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Noções basilares sobre a morfologia e o léxico conceitos básicos e classificação das formas RODRIGUES Alexandra Soares Noções basilares sobre a morfologia e o léxico In RioTorto G M Coord Gramática derivacional do português 2ª ed Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra 2016 pp 3580 LET1011 Morfologia da Língua Portuguesa UABUEFS Prof Natival Simões Neto UEFS O estudo da gramática derivacional duma língua é um estudo sobre formação de palavras nas duas aceções que esta comporta Uma diz respeito a uma competência da gramática mental dos falantes Outra refere um domínio de descrição linguística que pretende descrever e explicar a primeira RODRIGUES 2016 p 35 Na primeira aceção está em causa um domínio mental em que concorrem através de interfaces as estruturas da linguagem que intervêm na produção de lexemas pelos falantes Estas estruturas são a morfologia a semântica a fonologia e indiretamente a sintaxe Aronoff 2000 Booij 2000a Corbin 1987 Spencer 2000 A formação de palavras como domínio convergente dessas áreas em interface Rodrigues 2008 2012 2015 Rodrigues RioTorto 2013 mostra que a linguagem é constituída por estruturas que contactam entre si interativamente Jackendoff 2002 RODRIGUES 2016 p 35 Na segunda aceção integramse as descrições e as explicações que a linguística enquanto ciência de estudo da linguagem aventa para os fenómenos de geração lexical RODRIGUES 2016 p 35 Competência lexical Segundo Basílio 1980 a competência lexical de um falante nativo de uma língua inclui a o conhecimento de uma lista de entradas lexicais b o conhecimento da estrutura interna dos itens lexicais assim como relações entre os vários itens e c o conhecimento subjacente à capacidade de formar entradas lexicais gramaticais novas e naturalmente rejeitar as agramaticais BASÍLIO 1980 p 9 BASÍLIO Margarida Estruturas lexicais do português uma abordagem gerativa Petrópolis Vozes 1980 Teste 1 de competência lexical Quais dessas palavras fazem parte do português baquista saludos feticídio saquiteiro bambinaia liebe scrap sujidade redemption asnidade Teste 2 de competência lexical Qual o contexto formativo de cada um desses conjuntos de palavras dentista nutricionista taxista pianista arrependimento esgotamento cancelamento amável extraível aturável bebível vendedor arguidor comprador varredor marinheiro chaveiro livreiro jornaleiro cassação concentração rendição fundição Teste 3 de competência lexical Vocês consideram essas palavras possíveis ou impossíveis gostosamento denteiro tratação marível Os elementos de ordem histórica e etimológica não intervêm na formação de palavras enquanto componente da gramática mental Os falantes não têm acesso a estados pretéritos da língua nem necessitam de um conhecimento explícito acerca destes para produzirem lexemas exceto na criação de lexemas com componentes eruditos Já no que diz respeito à área da linguística que explica a formação de palavras os dados históricos e etimológicos são instrumentos que auxiliam a par de outros a identificação de segmentos morfológicos ou a compreensão da maior ou menor produtividade dos processos RODRIGUES 2016 p 36 No entanto esses dados históricos não se sobrepõem aos componentes de caráter sincrónico que ativamente participam na gramática mental do falante Assim a formação de palavras como área do conhecimento descreve as estruturas mentalmente congregadas para a geração de lexemas em cada sincronia recorrendo a informações etimológicas e históricas como auxílio e não como objeto em si mesmoRODRIGUES 2016 p 36 A formação de palavras recobre diferentes processos que agem paradigmaticamente que permitem formar um lexema com base noutro lexema sejam a afixação a conversão a composição a amálgama ou cruzamento a truncação A derivação em sentido lato é encarada como equivalente de formação de palavras É nessa aceção que é usado o adjetivo derivacional no título deste livroRODRIGUES 2016 p 36 Morfologia Por morfologia pode entenderse a organização mental da linguagem que estrutura a constituição interna das palavras e a formação destas Em simultâneo a morfologia é a área da linguística que estuda a organização mental referente à constituição interna das palavras em unidades mais pequenas