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Psicologia ·

Psicometria

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1 Reflexões sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica1 Ana Paula Porto Noronha Universidades São Francisco João Carlos Alchieri Universidade do Federal do Rio Grande do Sul INTRODUÇÃO As técnicas utilizadas na avaliação psicológica têm suscitado questionamentos na comunidade científica brasileira tanto no que se refere à qualidade dos instrumentos de uma maneira geral quanto ao manuseio por parte dos psicólogos e em relação aos resultados da avaliação psicológica Atualmente os questionamentos apresentados pela sociedade frente aos resultados de avaliações psicológicas em seleção de pessoal psicodiagnóstico na obtenção de carteira de habilitação e em tantos outros contextos e possibilidades profissionais levam a pensar e ponderar quanto aos diversos aspectos envolvidos na práxis do profissional de avaliação psicológica Sem dúvida alguma a avaliação psicológica hoje voltou a ter sua importância e seu status na atuação do psicólogo tanto no que se refere às perspectivas internacionais ou nacionais Não se questiona mais a utilidade desta prática privativa do psicólogo que de alguma forma o representa e difunde a psicologia enquanto ciência na sociedade A emergência hoje centra na discussão da elaboração de indicadores critérios e instrumentos cada vez mais específicos e dirigidos às necessidades cada vez mais distintas As investigações atuais amparamse predominantemente na questão da qualidade e elaboração de instrumentos nacionais de avaliação psicológica que por muitos anos foram criticados em função do inexpressivo número de estudos científicos quando da sua elaboração Vale lembrar que muitos instrumentos foram usados cegamente por anos seguidos sem que passasse por um único estudo que comprovasse ou não suas qualidades psicométricas Hoje em dia este tipo de utilidade não mais condiz com as diretrizes da ciência psicológica que busca a excelência de seu instrumental Todavia faz se necessário identificar a evolução histórica da avaliação psicológica para caracterizar a perspectiva atual sem solução de continuidade deste processo histórico PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Para a maioria dos psicólogos e estudantes de graduação em psicologia os testes de avaliação psicológica são na sua maior parte compostos de versões brasileiras dos testes estrangeiros Poucos sabem que alguns testes são utilizados antes da psicologia ser uma profissão no Brasil podendose dizer mesmo que o inicio da história da ciência psicológica no país está embasado pela avaliação psicológica O senso comum ainda hoje até mesmo entre muitos psicólogos é de que a avaliação psicológica no Brasil é contemporânea aos testes psicológicos traduzidos e adaptados de instrumentos internacionais 1 PARA CITAR O TEXTO ABNT NORONHA Ana Paula ALCHIERI João Carlos Reflexões sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica In NORONHA Ana Paula org Avaliação Psicológica Campinas IBAPI 2001 Cap 01 p 0716 2 Especificar a importância de os instrumentos psicológicos desde o início até a atualidade na avaliação psicológica sem reduzila ao seu uso se faz ainda necessário sendo esta questão tracejada pela história da avaliação psicológica no Brasil Sobre a utilização de testes destinados à avaliação psicológica encontramos trabalhos explorando desde a verificação e sistematização dos instrumentos utilizados por psicólogos na prática avaliativa Arraes Ruiz 1983 Andriola 1995 à retrospectiva e contribuição histórica regional Medeiros 1990 e a prática da avaliação psicológica condicionada por aspectos históricos Alchieri 1999 Estes trabalhos demonstram a utilização de instrumentos ao longo de quase cem anos tanto com seus avanços quanto aos obstáculos a serem superados Para outros autores Hutz Bandeira 1993 o interesse voltado na escolha dos instrumentos psicológicos e a conseqüente produção cientifica a eles associada possibilitou