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304 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 CONCEITOS DE IDENTIDADE E MÉTODOS PARA SEU ESTUDO NA SOCIOLINGUÍSTICA CONCEPTS OF IDENTITY AND METHODS FOR ITS STUDY IN SOCIOLINGUISTICS Livia Oushiro Universidade Estadual de Campinas oushiroielunicampbr Resumo Este artigo tem o objetivo de revisar algumas definições do conceito de identidade e estudos que dele se valem com vistas a avaliar sua operacionalização e replicabilidade em pesquisas na área da Sociolinguística Variacionista LABOV 2008 1972 Os métodos para acessar as identidades dos falantes incluem entre outros a observação etnográfica a formulação de perguntas específicas no roteiro da entrevista a aplicação de questionários a elaboração de índices testes de percepção e a análise de posturas cada qual com suas vantagens Em última instância devese reconhecer a natureza fluida e dinâmica das identidades mas tal fato não impede o pesquisador de buscar métodos menos impressionísticos para o estudo de sua possível influência sobre os padrões de variação linguística Palavraschave Identidades Metodologias Variação Linguística 305 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 Abstract This article aims at reviewing definitions of the concept of identity as well as studies that explore it in order to evaluate its operationalization and replicability in sociolinguistic studies LABOV 2008 1972 Methods to access speakers identities include among others ethnographic observations the formulation of specific questions within the interview schedule the application of questionnaires the development of indices perception tests and the analysis of stance each of which having their own advantages Researchers ultimately ought to recognize the fluid and dynamic nature of identities but this fact should not hinder them from searching and developing more objective methods to study the possible influence of identities on patterns of language variation Keywords Identities Methodologies Language Variation INTRODUÇÃO Os estudos sociolinguísticos de vertente variacionista costumam se desenvolver com base em certas categorizações sociais dos falantes i seu sexo eou seu gênero categorizações que vêm sendo problematizadas nos últimos anos ver pex FREITAG 2015 ii sua faixa etária que os categoriza em diferentes momentos de vida grosso modo jovens pessoas de meia idade e pessoas mais velhas para cada qual se esperam certos comportamentos incluindose aí os linguísticos e sobretudo no Brasil iii seu nível de escolaridade a partir de classificações em número de anos que frequentou o ensino formal ou categorias como Analfabeto Ensino Fundamental Ensino Médio e Ensino Superior No Brasil são vários os bancos de dados que se baseiam nessas categorias para estratificação de suas amostras como por exemplo o PEUL PAIVA SCHERRE 1999 o VARSUL VARSUL sd o VALPB HORA 2004 o Iboruna GONÇALVES sd o SP2010 MENDES OUSHIRO 2012 e o PEPP LOPES 20181 para citar apenas alguns Ao mesmo tempo nos últimos anos tem crescido o interesse sobre o tema da identidade dos falantes principalmente em trabalhos que se filiam à vertente que Eckert 2012 chamou de terceira onda da Sociolinguística Desse célebre artigo cabe retomar algumas das críticas colocadas pelos estudos sociolinguísticos de terceira onda à abordagem mais tradicional ver também MENDES 2017 Os estudos caracterizados como de primeira onda muitas vezes partem de macrocategorias sociológicas como o sexo a faixa etária e o nível de 1 Respectivamente Programa de Estudos sobre o Uso da Língua sediado na UFRJ Projeto Variação Linguística na Região Sul do Brasil projeto coordenado entre UFRGS PUCRS UFPR e UFSC Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba sediado na UFPB Iboruna banco de dados do Projeto Amostra Linguística do Interior Paulista sediado na UnespSão José do Rio Preto Projeto SP2010 sediado na USP e Programa de Estudos sobre o Português Popular de Salvador sediado na UFBA Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 306 escolaridade dos falantes e depois de verificar padrões de variação acabam atribuindo aos falantes certos usos linguísticos como resultado de certas identidades que coincidiriam com as macrocategorias determinadas a priori pelo pesquisador Notese que essa crítica não é quanto ao emprego dessas categorias em si mas ao que é possível concluir a partir dessa abordagem Por