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INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 1 SALA DE AULA INTERATIVA A EDUCAÇÃO PRESENCIAL E À DISTÂNCIA EM SINTONIA COM A ERA DIGITAL E COM A CIDADANIA Marco Silva Resumo Interatividade é um princípio do mundo digital e da cibercultura isto é do novo ambiente comunicacional baseado na internet no site no game no software Interatividade significa libertação do constrangimento diante da lógica da transmissão que predominou no século XX É o modo de comunicação que vem desafiar a mídia de massa rádio cinema imprensa e tv a buscar a participação do público para se adequar ao movimento das tecnologias interativas É o modo de comunicação que vem desafiar professores e gestores da educação igualmente centrados no paradigma da transmissão a buscar a construção da sala de aula onde a aprendizagem se dá com a participação e cooperação dos alunos Este texto vem mostrar que interatividade é fundamento da educação presencial e à distância em sintonia com era digital e com a construção da participação cidadã Vivemos a transição do modo de comunicação massivo para o interativo Um processo em curso de reconfiguração das comunicações humanas em toda sua amplitude No universo tecnológico temos a emergência do dispositivo conversacional No ambiente da propaganda e marketing buscase o diálogo entre produtor produto e cliente E na esfera social o novo espectador é menos passivo diante da mensagem fechada à sua intervenção e procura fugir do modelo de recepção clássica Marco Silva sociólogo doutor em educação professor da Faculdade de Educação da UERJ autor do livro Sala de aula interativa ed Quartet Rio 2000 Email marcomsmcombr INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 2 A disposição interativa permite ao usuário ser ator e autor fazendo da comunicação não apenas o trabalho da emissão mas cocriação da própria mensagem e da comunicação Permite a participação entendida como troca de ações controle sobre acontecimentos e modificação de conteúdos O usuário pode ouvir ver ler gravar voltar ir adiante selecionar tratar e enviar qualquer tipo de mensagem para qualquer lugar Em suma a interatividade permite ultrapassar a condição de espectador passivo para a condição de sujeito operativo Os games mais avançados permitem uma variedade de decisões que o jogador pode tomar ao longo da trama Ele decide a experiência que quer ter criando estratégias de ação em tempo real e imerso num enredo aberto à sua intervenção No cinema digital o público poderá sair da passividade e participar da história controlando personagens desfechos e até criando a trilha sonora do filme Outra novidade que vem por aí é a tv digital a tv via internet que permite ao usuário deixar a posição de espectador e passar a interagir diretamente com a programação Seja lá o nome que se dê era digital cibercultura sociedade de informação ou sociedade em rede o fato é que em nosso tempo a interatividade é desafio não só para os gestores da velha mídia mas para todos os agentes do processo de comunicação É um desafio explícito que mais parece ultimato à lógica da distribuição em massa própria também da fábrica e da escola Esta última em particular visando atender a demanda moderna criada a partir do preceito iluminista de educação para todos tornouse instituição de massa dispensando ao conjunto da população a ser instruída um tratamento uniforme garantido por um planejamento centralizado Inquietação na tv e na educação A inquietação é visível entre empresários e programadores de tv quando os mais antenados anunciam que daqui a dez anos vai parecer absurdo ter um aparelho de tv em casa pelo qual não se possa enviar nada apenas receber Então investem no treinamento das equipes de profissionais que terão que se adaptar à linguagem digital E de imediato procuram desenvolver alternativas interativas em seus programas para enfrentar a concorrência da internet e atender o novo espectador INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 3 Eles percebem que um programa interativo na tv deve permitir que os telespectadores definam o rumo que ele toma que a passividade da tv significa perda progressiva de audiência e que o espectador tende a permanecer ligado ou conectado se puder participar da programação Tudo isso traduzido em estratégias que articulam emissão e recepção garante a audiência e prepara o casamento inevitável da tv com a internet Ocasião em que o indivíduo não dependerá mais do velho aparelho analógico de tela estática e intransponível Ele poderá abrir janelas móveis e tridimensionais e adentrar à procura de mais informações e comunicação quando estiver assistindo a um noticiário ou a uma partida de futebol A inquietação dos empresários e programadores de tv diante da interatividade não encontra eco na escola e nos sistemas de ensino É preciso despertar o interesse dos professores para uma nova comunicação com os alunos em sala de aula presencial e virtual É preciso enfrentar o fato de que tanto a mídia de massa quanto a sala de aula estão diante do esgotamento do mesmo modelo comunicacional que separa emissão e recepção Muitos educadores já perceberam que a educação autêntica não se faz sem a participação genuína do aluno que a educação não se faz transmitindo conteúdos de A para B ou de A sobre B mas na interação de A com B No entanto esta premissa ainda não mobilizou o professor diante da urgência de modificar o modelo comunicacional baseado no falarditar do mestre que se mantém inarredável na era digital Na sala de aula presencial prevalece a baixa participação oral dos alunos e a insistência nas atividades solitárias Na educação à distância via tv o perfil comunicacional da telessala ou da teleaula se mantém em grande parte centrado na lógica da distribuição na transmissão massiva de informações ou conhecimentos E via internet os sites educacionais continuam estáticos subutilizando a tecnologia digital ainda centrados na transmissão de dados desprovidos de mecanismos de interatividade de criação coletiva Portanto seja na sala de aula inforrica equipada com computadores ligados à Internet seja no site de educação à distância seja na telessala seja na sala de aula INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 4 infopobre é preciso ir além da percepção de que o conhecimento não está mais centrado na emissão É preciso perceber que doravante os atores da comunicação têm a interatividade e não apenas a separação da emissão e recepção própria da mídia de massa e dos sistemas de ensino Daí ser oportuno conhecer um pouco mais sobre interatividade e assim se inquietar e ousar na modificação da comunicação na aprendizagem na construção do conhecimento em suma no exercício da participação cidadã Interatividade cocriação da emissão e recepção O termo apareceu na década de 1970 no contexto da crítica à mídia unidirecional e virou moda a partir de meados dos anos 80 com a chegada do computador com múltiplas janelas windows em rede Janelas que não se limitam à transmissão Elas permitem ao usuário adentramento labiríntico e manipulação de conteúdos Em nossos dias mesmo ganhando maturidade teórica e técnica com o desenvolvimento da internet e dos games o significado do termo também sofre sua banalização quando usado como argumento de venda ou ideologia publicitária em detrimento do prometido mais comunicacional É o caso por exemplo de softwares de programas de tv ou mesmo de escolas e cursos que são divulgados como interativos mas que na verdade adotam o adjetivo apenas como excelente argumento de marketing que faz engolir a pílula1 No caso dos softwares ditos interativos muitas vezes não passam de estruturas arborescentes fechadas e seqüenciais que reproduz a mesma estrutura do livro Quanto aos programas de tv que se divulgam como interativos o que se vê é leitura de emails no ar mas o telespectador está longe de interferir nos rumos da programação E quanto às escolas e cursos via web elearning que se autointitulam interativos o que se tem na verdade é a sala de aula aparelhada com computadores internet tecnologia 3D capacete com óculos e fone servindo principalmente para intensificar