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Macroeconomia 1

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Mês R US Yuan US Euro US IPC Taxa de Juros aa IPC Taxa de Juros aa IPC jan20 4149 6352 0893 100590 4400 101440 4150 100390 fev20 4340 6364 0905 100580 4190 102252 4150 100661 mar20 4883 6405 0899 100922 3950 100994 4050 100440 abr20 5325 6445 0915 100740 3650 100095 4050 99767 mai20 5643 6460 0917 100196 3010 99284 3850 99767 jun20 5196 6461 0899 100557 2580 99284 3850 100315 jul20 5280 6457 0888 101050 2150 98927 3850 100827 ago20 5461 6369 0851 101585 1940 100272 3850 101150 set20 5399 6473 0837 102418 1900 100453 3850 101291 out20 5625 6552 0851 103084 1900 100181 3850 101332 nov20 5417 6473 0853 104053 1900 99550 3850 101271 dez20 5145 6425 0831 105166 1900 100267 3850 101362 jan21 5356 6525 0815 105450 1900 101210 3800 101798 fev21 5416 6576 0828 106020 1900 101807 3800 102358 mar21 5646 6692 0830 107080 2230 101308 3800 103085 abr21 5562 6790 0850 107326 2650 101004 3800 103930 mai21 5290 6847 0829 108196 3290 100903 3800 104761 jun21 5031 6974 0817 108888 3760 100499 3800 105736 jul21 5156 7065 0844 109890 4150 100801 3800 106243 ago21 5251 7135 0842 110670 5010 100902 3800 106466 set21 5279 7060 0844 112253 5430 100902 3800 106754 out21 5539 7081 0862 113117 6300 101608 3800 107640 nov21 5556 6991 0863 114339 7650 102004 3800 108167 dez21 5651 6936 0882 114990 8760 101698 3800 108503 Taxa de câmbio nominal China EUA Brasil Taxa de Juros aa IPC Taxa de Juros aa dez2019100 175 99430 000 175 99808 000 125 99898 000 025 100277 000 025 100187 000 025 100758 000 025 100285 000 025 100194 000 025 100004 000 025 100094 000 025 99243 000 025 99719 000 025 100477 000 025 101140 000 025 101616 000 025 102276 000 025 102747 000 025 103127 000 025 104076 000 025 104076 000 025 104076 000 025 104638 000 025 104449 000 025 105013 000 EUA Alemanha CAPÍTULO 8 PAGAMENTOS INTERNACIONAIS E TAXA DE CÂMBIO Você verá neste capítulo Pagamentos Internacionais Regimes Cambiais Paridade do Poder de Compra da Moeda Taxas de Câmbio Real Taxa de Câmbio de Paridade Taxa de Câmbio Efetiva Real Taxas Cruzadas de Câmbio A abordagem tradicional do balanço de pagamentos procura explicar o saldo do balanço comercial por intermédio da microeconomia Por esse ponto de vista a escolha entre bens produzidos no mercado interno ou no externo é determinada pelos preços relativos Logo as informações relevantes para a decisão de importar ou exportar são preços domésticos preços externos e taxa de câmbio Alterações da taxa de câmbio afetam os preços relativos dos produtos entre o mercado interno e externo e podem induzir aumento ou redução do saldo comercial Nessa abordagem o caminho para a redução do déficit é a desvalorização real da moeda visando induzir o aumento das exportações e a redução das importações Naturalmente o impacto da desvalorização sobre o saldo comercial depende da resposta dos agentes econômicos às variações de preço Em outras palavras depende da elasticidade da oferta e da demanda por importações e exportações razão pela qual o enfoque tradicional é denominado abordagem das elasticidades Este capítulo tem o propósito de analisar os impactos das variações da taxa de câmbio sobre o balanço comercial Para simplificar o modelo admitese mais uma vez a hipótese de país pequeno Como seu volume de comércio não afeta preços internacionais a demanda pelas exportações é infinitamente elástica e uma desvalorização melhora portanto o balanço comercial Antes de discutir propriamente os efeitos das variações na taxa de câmbio é conveniente esclarecer seu significado Assim na parte inicial apresentase um esquema simplificado de como são feitos os pagamentos internacionais seguido de uma breve discussão a respeito dos regimes cambiais Mais adiante são apresentados em detalhes os métodos de cálculo das variações das taxas nominal real e efetiva de câmbio no âmbito da teoria da paridade do poder de compra 1 Se as mercadorias não são trocadas diretamente e sim pagas em dinheiro como são feitos os pagamentos internacionais 2 Se cada país tem uma moeda diferente quais delas são aceitas como meio de pagamento e em que proporção são trocadas umas pelas outras Se os pagamentos internacionais são feitos