exemplo não é rara a observação principalmente em comunidades urbanas de que as mulheres tendem a empregar a forma considerada de prestígio mais do que os homens da mesma comunidade CHAMBERS 1995 PAIVA 2004 do que resulta uma correlação estatística significativa em análises realizadas em programas como Goldvarb ou R Uma frequente explicação dada para tal observação empírica é porque elas seriam supostamente mais sensíveis às formas de prestígio Esse talvez seja um dos pontos mais mal compreendidos da Sociolinguística Embora Labov 2001 p 274 empregue o termo sensitivity para descrever o comportamento das mulheres a fim de dar conta desse recorrente padrão em estudos de variação uma melhor tradução para esse termo talvez não seja sensibilidade mas sim suscetibilidade ou seja as mulheres não seriam mais sensíveis mas sim mais sujeitas a pressões normativas do que homens por conta dos papéis sociais a elas atribuídos na sociedade e das expectativas sobre seu comportamento Assim uma crítica da terceira onda sobre o uso de macrocategorias para explicar a variação linguística são interpretações de cunho essencialista que atribuem a certos grupos de falantes um determinado comportamento como se fosse algo que naturalmente decorreria do fato de que aquele indivíduo pertence a determinada categoria social MENDOZADENTON 2002 A terceira onda desse modo procura ter um olhar mais atento aos próprios indivíduos e a suas práticas cotidianas pois uma categoria imposta de cima para baixo por um pesquisador pode não ser o modo como a própria pessoa se definiria ou se identificaria Identidades de gênero são um bom exemplo disso porque não é possível classificar todas as pessoas dentro de apenas duas caixinhas homens e mulheres que são categorias que se referem ao sexo biológico somente e não necessariamente ao modo como as pessoas se identificam em seu dia a dia Uma segunda crítica dos estudos de terceira onda sobre as análises mais tradicionais na Sociolinguística diz respeito aos significados sociais de variantes linguísticas para além do eixo estigmaprestígio Com efeito o olhar sobre os indivíduos em suas práticas sociais demonstra que as pessoas podem se 307 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 identificar com diversos outros grupos para além de suas classes sociais ou níveis de escolaridade e preocuparse não somente com falar corretamente de acordo com padrões normativos Existem patricinhas manos youtubers bolsominions coxinhas petralhas existem identidades regionais soteropolitanos paulistas gaúchos existem identidades raciais brancos negros asiáticos indígenas existem identidades futebolísticas corinthianos flamenguistas cruzeirenses colorados e diversas outras identidades e significados que surgem localmente durante uma interação específica Essas categorias ademais se cruzam um indivíduo não é apenas paulista ou baiano ou apenas mulher ou homem gay ou hétero ou apenas de direita ou de esquerda mas várias delas ao mesmo tempo ou nenhuma delas a depender da interação Dentro de determinada perspectiva da terceira onda as pessoas não são essas categorias pois as próprias identidades são construídas por meio da variação linguística Isso implica assumir que os falantes não falam do modo como falam como reflexo inevitável de categorias a que pertencem mas que tais categorias identitárias são elaboradas de forma mais ou menos consciente pelos falantes durante suas interações sociais Também implica assumir que as identidades são sempre múltiplas plurais e que um falante não pode ser reduzido a uma única dimensão ser mulher ser nordestino etc Nesse sentido o objetivo deste artigo é primeiramente o de revisar alguns conceitos de identidade em estudos sociolinguísticos Seção 1 e em um segundo momento avaliar diferentes métodos que buscam depreendêlas em sua multiplicidade Seção 2 Se se tem interesse em estudar identidades sociolinguísticas não basta simplesmente um olhar de cima para baixo do pesquisador a partir de macrocategorias sociais prédeterminadas Vai se argumentar afinal que é justamente pelo fato de as identidades sociolinguísticas não serem fixas nem singulares que se faz necessário aplicar métodos variados objetivos e replicáveis a fim de compreender seu papel sobre a variação linguística 1 CONCEITOS DE IDENTIDADE EM SOCIOLINGUÍSTICA Definições de identidade costumam ressaltar o caráter relacional desse conceito MendozaDenton 2002 p 