e modernizar o velho modelo da transmissão ou o site estático que disponibiliza textos para a leitura livresca e não dispõe de recursos para intervenção nos conteúdos para cocriação aprendizagem colaborativa 1 SFEZ Lucien Crítica da comunicação São Paulo Loyola 1994 p 267276 Ver também As tecnologias do espírito Revista FAMECOS Porto Alegre PUC nº6 1997 p 7s INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 5 Hoje o termo interatividade se presta às utilizações mais desencontradas e estapafúrdias abrangendo um campo semântico dos mais vastos que compreende desde salas de cinema em que as cadeiras se movem até novelas de televisão em que os espectadores escolhem por telefone o final da história Um terreno tão elástico corre o risco de abarcar tamanha gama de fenômenos a ponto de não poder exprimir coisa alguma2 Sendo assim é preciso atentar para o sentido depurado do termo e aí verificar a perspectiva de libertação da comunicação da lógica da transmissão Interatividade é um conceito de comunicação e não de informática Pode ser empregado para significar a comunicação entre interlocutores humanos entre humanos e máquinas e entre usuário e serviço No entanto para que haja interatividade é preciso garantir duas disposições basicamente 1 A dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e complementares na cocriação da comunicação 2 A intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da mensagem ou do programa abertos a manipulações e modificações Estas disposições refletem uma mudança fundamental no esquema clássico da comunicação uma mudança paradigmática na teoria e pragmática comunicacionais o emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente Ele não propõe uma mensagem fechada ao contrário oferece um leque de possibilidades O receptor não está mais em situação de recepção clássica A mensagem só toma todo o seu significado sob a sua intervenção Ele se torna de certa maneira criador Enfim a mensagem que agora pode ser recomposta reorganizada modificada em permanência sob o impacto das intervenções do receptor dos ditames do sistema perde seu estatuto de mensagem emitida Assim parece claramente que o esquema clássico da informação que se baseava numa ligação unilateral emissormensagemreceptor se acha mal colocado em situação de interatividade3 2 MACHADO A Précinemas Póscinemas CampinasSP Papirus 1997 p 250 3 MARCHAND Marie Les paradis informationnels du Minitel aox services de commmunication du futur Paris Masson 1986 p 9s Ver também Marco SILVA Interatividade uma mudança fundamental do esquema clássico da comunicação Boletim Técnico do SENAC Rio de Janeiro v 23 nº 3 setdez 2000 p 1927 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 6 De fato o computador se encontra diretamente associado ao termo exatamente porque na sua memória imagens sons e textos são convertidos em bits de modo a sofrer qualquer tipo de manipulação e interferência sem degradação ou perda da informação Os objetos são virtuais isto é definidos matematicamente e processados por algoritmos Vale citar um exemplo uma cadeira sintetizada na memória de um computador é uma possibilidade genérica de cadeira que pode ser visualizada numa tela de monitor de mil maneiras diferentes com qualquer cor com qualquer forma com qualquer função narrativa no cenário com quaisquer propriedades sonoras dependendo unicamente de decisões que o usuário toma ao lidar com seus periféricos de interação4 Nesse caso se diz que o computador é conversacional para diferencialo dos meios massivos unidirecionais exatamente porque permite o dialogo da emissão e recepção Isto é o objeto na memória do computador e as decisões do usuário são pólos antagônicos e complementares permitindo assim a experiência da comunicação da cocriação E se o computador está conectado à internet amplia se o leque de disposições que convidam o usuário a operar como intervenção bidirecionalidade e múltiplas conexões em rede Partindose dessas disposições essenciais ao entendimento do conceito complexo de interatividade não há porque criar gradações no interior do conceito de interatividade No entanto há quem faça distinções como grau zero para o videocassete e o livro por causa da disposição linear e seqüencial do filme ou do texto grau um para o videogame que permite movimentar imagens na tela em roteiros predeterminados grau dois para a interatividade de seleção num banco de dados onde o usuário faz escolha num menu arborescente com ramificações obrigatórias grau três para a interatividade de imersão em ambientes virtuais 3D que permite passear sem modificar conteúdos grau quatro o mais elevado a interatividade de conteúdo isto é aqui o usuário dispõe de todos os graus anteriores além da possibilidade de modificar o conteúdo da mensagem seja em texto imagem ou som 5 4 MACHADO A Entenda a sua época Folha de São Paulo 13041997 p 55 5 KRETZ Francis Le concept pluriel dinteractivités ou linteractivité vous laissetelle chaud ou froid Bulletin de lIDATE Paris Centro Georges Pompidou nº 20 julho1985 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 7 Só esse grau mais elevado contempla os aspectos fundamentais da interatividade que podem ser encontrados em sua complexidade na arquitetura hipertextual6 do computador e do ciberespaço São três basicamente 1 Participaçãointervenção participar não é apenas responder sim ou não ou escolher uma opção dada significa interferir na mensagem de modo sensório corporal e semântico 2 Bidirecionalidadehibridação a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção é cocriação os dois pólos codificam e decodificam 3 Permutabilidadepotencialidade a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas associações e significações potenciais Mesmo tão associada ao computador e à internet é preciso insistir interatividade é um conceito de comunicação e não de informática Antes do computador conversacional é possível encontrar a expressão mais depurada do termo na arte participacionista7 da década de 1960 definida também como obra aberta8 O que permite garantir que interatividade não é uma novidade da era digital O parangolé do artista plástico carioca Hélio Oiticica 19371980 é um exemplo maravilhoso de explicitação dos fundamentos da interatividade O parangolé rompe com o modelo comunicacional baseado na transmissão Ele é pura proposição à participação ativa do 6 O que é um hipertexto Em termos bastante simp lificados podemos explicálo da seguinte maneira todo texto desde a invenção da escrita foi pensado e praticado como um dispositivo linear como sucessão retilínea de caracteres apoiada num suporte plano A idéia básica do hipertexto é aproveitar a arq uitetura não linear das memórias de computador para viabilizar textos tridimensionais como aqueles do holopoema porém dotados de uma estrutura dinâmica que os torne manipuláveis interativamente Na sua forma mais avançada e limítrofe o hipertexto seria algo assim como um texto escrito no eixo do paradigma ou seja um texto que já traz dentro de si várias outras possibilidades de leitura e diante do qual se pode escolher dentre várias alternativas de atualização Na verdade não se trata mais de um texto mas de uma imensa superposição de textos que se pode ler na direção do paradigma como alternativas virtuais da mesma escritura ou na direção do sintagma como textos que correm paralelamente ou que se tangenciam em determinados pontos permitindo optar entre prosseguir na mesma linha ou enveredar por um outro caminho A maneira mais usual de visualizar essa escritura múltipla na tela plana do monitor de vídeo é através de janelas windows paralelas que se pode ir abrindo sempre que necessário e também através de elos links que ligam determinadas palavraschave de um texto a outros disponíveis na memória MACHADO Arlindo Máquina e imaginário o desafio das poéticas tecnológicas São Paulo EDUSP 1993 pp 286 e 288 7 COUCHOT Edmond A arte pode ainda ser um relógio que adianta O autor a obra e o espectador na hora do tempo real A arte no século XXI a humanização das tecnologias DOMINGUES D org São Paulo FAPESP 1997 p 136s 8 ECO Umberto Obra aberta São Paulo Perspectiva 1976 