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Magda Soares Alfaletra Toda criança pode aprender a ler e a escrever editora contexto SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 15 UNIDADE 1 Aprendizagem da língua escrita um todo em três camadas 17 UNIDADE 2 Conceitos de alfabetização e letramento 23 UNIDADE 3 O texto eixo central de alfabetização e letramento 33 A ENTRADA DA CRIANÇA NA CULTURA DA ESCRITA 41 UNIDADE 1 O objeto do processo de alfabetização o sistema de escrita alfabética 43 UNIDADE 2 Desenvolvimento e aprendizagem na apropriação do sistema de escrita alfabética 51 UNIDADE 3 As primeiras escritas da criança dos rabiscos às letras 61 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA 75 UNIDADE 1 Consciência fonológica conceito e dimensões 77 UNIDADE 2 Escrita silábica sem valor sonoro 87 UNIDADE 3 Escrita silábica com valor sonoro 97 CONSCIÊNCIA FONÊMICA A APROPRIAÇÃO DO PRINCÍPIO ALFABÉTICO 107 UNIDADE 1 O avanço da consciência fonêmica e da compreensão do sistema de escrita alfabética a escrita silábicoalfabética 109 UNIDADE 2 A estabilização de uma escrita alfabética 119 UNIDADE 3 Da escrita alfabética à escrita ortográfica 143 LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 191 UNIDADE 1 A presença da leitura e da escrita no processo de apropriação do sistema de escrita alfabética 193 UNIDADE 2 Leitura compreensão e interpretação de textos letramento no ciclo de alfabetização 203 UNIDADE 3 Produção de textos letramento no ciclo de alfabetização 253 PLANEJAMENTO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 283 UNIDADE 1 A questão do método 285 UNIDADE 2 Planejamento das práticas em alfabetização e letramento 291 UNIDADE 3 Acompanhamento do processo ensinoaprendizagem diagnósticos 309 RESPOSTAS E COMENTÁRIOS ÀS QUESTÕES 323 A AUTORA 351 INTRODUÇÃO Foi em meados do século xx que as oportunidades de acesso à escola pública se ampliaram por meio do crescimento do número de instituições escolares e consequentemente do aumento de possibilidades de matrículas no ensino fundamental Desde então a taxa de escolarização da população cresceu significativamente em um processo contínuo que nos trouxe à atual universalização do ensino fundamental em 2015 a taxa de escolarização de pessoas de 6 a 14 anos atingiu 986 Assegurouse a todos o direito à educação mas podese dizer que se atingiu a democratização da educação Consideremos a aprendizagem da língua escrita condição necessária para a continuidade do processo de escolarização em todas as áreas e todos os níveis de ensino Comparese a taxa de universalização de acesso à escola com os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização ANA em 2016 mais da metade 547 das crianças no 3º ano do ensino fundamental foram avaliadas como estando em nível insuficiente quando já teriam pelo menos três anos de escolarização pelo menos porque não estamos considerando a frequência à educação infantil fase inicial do processo de alfabetização e deveriam já estar alfabetizadas capazes de ler e interpretar pequenos textos habilidades avaliadas pela ANA Esses são dados recentes Se olharmos historicamente o fracasso em alfabetização tem sido uma constante na educação pública brasileira Para não retrocedermos muito em 1982 mais da metade das crianças repetia a 1ª série considerada então como o ano da alfabetização Repetiam uma vez duas vezes três vezes até que fossem consideradas alfabetizadas o que significava em geral apenas serem capazes de decodificar ler e codificar escrever palavras Diante desse reiterado fracasso na alfabetização das crianças concluise que a universalização do ensino fundamental na verdade não resultou em democratização da educação ter acesso à escola mas não ter acesso a um ensino de qualidade significa não conquistar igualdade de direitos e de possibilidades bases da democracia ALFALETRAR MAGDA SOARES Considerando a aprendizagem da língua escrita particularmente não se apropriar de habilidades de leitura e escrita faz com que o fracasso se estenda ao longo da escolarização que depende fundamentalmente dessas habilidades Há estatísticas que comprovam que as taxas de insucesso escolar crescem ao longo do ensino fundamental a partir do 3º ano alunos não conseguem avançar para o próximo ano letivo ou avançam sem habilidades básicas de leitura e de escrita A pesquisa do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional Inaf na edição de 2018 verificou que entre as pessoas que possuem os anos iniciais do ensino fundamental mais de dois terços 70 permanecem na condição considerada Analfabetismo Funcional têm muita dificuldade para fazer uso da leitura e da escrita em situações da vida cotidiana como reconhecer informações em um cartaz ou folheto As respostas do poder público a esse persistente fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita com tão graves consequências não têm produzido efeito de um lado avaliase periodicamente o nível de alfabetização das crianças como forma de exercer controle sobre a qualidade da alfabetização e do letramento de outro lado diante da repetida constatação da baixa qualidade implantamse políticas de formação de alfabetizadores canceladas e substituídas a cada nova gestão nacional estadual ou municipal Já a resposta pedagógica temse limitado ao longo dessas décadas de fracasso escolar em alfabetizar as crianças à escolha entre métodos de alfabetização o que resulta em uma permanente alternância entre propostas em um movimento pendular um vaivém entre métodos que na verdade por caminhos diversos orientamse pela mesma concepção restrita de alfabetizar ensinar a criança a ler a leitura entendida como decodificação e a escrever a escrita entendida como codificação Assim até os anos 1980 a alfabetização era considerada a decifração e cifração de um código relacionar sons da fala às letras do sistema alfabético e não um sistema de representação que precisa ser compreendido Foi só na década de 1980 que ganharam evidência conhecimentos que vinham sendo construídos em várias ciências sobre o processo INTRODUÇÃO de aprendizagem da língua escrita pela criança e sobre o objeto dessa aprendizagem gerando mudanças na concepção de alfabetização Estudos e pesquisas sobre as relações entre a oralidade e a escrita desenvolvidos pelas ciências da linguagem particularmente a Fonética e a Fonologia e pela Psicologia particularmente a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia Cognitiva contribuem com evidências sobre o objeto da aprendizagem da língua escrita e sobre o processo dessa aprendizagem A alfabetização não é a aprendizagem de um código mas a aprendizagem de um sistema de representação em que signos grafemas representam não codificam os sons da fala os fonemas Aprender o sistema alfabético não é aprender um código memorizando relações entre letras e sons mas compreender o que a escrita representa e a notação com que arbitrária e convencionalmente são representados os sons da fala os fonemas Assim de um lado estudos e pesquisas da Psicologia do Desenvolvimento vêm identificando o processo pelo qual a criança vai progressivamente compreendendo o sistema de representação alfabético a psicogênese da língua escrita na criança por outro lado estudos e pesquisas de Psicologia Cognitiva vêm identificando as operações mentais que levam a criança a essa compreensão Prevalecem pois com a contribuição das evidências científicas das ciências linguísticas e das ciências de vertentes da Psicologia uma nova concepção do objeto da alfabetização e novas concepções sobre o processo de aprendizagem desse objeto Contemporaneamente às novas concepções do objeto e do processo da aprendizagem da língua escrita foi também nos anos 1980 que se assumiu que o foco até então quase exclusivo na aprendizagem do sistema alfabético isto é na alfabetização não era suficiente para formar leitores e produtores de texto Embora alfabetizados crianças e jovens na continuidade de seu processo de escolarização e adultos já escolarizados revelavam incapacidade de responder adequadamente às muitas e variadas demandas de leitura e de escrita nas práticas não só escolares mas também sociais e profissionais Reconheceuse assim que um conceito restrito de alfabetização que exclua os usos do sistema de escrita é insuficiente diante das muitas e variadas demandas de leitura e de escrita e que é necessário aliar a alfabetização ao que se denominou letramento entendido como desenvolvimento explícito e sistemático de habilidades e estratégias de leitura e escrita Em outras palavras aprender o sistema alfabético de escrita e contemporaneamente conhecer e aprender seus usos sociais ler interpretar e produzir textos Não apenas alfabetizar mas alfabetizar e letrar Alfaletrar Por que porém tantas pesquisas tantas publicações tantos eventos tantos projetos e programas promovidos nos âmbitos nacional estadual municipal não têm resultado há décadas em ensino de qualidade da língua escrita Ao contrário enfrentamos reiteradamente o fracasso na alfabetização e no letramento de crianças e jovens fracasso sempre denunciado nunca vencido O que apenas se sabe e pesquisas têm evidenciado não é uma resposta à pergunta é uma constatação o fracasso em alfabetização e letramento concentrase nas escolas públicas onde estão as crianças das camadas populares exatamente aquelas que mais dependem da educação para ter condições de lutar por melhores condições de vida econômica social cultural Com apoio nessa constatação a pergunta tem recebido como resposta uma hipótese injustificável a de que crianças das camadas populares não teriam as condições necessárias à aprendizagem da leitura e da escrita porque vivem em meios pouco letrados não têm convívio com livros seu vocabulário é restrito falam um dialeto diferente do dialeto de prestígio que é o que a escola espera delas Em completo desacordo com essa hipótese da deficiência e insistindo em encontrar uma resposta para a pergunta volteime para as escolas públicas e para os processos de alfabetização e letramento que nelas se desenvolvem De uma imersão a partir de 2007 e durante os 12 anos seguintes na rede de ensino de um município de Minas Gerais Lagoa Santa vivenciando intensa e permanente interação com todas as escolas da rede com professorases com crianças com as salas de aula posso afirmar que as crianças podem sim aprender a ler e a escrever nas escolas públicas Como Colocando o foco na aprendizagem para a partir dela definir o ensino conhecer e acompanhar o desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças dos 4 aos 8 anos com atenção permanente ao que elas já sabem e ao que já são capazes de aprender E aprendem mais cedo e mais rapidamente do que em geral se espera O que se mostrou essencial para reverter o fracasso foi a mudança do foco da ação docente por meio de um processo cotidiano de desenvolvimento profissional das professoras e dos professores definição de metas a alcançar em cada ano de escolarização construídas coletivamente em 2007 bem antes das discussões sobre a Base Nacional Curricular Comum BNCC análise criteriosa e enriquecimento das práticas de ensino orientação dos processos de conceitualização da língua escrita pela criança e de sua progressiva apropriação do princípio alfabético desenvolvimento de habilidades de leitura fluente e de interpretação de textos de produção de textos desde a educação infantil até os anos iniciais do ensino fundamental tudo isso com o apoio de uma biblioteca infantil em cada escola com riqueza de livros que são o centro das atividades de aprendizagem Sobretudo essas ações se davam em um clima de comprometimento com a aprendizagem das crianças apoiado na confiança em sua capacidade de aprender que elas demonstram realmente ter toda criança pode aprender a ler e a escrever Diagnósticos periódicos da aprendizagem elaborados aplicados e corrigidos pelasos própriasos professorases guiam o processo de ensino Tecnologias de ensino com as quais não podem contar a quase totalidade das escolas públicas deste país são substituídas atrevome a dizer que com vantagem pela produção de jogos e artefatos confeccionados pelasos professorases com a ajuda das crianças E é possível reproduzir pelo país tão bemsucedida experiência Sem dúvida Este livro foi concebido exatamente para isso O que se faz no ciclo de alfabetização e letramento do município de Lagoa Santa com bons resultados comprovados pela elevação ano a ano dos índices de qualidade e equidade do processo de ensinoaprendizagem pode inspirar municípios escolas professores para benefício das crianças das escolas públicas Dessa forma ao longo dos seis capítulos que seguem exponho em detalhes o Alfaletrar e explico como ele pode ser utilizado por todos os envolvidos na alfabetização e no letramento das crianças deste nosso país CAPÍTULO 1 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Os dois termos que dão título a este capítulo têm suscitado dúvidas e mesmo debates no campo da aprendizagem inicial da língua escrita pela criança alfabetização e letramento são sinônimos Ou são dois processos distintos A alfabetização precede o letramento ou esses dois processos se articulam na aprendizagem inicial da língua escrita O que significa alfabetizar letrando O objetivo deste capítulo é responder a essas perguntas em três unidades Unidade 1 Aprendizagem da língua escrita um todo em três camadas Unidade 2 Conceitos de alfabetização e letramento Unidade 3 O texto eixo central de alfabetização e letramento 15 UNIDADE 1 Aprendizagem da língua escrita um todo em três camadas Vamos partir de um poema para identificar o que estamos denominando de as três camadas que compõem a aprendizagem da língua escrita SENTIMENTAL Carlos Drummond de Andrade Ponhome a escrever teu nome com letras de macarrão No prato a sopa esfria cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho Desgraçadamente falta uma letra uma letra somente para acabar teu nome Está sonhando Olhe que a sopa esfria Eu estava sonhando E há em todas as consciências um cartaz amarelo Neste país é proibido sonhar Do livro Alguma poesia Companhia das Letras São Paulo Carlos Drummond de Andrade Graña Drummond wwwcarlosdrummondcombr Observe A voz que fala no poema na primeira pessoa eu ponhome a escrever teu nome não é a voz do poeta Carlos Drummond de Andrade mas a voz de um ser fictício que o poeta cria para expressar sentimentos emoções que não são dele do eu real mas de um outro eu A voz de um eu que é chamado na literatura de eu literário ou eu lírico Sugestão se quiser aprofundar seu conhecimento sobre a diferença entre o eu real e o eu lírico compare o poema Sentimental com este outro poema do mesmo poeta em que a voz que fala aproximase da voz do eu real confundindose com o eu lírico Confidência do itabirano do livro Sentimento do mundo o poeta nasceu em Itabira Minas Gerais 17 ALFALETRAR MAGDA SOARES Vamos admitir que o eu lírico no poema é um adolescente Observe que ele usa a escrita para à distância expressar a alguém seu sentimento seus sonhos para isso junta letras que formem o nome desse alguém que povoa seus sonhos assim fazendo transforma uma situação corriqueira uma refeição com sopa de letrinhas em oportunidade para escrever o nome da pessoa com quem sonha mas é censurado o momento é de alimentarse não de escrever sonhos O poema revela assim três aprendizagens do eu lírico a aprendizagem de que a escrita é um meio para expressarse para interagir pois pode ser um romântico trabalho de externar sentimentos sonhos ponhome a escrever teu nome a aprendizagem de que a escrita se faz com letras que representam a cadeia dos sons que compõem um nome escrever teu nome com letras de macarrão a aprendizagem de que há contextos em que o uso da escrita é socialmente inadequado numa refeição o que é esperado é que se tome a sopa Olhe que a sopa esfria não que se fique escrevendo com letras de macarrão Neste país é proibido sonhar Vamos acrescentar quando o momento é de tomar a sopa Podemos concluir que a simples escrita de um nome depende de três aprendizagens que se sobrepõem como camadas que pode ser representada assim 18 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO CONTEXTOS CULTURAIS E SOCIAIS DE USO DA ESCRITA LER E ESCREVER TEXTOS USOS DA ESCRITA Aprender o sistema de escrita alfabética Camadas na aprendizagem da língua escrita A palavra camadas é aqui usada em sentido figurado uma metáfora para comparar seu sentido próprio com esse sentido figurado contraste CAMADAS sentido próprio Partes que se superpõem constituindo um todo cada uma diferenciandose das demais por características próprias mas interdependentes o todo é constituído pelas partes por exemplo a terra é constituída de crosta manto e núcleo pense também em um bolo constituído de camadas CAMADAS sentido figurado Aprendizagens que se superpõem constituindo o todo Cada aprendizagem diferenciase das demais por processos próprios mas interdependentes cada aprendizagem depende das demais como a aprendizagem do sistema de escrita para que se possa ler e escrever usando a escrita nas situações culturais e sociais em que a escrita está presente 19 ALFALETRAR MAGDA SOARES PARE E PENSE Reflita um pouco mais sobre as camadas da aprendizagem da língua escrita lendo adiante um trecho do livro Foi assim de um dos principais escritores de literatura infantojuvenil Bartolomeu Campos de Queirós em que também encontramos letras de macarrão e podemos identificar camadas da aprendizagem da escrita Leia um recorte do texto e então oriente sua reflexão pelas seguintes perguntas 1 Em qual camada da aprendizagem da língua escrita se situa o que o pai ensinou ao menino 2 Quando o menino separou as vogais entre as letras de macarrão demonstrou aprendizagem de quê Em qual camada 3 Em qual camada situase o que a mãe ensinou ao menino quando mostrou a soma de vogais formando palavras 4 Em qual camada está a aprendizagem do menino quando ele e a mãe conversaram usando as palavras que tinham formado 5 Por que a mãe e o pai se preocupam em ensinar as letras e a formação de palavras ao filho Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro 20 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO FOI ASSIM Bartolomeu Campos de Queirós O menino dizia A E I O U a toda hora Sabia que o alfabeto tinha outras letras mas desconhecia sua ordem assim como desconhecia a ordem dos números Gritava Q M P e voltava a repetir A E I O U E falava de trás para a frente sem errar U O I E A Aprendeu as vogais com o pai com o apelido de cada uma o A era um telhadinho O E uma escadinha O I um palito de fósforo O O uma bola de gude de futebol ou o mundo O U uma rede de dormir sem gancho para dependurar Mas foi na cozinha que tudo começou Sua mãe observando a curiosidade do filho pela leitura e escrita pegou um pacote de macarrão de letras Olhou pensou e disse Edu hoje vamos comer uma sopa de vogais E continuou Vou derramar sobre a mesa esse pacote de macarrão Você já conhece as vogais aprendeu com seu pai Vai separálas para mim uma a uma Fazer um montinho de As outro de Es e assim por diante Depois a gente cozinha com bons temperos e mata a fome Edu iniciou o trabalho com vontade Foi preciso paciência e tempo Mãe acabei gritou o menino Junte o resto das letras e guarde no pacote Só deixe de fora as casinhas as escadas os palitos de fósforo as bolinhas e as redes falou a mãe Edu fez a tarefa Olhou para o conjunto de letras Colocou as turmas em ordem e em fila A E I O U Queria ir para a escola mas faltava idade Ah Como seria bom ler um livro inteiro como seu pai sonhou o menino A mãe chegou perto beijou a cabeça do filho se assentou e disse 21 Agora que você sabe dividir vou lhe ensinar a somar Somando uma banana com outra banana ficam duas bananas É somando as letras que a gente faz a palavra Escrever é aprender a somar Por exemplo eu pego um E e um U Somo as duas E U e vira EU Pego um A e um I Somo as duas AI e vira AI