475 o define como a negociação ativa da relação de um indivíduo com construtos sociais mais amplos na medida em que essa negociação é sinalizada através de meios linguísticos e outros meios Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 308 semióticos2 Dessa definição cabe destacar que identidade é antes de mais nada uma negociação ou seja um indivíduo não tem poder de definir para si uma identidade totalmente nova que não tenha sido elaborada coletivamente e que não seja aceita por outras pessoas A negociação feita pelos indivíduos com construtos sociais mais amplos é bem exemplificada por Battisti 2014 numa reflexão sobre redes sociais e identidades em seu estudo sobre a palatalização de ti e di como em tia e dia em Antônio PradoRS A autora afirma que apesar de as identidades serem experimentadas vivenciadas pelos sujeitos e nas investigações serem consideradas pelo exame das práticas sociais individuais elas são em parte construtos sociais BATTISTI 2014 p 80 Battisti se baseia no conceito de habitus de Bordieu 1977 apud BATTISTI 2014 para relacionar as identidades individuais com práticas que se adquirem no processo de socialização dos indivíduos da vida em sociedade essas práticas por sua vez vão definindo identidades que ao mesmo tempo são passíveis de mudança ao longo do tempo a partir de nossa participação em diferentes comunidades Battisti 2014 p 81 considera assim que a construção de identidade consiste em negociar os significados de nossa experiência de pertença a diferentes grupos sociais Kiesling 2013 p 450 de modo semelhante ressalta a natureza relacional das identidades definindo o conceito como um estado ou processo de relação entre o eu e o outro a identidade é como os indivíduos definem criam ou pensam sobre si em termos de sua relação com outros indivíduos e grupos sejam eles reais ou imaginários3 Kiesling 2013 também chama a atenção para a necessidade de ao pensar identidades em seu contexto social levar em conta a escala em que o conceito é operacionalizado O autor propõe distinções em pelo menos três grandes níveis i amplos grupos censitários como sexo classe social etnia ii papéis institucionais como mãe policial e iii tomadas de postura stance durante a interação Notese novamente que não há um abandono das macrocategorias sociológicas como sexo e classe social mas sim o entendimento de que elas devem ser pensadas dentro de sua própria dimensão 2 Texto original the active negotiation of an individuals relationship with larger social constructs in so far as this negotiation is signaled through language and other semiotic means 3 Texto original Identity is a state or process of relationship between self and other identity is how individuals define create or think of themselves in terms of their relationship with other individuals and groups whether these others are real or imagined 309 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 Todas essas definições ressaltam o papel do indivíduo que negocia suas identidades com outros indivíduos grupos e construtos sociais Assim não se deve superestimar o papel agentivo do indivíduo na construção de sua própria identidade É pouco provável que um indivíduo possa monitorar e manipular conscientemente cada traço linguístico de sua fala a todos os momentos além disso uma série de construtos sociais que servem de parâmetros identitários preexiste e ultrapassa o domínio da ação individual Gumperz 1971 p 152153 sintetiza essa questão do seguinte modo em última instância é o indivíduo que toma a decisão mas a liberdade de escolher está sempre sujeita a restrições tanto gramaticais quanto sociais As primeiras se relacionam com a inteligibilidade das sentenças as segundas com sua aceitabilidade O poder de seleção portanto é limitado por convenções que servem para categorizar formas linguísticas como informais técnicas vulgares literárias humorísticas etc4 Desse modo diferentes definições de identidade sempre ressaltam que um indivíduo não é x ou y mas que essas categorizações devem necessariamente estar relacionadas com outros indivíduos uma vez que um olhar sobre a identidade não pode perder de vista as relações sociais A identidade portanto não é um atributo pessoal muito menos uma posse ela é um processo de criação de sentidos que deve ser ao mesmo tempo individual e coletivo A construção de sentidos se dá sempre dentro de uma matriz cultural e ideológica sobre a qual o