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Psicologia ·
Psicologia Social
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MARTINS JS 1997 Exclusão Social e a nova desigualdade São PauloEd Paulus NEGRI A 1993 A Anomalia Se lavagem pode r e potência em Spinoza RJ Editora 34 PAUGHAN S 1991 La Disqualification Sociale Essai sur Ia nouvelle pauvreté ParisPresses Universitaires de France coll sociologies4ème édition mise a jour 1997 SAWAIA BB 1995 O Adoecer da Classe Trabalhadora In LaneSTMe Sawaia BB Novas Veredas da Psicologia Social São Paulo Brasiliense e EDUC SAWAIA BB 1999 Psicologia Social uma ciência sem fronteira na neomodernidade In La Psicologia ai Fin dei Siglo Anais do XXVII Interamerican Congress of Psychology Caracas jun 27jul 2 pp323337 SARTREJP 1965 Esboço de uma Teoria das Emoções RJ Zahar SILVEIRAP1989 Da Alienação ao fetichicismo formas de subjetivação e de objetivação In Silveira P e Doray B Elementos Para Uma Teoria Marxista da Subjetividade SP Ed Revista do Tribunais SOUZA SANTOS B 1997 A Queda do Angelus Novus Para além da equação moderna entre raízes e opções Novos Estudos CEBRAP São Paulo 47 103124 VARIKAS E 1997 O Pessoal é Político Desventuras de uma Promessa Subversiva Tempo Rio de JaneiroRelumeDumará vol2n 3 jun WEILS 1979 A Condição operária e outros estudos sobre a opressão Rio de JaneiroPaz e Terra WEILS 1993 A gravidade e a graça São PauloMartins Fontes VIGOTSKY B 1996 Teoria e Método em Psicologia São PauloMartins Fontes VIGOTSKY B 1993 El Problema y ei método de Investigación In Obras Escogidas Vol II Visor Distribucion SA Madrid VIGOTSKY B 1993a Pensamiento y Linguagem In Obras Escogidas Vol II Visor Distribucion SA Madrid VIRGÍNIA FONTES V 1997 Capitalismo Exclusões e Inclusão Forçada Tempo Rio de JaneiroRelumeDumará vol2n 3 jun 118 IDENTIDADE UMA IDEOLOGIA SEPARATISTA Bader Burihan Sawaia O objetivo é refletir sobre o uso do referencial da identidade nos estudos da dialética da inclusão exclusão alertando para os dois paradoxos que â caracterizam na modernidade contemporânea 1 ser uma perspectiva analítica que contém em si mesma a possibilidade de fugir tanto das metanarrativas homoge neizadoras quanto do relativismo absoluto que elimina qual quer traço distintivo 2 ser usada como argumento de defesa do respeito à alteridade em relações democráticas e ao mesmo tempo de proteção contra o estranho legitimando comportamentos xenófobos e excludentes de diferentes ordens Vamos iniciar pelo primeiro Um dos imperativos da modernidade contemporânea indiscutivelmente é a busca da identidade isto é da representação e construção do eu como sujeito único e igual a si mesmo e o uso desta como referência de liberdade felicidade e cida dania tanto nas relações interpessoais como intergrupais e internacio nais É inegável a contribuição da referência identitária neste momento em que indivíduos coletividades e territorialidades estão redefinido se reciprocamente em ritmo acelerado Identidade resgata a indivi dualidade como valor cardeal e com ela a multiplicidade e o movi mento dos fenômenos para superar a razão formal da lógica do um e das metanarrativas que sufocam as ciências humanas Também ela tem o sentido de permanência de um modo de ser para enfrentar a crise e a ansiedade provocada pela desconstrução desta razão junta mente com a carência de utopias e a desordem global que desenraizou o mundo através do titânico processo econômicotécnicocientífico do desenvolvimento capitalista Hobsbawn 1995562 Como observa lanni 1996125 identidades locais são recriadas a partir de características como raça religião etnia para se refugiar da globali zação homogeneizadora l A tese central deste texto foi desenvolvida em relação à temporalidade no texto SAWAIA BB1996 A Temporalidade do agoracotidianona Análise da Identidade Territorial In Margem Revista da Faculdade de Ciências Sociais da PUCSP EDUC n 5 Portanto de um lado atribuise à identidade a incumbência de resguardar a multiplicidade das individualidades para contemplar a alteridade De outro recorrese a esta referência para enfrentar no plano individual eou social a indeterminação a multiplicidade e o medo do estranho da incomensurabilidade e da relativa essencialidade das coisas Mas é preciso estar atento às motivações que direcionam a qualidade de seu resgate como estratégia de relacionamento em defesa do direito à diferença quer no cotidiano quer no plano social coletivo A ideologia básica da nossasgciedadeque é o individualis mo pode ser uma dessas motivações que por sua vez alimenta o descompromisso social Esse processo é muito bem retratado por Lasch 1987 que o conceitua como a cultura do narcisismp ou do mínimo eu Outros destacam a contradição entre a necessidade de se padronizar para pertencer a um grupo e a necessidade de se destacar como único processo nominado por Elias1993203 de uma maciça individualização das massas e que pode ser exemplificado pelo estilo cool que hoje atrai jovens do mundo todo Segundo Calligaris 1999 48 a adesão a este estilo supre o desejo de ser único sendo como os outros e de ser diferente como todo mundo O senso comum também demonstra sem sutilezas a sua captura pelo individualismo massificador Basta atentar ás máximas mais repetidas hoje como a de seja você mesmo autenticidade é liberdade o que conta