·

Cursos Gerais ·

Linguística

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

A ARTICULAÇÃO HIPOTÁTICA EM CONSTRUÇÕES PROVERBIAIS JUSTAPOSTAS MARIA DE LOURDES VAZ SPPEZAPRIA DIAS Rio de Janeiro Julho de 2009 Livros Grátis httpwwwlivrosgratiscombr Milhares de livros grátis para download 2 A ARTICULAÇÃO HIPOTÁTICA EM CONSTRUÇÕES PROVERBIAIS JUSTAPOSTAS MARIA DE LOURDES VAZ SPPEZAPRIA DIAS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Letras Vernáculas Língua Portuguesa Orientadora Profª Doutora Violeta Virginia Rodrigues Rio de Janeiro Julho de 2009 3 A articulação hipotática em construções proverbiais justapostas Maria de Lourdes Vaz Sppezapria Dias Orientadora Professora Doutora Violeta Virginia Rodrigues Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de PósGraduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas Língua Portuguesa Aprovada por Presidente Profª Doutora Violeta Virginia Rodrigues Profª Doutora Mariangela Rios de Oliveira UFF Profª Doutora Nilza Barrozo Dias UFF Profª Doutora Mônica Maria Rio Nobre PPG Letras Vernáculas UFRJ Suplente Profª Doutora Myrian Azevedo de Freitas PPG Linguística e Filologia UFRJ Suplente Rio de Janeiro Julho de 2009 4 Aceitai o meu ensino e não a prata e o conhecimento antes do que o ouro escolhido Porque melhor é a sabedoria do que jóias e de tudo o que se deseja nada se pode Comparar com ela Provérbios 81011 Un proverbio es una corta sentencia basada en una larga experiencia Miguel de Cervantes 5 AGRADEÇO Ao Mestre dos Mestres Jesus Cristo por seus ensinamentos que têm sido lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho Aos meus pais que foram os instrumentos para que eu recebesse o dom precioso da vida A mim mesma por conhecer e superar com esforço e dedicação todas as barreiras que me impediam de chegar até aqui Ao meu marido e filho por serem especialmente compreensivos comigo e pelo amor que me dispensam sempre A todos os meus irmãos e sobrinhos pelo carinho e por serem exatamente como são Ao amado Rodrigo Otávio in memorium meu primeiro exercício da maternidade A todos os que passaram nesta minha caminhada acadêmica e aos que ainda estão nela pelas contribuições prestimosas e palavras de encorajamento A todos os meus queridos professores da pósgraduação desta instituição por sua dedicação carinho e profissionalismo E especialmente a minha orientadora Professora Doutora Violeta Virginia Rodrigues pela amizade dedicação e paciência ao me ensinar e auxiliar no decorrer desta pesquisa Recebam todos a minha mais profunda gratidão 6 SINOPSE Análise do tipo de articulação de cláusulas em construções proverbiais justapostas empregadas em textos de diversos gêneros em circulação na Internet Verificação da relação adverbial implícita que emerge entre as partes dessas construções proverbiais sob o arcabouço teórico Funcionalista Rompimento da visão dicotômica de coordenação e subordinação Revisão da literatura acerca do processo de justaposição e apresentação de novas propostas tanto para a articulação de cláusulas como para a justaposição destas 7 A articulação hipotática em construções proverbiais justapostas Maria de Lourdes Vaz Sppezapria Dias Orientadora Professora Doutora Violeta Virginia Rodrigues Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de PósGraduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas Língua Portuguesa RESUMO O objetivo desta pesquisa é apresentar no âmbito da investigação dos tipos de combinação de cláusulas uma perspectiva de análise de construções proverbiais justapostas em que se contemple a relação adverbial implícita que emerge em estruturas do tipo Casa de ferreiro espeto de pau e De graça até injeção na testa Por meio das paráfrases Embora a casa seja de ferreiro o espeto é de pau e Se for de graça aceito até injeção na testa é possível observar as relações de concessão e de condicionalidade implícitas nas construções apresentadas Entendese assim que entre as partes de construções proverbiais justapostas como as citadas anteriormente ocorre a articulação hipotática ou seja uma relação circunstancial entre as unidades constituintes de tais construções em oposição ao já estabelecido pois enquanto a subordinação pressupõe total dependência de uma cláusula em relação à outra na articulação hipotática há na verdade uma interdependência entre as cláusulas Para tal tomouse como embasamento teórico o trabalho de Hopper Traugott 1993 que rompem assim como outros estudos de base funcionalista como os de Mathiessen Thompson 1998 C Lehmanm 1988 1989 e Langacker 1991 com a visão dicotômica de coordenação e subordinação 8 A articulação hipotática em construções proverbiais justapostas Maria de Lourdes Vaz Sppezapria Dias Orientadora Professora Doutora Violeta Virginia Rodrigues Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de PósGraduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas Língua Portuguesa ABSTRACT This research main goal is to show a perspective of analyzing juxtaposed proverbial constructions within the field of investigation about the kinds of clause combining to making clear the implicit adverbial relation that emerges from structures such as Casa de ferreiro espeto de pau and De graça até injeção na testa Through their paraphrases Embora a casa seja de ferreiro o espeto é de pau and Se for de graça aceito até injeção na testa it is possible to observe the implicit concessive and conditional relation in such constructions Like this the occurrence of a hypotactic clause combining between their parts is clarified it is the circumstantial relation of the constituent units of such constructions opposing to what has already been traditionally set is highlighted While in subordination it is expected to have total syntactic dependency in the presented proverbial constructions indeed occurs interdependency between their constituent parts This paper is base on the studies of Hopper Traugott 1993 that point to others functionalistbased studies such as Mathiessen Thompson 1998 C Lehmanm 1998 1989 and Langacker 1991 which deconstruct the dichotomic coordination and subordination vision 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 1APRESENTAÇÃO DO TEMA 12 11 O objeto da pesquisa 13 12 Pressupostos teóricos 14 13 O corpus e a metodologia 16 2 REVISITANDO CONCEITOS REVISÃO DA LITERATURA 21 21 Os processos de subordinação e coordenação de orações 21 22 A justaposição de orações 23 3 HIPOTAXE UMA PROPOSTA FUNCIONALISTA PARA A ARTICULAÇÃO DE CLÁUSULAS ADVERBIAIS 28 31 A articulação hipotática 33 32 A articulação de cláusulas adverbiais e sua ordem no discurso 35 33 A articulação hipotática o uso de construções proverbiais no texto escrito 39 4 NOVAS PROPOSTAS PARA A JUSTAPOSIÇÃO DE CLÁUSULAS 45 41 A importância do processo inferencial na articulação hipotática justaposta 45 42 Relação de sentido entre cláusulas sem conectivos a importância do contexto 47 43 A articulação hipotática por justaposição 48 10 5 RELAÇÕES HIPOTÁTICAS COM OU SEM CONECTIVOS 52 51 Os elementos conjuntivos nas relações hipotáticas 55 52 Relações hipotáticas implícitas 56 6 AS CONSTRUÇÕES PROVERBIAIS GÊNERO E TRADIÇÃO DISCURSIVA 59 61 Unidade informacional e fórmulas fixas 60 62 Provérbios historicidade e tradição discursiva 63 63 Provérbios gênero textual e domínio discursivo 68 7 PRODUZINDO SIGNIFICADO 71 71 Novos usos das estruturas proverbiais reescritura e força argumentativa 72 72 Metodologia e estudo de casos 74 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 107 9 REFERÊNCIAS 110 10 ANEXOS 115 Anexo 1 Significado dos provérbios 116 Anexo 2 Pesquisa com jovens sobre o uso de provérbios 119 11 LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS Gráfico 1 Processo comunicativo de escolha do enunciado 68 Quadro 1 A justaposição na visão tradicional 26 Quadro 2 Base teórica funcionalista para a articulação de cláusulas 32 Quadro 3 Graus de dependência integração e tipo de ligação entre cláusulas 35 Quadro 4 A posição da cláusula adverbial 37 Quadro 5 Posição preferencial geral das cláusulas adverbiais 38 Quadro 6 O caráter adverbial implícito em construções proverbiais justapostas 49 Quadro 7 Elementos conectivos derivados de advérbios 54 12 INTRODUÇÃO 1 APRESENTAÇÃO DO TEMA Ao se observarem provérbios como Farinha pouca meu pirão primeiro e Vãose os anéis ficamse os dedos percebeuse que deles emergem relações adverbiais implícitas No primeiro depreendese entre suas unidades farinha pouca e meu pirão primeiro a relação de condicionalidade Se a farinha é pouca faço meu pirão primeiro enquanto que no segundo prevalece a de temporalidade Quando se vão os anéis ficamse os dedos Aprofundando um pouco mais a análise das construções antes citadas percebeu se a possibilidade de mais de uma inferência circunstancial entre as suas partes a saber de temporalidade na primeira Quando a farinha é pouca faço meu pirão primeiro e de concessão na segunda Embora os anéis se vão ficamse os dedos Dessa forma observouse que somente com o apoio do contexto de uso será possível determinar qual é a relação adverbial predominante entre as partes da construção Também chamou atenção o fato de as construções se constituírem de duas partes o que as aproxima No entanto se diferenciam pela presença de orações nas duas partes de Vãose os anéis ficamse os dedos e de dois sintagmas nominais em Farinha pouca meu pirão primeiro Logo visto o comportamento dessas construções pretendese com o presente estudo comprovar a hipótese de que embora se possam estabelecer relações implícitas sem o contexto de uso será ele o responsável muitas vezes por determinar a inferência predominante que emerge da relação entre as partes constituintes dos provérbios Além disso objetivase ainda ratificar a ideia de que o estabelecimento da 13 proposição relacional independe do uso do conectivo por isso a escolha de construções proverbiais justapostas como objeto de análise deste trabalho de pesquisa 11 O objeto da pesquisa O interesse pelo tipo de combinação entre as partes constituintes de construções proverbiais justapostas advém do trabalho de Decat 2001105 em que a autora ressalta a relação adverbial que emerge em construções do tipo Casa de ferreiro espeto de pau e De graça até injeção na língua aspecto não contemplado nas gramáticas tradicionais que apresentam apenas os casos em que as estruturas constituam cláusulas1 plenas isto é em que apresentem verbo A subordinação adverbial2 é o processo já estabelecido em que se inserem as orações que apresentam relações circunstanciais entre si Contudo no que se refere ao conceito de dependência dessas orações a um núcleo nem sempre fica claro o que se está considerando se dependência de forma se dependência de sentido se dependência pragmática além de serem desprezadas as conexões implícitas existentes entre as partes da construção cf Decat 199924 A possibilidade da parte de uma construção poder existir sozinha ou seja sem estar atrelada a um núcleo já foi apontada por Jepersen 1971 apud Decat 199925 em estruturas como por exemplo Se eu ganhasse na Sena 3 A análise funcionalista de âmbitos textual e interacional pela sua adequação à 1 Para fins deste trabalho adotouse o termo partes por se trabalhar ora com construções constituídas de cláusulas ora constituídas de cláusula e sintagma nominal e ainda somente por sintagmas nominais conforme antes observado 2 De agora em diante denominada hipotaxe 3 Já há algum tempo as cláusulas subordinadas sem matriz têm levado autores como Thompson 1984 apud Decat 199927 e Haiman Thompson 1984 apud Decat 199927 a proporem a substituição do termo subordinação por outros que melhor descrevam a relação entre as partes no discurso 14 força do uso das expressões linguísticas na interação verbal envolve a atividade linguística visão que contempla as funções discursivas em que se inserem os provérbios e máximas populares numa abordagem funcionaldiscursiva A sentença se distingue pois em níveis sintáticos de organização sendo passível de análise não apenas morfológica e sintática mas principalmente no nível comunicativo4 Moura Neves 200631 12 Pressupostos teóricos A corrente teórica funcionalista teve início com o Círculo Linguístico de Praga que concebia a linguagem como um sistema de comunicação dinâmico e com a Escola Britânica para a qual a linguagem é sistêmicofuncional isto é considera língua e uso incluindo o falante nas diferentes situações comunicativas Ocupase então da relação entre a estrutura da língua e o seu contexto comunicativo de uso A teoria funcionalista se liga assim aos fins a que se servem as unidades linguísticas o que é o mesmo que dizer que o Funcionalismo se ocupa exatamente das funções dos meios linguísticos de expressão Moura Neves 200017 Logo a gramática funcionaldiscursiva tem como unidade básica do discurso o ato do discurso e não a frase codifica primeiro a intenção do falante e considera as funções como parte das várias estratégias de estruturação Sua justificativa vem do fato de existirem muitos fenômenos linguísticos que só podem ser explicados em termos de unidades maiores que a frase individual e por existirem muitas expressões linguísticas que são menores do que a frase individual mas 4 Visão de interação baseada no Funcionalismo holandês 15 que funcionam como enunciados completos dentro do discurso cf Moura Neves 20063233 Este aspecto é particularmente interessante com relação ao uso atualizado que vem sendo dado às construções proverbiais objeto deste estudo em diversos gêneros textuais escritos Adotase ainda com base em Hopper Traugott 1993170 a noção de um continuum para a combinação das partes que vai da nãodependência e não encaixamento sintático parataxe passa pela dependência mas nãoencaixamento sintático hipotaxe até chegar na total dependência e encaixamento sintático entre as partes subordinação Alguns estudos também de base funcionalista como os de Mathiessen Thompson 1988275276 C Lehmanm 1988 1989 e Langacker 1991 rompem com a visão dicotômica de coordenação e subordinação como será explicitado no corpo deste trabalho Matthiessen e Thompson 1988275 postulam que é a interação que determina o caráter nuclear ou suplementar das partes por isso os autores consideram o processo de hipotaxe como a gramaticalização de uma propriedade pertencente à própria estrutura discursiva Com referência a gramaticalização apesar de compreender um conjunto de teorias a abordagem funcionalista postula basicamente que a língua tem funções cognitivas e sociais que desempenham um papel central na determinação das estruturas e dos sistemas considerados pelos linguístas como a gramática de uma língua Essas estruturas não são fechadas pois representam continuadas gramaticalizações das necessidades sociais de expressão e de intercomunicação 16 A pesquisa funcionalista portanto concentrase no esclarecimento das relações entre forma e função especificando aquelas funções que parecem exercer influência na estrutura gramatical cf Castilho 20011 Como as construções analisadas neste trabalho também se caracterizam pela ausência de conectivos formais entre suas partes fezse necessária a revisão do conceito de justaposição à luz do Funcionalismo Esta corrente teórica considera a justaposição um processo de articulação que mesmo sem conectivos mantém uma relação inferencial entre as partes ou seja uma relação entre duas ou mais partes cuja relação semântica é dada por inferência cf Hopper Traugott1993172 Por isso aplicaramse tais perspectivas a construções justapostas específicas do tipo provérbios e máximas populares para comprovar a relação circunstancial que delas emerge no contexto discursivo Além desses pressupostos teóricos recorreuse ainda aos estudos sobre gêneros textuais para maior aprofundamento das características dos provérbios e máximas populares e suas especificidades uma vez que a noção de gênero considera o texto como unidade enunciativodiscursiva nas diversas práticas sociais 13 O corpus e a metodologia A idéia de reunir este corpus surgiu depois da pesquisa informal a ser melhor apresentada em 62 feita com jovens entre 15 e 19 anos quanto ao uso de provérbios na oralidade Apesar de esses jovens não fazerem uso de tais estruturas eles também não as desconheciam devido ao uso que familiares mais velhos faziam delas em situações específicas de fala Observado que a oralidade já não é mais o meio pelo qual os 17 provérbios parecem se propagar atualmente partiuse para a pesquisa no discurso escrito Em princípio o livro Provérbios e máximas populares em 7 idiomas por reunir um número expressivo de construções proverbiais pareceu ser o corpus ideal para este trabalho de pesquisa Todavia por se tratar de construções descontextualizadas logo se observou que não seria possível obter as constatações quanto às proposições relacionais que emergem de construções justapostas sem que as mesmas estivessem inseridas em um contexto de uso Nesse momento a procura por estruturas proverbiais justapostas na Internet possibilitou a coleta de alguns textos que preservavam a relação circunstancial implícita entre título e conteúdo textual de forma que a estrutura proverbial resume no título a expectativa quanto ao texto em consequência do próprio efeito dessas estruturas que nem sempre se mostrou moralizante mas também com efeitos de humor e informalidade no discurso escrito em que se inseriam O corpus completo consta de 20 textos intitulados por provérbios em suas fórmulas fixas originais ou por reescrituras delas Além disso também se indicam as paráfrases e as relações circunstanciais pertinentes a cada um dos provérbios Dessa forma pretendese explicitar o papel funcionaldiscursivo das construções proverbiais justapostas que apresentam articulação hipotática Será possível portanto demonstrar o caráter circunstancial implícito e melhor exemplificar o tipo de proposição relacional inferência que emerge da articulação das partes das construções o que se dá também levando em consideração o contexto discursivo em que estão inseridas 18 Importa ressaltar que dos vinte textos que compõem o corpus desta pesquisa 14 constituemse apenas de sintagmas nominais 5 apenas de cláusulas presença de verbos e 1 de sintagma nominal e cláusula e serão detalhadamente descritos no item 72 quando se dá o estudo dos casos No momento listamse apenas os títulos e os endereços dos sites de onde foram retirados I ALEGRIA DE UNS TRISTEZA DE OUTROS httpwwwaspraorgbrindexphp II AMIGOS AMIGOS NEGÓCIOS À PARTE httpwwwbolsademulhercommulherinvestmateriaamigosamigosnegociosaparte313411ori III AQUI SE FAZ AQUI SE PAGA httpwwwjornaldeitupevacombrartigophpid060425033439 IV AZAR NO JOGO SORTE NO AMOR httpogloboglobocomblogsafrancesapostasp V BRIGA DE MARIDO E MULHER NÃO SE METE A COLHER httpwwwlexcondominioscombrprincipalphpidmenunoticiasdetalhesid125 VI CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU httpjovempanuolcombrjpcampanhas3indexphpoptioncomcontenttaskviewid226Itemid VII CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU httpchiclettecombrnoticias2702Casadeferreiroespetodepau Em 16 06 08 VIII CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO wwwtransanetfmptBRcontentscolunaseconomia200712041224098402756c3e4php42k IX CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO httpfatorwcom20070528casadeferreiroespetodeferro X CABEÇA VAZIA httpwwwsedesorgbrDepartamentosFormacaoPsicanalisecabecavaziahtm XI ENTRA O BEBER SAI O SABER httpguifpenteadospaceblogcombr162188ABebidaentraaVerdadesai XII FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO httpwwwpimeorgbrmissaojovemmjconsfrafarinhahtm XIII FAZ A FAMA DEITA NA CAMA httpbdadolfoblogspotcom200711fazfamaedeitanacamahtml XIV LONGE DA VISTA LONGE DO CORAÇÃO httpplanetasustentavelabrilcombrnoticiaambienteconteudo296675shtml 19 XV OFICINA DO DIABO httpparaisotropicalglobocomNovelaParaisotropical0AA1573712829800html XVI PATRÃO FORA DIA SANTO NA LOJA httpwwwhumornanetcomservletsitemitm1877modarqcat6 XVII REI MORTO REI POSTO httpwwwmidiaindependenteorgptblue200411294496shtml XVIII UM DIA DA CAÇA OUTRO DO CAÇADOR httpwwwjblogcombrformula1phpitemid8814 XIX UM É POUCO DOIS É BOM TRÊS É DEMAIS httpwwwletrascombrrenatoeseusbluecapsumepoucodoisebomtresedemais XX VÃOSE OS ANÉIS FICAM OS DEDOS httpwwwclicrbscombrblogjsp Assim sendo no primeiro capítulo desta pesquisa apresentase uma revisão da bibliografia acerca dos conceitos tradicionais quanto à composição do período pelos processos de subordinação e coordenação além do levantamento da literatura já estabelecida a respeito da justaposição de orações Após esta revisão da literatura no capítulo seguinte abordase o conceito de hipotaxe como uma proposta do Funcionalismo para a articulação de cláusulas adverbiais esclarecendo em que consiste a articulação hipotática como ela se dá no discurso e a consideração da ordem anteposta ou posposta das cláusulas adverbiais como recurso para se atingir a intenção comunicativa do usuário da língua No terceiro capítulo desta dissertação mostramse novas propostas para a abordagem da justaposição discorrendose sobre a importância do processo inferencial na justaposição de cláusulas e da relação de sentido entre cláusulas sem conectivos Por fim apresentase a articulação hipotática por justaposição com ênfase ao processo inferencial para se entender as relações adverbiais implícitas que dela emergem No capítulo quatro discorrese sobre as relações hipotáticas com ou sem o uso de conectivos entre as cláusulas o que leva a uma avaliação mais aprofundada das 20 relações hipotáticas implícitas ratificando o interesse desta pesquisa pelas construções proverbiais justapostas cujo valor semântico se dá por inferência Os conceitos de construção proverbial unidade informacional e fórmulas fixas são apresentados no capítulo cinco em que se busca mostrar os provérbios populares quanto a sua historicidade e a sua tradição discursiva bem como o gênero textual e o domínio discursivo em que se incluem O sexto capítulo é voltado para a questão da produção de significado no uso de provérbios em contextos discursivos quando