indivíduo não exerce total controle O arcabouço teóricometodológico da Sociolinguística Variacionista por intermédio de análises quantitativas e multivariadas oferece ferramentas particularmente úteis para o desembaraço da complexa rede de influências entre fatores sociais e linguísticos na formação de identidades sociais MENDOZA DENTON 2002 A próxima seção exemplifica e discute alguns desses métodos 2 MÉTODOS PARA ABORDAR IDENTIDADES São vários os métodos já aplicados para analisar diferentes identidades dos falantes e esta seção não tem o objetivo de esgotálos Uma discussão mais detalhada pode ser encontrada em Schilling 2013 4 Texto original ultimately it is the individual who makes the decision but his freedom to select is always subject both to grammatical and social restraints Grammatical restraints relate to the intelligibility of sentences social restraints relate to their acceptability The power of selection is therefore limited by commonly agreedon conventions which serve to categorize speech forms as informal technical vulgar literary humorous etc Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 310 A observação etnográfica tomada da Antropologia Linguística DURANTI 1997 foi adotada por Eckert 1989 em seu estudo sobre jocks e burnouts em um colégio em Detroit nos Estados Unidos O principal intuito dessa metodologia de coleta de dados é permitir que o pesquisador se afaste de macrocategorias sociais e depreenda categorias locais relevantes para membros de uma comunidade Um exemplo desse tipo de abordagem nos estudos brasileiros é a tese de SalomãoConchalo 2015 que realizou um estudo etnográfico em uma escola pública de São José do Rio Preto na qual identificou diferentes comunidades de práticas A Figura 1 mostra esses grupos manos metaleiros ecléticos funkeiros etc e as relações entre eles as linhas tracejadas indicam um contato reduzido e as linhas contínuas sinalizam relações diretas ao mesmo tempo as relações podem ter um direcionamento único como a flecha dos funkeiros em relação aos mauricinhos ou de mão dupla como a flecha entre metaleiros e ecléticos Figura 1 Relações entre comunidades de práticas em um colégio em São José do Rio PretoSP no estudo de SalomãoConchalo 2015 Fonte SalomãoConchalo 2015 p 185 Depreender esses grupos e saber quem interagia com quem só foi possível pela observação participante da pesquisadora ao longo de dois anos Salomão Conchalo 2015 analisou os padrões de variação de duas variáveis bem 311 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 conhecidas na Sociolinguística brasileira a concordância nominal e a concordância verbal de terceira pessoa do plural Dentre vários aspectos que podem ser destacados desse trabalho vale a pena chamar a atenção para as diferenças nos comportamentos linguísticos por parte de dois desses grupos os funkeiros e os ecléticos O primeiro grupo era formado por adolescentes avessos à instituição escolar e que se identificavam ideologicamente com a cultura hip hop funk e rap Os membros do segundo grupo autodenominado ecléticos porque circulavam em diferentes grupos da escola gostavam de frequentála e de participar de atividades extracurriculares A Figura 2 compara as proporções de uso das variantes não padrão de concordância nominal à esquerda e verbal à direita entre esses dois grupos Figura 2 Proporções de uso das variantes nãopadrão de concordância verbal e nominal nas comunidades de práticas dos ecléticos e dos funkeiros no estudo de SalomãoConchalo 2015 Fonte Adaptado de SalomãoConchalo 2015 p 243 Enquanto os ecléticos têm baixas taxas de concordância não padrão 12 para CV e 8 para CN os funkeiros apresentam 56 de CV não padrão e 62 de CN não padrão Cabe notar aqui que um estudo sociolinguístico que se baseasse em macrocategorias sociais definidas a priori provavelmente acabaria classificando todos esses indivíduos dentro de uma mesma categoria adolescentes estudantes de escola pública Esses dados no entanto mostram Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 312 quão diferentes podem ser as práticas linguísticas de pessoas dentro uma mesma macrocategoria social Outro método para depreender identidades são questionários especificamente voltados para isso Hoffman Walker 2010 em um grande projeto de coleta de dados da fala de Toronto no Canadá estavam interessados principalmente em diferentes grupos de imigrantes e seus descendentes que compõem a