Mãe disse Edu eu vou pegar um O e um I e somar Vai virar OI Estou certo Certinho meu menino E se eu juntar um E com um I vou escrever EI Mãe e filho inventaram um monte de palavras com as vogais IA EU EI OI UAI OU UI AI IOIO IAIA AIA AU UAU Rindo muito os dois conversaram coisas que só com amor se entende OI EI AI AI OI EU IAIA EU IOIO AU AU AU É UAI texto fragmentado UNIDADE 2 Conceitos de alfabetização e letramento Para nos aproximarmos dos conceitos de alfabetização e letramento e de suas relações vamos começar por situar esses conceitos historicamente Leia o parágrafo a seguir sobre a história da escrita A escrita foi inventada como consequência direta de exigentes demandas de uma economia em expansão Em outras palavras em algum momento do final do 4º milênio aC a complexidade do comércio e da administração nas primeiras cidades da Mesopotâmia atingiram um ponto que ultrapassou o poder de memória da elite governante Registrar transações de forma confiável e permanente tornouse essencial Administradores e comerciantes precisavam poder dizer em sumeriano frases equivalentes a Vou colocar isto por escrito e Posso ter isso por escrito The Story of Writing de Andrew Robinson Tradução da autora No capítulo A entrada da criança na cultura da escrita voltaremos a mencionar a história da escrita ao refletirmos sobre a invenção da escrita alfabética No entanto se você quiser ter um conhecimento mais amplo sobre esse tema o que é importante para quem é professoraor de alfabetização e letramento procure ler o livro Pequena história da escrita de Sylvie Baussier tradução de Marcos Bagno Edições SM Pode ser motivador para crianças que estão se alfabetizando e letrando conhecer um pouco da história da escrita orienteas na leitura do livro de Lia Zatz Aventura da escrita história do desenho que virou letra Editora Moderna O QUE PODEMOS INFERIR SOBRE AS CAUSAS DA INVENÇÃO DA ESCRITA Foi o surgimento das cidades e as relações complexas entre seus habitantes que tornou necessária a invenção de uma técnica a escrita que materializasse tornasse visível e permanente o que não podia mais ficar ou não devia ficar ou não se desejava que ficasse guardado apenas na memória como transações comerciais normas leis acontecimentos pensamentos etc A escrita surgiu pois como uma tecnologia que como toda e qualquer tecnologia veio responder a práticas sociais econômicas e culturais PARE E PENSE Para aprofundar a reflexão sobre a invenção da escrita como consequência de demandas do contexto social econômico cultural busque respostas para as perguntas a seguir 1 Por que algumas tribos indígenas que existem ainda hoje no interior da Amazônia são grupos de línguas ágrafas 2 O que motiva tribos indígenas ágrafas a desejar quando entram em contato e convivência com sociedades letradas a criação de uma escrita para sua língua 3 Enumere usos que você faz da escrita em seu contexto pessoal social e profissional ler bilhetes avisos publicidade livros jornais revistas etc e escrever bilhetes lista de compras recados emails diário e reflita A que demandas seus usos da escrita respondem Se não existisse a escrita seria possível você responder a essas demandas Línguas ágrafas são línguas que não têm escrita são só faladas Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro Podemos representar assim o processo histórico de invenção da língua escrita demandas culturais e sociais invenção da escrita usos da escrita Essa representação por setas visualiza um processo sequencial demandas sociais e culturais levaram à invenção da escrita como meio para responder a essas demandas Ao longo do tempo sociedades foram se tornando grafocêntricas centradas na escrita Assim já não se trata de um processo sequencial é preciso aprender simultaneamente a responder às demandas sociais de uso da escrita e para isso aprender a tecnologia da escrita uma representação não em setas sucessivas mas em camadas sobrepostas Veja que na reprodução do gráfico da unidade anterior acrescentamos os dois termos alfabetização e letramento para esclarecer em que camadas se localizam Nos quadros a seguir você encontra mais esclarecimentos sobre o que é alfabetização o que é letramento e as relações entre esses dois processos ALFABETIZAÇÃO Processo de apropriação da tecnologia da escrita isto é do conjunto de técnicas procedimentos habilidades necessárias para a prática da leitura e da escrita domínio do sistema de representação que é a escrita alfabética e das normas ortográficas habilidades motoras de uso de instrumentos de escrita lápis caneta borracha aquisição de modos de escrever e de modos de ler aprendizagem de uma certa postura corporal adequada para escrever ou para ler habilidades de escrever ou ler seguindo convenções da escrita tais como a direção correta da escrita na página de cima para baixo da esquerda para a direita a organização espacial do texto na página a manipulação correta e adequada dos suportes em que se escreve e nos quais se lê livro revista jornal papel etc LETRAMENTO Capacidades de uso da escrita para inserirse nas práticas sociais e pessoais que envolvem a língua escrita o que implica habilidades várias tais como capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos para informar ou informarse para interagir com outros para imergir no imaginário no estético para ampliar conhecimentos para seduzir ou induzir para divertirse para orientarse para dar apoio à memória etc habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos habilidade de orientarse pelas convenções de leitura que marcam o texto ou de lançar mão dessas convenções ao escrever atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita tendo interesse e prazer em ler e escrever sabendo utilizar a escrita para encontrar ou fornecer informações e conhecimentos escrevendo ou lendo de forma diferenciada segundo as circunstâncias os objetivos o interlocutor Alfabetização e letramento são processos cognitivos e linguísticos distintos portanto a aprendizagem e o ensino de um e de outro é de natureza essencialmente diferente entretanto as ciências em que se baseiam esses processos e a pedagogia por elas sugeridas evidenciam que são processos simultâneos e interdependentes A alfabetização a aquisição da tecnologia da escrita não precede nem é prérequisito para o letramento ao contrário a criança aprende a ler e escrever envolvendose em atividades de letramento isto é de leitura e produção de textos reais de práticas sociais de leitura e de escrita Você deve estar pensando Como atividades de letramento podem sugerir atividades de alfabetização Leia a seguir um registro de aulas observadas durante quatro dias por uma pesquisadora que buscava a resposta para essa pergunta O livro ao lado foi o centro da aula OBSERVAÇÃO DE AULAS DE LINGUAGEM 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 2 A 5 DE ABRIL 2018 40 dias após o início do ano letivo Primeiro dia segundafeira Depois de conversar um pouco com as crianças sobre o que tinham feito durante a semana anterior Semana Santa a professora anunciou que iam começar o dia com uma história bem engraçada pediu às crianças que se organizassem na rodinha da hora do conto percebi que elas já tinham o costume de ouvir histórias em rodinha Colocou no centro da rodinha uma grande caixa fechada com sinais de interrogação em cada lado dizendo que aquela era uma caixa maluca Perguntou às crianças o que achavam que havia dentro da caixa e várias sugestões foram dadas um coelho chocolate uma boneca pipoca bala Mostrou então o livro leu o título na capa acompanhando com o dedo cada palavra e sílaba A CAIXA MALUCA Apontou na capa o desenho da caixa maluca semelhante ao que estava no centro da rodinha relacionou o desenho da caixa com a palavra caixa no título do livro e perguntou será que o que está dentro desta caixa maluca apontando o desenho da caixa no título do livro são aquelas coisas que vocês disseram que estão dentro da nossa caixa maluca Continuou analisando o livro pediu às crianças que mostrassem onde estava o nome de quem tinha escrito o livro a autora leu Flávia Muniz apontou e leu o nome de quem tinha feito os desenhos do livro o ilustrador Michele Iacocca Em seguida mostrou a quarta capa e pediu que as crianças identificassem os animais que ilustram capa e quarta capa e foi construindo em uma folha de papel pardo uma lista destacou que estava fazendo uma lista com os nomes dos animais identificados as crianças identificaram vários Passou então a ler a história com o livro sempre aberto diante das crianças e correndo o dedo indicador ao longo das linhas da esquerda para a direita e de cima para baixo levava as crianças a observar as ilustrações desenho de animais e alimentos citados na história apontava e relia no texto a palavra que correspondia à ilustração Ela lia bem usando um tom de voz diferente para a fala de cada animal Antes de virar a página para a que revelava o que havia na caixa interrompeu a leitura criando suspense afinal o que será que está dentro da caixa As crianças ficaram em grande expectativa e quando foi visto e lido o desenlace manifestaram grande surpresa riram comentaram a ilustração o susto do macaco a careta da mola Em seguida com o auxílio das crianças abriu a caixa maluca colocada no início da aula no centro da rodinha e distribuiu o que havia dentro dela pirulitos Segundo dia terçafeira No horário da aula de linguagem a professora voltou ao livro fez perguntas de compreensão e interpretação da história retomando quando necessário a leitura de onde tinha vindo a caixa Que animal viu primeiro a caixa Vamos lembrar os animais da história aqui foi construindo ao lado da lista já feita com os animais identificados pelas crianças na capa e quarta capa uma lista dos animais da história não presentes na lista anterior levou as crianças a comparar as duas listas e a identificar comparando as palavras que animais apareciam nas duas listas construiu também uma terceira lista com as respostas das crianças sobre o que os animais achavam que havia dentro da caixa Neste momento fez as crianças observarem as três listas e pediu que concluíssem o que é uma lista Quando é que a gente escreve em forma de lista Para que serve uma lista Terceiro dia quartafeira Com base nas três listas que continuavam expostas nas folhas de papel pardo com o livro ao lado a professora propôs brincadeiras com os nomes dos animais identificar que animal tinha o nome maior orientandose pela lista dizer palavras que começassem igual ao nome do animal que tinha visto a caixa primeiro o SAPO apontou o primeiro da lista as crianças falaram por exemplo SACOLA SALADA SAPATO SALA SACI palavras que terminassem igual aos nomes de dois animais da história que terminavam igual LEÃO e PAVÃO as crianças falaram por exemplo BALÃO SABÃO AVIÃO Propôs atividades de descobrir na lista e ler palavras que se diferenciavam por uma só letra fonema PATO GATO GALO GATO Em seguida a professora voltou a atenção das crianças para a caixa que continuava no centro da rodinha e propôs uma adivinhação disse que tinha posto outra coisa dentro da caixa distribuiu folhas de papel e pediu que cada criança escrevesse do jeito que soubesse o que achava que ela havia colocado dentro da caixa Cada criança escreveu e leu o que escrevera e só então a caixa foi novamente aberta para verificarem quem tinha acertado A caixa tinha saquinhos de pipoca cada criança ganhou um algumas crianças tinham acertado escrevendo POK IOA PIOA Quarto dia quintafeira A professora leu mais uma vez o livro e em seguida propôs às crianças a construção de um cartaz que motivasse outras crianças da escola a lerem o livro o cartaz foi sendo construído com frases sugeridas pelas crianças A professora funcionando como escreva escrevendo lentamente pedindo ajuda das crianças para escolher as letras de certas palavras ou sílabas e falando em voz alta cada palavra o cartaz foi ilustrado por algumas crianças obedecendo as ideias dadas pelos colegas Verifiquei depois que o cartaz foi realmente colocado na biblioteca PARA SABER MAIS Letramento é um conceito complexo e diversificado Em primeiro lugar porque são várias e heterogêneas as práticas sociais que envolvem a escrita em diferentes contextos na família no trabalho na igreja nas mídias impressas ou digitais em grupos sociais com diferentes valores e comportamentos de interação Como há especificidades no uso da escrita em cada contexto a palavra letramento é muitas vezes usada no plural letramentos ou acompanhada do prefixo multi ou do adjetivo múltiplos multiletramentos ou letramentos múltiplos Em segundo lugar letramento tem assumido também um sentido plural porque o conceito é ampliado para designar diferentes sistemas de representação não só o sistema linguístico letramento digital letramento musical letramento matemático também chamado numeramento letramento científico letramento geográfico etc Por outro lado o termo letramento tem sido conceituado ora como o conjunto de capacidades para usar a língua escrita nas diferentes práticas sociais ora para designar o próprio conjunto das práticas sociais que envolvem o texto escrito Neste livro propõese a conciliação desses conceitos necessária no contexto escolar particularmente no ensino da língua em que o objetivo é desenvolver habilidades de leitura compreensão e produção de textos na modalidade escrita acompanhada ou não de outras modalidades de expressão como ilustrações fotos gráficos denominados textos multimodais sempre com o objetivo de formar um leitor e produtor de texto competente e promover a apropriação da leitura literária ou letramento literário que é o contato e a interação com obras da literatura infantil Leia mais sobre os sentidos da palavra letramento no Glossário Ceale que você encontra na internet no site wwwcealefaeufmgbrglossarioceale nos verbetes Letramento Letramento digital Letramento visual Letramento literário Letramento escolar Numeramento PARE E PENSE Depois da análise das aulas da professora a pesquisadora produziu um relatório da observação das aulas organizandoo em três parágrafos Faça você também o relatório das aulas que foram descritas organizandoo nos mesmos três parágrafos da seguinte forma 1 Separe em dois grupos os procedimentos da professora e indiqueos a procedimentos que têm por objetivo especificamente a alfabetização b procedimentos que têm por objetivo o letramento leitura e interpretação 2 Identifique na descrição das aulas as estratégias que a professora usou para integrar letramento e alfabetização 3 Conclua com a resposta que se pode dar à pergunta Como alfabetizar e letrar mantendo a especificidade de cada processo e ao mesmo tempo sua interdependência Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro UNIDADE 3 O texto eixo central de alfabetização e letramento Ao ler e analisar o registro das aulas de uma professora apresentado na unidade anterior você deve ter percebido que o texto foi o eixo que possibilitou a articulação de alfabetização e letramento de forma interdependente letrar desenvolvendo habilidades de leitura interpretação e produção de texto alfabetizar situando no texto a aprendizagem do sistema alfabético de que os alunos precisam apropriarse para que se tornem capazes eles também de ler e escrever textos É indiscutível que o texto é o eixo central das atividades de letramento Então como desenvolver habilidades de usos sociais da escrita a não ser lendo e interpretando e escrevendo textos E por que o texto deve ser também o eixo central da aprendizagem do sistema de escrita alfabética da alfabetização ALFALETRAR MAGDA SOARES Para responder a essa pergunta é preciso esclarecer o que é texto A língua possibilita a interação entre as pessoas no contexto social em que vivem sua função é pois sociointerativa Essa função se concretiza por meio de textos quando interagimos por meio da língua falamos ou escrevemos textos ouvimos ou lemos textos Voltemos agora à pergunta anterior por que o texto deve ser também o eixo central do processo de alfabetização partindo da seguinte afirmação O texto deve ser o eixo central do processo de alfabetização Reflita sobre os argumentos apresentados a seguir que apoiam essa afirmação e formule como resposta à pergunta a conclusão a que eles conduzem ARGUMENTOS 1 Como o convívio com bebês e crianças pequenas evidencia a criança adquire a fala naturalmente sem necessidade de ensino explícito em contextos sociointerativos em que tem oportunidades de ouvir e falar palavras frases e textos É que a fala é no ser humano uma capacidade inata um instinto geneticamente programado 2 A escrita é uma tecnologia criada há apenas 3 ou 4 mil anos uma invenção cultural que como todo artefato cultural precisa ser aprendida Ao discutir Leitura e Produção de textos no capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento o conceito de texto será ampliado com a discussão sobre tipos e gêneros textuais no ciclo de aprendizagem inicial da língua escrita ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 3 Se fala e escrita se diferenciam por a primeira ser adquirida naturalmente e a segunda ter de ser aprendida ambas porém se igualam em sua função interativa a criança adquire a língua oral ouvindo textos ou falando textos em eventos de interação com outras pessoas da mesma forma a criança aprende a escrita buscando sentido em eventos de interação com material escrito nos textos 4 Tal como seria artificial e impossível pretender levar a criança a adquirir a fala ensinandoa a pronunciar fonemas e reunilos em sílabas estas em palavras para enfim chegar a textos que a habilitassem a interagir no convívio social também se torna artificial levar a criança a aprender a leitura e a escrita desligadas de seu uso ensinandoa a reconhecer e traçar letras relacionálas a seu valor sonoro juntálas em sílabas estas em palavras para enfim ler e escrever textos tornandoa capaz de inserirse no mundo da escrita CONCLUSÃO Veja a proposta no box a seguir ALFALETRAR MAGDA SOARES PARE E PENSE Após refletir sobre os argumentos apresentados formule agora você a conclusão respondendo à pergunta proposta Por que o texto deve ser o eixo central do processo de alfabetização Você pode comparar sua conclusãoresposta no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro Para completar e ampliar a reflexão sobre o texto como eixo de integração de letramento e alfabetização retomemos a figura que ilustrou o início desta unidade o que ela pretende representar Algumas pistas são dadas como a inclusão de palavras que não estão na figura que aparece no início da unidade Duas peças de um quebracabeça que se completam representam a integração de alfabetização e letramento As duas peças do quebracabeça uma representando alfabetização e a outra representando letramento embora se complementem têm formas diferentes O texto a seguir traduz em palavras a simbologia da figura Como em um quebracabeça cada peça só ganha sentido quando associada a outra peça que a complementa Também alfabetização e letramento são processos interdependentes Como em um quebracabeça as peças são diferentes com cada peça tendo uma forma que se encaixa à forma específica de outra Também os processos de alfabetização e letramento são diferentes envolvendo cada um conhecimentos habilidades e competências específicos que implicam processos de aprendizagem diferenciados e consequentemente procedimentos diferenciados de ensino ALFABETIZAÇÃO Processos específicos de aprendizagem Processos específicos de ensino ALFALETRAR O texto como eixo central LETRAMENTO Processos específicos de aprendizagem Processos específicos de ensino 37 Conclusão para alfabetizar e letrar de forma indissociável e simultânea é necessário que se compreendam os processos de aprendizagem do sistema alfabético de escrita que envolvem habilidades cognitivas e linguísticas necessárias à apropriação de um objeto de conhecimento específico um sistema de