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Macroeconomia 1

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See discussions stats and author profiles for this publication at httpswwwresearchgatenetpublication328594037 Economia urbana e regional território cidade e desenvolvimento Book January 2018 DOI 1074769788574554884 CITATIONS 0 READS 156 4 authors including Some of the authors of this publication are also working on these related projects Formação e previsão de preços de borracha natural no Brasil View project Artigo Produzido View project Monica Moura Pires Universidade Estadual de Santa Cruz 46 PUBLICATIONS 92 CITATIONS SEE PROFILE Fernando Rubiera Morollón University of Oviedo 87 PUBLICATIONS 276 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Fernando Rubiera Morollón on 08 November 2018 The user has requested enhancement of the downloaded file ECONOMIA URBANA E REGIONAL território cidade e desenvolvimento ECONOMIA URBANA E REGIONAL território cidade e desenvolvimento Universidade Estadual de Santa Cruz GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Rui Costa Governador SECRETARIA DE EDUCAÇÃO Walter Pinheiro Secretário UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro Reitora Evandro Sena Freire ViceReitor DIRETORA DA EDITUS Rita Virginia Alves Santos Argollo Conselho Editorial Rita Virginia Alves Santos Argollo Presidente Evandro Sena Freire José Montival Alencar Júnior André Luiz Rosa Ribeiro Andrea de Azevedo Morégula Adriana dos Santos Reis Lemos Francisco Mendes Costa Guilhardes de Jesus Júnior Lúcia Fernanda Pinheiro Barros Lurdes Bertol Rocha Ricardo Matos Santana Rita Jaqueline Nogueira Chiapetti Samuel Leandro Oliveira de Mattos Silvia Maria Santos Carvalho Mônica de Moura Pires Fernando Rubiera Morollón Andréa da Silva Gomes Mario Polèse Ilhéus Bahia 2018 2018 by Mônica de Moura Pires Fernando Rubiera Morollón Andréa da Silva Gomes Mario Polèse Direitos desta edição reservados à EDITUS EDITORA DA UESC A reprodução não autorizada desta publicação por qualquer meio seja total ou parcial constitui violação da Lei nº 961098 Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10994 de 14 de dezembro de 2004 PROJETO GRÁFICO DIAGRAMAÇÃO E CAPA Álvaro Coelho REVISÃO Maria Luiza Nora Pedro Carvalho Roberto Santos de Carvalho Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP EDITORA FILIADA À EDITUS EDITORA DA UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Rodovia Jorge Amado km 16 45662900 Ilhéus Bahia Brasil Tel 73 36805028 wwwuescbreditora editusuescbr E17 Economia urbana e regional território cidade e desenvolvimento Mônica de Moura Pires et al Ilhéus BA Editus 2018 356 p il Referências p 345356 ISBN 9788574554747 1 Economia urbana 2 Economia reginal 3 Crescimento urbano I Pires Mônica de Moura II Título CDD 3309 SOBRE OS AUTORES Mônica de Moura Pires é Professora PlenaTitular da Universidade Estadual de Santa Cruz UESC Ilhéus Bahia Leciona Economia Regional no Programa de PósGraduação em Economia Regional e Políticas Públicas PERPP e no curso de graduação em Ciências Econômicas da UESC Possui doutorado e mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa UFV Autora de diversos artigos científicos livros e capítulos de livros sobre desenvolvimento regional Fernando Rubiera Morollón é Professor Titular da Universidad de Oviedo Espanha Autor de inúmeros artigos científicos livros e capítulos de livros sobre Economia Urbana e Regional Em sua linha de pesquisa investiga a influência das cidades sobre o desenvolvimento e especialização dos territórios É professor de Economia Urbana e Regional em programas de graduação e pósgraduação mestrado e doutorado e colabora com várias universidades espanholas e estrangeiras entre elas a Universidade Estadual de Santa Cruz UESC Ilhéus Bahia Tem colaborado como assessor e consultor em prefeituras e governos regionais É assessorespecialista da DG REGIO da Comissão Europeia Andréa da Silva Gomes é Professora PlenaTitular da Universidade Estadual de Santa Cruz UESC Ilhéus Bahia Leciona no Programa de PósGraduação em Economia Regional e Políticas Públicas PERPP e no curso de graduação em Ciências Econômicas da UESC Possui doutorado em Desenvolvimento Rural pelo Instituto AGROPARISTECH França mestrado em Economia pela Universidade Federal da Bahia UFBA Autora de capítulos de livros e diversos artigos científicos sobre desenvolvimento regional Mario Polèse é Professor Emérito do Institut National de la Recherche Scientifique INRS de Montreal Canadá Autor de inúmeros artigos científicos possui uma vasta produção de livros e docência em Economia Urbana Tem colaborado em projetos e cursos com várias universidades da América Latina México Argentina e Colômbia e Europa França Alemanha e Espanha Entre suas obras destacamse The wealth and poverty of regions why cities matter Chicago University Press e Économie urbaine et régionale introduction à la géographie économique Económica Paris A partir desse último livro é que se elaborou o presente texto APRESENTAÇÃO a Quais são os elementos que nos ajudam a explicar o comportamento espacial ou geográfico dos agentes econômicos empresas famílias e instituições Por que certas atividades econômicas se concentram em uma determinada cidade ou em um determinado bairro Podese propor leis econômicas para explicar as decisões de localização das empresas ou dos indivíduos o espaço geográfico Elaboramos um esquema de análise que permite ao leitor compreender passo a passo como as mudanças econômicas de uma sociedade país região ou cidade podem repercutir na sua forma de organização territorial O universo de que tratamos neste livro é um universo de contínuas mudanças e a Ciência Econômica nos ajuda a compreender essas mudanças tecnológicas percepções e modo de vida O livro está elaborado como um manual para disciplinas da graduação e pode ser utilizado em cursos de mestrado para se realizar estudos mais avançados em Economia Urbana e Regional a partir dos exemplos apresentados O texto pode ser útil também para profissionais professores pesquisadores consultores que mesmo sem uma formação avançada em Economia Geografia Econômica ou Urbanismo se interessem por questões de desenvolvimento urbano e regional O livro é composto de três partes A primeira trata dos fundamentos da Economia Urbana e Regional referindose às suas bases conceituais e analíticas e aos fundamentos da Economia de Agregação Na segunda parte apresentamos a Economia Urbana tratando das principais teorias da localização e do impacto da distância e do espaço sobre a atividade econômica A terceira e última parte foca na Economia Regional para compreender a forma e a estrutura das cidades e a localização das atividades econômicas ampliando o conjunto do território e introduzindo as possíveis políticas econômicas para enfrentar as desigualdades entre os territórios Esperamos que este texto possa ser útil de forma que possamos refletir sobre nosso entorno como ocorre e se desenvolve A partir do maior conhecimento de nossa realidade e experiências desejamos ampliar os exemplos aqui expostos e construir um debate mais sólido e consistente sobre Economia Urbana e Regional Os autores Observadas na maior parte dos países embora tratando de particularidades das economias latinoamericanas A perspectiva internacional traz vantagens importantes obriganos a analisar as mudanças e os acontecimentos com mais prudência e sentido crítico separando assim as tendências que não são explicadas por simples acidentes da história ou da geografia É um enfoque indispensável se desejamos chegar a conclusões generalizáveis que não se explicam pelas condições particulares de um país Por outro lado a desvantagem desta perspectiva é que não se encontrará neste livro uma análise detalhada das políticas regionais aplicadas a um país Brasil ou qualquer outro Os textos ou manuais de Economia Urbana e Regional estão situados em dois extremos ou assumem um caráter local e descritivo que limita a possibilidade de conclusões generalizáveis ou são muito abstratos e teóricos não oferecendo uma possibilidade de aplicação a uma situação real Aqui buscamos navegar entre esses dois extremos Às vezes se adota um enfoque comparativo em relação aos dados e experiências dos diversos países fazendo referências a situações da Espanha México e Colômbia por meio das análises efetuadas pelo grupo de investigadores do RegioLab Este é um livro direcionado a estudantes de economia e àqueles que trabalham com outras disciplinas e outros campos do conhecimento urbanismo ordenamento territorial estudos urbanos e regionais economia financeira e imobiliária administração pública ciência regional sociologia urbana gestão municipal Esta perspectiva multidisciplinar se manifesta de duas maneiras primeiro pela linguagem empregada e pelas explicações que tratamos de forma acessível compreensível para qualquer pessoa que possua uma formação universitária Os conceitos e instrumentos da Ciência Econômica são explicados à medida que aparecem no texto A utilização de equações e fórmulas matemáticas se limita ao estritamente necessário para a compreensão dos modelos e análises Em segundo lugar as questões urbanas e regionais servem para introduzir conceitos e instrumentos básicos da Economia PREFÁCIO SEGUNDA PARTE TERCEIRA PARTE PREFÁCIO A atividade humana em geral a econômica em particular ocorre necessariamente em algum ponto no espaço A sua interpretação papel da análise econômica deve necessariamente incorporar a dimensão espacial Historicamente todavia as análises econômicas tradicionais a ignoraram abstraindo a dimensão espacial de sua interpretação É como se toda a atividade econômica coubesse na cabeça de um alfinete Fujita e Thisse 20131 O volume está organizado em três grandes partes fundamentos economia urbana e economia regional A primeira parte lança as bases teóricas que são aplicadas posteriormente na análise dos fenômenos urbanos e regionais com a consideração do papel do espaço e da distância nos fenômenos econômicos As ideias de centralidade e economias de aglomeração são devidamente tratadas As teorias de localização da atividade econômica recebem atenção no segundo capítulo destacandose a preocupação com a concorrência espacial notadamente a localização das atividades terciárias A observação empírica revela que aglomerações urbanas de maior porte tendem a apresentar maior produtividade e custos de vida aspectos tratados em nível conceitual no terceiro capítulo A segunda parte é toda dedicada à análise da economia urbana Desde a pergunta mais simples mas de resposta altamente complexa sobre as causas econômicas