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AS ORIGENS DO REINO do KÔNGO OUTROS TÍTULOS DA MAYAMBA UM ANO DE VIDA crónicas Luís Fernando HEROÍNAS DE ANGOLA História Limbânia Jimènez Rodriguez Nancy O MUNDO FANTÁSTICO DA LINGUAGEM DESPORTIVA Linguística Portuguesa Geraldo Quiala ESCUTISMO UM MÉTODO EDUCATIVO NÃOFORMAL ensaio Rui Luís Falcão Pinto de Andrade O ÚLTIMO RECUO romance Isaquiel Cori MEMÓRIAS CATIVAS romance Marihel Ramos DIREITO MARÍTIMO Transporte de Mercadorias por Mar Direito Rigoberto Kambovo CAMINHO PARA A PAZ RECONCILIAÇÃO NACIONAL de Gbadolite à Bicesse1989 1992 História e Relações internacionais Jorge Valentim ANGOLA E ÁFRICA AUSTRAL Apontamentos para a História do Processo Negocial para a Paz História Lázaro Cárdenas Sierra AS RIVALIDADES ENTRE A FNA E O MPLA 19621974 História Jean Martial Mbah AS ORIGENS DO REINO do KÔNGO Patrício BATSÎKAMA CoLeCção BiBLioteCA DA HistóRiA mayamba AS ORIGENS DO REINO DO KONGO Autor Patrício Cipriano MampuyaBatsikama patrício BatsikamaMayamba editora Luanda 2010 Direitos reservados por Mayamba editora Lda edição Mayamba editora Rua 3 nº 231 Nova Vida Luandasul Angola Caixa Postal nº 3462 Luanda email mayambaeditorayahoocom site wwwmayambaeditoracom Colecção Biblioteca da História 3 impressão e Acabamento tiragem 2 000 exemplares 1ª edição Luanda Maio de 2010 Depósito Legal n 4876010 isBN 9789898370075 edição patrocinada por BPC Banco de Popupança e Crédito mayamba Mu nkûmbua Mfumua Ngôla José Eduardo dos Santos Ntûngi dya Nsi Ntôtela wazînga makânda mya Besi Ngôla zawonso in lovely Memoria de Raphaël Batsîkama ba Mampuya ma Ndwâla Ngo lêkanga nkîla yetîtila ÍNDICE Prefácio Pr Dr Pedro M NsîngiBarros 6 introdução 7 Livro I Generalidades 17 Parte I 18 Capítulo I As Origens do Kôngo 18 I1 Segundo a Tradição Oral 18 I2 KôngoCôkwe as Afinidades ou Filiações 21 i21 o País das origens 21 i22 A Localização deste País 22 i23 o Primeiro Rei 22 i23 a Côkwe 22 i23 b Kôngo 23 I3 KôngoNyaneka 24 i31 o País das origens 24 I4 KôngoUmbûndu 27 i41 As Palavras também têm a sua História 28 I5 As Origens do Kôngo Consoante o Calendário Kimbùndu 30 I6 Casamento Nome e Deus como Vestígios das Origens 34 i61 o Casamento 34 i611 Princípio da família o Casamento 34 i612 o Pedido 35 i613 o Casamento como traço imigratório 37 i614 Paralelismos entre Conquistador e o Pedinte 38 i62 o Nome 39 i62 a o Nome como traço das origens 40 i63 Deus como traço das origens 40 I7 Conclusão 42 Parte II 43 Capítulo I Origens dos Reis de MbânzaKôngo 43 I1 O Rei 43 I2 MbânzaKôngo 44 I3 As Origens dos Reis 48 i31 As origens setentrionais 48 i32 Mvemba Nzinga Afonso i 53 I 4 As Origens Orientais 56 i41 segundo Cavazzi 56 i42 segundo Cardonega 56 i43 ideia comum nestas Versões 57 i44 Análise de texto 57 I 5 As Origens Meridionais 60 i51 segundo a tradição oral 60 i52 o estudo sobre o título 60 i53 o estudo do Relato 61 i54 outras testemunhas 62 i55 Conclusão 63 Capitulo II Fundação do Nsôyo 64 II1 Apresentação 64 II2 Estudo 65 ii21 A organização do Relato 65 ii22 NeZinga de Nsôyo dya Nsi 66 ii23 o crime Cometido e o Criminoso 68 ii24 A Natureza do crime e identidade do Criminoso 69 ii25 o PeRDão significado e sentido do perdoado 70 II3 Conclusão 72 Capitulo III Ocupação da foz do rio Kôngo 74 III1 Introdução 74 III2 Tradição nº 1 75 III3 Tradição nº 2 77 III4 Tradição nº 3 81 iii41 A Análise do Patrinónimo 81 iii42 sobre a sua origem 82 III5 Tradição nº 4 82 iii51 Paralelismos 83 iii52 Linhagem e origem de Mpânda Mvângi 85 III 6 Conclusão 90 Capitulo IV Estrutura Social Kôngo 91 IV1 A Teoria 91 IV2 Princípios 92 IV3 Patriarcas Kôngo 92 iV31Vita Nimi 92 iV32 Mpânzua Nimi 96 iV33 Lukeni lwa Nimi 99 iV34 Conclusão 100 Conclusão do Livro I 101 Livro II Herói Civilizador 102 Problemática 103 Capítulo I Tese sobre a génesis do Kôngo 106 I1 Segundo Jan Vansina 106 I2 Segundo a Tradição 107 I3 As Etapas subsequentes 115 I4 Nome do País das Origens Nzûndu Tadi 120 Capitulo II Herói Civilizador 125 II1 Introdução 125 II2 Versão Yâka 125 II3 Versão LûndaCôkwe 126 II4 Versão Lûnda 126 II5 Versão Vili 127 II6 Versão Vili bis 127 II7 Versão Ngangela 127 II8 Nomes de Herói Civilizador do Ave e As Origens 130 II9 Análise das versões 136 ii91Versão Yaka 136 ii92Versão Vili 137 ii93Versão LundaCôkwe 138 ii94Versão Ngangela 139 II10 Convergências e Interconvergências entre versões citadas 141 Capitulo III História de nove séries de Heróis 144 III1 As Análises de Wyatt MacGAFFEY 144 iii11 Generalidades 144 iii12 outros sentidos de Nove Clãs 146 III2 As Origens dentro das palavras 148 III3 A Análise da Semana Kôngo 150 iii31 Mpîka 151 iii32 Nkhonzo 152 iii33 Nsîlu 154 iii34 Nkênge 156 iii35 Nsôna 157 iii36 Nkôyo 159 iii37 Buduka 159 iii38 Comparação dos dias e o Herói Civilizador 160 iii39 Cronograma das Nove Civilizações 161 Capitulo IV Instituições politicas e o Herói Civilizador 163 IV1 Nsi o país 163 IV2 Nkûwu Leis 167 IV3 Conceito do poder e Herói Civilizador 168 IV4 Mintadi 181 1 MFÛMUA KÔNGo 181 2 MWÊNe KÔNGo 182 3 NtÔtiLA KÔNGo 182 4 YÂLA MÔKo 182 IV5 Democracia no velho Kôngo 183 Conclusão do Livro II 186 Em guisa de Conclusão Geral 188 Anexo 1 189 Anexo 2 192 Bibliografia 205 O REINO DO KONGO E A HISTÓRIA DE ANGOLA Prof Dra Selma Pantoja UNIB A questão das origens dos acontecimentos no tempo são os eternos problemas da História o acontecimento é um fragmento de realidade captada e como tal fugaz nunca de caráter simples mas complexo e com uma infinidade de sentidos Neste presente caso de As origens do Reino do Kôngo não será diferente o pesquisador esta perante o heterogêneo o texto de Patrício Batsîkama é uma reflexão que interroga o acontecido e daí retira uma possível interpretação Nesse caminho o autor parte dos vários elementos da língua kikongo comparadoos com termos dos diferentes idiomas dos grupos etnolinguísticos da região caracterizados como vocábulos ligados as origens Com apoio nas tradições orais o autor trabalha com intenção de responder e explicar as questões sobre as origens do Reino do Kongo sua busca principal é localizar a dinâmica dessa criação do reino em seus primórdios Assinala as suas localizações enfatiza os seus achados e chama atenção para o inédito dessa abordagem Poucos tentaram essa empreitada Com base em obras já bem conhecidas no estudo sobre o Kongo o autor chama atenção para novas possibilidades de se analisar esse nascedouro contando com as tradições orais o uso das tradições orais na reconstrução dos percursos históricos faz parte da renovada historiografia africana e sua aplicação ganhou outras dimensões o grande contributo da História Africana para uma História Geral nos séculos XX e XXi foi o uso da tradição oral aplicada ao estudo das sociedades contemporâneas capitalistas Na verdade deram origem às correntes de estudos que hoje nos departamentos de História em toda parte chamam de campo da História oral Assim temos um número expressivo de organizações nesse campo a exemplo das Associações internacionais de História oral o novo campo uniu metodologias várias ganhou caráter interdisciplinar utilizando tecnologia da informação para a elaboração de entrevistas nos formatos do que os pesquisadores chamam de inserção intervenção participação entre entrevistadoentrevistador Um problema central da própria construção da História é o As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 16 do tratamento das fontes problemática que perpassa igualmente os documentos orais enquanto fontes sejam elas escritas orais imagéticos ou arqueológicas os documentos serão sempre interrogados esquadrinhados e colocados em questão A desconfiança é postura própria do historiador afinal as fontes são sempre opacas o dilema de seguridade e de fugacidade dos testemunhos históricos continuará como problema a ser equacionado para a História e sua teoria Como instrumental para o ofício do historiador o documento oral têm sido usado debatido e criadas variantes no seu uso para História Africana Não há consenso e isto é um bom sinal se no uso de fontes com suporte de papel os problemas são infindáveis o que dizer do uso das tradições orais para a escrita da História As fontes orais antigas ou atuais enquanto discursos inscritos no tempo apresentamse eivadas de marcas pertencentes ao seu contexto vieses de discursos sejam no formato de questões identitárias ou qualquer outra abordagem políticoideológica o texto As Origens do Reino do Kôngo poderá ser um bom ponto de partida para discutir esses e outros temas polêmicos da historiografia angolana hoje A região de Angola tem sido celebrada como o local da África subsariana de maior potencial em termos de acervo de arquivos documentais considerandose as fontes escritas e muito desse acervo ainda está por ser trabalhado pelos historiadores em especial os estudiosos angolanos No entanto em geral os que têm se dedicado aos estudos com pesquisa primária para período mais antigo na região da África Central ocidental usam somente os documentos escritos esta atitude está longe de ser explicada somente em função do ceticismo da parte de alguns estudiosos ao pensarem serem os documentos orais difusos tênues e por isso não tão confiáveis outras explicações bem mais complexas têm levado os pesquisadores dedicados aos períodos mais recuados da história angolana a construírem suas argumentações e a buscarem as chamadas evidências históricas somente com base nos documentos escritos situar a história da História de Angola poderá trazer luz a essa questão Nas poucas páginas desta apresentação não tenho pretensão de discorrer sobre as tais complexidades tarefa que considero ousada para um único pesquisador essa é uma análise que requer um grupo de debate Posso porém dizer uma palavra chave sobre essas complexidades o colonial Palavra essa que remete à herança de uma escrita histórica colonial de um tempo recente que trouxe e traz idéias que se repetem se propagam e ganham espaços como verdades eternas sabemos que nomear é ter o poder de criar classificar e chamar alguma coisa a partir de uma simbolização e faz parte As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 17 de uma relação de dominação o tipo de acervo em formato escrito existente em grande quantidade e produzido por estrangeiros parece ser o cerne da questão da História de Angola Até hoje a grande maioria de historiadores por facilidade ou não trabalha somente com esse material A conseqüência tem sido uma escrita moldada pelo colonial informada pela historiografia produzida naquele período Considerar de maneira articulada as grandes tendências da história no mundo atual e o seu reflexo nos estudos sobre a região ajuda muito a entender o que acontece na produção historiográfica angolana Neste caminho não se pode esquecer que o acesso fácil a um abundante material escrito nas bibliotecas e arquivos principalmente portugueses permite uma produção mais rápida o segundo ponto mais trágico os que escrevempublicam sobre a historia da região são majoritamente pesquisadores estrangeiros o que faz retornar à problemática já sinalizada e considero o cerne da questão da História de Angola Um senso crítico perante as fontes foi é tem sido exercício praticado por muitos pesquisadores atuais A diversidade de perguntas certas postas as fontes também faz parte das tentativas Nada disso elimina o problema do comprometimento da nossa escrita com as intencionalidades que fazem parte de sua produção só os ingênuos acreditam que seus textos estão fora desse dilema Por outro lado urge a sistematização de um grande acervo com documentos orais ou um inventário como conclama Batsîkama no final do seu texto Mas ao avaliar as evidências históricas os historiadores não devem esquecer que todo ponto de vista sobre a realidade além de ser intrinsecamente seletivo e parcial depende das relações de força que condicionaram por meio da possibilidade de acesso à documentação a imagem total que uma sociedade deixa de si1 Uma história em construção parece ser um lema interessante para historiografia angolana e o trabalho de Patrício Batsîkama inserese nesta vertente de novos olhares para antigos temas novos ângulos e novas fontes Brasília 14 de julho de 2009 Prof Dra Selma Pantoja Universidade de Brasília F Ginzburg Carlo Relações de força História Retórica Prova são Paulo Cia das Letras 2002 p 43 APRESENTAÇÃO Falar das origens do Reino do Kôngo não é um exercício fácil por se tratar de um reino que data de muitos muitos séculos em primeiro lugar pensamos que se tem de abordar os conceitos Nkongo Ñkôngo e depois Kôngo isto é a génese de cada um desses três conceitos em segundo lugar o espaço ou espaços habitados por esse ou esses povos que vão ser chamados de Kôngo para finalmente abordar o ou os sistemas de organização deste ou desses povos Kôngo Percorrendo este trabalho deparamos com algumas questões que tratam não só da génese do Reino do Kôngo como também da ocupação da estrutura social da filosofiacosmogónica e de outros aspectos analisados do ponto de vista eurocêntrico este trabalho parece constituir um compêndio de vários temas e preocupações ligadas ao mundo e espaço do Kôngo Poderia entenderse para os estudiosos na medida em que se interessam por todas estas questões Mas para os curiosos e sobretudo para os oriundos da área etnolinguística do Kôngo parece que se torna ilegível ou melhor pouco compreensível Porquê não proceder à publicação por temas Contudo o autor teve um certo cuidado de repartir a obra em várias partes para uma melhor compreensão interpenetração e conexão o que nos permite consultar e aprofundar a parte que nos interessa É uma grande obra mas que peca por uma certa mistura não tomada por posição pessoal sobretudo no que diz respeito à tradição oral como fonte utilizada o autor Patrick Batsîkama2 neto paterno de um grande político congolêsRDC dos anos 5060 e autor de várias obras sobre a área etnolinguística do Kôngo e bisneto materno do velho Pedro sADi grande professor e catequista da Missão Protestante de Kibokolo Maquela do Zombo é historiador de arte e crítico seguindo os passos do avô Patrick Batsîkama já nos habituou com os seus artigos sobretudo no Jornal Angola sobre os Bantu e espaço etnolinguístico do Kôngo Com esta obra embora não acabada pretende brindarnos com aquilo a que podemos chamar um trabalho sobre o Kôngo nas suas diversas facetas Repetimos é um compêndio que nos permite entrar F Na boa verdade o autor é familiarmente chamado Patrick As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 20 no coração do mundo do Kôngo desde as suas origens à sua organização democrática sem descurar do seu conceito da democracia todos os ingredientes estão presentes para desfrutar desta obra que nos faz recuar vários séculos no tempo e no espaço e nos encaminha até aos dias e espaço de hoje o que torna talvez acessível aos leitores sobretudo aos estudiosos será que a sua digestão será possível e inteligente Quem sabe Mas parece que é bem possível o que é certo é que cada um poderá tirar a sua conclusão quando concluir a leitura e análise desta obra que nos brinda o jovem Patrick Batsîkama a quem apresentamos os nossos parabéns e sucessos no caminho ou melhor sur le sentier plein depines mas honroso pela dignidade obrigado por nos ter permitido prefaciar e avançar com algumas observações eis o nosso modesto e humilde testemunho Prof Doutor Pedro MNSINGUIBARROS Luanda 16 de Junho de 2008 INTRODUÇÃO Na História do Reino do Kôngo3 o capítulo das oRiGeNs divide os especialistas4 Durante vários séculos esse povo não cessou de emigrar dentro do seu espaço já conquistado5 e um pouco fora deste para as novas conquistas6 De modo que ao se falar hoje de suas origens muitos elementos confundemse nos vários relatos como por exemplo as origens antiga e recente os pontos de partida confundemse espaçonalmente pela repetição dos mesmos topónimos e pela confusão dos títulos similares atribuídos as autoridades as dificuldades cronológicas relacionadas com a falta de metrificação prolongada e registada do tempo etc em todas estas matérias e por causa delas ainda permanece apesar de muitos estudos já realizados um acórdão sem conclusões definitivas Reconhecemos primeiro que o tema de As origens do reino do Kôngo impõe sérias limitações mas também selectividade relacionadas com uma variedade de fontes a disposição do estudioso Há ainda o 3 Consideramos As Origens do Reino do Kôngo uma importante tentativa de esclarecer as razões de ser de um povo repartido entre diferentes e importantes repúblicas afri canas Angola os dois Congos e o Gabão e uma longa história de desdobramentos que transportam esse povo para diásporas do Brasil Cuba estadosUnidos de América Haiti República Dominicana etc Uma vasta e variada bibliografia sobre o tema também disseminase no tempo desde o século XViXVii prorrogando e enraizandose princi palmente na forma de relatos de várias partes do mundo Angola Bélgica Brasil Congo Zaire Congo Brazzaville espanha Gabão itália Portugal etc 4 Destacamos os seguintes Hilton Anne Family and Kinship among the Kongo south of the Zaire River from the sixteenth to the Nineteenth Centuries in The Journal of Afri can History Vol 24 No 2 the History of the Family in Africa 1983 pp 189206 Lewis thomas the old Kingdom of Kongo in The Geographical Journal Vol 31 No 6 Jun 1908 pp 589611 thornton John the origins and early History of the Kingdom of Kongo c 13501550 in The International Journal of African Historical Studies Vol 34 No 1 2001 pp 89120 Vansina J Notes sur Lorigine du Royaume de Kongo in The Journal of African History Vol 4 No 1 1963 pp 3338 Por outro lado pode se citar Cu velier J LAncien Royaume de Congo fondation découverte première évangélisation de lAncien Royaume de Congo Bruges Paris Desclée de Brouwer 1941 Batsîkama R Voici les Jagas ou lhistoire dun peuple parricide bien malgré lui oNRD Kinshasa 1971 Cohen David William the Undefining of oral tradition Ethnohistory Vol 36 No 1 ethnohistory and Africa Winter 1989 pp 1011 Woodson C G Notes on the Bakongo in The Journal of Negro History Vol 30 No 4 oct 1945 pp 421431 5 Woodson C G Notes on the Bakongo The Journal of Negro History Vol 30 No 4 oct 1945 pp 421431 Vansina J More on the invasions of Kongo and Angola by the Jaga and the Lunda The Journal of African History Vol 7 No 3 1966 p425 6 Vide de Maret Pierre Urban origins in Central Africa the case of Kongo in the Development of Urbanism from a Global Perspective UPPsALA UNiVeRsitet online httpwwwarkeologiuuseafrprojectsBooKcontentsDeMarethtm As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 22 carácter diferenciado com que o tema aparece tratado nas diversas ciências que incidem sobre este tipo de estudo história antropologia etnografia linguística através de metodologias e hipóteses variáveis no tempo e no espaço Por estas razões escolhemos tratar do assunto numa perspectiva progressiva dos estudos realizados começando pela tradição oral7 Voltar seá ao tema num segundo volume para dialogar com as tradições e com os registos mais antigos devidamente cruzadas com as fontes antropológicas já publicadas ou inéditas Nas fontes escritas Volume 2 serão compulsadas e analisadas obras de Rui Pina 1491 Barros 1552 e Pigafetta 1591 Mateus Cardoso 1624 Dapper 1668 Cardonega8 16801683 e António Cavazzi9 1687 Lucca Da Caltanisetta 1705 Bernardo da Gallo 1706 Lorenzo da Lucca 1717 Frei Rafael de Castelo de Vide 1782 entre outros Partiremos de Van Wing e Cuvelier para remontar até os demais o que irá nos permitir compreender a postura de autores modernos e mais recentes como Anne Hilton R Batsîkama John thornton Jan Vansina Fukiawu Kia Bunseki Wyatt MacGaffey etc Um terceiro volume será dedicado à discussão metodológica que consagrou os nossos estudos com análise das principais obras examinadas por meio de resenhas que tratarão de aprofundar e actualizar o tema das origens do imponente Reino antigo do Kôngo Por muito tempo dedicamos toda a nossa energia na recolha rigorosa de tudo que já foi publicado acerca do Kôngo em geral e particularmente acerca das origens desse reino10 Por muitas razões que explicamos neste volume utilizamos como referencial teórico principal nesta parte o Bispo católico de origem belga 7 Um profundo tratamento antropologico deste tema mas muito seminal para a pers pectiva do histarioador encontrase em MacGaffey Wyatt oral tradition in Central Africa publicado pela The International Journal of African Historical Studies Vol 7 No 3 1974 pp 417426 8 Beatrix Heintze reservou um capítulo inteiro acerca desse autor na sua obra intitulada Angola nos séculos XVI e XVII Estudos sobre fontes métodos e história versão portugue sa publicada pelas organizações Kilombelombe em Luanda 2007 pp133166 9 essa época contaria também com a relação de sorrento Para não cansar a leitura e uma vez que as informações detalhadas de Cavazzi são relativamente repetidas por ele embora sejam diferentes limitaremos apenas aos dados susceptíveis de Origens que in directamente são abundantes em Cavazzi e Cadornega No entanto aconselhase a leitu ra de sorrento GM Breve e succinta relacione del viaggio nel regno di Congo nellAfrica meridionale Francisco Mollo Napoli 1692 10 este trabalho também foi interrompido em 2004 por falta de recursos Por um lado há muita literatura rica e publicada nos séculos XiX e outra inédita Ambas podem ser loca lizadas nas bibliotecas portuguesas francesas belgas americanas suecas sulafricanas etc Fomos levado a reestruturar o projecto de maneira que ainda assim temos por barreira a falta de apoio financeiro As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 23 Jean Cuvelier um dos maiores colectores ocidentais das tradições do Kôngo nas primeiras três décadas do século XX seu indispensável e abrangente trabalho intitulado Nkutama mvila za makanda mu nsia Kôngo11 é até hoje uma importante contribuição no conhecimento das tradições antigas do Reino do Kongo Ao longo do nosso trabalho de recolha de tradições notamos o quanto a sua obra era importante 1 a apresentação que fez sobre as linhagens é protótipo em termos da estrutura das principais linhagens zimvila existentes no espaço Kôngo 2 sua recolha é rigorosa pelo respeito e espaço que dá aos idiomas de cada linhagem luvila ressaltando os importantes aspectos ligados a retórica a prosódia etc dessas línguas 3 os relatos embora visivelmente misturados o velho e o recente são bem instrumentalizados na perspectiva do método paremiológico sem perder a sua estrutura normal e data antes mesmo do alerta de Luc de Heusch sobre as transformações rápidas que caracterizam os costumes12 Na recolha de Cuvelier anexamos outros provérbios13 mas sobretudo outras tradições recolhidas por nós em 1993 MbânzaMateke Luwôzi e mais tarde em 1994 Matadi Cabinda na véspera da redacção de um trabalho de fim do curso em 1998 MbânzaKôngo Kinsîmba Kwîmba Nzeto Ndamba Kibokolo alguns anos depois de já apresentado publicamente o referido trabalho demos início a uma nova fase de recolhas que nos permitiu descobrir a existência de alguns zimvila não mencionados pelo padre Jean Cuvelier entre Julho e outubro de 2003 durante curtas estadias nas províncias de Benguela Huambo e Cunene confrontamos algumas tradições Kôngo com as tradições locais Umbûndu e Kwanyâma Ainda em 2003 e posteriormente em 2005 realizamos viagens sistemáticas para recolhas nas regiões de Kwîmba Nzeto e Funda14 Na incursão de 20032005 registamos várias narrativas que já não eram rigorosamente retóricas com projecções de idiomaticidade e a quase ausência da composicionalidade que normalmente fazem a estrutura da 11 trabalhamos com três edições desta obra 1934 1953 e 1972 12 Ver a introdução do seu livro sobre Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de lEtat Gallimard Paris 1972 13 Van H Roy Les proverbes Kongo Musee Royal de lAfrique Centrale tervuren 1963 14 Nessa altura já tínhamos a redacção de Primeiro e segundo volumes concluída As novas recolhas objectivam um outro trabalho o estudo do Vocabulário das instituições angolanas A explicação de Mwati Nsênge por exemplo deve ser feita levandose em conta as anedotas de realeza tal é o caso de Mwêne Kôngo Acabamos encontrando nesses relatos subsídios históricos num trabalho que a princípio tinha apenas um carác ter linguístico infelizmente tivemos depois que interromper esse trabalho de linguística por razões financeiras devendo ser retomado futuramente quando tivermos reunidas as condições para isso As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 24 tradição oral É de salientar de modo igual a constatação de construções condicionais subjectivas que aparentam ser apenas directivas e não assertivas como ocorre fundamentalmente na tradição oral Algumas das linhagens recolhidas que preferimos não analisar aqui por não oferecerem substancialmente muita coisa sobre As origens do Kôngo são as seguintes Kindômbe ou Ndombe Zowa que pela oralitura seria a Ndumbu Kinazawu de Cuvelier15 Kyâmvu Kyângala nzîla yo tukwêndanga ye tuvûtukânga Bakwênda bavutuka bavukukidi bakwenda16 KiNzaki17 Kimoya Kimalômba kya Mowa18 Kindomingyêdi Mpânga sadi Mpânga Mvângi19 Nza ya Mwâdi Meno ma Nkosi Nkosia Ngôyo Mpângi za Mpûngi20 Lubamba Ndoki lubâmba nsinga ndôki ou ainda nzete ntunta NdambaUige etc Muitas das frases relacionadas com estes provérbios podem ser encontradas nos relatos de Cuvelier embora se verifique ausência de retórica intercalação de termos dos idiomas português e francês e as vezes mesmo inglês mbodi por exemplo é body no entender do relato da linhagem Kisevo kya Zombo bateka bima kabatekele mbodi ko como diznos Louison Luvwezo de 15 Cuvelier J op cit p 59 16 A ponte de Kyangala é o caminho dee para todos através do qual se vai e se volta os que vão voltarão e os que voltaram é porque já se foram tratase apenas de um ditado Além disso não tem estrutura de uma oração linhagética 17 Nsaki tutûkidi kuna Ntia Kôngo tutùngi Masaki ye Ntêmbwa mu mazûmbua Kyân gala tusaukidi mu sawu kya Kyâmvu kya Kyângala Para esta recolha entrevistei a nativa isabel Nzôngo de 49 anos no dia 31 de Julho de 1998 aniversário da cidade do UígeAngola justamente nesta cidade embora o relato dela tenha algumas con formidades com outros relatos recolhidos por nós e as recolhas cuvelierianas ou até vanwingianas devemos admitir que os que nos precederam terão conseguido alguma coisa menos alterada 18 Kimalômba é um conjunto de zimvila linhagens que se confunde com um só luvila no Makela e Kibokolo UígeAngola onde são numerosos em momento algum escutamos o seu relato por completo como por exemplo apresenta exemplarmente Jean Van Wing Cf Vol 2 Cap ii da 2ª Parte pois são curtos relatos de Nzînga de Mvêmb Nzînga de Ñlaza Ntotela de Nânga Kôngo de Nkazia Kôngo etc que se misturam Felizmente nesses relatos encontramos os orações minimamente completas em relação aos que recolheu Jean Cuvelier No entanto como veremos no segundo volume uma mesma linhagem não pode ter o mesmo relato em dois diferentes lugares isto é como Cuvelier terá efectuado as suas recolhas em zonas diferentes de nós logo os relatos das linhagens recolhidas por nós dispõem dos seus relatos específicos e ligeiramente diferentes da queles que ele recolheu Contudo o Mowa aqui citado afiliase exactamente àquilo que Cuvelier escreve na página 36 da edição de 1934 nos seguintes termos Ni Mowa ñlele anene unata nkwa ngolo ka unata nzezela ko Ni Mowa é a grande armadura que só pode vestir o mais valente pois não o incapaz 19 Cf Cuvelier J op cit p40 20 Cf Jean Van Wing sobre o chefe Makanga Études Bakôngo pp4647 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 25 KisobaNânga21 Aqui é fácil reconhecermos a expressão dos Bazômbo segundo a qual vendem tudo desde as mercadorias até o seu corpo o termo corpo aqui remetendo ao body em inglês que é então kizombizado para mbodi Na verdade mbodi poderia designar também o alumínio em princípio esses zimvila são incompletos desde a sua designação até o relato facto que legitima as observações de Jan Vansina22 De um modo igual algumas pessoas passavam da explicação dos seus nomes pessoais por nomes de linhagens como nos seguintes exemplos Mono Matôndo miñkayilu mya mabûndu dya sê dyêto Nzâmbia Mpûngu sou Matôndo que significa as ofertas da casa de Deus Curioso aqui é o facto de o termo Nzâmbi cair e ficar apenas sê Mpûngu por estar relacionado com nome próprio coisa muito comum nos relatos com observação das regras da retórica ou prosódia será que tratase aqui de não profanar o nome de Nzâmbi Deus tal como proibia a tradição javista do Antigo testamento23 ou como nos confirma Ñlându Kisema desde os nossos ancestrais respeitamos os preceitos nsiku de Deus24 temos ainda Mono Nsâmbu ye Menga Nkangi Kiditu ovuluze Nza mu nkîndu ya Balundu25 sou a Bênção e o sangue que salvaram o mundo nos conflitos dos Balûndu A falta de idiomatismo isto é a ausência da retórica kikôngo e a ocorrência de um kikôngo misturado e as vezes não pertencendo ao sotaque da região em questão etc são entre outros 21 Louison traduz Kisevo kya Zombo de vergonha dos Bazombo o engenheiro Kelo sebas tião Luzayamo foi quem nos fez perceber que mbodi aqui não significaria aluminio pois seria sequela da presença inglesa na região através dos missionários da BMs British Mission society Kelo Luzayamo é de origem de Mbâmba nascido em 1942 Algumas explicações a respeito disto nos foram dadas pela sua mãe avó Mpêmba grande conhe cedora de muitos elementos tradicionais da civilização Kôngo 22 Oral Tradition as History Madison pp89 23 Cf Êxodo 20 Não proferirás o nome do teu Deus em vão 24 seu pai era do Kibokolo Kimalomba Ntûmba e a mãe do Noki Masaki ma Ntinu Chegamos a ter dois relatos de Masaki ma Ntinu o primeiro é do Nsoyo dya nsi e o segundo é de Mpanzua Lûngu Cf Cuvelier p42 Ñlându Kisema que nos confidencie essa tradição nunca chegou a nos explicar a ligação entre Matondo e Mpânzua Lûngu até porque essas parecem ser duas linhagens totalmente diferentes a primeira Ma tondo é religiosa isto é Nsaku e a segunda é Mpânzu Curioso é o facto de o seu avô materno chamarse Matondo e a avó materna Ndona ya KiNtûmba 25 Makangu André na comuna de Ndambwa Ngôngo na província de Bengo Angola tinha 67 anos em 1998 mas dizia que podia ter mais ou talvez menos uma vez que a ad ministração foi que lhe atribui essa idade o seu pai era de Ambriz e a mãe é de Mabuba pois ele nasceu em Nambwa Ngôngo A linhagem da mãe é Kasanda kyaxi será Kasânda kya Nsi e desconhece a linhagem do seu pai que se chamava em vida de Menga André o senhor Makangu André falava em 1998 fluentemente kikôngo assim como o seu kimbûndu parecia de Malange santa MariaKasanda As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 26 aspectos algo que conseguimos notar aí Por outro lado esta linhagem Mvêmba ye Mênga nos parece ser uma ramificação de Mvêmba Nzînga porque insensivelmente comenta a luta cuja vitória conduziu Dom Afonso i ao trono De modo geral são zimvila linhagens incompletas razão pela qual preferimos proceder nas comparações com outros relatos de Cuvelier sobretudo Van Wing e de De Munck o percurso dessas recolhas permitiunos compreender os constituintes intrínsecos da tradição oral que devem obedecer a sua instrumentalização26 isto é as fórmulas sintácticas a prótase27 e as orações prosódicas o sujeito oracional impessoal as relações semânticas e sintácticas são factores condicionais canónicos da compreensão primeira do relato É bem verdade que poucos autores aventuram a concentrarse no capítulo das origens por causa dos impasses relacionados com a Tradição oral que ainda continua a ser a principal fonte para o estudo desse e de outros temas da história antiga dos povos da África e não só Conforme Joseph KiZerbo reconhece na Histoire de lAfrique Noire28 a tradição oral29 por ter sofrido austeras vicissitudes e alterações diligenciadas não convence a grande parte dos cientistas mais cépticos principalmente porque a era tecnológica e radicalista na qual actualmente se vive contagiou também as ciências e isto tende a ocorrer sempre porque a ciência se autodefine como conhecimento exacto das coisas bem determinadas ora a Tradição oral escapa duas vezes a esta definição 1 não é bem determinada 2 e por conseguinte não pode ser conhecimento exacto Descrição da Tradição Oral Comecemos pela descrição da tradição oral toda a tradição oral remete à língua da qual se constitui e de cuja lógica comunicativa depende Neste sentido descrevela significa tratar de linguística no seu sentido de logikê Por outro lado toda a língua é evolutiva pois depende e acompanha fielmente o dinamismo e a dinâmica do povoautor se portanto a língua permanece fiel à evolução da sociedade por conseguinte 26 Cohen David William the Undefining of oral tradition Ethnohistory Vol 36 No 1 ethnohistory and Africa Winter 1989 pp 918 27 exposição hipotética e condicional que as narrações retóricas apresentam na tradição oral 28 Vide a introdução da obra Histoire de lAfrique Noire dhier à demain Paris Hatier pp1718 29 Cf David William Cohen Wyatt MacGaffey apud As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 27 a História exprimese e imprimese de maneira espontânea nas expressões orais nas palavras e nos ditos assim como nas expressões materiais Razão pela qual o professor edward sapir considera a tradição ou como prefere na sua terminologia os elementos da língua como fonte histórica a menos corrupta30 No entanto é também a mais difícil de extrair os seus inventários históricos por depender de escolhas sempre complexas e complicadas ou simplesmente por questões de método específico Por outro lado estudiosos como Luc de Heush procuraram a História dentro das essências e substâncias semânticassomáticas dos ritos e da cultura material porque entenderam que assim se exteriorizam os sentimentos mais íntimos na Oralidade As palavras carregam os significados populares sapientes figurados etc e os sentidos daquilo que é conhecido e partilhado por todos31 porque são convencionais e se por acaso alguém inventasse o seu vocabulário sem o partilhar com os outros a fim de juntos chegarem a um consenso para convencionalizar morrerá junto com as suas invenções em contrapartida as palavras não mentem a si próprias a não ser que sejam mal interpretadas A palavra banana nunca poderá designar outra fruta ainda que pronunciada por alguém que não seja especialista em botânica Uma coisa pode ter vários nomes ao longo da sua existência mas será possível que nalgum momento desse tempo a primeira designação já não tenha a menor relação com a nova todavia como em todas as línguas as palavras levam consigo sempre o património comunicativo de suas raízes de tal modo que as palavras derivadas do primeiro nome e as palavras derivadas do último nome por exemplo continuarão a partilhar sempre alguma relação independentemente de como onde e quando são articuladas nas frases32 relações oracionais ou relações operacionais da 30 sAPiR edward Anthropologie I Personnalité et culture Minuit Paris 1967 p187 e Anthropologie II Culture Minuit Paris 1979 pp198202 31 Cf Dom Martindale The nature and types of sociological theory Houghton Mifflin Boston pp436467 M Leblanc evolution linguistique et les relations humaines in Zaire octobre 1955 pp787799 M o santos O Provérbio é um Comprimido que anda de boca em boca os Sujeitos e os Sentidos no Espaço da Enunciação Proverbial instituto de estudos da Linguagem UNiCMP 2004 pp3456 G Gougenhein Les mots français et dans la vie Vol i Portíco pp3367 32 Crocker MW et all eds Architectures and mecanisms for language processing 2000 pp14344 231235 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 28 comunicação33 É aqui que reside a utilidade da diacronia e da sincronia34 no método paremiológico que nós empregaremos ao longo desta obra Portanto é impróprio considerar que as palavras como meio de expressão mintam ou enganem a não ser que o investigador interprete mal as palavras ou compreenda incorrectamente a tradição oral envolvida Comecemos por sustentar o seguinte teorema nº1 se a língua é convencional a tradição também é se a língua não mente a tradição também não mente Para ilustrar temos o seguinte exemplo de L souberge Quem são os teus avós os meus avós são o sol de ilunga Kasai Ka Ilunga e Hiena de ilunga Tshimbùngu Tsha Ilunga35 Verificase logo que o sol e a Hiena estão em paralelo Mas seguindo a lógica da tradição oral envolvida deveríamos ter sol e lua ou hiena em paralelo com outro animal ocorre que o outro sentido de Kasai Kasadi como animal é desconhecido pelo autor Parecenos então que a ele terá faltado informações acrescidas sobre a tradição oral implicada e o sentido das palavras empregadas Portanto ao decompor e recompor essa frase ela reflecte as origens pois o termo avós reenvia a ascendência entretanto tratarseia da sociedade inteira porque generaliza avós Quanto aos nomes KAsAi KA iLUNGA e tsHiMBUNGU tsHA iLUNGA apresentam um denominador comum Ilunga Justificando os dois lados maternos e paternos do indivíduo este denominador comum pela sua função fraseológica e semântica certificarseia como alguma origem comum para a qual toda a sociedade pende KAsAi traduzse em luz que o sol entorna no dia e a lua durante a noite e tshimbungu36 que segundo souberge equivale a hiena tem outros sentidos como 1 explorador 2 vento ou luz exploradora ou 3 animal explorador hiena De acordo com a cosmogonia Pende na lua surge uma mulher com lenha na cabeça um filho no dorso e um pequeno animal hiena ao lado Desta maneira Kasai significa sol e tshimbungu lua Assim é por simples analogia frequente nas formas de falar37 ou 33 Cf Bachmann C et all Langage et communications sociales Paris CréditHatier pp4952 pode ser comparado com as origens antropológicas da comunicação pp54 61 pp86115 141161 34 Cf Ferdinand de saussure Cours de linguistique générale Payot Paris 1964 também Levistrauss estabelece uma importante comparação na sua Structure élémentaire de la parenté Moutonla Haye 1967 35 souberge L Les dances rituelles mungonge e Kela des BaPende Bruxelles 1956 p36 36 ou seja Cimbûngu seguindo as normas linguísticas em uso para as línguas zimbabwe anas de origem bantu 37 Cf i Fodor the rate of linguistic change Londres La Haye Paris Mouton Cie 1965 pp19 37 68 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 29 melhor extensamente o começo luz de sol luz de dia e o fim luz da lua luz da noite Quando os Pende explicam que são originários de um país chamado Kôla ou até Mbângala país de grandes calores KAsAi e tsHiMBUNGU confirmam semioticamente esta característica do país das origens38 inevitavelmente a análise da tradição oral implica intervenção de um conhecimento suficiente geral sobre a sociedade em questão talvez assim seja entendido o que observou o professor KiZerbo acerca da tradição que deve ser apoiada por outra39 fonte Como a História abarca vários domínios a cronologia por exemplo somente a língua será incapaz de datar Por isso será necessário confrontar com outras fontes A esse respeito e falando dos Kyaka Umbûndu cuja Historia seria fundamentalmente na base da tradição oral para os séculos que precedem o séc XViii Mesquita Lima faz observar o seguinte será lícito duvidar dos dados que foram directamente recolhidos dos informadores da sociedade estudada Deveremos aceitálos como fidedignos A estas interrogações poderíamos responder com uma outra quem melhor do que estes mesmos informadores estaria capacitado para contar a sua própria História Evidentemente eles são arquivos vivos da sociedade constituem uma espécie de memória colectiva ou se quisermos de palavra histórica Não estamos perante dados escritos Contudo afirmarmos que esta memória implica uma certa ilusão da prática social não será menos verdade Em todo o caso os elementos fornecidos pelos informadores são preciosos devendo no entanto ser confrontados40 com outros dados ainda que proveniente de outros informadores em situações diferentes41 Notase aqui que Mesquita Lima prefere confrontar uma tradição com outra tradição uma via 38 e os ritos confirmamno tal como mostra Luc de Heusch na sua obra Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de letat Gallimard Paris 1972 39 Fomos ensinados nos anos da nossa formação superior que Joseph KiZerbo era um pioneiro da tradição oral tanto como Jan Vansina em título de estudantes de História procuramos aprender tudo quanto se referia aos seus métodos Passados alguns anos hoje já podemos concluir com certa facilidade que os métodos que eles julgaram favo ráveis na época foram relativamente ultrapassados no presente Não nos culpemos por isso Pelo menos queremos fazer a ciência como as normas científicas exigem dispondo de ferramentas para sustentar a verdade que está na moda temos muita consideração e especial carinho naquilo que publicou o professor KiZerbo sobretudo porque é uma obra de ruptura de uma grande referência e quase única pela sua forma Mas porque queremos ser fiéis à Antropologia histórica e tendo em conta os métodos próprios para tal temos a certeza de que não alteramos as suas opiniões mas sim saltamos de um estádio para outro saímos da simples exposição para análise 40 sublinhado por nós 41 Lima M os Kyaka de Angola 1º Vol Lisboa 1988 p25 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 30 ligeiramente diferente de tradição contra outro tipo de fontes escrita por exemplo ou poderia ser antropológica também Pois parece termos a resposta a essa questão o confronto da tradição com outras fontes não implicaria nenhuma exiguidade ingénita pois a sua insuficiência no rigor científico tal como as vezes acontece com as escritas os relatos de Da Gallo e do Da Lucca são sempre confrontados quando se fala de Ndona Beatriz42 o método criticahistórica A confrontação dos dados é na verdade tradição em todas as ciências Aliás a epistemologia faznos entender que numa ciência se envolvem directa ou indirectamente todas as outras ciências para realmente constituir um conhecimento relativamente verificável aprovado o professor KiZerbo parafraseia A comparação das Tradições tomando conta das regras que presidem a sua evolução PERMITE ASSIM ELIMINAR OU TIRAR E CONSERVAR SOMENTE AS FONTES MAIS VALIDAS43 essa seria a problemática que conduziu quase todos cientistas sobre a História précolonial de África44 CoNseRVAR soMeNte As FoNtes VÁLiDAs parece insinuar alguma intromissão do investigador nos dados embora seja por alguma falta de método não se pode em ciência expor arbitrariamente uma opinião sem prévia análise Um químico que nega a validade de um elemento químico por não manusear os devidos métodos na sua posse só pode deste modo proclamar a sua incompetência como especialista pois o elemento químico não deverá ser negado como tal exemplo antes da invenção do telescópio falar de outros planetas parecia loucura pelos génios da ciência dita astrologia Ainda hoje com a evolução da ciência alguns planetas tornaramse duvidosos Da mesma maneira parece faltar aqui os instrumentos para analisar a tradição oral45 o que não significa que esta tradição seja falsa ou inválida mas reconhecer nela os seus problemas46 42 Ver thonton The Kingdom of Congo civil war and transition 16411718 Madison the University of Wisconsin 1983 quando fala do restauro do reino do Kôngo pelos Anto nianos liderados pela Kimpa Vita ele terá publicado um livro consagrado a esta figura e consultamos este livro muito depois de concluir o nosso trabalho 43 KiZerbo J LHistoire de lAfrique Noire Paris Hatier 1978 p18 44 A titulo de exemplo aconselhamos a leitura de iliffe J Africans the history of the continent Cambridge New York 1995 Garcia P Motes M De A humanidade pré Histórica editoral Verbo Lisboa 1970 pp1517 102121 45 Cohen David William the Undefining of oral tradition in Ethnohistory Vol 36 No 1 ethnohistory and Africa winter 1989 pp 13 e 15 46 MacGaffey Wyatt oral tradition in Central Africa The International Journal of Af rican Historical Studies Vol 7 No 3 1974 pp 417426 thornton John the origins As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 31 Uma corrente sem preconceito terá começado na época de estermann fundador do institute dos estudos Africanos na Universidade de Bayreuth Baumann Westermann Damann DF Call Persons Deschamps Werlesse etc Com eles levantamse as convergências entre a tradição oral e muitas Histórias escritas será por isso que Georges Balandier terá dito o negro também é homem47 essa era contou com o estruturalismo como dispositivo metódico e como postura científica para os linguistas os pósmalinowskianos e os africanistas acima enumerados e não só A respeito da civilizaçãohistória do Kôngo apareceram Laman Cuvelier De Munck Van Wing e a posterior Vansina48 Hilton thornton MacGaffey entre outros ainda passaram a constituírem a bibliografia obrigatória sobre a civilização Kôngo Mesmo quando Jan Vansina assumiu a tradição oral como História apresentou a sua tese da forma seguinte a tradição é 1 informação 2 interpretação da experiência 3 história oral49 e especialmente para História oral o autor sustenta the sources of oral Historians are reminiscences hearsay or eyewitness accounts about events and situations which are contemporary that is which occurred during the lifetime of the informants this differs from oral tradition are no longer contemporary the two situations typically are very different with regard to the collection of sources as well as with regard their analysis oral historians typically interview participant in recent or very recent events often of a dramatic nature when historical consciousness in the communities involved is still in flux50 and early History of the Kingdom of Kongo c 13501550 The International Journal of African Historical Studies Vol 34 No 1 2001 pp 9091 47 Balandier G Le noir est un homme in Présence africaine 1 1947 Nov déc 3136 48 Ver a sua Oral Tradition as History Madison University of Wisconsin 1985 274 pági nas essa obra impulsionou a etnohistória em África central principalmente na Nova Academia que incorporava na Universidade de Kinshasa e iPN actualemente Uni versité Pedagogique Nationale UMA no Congo Democrático e na Université Marien Ngouabi no Congo Brazzaville este trabalho terá sido publicado também em francês tradução pois lembramos dos comentários de vários professores entre 19921994 na Universidade UMAKinshasa serviremse dele como material de apoio 49 Vansina J Oral Tradition as History pp39 50 As fontes dos historiadores especialistas em tradição oral são reminiscentes boatos rumores ou testemunhos vividos e as situações dos eventos que são contemporâneos uma vez que terão ocorrido durante a vida dos informadores Pois diferese em relação a tradição oral que já não é contemporânea As duas situações são tipicamente muito dife rentes no que diz respeito à colecção das fontes assim como em relação a consideração da sua análise os historiadores que utilizam a tradição oral entrevistam tipicamente o participante em recente ou em muito recentes acontecimentos frequentemente de uma natureza dramática quando a consciência histórica nas comunidades envolvidas está As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 32 A posição de Jan Vansina em relação a tradição oral ainda oscila some of them call this immediate history interview of this nature are always compared to available written or printed information the goal is to save source from oblivion to come to a first assessment of the eventssituations studied and to promote consciousness among the actors of the happenings themselves51 Como se pode notar até o grande legitimador da tradição oral como História ainda apresenta receios sobre o facto da possível invalidade causada pelo facto da tradição ser 1 news 2 eyeswitness 3 hearsay rumors e 4 visions dreams and hallucinations52 Mas o relato linhagética tradição oral obedece a uma estrutura que obedece a instrumentalização paremiológica sem necessidade de alguma intromissão do investigador nas recolhas Tradição Travestida A seguir explicarseá como e quanto a tradição oral é duplamente travestida Primeiramente pelos nãoKôngo que a escrevem pela primeira vez traduzindo nas suas línguas e em segundo lugar pelo próprio povo herdeiro Pois questionamos Quantos Kôngo têm sistematicamente estudado os dados preciosos deixados pelos nãoKôngo colonizador esta pergunta parece acompanharse da seguinte Quantos Kôngo têm escrito de maneira científica a sua História em Kikôngo É sabido que a maior parte dos estudos que publicamos são simples repetições das escritas já publicadas relativamente olvidadas e cada qual tenta definirse a uma ou outra corrente de ideia ou produz obras com as influências das escolas científicas específicas É de notar que o colonizador nãoAfricano escreveu a História de África com os valores do seu continente uma vez que não podia renunciar aquilo que ele era NãoAfricano claro Apesar do rigor científico defende se a ideia de que não terão dado a esta África a sua própria expressão Acontece que ultimamente são os próprios Africanos que estão a escrever sobre as suas civilizações fora da própria expressão ou contexto deste ainda no fluxo Vansina Oral Tradition as History pp1213 51 Alguns deles Historiadores da tradição oral chamamna história imediata As en trevistas desta natureza são sempre comparadas à informação válida escrita ou publica da o objectivo é salvar a fonte do esquecimento para promover a consciência entre os actores dos mesmos acontecimentos Vansina J oral tradition as History p13 52 Vansina J op cit p34 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 33 continente dando acesso às outras lacunas Mas independentemente disso tudo a obra nãoAfricana ainda é abundante e cheia de aspectos nucleares à civilização africana teorema nº2 dado que toda tradição é condicionada pelo convencionalismo a Tradição nuclear não se altera intrinsecamente porque independente da interferência extrínseca somente os seus repetidores que aparentam vulneráveis a possível alteração sejam eles povoautor Kôngo nesse caso ou povonãoautor nãoKôngo Pois visto que a história interpretase mesmo para o escriba egípcio que a transcrevia em primeiramão53 podese hipotecar que todo acontecimento é uma interpretação sempre contextual por sinal incompleta no relatado e que seria necessário reconstruir com a variedade de vertentes variáveis De todas formas a tradição nuclear estará sempre nas partes mesmas as mais modificadas que sejam embora o nãoKôngo tenha mais porosidades que lhe conduzem a travestir a tradição é de salientar o seu trabalho relevante que se fez à respeito ao Kôngo em termo de quantidade e de qualidade e que ultrapassa o que ainda foi feito pelos próprios Kôngo a sociologiahistória de Jean Van Wing ainda é uma referência embora concerne uma ínfima parte do povo Kôngo a genealogia Nkutama mvila de Jean Cuvelier é uma menção obrigatória para os especialistas da oralitura a monumental obra de Karl Laman vai de The Kongo até Dictionnaire KikôngoFrançais que ainda não foi rivalizada até hoje em dia por algum Kôngo assim como as obras de Léon Derau Cours de Kikôngo54Léxique kikôngofrançais françaiskikôngo55 Léçons de kikôngo56 Louvain L Declerq Grammaire du Kiyômbe57 Père A Coene Vocabulaire françaiskikôngolatin58 Georges Balandier Wyatt MacGaffey John thornton Jan Vansina Anne Hilton são os nossos contemporâneos Citarseá os enormes trabalhos publicados nas revistas da reputação internacional tais como Congo Zaire Kukiele além dos mais outros dispositivos bem conhecidos tais como The Journal of Negro History African Historical Studies The Journal of African History African Studies ReviewThe Geographical Journal Bulletin des Scéances de lInstitut Royal Colonial Belge Paideuma Mitteilungen zur Kulturkunde Wiesbaden 53 Professor Kalubi Mukola citado por Batsîkama P A propos da dualité têkeHumbu in Echos de Republicain 42 Kinsâsa 1993 54 Publicado nas edições de WesmaelCharlier Namur 1955 55 Publicado nas edições de WesmaelCharlier Namur 1957 56 Publicado em 1964 57 Publicado pelas edições de Goemaer Bruxellas 58 Publicado pelas edições de tûmba 1960 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 34 Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa etc a A tradução incapaz Convém avançar com o exemplo da bruxaria traduzida de kikôngo para o português a fim de ilustrar como a tradução é uma traição Na linguagem corrente o termo ndôki que substituiu zômbi ntêbo kûya myânda foi traduzido por bruxaria os Pênde dizem muloji os Kwânyama dizem Omulodi e os Umbûndu utilizam o termo omooid estes são termos que nesse pequeno esquisso tentarseá enquadrar na nossa crítica estermann referenciado por vários autores escreve sobre o omooid dos Umbûndu e afirma que são espíritos sonâmbulos podendo ser bons ou cruéis consoante as circunstâncias Deschamps especifica o fantasma de um ancestral dizem os Ovimbundu59 de Angola que atravessa às vezes uma aldeia emitindo os gritos para chamar os porcos ou aves de capoeira galinhas escolhe então a casa e torna doentes os ocupantes Depois deve reconciliarse com as ofertas Com o tempo os espíritos tornamse pacíficos60 A questão consiste em saber se omolodi é uma das variantes de omoloyidi mulodi muloji que finalmente teria dado origem a ndôki nos Kôngo Numa primeira olhada este lêse facilmente nos três primeiros termos Convém salientar que o velar Di pode mudarse para o dental Ji consoante as diferentes regiões de uma mesma fala mas também há metamorfose de Di em Ki Dilombo dos Umbûndu dizse Kilômbo nas diferentes algaravias de alguns subgrupos do Kôngo é variante de Cilòmbo dos Pênde e Basûku então sendo N a forma comprimida de MU prefixando o palatal lo em MULoDi e MULoJi ou ainda MULoYiDi tornamse NLoDi NLoJi ou NLoYiDi É um princípio regular em língua Kikôngo que N L ND61 exemplos nlûmbundûmbu nlûndandûnda nlôngandônga etc eis a razão pela qual ndôki deriva de loka lokila ou ainda no começo de lodila segundo os autores Qual seria nesse caso a semântica intrínseca ou melhor qual o sentido nuclear Declerq fala de kuloyila que significa o seguinte enfeitiçar embruxar ou fazer feitiço Laman por seu lado transcreve kulodila como ladrar ou latir alguém durante a noite e kulôla como ladrar criticar latir Que relações existiriam então entre kuloyila de Declerq e kulodila de 59 Reproduzimos a forma ortográfica de Hubert Deschamps 60 Deschamps H Les religions de lAfrique noire Paris PUF p13 61 Dérau L 1955 Cours de kikôngo Namur WesmaelCharlier p14 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 35 Laman Convém abrir um aparte a propósito das crenças do Kôngo e de Umbûndu segundo os primeiros o ladrido de um cão durante a noite sugere uma mensagem lúgubre esse ladrido à semelhança dos choros anuncia a morte nesta região mas geralmente na casa do dono do cão Aliás lemos atrás com Deschamps o fantasma pode trazer tristeza na sua viagem sonâmbula durante a qual emite os gritos da mesma maneira que as galinhas ou aves de capoeira e porcos Hubert Deschamp esclarece ainda Oubangui é frequentado por inumeráveis génios Os espíritos maléficos reúnemse à noite a fim de comer as almas São ouvidos MIAR como os gatos selvagens rodeando as casas62 esta explicação suplementária relaciona os sentidos de Declerq kuloyila e os de Laman kulodila Deste modo duvidarseia que kulôka seja a raiz de ndôki De acordo com a filologia ndôki vem primeiro do verbo kulôdila que significa especificamente ladrar durante a noite Ladrar durante o dia dizse kulôla isso indica que ndôki derivaria de kulôdila que aliás implica a ideia de chorar como fazem os gatos e os cães à noite Assim este ou um destes espíritos sonâmbulos chamase ndôki ou seja bruxo tal como entenderam impetuosamente alguns nãoKôngo Como podemos ver a tradução de NDoKi para o nãoKôngo terá sido precipitada para BRUXo63 assim parece pela falta de vocabulário adequado Aliás ndôki só pode significar o poder que possui o bruxo mas não é o próprio bruxo É índice de quantas outras realidades e instituições do Kôngo e não só que terão sido interpretadas aproximadamente sem corresponder fielmente ao pensamento primordial do Kôngo b Tradição alterada pela dinâmica do próprio povo o segundo problema relacionase com o facto de os africanos 62 Deschamps H op cit pp13 26 63 Percorrendo as lexicografias portuguesas encontramos esta palavra MANDiNGA que significa bruxaria sortilégio dificuldade embaraçoso e azar Desde sempre a língua por tuguesa tem bruxedo e magia a este respeito o Feitiço entrou depois das explorações desta África negra pelos Portugueses Mandinga então No nosso ponto de vista seria um vestígio de kikôngo em português Ndîngu em kikôngo significa uma noite medrosa meianoite e hora que os espíritos têm o costume de passear nas ruas silenciosas de san zala A partícula MA quando é prefixo indica a nobreza ou a acção Mandinga provém de MA e de ndînga que por sua vez deriva de dînga isto é procurar ou explorar espí rito vagabundo ou errante da noite e de dîngka ou seja impor o silêncio estabelecer a paz tranquilidade ou apaziguar estes espíritos tornamse pacíficos com o tempo escrevia Deschamps a respeito dos Umbûndu ele escreve ovimbundu Realizase tam bém culto aos ancestrais a fim de pacificar com os espíritos da terra do Kôngo Aliás mandîngu são os cânticos que fazem ecos lúgubres de tristezas nos funerais Um destes espíritos que a tradução chamou ndôki tinha o nome de Mandînga As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 36 alterarem a sua história sem o quererem ou saberem directamente para além dos seus esforços ajudaremlhes a contribuir algumas vezes com a alteração salientase citar aqui um entre outros exemplos dos etno historiadores congoleses64 Muitos entre deles afirmam que o topónimo KiNsHAsA vem de algaravia têke e significaria mercado Alguns deles evidenciamno fazendo hipotéticos esquemas das linhas etimológicas Kinshasa dizem derivaria da palavra nsyâla que significaria vender trocar fazer comércio Prefixado de I locativo a forma Insainsa quer dizer pequeno mercado repetição de Insa grande mercado forma que se terá comprimido em Insasa É verdade que Batêke tinham uma semana com quatro dias65 Mpîka Nkoy Nsya e Ukhonzo Portanto de acordo com os usos e costumes os mercados do Kôngo tinham o nome da linhagem fundadora e no caso contrário existiam duas possibilidades principais 1 ora o mercado tomava o nome do lugar onde estava erigido 2 ora o mercado era simplesmente chamado segundo o dia que tem lugar Citaremos exemplos do topónimo de NsônaMbâta Nsôna yi Mbâta que encontramos na província de Bas Congo RD Congo e o nome de KhônzoIkhulu Kônzo yi nkulu que Henry Morton stanley assinala como um dos mercados à beira do rio quando passou por Kintâmbo Além disso o mercado de Manyânga tinha simplesmente o nome da planície na qual foi erigido todos nós soubemos do famoso mercado de Mpûmbu que fez ecos dos PoMBeiRos como traficantes dos escravos ora esse mercado foi simplesmente designado pelo mesmo nome do território MPUMBU o pequeno mercado que se refere comentado pelo HM stanley parece ter lugar no dia Nsyâ porque oficialmente aberto no terceiro dia De acordo com as realidades linguísticas é possível que a palavra NsYA esteja vestido de outros sentidos ligados ao mercado a metáfora por exemplo 64 essa versão parece ter theophile obenga como promotor nas suas primícias são muitos os etnohistoriadores que a defendem serviuse dos pressupostos lançados pelo Jan Vansina na sua obra oral tradition as History e principalmente da obra de obenga sobre Bantu por um lado e por outro seguiuse o modelo de Jean Van Wing de recolher dados imediatos sobre as populações de Kinsâsa Participamos em 1994 na recolha de dados entre os têke Wûmbu e as populações nas comunas antigas daquela cidade a fim de ter explicação sobre a significação de Kinsâsa o sentido histórico de Kinsâsa foi posto de lado onde se reeduca os reclusos 65 essa informação foinos confidenciada pela nossa avó paterna cuja mãe é oriunda No Louboumou em Brazzaville o senhor JeanPierre Mboumu de quase 78 anos de idade em 1993 assim como Celestine Mbongo que se diz tia do presidente Gabonês mas é MuLâdi de 75 anos de idade em 1993 asseguravam essa informação A única diferen ça está na pronúncia As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 37 exemplo 1 em kikôngo mundândilaMpîka traduzse em retardatário do mercado e 2 a expressão kutômbi kimfûmu kuna Nsôna ko significa a autoridade não é procurada no Mercado Mpîka e Nsôna são nomes dos dias da semana do velho Kôngo mas aqui são equivalentes a mercado Neste caso se existiu o verbo nsâla ou nsyâ a filologia pode providenciar elucidações No entanto isto é possível porque as palavras nascem em quase todas as línguas ganham algumas dimensões dão origem a outros termos e podem até desaparecer senão morfologicamente pelo menos semanticamente isto é perder o seu sentido inicial e ganhar outros ipso facto Não obstante estas hipóteses sobre Kinshasa parecemnos pouco tendenciosas e demasiado simplistas Para o contraargumento digamos que stanley considerou também a Luwôzi um pequeno mercado que levava o nome da planície na qual se encontrava ou ainda UkhonzoIkhulu que citámos acima estes mercados eram de dimensão pequena mas nunca o autor terá mencionado algum insainsa senão teríamos bastante insâinsa visto que lá encontramos inumeráveis pequenos mercados de acordo com o relato de viagem de stanley o segundo contraargumento consiste na irrealidade de acordo com a cosmogonia do Kôngo que o mercado dê nome a uma aldeia mas sim o contrário isto é da mesma forma que o território Mpûmbu deu origem a Mpûmbumercado Ainda para mais Kinshasa ou melhor Kinsâsa encontrase em muitos sítios como topónimo e não só no Mpûmbu Neste caso a palavra sugere a sua anterioridade em relação a este mercado Ficaria fora do sentido de que a recente expressão nascida junto a NsYA dê origem a Kinsâsa da mesma lógica que a palavra sol não poderá ser precedida pelo assolar será que a palavra negritude nasceu antes de negro De ponto de vista morfológico escreverseia KiNsÂsA amputando o H Muito antes de este povo chegar a este espaço onde encontramos o topónimo existia nzoa lunsâsa isto é casa da iniciação das autoridades administrativas e a palavra lunsâsu etc Kinsâsa deriva do verbo nsâsa sâsa é variante que significa educar elevar instruir formar e aprender Kinsâsa significaria literalmente lugar da instrução sítio da educação ou seja onde foi reservado a educação dos escravos os prisioneiros de guerras os criminosos entre outros Aliás este Kinsâsa encontrase em Mpûmbu territórioMercado dos escravos e como podemos ver desta vez o Africano querendo esclarecer o seu passado é vítima de contribuir na alteração da mesma isto é As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 38 normal mas não se pode dogmatizar as opiniões sejam elas mais lúcidas e evidentes Nada é absoluto c Tradição e dinamismo66 o povo é dinâmico os usos e costumes também A tradição oral não tendo nem sendo opinião de uma só pessoa eliminar ou escolher e conservar aquilo que parece válido seria outra forma de negar o dinamismo nos repertórios orais KiZerbo que referencia esse pensamento quando publica o seu interessante livro sobre a História geral de África negra é historiador e portanto a tradição oral não é exclusivamente fonte histórica interessa também a antropólogos e outros especialistas Na tradição oral encontramse frases e versões que interessam directamente aos teólogos filósofos sociólogos e indirectamente ao Historiador ora este precisa destas ciências para auxiliar o seu metier se historicamente tal pensar fosse evidente não se poderá perder de vista que essa probabilidade não se converte em todas especialidades67 Alguns antropólogos negaram e outros ainda negam uma das versões da sociedade Kuba que relata uma história semelhante a esau e Jacó Bíblia essa oralitura Kûba terá sido boicotada por ser declarada batotice partindo do presuntivo que a influência católica portuguesa no Kôngo terá alcançado o país dos Kuba em termo da apreciação histórica quanto a expansão do cristianismo em África Central essa acepção contém alguma lógica generalista Mas a substância antropológica intrínseca faz sobressair uma outra acepção que para melhor apreciação começamos por citar o relato eis o extracto do relato Antes de se exilar Woot estabeleceu a sua sucessão da seguinte maneira fez vir Isheen o seu filho mais velho de 66 Vansina J oral tradition as History p 1314 As messages are transmitted beyond the generation that gave rise to them they become oral traditions Among tradition exist different classes according to the further evolution of the message A first class consists of memorized messages in everyday language rules poetry Memorized tradition beha ves very differently over time from others Among the latter one distinguishes again between formal speech epic and everyday language narrative Narrative themselves belong to two different classes according to the criterion of faculty some are believed to be true or false others are fiction Factual traditions or account are transmitted differen tly with more regard to faithful reproduction of content than are fictional narratives such as tales proverbs or sayings the criterion hinges on the notion of truth which varies from one culture to another and which must be studied 67 Ciente disso Levistrauss sustentou que o antropólogo é o astrónomo das ciências sociais ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações muito di ferentes por sua ordem de grandeza e seu afastamento das que estão imediatamente próximas do observador in Anthopologie structurale p45 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 39 origem da tribo Ngêende e ordenoulhe que se apresentasse no dia a seguir no período de manhã pouco antes da madrugada Foi chamálo assobiando paulatinamente Então para se fazer reconhecer Isheen foi pedir a gaiola das galinhas Mas Pigmeu que ouviu a conversa advertiu o outro filho de Woot Tu filho da sua irmã deixarás escapar o poder Nyimilong foi o primeiro a apresentarse à chamada de Woot Este último embaraçado de desprezo ofereceu primeiro um cofre cheio de vestidos que Nymilong recusou exigindo a gaiola de galinhas Nyimilong descobriu aí os símbolos reais a plumagem de águia a pele de leopardo a pele de gineta mbiidy gatobravo e a escama de pangolim Nyimilong revestiu pela primeira vez na aldeia e dançou a dança de coroação68 o exílio de Woot alude ao seu desaparecimento afastamento físico na Corte e quando regulamenta as suas leis para a sucessão nota se a intervenção de um Pigmeu isto é investidura tal como explica o sentido de dança de coroação a personalidade do Pigmeu assim como o tempo de se apresentar69 Remarcamos que a sucessão não depende do rei falecido e isso nem sequer é feito de imediato o tempo amanhã antes da madrugada70 e o espaço Woot fez vir isheen mostram que se trata de um assunto público investidura que deve obviamente passar por diferentes individualidades Aliás a intervenção do Pigmeu os Pigmeus eram sacerdotes e viviam próximo da Corte Kuba e a palavra ofegar são provas de que se trata de investidura soprar alguém resfolegar alguém é abençoar nos Kuba Kôngo Luba etc existem versões que estipulam que o filho incestuoso de Woot e da sua irmã terseá exilado nos Pigmeus isto é passou pela escola de autoridade nzoa lunsâsa segundo os Kôngo Acima de tudo o filho incestuoso assim como demonstra Luc De Heuch quantitativamente nos relatos Bantu foram estruturalistamente os fundadores dos estados políticos introduzindo novas culturas ou civilizações especialmente os cultos de investidura História repetese observou Heródoto e não só essencialmente no mesmo povo ou no mesmo espaço então porquê negar ou declarar batotice tal história quando na sua textura há idiomaticidades relacionadas 68 Ver Luc D Heuch Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de letat Gallimard Paris 1972 abordaremos esse mito mais além 69 Antes de madrugada não facilita reconhecer o rosto de alguém ora a função do sacerdote é fazer reconhecer o rosto do eleito ao povo tal como nos Côkwe que utilizam a versão de cobrir de nuvem ou poeiras 70 É energicamente interdito passear nessas horas visto que são reservadas só para os ancestrais o facto de vir a essa hora indica que o candidato seria apresentado aos ances trais isto é pelo menos aos representantes destes últimos Makôta tubûngu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 40 a sua cosmogonia d Provérbio como Tradição Oralitura Ao estudo da descrição da classificação da etimologia e da pragmática dos provérbios dáse o nome de paremeologia palavra derivada de parêmia sinónima de provérbio tal como se admite que o são adágio aforismo apotegma ditado dito exemplo máxima rifão sentença embora haja algumas diferenças mais ou menos acentuadas entre todos estes conceitos elas não têm sido enfatizadas pelos autores que os antologiaram nem pelos escritores que nas suas obras a eles recorreram pelo que se torna particularmente difícil distinguilos entre si tanto mais que na maioria dos casos não há também da parte dos autores qualquer identificação das fontes utilizadas ou das formas importadas71 exemplo Quem dá ao pobre empresta a Deus é um provérbio muito comum entre os cristãos Mas confundese com Quem empresta ao pobre empresta adeus Marcio Gatti chama isso provérbio parodiado72 terá esses dois provérbios a mesma trama semântica Ao que deverseá essa mudança se assim é realmente uma mudança Qual das versões seria anterior e qual seria o princípio regente e regular dessa mudança Antes de fazer face a essas perguntas convém começar por definir oralitura Admitese que o forjador do termo terá sido o professor linguista Pio Zirimu ele fala de orature em francês o que seria oratura em português Para o professor e segundo o uso actual o termo significa literatura moderna oriunda da tradição oral nomeadamente contos advinhas provérbios etc que os escritores modernos se inspiram Ngugi wa thiongo sustenta que além dessa definição a oratura é tida como fonte estética como filosofia mas também como método73 Nessa linha Joaquim Dias Cordeiro da Matta Heli Chatelain são assinalados como autores mais destacados no século XiX74 que de certo modo terão dado corpo a oratura mas é curioso notar que os contos publicados em línguas angolanas continham mais substância histórica do que simples estética 71 Mimoso 2008 p156 72 Gatti 2006 pp12771286 73 thiongo 1998 pp102128 74 em 1864 saturinino de sousa e oliveira em coautoria com Manuel Alves de Castro Francina publicaram elementos Gramaticais da língua Nbundu entre 18881889 Héli Chatelain publicava Kinbundu Grammar Gramática elementar do Kimbundu ou Lín gua de Angola citarseá também um trabalho prétempelsiano de Cordeiro da Matta publicado em 1891 intitulado Philosophia Popular em Provérbios Angolenses Jisabu Jihengele ifika ni Jinongonongo Josoneke mu Kimbundu ni Putu Kua monAngola As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 41 ou filosofia evidente é a carga filosófica dum evento memorizado75 e purificado pelos séculos da sua duração a sua estética só pode encantar nos hoje em dia o mesmo acontece quando recuamos dois ou três séculos antes com as recolhas dos Padres missionários e outros autores que vinham em África central para o comercio e outros afins76 É o caso das recolhas dos padres capuchinhos que irão compor o velho dicionário das línguas ditas bantus kikôngoitaliano Notase que a oratura de Ngugi thiongo independentemente das frequentes transformações se subsidiam na História vivida É bom assinalar que L souberge qualificou a frase Quem são os teus avós como advinha provérbio ora como se viu a sua substância histórica parece realmente profunda Por essa razão farseá aqui uso da expressão oralitura em vez de oratura Pois agora começamos por responder as perguntas iniciais encetamos por considerar todo enunciado proverbial como dispositivo de verdades77 Consideramos a metrificação de dois provérbios termos 1 Quem dá ao pobre empresta a Deus quemdáaopobreempresta aDeusdómidósolfámimifámidó 2 Quem dá ao pobre empresta adeus quemdáaopobreempréstaadeusdómidósolfámimifámi dó78 A materialidade discursiva desse enunciado é mais rítmica do que semântico Mas a sua contextualidade desconhece a importância melódica Perante esta dualidade pragmáticadefinicional a estrutura proverbial evidencia o movimento que marca continuamente a aproximação e o afastamento do Locutor em relação ao nível de responsabilidade pelo dizer o que caracteriza formalmente uma dualidade entre os enunciadores individual e colectivo Na nossa opinião essa dualidade está afectada por um simulacro de continuidade entre individual e colectivo É como se o pensamento do eU tornandose comum ao pensamento da Colectividade de uma pretensa totalidade fosse elevado a um patamar maior de razão de verdade79 Realçamos também a característica religiosa do provérbio entre os Angolanos em geral e os Kôngo em particular Num tribunal tradicional nos makônzo do casamento ou nkûwu de óbito o uso de 75 Vansina J Oral Tradition as History p9 15 76 Aconselhamos as crónicas de Rui Pina a Relação de LopesPigafetta Cavazzi Cador nega etc Ver a bibliografia 77 Cf santos M UMiCAMP Capinas 2004 78 Agradecemos de todo coração a nossa querida Ana isabel Lopes Mujinga que solfejou esta frase por nós 79 santos M op cit p164 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 42 provérbio é constante os mpovi advogados sabem utilizálos e em devido lugar e enquadrálos nos devidos contextos na busca de verdade coerente ou na justaposição das verdades parciais o enunciado proverbial independentemente do seu locutor é um tipo de vox populi logo é sagrado Nesse termo o provérbio não muda enquanto elemento sagrado porquanto é impessoal pois são as pessoas com as suas culturas dinâmicas que mudam e junto das suas linguagens A Bíblia fala da semente de mulher em Génesis ora não é fácil compreender tal expressão hoje em dia sabendo que foi escrita muitos anos atrás não há mulher que tenha semente Profeta elias a seu turno profetisou que uma virgem será concebida o que é paradoxo na compreensão racional mas não necessariamente em metalinguagem De ponto de vista hermenêutico semente da mulher seria a variante de virgem será concebida que finalmente terá sido corporificada em Maria evangelho segundo Mateus Como podemos notar as linguagens mudaram com os seus usuários sem portanto mudar o sentido nuclear Assim acontece com os provérbios as tradições como vox populi pois é preciso acompanhar toda sua diacronia para compreender a sua mensagem em outras palavras é normal que um provérbio seja formalmente alterado na sua estrutura mas a sua metáfora proverbial ver Aristóteles Poética 2003 p34 continuará a mesma Qual das duas versões seria a nuclear entre 1 a Deus e 2 adeus a trama semântica faz crer que a versão nº1 seja a versão antecedente Mas a ancianidade não pode se limitar na medida semântica A sintaxe por exemplo também intervém na ancianidade dos termos Há outros exemplos 1 Quem muito abarca pouco abraça terá gerido 2 Quem muito abarca pouco aperta 3 Quem muito abraça pouco aperta 4 Quem muito aperta pouco arrocha 5 Quem muito abarca pouco ata A razão principal é o valor semântico e importância sintáxica de abarca que ao longo do tempo e da sua existência significou tour àtour abraçar apertar Mas tal não poderá talvez ser o caso entre a Deus em relação a adeus se partimos do pressuposto que adeus seja primeira expressão literal de paraíso Nesse caso faria sentido que Quem empresta depois da morte vá adeus isto é paraíso um dos destinos dos seres humanos de acordo com as grandes religiões Aliás a Deus não é um nome designativo pois uma qualidade de iavé Logo adeus prevaleceria nesse caso Assim sendo tornarseia difícil dizer qual das versões seria a mais antiga se consideramos a vertente semântica por um lado e por outro a vertente sintáxica Parece que as origens não ressuscitam e não As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 43 pertencem a razão humana alguma No entanto é nesse momento que urge a sistematização das relações sintagmáticas de cada versão e a sua comparação axiológica permitem de certa forma compreender a possível ideia primordial e com ela estabelecerseia a versão impessoal A versão impessoal seria a versão histórica que em princípio tem outros suportes noutros domínios humanos crenças rituais cânticos esculturas etc Nessa senda a apreciação paremeológica seria justificável não só para os provérbios mas também para os relatos das linhagens zimvila e outras expressões como ritos cânticos cultura material etc e A Verdade histórica A verdade histórica é relativa e sem exagerar parece que tudo é relativo Quer dizer não existe na História alguma verdade absoluta e que mesmo nas ciências declaradas exactas as verdades não são absolutamente absolutas pois relativas será por esta razão que na Matemática se fala do erro relativo É de conhecimento comum que 422 ora suponhamos que num recipiente de quatro cls com líquido se pretende dividir por dois vasos iguais de dois cls cada será que se terá exactamente dois cl em cada vaso Notaremos portanto que no primeiro vaso de 4 cls ainda irão ficar algumas gotas o que significa que não teremos exactamente dois cls em cada A partir disso fundamentamos o terceiro teorema a relatividade da tradição corresponde ao erro relativo da observação Para melhor explicá lo comentaremos os pressupostos teóricos veiculados nesse trabalho A verdade histórica permanece num conjunto de asserções que prova algo como em toda ciência A ciência significa analisar ou melhor dar explicações provadas a respeito a um objecto mediante métodos óbvios e bem definidos o que pelo menos não parece substancialmente o caso de tantas versões da tradição oral de África sendo consideradas simples mitos no seu sentido de irrealidade histórica que permissivamente contribui timidamente na construção da história eis a razão pela qual a História de África antes de a Colonização ainda permanece incerta na visão de muitos autores ou até há quem pensem ela continua a ser uma tábua rasa Metodologia e Pressupostos teoréticos Nesse primeiro volume de As origens do reino do Kôngo utilizar seá o método paremiológico uma vez que a Tradição Oral veicula como a As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 44 fonte predominante Por tradição oral entendase o mito na linguagem do Levistrauss o provérbio Vansina o rito Heusch etc Primeiramente apresentase a tradição em língua original isto é em Kikôngo de maneira a oferecer ao leitor a oportunidade de um julgamento livre sobre as análises a efectuar o autor mais citado repetimo lo mais uma vez é o Bispo Jean Cuvelier o antigo vigário Apostólico da Diocese de Matadi no seu interessante trabalho Nkutama mvila za makanda mu nsia Kôngo publicado nos irmãos de tumba este trabalho do Jean Cuvelier tem um duplo interesse além daquilo que evocamos atrás Primeiro a obra exclusivamente editada em Kikôngo ainda não é traduzida o curioso ainda é o facto de muitos relatos referenciados no livro serem logicamente semelhantes aos relatos do resto dos Kôngo de Angola e CongroBrazzaville não referenciados pelo Padre essas semelhanças remontam até aos Kwanyama80 segundo Nkutama mvila makanda foi escrito numa retórica sustentada por dois aspectos 1 a sacralidade que consiste a evitar adulterar o relato levou os informantes de Cuvelier a cautelar a infiltração imprópria de outros elementos exterior a estrutura nuclear e o autor recopie estas tradições com conformidade atribuindo a cada linhagem o seu idioma talvez sem o saber 2 a recolha data antes de Luc de Heuch observar que as transformações rápidas de África ameaçam a existência do seu património literária tradicional Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de lEtat Gallimard Paris 1972 Após a apresentação seguida por vezes de citações prossegue se a construção do trama semântico isto porque no estado simplista as tradições são constituídas de MetALiNGUAGeNs ou linguagens pouco ordinárias Nesse ponto desconstróise primeiro o relato a fim de compreender as relações semânticas e sintácticas e a função assertiva directiva enquanto suporte oracional Com duas ou três tradições exploradas integrarseá nas análises sintagmáticasparadigmáticas uma vez que o significado oracional é o resultado de soma dos significados Ao verificar o status notarseá que a reconstrução comportase como contravariante da estrutura canónica e sabendo que os códigos mudam 80 Abordamos isso no segundo volume capítulo ii subcapítulo 2 da primeira Parte As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 45 os conteúdos invertemse conforme rezam os estruturalistas na dinâmica expressiva81 A análise de qualquer oração da oralitura necessita antes que lhe seja reconhecida uma estrutura cuja leitura deverá ser metódica Convém sublinharmos que cada tipo tem os seus cânones e a sua presentação formal82 eis o dos Kôngo 1 Mazînga wazînga makânda mawônso83 2 Ne Masaki masakidi Nsûndi ye Mbâmba84 3 Mvimba wavîmbila bankwa mambu85 4 Nene wa Nkûmba tukumba vwa ka tukûmba ko diambu86 etc esses quatro relatos constituem um tipo de orações com prosódia embora nem todos a tenham tratarseia aqui de relatos factuais na linguagem de Jan Vansina o termo prosódia que preferimos não é aqui apenas o que é gramaticalmente correcta mas essencialmente é a oração versão da tradição que não pode ser alterada por duas razões principais 1 explica correctamente a origem do relato e mantém uma conformidade entre o patrónimo e o seu verbo Mvîmba é patrónimo e wavîmbila o seu verbo patronímico inseparável ou ainda Mazînga é patrónimo enquanto wazînga é o seu verbo patronímico inelutável isto canonicamente é aa 2 dado que a oração proverbial é metalinguagética as relações paradigmáticas abab ou sintagmáticas aabb obedecem a uma ordem de frequências que levam com elas as possibilidades de alteração formal da oração sem portanto alterar fundamentalmente o conteúdo abab ab Razão pela qual em conformidade e tendo em conta a teoria da estrutura social Nadel o luvila Nzînga sequenciou Mvînga tal como reza a tradição Mono Mavînga ma Nzînga wazîngila mu vumu vo ka nkento ko mwâna yakala87 Pois a prosódia se alastra para sequências que grosso modo parecem ser imortalizadas em objectos concretos ñkisi Nkôndi por exemplo ou tornamse factoseventos hidromorfizados Mvula za zangôlo ou ainda antropomorfizados Nsânda Nzôndo88 81 eis em geral a fórmula lógica que resume os pressupostos teóricos para análise desses relatos por a elemento de A e b elemento de B temos á e b como projecções sequen ciais ora na função G o elemento principal de A a está em relação com produto de B b Na função F pelo contrário o elemento principal de B está em relação com o produ to de A que torna a dizer F ou F1 ab e G ou G1 ba 82 KiZerbo J Histoire de lAfrique noire p18 83 Cuvelier o cit p21 84 Cuvelier J Nkutama mvila 1934 p17 85 Cuvelier J op cit p51 86 Cuvelier J p60 87 Cuvelier J p19 88 Compara com essas observações lhomme a rendu historique tout ce quila touché de As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 46 A esse nível a tradição se completa pela cultura material pela organização social territorial mas também pelas crenças ou cultura imaterial É por isso que como vamos ver dentro do texto um provérbio banal junta seko farinha de mandioca e maza água para fazer lûku funge de bómbóm e relacionase com Kôngo MbânzaKôngo que deve ser dirigido por um dos eleitos dos três kuku89 ou seja as relações abab estão imortalizadas no comportamento social e na vivência comportamental individual Pois dizíamos essas frequências e sequências que podem ser frequenciais ou sequenciais estão presentes na língua nos ritos e a sua penetrabilidade em quase todos domínios da actividade humana Kôngo permite que toda tradição tenha o seu reflexo na própria interpretação da existência90 Baseando por exemplo nas teorias do símbolo91 de tzvetan todorov estimarseá Levistrauss e Luc de Hesch o fizeram também a cultura material e componentes sociais como fontes auxiliares e inelutáveis na sustentação da língua tradição oral como fonte e a sua sa main créatrice la pierre comme le papier les tissus comme les métaux le bois comme les bijoux les plus précieux in KiZerbo J Histoire de lAfrique noire p15 A arte por exemplo nas suas modalidades assume ser suporte da História e aconselhamos esses dois autores para melhor acompanhar Gaudibert p Art africain contemporain Diagonales turin 1991 pp3234 Bidima JeanGodefroy La philosophie négroafricai ne Que saisje 1985 Paris Presses Universitaires de France 1995 pp7898 89 Quer a trama semântica de três tâtu de colina kûku em relação ao LÛKU KÔNGO quer o tecido da Tradição em proporção com a lógica estruturalista tendo em evidência a homogeneidade linguística e heterogeneidade factual é bem visível que o provérbio e a Tradição Oral sejam suportes dos Heróis Intermediários para a transição de duas Autoridades para Três e partindo de Três para finalmente uma só personagem chamada MUTÎNU escrevemos anteriormente 90 Todo relato é transcendental logo obedece a essa fórmula G ab primeira re lação com a possibilidade de ab possível relação sequencial Quer com isso di zer a evolução duma informação caduca no tempo de maneira que a última versão quase sempre não obedece a ordem lógica primeira uma linguagem tornase me talinguagem e um texto lógico tornase um metatexto hiperlógico Esta também tem sequência subsequente do segundo grau ilógica F ab e a sua possibilidade subsequente é F1 ab Caso unirse G e G1 por um lado e F e F1 por outro haverá basicamente oito possibilidades de primeiro grau 1 ab 2 ba 3 aa 4 bb 5 ab 6 ab 7 ab e 8 ab Em outras palavras entre duas pessoas comunicando uma coisa a suposta origem do real acontecimento há relativamente sete possibilidades de adulteração modificação que detenham ainda a verdade primordial 91 O livro foi editado em 1977 nas edições francesas de Seuil Aconselhase aqui a versão portuguesa publicada em 1979 nas edições 70 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 47 possível análise o estruturalismo de Ferdinand De saussure é diferente do A Martinet na linguística na antropologia socialcultural Levi strauss lança os fundamentos do estruturalismo ortodoxo na sua obra sobre o parentesco e as suas mythologiques essa postura já terá sido relativamente assumida pelo Malinowski que notou a função pragmática da linguagem92 língua pintura escultura dança Com os pragmáticos as leituras paradigmáticas e sintagmáticas são visíveis não só na linguagem mas de modo igual nos ritos a funcionalidade da organização social e disposição divisional ou distribuição territorial são possessores da mesma estrutura oracional É da mesma linha inicial do Heusch93 que prosseguirseá na análise das fontes aqui referenciadas A única peculiaridade talvez seja a aplicação da teoria aaab como função da estrutura sustentada pelas relações paradigmáticas e sintagmáticas Morris Pierce eco exemplo1 Eu te odeio Uma vez que Trouxeste mágoa Embora disfarçadamente Até o inferno vomitate Mal aparece o mal invade Ocultamente as nossas alegrias estão nitidamente expressos nesses versos os sentimentos de ódio de modo que a primeira frase assume ser o genitivo definicional 92 Bachmann C et all Langage et communications sociales Paris HatierCrédit pp41 44 93 Luc de Heusch é em princípio o pioneiro dessa onda metódica que faz contrastar com o funcionalismo linguístico nos seus essais sur le symbolisme de linceste royale en Afrique editados pelo institut solvay em Bruxelles 1958 que reordena nos Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de letat publicado nas edições de Gallimard em Paris 1972 a última publicação madura no estruturalismofuncionalismo está no Le roi de Kongo et les monstres sacrés mythe et rites bantous que publicou mais uma vez Gallimard Coll Mythes et Rites Bantu em 2000 tudo parece começar com Le cru et le cuit dans le domaine bantou in Présence Africaine 1968 n67 3348 vêse também essa influência de estruturalismofuncionalismo na modernidade negroafricana na obra de Bidima Bidima JeanGodefroy théorie critique et modernité négroafricaine De lecole de Francfort à la Docta spes africana Philosophie 1 Paris Publications de la sorbonne 1993 pp2123 132135 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 48 de todo texto Mas sintagmaticamente se devemos ler verticalmente as iniciais encontramos uma bela frase eU te AMo De modo igual os ritos organização social e territorial constituem uma leitura vertical auxiliar na compreensão da tradição oral exemplo2 Nsûndi tufila ntu Mbâmba tulambudila malu É literalmente respeitado no seu sentido literal Curioso é ver que Nsûndi passar a ser o ponto atingido e Mbâmba de onde se vêm sequência essas duas frases passaram a significar objectivo atingido conclusão Uma revisão linguística explicita ainda mais essa lógica Mas nos ritos dos ancestrais essa frase tornase o condicionalismo de ordem evocando os ancestrais dos países das origens descontinuidade que se resume em KôngodyaMbângala Porém compreendese porque várias linhagens ao contar sua história das origens se interessam menos em detalhes depois de evocar Nsûndi Mbâmba ou Mbângala A morfologia cénica dos especialistas ngânga ñkisi ngânga vutuki ngânga ngômbo ngânga bilôngo etc e o status comportamental do público misturado e ordenado realçam explicações adicionais Pois assim estaria justificada a descontinuidade da tradição oral ab e ab É abominação entre os Kôngo reverter Nsûndi Mbâmba em Mbâmba tulambudila malu Nsûndi tufila ntu embora o sentido não esteja mudado No entanto essa nãopermissividade explica a razão de todo cidadão Kôngo bem educado responder Kalûnga ou Kôngo quando é chamado Kalûnga é o nome de Deus como fonte da existência eis porque não se pode responder Nzâmbi Kôngo ou seja mu nzîla Kôngo implica que a pessoa que assim responde admite nunca desvirtuarse do caminho da união original Kôngo que se formou consoante Nsûndi Mbâmba Resumidamente dissemos que entre dois condicionalismos estruturantes de natureza diferente a e b ao testemunhar um facto nasce ipso facto a oralitura junto das subsequências a e b e são cimentadas através da socialização formal ou informal instrumentalizada institucionalizada ou desprotegida e isso concerne a língua De saussure a cultura sapirDerrida a sociedade Zelling HarisLevisstrauss mubati velha forma é canonicamente o principal a e a nova forma mbâti a é subsequente salientase que aa verificase também nos ritos no contexto histórico Kôngo rito dos ancestraisñkîsi a foi assimilado ao culto de Domingo a As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 49 Historicamente um evento vivido pelos a e b nunca é completamente descrito na total fidelidade deixando lugar as especulações para as idiomaticidades e sequências de modo que ainda assim sobrevive a sua essência além do tempoespaço dos testemunhos a e b quer dizer os subsequentes a e b podem alargar a mais gerações posteriores nos espaços diversos a e b e com isso parece que em momento algum essa alteração inevitável dinamismo poderá tomar lugares intrínsecos na matriz do relato em outras palavras a ou b será sempre generativo de a ou b aa ou bb pois não o contrário aa ou bb No entanto pela estrutura composicionalidade da palavraritosociedade justificarseia será sempre o pai a ou b a transmitir alguma oralituraexperiência a seu filho a ou b os escultores angolanos terão sempre as suas tradições a presentes nas suas obras realistasabstractas que aprenderam na escola romana a esse facto pode se alargar em cinco ou mais gerações mas haverá sempre uma larga convergência dos subsequentes em relação aos seus diferentes generativos94 essa convergência se define pela convencionalidade e composicionalidade que há na língua sujeitoverbocomplemento ou complementosujeitoverbo95 rito96 e organização social97 ab e 94 Muitos dos zimvila que apresenta Jean Cuvelier Jean Van Wing até nós são alte rações da sexta e setma geração ora as escritas testemunham as convergências nesse respeito Para o compreender pode se comparar a história do Kôngo dos séculos XVi XVii com alguns relatos exemplos Mvêma Nzînga e os Mpânzua Lûngu Mpânzua Nimi Vita Nkânga etc Alguns autores já tinham notado isso entre eles Van Wing J Études Bakôngo o próprio Jean Cuvelier num outro trabalho LAncien royaume de Congo publicado pela editora Desclée em Bruxelas em 1946 Pode se ler também Cf thornton J the origin and early history of Kôngo in International Jornal of African Historical Studies Vol 34 nº1 2001 Mas também pode se ler early Kôngoportuguese relations a new interpretation in History in Africa 8 1981 p184186 95 Na frase eu vou a casa o sujeito eU vem antes do verbo VoU e sucessivamente este vem antes do complemento A CAsA Mas pode também se dizer À casa eu vou Complemento sujeito e verbo revertendo a ordem isto é a ordem pode ser revertida sem portanto mudar o conteúdo 96 A trindade de Deus e a qualidade de Deus ser criador do Homem converge com a compreensão de muntu nos Kôngo todo muntu é composto de indivíduo natural indivíduo vontade e indivíduo ideia cf Manuscrito de P Batsîkama estética muntu angolana ou artigo científico do mesmo autor apresentado na Universidade internacio nal Americana para avaliação na disciplina Religião como instrumento epistemológico isso permitiu que os Kôngo aderisse da forma que aderiram a igreja católica protestan te e mais tarde surgisse sincretismo antonismo Nsîmba Vita Ndona Beatriz kimban guismo tokoismo proclam não só seus Messias tribal ou nacional mas justificam isso na bíblia cristã 97 Mani Kôngo já não é Presidente de Angola ou Presidente do CongoKinsâsa ou de CongoBrazzaville ou Gabão As vicissitudes históricas criaram uma larga distinção entre esses conceitos Mas a convergência permanece não só na forma que se quer atribuir as funções mas na forma que é compreendida a essas noções Um presidente é para ser As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 50 ab a História narrada na tradição não se desfaz destes Fontes Orais consultadas98 Fontes do Norte Vatûnga Miguel 19182009 e a sua esposa Molley Julieta 1925 faziamnos repetir Ntûmba Mvêmba esikulu dyanene wakulumukini Nzâmbi o primeiro é de Kibokolo na missão A segunda é de Lusengele e estudou na missão de Kibokolo e foi concluir o liceu em MbânzaKôngo assim era o sistema colonial esta última confiounos em 1996 algumas anotações do seu pai Pedro Vicente sadi99 anotações em Kikôngo que relatavam as relações que a Missão de Kibokolo mantinha junto com as populações Nessas anotações há histórias pessoais assim como as preparações de catecismo anedotas que iriam servir de exemplo também encontramos entre sadi legacy o livro de Jean Cuvelier da edição de 1974 Assinalamos passando que Pedro sadi foi um dos professores de simão toko100 Nesta lista consta ernestina Bumputu 1927 uma verdadeira depositária da tradição de toda região de Manyânga e de toda região de Mbôma que vai de Nsôyo actual até Batêke do Gabão ela foi a nossa primeira iniciadora Nsôngi ou Masôngi Mas por ser mulher indicounos o seu irmão avó Georges 1919 para perfazer a iniciação As orientações deste levaramnos a percorrer quase toda região de Mbôma sob pretexto de fazer negócio Foi durante esta experiência 19931995 que compreendemos que Mbôma terá sido um Kinkâyi que se terá imortalizado com o termo Ñzâdia Kôngo ver o terceiro capítulo do Livro i os poucos membros da linhagem Masola ma Nsi101 se consideravam como Mbôma e são chamados ao mesmo tempo Solongo encontrámolos também em Cabînda em 1994 nomeadamente Albert Mvoungou 1937 tsyoula Ndoualou edouard 19332004 que passaram a ser os nossos informantes uma vez que o primeiro pertencia a luvila de Mlaza Mi Kwôo Kôngo e o segundo se dizia Mukaba Fomos sendo de Ntûmba Mvêmba considerado como ngwa ñkazi tio materno para o primeiro mas na verdade fomos mwâna filho se consideramos as prosódias dos relatos das nossas linhagens e para o primeiro fomos respeitado mas isso não dá acesso livro ao autoritarismo embora é o caso que se assiste em África Cf P Batsîkama Democracia numa África précolinial in Folha8 de 19 de Maio 2009 98 Além de Cuvelier no seu Nkutama mvila za makanda um nsia Kôngo 99 outra parte foi confiada ao avô emanuel Kunzika Mayala que assim acreditamos fez uso proveitoso no seu trabalho Dicionário de provérbio kikongoportuguesinglêsfrancês a ser editado pelas edições de Nzila 100 Quibeta s F sD Simão Tôco o profeta africano em Angolavida e obra Luanda p2324 101 Jean Cuvelier escreve apenas Masola que localiza a Ndâmba As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 51 mpângi e é justo uma vez que escreve Jean Cuvelier Makaba e Mvêmba são filhos que se sucederam102 também compreendemos que Masîlu ma Nsi seria a linhagem Nsôyo dya Nsi depois de confrontar o seu relato com as recolhas da LANA fundação do Nsôyo As nossas viagens frequentes ao município de Nsîmba província do Zaïre tinham como interesse de recolher os possíveis relatos sobre a luvila de Nsîmba Vita o que possibilitou aquisição de alguns relatos que se encontram no livro de Jean Cuvelier As similitudes desses relatos teriam sido possibilitadas pelo facto das populações que Andé Boka e o bispo Cuvelier tinham entrevistado pertencerem a um mesmo bloco Kimbuku Um documento escrito datado do século XViii confirma isso103 quando menciona os Solongo do Nsôyo nas terras setentrionais de província de Cabinda Convém voltar a dizer que Masîlu ma Nsi ou tsyîla dya nsi que é apenas uma variante é localizável à Luwôzi Manyânga tanto no Nsôyo ou em Matadi Há uma necessidade de recolher o mais possível numero de zimvila e seus ndumbululu para sistematizálos e tirar desse exercício teorias No fim desta lista temos Luzâyamo Kelo sebastião 1942 e sobretudo Mpêmba Maria 2003 Fontes do Centro em Luanda Funda no município de Cacuaco e Viana no município de Kilamba Kiaxi foram os pontos muitos frutíferos para recolha nos anos 19961998 antes da actual urbanização que além de eliminar testemunhos casas terá destinado aos desconhecidos lugares os informantes Kimbûndu Kôngo e Umbûndu que ainda viviam nesses lugares À Catete as populações Kimbûndu que nesses tempos viviam tinham em comum duas características 1 muitos falavam kimbûndu tipicamente aportuguesado e aqueles que falavam kimbûndu não aportuguesado eram origem de Keswa de santa Maria ou Kasânda mas geralmente das vizinhanças de Mpûngua Ndôngo 2 quase todos eles 102 Cuvelier J op cit p15 Makaba mpila mosi Mfumfu dia Makaba ora Mfumfu dia Makaba seria variante de Kwîmba Mfumfu regimento dos Mayaka Ver Kwîmba Mfumfu kya Miyâka in Jean Cuvelier J p10 103 Le Mambouc demeure sur la petite rivière au fond de la baie sa puissance et le voisinage de la traite lont souvent porté à des excès plus dun vaisseau a été contrait dabandonner Cabende pour aller finir sa traite à Malembe il a poussé la hardiesse jusquà arrêter quelques capitaines et les faire prisonniers entrautres le capitaine Ro drigues de la Rochelle en 1787 Por Cabende entende Cabînda Pois o autor continua Ces sognes sont donc au Nord du fleuve Zaïre puisquon ne rencontre ce fleuve quen continuant vers le sud en quittant le petit etat qui est adossé aux noirs de cabende sur les rives du Zaïre il sagit de noirs de race Assorongo et vennant en effet du sonho ancien comté du sud du Zaïre o Debouvegnes De Grandpré à la Côte dAngola en 17861787 in Zaire Decembre 1949 p1111 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 52 podiam apenas focar os mitos que se foram confeccionados a volta dos conflitos da resistência fazendo ora de Njinga Mbande uma grande heroína ou fazendo Ngola Kilwângi do herói libertador ora ainda de Kilâmba Kyaxi Agostinho Neto Felizmente as velhas histórias contadas em termos de contos não fogem a textura de vários outros contos das fontes do SulEste além de serem confirmadas largamente com as escritas Nessas fontes a minha esposa Conceição Bumba Matâmba filha do soba DivaKasânda Malange foi para mim um suporte considerável por fornecer não só as suas versões aportuguesadas mas traduzir connosco algumas frases dos contos em kimbûndu Citamos também Makangu André de Nambwa Ngôngo que nos foi útil em vários aspectos Convém assinalar também na Funda a existência dos Umbûndu oriundos de Huambo e Bié Viyé que foram contactados em 2003 Domingos Kanyôngo 64 anos de idade José Ndalambela 57 anos de idade Moisés sawônga 63 anos de idade É com eles que buscamos compreensão em algumas fontes do suleste que fazem parte deste trabalho entre vários outros entrevistados estes são autores de relatos com cânones típicos de que apresentamos a estrutura atrás Fontes do SulEste nessas zonas optamos por entrevistas aos sobas ou pessoas mais ligadas a estes últimos por várias razões entre outras 1 só o poder tradicional parecia narrar suas histórias com responsabilidade 2 o uso da sabedoria é frequente no ondjângo onde o sobado mostra a sua retórica e conhecimentos adquiridos dos seus ancestrais Consideramos ambas vias eis alguns dos nomes locais e períodos das nossas recolha que registamos Nome Local Período Responsabilidade sakayala Mwali sênge Boavista 022001032001 Dondo Moxico Afonso Kangingi Kalweyo 122004 022005 soba do bairro Kalweyo Kaluvûndu Pedro Balombo soba KayoveBenguela soba okeya Keswa 1998 112001 soba Mwâla Ñlênge Agosto2002 Monakimbundu Na verdade perdemos muitas informações sobre as recolhas104 104 optamos três cadernos 1 o primeiro consistia a recolher as características sazonais somáticas e de outros aspectos ligados a habitação mas sobretudo os nomes das pessoas com que fazíamos amizade Desenhamos muitos deles tradutores soba chefes espi rituais mulheres agricultoras etc 2 o segundo consistia em recolha de provérbios expressões frequentes léxicos para ajudar a compreender a língua vocabulários termo em língua local e sua tradução em portuguêsfrancês mas sobretudo em kikôngo 3 nesse terceiro caderno limitamonos a escrever apenas relatos dos clãs linhagens e mi tos de origem do mundo da aldeia etc Agora depois das grandes chuvas de Janeiro As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 53 embora já na altura da redacção aproveitamos as informações directamente ligados ao nosso tema105 salvo Kaluvûndu Pedro que temos a certeza que de estaria ainda vivo106 desconhecemos completamente o destino do resto o soba okeya assim como o soba sakayala Mwali107 eram idosos naquele tempo dos nossos contactos de maneira que não voltamos a vê los em 20042005 nas nossas visitas ocasionais às suas aldeias Naquela altura o sobado em Angola tinhase tornado um interesse politicamente cobiçado de maneira que pouco arriscava de nos fornecer informações das possíveis localizações dos outros narradores quer vivos ou quer mortos Ainda em 20062008 viajamos nessas províncias proferindo palestras nas universidades mas sem sucesso de saber os seus paradeiros Morfologia utilizada em Kikôngo o uso do acento circunflexo indicará a quantidade fónica para diferenciar o valor definicional de alguns termos que sem recurso a este instrumento arriscaremos de considerar papá por Papa Bika dar nome Bîka deixar Sadisa ajudar Sâdisa nenevesa lâmbula tândula Bubu hoje agora Bûbu ki segundo lugar Buka wuka ajudar um doente Bûka quebrar A velha forma mu comprimese em ñ Mukelo ñkelo Fevereiro de 2005 em Luanda perdemos a visibilidade de muitas escritas desses cader nos uma vez que foram escritos com bal pen marca parker Aproveitase pouca coisa senão nada mas felizmente já naquela altura já tínhamos o trabalho já concluído na sua totalidade os dois volumes 105 Apenas preocupávamos em confrontar as versões fornecidas por estermann Luc de Heusch Carvalho Lima Heinstein etc escreviam nas suas obras os seus contos provérbios etc já eram copiosos e explícitos Devemos reconhecer portanto a riqueza infindável de muitos termos utilizados pelos sobas em línguas locais Alguns tradutores ora não sabiam traduzir por deficiência semântica em língua portuguesa ora limitavam se a traduzir analogicamente o uso da estenografia permitiunos reproduzilos e fazer recurso aos dicionários 106 Até a data da redacção deste trabalho 107 encontramos o soba sakayala pela primeira vez na comuna de Funda no casamento da sua filha Mariete senge Barroso Mas as entrevistas para efeito foram direccionadas no bairro de Boa Vista na Ngazi embora o soba ternos dado o seu endereço nunca chegamos a encontralhe no seu sobado As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 54 Muleke ñlêke Mudîmba ñdîmba Mubati mbati Mufuma mfuma Dois i juntos tornamse y e dois u fazem w Kiiîse kyêse Muuâna