representação abstrato e bastante complexo os processos de aprendizagem da leitura e da produção textual que envolvem habilidades cognitivas e linguísticas necessárias à aquisição de objetos de conhecimento específicos as competências de leitura e interpretação e de produção de textos em diferentes situações que envolvem a língua escrita eventos de letramento Assim neste livro embora partindo do princípio de que alfabetização e letramento devem desenvolverse de forma interdependente nos capítulos A entrada da criança na cultura da escrita O despertar da consciência fonológica e Consciência fonêmica a apropriação do princípio alfabético o foco é sobretudo a alfabetização dada a especificidade da aprendizagem do sistema de escrita alfabética sempre porém em contexto de letramento No capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento o foco se volta para o letramento as habilidades de leitura e interpretação e de produção de textos no ciclo de alfabetização e letramento O roteiro que deve orientar a integração de alfabetização e letramento em todas as aprendizagens discutidas nesses quatro capítulos é apresentado no box Na sala de aula ele garante a necessária e indispensável simultaneidade de alfabetização e letramento como você verá nas atividades apresentadas ao longo do livro 38 NA SALA DE AULA Desta unidade que inferências você pode fazer para sua ação na sala de aula No ciclo de alfabetização e letramento segmento privilegiado neste livro o ensino do sistema de escrita alfabética e de seus usos pessoais e sociais deve desenvolverse integrando os dois processos alfabetização e letramento Para possibilitar a integração desses dois processos o texto deve ser sempre o eixo central das atividades de alfabetização e letramento Ao planejar uma sequência ou uma unidade didática o primeiro passo deve ser a escolha de um texto que desperte o interesse das crianças e esteja compatível com o nível linguístico e cognitivo delas Os critérios para a escolha dos textos serão discutidos no capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento que tem por tema leitura interpretação e produção de textos Escolhido o texto prepare sua leitura e as questões a serem propostas às crianças para desenvolver habilidades de interpretação e identifique vocabulário a ser esclarecido esses temas também serão tratados no capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento Escolha no texto considerando o nível de desenvolvimento cognitivo e linguístico das crianças palavras e sentenças que serão objeto de atividades de alfabetização Os níveis de desenvolvimento da criança ao longo do ciclo de aprendizagem inicial da língua escrita são discutidos nos capítulos A entrada da criança na cultura da escrita O despertar da consciência fonológica e Consciência fonêmica a apropriação do princípio alfabético 39 CAPÍTULO 2 A ENTRADA DA CRIANÇA NA CULTURA DA ESCRITA O processo de alfabetização o aprendizado do sistema de escrita alfabética porta de entrada para a cultura da escrita como todo processo de aprendizagem inclui aquele que aprende neste livro a criança em desenvolvimento o objeto a ser aprendido a escrita alfabética e seus usos aquele que ensina ao professoraor alfabetizadoraor e a interação entre quem aprende e quem ensina Em outras palavras inclui a criança que aprende um objeto de conhecimento a língua escrita e aquele que com ela interage para que ela se aproprie desse objeto O objetivo deste capítulo é caracterizar em três unidades esses componentes do processo de alfabetização o objeto sistema de escrita alfabética a interação entre o desenvolvimento da criança e a aprendizagem e ainda os primeiros passos da criança em direção à apropriação da escrita alfabética Unidade 1 O objeto do processo de alfabetização o sistema de escrita alfabética Unidade 2 Desenvolvimento e aprendizagem na apropriação do sistema de escrita alfabética Unidade 3 As primeiras escritas da criança dos rabiscos às letras 41 UNIDADE 1 O objeto do processo de alfabetização o sistema de escrita alfabética O QUE a criança aprende quando se apropria do sistema de escrita alfabética aprende que a palavra oral é uma cadeia sonora independente de seu significado e passível de ser segmentada em pequenas unidades aprende que cada uma dessas pequenas unidades sonoras da palavra é representada por formas visuais específicas as letras Por meio dessas duas aprendizagens que se desenvolvem em mútua dependência é que a criança se apropria do sistema de escrita alfabético um sistema que representa o significante das palavras não o significado das palavras Para melhor compreensão do objeto de conhecimento no processo de alfabetização vamos saber um pouco mais nesta unidade sobre o sistema de escrita alfabético o objeto de conhecimento de que a criança deve se apropriar aprendendo a associar significantes a significados ler e a representar significados com significantes escrever O sistema de escrita alfabético é apenas um entre vários sistemas de escrita Esses vários sistemas podem ser agrupados em dois conjuntos sistemas de escrita sistemas que representam o significante sistemas que representam o significado Significante é a cadeia de sons que representa um ser um conceito uma ideia significado é o ser o conceito a ideia a que a cadeia de sons se refere 43 ALFALETRAR MAGDA SOARES SISTEMAS QUE REPRESENTAM O SIGNIFICADO Os primeiros sistemas de escrita foram inventados no final do quarto milênio antes de Cristo releia o quadro no início da unidade 2 do primeiro capítulo ali você leu sobre a escrita sumeriana inventada nas primeiras cidades da Mesopotâmia uma escrita que representava o significado Quando se inventou a escrita a primeira alternativa foi representar aquilo de que se falava então desenhavase de forma simplificada o significado das palavras em tabletes de barro ou argila únicos suportes então disponíveis Veja na escrita sumeriana no tablete o quadrado indicado pela seta cada bolinha indicava o número 10 o desenho representava pão 30 pães é o que significam esses desenhos talvez uma anotação do que tinha sido vendido ou comprado Também uma escrita desenvolvida no Antigo Egito por volta do terceiro milênio antes de Cristo representava o significado por meio de figuras os hieróglifos grafados em paredes pedras argila e mais tarde em folhas de papiro criadas pelos egípcios com as fibras de uma planta encontrada nas margens do rio Nilo Um novo suporte para a escrita o papiro considerado o precursor do papel Esses antigos sistemas evidenciam que a escrita quando surgiu representava significados por meio de pictogramas desenhos que representam objetos ou ideogramas símbolos que representam ideias ou conceitos Há quatro milênios ao sentir a necessidade de registrar a fala a possibilidade que se apresentou foi representar o significado por meio de desenhos Mas não só escritas antigas são exemplos de escritas ideográficas A escrita chinesa e a escrita japonesa são exemplos de escritas ideográficas embora incorporem alguns elementos que representam parte do som das palavras Veja acima exemplos de ideogramas chineses e como se combinam para formar outros significados 44 A ENTRADA DA CRIANÇA NA CULTURA DA ESCRITA PARE E PENSE 1 Observe no quadro anterior dois exemplos de associação de ideogramas para compor um novo significado qual a explicação para cada uma dessas associações 2 Imaginese ensinando a uma criança chinesa a escrita ideográfica O que lhe parece mais fácil ensinar a escrita ideográfica ou a alfabética Por quê Sugestão para ajudar você a responder veja no YouTube o vídeo Ideogramas fáceis PROFESSORA CHEN XIAOFEN disponível em httpswwwyoutubecomwatchvhfQF45z324 duração de 16 minutos Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro 45 ALFALETRAR MAGDA SOARES SISTEMAS QUE REPRESENTAM O SIGNIFICANTE Como você certamente pôde inferir do que foi dito sobre os sistemas que representam o significado sistemas pictográficos e ideográficos esses modelos tornam a leitura e a escrita muito trabalhosas é preciso conhecer e memorizar um número muito grande de ideogramas Voltemos a nos referir à escrita chinesa apenas para escritas de uso cotidiano é necessário conhecer em torno de 4 mil ideogramas uma gráfica chinesa comum usa cerca de 6 mil ideogramas somente para ler os jornais a pessoa deve dominar pelo menos 3 mil ideogramas Para uma criança chinesa tornarse capaz de ler e escrever textos comuns da vida cotidiana precisa aprender cerca de 1500 ideogramas Para isso são necessários de 5 a 6 anos de aprendizagem Foram os fenícios povo que desenvolvia intensas atividades de navegação e articulação comercial com outras civilizações que necessitando de uma forma de controlar o intenso fluxo de mercadorias inventaram um sistema de registro orientandose pelo som das palavras pelo significante não pelo significado Surgiu assim por volta de 1200 aC o que se pode considerar o primeiro alfabeto um sistema de escrita de representação dos sons das palavras não de seus significados Os gregos no século IX aC adotaram esse primeiro alfabeto fenício aperfeiçoandoo o sistema de escrita fenício representava apenas as consoantes os gregos introduziram nele as vogais tornandoo assim capaz de representar todos os segmentos da fala Os romanos por sua vez adaptaram o alfabeto grego constituindo o sistema alfabético latino ou romano o sistema mais utilizado por um grande número de línguas e até mesmo para criar sistemas de escrita para línguas ágrafas 46 O alfabeto um objeto cultural é considerado uma das mais significativas invenções na história da humanidade Ele representa a descoberta de que as cadeias sonoras da fala podem ser segmentadas e que os segmentos podem ser representados por sinais gráficos o que torna extremamente econômica a escrita como os segmentos da cadeia sonora se repetem nas palavras constituindo um conjunto finito com um pequeno número de sinais gráficos no caso do nosso alfabeto denominado alfabeto latino com 26 letras podese escrever qualquer palavra É este o sistema de escrita alfabético que a criança aprende quando se alfabetiza Releia o quadro introdutório desta unidade para compreender agora plenamente e para responder às perguntas a seguir que haviam sido antecipadas no quadro como resposta à questão aqui retomada O QUE A CRIANÇA APRENDE QUANDO SE APROPRIA DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICO O número de letras varia em diferentes alfabetos um pouco mais ou um pouco menos de 26 por exemplo o alfabeto russo tem 33 letras como também varia a forma das letras imagem de letras russas alfabeto escrita da palavra alfabeto em russo O princípio porém é sempre o mesmo a representação do significante PARE E PENSE Releia as respostas dadas para a pergunta O que a criança aprende quando se apropria do sistema de escrita alfabético no quadro de abertura da unidade e em seguida reflita sobre as questões abaixo 1 A criança aprende um sistema de escrita que representa o significante não o significado O que quer dizer representar o significante 2 De que símbolos é constituído um sistema alfabético 3 Por que o sistema de escrita alfabético é mais econômico que sistemas que representam o significado Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro PARA SABER MAIS Nossa escrita é alfabética mas usamos também sinais gráficos que acrescentam determinado sentido às frases que a escrita alfabética por si só não indica e usamos símbolos que como os ideogramas representam o significado não o significante como faz o sistema alfabético Assim os sinais de pontuação que usamos ao escrever um texto ou que interpretamos ao ler um texto são acrescentados à escrita alfabética para indicar o que as letras não expressam pausas como por exemplo a vírgula o ponto e vírgula o ponto ou o sentido que se deve acrescentar à frase pela entonação como a interrogação para informar que se trata de uma pergunta a exclamação para denotar surpresa as reticências para designar a interrupção de uma enumeração aqui está um caso do uso das reticências para indicar que os exemplos poderiam prosseguir entre outros Também os acentos agudo grave circunflexo são sinais gráficos que usamos no português para orientar a pronúncia das palavras há línguas sem acentos como o inglês e há línguas com um grande número de acentos como o tcheco O uso de símbolos em lugar da escrita é frequente no nosso cotidiano para substituir as palavras como estes Ou para organizar o trânsito como estes Atualmente nas trocas de mensagens os emojis são como ideogramas que substituem a escrita para comunicar sentimentos emoções NA SALA DE AULA Atividades de letramento que esta unidade sugere para sua ação na sala de aula Será interessante e enriquecedor como complemento de atividades para compreensão do alfabeto contar a história da invenção dele da escrita a partir de desenhos até a invenção das letras Há farto material no Google procure por a invenção da escrita ou leia para as crianças o livro infantil que já foi citado no capítulo anterior na unidade 2 de Lia Zatz A aventura da escrita história do desenho que virou letra Editora Moderna Outra oportunidade de letramento relacionada com as atividades de compreensão de formas de escrita diferentes da escrita alfabética são atividades de leitura e interpretação de textos verbovisuais livros de imagem histórias em quadrinhos tirinhas cartazes orientando as crianças a identificar e diferenciar comunicação por meio de desenhos ou recursos gráficos e por meio de palavras expressões faciais de personagens ilustrações que acompanhem textos palavras e símbolos em balões de histórias em quadrinhos onomatopeias e sua tradução em palavras oralmente e por escrito professor como escriba Atualmente a escrita alfabética é substituída com frequência por emojis mostrar às crianças em cartaz ou fichas vários emojis para que identifiquem qual mensagem cada um transmite e como traduzila em palavras oralmente ou por escrito professor como escriba Na internet vá ao Google Imagens e insira a palavra emoji e você encontrará e poderá copiar os que considerar mais significativos Leve os alunos a reconhecer símbolos presentes em outras disciplinas como na Matemática em que são frequentes sinais de adição de diminuição de multiplicação de divisão de igualdade etc na História na Geografia e em Ciências Uma pesquisa nos livros didáticos usados revelará vários símbolos significantes que representam significados UNIDADE 2 Desenvolvimento e aprendizagem na apropriação do sistema de escrita alfabética Imersa em ambientes socioculturais em que a leitura e a escrita têm papel e função centrais como acontece em nossas sociedades grafocêntricas a criança antes mesmo de entrar na escola vai progressivamente se aproximando do conceito de escrita percebendo que escrever é transformar a fala em marcas sobre diferentes suportes e que ler é converter essas marcas em fala A criança vive assim desde muito pequena antes mesmo de sua entrada na escola um processo de construção do conceito de escrita por meio de experiências com a língua escrita nos contextos sociocultural e familiar Mas é pela interação entre seu desenvolvimento de processos cognitivos e linguísticos e a aprendizagem proporcionada de forma sistemática e explícita no contexto escolar que a criança vai progressivamente compreendendo a escrita alfabética como um sistema de representação de sons da língua os fonemas por letras apropriase então do princípio alfabético Essa interação entre desenvolvimento e aprendizagem é um dos temas centrais na obra do psicólogo russo Vygotsky 18961934 que enfatiza a importância da aprendizagem propiciada pelo contexto social cultural e escolar para que o desenvolvimento da criança avance Desde que nasce o desenvolvimento da criança vai ocorrendo Por destacar o papel do contexto sociocultural no desenvolvimento aprendizagem da criança a teoria de Vygotsky é denominada Psicologia sociocultural ou sóciohistórica não só biologicamente em um processo que resulta em progressiva maturação de sua estrutura física e de seu sistema nervoso processo que vem sobretudo de dentro para fora mas também psicológica e socialmente em um processo de evolução cognitiva e de internalização de comportamentos valores atitudes conhecimentos Esse processo é resultado dos estímulos recebidos na interação da criança com seu grupo social e seu contexto cultural processo que vem de fora para dentro isto é um processo de aprendizagem da criança ao observar imitar ou experienciar situações que lhe são propiciadas em seu contexto social e cultural Nas palavras de Vygotsky em seu livro A formação social da mente O processo de desenvolvimento prepara e torna possível um processo específico de aprendizagem O processo de aprendizado então estimula e empurra para frente o processo de desenvolvimento O mais importante aspecto novo desta teoria é o amplo papel que ela atribui ao aprendizado no desenvolvimento da criança Inferese dessa citação a importância da mediação pedagógica em contexto escolar para que considerando o nível de desenvolvimento a que já chegou a criança a aprendizagem estimulada por professores orientea para avançar em seu processo de desenvolvimento Considerando especificamente a apropriação da escrita alfabética podemos esclarecer assim a interação entre desenvolvimento e aprendizagem DESENVOLVIMENTO Processo que resulta dos níveis de maturação psicológica da criança em interação com experiências com a língua escrita em seu contexto sociocultural o desenvolvimento se faz de dentro para fora APRENDIZAGEM Processo pelo qual a criança pela mediação de outros adquire informações sobre a escrita e habilidades com a escrita o que possibilita que formule e reformule conceitos a respeito da escrita a aprendizagem se faz de fora para dentro A seta entre desenvolvimento e aprendizagem representa a interação de mão dupla entre esses dois processos o nível de desenvolvimento da criança possibilita determinadas aprendizagens e estas por sua vez fazem avançar o desenvolvimento Assim no que se refere à aprendizagem da escrita alfabética cabe à escola conhecendo o nível de desenvolvimento cognitivo e linguístico já alcançado pela criança e partindo dele orientála para que avance em direção ao nível que ela já tem possibilidade de alcançar Para designar esse intervalo entre o nível de desenvolvimento que a criança já alcançou nível de desenvolvimento real e sua capacidade de avançar nível de desenvolvimento potencial Vygotsky formulou o conceito de zona de desenvolvimento potencial ou proximal sobre a qual o professor pode atuar estimulando o processo de desenvolvimento como representado no gráfico ao lado Saiba mais sobre esta e outras implicações relevantes da teoria de Vygotsky para a educação e a aprendizagem da escrita na segunda parte do livro dele A formação social da mente Editora Martins Fontes onde se encontra a citação apresentada no quadro anterior desenvolvimento real zona de desenvolvimento potencial desenvolvimento potencial Do ponto de vista da criança esse processo pode ser assim representado O que a criança ainda não pode fazer pode fazer com ajuda pode fazer sem ajuda Zona de desenvolvimento potencial Já no início do século passado Vygotsky e seu parceiro e discípulo Luria buscaram compreender a concepção sobre a língua escrita que crianças teriam em seu desenvolvimento real isto é antes de serem introduzidas à aprendizagem e assim identificaram o que denominaram de a préhistória da linguagem escrita Para caracterizar essa préhistória a pesquisa de Luria identificou como crianças de 3 4 e 5 anos usavam rabiscos garatujas e desenhos como marcas que lhes permitiam recuperar palavras e frases que tinham sido solicitadas a escrever e em seguida recordar o que faziam com apoio nas marcas feitas Vygotsky e Luria focalizaram assim o que consideraram um precursor da escrita o estágio inicial por que passa a criança em seu processo