do nascimento existência e crescimento das cidades passando pelo seu papel no sistema econômico e os desafios que trazem principalmente por congregarem grande parcela da população quase 80 no Brasil Grandes cidades com seus grandes problemas exigem um entendimento melhor do seu funcionamento do ponto de vista econômico Pessoas mais qualificadas e empresas mais produtivas tendem a escolher grandes cidades ainda que mais caras o que tende a tornálas mais produtivas E a aglomerar atividades e pessoas gerando soluções interessantes para os agentes e problemas coletivos gigantescos como trânsito poluição crime etc Uma temática extremamente atraente que recebe tratamento moderno e profundo A parte de análise regional começa com a discussão do conceito de região Embora todos tenhamos uma ideia intuitiva do que seja a sua utilização como categoria analítica exige cuidado tema esse bem explorado no texto Isso é feito tanto do ponto de vista teórico em que se traz à cena as considerações da Nova Geografia Econômica como do ponto de vista empírico em que se trata de ilustrativo caso concreto na Espanha Conhecidas as regiões por que algumas são ricas e outras pobres A análise das disparidades regionais sua medida e evolução recebe a devida atenção A configuração das disparidades resulta de ritmos de crescimento distintos ao longo do tempo o que traz à tona a necessidade de análise do crescimento regional também tratado com muito cuidado nesta parte A literatura de convergência regional estariam as regiões mais pobres crescendo economicamente a taxas mais altas do que as mais ricas e assim alcançandoas em termos de renda per capita é devidamente considerada aportando aspectos relevantes para a análise do fenômeno regional Especial atenção é dada à política regional tema sempre interessante e que gera interpretações alternativas Seria a disparidade regional seja pela concentração geográfica de produção ou pessoas seja pelas desigualdades em renda padrão de vida etc um problema relevante a ser tratado pela política econômica Se as disparidades representam uma situação de desequilíbrio do sistema econômico cumpre tomar medidas para que os obstáculos ao atingimento do equilíbrio sejam eliminados Nesse caso a política regional seria uma necessidade para aumentar a eficiência global do sistema econômico Porém caso as disparidades constituam uma situação natural de equilíbrio alterálas acarretaria um preço em termos da redução da eficiência global do sistema Tanto um quanto outro caso podem gerar condições de intervenção mas com argumentos políticos distintos Qualquer que seja a origem das iniciativas da política não se pode ignorar por outro lado a escolha dos instrumentos relevantes e adequados a cada caso aspecto também discutido no trabalho Não é o caso neste prefácio fazer uma análise pormenorizada do livro De linguagem clara e didática o texto fala por si Sua boa organização favorece a leitura e o aprendizado de forma que a própria leitura pode ser autoguida Os exemplos e aplicações são sempre relevantes e próximos à nossa realidade ao contrário dos manuais escritos em outros idiomas e traduzidos para o português 21 Ganhamos todos os pesquisadores da área com esta nova contribuição à parcela do universo do conhecimento à qual nos dedicamos Aproveitemos Carlos R Azzoni Professor Titular de Economia Departamento de Economia FEAUSP NEREUS Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP PRIMEIRA PARTE FUNDAMENTOS DA ECONOMIA URBANA E REGIONAL Os três primeiros Capítulos da primeira parte referemse às bases conceituais e analíticas para analisar a escala urbana segunda parte e regional terceira parte Uma questão relevante aqui tratada é como o espaço e a distância afetam a economia Este é o primeiro objetivo abordado no Capítulo 1 no qual se discute o conceito de espaço distância e custos O Capítulo 2 versa sobre esses conceitos a partir dos modelos de localização salientando o papel da distância e da centralidade das dinâmicas espaciais na economia Aqui são tratados os modelos básicos de localização de Weber e Lösch e em seguida apresentase um modelo mais geral da teoria da localização para compreender dinâmicas mais complexas Ao final Capítulo 3 expomos os fundamentos da economia de aglomeração e suas consequências espaciais e econômicas CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO ESPAÇO GEOGRÁFICO NA ANÁLISE ECONÔMICA Qualquer economia qualquer sistema de mercado ou planejamento depende da interação social e portanto da interação espacial Como o tempo o espaço geográfico é uma variável inevitável com a qual o homem convive e em qualquer sistema de produção a existência de atividade econômica implica na presença de relações entre os indivíduos Neste Capítulo introdutório buscamos compreender definir e analisar como as famílias e as empresas se organizam para satisfazer suas necessidades econômicas em função dos limites e das condições impostas pelo espaço geográfico A NOÇÃO DE ESPAÇO NA ANÁLISE ECONÔMICA O espaço assim como o tempo comporta toda a atividade humana O espaço pode ser denominado de território ambiente região país e outros conceitos em diferentes graus e momentos como sinônimos ainda que existam distinções importantes entre eles Antes de avançar na análise sobre como o espaço influencia a atividade econômica é importante destacar os distintos termos que podemos utilizar para nos referirmos a ele Normalmente se utiliza o termo espaço para designar uma realidade abstrata mais geral que engloba um todo sem se deter em particularidades Este é o sentido empregado neste livro Podemos acrescentar aqui também o espaço geográfico social residencial urbano rural teórico geométrico e matemático dentre outros Nosso interesse porém centrase nas relações econômicas entre os seres humanos que denominamos de espaço econômico Ao longo dos Capítulos utilizaremos apenas o termo espaço em um sentido mais ou menos abstrato de acordo com a situação analisada Ao empregar o termo meio ambiente referimonos a um conceito mais vinculado ao entorno natural e às relações entre a atividade do ser humano e a natureza que o rodeia haja vista que essa atividade sofre interferências do seu entorno e do meio ambiente mas também afeta modifica e causa danos ou altera Utilizaremos também com frequência o termo território em um sentido mais jurídico quando nos referirmos a espaço de intervenção política em uma realidade concreta socioeconômica histórica e política Território inclui nessa definição os aspectos legais que variam de acordo com o espaço investigado O conceito de região ou país é mais complexo e nos debruçaremos e delimitaremos sobre ele e sua aplicação no sétimo Capítulo Além disso o espaço não é um termo neutro no sentido econômico Conforme Ponsard 1988 sua introdução na análise econômica não traz qualquer apefeiçoamento E efetivamente veremos que o lugar sua localização suas características mudam a percepção e a decisão dos indivíduos e dos agentes econômicos afetando o modo como interagem entre si Ademais isso ocorre de diversas formas tratadas neste livro visto que a perspectiva predominante na Economia Urbana e Regional está no papel do espaço geográfico como distância que aqui é abordado A DISTÂNCIA Distância e custos de transporte O espaço geográfico e mais especificamente a distância implica em custos tanto para as famílias como para as empresas Percorrer uma distância que separa dois pontos no espaço geográfico exige esforço recurso e tempo Esse custo pode traduzirse de diferentes maneiras custos de transporte de mercadorias custos de comunicação e de informação custos de deslocamento de pessoas dentre outros No entanto partese da ideia de que os custos serão em geral mais elevados quanto maior for a distância Quase todas as atividades humanas são sensíveis à distância A intensidade como ocorrem as mudanças econômicas os movimentos migratórios e os contatos interpessoais tende a diminuir com a distância e aumentar com a proximidade Assim uma região estabelecerá mais relações comerciais com uma região vizinha do que com uma situada do outro lado do mundo a não ser que existam mais obstáculos Além da distância geográfica podem também influenciar na percepção da distância as fronteiras políticas as diferenças culturais ou de língua as diferenças sociais etc Alguns autores como Carnicross 2001 por exemplo acreditavam que o efeito da distância tenderia a desaparecer no entanto a evidência empírica tem mostrado que isso não ocorre Esses fatores frequentemente acentuam o impacto da distância geográfica sobre o comportamento da população e das empresas Nos limitaremos por enquanto a uma definição puramente geográfica do que seja distância Conceitos como custo de interação espacial e de fricção espacial podem também descrever o conjunto dos custos econômicos decorrentes da distância embora seja relevante definir a realidade a ser tratada O termo custos de transporte utilizado neste livro referese a um conceito geral que abarca os mais diversos custos envolvidos para se transportar uma distância incluindo por exemplo os custos de oportunidade A Figura 11 representa para uma dada empresa indústria comércio serviços etc a relação entre distância e preço do produto bem ou serviço à qual são incorporados os custos de transporte Esses custos podem ser pagos pelo consumidor sob a forma de deslocamento para obter a mercadoria ou pelo produtor sob a forma de custos reais de transporte e distribuição da mercadoria Os custos porém devem retratar os custos de oportunidade do tempo relacionado ao deslocamento de uma mercadoria de um local a outro FIGURA 11 Relação entre distância e custos de transporte Fonte Elaboração dos autores O eixo horizontal representa a distância a empresa está localizada na origem do gráfico À medida que nos afastamos da origem maior é a distância em relação à empresa O eixo vertical mede o custo final do produto O nível P1 indica o preço do produto no ponto de produção sem custos de transporte Suponhamos que o custo seja equivalente por exemplo a um real por quilômetro para transportar o produto Este custo representa a curva de transporte T1 que cresce em função da distância de maneira constante Quanto mais acentuada a inclinação mais sensível são os custos de transporte à distância e mais caro será transportar o produto Em cada ponto da distância entre a origem e d ou d o nível de T representa o preço do produto incluindo os custos de transporte Assim o produto custará menos no ponto d que no ponto d devido aos maiores custos de transporte As empresas as famílias e os demais agentes econômicos buscam normalmente minimizar os custos