valor inicial das exportações Se um país inicialmente exportar US 100 bilhões e seus termos de comércio melhorarem em 10 o ganho é equivalente a um ganho na renda nacional de US 10 bilhões Oferta demanda e a estabilidade do equilíbrio No mercado de tecidos uma mudança no preço rela tivo induzirá alterações na oferta e na demanda Do lado da oferta um aumento de p conduzirá Doméstica e Estrangeira a produzir mais tecido Vamos denotar essa resposta de oferta em Doméstica e Estran geira respectivamente de modo que dQ s dp T 6P18 dQ s dp T 6P19 O lado da demanda é mais complexo Uma mudança em p produzirá efeitos tanto na renda quanto de substitui ção Esses efeitos são ilustrados na Figura 6P1 Ela mos tra uma economia que enfrenta inicialmente um preço relativo indicado pelo declive da linha VV0 Tendo em conta esse preço relativo a economia pro duz no ponto Q0 e consome no ponto D0 Agora supo nha que o preço relativo do tecido suba para o nível indi cado pela inclinação de VV2 Se não houvesse nenhum aumento na utilidade o consumo passaria a D1 que envolveria uma inequívoca diminuição do consumo de tecido Há também no entanto uma mudança na renda real da economia Nesse caso como a economia inicial mente é uma exportadora líquida de tecido a renda real aumenta Essa alteração leva ao consumo em D2 em vez de D1 e esse efeito de renda tende a aumentar o con sumo de tecido Analisar o efeito da mudança em p na demanda requer levar em conta tanto o efeito de substi M23KRUGXXXXC23postindd 562 12915 624 PM 563 tuição que é a mudança no consumo que ocorreria se a renda real fosse mantida constante e o efeito de renda a alteração adicional do consumo que é a consequência do fato de a renda real mudar Considere que o efeito de substituição é deno tado por edp ele será sempre negativo Além disso considere que o efeito de renda é denotado por ndy enquanto o tecido for uma mercadoria normal para a qual a demanda aumenta com a renda real ele será positivo se o país for um exportador líquido de tecido e será negativo se for um importador líquido1 Então o efeito total de uma mudança de p na demanda de Doméstica para tecido será dD e dp n dy T e n Q D dp T T 6P20 O efeito sobre a demanda de Estrangeira da mesma forma é dD e n Q D dp T T T 6P21 Como Q T D T é negativo o efeito de renda em Estran geira é negativo O efeito de demanda e oferta agora pode ser reu nido para obtermos o efeito total de uma mudança em p no mercado para tecidos O excesso de oferta de teci dos é a diferença entre a produção e o consumo mun dial desejado ES Q Q D D T T T T T 6P22 O efeito de uma mudança em p sobre o excesso de oferta mundial é dES s s e e n Q D n Q D dp T T T T T dES s s e e n Q D n Q D dp T T T T T 6P23 No entanto se o mercado estiver inicialmente em equilíbrio as importações de Doméstica serão iguais às exportações de Estrangeira de modo que Q T D T QT DT o efeito sobre p no excesso de oferta por tanto pode ser escrito dES s s e e n Q D n Q D dp T T T T T dES s s e e n Q D n Q D dp T T T T T 6P23 Suponha que o preço relativo de tecido fosse inicial mente um pouco maior do que seu nível de equilíbrio Se o resultado fosse um excesso de oferta de tecido as forças de mercado empurrariam o preço relativo de tecido para baixo e assim levariam à restauração do equilíbrio Por outro lado se um preço relativo elevado demais de tecido levar a uma demanda em excesso para tecido o preço subirá ainda mais levando a economia a afastar se do equilíbrio Assim o equilíbrio será está vel apenas se um pequeno aumento no preço relativo de tecido levar a um excesso de oferta de tecido ou seja se dES dp 0 T 6P24 A inspeção da Equação 6P23 revela os fatores que determinam ou não se o equilíbrio é estável Tanto os efeitos de oferta como os efeitos de substituição da demanda trabalham em direção à estabilidade A única fonte de instabilidade encontra se nos efeitos de renda O efeito do lucro líquido é de sinal ambíguo depende se n n ou seja se em Doméstica há uma maior pro pensão marginal a consumir tecido quando sua renda real aumenta do que ocorre em Estrangeira Se n n o efeito de renda trabalha contra a estabilidade enquanto se n n ele reforça as outras razões para a estabili dade Os efeitos de renda podem levar à instabilidade do Q F F D Q C D C Q 2 Q 0 VV 2 VV 0 D 2 D 0 D 1 Uma mudança nos preços relativos produz efeitos de renda e de substituição FIGURA 6P1 Efeitos do consumo de uma mudança no preço 1 Se o alimento também for uma mercadoria normal n deve ser me nor que 1 p Para ver esse efeito observe que se I fosse subir até dI sem qualquer mudança em p os gastos em tecido subiriam até np dI A menos que n 1p então mais de 100 do aumento da renda seria gasto com tecidos Pósescrito do Capítulo 6 M23KRUGXXXXC23postindd 563 12915 624 PM 564 Economia internacional equilíbrio porque podem gerar uma curva de demanda relativa para o mundo que é inclinada para cima No que se segue será assumido que a Equação 6P24 se mantém para que o equilíbrio da economia mundial seja na verdade estável Efeitos das mudanças na oferta e na demanda O método de estática comparativa Para avaliar os efeitos das mudanças na economia mundial é aplicado um método conhecido como está tica comparativa Em cada um dos casos considerados no texto a economia mundial é submetida a algumas mudanças que levarão a uma alteração no preço rela tivo mundial de tecido O primeiro passo no método de estática comparativa é calcular o efeito da mudança da economia mundial sobre o excesso de oferta de tecido no p original Essa mudança é denotada por dESp Então a mudança no preço relativo necessária para restabelecer o equilíbrio é calculada por dp dES dES dp p 6P25 onde dESdp reflete os efeitos de oferta renda e substi tuição descritos anteriormente Os efeitos de uma determinada alteração no bem estar nacional podem ser calculados em duas etapas Em primeiro lugar há todo o efeito direto que a mudança tem sobre a renda real o que podemos denotar por dyp depois há o efeito indireto da variação resultante dos termos de comércio que pode ser calculado pela Equa ção 6P16 Assim o efeito total sobre o bem estar é dy dy Q D dp p T T 6P26 Crescimento econômico Considere o efeito do crescimento na economia em Doméstica Como apontado no texto pelo crescimento queremos dizer um desvio para fora na fronteira de pos sibilidade de produção Essa alteração vai levar a mudan ças na oferta de tecido e alimentos no preço relativo ini cial p considere que dQT e dQA sejam essas mudanças na produção Se o crescimento for fortemente enviesado uma ou outra dessas mudanças poderá ser negativa mas como as possibilidades de produção se expandiram o valor de produção para o p inicial deve subir dV p dQ dQ dy 0 T A p 6P27 No p inicial a oferta de tecido aumentará a quan tidade dQT A demanda por tecido também aumen tará em uma quantidade ndyp O efeito líquido sobre o excesso de oferta mundial de tecido portanto será dES dQ n p dQ dQ p T T A 6P28 Essa expressão pode ter sinal positivo ou negativo Suponha primeiro que o crescimento tenda para tecido de modo que enquanto dQT 0 dQA 0 Então a demanda por tecido aumentará até dD n p dQ dQ np dQ dQ T T A T T Veja a nota de rodapé 1 Assim o efeito global sobre o excesso de oferta será dESp dQT dDT 0 Como resultado dp dESpdESdp 0 termos de comércio de Doméstica pioram Por outro lado suponha que o crescimento seja for temente inclinado para alimentos de modo que dQT 0 dQA 0 Então o efeito sobre a oferta de tecido para o p inicial é negativo mas o efeito sobre a demanda de tecido permanece positivo Segue se que dESp dQT dDT 0 de modo que dp 0 Os termos de comércio de Domés tica melhoram O crescimento que é menos tendencioso pode mover p para qualquer um dos lados dependendo da força da tendência em comparação com a forma como Domés tica divide sua renda na margem Passando a seguir para os efeitos de bem estar o efeito sobre Estrangeira depende somente dos termos de comércio O efeito sobre Doméstica no entanto depende da combinação da mudança da renda inicial e a mudança subsequente nos termos de comércio con forme mostrado na Equação 6P26 Se o crescimento mudar os termos de comércio contra Doméstica essa condição irá opor se ao efeito favorável imediato de crescimento Mas o crescimento pode agravar os termos de comér cio suficientemente para tornar o país em crescimento realmente pior Para ver que isso pode ocorrer consi dere primeiro o caso de um país que experimenta uma mudança tendenciosa em suas possibilidades de produ ção que eleva QT e reduz QA deixando o valor da sua produção inalterado nos preços relativos iniciais Essa mudança não deveria necessariamente ser considerada crescimento porque viola o pressuposto da Equação 6P27 mas é um ponto de referência útil Então não haveria nenhuma mudança na demanda no p inicial enquanto a oferta de tecido sobe assim p deve cair M23KRUGXXXXC23postindd 564 12915 624 PM 565 A mudança na renda real é dyp QT DTdp pela construção no entanto esse é um caso no qual dyp 0 então dy é certamente negativo Agora esse país não cresceu no sentido usual porque o valor da produção nos preços iniciais não subiu Entre tanto permitindo que a produção de qualquer mercadoria suba um pouco mais teríamos um caso em que a defini ção de crescimento é satisfeita Contudo se o crescimento extra for suficientemente pequeno ele não compensará a perda de bem estar advinda da queda em p Portanto um crescimento suficientemente tendencioso pode piorar um país em crescimento Uma transferência de renda Agora descreveremos como uma transferência de renda digamos como ajuda externa afeta os termos de comércio2 Suponha que Doméstica faça uma transfe rência de alguns dos seus rendimentos para Estrangeira Considere que o montante da transferência medido em termos de alimentos seja da Que efeito tem essa ajuda nos termos de comércio Em preços relativos inalterados não há nenhum efeito sobre a oferta O único efeito é sobre a demanda A renda de Doméstica é reduzida até da enquanto a de Estrangeira se eleva na mesma quantidade Esse ajuste leva a um declínio em DT até n da enquanto D T sobe até nda Assim dES n n da p 6P29 e a mudança nos termos de comércio é dp da n n dES dp 6P30 Os termos de comércio de Doméstica vão piorar se n n que é amplamente considerado como o caso nor mal Eles no entanto melhorarão se n n O efeito sobre o rendimento real de Doméstica com bina um efeito negativo direto da transferência e um efeito indireto nos termos de comércio que pode seguir em uma das direções É possível que o efeito favorável dos termos de comércio compense a perda de renda Nesse modelo não Para ver o motivo observe que dy dy Q D dp n T T da Q D dp T T da n n Q D s s e e n n Q D 1 T T T T da s s e e s s e e n n Q D 0 T T 6P31 Álgebra semelhante revelará correspondentemente que uma transferência não pode piorar aquele que a recebe Uma explicação intuitiva desse resultado é o se guinte Suponha que p suba o suficiente para deixar Doméstica tão bem quanto ficaria se não fosse feita nenhuma transferência e para não deixar Estrangeira melhor como resultado da transferência Então não haveria nenhum efeito de renda na demanda da econo mia mundial Mas o aumento no preço produziria tanto um aumento da produção de tecido quanto a substi tuição da demanda de tecido levando a um excesso de oferta que reduziria o preço Esse resultado demons tra que um p suficientemente elevado para reverter os efeitos de bem estar diretos de uma transferência está acima do equilíbrio p Uma tarifa Suponha que Doméstica coloque uma tarifa de impor tação impondo uma taxa igual à fração t do preço Então por um preço relativo mundial determinado de tecido p os consumidores e os produtores de Doméstica terão de enfrentar um preço relativo interno p p 1 t Se a tarifa for suficientemente pequena o preço relativo interno será aproximadamente igual a p p p 6P32 Além de afetar p uma tarifa elevará as receitas que serão supostamente redistribuídas para o resto da eco nomia Em termos de comércio iniciais uma tarifa influen ciará o excesso de oferta de tecido de duas manei ras Primeiro a queda no preço relativo de tecido em Doméstica vai diminuir a produção de tecido e induzir os consumidores a substituírem alimentos em direção a tecido Segundo a tarifa pode afetar o rendimento real de Doméstica com efeitos de renda resultantes sobre a demanda Contudo se Doméstica começa sem tarifas e impõe uma pequena tarifa o problema pode ser simplificado porque a tarifa terá um efeito negli genciável sobre o rendimento real Para ver essa rela ção lembre se que dy pdDT dDA 2 No apêndice on line do Capítulo 6 discutimos um importante exemplo histórico de uma transferência de grande rendimento e suas implicações para os termos de comércio dos países doador e receptor Pósescrito do Capítulo 6 M23KRUGXXXXC23postindd 565 12915 624 PM 566 Economia internacional O valor da produção e o valor do consumo devem ser sempre iguais nos preços mundiais para que pdDT dDA pdQT dQA em termos de comércio iniciais Mas como a economia estava maximizando o valor de produção antes de a tarifa ser imposta pdQT dQA 0 Como não há nenhum efeito de renda resta apenas o efeito de substituição A queda no preço relativo interno p induz uma diminuição da produção e um aumento no consumo dQ sp dt T 6P33 dD ep dt T 6P34 onde dt é o aumento da tarifa Assim dES s e p dt 0 p 6P35 implicando dp dES dES dp p p dt s e s s e e n n Q D 0 T T 6P36 Essa expressão mostra que uma tarifa inequivoca mente melhora os termos de comércio do país que a impõe M23KRUGXXXXC23postindd 566 12915 624 PM Título da parte PARTE 1 O modelo de concorrência monopolística Queremos considerar os efeitos de mudan ças no tamanho do mercado em equilíbrio em uma indústria monopolista competitiva Cada empresa tem a relação de custo total C F cX 8P1 onde c é o custo marginal F um custo fixo e X a produção da empresa Isso implica uma curva de custo médio de fórmula AC C X F X c 8P2 Além disso cada empresa enfrenta uma curva de demanda de fórmula X S n b P P 1 8P3 onde S é o total do setor de vendas tomado como dado n é o número de empresas e P é o preço médio cobrado por outras empresas que cada empresa entende como dado Cada empresa