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Texto de pré-visualização
O ano de 1922 é muito conhecido como a Semana de 22 Essa semana foi realizada em São Paulo é importante referencial para reflexões estéticas e para crítica de arte do país As questões associadas ao nacionalismo emergente do pósPrimeira Guerra Mundial e à industrialização que se estabelece especialmente em São Paulo motivam intelectuais e jovens artistas entusiasmados a reverem e criarem novos projetos culturais E um desses jovens foi Mário de Andrade que agora é considerado o líder informal do movimento Modernista na área da literatura Ele surge com uma determinação diferente de mostrar o verdadeiro lado brasileiro nas obras de literatura escrita Assim surge o tão aclamado livro modernista do autor Mário de Andrade intitulado de Macunaíma Mário de Andrade 18931945 foi um escritor brasileiro além de atuar como poeta ele também foi romancista contista crítico literário professor e pesquisador de manifestações musicais e folclorista Mário era muito interessado pelas coisas do Brasil e por isso ele teve um grande papel no movimento modernista no Brasil se tornando uma figura importante e marcante da geração de 22 tendo como a obra Macunaíma a mais conhecida desse movimento objeto desta resenha No ano de 1911 ingressa no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e conclui o curso de piano em 1917 Com a perda do seu pai no mesmo ano ele se vê dando aulas particulares de piano Mário também era um grande frequentador das rodas literárias e foi onde conheceu Anita Malfatti e Oswald de Andrade tornandose muito amigos E ainda nesse mesmo ano usando pseudônimo de Mário Sobral publica seu livro de estreia literária Há uma gota de sangue em cada poema no qual ele critica a matança produzida na Primeira Guerra Mundial e defende a paz O livro como objeto dessa resenha é dividido em dezessete capítulos e distribuídos em 142 páginas sendo que às duas últimas é constituído pelo epílogo da história desses dezessete capítulos quatro dele é contando sobre os acontecimentos de Macunaíma dentro sua aldeia o seu nascimento sua maioridade seu envolvimento com a Ci Mãe do Mato e a briga que ele teve com o Boiúna Luna o que envolve na sua viagem atrás do Muiraquitã E treze é contando sobre suas aventuras para recuperar sua jóia perdida e a volta para sua aldeia e sua morte Nessa resenha iremos analisar dois capítulos do livro sendo Boiúna Luna quarto capítulo do livro e Ursa Maior décimo sétimo capítulo do livro No No capítulo IV do livro de Macunaíma acontece duas cenas importantes para a continuação da narração no capítulo III temos a despedida de Macunaíma e da Ci Mãe do Mato que entrega o Muiraquitã e na volta do enterro do filho deles Macunaíma encontra Naipi uma índia que foi prometida à boiúna Capei que escravizava sua tribo mas ela se entrega primeiro para Titçatê um guerreiro de sua tribo boiúna Capei como forma de punição pela traição a transforma em cachoeira e o guerreiro em uma árvore e habitou suas águas E Macunaíma fica emocionado com a história de Naipi e promete que mataria Capei Aparece então um monstro gigante que surge das águas e enfrenta o herói que acabou cortando sua cabeça Mas a cabeça do monstro ainda se mantém vivo e persegue Macunaíma e seus irmão Maanape e Jiguê e é no meio dessa fuga que o herói sem caráter perde o Muiraquitã presente dado por Ci O monstro atirou uma guascada tilintando com os guizos do rabo porém nesse momento uma formiga tracuá mordeu o calcanhar do herói Ele se agachou distraído com a dor e o rabo passou por cima dele indo bater na cara de Capei Então ela urrou mais e deu um bote na coxa de Macunaíma Ele só fez um afastadinho com o corpo agarrou num rochedo e juque decepou a cabeça da bicha O corpo dela se estorceu na corrente enquanto a