mwâna Kiiâdi kyâdi Mvuuâma mvwâma Diiâmbu dyâmbu Ñsuuâlu nswâlu Kiiôzi kyôzi tuuâla twâla Nos idiomas antigos ou que apresentam ancianidade g ou h é variante de v nos outros idomas de kikôngo de MbânzaKôngo por exemplo diziase gata ou hata o que se diz actualmente vata gâna hâna passou a ser vâna Contudo g será sempre seguido de h dará gh Gh h em velho Kikôngo tornase v em Kikôngo actual ghata vata ghônda vônda ghânda vânda ghâmbula vambûla ghâna vâna F e S em kikôngo antigo tornamse v e z em kikôngo actual malafu malavu mbêfo mbêvo manzefo manzevo ñlêmfo ñlêmvo mêsa mêza masa maza madêso madêzo ndosi ndôzi vusa vuza kwîsa kwîza Mu prefixo ou pronome do kikôngo antigo tornse ñ no kikôngo actual mukazi ñkazi muti ñti mubati mbati mulasa ñlaza mukâsu ñkâzu bamutêlele wo bañtêlele wo tumutangidi mukânda tuñtangidi ñkânda lumulôbila masa tuñlômbela maza Assinalamos que esta atitude é ligeiramente diferente aos autores acima citados no entanto ambos seriam convergentes esses autores são Karl Laman no seu Dictionnaire KikôngoFrançais Léon Derau com seus interessante trabalhos intitulados Cours de Kikôngo e Léxique kikôngo français françaiskikôngo um livro anónmo com títlulo de Léçons de kikôngo108 publicado a Louvain sem esquecerse de L Declerq com o seu Grammaire du Kiyômbe e finalmente o Padre A Coene Vocabulaire françaiskikôngolatin Que o leitor aceita a nossa humilde contribuição nesse edifício chamado História de Angola 108 Publicado em 1964 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 55 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 55 MAPA DO REINO DO KONGO Fonte Le Royumme du Kongo Kivellieur citado por Thorton LIVRO I GENERALIDADES PARTE I CAPÍtULo i AS ORIGENS I1 Segundo a Tradição Oral o ponto de partida das origens do Kôngo se escutarmos os depositários de tradições orais ancestrais é pior do que uma confusão todavia todos reconhecem que Nsûndi tufila ntu Mbâmba tulâmbudila malu ou Ntu kuna ntându malu mu mayânda ma nzâdi ou ainda Mpânzu ku ntu Kyângala kunnima estas citações constantemente repetidas pelos depositários dos repertórios orais talvez por confusão marcam o movimentomestre segundo o qual os antigos aqueles que são simplesmente descendentes teriam tomado nas ocupações do país Mesmo os Missionários que recolhem as tradições orais no século XVii ou XViii como Bernardo da Gallo António Cavazzi entre outros ouviram estas frases nos Kôngo então tomando o mapa geográfico do antigo Reino do Kôngo conforme debuxado pelos autores observamos logo que Nsûndi fica no Norte Mbâmba no sul e Mpêmba no Centro Por esta via digamos que Nsûndi tem outras equivalências nas quais Mpânzu e Mpûmbu interviram também e Mbâmba mudase com Kyângala pode verificarse nos livros da linealogia de Jean Cuvelier e Joseph De Munck Cf bibliografia Comecemos por explicar estes repertórios dispersos e seus contrastes No seu ilustre Dicionário kikôngofrancês Laman dá os significados a estas palavras que estimamos como raízes de Nsûndi sûnda estabelecerse instalarse residir sûnda acabar cessar terminar sûnda superar ultrapassar ser preferível superior a melhor do que ser o primeiro estar em frente de uma corrida um concurso atravessar a água nadar flutuar As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 62 tomamos NtÂNDU Norte cujas raízes são tânda flutuar nadar passar a nadar ou ir aqui e acolá andar tânda quem é grande tândaba ir aqui e acolá num lugar certo num país tândula largar tornar grande esticar aumentar cercar um país Quanto a Mbâmba e yânda kyângala e Mayânda MBÂMBA bâmba colar fixado pelo barro agarrar fechar apertar bâmbakana associarse juntarse num trabalho apaziguar amizade bâmbakasa enriquecido por bambakana separarse deixarse ir cada um para sua costa YÂNDA mayânda começo origem princípio razão causa fundamento yânduka yândula sentir calor muito calor aquecerse derreter se como a banha ao sol aquecer yândula retomar propagar divulgar KYÂNGALA kyângala suor transpiração calor atmosfera sufocante yângala o que é grande yângalakana não existe no dicionário Laman estenderse retomarse como uma planta trepadeira sinónimo de yânzakana cf Laman estenderse como uma planta trepadeira variante de yânzama yângama verbo de estado de yângika flutuar sobre uma superfície liquida visível estar elevado gigantesco yângama largarse estas contiguidades linguísticas autorizamnos a afirmar que o mundo dos Kôngo não parece começar na Mbâmba mas sim no sul Na verdade isto referese à concepção da cosmogonia dos Kôngo Ma yânda significa o sul para além da origem Portanto lembrese ainda que neste país do sul informamnos essas proximidades linguísticas fazse muito calor tal afirmação é apoiada pelas palavras yânduka e Kyângala Aliás a tradição recolhida por Bernardo Da Gallo e Jerome de As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 63 Montesarchio nos séculos XVii e XViii copiada e também registada por Monsenhor Jean Cuvelier diz directamente que o país onde o primeiro rei Kôngo estabeleceu a sua capital era Nzânza Nkâtu109 esta palavra traduz se literalmente Não teM GeNte gente designando aqui a flora os tradutores da Bíblia apoiamnos verosimilhantemente quando equivalem DeseRto a Nsia Nkâtu110 sendo NZANZA NKAtU uma variante então que deserto o nosso continente tem apenas dois o sahara no Norte e a opção menos contraditória o KALAHARi no sul por outras palavras no MAYÂNDA Na toponímia desta região os autores assinalaram e continuam ainda a assinalar o topónimo de MBÂNGALA111 exactamente na parte meridional de Angola Portanto nos Kôngo a palavra mbângala designa a época marcada pela falta de chuva tempo seco e de grande calor Agosto setembro112 Além disso em Kikôngo conferir nos Dicionários Laman e Bentley a expressão kuna mbângala traduzse por há muito tempo Deste modo a palavra MBÂNGALA ainda guarda as sequelas do seu velho sentido e quando Jean Cuvelier fala de KÔNGoDYAMBÂNGALA NZÛNDU tADi e Jean Van Wing do KÔNGoDYAMBÂNGALA como país das origens113 segundo foram informados a língua portanto confirmao literalmente Desta maneira perguntamos resumidamente onde se situam as origens do Kôngo De acordo com os elementos da língua aqui analisados essas origens começam no Kalahari inferior onde encontramos uma região chamada MBÂNGALA pelos antigos etnógrafos Delachaux por exemplo assinalao no seu livro Hoje esta região é povoada pelos Umbûndu Côkwe Nyaneka e Nkúmbe os elementos da língua confirmam114 que 109 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda Tumba 1972 4 edit pp121721333738 114 edição de 1953 110 Cf a Bíblia versão Kikôngo publicada pelos missionários Ingleses Evangelho Segundo São Mateus41 111 Delachaux Th Lethnographie de la region de Cunene Neuchatel 1936 pp89 112 Cf o dicionário Laman kikôngofrançais Ver especialmente a palavra mbângala e os co mentários do autor Bentley no seu Grammar of Kongo language especifica os sentidos da região de MbânzaKôngo San Salvador 113 Nkutama mvila za makanda mu nsia Kôngo 1972 p24 Cf o patrónimo Mbùkua Mvêmba Nkêngea Mbùku bena ku Zômbo Van Wing J Etudes Bakôngo I Histoire et Sociologie Goe maere Bruxelles 1921 p155 114 As análises de Professor Edwar Sapir aumentam a credibilidade nos elementos da língua porque até então eram isentos ou salvos das intenções subjectivas Isto é um documento As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 64 mbângala quer seja palavra abstracta há muito tempo ou realidade climática é a oRiGeM do Kôngo e que o país teria sido constituído aí pela primeira vez Assim foi provavelmente nessa região que se fortaleceram as amizades e as fraternidades a fim de evitar ou prever outros turvos Na mesma altura tudo indica que teria sido aí mesmo que pela primeira vez houve cismo cujo objectivo parecia ser a extensão o alargamento do país assim como o sentido da palavra yângama e yândula acima mencionada Fig1115 Do outro lado Nsûndi e Ntându segundo as suas raízes sûnda estabelecerse instalarse findar acabar e tândaba ir aqui e acolá demonstram uma sequência e conclusão de uma obra ou fim de uma História Ademais para os Vîli cidadãos de Lwângu a palavra Nsûndi significa uma instalação116 histórico vivo e credível A esta referência aconselhamos os volumes I e II de Benveniste Vocabulaire des institutions indoeuropéennes Editions de Minuit Paris 115 Figura desenhada por Raphaël Batsîkama ba Mampuya ma Ndwâla no seu manuscri to intitulado Histoire du royaume du Congo enseignée au moyen de sa propre toponymie Le cas du Territoire de Kinsâsa 116 Podemos consultar outras lexicografias tal como Bittremieux les sociétés secrètes de As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 65 Vamos abrir parênteses para explicar a palavra LWÂNGU lu prefixo que significa acção e vângu que deriva de vânga isto é fazer formar acabar cumprir determinar e terminar Assim Lwângu em relação a Kyângala mesma raiz e sentido que mbângala Mbâmba também consta nesta lista se bem que com raiz diferente cujo sentido é o começo a origem parece de forma verosímil precisar a obra de Kôngo como FUNDAção Do PAÍs DeLes Lwângu está localizado no Norte e Mbângala no sul esta é outra prova evidente que Lwângu semanticamente significa fim Norte em relação a Mbângala que é o começo sul Fechemos parênteses Como afirma Denis Paulme baseandose nas vicissitudes das línguas Bantu as tradições indígenas são confusas indicam entretanto que além dos reinos de Loango e do Congo os estados poderosos foram constituídos com as soberanias de origem comum Por causa da cisão as migrações sob conduta dos membros da família reais117 propagariam a mesma civilização do próximo ao próximo118 No século XV o Loango e seus tributários foram submetidos ao soberano do Congo ou Manicongo cuja autoridade se estendia desde Sette Cama do Norte até ao Alto Zambeze119 Denise Paulme apesar de ser cientista que já mereceu o direito nas civilizações africanas escreve estas linhas tendo em mente todas as ironias a respeito da tradição oral Até mesmo o grande historiador africano Joseph KiZerbo Histoire de lAfrique Payot Paris 1979 pensava da mesma forma isto é que a tradição oral por ter conhecido muitas alterações deve ser escolhida e peneirada Várias vezes a falta de método compatível obriga qualquer cientista até sapiente a pensar desta forma Portanto ao afirmar que a autoridade de Manicongo ou melhor Mani Kongo foi reconhecida em Alto Zambeze Yambesi indica uma ligação entre o Reino do Kôngo e esta região os povos daí são Côkwe Umbûndu e até Nyaneka e Nkûmbe Alto Zambeze situase no Kalahari inferior sic Voltaremos a estudar nos subcapítulos seguintes as afinidades e filiações Bakhimba além de Laman e Bentley que fizemos constante referência 117 Podese consultar o historiador Congolês Raphaël Batsîkama um dos autores que escreveu sobre a estrutura social dos Kôngo assim como as funções de cada classe ou família Kôngo Voici les Jagas ou lHistoire dun peuple parricide bien malgrè lui oNDR Kinshasa 1971 118 Sublinhado por nós 119 Paulme D Les civilisations africaines PUF Paris 1961 p54 Uma outra obra de re ferência é a do Baumann e estermann Les peuples et les civilisations de lAfrique Noire Payot Paris As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 66 entre KôngoCôkwe KôngoNyanekaNkúmbe e KôngoUmbûndu I2 KôngoCôkwe Afinidades ou Filiações Para qualquer antropólogo Kôngo e Côkwe são dois grupos etnolinguísticos diferentes Para o linguista cada grupo evolui junto com o seu quadro geográfico o historiador acredita que os dois grupos além de evoluírem em zonas diferentes têm origens heterogéneas Apesar destes pontos de vista os especialistas não ignoram os laços de parentesco entre os dois grupos Bantu I21 O País das Origens Dizem que Côkwe e Lûnda coabitaram nas origens em iKo ou KoLA120 A palavra iKo significa LAReiRA em português escreve Albino Alves no seu dicionário No entanto no Dicionário UmbunduPortuguês escrito pelo LGuennec e Valente podemos verificar mais sentidos de iKo FoGo LAReiRA ou LAR121 Porém iKo não é o único termo os Côkwe falam também de LUNDU nyi Senga122 A expressão otjiLUNDU significa em Côkwe e também em Umbùndu aldeia abandonada há muito tempo ULUNDU ou ovoLUNDU Côkwe e Umbùndu designa a montanha onde se vai buscar ou se queima a lenha ou lugar montanha onde se fabrica carvão okaLUNDU quer dizer cemitério que é sinónimo de KeMA isto é ser carbonizado ou pintar em negro utilizando o método de queimar123 I22 A Localização deste País MarieLouise Bastin e M Lima pensam que os Côkwe vêm de tanganyika de Leste de acordo com o repertório oral este Leste dizse NGANGeLA eis como reza a tradição ku Ngangela tangwa cicamene Ku Luanda cangoloshi124 ou seja a Leste vem o sol e vai dormir a oeste traduzimos isso literalmente por NGANGeLA onde o sol nasce 120 Matadiwamba PhelendeKhobo et lespace lunda CEEBA Bandundu 1988 pp4 6 7 121 Dicionário etimológico BunduPortuguês p205 Lunda Côkwe estão incluídos neste léxico inclusive as línguas meridionais de Angola cuja influência emerge dos países vizinhos 122 Lima M Les fonctions sociologiques p116 123 Alves A op Cit p584 Ver também a palavra lùndu no dicionário de Barbosa dicio nário CôkwePortuguês 124 Bastin ML Art decoratif des tshokwe pp 272273 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 67 e LUANDA onde o sol vai dormir Bastin Lima e outros são letrados e passaram pelo banco da escola onde aprenderam tanto como nós que o sol nasce a Leste eis a razão pela qual no seu entender NGANGeLA se traduz aqui por Leste Portanto como podemos ver Luanda aqui não significa oeste o que demonstra que NGANGeLA significaria outra coisa A lógica quer a região contra a região e o ponto cardeal contra o ponto cardeal como sempre foi Ngàngela de N de gànga e de la o primeiro é prefixo o segundo a raiz e último o sufixo Albino Alves com o Dicionário Umbûndu e Adriano Barbosa com o Dicionário CôkwePortuguês125 escrevem que o verbo ganga significa brilhar cintilar propagar o fogo da vista ou olhos e ser cruel o sufixo la hala marca a acção Assim NGANGeLA significaria onde se faz muito Sol sol este o fogo primitivo reza a lenda126 Leste é um dos sentidos Como região confine a iKo KoLA LUNDU e MBÂNGALA porque tem sentido de proveniência da origem do sol127 ora onde se localiza este país onde origina o sol Nas suas pesquisas Lamal constatou que os Bantu que se formaram no círculo zimbabweano seguiram os rios conforme a direcção destes últimos e fundaram reinos perto das águas o autor sublinha que os grandes rios que serviram de migração correm do sul para o norte desde o Kalahari inferior até nas caídas do rio tsàkàla Mumvîdia128 Kalahari deserto ora Ngângela de onde vem o sol é um lugar árido Na actual geografia no Kalahari inferior encontramos nascentes de águas fontes portanto um dos sentidos da palavra Ngângela é a nascente do sol Assim fazem boa correspondência deserto sol calor região árida os Kôngo localizam Mbângala origem deles no mayânda sulcalor Delachaux situa esta Regiãosulcalorsol no Kalahari inferior justamente 125 Alves A op Citpp272273 e Barbosa Op Cit ver yânga terreno quente e os verbos derivados 126 secretariado de Pastoral Ngangela O mundo cultural dos Ganguelas Diocese de Me nongue 1997 ver as lendas estermann C Etnografia de Sudoeste de Angola II Grupo étnico NhanecaHumbe Junta de investigações de Ultramar 1957 Redinha J Etnias e Culturas de Angola instituto de investigação Cientifica de Angola Luanda 1975 ver as étnias do sul e nãobantu como os etnógrafos lhes chamam 127 existe uma boa explicação sobre o sol terra quente das origens Normalmente o sol provoca a quentura o calor e por esta razão relacionase naturalmente com terra quente ou deserto Um duplo uniforme é o signifié e o signifiaint presente nos seguintes livros saussure F Cours de linguistique générale Payot Paris 1964 Nadel sF La théorie de la structure sociale editions de Minuit Paris 1970 Gougenhein G Les mots français et dans la vie Voli Portíco Fodor i The rate of linguistic change Londres la Haye Paris Mouton Cie 1965 Coseriu e O homem e a sua linguagem Presença Rio de Janeiro 1987 etc 128 Lamal Fr Basuku et Bayaka des districts Kwango et Kwilu p6 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 68 na região de que fala Lamal os elementos linguísticos indicam que Kôngo e Côkwe parecem ter as origens idênticas de um mesmo país I23 O Primeiro Rei I23 a Côkwe Kònde amaldiçoou seus filhos assim como as suas descendências deserdouos e proclama que doravante a sua filha sucederlheá Quando sentiu a morte bateu à sua porta confiou ao seu irmão a bracelete símbolo do poder recomendandoo de transmitir a Lueji Kònde foi enterrado debaixo do rio sAKALeNDe seu irmão convoca os Nobres tubùngu que vão ratificar a decisão do defunto129 insistimos no termo sAKALeNDe Uma primeira hipótese é que este antropónimo significa PAi De KALeNDe sA partícula que significa pai e KALeNDe alguém que é lento e preguiçoso derivando do verbo lendelela De acordo com as versões a respeito deste evento eis o que a nossa humildade pensa ser uma verdade histórica saka deriva de saka isto é agitar um líquido no vaso ou objectos no cesto adivinhar oscilar e vacilar o cesto130 Podemos verificar no dicionário de Adriano Barbosa que sâkula derivado de sâka significa escolher seleccionar tirar de lado excluir e eliminar e sâkalwila de sâka designa tratar medicinalmente sem sombra de dúvida verificase aqui a questão de NGÂNGA Padre ou alguém desta classe dos sacerdotes Lende deriva de lende ou seja nuvem confusão turvo Adriano Barbosa escreve no seu dicionário que lende significa ser preguiçoso sem actividade e lento o autor assinala também que é uma velha forma e pouco usada este sentido é largamente confirmado pelos verbos 1 lendila ser ou ficar muito tempo sem obra ou cobrirse de nuvens 2 lendelela sujeitar ou submeter este termo referiase a Rueji uma vez que foi muito antes proclamada como sucessora Portanto estava ainda lenta isto é sem 129 Versão de Duysters citada por Luc De Heuch Le roi ivre ou lorigine de létat Galli mard Paris 1972 130 Ver nos dicionários de Alves e Barbosa As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 69 trabalho sem actividades e isto dizse em termo bantu da sacralogia ela estava coberta de nuvens ora para sair deste estado foi necessário a intervenção de sAKA LeNDe ou melhor Nsaka ja Lende como o sentido literal do nome o refere quem trata da medicina tradicional quem agita os preguiçosos etc Assim de acordo com as versões acerca desta história sem o sacramento eou a intervenção de Nsaka ja Lende nunca Rueji sucederia a seu pai I23 b Kôngo Houve uma grande confusão na Corte e Nsâku Ne Vûnda resolveu a situação do seguinte modo quem pretender suceder ao trono deve doravante ser baptizado pelo sacerdote Nsâku Ne Vûnda sem o gesto através do qual nenhuma legitimidade será reconhecida131 assim traduzimos o extracto de uma tradição recolhida pelo Monsenhor Jean Cuvelier Na localidade de MbânzaKôngo a tradição assinala a existência de uma autoridade de carácter religioso possuindo os poderes mágicos e qualquer candidato para dirigir deve necessariamente adquirir o seu apoio sem o qual nenhum poder será reconhecido sem o seu consentimento nenhum rei pode reinar132 assim diz Dos santos Passamos às similitudes sÂKA significa tal como Nsâku aquele que consagra que administra um sacramento a alguém a pessoa que abençoa este Nsâku dos Kôngo lemos acima possuía os poderes mágicos de carácter religioso acrescenta isto relacionase bastante com sÂKA Côkwe que trata de forma medicinal ou que agita os preguiçosos Ninguém se esquece que a terapia no mundo bantu requer os poderes sobrenaturais na pessoa do praticante Quanto a LeNDe Rueji estava lenta sem actividade e sem trabalho o que significa que ainda estava coberta das nuvens eis a razão pela qual foi necessário a submissão lendelela observamos que nos Kôngo este LÊNDe deve na lógica corresponder a VÛNDA cujas raízes derivam de 1 repousar descansar ou tomar um tempo para descansar 2 estar desempregado ou tomar o seu tempo sem nada para fazer Como nome de uma pessoa escreve Laman no seu famoso Dictionaire KikôngoFrançais dizse também de uma pessoa gravemente doente ora o sentido de Côkwe de sAKALWiLA completa esta ideia Kôngo exposta pelo Laman Rueji significa em Côkwe quem se quer inabordável impagável 131 Cuvelier J Nkutama opcit p114 132 Dos santos e Maza edição do Autor Lisboa 1965 p57 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 70 que não quer133 ora Luezi em Kikôngo lemos nas lexicografias é uma pessoa que não quer trabalhar134 sinónimo de Lukenyi que quer ser inabordável alguém que ninguém pode tocar 135 I3 KôngoNyaneka I31O País das Origens Na oralidade os Nyaneka pensam que são donos das localidades que ainda ocupam Mas revogam o país das origens como uma região deserta porém cheia das nascentes A seguir enumeramos certas palavras que indicam o país das origens eiKo iKo ou eKALA significa lar origem materna família da mãe mas também FoGUeiRA Como podemos observar a mesma palavra que significa oRiGeM também está ligada ao FoGo CALoR e FAMÍLiA oMANtHiYA136 quer dizer LAR ou LAR FAMiLiAR onde o fogo aceso durante a noite reúne todos também designa as pedras de suporte para as panelas137 o lar ou lugar onde o fogo reunificado é aceso chamase oMANtHiYA e fogo em si é eiKo ou iKo ou seja eKALA Curiosamente tîya raiz da palavra nyaneka significa quente em Kikôngo Desta vez uma mesma palavra liga astrêspedrassuportes daspanelas e a família eHoKo iKo eKANGeLA Ngângela e etUNDA são palavras diferentes que significam deserto aldeianãohabitada terra abandonada e até uma montanha ekolo Digamos que um outro 133 Ver Matadiwamba op cit 134 Luezi de Lu e de Hezi ou Yezi pagina 1131 do Dicionário Laman outros nomes são 1 Lukeni Lukenya isto é quem não quer comer a carne do verbo kenya pag233 do dicionário Laman desgostar fazer pouco desprezar etc 2 Ngôngo nome de mulher escreve Laman na página 422 do seu dicionário É nome de mulher que não quer 135 insistimos muito no dicionário de Laman porque parecenos o mais completo sobre as lexicografias do kikôngo que ainda existem também qualquer investigador que lê as suas colecções sobre The Kôngo confirma que o autor merece essa atenção bibliográfica particular que lhe demos Uma das razões é que Laman terá formado etnógrafos do Kôngo que tiveram a tarefa de escrever a etnografia do seu país Mais de 500 cadernos da etnografia permitiram a este último escrever The Kôngo assim como as minuciosas explanações no seu dicionário No entanto salientamos que thi equivale ligeiramente a ci mas também a thi para um tii prolongado 136 Reproduzimos aqui a ortografia do António autor do dicionário que consultamos 137 Makukwa em Kikôngo Mais à frente debateremos sobre a significação semântica e a sin taxe da palavra na frase assim como a sua significação sociológica histórica Vide Capítulo II3 Etapas subsequentes As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 71 sentido da montanha é reduzidamente a pedrasuportedaspanelas No sentido da montanha cujo oMPHUNDA é sinónimo existe várias lendas de origem Deste modo reza a tradição que a vida iniciou entre três montanhas assim como a comida começa antes de mais entre as três pedrassuportes Um entre milhares provérbios lembralhes isso enanthiya like kalinthiki mbiya ou seja uma só pedra montanha não pode sustentar a panela os Kôngo dizem makukwa matatu malambe Kôngo o País do Kôngo foi fundado pelas três pedras suportes da panela Nesse provérbio a palavra enanthiya significa entre outros família e montanhapedra suporte Como será explicitado mais à frente makukwa corresponde a enanthiya De outro modo partindo desse provérbio notase de que os Nyaneka parecem acreditar que a sua sociedade fundamentase em três famílias ou três linhas principais onde o povo se identifica como cidadão oKAAYA designa a terra sagrada argila branca para unção ritual A lenda diz que a argila branca é símbolo dos ancestrais onde encontrar Pergunta uma adivinha Depois do fogo se apagar responde a sabedoria ancestral ou outra resposta mas vulgar a terra branca foise com o vento Okaaya kaya nofela quando a adivinha é onde vivem os bisavôs já ninguém consegue ir para lá viver Porquê oUtUNDiLo significa nascente do sol na linguagem corrente o sol é ekumbi ou etango A palavra deriva de tunda ou seja aparecer unicamente para o sol outro sentido é de DeseRto ou UMA ALDeiA iNABitADA mas que já terá sido habitada anteriormente A palavra tem a mesma raiz que MoNte oMPHUNDA em resumo a concepção bantu estipula que a família é origem de toda a sociedade ora as palavras aqui usadas são eiKo iKo eKALA isto é Kola dos Kôngo ou Ikola Côkwe Neste último grupo otjilundu138 também é Umbundu significa uma aldeia abandonada há muito tempo Como referência citamos etUNDA outundilo nascente do sol que em NyanekaNkumbe significa a mesma coisa A Base de elevação de terreno chamase eKoLo A Causa foi por causa dele OKOMBANDA yae dizem os Nyaneka isto é oMBANDA significa causa sinónimo de base também se utiliza o verbo kombanda 138 Ocitûndu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 72 como FUNDAR139 Na verdade oMBANDA tendo estes sentidos significa a mesma coisa que MAYANDA dos Kôngo o bilabial ma o velar ya produzem geralmente MBA se bem que mbânda significa CiMA homem que vem do céu e a crença dos Nyaneka140 Pelo menos temos um testemunho de que a causa ou a base da sociedade não foi apenas eKoLo mas também oMBANDA que em Kikôngo teria mayânda como variante ou metamorfose morfológica Ambos os termos significam origem Assim nesta amálgama de iko Côkwe Mbângala ou Kôla Kôngo ekangela NyanekaNkumbe para significar DeseRto a semântica extensa revela que o lar primitivo iKo está ligado ao clima ou à região árida Mbângala kúna Mbângala dizem os Kôngo para indicar há muito tempo que intervém nas expressões além de significar clima caracterizado pela ausência das chuvas confirma que eKANGeLA e NyanekaNkumbe designam as oRiGeNs onde estaria localizado este país das origens os Nyaneka e os Nkumbe localizamse nessa região chamada MBÂNGALA pelos antigos etnógrafos ver Delachaux É um deserto um pouco húmido Portanto mais ao sul temos a continuação do Kalahari e NyanekaNkúmbe que segundo quase todos etnógrafos desde estermann Westernam e Baumann os primeiros ancestrais vêm do actual oNDiVA A tradição é tal que esta região é caracterizada pelas fontes ou nascentes dos rios É verdade que oNDYiViNDYiVi significa fonte nascente de água ou melhor terreno restrito onde rebenta facilmente e por isso geralmente cheio de poços Nesta região do sul de Angola inclusive o Norte da Namíbia Botswana e sudeste de Zâmbia encontramos muitos poços e fontes de água e lá temos um clima desértico húmido eis alguns poços e fontes de água que podemos encontrar Kushi Kwebe Kwîtu Kwându Kwânza Huvala Quembo Lomba Utembo Luengue Liana Mussuma Lwanguinga Keve Kwîlu okavângu Yambesi Cunene entre outros A semântica de alguns desses rios indica a formação do país tais como Kwîtu Kwându Lomba Lwanguinga okavângu Yambesi Virgílio Coelho ao estudar os elementos da língua a respeito das origens Kimbùndu afirma junto aos repertórios orais que pelo menos uma palavra serviu para designar o povo inteiro pela primeira 139 Assim escreve António Joaquim da silva no seu dicionário Nhanecaportugues lya KoMBANDA yonkhanda ei ndyikaikiloko ongeleya yange isto traduzse por é sobre esta rocha que FUNDARei a minha igreja Ver a palavra FUNDAR e FUNDAMeNto 140 A crença é também Zûlu shona swana etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 73 vez este termo traduzse por AMiZADe PAReNte e ADeReNte esta é a opinião dos Lunda Côkwe na opinião de Vansina Vamos tentar explorar a correspondência linguística Nyaneka e Kôngo com objectivo de tentar interpretar esta ideia no entender dos KôngoNyaneka Amizade em Nyaneka traduzse por Oupangi No entanto deriva do verbo pangiya ou seja fabricar criar construir formar algo família casa e tem a mesma raiz que Lwânguinga e okavângu Aliás parente em Nyaneka dizse oMBUNGA ou ainda wotyikumba Ombunga vem do verbo hungu tunga lunga isto é fabricar criar formar modelar É curioso ver que conquistar se traduz também por sokola além de punda e hakana ora sokola kolesa kolisa ou simplesmente kola significa criar fabricar fazer formar e construir sinónimos de pangiya e ombûnga Tumbunga somos parentes dizem os Nyaneka A filologia informanos de que esse facto de ser parente resulta eventualmente dos pactos de casamento isto é fabricar ou formar uma família141 o caso não é diferente nos Kôngo Mpângi quer dizer amigo ou irmão e deriva do verbo vânga que significa criar fabricar formar etc eis o porquê se adoptou logo Kôngo como nome de país Porque significa unidos juntos e deriva do verbo kônga ou kôngesa ou seja juntar unir pôr junto misturar fazer círculo e inclinar É sinónimo de kolesa kola que significa cercar inclinar formar um círculo construir fazer uma barragem ou círculo Aliás kôngola em Nyaneka sinónimo de toteka designa juntar e unir muitas pessoas Como veremos mais tarde relativamente aos Monarcas do Kôngo o título de NtÔteLA evoca que o rei deve preservar a união sendo deste modo a pessoa que simboliza a união do povo 141 sentido literal e sociológico do casamento Portanto esse sentido reenvia a conquista das terras conforme se fazia antigamente Voltaremos mais tarde ao capítulo que aborda o casamento como vestígio das origens As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 74 Fig2142 As palavras parecem dizer mais Pangana em Nyaneka traduzse por ficar MUITO TEMPO UM TEMPO CONSIDERÁVEL isto é equivalente a Kuna Mbângala nos Kôngo OUMPANGI afirma que AMIZADE terá sido o resultado de muito tempo de convivência das populações que se teriam finalmente juntado Desta maneira tornase difícil acreditar num 142 Figura da autoria de Raphaël Batsîkama ba Mampuya ma Ndwâla no seu manuscrito intitulado Histoire du royaume du Congo enseignée au moyen de sa propre toponymie Le cas du Territoire de Kinsâsa As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 75 simples acaso sobretudo quando a expressão nos tempos antigos se diz em Nyaneka kohaleale ou simplesmente kohale ou kola Kola designa como já vimos atrás o país de origens tanto nos Kôngo como nos Côkwe e Nyaneka essa correspondência ensina que a AMiZADe foi a base das novas sociedades que se criaram depois das conquistas eis o porquê de a AMiZADe e PAReNte terem as mesmas raízes que FABRiCAR a sociedade JUNtAR as pessoas MistURAR diferentes povos ou MUito teMPo De igual modo encontramos rios com nome semelhante como por exemplo Okahangulu okavangu Lwangingua Yambêsi Kwuito Kwilu Kuhandu Kwându143 semanticamente esses rios citados precedentemente são testemunhos das origens ou melhor das amizades criadas Adágio afirma que as árvores indicam as proveniências e os rios lembramnos das nossas infâncias origem embondeiro e figueira foram algumas das árvores que depois de fundar uma região tiveram de ser plantadas a fim de testemunhar a amizade como origem comum dos fundadores os rios portanto pelo facto de fornecer água para beber banhar pescar cultivar e outros trabalhos domiciliares de primeira necessidade são muito especiais Por essa simples razão lendas e mitos das origens não se esquecem de mencionar nomes de rios isto porque os mesmos rios que marcaram as primeiras sociedades foram neste caso imortalizados ou antropomorfizados personificados através de canções de ritos de pesca de agricultura da infância etc Falando das características deste país notamos que a palavra CRiAção em Nyaneka traduzse também por ePoMBo eHoMBo A mesma palavra ou melhor ainda ONDOMBO designa em geral os dias de calor antes da chuva Na verdade é curioso notar que além de NDYiVi NDYiVi ondyiva os Nyaneka têm outro termo que designa estes poços de água geralmente com NASCENTE isto é cacimba oNYoMBo ora como iremos ver CAsAR ou casamento é na nossa humilde opinião uma das palavras mais adequadas para explicar as primeiras fundações dos países144 em princípio a família é o núcleo da sociedade Deste modo 143 Okahangulu vem de vanga hanga isto é criar fabricar fazer em Umbûndu Nyaneka Kimbûndu e Kôngo Lwangingua deriva de Lu e de hangiya pangiya fabricar criar modelar fazer Yambesi de yambesa hambeka criar formar inventar Kwitu de Ku e de hitu fabricar com as mãos uma estatueta de argila vermelha Kwilu de ku e de hila onthyila Nyaneka criar fazer Kuahandu Kwându de ku e de handu começar prin cipiar e handyana em Nyaneka quer dizer estar abandonado falando de uma terra tal como hidrónimos testemunham tratase das origens 144 ora em NyanekaNkumbi o casamento os dias de calores e criação dizse onyombo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 76 na concepção dos Nyaneka Kimbûndu Umbûndu Côkwe e dos Kôngo esta família começa pelo acto de CAsAR isto é juntar duas pessoas diferentes misturar duas famílias eis a razão pela qual o casamento é um assunto não de duas pessoas mas um engajamento de toda a sociedade CAsAR dizse HoMBoLA tendo a mesma raiz que a palavra que significa Poço De ÁGUA geralmente com NAsCeNte e Dias de CALoR antes da chuva também caracteriza a actividade das origens a palavra caçar yômbela em Nyaneka e curiosamente dizse kônga em kikôngo I4 KôngoUmbûndu Na linguagem dos Historiadores dos Linguístas dos Antropólogos entre outros o Kôngo ocupa a região entre o Atlântico e o rio Kwângu desde Kwânza no sul até nos confins do Planalto central no norte Portanto Umbûndu145 são no entender dos mesmos especialistas um conjunto de etnias meridionais de Angola mas que encontramos em grande mistura antropológica nos grupos Côkwe Lûnda Ngângela etc146 I41 As Palavras Também Têm a Sua História Quando nomeio o objecto cadeira estou a referirme a todas as cadeiras que existem na minha casa mas também às cadeiras do restaurante ondombo ou opombo que são fonologicamente variante tendo no então o mesmo valor semântico 145 Umbûndu ou Mbûnda Na opinião de um dos autores angolanos que tem estudado sistematicamente o povo os falantes da língua umbùndù povoam hoje uma área de Angola muito maior do que o planalto central como é do conhecimento de todos em Benguela é a língua dominante em boa parte do Kwânzasul é a língua dominante no Kwânza Norte era já segunda língua há pouco anos atrás toda a parte norte Huila mesmo a que não pertence ao núcleo histórico antigo dos ovimbùndù está com forte in fluência da língua umbùndù o KuandoKubango também in Ngola revista de estudos sociais Luanda 1997 p197 146 Conferir os seguintes autores Redinha J Distribuição étnica de Angola Fundo de turismo e Publicidade Luânda 1975 ver Umbûndu ovimbûndu Kimbûndu Altuna RRA Cultura tradicional Bantu Cooperação Portuguesa em Angola Luanda 1993 ver Umbûndu e Kimbundu santos e Sobre a religião quiocos Junta de investigação do Ultramar Lisboa 1962 ver a situação geográfica dos Côkwe Dinis J o F Etnografia dos povos de Angola Luanda 1918 ver os bantu do sul e nãobantu Felner A A Angola Apontamentos sobre a ocupação e inicio do estabelecimento dos Portugueses no Con go Angola e Benguela extraídos dos documentos históricos imprensa da Universidade Coimbra 593pp VinteeCinco G Os Kibalas Sua origem e tradição NúcleoCentro de Publicações Cristãs Queluz 1992 Lima M Os Kiaka de Angola ed tavotra redonda Lisboa 1989 etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 77 ou da igreja às de agora ou às do passado às ricamente trabalhadas ou às mais simples e humildes147 isto significa que as palavras são arbitrárias e convencionais logo não mentem em si e são documentos históricos por excelência Banal De acordo com o Direito feudal os habitantes de um mesmo senhorio foram obrigados a utilizar a moagem o forno o lavador entre outros do senhorChefe consoante uma licença estes objectos foram então chamados de forno banal moagem banal lavador banal etc porque designados dessa maneira precisam de um ban isto é proclamação política Como todos os habitantes se dirigiam para lá a palavra banal foi retomada no século XViii com os sentidos de comum UtiLiZADo PARA toDos e seM oRiGiNALiDADe Falemos então dos títulos administrativos dos Mbûndu Na linguagem de Joseph Miller esses títulos não somente concernem os Umbûndu mas também os Kimbûndu Vamos tentar colocar os sentidos do Kôngo de lado a fim de favorecer ao leitor um julgamento livre afinidades filiações os dados vêm do livro O poder político Mbundu O parentesco nos Umbundos escrito pelo Joseph Miller 1 KotA tÍtULo Mbûndu os velhotes de uma linhagem a quem são confiadas as posições titulares de linhagem são os dignitários da Corte que servem o rei sendo eles constantemente eleitores das autoridades reais em Umbûndu as raízes são Kòta adquirir guardar Kòta acabar terminar dar fim a Kòta exorcizar expulsar o espírito ou o demónio de uma doença em kikôngo Kõta vem de Kôta engajar a impedir uma batalha pôr obstáculo Kôta custar valorizar junto Kôta exortar advertir persuadir 147 F Alves J Arêdes J Carvalho Introdução a Filosofia Pensar e Ser texto editora Lis boa 1997p11 Poderá também conferir com mais explicações o livro de P Fouliquier Traité élémentaire de Philosophie segundo volume Lógica ou ainda J Piaget Lógica e Conhecimento Cientifico Livraria Civilização editora isboa pp1618 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 78 Khôta no Mayômbe significa ResPoNsABiLiDADe De acordo com os sentidos acima enumerados os Makhôta pertencem à linhagem dos Nsâku Ne Vûnda isto é à linhagem dos sacerdotes que consagram as Autoridades logo depois da eleição148 entre 17911795 Raimundo Dicomano assinala que cada senhor Chefe de Bânza capital e libâta aldeia possuía um MACotA velhote conselheiro um MANi PÊMBA idoso ou um JusticeiroMajor Quando surge qualquer dificuldade entre o povo é a pessoa indicada que examina a causa pondo as duas partes em acordo149 Assim os sentidos Umbûndu e Kikôngo complementamse mutuamente exorcizar por exemplo que é Umbûndu confirma que os Makôta Kôngo foram realmente MANi PÊMBA como reza a tradição são os membros da família dos Nsâku Ne Vunda eXoRCiZAR era um dos atributos das funções dos Nsâku na sociedade Kôngo antiga150 2 KiLÂMBA tÍtULo dos reis Pende como subgrupo ovimbundu que governavam antes da chegada dos iMBÂNGALA o radical é lâmba que segundo Alves é o nome dado a uma pessoa amável querida bondosa e simpática151 em kikôngo lâmba é transitivo uma vez que além de significar estenderse alargarse quer também dizer DURAR MUito teMPo o mesmo verbo significa pensar reflectir profundamente e meditar Hâmba cujo kâmba é variante significa a mesma coisa em Kimbûndu Não é surpresa que Kilâmba venha a significar uma pessoa amável porque na era da fundação dos reinos bantu a AMiZADe estava na base das preocupações antes de fazer as pazes num país conquistado LÛNDA por exemplo significa AMiZADe pelas mesmas razões dizem os autores152 o sentido de DURAR MUito teMPo é próprio da noção de autoridade no mundo bantu153 o princípio do poder baseiase no sangue 148 Randels WR Lancien royaume du Congo des origines au XIX e siecle p40 149 Jadin L Relations sur le Congo du Pere Raimundo Dicomano in Bulletin des Seances de lARSC t iii fasc 2 p330 150 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda mu nsia Kôngo tumba 1972 ver Nsaku Ntûmba Mvêmba 151 Ver o dicionário p465 152 Jan Vansina resume os etnógrafos missionários comerciantes que relatam isto a saber Duysters Dennis Carvalho etc 153 obenga th Les Bantu Peuplescultureslangues Présence Africaine Paris 1985 p109 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 79 de uma família derivado do ancestral principal Nos Kôngo apenas os Nzînga podiam governar antes da descoberta de Diogo Cão Nzînga Nkûwu por exemplo é uma prova A palavra Nzînga vem do verbo zînga que significa viver muito tempo durar muito tempo persistir durante muito tempo etc e foram eles as elites154 das migrações Denise Paulme mais atrás numa citação que fizemos escrevia as migrações sob conduta dos membros da família real155 No que concerne o sentido de MeDitAR e ReFLetiR existe também correspondência em kikôngo MFÛMU significa AUtoRiDADe e CHeFe Deriva portanto de fûmuna isto é sentarse com a mão sustentando o queixo ou bochecha meditar reflectir fazer exame da consciência pensar o título KiLÂMBA lemos atrás é herança dos Mbùndu da parte dos Pende antes os iMBANGALA os Pende dizem que os ancestrais são cidadãos de iMBÂNGALA MPÂsi ou de KÔNGoDYAMBÂNGALA156 Assim já sabemos a cidadania deles imbângala Mbângala de acordo com a tradição era o país das origens de BesiKôngo Assim eles seriam Kôngo na mesma lógica comparativa que os Portuenses são Portugueses Lamal explica isso na sua obra sobre os Basûku e as populações de KwânguKasayi 3 LUKANo bracelete lùnda símbolo da autoridade real escreve Joseph Miller No século XViii os europeus que estavam a compor as lexicografias notaram que em Mbùndu bracelete traduzse em malùnga157 Adriano Barbosa faz malùnga e lùnga e Alves lùnga 154 Éclaireur em francês o mostrador de caminho soldat qui éclaire la marche dune troupe in Larousse 2007 155 Cf Batsîkama R Voici les Jagas ou lHistoire dun peuple parricide bien malgrè lui ONDR Kinshasa 1971 os besiKinzinga eram os únicos autorizados a dirigir as migra ções Jean Cuvelier transcreve Mazînga tona Mazînga é hiena explorador ou mar chador que reúne todos os imigrantes in Nkutma mvîla za makanda um nsia Kôngo tumba 1972 4ª edição ver o patrónimo Mazînga 156 Cf Lamal Fr idem p1729 No século XiX HA Carvalho esteve nas terras dos Alùnda e nas suas pesquisas passou a investigar os Umbùndu como subgrupo dos Alunda ver Etnografia e História tradicional dos povos Lunda Lisboa 1890 pp5878 Duysters não só fala dos Alunda mas também dos imbângala como um dos subgrupos Lunda Ver Histoire des Alunda in Problèmes dAfrique Central 40 pp8186 Além disso remar camos a existência em ambas as partes de vários subgrupos que infelizmente os auto res dissociam por falta de domínio de língua Kyaka por exemplo é chamado Guiyaca Haka chaga Jaga etc No entanto os mesmos autores reconhecem fortes afiliações além do uso das línguas idênticas 157 Anónimo Pequeno arte contendo algumas regras necessárias para o estudo pp99 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 80 para qualquer bracelete como jóia estes autores precisam que o mesmo objecto se chame LUKANO quando é insígnia de poder Neste caso o que significa então a palavra em Umbûndu como em Côkwe recolhemos os mesmos sentidos um problema duvidoso um processo uma resolução a um crime premissa decisão de um defunto etc158 em kikôngo nkânu significa coisa problema problema duvidoso julgamento processo algo que traz perseguições e crime159 temos prova de que as palavras não só falam mas também como documento histórico que são obriganos a aceitar o ponto de vista que fornecem e a Lógica como ciência de palavras que também significa ciência do pensamento e das linguagens põe em paralelo o acto mental e o objecto além de impossibilitar a separação entre o pensar e a linguagem e entre o pensar KôngoUmbûndu e a realidade exprimida ao objecto existente sobre a qual ambos se referem tudo indica que a subsistência teria sida a mesma isto consiste na linguagem de Ferdinand De saussure no significante ou consoante e sapir na realidade factual termo que utiliza na antropologia histórica utilizando a Linguística Mas isso autorizanos a dizer que as designações acima referidas são portadoras de significações que indicam uma concepção formada a partir das realidades vividas em conjunto logo interpretadas de forma convergente Quer com isso dizer que as mentes desses grupos etnolinguísticos imortalizam um mesmo evento histórico de que já tratamos com KôngoCôkwe sobre a sucessão de LwêziRuej I5 As Origens do Kôngo Consoante o Calendário Kimbùndu De facto Kôngo e Kimbùndu são hoje em dia grupos etnolinguísticos simplesmente vizinhos e por conseguinte há possibilidades de laços entre eles Aqui vamos tentar mostrar o que podiam ser as origens Kôngo segundo o calendário Kimbùndu Um dos autores mais autorizados a respeito dos Kimbùndu escreve 158 Ver Alves Valente Barbosa 159 Laman Ke Dictionnaire kikôngofrançais p711 Conferir também o termo e seus de rivados nos dicionários de Carbera Lydia vocabulário Congo Miami ediciones Univer sal 1984 swartenbroeckx P Dictionnaire kikôngokitubafrançais Bandundu CeeBA Publications 1973 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 81 Meses Designação Épocas Novembro Dezembro Kutanu Chuvas Janeiro Kyangala Pequena estação seca Fevereiro Março Kusamanu Grandes Chuvas Abril Maio Junho Kaxibu Grande estação seca Julho Agosto setembro outubro transição eis um pequeno comentário do autor durante o período das grandes chuvas entre os meses de Fevereiro e Abril as águas do rio Kwânza aumentam de volume transbordam e inundam as suas margens e toda savana principalmente a região do sul do rio na Kisàma imergindo todas as aldeias situadas nas terras baixas estas inundações obrigam as populações a instalaremse nas terras altas onde constroem habitações provisórias à base de bordão ditombe As populações estabelecemse aí durante o período das cheias esperando poder regressar ao seu habitat primitivo após a baixa das águas em fim de Maio ou início de Junho o mais tardar em Julho este acontecimento marca anualmente a vida das populações e constitui o signo de uma forma de adaptação ao meio160 Na verdade o período das grandes chuvas está na base ou é causa da emigração provisória das populações para as terras altas o regresso ao habitat primitivo nas terras baixas está fixado em fim de Maio ou início de Junho o mais tardar em Julho o que significa isto A reinstalação no habitat primitivo é o verdadeiro recomeço da vida normal ora isto é possível em Maio Junho ou ainda em Julho Por outras palavras é durante a época marcada pela ausência da chuva ou estação seca na linguagem de Virgílio Coelho ou melhor KiXiBU em kimbundu Na verdade este tempo é chamado 160 in Voz igual Agostinho Neto Kilamba kyaxi da nossa esperança Angolê Lisboa 1989 p176 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 82 MBÂNGALA nos Kôngo que como vimos atrás lembra as origens kuna mbângala há muito tempo os Ndôngo cultivam durante a estação seca kixîbu escreve V Coelho161 Mesmo para a pesca isto tornase possível depois da chuva isto é na estação seca Uma coisa é PeRÍoDo De seMeNte que se situa em Agostosetembro quer dizer em MBÂNGALA na linguagem dos Kôngo Vamos explicar melhor ainda introduzir a semente debaixo da terra tem um termo em Kimbùndu até Còkwe Umbùndu este termo é sUMiKA semear plantar tirar daqui para pôr acolá A mesma é sinónimo de toteka que significa também queimar temos tendência a voltar a Mbângala que é a estação seca kixíbu De facto princípio dizse dimatekenu ndonda ou ainda lunda lundu nyi senga162 Mas kutoteka queimar tem laços com 1 mateka primeiro 2 dimatekenu origem ou 3 kuandeka começar Muito claramente como em outros casos precedentes a origem está ligada com o fogo o calor Para dizer queimada kimbùndu usa esta expressão kitúmba kia uama literalmente mata kitumba acendeu ou pegou fogo Kitumba pega anualmente o fogo ficando assim em convergência com wâma acender essa expressão163 dá a kitumba o sentido de queimadas que normalmente é seguido das chuvas164 ora tûmba é o nome do ancestral principal que está ligado com o calor ou fogo Mas não só Além dos sentidos fornecidos pelo V Coelho165 túmba deriva de 1 túmba semear plantar meter ou introduzir na terra planta ou semente 2 nascer formarse desenvolver e 3 assentar pôr apoiandose sobre a BAse mbetekete Como podemos observar o primeiro ancestral túmba está ligado com esta época de queimaresemear época que V Coelho chama de kixíbu e que outros autores em matéria dos Kôngo deram o nome de Mbângala Voltando a kixíbu V Coelho informa que é uma época de semear 161 Voz igual idem p175 162 Ver o capítulo Kôngo e Côkwe 163 e tanto outro Durante esse tempo as mulheres recolhem as lenhas carvão dixingi gafanhotos etc 164 Normalmente as queimadas causam a dispersão dos animais como pacaça bwiji dixinji rato subterano ngulungu etc 165 A tradição informa sobre o fundador da sociedade Ndôngo chamado KiMANAWeZe KYA tUMBA A NDALA tumba Tumbu ou ditumbu plural matumbu que significa justamente PAReNte CoNHeCiDo ADeReNte escreve V Coelho As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 83 os sinónimos são de acordo com o Dicionário PortuguêsKimbùnduKikôngo escrito por Maia166 1 BeXi 2 PiXi 3 PeXi Portanto FiXi variante destes termos significa oRiGeM na linguagem corrente Mas não só KUBÀNGA o outro nome da estação seca kixíbu em Kimbûndu além de Kyângala também mencionado por V Coelho deriva de kubângesa que significa originar começar Carvoeiro em Kimbûndu dizse MukuaKUBÀNGA ora a sua especialidade fogueira está ligada com o fogo o que quer dizer que a maioria das palavras ligadas à origem tem laços íntimos com o fogo ou calor ora o ano Kimbùndu parece começar com kutanu será por esta razão que V Coelho começa por Kutanu Maia informa que esta palavra exprime a ideia de rompimento dilaceração rebentamento tal como as chuvas essa também é uma pressão que as populações têm visto que a palavra deriva de 1 tánuka167 rasgarse como o pano fenderse como a cana rebentar como a câmaradear 2 tánuna rasgar fender estalar rebentar sinónimo de vúla em Kimbùndu e até nos Umbûndu e no Côkwe úla ou wúla significa ser estar ou tornarse desalentado abatido desmoralizado sem actividades ou energia ou MORTIÇO Na realidade kutanu é um período seM ACtiViDADes e neste período as inundações obrigam as populações a instalarse temporariamente nas terras altas escreve V Coelho será por esta razão que em Kikôngo mayânda significa sul terras baixas e ao mesmo tempo origem derivando do verbo yândula ou yanduka aquecer ou aquecer se Pelo menos V Coelho faznos entender que Kutánu é período das chuvas e de rompimento que precede a normalização ou o verdadeiro reCoMeço KYÂNGALA deriva também do verbo kubângesa e logo no CoMeço devese semear plantar a semente Aqui já estamos no kixibu isto é estação seca Porém neste preciso caso a estação seca seria o verdadeiro começo na concepção dos Kimbùndu no seu código 166 Mbeji ou Mbexi é o luar o mês Confundese com a kimbundulização da palavra mês em português De facto é necessário um estudo filológico para esclarecer Nas nossas expedições de Kalandula e santa Maria notamos que a palavra mbexi é pronun ciada por adultos e jovens o estudo das etimologias indica portanto que mbexi tem substâncias intrínsecas De forma rigorosa o dicionário de Maia não se enquadra dentro dos parâmetros linguísticos ortografia utilizados nas línguas africanas fruto consensu al de conferências e simpósios de linguístas De qualquer forma o dicionário é rico pela sua comparabilidade entre Kikôngo e Kimbûndu 167 Comparação em kikôngo tánuka ser rasgado destruir usar ou pôr em pedaços variante de dànuka tànuna rasgar separar etc sinónimo de dánuna tána derobar rasgar roubar conquistar etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 84 cosmogónico Linguisticamente kutánu parece não ter nada a ver com a primeira época do ano mas com o período que precede o verdadeiro começo o princípio autêntico semeiase plantase logo no período kixìbu ou Mbângala ora semear e plantar relacionamse com começar Depois do fim das actividades de kitumba kya wama Mbângala como presenciamos nas zonas de Kasanda168 vêm as chuvas que são assimiladas no período de kutanu período sem actividade e de exílio Vamos insistir neste autor escreve que alguns marcos da toponímia e da antroponímia como por exemplo KALUNGA ou MAZANGA NA LUANDA encontram justificação nos mitos mais antigos169 destes povos assim como nas ideias que procuram justificar o lugar de PARtiDA algures em Matâmba justamente na BAiXA oU no vale samba de onde é originária a linhagem samba materializando assim uma ideologia dos extremos o princípio a Norte e o fim a sul do território ambos denominados de samba170 Falar do ponto de PARtiDA deste povo servindose particularmente das narrações recolhidas pelos autores cria uma grande confusão uns apoiam Matâmba ou okânga enquanto outros pensam à Ganga ou até à Kissama Aliás Virgílio Coelho citando uma das versões de uma região determinada sublinha esse facto171 Fica portanto na opinião do autor que Norte é início e traduzse por Mundo dos Vivos isto é sambaKabàsà De igual modo o sul sendo o fim traduzse por Mundo dos Antepassados ou seja sambaKakùlù Vamos tentar interpretar o pensamento contido nestas palavras em princípio entre o mundo dos Vivos e dos Antepassados a questão primordial seria qual destes mundos serviu de ponto de PARtiDA Virgílio Coelho observa na concepção do seu universo religioso que os Ndôngo falam de um MUNDo De BAiXo Bóxi ou seja um mundo das trevas das profundezas a teRRA Dos MoRtos Kalûnga este mundo é presidido por Kálùngangòmbe personagem que segundo alguns informadores representa o ANtePAssADo MÍtiCo uma espécie de DeMiURGo172 todos os Bantu assim como os Kimbùndù acreditam que a 168 santa Maria na província angolana de Malanje 169 sublinhado por nós 170 Coelho V implicações socioeconómicos e religiosos numa comunidade Kimbùndù in Dinâmicas multiculturais novas faces outros olhares 7 instituto de Ciências sociais Lisboa 1996 476 171 CfFontes e Estudos nº45 19981999 Conferir as versões que cita o Padre metodista a respeito de Mpûngua Ndôngo uma montanha gemenal 172 in Dinâmicas multiculturais p471 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 85 vida teve origem num ancestral comum173 Nessa lógica Kakùlù seria o começo eis a razão pela qual Virgílio Coelho um dos especialistas que tem escrito bastante sobre este grupo etnolinguístico em referência fala de Kalungangombe174 antepassado mítico cujo mundo que preside é Bòxi em Kimbùndu isto é o mundo de baixo a terra dos mortos Kalunga todavia entre Kabàsàsàmbà o mundo dos Vivos e Kakùlùsamba o mundo dos Mortos e nessa ordem de ideias KAKULU não significa somente em BAiXo mas também traduzse por começo ou lugar de partida o mesmo sentido que leva sAMBA nome do filho mais velho verificase também como teónimo no sentido em que Deus é o primogénito de todos o termo tem entre outras esta forma verbal que deriva de sàmbà marcar os caminhos começar uma obra iniciar abrir a pista ou fundar os primeiros pilares Nos ritos de nascimento e especialmente dos gémeos os Kimbûndu cantam que os recémnascidos provêm dos Antepassados ou de Deus Kalunga do mar em breve os Bantu pensam inumanamente que os recémnascidos vêm dos antepassados já mortos175 do princípio ou ainda da semente da vida Como podemos ver existe uma ligação entre BAiXo e oRiGeM nos Kimbùndu como nos Kôngo que falam de MAYANDA e relativo a boxi Kimbûndu os Kôngo utilizam mbozi para significar mundo inferior ou ainda o mundo de baixo Deriva do verbo vozula que significa citando Laman glisser au travers une crevasse au fond dun trou176 Nos Vili do Norte da foz de Mwânza177 Yâka sûku e de outras populações de Kwângu por exemplo o termo é usado especialmente para os mortos que ao morrer vão para fundo das terras para o fundo da floresta ou Kalûnga fundo 173 Pode lerse os autores que têm falado sobre as religiões de África Negra tais como Baumann estermann Hubert Deschamps Denise Paulme se bem que de maneira su perficial Werlesse e Dammann etc existe um Deus único mas conceptualizado em duas potências Deus celeste e Deus terrestre tal como pensam os Zûlu swâna Xhosa etc 174 Nesta palavra encontramos Kalûnga um dos nomestítulos de Deus está presente também Ngômbe um outro nometítulo do mesmo Deus Ambos têm os sentidos de MundodosMortos o mar domínio de Deus na concepção Kimbùndu ou melhor Ban tu Ngômbe encontrase em Umbûndu e outros falares do sul como nome de Deus criador 175 ALtUNA RRA Cultura tradicional Bantu Cooperação Portuguesa em Angola Lu anda 1993 Conferir os ritos de nascimento e outros ritos MUJYNYA eN Lhomme dans lunivers des Bantu Presses de lUniversité National du Zaire Lubumbashi 1972 Heusch de L Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de lEtat Gallimard Paris 1972 331pp Aconsehamos a leitura desta obra que explica melhor o pensamento Bantu através os ritos e lendas mitos na linguagem do autor por fim podemos ler V Coelho no seu artigo publicado na Revista Sonangol e ver as canções que o autor reproduz 176 Kikôngo Français p1078 177 Rio Congo também chamado Zaire por Diogo Cão Mas na realidade esse rio chama vase Mwânza ou genericamente Nzâdia Mwânza As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 86 do mar Consoante nos foi informado desde a infância essa passagem é somente para aqueles que enquanto vivos eram bons mas erravam Mas eles vão descansar em paz Aliás na vozila traduzse por tranquilidade ou simplesmente lugar de paz ou sítio de harmonia Passamos a outra afirmação fornecida por V Coelho o ano ritual está ligado à estação seca Kixibu que como vimos começa aproximadamente em Maio e se prolonga até finais do mês de setembro178 Assim homenageiase os antepassados durante kixibu ou Mbângala justamente no princípio do ano semanticamente não só esse facto está ligado ao começo mas também Kubânga está relacionado com as actividades do começoplantar em resumo as palavras que estão ligadas às origens são tûmba primo a palavra deriva dos verbos ligados a plantar semear e secundo de nascer e tercio para dizer queimar usase kitúmba algo queimado Lûnda já tratámolo com os Côkwe está ligada com a origem fogo calor sul teKe como raiz das palavras ligadas à origem dimatekenu aos verbos começar kuandeka queimar kutoteka e substantivo mateka Kubânga nome da estação seca kubângesa originar começar homem da fogueira ou carvoeiro muakukubânga terras baixas é lógico que começamos sempre de baixo e depois subimos para acima Não somente as terras baixas são reocupadas no período normal de semear mas também são consideradas como BAse A origem dos Kôngo está ligada às palavras sulCalor estação seca semear final da estação seca Aliás mbângala dos Kôngo e kubânga dos Kimbùndu têm a mesmas raízes entre as quais kubàngesa Kimbùndu Não é somente curioso ver o ritual dos Ancestrais iniciar em estação 178 ibidem p470 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 87 seca mas também certas orações reforçam a hipótese de que os Ancestrais vêm realmente de Mbângala179 sinónimo de Kânga ou melhor dikânga que significa o lugar mais profundo180 mais distante mais longínquo onde se encontram os génios ituta181 sinónimo de mbôzi boxi Kimbûndu o mundo dos bisîmbi espíritos santos de Kalûnga Deus da Providência sûku etc I6 Casamento Nome e Deus como Vestígios das Origens I61 O Casamento I61 a Princípio da família O Casamento o Princípio da família isto é o casamento tem uma correspondência abundante esta união de homem e mulher antes de mais legal com o único objectivo de construir uma família tem várias apelações consoante os casos e circunstâncias como por exemplo entre os primos cruzados entre cunhado e cunhada etc em Umbûndu Côkwe NyanekaNkumbe Kôngo e Kimbûndu o acto de casar está ligado à casa o homem nunca estará pronto para se casar sem ter primeiramente a sua casa um lar este lar ou casa é constantemente oferecido garantido pelo membro da família pai tio avô etc em Umbûndu e Kimbûndu onjo e inzo significa casa Nzo é a forma Kôngo que significa morada onde se vive uma casa normal para não confundir com palácio por exemplo oNJo iNZo ou NZo é em princípio uma casa e esta localizase dentro de um quintal ou numa concessão o quintal é HÛMBU em Umbûndu e WÛMBU em Kikôngo Nyaneka portanto utiliza eUMBU para casa e na mesma língua oHoMBo182 quer directamente dizer casamento em Nyaneka temos vários termos que designam casa como oPAtA dibata aldeia em Kimbûndu vata aldeia em Kikôngo oNKHANDYo kanda grande família em Kikôngo ndyo nzo em Umbûndu Kikôngo e 179 V Coelho cita uma das preces os ítuta somos nós mesmos Aiwé nossos grandes chefes Nossos tios que nos esquecemos Nosso MBANGALA que já morreu Implicações socioeconómica 180 o sentido é abismo alicerces de um poço mas também assento sede etc 181 Cf Virgílio Coelho sobre Kyânda ou qualquer um dos seus artigos visto que se consagra desde há mais de vinte anos à antropologia religiosa dos Kimbûndu 182 Aqui o tem o valor fonético de u salvo o primeiro As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 88 Kimbundu e NGANDA ngânda lugar público principal em Kikôngo Cokwe etc Mais correctamente dizse eUMBo para designar CAsA em Nyaneka mwene weumbo dono da casa por exemplo Apesar de entrever a raiz NDYo que é sem dúvida variante bantu de NZo e iNJo a palavra oNKANDYo não significa uma simples casa Pelo contrário designa uma concessão o quintal tal como podemos ver nesta frase va nkhandyo o vita Veumbo ovifwanga os da HABitAção são gente que fazem a guerra os da CAsA são salteadores citado pelo autor do Dicionário NyanekaPortuguês Claro oNKHANDYo em Nyaneka é uma concessão habitação grande quintal onde há coexistência de várias CAsAs em Umbûndu chamase HUMBo e em Kikôngo WUMBU De igual modo temos oNGANDA casa em NyanekaNkumbe que em Umbûndu Kikôngo Kimbûndu e Côkwe se traduz por concessão corte lar público praça principal Portanto na mesma língua a casa de Deus dizse oNDYWo YA HUKU É prova que numa certa idade oNDYWo significava CAsA Mais tarde a religião cristã católica ou protestante institucionalizou a igreja que designava uma grande casa onde todos iam rezar vindo de várias casas e de moradias diferentes entrevêse que oNDYWo HUKU contem a ideia de CAsA porque é só uma e grande ora aqueles que a frequentam são originários de várias casas de onde originou a ideia de grande concessão quintal Contudo neste caso oNDYWo leva consigo um duplo sentido arcaico e recente em NyanekaNkumbe o sebe que cerca uma casa chamase oNGUMBU de umbu ou oNGANDA Mas o aposamento de uma casa qualquer é oNDYWo isto prova que numa certa idade a casa era chamada NDYWo variante de ínjo ínzo e nzo em Umbûndu Kimbûndu Kikôngo e Côkwe I61 b O Pedido o casamento entre os Cokwe Kimbûndu Kôngo Umbundu Nyaneka e Nkumbi é um processo que leva um certo tempo Começa pelo pedido pelo sacrifício gentílico ou ainda pela apresentação Quem faz o pedido Como isto se faz Quem está implicado Vamos tentar responder a estas perguntas de acordo com o vocabulário de cada grupo etnolinguístico acima enumerado essas são respostas que ajudarnos ão entender mais uma vez as origens do Kôngo disseminadas em usos Umbundu Kimbundu Nyaneka e Cokwe Geralmente a família do rapaz dá o primeiro passo isto é pede a rapariga em casamento As palavras confirmam que o rapaz PeDe a rapariga em casamento e assim a rapariga É PeDiDA em casamento em contrapartida ela não pode PeDiR o rapaz em casamento As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 89 Nyaneka e Nkumbi têm LoMBA Kôngo LÔMBA Kimbûndu LoMBA Côkwe LoMBA soMBoLA e Umbûndu LóMBA ou sóMBoLA esses verbos significam PeDiR kikôngo Kimbûndu ou mais precisamente PeDiR eM CAsAMeNto Umbûndu Nyaneka Côkwe e Kimbûndu em Nyaneka e Umbûndu o homem LoMBA pede a mulher em casamento mas jamais pode LoMBWA ser pedido em casamento este verbo não é possível para os rapazes o que mostra e atesta uma certa proeminência unilateral da parte do rapaz homem e da sua família Aliás existe por isso um termo específico usado somente para a rapariga pedida em casamento em Nyaneka oNDoMBWA derivado do verbo lombwa ou ainda oMUiLULWA em Kôngo NDUMBA isto é rapariga pronta a ser pedida moça com idade de se casar entre Nyaneka e Nkumbi o casamento realizase de uma forma que instiga os etnógrafos ou sociólogos a pensarem que em certa medida a mulher pode também pedir o homem ao casamento Pois têm por suporte nesta hipótese o facto de após o casamento quem pede ao casamento deve no fim entregar um símbolo boi ora as noivas assim como os noivos são obrigadas a fazêlo também em princípio isto não implica que ambas as partes possam pedir em casamento Quando o homem entrega o seu símbolo a palavra própria usada é TONA isto é entregar o símbolo Mas quando a família da mulher o recebe e sobretudo no pensar dos Nkumbe é a forma conveniente e frequente em uso usa o termo oMoNtHUNYA o termo deriva de thunya ou melhor thunwa reflexivo Contrariamente ao pensamento desta classe de etnógrafos e sociólogos a mulher não pode de maneira alguma pedir o homem em casamento De facto os verbos thuna e thunywa atestam isso diz se thuna quando o homem vai entregar o símbolo à família da mulher depois do casamento isto significa começar o pedido com um símbolo Além deste termo esta instituição oferece outro para designar o presente de estilo para o pedido de casamento otYiLoMBo Mas não otYiLoMBWA Assinalamos que toNWA é usado quando a família da mulher reclama ou ainda obrigam o homem a entregar os bois como símbolo depois de casamento ou seja consentir concluir o casamento Pois bem tanto tHUNWA tonwa como LoMBWA são verbos reflexivos de tHUNA tona e LoMBA sombola o que confirma uma vez mais que a mulher não pode pedir o homem em casamento mas o contrário é possível Não sendo exclusivamente Nyaneka abraçamos este facto para As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 90 confirmar o caso dos Umbûndu oLoHWeLA ou oVALA significam casamento e união de homem e mulher Aí enrolamse muitos termos para o casamento kwela unirse por casamento kwelula casarse mais do que uma vez kwela utiku casar sem cerimónias kwela okulubaka casar sem a idade requerida kwelisa ligar em casamento lemuka unirse através do casamento sokala casarse kimbûndu tulunha unirse por casamento pisa uvala fazer o casamento litokeka volohwela unirse por casamento Numa primeira observação oLoHWeLA deriva do verbo kwela portanto UVALA não deriva de nenhuma palavra ligado ao acto de casar ou unir significa para já casamento união eis o porquê de termos de empregar o termo PisA realizar sinónimo de LitoKeKA volohwela o sentido é formar o berço da sociedade que é a família aqui uvala é origem do lar em princípio a palavra oLoHWeLA significa casamento como união legal para CoNstitUiR UMA FAMÍLiA Neste caso o verbo que deriva desta união legal é kwèla pois implica a ideia de casa ou morada oNJo onde vão viver os recémcasados o que compromete toda a sociedade consoante a trama semântica que vimos atrás A expressão KWÊLA UtiKU casar sem cerimonias usuais faz acreditar que esta união de duas pessoas de diferentes famílias deve acompanhar uma cerimónia Quando dizemos UMiNGANJo isto significa o casamento entre cunhada e cunhado depois da morte do irmão A palavra Njo explica que esta união não salta os muros de NJo ou seja do quintal da habitação do quintalão todavia deparamonos com uma curiosidade porquê somente a morte do irmão faz intervir o cunhado mais novo irmão do falecido casar com a cunhada e a morte da irmã não implica que o viúvo case com a irmã da defunta seria outra prova de que apenas os homens podiam casar as mulheres e não o contrário entre os Umbûndu o casamento é antes de mais um processo marcado por cerimónias isto acontece porque pedir em casamento é LoMBA ou soMBoLA o que significa pedir a isto é solicitar outra pessoa outra família ora ligar em casamento é KWeLA ou KWeLisA As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 91 No momento em que a primeira palavra faz entrever o engajamento de uma pessoa com a sua família pedir a segunda ligar ilustra que desta vez o acto se torna um assunto de todos público com o objectivo de juntar duas pessoas duas famílias os termos mudam em cada caso oBRiGAR o seDUtoR A CAsAR CoM A seDUZiDA dizse vuvumbila ou seja o sedutor recusa pedir em casamento a mulher que engravidou e por conseguinte a família da mulher atiralhe à mesma A expressão correcta é vuvumbilwa ou vuvumbwilai e quando o homem recebe a sua seduzida utilizase vuvumbila isto mostra ainda que sempre foi o rapaz o primeiro a dar o passo a este respeito Portanto cada vez que o homem aceita entregar dignamente os artigos dote que a família da mulher obrigar o substantivo kwêla presencia o facto de casar várias vezes KWeLULULA obriga a cerimónias específicas desde que não rompa com a normalidade dado que os seus filhos vão ter relação de consanguinidade entre mais de duas famílias também kwêla presencia É o mesmo caso de um homem idoso quando pretende casar KWeLA oKULUMBAKA implica as cerimónias Kwêla presencia como nos outros casos A expressão sugestiona uma união normal acima ou ao lado de uma outra união entre 1 duas pessoas de famílias diferentes 2 entre duas pessoas de gerações diferentes De facto a palavra Kwêla que é unir naturalmente ou juntar normalmente implica cerimónias e estas são especificadas pela aposição lula okulumbaka etc o contrário é silula não casar De modo idêntico o casamento entre os Kôngo começa pela família do rapaz Na primeira etapa o rapaz envia o seu símbolo de noivado kidimbu símbolo de pedido Geralmente é a mãe do rapaz ou a sua tia paterna que leva este símbolo de pedido se for aceite uma longa lista de cerimónias se estabelece nlande kidimbu seguir o pedido os Umbûndu dizem okavetapito mbondekele kidimbu molhar o pedido com malavu etc esse casamento denominase malongo e o acto de casar é kwêla I61 c O Casamento como traço Imigratório A casa sempre foi o núcleo de toda a sociedade humana Portanto o casamento como ensinam as palavras aqui analisadas obriga o rapaz a planificar o lar onde viver com a sua futura esposa entre os Kimbùndu Côkwe Kôngo Nyaneka e os Umbundu as palavras próprias para dizer casa inzo nzo onkhandyo humbu ngânda etc indicam que o princípio da família ReQUeR ANtes De MAis UM LUGAR UM LAR BeM seGURo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 92 Uma vez assegurado o lar podese achar a noiva que para adquirila deve obrigatoriamente entregar o dote isto é uma série de cerimónias Na verdade o casamento é uma instituição não somente antiga mas também acompanhou as migrações de povos sobretudo quando duas pessoas de diferentes povos se devem casar e sendo o casamento um acto simbólico ou uma dimensão precária da migração é evidente que a palavra seja por conseguinte portador de histórias das migrações e conquista de terras já ocupadas pelos outros povos eis a razão pela qual o casamento é uma questão de cerimónias kwela ele quer um casamento normal um casamento especial Contudo essa união não se realiza de um só golpe uma vez que leva tempo Muitas vezes nos Kôngo Côkwe e sobretudo nos Umbûndu os pais faziam casar seus filhos antes de eles nascerem isto significa o LUGAR seGURo que põe em evidência as cerimónias quando os protagonistas os noivos ainda não existem sendo meros projectos Jan Vansina escreveu que Lûnda significa AMiZADe porque dois povos diferentes faziam depois de tantos anos de batalhas com ou sem vitórias pacto e tornavamse um só povo tal seria o caso dos Lunda se lermos a história a partir das palavras em princípio o facto ou o acto de fundar de um país quer seja mediante a ocupação pacífica de um espaço vazio quer seja através da conquista de terras já habitadas relacionase com o casamento Quando um povo ocupava uma terra nos Côkwe Kimbùndu Kôngo Umbûndu a primeira coisa era administrar os cultos dos antepassados destas terras com os novos imigrantes porquanto o acto legitimava os ocupantes e facilitava as uniões isto era o casamento entre os conquistadores e os espíritos ancestrais da terra ocupada ora quando encontrava um povo já implantado além dos pactos de amizades a realização das cerimónias entre os conquistadores e os espíritos presididas pelos chefes de terras do povo conquistado foi sempre um dos primeiros actos a cumprir isto significa unir os recémchegados com os espíritos das terras Neste último caso foi sempre a preocupação dos conquistadores passar pelas cerimónias a fim de evitar doenças e outras calamidades que pudessem enviar os espíritos autóctones Parafraseando esse ponto fazemos intervir Virgílio Coelho que traz mais luz a respeito daquilo que afirmámos mais atrás É sabido que as fronteiras de um país ou de um estado são geralmente demarcadas por elementos que são afeitos à natureza rio lagos ou lagoas montanhas florestas etc Mas há casos em que as marcas dessas fronteiras se estabelecem pela produção de discursos elaborados por As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 93 outros povos que vivem em espaços limítrofes ou contíguos ao território em questão ou então pela produção da informação por outros povos vindos do exterior como é o caso dos conquistadores portugueses No vocabulário produzido pelos túmùndòngò continua o autor há pelo menos uma palavra que inicialmente serviu para designar a unidade dos distintos grupos de imigrantes que se viriam fixar na região da Màtàmbà e que mais tarde formaram as primeiras linhagens fundadoras sob o mando do Ngòlà à Mùsùdi do reino do Ndòngò essa palavra é o designativo tùmbà tùmbù ou ditùmbù plural matùmbui que significa justamente parente conhecido aderente o seu verdadeiro significado pode ser apreendido a partir do nome composto Kímànàwèzè ou Kímànàwèzè kya Tùmbà à Ndàlà que significa dignitário que une os seus parentes os conhecidos e os aderentes e ainda amigo do amigo constituindo assim o princípio da unidade linhageira e sobretudo um modelo de conduta e um modelo cultural183 este Kímànàwèzù kya tùmbà à Ndàlà foi o primeiro ocupante das terras que se situam entreosrios Wàmbà e Lúkàlà essa personagem com o poder de deus sobre a terra Màwèzè ou Nàwèzè detentor do título Tùmbà à Ndàlà e que tinha por função estabelecer as relações de amizade e de convivência entre os homens os primeiros grupos a ocupar a terra e os génios ou deuses tutelares da natureza visando contribuir e garantir a harmonia e sobrevivência de ambos os mundos é um sacerdote Kílàmbà plural Ílàmbà com esses dons especiais184 I61 d Paralelismos entre Conquistador e o Pedinte Geralmente é a família do rapaz que se interessa pela tal rapariga e envia um símbolo para servir de PeDiDo Nos Nyaneka por exemplo tanto a família do rapaz como a da rapariga entregam um símbolo que consiste num boi Nos Kôngo o símbolo é o primeiro vestido da noiva Caso aceite então será sempre respondido pelo outro símbolo isto é duas galinhas geralmente fêmea e macho este animal simboliza o início do dia e início da nova realidade em princípio esta troca fazse entre indivíduos singulares e não entre toda família o que significa que entre dois povos que pretendem viver juntos a conversa inicial realizase entre 183 Coelho V em busca de Kábàsà uma tentativa de explicação da estrutura político administrativa do Reino de Ndòngò in Estudos AfroAsiáticos CeAA da Universidade Cândido Mendes Rio de Janeiro Dezembro 1997 p137 184 Coelho V idem p141 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 94 os embaixadores ou diplomatas Caso cheguem a um consenso iniciase o começo das cerimónias a fim de juntar realmente o povo Deste modo fazem assim acreditar as palavras aqui analisadas Como já vimos a família do rapaz é o primeiro a cumprir este acto em Kikôngo o rapaz ou homem que é competente para se casar chamase toKo ou mais precisamente YAKALA mwâna Yakala A rapariga que já está pronta para ser casada é NDUMBA literalmente rapariga pronta a ser pedida Comecemos com este simples facto Na sociedade Bantu para a passagem de menino mwâna para rapaz yakala ou de menina mwâna para rapariga ndûmba é necessário um rito de passagem No homem é a circuncisão e na mulher é a incisão ou simplesmente no caso dos Kôngo uma prova da virgindade da moça esta também era repetida no casamento se o homem descobrisse que a sua noiva não era virgem resultava sempre em multas e muitas vezes era o caminho de anular o casamento185 Razão pela qual numa certa época a família da rapariga era obrigada a substituir pela irmã como a segunda mulher isto é para não quebrar este laço esta união se o marido morrer a sua família é obrigada a substituir o irmão ou primo uterino casúla Assim o casamento é eterno partindo do homem aquele que casa No caso de infertilidade é a mesma coisa substituição do irmão ou primo uterino Alguns dos Côkwe antigos pagavam dote apenas depois da morte de um dos cônjuges Ao se apresentar na família da noiva é simplesmente obrigatório assumir a relação integrando um símbolo somente depois da morte de um dos cônjuges é que se deve pagar o dote pela simples razão que o mesmo não pode ser devolvido Algumas versões dizem que no casamento de Ruej Cibind irung não teria pago o dote mas honrou a relação dando uma lança os seus filhos teriam pago o dote aos tios maternos Mas porque é que a família do rapaz é a primeira a dar o primeiro 185 Assinalamos também um caso muito excepcional que encontramos entre os grupos de Cabinda BaNsûnde BaVîli BaHângana etc de diferentes localidades da região Nestas zonas do Kôngo encontramos uma etapa em que as raparigas devem depois da iniciação ter um velhote da linhagem do pai como o seu iniciador na vida sexual este pai assim chamado porque pertence à família linhagem materna do seu pai deve provar a virgindade da sua filha caso contrário resulta num grande mambu isto é problemas litigiosos A rapariga nãovirgem antes do tempo é tida como uma ameaça de calamidades na sociedade pois deve consultarse um Ngânga Ngômbo ou geralmente Ngânga Nkisi para pedir perdão aos Ancestrais furiosos A semelhança é que a multa que a família da noiva paga depois de o noivo descobrir que não era virgem no caso de outras famílias Kôngo relacionase com a multa que alguns grupos de Cabinda exigem para a linhagem materna que educou a sua filha As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 95 passo do casamento Numa primeira observação quando se fala do pedido isso implica dois quocientes duas realidades em relação ao objectivo quer dizer o requerente e a coisa requerida Aqui o homem é o requerente e a requerida é a mulher Mas porque não o contrário Rapariga pronta a ser pedida chamase NDoMBWA Nyaneka ou NDUMBA Kôngo e o homem pronto a casarse é YAKALA ou toKo adolescente donzel ou donzela isto é somente a mulher espaço é pedida ocupado e o contrário seria anormal espaço pedir povo186 Mas como vamos ver nos próximos capítulos deste trabalho Bayâka eram os conquistadores das terras Quem faz a conquista sente se obrigado a proceder à paz logo solicita um culto dos ancestrais com os espíritos locais ou seja fazer casamento entre os espíritos locais e os recémchegados Como no casamento a mulher é valorizada numa determinada variedade de coisas a entregar ou símbolos a que chamamos dote Deste modo a conquista finda e os conquistadores ou invasores também entregam ofertas aos espíritos locais É nesse sentido que o casamento arrosta nele todos os elementos da conquista de um povo por outro povo o casamento é a dimensão precária ou inicial da conquista ou ocupação de uma terra como se fazia nas migrações durante e provavelmente depois da fundação do Kôngo I62 O Nome Quando um Umbùndu pergunta onduku yove como te chamas está a dar o seu nome de nascimento A questão traduzse literalmente por foite imposto que nome ondûku do verbo nduluka significa dar o nome ou impôr o nome a alguém em Nyaneka acontece a mesma coisa Aliás neste grupo etnolinguístico o nome corrente que uma pessoa leva dizse constantemente enyina elinya elinha ou onduku ondûku yelye qual é o teu nome mas o primeiro enyina ou elinya explicita a sua ascendência dependendo da forma como é colocada a questão em Nyaneka dar o nome é lûka enyina em Umbûndu é lûka ou ndúlùka em Kikôngo temos kulûka que também significa dar nome de alguém ao recémnascido ou simplesmente a uma pessoa 186 Assim tornase um contrasenso no entender da cosmogonia Kôngo o espaço é sagra do domínio dos espíritos e por conseguinte devem o povo precisálo e não o contrário Por essa razão uma vez realizada a ocupação os ocupantes devem pagar dote a fim de legitimar a sua demanda As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 96 Lúkulula é a variante Umbûndu enyina marca o tempo a época o grau de parentesco e a geração nos Nyaneka Nkûmbu kikôngo além de significar tudo isso pode vir a ser o sobrenome a alcunha a assinatura ou ainda o título Quando apetece a um Nyaneka identificarse perante outras pessoas e muitas vezes nas regiões distantes o termo concreto utilizado é litûmbula187 enyina isto é dizer o seu próprio nome a sua ascendência a sua origem Umbûndu onduku deriva de nduluka luka dar o nome ora o título em Umbûndu é otchitúkulo que deriva de túkula de túka nomear a um cargo elinya ou enyina Nyaneka vem de yînya ou linha isto é ter relação com e nkûmbu Kôngo vem de kûmba dar a conhecer de todos ser conhecido universalmente em todos os sítios Mas o nome é o bilhete de identidade para o indivíduo que em todos os sítios em que se pode encontrar será reconhecido como cidadão No entanto em Nyaneka identificarse perante os outros dizse litumbula É de notar que a raiz deste termo está presente em Umbûndu Kikôngo Côkwe e Kimbûndu Umbûndu tem tumila para empregar A mesma raiz com tuma tumila tumba designar alguém ordenar alguém a fazer algo ou dizer algo também em Nyaneka litumbula é em princípio a resposta a uma pergunta a uma obrigação que lhe foi imposta ou concedida anteriormente eis porque litumbula em Nyaneka significa ser instigado a fazer algo cuja variante Umbûndu reduzse a tUMA indicar alguém as linhas a seguir ou tUMisA instigar a fazer em kikôngo temos tUMA forma comprimida de tUMBA ordenar designar alguém tUMBisA excitar instigar tUMBUNUNA notificar em resposta também tUMBA fazer ordenação promover instalar ou vestir alguém de um emprego da dignidade coroar elixir etc Morfologicamente tumila teria dado origem a tumba consoante a tradição da metamorfose dos fonemas188 Como podemos julgar de uma forma simples o nome na sociedade angolana é princípio de um indivíduo explicando quem é o indivíduo servirlheá de bilhete de identidade em todos sítios a fim de certificar a sua cidadania I62 a O Nome como traço das Origens Vimos antes que Nyaneka tem lina enyina ou elinya como nome a fim de designar a sua ascendência Utilizam também tukulo se bem 187 Dentro do termo encontramos tûmba Como já vimos com os Kimbundu está ligado à origem queimadas ou melhor a Mbângala 188 o grupo sufixante ila corresponde a ba quando se nasaliza As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 97 que é um termo vizinho dos Umbûndu ocitukulo Nesta correspondência retemos etuku Umbûndu onthuku Nyaneka como não apenas apelação de alguém mas também causa fonte sua ascendência outros sinónimos são ekumbi ehumbi ekhumbi ligados ao sol paísdegrandecalores Kimbûndu e Kikôngo têm tuka que significa vir originar de tirar a sua origem de etc É curioso ver Nyaneka lina ou elinya enyina elinya etc que deriva de yina ou lina linha esta palavra não só significa ter relação com como também a mesma pronúncia significa cozinhar calcinar que é sinónimo de pisa este último como vimos em Umbûndu pisa ovala designa fazer ou cozer ou calcinar o casamento De facto ethuku e ekumbi não só significam origem ascendência nome mas também 1 o calor ou luz que o sol trouxe durante o dia como a nostalgia ou a recordação enquanto a noite todos estão reunidos à volta do fogo 2 simplesmente o sol A respeito de Kimbûndù falamos de tUMBA termo ligado 1 às origens do povo 2 à actividade durante a estação seca 3 plantar semear etc que é sinónimo de PiXi mesma raiz que pisa Umbûndu e de Kubânga que significa estação seca ora como vimos o termo pisa quer dizer189 não somente origem mas também cozer Kubanga nome de estação seca em Kimbûndu vem do verbo kubangêsa começar em kimbûndu mas também calcinhar As mesmas palavras em kikôngo tûmba Kubânga190 como já vimos estão ligadas não só ao nome mas também à origem princípio relacionado ao calor ao sol ao fogo a fogueira etc I63 Deus como traço das Origens sem sombra de dúvida Deus personaliza a origem entre os Bantu Vamos simplesmente tentar ver no vocabulário produzido pelos Kôngo inclusive também os povos com quem tem afinidades ovimbûndu Nyaneka Cokwe a correspondência que há na semântica Nyaneka tem oito grupos 1 Huku Suku 2 Kalunga 3 Ndyambi Panga Ndyambi 4 Ekhumbi MatyisaKumbi 189 ou participa na formação das expressões directa ou indirectamente ligadas as ori gens 190 No sentido de começar sentido kimbûndu podemos servir da raiz kûmba no qual deriva nkûmbu nome kûmbesa causar principiar originar Através desse sentido mos tra o que os Kôngo pensam de NKUMBA WUNGUDi origem de todos como reza a tradição As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 98 5 omukulami Nthulame 6 Hamanene Kamana 7 VileVile MuvileVile MunenVile Muvili wavilo191 8 Mphangele Mphangaile Umbûndu tem seis grupos 1 Chime 2 Ngala Ngala Njambi 3 Suku192 Thuku 4 Kalunga 5 Omalomata 6 Ongombe193 Comecemos por dizer que Hûku ou sûku derivam de hûku ou onthûku causa fonte origem de um problema Aliás nos Umbûndu vizinhos dos Nyaneka esûku ou ehûku significa germe embrião ou ovário da planta isto é a origem o princípio e o começo Muito curioso ainda é de ekhumbi ou MutyisaKumbi194 ser o nome de Deus e que ao mesmo tempo significa sol origem de calor Mphangele ou Mphangaile vem confirmar isto em kikôngo a expressão kuna Mbângala ou kuna Mpângala significa há muito tempo além de designar o nome topónimo 191 Mvîdi significa grandeza em kikôngo mvîdingi 192 em kikôngo existe a palavra nsuku que apesar de não designar DeUs confirma no entanto o sentido Nyaneka abundância grandeza acima muito alto escreve Laman no seu dicionário Nos Umbundu o mesmo termo tem esse sentido o do alto o do céu Um provérbio lembra a grandeza de Deus Capesela Suku omanu va ci tokoka oku ci loñolola o que Deus mediu os homens não podem controlar Hauenstein A Noms accompagnés de proverbes chez les ovimbundu dAngola in BSSAE p78 ou ainda mais Suku ka pulua kalunga ka minihilua não se pede nada a DeUs a morte KalungaDeUsMisteriosoMorte não aceita o presente in Hauenstein A o cp79 193 segundo eduardo dos santos o termo Kalunga vem do radical lûnga do verbo okulun gai seja construir De acordo com estermann este termo que no entender de Alves se encontra em 66 línguas africanas vem do verbo okulunguka e significa ser astucioso ou ser esperto Ainda na opinião de estermann em outros idiomas este termo poderia originar da palavra ndûngi que significa inteligente ou do verbo okulunga que signi fica ser atento ou vigilante Nestas diferentes observações estermann conclui que Kalunga deveria ser traduzido por o ser pessoal inteligente Hauenstein A Noms ac compagnés de proverbes chez les ovimbundu dAngola in Bulletin de la Société Suisse dAnthropologie et dethnologie nº48 Année 19711972 p77 194 em Nyaneka Humbe ekumbi designa o ancião que sabe tudo também a palavra sig nifica algo que não se revela por nenhum sentido em Umbûndu Kikôngo este nome de Deus não existe Portanto designa nkûmbi alguém idoso que sabe todas coisas usos e costumes sábio vicerei chefe adjunto escreve Laman As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 99 do primeiro país das origens de onde vêm os ancestrais Passamos a palavra tûka vir provir originar tirar a sua origem No vocabulário Kôngo esse termo parece imortalizar estas origens certificadas no vocabulário Nkumbe e Umbûndu Deus ascendência princípio calor que faz ao longo do dia muito sol onthuku Huku suku etc Até a palavra umbundu ongômbe parece ter ligação com a origem o termo ngômbe significa segredo ou causa fonte195 Porém o valor semântico de Hûku Onthûku onde encontramos tûka contém a dimensão histórica teosófica cosmológica e sociológica que permite normalmente entender melhor o indivíduo seu nome e a sua origem Deus criador e morfologicamente o sol como o signifié do país de origens No livro de Altuna Cultura Banto notamos que o autor se alicerça em primeiramão nas escritas de esternann196 Cabrita197 Carvalho198 Redinha199 como em múltiplos artigos publicados em Jornais e Revistas europeias e Americanos na especialidade de História Antropologia e Linguística o que cremos ser um resumo relativamente fiel a todos em segunda mão vem as suas próprias experiências no terreno que ao nosso ver foram reproduzidas no seu livro apenas aquilo que os seus predecessores teriam já notado A ele evita choque a sua linguagem testemunha isso quanto às experiências No entanto consegue com isso remarcar que os grupos aqui tratados nomeadamente Kimbûndu Kôngo NyanekaNkûmbi Côkwe e Umbûndu constituem um mesmo bloco Cultura Banto vindo provavelmente do actual Zimbabwé200 Mas na nossa opinião estes grupos aqui estudados constituíam inicialmente um mesmo povo Linguística e culturalmente esta hipótese é a mais concorrida pela simples razão de através da análise comparativa cimentar que em relação aos outros blocos tais como Luba tetela Kunyi Mongo etc o 195 A acção que o especialista ngânga Ngombo usa a fim de descobrir as causas de uma infelicidade ou de qualquer problema 196 estermann C Etnografia do Sudoeste de Angola I os povos nãobanto e o grupo dos Ambos Junta de investigação de Ultramar Lisboa 1956 266p estermann C Etnografia de Sudoeste de Angola II Grupo étnico NhanecaHumbe Junta de investigações de Ultra mar 1957 299p e alguns artigos espalhados 197 Cabrita C A Em terra dos Luenas Breve estudo sobre os usos e costumes da tribo Lue na Agência geral do Ultramar Lisboa 1954 195pp 198 Carvalho HA D A Lunda ou os estados de Muatiânva imprensa Nacional Lisboa 1890 354pp 199 Redinha J Etnias e Culturas de Angola instituto de investigação Cientifica de Angola Luanda 1975 Redinha J Etnossociologia do Nordeste de Angola Agênciageral do Ul tramar Lisboa 1958 200 Na opinião de Baumann e estermann os Bantu teriam partido deste ponto Les peu ples et Civilisations Africaines Payot Paris 1965 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 100 grupo KimbûnduKôngoNyanekaNkumbiCôkweUmbûndu está cada vez mais unificado e tiréàpart I7 Conclusão Uma diversidade dos elementos da língua ligadas às origens causa princípio fundamento começar Deusorigem de todas as coisas nome quer entre os Kôngo quer entre os diferentes grupos etnolinguísticos com quem levam afinidades é uma prova que se não o mundo Bantu de onde originou o grupo da expressão kikôngo pelo menos o país Kôngo começou numa região de grande calor e este país está ligado com as actividades relacionadas com o fogo e o calor isto é o pensar cosmogonia dos Kôngo lido nos elementos da língua tendo em conta os seus actuais vizinhos ora confrontando estes dados com topónimos ou alguns termos ligadas a este país situámos o primeiro foyer201 na parte meridional de Angola KôngodyaMbângala ou Mbângala ou Kôla ou Lûndu nyi Nsênga etc Mas até prova ao contrário pretendemos que lá se situariam as origens dos fundadores do Reino do Kôngo 201 Primeira casa materna Como veremos no segundo Livro que fala do Herói Civiliza dor esse termo de casa materno está presente no nsi país ou seja pequeno país quando o termo surgiu nas primeiras instâncias PARTE II CAPÍtULo i AS ORIGENS DOS REIS DE MBâNZAKÔNGO os antigos Missionários e as Crónicas antigas relataram que os senhores de MbânzaKôngo não eram autóctones da região nem do Kôngo dyaKati o porquê não foi aparentemente explicado Autores modernos que somos herdámos isso da tradição que faz dos reis estrangeiros como sustentam algumas etimologias Na verdade os elementos da língua especificam o porquê das coisas e vamos tentar explorar I1 O Rei Para não cairmos na mesma aberração de veicular o nosso pensamento na europeização comecemos por explicar os sentidos de Rei no universo Kôngo202 A palavra Rei significa assim lemos nos dicionários quem governa um reino e Benveniste aprende que a história desta instituição Rei informa que esta personagem era um chefe de ordem religioso e de tendência política Foram chefesdivinos como ainda podem testemunhar alguns termos como em italiano antigo em céltico em iraniano e em grego e quando os Missionários e Cronistas estão a escrever as Histórias do Reino Kôngo outorgam ao senhor de MbânzaKôngo este sentido índole 202 Na segunda edição de 1959 Jean Van Wing ercreve todos povos civilizados têm vá rios nomes para designar um certo número de actividades ou das operações que opõem aos actos religiosos de uma parte e as actividades naturais de outra Nada impede de pensar o mesmo caso para os outros povos Mas a etnologia e a ciência das religiões não puderam conseguir extrair dos factos e ritos descritos uma definição satisfatória a uni versalidade dos casos Devemos pois renunciar a terminologia europeia usual a fim de evitar as concepções europeias em matéria e deixar os indígenas falar a própria lingua gem pois é melhor pôr em consideração os termos essenciais etudes Bakôngo p345 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 106 europeu isto é CHeFeDiViNo Randels tentou explicar justificando esse poder divino do MâniKôngo a partir da pele de leopardo que tem cores brancas direito à vida e preta direito à morte perante o seu povo203 Portanto o que dizem os elementos da língua MANi deriva de mânika estender pôr no teto pôr cima ou expor algo à vista dos clientes por exemplo mânina findar esgotar mânisa terminar acabar uma obra acabar completamente uma obra MWeNe deriva de wêna findar cessar acalmar um filho vêna cessar acalmar um filho yênika amamentar amamentar dar o leite de peito a um recém nascido chorando dar de comida ao seu filho204 ÑtiNU deriva de tina salvarse pôrse em segurança tinisa meter medo a alguém fazer fugir afugentar fazer escapar NtotiLA deriva de tôta pôr junto reunir organizar uma assembleia pôr em contacto em comunicação forçar duas coisas diferentes a aceitar uma união ou viver junto tôtasa causar uma discussão provocar uma troca de palavras um debate No pensamento dos Kôngo o senhor de MbânzaKôngo é antes de mais um chefe representante dos Ancestrais e eleito pelos Makôtas 203 Não é o único Citaremos Denise Paulme Georges Balandier Weeks que sustentam esta opinião e cada um justifica isto à sua maneira Conferir Balandier G Anthropologie politique PUF Paris 1962 p108 Mahaniah K Maladie et la guérison en milieu Kôn go CVA saint Paul Kinshasa 1988 Paulme D Les civilisations africaines PUF Paris p55 A respeito da concepção indoeuropeia e os termos que designam o Rei podese consultar Benveniste e Vocabulaire des institutions européennes ii edit Minuit 1975 pp922 Waxarius L Le sacré et la violation des interdits Payot Paris 1974 pp143214 204 Isto não está no Laman Ele escreve yêma ser amamentado chupar seios da mãe falando dos bebés As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 107 mais velhos Portanto perante o povo ele tem estas responsabilidades 1 MÂNi e NtÔtiLA que indicam que este chefe é a pessoa indicada para resolver os problemas jurídicos ou de outra natureza dos cidadãos Jan Van Wing escreve no seu livro Etudes Bakongo I que até no século XiX os Ambùndu205 vinham resolver os problemas jurídicas eou outras discussões em Mbâzia Nkânu a capital do NtÔtiLA KoNGo206 2 MWÊNe que garante a economia Kôngo foi um povo dependente dos produtos da sua terra Cultivava o solo incluindo as ovelhas e como podemos ver o Rei indoeuropeu por um lado nada tem em comum com MÂNi nem com NtÔtiLA nem tão pouco com NtiNU ou MWÊNe A menos que aceitemos os sentidos actuais de Rei isto é quem governa um reino Por outro lado a partícula de MANi ou MWÊNe excepto NtiNU e NtÔtiLA que foram unicamente reservados aos senhores de MbânzaKôngo encontramse também perante os topónimos ou melhor perante os nomes de aldeia distrito território ou província207 ManiNsônso MwêneNsôyo ManiMpângu MwêneMbâmba Mwêne Nsûndi ManiZômbo etc Porém não implica que todos eles sejam Reis De facto em kikôngo ajustar ao nome de uma aldeia a partícula MA ou Ne ou MANi ou ainda MWÊNe basta para indicar o responsável dessa região o grau de autoridade é também revelado no plano administrativo que ocupa a região Por exemplo Nsûndi é uma província Mpûmbu um território dentro de Nsûndi Mpângu uma aldeia dentro do território Mpûmbu ora ao escrever os Missionários e Cronistas desconhecendo esses usos qualificaram todos quer Mani Nsûndi quer Mani Mpûmbu quer Mani Mpângu etc independentemente dos Reis de Nsûndi Mpûmbu de Mpângu etc 205 este autor chama AMBUNDU ao que chamamos Umbûndu 206 ob Cit p34 207 tratase de uma subdivisão propriamente do Kôngo Vai de comuna para território passa por distrito e depois para província Por fim passa a país As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 108 I2 MbânzaKôngo 208 o que significa Decompõese em Mbânza e Kôngo o primeiro deriva de bânzama e significa cidade aldeia principal residência do chefe cemitério o verbo bânzama é por seu lado verbo de estado de banza o que quer dizer estar estendido estar visível etc Neste sentido Duarte Lopez confirmao quando relata que a cidade principal Mbânza Kôngo também chamada de Nkûmba Wungûdi foi visível apesar de se distanciar209 o segundo elemento do nome da capital é KÔNGo nome do país Assim MBÂNZAKÔNGo é a capital do Kôngo Na verdade como topónimo MBÂNZAKÔNGo deve ser portador 208 emmanuel esteves escreve A tradição ensinanos que Ne LUKeNi rei do Koongo após tantos sacrifícios após as conquistas alcançadas instalouse no outeiro Nkumba a Ungudi que se tornaria capital do reino do Koongo Ali casouse com a filha do Mani Kabunga chefe do outeiro consolidou o reino e velou pelas vitórias e pelos destinos do reino o local escolhido Nkumba a Ungudi oferecia vantagens de um lado por estar no centro do reino de onde se poderia com facilidade auxiliar as outras regiões no caso de ataques do inimigo por outro lado por ser sítio elevado fortificado pela natureza de tal maneira que seria difícil ao inimigo passar ao assalto da capital e a sua expulsão seria fácil Como evolui a capital É difícil seguir a evolução especial da cidade Não é tão fácil seguir passo a passo o seu crescimento A falta de documentação e de escavações arque ológicas constitui um obstáculo Não se sabe até onde se estendia a cidade Desconhece se como a cidade evoluiu desde a sua génese até ao estabelecimento de relações com o mundo europeu in Mensagem Revista Angolana de Cultura nº6 1991 p6 A este respeito John thornton escreve A cidade de Mbânza Kongosão salvador situa se num impressionante planalto montanhoso cerca de 600 metros acima do nível do mar no norte da actual Angola Com a excepção de um período de trinta anos nos finais do século XVii quando esteve abandonada é a mais antiga cidade de ocupação contínua na África central ocidental e uma das que estiveram ocupadas durante mais tempo na África subsariana No seu apogeu nos finais do século XVi e início do século XVii era a maior cidade na África central ocidental e uma das maiores de África estava outrora próxima do centro geográfico do antigo reino do Kôngo e hoje em dia continua a ser o centro espiritual do povo do Kôngo mesmo daqueles cujos antepassa dos nunca reconheceram como seu governante o rei do Kôngo Muitos clãs do Kongo fazem remontar a sua origem primeira a Mbanza Kongo conhecida na tradição por Kongo dia Ntotela Kongo do imperador ou Kongo dia Ngunga Kongo do sino bem como pelos seus nomes mais prosaicos seja o kikongo ou o cristão in Fontes Estudos Revistas do Arquivo Histórico Nacionalnº45 19981999 Ministério da Cultura Luanda p135 209 Lancien royaume de Congo et les contrées environnantes tradução de BALL W pp117119 Nkûmba é ecos Publicámos em 1995 num jornal de Kinshasa Echos de republicain nº48 reaparecido em outros jornais como no nº 52 do mesmo jornal por exemplo o título é la signification de MbanzaKôngo esse artigo aborda o problema de forma directa apesar da linguagem jornalística o Jornal de Angola também publicou MbânzaKôngo origem de todos Kôngo Na Vida Cultural 2006 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 109 da sua própria História Porquê só o facto de ser o primeiro e último nome da capital do povo do Kôngo de um povo diversificado em termo de espaço leva literalmente a pensar desta maneira entre os elementos do mosaico BANtU Kôngo conservou o nome de MBÂNZAKÔNGo porque foi a referência desta etnia210 ora a história deles não começa no actual MbânzaKôngo ou melhor são salvador Pois Duarte Lopez confirma esse facto quando aprende que a cidade também foi chamada NKÛMBA WUNGÛDi Além disso e como veremos adiante a palavra aumenta a credibilidade ao falar da sua etimologia salientamos que o bilabial b inicial pode alterarse em V tendo como variante metamorfose o y Assim bânzama dizse também consoante as regiões vânzama ou yânzama Laman cita estes dois verbos como sinónimos211 Cada região tem o seu idioma MBÂNZA deriva de bânzama vânzama ou ainda de yânzakana que significa estender espalhar pôr em acima levantar para cima pôr no tecto o mínimo estudo etimológico que se pode fazer aqui dá a entender que a cidade central está situada num lugar visível ou melhor num sítio à vista de todos Numa colina numa montanha por exemplo eis a razão pela qual como vimos em cima montanha ou colina significava origem ou onde se reúne muita gente os verbos estender e espalhar demonstram que esta cidade principal se movimenta Neste caso pelos seus movimentos a cidade central teria naturalmente levado diversos sentidos ao longo do seu percurso todavia vamos estudar a actual MbânzaKôngo que insistimos ter levado mais do que um nome e sentido De facto ajustar ou prefixar MBÂNZA aos nomes das localidades aldeias e regiões forma o nome da cidade ou da capital Uma coisa é os de dentro não poderem ter o mesmo nome que os de fora isto é consoante a sua importância histórica sociológica até económica ou política É uma observação que anotamos relativamente a MbânzaKôngo os primeiros a ocupar essa região e precisamente a placa ou a colina onde se encontra batida a cidade capital do Kôngo baptizaram com o nome de Nkûmba Wungûdi afirma Duarte Lopes e traduzse por outeiro e umbigo do reino212 210 Chamamos etnia porção de povo em relação ao bloco Bantu 211 Ver as palavras no Dicionário Laman 212 esta cidade chamase s salvador e no passado no idioma local chamavase MBanza que quer dizer genericamente Corte onde permanece o Rei ou Governador está situa da a 150 milhas do mar numa grande montanha alta quase toda rochosa rica de minas de ferro com qual fabricam as casas o morro está separado e distinto de todos aqueles que lhe estão à volta e por isso os portugueses chamamlhe o outeiro que sig As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 110 Antes de mais informamos que este nome tem por variante Mpêmba Kasi ou Mpêmba Kati que significa o CeNtRo ABeNçoADo A palavra Nkûmba deriva do transitivo kûmba prefixado de N forma contraída de MU o verbo significa picar com picareta a superfície do sol escavar os alicerces de choupana ou cabana vazar uma vala rego regueira entre os campos servindo da linha de demarcação cavar ligeiramente cavar trabalhar o solo com enxada no campo cavar uma vala a fim de permitir a saída de água a espalharse para outros sítios do campo ou servindose da linha de demarcação coçarse o segundo elemento deste nome composto é WUNGÛDi isto é maternidade fraternidade É composto por wu elemento para significar qualidade e por ngûdi ou seja mãe tia dama mulher idosa e no sentido figurado parte interior centro dentro domínio meio coração o núcleo Num primeiro instante Nkûmba Wungûdi significa o lugar principal o centro do povo como afirmam alguns autores213 em kikôngo de Leste em relação a MbânzaKôngo o verbo kûmbanga que é informa Laman K e extensivo de kûmba quer dizer ir e voltar frequentar várias vezes um sítio ou ou dialectalmente 1 estar de cama 2 sair ou cair da cama 3 ficar de cama De acordo com os relatos esta cidade principal serviu de ponto de demarcação para muitas famílias migratórias ir e voltar ou os três últimos sentidos estar de cama sair ou cair da cama e por fim ficar de cama tal como acontece principalmente no trabalho de campo na lavra em que se cava ligeiramente os regueiros ou rego com o objectivo de permitir a circulação das águas em todas partes do solo No mesmo sentido a palavra nkûmba faz entender que esta colina actual Mbânza Kôngo serviu de ponto principal de demarcação para muitas migrações Mas principalmente para três 1 estar de cama 2 sair ou cair da cama e 3 ficar de cama Aliás a palavra cama em kikôngo côkwe e umbùndu leva os sentidos de 1 fundamento 2 ventre onde se desenvolve a criança nifica vigia os primeiros senhores do Reino do Kôngo fundaram esta aglomeração supramencionado acima por duas razões em primeiro porque se situa no centro de todo reino podendose prestar socorro rapidamente em qualquer parte e depois porque está num lugar por natureza elevado de bom ar e seguro e que