de compreensão das funções da escrita marcas gráficas como um instrumento de apoio à memória O capítulo intitulado A préhistória da linguagem escrita do livro já citado A formação social da mente Editora Martins Fontes de Lev Vygotsky 18961934 é uma leitura fundamental para reconhecer o caráter simbólico de atividades infantis gestos desenhos brincadeiras como estágios preparatórios para a compreensão do caráter também simbólico do sistema alfabético representação dos sons da fala Mais adiante a partir aproximadamente da segunda metade do século passado cerca de 50 anos depois dos estudos de Vygotsky e Luria sobre a préhistória da língua escrita pesquisadores de várias áreas da Linguística da Psicolinguística da Psicologia Cognitiva das Neurociências vêm se dedicando a caracterizar o desenvolvimento da criança em sua progressiva compreensão da escrita como uma representação dos sons da língua não apenas como um instrumento de apoio à memória Dando de certa forma continuidade à préhistória da língua escrita Emilia Ferreiro e Ana Teberosky no final dos anos 1970 no marco de referência da teoria de Piaget sobre os processos de construção de conceitos pela criança realizaram pesquisa replicada e aprofundada por Ferreiro em muitas outras pesquisas nas décadas seguintes investigando a história da conceitualização da escrita alfabética pela criança ao longo de seu desenvolvimento Construíram assim uma teoria a psicogênese da escrita um modelo explicativo da gênese da origem dos processos cognitivos psíquicos que conduzem a criança ao longo de seu desenvolvimento à progressiva construção do conceito de escrita como um sistema de representação dos sons da língua por letras A aquisição de conhecimento como um processo de construção fundamento da teoria da psicogênese da escrita é o que explica por que é frequente que essa teoria seja impropriamente denominada construtivismo palavra que limita o sentido da teoria e tem conduzido a equívocos no campo da alfabetização A psicogênese da escrita esclarece o desenvolvimento psíquico da criança em sua progressiva compreensão da natureza deste produto cultural que é o sistema alfabético Em suas pesquisas Ferreiro Jean Piaget 18961980 psicólogo suíço foi pioneiro em estudos sobre o desenvolvimento dos processos cognitivos da criança em interação com objetos de conhecimento privilegiando em sua pesquisa conhecimentos lógicomatemáticos e físicos com a mesma metodologia de pesquisa de Piaget o método clínico Ferreiro tomou como objeto de conhecimento o sistema de escrita alfabético propõe a crianças de 4 a 6 anos falantes da língua espanhola ainda não alfabetizadas a escrita de palavras e pequenas frases denominada escritas espontâneas que revelavam suas hipóteses sobre o que seria a escrita Ela conclui então que as crianças evoluem em níveis sucessivos em uma progressiva compreensão da escrita como um sistema de representação Esses níveis têm sido confirmados em numerosas pesquisas com crianças falantes de outras línguas particularmente aquelas que como o espanhol têm fronteiras silábicas claramente demarcadas como o português o italiano o catalão o hebraico Pesquisas que têm por objeto a construção do conceito de escrita por crianças tanto as de Ferreiro e seu grupo de pesquisa no quadro da psicogênese da escrita como outras no quadro da pesquisa experimental são realizadas sem intenção educativa e em contextos não escolares pesquisas em interação individual com a criança utilizando o método clínico próprio dos estudos piagetianos ou pesquisas com pequeno grupo de crianças em situações experimentais com controle de variáveis Em ambos os casos em situações fundamentalmente diferentes do ensino em sala de aula pois o objetivo é identificar o desenvolvimento da criança em seu processo de compreensão da natureza da escrita construindo evidências científicas que possam orientar ações pedagógicas O termo construtivismo designa uma teoria de desenvolvimento do conhecimento que se aplica a diversas áreas não apenas à alfabetização sobretudo não é um método de alfabetização como tem sido erroneamente considerado Conheça as pesquisas de Emília Ferreiro sobre as concepções da criança a respeito do sistema de escrita em seu livro Reflexões sobre alfabetização Cortez Editora Diagnosticar o nível de compreensão da escrita em que se encontram as crianças tem para a ação educativa de alfabetizar em situação escolar objetivos pedagógicos a partir desse diagnóstico podem ser definidos procedimentos de mediação pedagógica que estimulem e orientem as crianças a progredir a avançar de um nível ao seguinte atuando nas palavras de Vygotsky sobre sua zona de desenvolvimento potencial Para essa atuação contribuem outras teorias desenvolvidas em outros campos de conhecimento como veremos nos capítulos deste livro As escritas das crianças apresentadas neste livro não são resultados de pesquisas Foram produzidas em situações reais de atividades de alfabetização observadas durante mais de uma dezena de anos em salas de aula das escolas públicas de uma rede municipal de ensino em que se adotou como princípio pedagógico compreender as estratégias cognitivas e linguísticas da criança ao longo de sua progressiva evolução na construção do conceito da natureza da língua escrita como a criança aprende a ler e a escrever para então definir como devo ensinála a ler e escrever Ainda neste capítulo e nos seguintes o processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças será apresentado sequencialmente dos primeiros rabiscos até a apropriação plena do sistema alfabético de escrita a aprendizagem das relações entre fonemas e letras PARE E PENSE Com base na leitura desta unidade quais são suas conclusões sobre as questões seguintes 1 No texto desta unidade há referência à conceitualização da língua escrita pela criança o que significa a palavra conceitualização 2 Que contribuição a psicogênese da escrita dá ao processo de alfabetização Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro NA SALA DE AULA Atividades que esta unidade sugere para que você identifique e acompanhe o desenvolvimento de crianças em seu processo de construção do conceito de escrita Se você está em exercício em escola faça um diagnóstico de crianças em turma de início de alfabetização 1 ano do ensino fundamental ou préescola crianças de 5 anos pedindolhes que escrevam algumas palavras de uso comum palavras com sílabas de estrutura consoantevogal como boneca gato e pirulito Dite as palavras ou de preferência entregue às crianças uma folha com os desenhos para que escrevam o nome de cada um Crianças ainda não alfabetizadas costumam se recusar dizendo que ainda não sabem escrever Insista peça que escrevam como acham que é Analise que conceito cada criança tem de escrita Desenhos Rabiscos Letras etc à medida que for lendo o que está proposto nos capítulos seguintes deste livro Guarde as produções das crianças para repetir alguns meses depois a mesma atividade com as mesmas palavras ou figuras e então analise a evolução das crianças em seu conceito de escrita Se você ainda está em formação para a docência na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental busque uma escola que lhe possa ceder algum tempo em uma turma de início de alfabetização final da educação infantil ou início do 1 ano e desenvolva a atividade sugerida acima Volte à escola alguns meses depois e repita a atividade para comparar as escritas das crianças nesses dois momentos Se você não é professor ou professora mas tem interesse sobre o processo de desenvolvimento da criança em sua progressiva construção do conceito de escrita realize as atividades sugeridas acima com crianças de seu contexto familiar e social e acompanhe sua evolução em produções escritas UNIDADE 3 As primeiras escritas da criança dos rabiscos às letras As crianças desde muito pequenas desenham supondo que estão assim escrevendo entendem que escrever é representar aquilo de que se fala os significados tal como faziam os primeiros sistemas de escrita discutidos na unidade 1 deste capítulo À medida porém que vivenciam o uso da escrita em seu contexto familiar cultural e escolar as crianças vão percebendo que escrita não é desenho são traços riscos linhas sinuosas e então passam a escrever imitando essas formas arbitrárias É o início de uma evolução que levará as crianças ao longo da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental à progressiva compreensão da escrita como representação dos sons da fala dos significantes Essa progressiva compreensão é revelada por escritas espontâneas inventadas pela criança Acompanharemos essa progressiva compreensão apresentando ao longo desta unidade e dos próximos capítulos escritas de crianças recolhidas em escolas públicas produzidas em atividades diversas em que eram proporcionadas oportunidades de escrita e de experiências de leitura Oportunidades de tentar escrever escrita espontânea ou inventada devem ser frequentes desde a educação infantil Atividades diagnósticas periódicas permitem identificar em que nível de compreensão da escrita está a criança solicitandolhe escrever palavras ou frases escolhidas de acordo com critérios adequados a cada idade ou ano de escolarização Nesta unidade apresentamos os dois primeiros níveis de conceitualização da escrita Como é pedagogicamente necessário diagnosticar periodicamente em que nível cada criança ou cada grupo de crianças está para orientação das ações de ensino vários exemplos apresentados nesta e nas próximas unidades são respostas de crianças de diferentes idades a atividades de escrita inventada que permitem identificar a evolução de cada uma em seu processo de compreensão da escrita A idade das crianças é sempre indicada e por ela podese situálas no nível de escolarização em que se encontram educação infantil ou séries iniciais do ensino fundamental RABISCOS DESENHOS GARATUJAS Gabriela 4 anos e 2 meses Otávio 4 anos e 4 meses Lívia 4 anos e 3 meses O que essas escritas revelam Gabriela revela que ainda não está segura da diferença entre desenho e escrita produz rabiscos que se aproximam de desenhos fase que pode ser considerada como icônica sem semelhança com os traços retos e curvos das letras também ainda não percebeu a linearidade da escrita Otávio parece já compreender a linearidade da escrita e usa algumas formas que lembram letras Na tentativa de escrita da palavra luva e sobretudo da palavra pá parece imitar a letra cursiva que as crianças veem com frequência ser usada por adultos Lívia também parece imitar a escrita cursiva com linhas sinuosas que usa em todas as palavras e mostra já compreender a linearidade da escrita É o que se confirma quando pretendendo escrever um texto usa pautas sucessivas imitando a escrita cursiva além disso obedece como foi observado enquanto escrevia a direção da escrita de cima para baixo da esquerda para a direita Lívia 4 anos e 3 meses O que essas crianças ainda não perceberam Não perceberam que a escrita se faz com sinais gráficos as letras À medida que a criança vai convivendo com a escrita no contexto familiar e sobretudo no contexto escolar passa a compreender que ela é feita com letras recebe uma ficha com seu nome e aprende a reconhecêlo e copiálo observa palavras escritas no contexto da sala de aula povoada de material escrito nomes dos colegas em lista de frequência etiquetas de identificação de caixas de material alfabeto na parede alfabeto móvel cartaz com a rotina diária disponibilidade e manipulação de diferentes suportes de escrita na biblioteca ou no cantinho de leitura da sala de aula revistas folhetos sobretudo livros de literatura infantil Acompanha a leitura de histórias poemas parlendas pela professora que orienta a criança a diferenciar ilustração de escrita a observar que a parte escrita é constituída de letras que se sucedem da direita para a esquerda de cima para baixo Veja em seguida sugestões de atividades para que a criança evolua para a compreensão de que a escrita se faz com letras 63 NA SALA DE AULA Como orientar a criança para que compreenda que a escrita se faz com letras Algumas sugestões de atividades Entregue à criança seu primeiro nome escrito em uma ficha com letras maiúsculas de imprensa Ao entregar a ficha leia o nome acompanhando com o dedo a leitura em seguida aponte e nomeie cada letra Habitue a criança a sempre escrever seu nome em seus pertences e em suas atividades desenvolvidas em papel copiandoo da ficha com seu nome orientandoa a grafar adequadamente as letras Após atividades com parlendas cantigas ou poemas leve as crianças a prestar atenção no som das palavras consciência fonológica escreva na lousa com letras maiúsculas de imprensa um ou dois versos pronunciando as palavras à medida que as escreve assim a criança vai se apropriando do conceito de que palavras faladas são representadas por letras na escrita Mantenha na sala um quadro de palavras que tenham sido destacadas durante a leitura de histórias poemas parlendas escrevaas em fichas com letras maiúsculas de imprensa acompanhadas do desenho do objeto ou ser que representam e mantenhaas no quadro por algum tempo para que as crianças as vejam repetidamente associando o objeto ou ser à palavra escrita que os nomeia Com cantigas e brincadeiras leve as crianças a aprender o nome das letras recitar o alfabeto cantar canções de alfabeto na internet especialmente no YouTube você encontra muitas canções que as crianças podem ouvir e aprender a cantar Desenvolva atividades com alfabeto móvel pedindo à criança que monte seu nome e nomes de colegas guiandose pelas fichas a dela e a de colegas ou que monte palavras que estejam fixadas no quadro de palavras Mostre e leia para as crianças livros de alfabeto escolhendo aqueles em que as letras estejam claramente apresentadas sem intervenção de desenhos que as desfigurem e exemplificadas com palavras que se iniciem pela letra em foco 64 A inserção da criança em contextos de letramento como os citados no box Na sala de aula levaa a se familiarizar com as letras a substituir rabiscos e garatujas por letras mas ainda sem atribuir valor sonoro aos segmentos da palavra A essa fase vamos denominar de escrita com letras ESCRITA COM LETRAS Reveja a escrita inventada por Otávio aos 4 anos e 4 meses apresentada anteriormente quando ainda escrevia garatujas mas Otávio 4 anos e 8 meses já com traços que lembram letras Observe ao lado que quatro meses depois Otávio já usa letras embora em sequências aleatórias que tomam toda a largura da página sem nenhuma relação com a figura cujo nome supõe escrever com letras ainda mal desenhadas sem espaçamento adequado entre uma e outra demonstrando insegurança no traço e uso de um repertório pequeno de letras Entretanto é um significativo progresso em apenas quatro meses Isabel em comparação com Otávio domina melhor a escrita de Isabel 4 anos e 8 meses letras traços mais claros e espaço entre uma letra e outra mostra porém ter um repertório limitado de letras varia o tamanho delas e evidencia dificuldade em manter a linearidade da escrita Também como Otávio Isabel não estabelece relação entre o tamanho dos nomes das figuras trissílabas boneca girafa dissílaba vela 65 monossílaba pá e o número de letras nem entre as letras e o som das palavras que nomeiam as figuras Isabel e Otávio ainda não perceberam que as letras representam sons mas já perceberam que é com elas que se escrevem palavras Ao pretender escrever textos crianças nessa fase revelam frequentemente já estarem tal como Lívia no exemplo anterior da seção Rabiscos desenhos garatujas em fase de garatuja com compreensão da escrita em linhas sucessivas e já revelam uma aproximação ao conceito de palavras Veja a seguir um texto em que Aquiles descreve uma gravura que apresenta três crianças lendo Aquiles 5 anos e 2 meses Aquiles parece já ter se aproximado do conceito de palavra manteve espaços entre grupos de letras compreendeu a linearidade e a direção da escrita escreveu da direita para a esquerda e de cima para baixo curiosamente até já percebeu a presença do ponto como sinal gráfico em textos colocandoo ao final de cada linha No entanto Aquiles foi incapaz de ler o que tinha escrito quando lhe foi solicitado pela professora juntou letras sem atribuirlhes valor sonoro ou significado Como os exemplos evidenciam as crianças já compreendem que a escrita é feita com letras e escrevem palavras e até mesmo textos usando as letras que conhecem Em síntese as duas fases iniciais de conceitualização da escrita até aqui discutidas têm em comum uma característica são fases em que a criança ainda não compreendeu que a escrita representa os sons da fala e escreve com rabiscos garatujas em seguida com 66 letras sem relação com os sons da fala No entanto essas duas fases iniciais evidenciam a apropriação pela criança de dois atributos fundamentais da natureza do princípio alfabético Em um primeiro momento compreende que a escrita é arbitrária não é desenho fase dos rabiscos das garatujas Em seguida percebe que a escrita é feita com determinados sinais gráficos as letras formas visuais também arbitrárias sem relação com os sons que representam No entanto na fase escrita com letras a criança imita o que as pessoas fazem quando escrevem usam letras Como escreve por imitação seu repertório de letras é limitado e as letras são grafadas com evidente insegurança como mostram os exemplos da fase escrita com letras analisados neste capítulo As sugestões propostas anteriormente no box Na sala de aula como preparação para que as crianças compreendam que a escrita se faz com letras são atividades que não só ampliam o repertório de letras das crianças mas também as levam a reconhecer nomear e desenvolver sua habilidade de grafar letras Em síntese com a ampliação de seu contato com a escrita sobretudo na sala de aula a criança passa a conhecer reconhecer nomear e grafar letras progressivamente com mais segurança e habilidade grafomotora o que é essencial para a aprendizagem do sistema alfabético cuja culminância é a relação entre as letras e os fonemas que elas representam 67 Grafar letras com segurança depende do nível de desenvolvimento motor da criança destreza manual coordenação de movimentos das mãos e dos dedos para segurar e usar o lápis o papel entre outros No início do processo de alfabetização a criança aprende as letras maiúsculas de imprensa porque são caracteres isolados e com traçado simples A atividade grafomotora de traçar letras é mais uma atividade que se acrescenta às atividades que sobretudo na educação infantil têm por objetivo o desenvolvimento motor da criança em suas várias modalidades PARA SABER MAIS Na fase em que a criança começa a usar o alfabeto quando pretende escrever é importante desenvolver de forma sistemática o conhecimento e reconhecimento das letras Quando a criança avança para a compreensão de que as pessoas escrevem ou leem sequências de letras passa também a usar sequência de letras a escrita com letras como caracterizada neste capítulo As letras porém são consideradas pela criança nessa fase apenas como formas visuais compostas de linhas verticais horizontais semicírculos não como símbolos que representam sons da fala Ela ainda não desenvolveu consciência fonológica Por isso nessa etapa a criança com frequência não distingue entre letras e números além de ter dificuldade em discriminar letras de traçados semelhantes entre as maiúsculas letras que diferem apenas pelo fechamento de uma curva como em C e O R e B ou pela adição de uma pequena linha como em M e N O e Q P e R entre as minúsculas as letras que também diferem pelo fechamento de uma curva como em c e o ou pelo acréscimo ou prolongamento de uma linha como em l e i m e n h e n Aqui cabem atividades de diferenciação entre letras e outros símbolos e de discriminação visual entre letras de traçado semelhante 68