de transporte Generalização da representação dos custos de transporte FIGURA 12 Custos de transporte com quebras no transporte FIGURA 13 Curvas de custo para diversos modos de transporte FIGURA 14 Custo de transporte com economias de escala Distância e custos de oportunidade para empresa Porém em qualquer processo de escolha podese quantificálo ao menos implicitamente Para denominar esse processo de racional é necessário que os atores ao quantificarem suas escolhas levem em consideração que os lucros obtidos sejam superiores aos renunciados custos de oportunidade No exemplo anterior o executivo só irá a São Paulo se os lucros decorrentes de sua viagem forem suficientemente elevados Se o custo de oportunidade do seu tempo é elevado os lucros esperados devem ser também Se houver boa comunicação entre São Paulo e Nova York o custo do transporte será mais baixo e no balanço o saldo será positivo Vamos agora a um povoado do Altiplano peruano onde um pai de família exerce atividades de subsistência Desse trabalho tem para vender batatas outros produtos e uma ou duas cabras As atividades de subsistência não ocupam todo o seu tempo e seus filhos podem ajudálo no campo Esse é um povoado isolado e a população não possui qualquer forma de comunicação por algum meio de transporte daí podemos dizer que não há um verdadeiro mercado de trabalho onde se possa vender o seu tempo Para que esse senhor possa vender seus produtos o mercado mais próximo está a dois dias de pé Suas vendas não proporcionam muito dinheiro porém de qualquer forma fará a viagem No entanto esse comportamento é considerado racional haja vista que se não o fizesse não obteria qualquer renda adicional Isso significa que o custo de oportunidade do seu tempo é baixo O custo de seu deslocamento se limitará praticamente aos custos diretos um pouco de alimento para os animais algumas noites em casa de amigos os gastos para se instalar na praça do mercado etc Podese então dizer que o valor do tempo não revelado pelos custos de transporte difere segundo os contextos Porém é sempre atribuída uma certa função aos recursos escassos neste caso o transporte a expensas de outras funções A necessidade de aproveitar ao máximo os escassos recursos destinados ao transporte forma a base dos modelos econômicos de localização das atividades econômicas Alcançase o ótimo social quando não se pode atribuir outras funções aos recursos destinados ao transporte sem reduzir o nível geral de bemestar econômico da população Este ótimo também denominado de ótimo de Pareto se reflete igualmente na localização da população e nas atividades econômicas Nenhuma atividade econômica pode mudar de lugar sem diminuir o bemestar da sociedade A CENTRALIDADE A ideia da distância e dos custos de transporte conduz à noção de centralidade As relações de troca e as demais relações entre os agentes econômicos dão origem a um lugar central Aqui o termo centralidade referese a um sentido geográfico o lugar é o centro geométrico de um espaço em um sentido de centralização reagrupamento da produção em um lugar Referese ao lugar de produção em um espaço A produção de um bem ou serviço será centralizada ou dispersa A decisão será resultado de duas forças que podem ser opostas os custos de transporte e as economias de escala Veremos que normalmente a empresa busca maximizar as vantagens que pode obter das economias de escala minimizando ao mesmo tempo os custos de transporte Tratamos aqui de decisões de produção da empresa isolada a teoria dos lugares centrais como elemento explicativo dos sistemas de cidades será abordada no segundo Capítulo Centralidade e economias de escala A maioria das atividades econômicas incluindo as atividades do Estado é composta por custos fixos e custos variáveis A curva típica do custo médio de produção por unidade representada na Figura 15 tem formato em U Os custos unitários de produção tendem em princípio a diminuir à medida que a escala de produção cresce Podemos observar que entre as quantidades Q1 e Q2 os custos unitários decrescem Na quantidade Q2 que corresponde a um nível de produção mais elevado o custo unitário do produto se encontra em seu nível mais baixo P2 o que representa um ganho para o consumidor e portanto também em princípio para a sociedade Para denominar o ganho de produtividade atribuído à dimensão da produção se emprega o termo economias de escala O mesmo se aplica aos rendimentos de escala ou rendimentos crescentes FIGURA 15 Tamanho do mercado e custos de produção Fonte Elaboração dos autores Para cada firma há um tamanho ótimo no qual os custos de produção são minimizados A partir daí os custos aumentam e a curva de custos médios tornase ascendente conforme representado na Figura 15 Isso ocorre em função da lei dos rendimentos marginais decrescentes que postula que ao acrescentar continuamente fatores variáveis a um fator fixo de produção como por exemplo um número crescente de trabalhadores destinados a uma mesma máquina a partir de certo momento os resultados obtidos são cada vez menores Em um dado momento o acréscimo de um trabalhador não mais aumentará a produção a menos que sejam aumentados também os fatores fixos Em uma economia de mercado a empresa acaba produzindo a quantidade Q2 que corresponde ao ponto no qual os custos médios de produção são iguais ao custo marginal por unidade Este é também o ponto em que são maximizados os lucros normais Em uma situação de competição pura a empresa será substituída por um competidor se o preço de seu produto for superior ao que corresponde à quantidade Q2 Assumimos assim de maneira implícita que a firma não controla o preço de mercado Aqui nossas representações gráficas se baseiam sempre no seguinte postulado a população está distribuída homogeneamente em todas as direções sobre uma área pouco acidentada uma superfície homogênea Assumimos também que a população tem em todas as partes as mesmas preferências de consumo incluindo o custo de oportunidade dos deslocamentos Restanos ver se a empresa encontrará o mercado que permita realizar economias de escala Na Figura 15 como na Figura 11 o eixo horizontal representa ao mesmo tempo a distância e o mercado e portanto o número de unidades produzidas Mercado e espaço formam parte da mesma realidade Sabemos que espaço significa introduzir custos de transporte A dimensão do mercado e portanto o nível final de produção resultará da combinação entre os custos de transporte e as economias de escala A produção será centralizada em um único lugar se a demanda for suficiente para que a empresa reduza seus custos unitários em relação aos seus competidores Podese observar a arbitragem entre custos de transporte e rendimentos de escala no caso de uma empresa em que as economias de escala não tenham limites A Figura 16 representa uma atividade cujas economias de escala são infinitas Os custos unitários custos médios de produção diminuem toda sua área potencial de mercado Em princípio esta atividade pode dominar todo o território e portanto ter ganhos de monopólio No entanto os custos de transporte fazem o contrapeso de tal maneira que custos unitários de produção começam a aumentar a partir da quantidade Q2 O custo unitário de produção incluindo o transporte está representado pela curva T Voltamos assim à nossa curva normal em U decorrente do impacto da distância sobre os custos de produção FIGURA 16 Custos de transporte e economias de escala T CUSTO TOTAL POR UNIDADE CUSTO DE TRANSPORTE CUSTO MÉDIO DE PRODUÇÃO COM ECONOMIAS DE ESCALA SEM LIMITES CUSTO QUANTIDADE Q1 Q2 KM Fonte Elaboração dos autores Dinâmicas da concentração e dinâmicas da dispersão A combinação simultânea dos custos de transporte e das economias de escala tem o dobro de impacto Por uma parte o efeito combinado de ambos os elementos dará origem à decisão de concentrar ou não a produção em um ponto central Se os rendimentos de escala são importantes mas os custos de transporte são baixos haverá forte concentração da produção No entanto a combinação dos custos de transporte e das economias de escala explica muitas vezes a razão pela qual toda a produção não se concentrará em um único lugar Para que se produza tal concentração os custos de transporte deveriam ser iguais a zero A Figura 17 nos dá uma visão completa do efeito da distância da centralidade e das economias de escala O espaço é entendido em ambas direções o mesmo símbolo d representa uma distância equivalente em relação ao ponto central p da cidade i O que indica a figura Se são produzidas pequenas quantidades produto familiar por exemplo o produto x estará disponível em toda parte ao preço P2 Se a produção estiver centralizada no ponto i o preço unitário cairá para P1 Se o estabelecimento puder encontrar uma demanda equivalente dentro da área de mercado esta corresponderá à distância D Conforme representado na Figura 17 é precisamente na distância D que o impacto dos custos de transporte compensa o impacto das economias de escala Além de D por exemplo no ponto D o consumidor poderá tirar proveito da produção familiar do produto x FIGURA 17 Área de mercado economias de escala e centralidade geográfica Z2 A B Z1 Z3 DISTÂNCIA ENTRE Z1 E Z3 1414 KM Z4 DISTÂNCIA ENTRE Z1 E Z4 10 KM CUSTOS DE PRODUÇÃO E CUSTOS DE TRANSPORTE COM ECONOMIAS DE ESCALA CUSTO UNITÁRIO DE PRODUÇÃO SEM ECONOMIAS DE ESCALA PRODUÇÃO DISPERSA CUSTO UNITÁRIO DE PRODUÇÃO AO PONTO i COM ECONOMIAS DE ESCALA SE MERCADO DD Fonte Elaboração dos autores Para ilustrar o exposto anteriormente e determinar quais bens e serviços serão produzidos de maneira centralizada ao invés de dispersa ou familiar imaginemos um povado rural i no centro da região A com uma padaria em que o forno tem uma capacidade máxima de produção de 100 pães em cada processo Assar 25 pães custa 920 unidades monetárias por pão enquanto assar 100 custa 475 por pão devido às despesas fixas pela utilização do forno A partir de 100 pães os custos variáveis formado sobretudo por salários aumentam rapidamente fazendo com que os custos marginais superem os custos médios por unidade O melhor preço é 475 unidades monetárias Esta relação está ilustrada no Quadro 11 Recordemos que o conceito de custo inclui sempre a remuneração do empresário ou investidor denominado também de lucro normal QUADRO 11 Cálculo dos custos unitários de produção para um estabelecimento hipotético A B C DBC EDA F Quantidade Custo fixo Custo variável Custo total Custo médio por unidade Custo marginal um um um um um 1 0 17500 000 17500 17500 2 1 17500 200 17700 17700 3 25 17500 5500 23000 920 221 4 50 17500 12000 29500 590 260 5 75 17500 19500 37000 493 300 6 100 17500 30000 47500 475 420 