não se pode expugnar Uma selecção de extractos do Relatório do Reino do Kongo e das Terras Circunvizinhas de Filippo Pigafetta publicado em Roma em 1591 edições Chá de Caxinde Luanda 2002pp5354 Portanto nós sublinhámos a primeira razão que em Kikôngo se traduz por umbigo Nkûmba 213 Pigaffeta citado por Raphaël Batsikama Voici les Jagas pp132158 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 111 matriz 3 fundo da terra onde enterramos cadáveres De onde viemos para lá voltamos isto é o sentido de NKÛMBA esta análise faz entender que quando os Kôngo declaram que vêm de MbânzaKôngo este deve ser o actual Assim também pensa o próprio povo ora de onde eles vieram e imigraram fundaram muitos Mbânza Kôngo topónimo cujo actual é o último De facto MbânzaKôngo ou simplesmente Kôngo como referenciam também os repertórios orais vem da expressão mbânza ya Kôngo repetida de maneira constante a fim de indicar o centro ou núcleo do povo Mas seria ambígua pretender que o actual MbânzaKôngo fosse a origem dos todos os Kôngo Na fundação de todos os Mbânza214 o Mani administrativo coabita com Makota Mani Mpemba Mani Kabûngu ou ainda Nsâku Ne Vûnda escrevem os autores antigos e modernos de acordo com a informação obtida directamente ou pelos detentores da tradição oral No nosso entender e depois de uma análise o terceiro nome topónimo baptizado pelo menos foi um dos nomes que chegou até nós seria KoNGoDYA NtÔtiLA Porquê Uma simples hipótese seria Nsâku Ne Vûnda e Mani Kôngo viviam juntos e dada a preeminência do Nsâku Ne Vûnda em caso algum esta cidade levaria um nome explicando que ela pertencia a Ntôtila Mani Kôngo No entanto tornouse possível quando o grande Nsâku Ne Vûnda imigrou para Nsôyo215 ou Mbâta Ao ler Duarte Lopez que nunca saiu de são salvador Mbânza Kôngo e ao estudar os escritos de Lorenzo Da Lucca Bernardo Da Gallo este foi um grande missionário no verdadeiro sentido da palavra assim 214 Mbânza sempre foi a principal terra a conquistar e a garantir segurança Logo esta belecese as casas administrativas uma de sacerdote da terra Mani Mpemba Makota ou ainda de Nsaku Ne Vunda Constróise a residência principal ocupada pelo Responsável administrativo desta região este último leva o nome da localidade conquistada Mani Nsônso se a região se chama Nsônso Mani Mbâta é questão de Mbâta etc Antes e de pois de a conquistar realizase certas cerimónias administradas pelo Nsâku Ne Vûnda primeiramente à terra depois à elite dos conquistadores isto é Mani da região que ocupam ou de outra pessoa da mesma linhagem Finalmente realizase o culto dos An cestrais No fim do culto antes de os conquistadores irem dividese o lukôbi lwa Bakûlu isto é o cesto dos Ancestrais Makûkwa matátu malâmbe Kôngo dizem eles isto quer dizer que dentro deste cesto encontramos os restos humanos vegetais minerais da re gião e dos fundadores desta região Como os outros vão espalharse nas outras regiões era preciso que levassem com eles alguns conteúdos deste lukobi lwa Bakûlu isto por que o MusiKongo não pode viver longe dos seus antepassados este lukôbi lwa Bakûlu simboliza a presença dos Ancestrais Portanto cabe a Nsâku Ne Vûnda administrar os cultos necessários 215 Veremos mais tarde no capítulo que trata da fundação do Nsôyo como o grande Nsâku Ne Vûnda imigrou para Nsôyo assim como o motivo da viagem As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 112 como de outras obras de mérito como a de António Cavazzi constamos que somente os de fora da cidade utilizam KongodyaNtôtila Van Wing sem o querer talvez esclarece o porquê até no século XIX os Ambundu vão a KongodyaNtôtela a fim de resolver os problemas jurídicos à Mbâzia Nkânu216 Na verdade KôngodyaNtôtila tem vários significados 1 País do Unificador do verbo tôta unir 2 País do Grande Juiz tôtesa obrigar forçar pôr duas coisas diferentes a aceitar união e 3 País das Disputas das discussões No entanto o repertório oral informanos sobre KÔNGo DYA WÊNe Não é Mwêne mas sim WÊNe que é diferente esse topónimo significa País dos seios País das mamas Na concepção do Kôngo essa apelação significa O LAR ORIGINAL se bem que alguns autores lhe dão a tradução de oNDe se tiRA o Leite PRiMoRDiAL Quanto à existência deste topónimo KôngodyaMbângala o facto de não designar o Rei indica que é sem sombra de dúvida umas das primeiras apelações que os Kôngo colocaram a esta cidade É fácil reconhecer o sentido de NKÛMBA WUNGÛDi KÔNGoDYANtiNU Actualmente é difícil ouvir este nome Antigamente cronistas e relatos de Missionários e de Comerciantes continhamno mas de forma já traduzida Cidade de Mutinu Cidade do salvador Duvidar da existência seria uma aberração sem nome A tradição ainda o conserva e é precisamente no sentido corrente que conhecemos a cidade dos Reis que nunca foram originários isto é o País do Refugiado Antes de os Portugueses descobrirem este país os reis do MbânzaKôngo eram originários de outras regiões tina tinisa significa fazer fugir afugentar também depois dos julgamentos a Mbâzia Nkânu é óbvio os vitoriosos assim como os derrotados dos casos qualificam o senhor desta cidade como o salvador ora o que parece um embaraço pertinente esta cidade tornase na lógica do pensamento Kôngo na única hipótese na única solução ou melhor na única salvação para os seus problemas ou inquietações obviamente quando não se chega a consenso recorrese ao tribunal supremo cuja sede foi fixada em Mbâzia Nkânu Cidade ou Corte de Litígios Jurídicos Finalmente KÔNGoDYAMANi Na verdade nunca nas nossas recolhas ouvimos este nome217 apesar de não percorremos todas as 216 Van Wing J etudes Bakôngo i Histoire et Sociologie p 34 Mbâzi a Nkânu significa Corte dos problemas jurídicos onde se resolve os problemas do povo 217 Fonseca escreve Muitos cronistas antigos e mesmo modernos têm chamado MANY aos aristocratas e príncipes do antigo Reino do Kôngo porém este termo nunca foi por nós encontrado Encontramos apenas a partícula NE e os termos NTOTELA NTINU e MFUMU sobre os Kikôngo de Angola UeA Luanda 1989 p25 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 113 bibliografias antigas existentes nem todas regiões do Kôngo Por isso não duvidámos que tinha existido É bem provável de uma e de outra forma só que contem o mesmo valor semântico do que os KongodyaNtôtila Justiça De acordo com os dados filológicos que reunimos relativamente aos dois termos Ntôtila parece designar o rei pela primeira vez em relação a Mani no seu duplo sentido apodíctico de unificarpôr junto Quanto a Mani os verbos derivados e nos quais deriva simplificamse somente na justiça perdendo assim essência perante Ntôtila que além de conservar esse valor semântico implica e evoca também todo o processo original da unificação desde as fundações Ntôtila Kôngo utôtese Nsâku ye Mpânzu mu nkîndu kya Mbôma o Unificador do Kôngo fez disputar Nsâku e Mpânzu nas rivalidades de Mbôma sem romper com a união tal foinos inculcado desde infância218 Mas a união nunca se desfez porque Kôngo ye tâdi Kôngo é uma pedrinha impossível de quebrar reza a tradição I3 As Origens dos Reis I31 Origens Setentrionais NA KÔNGo DoN ZUãN Ni MAVÛNGU MANiKUNA NKosi Ye NGo NKosi MU LUKUNZi KYA DYÂNGA MWÂNA MFUMU MU LUKÛNZi KYA KÂLANGA reza a tradição219 eis uma livre tradução Ni MAVÛNGU QUe ReMoVe o Leão e o LeoPARDo É NA KÔNGo DoN ZUãN o Leão No PiLAR DA eCoNoMiA e o FiLHo DA AUtoRiDADe NA eXistÊNCiA Do PAÍs 218 tradição muito vulgar nas zonas de Luwozi mas também encontramos em Makela onde se diz sanga em vez de tôtesa os verbos são sinónimos e antónimos no mesmo tempo sânga unir juntar tôtesa criar discussão Mas tôta significa também juntar Filologicamente tôtesa é uma discussão entre as partes que têm como objectivo a sua resolução numa eventual união É comum em muitos Kôngo a ideia de que o Kôngo deve ser restaurado Nzînga Nkûwu morreu porque queria combater os Portugueses que começaram a intervir na administração do país utilizando a lema divide ut regnes Vita Nkânga foi assassinado assim como mais de 12 reis por terem sido combatidos os estrangeiros que queriam dividir o seu país Ndona Beatriz Nsîmba Vîta também foi vítima por ter conduzido um movimento da reunificação do país em 1702 Quase todos os organismos que os Kôngo fundaram desde ABAKo têm um principal objectivo a Reunificação se não do Reino pelo menos deste povo através do mundo inteiro em resumo se bem que isso nos parece fora da realidade absoluta o Kôngo ainda acredi ta que esteja unido não só consigo próprio mas também com a sua comunidade Kongo tadi kabasue basinga cantase utopicamente 219 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda m nsia Kôngo tûmba p7 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 114 Na Kôngo Don Zuãn Na sinónimo de Ne significa Autoridade chefe e Kôngo nome do país ou seja Rei De facto Don Zuãn outra forma de Dom João português foi Rei Qual Porquanto a história do Reino Kôngo faznos conhecer dois NDo NZWAWU Don Zuãn nomeadamente NZÎNGA NKÛWU Dom João e MVÊMBA MPÂNZU o primeiro foi morto em 1506 e o segundo assassinado em 1710 Além de se diferenciarem no tempo o primeiro reinou a MbânzaKôngo e o segundo a KôngodyaLêmba220 alguns anos depois de Nsîmba Vîta A tradição indica que este Na Kôngo Don Zuãn é Ni MAVÛNGU ora os dois Reis parecem fora do paralelismo o primeiro é do Mbânza Kôngo e segundo é do MbânzaNsôyo No entanto aqueles que recolhem as tradições fazemnos ler MAVÛNGU Ni MAVÛNGU MANiKUNA NKÔsi MANiKUNA NGo NGo KUNA LeLe NsÂNsi NKiLA YetÎtiLA MPiLA Mosi Ye NZÎNGA NKÂNGA A KU LÔMBe221 eis a tradução soU eU Ni MAVÛNGU QUe ReMeXe o Leão o LeoPARDo oNDe DoRMe o PAstoReLeVADoR os ANiMAis sUBLeVAM e sACoDeM As sUAs CAUDAs entre ambos os reis numa primeira abordagem somente o Nzînga Nkûwu levaria mais afinidades com Nzînga Nkânga porque são NZÎNGA o problema colocarseá a nível do segundo elemento do nome em relação a NKÂNGA Na verdade na linealogia Nkûwu e Mpânzu pertencem a outras famílias isto numa primeira abordagem No entanto Nkânga e Nkûwu como antropónimos da cidadania Kôngo estão intimamente ligados um ao outro Primeiro a tradição informa nos Nkûwua nene kânga nsi kukângi nkela ko escreve Jean Cuvelier traduzimos NKÛWU salva kânga o país mas não o deteriora kukângi sentido reversivo Analisando a diacroniasincronia deste repertório ou das palavras nkângankûwu remarcamos que teria existido uma série de histórias cujas famílias de Nkûwu e de Nkânga parecem literalmente cumprir essa tarefa em conjunto ou em simultâneo construtivamente complementar Aliás alguns relatos que Jean Cuvelier no seu Nkutama e Joseph De Munck no seu Kikûlu kya nsietoa Kôngo222 nos dão fazem entender que Nkûwu e Nkânga são tarefas de uma só pessoa nome de uma só pessoa A realidade é certamente outra De todo o modo é prova 220 KôngodyaLêmba significaria país ou cidade do tio do rei outra apelação de Mbân zaNsôyo Na época das grandes anarquias tornouse uma das três capitais do Kôngo 221 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda um nsia Kôngo pp15 e 61 222 Conferir Nzînga Nkânga ou Nkânga Nzînga Nkûwu Nzînga e Nkûwua Nêne no livro de Jean Cuvelier e de Joseph De Munck quando fala da fundação e de Yâla Nkûwu no seu livro As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 115 evidente que pelas suas vicissitudes a história pode estabelecer um certo paralelismo entre os dois nomes em resumo este repertório oral endereçase a NZÎNGA NKÛWU João i pai de Afonso i Voltamos então a Ni MAVÛNGU Ni variante de Ne Na Ma significa chefe autoridade sua excelência e Mavûngu de Ma partícula que designa AUtoRiDADe também é locativo se for locativo Mavûngu seria um topónimo tal não parece o caso portanto Nunca a história baptizou esta região por tal Mavûngu sempre foi Vûngu ou Bûngu tudo indica porém que as vicissitudes acrescentariam a Mavûngu a partícula Ni a fim de regressar ao velho sentido de Autoridade de Vûngu pensando que Mavûngu seria assim desnudado do seu verdadeiro sentido antigo223 isto é tendo em conta o conhecimento de causa dos faladores É verdade que muitas vezes Mavûngu relatado nos repertórios perde facilmente o sentido de chefe de Vûngu patrónimo dos clãs Portanto relatando os diferentes perfis do Ndo Nzwâwu notase que este patrónimo nunca foi desinvestido do seu verdadeiro sentido de maneira completa De facto Vûngu é outra forma de Bûngu afirmam os autores acerca do país de origem do primeiro Rei do Kôngo NeLukeni224 isto confirma se a Nzînga Nkûwu patrónimo como nos informam estes diferentes clãs Mbênza Nzînga Mvîdi kya Vûnga Mbênza Ni Mavûnga225 etc Passamos à análise tendo em conta estas críticas superficiais MANiKUNA NKÔsi Ye NGo Revolveu o leão e o leopardo Manikuna é a forma de conjugação kikôngo ma é pronome pessoal em relação com Mavûngu e o verbo conjugado é nikuna verbo transitivo que significa remover revolver remexer pôr em movimento agitar movimentar mudar de lugar perturbar comover agitarse moverse obrar sublevarse friccionar esfregar encerar untar sacudir acordar reanimar A presença destas bestas incitou alguns autores a pensarem que o poder no velho Kôngo era divino226 Portanto sabemos muito bem que 223 É também o caso de Ne ntînua Kôngo Ne Mfûmua Kôngo Ne Ntôtila Kôngo como patrónimos 224 Cf o capítulo sobre Ntînu Wêne no livro de Jean Cuvelier Lancien royaume de Con go 225 Cuvelier J Nkutama mvila za makandaver esses patrónimos esta obra completa mente em Kikôngo está apresentada de forma de glossário isto é uma lista de nomes dos clãs existentes no mundo do Kôngo conforme as pesquisas efectuadas pelo antigo Arquebispo de Matadi Jean Cuvelier enumerados de A até Z 226 Weeks que aparentemente cita Mahaniah sem o mencionar directamente é desta opinião Ver Maladie et la guérison milieu Kôngo p29 Fundamos esta hipótese pelo fac As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 116 a tradição oral é ao mesmo tempo um conjunto de palavras antigas e recentes e este facto faz com que estas frases e outras da tradição oral a que chamamos de elementos da língua sejam qualificados de linguagem pouca ordinária eis a prova quando estas bestas intervêm nos assuntos públicos sobretudo ao nível de designações das responsabilidades de um determinado grupo de pessoas o verdadeiro sentido converge poucas vezes com as suas qualidades Raphaël Batsîkama explicanos da seguinte forma os dentes do leão e do leopardo que levam as autoridades no Reino do Kôngo assim como o uso da pele dos mesmos animais não têm nada de fetichista ou de místico Não faz entender de forma nenhuma que o rei ou qualquer autoridade se serve das prerrogativas a fim de açambarcar de tudo que produz a nação com fim de aterrorizar e devorar assim como o faria um leão um leopardo227 Na verdade a interpretação destes emblemas é relativa aos repertórios orais nkosi ngo lulêndoa Mbûta reza a tradição isto traduzse ao leão ou leopardo a honra é superior em termos claros quem defende a sua honra ou seja um chefe que age em tudo com objectivo de salvaguardar a honra do seu país é mais valente mais forte e mais poderoso que o leopardo ou leão228 também nas suas légendes chez Bakôngo Yvon struyf relata as estórias onde estas bestas intervêm observação já não estão carniceiros como é sua natureza229 o professor Levistrauss ensina que o motor explicativo de um conjunto dos mitos encarnando o espírito de uma sociedade vem de dentro De igual modo as versões e suas diferenças são sombra de alusão de uma realidade intrínseca230 Assim por exemplo to de as teses de Mahaniah defendidas nos estados Unidos serem popularizados pelos africanistas americanos Balandier G Anthropologie politique PUF Paris 1980 p208 Paulme D Les civilisations africaines PUF Paris p55 Baummann Westermann Les peuples et les civilisations dAfrique Payot Paris 1965 Ver os Kôngo poder político e Au toridade da terra Na verdade os autores que relatam isto pela primeira vez desconhe cem de forma notável os usos e costumes eram raros os que nem conseguiam gaguejar em Kikôngo e por conseguinte confundiram a noção de autoridade com os sentidos antigos dos reinos europeus ou asiáticos 227 Batsikama R Voici les Jagas p235 228 idem 229 No nosso artigo reaparecido várias vezes em diferentes jornais de Kinshasa em 1993 1994 principalmente no Echos de Républicain nº32 1993 explicamos de maneira sim ples e clara que o poder no velho Kongo nunca seria divino e que nem o leão nem tão pouco o leopardo intervindo na nomenclatura administrativa e símbolosfunções pode rão indubitavelmente provar que o poder seria totalitário ou divino o título do artigo é Le pouvoir au Kôngo nétait pas de caractère divin 230 Totémisme aujourdhui PUF Paris 1980 pp1415 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 117 quando os Romanos abraçam o judaísmo interpretam a crença judaica consoante a teosofia romana do mesmo modo os reinos africanos foram explicados pelos europeus conforme um pensar extraafricano isto porque assim o cantava Platão a língua é alma do povo ou seja a ideia de uma língua está ligada à ideia de um povo e de acordo com os princípios estruturalistas estea não pode ser deformadoa completamente apesar de uma influência externa e forte qualquer que ela seja Passamos sem demora às explicações necessárias i NKÔsi MU LUKÛNZi KYA DiÂNGA MWANA MFÛMU MU LUKÛNZi KYA KALANGA o leão no pilar da economia o príncipe herdeiro no pilar da existência isto pode ser uma tradução livre de qualquer pessoa que melhor ou minimamente fala Kikôngo eis a análise deste bloco metalinguagético o termo NKosi deriva do transitivo kôsa que significa 1 triturar britar 2 trilhar comer aos bocadinhos tasquinhar 3 moer quebrantar 4 reduzir a nada aniquilar 5 domar submeter subjugar domesticar231 Contudo quando se trata de uma linguagem administrativa NKÔsi deriva do verbo kôsikila extensivo de kôsa acima citada No Dicionário e Gramática Kikôngo de Bentley num estudo antes de mais especificado sobre os falares de MbânzaKôngo e das circunvizinhanças também Laman kôsikila quer dizer 1 tornar a juntar juntar de novo amontoar 2 coligir apanhar 3 reagrupar Mais KÔsi bukôsi significa unidade unity escreve Bentley unité segundo Laman ou seja estado inteiro integridade totalidade plenitude Neste caso NKÔsi é sinónimo de NtÔtiLA eis o porquê de a tradição chamar o rei Kôngo NKÔsiA KÔNGo termo que Cavazzi confundia com NKÂsi ZA KÂNGo e que PigaffettaLopez não podiam entender melhor na altura a demasiada ou apodíctica nomenclatura dos títulos que tinha o NeKôngo entre os quais NKÔsiA KÔNGo ou NtUA NKÔsi ZA KÔNGo 231 o leitor pode livremente verificar estas traduções no BeNtLeY dictionary and Gram mar of the kikoongo language BUtAYe R Dictionnaire KikôngoFrançais Français Kikôngo Mas sempre preferimos as explicações de Laman em primeira posição porque nos parecem mais claras simples e completas de ponto de vista do dialecto e da lexico grafia As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 118 Passamos a LUKÛNZi que quer dizer 1 poste prumo mastro 2 pilar sustentáculo apoio 3 coluna amparo DYANGA do verbo kudya significa comer alimentase nutrir o sufixo NGA marca a continuidade uma acção perene sem interrupção Mas DYÂNGA de acordo com a realidade bantu equivale à eCoNoMiA DA sUBstÂNCiA232 Neste caso o primeiro bloco matemático NKÔsi MU LUKÛNZi DYA DYANGA traduzse então por o rei no pilar da economia No antigo Reino do Kôngo o acessório do rei nesta área chamavase MFÛtiLA KÔNGo termo que significa Ministro de impostos A tradição utiliza em algumas formas o termo NKÔsi para ReiMiNistRo De iMPostos ii MWÂNA MFÛMU MU LUKÛNZi KYA KALANGA Literalmente o FiLHo príncipe herdeiro DA AUtoRiDADe No PiLAR DA eXistÊNCiA Nesse caso o que significaria MWANA MFÛMU Literalmente o filho da autoridade o que não é na acepção metalinguagética o primeiro sentido desta frase no repertório teria sido outro Quem traduz desta maneira oculta ipso facto na compreensão première no texto233 eis a etimologia desse grupo substantivo MWÂNA MFÛMU de MU e de VÂNA dar uma oferta um presente Filho é oferta de Deus é o pensamento dos Kôngo e MFÛMU de M e de FÛMU fûumuna234 ficar sentado com o queixo na mão mendigando enganchar obter por astúcia235 232 o Rei DeVe CUiDAR DA sAÙDe Do PoVo DeVe MANteR A iNteGRiDADe Do PAÍs e GARANtiR UMA eCoNoMiA PRosPeRA A FiM De NiNGUeM MoRReR À FoMe reza a tradição Cuvelier J Nkutama mvila za makanda pp12 105 citado pelo R Batsikama Voici les Jagas pp248249 Mwêne Kôngo título de Rei Kôngo traduzse literalmente por quem amamenta o Kôngo o país inteiro Aliás é por esta mesma razão que o pai ou tio chefe no núcleo familiar deve também garantir a saúde das crianças e nunca matar à fome os seus filhos 233 Razão pela qual os estruturalistas reconhecem em morfonemas ou palavras 1 dife rentes sentidos 2 várias histórias ou paradigmas Na verdade certas frases ou certas palavras são vestígios das velhas histórias provérbios anedotas etc Mas da mesma for ma se consideramos as mudanças ou a dinâmica que intervêm veremos que o sentido principal às vezes já não existe Por este facto pode lerse os Mythologiques assim como Anthropologie structural de Levi strauss eduar sapir Anthropologie Culture 234 Fûumuna em kikôngo corrente significa se considerar demais fazer ilusão se mos trar ser superior melhor se for orgulhoso pretensioso etc A história da língua Kikôn go indica certas palavras cujos primeiros sentidos são actualmente invertidos sentido reversivo como é o caso da palavra fûmuna que antigamente significava estar triste 235 Laman Ke Dictionnaire p162 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 119 As autoridades MFÛMU são produtos da investidura Para alcançar informa a tradição kyâla Môko outro nome comum das autoridade os candidatos devem mendigar ao povo esta autoridade e o sentido de MWÂNA MFÛMU é o QUe oFeReCe o FACto De MeNDiGAR Aliás no pensar Kôngo o filho de chefe não é chefe e nunca sucederia a seu pai porquanto a noção da herança é outra também o chefe reinando não pode de maneira alguma designar o seu sucessor escreve J Mertens236 este autor acrescenta que amfûmu baziâma muna ziami kya tûmbwa isto é as autoridades são resultado da investidura237 Acima de tudo a tradição chama os candidatos ao poder KYÂLA MÔKo que significa LisoNJeiRo ADULADoR seDUtoR ou melhor MeNDiGo PeDiNte Do PoDeR238 Razão pela qual Mfûmu quer dizer quem obtém a autoridade ou poder depois de usar a astúcia quem pensou muito para obter o que tem etc Mas MWÂNA MFÛMU é todo o candidato digno ao poder ora reza a tradição que Todo o Kôngo é autoridade e não pode ser alienado de maneira nenhuma ou ser matado como se mata a formiga Todo o Mukôngo é rei animal rei leão239 NKÔsi MU LUKÛNZi KYA DYÂNGA MWÂNA MFUMU MU LUKÛNZi KYA KALANGA é outra forma de o Rei assegura a economia e o cidadão mantém a boa direcção do país respeitando as leis usos e costumes a fim de providenciar a boa existência calma e continuidade do país Desta análise descobrimos que Dom João Nzînga Nkûwu era originário de Vûngu eis porque a tradição chamao também de MVÎDi KYA VÛNGA MBÊNZA MANYÂNGA e Ni MAVÛNGA estes nomes são da cidadania240 são provas evidentes que Nzînga Nkûwu era originário de 236 Mertens J Les chefs courronnés chez Bakôngo p13 237 Kimfûmu ma kya tûmbwa reza a tradição o poder é questão da investidura Cuve lier J Nkutama p94 Van Roy J Les proverbes Kôngo Mus Roy Afri Cent tervuren 1963 p29 provérbio nº25 238 Ver as explicações de Raphaël Batsikama Voici les Jagas ver Mpângu za Bakûlu Cons tituição 239 Cuvelier J citado por Raphaël Batsikama Voici les Jagas p39 240 existe quatro tipos de nomes nos Kôngo Nome de nascimento é dado logo no nascimento do menino este nome é uma lembran ça do período que marcou os pais ou seja um provérbio Por exemplo DIABAKA Diata Malembe isto é para conseguir a riqueza ou para atingir o seu objectivo tem de andar ou proceder devagar ou ainda BATSÎKAMA kadilekanga ko acordem Que não morram jamais o portador deste nome foi precedido pelos mortos nascidos e bebés cuja vida tinha alguns dias Muzabakani ninguém o pode conhecer ou entender melhor etc Nome de cargo social quando alguém está exercer um cargo na vida social leva um As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 120 Lômbe ou Mayômbe e pertencia à família das Autoridades Mvîdi outra forma de Vîli e Manyânga pertencem nesta parte à floresta Mayômbe A tradição explica Mono mbenza Ntinu Mbênza ye Manyânga Mbênza uyâlanga Ni Mavûngu kayâla ko ou seja sou eu Mbênza o Rei Mbênza de Manyânga eu reino mas Ni Mavûngu não reina241 Começamos por constatar que MBÊNZA ou NtiNU MBÊNZA MANYÂNGA está posto em evidência com MAVUNGU Na verdade é uma ambivalência numa só pessoa tanto um como o outro é digno de tocar ou ornarse com dentes e pele de leão ou leopardo Portanto NtiNU MBÊNZA Ye MANYÂNGA desconhece o exercício de poder de Ni MAVÛNGU NtiNU MBÊNZA UYÂLANGA significa Chefe Mbênza Justiça está a governar pretérito presente NtiNU MBÊNZA is GoVeRNiNG escreveria um inglês então Ni MAVÛNGU KAYÂLA Ko traduzse por Ni Mavûngu isto é Não estÁ A GoVeRNAR De facto podese traduzir Ni Mavûngu por não governa mas a condição diz que ignoremos a primeira proposição Alguns gramáticos podem contraargumentarnos e afirmarem que a forma mais adequada é MAVÛNGU KAYÂLANGA Ko obviamente mas numa frase com duas proposições a repetição de um modo pretérito presente que marca um presente contínuo já não é necessária os reis nunca deixam de o ser mesmo mortos eis o porquê de Nzînga Nkûwu Ntinu Mbênza apesar de fazer parte do mundo dos mortos continuar a dirigir É evidente que na forma em que se faz prolixidade Dom João i Nzînga Nkûwu Ntinua Mbênza apesar de povoar já o mundo dos mortos continua a ser Rei no pensar dos Kôngo eis porque até hoje em dia os da linhagem de NtiNU KÔNGo Ntinua Kôngo utûkidi kwa nome ou título Mani Kôngo rei do Kongo Mani Mbâta Burgomestre da comuna de Mbâta Ngânga Ngômbo especialista em matéria de divinação Ngânga Nkîsi espe cialista na religião Padre etc Nome da iniciação tanto os homens como as mulheres passam pela iniciação de puber dade ou outras em cada iniciação recebem certos nomes Quem se chama NKosi não é leão porque este NKosi leva outro sentido Nome da cidadania Mukôngo podia viajar longe da sua localidade sem levar com ele muitas provisões Bastavalhe simplesmente uma faca e um pouco de cola Quando anoitecesse apresentarseia na aldeia mais próxima Aqui ele não utilizaria o nome de nascimento porque ninguém o reconheceria por irmão ou parente então utiliza nomes como NZÎNGA NKÛWU MPÂNZUe LAWU VÎtA NKÂNGA LUKeNi LWA MVÊM BA MVÊMBA NZÎNGA etc estes nomes são o conjunto dos patrónimos nomes dos zivila da mãe e do pai o da mãe vem sempre em primeiro lugar salientamos que esse nome pode ser composto por dois ou mais elementos patronímicos pode ser dois ou mais de uma dezena 241 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda p21 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 121 Avîdia Lwângu kuna Ngôyo242 ou seja o rei do Kôngo vem do país dos Vîli a Lwângu mais precisamente do Ngôyo tal como indicam as nossas humildes análises a questão parece exclusivamente do rei Nzînga Nkûwu iii ÁRVORE DE ASCENDÊNCIA NZiNGA NKÛWU NtiNUA MBeNZA Ni MAVÛNGU MViDiA VÛNGU MBÊNZA Ye MANYÂNGA é nome de cidadaniacargo social Logo é um documento evidente a fim de explicar a ascendência em princípio é da família luvila kinzinga desde as suas mães da mãe á avó da avó às bisavós e trisavós etc Pertence no entanto à família de kinkûwu desde o seu pai e às mães deste último Ngôyo sendo a sua origem directa e pertencente à família das autoridades seria descendente de Nkânga Nzînga Nkânga ou ainda de Ne Nkânga Como veremos nos próximos capítulos o pacificador deste país de Lwangu foi MPÂNDA MVÂNGi chamado NeNkânga Não obstante entre Ne Nkânga e MBÎNDA MVÂNGi outra autoridade do Kôngo um dos Heróis de Lwângu Ngôyo mais especificamente assim informam as significações destes nomes passouse uma época época em Kôngo inclui várias gerações porque Nkânga é pacificador e Mbînda caçador vem continuar a realização deste MVÂNGi ou MPÂNDA MVÂNGi ora de acordo com os elementos textológicos inerentes às fases civilizacionais de Lwângu243 mvângi parece sequência semântica de nkânga Caçador insinua a introdução de uma cultura de caçador que não existia anteriormente De Mbînda surgiu Mbênza justiça porque não só as insígnias da justiça são instrumentos dos caçadores lança faca etc mas também as anedotas confirmam que entre os caçadores se passa a justiça espontânea Assim entre eles a justiça é algo normal244 Por outro lado as significações de 242 Cuvelier J idem p78 Desde então os Kôngo acreditam não só que os Reis de Mbân zaKôngo vêm do Norte Lwângu mas também todo o povo Kôngo eis o porquê de CHARi Razão pela qual Jean Cuvelier um dos autores mais escutados em matéria do antigo Reino do Kôngo escreve que Lwângu foi a origem de todos os Reis do Kôngo que precederam Nzinga Nkûwu Ver Congo ii nº 4 1930 p474 o artigo intitulado traditions congolaises 243 Lethur Etude sur le royaume de Loango et le Peuple Vili Ngônge Kinshasa 1960 244 Leopardo e caçador o leopardo morreu por se ter deixado levar pela ambição de As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 122 Nkûwu Nkûwua Nsûngu precedidos por Vûzi dya Nkûwu fazem entender as vicissitudes conhecidas não só na pacificação de Lwângu mas também até no reino inteiro tendo um afluxo oriundo do Norte para o sul em relação ao rio Mwânza Ne Nkânga quer dizer pacificador Mpândia Mvãngi é herói civilizador245 como Mbînda Mvângi aqui a civilização é da caça simbolizado pelos instrumentos utilizados ora estes dois últimos nomes Vûzi dya Nkûwu e Nkûwua Nsûngu insinuam que da pacificação à civilização parece ter sidas estabelecidas inúmeras leis e normas entre o povo na gerência pública Por seu lado a tradição oral coloca o passado e o presente no mesmo abismo Por exemplo entre os primeiros Vûzi dya Nkûwu e os primeiros Nkûwua Nsûngu passariam os grupos de Ne Nkânga e Ne Nzînga de diferentes nomes quer de cidadania Nzînga quer de cargo social Ne Nkânga mas nesta época imortalizouse apenas NZÎNGA NKÂNGA todavia fica muito difícil explicar quantas autoridades se sucederam realmente a este Nzinga Nkânga porque NtUA NKÔsiA LWÂNGUA KÔNGo NGÔMBe Zi KÔNGo MFULAKAZi ZA KÔNGo etc são produtos das novas instituições estabelecidas e depois inseridas de Lwângu a MbânzaKôngo de acordo com a leitura diacrónica em congruência com os repertórios As relações sociológicas entre essas linhagens confirmam o facto tendo em conta o espaço entre Lwângu MbânzaKôngo na sua literatura histórica Aliás querendo entender estes títulos o primeiro Nkuwua Ntinu parece preceder Nsaku Ne Vunda que estabeleceu a MbanzaKôngo outra instituição se bem que é fácil reconhecer as transformações de muitas palavras ainda ausentam muitos contributos a fim de a filologia em Kikôngo proceda ou facilita a provável datação No caso de NZiNGA NKUWU podemos somente dizer que uma longa lista das autoridades sucederia a Ngôyo e simultaneamente a Mbânza Kôngo antes dele NDÛMBUA NZÎNGA MBÊNZA MANYÂNGA e MFULAMA NKÂNGA reinaram no país de Lwângu a Ngôyo ora esses antropónimos confundemse entre pessoas e grupos de pessoas usando títulos sociais e a MbânzaKôngo aumentase a ascendência que originou Nzînga Nkûwu pai de Afonso i roubar o produto que conseguiu junto com o caçador caçador e o cão caçam juntos mas o caçador come a carne e o cão os ossos Por isso não se pode matar o cão a fim de lhe render a justiça etc Ver stryuf in Les légendes chez Bakôngo também se pode conferir a explicação fornecida no que diz respeito a KôngodyaNtôti la 245 Veremos no Livro ii As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 123 nomeadamente NA NZÎNGA MYA KÔNGo Lukeni de que fala Cuvelier NtÂDiA KÔNGo NGÔMBe Zi KÔNGo MFULAKAZi ZA KÔNGo NtUA NKÔsi Ne KÔNGo etc ora os termos como NtÔtiLA e MANi presenciaram em MbânzaKôngo antes de NZÎNGA NKÛWU A partir daí surge mais um impasse que tentaremos resolver no segundo Livro É literalmente visível que muitas épocas tenham precedido esse NZÎNGA NKÛWU ora em cada época temos existência de várias gerações isto levanos a um cepticismo radical no que concerne aos três reis que segundo autores teriam precedido este monarca do Kôngo tal é a tese mais generalizada sobre os Reis que reinaram antes dele I32 Mvemba Nzinga Afonso I MVeMBA NZiNGA tuka ku Kôngo tukulumukini muna Mbidizi tûnga Loango MbânzaDiadia Mbânzatungua Kinsâasa Mvêmba Nzînga Mvêmba Mvîka Mayâla ma Mvîka Mpâzia Mvîka Mvêmba Nzînga Masaki ma Nzînga amangi Ntinu Kôngo Dom Funsu Ne Mvêmba Nzînga Nkûwu mpu kuna ntu Kyându kilele manzelele mbizi kadila um nsônga Mputu246 A TRADUÇÃO E CRÍTICA Mvêmba Nzînga nome de linhagem saímos de Mbânza Kôngo para Mbidizi Ambriz onde fundamos Lwângu MbânzaDiadia Mbânza tungua e Kinsasa Mvêmba Nzînga tem afiliação com Mvemba Mvika Mayala Ma Mvika e Mpazia Mvika e é irmão de Masaki Ma Nzinga o rei do Kôngo Dom Afonso i sua excelência Mvêmba Nzînga Nkûwu que leva chapéu de chefia é semelhante a uma esteira na qual dormem formigas ou a carne que os portugueses comeram com voluptuosidade As linhagens que levam MVÊMBA NZÎNGA por patrónimo afirmam que saíram de MbânzaKôngo em direcção a Mbidizi rio que se encontra a Nsôyo Lwângu MbânzaDiadia Mbânzatungua e Kinsâsa são localidades por eles fundadas e por onde passaram estes topónimos confirmam que Mvêmba Nzînga passou no Nsûndi e especialmente na MbânzaDiadia na Mbânzatûngua e em KiNsAsA De facto Mpûmbu era um território onde se encontravam escravos No entanto 1 os prisioneiros de guerras 2 os criminosos 3 os escravos etc foram objecto da reeducação a fim de reintroduzir o criminoso reeducado na sociedade Por exemplo o topónimo Kinsâsa que significa 246 Ver o patrónimo no Nkutama mvila za makanda As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 124 onde se reeduca vem de ki prefixo locativo e de nsâsa que deriva do verbo kunsâsa educar reeducar instruir formar aprender etc Assim é um lugar de reeducação e de formação A ascendência de Mvêmba Nzînga está resumida desta forma Mvêmba Mvika Mayala Ma Mvika Mpâzi za Mvika e irmão de Masaki Ma Nzinga Na realidade Mvêmba Nzînga e Mvemba Mvika têm correspondência visto que ambos pertencem à linhagem de Ki Mvêmba talvez surjam as dúvidas nos segundos elementos de nome Nzînga e Mvîka De facto como vamos ver na terceira parte são também da mesma família Kinzînga Mvîka247 como demonstraremos mais adiante eram rainhas cuja missão teria sido pacificar civilizar o Lwângu ora apenas os Besi kiNzînga tinham este direito tanto de governar como de conduzir as expedições migrações Da mesma forma Mayâla ma Mvîka Mvêmba Mvîka e Masaki ma Nzînga pertencem a kimvêmba por parte da mãe e Kinzinga da outra parte Mayala significa ARRANJADoR CoNCiLiADoR CooRDeNADoR e oRDeNADoR estas funções pertenciam aos Besi Kimvemba Mvêmba de M prefixo de agente e de vêmba significa branquear abençoar sagrar consagrar Masaki de Ma Nobre e sâki de saka sakula designa sachar mondar limpar abençoar sagrar consagrar etc o antropónimo MVÎKA era próprio de Mpânda Mvângi ou Ne Nkânga o pacificador de Lwângu KôngodyaMpânzu Portanto Mvêmba Nzînga que se autoproclama originário de MbânzaKôngo são salvador pretende ter laços com este grande pacificador de Lwângu que está numa outra região sabemos muito bem que o nome completo deste monarca é Mvêmba NZÎNGA NKÛWU filho do monarca Dom João i este monarca assim reza a tradição vem de Lwângu Mas todos os Besi kinzînga oriundos desta região e que tenham reinado declaravamse descendentes de Ne NKÂNGA MPÂNDA MVÂNGi o MViKA de Lwângu B A SUA SUCESSÃO AO TRONO Jean Cuvelier na sua obra Lancien royaume du Congo consagra muitas páginas a este rei De acordo com este autor Ndo Nzwâwu Nzinga Nkuwu João i teria nomeado dois dos seus filhos como governadores o primeiro a Mpângu Mpânzua Nzînga era o seu nome e o segundo 247 Mayala ma Mvika literalmente significa quem dirige as Rainhas e neste contexto é função dos Besi Kinsâku Mvîka significa também escrava Tal como o caso de Mfûmu que deriva de fûumuna mendigo o sentido de REI no Kôngo não se confunde a concepção europeia Tal é o caso também de Mvîka ao significar escravo que serve o público As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 125 a Nsûndi este chamavase Mvêmba Nzînga o monarca teve grande estima em Mvêmba Nzînga razão pela qual logo depois da sua nomeação a Nsûndi o seu pai delegou junto ao seu filho os soldados que Luis Da sousa deixou no Kôngo na corte Deste modo com a morte do pai João i surgiu o problema da sucessão Na opinião dos conservadores da tradição o governador de Mpângu que se chamava Mpânzu Nlûngu Mpânzua Nlûmbu ou ainda Mpânzua Kitînu248 seria o verdadeiro sucessor249 mas Mvêmba Nzînga discutiu o poder contra o seu irmão com ajuda dos soldados que Luis Da sousa deixou em MbânzaKôngo Por isso as linhagens que levam este patrónimo nas suas narrações históricas repetem várias vezes que Kôngo dya NKôngoa ngôlo designa o trono do Kôngo pertence ao mais forte Por outras palavras o poder arrancase tirase com violência isto é ao contrário da velha divisa Kimfûmu ma kya tûmbwa na qual o poder é um assunto da investidura através dos votos do povo Mvêmba Nzînga é esteira loando na qual dormem as formigas brancas ou a carne que comeram com voluptuosidade os cidadãos de Portugal reza assim a tradição Passemos então à explicação Antes de tudo começamos por dizer que a herança no Kôngo nunca passa de pai para filho Por esta razão nem Mpânzua Kitinu nem tão pouco Mvêmba Nzînga Nkûwu poderiam suceder ao defunto rei caso fossem os seus próprios filhos se Mvêmba Nzînga conseguiu fazêlo foi mediante a força das armas de fogo como as linhagens deste patrónimo confirmam o trono pertence ao mais forte MuKôngo e Mvêmba Nzînga arranca o poder mas não passa pelos sufrágios250 Na verdade Don Afonso i Mvêmba Nzînga Nkûwu baptizado no dia 7 de Junho de 1491 demonstrou grande fervor religioso perante os Ngânga Nzâmbi padres e como na altura a maioria dos Padres que eram soldados e que deixaram Luís da sousa aproveitaramse para o proclamar sucessor do rei defunto Perante a Constituição do Kôngo foi um crime de alta traição de tal modo que se reuniu em tribunal a Mbâzia nkânu o próprio Mvêmba Nzinga reconhece que vem da Corte de Kôngo251 existe uma grande 248 Ravenstein e G The strange adventure of Andrew Bettel 1590 1901 249 Raphaël Batsîkama Voici les Jagas ou lHistoire dun peuple parricide pp8990 250 Padre Joseph De Munck na sua obra Kinkulu kya nsietoa Kôngo e Cuvelier J Nku tama são desta opinião Munck obra já citada p 63 Cuvelier o cit p 44 De Munck dá o nome de Ne Mayâla ou Ne Myâla que corresponde a Mayâla Ma mvîka que estamos a falar 251 Convém assinalar que Mbâzia Nkânu é também chamado de Mbâzia Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 126 diferença entre MbânzaKôngo capital e Mbâzia Kôngo a Corte este último é uma questão de justiça de tribunal As linhagens testemunham que vêm de Kôngo kuna Mbâsia Kôngo Kôngo mesmo desnudado de Mbânza faz entender que é capital ele vem da Capital precisamente da Corte ou melhor do tribunal eis porquê ele passou por Kinsâsa onde deveria ser reeducado Mas dado que tinha com ele o apoio dos soldados que Luís Da sousa deixou conseguiu tornarse Ne Nsûndi Logo houve confusões entre MiNDeLe e PANZeLUNGU Mindele significa hoje em dia europeus ou indistintamente BRANCo De facto em 1491 mindele designava iNVAsoRes e não BRANCos A palavra tem por raíz hûndela hûndula detestar desgostar Um hûndela mundela mundele alguém detestável insuportável abominável vil ignóbil em Kimbùndu do sul umbùndu uma das velhas formas de Kikôngo WUNDeLe hùndele quer dizer esPÍRito MALÉFiCo Foram na realidade esPÍRitos estas tropas de Luis da sousa tanto mais que saíram das águas oceano como as ninfas252 em outros termos MiNDeLe são aqui os soldados que Luís Da sousa deixou em MbânzaKôngo Por outro lado PANZeLUNGo253 é a corruptela de MPÂNZUa NLÛNGU Literalmente FoRçA DA GUARDA Mpânzu de M prefixo de agente e de pânzu vânza manifestar mostrar a sua vitalidade o seu poder agir poderosamente de maneira viva Nlûngu de N prefixo de agente e de lûnga vigiar tomar conta velar fiscalizar zelar François Bontinck no seu artigo sobre PANZALUNGU informanos a respeito de outros nomes que levou através das idades Mpânzua kitînu guarda da realeza Mpânzua Nlûmbu força de cerca guardas de palácio estas formas informam que pertenciam a uma mesma família MiNDeLe e PANZeLUNGU são mais explicativos do que os relatos dos cronistas e mais claros ainda do que das teses de alguns historiadores e antropólogos estes antropónimos informam que teria sido no princípio uma confusão que resultou em tumultos entre duas forças a força de Mpânzua kitînu que na verdade não tinha nada a ver com o segundo filho de Nzînga Nkûwu contra a força de Mvêmba Nzînga eis a razão pela qual chegaram às escondidas de Nsûndi a MbânzaKôngo No dia seguinte não apenas os Portugueses divulgam que o país estava em luto como começaram já a festejar a coroação de Mvêmba Nzinga o filho do rei defunto esse não era um modus significando Corte tribunal ao contrário de Mbânza Kôngo capital do Kôngo 252 Raphaël Batsîkama Voici les Jagas p86 253 Cf com o artigo de François Bontinck Panzelungo ancestro de solongo in Annales de Aequatorial nº1 1980 pp5986 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 127 operandi próprio dos Kôngo em consequência resultou batalhas Reza a tradição que os anjos assistiram Mvêmba Nzînga isto é os Portugueses soldados que Luís da sousa deixou Desde então a tradição chamou este monarca de carne que comeram com voluptuosidade os portugueses ou ainda loando no qual dormem as térmitas ou formigasbrancas Por outras palavras as colusões juntamente com os Portugueses fizeram de Mvêmba Nzînga o primeiro monarca Kôngo a reinar anticonstitucionalmente os constitucionalistas do Nsôyo delegaram Ne Mpânzua kitînu Na verdade Mpânzua Kitînu significa seGURANçA ou FisCALiZAção dos assuntos reais e Mpânzua Nzînga como sinónimo confirma que somente os Besi Kinzinga tinham o direito de reinar o trono Mvêmba Nzînga agiu anticonstitucionalmente Anos mais tarde escreveu ao Papa que os Padres que estavam a operar no Kôngo eram mais execráveis abomináveis mundele254 que os Judeus que crucificaram Jesus255 I 4 As Origens Orientais I41 Segundo Cavazzi Na província de Corimbra que é uma parte de Congo um homem chamado e Mina Nzima casado com Lukeni lwa Nzanza filha de Nsaku Lawu e de sorikia de Mpukua Nsaku teve com ela um filho chamado Lukeni este Lukeni tornouse forte e valente guerreiro e resgatava a criadagem sobretudo nos vaus de Kwangu tem reunido à volta da sua pessoa uma banda da sua têmpera Um dia cometeu um crime contra a sua tia grávida Depois deste homicídio foi proclamado chefe Mutinu ele invadiu a província de Mpemba Kasi onde fundou a sua capital Mbânza Nkânu estabeleceu as leis e organizou o reino256 o seu 254 Anotação acrescida e sublinhada por nós 255 Cuvelier j Lancien royaume de Congo Desclée Bruxelas 1948 p222 256 Como podemos observar este autor está a confundir Mbâzia Nkanu que é justamen te o tribunal o lugar onde se passa a justiça com MbânzaKôngo que é a capital De facto Mbâzia nkânu localizase na capital Mas significa um lugar especialmente para a Justiça do país ora Mbânza que é capital é onde encontramos várias actividades admi nistrativas principais do país esta diferença causou incompreensão nos autores a respei to da famosa história de Lukeni criminoso Como podemos observar Cavazzi nota que a capital onde estabeleceu a Lei foi Mbânzia Nkânu Mas aí reside a confusão Mpêmba Kasi não é simplesmente uma região A palavra significa CAPitAL e como podemos remarcar ainda falase de Mbâzia Nkânu juntamente com as leis com o Nsâku Ne Vûn As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 128 tio materno descendente de Nsâku Lâwu conseguiu conservar a província de Mbâta Mas reconheceu a suserania de Lukeni e recebeu o título de Nea Kon dianne Kôngo que significa antepassado do Rei do Congo257 I42 Segundo Cardonega Um senhor poderoso a quem chamam de Rei de nome Kôngo dyaMulaza foi à guerra este rei é tão poderoso que o seu país se estende ao interior das terras sem ninguém saber onde termina o seu vasto senhorio todos o temem e respeitam por causa do seu exército amplo que usa o veneno cabonzo com o qual os soldados induzem as suas flechas e lanças Deste senhorio saiu a família de alguns reis de Congo assim como Dona Anna a rainhamãe que ainda vive e Mani Mulaza258 I43 Ideia comum nestas Versões259 1 KôngodyaMulaza é uma vasta região a leste de Kwângu esta região é também chamada de Corimbra isto é Kwîmba ou KôngodyaKwîmba260 2 o Rei de KôngodyaMulaza foi à guerra da conquista 3 o Rei de Corimbra é receado pelo seu exército porque usa o veneno cabonzo nas suas armas da e finalmente com o crime No entanto justifica que os autores tentaram escrever estas histórias consoante os seus pensamentos É evidente que não poderiam renunciar a ser aquilo que eles eram de facto ou seja europeus Apesar de tentar escrever estas Histórias conforme narradas não cessaram de ser Letrados europeus com o seu conceito e com todo o conhecimento adquirido no seu continente Viram de certo modo ilógicas que tentaram tornar lógicas enfrentaram anomalias que se esforçaram em normalizar etc e ipso facto adulteram a realidades 257 Van Wing J Etudes Bakôngo I Histoire et Sociologie pp14 15 18 258 Cardonega citado por Bontinck Fr Diaire congolais de Fra Lucca da Caltanisetta p2425 nota nº38 259 em todas línguas que existem o sentido comum de uma série de palavras derivadas de uma só raiz revela o sentido original ou mais ou menos o sentido primordial desta raiz Pois aqui estamos a tentar reestruturar de maneira possível aquilo que poderia ser o relato original a primeira ou melhor uma das mais antigas versões desta história a versão sincrónica Usamos o mesmo método que os estruturalistas dispõem em mitos se bem que de uma outra forma as análises que oferecem são mais amplas em relação ao que apresentámos os seis pontos aqui sublinhados constituem o motor desta história e vamos tentar apoiarmonos nisto consoante uma predefinição segundo a qual todo o relato provérbio adágio ou até e sobretudo palavras singulares que sempre foram agremiações das frases ou provérbios relacionado com esta História das origens tal como fizemos a propósito de Ntându Mbâmba Mayânda e mais tarde com as palavras fogo lareira calor etc será considerado por nós a priori como favorável fonte e assim por adiante 260 Raphaël Batsîkama Voici les Jagas p108 nota n2 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 129 4 este rei de Corimbra ou de KôngodyaMulaza chamase Lukeni filho de Nima Nzima e Lukeni lwa Nzâma 5 Lukeni matou a sua tia grávida e tornouse Rei esta família chefiou até MbânzaKôngo e por esta razão como Dona Anna é Mãerei de Mulaza tem o direito de reclamar o trono do Kôngo 6 Apesar de alargar a sua senhoria Mbata continuou sob jurisdição de Nsâkue Lawu I44 Análise de Texto Corimbra é uma parte integrante de Kôngo a corruptela de Ku Hîmbwa variante de Kwîmba Jean Cuvelier no seu Lancien royaume de Congo situa esta origem no Norte pondo em evidência os escritos de Jerome de Montesarchio261 De acordo com este autor Duarte Lopes residiu igualmente em MbânzaKôngo durante quatro anos Lukeni o primeiro Rei atou as suas primeiras relações com as populações de NDeMBo de Matâmba e de oKANGA262 o que sugere que a providência não poderia ser do Norte mas a Leste ou sudeste em relação à actual MbânzaKôngo Aliás Kôngodya Mulaza ou Kwîmba é uma vasta região a Leste de Kwângu Lukeni filho de Mina Nzima e casado com Lukeni lwa Nzâma consiste na identificação deste mutinu entre Mina Nzima e Lukeni lwa Nzâma quem é o pai e quem é a mãe em princípio os Kôngo começam pelo nome da linhagem da mãe Nesse caso o nome deste Rei seria Mina Lukeni lwa Nzâma outros autores pensaram em Nima Lukeni263 cuja tradição atribui ao primeiro rei que os Kôngo conheceram na sua história Portanto quando Cavazzi citado pelo Padre Jan Van Wing ou ainda Cardonega escreve e Mina Nzima casado referese ao Pai deste Mutinu como certifica o verbo CAsAR conjugado o particípio passado género masculino Neste caso Lukeni lwa Nzâma seria a mãe porque o seu filho é também Lukeni e se este último foi rapariga daria origem aos subsequentes Lukeni neto de Nsâkue Lawu e Mpukue Nsaku Quer avô materno real quer uma outra figura essa ascendência parece paradoxal como será possível Lukeni filho de Lukeni ser produto de Nsâkue Lawu e Mpukue Nsâku Como neto matrilinear não se justifica com Nsâkue Lawu nem 261 Ver a obra de Bouveignes o Cuvelier J Jerome de Montesarchio Namur 1951 262 Ball W Description du royaume du Congo et les contrées environnantes p179 263 Weeks citado pelo Mahania K maladie et la guerrison en milieu Kôngo Randels Royaume de Congo des origines au XIX siècle Soret Les Kôngo nord occidentaux As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 130 tão pouco com Mpukue Nsâku tendo em conta o código parentesco títulos estes dois últimos nomes poderão justificar e demonstrar que o poder de Lukeni foi reconhecido por Nsâku e Lawu264 Aliás esta frase vai literalmente a par com Lukeni mata a sua tia grávida265 Lukeni deve em virtude à realeza ser abençoado por Nsâku Ne Vûnda Nsâkue Lawu e variante Portanto isto não significa que pertence à linhagem de Nsâkue Lawu nem à de Mpukue Nsâku Aqui a linguagem é ascendência o tio materno conservou a província de Mbata266 e foi reconhecida a suserania de Lukeni assim especifica o sentido de Nsâkue Lawu Aliás de acordo com Antonio Cavazzi este tio chefe de MBAtA era da família de Nsâkue Lawu e chamavase Nea Kondianne Kôngo em relação ao rei de MbânzaKôngo Antes de ir mais longe vamos estabelecer as convergências entre Nsâku e Mbata 1 Mbata zénite auge cume Nsaku sakama está em cima de todos 2 Batama estar junto unidos pôr junto saka unirse juntarse 3 Bata pôr no caminho trancar o caminho saka cortar sachar impedir ceifar pro pôr por cima nunciar uma sentença verbal 4 Bata dar uma chapada saksa de saka soprar dar aos foles chapar soprar bufar surripiar suspirar assoprar ofegar ou dar uma chapada 264 Ver o capítulo II fundação de Nsôyo onde explicamos todas as possibilidades da significa ção destes supostos controversos 265 explicamos isso no capítulo ii fundação de Nsoyo 266 É bom notar que as origens orientais estão ligadas ao sacerdote de Mbâta As origens setentrionais estão ligadas ao sacerdote de Nsôyo isto é muito importante assinalar porque desde François Bontinck e Jan Vansina que se fala durante o período no reino do Kôngo das disputas do poder entre as famílias Kinlâza vindo de Leste e Kimpânzu provenientes do Norte e como escreve John thornton também os Kimpânzu tinham o apoio dos Príncipes de Nsôyo Fontes Estudos p143 e segundo Bontinck e Vansina os de Kinlâza beneficiam dos apoios dos senhores de Mbâta até Zombo segundo certas versões do século XVii que Mateus Cardoso oferece em 1624 Cf a tradução francesa de François Bontinck Histoire du Royaume de Congo 1624 Bruxelas 1972 isto aconteceu quando o caos se instalou no Kôngo e as démarches dos Padres em Missão no Kôngo tinham como objectivo reestabelecer a situação segundo foram informados uns pre tendem que o trono pertença à família de Kinlâza localizado a Leste isto é Kôngodya Mulaza que tinha o seu sacerdote em Mbâta outros pretendem que o trono pertença à família dos Kimpânzu vindo do norte do rio Mwânza Zaire de onde vem o Nzînga Nkûwu ora o sacerdote dos candidatos vindo de lá residiam no Nsôyo Mas uma gran de confusão instalouse nos Historiadores que chamam aos muitos candidatos da família de Kimpânzu ou Kinlâza quando não o são os seus nomes de cidadania confirmam isso Rectificamos portanto que este vocabulário família significaria mais concretamente pequeno país isto é província na linguagem de Raphaël Batsîkama As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 131 Lukeni foi reconhecido como Mutinu rei logo depois de ter matado a sua tia grávida em kikôngo homicídio é nkanu trataremos o assun to no capítulo sobre Nsôyo em todo o caso nkanu tem um sentido porque no entender de Cavazzi originou dois títulos MitiNU e NeA KoNDiANeNe KÔNGo a duas autoridades de diferentes caracteres e regiões o último título estaria mal escrito Nas suas relações Jerôme de Montesarchio a quem foi contado a mesma história transcreve NKAKA DYA Ne KÔNGo NKAKANDiA Ne KÔNGo que se traduz por AVÔ Do Rei KÔNGo Como veremos no caso de Nsôyo os Nsâku eram AVÔs em relação aos Nzinga Lukeni De facto o tio materno dizse mama yakala literalmente mãe do sexo masculino ou ainda ngûdia nkasi termo que reaparece constantemente na linguagem administrativa e avô paterno avô materno ou tioavô dizse simplesmente NKAKA os Nsâku são pais em relação aos Lukeni e estes Mães o que quer dizer que os Nsâku são tios dos Lukeni e estes tiAs Mães dos Nsâsu tiosavôs dizse NKAKA mas tiAs AVós é NGÛDi isto é Mães ora somente os Besi Kinzînga poderiam reinar no trono Porém isto justificase porque os Nsâku chamam os Nzinga de netos e proclamamse tiosAVos É justamente aqui que o relato se torna interessante para o país inteiro Jerôme de Montesarchio fala de uma senhora que governa a Lêmba reclamando o trono de MbânzaKôngo267 enquanto António Cavazzi faz reconhecer uma outra mulher Matâmba como sucessora digna do trono268 Porquê tantas justificações estamos na segunda metade do século XVii e no momento em que os Missionários estão a escrever estas histórias o trono Kôngo está praticamente vago Lucca da Caltanisetta confessao da melhor vontade no seu diário onde menciona até as demarches que os Padres de as todas ordens no Kôngo desta época efectuavam a fim de achar uma solução de salvar o país do caos269 o reino estava dividido uma capital estabeleceu se em Kibângu a segunda em KôngodyaLêmba para além de Mbânza Kôngo então quando o Padre de Kibângu tenta através de prova falsa da tradição legitimar a sua ovelha o outro não se deixa intimidar eis o porquê Cardonega justifica Dona Ana e Cavazzi Ana de sousa Rainha Nzinga 267 De Bouveignes o Jerome de Montesarchio p113 268 Istoria descricione del tres regni del Congo Matamba e Angola p78 269 Bontinck Fr Diarie congolais de Fra Lucca da caltanisetta pp179203 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 132 Retemos simplesmente que aqueles que reclamam Mbânza Kôngo não são autóctones da região são portanto de uma região que filiam ou anexam a Corimbra ou KôngodyaMulaza ou seja a Kôngodya Mpânzu De certo modo o Historiador Francois Bontick na sua tradução e anotação sobre Diaire congolais de Fra Luca da Caltanisetta sublinha que até 1636 os reis de Kôngo pertenciam todos ao clã dos Kimpânzu mas com Álvaro Vi 16361641 o clã dos Kimulaza subiu no trono270 Abrimos parênteses sobre esta anotação de Fr Bontinck Antes de mais esses três distintos Álvaros sucederamse Álvaro iV Ntumba Nzinga Álvaro V Ntûmbaa Mbânda Nzînga 1636138 e Álvaro Vi Ntûmba Mpûdia271 Mbânda 16381641 Fr Bontinck parece cometer um erro de datação relativamente a Álvaro Vi Contrariamente à sua opinião antes deste rei o trono pertencia aos Besi Kimulaza isto é os dois primeiros Ntûmba Nzînga foram Besi Kimulaza Ntûmba pertence aos Nsâku assim como Mvêmba272 Além disso do ponto de vista de olivier De Bouveignes ver a sua obra citada pág 21 Álvaro V que alcançou o trono mediante as forças das armas foi Nsâku Mankandala entronizador do chefe e conseguiu um golpe contra a autoridade de Mbâmba Mani Mbâmba tornouse assim Mani Mbamba Portanto Álvaro Vi logo após a sua morte sucedeo este também foi Nsâku como indica o seu nome da cidadania Ntûmba Mpudi273 Uma outra razão que confirma Kinsâku ou Kimulaza como a sua família é que foi chefe de Nsôyo ora como veremos mais tarde este território foi reservado tal como Mbata unicamente aos Nsâku ÁlvaroVi morre assassinado em 1641 esta História está cheia de lacunas esclarecemos portanto do nosso conhecimento que ÁlvaroVi pouco importa o seu nome Mpûdia Mbânda ou Ntûmba Mbânda não teria sido originário de Kôngodya Mulaza os Missionários capuchinhos depois de convencer Dona Ana 270 Bontinck Fr Diaire congolais pXLVi 271 sublinhado por nós Bontinck não o menciona 272 Ver Afonso i Mvêmba Nzînga quando falamos das origens setentrionais A tradição diz que Ntûmba Mvêmba e Nsâku são da mesma família in Cuvelier J Nkutama mvila za makanda mu nsia Kôngo 273 Alguns autores confundem com Mpudia Mbanda Na verdade o seu nome era Ntumba Mpudi Mbânda De Bouveignes O Les anciens rois de Congo Namur 1953 Van Wing retomou esta lista dos reis que passaram no trono de MbânzaKôngo desde Nzînga Nkûwu António Goncalves e Raphaël Batsîkama listam também estes reis do Kôngo Ver as suas obras la symbolisation politique le prophétisme au Kôngo au XVIII siècle WFV Londres 1980 p51 Voici les Jagas pp236238 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 133 originária de Corimbra arrumaram um casamento com ÁlvaroVi a fim de legitimar este último ora isto nunca foi uma realidade no Kôngo sic nem com isso poderiam as populações aceitar tal irrealidades Assinalamos que Dona Ana habitava em KôngodyaLêmba se bem que era originária de KôngodyaMulaza274 Concluímos que no final do século XVii o trono Kôngo era vago por consequência das competições dos Portugueses espanhóis e Holandeses obrando através do Kôngo inteiro Cada um deles dispunha de meios suficientes para colocar a sua ovelha no trono infelizmente os usos e costumes do Kôngo contrariam esta maneira de proceder tentando conformarse aos usos do Kôngo estes europeus vão justificar fraudulentamente as suas ovelhas de modo a apresentaremse como dignos ao trono ora consoante os usos e costumes Kôngo o rei deve ser originário de KôngodyaMulaza e de KôngodyaMpânzu Assim foram informados estes Padres do século XVii Portanto os reis do Kôngo também eram originários de KôngodyaMpângala Mpasi Nzûndu tadi tal como veremos no próximo capítulo I 5 As Origens Meridionais I51 Segundo a Tradição Oral Mbâmbia Mpâsi Na Kôngo Don Diogo Wakaya mazûmbu kumi ye mole Nzînga Ntinu wa Mpâsi za Nkênge wawuta Mbâmbi ye Mbôma Nzinga Ntinu wa Mpâsi za Nkênge mbâmbia mpasi za Kôngo Na Kôngo deu origem a doze ramos de palmeira Nzînga Ntinu wa Mpâsi za Nkênge deu oferta de Mbâmbi e Mbôma Nzînga Ntinua Mpâsi za Nkênge275 I52 O Estudo sobre o Título MBÂMBiA MPAsi NA KÔNGo DoN DioGo Mbâmbia Mpãsi significa fronteiras de Mpâsi Ne Kôngo rei o elemento Don Diogo indica portanto que este Rei data da época póslusitaniana porque Don Diogo é nome de baptismo instituição religiosa que os Portugueses trouxeram A história ensinanos que no Kôngo existiu um só rei com o nome de Don Diogo Reinou entre 1544 e 1561 Chamavase Nzînga Mpudi De 274 Cuvelier J Relations sur le Congo du Père Laurent de Lucques 17001710 iRCB Bruxelles 1953 pp215 216 217 etc 275 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda ver o patrónimo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 134 acordo com as suas correspondências com Roma Portugal entre outros este rei exageradamente nacionalista lutou energicamente ao longo do seu reinado contra os manejos obscuros entre os Portugueses e as populações de Luanda em particular com Mani Luanda276 se lutou de forma notável contra as colusões entre Portugueses e Mani Luanda a razão principal é que para além de ter sido rei do país inteiro foi também Mani Luanda eis porque a tradição o chama de Mbôma NDÔNGo e reza a tradição Mbôma Ndônga Ne Kôngo Ntinu wa Mpâsi za Nkenge wawûta Mbâmbi wawûta Mbôma ou seja serpente de Ndôngo montanha inacessível o rei Kôngo Nzînga Ntinu wa Mpâsi za Nkênge deu origem a Mbâmbi e a Mbôma277 em princípio este título Pitão De NDÔNGo o Rei NZÎNGA AUtoRiDADe De MPÂsi ZA NKÊNGe é à primeira vista uma linguagem ambígua Pitão de Ndôngo significa AUtoRiDADe De Ndôngo da mesma forma que a autoridade de Lwângu foi a cabeça de leão Portanto a questão seria como justificar que esta autoridade de Ndôngo fosse ao mesmo tempo ou mais tarde o Rei do Kôngo e Autoridade de Mpâsi za Nkênge Mbôma e Mbâmbi explicamnos de que género de autoridade é Nzînga Mpudi Don Diogo Mbôma significa para além de serpente fortaleza lugar fortificado militarizado muralha de defesa etc Quanto a Mbâmbi a palavra traduzse por fronteiras e limites Deriva do verbo bâmba vambakana 1 colar pegar ajustar juntar 2 espalharse engrandecer estenderse As fronteiras no pensar do Kôngo não poderiam em caso algum ser violadas No entanto podiam alargarse e engrandecerse eis a razão pela qual a menor violação das fronteiras causava sérias batalhas e guerras parricidas entre as populações É também por essa razão que Ndôngo significa montanha inacessível tal como veremos no segundo Livro Aliás na consagração do Rei quando este recebia as insígnias do poder o Nsâku ou Makandala lembrava ao rei duas coisas principais conservar as fronteiras e garantir a comida ao povo278 Mbâmbi e Mbôma têm ligação A fortaleza servia não só para salvaguardar os limites mas também para alargar o país esse é o sentido 276 Cuvelier J Jadin L Lancien royaume de Congo dápres les archives romaines 277 Já tratamos disso nas páginas anteriores neste mesmo capítulo 278 Ver as relações de Padre Lorenzo da Lucca traduzidas pelo Jean Cuvelier entre os Kôngo a unidade é sagrada mas era a tarefa do rei velar por ela Nos Ladi de Cabinda dizse Susu ubuta Ibulamina makio Literalmente a galinha põe ovos e vai chocando os significa portanto dever sobretudo dos pais do estado cuidar e alimentar os fi lhos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 135 de wawûta mbâmbi ye Mbôma conservou e salvaguardou as fronteiras à mercê da sua muralha de defesa Na verdade a tradição relata o que os arquivos romanos certificam este rei lutou muito contra as secessões que os Portugueses instigaram ao dirigente de Luanda279 Luanda localizase no Ndôngo e este na fronteira da região que theodore Delachaux chamou de MBÂNGALA ora o rei de Kôngo dyaMbângala tinha às vezes o título de Ntinu wa Mpâsi280 informa a tradição Como podemos ver este não é o único exemplo que Don Diogo foi rei de Kôngo e ao mesmo tempo serpente Autoridade de Ndôngo e chefe de Mpâsi za Nkênge Don João i Nzînga Nkûwu foi Ma Vûngu autoridade de Vûngu Ntinua Kôngo Rei e no mesmo tempo a cabeça de Lwângu são duas funções exercidas em duas regiões diferentes em dois tempos distintos provavelmente sucessivos A verdade é que Don Diogo era originário de Mpûngua Ndôngo281 onde vassalou antes de chegar ao trono do Kôngo e em Ndôngo representava toda a autoridade de Mpâsi za Nkênge isto é Kôngodya Mpângala I53 Estudo do Relato WAKAYA MAZUMBU NKUMi Ye MoLe Wakâya é o verbo kâya conjugado na terceira pessoa de singular o verbo significa 1 dar presente 2 fazer parte 3 dividir entre os outros em san salvador por exemplo a expressão nu kâya é uma saudação amável Mazûmbu é a forma plural de zûmbu que segundo Laman quer dizer ramo de palmeira feita à maneira de uma coroa também designa de forma vulgar um lugar especial de uma aldeia abandonada282 e estas coroas ou estes lugares especiais de uma aldeia abandonada eram doze lemos em cima Zûmbu sendo coroa feita vulgarmente reenvia aos antigos hábitos da corte dado que ao mesmo tempo significa aldeia inabitada muito especial por causa da concentração demográfica que tinha enquanto aldeia viva infelizmente não conseguimos perceber o número doze em 279 Conferir as correspondências deste rei com Roma nos livros de Cuvelier Jadin Lancien royaume de Congo selon les archives Romainee e Bouveignes Les anciens rois de Congo 280 Cuvelier citado por Raphaël Batsîkama Voici les Jagas Ver o capítulo sobre Le pre mier foyer congolais KôngodyaMbângala 281 Montanha gemenal que era lugar dos Chefes das Autoridades etc explicarenos com mais detalhes no Livro ii Herói Civilizador 282 Ver a palavra nos dicionários Laman Bentley e Butaye As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 136 Luanda e nas circunvizinhas e nas actuais populações de Kimbûndu entre os Kôngo Georges Balandier faz entender que constituem as doze linhagens originais283 ki mbémbé kinkumba kisunga kingoi makôdo Kimbâda kinsundi kibwèya kimpanzu kibwènde kikwimba kinloza fumvu kivimba kinkala kinsaku kindamba kifuma kimpaga kaunga kingoma kimbuzi manéné kimbenza kindunga kisembo kingila kimazinga kiséngélé séngélé em Cabinda percebemos este sentido que é aliás um problema do reino inteiro Desde o mar numa região chamada BÂNDA Nsi até ao Nsûndi no norte existe doze territórios Bânda Wôyo Kingôyi Kabinda Malêmba Kakôngo Tsikâmba Kwîlu Lwângu Mayûmbe Hûnga Bûngu Vûngu e Nsûndi os quatro primeiro formam o grupo MBiNDA diz se Atsi Bînda os quatro seguintes são os AsiKôngo ou simplesmente AKoôngo os últimos quatro são os Ba Nsûnde os Reis do Kôngo proclamavamse senhor de sete argolas sete reinos Mestre de vinte e sete coroas ou de doze seios estes termos de argolas ou coroas designavam as regiões que compõem o Kôngo inteiro É neste âmbito que Don Álvaro num documento datado de 20 de Janeiro de 1583 declarase senhor de sete reinos do Congo da Mulaza284 Mas será que no KôngodyaMpângala Mpâsi za Nkênge o poder de Don Diogo foi um jogo de doze coroas em ramo de palmeira Não temos portanto dados históricos concretos Assim passamos aos testemunhos de origem meridional 283 Aconselhamos a leitura Balandier G Sociologie actuelle de lAfrique p289 esta lista deve ser revista dada a ambiguidade que traz nas suas palavras e nos seus sentidos Balandier tentou classificar sociologicamente de acordo com os princípios que ele esta beleceu para o seu estudo 284 De Bouveignes O Les anciens rois du Congo Namur p21 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 137 I54 Outros Testemunhos Vita Nimi Lukeni mbûmbulu watîna mwîni Mbângala Mbûmbulu mwâna Mbângala watêke vwânda mu Mvêmba Kasi Vita Nimi Na Mpângu za Kôngo Na vãla kya vadidi ntînu lândi kya Nsâkue Lawu ou seja Vita Nimi Lukeni é o gordo que fugiu os calores de Mbângala Foi o primeiro a instalarse na capital ele é o chefe da Constituição o instrumento que serve o Rei e a pessoa que segue Nsâkue Lawu Vamos analisar superficialmente com o único objectivo de ilustrar quanto este relato testemunha as origens meridionais Vita Nimi significa literalmente o Primeiro o mais velho mano dos Nimia Lukeni Mbûmbulu designa gordo pessoa com muita gordura no corpo Fugiu do calor de Mbângala e instalouse na capital Mvêmba Kasi Na Mpângu za Kôngo É evidente que existiu Mpângu como região Mas aqui esta expressão quer dizer Chefe Responsável da Constituição Mpângu za Kôngo variante de Mpângu za Bakûlu significa constituição Mpângu de M prefixo de agente de pângu que vem de vânga fazer realizar constituir regular instituir etc Kôngo país ou Bakûlu são ancestrais razão pela qual a pessoa que lhe segue chamase Nsâkue Lawu que é gestor ou aquele que exerce tal função conforme a sua estrutura social Porém não só o rei Ne Kôngo mas outros Nobres e altos funcionários de Corte foram também originários de KôngodyaMbângala Mpâsi Nzûndu tadi Mpâku Ne Kôngo Mpãku Ne Kôngo wa ki Mpângala kya ngânda Kôngo ntua kwâmpi ntête ya sîkama isto é Mpâku Ne Kôngo originário de Mpângala natural da cidade principal de Kôngo dyaMbângala sou o primeiro a acordar Mpâku Ne Kôngo equivale a Ministro das Finanças De Mpâku significa dívida taxa imposto tributo e Ne Kôngo Rei isto é Dignitário acessório ou assistente do rei que trata das taxas impostos etc ou seja Ministro das Finanças sem portanto pretender uma análise mais profunda visto que servimonos disso apenas como testemunho digamos que inclusive os dignitários de MbânzaKôngo são originários de Kôngo dya Mpângala Mesmo no século XiX os chefes Ambundu285 vão resolver as suas lengalengas discursos enfadonhos a Mbâsia Nkânu real do Mbânza 285 É aqui a questão de Umbûndu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 138 Kôngo286 I55 Conclusão o trono do Kôngo localizavase na província de Mpêmba e esta é uma parte de KôngodyaKati chamado também ZitadyaNza isto é o nó do mundo os reis eram originários das regiões fora destes limites ou seja de KôngodyaMpânzu KôngodyaMulaza ou ainda de Kôngodya Mbângala 286 Jean Van Wing Etudes Bakôngo I Histoire et Sociologie Goemaere Bruxelas 1921 p22 CAPÍtULo ii FUNDAÇÃO DO NSÔYO II1 Apresentação o mito ou a tradição Nezinga é um complexo muitíssimo vasto muito mais vasto do que pode parecer pelo resumo que apresentámos onde se definem os pontos principais da ideologia da classe dominante no soyo e da sua origem semimágica Foi recolhida pelo Laboratório Nacional de Antropologia durante os trabalhos da Missão etnoHistórica do soyo realizada em 1980 embora haja já referência a ela em alguns autores A necessidade histórica pode caracterizarse pela existência de uma situação em que a aliança da realizada do soyo com a realizada do Kôngo era a única saída para ambas as camaradas de uma classe dominante formada e em expansão no Kôngo e em processo de formação contraído pela impossibilidade no soyo De facto a mitologia histórica anterior à tradição Nezinga referese à dikanda soyo dia Nsi local dominante mas não organizada em estrutura estatal A estrutura estatal só se revela a partir da tradição Nezinga em que é dito que o Ne soyo dia Nsi recebeu amigavelmente Nezinga sobrinho de Ne Kôngo fugido da sua cidade e entregoulhe o poder embora lhe declarasse muito expressamente que a terra continuava a ser sua propriedade Nezinga tornase pois agente o motivo da formação da classe dominante soyonse em aliança com a classe dominante Konguesa e administrativamente sujeita à casa central mas de modo algum essa aliança revestida de formas de submissão administrativa implicou a expropriação da terra ou dos bens da dikanda soyo dia Nsi Pelo contrário Nezinga deve contar com essa distinção ao nível da propriedade territorial lutar contra ela tentar entrar na comunidade soyense para desse modo participar na propriedade que era fundamentalmente estrangeira Assim os limites do facto histórico podem apenas situarse desta maneira A existência de uma formação local soyo dia Nsi aliás ela mesma As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 140 deriva do Kôngo relato da tradição Né Ntômbe numa época muito recuada 1 Contacto introduzido pela coroa central Né Kôngo através de uma formação Nezinga que provocou alterações estruturais ao nível da classe e do estado e estabelecer ligação organizada entre o soyo e a coroa central a partir do qual todos os cronistas antigos se referem ao soyo ou sonho como Província do Reino do Kôngo 2 expansão da formação Nezinga sobre o território soyo à cabeça dos governos locais 3 existência actual de três formações étnicas a de origem Né Ntombe soyo dia Nsia e outras a de origem Nezinga e uma terceira mistura 4 existência provável na época préNezinga de uma dikanda dominante na formação Né Ntombe a dikanda soyo dia Nsi 5 Compromisso entre a aristocracia soyo dia Nsi e a aristocracia Nezinga esta parecendo alaida uma classe dominante encontrada em MbânzaKôngo Assim vamos sintetizar primeiro a narração mítica nos seus pontos mais importantes na qual a lenda é sistematicamente contada 1 Nezinga é sobrinho de Né Kôngo Rei do Kôngo 2 Nezinga abre o ventre da mulher do soberano seu tio a fim de ver a criança que trazia no ventre 3 Nezinga é expulso de Banza Kongo pelo crime que praticou na mulher do tio 4 Retirase primeiro para Malimba não muito longe da cidade 5 Passa em seguida em Nzeto 6 Aparece em soyo onde encontra um povo numeroso e organizado o povo do soyo dia Nsi 7 o soyo dia Nsi tinha sido criado por Deus tradição no Mpangala do Né soyo dia Nsi 8 o soyo dia Nsi é a dikanda dominante de uma formação onde se encontram também KiMrizi Kivuzi Kimpanda e Kifuma As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 141 tradição no Kifuma de Nepoungi a Nganga todos descendentes de Né Ntome originário de Mbanza Kôngo Kôngo dia Ntotela Kôngo do Rei 9 Ao surgir em soyo expõe a natureza do seu crime e da sua fuga ao Né soyo dia Nsi 10 Este recebeo hospitaleiramente dálhe um local para construir a sua casa e entregalhe o poder administrativo lembrandolhe no entanto que conserva a propriedade do território para si287 11 Nezinga compra um território a Né soyo dia Nsi por 30 moedas de prata versão do Mpabi António sami Chefe de povoação matrilinearmente aparentado a soyo dia Nsi 12 Nezinga instalase depois de plantar a sua árvore sagrada o lugar chamase sAKA dia Ntadi NtAMBA DiA WAU 13 Contrai matrimónio com mulheres do soyo mas também já tinha as suas esposas em MbânzaKôngo288 II2 Estudo II21 A Organização do Relato A recolha que Henriques Abranches fez juntamente com a sua escola foi laboriosa assim testemunha o relato zelosamente exposto Podemos de igual modo remarcar isso na sua obra Sobre os Solongo Arqueologia da Tradição Oral temos tentado uma recolha semelhante onze anos mais tarde nas mesmas localidades e alémNsôyo Foinos simplesmente possível a pouca rentabilidade visto que as sérias transformações influenciaram profundamente os usos e costumes De facto apesar de recolhermos junto de pessoas idosas constatamos que estes relatos recolhidos por nós levam muitas palavras portuguesas e francesas para além de outros portuguesismos e francesismos Razão pela qual reconhecemos um trabalho laborioso na recolha que fez LANALuanda sobre a tradição Nezinga em contrapartida esta recolha está cheia de adulterações consideráveis e deformações289 bastante remarcáveis todavia é difícil 287 sublinhado por nós 288 Comentário à Tradição Nezinga trabalho polifotopiado de LANA Luanda 1981 Para acompanhar o método que vamos utilizar conferir Fetiches sans fetichisme Maspero 1977 Paris Cf o capítulo que fala dos mitos De igual modo o leitor pode ler as Mythologiques de LeviStrauss onde o autor explica como se estuda os mitos como possibilidades de um documento histórico extraindo neles o valor científico 289 De acordo com o método em uso nos relatos transmitidos oralmente o essencial As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 142 encontrar no entanto um trabalho desta qualidade na bibliografia sobre Nsôyo também com as vicissitudes que Angola conheceu guerra é raro encontrarmos investigadores informados da mesma maneira que foram o grupo de LANA sobretudo porque muito dos informadores já faleceram Mas comecemos por dividir este relato em blocos de metalinguagens290 Lamentamos sinceramente que este relato seja apresentado em português e não em língua própria eis porquê aqui e acolá vemonos forçado a restituir algumas palavras e certas expressões em língua própria do povo estudado eis o foro lógico do relato NeZinga pertence a dikanda clã Nsôyo dya Nsi NeZinga é sobrinho do Rei de MbânzaKôngo onde foi cidadão NeZînga mata a mulher do Rei grávida e por isso ficou coberto de poderes mágicos Nsôyo é uma localidade socialmente organizada Mas continua sem nenhuma organização política NeZînga foge de Nsôyo por ter furado o ventre da mulher do Rei instalase em Nsôyo que será baptizada de sAKA DYA NtADi ou NtAMBA WAWU Nsôyo tornase politicamente organizado e ao mesmo tempo é declarado seDe De DeUs Por esta razão a autoridade de Nsôyo não se perde apesar das transformações Ver MarcLipianski M Le structuralisme de LeviStrauss payot Paris 1973p189 Kesteloot Lilyan problematique de la Littérature orale in Afrique Littéraire 5455 Paris pp3448 eisanstadt sN From generation to generation New York 1964 Fodor i por seu lado fala dos dialectos de uma língua de finindo os princípios do dinamismo Ver a sua obra The rate linguistic change Monton Cie Paris 1965 290 Os cientistas sobretudo os especialistas do estruturalismo estudam os mitos a fim de encontrar o seu valor histórico Esse estudo consiste em dividir o relato em bloco Chama mos blocos de metalinguagens porque todo o relato que se transmitiu oralmente através das gerações perdeu muitas palavras e ao mesmo tempo é enriquecido por outros sentidos que substituem as palavras perdidas ou seja como é um princípio de equilíbrio nas ciências exac tas química física por exemplo o número que influa A tem por reflexo o mesmo numero no B As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 143 dya Nsi acolhe NeZînga NeZînga tornase Dirigente do governo de Nsôyo que por sua vez voltou a ser o lugar de onde provem a fertilidade do país este englobara Nsôyo e MbânzaKôngo Mas como autoridade NeZînga recebe cabaças de águas sagradas das mãos do chefe de Nsôyo NeZînga organiza Nsôyo politicamente NeZînga fundamenta uma ligação entre Nsôyo dya Nsi e Mbânza Kôngo Nsôyo dya Nsi será proclamado Província de Kôngo com uma administração especial perante MbânzaKôngo As cabaças e a pessoa que lhes oferece são bem recebidas pelo Rei de MbânzaKôngo este rei perdoa o seu sobrinho por este ter oferecido as cabaças de águas sagradas Logo NeZînga regressa a Nsôyo II22 NeZînga de Nsôyo dya Nsi Na verdade NeZînga significa NoBRe NZiNGA291 assim indica o Ne e o nome NZÎNGA que pertence à família das Autoridades Besi Kinzînga Quando o relato informa que é sobrinho do Rei confirma que ambos pertencem à mesma família ou melhor à mesma linhagem ora no entender de Abranches e da sua escola consoante foram informados NeZînga pertence ao clã de NsoYo DYA Nsi De facto o problema de parentesco é muito complexo nos Kôngo Mas de forma clássica existe clã e linhagem Kanda é clã a que certos autores chamam de lumbu e dentro do clã encontramos linhagens que em kikôngo significam zivila singular vila NeNzînga sem dúvida não pertence à linhagem de kinzinga e como lemos mais acima do clã Nsôyo dya Nsi De resto questionamos os nomes 291 os idiomas de Nsôyo amputam o prefixo nasalisante perante o dental Zînga por Nzînga sôyo por Nsôyo sânda por Nsânda sîmbi por Nsîmbi etc Notase também que o dental soa como o C italiano quando a vogal é i aberto De qualquer forma vamos essencialmente uniformizar a linguagem escrevendo Nsôyo Nzînga etc No entanto se remos fiéis quando for necessário dar tónica à realidade Soyense caso não for citação As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 144 NsÔYo significa teRRA LeVADA A FiM De soBReeDiFiCAR UMA CAsA ou eRVA PARA CoBRiR o teLHADo Nesta expressão dya Nsi designa o país que personaliza o Rei A primeira autoridade a ser baptizada e convertida em católico foi Ndo Manuele Grande chefe de Nsôyo A respeito deste Grande Chefe Dos santos escreve na sua obra intitulada Maza edição do Autor 1965 pag 56 que esta autoridade está na base das chuvas boas recolhas e da prosperidade do país e acrescenta ainda que o Rei de MbânzaKôngo não podia sair ir à igreja à guerra sem o seu consentimento292 As autoridades de Nsôyo tinham por nome administrativo Ne Nsôyo e pertenciam à linhagem de Nsaku Ne Vunda Além dos usos e costumes confirmar isso largamente existem afinidades semânticas bastante fortes entre as palavras NSÂKU e NSÔYO Nsôyo terra levada a fim de sobre edificar uma Casa Nsâku impedimento de alguém de ir a uma festa293 Nsôyo significa também erva para cobrir o telhado É uma garantia contra os ventos a tempestade as chuvas etc e como podemos observar estas duas palavras Nsôyo e Nsâku são simultâneas realizações ou factos acontecendo numa terceira realidade ora conforme é feito o relato a terceira realidade seria NeNzînga eis de uma maneira simples e sistemática a estrutura das relações definidas entre Nsôyo Nsâku e Ne Zînga Nsôyo Nsâku Ne Zînga terra levada embaraçoso Nobre de nascença A fim de sobre edificar Que está no caminho GuerreiroCidadão da corte Casa Alguém no caminho explorador erva para cobrir Quem autoriza o rei Membro da família Kinzînga 292 Mateus Cardoso provavelmente o autor de História de Reino do Congo está neste ponto de vista Ver as páginas 4346 Edição de Centro de Estudos Históricos Ultramarinos Lisboa 1969 293 Ver as palavras nos dicionários de Laman Butaye Bentley Maia As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 145 Nesta figura existe relações metonímicas294 Ao passo que Nsôyo está ligado a terra casa Nsâku referese a um ser humano a uma personagem Ambos têm o seu comprimento verificação ou justificação sobre NeNZÎNGA e isto vai sempre ao contrário da natureza deste último NeNZÎNGA Nsôyo é contra as infiltrações viciosas na Casa de NeNzinga e Nsaku contraria alguém o mesmo NeNzînga querendo ir à festa então resta saber 1 qual seria essa casa ou os pilares onde se coloca o telhado e 2 quem seria esse alguém endomingado isto é impedido bem vestido ou guerreiro impedido o relato indica NeNzinga como soBRiNHo Do Rei De MBÂNZAKÔNGo oNDe Foi CiDADão Por outras palavras ambos pertencem à mesma linhagem da fontedas autoridades É neste sentido que CAsA é ou significa CoRte onde vive ou ainda trabalha a Autoridade eNDoMiNGADo o rei apresentase ao público tanto por motivos de festas como de BAtALHAs com vestuário que faz dele alguém eNDoMiNGADo Podemos confirmálo nos escritos de Duarte Lopes António Cavazzi e Joremo Montesarchio assim como vários missionários e cronistas antigos295 Mwatu kimvwâma ye Kimfûmu kena boas roupas traduzse por riqueza e autoridade diz o adágio Reagrupando as qualidades que informa o relato do Laboratório Nacional de Antropologia qualidades entre as quais tentamos explicar os sentidos observamos uma outra relação sincrónica verificável entre os grupos NsÔYoNeNZÎNGA e NsÂKUNeNZÎNGA NeNzînga é do clã Nsôyo dya Nsi mas não pertence a nenhuma linhagem deste patrónimo Aliás o seu nome indicao claramente Visto a incompreensão persistente entre kanda e luvila na maioria dos autores 294 eis os sentidos NsÔYo deriva de 1 sôbakana soyakana estar junto de novo entulhado misturado reunido pôr num monte 2 sôya fremir tremer fazer tremer 3 sôba remover na pa nela triturar amassar modelar formar e 4 sôba elevar aumentar validar acima do valor real NsÂKU deriva de 1 sâkula amontoar acumular juntar dinheiro empilhar 2 sâkula espumar líquido crepitar cintilar tirar os espinhos diante do bom legume 3 sâka re mover o cesto e 4 sâka aumentar crescer ter algo a mais sempre mais Como podemos remarcar as duas palavras têm uma estrita relação 295 Cuvelier J De Bouvegnes º Les anciens rois de Congo Grands Lacs Namur 1953 ver as figuras de Dapper Cavazzi A Istorica descrizione de tre regni Congo Matamba e Angola Bolonha Apres so Gioncomo Monti 1687 estamonos a referir às suas gravuras a respeito do Rei do Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 146 uma confusão ou malentendido infiltra ispo facto serão contrastes Na verdade são metalinguagens Portanto o Ndo Manuele chefe de Nsôyo baptizado em 1491 chamavase Nsaku Ne Vunda Desde as origens de Nsôyo as autoridades foram sempre da família de kinsaku e dizemse tios maternos dos reis de MbânzaKôngo os Kôngo pensam que vêm todos de uma mãe chamada Mazînga296 mãe de dois rapazes Nsaku e Mpanzu e de uma menina Lukeni Como o sistema era matrilinear somente a família de Lukeni filha de Mazînga chamada Kinzînga podia reinar no trono de MbânzaKôngo ora no sistema sociológico de parentesco em relação aos descendentes consanguíneos de Nsâku e Mpânzu os BesiKinzînga são sobrinhos e sobrinhosnetos e como Nsâku Ne Vûnda nome administrativo linealógico era descendente de Nsâku não é estranho apesar do decorrer do tempo que as autoridades de Nsôyo considerem os Mani Kôngo soBRiNHos É neste sentido que sôya significa espumar crepitar cintilar e saka limpar mondar297 Mas entre NsôyoNeNzînga e NsâkuNeNzînga existem largas relações que vão ser vislumbradas nas palavras derivativas sinónimos inclusive isso certifica de maneira comprovativa que estas relações sintácticas que percorremos são sequelas de uma realidade histórica antiga partindo do princípio de que a língua é o excelente gravador dos acontecimentos Aparecem então como testemunhas directas da História à semelhança dos vestígios arqueológicos II23 O Crime Cometido e o Criminoso Nas suas publicações Luc De Heuch explicou qualitativa e quantitativamente o sentido do crime deste género no mundo Bantu ruptura da natureza e imposição de uma nova civilização cultura o mesmo sentido repetese nos Kôngo principalmente no relato que nos fornece H Abranches e a sua escola eis como lemos atrás NeNzinga mata a mulher do rei grávida E por isso revestese dos poderes mágicos De facto a mulher do rei traduzse por Nkâma Ne Kôngo ou 296 Já tratámos disso nas páginas precedentes 297 É credo popular que o tio materno é 1 principal garantia do futuro do sobrinho 2 principal suspeito da desgraça do sobrinho e 3 não dá o nome mas sim pode abençoar o sobrinho etc isto porque é mãe masculina entre pai e mãe eis o que reza a sabedoria Kôngo o homem é pássaro que deposita ovos no ninho que lhe pertence porém a mulher transporta as sementes para a família Logo o seu irmão tornase a garantia da educação desses ovos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 147 ainda por Nkasi za Ne Kôngo ora reza a tradição oral que NA NKAsi ZA KÔNGo NA MAtA MA KÔNGo NA NtiNUA KÔNGo ANAA NGUDi NA NKAsi ZA KÔNGo MADiADiA MAsAKWA MeNeMeNe NtANGUA ANLUNGU MAVeDi MeNA isto é Na Nkasi za Kôngo Na Mata Ma Kôngo Na Ntinua Kôngo são filhos da mesma mãe pertencem à mesma família sou eu Nkasi za Kôngo ervas sachadas cortadas há pouco e que crescem logo A mulher do rei grávida é uma imagem de fecundidade de continuidade e o acto de NeNzînga de Nsôyo dya Nsi uma barreira ou prejuízo da descendência da mulher do rei Nkasi za Kôngo mas não a posteridade do próprio Rei pela simples razão que o sistema da sucessão é matrilinear Fazemos observar que aqui NeNzînga é principalmente um termo que indica um membro da família de Nsaku eis o porquê da precisão NeNzînga Nsôyo dya Nsi esta personagem barra ou tranca o caminho à descendência das autoridades e por conseguinte não pode ser um Musi Kinzînga porque se for seria ele o primeiro a suicidarse e a suicidar a sua própria família Por outras palavras será ele o primeiro a ser frustrado para não dizermos enganado ou defraudado e com todas as possibilidades de hipótese só podem concernir um membro da família de Nsâku Aliás o dito acto é assimilável às funções de Nsaku298 NeNzînga Nsôyo dya Nsi Na realidade NeNzînga do clã Nsôyo dya Nsi é por si próprio uma alternativa ou uma ambivalência o nome pode vir a dizer que existiu um NeNzinga que dirigiu o movimento de Nsôyo até Mbânza Kôngo Mas o objectivo desta viagem conserva Nsôyo dya Nsi como aposição o que significa que as migrações foram sempre função dos Besi Kinzinga299 ora um membro de Nsôya dya Nsi tinha uma tarefa a cumprir precisamente a MbânzaKôngo nsi país sabendo que a exploração era da responsabilidade dos BesiKinzînga e Sacerdócio função dos BesiKinsâku a expressão NeNzînga de NsôyodyaNsi quer dizer 298 sacerdócio e Presbiteriano foram sempre funções ou competências dos BesiKinsâku Cuvelier J Lancien royaume de Congo p1213 citado e explicado por Raphaël Batsîka ma Voici les Jagas ou lHistoire p181 299 Mazinga ma Tona mvila nene Vwa dya Mbinzu ka sangana ye mbôngo Bulu kya Tona kikwenda nzila ye nzila Vo ka nkosi ko ngo vo ka ngo ko mwinzi Ka vambuka assim reza a tradição sobre os BesiKinzînga em geral traduzse por sou eu Mazînga o explorador a linhagem grande e sagrada que não pode em caso algum misturarse com plebeus ou vilões sou eu a pantera exploradora que descobre a pista aqui e acolá Leão leopardo e lobo ilustrem a variedade das minhas capacidades consoante as circunstân cias Ver Cuvelier J Nkutama mvila za makanda um nsia Kôngo tûmba 1972 p16 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 148 um Nsâku300 conduzido por NeNzînga foi a MbânzaKôngo De outro modo digamos que a maneira como NeNzînga efectua o seu exilo por ter cometido o crime parece não somente contra natura em relação aos usos e costumes mas também este suposto CRiMe explica de maneira clara que o criminoso se realmente devemos considerálo como um crime no verdadeiro sentido mesmo no caso de uma expressão figurada chamar seá Nsâku Porque o verbo sâka significa sachar e cortar diz a tradição madiadia masakwa Antigamente numa época relativamente recente quando alguém cometia um crime era primeiramente acusado e quando a acusação era aprovada o acusadocondenado era encaminhado para uma das ilhas do rio Mwânza Congo ou ainda muitas vezes para o Mpûmbu para ser reeducado301 Aliás Kinsâsa que se encontra nesta região e quer dizer onde se reeduca dáse instrução deriva de Ki prefixo locativo e de nsânsa reeducar educar instruir formar etc ora Nsôyo não consta no Mpûmbu nem é uma ilha Abrimos um parêntese a fim de explicar uma vez mais NeNzînga Nsôyo dya Nsi este antropónimo faz entender a existência de mais uma história entre duas cidades 1 quando a tradição relata que onde se instalou o condenado tornou a ser SEDE DE DEUS isso significa que a fundação de Nsôyo partiu dos movimentos conduzidos sob a égide de um certo NeNzînga outro que não aquele que se exilou de MbânzaKôngo para o Nsôyo No pensar dos Kôngo o criminoso é demónio nkuyi confucionista Mpatakasa ou satanás kadia mpêmba e por conseguinte onde se instala um homem deste género não pode em caso algum ser visto como SEDE DE DEUS Nesse aspecto só pode ser questão de Nsâku Ne Vûnda o instrumento de Deus302 2 quando NeNzinga compra esta terra com 30 peças deve concernir os êxitos de NeNzinga antes ou depois de ser eleito como eXPLoRADoR eLite do movimento Nsôyo para Mbanza 300 tratase sem dúvida de um Nsâku porque são eles que barram e trancam o caminho dos ManiKôngo para MbânzaKôngo A tradição identifica o Chefe de Nsôyo como um martelo nzûndu enorme que bloqueia a passagem do rio para dentro do país Uma me táfora fácil de entender evidenciada portanto pela cultura material escultura cestos etc 301 Bal W Description du royaume de Congo et les contrées environnantes Louvain Nauwerlaets 1963 pp119122 encontramse escravos no Mpumbu PoMBeiRos vol tou a designar o traficante dos escravos que frequentavam esta região Mpûmbu torna se escravo por múltiplas razões prisioneiro de guerra quem não observa usos e costu mes assim explicanos Jose Franque na sua obra intitulada Nós os Cabinda História leis usos e costumes dos povos de Ngoio Argo Lisboa 1940 p32 302 Esikulu dya nene yakulumukini Nzâmbia Mpûngu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 149 Kôngo Porquê Pela simples razão que a terra é invendável303 De todas as probabilidades e isto correspondendo ao pensar Kôngo esta exibição de dinheiro significaria oficialização de NeNzînga como elite explorador em Nsôyo país de Nsâku304 este facto incluiu muitos eventos como por exemplo a bênção de Nsâku Ne Vûnda administrada a NeNzînga II24 A natureza do crime e identidade do Criminoso o que significa CRiMe em Kikôngo António Fonseca escreve na sua obra Sobre os Kikôngo de Angola pag 34 que a infracção das normas de conduta social consagradas pelo costume e que vieram a assumirse como Direito constitui o nkanu e a sua resolução tal como o tratamento de qualquer questão social ou familiar constitui o diambu embora correctamente utilize o plural MAMBU Matar é também NKANU em kikôngo matar traduzse por VÔNDA não confundir com VÛNDA matar fazer matar maçar espancar massacrar destruir quebrar e no sentido figurado reduzir a nada pôr fora de uso segundo o dicionário Butaye também se pode conferir noutros lexicógrafos Remarcamos que os sentidos figurados assim como destruir confirma suficientemente que foi sem sombra de dúvida NsÂKU Ne VÛNDA ou MANi VÛNDA que teria cometido este homicídio Aliás é a significação literal destes títulos Nsaku Ne Vûnda ou Mani Vûnda Na verdade a palavra VÛNDA deriva de vûnda isto é estar em pausa ter tempo para não fazer nada desempregar desclassificarse parar a fim de repousar ir lentamente acalmarse etc Laman escreve que esta palavra se usa para uma pessoa uma planta que não desenvolve ou que não é rigoroso ou austero Mani Vûnda traduzse por autoridade da progenitura das autoridades em desemprego e Nsâku Ne Vûnda por quem abençoa as autoridades desempregadas ou torna rigorosa a autoridade desta família dos desempregados Cardozo escreveu que o rei do Kôngo devia ser 303 A terra pertence a ninguém ou melhor a uma linhagem a uma toda colectivida de de vivos e mortos escreve Gonçalves A La symbolisation politique Le prophétisme Kôngo au XVII e siècle WFV London 1980pp13 R Batsìkama Voici les Jagas pág 246 escreve A terra pertence à sociedade quer dizer aos membros mortos e vivos mas so bretudo aos mortos eis porquê ninguém pode vendêla nem tão pouco o Responsável de kanda que aliás temerá o castigo dos Bisavos mais do que qualquer membro da sua comunidade 304 No dia da saída do novo eleito deve dispôr de dinheiro para distribuir e deve dis tribuir excessivamente escreve Mertens J Les chefs couronnés chez les Bakôngo orien taux MRCB Bruxelas 1942 p42 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 150 espancado com a cauda de um boi ou ser regado com água salgada função dos Mani Vunda ou Nsaku Ne Vunda Na ausência de Nsâku nenhuma legitimidade lhe será reconhecida305 Retornando ao sentido de matarvônda e desempregarsevûnda o senhor dos desempregados que abençoa aqueles que estão fora de uso ou são preguiçosos tem correspondência com a família das autoridades a Kinzînga Mas matar a mulher e o seu filho convém a vôndavûnda se bem que não sejam sinónimos Uma das passagens da História oral que justificaria isto é NKÂsi ZA KÔNGo que reconhece ser sachada madiadia masakua esta relação entre as duas famílias pode ser vista nas palavras tais como mfûmu autoridade mankandala sacerdote makota conselheiro Tûmbwa investidura tûmila ou ainda em todas palavras ligadas à autoridade e à sua investidura às circunstâncias deste evento incluindo as palavras derivadas toda esta amálgama de palavras de forma tão extensa explica a submissão ou a obediência dos Reis de MbânzaKôngo perante as autoridades de Nsôyo os seus tios maternos Relativamente à identidade da mulher o rei assim se leu atrás NKÂsi ZA KÔNGo e Ne NtiNUA KÔNGo são da mesma família anaa ngûdi a Kinzinga ora se o Rei pertence a Kinzînga a sua mulher não pode em caso nenhum ser da mesma família de acordo com os usos e costumes Padre Jean Van Wing escreve em poucas palavras o sangue da mesma kanda não se casa306 Portanto mais acima está confirmado que são anaa ngudi ou seja são do mesmo sangue será então incesto Antes de mais informam os cronistas antigos307 que a irmã e a mãe do Rei tinham funções importantes na Corte de MbânzaKôngo Na verdade nunca a esta iRMã nem à Mãe do rei foram encontradas as funções que os cronistas dizem ter existiam isso sim de acordo com os relatos dos mesmos HoMeNs com títulos cuja tradução é iRMã ou Mãe tio MAteRNo ou AVÔ MAteRNo do rei Assim anaa ngudi significaria que ambos pertencem à mesma família razão pela qual NKÂsi ZA KÔNGo assim como se deve ao Rei reconhece que foi sachada ou seja foi MAsAKWA Deste modo a intervenção de um certo NsÂKU foi importante uma vez que Masakwa deriva do verbo sâka 305 História do Reino do Congo 1624 pp4346 Citação tirada de Cuvelier J Lancien royaume de Congo p13 306 Van Wing J Etudes Bakôngo I Histoire et Sociologie Desclée Bruxelles 1921 p188 No seu entender kanda dizse matrilinearmente 307 O Reino do Congo foi dividido em províncias A mãe e a irmã do Rei desempenhavam um papel político muito eminente escreve Denise Paulme no seu livro intitulado Les civilisations africaines PUF Paris 1962 p55 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 151 II25 PERDÃO significado e sentido do perdoado o Rei PeRDoA NeNZÎNGA PeLo ANtiGo CRiMe HoMiCÍDio e este ÚLtiMo VoLtA A NsÔYoDYANsi Já sabemos que é aqui a questão do movimento de Mani Vûnda ou Nsâku Ne Vûnda dirigido então por NeNzînga Portanto o que significa o Rei PeRDoA Assinalamos que em Kikôngo isto se pode traduzir por YAMBWiLA ZeNGA oMAsUMU308 e crime por NKANU ou NKUMA em princípio a justiça não era função exclusiva dos Reis o Rei ManiKôngo Ntinua Kôngo pertencia a esta coligação ou ao grupo dos juízes e tinha por título GRANDe JUÍZ Mas não foi a pessoa indicada para PeRDoAR Houve talvez alguma confusão da parte de alguns autores que confundiram MBÂZiA NKANU com MBÂNZAKÔNGo De facto o primeiro é local onde se resolve os problemas da Justiça Mas quem preside as sessões não é exclusivamente Mani Kôngo nem se chamaria Ntînua Kôngo A sua presença é auxiliada pelo NeMfûndi309 ajudado pelos Makôta conselheiros Ne Mfûndi tem outros nomes segundo aqueles que nos informam Mani Mpêmba Masâki Mani tubûngu chefe dos Conselheiros etc No decorrer de um julgamento há a intervenção de muitos dignitários com o fim de resolver o problema num lugar chamado YÂLA NKÛWU Portanto a sentença final chegada por consenso é pronunciada pelo Rei porque isso é chamado o GRANDe JUÍZ Neste caso o PeRDão não é directamente uma função dos Rei mas sim primeiramente dos Mani Mpêmba Masâki ou ainda um termo relativamente recente Ne Mfûndi ou Mbûta Mfûndi ora não somente esta autoridade provém de Nsôyo310 mas também Mani Mpêmba ou Masâki foi sempre desta família de Nsaku311 Aliás Padre Dicomano fala do JusticeiroMor chamado Mani Pemba312 isto é Nsâku No antigo Reino do Kôngo a justiça e a constituição eram funções da família dos BesiKinsâku eis a razão pela qual quando os Portugueses 308 Da Maia s dicionário portuguêskimbundukikôngo 1991 ver PeRDoAR e CRiMe 309 Reconhecemos que esse termo possa ser muito recente tal como nos fez observar A Ferraz Aceitamos também as suas opiniões muito interessantes sobre o como se pas sava com a Justiça nos velhos tempos em referência apoiamonos também nas escritas de Padre Lourenço da Lucca que presenciou alguns julgamentos quatro séculos atrás 310 ele pode também originar de Mbâta 311 Um nome antigo é MAsÂMBA A tradição afirma que Masâmba é a pessoa indicada no Kôngo para regularizar as regras e definir as leis a seguir Cf com o patrónimo no livro de Cuvelier Hoje em dia em certas regiões do Kôngo os filhos mais velhos são cha mados MAsÂMBA ora Nsâku foi o filho mais velho dos três patriarcas do Kôngo 312 Jadin L Relations sur le Congo du Père Raimundo Dicomano p330 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 152 estabeleceram Afonso i Mvêmba Nzînga no trono como sucessor do seu defunto pai se sucedeu a confusão isto porque nunca foi eleito e sobretudo nunca foi abençoado por Nsâku Ne Vûnda Consequentemente hordas de tropas guerreiras dos Constitucionalistas saíram de Nsôyo a fim de combater o inimigo estas hordas foram chefiadas por Ne Mpânzua Kitînu chefe das tropas da realeza o perdão nunca foi tAReFA própria do rei mas sim de Mani Mpêmba Mbûta Mfûndi Para o confirmar analisámos esta frase PARA seR PeRDoADo NeNZÎNGA Foi APReseNtAR CABAços De ÁGUAs sALGADAs Ao Rei Do MBÂNZAKÔNGo Quando NeNzînga voltou a NsôyodyaNsi esta região mudou logo de nome sAKA DYA NtADi ou NtÂMBA DYA WAWU sAKA DYA NtADi é a corruptela de Nsâka dya Ntadi Pelo que soubemos Nsâka é o nome do fogão de pipa cachimbo da pipa de cabaça ou simplesmente da pipa para fumar cânhamo Dya é a preposição Ntadi é a cabeça da pipa da terra escreve Karl emma Laman esta cabeça está sempre fixada num cabaço chamado MUNKÔKA observações em Kikôngo e Nsûndi em Cabînda a Kwîmba da província Zaire Mas toda a expressão significa FoGão Do CACHiMBo isto é a força a energia da pipa este sentido reforça que são realmente os BesiKinsâku que dirigem esta região chamada NsÂKA DYA NtADi Aliás Nsâku deriva assim como Nsâka de sâka ou seja agitar ou excitar É óbvio que quem fuma a pipa com cânhamo fica excitado ou agitado NtÂMBA DYA WAWU Ntâmba significa força energia e até astúcia mania e esperteza Ntâmba313 foi um dos nomes que a descendência de Nsâku adquiriu ao longo da sua história para reforçar as alianças entre os vivos e os mortos Como é óbvio tal função requer esperteza força sobrenatural etc Por isso os sentidos acima enumerados correlacionam se remarcavelmente com as funções que esta família exercia WAWU traduzse por ARRePios De FeBRe estReMeCiMeNtos De FRio tReMoR e FRÉMito314 Literalmente é a energia que reforça o tremor e a força que supera o frémito estes topónimos confirmam uma vez mais o que escrevemos atrás sobre o terceto Nsâku Ne Vûnda Nsôyo dyaNsi NeNzînga É uma das continuidades de vôndamatar e vûndadesempregar no sentido em que os Monarcas Mwêne Kôngo do Kôngo reconheciam que a força deles se 313 Cf com o patrónimo no livro de Cuvelier J Nkuama mvila za makanda p77 314 Podese conferir os autores tais como Laman Bentley Butaye nos seus respectivos dicionários As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 153 originava no Nsôyo país de Nsâku Ne Vûnda A tradição é estrita Nsâku bena ku Vûnda dya Mwângua Tadi Yôngo songolo isto é Nsâku do Vunda cuja sede é a Mwângua tadi é o Alto colocado dos songolo315 Mas Nsâka dya Ntâdi chamado também de Ntâmba dya Wawu pelos autóctones de MbânzaKôngo é literalmente um domínio para o Nsâku mas não para o NeNzînga de NsôyodyaNsi e como diz Cardozo no século XVii a bênção do Rei de MbânzaKôngo seria um processo litigioso só não o é porque se repetia muitas vezes no qual Nsâku senhor de Nsôyo tinha por fim rogar o rei com a sua água salgada e isto não aconteceu só uma vez Na verdade este processo repetiase cada vez que fosse eleito um novo Rei316 vindo de Lwângu 315 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda um nsia Kôngo p65 316 Balandier J Anthropologie politique PUF Paris 1978 pp177185 Lowie R Traité de sociologie primitive Payot Paris 1935 pp153156 Andreyen i the origins of man and society in Social Sciences URss Academy of sciences 1997 Moscow pp101112 o povo migratório leva essencialmente uma estrutura social A estrutura política pode criarse progressivamente ou seja simultaneamente De outra maneira não se consegue fundar uma sociedade fortemente estruturada fora do seu pensar e daquilo que ganhou como experiência isto é a língua dizse desde Platão é a alma do povo A maneira da política ou da sociedade funcionar fica intimamente ligada ao pensar expressa pela lín gua entre outros Duarte Lopes sem o querer confirma que o Kôngo foi um reino bem estruturado e or ganizado quer política e administrativamente quer na sua organização militar Ver Ball W Description du royaume du Congo et les contrées environnantes p120 Ver de igual modo Dos santos e Maza edição do Autor Lisboa pp7783 Balandier G oferecenos uma pequena terminologia nas p 309 311 321 382 385 na sua obra intitulada Sociologie actuelle de lAfrique Noire PUF Paris 1971 o autor cita os nomes de mãe irmã tio materno e avó materna do Rei ou melhor do país no verdadei ro sentido do Kôngo Como já tentámos de explicar não era realmente a mãe a irmã o tio materno etc do Rei no sentido europeu visto que eram homens à excepção de algumas matronas idosas Na bibliografia acima mencionada aumentámos LeviBruhl La mentalité primitive Pela mesma ordem pode conferirse a introdução do Totémisme aujourdhui de Levistraus que de forma mais clara mostra ainda que até o povo mais civilizado se exprime de maneira que não foge à mentalidade primitiva Computer em inglês significa máquina capaz de calcular de pensar ora é realmente o que esta máquina faz muito antes de ser inventada Portanto não é o pensamento de uma sociedade primitiva A verdade é que não podemos fugir do nosso pensar nas nos sas realizações tal é também o caso destes povos que a civilização chamou primitiva As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 154 Mani Kôngo como guerreiro As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 155 II3 Conclusão o relato que nos apresenta o Laboratório Nacional de Antropologia de Luanda sobre Nsôyo contém diferentes eventos divididos no tempo narrados portanto sem qualquer especificação cronológica317 Numa compreensão lógica do texto falase resumidamente de NeNzînga suposto cidadão da Corte Mbâzia Kôngo é diferente de MbânzaKôngo que efectua uma viagem de fugitivo para Nsôyo onde fundou uma união entre os dois governos de MbânzaKôngo e de Nsôyo De acordo com a análise linguística certificase que muitos eventos estão por aí intrometidos o relato explica a ocupação de Nsôyo e algumas saídas do mesmo essa narração não é feita abertamente318 mas no entanto é visível através do espírito do relato Assim a título de exemplo informa sobre mais de um NeNzînga como elite das deslocações de Nsâku patrão do clã Nsôyo dya Nsi para o Nsôyo e de MbânzaKôngo para Nsôyo De certo modo historiadores e etnógrafos qualificam o relato da FUNDAção do Nsôyo Mas descobrimos outros indícios de interesses de outros científicos 1 a relação entre Nsâku Ne Vûnda e Ntinua Kôngo 2 o lugar de Nsôyo na gerência da religião administrativa do Reino de Kôngo e 3 o tão falado crime proclamado na génesis do Reino do Kôngo etc eis a conclusão muito antes