cabeça com aqueles olhões docinhos vinha beijar vencida os pés do vingador O herói teve medo e jogou no viado mato dentro acompanhado pelos manos Andrade 1928 p2021 Após perceberem que Macunaíma perdeu sua pedra eles vão atrás do Muiraquitã perdido Mais tarde Macunaíma descobre que a pedra foi engolida por uma tartaruga que foi encontrada por um pescador e foi vendida para um peruano o Venceslau Pietro Pietra que vivia em São Paulo O herói acompanhado dos irmãos segue rumo à cidade e assim se dá o início a grande aventura Então o passarinho uirapuru agarrou cantando com doçura e o herói entendeu tudo o que ele cantava E era que Macunaíma estava desinfeliz porque perdera a muiraquitã na praia do rio quando subia no bacupari Porém agora cantava o lamento do uirapuru nunca mais que Macunaíma havia de ser marupiara não porque uma tracajá engolira a muiraquitã e o mariscador que apanhara a tartaruga tinha vendido a pedra verde pra um regatão peruano se chamando Venceslau Pietro Pietra O dono do talismã enriquecera e parava fazendeiro e baludo lá em São Paulo a cidade macota lambida pelo igarapé Tietê Andrade 1928 p2021 Já no último capítulo do livro Macunaíma que é intitulado de Ursa Maior tem o fechamento da história do herói sem caráter nenhum neste final temos Macunaíma que está sozinho sem a companhia de seus irmão ou das pessoas de sua aldeia quem ainda permanece ao seu lado é um papagaio o único que ainda ouvia as histórias e lendas de Macunaíma Ele também doente acaba passando a maior parte do dia dormindo e como sempre cheio de preguiça Em um dia Macunaíma sentiu vontade de brincar e antes disso ele resolveu tomar banho na lagoa Dentro do lago aparece Uiara que o convida para brincar mas ele tinha medo do frio Temos Vei a Sol que irritada com a recusa do herói sem caráter em se casar com sua filha aquece as costas de Macunaíma para ele ter vontade de mergulhar Mas durante esse mergulho o herói perde uma perna suas orelhas seu nariz seus dedões e até mesmo o muiraquitã E o herói indeciso vainãovai Sol teve raiva Pegou num rabodetatu de calorão e guasca o lombo do herói A dona ali dizque abrindo os braços mostrando a graça fechando os olhos molenga Macunaíma sentiu fogo no espinhaço estreme fez pontaria se jogou feito em cima dela juque Vei chorou de vitória As lágrimas caíram na lagoa num chuveiro de ouro e de ouro Era o pino do dia Quando Macunaíma voltou na praia se percebia que brigaram muito lá no fundo Ficou de bruços um tempão com a vida dependurada nos respiros fatigados Estava sangrando com mordidas pelo corpo todo sem perna direita sem os dedões sem os cocosdaBaía sem orelhas sem nariz sem nenhum dos seus tesouros Revoltado Macunaíma envenena a lagoa e recupera alguns de seus pedaços exceto a perna Cansado de viver ele decide ir ao céu planta um cipó que sobe até a lua Capei Até era por causa disso mesmo que não achava mais graça na Terra Tudo o que fora a existência dele apesar de tantos casos tanta brincadeira tanta ilusão tanto sofrimento tanto heroísmo afinal não fora sinão um se deixar viver e pra parar na cidade de Delmiro ou a ilha de Marajó que são desta terra carecia de ter um sentido Andrade 1928 p138 Ia pro céu viver com a marvada Ia ser o brilho bonito mas inútil porém de mais uma constelação Não fazia mal que fosse brilho inútil não pelo menos era o mesmo de todos esses parentes de todos os pais dos vivos da sua terra mães pais manos cunhãs cunhadas cunhatãs todos esses conhecidos que vivem agora do brilho inútil das estrelas Andrade 1928 p138 PauíPódole feliz por sua defesa na festa do Cruzeiro arranja para o herói uma constelação ele se transforma na Ursa Maior que só possui uma perna Então Macunaíma foi bater na casa de PauíPódole o Pai do MutumPauíPódole gostava muito dele porque Macunaíma o defendera daquele mulato da maior