7 125 17500 42500 60000 480 500 8 150 17500 57000 74500 497 580 9 175 17500 80500 98000 560 940 10 200 17500 112000 129500 648 1260 O custo marginal foi calculado para incrementos de 25 unidades Fonte Elaboração dos autores As famílias da região podem também produzir seu próprio pão em casa a um custo médio de 500 unidades monetárias por pão durante 15 minutos para comprar um pão a 475 unidades monetárias pois economizarão 025 unidades monetárias por cada pão Assim o custo de oportunidade do tempo de deslocamento é implicitamente de 025 unidades monetárias Em um raio que se pode percorrer em 15 minutos poderia atrair um mercado adicional de 10 famílias 20 pães Mesmo assim a demanda continua insuficiente pois faltariam ainda cinco clientes Assim não haverá produção centralizada de pão sobretudo por conta dos custos de transporte QUADRO 12 Cálculo dos custos unitários de produção para um estabelecimento hipotético após redução dos custos fixos A B C DBC EDA F Quantidade Custo fixo Custos variáveis Custo total Custo por unidade Custo marginal 50 um um um um um 1 0 12500 000 12500 12500 2 1 12500 200 12700 12700 3 25 12500 5500 18000 720 221 4 50 12500 12000 24500 490 260 5 75 12500 19500 32000 427 300 6 100 12500 30000 42500 425 420 7 125 12500 42500 55000 440 500 8 150 12500 57000 69500 463 580 9 175 12500 80500 93000 531 940 10 200 12500 112000 124500 623 1260 Fonte Elaboração dos autores A minimização dos deslocamentos isto é os custos de transportes é a base do conceito de centralidade O conceito de centralidade não se limita às atividades comerciais Se aplica também a oferecer um serviço eficiente a uma população por exemplo quando se trata de uma sala de espetáculos um lugar de culto um escritório etc Aqui a palavra eficiente é utilizada para expressar a minimização do tempo de deslocamento e os demais custos de interação espacial para o maior número de usuários O conceito de centralidade se aplica igualmente a qualquer sistema central de governo de armazenamento e de distribuição Os primeiros povoados humanos que poderíamos chamar de cidades desempenhavam frequentemente funções espirituais e administrativas Assim a religião e a administração pública são tratados como bens econômicos bens mercantis na medida em que respondem a uma demanda e sua produção exige a utilização de recursos escassos No entanto o financiamento e o consumo desses bens não se realizam por meio dos mecanismos de mercado Por exemplo uma igreja com capacidade para 200 fiéis e cujos custos manutenção do edifício remuneração do clero e demais gastos devem ser cobertos por contribuições voluntárias dos fiéis convém que esteja localizada onde possa maximizar a probabilidade de atrair 200 fiéis A concentração de estabelecimentos no centro geográfico do mercado está ilustrada na Figura 17 À medida que nos distanciamos do ponto i os custos aumentam no espaço O consumidor A se encontra na área de mercado do lugar central o consumidor B está demasiadamente distante SÍNTESE DO CAPÍTULO O objetivo deste primeiro Capítulo foi apresentar os conceitos básicos da Economia Regional i o conceito de distância e sua relevância na análise econômica ii o conceito de centralidade que surge a partir da relevância da distância e da posição e iii a 45 interação das forças concentradoras principalmente na busca de economias de escala das forças centrífugas que geram os custos de transporte A compreensão dessas ideias em profundidade nos orienta na análise que realizaremos a respeito das decisões de localização segundo Capítulo O leitor pode utilizar os conceitos expostos para começar a compreender os procesos de concentraçãodispersão dos distintos setores Algumas atividades tendem a se concentrar fortemente no espaço devido às economias de escala frente aos custos de oportunidade e transporte Outras atividades entretanto se dispersam quase que homogeneamente nas regiões e nos países justamente pelo contrário Uma atividade interessante para integrar os conceitos vistos neste primeiro Capítulo é observar os distintos setores com distintas dinâmicas concentradoras ou dispersoras além de buscar compreender usando os conceitos apresentados até aqui as causas de tais diferentes dinâmicas Em todo caso este é o aspecto que vamos aprofundar no Capítulo seguinte CAPÍTULO 2 TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS A primeira aplicação por detrás da compreensão da relevância do espaço da distância e da centralidade na análise econômica está nos padrões de localização das empresas e mais amplamente na atividade econômica As primeiras teorias no campo da análise da economia espacial são as teorias da localização Elas são a base da teoria da renda da terra na qual se baseiam os primeiros modelos urbanos Dedicamos o segundo Capítulo a reexaminar as principais teorias da localização no espaço nacional LOCALIZAÇÃO E DIMENSÃO ESPACIAL A introdução dos conceitos básicos de distância e de centralidade no Capítulo anterior fez com que nos referíssemos aos processos de dispersão e de concentração da atividade econômica o que significa entrar no terreno da análise das teorias da localização Geralmente as teorias da localização de uma empresa são formuladas em função de um espaço teórico abstrato frequentemente denominado espaço homogêneo cujas dimensões não são relevantes Este é o caso da maioria dos modelos que apresentaremos aqui Uma teoria geral adequada deveria ser aplicável a todos os espaços pequenos ou grandes De maneira implícita os modelos tratados neste Capítulo se aplicam sobretudo a grandes territórios nacionais A questão da O MODELO DE LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES INDUSTRIAIS DE WEBER Apresentando o modelo clássico de Weber O formulador das teorias econômicas de localização industrial foi o economista alemão Alfred Weber cuja obra Über den Standort der Industrie A Localização da Indústria publicada em 1909 é um clássico na literatura sobre esse tema A análise a seguir se inspira principalmente no modelo de Weber mas também nos escritos de Beckman 1968 Isard 1956 e Hoover 1948 que também são clássicos Os trabalhos desses autores vão além do campo da localização industrial pois abrangem o conjunto de atividades econômicas o qual também nos servirá de referência em outras seções Tradicionalmente as teorias da localização industrial se referem às atividades manufatureiras Podemos também tratar de teorias da localização das indústrias de plantas ou de atividades manufatureiras em oposição aos serviços ou atividades comerciais Tratase de compreender a geografia de unidades estabelecimentos dedicada à produção de objetos materiais o transporte do produto final o peso dos insumos materiais e as relações físicas da produção são fatores variáveis importantes Em qual lugar os custos de produção serão menores Como calculálos Em uma economia de mercado a empresa busca normalmente instalarse em um lugar onde os custos são menores Apenas sobrevivem em um panorama econômico as empresas que escolherem os melhores locais onde os custos são efetivamente mais baixos Quer se trate de decisões racionais dos agentes econômicos ou de competição o mercado acaba impondo seu modelo de localização Explicar a localização das empresas industriais significa calcular por que tal ou qual deslocamento é mais econômico que outro Temos visto que a centralização da produção pode gerar importantes benefícios Isto nos ajuda a compreender a existência das cidades mas não diz o por quê de uma empresa preferir uma cidade ao invés de outra Por que certos lugares possuem mais vantagens de localização que outros Apresentamos aqui a questão do ponto de vista da empresa Para fabricar um objeto quer seja uma tonelada de aço ou um telefone móvel é necessário reunir em um lugar os elementos indispensáveis para construílos ou transformálos e depois encaminhar o produto final ao mercado Como sugere Weber suponhamos uma empresa hipotética Fixemos primeiro os postulados que definem o universo no qual são tomadas as decisões de localização é possível deixar de lado esses postulados para retornar ao modelo mais complexo Primeiro apresentaremos apenas as condições iniciais do modelo de Weber a a região é plana e sem obstáculos geográficos b a localização dos insumos materiais é conhecida c o mercadoalvo é conhecido d a demanda é perfeitamente elástica e os custos de transporte são uma função linear da distância f os custos de mão de obra são dados e não variam de um lugar para outro g as tecnologias a função de produção são conhecidas e fixas Suponhamos uma empresa que fabrica um produto final com dois elementos os demais insumos são pouco importantes nos custos de produção no sentido em que os custos não variam no espaço Imaginemos por exemplo uma planta do setor de siderurgia em que as duas matériasprimas são ferro F e carvão C Suponhamos que para cada insumo haja uma única jazida ou seja os pontos F e C respectivamente para ferro e carvão Estamos assim diante de um cenário econômico onde aparecem três pontos o mercado M e as jazidas de recursos naturais F e C Empty A F15C12 T FuFcCuCCAc Atualizando o modelo de Weber e reflexões gerais A análise feita até agora está restrita a uma série de postulados ou suposições apresentadas anteriormente Sob essas restrições do modelo clássico de Weber a conclusão é que a atração geográfica exercida por um elemento venda ou insumo é em função do seu peso na função de produção da empresa e de seus custos de transporte Se os custos de transporte são suficientemente elevados exercerão uma influência determinante na decisão de localização Dizer que os custos de transporte de um bem são elevados equivale a tratar o bem com pouca mobilidade geograficamente Quando os custos de transporte são infinitos tratase de um fator fixo para poder consumilo é necessário estar próximo a ele a terra é o melhor exemplo de fator fixo daí a noção de renda da terra que veremos no quinto Capítulo Agora uma primeira reflexão importante é estar ciente de que há muitos produtos finais que proporcionalmente custam mais caro transportar para o mesmo peso físico que os insumos pois são mais frágeis e mais perecíveis ou mesmo porque devem chegar rapidamente ao consumidor Podemos mencionar como exemplo as indústrias orientadas ao mercado a os jornais e as revistas O produto final a publicação deve chegar o mais rápido possível à casa do leitor b as padarias e as lanchonetes O produto final é muito mais perecível que os insumos farinha açúcar etc c a indústria da moda em certos casos modelos exclusivos O produto final se faz de acordo com o pedido do comprador ou com a estação do ano Quanto menos padronizado