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 8 espectador termo que se torna inadequado obsoleto Tratase de participação sensório corporal e semântica e não de participação mecânica Oiticica quer a intervenção física na obra de arte e não apenas contemplação imaginal separada da proposição O fruidor da arte é solicitado à completação dos significados propostos no parangolé E as proposições são abertas o que significa convite à cocriação da obra O indivíduo veste o parangolé que pode ser uma capa feita com camadas de panos coloridos que se revelam à medida que ele se movimenta correndo ou dançando Oiticica o convida a participar do tempo da criação de sua obra e oferece entradas múltiplas e labirínticas que permitem a imersão e intervenção do participador que nela inscreve sua emoção sua intuição seus anseios seu gosto sua imaginação sua inteligência Assim a obra requer completação e não simplesmente contemplação Segundo o próprio Oiticica o participador lhe empresta os significados correspondentes algo é previsto pelo artista mas as significações emprestadas são possibilidades suscitadas pela obra não previstas incluindo a nãoparticipação nas suas inúmeras possibilidades também9 Esta concepção de arte ou antiarte como preferia Oiticica inconcebível fora da perspectiva da coautoria tem algo a sugerir ao professor Mesmo estando adiante dos seus alunos no que concerne a conhecimentos específicos propor a aprendizagem na mesma perspectiva da coautoria que caracteriza o parangolé A pedagogia do parangolé O professor propõe o conhecimento Não o transmite Não o oferece à distância para a recepção audiovisual ou bancária sedentária passiva como criticava o educador Paulo Freire Ele propõe o conhecimento aos estudantes como o artista propõe sua obra potencial ao público Isso supõe segundo Thornburg Passarelli modelar os domínios do conhecimento como espaços conceituais onde os alunos podem construir seus próprios mapas e conduzir suas explorações considerando os conteúdos como ponto de partida e não como ponto de chegada no processo de construção do conhecimento10 9 OITICICA Hélio Aspiro ao grande labirinto Seleção de textos Rio de Janeiro Rocco 1996 p 70s 10 THORNBURG apud PASSARELLI Brasilina Hipermídia e a educação algumas pesquisas e experiências Contexto Educação Ijuí RS nº 34 ano 8 outdez 1993 p 66 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 9 A participação do aluno se inscreve nos estados potenciais do conhecimento arquitetados pelo professor de modo que evoluam em torno do núcleo preconcebido com coerência e continuidade O aluno não está mais reduzido a olhar ouvir copiar e prestar contas Ele cria modifica constrói aumenta e assim tornase coautor Exatamente como no parangolé em vez de se ter obra acabada têmse apenas seus elementos dispostos à manipulação O professor disponibiliza um campo de possibilidades de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos alunos Ele garante a possibilidade de significações livres e plurais e sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição colocase aberto a ampliações a modificações vindas da parte dos alunos Uma pedagogia baseada nessa disposição à coautoria à interatividade requer a morte do professor narcisicamente investido do poder Expor sua opção crítica à intervenção à modificação requer humildade Mas digase humildade e não fraqueza ou minimização da autoria da vontade da ousadia Em sala de aula presencial ou virtual o professor não é um contador de histórias A maneira do design de software interativo ele constrói um conjunto de territórios a explorar não uma rota Mais do que conselheiro ou facilitador ele convertese em formulador de problemas provocador de interrogações coordenador de equipes de trabalho sistematizador de experiências Assim o professor propõe o conhecimento à maneira do parangolé Assim ele redimensiona a sua autoria não mais a prevalência do falarditar da lógica da distribuição mas a perspectiva da proposição complexa do conhecimento à participação ativa dos alunos que já aprenderam com o joystick do videogame e hoje aprendem com o mouse Enfim a responsabilidade de disseminar um outro modo de pensamento de inventar uma nova sala de aula presencial e à distância capaz de educar em nosso tempo INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 10 Sala de aula interativa Vem do iluminismo a crença na escola como lugar destinado a formar cidadãos esclarecidos senhores do seu próprio destino Entretanto a sala de aula convive tradicionalmente com um impedimento de base ao seu propósito primordial de educar para a cidadania Ela não contempla a participação do aluno na construção do conhecimento e da própria comunicação O grande discurso moderno centrado na educação escolar sempre conviveu esse impedimento o peso de uma tradição bem formulada por Pierre Lévy quando diz a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falarditar do mestre Nos livros Pedagogia do oprimido Educação e mudança e A importância do ato de ler Paulo Freire faz críticas à transmissão como sendo o modelo mais identificado como prática de ensino e menos habilitado a educar Cito algumas O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes Isto forma uma consciência bancária sedentária passiva O educando recebe passivamente os conhecimentos tornandose um depósito do educador Educase para arquivar o que se deposita Quem apenas fala e jamais ouve quem imobiliza o conhecimento e o transfere a estudantes não importa se de escolas primárias ou universitárias quem ouve o eco apenas de suas próprias palavras numa espécie de narcisismo oral não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia Ensinar não é a simples transmissão do conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo Transmissão que se faz muito mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos alunos P Freire não desenvolveu uma teoria da comunicação que dê conta de sua crítica à transmissão No entanto deixou seu legado que garante ao conceito de interatividade a exigência da participação daquele que deixa o lugar da recepção para experimentar a co criação A sala de aula presencial e à distância segue os três fundamentos citados anteriormente Entretanto é preciso considerar que a distinção presencial e à distância será cada vez menos pertinente quanto mais se popularizarem as tecnologias digitais As duas modalidades coexistirão o uso da web dos suportes multimídia e a sala de aula tradicional INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 11 com professor e alunos frente a frente O aluno terá a aula na escola na universidade e terá também o site da disciplina com exercícios e novas proposições configurando a sala de aula virtual Porém é certo que esteja apenas iniciando a proliferação do ensino exclusivamente à distância via Internet Para promover a sala de aula interativa o professor precisa desenvolver pelo menos cinco habilidades entre outras 1 Pressupor a participaçãointervenção dos alunos sabendo que participar é muito mais que responder sim ou não é muito mais que escolher uma opção dada participar é atuar na construção do conhecimento e da comunicação 2 Garantir a bidirecionalidade da emissão e recepção sabendo que a comunicação e a aprendizagem são produção conjunta do professor e dos alunos 3 Disponibilizar múltiplas redes articulatórias sabendo que não se propõe uma mensagem fechada ao contrário se oferece informações em redes de conexões permitindo ao receptor ampla liberdade de associações de significações 4 Engendrar a cooperação sabendo que a comunicação e o conhecimento se constroem entre alunos e professor como cocriação e não no trabalho solitário 5 Suscitar a expressão e a confrontação das subjetividades sabendo que a fala livre e plural supõe lidar com as diferenças na construção da tolerância e da democracia Estas são habilidades necessárias para o professor aproveitar ao máximo o potencial das novas tecnologias em sala de aula Contudo não se destinam somente à sala de aula inforrica Pois uma vez que interatividade é conceito de comunicação e não de informática tais habilidades são necessárias também para o professor que quer modificar sua postura