são apresentados os novos usos das estruturas proverbiais no texto escrito sua reescritura e sua força argumentativa Faz se então a análise qualitativa dos dados e a apresentação do corpus usado nesta pesquisa textos de gêneros diversos coletados na Internet cujos títulos e endereços dos sites de onde foram retirados já foram listados anteriormente Por último são apresentadas as considerações finais e as referências que objetivam demonstrar o caminho percorrido até se chegar às conclusões apresentadas 21 2 REVISITANDO CONCEITOS REVISÃO DA LITERATURA 21 Os processos de subordinação e coordenação de orações A Nomenclatura Gramatical Brasileira NGB contempla apenas os processos de coordenação e subordinação para a estruturação sintática das orações unidas por conectivos no chamado período composto Pretendese neste capítulo apresentar a revisão da literatura tradicional quanto aos processos de composição do período bem como apresentar algumas abordagens linguísticas para estes A revisão ora proposta não objetiva abarcar todos os teóricos da língua mas apenas retomar os conceitos dos principais deles para possibilitar o melhor entendimento das propostas que serão apresentadas ao longo deste trabalho Em geral a subordinação é definida tanto em termos sintáticos quanto semânticos pois além de a oração subordinada ser um termo que exerce função sintática na oração principal também depende desta para ter sentido completo5 conforme acontece em Sairemos quando ele chegar Na coordenação a maioria dos gramáticos define as orações coordenadas como orações com sentido completo que não constituem um termo da oração a que se ligam apresentando assim independência sintática e semântica como é o caso de Saímos cedo e voltamos na hora marcada Alguns autores também consideram a ocorrência simultânea da coordenação e da subordinação em um mesmo período chamandoo de período misto ou composto por coordenação e subordinação como em Ele acordou e pensou que ia ouvir Papai 5 A expressão sentido completo foi usada entre aspas porque significa na verdade estabelecer comunicação 22 Noel chegando Pinto Ribeiro 2003 307308 relaciona coordenação à independência sintática e cita o seguinte exemplo Aquele armário estava tão sujo tão melancolicamente sujo e não sabíamos Enquanto a subordinação tem valor sintático de dependência como em É claro que estamos com ela Kury 200262 diz que as coordenadas são independentes isto é têm sentido em si mesmas e por isso poderiam cada uma constituir um período Já o período composto por subordinação apresenta uma oração principal e uma ou mais subordinadas ou seja dependentes dela O autor considera também o período misto opcit63 Para Luft 1978144 o período composto pode se estruturar por dois processos sintáticos a coordenação e a subordinação Luft 2002 44 reafirma a existência dos processos de coordenação e subordinação e faz referência ao período misto Assim a tradição apresenta para a composição do período uma visão que se aplica à noção de dependência ou independência entre suas partes com conceituações que nem sempre atendem à funcionalidade oracional no que diz respeito a sua aplicação no discurso Dentro de uma abordagem linguística Azeredo 199349 define a subordinação como o meio que consiste em prover de função as unidades que constituem os sintagmas e os sintagmas que constituem as orações Na estruturação por subordinação uma unidade da categoria X posicionase sob o domínio da categoria Y sendo um processo necessariamente intraoracional Azeredo 199351 exemplifica João arrumava a casa enquanto Maria lavava a louça Quanto à coordenação Azeredo 1993117 a caracteriza como envolvendo 23 ligações discursivas e não sintáticas visto que a coordenação ultrapassa os limites da oração Assim coordenamse vocábulos sintagmas orações e inclusive parágrafos Consiste pois a coordenação na associação de duas ou mais unidades de mesmo nível hierárquico e de mesma natureza ou função Para Carone 200220 a coordenação nasce de um eixo paradigmático pois todos os membros de um paradigma poderiam hipoteticamente comutar com aquele que está presente em um ponto da cadeia sintagmática como em Ele vende e compra móveis Por conseguinte as construções proverbiais do tipo Casa de ferreiro espeto de pau recebem um tratamento que por si só não atende de forma satisfatória ao processo de combinação que ocorre entre suas partes justapostas Geralmente essas construções são classificadas como estruturas coordenadas na forma assindética avaliação estrutural insuficiente para explicar o processo que lhes confere eficácia comunicativa pois despreza a inferência de valor circunstancial na construção do sentido ou seja o seu conteúdo semântico implícito Tampouco poderiam as construções proverbiais analisadas neste trabalho serem consideradas subordinadas pois carecem de dependência sintática entre suas partes Logo a possibilidade de se fazer uma leitura como adverbial para essas estruturas será o foco do capítulo 2 deste trabalho 22 A justaposição de orações Tradicionalmente a articulação de orações sem a presença do conectivo formal caracteriza a justaposição nos termos de Rocha Lima 1980233 24 As orações justapostas sem prejuízo da função que exercem na principal aditamse a esta sem a mediação de conectivo e têm forma de oração independente isto é estão isentas de servidão gramatical grifo nosso Para Cunha Cintra 2001 596 a articulação sem conectivo significa dizer que as orações são colocadas uma ao lado da outra sem qualquer conectivo que as enlace o que se observa por exemplo em Parou olhou seguiu Luft 1978146 apesar de citar os mecanismos de justaposição e correlação em sua gramática defende a idéia de que ambos ocorrem dentro do binômio coordenaçãosubordinação e que reconhecêlos como processos especiais de composição do período sobrecarregaria a nomenclatura por se tratar apenas de termos a mais Portanto tais definições contemplam somente o modo como as orações se ligam dentro dos dois processos sintáticos apresentando para a justaposição de orações uma visão que se aplica à forma e não ao mecanismo sintático de estruturação em si desprezando ainda a relação semântica entre os núcleos O professor Oiticica em sua Teoria da Correlação 1952 foi o primeiro a dar à justaposição o status de processo de composição do período classificando as orações justapostas em intercaladas de citação de advertência de opinião de exclamação de escusa de exortação permissiva e latente como Não se pode dizer atalhou o vigário que isso seja obra de satanás apostas como por exemplo O viúvo teve uma única preocupação deixar a música e adverbiais que é o caso de O mestre concluíra a obra há dez meses Dessa forma Oiticica 1952 em período anterior à NGB dava à justaposição o status de processo de composição do período ao lado da subordinação da coordenação 25 e ainda da correlação Também Ney 195562 já afirmava que na justaposição há declaratividade total sem conectivo mas com dependência no sentido fato que pode ser ilustrado com a conhecida declaração de Júlio César Vim vi venci Em avaliação mais recente quando se refere às sentenças complexas estruturadas por justaposição Castilho 2002131 considera justaposta ou assindética a sentença que se apõe a outra sem qualquer nexo conjuncional Já para Pinto Ribeiro 2003307308 a justaposição é a falta de conectivo na ligação das orações e apesar de ocorrer com maior frequência entre as subordinadas substantivas também se dá entre as adjetivas e as adverbiais No quadro 1 a seguir temse a posição dos principais gramáticos de linha tradicional sobre a justaposição Podese observar que o critério sintático é predominante nestas conceituações isto é a justaposição é vista como um processo formal de ligação entre orações 26 QUADRO 1 A JUSTAPOSIÇÃO NA VISÃO TRADICIONAL Autor Conceituação Característicascritério Orações justapostas Rocha Lima 1980233 As orações justapostas sem prejuízo da função que exercem na principal aditamse a esta sem a mediação de conectivo e têm forma de oração independente isto é estão isentas de servidão gramatical Ausência do conectivo sem dependência gramatical critério sintático formal Restringemse a duas funções objetiva direta apositiva Bechara 2003479 Falta de entrelaçamento por unidades especiais no encadeamento de orações Independência sintática Relacionamento semântico estreito critério sintáticosemântico Coordenadas distributivas p479 e intercaladas p480 justapostas de valor contextual adverbial p507 Bechara6 2005 116 Ligação de orações sem auxílio de conectivo Critério sintático Dependentes e independentes justapostas p116 coordenadas assindéticas ou justapostas subordinadas do tipo Espero sejas feliz p117 Cunha Cintra 2001 596 Orações colocadas uma ao lado da outra sem qualquer conectivo que as enlace Critério sintático Só reconhecem a justaposição na coordenação p596 Coordenadas assindéticas Kury 200264 Quaisquer orações de mesmo valor exceto a absoluta sejam independentes ou subordinadas podem se ligar no período por simples pausa justaposição Colocação lado a lado sem qualquer conectivo de orações coordenadas assindéticas Critério sintático a justaposição se dá pela apresentação sem conectivo p72 Orações substantivas desenvolvidas sem conectivo p72 orações adjetivas desenvolvidas justapostas p80 orações adverbiais desenvolvidas justapostas p86 Luft 1978146 Não há motivos para se reconhecer a correlação e a justaposição como processos de composição do período p146 Critério sintático Justaposta intercalada coordenada apositiva objetiva direta e adverbial subordinadas Luft 200246 Tipo especial de conexão estabelecido dentro da coordenação e da subordinação Critério sintático Objetivas diretas justapostas seguem um verbo dicendi quando o verbo regente é transitivo direto p64 Assim estabelece a Tradição que a justaposição de orações é um procedimento 6 Bechara 2005 cita a proposta de Oiticica 1952 de divisão da articulação de orações em quatro processos entretanto caracteriza a coordenação e a subordinação quanto ao valor sintático de dependência e independência e a correlação e a justaposição quanto ao modo como as orações se ligam 27 formal que ocorre tanto entre orações coordenadas como entre subordinadas quando estas se articulam sem a presença de conectivos explícitos Contrariamente à visão tradicional na abordagem funcionalista a justaposição é uma forma de articulação de cláusulas em que se considera a relação inferencial entre seus núcleos e não apenas o processo formal que liga as suas partes Isso equivale a dizer que a ligação entre as cláusulas é explicitada sem conectivos constituindo assim uma relação entre dois ou mais núcleos próximos um ao outro cujo valor semântico entre eles é dado por inferência Hopper Traugott 1993172 No capítulo 5 tal ligação será abordada mais detidamente 28 3 HIPOTAXE7 UMA PROPOSTA FUNCIONALISTA PARA A ARTICULAÇÃO DE CLÁUSULAS ADVERBIAIS Dentro de uma abordagem tradicional Bechara 200347 aproxima a subordinação ao que ele chama de hipotaxe ou seja a possibilidade de uma unidade correspondente de um estrato superior poder funcionar em um estrato inferior ou em estratos inferiores É o caso de uma oração passar a funcionar como membro de outra Em Verdadeiramente ele disse isso por exemplo o autor afirma que a cláusula comentário passa por hipertaxe à oração É verdade e há hipotaxe ou subordinação da comentada ele disse isso A proposta funcionalista contudo prioriza a língua em uso no texto o que é o seu objeto de investigação e já há algum tempo rompe com a visão dicotômica de coordenação e subordinação conforme pode ser observado no seguinte continuum de Hopper Traugott 1993169 para a combinação de cláusulas8 a Parataxe independência relativa entre as cláusulas em que o vínculo das orações depende apenas do sentido isto é apresentam dependência semântica b Hipotaxe interdependência entre as cláusulas sendo uma cláusula núcleo e uma ou mais cláusulas margens que não podem figurar sozinhas no discurso e por isso são relativamente dependentes 7 Doravante o termo hipotaxe fará referência às tradicionais orações subordinadas adverbiais 8 Combinação de cláusulas é a função de uma cláusula em relação a outras Mathiessen Thompson 1998279 29 c Subordinação ou encaixamento total dependência entre as cláusulas em relação ao núcleo Esse continuum pode ser elaborado por combinações de características como ou dependente e ou encaixada conforme se pode visualizar a seguir P a r a t a x e H i p o t a x e S u b o r d i n a ç ã o dependente dependente dependente encaixada encaixada encaixada No continuum de Hopper Traugott 1993170 antes apresentado a subordinação pressupõe dependência e encaixamento a parataxe caracterizase pela nãodependência e pelo nãoencaixamento e a hipotaxe distinguese pela dependência e pelo nãoencaixamento sintático Ao se estabelecer estes três tipos de arranjos redefine se a terminologia de duas tradições distintas a subordinação e a coordenação Em estudo anterior ao de Hopper Traugott 1993 Halliday 1985373 já apresentava dois sistemas básicos para determinar como as cláusulas se relacionam entre si i o grau de interdependência ou taxe hipotaxe e parataxe e ii a relação lógicosemântica por projeção ou por expansão Assim Halliday 1985373 entende que todas as cláusulas que apresentam relação lógicosemântica entre si são interdependentes o que é a essência da estrutura relacional uma unidade interdependente de outra unidade Dessa forma distinguese a hipotaxe ou subordinação da visão tradicional da hipotaxe e da subordinação dentro da visão funcionalista segundo a qual uma cláusula subordinada pressupõe encaixamento sintático em outra enquanto que na articulação hipotática não há encaixamento ou dependência mas interdependência sintática entre as cláusulas 30 Matthiessen e Thompson 1988275 postulam que a subordinação não pode ser caracterizada ou definida no nível da sentença mas sim no nível do contexto discursivo tendo em vista a necessidade deste para se distinguir a oração subordinada da oração principal A interação é que determina o caráter nuclear ou suplementar às partes sendo o processo de hipotaxe a gramaticalização de uma propriedade pertencente à própria estrutura discursiva Os autores assim consideram os componentes semânticos e sintáticos envolvidos nas construções além de suas relações retóricas Já a combinação de cláusulas que não sejam constituintes tratada pela tradição como coordenação ou aposição é resolvida por Halliday 1985 373 visto que ele considera dois graus de combinação a parataxe e a hipotaxe Esses três autores buscam dessa forma uma interpretação gramatical para a articulação de cláusulas que tenha sentido funcional no discurso Para eles a interdependência entre as cláusulas não estabelece uma relação subordinada pois uma não é parte da outra e o grau de interdependência também se dá no nível das funções discursivas pois as relações de causa condição concessão etc são relações retóricas que ocorrem em quaisquer partes de um texto Matthiessen e Thompson 1988 283 Assim se uma cláusula subordinada pressupõe encaixamento sintático em outra situação em que uma cláusula não combina com outra mas se encaixa a ela na articulação hipotática não há dependência mas interdependência sintática entre as cláusulas como postulam Mathiessen Thompson 1988283 Embora as cláusulas sejam interdependentes e sustentem de algum modo uma relação hierárquica entre si nada justifica que uma seja parte da outra grifo nosso9 Logo a interdependência sintática não estabelece uma relação subordinada entre 9 Although the clauses are interdependent and stand in a kind of headdependent relation to one another at some level there is no sense that one is a part of the other 31 as cláusulas porque uma não é parte da outra mas lhe confere uma relação hipotática Para Moura Neves 2006227 ao se examinar construções textuais é possível concluir que o rótulo subordinação não pode se pretender configurador de um estatuto único para o vasto bloco a que se vem aplicando Segundo a autora essa sua visão é fundamentada na teoria funcionalista para a articulação de cláusulas conforme se mostra a seguir de forma esquemática 32 QUADRO 210 BASE TEÓRICA FUNCIONALISTA PARA A ARTICULAÇÃO DE CLÁUSULAS Dik 197819801989a1997 apud Moura Neves 2006227 Argumentos e satélitestermos predicado predicação nuclearoperadores e satélitespredicação central operadores e satélites de nível 2 predicação estendida satélites de nível 3 proposição satélites de nível 4 ato de fala Halliday 1985373377 Dois eixos tático interdependência entre os elementos parataxe e hipotaxe lógicosemântico relação entre os processos resolvida pela expansão e pela projeção A expansão ocorre de 3 formas por elaboração isto é por extensão e ou por realce assim então x A projeção pode ser por locução ou idéia Parataxe simples continuação hipotaxe relação dependente x dominante Encaixamento embedding mecanismo de constituência Matthiessen Thompson 1988282 Grau de interdependência também no nível das funções discursivas relações de causa condição concessão etc são relações retóricas que ocorrem em quaisquer partes de um texto podendo ocorrer gramaticalização a interação é que determina o caráter nuclear ou suplementar às partes Hopper Traugott 1993170 Continuum da subordinação dependência e encaixamento à parataxe nãodependência e nãoencaixamento passando pela hipotaxe dependência mas nãoencaixamento Cruzamento subordinaçãocoordenação integração x parataxehipotaxe dependência parataxe hipotaxe e subordinação Levam em conta os componentes semântico e sintático além das relações retóricas Lehman 1988 apud Moura Neves 2006230 Grau máximo a um grau mínimo de autonomia sentencial no reverso grau máximo a um grau mínimo de integração sentencial Dessentencialização grau extremo de perda do estatuto de sentença Quanto mais integradas as orações de um enunciado mais avançado o processo de gramaticalização Givón 1990 apud Moura Neves 2006231 Não existe fronteira rígida entre subordinação e coordenação Noções semânticas de junção disjunção paráfrase tautologia e contradição Relação icônica entre a integração das orações e a integração dos eventos Longacre 1985 apud Moura Neves 2006231 Caráter discursivo frases são feixes de predicações enquanto parágrafos são feixes de frases as frases têm um núcleo e margens orações adverbiais que adornam esse núcleo slots funcionais quanto mais baixo for o nível estrutural sintático do segmento nuclear maior será a integração sintática 10 Quadro elaborado segundo as observações de Moura Neves 2006227231 acerca da articulação de cláusulas dentro da abordagem funcionalista 33 Evidenciase então que a razão fundamental das postulações de caráter funcionalista é a incorporação da pragmática na gramática isto é a inserção de categorias pragmáticas organização do fluxo informacional na análise linguística cf Moura Neves 2006 232 31 A articulação de cláusulas hipotáticas Conforme visto anteriormente a visão tradicional baseada em uma sintaxe de superfície oferece um conceito de subordinação que se resolve na proposição de uma oração principal com um ou mais de seus termos expresso sob forma oracional com total dependência entre as cláusulas em relação ao núcleo Tal conceito não atende satisfatoriamente os casos em que as cláusulas não são totalmente mas relativamente dependentes entre si como no caso daquelas que apresentam relações circunstanciais Ao analisar sintaticamente a construção Longe da vista longe do coração Jolles11 1976139140 afirma não ser possível considerála um período paratáxico simétrico pois nenhuma das partes possui sujeito complemento ou predicado Também não vê o autor sentido em considerála uma oração comparativa e sua principal mas uma sobreposição clara em que a subordinação não é cabível sendo assim um caso de hipotaxe Segundo Mathiessen Thompson 1988 275 a teoria gramatical pouco tem abordado a subordinação como estrutura do discurso em que as subordinadas aparecem sugerindo não ser possível definir a subordinação só no nível da sentença 11 Cabe ressaltar que essa observação de Jolles foi feita no ano de 1930 na Alemanha Longe dos estudos de caráter funcionalista o autor já diferenciava parataxe subordinação e hipotaxe como processos diferentes de composição do período 34 pois é o discurso muitas vezes que aponta qual é a cláusula principal e qual é a subordinada Diante disso temse então o conceito da articulação hipotática para as partes constituintes de uma construção que apresentem uma relação circunstancial subordinadas adverbiais para a Gramática Tradicional e sejam relativamente dependentes ou melhor interdependentes entre si Mathiessen Thompson 1988283 O modo tripartite de articulação de cláusulas no complexo oracional proposto por Hopper Traugott 1993169 tem como base o reconhecimento de diferentes graus de integração sintática que de acordo com os autores possivelmente envolve um percurso unidirecional de gramaticalização dessas orações processo de caráter irreversível que compreende as motivações e o desenvolvimento de estruturas gramaticais gerais Sendo assim Hopper Traugott 1993169 propõem a seguinte esquematização para melhor explicitar os graus de dependência integração e tipo de ligação entre as cláusulas 35 QUADRO 3 GRAUS DE DEPENDÊNCIA INTEGRAÇÃO E TIPO DE LIGAÇÃO ENTRE CLÁUSULAS Parataxe independência Hipotaxe interdependência Subordinação dependência núcleo margem integração mínima integração máxima ligação explícita máxima ligação explícita mínima Temse então uma relativa independência e integração mínima entre as cláusulas paratáticas uma relativa interdependência e grau intermediário de integração sintática entre cláusulas hipotáticas e uma total dependência e integração máxima entre as cláusulas subordinadas ou seja há encaixamento margemnúcleo 32 A articulação de cláusulas adverbiais e sua ordem no discurso São vários os teóricos funcionalistas que abordam a articulação de cláusulas adverbiais dentro do discurso O que irá definir a relação entre cláusulas hipotáticas isto é o tipo de proposição