representar em um período determinado os avanços e percalços da produção brasileira em instrumentos de avaliação psicológica bem como de sua comparação com indicadores internacionais contudo mais de vinte anos se passaram e uma revisão de caráter sistematizador sobre a produção científica brasileira se faz necessária Em um trabalho recente Pasquali e Alchieri 2001 apresentam algumas idéias referentes à trajetória da avaliação psicológica brasileira identificada e caracterizada através de cinco períodos Cada um destes períodos reflete as manifestações científicas e culturais especificas pelas qual a ciência psicológica brasileira se pautou e se deparou com o passar do tempo juntamente com a expressão que alguns testes tiveram nesta representação Em um primeiro momento os citados autores identificaram na produção médicocientifica acadêmica um movimento inicial da psicologia no Brasil compreendido no período de 1836 a 1930 Neste ponto encontramse os primeiros estudos sobre a psicologia no Brasil o uso de testes para avaliação psicológica e também a emergência dos laboratórios de psicologia Podem ser identificados os pontos chaves do desenvolvimento da psicologia e conseqüentemente da utilização de testes psicológicos voltados à avaliação dos recursos intelectivos Os temas psicológicos contemplados nas teses acadêmicas da medicina representavam também elementos da neurologia psiquiatria e saúde mental As pesquisas dos médicos Manoel I de Figueiredo e de José A C de Menezes são emblemáticos deste período onde os estudos sobre a inteligência eram a tópica principal O primeiro laboratório de Psicologia no Brasil foi fundado em 1907 no Hospital Nacional de Alienados e em 1913 o pediatra Fernandes Figueira trabalha pela primeira vez com o teste de inteligência de Binet na avaliação dos internos do Hospício Nacional Na década de vinte podem ser observados avanços significativos especialmente na fundamentação de idéias e práticas como a publicação em 1924 do primeiro livro brasileiro sobre testes psicológicos Os Tests por Medeiros e Albuquerque Na Bahia Isaias Alves faz a adaptação brasileira da escala de BinetSimon em 1924 considerada como um dos primeiros estudos de adaptação de instrumentos psicológicos para o Brasil Com a criação das universidades a psicologia inicia o segundo período com um movimento mais organizado tanto no ensino quanto na pesquisa e a emergência da própria profissão Inicialmente o ensino da psicologia é que impulsiona seu desenvolvimento embora restrito às escolas formais onde os laboratórios eram mais atuantes e contavam inclusive com representantes da comunidade internacional como Theodore Simon assistente de 3 Alfred Binet Neste período em São Paulo junto à Faculdade de Educação foi criado o Serviço de Psicologia Aplicada juntamente ao Laboratório de Psicologia Educacional Em 1927 chega ao Brasil Henri Pierón e em São Paulo começa a lecionar Psicologia Experimental e Psicometria Longe do ambiente acadêmico das universidades a pesquisa psicológica era conduzida também com o mesmo esmero e cuidado metodológico Nos centros orientados para questões do trabalho como no Instituto de Seleção e Orientação Profissional ISOP através da Comissão de Estudos de Testes e Pesquisas Psicológicas CETEPP na Fundação Getúlio Vargas nos Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC bem como na Empresa Ferroviária Sorocabana No que tange aos instrumentos e testes usados pelos pesquisadores desta época é interessante notar que a instrumentação utilizada em praticamente todas essas pesquisas estava amparada em testes psicológicos sobretudo os testes de inteligência Binet Alpha Decroly e Ballard testes de aptidão Walther Coordenação Bimanual Teste de Atenção Difusa de Lahy e Berg inventários de personalidade Thurstone e Angelini e por testes projetivos PMK Rorschach e TAT O terceiro período pode ser representado pela a regulamentação dos cursos de psicologia e a regulamentação da psicologia como profissão lei nº 4119 de 1962 Aqui fica