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Magda Soares Alfaletra Toda criança pode aprender a ler e a escrever editora contexto SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 15 UNIDADE 1 Aprendizagem da língua escrita um todo em três camadas 17 UNIDADE 2 Conceitos de alfabetização e letramento 23 UNIDADE 3 O texto eixo central de alfabetização e letramento 33 A ENTRADA DA CRIANÇA NA CULTURA DA ESCRITA 41 UNIDADE 1 O objeto do processo de alfabetização o sistema de escrita alfabética 43 UNIDADE 2 Desenvolvimento e aprendizagem na apropriação do sistema de escrita alfabética 51 UNIDADE 3 As primeiras escritas da criança dos rabiscos às letras 61 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA 75 UNIDADE 1 Consciência fonológica conceito e dimensões 77 UNIDADE 2 Escrita silábica sem valor sonoro 87 UNIDADE 3 Escrita silábica com valor sonoro 97 CONSCIÊNCIA FONÊMICA A APROPRIAÇÃO DO PRINCÍPIO ALFABÉTICO 107 UNIDADE 1 O avanço da consciência fonêmica e da compreensão do sistema de escrita alfabética a escrita silábicoalfabética 109 UNIDADE 2 A estabilização de uma escrita alfabética 119 UNIDADE 3 Da escrita alfabética à escrita ortográfica 143 LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 191 UNIDADE 1 A presença da leitura e da escrita no processo de apropriação do sistema de escrita alfabética 193 UNIDADE 2 Leitura compreensão e interpretação de textos letramento no ciclo de alfabetização 203 UNIDADE 3 Produção de textos letramento no ciclo de alfabetização 253 PLANEJAMENTO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 283 UNIDADE 1 A questão do método 285 UNIDADE 2 Planejamento das práticas em alfabetização e letramento 291 UNIDADE 3 Acompanhamento do processo ensinoaprendizagem diagnósticos 309 RESPOSTAS E COMENTÁRIOS ÀS QUESTÕES 323 A AUTORA 351 INTRODUÇÃO Foi em meados do século xx que as oportunidades de acesso à escola pública se ampliaram por meio do crescimento do número de instituições escolares e consequentemente do aumento de possibilidades de matrículas no ensino fundamental Desde então a taxa de escolarização da população cresceu significativamente em um processo contínuo que nos trouxe à atual universalização do ensino fundamental em 2015 a taxa de escolarização de pessoas de 6 a 14 anos atingiu 986 Assegurouse a todos o direito à educação mas podese dizer que se atingiu a democratização da educação Consideremos a aprendizagem da língua escrita condição necessária para a continuidade do processo de escolarização em todas as áreas e todos os níveis de ensino Comparese a taxa de universalização de acesso à escola com os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização ANA em 2016 mais da metade 547 das crianças no 3º ano do ensino fundamental foram avaliadas como estando em nível insuficiente quando já teriam pelo menos três anos de escolarização pelo menos porque não estamos considerando a frequência à educação infantil fase inicial do processo de alfabetização e deveriam já estar alfabetizadas capazes de ler e interpretar pequenos textos habilidades avaliadas pela ANA Esses são dados recentes Se olharmos historicamente o fracasso em alfabetização tem sido uma constante na educação pública brasileira Para não retrocedermos muito em 1982 mais da metade das crianças repetia a 1ª série considerada então como o ano da alfabetização Repetiam uma vez duas vezes três vezes até que fossem consideradas alfabetizadas o que significava em geral apenas serem capazes de decodificar ler e codificar escrever palavras Diante desse reiterado fracasso na alfabetização das crianças concluise que a universalização do ensino fundamental na verdade não resultou em democratização da educação ter acesso à escola mas não ter acesso a um ensino de qualidade significa não conquistar igualdade de direitos e de possibilidades bases da democracia ALFALETRAR MAGDA SOARES Considerando a aprendizagem da língua escrita particularmente não se apropriar de habilidades de leitura e escrita faz com que o fracasso se estenda ao longo da escolarização que depende fundamentalmente dessas habilidades Há estatísticas que comprovam que as taxas de insucesso escolar crescem ao longo do ensino fundamental a partir do 3º ano alunos não conseguem avançar para o próximo ano letivo ou avançam sem habilidades básicas de leitura e de escrita A pesquisa do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional Inaf na edição de 2018 verificou que entre as pessoas que possuem os anos iniciais do ensino fundamental mais de dois terços 70 permanecem na condição considerada Analfabetismo Funcional têm muita dificuldade para fazer uso da leitura e da escrita em situações da vida cotidiana como reconhecer informações em um cartaz ou folheto As respostas do poder público a esse persistente fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita com tão graves consequências não têm produzido efeito de um lado avaliase periodicamente o nível de alfabetização das crianças como forma de exercer controle sobre a qualidade da alfabetização e do letramento de outro lado diante da repetida constatação da baixa qualidade implantamse políticas de formação de alfabetizadores canceladas e substituídas a cada nova gestão nacional estadual ou municipal Já a resposta pedagógica temse limitado ao longo dessas décadas de fracasso escolar em alfabetizar as crianças à escolha entre métodos de alfabetização o que resulta em uma permanente alternância entre propostas em um movimento pendular um vaivém entre métodos que na verdade por caminhos diversos orientamse pela mesma concepção restrita de alfabetizar ensinar a criança a ler a leitura entendida como decodificação e a escrever a escrita entendida como codificação Assim até os anos 1980 a alfabetização era considerada a decifração e cifração de um código relacionar sons da fala às letras do sistema alfabético e não um sistema de representação que precisa ser compreendido Foi só na década de 1980 que ganharam evidência conhecimentos que vinham sendo construídos em várias ciências sobre o processo INTRODUÇÃO de aprendizagem da língua escrita pela criança e sobre o objeto dessa aprendizagem gerando mudanças na concepção de alfabetização Estudos e pesquisas sobre as relações entre a oralidade e a escrita desenvolvidos pelas ciências da linguagem particularmente a Fonética e a Fonologia e pela Psicologia particularmente a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia Cognitiva contribuem com evidências sobre o objeto da aprendizagem da língua escrita e sobre o processo dessa aprendizagem A alfabetização não é a aprendizagem de um código mas a aprendizagem de um sistema de representação em que signos grafemas representam não codificam os sons da fala os fonemas Aprender o sistema alfabético não é aprender um código memorizando relações entre letras e sons mas compreender o que a escrita representa e a notação com que arbitrária e convencionalmente são representados os sons da fala os fonemas Assim de um lado estudos e pesquisas da Psicologia do Desenvolvimento vêm identificando o processo pelo qual a criança vai progressivamente compreendendo o sistema de representação alfabético a psicogênese da língua escrita na criança por outro lado estudos e pesquisas de Psicologia Cognitiva vêm identificando as operações mentais que levam a criança a essa compreensão Prevalecem pois com a contribuição das evidências científicas das ciências linguísticas e das ciências de vertentes da Psicologia uma nova concepção do objeto da alfabetização e novas concepções sobre o processo de aprendizagem desse objeto Contemporaneamente às novas concepções do objeto e do processo da aprendizagem da língua escrita foi também nos anos 1980 que se assumiu que o foco até então quase exclusivo na aprendizagem do sistema alfabético isto é na alfabetização não era suficiente para formar leitores e produtores de texto Embora alfabetizados crianças e jovens na continuidade de seu processo de escolarização e adultos já escolarizados revelavam incapacidade de responder adequadamente às muitas e variadas demandas de leitura e de escrita nas práticas não só escolares mas também sociais e profissionais Reconheceuse assim que um conceito restrito de alfabetização que exclua os usos do sistema de escrita é insuficiente diante das muitas e variadas demandas de leitura e de escrita e que é necessário aliar a alfabetização ao que se denominou letramento entendido como desenvolvimento explícito e sistemático de habilidades e estratégias de leitura e escrita Em outras palavras aprender o sistema alfabético de escrita e contemporaneamente conhecer e aprender seus usos sociais ler interpretar e produzir textos Não apenas alfabetizar mas alfabetizar e letrar Alfaletrar Por que porém tantas pesquisas tantas publicações tantos eventos tantos projetos e programas promovidos nos âmbitos nacional estadual municipal não têm resultado há décadas em ensino de qualidade da língua escrita Ao contrário enfrentamos reiteradamente o fracasso na alfabetização e no letramento de crianças e jovens fracasso sempre denunciado nunca vencido O que apenas se sabe e pesquisas têm evidenciado não é uma resposta à pergunta é uma constatação o fracasso em alfabetização e letramento concentrase nas escolas públicas onde estão as crianças das camadas populares exatamente aquelas que mais dependem da educação para ter condições de lutar por melhores condições de vida econômica social cultural Com apoio nessa constatação a pergunta tem recebido como resposta uma hipótese injustificável a de que crianças das camadas populares não teriam as condições necessárias à aprendizagem da leitura e da escrita porque vivem em meios pouco letrados não têm convívio com livros seu vocabulário é restrito falam um dialeto diferente do dialeto de prestígio que é o que a escola espera delas Em completo desacordo com essa hipótese da deficiência e insistindo em encontrar uma resposta para a pergunta volteime para as escolas públicas e para os processos de alfabetização e letramento que nelas se desenvolvem De uma imersão a partir de 2007 e durante os 12 anos seguintes na rede de ensino de um município de Minas Gerais Lagoa Santa vivenciando intensa e permanente interação com todas as escolas da rede com professorases com crianças com as salas de aula posso afirmar que as crianças podem sim aprender a ler e a escrever nas escolas públicas Como Colocando o foco na aprendizagem para a partir dela definir o ensino conhecer e acompanhar o desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças dos 4 aos 8 anos com atenção permanente ao que elas já sabem e ao que já são capazes de aprender E aprendem mais cedo e mais rapidamente do que em geral se espera O que se mostrou essencial para reverter o fracasso foi a mudança do foco da ação docente por meio de um processo cotidiano de desenvolvimento profissional das professoras e dos professores definição de metas a alcançar em cada ano de escolarização construídas coletivamente em 2007 bem antes das discussões sobre a Base Nacional Curricular Comum BNCC análise criteriosa e enriquecimento das práticas de ensino orientação dos processos de conceitualização da língua escrita pela criança e de sua progressiva apropriação do princípio alfabético desenvolvimento de habilidades de leitura fluente e de interpretação de textos de produção de textos desde a educação infantil até os anos iniciais do ensino fundamental tudo isso com o apoio de uma biblioteca infantil em cada escola com riqueza de livros que são o centro das atividades de aprendizagem Sobretudo essas ações se davam em um clima de comprometimento com a aprendizagem das crianças apoiado na confiança em sua capacidade de aprender que elas demonstram realmente ter toda criança pode aprender a ler e a escrever Diagnósticos periódicos da aprendizagem elaborados aplicados e corrigidos pelasos própriasos professorases guiam o processo de ensino Tecnologias de ensino com as quais não podem contar a quase totalidade das escolas públicas deste país são substituídas atrevome a dizer que com vantagem pela produção de jogos e artefatos confeccionados pelasos professorases com a ajuda das crianças E é possível reproduzir pelo país tão bemsucedida experiência Sem dúvida Este livro foi concebido exatamente para isso O que se faz no ciclo de alfabetização e letramento do município de Lagoa Santa com bons resultados comprovados pela elevação ano a ano dos índices de qualidade e equidade do processo de ensinoaprendizagem pode inspirar municípios escolas professores para benefício das crianças das escolas públicas Dessa forma ao longo dos seis capítulos que seguem exponho em detalhes o Alfaletrar e explico como ele pode ser utilizado por todos os envolvidos na alfabetização e no letramento das crianças deste nosso país CAPÍTULO 1 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Os dois termos que dão título a este capítulo têm suscitado dúvidas e mesmo debates no campo da aprendizagem inicial da língua escrita pela criança alfabetização e letramento são sinônimos Ou são dois processos distintos A alfabetização precede o letramento ou esses dois processos se articulam na aprendizagem inicial da língua escrita O que significa alfabetizar letrando O objetivo deste capítulo é responder a essas perguntas em três unidades Unidade 1 Aprendizagem da língua escrita um todo em três camadas Unidade 2 Conceitos de alfabetização e letramento Unidade 3 O texto eixo central de alfabetização e letramento 15 UNIDADE 1 Aprendizagem da língua escrita um todo em três camadas Vamos partir de um poema para identificar o que estamos denominando de as três camadas que compõem a aprendizagem da língua escrita SENTIMENTAL Carlos Drummond de Andrade Ponhome a escrever teu nome com letras de macarrão No prato a sopa esfria cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho Desgraçadamente falta uma letra uma letra somente para acabar teu nome Está sonhando Olhe que a sopa esfria Eu estava sonhando E há em todas as consciências um cartaz amarelo Neste país é proibido sonhar Do livro Alguma poesia Companhia das Letras São Paulo Carlos Drummond de Andrade Graña Drummond wwwcarlosdrummondcombr Observe A voz que fala no poema na primeira pessoa eu ponhome a escrever teu nome não é a voz do poeta Carlos Drummond de Andrade mas a voz de um ser fictício que o poeta cria para expressar sentimentos emoções que não são dele do eu real mas de um outro eu A voz de um eu que é chamado na literatura de eu literário ou eu lírico Sugestão se quiser aprofundar seu conhecimento sobre a diferença entre o eu real e o eu lírico compare o poema Sentimental com este outro poema do mesmo poeta em que a voz que fala aproximase da voz do eu real confundindose com o eu lírico Confidência do itabirano do livro Sentimento do mundo o poeta nasceu em Itabira Minas Gerais 17 ALFALETRAR MAGDA SOARES Vamos admitir que o eu lírico no poema é um adolescente Observe que ele usa a escrita para à distância expressar a alguém seu sentimento seus sonhos para isso junta letras que formem o nome desse alguém que povoa seus sonhos assim fazendo transforma uma situação corriqueira uma refeição com sopa de letrinhas em oportunidade para escrever o nome da pessoa com quem sonha mas é censurado o momento é de alimentarse não de escrever sonhos O poema revela assim três aprendizagens do eu lírico a aprendizagem de que a escrita é um meio para expressarse para interagir pois pode ser um romântico trabalho de externar sentimentos sonhos ponhome a escrever teu nome a aprendizagem de que a escrita se faz com letras que representam a cadeia dos sons que compõem um nome escrever teu nome com letras de macarrão a aprendizagem de que há contextos em que o uso da escrita é socialmente inadequado numa refeição o que é esperado é que se tome a sopa Olhe que a sopa esfria não que se fique escrevendo com letras de macarrão Neste país é proibido sonhar Vamos acrescentar quando o momento é de tomar a sopa Podemos concluir que a simples escrita de um nome depende de três aprendizagens que se sobrepõem como camadas que pode ser representada assim 18 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO CONTEXTOS CULTURAIS E SOCIAIS DE USO DA ESCRITA LER E ESCREVER TEXTOS USOS DA ESCRITA Aprender o sistema de escrita alfabética Camadas na aprendizagem da língua escrita A palavra camadas é aqui usada em sentido figurado uma metáfora para comparar seu sentido próprio com esse sentido figurado contraste CAMADAS sentido próprio Partes que se superpõem constituindo um todo cada uma diferenciandose das demais por características próprias mas interdependentes o todo é constituído pelas partes por exemplo a terra é constituída de crosta manto e núcleo pense também em um bolo constituído de camadas CAMADAS sentido figurado Aprendizagens que se superpõem constituindo o todo Cada aprendizagem diferenciase das demais por processos próprios mas interdependentes cada aprendizagem depende das demais como a aprendizagem do sistema de escrita para que se possa ler e escrever usando a escrita nas situações culturais e sociais em que a escrita está presente 19 ALFALETRAR MAGDA SOARES PARE E PENSE Reflita um pouco mais sobre as camadas da aprendizagem da língua escrita lendo adiante um trecho do livro Foi assim de um dos principais escritores de literatura infantojuvenil Bartolomeu Campos de Queirós em que também encontramos letras de macarrão e podemos identificar camadas da aprendizagem da escrita Leia um recorte do texto e então oriente sua reflexão pelas seguintes perguntas 1 Em qual camada da aprendizagem da língua escrita se situa o que o pai ensinou ao menino 2 Quando o menino separou as vogais entre as letras de macarrão demonstrou aprendizagem de quê Em qual camada 3 Em qual camada situase o que a mãe ensinou ao menino quando mostrou a soma de vogais formando palavras 4 Em qual camada está a aprendizagem do menino quando ele e a mãe conversaram usando as palavras que tinham formado 5 Por que a mãe e o pai se preocupam em ensinar as letras e a formação de palavras ao filho Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro 20 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO FOI ASSIM Bartolomeu Campos de Queirós O menino dizia A E I O U a toda hora Sabia que o alfabeto tinha outras letras mas desconhecia sua ordem assim como desconhecia a ordem dos números Gritava Q M P e voltava a repetir A E I O U E falava de trás para a frente sem errar U O I E A Aprendeu as vogais com o pai com o apelido de cada uma o A era um telhadinho O E uma escadinha O I um palito de fósforo O O uma bola de gude de futebol ou o mundo O U uma rede de dormir sem gancho para dependurar Mas foi na cozinha que tudo começou Sua mãe observando a curiosidade do filho pela leitura e escrita pegou um pacote de macarrão de letras Olhou pensou e disse Edu hoje vamos comer uma sopa de vogais E continuou Vou derramar sobre a mesa esse pacote de macarrão Você já conhece as vogais aprendeu com seu pai Vai separálas para mim uma a uma Fazer um montinho de As outro de Es e assim por diante Depois a gente cozinha com bons temperos e mata a fome Edu iniciou o trabalho com vontade Foi preciso paciência e tempo Mãe acabei gritou o menino Junte o resto das letras e guarde no pacote Só deixe de fora as casinhas as escadas os palitos de fósforo as bolinhas e as redes falou a mãe Edu fez a tarefa Olhou para o conjunto de letras Colocou as turmas em ordem e em fila A E I O U Queria ir para a escola mas faltava idade Ah Como seria bom ler um livro inteiro como seu pai sonhou o menino A mãe chegou perto beijou a cabeça do filho se assentou e disse 21 Agora que você sabe dividir vou lhe ensinar a somar Somando uma banana com outra banana ficam duas bananas É somando as letras que a gente faz a palavra Escrever é aprender a somar Por exemplo eu pego um E e um U Somo as duas E U e vira EU Pego um A e um I Somo as duas AI e vira AI Mãe disse Edu eu vou pegar um O e um I e somar Vai virar OI Estou certo