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IX ENCONTRO DA ABCP Área Temática Política Internacional NORTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO 20102014 UM BALANÇO DAS MUDANÇAS NA CORRELAÇÃO DE FORÇAS E NAS ALIANÇAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS Dra Beatriz Bissio Departamento de Ciência Política Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasília DF 04 a 07 de agosto de 2014 NORTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO 20102014 UM BALANÇO DAS MUDANÇAS NA CORRELAÇÃO DE FORÇAS E NAS ALIANÇAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS Dra Beatriz Bissio Departamento de Ciência Política Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Universidade Federal do Rio de Janeiro Resumo expandido Do Marrocos e Mauritânia no extremo ocidental ao Egito na região oriental o norte da África viveu a partir de 2011 com a rápida mudança experimentada pela Tunísia um período tumultuado A importante presença de movimentos sociais nas ruas não levou como se pretendia a um processo consistente de democratização salvo na própria Tunísia Até o momento ela está conseguindo manterse dentro das margens da sua nova institucionalidade interina apesar de sofrer com uma onda de violência fruto das profundas divisões internas e do fato de a vizinhança instável constituir uma ameaça permanente Mas na vizinha Líbia o caos político e social está instalado e a economia paralisada O Egito vive uma fase de precária busca de uma volta à normalidade institucional cujo primeiro passo estaria sendo dado com a aprovação da nova Constituição mas ainda pairam muitas incertezas em relação ao futuro Não é muito diferente o panorama no Oriente Médio onde a curto prazo a situação mais crítica vivese na Síria país onde a guerra civil já provocou mais de cem mil mortes e uma onda de milhões de refugiados que se espalham pelas nações fronteiriças criando um caos humanitário e milhares de deslocados internos A situação na Síria já provocou instabilidade no Líbano refletida em atentados terroristas e no ressurgimento de antigas rivalidades mal resolvidas apesar do fim da guerra civil entre as comunidades religiosas No Iraque a situação políticoinstitucional continua extremamente precária e são cotidianos os atos de terrorismo e as lutas sectárias Complicando o panorama não apresentase fácil a retomada do diálogo entre o governo de Israel e a Autoridade Palestina apesar dos esforços da diplomacia norteamericana Aliás a atuação dos EUA nos últimos anos na região tem dado lugar a uma reviravolta nas alianças com a Arabia Saudita rejeitando um assento no Conselho de segurança da ONU para mostrar o seu descontentamento com Washington o pivô é a crise síria e Telavive tomando a iniciativa de criticar abertamente várias iniciativas da diplomacia norteamericana em particular em relação ao Irã O trabalho analisa essas mudanças tanto as registradas nos próprios países que protagonizaram a que foi chamada de Primavera Árabe como as que os levantes populares provocaram nas alianças regionais e internacionais Particular ênfase se coloca na forma como esses conflitos estão repercutindo em outras áreas do mundo e na diplomacia e estratégias militares das potências ocidentais em particular os EUA e nas posições defendidas pela Rússia e pela China Palavraschave conflito movimentos sociais relações NorteSul alianças regionais direitos humanos Norte da África e Oriente Médio 20102014 Um balanço das mudanças na correlação de forças e nas alianças regionais e internacionais Dra Beatriz Bissio Departamento de Ciência Política IFCS UFRJ No início pareceu um efeito dominó depois virou um quebracabeça As primaveras que prenunciavam um renascimento se tornaram tormentosas e hoje mais do que um festejo da vida o cenário oferece uma visão impregnada de dor e morte Como interpretar as profundas mudanças que em pouco mais de três anos vivencia a região do Norte da África e do Oriente Médio MENA na sua sigla inglesa Algumas respostas podem ser encontradas com uma análise de curto prazo outras só se colocarmos os fatos na perspectiva do processo histórico Tanto o Oriente Médio quanto o Norte da África tiveram ao longo dos séculos e continuam a ter um papel chave nas relações comerciais econômicas culturais políticas entre o mundo asiático e europeu entre o Oriente e o Ocidente E houve um momento na história em que os principais centros de poder e de produção de cultura e de conhecimento científico estavam situados nessa encruzilhada geográfica durante o período que chamamos de Idade Média nos referindo à história da Europa ocidental Na altura como hoje os governos e a maioria da população desse vasto território eram muçulmanos mas cristãos e judeus também formavam minorias significativas como em muitos casos continuam a sêlo atualmente Ate os séculos XV e XVI os europeus tinham sentimentos ambíguos em relação a esse mundo muçulmano onde reinavam os turcos otomanos herdeiros do grande império medieval islâmico O Império otomano se estendia do Norte da África ao Cáucaso passando pelos Bálcãs a Península Arábica Mesopotâmia e Anatólia e a Europa sentiase atraída pelo seu esplendor e refinamento e ao mesmo tempo o temia devido ao seu domínio dos mares e ao poderoso exército que chegou a sitiar Viena em 1683 Mas com o passar do tempo a equação foi se invertendo A invasão e posterior ocupação do Egito por Napoleão 17981801 e a sua infrutífera incursão na Síria e na palestina 1799 apesar de sua curta duração deixaram em evidência as dificuldades desse império multinacional e préindustrial em manter o controle de seu enorme território e também despertaram a cobiça europeia em relação à riqueza das províncias otomanas africanas e del Levante De certa forma essa iniciativa francesa foi o catalisador das posteriores conquistas militares da Europa em territórios muçulmanos possibilitadas pelos desdobramentos militares e científicos da revolução industrial os franceses ocuparam Argélia em 1830 e os britânicos Adem Iêmen em 1839 Djibuti em 1862 e o Egito em 1882 O espírito colonial da Europa começava a mostrar a sua força confirmada nas décadas seguintes Desde o século XVI o governo otomano e os países europeus tinham tratados comerciais chamados Capitulações Mas no século XIX esses tratados passam a ser instrumentos do poder imperialista europeu1 Neles aos países da Europa lhes era reconhecido o papel de protetores das minorias religiosas do Império Otomano à França dos católicos maronitas e melquitas à Rússia dos cristãos ortodoxos e à Inglaterra dos judeus e drusos A brecha legal aberta pelas Capitulações foi o início de uma longa utilização por parte dos europeus do mecanismo de proteção das minorias religiosas para minar a unidade do tecido social ao interior dos territórios otomanos Essa unidade tinha perdurado durante séculos e estava alicerçada em normas jurídicas que desde os primórdios do império asseguravam a cristãos e judeus ampla liberdade de culto e de organização Simultaneamente ao interior da sociedade muçulmana as sucessivas derrotas diante dos europeus os infiéis alavancaram um movimento de reforma religiosa que pode ser interpretada como antecedente longínquo dos movimentos políticos que surgiram no mundo islâmico no século XX E neste ano de 2014 quando se completa um século do início da Primeira Guerra Mundial é importante refletir sobre os desdobramentos desse conflito para a região do Norte da África aliás para a África em geral e para o Oriente Médio O fato de o Império Otomano a Sublime Porta ou simplesmente a Porta como foi chamado nos últimos séculos de sua existência em decorrência do monumental portão de entrada ao palácio imperial ter se aliado na guerra à Alemanha e ao Império Austro Húngaro colocouo do lado dos vencidos e o preço da derrota foi o seu desmembramento Depois séculos de existência os seus primórdios situamse no século XIII e depois de ter sido a mais importante estrutura políticomilitar desde o fim do Império Romano esse Império deixou de existir formalmente em 1922 quando foi deposto o último sultão Mehmed VI 1 HOURANI Albert Uma história dos povos árabes São Paulo Companhia das Letras 2001 Parte IV O fim do Império Otomano não significou para as províncias árabes a conquista da sua independência ao contrário do que fora prometido pelos britânicos quando o xerife Husayn de Meca proclamara em 1916 a revolta árabe ao lado dos aliados A explicação para essa quebra do compromisso assumido ficou evidente quando o jovem governo revolucionário soviético revelou todos os documentos secretos que foram encontrados ao tomar o poder um desses documentos demonstrava a existência de um acordo secreto negociado em 1915 entre o representante francês François Picot e o britânico Mark Sykes selando o destino das províncias otomanas do Oriente Médio O documento que ficou conhecido como o Acordo SykesPicot dividia entre as duas potências europeias toda a região deixando evidente que a Grã Bretanha nunca tivera a intenção de honrar o compromisso de conceder a independência às províncias árabes do Império otomano2 E o Norte da África Com o fim da guerra continuou sob o domínio francês e britânico iniciado durante as primeiras conquistas europeias no despontar do século XIX Apesar de pouco lembradas o processo de consolidação do domínio europeu seja no Norte da África seja no Oriente Médio somente foi possível depois de dominadas pela força as múltiplas rebeliões independentistas Elas foram particularmente importantes na Síria e no Iraque exigindo a ação de consideráveis destacamentos militares europeus e o derramamento de muito sangue para serem debeladas O processo consumiu vários anos de luta e acabou por