os morfemas Matthews 19741 23 aqui encarados como unidades mínimas com função gramatical Aronoff 1994 529 Plag 200310 RODRIGUES 2016 p 37 O conceito de morfema O morfema é nos termos de Bloomfield 1933 a menor unidade significativa É indivísivel tem recorrência e tem valor distintivo Alguns autores como John Lyons 1970 e Peter Matthews 1974 estabelecem uma diferença entre morfema e morfe O morfema seria então uma dimensão abstrata e o morfe seria a realização concreta O alomorfe é uma variante fônica no corpo do morfe O alomorfe mesmo sendo realizado diferentemente não altera o valor do morfema Morfema morfe e alomorfe PLURAL s casas ratos es dores vezes is animais lençóis SINGULAR zero MASCULINO o rato menino garoto zero peru inglês professor FEMININO a rata menina garota perua inglesa professora 1ª PESSOA DO PLURAL mos falamos comprávamos venderíamos partíssemos 2ª PESSOA DO SINGULAR s falas falarias falaríamos falasses fales falares ste falaste vendeste partiste 3ª PESSOA DO PLURAL m falam venderam compravam o falarão venderão partirão 2ª PESSOA DO PLURAL is falais vendeis partis partireis compráveis stes falastes vendestes partistes e des falardes venderdes partirdes tendes pondes etc PRESENTE DO INDICATIVO zero PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO va falava compravam andávamos ia bebia partíamos sumiam vendia PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO sse falasse comprasse vendesse partisse Por constituição interna das palavras entendese a sua estruturação em morfemas cuja combinação serve para i mudar a forma da mesma palavra de acordo com alterações a nível do significado e da função gramaticais assim acontecendo quando há variação flexional de uma mesma palavra sem alterar a identidade da mesma meninos ii construir palavras RODRIGUES 2016 p 37 Assim acontece quando derivamos avaliação de avaliar Neste caso ocorre mudança não só na forma e no significado gramatical mas também no significado lexical Esta alteração leva a que avaliar e avaliação não sejam duas formas da mesma palavra mas duas palavras distintas RODRIGUES 2016 p 37 Morfologia flexional e Morfologia derivacional A morfologia flexional trata da constituição interna da mesma palavra estudando as suas variações formais gatogatos adorou adoraram A morfologia derivacional trata da constituição interna de palavras diferentes estudando as variações formais e semânticas que permitem construir palavras a partir de outras como avaliação a partir de avaliar ou como contentamento a partir de contentar e este verbo a partir do adjetivo contente Štekauer 2015 RODRIGUES 2016 p 3738 Morfologia flexional X Morfologia derivacional o critério da relevância sintática Câmara Jr 1975 Anderson 1982 e Gonçalves 2011 comentam a possibilidade de se avaliar a diferença entre flexão e derivação a partir da relevância sintática Toda característica morfológica que tiver relevância sintática está no âmbito da flexão o que não tiver está no âmbito da derivação O menino esperto comprou o bolo que a aluna pediu Os meninos espertos compraram o bolo que as alunas pediram A aluna esperta comprou o bolo que o aluno pediu O menino roubou a carne do açougue As meninas roubaram as carnes dos açougues O menino roubou a carne do açougueiro A morfologia tem como tarefas analisar os constituintes morfológicos das palavras e o modo como estes se organizam entre si Para tal é necessário identificar os constituintes analisar as suas propriedades e compreender a organização que pode existir entre os constituintes para a estruturação de uma palavra ou para a variação da mesma palavra RODRIGUES 2016 p 38 A categoria lexical das palavras ou seja a pertença às classes nome verbo adjetivo advérbio etc diz respeito a informações sobre o modo como a palavra é usada na sintaxe Por exemplo lança N e lança V pertencem a duas categorias lexicais diferentes como é observável nos títulos lançaN atinge adepto banda lançaV novo disco RODRIGUES 2016 p 38 Palavra lexema e forma de palavra Um lexema é uma unidade lexical abstrata desprovida de variações cotextuais como sejam as variações de géneronúmero tratandose de nomes e de adjetivos e de modotempoaspeto e de númeropessoa tratandose de verbos Plag 2003 9 Haspelmath 2002 13 Um lexema como avaliar encontrase