mulataria na festa do Cruzeiro Andrade 1928 p139 PauíPódole teve dó de Macunaíma Fez uma feitiçaria Agarrou três pauzinhos jogou pro alto fez em encruzilhada e virou Macunaíma com todo o estenderete dele galo galinha gaiola revólver relógio numa constelação nova É a constelação da Ursa Maior Andrade 1928 p140 A linguagem de Mário de Andrade nesses capítulos mantém a riqueza de oralidade e regionalismos mas adquire um tom mais melancólico e simbólico A energia irônica nos primeiros capítulos vai dando espaço ao desencanto o riso dá lugar à uma crítica amarga No fim o herói termina incompleto e sozinho No capítulo intitulado Boiúna Luna temos um capítulo voltado para as lendas folclóricas do Brasil ou seja os mitos indígenas como a figura de Naipi por exemplo traz essa fusão entre a tragédia mítica e a beleza natural ao ser transformada em cachoeira Podemos considerar que no último capítulo possui uma ironia em relação ao mito do herói tradicional que é aclamado pelas pessoas ganham riquezas Macunaíma não ascende aos céus por feitos grandiosos ou por receber uma evolução espiritual mas é simplesmente pelo esgotamento da sua existência então ele decide abandonar a Terra e subir ao céu Ambos os capítulos revelam o poder simbólico da obra como crítica da identidade brasileira marcada por improviso dispersão e fracasso em alcançar um ideal de grandeza Macunaíma representa o Brasil como uma figura trágicacômica viva em sua pluralidadese metamorfoseando mas incapaz de construir um projeto coeso de si mesmo Sua ascensão ao céu não é um triunfo mas ironia a eternidade que resta para o herói é ser uma estrela mutilada Por fim por mais que essa obra possa ser um clássico para a literatura brasileira o livro pode ser recomendado para alunos dos anos finais do ensino médio como a turma do terceiro ano ou para alunos que estão fazendo cursinhos em preparação para o ENEM pois é uma assunto que pode agregar no momento de fazer a redação e responder questões mais precisas mas por todo o livro ser de uma complexa leitura pis é um rapsódia vemos muitos contos e muitas palavras originárias da língua indigena que não é tão fácil descobrir a tradução e entender em qual período essa obra foi escrita Além é claro de graduandos em letras e literatura e docentes em busca de uma especialização centrada na área de pesquisa sobre o modernismo e a literatura Referências bibliográficas A Semana de Arte Moderna de 1922 Revista de Cultura e Extensão USP S l v 7 p 2529 2012 DOI1011606issn23169060v7i0p2529 Disponívelemhttpsrevistasuspbrrcearticleview46491 Acesso em 22 jun 2025 SÃO PAULO Universidade de Mário de Andrade Instituto de Estudos Brasileiros São Paulo p 2 6 jul 2016 Disponível em httpswwwiebuspbrmariodeandrade Acesso em 22 jun 2025 Análise dos Capítulos Boiúna Luna e Ursa Maior da Obra Macunaíma O capítulo Boiúna Luna quarto do livro Macunaíma é fundamental para a progressão da narrativa Nesse episódio após a despedida de Ci Mãe do Mato que entrega a Macunaíma o muiraquitã símbolo de amor e proteção o herói se depara com Naipi uma jovem indígena prometida à Boiúna Capei entidade que escravizava sua tribo Ao se apaixonar por Titçatê um guerreiro local Naipi é punida pela serpente transformada em cachoeira enquanto seu amado se torna uma árvore elementos que eternizam essa tragédia no cenário natural Comovido Macunaíma promete vingar Naipi enfrentando a própria Boiúna Capei representada como um monstro gigantesco Após um combate intenso o herói consegue decepar sua cabeça Contudo a cabeça da criatura permanece viva e passa a perseguilo junto aos irmãos Maanape e Jiguê Durante a fuga ocorre um evento decisivo Macunaíma perde o muiraquitã presente dado por Ci o que desencadeia toda a jornada subsequente do herói Essa perda não é apenas um fato narrativo mas simboliza a desconexão