consolidada dentre as demais atividades do psicólogo a avaliação psicológica através do uso de instrumentos e técnicas privativas de seus profissionais Seguindo desde a década de 30 a produção cientifica na área de avaliação mantém um ritmo intenso de pesquisa e avaliação neste período A explosão de cursos cria a necessidade também na academia por trabalhos e pesquisas que respaldem a procura de soluções aos problemas demandados da sociedade nas diversas áreas de ação da psicologia Este incremento no desenvolvimento de pesquisas sobre testes psicológicos eou com avaliação psicológica fica patente na análise das publicações cientificas e também no número de periódicos que surgiram Tabela 1 Freqüência de artigos associados com o tipo de instrumento Período 10 20 30 40 50 60 70 80 90 T 1 Avaliação intelectual 01 01 13 12 30 34 07 20 26 141 2 Avaliação de habilidades e aptidões 01 06 31 31 09 23 21 91 3 Avaliação de Personalidade 08 37 91 122 58 126 109 551 4 Diversos 02 19 65 56 46 80 78 346 TOTAL 01 02 23 74 217 213 120 249 260 Em um trabalho de recuperação histórica sobre indicadores da produção cientifica brasileira Alchieri e Scheffer 2000 identificaram e relacionaram em uma base de dados 1294 referências de artigos publicados no Brasil 137 títulos de periódicos indexados e não indexados entre 1910 a 2000 em diversas publicações de diferentes especialidades Os autores observaram um progressivo aumento no número de publicações referentes à avaliação da inteligência de habilidades e de personalidade especialmente no período compreendido de 1930 a 1949 A avaliação intelectual e de personalidade foi responsável pelo maior incremento de produção e publicação de artigos em periódicos científicos neste período no Brasil especialmente nas décadas de 30 e 40 Quanto aos instrumentos mais referidos pelos autores estão o teste de BinetSimon o Alfa Teste Jota e o Teste Kent como freqüentemente citados para a avaliação intelectual 4 ao longo destes anos Em relação aos instrumentos para avaliação da personalidade o Rorschach e o Psicodiagnóstico Miocinético de Mira e Lopez PMK e o Teste de Frustração de Rozensweig estavam dentre os testes mais utilizados em estudos para a avaliação tanto de grupos como de indivíduos Na Tabela 2 pode ser vista freqüência de artigos associados com o tipo de instrumento tomando como categorização a proposta formulada por Anastasi Urbina 2000 Tabela 2 Freqüência de artigos associados com o tipo de instrumento a categorização de Anastasi Urbina 2000 Período 10 20 30 40 50 60 70 80 90 T 1 Inventários de Personalidade e Atitudes 01 04 21 08 29 64 127 2 Técnicas Pictóricas 10 11 05 06 04 36 3 Técnicas Exec Gráfico Verbais 11 11 09 31 14 75 4 Técnicas de Manchas de Tinta 07 20 33 14 31 32 15 175 5 Técnicas de Execução 15 26 21 09 08 06 85 6 Diversos 01 01 07 15 06 17 12 59 TOTAL 08 36 90 123 68 123 115 Ao identificar as palavraschaves presentes nos artigos os autores verificaram as áreas de interesse das pesquisas demonstrados nos seus conteúdos Nos períodos dos primeiros anos 1910 1930 da utilização de testes para avaliação psicológica o conteúdo predominante era a investigação da inteligência especialmente a infantil bem como a avaliação de aptidões necessárias para o desenvolvimento no trabalho De 1941 a 1951 além do interesse pela inteligência e habilidades o desenvolvimento psicológico começou a sobressair nos estudos juntamente com uma crescente preocupação em relação aos cuidados de uso e aplicação dos testes psicológicos Posteriormente a 1951 verificase um crescente número de artigos sobre avaliação da personalidade com a temática dirigida a orientação profissional desenvolvimento infantil adaptação de instrumentos criação de normas e condutas éticas para o manuseio do instrumental Paulatinamente nas décadas seguintes o foco de interesse passa para estratégias de intervenção grupal e individual estudos da personalidade desenvolvimento e construção de testes e técnicas sem no entanto haver equivalência com o número de artigos do