for o produto final mais personalizado será o que supõe contatos frequentes com o consumidor o custo desses contatos é parte dos custos de transporte e portanto maior será a atração do mercado Em contrapartida quanto mais distante for o processo de produção do consumidor final mais facilmente ele será atraído por outras localizações Assim a indústria têxtil padronizada em princípio é menos sensível à atração de mercado do que a indústria de alta costura e de roupa sob medida O modelo weberiano é útil para explicar a orientação geográfica das indústrias cujos processos de produção são dominados por alguns insumos e materiais Contudo as funções de produção das indústrias modernas são cada vez mais complexas É difícil que um fator realmente predomine sobre os demais e mais difícil ainda que o insumo determinante seja material ou tangível Cada vez mais se impõem fatores intangíveis saberfazer informação externalidades de todo tipo etc Considerando a importância dada às relações físicas de produção o modelo weberiano proporciona um marco útil para compreender o impacto do progresso tecnológico nas tendências da localização industrial Alguns exemplos a à medida que se tornam mais eficientes os métodos de produção a relação insumosvendas diminui Hoje em dia se utilizam menos árvores para produzir a mesma quantidade de papel e menor quantidade de minério de ferro para produzir a mesma quantidade de aço b o progresso tecnológico multiplica as possibilidades de substituição É cada vez mais frequente a possibilidade de substituir um insumo mais pesado ou volumoso por um A análise do peso dos custos de transporte sobre as vantagens de uma localização nos leva a introduzir o conceito de ganho decorrente da localização Adicionamos agora outro postulado do modelo básico de Weber a existência de várias fontes de insumo Suponhamos sempre um único ponto de mercado B mas duas possíveis fontes X e Y para o mesmo insumo F Suponhamos também que o preço unitário de F sem transporte é de 600 unidades monetárias no ponto X e de 500 no ponto Y A entrega de uma unidade de F no mercado custa 200 um aos produtores situados em X e 500 um aos produtores situados em Y o que significa um preço do produto no mercado de 800 um para F proveniente de X e de 1000 um para F proveniente de Y Desta maneira os produtores situados em X assumirão o mercado de F pois o produto custa 200 um menos por unidade Suponhamos que Y é efetivamente a única fonte alternativa de X ou ao menos que nenhuma outra fonte seja possível de ser introduzida em F no mercado a um preço inferior a 1000 um Neste caso por que razão os produtores situados em X se limitarão a vender F a 800 um Seu produto suporta uma concorrência a preços inferiores a 1000 um Assim levará F ao mercado a um preço inferior a 1000 um por exemplo a 995 um por unidade A diferença entre 800 um o custo real de produção e 995 um ou seja 195 um denominamos ganho benefício ou renda e neste caso é decorrente da localização Por que se fala em ganho Primeiro porque as receitas adicionais dos produtores situados em X são resultado da localização e do esforço adicional de sua parte O valor de 195 um a mais por unidade de F não é fruto de uma produtividade superior Pelo contrário no exemplo ao outra fonte é mais eficiente no sentido de que o seu preço no local de produção é inferior ao de X Tratase de ganho de localização porque os ganhos adicionais dos produtores situados em X são estritamente atribuídos à sua localização já que têm custos de transporte inferiores aos de seus concorrentes A inelasticidade da oferta é fundamental no conceito de renda as fontes possíveis de F são fixas Se a oferta não fosse fixa se dependesse do tipo de tecnologia ou da eficiência das empresas e não de condições naturais outros produtores poderiam ingressar no mercado oferecendo o produto pelo mesmo preço básico que o produtor mais eficiente ou seja 800 um em nosso exemplo Em um mercado competitivo caracterizado pela elasticidade da oferta e ausência de barreiras à entrada nenhum produtor pode em princípio obter rendas extras A noção de renda se aplica sobre todas as vantagens naturais difíceis de serem modificadas a curto prazo Entretanto as vantagens naturais raras vezes são imutáveis como já vimos O termo renda designa igualmente as receitas adicionais de empresas e indivíduos decorrente de certos privilégios como por exemplo medidas protecionistas ou direitos de monopólio Podemos empregar o termo renda desde o momento em que um agente econômico aproveita uma situação que não está diretamente relacionada à sua capacidade produtiva O conceito renda de localização significa que cada localização tem vantagens que lhe são próprias No exemplo as vantagens são atribuídas à existência dos custos de transporte Isto significa que sempre haverá renda de localização mesmo que não haja diferenças geográficas de clima de fertilidade do solo de dotação de recursos etc na medida em que a distância implique custos econômicos Os ganhos decorrentes da renda são repartidos entre os distintos agentes econômicos proprietários da terra governo por meio dos impostos empresas e trabalhadores Do exemplo anterior podese supor que os trabalhadores organizados em sindicatos informados de que a empresa situada no ponto X tira proveito de uma renda requererão salários mais elevados ou que o município aplique à empresa impostos sobre as receitas adicionais Lançamos assim dois postulados a linearidade dos custos de transporte e a área geográfica Vimos no primeiro Capítulo que os custos de transporte são sensíveis às economias de escala Examinemos agora o impacto dos pontos de interrupção do transporte frete sobre a sua evolução As interrupções no transporte são frequentemente decorrentes da geografia rios praias montanhas etc e implicam aumentos nos custos de transporte decorrentes de custos de deslocamento e manutenção Voltamos ao triângulo de localização Figura 21 Quais oportunidades são oferecidas à empresa Valendose dos valores t e d equação 24 é possível estabelecer que o custo mínimo se situe em diferentes pontos dentro do triângulo mesmo entre o mercado e os insumos As simulações e as possíveis localizações são quase infinitas Na realidade porém as opções da empresa são limitadas Para compreender o porquê é necessário levar em consideração os pontos de interrupção do transporte se entre dois pontos Suas opções se limitariam a pontos onde de qualquer maneira assumiria os custos de deslocamento e manutenção Em geral essas opções se referem a três tipos de localização o mercado o ponto de origem de um insumo e o ponto de interrupção do transporte Este último explica em parte o fato de as cidades se localizarem próximas a vias fluviais ou em zonas costeiras conforme salientamos no Capítulo anterior Outras considerações podem ser introduzidas ao modelo básico lançando outros postulados a a existência de economias de escala e de externalidades A sensibilidade das empresas às economias externas se puder contabilizálas terá como efeito induzilas a se localizarem onde essas economias sejam maximizadas Quanto mais complexa sua função de produção incluindo insumos diversos e variáveis mais sensível deverá ser às economias de aglomeração b a existência de diferenças espaciais sobre o custo da mão de obra Implicitamente nosso modelo básico considera que não há distorções no mercado de trabalho as diferenças de salário são resultado de diferenças na produtividade Em tal universo a ideia de mão de obra barata não tem sentido já que se supõe que os salários devem se ajustar às diferenças de produtividade e que não devem interferir na decisão de localização Porém sabemos que os ajustes nem sempre ocorrem de maneira automática as diferenças persistem como estudaremos mais adiante Os salários interferem nas decisões de localização na medida em que variam proporcionalmente à produtividade ou inversamente se a produtividade variar de uma região para outra com salário igual O impacto dos salários na decisão de localização da empresa dependerá então do peso do fator trabalho em sua função de produção a a presença na função de produção da empresa de insumos não materiais serviços informação assessorias Nas atividades manufatureiras e sobretudo nas atividades de tecnologia avançada os insumos não materiais ocupam um lugar importante Essas atividades são muito sensíveis aos custos de comunicação Os custos de comunicação na matriz podem influenciar na decisão de localização das filiais Outras variáveis podem ser introduzidas no processo de decisão da localização segundo as circunstâncias e condições locais Muitas vezes as decisões de localização partem de condições afetivas ou subjetivas lugar de nascimento do proprietário preferências culturais ou idioma preferência decorrente de algum evento marcante etc Porém o resultado final da soma de todas essas decisões se deve tanto às regras de mercado como à racionalidade dos agentes econômicos Sobreviverão empresas que tomarem a decisão de localização mais adequada Isto nos leva à questão da concorrência espacial O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH Concorrência espacial A Figura 22 representa um corte transversal e um plano de um cenário econômico de três distintas empresas A B e C cada uma com uma curva de transporte TA TB e TC Temos aqui uma ampliação da Figura 17 que resume as ideias expostas no primeiro Capítulo A área de mercado da empresa B está circundada em cada um dos lados pelas outras duas empresas Assumimos que as três produzem o mesmo bem ou serviço e portanto concorrem entre si O economista alemão August Lösch em seu livro Die Räumliche Ordnung der Wirtschaft publicado em 1944 foi quem delineou os conceitos básicos de um local econômico ideal É seu mérito ter demonstrado a partir de um esquema dedutivo que um local econômico normal incluindo os pontos de produção e as áreas mercado se desenvolve seguindo um padrão mesmo se não houver obstáculos geográficos ou fronteiras políticas Em toda parte se observam regularidades na distribuição das atividades econômicas FIGURA 22 Divisão dos mercados corte transversal e plano A Figura 22 ilustra uma situação ideal de equilíbrio As suposições que estão implícitas são a ausência de externalidades b distribuição homogênea da demanda c custos de produção comparáveis para todas as empresas indicados pela linha P1 o que significa que as tecnologias são as mesmas em qualquer local d custos de transporte como função linear da distância sobre todo o território Nessas condições todas as empresas se encontrarão com idênticas áreas de mercado Tradicionalmente as áreas de mercado são representadas