relacional entre elas irá definir inclusive a inferência predominante podendo determinar também a ordem da cláusulasatélite em relação à articulação hipotática no discurso Embora sendo termos opcionais as cláusulassatélites segundo Dik 1978 apud Moura Neves 2006233 são sensíveis ao discurso Isso significa que são ligadas às escolhas do falante na busca natural pelo cumprimento de funções no enunciado É o caso das cláusulas adverbiais que funcionam como satélites visto que não são argumentos do predicado mas trazem informações adicionais à organização do enunciado 36 No caso específico das cláusulas hipotáticas adverbiais Givón 1990 apud Moura Neves 2006234235 sustenta uma função pragmática da ordem nessas construções considerando que as orações adverbiais antepostas ou as intercaladas exercem função de reorientação temática geralmente marcando rupturas temáticas no discurso Givón 1990 destaca o fato de que no geral os efeitos da posição da oração do tipo adverbial em relação à nuclear anteposta intercalada posposta se inserem no domínio pragmáticodiscursivo Segundo Haiman 1978 apud Moura Neves 2006234 as estruturas condicionais por exemplo são tópicos nas construções em que ocorrem sendo tanto as condicionais como os tópicos dados constituintes do ponto de partida para a informação O autor defende que em geral a motivação icônica da ordem nas orações articuladas é enunciar primeiro a informação que é mais velha e depois a que é nova O tópico discursivo para Moura Neves 200627 é uma entidade de estatuto teórico no modelo funcionalista sendo central nos estudos da referenciação a consideração da progressão referencial relacionarse à progressão tópica É em ligação com a progressão ou a manutenção desses referentes que se faz a progressão ou a manutenção dos tópicos discursivos que dirige o fluxo de informação sustentando a organização informativa do texto A atuação das cláusulas adverbiais como tópico frasal também evidencia a característica de elas operarem coesão discursiva ou seja marcar uma cláusula adverbial como tópico é explicitar seu papel de coesão discursiva como se fosse decorrente da organização e da perspectiva do discurso cf Decat 2001169 A seguir estabelecese uma visão panorâmica dos principais pressupostos funcionalistas com referência à ordem núcleosatélite no discurso o que mostra a 37 articulação de cláusulas adverbiais não apenas no nível do conteúdo mas também no nível proposicional cf Moura Neves 2006 236 QUADRO 412 A POSIÇÃO DA CLÁUSULA ADVERBIAL Para Haiman 1978 apud Moura Neves 2006236 as condicionais são tópicos nas construções em que ocorrem ele defende a motivação icônica da ordem nas orações articuladas em geral Traugott 1985 apud Moura Neves 2006236 hipotáticas temporais antepostas servem de moldura Thompson Langacre 1985 apud Moura Neves 2006235 estendem a característica de tópico para efetuar coesão discursiva a todas as orações adverbiais Chafe 1984 apud Moura Neves 2006235 Há um diferente efeito pragmático discursivo na posposição das adverbiais os satélites adverbiais geralmente funcionam como adendos afterthought O uso das construções adverbiais configura a criação de molduras frames criando espaços mentais para o conteúdo das porções nucleares conferindo a essas saliência ou realce enhancement nos termos de Halliday 1985196 Dessa forma a ordem dos elementos na relação núcleosatélite não só depende do tipo de proposição relacional que emerge dessa combinação mas também e em certos casos principalmente está sujeita à função discursiva da cláusula adverbial cf Decat 2001140 Decat 2001 143 ressalta o que chama de paralelismo entre a posição e o tipo de proposição relacional emergente fundamentado no princípio da iconicidade Isso significa dizer que é o tipo de proposição relacional inferência que irá determinar a posposição ou a anteposição da cláusula adverbial Além disso muitas vezes a ordem das cláusulas relacionase com a ordem dos eventos o que mostra o princípio da iconicidade na ordem dos eventos e nas funções discursivas 12 Quadro elaborado conforme Moura Neves 2006235236 38 Depois de análise de seu corpus a autora expõe as preferências de posição da cláusula adverbial da seguinte forma QUADRO 5 POSIÇÃO PREFERENCIAL GERAL DAS CLÁUSULAS ADVERBIAIS Anteposição Posposição Tempo NO DO DE NE Condição NO NE DO DE NO Concessão NO DE NE DO Propósito NO NE DO DE Motivo NE NO DO DE Modo DE NO NE DO Exclusão DO NO NE DE NO narrativo oral NE narrativo escrito DO dissertativo oral DE dissertativo escrito Portanto conforme visto geralmente as relações de tempo e condição levam à anteposição enquanto as relações de propósito motivo modo e exclusão determinam a posposição Cabe observar ainda que essa posição preferencial das cláusulas mostrouse mais ou menos frequente de acordo com o tipo de discurso em que se inserem cf Decat 2001144 A seguir temse algumas construções proverbiais em que a anteposição das cláusulas hipotáticas com relações circunstanciais de tempo e condição se mostra de fato mais produtiva que a sua posposição 1 Se P então Q Barba de mais de uma cor barba de homem traidor Paráfrase Se o homem tem a barba com mais de uma cor ele é traidor Circunstância Condição 39 2 Enquanto P Q A virtude remoça os velhos o vício envelhece os moços Paráfrase Enquanto a virtude remoça os velhos o vício envelhece os moços Circunstância Tempo 3 Se P então Q Comeu a carne rói o osso Paráfrase Se comer a carne rói o osso Circunstância Condição 4 Se P então Q Tudo que sobe desce Paráfrase Se alguma coisa sobe também desce Circunstância Condição 5 Quando P Q O gato sai o rato faz a festa Paráfrase Quando o gato sai o rato faz a festa Circunstância Tempo 6 Se P então Q Barriga cheia cara alegre Paráfrase Se a barriga está cheia a cara fica alegre Circunstância Condição A posposição ou a anteposição da cláusula adverbial na construção proverbial usada como título aponta também para a posição em que aparece a proposição de caráter circunstancial na própria articulação do texto se anteposta ou posposta conforme será demonstrado em 33 33 A articulação hipotática o uso de construções proverbiais no texto escrito A seguir apresentamse quatro trechos de textos integrantes do corpus deste trabalho que exemplificam a articulação hipotática no discurso bem como a 40 anteposição ou posposição da parte que expressa a proposição relacional na articulação discursiva nos mesmos moldes em que ocorre na construção proverbial No primeiro texto o uso do provérbio Um dia da caça outro do caçador possibilita observar pela paráfrase Se um dia é da caça o outro é do caçador que a anteposição da parte circunstancial no título encontra correspondência na própria articulação discursiva Há a anteposição da informação velha que ainda não tinha subido ao lugar mais alto do pódio este ano seguida da informação nova foi beneficiado justamente pelo azar de um dos favoritos da prova Esse fato possibilita observar que a relação hipotática condicional evidenciada na paráfrase da construção proverbial que dá título ao texto se repete na própria estrutura discursiva Isso equivale a dizer que as combinações oracionais do tipo adverbial se fazem não apenas no nível do conteúdo mas também no nível proposicional e no conversacional cf Moura Neves 2006236 1 UM DIA DA CAÇA OUTRO DO CAÇADOR Se um dia é da caça o outro é do caçador O que acharam do GP do Canadá Se alguém pensou na palavra inesperado pensamos juntos Esse foi o circuito que posso chamar de o circuito da redenção Kubica que ainda não tinha subido ao lugar mais alto do pódio este ano foi beneficiado justamente pelo azar de um dos favoritos da prova httpwwwjblogcombrformula1phpitemid8814 Grifo nosso Por sua vez Traugott 1985 apud Moura Neves 2006234 afirma que as estruturas hipotáticas temporais antepostas servem de moldura para o conjunto de conhecimentos que se apresentam na oração nuclear É possível observar tal fenômeno no exemplo que se segue quando o uso de Faz a fama deita na cama permite pela 41 paráfrase Logo que fizer a fama deita na cama a constatação da proposição temporal que emerge das partes 2 FAZ A FAMA DEITA NA CAMA Logo que fizer a fama deita na cama Esse ditado diz de maneira muito clara que é importante trabalhar duro no começo da carreira e você deve continuar assim até que as pessoas reparem que você trabalha duro e é eficiente A partir desse momento ou seja tão logo você receba o carimbo de trabalhador e eficiente você pode relaxar Grifo nosso httpbdadolfoblogspotcom200711fazfamaedeitanacamahtml Portanto uma vez que a estrutura temporal esteja anteposta na construção proverbial usada no título do texto Faz a fama deita na cama esta servirá de guia para a sequência temporal que se dá na articulação discursiva e de moldura para a estrutura nuclear posposta Isso pode ser observado nos trechos correspondentes à quando se faz a fama você deve continuar assim até que as pessoas reparem que você trabalha duro e é eficiente usufruise dela tão logo você receba o carimbo de trabalhador e eficiente você pode relaxar Com relação às concessivas DanonBoileau et al 1991 apud Moura Neves 2006235 atribuem maior integração discursiva e menor integração sintática aos segmentos que atuam como tópico nas construções adverbiais A concessão é tida como essencialmente dialógica e é expressa canonicamente quando o segmento concessivo vem anteposto Tal afirmação se aplica ao próximo trecho do texto Casa de ferreiro espeto de pau em que se utiliza a construção prototípica deste trabalho Temse a estrutura concessiva anteposta na construção proverbial o que se evidencia pela paráfrase 42 Embora a casa seja de ferreiro o espeto é de pau também anteposta pelo valor inferencial que relaciona título e texto casa de ferreiro confissão de traficante e espeto de pauSe um traficante abordar alguma das minhas filhas eu mato ele 3 CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU Embora a casa seja de ferreiro o espeto é de pau Confissão de traficante numa delegacia Filha minha não usa droga Se um traficante abordar alguma das minhas filhas eu mato ele Declaração de traficante preso nesta quinta feira no Paraná Elnício da Silva Lima 52 anos pai de três filhas flagrado em casa com 700 gramas de maconha e 82 pedras de crack Grifo nosso httpjovempanuolcombrjpcampanhas3 Assim a integração da cláusula concessiva se estabelece mais pela função discursiva que pela sintática pois a relação entre as partes de Casa de ferreiro espeto de pau se dá por inferência na progressão textual Quanto à posição inicial ou final das cláusulas causais Matthiessen Thompson 1988306307 mostram que a posição inicial tende a ter uma função discursiva de orientador para o leitor de uma parte principal da mensagem enquanto que a posição final é menos comum para elementos com função de organizadores do discurso É possível observar essa estrutura em Rei morto rei posto no trecho a seguir A paráfrase de proposição causal que emerge das partes Porque o rei está morto outro rei assume a coroa orienta o leitor para a parte principal do texto A morte de Arafat poderá ser um começo um fim ou uma continuação que aponta para uma nova extensão que contém a possível solução para o problema apresentado na parte anteposta Depende de Ariel Sharon 43 4 REI MORTO REI POSTO Porque o rei está morto outro rei assume a coroa A morte de Arafat poderá ser um começo um fim ou uma continuação Depende de Ariel Sharon Hoje sem Arafat nem líder que possa substituílo dependerá única e exclusivamente do pragmatismo que puder explicitar e fazer gala o governo Sharon que a morte de Arafat seja o fim de uma era manchada de sangue ou a continuação incrementada da violência atual httpwwwmidiaindependenteorgptblue200411294496 Os casos antes relacionados exemplificam plenamente o que Decat 2001 143 denomina de paralelismo entre a posição e o tipo de proposição relacional emergente fundamentado no princípio da iconicidade13 Este princípio se mostra especialmente produtivo quando há o uso de construções proverbiais no discurso escrito A ordem anteposta das cláusulas14 de valor circunstancial estabeleceuse como uma função da ordem dos eventos no âmbito das funções discursivas Em oposição às colocações sobre a anteposição das cláusulas adverbiais há um diferente efeito pragmáticodiscursivo em sua posposição pois com frequência os satélites adverbiais funcionam como adendos isto é como segmentos trazidos pelo falante após pausa que indicaria encerramento do ato de fala cf Moura Neves 2006 234235 Isso é facilmente observável em algumas estratégias publicitárias em promoções do tipo leve três pague dois em que a posposição da cláusula circunstancial encerra o ato de fala com uma condição leve três se pagar dois Também a nuclear canônica serve estrategicamente de atrativo para os objetivos mercadológicos de venda 13 Relação entre as estruturas linguísticas e as estruturas de significação 14 Consideradas cláusulas a partir de suas paráfrases 44 Independente de tais observações Decat 2001140 ressalta que essa aparente liberdade de anteposição ou posposição da parte de caráter hipotático se mostra como tipicamente preenchedor de margens Continua a autora seu raciocínio afirmando que a cláusula adverbial é um tipo de adjunto um preenchedor sintático nos termos de Kato Tarallo et al 1993253 apud Decat 2001141 que ocorre nas fronteiras de um constituinte a saber o núcleo da relação núcleosatélite isto é a cláusula ou o conjunto de cláusulas com que a adverbial se articula Mesmo que tal posicionamento não seja discutido neste trabalho observouse que o fato de certos tipos de discurso permitirem determinadas proposições relacionais abarca perfeitamente os casos em que se inserem as construções proverbiais justapostas de caráter adverbial 45 4 NOVAS PROPOSTAS PARA A JUSTAPOSIÇÃO DE CLÁUSULAS Os funcionalistas Hopper Traugott 1993172174 consideram que o tipo de relação mais simples que ocorre entre duas cláusulas é a justaposição processo em que a relação entre as cláusulas é explicitada sem conectivos constituindo assim uma relação implícita pois seu elo está implícito Assim a relação semântica entre os núcleos das cláusulas justapostas careceria de processos inferenciais para que o elo entre as partes se formasse Para os autores a relação entre as cláusulas justapostas pode se dar pela entonação ou por dividirem um único sujeito lexical sendo este último um fenômeno da parataxe também chamada de parataxe sem conectivo explícito como é o caso da famosa frase de César Vim vi venci Tratase de três cláusulas autônomas em que cada uma delas constitui um núcleo Porém é possível considerála como uma única frase com vários núcleos porque a pontuação representa uma única unidade ou seja tem um único contorno de entonação cf Hopper Traugott 1993172 A justaposição também é um processo que Hopper Traugott 1993172 consideram existir na hipotaxe quando se tem cláusulas adjetivas relativas e orações adverbiais cujas relações proposicionais entre as cláusulas se dão por inferência 41 A importância do processo inferencial na articulação hipotática justaposta Segundo a gramática cognitiva que defende a linguagem como meio de conhecimento e em conexão com a experiência humana no mundo as estruturas frasais nãocentrais se relacionam com estruturas centrais em que a relação entre forma e significado é regular e direta originando a correspondência entre a forma e o significado que apresentam Sendo assim as partes de uma estrutura sintática se relacionariam em duas estruturas uma linguística e uma outra do significado construído dentro dos múltiplos contextos em que um sujeito possa estar inserido e não 46 de forma préconcebida sendo a linguagem o meio pelo qual se faz esta construção de mundo em contextos discursivosituacionais Essa análise dos fenômenos linguísticos se dá então a partir das relações entre linguagem cognição e contexto de uso real Em uma abordagem de caráter funcionaldiscursivo Rodrigues Santos e Matos 2006139 ressaltam que uma cláusula adverbial além de uma função gramatical tem uma função discursiva Considerase que a combinação de orações envolve o aspecto da organização do discurso Como se vê independente da proposta teórica adotada não se pode desprezar o contexto discursivo ao se considerar uma estrutura específica sob pena de prejuízo de seu significado É um processo que se dá na relação com o meio formando conexões que estruturam o raciocínio naquela situação específica Moura Neves 20061819 considera que um dos principais modelos funcionalistas é o de Halliday 1985 quando este fixa a noção de função como o papel que a linguagem desempenha na vida dos indivíduos visto que o enunciado parte das escolhas do falante para atender a um propósito específico na produção de significado Ser funcional então é depreender como a linguagem é usada ou seja perceber que tudo o que é dito ou escrito aparece em algum contexto de uso Dessa forma a linguagem se desenvolveu para satisfazer as necessidades humanas e o modo como ela se organiza é funcional com respeito a essas necessidades Halliday 1985 xiii 47 42 Relação de sentido entre partes sem conectivos a importância do contexto As relações de sentido se dão dentro dos múltiplos contextos em que um sujeito possa estar inserido sendo a linguagem o meio pelo qual se faz esta construção em contextos discursivosituacionais Conforme visto em 31 a formação de sentido é um processo que se dá na relação do sujeito cognoscente com o meio devendo assim se observar o emolduramento que sofre tal processo tanto pelo contexto como pelas práticas sociais e comunicativas o que se opõe à visão tradicional centrada no sujeito individual e isolado Considerando a linguagem como uma forma de expressar como se entende o mundo é possível que se tenha uma noção mais ampla da importância da interação individual com o coletivo pois o sujeito vai construindo seu mundo num processo de constante interação social Apesar do Funcionalismo não adotar um modelo cognitivista de gramática ele leva em conta o conhecimento do falante sua competência comunicativa linguística e seu conhecimento de mundo que interagem tanto com o componente cognitivo como com o comunicativo Na visão funcionalista de cognição a linguagem reflete processos gerais de pensamentos que os indivíduos elaboram ao criar significados adaptandoos às diversas situações de interação social Dessa forma os conceitos humanos associamse à época cultura e inclinações individuais apontadas no uso da linguagem O processo cognitivo se dá considerando a subjetividade e a singularidade do indivíduo como uma construção discursivosituacional cf Cunha 2006158 48 43 A articulação hipotática por justaposição Analisando estratégias de propaganda Decat 2001134 observa que O ponto forte dessa estratégia a combinação hipotática por justaposição reflete uma opção organizacional isto é opções de uso um arranjo do discurso de que se vale a propaganda para atingir o objetivo comunicativo O uso estratégico de cláusulas hipotáticas justapostas anteriormente citado por Decat 2001 pode ser conferido em apelos publicitários do tipo 1 Comprou ganhou Para produtos que trazem brindes anexos 2 Leve três pague dois Para produtos que vêm em embalagem tripla 3 Abriu tá pronto Para produtos que dispensam cozimento 4 Usou ganhou Geralmente para estimular o uso de cartões bancários Podese depreender assim a relação de condicionalidade em 1 Se comprar ganha e em 2 Leve três se pagar dois uma relação de tempo em 3 Logo que se abre está pronto e de causa em 4 Porque usou ganhou O caráter adverbial implícito de algumas construções justapostas pode ser observado também nas construções a seguir retiradas do livro Provérbios máximas em 7 idiomas em que se mostram por meio de paráfrases as relações sintático semânticas do tipo se P então Q embora P então Q quando P então Q Logo após o quadro seguemse as interpretações das fórmulas fixas 49 QUADRO 6 O caráter adverbial implícito em construções proverbiais justapostas Fórmula Fixa Paráfrase Relação 1 Abre a tua bolsa abrirei a minha boca Se abrires a tua bolsa abrirei a minha boca Condição 2 Ajoelhou tem que rezar Se ajoelhar tem que rezar Condição 3 Barriga cheia cara alegre Se a barriga está cheia a cara fica alegre Condição 4Cachorro que ladra não morde Embora ladre o cachorro não morde Concessão 5Cabeça vazia oficina do diabo Quando a cabeça está vazia vira oficina do diabo Se a cabeça está vazia vira oficina do diabo Porque a cabeça está vazia vira oficina do diabo Tempo Condição Causa 6Boa mocidade boa velhice Se a mocidade é boa a velhice será boa Condição 7A soldado novo cavalo velho Porque o soldado é novo recebe cavalo velho Se o soldado é novo recebe cavalo velho Causa Condição Interpretações das fórmulas fixas 1 O dinheiro é capaz de comprar informações 2 Quem se compromete a fazer algo deve levar sua palavra a termo 3 O alimento faz com que o humor melhore 4 Quem muito fala e promete nada cumpre 5 Quem não tem ocupação acaba se metendo em encrencas 6 Ter uma vida regrada e saudável na juventude antecede uma velhice boa 7 Quem é novato em alguma atividade deve se esforçar para alcançar um posto melhor Logo é possível observar pelas paráfrases das construções anteriores que o caráter adverbial implícito entre as partes se mantém independente da presença do 50 elemento conjuntivo Nesse sentido a articulação hipotática por justaposição seria uma opção organizacional do discurso em que importa mais o tipo de proposição relacional inferência que emerge da articulação das partes da construção do que a presença de um conectivo formal entre elas cf Decat 2001121 Conforme exposto em 32 é o contexto que definirá a natureza da proposição relacional fato que se confirma no caso do exemplo 5 no quadro anterior em que se pretende mostrar o caráter adverbial implícito nas construções proverbiais justapostas A construção Cabeça vazia oficina do diabo apresenta três possibilidades de proposição relacional de tempo de condição e de causa que só poderá ser definida ao se considerar o contexto discursivo em que estiver inserida Esse fato