escolhe seu preço para maxi mizar os lucros Os lucros de uma empresa típica são π PX C PS n b P P F cS n b P P 1 1 π PX C PS n b P P F cS n b P P 1 1 8P4 Para maximizar os lucros uma empresa define o derivativos dπdP 0 Isso implica X SbP Sbc 0 8P5 No entanto desde que todas as empresas sejam simétricas em equilíbrio P P e X S n Assim a Equação 8P5 implica P bn c 1 8P6 que é a relação derivada no texto Como X S n o custo médio é uma fun ção de S e n AC Fn S c 8P7 Contudo em equilíbrio de lucro zero o preço cobrado por uma empresa típica deve também ser igual a seu custo médio Então devemos ter bn c Fn S c 1 8P8 que por sua vez implica n S bF 8P9 Isso mostra que um aumento no tamanho do mercado S conduzirá a um aumento no número de empresas n mas não em proporção direta por exemplo uma duplicação do tamanho do mercado aumentará o número de empresas em um fator de aproximadamente 14 O preço cobrado pela empresa representa tiva é P bn c c F Sb 1 8P10 que mostra que um aumento no tamanho do mercado conduz a preços mais baixos Por fim observe que as vendas por empresa X é igual a X S n SbF 8P11 Isso mostra que a escala de cada empresa individual também aumenta com o tamanho do mercado Pós escrito do Capítulo 8 M23KRUGXXXXC23postindd 567 12915 624 PM Título da parte PARTE 1 Aversão ao risco e diversificação de portfólio internacional Este pós escrito desenvolve um modelo de diversificação do portfólio internacional por investidores aversos ao risco O modelo mostra que os investidores geralmente se preocupam com o risco bem como com o retorno de seus portfólios Em particular as pessoas podem conter ativos cujos retornos esperados sejam inferiores aos de outros ativos se essa estratégia reduzir o grau de risco global da sua riqueza Um investidor representativo pode dividir sua riqueza real R entre um ativo de Doméstica e um ativo de Estrangeira Dois possíveis estados de natureza podem ocorrer no futuro e é impos sível prever com antecedência qual ocorrerá No estado 1 que ocorre com a probabilidade q uma unidade de riqueza investida no ativo de Domés tica paga D1 unidades de produção e uma uni dade de riqueza investida no ativo de Estrangeira paga E1 unidades de produção No estado 2 que ocorre com probabilidade 1 q os retornos de investimentos de unidade em Doméstica e os ati vos em Estrangeira são D2 e E2 respectivamente Considere que α seja a parte da riqueza inves tida em ativos de Doméstica e 1 α seja a par cela investida nos ativos de Estrangeira Então se ocorrer o estado 1 o investidor poderá consumir a média ponderada dos valores dos dois ativos C D E R 1 1 1 1 α α 20P1 Da mesma forma o consumo no estado 2 é C D E R 1 2 2 2 α α 20P2 Em qualquer um dos estados o investidor deriva a utilidade UC de um nível de consumo de C Uma vez que o investidor não sabe ante cipadamente qual estado ocorrerá ele toma a decisão de portfólio para maximizar a utilidade média ou esperada de consumo futuro qU C q U C 1 1 2 Uma derivação analítica do portfólio ideal Depois que os níveis de consumo do estado 1 e do estado 2 dados pelas equações 20P1 e 20P2 são substituídos na função de utilidade esperada anteriormente o problema de deci são do investidor pode ser expresso da seguinte forma escolher a composição do portfólio α para maximizar a utilidade esperada α α α α qU D E R q U D E R 1 1 1 1 1 2 2 α α α α qU D E R q U D E R 1 1 1 1 1 2 2 Esse problema é resolvido como sempre diferenciando se essa utilidade esperada em relação a α e definindo o derivado resultante igual a 0 Considere que UC seja a derivada da fun ção de utilidade UC em relação a C isto é UC é a utilidade marginal do consumo Então α maximiza a utilidade esperada se α α α α D E D E q U D E R qU D E R 1 1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 α α α α D E D E q U D E R qU D E R 1 1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 20P3 Essa equação pode ser resolvida para α a composição do portfólio ideal Para um investidor averso ao risco a utili dade marginal do consumo UC cai conforme o consumo sobe Diminuir a utilidade marginal explica por que alguém que é averso ao risco não aceitará uma aposta com um retorno espe rado de zero o consumo extra tornado possível por uma vitória rende menos utilidade do que a utilidade sacrificada se a aposta for perdida Se a utilidade marginal do consumo não mudar conforme ocorrem as mudanças de consumo podemos dizer que o investidor é neutro para riscos em vez de averso ao risco Um investidor neutro para riscos está disposto a aceitar apos tas com um retorno zero esperado Pós escrito do Capítulo 20 M23KRUGXXXXC23postindd 568 12915 624 PM 569 Entretanto se o investidor é neutro para riscos de modo que UC seja constante para todos os C a Equa ção P203 torna se qD1 1 qD2 qE1 1 qE2 que afirma que as taxas de retorno esperadas sobre ati vos de Doméstica e de Estrangeira são iguais Esse resultado é a base para a afirmação no Capítulo 14 de que todos os bens devem produzir o mesmo retorno esperado em equilíbrio quando considerações de risco e liquidez são ignoradas Assim a condição de paridade de juros do Capítulo 14 é válida em comportamento de risco neutro mas não é em geral sob aversão ao risco Para essa análise fazer sentido nenhum dos ativos pode gerar um retorno maior do que o outro em ambos os estados da natureza Se um ativo dominar os outros dessa forma o lado esquerdo da Equação 20P3 seria positivo enquanto seu lado direito seria negativo porque a utilidade marginal do consumo geralmente é conside rada positiva Assim 20P3 não teria nenhuma solução Intuitivamente ninguém iria querer manter um determi nado ativo se estivesse disponível outro que sempre fosse melhor Com efeito se alguém deseja fazê lo outros inves tidores seriam capazes de fazer lucros de arbitragem sem risco pela emissão de ativos de baixo retorno e usando os lucros para comprar o ativo de alto retorno Para ser definitivo portanto assumimos que D1 E1 e D2 E2 para que o ativo de Doméstica seja melhor no estado 1 mas pior no estado 2 Essa suposição será usada agora para desenvolver uma análise diagramá tica que ajudará a ilustrar as implicações adicionais do modelo Uma derivação diagramática do portfólio ideal A Figura 20P1 mostra as curvas de indiferença para a função de utilidade esperada descrita por qUC1 1 qUC2 Os pontos no diagrama devem ser pensados como planos de contingência mostrando o nível de con sumo que ocorre em cada estado da natureza As prefe rências representadas aplicam se a esses planos de con sumo contingente em vez de consumo de mercadorias diferentes em um único estado de natureza No entanto tal como acontece com as curvas de indiferença padrão cada curva na figura representa um conjunto de planos de contingência para consumo com os quais o investi dor está igualmente satisfeito Para compensar o investidor por uma redução do consumo no estado 1 C1 o consumo no estado 2 C2 deve aumentar As curvas de indiferença portanto inclinam se para baixo Entretanto cada curva torna se mais plana conforme C1 cai e C2 se eleva Essa pro FIGURA 20P1 Curvas de indiferença para os níveis de consumo incertos Consumo no estado 1 C 1 Consumo no estado 2 C 2 Z Curvas de indiferença para a função de utilidade esperada qUC 1 1 q UC 2 Inclinação da linha orçamentária Φ As curvas de indiferença são conjuntos de planos de consumo do contingente de estado com os quais o indivíduo é igualmente feliz A linha orçamentária descreve o trade off entre o consumo no estado 1 e no estado 2 que resulta de mudanças na carteira de ativos entre Doméstica e Estrangeira Pósescrito do Capítulo 20 M23KRUGXXXXC23postindd 569 12915 624 PM 570 Economia internacional priedade das curvas reflete a propriedade de UC que a utilidade marginal do consumo declina quando C sobe Conforme C1 cai o investidor pode ser mantido na sua curva de indiferença original apenas por incrementos sucessivamente maiores em C2 adições ao C2 estão se tornando menos benéficas ao mesmo tempo em que as subtrações de C1 são cada vez mais dolorosas As equações 20P1 e 20P2 implicam que esco lhendo a divisão do portfólio dado por α o investidor também escolhe seus níveis de consumo nos dois esta dos da natureza Assim o problema de escolher um portfólio ideal é equivalente ao problema de escolher de forma otimizada os níveis de consumo contingentes C1 e C2 Por conseguinte as curvas de indiferença na Figura 20P1 podem ser usadas para determinar o portfólio ideal para o investidor Tudo o que é necessário para concluir a análise é uma linha orçamentária mostrando o trade off entre o consumo do estado 1 e o consumo do estado 2 que o mercado disponibiliza Este trade off é dado pelas equações 20P1 e 20P2 Se a Equação 20P2 é resolvida para α o resultado é α E R C E R D R 2 2 2 2 Após a substituição dessa expressão para α em 20P1 essa última equação torna se φ C C Z 1 2 20P4 onde Φ D1 E1 E2 D2 e Z R D1E2 D2E1 E2 D2 Observe que porque D1 E1 e D2 E2 tanto Φ quanto Z são positivos Assim a Equação 20P4 parece a linha orçamentária que surge na análise usual de esco lha do consumidor com Φ desempenhando o papel de um preço relativo e Z o papel do rendimento medido em termos de consumo do estado 1 Essa linha orçamentá ria é representada graficamente na Figura 20P1 como uma linha reta com inclinação Φ intersectando o eixo vertical em Z Para interpretar Φ como o trade off de mercado entre o consumo do estado 2 e do estado 1 isto é como o preço do consumo no estado 2 em termos de consumo do estado 1 suponha que o investidor desloque uma unidade de sua riqueza de Doméstica para os ativos de Estrangeira Uma vez que o ativo de Doméstica tem o maior retorno do capital no estado 1 a perda líquida de consumo no estado 1 é D1 menos o retorno do capital de ativos de Estrangeira no estado 1 E1 Da mesma forma o ganho líquido em consumo no estado 2 é E2 D2 Para obter o consumo adicional do estado 2 de E2 D2 o investidor portanto deve sacrificar D1 E1 no estado 1 O preço de uma única unidade de C2 em termos de C1 é então D1 E1 dividido por E2 D2 que é igual a Φ o valor absoluto da inclinação da linha orçamentária 20P4 A Figura 20P2 mostra como as escolhas de C1 e C2 e por implicação a escolha da composição do portfólio α são determinadas Como de costume o investidor escolhe os níveis de consumo dados pelo ponto 1 onde a linha orçamentária toca a curva mais alta de indiferença atingível II1 Tendo em conta as escolhas ideais de C1 e C2 α pode ser calculado usando as equações 20P1 ou 20P2 Conforme nos movemos para baixo e para a direita ao longo da restrição orça mentária a composição do portfólio dos ativos α cai em Doméstica Por quê Para alguns valores de C1 e C2 α pode ser negativo ou maior que 1 Essas possibilidades não levantam proble mas conceituais Um α negativo por exemplo significa que o investidor foi curto no ativo em Doméstica ou seja emitiu uma quantidade positiva das demandas de estado contingente que prometem pagar a seus titulares D1 unidades de produção no estado 1 e D2 no estado 2 As receitas desse empréstimo são usadas para aumentar a composição do portfólio do ativo de Estrangeira 1 α acima de 1 1 II 1 C 1 1 C 2 1 Consumo no estado 1 C 1 Consumo no estado 2 C 2 Para maximizar a utilidade esperada o investidor faz as escolhas de consumo contingentes ao estado mostradas no ponto 1 onde a linha orçamentária é tangente à curva de indiferença atingível mais alta II1 A composição do portfólio ideal α pode ser calculada como E2R C1 2 E2R D2R FIGURA 20P2 Maximizando a utilidade esperada M23KRUGXXXXC23postindd 570 12915 624 PM A Figura 20P3 mostra os pontos na restrição orçamentária do investidor nos quais α 1 de modo que C₁ D₁R C₂ D₂R e α 0 de modo que C₁ E₁R C₂ E₂R A partir de α 1 o investidor pode mover para cima e para a esquerda ao longo da restrição com poucos ativos em Estrangeira assim tornando α maior do que 1 e 1 α negativo O investidor pode se mover para baixo e à direita de α 0 indo com pouco ativos em Doméstica Os efeitos das variações das taxas de retorno O diagrama que desenvolvemos pode ser usado para ilustrar o efeito de alterações nas taxas de retorno sob a aversão ao risco Suponha por exemplo que o retorno do capital do estado 1 do ativo de Doméstica suba enquanto todos os outros retornos do capital e a riqueza do investidor R permanecam iguais O aumento em D₁ eleva Φ o preço relativo do consumo do estado 2 e portanto inclina a linha orçamentária mostrada na Figura 20P3 Contudo precisamos de mais informações para descrever completamente como a posição da linha orçamentária na Figura 20P3 muda quando D₁ aumenta O raciocínio a seguir preenche essa lacuna Considere a alocação de portfólio α 0 na Figura 20P3 sob a qual toda riqueza é investida nos ativos de Estrangeira Os níveis de consumo contingente resultantes da presente estratégia de investimento C₁ E₁R C₂ E₂R não mudam em consequência de um aumento em D₁ porque o portfólio que estamos considerando não envolve o ativo de Doméstica Desde que o par de consumo associado com α 0 não muda quando D₁ sobe vemos que C₁ E₁R C₂ E₂R é um ponto sobre a nova restrição orçamentária após um aumento de D₁ é ainda viável para o investidor pôr toda a sua riqueza nos ativos de Estrangeira Seguese que o efeito de um aumento em D₁ fará a restrição orçamentária na Figura 20P3 girar no sentido horário em torno do ponto α 0 O efeito sobre o investidor de um aumento em D₁ é mostrado na Figura 20P4 que pressupõe que inicialmente α 0 ou seja o investidor inicialmente possui uma quantidade positiva do ativo de Doméstica¹ Como de costume tanto um efeito de substituição quanto de renda influenciaram a mudança de plano de consumo contingente do investidor do ponto 1 para o ponto 2 O efeito de substituição é uma tendência de demandar mais C₁ cujo preço relativo caiu e menos C₂ cujo preço FIGURA 20P3 Carteiras não diversificadas Quando α 1 o investidor detém toda a sua riqueza em ativos de Doméstica Quando α 0 ele possui toda a sua riqueza nos ativos de Estrangeira Movese ao longo da restrição orçamentária para cima e à esquerda de α 1 correspondendo às vendas curtas do ativo de Estrangeira que se elevam acima de 1 Movese para baixo e à direita de α 0 correspondendo às vendas curtas do