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Psicologia ·
Antropologia
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16
Maluf Sônia W Corpo e Corporalidade nas Culturas Contemporâneas - Abordagens Antropológicas Dossiê Corpo e História
Antropologia
UFRGS
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Trama Terapêutica um Estudo sobre a re constituição da Identidade de Usuários de Drogas
Antropologia
UNIVERSO
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Scan Natureza e Tarefas da Antropologia At 1 Scaneado
Antropologia
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Raça ou Classe sobre a Desigualdade Brasileira
Antropologia
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Darwinismo Social - Texto Cobrado por Edison Pereira
Antropologia
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Atividade 1
Antropologia
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Scheuer 1982 a Tradição da Cerâmica Popular
Antropologia
UFPR
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Prova Completa Antropologia
Antropologia
UNOPAR
20
da Matta R Morfologia da Sociedade Apinaja0001
Antropologia
UMG
Texto de pré-visualização
Corpo e corporalidade nas culturas contemporâneas: abordagens antropológicas\n\nSônia Wathier Maluf\nDepartamento de Antropologia – UFSC\n\nO corpo está em cena. Tanto nos estudos acadêmicos como em fenômenos sociais recentes e em diferentes manifestações da cultura contemporânea. Uma das preocupações nesses estudos é apontar as dimensões históricas e culturais na construção do corpo e da corporalidade a partir de críticas às visões chamadas essencialistas. No entanto, grande parte dessas abordagens acaba no fundo refletindo o modelo que critica: o conceito de uma correspondência entre seus termos. Essa correspondência entre o corpo e a natureza e entre o espírito e a cultura permanece, em muitos desses estudos, como a base epistemológica comum no tratamento do corpo. Este é reconhecido, no limite, como o substrato onde a cultura, os valores e os valores culturais estão se inscrevendo; como percepção produzem simbólica ou das representações sociais geradas na e pela \"cultura\" (em especificidade e autonomia em relação à \"natureza\" ) sendo granada por sua radical exterioridade em relação a essa).\n\nCabe então perguntar: trata-se do mesmo corpo quando confrontamos fenômenos como a centralidade excrescente da linguagem corporal na experiência ritual e religiosa brasileira; a transformabilidade corporal no fenômeno transgênico; a violência urbana e a banalização em morte; o \"culto ao corpo\"; o body building e a idealização de um certo estilo corporal nas grandes cidades brasileiras; a utilização do corpo como arma de guerra – no caso do martírio isolino e dos atentados; as empresas, escolas, na rua, filmando corpos que descritam novas tecnologias reprodutivas e o estado dos embriões constituintes de um corpo da mulher? É no mesmo corpo que se traz em cada um desses exemplos ou em muitos outros que poderíamos enumerar? Em todo caso, o corpo é simplesmente o objeto do nosso olhar cultural ou há algo mais a dizer sobre ele?\n\nA contribuição que a abordagem e os estudos antropológicos podem trazer para essa discussão está ligada às críticas que a tentativa de responder as questões acima – mesmo que a intenção não seja, na realidade, a de discutir cada um desses fenômenos, mas trazer alguns elementos que possam orientar metodologicamente para uma abordagem do corpo, ao mesmo tempo objeto da cultura, mas como também objeto que, de forma geral, não apenas como receptáculo de símbolos culturais, mas, assim, prescindindo da sua radical exterioridade, uma nova noção de corpo que pretende refletir sua condição de sujeito e de \"coisa dada\". Enfoques antropológicos do corpo\n\nUm sentido comum às várias abordagens antropológicas sobre o corpo – por diferentes às vezes antagônicas que possam parecer – é o de pensar o corpo como uma construção social e na natureza. A antropologia busca desnaturalizar o corpo, visto