é eu ser mais eu ou a minha felicidade individual bem como aos livros que se tornam best sellers como os de autoajuda as biografias e os de filosofia de consumo fácil O medo do desconhecido gerando ansiedade agressão e a busca de sinais identitários foi suficientemente explorado na litera tuta O homem ao defrontarse com aquilo que não conhece e domina perde a capacidade de controle fica inseguro e muitas vezes desesperado Giddensl993200 um dos mais importantes soció logos europeus da atualidade tem refletido sobre o enfraquecimento da tradição e de todos os eixos identitários rígidos como a tradição nação comunidade família e sexualidade e sobre a conseqüente falta de confiança dele decorrente que pode ser negativa ou positiva à emancipação humana a depender do grau de liberdade de reflexão das pessoas envolvidas no processo O enfraquecimento da tradição pode favorecer a autonomia das escolhas quando acompanhado de T atitude reflexiva mas quando a reflexão é impedida pode gerar sofri mento de diversas ordens e mecanismos defensivos fundamentalistas e apartheid sendo um dos mais comuns a busca de parâmetros fixos de identidade Em síntese a identidade é valor fundamental da modernidade e é temajBçorrente nas análises dos problemas sociais mas tem um subtextcrparadoxal Numa visão aparencial a explicação dos paradoxos pode estar na existência de duas concepções antagônicas de identidade a identi dade transformaçãomultiplicidade e a identidade permanênciaunici dade e na concepção de que um é modelo de normalidade e o outro de patologia Ledo engano Uma concepção não anula a outra e uma não é melhor que outra ao contrário a tensão entre ambas permite conceber identidade como identificações em curso isto é identidade que ao mesmo tempo que se transforma afirma um modo de ser O problema não é a coexistência do estar repondo a mesmice Ciampa 1987 com o vir a ser mas a desconsideração da dialética entre eles e conseqüente fetichização de um desses pólos com a finali dade de discriminar excluir e dominar nas relações de poder Quando isto ocorre caise ou na esquizofrenia da identidade volátil que impede relações ou na cristalização da identidade clichê que aliada ao ultra investimento na diferença tornase marca que separa e discri mina Ambas matériasprima do preconceito e do fundamentalismo e cujo horizonte é a solidão e a violência Inúmeros casos dramáticos podem ser citados como exemplo da tríade identidadeexclusão violência O mais recente é o que ficou conhecido como o da máfia do casaco Dois adolescentes armados de pistolas rifles e explosivos mataram 12 colegas e um professor e se suicidaram no prédio da escola que freqüentavam na cidade de Littleton Colorado no aniver sário de Hitler em nome da humilhação sofrida por serem enjeita dos Este grupo se deixara fotografar tempos atrás na mesma escola ao lado dos seguintes dizeres Quem disse que somos diferentes Insanidade é saudável Acorde seja diferente O problema dos conflitos sociais não advém unicamente da luta pelo direito à diferença étnicas raciais e de gênero ou dos regio nalismos e da globalização mas do fato desses fenômenos estarem atravessados pela idéia da identidade etiqueta defensiva ou agres 120 121 siva e o que é mais importante usada a serviço da luta pelo poder Melucci 199241 fala em identidade fundamentalista ou identità segregata para se referir a esta qualidade discriminadora da referência identitária que transforma a luta pelo direito à diferença em conde nação ou obsessão pela diferença tanto coletiva quanto individual Nesta perspectiva a relação com a alteridade e a defesa do direito à diferença transformamse em luta contra o outro como ocorreu com parte dos movimentos pela cidadania que substituíram os dos anos 60 apresentando uma elogiável concepção de cidadania não mais assentada exclusivamente na reivindicação da igualdade mas na luta pelo direito à diferença e usando a busca das raízes identitárias como estratégia de luta política contra a exclusão e contra a massifi cação Muitos desses movimentos ao mesmo tempo que apresentaram avanços em termos de conquistas sociais transformaramse em comunidades defensivas ou agressivas inclusive fratricidas interna e externamente Internamente por exercerem uma ditadura sobre as necessidades e emoções impondo modelo rígido de pensar sentir e agir e externamente por transformarem o outro muitas vezes vizinho em inimigo como a limpeza étnica que começou na Iugoslávia usando a identidade a obsessão pela diferença como estratégia de luta contra a separação da Bosnia e agora aparece contra a etnia albanesa de religião muçulmana que pleiteia a independência de Kosovo Estado em que são maioria Sousa Santos 1994119137 define com clareza a normali zação reguladora embutida na referência à identidade ao afirmar que ela é uma questão semifictícia e seminecessária Ele observa que só o colonizado ou um povo em decadência pergunta por sua identi dade e que dificilmente encontrase um inglês perguntando pela própria Ele pergunta pela do outro Assim ele situa a identidade nas relaõesjepodgr introduz a tica Q a cidadania nas suas discussões aprejejJandQacirnojatggoria política e estratégica nas relaçõesjiejxxier Ejei úúas identificações em ourso e portanto não um conjunto de atributos permanentes Sua reflexão deve ser