população da cidade Toronto é uma cidade amplamente diversificada étnica cultural e linguisticamente com a presença de chineses italianos alemães portugueses poloneses gregos dentre outros grupos A fim de investigar se diferentes grupos de imigrantes apresentavam diferentes tendências linguísticas e se tais diferenças se relacionam com as identidades étnicoculturais dos indivíduos os autores desenvolveram um questionário de orientação étnica que incluía perguntas sobre como os falantes se identificam etnicamente sua rede social e usos do inglês e da língua de herança como exemplificadas em 1 As respostas receberam pontuação entre 1 e 3 para indicar menor ou maior orientação à identidade étnica e a média dos valores para 35 questões do questionário representou o índice de orientação étnica de cada indivíduo que foi então utilizado como variável independente no estudo de diversas variáveis sociolinguísticas 1 Identificação étnica a Você se considera italiano canadense ou ítalocanadense b A maioria de seus amigos é italiano c As pessoas em seu bairro são italianas d As pessoas com quem você trabalha são italianas e Quando você era criança os alunos na sua escola eram italianos Vocês eram amigos E as crianças no seu bairro Língua a Você fala italiano Você fala bem Com que frequência você fala italiano Se não Você consegue entender italiano b Onde você aprendeu italiano Em casa Na escola c Você prefere falar italiano ou inglês d Você prefere ler e escrever em italiano ou em inglês Você lê jornais em italiano Quais e Você prefere ouvir rádio ou ver TV em italiano ou em inglês 313 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 Inspirado nesse estudo um questionário semelhante foi usado no Projeto Processos de Acomodação Dialetal na fala de nordestinos residentes em São Paulo OUSHIRO 2016 Nesse projeto analisouse a fala de migrantes paraibanos e alagoanos que residem nas cidades de São Paulo e Campinas em comparação com a fala de paulistas e de paraibanos e alagoanos não migrantes a partir de amostras dos Projetos SP2010 MENDES OUSHIRO 2012 VALPB HORA 2004 e PORTAL OLIVEIRA 2017 O objetivo foi o de investigar em que medida os migrantes adquiriram novas formas linguísticas como o r tepe ou retroflexo em posição de coda silábica como em porta e a realização africada de t e d antes de i como em tia e dia variantes em princípio não prototípicas ou menos frequentes em seus locais de origem ver CARDOSO et al 2014 Se os migrantes têm usado essas formas com mais frequência do que os conterrâneos que não migraram quais fatores podem explicar a aquisição ou aumento na produção dessas formas Além de características sociodemográficas dos falantes seu sexo idade e motivo de migração tempo de residência etc uma hipótese diz respeito ao grau de identidade desses falantes com o local de origem ou com a comunidade anfitriã Desse modo foi incluído no roteiro de entrevista sociolinguística um questionário de perguntas sobre a rede social 2 os hábitos 3 e o grau de identificação do falante com cada região 4 2 Rede social a Sem contar as pessoas que moram com você quem são as pessoas com quem você mais convive b A maioria dos seus amigos hoje é de ALPB c Você tem vizinhos que são de ALPB 3 Hábitos a Hoje em dia com que frequência você come comida nordestina b Hoje em dia com que frequência você ouve música nordestina c Com que frequência você fala com parentes e amigos que não migraram d Com que frequência você volta para sua cidade natal 4 Identidade a Numa escala de 0 a 10 o quanto você se considera alagoanoparaibano hoje b Numa escala de 0 a 10 o quanto você se considera nordestino c Numa escala de 0 a 10 o quanto você já se considera paulista Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 314 A Figura 3 mostra a distribuição das respostas para as três escalas de identidade para os 40 migrantes que foram entrevistados em Campinas Para a escala de quão paraibano ou alagoano os falantes se consideram topo vêse que a grande maioria se atribuiu uma nota alta da escala entre 7 e 10 O mesmo é observado para a escala de quão nordestino centro eles se consideram Figura 3 Notas autoatribuídas por migrantes alagoanos e paraibanos residentes em São Paulo para graus de identidade com estado de origem topo região Nordeste centro e estado de São Paulo abaixo no estudo de Oushiro 2019 Fonte Oushiro 2019 315 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 A