ativo em Doméstica que empurram α abaixo de 0 FIGURA 20P4 Efeitos de um aumento no D₁ sobre o consumo Um aumento em D₁ faz a linha orçamentária girar no sentido horário em torno de α 0 e o ideal do investidor desviase para o ponto 2 O consumo no estado 1 sempre aumenta no caso mostrado o consumo no estado 2 diminui ¹ O caso em que α 0 inicialmente é deixado como um exercício relativo aumentou No entanto o efeito de renda da elevação em D₁ empurra toda a linha orçamentária para fora e tende a aumentar o consumo em ambos os estados contanto que α 0 inicialmente Como o investidor será mais rico no estado 1 pode se dar ao luxo de direcionar parte de sua riqueza aos ativos de Estrangeira que têm o maior retorno do capital no estado 2 e assim nivelar seu consumo nos dois estados A aversão ao risco explica o desejo do investidor de evitar flutuações de grande consumo entre os estados Como sugere a Figura 20P4 C₁ definitivamente aumenta enquanto C₂ pode subir ou descer No caso ilustrado o efeito de substituição é mais forte que o efeito de renda e C₂ cai Uma ambiguidade correspondente a essa ocorre sobre o efeito do aumento em D₁ na composição do portfólio α A Figura 20P5 ilustra as duas possibilidades A chave para entender a figura é observar que se o investidor não muda α em resposta ao aumento de D₁ suas escolhas de consumo são dadas pelo ponto 1 que fica sobre a nova restrição orçamentária verticalmente acima do ponto de consumo inicial 1 Por que isso ocorre A Equação 20P2 implica que não muda se α não muda O valor novo e mais alto do consumo no estado 1 correspondente à escolha original de portfólio é dado pelo ponto sobre a nova restrição orçamentária diretamente acima de C₁² Em ambos os painéis da Figura 20P5 a inclinação do raio OR conectando a origem e o ponto 1 mostra a relação C₁C₂ implicada pela composição inicial do portfólio após a elevação em D₁ Entretanto é claro agora que para desviar para um valor mais baixo de C₂ o investidor deve elevar α acima de seu valor inicial ou seja desviar o portfólio para o ativo de Doméstica Para elevar C₂ ele deve diminuir α ou seja desviar em direção aos ativos de Estrangeira A Figura 20P5a mostra novamente o caso em que o efeito de substituição compensa o efeito de renda Nesse caso C₂ cai conforme o investidor desloca seu portfólio para o ativo de Doméstica cuja taxa de retorno esperada aumentou em relação à dos ativos de Estrangeira Esse caso corresponde ao que estudamos no texto no qual a composição do portfólio de um ativo aumenta conforme sua taxa de retorno esperada relativa aumenta A Figura 20P5b mostra o caso inverso em que C₂ sobe e α cai implicando um deslocamento do portfólio em direção aos ativos de Estrangeira Podemos observar que FIGURA 20P5 Efeitos de um aumento no D₁ na composição do portfólio Painel a se o investidor não é tão averso ao risco ele desloca seu portfólio para o ativo em Doméstica escolhendo uma proporção C₁C₂ maior do que a indicada pela inclinação de OR Painel b um investidor muito averso ao risco pode aumentar o consumo no estado 2 deslocando seu portfólio em direção aos ativos de Estrangeira 573 o fator dando origem a essa possibilidade é a curvatura mais acentuada das curvas de indiferença II na Figura 20P5b Essa curvatura é precisamente o que os economis tas entendem pelo termo aversão ao risco Um investidor que se torna mais averso ao risco considera os consumos nos diferentes estados da natureza como substitutos mais pobres e portanto requer um maior aumento no con sumo do estado 1 para compensar a queda no consumo do estado 2 e vice versa Observe que o caso paradoxal mostrado na Figura 20P5b em que um aumento na taxa de retorno esperada de um ativo pode levar os investido res a demandarem menos é improvável no mundo real Por exemplo um aumento na taxa de juros que uma moeda oferece sendo as outras coisas iguais eleva a taxa de retorno esperada sobre os depósitos dessa moeda em todos os estados da natureza não apenas em um deles O efeito de substituição de port fólio em favor da moeda portanto é muito mais forte Os resultados que encontramos são muito diferen tes daqueles que ocorreriam se o investidor fosse neutro ao risco Um investidor neutro ao risco passaria toda sua riqueza para o ativo com o maior retorno esperado sem prestar atenção para o risco dessa movimentação2 Contudo quanto maior o grau de aversão ao risco maior a preocupação com o grau de risco da carteira global de ativos 2 De fato um investidor neutro ao risco sempre gostaria de levar a posição mais curta possível no ativo de retorno baixo e correspondentemente a posição mais longa possível no ativo de retorno alto É esse comportamento que dá origem à condição de paridade de juros Pósescrito do Capítulo 20 M23KRUGXXXXC23postindd 573 12915 624 PM Título da parte PARTE 1 Índice remisssivo A A Trap Goldsmith 32 Abel Andrew B 369n 384n Abordagem monetária à taxa de câmbio definição 327 PPC 327 Abordagem monetária de preço flexível 351352 Abordagem monetária equação fundamental da 327328 oferta de moeda e 418 Absorção doméstica 251n Ação coletiva 193 195 Acemoglu Daron 553554 553n Acharya Viral V 482n 512t Acordo da Rodada do Uruguai 4 Acordo de Bretton Woods 421 435439 442 Ver também Taxas de câmbio Taxas de câmbio fixas Taxas de câmbio flutuantes declínio e queda do sistema 441442 fim de 442 Fundo Monetário Internacional FMI e 435438 política macroeconômica dos EUA e 441 Acordo de comércio preferencial 205206 Acordo de comércio preferencial 434 Acordo de livre comércio Canadá EUA 141 Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA e 1314 Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA e 4 offshoring e desemprego nos 152153 proporção de empresas que relatam vendas por exportação 144t Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA 6 1415 179 249 300 307 Veja também Canadá NAFTA México desigualdade de salários 78 Acordo de Plaza 452 Acordo de recompra 474 Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT 6 194 199 206n OMC e 200201 Acordo multifibras 175 196 200 Acordo sobre os aspectos comerciais da propriedade intelectual TRIPS 201 Acordos de comércio 13 205206 definição 13 África inflação e crescimento da oferta de moeda em 314315 Agências governamentais 471 Agenda AA 505 Agricultura PAC e 171173 171f proteção contra a concorrência das importações e 195196 subsídios para 199 Agrupamento do mercado de mão de obra 115117 Aizenman Joshua 410n Ajustes de equilíbrio oficiais ou balança de pagamentos 261 Alang India 240 Aldonas Grant D 57n Alemanha 86 501 spreads dos empréstimos nominais do governo 513f importações de bananas e 207208 Bundesbank 406 498 499 501 teoria da credibilidade do SME e 498499 Crise do euro e 511 514516 Tratado de Estabilidade Fiscal 517 reunificação da 498499 Volkswagen e 140 Alesina Alberto 379n Alfaro Laura 551n Alimentos comércio da União Europeia de 187 possibilidades de entrada na produção de 71f Alocação de mão de obra preços e 4750 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 574 12915 625 PM 575 Índice remisssivo América Central 207 Veja também América Latina América do Sul desvio de fluxos comerciais na 267 Ver também América Latina América Latina 6 substituição das mercadorias importadas 217 reformas e afluxos de capital 534537 Programas de televisão de língua espanhola para toda a 125 liberalização do comércio 200 American International Group AIG 483 American Sugar Alliance 174 Americanização da cultura 236 AMF Ver Acordo multifibras Análise de Brander Spencer 229232 Análise de equilíbrio geral 26 Análise de equilíbrio parcial 26 Anderson Kym 204t Antidumping como protecionismo 147148 Apropriabilidade como justificativa para a proteção da indústria nascente 216217 definição 216 Arábia Saudita 389 Arbitragem regulatória 479 Arbitragem 276 Áreas de moeda ideal 508 Ver também Modelo GG LL União bancária 508 definição 508 Europa 509 comércio intraeuropeu 509510 teoria das zonas 503511 Áreas de moeda a decisão de aderir 508510 Argentina crise da dívida e reformas em 535536 Mercosul e 209 Argumento da indústria nascente 123 215216 Argumento da mão de obra pobre 32 Argumento de falha de mercado interno contra o livro comércio 189190 Argumento político para o livre comércio 186 Armadilha da liquidez e 376379 377f Armella Pedro Aspe 537n Arndt Sven W 334n Artus Jacques R 386n Ásia e Economias asiáticas comércio de câmbio a prazo sem entrega negociação em 279280 280f comércio e crescimento de 221223 222f 223f crescimento de 221223 crise financeira em 537539 540542 fraquezas econômicas em 534536 Índia 220 política comercial em 222224 quadro jurídico 541 termos de comércio em 9495 Aspectos comerciais da propriedade intelectual TRIPS 201 Assimetria moeda de reserva padrão e 406407 Assistência social com economias externas 113114 tarifas aduaneiras e 202203 Ataques terroristas de 11 de setembro 2001 360 482 Ativos de risco fluxo internacional de 487 Ativos em moeda estrangeira demanda por 278285 Ativos internacionais dívida versus equidade 470 Ativos ver também Retorno de ativos Comércio internacional Diversificação de portfólio ativos e passivos estrangeiros brutos de países industriais 488t definição 255 derivados financeiros como 259 dos Estados Unidos 255258 265f restrições no banco 476 Atkeson Andrew 334n Ato de Smoot Hawley 1930 434 Ato Único Europeu 1986 187188 500 510 Atum proteção do 186 Auerbach Alan 379 Aumento em Pt proprietários de terras e 66f proprietários de capital e 66f Austrália taxa de juros real em longo prazo para 455f Auto Pact norte americano 1964 139 140 Autonomia de política monetária 460 Autonomia política monetária 444445 Aversão ao risco 469 B Baillie Richard T 405n Balança de pagamentos 5 430 contabilidade de renda nacional e 245268 definição 246 erros líquidos e omissões 259260 nos Estados Unidos 262t 414n oferta de moeda e 392393 Balanço de Banco Central 389393 Balanço do banco central 389393 Balassa Bela 38n 38 338n 347 Baldwin Richard 509 Baldwin Robert 83t 194 Bananas preferências comerciais para 207 Banco Central Europeu BCE 307 482 501 eurossistema e 502503 linhas de swap da Reserva Federal e 483485 transações monetárias completas e 518 Banco Mundial 435n na liberalização do comércio 204 Mercosul e 209 Banco Nacional da Suíça 402 Bancos centrais balanço das crises de pagamentos e 418420 definição 260 linhas de swap de dólar 483484 484f oferta de moeda e 389393 outras agências de governo e 471 padrão ouro e 405406 taxa de câmbio e 392395 395f taxas de juros inflação e 318319 Bancos comerciais 471 Ver também Bancos e sistemas bancários Bancos de investimento 483 Bancos e sistemas bancários ver também Bancos centrais Bancos comerciais ativos de alguns bancos como relação à produção nacional 512t fortalecimento 546 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 575 13015 1249 PM 576 Economia internacional fragilidade financeira e 473500 frequência de crises bancárias sistêmicas 19702011 477f importância de 543 problema de falência de banco 486487 regulamentação na Ásia 541542 salvaguardas contra falências 479481 Bangladesh 86f 86 colapso das fábricas de roupas 39 237238 Bank for International Settlements BIS 480 Bank of America 483 Bank of England 407408 480n Barreiras ao comércio não comercializáveis e 333334 no México 218 nos Estados Unidos 1112 remoção de 187188 Barreiras burocráticas 178 Barreiras comerciais Ver Barreiras ao comércio Barreiras não tarifárias 162 Basileia III 481 485487 Baum L Frank 433 Bay Bridge São Francisco a Oakland 177 BCE ver Banco Central Europeu BCE Bean Charles R 504n Bear Stearns 482 Beisebol vantagem comparativa em 28 Bélgica 12 bem estar nacional e 213214 efeitos de 164 164f subsídios à exportação e 104105 custos indiretos de 168169 medição da proteção de 166167 169172 monopolista protegido por 182f ideal 213f na presença de monopólio 183186 preços e 212213 212f quotas em comparação com 182182 183f taxas nos países em desenvolvimento 220f retirada de 195196 no país pequeno 165 165f termos de comércio e 105f argumento dos termos de comércio e 188189 Bemestar nacional tarifas aduaneiras e 213214 Benefício mútuo 3 Benefício social marginal 190 Benefícios das tarifas aduaneiras 166171 Bens de baixa tecnologia 78 Bens e serviços negociação de 3 Bens informativos balanço norte americano de comércio em 228f Bens não comerciáveis definição 472 custos de transporte 3637 Bens tangíveis comércio em 3 Bergsten C Fred 61n Bernanke Ben S 220n 319n 369n 434n 456n 475n 482n 483n Bhagwati Jagdish 43n 101 339 545n 545 Blanchard Olivier Jean 510n Blinder Alan 17 481n 483n Bloomfield Arthur 431n Boeing subvenção Airbus e 230t Bollywood 125 Boom indiano 223224 Bordo Michael 442n Borjas George 60n Bosworth Barry P 536n Botsuana 315n Bowen Harry P 83 Brander James 228 Brasil crise da dívida e reformas em 528529 Decisão da OMC sobre política de comércio dos EUA e 201 liberalização do comércio em 220221 Mercosul e 209 real e 56 Broda Christian 139 Brunner Karl 337n Brunnermeier Markus 481n 486n Bryan William Jennings 432 Buchanan Patrick 21 Bundesbank 6 498 501 Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos 56 Burns Ken 28 Burstein Ariel 334n Buscando por renda 186 Bush George W 42n 205 366n C Cagan Phillip 314n Calvo Guillermo A 516n 545n Câmbio futuro sem entrega 279 Camboja 86 Canadá Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA e 4 13 218 Auto Pact norte americano 1964 e 139140 inflação em 319321 moeda conversível em 436 províncias e estados dos EUA em negociação com a Colúmbia Britânica 13 14 taxa de juros real em longo prazo para 455f CAP Consulte Política agrícola comum PAC Capital do banco 474 Capital mobilidade de 544545 repartição dos mercados financeiros internacionais 471477 Características geográficas 549n Cardoso Eliana A 531n Carry trade 290292 Carteira de investimento 546 Carter Jimmy 449 Caso de eficiência para livre comércio 185 185f Cassel Gustav 325 Catalisador da crise da dívida na zona do euro 514515 doom loop 515517 Banco Central Europeu BCE e 519 respostas políticas para 517518 preparação para 511512 514515 a inadimplência autorrealizável e 515517 Cecchetti Stephen 319n Chenery Hollis 531n Chile crise da dívida e reformas em 