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Linguística

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 21 11 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 25 12 INVENTÁRIO DE QUESTÕES E HIPÓTESES 30 121 Questões 30 122 Hipóteses 32 13 A PERSPECTIVA TEÓRICA ADOTADA 35 131 A Teoria de Princípios e Parâmetros 36 1311 O Léxico 42 1312 Teoria XBarra 42 1313 Teoria do Caso e Teoria Temática 44 132 A Hipótese da Uniformidade Lexical 47 133 A Teoria do Léxico Gerativo 50 14 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 51 2 SOBRE A NATUREZA GRAMATICAL DA PREPOSIÇÃO ITEM LEXICAL OU FUNCIONAL 54 21 INTRODUÇÃO 54 22 O ESTATUTO CATEGORIAL DA PREPOSIÇÃO 56 221 Preposições atribuidoras de Caso realizadoras de Caso e Predicadores Auxiliares no VP complexo 63 222 Evidências para a caracterização do traço halfway das preposições a para e em em frases com verbos do tipo ir e chegar 69 2221 Coordenação 69 2222 CliticExtraction 71 2223 PrepositionOrphaning 73 FARIAS J G Aspectos da sintaxe de preposição no português 2005 Tese Doutorado em Letras e Linguística PPGLLUFAL Maceió 2005 pressupostos gerais que me servem de ponto de partida para a análise aqui pretendida complementando também com as propostas sucintamente apresentadas de Reinhart 2000 e Pustejovsky 1998 131 A Teoria de Princípios e Parâmetros A idéia de estudar a linguagem humana constitui um fato bastante antigo Como evidência disso podese observar por um lado o que foi produzido em civilizações antigas Grécia Índia etc acerca de especulações para um entendimento da línguagem humana Por outro lado a formalização de construtos teórico metodológicos próprios para análises do fato lingüístico é consideravelmente recente Nesse contexto quero destacar o quadro teórico da sintaxe gerativa proposto por Noam Chomsky em meados do século XX Essa corrente rompeu com o paradigma estruturalista ao postular como objeto de investigação não o comportamento lingüístico ou os produtos deste comportamento mas sim os estados da mentecérebro que fazem parte deste comportamento Cf CHOMSKY 1994 Nesse sentido é válido pontuar que em Chomsky 1994 três questões básicas definem a linha de investigação da gramática gerativa i O que constitui o conhecimento de uma língua ii Como esse conhecimento é adquirido iii Como é usado o conhecimento da língua 36 Concernente à questão i a resposta é dada por uma gramática particular uma teoria que se ocupa do estado da mentecérebro do indivíduo que conhece uma língua particular Em relação à questão ii a resposta é dada por uma especificação da GU e pela consideração dos meios através dos quais os seus princípios interagem com a experiência de modo a darem origem a uma língua particular Já em se tratando da questão iii a resposta seria dada por uma teoria acerca do modo como o conhecimento da língua atingido interfere na expressão do pensamento e na compreensão das amostras da língua que são produzidas e por conseqüência na comunicação e em outros usos especiais da língua Cf CHOMSKY 1994 Dito isso a Lingüística assumiu essencialmente duas posições 1 Construir modelos explícitos ou seja formalizáveis das línguas naturais 2 Propor uma teoria explicativa da competência7 do saber lingüística do falante Em relação à proposição 1 considerase que as hipóteses da teoria de uma língua a partir de investigação empírica sejam plenamente explícitas para que possam 7 É válido esclarecer que a distinção entre competência e performance pode ser entendida basicamente em dois sentidos Seguindo as orientações de Phillips 1996 apud Rouveret Schlenker 1998 observo que numa primeira acepção a performance é vista como um conjunto de comportamentos enquanto que a competência é o sistema mental que o organiza é nesse sentido que emprego termo competência na posição 2 Numa segunda acepção a distinção remete a dois sistemas particulares um de conhecimento competência outro de tratamento ou uso desse conhecimento performance Neste último sentido a distinção feita por Chomsky é uma hipótese empírica considera que o sistema de tratamento e a gramática propriamente dita constituem módulos distintos do espírito 37 ser discutidas e que suas predições possam ser testadas Inicialmente o termo gramática gerativa sugere que a