em moeda é preciso haver um mecanismo de transferência desses recursos de um país para outro e uma taxa de conversão de uma moeda em outra Essa taxa depende do regime cambial adotado e da oferta e demanda de moeda estrangeira no país A oferta é resultado de todas as transações econômicas que implicam entrada de divisas como exportações investimentos e financiamentos concedidos por não residentes no país A demanda resulta das transações cambiais que levam à saída de divisas como importações remessas de lucros para o exterior pagamentos de juros etc O conjunto dos agentes econômicos que transfere recursos de um país para outro forma o mercado de divisas ou mercado cambial Para entender seu funcionamento vamos supor que um residente no Brasil importe mercadorias inglesas no valor de US 100000 O negociante brasileiro precisa pagar US 100000 para o exportador inglês contudo não poderá fazêlo diretamente e sim por meio do sistema bancário Inicialmente dirigese a um banco comercial que realiza operações de câmbio para comprar os US 100000 que tem de pagar ao inglês O preço de cada dólar é a taxa de câmbio Se a taxa de câmbio for R 315 US 100 os US 100000 custarão R 31500000 100000 x 315 Na prática essa operação se processa da seguinte forma o importador deposita R 31500000 no banco comercial que por sua vez credita US 100000 em nome do exportador inglês numa agência bancária situada na Inglaterra O inglês para receber abre a sua conta bancária na Inglaterra O inglês para receber abre a sua conta bancária em libras esterlinas moeda inglesa A venda de dólares também é feita pela taxa de câmbio Sendo ela de 06024 US 100 por exemplo o exportador inglês recebe 60240 Nem o importador nem o exportador manipularam diretamente a moeda estrangeira que serviu de base para a transação o dólar Imaginemos agora que um residente na Inglaterra importe produtos brasileiros no valor de US 120000 A transação é realizada da maneira semelhante à do caso anterior porém no sentido inverso O importador inglês precisa comprar os US 120000 com libras Para tal vai a uma agência bancária e deposita 72288 em nome do exportador brasileiro O banco por sua vez credita os US 120000 num banco brasileiro O brasileiro vende esses dólares e saca de sua conta a quantia de R 378000 120000 x 315 Essas operações são realizadas no chamado mercado cambial e não envolvem deslocamentos de moeda de um país para outro No caso da importação brasileira o banco nacional não envia dólares para a Inglaterra apenas credita o valor na conta do exportador inglês No caso da exportação brasileira os dólares são creditados na conta do exportador brasileiro Na prática ocorrem apenas débitos e créditos em contas mantidas em bancos comerciais Para encerrar os exemplos precisamos explicitar o papel dos bancos em transações internacionais O Banco Central de qualquer país é a autoridade monetária que realiza entre outras atribuições o controle das entradas e saídas de moeda estrangeira Seu papel nesse caso é centralizar o controle das operações de câmbio pois portanto deve ser notificado de todas as transações de bancos comerciais que envolvam entrada e saída de moeda estrangeira no país O saldo dessas entradas e saídas como sabemos referese ao nome de reservas Dessa forma o Banco Central do Brasil credita US 120000 das exportações em seus ativos e debita US 120000 das importações O Banco Central inglês faz o inverso credita US 100000 em seus ativos e debita US 12000 As reservas brasileiras aumentam em US 20000 enquanto as inglesas diminuem na mesma proporção Essas operações estão esquematizadas na Figura 81 82 REGIMES CAMBIAIS Embora tenhamos uma noção intuitiva do que seja uma taxa de câmbio e para o que serve para converter a moeda nacional em moeda estrangeira convém apresentar uma definição mais formal taxa de câmbio é o preço em moeda nacional de uma unidade de moeda estrangeira A taxa de câmbio do real em relação ao dólar pode ser por exemplo R 315US o que significa que cada dólar custa R 315 A taxa de câmbio é uma variável econômica muito importante porque intermedia todas as transações entre residentes e não residentes de um país Em outras palavras todas as contas do balanço de pagamentos são influenciadas pela taxa de câmbio cujas alterações