convencer os ingleses e os franceses a procurarem manter a sua influência sem continuar diretamente envolvidos no governo Mas durante o período em que permaneceram diretamente envolvidos nos destinos da região Mas antes de negociarem a sua saída formal dando origem a Estados cujas independências estavam condicionadas a uma dependência real econômica e militar das ex metrópoles os britânicos e os franceses se preocuparam em fragmentar os territórios árabes Nada restaria daquele sonho de um único Estado árabe independente acalentado pelas populações das diferentes províncias otomanas e proposto pelo xerife Husayn os povos árabes do Oriente Médio passaram a viver sob mandato francês ou britânico e depois à vida independente divididos em cinco Estados o Líbano a Síria o Iraque a Transjordânia mais tarde Jordânia e a Palestina além dos sultanatos da Península Arábica A situação agravouse com o desfecho da Segunda Guerra Mundial quando a Organização das Nações Unidas sucessora da Liga das Nações determinou a 2 Por mais detalhes ver HOURANI Albert Uma história dos povos árabes São Paulo Companhia das Letras 2001 p 318324 partilha da Palestina Esse problema também tinha sido criado no marco da Primeira Guerra Mundial quando a Inglaterra se comprometeu a apoiar a criação de um lar para os judeus na Palestina O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um Lar Nacional para o Povo Judeu e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo tinha escrito o Ministro Arthur Balfour em nome da sua Majestade na célebre carta de 1917 ao poderoso banqueiro da City londrina Lord Rothschild líder da Federação Sionista Britânica documento que passou a ser conhecido como a Declaração Balfour Porém décadas depois incapaz de resolver o imbróglio em que se transformara a questão da Palestina a GrãBretanha passou a responsabilidade de decidir o futuro desse território para a recém fundada ONU Uma transformação profunda O período de domínio colonial europeu direto ou disfarçado sob o eufemismo dos protetorados no Norte da África e no Oriente Médio pode levar a uma interpretação restritiva das suas consequências se observadas unicamente as transformações que produziu no terreno político É necessário alargar o olhar e prestar atenção ao impacto na cultura para compreender alguns dos desdobramentos futuros da herança desse período Do lado europeu a atração que essa região exercia desde épocas anteriores aprofundase a partir do século XIX quando começa por exemplo o turismo organizado com excursões pelo rio Nilo e peregrinações à Terra Santa Mais do que isso a tentativa de compreender os alicerces da fé muçulmana propicia o surgimento de cadeiras de árabe em várias universidades da França e da GrãBretanha a coleta de manuscritos e as primeiras edições e traduções cuidadosas deles Hourani 2001 p302 É o momento em que as traduções das Mil e uma noites penetram na cultura ocidental e em que o orientalismo vai apresentar a sua visão do Oriente misterioso ao mesmo tempo em que se reforça a imagem de um Islã perigoso moral e militarmente que deve ser enfrentado Hourani 2001 p303 Essa retórica favorecia a interpretação de que os povos de língua semítica não eram capazes da racionalidade e numa extrapolação da teoria da evolução darwinista conveniente como justificativa da colonização a pretensa superioridade branca criava um senso de responsabilidade uma espécie de obrigação de dominar Do lado dos dominados árabes berbers curdos e tantos outros povos que tinham convivido por séculos nesse espaço de encontro de civilizações que fora o Império Otomano a presença europeia também fora vivida de forma ambígua Os europeus tinham alterado profundamente a economia de seus países que deixara de responder às necessidades autóctones para satisfazer as demandas das metrópoles retirando a importância da vida nas regiões interioranas para favorecer os portos e as vias de escoação das riquezas As urbes nas quais abriamse novas ruas e deitavamse abaixo velhos bairros tinham inchado e ao mesmo tempo o campo ia se esvaziando Grande parte da população das cidades passava a ser estrangeira e esses forasteiros não somente se vestiam de forma diferente como tinham as suas próprias escolas hospitais igrejas clubes Nessa nova paisagem cultural e nas mudanças que ela suscitou na sociedade autóctone é possível situar o começo da reflexão desse mundo e particularmente dos muçulmanos sobre a modernidade Uma etapa que fora engendrada pelo colonialismo europeu Enquanto os muçulmanos mais conservadores nada queriam com os europeus e os seus estilos de vida e resistiram de todas as formas a essa penetração inclusive com a luta armada outros muçulmanos mais dispostos a acolher as novidades sobretudo algumas das ideias que vinham junto com os novos estilos de vida buscavam conciliar esses elementos com a sua própria tradição e cultura Ahmed 1992 p48 Esse caldo de cultura esse debate de ideias serviu de pano de fundo para o processo de libertação que ganhou força nos anos 50 do século passado Na década dos anos 40 a etapa de relativa calma nos protetorados posterior à derrota das rebeliões iniciais contrárias à dominação europeia tinha cedido lugar a uma etapa de conflito Foi o que aconteceu no Líbano e na Síria quando tentativas de limitar a autoridade francesa nas crises de 1943 e 1945 respectivamente foram sufocadas No caso da Síria a França só conseguiu o momentâneo controle da situação depois de bombardear Damasco contar com a ajuda de uma intervenção britânica e iniciar um processo de negociação que levou à completa retirada francesa e britânica no fim de 1945 Hourani 2003 p 360 Desta forma com o marco do fim da segunda Guerra Mundial e a consequente perda de importância internacional da GrãBretanha e da França os protetorados britânicos e franceses do Oriente Médio e do Norte da África foram conquistando a sua independência em alguns casos mediante fórmulas arduamente negociadas e em outros com guerras cruentas como na Argélia que fora oficialmente declarada pelos franceses parte integrante da França metropolitana Mas muitos desses Estados já nasceram com severas limitações na sua soberania em função das condições impostas pelas potências coloniais para reconhecer as independências Por outro lado a correlação de forças mundial de pósguerra fazia com que também outros Estados passassem a exercer o seu poder de influência na região gerando para os jovens Estados independentes novos desafios Nas décadas seguintes a resposta às novas realidades já no contexto da guerra fria foi a chegada ao poder de governos impregnados de ideais nacionalistas e em alguns casos socialistas que tentaram mudar os destinos de seus países O petróleo já era um dado chave da realidade regional e a disputa pelo controle dessa riqueza estratégica explica em boa medida muito do que aconteceu nas décadas seguintes Dois exemplos são suficientes para ilustrar como foram sendo frustradas através de intervenções ocidentais as mais variadas tentativas de impor a soberania sobre os recursos naturais e de definir os rumos dos novos Estados de acordo com os interesses nacionais No Irã foi derrocado o primeiroministro Mohamed Mossadegh em 1953 por um golpe de Estado orquestrado pela CIA O premier passou à história por ter nacionalizado a industria petrolífera que desde 1913 estava em mãos da empresa British Petroleum Mas a audácia custoulhe caro Veio depois a intervenção militar da GrãBretanha e da França no Egito quando da nacionalização do Canal de Suez em julho de 1956 por Gamal Abdel Nasser o maior expoente do nacionalismo árabe A ocupação militar contou com o apoio de Israel Estado fortemente militarizado que desde a sua criação tem sido um aliado dos interesses ocidentais na região De fato desde então e com maior amplidão nestas primeiras décadas do século XXI a posição chave que ocupavam a França e sobretudo a GrãBretanha na região do Norte da África e do Oriente Médio foi substituída pela presença norteamericana que passou a interferir direta ou indiretamente nos assuntos do Norte da África e do Oriente Médio nos últimos anos com a justificativa da guerra contra o terrorismo Primavera e depois A partir de 2011 a região do Magreb e o Norte da África como um todo passaram de uma região marginal no noticiário internacional para o centro da cobertura das grandes agências notícias Tunísia e depois Egito surpreenderam o mundo com a força de suas rebeliões populares grande parte da opinião pública ocidental descobriu nesses países a existência de uma vigorosa sociedade civil composta de movimentos sociais os mais diversos artistas jovens estudantes mulheres blogueiros homossexuais sindicalistas que tinham passado despercebidos da mídia apesar de seu protagonismo crescente na política local nos últimos anos Depois vieram Marrocos Argélia Líbia com suas especificidades e a onda de resistência e denúncia social cruzou o Mar Vermelho e espalhouse para o Iêmen onde resultou parcialmente vitoriosa como no caso da Tunísia e do Egito Bahrein Jordânia Líbano Síria Poucos vezes nesse contexto foi lembrado o antecedente do levante popular que ficou conhecido como Movimento Verde no Irã 20092010 surgido inicialmente como questionamento ao resultado eleitoral que deu a vitória a Mahmoud Ahmadinejad a sua principal palavra de ordem era Cadê o meu voto mas cuja vitalidade e persistência fizeram dele o máximo expoente da luta social pacífica iraniana em prol do aprofundamento da democracia e a irrestrita vigência das liberdades civis Poucas foram também as referências ao exemplo pioneiro das rebeliões Intifadas palestinas de 1987 a primeira e de 2000 segunda que colocaram como principal protagonista da resistência à