teoria seja explícita pois uma língua autoriza em princípio uma infinidade de frases bem formadas8 Para essa análise seria preciso que uma gramática dispusesse de propriedades constitutivas da linguagem natural como a recursividade a ambigüidade estrutural a descontinuidade enfim de um processo gerativo para poder engendrar todas as sentenças gramaticais das línguas naturais Concernente à proposição 2 esta confere à teoria sintática de Chomsky uma interpretação e um conteúdo realistas9 Ou seja uma gramática não deve apenas resumir de forma cômoda o produto do comportamento lingüístico mas sim explicitar os mecanismos internos que o organizam Desse modo vendo o comportamento verbal como uma evidência das capacidades mentais biologicamente determinadas a posição 2 caracteriza a Lingüística como uma ciência mentalista já que a base de fundamentos dessa abordagem é a Psicologia Cognitiva Vale esclarecer que o termo mentalista não deve ser confundido com seu uso na literatura lingüística clássica Uma abordagem mentalista à luz da proposta chomskyana se importa com aspectos mentais do mundo que ficam lado a lado com aspectos mecânicos químicos óticos e outros Ela se propõe a estudar um objeto real no mundo natural o cérebro seus estados e funções e assim levar o estudo da 8 Chomsky 1994 p 22 afirma A gramática generativa de uma língua particular onde generativa não significa mais do que explícita é uma teoria que diz respeito à forma e ao significado de expressões dessa língua 9 Como inicialmente o programa de investigação da gramática gerativa se deteve ao trabalho sobre sistemas formais descritivos de línguas particulares a interpretação e conteúdo realistas significam aqui a possibilidade de buscar a partir do estudo da competência lingüística do falante cf posição 2 generalizações translingüísticas e princípios universais construindo dessa forma subsídios teóricos para investigar fenômenos de variação entre as línguas e de mudança lingüística 38 mente para uma eventual integração com as ciências biológicas10 Cf CHOMSKY 1997 p 53 A partir das asserções acima é evidente o desenvolvimento de questões teóricas dentro do quadro conceitual da teoria gramatical chomskyana como a mudança conceitual da gramática definida como um sistema de regras sintagmáticas tranformacionais e morfofonológicas para uma gramática modular vista como um sistema de princípios e parâmetros Assim privilegiando a línguaI a gramática em Princípios Parâmetros Cf CHOMSKY 1981 1986 e 1993 passa a ter a seguinte configuração 10 Complementando essa linha de raciocínio Rouveret Schlenker 1998 p 09 esclarecem o seguinte le mentalisme a dabord été un principe épistemologique mais en tant que tel et en particulier par le biais de l argument de la pauvreté du stimulus il a orienté la recherche de façon décisive conduisant au début des années 80 à ladoption du cadre de Principes et Paramètres la variation linguistique y est si étroitement circonscrite que lenfant peut sans difficulté résoudre le problème de linduction Mais linterpretation mentaliste de ce cadre conduit aussi à dautres prédictions plus proprement cognitives Car lorsquon postule un principe universel ou un paramètre de variation on définit toujours une classe naturelle de phénomènes qui dépendent solidairement de ce principe ou de ce paramètre Que la valeur du pramètre soit modifiée et cest lensemble de cette classe que lon sattend à voir modifiée en linguistique comparée ou diachronique ou même en acquisition Il en va de même plus paradoxalement pour les principes grammaticaux car si un principe vaut universellement pour des adultes normaux il peut cependent se trouver modifié au cours de la croissance de lenfant par le même processus de maturation qui affecte les autres organes ou encore il peut être altéré à la suite dun déficit neurologique Cest alors le principe luimême qui peut être soumis à variation 39 Léxico Estrutura P Filtros mover α Filtros Estrutura S Filtros FF FL Filtros Sistema articulatório Sistema conceitual perceptual intensional interface com outros módulos da linguagem De acordo com esse modelo o léxico fornece os itens lexicais que geram o componente de base estruturas P que exprimem funções e relações gramaticais semanticamente