comunicacional na sala infopobre Ambos podem aprender com o parangolé e com o computador Quanto a este último é preciso ter claro que ele vem potenciar e não substituir o trabalho docente é preciso saber operálo para não subutilizar sua natureza interativa hipertextual Isso supõe conhecimento razoável da histórica passagem dos velhos computadores movidos por INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 12 complicadas linguagens de acesso alfanuméricas para as máquinas atuais onde se clica e abremse janelas múltiplas móveis em rede permitindo ao usuário adentramento e manipulação fáceis Supõe conhecimento razoável da arquitetura hipertextual do computador que permite ao usuário fazer links ou transitar aleatoriamente por fotos sons filmes textos gráficos etc e ainda interferir em conteúdos O hipertexto é o novo paradigma tecnológico que liberta o usuário da lógica unívoca da mídia de massa Ele democratiza a relação do usuário com a informação gerando um ambiente conversacional que não se limita à lógica da distribuição Em suma o hipertexto é essencialmente um sistema interativo materializado no chip permitindo complexidade na informação e na comunicação Conhecer e experimentar essa nova dimensão da técnica resulta em habilidades necessárias para que o professor aproveite ao máximo o potencial do computador e da Internet em sala de aula Seja infopobre ou inforrica a sala de aula interativa supõe que o professor se dê conta do hipertexto Aqui ele pode contar com três sugestões apresentadas por Martín Barbero11 um crítico da utilização das velhas e novas tecnologias na educação 1 O professor terá que se dar conta do hipertexto o modelo nãosequencial a montagem de conexões em rede que permite e exige uma multiplicidade de recorrências entendidas como diálogo e participação 2 O professor terá que saber que em lugar de substituir o hipertexto vem potenciar a sua autoria De mero transmissor de liçõespadrão ele deverá converterse em formulador de interrogações coordenador de equipes de trabalhos sistematizador de experiências 3 O professor deverá saber que não se trata de endeusar o hipertexto que traz uma mudança nos protocolos e processos de leitura mas colocálo em interação com o modelo tradicional Afinal o livro de papel em seu modelo linear seqüencial não pode ser invalidado Não se trata de substituir um modo de ler por outro 11 MARTÍNBARBERO Jesus Nuevos regímenes de visualidad y des centramientos culturales Bogotá Colombia 1998 cópia reprográfica p 23 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 13 Assim a interatividade e o hipertexto convidam o professor a considerar a necessidade de modificar a comunicação centrada na emissão do professor contador de história inspirandose para isso no designer de software O professor contador de história é aquele que centra a comunicação no seu falar ditar disparando liçõespadrão É o emissor que atrai o receptor para seu universo mental para seu imaginário para sua récita O designer de software constrói uma rede e não uma rota Ele define territórios abertos a exploração e conteúdos predispostos a interferências e modificações Mas é preciso tomar cuidado Não se trata de comparar o profissional transtemporal historicamente comprometido com a educação do sujeito e da sociedade com o jovem profissional informata gerado pelo espírito do nosso tempo O professor contador de história terá dificuldade de lidar e aprender com o hipertexto e com as tecnologias digitais Para ele o computador não passa de uma máquina de escrever Terá dificuldade de lidar com seus alunos pois está alheio ao novo espectador menos passivo perante a mensagem fechada à sua intervenção Aquele que aprendeu com o controle remoto da tv com o joystick do videogame e agora aprende como o mouse Aquele que migra da tela estática da tv para a tela do computador conectado à internet é mais consciente das tentativas de programálo e é mais capaz de esquivarse delas evita acompanhar argumentos lineares que não permitem a sua interferência e lida facilmente com o hipertexto com o digital que define sua experiência comunicacional interferir modificar produzir partilhar Essa atitude menos passiva diante da mensagem é sua exigência uma nova sala de aula de uma nova postura comunicacional do professor Para o novo espectador ou geração net12 a sala de aula centrada na transmissão estará cada vez mais chata Os alunos estarão cada vez mais desinteressados no modelo baseado na liçãopadrão no falarditar do mestre Aliás as últimas conclusões do Saeb Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica do MEC confirmam essa grave tendência que não se restringe ao ensino básico pois está também enraizada no ensino médio 12 TAPSCOTT Don Geração digital a crescente e irredutível ascensão da geração net Trad Ruth Bahr São Paulo MAKRON Books 1999 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 14 e superior Essa constatação faz o ministro da educação vir a público para falar do efeito chatice e aventar suas causas 1 A prevalência do modelo tradicional de ensino o professor se sente o todopoderoso repete conceitos e não sabe interagir com os alunos os conteúdos estão distantes da realidade e devem ser decorados e cobrados em provas 2 A oferta atual de informação e conhecimento é cada vez maior e melhor fora da sala de aula graças aos novos recursos tecnológicos em especial a internet e a multimídia interativa13 Esse quadro se agrava ampliando a defasagem da escola e da universidade na era digital Enquanto isso empresários e gestores do setor educacional estão cada vez mais compelidos ao investimento em novas tecnologias informáticas aplicáveis em suas instituições porém pouco atentos à necessidade de modificar a sala de aula centrada na pedagogia da transmissão Eles freqüentam feiras de educação e informática à procura de soluções para situações bem concretas Exemplos 1 Melhorar a performance dos processos de gestão minimizando custos 2 Capacitar professores e funcionários de modo a otimizar os trabalhos de administração e de ensinoaprendizagem 3 Preparar as novas gerações para exigências atuais e futuras do mercado de trabalho onde o principal valor é a capacidade de aprender de comunicar e de criar utilizando tecnologias digitais 4 Implementar o ensino a distância como extensão inevitável da sala de aula presencial e como mais uma opção de negócio No entanto as soluções encontradas especificamente para o redimensionamento urgente e inevitável da sala de aula e da aprendizagem nem sempre significam salto qualitativo em educação As salas podem ganhar equipamentos de realidade virtual e carteiras equipadas com monitores que mostram o conteúdo apresentado pelo professor o aluno pode gravar o conteúdo em disquete e caso tenha faltado à aula acessar o site da disciplina onde 13 cf Folha de São Paulo 29112000 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 15 estão disponibilizados os conteúdos dados e os exercícios propostos pode ainda via email tirar dúvidas e receber orientações do professor Ainda assim prevalecem a transmissão e a lógica da distribuição próprias da sala de aula tradicional e da mídia de massa Então é preciso enfatizar o essencial não é a tecnologia mas um novo estilo de pedagogia sustentado por uma modalidade comunicacional que supõe interatividade isto é participação cooperação bidirecionalidade e multiplicidade de conexões entre informações e atores envolvidos Mais do que nunca o professor está desafia do a modificar sua comunicação em sala de aula e na educação Isso significa modificar sua autoria enquanto docente e inventar um novo modelo de educação Como diz Edgar Morin Hoje é preciso inventar um novo modelo de educação já que estamos numa época que favorece a oportunidade de disseminar um outro modo de pensamento A época é essa a era digital a sociedade em rede a sociedade de informação a cibercultura INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 16 BIBLIOGRAFIA 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nosso tempo o desafio pósmoderno e a pedagogia da ação comunicativa In Logos Comunicação Universidade Rio de Janeiro UERJFaculdade de Comunicação nº 3 1995 TAPSCOTT Don Geração digital a crescente e irredutível ascensão da geração net Trad Ruth Bahr São Paulo MAKRON Books 1999