ocupação ilegal israelense já não os combatentes mas a sociedade palestina principalmente os jovens Nenhum Estado árabe ficou fora da primavera árabe mesmo que a intensidade das revoltas e o momento em que elas ocorreram tenha variado de país em país assim como também são diferentes em cada caso o significado e as implicâncias mais profundas da mensagem das ruas As mudanças na Tunísia têm desafiado as tentativas da União Europeia de dominar a bacia do Mediterrâneo enquanto os acontecimentos no Egito comprometeram a influência dos Estados Unidos na região a violência na Líbia levou o país a se transformar num terreno de experimentação para a OTAN e a União Europeia em relação à capacidade de seus tentáculos diplomáticos e militares de assegurar a meta de controlar completamente a bacia do Mediterrâneo As mudanças de qualquer magnitude na Síria afetarão a geopolítica regional em grande medida por causa da sua aliança estratégica com o Irã e o Hezbollah enquanto o Iêmen terá consequências definitórias no reino saudita ao Norte e na África Oriental para além da península DABASHI 2012 p 24 Nessa transnacionalização das rebeliões alguns estudiosos pressentiram um ressurgimento adaptado às novas circunstâncias do panarabismo da segunda metade do século XX Mas também é importante lembrar o fato de que as revoltas protagonizadas por amplos segmentos sociais dos países árabes partilham palavras de ordem e métodos de resistência civil com movimentos de outras latitudes como os Indignados de Espanha o Occupy Wall Street nos Estados Unidos e os movimentos antiglobalização que surgiram em diferentes partes do mundo Essa relação permite desconstruir a apresentação de demandas e mobilizações das sociedades do Norte da África e do Oriente Médio como específicas de um certo oriente que estaria muito distante das realidades sociais do ocidente Neste sentido não há como tirar conclusões a partir de resultados de curto prazo pois esses movimentos são processos abertos cuja dinâmica nem sempre visível extrapola a eventual realização de uma consulta eleitoral ou uma mudança de governo Para Dabashi nenhum herói como Jawaharlal Nehru Gamal Abd alNasser ou Mohammad Mosaddegh emergirá destas revoluções e que afortunado que assim seja Dabashi 2012 p 63 porque na sua opinião precisamente à sombra destes heróis cresceram muitos dos tiranos contra os quais as rebeliões se precipitaram Um dos tantos desafios colocados pelos movimentos populares que ocuparam as ruas de leste a oeste do Norte da África e do Oriente Médio e que se identificaram com os Indignados e tantos outros movimentos mundo afora é o questionamento que eles colocam ao conceito de democracia esvaziado de conteúdo que nos oferecem muitas das propagandeadas democracias contemporâneas Suponhamos nos propõe que na Tunísia no Egito seja de fato a democracia como a conhecemos na América do Norte ou na Europa ocidental a que venha a se instalar e apesar disso a pobreza sem esperança e a destituição de toda expectativa prevaleça de que terá servido essa democracia para os milhões de despossuídos e para as populações empobrecidas Dabashi 2012 p 63 Portanto seria uma democracia que não exclua a justiça social a única que poderia ser identificada como um ganho a ser conquistado Não se trata como certa mídia tem afirmado de uma incompatibilidade das populações não ocidentais com as práticas democráticas o que acontece é que existe uma desconfiança de parte dessas sociedades em relação a uma experiência histórica supostamente democrática cujos resultados elas têm observado constatando que esse tipo de democracia está esvaziado de qualquer conteúdo de justiça social E nisso há mais um ponto de convergência com as demandas que têm se ampliado em outros continentes Não perder de vista a dimensão global deste tipo de mobilização mesmo cientes do peso específico dos diferentes movimentos sociais em cada caso permite uma avaliação das implicações concretas para a geopolítica regional dos levantes no mundo árabe E essas implicações ajudam a colocar no seu devido contexto as respostas que as rebeliões mereceram de parte das potências extra regionais que têm interesses diretos na área As implicações geopolíticas Muitos autores vêm chamando a atenção para o fato de os levantes populares no mundo árabe colocarem em xeque a influência norteamericana em toda a região As revoltas árabes representam o mais sério desafio ao domínio norteamericano no Oriente Médio desde que América atingiu o patamar de superpotência depois da Segunda Guerra Mundial A estratégia de longo prazo dos Estados Unidos para a região investir na estabilidade autoritária para salvaguardar os interesses norteamericanos econômicos e geopolíticos foi colocada de cabeça para baixo Desde janeiro de 2011 a Administração Obama e os seus aliados europeus vêm tentando conter o potencial dano causado pela derrocada de aliados chave na região A imediata resposta de Washington foi a de brindar um apoio nominal ao diálogo político e às reformas enquanto ao mesmo tempo fechava acordos com as monarquias do Golfo e os poderes mais retrógrados da região para preservar o mais possível o statu quo prérevolucionário KAMAT SHOKR 2013 Outro autor que tem levantado esse tema desde a primeira hora é James Petras professor emérito da Universidade de Binghamton Nova York e especialista nas questões do Oriente Médio3 Mas também importante é a corrente que vincula os rumos que estão assumindo os países que foram protagonistas da primavera árabe ao projeto geopolítico de longo prazo para a região defendido por grupos políticos e militares de Israel Tanto Theodore Herzl fundador do sionismo em seu Diário 19044 como Rabbi Fischmann membro da Agência Judia para a Palestina em depoimento ao Comité Especial de Inquérito das Nações Unidas em 09 de Julho de 1947 afirmam que a Terra Prometida estendese do rio do Egito Nilo ao Eufrates incluindo o Líbano e partes da Síria Essa ideia nunca foi abandonada e reapareceu com novas roupagens Esse projeto está contido no chamado Plano Yinon lançado pelo jornalista israelense Oded Yinon especialista em temas militares e ex funcionário do Ministério das Relações Exteriores num artigo publicado em 1982 inicialmente no jornal Kivunim Direções do Departamento de Informação da Organização Sionista Mundial5 A principal proposta é a criação de um Grande Israel refletindo as aspirações de facções sionistas representadas na administração Netanyahu no Partido Likud e presentes tanto nas forças armadas como nos serviços de inteligencia israelenses6 O plano estabelece a necessidade de reconfigurar a geopolítica regional através da balcanização dos Estados árabes vizinhos que passariam a estar divididos em frágeis Estados menores Operase sobre duas premissas a primeira que Israel deve converterse numa potência regional para sobreviver a segunda que toda a área deve ser subdividida em estados fracos criados sobre preceitos sectários ou étnicos que se transformariam em estados satélites de Israel A instabilidade política que tomou conta da região e as sangrentas lutas que tomam conta da Síria e do Iraque estão perfeitamente de acordo com este projeto O alvo prioritário dessa fragmentação seria o Iraque que na visão dos estrategistas israelenses deveria ser dividido em três Estados um deles curdo e outros dois árabes um xiita e outro sunita 3 PETRAS James The Arab Revolt and the Imperialist Counterattack Atlanta Clear Day Books 2011 4 HERZL Theodor Complete Diaries VolII Page 711 The area of the Jewish state stretches from the Brook of Egypt to the Euphrates 5 KIVUNIM Directions A Journal for Judaism and Zionism Issue No 14Winter 5742 February 1982 Editor Yoram Beck Comitê Editorial Eli Eyal Yoram Beck Amnon Hadari Yohanan Manor Elieser Schweid Publicado pelo Departmento de PublicidadeThe World Zionist Organization Jerusalem 6 wwwglobalresearchcagreaterisraelthezionistplanforthemiddleeast5324815 Nota Este mapa foi desenhado pelo Tenentecoronel Ralph Peters e foi publicado no Armed Forces Journal em Junho de 2006 Peters é um coronel aposentado do US National War Academy Map Copyright LieutenantColonel Ralph Peters 2006 O mapa também faz parte do livro do mesmo autor Never Quit the Fight lançado em Julho de 2006 Fonte httpnewmiddleeastwordpresscomtagbrzezinski O primeiro passo para viabilizar a fragmentação foi a guerra IrãIraque discutida e analisada no Plano Yinon À luz dos acontecimentos do mês de Junho de 2014 com o avanço na direção de Bagdá do grupo sunita fundamentalista Estado Islâmico do Iraque e do Levante Isis sigla em inglês é possível assumir que o plano norte americano e sionista avança agora de forma mais consistente A fragmentação do Iraque é um tema que já ganhou as manchetes internacionais O plano prevê também a balcanização da Síria Jordânia e Líbano assim como o Norte da África se discute a partilha do Egito Sudão que já foi dividido após o referendum de 2011 que aprovou a independência do Sudão do Sul Líbia e o resto dos países da região Tendo em vista este projeto é compreensível a sucessão de eventos que têm comovido a região a agressão israelense ao Líbano em 2006 a intervenção da OTAN na Líbia em 2011 o processo em curso no Egito a guerra na Síria e os atuais acontecimentos no Iraque Para compreender a sintonia do plano israelense com os interesses norteamericanos na região devese lembrar que durante uma visita a Telavive em junho de 2006 a secretaria de Estado dos Estados Unidos Condoleezza Rice falou na necessidade de organizar um Novo Oriente Médio7 Na sua fala a ministra não citou o Plano Yinon mas o fato de ter levantado o tema da necessidade de uma nova geopolítica regional chamou a atenção porque coincidia com a