afetam exportações importações entradas de capitais estrangeiros rentabilidade de aplicações no exterior volume de reservas etc Naturalmente tais alterações também têm reflexos sobre o mercado interno Uma desvalorização da taxa de câmbio aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no exterior fazendo crescer as exportações a produção e o emprego mas também pode levar a aumento de preços internos provocando inflação e além dos problemas já conhecidos pode trazer efeitos distributivos perversos Esse exemplo ilustra como é delicada a administração da política cambial pois para cada efeito positivo de uma medida há certamente outro negativo Como são determinadas as taxas de câmbio A resposta não é simples pois há inúmeros fatores determinantes Um deles é o regime cambial ou seja a regra que a autoridade monetária de um país adota para determinar a taxa de câmbio ou o preço das divisas Há basicamente dois tipos de arranjos cambiais o regime cambial fixo ou o flexível Em um regime cambial fixo o Banco Central fixa o preço de uma moeda estrangeira em moeda nacional A autoridade monetária garante a conversão de moeda estrangeira em nacional e viceversa aquele preço Todas as transações com o exterior que envolvem entrada e saída de divisas obedecerão à taxa de câmbio fixa para converter as moedas No regime de taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes o Banco Central permite que o mercado cambial estabeleça o preço da moeda estrangeira Há de um lado agentes que demandam moeda estrangeira importadores turistas que vão ao exterior etc e de outro aqueles que demandam moeda nacional em troca da moeda estrangeira que possuem exportadores turistas estrangeiros no país etc Na prática a maioria dos países não adota nem um regime nem outro de forma radical e sim os adapta Num regime cambial flutuante estrito a autoridade monetária nunca interfere no mercado de divisas constituindo flutuações limpas Isso raramente ocorre pois há uma relação bastante estreita entre mercado cambial e política monetária e em um regime de taxas flutuantes o governo perde o controle sobre a oferta monetária Por isso é comum que os bancos centrais intervenham no mercado cambial quando o preço da moeda estrangeira se afasta muito de um valor que o governo julgue conveniente caracterizando um regime cambial de flutuações sujas Essa tem sido a prática do governo brasileiro desde janeiro de 1999 Vejamos como isso ocorre No mercado cambial em regime de câmbio flutuante o governo compra e vende divisas como se fosse um agente qualquer O mercado de divisas estabelece a taxa de câmbio E ver Figura 82 Imaginemos que subitamente se inicie uma série de investimentos estrangeiros trazendo moeda estrangeira para o país Se esse investimento for substancial a oferta de moeda estrangeira deslocase para a direita até S Se a demanda não se alterar a taxa de câmbio passa de E para E ou seja a moeda estrangeira tornase mais barata Se isso ocorrer no entanto as importações são estimuladas uma vez que os produtos estrangeiros se tornam mais baratos em moeda nacional e o balanço comercial apresenta déficit 4 Para impedilo o governo interfere no mercado de divisas comprando dólares e a demanda se desloca para a direita de D para D Como resultado a taxa de câmbio passa para E um pouco mais elevada do que seria caso fosse determinada exclusivamente pelo mercado Figura 82 Mercado de câmbio com flutuação suja e banda cambial Alguns países que administram sua política cambial por meio de flutuações sujas estabelecem bandas cambiais intervalos dentro dos quais a taxa de câmbio pode flutuar livremente Na Figura 82 os pontos Ls e L representam os limites superior e inferior respectivamente de uma banda cambial Quando o mercado estabelece um preço para a moeda estrangeira que esteja fora desses limites ou seja fora da banda cambial a autoridade monetária interfere vendendo ou comprando divisas conforme o caso O regime de câmbio fixo era prática comum no passado adotado por todos os países afiliados ao Fundo Monetário Internacional inclusive o Brasil Atualmente ainda é adotado em muitos países destacandose a União Europeia Nesse regime em geral a taxa de câmbio de um país é fixa em relação a outra moeda que pode ser considerada