·

História ·

História

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta
Equipe Meu Guru

Prefere sua atividade resolvida por um tutor especialista?

  • Receba resolvida até o seu prazo
  • Converse com o tutor pelo chat
  • Garantia de 7 dias contra erros

Texto de pré-visualização

Copyright 2004 by Éditions Flammarion Copyright da tradução 2005 by Editora Globo SA Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada reproduzida photocopiada gravada etc sem a permissão do editor Para tal deve ser feito conforme requisitos estabelecidos em bancos brasileiros de assinaturas ou autorização J L Copiadora Título original La civilisation féodale de lan mil à la colonisation de lAmérique Preparado Beatriz de Freitas Moreira Revisão Valquiria Della Pozza Maria Sylvia Corrêa Edição remissiva Luciano Marchiori Capa Ettore Bottini sobre iluminuras de Les très riches heures du Duc de Berry 14101416 dos irmãos Limbourg Musée Condé Château de Chantilly 3ª reimpressão 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Baschet Jérôme A civilização feudal de ano 1000 à colonização da América Jérôme Baschet introdução Marcelo Rede prefácio Jacques Le Goff São Paulo Globo 2006 Título original La civilisation féodale de lan mil à la colonização de lAmérique ISBN 9788525041395 1 Civilização medieval 2 Europa História medieval 3 Idade Média I Le Goff Jacques II Título 01863 CDD9401 Índice para catálogo sistemático 1 Civilização medieval História 9401 Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil adquiridos por Editora Globo SA Av Jaguaretê 1485 05346902 São Paulo SP wwwglobolivroscombr Como sugeriu vigorosamente Alain Guerreau só se tem a ganhar em considerar a Igreja a garantia da unidade de sociedade feudal sua coluna vertebral e o fermento de seu dinamismo OS FUNDAMENTOS DO PODER ECLESIAL Unidade e diversidade da instituição eclesial Dizse que a Igreja é a instituição dominante do feudalismo ela se reproduz com sucesso como instituição mas sem que as posições em seu interior sejam transmitidas de maneira principalmente genealógica como é habitual para uma classe social É verdade que pode se considerar o alto clero como a fração superior do grupo dominante embora não como enquanto clero uma classe propriamente dita Aliás as relações entre o clero e a aristocracia são ambivalentes Esses dois grupos são ainda mais próximos pelo fato de que os filhos da aristocracia monopolizam o essencial dos cargos do alto clero mesmo se não existe nenhuma exclusividade nesta questão Entretanto a integração à Igreja rome na teoria e em pratica os laços que unem o clérigo a sua parentalidade Por vezes um abadote um bispo poder obter mais facilidade de seu parente que permanecera clerical em caso de favores depois disso e como consequência apresenta essa dinâmica enquanto a construção da organização de sua disposição dos sacramentos e do ensinamento da palavra divina Mesmo se alguns podem continuar as suas filiações ou passar de uma a outra e mesmo se entre os séculos XI e XII as missões dos regulares dos eclesiásticos se reivindicam cada vez mais tratase de duas concepções diferentes embora parcialmente as mulheres a segunda extremamente reservada aos homens entre as quais a competição é muitas vezes rude O resultado é eloquente Desde o século VIII a Igreja possui cerca de um terço das terras cultivadas na França porcentagem que continua idêntica no século XIII mas que parece baixar para 10 no Norte da Itália Na Inglaterra a Igreja concentrava um quarto das terras em 1066 e 31 em 1279 Sem multiplicar ainda mais os números podese reter que segundo os lugares e as épocas a Igreja em geral possui entre um quarto e um terço das terras Isso quer dizer que as diversas autoridades episcopais ou monásticas que compõem são poderosos senhores feudais De fato para o lado oposto de uma doação do bispo que faz pesar sobre os demais como um peso para o senhorial outros senhores parciais entre si e uma monástica Enfim a situação particularmente vantajosa da Igreja apenas se consolida pois se recebe muito não transmite nada Diferentemente dos biológicos das linhagens tudo o que chega à instituição eclesial permanece em seu nome Na teoria o patrimônio da Igreja não pode ser diminuído ou adorado muitas vezes enfatizam que bem lhe é dado de maneira perpétua não podendo ser nem cedido nem mesmo trocado Entretanto os períodos de turbulência