também pode ser observado no caso 7 pois a construção A soldado novo cavalo velho admite tanto a proposição relacional de condicionalidade quanto a de temporalidade Outro exemplo da importância do contexto na definição da proposição relacional que emerge nas construções justapostas pode ser obtido no texto X do corpus exposto em 62 cujo contexto aponta para uma relação de temporalidade Quando a cabeça está vazia vira oficina do diabo A importância do contexto na definição da proposição também fica evidente em 72 nos casos dos textos VIII e IX do corpus quando a proposição da construção re escrita Casa de ferreiro espeto de ferro se define pelo contexto discursivo como causal para aquele e condicional para este Assim para análise das construções prototípicas deste trabalho adotase o conceito de justaposição como o modo pelo qual as cláusulas são dispostas em construções em que a relação de circunstância entre elas é percebida por processos inferenciais e não somente pela ausência do conectivo como formalmente caracteriza a 51 tradição gramatical Contudo o que vai decidir qual aspecto da proposição relacional é mais relevante é o contexto discursivo conforme abordado em 42 e ratificado em 72 bem como a função discursiva da cláusula hipotática adverbial esteja ela justaposta ou com conectivo conjuntivo cf Decat 2001139 52 5 RELAÇÕES HIPOTÁTICAS COM OU SEM CONECTIVOS Afirmam Hopper Traugott 1993177 que as línguas dispõem de uma ampla variedade de técnicas para ligar cláusulas Tais técnicas variam de formas e expressões que vão desde itens lexicais até afixos que indicam subordinação cuja origem é completamente desconhecida embora generalizações significantes sobre seu surgimento possam ser feitas Para Paul 1986 apud Gonçalves et ali 200792 as conjunções ou palavras de ligação em sua terminologia derivam historicamente de advérbios conjuncionais ou de alguns usos de pronomes conjuncionais itens que já serviam para ligar orações antes mesmo de se formarem em conjunções propriamente ditas Esse papel de advérbios e pronomes na formação de conectivos também é defendido por Said Ali 1964 apud Gonçalves et alii 200792 quando este afirma que serviram para este fim advérbios e também pronomes do tipo relativo interrogativo e por Câmara Jr 1975 apud Gonçalves et alii 200792 quando este afirma que geneticamente a conjunção coordenativa é sempre um advérbio Para Koch 199285 existem dois tipos básicos do que a autora chama de elementos de conexão interfrástica os conectores de tipo lógico e os encadeadores de tipo discursivo Enquanto aqueles apontam o tipo de relação lógica que o locutor estabelece entre o conteúdo de duas proposições estes estruturam os enunciados em textos por meio de encadeamentos sucessivos No entanto em ambos os casos evidenciase que tanto o uso de conectores de tipo lógico quanto de encadeadores de tipo discursivo são opções de uso do falante para atender a seus objetivos comunicativos em dada situação Mesmo não sendo objeto deste trabalho de pesquisa cabe ressaltar o fato de 53 muitos dos elementos usados na articulação de orações estarem envolvidos em processos de gramaticalização15 De acordo com o comportamento desses elementos nos enunciados verificase que eles podem ser colocados em vários pontos de escalas segundo os diferentes estágios em que se encontram no processo que leva ao estatuto de conjunção cf Moura Neves 2006259 Assim na gramaticalização os processos de acomodação sofridos por entidades da língua levam a uma organização que reflita o complexo de relações existentes na base sendo uma extensão gradual do uso de uma entidade original sem envolver princípios especiais com referência única à morfossintaxe mas como um subconjunto dos processos de mudança da linguagem em geral Quanto a isso Barreto 1999 faz um percurso relativo à origem das classes de palavras que vai desde a visão dos gregos perpassa a Idade Média o Renascimento chega ao século XIX e por fim a autores mais atuais Nesse sentido é importante localizar a classe das conjunções no conjunto das demais classes de palavras e sobretudo verificar não só a concepção de diversos autores a respeito dessa classe através dos tempos mas também a função por eles atribuída aos itens conjuncionais ao lado de outros elementos conectores Barreto1999168 Sobre elementos conectivos consideram Halliday Hasan 1976227 apud Moura Neves 2006223 que a conjunção ou junção é um processo textual de relação semântica pelo qual se especifica a conexão entre o termo antecedente e o posterior em um enunciado conexão que abrange diversos tipos de estruturação de superfície grifo nosso 15 Caminho percorrido por uma palavra ao longo do qual ela muda de categoria sintática recebe propriedades funcionais na oração sofre alterações semânticas morfológicas e fonológicas e inclusive desaparece como consequência de uma cristalização extrema Castilho 2002128 54 Os autores consideram de um modo geral quatro tipos de conjunção ou junção aditiva incluindo alternativa adversativa causal incluindo razão propósito resultado etc e temporal Essas conjunções se estabelecem tanto no conteúdo do que está sendo dito maior ligação com a função experencial da linguagem como no desenvolvimento da argumentação maior ligação com a função interpessoal da linguagem Portanto tratase de um conjunto de relações semânticas entre orações explicitadas por elementos ditos conjuntivos como as conjunções16 Entretanto os elementos conjuntivos não são coesivos por si mesmos mas de forma indireta pois o significado deles pressupõe a presença de outros elementos no discurso cf Moura Neves 2006 223 Assim na análise funcionalista os elementos conectivos apresentam os níveis predicacional complementos sintáticos proposicional semântico e ilocucional pragmático além dos diversos ângulos que envolve a atividade linguística incorporando seus elementos sintáticos semânticos e pragmáticos cf Moura Neves 2006 226 Em seguida temse um quadro com algumas conceituações segundo as quais os elementos conectivos derivariam de advérbios QUADRO 7 ELEMENTOS CONECTIVOS DERIVADOS DE ADVÉRBIOS Autor Conceito Paul1986 palavras de ligação que derivam historicamente de advérbios conjuncionais ou de alguns usos de pronomes conjuncionais Said Ali 1964 serviram para este fim advérbios e também pronomes do tipo relativointerrogativo Câmara Jr 1975 geneticamente a conjunção coordenativa é sempre um advérbio 16 Pelo fato do termo conjunção não atender mais a relação desses elementos para fins deste trabalho adotase a expressão elementos conjuntivos por esta abarcar grande número de conectores intrafrasais 55 51 Os elementos conjuntivos nas relações hipotáticas Nas relações hipotáticas os elementos conjuntivos têm natureza distinta da natureza dos elementos que estabelecem a subordinação nas chamadas orações substantivas e nas adjetivas restritivas Tal fato pode ser observado pelo grande número e pela facilidade de criação de novas locuções que exercem o papel de articuladores de relações hipotáticas Outro fator relevante no que tange à natureza dos elementos conjuntivos nas relações hipotáticas é o fato de na língua não ter havido formação de conjunções nem de locuções conjuntivas gramaticalizadas integrantes o que é comum na hipotaxe ou seja na articulação entre cláusulas nucleares e cláusulas adverbiais cf Moura Neves 2006258259 Assim a natureza dos elementos conjuntivos na hipotaxe explicase pela própria natureza das relações entre si em uma visão funcionaldiscursiva e não pela sua estrutura como na visão tradicional A articulação das cláusulas hipotáticas então está sujeita à organização discursiva e não à integração sintática visto que a hipotaxe é um tipo de articulação de cláusulas em que é possível verificar como se dá a relação núcleo satélite sendo as cláusulas adverbiais a parte periférica Portanto as opções organizacionais do discurso refletem a decisão do usuário da língua ao transmitir as proposições implícitas e ao relacionar as explícitas O parâmetro esclarecedor das relações entre as estruturas articuladas é a posição da cláusula hipotática que se dá segundo a sua função discursiva cf Decat 2001140 56 52 Relações hipotáticas implícitas Com vistas à relação que existe entre cláusulas que se articulam entre si Mann Thompson 1983 e 1985 e Thompson Mann 1987 apud Decat 2001120 trabalham com a noção de proposições implícitas a que chamam de proposições relacionais que constituem inferências17 que emergem da articulação de cláusulas e servem para relacionar duas cláusulas quer estejam ou não adjacentes podendo servir de base para outras inferências Logo não se trata de relações explicitadas por um conectivo conjuntivo nos termos de Decat 2001121 pois o significado da inferência pode não ser explicitado mesmo com a presença deste Para Thompson e Mann 1987 apud Decat 2001120 então a maneira como as cláusulas se articulam é um reflexo da organização discursiva como um todo pois entre elas estariam as mesmas relações presentes na totalidade do discurso como antes exemplificado em 33 Assim para Decat 2001122 fica clara a diferença de proposição relacional entre os casos que se seguem Por exemplo 1 aponta para uma relação de condição conforme a paráfrase Eu levava uns travesseirinhos caso não tivesse ônibus leito 2 é exclusivamente temporal Quando eu fui falar eu já estava empregado 1 claro que eu levava uns travesseirinhos quando não tinha LEIto ônibus LEItoessas coisas NDO4F15272274 Paráfrase Eu levava uns travesseirinhos caso não tivesse ônibus leito 17 O significado que emerge nos termos de Decat 2001120 57 2 Então quando eu fui falar eu já tinhajá tava empregado NDO3M12428430 Paráfrase Quando eu fui falar eu já estava empregado A análise tradicional da conjunção portanto não é suficiente para a decisão de qual das inferências é predominante pois isso só se dá no nível do discurso No caso específico do quando pode estar ocorrendo o esvaziamento semântico desse elemento conjuntivo tanto na oralidade quanto na língua escrita Dessa forma afirma Decat 2001123124 que a perda da carga lexical por parte do conectivo conjuntivo vem não só corroborar a postulação de que a relação adverbial é dada pela proposição relacional que emerge entre as cláusulas como também reforçar a relevância de uma análise que leve em conta tais inferências Além disso mesmo nos casos em que não é possível recuperar o conectivo isso não impede que a relação adverbial se dê na articulação das cláusulas como exemplifica Decat 2001133 3 aí eu deiteieh apaguei a luz acabei de estudar apaguei a luz NDO8F3011441145 Paráfrase Quando acabei de estudar apaguei a luz 4 tinha que ter um assunto qualquer e eu peguei esse NDO7M19692696 Paráfrase Porque tinha que ter um assunto eu peguei esse 58 Logo a ausência do conectivo não desfaz a relação circunstancial de tempo existente em 3 demonstrada pela paráfrase Quando acabei de estudar apaguei a luz nem a relação circunstancial de causa que emerge em 4 o que se confirma pela paráfrase Porque tinha que ter um assunto eu peguei esse evidenciando o que se chamou anteriormente em 43 de articulação hipotática por justaposição Importa desse modo o tipo de proposição que emerge da articulação de cláusulas e não a marca lexical dessa relação pois o reconhecimento da relação hipotática se dá mesmo com a ausência do conectivo conjuntivo Portanto se importa o tipo de proposição emergente e não necessariamente a presença do conectivo conjuntivo para que se determine a inferência predominante na articulação hipotática então as proposições existem independentemente do item lexical confirmando assim a existência da relação hipotática adverbial por justaposição cf Decat 2001131 59 6 AS CONSTRUÇÕES PROVERBIAIS GÊNERO E TRADIÇÃO DISCURSIVA Ao discutir gêneros de textos Bronckart 1999137 considera o texto como toda unidade de produção verbal que veicula uma mensagem linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito de coerência em seu destinatário o que o torna uma unidade comunicativa Ainda segundo o autor na escala sóciohistórica os textos são produtos da atividade de linguagem em uso permanente nas formações sociais por conta de seus interesses objetivos e questões específicas constituindo espécies diferentes de textos com características quase estáveis justificando serem chamados de gêneros de textos Os provérbios sempre fizeram parte das culturas humanas desde suas mais remotas origens Os hieróglifos do antigo Egito já registravam a ocorrência de provérbios partes do saber de Sócrates e Aristóteles estão expressas na forma de provérbios a Bíblia contém milhares de provérbios muito do que se sabe da milenar cultura chinesa foi transmitido ao longo de gerações na forma de provérbios e o alcorão é a maior fonte de provérbios árabes Logo os provérbios tipificam a cristalização dos produtos das relações humanas com o meio relações estas elaboradas e negociadas pelas gerações precedentes como em uma construção histórica permanente cf Bronckart 199938 60 61 Fórmulas fixas e unidades informacionais Geralmente identificase uma construção como uma unidade linguística maior do que uma palavra Com base nos trabalhos construcionistas18 de Fillmore 1985 apud Ribeiro 200755 Goldberg 1995 apud Ribeiro 200755 Kay Fillmore 1999 apud Ribeiro 200755 e Croft 2001 apud Ribeiro 200755 Ribeiro 200755 ressalta que todas as construções da língua mesmo as mais marginais e idiomáticas podem e devem ser sistematicamente descritas tendo em vista suas propriedades sintáticas semânticas e idiomáticas podendo e devendo ser sistematicamente descritas considerando suas propriedades sintáticas semânticas e pragmáticas As construções já convencionalizadas pelo uso cujo significado não pode ser extraído unicamente da significação isolada ou conjunta de suas partes recebem o nome de fórmulas fixas Dentro desse conceito visto a relação entre as partes da construção prototípica deste trabalho Casa de ferreiro espeto de pau por exemplo parece que a mesma não ter relação com o seu significado agir de forma diferente do que se propaga como ideal caracterizandoa como uma fórmula fixa cf Ribeiro 200756 Assim como os teóricos construcionistas que dividem as fórmulas fixas em três níveis sintático semântico e pragmático Ribeiro 200755 explica que no nível sintático a convencionalidade dessas fórmulas ocorre em termos de configuração formal isto é diz respeito à consagração em termos de combinação e de ordem caso em que se inserem as construções proverbiais de caráter circunstancial 18 Para a gramática de construções uma construção é uma unidade com forma e significado cujos aspectos de sua forma e de seu significado nem sempre estão previstos pelos elementos individualmente presentes em sua composição nem por outras construções preexistentes na língua Goldberg 19954 apud Ribeiro 200755 61 Para fins de ilustração a autora destaca que a fórmula fixa Ter a faca e o queijo na mão por já ter sido consagrada pelo uso acaba por não admitir a substituição de um dos termos da construção por um vocábulo de significado semelhante como por exemplo Ter o talher e o queijo na mão Por sua vez a ordem também resulta de convenção quando parece estranho dizer Ter o queijo e a faca na mão Da mesma forma também pode ser fruto de convenção o significado suscitado a partir de imagem instaurada por uma fórmula fixa como é o caso de pôr água na fervura cuja imagem aponta para apaziguar os ânimos Assim mesmo fora de contexto os enunciados cristalizados recriam a situação em que estão inseridos Por exemplo a frase Roupa suja lavase em casa denominaria para o interlocutor que há uma pessoa alertando a outra sobre a qualidade da discrição De modo geral máximas frases feitas e provérbios exemplificam exatamente o que estamos descrevendo como unidades linguísticas convencionais ou fórmulas fixas cf Ribeiro 200757 Grifo nosso Com relação à construção gramatical Lakoff 1987467 afirma que se trata de um par formasentido F S em que F é um conjunto de condições da forma sintática e fonológica e S é um conjunto de condições de significado e uso Portanto as construções seriam as estruturas de sintagmas estabilizados ou fórmulas fixas como lexemas e expressões idiomáticas segundo os próprios estudos de Lakoff 1987 Fillmore 1979 apud Lakoff1987467 e Langacker 1987 apud Lakoff1987467 Cabe ressaltar também que Erman e Warren 19983 apud Dias 2002114 em seus estudos sobre o ensino de expressões idiomáticas a falantes nãonativos do inglês argumentam que as línguas estão repletas de palavras agrupadas que são usadas como um item lexical único que os autores chamam de prefabs unidades préfabricadas 62 isto é uma combinação de pelo menos duas palavras escolhidas pelos falantes nativos em detrimento de outras combinações alternativas que seriam equivalentes caso não houvesse a convencionalização O usuário da língua então tem a sua escolha um vasto número de expressões préfabricadas já memorizadas que constituem escolhas únicas embora possam parecer passíveis de análise segmentada Warren 20082 Um exemplo disso em língua portuguesa seria a unidade préfabricada enfiar o pé na jaca pois mesmo com a possível análise isolada de cada termo é somente como expressão única que seu sentido excederse em algum comportamento ou atitude se concretiza também não sendo possível uma outra combinação alternativa como por exemplo enfiar o pé na maçã devido à convencionalização Hopper 1998166 apud Warren 20082 opõese à abordagem geral que acentua a singularidade de cada expressão como se fosse completamente nova e sugere que a linguagem cotidiana na sua quase totalidade é construída de partes pré fabricadas Além disso segundo Warren 2008 destacase a questão da economia de esforço no uso da língua Para a autora recuperar mais ou menos combinações de palavras exige menos esforço mental que compor no momento do uso uma nova expressão palavra por palavra daí o uso das unidades préfabricadas Quanto ao caráter semântico das construções analisadas Chafe 19882223 chama de unidade informacional toda a informação passível de manipulação pelo falante em um único foco de consciousness ou estado de consciência Kato 198535 apud Decat 199928 que estaria contido nessas unidades 63 Portanto a unidade informacional sendo um bloco de informação expressa o que está na memória de curto termo noção que explicaria o comportamento de certas orações adverbiais que aparecem desligadas da oração núcleo ou matriz chamadas de orações desgarradas por Decat 2007139 Se uma cláusula não constituir um enunciado portanto não poderá ser chamada de unidade de informação pois precisa estar estruturalmente encaixada em outra Ao contrário se uma cláusula por si só constitui uma unidade de informação ela será uma construção hipotática ou seja uma opção de organização do discurso Dessa forma sendo as construções proverbiais justapostas entendidas como lexias de leitura fixa ou fórmulas fixas no sentido de expressões préfabricadas que são unidades linguísticas sintática semântica e pragmaticamente convencionalizadas podese considerar a existência de duas unidades informacionais na construção prototípica ou seja na fórmula fixa Casa de ferreiro espeto de pau a saber Casa de ferreiro e espeto de pau que se justapõem numa relação hipotática em que a força argumentativa se evidencia pelos seus contextos de uso e seu caráter por vezes moralizante por vezes didático conforme análise a ser exposta em 72 62 Provérbio historicidade e tradição discursiva Os provérbios constituem construções que apresentam um conteúdo moralizante formando enunciados tomados como de aplicação universal e tendo seu uso exclusivamente nas relações sociais Ferreira 2008402 define provérbio como sentença de caráter prático e popular expressa em forma sucinta e geralmente rica em imagens máxima dito ditado refrão rifão anexim adágio Geralmente os 64 provérbios não trazem registro de data ou autor somente a sabedoria e o uso popular os mantêm em uso Em toda a história dos provérbios a sabedoria prática contida neles vem da experiência das pessoas mais velhas pois são elas que em sua vivência acumulada no decorrer dos anos repetem às gerações mais jovens estas fórmulas transmissoras de saber expressando a sabedoria popular acumulada no tempo e passada de uma geração à outra Encerrase aí portanto uma dupla dimensão a précompreensão e a historicidade possuindo as estruturas proverbiais também uma dimensão espaço temporal no momento em que se difundem de um lugar para outro transpõem as distâncias geográficas e atravessam os séculos Para Souza 2001 xii o provérbio aplicase a toda maneira antiga aguda sucinta e metafórica de exprimir verdades palpáveis de conteúdo moral ou prático e de veiculação popular revestindose com uma aparente simplicidade de componentes bastante diversos O provérbio expressa um pensamento uma opinião um conselho uma advertência um princípio um ensinamento uma norma de conduta É a expressão linguística do fazer e do viver humano Faz parte da tradição de um povo como algo universalmente aceito como verdade indiscutível como evidência incontestável Em termos de função comunicativa o provérbio é cheio de significados apresenta expressões bem formadas que se estruturam em frases curtas de estrutura binária permitindo que estes se gravem facilmente na memória e sejam repetidos nas diversas situações interativas de uma comunidade Nesse sentido o provérbio abrange as nuances peculiares da cultura de cada povo entra no domínio da coletividade e passa a integrar a tradição oral popular 65 explicitando verdades na forma linguística de cada povo O provérbio surge de uma tradição discursiva oral que Seiler 1922 apud Jolles 1976137 chama locução proverbial dependendo sua atualização de algum indivíduo para que se transforme então em um gênero Portanto a locução proverbial guardaria as características de uma tradição que se atualizaria em um gênero textual chamado provérbio ou seja nesta visão o gênero é o emprego universal coletivo e atualizado de uma tradição que surge de uma locução individual Como exemplo de tal tradição Jolles 1976138 