como dado pela natureza – seja isso uma regra de comportamento e de classificação social (o proibido do incesto por exemplo), seja a própria noção do corpo = e mostrar as dimensões sociais e simbólicas desses fenômenos. Esse ponto de partida é importante na medida em que muitas vezes o \"corpo\" é tomado, menos por estudiosos e pesquisadores no campo das ciências humanas, como o fundada na \"natureza das coisas\" (o que se tenta fazer, segundo ele, so se naturalizar a inferioridade social dos escravos e das mulheres). Ao discutir a problematic...tanto o corpo quanto suas noções de Pessoa e mito. Nesse trabalho, Leenhardt descreve as concepções de corpo e Pes...de diferentes temas antropológicos, entre corpo e corporalidade. fazer, às técnicas do corpo, para uma comparação sobre as próprias concepções e pensamentos culturais em torno do corpo... do\" o modulado na trajetória de vida de um indivíduo aparece como recorrente tanto nas práticas quanto nas cosmologias espe- cificas de muitas dessas sociedades indígenas. Alguns exemplos dessa corporalificação da experiência, ou da centralidade do corpo na experi- ência coletiva e individual, são a forma pela qual se dá, em muitos desses grupos, o aprendizado e a socialização das crianças, a especificidade da experiência e da construção corporal do xamã e os padrões de substâncias que esse deve ingerir ou incorporar, a forma como são construídos os corpos femininos e suas represen- tações em torno da formação da Pes- soa e das substâncias que a nutrem em sua constituição coletiva. A concepção do corpo nas sociedades indígenas comporta e está vinculada à noção de Pessoa, que é mais ampla do que a que compreende sociedades ocidentais urbanas. No contexto da hegemonia da Pessoa, encerrada na noção de individuo, re- samo os atores sociais indígenas à Pessoa não ser apenas para o substantivo, dado ao acabado, mas como um ser em processo permanente da transformação – aberto para experimentar diferentes possibilidades de metamorfose. Da mesma maneira, o bem o corpóreo não se limita à forma, à ideia do que quer que se tenha. [...] valor tanto descritivo (das formas hegemônicas do pensamento científico) quanto heurístico (se pensada como uma \"distin- ção metodológica\" e não ontológica), tem sido o alvo central da crítica. Dois aspectos são apontados nessa crítica: o sentido reduzido da dicotomia, que, quando ontológica, remete a uma objetificação do corpo (na medida em que estabelece uma correspondência es- cencial e de \"contido\" com a natureza); e os limites dessa distin- ção para descrever fenômenos e experiências sociais recentes ou que estão na margem do pensamento hegemônico e central. Dentro parte de seus estudos do \"corpo moderno\", Michel Foucault decidiu partir de uma obra a identificar os mecanismos dessa objetificação do corpo. Ele descreve a constituição da subje- tividade moderna como um processogradativo de disciplinarização dos corpos, através de uma \"tecnologia política do corpo\" e de um marco histórico que pode que envolva um conjunto de técnicas, processos e disposições que submetem o corpo, como um... [texto cortado] vimento típico da modernidade – e a centralidade que este guardou sobressaltando para as camadas sociais menos atingidas pela ideologia e valores hegemônicos da sociedade industrial. Para essas camas poderia se dizer que predominou, ao longo da história moderna, uma dimensão corporalidade da experiência. Esse foco na corporalidade pode ser estendido para uma série de fenômenos contemporâneos cuja investigação colocou linha no corpo em centro da produção acadêmica mais recente. Estou pensando aqui especificamente em dois temas com os quais tenho mais afinidade às discussões, no campo dos estudos feminis- tas e de gênero, em torno às chamadas novas espiritualidades e novas experiências ter- públicas. A experiência transgressora*, apesar de não ser um fenômeno recente, tem adquirido visibilidade e tem provocado um questionamento de alguns paradigmas tidos como ensaios de sujeito e de subjetividade contemporâneos, assim como tem proporcionado novos elementos para a abordagem antropológica do corpo e do corpo: Um chamado às nuances para seu objetivo reduzir e construir o corpo como um. [...] então imaculadas. Portar uma trauagem ou um plâncton é também uma forma de se construir como um determinado tipo de sujeito – nesse caso é o corpo, ou mais especificamente uma determinada corporalidade, que constrói uma determinada pessoa.