autoatribuição de notas altas para as identidades de origem é de certo modo esperada Sabese que negar as raízes é uma atitude socialmente mal vista e pelo menos discursivamente a grande maioria dos falantes demonstram valorizar sua herança cultural Isso contudo é um indicativo de que uma explicação para o maior ou menor uso de formas paulistas por parte desses migrantes não pode ser simplesmente sua identidade alagoanaparaibananordestina pois praticamente todos eles se identificam com o próprio estado e com o Nordeste enquanto sua produção linguística por outro lado é bem menos homogênea ver OUSHIRO 2019 Em contraste quando se analisa a escala de notas atribuídas para quão paulista eles já se consideram percebese que as notas não se concentram no ponto baixo da escala como se poderia plausivelmente esperar mas se distribuem de forma mais ou menos equilibrada entre 0 e 10 Desse modo é possível que a escala de paulistidade explique mais dos padrões de uso de formas paulistas do que as escalas de alagoanidadeparaibanidade e nordestinidade Esses resultados mostram que é necessário ter cautela para interpretar as manifestações identitárias dos falantes durante as gravações Não basta constatar que um falante que mantém os traços linguísticos do local de origem revela orgulho de suas raízes também é necessário examinar se falantes que mais assimilaram os traços linguísticos da nova comunidade se identificam relativamente mais com a comunidade anfitriã Outra questão de interesse ao sociolinguista é não apenas os modos como os falantes se identificam mas também como eles identificam outros falantes e de que modo eles o fazem Se é por meio de traços linguísticos é de interesse saber quais são esses traços mais salientes para diferentes grupos No Projeto SP2010 MENDES OUSHIRO 2012 foram incluídas perguntas específicas no roteiro de entrevista sociolinguística para descobrir quais são esses traços Depois de ter perguntado a quais lugares o falante já havia viajado o documentador perguntava Você disse que já foi para X para Y para Z Quando você foi para esses lugares as pessoas percebiam que você era paulistano A essa pergunta 92 dos participantes disseram que sim Quando a resposta era sim perguntava se na sequência Como elas percebiam As pessoas deram diversas respostas como a aparência física pex a brancura da pele atitudes como estar sempre com pressa e ficar perguntando se vai dar tempo e principalmente o modo de falar As respostas foram categorizadas nos grupos apresentados na Figura 4 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 316 que também apresenta a frequência com que foram mencionadas pelos participantes do Projeto SP2010 Figura 4 Respostas à pergunta Quando você estava em X as pessoas te reconheciam como paulistano Como do estudo de Oushiro 2015 Fonte Oushiro 2015 p 26 No roteiro de entrevista após a leitura de uma lista de palavras os documentadores também perguntavam como o participante achava que um carioca e uma pessoa do interior de São Paulo falariam algumas dessas palavras A expectativa é que a própria seleção de palavras revela quais traços linguísticos são mais salientes para os falantes A Figura 5 mostra os 20 itens mais mencionados da lista nela percebese que a grande maioria são palavras que contêm o r em coda silábica para identificar cariocas e interioranos e o s em coda para os cariocas 317 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 Figura 5 Palavras mais frequentemente mencionadas pelos participantes para diferenciação entre o português paulistano e o português de cariocasinterioranos de SP do estudo de Oushiro 2015 Fonte Oushiro 2015 p 95 A própria situação de entrevista sociolinguística então quando bem montada e aplicada sistematicamente pode fornecer bases sólidas para que o pesquisador possa afirmar que determinado traço linguístico é mais saliente e quais identidades se associam a esse traço para além de suas próprias impressões Por outro lado os falantes podem identificar ou categorizar outros falantes a partir de reações inconscientes sem saber por que o fizeram Ao lado de comentários explícitos dos participantes também é possível obter reações subjetivas a certos usos linguísticos por meio de métodos indiretos A técnica de estímulos pareados matchedguise technique desenvolvida por Lambert et al 1960 é um dos métodos que permite depreender diferentes significados sociais que se associam a diferentes