por meio de hexágonos pois esta forma geométrica permite projetar uma área econômica de um território sem espaço vazio entre as áreas As fronteiras entre as áreas de mercado são os pontos de ligação entre as curvas de transporte i e j Tratase em princípio de um ótimo social sem lucros exorbitantes para as empresas Se tais lucros existirem um novo produtor poderá vir a se estabelecer para absorver parte do mercado oferecendo o produto a um preço inferior a P1 o que obrigaria os demais a se ajustarem ao novo preço A livre entrada é essencial para a eficiência dos mercados Por outro lado as empresas não produzirão se as áreas traçadas na parte inferior da Figura 22 não proporcionarem receitas suficientes para cobrir seus custos de produção Em princípio todas as empresas acabarão produzindo quantidades que correspondem às condições ótimas custo marginal custo médio preço mais detalhes sobre esses aspectos consultar um manual de microeconomia básica O efeito protetor do espaço O tamanho dos mercados depende de duas variáveis os custos de produção da empresa e os custos de transporte A divisão geográfica dos mercados é resultado da interação espacial isto é FIGURA 23 Divisão dos mercados em função de obstáculos geográficos FIGURA 25 Exemplo de variação nos custos de transporte FIGURA 24 Impacto de uma redução dos custos de transporte FIGURA 25 Impacto de uma redução dos custos de transporte com diferentes produtividades Impacto da melhoria dos meios de transporte e infraestrutura Com esta simulação podemos extrair algumas conclusões sobre o impacto de melhoria dos meios de transporte e comunicação a em princípio favorecerá a concentração da produção em favor das empresas mais eficientes Mesmo se não houver custos de transporte toda a produção de um certo produto se concentrará no ponto mais eficiente desde que os rendimentos decrescentes e as deseconomias de aglomeração não sejam um obstáculo b a dimensão dos mercados e as condições de concorrência espacial serão constantemente modificadas Nenhum mercado está totalmente protegido do avanço das comunicações c haverá efeitos opostos se analisarmos sob o ponto de vista das empresas e dos trabalhadores ameaçados ou dos consumidores e das empresas em expansão Para o conjunto da sociedade se traduzirá em uma maior eficiência e especialização da produção Porém os ganhos de eficiência podem gerar custos sociais fechamento de fábricas mobilidade de mão de obra etc A TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS DE CHRISTALLER Nas seções anteriores descrevemos o processo de localização de uma empresa e em seguida como se localizam as empresas de um mesmo ramo de atividade e como dividem o mercado entre si Agora examinaremos uma economia baseada em uma gama diversificada de produtos bens e serviços em que cada uma tem sua própria função de produção O tamanho ótimo de um mercado será diferente de um produto para outro Diante de uma variedade de unidades de produção perguntase que forma deverá ter a organização espacial da economia Cada ramo de atividade terá sua própria organização espacial Surgirá um sistema espacial interrelacionado e interdependente A resposta a essas questões está na teoria dos lugares centrais que teve sua origem na obra Die Zentralen Orte in Süddeutschland publicada em 1935 do geógrafo alemão Walter Christaller Christaller observou que a distribuição das cidades no Sul da Alemanha não era ao acaso Ao contrário as cidades pareciam seguir uma rigorosa lógica matemática A partir das primeiras observações empíricas surge a noção de que as atividades econômicas e as populações se distribuem no espaço de maneira ordenada originando hierarquias redes ou sistemas urbanos Foi Lösch quem mais tarde lançou os fundamentos econômicos ou teorias do modelo dos lugares centrais O modelo econômico completo proposto por Lösch se aplicava em princípio ao conjunto de ramos de atividade Seus pressupostos espaço homogêneo entrada livre ausência de distorções nos custos de produção etc estão no modelo puro de concorrência espacial que acabamos de expor Figuras 22 a 25 Nesse sentido a teoria dos lugares centrais é uma extensão dos modelos de concorrência espacial Hierarquias de produtos e cidades Por que razão alguns lugares são denominados de lugares centrais Sabemos que toda empresa busca normalmente localizarse no centro geográfico do mercado em função do princípio da centralidade primeiro Capítulo Sabemos também que as empresas que buscam oferecer produtos às mesmas populações mas cujos produtos podem ser diferentes têm interesse em se agrupar mais detalhes no terceiro Capítulo Em suma as empresas cujas áreas de mercado são comparáveis se agrupam em um mesmo lugar para formar o que se denomina de lugar central Porém os lugares centrais podem ter diferentes tamanhos Quanto maior a população e quanto mais clientes venham de locais distantes mais importante será o lugar central O resultado desse processo é uma hierarquia de lugares centrais de diferentes tamanhos Por que uma hierarquia é um sistema organizado A resposta está relacionada às condições de produção e consumo dos diferentes bens e serviços É possível construir uma hierarquia de bens e serviços O conceito de hierarquia se aplica sobretudo ao setor terciário comércio e demais serviços por razões que explicaremos mais adiante Assim a teoria dos lugares centrais se apresenta às vezes como uma teoria da localização de atividades terciárias em oposição às teorias da localização industrial No entanto segundo Lösch se tratava de um modelo geral de localização das atividades econômicas Sabemos que a decisão de concentrar em um único lugar ou não a produção de um bem ou serviço é em grande parte resultado da intermediação entre economias de escala e custos de transporte conforme abordado no primeiro Capítulo Quanto mais importantes as economias de escala e mais baixos os custos de transporte maior a probabilidade de a produção se concentrar em apenas um lugar No caso de bens e serviços de consumo final muitas vezes o consumidor assume os custos de transporte sob a forma de deslocamentos O custo real dos deslocamentos incluindo o custo de oportunidade será afetado pela importância financeira da compra e pela frequência do consumo O consumidor estará disposto a se deslocar mais para adquirir certos produtos do que para adquirir outros Nem todos os bens e serviços têm a mesma importância portanto é possível frequente os custos de transporte são elevados outra evidência de que os elementos b c e d estão de fato interrelacionados Portanto em qualquer região povoada padarias serão encontradas com maior frequência do que médicos especialistas ou lojas que vendem refrigeradores As oportunidades de encontrar nas proximidades um hospital com especialistas ou um grande armazém são menores do que de encontrar uma banca de jornais ou uma mercearia que o preço mínimo do bilhete de entrada seja dado pelo mercado e que a taxa de presença no teatro seja de aproximadamente 11500 habitantes Suponhamos também que o público admita se deslocar até o teatro desde que a distância não seja superior a 200 quilômetros Daí podemos deduzir que o teatro procurará se instalar no centro geográfico de uma zona em um raio de 200 quilômetros e que tenha uma população de pelo menos 5 milhões de habitantes O teatro necessariamente localizase em um nível superior da hierarquia urbana Consideremos um outro caso extremo uma atividade mais cotidiana de consumo frequente como por exemplo uma padaria Neste caso o consumidor não estará disposto a caminhar mais de um quilômetro para comprar pão ao preço corrente de mercado Daí podemos deduzir que haverá dependendo da densidade populacional padarias a cada intervalo de dois quilômetros Haverá padarias em todos os lugares centrais da hierarquia urbana do mais alto ao mais baixo nível apresentase de acordo com o modelo Basta observar os mapas de regiões principalmente agrárias como as planícies norteamericanas os planaltos da Ucrânia e Rússia ou os pampas da Argentina para se dar conta de que as cidades estão distribuídas homogeneamente A LOCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS INTENSIVOS EM CONHECIMENTO Examinemos agora a localização dos estabelecimentos que oferecem serviços superiores intensivos em conhecimento e ou tecnologia O comércio desses serviços não requer forçosamente o deslocamento do consumidor daí tornase difícil definir limites precisos das áreas de mercado dessas atividades mais intensivas em conhecimentos e ou tecnologia já que diferem do setor terciário geral mais tradicional cuja lógica de localização se baseia na teoria dos lugares centrais mais sensível ao mercado for uma indústria quanto mais elevados forem os custos de transporte do produto final mais fiel será seu modelo de localização à teoria dos lugares centrais 75 teoria dos lugares centrais As ideias expostas a seguir baseiam se no trabalho teórico de Coffey e Polèse 1988 e nos trabalhos empíricos de Rubiera 2005 e Polèse Rubiera e Shearmur 2007 Um modelo simples de localização de atividades intensivas em conhecimento Para produzir como uma fábrica um escritório de serviços avançados deve reunir insumos e vender serviços Porém diferente de uma fábrica os insumos e as vendas do escritório são intangíveis Não obstante da mesma maneira que uma fábrica compra transforma e vende mercadorias podese dizer que um escritório de serviços compra transforma e vende informação e conhecimento E como no intercâmbio de mercadorias os intercâmbios de informaçãoconhecimento implicam custos de transporte Porém para o conhecimento ou a informação é mais apropriado denominarmos de custos de comunicação e ou transmissão Supondo que para o modelo de Weber nos encontremos diante de um problema de minimização de custos formulamos um modelo original de COFFEY POLÈSE 1988 que se resume em uma equação simples T uI cl uL rL cH 26 em que T custo total de produção de uma unidade vendida H H unidade vendida por exemplo uma hora de assessoria técnica l unidades de informação necessárias para a produção de H medidas em horahomem L unidades de mão de obra especializada necessárias para a produção de H medidas em horahomem u custo unitário do insumo em salários comissões etc c custo unitário de comunicação por hora por quilômetro em gastos com telecomunicações correio deslocamentos incluindo o custo de oportunidade dos deslocamentos e reuniões r custo unitário de recrutamento por horahomem do tempo destinado à pesquisa e manutenção de recursos humanos especializados A atividade intensiva em conhecimento para decidir sua localização buscará minimizar o valor de T Muito semelhante