inauguração de um novo terminal petrolífero no Mediterrâneo oriental que une a cidade de Baku na ex república soviética de Azerbaijão rica em gás e petróleo passando por Tbilisi capital da Georgia e chegando ao porto de Ceyhan na Turquia gigantesca obra que cria uma alternativa energética do Cáucaso para a Europa com importantes repercussões na Rússia A fala de Condoleezza Rice também coincidia com a nova invasão israelense ao Líbano conhecida como Segunda Guerra do Líbano que destruiu parte importante da infraestrutura desse país e deixou milhares de desabrigados libaneses conflito apresentado como parte da organização desse novo Oriente Médio O anúncio da nova geopolítica para o Oriente Médio era a confirmação de que o governo Bush se comprometia com o projeto militar no qual vinham trabalhando durante anos estrategistas ingleses norteamericanos e israelenses visando criar um arco de instabilidade caos e violência do Líbano ao Iraque passando por Palestina Síria Golfo Pérsico Irã e fronteira de Afeganistão 7 Secretary of State Condoleezza Rice Special Briefing on the Travel to the Middle East and Europe of Secretary Condoleezza Rice Press Conference US State Department Washington DC July 21 2006 http wwwstategovsecretaryrm200669331htm Mapa httpwwwoilfundazenUS layihelerbakitbilisiceyhan esasixracborukemeriasp Mapa Grande Israel enwikipediaorgwikiFileGreaterisraeljpg This image is a work of the Central Intelligence Agency employee taken or made as part of that persons official duties As a work of the US federal government the image is in the public domain A península Arábica também é uma bomba prestes a estourar na avaliação dos serviços israelenses e nas citações do Plano Yinon Regimes frágeis que dependem do apoio dos Estados Unidos preocupados com a sobrevivência eles não se furtam a participar da política regional Fazemno no entanto da pior maneira possível se vislumbrados eventuais interesses árabes comuns instigando as rivalidades sectárias Teve pouca repercussão na mídia mundial mas foi bem conhecida regionalmente a intervenção saudita no Bahrein para sufocar um levante contra a monarquia os sauditas fizeram o mesmo no Iêmen ajudando a reprimir as manifestações que no entanto conseguiram derrubar o presidente Ali Abdullah Saleh que deixou o poder e se refugiou na Arábia saudita depois de ocupar o poder durante 33 anos De acordo com o Plano Yinon Iraque era a maior ameaça para Israel De fato o projeto do Partido Baath do Iraque era a transformação do país numa potência regional capaz de frear as ambições expansionistas israelenses e em função disso também o governo de Bagdá financiava e treinava em grande medida a resistência palestina Depois da invasão norteamericana de 2003 e das suas trágicas consequências para a população iraquiana essa ameaça foi quase extirpada Mas o projeto de fragmentação do país não foi abandonado prevalecia o temor de que a riqueza petrolífera o Iraque possui as segundas maiores reservas mundiais conhecidas poderia em algum momento voltar a ser controlada pelo estado em prol dos interesses da população e utilizada para reconstruir a unidade e o poder do país A cobertura da mídia em relação aos últimos acontecimentos no Iraque coloca a ênfase na responsabilidade que caberia ao governo do primeiro ministro Nouri Al Malaki na crise esquecendo ou minimizando a responsabilidade que lhe cabe na crise ao legado da invasão norteamericana que desmontou o Estado destruição em todos os terrenos infraestrutura vidas humanas patrimônio arquitetônico e cultural a consequente desestabilização social a quebra das formações políticas das forças armadas dos serviços civis sem falar na exacerbação dos ódios sectários um tema que não existia nem no Iraque nem em nenhum dos países da região como ameaça à estabilidade nos últimos séculos Também não se procura investigar a origem do financiamento e das armas que ostentam os fanáticos jihadistas sunitas No mesmo contexto do plano israelensenorteamericano de fragmentação regional deve ser colocado o tema palestino e a difícil reconciliação entre a Autoridade Nacional Palestina leiase AlFatah e Hamas Quando em abril deste ano houve de fato um acordo e um novo governo unitário parecia estar dando os primeiros passos iniciando uma etapa promissora para o futuro palestino aconteceu um muito esquisito sequestro na parte da Cisjordânia ocupada por Israel zona C de três jovens israelenses O fato deu margem para novas acusações do governo de Israel ao Hamas prisões em massa e assassinatos de palestinos e novamente vivese a ameaça de fratura entre os dois mais importantes agrupamentos palestinos É um fato histórico que nem Washington nem os europeus procuraram jamais ajudar a população árabe a superar as suas dificuldades e conquistar a sua unidade Também é um fato histórico que eles nunca se preocuparam em promover a verdadeira democracia na região Os povos que se rebelaram contra os seus tiranos sabem isso muito bem O Plano Yanon não é mais do que a continuidade do que fizeram os franceses e os britânicos quando dividiram o Norte da África e o Oriente Médio no momento histórico em que eles davam as cartas na região E as repercussões extrarregionais Sem dúvida os conflitos e a instabilidade no Oriente Médio estão repercutindo em outras áreas do mundo Paquistão Afeganistão Irã estão muito perto do cenário de instabilidade e na prática formam parte dele há bastante tempo Mas é sem dúvida na Rússia e de forma indireta na China onde a situação nessa região do mundo está destinada a ser acompanhada passo a passo pelos estrategistas diplomáticos e militares Vladimir Putin e seus conselheiros sabem que uma das principais ameaças à segurança nacional e à integridade territorial da Rússia é o fundamentalismo islâmico que pode e está sendo manipulado por interesses ocidentais Um mês antes das Olimpíadas de Inverso em Sochi em janeiro deste ano mercenários religiosos islâmicos viajaram até Volvogrado antiga Stalingrado localizada a 400 quilômetros de Sochi e atacaram com bombas o centro da cidade matando 34 pessoas Depois dos atentados Putin solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que incluísse a Arábia Saudita entre os países patrocinadores do terrorismo Do ponto de vista de Moscou teria sido a negativa da Rússia em abandonar o seu aliado Bachar alAssad da Síria o motivo que levara os sauditas a despachar para Volvogrado esse grupo terrorista Mas há outra linha de análise entre os especialistas os atentados teriam sido a resposta dos Estados Unidos e da GrãBretanha à negativa de Putin de entregar a Edward Snowden além de efetivamente estar em jogo a atitude russa em relação à Síria e também na Ucrânia Depois dos cristãos ortodoxos os muçulmanos formam a segunda mais importante comunidade religiosa da Rússia uns 14 milhões de pessoas o islã é a religião de muitas das exrepúblicas soviéticas e a devoção tem aumentado desde o fim da União Soviética multiplicando o número de mesquitas no país Fundamentalistas seguidores de alQaeda querem fundar um estado islâmico na Chechênia e outro em Daguestão Putin observa os acontecimentos e busca evitar que o radicalismo islâmico seja manipulado por aqueles que procuram debilitar o controle russo nos corredores de energia da Eurásia ou por aqueles que desejam modificar as fronteiras da Ásia central ao sabor dos interesses da Arábia Saudita ou das potencias europeias e dos Estados Unidos A aproximação russa com a liderança chinesa tem tudo a ver com essa política e nesse contexto deve ser compreendida a visita de Putin a Beijing em maio quando começou a dar passos decisivos para reduzir os laços econômicos do seu país com o Ocidente BIBLIOGRAFIA AHMED Akbar S PósModernismo e Islão Lisboa Instituto Piaget 1992 ALI Tariq Confronto de Fundamentalismos Rio de Janeiro Record 2002 AMAR Paul PRADSHAD Vijay Dispatches from the Arab Spring New Delhi Left Word 2013 AVNERY Ury Outro Israel Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2012 DABASHI Hamid The Arab Spring Londres Zed Books 2012 FROMKIN David Paz e Guerra no Oriente Médio A queda do Império Otomano e a criação do Oriente Médio moderno Rio de Janeiro Contraponto 2008 HOURANI Albert Uma história dos povos árabes São Paulo Companhia das Letras 1991 O Pensamento Árabe na Era Liberal 1798 1939 São Paulo Companhia das Letras 2005 Khoury Philip Wilson Mary C The Modern Middle East Londres IB Tauris 2011 LAACHER Smain Insurrections Arabes Utopie Revolutionnaire et Impensée Démocratique Paris Buchet Chastel 2013 MONIZ BANDEIRA Luiz Alberto Formação do Império Americano da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2005 MYLROE Laurie MÜLLER Judith Saddam Hussein e a crise do Golfo Escrita Editorial Oficina 1990 REIS FILHO Daniel Aarão FERREIRA Jorge e ZENHA Celeste orgs O Século XX O tempo das dúvidas Rio de Janeiro Civilização Brasileira vol 3 2002 SAID Edward Orientalismo O Oriente como invenção do Ocidente São Paulo Companhia das Letras TREIGNIER Michel Guerra e Paz no Oriente Médio São Paulo Ed Ática 1996 Artigos internet LÉVESQUE Julie USSponsored Terrorism in Iraq and Constructive Chaos in the Middle East httpwwwglobalresearchca Consultado em 20062014 SHAHAK Israel Greater Israel The Zionist Plan for the Middle East The Infamous Oded Yinon Plan Introduction by Michel Chossudovsky httpwwwglobalresearchcagreaterisraelthezionistplanforthemiddle east5324815 Consultado em 21062014 GUZMÁN Timothy Alexander Greater Israel and The Disappearance of Palestine Israel is Considering the Annexation of the West Bank Territories httpwwwglobalresearchcagreaterisraelandthedisappearanceofpalestineisrael isconsideringtheannexationofthewestbankterritories5383702 Consultado em 24062014