uma âncora Portanto adotar um regime de taxas fixas significa ancorar o valor de uma moeda em outra ou no de uma cesta de moedas A ancoragem pode ocorrer basicamente de três maneiras diferentes No regime de ancoragem unilateral a responsabilidade pela manutenção da paridade é do país ancorado e não do paísâncora Em outras palavras a política A Lei do preço único é válida no comércio internacional desde que não haja barreiras ao comércio Mesmo em condições de livre comércio os custos de transporte e de seguros são considerados Para simplificar nossa argumentação consideremos que o preço único ao qual nos referimos leva em conta esses custos Mesmo supondo que não houvesse nenhum tipo de barreira ao comércio entre Brasil e Estados Unidos como os preços de determinada mercadoria são estabelecidos em dólares nos Estados Unidos e em reais no Brasil seria difícil comparálos Admitindo que se verificasse a Lei do preço único e que o Brasil fosse o mercado importador o preço doméstico P de dada mercadoria seria P E P 81 em que E é a taxa de câmbio e P é o preço da mercadoria em dólares Como segundo a Lei do preço único os preços de uma mercadoria devem ser iguais quando expressos numa mesma moeda a taxa de câmbio E deve ser tal que se P E P então multiplicado pela taxa de câmbio Esse caso constituiu a versão forte ou absoluta da paridade do poder de compra Na prática entretanto isso não ocorre os preços das mercadorias nos diferentes países dificilmente são iguais quando expressos na mesma moeda Devido às imperfeições de mercado a arbitragem internacional nunca é perfeita ou seja q é diferente de 1 Se ao longo do tempo o valor de q se mantém estável indicando que os fatores que impediriam a arbitragem perfeita vêm se mantendo razoavelmente constantes podemos empregar o conceito de paridade do poder de compra para estimar as mudanças na taxa de câmbio real bem como para corrigir a taxa de câmbio nominal de forma a impedir que haja grandes mudanças na competitividade dos produtos Vejamos inicialmente de forma intuitiva a partir do exemplo do setor de calçados Vamos supor que o sindicato do setor conseguisse elevar o salário de seus trabalhadores e as empresas repassassem o aumento de custo para o preço elevando de R 5000 para R 6000 o par Se a taxa de câmbio se mantivesse em R 240US e não havendo alteração proporcional nos preços no exterior os produtores nacionais receberiam R 6000 pelo par de sapatos vendido no Brasil e R 5000 pelo exportado resultando na desigualdade P EP 60 240 x 2083 Com o tempo a diferença de preços provocaria o processo de arbitragem A oferta de calçados no mercado interno aumentaria porque os produtores iriam preferir vender aqui a exportar Os importadores encontrando calçados mais baratos no exterior passariam a importar aumentando a competição no mercado interno No limite o preço poderia voltar aos R 5000 por par de sapatos de forma a restabelecer a igualdade de expressão P EP 10 Se a mudança de preços se restringisse a produtos isolados como nesse caso dos calçados não haveria grandes consequências para o conjunto da economia No entanto se a mudança abrangesse muitos produtos e implicasse aumento geral dos preços da economia a manutenção da taxa de câmbio inalterada geraria problemas na balança comercial podendo induzir crise no balanço de pagamentos A lógica do exemplo dos calçados pode ser estendida a todos os produtos por meio de índices de preço Com a taxa de câmbio fixa se a inflação interna P excedesse a externa P produziria a desigualdade P EP que induziria o crescimento das exportações e a redução das importações Com o passar do tempo o processo de arbitragem acabaria por forçar a queda dos preços internos e o país passaria pelas dificuldades decorrentes do déficit comercial Essa experiência pode ser evitada pela desvalorização da taxa de câmbio para restabelecer a igualdade P EP A taxa de paridade real q é a variável que permite determinar a magnitude da desigualdade isto é a variação ocorrida na taxa de câmbio real e medida da desvalorização necessária Os próximos tópicos se ocupam da formalização desses conceitos Cabe observar que ao mesmo tempo que a desvalorização evita o trauma do déficit comercial contribui para sanção ou aumento de preços interno