inscrito no nosso léxico mental com informações relativas ao seu significado à sua atualização sintática à sua constituição fonológica Jackendoff 2002 131 RODRIGUES 2016 p 3839 As variações que podemos fazer desse lexema através da adjunção de morfemas de modotempoaspeto avaliava avaliasse avaliaria e de númeropessoa avalias avaliamos avaliais avaliam não alteram o lexema e por isso são designadas por formas de palavra O conjunto das variações da forma do mesmo lexema é designado por paradigma do lexema Haspelmath 2002 14 RODRIGUES 2016 p 3839 Como tal para referir avaliação como a unidade localizada no nosso léxico mental em abstrato usamos avaliação Esta forma avaliação abstrai as variações formais que o lexema possa ter avaliação avaliações Já na sua correlação com avaliar avaliação não representa uma alteração da forma de avaliar mas uma outra palavra ou seja um outro lexema RODRIGUES 2016 p 39 Exercícios de formas de palavras menino menino menina meninos meninas meninada meninada meninadas meninice meninice meninices livro livro livros livraria livraria livrarias simples simples simplicidade simplicidade simplicidades falar falar falo falas falamos falarás falareis falaria falávamos falante falante falantes comer comer como comes comemos comerás comereis comeria comíamos comilão comilão comilões comilona comilonas A forma citacional é um instrumento útil para fazer referência aos lexemas Contudo não tem necessariamente importância a nível do léxico mental pois a forma citacional pode não corresponder à forma que um lexema assume para fazer gerar a partir de si mesmo outros lexemas ou para fazer variar a sua forma no mesmo paradigma p 3940 Existem lexemas que não apresentam variação formal A sua forma mantémse mesmo que haja variação no significado da frase em que o lexema está inserido e logo na funcionalidade gramatical comprei um lápis comprei dois lápis Essa situação pode também ocorrer com lexemas sem variação na funcionalidade gramatical No caso dos advérbios a invariância formal acompanha a invariância funcional Os advérbios não apresentam mudança funcional quanto a género número tempo modo aspeto etc p 4041 Sendo difícil a definição conceptual de palavra recorremos a dois critérios empíricos que permitem a sua identificação Aronoff Fudeman 2005 3738 a ordem fixa dos elementos e a inseparabilidade destes Ordem fixa de elementos Uma das caraterísticas da palavra é a sua autonomia prosódica Geralmente as palavras são unidades que têm acento próprio Contudo há palavras que são unidades gramaticais i e têm autonomia do ponto de vista gramatical e não têm acento próprio É o caso dos clíticos Spencer 1991350392 Estas unidades têm de ocorrer na frase juntamente com uma palavra que possua um acento próprio e em conjunto com esta formam um vocábulo fonológico É exemplo disso o clítico te em deute o livro não te deu o livro p 41 O clítico te funciona em conjunto com deu como um vocábulo fonológico Podemos dizer que te é um satélite prosódico de deu A possibilidade de o clítico mudar de posição em relação à palavra de que é satélite fonológico mostra que este embora não seja autónomo fonologicamente é autónomo em termos gramaticais Comparemos agora o comportamento do clítico com o comportamento de afixos Ao contrário do que acontece com os clíticos os afixos não podem mudar de posição em relação à palavra a que se juntam cf encabeçou encabeç agradecimento agradecimento Assim se explica a agramaticalidade de cabeçoen e mentoagradeci RODRIGUES p 4142 Podemos pois estabelecer como critério de identificação de uma palavra o caráter fixo em que ocorre a ordem dos seus constituintes Esta é uma caraterística que diferencia as unidades da morfologia das unidades da sintaxe Mesmo em línguas como o português em que a ordem dos constituintes na frase tende a ser padronizada ela não é no entanto absolutamente fixa em o João comeu o bolo o bolo comeuo o João ou comeu o bolo o João as frases mantêmse interpretáveis e gramaticais O mesmo não acontece entre os constituintes morfológicos das palavras desglobalização desglobalização não pode ocorrer como çãoaizalglobdes ou como çãoglobalizades p 41 Inseparabilidade e integridade Outra caraterística da palavra é a sua inseparabilidade e a sua integridade Um clítico pode