de esta região ser chamada Nsôyo existia choupais pouco organizados Na altura a região não tinha nome porque os limites ainda não tinham sido definidos algo que se estabeleceu juntamente com NeNzînga organizador estadista Assim Nsôyo recebeu um estatuto especial perante MbânzaKôngo quando ainda o povo do Kôngo realizava a obra comum A FUNDAçAÕ Do seU PAÍs o regresso de NeNzînga com as cabaças de águas salgadas não tinha PeRDão Aliás não existia tal perdão no Kôngo para além desta função de julgar não ser da competência do Rei Ainda para mais a reabilitação de NeNzînga sendo cidadão da Corte da Mbâzia Nkânu que está dentro de MbânzaKôngo a capital deveria situarse na mesma cidade mas não em Nsôyo país onde se exilou estas supostas contradições metalinguagens 317 significa gradual sucessiva 318 tudo que é relato quer escrito quer falado contem em princípio a sua sombra que revela em que situações e quais as emoções etc quando foi feito Alguns chamamno o espírito do texto ou do relato se bem que de uma certa forma énos difícil explicar expli citamente em que condições quais as emoções o ambiente e todo mosaico que cercavam o facto Portanto é fácil entender o que o relato esconde por detrás Mas isso só se torna possível depois de uma análise bem sucedida As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 156 obrigamnos a confirmar que dois ou mais eventos tratam de mais de um NeNzînga como elite da deslocação dos ManiNsôyo primeiro para estabelecer um governo local em Nsôyo KôngodyaLêmba país do tio e depois para sair de Nsôyo a fim de administrar uma consagração a Mani Kôngo319 mestre de MbânzaKôngo 319 toda a tradição oral contém múltiplas informações que apenas uma análise sistemática séria poderia revelar Várias vezes estas informações são paralelas com certos topónimos Por exemplo os diferentes nomes tanto do Nsôyo como de MbânzaKôngo conjugam com outros nomes de cargo social Ne Nsôyo Ne Vûnda Makandala Ne Ntâmba Mani Kôngo Mwêne Kôngo Ntînua Kôngo Ntôtila Kôngo etc dando ipso facto origem à explicação favorável a respeito às relações que tem existido entre as duas cidades Fizemos uma longa dissertação sobre este método linguístico filologia que consiste em questionar palavras e nomes juntamente com certas narrações ligadas a eles no outro Livro deste trabalho o herói civilizador Cf com o capítulo génesis da sociedade Kongo em princípio os sentidos que levam uma palavra mesmo os mais menosprezados por certas razões são portadores de história Na verdade a vida corrente faz com que as palavras nasçam e sejam submetidas a uma certa dinâmica porque o povo é dinâmico Logo elas não são invenções individuais mas sim colectivas sendo assim todos os sentidos que leva ou levou uma palavra são neces sários e de uma importância primordial quanto à analise Deste modo não pode haver esco lha de sentidos sentido figurado verdadeiro sentido da palavra sentido científico ou outro A questão então é recolher todos os sentidos e a partir das semânticas que representam a semântica é a verdadeira história da palavra deduzir aquilo que têm em comum caso haja Na sua obra intitulada Histoire de lAfrique noire Joseph KiZerbo escreve o conselho elei toral dirigido por três eleitores MANi VoUNDA chefe da terra de são salvador que admi nistrava os ritos de consagração do rei MANi MBAtoU e MANi soYo Na verdade KiZerbo referese às escritas de Georges Balandier la vie quotidienne au royaume du Kongo du XVI au XVIII siecle Paris Hacchette 1965 o De Bouveignes Les anciens rois de Congo e Cavazzi Historica descrizione De facto os eleitores que KiZerbo assinala têm por título MANi VÛNDA quer de Nsôyo quer de Mbâta e quando especifica que Mani Vounda residia em são salvador é importante assinalarmos que na verdade o Pontífice Padre admi nistrador da consagração do rei do Kôngo residia na capital mas era de origem Nsôyo caso o Rei fosse originário de Kimpânzu KôngodyaMpânzu ou Kilwângu ao norte ou seja de Mbâta ou caso o rei fosse de Kinlâza KôngodyaMulÂza ou KôngodyaKwîmba a leste Na nossa opinião François Bontinck quanto às suas anotações sobre Diaire Congolais de Fra Lucca Da Caltanisetta mistura por um lado Kinlâzafamília e Kinlâzaprovíncia e por outro Kimpânzufamília e Kimpânzuprovíncia quando fala das disputas para a sucessão ao trono no século XVii Assim tornase difícil explicar devidamente o porquê os Kinlâza tinham o apoio dos senhores de Mbâta e os Kimpânzu apoio dos príncipes de Nsôyo muitos pensam como Fr Bontinck como John thornton Waytt Macgaffey António Gonçalves etc A anti ga ou a prélusa estrutura sociopolítica do Kôngo requer que os Reis venham de diferentes províncias e os seus consagradores de determinadas regiões consoante a origem dos primei ros reis os reis provenientes do Norte Kimpânzu ou KôngodyaMpânzu foram eleitos e investidos pelos senhores de Nsôyo enquanto os originários de Kinlâza KôngodyaMulâza foram eleitos e coroados pelos príncipes de Mbâta De igual modo existia a origem real me ridional a Kinkânga ou imbângala KôngodyaMbângala A este respeito não temos dados escritos pelo menos antigos que indiquem a região do sacerdote que investia o rei vindo de imbângala temos todavia alguns dados exclusivamente da tradição oral e por razões de precaução prometemos voltar ao assunto em A data da fundação do reino do Kôngo ou em outro eventual trabalho para melhor esclarecimento Capítulo iii OCUPAÇÃO DA FOZ DO RIO KÔNGO III1 Introdução No Norte de Loando os habitantes são songolo até além de Boma perto de Noki os pequenos grupos têm emigrado da margem esquerda para a direita atingido Moanda onde foram mesclados pouco a pouco com os Woyo320 É dessa região que vamos falar aqui Mas antes de mais fomos precedidos por Joseph De Munck que na sua obra Kikulu kya nsi eto a Kôngo terá imiscuído o catolicismo com as realidades do Kôngo Para uma melhor apreciação do leitor convidamolo ao texto em kikôngo Bantu bavita mu nsieto Muna luyantiku lwa nza ka mwakala bantu ko muna nsieto nzanza ye miongo mia pamba nzadia Kôngo mpe katu Maza manene makaba kuna ndambu za Boma maza manene ma Kalunga ma mbu maza na mungwa maza mankaka manene kuna ndambu za Mpûmbu ovo Kin Mvûla zanene zinokene maza tu ntÂndu matombokene mavenge nzila va kati kwa nsieto ye nzadi a Kôngo ivangamene Mfumu Nzambi muna ntete bantu bole kavanga Adamo ye eva Wakubatela vo Lubilama luwangana nsi ye nsi Makanda mantete matuzeye mayiza muna nsi eto i kanda dia Mbwidimbodila vo Bochiman ye kanda dia Mbakambaka vo Pygmées Bantu ba ntelankufi ntu mianene malu mankufi moko 320 Boone o Carte ethnique de la république du Zaîre Quart SudOuest Musée Royal de lAfrique Central tervuren 1973 p77 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 158 manda nitu zambwaki ka zondombe ko Ka bavwende mu mavata ko mpila mosi ye beto konso muntu ye nzoandi vana kati kya nzanza Nzo zau zafioti zakala bonso mpaka za nsusu zaka ntangwa balelenge muna matadi Bavwere nkanda mia nkondo ovo mia mbizi ovo makaya ma mankondo Ka bekedi ye mbele za sengwa ko kani nsengo kani tanzi nkatu Bima biawonso bi biasadidingi bia matadi matadi ma kola ma makanga basala mu kitula mo mbele ye nsengo zau tiya tuau basadidingi mu mfwindi mu mfula wa maya ye ma mankondo Batoma zaya sala binzu bia lambila ye bia nwa biangolo ye bia kitoko Bambuta zeto kwa bau balongokele kisalu kina Kansi ka basadidingi mavia ko kani ma nguba kani ma madezo kani ma madioko Kisalu kiau veta ye vonda mbizi za mfuta ye sosa madia manakaka mu mfinda ye minzanza Ngolo mpasi zakala yau mu mbizi ye sosa madia mau nkele nkatu tanzi nkutu nkatu kansi batoma vonda mpakasa ye zau Vo bele mu veta bankaka baswenge mu mfuta Nzau vo ilutidi bavayikidi mu nswalu bazengele mianzi mia malu mandi mu mbele za matadi ye bosi bavingila ye kuna kafwila Lumbu kina batomene dia ye yangalala tini kiantete kya mbizi basidi tambika kwa Mfûmu Nzâmbi tini kiankaka kwa bakulu Kansi bilumbu biankaka vo mbizi ka zimonekene k nsatu mapsi balelenge kadi mavia nkatu Bakwikila muna Nzambi mosi bonso beto batoma zitisa bakulu Ka balendi kwela muna kanda diau ko ka basompele bakento bole ko umosi kaka As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 159 Ka bakedi ye mfûmu a vata ko konso yakala i fumu muna nzoandi Ka basisa mazumbu ko mpila mosi ye bambuta zeto va kati kwa nzanza bele tunga Madessins matumonanga mu matadi mamenanga mu nzanza ye muna matadi mankaka kuna ndambu za Kimpese ye Kiazi biveso bia binzu ye matadi masekeswa i bidimbu bitusongelanga vo muna fulu kina bavwendenge Biveso biankulu bimonekanga ndambu zawônso za nsieto bisundidi moneka ndambu za nzadi a Kôngo Matadi masekeswa makitulwa se mbele se sengele soka se sengo matoma moneka mu makanga na Ntûmba ma Ngômbe Matadi ma Fornazari ye mu ma kanga mawônso ma nsieto Masongelanga vo ndongabantu bavwanda ko muna nsi nkulu Madessins bisunsu bimonekanga muna matadi mayingi ma nsi eto ndambu za nzadi a Kôngo ku Luozi Bembe Mafwambu Nseke a Lolo Mukimbungu tadi dia Vangi tadi dia Mbevo Bimonekanga diata ndambu za Lovo mu matadi mayingi Balu tadi Ndeka Ntadintadi ye mankaka mayingi Ndambu za Kôngo dia Mputuki mpe tadi dia Limbunga tadi dia Mavumvu tadi dia Ngulungu dia Makosi tadi dia Nsingia Nzambi tadi dia Nzundu tadi dia Nkosi ye mankaka Mu diambu ka bavwanda mu mavata ko ke bakala ngolo ko mu tanina ntoto au Makanda mankaka ma bandombe mavaikidi ye bongele nsi au Mambakambaka batininingi bankaka kuna ntandu kûna bele swama muna mfinda zanene bankaka bena diaka mu nsi a Bakôngo ndambu za KôngoBrazza Kûna Bongo babokelelwanga kwa besiKongo salu kiau konda mbizi ye nata zo kwa besi Kôngo mu tambula mpe madia mau ye bilekwa biau321 A ocupação desta região tal como explicam os habitantes parece à primeira vista rebelde contra a lógica científica No decorrer das nossas 321 De Munck J Kinkulu kya nsietoe Kôngo tumba 1971 p34 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 160 pesquisas tivemos esse pressentimento Com o tempo descobrimos que estes repertórios submetidos a uma série de análises com um método próprio ainda são ricos como fontes históricas III2 Tradição nº 1 Nzâdi za Kôngo ka yakalanga ko mu ntâma mvûla za ngôlo za nokanga ku ntându Na antiguidade o Rio KÔNGo não existia e apareceu recentemente na época das grandes e caudalosas chuvas322 Passemos à trama semântica NZÂDi ZA KÔNGo significa literalmente Rios De KÔNGo A preposição ZA indica o plural e relacionase com os Rios Actualmente este termo parece um paradoxo total porque as populações deramlhe o nome de MWÂNZA desde Kinsâsa Leopoldville até Nsôyo onde desagua no oceano será uma aberração NZÂDiA MWÂNZA ser chamada de NZÂDi ZA KÔNGo Nzâdi deriva do prefixo de agente N e de zâdi que por seu lado vem de zâdisa que significa encher ampliar deleitar e aumentar então Nzâdi quer dizer o que se enche o que se amplia o que se dilata dependendo dos outros Kôngo é sem dúvida o país Deriva portanto de kônga ou kôngika que significa enrolar cercar rodear fazer uma paliçada um recinto um velado da mesma raiz que kôngolo arcoíris sabemos muito bem talvez por causa de Camara Laye que uma paliçada uma casa cercada significa família É justamente o sentido de Kôngo extensivamente pode significar reino república KAYAKALANGA Ko MU NtAMA significa não existia na antiguidade o que não existia o rio ou o povo Na lógica do relato surge aqui a questão de Rio visto que são as linhagens que testemunham e não o rio desguarnecido da boca a fim de emitir palavras KAYAKALANGA Ko é uma forma de conjugação kikôngo que merece uma observação atenta Uma tradução conveniente seria já não está a existir esta ideia é perfeita para ntama antiguidade Ntama em kikôngo exprimese por um passado relativamente recente o que 322 esta frase é muitas vezes repetida pelas linhagens da região que estamos a estudar As linhagens são as mesmas Mpânda Mvângi Mbakala Nzôndo Nsânda Kimvûla Kên ge tênde etc Pode verificarse no livro de Joseph De Munck para além da citação que reproduzimos aqui As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 161 indica uma época cujas sociedades já estão constituídas este tempo é do ponto de vista cronológico uma subdivisão de kinkûlu da história ora kinkûlu é precedido pelo kinkûlu kya kinkûlu isto é pela préhistória A criação do mundo no pensar Kôngo assim como as primeiras famílias humanas situamse no kinkûlu kya kinkûlu enquanto as fundações dos países sociedades e hordas constituídas classificamse no Kinkûlu mais precisamente no ntâma323 Mas esta observação mostra sem quaisquer dificuldades que não podemos aceitar uma parcialidade entre Rio e PoVo porque da mesma maneira que qualquer Rio nasce ou ainda surge onde foi desconhecido os povos também podem aparecer numa região migração Deduzimos no que respeita a esta frase que analisámos que NA ANtiGUiDADe AQUiLo QUe se AMPLiA oU se DiLAtA À CUstA Dos oUtRos Não eXistiA ora pode referirse ao Rio como ao PoVo que antes de emigrar deve multiplicarse ampliarse e pulularse quando for necessário MVÛLA ZA NGÔLo ZA NoKANGA KU NtÂNDU designa as chuvas caudalosas que caem no Norte Mvûla traduzse por chuvas ora para entender estas famosas chuvas é necessário no início esclarecer a forma za nokanga É um pretérito presente contínuo que pode ser também ao mesmo tempo um passado Como fizemos para NZÂDi ZA KÔNGo vamos insistir um instante sobre MVÛLA ZA NGÔLo A palavra mvûla vem do verbo vûlumuka que significa vir avançar na multidão em ajuntamento borbotar borbulhar surgir aparecer de repente despejar verter ou fazer recair Mas MVÛLA quer dizer aquilo que vem ou avança na multidão aquilo que aparece de repente ou aquilo que se despeja Pelo menos estes sentidos não excluem o povo nem o rio A forma ZA NoKANGA para além de indicar continuidade pluraliza MVÛLA existiram muitas MVÛLA A ideia está contida também no ZA NGoLo Neste caso quais são estas CHUVAs CoNtÍNUAs Por 323 estamos de acordo com Joseph KiZerbo que a divisão da Préhistória e História não pode ser condicionada simplesmente pela ausência e presença das escritas ele provou muito bem que existe História dentro daquilo que se dizia Préhistória Dado que é um assunto específico abordaremos em A data da Fundação do Reino do Kôngo onde fomos forçados a cronometrar o tempo na concepção do Kôngo e a estabelecer uma equivalência com a noção do tempo hoje em dia antes de construir uma hipótese sobre a data da fundação do reino Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 162 um lado e de acordo com o rio o plural parece indicar as afluentes e a sua continuidade parece estar relacionada com a corrente normal do rio Por outro lado as chuvas contínuas convergem com as quedas rápidas e cataratas localizáveis desde Noki até Kinsâsa sobretudo na referência à foz estaria ali realmente o ntându Norte sendo esta uma questão de ntându e outros pontos cardinais dizse sempre a referência de algo Assim para darmos um exemplo eis como J Mertens fala do aval sul e de cima Ba Banda gente do aval Ba Ntandu gente do rio acima dizse em relação a sua situação geográfica na bacia de Nsele324 QUeDA e Rio ACiMA fazem uma boa correspondência semântica assim como a geografia desta região com estes sentidos Ntându por exemplo vem do transitivo tândula tândumuna325que significa estender à frente alargar espalhar perseguir fluir nadar entre outros então um highland isto é uma terra elevada e alta onde as águas correm de seguida seria a hipótese menos contestada a parte de cima rio acima é então NtÂNDU e a parte de baixo BÂNDA Desta maneira mvûla za ngôla como vem de cumeeira corresponde às quedas caídas e rápidas Aliás no mosaico dos sentidos de ntându tal como explicam alguns autores326 este termo significa não só Norte mas também frente antes alto topo cume céu etc Por outro lado nas linhagens de ambas as margens da foz ntându é utilizado sem diferença específica sem se referir a uma realidade geográfica e além disso consoante a colocação destes clãs e linhagens o Norte tornase por vezes sul Leste ou oeste esta observação incita a desconsiderar a única hipótese de Norte Aliás a lógica científica sobre o NoRte não é a mesma que a dos Kôngo no que diz respeito a NtÂNDU Para os Kôngo designase o ponto cardinal norte sul leste oeste em relação a um dos elementos geográficos principalmente o rio a colina a floresta a lagoa entre outros mas não unicamente em relação ao Leste onde nasce o sol em resumo o rio e o povo não existiam nos velhos tempos nesta região Apareceram nos impulsos saídos do Norte isto é do Leste estes impulsos foram o Rio e também o PoVo MVÛLA por um lado significa aquilo que vem ou avança na multidão isto é o povo e por outro lado 324 Les chefs couronnés chez les Bakôngo iRCB Bruxelles 1943 p45 325 Ver a primeira parte quando falámos de ntându e bânda no capítulo sobre as origens do Kôngo consoante a Tradição Oral 326 Ver Gregoire C Les locatifs en Bantou Musée Royal de lAfrique Centrale tervuren 1975 p238 da linha 10ª até a 13ª As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 163 aquilo que desagua ou despeja ou seja o rio eis uma figura que pode explicar estas ambivalências Figura nº1 eis como apresentamos estas entidades à primeira vista opostas Mesmo na análise estruturalista as frases ou grupos de palavras cumpremse junto com os pares oponíveis de um mesmo grupo de transformações327 observou o pai da antropologia estrutural Do ponto de vista semântico podemos intervir a metonímia e a metáfora a fim de raspar os valores históricos nas profundezas escondidas É por causa destes princípios metáfora e metonímia que a expressão NZÂDi ZA KÔNGo não pode ser separada de CHUVAs FoRtes tendo em conta a logotecnia de NtÂNDU o conjunto faz sentido e cada palavra parece levar os sentidos como resultados desta relação Quando coligimos estes sentidos descobrimos que PoVo e Rio em kikôngo têm vários sentidos primeiro Ntându leva com ele o sentido de espalhar assim como as águas se espalham e segundo as chuvas em kikôngo derivam do verbo que intervêm nas expressões de imigração vulumuka leia só Cuvelier J ou De Munck328 esta é uma parte da História que se gravou nas migrações das palavras III3 Tradição nº 2 Ya Mbakala Nzôndo nkwa kulu kumosi disu dimosi watûnga Zîmba Zîmba dya mwângana um dyambu dya nkîndu yabwa um kuma kya nsêngelea mbele wavila Mbakala Nzôndo wayênda ku ndambua 327 Pouillion J Les fétiches sans fétichisme p66 328 Muitas famílias utilizam o verbo vûla ou vûlumuka para dizer espalharse emigrarse etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 164 Boma ye tûnga Nsânda sua excelência Honroso Magnífico e Valioso Nzôndo um zarolho que tinha uma só perna construiu a cidade de Zimba no Noroeste de Luwozi esta cidade arruinouse por causa das confusões ocorridas a propósito de uma faca sem braço Mbâkala Nzôndo foi a Boma onde fundou outra cidade a que chamou Nsânda329 YA MBAKALA NZÔNDo NKWA KULU KUMosi DisU DiMosi De facto Ya é título de nobreza cujos sinónimos são Ma Na Ma etc Nos Kôngo o mais velho de uma família chamase YAYA que é uma linguagem muito popular e é a repetição de YA Mbâkala significa homem yakala em outras regiões do Kôngo e tem o sentido de corajoso valente e guerreiro como foram os BaYAKA então NZÔNDo deriva de zôndoka isto é saltar e dar pulinhos Raphaël Batsîkama especifica que este termo também pode ser utilizado num homem normal que segura uma perna330 o mesmo verbo significa também marchar a grande passo preceder ir adiante avantajar chegar antes etc KULU KUMosi DisU DiMosi são fraseologicamente duas vertentes convergentes e assim sendo indissolúveis na sua descodificação lógica ora kûlu significa pé e no sentido figurado marcha e rapidez331 ou ainda metaforicamente caminho e trajectória todos esses sentidos estão confirmados porém através das expressões e provérbios do Kôngo estão aqui apoiados por um único termo suficiente que é NZÔNDo os sentidos de palavras componentes ou mitemas na linguagem dos antropólogos esclarecemse somente uma e outra pela concatenação fraseológica Assim as palavras enlaçam relações e afinidades entre elas de tal forma que adquirem outros sentidos Antes de vermos isso passemos primeiro a DisU DiMosi DisU DiMosi ou seja olho vista repõe uma observação uma visão além do sentido oLHAR em relação aos caracteres de Nzôndo que salta ou melhor saltilha em vez de andar normalmente o verdadeiro 329 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda tumba edição de 1953 citado pelo R Bat sikama Voici les Jagas ou lHistoire dun peuple bien malgrè lui oNRD Kinshasa 1971 pp213214 este relato é muito popular em Luwozi nos Ladi CongoBrazzaville e em Cabinda o autor é desta região de Luwozi 330 idem 331 exemplo malu é o plural de kulu ora a expressão malumalu significa rapidez As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 165 sentido de DisU DiMosi seria oBseRVAção porque tal sentido retira a atenção de todos observação escreve Réné Bailly designa o meio pelo qual se observa se avista as coisas visíveis ou aparentes e como sinónimo de oBseRVÂNCiA não supõe a execução habitual da regra mas simplesmente UMA ACção PARtiCULAR UM ACto DistiNto ReLACioNADo CoM UM PReCeito PARtiCULAR332 Neste caso então todos os sentidos de YA MBAKALA NZÔNDo de kulu kumosi e de disu dimosi etc informa indirectamente que os movimentos para a ocupação datam antes de Ya Mbakala Nzondo Mas este distinguiuse pela sua realização outros repertórios a seguir vão largamente confirmálo Kulu kumosi e Disu dimosi significam que todos seguiram a rota kulu planificada por Nzôndo porque foi visto e admitido como uma realização fora de ser disu Quer da margem direita como da esquerda todos vão seguir Nsânda realização de YA MBAKALA NZÔNDo Falemos da FACA seM BRAço perdida na qual resultou as CoNFUsÕes que arruinaram o ZiMBA Antes de mais a faca simboliza a justiça Nsêngele deriva de senga ou zenga consoante as regiões verbo que significa cortar talhar decidir resolver terminar a fim de dividir333 Aliás a enxada e a catana faca de mato dizemse NseNGU e NZeNGA para além dos termos normais kimpûmpa etemu mbêle faca Na verdade NseNGeLeA MBeLe é uma expressão tautológica pois o seu sentido na vida real é processo jurídico julgamento justiça Por um lado a repetição de um termo como já vimos reenvia a acção ou a pequenez do mesmo Por outro a repetição de um sentido insinua simplesmente o purismo o uso puro da palavra Permitamnos abrir um parêntese a fim de explicar melhor estas formas Malumalu que deriva de malu plural de kulu isto é pé quer dizer rapidez mwûlumwûlu deriva de um prefixo e de wûlu bûlu ou vûlu que consoante os idiomas significam buraco ou escavação A sua exiguidade será ReGo CALHeiRA ou ReGUeiRA que é o significado 332 Bailly R Dictionnaire des synonymes Larousse Paris 1946 p402 333 Da Silva Maia P A Dicionário complementar PortuguêsKimbunduKikôngo Cooperação Portuguesa 2 edição Luanda 1994 ver faca enxada cortar etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 166 exacto da palavra Kinkûlu kya kinkûlu que traduzimos por Préhistória deriva do transitivo kûla que significa crescer engrandecer amadurecer aperfeiçoar envelhecer e tornarse experimentado pelo tempo Ki é aqui um prefixo que marca a qualidade e o N dialectal ou facultativo reforça o sentido antigo de kûlu isto é algo vetusto e velho Falando do tempo a palavra referese a um passado recuado mais antigo isto é à Préhistória334 Não obstante os especialistas distinguem PRÉHistóRiA PRótoHistóRiA e HistóRiA sendo cada um deles subdividido em períodos É justamente neste sentido que temos kinkûlu kya kinkûlu isto é préhistória peni ye kinkûlu protohistória e kinkûlu história outro exemplo é Kimona meso que deriva de kimona ou seja de ki que é um prefixo de qualidade e de mona que designa ver olhar observar as vistas isto é a maneira de ver de ser testemunha ocular ou ver pelos seus próprios olhos Fechemos o parêntese Voltando a NseNGeLee MBeLe o significado mais correcto seria um julgamento não préconcebido um julgamento justo ou uma justiça justa Certos autores conhecem melhor a região inclusive as histórias de NsÊNGeLee MBÊLe como a de UMA RAPARiGA ViRGeM QUe DesAPAReCeU DA CAsA DA iNiCiAção DePois De LA eNtRAR335 Na simbologia e até na sarcologia do Kôngo a RAPARiGA ViRGeM indica que ela respeitou os usos e costumes guardando a sua virgindade Por um lado designa o respeito e por outro a pureza Aliás o provérbio diz que quem toca o sino fálo não só para os outros ouvir ele também escuta o som ou ainda quem toca o ngôma não só faz dançar mas dança ele também ou seja a justiça é para os julgados e para os juízes336 A cidade de Nsânda era realmente uma fortaleza de grande defesa Mbôma e por conseguinte teve uma grande importância depois de 334 Ver o artigo de Raphaël Batsikama in Cultures en Afrique et au Zaire nº5 1972 A propos de la cosmogonie Kôngo ou Fukiwu Cosmogonie Kôngo oNRD Kinshasa 1969 335 Ver a nota nº1 da pagina 214 do livro Voici les Jagas 336 Ngoma e ngonge foram os símbolos de poder no Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 167 Zîmba ter sido arruinado tal como o relato faz entender assim como o seu valor semântico ou seja Zîmba deriva do verbo kuzîmba que significa enrolar fechar em círculo cercar sustentar e ainda significa família bem protegida comunidade fora de perigo e país em abrigos das competições externas sinónimo de Kôngo Apesar disso foi arruinado devido à ausência de NsÊNGeLeA MBÊLe isto é justiça justa Não obstante Nsânda continuou a servir de migração às organizações populacionais que se mudavam para o Nortesul Comparação 1 NZADI ZA KONGO YA MBAKALA NZONDO Hidrónimo patrónimo Aqui estão incluídos outros patrónimos antropónimo astrónimo topónimos e outros Antropónimo Chuvas fortes e contínuas como aspecto do país das origens Zarolho e pessoa que tem uma só perna ima gem de uma só visão e de um só caminho Ausência e presença do NZADi ZA KoNGo Nas épocas préfluviais ou numa era das águas baixas período dos rios nascentes a travessia efectuavase a pé Ya Mbakala Zondo precedeu a Zimba Norte a fim de fundar outra cidade defesa Assim voltou para o sul a fim de erigir Nsanda voltando a designar toda esta região incluindo Luwozi e proximidades DirecçãoLestesulNorte LesteNortesul Direcção LestesulNorte Nortesul emigração fundação Fundação ruínas As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 168 Lembramos que estamos a estudar os relatos de diversas linhagens cuja ocupação nesta região é antiga Aparentemente cada um relata à sua maneira com evidentes particularidades ora analisando os elementos de língua observase que estes elementoschave estão na base das convergências estas tornamse então cada vez mais incontestáveis e insistentes na sua encruzilhada Contudo confirmam e fazem acreditar no seu conteúdo este esquema por exemplo mostra os primeiros passos da metamorfose da irrealidade que se dá a qualquer mito ou a algo deste género a uma aparente realidade Nzâdi za Kôngo como hidrónimo e patrónimo etnónimo é um conjunto no qual teria surgido o tãofalado YA MBAKALA NZÔNDo Aqui tr2 está incluído no tr1 e assim logicamente temos um evento tr2 numa História tr1 temos tentado esclarecer o que correspondem as chuvas caudalosas cuja origem não é só de Nzâdi za Kôngo como rio mas também como povo o tr1 A tr2 relata então o primeiro ou um dos principais a ter atravessado de forma muito notável o trajecto sulNorte A sua natureza referese à sua realização assim como ao seu sucessor que parecem ter seguido o mesmo exemplo então todos os elogios em relação à maioria da enxameação da região serão imortalizados numa só pessoa isto é a chamada antropomorfização da História razão pela qual deve existir YA MBÂKALA NZÔNDo isto é UM ZARoLHo QUe teM UMA só PeRNA Deste modo estamos perante A ANTROPOMORFIZAÇÃO De UMA sÉRie De eVeNtos tr2 e A ILUSÃO DA ReALiDADe GeoGRÁFiCA tr1 Aliás Goldelier esclarece esse facto de forma geral na qual a ilusão é filha da analogia o pensamento mítico é assim o pensamento humano pensando a realidade pela analogia337 Nzâdi za Kôngo é aqui considerado na sua dualidade rio e povo sendo assim quando se fala da sua ausência ou presença isto é emigração e ocupação como povo mas também quer dizer nascimento como rio De facto a origem tanto do Rio como do PoVo é oriental em relação à região das linhagens que estudámos região descrita por Boone mais atrás tr2 neste caso é simplesmente um período de tr1 Quanto às dissemelhanças ou certas versões diferentes o tr2 é uma delas e veremos as outras nas páginas seguintes os estruturalistas estão de acordo que no exame dos mitos aqui tradição os factos secundários 337 Horizons trajets marxistes en anthropologie Collection Maspero Paris 1977 p276 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 169 podem ser contrários aparentemente ou pouco semelhantes ao primeiro que lhes deu origem338 o pai da antropologia estrutural um método para o diagnóstico dos mitos escreve que a armadura fica a mesma o código muda e o conteúdo inverte339 eis como sebag tenta explicar um evento A surgindo num lugar determinado e num momento específico é concebido como causa dos eventos B e C que podem ser de natureza toda diferente de facto a oposição é relativa o que caracteriza toda linguagem a ciência é só um caso particular é a refracção dos continuuns naturais ou humanos através de um jogo dos termos que o subdividem o evento principal340 Na ocupação desta região o Rio ainda estava no seu período de baixas águas rio nascente razão pela qual a travessia era feita a pé este vai e vem sul norte e nortesul está largamente certificado pelas testemunhas das linhagens que povoam desde a foz até MbânzaNsèke nas proximidades III4 Tradição nº 3 Nanga Ne KôngodyaKwimba Mvêmba Kasi tutûkidi kuna Nkay muna simu dya Nzâdi ndâmbua mayânda Tusawukidi kuna sawa dya Nsânda Nzôndo I bosi tunga Mbânza Tadi Lenge Nzênza za Lawu lulêndo nzumbu i mavata ndambua mayânda ma nzâdi significa NANGA Ne KoNGoDYA KWiMBA MVÊMBA KAsi saímos debaixo do planalto da margem direita da foz do rio antes de fundarmos Na outra margem estavam as cidades Mbânza tadi Lenge Nzênza za Lawu e outros clãs e territórios no sul do rio Nsânda Nzôndo serviu de desembarcadoiro III41 A Análise do Património NANGA Ne KÔNGo DYA KWiMBA MVÊMBA KAsi É patrónimo de muitas linhagens em cada elemento deste nome kilométrico escondemse mensagens que vamos pesquisar junto com o leitor NANGA é o nome da cidadania341 tem afinidades com Nzinga 338 Para entender estruturalmente a diacronia é necessário e suficiente considerar que o desenvolvimento dialéctico não vem de dentro da estrutura própria da alteração da sua correspondência externa junto com outra estrutura alteração que ultrapassa num certo ponto os limites da sua compatibilidade A estrutura é interna mas o motor do seu desenvolvimento é externo Assim a estrutura invariante é justificada de tal maneira que implica a concepção estrutural da sincronia e seu desenvolvimento pelos saltos implicando a concepção dialéctica e da diacronia Godelier R Horizons trajets marxistes en anthropologie p129 339 Levistrauss C Les Mythologiques I le Cuit et le Cru Plon Paris p205 340 Marxisme et structuralisme Payot Paris 1964 p102 341 A este respeito Padre Phillipart informanos que quando se coloca a questão como te chamas é a ocasião de fazer saber o nome do seu clã nome da linhagem da sua mãe e o da As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 170 Lukeni Mata Ma Kôngo Mbênza Kôngo Ntua Nkôsi Na Lwângu e todos reconhecemse como filhos da mesma mãe Por esta razão NANGA consoante as regiões qualificase de Rei NtinuaKôngo Governador Ntua Nkosi Na Lwângu Ministro da Defesa Nacional Mata Ma Kõngo etc Na linguagem corrente NANGA significa GoVeRNADoR e NANGA Ne KÔNGo Presidente da Câmara de MbânzaKôngo Aqui KÔNGo é concomitante de DYA KWiMBA Na linguagem de António Cavazi em missão em Matâmba e de Jerome de Montesarchio no Nsûndi Mpângu no Mpûmbu esta região chamase CoiMBRA Neste país e de acordo com as narrações recolhidas no decorrer das suas missões teria saído o PRiMeiRo rei do Kôngo Lukeni NeKôngo país localizado no Kwângu342 Alguns autores falando dos limites chamam o dito reino de PAÍs eNtRe LWANGeKWÂNGU343 A expressão MVÊMBA KAsi KAZi segundo António Cavazzi e Jerome de Montesarchio designa a primeira região pacificada por Lukeni onde se tornou logo Mitinu depois de lá instalar a sua capital344 Mpêmba Kazi ou Mvêmba Kasi era o nome que os antepassados designavam a capital para dizer que o local era sagrado Mvêmba significa algo abençoado branqueado e santificado etc Kazi ou Kasi são as velhas formas de kati isto é meio centro e núcleo345 III42 Sobre a sua Origem este título kilométrico significa Presidente da Câmara da Capital de KôngodyaKwimba Tutûkidi kuna Nkay este Nkayi localizase no norte do rio e é comum de Nsûndi As outras cidades citadas pelo repertório encontramse no actual Matadi e no Mpângu Mas o elemento capital aqui é KWiMBA CoiMBRA ou ainda KôngodyaMulaza Remarcamos que este Nsânda Nzôndo parece ainda maior que a pequena aldeia que Henri Morton stanley fez saber no seu caderno de lembranças346 o relato de Nanga Ne KôngodyaKwimba mostra que Nzânda Nzôndo que stanley relata só pode ser o resto do que foi Aliás mesmo linhagem do seu pai 342 Lamal Fr Basuku et Bayaka des districts de Kwângo et Kwilu pp2223 Van Wing J Etudes Bakôngo Histoire et Sociologie Bruxelas 1921 p18 De Bouveignes o Cuvelier J Jerome de Montesarchio Apôtre du vieux Congo Grands Lacs Namur 1951 pp7071 343 R Batsikama Voici les Jagas pp193208 344 Ver a nota nº161 a propósito dos nomes da cidade real 345 R Batsîkama Voici les Jagas p208 346 Droogmans H Notices sur le BasCong van Buggenhoudt Bruxelas 1901 p69 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 171 as populações passadas pelo BoKo falam de Nsânda Nzôndo como seu desembarcadoiro Mata Ma Kôngo Kingoyi Nsûka za Kôngo Bwênde etc em resumo eis o quadro próprio deste relato Ideia Principal Ideia Desenvolvida Nanga Ne KôngodyaKwîmba Mvêmba Kasi antropónimo que se tornou patrónimo Uma emigração familiar Com o tempo a clã formouse para se espalhar depois originário da Capital de Kôngodya Kwîmba ocupação de África equatorial Fran cesa na proveniência de CoiMBRA ou KôngodyaMulaza1 emigração ocupação fundação Direcção Leste Norte sul saídos de Kôngodya Kwîmba do país dos eNtReLWNAGeKWANGU os povos ocupam a AeF Movimentos assimiláveis aos dos Beteke e Bamfûmf u2 no Norte do rio Depois emigraram para a margem esquerda Nsânda Nzôndo foi desde então a passagem principal das migrações e todo o tipo de movi mentos sulNorte e Nortesul Ambas as margens utilizam o topónimo de Nsânda Nzôndo a fim de explicar a miraculosa travessia do rio Aliás este topónimo significava tudo quer migra ção quer desembarcadoiro III5 Tradição nº 4 Mpânda Mvângi Ne Zômbo tôko dya kwa Lwângu watûmbwa nda kange nsi Nsi wizidi tatâmena Bavâmbana mu Nkôndoa Malêmbe vûmu kimosi kisala vumu lwânza I bosi mbânzaManteke347 ou seja 347 Cuvelier J Nkutama p31 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 172 Mpânda Mvângi autoridade de Zômbo jovem de Lwângu que foi eleito a fim de pacificar um país onde depois de se instalar decidiu ficar lá para sempre Ao longo do seu percurso fundou as aldeias e cidades tais como Nkôndoa Malêmbe ou Kôngoa Malêmbe Lwânza e MbânzaManteke Assim exploramos a trama semântica Mpânda Mvângi Mpânda que deriva de vânda isto é arrumar confeccionar fabricar preparar e elaborar348 significa arranjador confeccionador ou costureira de roupas e Mvângi que deriva do verbo vânga ou seja criar fabricar inventar significa criador ou fabricador Pelo seu aspecto tautológico este Ne Zombo seria o verdadeiro fundador de Lwângu no norte do rio Assim Mpânda Mvângi significa um fabricador perfeito um confeccionador fora de série ou simplesmente um arranjador de criações ou confeccionador de fábricas Ne Zombo indica que pertence à família das autoridades A tradição fálo conhecer sob as apelações seguintes349 Nkângia Mvika salvador dos escravos Mayâla Mvika Dirigente dos escravos e Ntua Nkosi Na Lwângu Governador de Lwangu Portanto a mesma tradição volta a ensinar que pertence à linhagem de Lwângu será contradição Nkângi um dos nomes vem do verbo kânga que hoje em dia tem um sentido reversivo e que aqui significa concretamente salvar desligar soltar ou tornar alguém livre Mayâla Mvika significa Dirigente Mestre dos escravos Ma designa autoridade e yala quer dizer dirigir governar e chefiar A Autoridade dos Dirigentes seria o sentido de Mayala e Mvika sendo rainha e mulher do rei completa o sentido de Mayala sobretudo porque Mayala foram os Makota350 Neste caso este Mayala Mvika pertenceria à linhagem dos Besi Kinsaku pensavam os outros Literalmente e de acordo com a oralitura o sentido desta expressão significa Dirigente dos escravos Ntua Nkosi Na Lwangu é o título que a tradição atribui à autoridade de Lwângu no Norte da foz Literalmente significa cabeça de 348 Laman Ke Dictionnaire KikôngoFrançais ver a palavra 349 Lethur Etudes sur le royaume de Loango et le peuple Vili p22 350 Conferir as relações de Padre Raimundo Dicomano As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 173 leão chefe de Lwângu A palavra MViKA como podemos verificar no Dicionário Laman quer dizer Mulher do chefe Rainha ou escravo351 De acordo com estes sentidos cuja noite do tempo ainda guarda o segredo confirmase que se relacionam com os seus determinativos Assim por exemplo Nkânga Mvika significa salvador dos Escravos e Mayala Mvika dirigente dos Escravos Aliás Padre Lethur apoia este sentido de escravo quando escreve uma assembleia dos Nobres decidiu enviar em reconhecimento uma jovem mulher de grande beleza descendente da família PANZOU NZINGA Foi acompanhada com uma longa lista das mulheres e de ESCRAVOS do país do Norte352 III51 Paralelismos No testemunho de Padre Lethur a frase uma assembleia dos Nobres decidiu corresponde a watumbwa nda kengie nsi reza a tradição Uma jovem mulher da família de PANZoU acompanhada de mulheres e escravos são metalinguagens A jovem mulher indica a descendência uterina do explorador guarda avançada e a longa lista de mulheres referese à classe dos dirigentes porque somente os descendentes de Lukeni irmã de Nsaku e Mpanzu assumiam funções administrativas Aliás não estamos em caso nenhum numa Amazónia escravo Basta traduzir a palavra em kikôngo para se entender na verdade qual a questão nesta tradição No Kôngo escravo significa simplesmente quem não tem família ou em relação aos outros quem não pertence à nossa família quando este aqui vive connosco Mas isto não impede que o escravo seja eleito como autoridade353 tal como observou Marcel soret ao falar dos Kôngo do Norte ocidental que são as populações de Lwângu Vili Kota etc De outro modo escravo seria uma situação jurídica e não uma diferença com as outras classes da sociedade354 acrescenta soret Mas a 351 Ver a palavra 352 Lethur R Etude sur le royaume de loango et le peuple Vili p22 353 soret M Les Kôngo Nortoccidentaux PUF Paris p81 354 soret M oci p83 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 174 intenção foi a mesma em Padre Lethur quando relata sobre escravos que são membros de outras famílias relativamente a PANZoU Vamos passar à análise deste relato WAtUMBWA NDA KeNGie Nsi Nsi WiZiDi tAtAMeNA Foi investida para pacificar a terra onde permaneceu observase assim que a questão é de uma dimensão pública sem sombra de dúvida houve uma repartição do cesto dos antepassados lukobi lwa bakulu Quais são as razões ora os Kôngo não conseguem viver longe dos seus trisavôs pelo menos onde foi enterrado a sua placenta eis a razão pela qual uma família que pretende dividirse deve antes de mais começar por separar a caixa dos ancestrais355 Não supomos mas sim afirmamos porque assim eram os usos e costumes esta partilha é rigorosa porque pensam os Kôngo makuku matatu ma ya nzungu makuku mole mbolo356 isto é a sociedade do Kôngo é constituída por três pessoas Duas delas constituem a anormalidade e não resolvem nada e a ausência do terceiro é um risco para as confusões É impossível entender que Mpânda Mvângi tenha cumprido esta missão sozinha ou com o único apoio da sua família tal concepção para além de não ser Kôngo é contrariada pelo próprio relato do Padre Lethur Aliás watûmbwa que significa ser investida envolve outras famílias A consagração era uma função dos Besi Kinsâku e assim eles também participaram nesta missão Falando da sua família MPÂNDA MVÂNGi seria literalmente dos Besi Kimpânzu357 Mpânda de Vanda designa confeccionar fabricar etc Apenas os besi Kimpânzu358 avassalavam a fábrica ou a indústria Já 355 Nessa caixa de fibra encontramse a relíquias dos ancestrais de todas linhagens exis tentes chamadas bilwi 2 bracelete dos antepassados consoante as funções chamada milunga e 3 representações minerais vegetais e animais da região Mertens J Les chefs couronnes chez les Bakôngo orientaux pp2125 356 Mertens J Les chefs couronnés p45 eis a tradução a panela assenta nas três pedras suportes Duas pedras fazem cair Anotamos muito este provérbio nos Nyaneka que é explicado da mesma forma que os Kôngo o fazem isto é os Kôngo como os Nyaneka pensam que estas pedras poderiam ser as montanhas tal como é o outro sentido da pa lavra para além de outras adivinhas e adágios a confirmar 357 Fizemos esta afirmação em relação à linhagem aqui analisada 358 Batsîkama R Voici les Jagas p243 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 175 vimos os termos com os sentidos repetitivos isto mostra realmente que esta missão foi em feição da família dos Besi Kimpânzu algo que não exclui a intervenção das outras famílias Para já Ne Zômbo que dirige o movimento assim como o título que se dá à jovem mulher investida insinuam a presença da família dos exploradores isto é família dos dirigentes dos Besi Kinzînga o que quer dizer que os Besi Kinsâku investiram em Ne Zômbo que faz parte da família dos Besi Kinzînga a fim de dirigir o s movimento s que consiste m na pacificação de Lwângu uma região dedicada em nome da família dos Besi Kimpânzu Para confirmar isto mais uma vez começamos por dizer que no Kôngo o sangue da mesma família não se casa Assim Kimpânda não pode ser casada com Kimvângi porque ambos são da família de Besi Kimpânzu Aliás Mpânda Mvângi confirma isto literalmente Volta a dizer que este nome seria simples e exclusivamente o título a fim de especificar a obra que vai fazendo A PACiFiCAção De UM PAÍs DeDiCADo A MPÂNZU eis porque Ne Zômbo359 deve ser dos Besi Kinzînga Nas suas cartas Vicente Pedro sadia escreve Mono Mpânda Mvângi wavângidi dya wônso kadi yândi mvângi e zûlu ye nza kaveneki kivângama ko kima kilembi vwânge dya ngani360 ou seja sou eu Mpânda Mvângi encontrase no Kimalômba Mpânda Mvângi realizou e confeccionou a sociedade apenas para as outras linhagens e não para ele tata Pedro sadi tal como foi vulgarmente chamado explica essa tradição que herdou do seu avô materno de forma religiosa Formado pelos Missionários não podia fazer de outra forma Para ele Mpânda Mvângi é Deus criador Um dos critérios de diferenciação mais comuns entre o ser supremo e o herói mítico é que o primeiro distinguese de preferência como criador do universo ou da terra ao passo que o segundo 359 Apenas os Nzinga estão autorizados a dirigir as explorações e têm acesso ao trono 360 tratase do nosso bisavô materno Reproduzimos textualmente um extracto dos seus manuscritos A sua mãe morreu quando nasceu e toda a sociedade o considerou feiticei ro por ter causado a morte da mãe e consequentemente condenado a ser queimado A sua avó paterna pediu um favor a fim de salvar a alma da criança Foi assim que o criou e ensinoulhe estas histórias de linhagem Chamase sADi o sentido pode ser conferido na obrz sobre Etudes Bakôngo II Histoire Sociologie et Religion de Jean Van Wing Ver os nomes e os seus significados Portanto este extracto da tradição que o nosso bisavô fornece faz parte dos papéis e cadernos que possuímos são provérbios máximas adivi nhas etc Aliás isto deu sequência a um outro trabalho bastante interessante que está a concluir emmanuel Kunzika Mayala intitulado Dicionário trilingue de provérbios kikôn go KikôngoPortuguêsFrançaisenglish As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 176 figura apenas como transformador ou criador de acidentes geográficos montanhas rios rochedos etc ou de animais e plantas361 e como tudo indica Mpânda Mvângi foi apenas um herói civilizador Não vamos analisar este repertório de forma profunda Citamos isso com o objectivo de cimentar as provas segundo as quais MPÂNDA MVÂNGi teria sido simplesmente um título para especificar que a realização foi dedicada à família Kimpânzu III52 Linhagem e origem de Mpânda Mvângi A tradição chamalhe de kwa Lwângu e Ne Zombo Na verdade este título indica que é pertence à família de Kimpânzu Kilwângu mas estes não podem reinar Kwa Lwângu como informa a tradição mostra claramente que a pessoa vem de Lwângu ora dentro de Lwângu encontramos muitas linhagens Na linealogia do Kôngo MPÂNZoU e LWÂNGU pertencem à família Kimpânzu Não obstante a pessoa que está à frente deste movimento Ne Zombo informa Cuvelier quer que seja o nome que tem membro da família dos Besi Kinzînga A tradição explica Mazînga bulu kya tona kikwênda nzila ye nzîla362 No título de MPÂNDA MVÂNGi encontramos um Ne Zômbo da família de Kinzînga um outro Musi Kinsâku porque este último foi investido Portanto permanece uma obra dedicada à família Kimpânzu Quanto à sua origem de Nkôndoa Malêmbe no Norte do rio a MbânzaMantêke é fácil reconhecer o movimento Norte sul ora não está assinalado o rio nem o Nsânda Nzôndo Na verdade não podemos atribuir a omissão a este facto Quase todos aqueles que falam de Mpânda Mvângi 361 schaden e A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil Ministério da educação e Cultura Rio de Janeiro 1959 p27 362 Ver Mazînga no livro de Cuvelier Nkutama mvila za makanda Aconselhamos tam bém o livro de Padre De Munck Kinkûlu kya nsieto tumba 1956 p20 essa tradição é uma das mais conhecidas visto que Mazinga como linhagem ganhou muita fama na sociedade do Kôngo por ter conquistado as terras Assim por exemplo os têke dizem se Mazinga porque foram conquistadores das novas terras de igual modo os Bayaka dizemse Kwîmba KôngodyaMulaza porque foram guerreiros de Kwîmba os Basûku pensam que são Mpûdi Musidi do grande Mazînga que descobre terras para o resto da sociedade eis a razão pela qual Vincente sadi recitando simplesmente a tradução e não uma análise antropológica do relatório pensa que Mpânda Mvângi cria o mundo para os outros embora não invente nada para si próprio Apesar do nome que teve junto da fundação da igreja baptista em Angola não tinha esses conhecimentos científicaos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 177 não conhecem este famoso desembarcadoiro isto implica ou explicase devidamente no sentido em que Mpânda teria atravessado muito antes de o rio nascer NkôndodyaMalêmba363 não é o seu ponto de partida Filologicamente isto parece um dos envolvimentos de Mpânda Mvângi quando já estava instalado ao Norte do rio A tradição fornece um elemento capaz de situar a origem deste Mpânda Mvângi Nsûka za Kôngo mbênza kya mwâna Yâka Mpângia Ntu Nkôsi Na Lwângu Na Mbâmba ya Kôngo364 Nsûka za Kôngo são Basûku localizáveis a Leste no Kwângu no país chamado KôngodyaMulâza365 Mbênza kya Mwâna Yâka esclarece que na verdade Mpânda Mvângi conheceu os Yâka BaYâka que se estenderam até às influências do país dos Batêke e Bamfûmfu366 Mpânda Mvângi está aqui relacionada com Na Ntua Nkôsi Na Lwângu Na Mbâta será uma contradição De facto Mbâta e Zombo são duas comunas diferentes mas a História relatada tradição afina as duas comunas A tradição informa que as duas comunas foram a residência do consagrador do Rei cidadão da cidade principal MbânzaKôngo367 Provavelmente Mpânda Mvângi vem do país dos Nsûka Za Kôngo BaYâka qualificandose ele próprio como Na Zômbo ou Na Mbâta mas na realidade ele vem de Leste do KôngodyaMulâza ou CoiMBRA Podemos conferir o livro da linealogia de Jean Cuvelier ou de Joseph De Munck e veremos que os títulos que Na Lwângu pacificador de Lwângu levou estão 363 De acordo com o historiador François Bontinck KôngodyaMalêmbe encontrase no actual Kinshasa ou simplesmente no país de Makoko Diaire congolais de Fra Luc ca da Caltanisetta Nauwelarts LouvainParis 1970 pp199133 Assinalamos também que existe aldeias angolanas na parte norte que levam este nome encontramos em 19978 no município de Kwîmba província angolana de Zaire assim como nos confins de Nkânga Às vezes tornamse patrónimos isto é nome de linhagem luvila no nosso entender 364 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda p71 365 Batsîkama R Voici les Jagas ou lhistoire dun peuple bien malgrè lui p199 366 NdingaMbo A C Réflexions sur les migrations Têke au Congo in Cahiers Congolais d anthropologie et dHistoire nº6 1981 pp6576 Ngoie Ngalla D Réflexions sur le peuplement de la vallée du Niari par les Kôngo in Cahiers Congolais dAnthropologie et dhistoire nº2 1978 pp1325 Aconselhamos também a leitura dos esforços de Jan Vansina uma análise essencialmente linguística sobre a povoação desta região nos números de 19831985 da revista Muntu da CICIBA 367 Mbâta significa zénite o cume o topo a parte superior e deriva dos verbos 1 bata que significa aumentar dar a mais 2 bata que designa acordar cedo o primeiro correr fechar impedir ou 3 batakama que corresponde a ser aumentado maior e Zômbo vem de 1 zômba zômbika que designa encher até no topo 2 zôma que significa lançar uma bola mais alto 3 zombama que quer dizer estar cheio ate à cabeça e 4 zômuka que corresponde a andar e correr num terreno a grandes passos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 178 ligados com os topónimos e com os hidrónimos dos povos de Leste Kwîlu Lwângu outra forma de Kwângu tênde Bwênde Lwîdi Lwânza etc Deste modo Mpânda Mvângi Ne Zômbo kwa Lwângu ou Na Mbâta Na Ntua Nkôsi Na Lwângu é um patrónimo que se tornou topónimo ou hidrónimo Lwângu A origem localizase no KôngodyaKwîmba onde ainda certas famílias tais como Ba Yâka Basûku Nsûka za Kôngo podem testemunhar ter coabitado juntamente com Mpânda Mvângi Mpânda emigrouse para Lwângu muito antes de Mbâkala Nzôndo ter fundado o seu famoso desembarcadoiro eis a razão pela qual Nsânda Nzôndo não é assinalado Contudo Mpânda Mvângi Ne Nkânga seria o verdadeiro FUNDADoR de Lwângu tal como o seu nome ensina em sentidos repetitivos COMPARAÇÃO DAS TRADIÇÕES ESTUDADAS A Tr1 Hidrónimo B Originário das chuvas caudalosas no Norte que é o Leste ao mesmo tempo C Emigração e ocupação D Direcção LesteNorte LesteNorteSul do rio Tr2 Antropónimo EmigraçãoFundação ArroteamentoNova fundação Direcção Sul ou Leste Norte Sul em relação ao rio Tr3 Antropónimo Emigração ocupação e fundação Direcção LesteNorteSul em relação ao rio Mwânza Aqui Nsânda Nzôndo é mais vasto que a aldeia apresentada por Stanley Tr4 Patrónimo Emigração ocupação Direcção Leste NorteSul onde se localiza o clã I Coluna A tr1 x é hidrónimo etnónimo antropónimo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 179 tr2 x é antropónimo tr3 x é antropónimo tr4 x é patrónimo topónimo hidrónimo Assim xЄTr1 xЄTr1368 Reflectividade xЄtr2 xЄTr3 xЄTr3 xЄTr4 Simetria xЄTr2 xЄTr3 xЄTr4 xЄTr4xЄTr4 Transitividade Eis um diagrama apropriado Fig2 Causa de diferença em cada particularidade II Coluna D Tr1 x é a direcção Leste Sul Norte Leste Norte Sul Tr2 x é a direcção SulLeste Norte Sul Tr3 x é a direcção SulLeste Norte Sul tomando como sinal o se entre elementos diferentes x é a y é possível numa verdade ou melhor numa relação o inverso não ser necessariamente igual ou possível nas mesmas condições o diagrama de Venn ilustra isso ver mais acima Neste caso teremos 368 Isomorfo correspondência entre dois conjuntos parentescos pela existência de um sistema de relações escreve MarcLipianski em Le structuralisme de LeviStrauss 1971 p75 As nossas observações lêemse desta maneira x é elemento de Tr1 que corresponde a si próprio xЄTr1 xЄTr1 z elemento de Tr2 é em correspondência com elemento de Tr3 xЄTr2 xЄTr3 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 180 a xTr2 yTr3 xTr3 yTr2 xTr2 yTr4 xTr4 yTr2 xTr3 yTr4 xTr4 yTr3 b xTr2 yTr1 xTr1 yTr2 xTr3 yTr1 xTr1 yTr3 etc c xTr2 xTr3 xTr4 yTr2 yTr4 xTr2 xTr3 xTr4 yTr4 xTr3 xTr4 etc d xTr2 xTr3 xTr4 yTr2 yTr4 xTr2 xTr3 xTr4 yTr4 xTr3 xTr4 observamos no ponto b que a relação dos elementos um é referência do outro não pode ser obrigatoriamente igual quando invertemos os sentidos pois o primeiro tornase o último Como mostra o diagrama de Venn tr1 é o conjunto de todos os outros ainda que xtr2 ytr1 exclui uma parte de xtr1 ytr2 isto é o emissor quando é invertido o reflexo também segue o movimento ora 1 1 não é verdade Assim cada tradição tem as suas particularidades e a relação de duas três ou mais tradições fortalece e aproxima as idiossincrasias Na verdade tr1 para além de ser o ponto comum de todas as tradições constitui ao mesmo tempo a base das particularidades369 As tradições nos 2 3 4 e uma parte da nº 1 confirmam por acaso as hipóteses que fazem vir os Kôngo do Norte Apesar destas particularidades nas tradições e nas suas idiossincrasias em cada relação definida a armadura ainda permanece a mesma como verificamos mediante a propriedade DistRiBUtiVA de duas relações370 369 explicar que Nzâdi za Kôngo em princípio é a frase principal das tradições que relata a ocupação das terras à volta do rio Mwânza Congo Até a data de hoje ouvimola frequentemente também é patrónimo de várias famílias 370 tentamos aqui adequar a fórmula de Levistrauss numa compreensão mais abrangen te todo o mito escreve considerado como conjunto das suas variantes é reduzível a uma relação canónica do tipo Fxa Fyb Fxb Fa 1y na qual dois termos a e b foram dados simultaneamente assim como as duas funções x e y destes termos es As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 181 Fórmula A Π B U C A U B Π A U C será igual a B U AΠ C B U A Π B U C Ora Tr1 A Tr2 B Tr3 C A xyz B y C z Definição dos elementos conforme as realidades destas tradições existe os elementos de diferença e de igualdade entre B e C Conferir a diagrama de Venn Como todos os conjuntos estão dentro de tr1 o elemento comum de todas relações é x tr1 xtr2 xtr3 xtr4 É justamente o núcleo motor da armadura que é imutável e permanece inalterável Assim foi isso que se converteu em Nzâdi za Kôngo Passemos à verificação A Π B U C A U B Π A U C xyz Π xyUzx xyz Π xy U xyz U zx xyz Π xyz xy U zx xyz xyz Passemos desta vez à segunda parte da equação B U AΠ C B U A Π B U C xy U xyz Π zx xy U xyz Π xy U zx xy U zx xyz Π xyz tabelecese que numa relação de equivalência existe duas situações definidas respectiva mente pela inversão dos termos e relações As duas condições são 1 que um dos termos seja substituído pelo seu contrário na expressão acima a e a1 e 2 que uma inversão correlativa se produza entre o valor da função e o valor dos dois termos aqui em cima y e a in Anthropologie structurale Plon Paris 1958edição de 1972 pp 252253 A fim de facilitar a compreensão tentamos converter esta fórmula de Levistrauss numa outra aparentemente simples por referir a matemática nos conjuntos mais comuns o autor ou leitor curioso pode verificar caso tenha dúvidas As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 182 xyz xyz está justificado que a parte i e ii são iguais Portanto o que significa isto Anteriormente citámos os pioneiros do estruturalismo que são da opinião de que a armadura permanece inalterável também se pode admitir inverter os conteúdos e a metamorfose dos códigos Ao invertemos os conteúdos a ordem de i não é a mesma que ii Quando os códigos são alterados no i falamos de inclusão Π e no segundo de União U mudando as posições das tradições Apesar destas intervenções a armadura permanece a mesma explicação das matemáticas utilizadas No decorrer das nossas pesquisas notámos que quase todas as entrevistas citavam esta frase Nzâdi za Kôngo kayakalanga Algumas linhagens têm este patrónimo de Nzadi za Kôngo No tr1 devido aqueles que levam o patrónimo de nzadi za Kôngo este Rio não existia anteriormente relatam de forma directa outras linhagens confirmamno indirectamente pela ausência deste rio nas suas emigrações como se verifica no tr4 Algumas linhagens fazem presenciar o Rio mas falam das baixas águas transponíveis a pé como se vê no tr2 e o tr3 mostra um desembarcadoiro chamado Nsânda De facto quatro repertórios orais formam um ponto de referência 1 o relato de Nzâdi za Kôngo intervém muitas vezes em histórias relatadas nas aldeias e 2 as explicações sobre as migrações são quase idênticas pois várias famílias viajavam em conjunto Por essa razão resolvemos citar outros autores para a análise A análise linguística indica portanto que se trata da ocupação de uma região bem determinada Ao fazer intervir o estruturalismo o nosso objectivo principal é tentar provar as possibilidades de um documento útil para a História Assim por exemplo e de acordo com esses relatos as migrações Bantu da expressão Kikôngo na região da foz do rio Mwânza371 são assinaladas desde a era dos rios nascentes A arqueologia data estas migrações desde a era cristã372 Muito antes da foz do Rio Kôngo ou melhor Mwânza dividir esta região em duas partes assinalase os movimentos Nortesul e sulNorte e é difícil entender hoje em dia que uma simples 371 Rio Zaïre ou rio Congo 372 Zeunner Fe Dating the past An introduction to geochronology Metheu 1946 Fagan Bm Southern Africa during the iron Age thames Hudson 1966 Van Moorsel H Esquisse préhistorique de Leopol dville Musée de la Vie indigiène Leopoldville 1959 De Pedrals DP Archaelogie de lAfrique Noire Payot Paris 1950 As análises destes autores não são somente relevantes mas sobretudo certificam a presença dos Bantu porque não no Kôngo nestas regiões na época dos rios nascentes isto é nos princípios da era cristã de acordo com os arqueólogos ora como vimos com as quatro diferentes tradições orais que estudámos neste capítulo há ainda a possibilidade de ver os traços desta época dos rios nascentes através não só da oratória feita mas também a partir das etimologias de certas palavras que intervêm As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 183 e pequena aldeia Nsânda Nzôndo possa servir de desembarcadoiro a fim de facilitar a travessia nas duas margens do rio Até se inventou uma outra versão segundo a qual os antepassados voavam de maneira mágica373 Portanto a trama semântica de topónimos em congruência com os relatos tentam explicar com pouca incompreensão do que se estava a tratar III 6 Conclusão A ocupação dos Kôngo na região entre a foz no Atlântico e as proximidades de Kinsâsa parece ser mumificada no patrónimo Nzâdi za Kôngo que têm várias linhagens isto é confirmado uma vez mais pelas outras famílias do Kôngo estudámos aqui quatro relatos entre outros e chegámos a uma conclusão este movimento em princípio teria começado a Leste com a aparição do rio A maioria estava autóctone do Norte e a minoria no sul A cidade MbânzaKôngo encontravase no sul em relação ao rio e os sulistas marchariam sem intermitência até lá enquanto os outros necessitariam de barcos e de outros meios para atravessar o rio os de Leste de igual modo ora atravessavam Kwângu ora tinham uma marcha longa para aqueles que povoavam a outra margem Fizemos observar no entanto que neste contexto os Kôngo vêm do Norte do sul ou do Leste o povo Bantu constituído no Kalahari teria ocupado todo o sul angolano onde teriam nascido os primeiros alicerces do Reino do Kôngo e como na grande era das migrações os Bantu na expressão Kikôngo espalharamse a leste de Kwângu conforme as correntes A ocupação de KôngodyaKati onde se localiza a capital foi ocupada por movimentos oriundos do Norte sul e Leste e quase todos se terão reconhecido como irmãos primos tios tias etc mediante os nomes quer patrónimos quer topónimos 373 Não nos cabe dizer se é verdade ou mentira que os antepassados voavam de uma margem para a outra Portanto nos relatos verificase uma vontade de justificar que mesmo depois de o rio ganhar amplitudes inacessíveis através da força física a travessa não estava impedida Falando da magia ou da religião do Kôngo ou africanas estas práticas não eram estranhas Aconselhamos a leitura de Dammann Deschamps e Estermann que falam sobre as religiões crenças e magias de África Negra em geral e particularmente Jean Van Wing e Buakasa acerca dos Kôngo CAPÍtULo iV A ESTRUTURA SOCIAL DO KÔNGO IV1 A Teoria As sociedades são constituídas por indivíduos e são limitadas ora pertence a uma sociedade dada ora não pertence e os indivíduos pertencem a uma sociedade em virtude das regras que os constrangem e lhes impõem as maneiras regulares e determinadas de agir perante outrem Falase de relações para designar as maneiras determinadas de agir perante o próximo e dizse que são reguladas quando são institucionalizadas ou sociais em oposição às relações privadas ou pessoais A maioria das relações sociais é compreensiva e ordenada em série Podese dizer ainda que toda relação dispõe de um campo de representações concretas que implica o todo de um só golpe se bem que se identifica uma relação quando se abstrai para já os modos de acção cuja qualidade é variável e o aspecto relacional invariável isto é a ligação entre os indivíduos cujos comportamentos reenviam Por outro lado todas as relações pela dependência ou reciprocidade que significam procedem de situar e organizar os materiais humanos das sociedades e satisfazem consoante o critério da invariabilidade contido na concepção a estrutura no sentido em que a pluralidade das representações concretas de uma mesma relação vem também da variabilidade dos indivíduos que podem conservar uma relação ou ocupar uma posição definida de um momento dado A recorrência das relações limitadas por regras até por um conjunto de regras que determina a maneira de agir perante o seu próximo e que especifica ao mesmo tempo que tipo de categoria de indivíduos satisfazendo em que condições ou colocados em que circunstâncias pode e deve ser relativa a tal ou a outra relação particular De outra forma As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 186 os indivíduos tornamse os autores engajados nas relações em virtude de qualquer conversação invariante em si próprio como as relações que define Antes de falar da estrutura social são exigidas duas condições 1 os indivíduos devem ser arranjados e ordenados pelas relações e pelas funções mais precisamente pelas relações em virtude das funções que ocupam e 2 o conjunto das relações deve ser ordenado em si próprio caso seja uma questão de um agenciamento total que vá interessar a uma sociedade inteira A estrutura de uma sociedade obtémse por uma operação de abstracção a partir de pessoas concretas e dos seus comportamentos esta abstracção permite construir o modelo a rede ou o sistema de relações que se institui entre os actores encarados na sua aptidão de cumprir o papel em comparação uns com os outros Na realidade não existe uma sociedade que reparta a sua população em classes quer dos Pais dos Padres quer das Domésticas dos Médicos dos Ricos quer dos sábios dos Grandes etc e que não distribua os indivíduos consoante as suas profissões as suas funções ou cargas que assumem os seus direitos ou suas responsabilidades que lhes são incumbidas em resumo todas as sociedades têm uma expressão linguística para as diferentes funções que os indivíduos manejam em virtude de uma convenção374 IV2 Princípios Antes de analisar as funções e os indivíduos que as incumbiram pensámos em esclarecer de uma vez por todas os princípios desta estrutura social tal como a define a antropologia Auxiliámonos de Nadel para os esclarecer Um grupo de siblings é constituído pelos filhos e filhas de um homem e da sua esposa nas sociedades monógamas ou de um homem e das suas mulheres nas sociedades poligâmicas ou ainda de uma mulher com os seus maridos nas comunidades poliandrias em todos os casos o laço que une os irmãos e as irmãs no grupo social é privilegiado e a solidariedade do grupo dos siblings aparece em primeiro lugar nas relações entre os membros375 o segundo princípio referese à unidade de linhagem que estabelece um tipo de relação de parentesco entre uma pessoa determinada e todos os membros do grupo da 374 Nadel s F Theorie de la structure sociale Les éditions de Minuit Paris 1970 pp3449 Pode também conferir os trabalhos de Levistrauss sobre La structure de la parente 375 Lombard J Lanthropologie britanique contemporaine Presses Universitaires de France Paris 1972 p149 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 187 geração descendência376 este princípio dá a cada linhagem uma coesão que atenua as distinções entre as gerações e identifica todos os parentes de uma mesma descendência com a pessoa que ata o ego a esta classe descendência esta identificação traduzse em alguns sistemas por um termo semelhante de apelação destes diferentes parentes377 o terceiro diz respeito à associação das gerações alternadas De acordo com esta regra os parentes da geração de ego do avô estão associados aos da geração do pai e da mãe378 No que diz respeito à metodologia Nadel esclarece379 iNVARiABiLiDADe agenciamento estabelecido pelas partes que pode ser considerado como transponível sendo relativamente invariante ainda que as partes sejam em si variáveis DUPLo NÍVeL isto é papel Por um lado são os indivíduos que estão arranjados e ordenados pelas suas relações por outro lado este conjunto de relações constituídas deve ser também ordenado ReLAção eNtRe As FUNçÕes a relação determina a função numa classe ou família e até num grupo de classes ou famílias linhagem IV3 Os Patriarcas do Kôngo De acordo com o princípio de que a estrutura social se obtém numa operação de abstracção a partir de pessoas concretas e do seu comportamento digamos que a sociedade do Kôngo é um assunto de três pessoas filhos de uma união entre Mazînga a mãe e Nimi o pai Reza a tradição que Makukwa matatu malâmbe Kôngo isto é as três pedras suportes nas quais se cozinha o Kôngo estes três filhos do casamento MazingaNimi são VitA NiMi o 376 idem p 151 377 idem p 152 378 idem p 152 379 A este respeito aconselhamos a leitura do livro voluminoso de LeviStrauss struture de la parentée Escolhemos Nadel porque o seu estudo atingiu um estádio um pouco avançado em relação ao do LeviStrauss que aliás escreve o seu livro com várias discussões por vezes não concluídas É uma maneira própria do autor sobretudo numa época em que tentava constituir a sua tese sobre o assunto Além disso Nadel é um pouco didáctico As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 188 mais velho MPÂNZUA NiMi o segundo filho e LUKeNi LWA NiMi a caçula IV31 Vita Nimi Literalmente o nome significa o primeiro dos Nimi Assim Vita que deriva de vita yîta quer dizer ser ir marchar andar vir em primeiro lugar antes à frente de no princípio preceder tomar o passo sobre380 e Nimi que deriva de nima significa dorso costas reverso parte posterior contornada ao contrário e de atrás Na concepção do Kôngo os filhos vêm do dorso ou das costas do pai antes de invadir o ventre da mãe onde desenvolve Nimi é nome do pai razão pela qual se classifica em segundo lugar depois do verdadeiro nome Na nossa humilde opinião eis o que pensamos ser as raízes da palavra VitA Vita confeccionar fazer executar qualquer coisa com força bem limpo Vitakana serrar cortar atrás bater chocar dar um encontrão Vitila dirigir guiar conduzir Nos Kôngo o mais velho é chefe natural dos seus irmãos mais novos estes devemlhe obediência e respeito e na ausência dos parentes o mais velho toma conta dos miúdos A tradição chamalhe Ni MPANGU ZA KÔNGo381 Ni sinónimo de Mwêne Mani Ne Na etc traduzse por Autoridade Mpângu deriva de vânga prefixado de M e significa criar fazer cumprir realizar construir e constituir Deste modo o termo significa realização construção constituição ZA que tem o papel de preposição pluraliza estas realizações ou seja a constituição porque nela estão contidas muitas regras Kôngo é o país Assim Ni Mpângu za Kôngo quer dizer CHeFe sUPReMo DA CoNstitUição ou PResiDeNte Do CoNGResso Do KÔNGo eis as raízes de Nsâku saka agitar sacudir ou peneirar o feijão num cesto a fim de limpar 380 Podese se verificar no Dicionário de Laman ou noutra lexicografia kikôngo 381 Cuvelier J Nkutamaa mvila za makanda 1972 p91 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 189 bater as ervas com uma bengala a fim de fazer fugir os ratos a entrar na ratoeira procurar olhar aqui e acolá vigiar aumentar crescer tornarse cada vez mais rica pesada sakidila testemunhar a sua veneração o seu profundo respeito saudar alguém batendo as palmas de mãos três vezes saka ser ou tornarse sadio ir melhor alegre cheio de vida de saúde diminuir baixar decrescer submeter ir em guerra sakana brincar minimizar fazer comédia esta observação linguística confirma que Nsâku ou Vita e a sua progenitura foram os grandes Juízes e Mestres das leis da Constituição Vimos isso quando falámos de Nsôyo e do filho de Nzînga Nkûwu sendo Nsâku o mais velho prepara os caminhos para os seus irmãos mais novos mediante uma lei sakala isto é vigiar os irmãos saka Mas os caçulas devido à notoriedade e à Personalidade do seu irmão mais velho não podem minimizarse sakana das regras que estabelece Na verdade Nsâku ou melhor Vita era a pessoa indicada para determinar saka o caminho e por isso foi especialmente chamado MAsÂMBA nome que até hoje muitos Kôngo conservadores dão ao filho mais velho da família Nadel reconhece a variabilidade do indivíduo de uma classe ou de uma descendência mas insiste sobre o indivíduo invariante ou linhagem e descendência invariante Como se reconhece A partir das apelações ensinanos Nadel ora como podemos ver VitA e NsAKU constitui um bloco com as mesmas funções Vita isto é confeccionar equivale a sakula tirar pinhas de legumes ou escolher o feijão Aliás como prova a expressão vita nsâmu significa falar de tudo contar tudo382 ora sakula quer dizer narrar contar contar um assunto uma nova ou uma história Laman traduz saka mpuku por espancar ou bater com um pau ou varar a fim de afugentar ou precipitar o rato na ratoeira ou simplesmente espantar os ratos383 Portanto os tradutores da Bíblia em kikôngo servemse da expressão vita tadi para dizer lapidar ou apedrejar Acto7 Nsâmba ou Masâmba escreve Laman é a acção de bater as ervas e árvores a fim de abrir o caminho a pessoa que traça ou trilha o caminho384 A tradição relaciona VitA NsAKU e MAsAMBA nesta passagem 382 Laman K e Dictionnaire KikôngoFrançasi p1057 383 Laman K e idem p865 384 Laman K E idem p755 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 190 Nsâmba Kôngo Luwûsu lwa Ntînu Sakana ye Ntînu ka sakana ye mvata ko385 Nsâmba Kôngo isto é aquele que traça o caminho no Kôngo Luwûsu lwa Ntînu386 Não se pode minimizar a família como se se fizesse ao Rei Nsâmba Kôngo significa a pessoa que trilha ou traça o caminho o Constitucionalista do Kôngo Luwûsu lwa Ntinu deriva de Lu prefixo que indica uma acção e de wûsu que vem de wûsuka e que corresponde a zangarse irritarse desgostar despeitar e aborrecerse A expressão é variante de amuo enfado ou melhor zanga ou despeito ao Rei esta é uma outra forma de energia força do rei quando falamos relativamente à Autoridade de Nsôyo um Nsâku que era considerado como a força a energia do rei Na verdade Nsâku Vîta ou Masamba era o Primeiro Juiz que investia no novo monarca e presidia o seu coração387 como relata a testemunha ocular Raimundo Dicomano um missionário católico eis as raízes de MAsÂMBA sâmba trilhar traçar o caminho abrir pistas um caminho na selva sâmba falar explicar defender a sua causa num julgamento no tribunal sâmba julgar questionar fazer inquérito etc É de salientar que Masâmba faz parte deste bloco de Vita e Nsaku388 também foi chamado MAKUNKU e as linhagens deste patrónimo relatam o seguinte Mankuku Mono mankunku I Ntînu makûnku e zindêmbo vana mbâzia Kôngo ke mu nukûna ko ke mu ngôngongo ko ke mu ngôma mwându ko389 isto é sou eu Mankûnklu Chefe Mankunku que entrega na Corte de Kôngo as insígnias da autoridade faca sineta tantã o missionário Lorenzo da Luca testemunha que o rei recebia 385 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda p10 386 Aquele que dá energia ao Monarca 387 Jadin L iin Bulletin des séances iii Bruxelles 1957 p 318 388 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda p12 389 Cuvelier J Nkutamap10 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 191 estas insígnias da autoridade das mãos de um Mani Mpêmba durante a sua coroação390 esta função foi cumprida pelo Mankunku outro nome da família ou classe na outra linguagem dos Nsaku dos Vita e dos Masâmba Mfûmu ki Mankunku Ntînu Mbênza divângila nkûsu ye mbênza391 quer dizer o Chefe Mankûnku é o Chefe Justiceiro supremo que trata das hemorróides juntando ou misturando392 a autoridade e a Justiça Quando o Congo era ainda Kôngo apenas os Besi Kôngo da linhagem Nsâku Vita ou Masâmba eram os Padres que consagravam os Mwêne Kôngo Para além de Nsâku Vîta Masâmba e Mankûnku existem milhares de nomes que podem ser considerados como electrões gravitando a roda de núcleo se nos permite utilizar a linguagem dos químicos ou físicos em princípio a Autoridade executiva e a Justiça eram duas realidades diferentes lideradas pelas duas famílias distintas os Reis não eram os Juízes supremos como pensa José Franque393 eis porque Nzînga Nkûwu não julgou o seu filho mas sentenciou a decisão do colégio dos Juízes Mani Mpêmba ou tubûngu de que o seu filho deveria ser enviado na linguagem de J Cuvelier para Nsûndi De facto Nkûnku significa Mestria Magistério fiscalização superintendência e habilidade profissional segundo Laman esta palavra deriva dos seguintes verbos 1 kûnka que significa especialmente em MbânzaKôngo questionar examinar e interrogar de maneira contraditória e 2 kûnkula no mesmo dialecto de san salvador que designa acabar findar terminar dividir e repartir todavia Mankûnku394 é o equivalente a 390 Ver também as observações de Raimundo Dicomano citadas mais acima Cfr Cuvelier j Relations sur le Congo du Père Lorent de Lucques 17001717 p117 123 etc 391 Cuvelier J idem p13 392 No sentido de hibridação isto é já não há dois elementos Doravante existe apenas um 393 Nós os Cabinda Usos e costumes do povo de Ngoio p35 394 Na História de África encontramos o Reino de Makoko este país localizavase numa região fronteiriça com Mpûmbu actual Kinshasa chamada KôngodyaMbê Quase todos os que viajaram por aí desde o século XViii até stanley remarcaram que a autoridade deste país era um chefe religioso e não político eis as diferentes ortografias utilizados para designar este chefe religioso rei Makoko Maquoquo Muncoco Macoco entre ou As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 192 Juiz isto é a Nsâku a Constitucionalista ou seja a Vita Nimi ou ainda a Masâmba que estabelece as leis segundo as quais o país deve ser regido eis em resumo outros nomes que a descendência de Vita Nimi tem MVeMBA A palavra mavêmba significa bênção No Kôngo a bênção provém dos membros da linhagem dos Nsâku mais precisamente daqueles que têm o nome de Besi kimvêmba Reza a tradição que Ntûmba Mvêmba esikûlu dyanene ye kulumukini Nzâmbia Mpûngu395 isto é Ntûmba Mvêmba é um instrumento importante através do qual desce o Deus poderoso NsANGA deriva de sânga que corresponde a misturar e a juntar coisas diferentes os Nsâku acrescentaram a este nome a autoridade e a justiça ou melhor a Legislação Reza a tradição que sou eu Nsânga o unificador Consigo juntar o que ninguém é capaz de unir396 Para além do mais quando há conflitos os membros da família Mani Mpêmba encarregamse da função de unificar da diplomacia A palavra deriva também de sânga Laman escreve que dançase a dança da espada que somente o chefe executa em certas circunstâncias quando alguém é tros estes chefes religiosos estão quase em todos sítios nas diferentes localidades assi naladas por Francois Bontinck na introdução do livro intitulado diaire congolais de fra Lucca da Caltaniseta 16901701 pp XViiiXLV H Brunschwing no Cahiers dEtudes Africaines nºV editado em Paris em 1965 confirma uma vez mais que os chefes cha mados Makoko eram religiosos Cf com o seu artigo intitulado La négociation du traité Makoko Mas Raphaël Batsikama não nos parece errar quando sustenta que Makoko era da linhagem de Nsâku o seu lapso situase talvez quando explica que este nome seria uma onomatopeia de um instrumento que se utiliza no decorrer da cerimónia adminis trada por este sacerdote Na verdade este nome deriva das raízes que mencionamos mais atrás Nunca admitiu que tinha errado no entanto reconheceu que apesar da sua frequência em kikôngo a nossa tese seria mais válido que dele 395 Ver estes patrónimos no livro da linhalogia de Cuvelier Nkutama mvila za makanda 396 Ver os patrónimos Nsânga Masaki e Mankûnku no livro de Cuvelier Cf também De Munck kinkulu kya nsietoa Kôngo tumba 1956 233943 Como afirma John thorn ton existe zivila e makanda recentemente formados mas que incorporam os relatórios históricos antigos temos verificado isto nos dados que fornece Jean Cuvelier sobre os patrónimos de Masaki e Nsaku É bom assinalar que certas histórias que Nsîmba Vita Nsakue Lawu narra são mais antigas do que a formação própria quer de Nsâkue Lawu quer de Nsîmba Vita como linhagens tornase mais complicado quando as mesmas Histórias também narradas pelos outros zivila permitem confirmar que foram as histó rias emprestadas a outras famílias de Nzînga Nkênge Kyângala etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 193 submetido à morte é o próprio chefe que submete à morte o condenado Padre Laurent de Lucques assinala esta cerimónia na sua época no Nsûndi397 enquanto o ngôma está animar a dança o Mankûnku entrega ao novo eleito a faca símbolo da Justiça perante o povo o sinete também símbolo da Justiça mas entre diferentes autoridades e o tantão símbolo da reunificação Assim Mankûnku reúne a justiça e a autoridade398 através da sineta e do tantão NtÛMBA deriva de tûmba que designa introduzir iniciar iniciar alguém nos mistérios do feiticismo tal como Laman foi informado A palavra também significa fazer a sua ordenação promover coroar consagrar escolher eligir estabelecer e abençoar399 No antigo Reino do Kôngo apenas os Nsâku e os Besi Kimpânzu podiam votar e eleger o rei a autoridade o nome vem de tûmbula que corresponde a fazer algo muito bem claramente e a pronunciar De certeza que estes sentidos confinam a VitA aperfeiçoar a sAKULA tirar ou despir espinhos entre as boas folhas ou falar e a sAMBA abrir trilhar traçar demarcar um caminho e falar Na realidade existem vários nomes na linhalogia do Kôngo Cada um pertence a uma respectiva família A unidade da linhagem ver o segundo princípio está então verificada Aí podemos observar que a invariabilidade é concomitante com as partes variantes Do ponto de vista da semântica cada nome ata os seus laços com outro consoante a sua função de Nsâku a Masâmba de Vita a Nsânga de Mvêmba a Ntûmba etc As funções estão relacionadas umas com as outras e de acordo com o Professor Lombar sobre a Antropologia britânica esta identificação traduzse em certos sistemas por um termo semelhante à da apelação destes diferentes parentes IV32 Mpânzua Nimi eis as raízes de Mpãnzu 397 Cuvelier J Relations sur le Congo de Père Laurent de Lucques Bruxelles 1953 pp111 112 115 etc 398 Quando falamos de Autoridade queremos dizer poder executivo 399 Laman K e Dictionnaire KikôngoFrançais p993 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 194 vânza manifestar a sua vitalidade a sua força ser poderoso etc vânza bater cair sobre a braço encurtado bater com mais força vânzuka ir marchar avançar ganhar Mpângu outro nome deste segundo filho deriva de vânga fazer fabricar confeccionar construir manifestar testemunhar formar arranjar reparar pagar uma promessa liquidar o empréstimo acabar produzir causar ocasionar cometer cumprir determinar e decidir vângalakana ser fixado apertado enganchado em alguém enganchar bater pancar contra vângikina ou vângina correr lutar rivalizar tornar grande importante considerável notável e dar peso vângula separar isolar atormentar aleijar gravemente como numa guerra e dividir Mpânzua Nimi ou Mpângua Nimi foi o mais valente o mais forte em relação a Vita Nimi razão pela qual a sua descendência desempenhava a função de GUeRRA400 Foi também o cozinheiro quando os pais se ausentavam e por isso é chamado de Nlâmba que deriva do verbo lamba isto é cozinhar preparar misturar Neste mesmo sentido foi chamado de Mpânga Kawûnga isto é perito das minas o grande ferreiro e especialista da forja fundição esta especialidade distinguiuo e chamaramlhe o inteligente Ngângula ou ainda Mpûdi nome que detém ainda o sentido de pûdila ou seja actividade força inteligência para fazer qualquer coisa acção de ser rigoroso enérgico e destro o princípio do Kôngo estipula que o ferreiro é inteligente401 400 A tradição informa que Mpânzu pegou o leão e este não conseguiu devorálo nem morder Ver Cuvelier J Nkutama mvila za makanda citado por Raphaël Batsîkama Voici les Jaga Ver o segundo dos caracteres do filho 401 Tulombe ana kwa Nzâmbi Nsêngo kwa Ngângula Pedimos os filhos a Deus a enxada ao ferreiro ou ainda Ngângula muna tiya ye yômbo kadi koleswa ko não é preocupante ver o ferreiro trabalhar com fogo ardente e um martelo demasiadamente grande É mais esperto que qualquer um É de notar que alguns provérbios e adivinhas são restos da ar queologia linguística de uma História antiga o facto de o ferreiro trabalhar com o fogo estava também associado com as origens dos povos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 195 o segundo filho dos Nimi foi fabricante ou melhor a sua descendência Por esta razão foilhe dado o nome de Mpûdi o inteligente ou ainda Mpânda o sábio o astuto que deriva do verbo vânduka isto é ser sábio astuto subtil manhoso finório esperto sagaz sabido avisado e destro402 Aproveitamos para dizer que Mpânda Mvângi como alcunha do fundador de Lwângu é simplesmente um mitema403 porque Mpânda que pertence à família dos Besi Kimpânzu ou dos Bei Kimpângu como Mvângi que deriva do verbo vânga também raiz de Mpângu pertencem à mesma família ou linhagem ora isto seria crime nos velhos tempos o sangue da mesma família não pode casarse era essa a lei Logo deve ser considerado como alcunha tal como as narrações o explicitam A tradição chama a Mpânzua Nimi NDÂMBA MPÂNDA NGÔLo e NLÂMBA404 NDÂMBA ND é a soma de MU Y Nesta palavra a raiz é a yâmba que significa estenderse recobrir invadir e cobrir um objecto de cobre b yâmba que corresponde a comprar algo a um preço acessível comprar bastante num bom mercado Aliás a mesma palavra traduz se por um pedaço de pano que foi utilizado como moeda ou dinheiro nos velhos tempos ou seja esta palavra quer dizer bom preço os lexicógrafos Laman e Bentley assim como os Padres espanhóis que escrevem o primeiro dicionário bilingue Kikôngoespanhol podem servirnos de referência e c yâmbakana saltar de uma praia para outra MPÂNDA esta palavra amputada do seu M inicial traduzse por violência em Mayômbe Deriva de a vânduka que significa ser sapiente sagaz astuto adestrado esperta manhoso e espertalhão b vânda vândeka que designa ir saltar marchar andar escalar trepar subir alastrar estenderse e elevarse sobre c vânda que corresponde a tecer urdir esteirar cobrir com esteiras entrançar e bater idioma de san salvador ver Bentley e d vândalala que quer dizer ultrapassar 402 Ver o dicionário Laman p1049 403 Mitema significa o elemento de um mito isto é os mitos são constituídos de mitemas que são frases ou simples palavras resumindo uma ideia ou construindo uma mini estrutura de um evento dentro do mito 404 Ver na obra de J Cuvelier estes patrónimos Preferimos não repetir os repertórios mas comentar um pouco acerca dos sentidos etimológicos o leitor curioso pode conferir para ter mais credibilidade naquilo que escrevemos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 196 passar adiante ser o mestre de uma obra gabarse vangloriarse da sua crença segundo qual ninguém pode ultrapassar e ninguém é capaz de prejudicar MPÂNZU MPÂNGU MPÛDi NDÂMBA e MPÂNDA estabelecem o princípio da estrutura social da invariabilidade dos elementos variantes Mpânzu que significa o poderoso tem laços com Mpûdi o activo o dinâmico o versátil e com Mpângu o fabricante o criador que se junta aos dois primeiros nomes assim como MPANDA405 que quer dizer também aquele que tece esteira ou melhor o fabricante ou criador de esteira o tecelão Mpânzu é aquele que martela tanto como Mpângu e Mpûdi ajudante de ferreiro manuseador do martelo os seus descendentes eram guerreiros eram os soldados que se preocupavam com a conquista de novas terras Por isso Mpânzu significa aquele que anda à frente ou adiante No mesmo sentido constase que 1 Mpângu é o corredor aquele que anda andarilha ou no plural os Batedores os exploradores406 e 2 Mpânda é aquele que passa à frente dos outros batedores vândalala É justamente neste preciso sentido que Ndâmba quer especificamente dizer aquele que salta de uma beira para a outra ou ainda aquele que vai descobrir isto é aquele que vai invadir Ndâmba também é especialista de cobre o que faz a fundição ou escoamento de cobre ou seja o joalheiro Logo tem afinidades com Mpângu o fabricante com Mpânzu o poderoso com Mpânda o activo e com Mpûdi o sagaz Portanto ao fabricar descobrese o quanto é criador em outras palavras descobrese se é sagaz e também poderoso através das suas realizações 405 Quando se fala em MPÂNDA MVÂNGi isto não consta nos nomes da cidadania nor mais Mas deve ser tido como uma alcunha que imortalizava as maravilhas que teria feito este herói civilizador criador ou estilista das criações Vamos voltar na segunda parte que se particulariza unicamente ao Herói civilizador isto quer dizer que o senti do deste herói a tese da génese do reino do Kôngo as etapas possíveis então assinaladas pelas narrações os elementos da língua em kikôngo inclui este patrónimo 406 Afine com o sentido da família dos Besi Kinzînga que são as elites que dirigem as explorações Na verdade as tarefas que tinham quando ainda se fundava o reino corro boram com as tarefas dos Besi Kimpânzu e a língua simplesmente gravou apesar de a dinâmica ter mudado muitas coisas As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 197 em guisa de explicação vemos os etnónimos NLÂMBA BAYAKA e BAteKe associados às migrações de fundação ligados ao Reino do Kôngo a Nlâmba no sul a BaYâka a Leste e a Batêke no Norte NLÂMBA É curioso ver que V Coelho não só fala de ÍLÂMBA como Mestre espiritual e secular da fundação do Reino de Ndôngo mas sobretudo da fundação deste Reino pelo Herói civilizador chamado Musûdi o ferreiro o patrónimo NLÂMBA segundo o livro linealógico de Monsenhor Jean Cuvelier ou o livro histórico de Joseph De Munck atribui a fundação do Reino de Ndôngo a um povo que não é diferente dos do Kôngo esta é a razão pela qual certos autores dizem que o primeiro povo a ocupar todo o espaço do Kôngo foi o chamado AMBUNDU407 De facto NLÂMBA deriva de a lamba isto é estender alargar e trepar b lamba ou seja cozer calcinar408 amadurecer estufar pôr na estufa pôr no fogo409 e cozinhar os alimentos na panela c lâmbakana que designa andar trancar o caminho expressão de guerra nas conquistas e alargar os limites do país d lâmbata que corresponde a introduzir 407 Ver o capítulo sobre a fundação do Reino do Kôngo no livro de KiZerbo Hitoire de lAfrique Noire Como a maioria dos autores falou sobre África em geral não oferecem muitos dados a respeito das origens deste reino ou do seu povo Portanto a confirmação segunda a qual os Ambûndu seriam os primeiros povoadores incita a pensar que os Kôn go têm filiações com os actuais Kimbûndu e Umbûndu É verdade que já falámos sobre os traços entre estes e os Kôngo e não só Com essa afirmação percebese que os Kôngo teriam vindo do sul porque os Ambûndu são o resultado dos emigrantes zimbabweanos em direcção ao esteoesteA linguística confirma essa hipótese o Kimbûndu e Mbûnda detêm muitas palavras que mostram conforme a morfonologia e a fonologia evolutivas uma antiguidade precedente em relação a Kikôngo mas simplificados em relação a sho na e Cokwe zimbiano por exemplo Por outras palavras os Kôngo teriam sido uma etapa posterior em relação aos outros grupos etnolinguísticos Além disso muitas instituições sóciopolíticas confirmam esta hipótese banza ou banja hanjia ou cidade real casamen to etc entre Kôngo Umbundu Kiaka Kimbûndu Nyaneka e Nkumbi Voltaremos no próximo Livro a falar sobre o Herói civilizador do reino do Kôngo 408 Aspecto ou clima do país das origens registado nas palavras Como podemos ver a palavra quer dizer ao mesmo tempo alargar os limites do país e pôr no fogo ou melhor calcinar 409 Aspecto do país das origens Na questão dos movimentos migrações os Kôngo separamse por múltiplas razões desde a bruxaria até à pequena discussão das crianças que terá sido sinal de falta de união Jean Cuvelier confirmao com os relatórios que publica na primeira edição do seu Nkutama mvila za makanda assim como na segunda edição se bem que nessa última várias vezes oculta as histórias relacionadas com a magia e a bruxaria Jean Van Wing na sua segunda edição repete a mesma coisa quando explica o significado da palavra Kôngo como nome de uma pessoa Ou seja discutir e querelhar sempre foi uma das causas de separação como meio de alargar a união As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 198 se meterse intrometer antes tagarelar bisbilhotar querelar com disputar com410 De acordo com os princípios da estrutura social este etnónimo referese à família dos Mpãnzu em geral eis porquê os Ndôngo dizemse de Musûdi o ferreiro411 BAYAKA este etnónimo vem da expressão Mayâka ma Kôngo bayâka mbêle bayâka mpûnza Kwîmba mfûmfua Miyâka412 os valiosos homens do Kôngo que interceptam o voo das facas e das flechas que lhes atiram Reza a tradição que Kwîmba é o seu regimento principal BaYâka é o qualificativo que acabou por se tornar um etnónimo sem dúvida pela sua passagem de valioso a guerreiro Aliás falando da guerra eles seriam membros da família Mpânzu e portanto tal como informa a tradição pertencem ao regimento de Kwîmba que é da família de Nsâku ou Vîta Nimi Na verdade a palavra Kwîmba em toda a região de Kwângu e para não se limitar apenas nos BaYâka deriva de a yîmba que significa cantar e dizer a missa religião pertencente aos Nsâku e b yîmba que corresponde a pôr junto juntar recolher junto família de Nsânga Nsâku etc Acima de tudo em kiyâka e no idioma dos Basûku até dos Bapênde kwîmba quer dizer Predicador Vaticinador Falador de Boas Aventuras sacerdote que prediz as coisas Mais tarde visto que kwîmba eram os soldados o verbo yîmba voltou a significar atacar apoderarse de uma coisa de uma terra função que era da família dos Besi Kimpânzu Não obstante Kwîmba permaneceu na família dos Besi Kinsâku e Bayâka nos Besi Kimpânzu BAtÊKe Reza a tradição Batêke batekele nzûndu isto é os Batêke precedem o martelo ou a panela ou melhor o povo Como é sabido os Batêke com a sua arte foram os melhores fundadores de ferro A prova é que o martelo do ferreiro tem diversos sentidos entre os quais o povo Metaforicamente nzûndu significa lar casa colocação de terreno sítio e país Nos Vili a tradição mais divulgada a respeito dos Batêke é tal como foram eles os 410 Verificar no Dicionário de Laman pp379381 411 Ferreiro pertence à família de Mpânzu que pode também ter outros nomes tais como Mpûdi Mpânda porque o fundador do Kôngodya Mpânzu levava este sobrenome Mpângu Nlâmba etc 412 Já tratámos disto nas páginas precedentes As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 199 conquistadores das novas terras a favor do povo inteiro Aliás o termo têke atesta isso de forma convicta a têka preceder ir à frente marchar à frente o primeiro e chegar antes b têkila estenderse alargar atravessar a margem passar antes e à frente e chegar antes da hora fixada c têkisa vender e fazer negócio d têka esculpir tecer e fabricar com as mãos Verificase que os Batêke ganhadores das terras têm uma ligação com Ndâmba o invasor Mpânda o trepador Mpãnzu o andadorguerreiro e Mpângu o corredorguerreiro A maioria dos etnólogos413 diz que os Batêke eram grandes comerciantes da mesma maneira que Ndâmba quer dizer homem que se encarrega da comissão aquele que discute sobre o preço do mercado em kikôngo a palavra têke também significa escultura estatueta ora os membros dos Besi Kimpânzu eram os fabricantes os criadores da escultura por excelência Breve os Batêke são da família dos Besi Kimpânzu e entre eles presenciam outras famílias do Kôngo Resumindo para estudar um etnónimo414 é importante saber onde nasceu de onde surgiu a obrigação de conhecer a História oral que lhe deu origem obrigando a escrever o nome tal como a língua criou Assim o estudo etimológico tornase possível A comparação enfim entre a literatura histórica e valor semântico através da etimologia linguística é a base para formular uma hipótese e justamente de acordo com este princípio qualificamos Mpânda Mvângi como alcunha e não um nome de cidadania isto confirmase não somente pelo sentido deste título mas também através dos repertórios orais em relação a este famoso Mpânda Mvângi Mas veremos que muito dos zivila e makânda que têm este patrónimo muitas vezes não alinham numa mesma família Há Mpândia Mvângi que narram a história de outras famílias415 se bem que isto pode 413 etnólogo é aqui sinónimo de Antropólogo os Batêke foram estudados pelos especia listas franceses que preferem empregar o vocábulo etnologia ao que hoje os Portugue ses os inglese os Americanos etc chamam de antropologia 414 ou seja a onomástica 415 Na sua obra Cuvelier cita muitos zivîla e makânda cuja história não concorda com a família a que pertencem Por um lado digamos que existem zivîla e makânda que mudaram voluntariamente os seus nomes patrónimos pois não conseguiram mudar a história porque isto não é tão fácil de adquirir Nenhum Kôngo aceita contar a história da sua linhagem ou clã a outro que pertence a uma outra linhagem porque isto seria uma traição para consigo próprio Por outro lado alguns zivîla e makânda multiplicaramse trocando de nome sem mudar de história Todavia é de notar que os elementos dos patrónimos podem ser mais do que oito Assim por exemplo Afonso I nomease Mvêmba Nzinga Nkûwu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 200 ser uma confusão dos autores que citámos ou das nossas próprias recolhas no terreno É de notar que não é tão cómodo estudar o problema dos zivîla e dos makânda visto que as palavras não se definem facilmente e os próprios autores oriundos do Kôngo têm dificuldades em entender melhor esses tipos de palavras Portanto a confrontação dos dados bem diagnosticados favorece os esclarecimentos tendo em conta a cosmogonia IV33 Lukeni lwa Nimi Lukeni deriva de lu isto é acção de e de keni ou kenya que significa desgostar ou desprezar A tradição ensina que esta rapariga deu muito trabalho para criar uma relação com os rapazes e os pais sofreram por causa da sua educação e por isso deramlhe o nome de VUZi A tradição informa que quando a sociedade do Kôngo era ainda uma pequena família Lukeni não gostava de trabalhar e até o segundo filho foi obrigado a cozinhar para a família Desde então Lukeni e a sua descendência foi chamada de LWeZi ou seja gente sem actividade ou ainda de MFÛMU que designa um mendigo que pede esmolas pois não trabalha e por conseguinte de tristes isto é pensadores significando também MFÛMU Assim Lukeni chamada de Nkênge será chamada de Mungûtia Mfûmu ou seja Mãe dos Tristes Mãe dos Pensadores Mãe dos Mendigos e até Mãe das Autoridades quando MFUMU passou a designar autoridade sendo descendente uterina de Mazînga Mãe de todos os Kôngo foi reservado a esta família a função de autoridade administrativa theophile obenga esclarece o porquê dirigir uma linhagem tchivûmu é para aqueles que pertencem ao mesmo ventre vûmu ao mesmo sangue materno dirigir Don Zuau Mavûngu Se o patrónimo da sua mãe for Ntumba Mvêmba e o do seu pai for Ngôyia Nkênge podese chamar Ntûmba Mvêmba Ngôyia Nkênge ou simplesmente Ntûmba Ngôyi Também é de notar que Ntûmba e Mvêmba pertencem à mesma família Kinsâku assim como Ngôyi Nkênge e Kinzînga Isto também é um facto Os narradores dizem que estas repetições mostram que a linhagem sempre foi unida ao longo do tempo e que houve cissões mas ele permaneceu fiel à sua ascendência Mas a hipótese que consideramos justificável seria a da queda de outros termos o que completa aquilo que os narradores focam Aliás Mpânda Mvângi neste caso poderia ser também um nome deste género independentemente das narrações mas ainda falta registros desse nome Tornar seá possível quando se encontrar as narrações de Mpânda Ntâdia Ntênda Mvângi ou de outros patrónimos do género Mas tudo indica que Mpânda Mvângi inicial tratase de herói civilizador encarnado com este título Também têm zivila e makanda cujos nomes não correspondem aos reportórios e estes são compilações de diferentes organigramas Isto dificulta entender melhor o que foi a estrutura social antiga De qualquer forma prometemos voltar ao esclarecimento de algumas ambiguidades no Livro a seguir As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 201 um clã likanda ou ainda tchifumba é para aqueles que estão juntos pela mesma mão kanda sobre um mesmo território fumba dirigir um país si legado ancestral inalienável é aqui e acolá fazer circular o sangue o sangue dos ancestrais do começo É verdade que depois de Nzînga Nkûwu subiram ao topo reis que não pertenciam a esta família de Nzînga Na verdade desde Mvêmba Nzînga o trono do Kôngo sofreu uma grande influência dos estrangeiros Monsenhor Jean Cuvelier e Leon Jadin juntaram alguns documentos de antigas correspondências do Kôngo e da europa que confirmam largamente a maneira como os estrangeiros imiscuíamse nos assuntos públicos criando ipso facto concursos de poder Mas conforme os dados linguísticos e a tradição oral somente os Kinzînga parecem ser permitidos a administrar416 IV34 Conclusão A estrutura social da sociedade do Kôngo antes e pouco depois da navegação lusitana surge facilmente nos nomes ou títulos das pessoas das famílias e dos clãs A repartição das funções sociais aparece no entanto concomitante com os relatos relativos a cada nome eis o que pretendemos concluir NsAKU sacerdócio Presbiteriano Religião e Magia Consagração das Autoridades Diplomacia Constituição Poder Judiciário e Poder Legislativo MPANZU Guerra indústria segurança da Corte segurança do País e Direito de eligir NZiNGA Administração Justiça Poder executivo limitado Poder Político limitado e Classe dos elites das Migrações As duas primeiras famílias Nsâku e Mpânzu formavam a classe 416 De acordo com Les chefs courronnés chez Kango nordorientaux somente os da linha gem NGoMBe Zi KÔNGo podiam administrar ou reinar Jean Cuvelier classifica esta linhagem na mesma família que Nzînga no Nkutama mvila za makanda mu nsia Kôngo A respeito da diferença entre kanda e luvila voltaremos na segunda parte que tratará do Herói civilizador Digamos entretanto que a família aqui não é Kânda conjunto de diversos zivila mas sim luvila família da sua mãe ou seja pertence à linhagem da língua de Camões As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 202 dos eleitores das Autoridades administrativas tal como atestam os verbos sâka e vânza que significam escolher preferir separar peneirar eleger pôr de lado etc essas duas famílias constituem para além do que chamamos hoje em dia o CoNGResso NACioNAL ou AsseMBLeiA NACioNAL ou melhor Yala Nkûwu417em Kikôngo CoNCLUsão i o reino do Kôngo teria começado no sul de Angola onde encontramos actualmente as populações chamadas Umbûndu Nyâneka Cokwe e Kimbúndù Logo depois as populações estenderamse por toda parte do paísdeentreKwânguKasayi Kasadi A ocupação da África equatorial Francesa realizouse simultaneamente em toda a parte do sul do rio418 e visto que consoante os autores os Ancestrais do Kôngo dizem ser originários do sul de Leste e do Norte ao mesmo tempo não é estupefacto vêlos a contradizeremse um querendo fazer aceitar a sua opinião negando ou fazendo pouco do outro está na hora da História como ciência em África mudar o seu domínio da descrição que lhe deu Heródoto o seu pai Já temos suficientes descrições de tal forma que a falta de análise pode vir e tem tendência a desqualificar a História de África ou a situála simplesmente na necromancia ou caducidade 417 Na opinião de António Fonseca não existe prova científica relativamente a Yala Nkûwu De facto este lugar tanto elogiado consistia numa árvore chamada Nsânda debaixo da qual se reuniam os Makhota para resolver assuntos litigiosos Este lugar localizado dentro de Mbâzia Nkânu era vizinho da casa do rei isto é do Palácio ou melhor Ngânda Eram coisas bem distintas uma e outra É importante assinalar que certos vestígios da velha História já não são materiais sobretudo no caso específico de Yala Nkûwu que parece outro Ngânda dentro de MbânzaKôngo Pelo menos podemos encontrar Nsânda Também a este respeito existia vários Nsânda porque em cada fundação de uma aldeia plantavase uma árvore a fim de indicar a sua comuna original Isto é o clã fundador dentro do qual se insere vários zimvîla enterra o bocado de componente de Lukobi lwa bakulu e depois de administrar o culto dos ancestrais dáse nome a esta aldeia E a aldeia é fundada No caso dos zimvîla também se semeava este mesmo Nsânda onde é enterrado uma parte de componente de lukobi lwa Bakûlu E com inumeráveis Nsânda tornase difícil distinguir aqueles que se serviram de Yâla Nkûwu onde foram enterradas as relíquias dos Bisavôs Ancestrais 418 Como o leitor prevenido pode remarcar retomamos aqui a tese de Raphaël Batsîkama se bem que a nossa análise seja diferente assim como a nossa linha directriz na escolha de dados e da sua argumentação e como é óbvio algumas hipóteses sustentadas por nós são ligeira ou diametralmente opostas às de Raphaël Aliás pretendemos ainda con tinuar com essa temática nas próximas publicações a fim de esclarecer as indiferenças e diferenças à volta dessa mesma tese as origens do Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 203 Mapa de àfrica Possíveis itenerários LIVRO II O HERÓI CIVILIZADOR As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 206 Problemática Durante muito tempo os filósofos e cientistas discutiram sobre a natureza das disposições psíquicas sobre as necessidades sociais e sobre as vicissitudes históricas que teria dado origem às tradições míticas da humanidade enquanto uns acentuando o pavor do homem primitivo diante dos perigos da natureza incerta e caprichosa situavam a criação dos mitos419 no domínio dos sentimentos forjandose expressões e frases como Urangst primus in orbe Deus fecit timor etc420 outros esforçavam se por mostrar como o homem desde sempre desde que possui a fagulha de inteligência encarou o mundo com a curiosidade de um filósofo com o primitivo thaumazein que se teria concretizado na interrogação do porquê insatisfeito à procura de explicações Mas também no ser humano o pendor para a fabulação manifesta se na associação e na concretização de imagens e impressões com o auxílio da linguagem também essa tendência a fantasia criadora ou imaginação poética base de toda a literatura como expressão artística não deixou de ser invocada como responsável pela formação dos mitos421 e como a fantasia às vezes se torna extraordinariamente activa em estado de sonho embriaguez ou de febres houve quem estigmatizasse as tradições míticas 419 Além do mito stricto sensu a exposição ou narração de passagens ou episódios ocor ridos em tempos fabulosos há o mito lato sensu sinónimo de figura ou criação mítica No primeiro caso temos por exemplo os mitos cosmogónicos ou histórias da criação enquanto no segundo o termo aplicase a personagens sobrenaturais objectos fabulosos ou regiões fantásticas que existem como representações colectivas na mentalidade de tribos ou povos É nesse sentido que se fala no mito de sací da iara do Mboitatá do eldorado etc existem também mitos predominantemente descritivos textos que tra çam por assim dizer o perfil de uma divindade como pode citar o mito da mãecomum dos Kaágaba registrado por K th Preuss Cf schaden e A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil p7 nota nº1 420 Um dos exemplos mais citados é o de Voltaire que dizia que a criação dos deuses