período anterior Eram os anos de ouro da psicometria e da avaliação psicológica no Brasil Alguns pontos ainda merecem destaques quanto a temática dos artigos avaliados especialmente aqueles dirigidos ao ensino e a formação de avaliação psicológica Um inexpressivo número de 30 artigos retrata a forma como se apresenta a situação do ensino de avaliação psicológica no país Dos trabalhos identificados podese perceber que o foco de interesse é localizado na escolha de instrumentos a ensinar formas pedagógicas de ministrar o conteúdo quanto à percepção dos alunos sobre o trabalho executado em distintas modalidades do processo de ensinoaprendizagem No período das décadas de 60 e 70 os testes psicológicos foram criticados e o seu uso em muito minimizado pelo profissional de psicologia Dentre os principais motivos se pode citar o advento do pensamento humanista o movimento de contracultura o questionamento das idéias tecnicistas e principalmente no Brasil n critica histórica da associação dos modelos de avaliação com a cultura norteamericana Esses fatos e seus desdobramentos históricos foram discutidos por vários autores dentre eles Erthal 1987 Ancona Lopez 1987 Pasquali 1999 Anastasi e Urbina 2000 e Pasquali e Alchieri 2001 5 Atualmente não há dúvida alguma de que a avaliação psicológica voltou a ter sua importância e status na atuação do psicólogo tanto no que se refere às perspectivas internacionais ou nacionais Através de um relatório da Comissão de Testes do Colégio Oficial de Psicólogos COP e da Comissão Européia sobre Testes da Federação Européia de Associações Profissionais de Psicólogos EFPPA foram apresentadas diretrizes internacionais para o estabelecimento de ações técnicas e políticas para a utilização dos testes psicológicos Nos EUA foi publicada a mais recente revisão dos procedimentos técnicos e de parâmetros ao uso dos instrumentos psicológicos Standards for Educational and Psychological Tests da American Educational Research Association American Psychological Association National Council on Measurement in Education 1999 demonstrando a continuidade quanto aos cuidados frente às vicissitudes do uso de procedimentos e instrumentos em avaliação No Brasil a existência de um sistema de referência quanto a situação dos 180 testes psicológicos atualmente comercializados é altamente necessária Com menos de duas centenas de instrumentos não há nenhuma segurança nas informações disponíveis sobre eles na sua maioria há inexistência de referências bibliográficas normas atualizadas parâmetros psicométricos claros e consistentes dificultando assim o uso responsável por parte dos profissionais da área ESTUDOS SOBRE OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÁO PSICOLÓGICA Um dos primeiros levantamentos nacionais sobre o uso de testes psicológicos é o estudo de Hutz Bandeira 1993 que aponta em suas conclusões além da discrepância entre a quantidade de instrumentos nacionais e internacionais a falta de referências sobre os instrumentos mais utilizados no pais Os autores caracterizaram descritivamente tanto os testes objetivos quanto os projetivos a proporção de trabalhos entre os mais utilizados em cada área e o assinalamento quanto à necessidade de política de atualização do instrumental brasileiro Nesta mesma perspectiva destacase o trabalho realizado por Azevedo Almeida Pasquali e Veiga 1996 com psicólogos de Brasília a fim de se levantar os instrumentos mais utilizados na prática profissional e de saber a opinião deles a respeito dos testes Os autores afirmaram que metade da amostra acredita no valor dos testes com a seguinte ressalva que sejam usados de acordo com princípios éticos e em conjunto com outros instrumentos de avaliação um problema apontado foi a falta de estudos prévios que justifiquem a validade de seu uso Embora alguns pesquisadores considerem estudos desta natureza com menos brilho metodológico eles ainda se fazem necessários considerando a necessidade urgente de se organizar e sistematizar instrumentos pesquisas bem