relevantes Em seguida essas estruturas são convertidas em estruturasS representando o componente sintático pela aplicação mover α As regras fonológicas e outras ex regras de movimento estilísticas convertem as estruturas S em representações fonéticas associadas a categorias sintagmáticas de superfície Disso as regras de FL11 convertem de modo independente as estruturasS em representações de FL onde estão representados o escopo e outras propriedades Cf CHOMSKY 1994 11 É importante frisar que a regra central em FL também é mover α só que em sintaxe nãovisível 40 Chomsky 1994 p 82 afirma ainda FF e FL constituem a interface entre a língua e outros sistemas cognitivos produzindo por um lado representações directas do som e por outro lado do significado quando a língua e outros sistemas incluindo sistemas de percepção e de produção sistemas conceptuais e sistemas pragmáticos interagem Dessa forma o modelo de gramática supracitado contrário ao modelo da gramática como sistema de regras mostrase modular na sua própria concepção E cada módulo ou componente tem uma organização e princípios independentes e tendo como objectos domínios diferenciados de linguagem RAPOSO 1992 p 54 Entretanto é pertinente considerar que existe uma interação complexa entre esses módulos o que vai resultar numa estrutura mental subjacente às expressões produzidas nas línguas naturais Em linhas gerais essa mudança conceitual propõe um equilíbrio entre as preocupações de adequação descritiva e explicativa ao se tratar da busca de respostas às questões da natureza origem e uso da língua Nesse sentido A caracterização dos estados de conhecimentos atingidos pelos falantes exige a construção de gramáticas particulares que dêem adequadamente conta das propriedades específicas de cada língua natural exigese assim que a Gramática Universal enquanto modelização da faculdade de linguagem seja suficientemente rígida e restritiva para dar conta da rapidez e uniformidade do processo de aquisição e ao mesmo tempo suficientemente flexível para permitir a diversidade dos estados de conhecimento atingidos pelos falantes de cada língua particular Cf DUARTE 1994 p XII 41 Depreendese do acima exposto que a faculdade da linguagem nesse quadro teórico é vista como um sistema muito diferenciado e restritivo parcialmente especificado isto é com parâmetros por fixar idibidem Com essa breve exposição das idéias gerais do quadro teórico em que se inscreve este trabalho apresento nas subseções abaixo os componentes modulares que subsidiarão a discussão pretendida nesta tese bem como uma sucinta apresentação das propostas lexicalistas que estabelecem uma interface com o quadro teórico aqui apresentado A Hipótese da Uniformidade Lexical REINHART 2000 e a Teoria do Léxico Gerativo PUSTEJOVSKY 1998 1311 O Léxico No âmbito do quadro teórico de Princípios e Parâmetros considerase o léxico ou o vocabulário de uma língua como o repositório das propriedades idiossincráticas dos itens lexicais funcionais e temáticos num dado momento sincrônico Essas propriedades compreendem uma representação de uma forma lógica de cada item uma especificação de sua categoria sintática como também de suas características semânticas De particular interesse nesta discussão são a sseleção e as propriedades temáticas das cabeças lexicais verbos nomes adjetivos 42 e préposposições Estas especificam a estrutura argumental de uma cabeça indicando quantos argumentos a cabeça licencia e qual o papel semântico que cada uma recebe CHOMSKY LASNIK 1993 p 14 1312 Teoria XBarra As categorias lexicais N V P e A são o elemento central núcleo da categoria sintagmática correspondente NP VP PP e AP Essas categorias através de regras categoriais expandem as categorias sintagmáticas o que permite gerar configurações sintáticas como as seguintes12 a NP b VP c PP d AP N V P A Depreendese daí que a categoria lexical é imediatamente dominada pela categoria sintagmática satisfazendo dessa forma o princípio de endocentricidade i Uma categoria sintagmática XP tem obrigatoriamente um núcleo pertencente a uma categoria lexical principal ii para uma dada categoria XP o núcleo pertence à categoria lexical correspondente X Cf CHOMSKY 1981 1986 12 Esses esquemas foram retirados de Raposo 1992 p 160 43