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INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 1 SALA DE AULA INTERATIVA A EDUCAÇÃO PRESENCIAL E À DISTÂNCIA EM SINTONIA COM A ERA DIGITAL E COM A CIDADANIA Marco Silva Resumo Interatividade é um princípio do mundo digital e da cibercultura isto é do novo ambiente comunicacional baseado na internet no site no game no software Interatividade significa libertação do constrangimento diante da lógica da transmissão que predominou no século XX É o modo de comunicação que vem desafiar a mídia de massa rádio cinema imprensa e tv a buscar a participação do público para se adequar ao movimento das tecnologias interativas É o modo de comunicação que vem desafiar professores e gestores da educação igualmente centrados no paradigma da transmissão a buscar a construção da sala de aula onde a aprendizagem se dá com a participação e cooperação dos alunos Este texto vem mostrar que interatividade é fundamento da educação presencial e à distância em sintonia com era digital e com a construção da participação cidadã Vivemos a transição do modo de comunicação massivo para o interativo Um processo em curso de reconfiguração das comunicações humanas em toda sua amplitude No universo tecnológico temos a emergência do dispositivo conversacional No ambiente da propaganda e marketing buscase o diálogo entre produtor produto e cliente E na esfera social o novo espectador é menos passivo diante da mensagem fechada à sua intervenção e procura fugir do modelo de recepção clássica Marco Silva sociólogo doutor em educação professor da Faculdade de Educação da UERJ autor do livro Sala de aula interativa ed Quartet Rio 2000 Email marcomsmcombr INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 2 A disposição interativa permite ao usuário ser ator e autor fazendo da comunicação não apenas o trabalho da emissão mas cocriação da própria mensagem e da comunicação Permite a participação entendida como troca de ações controle sobre acontecimentos e modificação de conteúdos O usuário pode ouvir ver ler gravar voltar ir adiante selecionar tratar e enviar qualquer tipo de mensagem para qualquer lugar Em suma a interatividade permite ultrapassar a condição de espectador passivo para a condição de sujeito operativo Os games mais avançados permitem uma variedade de decisões que o jogador pode tomar ao longo da trama Ele decide a experiência que quer ter criando estratégias de ação em tempo real e imerso num enredo aberto à sua intervenção No cinema digital o público poderá sair da passividade e participar da história controlando personagens desfechos e até criando a trilha sonora do filme Outra novidade que vem por aí é a tv digital a tv via internet que permite ao usuário deixar a posição de espectador e passar a interagir diretamente com a programação Seja lá o nome que se dê era digital cibercultura sociedade de informação ou sociedade em rede o fato é que em nosso tempo a interatividade é desafio não só para os gestores da velha mídia mas para todos os agentes do processo de comunicação É um desafio explícito que mais parece ultimato à lógica da distribuição em massa própria também da fábrica e da escola Esta última em particular visando atender a demanda moderna criada a partir do preceito iluminista de educação para todos tornouse instituição de massa dispensando ao conjunto da população a ser instruída um tratamento uniforme garantido por um planejamento centralizado Inquietação na tv e na educação A inquietação é visível entre empresários e programadores de tv quando os mais antenados anunciam que daqui a dez anos vai parecer absurdo ter um aparelho de tv em casa pelo qual não se possa enviar nada apenas receber Então investem no treinamento das equipes de profissionais que terão que se adaptar à linguagem digital E de imediato procuram desenvolver alternativas interativas em seus programas para enfrentar a concorrência da internet e atender o novo espectador INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 3 Eles percebem que um programa interativo na tv deve permitir que os telespectadores definam o rumo que ele toma que a passividade da tv significa perda progressiva de audiência e que o espectador tende a permanecer ligado ou conectado se puder participar da programação Tudo isso traduzido em estratégias que articulam emissão e recepção garante a audiência e prepara o casamento inevitável da tv com a internet Ocasião em que o indivíduo não dependerá mais do velho aparelho analógico de tela estática e intransponível Ele poderá abrir janelas móveis e tridimensionais e adentrar à procura de mais informações e comunicação quando estiver assistindo a um noticiário ou a uma partida de futebol A inquietação dos empresários e programadores de tv diante da interatividade não encontra eco na escola e nos sistemas de ensino É preciso despertar o interesse dos professores para uma nova comunicação com os alunos em sala de aula presencial e virtual É preciso enfrentar o fato de que tanto a mídia de massa quanto a sala de aula estão diante do esgotamento do mesmo modelo comunicacional que separa emissão e recepção Muitos educadores já perceberam que a educação autêntica não se faz sem a participação genuína do aluno que a educação não se faz transmitindo conteúdos de A para B ou de A sobre B mas na interação de A com B No entanto esta premissa ainda não mobilizou o professor diante da urgência de modificar o modelo comunicacional baseado no falarditar do mestre que se mantém inarredável na era digital Na sala de aula presencial prevalece a baixa participação oral dos alunos e a insistência nas atividades solitárias Na educação à distância via tv o perfil comunicacional da telessala ou da teleaula se mantém em grande parte centrado na lógica da distribuição na transmissão massiva de informações ou conhecimentos E via internet os sites educacionais continuam estáticos subutilizando a tecnologia digital ainda centrados na transmissão de dados desprovidos de mecanismos de interatividade de criação coletiva Portanto seja na sala de aula inforrica equipada com computadores ligados à Internet seja no site de educação à distância seja na telessala seja na sala de aula INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 4 infopobre é preciso ir além da percepção de que o conhecimento não está mais centrado na emissão É preciso perceber que doravante os atores da comunicação têm a interatividade e não apenas a separação da emissão e recepção própria da mídia de massa e dos sistemas de ensino Daí ser oportuno conhecer um pouco mais sobre interatividade e assim se inquietar e ousar na modificação da comunicação na aprendizagem na construção do conhecimento em suma no exercício da participação cidadã Interatividade cocriação da emissão e recepção O termo apareceu na década de 1970 no contexto da crítica à mídia unidirecional e virou moda a partir de meados dos anos 80 com a chegada do computador com múltiplas janelas windows em rede Janelas que não se limitam à transmissão Elas permitem ao usuário adentramento labiríntico e manipulação de conteúdos Em nossos dias mesmo ganhando maturidade teórica e técnica com o desenvolvimento da internet e dos games o significado do termo também sofre sua banalização quando usado como argumento de venda ou ideologia publicitária em detrimento do prometido mais comunicacional É o caso por exemplo de softwares de programas de tv ou mesmo de escolas e cursos que são divulgados como interativos mas que na verdade adotam o adjetivo apenas como excelente argumento de marketing que faz engolir a pílula1 No caso dos softwares ditos interativos muitas vezes não passam de estruturas arborescentes fechadas e seqüenciais que reproduz a mesma estrutura do livro Quanto aos programas de tv que se divulgam como interativos o que se vê é leitura de emails no ar mas o telespectador está longe de interferir nos rumos da programação E quanto às escolas e cursos via web elearning que se autointitulam interativos o que se tem na verdade é a sala de