complementada com o alerta de Badiou 19953538 de que identificação não é o reconhecimento mimético do outro como semelhante mas o desejo de ser diferente pelo conheci 122 mento da diferença e admiração por ela Outros pensadores especial mente sobre movimentos sociais compartilham desta concepção como Melucci 1992 53 que sugere a expressão identização identizzazione e Elias 1993219 a de identidade do nósTpãr marcarem uma concepção de identidade não como substância que se mantém ao longo da existência imutável e idêntica a si mesma que separa e aprisiona o indivíduo na sua interioridade mas como processo de construçãode um modo de ser e estar no devir do confronto entre igualdade e diferençaue nega o individualismo aSrjnHõjsújéTtojo coletivo ÇiarnpaüA87 Mas se identidade é identificação em curso é encontro da igualdade e diferença por que multiplicamse as indagações sobre ela E mais por que alguns perguntam e outros não Essas indagações reforçam a tese de que identidade é uma categoria política disciplina dora das relações entre pessoas grupo ou sociedade usada para transformar o outro em estranho igual inimigo ou exótico A história está repleta dessa tendência mórbida à introspecção nacional afirma Mello 1999 como a da Rússia e dos eslavistas no século XIX como os movimentos fascistas do meio do século XX e os movimentos de limpeza étnica do final do século como o da Iugoslávia e Ruanda Mas também está repleta de bisbilhotice internacional sobre a identidade do outro como demonstrou Margaret Thatcher enquanto primeira ministra ao encomendar uma pesquisa sobre a identidade dos alemães antes de se decidir sobre o apoio ao mercado comum europeu Ao se indagar por identidade para se discutir cidadania ou conhecer um fenômeno penetrase nas filigranas das relações de poder e as respostas obtidas podem questionar ou repor significações hegemônicas que as sustentam Idnddadeecnejiegociaçõesde sentido choques de interesse processos de diferenciação e hierarqui zação das diferenças configurandose comojesjratégiasutilde fegulaçãodas relações deiõder quer comõréslstência à dominagãp quer comõêürjforço Portanto não basta perguntar pela identidade é preciso conhecer quem pergunta com quais intenções e sentimentos se pergunta Souza 1994 A pergunta pode se tornar uma forma de narcisismo e dominação quer no plano individual quer no coletivo configurando uma identidade ficcional que se cristaliza acima das 123 subjetividades e teme a alteridade As resposta obtidas serão diferentes assim como as qualidades que comporão o perfil identitário analisado Sem dúvida a resposta obtida por Hitler ao perguntar pela identidade do povo alemão tem especificidades O mesmo pode se dizer da resposta obtida pelo colonizador ao perguntar pela identidade indígena e pelo escravagista ao inquirir sobre a identidade do negro Identidade é conceito político ligado ao processo de inserção social em sociedades complexas hieraquizadas e excludentes bem como ao processo de inserção social nas relações internacionais O clamor pela identidade quer para negála reforçála ou construíla é parte do confronto de poder na dialética da inclusãoexclusão e sua construção ocorre pela negação dos direitos e pela afirmação de privilégios Ela exclui e inclui parcelas da população dos direitos de cidadania sem prejuízo à ordem e harmonia social Esse processo na maioria das vezes é sutil como por exemplo a definição da identidade da mulher pelas características específicas da vida privada e a justificativa de que ela se origina ou na natureza humana ou na vontade e escolha livre eu gosto eu quero Dessa forma incluise a mulher pela exclusão da vida pública responsabi lizandoa pela situação Outro exemplo é o uso do trabalho como definidor de identi dade humana idéia que adquiriu muita força e se incorporou à legisla ção brasileira no período colonial passando a justificar a exclusão do índio da humanidade e dos direitos civis Afinal ele nunca traba lhou ou teve vontade de trabalhar Não pense o leitor que essas reflexões têm a intenção de reco mendar o abandono do enfoque da identidade Ao contrário elas intentam demonstrar sua utilidade mas alertando à necessidade de se usar recursos analíticos para se evitar a sua inversão em ideologia separatista especialmente hoje em que com o avanço fantástico da tecnociência as territorialidades estão em crise e as identidades nacionais se desmancham no ar fluidificando fronteiras clássicas e criando outras Até para compreender o uso da palavra crise nas relações inter nacionais é preciso conhecer a perspectiva de identidade que a referencia Quando as transformações territoriais e de nacionalidade apresentam perspectiva apocalíptica como o embate entre Kosovo 124 e o presidente da Iugoslávia o conceito de identidade que as referencia é a de identidade territorial clichê normatizadora reguladora do poder instituído O medo exagerado da transformação é justamente produto da insegurança gerada pela quebra de significações hegemô nicas e do desempenho monolítico sustentadores da hierarquização dos benefícios e do poder Caso contrário a transformação dos territó rios identitários não se configuraria como crise Rolnik 1996 A experiência da dialética entre globalização e localização e os movi mentos separatistas são vistos como ameaçadores sensação de