Certinho meu menino E se eu juntar um E com um I vou escrever EI Mãe e filho inventaram um monte de palavras com as vogais IA EU EI OI UAI OU UI AI IOIO IAIA AIA AU UAU Rindo muito os dois conversaram coisas que só com amor se entende OI EI AI AI OI EU IAIA EU IOIO AU AU AU É UAI texto fragmentado UNIDADE 2 Conceitos de alfabetização e letramento Para nos aproximarmos dos conceitos de alfabetização e letramento e de suas relações vamos começar por situar esses conceitos historicamente Leia o parágrafo a seguir sobre a história da escrita A escrita foi inventada como consequência direta de exigentes demandas de uma economia em expansão Em outras palavras em algum momento do final do 4º milênio aC a complexidade do comércio e da administração nas primeiras cidades da Mesopotâmia atingiram um ponto que ultrapassou o poder de memória da elite governante Registrar transações de forma confiável e permanente tornouse essencial Administradores e comerciantes precisavam poder dizer em sumeriano frases equivalentes a Vou colocar isto por escrito e Posso ter isso por escrito The Story of Writing de Andrew Robinson Tradução da autora No capítulo A entrada da criança na cultura da escrita voltaremos a mencionar a história da escrita ao refletirmos sobre a invenção da escrita alfabética No entanto se você quiser ter um conhecimento mais amplo sobre esse tema o que é importante para quem é professoraor de alfabetização e letramento procure ler o livro Pequena história da escrita de Sylvie Baussier tradução de Marcos Bagno Edições SM Pode ser motivador para crianças que estão se alfabetizando e letrando conhecer um pouco da história da escrita orienteas na leitura do livro de Lia Zatz Aventura da escrita história do desenho que virou letra Editora Moderna O QUE PODEMOS INFERIR SOBRE AS CAUSAS DA INVENÇÃO DA ESCRITA Foi o surgimento das cidades e as relações complexas entre seus habitantes que tornou necessária a invenção de uma técnica a escrita que materializasse tornasse visível e permanente o que não podia mais ficar ou não devia ficar ou não se desejava que ficasse guardado apenas na memória como transações comerciais normas leis acontecimentos pensamentos etc A escrita surgiu pois como uma tecnologia que como toda e qualquer tecnologia veio responder a práticas sociais econômicas e culturais PARE E PENSE Para aprofundar a reflexão sobre a invenção da escrita como consequência de demandas do contexto social econômico cultural busque respostas para as perguntas a seguir 1 Por que algumas tribos indígenas que existem ainda hoje no interior da Amazônia são grupos de línguas ágrafas 2 O que motiva tribos indígenas ágrafas a desejar quando entram em contato e convivência com sociedades letradas a criação de uma escrita para sua língua 3 Enumere usos que você faz da escrita em seu contexto pessoal social e profissional ler bilhetes avisos publicidade livros jornais revistas etc e escrever bilhetes lista de compras recados emails diário e reflita A que demandas seus usos da escrita respondem Se não existisse a escrita seria possível você responder a essas demandas Línguas ágrafas são línguas que não têm escrita são só faladas Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro Podemos representar assim o processo histórico de invenção da língua escrita demandas culturais e sociais invenção da escrita usos da escrita Essa representação por setas visualiza um processo sequencial demandas sociais e culturais levaram à invenção da escrita como meio para responder a essas demandas Ao longo do tempo sociedades foram se tornando grafocêntricas centradas na escrita Assim já não se trata de um processo sequencial é preciso aprender simultaneamente a responder às demandas sociais de uso da escrita e para isso aprender a tecnologia da escrita uma representação não em setas sucessivas mas em camadas sobrepostas Veja que na reprodução do gráfico da unidade anterior acrescentamos os dois termos alfabetização e letramento para esclarecer em que camadas se localizam Nos quadros a seguir você encontra mais esclarecimentos sobre o que é alfabetização o que é letramento e as relações entre esses dois processos ALFABETIZAÇÃO Processo de apropriação da tecnologia da escrita isto é do conjunto de técnicas procedimentos habilidades necessárias para a prática da leitura e da escrita domínio do sistema de representação que é a escrita alfabética e das normas ortográficas habilidades motoras de uso de instrumentos de escrita lápis caneta borracha aquisição de modos de escrever e de modos de ler aprendizagem de uma certa postura corporal adequada para escrever ou para ler habilidades de escrever ou ler seguindo convenções da escrita tais como a direção correta da escrita na página de cima para baixo da esquerda para a direita a organização espacial do texto na página a manipulação correta e adequada dos suportes em que se escreve e nos quais se lê livro revista jornal papel etc LETRAMENTO Capacidades de uso da escrita para inserirse nas práticas sociais e pessoais que envolvem a língua escrita o que implica habilidades várias tais como capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos para informar ou informarse para interagir com outros para imergir no imaginário no estético para ampliar conhecimentos para seduzir ou induzir para divertirse para orientarse para dar apoio à memória etc habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos habilidade de orientarse pelas convenções de leitura que marcam o texto ou de lançar mão dessas convenções ao escrever atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita tendo interesse e prazer em ler e escrever sabendo utilizar a escrita para encontrar ou fornecer informações e conhecimentos escrevendo ou lendo de forma diferenciada segundo as circunstâncias os objetivos o interlocutor Alfabetização e letramento são processos cognitivos e linguísticos distintos portanto a aprendizagem e o ensino de um e de outro é de natureza essencialmente diferente entretanto as ciências em que se baseiam esses processos e a pedagogia por elas sugeridas evidenciam que são processos simultâneos e interdependentes A alfabetização a aquisição da tecnologia da escrita não precede nem é prérequisito para o letramento ao contrário a criança aprende a ler e escrever envolvendose em atividades de letramento isto é de leitura e produção de textos reais de práticas sociais de leitura e de escrita Você deve estar pensando Como atividades de letramento podem sugerir atividades de alfabetização Leia a seguir um registro de aulas observadas durante quatro dias por uma pesquisadora que buscava a resposta para essa pergunta O livro ao lado foi o centro da aula OBSERVAÇÃO DE AULAS DE LINGUAGEM 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 2 A 5 DE ABRIL 2018 40 dias após o início do ano letivo Primeiro dia segundafeira Depois de conversar um pouco com as crianças sobre o que tinham feito durante a semana anterior Semana Santa a professora anunciou que iam começar o dia com uma história bem engraçada pediu às crianças que se organizassem na rodinha da hora do conto percebi que elas já tinham o costume de ouvir histórias em rodinha Colocou no centro da rodinha uma grande caixa fechada com sinais de interrogação em cada lado dizendo que aquela era uma caixa maluca Perguntou às crianças o que achavam que havia dentro da caixa e várias sugestões foram dadas um coelho chocolate uma boneca pipoca bala Mostrou então o livro leu o título na capa acompanhando com o dedo cada palavra e sílaba A CAIXA MALUCA Apontou na capa o desenho da caixa maluca semelhante ao que estava no centro da rodinha relacionou o desenho da caixa com a palavra caixa no título do livro e perguntou será que o que está dentro desta caixa maluca apontando o desenho da caixa no título do livro são aquelas coisas que vocês disseram que estão dentro da nossa caixa maluca Continuou analisando o livro pediu às crianças que mostrassem onde estava o nome de quem tinha escrito o livro a autora leu Flávia Muniz apontou e leu o nome de quem tinha feito os desenhos do livro o ilustrador Michele Iacocca Em seguida mostrou a quarta capa e pediu que as crianças identificassem os animais que ilustram capa e quarta capa e foi construindo em uma folha de papel pardo uma lista destacou que estava fazendo uma lista com os nomes dos animais identificados as crianças identificaram vários Passou então a ler a história com o livro sempre aberto diante das crianças e correndo o dedo indicador ao longo das linhas da esquerda para a direita e de cima para baixo levava as crianças a observar as ilustrações desenho de animais e alimentos citados na história apontava e relia no texto a palavra que correspondia à ilustração Ela lia bem usando um tom de voz diferente para a fala de cada animal Antes de virar a página para a que revelava o que havia na caixa interrompeu a leitura criando suspense afinal o que será que está dentro da caixa As crianças ficaram em grande expectativa e quando foi visto e lido o desenlace manifestaram grande surpresa riram comentaram a ilustração o susto do macaco a careta da mola Em seguida com o auxílio das crianças abriu a caixa maluca colocada no início da aula no centro da rodinha e distribuiu o que havia dentro dela pirulitos Segundo dia terçafeira No horário da aula de linguagem a professora voltou ao livro fez perguntas de compreensão e interpretação da história retomando quando necessário a leitura de onde tinha vindo a caixa Que animal viu primeiro a caixa Vamos lembrar os animais da história aqui foi construindo ao lado da lista já feita com os animais identificados pelas crianças na capa e quarta capa uma lista dos animais da história não presentes na lista anterior levou as crianças a comparar as duas listas e a identificar comparando as palavras que animais apareciam nas duas listas construiu também uma terceira lista com as respostas das crianças sobre o que os animais achavam que havia dentro da caixa Neste momento fez as crianças observarem as três listas e pediu que concluíssem o que é uma lista Quando é que a gente escreve em forma de lista Para que serve uma lista Terceiro dia quartafeira Com base nas três listas que continuavam expostas nas folhas de papel pardo com o livro ao lado a professora propôs brincadeiras com os nomes dos animais identificar que animal tinha o nome maior orientandose pela lista dizer palavras que começassem igual ao nome do animal que tinha visto a caixa primeiro o SAPO apontou o primeiro da lista as crianças falaram por exemplo SACOLA SALADA SAPATO SALA SACI palavras que terminassem igual aos nomes de dois animais da história que terminavam igual LEÃO e PAVÃO as crianças falaram por exemplo BALÃO SABÃO AVIÃO Propôs atividades de descobrir na lista e ler palavras que se diferenciavam por uma só letra fonema PATO GATO GALO GATO Em seguida a professora voltou a atenção das crianças para a caixa que continuava no centro da rodinha e propôs uma adivinhação disse que tinha posto outra coisa dentro da caixa distribuiu folhas de papel e pediu que cada criança escrevesse do jeito que soubesse o que achava que ela havia colocado dentro da caixa Cada criança escreveu e leu o que escrevera e só então a caixa foi novamente aberta para verificarem quem tinha acertado A caixa tinha saquinhos de pipoca cada criança ganhou um algumas crianças tinham acertado escrevendo POK IOA PIOA Quarto dia quintafeira A professora leu mais uma vez o livro e em seguida propôs às crianças a construção de um cartaz que motivasse outras crianças da escola a lerem o livro o cartaz foi sendo construído com frases sugeridas pelas crianças A professora funcionando como escreva escrevendo lentamente pedindo ajuda das crianças para escolher as letras de certas palavras ou sílabas e falando em voz alta cada palavra o cartaz foi ilustrado por algumas crianças obedecendo as ideias dadas pelos colegas Verifiquei depois que o cartaz foi realmente colocado na biblioteca PARA SABER MAIS Letramento é um conceito complexo e diversificado Em primeiro lugar porque são várias e heterogêneas as práticas sociais que envolvem a escrita em diferentes contextos na família no trabalho na igreja nas mídias impressas ou digitais em grupos sociais com diferentes valores e comportamentos de interação Como há especificidades no uso da escrita em cada contexto a palavra letramento é muitas vezes usada no plural letramentos ou acompanhada do prefixo multi ou do adjetivo múltiplos multiletramentos ou letramentos múltiplos Em segundo lugar letramento tem assumido também um sentido plural porque o conceito é ampliado para designar diferentes sistemas de representação não só o sistema linguístico letramento digital letramento musical letramento matemático também chamado numeramento letramento científico letramento geográfico etc Por outro lado o termo letramento tem sido conceituado ora como o conjunto de capacidades para usar a língua escrita nas diferentes práticas sociais ora para designar o próprio conjunto das práticas sociais que envolvem o texto escrito Neste livro propõese a conciliação desses conceitos necessária no contexto escolar particularmente no ensino da língua em que o objetivo é desenvolver habilidades de leitura compreensão e produção de textos na modalidade escrita acompanhada ou não de outras modalidades de expressão como ilustrações fotos gráficos denominados textos multimodais sempre com o objetivo de formar um leitor e produtor de texto competente e promover a apropriação da leitura literária ou letramento literário que é o contato e a interação com obras da literatura infantil Leia mais sobre os sentidos da palavra letramento no Glossário Ceale que você encontra na internet no site wwwcealefaeufmgbrglossarioceale nos verbetes Letramento Letramento digital Letramento visual Letramento literário Letramento escolar Numeramento PARE E PENSE Depois da análise das aulas da professora a pesquisadora produziu um relatório da observação das aulas organizandoo em três parágrafos Faça você também o relatório das aulas que foram descritas organizandoo nos mesmos três parágrafos da seguinte forma 1 Separe em dois grupos os procedimentos da professora e indiqueos a procedimentos que têm por objetivo especificamente a alfabetização b procedimentos que têm por objetivo o letramento leitura e interpretação 2 Identifique na descrição das aulas as estratégias que a professora usou para integrar letramento e alfabetização 3 Conclua com a resposta que se pode dar à pergunta Como alfabetizar e letrar mantendo a especificidade de cada processo e ao mesmo tempo sua interdependência Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro UNIDADE 3 O texto eixo central de alfabetização e letramento Ao ler e analisar o registro das aulas de uma professora apresentado na unidade anterior você deve ter percebido que o texto foi o eixo que possibilitou a articulação de alfabetização e letramento de forma interdependente letrar desenvolvendo habilidades de leitura interpretação e produção de texto alfabetizar situando no texto a aprendizagem do sistema alfabético de que os alunos precisam apropriarse para que se tornem capazes eles também de ler e escrever textos É indiscutível que o texto é o eixo central das atividades de letramento Então como desenvolver habilidades de usos sociais da escrita a não ser lendo e interpretando e escrevendo textos E por que o texto deve ser também o eixo central da aprendizagem do sistema de escrita alfabética da alfabetização ALFALETRAR MAGDA SOARES Para responder a essa pergunta é preciso esclarecer o que é texto A língua possibilita a interação entre as pessoas no contexto social em que vivem sua função é pois sociointerativa Essa função se concretiza por meio de textos quando interagimos por meio da língua falamos ou escrevemos textos ouvimos ou lemos textos Voltemos agora à pergunta anterior por que o texto deve ser também o eixo central do processo de alfabetização partindo da seguinte afirmação O texto deve ser o eixo central do processo de alfabetização Reflita sobre os argumentos apresentados a seguir que apoiam essa afirmação e formule como resposta à pergunta a conclusão a que eles conduzem ARGUMENTOS 1 Como o convívio com bebês e crianças pequenas evidencia a criança adquire a fala naturalmente sem necessidade de ensino explícito em contextos sociointerativos em que tem oportunidades de ouvir e falar palavras frases e textos É que a fala é no ser humano uma capacidade inata um instinto geneticamente programado 2 A escrita é uma tecnologia criada há apenas 3 ou 4 mil anos uma invenção cultural que como todo artefato cultural precisa ser aprendida Ao discutir Leitura e Produção de textos no capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento o conceito de texto será ampliado com a discussão sobre tipos e gêneros textuais no ciclo de aprendizagem inicial da língua escrita ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 3 Se fala e escrita se diferenciam por a primeira ser adquirida naturalmente e a segunda ter de ser aprendida ambas porém se igualam em sua função interativa a criança adquire a língua oral ouvindo textos ou falando textos em eventos de interação com outras pessoas da mesma forma a criança aprende a escrita buscando sentido em eventos de interação com material escrito nos textos 4 Tal como seria artificial e impossível pretender levar a criança a adquirir a fala ensinandoa a pronunciar fonemas e reunilos em sílabas estas em palavras para enfim chegar a textos que a habilitassem a interagir no convívio social também se torna artificial levar a criança a aprender a leitura e a escrita desligadas de seu uso ensinandoa a reconhecer e traçar letras relacionálas a seu valor sonoro juntálas em sílabas estas em palavras para enfim ler e escrever textos tornandoa capaz de inserirse no mundo da escrita CONCLUSÃO Veja a proposta no box a seguir ALFALETRAR MAGDA SOARES PARE E PENSE Após refletir sobre os argumentos apresentados formule agora você a conclusão respondendo à pergunta proposta Por que o texto deve ser o eixo central do processo de alfabetização Você pode comparar sua conclusãoresposta no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro Para completar e ampliar a reflexão sobre o texto como eixo de integração de letramento e alfabetização retomemos a figura que ilustrou o início desta unidade o que ela pretende representar Algumas pistas são dadas como a inclusão de palavras que não estão na figura que aparece no início da unidade Duas peças de um quebracabeça que se completam representam a integração de alfabetização e letramento As duas peças do quebracabeça uma representando alfabetização e a outra representando letramento embora se complementem têm formas diferentes O texto a seguir traduz em palavras a simbologia da figura Como em um quebracabeça cada peça só ganha sentido quando associada a outra peça que a complementa Também alfabetização e letramento são processos interdependentes Como em um quebracabeça as peças são diferentes com cada peça tendo uma forma que se encaixa à forma específica de outra Também os processos de alfabetização e letramento são diferentes envolvendo cada um conhecimentos habilidades e competências específicos que implicam processos de aprendizagem diferenciados e consequentemente procedimentos diferenciados de ensino ALFABETIZAÇÃO Processos específicos de aprendizagem Processos específicos de ensino ALFALETRAR O texto como eixo central LETRAMENTO Processos específicos de aprendizagem Processos específicos de ensino 37 Conclusão para alfabetizar e letrar de forma indissociável e simultânea é necessário que se compreendam os processos de aprendizagem do sistema alfabético de escrita que envolvem habilidades cognitivas e linguísticas necessárias à apropriação de um objeto de conhecimento específico um sistema de representação abstrato e bastante complexo os processos de aprendizagem