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IX ENCONTRO DA ABCP Área Temática Política Internacional NORTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO 20102014 UM BALANÇO DAS MUDANÇAS NA CORRELAÇÃO DE FORÇAS E NAS ALIANÇAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS Dra Beatriz Bissio Departamento de Ciência Política Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasília DF 04 a 07 de agosto de 2014 NORTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO 20102014 UM BALANÇO DAS MUDANÇAS NA CORRELAÇÃO DE FORÇAS E NAS ALIANÇAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS Dra Beatriz Bissio Departamento de Ciência Política Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Universidade Federal do Rio de Janeiro Resumo expandido Do Marrocos e Mauritânia no extremo ocidental ao Egito na região oriental o norte da África viveu a partir de 2011 com a rápida mudança experimentada pela Tunísia um período tumultuado A importante presença de movimentos sociais nas ruas não levou como se pretendia a um processo consistente de democratização salvo na própria Tunísia Até o momento ela está conseguindo manterse dentro das margens da sua nova institucionalidade interina apesar de sofrer com uma onda de violência fruto das profundas divisões internas e do fato de a vizinhança instável constituir uma ameaça permanente Mas na vizinha Líbia o caos político e social está instalado e a economia paralisada O Egito vive uma fase de precária busca de uma volta à normalidade institucional cujo primeiro passo estaria sendo dado com a aprovação da nova Constituição mas ainda pairam muitas incertezas em relação ao futuro Não é muito diferente o panorama no Oriente Médio onde a curto prazo a situação mais crítica vivese na Síria país onde a guerra civil já provocou mais de cem mil mortes e uma onda de milhões de refugiados que se espalham pelas nações fronteiriças criando um caos humanitário e milhares de deslocados internos A situação na Síria já provocou instabilidade no Líbano refletida em atentados terroristas e no ressurgimento de antigas rivalidades mal resolvidas apesar do fim da guerra civil entre as comunidades religiosas No Iraque a situação políticoinstitucional continua extremamente precária e são cotidianos os atos de terrorismo e as lutas sectárias Complicando o panorama não apresentase fácil a retomada do diálogo entre o governo de Israel e a Autoridade Palestina apesar dos esforços da diplomacia norteamericana Aliás a atuação dos EUA nos últimos anos na região tem dado lugar a uma reviravolta nas alianças com a Arabia Saudita rejeitando um assento no Conselho de segurança da ONU para mostrar o seu descontentamento com Washington o pivô é a crise síria e Telavive tomando a iniciativa de criticar abertamente várias iniciativas da diplomacia norteamericana em particular em relação ao Irã O trabalho analisa essas mudanças tanto as registradas nos próprios países que protagonizaram a que foi chamada de Primavera Árabe como as que os levantes populares provocaram nas alianças regionais e internacionais Particular ênfase se coloca na forma como esses conflitos estão repercutindo em outras áreas do mundo e na diplomacia e estratégias militares das potências ocidentais em particular os EUA e nas posições defendidas pela Rússia e pela China Palavraschave conflito movimentos sociais relações NorteSul alianças regionais direitos humanos Norte da África e Oriente Médio 20102014 Um balanço das mudanças na correlação de forças e nas alianças regionais e internacionais Dra Beatriz Bissio Departamento de Ciência Política IFCS UFRJ No início pareceu um efeito dominó depois virou um quebracabeça As primaveras que prenunciavam um renascimento se tornaram tormentosas e hoje mais do que um festejo da vida o cenário oferece uma visão impregnada de dor e morte Como interpretar as profundas mudanças que em pouco mais de três anos vivencia a região do Norte da África e do Oriente Médio MENA na sua sigla inglesa Algumas respostas podem ser encontradas com uma análise de curto prazo outras só se colocarmos os fatos na perspectiva do processo histórico Tanto o Oriente Médio quanto o Norte da África tiveram ao longo dos séculos e continuam a ter um papel chave nas relações comerciais econômicas culturais políticas entre o mundo asiático e europeu entre o Oriente e o Ocidente E houve um momento na história em que os principais centros de poder e de produção de cultura e de conhecimento científico estavam situados nessa encruzilhada geográfica durante o período que chamamos de Idade Média nos referindo à história da Europa ocidental Na altura como hoje os governos e a maioria da população desse vasto território eram muçulmanos mas cristãos e judeus também formavam minorias significativas como em muitos casos continuam a sêlo atualmente Ate os séculos XV e XVI os europeus tinham sentimentos ambíguos em relação a esse mundo muçulmano onde reinavam os turcos otomanos herdeiros do grande império medieval islâmico O Império otomano se estendia do Norte da África ao Cáucaso passando pelos Bálcãs a Península Arábica Mesopotâmia e Anatólia e a Europa sentiase atraída pelo seu esplendor e refinamento e ao mesmo tempo o temia devido ao seu domínio dos mares e ao poderoso exército que chegou a sitiar Viena em 1683 Mas com o passar do tempo a equação foi se invertendo A invasão e posterior ocupação do Egito por Napoleão 17981801 e a sua infrutífera incursão na Síria e na palestina 1799 apesar de sua curta duração deixaram em evidência as dificuldades desse império multinacional e préindustrial em manter o controle de seu enorme território e também despertaram a cobiça europeia em relação à riqueza das províncias otomanas africanas e del Levante De certa forma essa iniciativa francesa foi o catalisador das posteriores conquistas militares da Europa em territórios muçulmanos possibilitadas pelos desdobramentos militares e científicos da revolução industrial os franceses ocuparam Argélia em 1830 e os britânicos Adem Iêmen em 1839 Djibuti em 1862 e o Egito em 1882 O espírito colonial da Europa começava a mostrar a sua força confirmada nas décadas seguintes Desde o século XVI o governo otomano e os países europeus tinham tratados comerciais chamados Capitulações Mas no século XIX esses tratados passam a ser instrumentos do poder imperialista europeu1 Neles aos países da Europa lhes era reconhecido o papel de protetores das minorias religiosas do Império Otomano à França dos católicos maronitas e melquitas à Rússia dos cristãos ortodoxos e à Inglaterra dos judeus e drusos A brecha legal aberta pelas Capitulações foi o início de uma longa utilização por parte dos europeus do mecanismo de proteção das minorias religiosas para minar a unidade do tecido social ao interior dos territórios otomanos Essa unidade tinha perdurado durante séculos e estava alicerçada em normas jurídicas que desde os primórdios do império asseguravam a cristãos e judeus ampla liberdade de culto e de organização Simultaneamente ao interior da sociedade muçulmana as sucessivas derrotas diante dos europeus os infiéis alavancaram um movimento de reforma religiosa que pode ser interpretada como antecedente longínquo dos movimentos políticos que surgiram no mundo islâmico no século XX E neste ano de 2014 quando se completa um século do início da Primeira Guerra Mundial é importante refletir sobre os desdobramentos desse conflito para a região do Norte da África aliás para a África em geral e para o Oriente Médio O fato de o Império Otomano a Sublime Porta ou simplesmente a Porta como foi chamado nos últimos séculos de sua existência em decorrência do monumental portão de entrada ao palácio imperial ter se aliado na guerra à Alemanha e ao Império Austro Húngaro colocouo do lado dos vencidos e o preço da derrota foi o seu desmembramento Depois séculos de existência os seus primórdios situamse no século XIII e depois de ter sido a mais importante estrutura políticomilitar desde o fim do Império Romano esse Império deixou de existir formalmente em 1922 quando foi deposto o último sultão Mehmed VI 1 HOURANI Albert Uma história dos povos árabes São Paulo Companhia das Letras 2001 Parte IV O fim do Império Otomano não significou para as províncias árabes a conquista da sua independência ao contrário do que fora prometido pelos britânicos quando o xerife Husayn de Meca proclamara em 1916 a revolta árabe ao lado dos aliados A explicação para essa quebra do compromisso assumido ficou evidente quando o jovem governo revolucionário soviético revelou todos os documentos secretos que foram encontrados ao tomar o poder um desses documentos demonstrava a existência de um acordo secreto negociado em 1915 entre o representante francês François Picot e o britânico Mark Sykes selando o destino das províncias otomanas do Oriente Médio O documento que ficou conhecido como o Acordo SykesPicot dividia entre as duas potências europeias toda a região deixando evidente que a Grã Bretanha nunca tivera a intenção de honrar o compromisso de conceder a independência às províncias árabes do Império otomano2 E o Norte da África Com o fim da guerra continuou sob o domínio francês e britânico iniciado durante as primeiras conquistas europeias no despontar do século XIX Apesar de pouco lembradas o processo de consolidação do domínio europeu seja no Norte da África seja no Oriente Médio somente foi possível depois de dominadas pela força as múltiplas rebeliões independentistas Elas foram particularmente importantes na Síria e no Iraque exigindo a ação de consideráveis destacamentos militares europeus e o derramamento de muito sangue para serem debeladas O processo consumiu vários anos de luta e acabou por