ao exposto na equação 23 Como na formulação weberiana do problema de localização industrial suponhamos que os elementos da equação 26 são os principais fatores que determinam as variações espaciais dos custos de produção Portanto as decisões de localização não seriam muito influenciadas por outros custos como aluguel do escritório demais custos de mão de obra custos de equipamento do escritório etc Recordemos o que analisamos neste Capítulo a respeito da localização interurbana ou interregional O custo do espaço do escritório influencia na localização intraurbana a escolha de um bairro ou uma rua como veremos no quinto Capítulo mas seu impacto é marginal na decisão de uma localização dentro do território nacional Uma atividade intensiva em conhecimento não irá se localiza em uma pequena cidade do interior da Bahia mesmo se o custo do espaço for menor que em sua capital Salvador Mesmo na formulação de Weber o preço do solo não é um fator de localização industrial importante O modelo CoffeyPolèsse postula resumidamente que a mão de obra especializada e a informação são os dois principais recursos escassos que orientam as decisões de localização das atividades intensivas em conhecimento Nesse sentido o modelo se aplica a outras atividades intensivas em knowhow como os setores de alta tecnologia O modelo destaca os insumos cujos custos podem variar de um ponto do espaço a outro enquanto na teoria dos lugares centrais se enfatiza o acesso ao mercado e à distribuição espacial da demanda Vejamos agora com mais detalhes os elementos da equação 26 97 Podem ser observados resultados semelhantes para todos os países listados no Quadro 31 A relação PIBpopulação PIB per capita é mais elevada na cidade Ademais atingese sempre o nível mais elevado nas maiores cidades do país Na literatura especializada encontramos inúmeros trabalhos que buscam captar o efeito das aglomerações sobre a produtividade a renda e os salários Salientamos aqui aqueles que mediram a relação entre produtividade e aglomeração como Ciccone e Hall 1996 Combes 2000 Combes Duraton e Cobillon 2008 e Artis Miguelez e Moreno 2012 entre outros Um dos modelos mais interessante pela simplicidade foi desenvolvido pelo economista Antonio Ciccone Nele o autor coloca a média da produtividade de uma área em função da densidade do emprego como uma medida do grau de urbanização inferindo que maior tamanho urbano implicaria em maior disponibilidade de diferentes tipos de emprego ou densidade de trabalhadores A partir disso estimou econometricamente esta relação para Alemanha Reino Unido França e Itália encontrando sempre uma relação positiva pois quando uma cidade dobra de tamanho incrementa a produtividade média entre 45 e 5 Este modelo foi aplicado a outros países e obteve resultados semelhantes com percentuais variando entre 3 e 6 de aumento na produtividade quando o tamanho urbano dobrava Este enfoque foi reproduzido para o caso espanhol usando dados locais fornecidos pelo Instituto de Estudios Fiscales O trabalho completo está disponível em Diaz Fernández e Rubiera 2016 que aplicaram o modelo econométrico à realidade espanhola6 Os resultados sintetizados no Quadro 32 são semelhantes ao encontrado para outros países quando uma cidade espanhola dobra de tamanho a sua produtividade agregada é incrementada em média aproximadamente em 33 6 São introduzidas variáveis de controle para evitar problemas de endogeneidade das variáveis instrumentais O modelo foi estimado por regressão quantílica Toda a aplicação para a Espanha seguiu o modelo original de Ciccone 109 do centro de documentação pois também aqui depende do tamanho do estabelecimento Em resumo a qualidade do serviço médico ou do sistema de educação e o tamanho urbano estão muitas vezes associados aprofundaremos essas questões no quarto Capítulo ao tratarmos dos processos de urbanização e êxodo rural AS LOCALIZAÇÕES DE SUCESSO Localizações que aproveitam simultaneamente dinâmicas de agrupamento e urbanização Ao longo deste Capítulo buscamos analisar de modo independente as duas principais externalidades derivadas da aglomeração as economias de localização e as economias de urbanização tratando de compreender seus efeitos separadamente Contudo as indústrias buscam aproveitar simultaneamente ambas dando lugar a espaços dentro ou muito próximos de grandes aglomerações urbanas os quais produzem fortes concentrações de indústrias similares ou indústrias com intensas sinergias entre si Quando existe um espaço desse tipo acaba se tornando uma área muito exitosa com crescimentos superiores ao resto do território do qual fazem parte pois aproveitam todas as externalidades decorrentes da aglomeração Esses espaços são ainda mais exitosos quando se retiram os efeitos devido à globalização O fenômeno da globalização consiste essencialmente em uma integração crescente dos mercados de bens e serviços pela melhoria nas tecnologias de transporte e comunicações Isto é as fronteiras entre os países diminuem e geram assim um grande mercado mundial As cidades continuam exercendo o papel que apontamos no Capítulo anterior distribuição e serviços associados ao comércio porém em uma escala internacional Como consequência qualquer atividade econômica se torna mais complexa e dependente de serviços de apoio para se manter nos mercados internacionais e exportar os produtos 127 Por outro lado a maioria dos países em desenvolvimento e portanto a maior parte dos países da América Latina ainda continua na fase de urbanização e de crescimento urbano apesar de existirem distintas diferenças entre os países Como veremos a urbanização se faz sentir sobretudo nas primeiras fases do desenvolvimento Na Figura 43 apresentase o mapa mundial com os níveis de urbanização alcançados por distintos países Vêse claramente a relação entre desenvolvimento e urbanização Os países mais urbanizados Estados Unidos Reino Unido Canadá Austrália ou os países mais desenvolvidos da União Europeia entre eles podemos incluir a Espanha são os que apresentam os mais altos níveis de urbanização Nos países da América Latina podemos observar uma realidade em transição com graus muito elevados de urbanização semelhantes às economias desenvolvidas além de muitos casos de países em processo de desenvolvimento África e Ásia mostram um outro lado com porcentagens da população urbana abaixo de 40 FIGURA 43 Nível de urbanização do mundo 2014 Nota O quadro representa a porcentagem da população urbana em relação à população total Fonte BANCO MUNDIAL Poblacíon urbana del total 2016 Disponível em httpdata worldbankorgindicatorSPURBTOTLINZSviewmap Acesso em 01 jan 2016 137 Voltemos ao êxodo rural Para que uma família do campo se mude para a cidade é preciso que a cidade ofereça um ganho que cubra os gastos de cada um de seus membros Se mais um membro da família vai para o campo trabalhar e obtém x unidades monetárias por dia em certos casos o ganho marginal será zero e se vai para a cidade obtém x2 será racional ir para a cidade pois ganharia 2 unidades monetárias a mais por dia embora na cidade tenha custos adicionais transporte urbano moradia etc Se partirmos da hipótese de que o indivíduo não age por interesse próprio ou ao menos em função do que considera como seu interesse os movimentos cidadecampo devem ser interpretados como um índice de vida de nível superior que oferece a cidade Enquanto existir desigualdades continuará a ocorrer o êxodo rural e a urbanização A URBANIZAÇÃO DOS PAÍSES EMERGENTES Poderíamos perguntar se a experiência que vivem atualmente os países emergentes é fundamentalmente distinta daquela que viveram os países que hoje são desenvolvidos ou industrializados Observemos primeiro as semelhanças As taxas de crescimento do nível de urbanização continuam em geral semelhantes àquelas que conheceram os países ricos De 1875 a 1900 a taxa de urbanização dos países atualmente industrializados passou de cerca de 17 a 26 evolução semelhante à dos países que se desenvolveram durante o período 19501975 Obviamente existem diferenças importantes de um país para outro porém em geral as taxas de urbanização são parecidas às do passado Em geral os determinantes da localização e da realocação das empresas atuam de maneira similar em todos os países sem importar o nível de desenvolvimento Os modelos de localização e os métodos de análise regional dos quais trataremos mais adiante aplicamse tanto a países em desenvolvimento como industrializados O processo de urbanização dos países emergentes em linhas gerais é idêntico ao modelo geral 141 das cidades de oito milhões de habitantes ou mais se encontra hoje em dia nos países em desenvolvimento ver Quadro 45 Ainda que a urbanização esteja fortemente relacionada ao processo de desenvolvimento não existe qualquer vínculo entre o tamanho da cidade e o nível de desenvolvimento de um país o papel da cidade como motor do desenvolvimento será tratado no sexto Capítulo Mesmo países urbanizados por exemplo Índia com um nível de urbanização de 32 em 2014 podemos encontrar grandes cidades Delhi é uma delas como também Bombai e Calcutá onde vivem mais habitantes que em Londres ou Buenos Aires por exemplo QUADRO 45 As vinte maiores aglomerações urbanas no mundo 2014 População milhões 1 Tóquio Japão 382 2 Cidade de México México 277 3 Nova York Estados Unidos 236 4 Bombai Índia 229 5 Seul Coreia do Sul 216 6 São Paulo Brasil 206 7 Xangai China 199 8 Jacarta Indonésia 198 9 Delhi Índia 196 10 Los Angeles Estados Unidos 182 11 Osaka Japão 174 12 Cairo Egito 168 13 Calcutá Índia 162 14 Dhaka Bangladesh 155 15 Istambul Turquia 153 16 Moscou Rússia 151 17 Lagos Nigéria 149 18 Buenos Aires Argentina 147 19 Teerã Irã 138 20 Londres 137 Fonte Nações Unidas 2016 Resumindo as taxas de urbanização dos países emergentes não estão longe do crescimento normalmente associado ao desenvolvimento econômico No entanto a causa do progresso 145 indica que a demanda interna na cidade i se multiplica por 72 Isto nos dá uma ideia do impacto da urbanização sobre o aumento do valor do solo sobretudo no centro da cidade e a intensidade da utilização do solo ver a teoria da renda do solo que trataremos mais adiante QUADRO 46 Simulação da urbanização e desenvolvimento econômico para o país A t1 t2 Variação t2t1 De país rural para país urbano População do país A 500000 2000000 400 População urbana 75000 1360000 1813 População rural 425000 640000 151 Porcentagem da população urbana cidades 2000 habitantes 15 68 Incremento da produtividade agrícola Produtividadetrabalhador agrícola t1100 100 600 600 A nova composição da demanda Demanda total em mil de unidades monetárias constantes 100000 2400000 2400 Demanda