de Macunaíma com suas origens afetivas e culturais Posteriormente o herói descobre através do canto do uirapuru que assume o papel de mensageiro mítico que a pedra foi engolida por uma tartaruga capturada por um pescador e vendida ao comerciante peruano Venceslau Pietro Pietra residente em São Paulo Este evento dá início à longa busca do herói na cidade onde se desenvolvem as aventuras centrais da obra Já no capítulo final intitulado Ursa Maior observase o desfecho da trajetória do herói Solitário doente e sem a companhia dos irmãos Macunaíma é retratado entregue à preguiça dialogando apenas com um papagaio que se mantém como seu último ouvinte Ao ser provocado por Vei a Sol que tenta aquecêlo para que aceite o convite da Uiara a um banho no lago o herói acaba cedendo No entanto durante essa interação perde partes de seu corpo perna orelhas nariz dedos além do próprio muiraquitã o qual nunca mais recupera por completo Tomado por frustração envenena a lagoa em que mergulhara resgata alguns pedaços do seu corpo mas permanece mutilado Sem encontrar mais sentido na existência terrena decide abandonar o mundo Sobe por um cipó até o céu transformandose na constelação da Ursa Maior ironicamente representada com apenas uma perna ecoando sua condição física no plano terrestre Esse desfecho carrega um profundo tom de crítica e ironia Diferente dos heróis das epopeias tradicionais que são elevados aos céus como recompensa por feitos grandiosos Macunaíma ascende não por mérito mas pelo esgotamento de sua existência marcada por frustrações perdas e contradições Os dois capítulos analisados sintetizam os elementos centrais da obra a mistura entre o trágico e o cômico a crítica à busca por uma identidade nacional coesa e a permanente oscilação entre encantamento e desencanto Em Boiúna Luna observase a valorização dos mitos indígenas e das lendas que explicam a configuração do mundo natural Já em Ursa Maior há uma desconstrução do arquétipo do herói tradicional cujo destino não é a glória mas a ironia de ser eternizado como uma estrela imperfeita e solitária Portanto ambos os capítulos reforçam a proposta de Mário de Andrade de construir por meio de Macunaíma uma representação simbólica do Brasil múltiplo contraditório inacabado e em constante transformação A obra além de ser um clássico do modernismo brasileiro revelase uma poderosa alegoria da identidade nacional
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O ano de 1922 é muito conhecido como a Semana de 22 Essa semana foi realizada em São Paulo é importante referencial para reflexões estéticas e para crítica de arte do país As questões associadas ao nacionalismo emergente do pósPrimeira Guerra Mundial e à industrialização que se estabelece especialmente em São Paulo motivam intelectuais e jovens artistas entusiasmados a reverem e criarem novos projetos culturais E um desses jovens foi Mário de Andrade que agora é considerado o líder informal do movimento Modernista na área da literatura Ele surge com uma determinação diferente de mostrar o verdadeiro lado brasileiro nas obras de literatura escrita Assim surge o tão aclamado livro modernista do autor Mário de Andrade intitulado de Macunaíma Mário de Andrade 18931945 foi um escritor brasileiro além de atuar como poeta ele também foi romancista contista crítico literário professor e pesquisador de manifestações musicais e folclorista Mário era muito interessado pelas coisas do Brasil e por isso ele teve um grande papel no movimento modernista no Brasil se tornando uma figura importante e marcante da geração de 22 tendo como a obra Macunaíma a mais conhecida desse movimento objeto desta resenha No ano de 1911 ingressa no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e conclui o curso de piano em 1917 Com a perda do seu pai no mesmo ano ele se vê dando