convencer os ingleses e os franceses a procurarem manter a sua influência sem continuar diretamente envolvidos no governo Mas durante o período em que permaneceram diretamente envolvidos nos destinos da região Mas antes de negociarem a sua saída formal dando origem a Estados cujas independências estavam condicionadas a uma dependência real econômica e militar das ex metrópoles os britânicos e os franceses se preocuparam em fragmentar os territórios árabes Nada restaria daquele sonho de um único Estado árabe independente acalentado pelas populações das diferentes províncias otomanas e proposto pelo xerife Husayn os povos árabes do Oriente Médio passaram a viver sob mandato francês ou britânico e depois à vida independente divididos em cinco Estados o Líbano a Síria o Iraque a Transjordânia mais tarde Jordânia e a Palestina além dos sultanatos da Península Arábica A situação agravouse com o desfecho da Segunda Guerra Mundial quando a Organização das Nações Unidas sucessora da Liga das Nações determinou a 2 Por mais detalhes ver HOURANI Albert Uma história dos povos árabes São Paulo Companhia das Letras 2001 p 318324 partilha da Palestina Esse problema também tinha sido criado no marco da Primeira Guerra Mundial quando a Inglaterra se comprometeu a apoiar a criação de um lar para os judeus na Palestina O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um Lar Nacional para o Povo Judeu e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo tinha escrito o Ministro Arthur Balfour em nome da sua Majestade na célebre carta de 1917 ao poderoso banqueiro da City londrina Lord Rothschild líder da Federação Sionista Britânica documento que passou a ser conhecido como a Declaração Balfour Porém décadas depois incapaz de resolver o imbróglio em que se transformara a questão da Palestina a GrãBretanha passou a responsabilidade de decidir o futuro desse território para a recém fundada ONU Uma transformação profunda O período de domínio colonial europeu direto ou disfarçado sob o eufemismo dos protetorados no Norte da África e no Oriente Médio pode levar a uma interpretação restritiva das suas consequências se observadas unicamente as transformações que produziu no terreno político É necessário alargar o olhar e prestar atenção ao impacto na cultura para compreender alguns dos desdobramentos futuros da herança desse período Do lado europeu a atração que essa região exercia desde épocas anteriores aprofundase a partir do século XIX quando começa por exemplo o turismo organizado com excursões pelo rio Nilo e peregrinações à Terra Santa Mais do que isso a tentativa de compreender os alicerces da fé muçulmana propicia o surgimento de cadeiras de árabe em várias universidades da França e da GrãBretanha a coleta de manuscritos e as primeiras edições e traduções cuidadosas deles Hourani 2001 p302 É o momento em que as traduções das Mil e uma noites penetram na cultura ocidental e em que o orientalismo vai apresentar a sua visão do Oriente misterioso ao mesmo tempo em que se reforça a imagem de um Islã perigoso moral e militarmente que deve ser enfrentado Hourani 2001 p303 Essa retórica favorecia a interpretação de que os povos de língua semítica não eram capazes da racionalidade e numa extrapolação da teoria da evolução darwinista conveniente como justificativa da colonização a pretensa superioridade branca criava um senso de responsabilidade uma espécie de obrigação de dominar Do lado dos dominados árabes berbers curdos e tantos outros povos que tinham convivido por séculos nesse espaço de encontro de civilizações que fora o Império Otomano a presença europeia também fora vivida de forma ambígua Os europeus tinham alterado profundamente a economia de seus países que deixara de responder às necessidades autóctones para satisfazer as demandas das metrópoles retirando a importância da vida nas regiões interioranas para favorecer os portos e as vias de escoação das riquezas As urbes nas quais abriamse novas ruas e deitavamse abaixo velhos bairros tinham inchado e ao mesmo tempo o campo ia se esvaziando Grande parte da população das cidades passava a ser estrangeira e esses forasteiros não somente se vestiam de forma diferente como tinham as suas próprias escolas hospitais igrejas clubes Nessa nova paisagem cultural e nas mudanças que ela suscitou na sociedade autóctone é possível situar o começo da reflexão desse mundo e particularmente dos muçulmanos sobre a modernidade Uma etapa que fora engendrada pelo colonialismo europeu Enquanto os muçulmanos mais conservadores nada queriam com os europeus e os seus estilos de vida e resistiram de todas as formas a essa penetração inclusive com a luta armada outros muçulmanos mais dispostos a acolher as novidades sobretudo algumas das ideias que vinham junto com os novos estilos de vida buscavam conciliar esses elementos com a sua própria tradição e cultura Ahmed 1992 p48 Esse caldo de cultura esse debate de ideias serviu de pano de fundo para o processo de libertação que ganhou força nos anos 50 do século passado Na década dos anos 40 a etapa de relativa calma nos protetorados posterior à derrota das rebeliões iniciais contrárias à dominação europeia tinha cedido lugar a uma etapa de conflito Foi o que aconteceu no Líbano e na Síria quando tentativas de limitar a autoridade francesa nas crises de 1943 e 1945 respectivamente foram sufocadas No caso da Síria a França só conseguiu o momentâneo controle da situação depois de bombardear Damasco contar com a ajuda de uma intervenção britânica e iniciar um processo de negociação que levou à completa retirada francesa e britânica no fim de 1945 Hourani 2003 p 360 Desta forma com o marco do fim da segunda Guerra Mundial e a consequente perda de importância internacional da GrãBretanha e da França os protetorados britânicos e franceses do Oriente Médio e do Norte da África foram conquistando a sua independência em alguns casos mediante fórmulas arduamente negociadas e em outros com guerras cruentas como na Argélia que fora oficialmente declarada pelos franceses parte integrante da França metropolitana Mas muitos desses Estados já nasceram com severas limitações na sua soberania em função das condições impostas pelas potências coloniais para reconhecer as independências Por outro lado a correlação de forças mundial de pósguerra fazia com que também outros Estados passassem a exercer o seu poder de influência na região gerando para os jovens Estados independentes novos desafios Nas décadas seguintes a resposta às novas realidades já no contexto da guerra fria foi a chegada ao poder de governos impregnados de ideais nacionalistas e em alguns casos socialistas que tentaram mudar os destinos de seus países O petróleo já era um dado chave da realidade regional e a disputa pelo controle dessa riqueza estratégica explica em boa medida muito do que aconteceu nas décadas seguintes Dois exemplos são suficientes para ilustrar como foram sendo frustradas através de intervenções ocidentais as mais variadas tentativas de impor a soberania sobre os recursos naturais e de definir os rumos dos novos Estados de acordo com os interesses nacionais No Irã foi derrocado o primeiroministro Mohamed Mossadegh em 1953 por um golpe de Estado orquestrado pela CIA O premier passou à história por ter nacionalizado a industria petrolífera que desde 1913 estava em mãos da empresa British Petroleum Mas a audácia custoulhe caro Veio depois a intervenção militar da GrãBretanha e da França no Egito quando da nacionalização do Canal de Suez em julho de 1956 por Gamal Abdel Nasser o maior expoente do nacionalismo árabe A ocupação militar contou com o apoio de Israel Estado fortemente militarizado que desde a sua criação tem sido um aliado dos interesses ocidentais na região De fato desde então e com maior amplidão nestas primeiras décadas do século XXI a posição chave que ocupavam a França e sobretudo a GrãBretanha na região do Norte da África e do Oriente Médio foi substituída pela presença norteamericana que passou a interferir direta ou indiretamente nos assuntos do Norte da África e do Oriente Médio nos últimos anos com a justificativa da guerra contra o terrorismo Primavera e depois A partir de 2011 a região do Magreb e o Norte da África como um todo passaram de uma região marginal no noticiário internacional para o centro da cobertura das grandes agências notícias Tunísia e depois Egito surpreenderam o mundo com a força de suas rebeliões populares grande parte da opinião pública ocidental descobriu nesses países a existência de uma vigorosa sociedade civil composta de movimentos sociais os mais diversos artistas jovens estudantes mulheres blogueiros homossexuais sindicalistas que tinham passado despercebidos da mídia apesar de seu protagonismo crescente na política local nos últimos anos Depois vieram Marrocos Argélia Líbia com suas especificidades e a onda de resistência e denúncia social cruzou o Mar Vermelho e espalhouse para o Iêmen onde resultou parcialmente vitoriosa como no caso da Tunísia e do Egito Bahrein Jordânia Líbano Síria Poucos vezes nesse contexto foi lembrado o antecedente do levante popular que ficou conhecido como Movimento Verde no Irã 20092010 surgido inicialmente como questionamento ao resultado eleitoral que deu a vitória a Mahmoud Ahmadinejad a sua principal palavra de ordem era Cadê o meu voto mas cuja vitalidade e persistência fizeram dele o máximo expoente da luta social pacífica iraniana em prol do aprofundamento da democracia e a irrestrita vigência das liberdades civis Poucas foram também as referências ao exemplo pioneiro das rebeliões Intifadas palestinas de 1987 a primeira e de 2000 segunda que colocaram como principal protagonista da resistência à