ocorrer em posições diversas em relação à palavra da qual é satélite Um enunciado como embora me não dês o livro vou contarte a história mostra que a dependência prosódica de me não se estabelece obrigatoriamente em relação ao verbo mas a qualquer palavra a que se possa anexar fonologicamente O mesmo não ocorre com os constituintes que formam a palavra 1 A desglobalização não passa de um sonho 2 A des não passa glob iza de um sonho ção O que é morfema Entendese por morfema a unidade mínima com função dentro da gramática da língua ou seja com função gramatical Esta definição permite contornar as desvantagens que surgem se considerarmos o morfema como uma ligação entre uma forma e um significado cf Aronoff Fudeman 2005 2 Em caso de circunfixação por exemplo um significado não está relacionado com um morfema coincidente com uma série contínua de segmentos fonológicos pelo facto de aquele ser descontínuo em apodrecer tornarse podre o significado de tornarse está a cargo de uma unidade descontínua a ec e como tal não se pode relacionar este significado apenas com a ou apenas com ec Problema do conceito clássico PODRE PODR E PODRIDÃO PODR IDÃO APODRECER A PODR EC E R GORDO GORD O GORDURA GORD UR A GORDURINHAS GORD UR INH A S ENGORDAR EN GORD A R TARDE TARD E TARDAR TARD A R TARDINHA TARD INH A ENTARDECER EN TARD EC E R Outras vezes o contributo do morfema não é o de acrescentar um significado conceptual mas o de indicar comportamentos formais que uma dada palavra tem de seguir comparese o comportamento flexional dos verbos falar e falir por exemplo Assim acontece com os constituintes temáticos como morfemas vazios que são Aronoff 1994 4445 Mateus Andrade 2000 68 Há ainda situações em que um morfema apresenta variações ao nível do significante ou seja nos segmentos fonológicos que o compõem Esta variação designase por alomorfia Matthews 1974107 Dressler 2015 e a realização concreta de cada morfema por alomorfe Plag 2003 27 Encontrase neste caso o alomorfe bil que o sufixo vel toma em contexto derivacional Outros casos há em que parece haver um significado sem forma que o expresse Por exemplo a expressão do singular dos nomes em português fazse pela ausência de morfema ao contrário do plural que geralmente é expresso pelo morfema s Constituintes puramente morfológicos ou expletivos Tradicionalmente considerase o morfema como a unidade mínima com significação Hockett 1958 93 126 No entanto existem morfemas aos quais dificilmente se consegue atribuir uma significação se pensarmos nesta em termos conceptuais Aronoff 1994 529 Os constituintes temáticos dos verbos e dos nomes encontramse nesta situação Neste conjunto se inscrevem os interfixos 1614 deste cap ou seja os morfemas que se introduzem entre uma base e um sufixo derivacional cãozinho ou entre uma base e outra base como nos compostos fumívoro Haspelmath 200286 É uma função de estruturação morfológica a que os interfixos desempenham mantêm a base interpretável cãozinho vs cãoinho e evitam a formação de hiatos que dificultam essa interpretação chaleira vs chaeira Alomorfia A alomorfia mostra que não é possível encarar o morfema como a ligação entre uma forma e um significado Na verdade o mesmo significado pode ser veiculado por formas fonológicas diferentes que se encontram correlacionadas no léxico mental A alomorfia não anula pois a unidade do morfema O falante tem capacidade para distinguir implicitamente os cotextos em que ocorre cada forma Ausência de morfema a formação por conversão Explicar Explicação Diferenciar Diferenciação Arrebatar Arrebatamento Cercear Cerceamento Entregar Entrega Ensinar Ensino Cantar Cantar Canto Jantar Jantar As considerações antes expendidas servem dois propósitos diferentes embora interligados Por um lado mostram a distinção entre palavra e morfema ou seja mostram o que é e não é uma palavra por se tratar de um elemento mais pequeno do que aquela e funcionando portanto como uma unidade hierarquicamente interna à palavra eou a ela anterior Neste caso estamos no domínio da morfologia Por outro lado evidenciam o que é uma palavra e o que não é uma palavra por se tratar de um elemento mais extenso ou seja por ser hierarquicamente superior ou externo à palavra Neste caso estamos no domínio da sintaxe Os critérios de identificação