frequentemente revêm a usurpação dos bens da Igreja pelos inconvenientes por exemplo quando um bispo desonesto concede bens diocesanos como fardos aos membros de sua própria família E mesmo se a Igreja deve acenar com despensas importantes que podem eventualmente obrigar a querer algumas terras ou a penhorar bens móveis sua posição é tal que ela se beneficia de uma equiparação desigual no seio da sociedade feudal Além das terras é preciso reivindicar entre os bens da Igreja os edifícios tais como mosteiros as catedrais e as dependências e os palácios episcopais A maior parte é rica em objetos preciosos doações em verdade em terças litúrgicas retábulos e estátuas altares e poltronas livros e cruzes cálices vasos e relíquias muitas vezes tendo por ou atraída e de recursos da preciosidade todos dotados de um grande valor espiritual e material Esses objetos por vezes também donos dos laicos costumam teusros de cada um assim se nomeia na época a coleção de seus registros livros e objetos mais preciosos veja as figuras 2 e 48 nas pp 209 e 489 Tais portanto o material e o espiritual se misturam o melhor meio de aumentar ainda mais os rendimentos de uma igreja pois eles atraem os pregeris nos que não economizam suas dádivas para um santo prestigioso e para sua casa na esperança de grants no futuro ou em agradecimento àquelas já recebidas Mas tais objetos também são os primeiros a ser pilhados e tratandose de vasos litúrgicos os primeiros a ser vendidos ou cedidos em penhor nos perdidos difíceis Enfim lembremos que Carlos Magno tornou obrigatório o dízimo que consiste em medida em um dedo do chaléito ou do produto das outras atividades produtivas e que é destinado em teoria ao sustento dos clérigos que encarregam das almas pois estes não podem trabalhar a terra nem produzir com suas próprias mãos o que os faria decair para a ordem inferior da sociedade Como se vê ao longo dos séculos X e XI os dízimos são com frequência desviados pelos senhores laicos ou pelos monges uma vez recuperados cerca do metal do um terço de montante voltaria para o eclesiástico servidor da paróquia o restante sendo devido ao bispo e consagrado ao sustento dos pobres Além de sua destinação prática o dízimo é também a garantia de um reconhecimento de poder dos clérigos ele é o sinal da dominação universal da igreja seguindo a expressão do papa Inocêncio III toda forma de resistência contra o clero é então marcada logicamente por uma recusa ou menos por uma reticência ao pagamento dessa obrigação Tudo o que precede seria incompreensível sem o poder espiritual associado à própria função dos atores Seu ofício consiste em orar e em realizar ritos assim como em nem mesmo pedir ajuda a outros em lugar de si mesmos dedicarse às atividades próprias a seu over combater ou produzir figuras 12 pp 176 e 177 Os especialistas da prece e da liturgia que são os clérigos ordenam de grande especialidade manicanto sobretudo nos séculos X a XII As doações pro familiares da comunidade monástica em favor dos quais se destina a própria direita de perpetuação das doações mesmo por aqueles eus viam ao mesmo tempo assegurar a salvação de toda a igreja é uma parte do que se reflete em outras esferas como se segue exemplificado na tabela O ritual eucarístico não é menos fundamental Golpe de mestre do cristianismo pelo qual o sacrifício do deus supera definitivamente o sacrifício da oves a missa durante a qual se oferece o deus e ele próprio segundo a expressão de Marcel Mauss reafirma constantemente a coesão da sociedade cristã Pela reiteração do sacrifício redentor de Cristo ela garante a incorporação dos fiéis à comunidade eclesial e enquanto sacrifício oferecido por esta assegura a circulação das graças na esperança de salvação aos justos Na segunda parte retornaremos aos sacramentos e particularmente ao casamento os que já foram citados formam como a confissão a crisma a extremaunção e a ordenação o segredo que se insinua no século XVIII Mas desde já constatse claramente que esses ritos são indispensáveis para a vida individual em seu seu Eles marcam suas etapas principais nascimento casamento e morte e autorrizam por si sós a esperança de salvação no outro mundo sem o que a vida terrestre seria privada de sentido cristão Ora todos esses ritos só podem ser realizados pelos sacerdotes por vezes discutese se um leigo pode em caso de urgência proceder a um batismo mas tratase