cita a locução proverbial tempestade num copo dágua atribuída a Montesquieu que sofrera algumas atualizações até sua atualização final como provérbio universal Ao ser atualizado o provérbio põe à luz algo que é verdade previamente existente na mente humana O seu estar prévio na mente de cada indivíduo possibilitalhe assim aceitabilidade universal pois a verdade por ele traduzida estendese no tempo e aos mais variados lugares aplicandose a muitos indivíduos Mesmo se propagando também pela forma escrita é por excelência na oralidade que as construções proverbiais preservam sua expressão mais forte No intuito então de verificar até que ponto os provérbios estariam se atualizando segundo o conceito de Kabatek 2004 8 para tradições discursivas como a repetição de um texto ou de uma forma textual ou de uma maneira particular de escrever ou falar que adquire valor de signo próprio foi preparado um questionário para uso específico nesta verificação entendendose que o conceito citado anteriormente inclui qualquer intencionalidade comunicativa eou conteúdo expressos em formas que pela sua repetição estabelecem uma relação de união entre atualização e tradição opcit como agradecimentos cumprimentos informações etc 66 No anexo deste trabalho estão os questionários aplicados a um grupo de dez jovens entre 15 e 19 anos de escolas públicas e particulares que permitiram atestar mesmo em pequena amostra uma possível resposta para a questão aqui levantada Nestes questionários procurouse verificar tanto o conhecimento de provérbios a partir da construção Quem não tem cão caça com gato como o uso desta ou similares entre os usuários mais jovens Os questionários foram aplicados aleatoriamente na saída das escolas e o resultado obtido a partir das respostas dos alunos que frequentam o ensino médio 40 do sexo masculino e 60 do sexo feminino foi o seguinte 100 dos entrevistados souberam interpretar o provérbio de forma adequada ao seu significado 40 costumam ouvir provérbios ditos pela mãe outros 10 dos alunos ouvem do pai 30 dos estudantes ouvem a avó utilizar provérbios em seus discursos e 20 nunca ouvem esse tipo de construção de ninguém 50 dos que responderam à enquête disseram ouvir o provérbio Quem não tem cão caça com gato em situações em que é preciso se adaptar a alguma situação inusitada ou usar um produto em lugar de outro 30 dos resultados obtidos revelaram o uso em situações de conteúdo moralizante eou didático em que se quer chamar a atenção dos jovens para alguma lição de vida e 20 não responderam Quando perguntados sobre conhecer outro provérbio com o mesmo significado do apresentado 80 deram resposta negativa 10 deram o exemplo Quem não tem colírio usa óculos escuros e 10 citaram Quem pode pode quem não pode bate palma Quanto a conhecerem outro provérbio 90 dos entrevistados citaram outros tipos de construções proverbiais diferentes da matriz do questionário e apenas 10 não conhecia nenhum outro Quando questionados se aprenderam os provérbios por meio de leitura ou por ouvir alguém falálos 100 dos entrevistados atestaram que os 67 aprenderam pela oralidade Porém com relação ao uso de provérbios por amigos da mesma idade 70 responderam que seus amigos não usam tais construções 10 responderem que os amigos de seu convívio não os usam muito e 20 responderam que há uso de provérbios por jovens amigos Assim constatouse que apesar das construções proverbiais não serem de uso constante entre usuários jovens estes têm acesso a elas por meio de pessoas mais velhas que fazem uso dessas fórmulas fixas na oralidade com ou sem o caráter moralizante que lhes é peculiar Após essa avaliação prática partiuse para o exame do acervo proverbial nas modernas línguas ocidentais o qual mostra a semelhança de conteúdo e de forma entre as construções apontando para uma fonte única de origem na língua latina remetendo ao que fora exposto por Kabatek 2005 161 O autor afirma que uma primeira abordagem poderia entender então as tradições discursivas como modos tradicionais de dizer as coisas modos que podem ir desde uma fórmula simples até um gênero ou uma forma literária complexaO traço definidor das tradições discursivas é então a relação de um texto em um momento determinado da história com outro texto anterior uma relação temporal com repetição de algo Grifo nosso Como algo o autor entende a repetição do texto inteiro ou simplesmente a repetição parcial ou até mesmo a ausência total de repetição concreta havendo somente a repetição de uma forma textual Para ele uma tradição discursiva implica sempre a repetição de algo no tempo mas o contrário não é certo nem todas as repetições de algo são tradições discursivas Kabatek 2005 161 ainda apresenta o processo comunicativo de escolha do enunciado no seguinte gráfico 68 Gráfico 1 Processo comunicativo de escolha do enunciado Dessa forma os enunciados tanto escritos quanto falados estão submetidos concomitantemente a dois filtros Por um lado o falanteescritor estabelece escolhas dentro do conjunto de regras e itens linguísticos disponíveis numa língua em particular e por outro lado ele submete a sua produção linguística ao filtro das tradições discursivas que lhe permitirá escolher o gênero textual que melhor se adapte ao seu objetivo comunicativo dentro do seu domínio discursivo 63 Provérbio gênero textual e domínio discursivo Percebese então uma abordagem que trata a língua em níveis discursivos e enunciativos e não necessariamente em seus aspectos formais dando à língua uma consideração de atividade social histórica e cognitiva Tais considerações proporcionam também aos gêneros textuais uma carga sóciocultural construída nos vários contextos de uso na comunicação humana sendo parte da própria evolução do homem Quanto ao contexto de uso defineo Tomasello 2003136 como uma espécie de meiodecampo um meiodecampo essencial de realidade socialmente compartilhada o mundo perceptual mais amplo e o mundo linguístico menos extenso 69 Dessa feita os vários gêneros textuais se constituem como ações sócio discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo ou seja seriam os elos entre um mundo a significar e o mundo significado Os gêneros textuais oportunizam o próprio uso da língua nos mais variados contextos incluindo os mais diferentes usos linguísticos dentro de gêneros também os mais variados possíveis Sem desprezo da forma cada gênero então apresenta características próprias de enunciação de contexto enunciativo e de intencionalidade discursiva Afirma Bronckart 1999103 que a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização de inserção prática nas atividades comunicativas humanas assumindo uma posição da qual compartilham muitos autores de que é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto Os gêneros são então instrumentos mediadores das atividades dos seres humanos no mundo Importa destacar que Bronckart 199915 abandona a noção de tipo de texto adotando a de gênero de texto e de tipo de discurso Os gêneros considera o autor são formas comunicativas romance editorial etc postas em correspondência com as unidades psicológicas que são as ações de linguagem Quanto aos tipos de discurso narração discurso teórico etc Bronckart opcit os considera como formas linguísticas mais específicas que entram na composição dos gêneros Também segundo Marcuschi 200222 é importante que se faça uma distinção entre gênero textual e tipo textual Este apresenta uma construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição ou seja os aspectos lexicais e sintáticos os tempos verbais e suas relações lógicas Cada tipo textual possui pistas linguístico discursivas características e as sequências linguísticas são norteadoras em sua 70 decodificação Quanto ao gênero o autor afirma que o compõem os textos encontrados em nossa vida diária formando um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas e que apresentam características sóciocomunicativas definidas determinadas pelo canal conteúdo estilo função e composição Com relação à diversidade continua Marcuschi 2002 os tipos textuais abrangeriam algumas poucas categorias conhecidas como narração descrição argumentação exposição injunção enquanto os gêneros são inúmeros textos materializados que encontramos em nosso diaadia inclusive os provérbios e máximas populares Em contrapartida Bronckart 1999137 sustenta que no contexto sócio histórico os textos são produtos da atividade de linguagem em funcionamento permanente nas formações sociais em função de seus objetivos interesses e questões específicas essas formações elaboram diferentes espécies de textos que apresentam características relativamente estáveis gêneros de textos que ficam disponíveis para os contemporâneos e para as gerações posteriores Já o domínio discursivo Marcuschi 200223 o define como uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana que não seriam textos nem discursos mas proporcionariam o aparecimento de discursos bem específicos Os domínios discursivos englobam as atividades enunciativodiscursivas de esferas sociais específicas ou seja o religioso o político o jornalístico não são gêneros mas originam vários deles Esses domínios não são textos nem discursos mas propiciam o surgimento de discursos bem específicos São então as atividades sociais que dão origem a vários deles constituindo práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um 71 conjunto de gêneros textuais Os domínios discursivos são as grandes esferas da atividade humana em que os gêneros como entidades comunicativas que são circulam em situações de comunicação bem definidas e reais Quanto aos provérbios defende Jolles 1976129 que numerosos provérbios se originam em meios profissionais bem definidos máximas militares anexins do artesanato ou do campesinato provérbios estudantis ou seja em domínios discursivos próprios o que reforçaria a importância da interatividade na construção de sentido em tais estruturas 7 PRODUZINDO SIGNIFICADO Entender que a linguagem não é autônoma seria pois não separar o conhecimento linguístico do conhecimento extralinguístico porquanto o conhecimento de mundo se liga às formas linguísticas Nessa visão a linguagem é estudada como um sistema para categorizar o mundo refletindo as capacidades cognitivas gerais e a experiência individual social e cultural dentro do processo interacional que envolve os interlocutores A princípio a linguagem humana se apresenta como uma produção interativa associada às atividades sociais Portanto primariamente a linguagem é uma característica da atividade social humana cuja função maior é de caráter comunicativo ou pragmático Bronckart 199934 A proposta funcionalista para uma construção de sentidos se opera no fazer do texto subordinandose o exame das manifestações linguísticas ao cumprimento das funções linguísticas por via da consideração dos propósitos que fundamentam os usos 72 da linguagem Moura Neves 200627 Dentro dos estudos semânticos afirma Austin 1965 apud Silva 200513 que a linguagem deve ser tratada como uma forma de ação e não de representação da realidade O sentido de um enunciado não pode ser estabelecido apenas através da análise de seus elementos constituintes Ao contrário são as condições de uso do enunciado que determinam o seu significado Também Koch 2003128 defende que é preciso pensar a linguagem humana como lugar de interação de constituição das identidades de representação de papéis de negociação de sentidos portanto de coenunciação Assim a linguagem não é somente uma representação do mundo e do pensamento ou um instrumento de comunicação afirma a autora mas sim uma forma de interação social 71 Novos usos das estruturas proverbiais reescritura e força argumentativa O provérbio é um gênero discursivo formado em sua maioria por estruturas curtas e binárias o que propicia sua memorização e estabelece uma estratégia de persuasão argumentativa que para Guimarães 2005 78 é o modo de convencer alguém sobre a verdade de certos fatos ou a necessidade de tomar certas atitudes Assim convencer ou persuadir seria induzir o outro à aceitação de algo que se acredita ser verdadeiro Quanto a isso também afirma Fiorin 200452 que a finalidade última de todo ato de comunicação não é informar mas persuadir o outro a aceitar o que está sendo comunicado A polifonia existe na enunciação de provérbios porque o enunciador apresenta sua enunciação como uma retomada de inumeráveis enunciações anteriores as de 73 todos os locutores que já proferiram aquele provérbio Maingueneau 2004 169 Para Koch 200363 o termo polifonia designa o fenômeno pelo qual num mesmo texto se fazem ouvir vozes que falam de perspectivas ou pontos de vista diferentes com os quais o locutor se identifica ou não Trazendo tais colocações para as situações de uso concretas percebese que os provérbios trazem em sua estrutura de significado a intenção de levar o interlocutor a refletir sobre o conteúdo expresso na estrutura linguística daí a necessidade de haver uso de força argumentativa em tais enunciados Conforme afirma Koch 200364 o uso de um provérbio produz uma enunciaçãoeco de um número ilimitado de enunciações anteriores do mesmo provérbio cuja verdade é garantida pelo enunciador genérico representante da opinião geral da vox populi do saber comum da coletividade É possível dessa forma compreender o uso da reescritura proverbial sobre a forma original ou paráfrase proverbial que segundo Ribeiro 2007193 requer uma continuidade semântica entre os elementos que são por ela aproximados Tratase de uma relação de equivalência de sentido entre dois enunciados sendo um deles a reformulação do outro ou não funcionando a paráfrase de modo a transferir para o discurso derivado a autoridade relativa ao texto fonte Ilari Geraldi199490 Do ponto de vista pragmático as construções proverbiais cumprem uma função moralizante podendo ainda serem utilizadas para influenciar o comportamento do receptor com função tanto assertiva quanto diretiva No processo de produção interpretação a forma linguística fornece as orientações para a interpretação realizada pelo falanteouvinte confirmando que o significante é uma pista para a construção de sentido Fauconnier 1994 74 Partindo do pressuposto de que serão as intenções de comunicação que irão determinar a escolha por uma ou outra estrutura da língua em determinada situação Tomasello 2003233 afirma que as escolhas são determinadas em grande medida pela avaliação que o falante faz das necessidades comunicativas do ouvinte e do que ajudaria a lograr o intento comunicativo e a partir de qual ponto de vista é necessário para a comunicação bem sucedida e efetiva Logo conforme exposto em 51 os enunciados estão submetidos ao que Kabatek 2005 161 representou graficamente como processo comunicativo de escolha do enunciado ou seja as escolhas feitas pelo falanteescritor dentro do conjunto de regras e itens linguísticos que lhe estão disponíveis em uma língua em particular são feitas de forma que se cumpra o objetivo comunicativo junto ao seu interlocutor 72 Metodologia e estudo de casos Os textos aqui analisados integram o corpus desta dissertação pertencendo a gêneros textuais e a domínios discursivos diferentes pois não era objetivo deste trabalho apresentar unidade temática mas pelo contrário apresentar diversidade de contextos de uso de construções proverbiais Os casos apresentados mostram a ocorrência de provérbios no título eou no corpo de alguns textos de domínios distintos seja em sua forma reescrita seja em sua fórmula fixa com ou sem manutenção da carga semântica original Contudo é possível destacar o valor circunstancial que emerge da construção justaposta na própria articulação discursiva 75 Os textos que integram o corpus deste trabalho foram retirados de sites diversos da internet conforme listado a seguir I ALEGRIA DE UNS TRISTEZA DE OUTROS httpwwwaspraorgbrindexphp II AMIGOS AMIGOS NEGÓCIOS À PARTE httpwwwbolsademulhercommulherinvestmateriaamigosamigosnegociosaparte313411ori III AQUI SE FAZ AQUI SE PAGA httpwwwjornaldeitupevacombrartigophpid060425033439 IV AZAR NO JOGO SORTE NO AMOR httpogloboglobocomblogsafrancesapostasptazarnojogosortenoamor V BRIGA DE MARIDO E MULHER NÃO SE METE A COLHER httpwwwlexcondominioscombrprincipalphpidmenunoticiasdetalhesid125 VI CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU httpjovempanuolcombrjpcampanhas3 VII CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU httpchiclettecombrnoticias2702Casadeferreiroespetodepau VIII CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO wwwtransanetfmptBRcontentscolunaseconomia200712041224098402756c3e4php42k IX CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO httpfatorwcom20070528casadeferreiroespetodeferro X CABEÇA VAZIA httpwwwsedesorgbrDepartamentosFormacaoPsicanalisecabecavaziahtm XI ENTRA O BEBER SAI O SABER httpguifpenteadospaceblogcombr162188ABebidaentraaVerdadesai XII FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO httpwwwpimeorgbrmissaojovemmjconsfrafarinhahtm XIII FAZ A FAMA DEITA NA CAMA httpbdadolfoblogspotcom200711fazfamaedeitanacamahtml XIV LONGE DA VISTA LONGE DO CORAÇÃO httpplanetasustentavelabrilcombrnoticiaambienteconteudo296675shtml XV OFICINA DO DIABO httpparaisotropicalglobocomNovelaParaisotropical0AA1573712829800html 76 XVI PATRÃO FORA DIA SANTO NA LOJA httpwwwhumornanetcomservletsitemitm1877modarqcat6 XVII REI MORTO REI POSTO httpwwwmidiaindependenteorgptblue200411294496shtml XVIII UM DIA DA CAÇA OUTRO DO CAÇADOR httpwwwjblogcombrformula1phpitemid8814 XIX UM É POUCO DOIS É BOM TRÊS É DEMAIS httpwwwletrascombrrenatoeseusbluecapsumepoucodoisebomtresedemais XX VÃOSE OS ANÉIS FICAM OS DEDOS httpwwwclicrbscombrblogjspdefaultjsp A idéia de reunir este corpus surgiu depois de uma pequena pesquisa informal apresentada em 62 feita com jovens entre 15 e 19 anos quanto ao uso de estruturas proverbiais Apesar de esses jovens não fazerem uso de tais estruturas eles também não as desconheciam devido ao uso que familiares mais velhos faziam delas em situações específicas de fala Visto que a oralidade já não é mais o meio pelo qual os provérbios parecem se propagar atualmente partiuse para a pesquisa no discurso escrito Em princípio o livro Provérbios e máximas populares em 7 idiomas por reunir um número expressivo de construções proverbiais pareceu ser o corpus ideal para este trabalho de pesquisa Todavia por se tratar de construções descontextualizadas logo se observou que não seria possível obter as constatações quanto às proposições relacionais que emergem de construções justapostas sem que as mesmas estivessem inseridas em um contexto de uso Nesse momento a procura por estruturas proverbiais justapostas na internet possibilitou a coleta de alguns textos que preservavam a relação circunstancial implícita entre título e conteúdo textual de forma que a estrutura proverbial resume no título a expectativa quanto ao texto em consequência do próprio efeito dessas estruturas que 77 nem sempre se mostrou moralizante mas também com efeitos de humor e informalidade no discurso escrito em que se inseriam Conforme mencionado anteriormente o corpus completo consta de 20 textos intitulados por provérbios em suas fórmulas fixas ou por reescrituras delas que serão apresentados e analisados qualitativamente a seguir Além disso também se indicam as paráfrases e as relações circunstanciais pertinentes a cada um deles Dessa forma pretendese explicitar o papel funcionaldiscursivo das construções proverbiais justapostas que apresentam articulação hipotática isto é que têm caráter circunstancial implícito e melhor exemplificar o tipo de proposição relacional inferência que emerge da articulação de suas unidades o que se dá também levando em consideração o contexto discursivo em que estão inseridas O grifo no corpo de cada texto tem por finalidade destacar tal proposição relacional cabendo ressaltar que foi mantida a redação original de cada texto sem nenhum tipo de correção de possíveis erros ortográficos de pontuação ou inadequações vocabulares por não ser este o foco deste trabalhoPortanto apenas se observou a confirmação ou não da articulação hipotática na ação discursiva e que proposição relacional emerge dessa articulação Neste primeiro texto a ser analisado temse o uso no título da construção proverbial Alegria de uns tristeza de outros que é a sua fórmula fixa Apesar desta não se repetir ao longo do texto podese depreender por meio de alguns trechos a correspondência implícita com as próprias unidades de informação constituintes da construção proverbial conforme em Alegria de uns oficiais e praças que no dia 25 de dezembro comemoraram a merecida promoção e em Tristeza de outros solidarizamos também com os inúmeros companheiros que estão se sentindo prejudicados Quanto ao valor da inferência o mesmo pode ser depreendido pela 78 paráfrase Enquanto uns se alegram outros se entristecem em que a proposição relacional temporal se evidencia I ALEGRIA DE UNS TRISTEZA DE OUTROS PROMOÇÃO ALEGRIA DE UNS TRISTEZA DE OUTROS A Associação dos praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais AspraPMBM cumprimenta os oficiais e praças que no dia 25 de dezembro comemoraram a merecida promoção Mais do que um presente de natal é um direito uma conquista É o resultado de um esforço cotidiano para cumprir as obrigações assumidas para com a Policia e o Corpo de Bombeiros Militar e com a sociedade Aos que foram promovidos os cumprimentos de toda a Diretoria e Conselhos Fiscal e Deliberativo da Aspra PMBM Lembramos e solidarizamos também com os inúmeros companheiros que estão se sentindo prejudicados mais uma vez pelas regras que orientam a promoção na Policia Militar e Corpo de Bombeiros Recebemos inúmeros emails telefonemas e visita de praças e oficiais que foram prejudicados pela legislação anterior que não abria vagas e pela atual que modificou as regras prejudicando alguns Em nome desses companheiros já encaminhamos documentos ao Comando Geral Coronel Junior participamos de audiência pública na Assembléia por convite do deputado Sargento Rodrigues e solicitamos uma reunião do Comandante Geral