aula aparelhada com computadores internet tecnologia 3D capacete com óculos e fone servindo principalmente para intensificar e modernizar o velho modelo da transmissão ou o site estático que disponibiliza textos para a leitura livresca e não dispõe de recursos para intervenção nos conteúdos para cocriação aprendizagem colaborativa 1 SFEZ Lucien Crítica da comunicação São Paulo Loyola 1994 p 267276 Ver também As tecnologias do espírito Revista FAMECOS Porto Alegre PUC nº6 1997 p 7s INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 5 Hoje o termo interatividade se presta às utilizações mais desencontradas e estapafúrdias abrangendo um campo semântico dos mais vastos que compreende desde salas de cinema em que as cadeiras se movem até novelas de televisão em que os espectadores escolhem por telefone o final da história Um terreno tão elástico corre o risco de abarcar tamanha gama de fenômenos a ponto de não poder exprimir coisa alguma2 Sendo assim é preciso atentar para o sentido depurado do termo e aí verificar a perspectiva de libertação da comunicação da lógica da transmissão Interatividade é um conceito de comunicação e não de informática Pode ser empregado para significar a comunicação entre interlocutores humanos entre humanos e máquinas e entre usuário e serviço No entanto para que haja interatividade é preciso garantir duas disposições basicamente 1 A dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e complementares na cocriação da comunicação 2 A intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da mensagem ou do programa abertos a manipulações e modificações Estas disposições refletem uma mudança fundamental no esquema clássico da comunicação uma mudança paradigmática na teoria e pragmática comunicacionais o emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente Ele não propõe uma mensagem fechada ao contrário oferece um leque de possibilidades O receptor não está mais em situação de recepção clássica A mensagem só toma todo o seu significado sob a sua intervenção Ele se torna de certa maneira criador Enfim a mensagem que agora pode ser recomposta reorganizada modificada em permanência sob o impacto das intervenções do receptor dos ditames do sistema perde seu estatuto de mensagem emitida Assim parece claramente que o esquema clássico da informação que se baseava numa ligação unilateral emissormensagemreceptor se acha mal colocado em situação de interatividade3 2 MACHADO A Précinemas Póscinemas CampinasSP Papirus 1997 p 250 3 MARCHAND Marie Les paradis informationnels du Minitel aox services de commmunication du futur Paris Masson 1986 p 9s Ver também Marco SILVA Interatividade uma mudança fundamental do esquema clássico da comunicação Boletim Técnico do SENAC Rio de Janeiro v 23 nº 3 setdez 2000 p 1927 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 6 De fato o computador se encontra diretamente associado ao termo exatamente porque na sua memória imagens sons e textos são convertidos em bits de modo a sofrer qualquer tipo de manipulação e interferência sem degradação ou perda da informação Os objetos são virtuais isto é definidos matematicamente e processados por algoritmos Vale citar um exemplo uma cadeira sintetizada na memória de um computador é uma possibilidade genérica de cadeira que pode ser visualizada numa tela de monitor de mil maneiras diferentes com qualquer cor com qualquer forma com qualquer função narrativa no cenário com quaisquer propriedades sonoras dependendo unicamente de decisões que o usuário toma ao lidar com seus periféricos de interação4 Nesse caso se diz que o computador é conversacional para diferencialo dos meios massivos unidirecionais exatamente porque permite o dialogo da emissão e recepção Isto é o objeto na memória do computador e as decisões do usuário são pólos antagônicos e complementares permitindo assim a experiência da comunicação da cocriação E se o computador está conectado à internet amplia se o leque de disposições que convidam o usuário a operar como intervenção bidirecionalidade e múltiplas conexões em rede Partindose dessas disposições essenciais ao entendimento do conceito complexo de interatividade não há porque criar gradações no interior do conceito de interatividade No entanto há quem faça distinções como grau zero para o videocassete e o livro por causa da disposição linear e seqüencial do filme ou do texto grau um para o videogame que permite movimentar imagens na tela em roteiros predeterminados grau dois para a interatividade de seleção num banco de dados onde o usuário faz escolha num menu arborescente com ramificações obrigatórias grau três para a interatividade de imersão em ambientes virtuais 3D que permite passear sem modificar conteúdos grau quatro o mais elevado a interatividade de conteúdo isto é aqui o usuário dispõe de todos os graus anteriores além da possibilidade de modificar o conteúdo da mensagem seja em texto imagem ou som 5 4 MACHADO A Entenda a sua época Folha de São Paulo 13041997 p 55 5 KRETZ Francis Le concept pluriel dinteractivités ou linteractivité vous laissetelle chaud ou froid Bulletin de lIDATE Paris Centro Georges Pompidou nº 20 julho1985 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 7 Só esse grau mais elevado contempla os aspectos fundamentais da interatividade que podem ser encontrados em sua complexidade na arquitetura hipertextual6 do computador e do ciberespaço São três basicamente 1 Participaçãointervenção participar não é apenas responder sim ou não ou escolher uma opção dada significa interferir na mensagem de modo sensório corporal e semântico 2 Bidirecionalidadehibridação a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção é cocriação os dois pólos codificam e decodificam 3 Permutabilidadepotencialidade a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas associações e significações potenciais Mesmo tão associada ao computador e à internet é preciso insistir interatividade é um conceito de comunicação e não de informática Antes do computador conversacional é possível encontrar a expressão mais depurada do termo na arte participacionista7 da década de 1960 definida também como obra aberta8 O que permite garantir que interatividade não é uma novidade da era digital O parangolé do artista plástico carioca Hélio Oiticica 19371980 é um exemplo maravilhoso de explicitação dos fundamentos da interatividade O parangolé rompe com o modelo comunicacional baseado na transmissão Ele é pura proposição à participação ativa do 6 O que é um hipertexto Em termos bastante simp lificados podemos explicálo da seguinte maneira todo texto desde a invenção da escrita foi pensado e praticado como um dispositivo linear como sucessão retilínea de caracteres apoiada num suporte plano A idéia básica do hipertexto é aproveitar a arq uitetura não linear das memórias de computador para viabilizar textos tridimensionais como aqueles do holopoema porém dotados de uma estrutura dinâmica que os torne manipuláveis interativamente Na sua forma mais avançada e limítrofe o hipertexto seria algo assim como um texto escrito no eixo do paradigma ou seja um texto que já traz dentro de si várias outras possibilidades de leitura e diante do qual se pode escolher dentre várias alternativas de atualização Na verdade não se trata mais de um texto mas de uma imensa superposição de textos que se pode ler na direção do paradigma como alternativas virtuais da mesma escritura ou na direção do sintagma como textos que correm paralelamente ou que se tangenciam em determinados pontos permitindo optar entre prosseguir na mesma linha ou enveredar por um outro caminho A maneira mais usual de visualizar essa escritura múltipla na tela plana do monitor de vídeo é através de janelas windows paralelas que se pode ir abrindo sempre que necessário e também através de elos links que ligam determinadas palavraschave de um texto a outros disponíveis na memória MACHADO Arlindo Máquina e imaginário o desafio das poéticas tecnológicas São Paulo EDUSP 1993 pp 286 e 288 7 COUCHOT Edmond A arte pode ainda ser um relógio que adianta O autor a obra e o espectador na hora do tempo real A arte no século XXI a humanização das tecnologias