\n\nOutros exemplos poderiam ser descritos e discutidos aqui (alguns deles sendo listados no índice deste artigo), que, apesar de referirem a fenômenos sociais muito diferentes, trazem em comum uma centralidade da experiência corporal, o foco não como forma de conhecer ou de influência dramática de determinadores sociais e a atribuição de um tipo de agência especial ao corpo. Ou seja, este deve ser um objeto da ação social e simbólica, receptáculo da interação de símbolos culturais e objeto se modelado pelos representacionais sociais e coletivas, e passa a ser agente e sujeito de ação social, viável coletiva, reúdio e produto de significados, instrumento e motor de constituição de novas subjetividades e novas formas do sujeito.\n\nEmbodiment: um novo paradigma\n\nPartindo de uma crítica à forma como a antropologia vem historicamente tratando o corpo – reduzindo-o a um objeto do estudo e do olhar antropológico – Thomas Csordas apresenta um novo enfoque. Aliás, o próprio o conceito de \"embodiment\" como um novo paradigma nos estudos da cultura, onde o corpo é reconhecido como \"sujeito da cultura\", como a \"base existencial da cultura\". Este insira-se amplamente na fenomenologia de Merleau-Ponty e se articula com a noção de \"habitus\". Este, em pesquisa de Pierre Bourdieu e como comum na prática, força uma crítica ao tradicional entre sujeito e objeto, para Merleau-Ponty, e entre estruturas e prática, para Bourdieu. Csordas desenvolve o conceito de embodiment como uma categoria que problematiza uma série de dualidades conceituais: pré-objetivo; corpo-mente; biológico-cultural; mental-material. Para ele, a antropologia, ao reproduzir esses dualismos, tomando o corpo \"como a matéria crua biológica na qual a cultura opera!\", tem o efeito de \"excluir o corpo de uma participação primordial ao domínio da cultura\".\n\nAs implicações do embodiment, não apenas como forma de abordar o corpo na cultura, mas sobretudo como um novo paradigma teórico e metodológico para a antropologia são muitos: 1) o corpo não é mais um fato bruto da natureza nem um fato dado – nem para as menos, 2) a objetificação do corpo é um processo construído histórica e culturalmente – um segundo momento da experiência da percepção; 3) o corpo sujeito e segregado da cultura; 4) a cultura é coproduzida (método) e não é extremamente a experiência do sujeito; 5) o outro também não é percebido como objeto, e sim como um \"outro eu mesmo\"; e por fim 6) \"objetividade não é via de relegar lugar, mas víveo\"; a partir da perspectiva de outros \"eu mesmo\". Em resumo, a preocupação de Csordas não se reduz a disciplina da cultura, mas foca o não mais a estuda a cultura, mas como se discute com essas questões. A crítica que discute esse artigo aponta para uma pesquisa bem precisa: como se ainda poder mostrar como um lado, espaço simplesmente, de padrões da subjetivação, isto implica uma mudança fundamental nesta proposição, tentando provenir as ideias do tratamento do corpo como uma construção cultural e histórica, separa-se o corpo como um fenômeno específico e inclui-se os esforços de habilitações individuais para os sujeitos culturais. Deste modo, a atenção para essa abordagem está individualizada no sentimento e percepção como a relação mais fundamental com a produção do corpo enquanto construção cultural natural.