ocupação ilegal israelense já não os combatentes mas a sociedade palestina principalmente os jovens Nenhum Estado árabe ficou fora da primavera árabe mesmo que a intensidade das revoltas e o momento em que elas ocorreram tenha variado de país em país assim como também são diferentes em cada caso o significado e as implicâncias mais profundas da mensagem das ruas As mudanças na Tunísia têm desafiado as tentativas da União Europeia de dominar a bacia do Mediterrâneo enquanto os acontecimentos no Egito comprometeram a influência dos Estados Unidos na região a violência na Líbia levou o país a se transformar num terreno de experimentação para a OTAN e a União Europeia em relação à capacidade de seus tentáculos diplomáticos e militares de assegurar a meta de controlar completamente a bacia do Mediterrâneo As mudanças de qualquer magnitude na Síria afetarão a geopolítica regional em grande medida por causa da sua aliança estratégica com o Irã e o Hezbollah enquanto o Iêmen terá consequências definitórias no reino saudita ao Norte e na África Oriental para além da península DABASHI 2012 p 24 Nessa transnacionalização das rebeliões alguns estudiosos pressentiram um ressurgimento adaptado às novas circunstâncias do panarabismo da segunda metade do século XX Mas também é importante lembrar o fato de que as revoltas protagonizadas por amplos segmentos sociais dos países árabes partilham palavras de ordem e métodos de resistência civil com movimentos de outras latitudes como os Indignados de Espanha o Occupy Wall Street nos Estados Unidos e os movimentos antiglobalização que surgiram em diferentes partes do mundo Essa relação permite desconstruir a apresentação de demandas e mobilizações das sociedades do Norte da África e do Oriente Médio como específicas de um certo oriente que estaria muito distante das realidades sociais do ocidente Neste sentido não há como tirar conclusões a partir de resultados de curto prazo pois esses movimentos são processos abertos cuja dinâmica nem sempre visível extrapola a eventual realização de uma consulta eleitoral ou uma mudança de governo Para Dabashi nenhum herói como Jawaharlal Nehru Gamal Abd alNasser ou Mohammad Mosaddegh emergirá destas revoluções e que afortunado que assim seja Dabashi 2012 p 63 porque na sua opinião precisamente à sombra destes heróis cresceram muitos dos tiranos contra os quais as rebeliões se precipitaram Um dos tantos desafios colocados pelos movimentos populares que ocuparam as ruas de leste a oeste do Norte da África e do Oriente Médio e que se identificaram com os Indignados e tantos outros movimentos mundo afora é o questionamento que eles colocam ao conceito de democracia esvaziado de conteúdo que nos oferecem muitas das propagandeadas democracias contemporâneas Suponhamos nos propõe que na Tunísia no Egito seja de fato a democracia como a conhecemos na América do Norte ou na Europa ocidental a que venha a se instalar e apesar disso a pobreza sem esperança e a destituição de toda expectativa prevaleça de que terá servido essa democracia para os milhões de despossuídos e para as populações empobrecidas Dabashi 2012 p 63 Portanto seria uma democracia que não exclua a justiça social a única que poderia ser identificada como um ganho a ser conquistado Não se trata como certa mídia tem afirmado de uma incompatibilidade das populações não ocidentais com as práticas democráticas o que acontece é que existe uma desconfiança de parte dessas sociedades em relação a uma experiência histórica supostamente democrática cujos resultados elas têm observado constatando que esse tipo de democracia está esvaziado de qualquer conteúdo de justiça social E nisso há mais um ponto de convergência com as demandas que têm se ampliado em outros continentes Não perder de vista a dimensão global deste tipo de mobilização mesmo cientes do peso específico dos diferentes movimentos sociais em cada caso permite uma avaliação das implicações concretas para a geopolítica regional dos levantes no mundo árabe E essas implicações ajudam a colocar no seu devido contexto as respostas que as rebeliões mereceram de parte das potências extra regionais que têm interesses diretos na área As implicações geopolíticas Muitos autores vêm chamando a atenção para o fato de os levantes populares no mundo árabe colocarem em xeque a influência norteamericana em toda a região As revoltas árabes representam o mais sério desafio ao domínio norteamericano no Oriente Médio desde que América atingiu o patamar de superpotência depois da Segunda Guerra Mundial A estratégia de longo prazo dos Estados Unidos para a região investir na estabilidade autoritária para salvaguardar os interesses norteamericanos econômicos e geopolíticos foi colocada de cabeça para baixo Desde janeiro de 2011 a Administração Obama e os seus aliados europeus vêm tentando conter o potencial dano causado pela derrocada de aliados chave na região A imediata resposta de Washington foi a de brindar um apoio nominal ao diálogo político e às reformas enquanto ao mesmo tempo fechava acordos com as monarquias do Golfo e os poderes mais retrógrados da região para preservar o mais possível o statu quo prérevolucionário KAMAT SHOKR 2013 Outro autor que tem levantado esse tema desde a primeira hora é James Petras professor emérito da Universidade de Binghamton Nova York e especialista nas questões do Oriente Médio3 Mas também importante é a corrente que vincula os rumos que estão assumindo os países que foram protagonistas da primavera árabe ao projeto geopolítico de longo prazo para a região defendido por grupos políticos e militares de Israel Tanto Theodore Herzl fundador do sionismo em seu Diário 19044 como Rabbi Fischmann membro da Agência Judia para a Palestina em depoimento ao Comité Especial de Inquérito das Nações Unidas em 09 de Julho de 1947 afirmam que a Terra Prometida estendese do rio do Egito Nilo ao Eufrates incluindo o Líbano e partes da Síria Essa ideia nunca foi abandonada e reapareceu com novas roupagens Esse projeto está contido no chamado Plano Yinon lançado pelo jornalista israelense Oded Yinon especialista em temas militares e ex funcionário do Ministério das Relações Exteriores num artigo publicado em 1982 inicialmente no jornal Kivunim Direções do Departamento de Informação da Organização Sionista Mundial5 A principal proposta é a criação de um Grande Israel refletindo as aspirações de facções sionistas representadas na administração Netanyahu no Partido Likud e presentes tanto nas forças armadas como nos serviços de inteligencia israelenses6 O plano estabelece a necessidade de reconfigurar a geopolítica regional através da balcanização dos Estados árabes vizinhos que passariam a estar divididos em frágeis Estados menores Operase sobre duas premissas a primeira que Israel deve converterse numa potência regional para sobreviver a segunda que toda a área deve ser subdividida em estados fracos criados sobre preceitos sectários ou étnicos que se transformariam em estados satélites de Israel A instabilidade política que tomou conta da região e as sangrentas lutas que tomam conta da Síria e do Iraque estão perfeitamente de acordo com este projeto O alvo prioritário dessa fragmentação seria o Iraque que na visão dos estrategistas israelenses deveria ser dividido em três Estados um deles curdo e outros dois árabes um xiita e outro sunita 3 PETRAS James The Arab Revolt and the Imperialist Counterattack Atlanta Clear Day Books 2011 4 HERZL Theodor Complete Diaries VolII Page 711 The area of the Jewish state stretches from the Brook of Egypt to the Euphrates 5 KIVUNIM Directions A Journal for Judaism and Zionism Issue No 14Winter 5742 February 1982 Editor Yoram Beck Comitê Editorial Eli Eyal Yoram Beck Amnon Hadari Yohanan Manor Elieser Schweid Publicado pelo Departmento de PublicidadeThe World Zionist Organization Jerusalem 6 wwwglobalresearchcagreaterisraelthezionistplanforthemiddleeast5324815 Nota Este mapa foi desenhado pelo Tenentecoronel Ralph Peters e foi publicado no Armed Forces Journal em Junho de 2006 Peters é um coronel aposentado do US National War Academy Map Copyright LieutenantColonel Ralph Peters 2006 O mapa também faz parte do livro do mesmo autor Never Quit the Fight lançado em Julho de 2006 Fonte httpnewmiddleeastwordpresscomtagbrzezinski O primeiro passo para viabilizar a fragmentação foi a guerra IrãIraque discutida e analisada no Plano Yinon À luz dos acontecimentos do mês de Junho de 2014 com o avanço na direção de Bagdá do grupo sunita fundamentalista Estado Islâmico do Iraque e do Levante Isis sigla em inglês é possível assumir que o plano norte americano e sionista avança agora de forma mais consistente A fragmentação do Iraque é um tema que já ganhou as manchetes internacionais O plano prevê também a balcanização da Síria Jordânia e Líbano assim como o Norte da África se discute a partilha do Egito Sudão que já foi dividido após o referendum de 2011 que aprovou a independência do Sudão do Sul Líbia e o resto dos países da região Tendo em vista este projeto é compreensível a sucessão de eventos que têm comovido a região a agressão israelense ao Líbano em 2006 a intervenção da OTAN na Líbia em 2011 o processo em curso no Egito a guerra na Síria e os atuais acontecimentos no Iraque Para compreender a sintonia do plano israelense com os interesses norteamericanos na região devese lembrar que durante uma visita a Telavive em junho de 2006 a secretaria de Estado dos Estados Unidos Condoleezza Rice falou na necessidade de organizar um Novo Oriente Médio7 Na sua fala a ministra não citou o Plano Yinon mas o fato de ter levantado o tema da necessidade de uma nova geopolítica regional chamou a atenção porque coincidia com a