fracas so e despersonalização pelo medo de perder o poder e as vantagens no confronto com o estranho e no rompimento das fronteiras clássicas geradoras de confiança A referência à identidade só poder ser usada quando se supera o seu uso político para discriminar e explorar o outro quando se reconhece a identidade como igualdade e diferença fugindo da lógica da mesmidade retratada no provérbio brasileiro pau que nasce torto morre torto É preciso manter a tensão entre os dois sentidos contidos na identidade o de permanência e o de transformação concebendo a como processo de identificações em cursoSouza Santos 1994 119 através do qual um modo de ser e se relacionar se repõe abrindo se ao outro e conseqüentemente à transformação O uno e o múltiplo não se excluem constituemse um na relação com o outro e um contém o outro ao mesmo tempo que se superam Sawaia 1995 É necessário apresentarse e ser representado como igual a si mesmo Ciampa 1987 para garantir relações intrapessoal interpessoal intergrupal e internacional Estudos sobre imigrantes mostram que a identidade do lugar de origem favorece a criação de redes de solidariedade facilita o acesso do estrangeiro aos bens e serviços apesar da discriminação Esta identidade transforma espaços de segregação em guetos de resis tência e de aconchego lugares com calor Sawaia 1997 antídoto ao desprezo da sociedade A ênfase em traços identitários culturais locais também é estratégia de resistência por parte de países excluídos da globalização econômica à macdonaldização do mundo habilitandolhes uma inserção competitiva global O perigo está na fetichização desses traços O permanecer igual 125 a si pode cristalizarse na luta pelo poder tornandose política identi tária excludente e discriminadora Em contrapartida usar a perspectiva da identidade como multiplicidade para pressupor a convivência com a diversidade ou o estranho pode gerar o abandono da referência identitária e de unidade caindo no caleidoscópio enlouquecer da mudança desenfreada e do relativismo que nada qualifica A rebeldia da identidade é contra a imposição de poderes e de modelos de futuro e não contra a permanência a ordem e a organi zação Ela alimenta a revolta da autonomia contra a autoritarismo que limita o movimento e a multiplicidade Ela é a qualidade que permite reconhecer e ser reconhecido pela alteridade sem ser discri minado ou discriminar Sawaia 19952024 Assim tornase referência que garante a diversidade e nega a heteronomia definindo autonomia como a realização bem sucedida do projeto reflexivo do eu condição de se relacionar com outras pessoas de modo igualitário Giddens 1993206 pois é ligarse ao outro sem o despotismo do mesmo qualquer que seja seu critério Badiou 1995 Usar a referência identitária para analisar os problemas sociais significa buscar orientações para recriãfrneste mundo diminuído desenraizado e desumanizado pela tecnociênciâ novos espaçosjje representação democrática dasjiegessidades humanas recuperando o homem rico deliecessiBade comjpotencialidade de ação e emoção dos escombros dajrfjcácia instrumental SignificabuscaFlugaresde jjdjntidejdeJbajdeejrdsUnoojisciência em si para se tornar cnciênciapara si ejgara o outro jeinperdeTõjgntimentÕe ser único e assim poder dispor de si para si Para tanto é preciso ojhar identidade pelo sentido ético em lugar do sentido de tipo cognoscitivo como um processo constante de configuração de significações que age como elemento ordenador em relação aos valores afetos e motivações do sujeito individual ou coletivo E para ser mais preciso é preciso falar da dialética identida dealteridadê r rse Nesta perspectiva identidade sem abrir mão de seu modo de ser acolhe a multiplicidade efnencontros afetivos que geram prazer alimentados pela diversidade ésém temer o estranho Tornase modelo 126 êntréTversos atrayásdeeneontroscrioulos Sawaia 1 997 Referências Bibliográficas BADIOU A Ética um ensaio sobre consciência do mal RJ RelumeDumará 1995 pp3538 CALLIGARIS Con tardo Adolescente quer ser diferente como todo mundo In Folha de São Paulo caderno ilustrata 48290499 CIAMPA A C A Estória do Severino e a História da Severina um ensaio da Psicologia Social São Paulo Brasiliense 1987 ELIAS N A Sociedade dos Indivíduos Lisboa Publicações Dom Quixote 1993 p203 GIDDENS AA Transformação da Intimidade sexualidade amor e erotismo nas sociedades modernas São Paulo UNESP Ed 19932 ed p 200 HOBSBAWM E Era do Extremos o breve século XX19141991 São Paulo Companhia das Letras 19952 ed p562 IANNI O A racialização do mundoin Tempo Social Revista de Sociologia da USP v8 n l maio de 1996 pp 125 LASCH C O Mínimo Eu sobrevivência psíquica em tempos difíceis São Paulo Brasiliense 19874 edição MELUCCI A Ilgiocco deli Io Milão Saggi Feltrinelli 1992 p41 ROLNIK S A Multiplicação da subjetividade in Jornal A Folha de São Paulo caderno Mais seção Ponto Crítico 19 0696 SAWAIA BB1997 A Legitimidade Subjetiva no Processo de Participação Social na Era da Globalização in Loulier L org Estudos sobre Comportamento Político e Movimentos Sociais Universidade Federal de Santa Catarina e ABRAPSO SAWAIA BB O Calor do Lugar segregação urbana e identidadein São Paulo em Perspectiva Fundação SEADE SP 92 abrjuh 1995 pp2024 SAWAIA BBA Falsa Cisão Retalhadora do Homem In Martinelli ML et ai org O Uno e o Múltiplo