de um caso limite que não tem nenhum efeito prático e não pode em causa a regra fundamental Assim os clérigos especialistas do sagrado e dispensadores exclusivos dos sacramentos necessários a toda vida cristã desponte em um monopólio decisivo não se pode nem mesmo ver cristão nem realizar o sacramento da e o propósito confor Os fiéis não podem se beneficiar da grande dádiva sem estar pelo menos em sua proximidade Convenha então retratar a expressão acima do homens e Deus A procissão do papa Gregório o Grande estanca a peste que assola Roma c 1413 Riquíssimas horas do duque de Berry Museu Condé Chantilly 65 f 71v72 Esta sustanciosa miniatura habitualmente disposta para salmos penitenciais e litânicos pode ser uma imagem atribuída a Gregório o Grande desde 590 o arcanjo Gabriel lhe aparece acima do castelo de SantAngelo embarcando sua espada para indicar o fim da epidemia de peste chamada de Justiniano Claramente a imagem tem pouco a ver com as realidades do século e v e evoca mais o fausto da igreja romana do fim da Idade Média Roma aparece como uma cidade gótica e hierarquia clerical é representada de maneira cuidadosa no ordenado sob a autoridade do papa que porta a tiara e está esculpido naqueles cadernos A abundância dos objetos litúrgicos é impressionante cruzes e estandartes de procissão nemônicos e aspergídeos livros de pesados encadernados cerimoniais e ricas A imagem mostra então uma forma frequente de prática litúrgica do espaço o abastamento processional em termos das muralhas desde simbolicamente a delimitando entre interior e exterior da forma de controle das máscaras que pensam sobre ele A circulação generalizada dos bens e das graças Desde o início do século XX adquiriuse o hábito de considerar que os fiéis da Igreja bens materiais em troca de graças recebidas ou esperadas proteção cura salvação referindose de maneira mais ou menos precisa a lógica do contexto analisada por Marcel Mauss a qual não supôs absolutamente um jogo de resultado nulo entre participantes situados em um plano de igualdade Vários estudos recentes nos convidam a modificar essa leitura Com efeito ao menos quatro polos intervém além dos clérigos e dos doadores é preciso inteirarse de uma parte dos feitos Igreja e sobretudo não esquecer de incluir Deus e os santos únicos dispensadores possíveis de graça espiritual e verdadeiros destinatários das doações que os monges recebem em seu nome figura 11 na parece conforme a lógica da laudatio parentum as doações eram igualmente que a parental e aos especificamente que elas são feitas para servir de amparo não somente à alma do doador mas também às almas de seus próximos e se seguir para as também talvez principalmente de seus encrilhos a posição do que não dos doadores eles viamse ao mesmo tempo assegurar a salvação de toda a cristandade Enfim numerosos traços escapam a lógica do dom e contradon aquele que doa não é necessariamente o que recebe de modo que ninguém pode estar seguro do que receberá os clérigos não poderiam comparar o prejuízo da é de aquele que aquele que se que os clérigos insistem sobre o fado de Deus o que se recebia nunca é diretamente ligado ao fato que foi dado pois em toda a graça espiritual intertwined modo determinante o tesouro dos méritos acumulados pelos fiéis em virtude de efeitos favoráveis de suas interseções permitiram junto da sua Assim o auto a totalidade das operações eucarísticas realizadas no conjunto do cristandade do corpo social e a circulação em seu seio da graça divina Finalmente é por que ela ocupa essa posição de operadora decisiva e de intermediária obrigatória na troca patrocinada pela Igreja dispôs de tantos bens materiais que os ofereciam a Deus os santos e confirmam a seus cuidados perpetuamente Não podemos termenar este primeiro esboço da organização da Igreja essencialmente fundado sobre sua capacidade de assegurar a coesão do corpo social sem evocar a parte coercitiva de seu poder A capacidade de incluir os fiéis na unidade de comunidade terrestre e potencialmente na glória da Igreja celeste corresponde um temível poder de exclusão detido pelos clérigos A excomunhão consiste em efeito em rejeitar o pecador deixandoo fora da sociedade cristã interditandolhe o acesso aos sacramentos particularmente a comunhão a qual aparece como sinal tangível da integração social e negandolhe a possibilidade de ser enterrado em terra consagrada do