a medida que evita o processo de arbitragem e contribui para encarecer os tradeables É por isso que os governos quando têm o controle da inflação como prioridade resistem em permitir a desvalorização da moeda nacional como aconteceu após o Plano Real 84 Taxa de Câmbio Real A taxa de câmbio é um preço logo está sujeita às forças de mercado No regime de câmbio flexível as entradas e saídas de moeda estrangeira modificam seu preço No regime de câmbio fixo o governo pode periodicamente modificar a taxa de câmbio buscando evitar impactos desfavoráveis na economia de modo geral e particularmente no comércio exterior Em julho de 1994 o Brasil importava um produto ao preço de US 100 por unidade Como a taxa de câmbio era de R 0931US Quadro 81 o país pagava em moeda nacional R 9310 100 x 0931 Se a mesma importação tivesse sido feita em dezembro de 1994 teria sido necessário desembolsar apenas R 8500 para comprar o mesmo produto porque o preço da moeda estrangeira era de R 0850US Isso se conclui que a redução de preço estimula importações porque os produtos estrangeiros ficam mais baratos em moeda nacional No caso das exportações dáse o inverso Em julho de 1994 o exportador brasileiro receberia R 9310 por um produto vendido a US 100 no exterior Em dezembro de 1994 sua receita seria reduzida para R 8500 razão pela qual a diminuição do preço da divisa desestimulou as exportações Naturalmente se ocorrer o oposto ou seja o aumento do preço do dólar os importadores passam a pagar mais e os exportadores a receber mais em moeda nacional pelo comércio de um produto cujo preço em dólar permaneceu inalterado Consequentemente as exportações são estimuladas e as importações tornamse menos interessantes No exemplo supusemos que apenas o preço do dólar se alterou no período Sabemos no entanto que nem no Brasil nem no resto do mundo os preços dos bens permaneceram constantes pois poder ter havido inflação em nosso país e também no exterior Como inflação significa aumento dos preços aumentando portanto os custos de produção tanto para importadores como para exportadores não podemos deixar de levála em conta quando analisamos os efeitos das variações cambiais no comércio exterior Para tanto precisamos apresentar os conceitos de taxa nominal e de taxa real de câmbio A taxa de câmbio nominal é simplesmente aquela expressa em unidades monetárias No exemplo tratamos de variações na taxa de câmbio nominal A taxa de câmbio real por sua vez expressa o poder de compra da moeda nacional envolvida em transações externas No exemplo o produto importado em janeiro de 1994 custava apenas R 14260 100 x 0142 Precipitadamente poderseia concluir que houve uma mudança muito grande na taxa de câmbio pois os mesmos US 100 de mercadoria estrangeira que haviam sido comprados por R 1420 custaram R 9310 sete meses depois De fato houve uma mudança de 55563 na taxa de câmbio nominal mas resta saber o que teria acontecido com a taxa de câmbio real É necessário definir a variação da taxa real de câmbio Partindo da Expressão 83 reproduzida a seguir P q E P Obtémse e 1q E PP 84 em que e é a taxa de câmbio real A variação percentual da taxa de câmbio real pode ser obtida a partir da Expressão 84 Δe e final e iniciale inicial 85 em que e e final E finalE inicial Ou seja a variação percentual da taxa de câmbio real é determinada pelas variações percentuais da taxa de câmbio nominal da inflação doméstica e da externa Aplicando os dados do exemplo à Expressão 85 obtemos a variação real de janeiro a julho de 2004 de 2091 Concluímos portanto que nesse período a taxa de câmbio nominal teve desvalorização de 55563 mas em termos reais houve valorização de 2091 ver aplicação prática a seguir Significa portanto que a mudança da taxa de câmbio observada no período tornou os produtos importados dos Estados Unidos mais baratos em moeda brasileira enquanto reduziu a receita dos exportadores nessa mesma moeda 15 APLICAÇÃO PRÁTICA DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO REAL No Quadro 81 são apresentados os índices de preço ao consumidor do Brasil e dos Estados Unidos e a taxa de câmbio nominal durante 1994 Com base nesses dados foram calculadas a taxa de câmbio real e sua variação tendo por base o mês de janeiro A seguir encontrase o