era uma consequência do medo dos primitivos face a fenómenos como travões raios tem pestade etc Mais tarde a teoria de Voltaire foi retomada por mitólogos como Wilhelm schwartz um dos fundadores da Mitologia comparada e outros que procuraram dar lhe feição científica 421 É conhecida a teoria de Wilhelm Wundt Völkerpsychologie que coloca o conto Mär chen na base das tradições míticas Através de um processo de evolução depois terse iam formado as lendas e os mitos com a introdução de elementos históricos por um lado e religiosos por outro Para a escola de Max Müller o estudo dos mitos reduziase quase a um ramo da Linguística ou Filologia Max Müller chegou a dizer que a mitologia é uma moléstia da linguagem in schaden e A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil p 8 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 207 como criações mórbidas ou alucinações de fantasias excitadas outros ainda admitindo que a mentalidade primitiva concebe todos os objectos de natureza animada como o próprio homem explicaram as criações míticas como produtos de um primitivo animismo que seria ao mesmo tempo a base das primeiras manifestações religiosas e não foram poucos os que insistiram em derivar a tradição mítica de uma primitiva história do mundo e da humanidade considerandoa portanto baseada em acontecimentos realmente ocorridos em épocas imemoráveis e em relação à última escola não há dúvida de que numerosos mitos contêm elementos históricos se bem que deturpados no decorrer das gerações sobretudo os mitos heróicos estreitamente ligados com a realidade social combinamse facilmente com a tradição histórica do grupo422 Herói Mito e História sendo uma verdade histórica parcial que o herói seja uma coalescência de factos históricos narrados de forma desorganizada deturpada e fantasiada o estudo de herói civilizador requer em princípio como teria insinuado Levy Bruhl a observação de uma relação entre a linguagem utilizada e tal como o provou Levistrauss os elementos culturais à volta do herói Logo a filologia condiciona uma intervenção sinequanon da antropologia cultural como ciência auxiliar e a antropologia estrutural como método para aclarar relativamente o que é narrado o Herói Civilizador é em princípio aquele que se distingue diante de um povo introduzindo a cultura institucionalizando as Leis usos e costumes ou brevemente uma nova civilização através da qual se identifica e por conseguinte é imortalizado de uma ou de outra Romus para a civilização romana A França edificouse através do Franco isto é homens livres sociedades autónomas grupos independentes etc que optaram pela Liberdade Chin tsen Huan Chin para a civilização chinesa etc É neste historial que obviamente entra uma icterícia de mito e quando mitologizada a evidência confundese com alguma crença e com um facto 422 schaden e A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil pp7 8 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 208 histórico imemorial Porém como é o princípio tanto na sua origem como nos seus significados e funções os mitos este é o ponto de vista hoje aceite pelos etnólogos e sociólogos são compreensíveis somente dentro da configuração cultural em que nasceram ou estão integrados423 o que significa que à volta do herói civilizador confundemse várias ordens424 de entendimento assim como múltiplas dimensões425 de apreciação como uma codificação426 variada e sistematizada através de ritos canções provérbios até na linguagem normal condicionada pela cosmogonia Apesar de os especialistas não acreditarem num único civilizador quase todos eles partilham a opinião de que a consistência histórica prevalece Geralmente o mito ou de forma unânime a tradição oral é apenas fantasiada logo não perde totalmente a sua evidência histórica A filologia permanece na ordem mais privilegiada para a reconstrução histórica dado que de certo modo a língua continua fiel aos acontecimentos históricos que são imortalizados nela No entanto o herói civilizador encara vários sentidos diferentes codificações múltiplas naturalizações de onde surgiu e finalmente uma indefinida interpretação dado que evolui num tempo divergente que se unificou através da civilização de que é portador o povoautor elogiado pelo mito ou provérbio lenda ou adivinha o Herói Civilizador é por um lado uma personificação de um evento histórico e de uma realidade cultural no seu destaque de diferença Por outro lado é uma antropomorfização das irregularidades geográficas regularizadas por uma série de personagens através do tempo e espaço variados e variáveis Finalmente o Herói Civilizador é de acordo com o que muitos autores sustentam uma convergência das circunstâncias para institucionalizar Leis usos e costumes a fim de criar respeito absoluto das normas estabelecidas isto é para evitar a dissolução da sociedade existente e unida esta é a razão pela qual estes relatos são pouco claros criam medo e estão na base de milhares de credos populares etc Neste caso o Herói Civilizador do Kôngo teria de acordo com a natureza do relatório que o faz conhecer várias designações além 423 idem p11 424 ordem sociológica ordem antropológica ordem filosófica e ordem histórica Cada or dem obedece a sua metodologia seus princípios e acima de tudo a uma sistematização peculiar na construção dos argumentos hipóteses e teses 425 Dimensão semântica Ds Dimensão pragmática Dp e Dimensão sintáctica Ds 426 Códigos literários códigos abstractos e códigos rituais técnicos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 209 daquelas que a tradição enumera mutinu ntôtela NeNzînga Mwêne etc Deverá também ser considerado os nomes soltos que focam indirectamente os provérbios canções rituais canções populares adágios adivinhas e outras fontes informais Por outras palavras não devemos esquecer que o conceito correspondente à figura do herói civilizador é antes de mais nada produto da convergência427 Estudo do Herói Civilizador o Herói Civilizador propriamente dito culturehero para os ingleses e Heilbringer Kulturbringer ou Kulturhero para os Alemães é portador ou inventor de elementos culturais de ordem material ou técnica atribuiselhe a invenção de armas e utensílios de processos agrícolas etc os benefícios que ele se remonta estão particularmente ligados ao que a cultura em apreço definiu como sendo os interesses vitais da comunidade De um modo geral porém não se deve estranhar o facto de os seres míticos mormente os heróis aparecerem providos de elementos culturais característicos da tribo428 esta é a razão pela qual tshungu Bamesa Zakama estudou o herói civilizador pondo em questão as insígnias e atributos do monarca Luc de Heusch de igual modo partiu dos rituais oratórios e da cultura material disponível ao seu alcance os métodos são ligeiramente diferentes mas no entanto convergentes por um lado a comparação analítica em relação à oralitura existente isto é a mitologia comparativa e por outro a antropologia estrutural com obviamente uma observação inelutável e relativa à linguística MartinezRuiz escreve que Laman MacGaffey e thompson oferecemno de fonte essencial para compreender melhor a arte e a cultura de África Central uma compreensão que tem eco sobre diversos assuntos que eu abordo estou a examinar esses trabalhos esculturas e símbolos diversos como uma forma da escrita como espaço legítimo da memória e de conhecimento e ainda mais como o monumento para a legitimidade humana da cultura universal A forma da linguagem ou da escrita existe diante de representação destes objectos ou às vezes os 427 schaden e A Mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil p26 428 schaden e A Mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil p33 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 210 objectos em si próprios são a conceitualização da realidade429 o estudo do Herói Civilizador é filosófico antropológico e histórico ao mesmo tempo Filosófico porque indica a estrutura do pensamento do povo que relata antropológico porque para além de tipificar o modelo social cultural e religioso430 da massa que relata a sua expansão explicase comodamente a partir de um quadro antropológico e histórico porque são as vicissitudes históricas que lhe dão a forma segundo a qual os heróis são representados agremiados repartidos e limitados no tempo consoante o espaço onde são produzidos o que reenvia deve ter em conta os métodos a utilizar Relativamente ao nosso objectivo tentar reconstruir a história original comecemos por considerar a opinião de LévyBruhl de que as tradições míticas são o produto de uma mentalidade prélógica tal como tenta demonstrar na sua obra La mythologie primitive Notase que esse autor enfrenta múltiplas dificuldades para determinar as origens e as transformações dos mitos numa linha historicamente provada através da língua por exemplo o que nos leva a argumentar que o herói mítico seria uma aglutinação de diferentes espaços geográficos interpretada consoante a linguagem diacrónica que o povo gerou ou os grupos sociais geraram logo foi vítima da transformação Daí que a procura dos sentidos sincrónicos faz intervir outros domínios que LevyBruhl tenta excluir indirectamente esse autor pensa por exemplo que na língua dos primitivos por falta das escritas é impossível reconstruir os sentidos primordiais dos signifiés Deveria considerar a cultura imaterial por exemplo isto é a canção as orações e as preces etc caso achasse ausência na cultura material A partir dessas observações utilizamos os mesmos métodos 429 MartinezRuiz B Mambo comes from soul in Call and response Journeys of African Art Yala University Art Gallery Yale 2000 p84 Laman MacGaffey and thompson offer us a base from which to understand better the art culture of Central Africa an understanding that is echoesing in many works i discuss here i examine these works as from of writing as legitimate space of memory and knowledge and moreover as a monument to human legacy of the cultural word A form of language or writing exists beyond the representation of the objects or rather the objects themselves are conceptualization of reality 430 O Herói não morre A morte é uma outra dimensão que nele se explica o mistério da morte Aconselhamos a leitura de Beier Ulli The origin of life and Death African creation myths African writers series 23 London Heinemann 1966 p65 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 211 preconizados por LevyBruhl na sua La mythologie primitive e por Levi strauss na sua antropologie structurelle e na sua série de Mythologiques com ajustamentos presentes nos estudos de Luc de Heusch sem perder de vista as nossas próprias tentativas de reajustamento dos métodos ou princípios CAPÍtULo i TESE SOBRE A GÉNESIS DO KÔNGO I1 Segundo Jan Vansina Jan Vansina sugere que as instituições sociais e políticas dos reinos do Kôngo e do têke terão passado por fases sucessoras de organização que terão partido da sua estrutura infinita isto é o NZo inzo em Kimbûndu casa ou quarteirãobairro passa por aldeia com o sentido de minha aldeia buala dibata em Kimbùndu e pelo distrito Nsi cuja terminologia remota a Bantu ocidental e se repercuta em primeiro lugar pela etnicidade dos chefes ou homens fortes não se encontrando no entanto nenhum chefe ao nível do distrito A fase seguinte será das chefaturas que surge do crescimento do poder de certos homens que souberam utilizar contextos económicos favoráveis este contexto histórico é em traços largos assegurado por um líder ou nkâni que poderá ter sido o fundador de uma aldeia árbitro de contendas um indivíduo judicioso conhecedor das leis um homem rico detentor de uma grande família etc A distribuição especial da instituição nkani compreende uma vasta região desde Gabão até ao Congo incluindo obviamente o mundo do Kôngo o termo nkani deriva de uma forma verbal na qual encontramos derivados em toda vasta região indicada nomeadamente entre os Kôngo como por exemplo o termo kana que significa decidir julgar e regularizar mukanu que designa julgamento o verbo remonta à fase anterior da cisão dos grupos da língua Kôngo e têkeGabão É da riqueza e consequentemente da sabedoria demonstrada enquanto árbitro que evita a cisão do grupo que faz o leadership ou a chefia é pela fundação de uma aldeia onde ele exerce a chefia e por esse facto de onde terá a legitimidade do poder Finalmente sendo as primeiras As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 214 chefaturas muitas vezes maiores que os antigos distritos elas passam a constituir assim o cume da organização política e do governo o passo seguinte propenso ao processo de centralização política foi a conquista de uma chefatura por uma outra e a sua consequente subordinação isso permite assim o aparecimento de um nível de autoridade superior à da chefia Mas nestas regiões o senhorio ou o domínio senhorial é igualmente caracterizado por um conjunto de títulos com função política em todo o caso este conjunto aparece pelo menos a partir de dois processos condutores por um lado os títulos ligamse à casa do senhor e por outro lado aos títulos territoriais A primeira titulatura deve ter nascido a partir da atribuição de um título ou outro na casa chefe visando satisfazer a inveja de um ou outro chefe e assim marcar o princípio da divisão do trabalho social na casa que resultou grande demais para ficar indiferentes a estes A segunda série de títulos seguiu a constituição territorial do senhorio ou melhor do domínio senhorial e por todo lado conhecido pelo termo antigo de MWeNe431 o arqueólogo Huffman formula algumas teses de migração a partir da cerâmica encontrada de maneira que na nossa humilde opinião em cada sítio que o povo se teria estabelecido a terra tornavase cada vez mais insuficiente por diversas razões desde a necessidade até à comodidade de espaço o que instigava naturalmente o povo a deixar o habitat conquistado e modelado para conquista de um outro habitat432 ainda desconhecido imitando inconscientemente em cada conquista o imigrante estruturava os novos habitats consoante o primeiro modelo porquanto em princípio esse formouse espontaneamente e doravante serviu de molde Apesar de os seus argumentos contrariarem as hipóteses de migração em geral na altura a linha na qual o arqueólogo formulou o seu argumento justificava os movimentos evolutivos da cerâmica encontrada consoante as escavações efectuadas em parte as linhas migratórias que avançamos nas páginas anteriores sustentamnas e quando Jan Vansina apresenta a sua tese sobre a génesis da sociedade do Kôngo agrega parcialmente nas hipóteses de Huffman completando a outra parte da nossa hipótese se bem que ligeiramente diferente o que seria resultado de óbvios conhecimentos que são fruto das suas pertinentes 431 Jan Vansina Antecedants des royaumes Kongo et teke in Muntu Revue Culturelle du monde Bantu Libreville nº9 1º semestre pp749 citado por Virgílio Coelho in Fon tes estudos Revista do Arquivo Histórico Nacional nº45 pp181182 432 Huffman Iron Age Migration the ceramic sequence in Southern Zambia Johanes bourg 1989 pp59 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 215 investigações além de outros conhecimentos prováveis que detinha na língua e sobre a sociologia dos Kôngo Aliás para completar Jan Vansina escrevia num dos seus recentes artigos o seguinte Most historians focus on more recent periods than archaeologists on issues other than material culture or technology and few of them are knowledgeable enough about archaeological practice to follow its literature effectively Most historians feel hopelessly lost when reading debates about the fine print of the seriation of pottery styles or the different interpretations of C14 dates which so often provide the intellectual excitement at archaeological gettogethers But the foremost problem may well be that historians have too touching a faith in archaeology as a scientific discipline and hence misunderstand some basic realities about it Mesmerized by the observation that archaeology deals with concrete objective data they fail to perceive the role played by interpretation and hence subjectivityboth in the recovery and in the interpretation of its data433 I2 Segundo a Tradição A tradição informa de maneira directa que o Kôngo começou com uma Mãe que tinha nove seios isto é nove filhos estes cresceram e tornaramse grandes famílias que estavam na base da fundação do reino Mazînga mvila nene wazînga zimvila za wonso434 existe igualmente algumas versões que estipulam que a génesis da sociedade do Kôngo estaria ligada a doze linhagens principais Georges Balandier por exemplo é dessa opinião435 Jean Van Wing fala da Mãe com nove seios e ao mesmo tempo de doze clãs das origens podendose deduzir numa primeira olhada que tal como podemos verificar em MacGaffey Jean Van Wing fala de doze clãs que normalmente devem coabitar desde a pequena até a maior escala administrativa Como veremos a sociedade do Kôngo teria começado como um conjunto de nove subdivisões territoriais formando um só Daí surgiria o nove típico sendo o elemento básico de subdivisão territorial Quanto ao número doze notase que a repartição social em cada 433 Vansina J Historians are the Archaeologists yours subblings University of Wis consinMadison History in Africa 22 1995 pp 369370 434 Mazînga a grande família que junta todas outras famílias 435 Citamos isso no Livro i As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 216 subdivisão contém doze ou vinte e sete linhagens É por isso que Jean Van Wing tenta entender nas melhores das formas uma eventual evolução de nove clãs para doze De qualquer forma veremos isso detalhadamente os autores optam por diferentes métodos para a recolha de fontes geralmente extraídas da tradição e rituais o que obviamente faz com que exista uma longa lista de nomes que esse Herói teria levado No entanto convergemse quanto à semântica patronímica do Kôngo com os seus títulos Mutînu e Mwêne Kôngo ou ainda com os seus nomes de cidadania NeNzînga Nimia Nzînga etc As tramas semânticas desses termos são portadoras de uma estrutura social de uma organização territorial e finalmente indicam o clima histórico a partir do qual entram em acção os actores elementos que formam no seu conjunto o herói civilizador Por essa razão será tido em conta os nomes conhecidos e cantados pelos provérbios oralitura orações etc De facto Jan Vansina436 não pensou erradamente quando considerou NZo casa como sendo o ponto de partida Como vimos atrás com o vocabulário de casamento é realmente o princípio da família Quer poligamia437 como poliandria NZo indica o início da sociedade do Kôngo438 Portanto uma mãe que não tem somente nove filhos mas também nove seios significa nove casas diferentes isto porque o seio simboliza a fonte de comida da sua família da mulher e esta a seus filhos Mas todos os nove dependem de uma só pessoa Aqui é necessário dizer que seios não significam somente CAsAs mas também famílias de origem a família materna logo é uma hipótese provável de NoVe ALDeiAs segundo a produção quer agrícola quer da caça a comida é o bem que todos conseguem para a aldeia chefiada por um mfûmua kanda aqui Seios estão numa só Kânda Cabe a este último a divisão formal e equitável do produto em cada casa independentemente da quantidade que cada um leva para a aldeia NKAYi 436 Conferimos vários livros e artigos do autor mas aqui preferimos citar apenas um VAsiNA J Introduction à lethnographie du Congo edUniversitaires du Congo Lubum bashiKinshasaKisangani 1966 essencialmente aconselhamos a leitura do livro Les royaumes de savane a versão Kikôngo Além disso muitos dos autores consultados aqui fazem substancial referência a obras de Vansina 437 A casa do polígamo é chamada ñkôngo 438 Princípio do Kôngo um casamento mal sucedido é uma sociedade mal sucedida pela simples razão que casamento é kisina origem da sociedade nza awantu Por essa razão e outras adicionais o casamento não se disfaz uma vez que simboliza o pacto de uma relação que não se pode quebrar As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 217 Um outro índice é o número nove 9 este de acordo com os nossos estudos feitos sobre a organização territorial do Kôngo seria a totalidade de comunas num distrito ou melhor numa pequena província Assim três comunas formam um território três territórios fazem um distrito e três distritos constituem uma província Deste modo nove comunas são três territórios têm em comum um MeRCADo importante chamado Mpûmbu Cada território até cada comuna tem também um mercado chamado zându ora o Mpûmbu foi muito importante pela sua imponência que se traduzia numa força política uma vez que se baseava em princípio na economia e na riqueza produção de diferentes regiões o termo zându deriva da forma verbal zândalala yandalala439 zânduka e zândama que significa comparecer em público a fim de dizer algo ir em encontro de vir de muito longe expandirse ver yânda outra forma multiplicar expôrse ao sol e à vista de todos o mercado comunal zându reúnese uma vez por semana semana de quatros dias e depois de onzedoze dias abrese a grande feira É através destas feiras que várias regiões diferentemente denominadas se definem ou melhor reconhecem a sua dependência a uma determinada autoridade De modo geral as comunas eram canonicamente Mbâmba no sul Mpêmba no Centro e Nsûndi no Norte esta disposição é consoante a sua povoação num rio ou noutra realidade geográfica Portanto as três primeiras comunas formam o território Mbâmba as três seguintes compôem Mpêmba e as três últimas constituem Nsûndi A primeira unidade política é formada por três territórios estes topónimos mudam e assim Nsûndi pode ser Mpûmbu Ntându Mpângu etc Mpêmba pode ser Nkâmba Kakôngo etc e Mbâmba pode ser Kyângala Mbângala ou Mayânda No entanto a Mãe de nove seios não corresponde somente a nove comunas mas também a três territórios que significam o pequeno país Nsi ou o distrito na linguagem de Jan Vansina cujo dirigente se chama NKANi um indivíduo judicioso e conhecedor das Leis os mercados marcam os limites das comunas territórios e até dos distritos A família não tem limite nenhum o chefe destas chefaturas não seria NKANi440 como sustenta ou sugere Jan Vansina se bem que de uma 439 Zandula segundo Laman quer dizer 1 aumentar multiplicar fazer uma rica recolha de milho prata dinheiro etc e 2 elevar pôr acima 440 Na verdade o termo Nkâni intervém também como um dos nomes que teria tido o pri As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 218 e de outra forma existem convergências na semântica tratase portanto de NKAYi responsável de uma subdivisão administrativa do Kôngo chamada em outros sítios de Zûmbu não confundir com Mpûmbu se bem que há aproximações ou Zûnga Ne Nkâyi seria de acordo com o seu valor semântico um dos primeiros nomes recebido pelo Dirigente das nove comunas unidas em Kikôngo aliás Nkâyi441 quer dizer aquele que divide distribui uma pessoa liberal generoso amigo e camarada Foi a pessoa indicada para proclamar leis fazer unir as populações e transmitir as novidades ao povo Resumidamente eis as raízes de Nkâyi KAYA Aquele que divide distribui para o povo amigo generoso camarada Ancestral parentes maternos avós maternos Nkâyi ao contrário de Nkâya442 que pode designar os bisavós maternos como bisavós paternos Quem cuida de vigília sobre o povo quem faz a sentinela KAYAKANA Falar alto defenderse num julgamento a fim de não perder o processo Determinar a dividir pôr fim a um processo acabar com as disputas dos inimigos Proteger kayama Aliás existem laços com a origem Kôngo Zita nó do Kôngo ou Kôngo o nó é um dos nomes que a tradição dá ao Herói Civilizador do reino Portanto a palavra significa hoje assim lemos no famoso dicionário Laman na p313 manta religiosa ora no mesmo dicionário desta vez na p714 NKAYi significa a mesma coisa meiro rei do Kôngo Não negamos isso porque na nossa opinião consta na lista de Mani Mwêne Ntôtila etc isto é se bem que produz verbos que traduzem literalmente a sua dependência no conjunto dos títulos e não partículas à frente de nome tal como Mani ou outros o seu uso sempre foi na maioria dos casos semelhante a Mwêne Ntôtila etc 441 1 Kayila proteger dar oferecer etc 2 kâyisa determinar a dividir fazer justiça num assunto que originam querelas 442 A diferênça está nos sufixos a e i As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 219 Kôngi outro dos nomes do Herói civilizador é segundo Laman echassier ou cygnes 443 sinónimo de NKAYi NseKe ver esta palavra no mesmo dicionário ou outros Kôngo quer dizer grande fome carência de comida ou jejum segundo diferentes lexicógrafos ora Bikâya que tem a mesma raiz que Nkâyi traduzse por fome época ou período durante o qual é difícil achar comida Mbângala Kôla como característica do país das origens ou ainda Kikâya que designa um lugar isolado solitário onde vive uma Rei ou duas pessoas Rei e o seu Consagrador444 escreve Laman em outras palavras Lundu nyi senga ou até Zûmbu aldeia abandonada445 ou seja como diz o antropólogo Virgílio Coelho as autoridades de Cabassa e Kakûlu Kikôngolo traduzse por estar bem queimado Kayisa quer dizer bem grelhar cozer estufar secar etc característica do país das origens Voltando a Jan Vansina o termo MWÊNe já teria tido outro título deste NKAYi isto porque este último esteve ligado assim como Ma Zûmbu um velho título que só encontramos nas lendas das origens ligadas aos nove ou doze filhos ancestrais dos Kôngo ou vinte sete países a territórios que dirigia o NKAYi Pois dirseá Ne Nkâyi Mwêne446 é a pessoa indicada para fornecer a comida um título ligado as funções todavia Ne Nkâyi passou a designar AMiGo CAMARADA PAReNte sentidos esses que os autores atribuem aos Fundadores dos reinos africanos Lûnda447 Ndôngo448 etc 443 termos franceses que significam cegonha 444 sublinhado por nós 445 Zûmbu é também nome de uma grande rocha elevada numa terra uniforme ou me lhor é o lugar do chefe É justamente nesse sentido que o chefe era chamado Nkâyi isto é o Homem raro difícil a achar que aparece raramente nas lojas ou nas feiras do verbo kâyama esse facto foi assinalado nas crónicas sobre o reino do Kôngo principalmente sobre os Chefes quer na capital principal quer nas outras regiões Zûmbu aqui é sinó nimo de Mbânza cidade real elevada à vista de todos e este sentido ficou gravado em zându zânduka elevar altar pôr em cima e como cidade real a actividade económica contêm um verbo bem específico zumba que significa estabelecerse onde encontrar o seu diadia trabalhar ou procurar onde esconderse a sua herança ou o património Zûmbuherânça património ou recompensar isto prova uma vez mais que zûmbu reuniu o povo entre outros a partir das bases económicas 446 Ver As origens do reino Kôngo primeira parte 447 Cf Jan Vansina no seu livro sobre les royaumes de savanes e artigos sobre os Lùnda publicados nas revistas Cf a nossa bibliografia 448 Ver as escritas de Virgílio Coelho Cf a nossa bibliografia As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 220 e como podemos ver Ne Nkâyi449 leva consigo as características do país das origens especialmente a sua génese quando Kôngo era ainda uma aldeia e sucessivamente comum e território ou de uma forma breve quando Kôngo era uma Mãe com nove seios também tem laços com a AMiZADe e PAReNte A este respeito os Kôngo têm como vocabulário MPÂNGi e NKÛNDi para dizer amigo camarada e KÂNDA e NGÂNDi especificamente para PAReNte estes termos estão na base da sociedade do Kôngo juntamente com NKAYi ou ZÛMBU ou ainda com ZUNGA e NGiDi450 e estes vocabulários limitamse a nove comunas de acordo com a organização administrativa do Kôngo A seguir vamos enumerar os laços entre estes termos segundo o que nos informam as origens assim como o seu herói civilizador CASA REAL Como veremos aliás já vimos isso451 a colina do Rei não era fixa Mas o respectivo sentido ficou verosimilhantemente gravado nas palavras ou nos títulos que designaram o Rei pela primeira vez isto é AMiGo e PAReNte Kûndi Kanda ou Ngândi também os mesmos sentidos bastante remarcáveis com o termo território Zûngu kya Nsi452 e Ngidi453 Zûnga kya Nsi deriva de Yûnga ou zûnga andar rodear visitar Laman menciona uma aldeia de nome de Yûnga e observa o seguinte aldeia que rodeia ir e 449 A palavra Nkâyi designa também perdiz uma ave muito popular nos provérbios e lendas pela sua sabedoria Um provérbio diz que a perdiz pode oferecer a sua comida e bondade salvo a cor das suas pernas 450 Ngiri em Kimbùndu quer dizer parente e é sinónimo de Kâmba Ver V Coelho no seu artigo intitulado Implicações sócioeconomicos e religiosos numa comunidade Kimbùndù in Dinâmicas multiculturais novas faces outros olhares 7 Instituto de Ciências Sociais Lisboa 1996 p 472476 Cfr Fontes e Estudos nº45 19981999 Voz igual Agostinho Neto Kilamba kyaxi da nossa esperança Angolê Lisboa 1989 p171174 451 Na primeira parte deste trabalho ver a significação de MbânzaKôngo 452 Cf Maia Padre Dicionário complimentar Português KimbûnduKikôngo ver a palavra território 453 A respeito de patrónimo NGiDi Ngiri Jean Cuvelier escreve em Kikôngo Ngidi Nsûndi vônda kumi futa mosi isto é sou eu Ngidi ou Nsûndi Ngidi que mata dez e só paga um Cfr Nkutama mvila za makanda tumba 1974 p46 72 Dez menos um igual nove Não é verdade Ngidi designava uma aglomeração de nove comunas dividida em três o uso de três foi também assinalado pelo Padre Jean Van Wing Na maioria dos casos conforme me foi informado escreve o desenvolvimento fazse em três linha das Etudes BakôngoII Sociologie Religion et Magie p 86 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 221 vir passar à volta de um obstáculo de uma montanha fazer ou erigir uma sede Zûngidila fazer erigir a sede de um lugar Ngandi parente deriva de Vându lugar onde confecciona onde se fabrica o nkîsi e o consagra454 Hândesa estabelecer uma sede alguém num assento KANGU Amigo deriva de Kânga colina planalto deserto lugar estéril e inculto lugar quente região deserta terra elevada numa tomba Kângala rodear fazer um passeio contornar vagabundar Kângila correr cá e lá Kûndi Amigo parente deriva de Kûnda ir voltar a casa habitar ficar fazer viagem para um sítio determinado Kûnda tronco sede banco escabelo para se sentar Kûnda altura colina planalto terra elevada Kûndana zénite sol ser localizado acima Ngîdi Aquele que faz entender as pessoas parente455 deriva de Yîdidika acumular aumentar em alteza erigir algo muito alto KiYidika aquele que é altamente colocado Logo MaYûngi MaZûngi ou simplesmente Yûngi Zûngi começou a designar o responsável de toda a sociedade território o título ou o nome respeitado tal como escreve Laman KiKûnda voltou a significar homenagem respeito e até dignidade Kûnda significa especialmente em MbânzaKôngo fazer honra homenagear cumprimentar com respeito batendo as palmas paulatinamente e inclinandose ligeiramente dar culto a alguém ou pedir graça Logo o parenteamigo ganhou novos sentidos 454 Mais à frente dizemos que na colina abandonada morava uma só pessoa ou duas isto é o Rei e o seu Consagrador este termo confirma isso 455 Ngiri significa parente em Kimbùndu Ver Maia Dicionário complementar Português KimbùnduKikôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 222 JUSTICEIRO Nas suas primeiras instâncias as populações necessitavam de um Juiz entre elas A mãe com nove seios foi a primeira a distribuir de forma igual a produção do povo A vantagem que a levou a ser aceite foi porque era a única amigaparente de todos esta semântica está também presente nos vocabulários que sublinhamos precedentemente Prossigamos Zûnga Kya Nsi deriva de Yûngima zûngima zûngimisa querelar suscitar uma querela discutir lutar Yûngila zûngila barulho tumulto abandono Zûngula cortar dividir terminar pôr fim a Zûngalala ser sábio inteligente para lidar com os seus Zûnga tornar longo um processo fazendo rir o auditório Ngândi deriva de Vânduka hânduka ser sábio astuto maligno subtil hábil ter capacidade de fazer entender duas pessoais diferentes Vânduk hânduka obrigar forçar a incitar alguém a aceitar ou a fazer algo Hânduka acabar chegar ao fim ao seu limite alcançar o término Kângu deriva de Kângisina pedir desculpas depois de uma luta ou discussão Kângala proteger evitar um ataque prevenir o desastre rodeando Bikângi salvador protector defensor pequeno batuque a tom alto Kûndi deriva de Kûnda cortar um ramo de palmeira Kûnduka estar acabado tomar fim cessar Kûnda ter dificuldades resolver as dificuldades Ngîdi deriva de Yîdika yilama pôr em ordem arrumar ajustar perdoar Yîdima produzir grandes barulhos som tumultuoso do mar Yîla yîda ter dificuldades confrontar dificuldades As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 223 Pois são esses alguns dos sentidos que se relacionam a respeito deste Ne Nkâyi ou Nkâni de Jan Vansina sentidos que ficaram até hoje gravados nas palavras que designam o território ou a pessoa que o dirige A ideia do mercado onde encontramos barulhos e onde de acordo com os usos e costumes antigos do Kôngo era local de Justiça eis a razão pela qual até na época portuguesa os territórios mercados eram sempre locais de justiça o Mpûmbu por exemplo era o mercado Lá vendiase também os escravos para além de ser o local de reeducação dos criminosos De qualquer forma todos estes termos aqui analisados atestam largamente que esta Mãe com nove seios conhece as leis escreve Jan Vansina falando do Nkâni Falando dos emblemas do Rei456 assinalase o batuque bikângi significava a reunificação do povo ou seja o Rei tocava para reunir o povo457 fazendo parte da justiça ou de um outro assunto de interesse público Cortar dar fim tornar longo o processo fazendo rir o auditório etc confirmam que realmente lhe foi concedida a função da JUstiçA Aqui a faca mbêle é o emblema UNIFICADOR Zûnga kya Nsi deriva de Zûngubuka nos Vili o termo quer dizer ronda Bizûngubuku círculo Zûngubuku fazer círculo dar a forma de círculo Yûnguka zûnguka aumentar acumulando recolher fazer recolha Ngândi deriva de Hânda vânda transar o cabelo fazer cesto interligar Vandalala estar repleto ter o suficiente estar saturado ultrapassar ser o primeiro o mestre Vandama ter um e outro relações excelentes respeitarse mutuamente Kângu deriva de Kânga fazer aliança unirse Kãngama ser apressado a juntarse BiKângi massa conjunto das frutas vaso de flores conjunto de frutas de palmeira batuque 456 se bem que ainda não era Rei permitenos utilizar o termo 457 Assim informa a tradição As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 224 Kângu tratado acordo contrato aliança união convenção Kûndi deriva de Kûndama estar junto com verse ou sentirse ligado com honrar se um e outro Kûndalala ter laços íntimos ser nobre Makûndu nó laço de uma parte de árvore glândula nó incubação nas vísceras Ngîdi deriva de Yîlana permanecer em boas relações recíprocas Yîla atar ter relações com estar laçado com alguém cozer misturar diferentes ingredientes Yilamuna tiya pôr comida no fogo misturar yîdisa cozer juntar Yîdidika acumular pôr junto a fim de aumentar Unir o povo foi o primeiro objectivo deste AMiGoPAReNte logo as suas funções deram origem a outros sentidos da sua designação e do espaço que dirige Possuía como emblema de unificador do povo o batuque chamado em princípio bikangi palavra que significa ao mesmo tempo conjunto Não bastou ter emblemas para unir o povo mas também a competência e a participação activa de mais algumas pessoas A existência de emblemas faz pensar primeiro em carácter sagrado deste objecto na linguagem de Levistrauss458 Por isso e por um lado a existência de algumas personalidades fazendo com que os regulamentos sejam observados pelo povo a fim de evitar o desequilíbrio Por outro lado ser justiceiro implica a existência de uma série de Leis ora a justiça realiza se de uma forma que implica a participação dos Praticantes advogados Juiz etc Conhecedores ou Conservadores das Leis459 em breve ser 458 Levistrauss C Totemisme Aujourdhui PUF Paris p33 459 o Padre Laurent de Lucques observou o seguinte Quando entre eles surge alguma dificuldade sobre um assunto de interesse e querem processar o adversário fazem da seguinte maneira abre o processo ele vai ter com um dos principais ora Mani ora Capitão e fazlhe conhecer a causa e os argumentos a fim de apoiar Mas oferecelhe um presente Logo vai achar o seu adversário e dizlhe tal dia vou esperarte no sítio habitual para o mocano litígio em relação a tal campo ou objecto em litígio e escolhi um tal advogado para este efeito O adversário inculpado irá também ter com o mes As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 225 justiceiro do povo e unificador do povo é somente possível mediante a existência de um Conselho onde cada linhagem dentro do povo tem o seu representante legítimo este Conselho tomava conta das Leis da Constituição porquanto eram as pessoas indicadas para assegurar o cesto dos Ancestrais isto é Lukobi lwa Bakûlu460 o emblema essencial que faz o povo acreditar que está unido Acima de tudo um vocabulário bem específico entre vários aclara a maneira como teria sido organizado este Ne Nkâyi Amigo e parente de todos isto é MPANGi entre outros A própria palavra esclarece que tal estatuto especial deste AMiGoPAReNte de todos foi possível através dos regulamentos e das leis MPÂNGU ZA BAKÛLU ou seja Realizações Regulamentos Leis Regras e Constituição ora sem a existência dos conservadores ou do Colégio dos Conservadores presente também na semântica sobre Mpângi Mpângu Bivângu Bivângi461 não existe nenhuma lógica de que Ne Nkângi seja amigoparente de todos Logo teria sido eleito o Responsável de Mpângu za Bakûlu diferente de Ne Nkâyi em princípio foi chamado Masâmba462 a pessoa que estabelece os caminhos a seguir os regulamentos e as Leis ou Ne Mpûngi o guardião dos Dentes de elefantes Mani Kabûnga mo advogado expõelhe as suas provas e oferecelhe um presente No dia determinado todos os seus parentes e amigos cujo número sobe às vezes para cem para cada uma das partes Eles comparecem junamente com testemunhas separados uns dos outros e o Juiz encontrase no meio Começam a exibição das suas provas e depois fazemno confirmar junto das suas testemunhas O Juiz tendo ouvido os falantes das duas partes pronuncia a sentença in Cuvelier Relations sur le Congo du Père Laurent De Lucques 1700 1717 iRCB Bruxelles pp8182 460 Já vimos isso no Livro i Dentro deste cesto encontramos os ingredientes minerais humanos vegetais etc que identifica o país unido Quando uma porção do povo queria emigrar para outras regiões era sempre costume dividir o lukobi lwa Bakûlu que eram símbolo da presença dos Ancestrais porquanto os Kôngo não concebiam viver longe destes Assim neste aspecto simbolizavam a união do povo e este respeitava de forma considerável este Lukobi lwa Bakûlu Antigamente até na véspera da colonização o loko bi lwa Bakûlu era sempre acompanho por outros objectos chamados Mpângu za Bakûlu ou este lukobi lwa Bakûlu era simplesmente sinónimo de Mpângu za Bakûlu 461 observamos que Vansina também tem sustentado que o reino dos ALûnda terá ini ciado a fraternidade e a amizade termo que em Nyaneka e NKumbi se traduz por ou pangi cuja forma kikôngo é mpângi Deriva no entanto do verbo pangiya que significa fabricar criar construir formar algo família casa 462 eis as raízes de MAsÂMBA sâmba trilhar traçar o caminho abrir pistas caminho na selva sâmba falar explicar defender a sua causa num julgamento no tribunal sâmba julgar questionar fazer inquérito etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 226 John thornton apoianos quando faz notar que a cidade real se encontrava rodeada por uma vedação uma grande praça central onde era aplicada a justiça onde eram recebidos os visitantes e onde as coroações eram proclamadas e realizadas assim como o palácio real463 o significado económico e político tinha o seu paralelo também numa centralização no sentido religioso As tradições do século dezassete assinalavam que mesmo antes da fundação do reino464 o lugar de Mbânza Kôngo era a residência de uma personagem religiosa conhecido como Mani Kabunga uma espécie de sumo Pontífice ao qual as pessoas recorriam nas suas necessidades e água para sua recolha465 Como explica devidamente Marc Augé os homens acreditam naturalmente nos poderes da vida e da morte essas crenças fazem com que toda sociedade mesmo se for parricida não se destrua a si própria esta é a necessidade de um representante religioso ao lado de um outro secular466 o historiador americano John thornton entendeu muito bem que na cidade real para além de Mani Kôngo existia uma outra autoridade uma espécie de sumo Pontífice ao qual as pessoas recorriam para as suas necessidades tratase de Mani Kabûnga467 ou melhor Nsâku Ne Vûnda Masâmba468 Autoridade do Conselho dos Conservadores das 463 Brasio Padre António Monumenta Missionária Africana Vi África Ocidental Agência Geral do Ultramar 1952 Lisboa pp113114 e 130 Cap 60 Ver também Cap 62 a recep ção dos Portugueses em 1491 quando vieram evangelizar o Kôngo pela primeira vez 464 sublinhado por nós 465 in Fontes estudos Revista do Arquivo Histórica Nacional nº45 Luanda19981999 p137 466 Auge M Pouvoirs de vie pouvoirs de mort Introduction à une anthropologie de la répression Flammario Science Paris 1977 467 o substantivo Kabûnga tem a mesma raiz que Mpûngi ao derivar de vûnga hûnga pûnga Assinalamos que o emblema consiste em dentes do elefante Mpûngi ora Mani Kabunga ou Mwêne Mpûngi é o seu detentor 468 Lembramos as raízes da palavra Nsâku 1 saka agitar sacudir ou peneirar o feijão num cesto a fim de limpar bater as ervas com uma bengala a fim de fazer fugir os ratos a entrar na ratoeira procurar olhar aqui e acolá vigiar aumentar crescer tornarse cada vez mais rica pesada 2 sakidila testemunhar a sua veneração o seu profundo respeito saudar alguém batendo as palmas de mãos três vezes 3 saka ser ou tornarse sadio ir melhor alegre cheio de vida de saúde dimi nuir baixar decrescer submeter ir em guerra 4 sakana brincar minimizar fazer comédia Nsâmba Kôngo significa a pessoa que trilha ou traça o caminho o Constituicionalista As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 227 Leis Mas falando dos Kimbùndu Virgílio Coelho seria uma referência quase perfeita neste ponto quando sustenta que na cidade real existia dois Representantes do povo o Poder Religioso situado em Kakûlu e o Poder secular em Kabassa No reino do Kôngo existia de acordo com os relatos dos comerciantes religiosos e dos crónicos dos séculos XVi XVii e princípios do XViii o rei e o seu Consagrador na cidade real469 o primeiro com sede em Ngânda ou MbânzaKôngo e o segundo em Mbâzia Nkânu A par destas testemunhas temos justificado isto juntamente com os termos que tratamos anteriormente Ngândi Kângu Kûndu Ngîdi Ne Nkâyi Ma Zûmbu Na Zûnga etc Elem Sincrónicos3 Elem Diacrónicos Justiceiro Unificador Emblemas NGÂNDi Ne Nkâyi Duas sinetas KÂNGU Ma Zûmbu Batuque armas KÛNDi Ne Nkâyi Faca NGiDi Ne NkâyiNe Zûnga Ma Zûmbu Ne Zûnga Lukobi lwa Bakûlu MPÂNGi Ne NkâyiNe Zûnga Ma Zûmbu Ne Zûnga Lukobi lwa Bakûlu Dentes de elefantes do Kôngo Luwûsu lwa Ntinu deriva de Lu prefixo que indica uma acção e de wûsu que vem de wûsuka e que corresponde a zangarse irritarse desgostar despeitar e aborrecer se A expressão é variante de amuo enfado ou melhor zanga ou despeito ao Rei esta é uma outra forma de energia força do rei quando falamos relativamente à Autoridade de Nsôyo um Nsâku que era considerado como a força a energia do rei Na verdade Nsâku Vîta ou Masamba era o Primeiro Juiz que investia no novo monarca e presidia o seu coração como relata a testemunha ocular Raimundo Dicomano um missionário católicoVer Jadin L in Bulletin des séances iii Bruxelles 1957 p 318 Não é o único Para outras autoridades de escala administrativa inferior podemos citar também Loren zo da Lucca Laurent de Lucques e Lucca da Caltaniseta etc 469 Na evangelização do reino do Kôngo o primeiro baptizado foi a autoridade de Nsôyo que era assim como tudo indica o Consagrador do monarca na altura Nesse caso pode remos dizer que esse Consagrador não habitava em MbânzaKôngo antes da vinda dos Portugueses Mas o que mais nos surpreende é a filologia ou seja se devemos estudar a História baseandonos na língua e tradição desse reino antes da sua descoberta pelos Portugueses e veremos que o rei e o seu consagrador viviam em MbânzaKôngo Resta talvez esclarecer se realmente Ndo Manuele o Chefe de Nsôyo terá sido o verdadeiro Consagrador de Nzînga Nkûwu A historiografia nesse aspecto ainda é carente e duran te algumas das nossas expedições notámos simplesmente que existem mais elementos que provam que o termo de Consagrador se diz simplesmente tendo em conta a fun ção sociopolítica das suas Autoridades ManiKôngo e Mani Nsôyo Aliás é o mesmo caso com Mbâta que significa também cidade do tioconsagrador tendo uma semântica semelhante ao de Nsôyo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 228 em resumo este quadro ajudanos a especificar os títulos que este ParenteAmigo teria recebido Ne Nkâyi Ne Zûmbu Ne Zûnga470 assim como os emblemas que determinavam ou melhor que simbolizavam a sua função perante o povo Logo vemos que tudo parece ter iniciado com Kûndi ou justiceiro entre o povo pela simples razão que tem por único emblema a FACA e somente a semântica de Ne Nkâyi corresponde aos sentidos de ParenteAmigo isto é Kûndi Depois passaria a ser designado por Ne Zûnga Ngândi e nesta altura teria existido já um povo mais ou menos numeroso ocupando um espaço relativamente vasto e para reunir o povo Ne NzûngaNgândi usava as suas duplas sinetas ngônge ou seja justiça e unidade Precisamente vão surgir outros títulos o Kângu e simultaneamente o Ngîdi Assim para conservar a unidade foi necessário um defensor o Kângu Deste modo o território tornase mais espaçoso com potências económicas e sociais de um Zûmbu será simultaneamente ou mais tarde chamado de Ngîdi exercendo ao mesmo tempo a função de Justiceiro e de Unificador num território mais vasto ainda de nove comunas 470 tal como indica o quadro que traçámos as semânticas desses termos corroboram para explicar como terá sido a evolução do reino do Kôngo Martins Vaz por exemplo dános qualitativa e quantitativamente exemplos que poderão servir de suporte para sustentar a nossa hipótese Cf Vaz JM Filosofia tradicional dos Cabindas através dos seus cestos de panelas Provérbios advinhas fábulas I Agência Geral do Ultramar Lisboa História gravada nos cestos nas panelas cultura material presente nos proverbios adivinhas fá bulas isto é na língua Remarcamos que quando uma palavra tem uma semântica estrita quer dizer que pode ser antiga se o seu uso se for degradando e especificamente quando existem outros sentidos muito bem conhecidos dos Adultos e da geração da terceira ida de Quando a semântica é vasta a possibilidade da antiguidade da palavra existe no facto de os seus sentidos estarem ligados com velhos rituais algo muito comum etc também é importante sublinharmos o facto de uma palavra com sentidos diferentes e principal mente contrários especialmente ligados à divindade aos espíritos aos ancestrais etc e por último convém falarmos da semântica que parece antiga porque é utilizada com diferentes sentidosvariantes ou sentidosvariantes codificados nos ritos sociedades se cretas e seitas de caçadores ou agricultores pescadores Comentaremos que neste último os rios acompanharam as migrações a caça é considerada pelos historiadores como uma actividade de antiguidade na África e a agricultura como sendo uma sequência da caça e da sedentarização do povo Quanto à pesca visto que os rios eram utilizados como caminhos mais rápidos para emigrar parece acompanhar os emigrantes habitando nas terras onde tem rios o que insinua que baseando nessas actividades assim como no vocabulário utilizado reunimos uma possibilidade de retraçar alguns aspectos ligados às origens Até numa época relativamente recente os colonizadores remarcaram de cer to modo que África contém muito espaço não habitado No caso específico de Angola notamos que nenhum grupo etnolinguístico gostava de viver no deserto ou num espaço sem água Até as populações de Kalahari preferem viver onde há oasis Mas tudo isso deve ser tido em conta Vide também para a evolução de toda a língua Fodor i The rate of linguistic change Londres la Haye Paris Mouton Cie 1965 p85 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 229 I3 As Etapas subsequentes471 No primeiro estádio as nove comunas passariam a vinte e sete isto de acordo com os Kôngo que querem ver interpretada a sua evolução evolução essa que é semelhante com o número três Portanto se nove comunas formam um só território três territórios serão vinte e sete comunas realizandose paulatina eou progressivamente ou seja de nove para dez ou doze de dez ou doze para onze ou quinze e assim adiante Mas vamos aqui intervir as palavras que acompanharam estas etapas Não pretendemos citar todas elas Na verdade pensamos reunir aqui dados que antes de mais são susceptíveis a um acervo científico e mesmo que a tese em si esteja errada acreditamos que estes dados sejam bastante úteis para os especialistas Primeira Fase em princípio uma só pessoa com o seu Conselho tratava das preocupações do povo É evidente que não havia ainda uma sociedade muito vasta o que não impedia a competência desta Pessoa Amiga junto com o seu Conselho todas essas hipóteses são unicamente verificáveis num territórioMpûmbuZûmbu Portanto dois territóriosMpûmbu Zûmbu fazemnos pensar em dois Reis Assim de acordo com a 471 É evidente que outros autores têm diferentes opiniões a respeito desta evolução De qualquer forma estamos aqui a tentar interpretar a linguagem que se esconde por detrás da Tradição oral Theophile Obenga tentou fazer a mesma coisa apoiandose na linguística mas num projecto diferente do nosso emigração bantu Vansina superou uma realidade interpretar pela primeira vez a génese do Kôngo baseandose nos elementos da língua Ter conferido Jean Cuvelier como não as suas hipóteses corroboram em parte com a Tradição do Kôngo que este publicou no Kukiele Traditions Congolaises Reconhecemos que certas realidades exclusi vamente do Kôngo escapam à sua textura literária Apesar disso é bom reconhecer também que Jan Vansina é sem sombra de dúvida um dos primeiros se não o primeiro a tentar explicar cientificamente baseandose na linguística a evolução cronogramática da sociedade do Kôngo A opinião de Gonçalves Le lignage contre lEtat é um progresso sobre aquilo que Vansina tinha feito O autor é essencialmente descritivo reunindo vários dados de natureza diferente O que trouxemos aqui é simplesmente releitura crítica e objectiva sobre os dois autores citados sobretudo porque temonos apoiado bastante nos dados linguísticos e da Tradição oral Foinos não somente necessário dizer que MBÂNZA foi capital mas sobretudo explicar o porquê deste nome serviu para designar este lugar e quais seriam as vicissitudes para chegar até esse ponto Mas tais análises fazem entender que o actual MbânzaKôngo não seria a pri meira capital na qual todos pensam originar pela simples razão que é realmente a última Os dados em si ensinam qual a história que é a base deste nome Assim fizemos adiante As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 230 organização do Kôngo472 três territóriosMpûmbuZûmbu compõem um só país isto é nsi473 Deste modo teríamos tRÊs Reis É justamente neste nível que parece começar a existir diferentes Reis num só povo por razões de espaço Logo no princípio os Reis subsequentes pagavam tributo ao principal474 isto quer dizer que as regiões posteriormente ocupadas tinham representantes e chefes e estes últimos pagavam o tributo ao representante da sedeMãe A terminologia teria nascido a fim de especificar estas relações entre os Reis PosteRioRes e o Rei ANteRioR A causa era o alargamento do território do espaço esta terminologia parece ter nascido juntamente com os emblemas que mostravam a dependência dos Reis PosteRioRes ao Rei ANteRioR e isso era nkûtu ou seja um saco em fibras de abacaxi A tradição é Na Mbâmba ye khoto Na Mbãta ye khoto Khoto u kueno ka luniemina Gatungilulula go475 encontramos esta tradição em todas as partes do velho Kôngo com as pequenas mudanças de nome das Autoridades e variação de formas 1 as pequenas mudanças são Ne Nsûndi para Ne Mpângu etc 2 a variação de formas são Ma Nsôyo nkûtu Ma Zômbo nkûtandi mpe Awônso avana 472 Batsîkama RVoici les Jagas ou lHistoire dun peuple parricide bien malgré luiONRDKinsasa1960pp186198 473 Van Wing escreve que Havia no Kôngo uma mulher que foi mãe de origem ngûdia kisina Deu à luz bûta a muitas filhas três a seguir ao tempo e três ou mais descen dentes directos fizeram uma linhagem três linhagens in Etudes Bakongo 2 Socio logie et Magie Goemaere Bruxelles 1921 p86 Na pág 94 o autor continua a explicar que a terra que ocupam os Kôngo é um bem comum pertence a todos quer vivos quer mortos ancestrais Mas pertence sobretudo aos ancestrais eis a razão pela qual as Leis que os Ancestrais estabeleceram Mpânzu za Bakûlu ou Lukobi lwa Bakûlu que representa a sua presença são muito bem respeitadas porquanto todos têm reverência perante os mortos os ancestrais É a crença segundo a qual se os ancestrais não forem respeitados castigam os vivos 474 isto está confirmado pelas próprias palavras ligadas a estas sedes de três diferentes concomitantes dos repertórios orais assim como da cultura material Para além daquilo que temos escrito precedentemente o resto das escritas vão paulatina e progressivamen te cimentar esta afirmação 475 Citado por Jean Van Wing Etudes Bakongo 2 Sociologie Magie et Religión Goemaere Bruxelles p37 o autor traduz desta forma o senhor de Mbâmba tem o seu saco o se nhor de Mbata também tem o seu saco o saco do vizinho não se pode desfazer Ambos Ne Mbâmba e Ne Mbâta vão refazêlo este repertório como podemos ver conota para já o sentido de dois reis reconstruirem a economia do rei principal As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 231 zûmbu ku nzoa Nzâmbi kuna KôngodyaNgûnga476 Nkutua Bwênde kenge nkayi Mwê Ngôyi tinise Mboli Ma Ngîdi Ne Nsûndi vonde kumi fute mosi477 etc De facto o que significa realmente esta tradição em princípio temos duas Autoridades que se respeitam mutuamente um ao outro e assim já voltamos aos sentidos de Ngîdi estar em boas relações recíprocas e Ngândi ter relações excelentes um com o outro assim como outros nomes que já vimos atrás Portanto os dois não se desfazem um ao outro e os seus respectivos nkûtu juntos refazem o outro tal é o sentido desta tradição Porém a narração faz pensar num terceiro nkûtu que é formado pelos dois primeiros Usase o verbo refazer reconstruir ou ainda reformar porque já existia um antes dos dois outros subsequentes isto na concepção dos emigradores Começamos por informar que a palavra NKÛtU não só significa saco em fibras mas antes de tudo colina montanha topo de uma montanha onde se erige uma aldeia escreve Laman478 Assim a palavra deriva de kûta cruzar os braços juntar as mãos ligar atar ou pôr junto kûta pôr de lado guardar economizar respeitar proteger salvaguardar salvar conservar kûta juntar reunirse em massa povo kûtama ser pôrse junto reunido estar presente assistir a estar de acordo kûtana juntar uns próximos dos outros 476 o Chefe de Nsôyo possui a sua economia o Chefe de Zômbo também Portanto am bos encaminham para KôngodyaNgûnga para a oferta na casa de Deus É de lembrar aqui uma alteração nos assuntos da igreja Assinalamos no entanto que a palavra zûm bu significa também uma coroa feita de ramos de palmeira para além do verbo zûmba significar oferecer dar presente etc Não é tão fácil encontrar esta versão nos cristãos de Kwîmba até de Zômbo onde a igreja protestante BMs é popular todavia pode tam bém observar algumas inclusões relativas às realidades sociais e religiosas entre outras populações dessa zona 477 Uma tradução corrente e também fomos prisioneiro dela é encontrase a perdiz na colina floresta elevada de Bwênde razão pela qual o chefe de Ngôyi faz fugir para longe a sua ave ave da realeza Mesmo assim o poderoso Ne Ngîdi autoridade de Nsûndi con segue matar dez perdiz e Mbôli e paga apenas uma ave para tributo De igual modo remarcamos aqui uma metamorfose semântica Mesmo assim a análise das palavras assim como da frase testemunha a versão provavelmente mais antiga que reproduz o Padre Jean Van Wing 478 Ver o Dicionário de Laman p736 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 232 o sentido da montanha dentro da palavra NKÛtU faz retornar aos termos tratados anteriormente quando o Kôngo terá deixado de ser uma única Mãecomnoveseios Por outras palavras já não existia apenas um território pois aumentouse mais ainda Muitas vezes esta palavra é acompanhada por mfûmu para designar o seu proprietário479 o que significa que a montanha teria estado ligada a uma autoridade os Kôngo dizem assim escreve De Munck Kutu kana kuoliole kalende yoka mfûmuandi ntu ko480 o Rv Gabriel Vinte e Cinco escreve no seu esquisso sobre Os Kibala Sua origem e tradição que depois de longa caminhada atinge uma área e aí fixase numa montanha481 sublinhamos montanha No entanto e insistindo sobre estes kutu os dois NKÛtU dizem ReCoNstRUiR ReFAZeR e ReFoRMAR um terceiro Nkûtu isto é tal como indica o substantivo tûnga pagar tributo eis todo o sentido desta tradição Prova disso é a utilização do verbo tÛNGA igatûngulula na maioria das versões conhecidas Normalmente para além de significar CoNstRUiR e MAQUiNAR tûnga também quer dizer HABitAR e eDiFiCAR este último sentido conota com o de bitûnga que em Mayômbe por exemplo designa BossA ou em outros idiomas como Vili e Kilâdi significa terra elevada de uma tomba colina ou para fazer pequena cultivação Logo voltamos à cidade ou à colina do chefe Deste modo já não existe apenas uma só colina do chefe mas três os dois últimos sem se desfazerem um do outro e conservando o respeito mútuo constroem tUNGA ou melhor reconstroem o terceiro Por outras palavras PAGAM tRiBUto Ao Rei PRiMoRDiAL e tudo parece resumirse na palavra três A tradição especifica que Mu mazînga batûka MBONDO LUKENI NZA LUKENI NKWANDANDA LUKENI makukwa matatu malambe Akôngo482ou seja De Mazînga vêm Mbôndo Lukeni Nza Lukeni e Nkwândanda Lukeni os três pilares onde se cozinha os Kôngo 479 Dono do Nkûtu 480 tradições recolhidas por De Munck e que está na Biblioteca da Universidade Católi ca de Louvain na Bélgica Fomos ajudados pelo Historiador John thornton que teve a amabilidade de nos enviar uma cópia das suas anotações sobre estas recolhas que na sua opinião não tem ninguém para a sua leitura por ausência de faladores da língua Kikôngo 481 Vinte e Cinco G Ver Os Kibalas Sua origem e Tradição Núcleo Centro de Publicações Cristãs Queluz 1992 p13 482 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda p54 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 233 De acordo com um dos Historiadores que tenta melhor estudar o Kôngo do século XVii John thornton483 Bernardo Da Gallo tem reconhecido que as guerras no Kôngo do século XVii resultaram das disputas entre os três grupos da família real nomeadamente kinlâza Kimpânzu e Kinkânga Mvîka o autor acredita e tenta explicar que este facto teria ficado gravado na História neste sentido Kinlâza kimpânzu e Kinkânga são as três pedras nas quais é cozido o Kôngo isto é makukwa matatu malâmbe Kôngo o autor como é óbvio cita diferentes opiniões de Aberto Manuel Ferraz484 de Henriques Abranches485 e de Raphaël Batsîkama486 Não duvidamos que haja outros impactos a este respeito Relativamente a esse assunto vamos ver essencialmente o que nos é cientificamente explicável através de palavras consoante o pensamento colectivo do Kôngo Vamos então começar por analisar o número três que se diz tatu em kikôngo e kukwa487 que eram três Ma Kukwa Kuka fazer elevar uma terra construir e elaborar uma terra elevada para semear por cima Kuûka estar deliberado libertado deixado recomprado Kukula tomar retirar levar reunir pôr tudo junto e levar consigo comprar muito ou tudo no mercado 483 Cfr International Jornal of African Historical Studies Vol 34 1 2001 p102 Mas para mais explicações aconselhamos a sua obra intitulada The kingdom of Kongo Civil Warand transition 16411718 Madson 1983 obra que qualificamos de grande referên cia especialmente pela história destas décadas Podese também conferir o seu trabalho sobre Ndona Beatrice o autor fala de Kimpa Vita and Antonians 484 Numa conversa que tivemos com Ferraz Presidente de um partido angolano com grandes fundamentos do Kôngo ele baseouse nas escritas de Raphaël Batsîkama Kôn godyaMbângala KôngodyaMulaza e KôngodyaMpânzu 485 este autor baseiase em investigações de terreno Alguns escritos dactilografados es tão acessíveis na Biblioteca do Museu Nacional de Antropologia onde trabalhávamos no Departamento da investigação Científica Analisando estes escritos demos logo conta da equipa técnica muito funcional nas traduções e em certas sugestões muito interessantes e o autor aceitou com muitos arranjos ou digamos com um enquadramento científico 486 Tratase de Raphaël Temos beneficiado de diversas discussões com o autor Na sua opinião este número três era sagrado nos Kôngo de tal forma que designava quer as províncias quer as principais famílias quer a divisão territorial Não forneceu as devidas provas para nos convencer de forma científica nem figura as convenientes explicações nas suas escritas publicadas até ao momento Depois de muitos estudos descobrimos que Raphaël se apoia nas escritas de Jean Van Wing para além de ser algo herdado junto da cultura do Kôngo onde pertence 487 Pedras que sustenta a panela As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 234 Kikukuma o que é grande falando da montanha mas também de pessoa Kuka sufixo a ser suficiente para estar cheio perfeito completo acabado ser ou estar correcto inteira Tatu tatu três tatu cara prezado estimado amigo paz Na tatu ser ou estar ligado a tatuka que faz barulho a fim de ter a atenção de todos muito brilhante ressonar tata colar fazer aderir suspenderse a ligarse a secar desaguar estar junto tata significa especificamente no Mayômbe ser reduzido em carvão ser queimado inteiramente tatama fazer queimar incendiar tamisa aderir tatikila começar originar inaugurar fundar principiar nascer amanhecer iniciar Antes de mais remarcamos que a palavra três tatu significa amanhecer ou começar Justifica o facto de o Padre Jean Van Wing488 ter sito informado que o país começou com três aldeias apesar das expressões que muitas vezes o desorientavam expressões como que o Kôngo teria sido iniciado com uma mulher que tinha nove seios ou ainda a coroa do Kôngo chamada vinte e sete ou doze argolas A respeito da palavra três como podemos observar entre nove doze e vinte e sete como expressões ligadas à origem do reino do Kôngo é o perfeito divisor ou o denominado comum eis a razão pela qual tatama e tata significam queimar secar e desaguar para além de começar e principiar o que significa que o reino do Kôngo começou de acordo com os elementos da língua numa região de grande calor489 488 Raphaël Batsîkama estudou profundamente este autor traduzindo parcialmente de acordo com a cosmogonia do kôngo no livro de Monsenhor Jean Cuvelier Nkûtama mvila za makânda mu nsia Kôngo Não conseguiu acabar esta tradução muito explicativa e profunda por causa da vista enfraquecida e da velhice Nem o nosso auxílio durante praticamente dois anos permitiulhe finalizar 489 Assim diziamos na primeira parte existe uma origem primordial esta localizase no Mayânda palavra que significa oRiGeMsULCALoR ao mesmo tempo ora nos topóni mos que existem na África austral encontramos MBÂNGALA palavra que para além de certificar MUito teMPoCALoR localizarseia no sul em relação à situação geográfica actual dos Kôngo esta é a origem comum dos Kôngo em geral eis porque os Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 235 encontramos nesta primeira fase de igual modo o sentido de Prezado amigo ou Amigo íntimo tatu Deste modo voltamos aos vocabulários MPÂNGI NKÛNDI KÂNDA e NGÂNDI que significam especificamente amigo prezado amigo amigo íntimo parente na linguagem de hoje mas está semanticamente provado que significavam Mestre da Casa Real Justiceiro490 ou Unificador491 No momento em que tatu continua a indicar isso de uma forma implícita o elemento kukwa vem explicitar que kukula tem por significado mercado confirmando assim como temos demonstrado atrás que se trataria realmente do justiceiro que corresponde a tatuka isto é fazer barulho a fim de atirar a atenção de todos como se faz no tribunal tradicional Kuka ou kikukuma como montanha é uma imagem ou ilustração reflexiva da Casa Real Portanto quando são três montanhas makukwa matatu a ideia de perfeição de algo completo e bem acabado está em evidência explicar o porquê cativou a nossa preocupação nas páginas anteriores estes sentidos ficaram gravados até no verbo lamba 1 estenderse durar muito tempo crescer em comprimento ou elevarse em altura 2 cozer cozinhar ferver tornar carvão preparar os alimentos comida ou pôr no fogo 3 fazer barulho sem pausa querelar com manter uma discussão com lambata passível inclino à paz tranquilidade Analisando os mitos da origem do mundo nos Kuba e baseando se sobretudo nas escritas de torday e Vansina Luc de Heuch chegou a essa observação o sol aparece e a vida surge A secagem é a condição necessária para esta criação De facto existe um paralelismo completo entre antes de iniciar os Kinzônzi palavras quer no casamento quer nos funerais como no caso do nascimento ou seja ainda nas canções rituais ou nas invocações dos ancestrais etc repetiam a frase KUNA KONGODYA MBANGALA ATUKIDI AMBUTA Como observou Van Wing assim como todos os missionários que tentaram explicar a socieda de do Kôngo este Mbângala ou KôngodyaMbângala situase no Kalahari inferior 490 Mbele lulendo zênga Mpûmbulu zenga Mfûmu mpe a Faca do chefe aleija qual quer um mas aleija também o próprio chefe diz o provérbio ou como dizia Raphaël Batsikama o representante dos Mortos bisavós teme o castigo dos Ancestrais mais do que qualquer outro na sociedade Voici les Jagas eis a razão pela qual não somente é autorizado a vender a terra mas é obrigado a observar as leis tais como estipulam os Mpângu za Bakûlu para conservação da mesma Constituição que deixaram os Ances trais ou seja ele deve ser um fiel intérprete da Lei costumeiro usos e costumes 491 John thornton escreve que Lopes tradition as the oldest one provides us with im portant insights into the early kingdom suggesting that it was formed by voluntary and compulsory agglomeration of neighbouring states around a central core in the ori gins and early history of the kingdom of Kôngo p13501550 The International Journal of African Historical Studies 34 nº1 2001 p104 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 236 o mito da criação do mundo e o ciclo cultural de Woot Do mesmo modo que Deus criou nove animais fundamentais Woot deu à luz nove filhos no mundo492 Kuba e Kôngo têm vários mitos ou lendas semelhantes Pensase que a penetração dos europeus no Kôngo antigo teve estrénuas influências e impactos efectivos reais até no país de Bushong onde as narrações certificam as caravanas KôngoKuba De qualquer modo citamos De Heuch apenas para completarmos a hipótese segundo a qual o sol calor e o sul estão em grande paralelismo com as origens do reino do Kôngo Segundas fases493 Podemos reparar que makukwa significa lar isto é a casa ou melhor o país ninheiro de térmitas Com o sentido de montanha ou terra elevada khuki bikuku vemos aqui indicado o país com o seu Nkayi e é neste sentido que a expressão makukwa matatu malambila Akôngo teria imortalizado na nossa opinião as segundas etapas da reunificação do Kôngo o uso de nkûtu um dos emblemas do poder indicava a unidade do povo falando de poder executivo o verbo kûta significa estar reunido falando do povo ou das abelhas Diferentemente de batuque nkûtu indica a dependência de diferentes autoridades a uma só autoridade especialmente no domínio da economia Aliás vimos nos relatos sobre os nove caçadores que encontraram kutu lanças ou flechas e facas estes elementos apontam a força Lanças traduzemse por mata plural de wûta razão pela qual Mata MaKôngo é relatado nos relatórios orais como o rei unificador e poderoso Mata Ma Kôngo yayâla Kôngo kiyâla Mpângu Ko494 isto é 492 Le soleil apparaît et la vie surgit La sécheresse est la condition nécessaire de la création en effet il existe un parallélisme complet entre le mythe de création et le cycle culturel de Woot De même que Dieu créa neuf animaux fondamentaux Woot mit neuf enfants au monde Luc de Heuch Le roi ivre et lorigine de létat Gallimard Paris 1972 p157 493 Conforme indicam os termos analisados existiram várias minifases nesta segunda fase 494 Cuvelier J Nkutama mvila za makanda p14 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 237 apesar de dirigir o país do Kôngo não manda na Constituição495 que é reservada a Mani Kabûnga É verdade que a força obriga à submissão Aqui metaforicamente as Armas de Kôngo Num primeiro instante a abundância económica teria criado vários ricos Nkani de Jan Vansina cuja concorrência para dominar e controlar o resto da população teria sido possibilitado pelas relações totémicas sociológicas os relatos sobre Nkûtu assim como a trama semântica sobre MAKUKWA e tAtU explicam em melhores condições Já explicámos isso nas primeiras fases que teriam continuado no princípio das segundas fases A primeira minifase das segundas fases caracterizase pela existência de Governadores interindependentes nas mesmas populações espalhadas num denso território Devido ao alargamento de espaço o povo teria sido dirigido pela mesma família aliás assinalada também por Denise Paulme cujo aparelho administrativo comparando às realidades actuais pode ser posto em paralelo com diferentes poderes provinciais sem poder centralizado mas ligado no entanto pelas relações sociológicas Até nessa época o substantivo NKÛtU explica melhor o ambiente políticoadministrativo Depois a concorrência económica aliás é naturalmente humana como explica Georges Balandier na sua anthropologie politique cria progressivamente os motivos de poder desta vez centralizados se partimos do princípio que o Homem é egoísta por natureza é óbvio que chegamos a uma eventual conclusão que a experiência da inter independência de diferentes NKÛtUColinaeconomia terá favorecido a luta de interesses e de poder Daí surge a segunda minifase de FoRçA Mata ma Kôngo essa minifase de Mata ma Kôngo se é que devemos traduzir literalmente como reza a tradição enquadrase na era do Ferro496 que trouxe uma civilização de Força e mais tarde ou simultaneamente a civilização 495 Mpângu tal como vimos traduzse por Regulamentos através dos quais os Kôngo se reconheciam como amigos Mpângi isto é Mpângu e Mpãngi têm a mesma raiz apesar de sentidos diferentes 496 Não é a periodicidade dessa idade de Ferro que é tido em conta aqui Referimos aqui às características sociais do Homem dessa época As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 238 de consenso497 eis porque e assim reza a tradição Mata ma Kôngo dirige o país mas não manda acima da Constituição o que quer dizer que a força das armas é altamente reconhecida sem intimidar a essência das Regras como base de harmonia social isto implica que as armas no Kôngo teriam sido legalizadas na sua funcionalidade administrativa pelo colégio dos Constitucionalistas ou seja pelos Conservadores das Leis tal como são geralmente tratados ora partindo do princípio que os Mata ma Kôngo foram os membros da família de BesiKinzînga e que os Constitucionalistas formam os BesiKinsâku de forma resumida está explicado o duelo NsâkuLukeni498 isto é a luta mais temida e mais falada na Civilização do Kôngo499 tratase de uma explicação logicamente antropomorfizada cuja essência histórica está contida na semântica inerente às personagens referidas Logo a seguir e como concluem as histórias de conquistas ou melhor de ocupação e pacificação com a Leis e ancestrais da terra ocupada procedese à fundação da capital eis a razão pela qual todos os cronistas ou antigos historiadores nos seus relatos acabam por concluir que Lukeni erigiu a sua capital em Mpêmba Kazi Não mencionam a palavra capital mas dizem simplesmente que fundou Mpêmba ou Nzûndu tadi ou seja Mbânza ou Mbazi ou ainda Nkûmba Wungudi500 Vamos atenciosamente diagnosticar Nzûndu tadi como substantivo ligado às origens Lundu nyi senga dos Côkwe por exemplo para providenciar mais elucidações ao leitor I4 Nome do País das Origens Nzûndu Tadi todas as populações que François Lamal501 estudou no país de 497 se a conquista marcou as civilizações europeias o motivo da fundação dos impérios reinos e repúblicas e as realidades africanas e sobretudo angolanas são totalmente outras Apesar de não excluirmos as conquistas nas reunificações angolanas é evidente que a reunificação dos reinos que se localizam no espaço angolano tinha amizade irmandade e siblings como motivo de fundação dos reinos 498 Como podemos ver no último capítulo da primeira parte desse livro Lukeni pertence à família dos BesiKinzînga uma vez que era filha de Mazînga 499 Podemos ver as explicações razoáveis no primeiro capítulo quando comentamos so bre as filiações entre KôngoCôkwe 500 Aconselhamos a leitura das origens dos reis do Kôngo quando falamos de Mbânza e outros eventuais nomes que teria levado ao curso da sua história 501 Lamal Fr Bayaka et Basuku dans le District de Kwângu et Kwîlu Ver a Bibliografia Aconselhamos também a leitura de Cuvelier J Nkutama mvila za makanda e De Munck J Kikûlu kya nsietoa Kôngo os dois livros publicados em tumba As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 239 entreKwânguKwîlu falam de imbângala Nzûndu tadi Kôngodya Mbângala Nzûndu tadi ou simplesmente de Nzûndu tadi como país de origem Aqui vamos tentar explicar o que significaria este termo juntamente com Mbângala ou KôngodyaMbângala Aliás não seria por acaso que etunda502 em Umbûndu queria dizer nome da cidade vila ou aldeia de onde saiu um rei entronizado503 escreve o Rev etaungo Daniel no seu dicionário UmbûnduPortuguês A expressão Mbângala Nzûndu Tadi traduzse por Mbângala como nome principal e Nzûndu tadi a localização precisa deste país Portanto o que significa NZÛNDU tADi em princípio a palavra Nzûndu deriva de zûnda yûnda hûndula que quer dizer levantar uma terra acumular e levantar algo estar elevado yûnduma ou estar saliente amontoar tADi designa pedra mas traduzse também por riqueza tal como sustenta muitos autores504 Passamos à descrição que António Cavazzi oferece sobre um certo Nzûndu tadi Nas duas léguas de Cabasso505 no meio das planícies de ARI506 situadas na margem direita do Cuanza frente à província de Libollo há um íngreme amontoado507 de pedras semelhantes a mais de 100 léguas508 502 salientamos que o palatal t varia em y o que significaria que etunda era uma das formas de eyunda ou seja ezunda zûndu A linguística comparativa de Kikôngo Kimbûndu Côkwe Umbûndu e Nyaneka prova isso largamente Vide as obras de sil va Maia A Portuguêskimbûndukikôngo línguas nativas do centro e norte de Angola Cooperação Portuguêsa 1994 pp658 e também pode verificar nas análises linguísticas de théophile obenga na sua obra intitulada Les Bantu Présence africaine Paris 1985 376pp 3 e finalmente pode compararse com as teorias presentes na edição de Billiz J Contacts de langues Modèles typologies interventions 2003 pp 318 503 etaungo D Ondisionaliu yumbundu dicionário de umbûndu 1ª edição de 2002 p187 504 Laman Bentley Raphaël Batsîkama Leon Bittremieux etc 505 De acordo com as análises cépticas que tem produzido Virgílio Coelho num artigo muito interessante sobre Kabassa e Kakûlu Kabásà seria o local onde encontrariamos o chefe secular da região Ora onde vive este chefe é chamado Mbânza no Kôngo De outra maneira o local que encontramos Kabásà ou Cabassa de Cavazzi é a capital 506 sublinhado por nós Mais tarde será elucidado o que significa este termo juntamente com Nzûndu Aqui Cavazzi não menciona o termo Nzûndu talvez nunca foi informado acerca disso Neste caso tornarseá difícil apoiar a ideia segundo a qual ele fala de Nzûn du Mas uma só coisa confirmao o seu relato é já uma descrição de Nzûndu 507 Aqui como podemos ver começa já certas explicações sobre a palavra Nzûndu 508 Cavazzi A Descrição histórica dos três reinos do Congo Matamba e Angola Vol ii Junta de investigação do Ultramar Lisboa 1965 p218 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 240 Antes de continuarmos com as descrições de Cavazzi observamos que o autor conheceu as localidades que tenta descrever à sua maneira ao contrário de Filippo Pigafetta que descreveu uma MbânzaKôngo que nunca conheceu apesar dos detalhes quase extravagantes e outros pormenores Deixemnos continuar com Cavazzi Dentro da cerca daquelas íngremes rochas há um labirinto de pedras e de árvores e alguns pequenos vales com campo e praças No cimo delas há antigas e enormes árvores que dão a ideia de florestas suspensas A dita rocha do meio que como uma fortaleza se levanta sobre as outras é toda perfumada nos lados por pequenas aberturas que são os ingressos de inumeráveis cavernas mais apropriadas a feras do que os homens Esta é a resistência de um certo régulo dono de toda a região chamado o REI ARI509 António Cavazzi repetiu várias vezes o termo ARi que significa PeDRAs no plural Ausenta portanto NZÛNDU um termo semelhante conforme a apelação da região Na verdade as descrições que Cavazzi menciona acerca do reino de Angola relacionamse com o termo Nzûndu e ausentandose do próprio termo as descrições já explicam a presença do mesmo Mesquita Lima tem igualmente falado de forma muito interessante sobre estes ARi ou NZÛNDU tADi mas desta vez no país dos Kyâka510 os Kimbûndu e Umbûndu têm estes termos eLUNDU CiYUNDU otyiundu e Ci Khunda No primeiro instante preocupanos saber que ligação existia entre Nzûndu dos Kikôngo e Lûndu Ciyûndu e khûnda dos Kimbùndù Umbûndu e Nyaneka Nas metamorfoses dos fonemas nas línguas Bantu o L relacionase com Y quando a pronúncia é surda Até neste ponto a questão poderia ser simplesmente dialectal Nasalizase NK para NL e NZ para NY É exemplo NZÛNDU LÛNDU e KHÛNDU como vamos tentar provar em Umbûndu Lûndu511 Morro de salalé outeiro elundu512 Hûndu farelo 509 Cavazzi idem pp218219 510 tratase de um grupo Umbûndu o facto é também pelos Nyêna outro grupo Umbûn du Podemos ler a sua obra intitulada Os Kyaka vol i Quando fala das habitações nas montanhas e colinas em forma de ronda círculo e habitações ligadas às pedras peque nas médias e grandes Ver as fotografias e as pp 2849 511 ZûndadyaNgôla Kûndi Lûndu significa a mesma coisa nas diferentes regiões aqui analisadas 512 Ver o dicionário de Alves p586 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 241 Kûnda povoação país este último sentido não é muito pronunciado todavia é fácil reconhecêlo pelos termos kunduka ser expatriado kunduluka ou ainda melhor lunduluka ser reconduzido na pátria Aliás Ovalûndula é uma matança de muita gente carnificina ou ainda ovolundu isto é cogumelo grande Razão pela qual lundulwilu se traduz por repatriamento perto da aldeia ao regressar do mato informa Alves eKunda giba corcunda Hunda pénis giba513 em Nyaneka escreve António da silva no seu dicionário significa estar teso e traduzse por Okwalunda okwalundwa514 tûnda sair de casa pontapear fora de casa excluir do lar comum em Nyaneka os sentidos são os mesmos onkhunda515 bossa corcunda ongongo o giboso chamase wonkhunda ekundu okapûnda outeiro Ngono onkhundu farelo Kundola vali motyilongo e Kundulwa kundoka vali motyilongoi traduzemse por repatriar Aqui otyilongo quer dizer país Portanto kundu retém ainda os sentidos antigos do país pelo facto de designar repatriar isto é contém o sentido da pátria etunda terreno arenoso ou alto em relação às linhas de água e portanto seco Mas atundu traduzse por território da Jurisdição516 Elunda okalunda é um terreno de cultura em lugares de antiga residência ou curral terra de argila encarnada omphunda sinónimo de ekolo montanha ou ephunda grande aldeia que se situa ao pé da montanha em Nyaneka usase okwalunda ou okwalundwa517 para dizer estar teso levantarse tal como a montanha em Côkwe Khunda corcunda giba bossa marreca518 cikhundu bossa corcova ou cotovelo em tronco de arvore519 513 Alves A Dicionário etimológico p187 514 Ver p574 515 Relacionase com Zûnda dyaNgôla e Kûndi que vimos atrás 516 Ver o dicionário português nhaneca p574 517 Ver p574 do mesmo dicionário do Padre António 518 Ver p196 519 Ver p197 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 242 Lunda montão acervo pilha Adriano Barbosa especifica na p 298 do seu dicionário aquilo que se coloca acima de outros objectos Aliás está aqui a ideia de montanha porque lundulula traduzse por desamontoar e lundumuna deixar cair derrubar deitar abaixo ou fazer cair Cihunda aldeia povoação Mahunda traduzse por nó isto é família pátria Kunduka ser expatriado expulso exilado Lundama ser estar ou tornarse saliente proeminente elevado elevarse alterarse amontoarse acumularse520 É neste sentido que hunda se traduz por pénis e ao mesmo tempo por giba corcunda521 Ciyundu yiwundu terreno negro e rico à beirario não alagado escreve A Barbosa Cikhundu terra elevada colina Quem chefiava lá era Kûndi termo que em Umbûndu quer dizer responsabilidade cargo missão de acordo com Alves e kundu kundu o homem mais importante de uma terra522 Lunda em geral significa terra abandonada A designação de terra da amizade vem de um pacto que ali foi feito entre algumas tribos hoje conhecidas por lûnda assim escreve Fernando de Castro soromenho523 ao relatar a lenda da terra da Amizade Voltando à questão inicial vemos que Nzûndu dos Kôngo tem múltiplos laços com Nyûndu ou Lûndu dos Umbûndu Etûnda ou Omphunda dos Nyaneka e Lûnda ou Cihunda dos Côkwe sem esquecer de Zûndadya Ngôla nos Kimbûndu escreve António Cavazzi Designa grosso modo o lugar principal de uma antiga povoação ou o ponto principal de um país inteiro estes termos antiga sede de Chefe pela diversidade linguística produzida confirma ou melhor explica satisfatoriamente o porquê de os Kôngo escolherem exclusivamente uma colina para erigir a capital do seu país assim informam os repertórios orais auxiliados pelas palavras Já era um hábito Mais acima citámos António Cavazzi que tenta esclarecer este NZÛNDU tADi a que chama simplesmente de ARi Prossigamos nas 520 Ver p291 521 Ver p187 522 Conferir a sua obra Dicionário etimológico Umbundu p411 523 De Castro soromento F Lendas negras editorial Cosmos Lisboa 1930 p39 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 243 descrições de Cardonega especialmente naquilo a que se dá o nome de Reino de Angola tudo o que falámos foi sobre o reino de Angola e sobre os seus reis antigos e nomeavase este território de Dongo pelas suas províncias e senhorios separados por aqueles reis que devem aos seus filhos chamandolhe AiRi por ser senhor da província de AiRi e por outros AiRi Aquiloangi outro intitulavase senhor das PeDRAs de Mpûngu e outro das de MUZUNDU e tandala de Cari 524 Nesta descrição sublinhámos Senhor das Pedras de MAU PUNGO e senhor das Pedras de MAUNZUNDo É de notar que António de oliveira Cardonega escreve sobre a História das guerras e as autoridades que enumera são assim chamadas de acordo com as cargas sociais que exercem Tandala de Cari Ne tandala de tadi ou Ari de Cavazzi é General das Forças Armadas Quanto a MAU MPÛNGU e MAU ZÛNDU são corruptelas de Mwêne Mpûngua Ndôngo Mwêne Zûndu ou ainda de Mwêne ZûndadyaNgôla e como aparece NZÛNDU permitanos argumentar da seguinte maneira em 1564 Francisco de Giovani escreve uma carta ao Padre Diogo Mirõ no dia 1 de Novembro e chama o soberano de Ndôngo isto é Ngôla Mbâmbi525 De facto Ngôla significa força vitalidade etc Quanto a Mbâmbi significa grande fortaleza tal como este autor e tantos outros explicam o sítio é inexpugnável porque como os espaços entre uma e outra rocha estão ocupados por densas moitas e abrolhos o ingresso está sempre bem defendido Mas se as duas maiores entradas fossem fortificadas pouca gente bastaria para as defender526 ora isto designa por outras palavras um NZÛNDU527 em 1564 ou melhor no fim do século XVi o soberano Ndôngo chamado Ngôla Mbâmbi por Francisco de Gouveia assim como por tantos outros Padres e homens de negócios curiosos de conhecer melhor esta África Portentosa era considerado como um braço de ferro pelos residentes estrangeiros e negociantes no Kôngo podemos substancialmente confirmar isso através das suas correspondências Aliás a tradução do 524 Cardonega A História Geral das Guerras Angolanas iii Agência Geral das Colónias Lisboa 1942 pp155156 525 Brasio A Monumenta Missionária Africana ii Agência Geral do Ultramar Lisboa 1953 p528 526 Cavazzi A Descrição histórica de três reinos de Congo Matamba e Angola Junta de investigações de ultramar Lisboa 1965 p219 527 Cfr Fontes e Estudos nº45 19981999 ver as versões que cita o Padre metodista a respeito de Mpûngua Ndôngo uma montanha gemenal As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 244 seu título NGÔLA MBÂMBi autenticao António Cavazzi assinala que o rei de Angola tinha também o título de Mwene ZûndadyaNgôla528 ora sabemos muito bem que foi o senhor destas pedras que corroborava com aquilo que argumentámos atrás sobre os sentidos da primeira Mãe Autoridade reunificadorajusticeira do povo na sua génesis Mãe que habitava numa colina insistindo um pouco sobre o título de Mwêne ZûndadyaNgola digamos que a palavra se traduz literalmente por Casa RealJusticeiro doUnificador de Ngôla Como já temos visto atrás com os termos que designaram pela primeira vez a Mãedenoveseios Zûnda designa a Casa Real a Colina da Justiça o Lugar Alto para a Reunificação dos povos esse termo carrega toda a sua História em termos concretos tratase da capital onde vivia o chefe administrativo529 e o seu Consagrador530 ou como Virgílio Coelho a chama KábàsàKakùlù a cidade real531 Cardonega por um lado e Cavazzi por outro quando descrevem as regiões percorridas estão motivados a dar as precisões geográficas porque o primeiro ao fazer o relatório das guerras está azougado a 528 Cavazzi Livro segundo 127 p254 529 Van Wing J Etudes Bakôngo I Histoire et Sociologie Goemaere Bruxellles 1921 p39 thornton J K the origin and early history of Kôngo in International Jornal of African Historical Studies Vol 34 nº1 2001 pp 134 soret M Les Kôngo NordOcciden taux PUF 1959 Paris p39 Paulme D Les civilisations africaines PUF Paris 1962 p88 etc 530 tratase de Nsaku Ne Vûnda existem autores que sustentam directamente que a cidade real era simplesmente habitada pelo Rei Mani Kôngo e que o seu consagrador vivia no Nsôyo Desde uma determinada época isso foi real muito antes de o Kôngo ser descoberto todavia noutras regiões observase ainda este uso de Consagrador e a Auto ridade administrativa da região viver numa mesma cidade todas as narrações até então recolhidas e ao nosso alcance confirmam que nas primeiras eras da fundação do reino residiam duas autoridades na cidade real o rei e o seu consagrador Cf Cavazzi De Montecuccolp J A Descrição histórica dos três reinos do Congo Angola e Matamba Junta de investigações do Ultramar Lisboa 1965 Vol i pp297307 santos e Maza edição do Autor Lisboa 1965 pp6163 e Lopez D Pigafetta F Relação do Reino do Congo e das terras circunvizinhas Agência Geral do Ultramar Lisboa 1951 p32 531 Zûndu Yûndu Aliás a palavra Kûndi que deriva de hûnda yûnda relacionase com ZûndadyaNgôla Mais atrás vimos que Kûndi derivava de 1 Kûnda ir voltar a casa habitar ficar fazer viagem para um determinado sítio 2 Kûnda tronco sede ban co escabelo para sentarse 3 Kûnda altura colina planalto terra elevada 4 Kûndana zénite sol estar localizado acima Pode relerse a descrição deste ZûndadyaNgôla no livro citado e veremos que se trata realmente daquilo que descrevemos atrás sobre a Casa RealdoJusticeiroUnificador As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 245 apresentar algo mais completo enquanto o segundo é um conhecedor ímpar das regiões africanas Na época em que eles estão escrever uma só descrição pretendia ser mais exausta a de Fillipo Pigafetta e por conseguinte os novos historiógrafos qualquer que fosse a sua formação ou especialidade faziam esforços para descrever melhor relativamente ao que teria já sido feito pelo italiano Pigaffeta532 Por essa razão533 os dois conseguiram chamarlhe como se devia se bem que com uma alteração de fonemas ZûndadyaNgôla ou ainda Mwêne NZûndadyaNgôla isto é segundo António Cavazzi Cardonega chamandolhe ARi parece limitar se a descrever uma certa Zûnda ou melhor ZûnduTadi isso também se pode justificar em termos de tempo 532 Assinalamos que o verdadeiro autor da obra foi Duarte Lopez que viveu em Mbânza Kôngo sem sair dos seus muros durante quatro anos consecutivos Quando chegou ao Vaticano foilhe outorgado um dos melhores Historiadores e geógrafos nascido dentro de uma família de Letrados Fillipo Pigaffeta este pelo contrário nunca teria visto o Kôngo que ao escutar Duarte Lopez gozou da liberdade de aumentar algumas das coisas escritas inerentes à sua formação 533 Até os Papas eram obrigados a redigirem diversas Bolhas permitindo a autorização da evangelização em nome dos estados europeus sob a bênção do Vaticano Capítulo ii O HERÓI CIVILIZADOR II 1 Introdução Vamos aqui apresentar algumas das versões sobre o Herói civilizador do reino do Kôngo Na verdade não poderíamos limitarnos simplesmente às nossas versões o que seria uma ilegitimidade vergonhosa da nossa parte Portanto para não cairmos nesta falsidade intervimos com versões de outros autores Muitas vezes não se trata directamente dos Kôngo mas sim dos Pende Lûnda e Côkwe que nos preocupou nos primeiros capítulos em demonstrar as afinidades e outros laços que estes grupos etnolinguísticos têm com os Kôngo Uma vez mais continuamos a sustentar a origem meridional da primeira família do Kôngo nas regiões de grandes calores do sul isto é no Kalahari inferior II 2 Versão Yâka Yala Mwâku excelente caçador casouse com a sua mulher Kônde Juntos tiveram dois rapazes Tsîngûli e Tsinyâma e uma rapariga Lueji Visto que os seus rapazes faltaramlhe ao respeito não lhes quis ensinar a arte de lutar e caçar Nem poderia fazêlo com a rapariga por ser do sexo fraco e isso não era permitido Mas Lueji ou Rueji casouse com um grande caçador e tive com ele nove filhos a quem ensinou Eram excelentes caçadores da região de Kânga534 Herdaram as nove aldeias altas535 do seu avô Yala Mwâku e como este ainda estava vivo Tsibinda Ilunga pai dos noves distintos caçadores inculcouos de queimar a aldeia principal onde chefiava Yala Mwâku Queimaram mas este sobreviveu 534 Kânga Kyângala Mbângala etc 535 tratase da montanha tal como já vimos atrás Nzûndu dos Kôngo Nyûndu ou Lûndu dos Umbûndu Etûnda ou Omphunda dos Nyaneka e Lûnda ou Cihunda dos Côkwe As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 248 Certo dia Tsibînda Ilunga ficou a saber que o seu sogro tinha sobrevivido e metamorfoseouo numa manta religiosa gigante Escolheu os cumes das colinas que chefiavam os seus netos como residência durante o ano da caça536 até ao ano agrícola Tsibînda Ilunga ordenou os seus netos que matassem a manta religiosa em troca de uma coroa superior No último dia do ano de caça o primeiro neto na sua aldeia localiza a ave procurada Pega na sua lança e atiralhe Acertou mas a ave sobreviveu e passou para a segunda colina O outro neto armouse e também atirou no animal Atingiuo mas não resultou e a manta religiosa continuou o seu passeio pela terceira colina principal Assim foi até à última aldeia Os nove netos juntos vão para a décima aldeia queimada Quando ali chegaram ficaram estupefactos pela segurança e a grande mestria na arte de caçar daquela gente Capturados por terem sido os devastadores da aldeia primitiva537 foram conduzidos até Yala Mwaku que se chamava Ngili ou Ngiri538 Kundi ou ainda Kondjia nkai539 ou seja Amigo ou caçador supremo que caça misteriosamente Os nove foram submetidos a julgamento Yala Mwâku diz ao seu povo que os nove não poderiam ser condenados porque tinham o nome de Kondji540 E aos seus netos Yala Mwaku pergunta a quem pertence a ave que as noves uta541 atingiram Pois isso criou mais confusões e intermináveis querelas E por fim Yala Mwaku revela Sou eu SA MAKONDE Com estas palavras os 536 entendese por isso o período dessa actividade 537 o que lhes foi interdito em princípio essa parte não vem directamente no relato Por tanto parecenos que o décimo foi o domínio dos Bisavós já mortos Razão pela qual assim explicam não se podia invadir esse domínio Primeiro porque era inacessível aos seres vivos e depois porque assim reza a tradição essa aldeia queimada era inabitável De uma ou de outra forma os Kôngo justificamse da seguinte forma mata dez e paga um chamase Ngîdi eis porquê falase aqui de Ngîli ou Ngiri Kundi Ao analisar a trama semântica encontrámos o Historial 538 Sublinhado por nós O sentido que dão a Ngili é o mesmo que tratamos aqui a respeito de Ngiri ou Ngidi 539 Tratase de Kondea Nkâyi Seke porque os Yaka e Lunda de Kwângu Município e Xmuteba Tsamuteba explicam que este Kônddjia Kai foi o melhor caçador da manta religiosa Mas a expressão Kôndji já Kai teria por equivalente Nkôndea Nkâyi Nsêke 540 Como podemos ver este nome de Konde vem de Lueji ou melhor da mãe desta Ora no sistema matrilinear se devemos considerar isto neste preciso instante Lueji e os seus descendentes são os Konde 541 significa armas no plural Alguns informadores entre os quais o meu amigo já fa lecido Deputado João Ngalangombe disse que por exemplo na sua tribo se tratava de insígnias de poder que eram nove As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 249 nove netos pediram perdão e foram batidos por um antílope Yala Mwâku foi assim chamado de Kôngolo que significa o caçador unificador Mas para acabar com a ambição dos netos que queriam apoderar se da manta religiosa isto é matar o avô Yala Mwâku mandou chamar os seus netos à corte e obrigou cada um deles a levar a sua lança mágica542 Logo quando chegaram dançaram a dança Ndjîmba e o avô ordenoulhes que atirassem a lança contra ele Os nove precipitaramse a fazêlo mas nem com isso Sa Makonde morreu Estranharam e Yala Mwaku despediuse deles nestes termos Quem terá controlo de vinte e sete lanças será o meu legítimo assassino543544 A esta versão vamos anexar outras de autorias diferentes por razões de análise comparativa e de convergência semântica Não será de grande preocupação as versões pertencerem a outros grupos etnolinguísticos como Côkwe ou Lunda isto porque todas estas versões surgem de um mesmo núcleo Yaka Pende Lunda Kuba e Umbûndu e como vimos anteriormente estes grupos têm muitas afinidades entre eles II3 Versão LûndaCôkwe Kalumbu545 matou muitas aves algumas das quais dos indua touraco Musophaga Rossae dos kolomvu faisã azul Corythaeola cristata dos mukuku coucal Centropus grillii e dos nkwanji Hornbill ou Bycanistes Depois veio a época de fome A mulher do caçador Nankoy apoderouse das penas das aves que o seu marido matou e sem que este soubesse fez um chapéu gayanda com o qual foi dançar nas aldeias vizinhas E assim conseguiu a comida E repetiu isto várias vezes escondendo 542 Poderosa segundo alguns informadores ou em geral lança venenosa 543 os informadores não especificam a palavra assassino mas explicam que o detentor deste vinte e sete argolaarmas terá todas possibilidades de matar o sA Makonde e vestir o seu nome título Kônde Uma coisa curiosa o portador de vinte e sete argola armas só pode matar o sA Makonde mas não o Yala Mwâku Procurámos saber porquê esta insistência A resposta é que Yala Mwâku já não é equivalente de sa Makonde ou melhor o pai de Konde mãe dos noves caçadores Yala Mwâku não está ligado à caça pois sim a sa Makonde Aliás kondji ou melhor kondji já é Kai 544 tradição recolhida por nós no município de Kwângu no dia 11 de setembro de 1996 na região de Nsende província angolana chamada Malange 545 tratase de Katûmbu de tûmbu Podemos conferir Virgílio Coelho que fala dos Kim bûndu quando tratámos das afinidades entre Kôngo e Kimbûndu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 250 as penas num formigueiro na sua volta para a aldeia Estupefacto por esta comida inesperada o marido um dia surpreendeu a sua mulher com o vestuário de penas Matoua e apoderouse do chapéu Enterrou o cadáver no formigueiro e experimentou por sua própria conta as boas maneiras da dança546 II4 Versão Lûnda O grupo Lûnda os Amalas estava dividido em dois os Amalas Ankul vomitores da Terra húmida e os Amala Atshaan vomitores de terra árida Durante o reino do primeiro Mwata Yamvo as mulheres pertencendo a metade da terra húmida formam a borda de uma lagoa para a secar a fim de conseguir peixes Mas não conseguiram As aves nkumb a cegonha kumbi e kazz viram a margem Os abanamentos das suas asas não demoraram a secar a lagoa Durante este processo as penas saíram das suas asas As mulheres recolheramnas e puseram no cabelo Também ornaram a rótula dos pés No seu regresso contaram a aventura a toda a aldeia Os homens tiraramlhes as penas e guardaramnas numa casa isolada Quando morreu o chefe de aldeia os homens revestiram este vestuário e meteramse a dançar imitando as duas aves Os homens da outra margem iniciaram o cerimonial E a associação funerária nasceu547 II5 Versão Vili548 Durante o período de Mumu nsi marcada pelo começo da estação seca549 três caçadores Mfûmu Nsyâla Mfumu Nkênge e Mfûmu Khônzo resolveram caçar Nkayi a manta religiosa Até ao período de Toota ma 546 Heuch Luc De Le roi ivre ou lorigine de lEtat Gallimard Paris 1972 p237 547 CrineMavar Un aspect du symbolisme luunda Lassociation funéraire des Acudyaang p84 citado por Luc De Heuch Le roi ivre ou lorigine de létat Gallimard 1972 pp234235 548 esta versão foime confidenciada pela minha avó paterna Bumputu bwa Mampuya no dia 15 de Agosto de 1994 na Avenida Movenda comum de NgiriNgiri Kinshasa Per tence a este grupo outra versão a versão a seguir foime feita pelo seu irmão Georges uma semana antes no dia 7 de Agosto do mesmo ano tenho beneficiado das explica ções laboriosas da parte de membros da família paterna encontramos uma semelhança naquilo que escreve José Franque o príncipe de Ngôyo FRANQUe J Nós os Cabindas História leis usos e costumes dos povos de Ngoio Argo Lisboa 1940 p31 549 sublinhado por nós As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 251 Vûmu que recolhia as lenhas a fim de preparar a semente550 e Mwânga marcada pelos calores intensos551não conseguiram localizar nkâyi No primeiro dia de mbângala que se chama Nsyâla começou a verdadeira caça ao animal Mas o primeiro caçador não conseguiu apanhar No dia Nkênge Ma Nkênge também não conseguiu matar a manta religiosa No terceiro dia Ma Khonzo também tentou mas sem sucesso No quarto dia nkâyi sumiu E foi assim durante três semanas até ao fim de Mbângala Ora nesse período de grande caça os três grandes caçadores voltam derrotados Estes encontraram à beira da floresta um nkutu de caça dentro do qual se encontrava o famoso nkâyi uma faca e uma lança ao lado Ma Nsyâla que se apercebeu do nkutu atirouse a ele Assim já era o dono e minimizou a faca e a lança Ma Nkênge apanhou a faca e Ma Khônzo a lança Aparentemente Ma Nsyâla seria o vencedor Mas foi uma grande surpresa na corte Makukwa matatu nkutu kongi ye mbele kimfumua Kôngo Zita isto é552 para aceitamos que és mesmo o dono ou o caçador da manta religiosa tens de apresentar mbele lulêndo e uta dya Kôngo553 para além de nkutu E o país ficou muito tempo sem MaZûmbu II6 Versão Vili bis554 Para fornecer comida e prever a grande fome os três filhos de Kôngo foram mandatados a cultivar lavras em diferentes aldeias Mfûmua Kyângala cultivou as aldeias TsiMwâanga TsiMbângala e Tsivumu555 Mfûmu Kunyi também chamado Kyânza fez o mesmo nas aldeias de Kyuni Nkâzia Ndoolo e Nimia Ndoolo556 O último conseguiu liderar nos campos 550 explicação proferida por Raphaël Batsikama pôr junto das lenhas dizia o seu pai bisavô tata Mampuya ma Ndwâla que foi um grande agricultor da região Luwôzi 551 explicação do avô Georges segundo este Nkayi também chamada Kânga ou Mbânga no seu idioma 552 isto é segundo o avôtiopartenel Georges 553 Bumputu bwa Mampuya traduz isto de lança ao contrário do avô Georged que utiliza mpûnza dikonga 554 esta versão foime confidenciada pelo meu avô irmão da minha avó paterna Raphaël Batsikama o meu avô paterno tentou durante muito tempo apurar o meu entendimen to desta breve versão mas muito complicada para entender Daqui adiante tentaremos explicar as lacunas que nos foram também elucidadas por Raphaël Batsîkama 555 segundo Raphaël Batsîkama Mwânga Mbângala e tsivûmu são diferentes épocas ou subdivisões do ano seco estação seca Mfûmua Kyângala ou simplesmente Kyân gala pode ser uma região mas aqui intervém para dizer o cultivador de Kyângala Muitos informadores confirmam que se trata da região de Manyânga Luozi 556 Tratase segundo Raphaël Batsîkama de diferentes períodos climáticos período das primeiras chuvas pequenas e fortes chuvas As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 252 Matombo Mvîmba Ntômbo e Makyelwa557 Mas quando o grande Ntôtela Kôngo apareceu a sociedade já estava fora do perigo Muito contente com isso Ntôtela Kôngo ofereceu as primeiras recolhas aos Ancestrais juntamente com Makandala o pai e o tio materno da sua esposa E foi assim que Kôngo foi salvo da primeira fome Doravante Ntôtela Kôngo aparecia nas primeiras recolhas do país II7Versão Ngangela se existe uma tradição para as libatas aldeias existe igualmente uma outra para os antepassados o mais antigo de quem se fala na tribo é o soba tyimpanga que teve como sucessores Ndjindo intumba Kassokola Mukungo intumba ii e Nyama Ndjimbo Foi este que se expatriou e que saindo do Zambese se estabeleceu perto do rio Kwândo em Kembo nas terras de Vambwela reinando então nesta região o soba Kavava A Ndjimbo sucedeu Vundjanga que introduziu a circuncisão na tribo ou seja a livamba entre Kavava e Vundjanga houve uma terrível guerra de que fala ainda o povo durante o serão e a narração do que nela se passou quase faz gelar o sangue nas veias desta gente558 Contase que entrou o cão de Kava na cozinha do soba Vundjanga Farejando por um lado e por outro deu com uma panela de carne Meteu lá dentro o focinho e comeu toda a carne mas como as panelas de cozinhar carne feijão makunde e outros tipos de conduto são um pouco em forma de ânfora ou seja de gargalo muito apertado já não conseguiu retirar a cabeça o soba Vundjanga pouco contente por ver que se lhe tinha ido embora a carne mandou amarrar o animal e trazer uma faca para lhe cortar a cabeça interveio Kavava dizendo que o animal tinha mais valor do que a panela e o melhor seria quebrar esta isto nunca rugiu Vundjanga pois é a panela dos meus 557 Aqui também a questão é de diferentes períodos climáticos segundo a subdivisão Kôngo Vili especialmente 558 secretariado de Menongue Nganelas O mundo cultural dos Ganguelas publicado no Diocese de Menonge 1997 p32 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 253 antepassados onde heide eu cozinhar depois e sem mais explicações e com um golpe bem dirigido decepou a cabeça ao bicho era uma afronta que a gente de Kavava não podia suportar Reuniramse então num grande conciliábulo para discutirem a maneira de se vingarem de tão infame insulto ora os de Kavava haviam dado a um dos filhos de Vundjanga um bracelete de cobre Meteramna no braço da criança e com o andar do tempo e o engrossar do pulso já não era possível retirála era uma ocasião providencial pensaram os de Kavava Foram então ter com os adversários e disseramlhes Queremos a bracelete do Kavava que se encontra no braço de filho de Vundjanga está dito Fizeramse mil esforços para a tirar mas não conseguiram Visto que não se pode tirar limase a bracelete e darvolaemos depois De modo nenhum No bracelete não se toca Cortase o braço ao filho de Vundjanga Mas se lhe cortais o braço a criança de certo morre não escapa Não se importam com isso Pegaram numa faca e cortaram o braço à criança Disso resultou uma hemorragia tão grande que o menino morreu enraivecidos com a crueldade praticada os vassalos do soba Vundjanga soltaram o grito de guerra e lançaramse numa das maiores ou talvez na maior carnificina de que reza a história deste povo Armaramse de lado a lado e atacaramse com uma fúria inconcebível os rios