·

Ciências Contábeis ·

Análise de Demonstrações Financeiras

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

9 Equilíbrio Financeiro e Volume de CCL Dessa forma o conceito básico de equilíbrio financeiro fica evidenciado ao ser demonstrado que toda a aplicação de recursos no ativo deve ser financiada com fundos levantados a um prazo de recuperação proporcional à aplicação efetuada Por exemplo os elementos permanentes Ativo Não Circulante ao serem financiados com créditos a curto prazo trarão um desequilíbrio à empresa dada a evidente falta de sincronização entre o momento da reposição dos fundos levantados e o prazo de recuperação dessas aplicações caracteristicamente a longo prazo Assim sendo ao se apresentar esse desequilíbrio dizse que a empresa está assumindo um maior risco financeiro ou seja elevouse a probabilidade pelo menos teórica de a empresa não saldar seus compromissos nas condições contratadas Um aprofundamento maior no conceito de equilíbrio financeiro de uma empresa revela que as aplicações a curto prazo não devem representar todo o ativo circulante Em verdade uma parcela considerável do ativo circulante é mais bem localizada para efeitos principalmente de análise no grupo do permanente não circulante indicando um potencial de realização a longo prazo E um valor cíclico repetitivo tornandose por conseguinte de natureza permanente É necessário dessa maneira segmentarse o ativo circulante em duas partes 1 aquela efetivamente de curto prazo e caracteristicamente sazonal variável 2 e a parcela definida como mínima pela empresa para manutenção de sua atividade básica e admitida como permanente A Figura 91 ilustra o comportamento desses ativos circulantes Pela Figura 91 denotase que ao longo do tempo há um crescimento natural do ativo permanente em razão do volume de atividade da empresa Figura 91 Segmentação do ativo circulante 55 Conteúdo Índices de Liquidez Todas as inversões que a empresa realiza convertemse a curto ou a longo prazo novamente em dinheiro O disponível vêse alimentado a curto prazo pelo ativo circulante por meio da redução dos estoques de recebimentos de realizáveis etc a longo prazo pelo ativo imobilizado ao se irem depreciando seus diversos bens Com o dinheiro assim levantado a empresa pode ir saldando as diversas obrigações assumidas em seu passivo Entretanto para que tudo isso se processe normalmente é necessário que o prazo de retomo dos financiamentos efetuados seja maior ou pelo menos igual ao prazo de liquidez de seus correspondentes ativos 56 Por outro lado existem certos elementos circulantes que apresentam características bem próximas dos itens permanentes Esses elementos são classificados como ativo circulante permanente e apesar de estarem contabilmente registrados em contas de curto prazo são mais bem considerados como aplicações fixas O saldo mínimo de caixa que a empresa precisa manter para a consecução de sua atividade normal a parcela típica de vendas a prazo e o volume mínimo de estoques indispensável para a manutenção das operações da empresa são exemplos característicos de ativo circulante permanente A empresa não poderá sob pena de sacrificar sua atividade normal reduzir esses valores sendo por isso definidos como de natureza permanente fixos Pode ocorrer não obstante que os valores desses elementos fixos do circulante cresçam em determinados períodos Por exemplo eventuais atrasos no recebimento de vendas a prazo antecipação de compras de estoques etc elevam temporariamente os investimentos permanentes do circulante sendo esse acréscimo eventual definido como ativo circulante sazonal variável Em suma o total do ativo circulante sofre variações ao longo do tempo não devendo registrarse no entanto um volume aplicado no grupo inferior ao valor mínimo definido para sustentar a atividade normal da empresa Esse montante é definido como ativo circulante permanente Comumente esse piso mínimo do circulante sofre variações temporárias isto é dada a dinâmica natural da atividade de uma empresa são demandados investimentos adicionais por certo período de tempo Este excesso temporário de aplicações é denominado ativo circulante sazonal ou variável Identificados os componentes sazonais variável e permanente fixo do ativo circulante é possível agora demonstrarse como deve a empresa estar financiada para manter seu equilíbrio financeiro A Figura 92 ilustra a composição ideal do financiamento em função da maturidade dos ativos Figura 92 Estrutura de financiamento de equilíbrio Em condições de equilíbrio somente as necessidades tipicamente de curto prazo e definidas como ativo circulante sazonal devem estar financiadas com passivos circulantes de mesmas características A parte fixa do circulante e todo o ativo permanente devem ser financiados por recursos também de longo prazo Essa conciliação entre prazo de resgate e de retorno dos recursos passivos e ativos de uma empresa visa evidentemente oferecer maior nível de sincronização no fluxo de entradas e saídas de recursos 57 91 Rentabilidade e Segurança É prudente que o custo dos créditos a curto prazo deve apresentarse mais baixo que os de longo prazo em função do menor tempo previsto de retomo dos fundos e da própria taxa de risco do emprestador Por outro lado considerandose que as aplicações no ativo devem gerar o maior retorno possível o ativo permanente assume uma posição prioritária nas decisões que envolvem aplicações de capital Esse comportamento economicamente preferencial por investimentos permanentes decorre de sua melhor contribuição dos lucros da empresa podendo originarse de um aumento da capacidade física de venda ou de uma redução de custos Assim no que se refere às aplicações a curto prazo verificase que a empresa ao pleitear maior segurança ou menor risco financeiro em suas operações preocuparseá em manter seu capital circulante líquido em níveis mais elevados Entretanto ao atribuir maior prioridade ao incremento de sua rentabilidade procurará reduzir o volume de seu capital de giro por meio de uma utilização maior de capitais de