com uma comissão representativa dos Sargentos a fim de discutirmos este modelo e para que o mesmo pudesse ouvir e sentir com a sensibilidade que lhe é peculiar as angústias decepções e frustrações que ora afligem os militares no tocante às promoções O que levamos ao Comandante é público e reflete a angústia daqueles que estão vendo suas oportunidades serem perdidas por uma regra que não respeita a antiguidade impõe uma punição a duas pessoas pelo impedimento de uma que por razões até agora não explicadas impede a promoção por antiguidade a subtenente e tenente coronel e não respeitando o principio constitucional da presunção da inocência impede a promoção daqueles que estão subjúdice Lembramos ainda da exigência de que para CONCORRER ao processo seletivo do CHO o 2º Sgt PM com o CASP tenha pelo menos 06 seis anos na graduação No entendimento da Aspra 79 e da grande maioria dos 2º Sgts que digam todos aqueles que lograram êxito neste último processo seletivo e que estarão impedidos de matricularemse no CHO2009 por não terem sido promovidos à 1º Sgt PM é algo incompreensível não pela exigência em si mas sim por se tratar apenas uma data de corte sem qualquer explicação plausível e que todos entendam e compreendam justa e equânime Além do princípio legal ainda são muito questionados os critérios de avaliação e concessão de notas pela CPO e CPP Porque um militar recebe nota máxima da Unidade a que serve e recebe menos da CPO e CPP É preciso que estas avaliações sejam públicas ou continuarão a CPP e CPO por falta de transparência sob suspeita de promoverem por critérios pessoais A Aspra que muito tem lutado por melhorias e valorização dos Praças e Oficiais muitas delas transformadas em direito acredita no aperfeiçoamento das regras e critérios para a promoção de forma a não permitir o subjetivismo das avaliações e garantir que o direito e o esforço de todos sejam respeitados e valorizados A Aspra continuará com seu esforço para sensibilizar o alto Comando da PMMG e CBMMG no sentido de promover a alteração na legislação para permitir a promoção por antiguidade para subtenente e tenente coronel para que seja criada e aplicada uma regra que permita um tratamento justo principalmente para os que fizeram o CEFSCFS até 1996 e que foram prejudicados primeiro pela falta de vagas e segundo pela atual regra de posicionamento no almanaque por ano base de curso e percentual de promoção para os em condição e ainda para garantir o princípio Constitucional da presunção de inocência Feliz Natal a todos e que os que foram promovidos também possam fazer coro com as mudanças que tantos reclamam haja vista a notória e visível injustiça para com aqueles que mesmo com maior tempo na graduação não foram promovidos A todos os companheiros deixamos a mensagem de lealdade compromisso respeito e tenham a certeza nossa luta é incansável na busca do reconhecimento de nossos direitos Felicidades a todos militares da ativa reserva reformados aos familiares e pensionistas E mais uma vez lembramos Sem lutas não há conquistas Luiz Gonzaga Ribeiro SubTenente PM Presidente httpwwwaspraorgbrindexphpoptioncomcontentviewarticleid419 Portanto em Promoção alegria de uns tristeza de outros a concomitância dos 80 eventos se dá ao longo do texto cujo contexto discursivo aponta para a promoção de alguns militares a cargos superiores e para a falta de promoção de outros justificando a escolha do provérbio Alegria de uns tristeza de outros para intitulálo No próximo exemplo o uso do provérbio Amigos amigos negócios à parte também só se dá no título Contudo no corpo do texto é possível verificar passagens que correspondem às unidades de informação da construção como se verifica em Amigos amigos é preciso muito mais do que empatia e sentimentos sinceros e Negócios à parte um dos erros capitais de quem decide abrir um negócio em parceria é levar em conta apenas as afinidades com o candidato a sócio Ainda pela paráfrase Embora amigos negócios ficam à parte ou seja amizade e negócios não se misturam sendo possível perceber a proposição relacional de natureza concessiva II AMIGOS AMIGOS NEGÓCIOS À PARTE Por Renata Agostini em 16 052008 Abrir o próprio negócio requer boa dose de empreendedorismo e coragem mesmo quando os ventos sopram a favor da economia Ter um sócio para dividir os riscos da empreitada é o caminho escolhido por boa parte dos que decidem investir nesse sonho Mas para que a solução não se transforme em entrave para o bom andamento da empresa é preciso encontrar uma boa parceria E isso nem sempre é tarefa fácil Uma sociedade é quase como um casamento a diferença é que para ter um bom sócio é preciso muito mais do que empatia e sentimentos sinceros Porque um dos erros capitais de quem decide abrir um negócio em parceria é levar em conta apenas as afinidades com o candidato a sócio Uma das principais razões de falência de empresas é o desentendimento entre seus donos Ao firmar uma sociedade a pessoa tem que ser fria e calculista na análise do sócio e de seu próprio perfil Não minta sobre seu temperamento e como acha que os negócios têm de ser conduzidos Se você é teimoso é preciso dizer Até mesmo os horários em que cada um prefere chegar ao escritório podem ser motivo de conflitos futuros Se você gosta de chegar tarde é necessário 81 deixar isso claro Antes de firmar o contrato é importante simular algumas situações e analisar se há sintonia na tomada de decisões orienta Antônio César diretor da Acomp Consultoria e Treinamento É um casamento de idéias baseado na confiança e na ética Não vou dizer que é fácil porque nem sempre pensamos da mesma forma e é preciso ter um poder de persuasão enorme Meu amigo sócio httpwwwbolsademulhercommulherinvestmateriaamigosamigosnegociosaparte313411ori Neste caso o uso do provérbio Amigos amigos negócios à parte no título já foi norteador de que o texto transcorreria acerca da mistura nem sempre feliz entre negócios e amizade Assim o contexto discursivo vai apontar exatamente para a expectativa que o título causa no leitor preparandoo para o conteúdo didático a ser expresso na ação discursiva Já no texto III que se segue o emprego de Aqui se faz aqui se paga se dá tanto no título como no corpo do texto explicitando o uso intencional do provérbio Pelo contexto discursivo podese depreender o caráter moralizante desse uso e não didático como visto em II As passagens que comprovam a correspondência com as unidades de informação constituintes da construção proverbial são Aqui se faz uns ainda insistem em ouriçar a vida alheia buscando atingir o mais profundo íntimo de alguém e Aqui se paga e pagam caro por isso Quanto ao tipo de proposição relacional o contexto discursivo foi predominante para que se optasse pela relação de causalidade conforme a paráfrase Porque aqui se faz aqui se paga visto que também seria possível inferir uma relação de tempo Quando aqui se faz aqui se paga ou de condicionalidade Se aqui se faz aqui se paga de acordo com o que se pode observar a seguir 82 III AQUI SE FAZ AQUI SE PAGA Em 25042006 Por Luiz Carlos Izzo Quem já não ouviu essa expressão por muitas vezes Aqui se faz aqui se paga Quem seria o gênio farisaico que a inventou Pode ter sido um daqueles que questionavam o Nazareno a respeito de um suposto castigo imposto por Deus derrubando uma torre e matando por esmagamento a dezoito habitantes da região da Galiléia Deus havia se vingado da incredulidade dos galileus Logo os sobreviventes tinham que dar graças e converteremse Mesmo após uma imensidão de exemplos vivos que acabam castigando aquele que planta o mal muitos continuam regando tal plantação Dia a dia prezam por amaldiçoar o semelhante mas nunca pensam no que podem esperar na esquina seguinte da vida Covardes como aves de rapina uns ainda insistem em ouriçar a vida alheia buscando atingir o mais profundo íntimo de alguém que inveja e pagam caro por isso muitas vezes com a própria vida Outros ainda além de desejar o mal revestemse da carapuça enlameada e repleta de impurezas e posicionamse como donos da verdade Por cima ainda julgam como se fossem o próprio Deus Por que há tantos que gostam de colocar seus julgamentos na boca do Altíssimo Diria hoje Jesus para mostrar Seu desacordo total com o modo de pensar que transfere a Deus julgamentos humanos Para o Senhor Jesus Deus não se vinga a cada instante nem é amigo de enviar castigos a torto e à direito como se aprecia falar por aí Se alguém não está de acordo com meu pensamento e nem precisa estar é bom estar de acordo com as Escrituras Sagradas A paciência de Deus como a do agricultor não tem limites é capaz de esperar a vida toda para que nos convertamos ao amor e possamos dar uma resposta de amor voltando à frutificar Deus é o Paizinho Abba como dizia Seu Filho na Galiléia ser humano como nós pés na terra como todo ser humano O Pai de Jesus é Deus Maternal Isaías 4915 Misericordioso Carinhoso Cuidadoso cheio de compaixão cf Bíblia inteira é Paciente ao contrário de nós que estamos 83 sempre prontos para resolver nossa impaciência cortando a vida do irmão seja ou esteja ele próximo ou distante Que autoridade temos se o próprio Dono da vida e das árvores ameaçadas de esterilidade não nos quer exterminar dandonos sempre oportunidades para receber adubo para raízes fracas autorizando sempre a retirada das ervas daninhas que estão tirando o nosso viço para nos livrar da improdutividade e da morte Lá no ambiente generoso da Serra do Cipó lá nas Minas Gerais existe uma planta chamada velózia nanuza Pois bem ela é cheirosa e linda nascendo na fenda inóspita das pedras das encostas rochosas das colinas Que intenção divina esconde o Criador que faz brotar algo tão belo e perfumado da pedra bruta Pois é nisso que creio Da dureza dos nossos corações brota o impossível aos olhos dos incrédulos httpwwwjornaldeitupevacombrartigophpid060425033439 Dessa forma em Aqui se faz aqui se paga destacase um caráter moralizante que se confirma na própria proposição relacional de causalidade isto é para toda ação há uma reação e agir causando danos ao próximo traz consequências ao autor de tais atos prejudiciais No texto que se segue a escolha do provérbio Azar no jogo sorte no amor para o título já aponta para a provável história de alguém que apesar de malsucedido em alguma área de sua vida tem sucesso na vida amorosa Isso pode ser depreendido do próprio texto em passagens que evidenciam sua correspondência com as unidades de informação justapostas portanto Azar no jogo Pesquisa do instituto CSA para o jornal Le Parisien e a emissora iTélé mostra que a confiança no presidente em janeiro é de 48 uma queda de sete pontos em relação a dezembro e Sorte no amor Segundo o Journal du Dimanche a França terá primeiradama já no mês que vem O casório entre a cantora Carla Bruni e Nicolas Sarkozy pode estar próximo já que o 84 dominical afirma que a bela deve levar escova de dente e pijama para o Palácio do Elysée no início de fevereiro Quanto ao valor inferencial da proposição duas seriam as possibilidades neste caso temporalidade ou concessão Contudo com vistas ao contexto discursivo e à progressão textual entendese que prevalece a relação de temporalidade conforme a paráfrase Quando alguém tem azar no jogo tem sorte no amor Segue o texto na íntegra tendo os grifos sido feitos para ressaltar também os indicadores da sequência temporal e os termos pertencentes ao campo lexical do jogo IV AZAR NO JOGO SORTE NO AMOR por Mário Câmera 612008 1021 Pela primeira vez desde que assumiu a presidência em maio passado a maioria do povo francês disse não confiar em Nicolas Sarkozy Pesquisa do instituto CSA para o jornal Le Parisien e a emissora iTélé mostra que a confiança no presidente em janeiro é de 48 uma queda de sete pontos em relação a dezembro Para especialistas a visita do ditador Mouammar Kadhafi a exposição de sua vida privada e o medo da perda de poder aquisitivo seriam os motivos do mal resultado Mas Sarko que não é bobo nem nada já contraatacou Usando de sua arma mais poderosa o presidente voltou a misturar vida privada e pública com a ajuda de seus amigos na imprensa A jogada de marketing foi lançada hoje Segundo o Journal du Dimanche a França terá primeiradama já no mês que vem O casório entre a cantora Carla Bruni e Nicolas Sarkozy pode estar próximo já que o dominical afirma que a bela deve levar escova de dente e pijama para o Palácio do Elysée no início de fevereiro e não pega bem para um presidente viver em concubinato durante o exercício do cargo Mais uma vez Sarkozy desvia a atenção dos problemas da Republique expondo sua vida privada 85 O presidente disse que vai dar uma entrevista coletiva na terça Com certeza será perguntado sobre o casamento com Bruni Se seguir o roteiro das outras coletivas responderá de maneira grosseira que não fala de sua vida particular a meios de comunicação Enquanto terça não vem Sarko pode continuar brincando de cavalinho com o filho da cantadora e fingir que não gosta de aparecer No jogo da presidência quem faz as regras é o próprio Sarkozy httpogloboglobocomblogsafrancesapostasp Percebese então que o valor inferencial da articulação hipotática da construção proverbial justaposta se confirma na progressão textual sendo o próprio contexto decisivo neste processo de análise do tipo da inferência que emerge desta articulação O texto V intitulase Briga de marido e mulher não se mete a colher provérbio que se repete no corpo do texto Por meio da paráfrase Se a briga é de marido e mulher não se mete a colher o valor de condicionalidade define a proposição relacional e as unidades de informação constituintes da construção proverbial encontram referência semântica implícita em Briga de marido e mulher se uma moradora assustada desce e pede ajuda para a portaria ou o zelador pois o marido a está ameaçando e em Ninguém mete a colher o indicado é acionar a polícia e evitar envolvimento de funcionários do condomínio V BRIGA DE MARIDO E MULHER NÃO SE METE A COLHER Por Luiza Oliva em 22022007 Briga de marido e mulher ninguém mete a colher Quando a briga foge do convencional com agressão e quebraquebra sempre a conduta adequada é acionar a polícia e evitar envolvimento de funcionários do condomínio Será que o conhecido ditado briga de marido e mulher ninguém mete a colher vale também para os condomínios Há casos porém em que é difícil não se intrometer a gritaria e algumas vezes até o quebraquebra no apartamento do casal incomodam os vizinhos Ou ainda há brigas que continuam nas áreas comuns do condomínio E então dá para não se envolver 86 Para o consultor de segurança José Elias de Godoy em briga de marido e mulher a princípio ninguém deve se intrometer Quando a discussão perturba os vizinhos a conduta mais indicada é interfonar comentando que o tom de voz está muito alto e incomodando outros moradores Quando a briga parte para a agressão física comenta Godoy o correto é chamar a polícia Essa conduta é a mais adequada inclusive para se evitar o homicídio de um dos cônjuges como já temos visto acontecer aconselha Para o advogado e consultor condominial Cristiano de Souza Oliveira quando funcionários do condomínio são chamados para apartar a briga é preciso sempre manter a calma Se houver perturbação à ordem a rotina é chamar a polícia desde que essa seja a ordem do síndico ou da empresa que contrata o funcionário afirma O policial chamado deve ser acompanhado pelo funcionário até o apartamento Porém ele não deve permanecer no local durante o serviço do policial completa Cristiano Silvia Bedran psicóloga que dá assessoria a condomínios sustenta que É um risco muito grande o zelador interferir numa briga Nunca sabemos até que ponto vai a loucura do outro Qualquer movimento errado porque causar um problema ainda maior avalia Principalmente quando um dos envolvidos apresenta uma patologia mais séria é fundamental chamar uma equipe acostumada a lidar com essas situações no caso a polícia e os bombeiros Quando uma pessoa surta emocionalmente sua força muscular é enorme e só profissionais preparados conseguem lidar com ela diz Da mesma maneira se uma moradora assustada desce e pede ajuda para a portaria ou o zelador pois o marido a está ameaçando o indicado é acionar a polícia Segundo Silvia há um limite entre brigas naturais de casal e situações doentias Em situações corriqueiras o condomínio deve preservar o espaço dos moradores acredita a psicóloga A pessoa está no seu apartamento e não está interferindo na vida dos outros sustenta Ela completa que há pessoas doentes que brigam todo dia apanham sempre ou batem sempre São casos patológicos de distúrbios maiores É gente que não segura um impulso mas quebra e bate Normalmente essas pessoas dão sinais do distúrbio no seu comportamento diário e precisam de tratamento orienta É muito delicado porém que um funcionário ou o síndico se intrometam e o porteiro costuma ficar numa situação complicada porque é corriqueiro que exmaridos principalmente tentem forçar a entrada no prédio privacidade do morador e sugiram que ele procure orientação adequada 87 Mais comum do que casos de violência extrema são as situações envolvendo casais separados Na opinião do advogado Cristiano caso o morador não queira que o excompanheiro entre mais no prédio deve fazer essa solicitação por escrito Essa recomendação vale mesmo se o excônjuge for o proprietário do apartamento O mesmo se aplica em casos de locação arremata José Elias de Godoy comenta que O funcionário deve sempre seguir a determinação do morador Ou impedir a entrada ou tratálo como um visitante anunciando a entrada se for o caso finaliza Bateboca brigas quebraquebra no apartamento Qualquer que seja a situação é difícil evitar que as fofocas se espalhem pelo condomínio O advogado Cristiano orienta que o síndico dê ordem aos funcionários que não façam comentários sobre a vida pessoal dos moradores podendo aplicar advertência se constatar desvios na conduta Fonte Direcional Condomínios httpwwwlexcondominioscombrprincipalphpidmenunoticiasdetalhesid125 Logo no texto Briga de marido e mulher não se mete a colher a condição de não envolvimento em brigas de casais é questionada pois se trata de um texto que se dirige a síndicos de condomínios onde certas regras de convívio devem ser observadas Quanto à proposição relacional a de condicionalidade se confirma por todo o texto conforme as partes grifadas descartando assim pela análise do contexto de uso a possibilidade de uma proposição temporal Quando a briga é de marido e mulher não se mete a colher que nesse contexto não se sustenta A seguir temos os casos VI e VII em que a proposição relacional existente na construção proverbial prototípica deste trabalho Casa de ferreiro espeto de pau mostrase de valor concessivo em ambos conforme a paráfrase Embora a casa seja de ferreiro o espeto é de pau Em VI esta relação se percebe pelos trechos 88 correspondentes às unidades de informação Casa de ferreiro Confissão de traficante numa delegacia e Espeto de pau Filha minha não usa droga Se um traficante abordar alguma das minhas filhas eu mato ele Em VII tais unidades informacionais se explicitam em Casa de ferreiro A patricinha Paris Hilton herdeira de uma das maiores redes de hotéis cinco estrelas do mundo e em Espeto de pau se hospedou com o namorado Benji Madden no Lord Nelson humilde estabelecimento de duas estrelas de Liverpool Logo temse a concessão em VI pois causa surpresa um traficante não admitir que suas filhas usem drogas e em VII pela herdeira da rede de hotéis Hilton hospedar se em um estabelecimento de duas estrelas Seguem os textos na íntegra VI CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU Confissão de traficante numa delegacia Filha minha não usa droga Se um traficante abordar alguma das minhas filhas eu mato ele Declaração de traficante preso nesta quinta feira no Paraná Elnício da Silva Lima 52 anos pai de três filhas flagrado em casa com 700 gramas de maconha e 82 pedras de crack httpjovempanuolcombrjpcampanhas3indexphpoptioncomcontenttaskviewid226Itemid 45 Em 16062008 VII CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU A patricinha Paris Hilton acostumada a viver sempre cercada de todo luxo que o dinheiro pode comprar viveu uma situação atípica em sua visita à Inglaterra Como todo mundo sabe ela é herdeira de uma das maiores redes de hotéis cinco estrelas do mundo mas se hospedou com o namorado Benji Madden no Lord Nelson humilde estabelecimento de duas estrelas de Liverpool httpchiclettecombrnoticias2702Casadeferreiroespetodepau Assim a fórmula fixa atende em seu significado original à relação título conteúdo textual ou seja uma ação contrária ao esperado pela própria condição da 89 pessoa um traficante que não aceita que as filhas usem drogas e a herdeira de uma grande rede hoteleira que se hospeda em um estabelecimento humilde A seguir temse a forma reescrita da fórmula fixa Casa de ferreiro espeto de pau no título e na conclusão do texto pois os provérbios são flexíveis e por sua atemporalidade aplicamse a temas atuais reunindo o novo e o já conhecido na estrutura do discurso mesmo com a mudança da carga semântica original A paráfrase Porque a casa é de ferreiro o espeto é de ferro evidencia a proposição relacional de causalidade Os trechos que correspondem às unidades de informação da construção proverbial podem ser depreendidos dos trechos Casa de ferreiro Um profissional financeiro e Espeto de ferro principal obrigação gerir os recursos sob sua responsabilidade com a mesma diligência que geriria seus próprios recursos Conforme se comprova no texto a seguir VIII CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO por Carlos Nakao 3 de dezembro de 2007 Um profissional financeiro quer seja da tesouraria crédito cobrança controladoria contabilidade planejamento custos orçamento relações com investidores ou operador de mercado tem a meu ver uma principal obrigação gerir os recursos sob sua responsabilidade com a mesma diligência que geriria seus próprios recursos Portanto para gerir recursos de terceiros adequadamente deve primeiramente gerir com competência seus