nas Relações entre as Áreas do Saber São Paulo Cortez Ed e EDUC 1995 SOUZA Santos B Pela Mão de Alice O Social e o político na pós modernidade Porto Afrontamento 1994 cap 6 pp 119137 TIMES Magazine encarte da Folha de São Paulo 290499 vol2 n 17 127 A VIOLÊNCIA URBANA E A EXCLUSÃO DOS JOVENS Sílvia Leser de Mello Porque a verdade é um valor em sentido estrito enquanto serve à proteção e à melhoria da vida humana como guia na luta do homem contra a natureza e contra si mesmo contra a sua própria debilidade e destrutividade Herbert Marcuse Este trabalho tem o objetivo de trazer brevemente à conside ração no que tange às camadas subalternas alguns elementos a mais para o estudo da gênese da representação das identidades dos sujeitos na cena urbana As perguntas que norteiam estas notas são como conciliar a democracia com todas as violências e violações de direitos mais elementares que parecem constituir o quotidiano de alguns segmentos da população Como construir e manter representações positivas de si mesmo quando elas são sistematicamente depreciadas pela sociedade como um todo Vou precisar estas questões partindo de três aspectos que não são valorizados em estudos sobre representações da violência 1 a vida urbana sobretudo na metrópole como um dos elemen tos criadores de exclusão e de indiferença pelos atos violentos 2 a violência cometida contra jovens e adolescentes em São Paulo e a impunidade que acoberta esses crimes 3 a mídia envolvida na geração e manutenção de estereótipos e preconceitos que estigmatizam as populações mais pobres Crianças e jovens no Brasil são objeto de exploração desde os tempos coloniais Se durante a escravidão era legal o uso da criança para todo tipo de trabalho o trabalho semiescravo de crianças embora ilegal ainda é pratica comum no país Segundo dados do IBGE de 19917500000 crianças e jovens trabalhavam no Brasil Nas regiões de plantio de cana de açúcar como Ribeirão Preto em São Paulo uma das mais ricas regiões do Brasil estimavase que dos 40 a 50
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fugir tanto das metanarrativas homoge neizadoras quanto do relativismo absoluto que elimina qual quer traço distintivo 2 ser usada como argumento de defesa do respeito à alteridade em relações democráticas e ao mesmo tempo de proteção contra o estranho legitimando comportamentos xenófobos e excludentes de diferentes ordens Vamos iniciar pelo primeiro Um dos imperativos da modernidade contemporânea indiscutivelmente é a busca da identidade isto é da representação e construção do eu como sujeito único e igual a si mesmo e o uso desta como referência de liberdade felicidade e cida dania tanto nas relações interpessoais como intergrupais e internacio nais É inegável a contribuição da referência identitária neste momento em que indivíduos coletividades e territorialidades estão redefinido se reciprocamente em ritmo acelerado Identidade resgata a indivi dualidade como valor cardeal e com ela a multiplicidade e o movi mento dos fenômenos para superar a razão formal da lógica do um e das metanarrativas que sufocam as ciências humanas Também ela tem o sentido de permanência de um modo de ser para enfrentar a crise e a ansiedade provocada pela desconstrução desta razão junta mente com a carência de utopias e a desordem global que desenraizou o mundo através do titânico processo econômicotécnicocientífico do desenvolvimento capitalista Hobsbawn 1995562 Como observa lanni 1996125 identidades locais são recriadas a partir de características como raça religião etnia para se refugiar da globali zação homogeneizadora l A tese central deste texto foi desenvolvida em relação à temporalidade no texto SAWAIA BB1996 A Temporalidade do agoracotidianona Análise da Identidade Territorial In Margem Revista da Faculdade de Ciências Sociais da PUCSP EDUC n 5 Portanto de um lado atribuise à identidade a incumbência de resguardar a multiplicidade das individualidades para contemplar a alteridade De outro recorrese a esta referência para enfrentar no plano individual eou social a 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das pessoas envolvidas no processo O enfraquecimento da tradição pode favorecer a autonomia das escolhas quando acompanhado de T atitude reflexiva mas quando a reflexão é impedida pode gerar sofri mento de diversas ordens e mecanismos defensivos fundamentalistas e apartheid sendo um dos mais comuns a busca de parâmetros fixos de identidade Em síntese a identidade é valor fundamental da modernidade e é temajBçorrente nas análises dos problemas sociais mas tem um subtextcrparadoxal Numa visão aparencial a explicação dos paradoxos pode estar na existência de duas concepções antagônicas de identidade a identi dade transformaçãomultiplicidade e a identidade permanênciaunici dade e na concepção de que um é modelo de normalidade e o outro de patologia Ledo engano Uma concepção não anula a outra e uma não é melhor que outra ao contrário a tensão entre ambas permite conceber identidade como identificações em curso isto é identidade que ao mesmo tempo que se transforma afirma um modo de ser O problema não é a coexistência do estar repondo a mesmice Ciampa 1987 com o vir a ser mas a desconsideração da dialética entre eles e conseqüente fetichização de um desses pólos com a finali dade de discriminar