estavam vermelhos de sangue e viamse os campos cobertos de cadáveres Num dos combates perdeu a vida Kavava que praticara muitos actos de heroísmo Foi morto por dois filhos de Vundjanga tyivalo e Lukamba Deste modo sucedeu ao trono de Vundjanga o seu terceiro filho Ngôngo o Pacífico Por mais esforços que este fizesse vendo que não As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 254 conseguia estabelecer harmonia entre os seus e a gente de Kavava saiu do Kwando em Kembo com um grupo restrito de pessoas Conhecedor de lutas que se travavam entre vários grupos que viviam em sítios por onde passava resolveu dirigirse até tyima tya Nano um afluente do rio Kuvngo Naqueles lados vivia um negociante de nome Kantuku que vendia armas de fogo Ngongo comproulhe sete armas e voltou até Kwando na Kembo à procura do resto da sua gente seguro de que com as armas que possuía podia caminhar e residir nas terras desejadas deixando os descendentes de Kavava nas margens do rio Kwatili559 Aclaramos que toda a cena se passa numa região chamada Vambwela palavra que significa entre outros sentidos onde o povo é unido reunido unificado significa também dispersão extensão espalhamento derramamento esborralhada difusão espargimento Logo vemos que a palavra suscita que nestas regiões dos nómadas os Ancestrais dos Ngangela já teriam conquistado a sedentarização Mas assim ensinam Robert Lowie emile Durkeime Georges Balandier e outros especialistas de ciências sociais a sedentarização dos grupos sociais causava conflitos através dos quais sugeria consequentemente um estado com poder mais ou menos centralizado e relativamente bem estruturado Nesta região o soba ou o chefe máximo era Kavava Quanto a Vundjanga lemos atrás introduziu a circuncisão na tribo ou seja a livamba este último termo tem laços com Vambwela nome da região onde ocorre o acontecimento De facto tratase de nganga um especialista do mundo espiritual ora sabemos muito bem que até nas nossas sociedades actuais os homens acreditam sempre numa existência mítica o mundo dos vivos e mundo dos mortos Contudo para haver harmonia deve existir um especialista para o efeito os Kôngo por exemplo falam de Nsâku Ne Vunda os Côkwe de sakalende etc Aqui os Ngangela antigos falam de Vundjanga Como temos visto anteriormente entre o KôngoCôkwe sobre Nsaku Ne Vunda e sakalende houve uma confusão560 muito lembrada 559 secretariado de Pastoral Ngangelas O mundo cultural dos Ganguelas Diocese de Mo nongue 1997 pp3234 560 Num outro olhar esta confusão está ligada com a Lei Por um lado são os supostos violadores e do outro temos os Mestres que fazem observar o que pode traduzirse tam As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 255 a respeito do primeiro Rei e seu entronizador Consagrador ou sacerdote Aqui os Ngangela narram sobre Kavava e Vundjanga A figura de cão panela significa a constituição vamos entender no percorrer da leitura e da criançabracelete com um candidato para sucessão ao trono mas que necessita de ser entronizado ora criançabracelete como um candidato a sucessão da autoridade defunta mostra ao mesmo tempo que não poderá ser entronizado visto que somente os adultos são autorizados a levar o bracelete insígnia do poder o surgimento de Ngôngo depois de Kavava falecer nas batalhas se bem que este último não tem descendência do primeiro é uma explicação semântica significação do nome segundo o qual houve uma entronização A palavra ngongo significa acordo de duas partes aliás os gémeos são chamados Jingongo também é importante sublinhar que Ngongo561 não sucede a Kavava pois sim a seu pai Vundjanga esta correspondência contrária conota o sentido de Ngôngo duas partes em acordo segundo a lógica da narração mas sobretudo de acordo com a bém que de um lado temos os supostos violadores mas que já não são necessariamente violadores porque a sua impostura é ipso facto modelação de uma nova Lei Georges Balandier mostranos como isto pode vir a resultar Anthropologie politique PUF 1978 3 edição pp 134165177187 Por outro lado os mestres da Lei cessam de assim ser e parecem cumprir o papel de antirevolucionistas isto é cumprem as obrigações que os fazem de totalitários Robert Lowie reconhece ainda em 1918 num artigo que será repe tido no seu livro sobre a Anthropologie primitive que muitas das vezes os homens são tidos como nãofazedores da cultura mas sim como produto da cultura isto é verdade quando estudamos os factos históricos quer dizer exactamente algo já passado ora para a História contemporânea a equação mais plausível é o homem é confeccionador da civilização quer dizer da cultura se bem que a cultura e a civilização ainda sejam os sinónimos mais traidores que existem e transformase em si perante a mesma civiliza ção na qual é criador Assinalamos que Robert Lowie fala dos Ameridiens Levistrauss que estudou e prolongou as análises destes povos ou melhor das populações usa a antro pologia estrutural como método e notamos que a Lei é criada pelo Homem por um lado e por outro determina o mesmo o que poderia traduzirse no sentido que Ngangela Kôngo Côkwe etc guardam ainda as velhas histórias disponíveis na diagnóstica das palavras relacionadas 561 A respeito das sete armas que Ngôngo comprou tentaremos perceber o sentido estru tural deste detalhe primeiro pela semântica da palavra arma e depois pela semântica estrutural do conjunto desta minúcia intervindo então alguns provérbios e fábulas Adiantando para já digamos que o sentido é quase o mesmo que aquilo que os Kôngo pensam As armas simbolizam a força da reunificação Há guerra por diversas razões ora por questão da feitiçaria ora por causa de fome e a procura da comida numa região vizinha causa choque humano Portanto nos Kôngo existe uma lei principal que está no início das turbulências esta lei trata de não violar as fronteiras Várias são as fábulas que encontramos no livro de conjunto secretariado de Pastoral Ngangelas O mundo cultu ral dos Ganguelas Doicese de Monongue 1997 e que falam dos distúrbios entre pessoas e animais encaixilhando dentro das normas Kôngo ligado a esta lei As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 256 estrutura cosmogónica Ngangela II8Nomes de Herói Civilizador do Ave e As Origens Antes de passarmos às convergências textuais gostaríamos de abordar os nomes do Herói Civilizador da ave e das origens do Kôngo isto pelo simples motivo de confirmar como a língua acompanha a história e que nesta última gravase palavras e expressões até na cultura material do povo 1 Kôngo Nsêke Kôngolo e Kôngi Nome de ave de herói civilizador e de característica do país das origens deserto muito calor fome Van Wing escreve no seu livro que a pessoa que tem o nome de Kôngo significa que os pais tiveram querelas confusões e disputas que foram mal julgadas ou concluídas os seus pais recorreram ao novo tribunal e ganharam desta vez razão pela qual adoptaram a tranquilidade só esta explicação faz entender que a fundação desta sociedade partiu de uma confusão bastante longa dos repetitivos fracassos cujos esforços teriam sido a partir das possibilidades de unir diferentes grupos de pessoas o animal aqui referenciado Kôngo Nsêke faz pensar numa cultura de caça e de guerra Na verdade o facto de este animal reunir diversos homens fortes a caça sempre foi actividade dos valentes e inteligentes dálhe um estatuto especial em Umbûndu Côkwe Onga ou Kongo ou ainda Onge significa assembleia reunião comício Ongo ou Kôngo quer dizer coluna vertebral cimeira cume cocuruto o Rei habitava no cume de uma montanha como nos informaram os elementos da língua que analisámos mais atrás nos primeiros nomes que designaram a Mãe de noveseios 2 Kôndi Na verdade assim como temos acompanhado com uma variedade de versões a palavra Kôndi significa caçador não só na opinião de Laman mas também segundo os relatos que temos acompanhado sobre o primeiro rei ou o primeiro herói civilizador teremos seguramente oportunidade de ver que este KÔNDi caçador tem uma referência que é Nkîsi Nkôndi uma estatueta com uma grande diversidade morfológica Yale University tem um espécimen deste objecto que leva um chapéu cheio de penas562 exactamente como informa a versão Yaka suku 562 Vide Call and response Journey of African Art Yale University Yale 2000 Podemos também As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 257 que citámos atrás Mesmo a posição da própria estatueta não revela que se trata de um caçador mas existem outras fotografias que mostram que se trata da questão de caçador Até na época de José Redinha os caçadores Côkwe e do sul de Angola tinham a arca de flechas com mais ou menos 90 cm tendo por única roupa um biquíni em pele de animal com coroa em pena de Kaaz563 ora muitas peças tendo por mesmo nome Nkîsi Nkônde leva chapéu de penas564 Assim há afinidades entre o caçador Cokwe e Nkônde Kôngo isto é o caçador Kôngo565 em Côkwe khonda tem diversos significados 1 ir à volta ou dar uma curva grande estar à volta 2 Kônda queimar à volta ou melhor roda na acepção de circundar contornar estabelecer limites em voltas kôndodjoka passar de lado evitando esquivarse evitar andar arredio esquivo566 em Umbûndu com uma pronúncia que avizinha nk ngondo quer dizer tributo voluntário presente doação e deriva de vondela kondjea ou onda A respeito de Mbolo CôkweUmbûndu temos uma referência Kôngo Nkîsi Mbôlo uma escultura que Wyatt MacGaffey citando Karl Laman informa que para a fabricar é necessário um homem excepcionalmente forte e viril567 ora na p79 do mesmo livro o autor mais uma vez citando os informadores de Laman escreve para fabricar o Nkisi Nkônde o ngânga toma o fantasma de um homem que foi violento na sua vida na aldeia Nkôndi e Mbolo pertencem neste caso a uma mesma linha ou ordem escultóricoreligiosa e sobretudo relacionase com a caça como actividade dos informadores de Laman568 temos visto e observado diversos Nkisi Nkônde mas que têm outros nomes tais como Nkîsi yîli ou Nkîsi Mbîdi Uns levam poucos pregos fig 2 outros sem pregos mas com um chapéu de penas fig 1 este Nkîsi Mbîdi ou Yili conferir as três diferentes fotografias cuja primeira leva o mesmo chapéu que informa Yale University Museum 563 Redinha J Etnias e culturas de Angola p79 564 Vide as fotografias a seguir 565 Aliás nos Côkwe Ma Kôngo é o Rei que estabeleceu a civilização da caça 566 Barbosa Dicionário quiocoportugês Missão Católica 1973 p152 567 MacGaffey WAstonishment and Power Eyes of understanding Kôngo Minkisi National Museum of African Art Washington 1993 p61 568 Região de Mayômbe ou dos Vili As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 258 difere morfologicamente de nkîsi Nkônde pelo facto de levar chapéu de penas outros nomes são Nkîsi Nkîsi tsi ou Nkîsi Ngoyi que simboliza em geral o fundador da região569 Aliás o Reverendo André Conga da Costa escreve Mbângala é uma mulher fabulosa com nove mamas que constituíam os nove clãs oficiais tais como Ntinu Makaba Ngîmbi Khote Ngîmbi Manianga Matsûnsi Ntînu Phudi Nzînga Mbênza Na KôngoNumbi Nzînga Esses clãs teriam invadido o território Yômbé onde habitavam570 Mais à frente o autor menciona o nome de Nkôndi Makondi Ndelo e Mwe Kôngo são os chefes principais dos clãs Banzala e Bakôngo571 Makôndi Ndelo e Mbângala estão em paralelo para designar o ancestral principal ou primordial fig 1 fig 2 e fig 3 3 OvaPILE outra forma de Ngîdi ou Ngiri significa segundo Alves libata ou campo queimado572 UPILI quer dizer chefe da caçada573 pilikila querer toda forcejar por574 piliko constrangimento coacção insistência exigência575 pilili é um passarinho que não fica quieto saltando sempre de ramo a ramo pião o Ngîli Como podemos remarcálo Ngîdi Ngîli ou ainda Ngîri parece guardar ainda os sentidos das origens quer da caça quer do clima da região 569 Na opinião de alguns técnicos e gestores de museu regional de Cabinda simboliza o Mwêne Ngôyo ou Mwêne Kabînda o primeiro rei e fundador deste reino também encontramos com o mesmo nome o crânio de um macaco nkêwa e um cão 570 Conga Da Costa A Filosofia tradicional do casamento no Yombe Ponto Um Luanda sd p27 571 Conga Da Costa A idem p57 572 Alves p1102 573 Alves p1103 574 Alves p1103 575 Alves p1103 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 259 tanto como da ave A acreditar numa crença comum entre Umbûndu e Côkwe esta ave acorda o soba o facto de saltar de um ramo para outro tem referência a aspecto da cidadela principal sede de chefe que segundo os repertórios orais rodeiam para cá e para lá 4 PANGA em Umbûndu significa operar praticar cometer fazer etc mas também CoVA LURA CÍRCULo AMiGo CoMeço berço CURRAL PoCiLGA ou CoRteLHo escreve Alves na p1063 do seu dicionário Na página a seguir o autor aumenta cômoro onde semeiam ou plantam Confina a MPANGi Kikôngo que significa também amigo Aliás o facto de a palavra significar também ofício trabalho serviço e função faz perceber a essência dessa sede principal onde o responsável tinha este poder de preferência e rejeição das pessoas significação de pangu em Umbûndu Mas era lá o lugar das leis assim como sugere o verbo pangula que significa escolher repelir e separar 5 NGANDI e KUNDI Não nos é estranho que esta palavra signifique a mesma coisa tanto em Kikôngo como em Umbûndu Côkwe e Lunda o mais curioso é que se complementam um ao outro para explicar as funções do Herói Civilizador em Umbûndu e Côkwe a palavra significa em princípio advogado defensor protector protecção defesa e advocacia576 A palavra também quer dizer a aldeia do soba igualmente chamada Mbala em Côkwe Designa ainda mais um animal que os mais velhos do Umbûndu e Côkwe não conseguem ou têm diligência para identificar577 Aliás estas histórias do Kôngo sobre as nove aldeias ou montanhas como sede dos chefes do povo parecem estar confirmadas por esta palavra NGÂNDi que em Umbûndu e em Côkwe significa exactamente o nono campo o mais duro de todos578 cuja autoridade ou o dono se chama NGUNDJA nkundya o mesmo nome de 576 Alves pp926927 Barbosa Dicionário quiocoportuguês Missão Católica 1973 p294 577 em 1999 estivemos em Dundu Por mais que tentassemos saber pelo menos da des crição do animal fomos simplesmente informados de que se trataria do leopardo antigo sumido juntamente com tsyânza no céu mas temos um descendente a gazela pintada de muxitu também assinalado por Barbosa que fala de veado tragelaphus scriptus o autor cita um provérbio que retém a nossa atenção Palvelela ngulungu ngwe kambipo owusa isto é quando está doente a gazela dos barrancos o velho metido no seu quarto o leopardo a gente nova e andarilho não descansa anda sempre a visitálo ver p960 Nos Umbûndu que conhecem também estas anedotas Ngûlungu tem também o sentido de chefe assim como Nkôsi nos Kôngo 578 Alves p963 Barbosa p296 António Dicionário NhanecaHumbi p239 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 260 Agricultor ou daquele que trabalha na pesca pescador De igual modo com o sentido de quimera peixe grande com boca pequena e ao mesmo tempo da dança em que todos participam as versões das mulheres que foram esvaziar a lagoa justifica as melhores condições semânticas mas não só Ngûndu nkûndu em Umbûndu significa fogo hirondel de cor amarelada e ainda ave que de manhã canta muito cedo dizem que é para acordar o soBA579 Voltando a ngandi UmbûnduCôkweNyaneka encontramos em Alves Barbosa e Da silva a palavra ngandjandumbu Oungandya Ongandji e ondumbu com o sentido de PÁssARo CAçADoR um pássaro preto Assinalamos que ondumbu significa caçador e que ngandyi ndumbu diferenciandose do outro pelo tamanho se trata de uma ave muito familiar mas que tem diferentes hábitos em relação às outras aves e o objectivo é atacar os ovos de outros ngandyi Por esta razão este último guarda os seus ovos em sítios de difícil acesso nos buracos de tronco por exemplo580 6 YANDJA em Umbûndu significa ao mesmo tempo campo do soba em que todos os súbditos ajudam e vagina das mães581 esta palavra confina com ngândi dos Kôngo cuja raiz é handa ou yanda onde se confecciona se fabrica significando ao mesmo tempo campo de soba e vagina das mães a palavra relacionase com nkûmba ungudi que autores como esteves582 thornton583 entre outros 579 Alves p9656 A mesma ave chamada Ngîli 580 esta explicação foinos conferida pelas diferentes pessoas que não eram essencial mente caçadores tais explicações são acessíveis a qualquer jovem Umbûndu Côkwe aqui dois dos nossos informadores pertencem aos grupos ditos Ngângela um termo que suscita muitas polémicas científicas A este respeito aconselhamos a leitura de um livro da autoria de Francisco Xavier Yambo Dossier Ngangela Um motivo suficiente sem esquecer do secretariado Pastoral Ngangelas O mundo cultural dos Ganguelas Diocese de Monongue 1997 581 Vide Alves p1711 582 A tradição ensinanos que Ne LUKeNi rei do Koongo após tantos sacrifícios e após as conquistas alcançadas instalouse no outeiro Nkûmba a Ungûdi que se tornaria a capital do reino do Koongo Ali casouse com a filha do Mani Kabunga chefe do outeiro consolidou o reino e velou pelas vitórias e pelos destinos do reino O local escolhido Nkumba a Ungudi oferecia vantagens por um lado por estar no centro do reino de onde se poderia com facilidade auxiliar as outras regiões no caso de ataques do inimigo por outro lado por ser um sítio elevado fortificado pela natureza de tal maneira que seria difícil ao inimigo passar a assalto da capital e a sua expulsão seria fácil in Mensagem Revista Angolana de Cultura nº6 1991 p6 583 A cidade de Mbânza Kongosão salvador situase num impressionante planalto montanhoso a acerca de 600 metros acima do nível do mar no norte da actual Angola As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 261 comentaram De igual modo na primeira parte temos demonstrado que os Kôngo vêm de uma região de grandes calores e até ousámos designá la como a regiãoSulcalor em Umbûndu e também em Côkwe o termo yanda yanduluka significa precisamente dilatar sob pressão de calor de aquecimento assim como manteiga de boi e Alves Barbosa e Valente dão os seguintes sentidos 1 abandonar 2 não fazer caso 3 desemperrar 4 desviarse de 5 evitar obstáculos abdicar o sobado o cargo 6 atacar e 7 estender alargar propagar investir584 tem por sinónimo yanga este termo para além de outros sentidos quer dizer terra quente na cova dos suadouros meridionais ou melhor Libata dos fugitivos sempre receosos refúgio de feiras nas ilhotas das confluências fluviais585 estes últimos sentidos vêm apoiar os sentidos que os Kôngo deram ao seu monarca Ntînu586 ora sabemos desde o primeiro capítulo que Mbângala nos Kôngo significa origem e deriva de yângalakana propagar estender sinónimo de yãnda yândalakana yânza yânzalakana o que quer dizer que YANGA UmbûnduCôkweNyãneka confirma uma vez mais o pensar dos Kôngo sobre as origens na região sulgrandescalores em Kimbûndu Kubànga citaremos 1 uma variante destes termos yanga nome da estação seca e 2 o verbo kubangesa que significa originar começar homem da fogueira ou carvoeiro muakukubanga587 Retemos que até ao momento os nomes que levantamos como primeiros títulos do rei conotam com os relatos precedentes e não só Pode remarcarse uma vez mais que a nossa tese sobre as origens reaparece Conforme esta fórmula língua cultura material fonte histórica faltar nosá esta cultura material588 Por isso vamos completar estudando a seguir algumas esculturas chamadas mintadi de uma forma geral o termo significa pedras no plural mas encontramos semelhantes morfismos em in Fontes Estudos Revistas do Arquivo Histórico Nacional nº45 19981999 Ministério da Cultura Luanda p135 584 Conferir o termo nas suas obras Ver a bibliografia 585 este termo encontrase nos Umbûndu Nyaneka Côkwe e outros pequenos grupos meridionais até nos Yaka suku Lâmba na região aval do rio Kwângu Pode verificar se nos dicionários de Alves Barbosa Valente Maia António da silva e outras recolhas lexicográficas de Lamal stryuf etc Aqui repetimos a citação de Alves porque o seu dicionário parece mais amplo ramificando outros falares vizinhos de Umbûndu 586 A palavra deriva de tina salvarse pôrse em segurança tinisa meter medo a alguém fugir afugentar escapar 587 Vide o capítulo que trata de afinidades entre Kôngo e Kimbùndú 588 se bem que temos comentado um pouco a respeito de Nkisi Nkônde voltaremos ao assunto As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 262 esculturas de madeira sobretudo no espaço Yômbe Mintadi é o termo que os recolhedores das esculturas utilizaram em pedras descobertas no Nsôyo e no BaixoCongo são de diferentes morfologias e a variedade escultórica que representa insinua que são portadores de mensagens diversas Vamos acompanhálos com fotografias589 tipo A fig 4 tem o nome de Mwêne Kôngo Como podemos ver tratase de uma mulher a amamentar Mwêne deriva de yenika dar leite do seio a um menino Mas quando a tradição informa que o primeiro chefe foi uma mulher com nove seios não era essencialmente os nove seios já que estes simbolizam a comida que traz o chefe principal a nove casas diferentes Nestas imagens podemos ver cabaços que é o significado da economia alimentar no velho Kôngo Até hoje em dia nos lugares rurais estes objectos simbolizam a provisão da casa ou melhor a economia alimentar da casa Razão pela qual foi confiado ao rei a função de providenciar comida à sociedade e neste exclusivo momento era chamado Mwêne 589 estas foram tiradas do site wwwzyamacomkongoA35Kongojpg Aqui reproduzi mos um Mwêne Kôngo em madeira mas existem em pedra em vários museus tais como no de Antropologia em Luanda As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 263 Kôngo Por outras palavras este título teria vindo do Herói civilizador como fornecedor da comida à sociedade Yale University590 possui uma variante desse Mwêne Kôngo com uma ligeira diferença mulher segurando seu filho na mão esquerda e lukobi lwa bakûlu na outra mão No braço direito observase seis braceletes nkânu A designação fornecida é nkîsi mangûdi estando numa forma semiajoelhada tem uma coiffure patente É de notar igualmente aqui há uma ligeira diferença que o filho assenta no pé esquerdo da mãe tendo os braços cruzados Comecemos por diagnosticar a morfologia da peça Lukobi lwa bakûlu é o templo onde estão conservados os Ancestrais representações dos países de onde têm origens restos minerais vegetais etc Assim representa os usos e costumes ou simplesmente as Leis O filho sentado tem os braços cruzados o que se traduz literalmente por uma criança triste nsôna ou como informam os informadores de Laman de Verly etc fûmani os braceletes indicam o símbolo do poder nkânu existem várias convergências entres os elementos enumerados 1 Nkânu como símbolo de poder relacionase com lukobi lwa bakûlu somente através de uma Assembleia dos Anciãos que nkânu pode ser atribuído a alguém Já vimos isso quando falámos das afinidades entre KôngoCôkwe 2 Relativamente a lukobi lwa bakûlu em oposição com o filho de braços cruzados e braceletes com o assento sendo o pé da mãe a morfologia parece explicar o máxima kimfûmu ma kya tûmbwa isto é o poder é assunto da investidura em princípio a criança tal como está exposta simboliza o processo da investidura fumani uma futura autoridade e em relação a lukobi lwa bakûlu significa literalmente o poder é assunto da investidura 3 A forma ajoelhada sustenta uma vez mais que o respeito aos usos e costumes é sinequanon Na primeira escultura existem dois lukobi lwa bakûlu enquanto na segunda apenas uma o que nos faz crer que na primeira o chefe a ser eleito pelo povo como o próprio povo devem de igual modo observar as leis dos 590 thomson R F Kongo Art at Yale in Call and Response Journeys in African Art 2000 Yale University Gallery New Haven Connecticut p2 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 264 Ancestrais A variedade das peças é devida à evolução da sociedade tendo em conta a vontade de reproduzir ou inerências tal qual ou não do pensamento prémier entre esses dois Mwêne Kôngo podemos constatar na instituição política entre os Kôngo pelas influências predestinadas pela História que o chefe vem do povo escolhido pelo povo e investido consoante as regras seculares estabelecidas pelos Ancestrais tal como parece confirmar a escultura seguinte tipo B Fig 5 Chamado fumani ou geralmente Mintadi591 pelas galerias o seu 591 Muitos museus e galerias americanas e europeias contêm uma colecção abundante de objectos muito bem conservados e em excelentes condições portanto tem designações erradas isto é prova de ausência das normas museológicas De facto o museu é antes de mais uma instituição científica com objectivo de 1 recolher 2 estudar 3 classificar e 4 divulgar a informação todo o museu conforme as normas científicas não pode divulgar sem antes passar pelos critérios anteriores Na maioria dos casos os nomes fornecidos pelos museus supracitados são estrangeiros dos povos de onde vem a peça ou ainda encontramos peças com nomes duvidosos também encontramos nomes fantasiosos existem esculturas chamadas isis de Katanga deus Kôngo etc A primeira é uma mulher amamentando a sua criança o que os Yômbe chamam Mwêne Kôngo ou ainda Maternidade nos museus europeus americanos e até Africanos em Angola precisa mente É neste grupo que encontramos Mintadi De facto este nome surgiu com R Verly que assinala a arte funerária depois da escavação científica que ocorreu entre 1948 1955 nos velhos cemitérios dos reis do Kôngo É verdade que quando estas peças foram apresentadas não havia praticamente pessoas devidamente capacitadas para explicar de forma conveniente do que se tratava Visto que as peças eram de pedra as populações responderam directamente MiNtADi o que se traduz por PeDRAs no plural também numa época recente anos 19001980 ao entrar nos cemitérios o ngânga pedia permis são aos NtÂDi aqui tidos como os espíritos dentro das sepulturas de pedra Logo a favoreceuse uma fusão semântica entre ntadi de pedra e ntadi do espírito nessas pedras o investigador registrou este nome até designar uma só peça Naturalmente um Kôngo que domina a sua língua não pode confundir uma peça com outras peças o que nos diz que esta designação de MiNtADi teria sido um erro quer dos informadores quer dos investigadores Não culpamos os dois mas cremos que cabe a um estudo a respeito disso a fim de entender em que circunstâncias seriam estes objectos assim chamados eis porquê chamamolo Mfûmua Kôngo este termo significa Autoridade de Kôngo ou simplesmente Rei do Kôngo De facto a posição da peça é realmente um mfûmu do As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 265 nome seria Mfûmua Kôngo ou simplesmente Mfûmu assim parece para aqueles que recolhem as informações directas Como teremos oportunidade de falar sobre o assunto num outro projecto científico592 este objecto faz parte de um conjunto de peças que foram desenterradas dos cemitérios dos antigos reis do Kôngo entre os quais tinham também uma mulher a amamentar uma criança um tocador de batuque etc eram as mensagens que definiam os deveres de autoridade Mfûmua Kôngo quer dizer a autoridade é um produto de investidura isto é deve ser eleito pelo povo ao qual se pede este poder A palavra fumuna significa pedir esmolas pedinte etc ou fazerse triste a fim de amolecer o coração do público a seu favor o princípio é Kimfûmu ma kya tûmbwa A par disto diante de mil e um provérbios que fornecem a filosofia do Kôngo a este respeito citamos esse tumila Mfûmu saka ye Ngânga o que quer dizer elegese o chefe mas iniciase o sacerdote ora a eleição de acordo com os autores que presenciaram as cerimónias nos séculos XVi XVii XViii tais como Lorenzo De Lucca Romano Dicomano Lucca de Caltanisetta593 até aos princípios do século XX594 assinalam que toda a autoridade é obrigada a seduzir o povo quer em dinheiro quer em capacidades morais oue intelectuais Aliás J Mertens confirmao em sua honra intitulada Les chefs couronnés chez les Kongo orientaux595 7 MPANDA MVANGI este nome que encontramos em diversos grupos do Kôngo quer de KôngodyaKati quer de Kôngodya Mpânzu no país de Lwângu é uma tautologia de sentido quer dizer seria ele o verdadeiro fundador do reino do Kôngo pela simples razão que quando há repetição de sentido isto quer dizer que o sentido seria puro Vamos aqui falar deste nome tentando corresponder com Côkwe Umbûndu e Nyaneka Aliás Mpânda é variante de Ngândi que falámos atrás e Mvângi outra forma de Mpângi este termo faznos verbo fumina ou fumununa sentarse com a mão na bochecha ora o chapéu outorga a esta peça o nome de autoridade eis as razões principais que nos obrigam a confirmar que se trata de um Mfûmua Kôngo Aproveitamos a ocasião para dizer também que o deus Kôngo como emblema do Museu Nacional de Antropologia em Luanda seria uma aberração sem nome em princípio não existe representação de deus celeste ou terrestre entre os Kôngo esta escultura é a cabeça de um cão ou qualquer outro animal próximo muito próximo de um deus egípcio É bom que estudemos melhor em vez de recorremos simplesmente a semelhanças porque este nome suscita fortes dúvidas 592 Escultura e estatueta questão de diferença na arte Kôngo e Côkwe ainda manuscrito 593 Vide as suas obras citadas na bibliografia 594 Vide Les chefs couronnés chez Bakôngo orientaux 595 iRCB Bruxelles 1936 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 266 acreditar portanto que Mpânda Mvângi seria o primeiro a ser consagrado na História dos reis do Kôngo Quem o consagrou foi como é óbvio o Ne Mpãngu za Bakulu Mani Kabûnga Podemos compreender isto desta forma Mpânda é o consagrado Mpângi Mvângi quer dizer o reconhecido por Mani Kabûnga de acordo com as normas de Mpângu za Bakûlu este nome consta nos mesmos sentidos de 1 mercado vânda produzir barulhos como os de malhar bando grupo etc596 2 colina pelo seu sentido de muro de terra que separa os circuncisos do fogo597 e 3 dependência das colinas posteriores submetidas a pagar tributo598 à colina mãe eis porquê em Côkwe Umbûndu e Nyaneka as palavras vandeki e hando significam uma pessoa bondosa rica e influente que une e liga todos os outros membros da família chefe de caravana sinónimo de fumbelo em Umbûndu aluVandulo é o lugar onde pisam os remédios para curar os recémcircuncisos Mas este termo faz entrever que Mpânda Mvângi teria sido o primeiro a passar pela cura administrada à Autoridade Aliás o próprio sentido literal o diz esclarecidamente De facto a circuncisão é lembrada como uma instituição instalada pelo primeiro reicivilizador razão pela qual os ritos de passagem em sociedades bantu outorgam a autoria destas instituições ao primeiro rei Acreditase ainda que esta autoridade primordial seria ele próprio o sacerdote ou ainda outro indivíduo em ambas as opiniões o termo Umbûndu aumenta a fé que de facto Mpânda Mvângi parece ser o primeiro a ser consagrado se não o próprio promotor a favor deste instituição No entanto insistimos que este Mpânda seria o primeiro porque também o valor semântico do termo Mvângi certifica isso em Côkwe Umbûndu Nyaneka e até em Kikôngo o termo vânga indica antecipar instalar antes de uso determinar etc Lembramos que em Nyaneka Umbûndu e num idioma de Lwêna o termo uvanga ouvanga ou ainda uhanga significa chefe de comitiva II9 Análise das versões II91Versão Yaka o problema do herói consiste num caçador principal e reunificador chamado Yala Mwâku os nove caçadores e uma ave os caçadores têm 596 Vide Alves A Dicionário etimologica Bundu Português p1638 Ver também grupo malta bando e horda no dicionário português Umbûndu de Valente 597 Alves A idem p1639 598 em Umbundu vanda traduzse por dízimo ou tributo dado ao régulo informa Alves As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 267 em comum o nome derivado da mãe Kônde ora Yala Mwâku sendo pai desta é ordinariamente chamado sa KoNDe ou sa Makonde como produzido no texto Quanto à ave temos kondji kai em kiyãka suku Pênde também tal como indica a narração segundo fomos informados a aldeia acorda com o canto do galo mas o chefe é acordado pelo kondji ngundji dos Umbûndu Notamos de igual modo que a mesma ave é assim chamada nos Côkwe também o facto de o chefe principal os nove caçadores e a ave terem o mesmo nome cimenta o outro patrónimo de Yala Mwaku ngili Mkundi pelo papel que desempenharam na resolução das confusões que ali surgiram Aliás ainda lembramos que Ngîdi autoridade de Nsûndi mata dez e paga apenas um tal como dizem os Kôngo da linhagem Ngîdi em Umbûndu o chefe da caçada chamase upili variante de ngîdi yîli vîli e pilili que designa escreve Alves um passarinho que não fica quieto saltando sempre de ramo em ramo Mas quando Yala Mwaku se identifica perante os seus netos como sa Makônde e um pouco antes como Ngîli Ngîri pilili em Kimbûndu e Umbûndu o hábito estranho desta ave de saltar de ramo em ramo relacionase com as montanhas toda a região que tem dez colinas é chamada KANGA ora ao que parece nenhum dos actores da história tem por título o nome de Mwata Kanga ou Mwêne Kanga em relação a Ngîli que se proclama Mani Nsûndi599 não é ilógico achar o mesmo com Kânga o que voltaria a pensar que a região não teria chefe na altura Aliás o próprio texto faz nos acreditar que o concurso dos nove para esta ave teria um prémio que se traduz por coroa ou autoridade legítima Nesse âmbito o significado de Kôngo segundo Jean Van Wing parece mais consistente pelo facto de ser um resumo desta história toda A versão Yâka fala portanto de Ngîdi Kûndi termo em paralelo com Kôndji Kai Kaaz Na verdade apesar do termo Kûndi significar parente em Kiyâka ou amigoparente em Kikôngo é necessário insistirmos aqui no seu sentido de escabelo no qual se sentavam as autoridades também de igual modo o facto de Kûnda designar a colina do chefe ou geralmente uma terra elevada Neste caso porém a coroa real pertenceria a Yâla Mwaku e o concurso de caça a Kondji Kai Kaaz seria apenas uma narraçãoilustração para a competitividade dos candidatos à coroa isto parece ser confirmado metaforicamente no 599 se bem que o repertório não especifica que se trata de Ne Nsûndi omitindo a partí cula Ne ou ainda uma equivalente aqui Ngîdi Ngîli ou Yîdi identificase como chefe de Nsûndi As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 268 próprio relato os nove netos pediram perdão e foram batidos com a queda de antílope também a propósito da dança Ndjîmba é melhor assinalarmos que esta dança existe também nos Kimbûndu quando os caçadores voltam das suas actividades Dizse que tûmba kya samba instalou a dança Jîmba ora a palavra deriva de jîmba que significa rezar fazer prece contornar fazer círculo cantar A tradição diz Mayãka ma Kôngo bayâka mbêle bayâka mpûnza Kwîmba mfûmfua Miyâka600 os valiosos homens do Kôngo captam o voo das facas e das flechas que lhes atiram Kwîmba é o seu regimento principal Kwîmba deriva de yîmba outra forma de jîmba601 prefixado de Ku o termo significa a mesma coisa rezar cantar enrolar proteger vigilar etc No pensar do Kôngo ser batido pela queda de boi ou qualquer animal era expressão para consagração Raimundo Dicomano Lorenzo Da Lucca e outros cronistas testemunham o facto também na primeira parte do nosso trabalho no capítulo sobre a fundação de Nsôyo tentámos explicar o significado do perdão e de crime vôndavûnda Assinalamos também que para dizer queimaram a aldeia os nossos informadores de Kwângu e Xamuteba602 utilizam o verbo kondja ou kônda o mesmo termo dos nove caçadores de ave e do chefe principal o mais curioso ainda é o facto de os informadores insistirem no nome de sa Makônde sa Kôndji em vez de Yala Mwaku quando procuramos saber porquê os nove não podem matar Yala Mwaku mas podem matar sa kondji Normalmente tratase de uma só pessoa o que não justificaria tal insistência Na verdade os verbosraízes nos quais derivam o nome de Kôndji ou Kônde provam que foi o nome título na região o que nos obriga a reenviar o leitor para a simbologia do crime quer no entender de Luc De Heuch603 quer no nosso604 600 Já temos tratado daquilo no primeiro volume com Nsânda Nzôndo e Bayaka Cf Cuvelier J Nkutama mvila za makanda tumba 1974 ver Bayaka 601 entre os Kimbûndu existe uma dança dos caçadores chamada jimba os Yaka cha mamna Kwimba ou simplesmente Yimba nos sûku e Pênde 602 Kwângu e tshamuteba XaMuteba são municípios na província angolana de Ma lange 603 Reconhecemos o trabalho laborioso que Luc De Heuch tem produzido 604 Ver o capítulo de Fundação de Nsôyo na nossa primeira parte do Livro i As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 269 Vamos limitarnos ao nome da região KANGA A palavra significa grande fome terra quente calor excessivo em Kiyâka sûku Lûnda Lâmba etc Nas relações sociopolíticas do Kôngo em geral MacGaffey tem observado que os chefes atravessaram o rio nzâdi por três vezes navegando com nove canoas sobre uma esteira em ráfia ou depois de dividir as águas com a espada A sua migração é muitas vezes dita ter sido causada pela fome ou pela luta a respeito de um remédio de palmito605 II92Versão Vili tudo começa no período chamado Mumu nsi no início da estação seca É um período durante o qual os agricultores Vîli se preocupam com as recolhas isto acontece em Julho No mês seguinte ou melhor logo no fim desta época os agricultores fazem a recolha das lenhas a fim de preparar a semente A época a seguir chamase Mwânga marcada por fortes calores É o tempo durante o qual se observa fogo na floresta tempo esse em que os caçadores também são muito remarcados pela sua actividade ou pelo facto de observar a abundância da carne em todas as casas os nomes de três caçadores Mfûmu Nsyâla Mfumu Nkênge e Mfûmu Khonzo são respectivamente designações de dias A semana Kôngo tem quatro dias e aqui falta o último dia Mpîka ou Nsôna estes nomes variam consoante as diferentes regiões Nkôyi Buduka Bukônzo e Mpîka ou ainda Nsîla Buduka Bukhonzo e Nsôna o terceiro grupo é Nsîla Nduk Ntôno e Nsôna o quarto grupo Vîli é constituído por Nkoy Buduk Bukhonzo Nsôno e o quinto grupo tem Nkôyi Nkênge Bukonzo e Mpîka Mfûmua Nsyâla ou nsîla é outra forma de mfûmu Nkoy606 Mfûmu Nkênge equivale a Mfûmu Buduka e Mfûmu Konzo pode ser chamado Mfûmu Ntôno Falta pois um dia o Mpîka607 ou Nsôna Até 605 MacGaffey W oral tradition in Central Africa in The International Jornal of Afric ammn Studies Vol 7 3 1974 p420 The chiefs cross the river in thrice nive canoes on a raffia mat or after parting the waters with a sword Their migration is often said have been caused by famine or fight over a cabbage patch 606 A versão CôkweLunda fala de Na Nkoy mulher do caçador Kalumbu Na verdade Na Nkoy significa mãe de Nkoy o que significaria que Kalumbu como seu esposo também se chamaria sa Nkoy 607 o Reverendo André Conga da Costa propõe esta tradução ntono Segundafeira nsilo Terçafeira nsona Quartafeira nkoyo Quintafeira dia santo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 270 hoje em dia a palavra Nsôna ou Mpîka designa geralmente um dia de feriado dia de mercado ou um dia sem actividade eis a razão pela qual os caçadores teriam caçado durante nove dias em vez de doze dias Voltando ao número 9 como duração de actividade normalmente depois de três semanas efectivase a grande feira geralmente no décimo segundo dia e isto acontece sempre no Mpîka ou Nsôna608 Lembramos uma vez mais que na grande feira não se trata apenas actividades comercias mas é sobretudo o dia dos mâmbu da grande justiça os Umbûndu que viajavam até Mbâzia Nkânu para resolver os seus problemas esperavam por esta grande feira609 Vimos atrás que o mercado era também lugar da justiça eis a razão pela qual os três caçadores vão apresentar nkutu com nkayi faca mbêlea lulendo e lança uta dya Kôngo o mercado está ligado a três objectos nkûtu que simboliza a bolsa onde se põe dinheiro assim como o produto a vender nkâyi mbêlea lulêndo é o símbolo da justiça e uta dya Kôngo é o poder a supremacia estes são os motivos principais para reunir os Makhota do país esta reunião chamase Kôngo quer nos Kôngo quer em Umbûndu Côkwe Nyaneka etc Na segunda Versão Vîli tudo começa no período que precede a fome Mfûmu Kyângala confirma uma vez mais que isto começa no período de grandes calores de fome Nos velhos tempos e até numa época relativamente recente os mais velhos aconselham os jovens a casarem Esta tradução é resultado da Acta de 56ª sessão ordinária do dia 21 de Maio de 1932 in Fi losofia tradicional do casamento no mayômbePhilosophie traditionnelle du mariage au Mayombe Edição Ponto Um Luanda sd p53 Assinalamos que esta classificação parece contrária à nossa quando dissemos que Nsîla nsilo ver André Conga da Casta é o primeiro dia De facto os Kôngo em geral designam os seus dias em relação a cada estação quer de chuva quer da estação seca E isto varia muito O mais importante é que todas as semanas têm um dia santo Geralmente Nsôna é o dia santo o último dia Na região que fala o Reverendo André Conga Da Costa o termo mais usado é Mpîka Como prova os dois termos que intervêm nos pro vérbios canções e adivinhas Mpîka e Nsôna são traduzidos como mercado Mundadila Mpîka o atrasado do mercado Nlâmvu dya Mpika nsûnge yanzalakane kune nzo quem bebe no mercado ou a bebida do mercado traz o seu perfume até em casa sumbe byansyankulu ku Nsôna as velhas relíquias podem ser achadas no mercado etc Ainda é impreciso saber realmente qual seria o primeiro dia e o último De qualquer forma o dia santo e o último são concebidos santos consoante as regiões Vamos tentar nas páginas a seguir ver o assunto de uma forma um pouco mais esclarecida 608 explicações proferidas pelos membros da minha família paterna originários de Vili ou arrondissement de Luwozi o uso destes termos é muito corrente Nkênge ye Nsôna para dizer todos dias Mpîka ye Nkoyi em outros termos etc 609 Vide Van Wing J Etudes Bakongo I As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 271 se no tempo de Mbângala A razão principal é para não se enganarem da beleza que o tempo chuvoso oferece nas mulheres Porque durante a estação seca as mulheres são magras devido aos trabalhos e ao clima Aqui Mfûmu Kyângala cultivando TsiMwâanga TsiMbângala e Tsivumu quer intensificar este período de estação seca os nomes supracitados designam cada um deles a etapa desta estação Do mesmo modo os nomes a seguir Mfumu Kunyi Kyânza TsÎkyuni etc são as épocas De uma vista conceptual esta versão é o reflexo do primeiro surgindo de duas actividades diferentes da caça e da agricultura II93Versão LundaCôkwe Começamos pela primeira palavra da versão Kalumbu ou Katumbu em Côkwe tshitûmbu tshihûmbu ou ainda tshilûmbu traduz se por 1 ordem mandato recado obrigação e até dever citûma610 e 2 plantador sinónimo de tchanga segundo Adriano Barbosa611 em Côkwe thûmbu é a semente ou grupo de sementes vara de mandioca ou grupo de vara de mandiocas que se mete de cada vez ou em cada lugar612 Razão pela qual tUMBo é o nome de monte de terra para plantar mandioca A versão LûndaCôkwe menciona KaTûmbu ou KaLûmbu como ponto de partida na fundação da sociedade ou da dinastia e especifica que foi ele o marido de Nankoy Nankoy significa mãe de Nkoy o que significaria que Katûmbu teria outro nome sankoy pai de Nkoy o que significa isso em princípio existe um pássaro chamado pretoluzido ou nkovwe na linguagem de Barbosa613 esta ave tal como pensam os Côkwe Umbûndu e Nyaneka é o salvador redentor libertador614 insistimos sobre esta ave Ngovwe variante de Nkovwe e outra forma de sousberghe de fazer Nkoy615 e segundo os lexicógrafos Alves e Barbosa assim como outros etnógrafos616 tratase de uma ave acompanhadora de Nkumb Como elemento identificador desta ave temos ngolingoli ou nkolinkoli 610 outras formas são tshitima chitûma tûma etc 611 Conferir as edições da Missão Catolica de 1971 do seu dicionário 612 Barbosa A Dicionário CokwePortuguês Missão Católica 1971 p524 613 Barbosa A idem p297 614 Podemos verificar nos dicionários de Alves e António entretanto assinalamos que es tes sentidos têm laços com Mtînu Mani Mwêne títulos do Kôngo Alves fala de ngovole variante de Nkovwe ou Nkoy p956 615 No entender do autor tratase de idiomas Lunda Côkwe e Yaka que classifica num só bloco linguístico 616 Planquaert M CrimeMavar sousberghe As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 272 e a ave tem também outro nome de citokola em Côkwe e ciokola617 em Umbûndu É um tipo de pássaro insectívoro alourado que procura salalé com bico também o nome de galinha que procura bichitos com bico sem recorrer essencialmente às patas618 Vejamos bem quem é esta acompanhante ou companheiro de Nkumb De facto informanos Luc de Heuch citando L sousberghe Nkumb e Kaaz são aves que acompanham o sol ou melhor o pôr de sol A palavra tchitoko segundo Barbosa e tsyito em Umbûndu quer dizer também o pôr de sol poente a hora do solpôr619 Na opinião de M Planquert CrimeMavar os Yaka nas regiões de Lûnda falam de Nkumb e Kaaz como aves das origens causadoras da fome e calores620 tratase de uma pequena cegonha preta com ventre branco ora com estas cores aproximase muito com o Nkovwe Ngovwe ou ainda com o Nkoy que é uma ave pequena preta azulada Luc De Heuch acrescenta A ave Kaaz que acompanha a cegonha não é infelizmente identificada todavia os dois compadres fazem desaparecer junto à água terrestre pela via natural pela dança a fim de afirmar a vitória do sol da sua vida e suscita a abundância da comida A ave Mbôngo pelo contrário vai da terra obscura para o céu atmosférico a fim de levar a mensagem de esperança e uma promessa de comida aos homens Uma tradição comum aos Pende e Lûnda diz que MUNGoNGe teria nascido nos tempos de fome com o objectivo de procurar comida621 Nos Yaka particularmente o MUNGoNGe teria celebrado para assegurar o sucesso da caça colectiva622 Verificamos assim que o herói civilizador está relacionado com 1 estas aves 2 épocas de fome ou da estação seca 3 ritos de caça e de passagem para adquirir comida 617 tchitokola ou tchiokola tjitokola tjiokola escrevem os lexicógrafos 618 Alves A escreve tjyoko ou seja tshioko ou tshihoko 619 Vide a edição de 1971 na Missão Católica p494 620 Ver a versão segundo a qual estes aves secaram as águas Assim lemos atrás Durante o reino do primeiro Mwata Yamvo das mulheres pertencendo uma metade da terra húmida formase a borda de uma lagoa para secála a fim de conseguir peixes E não conseguiram Portanto as aves nkumb a cegonha kumbi e kazz viramse na margem Os abanamentos das suas asas não demoraram a secar a lagoa Durante este processo as penas desloca ramse das suas asas As mulheres recolheram e puseram no cabelo 621 sousberghe L Les dances rituelles Mungonge et Kela des baPende CongoBelge 1956 p7 622 Planquert M Les sociétés secrètes chez les Bayaka Louvain 1930 pp2125 Citado pelo Luc De Heuch Le roi ivre As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 273 II94Versão Ngangela Aqui reagruparemos as narrações fundamentalmente esparsas todavia antes de mais comecemos por enquadrar o termo de Ngangela segundo nos informa um grupo de investigadores de terreno que fizeram um resumo da etnografia efectuada entre 18971997 Uma aproximação muito estrita entre Ngangela e Mbângala quer linguística quer etnográfica permitenos insistir sobre a noção de herói civilizador do reino do Kôngo presente nas sociedades do sul Lemos no livro intitulado Ngangelas O mundo cultural dos Ganguelas publicado na Diocese de Menonge provavelmente em 1997 pp1516 Agora se a expressão ko ngangela para o povo do Planalto Central significa o ponto cardinal este isto entendese somente no quadro da formação da expressão em Umbundu a expressão ko pede o complemento determinativo Assim ko ngangela no sentido verdadeiro significaria na terra dos va Ngangela De facto originariamente quando o povo do Planalto Central dizia ko ngangela kwayela na área ou terra dos va Ngangela já havia claridade pela madrugada dava a entender que o sol estava quase a despontar A ideia era que o sol estava quase a nascer Prova disto é que na zona dos va ngangela a parte de onde geralmente nasce o sol já estava claro Uma vez que este sentido original da expressão causa equívocos quanto a sua significação vemos que ela em Umbundu não significava e não significa o ponto cardinal este mas sim a zona dos Ganguelas A língua Umbundu diz para designar o ponto cardinal este ku tundilo wekumbi Carece de fundamento a interpretação do termo Ganguela como um etnotopónimo que não designa nem a zona do povo ganguela nem o seu próprio povo theodore Delachaux tem feito as suas investigações etnográficas nas mesmas regiões e outorga o nome de Mbângala a esta região toda623 623 Pode lerse os autores como De Pedrals Baumann e Austein publicaram alguns artigos no Jornal Internacional de Antropologia Uma simples releitura nos seus trabalhos confirma de uma e de outra forma que o espaço onde os autores investigaram ou recolheram dados aleatoriamente ao que nos parece os Imbângala de um lado e os ovaNgangela de outro seriam As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 274 somos da opinião que Ngangela significando a região onde faz muito calor ou onde origina o sol ou o calor do sol designou uma região pela primeira vez Mbângala conforme a trajectória linguística seria uma das últimas formas de bravangala e ughahangalala e nesse sentido converge semanticamente com Ngangela Voltando ao assunto sublinhamos Tyipanga como o primeiro soba Ngângela Neste termo encontramos pânga que significa amigo e parente todos sabemos que o sufixo tyi tsyi ou tchi aquilo que preferimos Ci é depreciativo hoje em dia Mas a mesma partícula indica algo impróprio o que apoia o sentido de panga como amigo e parente de todos A história resumese em confusão dentro da família real confusão esta causada primeiramente pelo cãopanela e depois pelo braceletecriança No fim aparece Ngôngo o Pacífico De facto existe uma grande mistura entre a tradição muito antiga e a história relativamente recente século XViii624 eles os povos de Mbângala Ngangela Para os métodos cf REGO A Lições de metodologia e críticas históricas Junta de Investigação Ultramarina Lisboa 1963 VINTEECINCO G Os Kibalas Sua origem e tradição NúcleoCentro de Publicações Cristãs Queluz 1992 SORRENTO GM Breve e succinta relacione del viaggio nel regno di Congo nellAfrica meridionale Francisco Mollo Napoli 1692 PLANCQUART Sj Les Jagas et les Bayaka du Kwângo IRCB Bruxelles 1932 The Journal of African History Vol 24 nº2 Cambridge Press 1979 pp187198 ESTERMANN C Etnografia do Sudoeste de Angola I os povos nãobanto e o grupo dos Ambos Junta de Investigação de Ultramar Lisboa 1956 etc 624 John thornton numa comunicação pessoal temnos confidenciado que existe entre as tradições do Kôngo recolhidas por Jean Cuvelier e Joseph De Munck versões antigas e explicações surgidas posteriormente Analisando as recolhas de Jean Cuvelier antigo arquebispo de Matadi o historiador thornton encoraja pesquisar essas narrações para não cometermos os erros que podem danificar para sempre e desorientar a História do antigo reino do Kôngo Numa publicação também recente The origins and early history of Kingdom of Kongo c13501550 in international Journal of African Historical studies Vol 34 nº1 2001 p89 escreve in particular Historians of Kongo tradition have not taken into account that accounts of history from oral source are themselves interpreta tive histories that incorporate primary sources and secondary explanatory narrative and thus have their own historiography By understanding Kôngo oral tradition and sorting out what is primary and what is secondary we can better recorded so frequently in the past makes this task easier and will produce a new and somewhat different ver sion of Kôngo origin A seu torno MacGaffey escreve i suspect that the interpretation of oral tradition in Africa is far more difficult then is usually supposed the modern willingness to employ indigenous texts and concepts for historiographic purposes is not enough unless the cosmologies that generate them can first be understood this viewpoint can be illustrated from an analysis of Kôngo and others traditions from west Central Africa with reference to the work of Jan Vansina and WGL Randels among others in The International Journalof African Historical Studies Vol 7 nº3 1974 p417 esta realidade não é apenas verificável nos Kôngo mas também em toda a África nos Ngângela inclusive As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 275 Cão e panela são imagem reflexiva da criança e bracelete625 o cão é tido como o companheiro do homem para a caça e panela é sempre o lugar onde se cozinha no momento em que o bracelete se junta e põe em discussão homens políticos o cão sendo companheiro do caçador faz pensar numa instituição muito comum e bastante importante para os Ngângela porquanto constitui a principal actividade do povo Mesmo durante a iniciação masculina a imagem do cão do caçador e das misteriosas aves não passam despercebidas para lembrar aos iniciados a civilização que instalaram o rei primordial ou melhor os primeiros soba que deixaram por herança esta cultura da caça ou da guerra os Ngangela têm entre outras anedotas uma delas intitulada os pássaros que pretendiam um soba626 cuja moral é o soba deve ser um homem de paz e de palavra deve ser defensor do seu povo e justo na gestão do bem público Quanto à panela lembremos que esta não é mera fábrica da comida porém também serve para a conservação das relíquias e história material do povo entendemos por história material os objectos preciosos que toda a família toda a linhagem ou melhor todo o clã reconhece da sua filiação os Kôngo chamamno de lukobi lwa Bakulu Aliás para o sobado do Vasalwa intervém o Tyimbânda aquele que empossa sobas 625 LEVIBRUHL L La mentalité Primitive PUF Paris 1974 pp209298 MARTINDALE Dom The nature and types of sociological theory Houghton Mifflin Boston p 687 onde o autor explica ou cita LeviStrauss que diagnostica os sentidos codificados numa palavra a linguagem dependendo relativamente do espaço isto é seita sociedades secretas sociedades especiais pela função exercida na sociedade etc Pois bracelete e panela são termos que o tempo codificou sem sombra de dúvida pela sua passagem de acontecimento para lembrança passagem banhada de todas vicissitudes da História que o dito povo passou Cf HEUSCH De L Le roi de Kongo et les monstres sacrés mythe et rites bantous Gallimard Coll Mythes et Rites Bantu Paris 2000 pp7897 109128 etc ou ainda pode conferirse o seu outro livro intitulado Mythes et rites bantous Le roi ivre ou lorigine de lEtat Gallimard Paris 1972 Ver também VAZ JM Filosofia tradicional dos Cabindas através dos seus cestos de panelas Provérbios adivinhas fábulas I Agência Geral do Ultramar Lisboa pp 792 626 Vamyene va tuzila ver NgangelaO mundo cultural dos Ganguelas Diocese de Menongue O primeiro pássaro rei foi Muntumbu cujo slogan o que está é o que está aqui Mas foi retirado do poder por não fazer nada E na lista de outros candidatos foi eleito Mungandzi que a partir daquele dia tomou posse e passou a ser soba de todos os pássaros O Mingandzi assumiu as suas responsabilidades e sempre que via o gavião avisava o seu povo dizendo Atenção atenção E o Mingandzi sempre procedia desse modo Os pássaros começaram assim a viver em paz na sua própria terra pp 416418 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 276 que não se esquece de arranjar dois recipientes com medicamentos627 sublinhamos recipiente porque se trata da mesma panela na qual o cão foi aprisionado Assim o cão é visto como imagem de caçador e este por seu lado como imagem do rei primordial que foi intimamente condenado a observar as orientações da panela Na realidade a panela como recipiente dos ancestrais significa a Lei sobretudo porque os Ngangela admitem somente a eleição de soba que será homem de paz como os ancestrais defensor do povo assim como foram os ancestrais mas não egoísta e justo na gestão do bem público tal como os ancestrais A respeito da criança que possui o bracelete sabemos muito bem que a expressão em Ngangela Umbûndu e Nyaneka significa a mesma coisa processo jurídico ora neste ambiente não é permitido a presença de uma criança Aliás a criança foi sempre considerada como fora da sociedade dos Ngangela porque ainda não era iniciado Na iniciação masculina depois das provas os neófitos vivem além da aldeia durante sete ou nove meses geralmente oito sob ensinamentos de usos e costumes de uma pessoa madura e isto prova que a criança inculta ainda não poderá possuir o bracelete De uma outra maneira isto explica em melhores parâmetros a forma como o rei primordial foi considerado o promotor e entronizador da iniciação eis porque a narração faz morrer a criança de propósito628 em relação aos Côkwe e Lûnda que falam também de Ruej infecunda ou infértil cremos com inumeráveis provas que esta morte de criança seria simplesmente uma forma diacrónica relativamente aquilo de que falam os Côkwe Lûnda Lwêna etc A metonímia permanece a mesma questão de diferentes seres sociais de diversos grupos interpretando uma mesma realidade como referência histórica A discussão do bracelete necessitava de um curandeiro para ser resolvida em parte alguma isto foi portanto assinalado o acto de a criança possuir o bracelete quer dizer que foi eleito eis o porquê quem 627 secretariado ngangela p168 628 Pode conferir LeviStrauss C Le totémisme Aujourdhui Presses Universitaires de France paris 1980 5ª édit que explica com muitas convicções a mensagem atrás de uma outra mensagem na linguagem pictoral ou factual ou ainda imaginária Vide também LeviStrauss C Les Mythologiques I Le cuit et le cru Plon Paris 1964 p301312 Fodor I The rate of linguistic change Londres la Haye Paris Mouton Cie 1965 p67 Eisanstadt SN From generation to generation New York 1964 p3854 Carney David Soul of Darkness Introduction to African Metaphysics Philosophy and Religion Adastra Limited 1991 p 5657 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 277 lhe oferece isso chamase Vundjangi Nos Ngangela Umbûndu e até nos Kôngo esse facto resulta sempre em contestações enormes discussões longas e confusões constantes Daí a necessidade sinequanon de um curandeiro intervir629 A respeito dos eleitos por exemplo se os eleitores antes de informarem o eleito antecipassem o curandeiro o soba eleito já não podia negar Assim para referenciar os Côkwe tinham sakalende Nsaku Ne Vunda no falar dos Kôngo e aqui Vundjangi II10Convergências e Interconvergências entre versões citadas todas as versões aqui citadas assim como a maioria dos textos de Luc De Heuch630 falam inicialmente de uma época de fome ou de grande fome ou ainda as versões citam o nome da região primordial ou ancestral principal que está ligado à fome ao calor e à estação seca isto traduzse simplesmente pelas características do país das origens do Kôngo tal como temos visto na primeira parte Na mesma sequência as palavraschave interpretam esta história com base de um problema ligado à justiça entre o povo Kalumbu Côkwe corresponderia a MaZûmbu Kôngo ou ainda Ndûmbu tal como reza a tradição Mono Ndûmbua Nzînga o mazînga mazînga e nsio Ntînua ntete631 ou seja sou eu Ndûmbua Nzînga quem agrupa todos os outros e conserva a unidade do país sou eu o primeiro salvador632 isto é o Intumba dos Ngangela Kalumbu ou Katumbu Côkwe tal como vimos nas versões supracitadas Partindo do sul para o Norte é obvio que Kikôngo ou melhor os dialectos mais íntimos a Kikôngo sejam o produit fini dos falares do sul nomeadamente Umbûndu Côkwe e Nyaneka As análises de certos fonemas e sobretudo as suas metamorfoses confirmamna em princípio esta variedade de narrações ligadas tanto à actividade comum da sociedade como aos ritos obrigatórios e específicos converge com fome com fogo e principalmente com calor como início 629 os mais velhos constituintes do grupo da eleição do novo soba vão ao curandeiro que possui uma bola de cal mista com outros medicamentos in Nganela O mundo cultural Ganguelas p170 encontramos aliás uma anedota da ave caçador e da mulher deste úl timo o caçador mata a ave especial trála da caça para a mulher cozinhar mas para não comer o coração esta comeu o coração da ave especial que ninguém viu ou conseguiu apanhar e nega ao seu marido ter comido esta ave não tem coração justificou ela 630 Ver Le roi ivre et lorigine de letat Gallimard Paris 1971 631 Cuvelier J Nkutama mvila za makanada tumba 1974 p45 632 Aqui retemos os verbos dos quais deriva a palavra NTÎNU tina salvar pôr segurança tinisa afugentar fazer escapar a um perigo fazer escapar para proteger etc As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 278 da sociedade estruturada os nove netos Versão Yaka utilizam o fogo para destruir e substituir uma sociedade enquanto a versão LûndaCôkwe começa com a época da fome que entra em congruência com queimar a aldeia primitiva Deste modo a respeito do Herói Civilizador notamos o seguinte 1 Na versão Yaka Ave especial Yala Mwaku o primeiro caçador assim como os nove netos sendo os caçadores secundários resume de forma relativamente abrangente a ideia contida nas outras versões a respeito do Herói Civilizador 2 Yaka Na versão LundaCôkwe Yaka filha de Yala Mwaku é legítima ao poder mas quando se casa com Cibind irung o poder passa logo para este último o caçador apoderase das penas de ave signo do poder que a sua mulher usava para operar milagre sobre a comida Na versão Lûnda os Homens subjugam ou melhor avassalamse das insígnias do poder das suas mulheres Na versão Vili três caçadores conquistam as insígnias do poder penas de ave e na versão Vili Bis são três agricultores que são chamados a combater ou prever a grande fome 3 Na versão Ngangela Vundjanga contra cãopanela kavava contra criançabracelete sangue animal sangue humano633 Portanto estas convergências e interconvergências permitem nos estabelecer um quadro para resumir aquilo que temos visto com as versões precedentes assim como as relações possíveis que podemos ler nas palavras634 No quadro a seguir teremos o privilégio de constatar que as palavras não são apenas portadoras dos eventos da História mas também a própria versão inicial 633 Congruência paralelo reflexo ou estar em referência 634 GoUGeNHeiN G Les mots français dans la vie Vol i Portíco CoseRiU eo ho mem e a sua linguagem Presença Rio de Janeiro 1987 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 279 II11 Tabela de Comparação analítica Kôngo Nsêke Kôngolo Kôngi confusão KondiGuerreiro caçador PangaConstituição NgândiPrimeiro Juiz Yânda Locação Versão Yaka Yala Mwaku contra os seus netos CaçadoresNetos falham o seu objectivo de matar o caçadorave e ao mesmo tempo parente de todos Yala Mwaku como Conservador da Lei Yala Mwaku como Grande juiz do colégio dos caçadoresJuízes Conjunto de nove aldeias o décimo é onde se realiza o julgamento Mbânza Versão Lunda Cõkwe Caçador contra sua mulher Caçar aves providenciam a comida Homicídio como origem de uma nova dança lei Crime cometido por Kalûmbu o caçador As penas são guardadas num formigueiro fora de aldeia habitual Versão Lunda Homens contra suas mulheres Mulheres providenciam comida Morte do chefe como motivo de intervenção de muitos homens dançarinoscolégios da Lei Colégio dos homens dançarinos As penas estão escondidas numa casa isolada Versão Vili três caçadores concorrem à candidatura de Ma Zûmbu Matar a fome Matar avô A aplicação rigorosa da Lei desconhece a candidatura de MaZûmbu durante muito tempo observação da Lei Caçadores vêm da floresta e encaminham se para aldeia Versão ViliBis Matar a fome satisfazer o desejo de Ntotela unificador Kôngo regulador da ordem social numa comunidade agrícola Agricultor principal que reparte as produções Makandala Mbânzia Nkanu Yala Nkuwu Ntôtela Kôngo MbânzaKôngo Versão Ngangela Vundjanga contra Kavava A personagem de Ngôngo como pacificador Lutar com as armas sofisticadoras como meio de apaziguar existência de duas Leis diferentes unificadores por Ngôngo Dois primeiros Juízes Vundjanga por um lado e Kavava por outro Vambwela terra da União e Dispersãoorigem da unidade e diáspora CAPÍtULo iii HISTÓRIA DE NOVE SÉRIES DE HERÓIS III1 Análise de Wyatt MacGAFFEY635 III11 Generalidades Wyatt MacGaffey é um dos antropólogos e professores americanos que tem escrito qualitativa e quantitativamente sobre os Kôngo e vamos aqui referenciar exclusivamente dados das suas escritas que consideramos interessantes do Herói Civilizador Por exemplo escreve Wyatt MacGAFFeY as tradições dos 635 Wyatt MacGaffey went on to graduate school to study the Belgian Congo and re ceived his PhD from the University of CaliforniaLos Angeles in 1967 that same year he accepted a position on the Haverford faculty MacGaffey has worked on the ethnogra phy of Lower Zaire since 1964 From 197980 he was a Fulbright lecturer at the National University of Zaire and in 1984 he received a National endowment for the Humanities Fellowship to translate KiKongo texts He is the author of numerous articles and several books on the peoples of central Africa including structure and Process in a Kôngo Village 1968 Custom and Government in the Lower Congo 1970 Anthology of Kongo Religion 1974 Modern Kongo Prophets 1983 and Religion and society in Central Africa 1986 in 1993 MacGaffey organized an exhibition at the National Museum of African Art entitled Astonishment and Power Kongo Minkisi and the Art of Renee stout the show unprecedented in its combination of recent American sculpture with historical Kongo sculpture was supplemented by a catalogue Astonishment and Power which he cowrote with Michael Harris He also received a Guggenheim Founda tion Fellowship in 1993 which he used to write about BaKongo Chiefship At Haverford MacGaffey has held numerous administrative positions He has been Chairman of the educational Policy Committee Chairman of the Ad Hoc Committee on the Freshman Year Chairman of the Administrative Advisory Committee social science Representa tive of Academic Council and Faculty Representative on the Board of Managers But he will be remembered most for the courses he taught like Anthropology of Religion and Anthropology of Art which forced students to de and reconstruct their understanding of society and social structure this process requires ones fundamental notions usu ally considered natural or commonsense to be made conscious and reevaluated texto disponível na internet As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 282 Bakôngo levaram o Padre Van Wing a deduzir que os Bakôngo originaram de Leste eles estabeleceramse em Mpêmba na região à volta de san salvador e subsequentemente em resposta á grande fome que resultou da extrema densidade populacional atravessaram o rio inkisi Nzadi Mas as tradições confirmam também que os Bakôngo foram dirigidos na sua marcha saindo de Mpêmba por um Cão MisteRioso que antes não falava nada e acabou por falar no último dia os nove clãs levaram com eles os elementos da civilização inclusive quatro tipos de armas quatro tipos de comida vermelha básica sementes para diversas colheitas e plantas e uma pilha do equipamento mágico visto que cada clã era especializado na sua própria arte e que no final de cada dia de marcha UM Dos NoVe CHeFes estabeleciase junto dos seus seguidores636 Vamos estabelecer a grelha na qual se enquadra o Herói Civilizador tal como vimos atrás 1 Cão MisteRioso como líder ou Condutor da sociedade um Cão mudo637 2 Nove clãs diferentes pelos seus elementos culturais que compõem em conjunto a civilização ou melhor a CiViLiZAção na linguagem de MacGAFFeY emprestada à de Van Wing 3 A marcha para ocupação deveria levar no máximo nove dias pela simples razão que assim como assinala Waytt MacGAFFeY ao fim de cada dia um dos clãs se instalava elite e os seus seguidores deixando os outros numa boa continuação da marcha ora se eram nove esta marcha deveria levar normalmente nove dias No nono dia o cão falou para assinalar o fim da marcha Como podemos ver existem correspondências com aquilo que já temos escrito atrás principalmente sobre as versões e nomes do Herói Civilizador entretanto prossigamos as explicações secundárias o cão é um dos animais mais citados nas tradições orais 636 MacGAFFeY W oc p421 637 o cão mudo mostra que apesar de conduzir o povo nas migrações faltalhe o poder visto que falar é um poder entre os Kôngo melhor até nos povos geralmente chamados Bantu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 283 principalmente nas fundações das aldeias na separação de aldeia assim como na caça Para irmos directamente ao assunto começamos por citar erwan Dianteill o melhor equivalente desta relação entre o vivo e o morto é do caçador e o animal que o serve é em particular o cão No Kôngo a metáfora cinegética era frequentemente utilizada para qualificar o nkisi o termo nkondi deriva de konda que significa caçar a noite o nkisi do tipo nkôndi estava encarregado de perseguir e aniquilar os inimigos do nganga ou a pessoa que consultava Cada pedaço de ráfia fixado por um prego na estatueta simbolizava uma acção a levar e foi chamado mbua cão Ainda para mais uma sineta do cão e uma linha utilizada para apanhar os animais alimento faziam parte dos atributos materiais da estatueta638 MacGAFFeY W na sua obra sobre Astonishment and power The Eyes of Understanding Kongo Minkisi publicado em 1993 por smithsonian institute National Museum of Africa Art p 43 e 7677 faz observar que os cães são os animais domésticos que vivem na aldeia ao lado dos vivos mas divagam também na floresta onde residem os mortos os cães têm também quatroolhos dois para ver as coisas deste mundo e outros dois para ver as do mundo dos mortos639 Mas voltamos a Nkisi Nkondi que discursámos atrás Aqui o civilizador introduz a caça arte de guerra e o seu acto foi com o consentimento dos bisavôs simbolizado então pelo cão cujos olhos têm por objectivo ver ao mesmo tempo os mortos e os vivos outras versões explanam que Ntinu Lukeni foi curado da sua doença mental e casouse com a filha do nganga que lhe curou A Insistência do cão que os Kôngo fazem é uma metáfora de um mesmo pensar que as vicissitudes da língua atestam em perfeitas condições Aliás W MacGAFFeY tem toda razão 638 Le meilleur équivalent de cette relação entre le vivant et le mort est celui du chasseur et de lanimal qui le sert en particulier le chien Au Kongo la métaphore cynégétique était très fréquemment utilisée pour qualifier le nkisi Le terme nkondi dérive de konda qui signifie chasseur de nuit Le nkisi de type nkondi était chargé de poursuivre et annihiler les ennemis du ganga ou de celui qui le consultait et chaque morceau détoffe fixé par un clou dans la statuette et symbolisant une action à mener était appelé mbua chien De plus une clochette de chien et un filet utilisé pour attraper les proies fai saient partie des attributs matériels de la statuette in Diantell e Kongo à Cuba transformations dune religion africaine in Archives de Sciences Sociales des Religions 117 2002 JanvierMars p72 639 Dianteill e Kongo à Cuba transformation dune religion africaine in Archives de Sc Sociales des Religions 2002 117 JanvierMars p72 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 284 quando insiste que para entender melhor as tradições orais é necessário que a sua análise não esteja separada da cosmologia do povo estudado i suspect that the interpretation of oral tradition in Africa is far more difficult than is usually supposed the modern willingness to employ indigenous texts and concepts for historiographic purposes is not enough unless the cosmologies that generate them can first be understood this viewpoint can be illustrated from an analysis of Kôngo and other traditions from West Central Africa with reference to the work of Jan Vansina and WGL Randles among others640 então se bem que a própria palavra não conserva completamente a ideia primordial ou antiga a cosmologia ou a cultura material e a filosofia à volta da sociedade contribuem de forma decisiva para entender melhor a sociedade A única ponte entre os mortos e os vivos nesta ordem de ideias é o cão que corresponde a Leis ou Constituição dos Ancestrais ou seja no quadro onde é colocado MPANGi ou PANGA deve constar também o Cão ou para acompanhar melhor começamos por citar o próprio MacGAFFeY Uma vez chegado ao local chamado MbânzaKôngo Ntînu Lukeni tal como é alvitrado pela maioria das versões de tradição teria encontrado Mani Kavûnga casando com a filha deste depois de Kavûnga lhe ter curado de problemas mentais Na versão de Cuvelier a História é explicitamente o legítimo capítulo para o ritual da consagração do Rei641 Problemas mentais possessão espiritual simbolizam o processo de eleição regularmente curado através de uma iniciação ou como dizem outras versões antigas nos Vili Mpunu há um culto apropriado neste caso à Kimfûmu conhecido em inglês por Chiefship A pessoa que confidencia as insígnias rituais estabelece uma relação classificatória entre nkâaka Pai ou Avô e o candidato A confirmação da iniciação entrevêse através do casamento entre o candidato e a mulher oriundo do clã do seu pai que se torna seu aliado no culto É interessante notar que o conquistador que teria finalizado a fundação na margem meridional do Nzâdi é exactamente aquele que falhou no norte da margem nomeadamente a relação satisfatória de dependência sobre o Pai As narrações da família de Mani Kôngo são leais na ambivalência desta relação642 640 idem p427 Desconfio que a interpretação da tradição oral em África é mais difícil do que é sugerido normalmente 641 Cuvelier J Lancien royaume de Congo pp1516 642 MacGAFFeY W oral tradition in Central Africa in The International Journal of As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 285 Um capítulo breve contido na obra de Laman sobre a História insiste sobre as três transacções com as origens legendárias dos clãs saindo de MbânzaKôngo A abundância relativa e detalhada deste material nestes capítulos indica o interesse correspondentemente alto dos Bakôngo neste aspecto da sua própria satisfação o chefe fundador de cada clã fala usualmente sobre ter um título particular ngênda sobre ter estabelecido uma relação particular com o Rei Ne Kongo e sobre supostamente ter abandonado a capital original MbânzaKôngo na ocasião de querela fome ou qualquer outra privação e ter atravessado Nzâdi e chegado depois de uma série de aventuras643 no território actual do clã onde como primeiro colonizador ou herói civilizador644 ele varreu os droppings ou a povoação dos elefantes e construiu a sua própria capital ou Praça Central Mbânza645 Aliás o termo dropping está também ligado à fertilidade Voltando ao sentido do cão mudo que finalmente falou esta metáfora insinua que durante as ocupações e quando o país ainda não estava completamente reunido porque as populações ocupavam ou melhor sedentarizavamse ainda nas localidades a ocupar eou já ocupadas a elite não tinha poder nenhum sobre o povo inteiro os seus poderes limitavamse apenas às populações dirigidas eis um dos sentidos de cão Nkîsi Nkôndi Portanto no fim da ocupação quando o povo dissociado décadas antes se reunificou novamente reconhecendose como irmãos primos parentes e amigos etc foi altura do cão se pronunciar e exercer o poder da reunificação Falar entre os Kôngo646 é poder de reunificação African Historical Studies Vol 7 nº3 1974 p424 643 sublinhado por nós 644 Na nossa linguagem 645 MacGAFFeY W oc p419 646 o poder de fala é muito poderoso e isto vai de tio para sobrinho de pais para filhos de avós para netos e finalmente do chefe para os seus sujeitos Alguns exemplos do poder da fala 1 Como dizem os Kôngo quando o seu filho está doente e com uma doença des conhecida de deus o pai tem direito e deve apressarse a ir à família da sua esposa e falar e gritar expressões como estas Não tenho dívida para com ninguém já paguei o dote e tudo para o casamento e se alguém da vossa família sabe alguma coisa sobre o meu filho inocente que o deixe em paz De outra forma ele próprio vai cair 2 Uma noiva que se casa e que a sua família receba o devido dote é interpelada pelos membros da família mais especificamente pelo tio materno tia paterna a mãe e o pai que dizem seja fiel ao seu marido nós já recebemos o consentimento se tu nos envergonhares és tu quem vai sofrer mais e a mulher Kôngo comprometese a ser fiel mesmo se o marido arranjasse mancebas temos milhares de exemplos e gostaríamos que o leitor consultasse os livros As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 286 do povo Aliás o provérbio diz Nkwa nwândi ka mpûtu ko647 Já tentámos explicar isso e através dos números assim como através de algumas versões que explicam a evolução ou génese da sociedade do Kôngo Primeiro teria existido um Rei sobre os nove depois dois reis sobre dezoito e por último três reis sobre vinte e sete Assim estamos perante um só ReiGrande sobre três outros Reis e deste modo a fundação do Kôngo está finalizada Voltaremos com mais explicações mais adiante III12 Outros sentidos de Nove Clãs Na sua apresentação MacGAFFeY fez saber que durante a marcha os nove clãs um depois do outro e em cada dia precisamente no fim de dia instalavamse sem sombra de dúvida se bem que este antropólogo eminente esteja avisado de que é imprevisível fazer a Historiografia na África Central especialmente no Kôngo Ao esquecer a sua cosmologia mesmo assim não ajuizou melhor como se fazia esta marcha sob a égide e conduta do cão e como a instalação nocturna de cada clã era obrigatória Vamos tentar fazer entender isso melhor através das escritas do próprio autor escritas supracitadas e outras publicações da sua autoria eventualmente acompanhadas com as análises das palavraschaves Como temos visto a palavra nove significa uma unidade das unidades a palavra três quer dizer unidade perfeição o que significaria que três unidades ou três perfeições constituem uma outra unidade ou perfeição desta vez ainda maior ou de uma dimensão superior eis o sentido de nove vwā em Kikôngo Uma questão em princípio banal mas bastante atractiva pela sua insistência é como os clãs diminuindo de nove para um teriam seguido a norma ou melhor a lógica da degradação numérica normal ou uma outra lógica correspondendo à cosmologia do Kôngo Começamos por assinalar que na concepção do Kôngo oito é uma contraunidade assim como sete seis cinco quatro mas não o três três nove vinte e sete são na literatura antropológica do Kôngo as únicas unidades ou perfeições pela sua proporcionalidade a três isto é makukwa matatu como reza a tradição Um dos missionários que tem apreendido do Padre Jean Van Wing Leon Bittremieux J Mertens etc 647 tradução livre quem tem a boca não é pobre As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 287 concretamente este sentido de três é Padre Jean Van Wing648 Voltando à questão inicial da degradação numérica teremos em conta a maneira como os Kôngo tratam as suas dissociações Normalmente baseiamse fundamentalmente nas exigências de família e nos seus sistemas de parentesco os Kôngo são irmãos entre eles logo acreditam que são indissociáveis assim como podemos ler nos provérbios máximas e princípios Kôngoe tadi imwangana ko isto é Kôngo é uma pedra que não se quebra crença popular Aliás a própria palavra Kôngo significa assembleia unidade encontro ciclo inseparável Contudo com essa lógica exclusivamente do Kôngo a degradação de nove para um teria acontecido de uma outra maneira Vamos explicar como em princípio a palavra nove traduzse por vwa mavwā termo que significa também estar feito acabado terminado cumprido perfeito aperfeiçoado chegar ao seu fim cessar findar pôr fim a perderse fim etc o verbo vwâka no qual encontramos nove vwā significa estar reunido concertado estar junto juntar estar misturado etc No mesmo sentido vwâla quer dizer templo santo consagrado santificado metido à parte por alguns usos específicos mesmo na sua própria casa quando os outros não têm o direito de lá entrar santuário templo tabernáculo649 Num dado clã existe diferentes famílias três em princípio Kinsâku Kimpânzu e Kinzînga650 e o clã pode muito bem ter o nome relacionado com uma das famílias se bem que dentro dele haja outras famílias o que significa que quando dizemos besi Kimvêmba kimvêmba sendo clã não quer dizer que de facto todos pertencem a esta família de Kimvêmba Nsâku mas sim a um clã cujo fundador era da linhagem ou da família Kimvêmba somente a família é unilateral o restante é makukwa matatu Portanto Esi kimvêmba pode muito bem designar uma linhagem como um clã e isto é diferenciado pela sua localização e o tamanho do espaço que ocupa para além da forma que é narrada a história desta linhagem ou clã ora a divisão de uma linhagem ou de um clã é condicionado pelo 648 Remarcámos a sua grande preocupação de ser fiel ao número 3 conforme foi infor mado pelos Kôngo de diferentes idades e especialidades 649 Ver as palavras no dicionário francêsKikôngo de Karl emma Laman 650 Raphaël Batsîkama que entendeu melhor este uso do três depois de estudar assi duamente o Padre Jean Van Wing e Monsenhor Jean Cuvelier que tem conhecido as escritas da tumba onde estudou oferece uma classificação de cada família e das suas variações patronímicas Cf Voici les Jagas ou lHistoire dun peuple parricide bien malgrè lui oNRD Kinshasa 1971 pp243247 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 288 princípio da insociabilidade isto é como demonstrámos na primeira parte deste trabalho a divisão de lukobi lwa Bakulu visto que os Kôngo não conseguem viver nem serem sepultados longe dos seus ancestrais e isso deve corresponder ao princípio makukwa matatu quando é clã mas à hierarquia genealógica quando se trata da família linhagem Para exemplificar isso partimos do exemplo de óbito Antes de iniciar os Kinzônzi as famílias maternas e paternas do defunto devem estar presentes o terceiro o vizinho é testemunha Logo constituem os makukwa matatu A ausência de uma parte mesmo se for do vizinho convidado não se pode tratar os mambu de óbito No percorrer das massas a divisão dos emigrantes era feita consoante o seguinte princípio as três famílias linhagens do Kôngo dentro de um clã mantêmse inseparáveis de modo a que o clã tenha a obrigação em caso de separação de afastar de cada uma das famílias um homem e uma mulher criança ou adulto o gado fêmea e macho as sementes das plantas que cada família cultiva e até os restos minerais e dos defuntos isto não causava danos ou complicações na organização ou estrutura socioeconómica e sociopolítica651 nem na parte do emigrante nem do acolhedor Normalmente deve existir três famílias repartidas em três clãs652 e nisto resulta o termo nove não só como unidade mas também assim acreditam os Kôngo como perfeição É neste princípio que os nove clãs povoaram o espaço todo do Kôngo de tal forma que em cada comunidade particular isto é em cada espaço conquistado estes noves clãs mantêmse É justamente nesta ordem de espírito que MacGAFFeY e tantos outros autores que falam de nove clãs insistem que a civilização do Kôngo baseiase nestes nove clãs cada um constituindo o seu elemento particular mas que em conjunto formam a totalidade da civilização do Kôngo devido à interdependência de cada elemento desta civilização Por outras palavras a ausência de um dos clãs não é permitido sendo o facto considerado como uma aberração e alta deslealdade Daí o nove significar também ser tornar perfeito aperfeiçoar 651 Mertens J Les rois couronnés des BaKôngo orientaux iRCB Bruxelles pp1439 652 Cada clã levando três famílias ou linhagens tal como explicámos na primeira parte a família é o núcleo Uma linhagem só pode ser unilateral isto é Kinzînga Kimpânzu ou Kinsâku Nunca se reagrupa os três makukwa matatu em contrapartida uma só linhagem não pode viver só A sua harmonia que é aliás uma obrigação considerada tabu e inviolável é o factor de viver em correlação com as duas outras linhagens a fim de formar a verdadeira unidade a unidade permanente As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 289 isto traduzse do seguinte modo o Herói Civilizador ou ainda consoante as expressões de outros autores o Conquistador o semideus do reino do Kôngo não se trata unicamente de Lukeni lwa Nimi tal como escrevem os autores É obvio que existiram vários Lukeni lwa Nimi como Ntînu monarca em diferentes épocas e previsivelmente em diferentes espaços Logo o Herói Civilizador do Kôngo seria um conjunto de nove sequências da História ou nove diferentes épocas da História nas quais derivou a actual civilização do Kôngo Vamos explicar aprofundando o pensamento de MacGaffey nas linhas supracitadas III2 As Origens dentro das palavras Quando se fala de três a correspondência é kukwa ora a respeito de nove a correspondência é clã A terminologia sociológica sobre o clã temos de sublinhar isso é muito ambígua de acordo com os autores todavia para sermos imparciais nas nossas análises repetiremos kânda que difere de luvila na linguagem dos autores Mas daremos mais atenção na semântica da própria palavra Já vimos algumas raízes de nove vwa pois passemos a kânda653 Kànda secar apertar Kànnda cavar para descobrir procurar Kânda alargar estender espalhar espalharse654 MaKanda parentesco família linhagem tribo género natureza bâna kanda escravos exorcizar para impedir a chuva de cair através de um nkisi kanda mvûla Kanda fome grande fome carência de comida época do ano onde encontramos pouca comida por exemplo antes da recolha tempo árido seco acção de secar desertificação Kanda parte inferior de loando De facto vemos uma ligação entre kanda e vwa nove Na realidade 653 Os sentidos aqui levantados vêm de Laman Bentley Cfr As suas lexicografias 654 em Umbûndu handangala traduzse por espalhar crescer aumentar tornarse co mum Ver Yânda também no Ondisiunalyu Yumbûndu do Padre etaungo p 216 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 290 a palavra três matatu e pedras suportes makukwa marcam a primeira unidade pela sua interdependência como vimos atrás Portanto no que diz respeito a nove e kanda temos primeiro três ligações 1 vwa como kanda significa estar acabado estar terminado estar unido estar misturado655 2 vwa como kanda está ligado ao clima seco desertificação calor e fome impedir que a chuva caia vwa656 e 3 ambos termos são testemunhos de algo perfeito designando até vwa um santuário657 templo ou lugar santo purificado etc o dia Kandu ou khandu era sagrado dia do mercado ou dia dos ancestrais Kânda está ligado a nove no sentido em que se fala da junção entre as nove diferentes linhagens658 e esta junção é perfeita Numa óptica mais aprofundada vemos que a palavra kanda tem a mesma raiz do que yânda sul origem o que significa que se teria começado a falar realmente do nsi ou melhor do pequeno nsi isto é pequeno país das origens quando foram misturados nove linhagens principais estas noves reagrupamse em três diferentes e principais makukwa matatu pilares da sociedade do Kôngo Vamos confirmar isso uma vez mais kanda e yânda têm por verbos kânda que significa espalhar estender propagarse A palavra yânda também significa o mesmo De igual modo encontramos kanda que designa fome tempo seco desertificação o que corrobora com yanda yandula yandama e yanduka que correspondem a queimar aquecer e secar Mas de uma lógica muito simplista o reino do Kôngo começaria como um KANDA isto é nove clãs misturados esta é a razão pela qual Khandu ou Nsôna noutra linguagem foi geralmente tido como um dia de feriado dia dos Antepassados será uma lembrança da primeira pedra da 655 o Reverendo Padre etaungo menciona no seu Ondisionalu Yumbûndu as palavras Voha que significa 1 todos 2 conjunto e 3 soma Vide p899 656 De acordo com Ver etaungo vawûla significa queimar passar o lume Cr p 892 657 Vuwíya assim escreve Ver etaungo no seu dicionário Umbûndu português guardar ocultar encobrir e no Valente assim como no Alves a palavra está ligada ao sagrado algo que todos conservam zelosamente 658 Isto quer dizer três clãs já que como afirmámos atrás e na primeira parte deste trabalho a interdependência das três linhagens forma a unidade primordial ou elementar que é o kânda Mas é através desta lógica que a tradição se limita a falar de nove seios Normalmente nove clãs são vinte e sete linhagens eis a razão pela qual alguns dos reis do Kôngo se proclamavam Dono de vinte e sete argolas ou Mestre de nove coroas sustentadas por três famílias o que faz vinte e nove A respeito a este título cf De Bouveignes O Les rois Kôngo ou ainda consultar Jean Van Wing J quando fala de Dom Álvaro IV Etudes Bakongo Histoire Sociologie et Magie 2ª edição de 1959 e Jean Cuvelier na sua recolha sobre as Tradições do Kôngo Nkutama mvila za makanda Tumba 1953 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 291 fundação do reino do Kôngo em princípio é a palavra yîla vila família linhagem que confirma isso pelo facto de significar 1 terminar algo queimado besta ou seres humanos casas 2 enterrar mortos Porquê em princípio os antropólogos sabem qual a confusão que existe entre os conceitos de Kânda e Luvîla sem entramos nesta trapalhada digamos simplesmente que conforme as palavras fazem acreditar vîla ou luvîla designam a fome e o fogo nasce junto com Kânda Mas a diferença entre os dois termos parte em princípio deste sentido três linhagens zivila constituem uma perfeição e estão na origem da sociedade isto é o triplo três zivîla um kânda linhagético que constituiu a primeira sociedade Aqui estamos meramente a tentar entender as palavras ora atrás demonstrámos o suficiente quanto e como teria evoluído esta sociedade chamada Mãe com Nove Seios As palavras são os elementos mais fiéis que acompanham a história humana e este sentido vêse na comparação entre os termos kânda e nove Três makukwa e luvîla estando também na base da sociedade do Kôngo numa região tendo conhecido a desertificação659 é também pressentido na relação kandanove isto é num país que ao mesmo tempo acolheu o povo pela sua fertilização mas depois por causa da sua desertificação causada provavelmente pela ultradensidade populacional foi a própria causa da dispersão deste povo ora bem este sentido ficou ramificado até san salvador actual MbânzaKôngo para justificar a emigração de MbânzaKôngo para o resto do país para outros locais Até na época de Dona Beatriz Nsîmba Vita o povo do Kôngo reclamava ter deixado o actual MbânzaKôngo por causa da desertificação bruxaria falta de nkisi etc ora utilizava frequentemente um termo paralelo a 659 Pode dizerse que a base desta sociedade se situa numa época de desertificação de Kalahari os geólogos estão de acordo de que isto teria acontecido poucos séculos antes da era cristã De uma lógica antropogeográfica as migrações e a sedentarização dos Bantu foi motivada pela abundância da comida causada pela fertilidade da terra não percamos de vista que os Bantu eram agricultores Neste caso é arriscado sustentar a hipótese segundo o qual quando os Bantu instalaram no actual Kalahari teriam encon trado já o deserto A antropologia cultural e linguística não parece não provar isto Pelo contrário ambas antropologias indicam que os emigrantes instalavamse nesta região provavelmente na altura que era um excelente lar de viver e satisfazer a sua agricultura A ocupação em outras regiões foi provocada pela desertificação Quem fizer a anatomia do rio Kuvangulu Ovângu Kwându assim como o aspecto físico da região de ovambo land pode muito bem confirmar aquilo que dissemos Cf Bascom W Herskovits MJ ed Continuity and Change in African Cultures Chicago University Press 1956 Fodor i The rate of linguistic change Londres La Haye Paris Mouton Cie 1965 KiZerbo J Histoire de lAfrique noire Hatier Paris 1978 A respeito da Arqueologia da África meri dional um dos autores mais citado é De Pedrals As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 292 FoMe como informa Bernardo da Gallo660 e mais tarde outros padres nomeadamente Lucca Da Calteniseta661 Lorenzo da Lucca662 Romano Dicomano663 etc Nas suas justificações notase uma ligação íntima com as epopeias das origens isto é pensam os Kôngo que as razões das origens são as mesmas o número nove em Umbûndu traduzse por etíya ora a mesma palavra ou a sua variante etiyela é um vaso de ferro louça ou madeira em forma de bolota esférica Kôngolo em Kikôngo Como pode se verificar nessas passagens nove significa para já a panela Kôngo para cozinhar em base de três makukwa664 será uma metalinguagem de nove como início do país já fundado Não é gratuito que a variante Umbûndu handeleka signifique ordenar governar exercer autoridade dirigir Assim seria pelo que se pode ler em congruência com a instituição kânda nos Kôngo os sentidos de handeleka variante morfológica de kânda tornar comum depois ordenar dominar para passar a exercer autoridade governar De facto Mãedenoveseios está em evidência o que prova que do ponto de vista da etimologia kânda seria uma instituição política e não apenas social de parentesco Yânduluka em Umbûndu Nyaneka e em Côkwe também significa renunciar e yandulukano665 demitirse Assim testemunha as próprias palavras kânda cuja etimologia remota em Umbûndu Nyaneka e Côkwe o que indica uma instituição política que existia desde as origens nas regiões de grandes calores ou fome III3 Análise da Semana do Kôngo A semana do Kôngo contava quatro dias cujos nomes variam 660 tradução de L Jadin Relations sur le Congo du Père Bernardo da Gallo et la secte des Antoniens in Bulletin des Sciences de lARSC 661 Versão de Fr Bontinck Diaire Congolais de Fra Luca de Caltanisetta 662 Versão de Monsenhor Jean Cuvelier Relations sur le Congo du Père Laurent de Lucques 17001717 663 Versão de Jadin L Relations sur le Congo du Pere Raimundo Dicomano in Bulletin des Seances de lARSC T III fasc 2 664 tido em conta o código ideológico a proporcionalidade em três faz com que nove sejam reduzidos em três 665 separado por nós A palavra é yandukanu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 293 consideravelmente Colocase uma questão inevitável qual era o primeiro dia e qual era o último o Reverendo André Conga da Costa propõe esta tradução ntono Segundafeira nsilo Terçafeira nsona Quartafeira nkoyo Quintafeira dia santo Cardonega Bernardo Da Gallo Lorenzo Da Lucca Lucca de Caltaniseta e Jerome de Montesarchio quando escreviam sobre os Kôngo Kimbûndu666 mencionavam uma semana a quatro dias desta vez Phica ou sona Quenque Quonso Bukhonzo Nkoyi Nkoyo Nsîla Na recolha que tem feito V smith667 notamos esta sequência Nkandu segunda feira Nkônzo terçafeira Nkênge Quartafeira e Nsôna Último dia Na linguagem corrente Nkându é geralmente o filho mais velho enquanto Nkênge o último dia porque tratase em certas regiões da última menina de três gémeos os dois primeiros são aqui meninos chamada Nkênge Aliás os filhos de Mazînga ancestral de todos os Kôngo a última chamava se Nkênge Mafûta Lukeni etc Reza a tradição que Nkenge ngutia amfûmu668 isto é Nkênge é a Mãe das Autoridade ora esta Mãe era Lukeni a única filha da primeira família do Kôngo de onde originou todas as famílias Na opinião de Martins Vaz a cronologia é Nsôna domingo Nkoio segundafeira Ntôno terçafeira e Nsîlo quintafeira669 Na sua opinião assim como do Padre Conga o casamento realizavase no dia Nkoio670 dia santo isto é Nkôyo Por um acordo unânime Nkôyo sucede a Nsôna independentemente dos autores se Domingo fosse Nsona Nkôyo seria então segundafeira A última alternativa seria se Nkoyo fosse tido como Domingo então Nsona seria o sábado Portanto na ordem de ideias 666 Aqui conta imbângala Pênde Kyâka e vários pequenos grupos guerreiros que povo am esta zona 667 smith V Diatungwa va tadi 1966 p210213 668 Cuvelier J Nkutama mvila za malakanda tumba 1972 ver Nkênge Aconselhamos também a significação que avança Van Wing Na pequena lexicografia de Bittremieux L no seu livro sobre Bakimba encontramos também algumas anotações 669 Vaz JM Filosofia tradicional dos Cabindas através dos seus cestos de panelas Provér bios adivinhas fábulas I Agência Geral do Ultramar Lisboa p282 670 Conga Andrade Oc p87 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 294 do Kôngo quando vemos que Nkându e Nkênge são o primeiro e o último filhos dos gémeos vemos que existe uma grande aproximação e lógica de Nkându ser realmente o primeiro e Nkênge o terceiro dia Neste caso qual seria o segundo dia e o último dia É um paradoxo que surge Nsîla ou Nkôyi Nkoyo tem ligações fortes com o primeiro filho da família primitiva Nsâku o regulador da Lei a pessoa vigila sobre o resto da família etc e por esta razão afilia a Nkându segundafeira a Nkôyo terçafeira etc Logo tornase complicado designar o segundo e o último dia A causa desta confusão é na nossa humilde opinião o esforço de entender a realidade do Kôngo fora ou além de uma cosmogonia que não é Kôngo Vamos tentar responder à questão inicial de primeiro segundo terceiro e último dia da semana o que eventualmente vai facilitar nos desemaranhar alguns aspectos ligados ao Herói Civilizador na sua amplitude de personificar vários usos e costumes culturas agricultura caça pesca etc etc Cremos humildemente que a análise de cada dia da semana do Kôngo poderá facilitar o nosso entendimento a respeito da ordem da semana do Kôngo assim como o Herói Civilizador se identifica nesta instituição iii31 Mpîka671 A palavra Mpîka que é regional especificamente nos Kôngo norte ocidentais Nsûnde Hûngana Vili deriva de 1 pîka fazer entrar algo numa coisa 2 pîka engrandecer crescer engordar ganhar corpo 3 pîka bater chapar bofatar 4 pîka segurar afiançar agarrar amarrar etc Na opinião de Raphaël Batsîkama a palavra Mpîka significava672 671 Comparar com hika ou yika em Umbûndu cujas raízes são okuyika fechar cerrar encerrar limitar okuyika encerrar uma cessão um julgamento ou culto de Adoração yika trancar por fecho aldrabar etc yikulu tirar obstáculo que impede entrar ou sair ou ver Cfr Ver Etaungo D Ondisionaliu Yumbundu Dicionário de Umbundu Edições Naho Lisboa 2002 p920 672 É um dos termos que já não são correntemente usados mas exclusivamente reserva dos para os mais velhos com mais de 75 anos de idade esta categoria assim insiste Ra As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 295 o filho mais velho dos gémeos Algumas das pessoas a quem temos procurado a verdade esse sentido já não estava em uso todavia no seu famoso Dictionnaire KikôngoFrançais Karl emma Laman menciona este sentido De acordo com Raphaël Batsîkama Mpîka é comparado ao primeiro dia romano isto é à segundafeira sabendo que a semana Kôngo acaba na Quintafeira Para sustentar esta hipótese assinalamos que o autor baseiase numa lenda muito popular entre os Vili até no Gabão que estipula que o Deus manifestouse sob a forma de uma serpente que depois voou para o céu o seu contemporâneo ou melhor a sua referência é chamada Mpîkapîki Laman escreve Mpîkampîka temos outros argumentos para sustentar isto as primeiras convenções tomadas nas conversas de casamento entre duas famílias são normalmente chamadas Mpîku za Kwêla porque a família do noivo faz um seguro dando o kidîmbu sinal ou assinatura do noivo na família da noiva A palavra Mpîku tomou o sentido de Lei Mandamentos este sentido está ligado também com o mercado que era um lugar da Justiça eis a razão pela qual a palavra voltou a designar Julgamento673 uma resposta durante o processo ou julgamento Lamba Mpîku escreve Karl Laman significa prendre conseil pour réfuter ou défendre une cause juger674 existe um verme solitário muito falado nas narrações e nos provérbios Vili Nsûnde Yômbe o nome é Mpîki Muitas vezes é confundido com Mpîkimpîki serpente voador uns querendo diferenciálos e outros querendo unilos De qualquer forma se bem que as suas anatomias sejam dissemelhantes de um e outro lado as suas funções na sociedade são quase as mesmas é bom sublinhamos este facto muito importante Pelos princípios da metamorfose das palavras675 Mpîkimpîki é a repetição phaël Basîkama é estrita pelo facto de abranger unicamente aqueles que cresceram nos matos os da cidade conhecemno mal todavia existe uma série de verbos que apesar de não afiliar directamente nesta semântica tem sentidos interligados Por exemplo vi kisa nos mergulhos falase das primeiras pessoas que vão mergulhar na pesca do rio por exemplo yîkama quer dizer expôr peixes no rede de secagem à primeira vista ou o primeiro dia em que os peixes são expostos para mais tarde se tornarem peixes fuma dos são termos que são correntemente usados ou seja no diaadia nas sociedades do Kôngo especializadas na pesca de rio a Luwôzi por exemplo todavia podese também consultar Karl Laman assim como Bentley idioma de san salvador onde encontramos estes termos ou outros e que afinam com um ou mais sentidos do Mpîki 673 Gougenhein G Les mots français et dans la vie Voli Portíco Neste livro vemos que as palavras também têm História Para uma boa aula sugerimos ler De sAUssURe F Cours de linguistique générale Payot Paris 1964 pp326 674 tomar lugar no Conselho para refutar ou defender uma causa julgar 675 Chomsky N Reflexões sobre a linguagem edit70 Lisboa 1977 pp123153 Coseriu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 296 de Mpîki em Kikôngo a repetição da palavra insinua a degradação ou o diminutivo do objecto enquanto a repetição de sentido insiste na pureza do objecto Mpîkimpîki sendo a repetição da palavra vemos que o princípio da língua parece não responder bem pela simples razão que o verme Mpîki é mil vezes mais pequeno do que a serpente Mpîkimpîki Mas seria Mpîki a serpente e Mpîkimpîki o verme Uma razão justifica esta suposta confusão as próprias narrações uma vez que Mpîkimpîki é o diminutivo de Deus que foi para o céu ora ao mesmo tempo este verme famoso que elogiam as narrações é tido como deus676 De facto Mpiki designa o verme mas consoante múltiplas morfologias uma das quais mvidi designa pulga isto é antes de entrar no corpo humano ou do cão é chamado Mpîki mas quando adquire o corpo branqueado verme élhe dado o nome de mvîdi A forma da criação faz com que Mpîki se bem que materializado em verme seja conceptualmente maior do que a serpente porque representa o Deus que foi para céu e que nunca mais quis voltar para a terra e como estamos a ver o sentido de Deus assim como os seus atributos estão em evidência isto é o primeiro ancestral o mais velho dos humanos que converge semanticamente e metaforicamente com o Herói Civilizador Daí Mpîkimpîki continua a ser maior conceptualmente por causa da imagem de Deus enquanto Mpîki a serpente em relação ao seu criador Deus Mpîkimpîki é apenas uma miniatura em Umbûndu aliás nyîko é preservador do hîka sinónimo de hindiko esse antropónimo deriva de okuyîka que significa fechar encerrar encaixilhar preservar encerrar uma sessão um julgamento ou culto os sentidos de preservar e encerrar um julgamento vêm apoiar que Mpîka dia do Kôngo lembra de facto as Leis que essa série de Heróis Civilizadores estabeleceu III32 Nkhonzo A palavra tem a mesma raiz que Nkônzi que significa o primeiro eO homem e a sua linguagem Presença Rio de Janeiro 1987 pp5779 Para entender a evolução da língua no espaço se bem de forma mais geral pode lerse August Compte Leçons sur la Sociologie GFFlammarion Paris 1995 Para um estudo aprofundado aconselhamos Ferdinand de saussure Cours de linguistique générale Payot Paris 1964 ou ainda com mais explicações na língua francesa Gourenhein G Les mots français et dans la vie acima citado 676 Quando analisamos os termos que estão ligados a Deus vimos que é considerado como princípio causa e até esperma tal é o caso da semântica que produz o termo Mpîki Mvîki Mvîka etc ao mesmo tempo como Deus e como vermepulga ovimbûndu vizinhos dos Nyaneka tem o termo esuku ou ehuku que significa germe embrião ou ovário da planta e a mesma palavra quer dizer Deus isto é origem princípio As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 297 do dia isto é a pessoa que acorda primeiro na aldeia Nkônzi mbêele é equivalente a Ngundja dos Umbûndu uma ave que de manhã canta muito cedo segundo dizem para acordar o soBA em Kikôngo o sinónimo é Ngîli Já tratámos disso677 A expressão Nkônzia Mbâkala literalmente o mais velho rapaz falando dos gémeos é sinónimo de Mpîki segundo nos foi confidenciado por Raphaël Batsîkama678 e confirmado por Laman que se limita a dizer personne grande aux membres lourdes A própria palavra Nkônzo significa também pinhos frunco ou geralmente uma parte parasita da árvore especialmente falando de nsâfu isto é colina do chefe tal como analisámos nas páginas anteriores ora isto está ligado ao primeiro Rei e à sua região quando correntemente designámos por Nkônzo uma pessoa idosa que gosta sempre de se aquecer ao fogo679 Fogo calor mais velho pessoa idosa são elementos que arquitectam as nossas hipóteses sobre o Herói Civilizador assim