como qualquer tipo de informação pertinente à avaliação psicológica Almeida Prieto Muiíiz e Bartram 1998 trouxeram contribuições com a pesquisa realizada nos países Iberoamericanos com o intuito de se diagnosticar problemas pertinentes ao uso dos instrumentos psicológicos e de relacionar os mais utilizados Os problemas apontados pelos profissionais não foram poucos dentre eles aspectos éticos básicos como a reprodução de folhas de respostas ou falhas sérias como a não padronização de materiais importados Em sua tese de doutorado Noronha 1999 pesquisou o uso da avaliação psicológica entre psicólogos os sujeitos apontaram como problemas mais graves e mais freqüentes a 6 falta de instrumentos nacionais e de pesquisas para aferição dos instrumentos e recursos de avaliação psicológica Outras tendências em perspectivas internacionais são as diretrizes de uso de instrumentos elaboradas pela Comissão Internacional de Testes ITC 2001 Tais diretrizes orientam sobre questões relacionadas à escolha do instrumento às considerações éticas relacionadas ao uso e à adequação psicométrica à realidade onde será aplicado Trabalhos desta natureza solidificam a excelência da atuação profissional à medida que organizam e sistematizam as informações Segundo Guzzo e Pasquali 2001 a ITC foi criada para orientar a busca de qualidade técnica mínima dos instrumentos utilizados o estimulo no desenvolvimento de provas e testes para as diferentes realidades de avaliação psicológica assim como o aprimoramento de propostas de formação daqueles que ensinam psicologia ou dos profissionais que se utilizam da avaliação p 162 No Brasil um trabalho pioneiro neste sentido foi o apresentado por Wechsler 1999 que propôs um guia de procedimentos éticos paro a avaliação psicológica Neste trabalho a autora apresenta uma relação de orientações que devem ser seguidas quando da realização da avaliação psicológica sem no entanto apresentar a preocupação de substituir o código de ética mas de apenas complementar Trabalho semelhante foi apresentado pela mesma autora Wechsler 2001 em outro contexto no qual se discutiam os princípios éticos e deontológicos na avaliação psicológica A temática da qualidade dos instrumentos psicológicos é atualmente merecedora de investigações por parte de pesquisadores em diferentes regiões do país e dentre os estudos desenvolvidos encontramse aqueles que versam sobre o ensino e a formação o exercício profissional as novas tecnologias e as teorias que embasam a construção e validação de testes Em relação ao tema estudos têm sido realizados na tentativa de se resgatar a legitimidade deles Prieto Mufiiz 2000 Noronha no prelo Noronha Sartori Freitas Ottati no prelo Outros trabalhos versam sobre variáveis distintas dentro do mesmo tema tais como as implicações relativas à revisão dos testes psicológicos Silverstein Marshall Nelson 2000 e sobre a complexidade teórica da revisão de alguns instrumentos como por exemplo os projetivos Butcher 2000 Link 1999 Tais elementos serão discutidos a seguir Uma questão fundamental quando se trata da qualidade de testes psicológicos é o cuidado relacionado à revisão Silverstein Marshall e Nelson 2000 discutiram algumas implicações pertinentes ao processo de revisão como quando um teste tem condições de ser incorporado ao outro a modificação do formato e das instruções do instrumento ou a questão relacionada ao desempenho dos sujeitos numa prova e na sua respectiva revisão No trabalho de Reise Waller Niels e Comrey 2000 fica claro o cuidado que deve ser dispensado quando da revisão de instrumentos os autores discutem padrões metodológicos para a revisão Não são poucos os estudos encontrados que versam sobre o tema outras ilustrações são os trabalhos de Strauss Spreen e Hunter 2000 no sentido de se discutir alguns problemas associados com a revisão de testes e o estudo de Butcher 2000 que se propôs a abordar os parâmetros que envolvem a revisão assim como lições para revisar o MMPI 7 Adams 2000 afirma que este tipo de trabalho vem ocorrendo