da leitura e da produção textual que envolvem habilidades cognitivas e linguísticas necessárias à aquisição de objetos de conhecimento específicos as competências de leitura e interpretação e de produção de textos em diferentes situações que envolvem a língua escrita eventos de letramento Assim neste livro embora partindo do princípio de que alfabetização e letramento devem desenvolverse de forma interdependente nos capítulos A entrada da criança na cultura da escrita O despertar da consciência fonológica e Consciência fonêmica a apropriação do princípio alfabético o foco é sobretudo a alfabetização dada a especificidade da aprendizagem do sistema de escrita alfabética sempre porém em contexto de letramento No capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento o foco se volta para o letramento as habilidades de leitura e interpretação e de produção de textos no ciclo de alfabetização e letramento O roteiro que deve orientar a integração de alfabetização e letramento em todas as aprendizagens discutidas nesses quatro capítulos é apresentado no box Na sala de aula ele garante a necessária e indispensável simultaneidade de alfabetização e letramento como você verá nas atividades apresentadas ao longo do livro 38 NA SALA DE AULA Desta unidade que inferências você pode fazer para sua ação na sala de aula No ciclo de alfabetização e letramento segmento privilegiado neste livro o ensino do sistema de escrita alfabética e de seus usos pessoais e sociais deve desenvolverse integrando os dois processos alfabetização e letramento Para possibilitar a integração desses dois processos o texto deve ser sempre o eixo central das atividades de alfabetização e letramento Ao planejar uma sequência ou uma unidade didática o primeiro passo deve ser a escolha de um texto que desperte o interesse das crianças e esteja compatível com o nível linguístico e cognitivo delas Os critérios para a escolha dos textos serão discutidos no capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento que tem por tema leitura interpretação e produção de textos Escolhido o texto prepare sua leitura e as questões a serem propostas às crianças para desenvolver habilidades de interpretação e identifique vocabulário a ser esclarecido esses temas também serão tratados no capítulo Leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento Escolha no texto considerando o nível de desenvolvimento cognitivo e linguístico das crianças palavras e sentenças que serão objeto de atividades de alfabetização Os níveis de desenvolvimento da criança ao longo do ciclo de aprendizagem inicial da língua escrita são discutidos nos capítulos A entrada da criança na cultura da escrita O despertar da consciência fonológica e Consciência fonêmica a apropriação do princípio alfabético 39 CAPÍTULO 2 A ENTRADA DA CRIANÇA NA CULTURA DA ESCRITA O processo de alfabetização o aprendizado do sistema de escrita alfabética porta de entrada para a cultura da escrita como todo processo de aprendizagem inclui aquele que aprende neste livro a criança em desenvolvimento o objeto a ser aprendido a escrita alfabética e seus usos aquele que ensina ao professoraor alfabetizadoraor e a interação entre quem aprende e quem ensina Em outras palavras inclui a criança que aprende um objeto de conhecimento a língua escrita e aquele que com ela interage para que ela se aproprie desse objeto O objetivo deste capítulo é caracterizar em três unidades esses componentes do processo de alfabetização o objeto sistema de escrita alfabética a interação entre o desenvolvimento da criança e a aprendizagem e ainda os primeiros passos da criança em direção à apropriação da escrita alfabética Unidade 1 O objeto do processo de alfabetização o sistema de escrita alfabética Unidade 2 Desenvolvimento e aprendizagem na apropriação do sistema de escrita alfabética Unidade 3 As primeiras escritas da criança dos rabiscos às letras 41 UNIDADE 1 O objeto do processo de alfabetização o sistema de escrita alfabética O QUE a criança aprende quando se apropria do sistema de escrita alfabética aprende que a palavra oral é uma cadeia sonora independente de seu significado e passível de ser segmentada em pequenas unidades aprende que cada uma dessas pequenas unidades sonoras da palavra é representada por formas visuais específicas as letras Por meio dessas duas aprendizagens que se desenvolvem em mútua dependência é que a criança se apropria do sistema de escrita alfabético um sistema que representa o significante das palavras não o significado das palavras Para melhor compreensão do objeto de conhecimento no processo de alfabetização vamos saber um pouco mais nesta unidade sobre o sistema de escrita alfabético o objeto de conhecimento de que a criança deve se apropriar aprendendo a associar significantes a significados ler e a representar significados com significantes escrever O sistema de escrita alfabético é apenas um entre vários sistemas de escrita Esses vários sistemas podem ser agrupados em dois conjuntos sistemas de escrita sistemas que representam o significante sistemas que representam o significado Significante é a cadeia de sons que representa um ser um conceito uma ideia significado é o ser o conceito a ideia a que a cadeia de sons se refere 43 ALFALETRAR MAGDA SOARES SISTEMAS QUE REPRESENTAM O SIGNIFICADO Os primeiros sistemas de escrita foram inventados no final do quarto milênio antes de Cristo releia o quadro no início da unidade 2 do primeiro capítulo ali você leu sobre a escrita sumeriana inventada nas primeiras cidades da Mesopotâmia uma escrita que representava o significado Quando se inventou a escrita a primeira alternativa foi representar aquilo de que se falava então desenhavase de forma simplificada o significado das palavras em tabletes de barro ou argila únicos suportes então disponíveis Veja na escrita sumeriana no tablete o quadrado indicado pela seta cada bolinha indicava o número 10 o desenho representava pão 30 pães é o que significam esses desenhos talvez uma anotação do que tinha sido vendido ou comprado Também uma escrita desenvolvida no Antigo Egito por volta do terceiro milênio antes de Cristo representava o significado por meio de figuras os hieróglifos grafados em paredes pedras argila e mais tarde em folhas de papiro criadas pelos egípcios com as fibras de uma planta encontrada nas margens do rio Nilo Um novo suporte para a escrita o papiro considerado o precursor do papel Esses antigos sistemas evidenciam que a escrita quando surgiu representava significados por meio de pictogramas desenhos que representam objetos ou ideogramas símbolos que representam ideias ou conceitos Há quatro milênios ao sentir a necessidade de registrar a fala a possibilidade que se apresentou foi representar o significado por meio de desenhos Mas não só escritas antigas são exemplos de escritas ideográficas A escrita chinesa e a escrita japonesa são exemplos de escritas ideográficas embora incorporem alguns elementos que representam parte do som das palavras Veja acima exemplos de ideogramas chineses e como se combinam para formar outros significados 44 A ENTRADA DA CRIANÇA NA CULTURA DA ESCRITA PARE E PENSE 1 Observe no quadro anterior dois exemplos de associação de ideogramas para compor um novo significado qual a explicação para cada uma dessas associações 2 Imaginese ensinando a uma criança chinesa a escrita ideográfica O que lhe parece mais fácil ensinar a escrita ideográfica ou a alfabética Por quê Sugestão para ajudar você a responder veja no YouTube o vídeo Ideogramas fáceis PROFESSORA CHEN XIAOFEN disponível em httpswwwyoutubecomwatchvhfQF45z324 duração de 16 minutos Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro 45 ALFALETRAR MAGDA SOARES SISTEMAS QUE REPRESENTAM O SIGNIFICANTE Como você certamente pôde inferir do que foi dito sobre os sistemas que representam o significado sistemas pictográficos e ideográficos esses modelos tornam a leitura e a escrita muito trabalhosas é preciso conhecer e memorizar um número muito grande de ideogramas Voltemos a nos referir à escrita chinesa apenas para escritas de uso cotidiano é necessário conhecer em torno de 4 mil ideogramas uma gráfica chinesa comum usa cerca de 6 mil ideogramas somente para ler os jornais a pessoa deve dominar pelo menos 3 mil ideogramas Para uma criança chinesa tornarse capaz de ler e escrever textos comuns da vida cotidiana precisa aprender cerca de 1500 ideogramas Para isso são necessários de 5 a 6 anos de aprendizagem Foram os fenícios povo que desenvolvia intensas atividades de navegação e articulação comercial com outras civilizações que necessitando de uma forma de controlar o intenso fluxo de mercadorias inventaram um sistema de registro orientandose pelo som das palavras pelo significante não pelo significado Surgiu assim por volta de 1200 aC o que se pode considerar o primeiro alfabeto um sistema de escrita de representação dos sons das palavras não de seus significados Os gregos no século IX aC adotaram esse primeiro alfabeto fenício aperfeiçoandoo o sistema de escrita fenício representava apenas as consoantes os gregos introduziram nele as vogais tornandoo assim capaz de representar todos os segmentos da fala Os romanos por sua vez adaptaram o alfabeto grego constituindo o sistema alfabético latino ou romano o sistema mais utilizado por um grande número de línguas e até mesmo para criar sistemas de escrita para línguas ágrafas 46 O alfabeto um objeto cultural é considerado uma das mais significativas invenções na história da humanidade Ele representa a descoberta de que as cadeias sonoras da fala podem ser segmentadas e que os segmentos podem ser representados por sinais gráficos o que torna extremamente econômica a escrita como os segmentos da cadeia sonora se repetem nas palavras constituindo um conjunto finito com um pequeno número de sinais gráficos no caso do nosso alfabeto denominado alfabeto latino com 26 letras podese escrever qualquer palavra É este o sistema de escrita alfabético que a criança aprende quando se alfabetiza Releia o quadro introdutório desta unidade para compreender agora plenamente e para responder às perguntas a seguir que haviam sido antecipadas no quadro como resposta à questão aqui retomada O QUE A CRIANÇA APRENDE QUANDO SE APROPRIA DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICO O número de letras varia em diferentes alfabetos um pouco mais ou um pouco menos de 26 por exemplo o alfabeto russo tem 33 letras como também varia a forma das letras imagem de letras russas alfabeto escrita da palavra alfabeto em russo O princípio porém é sempre o mesmo a representação do significante PARE E PENSE Releia as respostas dadas para a pergunta O que a criança aprende quando se apropria do sistema de escrita alfabético no quadro de abertura da unidade e em seguida reflita sobre as questões abaixo 1 A criança aprende um sistema de escrita que representa o significante não o significado O que quer dizer representar o significante 2 De que símbolos é constituído um sistema alfabético 3 Por que o sistema de escrita alfabético é mais econômico que sistemas que representam o significado Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro PARA SABER MAIS Nossa escrita é alfabética mas usamos também sinais gráficos que acrescentam determinado sentido às frases que a escrita alfabética por si só não indica e usamos símbolos que como os ideogramas representam o significado não o significante como faz o sistema alfabético Assim os sinais de pontuação que usamos ao escrever um texto ou que interpretamos ao ler um texto são acrescentados à escrita alfabética para indicar o que as letras não expressam pausas como por exemplo a vírgula o ponto e vírgula o ponto ou o sentido que se deve acrescentar à frase pela entonação como a interrogação para informar que se trata de uma pergunta a exclamação para denotar surpresa as reticências para designar a interrupção de uma enumeração aqui está um caso do uso das reticências para indicar que os exemplos poderiam prosseguir entre outros Também os acentos agudo grave circunflexo são sinais gráficos que usamos no português para orientar a pronúncia das palavras há línguas sem acentos como o inglês e há línguas com um grande número de acentos como o tcheco O uso de símbolos em lugar da escrita é frequente no nosso cotidiano para substituir as palavras como estes Ou para organizar o trânsito como estes Atualmente nas trocas de mensagens os emojis são como ideogramas que substituem a escrita para comunicar sentimentos emoções NA SALA DE AULA Atividades de letramento que esta unidade sugere para sua ação na sala de aula Será interessante e enriquecedor como complemento de atividades para compreensão do alfabeto contar a história da invenção dele da escrita a partir de desenhos até a invenção das letras Há farto material no Google procure por a invenção da escrita ou leia para as crianças o livro infantil que já foi citado no capítulo anterior na unidade 2 de Lia Zatz A aventura da escrita história do desenho que virou letra Editora Moderna Outra oportunidade de letramento relacionada com as atividades de compreensão de formas de escrita diferentes da escrita alfabética são atividades de leitura e interpretação de textos verbovisuais livros de imagem histórias em quadrinhos tirinhas cartazes orientando as crianças a identificar e diferenciar comunicação por meio de desenhos ou recursos gráficos e por meio de palavras expressões faciais de personagens ilustrações que acompanhem textos palavras e símbolos em balões de histórias em quadrinhos onomatopeias e sua tradução em palavras oralmente e por escrito professor como escriba Atualmente a escrita alfabética é substituída com frequência por emojis mostrar às crianças em cartaz ou fichas vários emojis para que identifiquem qual mensagem cada um transmite e como traduzila em palavras oralmente ou por escrito professor como escriba Na internet vá ao Google Imagens e insira a palavra emoji e você encontrará e poderá copiar os que considerar mais significativos Leve os alunos a reconhecer símbolos presentes em outras disciplinas como na Matemática em que são frequentes sinais de adição de diminuição de multiplicação de divisão de igualdade etc na História na Geografia e em Ciências Uma pesquisa nos livros didáticos usados revelará vários símbolos significantes que representam significados UNIDADE 2 Desenvolvimento e aprendizagem na apropriação do sistema de escrita alfabética Imersa em ambientes socioculturais em que a leitura e a escrita têm papel e função centrais como acontece em nossas sociedades grafocêntricas a criança antes mesmo de entrar na escola vai progressivamente se aproximando do conceito de escrita percebendo que escrever é transformar a fala em marcas sobre diferentes suportes e que ler é converter essas marcas em fala A criança vive assim desde muito pequena antes mesmo de sua entrada na escola um processo de construção do conceito de escrita por meio de experiências com a língua escrita nos contextos sociocultural e familiar Mas é pela interação entre seu desenvolvimento de processos cognitivos e linguísticos e a aprendizagem proporcionada de forma sistemática e explícita no contexto escolar que a criança vai progressivamente compreendendo a escrita alfabética como um sistema de representação de sons da língua os fonemas por letras apropriase então do princípio alfabético Essa interação entre desenvolvimento e aprendizagem é um dos temas centrais na obra do psicólogo russo Vygotsky 18961934 que enfatiza a importância da aprendizagem propiciada pelo contexto social cultural e escolar para que o desenvolvimento da criança avance Desde que nasce o desenvolvimento da criança vai ocorrendo Por destacar o papel do contexto sociocultural no desenvolvimento aprendizagem da criança a teoria de Vygotsky é denominada Psicologia sociocultural ou sóciohistórica não só biologicamente em um processo que resulta em progressiva maturação de sua estrutura física e de seu sistema nervoso processo que vem sobretudo de dentro para fora mas também psicológica e socialmente em um processo de evolução cognitiva e de internalização de comportamentos valores atitudes conhecimentos Esse processo é resultado dos estímulos recebidos na interação da criança com seu grupo social e seu contexto cultural processo que vem de fora para dentro isto é um processo de aprendizagem da criança ao observar imitar ou experienciar situações que lhe são propiciadas em seu contexto social e cultural Nas palavras de Vygotsky em seu livro A formação social da mente O processo de desenvolvimento prepara e torna possível um processo específico de aprendizagem O processo de aprendizado então estimula e empurra para frente o processo de desenvolvimento O mais importante aspecto novo desta teoria é o amplo papel que ela atribui ao aprendizado no desenvolvimento da criança Inferese dessa citação a importância da mediação pedagógica em contexto escolar para que considerando o nível de desenvolvimento a que já chegou a criança a aprendizagem estimulada por professores orientea para avançar em seu processo de desenvolvimento Considerando especificamente a apropriação da escrita alfabética podemos esclarecer assim a interação entre desenvolvimento e aprendizagem DESENVOLVIMENTO Processo que resulta dos níveis de maturação psicológica da criança em interação com experiências com a língua escrita em seu contexto sociocultural o desenvolvimento se faz de dentro para fora APRENDIZAGEM Processo pelo qual a criança pela mediação de outros adquire informações sobre a escrita e habilidades com a escrita o que possibilita que formule e reformule conceitos a respeito da escrita a aprendizagem se faz de fora para dentro A seta entre desenvolvimento e aprendizagem representa a interação de mão dupla entre esses dois processos o nível de desenvolvimento da criança possibilita determinadas aprendizagens e estas por sua vez fazem avançar o desenvolvimento Assim no que se refere à aprendizagem da escrita alfabética cabe à escola conhecendo o nível de desenvolvimento cognitivo e linguístico já alcançado pela criança e partindo dele orientála para que avance em direção ao nível que ela já tem possibilidade de alcançar Para designar esse intervalo entre o nível de desenvolvimento que a criança já alcançou nível de desenvolvimento real e sua capacidade de avançar nível de desenvolvimento potencial Vygotsky formulou o conceito de zona de desenvolvimento potencial ou proximal sobre a qual o professor pode atuar estimulando o processo de desenvolvimento como representado no gráfico ao lado Saiba mais sobre esta e outras implicações relevantes da teoria de Vygotsky para a educação e a aprendizagem da escrita na segunda parte do livro dele A formação social da mente Editora Martins Fontes onde se encontra a citação apresentada no quadro anterior desenvolvimento real zona de desenvolvimento potencial desenvolvimento potencial Do ponto de vista da criança esse processo pode ser assim representado O que a criança ainda não pode fazer pode fazer com ajuda pode fazer sem ajuda Zona de desenvolvimento potencial Já no início do século passado Vygotsky e seu parceiro e discípulo Luria buscaram compreender a concepção sobre a língua escrita que crianças teriam em seu desenvolvimento real isto é antes de serem introduzidas à aprendizagem e assim identificaram o que denominaram de a préhistória da linguagem escrita Para caracterizar essa préhistória a pesquisa de Luria identificou como crianças de 3 4 e 5 anos usavam rabiscos garatujas e desenhos como marcas que lhes permitiam recuperar palavras e frases que tinham sido solicitadas a escrever e em seguida recordar o que faziam com apoio nas marcas feitas Vygotsky e Luria focalizaram assim o que consideraram um precursor da escrita o estágio inicial por que passa a criança em seu processo de compreensão das funções da escrita marcas gráficas como um