534536 China e 222223 China 6 33f 120121 Veja também Yuan China antidumping contra protecionismo 147148 custos de produção 121f desenvolvimento em 538539 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 576 12915 625 PM 577 Índice remisssivo economia em reequilíbrio em 549f emissões de dióxido de carbono por 239 240f experiência em 86 exportações da 17 8687 87n fabricação de botão em 119 Hong Kong e 184 moeda indexada 547549 moeda subvalorizada 547 padrão das exportações ao longo do tempo 87f painéis solares e 176 restrições voluntárias das exportações 176 superávit em 5 taxa de retorno e 278279 280f taxas de salário em 29 termos de comércio e 103 103f Chinn Menzie D 411n 492n Chips Veja Indústria de semicondutores Chiquita Banana Company 208 Choudhri Ehsan U 434n Christiano Lawrence 379 Churchill Winston 433 Claessens Stijn 518n Clarida Richard 320 320n 411n Clinton Bill sobre as normas trabalhistas 236 Colônias antigas 552n Columbia Britânica comércio com 13 13t 14f Comércio de câmbio a prazo sem entrega na Ásia 279281 280f Comércio em mercadorias de informação 228f Comércio internacional 1 7 Ver também Taxas de câmbio Padrões de comércio Modelo de fatores específicos custos de e decisões de exportação 144146 146f economias de escala e 113114 efeito sobre a distribuição de renda 4 economias externas e 118123 distribuição de renda e os ganhos do comércio 4 5254 comércio inter regional e 123125 intraindústria 139t Norte Sul 7778 economia política do 5457 serviços e 155f três tipos de transações em 468f economias de dois fatores e 7482 desemprego e 5657 56f volume 45 Comércio inter regional definição 123 geografia econômica e 123125 Comércio intertemporal 106 110 251 383 423 Demanda de consumo e 383384 definição 106 padrão de consumo 112f padrão 111f extensão da 488 Comércio intraindústria 138 508 índices para as indústrias dos EUA 139t Auto Pact norte americano 1964 140 importância do 138 Comércio mundial 920 Ver também Comércio internacional mudanças no 1819 composição do 2011 16f modelo de gravidade do 911 Comércio Norte Sul e 7778 preços e 4850 produtividade refletida em 33 33f reais 234t relativo 33 33f mudança tecnológica viesada pela qualificação e 7881 79f comércio e 234236 Comércio NorteSul 87 prosperidade das nações desenvolvidas 102 disparidades salariais 77 Comércio total dos EUA com os principais parceiros em 2012 10f volume de 45 salários e 257258 Comércio Ver também Barreiras ao comércio possibilidades de consumo do comércio mundial expandidas 29f distribuição de renda e 76 na União Europeia 175176 496501 com economias externas 117118 fator conteúdo de 83t respostas concretas para 139144 ganhos provenientes 468470 de mercadorias 1617 modelo da gravidade do 1112 crescimento nos países em desenvolvimento 221f 222f impedimentos ao 12 inter regional 123126 intertemporal 423424 intraindústria 508 moeda e 78 concorrência monopolística e 130134 não comercialização e 3031 em um mundo de um fator 2430 preços e 119f salários relativos e 52f preços relativos 7576 75f recursos e 67117 em serviços 1620 no modelo padrão 9496 importações de açúcar e 172175 172f 173f oferta e demanda na indústria única 162164 Comissão de Comércio Internacional 146 Comissão Europeia 187188 498 quotas de importação contra as bananas dólar e 207 Comitê da Basileia 480 485 486 Compras de governo definição 249 PNB e 246 Comunicação progresso de 1416 Comunidade Econômica Europeia CEE 139 Ver Mercado comum Comunidade Europeia Ver União Europeia UE Concentração das indústrias 117120 Concordata 483 Concorrência entre duas empresas 229t Concorrência imperfeita e 228233 Concorrência imperfeita definição 129 política comercial estratégica e 228232 teoria da 129134 Concorrência monopolística 131134 pressupostos do modelo 44 definição 131 equilíbrio em um mercado monopolístico competitivo 133f equilíbrio de mercado 132 comércio e 134139 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 577 12915 625 PM 578 Economia internacional Concorrência política 192193 193f Concorrência política 193f Concorrência eleitoral 192193 193f imperfeita 129137 228232 monopolística 131136 proteção de 195196 Condição de Marshall Lerner 385 Condição de paridade de juros 285286 Conferência de Gênova 433434 Conglomerados de empresas 116119 Congresso Estados Unidos voto na política de comércio por 194 Conselho de Estabilidade Financeira FSB 486 Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira FSOC 486 Conselho monetário 535 taxa de câmbio fixas e 413n Consumo 249 definição 249 PNB e 249 Conta corrente 247n 251252 373t ajuste do fluxo de comércio gradual e 374377 balança externa e 459465 déficit em 251n 424425 determinantes da 354 discrepância global em 254 254f endividamento externo e 251254 nível ótimo de 423429 Nova Zelândia e 427f políticas macroeconômicas e 373374 373f posição de riqueza externa líquida e 252f poupança e 252253 rendimento disponível e 394 superávit em 424 taxa de câmbio e 354 taxa de câmbio real e 354 Conta de capital 255 258259 Conta financeira 255 258259 Contabilidade da renda nacional 246 balança das contas de pagamentos e 255265 balança de pagamentos e 245268 PNB e 248 para uma economia aberta 249255 Contabilidade do balanço de pagamentos 246 Conta corrente 252253 privada 253 taxas para 24 países 489f Contágio 544 importância de 544 Conteúdo de fatores do comércio 82 8287 83t ajuste empírico para 8485 comércio faltante 84 testes de dados globais 8384 testes em dados dos Estados Unidos 83 Continental Illinois National Bank falência do 478 Contrato de futuros 278 Controle de câmbio 527 Controles de capital 499 Convergência de salários migração em massa e 59 Convergência em renda per capita 523 Cooke WP 480n Cooper Richard N 408n Coordenação da política internacional Ver Coordenação política Coordenação política 422 falhas de 465466 taxas de câmbio flutuantes 459 Coreia do Sul 5 232 269 milagre econômico na 537538 economia na 538 produtividade do trabalho na 3334 Coreia Ver também Coreia do Sul Corporações 471472 Ver também Empresas multinacionais câmbio estrangeiro e 279 Correção monetária simétrica sob um padrão ouro 407408 Cowan Kevin 536n Crawling peg 536n Crédito interno 402n Crédito Swaps CDS 483 Crédito mecanismo de preço espécie fluxo e 430431 Crescimento econômico efeitos internacionais de 101104 na economia mundial 523526 Crescimento empobrecedor 101 Crescimento enviesado pela exportação 100 Crescimento enviesado pela importação 101 Crescimento tendencioso 99 100f definição 99 Crescimento poluição e 238239 Crescimento Ver Crescimento econômico Criação de comércio 208 Crise bancária dos EUA 6 Crise da dívida Crise da zona do Euro 511 década de 1980 534535 na América Latina 534 na Argentina 535536 no Brasil 535 no Chile 536 no leste da Ásia 537 no México 534 536537 Crise das empresas ponto com 453454 Crise de dívida da zona do euro e 514515 preços internos 450f Crise de moeda autorrealizável 516 Crise do balanço de pagamentos 398400 437 cronologia de 418420 definição 398 fuga de capitais e 398400 Crise do balanço de pagamentos cronologia de 398399 399f Crise financeira global 456457 de 20072009 481483 484f iniciativas reguladoras internacionais após a 485487 Crise financeira global iniciativas reguladoras internacionais após a 485487 Crises financeiras Ver também Países em desenvolvimento Critérios de convergência de Maastricht e 501502 Critérios de convergência PEC e 501502 Croushore Dean 369n 384n Crowe Christopher 503n Cuaresma Jesús Crespo 510n Cultura globalização e 236237 Cumby Robert E 491n Curto prazo definição 305 oferta de moeda e taxa de câmbio no 305306 produção e a taxa de juros no 353380 produção no 357358 357f equilíbrio de mercado de produção em 358362 Curva ambiental de Kuznets e 238 no México 239 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 578 12915 625 PM 579 Índice remisssivo desde 1985 220222 desigualdade de salários em 67 Curva ambiental de Kuznets 238 239f Curva ambiental de Kuznets 238 239f Curva de aprendizado 123 123f Curva de demanda de importação 162 162f Curva de demanda relativa 27 Curva de demanda exportação 162f Curva de demanda importação 162f Curva de oferta de exportação 162 163f Curva de oferta em queda futura 118 Curva de oferta relativa 26 Curva de RD 27 Curva de RS deslocamento da 99 Curva GG 503505 504f Curva J 374375 374f Curva LL e 505506 vencedores e perdedores de 143f Curvas de indiferença 95 Custo de oportunidade 22 320 Custo marginal 130 131f Custo médio de produção 118 Custo médio 130131 131f definição 130 Custos de assistência social de proteção dos EUA 194t Custos de transporte mercadorias não comercializáveis e 3637 Custos das tarifas aduaneiras 161166 média 130131 D Dados macroeconômicos para regiões industriais chave 19632012 449t De Grauwe Paul 333n 516n De Gregorio José 536n Decisões de produção fator preços e 72 preços das mercadorias e 72 Déficit em conta corrente 251 453 Déficit excessivo em conta corrente 424 Déficit orçamentário governamental 254 Déficit Veja também Conta corrente governo 254255 mistério do déficit faltante 254255 no México 536537 Déficits em contas correntes porcentagem do PIB 540t milagre econômico em 537538 sucesso econômico em 537539 fraquezas econômicas em 540541 industrialização de substituição de importação em 218220 crise financeira 7 541544 definição 249 definição 35 determinação de 36f no modelo multimercadoria 35 especialização e 34 Deflação definição 312 no entre guerras 19181939 433 pleno emprego e 422 Delors Jacques 500 Demanda agregada por moeda 301302 aumento na renda real e 302f definição 301 nível de preço e 301 renda nacional real e 301 taxa de juros e 301 302f Demanda agregada definição 354 determinantes na economia aberta 354357 equação de 356357 renda real e 302f 356357 saída e 399f taxa de câmbio real e 356357 Demanda de consumo comércio intertemporal e 383384 determinantes da 354355 Demanda de dinheiro real 397 Demanda derivada 35 Demanda relativa oferta relativa e 98f Demanda Veja também Demanda agregada Comércio intertemporal equilíbrio do mercado cambial estrangeiro e 393 melhor tarifa aduaneira e 206 oferta de moeda e 299305 oferta e comércio de indústria única e 162164 para ativos em moeda estrangeira 278287 para reservas internacionais 409412 saída relativa 334 taxa de câmbio real de longo prazo e 341342 Departamento de Análise Econômica DAE do Departamento de Comércio dos EUA 255n 261262 Departamento de Comércio 147 148 moeda conversível em 436 Departamento de Segurança Interna 177 distribuição de renda em 76 dimensão econômica e o comércio com os 12f embargo por Jefferson em 30 exportações de entretenimento da 125 estimativa da eficiência tecnológica 1983 84t exportações dos 83 problema de equilíbrio externo de 461 fator conteúdo das exportações e importações 1962 83t derivados financeiros em 259 inflação estrangeira e 443 Depósitos a prazo 300n Depreciação de capital 248 Depreciação 272 definição 248 desvalorização e 397n mudanças na taxa de câmbio como 283284 Derivados financeiros 259 278 Derivados financeiros 259 Desalinhamentos 459 Desemprego comércio internacional e 5556 56f políticas monetárias e 465f Desequilíbrio fundamental 436 Desequilíbrio balança de pagamentos como medida de 261 Desequilíbrios globais 454f ponto com de alta tecnologia e 453454 Desigualdade de renda comércio NorteSul e 7778 mudança tecnológica enviesada pela habilidade e 7881 79f Desinflação inflação e 19731982 448449 Desvalorização 397 da moeda efeito da 397f Desvio dos fluxos comerciais definição 209 na América do Sul 209 Determinação da taxa de câmbio 56 Dever antidumping 146 Diamond Jared 550 Díaz Alejandro Carlos F 536n M24KRUGXXXXC24indice2801indd 579 12915 625 PM 580 Economia internacional Diferença de renda 524t 524526 525t diminuição da 524526 Diferenciação do produto 335 Diferenciais de juros onshore offshore 489 Dilema do prisioneiro 198 465 Dióxido de carbono emissões a nível mundial de 239 240f limites 239 Disputa OMC e 202 Distância entre o rico e o pobre 524525 Ver também Riqueza das nações Distribuição de renda 4274 Distribuição internacional de renda Ver Distribuição de renda Distritos industriais Marshall na 115 Diversificação de portfólio internacional aversão 568573 Diversificação de portfólio Ver também Diversificação de portfólio internacional definição 469 comércio internacional de ativos 469470 Diversificação Ver Diversificação da carteira internacional Diversificação de portfólio Dívida agricultura 432 repúdio ao internacional 434 Dolan Matthew 169n Dólar australiano 290292 Dólar canadense 318320 Dólar EUA Ver também Taxa de câmbio dólareuro yuan chinês e 539f diferenciais de juros onshore offshore 489 taxas de investimento para 489f moedas e 5 índice de taxa de câmbio efetiva 447f e euro 286287 287t 288f 308310 308f 309f 352 411n taxas de câmbio e 286287 308310 308f 309f 352f investimentos estrangeiros de 6 taxa de juros e 287288 288f oferta monetária taxa de câmbio e 307308 câmbio de libra à vista e futuro 273 taxa e 273t taxa de retorno e depósitos em euro 287t ienes e 280f 332f taxa de câmbio do iene e 313f Dólar australiano e 290292 carry trade e 290292 taxa de câmbio com o dólar 280f 332f taxas de juros sobre 280f Dólar australiano iene japonês e 290 Dólar e libra 273t Dolarização 5452 Dominguez Kathryn M 405n Dooley Michael 458n Doomp loop 515517 Dornbusch Rudiger 334n 376n 531n 536n Downs Anthony 192n Draghi Mario 518 Dumping 146147 antidumping como protecionismo 146147 definição 146 E Economia categorias de 524 524t Economia aberta metas de política macroeconômica na 422428 trilema monetário da 428429 429f 460 480 544 contabilidade da renda nacional para 246 Economia cinematográfica entretenimento hollywoodiano 115 Economia de fator único 2324 Economia dos Estados Unidos imigração e 60 Economia fechada na Índia 215 Economia global empresas na 153 Economia internacional assunto de 37 Economia mundial transformação e crise na 452457 Economia política dos regimes de taxa de câmbio 432433 do comércio 5457 da política comercial 184213 Economias asiáticas de alto desempenho EAADs 540541 Economias de alta renda 524 524t Economias de dois fatores 7482 efeitos do comércio internacional entre 7478 