com maior freqüência que no passado Mas infelizmente no Brasil ainda não se encontram estudos sistemáticos e freqüentes que visem a revisão a atualização de dados ou trabalhos com este caráter Sem dúvida a qualidade dos instrumentos psicológicos é um campo bastante abrangente que envolve além das revisões periódicas dos instrumentos a preocupação com a construção e com o cuidado relacionado às padronizações regionais A guisa destas informações podese inferir que não são poucos os esforços que devem ser despendidos na área tendo em vista a multiplicidade de linhas de pesquisa que podem ser beneficiadas caso estudos fossem realizados além do crescimento geral da área Para Almeida 1999 o avanço tecnológico científico está associado ao desenvolvimento do país de uma maneira geral Sob esta perspectiva podese inferir que paises mais desenvolvidos apresentam mais e melhores instrumentos psicológicos No Brasil é re1ativamente recente a prática de construção de instrumentos já que por muitos anos psicólogos brasileiros usaram como recursos de avaliação instrumentos estrangeiros que não possuíam nenhum estudo a respeito de validade ou precisão com amostras brasileiras Pasquali 1999 acrescenta que pesquisadores brasileiros se contentam em elaborar trabalhos sumários sobre instrumentos estrangeiros sem preocupação com a aferição da qualidade deles Em perspectivas internacionais é possível encontrar trabalhos que se destinam a discutir a construção de instrumentos Onk1and 1999 Adánez 1999 Ambos os autores descrevem detalhadamente as etapas de construção e informam os leitores acerca dos elementos importantes que certamente passam despercebidos aos usuários tais como definição do construto a ser medido a análise dos itens e o cuidado que se deve ter ao elaborar o manual do teste A construção é uma tarefa árdua mas não impossível pois se assim fosse não encontraríamos grande quantidade de testes Nacionalmente também é possível encontrar bons manuais que discutem a elaboração de instrumentos psicológicos Pasquali 1999 Cronbach 1996 Anastasi Urbina 2000 Algumas publicações internacionais como o Mental Measurements Yearbooks anuário de medidas mentais o Test Critique do Buros lnstitute of Mental Measurements oferecem informações importantes sobre os instrumentos psicológicos Cronbach 1996 que podem variar desde um levantamento do número e dos tipos de instrumentos até estudos que justifiquem suas qualidades de validade e precisão Diante do exposto duas observações são relevantes a primeira referese ao fato de que muitos manuais de instrumentos comercializados no Brasil não atendem as exigências mínimas no que se refere às informações necessárias para escolha e utilização do instrumental mais adequado às diferentes situações de avaliação Noronha Sartori Freitas Ottati no prelo e a segunda que no Brasil existem iniciativas isoladas de compilação de instrumentos mas inda não é possível encontrar uma publicação de referencia como a citada anteriormente No entanto esforços individuais embora não tragam todo o amparo necessário são louváveis Cunha e colaboradores 2000 apresentam uma relação de testes psicológicos que inclui dados de aplicação de avaliação além de uma análise critica e Alchieri 2001 apresenta um levantamento de estudos sobre testes no Brasil 8 Ambas as questões são complicadas pois se os manuais de testes não possuem informações suficientes quais os critérios utilizados por profissionais para selecionar um em detrimento do outro E o segundo impedimento referese à inexistência de materiais de consulta para os profissionais Em relação às revisões dos testes infelizmente ainda é difícil encontrar trabalhos nacionais que visem este tipo de análise A pesquisa feita por Alchieri e Scheffel 2000 que se destinou no levantamento de estudos realizados na área de avaliação psicológica nas últimas seis décadas no Brasil justifica esta colocação Enquanto no PsycLIT no biênio de 19992000 foram encontrados 11275 artigos sobre testes no Brasil em seis décadas 