terceiros resgatáveis a curto prazo E isso que constitui o dilema da administração do capital de giro segurança liquidez X rentabilidade Os dois conceitos variam de maneira inversa ou seja um aumento da liquidez ou redução do risco acarreta um decréscimo da rentabilidade e viceversa Dessa forma deve a empresa decidir o volume de seu capital circulante líquido com base em seus padrões estabelecidos de riscoretorno Maiores participações de fontes de recursos de curto prazo promovem ao mesmo tempo uma redução da liquidez maior nível de risco financeiro e elevação do retorno do investimento em razão do custo mais barato do crédito de curto prazo Para uma situação de financiamento inversa verificase uma elevação da liquidez da empresa acompanhada de uma redução em sua rentabilidade Conforme se conclui uma empresa não poderá usufruir ao mesmo tempo de liquidez e rentabilidade máximas devendo optar por um volume de capital circulante líquido que satisfaça suas expectativas de riscoretomo ou seja que imprima um nível de segurança e rentabilidade adequadas Para melhor ilustrar o comportamento das variáveis liquidez e rentabilidade a Figura 93 apresenta graficamente a correlação encontrada na administração do capital de giro Figura 93 Capital circulante líquido correlação entre liquidez eou rentabilidade E de se acrescentar ainda que essa estrutura equilibrada de taxas de juros não vem normalmente se verificando no mercado financeiro brasileiro Ou seja em média o custo do dinheiro a curto prazo tem muitas vezes ultrapassado o de longo prazo anulando o comportamento riscoretomo conforme descrito Assim as conclusões enunciadas anteriormente invertemse para aquelas empresas cuja participação de recursos oficiais de longo prazo e portanto subsidiados seja relevante em relação ao volume captado de acordo com as taxas livremente praticadas no mercado 92 Custo do investimento em capital de giro O estudo do capital de giro envolve essencialmente as atividades de natureza operacional da empresa identificadas nas fases de compra pagamento fabricação venda e cobrança Em cada fase deve a empresa tomar diversas decisões com relação aos investimentos operacionais necessários como compras quanto e quando comprar fabricação capacidade de produção tecnologia empregada venda condições de venda a vista a prazo cobrança política de cobrança inadimplência pagamentos recursos disponíveis ou novas captações Através destas decisões operacionais são identificados os custos do investimento em capital de giro a Custo de oportunidade definido pelos ganhos decorrentes da melhor alternativa não aproveitada Quanto maior o investimento em capital de giro mais alto se apresenta o seu custo de oportunidade custo de carregamento b Custo de manutenção de ativos circulantes identificado por exemplo nos gastos em manter estoques de matériasprimas e produtos para vendas carteiras de valores a receber de vendas a prazo e assim por diante c Custo de falta determinado pelo investimento insuficiente em capital de giro Por exemplo uma empresa pode perder vendas pela falta de estoques ou de capital para conceder crédito ao comprador 10 Indicadores Tradicionais de Liquidez Os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira de uma empresa frente a seus diversos compromissos financeiros Além do capital circulante líquido estudado no capítulo anterior o estudo tradicional da liquidez inclui outros indicadores financeiros conforme apresentados a seguir 101 Liquidez Geral Esse indicador revela a liquidez tanto a curto como a longo prazo De cada 100 que a empresa mantém de dívida o quanto existe de direitos e haveres no ativo circulante e no realizável a longo prazo A liquidez geral é utilizada também como uma medida de segurança financeira da empresa a longo prazo revelando sua capacidade de saldar todos seus compromissos Liquidez Geral Ativo Circulante Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante Exigível a Longo Prazo É interessante ressaltar ainda a existência de um índice de liquidez muitas vezes adotado pelo mercado denominado capital de giro próprio E normalmente obtido pela diferença entre o patrimônio líquido e o total do ativo não circulante e interpretado como o volume de capital próprio da empresa que está financiando suas atividades circulantes Em verdade não haveria restrição ao uso desse indicador na hipótese de se poder identificar exatamente qual a fonte do capital permanente própria ou de terceiros aplicado no ativo Ou seja cada ativo deveria ser identificado com sua fonte de financiamento Como é bastante difícil na prática identificarse diretamente os vários recursos dos ativos com suas respectivas origens preferese trabalhar com o conceito de capital circulante líquido 102 Liquidez Corrente Quanto maior a liquidez corrente mais alta se apresenta a capacidade da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro Liquidez Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante A liquidez corrente indica o quanto existe de ativo circulante para cada 1 de dívida a curto prazo Se Denota Liquidez Corrente 10 Capital Circulante Líquido positivo Liquidez Corrente 10 Capital Circulante Líquido nulo Liquidez Corrente 10 Capital Circulante Líquido negativo 103 Liquidez Seca O quociente demonstra a porcentagem das dívidas a curto prazo em condições de serem saldadas mediante a utilização de itens monetários de maior liquidez do ativo circulante Essencialmente a liquidez seca determina a capacidade de curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização das contas do disponível e valores a receber Liquidez Seca Ativo Circulante Estoques Despesas Antecipadas Passivo Circulante 104 Liquidez Imediata Revela a porcentagem das dívidas a curto prazo circulante em condições de serem liquidadas imediatamente Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade Liquidez Imediata Disponível Passivo Circulante REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ASSAF NETO Alexandre Estrutura e análise de balanços um enfoque econômicofinanceiro 11 ed São Paulo Atlas 2015