como a sua região primordial Passamos antes de cimentar aquilo que dizemos atrás aos verbos com raízes dos sentidos que encontramos no termo Nkônzo680 Kônya konza tornar seco secar grelhar ou queimar sobre o sol681 Kônza ser fraco fragilizado682 Kônza bater bofatar chapar cortar crescer Kônza procurar com cuidados recrutar esquadrinhar colher frutas tirar683 677 Aqui voltamos aos noves campos ou clãs assim como na aldeia primitiva que foi queimada 678 temos beneficiado do acesso de alguns artigos publicados nos Jornais Ngônge Kôngo dya Ngûnga Kôngo dieto Kôngo Mwînda sem falar directamente de Mpiki Raphaël Batsîkama fornece algumas informações muito importantes especialmente no Courrier dAfrique onde também foi correspondente 679 Cfr Laman quando fala de Nkhonzi nos Vili em Cabinda Bentley falando dos fala res de MbânzaKôngo dá palavras ou expressões que atestam Khonzo lêmba está rela cionado ou é directamente uma região unilateral quente mas também a pessoa das origens 680 Podese conferir os dicionários consultados Vide Bibliografia 681 em Umbûndu okukonya significa 1 perder a frescura segundo Reverendo etaungo vide p262 De acordo com a nossa recolha a palavra significa reduzir a humidade secar expôr ao sol Pode também verificar esses sentidos nos dicionários de Valente e sobretudo de Albino Alves Umbûndu e de Adriano Barvosa Côkwe 682 Reverendo etaungo Daniel assinala que okukonya significa também tornar triste p 262 683 Reverendo Etaungo Daniel op cit okukonya encolher recolher recolher para regaço As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 298 Kônzakana marchar como velhote ombros inclinados684 NaKônzani estar muito fatigado miserável magro Kônzama estar sentado de forma importante para ser consagrado pessoa ou nkîsi Kônzangana vir e ir andar muito o termo Khônzo contendo o sentido de secagem ou desertificação e o de estar sentado de uma forma importante para ser consagrado falando de pessoa ou de nkîsi justifica os primeiros Mani Kôngo consagrados no país das origens Mokônzi em kikôngo de hoje quer dizer conexão junção o facto de juntar o nó Mas também a mesma palavra com a mesma pronúncia das sílabas significa giba Como podemos ver voltamos à cidade real que era uma colina cujas narrações associamse eventualmente com caçador ou emérito das Lavras Agricultor Unificador sentido também presente na Kônza colher frutas ora um dos velhos sentidos de MaKônzi é dirigente cabeça de uma coligação elite Porém um dos sentidos populares passou a Kinsâsa685 que designa chefe Autoridade mas desta vez com modificação dos fonemas com U e o Nesta palavra Khônzo podemos também entrever a actividade que institui este Dirigente ou Elite Cabeça de uma coligação tratase de um AgricultorCaçador o verbo Kônza do qual deriva significa 1 colher fruta depois de ter um trabalho penoso e duro que realmente causa fadiga ou entreter trabalho de campo de forma engenhosa para a semente germinar em boas condições pousser escreve Laman 2 bater a árvore com catana este sentido tem dupla função por um lado quando entramos como caçador numa floresta assim é o exemplo de Mayômbe e nos Yaka tal como escreveu Plancart o caçador não pode faltar a catana etc 684 Um Umbundu konyima é um advérbio para dizer nos tempos remotos etaungo assi nala a mesma palavra e traduz por antigamente 685 Na língua de Kinsâsa Mokonzi quer dizer chefe Nas nossas análises remarcámos o uso de Kûnzi com o mesmo sentido ora bem Kûnzi não significa directamente chefe mas pilar que suporta uma casa coluna sentido esse que numa metáfora dos termos utilizados para designar as funções do chefe intervém também Portanto Kûnzi é tam bém de um calão juvenil da língua de Kinsasa o chefe Mas é melhor assinalarmos duas correntes de ideias nestes termos 1 Mokônzi seria outra forma de MaKônzi se em principio aceitarmos a imputação de o e U Mas em caso nenhum MaKônzi tem morfo logicamente o mesmo valor linguístico do que Mokûnzi o primeiro deriva de Kûnza e o segundo de Kûnzi 2 os dois termos tem porém uma semântica uniforme fruto das vicissitudes históricas As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 299 cujo objectivo é deixar a marca do seu caminho sua passagem na ida com o risco de entrar na floresta e nunca mais sair dela Porque o mesmo caminho da entrada é a mesma da saída diz o adágio Bêmbe Por outro lado bater correlaciona com procurar com cuidados recrutar escolher tirar os espinhos separar o joio do trigo Vimos atrás nos nomes do Herói Civilizador que a cidade real era habitada por uma ambivalência de autoridades ou melhor por duas pessoas para uma autoridade coerente uma é secular e administrativa e a outra é religiosa e sacerdotal Mas ambos habitavam numa colina e uma das suas funções era observar a Lei razão pela que a raiz diz escolher tirar um elemento errado diante dos outros a fim de manter a harmonia isto é Chefe da Constituição Felizmente encontramos todos estes sentidos na palavra Khônzo nome de um dos quatro dias da semana Kôngo Realçamos o sentido de sentar de forma a ser consagrado e de chefe A palavra mfûmu autoridade que é sinónimo significa ficar tornar triste ou sentar com a mão no queixo em Umbûndu existe uma variante okukunya tornar triste Na filologia dos termos em Umbûndu Kikôngo notase que se trataria provavelmente de um estatuto social dos candidatos para eleição de chefe Kimfumu ma kya tumbwa diz o princípio Kôngo enquanto konyi em Umbûndu é a pessoa escolhida entre a multidão ou propostas recolhidas III33 Nsîlu Nsilu nome de mercado significa em princípio nsîla chicote azorrague castigo Já vimos atrás que os mercados eram lugares da reeducação onde se disciplinava os criminosos o sentido de chicote remota há séculos com a vinda dos europeus nos séculos XVi XVii XViii quando estes últimos utilizavam os Kapita ou soba para maltratar os seus próprios irmãos com o chicote A palavra azorrague vem cimentar isso sendo uma invenção europeiaduranteacolonização Quanto ao castigo é de lembrar que o mercado era o lugar do Justiceiro onde os condenados eram obrigados a trabalhos esforçados por questão de castigo Por esta razão em relação aquilo que vimos atrás sobre a Casa real Justiceiro e Unificador686 a palavra Nsîlu significa nas regiões do 686 Vide a génese da sociedade do Kôngo Ngîdi Kûndi Kângu Ngandi Zûnga kya Nsi As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 300 sul de MbânzaKôngo e Kwîmba no ZômboNdâmba por exemplo 1 fundamento 2 base 3 algo duro e seguro o JusticeiroUnificador da Casa Real acabaria para ter o nome não só do lugar mas também do dia Nsîlu687 De facto até neste ponto ainda é difícil sustentar que Nsîla seja o nome de dia mas provavelmente do lugar da pessoa que o dirige Há uma razão que nos faz acreditar nisso Nsîla hoje em dia é geralmente nome de pessoa um nome de prestígio que vigia688 a sua família689 Logo a pessoa com esse nome é um regulamento personificado e respeitado isto é a sua presença na família é acompanhada pela observação das regras e a sua ausência é a desarrumação a anarquia ou a confusão Um provérbio diz isso desta forma Vo Nsîlu leka nzô vangulwe kimfûmua basusu690 Neste sentido aumentamos o de promessa691 ou compromisso e juramento o último faz sentido quando sabemos que o mercado do Kôngo antigo era um lugar de Justiça e porque não o primeiro sentido sobretudo porque corresponde com a forma segundo a qual se realiza a justiça entre os Kôngo692 também temos de sublinhar um facto aquele de Nsîlu estar presente nas lendas do Kôngo principalmente na história do dilúvio existe algumas palavras para esse efeito lendário entre os quais Nsîla masa ou simplesmente Nsîla A palavra está associada às chuvas com faíscas com o dilúvio e finalmente com o arcoíris Reza a lenda que Nsîlu a mesma palavra que designa o dilúvio serviu doravante para ilustrar o compromisso que Nzâmbi manifestado sob Nzazi693 teria feito com o ser 687 Assim escreve Laman Nsîlu é nome de pessoa Geralmente uma pessoa chamada Nsîlu é o mais velho de todos e os seus menores devemlhe respeito 688 O verbo sîlama ou sîlikisa significa tomar conta olhar atentamente dar a sua atenção total a uma pessoa a fim de ele exercer o trabalho como lhe foi ordenado sentido que encontramos nos idiomas de Mpûmbu antigo KinsâsaBasCongo e esse facto põe geralmente nervoso a pessoa controlada silika em lingala de Kinsâsa significa afrouxar enervar ficar chateado aborrecerse etc 689 A palavra designa um desgosto cercando a casa onde corre água o verbo sîla quer dizer aliás escavar um esgoto numa lavra para assim permitir regar as plantas enquanto não faltar corrente de água 690 Na ausência do Nsîluregulamento ou quando as regras são adormecidas ou ultrapassadas a casa tornase numa anarquia uma capoeira Literalmente quando as regras não são aplicadas a casa tornase numa capoeira 691 Neste sentido afilia a Mpiku za Kwela promessa de casamento ou kidimbu 692 Para mais informações conferir Cuvelier Relations sur le Congo du Père Laurent De Lucques 17001717 iRCB Bruxelles pp8182 Assim como Van Wing J Etides Bakôngo ii Histoire Sociologie et Magie ver o significado da palavra Kôngo A palavra significa entre outros promessa que se deve fazer para os seus bisavôs e os seus contem porâneos compromisso de optar pela verdade e bonança da sociedade 693 Faíscas de uma grande chuva As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 301 humano muntu De forma estruturalista seria um pacto ou metáfora de espirítocarne694 assim como a própria palavra significa ligação nó695 fim arcoíris compromisso infringível que não se pode quebrar e conclusão entre duas existências realidades diametralmente opostas Algumas raízes da palavra são696 sîla decidir designar697 sîlana fazer um acordo recíproco sîla bater chapar etc sîla estender o pé dançando ou devido as dores dançar mal estar paralisado etc sîla louvar permitir etc Nesta semântica Nsîla é tido como lugar das decisões ou de acordo recíproco isto é da Justiça Mas bater e chapar reenvia ao castigo tendo em conta que lá foi o lugar da Justiça o sentido de permissão temos que sublinhar isso dada a sua importância está ligado às novas imigrações assim como à consagração do eleito De acordo com as narrações do Padre Lorenzo da Lucca Nsîlu era a permissão que o Juíz outorgava aos Nzônzi ou advogado de expressar698 e como podemos ver está ligado com a Casa 694 De uma forma estruturalista mais simples podemos entender o casamento entre o espírito e a carne humana ou o céu e a terra analisando os topónimos astrónimos hidrónimos e teonimos etc 695 Mpîka também significa nó Já podemos estabelecer um quadro de paralelismos entre os dois termos Mpîkimpîki relacionase entre o Deus celeste e o Deus humano que é o ser humano ora aqui temos um acto divino e outro mundano ou melhor uma coligação de um acto espiritual e outro humano 696 em Umbûndu encontramos isso na nossa recolha pode também conferir Reverendo Padre etaungo Daniel Ondosionalyu Yumbundu sîla espremer comprimir fazer pressão de cima para baixo pisar sîlamela proteger guardar abrigar preservar apoiar auxiliar economizar evitar poupar respeitar sîhila impôr exigir obrigar reclamar pedir com insistência sîlivila servir prestar dedicar render sîliya abastecer aprovisionar guardar comida prover 697 segundo Albino Alves sila determinar resolver comprometerse p1279 sila matriz estirpe raíz ou tronco da família base de árvore entre a raíz e o tronco pecíolo ou pedúnculo da folha ou da flor faro com criação p1297 sila espremer comprimir calçar idem sila aliança acordo p1298 herança legado Tradição costume antigo herdado dos ante passados lei uso 698 Cuvelier Relations sur le Congo du Père Laurent De Lucques 17001717 iRCB Bruxelles pp8283 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 302 Real e com o Justiceiro Quanto às imigrações uma analogia banal é tal como para dançar enquanto decorre a justiça Um gesto muito comum consiste em esticar o pé como princípio da dança ou ainda quando uma pessoa paralisada durante um tempo vai ao médico terapeuta este último depois da cura obriga o seu paciente a esticar o pé como sinal de pontapear a doença ou ainda para dizer que a doença já se teria ido ora assim escreve NdingaMbo699 no seu interessante artigo sobre as migrações teke700 Muito antes de se movimentarem os povos migratórios consideravamse como paralisados e por causa de fome de briga ou da feitiçaria são obrigados a imigrar ou seja devese primeiramente esticar o pé701 Nesta palavra estão reagrupados linguagens diferentes nomeadamente a da justiça702 e a da medicina isto reenvianos para a autoridade secular ou administrativa e para a autoridade religiosa Ambos domínios consolidam a sociedade e afastam a dissolução da sociedade mesmo dentro das cissões e outras separações Nsîla teria sido a imortalização de uma outra série de Heróis Civilizadores Quer em Kikôngo como em Umbûndu a trama semântica indica que a presente correnteza trabalharia na legislação da economia Nacional e nos deveres do cidadão perante a terra que explora Logo vemos uma continuidade de Nkônzi Notase que o cidadão é obrigado a preservar a terra não simplesmente como herança dos antepassados mas também segue uma série de leis da terra A pessoa que representa essa Lei habitava na colinaparaesseefeito Antigamente chamada MaLwâla703 a literatura histórica e antropológica dános várias denominações704 699 NdingaMbo AC Réflexions sur les migrations Teke au Congo In Cahiers congo lais dAnthropologie et dHistoire nº6 1981 pp67 700 os têke umas das famílias Kôngo eram sempre os primeiros na linha elite dos migratórios 701 esta é a nossa conclusão dando conta daquilo que nos faz esclarecer NdingaMbo Aliás paralisado e esticar o pé nesta linguagem da justiça e das migrações justificase com bastante termos e outros usos e costumes 702 A justiça aqui já é considerada como função que os BesiKinsâku outorgaram aos Besi Kinzînga 703 Lwâla aqui é parte da colina habitada por um dirigente religioso Nkûwu assim reza as tradições recentes o local era sacrado porque era o lugar onde o rei foi coroado como testemunha de árvore Nsânda Actualmente encontramos a sua sobrevivência nos Vîli e Ladî assim como a actual MbânzaKôngo onde encontramos Yâla Nkûwu 704 Nsàku Ne Vûnda Dom Manuel de Nsôyo o primeiro a ser baptizado exercia as suas funções debaixo de uma árvore sagrada Nsânda Vários autores assinalam MaLwâla ou MaLuyâla com o título de Mankûnku Makoko Mankândala Nkûwua nene Nsâku etc entre eles Cavazzi Van P Haae Vanden Bsoch Joris van Dheel Romano Dicomano As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 303 III34 Nkênge Nome de pessoa geralmente mulher também designa o dia do mercado do Kôngo Por este motivo contém na sua expressão corrente diversos sentidos oriundos da História que lhe deu origem Começamos por enumerar raízes da palavra Kênga controlar vigilar ter olhos sobre arrumar uma guarda inspeccionar fiscalizar policiar examinar revistar705 etc Kênga ou yenga espalhar a luz da lua brilhar como a lua estender sobre distribuir espargir a luz da lua ou o calor do sol706 etc Kênga andar à volta de dar voltas desaparecer das vistas de sair da vista de afastarse cessar de renunciar a omitir um costume707 Kêngula cumprimentar chamar visitar708 etc Kêngomoka ter algo derivado de vermelho ser claro brilhante como a luz de sol709 etc Yênga uma terra vermelha queimada argila avermelhada amarela de crome etc Yênga gritar com uma voz forte e alta como um leão bater em alguém começar uma canção gritando yênga nkunga começar a cantar gritar no começo de uma canção etc Yênga calor no ventre durante uma doença710 Yênga paz tranquilidade repouso amizade união acordo também caça yêngumuna caçar agarrar afiançar cacear catar enumerar711 etc No dia Nkênge há controlo inspecção ou melhor há a observância das Leis o sentido do mercado está presente aqui no sentido comercial e jurídico policiar revistar em MbânzaKôngo actual san salvador assim como em Mbâta Kwîmba Bwênde a palavra Nkênge está muito ligada à terra alta e vermelha fogo e calor712 estamos aqui perante o sentido Bernardo da Gallo Lorenzo da Lucca Brazza Jean Cuvelier etc 705 Em Umbûndu yêngula significa censurar exprobrar 706 em Umbûndu yênga yêngula significa derreter cobre com fogo 707 em Umbûndu yêngula significa voejar esvoaçar 708 olhar saudar em Umbûndu sedutoramente 709 Liquefazer tornar líquido um corpo sólido dissolver 710 Calor quando se liquefaz um corpo sólido 711 A comparar com hênga que em Umbûndu quer dizer celebrar exaltar afiançar 712 Dores de barrigas Laman cita o sentido de calores de ventre durante uma doença As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 304 comum de Justiceiro Mãecomnoveseios e Casa Real que tratámos atrás713 Aliás okuHêngelisa em Umbûndu Nyaneka também traduzse por entronizar pôr alguém no trono entronar elevar coroar pôr a coroa isso consolida a hipótese segundo a qual a Mãecomnoveseios pode ter sido acontecido no Planalto Central Contudo o sentido banal de Nkênge uma mãe educadora e exemplar confirma isso É de lembrar que no mercado as populações vão procurar a paz a tranquilidade para os seus problemas e este sentido está inscrito na semântica de Nkênge A caça como uma das actividades que marcou a sociedade ou melhor os produtos de caça assoberbando o mercado também está presente na acepção de Nkênge A constância de vermelho calor queimada evidencia as origens ou o aspecto geográfico ou astral do país das origens Prova disso são as terras de MbânzaManteke do actual MbânzaKôngo MbânzaMbata e Mbânza Nsônso que são avermelhadas assim como de diversas colinas que as populações explicam sendo as antigas sedes das Autoridades No sul entre os Kyâka por exemplo Mesquita Lima714 notou a mesma coisa mas desta vez a terra era amarelada por causa do clima Portanto reconhece que esta cor da antiga sede das Autoridade é relativamente exclusiva em relação ao resto da terra Lemos no Dictionnaire KikôngoFrançais de Karl Laman que yenga significa jaune de chrome isto é amarelo de crome Nkênge ngutiamfumu715 reza a tradição isto traduzse por Nkênge a Mãe das Autoridades ou ainda Nkênge songoa nene wulungila meso ka ntambi ko716 isto é Mkênge é uma montanha enorme na qual só pode circular o olhar e não os pés Nestes termos Nkênge é considerado como fonte das Autoridades e ao mesmo tempo como sede primordial esta fonte correlacionase com a caça e a sede primordial correlacionase com a montanha cuja cor é avermelhada Diacronicamente são duas sequências Porém sincronicamente é uma questão de uma mesma realidade representada de formas diferentes em primeiro lugar remarcamos a 713 Nkêenge grosso modo o lugar principal de uma antiga povoação ou ponto principal de um país inteiro este termo está ligado à antiga sede do Chefe Porém a insistência do vermelho era para lembrar in Lima M Os Kiaka de Angola ed tavotra Redonda Lisboa 1989 pp153 155 ora assim lemos no Dictionnaire KikôngoFrançais de Karl Laman yenga é amarelo de crome 714 Lima M Os Kiaka de Angola ed tavotra redonda Lisboa 1989 pp153 155 ora assim lemos no Dictionnaire KikôngoFrançais de Karl Laman yenga é amarelo de crome 715 Cuvelier j Ntutama mvila za makanda tûmba 1952 4 edição vide o patrónimo também consultar Nkânga Kyangala mbângala 716 De Munck J Kinkulu kya nsietoa Kôngo tumba 1953 p 21 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 305 antropomorfização ou a personificação de diferentes eventos históricos ocorridos em tempos diferentes mas numa região relativamente uniforme e em segundo lugar observamos a geografização de diferentes heróis em diversos domínios de actividades e diversos ângulos de observação As raízes desta palavra acima referenciada confirmam isto de forma substancial por um lado kêngapoliciar kêngadar voltas yêngagritar no começo de uma canção etc parecem a personificação de diferentes eventos históricos Por outro lado yêngaterra queimada e avermelhada yêngaamizade kêngabrilhar como a lua ou o sol etc portanto explicam a geografização de diferentes heróis Assim kêngabrilhar como o sol consiste na ocupação de uma região pelo povo sob a direcção de uma Elite e isto corresponde a yêngagritar para começar uma canção ou uma dança que todos vão seguindo ou ainda yêngumunacaçar que se relaciona com kêngaarrumar uma guarda Como podemos ver estas codificações alegóricas geografização e antropomorfização complementamse uma à outra Por último yênge quer dizer bracelete do braço Voltando à História de Ruej Côkwe que herdou o bracelete do seu pai vemos que existe uma correspondência real com Nkênge Para começar Ruej e Nkênge eram as filhas cassulas Uma casouse com um caçador e a outra tinha descendência cujo âmago de caça justificava o direito de ser elite das Migrações III35 Nsôna Começamos por assinalar que o termo Nsôna é sinónimo de Mpîka Mas se na verdade Mpîka designa o primeiro filho dos gémeos em Bembe Nsôna pelo contrário designa o sobrevivente dos gémeos ou de uma família que sobreviveu a uma tragédia qualquer isto é corresponde ao sentido corrente da palavra órfã isolada pessoa só abandonada desprotegida sem auxílio etc Geralmente Nsôna é o nome de homem e mulher Antigamente como podemos ler nos dicionários antigos de Bentley século XiX e de Laman princípios do século XX Nsôna era um nome reservado às mulheres717 os sentidos que contêm Nsôna ligamse á última irmã de Nsâku e Mpânzu De facto ela foi afastada dos trabalhos de casa visto que não 717 Vide os seus respectivos dicionários Na p772 do seu dicionário Laman fornece algu mas informações necessárias a respeito deste nome de mulher As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 306 fazia nada como reza a tradição Aliás também a chamada Nkênge foi preguiçosa apática e calma estando de acordo com esta hipótese vemos logo que contrariamos quando sustentamos que Mpîka seria o primeiro dia Portanto aqui a filha era a última ora bem levava o nome de Nkênge e a sua semasiologia compila o primeiro e o último dia isto é Mpîka o primeiro e Nsôna a última afastada Lukeni esta balbúrdia justificase simplesmente com o conceito do herói civilizador diferentes codificações de uma só realidade interpretada em diversos ângulos de apreciação718 Portanto vamos enumerar verbos que na nossa opinião têm derivado de Nsôna sôna chover com o calor chuva quente fazer tornar água etc sôna estar escrito inscrito ao serviço de alguém ser engajado designado escolhido comandado por alguém ser obrigado a ter dever de etc sônanana sentarse sobre estar sentado de forma cerimonial as pernas afastadas uma da outra frente ao fogo estar mal sentada e perto do fogo sentarse ao lado de uma banca pronto a cair etc Mas o sentido de sônadesignado por alguém assim como na mesma ordem de ideias sônanaestar sentado de forma cerimonial são formas figuradas para dizer que o responsável do mercado foi eleito sôna ser eleito com o fim de comandar ora os eleitos pertenciam à família dos afastados dos Besi Kinzînga e Besi Nkênge assim chamados porque eram realmente postos de lado no direito à eleição Portanto foram eles os eleitos e por conseguinte não podiam em caso algum eleger a seu torno719 eis o sentido de afastados que encontramos na palavra Nsôna 718 Sendo duas palavras morfologicamente diferentes e semanticamente complementares o herói aqui deve ser entendido numa ordem ideológica socializada consoante os códigos de parentesco em base das vicissitudes históricas E nisso entre Mpîka e Nsôna teriam existido Ntôna o explorador organizado e Nkôyo que lhe sucede 719 Cf o último capítulo do Volume i onde falamos de cargos sociais repartidos por três famílias As duas primeiras famílias Nsâku e Mpânzu formavam a classe dos eleitores das Autoridades administrativas tal como atestam os verbos sâka e vânza que signi ficam escolher preferir separar peneirar eleger pôr de lado etc estas duas famílias compõem para além do que chamamos hoje em dia CoNGesso NACioNAL e As seMBLeiA NACioNAL ou melhor em Kikôngo Yala Nkûwu As famílas eram Nsâku Mpânzu e Nzînga Lukeni NsÂKU sacerdócio Presbiteriano Religião e Magia Consagração das Autoridades Di plomacia Constituição Poder Judiciário Poder Legislativo MPÂNZU Guerra indústria segurança da Corte segurança do País Direito de eleger As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 307 também considerado como o triste temos uma outra equivalente Mfûmu esta palavra significa hoje em dia Autoridade ora deriva do verbo fûmunua que designa estar triste sentarse com a mão na bochecha o sentido de Mfûmu sentarse com a mão na bochecha relacionase com Nsônasentarse ao lado de uma banca e com Nsônaestar sentado de forma cerimonial com as pernas afastadas uma da outra frente do fogo os dois sentidos de Nsôna mostram a existência de um candidato durante a cerimónia da consagração É óbvio que se chama Mfûmu e se bem que os sentidos de Nsôna hoje em dia não tenham aparentemente nada a ver com a Autoridade contemporânea a sem antologia e até a filologia provam que antigamente o termo teria designado a Autoridade se não de todo país pelo menos de uma porção de território principalmente do mercado eis a razão pela qual o sentido de mercado está mais fortificado no termo Nsôna e ao mesmo tempo é tomado no sentido de dia de feriado dia santo Perante a Mpîka Nsôna parece possuir a mesma história mas acrescida visto que é apenas uma imitação de um típico protótipo e perante Nkênge notase uma antecedência como se Nkênge tivesse já existido logo depois de um evento presente na semântica de Nsôna e que apareceu posteriormente reproduzindo nele as semelhantes histórias Bayâka e Basûku parecem pelas funções exercidas que eram criadores do termo nsôna sinónimo de Mfûmu Kyâla Môko indicando portanto que começa aqui com os Bayaka e Basûku uma outra série de heróis civilizadores vindo do Leste720 Na cultura material Nsôna como Herói é representado por uma estatueta chamada Mfûmua Kôngo que foi genericamente chamado Mintâdi Verly esclarecenos mfûmuotele fumani ye kiadi que se traduz por o chefe sonhador tem a mão no queixo o autor dá outro nome à peça Mfwîdi ou Mfûmuani o Pensador A personagem representada é o chefe da família do clã e da aldeia que tem a faculdade de reflectir para o seu povo e para os seus Assim é o sábio que protege os outros se é pensativo na sua posição que representa o ntâdi é porque antes de sair da sua aldeia da sua habitação perguntase a si próprio o que os membros NZÎNGA administração Justiça Poder executivo limitado poder político limitado Classe dos elites das Migrações 720 Cavazzi ao recolher os oratórios nota que Nsia Kwîlu era a origem dos reis de Mbân zaKôngo Vide Istorica descrizionne Livro 2 paragrafa 234 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 308 da sua família vão fazer enquanto ele se vai ausentar721 Pois é apesar da ausência do termo Nsôna os seus sinónimos e expressões inerentes explicitam largamente quem teria sido ele III36 Nkôyo também chamado de Nkôyi consoante as regiões este dia do mercado é sinónimo de Nkându na opinião de Laman722 Como temos visto nas páginas anteriores Nkându está ligado à fome à seca e à origem ora a versão Yâka em Côkwe falanos de Nkôyi sousberge ou Nkovwe na linguagem de Alves e Barbosa De acordo com Plancart CrimeMavar e sousberge os autores que citam esta versão é a ave acompanhadora de Nkumb e ambas são nas análises de Luc De Heuch causadores da secagem da lagoa tal facto por um lado reenvia a desertificação e por outro reenvia a aquisição de comida peixes depois da secagem de lagoa De outra forma Nkôyi tem algo em comum com fome e desertificação secagem Aliás Nkôyi significa o facto mágico de impedir a chuva de cair A equivalência em Côkwe NyanekaNkûmbe ou Umbûndu é Nkovwe designando uma ave causadora da desertificação esse é o sentido de Nkându Notamos que nkôyo é correntemente ausente no sul no planalto central e relativamente presente entre CôkweLûnda Alguns termos Nkovwe por exemplo não está directamente ligado com Nkôyo como dia semanal o que indica que estamos perante outra série de heróis vindo desta vez do país de KwânguKwîluKasadi ao que António Cavazzi chama de nsi Kwîlu III37 Buduka Ntângu yidukidi va mbâta que Laman escreve no seu Dictionnaire KikôngoFrançais significa le soleil est au zénith il est midi No entanto o verbo yidukidi conjugado no passado para mostrar o estado deveria traduzirse por estar ora por paradoxal que isto apareça está 721 Verly escreve Mfûmuotele fumani una ye kiadi que traduz por le chef songeur ayant la main au menton o autor dá outro nome Mfwîdi ou Mfumani Penseur Le person nage représenté est le chef de la famille de clan de village qui a la faculté de penser de refléchir pour son peuple et les siens le sage qui protège les autres sil est pensif dans la pose que présente le ntâdi cest parce que devant séloigner de son village de son ha bitation il se demande ce que vont faire les membres de sa famille durant son absence il sera comme un orphelin isole nsôna in Zaire Mai 1955 504 722 Dictionnaire KikôngoFrançais p726 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 309 simplesmente ligado ao sol calor e fogo Prova disso eis algumas raízes da palavra dûka queimarse biduka folha seca secada dûkisa fritar a carne peixe fritar jingûba todas as palavras aqui citadas estão ligadas directa ou indirectamente com o calor fome e sol como sustentámos desde o princípio do primeiro herói civilizador assim como da sua região primordial então codificados Analisando o termo Maduki alguns são levados a crer numa corruptela de Duc ou Duque se bem que não negamos tal hipótese o facto de Maduki significar ChefeAdjunto e ao mesmo tempo rapaz corajoso e conselheiro prova ipso facto uma substância do Kôngo o verbo dûka que designa impedir fechar prevenir fechar cortar o caminho etc é um elemento entimemático bastante suficiente para entendermos que se trata de Nsâku Ne Vûnda como a pessoa indicada para impedir ou fechar o caminho tal como escrevem os antigos historiógrafos723 isto é o Conselheiro e ao mesmo tempo a Autoridade impedida Vimos atrás que o batuque bikangi era um dos instrumentos que as antigas autoridades usavam para reunir o povo o seu sinónimo bidûku caracterizase especificamente por petit tambour avec la planche trouée aux deuz bouts sur laquelle lon frappe en criant ses lamentations sur le mort724 escreve Laman Antes de mais tudo aquilo que sublinhámos tem o sentido de gritar presente nas palavras que significam mercado Por outras palavras se bem que Madûki tenha aproximações com Duc em francês ou Duque em português existe numerosas ligações directas com a História précolonial Para além daquilo que sublinhámos atrás digamos que dûka é nome de mulher assim como Nkênge e Nsôna ora como vimos essa forma é uma codificação linguística do herói civilizador prova disso é duka que significa também uma ave especialmente Chalcopodia Afra Uma das singularidades desta ave assim como Nkôy ou Nkovwe é que existe muitas lendas acerca dela ligada à casa real ao rei ao soba à autoridade etc Uma dessas lendas entre os Yâka é 723 Padre Raimundo Dicomano Ver Jadin L in Bulletin des Sciences de lARSC tiii Fasc2 p329 sem autorização de Nsâku Ne Vûnda não haverá Poder eduardo dos san tos escreve na sua obra Maza edição do Autor que esta Autoridade de carácter religioso impede a chuva de cair e para ir à guerra a pessoa é consultada para dar autorização e abençoar os soldados para combates vitoriosos Vide o capítulo que fala sobre as afini dades entre KôngoTshôkwe 724 Pequeno batuque com uma placa furada nos dois extremos na qual repercutase gritando as suas lamentações aos mortos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 310 que a ave de manhã acorda e indica aos caçadores e guerreiros o caminho certo para alcançar os seus objectivos Nesta ordem de ideias voltamos a MacGAFFeY que fala de um Cão MUDo o chefe de caça é também chamado Dûki ou Madûki De acordo com a forma com que se executa a caça todos de manhã esperam Madûkaave cantar vão para a caça e espalhamse por todo lado onde estariam concentrados os animais o silêncio absoluto é de rigor Nem o chefe de caça é autorizado a falar com risco de afugentar os animais outro sentido de dûka sôna kênga Por esta razão o verbo dûka significa ser mudo calado ou ainda gaguejar em resumo Budûka parece reunir os eventos Mãecomnove seios JusticeiroColégio dos Magistrados da Lei mas não essencialmente de Unificador por causa de ser mudo Vemos aqui um outro elemento que ainda detêm sequelas das populações do planalto Central Ao mesmo tempo estão visíveis as realidades Yâka sûku Pende Côkwe etc também é interessante ver que o termo resistiu no Lwângu e nos Vîli por exemplo A teoria da tipicidade dos primeiros acontecimentos a serem repetidos e por conseguinte serem interpretados de forma imitada autorizanos a observância de um círculo contínuo sendo diferentes heróis intervenientes nessa fundação da civilização o facto indica a priori o processo da fundação do nsia Kôngo III38 Comparação dos dias e o Herói Civilizador A palavra Nkênge designa geralmente uma mulher fértil excelente criadora de muitos filhos geralmente nove ou doze em Cabinda Bwênde Logo vemos que o sentido de inspector ou aquele que vigila sobre todos reúne elementos comprovativos quanto à sua justificação em Nkândi Mpângi e Nkayi que tratámos atrás inspector o mesmo sentido dentro da palavra Nsîlu Nkându Mpîka e Nkônzo relacionase com o primeiro filho da família de Nsâku Neste preciso sentido todos estes termos reenviam para o primeiro dia ou seja todos estes termos significariam o primeiro dia Portanto filologicamente o caso é outro Do ponto de vista da sociologia a realidade baseiase nas realizações do Primeiro Nkayi da Mãecomnoveseios e do Justiceiro primordial enquanto Nsîlu indica os primeiros passos da migração Nkênge está ligado com o primeiro grito da canção725 Buduka Nkându e Nkôyo significam ser completo perfeito 725 Para cantar em conjunto ou pessoalmente os Kôngo começam primeiro por um grito inicial dando início a uma canção Mesmo para dançar é obrigatório o primeiro passo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 311 e santificado correcto e com estes sentidos podemos ver vestígios deste lugar como sendo um lugar onde não há crime nem pecado ou seja normalmente o lugar teria sido habitado por uma autoridade administrativa e por uma outra religiosa Ambas constituíam uma mesma autoridade e isto resultaria no sentido de correcto de santidade e de consagrado Deixemos os termos explicar melhor Buduka significa impedir e Nkôyo Nkându impedir a chuva de cair Deste modo ambos lembramnos a História do primeiro Herói Civilizador segundo a qual teria sido impedido reinar pelo sacerdote Nsâku Ne Vûnda A mesma sesmiologia evoca que Nsâku Ne Vûnda foi a pessoa indicada para impedir os candidatos e escolher apenas um só eleito Aliás os termos como Leis ou Mandamentos indicam a dicotomia existente entre Nsâku Ne Vunda e Lukeni Aqui o Herói Civilizador é obrigado a ser eleito consoante uma série de critérios mas também para depois ser Justiceiro juntamente com um Colégio dos homens da Lei em breve digamos que o Herói Civilizador ou melhor o Primeiro Dirigente está memorizado nos dias da semana de tal forma que a semântica destes últimos parece confusa e ipso facto embrulha muitos conceitos para enfim dificultar uma tradução cronológica dos dias da semana no conceito romano Convém acompanhar essa análise com a cultura material assim como com os repertórios orais directamente ligados a esses nomes de dias traduzindo a tradição oral dos Besi Nkônzo Besi Nsîla e Besi Nkôyi726 tudo se explica727 a partir de que a noção teria partido os esforços dos fundadores do reino do Kôngo III39 Cronograma das Nove Civilizações De acordo com as palavras aqui analisadas Nkându indica a primeira série dos Heróis Civilizadores cuja função era reunir as populações espalhadas728 ordenar essas populações reunidas para finalmente dirigir que todos devem concentrar a fim de acompanhar melhor a dança Porquanto toda a dança é remarcada pelo seu primeiro passo a partir do qual todos sabem o resto das cadências e ritmos esse primeiro passo é chamado Nsîli ou Nsîla consoante os idiomas de Kikôngo 726 Pertencem às linhagens de Nkônzo Nsîla Nkôyi etc 727 Pelo menos as responsabilidades e o lugar onde exercia 728 Nkandu e pequeno batuque ora tal como é de conhecimento geral o batuque foi o instrumento da música também serviu para reunir as populações nos eventos impor tantes Pois aqui reunir tornase um sentido secundário de Nkandu como batuque As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 312 governar729 Assim nasceu uma sociedade Logo a seguir surgiu Nsila a segunda série dos Heróis Civilizadores Como indica o termo vieram com as instituições estabelecendo um Governo estruturado Nsi Mais adiante vamos explicar melhor730 No princípio foi estruturada a partir da Lei e das regras de conduta através das quais as populações reunidas e dirigidas encontraram abrigo segurança e Protecção da mesma forma a economia foi sistematizada a respeito de todos aprovisionar Nsila e para os Bantu esta é a tese mais aceite dos Historiadores procedendose à sedentarização uma vez que foi criada a base de uma estrutura políticoeconómica fortalecida Nessa altura para termos as bases de uma sociedade politicamente estruturada visto que todos respeitam os compromissos Nsîla ou Decreto Nsîlu faz com que as populações se sentissem em segurança Nsila eis a razão segunda a qual Nsîla significa alicerces finalmente a liberdade ou na linguagem política a democracia ipso facto surge731 Com a Democracia teria surgido a terceira série dos Heróis Civilizadores cuja função principal era de observar e fazer observar o controlo mútuo e a inspecção mútua entre as famílias De igual modo o poder executivo foi separado dos outros Poderes Reza a tradição que Nkenge mungitia Mfûmu Nkengue mãe das Autoridades indica o surgimento de outras instituições devido ao crescimento da sociedade assim com a natureza social económica religiosa e política que ganha nesses arredores de Nkênge Veremos isso no capítulo seguinte Vai então surgir uma época de tranquilidade sucedendo a uma era complicada e complexa de concentralização dos poderes ou acumulamento das tarefas A separação dos poderes ou tarefas permitiu que as populações ressentissem de novo o clima de Paz e tranquilidade Nsîlu Finalmente o povo teria sido multiplicado de modo que a insuficiência territorial obrigava obviamente que algumas famílias se distanciassem do Regulamento sistema do Governo Central devido à sua imigração tida como cessação obrigatória ou espontânea afastamento natural Nessa era parece começar 729 Nos Vili Nkându significa Lei Regra Decreto Têdika nkându quer dizer fazer a Lei Defesa 730 No capítulo V As instituições Políticas e Herói Civilizador 731 Como escreve Albino Alves no seu dicionário sila em Umbundu significa 1 aliança acordo 2 matriz raiz ou tronco da família base de árvore também a palavra significa herança legado tradição costumo antigo herdado dos antepassados etc os verbos são sîla determinar resolver comprometerse As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 313 a expansão espontânea no espaço por causa de nsia nkatu nsâtu os Nkonzi vão entrar em cena para novas expedições organizadas konzama andar muito e caso encontrassem outros povos o procedimento começa relativamente pela força eis a razão pela qual a palavra konza significa bater Depois a via mais votada teria sida a confraternização Para a confraternização ter possível perspicácia notase a presença de Autoridade Religiosa para a pacificação entre os novos povos e os espíritos locais Aliás a palavra nkônzi em kikongo é um batuque do nkisi Lemba assim escreve Laman ora lêmba é espírito de tranquilidade e de Paz A palavra deriva do verbo lêmba que significa calmar falar para apaziguar detornar a ira de um nkisi A expressão lêmba nsi acrescenta Laman significa devolver Paz no país Depois da separação dos poderes com Nkênge surge aqui a necessidade de acasalar a Autoridade Religiosa Nsâku Ne Vûnda com a Autoridade executiva Nkênge A sequência dessa NkêngeNsâku teria sido nas primeiras instâncias o resultado de Nsôna 1 tal como Mfûmu Nsôna significa triste abandonado isolado o tecido semântico da palavra Nkênge indica que de facto o poder executivo em si não teria resistido muito tempo perante o acrescimento das populações num espaço restrito embora a época em que começou o povoamento Nsîla faça sentido tudo indica que Mfûmu sem Nsâku era um isolado Porém ele necessitou de Nsâku de forma que o trono foi doravante e como reza a tradição tido como uma ambivalência de duas autoridades secular e religiosa 2 a participação dos Mpîku série de Heróis civilizadores que alargaram as Leis antigas nas novas terras conquistadas é motivo de uma nova estrutura Mpîkua Nkîsi significa Lei mandamentos invioláveis dos Bisavôs isso faz entender alguns rituais Nzôa longo por exemplo732 Aos expoentes dessa classe juntase uma série dos Nkôyo e junto cumpriram uma tarefa comum reorganizar a Administração dado que a estrutura social se tornou demasiadamente larga provocando assim o declínio e o sumiço de algumas famílias Mpîku tanto como Nkôyo teriam enfrentado guerras como rezam as suas etimologias 732 o casamento ou Nzôa longo é um processo que leva algum tempo Mas uma vez concluído proclamase o makangu isto é os acordos invioláveis em outras linguagens e Mpîku As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 314 A série de Budûka vem relativamente resolver os principais impasses que criaram por um lado os Nsôna733 e por outro os Nkôyo734 Finalmente estamos na última série dos heróis civilizadores como detentores de um poder centralizado Mwêne Ntôtila Ntînu Mâni etc Nestes títulos ainda podem entreverse os sentidos das palavras atrás analisadas isto constitui a essência do capítulo seguinte Depois de falar sobre o cronograma poderíamos também esboçar sobre a cronologia este pertence a um outro ensaio que prometemos voltar um dia em possíveis edições posteriores Portanto estão minimamente claras as circunstâncias que caracterizaram cada fase no processo da fundação do Kôngo De certo modo notamos uma interdependência e interferência entre as metalinguagens e as palavras analisadas nas oito fases Justamente são essas fases que muitas vezes encontramos nos relatos dos autores antigos acolhedores das tradições orais cuja concretização da obra fundação se situa na travessia do rio por um Mutinu Aconselhamos a leitura de Jan Vansina no P Curtin A History of Africa publicado em Boston no ano 1978 12 p2 once people became sedentary a history of society and a history of culture now become meaningful que se traduz por Quando o povo se torna sedentário a história da sociedade e da cultura começa a ser compreensível Mas seria admissivelmente que ao acreditar nas tramas semânticas das palavras e metalinguagens começa a nona e provável a última 733 Com os Nsôna notouse a destabilidade do poder importado quer com isso dizer que as leis e regulamentos que os povos conquistadores impunham nas novas terras ocupadas Nas primeiras instâncias foi a causa de descentralização do poder existiram poderes isolados nsôna 734 Ver o dia da semana do Kôngo Nkôyo que explicámos atrás traduzido por fome desertificação devemos considerar o sentido figurado de nsia nkâtu como uma neces sidade devido à falta de alguma coisa AS ORIGENS DO REINO do KÓNGO CAPÍtULo iV INSTITUIÇÕES POLÍTICAS E O HERÓI CIVILIZADOR IV1 Nsi o país A palavra nsatu significa correntemente fome e escassez ora como temos visto nas páginas anteriores a fome e a desertificação está na base da separação e ao mesmo tempo da origem do povo do Kôngo Ainda recentemente quando as famílias se separavam indicava se como causa principal a escassez da comida para além da bruxaria e a palavra frequentemente utilizada é nsatu esta palavra tem muitos sentidos directos e figurados sinónimo de nzâla tem por raiz sâ ou zâ Karl Laman enumera estas substâncias Nsâtu significa fome apetite aspiração tempo de fome o que é raro Nsâtu designa o período JaneiroFevereiro este período é variável consoante as regiões Nos Vîli por exemplo Nsâtu corresponde a Mwânga quando há risco de escassez da comida no fim de Fevereiro e princípio de Março os agricultores não têm resultados satisfatórios nas suas actividades por causa da escassez das chuvas Nos Mbâmba nsâtu é sinónimo de Kânga Kângala ou ainda Kyângala os Kimbûndu seus vizinhos chamam Kyângala As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 318 pequena estação seca escreve Virgílio Coelho eis algumas expressões que Laman oferece para justificar o sentido de nsâtu 1 nsâtua kwênda desejo aspiração de 2 nsâtua wônga sentimento de medo de desejo ardente de fazer algo 3 tatula735 nsâtu satisfazer a sua fome um desejo etc os verbosraízes desta palavra são satakana estar com ira sâta estar seguro magro estar com ira de etc sâata abrirse explodir desfazer etc sâta procurar descobrir galinhas sâtula sentir o bom gosto na boca depois de pôr algo na boca Assinalamos que nsâtu significa em alguns idiomas de Norte Honra glória veneração um respeito profundo tendo em conta os sentidos precedentes reconhecemos a primeira ou a raiz mais antiga sA e que tu tula takana são simplesmente sufixos para marcar o estado a acção o reflexo etc de sA A palavra nzãla quer dizer fome grande fome dieta falta de comida apetite um desejo vivo aspiração viva desejo de sendo sâ a raiz é provável que no princípio nzâla não seja exactamente equivalente de fome ou falta de comida Pelo contrário nzâla ou ainda a velha forma MAZALA significa verdura numa colina Hoje a palavra é dividida semanticamente 1 verdura 2 colina Para mais elucidações citamos Laman que nota o seguinte no seu dicionário Mazãla trocha de ervas secas sobre as quais se põe a terra acende se depois o fogo para finalmente semear jinguba feijão etc Mazâla pequena colina Nzâba campo elaborado e pronto para semear numa terra 735 Tâtula é o verbo no qual deriva tatu três Como indica o sufixo la a acção de três lares makukwa matatu na concepção dos Kôngo indica a concretização a finalização a satisfação tâtula nsâtu por exemplo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 319 elevada Assim sendo os verbos mais próximos da palavra são zâla estar desaparecido ter nojos estar mal disposto zâla estar cheio até ao bordo ultrapassar penetrar encher etc A forma antiga que deu origem a nsâtu e nzãla é sâ ou zâ que hoje deram sequência ou seja origem a Nsi Porquê Comecemos por notar que nza como Nsa significa em princípio PAÍs teRRA MULtiDão MUNDo UNiVeRso mas também Usos HÁBitos PRÁtiCAs MANeiRA CoNDUtA DisPosição De esPÍRito etc o nzâ ainda guarda a História da génese da comunidade também indica como cedeu a Nsi que paulatinamente adquiriu outros sentidos 1 País 2 Região 3 estado e Reino De facto NZA não é um estado nem reino ou uma sociedade bem estruturada social económica e politicamente Neste sentido falase de Nsi Portanto esse facto incita que NZA com o sentido de hábitos prática e conduta seja mais antiga eis a razão pela qual um dos sentidos é o princípio o começo tal como afirmam as seguintes expressões nza kulu antigamente outra vez bi zâku começo Primeiros trabalhos para agricultura736 etc É fácil notar quando nza nkulu deu origem a este verbo zâkula zaka cujos sâka sâkula são simplesmente variantes Nas primeiras instâncias designou começar a cultivar inaugurar a cultura para depois ter os seguintes sentidos escolher a boa semente o feijão etc e com o tempo bizâku especificar o primeiro filho NsAKU Por esta razão os descendentes de Nsâku são guardiães da constituição conduta dos valores religiosos usos hábitos prática etc Voltamos a Nsi já que esclarecemos as suas origens A palavra deriva de Silama determinar fixar estabelecer prender estipular tranquilizar etc Sîka decidir decretar achar uma resolução Sîdika controlar vigiar tomar conta Sîka secar desertificar evaporar tomar fim desaparecer 736 Como podemos notar está sempre ligado à agricultura As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 320 diminuir ser usado etc Até este ponto cremos ter elementos entimematicamente suficientes para confirmar uma vez mais aquilo que sustentámos atrás Vamos analisar ponto por ponto silama Tranquilizar Vimos que a palavra Nza significa simplesmente terra portanto nsi passou a designar uma sociedade bem estruturada Logo vemos que antes de chegar até esse ponto de sociedade estruturada precederamse confusões batalhas incompreensões etc Quando a um dado momento os diferentes e conflituosos grupos se reuniram adoptaram provavelmente o nome de KÔNGo que para além de significar tranquilidade indica sem intervenção alguma que esta tranquilidade seria o resultado de uma assembleia onde se elaborou uma Lei unificadora737 DecretarVigiar É evidente que a formação de uma sociedade estruturada então chamada nsi tenha começado por um comum acordo isto é uma deliberação ou melhor uma lei unificadora Quando analisamos os termos que teriam nascido nas primeiras vésperas desta união vimos que JusticeiroMãecomnoveseios aclarava de forma mais ou menos concreta a História que se passou na altura Lembremos que vigiardecretar insinua que a tranquilidade KÔNGo estabeleceuse e consolidouse depois de decretar uma lei Aí está o sentido de vigiar porque foi instituída uma pessoa para controlar a fim que seja cumprida esta Lei isto é vigiar Aliás na mesma ordem de ideias Victor Hugo escreveu certa vez Quem diz Direito diz Força o que há fora do Direito A Violência738 secar o sentido de nsi diminuir insinua que na colinaverdura começou a faltar os produtos agrícolas A palavra Mazâla significa pequena colina e ao que parece Ma tratarseá da personificação de alguma reunificação das populações que anteriormente eram conflituosas entre eles ou seja Mazâla ou especificamente Nzâba era um campo elaborado para semear o feijão Por outras palavras indica também um terreno capaz de fornecer alimentos suficientes para as populações isto por um lado Por outro sîka que se traduz por secar evaporar desaparecer 737 Nsîlu 738 Victor Hugo Oeuvres complètes Politiques BouquinsLafront Paris p397 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 321 retrata ou talvez denuncia ao mesmo tempo todo o processo que inicia a partir de húmido para desidratado de água para evaporar da existência para ausência Logo isto faz entender que o país se cimentou antes da desertificação ou o facto teria acontecido simultaneamente Nsia Nkatu De acordo com a análise semântica e morfológica tudo indica que a palavra nsâtu seja uma das moderníssimas metamorfoses morfonológicas da expressão Nsia Nkatu Linguisticamente as substâncias são vulgarmente expressões abreviadas ou melhor comprimidas pelo tempo Para exemplificar com a língua portuguesa africanizada dissemos que matabicho é matar o bicho de manhã com café e pão pequeno almoço setúbal pronunciado por um Português é stuba Aliás os Lusíadas escrito por Luís de Camões não pode ser facilmente lida e entendida por um contemporâneo sem a intervenção dos filólogos isto porque as palavras se transformam morfologicamente como semanticamente em nome deste princípio nsia nkatu numa primeira olhada morfológica indica que seria comprimido em nsâtu será que a semantologia também apoia esta hipótese nsia katu deserto falta do país clima de queimadura etc nsâtu fome falta de comida tempo de fome etc nsia katu falta de vegetação fraca existência humana nsâtu desejo de aspiração a o que é raro etc os dois paralelismos lógicos indicam que ambas as palavras referem a uma só realidade Passamos desta vez ao sentido da palavra nsi Laman insiste falando de diversos sentidos sobre o país estado e reino fazendo entretanto estas observações va nsi debaixo de mu nsi baixo da terra ku nsi além de baixo debaixo da terra em Kikôngo nsia nkululuka significa há muito tempo sinónimo de kuna Mbângala Antes de analisar isto aclaramos primeiro o sentido de nsi dentro deste provérbio Avwândanga mu nkuwu se vwânda va nsi que se traduz por As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 322 aqueles que se assentam nos assentos assentarseão no chão Pode encontrarse outras variantes awândanga mu nkûwu se vwânga um ntôto por exemplo A frase carrega em si duas orações relativamente contrárias pelas formas e pelos objectivos Avwândanga é a forma presente contínua ou melhor presente com gerúndio enquanto vwânda é simplesmente o futuro presente isto é relativamente à forma No que tange ao objectivo as duas orações têm por fim duas realidades opostas A primeira é colocada em acção através de um verbo que marca o estado actual e a segunda proposição leva um verbo que aponta para um estado futuro ou melhor para a possibilidade deste estado num futuro feérico o primeiro complemento circunstancial de lugar é acima da terra nkûwu e o segundo debaixo da terra va nsi Nkûwu significa assento sustentado pela lei Prova disso é nkûwu é giba colina onde vive a MãedenoveseiosJusticeiro Portanto tal como nsî estado e reino é resultado dos esforços feitos para acabar com as confusões e batalhas Razão pela qual kuba significa na opinião de Laman heurter isto é duas ou mais realidades antagonistas que se machucam ou confrontam ou seja lutam Nkubu significa igualdade Por essa razão nkûbu designa também alicerces fundamentos fundação constituição etc eis o quadro de comparação kubu alicerces fundamentos Leis Fundação nsî va nsi debaixo da terra fundação kubu forte fome nsia katu carência da comida Mas como podemos verificar a fundação da sociedade estruturada do Kôngo está associada com a elaboração das Leis e a desertificação do espaço ocupado e visto que a língua é convencional NsA ou NZA testemunha as condições minimamente plausíveis para não dizer exactas nas quais se fundou esta sociedade isto é a fundação do Kôngo partiu de disputas e desentendimentos entre diferentes grupos que definitivamente adoptaram a união e igualdade num espaço que ao instalaremse era florescente Algum tempo depois a terra já não era capaz de aguentar a demanda o desejo a ânsia e a aspiração de uma multidão bastante numerosa nzâ A oferta da terra ocupada tornou As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 323 se incompatível face à necessidade exigida pela densidade populacional Logo o solo foi figurativamente tido como seco e desertificado razão pela qual se deu a imigração eis no nosso ponto de vista um dos sentidos de deserto e fome como origem dos Kôngo Por este motivo as origens forem sempre associadas à desertificação e movimentos da massa demográfica Nsia nkululuka A expressão nsîa nkululuka significa antigamente De facto dentro da palavra nkululuka temos dois verbos unificados pelas vicissitudes históricas kûla e lûka o verbo kûla quer dizer envelhecer amadurecer caducar Quanto a lûka designa vomitar voltar a parecer jorrar Neste caso o sentido literário de nsîa nkululuka é de país dos antigos vomitado ou ainda o mundo debaixo reaparecido o que significa realmente esta expressão o sentido de nsî inicial é realmente país debaixo país dos ancestrais os verdadeiros fazedores da Lei do Decreto da Constituição A oposição nkûlulûla indica o facto de este país estar no presente como sendo um modelo a seguir um arquétipo que transmite alegria a todos dado que é obra daqueles já falecidos IV2 Nkûwu Leis Na frase Avwândanga mu nkuwu se vwânda va nsi a palavra nkûwu significa assento composto e sustentado pela Lei739 isso 739 Aqui o termo significa exactamente Nsîlu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 324 justifica o duplo sentido de nkûwu assento e lei740 Mas vamos analisar isto baseandonos sobre as palavras que têm a ver com a fome a fraca existência e a ausência termos que estão ligadas às origens do reino do Kôngo Fome ausênciapresença das Leis Kôngo Zita significa manta religiosa nome da aveherói civilizador que está ligado à fome ou seja ave da fome segundo reza a tradição esta ave é difícilimpossível de caçar uma vez que se trata de uma avetabu tudo parece ter começado pelo insucesso dos grandes e melhores caçadores do país a falharem na aquisição de carne desta ave Logo a aldeia passou fome e assim começou as querelas e os desentendimentos entre as populações Assim reza a tradição741 Vili em Bwênde por exemplo Para justificar isso digamos que a palavra Kôngo ou Kôngi significa ao mesmo tempo 1 caçador cigano Nkâyi nsêke Kôngo Zita 2 Autoridade de Kôngo Mwê Kôngo 3 jejum fome e 4 velhote Nkûlulûka A fome que insiste a tradição tal com estamos a desenvolver o assunto não pode evidentemente limitarse unicamente à carência de comida Já provámos isso com nsâtu que filologicamente explica as conjunturas circunstâncias e as ocorrências nas quais se fundou o país do Kôngo No entanto FoMe significa diacronicamente ausência e presença da lei no país Deserto ausênciapresença da Terra o que sincronicamente poderia significar o deserto Remarca se que nos repertórios orais a desertificação da terra é um dos motivos principais da despovoação migração Mbângala que é evocado como topónimo das origens é na verdade actual a época de grandes calores remarcada pelas queimadas da floresta isto é a ausência da terra porque depois de queimar as árvores procedese durante mbângala à preparação da semente Ao cair das chuvas época simultânea a terra reaparece isto é volta a aparecer 740 esse sentido originaria da filiação com nsîlu 741 As palavras também certificam aquilo que reza o repertório oral As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 325 e como podemos ver aqui está uma outra explicação de nsîa nkûlulûku presença e ausência da terra existência e ausência do espaço ocupação e desocupação da terra Porém aqui é o inverso da fome visto que deserto é presençaausência Neste caso ambos os grupos metalinguagéticos fome e deserto constituem os dois movimentos do círculo repetitivo como estereótipo a perfilhar modelotipo da fundação tal como se teria defendido pelos Heróis Makukwa fomeDeserto Ausênciapermanência de LeiTerra Quer a fome como o deserto fazem entender que de facto o Herói Civilizador ou melhor os Heróis Civilizadores começou ou começaram por ser Ne Nkâyi Justiceiro e ao mesmo tempo Ne Nkâyi Unificador razão pela qual o termo kâyi contém ambos os sentidos A Ausência da Lei necessita da presença do Justiceiro de tipo Nkûndi Aliás Ngândi tendo uma forte ligação com Ngânda sede e Nkûndi como viajantesem Paradeiro confirma uma vez mais esta semântica Já tratamos do termo makukwa e tatu IV3 Conceito do poder e de Herói Civilizador No seu longo estudo sobre as instituições indoeuropeias e Benviste sublinha o facto de as línguas indoeuropeias terem uma abundante produção escrita desde a antiguidade o que facilitou as análises No caso das sociedades africanas onde há quase uma inexistência de escritas nós assinalamos que África dispõe de uma metodologia um pouco diferente para suas análises A primeira é a tradição oral provérbios narrações das aldeias danças e preces rituais etc742 e a segunda é a cultura material esculturas máscaras utensílios domiciliais e técnicas É justamente nestas duas possibilidades que partimos as nossas análises743 Já temos visto quanto a Kôngo Côkwe Kimbûndu Umbûndu e NyanekaNkûmbi que têm entre eles laços históricos culturais etc 742 Já tratamos isso na introdução do primeiro volume 743 Pode se conferir Levistrauss nas suas Mythologiques outra referência mais próxima de nós é Luc de Heuch As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 326 relativamente fortes tentaremos aqui esboçar sobre o conceito do poder Kôngo que de uma ou outra forma deriva dos êxitos e fraquezas altas e baixas do Herói civilizador744 em diferentes regiões e épocas Mas vamos aqui começar com uma crítica que Luís Kandjimbo ensaísta e crítico da Literatura tem feito no seu livro o conceito de poder habita o pensamento das comunidades étnicas angolanas Por várias vezes ouvi uma pessoa idosa pronunciar o seguinte provérbio Mbewu kalondi kocisingi omanu vakapako A tradição pode apresentarse em duas versões uma breve e outra longa A versão breve é a seguinte o Cágado não sobe por si só ao tronco de uma árvore são as pessoas que o colocam lá tem interesse observar a construção elíptica da versão breve Podemos dividila em duas orações A primeira é aquela oração em que o sujeito é Mbewu o Cágado e o verbo traz um prefixo adverbial negativo ka Londi do verbo olukonda que significa subir ascender sendo o objecto directo o cimo do tronco e uma árvore que já sofreu de algum modo é a actividade predadora do homem o tronco simboliza então a partir da qual se exerce o poder A segunda parte tem como sujeito omanu que significa as pessoas Por outras palavras é a comunidade organizada de pessoas o verbo vokapako ou vokapamo sem qualquer advérbio de negação mas com sufixos ko mo significa instruir introduzir colocar instalar ou ainda entronizar o sufixo alude o lugar a que se tem acesso ou o cargo No bestiário da literatura oral angolana para não dizer das literaturas africanas o Cágado é um animal que representa o poder do saber da inteligência da argúcia e da persuasão tais atributos contrastam com a sua pequenez física esta visão antiética concerta uma densa rede de significações Mas a imagem principal resumese na ironia que o exercício do poder inspira 744 Já se pode remarcar que o herói civilizador em debate aqui não se trata apenas de uma só pessoa É uma série de autoridades cuja autoridade exercida na altura constitui a civilização que encontramos nesta sociedade ou ainda nestes grupos etnolinguísticos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 327 A deferência da comunidade perante a ascensão do Cágado é uma consequência Há um consentimento A incapacidade natural de atingir a cumeada do poder é contornada pelo reconhecimento das suas virtudes sapienciais além de outras qualidades de carácter o poder do Cágado decorre de uma atribuição magnânime da colectividade que se realiza numa clara associação ao que pode ser visto como carisma Chega se a essa conclusão após uma outra conclusão após uma longa série de peripécias num mundo ficcional em que demonstra dotes de alguém que sabe manter o equilíbrio e a ordem social em vários contos da tradição oral vemos o Cágado a dirimir conflitos a vencer a arrogância e a brutalidade A suplantar com ponderação e sabedoria comportamentos que por um lado podem ser tomados como violentos caso do elefante e do Hipopótamo e por outro lado demasiadamente fúteis para servir a comunidade o Cágado assume deliberadamente uma posição de divisor das águas todavia tal desempenho resulta talvez do conhecimento que detém quer do passado da história da comunidade quer da tipicidade dos conflitos quer das medidas de controlo social745 Com base nesta observação que faz Luís Kandjimbo vamos ver o sentido de Mbânza Mbâza e de Monarca De facto o estudo de antropónimos Mwêne Ntôtila Ntînu etc assim como os topónimos Mbâza Mbânza Yôngo etc fazem acreditar que a fundação do reino do Kôngo teria partido metaforicamente de três fases em que cada uma é composta por diferentes séries supracitas sobre os Heróis Civilizadores PRiMeiRA FAse746 MWÊNe wêna findar cessar acalmar um filho vêna cessar acalmar um filho yênika amamentar dar o leite de peito a um recémnascido chorando dar comida a seu filho747 745 Kandjimbo L Apologia de kalitangi Ensaio e crítica iNALD Luanda 1998 p158 746 Convém assinalar que as fases que vamos aqui diagnosticar consistem em três princi pais episódios típicos da fundação Típico porque responde largamente ao princípio da História segundo a qual a história repetese e não necessariamente no mesmo espaço 747 esse não está em Laman ele escreve yêma ser amamentado chupar os seios da mãe falando dos bebés As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 328 A palavra Mwêne também dentro do vocabulário das populações de Mbângala Centro e sul de Angola especifica que existiu logo a seguir a resolução das desordens e confusões entre os diferentes grupos humanos uma sociedade estruturada isto é nsi Aliás entre os Umbûndu a inteligência é tida como o carácter máximo de qualquer autoridade A citação de Luís Kandjimbo certifica isso Portanto além do termo Mfûmu confirmar o mesmo na semântica de Mwêne verificamos que dois ou até podemos admitir três séries de Heróis Civilizadores concorrem para a realização o primeiro grupo tinha por função pôr fim às calamidades em Umbûndu e relativamente em Côkwe kôndodjoka significa passar de lado evitando esquivando evitar andar arredio esquivo Falando de uma ave que aqui glosamos quando parafraseamos os primeiros nomes das autoridades do Kôngo não é surpresa nenhuma que a palavra Kondjoka se relaciona com Mwêne De facto tratase de uma ave real que no pensar das populações meridionais acordava o rei ou os caçadores nas primeiras horas muito antes de aldeia acordar entre os Kôngo a estatueta Nkîsi Nkônde748 tinha por função evitar as calamidades de harmonizar a sociedade tal como é o caso desta ave entre os Umbûndu Mas como evitar as balbúrdias A própria palavra indica como amamentar dar o leite de peito a um recémnascido chorando dar comida a seu filho De outra forma a economia serviu de motivo para reunir o povo e ao mesmo tempo evitar distúrbios entre os grupos constituintes Até hoje em dia a separação entre os Kôngo assim como a separação do Kôngo com a sua terra é justificada pela bruxaria mas sobretudo pela carência de comida então o paralelismo abundância carência de comida constitui juntamente com presençacarência das Leis uma explicação plausível para Mwêne ser um dos segundos grupos da fase primordial Aliás Jan Vansina apoia largamente a ideia quando escreve Farming created sedentism and hence was a prerequisite for any society more elaborate than a transient local community Archaeologists of Africa along with all others accepted this notion and historians imbibed it from them Given the suddenness and the importance of this revolution it was only reasonable for historians to think that the foundations of modern African societies and cultures were laid during or after this revolution Meaningful African history began with the acquisition of farming749 748 Nkônde foi um dos termos que designou as Autoridades caçadores de aves 749 Vansina J Historians are the archaeologists your siblings in History in Africa As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 329 Porém o terceiro grupo cimentou a estabilidade no espaço assim como nas instituições da altura Até este ponto a residência era Mbasa ou Mbazi onde reside o unificador o rico fornecedor da comida Aliás Virgílio Coelho750 falando sobre Cabassa nota que a palavra significa entre outras Cidade Cidade principal Cidade ou povoação Residência real Corte Fazemos observar que Mbâsa e Cabassa são duas variantes M é prefixo atributivo enquanto Ca ou melhor Ka é prefixo locativo Voltaremos quando falarmos de ntôtila Portanto notase aquilo que George Balandier escreve na sua obra sociologie actuelle de lAfrique Noire Dinamique social de lAfrique Centrale la capitale de kôgo apparaît à la fois comme un lieu réel on le sait situé en Angola et comme un lieu mythique on dit quil sagit dune ville magnifique où chacun des rameaux dispersés à sa rue et où chaque individu a la certitude de trouver une parenté prête à laccueillir751 NtotiLA tôta pôr junto reunir organizar uma assembleia pôr em contacto em comunicação forçar duas coisas diferentes a aceitar uma união ou viver junto tôtasa causar uma discussão provocar uma troca de palavras um debate Ntôtila resultaria das primeiras e subsequentes separações para uma nova reunificação como insinuam os verbos dos quais deriva o termo Ntôtila Nesta série notase uma ligação entre os vivos em primeiro lugar e em segundo uma outra ligação entre os vivos e os mortos antepassados eis uma das razões que faz com que o Kôngo não se dissocie facilmente da 22 University of WisconsinMadison 1995 p 384 750 Coelho V em busca de Kábàsà uma tentativa de explicação da estrutura político administrativa do reino de Ndòngo estudos AfroAsiáticos Publicação do Centro de estudos AfroAsiáticos CeAA da Universidade Cândido Mendes Rio de Janeiro De zembro de 1997 p146 751 Balandier G Sociologie actuelle de lAfrique Noire PUF Paris 1971 p285 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 330 região onde foi enterrado o seu umbigo Por esta razão ao lado de Mbâsa começou a existir obrigatoriamente outra residência do Consagrador do monarca e esse domicílio foi literalmente chamado ondesefazoNkûwu ou recentemente registado como topónimo de Yala Nkûwu ou melhor foi chamado de Kikûlu ou segundo Cavazzi Mwâla752 em relação a Mbâsa ou Mbâzi Para explicar o assunto fazemos intervir de novo Virgílio R Coelho753 Gémeo mais velho primogénito Antepassado Primeira capital do reino estas palavras testemunham que Mwêne designou em princípio uma pessoa influente pelo facto de fornecer comida suficiente a um certo número de pessoas o filho mais velho tem esse papel entre os seus irmãos ou o Antepassado na sociedade inteira A unificação teria sido um impacto instintivo um resultado impensado dado que todos se identificavam com este fornecedor de comida Logo Ntôtela deveria assumir esta responsabilidade da unificação de diferentes povos assim como de vivos e de mortos espíritos locais A primeira unificação sendo secular não parece necessitar da intervenção austera que consiste em unir o visível e o invisível Aqui também nasce a noção de terra que não pertence a ninguém individualmente mas a todos aos vivos e sobretudo aos mortos Razão pela qual o eleito mais do que qualquer outro teme a punição dos antepassados isto é nsi em relação a isto a palavra kakûlu como sendo a primeira capital como escreve Virgílio Coelho explica no entanto que de facto tanto como a Lei é obra dos que vivem já no 752 Cavazzi ao falar sobre os Ganguela parecenos que se trataria porém dos imbângala como guerreiros que invadiram o Kôngo ganhando fama sob o nome de Jagas ora na opinião de Raphaël Batsîkama constituíram uma das famílias do Kôngo habitando as regiões longínquas de outeiro do todo o reino Capital No Livro Vii parágrafo 19 António Cavazzi fala de Mwâla como uma região antiga divindade Ganguela Mas esclarece que em relação a Ngânda ou Mbâza que era reservado ao Mfûmu Mwêne Ntôtila existia um outro sítio reservado ao Chefe religioso 753 Coelho V op Cit p 149 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 331 Além também a primeira capital754 de igual modo lhes pertence isto é de modo geral Portanto falando do uso que essa noção adquiriu ao longo do tempo Kakûlu designou um lugar físico e visível em justaposição com kabasa ou Mbâsa Geralmente são duas pequenas colinas numa só ou duas terras amontoadas em forma de mamelão ligeiramente separadas eis a razão pela qual os primeiros fundadores do reino teriam dado o nome de Nkûmba wungudi à Capital do país que Duarte Lopez o primeiro a assinalálo no mundo científico traduziu de oUteiRo de todo o país Assim como testemunha o termo Mwêne o final da História fez com que os diferentes Mwêne por terem capacidade de liderar economicamente diferentes famílias constituem dissemelhantes nsi com seus respectivos Mwêne Duas hipóteses justificam isso primeiro a superlotação da população surgida no facto de as famílias se multiplicarem e se expandirem fez com que ocupassem por conseguinte diferentes regiões que favoreciam a sobrevivência É de salientar que o comando já não seria como é óbvio uma só pessoa mas diferentes grupos de pessoas então divididos em duas vertentes principais os seguidores755 e os guias756 segundo em caso da conquista assim como vimos com a palavra casamento a mistura de diferentes famílias ou melhor povos necessita sempre da competência de duas linhas ou colégios de autoridades os conquistadores e os conquistados Portanto neste caso o sentido da palavra KÔNGo já teria cessado de significar a UNião Razão pela qual a segunda minifase da primeira fase da fundação do reino do Kôngo parece destacar a personalidade de NtÔtiLA o unificador De facto as famílias esparsas e sob o comando de MwêneFornecedor da comida eram chamadas de Zûmbu757 Já vimos os sentidos desta palavra nas páginas 754 essa capital já não é essencialmente física 755 escravos segundo a linguagem sociológica Padre Lethur por exemplo quando fala das migrações dos Vili durante aquilo que ele chama fundação do reino Lwângu De facto a própria palavra escravo tal como é traduzida contém uma história que ensina que os escravos do Kôngo não teriam constituído uma situação social mas jurídica isto por um lado Por outro lado chamase escravo toda a pessoa que não pertence à nossa família Portanto isto não tem nada a ver com inferioridade das classes ou famílias Ali ás soret notou que entre os Kôngo Norteocidentais o escravo pode tornarse rei Vide Les Kongo NordOccidentaus PUF Paris p13 756 Famílias reais assim escrevem os cronistas que recolheram os repertórios orais nos séculos passados nomeadamente XVii e XViii Alguns autores do século XiX anotaram também 757 Na altura de António Cavazzi o termo zûmbu designava uma aldeia abandonada Vide As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 332 anteriores tal como estas sustentam Mwêne teria o título de Mazûmbu e teria começado a utilizar batuque e armas como emblemas e instrumentos do seu poder sabemos que estes instrumentos simbolizam a unificação o que na realidade foi o NtÔtiLA ou melhor MAZÛMBU Aqui estamos a falar do grupo ou linha dos conquistadoresou da família real ou seja os guias Por outras palavras temos os conquistados ou os seguidores cujo representante teria o título de Mpângi outro título de Mazumbu É provável que este último esteja em contradição com os representantes de guias e seguidores De qualquer forma não ilude nenhum sentido primordial que congrega os dois falando da fundação do nsi como principal objectivo Aqui Mpângi significa conquistadoseguidor e foilhe reservado a função de tomar conta de Lukobi lwa Bakulu Cesto dos Ancestrais Nesta ordem de ideias Mazûmbu levaria o título de Nkângu amigo tal como Mpângi758 e para unir o povo tinha além de batuque as armas como emblema sem sombra de dúvida a força é um factor muito considerável na unificação de um povo em rebeldia759 e que aqui está simbolizada pelas armas MANi deriva de Mânika estender pôr no tecto pôr em cima ou expôr algo à vista dos clientes por exemplo Mânina findar esgotar Mânisa terminar acabar completamente uma obra Como a palavra indica MANi caracterizou os últimos esforços para o encerramento deste processo a fundação do reino do Kôngo Nas raízes de MANi encontramos a justiça e o aperfeiçoamento Justiça tem a ver com o guiaconquistador e o aperfeiçoamento com o seguidorconquistado Aliás já citámos John thornton quando escreve que se encontrava rodeada por uma vedação uma grande praça central onde era aplicada a justiça onde eram recebidos os visitantes e onde as coroações eram proclamadas o Livro V nota nº51 758 Mas a diferença situase no facto de o primeiro personificar a liderança e o segundo a coabitação entre diferentes famílias 759 Quando de acordo com um princípio da História os povos imigram logo surgem as confusões tanto no lar de origem assim como nos lares subsequentes qualquer seja o nível da organização adoptada A arqueologia neolítica confirma isso a respeito do no madismo Ainda hoje esse facto é sociologicamente provado nas regiões africanas ou asiáticas afectadas pela guerra e confusões étnicas encontramos esse género de proble ma Da mesma forma notase que este princípio se justifica com esta segunda minifase da primeira fase da fundação do Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 333 e realizadas assim como o palácio real760 o significado económico e político tinha o seu paralelo também numa centralização no sentido religioso As tradições do século dezassete assinalavam que mesmo antes da fundação do reino761 o lugar de MbânzaKôngo era a residência de uma personagem religiosa conhecida como Mani Kabunga uma espécie de sumo Pontífice ao qual as pessoas recorriam nas suas necessidades e água para sua recolha762 Completamos thornton com Virgílio Coelho que afortunadamente sustentou a partir de dados onomásticos que provavelmente teriam existido duas autoridades na cidade real tal como os gémeos Kakulu e Kabassa763 esta primeira fase localizarseia no KôngodyaMbângala ou melhor no primeiro lar onde os grupos linguísticos da família Kikongo se engendraram764 e arquitectaram ou seja fundaram Depois esse facto tornouse típico como é óbvio ao repetirse nas outras regiões seGUNDA e teRCeiRA FAses essas fases confundemse por semelhanças de onomástica Mas seriam necessários mais dados e trabalhos de campo para especificar cada uma delas No entanto visto que aquilo que possuímos favorece uma análise relativa ao tema vamos aqui juntar as duas fases Mwêne Ntôtila e Mani continuam a ser os mesmos na segunda 760 Brásio Padre António Monumenta Missionária Africana Vi África Ocidental Agência Geral do Ultramar 1952 Lisboa pp113114 e 130 Cap 60 ver também Cap 62 a recep ção dos Portugueses em 1491 quando vieram evangelizar o Kôngo pela primeira vez 761 sublinhado por nós 762 in Fontes estudos Revista do Arquivo Histórica Nacional nº45 Luanda19981999 p137 763 Já citado anteriormente no capítulo ii afinidades entre KôngoKimbundu 764 Amaral i O reino do Congo os Mbundu ou Ambundos o reino dos Ngola ou de Angola e a presença portuguesa de finais do século XV a meados do século XVI institu to de investigação Cientifica tropical Lisboa 1996 p123 BoNtiNCK Fr Diare de Fra Luca Caltanisetta 16901701 BéatriceNauwalaert Paris Louvain 1971 pp xviixviii CADoRNeGA A o História geral das guerras angolanas 16801681 anotado e corrigido por José Matias Delgado e monsenhor Manuel Alves da Cunha Agência geral das Co lónias Vol i 1940 Lisboa p3465 FRANQUe J Nos os Cabindas História leis usos e costumes dos povos de Ngoio Argo Lisboa 1940 p34 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 334 fase A diferença está logo à partida na edificação de Mbânza a sua sede Norman Yoffee justifica esse círculo metamorfológico nas suas escritas Too Many Chiefs or safe texts for the 90s publicadas no livro em conjunto com Andrew sheratt eds Archaeological Theory Who Sets the Agenda765 Comecemos por descrevêla A cidade de Mbanzakôngosã salvador situase num interessante planalto montanhoso766 observou John K thornton Alguns séculos atrás Filippo Pigafetta ou melhor Duarte Lopes que esteve na mesma cidade descreve da seguinte forma esta cidade chamase s salvador está situada a 150 milhas do mar numa grande montanha alta quase toda de rocha rica de minas no cimo esta montanha tem um planalto inteiramente cultivado onde viveram mais de 100 mil pessoas767 Na análise semântica anterior vimos que as cidades reais foram em princípio montanhas naturais ou amontoadas e quando Duarte Lopes relata que essa montanha de s salvador é quase toda de rocha no século XVi isso levanos a entender que o actual MbânzaKôngo era uma terra minimamente elevada na qual os seus primeiros fundadores acrescentariam rochas terras amontoadas tal como explicitam as etimologias da palavra Mbânza Nos séculos anteriores antes da crónica de Duarte Lopes as tradições afirmavam que a cidade era diferentemente chamada de NKÛMBA WUNGÛDi o próprio Duarte Lopes o notou Portanto nas recolhas de Bernardo da Gallo notamos a interferência de Hôngo Môngo Gôngo Congo etc para dizer montanha país ou alguma região ou cidade capital do país o sítio onde Dona Beatriz por exemplo teria exilado era chamado montanha de Kibangu diferente de plurimorfonemo hôngo Môngo etc Porquê De facto essas últimas formas eram reservadas para 765 Cambridge 1993 pp6077 766 in Fontes estudos 45 Luanda 19981999 pp135 767 embaixada da itália em Angola itália Angola uma amizade antiga Uma relação de retratos do Relatório do Reino do Kôngo e das Terras circunvizinhas de Filippo Pigafetta publicado em Roma em 1591 Cha de Caxinde Luanda 2003 p53 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 335 montanhas sedes Vamos tentar ver e entender isso junto Podemos remarcar esse facto de igual modo nas anotações de Monsenhor Jean Cuvelier e outros missionários do CongoBelga e Karl Laman nos seus the Congo e Dictionnaire KikôngoFrançais teve cautela de notar e explicitar isso Porém vamos diagnosticar essas palavras Kôngo País Mbânza Kôngo CidadeCapital Yôngo MontanhaMercadoCentrodaspopulações Môngo Montanha Hôngo Primeira MontanhaMercado Local da justiça Já vimos como teria surgido o país nsî de acordo a onomástica filologia entre os Kôngo era o lugar principal onde se reúne que originou a estrutura de um país No princípio o lugar favorecia a abundância de produtos alimentares768 Pela sua fertilidade o seu governador ganhou na semântica dos seus títulos as qualificações de Fornecedor da comida JusticeiroAmigoParente de todos isso tudo traduzse por sedentarismo a unidade da sociedade e visto que os termos citados têm a intenção de estarem interferidos enquanto se realizava esse processo formam em conjunto a trama semântica que de uma outra dimensão é o tecido histórico da unidade sedentarismo unidade etc Analisando os elementos da língua o local ideal teria sido uma montanhaMôngo ou uma terra amontoadaYôngo acima da qual se cultivava Daí surgiria de forma paulatina uma estrutura económica política e depois alargandose em várias regiões até nas mais distantes Já tratámos isso com as nove civilizações Fonologicamente K e M são bilabiais769 Logo a possibilidade da metamorfose dialectal ou idiomática dos fonemas da mesma forma que pode se ouvir binho em vez de vinho B e V sendo fricativas em português por exemplo Y e H de modo igual são da mesma natureza para além de parecerem dialectais Contudo falando da morfologiafonologia em dialectos idiomas do Kikôngo a metamorfose entre KHYBsDV consoante se trata de vogal surda ou ditongo oral no princípio de fonema 768 Aconselhamos a tese de Jan Vansina sobre Historians are archaeologists your siblin gs que citamos atrás 769 Na fonética da língua portuguesa As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 336 ou palavra é na verdade muito frequente isto de uma forma geral salientamos também que subsequentemente o facto tornase idiotismo ou regionalismo com sentido arcaico e novos por um lado e por outro com neologismo e morfoléxicas recentes Padre Placid temples o autor da BantuPhilosophie ontologie und ethik770 no seu artigo sobre a língua na filosofia bantu771 faz entender que as palavras e as expressões são portadoras da cultura ou civilização que no decorrer do tempo o povo forjou espontaneamente tendo isso em conta vamos tentar entender melhor como se teria começado a segunda fase fazendo intervir primeiramente o antropólogo Virgílio Coelho Para esse autor Dôngo tem os seguintes sentidos históricos Cidade real sítio de Dôngo província de Dôngo Banza do Rei ou Corte Lugar onde se concentrava o povo Cidade real Citando Brasio A substância dela foi que não queria outra coisa senão a PAZ e AMiZADe com os Brancos e que no demais fossem amigos que desejava que a sua cidade real de Dongo que assim se chama772 até à nossa fortaleza Cambambe não nascesse erva no caminho773 Sítio de Dôngo Província Dôngo Citando Brasio novamente e com esta noua do desbarate pos fogo a banza que en língua he o sitio de Donquo774 As cartas mais antigas 770 BantuPhilosophie Ontologie und Ethik Deutsch von Joseph Peters Mit Nachworten von Ernst Dammann Hermann Friedmann Alexander Rüstow und Janheinz Jahn Heidelberg Wolfgang Rothe Verlag 1956 p156 771 tempels P Létude des langues bantoues à la lumière de la philosophie bantoue in Présence africaine Paris 1948 n5 pp755760 772 Nota do autor 773 Brasio Monumenta Missionaria Africana Africa Ocidental Agência Geral de Ultramar Academia Portuguesa de História Lisboa 1955 pp5556 774 Idem p423 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 337 que o antropólogo V Coelho se refere são de Março de 1591 setembro de 1599 ou ainda de Janeiro 1583 todas elas falam de sítio de Dôngo para especificar corte onde vive o Rei ou grande soba juntamente com os seus funcionários Mais uma elucidação Urbs regia Dongus dicta ab indigenis lusitanas Cabassa775 escreve o Padre Franco em serviço em África As fontes que V Coelho se refere são ligeiramente hesitantes no sentido em que Dôngo é ora lugar onde vive o rei mas o antropólogo considerao Capital ora sitio de e chamou de província de Dôngo Mas não especifica o espaço físicoonomástico do mesmo De acordo com os documentos supracitados Dôngo designa uma grande população concentrada nesse sítio que é montanha e analisados os sentidos anteriormente focados surgem na mente tantas indiscrições porque que existe apenas um sítio de Dôngo montanha e não um povo Ndôngo descrito na mesma linha texto Aliás enquanto são chamados indígenas de Dôngo em nenhum lugar ou momento algum está definido nem focada a forma segundo a qual eles próprios se autoproclamam em relação ao termo Ndôngo Historicamente essa inequação lexical tem explicações Antes da legitimação do reino de Angola fundado por Paulo de Novais Ndôngo é realmente sítioMontanha onde se concentra o povo e onde vivem o rei e os seus funcionários sítio de Dôngo indica porém um povo comandado governado ou sob um poder relativamente centralizado Reino do Ndôngo Não obstante se Kimbûndu é o termo mais abrangente que antigamente e como hoje se utiliza como seu legítimo povo o reino teria o topónimo de Kimbûndu também em contrapartida se a Capital tem em princípio o mesmo nome do que o país porque não encontramos MbânzaKimbûndu onde se localizaria MbânzaKimbûndu e porque não se diz MbânzaNdôngo em princípio as vicissitudes indicam que antes de Paulo de Novais Ndôngo não era um reino no sentido clássico mas era uma 775 Citado por Coelho V O livro de Franco A intitulase Synopsis annalium societatis Jesu in ab anno 1540 ad annum 1725 AugustaeVindelicorum et Graecci 1726 p63 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 338 dependência dado que significa sítio cidade real província etc Aliás António Cavazzi utiliza o termo Akwa Ndôngo para designar apenas as populações dessa monte gemenal Kakûlu e Kabâsa Até numa época relativamente recente enquanto lutávamos para a independência de Angola AkwaNdôngo oue Kamunôngo designam os descendentes de Mpûngua Ndôngo os privilegiados ou se devemos utilizar a expressão de escritor angolano Pepetela os novos Colonizadores776 quer dizer dirigentes governantes etc No entanto não existe MbânzaNdôngo encontramos portanto a capital de Ngôla que é lugar principal de Ngôla esse termo significa força energia bagre etc assim reza a tradição esse lugar fundado por Musudi constitui um dos territórios de fortificação lugar fortificado barreira fortaleza etc Neste caso faz sentido que os habitantes sejam Kimbûndu uma vez que bûndu significa lugar fortificado e cercado e que Musûdi o seu fundador teria sido um Guerreiro Filologicamente o termo Ndôngo dos Kimbûndu afina a Kôngo777 pelo facto de designar um país e montanhacapital sobretudo porque ainda não encontramos MbânzaKimbûndu ou permissivamente MbânzaNdôngo ora não somente Ndôngo limitouse semanticamente a essa montanha sede do rei mas em relação a Kôngo não parece levar o sentido do país à parte eis porquê dizse MbânzaKôngo ou simplesmente Kôngo mas não parece ser o caso de MbânzaNdôngo que seria meramente Ndôngo As próprias palavras confirmamno pela sua exploração semântica Aqui está o paralelismo entre Kôngo Yôngo Hôngo etc nos Kimbûndu Côkwe Umbûndu e até Nyaneka Kônga reunir convocar cobrar coligir Kim Umb Nyan e Kik Kôngelo Reunião Congresso igreja Congregação Umb Nyan Yôngo ou Ndôngo loka Grupo multidão população densa Grande quantidade Grupo Reunião de muita gente etc Lugar de reunião Kimb Umb Côk Nyan Kik 776 Pepetela A geração da Utopia ed Nzîla Luanda 2004 pp159164 777 Vide os dicionários mencionados na Bibliografia sobre os grupos etnolinguísticos citados A metamorfose de YMKH é muito frequente Por essa razão alguns autores intermudam os fonemas o que é resultado do dialectismo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 339 Kôngo velhote bisavô kik Ongo idoso o mais velho Umb Nyan tornarse mais velho envelhecer etc Môngo nó da cena base dos ramos nó de planta ao dar ramos ou raiz Kimb Umb Côk Nyan Kôngo ou makôngilakûlu significa segundo Laman noeud solide qui ne se devore pas união assembleia Kik sinónimo de zita nó UKôngo homem rico cobrador mas também caçador Umb Kik Nyan Côk Kimb Kôngo cimo cérebro cume coluna vertebral etc Kik Umb Kimb Côk Nyan Kôngulo arcoíris Kik Umb Kimb Côk Nyan Como topónimo Ndôngo é um real e verdadeiro portador de uma parcela da História da Fundação do reino do Kôngo o que quer dizer que nas suas migrações os Kôngo teriam passado nos espaços actualmente ocupados pelos Kimbûndu e outras povoações do antigo reino de Ngôla Ndôngo Como acabámos de ver Kôngo Ndôngo sendo montanhasede daconcentraçãodospovos indica ipso facto não só a origem dos seus senhores como também as influências das regiões provenientes Depois de o Mwêne estabelecer a sedentarização dos povos errantes provavelmente na actual Kôngo então chamada Nkûmba Wungûdi778 notouse que o território teria sido alargado de modo que mais tarde as funções de Mwêne seriam completadas por um certo NtÔteLA o unificador Mani é tal como indica a etimologia a série das Autoridades que findaram o processo da unificação isto teria sido assim como faz entender a trama semântica a primeira e subsequentes fases de uma série de trabalhos realizados no KôngoNdôngoConcentraçãodospovos Nesse sentido a semântica de Ndôngo parece ultrapassada pela do Kôngo como nsi o fim da segunda fase confundese com o princípio da terceira fase tendo em conta a presença de um certo MUtiNU Antes de mais vejamos as análises de J thornton Lukeni lua Nimi who took the title ntinu and is regarded as the Founder of Kôngo must died quite young because his successor and son Nkuwua Ntinu was not allowed to succeed his father upon his death instead Cardoso related that first his cousin 778 Referimos as análises de John thornton Veremos isso nos pontos seguintes As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 340 Kinanga and then another cousin presumably children of his fathers siblings ruled before him779 if we anchor a chronology of Nkuwua Ntinu on the birth of his eldest son in 1437 and allow him to be between 20 and 35 at the point to allow daughters or nonsurviving sons he would have been born between 1402 and 1427 this leaves the question of the birth date his father the founder of the state Lukeni lua Nimi Cardoso noted that one of the reasons Lukeni lua Nimi decided to found his own state was that he was younger son of his unnamed father and thus not in line to inherit While one should not take this reason too seriously since it might simply be a conventional explanation for ambition Lukeni lua Nimis name does tend to support it At least in recent times Kôngo parents sometimes name children in honor of ancestors if this patten is followed they will first use the paternal and than maternal grandparents followed by the paternal and the maternal parents780 Lukenis given name was then the namesake of his mother Lukeni lua Nsanse suggesting the he was at least fourth born the fact that he died leaving a nonadult son suggests that he was not particularly old Allowing him to have the son who would eventually succeed him at age 2035 in 14021427 so as to allow for daughters and nonsurviving sons he would have been born between 1367 and 1402 it is therefore possible within these limits to say that Nimia Nzima in many respects the real founder of Kôngo even if he did not bear the title ntinu was active and operating in the last half of the fourteenth century Cardoso writing in 1624 placed the origin of Kôngo some three hundred and fifty years ago or 1270 which seems too early by half a century for even the most extreme assumptions of reign length and birth dates But it is hard to imagine that Cardoso had any particular basis for his estimate at least from the evidence he left behind and so we can let the later date stand 781 Para começar é verdade que essa versão é uma crítica histórica que o professor J thornton faz sobre as escritas de Cardoso Cavazzi e 779 Cardoso M Monumenta Missonária Africana 15 Morte de D Álvaro iii rei do Congo e eleição de D Pedro ii fol174 p494 780 thornton JK Central African Names 781 thornton JK the origins and early History of the kingdom of Kongo c1350 1550 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 341 Montesarchio a respeito do segundo lar dos Kôngo tal como os próprios autores citados com toda a consciência repetem nos seus repertórios este lar chamase KoNGoDYAMULAZA Raphael Batsîkama localizou a região no país de entreKwangoKwilu um país chamado KWÎMBA país dos YAKA Daí a razão dos Yâka dizer que são os ancestrais dos Kôngo tal como algumas famílias do Kôngo querem informar Portanto nesta mesma versão de J thornton que é a nosso ver uma crítica histórica sobre as versões supracitadas faz intervir também uma outra versão que faz vir os Kôngo do Norte em suma J thornton fala das origens do Kôngo através de duas versões Já tratamos do assunto na primeira parte estamos convictos de que as três etapas da primeira fase foram realizadas consoante explicámos cada minifase Primeiro existiu um Rei sobre os nove depois dois reis sobre dezoito e por último três reis sobre vinte e sete Assim já estaríamos num só ReiGrande sobre os três outros Reis Deste modo a fundação do Kôngo está finalizada esta tese justificase com as explicações dadas sobre as minifases com base no diagnóstico dos próprios termos A existência de um só rei explicase razoavelmente com MUtiNU Primeiro justificase que Kôngo Ndôngo sendo a sede onde se regulam vários territórios distantes teria conhecido na sua Administração as influências oriundas desses territórios afastados ou seja tal como dissemos em um Rei sobre os nove depois Dois Reis sobre dezoito e por último Três Reis sobre vinte e sete o pagamento de Tributo ao Governo Central Kôngo Ndôngo Yôngo etc terá começado como sinal de reconhecimento ou submissão dessas províncias ao KôngoNdôngoMôngo depois da reunificação dos territórios No entanto esse facto não basta por si só para que continuasse essa submissão Daí tal como mostra o tecido significativo do termo MUtÎNU uma instituição segundo a qual o senhor de KôngoNdôngo Môngo tornou a ser o Chefe exilado isto é a Autoridade secular e tida como alguém que KôngoNdôngoMôngo ou melhor a CidadeCapital recolheu e como respeito às leis da natureza deve ser abençoado por uma outra Autoridade Nsâku ne Vûnda Aliás reza a tradição que os Ntînu reis são estrangeiros na Montanha Real onde são Juízes A segunda e a última fase estão ligadas à consagração dos Hóspedes reis por Nsâku se o futuro Mutinu for originário de Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 342 dyaMpânzu no Norte o seu consagrador será de Nsôyo782 Caso for de KôngodyaKwîmba o seu Consagrador será de Mbâta Aliás John thornton faznos entender esse aspecto na sua análise supracitada sobre Cardoso e Cavazzi os Mwêne Ntôtila Mâni da primeira FAse tal como insinua a inter compreensão dos tecidos semânticos e linhas filológicas parecem originários de Mbângala país das origens Portanto a acompanhar literalmente J thornton entendemos que os sentidos semelhantes com Mwêne Ntôtila e Mâni continuam como essência dos episódios que delimitaram a segunda FAse se aceitarmos tal é de opinião comum que este teria partido de Nsiã Kwîlu quer dizer de KôngodyaMulaza o que fortalece justamente a nossa hipótese segunda a qual a instituição MUtiNU originou de Leste do Nsia Kwîlu John thornton escrevia num outro artigo os Kimpânzu apoiados pelos Príncipes de soyo controlam áreas no oeste do país os seus rivais os Kinlaza tinham base no vale do curso superior do rio Marquesado de Nkôndo e a sul do rio Zaire no Distrito de Bula Ambos os grupos procuram obter o controlo sobre são salvador783 John thornton relata e analisa um facto situado numa época século XVii que MbânzaKôngo a Capitalsede está desocupada o trono está à mercê dos conflitos entre duas famílias Kimpânzu e Kinlâza em princípio os Kôngo dizem Kyâku kyâku kyangâni kyangâni ou ainda likûngulu lya ngâna sye ulûange nsînga ko784 o que significa aquilo que não é seu não se pode se servir ora como vimos na primeira parte o trono pertence à família Kinzînga o que seria contraditório falarmos aqui de Kimpânzu e Kinlâza Lendo assiduamente o seu artigo demos conta que Kimpânzu e Kinlâza a que se refere são dois grandes clãs ou melhor duas províncias do antigo Kôngo Vamos acompanhálo os príncipes de Nsôyo eram tal como reza a tradição da família de Kinlâza e Kinsâku então como podemos justificar que os Kimpânzu sejam apoiados por Kinlâza se nessa 782 Vide o capítulo sobre a Fundação do Nsôyo do primeiro Volume 783 in Fontes Estudos Revista do Arquivo Histórico Nacional 45 19981999 ministé rio da educação e Cultura Luanda p143 784 essa versão é Kivili As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 343 temporada eram inimigos De acordo com a trama semântica das palavras em relação à tradição oral os Kimpânzu eram soldados e especialmente a guarda real Mpânzu Kitînu que estava sob a égide de Mani Nsôyo A História dos soldados de Mpânzu Kitînu saídos de Nsôyo tal como anotou com muito cuidado Jan Vansina é uma prova Para reforçar isso fazemos intervir o próprio autor J thornton que no mesmo artigo foca o seguinte 1 D Pedro iii era de Kinlâza A História linhagética diz que esse rei vem do Kwîmba e teria passado por Mbâta de acordo com as recolhas de Monsenhor Jean Cuvelier785 o rei chamavase Nzûkua Ntâmba o seu nome indica que pertence à família de Kinzûku e Kimpânzu 2 D Manuel i o líder de Kinmpânzu tem beneficiado do apoio dos príncipes de Nsôyo o nome completo é D Manuel i Nzînga Nkênge Pertence à família dos BesiKinzînga Mas eles vêm de Kimpânzu KôngodyaMpânzu no Norte do rio Zaire assim reza a tradição786 eis a razão pela qual os príncipes de Nsôyo eram obrigados a apoiálo uma vez que são eles os seus consagradores 3 Álvaro iii Ne Mpânzua Musûndu que sucedeu a Vita Nkânga era de Kinlâza De facto a sua proveniência é de Kôngodya Kwîmba e tal como indica o seu antropónimo pertence à linhagem de Kimpânzu John thornton não é o único a ter debilidades quanto à diferença entre luvîla e dikânda isto é linhagem e clã Jan Vansina também teve essas dificuldades assim como Jean Van Wing e Jean Cuvelier autores mais autorizados na sociologia e etnohistória dos Kôngo Até encontramos os mesmos problemas em alguns sociólogos ou antropólogos de origem Kôngo No entanto remarcamos que a segunda FAse teria estabelecido as normas sobre a proveniência das Autoridades de MbânzaKôngo Mutînu 785 Conferir a linhagem Nzûkua Ntâmba nome kôngo do D Pedro iii 786 Vide Jean Cuvelier Joseph De Munck As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 344 se for de Kimpânzu KôngodyaMpânzu receberá o apoio e consagração dos Príncipes do Nsôyo que tal como nós faz entender o historiador John thornton se que o Monarca for originário de Kinlâza KôngodyaMulâza o seu sacerdote consagrador será o Príncipe de Mbâta e a filologia prova isso de forma simples e sem equívocos também sempre existiu KôngoyaMbângala como origem dos reis Mas antes de falarmos sobre isso parafraseamos a nossa tentativa de releitura que estamos a fazer John thornton escrevia num dos seus artigos que even proverbs can be made historical by adding relevant information within their form787 entre o mundo real os rumores do passado o mens pensendi e sentiendi forjase o provérbio a máxima o adágio e tecese o oratório788 Kana lâmbe lûku tala seko tala maza quando se cozinha o funge farinha de mandioca a quantidade de farinha corresponde à quantidade de água diz o provérbio do Kôngo Durante o processo judicial do Kôngo o Juiz Grande convida o acusador e suas testemunhas o acusado e suas testemunhas e os seus respectivos mpôvi advogados Antes de começar o julgamento o Juiz Grande toca a sineta e pronuncia as seguintes palavras kana lêmba Kôngo bula ngônge ye matu que se traduz por para trazer a tranquilidade de volta que se perdeu devese tocar a sineta com as orelhas789 Lembramos que a sineta ngônge foi um dos símbolos do 787 Thornton J The origin and early History of kingdom of Kôngo c13501550 in The International Journal of African Historical Studies 34 1 2001 p102 788 Vide os livros da filosofia silva A Filosofia social instituto de estudos superiores de evora evora 1966 Carney David Soul of Darkness Introduction to African Metaphysics Philosophy and Religion Adastra Limited 1991 e especialmente o mito o sistema cos mológico nos Dogon CalameGriaule G Ethnologie et langage La parole chez les Dogon Paris Gallimard 1966 789 Vide Van Wing J Etudes Bakôngo I Histoire et Sociologie Goemaere Bruxelles 1921 p 295298 Nsoko SwaKabamba JLe panégyqye Mbiimbi étude dun genre poetique oral Yaka Republique Democratique du Congo CNWS Université de Leyden Leyden 1997 p245 267269 etc Também aconselhamos a leitura sobre a forma como decorre a justiça entre os Kôngo Cuvelier J Relations sur le Congo de Père Laurent de Lucques 1700 1717 Institut Royal du Congo Belge Bruxelles 1953 p278298 Balandier G La vie quotidienne au royaume du Kongo du XVI au XVIIIe siècle Hachette Paris 1965 Mertens J Les Chefs couronnes chez les Bakôngo orientaux IRCB Bruxelle 1936 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 345 poder além de ser usado para comunicar às pessoas para se reunirem nos eventos importantes especialmente nos julgamentos Um provérbio muito comum já acima citado é a sinete é tocada não apenas com as mãos mas também com as orelhas isto quer dizer que a Justiça é feita quer para as pessoas litigiosas como para os próprios juízes eis o sentido de bûla ye matu Quanto a Lêmba Kôngo a frase significa literalmente estabelecer a Paz a tranquilidade ora isso tornase realidade se bula ngônge ye matu ou ainda tala nsêko tala maza ou seja deve haver o equilíbrio somente nesse princípio o Juízo poderá declamar kônga nkanu dando início à resolução do processo790 onde estaria o Herói Civilizador Pela função frásica lûku e kôngo convergem tendo de surplus o mesmo valor gramático lûku é algo ressuscitado e Kôngo é antigo Ambos cozinhados lambe lûku e lâmbe Kôngo Um pouco mais atrás vimos MaDûki como um dos Heróis que eternizou a sua civilização com o nome do dia semanal ora MaKôngo também constitui os últimos heróis que institucionalizaram a definitiva civilização eis uma comparação etimológica Lûku Kôngo 1 lûku farinha de mandioca já preparada funge 1 Kôngo fome jejum 2 lûka estar completo v dûka 2 kôngo quantité de gens 3 lûka dar o seu nome a alguém nomear um cargo 3 Kôngo nó que não se desfaz via o princípio de lûka nkûmbu o nome4 4 lûka ser inteligente cauteloso astuto 4 kôngo bom caçador inteligente caçador 5 dûka ser suficiente juntar os componentes 5 kônga juntar recolher por junto 6 dûka impedir expandir um cheiro 6 kônga espalhar 7 dûka fritar a carne elaborar o solo etc 7 kôngo cultivar fazer agricultura etc Lâmbe lûku e lâmbe Kôngo não significam simplesmente cozinhar também querem dizer misturar juntarse fazer pazes formar um só componente Assim por um lado seko farinha e maza água e por outro mbôndoa Lukeni Nzâ Lukeni e Nkwândanda Lukeni Alguns sentidos de Kôngo e Lûku fazem entender que se trata da PAZ como resultado de 790 Lorenzo Da Lucca faznos entender isso nos relatórios durante a sua missão no Kôngo cfr Mgr J Cuvelier op cit De igual modo pode conferir a sociologie de Jean Van Wing a respeito da forma como se passa a justiça nos Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 346 uma assembleia da junção das partes antagonistas Falando de Ngânga Matambola Atambola que se traduz por Feiticeiro Ressuscitador dos Mortos na sua Descicionne791 António Cavazzi tenta explicar que se trata de vomitar aquilo que os Kôngo pensam ressuscitar e nota dois sentidos 1 esse ngânga é tido como balança entre os vivos e os mortos Nesse caso vomitar e fazer reviver os usos e costumes dos antepassados 2 esse ngânga é considerado como um dos mediadores quando decorrem de kimpasi para estabelecer o equilíbrio social quando é deturpada Mas vomitar aqui como podemos verificar através do facto histórico de Ndona Beatriz é de ressuscitar o nsia kûlu792 Lembremos que nos Vîli no arrondissement de Luwôzi encontramos um culto de