línguas variedades ou variantes linguísticas A técnica consiste em criar pares de estímulos geralmente sonoros em que o pesquisador controla o aspecto que deseja analisar A pesquisa de Oushiro 2015 por exemplo buscou eliciar reações subjetivas às variantes tepe e retroflexa de r em coda silábica por parte de moradores da cidade de São Paulo O objetivo era o de identificar diferentes significados sociais dessas variantes e se esses significados se relacionam com os padrões de produção verificados na comunidade a saber uma mudança em Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 318 tempo aparente na direção da variante retroflexa nas regiões periféricas da cidade Para tanto foram criados pares de estímulos idênticos em todos os aspectos exceto pela pronúncia do r em coda Inicialmente foram gravados quatro falantes paulistanos de semelhantes perfis sociais dois homens e duas mulheres moradores da Zona Oeste da cidade com nível superior de escolaridade e com cerca de 30 anos em uma situação de conversa informal Das gravações foram extraídos excertos curtos de 15 a 20 segundos e que continham uma certa concentração de ocorrências de r em coda 4 a 7 Os falantes foram então recontactados a fim de que produzissem realizações controladas das variantes de r em coda nas mesmas sentenças como tepe ou como retroflexo Tais produções foram inseridas nas gravações originais por meio do programa Praat BOERSMA WEENINK 2014 a fim de produzir dois estímulos para cada falante um que continha apenas tepes e outro que continha apenas retroflexos Posteriormente esses estímulos foram separados em dois grupos Quadro 1 de modo que os participantes ouvintes escutassem cada falante uma única vez o estímulo com tepe ou o estímulo com retroflexo Quadro 1 Separação dos estímulos para experimento de percepções no estudo de Oushiro 2015 Grupo A Grupo B Falante 1 M tepe 1t retroflexo 1r Falante 2 F retroflexo 2r tepe 2t Falante 3 M retroflexo 3r tepe 3t Falante 4 F tepe 4t retroflexo 4r Fonte Oushiro 2015 p 276 Após ouvir cada estímulo os ouvintes preenchiam um questionário sobre como imaginavam ser aquela pessoa Uma parte do questionário está transcrita em 5 5 Para você essa pessoa parece Escolha uma opção em cada linha 319 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 Pouco Bastante Extrovertida Escolarizada Feminina5 Inteligente Formal Amigável Paulistana Ter sotaque Ter amigos Essa pessoa deve morar num Escolha uma opção Bairro mais periférico Bairro mais central Fonte Oushiro 2015 p 279 A análise das respostas ao questionário preenchido no total por 185 participantes buscou verificar se um mesmo falante ouvido com uma variante ou com outra recebia diferentes julgamentos a depender de qual foi a variante ouvida Tendo em mente que cada par de estímulos é idêntico quanto à qualidade de voz conteúdo da mensagem etc se as respostas para uma característica atribuída ao falante são significativamente diferentes para os estímulos com tepe e com retroflexo isso significa que os ouvintes conscientemente ou não associam cada variante linguística com diferentes grupos de falantes A Figura 6 mostra a distribuição das respostas para três das escalas do questionário quão paulistano soa o falante topo seu grau de sotaque centro e o grau de centralidade de seu bairro de residência abaixo À esquerda contrastamse as respostas para os estímulos com retroflexo e tepe por falante 1r vs 1t 2r vs 2t etc e à direita a distribuição geral de toda a amostra 5 Ou Masculina para vozes masculinas Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 320 Figura 6 Correlações entre variante de r ouvida e percepções sobre Paulistanidade topo Sotaque centro e Centralidade do Bairro abaixo do falante no estudo de Oushiro 2015 Fonte Oushiro 2015 p 290 Resumidamente a figura mostra que os falantes foram julgados como mais paulistanos quando ouvidos com o tepe como tendo mais sotaque quando ouvidos com o retroflexo e como residentes de bairros mais centrais quando ouvidos com o tepe Notase contudo que os falantes não necessariamente foram avaliados como não paulistanos quando ouvidos com o retroflexo como não tendo sotaque com o tepe ou como residentes de bairros periféricos quando ouvidos com o retroflexo nesses casos as respostas se concentram num ponto neutro o valor 3 da escala que mostra que as categorizações sociais dessas variantes não se organizam como pares de opostos 321 