crente cristão É verdade que a excomunhão é somente uma pena terrestre que não é assimilada a da danação eterna mas privando o culpado dos menos indispensáveis de salvação que são os sacramentos fazendolhe correr o risco de morrer em estado de desgraça mortal não confessado o põe perigosamente sob a ameça das penas do inferno Além disso o anátema é uma forma particular de excomunhão que é associada a maldição eterna dos culpados Durante os primeiros séculos da Igreja era pronunciado contra os hereges tais como os discípulos de Ario os quais abandonavam verdadeiramente a fé e não deixavam mais chances de salvação do que os não tão indianos não são batizados Em seguida ele é utilizado contra todos os inimigos da Igreja em particular durante os séculos X e XI época em que os monges não hesitaram em enviar seus adversários ao castigo eterno do inferno Lester Little Além de seu uso contra os desvios heréticos a excomunhão e em certa medida o anátema são armas que a Igreja utilizam em suas lutas contra a aristocracia e os príncipes por exemplo Henrique IV nos anos 1070 ou Filipe I rei da França entre 1094 e 1099 Os simples leigos são frequentemente afetados por tais medidas pois a excomunhão de um grande personagem pode ser acometida pela interdição lançada sobre seu domínio e seu reino os clérigos recusariam então ordem de subir ao altar da celebracão Restando parar assim um risco de morte espiritual sobre toda a população Nessas condições não há nenhum príncipe que possa se manter muito tempo no estado de excomunhão e que não procure a reconciliação com a Igreja indispensável para assegurar uma sentença tão pesada para ele e tão incómoda do exercício de sua autoridade urbanos que utilizam métodos de cópia em série aumentando o ritmo de produção e diminuindo sensivelmente o preço dos livros Os mosteiros redigem atos charitas cada vez mais numerosos logo copiados e reunidos nos cartulários ao passo que se multiplicam as cartas e decisões emitidas pelas chancelarias epístolas e pontifícias mas também princípices e reais onde geralmente são os clérigos que manuseiam a pena e ocupam o cargo de chanceler Sobretudo por volta de 1100 ocorre uma novidade notável que rompe com o sistema descrito anteriormente em particular com a quase equivalência estabelecida entre escritura luta e Igreja Com efeito as cortes aristocráticas conseguem em geral com ajuda dos clérigos fazer com que seja posta por escrito num primeiro momento canções de gesto tal como a Canção do Rolando e poesias líricas a despeito do monaquismo e a supervisão dos leitores por línguas rítmidas ai como indianos se foram confiadas à escritura Por mais notáveis que sejam essas evoluções permanecem limitadas Apesar da crescente utilização da escrita a oralidade e os jogos rituais continham a dominar a vida social Mesmo se as obras literárias são conservadas por escritores continuam essencialmente feitas para ser contadas com cantadas a voz predominava sempre sobre a letra Paul Zumthor O de costume é dito oralmente na aldeia durante um ritual anual enquanto os decisões importantes são anunciadas nos cuidados pelos arautos A voz e o ouvido continuam a ser suas canções essenciais de obra uma carta para ser bem entendida será ouvida mais do que lida e mesmo a leitura não pode ser feita sem se pronunciar ao menos vo bajada o texto que os olhos percorrem a leitura silenciosa que nos parece ter evidência e só faz sua aparição tarde e timidamente No mais entre os séculos X e XIII e a educação dos leigos urbanos e dos aristocratas melhora sensivelmente e muitos dos dentre eles são ao menos semialfabetizados tendo aprendido a ler o mesmo saber escrever Os manuscritos são assim dado prestígio tanto quanto instrumentos de leitura É posto então a produção de acesso dos leigos à Bíblia Também a Igreja prova com extrema severidade a posse do texto bíblico pelos leigos em particular quando confrontado com casos de heresia permanecerá como custódia a suprimir o acesso ao texto sagrado mais do que o imediatolitamente Assim para as vezes os leigos possuem certos livros bíblicos em particular os salmos no qual se aprende a ler mas não a Bíblia completa Sobretudo para eles os clérigos se reservam a leitura do texto bíblico que dizer dará das interpretação julgada correta A partir da segunda metade do século XII aparecem as traduções adaptadas da Bíblia em língua vulgar nas tratáse na