aulas particulares de piano Mário também era um grande frequentador das rodas literárias e foi onde conheceu Anita Malfatti e Oswald de Andrade tornandose muito amigos E ainda nesse mesmo ano usando pseudônimo de Mário Sobral publica seu livro de estreia literária Há uma gota de sangue em cada poema no qual ele critica a matança produzida na Primeira Guerra Mundial e defende a paz O livro como objeto dessa resenha é dividido em dezessete capítulos e distribuídos em 142 páginas sendo que às duas últimas é constituído pelo epílogo da história desses dezessete capítulos quatro dele é contando sobre os acontecimentos de Macunaíma dentro sua aldeia o seu nascimento sua maioridade seu envolvimento com a Ci Mãe do Mato e a briga que ele teve com o Boiúna Luna o que envolve na sua viagem atrás do Muiraquitã E treze é contando sobre suas aventuras para recuperar sua jóia perdida e a volta para sua aldeia e sua morte Nessa resenha iremos analisar dois capítulos do livro sendo Boiúna Luna quarto capítulo do livro e Ursa Maior décimo sétimo capítulo do livro No No capítulo IV do livro de Macunaíma acontece duas cenas importantes para a continuação da narração no capítulo III temos a despedida de Macunaíma e da Ci Mãe do Mato que entrega o Muiraquitã e na volta do enterro do filho deles Macunaíma encontra Naipi uma índia que foi prometida à boiúna Capei que escravizava sua tribo mas ela se entrega primeiro para Titçatê um guerreiro de sua tribo boiúna Capei como forma de punição pela traição a transforma em cachoeira e o guerreiro em uma árvore e habitou suas águas E Macunaíma fica emocionado com a história de Naipi e promete que mataria Capei Aparece então um monstro gigante que surge das águas e enfrenta o herói que acabou cortando sua cabeça Mas a cabeça do monstro ainda se mantém vivo e persegue Macunaíma e seus irmão Maanape e Jiguê e é no meio dessa fuga que o herói sem caráter perde o Muiraquitã presente dado por Ci O monstro atirou uma guascada tilintando com os guizos do rabo porém nesse momento uma formiga tracuá mordeu o calcanhar do herói Ele se agachou distraído com a dor e o rabo passou por cima dele indo bater na cara de Capei Então ela urrou mais e deu um bote na coxa de Macunaíma Ele só fez um afastadinho com o corpo agarrou num rochedo e juque decepou a cabeça da bicha O corpo dela se estorceu na corrente enquanto a cabeça com aqueles olhões docinhos vinha beijar vencida os pés do vingador O herói teve medo e jogou no viado mato dentro acompanhado pelos manos Andrade 1928 p2021 Após perceberem que Macunaíma perdeu sua pedra eles vão atrás do Muiraquitã perdido Mais tarde Macunaíma descobre que a pedra foi engolida por uma tartaruga que foi encontrada por um pescador e foi vendida para um peruano o Venceslau Pietro Pietra que vivia em São Paulo O herói acompanhado dos irmãos segue rumo à cidade e assim se dá o início a grande aventura Então o passarinho uirapuru agarrou cantando com doçura e o herói entendeu tudo o que ele cantava E era que Macunaíma estava desinfeliz porque perdera a muiraquitã na praia do rio quando subia no bacupari Porém agora cantava o lamento do uirapuru nunca mais que Macunaíma havia de ser marupiara não porque uma tracajá engolira a muiraquitã e o mariscador que apanhara a tartaruga tinha vendido a pedra verde pra um regatão peruano se chamando Venceslau Pietro Pietra O dono do talismã enriquecera e parava fazendeiro e baludo lá em São Paulo a cidade macota lambida pelo igarapé Tietê Andrade 1928 p2021 Já no último capítulo do livro Macunaíma que é intitulado de Ursa Maior tem o fechamento da história do herói sem caráter nenhum neste final temos Macunaíma que está sozinho sem a companhia de seus irmão ou das pessoas de sua aldeia quem ainda permanece ao seu lado é um papagaio o único que ainda ouvia as histórias e lendas