próprios recursos Simples assim Existe e sempre existirá o médico endocrinologista obeso Existe e sempre existirá o personal trainer sedentário Assim também existe o consultor financeiro perdulário Não me parece recomendável confiar neles Prefiro apostar na coerência em tudo aquilo que se faz Acredito no ferreiro que usa o espeto de ferro wwwtransanetfmptBRcontentscolunaseconomia200712041224098402756c3e4php42k Dessa forma a reescritura do provérbio é utilizada como um recurso de re enunciação da forma original para atender ao novo significado exposto no conteúdo 90 textual A substituição do termo pau pelo termo ferro na construção proverbial provoca a perda do caráter hipotático concessivo e a proposição relacional passa a ser de causalidade No próximo caso IX ocorre a reescritura do provérbio no título e na conclusão com mudança da carga semântica original Conforme o caso anterior a re escritura é utilizada como um recurso de reenunciação da forma original para atender ao novo significado exposto no conteúdo textual O uso da forma reescrita no título chama a atenção do leitor e sua repetição na conclusão dá uma noção de conduta moral desejável Pela paráfrase Se a casa é de ferreiro o espeto é de ferro evidenciase a proposição relacional de condicionalidade a qual se confirma na articulação discursiva IX CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO Publicado em 28052007 na categoria Design Você confiaria em um oncologista fumante Faria ginástica orientado por um personal trainer obeso Contrataria um motorista sem a carteira nacional de habilitação A resposta da maioria das pessoas para essa questão seria simplesmente um sonoro não Então por que motivo alguém contrataria os serviços de um designer que trabalha com web mas não mantém um site atualizado Sem ver os trabalhos anteriores como o interessado poderia avaliar a qualidade do trabalho futuro que pretende contratar A questão é que não basta apenas ser qualificado É preciso que as pessoas saibam disso E se você não disser dificilmente alguém fará isso por você Em casa de ferreiro o espeto deve ser de ferro httpfatorwcom20070528casadeferreiroespetodeferro Pelo contexto discursivo então é possível perceber que a alteração da construção original provoca também a alteração da proposição ocorrendo uma proposição relacional de condicionalidade em IX e não de causalidade como em 91 VIII O que reforça a importância do discurso para se determinar o tipo da relação hipotática entre as partes da construção proverbial justaposta No texto seguinte o uso do provérbio na forma cristalizada mantém o seu sentido original no texto O uso de uma parte da construção original no título caracteriza um recurso para que o próprio leitor a complete mesmo antes de conhecer o conteúdo textual Neste caso percebese um trocadilho e até uma certa ironia do autor na associação entre título e texto A relação temporal é ratificada na articulação discursiva pela concomitância dos acontecimentos e se evidencia pela paráfrase Quando a cabeça está vazia virá oficina do diabo Assim temse uma proposição relacional temporal As unidades de informação constituintes do provérbio encontram suas correspondentes no texto em Cabeça vazia na boa intenção de nos manter ocupados com coisas úteis e em Oficina do diabo e afastados das tentações mundanas X CABEÇA VAZIA Jáder oferece trabalho a Joana Cabeça vazia oficina do diabo Esse velho ditado que nossas mães e avós costumam repetir à exaustão como um mantra sempre na boa intenção de nos manter ocupados com coisas úteis e afastados das tentações mundanas serve perfeitamente a Joana nesse momento de aflição e dúvida Não que ela não tenha com que ocupar a cabeça A lembrança da safadeza de Umberto ainda lateja como uma enxaqueca insuportável E tem mais Tem o casamento da irmã com aquele mauricinho o pedido de demissão do pai a futilidade da mãe a falta de emprego Ah e claro tem a dívida com a joalheria que ela ainda não sabe como quitar Como vêem o que não falta é preocupação pra cabeça dela httpwwwsedesorgbrdepartamentos 92 Os grifos no texto anterior não só correspondem aos trechos que se relacionam com as unidades informacionais do provérbio como também demonstram a simultaneidade no acontecimento dos eventos relatados A seguir temse a forma cristalizada reescrita com manutenção do sentido do provérbio em sua fórmula fixa A forma reescrita no título aponta para o conteúdo que virá a seguir no conteúdo textual sem alteração de carga semântica A proposição temporal percebida pela paráfrase da construção proverbial que dá título ao texto se confirma na articulação discursiva conforme a paráfrase Quando entra a bebida alcoólica perdese o juízo Isso pode ser observado nas seguintes passagens correspondentes às unidades de informação subentendidas no texto Entra o beber juntamos as mesas e começamos a conversar e a beber e Sai o saber elas começaram a dar vexame a Jéssica quase quebrou a porta de vidro do banheiro e no momento que eu estava no banheiro masculino ouvi ela gritando que ia terminar com o Marcelo para ficar com o garçom a Marcia também começou a gritar e a cair no chão de tanto que as duas beberam XI ENTRA O BEBER SAI O SABER Ecrito em segunda 07 julho 2008 1941 Por Gui Penteado A bebida entra a verdade sai A Jéssica abraçada comigo na praça no centro da cidade em plena meianoite pedindo desculpa e falando que me ama e que sente minha falta parece estranho e não imaginava nunca mais essa cena Combinamos todos de sairmos no sábado a noite para se divertir e tudo mais mas então combinamos de irmos à Cachaçaria mas ao chegarmos lá estava muito cheia e não íamos conseguir entrar então fomos até um bar com shows ao vivo chamado Brasileirinho e então como estávamos em sete pessoas eu a Lígia a Aline a Marcia a Jeysse O Henrique e a Jéssica que tinha ido sem o Marcelo pois eles haviam brigado juntamos as mesas e 93 começamos a conversar e a beber Naquele momento a Jéssica disse que não tinha comido nada e pedimos uma porção de batatas fritas Pedimos então alguns coquetéis um para cada e começou a diversão ríamos conversávamos fazíamos tudo mas mesmo no meio de tanta brincadeira eu e a Jéssica não trocamos uma palavra Depois dos coquetéis pedimos uma torre de chope de dois litros e meio e começaram as disputas a Lígia e o Henrique já estão acostumadas a beber mas a Jéssica e a Marcia não e depois de sete copos de chope aqueles coquetéis e a falta de alimento no estômago elas começaram a dar vexame a Jéssica quase quebrou a porta de vidro do banheiro e no momento que eu estava no banheiro masculino ouvi ela gritando que ia terminar com o Marcelo para ficar com o garçom a Marcia também começou a gritar e a cair no chão de tanto que as duas beberam A Jeysse e eu tivemos que tirálas do bar pois já estava ficando feio as duas dando aquele show Mas para pagar tudo que consumimos precisávamos de ainda trinta reais da Jéssica mas ela estava bêbada e apenas estava com o cartão não poderia nem lembrar a senha Por fim a Jeysse e eu levamos a Jéssica e a Marcia para a praça em frente ao bar e a gritaria e o escândalo das duas só aumentava Quando a Jéssica me agarrou e disse João te amo você foi meu único amigo diz que você foi meu único melhor amigo eu sinto a sua falta eu te amo você me ama bem como uma pessoa bêbada falaria Depois disso ela tentou me beijar e eu recuei no exato momento os outros chegaram assim como a Tami e a Duda também e então saí de perto Dois minutos depois a Jéssica vomitou na rua e não parava mais Depois ela se acalmou Já a Marcia sua loucura durou mais ainda continuou a gritar e depois de um momento começou a chorar pois não conseguia vomitar como a Jéssica Logo alguns minutos ela também começou a vomitar O problema agora era decidir onde essas garotas iriam dormir pois não poderiam dormir em suas casas e nem na Lígia já que a Tami a Duda e o Henrique já iriam dormir lá Então a Duda pegou o carro e levou a Jéssica eu a Tami e a Marcia para o condomínio a Jéssica teve que ir para casa dela mesmo disfarçando que nada estava acontecendo teve que entrar carregada por mim e o porteiro observou tudo A Marcia dormiu em casa e teve que subir carregada pela Tamires Na manhã seguinte umas sete horas da manhã a Marcia acordou e foi embora para sua casa Minha mãe foi até a portaria 94 e o porteiro já estava comentando da noite passada Eu vi seu filho carregando a menina que ele brigou outro dia ela estava mal e também vi outra que entrou carregada Mais tarde eu passei no apartamento da Jéssica e ela estava melhor mas deixou claro que não queria que a mãe visse eu em sua porta assim como deu para perceber que se lembrava de tudo que fizera na noite anterior Não sei o que vai ser de nossa relação agora não sei se voltaremos a ser amigos ou apenas colegas não sei se será a mesma coisa já que aconteceu tantas coisas Espero o melhor para ela assim como para mim também No domingo mesmo liguei para a Aninha para contar o que havia acontecido que como estava gripada não pode ir Ela simplesmente disse algo que se encaixou certinho A Bebida entra a verdade sai ttpguifpenteadospaceblogcombr162188ABebidaentraaVerdadesai Podese perceber que os marcadores da progressão temporal se dão por todo o texto o que reforça a relação hipotática que se dá na construção proverbial e se comprova no contexto discursivo Já no texto XII há a reescritura da forma cristalizada na conclusão do texto em um questionamento claro à fórmula fixa usada no título que denota uma postura individualista oposta às propostas do autor A forma original sofre então um acréscimo na conclusão de forma inédita para atrair a atenção do leitor e fazer com que ele possa ponderar o conteúdo exposto no texto considerando as argumentações do enunciador sobre a necessidade de se ter uma visão comunitária do bem público Porém a proposição de causalidade explicitada pela paráfrase Porque a farinha é pouca faço o meu pirão primeiro se mantém na reenunciação no final do texto Porque a farinha é pouca pouco pirão para todos relação hipotática apontada na própria organização discursiva Assim os trechos correspondentes às unidades de informação subentendidas no texto são os seguintes Farinha pouca enorme crise ética em que a nossa política está mergulhadae Meu pirão primeiro o eleitor troque o seu voto por favores 95 pessoais por promessas individuais de empregos em gabinetes por um saco de cimento ou até pela luz do seu condomínio particular XII FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO Por Robson Campos Leite Construindo Fraternidade Quando abordo a questão da ética em minhas aulas e palestras observo que as pessoas sempre esperam que o assunto seja simplesmente sobre os políticos e aqueles que lidam com a chamada máquina pública ou seja o Estado propriamente dito Entretanto apesar da enorme crise ética em que a nossa política está mergulhada existem outros aspectos ligados a esse tema que merecem a nossa atenção QUEM SÃO OS VERDADEIROS POLÍTICOS Ao analisarmos a constituição da sociedade brasileira percebemos claramente que existem dois papéis distintos e com igual responsabilidade na sua construção O mandatário aquele que possui um mandato político por exemplo Deputado Vereador Prefeito e o eleitorO primeiro precisa antes de qualquer coisa entender que o seu papel é a busca constante do bem comum Sob esta visão fazse necessário lembrar que o bemestar do coletivo deve ter prioridade sobre o interesse pessoal É inadmissível sob o ponto de vista ético cristão que o comportamento de um mandatário não esteja em sintonia com essa visão Ele precisa deixar claro em suas atitudes que todo mandato é público e no mais correto entendimento deste termo o que é público tem que ser de todos Se não fosse assim não seria chamado de público e sim de privado O processo político democrático administra o negócio de todo o povo e não os negócios privados de alguns picaretas que ainda existem na nossa política O segundo ou seja o eleitor tem uma grande responsabilidade na construção desta sociedade e por mais incrível que possa parecer o seu papel é muito mais decisivo do que o papel do mandatário É ele e não o mandatário o grande Político de que a nossa sociedade tanto precisa 96 DEMOCRACIA UMA VIA DE MÃODUPLA Sei que alguns podem estar estranhando ao ver que chamo o cidadão comum de político Entretanto se analisarmos o significado dessa palavra descobriremos que a sua origem é do grego Polis que quer dizer Cidade Logo político nada mais é do que o cidadão que vive ativamente na cidade respeitando os direitos e deveres nela existentes O cidadão que exerce plenamente a sua cidadania assim sendo tem a obrigação de pautar as suas atitudes dentro da promoção do bem comum Também é inaceitável sob o ponto de vista ético cristão que o eleitor troque o seu voto por favores pessoais por promessas individuais de empregos em gabinetes por um saco de cimento ou até pela luz do seu condomínio particular A nossa conduta tem que ser pautada no interesse do coletivo e para isso fazse necessária a compreensão de um outro papel do Cristão até mais importante do que votar conscientemente O de acompanhar o mandatário A Democracia sem essa participação se torna uma via de uma mão só ou seja sem o acompanhamento da sociedade os maus mandatários continuarão atuando livremente A essa atuação cidadã é que damos o nome de Cidadania Ativa E ela pode ser perfeitamente resumida em uma única palavra Participação Com esse envolvimento de todos certamente poderemos um dia mudar o ditado popular que encabeça o nosso artigo deste mês para Farinha pouca pouco pirão para todos httpwwwpimeorgbrmissaojovemmjconsfrafarinhahtm Portanto podese confirmar o exposto anteriormente que mesmo havendo a re escritura da fórmula fixa do provérbio Farinha pouca meu pirão primeiro a proposição relacional continua a ser de causalidade não sendo possível como mostra a própria progressão do texto que se infira uma relação temporal Quando a farinha é pouca faço o meu pirão primeiro ou mesmo condicional Se a farinha é pouca faço o meu pirão primeiro Quanto ao texto XIII o uso do provérbio se dá no título e se repete por todo o texto não só para retomar o valor semântico e moralizante da construção Faz a fama deita na cama mas também para alertar sobre o perigo de levála a termo para 97 qualquer situação Assim pela paráfrase Logo que fizer a fama deita na cama observase uma proposição relacional de temporalidade que aponta para dois processos distintos que se confirmam no texto um primeiro correspondente à unidade de informação Faz a famatão logo você receba o carimbo de trabalhador e eficiente e um segundo que corresponde à unidade informacional Deita na cama as pessoas já o identificam como alguém de sucesso e você não perderá mais esse status o que se comprova na articulação discursiva do texto seguinte XIII FAZ A FAMA DEITA NA CAMA Adolfo Faz a fama deita na cama Acho este um dos ditados populares que melhor refletem o Brasil Mas qual é o real sentido desse ditado Simples esse ditado diz de maneira muito clara que é importante trabalhar duro no começo da carreira e você deve continuar assim até que as pessoas reparem que você trabalha duro e é eficiente A partir desse momento ou seja tão logo você receba o carimbo de trabalhador e eficiente você pode relaxar Não precisa mais se preocupar em trabalhar duro e nem em cumprir metas Afinal as pessoas já o identificam como alguém de sucesso e você não perderá mais esse status O que é a marca de uma empresa A marca da empresa reflete muito o grau de sucesso e confiança que uma empresa desfruta hoje graças a sucessos obtidos no passado Inegável que a marca de uma empresa possui muito valor Contudo em economias competitivas as empresas devem a todo momento comprovar que a qualidade e confiança obtidas no passado ainda estão presentes em seu produto Talvez o exemplo mais importante dos efeitos benéficos da competição seja a Microsoft Notem que a Microsoft é líder absoluta no mercado de sistemas operacionais Contudo ela esta constantemente inovando pois sabe que tão logo pare de satisfazer a demanda dos usuários será ultrapassada por alguma de suas concorrentes Tal como acontece com empresas o ditado Faz a fama deita na cama só é válido em locais onde a competição entre indivíduos é baixa Por exemplo na Fórmula 1 Michael Schumaher foi sem dúvida o maior piloto de todos os tempos Contudo tão logo seus reflexos se tornaram mais lentos ele foi derrotado seguidamente por competidores mais habilidosos Sua fama de nada lhe valeu em termos de novos títulos mundiais 98 O mesmo vale para executivos de grandes empresas Por melhor e mais famosos que sejam tão logo deixem de cumprir as metas da empresa são inevitavelmente mandados embora Um ponto negativo para o Brasil é que aqui o ditado Faz a fama deita na cama é extremamente popular Isso é um indicativo claro de que a economia brasileira está sujeita a um grau muito baixo de competição De outra maneira não haveria como esse ditado ser tão popular assim Note que no Brasil tão logo uma pessoa receba a alcunha de genial ela nunca mais perde esse posto Mais do que isso essa alcunha se retroalimenta dela mesma O cara passa a ser genial pois é genial A empresa passa a ser eficiente pois ela foi eficiente logo deve continuar sendo eficiente Numa economia sujeita a competição não haveria como essa lenda prosperar mas numa economia fechada como a brasileira o número de lendas e mitos só tende a crescer httpbdadolfoblogspotcom200711fazfamaedeitanacamahtml Logo neste caso a relação de temporalidade se confirma por todo o texto no propósito de questionar a postura que se adota no Brasil segundo o autor de perseguir a eficiência até que se encontre reconhecimento e logo que o consiga os esforços por melhoria sejam abandonados provocando uma situação de comodismo Já em XIV o provérbio Longe da vista longe do coração é usado para chamar a atenção do leitor para a tendência de somente haver preocupação com o que está próximo Por isso o uso de um subtítulo que aponta para o conteúdo a ser exposto Greenpeace faz campanha pela preservação dos mares faz alusão ao que já fora exposto no provérbio ou seja como o mar está distante tem carecido de cuidados ambientais A construção justaposta permite as paráfrases Quando algo está longe dos olhos está longe do coração Se algo está longe dos olhos está longe do coração e Porque algo está longe dos olhos está longe do coração Em um primeiro momento as duas primeiras parecem ser mais produtivas porém quando se passa ao contexto de uso vêse que esta última que apresenta uma proposição causal é a que prevalece Isso 99 pode ser confirmado com os trechos do texto que subentendem as unidades informacionais da construção proverbial Longe da vista porque não os vemos e Longe do coração nós não entendemos os problemas ligados à preservação dos oceanos o que se comprova com a leitura do texto XIV XIV LONGE DA VISTA LONGE DO CORAÇÃO GREENPEACE FAZ CAMPANHA PELA PRESERVAÇÃO DOS MARES Por Roberta Ávila Planeta Sustentável 22082008 As pessoas pensam que o mar é infinito não compreendem que estamos extraindo dele muito mais do que ele pode nos dar diz o Almirante Gusmão Câmara paleontólogo e ambientalista Para ele nós não entendemos os problemas ligados à preservação dos oceanos porque não os vemos mas alguns deles são irreversíveis como os efeitos do aquecimento global a degradação das áreas costeiras pela ocupação humana e a introdução de espécies exóticas em habitats a que não pertenciam naturalmente httpplanetasustentavelabrilcombrnoticiaambienteconteudo296675shtml Portanto a proposição relacional que emerge do texto anterior é a de causalidade visto a clara relação de causa e consequência que permeia o texto Anteriormente no caso X serviu de título a unidade informacional Cabeça vazia constituinte do provérbio Cabeça vazia oficina do diabo No próximo texto o mesmo recurso foi usado isto é há o uso da unidade de informação Oficina do diabo no título e da construção completa na conclusão mantendo o seu sentido original Este uso de parte da construção original chama a atenção para o que o enunciador quer ressaltar no conteúdo textual sendo que neste caso o foco da ação discursiva é a parte omitida Cabeça vazia visto que o autor ressalta exatamente a importância de se dar atividades esportivas aos jovens Logo a paráfrase que se mostra 100 mais produtiva é a de relação causal Porque a cabeça está vazia é oficina do diabo pois o título na verdade pretende mostrar a consequência da falta de atividades ou seja da cabeça vazia conforme se confirma na ação discursiva a seguir XV OFICINA DO DIABO por Leó Filho No próximo domingo vai ter inicio os Jogos Abertos do Interior no presidente Médici em Itabaiana com 45 cidades participando do evento Essa competição oportunizará o aparecimento de jovens talentos escondidos no interior longe da vitrine São dez modalidades atletismo vôlei handebol futebol futsal ciclismo corrida de argola ginástica e para turma da boa idade dama e dominó Dois meses de competições e a exemplo do sub17 muita gente terminará competindo pelos clubes filiados as Federações Incrementar o esporte é estimular uma juventude forte e participativa Patrocinar o esporte é ter consciência que diminuirão as prisões e as complicações sociais originarias da mente vazia Mesmo porque cabeça vazia é a grande oficina do diabo httpparaisotropicalglobocomNovelaParaisotropical0AA1573712829800html Assim o uso didático do provérbio se subentende nos trechos Mente vazia originarias da mente vazia e Oficina do diabo as prisões e as complicações sociais Em XVI há a reescritura da fórmula fixa sem alteração da carga semântica somente para adaptar o contexto da loja ao da empresa Como se trata de um provérbio que se aplica na relação patrãoempregado em uma clara alusão ao comportamento deste na ausência daquele a proposição relacional que emerge das partes justapostas é a de temporalidade que se confirma pela paráfrase EnquantoQuando o patrão está fora os funcionários relaxam no trabalho Tal situação é bem explicitada na