excluir e dominar nas relações de poder Quando isto ocorre caise ou na esquizofrenia da identidade volátil que impede relações ou na cristalização da identidade clichê que aliada ao ultra investimento na diferença tornase marca que separa e discri mina Ambas matériasprima do preconceito e do fundamentalismo e cujo horizonte é a solidão e a violência Inúmeros casos dramáticos podem ser citados como exemplo da tríade identidadeexclusão violência O mais recente é o que ficou conhecido como o da máfia do casaco Dois adolescentes armados de pistolas rifles e explosivos mataram 12 colegas e um professor e se suicidaram no prédio da escola que freqüentavam na cidade de Littleton Colorado no aniver sário de Hitler em nome da humilhação sofrida por serem enjeita dos Este grupo se deixara fotografar tempos atrás na mesma escola ao lado dos seguintes dizeres Quem disse que somos diferentes Insanidade é saudável Acorde seja diferente O problema dos conflitos sociais não advém unicamente da luta pelo direito à diferença étnicas raciais e de gênero ou dos regio nalismos e da globalização mas do fato desses fenômenos estarem atravessados pela idéia da identidade etiqueta defensiva ou agres 120 121 siva e o que é mais importante usada a serviço da luta pelo poder Melucci 199241 fala em identidade fundamentalista ou identità segregata para se referir a esta qualidade discriminadora da referência identitária que transforma a luta pelo direito à diferença em conde nação ou obsessão pela diferença tanto coletiva quanto individual Nesta perspectiva a relação com a alteridade e a defesa do direito à diferença transformamse em luta contra o outro como ocorreu com parte dos movimentos pela cidadania que substituíram os dos anos 60 apresentando uma elogiável concepção de cidadania não mais assentada exclusivamente na reivindicação da igualdade mas na luta pelo direito à diferença e usando a busca das raízes identitárias como estratégia de luta política contra a exclusão e contra a massifi cação Muitos desses movimentos ao mesmo tempo que apresentaram avanços em termos de conquistas sociais transformaramse em comunidades defensivas ou agressivas inclusive fratricidas interna e externamente Internamente por exercerem uma ditadura sobre as necessidades e emoções impondo modelo rígido de pensar sentir e agir e externamente por transformarem o outro muitas vezes vizinho em inimigo como a limpeza étnica que começou na Iugoslávia usando a identidade a obsessão pela diferença como estratégia de luta contra a separação da Bosnia e agora aparece contra a etnia albanesa de religião muçulmana que pleiteia a independência de Kosovo Estado em que são maioria Sousa Santos 1994119137 define com clareza a normali zação reguladora embutida na referência à identidade ao afirmar que ela é uma questão semifictícia e seminecessária Ele observa que só o colonizado ou um povo em decadência pergunta por sua identi dade e que dificilmente encontrase um inglês perguntando pela própria Ele pergunta pela do outro Assim ele situa a identidade nas relaõesjepodgr introduz a tica Q a cidadania nas suas discussões aprejejJandQacirnojatggoria política e estratégica nas relaçõesjiejxxier Ejei úúas identificações em ourso e portanto não um conjunto de atributos permanentes Sua reflexão deve ser complementada com o alerta de Badiou 19953538 de que identificação não é o reconhecimento mimético do outro como semelhante mas o desejo de ser diferente pelo conheci 122 mento da diferença e admiração por ela Outros pensadores especial mente sobre movimentos sociais compartilham desta concepção como Melucci 1992 53 que sugere a expressão identização identizzazione e Elias 1993219 a de identidade do nósTpãr marcarem uma concepção de identidade não como substância que se mantém ao longo da existência imutável e idêntica a si mesma que separa e aprisiona o indivíduo na sua interioridade mas como processo de construçãode um modo de ser e estar no devir do confronto entre igualdade e diferençaue nega o individualismo aSrjnHõjsújéTtojo coletivo ÇiarnpaüA87 Mas se identidade é identificação em curso é encontro da igualdade e diferença por que multiplicamse as indagações sobre ela E mais por que alguns perguntam e outros não Essas indagações reforçam a tese de que identidade é uma categoria política disciplina dora das relações entre pessoas grupo ou sociedade usada para transformar o outro em estranho igual inimigo ou exótico A história está repleta dessa tendência mórbida à introspecção nacional afirma Mello 1999 como a da Rússia e dos eslavistas no século XIX como os movimentos fascistas do meio do século XX e os movimentos de limpeza étnica do final do século como o da Iugoslávia e Ruanda Mas também está repleta de bisbilhotice internacional sobre a identidade do outro como demonstrou Margaret Thatcher enquanto primeira ministra ao encomendar uma pesquisa sobre a identidade dos alemães antes de se decidir sobre o apoio ao mercado comum europeu Ao se indagar por identidade para se discutir cidadania ou conhecer um fenômeno penetrase nas filigranas das relações de poder e as respostas obtidas podem questionar ou repor significações hegemônicas que as sustentam Idnddadeecnejiegociaçõesde sentido choques de interesse processos de diferenciação e hierarqui zação das diferenças configurandose