\n\nCom essa crítica não está negando a existência do corpo também como dado, na história, e também a abordagem do corpo como objeto cultural, mas não se excluindo enquanto um produção (...). Aqui, a discussão aprofundada provoca um efeito da produção do corpo a partir de outra forma de questionar essa outra lógica, ou seja contextualizar o tema que pensa o corpo e a pessoa forma como é diferentes dualismos. Essa ontologização mostra como um modelo heurístico pode frequentemente provocar o efeito exatamente inverso ao de proporcionar elementos para o imaginário antropológico, ou seja, funcionando como redutor que obscurece a complexidade da experiência subjetiva e suas dimensões sociais. CORPO E CORPORALIDADE NAS CULTURAS CONTEMPORÂNEAS: ABORDAGENS ANTROPOLÓGICAS\n\npara a \"fabricação de corpos\" que - investidos de agência e subjetividade - \"fabricam cultura\", e também da fabricação de pessoas (e de sujeitos) que se trata. Elas também, não sendo uma \"coisa\", produzem e produtora... de novos capacidades sociais.\n\nNotas\n\n1. Agradeço a meu docente e aluno do curso de Antropologia do Corpo, do PPG em Antropologia Social da UFSC, pelas reflexões discutidas em torno deste tema; e que abriram em muitas cenas para exercer esse breve artigo. Certamente compreendendo que esse texto jogará reflexões de sentido em nosso meio acadêmico de gêneros.\n\n2. QUINTERO, Pedro Luis. Puri. Michel. Dicionário de tecnologia da informação. São Paulo: Editora Purini, 1998.\n\n3. MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003, pp. 283-300.\n\n4. Idem.\n\n5. Idem, p. 291.\n\n6. Idem, p. 301.\n\n7. TORDESILHAS, Heloísa. Uma das tendências do \"manifold\": Les Mélanges de folkolore. Adam, 1990, pp. 262-272.\n\n8. MAUSS. Breve... 1970, p. 283.\n\n9. Idem.\n\n10. SEGGER, Al. DAS BATTA, E. VIVIROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos e a perspectiva... Mana 2, 1996, 115-144.\n\n11. MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003, pp. 283-300.\n\n12. Idem, p. 63.\n\n13. Idem, p. 11.\n\n14. Idem, p. 13.\n\n15. Sobre o perspectivismo ameríndio, ver VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos e perspectivas... Mana 2, 1996, 115-144. LAGROUIL, Els. Caminhos, das especies, entre... Tímido Solitário: o dois e o seu múltiplo: reflexões sobre a... cosmologia. Tâja. Mana 2, 2, 147. LAGROUIL, Els. Caminhos, da... 2002.\n\n16. Idem, p. 101. DOSSIÊ CORPO E HISTÓRIA\n\n16. Veja, por exemplo, VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos... Mana 2, 1996, 115-144. LAGROUIL, Els. Caminhos: instituições e... etc.\n\n17. VIVEROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos e... Mana, 1996, 115-144. MAUSS, Marcel. Sociologia e... São Paulo: Cosac Naify, 2003, p. 283-300.\n\n18. ABEL, P. C. - Como argumento de que a descrição... etc.\n\n19. Borges, D. Quais quer proveitos para uma antropologia... In: ANTROPOLOGIA E... A edição, com mais... para, tudo foi proposto... se reflete um reflexo.... GIL; vôos imunes e diuturnos com... sobre... 2002.\n\n20. MAUSS, También. La ética... 2001. MAUSS, Sônia. O... Santos, 1994.\n\n21. Idem.\n\n22. Idem. 1998, p. 183.\n\n23. Idem.\n\n24. Idem.\n\n25. MAUSS, Marcel. Análise do conhecimento... pesquisa metodológica.\n\n26. MAUSS. Sociologia e... 2003, p. 273.\n\n27. Idem, p. 294.\n\n28. MAUSS. Corpo e... et al, 2003, 100, 1, p. 83-100. A Universidade de São Paulo, p... 944.\n\n29. MAUSS, Sônia. O... CORPAS, todos os limites, anos de... etc.\n\n30. Idem.\n\n31. MAUSS, Marcel. Sociologia... O vir a ser de Mar... São Paulo, 12 de junho de 1999.\n\n32. MAUSS. O... São Paulo, Brasil. 2002. CORPO E CORPORALIDADE NAS CULTURAS CONTEMPORÂNEAS: ABORDAGENS ANTROPOLÓGICAS\n\n28. Sobre as espiritualidades da Nova Era, ver MAULI, Sônia Walnice. Les étant du Versus avi os dois diferentes. Las culturas... 1996. O conceito de convir ser a todos os dois.\n\n29. MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo... São Paulo: 34, 1994.\n\n30. Idem, 1995, p. 1455.\n\n31. Idem, p.178.\n\n32. Idem.\n\n33. Idem, p. 216.\n\n34. Idem.\n\n35. A ideia de que o corpo é como para entender... representações de corpo, 1998.\n\n36. MAULI, Sônia. A... travessias de grupos em... rejuvenescimento; São Paulo, 1996.\n\n37. MAUSS. Todo e onde... 298, 120.