de Macunaíma Ele também doente acaba passando a maior parte do dia dormindo e como sempre cheio de preguiça Em um dia Macunaíma sentiu vontade de brincar e antes disso ele resolveu tomar banho na lagoa Dentro do lago aparece Uiara que o convida para brincar mas ele tinha medo do frio Temos Vei a Sol que irritada com a recusa do herói sem caráter em se casar com sua filha aquece as costas de Macunaíma para ele ter vontade de mergulhar Mas durante esse mergulho o herói perde uma perna suas orelhas seu nariz seus dedões e até mesmo o muiraquitã E o herói indeciso vainãovai Sol teve raiva Pegou num rabodetatu de calorão e guasca o lombo do herói A dona ali dizque abrindo os braços mostrando a graça fechando os olhos molenga Macunaíma sentiu fogo no espinhaço estreme fez pontaria se jogou feito em cima dela juque Vei chorou de vitória As lágrimas caíram na lagoa num chuveiro de ouro e de ouro Era o pino do dia Quando Macunaíma voltou na praia se percebia que brigaram muito lá no fundo Ficou de bruços um tempão com a vida dependurada nos respiros fatigados Estava sangrando com mordidas pelo corpo todo sem perna direita sem os dedões sem os cocosdaBaía sem orelhas sem nariz sem nenhum dos seus tesouros Revoltado Macunaíma envenena a lagoa e recupera alguns de seus pedaços exceto a perna Cansado de viver ele decide ir ao céu planta um cipó que sobe até a lua Capei Até era por causa disso mesmo que não achava mais graça na Terra Tudo o que fora a existência dele apesar de tantos casos tanta brincadeira tanta ilusão tanto sofrimento tanto heroísmo afinal não fora sinão um se deixar viver e pra parar na cidade de Delmiro ou a ilha de Marajó que são desta terra carecia de ter um sentido Andrade 1928 p138 Ia pro céu viver com a marvada Ia ser o brilho bonito mas inútil porém de mais uma 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melancólico e simbólico A energia irônica nos primeiros capítulos vai dando espaço ao desencanto o riso dá lugar à uma crítica amarga No fim o herói termina incompleto e sozinho No capítulo intitulado Boiúna Luna temos um capítulo voltado para as lendas folclóricas do Brasil ou seja os mitos indígenas como a figura de Naipi por exemplo traz essa fusão entre a tragédia mítica e a beleza natural ao ser transformada em cachoeira Podemos considerar que no último capítulo possui uma ironia em relação ao mito do herói tradicional que é aclamado pelas pessoas ganham riquezas Macunaíma não ascende aos céus por feitos grandiosos ou por receber uma evolução espiritual mas é simplesmente pelo esgotamento da sua existência então ele decide abandonar a Terra e subir ao céu Ambos os capítulos revelam o poder simbólico da obra como crítica da identidade brasileira marcada por improviso dispersão e fracasso em alcançar um ideal de grandeza Macunaíma representa o Brasil como uma figura trágicacômica viva em sua pluralidadese metamorfoseando mas incapaz de construir um projeto coeso de si mesmo Sua ascensão ao céu não é um triunfo mas ironia a eternidade que resta para o herói é ser uma estrela mutilada Por fim por mais que essa obra possa ser um clássico para a literatura brasileira o livro pode ser recomendado para alunos dos anos finais do ensino médio como a turma do terceiro ano ou para alunos que estão fazendo cursinhos em preparação para o ENEM pois é uma assunto que pode agregar no momento de fazer a redação e responder questões mais precisas mas por todo o livro ser de uma complexa leitura pis é um rapsódia vemos muitos contos e muitas palavras originárias da língua indigena que não é tão fácil descobrir a tradução e entender em qual período essa obra foi escrita Além é claro de graduandos em letras e literatura e docentes em busca de uma especialização centrada na área de pesquisa sobre o modernismo e a literatura Referências bibliográficas