19301999 encontrouse 1090 Portanto ainda se pesquisa pouco no Brasil e como se vê é urgente à necessidade de estudos científicos na área No que se refere nos estudos que discutem o ensino da avaliação psicológica destaque deve ser dado aos trabalhos de Ribeiro 1996 Pereira Carellos 1995 Jacquemin 1995 Kroeff 1988 Alves Alchieri Marques 2001 e Vasconcelos Toledo de Santana 2001 Embora tenham enfoques metodológicos diferentes eles convergem para a necessidade de se repensar a formação profissional de forma que ela se adapte melhor às necessidades da prática do profissional A necessidade de conhecer melhor o instrumental disponível para utilização no Brasil é imperativo e para que isto possa ocorrer é indispensável aprimorar a formação em psicologia especialmente em avaliação psicológica Tratase de uma tarefa multidimensional onde a responsabilidade não fica restrita a um segmento especifico do processo formaçãocapacitação profissionalização mas perpassa a todos os interlocutores quer sejam professores acadêmicos instituições e editores Repensar esta participação será reconduzir a atividade de avaliação e seus instrumentais técnicas e testes a um plano de operacionalização nos moldes dos demais países cujo investimento científico hoje serve de modelo a nossa prática Outros estudos a respeito da avaliação psicológica podem ainda ser desenvolvidos de forma que as dificuldades encontradas em sua prática sejam superadas com urgência Embora já seja possível observar grandes avanços na área desde sua criação até os dias atuais novos desafios devem ser contornados Para isso pesquisadores devem continuar desenvolvendo seus trabalhos e conseqüentemente a avaliação psicológica será mais bem divulgada em eventos que prezem pelo zelo da ciência REFERÊNCIAS Adams K M 20001 Practical and Ethical Issues Pertaining to Test Revisions Psychological Assessement 123 281286 Adánez G P 1999 Procedimientos de Construcción y Análisis de Tests Psicometricos Em S M Wechsler R S L Guzzo orgs Avaliação Psicológica perspectiva internacional p 57100 São Paulo Casa do Psicólogo American Educational Research Association Americam Psychological Association National Council on Measurement in Education 1999 Standards for Educational and Psichological Testing New York American Educational Research Association Alves I C B A1chieri J C Marques K 2001 Panorama Geral do Ensino das Técnicas do Exame Psicológico no Brasil Anais do 1º Congresso de Psicologia Clinica Universidade Presbiteriana de Mackenzie São Paulo p 1011 9 Alchieri J C 1999 Dilemas do Psicotécnico Exame psicotécnico ou Avaliação psicológica Anais do VIII Congresso Nacional de Avaliação Psicológica Porto Alegre 208 215 Alchieri J C 2001 Levantamento de Estudos sobre Testes no Brasil Em L Pasquali org Técnicas de Exame Psicológico TEP Manual Volume I Fundamentos das Técnicas Psicológicas pp 222 233 São Paulo Casa do Psicólogo Conselho Federal de Psicologia Alchieri J C Scheffel 2000 Indicadores da Produção Científica Brasileira em Avaliação Psicológica resultados da elaboração de uma base de dados dos artigos publicados em periódicos brasileiros de 1930 a 1999 Anais do V Encontro Mineiro de Avaliação Psicológica Teorização e prática e VIII Conferência Internacional de Avaliação Psicológica formas e contextos PUC Minas Belo HorizonteG p 99100 Almeida L S 1999 Avaliação Psicológica exigências e desenvolvimentos nos seus métodos Em S M Wechesler R S L Guzzo orgs1 Avaliação Psicológica perspectiva internacional São Paulo Casa do Psicólogo p 4155 Almeida L S Prieto G Muiiiz J Bartmm D 1998 O Uso dos Testes em Portugal Espanha e Países Iberoamericanos Psychologica 20 2740 Anastasi A UrlJina S 2000 Testagem Psicologica Porto Alegre Artes Médicas AnconaLopez M 1987 org Avaliação da Inteligência I São Paulo EPU Andriola W B 1995 Problemas e perspectivas quanto ao uso dos testes psicológicos no Brasil PSIQUÊ 5 6 4657 Arraes M G N Ruiz E R L 1983 Padronização para seleção de pessoal Um 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