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Este é reconhecido, no limite, como o substrato onde a cultura, os valores e os valores culturais estão se inscrevendo; como percepção produzem simbólica ou das representações sociais geradas na e pela \"cultura\" (em especificidade e autonomia em relação à \"natureza\" ) sendo granada por sua radical exterioridade em relação a essa).\n\nCabe então perguntar: trata-se do mesmo corpo quando confrontamos fenômenos como a centralidade excrescente da linguagem corporal na experiência ritual e religiosa brasileira; a transformabilidade corporal no fenômeno transgênico; a violência urbana e a banalização em morte; o \"culto ao corpo\"; o body building e a idealização de um certo estilo corporal nas grandes cidades brasileiras; a utilização do corpo como arma de guerra – no caso do martírio isolino e dos atentados; as empresas, escolas, na rua, filmando corpos que descritam novas tecnologias reprodutivas e o estado dos embriões constituintes de um corpo da mulher? 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Enfoques antropológicos do corpo\n\nUm sentido comum às várias abordagens antropológicas sobre o corpo – por diferentes às vezes antagônicas que possam parecer – é o de pensar o corpo como uma construção social e na natureza. A antropologia busca desnaturalizar o corpo, visto como dado pela natureza – seja isso uma regra de comportamento e de classificação social (o proibido do incesto por exemplo), seja a própria noção do corpo = e mostrar as dimensões sociais e simbólicas desses fenômenos. Esse ponto de partida é importante na medida em que muitas vezes o \"corpo\" é tomado, menos por estudiosos e pesquisadores no campo das ciências humanas, como o fundada na \"natureza das coisas\" (o que se tenta fazer, segundo ele, so se naturalizar a inferioridade social dos escravos e das mulheres). Ao discutir a problematic...tanto o corpo quanto suas noções de Pessoa e mito. Nesse trabalho, Leenhardt descreve as concepções de corpo e Pes...de diferentes temas antropológicos, entre corpo e corporalidade. fazer, às técnicas do corpo, para uma comparação sobre as próprias concepções e pensamentos culturais em torno do corpo... do\" o modulado na trajetória de vida de um indivíduo aparece como recorrente tanto nas práticas quanto nas cosmologias espe- cificas de muitas dessas sociedades indígenas. Alguns exemplos dessa corporalificação da experiência, ou da centralidade do corpo na experi- ência coletiva e individual, são a forma pela qual se dá, em muitos desses grupos, o aprendizado e a socialização das crianças, a especificidade da experiência e da construção corporal do xamã e os padrões de substâncias que esse deve ingerir ou incorporar, a forma como são construídos os corpos femininos e suas represen- tações em torno da formação da Pes- soa e das substâncias que a nutrem em sua constituição coletiva. A concepção do corpo nas sociedades indígenas comporta e está vinculada à noção de Pessoa, que é mais ampla do que a que compreende sociedades ocidentais urbanas. No contexto da hegemonia da Pessoa, encerrada na noção de individuo, re- samo os atores sociais indígenas à Pessoa não ser apenas para o substantivo, dado ao acabado, mas como um ser em processo permanente da transformação – aberto para experimentar diferentes possibilidades de metamorfose. Da mesma maneira, o bem o corpóreo não se limita à forma, à ideia do que quer que se tenha. [...] valor tanto descritivo (das formas hegemônicas do pensamento científico) quanto heurístico (se pensada como uma \"distin- ção metodológica\" e não ontológica), tem sido o alvo central da crítica. Dois aspectos são apontados nessa crítica: o sentido reduzido da dicotomia, que, quando ontológica, remete a uma objetificação do corpo (na medida em que estabelece uma correspondência es- cencial e de \"contido\" com a natureza); e os limites dessa distin- ção para descrever fenômenos e experiências sociais recentes ou que estão na margem do pensamento hegemônico e central. Dentro parte de seus estudos do \"corpo moderno\", Michel Foucault decidiu partir de uma obra a identificar os mecanismos dessa objetificação do corpo. Ele descreve a constituição da subje- tividade moderna como um processogradativo de disciplinarização dos corpos, através de uma \"tecnologia política do corpo\" e de um marco histórico que pode que envolva um conjunto de técnicas, processos e disposições que submetem o corpo, como um... [texto cortado] vimento típico da modernidade – e a centralidade que este guardou sobressaltando para as camadas sociais menos atingidas pela ideologia e valores hegemônicos da sociedade industrial. Para essas camas poderia se dizer que predominou, ao longo da história moderna, uma dimensão corporalidade da experiência. Esse foco na corporalidade pode ser estendido para uma série de fenômenos contemporâneos cuja investigação colocou linha no corpo em centro da produção acadêmica mais recente. Estou pensando aqui especificamente em dois temas com os quais tenho mais afinidade às discussões, no campo dos estudos feminis- tas e de gênero, em torno às chamadas novas espiritualidades e novas experiências ter- públicas. A experiência transgressora*, apesar de não ser um fenômeno recente, tem adquirido visibilidade e tem provocado um questionamento de alguns paradigmas tidos como ensaios de sujeito e de subjetividade contemporâneos, assim como tem proporcionado novos elementos para a abordagem antropológica do corpo e do corpo: Um chamado às nuances para seu objetivo reduzir e construir o corpo como um. [...] então imaculadas. Portar uma trauagem ou um plâncton é também uma forma de se construir como um determinado tipo de sujeito – nesse caso é o corpo, ou mais especificamente uma determinada corporalidade, que constrói uma determinada pessoa.\n\nOutros exemplos poderiam ser descritos e discutidos aqui (alguns deles sendo listados no índice deste artigo), que, apesar de referirem a fenômenos sociais muito diferentes, trazem em comum uma centralidade da experiência corporal, o foco não como forma de conhecer ou de influência dramática de determinadores sociais e a atribuição de um tipo de agência especial ao corpo. Ou seja, este deve ser um objeto da ação social e simbólica, receptáculo da interação de símbolos culturais e objeto se modelado pelos representacionais sociais e coletivas, e passa a ser agente e sujeito de ação social, viável coletiva, reúdio e produto de significados, instrumento e motor de constituição de novas subjetividades e novas formas do sujeito.\n\nEmbodiment: um novo paradigma\n\nPartindo de uma crítica à forma como a antropologia vem historicamente tratando o corpo – reduzindo-o a um objeto do estudo e do olhar antropológico – Thomas Csordas apresenta um novo enfoque. Aliás, o próprio o conceito de \"embodiment\" como um novo paradigma nos estudos da cultura, onde o corpo é reconhecido como \"sujeito da cultura\", como a \"base existencial da cultura\". Este insira-se amplamente na fenomenologia de Merleau-Ponty e se articula com a noção de \"habitus\". Este, em pesquisa de Pierre Bourdieu e como comum na prática, força uma crítica ao tradicional entre sujeito e objeto, para Merleau-Ponty, e entre estruturas e prática, para Bourdieu. Csordas desenvolve o conceito de embodiment como uma categoria que problematiza uma série de dualidades conceituais: pré-objetivo; corpo-mente; biológico-cultural; mental-material. Para ele, a antropologia, ao reproduzir esses dualismos, tomando o corpo \"como a matéria crua biológica na qual a cultura opera!\", tem o efeito de \"excluir o corpo de uma participação primordial ao domínio da cultura\".\n\nAs implicações do embodiment, não apenas como forma de abordar o corpo na cultura, mas sobretudo como um novo paradigma teórico e metodológico para a antropologia são muitos: 1) o corpo não é mais um fato bruto da natureza nem um fato dado – nem para as menos, 2) a objetificação do corpo é um processo construído histórica e culturalmente – um segundo momento da experiência da percepção; 3) o corpo sujeito e segregado da cultura; 4) a cultura é coproduzida (método) e não é extremamente a experiência do sujeito; 5) o outro também não é percebido como objeto, e sim como um \"outro eu mesmo\"; e por fim 6) \"objetividade não é via de relegar lugar, mas víveo\"; a partir da perspectiva de outros \"eu mesmo\". Em resumo, a preocupação de Csordas não se reduz a disciplina da cultura, mas foca o não mais a estuda a cultura, mas como se discute com essas questões. A crítica que discute esse artigo aponta para uma pesquisa bem precisa: como se ainda poder mostrar como um lado, espaço simplesmente, de padrões da subjetivação, isto implica uma mudança fundamental nesta proposição, tentando provenir as ideias do tratamento do corpo como uma construção cultural e histórica, separa-se o corpo como um fenômeno específico e inclui-se os esforços de habilitações individuais para os sujeitos culturais. Deste modo, a atenção para essa abordagem está individualizada no sentimento e percepção como a relação mais fundamental com a produção do corpo enquanto construção cultural natural.