cálculo da variação real da taxa de câmbio entre janeiro e julho de 1994 Quadro 81 Estimativa da taxa de câmbio real e da variação da taxa de câmbio real Brasil 1994 Mês IPC Brasil IPC EUA Taxa de câmbio Nominal Variação Real Janeiro 1158 11130 0142 000 0142 Fevereiro 1644 11160 0202 047 0143 Março 2358 11190 0262 890 0129 Abril 3433 11210 0401 406 0136 Maio 4935 11230 0578 363 0137 Junho 7359 11270 0931 2367 0112 Julho 9746 11300 0868 2532 0101 Agosto 10000 11350 0866 2883 0101 Setembro 10140 11380 0866 2883 0101 Outubro 10414 11390 0845 3228 0096 Novembro 10738 11410 0842 3445 0093 Dezembro 10858 11410 0850 3455 0093 PPC de janeiro de 1994 Entre janeiro e julho de 1994 os índices de preço interno e externo apresentaram respectivamente as seguintes variações ΔP P1 PiP1 9746 11581158 74162 ΔP P P iP i 11300 1113011130 00153 A inflação brasileira entre janeiro e julho de 1994 foi de 74162 enquanto a norteamericana foi de 153 No mesmo período a taxa de câmbio nominal passou de R 0142US para R 0931 A variação nominal do câmbio foi ΔE Ef EiEi 0931 01420142 55563 Substituindo esses resultados na Expressão 85 obtemos Δe 1 ΔE 1 ΔP 1 5553 1 74162 1 02091 Portanto a taxa de câmbio real brasileira diminuiu 2091 entre janeiro e julho de 1994 Aplicando a redução sobre a taxa de câmbio nominal de janeiro determinamos o valor da taxa de câmbio real de julho R 0112US 0142 07909 Concluímos portanto que pela PPC de janeiro de 1994 no mês de julho a taxa de câmbio real valia R 0112US correspondendo a uma valorização de 2091 Tabela 81 85 TAXA DE CÂMBIO DE PARIDADE A taxa de câmbio é um importante instrumento de política porque afeta todas as transações econômicas realizadas pelos residentes no país com os do exterior Mesmo naqueles países que adotam o regime de câmbio flexível os governantes procuram administrar a taxa de câmbio para evitar os efeitos desfavoráveis de suas variações reais A principal referência empregada para determinação da taxa de câmbio é a paridade do poder de compra Vamos supor que o propósito do governo seja o de evitar variações reais na taxa de câmbio durante certo período de tempo isto é tornar Δe 0 Sabemos que Δe é obtido a partir da Expressão 85 reproduzida a seguir Δe 1 ΔE 1 ΔP 1 ΔP 1 Substituindo Δe por zero e rearranjando os termos fica ΔE 1 ΔP ΔP A expressão 86 nos indica que para manter a paridade do poder de compra da moeda a variação da taxa de câmbio ΔE deve ser igual à razão entre a variação do índice de preços interno ΔP e a variação do índice de preços internacional ΔP entre o momento inicial i e o final f A taxa de câmbio determinada por esse mecanismo é denominada taxa de câmbio de paridade Vale destacar que a aplicação prática deste método dependia de prioridade da política econômica Vamos supor que a taxa de câmbio de determinado período passado fosse considerada boa para as trocas internacionais isto é aumentasse exportações e inibisse importações resultando em saldo comercial crescente So o governo pretendesse recuperar aquela PPC bastava corrigi a taxa de câmbio nominal até o momento presente obtendo a taxa de câmbio de paridade que daria o mesmo poder de compra daquelas ocasiões No entanto o que é bom para as trocas internacionais não o é para o controle de preços Se a prioridade do governo fosse reduzir a inflação a escolha da base de cálculo poderia recair em um momento exatamente oposto isto é aquele em que a taxa de câmbio favorecesse importação e inibisse exportação Na prática países que adotam regime cambial fixo periodicamente utilizam a regra da paridade do poder de compra da moeda para corrigir a taxa de câmbio nominal O Brasil se valeu de certa adaptação dessa regra durante a maior parte do período 19681989 Como a taxa de inflação interna era muito elevada quando comparada à internacional o país procurava manter a taxa de câmbio real fixa realizando desvalorizações na taxa de câmbio nominal de acordo com a evolução do índice de preços interno DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO DE PARIDADE No mês de julho de 1994 quando o governo brasileiro lançou o Plano Real a taxa de câmbio média foi de R 0931US Qual deveria ser a taxa nominal de câmbio em agosto daquele ano se o governo quisesse manter a paridade do poder de compra PPC