Economias de escala 113 empresas de entretenimento em Hollywood 125 aumentando retornos e 118119 localização internacional da produção e 113127 comércio internacional e 118123 perdas com comércio e 122f equilíbrio de mercado e 117118 118f produção e preços e 118120 padrões comerciais e 120121 fornecedores especializados 116 teoria de 116 antes do comércio 119f Economias de escala comércio internacional e 118123 estrutura de mercado e 114115 Economias de renda média superior 524 Economias de renda superiormédia 524 524t Economias emergentes Influxo de capital para 536 salários e produtividade em 33 Economias internas de escala 115 128 Economias recém industrializadas NIEs 77 exportações de bens manufaturados das 77 nações avançadas 78 desigualdade de renda e 7778 Ederington Josh 240n Efeito de bem estar das alterações nos termos de comércio 9697 da tarifa aduaneira 170f Efeito de sinalização de intervenção cambial estrangeira 405 Efeito de Stolper Samuelson 73n 192 Efeito dominó como contágio 544 Efeito Fisher 330 344 346347 definição 329 abordagem monetária de preço flexível e 351352 Efeitos da distribuição de renda sobre o comércio 76 Égert Balazs 510n Eichenbaum Martin 379 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 580 12915 625 PM 581 Índice remisssivo Eichengreen Barry 411n 430n 434n 456n 460n 510n 533 Elasticidades do comércio condição de Marshall Lerner e 385387 Eleitor mediano 192 Eleitores preferências políticas de 192193 Elliott Kimberly Ann 235 Embargo no transporte 3031 Emissões Ver Dióxido de carbono Emprego 18f Ver também Desemprego relação de não produção produção nos EUA 80f habilidades e 80f Empresa monopolista preços monopolísticos e decisões de produção 130f Empresários livre comércio e 185 Empresas multinacionais terceirização e 128158 Empresas 128159 aumento de tamanho do mercado e 135136 143144 terceirização e 152153 proporção dos Estados Unidos relatórios de vendas por exportação 144 respostas concretas para o comércio de 139144 Emprestador de última instância LLR 476 477 Empréstimo 528539 Empréstimo oficial 532 Empréstimos internacionais 3 106108 vantagem comparativa intertemporal 108 possibilidades de produção intertemporais comercialização e 106107 taxa de juros real e 107108 Engel Charles 337n 491n 510 Engerman Stanley L 552n Entradas saída e 114t produção 540 numa economia de dois fatores 7374 Equalização dos preços do fator 8182 Equilíbrio da balança de pagamentos 430 Equilíbrio de curto prazo para abrir 365366 365f 366f Equilíbrio de longo prazo definição 310 taxas de câmbio nominais e reais em 343345 Equilíbrio de mercado economias externas e 117118 concorrência monopolística 131134 Equilíbrio de mercado de ativos com taxa de câmbio fixa 394f em curto prazo 358362 taxa de câmbio real e 357f Equilíbrio de mercado de saída em curto prazo 362365 Equilíbrio externo 459 sob o sistema de Bretton Woods 439f 441444 definição 422 taxa de câmbio e 448 manutenção 439440 nível ideal de conta corrente 423428 políticas para 441f opções políticas para alcançar 438441 problema dos Estados Unidos com 441444 Equilíbrio interno em Bretton Woods 439f definição 422 pleno emprego estabilidade do nível de preço e 422423 sob o padrão ouro 431432 manutenção 438439 opções políticas para alcançar 438441 441f Equilíbrio mundial 163 163f Equilíbrio no mercado de câmbio estrangeiro 285288 306f com taxa de câmbio fixa 393 sob substitutibilidade imperfeita de ativos 403404 Equilíbrio parcial 118n Equilíbrio Ver também Equilíbrio de curto prazo no mercado automobilístico 136f no mercado cambial estrangeiro 273278 306f 403 taxas de juros expectativas e 287288 no mercado monetário 302304 306f num mercado monopolístico competitivo 133f em todo o mundo 163 163f Erros líquidos e omissões 259 Espanha Especialização salários relativos e 3436 Espectro de abundância de qualificação 86 Estados que negociam com a Colúmbia Britânica 13 14f indústria açucareira 172175 173f taxa das tarifas aduaneiras de 197f termos de comércio e 103f comércio e 9 11f 18 Estados Unidos 86 Ver também Dólar EUA Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA padrões de poluição do ar nos 202 ativos dos 254255 254f conta corrente nos 2012 252t importações de bananas e 207208 regulamentação de bancos nos 475 Estagflação 448 Estoque capital nacional 252n Estrutura de mercado economias de escala e 114115 Estrutura econômica similaridade da 508 Euro 7 443n 496 Ver também Taxa de câmbio dólareuro Zona do euro Áreas de moeda ideal taxas de retorno do dólar e 284t 287t política econômica e 501503 evolução da 497501 taxa de câmbio e 286287 287t taxa de câmbio fixa e 503505 flutuação administrada e 389n áreas de moeda ideal e 496522 aumento na taxa de juros e 289f franco suíço e 402f oferta monetária dos Estados Unidos taxa de câmbio e 307308 Eurobank 472 Eurodivisas 472 Eurodólar 472 Eurônimos breve glossário de 498t Europa Ver também União Econômica e Monetária UEM União Europeia UE União Econômica e Monetária UEM em 496f economias de 11f M24KRUGXXXXC24indice2801indd 581 12915 625 PM 582 Economia internacional crise financeira em 19921993 452454 problema com os imóveis 6 iniciativas de integração do mercado em 499500 cooperação monetária em 497498 oferta monetária e a taxa de câmbio dólareuro da 308310 como áreas de moeda ideal 496522 comércio dos EUA com 11 11f Exame do banco 476 Excedente comercial 56 Excedente do consumidor 166168 definição 166 derivada da curva de demanda 167f geometria de 167f Excedente do produtor 166 geometria de 167f Expansão Ver Expansão fiscal Expansão fiscal com taxa de câmbio fixa 396f permanente 371373 372f temporário 367f Expansão monetária sob taxas de câmbio fixas 395f Expansão tendenciosa das possibilidades de produção 74 Expectativas de taxa de câmbio 405 Exploração pelo comércio 32 Exportação subsídios à 104106 definição 170 efeitos de 105 Política Agrícola Comum da Europa e 170171 171f estrangeiros 195 teoria de 170 Exportações líquidas Nova Zelândia e 427f Exportações 1 1f 15 16f britânicas americanas 38 declínio de 2009 2 países em desenvolvimento 17 17f de entretenimento 125 queda da demanda por 446448 447f no México 218 padrão dos chineses ao longo do tempo 87f padrões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento 8587 86f como porcentagem da renda nacional 1f 2f produtividade e 39f vendas proporção de empresas americanas relatando 144 custos do comércio e 144146 146f valores de 15f restrição voluntária das 175 Externalidade negativa poluição como 240 Externalidades definição 227 importância de 227 tecnologia e 227 F Fabricação de botões 118 Fabricação nos países em desenvolvimento 219t emprego 229f proteção de 216 217 225 Falência de banco 486487 Fallick Bruce 44 Fallows James 231232 Fannie Mae 483 Farhi Emmanuel 508n Farm Bill Sugar Reform Act of 2013 174n Fator abundância 67 Fator abundante 76 Fator conteúdo das exportações e importações dos EUA 1962 83t Fator escasso 76 Fator especificidade Ver Fatores específicos Fator intensidade 67 Fator móvel 43 Fator movimentos contratação de empréstimos internacionais e 106108 Fator substituição fronteira de possibilidade de produção com 74 fronteira de possibilidade de produção sem 74 Fatores de produção Ver Fatores específicos Fatores específicos 42 Federal Deposit Insurance Corporation FDIC 475 534n Federalismo fiscal 508 Federalismo fiscal 508 Feenstra Robert 81n Feldstein Martin 488489 488n 538 538n Filmes Ver Bollywood Financiamento bancário 532 Financiamento de campanha política comercial e 194 Financiamento de dívida 532 Financiamento de patrimônio 532 Financiamento de títulos 532 Fischer Stanley 376n 545n 549n Fisher Irving 330n Flandreau Mac 430n Flood Robert 410n 418n Flutuação administrada e 400401 substitutibilidade perfeita de ativo e 401403 Fluxo de comércio ajuste gradual e conta corrente 374377 distribuição de renda e 5254 Fluxo de dinheiro 1 430 Fluxos de capitais especulativos 437 Fluxos de capital especulativo 437 global 549554 Fluxos de ouro esterilizados 431 Fluxos financeiros formas alternativas de 530533 para países em desenvolvimento 529530 Fluxos financeiros líquidos 255 Fluxos financeiros privados 436437 Fluxos financeiros privados 436437 FMI Ver Fundo Monetário Internacional FMI Folkerts Landau David 458n Força de trabalho mobilidade da Europeia 510511 Força do trabalho Ver Trabalho Força de trabalho desigualdade salarial entre especializadonão especializado 7879 79f Ford Transit Connect 169 Ford Whitey 28 Fornecedores especializados 115 Fórum de Estabilidade Financeira 486 Fracasso do mercado nacional 189 190f França 86 Franco suíço 401 taxa de câmbio e 402f Frankel Jeffrey A 338n 517n Frankfurt negociação de câmbio estrangeiro em 275 Freddie Mac 483 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 582 12915 625 PM 583 Índice remisssivo Frieden Jeffry 433 Friedman Milton 314n Frisch Max 61 Fronteira de possibilidade de produção intertemporal 107 107f Fronteira de possibilidade de produção 23 23f 25f 44 46f definição 23 com substituição dos fatores 70f intertemporal 107 107f sem substituição dos fatores 69f Fronteiras como efeito negativo sobre o comércio 12 Fuga de capitais 399f crises do balanço de pagamentos e 398400 definição 399 Função da produção 68 Fundo de Estabilização do Câmbio 260 Fundo Monetário Internacional FMI 389n 435 516 Ásia 691 Sistema de Bretton Woods e 435 438 objetivos e estrutura de 436 papel e políticas do na crise financeira 547 G Ganho de eficiência monetária 520 Ganhos adicionais do livre comércio 185n Ganhos da negociação 34 restrição orçamentária e 54f definição 3 Garber Peter M 238n 458n Gases de efeito estufa limite 241 GATT 6 Genberg Hans 333n General Accounting Office 55 Geografia econômica 123125 fluxos de capital global distribuição global de renda e 549554 Geografia econômica definição 125 comércio inter regional e 123125 Gestão de taxa de câmbio intervenção esterilizada em 400405 Ghosh Atish 531n Giavazzi Francesco 379n 499n Gifford Kathie Lee 233 Globalização 5 movimento antiglobalização e 202 cultura e 236 ambiente e 238241 questões ambientais e culturais 236 Keynes em 15 mão de obra de baixo salário e 233237 soberania nacional e 486487 sistema bancário sombra 473 Goldberg Linda S 320n 485n Goldberg Pinelopi Koujianou 332n 334n Goldman Sachs 483 Goldsmith Sir James 32 Gorodnichenko Yuriy 379 Gorton Gary B 481n Gourinchas Pierre Olivier 531n 552 Governo como devedor na moeda nacional 423n indústrias de alta tecnologia e 227 instituições da 549550 papel das instituições da 550 salvaguardas contra a instabilidade financeira 475477 Grã Bretanha Ver Inglaterra Grã Bretanha Grande Depressão 15 198 padrão ouro e 434435 Grandes demais para falir 477479 Grécia crise de dívida da zona do euro e 511 514515 Greenpeace desmonte de navios em Alang indústria e 240 Greenspan Alan 478 Grossman Gene M 154n 195n 238239 491n Grove Andy 231 Grupo dos 20 G20 nações 459 Grupos de interesse especial política comercial e 194 Guerra comercial 196 196t H Haber Stephen 552n Habilidades desemprego e 81f Haiti 86 Hall Robert E 379 Hansen Lars Peter 491n Hanson Gordon 61n 81n Hausmann Ricardo 533 Heckscher Eli 61 Heller H Robert 410n Helpman Elhanan 195n Herbert Bob 32n Hiperinflação no Zimbábue 314315 Hipotecas nonprime 456 Hipotecas subprime 456 515 Hipóteses de instituições 552n Hodrick Robert J 491n Hollywood indústria do entretenimento em 115 Homogeneização das culturas 236 Hong Kong economia em 184185 221222 indústria de entretenimento no 125 exportações da 221222 Horioka Charles 488 488n Howard John 238 Howell Kristy 255n Hsieh ChangTai 435n Hume 1 Hume David 1 2 430 Humpage Owen F 405n I Identidade de pagamentos 257 erros líquidos e omissões 259 Identidade do rendimento nacional 250 IED investimento estrangeiro direto vertical 151 156 IED Brownfield 148 IED greenfield 148 IED horizontal 150152 Iene Japão 274 Imigração em massa 60n Imigração comércio 3 convergência dos salários 59 migração em massa e 60n economia dos EUA e 6061 Importações de arroz tarifas aduaneiras sobre 195 Importações de gasolina poluição e 237 disputa EUA Venezuela sobre 201 Importações 1 1f 2f Ver também Taxas de câmbio declínio das em 2009 2 como porcentagem da renda nacional 1f 2f açucareira 57 172175 Imposto do frango 169 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 583 12915 625 PM 584 Economia internacional Impostos sobre as importações em que o carbono é emitido 241242 Inadimplência autorrealizável do governo 515517 Inadimplência soberana 512 Índia e 205 padrões de 1418 terceirização de serviço 1718 parceiros comerciais 914 Índia Ocidental bananas procedentes das 207 Índia Bollywood em 125 boom econômico em 222 223224 industrialização de substituição de importação e 217 poluição em 239241 liberalização do comércio em 220221 Índice de corrupção 528f 528n Índice de preços ao consumidor IPC 442n Índices de taxa de câmbio do dólar nominal e real efetiva 450f Indonésia 542 Indústria açucareira Estados Unidos 55 57 Indústria automobilística 274 Auto Pact norte americano 1964 e 139140 equilíbrio em 137f restrições voluntárias das exportações e 175176 Indústria cinematográfica exportações de entretenimento dos EUA e 125 Indústria da informação declínio da 227228 Indústria das comunicações declínio da 228229 Indústria de semicondutores 232 Indústria do desmonte de navios 239240 Indústria do vestuário proteção de 196 196t Indústria pseudonascente 216 Industrialização de substituição de importação e 215220 Industrialização de substituição de importação 215218 definição 217 argumento da indústria nascente e 215216 no México 218 promover a fabricação através de proteção 216218 219 resultados de favorecimento da fabricação e 218220 Industrialização orientada para a exportação no leste da Ásia 221223 Indústrias de alta tecnologia apoio do governo para 227 Indústrias de mercadorias comercializáveis 124125 125t quota de emprego 18f Indústrias de TIC declínio de 228 Indústrias concentrações de 123125 proteção contra a concorrência das importações e 195196 comercializáveis e não comercializáveis 123124 124t Inflação global Ver Inflação Inflação 312320 na década de 1960 442 crises do balanço de pagamentos e 418420 