charge que se segue 101 XVI PATRÃO FORA DIA SANTO NA LOJA Patrão fora dia santo na empresa Este é um ditado muito antigo e amplamente conhecido no mundo empresarial Este patrão não compreendeu ainda os direitos dos trabalhadores httpwwwhumornanetcomservletsitemitm1877modarqcat6 Assim a relação de temporalidade é evidenciada na própria situação que demonstra a falta de comprometimento do empregado enquanto o patrão estava fora No próximo caso o uso da fórmula fixa no título aponta para o conteúdo que virá a seguir no texto sem alteração do sentido A paráfrase Porque um rei morre um outro assume o posto mostra a proposição relacional de causalidade em que a posição inicial da cláusula causal tende a ter uma função discursiva de orientador para o leitor A unidade informacional Rei morto é subentendida em A morte de Arafat e Rei posto encontra correspondência em Depende de Ariel Sharon 102 XVII REI MORTO REI POSTO Bruno Kampel Suécia 11 de novembro de 2004 A morte de Arafat poderá ser um começo um fim ou uma continuação Depende de Ariel Sharon Há muitos exemplos de paises criados artificialmente por força das vitórias militares que anexam e ocupam territórios que juntam grupos sociais e etnias diferenciadas onde convivem idiomas diversos e religiões antagônicas A antiga Iugoslávia e o Iraque são dois exemplos claros disso Tito e Saddam mantiveram a coesão territorial e o equilíbrio religioso e étnico graças ao terrorismo de estado que utilizaram primeiro e a um paternalismo militarizado depois Com a morte de um Tito e a derrocada do outro Saddam esses dois paises virtuais deixaram de sêlo transformandose em tantos paises quantos sejam os povos que o habitam cada um com característica religiosa específica com líderes particulares com objetivos geralmente antagônicos No caso iugoslavo surgiram novos paises No caso do Iraque só saberemos quando finde a guerra Hoje sem Arafat nem líder que possa substituílo dependerá única e exclusivamente do pragmatismo que puder explicitar e fazer gala o governo Sharon que a morte de Arafat seja o fim de uma era manchada de sangue ou a continuação incrementada da violência atual httpwwwmidiaindependenteorgptblue200411294496shtml Assim a relação causal que emerge da construção proverbial justaposta Rei morto rei posto se confirma na ação discursiva quando são abordadas situações históricas sobre substituições de governos em que se evidenciam relações de causa e consequência No texto seguinte a proposição que emerge e se confirma no contexto discursivo é a de condicionalidade Se um dia é da caça o outro é do caçador O texto progride mostrando perdas sofridas pelos favoritos das corridas automobilísticas e as vitórias daqueles que eram considerados azarões Isso se observa nas passagens que correspondem às unidades informacionais Um dia da caça o campeão da prova deste 103 ano sofreu um fortíssimo acidente e Outro do caçador Kubica que ainda não tinha subido ao lugar mais alto do pódio este ano foi beneficiado XVIII UM DIA DA CAÇA OUTRO DO CAÇADOR Por Bruno Pontes O que acharam do GP do Canadá Se alguém pensou na palavra inesperado pensamos juntos Esse foi o circuito que posso chamar de o circuito da redenção Enquanto os favoritos sucumbiram ao azar e aos imprevistos os verdadeiros azarões em termos estatísticos e não de técnica entendase bem foram os grandes nomes de Montreal Kubica que ainda não tinha subido ao lugar mais alto do pódio este ano foi beneficiado justamente pelo azar de um dos favoritos da prova ninguém menos que Lewis Hamilton que acertou a traseira de Kimi Raikkonen na saída dos boxes forçando o abandono de ambos após Adrian Sutil ter problemas e para o carro na frente dos pilotos citados Por ironia o campeão da prova deste ano sofreu um fortíssimo acidente na reta antes do hairpin LEpingle no mesmo grande prêmio em 2007 Ele capotou e foi retirado do carro pela equipe médica mas saiu ileso da batida e só teve de passar uma noite em observação em um hospital de Montreal Foi mesmo a tarde da redenção A vitória também foi a primeira da BMW Sauber que conseguiu uma dobradinha com Heidfeld na segunda posição David Coulthard da RBR muito criticado por erros nesta temporada fez uma excelente corrida e pegou o terceiro lugar mais alto do pódioE os brasileiros É melhor esperarmos o próximo GP httpwwwjblogcombrformula1phpitemid8814 Dessa forma mais uma vez é possível observar a importância do contexto e da própria articulação discursiva para revelar a relação hipotática que se dá na construção proverbial justaposta O texto XIX faz parte do gênero letra de música e é intitulado por um provérbio formado por três unidades informacionais Entretanto é possível que se depreenda a relação hipotática entre as duas primeiras e a relação de oposição destas 104 com a terceira unidade informacional constituinte de Um é pouco dois é bom três é demais pela força argumentativa que está última assume no contexto de uso Isso se confirma pela paráfrase Se um é pouco dois é bom mas três é demais e pelo próprio trecho quero só saber quem é o cara que eu vi entrar no cinema com você quando eu saí XIX UM É POUCO DOIS É BOM TRÊS É DEMAIS Composição Renato e seus Blue Caps Acho que você me deve uma explicação vamos resolver meu bem nossa situação quero só saber quem é o cara que eu vi entrar no cinema com você quando eu sai O que você está fazendo não se faz um é pouco dois é bom três é demais Nem queira saber o que eu senti naquela hora quis me aproximar porém pensei e fui embora não gosto de briga nem tão pouco de confusão saiba que você feriu o meu coração O que você está fazendo não se faz um é pouco dois é bom três é demais O que você está fazendo não se faz um é pouco dois é bom três é demais httpwwwletrascombrrenatoeseusbluecapsumepoucodoisebomtresedemais Portanto mostrase neste caso a possibilidade da articulação hipotática interdependência entre as cláusulas sendo uma cláusula núcleo e uma ou mais 105 cláusulas margens ocorrer juntamente com a parataxe independência relativa entre as cláusulas em que o vínculo das orações depende apenas do sentido No último texto deste corpus exposto a seguir há ocorrência no título e na conclusão da forma cristalizada com readaptação semântica pois apesar de a forma original do provérbio ter sido preservada sua aplicação não se dá de forma figurada visto que os termos anéis e os dedos estão empregados denotativamente Não há efeito moralizante neste emprego do provérbio no discurso mas um efeito de humor e ironia A paráfrase Embora se percam os anéis ficam os dedos aponta para a proposição concessiva que emerge entre as partes do provérbio XX VÃOSE OS ANÉIS FICAM OS DEDOS Quartafeira 17 de setembro de 2008 Por Cláudia Ioschpe Gisele vãose os anéis ficam os dedos A verdade é essa vãose os anéis e ficam os dedos Eu acredito nisso e pelo visto a Gisele Bündchen também Por quê Porque a bela marcou para o dia 15 de outubro na Christies de Nova York um leilão onde pretende se desfazer de alguns tesourinhos Quais Os mimos incluem um anel de diamantes coloridos avaliado em 20 mil dólares um pingente de diamante de 150 mil dólares e mais dois diamantes enormes que juntos valem cerca de 4 milhões de dólaresE detalhe importante as peças foram presentes de Leonardo DiCaprio E mais A renda será revertida para uma organização que presta ajuda em países africanos que sofrem com a exploração de diamantes Tá certa ela como já disse vãose os anéis ficam os dedos httpwwwclicrbscombrblogjspdefaultjsp 106 Logo a escolha do provérbio Vãose os anéis ficam os dedos deuse para abordar uma situação real da venda de anéis e outras jóias e não figurativamente Contudo há correspondência entre as unidades informacionais Vãose os anéis as peças foram presentes de Leonardo DiCaprio e Ficam os dedos Tá certa ela como já disse vãose os anéis ficam os dedos quando associadas ao atual contexto de vida de Gisele Bündchen que rompeu o namoro com Leonardo DiCaprio e está casada com outra pessoa ou seja embora esteja se desfazendo dos anéis sua vida afetiva está equilibrada Portanto o uso de provérbios apresentouse produtivo nos casos antes mostrados pois suas características particulares atendem perfeitamente à função discursiva a que foram propostos Contudo este trabalho não se deteve apenas na questão da importância do contexto discursivo para a determinação da proposição relacional que emerge na articulação entre as partes justapostas de uma construção Sua contribuição vai além pois se observou durante a pesquisa que a articulação hipotática não ocorre apenas entre partes que contenham verbo como em aqui se faz aqui se paga briga de marido e mulher não se mete a colher entra o beber sai o saber faz a fama deita na cama um é pouco dois é bom três é demais e em vãose os anéis ficam os dedos mas de forma inovadora ao que se tem feito entre sintagmas nominais alegria de uns tristeza de outros amigos amigos negócios à parte azar no jogo sorte no amor casa de ferreiro espeto de pau casa de ferreiro espeto de ferro cabeça vazia oficina do diabo farinha pouca meu pirão primeiro longe da vista longe do coração patrão fora dia santo na loja rei morto rei posto e em um dia da caça outro do caçador Dessa forma é possível verificar que em se tratando das construções proverbiais justapostas a articulação hipotática foi mais frequente entre sintagmas nominais que entre as partes que apresentam verbos ou seja entre cláusulas 107 CONSIDERAÇOES FINAIS Pela tradição gramatical a subordinação adverbial é o processo de combinação que ocorre entre orações que apresentam relação circunstancial entre si logo são aquelas equivalentes a um advérbio figurando como adjunto adverbial da oração a que se subordinam Rocha Lima 1980246 Verificouse então que ainda segundo as gramáticas tradicionais e até mesmo algumas análises linguísticas mais recentes as construções do tipo da prototípica deste trabalho seriam passíveis de serem analisadas como estruturas coordenadas assindéticas isto é como a comunicação de um pensamento em sua integridade pela sucessão de orações gramaticalmente independentes sem a presença de uma conjunção coordenativa Rocha Lima 1980230231 ou ainda como um processo de ligação entre unidades da mesma classe ou da mesma função em que o conectivo é dispensado Azeredo 2002447448 Dessa forma tais análises somente contemplam o nível da sentença além de considerarem apenas os casos de orações constituídas de verbos que não incluem os casos ora analisados Portanto o objetivo deste trabalho foi mostrar que tais conceitos não atendem à relação que emerge implicitamente de construções proverbiais justapostas como a prototípica desta pesquisa Casa de ferreiro espeto de pau conforme teoria de Decat 2001105 havendo necessidade de se considerar a própria ação discursiva em que tais construções estão inseridas para se estabelecer o processo de articulação que se dá nos casos aqui analisados O rompimento com a visão dicotômica de coordenação e subordinação pelo continuum de Hopper Traugott 1993170 possibilitou a adoção do conceito de 108 hipotaxe como o tipo de articulação existente nas construções em que a relação entre suas unidades informacionais Chafe 1988 se dá pelo processo inferencial ou seja pela relação circunstancial implícita entre elas Encontrouse então na análise Funcionalista quanto à articulação hipotática de cláusulas uma abordagem que atende à relação que emerge entre as unidades de construções como as constantes no corpus deste trabalho o que foi detidamente analisado em 72 ainda que posicionamentos contrários possam surgir Fazse necessário ainda esclarecer que a opção por construções justapostas deuse devido ao entendimento de que o valor semântico da proposição relacional inferência não se dá pelo uso ou não do conectivo mas pela relação que se estabelece entre as cláusulas ou seja a hipotaxe por justaposição cf Decat 2001134 Assim há uma relação inferencial entre os núcleos da construção proverbial o que remete à própria organização discursiva como um processo de produção interpretação nos moldes de Fauconnier 1994 a forma linguística fornece as orientações para a interpretação realizada pelo falanteouvinte confirmando que o significante é uma pista para a construção de sentido Contudo ao longo deste trabalho de pesquisa algumas dúvidas foram sanadas o que não impediu o surgimento de outras a serem estudadas a posteriori Sem a pretensão de se ter esgotado o tema proposto este trabalho se constitui em uma tentativa de avanço nos estudos de base Funcionalista quanto ao comportamento de um gênero textual provérbios populares que além de seu conteúdo moralizante eou didático constitui enunciados de aplicação universal e de uso exclusivamente nas relações sociais dentro de outros gêneros escritos apresentados em 72 que vão de blogs a charges em circulação na Internet 109 Por ora reconhecese em construções do tipo Casa de ferreiro espeto de pau a hipotaxe adverbial de forma justaposta inferencial como o processo pelo qual se dá a combinação entre as unidades que as constituem entendendose que é o seu papel discursivo que irá determinar ou não seu uso em determinada situação e a proposição relacional que delas emerge 110 REFERÊNCIAS AZEREDO José Carlos Iniciação à sintaxe do português Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 1993 AZEREDO José Carlos Fundamentos da gramática do português 2ª ed Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2002 BARRETO Therezinha Maria M Gramaticalização das conjunções na história do português Tese de Doutorado capítulo 3 p166184 Salvador Faculdade de Letras UFB 1999 BECHARA Evanildo Lições de português pela análise sintática Rio de Janeiro Lucerna 2005 Moderna gramática portuguesa Rio de Janeiro Lucerna ed Revista e ampliada 2003 BRONCKART JeanPaul Atividade de linguagem textos e discursos por um interacionismo sóciodiscursivo Trad Anna Raquel Machado Péricles Cunha São Paulo EDUC 1999 CASTILHO Ataliba de A língua falada no ensino de português São Paulo Contexto 2002 Introdução à linguística cognitiva Relatório de Pesquisa Inédito São Paulo FAPESP 2001 CARONE Flávia B Subordinação e coordenação confrontos e contrastes São Paulo Ática 2002 CHAFE Wallace L Linking intonation units in spoken English In HAIMAN John Thompson Sandra eds Clause combining in grammar and discourse Amsterdam Johns Benjamin Publishing 1988 p 127 111 CUNHA Angélica F da Funcionalismo IN MARTELOTTA Mário E Manual de Linguística São Paulo Contexto 2006 p 157176 CUNHA Celso CINTRA Lindley Nova gramática do português contemporâneo 3ª ed Rio de Janeiro Nova Fronteira 2001 DECAT Maria Beatriz Nascimento Por uma abordagem da independência de cláusulas à luz da noção de unidade informacional IN Scripta Linguística e Filologia v2 n4 Belo Horizonte PUC Minas 2º sem 1999 p2338 A articulação hipotática adverbial no português em uso In DECAT Maria Beatriz Nascimento et alii org Aspectos da gramática do português uma abordagem funcionalista Campinas Mercado das Letras 2001 Restrições de ilhas revisitadas uma abordagem funcionalista à luz da noção de unidade de informação Niterói UFF v 21 2ºsem 2007 p 133 146 DIAS Maria Carmelita Locução pra quê IN Revista de Estudos Linguísticos Veredas v 5 n9 Juiz de Fora UFJF 2002 p 105 116 FAUCONNIER G Mental spaces aspects of meaning construction in natural language Cambridge Cambridge University Press 1994 FERREIRA Aurélio Buarque de Holanda Aurélio o dicionário da língua portuguesa Curitiba Editora Positivo 2008 FIORIN José Luiz Elementos de análise do discurso 12ª ed São Paulo Contexto 2004 FREITAS Horácio Rolim de A obra de Omar Guterres da Silveira Rio de Janeiro Metáfora 1996 112 GONÇALVES Sebastião Carlos L LIMAHERNADES Maria Célia CASSEB GALVÃO Vânia Cristina orgs RODRIGUES Angélica T C et al Introdução à gramaticalização São Paulo Parábola Editorial 2007 GUIMARÃES Eduardo Os limites do sentido um estudo histórico e enunciativo da linguagem 3ª ed Campinas Pontes 2005 httpwwwkabatekdediscursoitaparicapdf Acesso em 18 nov 2007 HALLIDAY MAK An introduction to functional grammar Londres Edward Arnold Publishers Ltd 1985 HOPPERP TRAUGOTT EC Gramaticalization Cambridge University Press 1993 ILARI Rodolfo GERALDI João Wanderley Semântica São Paulo Ática 1994 JESUS Izabel T Construções condicionais proverbiais uma visão sociocognitiva Revista Alfa São Paulo UNESP v49 nºl p139160 2005 httpwwwalfaibilceunespbrdownloadv49v491cap8pdf JOLLES André Formas simples legenda saga mito adivinha ditado caso memorável conto chiste Trad Álvaro Cabral São Paulo Cultrix 1976 KABATEK Johannes Sobre a historicidade de textos Zur Historizität von Texten trad José S Simões São Paulo USPAPLL 2005 Algunas reflexiones sobre las tradiciones discursivas http wwwkabatekde 2004 KOCH Ingedore G V A interação pela linguagem 8ª ed São Paulo Contexto 2003 113 Dificuldades na leitura produção de textos os conectores interfrásticos In CLEMENTE Ivo MARTA Kirst org Linguística aplicada ao ensino de português 2ª ed Porto Alegre Mercado Aberto p 8398 1992 KURY Adriano da Gama Novas lições de análise sintática 9ª ed Rio de Janeiro Ática 2002 LAKOFF G Women fire and dangerous things Chicago The University of Chicago Press 1987 LANGACKER Ronald Foundations of Cognitive Grammar Vol 2 Descriptive Application Stanford Stanford University Press 1991 LEHMANN Christian Towards a typology of clause linkage In HAIMAN J THOMPSON S Eds Clause combining in grammar and discourse Philadelphia J Benjamins 1988 LUFT Celso Pedro Gramática resumida 8ª edição Porto Alegre Editora Globo 1978 Moderna gramática brasileira 15ª edição São Paulo Globo 2002 LYSARDODIAS Dylia Provérbios que são notícia uma análise discursivaTese de Doutorado Belo Horizonte Faculdade de Letras UFMG 2001 276 fl MAINGUENEAU Dominique Análise de textos de comunicação 3ª ed São Paulo Cortez 2004 MARCUSCHI L A Gêneros textuais definição e funcionalidade In DIONÍSIO A et al Gêneros textuais e ensino Rio de Janeiro Lucerna 2002 MATTHIENSESSEN C THOMPSON S The structure of discourse and subordination In HAIMAN John Thompson Sandra eds Clause combining in grammar and discourse Amsterdam Johns Benjamin Publishing 1988 p 275329 114 MOURA NEVES Maria Helena de Gramática de usos do português São Paulo UNESP 2000 A Gramática funcional São Paulo Martins Fontes 2004 Texto e gramática São Paulo Contexto 2006 NEY João Luiz Ney Guia de análise sintática Rio de Janeiro Organização Simões 1955 OITICICA José Teoria da correlação Rio de Janeiro Organizações Simões 1952 PINTO RIBEIRO Manoel Gramática Aplicada da Língua Portuguesa Ed Revista e Ampliada Rio de Janeiro Metáfora 2003 RIBEIRO Patrícia Ferreira Neves O ethos no colunismo político entre razão e emoção Rio de Janeiro 2007 193 fl Tese de Doutorado em Língua Portuguesa UFRJ Faculdade de Letras ROCHA LIMA Carlos Henrique da Gramática normativa da língua portuguesa Rio de Janeiro José Olympio 1980 RODRIGUES Violeta V SANTOS Evelyn M MATOS Mayara N Recolhe a rede para procurar abrigo oração reduzida Rio de Janeiro Cadernos do CNLF Volume X no 15 Morfossintaxe 2006 httpwwwfilologiaorgbrxcnlf1511htm Correlação In VIEIRA Silvia Rodrigues BRANDÃO Sílvia Figueiredo orgs Ensino de gramática descrição e uso São Paulo Contexto 2007 SEILER Friedrich Estudos sobre o provérbio alemão Backsche Verlagsbuchhandlung Munique 1922 115 SILVA Gustavo Adolfo Pinheiro da Pragmática a ordem dêitica do discurso Rio de Janeiro Enelivros 2005 SOUZA Josué Rodrigues org Provérbios máximas coletânea de provérbios máximas sentenças e aforismos em 7 idiomas Rio de Janeiro Lucerna 2001 TOMASELLO Michael Origens culturais da aquisição do conhecimento humano São Paulo Martins Fontes 2003 WARREN Beatrice A model of idiomaticity Suécia Lund University Departmento de Língua Inglesa p2 2008 116 ANEXOS 117 Anexo 1 SIGNIFICADO DOS PROVÉRBIOS I ALEGRIA DE UNS TRISTEZA DE OUTROS O mesmo fato que traz alegria para uns traz tristeza para outros II AMIGOS AMIGOS NEGÓCIOS À PARTE Misturar amizade e negócios não é uma boa opção III AQUI SE FAZ AQUI SE PAGA Para toda atitude errada há uma consequência IV AZAR NO JOGO SORTE NO AMOR É difícil harmonizar a vida afetiva e a vida financeira V BRIGA DE MARIDO E MULHER NÃO SE METE A COLHER É dever do próprio casal resolver as suas diferenças entre si VI CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU As coisas costumam faltar precisamente onde deveriam existir em abundância VII CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU As coisas costumam faltar precisamente onde deveriam existir em abundância VIII CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO Não é admissível que falte coisas básicas onde estas deveriam existir em abundância 118 IX CASA DE FERREIRO ESPETO DE FERRO Não é admissível que falte coisas básicas onde estas deveriam existir em abundância X CABEÇA VAZIA CABEÇA VAZIA OFICINA DO DIABO A falta de atividades saudáveis leva o homem a cometer atos reprováveis XI ENTRA O BEBER SAI O SABER A bebida além de revelar a verdadeira personalidade do homem embotalhe a razão XII FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO Em situações de escasez cada um quer defender o seu interesse primeiro XIII FAZ A FAMA DEITA NA CAMA Viver de uma fama que alguém constrói para si mesmo XIV LONGE DA VISTA LONGE DO CORAÇÃO As desgraças que ocorrem à distância não nos comovem XV OFICINA DO DIABO CABEÇA VAZIA OFICINA DO DIABO A falta de atividades saudáveis leva o homem a cometer atos reprováveis XVI PATRÃO FORA DIA SANTO NA LOJA É a presença do patrão que garante bom andamento ao trabalho XVII REI MORTO REI POSTO Se alguém perde a autoridade sobre uma situação é necessário que outro assuma tais responsabilidades 119 XVIII UM DIA DA CAÇA OUTRO DO CAÇADOR Perder e ganhar são processos que ocorrem em alternância XIX UM É POUCO DOIS É BOM TRÊS É DEMAIS Há uma boa medida para tudo XX VÃOSE OS ANÉIS FICAM OS DEDOS Mesmo quando há perdas é possível recomeçar 120 Anexo 2 PESQUISA COM JOVENS SOBRE O USO DE PROVÉRBIOS Livros Grátis httpwwwlivrosgratiscombr Milhares de Livros para Download Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo