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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UFRO CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE PRIMEIRA VERSÃO ANO III Nº130 JANEIRO PORTO VELHO 2004 VOLUME IX ISSN 15175421 EDITOR NILSON SANTOS CONSELHO EDITORIAL ALBERTO LINS CALDAS História UFRO CLODOMIR S DE MORAIS Sociologia IATTERMUND ARTUR MORETTI Física UFRO CELSO FERRAREZI Letras UFRO HEINZ DIETER HEIDEMANN Geografia USP JOSÉ C SEBE BOM MEIHY História USP MARIO COZZUOL Biologia UFRO MIGUEL NENEVÉ Letras UFRO ROMUALDO DIAS Educação UNICAMP VALDEMIR MIOTELLO Filosofia UFSC Os textos no mínimo 3 laudas tamanho de folha A4 fonte Times New Roman 11 espaço 15 formatados em Word for Windows deverão ser encaminhados para email nilsonunirbr CAIXA POSTAL 775 CEP 78900970 PORTO VELHORO TIRAGEM 200 EXEMPLARES EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA ISSN 15175421 lathé biosa 130 A RELAÇÃO ENTRE SENTIDO E REFERÊNCIA A PARTIR DO OLHAR DE FREGE MARINALVA VIEIRA BARBOSA PRIMEIRA VERSÃO ISSN 1517 5421 2 Marinalva Vieira Barbosa A RELAÇÃO ENTRE SENTIDO E REFERÊNCIA A PARTIR DO OLHAR DE FREGE marinalvielunicampbr Aluna do Curso de Mestrado em Lingüística IEL UNICAMP Qual o significado do que você está falando O que você quer dizer com isso Essas são questões que marcam o nosso cotidiano mas que refletem também uma polêmica que faz parte dos estudos semânticos A definição do sentido das palavras no mundo a necessidade de especificar a que o sentido se refere de que ele fala tem sido uma busca de diferentes teóricos ligados ao campo da Semântica O Filósofo Alemão Gottlob Frege por exemplo buscou amparo na lógica para desenvolver a sua teoria sobre o sentido e o referente A abordagem freguiana postula que o estudo do significado tem como base o conceito de verdade Um nome próprio por exemplo tem significado quando conseguimos alcançar através do seu sentido o objeto no mundo p 94 A relação entre o significado da palavra e seu referente foi discutida por Frege no clássico ensaio Sobre o sentido e a referência 1982 Frege inicia seu texto afirmando que a igualdade desafia a reflexão dando origem a questões que não são muito fáceis de responder A relação de igualdade ou a explicação de como é possível que uma sentença da forma aa tenha valor cognitivo diferente de uma sentença da forma ab é o ponto de partida do texto referido No caso de aa tratase da relação que o objeto tem consigo mesmo já em ab a relação de igualdade é constituída entre dois sinais ou nomes diferentes que se referem a um mesmo objeto p61 É a consideração de que o sentido de uma expressão ou de uma sentença não se confunde com o objeto de referência que torna possível explicar como os valores cognitivos de aa e de ab diferem Numa afirmação do tipo a estrela da manhã é a estrela da manhã teríamos uma relação do tipo aa em que o verbo ser estabelece uma relação de identidades entre dois objetos Neste caso não há diferença nem distinção de sentidos Já na afirmação a estrela da manhã é a estrela da tarde temos uma relação do tipo ab pois dois sentidos diferentes são usados para referir a um mesmo objeto As relações do tipo aa são denominadas de analíticas e são verdadeiras em qualquer circunstância É uma verdade óbvia Já a expressão ab remete a uma relação descritiva Neste caso o verbo ser liga expressões com sentidos diferentes estabelecendo uma relação de identidade a partir de elementos diferentes Na relação ab existem extensões muito valiosas de nosso conhecimento e nem sempre podem ser estabelecidas a priori As expressões apresentadas nos exemplos acima têm um mesmo referente o planeta Vênus no entanto existem dois modos de referir a este objeto Estrela da manhã e estrela da tarde são duas expressões com sentidos diferentes que remetem a um mesmo objeto p 61 Tomando como base um sistema ternário Frege concebe o signo a partir da distinção entre nome próprio sentido e referência Usando como exemplo as linhas constitutivas do triângulo o teórico afirma que os pontos que ligam a e b e a e c apresentam a mesma intersecção isto é são descrições que apresentam o mesmo ponto de referência mas com sentidos diferentes Para Guimarães 1995 Frege trata a igualdade como sendo uma relação entre os sinais a e b e não ISSN 1517 5421 3 entre os objetos designados por a e b Assim uma diferença só poderá aparecer se à diferença entre sinais corresponde uma diferença no modo de apresentação daquilo que é designado p61 Os diferentes modos de referir a um mesmo objeto segundo Oliveira 2001 mostra que a teoria desenvolvida por Frege considera que o significado envolve pelos menos dois conceitos o de sentido e o de referência Essa face dupla do significado é responsável pela ambigüidade existente em perguntas do tipo qual o significado da cor vermelha Tal pergunta pode mobilizar dois tipos de respostas uma que aponta para o seu referente no caso uma amostra do vermelho a outra resposta pode envolver definições que falam da categoria do vermelho como pertencente às chamadas cores primárias ou seja que remetem ao sentido que o vermelho tem Ao perguntar pelo significado de uma palavra podemos ter respostas que falam de sua referência ou que falam do seu sentido A descrição do conceito de significado toma como ponto de partida o conceito de verdade isto é tratase de uma proposta semântica que está fundamentada na relação da linguagem com os objetos no mundo sendo o referente a condição fundamental para a compreensão do significado O referente é o objeto no mundo que por sua vez só pode ser alcançado a partir do seu sentido Neste contexto um nome próprio exprime seu sentido e designa ou referese a sua referência Por meio de um sinal exprimimos seu sentido e designamos a sua referência p67 Para Frege quando as palavras são usadas de forma costumeira falase de referência No entanto também podem ser usadas para referir a si próprias ou sobre o seu sentido Isto ocorre quando recorremos às palavras de outrem para falarmos de um determinado assunto As palavras de quem cita têm como referência as palavras citadas sendo que somente as palavras trazidas de um outro contexto é que apresentam referência usual Daí termos sinais de sinais O outro caso que ocorre nestas circunstâncias é o da citação indireta em que usamos o sentido das palavras de outrem mas não as mobilizamos diretamente para o contexto de uso ou seja quando fazemos uma citação indireta as palavras também não apresentam uma referência costumeira Outra noção também implicada no conceito de significado é a de representação que trata do aspecto subjetivo do significado A representação apresenta muitas diferenças no sentido de um sinal por ser resultado de um olhar individual sobre um determinado objeto A representação que alguém tem da lua por exemplo é única Daí Frege dizer que a representação deve ser vinculada a uma época Retomando a cor vermelha podemos dizer que atualmente no Brasil ela suscita diferentes representações dependendo dos envolvidos Para um militante do MST vermelho significa luta pela conquista da terra Já para um integrante do movimento ruralista esta cor está ligada aos movimentos de esquerda que por sua vez representam baderna desrespeito e transgressão a ordem estabelecida Para o primeiro a cor representa necessidade de conquistar tornar válido um direito para o segundo ela representa a quebra de uma ordem estabelecida a quebra de direitos Nos dois casos a cor o referente do vermelho não muda não há um vermelho para o semterra e outro para o militante do movimento ruralista o que muda é a forma de ver o vermelho As representações mudam de acordo com a época e os envolvidos mas o sentido cor primária que difere do azul ou do amarelo e a referência uma amostra da cor vermelha são comuns a todos os falantes de uma comunidade são compartilhados Daí a representação diferir do sentido de um sinal que pode ISSN 1517 5421 4 ser propriedade de muitos e não resultado de um olhar individual Segundo Frege os sentidos são o tesouro comum de pensamentos da humanidade são resultados dos vários caminhos traçados por nossos antepassados e revelam os diferentes modos de apresentar e conhecer um objeto Diante disso podese dizer que a referência do nome próprio é o objeto que ocupa um lugar no mundo já a representação é resultado do olhar individual sobre o objeto o que faz com que esta tenha um caráter único e subjetivo Entre a referência e a representação está o sentido que não apresenta a mesma subjetividade da representação mas também não é o objeto O sentido é o que tem de estável de compartilhável na língua O caráter subjetivo da representação fez com que Frege a excluísse dos estudos semânticos considerando tratarse de uma questão de interesse da psicologia A discussão sobre este assunto aparece em seu texto com a finalidade de evitar que a representação seja confundida com o sentido ou com a referência Ao discutir o caso das sentenças assertivas completas Frege afirma que o pensamento sentido das sentenças não pode ser a referência da sentença porque muda Observase que a referência parece na teoria freguiana como uma condição fundamental tanto que Frege postula não só a necessidade de o nome próprio apresentar uma referência mas também a sentença Assim ao sentido de uma sentença chamou de pensamento e à sua referência de valor de verdade Tal condição traz o problema das sentenças que possuem sentido mas que não têm uma referência Como pensar por exemplo uma referência para sentença do tipo Papai Noel tem uma barba longa e muito branca Como pleitear um valor de verdade para tal sentença Segundo Frege por não ser um objeto no mundo por ser um nome sem referência não é possível dizer se é uma sentença verdadeira ou falsa A condição de verdade de uma sentença pode ser afirmada a partir de sua existência no mundo ou seja a sentença Papai Noel tem uma barba longa e muito branca não pode ser considerada verdadeira ou falsa porque é uma criação imaginária cuja existência não pode ser comprovada É uma criação que faz parte do imaginário das pessoas portanto para a teoria freguiana é totalmente irrelevante que tenha referência ou não isto porque é a busca da verdade que possibilita o movimento do sentido para a referência Segundo Oliveira 2001 a forma como Frege resolve o problema criado pelos nomes relacionados ao mundo ficcional decorre de sua posição quanto ao problema da pressuposição existencial A sentença Papai Noel tem uma barba longa e muito branca carrega a pressuposição de que papai noel existe Negamos ou afirmamos uma sentença se consideramos que sua pressuposição de existência é verdadeira Se partimos do pressuposto de que papai noel não existe então não podemos tecer qualquer juízo sobre tal sentença ou seja não se pode afirmar a condição de verdade ou falsidade sobre sentenças que falam de papai noel Para Guimarães Frege ao ser levado a tratar a pressuposição trouxe para os estudos da significação a questão da exterioridade no sentido não para incluí la mas para excluíla de modo direto na sua formulação Notese que o único exterior a ser considerado para Frege é o dos objetos e o dos valores de verdade A exclusão de Frege é interessante porque o que ele exclui é a relação de sentido entre a sentença e um jádito fora da sentença o que ele exclui é linguagem É a exterioridade enquanto linguagem 1995 p 86 ISSN 1517 5421 5 Por aspirar a construção de uma linguagem perfeita que não apresentasse os mesmos problemas da linguagem natural Frege deixa de fora de sua teoria aquilo que não pode ter uma referência no mundo pois parte do princípio de que a linguagem natural apresenta ambigüidades que poderiam ser eliminadas numa linguagem artificial objetiva Para construir essa linguagem perfeita apela para um mundo em que nomes e sentenças necessariamente precisam ter uma referência Somente quando pensa a representação é que afastase desse mundo mas a coloca no campo do individual Assim se as palavras são usadas de modo corrente o que se pretende falar é de sua referência Utilizando as palavras do modo em que são conhecidas por aqueles que usam um sistema lingüístico a referência é o objeto no mundo do qual se quer falar Nos contextos indiretos considerados opacos a referência localizase em outras palavras Mas em tais condições não se fala em referência usual mas indireta p 64 Ao discutir as condições em que o valor de verdade de uma sentença pode ser mantido Frege afirma que não ocorre alteração quando é possível trocar uma expressão por outra que tenha a mesma referência Nos exemplos Marta é a mãe de Carla e a professora de português é a mãe de Carla temos duas formas diferentes para falar de um mesmo referente ou seja os sentidos dessas expressões podem ser intercambiados sem que o seu valor de verdade seja alterado No entanto essa condição sofre alteração quando tratamos das sentenças complexas em discurso direto e indireto pois nesses casos não apresentam um pensamento independente Isto ocorre porque uma sentença em discurso direto remete a uma outra sentença e em discurso indireto a um pensamento Daí a conclusão de que nas sentenças subordinadas as substituições não se dão entre expressões com referência costumeira mas entre as que apresentam um sentido costumeiro Na sentença Colombo inferiu que da redondeza da terra poderia alcançar a Índia viajando em direção ao oeste estão presentes como referência dois pensamentos diferentes o de que a terra é redonda e o de que Colombo descobriu as Índias Isso não é suficiente para que possamos afirmar que se trata de uma sentença verdadeira ou falsa uma vez que a condição de verdade é estabelecida pela convicção de Colombo de que a terra é redonda e de que podia chegar às Índias A condição esférica da terra e o sucesso da viagem não são importantes para a verdade da sentença p 73 No exemplo acima se for feita uma substituição por outra sentença que tenha a mesma referência poderá ocorrer alteração no valor de verdade da sentença complexa pois estamos tratando da crença de Colombo Nesses casos nos diz Frege podemos realizar substituições desde que mantenhamos inalterado o sentido das expressões e não a referência Isto é podemos substituir por uma sentença sinônima Oliveira 2001 p 119 Por estar falando de linguagem a partir do campo da lógica a preocupação com a verdade para Frege estava ligada à necessidade de encontrar as várias maneiras por meio das quais o pensamento se apresenta daí a busca de um modelo de sentença que satisfaça as condições que defende em sua teoria Para tanto toma como modelo sentenças subordinadas cujas palavras tenham referências costumeiras e não apresentam um pensamento como sentido nem um valor de verdade como referência ISSN 1517 5421 6 No exemplo aquele que descobriu a forma elíptica das órbitas planetárias morreu na miséria segundo Guimarães 1995 a expressão subordinada que descobriu a forma elíptica planetária não apresenta referência nem sentido A ausência de sentido é explicada pelo fato de ser uma expressão que não pode ser usada de forma independente Por outro lado a referência tem como objetivo designar alguém Kepler o descobridor o que não encerra um valor de verdade Para Frege o que é afirmado na subordinada não faz parte do que se afirma na sentença complexa Isto pode ser verificado a partir do teste da negação e da interrogação Negação ou interrogação tanto uma como a outra vão incidir somente na oração principal Esse modelo permite que Frege contorne por exemplo o problema colocado pela sentença com discursos direto e indireto pois pode fazer a substituição de uma sentença por outra que tenha a mesma referência sem que o valor de verdade seja alterado As sentenças subordinadas apresentam apenas uma parte do pensamento contido na sentença complexa e não tem um valor de verdade como referência Tal condição é possível porque ou as palavras da sentença subordinada têm uma referência indireta de modo que a referência da subordinada e não o seu sentido constitui um pensamento ou bem a sentença subordinada por conter um indicador indefinido é incompleta e só exprime um pensamento quando justaposta à sentença principal p 81 Em suma a separação feita por Frege entre sentido e referente é resultado de uma concepção que busca racionalizar a linguagem Essa busca pela objetivação é a responsável pela idéia de que seria possível construir uma máquina que reproduzisse de forma limpa e objetiva a competência semântica de um falante Recorrendo às palavras de Oliveira 2001 podemos dizer que a máquina freguiana consegue imitar a criatividade semântica do falante mas não dá conta de explicar toda a sua complexidade É uma tarefa espinhosa higienizar a linguagem matematizar o sentido pois tratase de algo cujo os limites não são redutíveis a uma definição e nem passíveis de explicações exatas BIBLIOGRAFIA FERRARI Ana Josefina A voz do dono uma análise das descrições feitas nos anúncios de jornal dos escravos fugidos no oeste paulista entre 18701876 Dissertação de mestrado Unicamp 2002 FREGE Gottlob 1982 Sobre o Sentido e a Referência In Lógica e Filosofia da Linguagem São Paulo CultrixEdusp 1978 GUIMARÃES Eduardo 1995 Os Limites do sentido Campinas Pontes Semântica do acontecimento Campinas Pontes 2002 OLIVEIRA Roberta Pires Semântica Formal uma breve introdução Campinas Mercado das Letras ORLANDI Eni Puccinelli As formas do silêncio no movimento dos sentidos Campinas Editora da Unicamp 1997 ISSN 1517 5421 7 VITRINE DIVULGUE PRIMEIRA VERSÃO PRIMEIRA VERSÃO PRIMEIRA VERSÃO PRIMEIRA VERSÃO NA INTERNET NA INTERNET NA INTERNET NA INTERNET httpwwwunirbrprimeiraindexhtml Consulte o site e leia os artigos publicados Consulte o site e leia os artigos publicados Consulte o site e leia os artigos publicados Consulte o site e leia os artigos publicados Á S P E R A S A S P Ê R A S E S P E R A M CARLOS MOREIRA CARLOS MOREIRA CARLOS MOREIRA CARLOS MOREIRA
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PARTIR DO OLHAR DE FREGE marinalvielunicampbr Aluna do Curso de Mestrado em Lingüística IEL UNICAMP Qual o significado do que você está falando O que você quer dizer com isso Essas são questões que marcam o nosso cotidiano mas que refletem também uma polêmica que faz parte dos estudos semânticos A definição do sentido das palavras no mundo a necessidade de especificar a que o sentido se refere de que ele fala tem sido uma busca de diferentes teóricos ligados ao campo da Semântica O Filósofo Alemão Gottlob Frege por exemplo buscou amparo na lógica para desenvolver a sua teoria sobre o sentido e o referente A abordagem freguiana postula que o estudo do significado tem como base o conceito de verdade Um nome próprio por exemplo tem significado quando conseguimos alcançar através do seu sentido o objeto no mundo p 94 A relação entre o significado da palavra e seu referente foi discutida por Frege no clássico ensaio Sobre o sentido e a referência 1982 Frege inicia seu texto afirmando que a igualdade desafia a reflexão dando origem a questões que não são muito fáceis de responder A relação de igualdade ou a explicação de como é possível que uma sentença da forma aa tenha valor cognitivo diferente de uma sentença da forma ab é o ponto de partida do texto referido No caso de aa tratase da relação que o objeto tem consigo mesmo já em ab a relação de igualdade é constituída entre dois sinais ou nomes diferentes que se referem a um mesmo objeto p61 É a consideração de que o sentido de uma expressão ou de uma sentença não se confunde com o objeto de referência que torna possível explicar como os valores cognitivos de aa e de ab diferem Numa afirmação do tipo a estrela da manhã é a estrela da manhã teríamos uma relação do tipo aa em que o verbo ser estabelece uma relação de identidades entre dois objetos Neste caso não há diferença nem distinção de sentidos Já na afirmação a estrela da manhã é a estrela da tarde temos uma relação do tipo ab pois dois sentidos diferentes são usados para referir a um mesmo objeto As relações do tipo aa são denominadas de analíticas e são verdadeiras em qualquer circunstância É uma verdade óbvia Já a expressão ab remete a uma relação descritiva Neste caso o verbo ser liga expressões com sentidos diferentes estabelecendo uma relação de identidade a partir de elementos diferentes Na relação ab existem extensões muito valiosas de nosso conhecimento e nem sempre podem ser estabelecidas a priori As expressões apresentadas nos exemplos acima têm um mesmo referente o planeta Vênus no entanto existem dois modos de referir a este objeto Estrela da manhã e estrela da tarde são duas expressões com sentidos diferentes que remetem a um mesmo objeto p 61 Tomando como base um sistema ternário Frege concebe o signo a partir da distinção entre nome próprio sentido e referência Usando como exemplo as linhas constitutivas do triângulo o teórico afirma que os pontos que ligam a e b e a e c apresentam a mesma intersecção isto é são descrições que apresentam o mesmo ponto de referência mas com sentidos diferentes Para Guimarães 1995 Frege trata a igualdade como sendo uma relação entre os sinais a e b e não ISSN 1517 5421 3 entre os objetos designados por a e b Assim uma diferença só poderá aparecer se à diferença entre sinais corresponde uma diferença no modo de apresentação daquilo que é designado p61 Os diferentes modos de referir a um mesmo objeto segundo Oliveira 2001 mostra que a teoria desenvolvida por Frege considera que o significado envolve pelos menos dois conceitos o de sentido e o de referência Essa face dupla do significado é responsável pela ambigüidade existente em perguntas do tipo qual o significado da cor vermelha Tal pergunta pode mobilizar dois tipos de respostas uma que aponta para o seu referente no caso uma amostra do vermelho a outra resposta pode envolver definições que falam da categoria do vermelho como pertencente às chamadas cores primárias ou seja que remetem ao sentido que o vermelho tem Ao perguntar pelo significado de uma palavra podemos ter respostas que falam de sua referência ou que falam do seu sentido A descrição do conceito de significado toma como ponto de partida o conceito de verdade isto é tratase de uma proposta semântica que está fundamentada na relação da linguagem com os objetos no mundo sendo o referente a condição fundamental para a compreensão do significado O referente é o objeto no mundo que por sua vez só pode ser alcançado a partir do seu sentido Neste contexto um nome próprio exprime seu sentido e designa ou referese a sua referência Por meio de um sinal exprimimos seu sentido e designamos a sua referência p67 Para Frege quando as palavras são usadas de forma costumeira falase de referência No entanto também podem ser usadas para referir a si próprias ou sobre o seu sentido Isto ocorre quando recorremos às palavras de outrem para falarmos de um determinado assunto As palavras de quem cita têm como referência as palavras citadas sendo que somente as palavras trazidas de um outro contexto é que apresentam referência usual Daí termos sinais de sinais O outro caso que ocorre nestas circunstâncias é o da citação indireta em que usamos o sentido das palavras de outrem mas não as mobilizamos diretamente para o contexto de uso ou seja quando fazemos uma citação indireta as palavras também não apresentam uma referência costumeira Outra noção também implicada no conceito de significado é a de representação que trata do aspecto subjetivo do significado A representação apresenta muitas diferenças no sentido de um sinal por ser resultado de um olhar individual sobre um determinado objeto A representação que alguém tem da lua por exemplo é única Daí Frege dizer que a representação deve ser vinculada a uma época Retomando a cor vermelha podemos dizer que atualmente no Brasil ela suscita diferentes representações dependendo dos envolvidos Para um militante do MST vermelho significa luta pela conquista da terra Já para um integrante do movimento ruralista esta cor está ligada aos movimentos de esquerda que por sua vez representam baderna desrespeito e transgressão a ordem estabelecida Para o primeiro a cor representa necessidade de conquistar tornar válido um direito para o segundo ela representa a quebra de uma ordem estabelecida a quebra de direitos Nos dois casos a cor o referente do vermelho não muda não há um vermelho para o semterra e outro para o militante do movimento ruralista o que muda é a forma de ver o vermelho As representações mudam de acordo com a época e os envolvidos mas o sentido cor primária que difere do azul ou do amarelo e a referência uma amostra da cor vermelha são comuns a todos os falantes de uma comunidade são compartilhados Daí a representação diferir do sentido de um sinal que pode ISSN 1517 5421 4 ser propriedade de muitos e não resultado de um olhar individual Segundo Frege os sentidos são o tesouro comum de pensamentos da humanidade são resultados dos vários caminhos traçados por nossos antepassados e revelam os diferentes modos de apresentar e conhecer um objeto Diante disso podese dizer que a referência do nome próprio é o objeto que ocupa um lugar no mundo já a representação é resultado do olhar individual sobre o objeto o que faz com que esta tenha um caráter único e subjetivo Entre a referência e a representação está o sentido que não apresenta a mesma subjetividade da representação mas também não é o objeto O sentido é o que tem de estável de compartilhável na língua O caráter subjetivo da representação fez com que Frege a excluísse dos estudos semânticos considerando tratarse de uma questão de interesse da psicologia A discussão sobre este assunto aparece em seu texto com a finalidade de evitar que a representação seja confundida com o sentido ou com a referência Ao discutir o caso das sentenças assertivas completas Frege afirma que o pensamento sentido das sentenças não pode ser a referência da sentença porque muda Observase que a referência parece na teoria freguiana como uma condição fundamental tanto que Frege postula não só a necessidade de o nome próprio apresentar uma referência mas também a sentença Assim ao sentido de uma sentença chamou de pensamento e à sua referência de valor de verdade Tal condição traz o problema das sentenças que possuem sentido mas que não têm uma referência Como pensar por exemplo uma referência para sentença do tipo Papai Noel tem uma barba longa e muito branca Como pleitear um valor de verdade para tal sentença Segundo Frege por não ser um objeto no mundo por ser um nome sem referência não é possível dizer se é uma sentença verdadeira ou falsa A condição de verdade de uma sentença pode ser afirmada a partir de sua existência no mundo ou seja a sentença Papai Noel tem uma barba longa e muito branca não pode ser considerada verdadeira ou falsa porque é uma criação imaginária cuja existência não pode ser comprovada É uma criação que faz parte do imaginário das pessoas portanto para a teoria freguiana é totalmente irrelevante que tenha referência ou não isto porque é a busca da verdade que possibilita o movimento do sentido para a referência Segundo Oliveira 2001 a forma como Frege resolve o problema criado pelos nomes relacionados ao mundo ficcional decorre de sua posição quanto ao problema da pressuposição existencial A sentença Papai Noel tem uma barba longa e muito branca carrega a pressuposição de que papai noel existe Negamos ou afirmamos uma sentença se consideramos que sua pressuposição de existência é verdadeira Se partimos do pressuposto de que papai noel não existe então não podemos tecer qualquer juízo sobre tal sentença ou seja não se pode afirmar a condição de verdade ou falsidade sobre sentenças que falam de papai noel Para Guimarães Frege ao ser levado a tratar a pressuposição trouxe para os estudos da significação a questão da exterioridade no sentido não para incluí la mas para excluíla de modo direto na sua formulação Notese que o único exterior a ser considerado para Frege é o dos objetos e o dos valores de verdade A exclusão de Frege é interessante porque o que ele exclui é a relação de sentido entre a sentença e um jádito fora da sentença o que ele exclui é linguagem É a exterioridade enquanto linguagem 1995 p 86 ISSN 1517 5421 5 Por aspirar a construção de uma linguagem perfeita que não apresentasse os mesmos problemas da linguagem natural Frege deixa de fora de sua teoria aquilo que não pode ter uma referência no mundo pois parte do princípio de que a linguagem natural apresenta ambigüidades que poderiam ser eliminadas numa linguagem artificial objetiva Para construir essa linguagem perfeita apela para um mundo em que nomes e sentenças necessariamente precisam ter uma referência Somente quando pensa a representação é que afastase desse mundo mas a coloca no campo do individual Assim se as palavras são usadas de modo corrente o que se pretende falar é de sua referência Utilizando as palavras do modo em que são conhecidas por aqueles que usam um sistema lingüístico a referência é o objeto no mundo do qual se quer falar Nos contextos indiretos considerados opacos a referência localizase em outras palavras Mas em tais condições não se fala em referência usual mas indireta p 64 Ao discutir as condições em que o valor de verdade de uma sentença pode ser mantido Frege afirma que não ocorre alteração quando é possível trocar uma expressão por outra que tenha a mesma referência Nos exemplos Marta é a mãe de Carla e a professora de português é a mãe de Carla temos duas formas diferentes para falar de um mesmo referente ou seja os sentidos dessas expressões podem ser intercambiados sem que o seu valor de verdade seja alterado No entanto essa condição sofre alteração quando tratamos das sentenças complexas em discurso direto e indireto pois nesses casos não apresentam um pensamento independente Isto ocorre porque uma sentença em discurso direto remete a uma outra sentença e em discurso indireto a um pensamento Daí a conclusão de que nas sentenças subordinadas as substituições não se dão entre expressões com referência costumeira mas entre as que apresentam um sentido costumeiro Na sentença Colombo inferiu que da redondeza da terra poderia alcançar a Índia viajando em direção ao oeste estão presentes como referência dois pensamentos diferentes o de que a terra é redonda e o de que Colombo descobriu as Índias Isso não é suficiente para que possamos afirmar que se trata de uma sentença verdadeira ou falsa uma vez que a condição de verdade é estabelecida pela convicção de Colombo de que a terra é redonda e de que podia chegar às Índias A condição esférica da terra e o sucesso da viagem não são importantes para a verdade da sentença p 73 No exemplo acima se for feita uma substituição por outra sentença que tenha a mesma referência poderá ocorrer alteração no valor de verdade da sentença complexa pois estamos tratando da crença de Colombo Nesses casos nos diz Frege podemos realizar substituições desde que mantenhamos inalterado o sentido das expressões e não a referência Isto é podemos substituir por uma sentença sinônima Oliveira 2001 p 119 Por estar falando de linguagem a partir do campo da lógica a preocupação com a verdade para Frege estava ligada à necessidade de encontrar as várias maneiras por meio das quais o pensamento se apresenta daí a busca de um modelo de sentença que satisfaça as condições que defende em sua teoria Para tanto toma como modelo sentenças subordinadas cujas palavras tenham referências costumeiras e não apresentam um pensamento como sentido nem um valor de verdade como referência ISSN 1517 5421 6 No exemplo aquele que descobriu a forma elíptica das órbitas planetárias morreu na miséria segundo Guimarães 1995 a expressão subordinada que descobriu a forma elíptica planetária não apresenta referência nem sentido A ausência de sentido é explicada pelo fato de ser uma expressão que não pode ser usada de forma independente Por outro lado a referência tem como objetivo designar alguém Kepler o descobridor o que não encerra um valor de verdade Para Frege o que é afirmado na subordinada não faz parte do que se afirma na sentença complexa Isto pode ser verificado a partir do teste da negação e da interrogação Negação ou interrogação tanto uma como a outra vão incidir somente na oração principal Esse modelo permite que Frege contorne por exemplo o problema colocado pela sentença com discursos direto e indireto pois pode fazer a substituição de uma sentença por outra que tenha a mesma referência sem que o valor de verdade seja alterado As sentenças subordinadas apresentam apenas uma parte do pensamento contido na sentença complexa e não tem um valor de verdade como referência Tal condição é possível porque ou as palavras da sentença subordinada têm uma referência indireta de modo que a referência da subordinada e não o seu sentido constitui um pensamento ou bem a sentença subordinada por conter um indicador indefinido é incompleta e só exprime um pensamento quando justaposta à sentença principal p 81 Em suma a separação feita por Frege entre sentido e referente é resultado de uma concepção que busca racionalizar a linguagem Essa busca pela objetivação é a responsável pela idéia de que seria possível construir uma máquina que reproduzisse de forma limpa e objetiva a competência semântica de um falante Recorrendo às palavras de Oliveira 2001 podemos dizer que a máquina freguiana consegue imitar a criatividade semântica do falante mas não dá conta de explicar toda a sua complexidade É uma tarefa espinhosa higienizar a linguagem matematizar o sentido pois tratase de algo cujo os limites não são redutíveis a uma definição e nem passíveis de explicações exatas BIBLIOGRAFIA FERRARI Ana Josefina A voz do dono uma análise das descrições feitas nos anúncios de jornal dos escravos fugidos no oeste paulista entre 18701876 Dissertação de mestrado Unicamp 2002 FREGE Gottlob 1982 Sobre o Sentido e a Referência In Lógica e Filosofia da Linguagem São Paulo CultrixEdusp 1978 GUIMARÃES Eduardo 1995 Os Limites do sentido Campinas Pontes Semântica do acontecimento Campinas Pontes 2002 OLIVEIRA Roberta Pires Semântica Formal uma breve introdução Campinas Mercado das Letras ORLANDI Eni Puccinelli As formas do silêncio no movimento dos sentidos Campinas Editora da Unicamp 1997 ISSN 1517 5421 7 VITRINE DIVULGUE PRIMEIRA VERSÃO PRIMEIRA VERSÃO PRIMEIRA VERSÃO PRIMEIRA VERSÃO NA INTERNET NA INTERNET NA INTERNET NA INTERNET httpwwwunirbrprimeiraindexhtml Consulte o site e leia os artigos publicados Consulte o site e leia os artigos publicados Consulte o site e leia os artigos publicados Consulte o site e leia os artigos publicados Á S P E R A S A S P Ê R A S E S P E R A M CARLOS MOREIRA CARLOS MOREIRA CARLOS MOREIRA CARLOS MOREIRA