instrumento de apoio à memória O capítulo intitulado A préhistória da linguagem escrita do livro já citado A formação social da mente Editora Martins Fontes de Lev Vygotsky 18961934 é uma leitura fundamental para reconhecer o caráter simbólico de atividades infantis gestos desenhos brincadeiras como estágios preparatórios para a compreensão do caráter também simbólico do sistema alfabético representação dos sons da fala Mais adiante a partir aproximadamente da segunda metade do século passado cerca de 50 anos depois dos estudos de Vygotsky e Luria sobre a préhistória da língua escrita pesquisadores de várias áreas da Linguística da Psicolinguística da Psicologia Cognitiva das Neurociências vêm se dedicando a caracterizar o desenvolvimento da criança em sua progressiva compreensão da escrita como uma representação dos sons da língua não apenas como um instrumento de apoio à memória Dando de certa forma continuidade à préhistória da língua escrita Emilia Ferreiro e Ana Teberosky no final dos anos 1970 no marco de referência da teoria de Piaget sobre os processos de construção de conceitos pela criança realizaram pesquisa replicada e aprofundada por Ferreiro em muitas outras pesquisas nas décadas seguintes investigando a história da conceitualização da escrita alfabética pela criança ao longo de seu desenvolvimento Construíram assim uma teoria a psicogênese da escrita um modelo explicativo da gênese da origem dos processos cognitivos psíquicos que conduzem a criança ao longo de seu desenvolvimento à progressiva construção do conceito de escrita como um sistema de representação dos sons da língua por letras A aquisição de conhecimento como um processo de construção fundamento da teoria da psicogênese da escrita é o que explica por que é frequente que essa teoria seja impropriamente denominada construtivismo palavra que limita o sentido da teoria e tem conduzido a equívocos no campo da alfabetização A psicogênese da escrita esclarece o desenvolvimento psíquico da criança em sua progressiva compreensão da natureza deste produto cultural que é o sistema alfabético Em suas pesquisas Ferreiro Jean Piaget 18961980 psicólogo suíço foi pioneiro em estudos sobre o desenvolvimento dos processos cognitivos da criança em interação com objetos de conhecimento privilegiando em sua pesquisa conhecimentos lógicomatemáticos e físicos com a mesma metodologia de pesquisa de Piaget o método clínico Ferreiro tomou como objeto de conhecimento o sistema de escrita alfabético propõe a crianças de 4 a 6 anos falantes da língua espanhola ainda não alfabetizadas a escrita de palavras e pequenas frases denominada escritas espontâneas que revelavam suas hipóteses sobre o que seria a escrita Ela conclui então que as crianças evoluem em níveis sucessivos em uma progressiva compreensão da escrita como um sistema de representação Esses níveis têm sido confirmados em numerosas pesquisas com crianças falantes de outras línguas particularmente aquelas que como o espanhol têm fronteiras silábicas claramente demarcadas como o português o italiano o catalão o hebraico Pesquisas que têm por objeto a construção do conceito de escrita por crianças tanto as de Ferreiro e seu grupo de pesquisa no quadro da psicogênese da escrita como outras no quadro da pesquisa experimental são realizadas sem intenção educativa e em contextos não escolares pesquisas em interação individual com a criança utilizando o método clínico próprio dos estudos piagetianos ou pesquisas com pequeno grupo de crianças em situações experimentais com controle de variáveis Em ambos os casos em situações fundamentalmente diferentes do ensino em sala de aula pois o objetivo é identificar o desenvolvimento da criança em seu processo de compreensão da natureza da escrita construindo evidências científicas que possam orientar ações pedagógicas O termo construtivismo designa uma teoria de desenvolvimento do conhecimento que se aplica a diversas áreas não apenas à alfabetização sobretudo não é um método de alfabetização como tem sido erroneamente considerado Conheça as pesquisas de Emília Ferreiro sobre as concepções da criança a respeito do sistema de escrita em seu livro Reflexões sobre alfabetização Cortez Editora Diagnosticar o nível de compreensão da escrita em que se encontram as crianças tem para a ação educativa de alfabetizar em situação escolar objetivos pedagógicos a partir desse diagnóstico podem ser definidos procedimentos de mediação pedagógica que estimulem e orientem as crianças a progredir a avançar de um nível ao seguinte atuando nas palavras de Vygotsky sobre sua zona de desenvolvimento potencial Para essa atuação contribuem outras teorias desenvolvidas em outros campos de conhecimento como veremos nos capítulos deste livro As escritas das crianças apresentadas neste livro não são resultados de pesquisas Foram produzidas em situações reais de atividades de alfabetização observadas durante mais de uma dezena de anos em salas de aula das escolas públicas de uma rede municipal de ensino em que se adotou como princípio pedagógico compreender as estratégias cognitivas e linguísticas da criança ao longo de sua progressiva evolução na construção do conceito da natureza da língua escrita como a criança aprende a ler e a escrever para então definir como devo ensinála a ler e escrever Ainda neste capítulo e nos seguintes o processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças será apresentado sequencialmente dos primeiros rabiscos até a apropriação plena do sistema alfabético de escrita a aprendizagem das relações entre fonemas e letras PARE E PENSE Com base na leitura desta unidade quais são suas conclusões sobre as questões seguintes 1 No texto desta unidade há referência à conceitualização da língua escrita pela criança o que significa a palavra conceitualização 2 Que contribuição a psicogênese da escrita dá ao processo de alfabetização Você pode comparar suas respostas com os comentários apresentados no capítulo Respostas e comentários às questões no final deste livro NA SALA DE AULA Atividades que esta unidade sugere para que você identifique e acompanhe o desenvolvimento de crianças em seu processo de construção do conceito de escrita Se você está em exercício em escola faça um diagnóstico de crianças em turma de início de alfabetização 1 ano do ensino fundamental ou préescola crianças de 5 anos pedindolhes que escrevam algumas palavras de uso comum palavras com sílabas de estrutura consoantevogal como boneca gato e pirulito Dite as palavras ou de preferência entregue às crianças uma folha com os desenhos para que escrevam o nome de cada um Crianças ainda não alfabetizadas costumam se recusar dizendo que ainda não sabem escrever Insista peça que escrevam como acham que é Analise que conceito cada criança tem de escrita Desenhos Rabiscos Letras etc à medida que for lendo o que está proposto nos capítulos seguintes deste livro Guarde as produções das crianças para repetir alguns meses depois a mesma atividade com as mesmas palavras ou figuras e então analise a evolução das crianças em seu conceito de escrita Se você ainda está em formação para a docência na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental busque uma escola que lhe possa ceder algum tempo em uma turma de início de alfabetização final da educação infantil ou início do 1 ano e desenvolva a atividade sugerida acima Volte à escola alguns meses depois e repita a atividade para comparar as escritas das crianças nesses dois momentos Se você não é professor ou professora mas tem interesse sobre o processo de desenvolvimento da criança em sua progressiva construção do conceito de escrita realize as atividades sugeridas acima com crianças de seu contexto familiar e social e acompanhe sua evolução em produções escritas UNIDADE 3 As primeiras escritas da criança dos rabiscos às letras As crianças desde muito pequenas desenham supondo que estão assim escrevendo entendem que escrever é representar aquilo de que se fala os significados tal como faziam os primeiros sistemas de escrita discutidos na unidade 1 deste capítulo À medida porém que vivenciam o uso da escrita em seu contexto familiar cultural e escolar as crianças vão percebendo que escrita não é desenho são traços riscos linhas sinuosas e então passam a escrever imitando essas formas arbitrárias É o início de uma evolução que levará as crianças ao longo da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental à progressiva compreensão da escrita como representação dos sons da fala dos significantes Essa progressiva compreensão é revelada por escritas espontâneas inventadas pela criança Acompanharemos essa progressiva compreensão apresentando ao longo desta unidade e dos próximos capítulos escritas de crianças recolhidas em escolas públicas produzidas em atividades diversas em que eram proporcionadas oportunidades de escrita e de experiências de leitura Oportunidades de tentar escrever escrita espontânea ou inventada devem ser frequentes desde a educação infantil Atividades diagnósticas periódicas permitem identificar em que nível de compreensão da escrita está a criança solicitandolhe escrever palavras ou frases escolhidas de acordo com critérios adequados a cada idade ou ano de escolarização Nesta unidade apresentamos os dois primeiros níveis de conceitualização da escrita Como é pedagogicamente necessário diagnosticar periodicamente em que nível cada criança ou cada grupo de crianças está para orientação das ações de ensino vários exemplos apresentados nesta e nas próximas unidades são respostas de crianças de diferentes idades a atividades de escrita inventada que permitem identificar a evolução de cada uma em seu processo de compreensão da escrita A idade das crianças é sempre indicada e por ela podese situálas no nível de escolarização em que se encontram educação infantil ou séries iniciais do ensino fundamental RABISCOS DESENHOS GARATUJAS Gabriela 4 anos e 2 meses Otávio 4 anos e 4 meses Lívia 4 anos e 3 meses O que essas escritas revelam Gabriela revela que ainda não está segura da diferença entre desenho e escrita produz rabiscos que se aproximam de desenhos fase que pode ser considerada como icônica sem semelhança com os traços retos e curvos das letras também ainda não percebeu a linearidade da escrita Otávio parece já compreender a linearidade da escrita e usa algumas formas que lembram letras Na tentativa de escrita da palavra luva e sobretudo da palavra pá parece imitar a letra cursiva que as crianças veem com frequência ser usada por adultos Lívia também parece imitar a escrita cursiva com linhas sinuosas que usa em todas as palavras e mostra já compreender a linearidade da escrita É o que se confirma quando pretendendo escrever um texto usa pautas sucessivas imitando a escrita cursiva além disso obedece como foi observado enquanto escrevia a direção da escrita de cima para baixo da esquerda para a direita Lívia 4 anos e 3 meses O que essas crianças ainda não perceberam Não perceberam que a escrita se faz com sinais gráficos as letras À medida que a criança vai convivendo com a escrita no contexto familiar e sobretudo no contexto escolar passa a compreender que ela é feita com letras recebe uma ficha com seu nome e aprende a reconhecêlo e copiálo observa palavras escritas no contexto da sala de aula povoada de material escrito nomes dos colegas em lista de frequência etiquetas de identificação de caixas de material alfabeto na parede alfabeto móvel cartaz com a rotina diária disponibilidade e manipulação de diferentes suportes de escrita na biblioteca ou no cantinho de leitura da sala de aula revistas folhetos sobretudo livros de literatura infantil Acompanha a leitura de histórias poemas parlendas pela professora que orienta a criança a diferenciar ilustração de escrita a observar que a parte escrita é constituída de letras que se sucedem da direita para a esquerda de cima para baixo Veja em seguida sugestões de atividades para que a criança evolua para a compreensão de que a escrita se faz com letras 63 NA SALA DE AULA Como orientar a criança para que compreenda que a escrita se faz com letras Algumas sugestões de atividades Entregue à criança seu primeiro nome escrito em uma ficha com letras maiúsculas de imprensa Ao entregar a ficha leia o nome acompanhando com o dedo a leitura em seguida aponte e nomeie cada letra Habitue a criança a sempre escrever seu nome em seus pertences e em suas atividades desenvolvidas em papel copiandoo da ficha com seu nome orientandoa a grafar adequadamente as letras Após atividades com parlendas cantigas ou poemas leve as crianças a prestar atenção no som das palavras consciência fonológica escreva na lousa com letras maiúsculas de imprensa um ou dois versos pronunciando as palavras à medida que as escreve assim a criança vai se apropriando do conceito de que palavras faladas são representadas por letras na escrita Mantenha na sala um quadro de palavras que tenham sido destacadas durante a leitura de histórias poemas parlendas escrevaas em fichas com letras maiúsculas de imprensa acompanhadas do desenho do objeto ou ser que representam e mantenhaas no quadro por algum tempo para que as crianças as vejam repetidamente associando o objeto ou ser à palavra escrita que os nomeia Com cantigas e brincadeiras leve as crianças a aprender o nome das letras recitar o alfabeto cantar canções de alfabeto na internet especialmente no YouTube você encontra muitas canções que as crianças podem ouvir e aprender a cantar Desenvolva atividades com alfabeto móvel pedindo à criança que monte seu nome e nomes de colegas guiandose pelas fichas a dela e a de colegas ou que monte palavras que estejam fixadas no quadro de palavras Mostre e leia para as crianças livros de alfabeto escolhendo aqueles em que as letras estejam claramente apresentadas sem intervenção de desenhos que as desfigurem e exemplificadas com palavras que se iniciem pela letra em foco 64 A inserção da criança em contextos de letramento como os citados no box Na sala de aula levaa a se familiarizar com as letras a substituir rabiscos e garatujas por letras mas ainda sem atribuir valor sonoro aos segmentos da palavra A essa fase vamos denominar de escrita com letras ESCRITA COM LETRAS Reveja a escrita inventada por Otávio aos 4 anos e 4 meses apresentada anteriormente quando ainda escrevia garatujas mas Otávio 4 anos e 8 meses já com traços que lembram letras Observe ao lado que quatro meses depois Otávio já usa letras embora em sequências aleatórias que tomam toda a largura da página sem nenhuma relação com a figura cujo nome supõe escrever com letras ainda mal desenhadas sem espaçamento adequado entre uma e outra demonstrando insegurança no traço e uso de um repertório pequeno de letras Entretanto é um significativo progresso em apenas quatro meses Isabel em comparação com Otávio domina melhor a escrita de Isabel 4 anos e 8 meses letras traços mais claros e espaço entre uma letra e outra mostra porém ter um repertório limitado de letras varia o tamanho delas e evidencia dificuldade em manter a linearidade da escrita Também como Otávio Isabel não estabelece relação entre o tamanho dos nomes das figuras trissílabas boneca girafa dissílaba vela 65 monossílaba pá e o número de letras nem entre as letras e o som das palavras que nomeiam as figuras Isabel e Otávio ainda não perceberam que as letras representam sons mas já perceberam que é com elas que se escrevem palavras Ao pretender escrever textos crianças nessa fase revelam frequentemente já estarem tal como Lívia no exemplo anterior da seção Rabiscos desenhos garatujas em fase de garatuja com compreensão da escrita em linhas sucessivas e já revelam uma aproximação ao conceito de palavras Veja a seguir um texto em que Aquiles descreve uma gravura que apresenta três crianças lendo Aquiles 5 anos e 2 meses Aquiles parece já ter se aproximado do conceito de palavra manteve espaços entre grupos de letras compreendeu a linearidade e a direção da escrita escreveu da direita para a esquerda e de cima para baixo curiosamente até já percebeu a presença do ponto como sinal gráfico em textos colocandoo ao final de cada linha No entanto Aquiles foi incapaz de ler o que tinha escrito quando lhe foi solicitado pela professora juntou letras sem atribuirlhes valor sonoro ou significado Como os exemplos evidenciam as crianças já compreendem que a escrita é feita com letras e escrevem palavras e até mesmo textos usando as letras que conhecem Em síntese as duas fases iniciais de conceitualização da escrita até aqui discutidas têm em comum uma característica são fases em que a criança ainda não compreendeu que a escrita representa os sons da fala e escreve com rabiscos garatujas em seguida com 66 letras sem relação com os sons da fala No entanto essas duas fases iniciais evidenciam a apropriação pela criança de dois atributos fundamentais da natureza do princípio alfabético Em um primeiro momento compreende que a escrita é arbitrária não é desenho fase dos rabiscos das garatujas Em seguida percebe que a escrita é feita com determinados sinais gráficos as letras formas visuais também arbitrárias sem relação com os sons que representam No entanto na fase escrita com letras a criança imita o que as pessoas fazem quando escrevem usam letras Como escreve por imitação seu repertório de letras é limitado e as letras são grafadas com evidente insegurança como mostram os exemplos da fase escrita com letras analisados neste capítulo As sugestões propostas anteriormente no box Na sala de aula como preparação para que as crianças compreendam que a escrita se faz com letras são atividades que não só ampliam o repertório de letras das crianças mas também as levam a reconhecer nomear e desenvolver sua habilidade de grafar letras Em síntese com a ampliação de seu contato com a escrita sobretudo na sala de aula a criança passa a conhecer reconhecer nomear e grafar letras progressivamente com mais segurança e habilidade grafomotora o que é essencial para a aprendizagem do sistema alfabético cuja culminância é a relação entre as letras e os fonemas que elas representam 67 Grafar letras com segurança depende do nível de desenvolvimento motor da criança destreza manual coordenação de movimentos das mãos e dos dedos para segurar e usar o lápis o papel entre outros No início do processo de alfabetização a criança aprende as letras maiúsculas de imprensa porque são caracteres isolados e com traçado simples A atividade grafomotora de traçar letras é mais uma atividade que se acrescenta às atividades que sobretudo na educação infantil têm por objetivo o desenvolvimento motor da criança em suas várias modalidades PARA SABER MAIS Na fase em que a criança começa a usar o alfabeto quando pretende escrever é importante desenvolver de forma sistemática o conhecimento e reconhecimento das letras Quando a criança avança para a compreensão de que as pessoas escrevem ou leem sequências de letras passa também a usar sequência de letras a escrita com letras como caracterizada neste capítulo As letras porém são consideradas pela criança nessa fase apenas como formas visuais compostas de linhas verticais horizontais semicírculos não como símbolos que representam sons da fala Ela ainda não desenvolveu consciência fonológica Por isso nessa etapa a criança com frequência não distingue entre letras e números além de ter dificuldade em discriminar letras de traçados semelhantes entre as maiúsculas letras que diferem apenas pelo fechamento de uma curva como em C e O R e B ou pela adição de uma pequena linha como em M e N O e Q P e R entre as minúsculas as letras que também diferem pelo fechamento de uma curva como em c e o ou pelo acréscimo ou prolongamento de uma linha como em l e i m e n h e n Aqui cabem atividades de diferenciação entre letras e outros símbolos e de discriminação visual entre letras de traçado semelhante 68

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