taxas de juros do banco central e 318320 convergência para os seis membros originais do SME 500f valorização da moeda e 318320 definição 312 desinflação e 19731982 448450 taxa de câmbio pass through 375376 dinâmica e taxa de câmbio 312320 expectativas de 315 taxas de câmbio flutuantes e 442 pleno emprego e 422423 alemã 499 importada mecânica da 443444 paridade de juros e PPC e 328329 na América Latina 311 no México 536537 política monetária e 465f no Zimbábue 525f Influxos de capital de patrimônio em relação a influxos de dívida 546 Influxos de dívida influxos de capital de patrimônio e 546 Inglaterra Grã Bretanha 108 Ver também União Europeia UE embargo contra 30 padrão ouro em 429 434 preços internos 450f Instabilidade cambial e linhas de swap do banco central 483485 484f Instabilidade financeira salvaguardas do governo contra a 475477 Instituições financeiras não bancárias 275 471 Instituições financeiras reforma da arquitetura financeira do mundo e 544549 Instrumento de dívida 470 Instrumentos de dívida 470 Integração do mercado iniciativas de 499 Integração econômica taxa de câmbio fixa e 503505 Intel 150 Internet instantânea 14 Intervenção cambial efeitos de 392t oferta de moeda e 391 Intervenção cambial esterilizada 391 Intervenção cambial estrangeira oficial 260 Intervencionismo japonês 232 Investimento estrangeiro direto IED 148 como forma alternativa de financiamento 531 decisões da empresa relativas 151156 horizontal e vertical 151152 influxos de 19702012 149f terceirização e 152153 externo para os 25 principais países 150f padrões de 148150 Investimento estrangeiro Ver Investimento estrangeiro direto Investimento Investimento internacional Ver Investimento Investimento 249 Irlanda preços internos 453f Comércio dos EUA com 10 Irwin Douglas 30 Isard Peter 332n Itália Crise de dívida 547 J JP Morgan Chase 482 Janssens Marc 333n M24KRUGXXXXC24indice2801indd 584 12915 625 PM 585 Índice remisssivo Japão 8 Ver também Iene Japão automóveis 175176 preços de automóveis 191 importação de arroz 42 tarifas aduaneiras 194 indústria de semicondutores 232 restrição voluntária das exportações e 175176 Jeanne Olivier 538n 552 Jefferson Thomas 30 Jensen J Bradford 124 Johnson Lyndon B 169 Johnson Simon 553 554 Jones Ronald W 43 Justificativas de falha de mercado para a proteção da indústria nascente 277278 K Kalemli Ozcan Sebnem 551n Kambourov Gueorgui 44 Kaminsky Graciela L 475n Katz Lawrence F 510n Kenen Peter B 508n Kennedy Craig 485n Kennedy Paul 21n Keynes John Maynard 408n 428n na globalização 14 sob o padrão ouro 429433 Klein Michael W 320n Klenow Peter J 315n Kletzer Lori G 57n 124n Knetter Michael M 332n 334n Knight Malcolm D 386n Kochin Levis A 434n Koech Janet 315n Kravis Irving B 339n Krueger Alan 238 239 Krugman Paul R 333n 334n 378n 418n L Labán Raúl 536n Laeven Luc 476n Lane Philip R 488n Lardy Nicholas R 549n Lawrence Robert z 55n 57n 78n Leamer Edward E 83 Lee Jaewoo 410n Legislação Agrícola dos EUA 57 Lehman Brothers 489 colapso da 489 490 Lei Americana de Compras 1933 177 Lei de conversibilidade de 1991 Argentina 535 Lei de Moore 231 Lei de preço único 325 definição 325 paridade de poder de compra PPC 325327 Lei de Recuperação e Reinvestimento de 2009 ARRA 177 Lei do Padrão ouro 1900 433 Lei Dodd Frank 486 Leis do milho Inglaterra 179 Leliaert Hilde 333n Leste Asiático 222 537538 540544 Levinson Arik 240n Lewis Karen 491n Lewis Michael 516n Liberalização do comércio 196197 200202 204 Lindert Peter H 531n Linha Europeia de Estabilidade Financeira EFSF 515 Linhas de crédito reforço 546 Linhas de isocusto 90 Linhas de isovalor 94 Lipsey Robert E 339 339n Liquidez 281 definição 281 instabilidade cambial 483 no mercado de câmbio estrangeiro 284285 Livre comércio 13 22 Ver também Zona de livre comércio Argumento da indústria nascente nos automóveis EUA Canadá 140 caso para 184187 argumento da falha de mercado interno contra 189190 190f eficiência e 185 caso de eficiência para 185f ganhos adicionais 185186 185t 204t negociações internacionais e 196203 falhas de mercado e 190192 monopólio sob 181183 181f argumentos de bem estar nacional contra 188192 argumento político para 186187 termos do argumento de comércio contra 188 Livre concorrência desvios 334 LLR Ver Emprestador de última instância LLR Lobby 197 Lojas duty free escandinavas 341342 Londres comércio cambial estrangeiro 275 Longo prazo definição 305 modelo geral de taxas de câmbio de 339345 PPC no 337 flexibilidade de preço em 312315 nível de preço e a taxa de câmbio no 309312 Lucas Robert E Jr 550 551n Lula da Silva Luiz Inácio 536 Lustig Nora 537n M M1 299 M2 300n M3 300n MacDougall GDA 38n Macroeconomia 245 definição 245 dinheiro e o nível de preço 246 poupanças 245 desequilíbrios comerciais 245 desemprego 245 Macroeconômicas internacionais Ver Políticas macroeconômicas Macroeconomia Madoff Bernard 426n Magee Christopher 194 Mais transparência 546 Malásia 545 Manovskii Iourii 44 Mantega Guido 5 Mão de obra de baixo salário globalização e 233238 Mão de obra alocação de 48f demanda por 315 requisitos unitária em Doméstica e Estrangeira 34t produto marginal da 45f migração de 500 no modelo de fatores específicos 46f comércio em 45 Marcação sobre o custo marginal 134 Marion Nancy 410n Maris Roger 28 Mark Nelson C 492n Marrakesh Marrocos acordo de comércio com 200 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 585 12915 625 PM 586 Economia internacional Marshall Alfred 115 Marston Richard C 491n McGuire Patrick 485n McKinley William 433 McKinnon Ronald 457 457n Meade Ellen E 503n Mecanismo de fluxo de preço espécie 430431 Mecanismo de supervisão única SSM 517 Mecanismo de Taxa de Câmbio MTC 389 Mecanismo único de resolução SRM 518 Meese Richard A 492 492n Meio ambiente globalização e 233241 negociações comerciais e 235236 Meio de troca moeda como um 299 Melitz Marc J 141n Meltzer Allan H 337n Membros da zona do euro 2014 496f Mercado cambial estrangeiro 273278 atores em 273275 carry trade 290292 características de 275276 definição 273 eficiência de 490492 futuros e opções 278 risco e liquidez em 281 taxas de câmbio futuras e spot 276277 277f Mercado comum 139 Ver também União Europeia UE Mercado de capitais internacional 67 Ver também Mercado de capitais regulação bancária e 479481 485487 definição 467 ganhos do comércio e 468470 sistema bancário internacional e 471473 riscos e 7 estrutura de 471472 Mercado de capitais 6 Veja também Mercado de capitais internacional relações de 1 sistema bancário internacional e 67 Mercado de hipotecas crise financeira 481 Mercado de saída efeitos da taxa de câmbio dólar euro 308f variabilidade 507f Mercado financeiro efeitos sobre 456 equilíbrio simultâneo no 306f taxa de câmbio e 307f Mercado norte americano de hipotecas de casas 456 Mercadorias de alta tecnologia 77 79 Mercadorias nas exportações de países em desenvolvimento 17 17f comércio em 15 comércio como um substituto para o comércio de fatores 8385 custos de transporte para 3637 Mercados de capitais imperfeitos 216 Mercados de crédito instabilidade 456 Mercados emergentes 480 Ver também Países em desenvolvimento Mercados financeiros internacionais alocação de capital e risco 487492 Mercosul 209 Merrill Lynch 483 Método de custo corrente 261 Método de valor de mercado 261 México GATT 537 industrialização de substituição de importação 217 NAFTA 4 218 Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA 4 218 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 202 Microeconomia 345 Migração de capitais na UE 500 Milagre asiático 215 Milagre econômico do Leste Asiático e 537538 mundial 15 imigração e 5961 teoria das economias externas 115 Minier Jenny 240n Mishkin Frederic S 300n 391n 481n Miu Jason 485n Mobilidade do capital e trilema do regime de taxa de câmbio 544545 Mobilidade internacional da mão de obra 5759 58f Mobilidade Ver Imigração Modelo da gravidade do comércio 912 anomalias em 1112 definição 10 Modelo DDAA 384 Modelo de fatores específicos 4456 pressupostos de 4445 comércio internacional em 5153 produto marginal e total 6566 65f economia política do comércio em 5457 preços salários e alocação de mão de obra 4752 possibilidades de produção 4447 49f fronteira de possibilidade de produção 46f Modelo GGLL 506508 Modelo GGLL Veja também Curva LL Modelo multimercadoria 35 salário relativo no 35 Modelo padrão de comércio 93108 definição 94 determinação dos preços relativos 97 crescimento econômico e 97 99 preço relativo de equilíbrio 98f fronteira de possibilidade de produção e crescimento 99 empréstimos internacionais 106109 efeitos internacionais de crescimento 101 103104 comércio intertemporal 135138 produção consumo e comércio em 96f possibilidades de produção e oferta relativa 9495 preços relativos e demanda 9497 tarifas aduaneiras e subsídios à exportação 105 economia de negociação e 99102 efeito de bem estar das mudanças em termos de 9697 oferta mundial relativa e os termos de comércio 99 101 Modelo ricardiano 31 3638 4243 definição 23 evidências empíricas em 3738 Modelos econômicos 19 33 Mody Ashoka 518n Moeda porto seguro 401 Moeda conversível definição 436 no âmbito do FMI 436437 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 586 12915 625 PM 587 Índice remisssivo Moeda de reserva definição 405 mecânica de 406407 no sistema monetário mundial 406407 Moeda única europeia 497 Ver Euro Moeda única união econômica e 295 296 Ver também Euro Tratado de Maastricht Ato Único Europeu 1986 Moeda veículo 276 Moeda Veja também Euro Taxas de câmbio Padrão ouro cotações cambiais para 270t efeito da desvalorização 397f indexada na China 547548 mercados e 402403 preços de automóveis taxas de câmbio e 274 reserva 398399 Suíça e 401402 taxas de câmbio futuras e 276277 Moeda Ver também Oferta de moeda demanda agregada e 412 definição de 354 demanda agregada por 301302 taxa de juros e a 305309 taxas de juros e taxas de câmbio 298323 como meio de troca 299 preços das moedas 273 como reserva de valor 299 como unidade de conta 299 Moedas de reserva no sistema monenário padrão 405406 Monopólio puro 129 Monopólio 129 181183 Moody 512 Morgan Stanley 483 Morton Peter J 531n Motivo de internalização 152 Movimento antiglobalização 5 226 233238 Movimento da prata 408 Movimento de capitais internacional empréstimos e 106109 MTC 2 mecanismo de taxa de câmbio revisada 503 Mudança tecnológica enviesada pela habilidade 7982 79f 81f Mudanças de residência por região 1990 510 510t multiplicador de gastos do governo e 378379 Multiplicador de gastos do governo 378379 Mundell Robert A 408n 503n 508n Mussa Michael 337 337n N Nação mais favorecida NMF 206 Nações avançadas Ver também Países industriais crescimento de NIEs e 7779 organizações de comércio internacional e 186187 Nações ricas Ver Nações avançadas Nações soberanas 6 237 NAFTA Ver Acordo de livre comércio da América do Norte NAFTA Não comercialização perdas de 30 Negociação de câmbio futuro sem entrega na Ásia 279280 280f Negociação de moeda offshore definição 472 sistema bancário offshore e 472473 Negociação interbancária 275 Negociação Ver Negociações internacionais Negociações comerciais Negociações comerciais ambiente e 235236 Negociações internacionais e políticas de comércio eliminação progressiva do MFA e 196 Negociações internacionais vantagens da 197198 benefícios e custos 201203 definição 196 liberalização do comércio e 200 política de comércio 196203 Rodada Uruguai 200 Neutralidade de moeda de longo prazo 310n NIEs Ver Economias recém industrializadas NIEs Níveis de preço padrões de consumo e 334337 definição 326 evidências empíricas 311 são mais baixos nos países pobres 338339 renda real e 338f Nível de preço de equilíbrio de longo prazo 310 Nixon Richard 442n NMF Ver Nação mais favorecida NMF Normas de trabalho e negociações comerciais 235236 North Douglass C 552 Nova York setor bancário de investimento em 320 Nova Zelândia 425427 empréstimos e 534 preços internos 453f exportações líquidas da conta corrente e 427f posição de investimento 427f Nurkse Ragnar 551 551n O O que foi aprendido desde 1973 457459 OConnell Paul JG 338n ORourke Kevin H 456n Obama Barack 42n 369 Obstfeld Maurice 410n 418n 460n 485n 491n 510n 531n Oferta de moeda 381 405407 Ver também Moeda balança de pagamentos 430 fuga de capitais 399 Banco Central e a 389391 definição 299 taxa de câmbio dólareuro 307309 307f 308f 309f evidências empíricas 413 taxa de câmbio no curto prazo 305309 taxa de câmbio no longo prazo 309312 intervenção cambial estrangeira 260 exportação de ouro 407n taxas de crescimento 344 taxa de juros 304 ajuste de longo prazo para um aumento permanente na 371f efeitos de longo prazo na taxa de câmbio de mudanças 328 mudanças permanentes 320 aumento permanente 320 níveis de preço e 431 aumento temporário da demanda de 368f Trajetória no tempo das variáveis econômicas norteamericanas 331 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 587 12915 625 PM 588 Economia internacional Oferta de títulos equilíbrio do mercado de câmbio estrangeiro e 417f Oferta relativa 2627 e demanda oferta mundial 26f crescimento e 101f possibilidades de produção e 106107 demanda relativa e 97f preço relativo e 95f Oferta Ver também Oferta relativa demanda e comércio em indústria única 162164 demanda taxa de câmbio real de longo prazo e 339340 e equilíbrio no mercado de câmbio 416 melhor tarifa aduaneira e 212 produção relativa 342 Offshoring de serviço 154155 155f Offshoring de serviço 17 Offshoring e 154155 taxas em países da UE selecionados 511f Offshoring 154155 Ohlin Bertil 67 Oligopólio 131 Olivier Jeanne 552n Olson Mancur 193 OMC e subsídios aos produtores de algodão 203 OMC e 237238 OMC Ver Organização Mundial do Comércio OMC Opção cambial estrangeira 278 Opção 278 Opção 278 Opções de entrada de preços de mercadorias 73f Opções 278 OPEP Ver Organização de países exportadores de petróleo OPEP Organização de Comércio Internacional OIC 435n Organização de países exportadores de petróleo OPEP 448 Organização Mundial do Comércio OMC 4 6 199 208 435n 455 movimento de antiglobalização e 202 definição 199 procedimento de resolução de disputa de 202 questões ambientais e 236 Organização Mundial do Comércio e 199 