inauguração de um novo terminal petrolífero no Mediterrâneo oriental que une a cidade de Baku na ex república soviética de Azerbaijão rica em gás e petróleo passando por Tbilisi capital da Georgia e chegando ao porto de Ceyhan na Turquia gigantesca obra que cria uma alternativa energética do Cáucaso para a Europa com importantes repercussões na Rússia A fala de Condoleezza Rice também coincidia com a nova invasão israelense ao Líbano conhecida como Segunda Guerra do Líbano que destruiu parte importante da infraestrutura desse país e deixou milhares de desabrigados libaneses conflito apresentado como parte da organização desse novo Oriente Médio O anúncio da nova geopolítica para o Oriente Médio era a confirmação de que o governo Bush se comprometia com o projeto militar no qual vinham trabalhando durante anos estrategistas ingleses norteamericanos e israelenses visando criar um arco de instabilidade caos e violência do Líbano ao Iraque passando por Palestina Síria Golfo Pérsico Irã e fronteira de Afeganistão 7 Secretary of State Condoleezza Rice Special Briefing on the Travel to the Middle East and Europe of Secretary Condoleezza Rice Press Conference US State Department Washington DC July 21 2006 http wwwstategovsecretaryrm200669331htm Mapa httpwwwoilfundazenUS layihelerbakitbilisiceyhan esasixracborukemeriasp Mapa Grande Israel enwikipediaorgwikiFileGreaterisraeljpg This image is a work of the Central Intelligence Agency employee taken or made as part of that persons official duties As a work of the US federal government the image is in the public domain A península Arábica também é uma bomba prestes a estourar na avaliação dos serviços israelenses e nas citações do Plano Yinon Regimes frágeis que dependem do apoio dos Estados Unidos preocupados com a sobrevivência eles não se furtam a participar da política regional Fazemno no entanto da pior maneira possível se vislumbrados eventuais interesses árabes comuns instigando as rivalidades sectárias Teve pouca repercussão na mídia mundial mas foi bem conhecida regionalmente a intervenção saudita no Bahrein para sufocar um levante contra a monarquia os sauditas fizeram o mesmo no Iêmen ajudando a reprimir as manifestações que no entanto conseguiram derrubar o presidente Ali Abdullah Saleh que deixou o poder e se refugiou na Arábia saudita depois de ocupar o poder durante 33 anos De acordo com o Plano Yinon Iraque era a maior ameaça para Israel De fato o projeto do Partido Baath do Iraque era a transformação do país numa potência regional capaz de frear as ambições expansionistas israelenses e em função disso também o governo de Bagdá financiava e treinava em grande medida a resistência palestina Depois da invasão norteamericana de 2003 e das suas trágicas consequências para a população iraquiana essa ameaça foi quase extirpada Mas o projeto de fragmentação do país não foi abandonado prevalecia o temor de que a riqueza petrolífera o Iraque possui as segundas maiores reservas mundiais conhecidas poderia em algum momento voltar a ser controlada pelo estado em prol dos interesses da população e utilizada para reconstruir a unidade e o poder do país A cobertura da mídia em relação aos últimos acontecimentos no Iraque coloca a ênfase na responsabilidade que caberia ao governo do primeiro ministro Nouri Al Malaki na crise esquecendo ou minimizando a responsabilidade que lhe cabe na crise ao legado da invasão norteamericana que desmontou o Estado destruição em todos os terrenos infraestrutura vidas humanas patrimônio arquitetônico e cultural a consequente desestabilização social a quebra das formações políticas das forças armadas dos serviços civis sem falar na exacerbação dos ódios sectários um tema que não existia nem no Iraque nem em nenhum dos países da região como ameaça à estabilidade nos últimos séculos Também não se procura investigar a origem do financiamento e das armas que ostentam os fanáticos jihadistas sunitas No mesmo contexto do plano israelensenorteamericano de fragmentação regional deve ser colocado o tema palestino e a difícil reconciliação entre a Autoridade Nacional Palestina leiase AlFatah e Hamas Quando em abril deste ano houve de fato um acordo e um novo governo unitário parecia estar dando os primeiros passos iniciando uma etapa promissora para o futuro palestino aconteceu um muito esquisito sequestro na parte da Cisjordânia ocupada por Israel zona C de três jovens israelenses O fato deu margem para novas acusações do governo de Israel ao Hamas prisões em massa e assassinatos de palestinos e novamente vivese a ameaça de fratura entre os dois mais importantes agrupamentos palestinos É um fato histórico que nem Washington nem os europeus procuraram jamais ajudar a população árabe a superar as suas dificuldades e conquistar a sua unidade Também é um fato histórico que eles nunca se preocuparam em promover a verdadeira democracia na região Os povos que se rebelaram contra os seus tiranos sabem isso muito bem O Plano Yanon não é mais do que a continuidade do que fizeram os franceses e os britânicos quando dividiram o Norte da África e o Oriente Médio no momento histórico em que eles davam as cartas na região E as repercussões extrarregionais Sem dúvida os conflitos e a instabilidade no Oriente Médio estão repercutindo em outras áreas do mundo Paquistão Afeganistão Irã estão muito perto do cenário de instabilidade e na prática formam parte dele há bastante tempo Mas é sem dúvida na Rússia e de forma indireta na China onde a situação nessa região do mundo está destinada a ser acompanhada passo a passo pelos estrategistas diplomáticos e militares Vladimir Putin e seus conselheiros sabem que uma das principais ameaças à segurança nacional e à integridade territorial da Rússia é o fundamentalismo islâmico que pode e está sendo manipulado por interesses ocidentais Um mês antes das Olimpíadas de Inverso em Sochi em janeiro deste ano mercenários religiosos islâmicos viajaram até Volvogrado antiga Stalingrado localizada a 400 quilômetros de Sochi e atacaram com bombas o centro da cidade matando 34 pessoas Depois dos atentados Putin solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que incluísse a Arábia Saudita entre os países patrocinadores do terrorismo Do ponto de vista de Moscou teria sido a negativa da Rússia em abandonar o seu aliado Bachar alAssad da Síria o motivo que levara os sauditas a despachar para Volvogrado esse grupo terrorista Mas há outra linha de análise entre os especialistas os atentados teriam sido a resposta dos Estados Unidos e da GrãBretanha à negativa de Putin de entregar a Edward Snowden além de efetivamente estar em jogo a atitude russa em relação à Síria e também na Ucrânia Depois dos cristãos ortodoxos os muçulmanos formam a segunda mais importante comunidade religiosa da Rússia uns 14 milhões de pessoas o islã é a religião de muitas das exrepúblicas soviéticas e a devoção tem aumentado desde o fim da União Soviética multiplicando o número de mesquitas no país Fundamentalistas seguidores de alQaeda querem fundar um estado islâmico na Chechênia e outro em Daguestão Putin observa os acontecimentos e busca evitar que o radicalismo islâmico seja manipulado por aqueles que procuram debilitar o controle russo nos corredores de energia da Eurásia ou por aqueles que desejam modificar as fronteiras da Ásia central ao sabor dos interesses da Arábia Saudita ou das potencias europeias e dos Estados Unidos A aproximação russa com a liderança chinesa tem tudo a ver com essa política e nesse contexto deve ser compreendida a visita de Putin a Beijing em maio quando começou a dar passos decisivos para reduzir os laços econômicos do seu país com o Ocidente BIBLIOGRAFIA AHMED Akbar S PósModernismo e Islão Lisboa Instituto Piaget 1992 ALI Tariq Confronto de Fundamentalismos Rio de Janeiro Record 2002 AMAR Paul PRADSHAD Vijay Dispatches from the Arab Spring New Delhi Left Word 2013 AVNERY Ury Outro Israel Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2012 DABASHI Hamid The Arab Spring Londres Zed Books 2012 FROMKIN David Paz e Guerra no Oriente Médio A queda do Império Otomano e a criação do Oriente Médio moderno Rio de Janeiro Contraponto 2008 HOURANI Albert Uma história dos povos árabes São Paulo Companhia das Letras 1991 O Pensamento Árabe na Era Liberal 1798 1939 São Paulo Companhia das Letras 2005 Khoury Philip Wilson Mary C The Modern Middle East Londres IB Tauris 2011 LAACHER Smain Insurrections Arabes Utopie Revolutionnaire et Impensée Démocratique Paris Buchet Chastel 2013 MONIZ BANDEIRA Luiz Alberto Formação do Império Americano da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2005 MYLROE Laurie MÜLLER Judith Saddam Hussein e a crise do Golfo Escrita Editorial Oficina 1990 REIS FILHO Daniel Aarão FERREIRA Jorge e ZENHA Celeste orgs O Século XX O tempo das dúvidas Rio de Janeiro Civilização Brasileira vol 3 2002 SAID Edward Orientalismo O Oriente como invenção do Ocidente São Paulo Companhia das Letras TREIGNIER Michel Guerra e Paz no Oriente Médio São Paulo Ed Ática 1996 Artigos internet LÉVESQUE Julie USSponsored Terrorism in Iraq and Constructive Chaos in the Middle East httpwwwglobalresearchca Consultado em 20062014 SHAHAK Israel Greater Israel The Zionist Plan for the Middle East The Infamous Oded Yinon Plan Introduction by Michel Chossudovsky httpwwwglobalresearchcagreaterisraelthezionistplanforthemiddle east5324815 Consultado em 21062014 GUZMÁN Timothy Alexander Greater Israel and The Disappearance of Palestine Israel is Considering the Annexation of the West Bank Territories httpwwwglobalresearchcagreaterisraelandthedisappearanceofpalestineisrael isconsideringtheannexationofthewestbankterritories5383702 Consultado em 24062014