DOMINGUES D org São Paulo FAPESP 1997 p 136s 8 ECO Umberto Obra aberta São Paulo Perspectiva 1976 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 8 espectador termo que se torna inadequado obsoleto Tratase de participação sensório corporal e semântica e não de participação mecânica Oiticica quer a intervenção física na obra de arte e não apenas contemplação imaginal separada da proposição O fruidor da arte é solicitado à completação dos significados propostos no parangolé E as proposições são abertas o que significa convite à cocriação da obra O indivíduo veste o parangolé que pode ser uma capa feita com camadas de panos coloridos que se revelam à medida que ele se movimenta correndo ou dançando Oiticica o convida a participar do tempo da criação de sua obra e oferece entradas múltiplas e labirínticas que permitem a imersão e intervenção do participador que nela inscreve sua emoção sua intuição seus anseios seu gosto sua imaginação sua inteligência Assim a obra requer completação e não simplesmente contemplação Segundo o próprio Oiticica o participador lhe empresta os significados correspondentes algo é previsto pelo artista mas as significações emprestadas são possibilidades suscitadas pela obra não previstas incluindo a nãoparticipação nas suas inúmeras possibilidades também9 Esta concepção de arte ou antiarte como preferia Oiticica inconcebível fora da perspectiva da coautoria tem algo a sugerir ao professor Mesmo estando adiante dos seus alunos no que concerne a conhecimentos específicos propor a aprendizagem na mesma perspectiva da coautoria que caracteriza o parangolé A pedagogia do parangolé O professor propõe o conhecimento Não o transmite Não o oferece à distância para a recepção audiovisual ou bancária sedentária passiva como criticava o educador Paulo Freire Ele propõe o conhecimento aos estudantes como o artista propõe sua obra potencial ao público Isso supõe segundo Thornburg Passarelli modelar os domínios do conhecimento como espaços conceituais onde os alunos podem construir seus próprios mapas e conduzir suas explorações considerando os conteúdos como ponto de partida e não como ponto de chegada no processo de construção do conhecimento10 9 OITICICA Hélio Aspiro ao grande labirinto Seleção de textos Rio de Janeiro Rocco 1996 p 70s 10 THORNBURG apud PASSARELLI Brasilina Hipermídia e a educação algumas pesquisas e experiências Contexto Educação Ijuí RS nº 34 ano 8 outdez 1993 p 66 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 9 A participação do aluno se inscreve nos estados potenciais do conhecimento arquitetados pelo professor de modo que evoluam em torno do núcleo preconcebido com coerência e continuidade O aluno não está mais reduzido a olhar ouvir copiar e prestar contas Ele cria modifica constrói aumenta e assim tornase coautor Exatamente como no parangolé em vez de se ter obra acabada têmse apenas seus elementos dispostos à manipulação O professor disponibiliza um campo de possibilidades de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos alunos Ele garante a possibilidade de significações livres e plurais e sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição colocase aberto a ampliações a modificações vindas da parte dos alunos Uma pedagogia baseada nessa disposição à coautoria à interatividade requer a morte do professor narcisicamente investido do poder Expor sua opção crítica à intervenção à modificação requer humildade Mas digase humildade e não fraqueza ou minimização da autoria da vontade da ousadia Em sala de aula presencial ou virtual o professor não é um contador de histórias A maneira do design de software interativo ele constrói um conjunto de territórios a explorar não uma rota Mais do que conselheiro ou facilitador ele convertese em formulador de problemas provocador de interrogações coordenador de equipes de trabalho sistematizador de experiências Assim o professor propõe o conhecimento à maneira do parangolé Assim ele redimensiona a sua autoria não mais a prevalência do falarditar da lógica da distribuição mas a perspectiva da proposição complexa do conhecimento à participação ativa dos alunos que já aprenderam com o joystick do videogame e hoje aprendem com o mouse Enfim a responsabilidade de disseminar um outro modo de pensamento de inventar uma nova sala de aula presencial e à distância capaz de educar em nosso tempo INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 10 Sala de aula interativa Vem do iluminismo a crença na escola como lugar destinado a formar cidadãos esclarecidos senhores do seu próprio destino Entretanto a sala de aula convive tradicionalmente com um impedimento de base ao seu propósito primordial de educar para a cidadania Ela não contempla a participação do aluno na construção do conhecimento e da própria comunicação O grande discurso moderno centrado na educação escolar sempre conviveu esse impedimento o peso de uma tradição bem formulada por Pierre Lévy quando diz a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falarditar do mestre Nos livros Pedagogia do oprimido Educação e mudança e A importância do ato de ler Paulo Freire faz críticas à transmissão como sendo o modelo mais identificado como prática de ensino e menos habilitado a educar Cito algumas O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes Isto forma uma consciência bancária sedentária passiva O educando recebe passivamente os conhecimentos tornandose um depósito do educador Educase para arquivar o que se deposita Quem apenas fala e jamais ouve quem imobiliza o conhecimento e o transfere a estudantes não importa se de escolas primárias ou universitárias quem ouve o eco apenas de suas próprias palavras numa espécie de narcisismo oral não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia Ensinar não é a simples transmissão do conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo Transmissão que se faz muito mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos alunos P Freire não desenvolveu uma teoria da comunicação que dê conta de sua crítica à transmissão No entanto deixou seu legado que garante ao conceito de interatividade a exigência da participação daquele que deixa o lugar da recepção para experimentar a co criação A sala de aula presencial e à distância segue os três fundamentos citados anteriormente Entretanto é preciso considerar que a distinção presencial e à distância será cada vez menos pertinente quanto mais se popularizarem as tecnologias digitais As duas modalidades coexistirão o uso da web dos suportes multimídia e a sala de aula tradicional INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 11 com professor e alunos frente a frente O aluno terá a aula na escola na universidade e terá também o site da disciplina com exercícios e novas proposições configurando a sala de aula virtual Porém é certo que esteja apenas iniciando a proliferação do ensino exclusivamente à distância via Internet Para promover a sala de aula interativa o professor precisa desenvolver pelo menos cinco habilidades entre outras 1 Pressupor a participaçãointervenção dos alunos sabendo que participar é muito mais que responder sim ou não é muito mais que escolher uma opção dada participar é atuar na construção do conhecimento e da comunicação 2 Garantir a bidirecionalidade da emissão e recepção sabendo que a comunicação e a aprendizagem são produção conjunta do professor e dos alunos 3 Disponibilizar múltiplas redes articulatórias sabendo que não se propõe uma mensagem fechada ao contrário se oferece informações em redes de conexões permitindo ao receptor ampla liberdade de associações de significações 4 Engendrar a cooperação sabendo que a comunicação e o conhecimento se constroem entre alunos e professor como cocriação e não no trabalho solitário 5 Suscitar a expressão e a confrontação das subjetividades sabendo que a fala livre e plural supõe lidar com as diferenças na construção da tolerância e da democracia Estas são habilidades necessárias para o professor aproveitar ao máximo o potencial das novas tecnologias em sala de aula Contudo não se destinam somente à sala de aula inforrica Pois uma vez que interatividade é conceito de