por produtos agrícolas unidades monetárias constantes 60000 540000 900 Elasticidaderenda no período t1t2 038 Demanda de produtos agrícolas unidades monetárias constantes 40000 1860000 4650 Elasticidaderenda no período t1t2 194 Melhoria nas condições de vida Renda por habitantes em unidades monetárias constantes 200 1200 600 Formação da metrópole regional População da cidade i 25000 448800 1795 Demanda na cidade i mil unidades monetárias constantes 7500 542400 7232 Renda por habitantes em unidades monetárias constantes 200 1200 600 Fonte Elaborado pelos autores 149 Por exemplo se um hectare cultivado produz uma determinada quantidade de trigo custará 2500 um para transportála a uma distância de cinco quilômetros sua venda no mercado permitirá uma receita de 10000 um dando ao produtor uma margem adicional de ganho de 2500 um A relação entre esta margem de ganho que denominamos receita e a distância em relação ao mercado está ilustrada na Figura 51 Tratamos como receita porque as entradas adicionais obtidas não são atribuídas ao aumento do esforço por parte do produtor mas se devem unicamente à terra FIGURA 51 Relação entre ganho renda e distância para um produtor agrícola UNIDADES MONETÁRIAS 7500 5000 GANHOS ADICIONAIS DO MERCADO 5000 UM 2500 A 10 KM DO MERCADO BENEFÍCIOS ADICIONAIS 0 MERCADO 5 10 15 DISTÂNCIA QUILÔMETROS Nota Os termos renda e ganho adicional são empregados como sinônimos para indicar que a entrada constitui um ganho superior ao lucro normal Fonte Elaboração dos autores Na Figura 51 podese observar que ao agricultor convém estar próximo ao mercado pois é onde seus ganhos adicionais alcançam um nível máximo obtendo 5000 um pela colheita de um hectare Portanto o agricultor estará disposto a pagar mais caro por hectare quanto mais próximo do mercado estiver a área destinada à produção No mercado estará disposto a pagar até 5000 um por hectare porém oferecerá um preço cada vez menor 154 FIGURA 54 Renda da terra por hectare no México simulação para terrenos semelhantes situados em entornos urbanos HERMOSILIO MONTERREY GUADALAJARA MÉXICO 500 KM PUEBLA PUEBLA TUXTLA G HERMOSILIO GUADALAJARA MÉXICO TUXTLA CUSTO DO SOLO EM RELAÇÃO AO VALOR MÁXIMO NO CENTRO DE MÉXICO DF Fonte Elaboração dos autores Temos que ver os valores do solo terra como um sistema de preços resultante das forças de oferta e demanda Como em qualquer sistema de preços isso serve como uma regra para a alocação dos recursos Neste caso os preços da terra servem para alocar as distintas localizações de acordo com os potenciais usuários do solo A renda advém do fato de que a oferta é inelástica cada terreno tem uma única localização à qual se associam limitadas possibilidades de substituição Aqui aparece uma distinção importante os valores do solo não desempenham o mesmo papel nas decisões de localização intraurbanas e interurbanas As possibilidades de substituir os terrenos entre si são mais limitadas em uma escala nacional que em uma escala 188 FIGURA 512 Relação dispersão e distância ao centro de Madri Fonte Elaboração dos autores FIGURA 513 Crescimento disperso da cidade de Oviedo Nota Em amarelo representase a construção até o ano 2000 em vermelho aquela a partir do ano 2000 A cidade se expande para as áreas Norte e Leste crescendo de modo disperso a construção de residências Fonte Elaboração dos autores Quais fatores poderiam compensar esse fenômeno Apoiandose nas variáveis do modelo a melhor maneira de reduzir o uso extensivo do solo urbano é aumentando seu preço relativo seu 219 compactas mais monocêntricas ou policêntricas que estudamos no quinto Capítulo Este é um tema crucial já que o leitor poderá imaginar o que ocorrerá no futuro nas grandes cidades de países como a China o Brasil e o México por exemplo se o volume de emissões de CO2 aumentar consideravelmente ou se não houver alteração Entre outros elementos o tipo de cidade que se estabeleça nesses países será crucial FIGURA 63 Emissões de CO2 per capita por países 2011 Nota O azul mais escuro indica maior quantidade de toneladas métricas de emissão de CO2 por habitante Fonte Banco Mundial 2016 Gestão dos resíduos urbanos um problema distinto segundo o nível de desenvolvimento Os custos privados que assumem os moradores e outros responsáveis pela poluição em geral poucas vezes englobam todos os custos sociais e externalidades negativas No caso dos resíduos urbanos lixo os custos estão muitas vezes ocultos no conjunto dos gastos públicos e portanto são pagos por meio de impostos gerais o que induz ao comportamento indiferente dos poluidores Ademais é 279 México e Nordeste do Brasil Ademais se certos serviços escolas hospitais etc são de responsabilidade da sociedade local comunas municípios o impacto sobre o bemestar será ainda mais relevante O efeito da seleção não afeta apenas as estruturas de idade pirâmide etária Já que a migração implica um custo os primeiros a partir serão aqueles que podem e desejam assumilo e não necessariamente os mais desfavorecidos O desejo racional de maximizar os ganhos da migração tem maiores probabilidades de se efetivar para quem possui as capacidades para progredir na região de destino principalmente em relação à escolaridade Um graduado com especialidade em engenharia e informática por exemplo encontra mais facilmente um emprego em uma grande cidade que em uma pequena As populações migrantes geralmente são mais jovens com maior escolaridade e mais empreendoras que as populações sedentárias Porém é sempre arriscado se falar sobre as qualidades de uma população Observemos sobretudo o aspecto escolaridade cujas dimensões são fáceis de captar No Quadro 82 apresentamos uma simulação do impacto da migração seletiva Supusemos que a região A está mais povoada que a região B e que sua população é mais escolarizada 80 dos habitantes de A têm nível médio completo contra 50 dos de B ou seja uma taxa 60 mais elevada em A que em B E que 100000 pessoas deixam a região B Esta população migrante é proporcionalmente mais escolarizada que o conjunto da população da região B 70 de pessoas com nível médio completo contra 50 porém menor que a região A 70 contra 80 O movimento migratório faz diminuir a porcentagem de pessoas com nível médio completo em ambas as regiões que passa para 79 em A e 45 em B porém proporcionalmente mais em B o que gera mais diferenças entre as duas estruturas A taxa de pessoas com nível médio completo na população ativa passa agora a ser 75 mais elevada em A Em suma a migração seletiva amplia as diferenças entre as regiões inclusive se a população imigrante for menos escolarizada que a população que recebe para que 284 que no passado tiveram regimes muito centralizadores Isso conferiu à capital desses países um papel dominante na atração de diversas atividades econômicas especialmente aquelas vinculadas ao terciário superior Tanto na cidade do México como em Madri temse desenvolvido a maior parte das atividades terciárias superiores de seus respectivos países serviços a empresas e serviços intensivos em conhecimento Ambas as cidades têm gerado também uma grande atividade industrial em seu entorno Durante anos isto tem feito crescêlas de tamanho tornandoas o mercado mais importante dentro de cada país Esse efeito reduziu o impacto da situação do mercado externo tão intensamente ao Norte que permitiu distribuir melhor a atividade econômica ao longo do território Tanto no México como na Espanha o desenvolvimento se espalha da capital até as cidades do Norte A zona Norte do México da cidade do México até Monterrey é a área mais desenvolvida do país O mesmo ocorre na Espanha O eixo do rio Ebro que une Madri e Barcelona é o espaço de maior desenvolvimento do país Quando nos afastamos dessa zona decresce o nível de desenvolvimento É interessante observar como em ambos os casos se produz um padrão espacial similar Os efeitos espaciais observados na Espanha desde sua incorporação à União Europeia permitem vislumbrar o que ocorrerá ao México à medida que o NAFTA Tratado Norte Americano de Livre Comércio se fortaleça Buscando consistência a partir deste exemplo contemplamos dois possíveis cenários apresentados na Figura 86 inspirados a partir do artigo de Paelinck e Polèse 1999 O caso do México e da Espanha se encaixa no segundo cenário No México o mercado está no Norte e a cidade do México é o elemento compensador que reduz a intensidade e ampliação da perifericidade do Sul Na Espanha o mercado externo principal está no Nordeste E Madri no centro compensa a perifericidade do Sul e Oeste do país 321 da média europeia Essas limitações serão muito mais evidentes no futuro à medida que se inicie na Europa um processo de ampliação de países membros sem dotar a Política de Coesão de mais recursos orçamentários que previsivelmente se verá abarrotada de regiões prioritárias dos novos países AS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E LOCAL UMA APOSTA SOBRE O POTENCIAL LOCAL O desenvolvimento local como marco de análise e como estratégia de intervenção é recente Os primeiros escritos datam dos anos 1970 A ideia nasceu da reação às políticas regionais centradas nas concessões para a implantação de empresas Perguntase então não teria sido melhor contar com as empresas locais o espírito empresarial das pessoas da comunidade e a capacidade de inovação do meio Mais que um simples conceito o desenvolvimento local é um ideal Implica possibilidade de um modelo alternativo de desenvolvimento uma solução de mudança do desenvolvimento desigual dependente de forças externas Neste sentido o termo é tanto um chamado à ação como um convite à análise Utilizamse também outros termos para designar este modelo alternativo de desenvolvimento como desenvolvimento endógeno Alguns autores tratam de desenvolvimento comunitário ou popular enfatizando as iniciativas populares Pelo menos implicitamente todos esses termos expressam o desejo de que o próprio meio inicie um processo de desenvolvimento que se traduza em uma economia regional próspera baseada nas iniciativas e nos conhecimentos dos habitantes das empresas da região Idealmente o desenvolvimento local leva consigo uma redução da dependência da região aos governos e aos agentes econômicos externos O desenvolvimento local é também um marco da análise O adjetivo local chama a atenção sobre os fatores locais de 345 REFERÊNCIAS ALONSO W Location and Land Use toward a general theory of land rent Cambridge MASS Harvard University Press 1964 ARTIS M MIGUELEZ E MORENO R Agglomeration Economies and Regional Intangible Assets an empirical investigation Jour nal of Economic Geography v 12 n 6 p 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