de palavras ajudam a perceber que a morfologia é um domínio autónomo em relação à sintaxe Matthews 1974 206222 Jackendoff 2002 128129 O tipo de organização interna da palavra não segue os mesmos modos de funcionamento que o tipo de organização interna da frase A morfologia dedica se à análise da estrutura interna das palavras pelo que não cabe à morfologia estudar a organização das palavras na frase assim como não cabe à sintaxe estudar a organização interna das palavras p 48 A morfologia como interface A morfologia mantém relações de grande interação com as demais áreas da gramática com as quais labora em interface A morfologia flexional tem um papel importante na construção de frases A morfologia derivacional não é exigida pela sintaxe no grau e nos termos em que o é a morfologia flexional No entanto a derivação acarreta alterações a nível da formatação sintática do lexema obtido p 5253 No caso da morfologia derivacional essa ligação entre a morfologia e a semântica é especialmente saliente Na derivação não estão apenas em causa alterações na semântica funcional do lexema mas alterações na semântica lexical Ou seja ao construirmos por exemplo laranjeira a partir de laranja estamos a designar já não o fruto mas a árvore que o produz A relação que a morfologia derivacional mantém com a semântica permite a construção de outro conceito que não o que está previsto no lexema base Por exemplo rato designa um animal ratoeira um instrumento para caçar esse animal A morfologia tem também uma ligação especial com a fonologia No caso da morfologia flexional há mudanças fonológicas acarretadas pela colocação de um morfema p 54 Constituintes presos vs Constituintes autônomos Existem em português morfemas presos e morfemas autónomos8 Esta distinção baseiase no critério formal da fixidez de posição que um morfema pode ter os presos têm posição fixa os autónomos não Os morfemas autónomos correspondem a unidades que podem ocorrer numa frase isoladas de outras unidades que aí compareçam As unidades com de já lápis mar por exemplo comportam se como morfemas autónomos 20 O gato bebeu o leite todo 21 A gata tinha bebido o leitinho e as natas todas Utilizando operações de segmentação e de comutação é possível destacar os morfemas gat beb leit tod Estas formas mantêmse inalteradas mesmo quando os morfemas que lhes surgem associados são diferentes Se tentarmos construir uma frase com estes morfemas não se consegue a identificação das unidades em 22 22 Gat beb leit tod Isto devese a que estes morfemas apesar de deterem a significação lexical do lexema não podem funcionar autonomamente ao contrário de mar lápis de já com cor Sintetizando são morfemas autónomos aqueles que podem ocorrer por si mesmos como palavras Os morfemas presos não podem ocorrer de modo formal isoladamente Como tal não podem ocorrer separadamente de outros morfemas assim como não podem mudar de posição A proposta de Mattoso Câmara Júnior forma livre forma presa e forma dependente As formas livres aparecem sozinhas no discurso especialmente como respostas a perguntas São vocábulos formais que podem ser pronunciados isoladamente e mesmo assim expressam ideias Por isso são consideradas palavras Exemplos juízes convocam servidoras públicas Em contrapartida as formas presas só têm valor ou funcionam quando combinadas com outras formas livres ou presas Em juízes o s é uma unidade formal que indica plural Esse sentido isto é a ideia de plural só é atualizado na relação que a forma s tem com a forma juíze Como s nesse caso não funciona sozinho dizse que é forma presa O mesmo podese dizer sobre as formas juíze e e ao passo que juiz é forma livre Resumindo Em juízes distinguemse duas formas livres juiz e juízes e três formas presas juize e s Wessling Margotti Ferreira Margotti 2011 p 1617 Para Mattoso Câmara Jr 1972 vocábulos átonos artigos preposições algumas conjunções e pronomes oblíquos átonos que não podem constituir por si só um enunciado são formas dependentes Servem de exemplo em o te se quer conjunção para preposição etc Já vocábulos tônicos como já si quer verbo cem caboclo arma pára verbo etc são formas livres p 17 Wessling Margotti Ferreira Margotti 2011 p 1617 Aplicação do modelo de análise de Câmara Jr DENTISTAS FORMA LIVRE DENT IST A S 4 