comunicação e não de informática tais habilidades são necessárias também para o professor que quer modificar sua postura comunicacional na sala infopobre Ambos podem aprender com o parangolé e com o computador Quanto a este último é preciso ter claro que ele vem potenciar e não substituir o trabalho docente é preciso saber operálo para não subutilizar sua natureza interativa hipertextual Isso supõe conhecimento razoável da histórica passagem dos velhos computadores movidos por INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 12 complicadas linguagens de acesso alfanuméricas para as máquinas atuais onde se clica e abremse janelas múltiplas móveis em rede permitindo ao usuário adentramento e manipulação fáceis Supõe conhecimento razoável da arquitetura hipertextual do computador que permite ao usuário fazer links ou transitar aleatoriamente por fotos sons filmes textos gráficos etc e ainda interferir em conteúdos O hipertexto é o novo paradigma tecnológico que liberta o usuário da lógica unívoca da mídia de massa Ele democratiza a relação do usuário com a informação gerando um ambiente conversacional que não se limita à lógica da distribuição Em suma o hipertexto é essencialmente um sistema interativo materializado no chip permitindo complexidade na informação e na comunicação Conhecer e experimentar essa nova dimensão da técnica resulta em habilidades necessárias para que o professor aproveite ao máximo o potencial do computador e da Internet em sala de aula Seja infopobre ou inforrica a sala de aula interativa supõe que o professor se dê conta do hipertexto Aqui ele pode contar com três sugestões apresentadas por Martín Barbero11 um crítico da utilização das velhas e novas tecnologias na educação 1 O professor terá que se dar conta do hipertexto o modelo nãosequencial a montagem de conexões em rede que permite e exige uma multiplicidade de recorrências entendidas como diálogo e participação 2 O professor terá que saber que em lugar de substituir o hipertexto vem potenciar a sua autoria De mero transmissor de liçõespadrão ele deverá converterse em formulador de interrogações coordenador de equipes de trabalhos sistematizador de experiências 3 O professor deverá saber que não se trata de endeusar o hipertexto que traz uma mudança nos protocolos e processos de leitura mas colocálo em interação com o modelo tradicional Afinal o livro de papel em seu modelo linear seqüencial não pode ser invalidado Não se trata de substituir um modo de ler por outro 11 MARTÍNBARBERO Jesus Nuevos regímenes de visualidad y des centramientos culturales Bogotá Colombia 1998 cópia reprográfica p 23 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 13 Assim a interatividade e o hipertexto convidam o professor a considerar a necessidade de modificar a comunicação centrada na emissão do professor contador de história inspirandose para isso no designer de software O professor contador de história é aquele que centra a comunicação no seu falar ditar disparando liçõespadrão É o emissor que atrai o receptor para seu universo mental para seu imaginário para sua récita O designer de software constrói uma rede e não uma rota Ele define territórios abertos a exploração e conteúdos predispostos a interferências e modificações Mas é preciso tomar cuidado Não se trata de comparar o profissional transtemporal historicamente comprometido com a educação do sujeito e da sociedade com o jovem profissional informata gerado pelo espírito do nosso tempo O professor contador de história terá dificuldade de lidar e aprender com o hipertexto e com as tecnologias digitais Para ele o computador não passa de uma máquina de escrever Terá dificuldade de lidar com seus alunos pois está alheio ao novo espectador menos passivo perante a mensagem fechada à sua intervenção Aquele que aprendeu com o controle remoto da tv com o joystick do videogame e agora aprende como o mouse Aquele que migra da tela estática da tv para a tela do computador conectado à internet é mais consciente das tentativas de programálo e é mais capaz de esquivarse delas evita acompanhar argumentos lineares que não permitem a sua interferência e lida facilmente com o hipertexto com o digital que define sua experiência comunicacional interferir modificar produzir partilhar Essa atitude menos passiva diante da mensagem é sua exigência uma nova sala de aula de uma nova postura comunicacional do professor Para o novo espectador ou geração net12 a sala de aula centrada na transmissão estará cada vez mais chata Os alunos estarão cada vez mais desinteressados no modelo baseado na liçãopadrão no falarditar do mestre Aliás as últimas conclusões do Saeb Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica do MEC confirmam essa grave tendência que não se restringe ao ensino básico pois está também enraizada no ensino médio 12 TAPSCOTT Don Geração digital a crescente e irredutível ascensão da geração net Trad Ruth Bahr São Paulo MAKRON Books 1999 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 14 e superior Essa constatação faz o ministro da educação vir a público para falar do efeito chatice e aventar suas causas 1 A prevalência do modelo tradicional de ensino o professor se sente o todopoderoso repete conceitos e não sabe interagir com os alunos os conteúdos estão distantes da realidade e devem ser decorados e cobrados em provas 2 A oferta atual de informação e conhecimento é cada vez maior e melhor fora da sala de aula graças aos novos recursos tecnológicos em especial a internet e a multimídia interativa13 Esse quadro se agrava ampliando a defasagem da escola e da universidade na era digital Enquanto isso empresários e gestores do setor educacional estão cada vez mais compelidos ao investimento em novas tecnologias informáticas aplicáveis em suas instituições porém pouco atentos à necessidade de modificar a sala de aula centrada na pedagogia da transmissão Eles freqüentam feiras de educação e informática à procura de soluções para situações bem concretas Exemplos 1 Melhorar a performance dos processos de gestão minimizando custos 2 Capacitar professores e funcionários de modo a otimizar os trabalhos de administração e de ensinoaprendizagem 3 Preparar as novas gerações para exigências atuais e futuras do mercado de trabalho onde o principal valor é a capacidade de aprender de comunicar e de criar utilizando tecnologias digitais 4 Implementar o ensino a distância como extensão inevitável da sala de aula presencial e como mais uma opção de negócio No entanto as soluções encontradas especificamente para o redimensionamento urgente e inevitável da sala de aula e da aprendizagem nem sempre significam salto qualitativo em educação As salas podem ganhar equipamentos de realidade virtual e carteiras equipadas com monitores que mostram o conteúdo apresentado pelo professor o aluno pode gravar o conteúdo em disquete e caso tenha faltado à aula acessar o site da disciplina onde 13 cf Folha de São Paulo 29112000 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 15 estão disponibilizados os conteúdos dados e os exercícios propostos pode ainda via email tirar dúvidas e receber orientações do professor Ainda assim prevalecem a transmissão e a lógica da distribuição próprias da sala de aula tradicional e da mídia de massa Então é preciso enfatizar o essencial não é a tecnologia mas um novo estilo de pedagogia sustentado por uma modalidade comunicacional que supõe interatividade isto é participação cooperação bidirecionalidade e multiplicidade de conexões entre informações e atores envolvidos Mais do que nunca o professor está desafia do a modificar sua comunicação em sala de aula e na educação Isso significa modificar sua autoria enquanto docente e inventar um novo modelo de educação Como diz Edgar Morin Hoje é preciso inventar um novo modelo de educação já que estamos numa época que favorece a oportunidade de disseminar um outro modo de pensamento A época é essa a era digital a sociedade em rede a sociedade de informação a cibercultura INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação Campo Grande MS setembro 2001 16 BIBLIOGRAFIA 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