de julho No Quadro 82 são apresentados os índices de preço ao consumidor do Brasil e dos Estados Unidos de julho a dezembro de 1994 e calculadas as taxas de paridade da moeda com base no mês de julho Quadro 82 Estimativa da taxa de câmbio de paridade Brasil 1994 Índice de Preços ao Consumidor IPC Taxa de câmbio de paridade Brasil Estados Unidos Julho 9746 11300 R 0931 Agosto 10000 11350 R 0951 Setembro 10146 11380 R 0962 Outubro 10414 11390 R 0987 Novembro 10738 11410 R 1016 Dezembro 10858 11410 R 1027 PPC de julho de 1994 Para estimar a taxa de câmbio de paridade para agosto é preciso inicialmente determinar a variação nos índices de preço entre julho e agosto ΔP Pf Pi 10000 9746 00261 Pi 9746 ΔP Pf Pi 11350 11300 00044 Pi 11300 A inflação brasileira no mês de agosto de 1994 portanto foi de 261 enquanto a norteamericana foi de 044 Substituindo na Expressão 84 obtemos ΔE 1 ΔP ΔP 1 00261 00044 1 00216 Para manter a PPC do mês de julho em agosto a moeda brasileira deveria ter sido desvalorizada em 216 Partindo de R 0931 e acrescentando 216 obtémse R 0951US como se observa no Quadro 82 Como a prioridade do governo naquele momento no entanto era evitar o retorno do processo inflacionário e a taxa de câmbio valorizada contribuía para isso optouse por não efetuar a desvalorização da moeda Assim a taxa de câmbio nominal média de agosto foi de R 0898US ver Quadro 81 86 TAXA DE CÂMBIO EFETIVA REAL Até aqui consideramos o comércio bilateral com os Estados Unidos porém na realidade cada país mantém relações comerciais multilaterais Para obter uma mensuração mais precisa das variações reais do câmbio usamos um conceito mais abrangente a taxa de câmbio efetiva real A diferença da taxa de câmbio real é que sua estimativa leva em conta o peso relativo de cada parceiro no comércio bem como a respectiva taxa de câmbio Sendo n o número de parceiros comerciais do Brasil w o peso relativo do iésimo país no nosso comércio e E a taxa de câmbio do iésimo parceiro a seguinte expressão algébrica permite estimar a taxa de câmbio efetiva real er er Σwi Ei Pi 86 Estimativas da taxa de câmbio efetiva real para o Brasil são elaboradas pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior Funcex No Quadro 83 observase a evolução das taxas Quando o índice cresce significa que a moeda brasileira teve desvalorização e quando diminui valorização Quadro 83 Índice da taxa de câmbio real e da taxa de câmbio efetiva real Brasil maio2004maio2005 base maio2004 100 1 Ponderada pela participação de cada país na corrente de comércio do Brasil entre 2000 e 2001 2 Aladi Argentina 633 Uruguai 63 Paraguai 58 Chile 116 e México 131 3 Europa Alemanha 309 França 156 Itália 176 Holanda 146 Reino Unido 120 e Bélgica 98 4 Os países e respectivas ponderações estão Estados Unidos 356 Japão 70 Alemanha 96 França 56 Itália 46 Reino Unido 31 Argentina 16 Uruguai 16 Paraguai 15 Chile 30 e México 34 juntos representaram 63 da corrente de comércio exportação e importação com o Brasil entre 2000 e 2001 Fonte FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR Funcex Disponível em wwwfuncexcombr A primeira coluna referese à taxa real de câmbio do comércio BrasilEstados Unidos As outras três referemse respectivamente às taxas efetivas reais relativas ao comércio com a Aladi como a Europa e com um conjunto de 13 países importantes no comércio brasileiro Em todos os casos observase valorização da moeda brasileira de mais de 20 entre maio de 2004 e maio de 2005 1 Por que a taxa de câmbio é um importante instrumento de política econômica 2 Explique o funcionamento dos regimes cambiais Qual deles se aplica ao Brasil na atualidade 3 Qual é o papel da taxa de câmbio no pagamento das importações 4 Discuta a relação entre processo de arbitragem e Lei do preço único 5 O que é paridade do poder de compra da moeda 6 Quais são as diferenças entre as versões forte absoluta e fraca relativa da paridade do poder de compra 7 O que é taxa de câmbio nominal E taxa de câmbio real Qual a diferença entre uma e outra 8 Discuta as relações entre inflação e taxa de câmbio 9 Quais são as consequências da desvalorização real do câmbio sobre a balança comercial 10 Para um importador ou exportador o que é mais importante variações na taxa de câmbio nominal ou na