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 Por fim outro método para o estudo de identidades é uma análise da variação estilística de acordo com os assuntos tratados e diferentes posturas do falante JAFFE 2009 ao longo da entrevista sociolinguística Um exemplo desse tipo de análise é a pesquisa de Becker 2009 A autora realizou um estudo em Nova Iorque que dentre outros objetivos replicou a pesquisa de Labov 2006 1966 no bairro de Lower East Side em Nova Iorque a fim de verificar se as mudanças que o autor havia observado na década de 1960 continuavam na mesma direção Uma das variáveis analisadas por Becker foi a realização do r pósvocálico do inglês que em Nova Iorque pode ser apagado ou realizado Becker 2009 percebeu que na fala de diferentes indivíduos as taxas de realização do r mudavam a depender do assunto A Figura 7 mostra a taxa de realização de r em diferentes momentos da entrevista de um de seus participantes Michael Figura 7 Taxas de realização de r para um falante de acordo com tópicos da entrevista sociolinguística no estudo de Becker 2009 Fonte Becker 2009 p 651 Na Figura 7 as barras escuras são os momentos em que o falante mais pronuncia o segmento que é a variante de prestígio nos Estados Unidos quando Michael fala sobre a carreira relações familiares e espiritualidade a realização de r ultrapassa 30 quando ele fala sobre a história do bairro como foi crescer no Lower East Side brincadeiras de infância e as mudanças que vêm ocorrendo no bairro sua taxa de realização cai para até 10 Becker interpretou que isso tem a Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 322 ver não só com o assunto sobre o qual falava mas também com a identidade do falante o apagamento do r apesar de ser estigmatizado nos Estados Unidos é um traço típico de Nova Iorque e do Lower East Side Esse falante assim deixa de realizar os r pósvocálicos como forma de sinalizar sua identificação com o bairro Essa análise de posturas mostra como os falantes podem manipular de forma consciente ou não o uso de variáveis linguísticas para sinalizar filiação a certos grupos e como a variação linguística não é reflexo mas também a matéria prima básica com a qual os falantes constroem identidades e expressam diversos significados sociais CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo teve o objetivo de apresentar algumas definições de identidade em estudos sociolinguísticos bem como discutir sua aplicação em estudos de variação de modo a revelar e interpretar os padrões sociolinguísticos que emergem dos dados As diferentes definições de identidade ressaltam o caráter relacional do conceito que deve passar necessariamente pela relação entre um indivíduo e construtos sociais mais amplos Diferentes métodos podem acessar diferentes categorizações feitas pelos falantes de modo direto ou indireto por meio de suas práticas discursos e percepções A análise de agrupamentos menores e de indivíduos também permite mais bem entender diferentes significados sociais de variantes linguísticas cujos usos são dinâmicos Há que se ter em mente ademais que tais significados são múltiplos e que a identidade declarada pelos falantes em seu discurso não pode ser tomada prima facie como única explicação para determinados usos linguísticos Ao assumir que identidades sociolinguísticas são múltiplas e dinâmicas fazse necessário aplicar métodos variados objetivos e replicáveis para validação das correlações entre a variação estilística percepções e identidades Alguns desses métodos foram aqui revisitados a observação etnográfica aplicação de questionários perguntas específicas no roteiro de entrevistas sociolinguísticas testes de percepção e análises de posturas Os estudos sociolinguísticos só têm a ganhar com a ampliação e o desenvolvimento de novas técnicas de coleta análise e interpretação dos usos sociais da variação 323 Nº 63 NÚM ESP2019 Salvador pp 304325 REFERÊNCIAS BATTISTI Elisa Redes sociais identidade e variação linguística In FREITAG Raquel Meister Ko ed Metodologia de coleta e manipulação de dados em Sociolinguística São Paulo Blucher 2014 p 7998 BECKER Kara r and the construction of place identity on New York Citys Lower East Side Journal of Sociolinguistics vol 13 n 5 p 634658 2009 BOERSMA Paul WEENINK David Praat doing phonetics by computer 2014 Disponível em httpwwwfonhumuvanlpraat Último acesso em 29 jan 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