comojesjratégiasutilde fegulaçãodas relações deiõder quer comõréslstência à dominagãp quer comõêürjforço Portanto não basta perguntar pela identidade é preciso conhecer quem pergunta com quais intenções e sentimentos se pergunta Souza 1994 A pergunta pode se tornar uma forma de narcisismo e dominação quer no plano individual quer no coletivo configurando uma identidade ficcional que se cristaliza acima das 123 subjetividades e teme a alteridade As resposta obtidas serão diferentes assim como as qualidades que comporão o perfil identitário analisado Sem dúvida a resposta obtida por Hitler ao perguntar pela identidade do povo alemão tem especificidades O mesmo pode se dizer da resposta obtida pelo colonizador ao perguntar pela identidade indígena e pelo escravagista ao inquirir sobre a identidade do negro Identidade é conceito político ligado ao processo de inserção social em sociedades complexas hieraquizadas e excludentes bem como ao processo de inserção social nas relações internacionais O clamor pela identidade quer para negála reforçála ou construíla é parte do confronto de poder na dialética da inclusãoexclusão e sua construção ocorre pela negação dos direitos e pela afirmação de privilégios Ela exclui e inclui parcelas da população dos direitos de cidadania sem prejuízo à ordem e harmonia social Esse processo na maioria das vezes é sutil como por exemplo a definição da identidade da mulher pelas características específicas da vida privada e a justificativa de que ela se origina ou na natureza humana ou na vontade e escolha livre eu gosto eu quero Dessa forma incluise a mulher pela exclusão da vida pública responsabi lizandoa pela situação Outro exemplo é o uso do trabalho como definidor de identi dade humana idéia que adquiriu muita força e se incorporou à legisla ção brasileira no período colonial passando a justificar a exclusão do índio da humanidade e dos direitos civis Afinal ele nunca traba lhou ou teve vontade de trabalhar Não pense o leitor que essas reflexões têm a intenção de reco mendar o abandono do enfoque da identidade Ao contrário elas intentam demonstrar sua utilidade mas alertando à necessidade de se usar recursos analíticos para se evitar a sua inversão em ideologia separatista especialmente hoje em que com o avanço fantástico da tecnociência as territorialidades estão em crise e as identidades nacionais se desmancham no ar fluidificando fronteiras clássicas e criando outras Até para compreender o uso da palavra crise nas relações inter nacionais é preciso conhecer a perspectiva de identidade que a referencia Quando as transformações territoriais e de nacionalidade apresentam perspectiva apocalíptica como o embate entre Kosovo 124 e o presidente da Iugoslávia o conceito de identidade que as referencia é a de identidade territorial clichê normatizadora reguladora do poder instituído O medo exagerado da transformação é justamente produto da insegurança gerada pela quebra de significações hegemô nicas e do desempenho monolítico sustentadores da hierarquização dos benefícios e do poder Caso contrário a transformação dos territó rios identitários não se configuraria como crise Rolnik 1996 A experiência da dialética entre globalização e localização e os movi mentos separatistas são vistos como ameaçadores sensação de fracas so e despersonalização pelo medo de perder o poder e as vantagens no confronto com o estranho e no rompimento das fronteiras clássicas geradoras de confiança A referência à identidade só poder ser usada quando se supera o seu uso político para discriminar e explorar o outro quando se reconhece a identidade como igualdade e diferença fugindo da lógica da mesmidade retratada no provérbio brasileiro pau que nasce torto morre torto É preciso manter a tensão entre os dois sentidos contidos na identidade o de permanência e o de transformação concebendo a como processo de identificações em cursoSouza Santos 1994 119 através do qual um modo de ser e se relacionar se repõe abrindo se ao outro e conseqüentemente à transformação O uno e o múltiplo não se excluem constituemse um na relação com o outro e um contém o outro ao mesmo tempo que se superam Sawaia 1995 É necessário apresentarse e ser representado como igual a si mesmo Ciampa 1987 para garantir relações intrapessoal interpessoal intergrupal e internacional Estudos sobre imigrantes mostram que a identidade do lugar de origem favorece a criação de redes de solidariedade facilita o acesso do estrangeiro aos bens e serviços apesar da discriminação Esta identidade transforma espaços de segregação em guetos de resis tência e de aconchego lugares com calor Sawaia 1997 antídoto ao desprezo da sociedade A ênfase em traços identitários culturais locais também é estratégia de resistência por parte de países excluídos da globalização econômica à macdonaldização do mundo habilitandolhes uma inserção competitiva global O perigo está na fetichização desses traços O permanecer igual 125 a si pode cristalizarse na luta pelo poder tornandose política identi tária excludente e discriminadora Em contrapartida usar a perspectiva da identidade como multiplicidade para pressupor a convivência com a diversidade ou o estranho pode gerar o abandono da referência identitária e de unidade caindo no caleidoscópio enlouquecer da mudança desenfreada e do