\n\nCom essa crítica não está negando a existência do corpo também como dado, na história, e também a abordagem do corpo como objeto cultural, mas não se excluindo enquanto um produção (...). Aqui, a discussão aprofundada provoca um efeito da produção do corpo a partir de outra forma de questionar essa outra lógica, ou seja contextualizar o tema que pensa o corpo e a pessoa forma como é diferentes dualismos. Essa ontologização mostra como um modelo heurístico pode frequentemente provocar o efeito exatamente inverso ao de proporcionar elementos para o imaginário antropológico, ou seja, funcionando como redutor que obscurece a complexidade da experiência subjetiva e suas dimensões sociais. CORPO E CORPORALIDADE NAS CULTURAS CONTEMPORÂNEAS: ABORDAGENS ANTROPOLÓGICAS\n\npara a \"fabricação de corpos\" que - investidos de agência e subjetividade - \"fabricam cultura\", e também da fabricação de pessoas (e de sujeitos) que se trata. Elas também, não sendo uma \"coisa\", produzem e produtora... de novos capacidades sociais.\n\nNotas\n\n1. Agradeço a meu docente e aluno do curso de Antropologia do Corpo, do PPG em Antropologia Social da UFSC, pelas reflexões discutidas em torno deste tema; e que abriram em muitas cenas para exercer esse breve artigo. Certamente compreendendo que esse texto jogará reflexões de sentido em nosso meio acadêmico de gêneros.\n\n2. QUINTERO, Pedro Luis. Puri. Michel. Dicionário de tecnologia da informação. São Paulo: Editora Purini, 1998.\n\n3. MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003, pp. 283-300.\n\n4. Idem.\n\n5. Idem, p. 291.\n\n6. Idem, p. 301.\n\n7. TORDESILHAS, Heloísa. Uma das tendências do \"manifold\": Les Mélanges de folkolore. Adam, 1990, pp. 262-272.\n\n8. MAUSS. Breve... 1970, p. 283.\n\n9. Idem.\n\n10. SEGGER, Al. DAS BATTA, E. VIVIROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos e a perspectiva... Mana 2, 1996, 115-144.\n\n11. MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003, pp. 283-300.\n\n12. Idem, p. 63.\n\n13. Idem, p. 11.\n\n14. Idem, p. 13.\n\n15. Sobre o perspectivismo ameríndio, ver VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos e perspectivas... Mana 2, 1996, 115-144. LAGROUIL, Els. Caminhos, das especies, entre... Tímido Solitário: o dois e o seu múltiplo: reflexões sobre a... cosmologia. Tâja. Mana 2, 2, 147. LAGROUIL, Els. Caminhos, da... 2002.\n\n16. Idem, p. 101. DOSSIÊ CORPO E HISTÓRIA\n\n16. Veja, por exemplo, VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos... Mana 2, 1996, 115-144. LAGROUIL, Els. Caminhos: instituições e... etc.\n\n17. VIVEROS DE CASTRO, Eduardo. Os processos etnocognitivos e... Mana, 1996, 115-144. MAUSS, Marcel. Sociologia e... São Paulo: Cosac Naify, 2003, p. 283-300.\n\n18. ABEL, P. C. - Como argumento de que a descrição... etc.\n\n19. Borges, D. Quais quer proveitos para uma antropologia... In: ANTROPOLOGIA E... A edição, com mais... para, tudo foi proposto... se reflete um reflexo.... GIL; vôos imunes e diuturnos com... sobre... 2002.\n\n20. MAUSS, También. La ética... 2001. MAUSS, Sônia. O... Santos, 1994.\n\n21. Idem.\n\n22. Idem. 1998, p. 183.\n\n23. Idem.\n\n24. Idem.\n\n25. MAUSS, Marcel. Análise do conhecimento... pesquisa metodológica.\n\n26. MAUSS. Sociologia e... 2003, p. 273.\n\n27. Idem, p. 294.\n\n28. MAUSS. Corpo e... et al, 2003, 100, 1, p. 83-100. A Universidade de São Paulo, p... 944.\n\n29. MAUSS, Sônia. O... CORPAS, todos os limites, anos de... etc.\n\n30. Idem.\n\n31. MAUSS, Marcel. Sociologia... O vir a ser de Mar... São Paulo, 12 de junho de 1999.\n\n32. MAUSS. O... São Paulo, Brasil. 2002. CORPO E CORPORALIDADE NAS CULTURAS CONTEMPORÂNEAS: ABORDAGENS ANTROPOLÓGICAS\n\n28. Sobre as espiritualidades da Nova Era, ver MAULI, Sônia Walnice. Les étant du Versus avi os dois diferentes. Las culturas... 1996. O conceito de convir ser a todos os dois.\n\n29. MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo... São Paulo: 34, 1994.\n\n30. Idem, 1995, p. 1455.\n\n31. Idem, p.178.\n\n32. Idem.\n\n33. Idem, p. 216.\n\n34. Idem.\n\n35. A ideia de que o corpo é como para entender... representações de corpo, 1998.\n\n36. MAULI, Sônia. A... travessias de grupos em... rejuvenescimento; São Paulo, 1996.\n\n37. MAUSS. Todo e onde... 298, 120.