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 149 202 379 Oriente Médio 6 Orphanides Athanasios 442n Osterberg William P 405n Ostry Jonathan D 546n P Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC definição 501 Padrão Big Mac 335336 336t Padrão bimetálico 408 432 Padrão hambúrguer Ver Padrão Big Mac Padrão monetário conflito sobre o 432 Padrão ouro internacional Veja Padrão ouro de câmbio Padrão 508 510 529531 Padrão ouro de câmbio 409 433 Ver também Acordo de Bretton Woods vantagens e desvantagens de 408 padrão bimetálico e 408409 definição 405 era de 421 saldo externo sob 430 Grande Depressão e 433435 no entre guerras 19181939 433435 política macroeconômica sob 429433 mecânica de 407 origens do 429430 regras do jogo do 431 correção monetária simétrica sob 407 adoção dos Estados Unidos de 432433 Padrões de ar limpo 202 Padrões de comércio 245 Pagamentos de rendimentos primários 248n The principles of political economy and taxation Ricardo 23n Pagamentos de rendimentos secundários 248n Pagano Marco 499n Países ACP 208 Países Baixos comércio dos Estados Unidos com 10 Países em desenvolvimento crises financeiras asiáticas e 537539 empréstimos e dívidas de 528539 balanços de conta corrente de 529t definição 16 214 influxos financeiros para 529531 taxa de câmbio fixas e 388 industrialização de substituição de importação em 214225 reservas internacionais em 538539 539f lições das crises em 523553 Hemisfério Ocidental 312f proteção de fabricação em 219t características estruturais 526528 taxas de tarifas aduaneiras em 455f termos de comércio em 94 comércio e crescimento em 221f 222f liberalização do comércio em 222 política de comércio em 214224 Países exportadores de petróleo 454t Países industriais balanços de contas correntes de 529t ativos e passivos estrangeiros brutos de 488t taxa de crescimento das reservas internacionais e 410 taxas de inflação em 19661972 442t Países pobres níveis de preço 338339 Parada súbita 424 530 539 Paradoxo de Leontief 83 85 Paradoxos do capital 550551 Paraguai Mercosul e 209 Paraísos de poluição 240 Paridade de juros reais 346 Paridade de juros condição de equilíbrio básico e 285286 eficiência do mercado cambial estrangeiro e 490491 inflação PPC e 328329 Paridade de poder de compra PPC 325327 definição 324 evidências empíricas sobre 331333 Lei de preço único 326 331333 modelo de taxa de câmbio de longo prazo baseado 327331 problema com 333339 Partidos políticos 192 210 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 588 12915 625 PM 589 Índice remisssivo Política agrícola comum PAC 170172 171f 195 498n Política comercial ativista 226232 Política comercial estratégica 226 Política de comércio 161162 ativista 226232 nas economias asiáticas 219220 controvérsias na 226238 483484 nos países em desenvolvimento 214222 efeitos de 170f 177178 178t subsídios de exportação e 170f quotas de importação e 169170 172173 industrialização de substituição de importação e 218219 distribuição de renda e 192194 instrumentos de 161178 negociações internacionais e 196203 requisitos de conteúdo legal e 176177 procura nacional e 178 contribuições de campanha política e 178 economia política da 184213 barreiras burocráticas e 178 grupos de interesse especial e 194 análise da tarifa aduaneira básica e 161170 custos e benefícios das tarifas aduaneiras 167170 restrições voluntárias das exportações e 175176 Política fiscal 396397 ajuste para mudanças em 398 definição 366 economia global e 2 alterações permanentes em 369373 alterações temporárias no 362365 367 367f Política monetária 467 505506 Políticas beggar thy neighbor políticas de empobrecimento do vizinho 231 434 459 Políticas de estabilização com taxa de câmbio fixa 395400 Políticas de mudança nas despesas 440441 Políticas macroeconômicas internacionais coordenação de 6 Políticas macroeconômicas conta corrente 373 sob o padrão ouro 429433 numa economia aberta 422428 Políticas monetárias não convencionais 378 Poluição como externalidade negativa 240 Pontos de ouro 407n pontos fracos asiáticos 540541 Ponzi Charles 426n Portes Richard 276n Portugal crise de dívida da zona do euro e 517 Posen Adam S 276n Posição de investimento internacional líquido IIP 252 Nova Zelândia 19922012 427f Posição de investimento internacional líquido IIP 427f Posição internacional dos Estados Unidos 2011 e 2012 262t Possibilidades de consumo expansão pelo comércio 29f Possibilidades de entrada na produção de alimentos 71f Possibilidades de produção 23 produto marginal do trabalho 45f função de produção para tecidos 46f recursos e 74f no modelo de fatores específicos 46f Potsdam 205 Poupança governamental 253 Poupança nacional 323 Poupança privada 253 Poupança nas economias asiáticas 594 PPC absoluta 326327 PPC no 337 economia esquemas DD e AA 365 PPC relativa 326 PPP Ver Paridade de poder de compra PPC Prasad Eswar S 546n Prata padrão bimetálico e 408 Preço relativo de equilíbrio 98f Preços de mercado 334 Preços de mercadorias preços dos fatores e 7273 9092 opções de entrada e 73f Preços dos fatores definição 71 equalização de 8182 Passivos ativos e passivos estrangeiros brutos dos países industriais selecionados 488t dos Estados Unidos 265 265f Pass through definição 375 taxa de câmbio 381 PEC Ver Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC Pecado original 533534 Perda de distorção de consumo 169170 Perda de eficiência 168 Perda de estabilidade econômica 505 Perda por distorção de produção 169 Perdas de não comercialização 3031 Peri Giovanni 510n Período entreguerras 19181939 sistema monetário internacional durante 421 433435 Perot Ross 32 Perspectiva macroprudencial 486 PIB Ver Produto interno bruto PIB PIL Ver Produto interno líquido PIL Pisani Ferry Jean 276n Pleno emprego e 422423 após um aumento da demanda de moeda 368f manutenção 367369 estabilidade do nível de preço e 422423 demanda mundial por produtos nacionais e 368f PNB nos 247f padrão ouro e 429432 preços internos 450f importações de serviços de negócios 155f desigualdade de renda nos 78 taxa de juros real em longo prazo para 454f crise no mercado de hipotecas em 456 481 rendimento nacional e equilíbrio de pagamentos 250 relações de emprego não produção produção 80f PNB 247 PNB Ver Produto nacional bruto PNB Pobreza 555 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 589 12915 625 PM 590 Economia internacional preços de bens e 7273 72f 9092 opções de entrada e 71f Preços dos fatores e preços de mercadorias em 7172 mix de fatores em 7071 modelo de 7482 preços e produção em 6870 70f recursos e produção em 7374 Preços externos 104 Preços externos 272273 Preços internos 104 Preços internos países selecionados 20002013 453f Preços no mercado nacional 272273 Preços relativos convergência dos 2628 determinação do 26 distribuição de renda e a 5051 efeitos das mudanças em 79f de equilíbrio com comércio e fluxos associativos de comércio 98f taxa de câmbio e 345346 padrão de comércio e 9496 oferta relativa e 95f no modelo de fatores específicos 62 oferta e 2829 comércio e 64f 95f Preços rígidos lei de único preço e 341 342 Preços 344345 efeitos da tarifa aduaneira 164f aumento de igualdade proporcional dos 49f alocação de mão de obra 4751 relativos 5051 6566 rigidez no curto prazo 315 comércio e 52f economia de dois fatores 6874 Preferências comerciais bananas 201 Prêmio de risco 403 417f equilíbrio do mercado de câmbio estrangeiro e 403404 Preocupações sobre a alta tecnologia 227228 estimativa da eficiência Estados Unidos 1983 84t externalidades e 227229 padrão de mudança do comércio mundial e 1416 Presentes de ativos estrangeiros 251n Princípios fundamentais para um sistema bancário eficaz Supervisão Comitê da Basileia 480 Privatização 532 Problema de confiança 442 Procura nacional 178 Produção alterações hipotéticas 22t economia de dois fatores 6874 desintegração vertical de 15 Produtividade da mão de obra comparativa vantagem e 2141 Produto interno bruto PIB 248249 definição 9 248 modelo de gravidade do comércio 911 importações e exportações como uma porcentagem do 2 per capita 214t comércio mundial como parte de 15 Produto interno líquido PIL 248 Produto marginal do trabalho 44 45f Produto nacional bruto PNB 246 definição 246 divisão de 246247 norte americano 247f Produto nacional renda nacional e 247248 Produtores diferenças de desempenho entre 141143 142f Produtos agrícolas no comércio mundial 15 Produtos eletrônicos de consumo 15 Produtos manufaturados como porcentagem do comércio de mercadorias 16t elasticidades de preço estimadas para o comércio internacional em 386t Produtos minerais 15 Produtos siderúrgicos tarifas aduaneiras dos EUA sobre as importações 194195 Programa de assistência de ajuste de comércio dos Estados Unidos 57 desigualdade de salários em 67 Programas de televisão de língua espanhola 125 Proporção de salário aluguel 71f mudando 90f determinação 91f Protecionismo 6 Ver também Barreiras ao comércio tarifas aduaneiras substituição de importação 215218 comércio mundial 16 Protocolo das bananas 207 Q Qiaotou cidade chinesa de 121 Quatro zonas de desconforto econômico balança interna e externa e 439f Questões ambientais e culturais globalização e 236238 Quota das tarifas aduaneiras 186 Quota de importação sobre as bananas 207208 definição 162 monopolista protegida por 182f na presença de monopólio 181183 182f teoria de 172 Quotas de importação 162 172 181183 comparando uma tarifa aduaneira e uma 183 R Rajan Raghuram 552n RAM memória 117 Reagan Ronald 449 Reavaliação 446 Rebelo Sergio 379 Receita marginal definição 129 determinando a 159 monopólio e 129 preço e 129 Recursos humanos comércio em 19 Recursos alocação e 93f produção e 91 possibilidades de produção e 74f Reestruturação organizada pelo governo 476 Reforma monetária 310 Reforma monetária 310 na América Latina 534537 sequência de 543 Reformas nacionais 486 Regime de taxa de câmbio escolha de 543 economia política da 432433 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 590 12915 625 PM 591 Índice remisssivo Regime europeu de importação de bananas e 207 soberania nacional e 201 237 Regiões industriais dados macroeconômicos para 449t Regulação sistema bancário 545 bancários internacional 479487 cooperação regulamentada internacional 480485 requisitos de conteúdo legal 176177 Reinhart Carmen M 475n 531n 545n 551n Reino Unido Ver Inglaterra Grã Bretanha Relação AA 362366 364f 395396 Relação DD 358362 definição 359 derivando 359 360f fatores que mudam 36036262 posição e demanda do governo de 361f Relações de capital trabalho 92f Renda de contingenciamento 173 Renda disponível conta corrente e 356 Renda nacional real 301 Renda nacional 246249 250 exportações e importações como porcentagens da dos EUA 2011 1f 2f Renda per capita 218 Renda real demanda agregada 356 níveis de 304f Renda ganhos sob cenários de Doha 205t na economia mundial 524526 distribuição de renda dentro dos países 5 global 549554 comércio Norte Sul e desigualdade de 7778 preços relativos e 5051 51f 66f fatores específicos e 4764 políticas de comércio e 5758 192193 195 Rendimento nacional disponível 248n Rendimentos decrescentes 44 Renminbi moeda chinesa 279 539 Requisitos de capital 476 Requisitos de conteúdo locais 170 Requisitos de mão de obra unitária 25 34t Requisitos de reserva 475 Reserva de valor moeda como 299 Reservas internacionais oficiais 260 Reservas internacionais demanda por 409412 taxas de crescimento das 411f Reservas demanda por 409410 nos países em desenvolvimento 409410 410f transações de reserva oficial 332 333 Reserve Bank do Zimbábue RBZ 315 Resgates organizados pelo governo 477 Restrição de orçamento intertemporal 383 425 246 Restrição orçamentária 53 intertemporal 383 424 426 para uma economia comercial 54f Restrições de ativos 476 Restrições de exportação definição 162 voluntária 175 Restrições voluntárias das exportações RVE 175 Retorno de ativos 278281 definição 278279 Retornos crescentes dinâmicos 122123 Retornos crescentes dinâmicos 122123 economias externas e 117118 Retornos em excesso 229 Retornos esperados taxa de câmbio e 286287 287t de moeda 300301 Retornos crescentes dinâmicos 122123 no mercado cambial estrangeiro 293294 Rey Hélène 276n Ricardo David 2 4 18 22 23n 325 Richardson J David 334n Rigidez de preços de curto prazo versus flexibilidade de preços de longo prazo 312315 Riqueza das Nações A Smith 1 524 Riqueza externa líquida norte americana 262 267 conta corrente norte americana 252f Riqueza na economia mundial 524526 Risco moral 477 478 álgebra simples do 478 problema do grande demais para falir 477479 Risco 281 no mercado cambial estrangeiro 285 nos mercados financeiros internacionais 287288 demanda de moeda e 301 Robinson James 553554 553n Rockoff Hugh 433 Rodada de Doha 199 204205 486 Rodada do Uruguai Rodada Kennedy 199 Rodada Tóquio 199 Rodadas de negociação 198 Ver também Rodada de Doha Rodriguez Francisco 220n Rodrik Dani 220n 545n 545 Rogers John 510 Rogoff Kenneth 220n 491n 499n 531n 551n Romalis John 85 85n Romer Christina D 432n 435n Romer David 319n Rose Andrew K 338n 509 509n Rossi Hansberg Esteban 154n Rússia crise financeira na 537 Ruth Babe vantagem comparativa e 28 Rybczynski T M 74n S Sachs Jeffrey D 78n Saída depreciação da moeda com preços de produção fixa 359f mercado de ativos 362 equilíbrio de 363f taxa de câmbio no curto prazo 353387 entrada e 132 comércio intemporal 106 taxa de juros 304 per capita 528f economia de dois fatores 6874 Salários Ver também Salários relativos distribuição de renda nos Estados Unidos 7681 para trabalho de imigrantes 59t M24KRUGXXXXC24indice2801indd 591 12915 625 PM 592 Economia internacional desigualdade de e investimento estrangeiro 7879 maquiladoras e 218 234235 Salários relativos 3536 Saldo da conta corrente de exportadores de petróleo países em desenvolvimento e países avançados 529t definição 247 dos países da zona do Euro 20052009 514t endividamento externo e 251 Saldo da conta financeira 255 Salop Stephen 132n Samuelson Paul 21 43 43n 73n 102 338 Saxenian Annalee 117n Schnabl Philipp 482n Schoenmaker Dirk 418n SEBC Ver Sistema Europeu de Bancos Centrais SEBC Securitização 481 Segunda Guerra Mundial sistema monetário internacional depois 431 432 