imputação do nome793 Quando a pessoa não cumpre o seu nome ou o seu título realizase um culto que leva uma semana quatro dias no mínimo No primeiro dia realizase um julgamento onde será comprovado que não exerce realmente o seu nkûmbu como devia o julgamento decorre como os outros julgamentos só que desta vez o Juiz é especificamente Mankûnku794 Uma vez provado no dia seguinte o acusado é posto no ghôla ou ainda dikôla795 será visitado por ngânga bilôngo que durante esse tempo todo lhe dará banho com óleo de palma e cobreo com folha de bananeira Nkôndo No crepúsculo enquanto di kangi um tipo de batuque tocar Ngânga Mandînga entra no ghola para os entretiens espirituais No terceiro dia logo ao princípio da tarde será visitado por Nganga Ngômbo e Ngânga Mvûmbi No último dia Ngânga Vûtula vem buscar o sujeito juntamente com o pai ou tio materno796 divulgando o nome que doravante deverseá usar Contudo notamos uma 791 Cavazzi A escrição de tres reino Livro i paragrafo 202 De modo igual tenta expli car os termos apesar de algumas debilidades semânticas em relação àquilo que se refere ou tenta fazer entender 792 Ver a explicação que analisamos quando se formou nsi A expressão nsîa nkululuka significa antigamente 793 o primeiro acto é chamado Bumpûtu bwa Nkûmbu e no terceiro dia o acto chamase Hûngu bwa Nkûmbu Ambos actos são chamados bunduki que significaria desfazer a nominação de acordo com Nkênga Zôla 794 termo utilizado por BaVîli 795 Chamado também tsibânga é uma casa construída por todos Num sítio sagrado e geralmente à esquerda da entrada principal e guardado alguns relíquias de lukobi lwa bakûlu 796 De acordo com Joseph Nsemi antigamente era o pai ou um dos delegados deste que tinha o poder de pronunciar o nome que normalmente deveria ser usado doravante Num período relativamente recente e devido à falta de dote na rapariga o tio materno começou a exercer esse poder no caso a dote não for pago As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 347 complementaridade com o provérbio que estamos a analisar Voltando A composição de LÛKU é de dois elementos de natureza oposta MaDûki tal como vimos teria resultado de um conflito de ordem sócio político dado o crescimento demográfico do povo e insuficiência territorial que precedeu Mesmo assim teria nascido um outro conflito acrescido de uma ordem ideológica e causado pelo choque de códigos de parentesco entre os imigrantes neste caso os Kôngo e os conquistados neste caso os povos encontrados enquanto decorria o processo de aceitação dos povos conquistados este conflito teria também sido fomentado pela inequação passiva da governação dos territórios reconhecidos e o surgimento de outros territórios ainda não decretados ou ainda em via de legislação Ao analisar MaDûki vimos que as duas autoridades respeitandose uma à outra constituiriam um terceiro elemento de Autoridade para não precipitarmos de dizer já autoridade duas autoridades conservando seus respectivos kûtu criam condições para o terceiro kûtu só que passam a ser chamados kûku que sempre foram três Kûtu é equivalente metalinguagético de kûku no seu processo evolutivo os dois termos envolvem numa mesma ordem cosmológica o sentido de colina de legislação Quer a trama semântica de três tâtu de colina kûku em relação ao LÛKUKÔNGo quer o tecido da tradição em proporção com a lógica estruturalista tendo em evidência a homogeneidade linguística e heterogeneidade factual é bem visível que o provérbio e a Tradição Oral sejam suportes dos Heróis intermediários para a transição de duas Autoridades para três e de três para finalmente uma só personagem chamada MUtÎNU As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 348 independentemente da ordem que é regida a transformação cultural é a causa principal de diferentes interpretações consoante o enquadramento sociológico ou histórico na base de códigos inerentes Muitas vezes as consequências são de conteúdo e alinhamento distintos e contrários Dado os códigos não mudarem estruturalmente convém estabelecer uma dialéctica de complementaridade antagonista797 Lûku proverbial por exemplo é variante metalinguagética de MaDûki histórico e este último apresentase como sequência sóciopolítica798 de Mutînua Kôngo Nesta relação entre dois MaDûki e três Makûkwa o país teria conhecido como indica a ordem ideológica da proporcionalidade com o número três as séries sete e oito dos Heróis Civilizadores A fase seguinte sendo a nove notase a presença de Ntôtilaa Kôngo799 reinando sobre três makûkwa colinas de Lei É justamente nessa etapa que tendo em conta a teoria da complementaridade antagonista do estruturalismo800 se justifiquem o provérbio e a tradição Logo A B Ntînua Kôngo explicamos Ntînua Kôngo os últimos dos Monarcas do Kôngo foram precedidos por duas Grandes MaDûki que supervisionavam vinte e quatro pequenas sobas801 797 Roumeguèreeberhardt Jaqueline Pensée et société africaines Essais sur une dialec tique de complémentarité antagoniste chez les Bantu du SudEst Cahiers de lHomme La Haye Paris 1963 798 Consoante a ordem histórica tendo em conta o código ideológico do fluxo crescente populacional 799 Tal como indica os sentidos Ntôtila Kôngo teria precedido a Mutînua Kôngo Ou ainda teria um duplo título Ntôtila e Mutînu simultaneamente 800 Aquilo que fala Jaqueline RouneguèreEberhardt pode ser completado por LeviStrauss La struture de la parente ou Anthropologie structurale 801 Consoante os códigos de parentesco e ideológico As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 349 IV4 Mintadi outras séries de Criadores da Civilização do Kôngo encontramse nas esculturas chamadas MiNtADi De diferentes morfologias começamos por dizer que cada escultura leva com ela um nome respectivo relativo à sua morfologia o termo MiNtADi teria surgido no decorrer da recolha das peças Robert Verly que presenciou a escavação desses objectos802 faz entender que o termo de mintadi foi avançado pelas populações da região onde foram descobertas as peças De acordo com a museologia a designação de uma peça sempre foi o termo usado na região onde fora descoberta No entanto a respeito das pedras as populações escreve Robert Verly chamaram a essas esculturas de MiNtADi isto é pedras ora isso não parece ser o nome verdadeiro A palavra mintadi no plural designa apenas uma peça Nunca um Mukôngo que domina naturalmente a sua língua cometeria um erro desse género a não ser um aprendiz que somente poderia ser estrangeiro Para além de R Verly confirmar no seu texto notase que as esculturas não eram bem conhecidas das populações De acordo com as análises de tN Huffman é provável que essas esculturas pedras tenham uma origem longínqua desde Zimbabwé803 Na nossa opinião eis algumas propostas dos nomes dessas esculturas804 1 MFÛMUA KÔNGO805 Descrição806 escultura de pessoa sentada tendo a mão na bochecha 802 Vide R Verly in Zaire Maio 1955 803 Symbols in stone Unravelling the Mystery of Great Zimbabwe Johanesbourg 1987 o autor desenvolve a sua tese de forma geral a partir de diferentes artigos que reúne nesse volume 804 tratamos o assunto num outro trabalho Sculture et Statuette Question de différence dans lArt Kôngo et Tshôkwe 805 Verly escreve Mfûmuotele fumani una ye kiadi que traduz le chef songeur ayant la main au menton o autor dá outro nome Mfwîdi u Mfumani Penseur Le personnage représente est le chef de la famille de clan de village qui a la faculté de penser de ré fléchir pour son peuple et les siens le sage qui protège les autres sil est pensif dans la pose que présente le ntâdi cest parce que devant séloigner de son village de son habi tation il se demande ce que vont faire les membres de sa famille durant son absence il sera comme un orphelin isolé nsôna in Zaire Mai 1955 p504 806 As informações são do Museu Nacional de Antropologia Na nossa lista algumas peças As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 350 e orneada pelo chapéu de chefe Substância Pedra Função Funerária Origem Kôngo A designação Mfûmu corresponde com a descrição Mfûmu é prefixado de M nominal e deriva de fûumuna que significa sentar se com a mão na bochecha estar triste meditar reflectir etc em princípio a função dessa escultura parece ser o emblema do poder Lembrava o seu detentor que a sua responsabilidade é de resolver os conflitos das populações pelas suas capacidades de reflexão807 escreve Jean Van Wing Até os Ambûndu vinham a Mbâzia Nkânu para resolver os seus conflitos e quando morria enterrava o Monarca defunto junto com os emblemas que caracterizaram o exercício do seu poder 2 MWÊNE KÔNGO808 Descrição escultura de uma mãochefe amamentando uma criança A criança também leva o chapéu Substância Pedra Função emblema do poder Já vimos que Mwêne era Autoridade que fornecia comida ao seu povo aqui exemplificado por filho amamentado era um emblema para lembrar o seu detentor que era garantia da economia 3 NTÔTILA KÔNGO809 Descrição escultura de uma pessoa tocando batuque Substância Pedra Função emblema do poder não constam no acervo actual do Museu supracitado Portanto o leitor poderá rever isso no livro de Henriques Abranches Reflexões sobre a Cultura Nacional Também pode procurar esses objectos no Museu de Loango à la republique du CongoBrazzaville onde encontramos mais detalhes embora as esculturas estejam em madeira 807 Luís Kanjimbo já especificou ao respeito dos Umbûndu 808 Robert Verly chamou de Ngûdi mwâna Mwâla nkâsi o autor precisa a forma como foi obtida essa informação les Noirs disent quelle est ngûdi uyemika mwâna mère allaitant son enfant Vide a revista Zaire Maio 1955 p511 809 R Verly chamou de Nkîsi Ngôma le joeur de tamtam Zaire idem p519 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 351 o verbo tôtesa significa exactamente o que a morfologia da peça representa A autoridade tinha entre as suas funções reunir o povo e esta escultura lembrava como símbolo do exercício do poder administrativo essa função de reunificação aqui simbolizada pelo batuque 4 YâLA MÔKO810 Descrição escultura de uma pessoa genuflectida e que estende as mãos pedindo Substância Pedra Função emblema para eleição Yâla Môko tal como explicou Raphaël Batsîkama indica a Autoridade pedindo o poder do povo Kôngo dya nkôngoa ngôlo isto é o trono do Kôngo pertence ao mais forte Cidadão do Kôngo esse símbolo de poder lembra que Kimfûmu ma kya ntûmbwa ou seja o poder é um assunto de investidura do homem pelos homens Vamos tentar parafrasear se a Civilização se define como a transformação da natureza ou rompimento do habitual essas esculturas então imortalizam diferentes civilizações Mfûmua Kôngo indica que o poder se obtém através da avaliação dos seus programas e dos seus pensamentos Mwêne Kôngo por sua vez lembra que a Autoridade é garantia da estabilidade demográfica a partir de uma economia estável Ntôtela Kôngo é o unificador de um povo denso num espaço largo Yâla Môko indica porém que o poder pertence ao povo e que deve pedirlhe em via das eleições ou como se diz concretamente em Kikôngo nomeações Yâla Môko é um pedinte legítimo A passagem de uma ordem histórica para ordem simbólica resulta de uma aquisição cultural código ideológico que exprime as mintadi citadas o pensamento escultórico indica o movimento dos Portadores dos títulos e define relativamente o grau político atingido exercício de uma democracia espontânea para uma democracia social estruturada As transformações da cultura no espaço e no tempo respondem a essa gira 810 Verly chamou de Mpôvi Agenouillé selon la coutume sur le tapis nkûku réservé au zimpôvi privilège leur appartenant rigoureusement le mpôvi est représenté dans lexercice de ses fonctions avec les attributs propres à sa profession davocat dorateur p519 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 352 escultórica ou talvez estético Pode conferirse a teoria de Julian steward no seu livro intitulado Theory of Culture Change811 ou de Leslie White The Evolution of Culture812 IV5 Democracia no velho Kôngo Generalidades Abraham Lincoln define a democracia como um governo do povo para o povo e pelo povo Quando o Congo ainda era Kôngo o princípio era makukwa matâtu malâmbe Kôngo isto é tal como vimos atrás o funcionamento do Kôngo na sua estrutura social económica religiosa e política era condicionada pelo princípio tal como indicam os provérbios a palavra e a opinião está disponível a todos A ideia julgada sapiente e correcta passa a ser opinião maioritária o que não implica que os minoritários sejam menorizados prova disso podiam recorrer a uma nova apreciação ou julgamento outrossim vamos aqui analisar alguns termos que justifiquem a democracia isto é tal como a define Abraham Lincoln poder do povo para o povo e pelo povo Eleição Uma das formas mais corrente de o povo exercer o seu poder ou que indica que o povo detém de facto o poder é a eleição o princípio do Kôngo adverte kimfûmu ma kya tûmbwa que se traduz por o poder é um assunto de investidura do homem pelos homens os Nyaneka dizem que uma só família não pode construir a país ou seja enanthiya like kalinthiki mbiya As três famílias do Kôngo Kinsâku Kimpânzu e Kinzînga exerciam cada uma delas diferentes funções na sociedade Kinsâku de Ki e de sâku que deriva de sâkula sâka escolher pôr de lado os pinhos ervas arruinadas etc Kimpânzu de Ki e de pânzu que deriva de vânza preferir tirar de lado entre multidão fazer uma boa escolha etc e como podemos 811 Urbana 1955 812 New York 1959 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 353 verificar as duas famílias tinham direito ao voto A família Kinzînga não gozava desse direito Não encontramos dados quer na tradição oral quer na exploração dos antropónimos nem sequer nas crónicas austeras dos antigos missionários e comerciantes Como já mostrámos no primeiro volume os poderes foram repartidos e segmentados consoante as famílias NsAKU sacerdócio Presbiteriano Religião e Magia Consagração das Autoridades Diplomacia Constituição Poder Judiciário Poder Legislativo MPANZU Guerra indústria segurança da Corte segurança do País Direito de eleger NZiNGA813 Administração Justiça Poder executivo limitado poder político limitado Classe dos elites das Migrações ora os eleitores eram Kinsâku e Kimpânzu sendo os Kinzînga os eleitos os Côkwe contam que a sociedade é composta das descendências de Ruej Kinguri e tsiama os primeiros são os eleitos os segundos sacerdotes e os últimos tornaramse grandes caçadores guerreiros Ruej de acordo com algumas versões que aqui tratámos teria sido eleita pelo Conselho dos Velhos isso indica que a chefia era adquirida através dos sufrágios os Umbûndu são democráticos por excelência diziam ernest Damann e Carlos esterman basta ver como se faz a justiça entre eles Aliás um provérbio diz Mbewu kalondi kocisingi omanu vakapako ou seja o cágado não consegue subir numa árvore por si só Por isso são as pessoas que elegem o cágado o animal inteligente como o soba os Côkwe dizem Liso liafua tfulo muali que significa o olho cego mas o sonho continua ou perdi a fortuna mas continuo a viver ou ainda os Kimbundu dizem Kibaku koazeka bukanga o monaaamuthu uazeka monzo que se traduz por o animal pode dormir fora a pessoa sempre dorme no quarto Por sua vez os Kôngo fazem Nkamba dya kola ye mu luvukulu Ngânga naveka Nzambi to isto é uma grande quantidade de conchas de kola no luvukulu o cirurgião é Deus em resumo todos eles acreditam que a Vida é sagrada814 Daí a democracia 813 em Kimbûndu njinga designa o chapéu do chefe 814 Aconselhamos a leitura da sucinta recolha de Valter Filipe Duarte da silva Provér bios sobre os direitos humanos nas culturas étnicas angolanas Cokwe Kimbundu Fiote Kwanyama trocaireJesuit Refugee service As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 354 Cabrita ao escrever sobre as populações de Luena em 1954 faz entender que Mwatiyamvu e Mwatisenge teriam sido duas autoridades a primeira executiva e a segunda religiosa Uma consagrava outra mas essas instituições foram isoladas e depois fixadas adulteramente pelas vicissitudes históricas o que indicaria que o poder entre essas populações era gerida consoante os princípios da democracia815 As escritas de Carvalho parecem explicitar isso quando relatam sobre os estados de Mwatiyamvu com uma grande pormenorização dos poderes816 Escravatura ou o Poder totalitário Como já foi explicitamente demonstrado a evolução da sociedade está impressa na língua eis a razão pela qual apesar de citar alguns autores vamos fundamentar a nossa análise em língua Será um poder totalitário Alguns autores argumentam que a escravatura teria sido o elemento contrário que no entanto impossibilita qualquer democracia no velho Kôngo o que significa que o poder do Kôngo seria totalitário ora como falar de uma democracia onde há escravatura É evidente que os escravos existiram antes da vinda dos Portugueses Mas é de assinalar que esta prática a moda do Kôngo não se assemelha aquela crueldade que os piratas e flibusteiros fizeram nos séculos XViXiX o que significa escravo no entender do Kôngo 1 alguém que não pertence á nossa linhagem é o nosso escravo eis porquê os Kôngo não conseguem viver longe dos seus ancestrais No entanto esse facto não obriga que o estrangeiro seja maltratado pelo contrário é objecto de respeito e atenção 2 os criminosos aqueles que violam a Leis nsîlu usos e costumes foram enviados em prisões a fim de serem reeducados enquanto prisioneiros são tidos como escravos também e 3 os prisioneiros de guerra foram reduzidos em situação de escravos 815 Na terra dos Luenas Breve estudo sobre os usos e costumes da tribo Luena Agência Geral do Ultramar Lisboa 1954 195 816 Cf A Lunda ou os estados de Muatiânva imprensa Nacional Lisboa 1890 pp354 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 355 e como podemos ver o escravo Kôngo não tem nada de comum com a situação social do indivíduo É uma situação jurídica e assim sendo não parece comprometer um poder ditatorial Um poder divino Weeks afirma no seu valioso livro intitulado lHistoire du royaume de Kongo Des origines au siècle XIX que o rei ManiKôngo tinha o poder de vida e de morte sobre os seus sujeitos Como temos visto antes os títulos que o monarca do Kôngo tem indica as suas funções e entre eles nenhum confirma isso Ao analisar a obra de Weeks notamos que ele fundamenta as suas afirmações em eventos mal relatados ou fantasiados pelos próprios Kôngo assim por exemplo o facto de Dom Afonso ter enterrado viva a sua mãe De igual modo Weeks e tantos outros autores baseiamse sobre as tradições que relatam que Nsâku Ne Vûnda tinha esse assim traduzem grande poder de vida e de morte sabendo que foi uma outra autoridade com um título igual a ManiKôngo dissemos antes de tudo que a linguagem religiosa dos Kôngo sempre foi ambígua até para os melhores linguistas especializados em Kikôngo o facto de Mutinu ter matado a sua tia mulher do seu tio materno e ter sido abençoado pelo Mestre das terras Nsâku Ne Vûnda ou numa apreensão sociológica a mesma pessoa cria uma ambiguidade para quem não estiver atento ou detalhadamente informado Portanto tal como tentamos esclarecer nas páginas anteriores tratase de uma cerimónia cujos rituais têm sentidos figurados817 além da sua narração ser feita em metalinguagens e sem preocupação dos sentidos realmente Kôngo e a sua variação metafórica Weeks assim como Lethur Felner etc afirmam que o monarca Kôngo equivale ao soberano religioso que era rex rix indoeuropeus818 obviamente que apesar das informações bastante ricas eles não podiam pensar Kongolesamente salvo indoeuropeiamente 817 Cfr Mertens J Les rois couronnes pp104143 ou ainda pode se ler Les légendes do mesmo autor 818 No reino do Kôngo foram dois poderes diferentes o religioso foi administrado por Nsâku Ne Vûnda e o secular por Ntînua Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 356 Democracias Kôngo e moderna A definição etimológica ou como fez Abraham Lincoln prova que cada sociedade pode ter a sua própria democracia e não é obrigatória que seja igual a outra democracia tida como a mais perfeita A dos Americanos é diferente dos Franceses os Nigerianos têm uma democracia diferente dos senegalenses e de uma sociedade a outra as diferenças aumentam Do igual modo se no antigo reino do Kôngo teria existia uma democracia não seria obrigatória que respondessem rigorosamente às realidades actuais pela simples razão que as épocas eram totalmente diferentes será importante não confundir essa democracia que deve assim ser relativamente a sua época longe da electrónica da indústria mecânica etc actuais Voltaremos num outro projecto específico819 819 Vocabulário das instituições angolanas As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 357 Conclusões do livro II eis em resumo a lista dos antropónimos dos agentes da civilização do Kôngo vulgo Herói Civilizador Cada antropónimo é portador de outros termos com o mesmo valor semântico temos em acabamento uma série de trabalhos que por uma ou outra razão não puderam de imediato ser incluídos nessa edição A data da fundação do reino do Kôngo por exemplo Antes de fundarmos sólidas hipóteses a esse respeito somos obrigados por um lado a estabelecer a equivalência desses 27 heróis civilizadores cronologicamente isto é em termo de tempo Por outro lado a determinar no pensar dos Kôngo a data inicial a que se referem essa já foi ordenada mas ainda carecemos As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 358 de recolhas específicas da calendarização em várias localidades distantes uma da outra entre os Kôngo também a estabelecer equivalência dessa calendarização em relação aos outros grupos etnolinguísticos Angolanos a fim de delimitarmos a data inicial provável da fundação do reino do Kôngo assim como é óbvio o seu valor cronológico em relação à contagem do tempo tal como o fazemos hoje em dia Portanto se resolvermos isso antes não hesitaremos de incluir o capítulo nas próximas edições ou conceberemos um trabalho à parte tratando apenas do assunto data da fundação do reino do Kôngo EM GUISA DE CONCLUSÃO GERAL820 A História de África acerca das origens dos velhos reinos que o explorador europeu eou árabe descobriram dorme ainda tranquilamente debaixo da terra talvez os arqueólogos consigam escavála cuidadosamente sem causar muitos danos o que esperamos oxalá todavia ninguém gostaria de depender totalmente de uma só possibilidade É um risco que nem tão pouco passa pela cabeça de qualquer simplório eis a razão que nos levou a ousar tocar na tradição oral A tradição oral é a língua em princípio é difícil escrever a história das origens dos reinos africanos sem ou omitindo as suas respectivas línguas Não obstante as histórias das origens em África foram escritas pelos autores que ora não sabiam nem balbuciar uma frase em línguas africanas ora tinham por obstáculo os usos e costumes desse continente Já pensámos escrever a História de África em suas respectivas línguas tomaremos essa postura num projecto subsequente Nowaday alguns africanistas nãoafricanos fazem melhor do que muitos Africanos e este facto merece também atenção Já fizemos discurso a respeito desta fonte histórica logo na introdução Ao contrário daqueles que pensam que a tradição permanece como um lixo em relação às outras fontes históricas escritas por exemplo cremos que vale a pena explorála em vez de criticar algo que nunca foi devidamente diagnosticado o que fizemos ao longo destas páginas constitui o sino do gongo que tocámos a fim de chamar a atenção dos especialistas sobre a riqueza ainda inexplorada da fonte que a ciência negou outra vez por um preconceito aparentemente racionalizado e algumas ideologias ligeiramente radicalizadas pelos cientistas obviamente que tal foi a verdade daquela época De acordo com as fontes consultadas e os métodos aqui utilizados as origens do reino do Kôngo teriam começado no sul da actual Angola A sua expansão através do território angolano ainda guarda marcas antigas nos falares dos grupos etnolinguísticos Umbûndu Kimbûndu Côkwe e Nyaneka ou seja o trabalho que apresentámos ao público é apenas o 820 Ainda é muito cedo de concluir sobre o assunto Ainda temos uma série de estudos a publicar a fespeito por exemplo a outras afinidades entre os Angolanos data de fundção do Kôngo evolução pensativa através da linguística entre os Angolanos etc Por isso con sideremos isso como uma nota prévia da conclusão As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 360 começo de um projecto interdisciplinar que na nossa óptica engloba principalmente a intimidade investigadora de Antropólogos Historiadores e Linguistas de diferentes grupos etnolinguísticos angolanos o que poderá ser um dia concretizado a partir de diferentes contribuições821 Por um lado é preciso recolher a maior parte das linhagens assim como os seus respectivos nomes e narrações sem esquecer a corporificação das estruturas linguísticas em línguas africanas e por outro lado é urgente que se faça um eventário analítico sobre 1 as fontes existentes 2 a sua interpretação na cultura material assim como os meiosformas da sua codificação 3 a sua classificaçãonomenclatura uma vez as fontes diagnosticadas consoante os devidos métodos e princípios apropriados e 4 a sua confrontação com as outras fontes já exploradas sobretudo escritas e arqueológicas com o objectivo de estabelecer as verdades históricas relativas Mas quando reunirmos essas condições todas orgulharemos de efectuar o primeiro passo do começo na História menos ambígua de África antes da Colonização 821 Voltaremos com O valor filológico do vocabulário das Instituições Angolanas já na sua penúltima fase de recolha As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 361 BIBLIOGRAFIA ABRANCHes H sobre os Basolongo Arqueologia da tradição oral Fina 1 Petroleiros de Angola Luanda 1991 184pp ABRAHAMssoN H the origin of Death studies in African Mythology Uppsala 2 studia ethnografica Uppsala 1951 iii178p ABRANCHes H Comentário a tradição NeZinga Laboratório Nacional de 3 Antropologia LANA Luanda 1981 8pp ADoteVi stanislas Negritude et negrlogues PlonUnion Geral dédition 4 Paris1972 306p AKiNJoBGiN i A Le concept de pouvoir en Afrique Presses de lUnesco Paris 5 191pp ALLieR R Le noncivilisé et nous Différence irréductible ou identité foncière 6 Payot Paris 1927 312 p ALLieR R the Mind of savage transl by Rothwill F London G Bell and sons 7 1929 XiV301 p ALtUNA RRA Cultura tradicional Bantu Cooperação Portuguesa em Angola 8 Luanda 1993 622pp F ALVes J ARÊDes J CARVALHo introdução a Filosofia Pensar e ser texto 9 editora Lisboa 1997 335pp AMACKeR R ed Cahiers de Ferdinand de 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ethnographie iRCB 171 Bruxelles 1935 381pp MUDiMBe VY the invention of Africa gnosis philosophy and the order of 172 knowledge edição de Autor London 1988 241pp MUJYNYA eN Lhomme dans lunivers des Bantu Press de lUniversité National 173 du Zaire Lubumbashi 1972 186pp MYRDAL G objectivity in social research Pantheon Books New York 1969 174 105pp NADeL sF La théorie de la structure sociale editions de Minuit Paris 1970 175 229pp NAttieZ JJ Problemas e métodos de semiologia ed70 Lisboa 1966 191pp 176 NDiNGAMBo AC Réflexions sur les migrations teke au Congo in Cahiers 177 congolais dAnthropologie et dHistoire nº6 1981 pp6576 NGALAsso Mwatha Musanji Le kikongo le français et les autres étude de la 178 dynamique des langues dans la ville de Kikwit Zaïre in Gouaini e thiam N éds Des Villes et des langues 1990 pp 445474 NGoie NGALLA D Réflexions sur le peuplement de la Valée du Niari par les 179 Kôngo in Cahiers congolais dAnthropologie et dHistoire nº2 1978 pp1325 NsoKo sWAKABAMBA JLe panégyqye Mbiimbi étude dun genre poetique 180 oral Yaka Republique Democratique du Congo CNWs Université de Leyden Leyden 1997 ii336pp 181 NYeMBWe Ntita t 1981 Le français et les langues nationales au Zaïre As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 368 problématique dune approche sociolinguistique thèse de doctorat Université Catholique de Louvain 556 pp oBeNGA th Les Bantu Présence africaine Paris 1985 376pp 182 oBeNGA th La dissertation historique en Afrique A lusage des etudiants de 183 1ère année dUniversité Les Nouvelles editions Africaines Présence africaine DakarParis 1980111pp PAULMe D Les sculptures de lAfrique noire PUF Paris 1956 129pp 184 PAULMe D Les civilisations africaines PUF Paris 1962 128pp 185 PARReiRA A Dicionário glossográfico e toponímico da documentação sobre 186 Angola séculos XVXVii editorial estampa Lisboa 1990 248p PLANCQUARt sj Les Jagas et les Bayaka du Kwângo iRCB Bruxelles 1932 187 185pp ReDiNHA J Distribuição étnica de Angola Fundo de turismo e Publicidade 188 Luânda 1975 35pp ReDiNHA J etnossociologia do Nordeste de Angola Agênciageral do Ultramar 189 Lisboa 1958 247pp ReDiNHA J etnias e Culturas de Angola instituto de investigação Cientifica de 190 Angola Luanda 1975 396pp ReGo A Lições de metodologia e criticas históricas Junta de investigação 191 Ultramarina Lisboa 1963 263pp PHiLLiPARt L Le BasCongo cet état religieux et social Biblith Alfonsiana 192 1947 246pp sANtos e sobre a religião quiocos Junta de investigação do Ultramar Lisboa 193 1962 160pp sANtos e Maza edição do Autor Lisboa 1965 302pp 194 sANtos e Religiões de Angola Junta da investigação do Ultramar Lisboa 1969 195 539pp sAPiR ed Anthropologie i Personnalité et culture Minuit Paris 1967 207pp 196 sAPiR ed Anthropologie ii Culture Minuit Paris 1979 225pp 197 seCRetARiADo de Pastoral Ngangela o mundo cultural dos Ganguelas Doicese 198 de Menongue 1997 642pp seseP Nsial Le métissage françaislingala au Zaire essai danalyse différentielle 199 et sociolinguistique de la communication bilingue thèse de 3º cycle Université de Nice 1978 470 pp sCHADeN e A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil ensaio etno 200 sociológico Ministério da educação e Cultura rio de Janeiro 1959 185pp siLVA A Filosofia social instituto de estudos superiores de evora evora 1966 201 348pp siLVA MAiA A Portuguêskimbûndukikôngo línguas nativas do centro e norte 202 de Angola Cooperação Portuguêsa 1994 658pp stRUYF i Les Bakôngo dans leurs légendes iRCB Bruxelles 1935 280pp 203 soRet M Les Kôngo Nordoccidentaux PUF 1959 Paris 139pp 204 soRReNto GM Breve e succinta relacione del viaggio nel regno di Congo 205 nellAfrica meridionale Francisco Mollo Napoli 1692 46640pp teMPeLs PLétude des langues bantoues à la lumière de la philosophie 206 bantoue in Présence africaine Paris1948 n5 pp755760 tHiNes G LeMPeReUR Asous direction Dicionário geral das ciências 207 humanas ed70 Lousä 1984 954pp titieV M introdução a antropologia cultural Fundação Calouste Gulbenkian 208 Lisboa 1991 419pp 209 tHiNes G LeMPeReUR Asous direction Dicionário geral das ciências As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 369 humanas ed70 Lousä 1984 tHoMPsoN RF Flash of the spirit African and AfroAmerican Art and 210 Philosophy Vintage New York 1984 tHoRNtoN J K the origin and early history of Kôngo in international Jornal 211 of African Historical studies Vol 34 nº1 2001 89 pp VAN RoY Les proverbes Kongo Musee Royal de lAfrique Centrale tervuren 212 1963 VANsiNA J introduction à lethnographie du Congo edUniversitaires du Congo 213 LubumbashiKinshasaKisangani 1966 228pp VAN WiNG J etudes Bakôngo i Histoire et sociologie Goemaere Bruxellles 214 1921 391pp VAZ JM Filosofia tradicional dos Cabindas através dos seus cestos de panelas 215 Provérbios advinhas fábulas i Agência Geral do Ultramar Lisboa 792pp VeReYCKeN La région des cataractes in Congo illustré revue 1895 216 ViNteeCiNCo G os Kibalas sua origem e tradição NúcleoCentro de 217 Publicações Cristãs Queluz 1992 64pp WeBeR M essais sur la théorie de la science AgoraPlon Paris 1992 478pp 218 WiLKiNsoN R H symbol magic in egyptian Art thames Hudson London 219 1999 WRiGHt e ed the critical evaluation of African Lierature Heinemann 220 London 1978 Godishope ANEXOS Anexo 1 SINA YE NSâSA LUVILA822 Ñzînga Ngûdi ya Bakôngo bawônso Ke vena lekwa kikôndelo sina ko Kuna luyântiku lwa ñkângua Kôngo ye Bakôngo ovo besi nsi ya Kôngo kuna mwânañkênto mosi Zina dya yândi mwânañkênto ndûna i ÑZÎNGA Bu bavovânga vo kânda dyantete i Ñzînga ovo Mazînga Bakôngo bawônso mu Ñzînga batûka wazînga mvila zawônso823 Ngwa ÑZÎNGA wakwêlwa lwa tâta NYiMi ndu babuta yândi bâna batatu bôle ba babakala i NsAKU wantete ovo ÑKULUNtU ye MPÂNZU mosi wa ñkênto i LUKeNi wayikwa dyâka vo NGÔNGo824 MAKUKWA MAtAtU MAMLÂMBe KÔNGo Bâna bobo ba batatu ba Mâma Ñzînga i tûku dya Bakôngo bawônso ovo nze bônso i bu divovelwânga mu mpovelo za Lusânsu i MAKUKWA MAtAU MALÂMBe KÔNGo825 822 Extracto do manuscrito de Raphaël Batsîkama ba Mampuya ma Ndwâla intitulado Mvileto ye luKÔNGOlo lwândi Estamos a corrigir e como não foi concluído tentamos dina mizar e acrescentar uma vez que conhecemos o projecto fomos nós que depois do Rapahaël Batsîkama perder a visão dactilografiamos as suas ideias Isso levounos a incorporar as nossas posturas e hipoteses por um lado e por outro introduzimos métodos fieis a história e ciências auxiliares 823 J Cuvelier Nkutama mvila za makânda Tumba 1953 lukaya lwa 123 824 J Cuvelier mpila mosi luk 18 ye lwa 38 825 Mpila mosi yuk 27 51 ye 94 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 374 Mu tala Ñkângu ovo besi Kôngo bawônso dyâmbu dya MAKUKWA MAtAU MALÂMBe KÔNGo nsâsa vo bântu batatu batuta Bakôngo bawônso bivumu bitatu mvila tatu zivângânga kânda dya Bakôngo dyawônso mpila mosi vo NsAKU MPÂNZU ye LUKeNi Kônso mûntu mu bâna bobo ba batatu ba Mâma ÑZÎNGA wuna mpila mosi ñsînga wa nda wuwûdi sina kânsi ke nsuka ko Wowo ñsînga wukângânga bawônso batûka yovo nkutu batûkânga mu yândi va kimosi bafwa ye bamôya ye bina byawônso bi bavwîdi mpe i wowo ñsînga wavewa nkûmbu vo LUViLA826 LUViLA i kimpângi kya mvu ye ye mvu kya bântu batûkila mu nkâka mosi ya kisina nkâka yina nze mbângala ovo ñti wu bavwa vîndwa vilaneswa zîma mpasi ke i mu lulu luzîngu kaka ko kânsi mpe ye muna lûna lwa mu nsia Bafwa827 Luvila ovo lubôngelo mu vata vata kânsi sungulako mu belo lubikwânga vo KÂNDA828 KÂNDA mpângu i bântu ba luvila lumosi bakalânga mu belo kimosi Kânsi entângwa zañkaka dyâmbu dya kânda disadilwânga bônso mfwânani synonymes ya dya luvila Luvila lwêto lumosi i mpila mosi ye kânda dyêto dimosi ovo KÂNDA ditomene wutana ku nima kingândi kya ziñkâka dilêndele mpe mpângu i ntalua mazyâmi mpe Mu kônso belo ovo mu kônso zyâmi bântu ovo besi vumu kimosi nzo zawu kani nkutu mpyêma ñkala dyâmbu bifwanikinu lândana Mu kubika ye ta mâmbu ma ngûndia wungudi mu longela balêke 826 Luvila lu i vitilu kisôngânga fu ovo kadilu ebôsi mpânga verbe verbo vila syêta zînga yîla Luvila i sya vo bântu bena môdya bâwu basyêtwa bazîngwa mu ñti wuna vo nkûmbua wâwu i yoyo mpe yibolelwânga bawônso 827 Mu ngîndu za Bakulu bêto ku nsia Bafwa mavata mpe mena kûna bônso kaka mamu lulu luzîngu I dîna kônso mûntu wafwâna zyâmina ku bikînda zyâmi ntoni bya kânda dyândi bya vumu kyândi Bambuta bazaya dyâka vo dede mu lulu luzîngu ku nsia Bafwa mpe ku vwîdi bântu bambote ye bambi Bambote i bâwu bababika vo BAKISI mu mpânga kisika sinika sakumuna sâmbula velelesa Bakisi basakumunwa bevêlela basântu I Bakisi ba kôn so kânda basadisânga bampânzi zâwu bakinu kimôya Bambi i bâwu bababika vo matebo ovo bakuya bavângânga mbi kwa bântu ñtwâdi ye bandoki 828 Kânda mu mpânga kânda mpila mosi vo lâmbula ndambudilu mpâla mavâla malâmbu lânga luvila mpâmbu za mvila Kânda mu kifwalansa i famille kânsi ke clan ko As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 375 mawônso mafwanikinu zâya kwa mûntu mu toma zînga bisalu bya mpila mu mpila luzitu ye fuka lusânsumlwa kânda ye lwa nsi kônso luvila mu kônso belo vwîdi fulu kyândi kya nkutakanena i va kyokyo fulu vafwete kweleselwa busi ovo nsânga vafwete fûndisilwa ye zêngelwemâmbu vafwete têlweñkînzi mya kânda kîna kyakalensi makala dîlwânga Va kyokyo fulu vatûngwanga kimpangala mu dyâmbu dya kikamena mu ntângwa mvula mu tînina mîni yovo mpe mu lûndila byawônso bivuwângeñkinzi mu ntângwa dya kani vo nwa Kyokyo kimpangala kibikwânga nkûmbu vo mbôngi kânsi mpe mu tini byañkaka mwânzu lusânga boko yêmba ovo mpe kyôto Mu ludi i fulu kaka kyawônso kya nkutakenena kibikilwânga mu momo mazina kânsi ke kimpangala kaka ko ensâsa mpînda ya zozo nkûmbu zawônso i êyi kaka vo fulu bya mvukanena bya nkutakanena mu sa mu ta ovo mu wa kimosi mu kuma kya kânga ye lûnda wungudi Lusânga mu mpânga sângana i sya vo vukana kutakana kala va kimosi Boko bôka wôka vôka hôka kutakesa vukasayônzeka Kyoto yôta kutakana vukana sângana sa ta va kimosi zându Yêmba Yêmba ovo yêma kala ndônga kala bayîngi bilama Mbôngi vitilu m ebôsi bôngi tûkiânga mu mpânga vôngesa 1º lêmbeka manisa mpasi vâna ngêmba ngwizani 2º kitula kya nene kya ngolo mbôngi fulu kisîmbânga ngwîzani ye lulêndo ngolo lwa kânda lwa nsi Mwânzu vitilu mu ye vânzu hânzu tûkilânga mu mpânga vânza ghânza i sya vo sônga ngolo mwânzu fulu kina vo i ngolo za kânda ngolo za nsi Kina vo NKAKA ZitAtU ZiNA ZAtUKiLA BAKÔNGo BAWÔNso emvila mpe zitatu kaka mpe tu zifwete kala nze i bu tuvovele kala va zulu Wâna i mu kizoba kaka kya zola tanginina lusânsu lwangani lwa Bayuda lwa Bîbila bañkaka vana vena bêto Bakôngo bazola sîlânga vo mvila kûmiyezole zina ovo tubakidi Ngwa Ñzînga bônso i sînza kyatûka Bakôngo bawônso beto bawônso wâna mpe tuvwîlu mu tûku dya bungudi Kânsi ovo tuyantikidi omu bâna bãndi ba batatu okingudi ke kilêndi kala dyâka kya kyeleka ko mu kuma kya beto bawônso ekuma kadi NsAKU ye MPÂNZU ke bankênto ko Mbadi kufwîla wo ko vo dyodyo Lusânsu wavilakana dyo Nkatu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 376 kibêni ekuma kadi besi zozo mvila zawu zizole wukubabikânga vo ba Ne nzoa ngudi ka tângwemvila829 mpila mosi vo tûku dyâwu mu bungudi ke dya bukôngo ko ke da kiñzînga ko nkûmbu za ngudi zâwu za kisina ke zavewa kwa mvila ko830 Bungudi bwa mvila za NsAKU ye za MPÂNZU bwayantikila kaka ku nima bâna yovo nkutu batekolo bânwu ba bakênto Mu kwiza tala nsi ovo ñtoto kibêni wa Kôngo mu ñlûmbu myândi ovo mu nkayiluãndi mu bimfumu bya bizûnga dyâmbu dya MAKUKWA MAtAU MALÂMBe KÔNGo nze i bu se twasêngelwa dyo koko ñtwâla dibakidi dyaka mbângula vo bizûnga bimfumu ñlâmbu ñtatu mya nen mivângânga nsi ya Kôngo Myomyo ñlâmbu mitewânga vo BiNKosi i sya vo provinces mu kifwalansa Bônso kaka mvila za zitatu zavelwa nkûmbu za bakulu batatu BiNKosi bya bitatu mpe i mpila mosi mpe Kya ntete kyavewa zina dya Lukeni kya zôle dya Nsaku ebôsi kya tatu ovo kya nsuka dya Mpânzu Kina vo mu bungudi tuna vana vena bâna bândi ba batatu mûntu wuna zimi ndônga dimosi ye Mâma Ñzînga i LUKeNi i mu kuma kyokyo mpe luvila lwa Lukeni lufwete mpe kwândi bokelelwa mu zina dya Ñzînga Dyâka ovo kinkosi kya ntete kya Kôngo kifwete vewa nkûmbua Lukeni i mu kuma mpe kyokyo kwândi kaka Makukwa matatu mavîlânga nzûngu môle mbôdia mâmbu Makukwa matatu kaka mafwete kala i bôsi nzûngu yilênda telema va ziku ovo môle yitebokele ovo luta matatu zitu kya nzûngu mu mawõnso ke kilêndi kwênda bêtela ko Kadi mu dyâmbu wutu mpe ñsamu wa makukwa matatu malâmbânge Kôngo ke i mu zâyisânga kaka ko vo besi Kôngo bawônso mu vumu bitatu bavwîlu yovo nsiâwu mu bimfumu bitatu bya binene yakaywa kânsi mpe mu longânga vo mu yandi yoyo nsi dede nzûngu yatênsama va zulua kukwa makukwa matatu yinina mu dikididi 829 J Cuvelier Nkutama mvila Tumba 1953 tuk51 109 ye 110 830 Bakulu bêto bakala ye fu vo bu banwene ye bambêni mu kubazyôteñtoto babakala ba zozo mbêni bafwete vwâ kângwa mu kubavônda ovo mu kubakitula bawãyi Ovo i bakênto bâwu ye mpângi zâwu za bakênto bâna bena nkwêlelo bafwete vwâ kwela Bâna babutukila mu mpia yoyo nkwêlelo bafwete baka mvila za mase mâwu J Vansina les anciens royaumes de la savane PUZ Kinshasa 1976 luk 167 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 377 mawônso matadidi luzîngu lwa bântu ye yãndi nsi mavwa sikidikiswa vo Kôngo i sikididi i sikidilu Kânsi sikididi ke dilêndi kala ko ovo kukwa dimosi dikôndelo ntentila équilibre ka kilêndi wangakana ko ovo vasîdi kaka makukwa môle ovo dimosi ye ndâmbu Mpângumu wowo ñsamu wa makukwa matatu831 Bambuta balonga vo Bakôngo bafwete kalânga ye keto dya lûndila nsiâwu muna ndungiluãndi ya mvîmba Nzûngu kanêle vo kônso kaka ntângwa katûdilu va zikwa fwete bulana ye makukwa kânsi ka tenganesãnga mo ko nkwa kukibwîsa yandi kibêni mu kubu Ñkôngo mu kônso dyâmbu va kônso fulu mu kônso ntânwa fwete kukimwênânga bônso nzûngu yina va ntândua makukwa sikididi i yifwete kalânga mbindumunuândi yantetentete sikidii ke i mu kuma kya yandi kibêni kwândi kaka ko kânsi mu kuma kya Bakôngo bawônso mu kuma kya Kôngo dyawõnso i kuma kafwete tînânga mu tenganesa mukukwa i sya vo mu sawula ñsiku ye nkînda za nsi mu vweza fuka ye luzitu lwa nsi Ntôtela nkutu wuna kayiza fûndilwa ñkanu wa ngûdiândi ye nzênzañkêntoa ñtantua mbuzi mu nwânina sikididi ka sa nkutu kani fimanzekiêfi ko mpila mosi vo walânda kaka kyeleka kya ñsamu mu lûngisa yãndi wakala ku ndûnginu ye belesa yândi wakala ku mbelelo i sya vo ngudi ya yândi kibêni Wakota mu nzo wabônga ñsiku ye wafuta Mu kuma kya nzitisilua ñsilu myomyo ye nkînda za nsi kana nkutu wûnu tulênda sa vo nsi ya nkulu ntâmbi za mpa kânsi entâmbi zozo za mpa e ndyãta yoyo ya mpa ensadilu zozo za mpa zifwete kala mu tomesa kânsi ke mu yîvisa ko mu tômboka ku ngudia kimûntu kânsi ke mu vutukisa ku kimbizi ko i mu kuma kya sungânga sikididi dyodyo i sya vokimâna bawônso babambukilânga dyo môyo ntângwa zawônso dyakadila vo ñsamu wa makukwa matatu malâmbânge Kôngo wufwete tûngunwa va kônso fulku kivângwa mãmbu ma manene ye ma mfumu bônso sôla ye tûmba mfumu kwêla lôngo zênga mâmbu mu mbâzia ñkânu sambidila mûntu ovo kânda mu ntângua mpasi 831 Ntalu za mu Lusânsu lwêto zisungulânga ndungilua mvîmba ya nsi ye ya ñkângueto i êzi 37927 ye 100 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 378 sikididi ovo ngêmba nsi luvuvamu lwa nsi ke i mu lûnda kaka ñsamu ko kânsi mpe ye mu tânina yo mu nwânina yo kônso kaka ntângwa yinwânisu kwa mambêni i mu bûngula mênga i mu fwa mpe mu fwa mpe mu kuma kya yâwu itânina ñtinu kivakula ñtinu ko832 sikididi dya nsi i mu simbinina Kôngo muna ndilu zãndi ovo mbâmbi ndilu zina vo ovo zisîmbilu kwa bambêni Kôngo dyawônso difwete telema mu nwâna Mbâmbi yasumikwa ka yisumunwa ovo yisumunwa ensi ye zulu bifwîdi833 sikididi dyâka i mu langidilânga kimâna bãntu ovo ñkângu ke wusakanenwa kwa batântu ko Ndofi yadiwa kwa bakulu vo kônso kaka nsi yibûngula mênga ma besi Kôngo ma besi nsiândi mafwete bûnguka kwândi kaka mu kaka mpe Mono Kôngo i nkûnkuta ka sôngwa ñlêmbo ovo wunsôngele ñlêmbo makânda mamwângane i dya dîlwa mpe ndofi vo mwisi Kôngo ka lêndi zakamena mvita ko kadi wazâya wo vo makesa mândi mayîngi kikilu makala ye ma ngolo ovo kibakasa mpe kya makûmbu tu mfula zatsâmuka zayituka zatyâmuka mpika kya nsona zalembakana bayãngu batântu banzênza mu tôta834 ensâsa vo makesa ma Kôngo mena bônso madyânga Mu nsyûka ovo nwêne ye mo vôndele mo kânsi va wakwîza lwâka mu ntângwa mbara ovo nsînza midi mabila mene kwândi dyãka mena dyâka ne mfula za tiya Ñzôngo ovo zityamukini mpasi muna zo lênda totakesa zawônso i sya vo makesa ma Kôngo ovo mayangumukini mu nwâna mu sukisa mo mawonso mu vônda muna mele vwâ swâmini mpaka ditête Mu dyâmbu dya tânina nsiâwu binwâni ovo makesa ma Kôngo ovo se manwâna ke mayîndulânga dyâka dya ko Mu ntângwa dya yilêmbelânga kânsi ke mu ntângwa tãna ye nwâna ko835 Kôngo i mfitia nene wafitakesa makânda mangani edyãndi ke difitakeswa ko i Mavûngu manikunenkôsi manikunengo ngo kana lêle 832 J Cuvelier Nkutama mvila mvila za makânda luk 108 833 Mpila mosi tuk 90 107 108 110 ye 129 834 Mpila mosi yuk 78 94 96 ye 111 835 Mpila mosi luk 52 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 379 onsânsia ñkila ke yilêndi lêka ko mpîmpa ye mwîni tîtilânga kwândi kaka i kimbotambota mu ñlâmbu a maza âna fûmba âna veteka efûmbwa kana fûmbilu evetekwa kwa mpândi ye ñlôngo836 Mpila mosi vo Kôngo i nsi ya ngolo zazîngi kibêni mfitia nene Kavûngu kimbotambota êyi ke yilêndi sundwa kwa mbêni nkutu ko Yândi kafitakesa kwândi makânda mañkaka kânsi ka lêndi tadila ko vo bafitakesa dya dyândi Mu kuma ka tabila sikididi ovo ngêmba nsi makesa ma Kôngo kwawônso ye ntângwa zawônso ye ntângwa zawônso bena ye lwelwe mpîmpa ye mwîni Ngo kana lêle ntôtela ye ñkângu kana nkutu vo balêndele lêka kânsi ensânsia ñkila mpila mosi vo makesa kya tîtila fuku ye mwîni kya langidilÂnga kwândi kaka mpîmpa ye mwîni kônso ka ntângwa Ke makesa kaka ko kânsi ezula nation kyawônso kya Kôngo kifwete kala ntângwa zawônso mêso ye lwelwa makutu ye puku ke mu dyâmbu dya kaka ko vo bambêni se bafwasensi kânsi mpe mu dyâmbu dya tînisa mo mavwânga ye mpasi bilênda mo kotesa ntuminu ye ngyãntilu by ku nsia nkuwu ovo zambi837 Kina vo Kôngo nkwa ngolo kwândi ke dya ngituka ko vo kakala mpe nkwa lulêndo i kuma mingutukila kaka mifwete mo nwânina mvita mu dyâmbu dya nsi mifwete mo kadila makesa kãnsi ke banzênza ko ke bimfutila mercenaires ko Bakôngo bafwete bûndila vûvu mu ngolo mu kibakala kya bawu kibêni kânsi ke mu bimfutila ko Kilômbo armée kya Kôngo i ñkele mosi wa lulêndo êmu ke mulêndi koteswa mingizila ko ke wulêndi mpe tumwa kwa mingizila ko Lukânda lwakandakazi ñkele mosi ke wulêkwa kwa ñtânda838 836 Mpila mosi tuk 22 24 28 29 31 103 ye 141 837 Bakôngo bakala ku mayãndu ma kiki kimpwãnza ovo basa zâya vo i wowo dyalongidikilwa ngâ eñkûnga wa Mbutamûntu zêye kwândi wu bakala kwenda yimbidîngi ka bameka mu soka wo ko Si batadi mabwîdi bu bavilakana zozo ndongidika za bakulu bãwu ye zayi 838 J Cuvelier mpila mosi tuk 52 70 95 111 120 ye 129 Ñtânda M ñ vitilu kya nkûmbu kisôngânga fulu ebôsi mpânga tânda i sya vo yala tadisa sônga ñtânda fulu kyantândwa kyayalwa bîma mu sônga ovo mu teka byo makazini ovo lôza mûntu wutekânga mu makazini kizadi ngâmba mbwadi mercenaires mûntua nsûmba nzênza Anexo 2 NKUMBU ZANKAKA ZA KONSO KUKWA839 Nsunzulwîlu Va zulua nkûmbu zozo zi tuwîdi zi tuwîdi za MAKUKWA MAtAtU MALÂMBe KÔNGo vena dyaka ye zañkaka zi mebokelelwânga zi mavewa ntângwa zañkaka mu dyâmbu dya kadilu kya zûnga bina manena mwîni kyôzi buene bwa ñzânza ye mpe mañkakani ntângwa zañkaka mu kuma kya kadilu bya yândi wavânwa kyo nkûmbu ovo zina ye bisalu ovo biyekwa bina kakala ye byâwu yovo byakala ye luvila yovo mpe tuvila tutûkânga mu yândi Kukwa ovo Kôngo dya ntete Kôngo dya ntete dyatûngilwa mu nsi yovo nkutu mu zûnga kina ye bidi kya mîni emîni myomyo myavâna ngîndu kwa Bakulu bêto za bikila dyo vo MBÂNGALA nkutu KÔNGoDYAMBÂNGALA840 i mu kuma kya myomyo mîni mpe kwândi bavânina dyo dyâka ezina dya KiKYÂNGALA ye dya KÔLA Kyângala kya Ñzînga wafinama kyângala watatuka kyôzi841 ensâsa vo ovosakisi vwânda muna KôngodyaMbângala ovo dya ntête fwete mona mpasi mu dyâbu dya kyângala mwîni ovotatukidi mo fwîdi mpe mu kyôzi Mkenga yikengânga ntângwa ovo mîni mu dyodyo Kôngo dya matûku i yavayikisa mpe nkûmbu ya NKÊNGe yi divewânga mpe 839 Este anexo como o primeiro é um extrato de um dos manuscritos intitulado Mvileto ye luKÔNGOlo lwândi da autoria de Raphaël Batsîkama ba Mampuya ma Ndwâla já falecido Publicaremos na íntegra nos próximos tempos 840 KôngodyaMbângalampasi dyâka betânga Mbãngalampasi mpila mosi vo mini mya bidi ye mya ngolo kibêni mikalânga mûna Nkûmbu ya Mbângala i yoyo Bamputulukêzo bavilula vo Bengwela 841 J Cuvelier Ñkânda wowo tuvitidi sungula lukaya lwa 135 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 382 Mpângu KôngodyaMbângala dilênda mpe kwândi bikwa Kôngo dyaNkênge Ñzînga ñtinu wa mpasizaNkênge wawuta mbâmbi ye mboma842 i sya vo Ñzînga ngudi ya Bakôngo bawônso yândi wu kubatumânga ye yâla wumonânga mpasi kibêni ye kyâdi mu kuma kya kwâma kukwâmânga bana bandi mu dyâmbu dya mîni mya muna Kôngo dyaNkênge ovo dya Mbângala Nkênge ovo mwîni wa mbâlu wa nene wa ngolo ovo mpe mwâkasa mwâkasa ntekênge i mwînia mbângala843 wutwâsânga lukala lukalala kikala mpila mosi vo ngyuminua maza ngyuminua ñtoto ye byawônso bimenânga mo mu kifwalansa sécheresse mu kimputu seca i mu kuma kya lukala lwolwo ebântu baluta mwânganana kanêle vo nsi yafwâna neneveswa muna Kôngo dya ntete mwâkasa mbâlu wamwângasa nsi yâkulu844 yovo mpe Mbûmbulu watîna mwînia Mbângala845 mwînia Mbângala mpila moso was KôngodyaMbângala wa KôngodyaNkênge Mbânza Kôngo ya ntete yatûngilwa mu ñzânza mosi wa mpwênampwêna watoma yangalakana wa mu dyodyo Kôngo dya ntete i yangalakana yovo nene kwa wowo ñzanza besungulânga va besânga mu Lusânsu oku vo Kwâmbalela o nsekea nene mulungila mêso kânsi ke mulungila ntâmbi ko846 Mpila mosi vo wuna nzânza mu zyêtela wo mu mêso i syavo mu tala kwândi kwa mpâmba nânga si walênda wo mu manisa kânsi mu sa wo ntâmbi wawônso mu dyãta vo wawônso mu mâli ka dilêndi lendakana nkutu ko kadi enene kwândi kwasaka kikilu Mu kuma kya ngyangalakana ñzânza yoyo Kôngo dyantete dyayiza bikwa dyâka vo MPÂNGALA ovo nkutu KÔNGoDYAMPÂNGALA Kânsi yangalakana ovo kala yovo mpe mwângana mu ndâmbu zawônso ye mu byawônso kani mpe mu ntângwa zawônso kuviluzukânga 842 J Culevier mpila mosi lukaya lwa 11 lwa 54 lwa 96 ye lwa 136 843 J Cuvelier mpila mosi lukaya lwa 66 844 J Cuvelier mpila mosi lukaya lwa 66 845 J Cuvelier mpila mosi lukaya lwa 80 Mpângu lukala kikala lwolwo ovo sécheresse um kifwalansa ye seca mu kimputu lwasiwulu Angola mu ñlônga wa nsi zifwete sadiswa mu kuma kya mvêngele lughagha famine fome ke lwa wûnu ko Bambuta batoma lwo zâya 846 J Van Wing Etudes Bakôngo Sociologie Religion et Magie Desclée de Brouwer Bruxelles lukaya lwa 57 ye 65 ebosi J Cuvelier Ñkânda wowo wu tuvitidi sungula lukaya lwa 8 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 383 mu zûnga byañkaka vo yanzalakana yambalakana bambalakana Mu mpânga yambalakana i mwatûkila nkûmbu ya Nzâmbi ya Mayâmba ye ya Mazâmba Ne i bu batuzâyisi va zulu nsâsa mpânga yambalakana nkûmbu ya Nzâmbi wâna mbangudilu vo yândi wuna kwawônso mwawõnso ye mu ntângwa zawônso KôngodyaMpânga i kinkônsi kyantete i luyântiku lwa nsi ye lwa luyâlu lwa Kôngo Mbâdi Bambuta bazola vo mawônso mana bakala kwenda sadîngi mawônso mana bakala kwenda monênge mu ntânwa kubika Kôngo mafwese bambukilemôyo kwa mbându za tându ka tându dyodyo dya luyântiku lwa nsi ye lwa luyâlu mpe bamona vo difwete vayikisa nkûmbu zifwete vânwa kwa KôngodyaMpângala ovo dyantete Mazinga momo i êma Kyându Kiyându Wându Wuwându Kimbâmba ovo Kabânda ye Mbânda Kânsi yântika hântika mu tini byañkaka bya Kôngo sungulako yântika mu tûnga vata ovo mu vânga nsi bâla betânga Zina dya Kôngo dyantete ditûkânga mu yoyo mpânga i MBÂLA ovo KiMBÂLA Kina vo Ngwa Ñzînga i ngudi yabuta Bakôngo bawônso i tûku i luyântiku lwa makukwa matatu malâmbe Kôngo bûna bitomene twa mpe mu dyambu dya yãndi mu nkûmbu zozo zavewa kwa Kôngo dyantete zivayitilânga mu mpânga yântika Va lwêka kina vo Mâma Ñzînga i tûku dya makukwa matatu tulênda kwêto ta mu mpoveloañkaka vo Yândi i mvwe wa Kôngo dyawônso ye wa Bakôngo bawônso mpe i nsâsa mpova vo Ñzînga wazînga mvila zawônso ovo mpe Ñzînga wazîngila ñtu mya makânda nkama847 Mfumua ñtête mpila mosi vo yândi vwîdi wo ye wudevesânga wo kwa bañkaka mu kikôngo kya kuna nguia malêndenkama bakala kumbikilânga vo MUHoYi ovo Mungoyi Ngoyi yovo mpe Ngoyo Nkûmbu ya NGoYo Buwoyo yavewa mpe kwa Kôngo dyantete Yandi nkûmbu mpe ya Mama Ñzînga kibêni yavayikisa zina dyavewa kwa kukwa dyantete Kânsi tufwete dyo zâya vo kuna masina 847 J Cuvelier Ñkânda wowo wu tuvitidi sungula lukaya lwa 134 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 384 kwatûke Kôngo kina vo ndînga viluzuka ziviluzukânga edyodyo zina mu mpila zañkaka dyakadila Vana vena mpila zawuzîna za kuna matûku tulênda baka NsiNZi ye NGUNDU Mazina ma kinkosi kyantete matûka mu nkûmbua NZÎNGA i êma MAZÎNGA MAsÎNZi ye KiNGUNDU Bungundu tûka kuna matûku vamoneka vo ntînu ovo ntôtela wakala toma zolânga mu kwênda mu wêla ku mbindu Wêla ovo veta yovo dyâka binga mu yila ntângwa babikidîngi kwo vo hîna yînda bînda Mu kuma kya kyokyo fu kya miñtinu mya kôngo myakala toma zolânga hînda veta KôngodyaMpângala dyakomwa nkûmbu vo KABiNDA ovo i mpânga wêla yâwu mpe yavayikisa nkûmbuañkaka ovo mfwânania Kabînda toyo nkûmbu i BWeNDe ye mpe MBWeLA Mbote mu kukibakisila vo tûka kuna mayându ma nsi ye luyâlu lwa Kôngo luvila lumosi kaka lwakala kwênda yadîngiensi tûka muna mavata tê ye kuna Lûmbu lwa Ntôtela Lwolwo luvila i Kiñzînga ye mpâla zândi zawônso Momo si twazâyiswa mo kuna lônde mu tini kya nsingikilua ngyâdilua nsi edi mu sônga ovo zãyisa vo nkûmbu zawônso zilênda sunga ngyâdilu zivwîlu mu Kinzînga Konso nsi wusôlânga bulu kisôngânga ovo kisungulÂnga lulêndo lwândi Bêto mu Kôngo mu ngo tuyÂdilânga lulêndo lwêto mu ngo luna848 Ngo yasôlwa mu kala dîmbu kya luyâlu kya lulêndo lwa nsi ya Kôngo ke mu kuna kya ngolo zândi kaka ko kÂnsi sungula mu kuma kya matomamatoma ovo matetematete ma ñkândandi êma mebikwânga dyãka vo mankanga i matomamatoma momo mavayikisa zina dya BUKANGA dyavewa dyÂka kwa Kôngo dyantete Kânsi mu zûnga byañkaka bya Kôngo ke basânga ngo ko nsumi nsum etûku dya zina dya NsUMBA ovo NsUMBi dina dyâka vo i dya KôngodyaMpângala i dyodyo 848 J Cuvelier Ñkânda wowo wu tuvitidi sungula lukaya lwa 84 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 385 Kânsi mu kuma kya NKANGA vena dyâka nsâsa yifwîdi tûku dyañkaka Dyâmbu dya NKANGA mu dyâmbu dibambukisânga dyâka salu kya ndwânina nsi mpângu kya makesa Na Nkânga KâlalaKâlala wakala nsângu za dya ka kala nsângu za tâna ye nwâna ko i mfula zatyâmuka mpika kya nsona zalembakana Bansûndi mu tôta849 Na Ñkânga KalalaKalala i sya vo co Na Nkânga ka zolânga vûnda ko ka yôyânga ko tâna mpila mosi yangumi bwîsa yântika mvita attacher ovo mpe vola envahir Nkânga mu tadila dyo mu mâmbu ma mvita mpila mosi makesa ma bidibidi matoma kângasana bônso kaka bu kanganenânga yândi nuni za nkûmbua nkânga ovo zibwîdi mu ñzânza matoma kângasana bônso mfula zityamukini mu ñzãnza wamvîmba wu zizêle ke mu sîsa nkutu fimpwâsika ko Nkânga ni vitilu kya nkûmbu kisungulãnga salu kisadilu evôsi kânga tukilânga mu mpânga hânga kuhânga veta kwênda mu wêla ku mbingu kula kângalala syaminina mu ngolo ke yôya mkutu ko ebôsi kânga kuhângidila bakisa sadisa vuluza yika môko Nkânga makesa mafwete yika môko kwa mavitidi ovo ke masîdi dyâka ye ngolo ko kilômbo kya ntabi ovo mu kifwalansa larmée dintervention Makesa makala bikwânga nkânga i makala kwênda kadîngi kaka mu zimbâmba ovo mu zûnga bya nkûmbu za Mbâmba Ñtinu ovo luyâlu wukalânga kwawônso ye mwawônso yândi wuna mpângu wa lungila kwawônso ye mwawônso kadi kônso kaka fulu ofwete kwênda ofwete mpe kaka vo wâna bwâna mûntu wutumânga wuyâlângensi ovo zûnga mu nkûmbua ntôtela Kana nkutu vo kuta mona mûntu ko kânsi ñsilu mya nsi mivwidi vwâ kulangidila kônso ka ntangwa va kônso ka fulu mu kutumãnga ovo mu kusimânga vânga okadilu kyokyo kya sa vo ñtinu ovo luyâlu wuna kwawônso ye mwawônso ye mu ntângwa zawônso wuna walungila mu nsi yawônso ya Kôngo mu ntângwa zawônso i kyavayikisa nkûmbua KALUNGA yavewa dyãka kwa kukwa dyantete ovo KôngodyaMpângala Mbâmba kalûnga walungila mavitu ma Wêne wa Kôngo850 mpila mosi vo luyâlu wuna 849 Matona ma ngo ovo nkutu ñkânda ngo yovo dyâka nkuwu ke wusungulânga mpângu ngo lo za luyâlu ovo za nsi ko kânsi wêne majesté noblesse honneur lulêndo mu kukizitisa ye vumi Ngâ ovo i ngolo zâsungulako za Mpângu bankwa mbebe ya mwaninênsi 850 J Cuvelier Ñkânda wowo wu tuvitidi sungula lukaya lwa 94 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 386 walungila mu nsi yawônso ya Kôngo mu ntângwa zawõnso ezina dya KALUNGA dyavilulwa mpe mu bikila ntôtela851 Nzâmbi kwawônso kena ye mwawônso walunga mu mawônso ye wa ntângwa zawônso i mu kuma kyoyo mpe mu ndâmbu zañkaka za Kôngo va fulu kya sa vo Nzâmbi besîlânga vo KALUNGA Vana ntându nkutu eyandi nkûmbu ya NZÂMBi mu mpânga yambakana yatûka Yambakana i syavo kala kwawônso mwawônso ye ntângwa zawônso Mpângu wasa vo KALUNGA ovo NZÂMBi i bêtela kaka vo lusala lwa mpese i lwa nzênze Nkûmbu za ñkaka za kukwa ovo Kôngo dya zôle Kôngo dya ntete ovo KôngodyaMpângala bu dyabola ye bôta 851 Bakôngo batoma sângwa ovo babôkelo mbila ke batambudilânga we ko môdya ngulu kânsi KALUNGA ovo mpe KÔNGO Ekuma Mu nsikidisilu ya Bakulu bêto kônso mwisi Kôngo wuna ye luvila ye mu luvila mfumu ntôtela Mpângu Kalunga ovo Ne Kôngo I kuma ovo mpângiaku wukubôkele yândi bu kena vo ñtinu Kalunga ovo Ne Kôngo ngeye mu tunatina mu tambudila ofwete vutula vo KALUNGA ovo mpe KÔNGO Mu fu kya tunatina bamindele ovo ngudiâku wutwakubôkela ofwete tambudila vo MAMA Kânsi ovo Ñtôtela mpângiâku ovo kalunga wutwakubokela awêyofwete tambudila keti ke Kalunga koe I êva mpe nânga tufwete vovela ovo nkutu vânina nsâsa dyâmbu dya INGETA Mûntu ovoyuvwîlu dyâmbu di kavênge ovo mpe di kazeye otambudilânga vo înga nînga Kânsi mpe wâna mpâsia mûntu kwândi Bakôngo batoma sânswa muna bukôngo bwa lunga INGETA besânga Ingêta nsâsa vo nki Mu nsingikilua fuka yakubika Bakulu bêto mûntu ovo se kayântika ta dyâmbu kwa êndu ketwavovana yândi va mbazia mâmbu fwete sunzudila êwu Oku kwalêkeleta wa nkûmbua mûntu Eta ta buta i sya vo ñlêke Eva ta ñkele mpila mosi kimbuta kimfumu wîsa lêndo lulêndo wunene wêne Oku kwalêkeleta wa mpila mosi ndômbeleñswa mu vova mu vumi wawônso ye luzitu kwa ngeye Ne Ngândi Mu dyambu dya INGETA mwavukwa înga nînga i sya vo i wowo i wûna ye eta Ingêta inga eta ingêta nsâsa vo i wowo Mbuta i wowo Mfûmu bonso kaka buzolele mfumu Kalunga ye ingêta bena kwâwu balunga mu ma luzitu mu bâwu kibêni mpila mosi ku momo mâmbu ke kulêndi kudikwa dyãmbu dya Tâta dya mâma dya mbuta ovo dya mfumu ko Ingêta kaka yifwete siwa ya mpâmba ovo kalûnga kânsi ke ingêta Mfumu ko ovo kalûnga Mfumu kadi mu igêta ye mu kalûnga dyâmbu dya mfumu dyakikoteselwa Zozo i ntambudilu za fuka zifwete longwa mu nzo zawônso za Bakôngo sungula ko mu bikalasi byawônso bya Bakôngo Bañkaka nena ye fu kya tambudilânga vo Eyu Nânga mvutu yoyo ya luzitu kwândi kânsi lulêndo lwa nsi mwa nkatu kina vo yasokwa kwa bamindele babalula présent mu kikôngo yetwasônga dyâka vo mawônso ma mbote ma tulenda vwa bamindele kaka bafwete mo kutukubikila Kalûnga ye ingêta betwasônga lulêndo lwa nsi bu betwazâyisa keto ye ngângu za Bakulu bêto mu vwa ñkângu watoma sângwa Vana ntându ensâsa momo mâmbu mu nene mu vumi ye mu mpînda ke yilêndi têza mekana ko ye êyi ya êyu ovo présent mu kifwalansa As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 387 bântu mpe bu bayântika mu toma bilama dyamoneka vo i ntângwa yakala yafwâna mu kwenda buba lufulu lwa nkunina kukwa dya zôle tumwêne vo Kukwa dya ntete dyavewa nkûmbua ngudia Bakôngo bawônso ovo ÑZÎNGA ye ya mawônso mafwete bâmbulânga ovo mafwete bambukilwânga ñtima mamoneka mu kîna zûnga Kukwa dya zôle dyavewa nkûmbua mwâna wa ntete wa Ngwa Ñzînga ye zañkaka zatûka mu salu byawônso bi kakala salânga ye byakala salânga ñkuna wawônso watûka mu yândi Lukanu lwa ngudi lwa baka Nsaku i Kingânga kya Nzâmbi i kabikwa vo yândi i Ñsînga wôlo wukulumukinânga Nzâmbia Mpûngu va ñtoto852 tulênda ta vo mâmbu môle ma ngudi mavâna ngîndu kwa Bakulu bêto za mpânina nkûmbu kwa kukwa dyazôle 1º Kimbuta ovo Kiñkuluntu kya Nsaku 2º Kingânga kyândi kya Nzâmbi ye mawônso matadidi kyokyo salu 1º Nkûmbu zitûnga mu kimbuta kya Nsaku KiMBAtA KiNsUVi ovo mpe KiMBUtA Kânsi mu bizûnga byankaka bya Kôngo ke mbuta ko besânga KotA ovo mpe HUNDA Kota ye Hûnda bavayikisa nkûmbu ezi zavewa kwa Kôngo dya zôle Bukota Lûnda luhûnda Mbûnda buhûnda Kabûnda ovo Vûnda vuhûnda wuhûnda853 Nsaku ke mbuta kaka ko ya Lukeni ye Mpânzu kãnsi wuna dyâka ngudia nkazi ya bâna ba yandi Lukeni ovo nkutu ngwañkazi ya bâwu bafwâna sôlwânga ye tûmbwa kitinu kadi bônso i bu tumwênene dyo va zulu i ntekozola za Lukeni kaka kyavayikisa nkûmbu ya ZoMBo ovo mpe ya KAZoMBo yina vo ya kukwa dya zôle mpe 2º Nkûmbu zitûkânga mu bungânga bwa Nzâmbi 852 J Cuvelier Ñkânda wowo wu tuvitidi sungula lukaya lwa 67 853 Etûku dya nkûmbu ya Mbata dilendele kadila um mpânga vatalala vandalala vatalala ovo vândala mpila mosi vyokelela lutidila um ñtela mu kimfumu Tala salu kya Mani Mbata ku Lûmbu lwa Kôngo kuna lônde mu lukaya lwa twâla As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 388 Kingânga kya Nzâmbi kya Nsaku i kingânga kya Nzâmbi kibêni kânsi ke kya nkadyampêmba ko se tadi bu ketwabikwa vo yândi i ñsînga wôlo wukulumukinânga Nzâmbia Mpûngu wa ñtôto Mu nkûmbueyi ya Nzâmbi mwetwavayikila zinedi dya KiNZÂMBi ovo MANZÂMBi dina vo i dya kukwa dya zôle Kânsi kuna matûku ke Nzâmbi ko batêlênge Bakulu bêto sUKU854 Nkûmbua Kukwa ovo Kôngo dya zôle yitâkânga mueyi ya sUKU i BAsUKU ovo nkutu MUsUKU Nsaku kina vo Ngânga Nzâmbi wâna mpêve mpe ya kinzâmbi kakala bakamânga kingûnza kakala bakamânga tûntuka ye vova ku nsia mpêve i kwîmba kwîma yila bila kwîta kuta ye sângila Ke mpasi ko mbênzi mu tezakesa nkûmbu zatûka mu zozo mpânga KWiMBA ovo LWiMBA BUViDi Mubidi LWiLA MBWiLA KiKWiti ye NsANGA ovo KAsNAGA yovo mpe dyâka KAsANZi tufwete koma dyâka KiNsAKU kadi enkûmbua Nsaku yibutwânga kwa mpânga sakula sakula i sya vo bikula zayisa mesînga kwîza ku ñtwâla Ntângwa zañkaka ongûnga ovoobakemene mpêve ndînga vila yi kumvilânga i sya vo ka lêndi vova ko kitukidi ye dingidingi ovo nkutu fwidi ndîngi itûku dyôdyo dya zina dya NDiNGi se dikwizi vewânga mpe kwa Kukwa dya zole Ngânga Nzâmbi wusâmbilânga mu kuma kya vwîsa bântu nsâmbu ovo malawu NsÂmbu mu kikôngo kya kuna malênde nkama i NsoNGo ovo NsoNGo ye NsoYo kwa Kukwa dya zôle nani ke zâya yo dyâka ko Ngânga Nzâmbi wusâmbilânga dyãka mu kula myânda mya mbi mu twâsa ngêmba mu nsi mu lêmba yo Ngêmba wetwakutuvâna nkûmbu za KiNGeMBA ye BUKAMBA ñkÂmba mu kikôngo kya nkulu i mpila mosi ye ngêmba Lêmba wuvayikisânga MALeMBA ye NDeMBo Wâwu kadi o Ngãnga Nzâmbi fwete kala wavêlela bônso i yândi Nzâmbi Dyodyo mpe Bakulu bêto ke bavilakana dyo nkutu ko Wuvêledi wowo wa Ngânga Nzâmbi i wowo wavayikisa nkûmbu ya KiMPeMBA ovo mpe MPeMBA kwandi nkutu ovo mpe KAHeMBA 854 Mu byâka bitini um KôngodyaMpângala bakinu sadila dyâmbu dya Suku As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 389 eva tulenda sa fyôti vo i difwîdienkôkela dyele kibeni bêtela ye tulu mu tungidila nkômbo yavânga bamisyôni mu kuma kya nsekola yi basekola dyâmbu dya saint mu kikôngo ovo Bampêlo babaka dyâmbu dya kilatinu i sya vo sanctus ye babalula dyo mu kikôngo vo sãntu Bapolotesitânti babânzila vo dyâmbu dyakala dyafwânana kibêni mu sadila i NLoNGo Mu bâwu mpângu wasa vo nzâmbi wavêlela kena ovo wa ñlôngo kena i mpila mosi kaka Kânsi ovo tutomene tala kibêni ye sungamena eñlôngo ke i wuvêledi ko ovo kimvêmba wumvêmba Mu dyâmbu dya ñlôngo ke muna nkutu kani fingindu fyôti ko fisôngânga vo kyokyo kîma kibikilu vo kya ñlôngo kina i kya mbote i kya vêlela Ma kya ñlôngo ñsiku kina mu tala mu sîmba mu dya ovo mu nwa ovotadidi kyo ovosîmbidi kyo ovodîdi kyo kani vo nwa fwete bakama kimbêvo ozevo kyokyo kima kivânânga kimbêvo ovo kidîlu ovo kisîmbilu ovo kitadilu kwândi kaka talwa kwa mpãmba ke kya vêlela ko kya mbi kya mvîndu Mu kizumunu mu mona dya tuna vo êwu ñlôngo855 wakubamena mu mâmbu môle 1º Vitilu ñ ovo mu kisôngangânga êva kima ovo lekwa kyazadiswa kyafuluswa ye 2º ebôsi mpânga wôngesa mpila mosi vo vâna wônga sa bunkuta ovo lwâka vumisa bângisa tîtisa pamisa sisikila Ñlôngo lekwa kyasiwa ma bivânânga wônga bisãnga bunkuta bipamisânga bilênda vânga mpasi i kuma bânza dya ntetentete difwete kala mu dyâmbu dya ñlôngoewu i dya sima kaka ovo kakidila mu tala mu sîmba mu dya mu sala Mpânguêwu ñlõngo i dedede kaka ye ñsîku kani vo ñkôndo ovo kônko mpe856 Bazwîfi ovo nkutu Bîbila va fulu kya sadila dyâmbu dya saint 855 Vena dyâka ye ñlôngañkaka wuvwîdi mbangudilu vo lekwa katûlwa ma bivôngesânga bi vânânga mpôngoso i sya vo bilêmbekânga ovo sukisa mpasi biyêlosânga bikisikânga Ewu ñlôngo tûku i vitilu n mu ebôsi mpânga vôngesa mpila mosi vo lêmbeka kulula yêlola mpasi ñlôngo ovo lôngo bilôngo ma kilêmbekânga ovo manisa mpasi za kimbêvo 856 Bu duyimbilwânga vo bansîmba ye Nzuzi bâna ba ñlôngo ke i mu sônga ko vo bâwu bavêlela ovo bamvêmba bena nkatu mu zãyisa kaka vo bobo bâna mpasi kikilu bena mu sãnsa ekuma kadi bavwîdi bidi kya ñsiku ovo ñlôngo mifwete lûnda bibuti byâwu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 390 mu bikila ma kya vêlela kya mvêmba mu kikôngo kya vinu bônso besi Fwalansa basadilânga dya kados kados i sya vo wavâmbuka kyavâmbuka ke kifwânane ye byañkaka ko Nzâmbi wa kados kena mpila mosi vo fwânane ye mûntu nkutu ko yândi wampila ñkaka kena Ne Nzâmbi kaka ko fwete siwa vo wa kados kânsi ye byawônso kaka byavâmbulwa ovo bivâmbulwânga bina mu salu kyândi bântu salanganu ye yandi salu kyândi mpe kadi byasiwa maveko ovo byavâmbulwa kwa yandi kibêni ye sinikwa Keti i kadilu kyokyo kaka kya Nzâmbi wuna vo ka fwânane ye mûntu ko wavãmbuka wa mpilañkaka bazola sunga Bamisyôni mu sekola saint mu kikõngo vo wa ñlôngoe Wutu tulênda sa vo i wowo nânga dilêndele kadila kadi ma kya ñlôngo kina nze kyavâmbulwa kadosh mpe Byawônso bilênde kwândi diwa bilênda talwa ovo simbwa kânsi ke kya wumvêmba ovo wuvêledi wândi ko saint i sya vo wuna ye tuyatuya ovo wuna ye vê mu kikôngo kya vinu i MVÊMBA 3 Nkûmbu zitukânga mu bikuma byañkaka Lusânsu yândi vo Lumbu kîna kyasôlwa ñtînu wa ntete muna Mbânza Kôngo mpe yantete i sya vo ya mu KõngodyaMpãngala besi luvila lwa Kinsaku batoma bânza vo i mwisi kânda dyâwu kaka fwete sôlwa bu dina vo bãwu bena mu vumu kya ñkuluntu Mpaka za ñgôlo kibeni zayisa bwa kânsi bayiza zênga vo kina vo Bakôngo mu ñsînga bungudi bavwîlu bântu bafwete yâlanga bafwete kalânga kak batekolo ovo ntekozola za Lukeni zibutwânga kwa ntekozola zãndi za zikênto tulenda banzikisa vo ñtinu wa ntete wa Kôngo muna Kôngo dyaMpângala nzûndu tadi ñtekoloa Lukeni kakala kadi wakala bikânga nsaku vo Nkâka Ye tûka kina lumbu tê ye mu wûnu besi Kinsaku bebikwânga nsaku nkâka za ñtinu myawônso mya Kôngo kônso kaka ñtînu ba NKAKANDi Ne KÔNGo elo Nsaku ka baka kitinu ko kânsibu dina vo yândi i Mbuta bûna wasiwa se ÑLUNDia nsi ye wa ñsiku myawônso myafwâna lûndilwa ye As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 391 yâdilwensi Ñlûndi mu kina tându mpila mosi MULAZA i ngikwa yoyo kukwa dya zôle dyayikwa mpe vo KÔNGoDYAMULAZA Kôngodya Ñlûndi Mu mbaka bakala kwenda bakîngiensi ye mu nkubika bakala yo kwenda kubikîngi vakala lumbu Bakulu bêto banwãnevita yo banzênza Nânga dîna vita mu mpêmba ya mu KõngodyaMpângala dyakadila esivi dyamoneka mu ntãngwa dîna vita i êdi vo makesa ma Bakôngo makala yakânga madyônga mpûnza yovo mpe kyônso kyônso kaka kîma kya ndwâzi ki bakala tubwânga kwa mambêni Mayaka Kôngo mayaka mbêle mayaka mpûnza857 KiYAKA ovo BUYAKA i nkûmbu mpe kukwa dyazôle tûka mu yîna kaka ntângwa mpe makesa ma Kôngo i mavewa nkûmbu vo MAYAKA MA KÔNGo yovo mpe dyãka BAYAKALA BAYAKA Widi vo kuna ngudia kintete kya Kôngo i besi Nsakuelawu kaka bakala kwenda nwânîngievita858 Keti i mu dyâmbu dya kyokyo kuma sungula kadi bâwu i makaya ovo makesa ma Kôngo nkûmbu ya MiYAKA muna êwu wutadidi mazina ma mpâla za mvila yifwete kadila ya besi Kinsaku Wutu mu dyâmbu dya vita dyodyo tusungidi va nima tulênda badika kwândi mpe dyâka vo nânga mu KôngodyaMulaza ovo kinkosi kyazôle dyakadila Nânga i wowo ñsâmu bazôle tânga wu basânga mu Lusânsu vo Kwîmba fûmfu kya Miyaka859 Kwîmbane i wu se twawîla dyo koko zulu i zina dyañkaka dya kinkosi kyazôle kya Kôngo Fûmfu ovo Fûmfu i sya vo kilômbo armée eki kilêndele bikwa dyâka vo kinkûmba yovo mpe Kinkânga Kwîmba i Fûmfu kya Miyaka mpila mosi vo kinkosi kyazôle kya Kôngo i kibâmbulânga mawônso matadidi besi mvila za Nsaku Wâwu kadi mu ntângwa bamindele bakala kwenda 857 J Culevier Ñkânda wowo wu tuvitidi sungula lukaya lwa 3 Mayaka ma vitilu kya nsâdi isya vo êki kina vo ovo kikomamene kwa mpânga kizãyisãnga yândi salânga salu kisôngwânga kwa yoyo mpânga êbosi dyâka yaka mpila mosi bakila mu zulu kîma ki bakutubidi Mayaka yândi wuyakânga yândi wulêmbânga malôka yãndi wulôkânga Kânsi ntângwa zañkaka dyâmbu dya Mayaka disadilwânga va fulu kya dya Mayakala Bayakala Mbakala Vakala Mavakala i sya vo bântu ba ngolo makesa 858 J Cvuelier mpila mosi lukaya 121 859 J Cvuelier mpila mosi lukaya 13 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 392 kângingiebântu mu nsieto mu kwenda kubatekânga kuna Amedika dyâmbu dya MAYAKA ovo BAYAKA dyabakensâsa ya mbi ya luvwezo ekuma Mu dyâmbu yaka ke i bakila kaka mu zulu kîna ki bakutubidi ko kânsi mpe mu ndînga ovo mpovelo ya kinkita yovo nkutu mpe ya nteloa mazându yaka i bônga kîma kya mûntu ki ketwateka yovo ki kazolele kwenda teka ye kani dya sa vo se wamfuta kuna ñtwâla ovo mpe bôngela mûntu kîma ebôsi kafuta ku nima ovo va kesînga kwîza Yaka malavu yaka mbizi yaka ñlele fyôti ngâ i dedede ye deva malavu deva mbizi deva ñlele bôsi wafuta ku nima Yaka dyâka i sûmba bîma mu lumbu kya zându sungulako ovo byobyo bîma ke bitwamoneka bêni dyâka ko mwânina bîma ku fula dya zându Yakisa nkâdi ovo munkita i bôka vana zându mu nzila mu balabala ovo va makazini mu zâyisa kwa bântu kyokyo kyetwatekwa Bûna mpe entângwa kîna kyakala kwenda bûmbîngiemindele bântu mu Kôngo mu kwenda kubateka ku Amedika ne i wu tuvitidi dyo sonekena vakelênge Bakôngo bakala kwenda sadîngi kwa yandi bâwu bamindele Bobo Bakôngo bakala bikwânga vo BiYAKi ovo mpe BisANZi860 esalu kyâwu kyâwu i kwenda yaki mu mavata ovo mu zimpâmbu za nzila bîna byakala kwenda bûmbi kwenda bwîdi kwenda baki bântu mu kingolo mu kwenda kubatwâdi kwa mindele Ku se ñtu yoyo nkûmbu ya BiYAKi yakotesa mvwalangani va kati kwa yãwu ye ya MAYAKA MA KÔNGo yakala bokelelwânga makesa mawônso mu Kôngo i sya vo bântu bayântika sadila dyâmbu dya BiYAKi va fuklu kya dya BAYAKALA evo BAYAKA ye dya BAYAKA va êki kya BiYAKi Kina vo salu kyokyo kya tekânga Bakôngo kwa mindele kya 860 BISANZI mu womsi singulier kisânzi sânzi mu mpânga sânza i sya vo bula nzo vata ovo mpe nsi mu bônga mu kingolo byawônso bikalânga mo mu kifwalansa i piller ovo mpe mettre à sac Bisânzi bâwu basânzânga pillards Bisânzi ovo Biyaki bayaka kwenda bikwânga dyâka vo Abakia mbaki Nkutama mvila za makanda lukaya lwa 86 Mbaki mpila mosi mûntu bakamene nkole prisonnier As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 393 kwenda bûmbi kya kwenda baki bântu ke kyakala zolwângako ngutuko kyakala monekenânga vo salu kya bibulu kya bakôndelo ye ñtîma kya mazowa i dyamonekena mpe vo bobo bawônso bakala kwenda bakisîngi Bamputulukêzo mu kyokyo salu kya bumbizi i mbizi mpe kaka bafwete bikwa kânsi ke bântu ko i mu kuma kyokyo mpe nânga dyâmbu dya MAYAKA kânsi mpe wâna BiYAKi ovo ABAKi dyakitukila dya luvwezo Bântu i mu kuma kyokyo dyãmbu dya Mayaka kansi wutu biyaki dyakitukilo bônso dya luvwezo Bayaka bena ku Kwângu nkûmbu yoyo bavena yo ekuma kadi mbokeleloa zûnga kyâku kina kyakala luyâlu lwa Kôngo dya Bakulu bêto mbokeleloa Mumvukâwu Commune i Buyaka kadi nze i bu se twamwêna dyo kuna ñtwâla Mambala i sya vo besi Mumvuka Commune wa Mbâmba Basuku wa Musuku Babinda wa Kabinda Babwênde wa Bwênde Bayânzi wa Buyânzi ye bônso bobo Mu nsiankulu dyâmbu dya Bayaka ovo Bayakala dyakala toma sadilwânga mu bokelela makesa masoda Vo mindele myakala kwenda zyetênge mu Kôngo mu kina tându bakala kwenda bwâbwanênge ye Bayaka fisîdiko ngâ ndâmbu zawônso861 ke dya ngituka ko nze wu babânzila dyo bâwu Nga ovo i Bayaka mu Congo populaire bâwu mpe bônso kaka ba ku Kwângu nkûmbu yoyo yitûkanga mueyi ya zûnga kyâwu ovo Mumvuka commune i sya vo Buyaka Mbãnza zawônso ovo Ngânda yovo mpe Kimbânda capitales chefleiux tûka ya Kôngo dyawônso tê ye kuna zîna za bizûnga i mu ntoto wa nkûmbu za besi Kinsaku kaka zakala kwenda kadidîngi mu Mpêmba862 861 Fr Bontinck Diare Congolais Nauwelaerts Louvain lukaya 51 O de Bouveignes ye J Cuve lier Jerôme de Montesarchio Apôtre du vieux Congo Grand Lacs Namur tuk 71 85 ye 103 862 Nkûmbu zitatu tuvwîdi zitomene zayakana zibokele lwãnga fulu ovo vata dikalânga mfumu capital cheflieu Mbânza Ngânda ye Kimbânda Mbânda Nsâsa za êzi nkûmbu zisôngânga bunene wêne lulêndo ye luyântiku Tulênda sa vo zãwu zitatu i mfwanani synonymes kaka Mbânza m vitilu kisôngânga salu kisadilu ebôsi bânza tukilânga mu mpânga yanzalakana mpia mosi vo kala kwawônso mbânza fulu kya yândi wuna kwawônso luyãlu mfumu fulu kya kinene kya bunene kya kimfumu kya ntete Lûmbu Mu kikôngo kya wûnu nkûmbua Mbânza yivânwânga dyâka kwa kônso kaka vata dya nene kani nkutu vo ke mukalânga kwandi mfumua zûnga ko yivewânga mpe kwa fulu kya nzyâmina ovo bizyâmina ovo bizyâmi mu As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 394 etini ovo zûnga kya yandi Mpêmba mwakadidîngi Mbânza kyakala bokelelwânga vo KAKoNGo ekuma Kai i zûnga i ñtoto wakala vwândanga yãndi wakala tumÂnga Kôngo Ne Kôngo ovo mvîngi myândi mu bimfumu byafyoti Mu mazina mawônso ma kukwa ovo Kôngo dyazôle êdi dyatoma zayakana i dya KÔNGoDYAMULAZA ntângwa zañkaka dya KWÎMBA ovo mpe dya MPÊMBAA KAZi863 Nkûmbu zañkaka za Kukwa ovo Kôngo dyatatu tuwîdîngi vo i nkûmba Mpânzu yavewa kwa kukwa ovo Kôngo dyatatu Kânsi tuzâyisûngu mpe vo ke i zima kaka dya nkatu dya Ñkulu dya difwete vena kwa Kimosi ko ye salu byawônso bina bi kasadidîngi kani nkutu byakala salânga ñkuna wutûkânga mu yândi bifwete bambukilwânga mu kukwa dyodyo diveno nkûmbuândi ekadilu kyantete kya MPÂNZU bônso kaka bwetwa dyo kutuzayisila nsâsa nkûmbuândi i ngolo za nitu ovo tusansumwini enkûmbu yoyo isyavo twakala yomu ndâmbu ndâmbu zifwete sâdilwa ovo bângulwa wâna se M i vitilu kisôngânga kikadilu ye pânzu wetwavayikila mu mpânga vânza ghânza mpila mosi bwîla zuba ebôsi vânzula ghânzula mwângasa pasula tênda mu ngolo ye vayika mpe mu bônso bu mwanganenÂnga mbutu za mvânzi va zikelokânga sônga vo kifwêne luzitu nze i luvewânga kwa Lûmbu lwa Mfumu kadi mpe wutu Bamfumu bevûndilânga kyo Mbânda Kimbãnda m vitilu bônso kaka va zulu ebôsi bânda mu mpânga bântika yântika vuma vena ngyantikilua kimfumu vena ñtua nsi ovo wa zûnga Lûmbu Ngânda n vitlu bônso kaka va zulu ebôsi vãnda 1º mu bântika 2º mu vandalala i sya vo lutidila vyokelela mu nene mu wisa mu ngolo mu kimfumu Lûmbu Nzo ya mûntu wuna ye bakênto bayîngi mu mfwananesa bafwananesânga yo ye nsi ovo lûmbu lwa mfumu yibi kwânga vo ngânda mu zûnga byañkaka I mu kuma kya mfwananesa mpe yoyo kaka eyoyo nzo yinina dyâka zina vo ñkôngo mu ndâmbu zañkaka ñkôngo mpila mosi mosi Kôngo nsi dyafyôti Lûmbu lwandêlo 863 Kânsi vele nânga mpe Lûnda Ke mu dyâmbu dya sa kaka ko vo Lûnda i yimosi mu nkûmbu za zûnga bya Mpêmba ovo bya Nsaku kânsi i momo mufwete tûkila nsâsa yi twabikila Pigafet ta bawu ye Lopez Zânga dina mu kyokyo Kinkosi vo dya Akilûnda Zânga dyodyo tubikânga wûnu vo dya Mâyindômbe PigafettaLopez Description du roayume de Congo et ses contrées envi ronnantes Mbaludilu ya W Bal tukaya 36 48 ye 68 Zânga dya Akilûnda i sya vo Zânga dya Balûnda dya besi Lûnda dya Lûnda As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 395 Mpânzu i dedede ye ñkele buta wukubukânga ye wavayikisânga bimwânga Kânsi êva Mpânzu mpila mosi makesa masoda mawônso ma nsi ya Kôngo kilômbo armée kyawônso kya Kôngo Mu ngyâdilua Kôngo salu kyantete kyavewa kwa Mpânzu ye kwa ñkuma wawônso wutûkanga mu yândi i tabila ovo tânina ye nenevesa yovo vôngesa nsi Mu dyâmbu dya salu kya tânina zûnga byawônso bya ku nsuka mu Kôngo bya ndilu ovo Mpûmbu mu kônso kinkosi byavewa kwa besi Kimpânzu Mu dyâmbu dya nenevesa nsi besi Kimpânzu864 babaka salu kya kwenda vitîngiku ñtwâla ku ntându Ñtwâla wakala kwenda yendênge bakulu mu tûnga Kôngo i ku Ntându kaka i batêla dyo vo Nsûndi tufila ñtu Mbâmba tulambudila mâlu865 Mu salu byâwo byobyo i sya vo kya tânisa ye kya nenevesa nsi i mwatûka mpova za lulêndo êzi 1º Mono Mpânzu i buta bwanene mûntu wasîswa866 muna ndilua nsi867 2º Mono Mpânzu i buta bwanene kîma kiyîtânga mu ndilua nsi868 tulênda samuna mpova za lulêndo zañkaka za besi Kimpânzu mu salu kya nwânina nsi Mono Mpânzua Yâzi bwîla ngo ka vumina ngo ko869 i sya vo makesa ma Kôngo ke masakanenwânga ko ke malêndi vumiswa ko kônso nsi bafwete yo kaka nwânisa Mono Mpânzu yalêmbela ntângua dia kialêmbela ntângua tâna ye nwâna ko i ñkele mosi ke wulêka ñtânda870 ensÂsa vo makesa ovo binwâni bya Kôngo mu ntângua dia kaka bilênda lembela ovo yôyela kânsi ke mu ntângua mpâmba mpâmba ñtânda ovo kwa mungizila mafwete tumwa kaka kwa mungutukila Mpânzu dyaka i ñtu wa Kôngo i yândi wutalânga 864 Tala mvila za Mpânzu 865 Salu kya têkele kya Kimpânzu Bobo bakala kwenda têkelênge ku ñtwâla ke besi Kimpânzu kaka ko kânsi masoda ma mvila zawônso makala vo mfumu ovo Kibênga fwete kala mwisi Kimpânzu I mu kuma kya dyâmbu dyodyo dya kwenda têkele masoda momo mavewolwa nkûmbu vo Bateke Batêkedi 866 Wasîwa isyavo muna ndilu ya kuna kwayâtikila Kôngo ku ndâmbua Namibiya i Mpûmbu ya MayândamaKôngo yavilulwa kwa mindele vo Ovomboland 867 J Van Wing ñkânda wutuvitidi sungula tuk 59 ye 60 868 J Van Wing mpila mosi 869 J Cuvelier ñkânda wutuvitidi sungula luk 51 870 J Cuvelier mpila mosi tuk 52 ye 57 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 396 Kôngo dya wônso Yândi i Kibenga isyavo mu kifwalansa Géneral kya mwânayakala mpila mosi nkwa ngângu ye ngolo za ndwânina Mpânzu dyâka i kindele kya bûndi kyatântama ku ntândua Ngômbe kyalembakana pasula ñtu mya makânda nkama871 Kilômbo armée kya Kôngo kina bônso tênda kya ñlele wa bûndi kyatântama ku ntândua Kôngo kilembakanânga têndwa kwa makânda ye makânda ekadilu kyantete ovo lawu dyantete dya Mpãnzu mpângu i ngolo za kinitu za kiñsuni kadi za kimpêve nze i bu tumwênene dyo zavewa kwa Nsaku wa Ñkuluntu ovo Ne Vûnda Ne Hûnda Fwâfwa dyodyo ovo nkutu mbede yoyo ya mvwîla ngolo za bamûntu difwete vâna kwa Mpânzu mpângu mpe ye kwa ñkuna watûka ovo wutûkânga mu yândi makubungu capacité ma nsosela ye ma mpângingila ovo ma nkubikila yandi zozo ngolo ntete ntete kimâna ñkângu wavwãnga bwa mbakila ye bwa ndûndila ñkuma mu nitu wavwa bya nsadila bônso nsêngo tânzi mbêle ebôsi mpe kavwãnga bya ndwânina mu dyâmbu dya tâninanânga tabilânga kakilânga nsi kani mpe kwenda vole nsi ovo ndâmbu za nsi za malôngo za nzênza kimâna byanenevesenwa Kôngo872 1º Nkûmbu zisôngânga ngângu za nsosela ye za mpângila Zozo nkûmbu zitûkânga lutidila mu mpânga vânga hânga Zitomene zakana i êzi MPâNGU muna M vitilu kisôngânga mpila ya ebôsi pângu wutûkanga mu mpânga vânga Mpângu i sya vo mpila ya mpângila KIBANGU Ki i vitilu kisôngânga fulu ebôsi bângu tûkilânga mu mpânga vãnga Kibângu kivângilu mpila mosi vo fulu kivÂngilwânga KABANGU Ka vitilu kisôngânga yândi wuna ye wîsa mu wîsa kya tumina Zûnga kisungulânga yândi mu bâna ba Ngwa Nzînga wuna ye lêndo kya mpângila 871 J Cuvelier mpila mosi luk 104 872 Mu dyãmbu dya yoyo nkabananu ya kabanena Bakulu bêto mbebe responsabilité ye bisalu mu luvila luvila oku vo kitinu ye yâla i zitu kya besi mvila za Ñzînga kaka vo kya kingânga kya Nzâmbi kya besi mvila za Mpânzu kaka bâwu ba tuna ye ngângu kibeni zitêle yûka Mbâmba tê ye Nsûndi 8i sya vo zasaka bafwete kaka mu kaka kubamwêna vo i mazowa mantete kikilu Kãnsi nkinga e Nzâmbi yandi kibêni widi i wowo mpe kasîla dyo mu kuma kya Bazwîfi bakazêngela vo Kingânga kya Nzâmbi i dya luvila lwa Lêvi ye lwa Aloni kaka Mpayikilu 32 2327 40 1215 NtÂngilu 3 120 4 148 18 3032 25 7 Kingânga 8 113 9 114 ebôsi mpîndu za mpângila inventions fabrication i dya luvila lwa Dâni ye lwa Yuda kaka Mayikilu 31 16 35 3035 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 397 LWANGU kuna kintete luhângilu luvângilu Lu i vitilu kisôngânga fulu ebôsi hângu tûkilânga mu mpânga vânga Lwângu ovo Luângu fulu kivângilwânga ne i Kibângu kânsi mpe vitilu kya Lu kina dyâka ye nsâsa ya salu kisadilu ovo kya ya ndandua salu Wana eva LWANGU bakidi dyâka nsâsa ya mpangameno ebôsi mu bindumuna yo lusâmbulu lusakumunu VUNGU tûku dya êyi nkûmbu i dyâmbu dya vûnga Vûnga mpila mosi ñvwa mu nsia ntoto mi bakwenda timinîngi matadi ma mbôngo ovo minerais mu kifwalansa ovo dyâka zûnga kibâmbulânga bâwu bazeye solola ye tima matadi ma mbôngo MAYOMBE Ma vitilu kisônga zûnga ebôsi Yômbe Yômbe Mpila mosi lûvu Mayômbe nsâsa vo zûnga kya lûvu zûnga kya bâwu bafulânga sêngwa NDAMBA N vitilu kisôngânga salu kisadilu ebôsi dâmba tûkilângaku mpânga lâmba Lâmba mpila mosi teleka va tiya ye sangalakesa Lâmba va tiya ye sangalakesa ke madya ko kânsi bisêngwa mu kubika ñkele mivânanga mgolo kwa Kôngo i nsâsa mpova ya sa vo Ndâmba walâmba ngolo Yandi wulâmbânga ngolo za Kôngo mpila mosi vo wukubikânga ñkele minvwâninânga nsi ya Kôngo MUSULU Mu vitilu kisôngânga fu kya mpila ta ebôsi mpânga sula sula mpila mosi tûta sêngwa kya tiya ye nzûndu Musulu mpila ya nsudila ovo mpe zûnga kina masudilu mayômbe ovo mpe tûvu DONDO Nsôndo ovo KiNDUNDU ovo mpe MANDUNDU Ndôndo i ntini za bisêngwa i sya vo za nsôngo cuivre ovo za kônso kaka butadi minérais zalâmbwa mu kifwalansa ndôndo i lingot 2º Nkûmbu zisungulânga makubungu ma ndwânina NGOLO tukilânga mu mpânga kola NGoLA ovo LUHoLo yovo mpe LUBUDi nkûmbu zina tûku vo i mpânga vola Vola mpila mosi wâla katudila mu mayela ovo mpe mu kingolo Vola mu kifwanalnsa i envahir mpângu kutumuna nsi i nkûmbu yoyo ya Ngola yakitulwa kwa Bamputulukêzo vo Angola Mu ludi Angola nsânsa vo besi vata besi zûnga kya nkûmbu vo Ngola Angola VUNGU ovo BUNGU edi Vûngu divayikilãnga mu mpãnga vûnga ovo wûnga Vûnga mpila mosi vuma bônso têmbo sônga ngolo i kuma VUNGU yovo BUNGU i sya vo zûnga kilûndamenânga ngolo kikalânga makesa binwâni MATAMBA Ma mpila mosi zûnga kya ebôsi tâmba tûkilãnga As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 398 mu mpânga dâmva Dâmva i bêtela ye bwîla kânga Matâmba zûnga kya bâwu bakwênda bwîdingi bântu bakwênda kãngîngi nkole Zûnga kina nkûmbu yibâmbulânga salu kya bwîla nkole NBUNDU M vitilu kisôngânga salu kisadilu ebôsi bûndu tûkilânga mu mpânga bûndukila i sya vo nwânisa mu kintulumukina ye mpe bûnduna i sya vo sunda luta mbêni ngolo ye kuñkitula se ñwâyi mûntua mvwa Wumbûndu ovo Bandûndu i sya vo zûnga kya makesa bakângânga banzênza mu kubakitula bawâyi MPUMBU M vitilu kisôngânga salu kisadilu ebôsi pûmbu tûkilãnga mu mpãnga wûmba Wûmba mpila mosi kumpika ñtoto môdya fimmôngo Mpûmbu i sya vo baka mu tabila mu kakila mu nwânina Mpûmbu i zûnga kya nsuka ku ndâmbua Ntându Nord mu kônso Kimbuku mu kônso mpe Kinkôsi kya Kôngo873 KILUMBU Ki vitlu kisôngânga salu kisadilu ebôsi lûmbu luhûmbu tûkilânga mu mpãnga wûmba Kilûmbu Kiluhûmbu zûnga kyakubikwa Mpûmbu Kânsi etûku dya Lûmbu mpe i mpânga lûmba Lûmba i kwenda viti ku ñtwãla kwenda kubidi ovo nyema matiti mu kubika nzila eva yiyi nkûmbu yibâmbulânga salu kya makesa mu kwenda viti ku ñtwâla mu ntângwa yakala kwenda kubikwânga nsi ya Kôngo MPINDI M vitilu kisôngânga salu kisadilu ebôsi mpânga yînda i sya vo syêta toma kubika nsuka bônso za kitunga za mbângu ovo leko Mîndi i bêtela ye Mpûmbu bu yisôngânga nsuka ya kônso Kimbuku ovo ya kônso Kinkosi MULILU Mudilu Ndilu M vitilu kyetwasônga mpila ya mboki ebôsi mpânga yila yena vo i mfwânania vînda Mulilu i bêtela ye Mpîndi i sya vo nsuka za zûnga ovo za nsi KIMPâNZU Ki vitilu kyetwasônga salu kisalwãnga ebôsi mpângu tûkidi mu mpânga vânzula ghânzula lôsa kîma kina kina vo ovo kiwudikiadi kifwete vayikisa binwânga bilwêka bântu ovo bibulu byena va ndâmbu Kimpânzu dyâka i kadilu kya lekwa kyokyo kina vo ovo kilôselo vana kikwenda bwîla kifwete wudika ye vayikisa bimwânga nsânga nsângi ye tiya MBEMBE M vitilu kyetwasônga salu kisadilu ebôsi mpânga vêmba ghêmba Vêmba mpila mosi katula tûmbula tînisa kânsi eva tînsa tîmbula makela ovo dyônga ovo kônso kônso kaka kima ki bakutubidi mu ntângwa mvita Vêmba dyãka i kwenda mu ndônga ya yîngi yîngi i 873 Mpûmbu yabadikilwa bônso ñkama wufwete kakilânga ovo kângânga maza Maza i sya vo bambêni I nsâsa nôngo ovo nganêyi vo Bawûmbu Besi kônso kaka Mpûmbu mu zawu zi kûmiyezôle i mukama mya Kôngo As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 399 sya vo wômboka makesa Mu ntângwa Bakulu bayelekubikîngiensi ya Kôngo besi mvila za Kimpânzu nze i bu tuvitidi dyo vovlea bakala ye salu kya kwenda vitîngi ku ñtwãla ku ñtwâla ku ntându mu kônsozûnga ovo nsi ya mpa yi bazolele kota Na tava Ne Madyâdya watêkela muna Wêne wa Kôngo874 Ne Madyâdya yakituka mbokeleloa luvila lwa MpÂnzu kansi mu ludi i nkûmbua makesa ovo kilômbo armée kyabokelelôngo wowo ekuma kadi ke bakala monãnga wônga ko mu nwâna mvita i batêla vo mpe nôngo oku vo madyâdya masãkwa menemene entângwa va mbata vêvela kwândi mevêvelânga875 ensâsa vo masoda ma Kôngo ka vena mûntu lênda mo sukisa ko mu võnda Mu syûka bu lunwâna yâwu wubavôndele kânsi bu kwîza vutuki dyaka mu nsînza mu midi babilamene kwâwu dyâka Kânsi mu ludi ke bsei mvila za Mpânzu kak ko kadi bâwu bakala kwenda têkelênge876 i makesa Wãwu kina vo mfumua yandi maksa ovo Kibênga mu kina kolo wakala kalânga kaka mwisi mvila za Mpânzu i dyodyo bayîza sîla vo makesa i besi mpe luvila lwolwo Bâwu bamakesa ovo bavwidi vwâ nwâna mvita ye bântu bobo bababwêne mu wowo ñtoto ovo bavwidi vwâ kubalêmvola i bosi kaka ndônga yifwete kwiza tûngi yiyântika mu kota eba bu bakotele bâwu bayîza mo têkele bamadyâdya ovo binwâni batombokele dyâka mu ntându mu kûva ovo zyôna mu ngolo zûnga byañkaka877 i salu kyokyo kya kwenda vitîngi ku ñtwâla mu kwenda kubikidieñkângu wawônso wa Kôngoefulu ovo nsi kisôngwa mu mpova za lulêndo za besi mvila za mpângu êzi 1º Yeto ntete twavayika muna 874 J Cuvelier Nkutama mvila lukaya lwa 89 875 J Cuvelier mpila mosi tuk 17 42 78 876 I mu kuma kya salu kyokyo kya kwenda têkelênge ku ñtwâla makesa mabakilenkûmbu ya BATEKE Batêkedi Bateke mpângu ke nkûmbua kânda dya bãntu ko Bateke bâwu mpe besi Kôngo kwâwu mpãngu Bakôngo Mutê wa Ngûnu Mukwô wa Ngûnu mu ntêloa kya vo Muteke ye Mukôngo i bâna ba Ngunu Nzînga Bateke mu wûnu bafwete kadila kaka mu Mpûmbu isya vo mu tini bina byababwânina mundele mu salu kyâwu kya kwenda nenevese Kôngo 877 G Balandier i bu kakondwa zâba ya bakisa wowo ñsînnsa ketwavovela oku vo Batêke batambudilânga kwâwu mu kwenda zomwa kulwa ye filwa muna ñzânza my ku Ntându kwa Bansûndi bakwenda kubavinganenênge mwawônso muna bakwenda katukîngi G Balandier Sociologie actuelle de lAfrique Noire PUF Paris 1955 lukaya lwa 56 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 400 vitu dya Kôngo878 2º Mono Mpãnzu i ngûmbea koko wamanta vana ntãndua vâmpa sama wabôkela ñtênda ye mingunga879 Nsã sa vo ovo vwidi vwâ lêmvola bambêni ana vê i bôsi se kabokelesa balêke ñtênda ye bamfumu mingunga mu kwenda tûngi 3º Mono i ngûnga nene yavita vova muna Kôngo i bôsi yingungangunga yavova880 ensâsa vo mu kônso kaka zûnga kyatûngilwa nsi ya Kôngo i ndînga makesa ntete ntete yavita mo wâkana Kânsi vita yita ovo têkela ku ñtwâla kwabikilûngu dyãka vo sâmba yovo mpe lûmba Nkûmbu zavewa kwa Kukwa ovo Kôngo dya tatu zina vo etûku i salu kyokyo kya kwenda vitîngi ku ñtwâla i MUsÂMBA ye MULUMBA Makesa mu nwâna ke i ñkele kaka ko bakala kwenda sadidîngi Ntângwa zañkaka mabulu ovo tubila bakala kwenda timîngi ovo mpe kuna ovo mwânga ma bya ndwâzi bônso nsônso nsênde mu nzila zi babânzidi vo bambêni balênda mo lutila Ntâmbilua byobyo ma bya ndwâzi i yavayikisa nkûmbu ya MAsoNso ovo BUsoNso Kukwa dyodyo dyatatu ovo KôngodyaMpânzu dyakala vo nzênza zawônso za Ntându881 zizolele kituka Bakôngo i momo bafwete lwâkila ovo kotela Ngutu sûnda batêlênge mu kîna kolo sûnda isyavo katuka mu nsiêyi ye kwênda mu nsiañkaka Mu fifwalansa i bêtela ye émigrer Mu mpânga sûnda wâna i mwatûka nkûmbu ya NsÛNDi yavewa mpe kwa yandi kukwa dyatatu Banzênza babikilûngu vo malôngo ekuma kadi besi Nsûndi bafwete nwânisânga malôngo mu kubakânga ye kubanata mu ñlâmbuâwu bakituka bawâyi KôngodyaMpânzu dyavewa dyâka zina dya Ndôngo Ku Lûmbu lwa Mbânza Kôngo i Mani Ndôngo watâmbudîngi banzênza882 Mani Ndôngo wâna i bêtela ye Minstre des Affaires Étrangères 878 J Cuvelier Nkutama mvila lukaya lwa 87 879 J Cuvelier Ñkânda wutuvitidi sungula luk 27 lwa 87 ye lya 93 880 J Cuvelier mpila ye mosi lukaya lwa 87 881 Mu ngîndu za Bakulu i ku Ntându ku bakala kwenda yendênge kwaluta kadila bambêni ngâ ku Bânda ku bakala tûkanga bakala kwo badikilânga bônso nsi za bakûndi za bampângi Ma Nsûndi kalêki Mbâmba kabaka tulu J Cuvelier Nkutama mvila luk 124 882 W Bal Le royaume du Cogo aux XV et XVI siècles Institut National dÉtudes politiques As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 401 mu kilfwalansa Mu nkûmbu zawônso za kukwa ovo Kôngo dya tatu êyi yatoma zayakana i ya KôngodyaMpÂnzu Kânsi êyi ya Kabângu mpe ke yakala siwânga ku diya ko Nsângu zayiza tufuka kuna Lûmbu kwa Ñtînu Mvêmba Mvêmba iii Mvika Ntûmba883 okuvo kimfumu kya Mbângu mindele mya mbaki mya bântu bavwidi kyo vwâ buluzula kyawônso ye mfumu mpe bavôndele yo Zozo nsângu zatoma kafidika kibêni ñtima wa Ntôtela kadi kimfumu kya Mbângu i kimosi mu bya bitatu bivângânge Kôngo884 tufwete ta vo nkûmbu zavewa kwa kônso kukwa ovo kinkosi province i êzi zisôngânga salu kya ngudi kyabaka kônso luvila mu lûnda luzîngi lwa Kôngo Kôngo dyantete ovo kinkosi kyantete vo KôngodyaMpângala ovo Mbâmba mu sônga vo luyâlu wayangalakana walungila mo Kôngo dyawônso vo mu Kôngo dyawônso bântu bena ku nsia luvuvamu kadi bena balangidilwa kwa luyâlu fulu byawônso ye ntângwa zawõnso Kyângala kyayangalakana Nsûndi ye Mbâmba885 yovo dyâka Mazînga wazînga mvila zawônso886 Kôngo dyazôle ovo kinkosi kyazôle deuxième province dyabikwa vo KôngodyaMulaza Kwîmba yovo mpe Mpêmba Kâzi Mulaza mu kikôngo kya kîna tându mpila mosi ñlûndi KôngodyaMulaza i bêtela ye Kôngo dya ñlûndi ñlûndia nsi ñlûndia ñsiku miyâdilwângensi ye wa kimfumu ye lulêndo lwa nsi byayalangana kwawônso Kôngo dyatatu dyabikwa vo Kôngodyampânzu ovo Kabângu mpila mosi yândi wuvângânga wukubikânga bizîngisânga nsi ye besi nsi ya Kôngo bayangalakana kwawônso Kinshasa luk 106 883 Um kîna tându 16221624 Mubika batêlênge mu Mbânza Kôngo kânsi ke Mvika ko ne i wûnu Tala L Jadin Relation sur le Congo et lAngola luk 383 884 Paiva Manso história do Congo matangwinu kwa J Cuvelier traditions congolaises Congo II nº4 Novem 1930 Bruxelles 885 J Cuvelier Nkutama mvila za makânda mu nsia Kôngo lukaya lwa 9 886 J Cuvelier mpila mosi lukaya lwa 26 ÍNDICE REMISSIVO ABAKo 81 Abrantes H 107 185 Afonso Kangingi 35 África 18 23 29 77 143 161 Agostinho Neto 35 Akinjobgin iA 112 282 286 Albert Mvoungou 34 Altuna A 60 Álvaro iii 275 Álvaro iV Ntûmba Nzînga 98 Álvaro V Ntûmba Mbânda ou Nzînga 98 Álvaro Vi Ntûmba Mpûdia Mbânda 98 Alves A 43 55 206 207 Amalas 198 Ambriz 12 Ambûndu 75 76 80 103 155 Ana de sousa Rainha Nzînga 97 Ana Muginga 26 Andreyen i 118 Angola 8 19 ARi 193 195 Aristóteles 27 Auge M 179 Avô Georges 199 Bachmann C 13 31 Bailly R 127 Balandier G 16 19 75 83 102 118 170 188 202 264 Ball W 77 95 113 118 BANDA Nsi 102 Bantu 21 24 43 44 59 60 73 143 224 231 249 Barbosa A 43 45 55 192 206 207 215 216 BasCongo 21 Bastin ML 42 Basuku 137 138 139 156 Batêke 21 34 138 156 157 Batsîkama R 8 42 43 50 54 8385 93 95 99 101 112 114 126 128 136 138 151 153 161 182 185 186 190 199 234 236 273 281 Batsîkama P 18 33 Baumann D 16 48 83 218 Bayâka 69 126 137 138 139 212 245 Basuku 245 Bêmbe Mbêmbe 243 Benguela 10 Bentley 41 84 117 154 190 228 Benveniste 41 75 Bidima JG 30 31 Bié Viyé 35 Bittrémieux L 227 Boka A 34 BoKo 132 Boma 120 121 126 Bontinck F 93 95 96 98 120 138 232 267 Boone o 120 Botswana 48 Brasil 8 Brasio A 194 266 269 Brunschwing H 151 Buakasa 143 Bumputu e 34 198 199 Bûngu VûnguHûnga 93 102 Butaye 114 117 Bwênde 132 Cabinda 102 117 247 Cabrita 72 Cacuaco 35 Cadornega 9 95 97 193 267 287 Call DF 16 Camões Lusíadas de L 255 Cardoso M 9 109 118 272 273 275 Carney D 220 276 Carvalho AH 36 54 72 284 Catete 35 Cavazzi A 9 39 80 94 96 97 190 191 193 195 246 264 270 273 275 277 287 CHARi 88 Chatelain H 25 Chin tsen Huan Chin 164 Chomsky N 235 CHUVAs FoRtes 126128 Cibind irung 68 224 Coelho V 5660 65 180 194 252 263265 267 269 270 Coene A 19 36 Cohen DW 8 12 16 Côkwe 24 41 43 44 46 48 5052 55 56 59 60 62 65 68 69 71 155 189 196 198 204 208 214 215 219 260 262 Compte A 235 Conga A 204 CongoBrazzaville 8 17 28 33 121 281 CongoZaïre 8 33 Corimbra Coimbra 94 95 131 133 Coseriu e 44 235 CrineMavar 198 215 246 Crocker MN 13 Cuba 8 CuneneKunene 10 Curtin P 251 Cuvelier J 812 19 28 29 33 34 3941 45 81 82 8688 91 92 99 101 112 117 118 126 148 150 152 154 155 157 175 186 188 228 229 231 232 241 242 275 276 287 Da Caltanisetta L 9 151 231 Da Costa C 214 Da Gallo B 9 14 39 40 80 185 232 341 Da Lucca L 9 14 80 101 116 120 150 210 232 240 Da Matta JD 25 Damann 16 Damann 16 283 Dapper 9 De Bouveignes o 34 95 98 101 102 113 120 231 De Lucques L Da Lucca L 152 178 239 240 241 De Munck J 12 16 39 82 92 120 121 155 184 242 287 De Pedrals D 218 De Vide RC 9 Declerq L 19 20 36 Delachaux 41 44 101 217 Déreau L 19 20 36 Derrida 32 Deschamps 16 19 20 143 Dianteill e 224 Dicomano R 53 116 134 150 210 213 231 341 Diogo Cão 54 60 Diva soba 35 Dom Álvaro 102 Don Diogo 100 101 102 Dona Anna 95 Dona Beatriz Nsimba Vita 81 Dondo 35 DoNGo 270282 Dundu 20 Durkheim e 202 Dyusters 54 eisansdat sN 107 220 esauJacó 23 espanha 8 estados Unidos de América 8 estermann C 16 36 44 48 72 esteves e 207 europa 158 eutango D 189 190 230 234 236 237 Felner A 52 Ferraz A 116 185 Fodor i 44 107 181 220 Fonseca A 80 114 Franque J 150 199 267 Fukiawu B 9 128 Funda 10 35 Gabão 8 168 Gatti M 25 Godelier R 130 Gonçalves A 114 120 Gougenhein G 221 235 Guennec L 42 Haris Z 32 Hauesttein A 72 Heintze B 9 Heródoto 24 161 Heusch L 10 13 24 28 29 31 60 166 167 187 198 213 215 218 220 246 Hilton A 89 16 19 170 Huambo 10 35 Huffmann 169 Hugo V 255 Huila 52 Huvala 48 Iara 163 iavé 27 iKo eKALA 42 44 47 48 iliffe J 16 iMBÂNGALA MPAsi 54 120 irmãos de tumba 28 isabel Nzôngo 11 isheen 2324 Ísis de Katânga 210 itumba 199 itumba ii 199 Jadin L 16 150 158 231 246 Jesus 94 Judeus 94 Káagaba 163 Kakôngo 102 Kalahari 40 41 44 143 196 231 Kalûmbu Caçador 214 215 Kalûnga 32 60 61 Kalungangômbe 59 Kaluvûndu P 35 36 Kandjîmbu 260 262 Kânga 61 196 199 Kantuku 200 Kanyôngo D 35 KasaiKasadi ka ilunga 13 Kasânda 35 58 Kasokolo 199 Kavava 199 200202 221 Kavûnga KaVûnga 226 Kayove soba 35 Kelo Luzayamo 11 34 Kembo 200 Keswa 35 Keve 49 Khonzo ikhulu 21 22 Kibokolo 1012 33 Kifuma 106 Kilâmba Kyaxi 35 Kimalômba 11 136 Kimanawèze kya tùmba à Ndàla 67 Kimbûndu 35 5660 6263 65 69 73 93 102 155 207 213 252 260 271 KiMrizi 106 KindômbeNdômbe Zowa 10 Kindomingyêdi 11 KinsâsaKinshasa 21 22 33 83 90 151 239 Kinsîmba 10 Kintambo 21 Kinzaki 11 Kisâma 56 Kisevo kya Zombo 11 KisobaNânga 11 Kivuzi 106 KiZerbo J 12 14 1516 23 29 43 120 155 232 KoLA 13 42 44 48 50 Kônde 44 212 Kôngo dya Kwîmba 275 Kôngo dya Lêmba 82 119 Kôngo dya Ngûnga 77 183 Kôngo dya Ntinu 80 Kôngo dya Ñtôtela 77 79 80 88 106 Kôngo Wene 80 Kôngo reino do Congo 810 16 1819 2224 26 28 30 3233 3941 44 4551 55 56 6064 68 69 73 74 77 82 83 84 88 91 96 99 102 108 116 117 120 121 134 135 143 146 148 150152 155 157 158 161 165 168 171 177 185 186 196 200 207 210 218 221 224 228 239 260 262 263 268 271 274 277 283 KôngodyaKati 74 104 143 KôngodyaMbângala Mpângala Nzûndu tâdi 32 41 54 99 101 102 103 104 120 189 267 276 KôngodyaMpânzu 99 104 156 185 KôngodyaMulaza 94 95 98 99 102 104 120 132 138 185 Kongo Zita 199 259 KuandaKubângu 52 Kûba 2324 187 198 Kunzika e 33 136 Kushi 48 Kwându 48 50 200 201 Kwângu 51 94 138 143 207 213 KwânguKasayi 55 Kwanyâma 10 19 28 Kwanza Norte 52 Kwânza sul 52 Kwânza 48 51 56 60 143 Kwatili 201 Kwebe 48 Kwîlu 49 50 102 Kwîmba Kôngo dya 10 95 117 130 132 133 156 213 Kwîtu 4850 Kyâka Umbûndu 15 54 191 242 Kyângala 39 40 58 172 214 Ladi Lulâdi 126 Lamal F 44 54 Laman K 9 20 36 39 41 46 60 75 77 85 102 114 117 134 148 150 151154 166 175 183 190 204 228 234 235 237 238 241 244 245 262 268 Lelûnda rio 113 Lethur R 88 134 135 LeviBruhl 118 164 167 218 Levistrauss C 23 28 31 32 83 85 107 130 141 164 166 167 220 Liana49 Lima M 15 36 42 43 Lincol A 282 286 Lomba 48 Lombard J 146 152 Lopez D 77 78 80 113 118 265 267 268 Louboumou 21 Lowie R 202 Luanda Loando 35 43 120 Luba 24 73 Lubâmba Ndoki 11 LuejiRuej 44 45 46 68 196 Luengue 49 Lukala 68 Lukeni Ne Lukenya 46 94 95 189 207 225 228 Lukeni lwa Nimi lwa Nsanse 158 272 Lukeni lwa Nzanza 94 95 96 Lukobo lwa Bakulu 79 Lûnda 51 196 197 198 213 215 219 220 Lûndu nyi sênga 42 189 Lusengele 33 Luvwêzo L 11 Luwôzi 22 126 215 234 277 Lwângu Loango 42 43 88 8991 101 102 118 133 136 137 153 Lwanguinga 49 50 Lwêna 219 220 Mlaza mi Kwoo 34 MacGaffey W 9 16 120 166 204 213 214 218 223 225228 247 Mahaniah K 75 83 96 Makandala 98 101 119 Makângu André 35 Makela 11 MAKoNDe 197 212 Makota 54 79 134 Malange 12 35 58 213 Malimba 106 Mani Kabûnga 179 188 207 225 266 Mani Kôngo 87 116 119 179 Mani Luwânda 100 Mani Mbtata 79 87 Mani Mpângu 76 Mani Mpêmba 79 116 Mani Mpûmbu 76 Mani Mpûngu 76 Mani Mulaza 94 Mani Nsônso 76 79 MANi PÊMBA Mani Mpêmba 53 116 151 Mani tumbûngu Chefe de Conselheiros 116 Mani Vûnda MANi VoUNDA 116 120 Mani Zômbo 76 Mankûnku Makoko 150 151 152 241 Manuel Don 275 Manyânga 21 34 86 MarcLiapianski M 107 139 Maret P 8 Martindale Dom 13 218 Martinet A 31 MartinezRaiz B 166 Masaki 116 151 Masâmba 148 150 151 152 179 180 Masola ma Nsi 34 Mata ma Kôngo 132 188 Matadi 10 28 34 83 Matadiwâmba 43 46 Matâmba 67 Matôndo 1112 MAU PUNGU 193 Mavînga Mazînga 30 Mavûngu Ma Vûngu 83 101 Mayala ma Mvika 91 134 Mayômbe Mayûmbe 86 102 204 237 MazîngaNzînga 11 29 30 54 82 91 112 137 146 158 Mbalaka Nzôndo 126 127 129 130 139 Mbâmba 31 32 3 40 42 172 Mbângala Mpângala 13 43 44 49 54 5658 60 61 101 103 172 186 207 217 218 260 Mbânza Diadia 90 MbânzaKôngo 10 30 33 45 74 75 77 78 79 8890 92 94 95 97 99 106109 113116 118 119 138 179 225 232 241 266 MbânzaManteke 133 242 MbânzaNsonso 242 Mbata Mbânza 79 96 97 120 138 241 242 274 Mbazia Ñkanu Kôngo 76 80 92 94 116 118 119 214 280 Mbênza Ni Mavûngu 83 MBiNDA grupo 102 Mbînga 88 Mboitátá 163 Mbôma Ndôngo Ne Kôngo 100 Mbôma 34 Mbongo C 21 Mboumou JP 21 Mbûkua Mvêmba 41 Mbûmba Matâmba C 35 Mbûndu 52 54 55 Meno ma Nkôsi 11 Mertens J 85 114 135 210 Mfulankazia Kôngo 89 Mfumua Kôngo 209 210 245 Mfumua Kyângala 214 Mfutila Kôngo 85 Miller J 53 55 163 Mimoso 25 Mina Nzima 94 96 Mindele 92 Mintâdi 210 280 Miro D 193 Molley Julieta Nsâmbu 33 Monakimbûndu 35 Montesarchio J 40 95 Moxico 35 Mpabi António sami tradição de 106 Mpaku Ne Kôngo 103 Mpânda Mvângi 88 89 91 133 134136 138 156 Mpânda 153155 Mpânga sadiMpânga Mvângi 11 Mpângala 72 Mpângi za Mpûngi 11 Mpângu za Bakulu 86 148 Mpângu 76 153 154 Mpânzu a Nimi 12 39 81 82 91 152 154 156 152 Mpânzua LûnguKitinuNzînga 12 33 91 93 Mpânzua Nzînga 91 Mpasi za Ñkênge 101 Mpêmba kati Mvêmba kazi 78 103 131 Mpêmba Maria avó 11 Mpêmba 39 1712 Mpêmba 39 Mphangale 72 Mpûdi 137 153 154 Mpukue Nsaku 96 Mpûmbu 21 22 39 76 171 172 177 Mpûngua Ndôngo Mbânza Ndôngo 35 59 101 271 Mujinya eN 60 Mukûngo 199 Mussuma 49 Musudi 156 Mvêmba Ntûmba 152 Mvêmba Nzînga Afonso i 1112 90 91 92 157 158 Mvika kya Vûngu 83 91 Mvîmba 30 Mvûla za Ngõlo Kôngo 124 127 Mwâla Nlênge 35 Mwânza 60 141 143 Mwatisenge 284 Mwatiyamvu 284 Mwêne Mani Mbâmba 76 98 Mwêne Kânga Mwata Kânga 212 Mwêne Kôngo 119 171 208 209 Mwêne Nsôyo 76 Mwêne Nsûndi 76 Na Kôngo Dom Zuãn 81 Na Mpângu za Kôngo Bakulu 103 Nadel s 44 146 148 Nambwa Ngôngo 35 Namíbia 48 Nânga Kôngo 11 Nankoy Na Nkoy 215 Ndalambela J 35 Ndâmba 10 Ndâmba 11 154 156 157 NdîngaMbo C 138 240 NDeMBo 95 Ndimbo 199 Ndjindo 199 Ndo Manuele 120 180 Ndo Nzwâwu 81 83 91 Ndona Beatriz Nsîmba Vita 15 33 34 232 Ndona ya kiÑtûmba 12 Ndôngo DoNGA 57 67 101 193 194 272 274 Ndûmbu Kinazawa 10 NDUMBUA NZÎNGA 89 Ne Masaki 29 Ne Ntâmba 119 Ne Ntômbe 106 Nea Kon Dianne Kongo 94 Nezînga tradição 105107 110113 116 119 165 171 Ni MPANGU ZA BAKULU 146 Ngalangômbe J 197 Ngânga Ngômbo 68 72 87 Ngânga ñkîsi 87 NGÂNGeLA 43 44 47 51 199 201 217 218 Ngeende 23 Ngidi NgiliNgiri 181 197 205 212 232 Ngoie Ngalla D 138 Ngola Kilwânji 35 272 Ngola Musudi 67 NGÔMBe Zi KÔNGo 158 Ngôngo 200 202 203 Ngôyia Nkânga 157 Ngôyo Ngôyi 87 157 Ngugi wa thiongo 25 Ni Mavûngu 82 86 Nima Nzima 95 273 Nimi 153 Njînga Mbãnde 35 NKAKA DYA Ne KÔNGo 97 Nkânga Ne 82 88 89 Nkâzi za Kôngo Ne 112 115 Nkênga Mbûku 41 Nkênge 157 158 243 246 Nkisi Mbili Yili 204 Nkisi Nkôndi 30 203 204 225 226 Nkôndi 204 Nkôndoa Malêmbe Kôngoa Malêmbe 133 137 138 Ñkûmba Wungudi 76 78 189 207 Nkumbe Hûmbe 41 43 48 62 53 Nkûwu a Ntinu 82 88 89 272 Ñlându Kisema 12 Ñlaza Ntotela 11 Novais P 270 Nsaku Ne VûndaDom Manuel 12 45 46 53 79 81 89 94 96 101 109 113116 118 150 151 156 194 218 220 241 243 246 250 274 Nsakue Lawu 96 103 Nsânda Nzôndo 30 126 127 129 132 137 139 142 213 Nsânga 151 156 Nsîmba Vita Dona Beatrix Kimpa Vita 81 151 185 232 Nsoyo dya Nsi 34 90 96 105114 116119 120 208 213 241 274 Nsûndi 31 32 39 42 76 91 93 102 132 151 172 Nsûka za Kôngo 132 138 NtADiA KÔNGo 89 NtAMBA DiA WAU 107 108 117 118 Ntinu Makaba 204 Ntinu Mbênza 86 Ntinu Wêne 83 Ñtôtila Kôngo 76 NtUA NKosiA KÔNGo 89 Ntûmba Mvêmba 33 34 151 NtÛMBA 152 Nyaneka 41 43 4650 62 63 68 69 72 179 191 202 207 210 235 260 271 283 Nymilong 24 Nzâdi za Kôngo 34 121123 126 129 130 142 Nzâmbi 11 Nzâya Mwâla 11 Nzêto 10 Nzînga 29 30 54 82 91 112 130 136 158 Ñzînga Mpûdi 100 Ñzînga Nkânga 89 Nzînga Nkûwu Dom João 54 81 85 86 87 88 91 92 93 101 148 158 obenga t 21 54 158 oKANGA 95 Okavângu 49 Okavângu 49 50 okeya soba 35 36 oNDiVA ondivindivi 48 50 ovimbûndu 71 235 PANZeLUNGU 92 93 PANZoU NZiNGA 134 Paulme D 43 54 75 83 115 188 PeDRo iii D 275 Pedro Vicente sadi 33 136 Pende 13 54 215 Pepetela 272 Persons 16 Pigafetta F 9 84 113 190 194 267 Pina R 9 Planquert M 215 246 Platão 83 Pouillion J 126 Portugal 8 100 Quembo 48 Quibeta sF 34 Randels WR 53 218 225 Ravenstein eG 91 Redinha J 44 52 72 204 Roumeguèreeberhardt 279 Roma 100 101 Romus 164 Ruej 243 saci 163 sAKA dya Natdi 107 108 117 sAKALeNDe 44 45 46 220 sakayala Mwali sênge 35 36 samba 59 sankoy 215 santaMaria bairro em Malange 35 58 santos e 46 72 194 246 santos M 26 109 118 são salvador san salvador 76 77 151 236 241 268 sapir e 13 32 55 saussure F 13 31 32 44 55 235 sawônga M 35 schaden e 137 163 165 schwartz W 163 senge Barroso M 36 sette Cama 43 setúbal 255 silva Maia A 127 shona 155 solongo Assorongo 34 118 soret M 135 194 sorrento GM 9 218 sousberghe L 13 26 215 246 sousa L 9193 stanley HM 21 22 132 steward J 282 struyf Y 83 88 207 suku 204 245 247 têke 168 tempels P 268 tetela 73 thomas L 8 thompson R 208 thornton J 89 16 19 33 76 96 120 151 166 179 184 185 187 218 266 267 272276 287 todorov t 31 torday e 187 tsakala Mumvidia 44 tsibind irung tsibinda ilunga 196 tsinguri 196 tshimbûngu tsha ilunga 13 tshungu Bamesa Zakama 166 tsyoula Ndoualou 34 tyivalo 201 tyima tya Nano 201 Uige 11 Umbûndu 10 19 41 43 50 51 55 59 62 63 64 65 72 155 161 171 191 198 205207 219 214 235 236 239 260 262 Utembo 48 Valente 42 207 Vambwela 199 200 201 202 Van Kerken 133 Van Moorsel H 143 Van Roy J 86 Van Wing J 912 16 18 21 33 41 74 75 80 94 96 99 115 136 155 175 183 185 186 188 194 203 212 215 221 224 227 231 239 287 Vansina J 8 11 16 17 19 23 28 54 96 107 168172 176 182 187 251 263 268 275 Vatunga Miguel 33 Vaz M 181 219 Verly R 210 245 280 Viana 35 Vili Ladi 42 60 68 134 156 198 199 204 214 215 241 247 252 259 277 278 Vinte e Cinco G 183 Vita Nimia Lukeni 103 146 148 150 151153 156 180 Vita Ñkânga 33 Vita Nsãnga 52 Vundjanga 199 200 203 221 Vûngu 83 Vuzi dya Nkûwu 88 89 Wâmba 68 Weeks 75 284286 Werlesse 16 Westermann H 16 48 White L 282 Woodson CG 8 Woot 2324 102 187 188 Xamuteba tshamuteba 213 Yaka 60 196 247 Yala Mwaku 196 197 213 221 YALA NKUWU 116 212 224 YÔMBe 207 Yoffe N 267 Zaire 113 117 275 Zambeze Yambesi 43 49 50 Zâmbia 48 Zeunner F 143 Zîmba 126 127 129131 Zimbabwe 73 Zirimu P 25 Zita dya Nsi 104 Zombo Ne 41 134 136 138 ZûndadyaNgôla 191 194 As oRiGeNs Do ReiNo do KÔNGo 415 Footnotes 1 Ver a nota nº 96 2 Van Kerken Ethnie Mongo Vol 1 instutut Royal Congo Belge Bruxelas pp230235257 346 Maes J Notes sur les populations des bassins du Kassai de la Lukeni et du Lac Leo pld II Annales du Musée du Congo Belge 1924 pp3454 Paulme D Les civilisations africaines PUF Paris 1956 p86 3 entendese os elementos sincrónicos como elementos diacrónicos 4 Kôngo é nome de uma pessoa velha também é costume que o uso dos nomes faz com que o Kôngo permaneça 5 Cada família do Kôngo já tinha a sua respectiva função na sociedade Kênge ou Nzînga é poder executivo Nsâku é sacerdote e finalmente Mpânzu é força do país 6 Chefe da Colina A palavra significa combater e insere nesse grupo de Nkônzi e Mata que para ocupação das terras usavam primeiro a força e como poderemos ver tal como já explicámos nas páginas anteriores depois desse grupo vem logo Zûnda Aliás tal como sustenta o bloco precedente já existia um Mpânzu o mais forte 7 Resultaria do bloco precedente no ponto de vista a estrutura sóciopolítica estabelecida por Mãecomnoveseios 8 Mbênza deriva de benza cortar com a faca de modo correcto A Justiça adaptada con soante novas Mpîku leis 9 teria sido revista a Lei da eleição assim indica o termo na sua ordem histórica 10 Como as próprias palavras indicam a lógica do Poder executivo já não era compatível ao espaço Precisouse de outros elementos para unir esse poder força e alinhamento religioso 11 A civilização dos Nsôna e Mfûmu foi sucedida pelo reforço no domínio da religião Nkûwu e Mankûnku são de carácter religioso e indicam uma complementaridade no Poder executivo fracassado