A Semana de Arte Moderna de 1922 Revista de Cultura e Extensão USP S l v 7 p 2529 2012 DOI1011606issn23169060v7i0p2529 Disponívelemhttpsrevistasuspbrrcearticleview46491 Acesso em 22 jun 2025 SÃO PAULO Universidade de Mário de Andrade Instituto de Estudos Brasileiros São Paulo p 2 6 jul 2016 Disponível em httpswwwiebuspbrmariodeandrade Acesso em 22 jun 2025 Análise dos Capítulos Boiúna Luna e Ursa Maior da Obra Macunaíma O capítulo Boiúna Luna quarto do livro Macunaíma é fundamental para a progressão da narrativa Nesse episódio após a despedida de Ci Mãe do Mato que entrega a Macunaíma o muiraquitã símbolo de amor e proteção o herói se depara com Naipi uma jovem indígena prometida à Boiúna Capei entidade que escravizava sua tribo Ao se apaixonar por Titçatê um guerreiro local Naipi é punida pela serpente transformada em cachoeira enquanto seu amado se torna uma árvore elementos que eternizam essa tragédia no cenário natural Comovido Macunaíma promete vingar Naipi enfrentando a própria Boiúna Capei representada como um monstro gigantesco Após um combate intenso o herói consegue decepar sua cabeça Contudo a cabeça da criatura permanece viva e passa a perseguilo junto aos irmãos Maanape e Jiguê Durante a fuga ocorre um evento decisivo Macunaíma perde o muiraquitã presente dado por Ci o que desencadeia toda a jornada subsequente do herói Essa perda não é apenas um fato narrativo mas simboliza a desconexão de Macunaíma com suas origens afetivas e culturais Posteriormente o herói descobre através do canto do uirapuru que assume o papel de mensageiro mítico que a pedra foi engolida por uma tartaruga capturada por um pescador e vendida ao comerciante peruano Venceslau Pietro Pietra residente em São Paulo Este evento dá início à longa busca do herói na cidade onde se desenvolvem as aventuras centrais da obra Já no capítulo final intitulado Ursa Maior observase o desfecho da trajetória do herói Solitário doente e sem a companhia dos irmãos Macunaíma é retratado entregue à preguiça dialogando apenas com um papagaio que se mantém como seu último ouvinte Ao ser provocado por Vei a Sol que tenta aquecêlo para que aceite o convite da Uiara a um banho no lago o herói acaba cedendo No entanto durante essa interação perde partes de seu corpo perna orelhas nariz dedos além do próprio muiraquitã o qual nunca mais recupera por completo Tomado por frustração envenena a lagoa em que mergulhara resgata alguns pedaços do seu corpo mas permanece mutilado Sem encontrar mais sentido na existência terrena decide abandonar o mundo Sobe por um cipó até o céu transformandose na constelação da Ursa Maior ironicamente representada com apenas uma perna ecoando sua condição física no plano terrestre Esse desfecho carrega um profundo tom de crítica e ironia Diferente dos heróis das epopeias tradicionais que são elevados aos céus como recompensa por feitos grandiosos Macunaíma ascende não por mérito mas pelo esgotamento de sua existência marcada por frustrações perdas e contradições Os dois capítulos analisados sintetizam os elementos centrais da obra a mistura entre o trágico e o cômico a crítica à busca por uma identidade nacional coesa e a permanente oscilação entre encantamento e desencanto Em Boiúna Luna observase a valorização dos mitos indígenas e das lendas que explicam a configuração do mundo natural Já em Ursa Maior há uma desconstrução do arquétipo do herói tradicional cujo destino não é a glória mas a ironia de ser eternizado como uma estrela imperfeita e solitária Portanto ambos os capítulos reforçam a proposta de Mário de Andrade de construir por meio de Macunaíma uma representação simbólica do Brasil múltiplo contraditório inacabado e em constante transformação A obra além de ser um clássico do modernismo brasileiro revelase uma poderosa alegoria da identidade nacional