taxa de câmbio real Justifique sua resposta 11 Suponha que durante determinado ano a taxa de inflação interna seja de 7 e a externa de 3 Se a taxa de câmbio nominal for valorizada em 2 qual é sua variação real Que consequências a mudança real do câmbio pode ter sobre a balança comercial 12 O que é taxa de câmbio efetiva real Qual é a vantagem em relação à taxa de câmbio real 13 Discuta a seguinte afirmação um país que adote regime de câmbio fixo terá problemas no balanço de pagamentos se a inflação doméstica for maior que a de seus parceiros comerciais 14 Se na Inglaterra em determinado momento a taxa de câmbio for 182US enquanto no Brasil for R 238US a qual será a taxa de câmbio da libra em relação ao real b qual será a nova taxa do real em relação à libra se a moeda inglesa sofrer depreciação de 10 em relação ao dólar c quais as consequências dessa depreciação sobre o comércio anglobrasileiro IPC Ê ê Brasil 741 1135 1498 Alemanha 180 282 167 Argentina 814 034 507 Coreia do Sul 327 1249 1271 França 164 282 152 Japão 031 157 170 México 427 127 005 EUA 301 Fontes BRASIL BANCO CENTRAL DO BRASIL IPEADATA Esse número foi obtido aplicandose a Expressão 86 ao Brasil Δe 1 ΔE 1 ΔP ΔP 1 1 00301 1 00741 1 01498 Para a Argentina os resultados são Houve portanto apreciação real da moeda argentina de 507 Observando o Quadro 84 percebese que também Alemanha 167 França 152 e Coreia do Sul 1271 tiveram a moeda apreciada diante do dólar enquanto México 005 e Japão 170 apresentaram pequena depreciação Vimos que a apreciação da moeda perante o dólar resulta em depreciação da moeda brasileira em relação a ela Isso pode explicar parte do relativo sucesso das exportações brasileiras Embora o real esteja valorizado em relação ao dólar se o mesmo acontece com os demais paísesdestino de suas exportações pelo menos parte da desvalorização cambial estaria sendo neutralizada viabilizando a continuidade dos saldos comerciais favoráveis RESUMO Taxa de câmbio é o preço em moeda nacional de uma unidade de moeda estrangeira Sua variação altera diversas variáveis econômicas sobretudo aquelas relacionadas ao comércio exterior Os pagamentos de negócios internacionais são realizados com base nos preços das divisas determinados no mercado cambial Não são realizados deslocamentos físicos de moeda e sim operações de crédito e débito entre bancos dos países envolvidos na transação Eventualmente utilizase a moeda de um terceiro país como unidade de contas Há dois tipos de regimes cambiais fixo e flutuante O câmbio fixo é controlado diretamente pelo Banco Central O outro se subdivide em duas espécies de flutuação limpa controlada apenas pelo mercado sem participação alguma do governo e suja na qual o governo interfere caso deseje proteger a moeda mantendoa a um dado nível A teoria da paridade do poder de compra PPC da moeda ou Lei do preço único afirma que mercadorias iguais têm preços equivalentes em qualquer local desde que não haja barreiras comerciais entre os países em questão desconsiderandose os custos de seguro e de transporte Devido às imperfeições de mercado raramente verificase a versão absoluta da PPC da moeda No entanto alguns países administram suas taxas de câmbio de acordo com a versão relativa da PPC da moeda segundo a qual as variações na taxa de câmbio devem ser iguais à diferença entre as variações de preços doméstica e internacional PARTE II Análise dos indicadores macroeconômicos internacionais 1 Calcule com uso da tabela e discorra sobre a taxa de câmbio real e variação real do câmbio para o seu país ao longo de 2020 e 2021 contemplando os efeitos em cada um dos setores representados e no cenário internacional como um todo 2 Determine para cada um dos demais países a variação real do câmbio em relação ao dólar ao longo do período Diante disso avalie os efeitos no comércio internacional de seu país em seus respectivos setores representados com os Estados Unidos e a União Europeia compreendendo a Alemanha como representante mediano daquele bloco comercial 3 Qual é a taxa de câmbio de seu país em relação à moeda dos demais Quais são as variações nominal e real da moeda do seu país em relação aos demais Como isso afeta as relações comerciais entre os países Considere a realidade de cada setor País CHINA