relativismo que nada qualifica A rebeldia da identidade é contra a imposição de poderes e de modelos de futuro e não contra a permanência a ordem e a organi zação Ela alimenta a revolta da autonomia contra a autoritarismo que limita o movimento e a multiplicidade Ela é a qualidade que permite reconhecer e ser reconhecido pela alteridade sem ser discri minado ou discriminar Sawaia 19952024 Assim tornase referência que garante a diversidade e nega a heteronomia definindo autonomia como a realização bem sucedida do projeto reflexivo do eu condição de se relacionar com outras pessoas de modo igualitário Giddens 1993206 pois é ligarse ao outro sem o despotismo do mesmo qualquer que seja seu critério Badiou 1995 Usar a referência identitária para analisar os problemas sociais significa buscar orientações para recriãfrneste mundo diminuído desenraizado e desumanizado pela tecnociênciâ novos espaçosjje representação democrática dasjiegessidades humanas recuperando o homem rico deliecessiBade comjpotencialidade de ação e emoção dos escombros dajrfjcácia instrumental SignificabuscaFlugaresde jjdjntidejdeJbajdeejrdsUnoojisciência em si para se tornar cnciênciapara si ejgara o outro jeinperdeTõjgntimentÕe ser único e assim poder dispor de si para si Para tanto é preciso ojhar identidade pelo sentido ético em lugar do sentido de tipo cognoscitivo como um processo constante de configuração de significações que age como elemento ordenador em relação aos valores afetos e motivações do sujeito individual ou coletivo E para ser mais preciso é preciso falar da dialética identida dealteridadê r rse Nesta perspectiva identidade sem abrir mão de seu modo de ser acolhe a multiplicidade efnencontros afetivos que geram prazer alimentados pela diversidade ésém temer o estranho Tornase modelo 126 êntréTversos atrayásdeeneontroscrioulos Sawaia 1 997 Referências Bibliográficas BADIOU A Ética um ensaio sobre consciência do mal RJ RelumeDumará 1995 pp3538 CALLIGARIS Con tardo Adolescente quer ser diferente como todo mundo In Folha de São Paulo caderno ilustrata 48290499 CIAMPA A C A Estória do Severino e a História da Severina um ensaio da Psicologia Social São Paulo Brasiliense 1987 ELIAS N A Sociedade dos Indivíduos Lisboa Publicações Dom Quixote 1993 p203 GIDDENS AA Transformação da Intimidade sexualidade amor e erotismo nas sociedades modernas São Paulo UNESP Ed 19932 ed p 200 HOBSBAWM E Era do Extremos o breve século XX19141991 São Paulo Companhia das Letras 19952 ed p562 IANNI O A racialização do mundoin Tempo Social Revista de Sociologia da USP v8 n l maio de 1996 pp 125 LASCH C O Mínimo Eu sobrevivência psíquica em tempos difíceis São Paulo Brasiliense 19874 edição MELUCCI A Ilgiocco deli Io Milão Saggi Feltrinelli 1992 p41 ROLNIK S A Multiplicação da subjetividade in Jornal A Folha de São Paulo caderno Mais seção Ponto Crítico 19 0696 SAWAIA BB1997 A Legitimidade Subjetiva no Processo de Participação Social na Era da Globalização in Loulier L org Estudos sobre Comportamento Político e Movimentos Sociais Universidade Federal de Santa Catarina e ABRAPSO SAWAIA BB O Calor do Lugar segregação urbana e identidadein São Paulo em Perspectiva Fundação SEADE SP 92 abrjuh 1995 pp2024 SAWAIA BBA Falsa Cisão Retalhadora do Homem In Martinelli ML et ai org O Uno e o Múltiplo nas Relações entre as Áreas do Saber São Paulo Cortez Ed e EDUC 1995 SOUZA Santos B Pela Mão de Alice O Social e o político na pós modernidade Porto Afrontamento 1994 cap 6 pp 119137 TIMES Magazine encarte da Folha de São Paulo 290499 vol2 n 17 127 A VIOLÊNCIA URBANA E A EXCLUSÃO DOS JOVENS Sílvia Leser de Mello Porque a verdade é um valor em sentido estrito enquanto serve à proteção e à melhoria da vida humana como guia na luta do homem contra a natureza e contra si mesmo contra a sua própria debilidade e destrutividade Herbert Marcuse Este trabalho tem o objetivo de trazer brevemente à conside ração no que tange às camadas subalternas alguns elementos a mais para o estudo da gênese da representação das identidades dos sujeitos na cena urbana As perguntas que norteiam estas notas são como conciliar a democracia com todas as violências e violações de direitos mais elementares que parecem constituir o quotidiano de alguns segmentos da população Como construir e manter representações positivas de si mesmo quando elas são sistematicamente depreciadas pela sociedade como um todo Vou precisar estas questões partindo de três aspectos que não são valorizados em estudos sobre representações da violência 1 a vida urbana sobretudo na metrópole como um dos elemen tos criadores de exclusão e de indiferença pelos atos violentos 2 a violência cometida contra jovens e adolescentes em São Paulo e a impunidade que acoberta esses crimes 3 a mídia envolvida na geração e manutenção de estereótipos e preconceitos que estigmatizam as populações mais pobres Crianças e jovens no Brasil são objeto de exploração desde os tempos coloniais Se durante a escravidão era legal o uso da criança para todo tipo de trabalho o trabalho semiescravo de crianças embora ilegal ainda é pratica comum no país Segundo dados do IBGE de 19917500000 crianças e jovens trabalhavam no Brasil Nas regiões de plantio de cana de açúcar como Ribeirão Preto em São Paulo uma das mais ricas regiões do Brasil estimavase que dos 40 a 50