MORFEMAS ALGUM DESSES MORFEMAS É AUTÔNOMO NÃO DENTISTAS FORMA LIVRE COM 4 MORFEMAS PRESOS MARINHEIRO FORMA LIVRE MAR INH EIR O 4 MORFEMAS ALGUM DESSES MORFEMAS É AUTÔNOMO SIM O RADICAL MAR MARINHEIRO FORMA LIVRE COM 3 MORFEMAS PRESOS E 1 LIVRE INFELIZMENTE FORMA LIVRE IN FELIZ MENT E 4 MORFEMAS ALGUM DESSES MORFEMAS É AUTÔNOMO SIM O RADICAL FELIZ INFELIZMENTE FORMA LIVRE COM 3 MORFEMAS PRESOS E 1 LIVRE FERRO DE PASSAR 1 FORMA LIVRE CONSTITUÍDA DE 2 FORMAS LIVRES COM 5 MORFEMAS PRESOS E 1 FORMA DEPENDENTE BABAOVO 1 FORMA LIVRE CONSTITUÍDA DE 2 FORMAS LIVRES COM 2 MORFEMAS PRESOS CADA GOSTOSURAS FORMA LIVRE COM 5 MORFEMAS PRESOS GOSTOSURAS CALORENTA FORMA LIVRE COM 2 MORFEMAS PRESOS E 1 LIVRE CALORENTA FOGUEIRINHA FORMA LIVRE COM 4 MORFEMAS PRESOS FOGUEIRINHA FLORISTAS FORMA LIVRE COM 1 MORFEMA LIVRE E 3 PRESOS FLORISTAS CACHORRÃO CACHORRÃO FORMA LIVRE COM 2 MORFEMAS PRESOS GOMA DE MASCAR FORMA LIVRE COM 1 FORMA DEPENDENTE E 2 FORMAS LIVRES COM 5 MORFEMAS PRESOS GOMA MASCAR LÍNGUA DE VACA FORMA LIVRE COM 1 FORMA DEPENDENTE E 2 FORMAS LIVRES COM 4 MORFEMAS PRESOS LINGUA VACA MATAMOSQUITO FORMA LIVRE COM 5 MORFEMAS PRESOS MATA MOSQUITO Classificação das formas livres As formas livres aquelas que funcionam como palavras na língua com autonomia semântica sintática e fonológica podem ser classificadas em simples complexas e compostas Essa classificação tem em vista a sua configuração mórfica ou seja a organização dos morfes que constituem essas palavras Alguns autores não fazem distinção entre formas complexas e compostas entendendo que formas compostas também são complexas Porém para fins didáticos faremos aqui tal diferenciação que será mais bem detalhada nos próximos slides Forma simples É uma forma constituída apenas de um radical obrigatoriamente Pode apresentar constituintes temáticosvogais temáticas e elementos gramaticais previsíveis como flexões de gênero e número no caso das classes nominais e númeropessoa e tempomodo aspecto no caso dos verbos Entretanto constituintes temáticos e morfemas flexionais não são obrigatórios para a identificação de uma forma simples Ex mesas ferro ovo vaca baba falavam meninos alunas comprou venderam etc As formas simples não devem apresentar elementos derivacionais tais como prefixos sufixos ou circunfixos Assim podese resumir a definição assumindo que a forma simples tenha obrigatoriamente UM RADICAL APENAS Pode apresentar VOGAL TEMÁTICA e DESINÊNCIAS FLEXIONAIS mas esses elementos são opcionais Não pode ter elemento derivacional nem mais de um radical Forma complexa É uma forma constituída apenas de um radical obrigatoriamente Pode apresentar constituintes temáticosvogais temáticas e elementos gramaticais previsíveis como flexões de gênero e número no caso das classes nominais e númeropessoa e tempomodo aspecto no caso dos verbos Deve apresentar obrigatoriamente algum elemento de natureza derivacional como prefixo sufixo ou circunfixo Ex mesinhas ferradura ovada vaqueiro babador desfolhavam insuportáveis retomou compartilharam empoderar entardecer etc Assim podese resumir a definição assumindo que a forma complexa tenha obrigatoriamente UM RADICAL apenas Pode apresentar VOGAL TEMÁTICA e DESINÊNCIAS FLEXIONAIS mas esses elementos são opcionais Tem obrigatoriamente algumns elementos derivacionalis Forma composta É uma forma constituída por mais de um radical obrigatoriamente Pode apresentar constituintes temáticosvogais temáticas e elementos gramaticais previsíveis como flexões de gênero e número no caso das classes nominais e númeropessoa e tempomodo aspecto no caso dos verbos Pode apresentar algum elemento de natureza derivacional como prefixo sufixo ou circunfixo Ex gordofobia musicoterapia floricultura navio escola peixeagulha rinoplastia lobotomia uxoricídio pernilongo boquirroto quente frio claroescuro vaivém escondeesconde limpavidro puxasaco puxasaquismo vira lata viralatice pessoa pública produção independente alto relevo falsa magra mil folhas primeiro ministro terceira idade pédemoleque copodeleite sabão em pó máquina de lavar e goma de mascar Assim podese resumir a definição assumindo que a forma composta tenha obrigatoriamente MAIS DE UM RADICAL Pode apresentar VOGAL TEMÁTICA DESINÊNCIAS FLEXIONAIS E ELEMENTOS DERIVACIONAIS mas esses elementos são opcionais