Segundo melhor teoria de 191 Seguro de depósito 475 Senhoriagem 526 Serviços comércio de 18 Setor de exportação entretenimento como 125 Shambaugh Jay C 410n 485n Shatz Howard 78n Silgoner Maria Antoinette 510n Simetria 457458 sob as taxas de câmbio flutuantes 445446 Sindicato Internacional dos Trabalhadores do Vestuário Feminino 196 Singapura 220 exportações 220221 comércio cambial estrangeiro em 275 Sistema bancário internacional mercado internacional de capitais e 471473 regulação de 479481 485487 Sistema bancário offshore definição 472 moeda offshore 472473 diferenciais de juros onshore 489 Sistema bancário sombra 473 Sistema de limite e comércio para gases de efeito estufa 241 Sistema de Reserva Federal 300 300n 307 315 330 344 como LLR global para dólares norte americanos 483 linhas de swap 483485 Sistema Europeu de Bancos Centrais SEBC 498 502503 Sistema Monetário Europeu SME 498499 teoria da credibilidade da 499 definição 499 Mecanismo de Taxa de Câmbio MTC 498n Sistema monetário híbrido 389 Sistema monetário internacional 421466 classificação dos 428429 visão histórica de 428429 moedas de reserva em 405406 411 Sistemas monetários Ver Sistema monetário internacional Slaughter Matthew J 55n 57n 78n SME Ver Sistema monetário europeu SME Smith Adam 1 184 524 Snake euro e 443n Sobre emprego 444 Sokoloff Kenneth D 706n Solnik Bruno 552n Spangler Inc 174 Spencer Barbara 228 Srinivasan TN 531n Steffen Sascha 512t Stiglitz Joseph 545n 545 Stolper Wolfgang 73n Subaru BRAT 169 Suborno 527 Subramanian Arvind 552n Subsídios de crédito à exportação 177 Subsídios exportação 195 pelos EUA aos produtores de algodão 200 Substitutibilidade imperfeita de ativos e 402404 416418 Substitutibilidade imperfeita de ativos definição 402 oferta de títulos domésticos e o prêmio de risco de câmbio estrangeiro 417f equilíbrio no mercado de câmbio com 416 intervenção esterilizada e 403404 404f 416417 Superávit em conta corrente 251 Superávits comerciais balança de pagamentos e 56 Supervalorização 336 Sveikauskas Leo 83 Svensson Lars EO 460n linhas de swap 483485 Swaps cambiais estrangeiros 277278 Swaps cambiais estrangeiros 277 Swoboda Alexander 508n T Tailândia 538 541 Taiwan 222 Tamanho do mercado competição monopolística comércio e 134139 Tanzi Vito 527n Tarifa aduaneira ad valorem 161 Tarifa aduaneira dos Estados Unidos 197f tarifas aduaneiras dos Estados Unidos sobre o metal importado 203204 preferências do eleitor 192 efeitos de bem estar de 170f 213f Tarifa aduaneira específica 164 Tarifa ótima definição 106 Tarifas aduaneiras dos EUA sobre o metal e 203 restrições voluntárias e 199 Tarifas aduaneiras Ver também Livre comércio Acordo de comércio preferencial sobre as bananas 208 análise da tarifa aduaneira básica 161166 imposto do frango 169 custo e benefícios de 167168 167f Tarifas de carbono 241 241242 Tarifas de importação 104 Ver também Tarifas aduaneiras Tarr David G 175n Taxa de câmbio de equilíbrio 285288 Taxa de câmbio dólareuro 286287 287t 288f 287f 308310 308f 309f 352f M24KRUGXXXXC24indice2801indd 592 12915 625 PM 593 Índice remisssivo Taxa de câmbio fixas 379 395398 Ver também Acordo de Bretton Woods Taxas de câmbio Taxas de câmbio flutuantes equilíbrio de mercado de ativos com uma 394f crises do balanço de pagamentos e 418420 análise diagramática 394395 intervenção cambial estrangeira e 405406 418420 equilíbrio do mercado monetário sob 393 curva GG e 503505 importância de 388389 curva LL e 505506 507f expansão monetária sob 395f equilíbrio do mercado monetário sob 393 como opção 460 políticas de estabilização com 395398 Taxa de câmbio futuras 276277 definição 276 Taxa de câmbio superação 317318 Taxa de juros de equilíbrio com mutuários e empréstimos 108f demanda e 304 determinação da 303f oferta de moeda e 304 Taxa de juros nominal 346 Taxa de juros reais 107 divergentes da zona do euro 514f em longo prazo 455f Taxa de juros demanda agregada por moeda 302f fuga de capitais a oferta de moeda e 399f comparando onshore e offshore para o dólar 490f taxa de câmbio atual e 289290 definição 281 gestão da taxa de câmbio e 318320 abordagem monetária de preço flexível e 351352 taxas de juros 281282 diferenças internacionais e a taxa de câmbio real 345346 armadilha da liquidez e 376378 política monetária e 318320 moeda taxas de câmbio e 305307 oferta de moeda e 304 304f saída e 304305 real 107108 renda real e 305f mercado de hipotecas dos EUA e 456 Taxa de retorno definição 289 depósitos de euro 287t real 279 Taxa de valorização 284 Taxa eficaz de proteção 165 Taxa real de retorno esperada 281 Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos 445 Taxas de câmbio de longo prazo modelo de 327331 353 taxa de câmbio real 341343 343f Taxas de câmbio flutuantes administrativa 388 definição 388 flutuação administrada 400405 Taxas de câmbio flutuantes 388 418420 Consulte também Taxas de câmbio fixas caso das 444448 primeiros anos de 19731990 448451 inflação e 442 interdependência macroeconômica sob 451452 453456 transição para 442 Taxas de câmbio futuras 277278 277f definição 277 Taxas de câmbio indexada 409 Ver também Moeda Crawling peg como 389n Taxas de câmbio nominais definição 339 no equilíbrio de longo prazo 343345 Taxas de câmbio 5 Ver também Acordo de Bretton Woods Taxa de câmbio dólareuro Taxas de câmbio fixo Padrão ouro ajuste para alterações em 395398 retornos de ativos e 278279 282283 taxas de câmbio preços de automóveis e guerras cambiais 274 como estabilizadores automáticos 445 carry trade 290291 fixação do banco central de 392395 394f alterações em 397398 mudança de expectativas e 289290 relações AA e DD 365366 definição 296 demanda oferta e taxa futura 339340 determinação 6 análise diagramática 394395 dólar e libra 273t taxa de câmbio dólariene 313f retornos esperados e 286287 287t equilíbrio externo e 448 fixa 418420 abordagem monetária de preço flexível e 351352 inflação e 312320 mudanças na taxa de juros e 289290 289f 290f transações internacionais e 270273 armadilha de liquidez e 377379 modelo de longo prazo com base em PPC 339345 no México 532 moeda taxa de juros e 305307 mercados financeiros e 307f oferta de moeda no curto prazo e 305309 nominal 343345 índices de dólar efetivo nominal e real 19752010 450f saída equilíbrio de mercado de ativos e 362365 363f saída equilíbrio de mercado e 364365 pass through inflação e 375376 atrelada 389 434 443n 507f 507f alterações permanentes de oferta de moeda e 316317 369373 níveis de preço e 309312 313f cotações da 270t real 343345 preços relativos e 273 273t franco suíço e euro 402f taxas de juros reais em longo prazo 455f dólariene 332f Taxas de câmbio libra 270t 271t Taxas de câmbio preços de automóveis e guerras cambiais 274 Taxas de câmbio Taxas de câmbio flutuantes M24KRUGXXXXC24indice2801indd 593 12915 625 PM 594 Economia internacional economia global 2 papel das 297 matriz de pagamento 466f mudança permanente da 375 alterações temporárias 366369 Taxas de inflação nos países industrializados 19661972 442t Taxas de juros expectativas e equilíbrio 289292 Taxas de salário comparativa internacional 82t salários relativos especialização e 3536 Taxas nas exportações de serviços 16 Taxas salariais comparativas internacionais 82t Taxas spot à vista e taxas futuras 276 Taylor Alan M 410n 485 Taylor Mark P 404n Tecidos aumento nos preços dos 49f 95f distribuição de rendimento no setor 69f função de produção para 45f oferta relativa de 95f preços relativos e 4850 52f 94f produto marginal da mão de obra em 45f Tecnologia Temin Peter 434n Teoria da credibilidade do SME 499500 Teoria das proporções dos fatores 67 Teoria de Balassa Samuelson 338 342n Teoria de Heckscher Ohlin 67 86 definição 7576 evidências empíricas em 8283 teste de 8384 87 Teoria do segundo melhor 190191 Terceirização de serviço 17 Terceirização estrangeira 152153 Terceirização 147151 empresas multinacionais 152 de serviços 17 desigualdade de salários 88 Terceiro mundo 19 Ver também Países em desenvolvimento subsídios agrícolas e 205 Terminologia eurônimos como 498t Termos de comércio definição 94 oferta relativa e 9496 efeitos da tarifa aduaneira sobre 105f 106107 efeito de bemestar das mudanças em 123124 Termos de ganho no comércio 215 Termos do argumento de comércio para uma tarifa aduaneira 242 Thatcher Margaret 512n The East Asian Miracle 540 Tigres leste asiático 222 Títulos lastreados em hipotecas 483 Tobin James 408n Tóquio negociação de câmbio estrangeiro em 275 Trabalho não qualificado na produção das importações 8485 Transações de reserva oficial 260265 Transações emparelhadas 256 Transações monetárias definitivas OMT 498 Transbordamentos de conhecimento 117118 Transferências de renda internacional 248 unilateral 248 Transferências internacionais 248 Transferências unilaterais 248 Transparência Internacional índice de corrupção por 527n Transporte progresso dos 1416 Tratado de Estabilidade Fiscal 517 Tratado de Maastricht 501 501n 502 503 511 Ver também Euro Zona do euro critérios de convergência 501502 pacto de estabilidade e crescimento 501502 definição 501 Tratado de Roma 497 500 Trefler Daniel 84 141142 142n Triffin Robert 442 Trilema financeiro 480 Trilema monetário 480 544 Trilema financeiro 4794821 487 monetário 428429 429f 443 445 480 584585 TRIPS Ver Aspectos comerciais da propriedade intelectual TRIPS U UEM Ver União Econômica e Monetária UEM União aduaneira definição 206 versus zona de livre comércio 206 União bancária 508 União Econômica e Monetária UEM 500501 futuro da 511 518519 União Europeia UE 139 496 ganhos desde 1992 187188 Política Agrícola Comum em 170171 171f 498n reforço do papel da Europa no sistema monetário mundial 497 Mecanismo de Taxa de Câmbio MTC de 389 taxa de câmbio e 389 preferências comerciais para bananas e 207 comércio dos EUA 11f como mercado unificado 497 União monetária Ver União Econômica e Monetária UEM Unidade de conta 299 moeda como 299300 Unidade isoquanta 90 Unidade Monetária Europeia ECU 498n Veja também Euro V Vale do Silício 115118 120 122 Valencia Fabián 476n Vallée Shahin 518n Valorização real 340 nos países periféricos da zona do euro 513f Valorização definição 272 meta de inflação e 318320 reavaliação e 264n Van Wincoop Eric 509n Vantagem absoluta definição 25 vantagem comparativa e 31 Vantagem comparativa intertemporal 108 Vantagem comparativa 21 com muitos bens 3236 conceito de 2122 definição 22 dependência comercial de 3133 equívocos sobre 3134 intertemporal 106 M24KRUGXXXXC24indice2801indd 594 12915 625 PM 595 Índice remisssivo Modelo ricardiano e 23 preço relativo após comércio e 2630 produtividade do trabalho e 2141 vantagem absoluta e 25 Vantagem estabelecida importância121f Vashaw Kirk 174 Venezuela padrões de poluição e 202 Viés de inflação 369 Viés inflação 369370 Vietnã custos de produção no 120121 121f Vinculação 199 Viner Jacob 338 Volatilidade eficiência do mercado de câmbio estrangeiro e 490492 Volcker Paul A 449450 Volkswagen 151 Volosovych Vadym 551n Von Peter Götz 485n W Wachovia 483 Waldman Daniel 320n Wal Mart 233 Walters Alan 512n Ward Geoffrey C 28 Washington Mutual Bank 483 Weinstein David 139 Wells Fargo Bank 483 Werning Iván 508n Wessel David 483n West Nathaniel 125 Westmoreland Kyle L 255n Will Martin 204t Wolfe Tom 117n Wood Adrian 78n Woodford Michael 319n Wynne Mark A 315n Y Yuan China 548f taxa de câmbio com o dólar 548f taxas de câmbio futuras e 279280 280f Yuskavage Robert E 255n Z Zimbábue hiperinflação no 314315 315n inflação mensal no 314f Zona de livre comércio versus união aduaneira 206207 definição 206 Zona do euro 496f crise financeira global de 20072009 511512 taxas de juros reais divergentes da 514f política econômica e 501503 dívida pública bruta para o PIB na 516f valorização real nos países periféricos 513f M24KRUGXXXXC24indice2801indd 595 12915 625 PM Título da parte PARTE 1 Créditos Capítulo 4 p 59 Divisão de impressões e fotografias da Biblioteca do Congresso dos EUA LCD412683 Capítulo 8 p 140 Carlos OsorioAP Images p 189 Si WeiColor China PhotoAP Images p 197 2004 Drew DernavichThe New Yorker Collectionwwwcartoonbankcom Capítulo 9 p 169 cortesia de Subaru of America Inc p 219 JockelFinckAP Images p 174 Rachel YoudelmanPearson Education p 226 Serviços de Informação de McClatchyTribuneAlamy Capítulo 14 p 270 Ahn YoungJoonAP Images Capítulo 16 p 335 ImagebrokernetSuperStock Capítulo 19 p 432 Pictorial Press LtdAlamy p 435 Biblioteca e Museu Franklin D Roosevelt p 572 AP Images Capítulo 20 p 482 Richard DrewAP Images Capítulo 21 p 509 Domenico StinellisAP Images p 659 Dimitri MessinisAP Images Capítulo 22 p 540 Peter TurnleyCorbis M24KRUGXXXXC24indice2801indd 596 13015 1251 PM ISBN 9788543004525 Economia w w w p e a r s o n c o m b r svpearsoncombr A Sala Virtual oferece para professores manual de soluções em inglês apresentações em PowerPoint banco de exercícios em inglês e galeria de imagens para estudantes exercícios de múltipla escolha autocorrigíveis Este livro também está disponível para compra em formato ebook Para adquirilo acesse nosso site ECONOMIA INTERNACIONAL ECONOMIA INTERNACIONAL 10a edição Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz Em parceria com Maurice Obstfeld e Marc J Merlitz Paul Krugman traz na décima edição de Economia internacional os últimos acontecimentos da área com uma linguagem didática clara e analítica que permite ao leitor analisar os quadros passados e atuais do mercado econômico Com uma revisão rigorosamente atualizada dos capítulos a obra se divide em duas partes voltadas ao comércio e às questões monetárias e discorre sobre alguns desenvolvimentos signif cativos dos lados teórico e prático além de responder às sugestões dos leitores Conta ainda com estudos de caso que reforçam os temas abordados ilustrando sua aplicabilidade no mundo real e fornecendo importantes informações históricas Tratase de um clássico sobre o comércio mundial e é leitura indispensável para estudantes de economia e administração além de ser item essencial para a biblioteca de prof ssionais do ramo Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz Paul R Krugman Maurice Obstfeld Marc J Melitz 10a edição 10a edição ECONOMIA INTERNACIONAL CVRKRUG10CVRindd 1 12022015 111819